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ESTRATÉGIAS DE ENSINO-APRENDIZAGEM

Anastasiou (2004) propõe:

Aula expositiva dialogada:

A exposição oral centrada no professor e na lógica dos conteúdos pode ser substituída pela
chamada aula dialogada, ou seja, pela entrada da fala do outro no espaço da aula. Existem
várias formas de aula dialogada; vamos considerar algumas delas.

A primeira delas refere-se à forma mais tradicional, em que o professor provoca a participação
dos alunos por meio de perguntas variadas e deixa espaço para que eles exponham as suas
dúvidas a respeito do tópico em questão. Grande parte das perguntas que o professor dirige
aos alunos terá por objetivo verificar se eles estão construindo entendimento do que está
sendo exposto. Nesse caso, o professor poderá solicitar a um ou outro aluno que faça uma
síntese do que foi tratado na aula ou que expresse suas dúvidas a respeito do que ele acabou
de expor.

Num segundo tipo de aula dialogada, perguntas são feitas antes da exposição do tema da aula
com objetivo de aferir o grau e o tipo de conhecimentos prévios que os alunos possuem a
respeito do conteúdo. As respostas dos alunos às perguntas permitirão ao professor
estabelecer o ponto de partida da aula daquele dia.

Após esta fase diagnóstica, o professor reorganiza o seu planejamento transformando as falas
dos alunos corretas ou incorretas como parte importante do conteúdo a ser levado em conta
durante a sua exposição. Melhor dizendo, durante a exposição o professor, constantemente,
buscará estabelecer relações entre o novo conhecimento e os conhecimentos prévios dos
alunos, chamando a atenção para aqueles aspectos que teriam sido diagnosticados como
lacunas, como dificuldades a serem superadas, como interesses a serem mais bem
identificados e despertados. Nesse tipo de aula dialogada, a participação dos alunos provoca
alterações na lógica, no esquema planejado para o desenvolvimento do tema. No entanto, é
esperado que, no próprio momento do planejamento, o professor tenha previsto algumas
perguntas-chave para aferir o tipo de conhecimento que os alunos já possuem e os seus
interesses em relação ao tema.

Pensemos agora num terceiro tipo de aula dialogada: aquela em que o professor provocaria a
participação dos alunos mediante situações-problema ou questões-problema. Entendemos por
situação-problema aquela em que há um enigma (casos, controvérsias) a ser desvendado ou
resolvido. A solução dele exige dos alunos não só desorganizarem a sua interpretação inicial,
como também a identificarem lacunas a serem preenchidas. O valor desse tipo de exposição
está, portanto, não apenas na capacidade de mobilizar os conhecimentos prévios dos alunos,
mas também de desestabilizá-los, além de desafiá-los a buscarem novos conhecimentos para
resolverem as questões ou problemas propostos.

A eficácia de uma situação-problema está condicionada ao fato do problema ser reconhecido


como um problema. Isso significa que o problema não pode ser nem uma situação totalmente
estranha ao aluno, nem uma situação muito familiar a ele. No primeiro caso, o problema não
seria um problema porque lhe faltam referências e suportes e, no segundo caso, o problema
não lhe parece ser um problema por estar muito próximo de sua interpretação inicial.
Podemos assim concluir que é necessário um mínimo de incongruência entre concepções e
informações anteriores e aquelas que necessitam ser adquiridas para resolver ou desvendar o
enigma.

Por fim, na aula dialogada, o planejamento didático não se restringe a selecionar os conteúdos,
a organizá-los num esquema lógico e compreensível, a selecionar os melhores meios para
expô-los, a formular perguntas que favorecem o conhecimento a respeito das necessidades e
interesses dos alunos. Para ministrar aula dessa natureza, o professor ocupa grande parte do
seu tempo de planejamento didático formulando questões ou situações-problema de modo a
mobilizar os conhecimentos prévios dos alunos e a estimulá-los a adquirir novos
conhecimentos.

Pensemos num quarto tipo de possibilidade de aula dialogada. Nesse caso, as intervenções do
professor são no sentido de não só estimular a participação dos alunos, mas, igualmente de
promover o maior número possível de interações verbais entre eles. Desse modo, o professor
deverá estar atento às sequências interativas que vão se dando entre os alunos. As
intervenções dele serão no sentido de estimular os alunos a explicitar melhor seus pontos de
vistas e alterá-los, se for o caso, a partir dos argumentos dos colegas.

A partir dessas múltiplas interações, é que as idéias começarão a fazer sentido. Os alunos, ao
interpretarem diferentemente um mesmo conteúdo, ao confrontarem e negociarem
diferentes versões, constroem novos significados, ou novas aprendizagens que são mais
complexas, mais ricas. Quando a dinâmica da aula é bem-sucedida, podemos encontrar nas
falas finais de um aluno a presença de várias outras falas: de colegas, do professor, e até do
texto que esteja estudando.

Essa dinâmica de interações verbais que se estabelece na aula é mais do que um diálogo, é o
que Wertsch & Smolka,1994, chamam de dialogia, ou seja, diz respeito às muitas formas como
duas ou mais vozes entram em contato.

Nesse tipo de aula em que impera a dialogia, o professor poderá repetir a mesma solicitação a
vários alunos. Ao proceder dessa maneira, ele estimulará não só a construção de uma resposta
mais completa ou correta, mas também possibilitará a ocorrência de diferentes
interpretações. Daí poderá intervir no sentido de comparar as respostas, estimulando os
alunos a verificarem se elas se complementam, se divergem, contribuindo assim para a
construção de novos significados.
Esse tipo de aula permite ao professor ir identificando como os alunos pensam, organizam
seus raciocínios. No entanto, a não-intervenção do professor em momentos de dúvidas e
conflitos entre os alunos pode levar ao bloqueio da participação.

Aliás, em todos os tipos de aula dialogada, as intervenções do professor são muito


importantes, embora elas mudem de acordo com a natureza do diálogo que se estabelece com
os alunos. As intervenções do professor, como vimos, podem ocorrer a partir da solicitação de
alunos para que expliquem de volta o que entenderam de um certo argumento, ou até o
surgimento de pontos de vistas diferenciados de certo tema por parte dos alunos. Com efeito,
se eles são capazes de explicar e de participar temos a evidência de que estão envolvidos
ativamente no processo e que, portanto, o entendimento possivelmente será alcançado.

Em última análise, nesse tipo aula expositiva, o aluno tem chance de desenvolver a habilidade
verbal de argumentação, melhorar sua auto-estima e construir sua identidade. Quanto mais
dialogadas forem as aulas, melhores condições estarão sendo criadas para que os alunos
aprendam a levar em conta o ponto de vista do outro, a respeitá-lo, a fazer negociações, a
conviver com a pluralidade de opiniões.

Estudo de Texto:

É a exploração de idéias de um autor a partir do estudo crítico de um texto e/ou a busca de


informações e exploração de idéias dos autores estudados. (ANASTASIOU; ALVES, 2004, p. 80)

Portfólio:

É a identificação e a construção de registro, análise, seleção e reflexão das produções mais


significativas ou identificação dos maiores desafios/dificuldades em relação ao objeto de
estudo, assim como das formas encontradas para superação. (ANASTASIOU; ALVES, 2004, p.
81).

Tempestade cerebral:

É uma possibilidade de estimular a geração de novas idéias de forma espontânea e natural,


deixando funcionar a imaginação. Não há certo ou errado. Tudo o que for levantado será
considerado, solicitando-se, se necessário, uma explicação posterior do estudante.
(ANASTASIOU; ALVES, 2004, p. 82).

Mapa conceitual:

Consiste na construção de um diagrama que indica a relação de conceitos em uma perspectiva


bidimensional, procurando mostrar as relações hierárquicas entre os conceitos pertinentes à
estrutura do conteúdo. (ANASTASIOU; ALVES, 2004, p. 83).
Estudo dirigido:

Permite ao aluno situar-se criticamente, extrapolar o texto para a realidade vivida,


compreender e interpretar os problemas propostos, sanar dificuldades de entendimento e
propor alternativas de solução; Exercita no aluno a habilidade de escrever o que foi lido e
interpretá-lo; Prática dinâmica, criativa e crítica da leitura. (MARION; MARION, 2006, p. 42);
(PETRUCCI; BATISTON, 2006, p. 279-280).

Lista de discussão por meios informatizados:

É a oportunidade de um grupo de pessoas poder debater, à distância, um tema sobre o qual


sejam especialistas ou tenham realizado um estudo prévio, ou queiram aprofundá-lo por meio
eletrônico. (ANASTASIOU; ALVES, 2004, p. 85).

Solução de problemas:

É o enfrentamento de uma situação nova, exigindo pensamento reflexivo, crítico e criativo a


partir dos dados expressos na descrição do problema; demanda a aplicação de princípios, leis
que podem ou não ser expressas em fórmulas matemáticas. (ANASTASIOU; ALVES, 2004,pg 86

Phillips 66:

É uma atividade grupal em que são feitas uma análise e uma discussão sobre temas problemas
do contexto dos estudantes. Pode também ser útil para obtenção de informação rápida sobre
interesses, problemas, sugestões e perguntas. (ANASTASIOU; ALVES, 2004, p. 87).

Grupo de verbalização e grupo de observação (GV/GO):

É a análise de tema/problemas sob a coordenação do professor, que divide os estudantes em


dois grupos: um de verbalização (GV) e outro de observação (GO). É uma estratégia aplicada
com sucesso ao longo do processo de construção do conhecimento e requer leituras, estudos
preliminares, enfim, um contato inicial com o tema. (ANASTASIOU; ALVES, 2004, p. 88).

Dramatização:

É uma apresentação teatral, a partir de um foco, problema, tema etc. Pode conter explicitação
de idéias, conceitos, argumentos e ser também um jeito particular de estudo de casos, já que a
teatralização de um problema ou situação perante os estudantes equivale a apresentar-lhes
um caso de relações humanas. (ANASTASIOU; ALVES, 2004, p. 89).

Seminário:

É um espaço em que as idéias devem germinar ou ser semeadas. Portanto, espaço, onde um
grupo discuta ou debata temas ou problemas que são colocados em discussão. (ANASTASIOU;
ALVES, 2004, p. 90).

Estudo de caso:

É a análise minuciosa e objetiva de uma situação real que necessita ser investigada e é
desafiadora para os envolvidos. (ANASTASIOU; ALVES, 2004, p. 91).
Júri simulado:

É uma simulação de um júri em que, a partir de um problema, são apresentados argumentos


de defesa e de acusação. Pode levar o grupo à análise e avaliação de um fato proposto com
objetividade e realismo, à crítica construtiva de uma situação e à dinamização do grupo para
estudar profundamente um tema real. (ANASTASIOU; ALVES, 2004, p. 92).

Simpósio:

É a reunião de palestras e preleções breves apresentada por várias pessoas (duas a cinco)
sobre um assunto ou sobre diversos aspectos de um assunto. Possibilita o desenvolvimento de
habilidades sociais, de investigação, amplia experiências sobre um conteúdo específico,
desenvolve habilidades de estabelecer relações. (ANASTASIOU; ALVES, 2004, p. 93).

Painel:

É a discussão informal de um grupo de estudantes, indicados pelo professor (que já estudaram


a matéria em análise, interessados ou afetados pelo problema em questão), em que
apresentam pontos de vista antagônicos na presença de outros. Podem ser convidados
estudantes de outras fases, cursos ou mesmo especialistas na área. (ANASTASIOU; ALVES,
2004, p. 94).

Fórum:

Consiste num espaço do tipo “reunião”, no qual todos os membros do grupo têm a
oportunidade de participar do debate de um tema ou problema determinado. Pode ser
utilizado após a apresentação teatral, palestra, projeção de um filme, para discutir um livro
que tenha sido lido pelo grupo, um problema ou fato histórico, um artigo de jornal, uma visita
ou uma excursão. (ANASTASIOU; ALVES, 2004, p. 95).

Oficina (laboratório/workshop):

É a reunião de um pequeno número de pessoas com interesses comuns, a fim de estudar e


trabalhar para o conhecimento ou aprofundamento de um tema, sob orientação de um
especialista. Possibilita o aprender a fazer melhor algo, mediante a aplicação de conceitos e
conhecimentos previamente adquiridos. (ANASTASIOU; ALVES, 2004, p. 96).

Estudo do meio:

É um estudo direto do contexto natural e social no qual o estudante se insere, visando a uma
determinada problemática de forma interdisciplinar. Cria condições para o contato com a
realidade, propicia a aquisição de conhecimentos de forma direta, por meio da experiência
vivida. (ANASTASIOU; ALVES, 2004, p. 97).

Ensino com pesquisa

É a utilização dos princípios do ensino associados aos da pesquisa: Concepção de


conhecimento e ciência em que a dúvida e a crítica sejam elementos fundamentais; assumir o
estudo como situação construtiva e significativa, com concentração e autonomia crescente;
fazer a passagem da simples reprodução para um equilíbrio entre reprodução e análise.
(ANASTASIOU; ALVES, 2004, p. 98).

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