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ator social, adquire papel primordial a comunicação como propulsora municação da Odebrecht é descrita
nessa construção, pois é com base de maior transparência, diálogo, por centrar, em primeiro lugar, na
em percepções, criações e intera- participação e entendimento mú- valorização da história da empresa,
ções desses atores que tais estraté- tuo dentro das organizações. Para de sua cultura organizacional e na
gias se materializam. Nesse sentido, tanto, apresentam ao leitor a Teoria busca de uma legitimação social
a estratégia também pode assumir da Ação Comunicativa, de Jürgen local, mesmo que a empresa seja
um caráter processual, cedendo lu- Habermas, que estabelece o agir multinacional. Seguindo uma pro-
gar à compreensão de strategizing, comunicativo, pautado na simetria posta de interlocução semelhante, a
entendido como o processo cons- da comunicação, no consenso pelo comunicação na Vale do Rio Doce
tante de se fazer estratégia por meio melhor argumento, na igualdade é apresentada por manter seu foco
da interação dos diversos atores de participação e no entendimento no entendimento sólido do que é
sociais (praticantes) em harmonia mútuo. Por essa moldura teórica, o propósito da empresa e busca o
com as dimensões da práxis e das apontam-se as distorções da comu- conhecimento em profundidade de
práticas. A comunicação constitui, nicação dentro das organizações e todos os stakeholders. O objetivo é
assim, uma realidade inerente a esse os mecanismos discursivos para a a promoção de um diálogo calcado
processo de construção de estratégia dominação e manutenção do poder. na confiança mútua entre sociedade
como prática, sendo intrínseca às De modo semelhante, aborda-se a e empresa e vice-versa, de acordo
interações entre os atores. Teoria da Comunicação Colabora- com a dinâmica de cada território
Isso posto, para que se possa tiva, de Stanley Deetz, pautada na onde a organização atua.
compreender mais amplamente essa tríade diálogo, entendimento mútuo A obra Comunicação e Organi-
dinâmica, cabe destacar a necessi- e colaboração, levando, em última zação: Reflexões, Processos e Práti-
dade de reconhecimento e análise instância, a um ambiente organiza- cas apresenta um quadro diversifi-
de aspectos que se encontram para cional mais participativo, autêntico e cado acerca da interdisciplinaridade
além da estrutura formal e tangível propício à inovação. Por outro lado, da comunicação e da administração
das organizações – ou seja, sua face ressalta-se que, quando inadequada, por meio de uma leitura contempo-
simbólica. A compreensão dessa a comunicação pode ser analisada rânea. De modo geral, a obra chama
dimensão ocorre, prioritariamente, como um dos principais motivos de a atenção para a necessidade de se
por meio da processualidade, na insucesso em projetos e uma das observarem os fenômenos organi-
qual é possível considerar as per- maiores barreiras à eficiência das zacionais de maneira abrangente,
cepções e interpretações dos atores organizações, conforme os indica- considerando suas diversas leituras
organizacionais sobre os fatos, em dores de gestão organizacional. Em e abordagens, desde a mais tradi-
um universo paralelo aos processos um ambiente interorganizacional, cional à mais alternativa, da pers-
instrumentais e formais de gestão. observa-se a possibilidade de rela- pectiva funcionalista às perspectivas
Considerar as organizações em um ções cooperativas que exigem um simbólica e crítica. A bricolagem de
caráter processual, então, significa compromisso mútuo das empresas autores clássicos e contemporâneos,
visualizá-las (também) como em envolvidas para se obterem os me- explicados e traduzidos para o dia
permanente estado de constituição, lhores resultados. Outra temática a dia das organizações por pesqui-
substituindo, assim, o conceito de abordada é a história da comuni- sadores, professores, executivos, é
organization pelo de organizing. cação organizacional no Brasil, em o diferencial desta obra. Assim, é
Ou seja, visualizar a organização que se destaca a Associação Brasi- possível entender tanto a comuni-
como um ambiente que abriga fato- leira de Comunicação Empresarial cação como a administração sob o
res formais e informais em um cons- (Aberje) como um de seus pilares prisma da processualidade, ofere-
tante processo de (re)construção e marco, em 1967. cendo uma leitura alternativa à ótica
permite que se compreenda como E, por fim, em sua terceira par- instrumental e linear dessas duas
a relação discurso-organização, bem te, há a interface entre as teorias ciências, salvo alguns casos em que
como o caráter discursivo das orga- de comunicação e a prática nas se reforça a ideia de comunicação
nizações, também assume um papel organizações por meio da comuni- apenas como meio, ferramenta para
primordial para lidar com esse fenô- cação interna e externa, na busca a administração, levando a um diá-
meno complexo chamado gestão. da legitimidade social e reputação. logo mais estreito, voltado apenas
Na segunda parte do livro, Apresentam-se dois casos: o pri- aos interesses de alguns stakehol-
os autores apresentam textos que meiro, da empresa Odebrecht, e o ders, principalmente no que tange à
trazem como uma das propostas segundo, da Vale do Rio Doce. A co- gestão e à maximização dos lucros.