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APOSTILA DE EXERCÍCIOS FILOSOFIA

PROF. MS. DIOGO SENE


ÍNDICE
SURGIMENTO DA FILOSOFIA, PRÉ-SOCRÁTICOS E SOFISTAS.....................................................................................3

SÓCRATES, PLATÃO E ARISTÓTELES....................................................................................................................................6

HELENISMO E FILOSOFIA MEDIEVAL...................................................................................................................................14

MAQUIAVEL E HOBBES...............................................................................................................................................................18

LOCKE E ROUSSEAU – CONTRATUALISMO..........................................................................................................................22

ESPINOSA, MONTESQUIEU E VOLTAIRE................................................................................................................................26

KANT (ÉTICA) E JEREMY BETHAM..........................................................................................................................................28

EMPIRISMO, RACIONALISMO E CRITICISMO......................................................................................................................30

KARL MARX.....................................................................................................................................................................................36

NIETZSCHE E ESCOLA DE FRANKFURT.................................................................................................................................40

EXISTENCIALISMO E FOUCAULT.............................................................................................................................................45

RAWLS, BAUMAN, ARENDT, JONAS..........................................................................................................................................48

FILOSOFIA DA CIÊNCIA (POPPER, KHUN, FEYERABEND).................................................................................................51

GABARITO..........................................................................................................................................................................................54
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deuses, mas que os homens podem desejá-la ou amá-la, tornando-se filósofos. Dizia
Pitágoras que três tipos de pessoas compareciam aos jogos olímpicos (a festa mais
SURGIMENTO DA FILOSOFIA, PRÉ-SOCRÁTICOS E importante da Grécia): as que iam para comerciar durante os jogos, ali estando apenas para
SOFISTAS servir aos seus próprios interesses e sem preocupação com as disputas e os torneios; as que
iam para competir, isto é, os atletas e artistas (pois, durante os jogos também havia
1 - (IESES – SC / 2013) O criador do termo filosofia, segundo a tradição, foi Pitágoras, que competições artísticas: dança, poesia, música, teatro); e as que iam para contemplar os jogos
era matemático. A palavra filosofia é uma junção de duas palavras gregas FILO e SOFIA, e torneios, para avaliar o desempenho e julgar o valor dos que ali se apresentavam. Qual
que significam respectivamente: destes tipos descritos por Pitágoras é realmente o Filósofo:

A) Amigo e Pensamento. A) Os primeiros iam competir, dizia Pitágoras, pois a competição é a alma dos
B) Lugar e Pensamento. questionamentos filosóficos.
C) Amigo e Sabedoria. B) Os que iam apenas se divertir, pois filosofia é fruto da pura inspiração transcendental.
D) Lugar e Sabedoria. C) O terceiro tipo de pessoa, dizia Pitágoras, é como o filósofo, aquele que ia contemplar.
D) Somente os artistas, dizia Pitágoras, pois poderiam avaliar de forma estética os
02 - (IBC – SP / 2013) Os historiadores da Filosofia dizem que ela possui data e local de argumentos utilizados no filosofar.
nascimento: Além de possuir data e local de nascimento e de possuir seu primeiro autor, a
Filosofia também possui um conteúdo preciso ao nascer: é uma cosmologia. A palavra 4 - (IDECAN – TO / 2013) A filosofia surgiu precisamente como reação ao pensamento
cosmologia é composta de duas outras: cosmos, que significa mundo ordenado e organizado, mitológico. Nas colônias Gregas da Ásia Menor, na Jônia, um ciclo de grande prosperidade
e logia, que vem da palavra logos, que significa pensamento racional, discurso racional, forma uma classe intermediária forte e interessada em romper com as estruturas mitológicas,
conhecimento. Assim, a Filosofia nasce como conhecimento racional da ordem do mundo ou que justificavam o poderio da aristocracia rural. Nesse contexto, surge o grupo dos primeiros
da Natureza, donde, cosmologia. Qual das alternativas abaixo pontua o período de filósofos da Grécia, os Jônicos.
nascimento e o nome do primeiro filósofo?
Sobre os Jônicos é correto afirmar que
A) Final do século VII e início do século VI antes de Cristo, nas colônias gregas da Ásia
Menor (particularmente as que formavam uma região denominada Macedônia), na cidade de I. sua filosofia é caracterizada como cosmológica por se preocupar estritamente com questões
Ur. E o primeiro filósofo foi Tales de Mileto. ligadas à astronomia;
B) Final do século VII a.C e início do século I d.C, nas colônias do Oriente Médio II. são chamados de físicos por buscarem responder basicamente quanto à origem da
(particularmente as que formavam uma região denominada Mesopotâmia), na cidade de Ur. natureza;
E o primeiro filósofo foi Moises. III. possuem uma filosofia materialista empírica;
C) Final do século VII e início do século VI antes de Cristo, nas colônias gregas da Ásia IV. o filósofo Jônico Anaximandro concluiu que a origem de todas as coisas está apenas na
Menor (particularmente as que formavam uma região denominada Jônia), na cidade de água;
Mileto. E o primeiro filósofo foi Tales de Mileto. V. Pitágoras foi um Jônico que construiu uma filosofia eivada de elementos matemáticos.
D) Final do século VII e início do século VI antes de Cristo, nas colônias gregas da Ásia
Menor (particularmente as que formavam uma região denominada Crescente Fértil ), na Estão corretas apenas as afirmativas
cidade de Ur. E o primeiro filósofo foi Parmênides de Siracusa.
A) I e II.
3 - (IBC – SP / 2013) A palavra filosofia é grega. É composta por duas outras: philo e sophia. B) IV e V.
Philo deriva-se de philia, que significa amizade, amor fraterno, respeito entre os iguais. C) II, III e V.
Sophia quer dizer sabedoria e dela vem a palavra sophos, sábio. Filosofia significa, portanto, D) I, II e III.
amizade pela sabedoria, amor e respeito pelo saber. Filósofo: o que ama a sabedoria, tem E) III e IV.
amizade pelo saber, deseja saber. Assim, filosofia indica um estado de espírito, o da pessoa
que ama, isto é, deseja o conhecimento, o estima, o procura e o respeita. Atribui-se ao 5 - (INST. FEDERAL – TO / 2012) Sobre os primeiros filósofos Gregos, denominados pré-
filósofo grego Pitágoras de Samos (que viveu no século V antes de Cristo) a invenção da socráticos, assinale a alternativa correta:
palavra filosofia. Pitágoras teria afirmado que a sabedoria plena e completa pertence aos
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A) O campo de investigação filosófica dos pré-socráticos era o da ética. um dos mais famosos sofistas ao lado de Górgias. A respeito da filosofia de Protágoras,
B) Os pré-socráticos eram denominados também filósofos químicos ou espaciais. podemos dizer que ele foi o inaugurador da perspectiva do:
C) Os dois principais conceitos fundamentais da filosofia pré-socrática eram a physis e arché.
D) Todas as alternativas estão corretas. A) relativismo
B) naturalismo.
6. (INTELECTUS – SC / 2012) Filosofia antiga (Séc. VII ao Séc. II a.C.): C) ceticismo filosófico.
D) cientificismo.
I. Compreende os períodos: pré-socrático, socrático ou clássico e helenístico.
II. O fato marcante desse período foi a passagem do mundo tribal à polis (cidade-estado 9. (UFSJ 2012) Sobre o princípio básico da filosofia pré-socrática, é CORRETO afirmar que:
grega) determinando uma nova forma de pensar, antes predominantemente mítica. Essa
transformação culmina com a figura do cidadão e do filósofo, em um mundo antes marcado a) Tales de Mileto, ao buscar um princípio unificador de todos os seres, concluiu que a água
pelos desígnios divinos. era a substância primordial, a origem única de todas as coisas.
III. Procura de um princípio fundamental (arché) para todas as coisas existentes, de modo b) Anaximandro, após observar sistematicamente o mundo natural, propôs que não apenas a
que, explicar a Natureza, a Filosofia explica também a origem e as mudanças dos seres água poderia ser considerada arché desse mundo em si e, por isso mesmo, incluiu mais um
humanos. elemento: o fogo.
IV. Confiança do homem como um ser racional, capaz de conhecer a si mesmo e, portanto, c) Anaxímenes fez a união entre os pensamentos que o antecederam e concluiu que o
capaz de refletir. princípio de todas as coisas não pode ser afirmado, já que tal princípio não está ao alcance
Assinale a alternativa correta: dos sentidos.
d) Heráclito de Éfeso afirmou o movimento e negou terminantemente a luta dos contrários
A) Apenas as alternativas I e III estão corretas como gênese e unidade do mundo, como o quis Catão, o antigo.
B) Todas as alternativas estão corretas
C) Apenas as alternativas I e IV estão corretas 10 - Os filósofos pré-socráticos lançaram questões centrais sobre o problema do ser, do
D) Apenas as alternativas II e IV estão corretas conhecer e da origem da natureza, do universo. Parmênides e Heráclito são duas referências
importantes nesse início da filosofia ocidental que ocorreu na Grécia Antiga entre os séc. VII
7. “Tales foi o iniciador da filosofia da physis, pois foi o primeiro a afirmar a existência de e V A.C. Qual é a principal diferença na forma de pensar entre Heráclito e Parmênides?
um princípio originário único, causa de todas as coisas que existem, sustentando que esse
princípio é a água. Essa proposta é importantíssima... podendo com boa dose de razão ser A) Heráclito é dialético e Parmênides é analítico;
qualificada como a primeira proposta filosófica daquilo que se costuma chamar civilização B) Heráclito é platônico e Parmênides é aristotélico;
ocidental.” (REALE, Giovanni. História da filosofia: Antiguidade e Idade Média. São Paulo: C) Heráclito diz que os sentidos enganam e Parmênides valoriza os sentidos;
Paulus, 1990. p. 29.) D) Heráclito considera que tudo na natureza se transforma, pois todas as coisas estão em
constante movimento e, portanto, conhecer é captar a mudança contínua. Já Parmênides
A filosofia surgiu na Grécia, no século VI a.C. Seus primeiros filósofos foram os chamados concebe que conhecer é alcançar o idêntico, imutável;
pré-socráticos. De acordo com o texto, assinale a alternativa que expressa o principal E) Para Heráclito ninguém consegue se banhar duas vezes no mesmo rio e para Parmênides
problema por eles investigado. todos "os banhos" são iguais.

a) A religião, visto que a mitologia ainda estava muito viva entre eles. 11 - Durante o período clássico, entre os séculos V e IV a.C., a Grécia vislumbrou o
b) A elétrica, enquanto estudo sobre o mito de Electra. surgimento dos sofistas. Filósofos itinerantes vindos de todas as partes do mundo grego.
c) A política, como avaliação dos procedimentos científicos. Sobre os sofistas é INCORRETO afirmar-se que:
d) A Cosmogonia, como investigação acerca da origem e da ordem do mundo.
e) A cosmologia, enquanto análise da origem e constituição da natureza do mundo. A) A retórica ocupava para estes um lugar muito importante.
B) O homem pode chegar ao conhecimento da verdade absoluta utilizando-se da lógica
8. Os sofistas, mestres da retórica e da oratória, opunham-se aos pressupostos de que as leis e formal.
os costumes sociais eram de caráter divino e universal. Entre eles, Protágoras de Abdera, foi C) Protágoras acreditava que o homem era a medida de todas as coisas.
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D) Para Górgias, o bom orador seria sempre capaz de convencer qualquer pessoa sobre C) Os homens criaram inúmeras técnicas, mas elas nem sempre estão em harmonia e
qualquer tema. concordância, pois uma técnica ao ser boa para um certo fim, poderá ser prejudicial para
outro.
12 - (UFU – 1999/1) Parmênides de Eléia, filósofo pré-socrático, sustentava que: D) Para Protágoras, a arte poética e a retórica representavam muito para os gregos, por isso,
ele não cobrava para ensiná-las.
I- o ser é.
II- o não-ser não é. 15 - (IDECAN – TO / 2013) A filosofia surgiu precisamente como reação ao pensamento
III- o ser e o não-ser existem ao mesmo tempo. mitológico. Nas colônias Gregas da Ásia Menor, na Jônia, um ciclo de grande prosperidade
IV- o ser é pensável e o não-ser é impensável. forma uma classe intermediária forte e interessada em romper com as estruturas mitológicas,
que justificavam o poderio da aristocracia rural. Nesse contexto, surge o grupo dos primeiros
Assinale a alternativa correta: filósofos da Grécia, os Jônicos.
Sobre os Jônicos é correto afirmar que
A) se apenas I, III e IV estiverem corretas.
B) se apenas I, II e III estiverem corretas. I. Sua filosofia é caracterizada como cosmológica por se preocupar estritamente com
C) se apenas II, III e IV estiverem corretas. questões ligadas ao Kósmos;
D) se apenas I, II e IV estiverem corretas. II. São chamados de físicos por buscarem responder basicamente quanto à origem da
E) se todas as afirmativas estiverem corretas natureza;
III. Possuem uma filosofia materialista empírica;
13 - Leia atentamente o seguinte verso do fragmento atribuído a Parmênides: IV. O filósofo Jônico Anaximandro concluiu que a origem de todas as coisas está apenas na
“Assim ou totalmente é necessário ser ou não” (Parmênides, Física) água;
V. Pitágoras foi um Jônico que construiu uma filosofia eivada de elementos matemáticos.
A partir do Fragmento apresentado, escolha a alternativa que representa corretamente o
princípio parmenideano da verdade. Estão corretas apenas as afirmativas

A) O ser é e o não-ser é não-ser. Ambos podem ser pensados e afirmados, pois é possível A) I e II.
pensar e dizer falsidades e o que não existe B) IV e V.
B) Somente o Ser é, pode ser pensado e com verdade. O ser coincide com o pensamento e C) II, III e V.
com a verdade. O não-ser não é e não pode nem ser pensado, nem exprimido. D) I, II e III.
C) O ser é (existe) necessariamente na natureza, mas pode não existir no pensamento, E) III e IV.
enquanto não é pensado. A relação entre o ser e o pensamento não é necessária.
D) O caminho da verdade é a via a opinião, que comporta ao mesmo tempo o ser e o não-ser. 16- Leia o texto a seguir.
Afirmar totalmente o ser e o não-ser implica a opinião verdadeira. Os corcéis que me transportam, tanto quanto o ânimo me impele, conduzem-me, depois de
me terem dirigido pelo caminho famoso da divindade [. . . ] E a deusa acolheu-me de bom
14 - (UFT/COPESE – TO / 2013) "O homem é a medida de todas as coisas; das que são, que grado, mão na mão direita tomando, e com estas palavras se me dirigiu: [...] Vamos, vou
elas são, e das que não são, que elas não são". dizer-te – e tu escuta e fixa o relato que ouviste – quais os únicos caminhos de investigação
que há para pensar, um que é, que não é para não ser, é caminho de confiança (pois
Assinale a alternativa CORRETA que representa o motivo que levou Protágoras a esboçar tal acompanha a realidade): o outro que não é, que tem de não ser, esse te indico ser caminho em
afirmação. tudo ignoto, pois não poderás conhecer o não-ser, não é possível, nem indicá-lo [. . . ] pois o
mesmo é pensar e ser. (PARMÊNIDES. Da Natureza, frags. 1-3. Trad. José Trindade
A) A charlatanice existe porque podemos passar da saúde à doença e desta àquela ou vice- Santos. 2. ed. São Paulo: Loyola, 2009. p. 13-15).
versa.
B) Os sofistas seguiam os mesmos princípios da educação socrática. Com base no texto e nos conhecimentos sobre a filosofia de Parmênides, assinale a
alternativa correta.
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a) Pensar e ser se equivalem, por isso o pensamento só pode tratar e expressar o que é, e não Com base no texto e nos conhecimentos sobre a situada ética em Aristóteles, pode-se dizer
o que não é – o não ser. que a virtude ética
b) A percepção sensorial nos possibilita conhecer as coisas como elas verdadeiramente são.
c) O ser é mutável, eterno, divisível, móvel e, por isso, a razão consegue conhecê-lo e A) reside no meio termo, que consiste numa escolha situada entre o excesso e a falta.
expressá-lo. B) implica na escolha do que é conveniente no excesso e do que é prazeroso na falta.
d) A linguagem pode expressar tanto o que é como o que não é, pois ela obedece aos C) consiste na eleição de um dos extremos como o mais adequado, isto é, ou o excesso ou a
princípios de contradição e de identidade. falta.
e) O ser é e o não ser não é indica que a realidade sensível é passível de ser conhecida pela D) pauta-se na escolha do que é mais satisfatório em razão de preferências pragmáticas.
razão. E) baseia-se no que é mais prazeroso em sintonia com o fato de que a natureza é que nos
torna mais perfeitos.

4-(FUNCAB – SE)
SÓCRATES, PLATÃO E ARISTÓTELES
1-(VUNESP – SP / 2012) "Tornamo-nos construtores ao construirmos e nos tornamos
citaristas ao tocarmos cítara. Assim também, executando ações justas nos tornamos justos; e,
executando ações moderadas, nos tornamos moderados." (Aristóteles, Ética a Nicômaco)

Assinale a afirmação que expressa corretamente a definição de virtude contida na passagem


acima.

A) A virtude é produto do hábito.


B) A virtude é uma técnica.
C) A virtude é conhecimento.
D) A virtude é o meio-termo entre dois vícios. A “Escola de Atenas”, pintura renascentista de Rafael de Sanzio, retrata um dos maiores
E) Não há diferença entre virtude e vício. conflitos filosóficos de todas as épocas. No meio da tela estão Platão, apontando para cima, e
Aristóteles, com a mão espalmada para baixo. A obra indica o conflito entre:
2- (IFSC – 2013) No livro Ética a Nicômaco, Aristóteles discute conceitos éticos
fundamentais como felicidade e virtude. Em relação ao conceito de felicidade, assinale a A) o céu e o inferno.
alternativa que não corresponde à opinião do referido filósofo: B) o divino e o mundano.
C) o intangível e o tangível.
A) A felicidade consiste na realização deliberada de atividades virtuosas. D) a virtude (no alto) e o vício (no chão).
B) Condições exteriores como aparência, nobreza de nascimento ou boa descendência são E) o conhecimento inteligível e o sensível.
fundamentais para a felicidade.
C) É preciso ver o fim para só então declarar um homem feliz. 5- (VUNESP – SP / 2012) De acordo com a Alegoria da Caverna, a possibilidade de um
D) A felicidade consiste em alcançar o que a cada um é aprazível e bom. indivíduo tornar-se justo e virtuoso depende de um processo de transformação pelo qual deve
E) Um homem feliz dificilmente pode tornar-se um desgraçado. passar. Assim, afasta-se das aparências, rompe com as cadeias de preconceitos e
condicionamentos e adquire o verdadeiro conhecimento. Tal processo culmina com a ideia da
3- (UEL – PR) Leia o texto a seguir. forma do Bem, representada pela metáfora do Sol. Para Platão, conhecer o Bem significa
“A virtude é, pois, uma disposição de caráter relacionada com a escolha e consiste numa tornar-se virtuoso. Aquele que conhece a justiça não pode deixar de agir de modo justo.
mediania, isto é, a mediania relativa a nós, a qual é determinada por um princípio racional (Marcondes, Danilo. Textos básicos de ética - de Platão a Foucault. Rio de Janeiro, Zahar,
próprio do homem dotado de sabedoria prática”. (Aristóteles. Ética a Nicômaco. Trad. de 2007, p. 31)
Leonel Vallandro e Gerd Bornheim. São Paulo: Abril Cultural, 1973. Livro II, p. 273.)
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A importância histórica do método de conhecimento estabelecido na obra de Platão justifica- e) Somente as afirmativas I, II e IV são corretas.
se:
7- (INST. MAIS – SP / 2012) Em sua república, Platão constrói seu modelo de cidade ideal e
A) pela defesa de uma rigorosa separação entre a esfera da política e a esfera da filosofia. justa, contrastando-a com a cidade concreta, Atenas. Em sua Alegoria da Caverna, Sócrates
B) por definir proposições instrumentais para o agir político, antecipando as estratégias diz a Glauco que a personagem que deixou a caverna e viu as coisas banhadas pelo sol
maquiavélicas. assemelha-se:
C) por identificar as coisas empíricas como sendo em si mesmas dotadas de sua própria
verdade. A) ao filósofo cuja alma ascendeu ao mundo inteligível, e lá contemplou a ideia do Bem.
D) pela definição de uma esfera suprassensível que contém as formas perfeitas, necessárias e B) ao processo por meio do qual o filósofo apenas deprecia o mundo sensível.
universais das coisas. C) à dialética descendente, que passa das coisas sensíveis às ideias perfeitas.
E) por entender os preconceitos e condicionamentos do mundo sensível como esfera virtuosa D) ao transcurso da alma entre as imagens sensíveis e as imagens inteligíveis.
e justa.
8- (IFAL/COPEMA / 2013) O centro do Livro A República, de Platão, se encontra situado
6- (UEL 2009 – fase 2). TEXTO I: Considera pois – continuei – o que aconteceria se eles no celebérrimo Mito da Caverna. Paulatinamente o mito foi sendo interpretado como símbolo
fossem soltos das cadeias e curados da sua ignorância, a ver se, regressados à sua natureza, as da metafísica, da gnosiologia, da dialética e, inclusive, da ética e da mística platônicas. Sem
coisas se passavam deste modo. Logo que alguém soltasse um deles, e o forçasse a dúvida, este é o mito que melhor expressa todo o pensamento de Platão. Identifique se há
endireitar-se de repente, a voltar o pescoço, a andar e a olhar para a luz, a fazer tudo isso, verdade na interpretação do significado deste mito no que se segue.
sentiria dor, e o deslumbramento impedi-lo-ia de fixar os objetos cujas sombras via outrora.
Que julgas tu que ele diria, se alguém lhe afirmasse que até então ele só vira coisas vãs, ao I. Significa os distintos graus ontológicos da realidade, ou seja, os gêneros do ser sensível e
passo que agora estava mais perto da realidade e via de verdade, voltado para objetos mais suprassensível, junto com suas subdivisões: as sombras da caverna são as meras aparências
reais? E se ainda, mostrando-lhe cada um desses objetos que passavam, o forçassem com sensíveis das coisas e as estátuas são as coisas sensíveis. O muro é a linha divisória entre as
perguntas a dizer o que era? Não te parece que ele se veria em dificuldade e suporia que os coisas sensíveis e as suprassensíveis. Mais além do muro, as coisas verdadeiras simbolizam o
objetos vistos outrora eram mais reais do que os que agora lhe mostravam? (PLATÃO. A verdadeiro ser, e as ideias e o sol simbolizam a Ideia do Bem.
República. 7. ed. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 1993. p. 318-319.) II. Simboliza os graus do conhecimento, em suas duas espécies e seus dois graus. A visão das
O texto é parte do livro VII da República, obra na qual Platão desenvolve o célebre Mito da sombras simboliza a eikasia ou imaginação e a visão das estátuas é a pistis ou crença. O
Caverna. passo desde a visão das estátuas até a visão dos objetos verdadeiros e a visão do sol -
primeiro mediata, e logo imediata - representa a dialética em seus diversos graus e a pura
Sobre o Mito da Caverna, é correto afirmar. intelecção.
III. Representa o aspecto ascético, místico e teológico do platonismo. A vida na dimensão
I. A caverna iluminada pelo Sol, cuja luz se projeta dentro dela, corresponde ao mundo dos sentidos e do sensível é a vida na caverna, enquanto que a vida na dimensão do espírito é
inteligível, o do conhecimento do verdadeiro ser. a vida na plena luz. Ao passar do sensível até o inteligível está especificamente representado
II. Explicita como Platão concebe e estrutura o conhecimento. como uma libertação das ataduras, uma conversão. A visão suprema do sol e da luz em si é a
III. Manifesta a forma como Platão pensa a política, na medida em que, ao voltar à caverna, visão do Bem e a contemplação do divino.
aquele que contemplou o bem quer libertar da contemplação das sombras os antigos IV. Manifesta uma concepção política refinadamente platônica. Este filósofo nos fala de um
companheiros. regresso à caverna por parte daquele que se havia libertado das cadeias, e tal regresso tem
IV. Apresenta uma concepção de conhecimento estruturada unicamente em fatores como objetivo a libertação das cadeias que sujeitam a quem havia sido antes seus
circunstanciais e relativistas. companheiros de escravidão.
V. O regresso do desacorrentado à caverna é, sem dúvida, o retorno do filósofo-político, que
Assinale a alternativa correta. - se se limitasse a seguir a seus próprios desejos - permaneceria contemplando o verdadeiro.
Em vez disso, superando seu desejo, desce para buscar salvar também aos demais. O
a) Somente as afirmativas I e IV são corretas. verdadeiro político, segundo Platão, não ama o comando e o poder, mas usa o mando e o
b) Somente as afirmativas II e III são corretas. poder como um serviço, para levar a cabo o bem.
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. A) Somente II, III, IV e V são verdadeiras.
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B) Somente I, III, IV e V são verdadeiras. desenhará uma aparência de sapateiro, sem nada entender de sapataria, para pessoas que, não
C) Todas as alternativas são verdadeiras. percebendo mais do que ele, julgam as coisas segundo a aparência?”
C) Somente I, II, IV e V são verdadeiras. Glauco – “Sim”. (Fonte: PLATÃO. A República. Tradução de Enrico Corvisieri.
E) Somente I, II, III e V são verdadeiras. São Paulo: Nova Cultural, 1997. p.328.)

9- (UFT/COPESE – TO / 2013) Segundo o conceito de justiça em Platão (428-348a.C.), uma Com base no texto acima e nos conhecimentos sobre a mímesis em Platão, assinale a
sociedade justa possui necessariamente uma hierarquia. alternativa correta.

Conforme esse pressuposto analise as afirmativas abaixo. a) Platão critica a pintura e a poesia porque ambas são apenas imitações diretas da realidade.
b) Para Platão, os poetas e pintores têm um conhecimento válido dos objetos que
1. a segurança da pólis deve ser dominada e controlada pela classe militar; representam.
2. uma classe econômica inferior deve ser dominada e controlada exclusivamente por sábios c) Tanto os poetas quanto os pintores estão, segundo a teoria de Platão, afastados dois graus
ou guardiões; da verdade.
3. a classe militar deve ser dominada e controlada pela classe política; d) Platão critica os poetas e pintores porque estes, à medida que conhecem apenas as
4. a classe política deve ser dominada e controlada por sábios ou guardiões. aparências, não têm nenhum conhecimento válido do que imitam ou representam.
e) A poesia e a pintura são criticadas por Platão porque são cópias imperfeitas do mundo das
Marque a alternativa CORRETA. idéias.

A) Somente a afirmação 2 é verdadeira. 12- (UEL/2007-1 fase). Em A República, Platão analisa cinco formas de governo a fim de
B) Somente as afirmações 1 e 3 são verdadeiras. determinar qual delas é a melhor e mais justa, isto é, qual delas corresponde ao modelo de
C) Somente as afirmações 1, 3 e 4 são verdadeiras. constituição idealizado por ele. Segundo Platão, o Estado é a imagem amplificada do homem
D) Somente as afirmações 1 e 4 são verdadeiras. justo. Considere o seguinte diálogo entre Sócrates e Adimanto, apresentado em A República,
Livro VIII.
10- (ENEM/2012) Para Platão, o que havia de verdadeiro em Parmênides era que o objeto de Sócrates – Sendo assim, diz: não é o desejo insaciável daquilo que a democracia considera o
conhecimento é um objeto de razão e não de sensação, e era preciso estabelecer uma relação seu bem supremo que a perde?
entre objeto racional e objeto sensível ou material que privilegiasse o primeiro em detrimento Adimanto – E que bem é esse?
do segundo. Lenta, mas irresistivelmente, a Doutrina das Ideias formava-se em sua mente. Sócrates – A liberdade. [...]
(ZINGANO, M. Platão e Aristóteles: o fascínio da filosofia. São Paulo: Odysseus, 2012 Adimanto – Sim, é isso o que se ouve muitas vezes.
(adaptado).) Sócrates – O que eu ia dizer há pouco é: não é o desejo insaciável desse bem, e a indiferença
por todo o resto, que muda este governo e o obriga a recorrer à tirania?
O texto faz referência à relação entre razão e sensação, um aspecto essencial da Doutrina das Adimanto – Como?
Ideias de Platão (427 a.C.-346 a.C.). De acordo com o texto, como Platão se situa diante Sócrates – Quando um Estado democrático, sedento de liberdade, passa a ser dominado por
dessa relação? maus chefes, que fazem com que ele se embriague com esse vinho puro para além de toda a
decência, então, se os seus magistrados não se mostram inteiramente dóceis e não lhe
A) Estabelecendo um abismo intransponível entre as duas. concedem um alto grau de liberdade, ele castiga-os, acusando-os de serem criminosos e
B) Privilegiando os sentidos e subordinando o conhecimento a eles. oligarcas. [...] E ridiculariza os que obedecem aos magistrados e trata-os de homens servis e
C) Atendo-se à posição de Parmênides de que razão e sensação são inseparáveis. sem valor. Por outro lado, louva e honra, em particular e em público, os governantes que
D) Afirmando que a razão é capaz de gerar conhecimento, mas a sensação não. parecem ser governados e os governados que parecem ser governantes. Não é inevitável que,
E) Rejeitando a posição de Parmênides de que a sensação é superior à razão. num Estado assim, o espírito de liberdade se estenda a tudo? (Fonte: PLATÃO. A República.
Tradução de Enrico Corvisieri. São Paulo: Nova Cultural, 1997, p. 280-281.)
11- (UNESP/2013)- Considere a citação abaixo:
“Sócrates: Tomemos como princípio que todos os poetas, a começar por Homero, são Com base no diálogo anterior e nos conhecimentos sobre as formas de governo analisadas
simples imitadores das aparências da virtude e dos outros assuntos de que tratam, mas que por Platão, considere as seguintes afirmativas:
não atingem a verdade. São semelhantes nisso ao pintor de que falávamos há instantes, que
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I. A democracia é a negação da justiça, pois ela rejeita o princípio da escolha de governantes 14- (ENEM/2010) Para Platão, no livro IV da República, a justiça, na cidade ideal, Baseia-se
pelo critério da capacidade específica. no princípio em virtude do qual cada membro do organismo social deve cumprir, com a
II. A democracia é uma forma de governo que, ao dar livre curso aos desejos supérfluos e maior perfeição possível, a sua função própria. Tanto os ‘guardiões’ como os ‘governantes’ e
perniciosos dos indivíduos, se degenera em tirania. os ‘industriais’ têm a sua missão estritamente delimitada, e se cada um destes três grupos se
III. A democracia é a mais bela forma de governo, pois privilegia a liberdade que é o mais esforçar por fazer da melhor maneira possível o que lhes compete, o Estado resultante da
belo de todos os bens. cooperação destes elementos será o melhor Estado concebível. (JAEGER, W. Paidéia: a
IV. Na democracia, cada indivíduo assume a sua função própria dentro da polis. formação do homem grego. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1999. p. 556.)

Estão corretas apenas as afirmativas: Com base no texto e nos conhecimentos sobre o pensamento de Platão, assinale a alternativa
a) I e II. correta.
b) II e III.
c) III e IV. a) A cidade, de origem divina, encontra sua perfeição quando reina o amor verdadeiro entre
d) I, II e IV. os homens, base da concórdia total das classes sociais.
e) I, III e IV. b) A justiça, na cidade ideal, consiste na submissão de todas as classes ao governante que,
pela tirania, promove a paz e o bem comum.
13- (UEL/2008 – 2 fase). Platão destaca, na República (livro III), a importância da educação c) A cidade se torna justa quando os indivíduos de classes inferiores, no cumprimento de
musical dos futuros guardiões da cidade, ao dizer: suas funções, ascendem socialmente.
[...] a educação pela música é capital, porque o ritmo e a harmonia penetram mais fundo na d) A justiça, na cidade ideal, manifesta-se na igualdade de todos perante a lei e na cooperação
alma e afetam-na mais fortemente [...]. de cada um no exercício de sua função.
(PLATÃO. A República. Tradução e notas de Maria Helena da Rocha Pereira. Lisboa: e) Na cidade ideal, a justiça se constitui na posse do que pertence a cada um e na execução do
Fundação Calouste Gulbenkian, 2001. p. 133.) que lhe compete.

De acordo com o texto e os conhecimentos sobre a relevância da educação musical dos 15- (UEL 2010- fase 1) No pensamento ético-político de Platão, a organização no Estado
guardiões em Platão, considere as afirmativas a seguir: Ideal reflete a justiça concebida como a disposição das faculdades da alma que faz com que
cada uma delas cumpra a função que lhe é própria. No Livro V de A República,
I. A música deve desenvolver agressividade e destempero para evitar o temor dos inimigos Platão apresentou o Estado Ideal como governo dos melhores selecionados. Para garantir que
perante a guerra. a raça dos guardiões se mantivesse pura, o filósofo escreveu:
II. A música deve desenvolver sentimentos éticos nobres para bem servir a cidade e os É preciso que os homens superiores se encontrem com as mulheres superiores o maior
cidadãos. número de vezes possível, e inversamente, os inferiores com as inferiores, e que se crie a
III. A música deve divertir, entreter e evocar sentimentos afrodisíacos, para alívio do temor descendência daqueles, e a destes não, se queremos que o rebanho se eleve às alturas.
perante a guerra. (Adaptado de: PLATÃO. A República. 7. ed. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 1993, p.227-
IV. A música deve moldar qualidades como temperança, generosidade, grandeza de alma e 228.)
outras similares.
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o pensamento ético-político de Platão é
Assinale a alternativa que contém todas as afirmativas corretas: correto afirmar:

a) I e II. a) No Estado Ideal, a escolha dos mais aptos para governar a sociedade expressa uma
b) II e IV. exigência que está de acordo com a natureza.
c) III e IV. b) O Estado Ideal prospera melhor com uma massa humana difusamente misturada, em que
d) I, II e III. os homens e mulheres livremente se escolhem.
e) I, III e IV. c) O reconhecimento da honra como fundamento da organização do Estado Ideal torna
legítima a supremacia dos melhores sobre as classes inferiores.
d) A condição necessária para que se realize o Estado Ideal é que as ocupações próprias de
homens e mulheres sejam atribuídas por suas qualidades distintas.
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e) O Estado Ideal apresenta-se como a tentativa de organizar a sociedade dos melhores atingir a essência e a verdade; de outra forma é impossível. (PLATÃO. Teeteto. Tradução de
fundada na riqueza como valor supremo. Carlos Alberto Nunes. Belém: Universidade Federal do Pará, 1973. p. 80).

16- (UEL/ 2010 – 2 fase)Observe a tira e leia o texto a seguir: Com base no texto e nos conhecimentos sobre a teoria do conhecimento de Platão, considere
as afirmativas a seguir:

I. Homens e animais podem confiar nas impressões que recebem do mundo sensível, e assim
atingem a verdade.
II. As impressões são comuns a homens e animais, mas apenas os homens têm a capacidade
de formar, a partir delas, o conhecimento.
III. As impressões não constituem o conhecimento sensível, mas são consideradas como
núcleo do conhecimento inteligível.
IV. O raciocínio a respeito das impressões constitui a base para se chegar ao conhecimento
verdadeiro.

(Níquel Náusea. Folha de S. Paulo. Ilustrada E 9, quinta-feira, 27 de agosto de 2009.) Assinale a alternativa correta.

“Assentemos, portanto, que, a principiar em Homero, todos os poetas são imitadores da a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
imagem da virtude e dos restantes assuntos sobre os quais compõem, mas não atingem a b) Somente as afirmativas II e IV são corretas.
verdade [. . . ] parece-me, que o poeta, por meio de palavras e frases, sabe colorir c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
devidamente cada uma das artes, sem entender delas mais do que saber imitá-las.” d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
(PLATÃO, A República. Livro X. Tradução, introdução e notas de Maria Helena da Rocha e) Somente as afirmativas I, III e IV são corretas.
Pereira. 8. ed. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 1996. p. 463)
18- (USP/2012) Sobre o papel da ginástica na educação dos guardiães, na obra “A
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a mímesis (imitação) em Platão, é correto República”, de Platão, considere as afirmativas a seguir.
afirmar:
I. Ao lado da música, a ginástica desempenha papel fundamental no processo de educação
a) Dispõe o poeta da perfeição para colorir tão bem quanto o pintor, por isso descreve dos guardiães.
verdadeiramente os ofícios humanos. II. O robustecimento físico é importante para os guardiães, motivo pelo qual a ginástica deve
b) A mímesis apresenta uma imagem da realidade e assim representa a verdade última das ser ministrada desde a infância.
atividades humanas. III. O cultivo pleno do espírito deve prevalecer sobre o cuidado com a formação do corpo,
c) Por sua capacidade de imitar, o poeta sabe acerca dos ofícios de todos os homens e, por bem como guiá-lo.
esse motivo, pode descrevê-los verdadeiramente. IV. A ginástica dos guardiães deve ser mais exigente se comparada à ministrada para os
d) Por saber sobre todas as artes, atividades e atos humanos, o poeta consegue executar o seu guerreiros.
ofício descrevendo-os bem.
e) Por meio da imitação, descreve-se com beleza os atos e ofícios humanos, sem, no entanto, Assinale a alternativa correta.
conhecê-los verdadeiramente.
a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
17- (UEL/2010 – fase 2) Leia o texto de Platão a seguir: b) Somente as afirmativas II e IV são corretas.
Logo, desde o nascimento, tanto os homens como os animais têm o poder de captar as c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
impressões que atingem a alma por intermédio do corpo. Porém relacioná-las com a essência d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
e considerar a sua utilidade, é o que só com tempo, trabalho e estudo conseguem os raros a e) Somente as afirmativas I, III e IV são corretas.
quem é dada semelhante faculdade. Naquelas impressões, por conseguinte, não é que reside o
conhecimento, mas no raciocínio a seu respeito; é o único caminho, ao que parece, para 19- (USP/ 2009) Leia o texto a seguir.
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Platão, em A República, tem como objetivo principal investigar a natureza da justiça, e) A alma humana possui a mesma natureza das coisas sensíveis, razão pela qual se torna
inerente à alma, que, por sua vez, manifesta-se como protótipo do Estado ideal. Os capaz de conhecê-las como tais na percepção de sua aparência.
fundamentos do pensamento ético-político de Platão decorrem de uma correlação estrutural
com constituição tripartite da alma humana. Assim, concebe uma organização social ideal 21- (UEL – VESTIBULAR 2014) A República de Platão consiste na busca racional de uma
que permite assegurar a justiça. Com base neste contexto, o foco da crítica às narrativas cidade ideal. Sua intenção é pensar a política para além do horizonte da decadência da
poéticas, nos livros II e III, recai sobre a cidade e o tema fundamental da educação dos cidade-Estado no século de Péricles. O esquema a seguir mostra como se organizam as
governantes. No Livro X, na perspectiva da defesa de seu projeto ético-político para a cidade classes, segundo essa proposta.
fundamentada em um logos crítico e reflexivo que redimensiona o papel da poesia, o foco
desta crítica se desloca para o indivíduo ressaltando a relação com a alma, compreendida em
três partes separadas, segundo Platão: a racional, a apetitiva e a irascível.

Com base no texto e na crítica de Platão ao caráter mimético das narrativas poéticas e sua
relação com a alma humana, é correto afirmar:

a) A parte racional da alma humana, considerada superior e responsável pela capacidade de


pensar, é elevada pela natureza mimética da poesia à contemplação do Bem.
b) O uso da mímesis nas narrativas poéticas para controlar e dominar a parte irascível da
alma é considerado excelente prática propedêutica na formação ética do cidadão.
c) A poesia imitativa, reconhecida como fonte de racionalidade e sabedoria, deve ser
incorporada ao Estado ideal que se pretende fundar.
d) O elemento mimético cultivado pela poesia é justamente aquele que estimula, na alma
humana, os elementos irracionais: os instintos e as paixões.
e) A reflexividade crítica presente nos elementos miméticos das narrativas poéticas permite
ao indivíduo alcançar a visão das coisas como realmente são. Figura 1: Esquema de organização social na República de Platão.(Disponível em:
<http://obviousmag.org/archives/2009/02/a_republica_de_platao_uma_alternativa_para_a_or
20- (UEL/2011 – Fase 2) Leia o texto a seguir. gan.htm>)
Para esclarecer o que seja a imitação, na relação entre poesia e o Ser, no Livro X de A
República, Platão parte da hipótese das ideias, as quais designam a unidade na pluralidade, Com base na obra de Platão e no esquema, atribua V (verdadeiro) ou F (falso) às afirmativas
operada pelo pensamento. Ele toma como exemplo o carpinteiro que, por sua arte, cria uma a seguir.
mesa, tendo presente a ideia de mesa, como modelo. Entretanto, o que ele produz é a mesa e ( ) As três imagens do Bem na cidade justa de Platão, o Anel de Giges, a Imagem da Linha e
não a sua ideia. O poeta pertence à mesma categoria: cria um mundo de mera aparência. a da Caverna, correspondem, respectivamente, à organização das três classes da República.
( ) Na cidade imaginária de Platão, em todas as classes se contestam a família nuclear e a
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a teoria das ideias de Platão, é correto afirmar: propriedade privada, fatores indispensáveis à constituição de uma comunidade ideal.
( ) Na cidade platônica, é dever do filósofo supri-la materialmente com bens duráveis e
a) Deus é o criador último da ideia, e o artífice, enquanto co-participante da criação divina, alimentos, bem como ser responsável pela sua defesa.
alcança a verdadeira causa das coistas a partir do reflexo da ideia ou do simulacro que ( ) O conceito de justiça na cidade platônica estende-se do plano político à tripartição da
produz. alma, o que significa que há justiça na República mesmo havendo classes e diferenças entre
b) A participação das coisas às ideias permite admitir as realidades sensíveis como as causas elas.
verdadeiras acessíveis à razão. ( ) O filósofo, pertencente à classe dos magistrados, é aquele cuja tarefa consiste em
c) Os poetas são imitadores de simulacros e por intermédio da imitação não alcançam o apresentar a ideia do Bem e ordenar os diferentes elementos das classes, produzindo a sua
conhecimento das ideias como verdadeiras causas de todas as coisas. harmonia.
d) As coisas belas se explicam por seus elementos físicos, como a cor e a figura, e na
materialidade deles encontram sua verdade: a beleza em si e por si. Assinale a alternativa que contém, de cima para baixo, a sequência correta.
a) V, V, F, F, F.
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b) V, F, V, V, F. D) tinha profundas conexões com a justiça, razão pela qual o tempo livre dos cidadãos
c) F, V, V, F, V. deveria ser dedicado às atividades vinculadas aos tribunais.
d) F, V, F, V, F. E) vivida pelos atenienses era, de fato, restrita àqueles que se dedicavam à política e que
e) F, F, F, V, V. tinham tempo para resolver os problemas da cidade.

22- (UEL – VESTIBULAR 2014) Sobre a relação entre a organização da cidade de Atenas, a 24- Sócrates é tradicionalmente considerado como um marco divisório da filosofia grega. Os
ideia de pólis e o aparecimento da filosofia na Grécia Clássica, considere as afirmativas a filósofos que o antecederam são chamados pré-socráticos. Seu método, que parte do
seguir. pressuposto "só sei que nada sei", é a maiêutica que tem como objetivo:

I. A filosofia surgiu simultaneamente à cidade-Estado, ambiente em que predominava o I- dar luz a ideias novas, buscando o conceito.
discurso público baseado na troca de opiniões e no desenvolvimento da argumentação. II- partir da arrogância, até chegar ao conhecimento.
II. A filosofia afastava-se das preocupações imediatas da aparência sensível e voltava-se para III- fazer com que o opositor perceba-se ignorante para, assim, para chegarem juntos ao
as questões do espírito. conhecimento.
III. O discurso proferido pelo filósofo era dirigido a pequenos grupos, o que o distanciava da IV- trazer as ideias do céu à terra.
vida pública.
IV. O discurso da filosofia no contexto da pólis restringia-se ao mesmo tipo de discurso dos Assinale:
guerreiros e dos políticos ao desejar convencer em vez de proferir a verdade.
A) se apenas I e II estiverem corretas.
Assinale a alternativa correta. B) se apenas III e IV estiveren corretas.
C) se apenas II, III e IV estiverem corretas.
a) Somente as afirmativas I e II são corretas. D) se apenas I e III estiverem corretas.
b) Somente as afirmativas I e IV são corretas. E) se apenas I e IV estiverem corretas.
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. 25- (IBC – SP / 2013) "Se o apogeu da filosofia se constitui na forma do diálogo, é porque a
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas. palavra amplia o espaço público por sua livre circulação: dirigindo-se a Mênon, no diálogo
de mesmo nome, Sócrates conversa com um jovem escravo analfabeto e desconhecedor das
23- (ENEM/2009) Segundo Aristóteles, “na cidade com o melhor conjunto de normas e Matemáticas. Pela Maiêutica, orienta-o de maneira a que participe mesmo escravo e excluído
naquela dotada de homens absolutamente justos, os cidadãos não devem viver uma vida de da esfera dos assuntos públicos do círculo dos dialéticos". Maiêutica neste contexto quer
trabalho trivial ou de negócios — esses tipos de vida são desprezíveis e incompatíveis com as dizer:
qualidades morais —, tampouco devem ser agricultores os aspirantes à cidadania, pois o A) A arte de dar nascimento as ideias.
lazer é indispensável ao desenvolvimento das qualidades morais e à prática das atividades B) A arte de dar finalidade as ideias.
políticas”. C) A arte da retórica.
(VAN ACKER, T. Grécia. A vida cotidiana na cidade-Estado. São Paulo: Atual, 1994.) C) A arte hermenêutica.

O trecho, retirado da obra Política, de Aristóteles, permite compreender que a cidadania


26-(UEL/2012 – fase 2)Observe a charge a seguir.
A) possui uma dimensão histórica que deve ser criticada, pois é condenável que os políticos
de qualquer época fiquem entregues à ociosidade, enquanto o resto dos cidadãos tem de
trabalhar.
B) era entendida como uma dignidade própria dos grupos sociais superiores, fruto de uma
concepção política profundamente hierarquizada da sociedade.
C) estava vinculada, na Grécia Antiga, a uma percepção política democrática, que levava
todos os habitantes da pólis a participarem da vida cívica.
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A) o bem dos indivíduos consiste em cada um perseguir seus interesses.


B) o sumo bem é dado pela fé de que os deuses são os portadores da verdade.
C) a política é a ciência que precede todas as demais na organização da cidade.
D) a educação visa formar a consciência de casa pessoa para agir corretamente.
E) a democracia protege as atividades políticas necessárias para o bem comum.

28- Ninguém delibera sobre coisas que não podem ser de outro modo, nem sobre as que lhe é
impossível fazer. Por conseguinte, como o conhecimento científico envolve demonstração,
mas não há demonstração de coisas cujos primeiros princípios são variáveis (pois todas elas
poderiam ser diferentemente), e como é impossível deliberar sobre coisas que são por
necessidade, a sabedoria prática não pode ser ciência, nem arte: nem ciência, porque aquilo
(Adaptado de: <http://jarbas.wordpress.com/2010/10/04/platao-mito-da-caverna-e-ti/>. que se pode fazer é capaz de ser diferentemente, nem arte, porque o agir e o produzir são
Acesso em: 30 ago. 2012.) duas espécies diferentes de coisa. Resta, pois, a alternativa de ser ela uma capacidade
verdadeira e raciocinada de agir com respeito às coisas que são boas ou más para o homem.
Após descrever a alegoria da caverna, na obra A República, Platão faz a seguinte afirmação: (ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. São Paulo: Abril Cultural, 1980).
Com efeito, uma vez habituados, sereis mil vezes melhores do que os que lá estão e
reconhecereis cada imagem, o que ela é e o que representa, devido a terdes contemplado a Aristóteles considera a ética como pertencente ao campo do saber prático. Nesse sentido, ela
verdade relativa ao belo, ao justo e ao bom. E assim teremos uma cidade para nós e para vós, difere-se dos outros saberes porque é caracterizada como
que é uma realidade, e não um sonho, como atualmente sucede na maioria delas, onde
combatem por sombras uns com os outros e disputam o poder, como se ele fosse um grande A) conduta definida pela capacidade racional de escolha.
bem. (PLATÃO. A República. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 1994. p.326.) B) capacidade de escolher de acordo com padrões científicos.
C) conhecimento das coisas importantes para a vida do homem.
a) Segundo a alegoria da caverna de Platão e com base nessa afirmação, explique o modelo D) técnica que tem como resultado a produção de boas ações.
político que configura a organização da cidade ideal. E) política estabelecida de acordo com padrões democráticos de deliberação.

b) Compare a alegoria da caverna e a charge, e explicite o que representa, do ponto de vista 29- Os andróginos tentaram escalar o céu para combater os deuses. No entanto, os deuses em
político, a saída do homem da caverna e a contemplação do bem. um primeiro momento pensam em matá-los de forma sumária. Depois decidem puni-los da
forma mais cruel: dividem-nos em dois. Por exemplo, é como se pegássemos um ovo cozido
27- Se, pois, para as coisas que fazemos existe um fim que desejamos por ele mesmo e tudo e, com uma linha, dividíssemos ao meio. Desta forma, até hoje as metades separadas buscam
o mais é desejado no interesse desse fim; evidentemente tal fim será o bem, ou antes, o sumo reunir-se. Cada um com saudade de sua metade, tenta juntar-se novamente a ela, abraçando-
bem. Mas não terá o conhecimento, porventura, grande influência sobre essa vida? Se assim se, enlaçando-se um ao outro, desejando formar um único ser. (PLATÃO. O banquete. São
é, esforcemo-nos por determinar, ainda que em linhas gerais apenas, o que seja ele e de qual Paulo: Nova Cultural, 1987).
das ciências ou faculdades constitui o objeto. Ninguém duvidará de que o seu estudo pertença
à arte mais prestigiosa e que mais verdadeiramente se pode chamar a arte mestra. Ora, a No trecho da obra O banquete, Platão explicita, por meio de uma alegoria, o:
política mostra ser dessa natureza, pois é ela que determina quais as ciências que devem ser
estudadas num Estado, quais são as que cada cidadão deve aprender, e até que ponto; e A) bem supremo como fim do homem.
vemos que até as faculdades tidas em maior apreço, como a estratégia, a economia e a B) prazer perene como fundamento da felicidade.
retórica, estão sujeitas a ela. Ora, como a política utiliza as demais ciências e, por outro lado, C) ideal inteligível como transcendência desejada.
legisla sobre o que devemos e o que não devemos fazer, a finalidade dessa ciência deve D) amor como falta constituinte do ser humano.
abranger as das outras, de modo que essa finalidade será o bem humano. (ARISTÓTELES. E) autoconhecimento como caminho da verdade.
Ética a Nicômaco. In: Pensadores. São Pauto: Nova Cultural, 1991 (adaptado)).
30- TEXTO I
Para Aristóteles, a relação entre o sumo bem e a organização da pólis pressupõe que
14

Olhamos o homem alheio às atividades públicas não como alguém que cuida apenas de seus E) a importância da ação de legisladores, como Drácon e Sólon em Atenas, e apoia a
próprios interesses, mas como um inútil; nós, cidadãos atenienses, decidimos as questões consolidação da militarização espartana.
públicas por nós mesmos na crença de que não é o debate que é empecilho à ação, e sim o
fato de não se estar esclarecido pelo debate antes de chegar a hora da ação. 32- Na Grécia antiga, a partir do século VII a.C., houve um fenômeno de proporções
(TUCÍDIDES. História da Guerra do Peloponeso. Brasília: UnB, 1987 (adaptado)). significativas que alcançou os dias atuais. Trata-se do surgimento da Filosofia como
mecanismo de construção do conhecimento baseado na razão. Dentre as várias discussões,
TEXTO II que iam da composição do Cosmo até a virtude moral do Ser Humano, destaca-se a criação
Um cidadão integral pode ser definido nada menos que pelo direito de administrar justiça e de um método, por parte de Sócrates, que propunha o caminho do conhecimento rumo à
exercer funções públicas; algumas destas, todavia, são limitadas quanto ao tempo de verdade.
exercício, de tal modo que não podem de forma alguma ser exercidas duas vezes pela mesma
pessoa, ou somente podem sê-lo depois de certos intervalos de tempo prefixados. Assinale a alternativa que mostra a estrutura proposta por este método socrático.
(ARISTÓTELES. Política. Brasília: UnB, 1985.)
A) A percepção dos conflitos como base do grande desafio, ou seja, o alcance da verdade
Comparando os textos I e II, tanto para Tucídides (no século V a.C.) quanto para Aristóteles residente no interior do indivíduo. Este método ficou conhecido como dialética e polemou.
(no século IV a.C.), a cidadania era definida pelo(a): B) A construção do conhecimento pela sondagem e observação dos fenômenos
comportamentais dos indivíduos. Este método ficou conhecido como empiria e ereyna.
A) prestígio social. C) A negação da realidade e a busca da retórica convincente, fazendo com que a narrativa
B) acúmulo de riqueza. fosse determinante. Este método ficou conhecido como homilia e afegese.
C) participação política. D) A refutação do senso comum para que o verdadeiro conhecimento, que residia no interior
D) local de nascimento. do indivíduo, viesse à tona. Este método ficou conhecido como ironia e maiêutica.
E) grupo de parentesco. E) A confirmação do ceticismo por meio da negação de qualquer possibilidade de se
conhecer o universo ao redor. Este método ficou conhecido como skeptico e agnosto.
31- (Unesp/2019)
– São uma formosura os governantes que tu modelaste, como se fosses um estatuário, ó
Sócrates! [...]
– Ora pois! Concordais que não são inteiramente utopias o que estivemos a dizer sobre a
cidade e a constituição; que, embora difíceis, eram de algum modo possíveis, mas não de
outra maneira que não seja a que dissemos, quando os governantes, um ou vários, forem
filósofos verdadeiros, que desprezem as honrarias atuais, por as considerarem impróprias de
HELENISMO E FILOSOFIA MEDIEVAL
um homem livre e destituídas de valor, mas, por outro lado, que atribuem a máxima
importância à retidão e às honrarias que dela derivam, e consideram o mais alto e o mais 1- (UENP- 2015) Julgue as afirmações sobre a filosofia helenista.
necessário dos bens a justiça, à qual servirão e farão prosperar, organizando assim a sua
cidade? (Platão. A República, 1987.) I. É o último período da filosofia antiga, quando a polis grega desaparece em razão de
invasões sucessivas, por persas e romanos, sendo substituída pela cosmopolis, categoria de
O texto, concluído na primeira metade do século IV a.C., caracteriza: referência que altera a percepção de mundo do grego, principalmente no tocante à dimensão
política.
A) a predominância das atividades econômicas rurais sobre as urbanas e enfatiza o primado II. É um período constituído por grandes sistemas e doutrinas que apresentam explicações
da racionalidade. totalizantes da natureza, do homem, concentrando suas especulações no campo da filosofia
B) a organização da pólis e sustenta a existência de um governo baseado na justiça e na prática, principalmente da ética.
sabedoria. III. Surgem nesse período a filosofia estoica, o epicurismo, o ceticismo e o neoplatonismo.
C) o caráter aristocrático da pólis durante o período das tiranias em Atenas e defende o
princípio da igualdade social. Estão corretas as afirmativas:
D) a estruturação social da pólis e destaca a importância da democracia, consolidada durante
o período de Clístenes. a) Todas elas.
15

b) Apenas I e II. homens: ao rei do Chipre. Escritos políticos de São Tomás de Aquino. Petrópolis: Vozes,
c) Apenas III. 1995 (adaptado).
d) Apenas II e III.
e) Apenas I. No trecho citado, Tomás de Aquino justifica a monarquia como o regime de governo capaz
de
2- (UFMA - 2011) “Embora esses dogmas pertençam à religião, os utopianos pensam que a
razão pode induzir, por si mesma, a crer neles e aceitá-los. Não hesitam em declarar que, na a) refrear os movimentos religiosos contestatórios.
ausência desses princípios, fora preciso ser estúpido para não procurar o prazer por todos os b) promover a atuação da sociedade civil na vida política.
meios possíveis, criminosos ou legítimos. A virtude consistiria, então, em escolher, entre c) unir a sociedade tendo em vista a realização do bem comum.
duas volúpias, a mais deliciosa, a mais picante; e em fugir dos prazeres que se seguissem d) reformar a religião por meio do retorno à tradição helenística.
dores mais vivas do que o gozo que tivessem proporcionado”. (MORE, Thomas. A utopia. e) dissociar a relação política entre os poderes temporal e espiritual.
Trad. Luis de Andrade, São Paulo: Nova Cultural, 1988. Col. Os Pensadores)
4 - (UFU) Com efeito, existem a respeito de Deus verdades que ultrapassam totalmente as
A questão sobre a natureza da felicidade humana e a possibilidade de sua realização é uma capacidades da razão humana. Uma delas é, por exemplo, que Deus é trino e uno. Ao
das principais questões estudadas pela filosofia grega antiga, sendo discutida no interior de contrário, existem verdades que podem ser atingidas pela razão: por exemplo, que Deus
uma ética e relacionada a noções de virtude e de justiça. Sabe-se que uma das características existe, que há um só Deus etc. (AQUINO, Tomás de. Súmula contra os Gentios. Capítulo
principais do humanismo, presente no pensamento renascentista, é justamente a releitura dos Terceiro: A possibilidade de descobrir a verdade divina. Tradução de Luiz João Baraúna. São
filósofos antigos, buscando integra-los a concepção cristã de vida. A concepção ética do Paulo: Abril Cultural, 1979, p. 61.
povo utopiano, descrita na obra A utopia, de Thomas More pode ser considerada, em suas
linhas gerais, uma revalorização de que corrente filosófica grega? Para São Tomás de Aquino, a existência de Deus se prova:

a) Dos sofistas, na medida em que defende que a felicidade consiste em obter o máximo de a) por meios metafísicos, resultantes de investigação intelectual.
prazer possível, especialmente os que nos advém das honras, do sucesso e das riquezas b) por meio do movimento que existe no Universo, na medida em que todo movimento deve
materiais. ter causa exterior ao ser que está em movimento.
b) Do platonismo, na medida em que separa os prazeres em duas classes: os relacionados ao c) apenas pela fé, a razão é mero instrumento acessório e dispensável.
corpo e os relacionados à alma, e que a felicidade estaria no gozo dos prazeres relacionados a d) apenas como exercício retórico.
alma, devendo-se desprezar os prazeres do corpo.
c) Do estoicismo, na medida em que defende que a felicidade consiste na tranquilidade ou 5 - (UFU) Na medida em que o Cristianismo se consolidava, a partir do século II, vários
ausência de perturbação, alcançada através do autocontrole, da contenção e da austeridade, pensadores, convertidos à nova fé e, aproveitando-se de elementos da filosofia greco-romana
desprezando-se todo tipo de prazer. que eles conheciam bem, começaram a elaborar textos sobre a fé e a revelação cristãs,
d) Do aristotelismo, na medida em que defende que a felicidade á uma “virtude da alma tentando uma síntese com elementos da filosofia grega ou utilizando-se de técnicas e
segundo a virtude perfeita” e que essa virtude consistiria em uma espécie de mediania, de conceitos da filosofia grega para melhor expor as verdades reveladas do Cristianismo. Esses
meio termo entre dois extremos. pensadores ficaram conhecidos como os Padres da Igreja, dos quais o mais importante a
e) Do epicurismo, na medida em que defende que a felicidade consiste no gozo dos prazeres, escrever na língua latina foi santo Agostinho. (COTRIM, Gilberto. Fundamentos de
mas não de todo e qualquer prazer, apenas os bons e honestos, devendo ser rejeitados os que Filosofia: Ser, Saber e Fazer. São Paulo: Saraiva, 1996, p. 128. (Adaptado))
levam a dores mais intensas do que o gozo que proporcionam. Esse primeiro período da filosofia medieval, que durou do século II ao século X, ficou
conhecido como:
3 - (ENEM) Ora, em todas as coisas ordenadas a algum fim, é preciso haver algum dirigente,
pelo qual se atinja diretamente o devido fim. Com efeito, um navio, que se move para a) Escolástica.
diversos lados pelo impulso dos ventos contrários, não chegaria ao fim de destino, se por b) Neoplatonismo.
indústria do piloto não fosse dirigido ao porto; ora, tem o homem um fim, para o qual se c) Antiguidade tardia.
ordenam toda a sua vida e ação. Acontece, porém, agirem os homens de modos diversos em d) Patrística.
vista do fim, o que a própria diversidade dos esforços e ações humanas comprova. Portanto,
precisa o homem de um dirigente para o fim. (AQUINO. T. Do reino ou do governo dos
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6 - (UFU) Segundo o texto abaixo, de Agostinho de Hipona (354-430 d. C.), Deus cria todas ( ) Agostinho incorporou as teses aristotélicas ao pensamento cristão, portanto, foi fortemente
as coisas a partir de modelos imutáveis e eternos, que são as ideias divinas. Essas ideias ou influenciado por Aristóteles.
razões seminais, como também são chamadas, não existem em um mundo à parte, A sequência está correta em
independentes de Deus, mas residem na própria mente do Criador, [...] a mesma sabedoria
divina, por quem foram criadas todas as coisas, conhecia aquelas primeiras, divinas, A) V, F, F, V
imutáveis e eternas razões de todas as coisas, antes de serem criadas [...]. B) V, F, V, F
C) F, V, V, V
Sobre o Gênese, V, considerando as informações acima, é correto afirmar que se pode D) F, V, F, V
perceber: E) F, V, F, F

a) que Agostinho modifica certas ideias do cristianismo a fim de que este seja concordante 9-(CEPERJ – 2013) Durante a filosofia medieval, uma das mais constantes discussões foi
com a filosofia de Platão, que ele considerava a verdadeira. aquela sobre a relação entre fé e razão, já que, em princípio, cada uma delas parecia uma via
b) uma crítica radical à filosofia platônica, pois esta é contraditória com a fé cristã. distinta para se alcançar Deus ou a verdade. O pensamento religioso, nesse momento da
c) a influência da filosofia platônica sobre Agostinho, mas esta é modificada a fim de história, refletiu sobre a sua interação com o entendimento argumentativo da filosofia.
concordar com a doutrina cristã. Conforme observa Danilo Marcondes na sua Iniciação à história da filosofia, Santo
d) uma crítica violenta de Agostinho contra a filosofia em geral. Agostinho adotou uma posição decisiva nesse contexto, postulando que, quanto aos
ensinamentos religiosos, deve-se adotar o seguinte procedimento:
7 - (ESPM-2014) Seu principal objetivo era demonstrar, por um raciocínio lógico formal, a
autenticidade dos dogmas cristãos. A filosofia devia desempenhar um papel auxiliar na A) primeiro acreditar para depois compreender.
realização deste objetivo. Por isso a tese de que a filosofia está a serviço da teologia. B) primeiro compreender para depois acreditar.
(Antonio Carlos Wolkmer – Introdução à História do Pensamento Político) C) acreditar e compreender simultaneamente.
D) somente compreender, sem jamais acreditar.
O texto deve ser relacionado com: E) somente acreditar, sem jamais compreender.

a) a filosofia epicurista. 10- (UEP – PI / 2012) Em relação à filosofia medieval, considere as seguintes
b) a filosofia escolástica. caracterizações de seus objetos, temas, localização histórica e geográfica, e importância
c) a filosofia iluminista. filosófica:
d) o socialismo.
e) o positivismo I. "O uso da expressão "filosofia medieval" para referir-se à filosofia na Idade Média é
paradoxal, pois é difícil encontrar alguém, nesse período, que se considerasse filósofo, cuja
8- (IDECAN – TO / 2013) O período medieval é considerado como a "fundação" do preocupação fosse exclusivamente filosófica, ou que compusesse apenas obras filosóficas.
Ocidente e sem uma análise profunda de suas raízes e rupturas não se entende o confuso Os autores medievais do Ocidente latino viam a si mesmos mais como teólogos,
tempo moderno ou mesmo contemporâneo. Conceitos modernos como a igualdade das interessavam-se sobretudo em questões teológicas, e muito raramente compunham obras
mulheres, direito e dignidade do trabalho, e a igualdade perante a Lei, as responsabilidades apenas filosóficas".
pessoais e o próprio conceito de indivíduo no corpo social não podem ser entendidos sem II. "O pensamento medieval, ao contrário da filosofia antiga ou das moderna e
raízes na Idade Média. contemporânea, traz, como essência, a fé revelada, a qual dá uma conotação especial à
colocação e solução dos problemas filosóficos. No pensamento filosófico medieval, o
Um dos principais filósofos medievais foi Santo Agostinho. Sobre sua filosofia, analise as filósofo jamais desconsidera os dados da fé revelada, ao contrário, coloca-a, sempre,
afirmativas e marque V para as verdadeiras e F para as falsas. ontologicamente superior ou condicionadora da especulação racional, ainda que faça uma
distinção entre fé e razão, como é o caso de Santo Anselmo e Santo Tomás de Aquino".
( ) A filosofia desenvolvida por Agostinho ficou conhecida como Escolástica. III. "As fronteiras temporais e territoriais da Idade Média são assunto de controvérsia entre os
( ) Agostinho desenvolveu todo um corpo teórico pautado na teologia. estudiosos. Não importa que datas se escolha, fica claro que tanto Agostinho (354-430)
( ) Agostinho acreditava que a história humana é totalmente controlada pela vontade de Deus quanto São João de Santo Tomás (1589-1644) estavam envolvidos no mesmo programa
e pelo individualismo. intelectual e, portanto, pertencem ao mesmo período. Antes de Agostinho, a vida intelectual
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do Ocidente estava dominada pela filosofia pagã, e Descartes (1596-1650), geralmente visto
como o primeiro filósofo moderno, era contemporâneo de João. Territorialmente, precisamos I. Preconiza uma vida com a abnegação das paixões.
incluir não apenas a Europa, mas também o Oriente Médio, onde importantes autores gregos II. É uma doutrina filosófica que propõe viver de acordo com a lei racional da natureza e
ortodoxos, judeus e islâmicos floresceram". aconselha a indiferença em relação a tudo que é externo ao ser.
IV. "A história da filosofia medieval é costumeiramente dividida, pelos manuais da área, em III. Prega a ética e a virtude pela virtude - fazer o bem porque isso é bom e resulta em coisas
dois longos períodos: Escolástica e Patrística. O primeiro deles - Escolástica - geralmente é melhores.
delimitado dos primeiros séculos da Era Cristã, com São Justino (100-165 d.C.) e/ou IV. O homem sábio obedece à lei natural reconhecendo-se como uma peça na grande ordem
Tertuliano (197-222 d.C.), até o século VIII, com a morte de João Damasceno (cerca de 754 e propósito do universo, devendo assim manter a serenidade perante as tragédias e coisas
d.C.), para a Igreja grega, e com Beda, o Venerável (735 d.C.), para a Igreja latina, do ponto boas.
de vista historiográfico corresponde à chamada Alta Idade Média. Entre seus principais
representantes estão Agostinho, Proclo, Boécio, Dionísio Aeropagita, Clemente de A Filosofia acima descrita é corretamente conhecida como:
Alexandria, dentre outros. O segundo período da filosofia medieval é o da Patrística, que
geralmente estende-se entre os séculos VIII a XIV ou XV, no qual se produziu alguns dos A) Estoicismo.
maiores pensadores medievais, como Anselmo (1033-1109), Gilberto de Poitiers (1076- B) Antroposofia.
1154), Pedro Abelardo (1079-1142), Rogerio Bacon (1214-1274), Tomás de Aquino, João C) Romanismo.
Duns-Scotus (1265-1308) e Guilherme de Ockham (1281-1347)". D) Perenialismo
V. "O caráter da filosofia medieval é evidente nos problemas filosóficos que os medievais E) Epicurismo
escolheram enfrentar, na maneira pela qual interpretavam os problemas filosóficos que
encontravam nos textos antigos e nas soluções que deram para a maior parte dos problemas. 13- (VUNESP/2013) Leia o trecho da Carta a Meneceu:
Três dos mais importantes problemas que os medievais herdaram dos antigos foram o "Nenhum jovem deve demorar a filosofar, e nenhum velho deve parar de filosofar, pois
problema de como conhecemos, o problema da existência de Deus e o problema dos nunca é cedo demais nem tarde demais para a saúde da alma. Afirmar que a hora de filosofar
universais. Três problemas que eles levantaram como resultado de suas preocupações e ainda não chegou ou já passou é a mesma coisa que dizer que a hora ainda não chegou ou já
compromissos teológicos foram o problema da relação entre fé e razão, o problema da passou; devemos, portanto, filosofar na juventude e na velhice para que enquanto
individuação e o problema da linguagem utilizada para se referir a Deus". envelhecemos continuemos a ser jovens nas boas coisas mediante a agradável recordação do
passado, e para que ainda jovens sejamos ao mesmo tempo velhos, graças ao destemor diante
Marque a alternativa CORRETA. do porvir. Devemos então meditar sobre tudo..." (Epicuro Carta de Epicuro a Meneceu).

A) Todas as afirmações são verdadeiras. Para Epicuro, como se expressa na Carta a Meneceu, o objetivo da filosofia é:
B) As afirmações I e IV são falsas.
C) Todas as afirmações são falsas. a) A felicidade do homem.
D) Somente a afirmação V é verdadeira. b) A imparcialidade diante das decisões tomadas pelos homens.
E) Somente a afirmação IV é falsa. c) A areté própria do homem.
d) O gozo imoderado dos prazeres mundanos.
11- (FEPESE – SC / 2012) Entre as muitas heranças do mundo da Antiguidade, herdamos as e) Estabelecer, refutar e defender argumentos tirados da bíblia.
chamadas filosofias pagãs do:
14- (ENEM) TEXTO I
A) Estoicismo e niilismo. Anaxímenes de mileto disse que o ar é o elemento originário de tudo o que existe, existiu e
B) Escolástica e marxismo. existirá, e que outras coisas provêm de sua descendência. Quando o ar se dilata, transforma-
C) Epicurismo e marxismo. se em fogo, ao passo que os ventos são ar condensado. As nuvens formam-se a partir do ar
D) Estoicismo e epicurismo. por filtragem e, ainda mais condensadas, transformam-se em água. A água quando mais
E) Escolástica e tomismo. condensada, transforma-se em terra, e quando condensada ao máximo possível, transforma-
se em pedras. (BURNET, J. A aurora da filosofia grega. Rio de Janeiro: PUC-Rio, 2006
12- (APLICATIVA – SP / 2013) É uma doutrina filosófica que tem um histórico de (adaptado)).
seguidores desde a Antiguidade. Suas principais características são:
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TEXTO II A) reiterar a ortodoxia religiosa contra os heréticos.


Basílio Magno, filósofo medieval, escreveu: “Deus, como criador de todas as coisas, está no B) sustentar racionalmente doutrina alicerçada na fé.
princípio do mundo e dos tempos. Quão parcas de conteúdo se nos apresentam, em face desta C) explicar as virtudes teológicas pela demonstração.
concepção, as especulações contraditórias dos filósofos, para os quais o mundo se origina, ou D) flexibilizar a interpretação oficial dos textos sagrados.
de algum dos quatro elementos, como ensinam os Jônios, ou dos átomos, como julga E) justificar pragmaticamente crença livre de dogmas.
Demócrito. Na verdade, dão a impressão de quererem ancorar o mundo numa teia de
aranha.” (GILSON, E.;BOEHNER, P. História da Filosofia Cristã. São Paulo: Vozes, 1991 17- Não é verdade que estão ainda cheios de velhice espiritual aqueles que nos dizem: “Que
(adaptado)). fazia Deus antes de criar o céu e a terra? Se estava ocioso e na realizava”, dizem eles, “por
que não ficou sempre assim no decurso dos séculos, abstendo-se, como antes, de toda ação?
Filósofos dos diversos tempos históricos desenvolveram teses para explicar a origem do Se existiu em Deus um novo movimento, uma vontade nova para dar o ser a criaturas que
universo, a partir de uma explicação racional. As teses de Anaxímenes, filósofo grego antigo, nunca antes criar, como pode haver verdadeira eternidade, se n’Ele aparece uma vontade que
e de Basílio, filósofo medieval, têm em comum na sua fundamentação teorias que: antes não existia?” (AGOSTINHO. Santo. As confissões. São Paulo: Abril, os pensadores)

A) eram baseadas nas ciências da natureza. A questão da eternidade, tal como abordada pelo autor, é um exemplo de reflexão filosófica
B) refutavam as teorias de filósofos da religião. sobre a(s)
C) tinham origem nos mitos das civilizações antigas.
D) postulavam um princípio originário para o mundo. A) essência da ética cristã.
E) defendiam que Deus é o princípio de todas as coisas. B) natureza universal da criação.
C) certezas inabaláveis da experiência.
15. (ENEM) “Alguns dos desejos são naturais e necessários; outros, naturais e não D) abrangência da compreensão humana.
necessários; outros, nem naturais nem necessários, mas nascidos de vã opinião. Os desejos E) interpretação da realidade circundante.
que não nos trazem dor se não satisfeitos não são necessários, mas o seu impulso pode ser
facilmente desfeito, quando é difícil obter sua satisfação ou parecem geradores de dano”. 18- “A quem não basta pouco, nada basta”. (EPICURO. os pensadores. São Paulo: Abril
(EPICURO DE SAMOS. Doutrinas principais. In: SANSON, V. F. Textos de filosofia. Rio Cultural, 1985.)
de Janeiro: Eduff, 1974).
Remanescente do período helenístico, a máxima apresentada valoriza a seguinte virtude:
No fragmento da obra filosófica de Epicuro, o homem tem como fim:
A) Esperança, tida como confiança no porvir.
a) alcançar o prazer moderado e a felicidade. B) Justiça, interpretada como retidão de caráter.
b) valorizar os deveres e as obrigações sociais. C) Temperança, marcada pelo domínio da vontade.
c) aceitar o sofrimento e o rigorismo da vida com resignação. D) Coragem, definida como fortitude na dificuldade.
d) refletir sobre os valores e as normas dadas pela divindade. E) Prudência, caracterizada pelo correto uso da razão.
e) defender a indiferença e a impossibilidade de se atingir o saber.

16- Desde que tenhamos compreendido o significado da palavra “Deus”, sabemos, de


imediato, que Deus existe. Com efeito, essa palavra designa uma coisa de tal ordem que não
podemos conceber nada que lhe seja maior. Ora, o que existe na realidade e no pensamento é
maior do que o que existe apenas no pensamento. Donde se segue que o objeto designado MAQUIAVEL E HOBBES
pela palavra “Deus”, que existe no pensamento, desde que se entenda essa palavra, também
existe na realidade. Por conseguinte, a existência de Deus é evidente. (TOMÁS DE
AQUINO. Suma Teológica. Rio de Janeiro: Loyola, 2002). 1- O príncipe, portanto, não deve se incomodar com a reputação de cruel, se seu
propósito é manter o povo unido e leal. De fato, com uns poucos exemplos duros
O texto apresenta uma elaboração teórica de Tomás de Aquino caracterizada por poderá ser mais clemente do que outros que, por muita piedade, permitem os
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distúrbios que levem ao assassínio e ao roubo. (MAQUIAVEL, N. O Príncipe. São A partir da análise histórica do comportamento humano em suas relações sociais e
Paulo: Martin Claret, 2009.) políticas, Maquiavel define o homem como um ser:

No século XVI, Maquiavel escreveu O Príncipe, reflexão sobre a Monarquia e a A) munido de virtude, com disposição nata a praticar o bem a si e aos outros.
função do governante. A manutenção da ordem social, segundo esse autor, baseava- B) possuidor de fortuna, valendo-se de riquezas para alcançar êxito na política.
se na: C) guiado por interesses, de modo que suas ações são imprevisíveis e inconstantes.
D) naturalmente racional, vivendo em um estado pré-social e portando seus direitos
A) inércia do julgamento de crimes polêmicos. naturais.
B) bondade em relação ao comportamento dos mercenários. E) sociável por natureza, mantendo relações pacíficas com seus pares.
C) compaixão quanto à condenação dos servos
D) neutralidade diante da condenação dos servos. 4- (UFT/COPESE – TO / 2013) O pensamento político nos séculos XVII e XVIII
E) conveniência entre o poder tirânico e a moral do príncipe viu surgir duas das principais concepções do Estado de Natureza que explicavam a
situação pré-social de existência humana isolada. A primeira salientava que no
2- Não ignoro a opinião antiga e muito difundida de que o que acontece no mundo é Estado de Natureza em que os homens viviam, isolados e em guerra de todos contra
decidido por Deus e pelo acaso. Essa opinião é muito aceita em nossos dias, devido todos, reinava o medo da morte, pois a vida não tinha garantias e a posse era uma
às grandes transformações ocorridas, e que ocorrem diariamente, as quais escapam à questão de conquista. A máxima que representava esse Estado de Natureza era: "o
conjectura humana. Não obstante, para não ignorar inteiramente o nosso homem é o lobo do homem". Na segunda, o isolamento fez com que os homens se
livrearbítrio, creio que se pode aceitar que a sorte decida metade dos nossos atos, aproximassem do que a natureza lhes oferecia em termos de alimentação, abrigo, etc.
mas [o livre-arbítrio] nos permite o controle sobre a outra metade. (MAQUIAVEL, Não havia medo e nem luta pela posse de bens, até que alguém construiu cercas num
N. O Príncipe. Brasília: EdUnB, 1979 (adaptado).) terreno e tomou como seu, originando a ideia de propriedade privada e, por
conseguinte, deflagrando a luta pela posse. Assinale a alternativa CORRETA que
Em O Príncipe, Maquiavel refletiu sobre o exercício do poder em seu tempo. No aponta, respectivamente, a quem pertencem essas ideias.
trecho citado, o autor demonstra o vínculo entre o seu pensamento político e o
humanismo renascentista ao A) Maquiavel e Hobbes.
B) Hobbes e Marx.
a) valorizar a interferência divina nos acontecimentos definidores do seu tempo. C) Rousseau e Marx.
b) rejeitar a intervenção do acaso nos processos políticos. D) Hobbes e Rousseau.
c) afirmar a confiança na razão autônoma como fundamento da ação humana.
d) romper com a tradição que valorizava o passado como fonte de aprendizagem. 5- (APLICATIVA – SP / 2013) Observe essas máximas de Filosofia Política. "Não
e) redefinir a ação política com base na unidade entre fé e razão. espere seu inimigo atacar, ataque-o primeiro"; "O bem, faça-o aos pouquinhos, o
mal, faça-o de uma vez"; "Para um príncipe é mais importante parecer bom do que
3- Nasce daqui uma questão: se vale mais ser amado que temido ou temido que ser bom"; "O inimigo, tenha-o bem perto ou bem longe, nunca à meia distância";
amado. Responde-se que ambas as coisas seriam de desejar; mas porque é difícil "Para se conservar como um príncipe, aprenda a ser mau, e se sirva disso conforme a
juntá-las, é muito mais seguro ser temido que amado, quando haja de faltar uma das necessidade"; É melhor e mais seguro ser temido do que ser amado". Essas máximas
duas. Porque dos homens que se pode dizer, duma maneira geral, que são ingratos, podem receber várias explicações à luz da Filosofia Política. As ideias citadas
volúveis, simuladores, covardes e ávidos de lucro, e enquanto lhes fazes bem são anteriormente foram apresentadas em uma única obra por:
inteiramente teus, oferecem-te o sangue, os bens, a vida e os filhos, quando, como
acima disse, o perigo está longe; mas quando ele chega, revoltam-se. A) Montesquieu.
(MAQUIAVEL, N. O Príncipe. Rio de Janeiro: Bertrand, 1991.) B) Maquiavel.
C) Voltaire.
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D) Montaigne. E) À semelhança dos renascentistas preocupados em fundar uma nova ciência física,
o pensador florentino rompe com o pensamento escolástico anterior, através da
6- (COLÉGIO PEDRO II – RJ, 2013) Se, por um lado, Maquiavel é lido como defesa de um método de investigação empírica, propondo estudar a sociedade pela
"teórico da força", por outro, interpretações recentes de sua obra destacam análise efetiva dos fatos humanos, sem perder-se em vãs especulações.
preocupações a respeito da constituição de sociedades livres.
Entre os textos abaixo, aquele que melhor expressa essas preocupações republicanas 8-(VUNESP – SP / 2012) Um príncipe não deve ter outro fito ou outro pensamento,
do autor é: nem cultivar outra arte, a não ser a da guerra, juntamente com as regras e a disciplina
que ela requer; porque só essa arte se espera de quem manda, e é tão útil que, ao
A) "... logo que se impõe uma tirania sobre uma cidade de vida livre, o menor mal conservar no poder os príncipes de nascimento, com frequência eleva a tal altura
que disso resulta à cidade é deixar de progredir, de crescer em poder ou em simples cidadãos. Em contraste, os príncipes que cultivaram mais das delícias da
riquezas." vida do que das armas perderam os seus Estados. E como o desprezo da arte da
B) "... é necessário para um príncipe que queira se conservar aprender a não ser bom guerra determina essa perda, assim o estar nela bem adestrado determina aquela
e disso se valer segundo a necessidade". ascensão. (Maquiavel, Nicolau. O Príncipe, citado em: Weffort, Francisco (org.). Os
C) "um senhor prudente não pode nem deve observar a palavra dada quando esta Clássicos da política. São Paulo, Ática, 2006, vol. 1, p. 36).
voltar-se contra ele e quando as razões que o fizeram prometer desaparecerem".
D) "é preciso, porém, que [um príncipe] tenha um ânimo predisposto a mudar A passagem citada do filósofo Maquiavel revela que, em sua concepção,
conforme os ventos da fortuna e as variações das coisas o exigirem".
A) o exercício da política pelo príncipe é regido por valores universalistas,
7- (IFSC – 2013) "Assim é necessário a um príncipe, para se manter, que aprenda a transcendentes à práxis.
poder ser mau e que se valha ou deixe de valer-se disso segundo a necessidade" [...] B) o sucesso na condução dos negócios políticos obedece a critérios
"E ainda que não se importe em incorrer na fama de ter certos defeitos, defeitos estes primordialmente pragmáticos.
sem os quais dificilmente poderia salvar o governo, pois que, se se considerar bem C) a manutenção do governante no poder é menos importante do que os valores
tudo, encontrar-se-ão coisas que parecem virtudes e que, se forem praticadas, lhe éticos que conduzem sua atuação.
acarretariam a ruína, e outras que poderão parecer vícios e que, sendo seguidas, D) a democracia burguesa é o regime político historicamente mais adequado para
trazem a segurança e o bem-estar do governante" (MAQUIAVEL. O Príncipe. In: Os governar populações.
Pensadores, São Paulo: Abril Cultural, 1979, p. 64). E) os homens são criaturas naturalmente inclinadas ao pacificismo, sendo sujeitos à
Assinale a alternativa incorreta: violência apenas ocasionalmente.

A) Para Maquiavel, a psicologia desenvolvida em torno do poder fundamenta o 9- “Porque as leis de natureza (como a justiça, a equidade, a modéstia, a piedade, ou,
conhecimento secular e autônomo do político e o separa radicalmente da ética e do em resumo, fazer aos outros o que queremos que nos façam) por si mesmas, na
direito. ausência do temor de algum poder capaz de levá-las a ser respeitadas, são contrárias
B) Um príncipe deve aprender a ser cruel se necessário e, mesmo, aceitar a ser visto a nossas paixões naturais, as quais nos fazem tender para a parcialidade, o orgulho, a
assim por seus súditos. Uma crueldade que deve ser calculada e nunca ditada pelo vingança e coisas semelhantes”. (HOBBES, Thomas. Leviatã. Cap. XVII. Tradução
medo ou pela barbárie, nem ultrapassando a estrita necessidade. de João Paulo Monteiro e Maria Beatriz Nizza da Silva. São Paulo: Nova Cultural,
C) Um governante não deve, segundo Maquiavel, preocupar-se em cultivar as ditas 1988, p. 103).
virtudes morais, uma vez que o controle das paixões representa um freio para o
exercício efetivo do poder, devendo por isso, deixar-se levar pelo impetus. Em relação ao papel do Estado, Hobbes considera que:
D) Maquiavel recusa a prioridade da ética sobre a política que havia caracterizado o
pensamento clássico. a) O seu poder deve ser parcial. O soberano que nasce com o advento do contrato
social deve assiná-lo, para submeter-se aos compromissos ali firmados.
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b) A condição natural do homem é de guerra de todos contra todos. Resolver tal B) sob quaisquer circunstâncias, a luta de todos contra todos corresponde à atitude
condição é possível apenas com um poder estatal pleno. mais racional possível.
c) Os homens são, por natureza, desiguais. Por isso, a criação do Estado deve servir C) a natureza humana é essencialmente pacífica, sendo corrompida somente após a
como instrumento de realização da isonomia entre tais homens. instalação do pacto social.
d) A guerra de todos contra todos surge com o Estado repressor. O homem não deve D) a vida socializada perpetua o estado de inimizade vigente sob as condições do
se submeter de bom grado à violência estatal. estado de natureza.
E) o pacto social instala as condições que permitem a superação do estado de
10- Leia o texto: natureza entre os homens.
Polemizando como a tradicional tese aristotélica, que via na sociedade o resultado de
um instinto primordial, Hobbes sustenta que no gênero humano, diferentemente do 12- (COLÉGIO PEDRO II – RJ, 2013)
animal, não existe sociabilidade instintiva. Entre os indivíduos não existe um amor "Desta guerra de todos os homens contra todos os homens também isto é
natural, mas somente uma explosiva mistura de temor e necessidade recíprocos que, consequência: que nada pode ser injusto. As noções de certo e de errado, de justiça e
se não fosse disciplinada pelo Estado, originaria uma incontrolável sucessão de injustiça, não podem aí ter lugar. Onde não há poder comum não há lei, e onde não
violências e excessos [...]. (NICOLAU, Ubaldo. Antologia ilustrada de filosofia: das há lei não há injustiça. (...) A justiça e a injustiça não fazem parte das faculdades do
origens à idade moderna). corpo ou do espírito." (HOBBES. Leviatã. XIII)

Com base no texto e nos conhecimentos da obra Leviatã de Thomas Hobbes, é "Nós estabelecemos anteriormente que todas as coisas são determinadas e que na
correto afirmar: Natureza não há bem nem mal." (ESPINOSA. Tratado breve. IV)

A) O homem é um animal naturalmente social. Sobre a existência em si mesma ou não de noções éticas, pode-se dizer que Hobbes e
B) A agressividade humana depende de condições materiais. Espinosa concordam que:
C) Somente a sociedade humana conhece a guerra e distingue interesse público de
interesse privado. A) existem em si mesmas e devem ser inteligidas, como tais, pelos homens.
D) O pacto em que se baseia a sociedade humana é natural. B) não existem em si mesmas e tampouco podem ser construídas pelos homens.
C) não sabemos se existem ou não, pois são inacessíveis ao intelecto humano.
11- (VUNESP – SP / 2012) Na concepção de Thomas Hobbes, todo homem é opaco D) não existem em si mesmas, mas são construídas pelos homens.
aos olhos de seu semelhante - eu não sei o que o outro deseja, e por isso tenho que
fazer uma suposição de qual será a sua atitude mais prudente, mais razoável. Como 13- (FADESP – PA, 2013) "Uma [...] opinião, incompatível com a natureza do
ele também não sabe o que quero, também é forçado a supor o que farei. Dessas Estado é a de que o detentor do poder soberano está sujeito às leis civis. É certo que
suposições recíprocas, decorre que o mais razoável para cada um é atacar o outro, ou todos os soberanos estão sujeitos às leis de natureza, porque tais leis são divinas e
para vencê-lo, ou simplesmente para evitar um ataque possível: assim, a guerra se não podem ser revogadas por nenhum homem ou Estado. Mas o soberano não está
generaliza entre os homens. Por isso, se não há um Estado controlando e reprimindo, sujeito àquelas leis que ele próprio, ou melhor, que o Estado fez." (HOBBES, T.
fazer a guerra contra os homens é a atitude mais racional. (Weffort, Francisco (org.). Leviatã, São Paulo, Abril cultural, 1979, parte II, p. 194)
Os Clássicos da política. São Paulo, Ática, 2006, vol. 1, p. 55. Adaptado).
Para Hobbes, o soberano não está sujeito às leis civis porque
O texto citado apresenta um pressuposto fundamental da filosofia de Hobbes. De
acordo com essa tese, A) ele é o legitimo representante de Deus na terra.
B) tais leis emanam da vontade do povo que as aprovou em assembleia.
A) no estado de natureza estão presentes os mesmos parâmetros que presidem a vida C) ele detém a sabedoria da arte de governar.
socializada. D) acima de seu poder não há nenhum outro poder.
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E) nenhuma das alternativas acima. A) condição de guerra de todos contra todos, miséria universal, insegurança e medo
da morte violenta.
14- “A natureza fez os homens tão iguais, quanto às faculdades do corpo e do B) organização pré-social e pré-política em que o homem nasce com os direitos
espírito, que, embora por vezes se encontre um homem manifestadamente mais forte naturais: vida, liberdade, igualdade e propriedade.
de corpo, ou de espírito mais vivo do que outro, mesmo assim, quando se considera C) capricho típico da menoridade, que deve ser eliminado pela exigência moral, para
tudo isto em conjunto, a diferença entre um e outro homem não é suficientemente que o homem possa constituir o Estado civil.
considerável para que um deles possa com base nela reclamar algum benefício a que D) situação em que os homens nascem como detentores de livre-arbítrio, mas são
outro não possa igualmente aspirar”. (HOBBES. T. Leviatã. São Paulo: Martins feridos em sua livre decisão pelo pecado original.
Fontes, 2003). E) estado de felicidade, saúde e liberdade que é destruído pela civilização, que
perturba as relações sociais e violenta a humanidade.
Para Hobbes, antes da constituição da sociedade civil, quando dois homens
desejavam o mesmo objeto, eles 16- Para Hobbes,
[...] o poder soberano, quer resida num homem, como numa monarquia, quer numa
a) entravam em conflito. assembléia, como nos estados populares e aristocráticos, é o maior que é possível
b) recorriam aos clérigos. imaginar que os homens possam criar. E, embora seja possível imaginar muitas más
c) consultavam os anciãos. conseqüências de um poder tão ilimitado, apesar disso as conseqüências da falta
d) apelavam aos governantes. dele, isto é, a guerra perpétua de todos homens com os seus vizinhos, são muito
e) exerciam a solidariedade. piores.
(HOBBES, T. Leviatã. Tradução de João Paulo Monteiro e Maria Beatriz Nizza da
15-TEXTO I Silva. São Paulo: Nova Cultural, 1988. capítulo XX, p. 127.)

Até aqui expus a natureza do homem (cujo orgulho e outras paixões o obrigaram a Com base na citação e nos conhecimentos sobre a filosofia política de Hobbes,
submeter-se ao governo), juntamente com o grande poder do seu governante, o qual assinale a alternativa correta.
comparei com o Leviatã, tirando essa comparação dos dois últimos versículos do
capítulo 41 de Jó, onde Deus, após ter estabelecido o grande poder do Leviatã, lhe a) Os Estados populares se equiparam ao estado natural, pois neles reinam as
chamou Rei dos Soberbos. Não há nada na Terra, disse ele, que se lhe possa confusões das assembléias.
comparar. (HOBBES, T. O Leviatã. Sao Paulo: Martins Fontes, 2003). b) Nos Estados aristocráticos, o poder é limitado devido à ausência de um monarca.
c) O poder soberano traz más consequências, justificando-se assim a resistência dos
TEXTO II súditos.
Eu asseguro, tranquilamente, que o governo civil é a solução adequada para as d) As vantagens do estado civil são expressivamente superiores às imagináveis
inconveniências do estado de natureza, que devem certamente ser grandes quando os vantagens de um estado de natureza.
homens podem ser juízes em causa própria, pois é fácil imaginar que um homem tão e) As consequências do poder soberano são indesejáveis, pois é possível a
injusto a ponto de lesar o irmão dificilmente será justo para condenar a si mesmo sociabilidade sem Estado.
pela mesma ofensa. (LOCKE, J. Segundo tratado sobre o governo civil. Petrópolis:
Vozes, 1994).

Thomas Hobbes e John Locke, importantes teóricos contratualistas, discutiram


aspectos ligados à natureza humana e ao Estado. Thomas Hobbes, diferentemente de LOCKE E ROUSSEAU – CONTRATUALISMO
John Locke, entende o estado de natureza como um(a)
23

1- “Através dos princípios de um direito natural preexistente ao Estado, de um Estado humanidade conservam entre si a fé e as regras da justiça. (LOCKE, J. Ensaio acerca do
baseado no consenso, de subordinação do poder executivo ao poder legislativo, de um poder entendimento humano. São Paulo: Nova Cultural. 2000 (adaptado)).
limitado, de direito de resistência, Locke expôs as diretrizes fundamentais do Estado liberal.”
(Bobbio). De acordo com Locke, até a mais precária coletividade depende de uma noção de justiça,
pois tal noção
Considerando o texto citado e o pensamento político de Locke, seguem as afirmativas
abaixo: A) identifica indivíduos despreparados para a vida em comum.
I. A passagem do estado de natureza para a sociedade política ou civil, segundo Locke, é B) contribui com a manutenção da ordem e do equilíbrio social.
realizada mediante um contrato social, através do qual os indivíduos singulares, livres e C) estabelece um conjunto de regras para a formação da sociedade.
iguais dão seu consentimento para ingressar no estado civil. D) determina o que é certo ou errado num contexto de interesses conflitantes.
II. O livre consentimento dos indivíduos para formar a sociedade, a proteção dos direitos E) representa os interesses da coletividade, expressos pela vontade da maioria.
naturais pelo governo, a subordinação dos poderes, a limitação do poder e o direito à
resistência são princípios fundamentais do liberalismo político de Locke. 4- Sobre os filósofos contratualistas (Hobbes, Locke e Rousseau), pode-se dizer que eles têm
III. A violação deliberada e sistemática dos direitos naturais e o uso contínuo da força sem em comum, EXCETO:
amparo legal, segundo Locke, não são suficientes para conferir legitimidade ao direito de
resistência, pois o exercício de tal direito causaria a dissolução do estado civil e, em A) partem da análise do homem em estado de natureza.
consequência, o retorno ao estado de natureza. B) defendem a ideia de que o homem só encontra realização na cidade.
IV. Os indivíduos consentem livremente, segundo Locke, em constituir a sociedade política C) legitimidade do poder encontra-se na representatividade do poder e no consenso.
com a finalidade de preservar e proteger, com o amparo da lei, do arbítrio e da força comum D) preocupam-se com a base legal do Estado
de um corpo político unitário, os seus inalienáveis direitos naturais à vida, à liberdade e à
propriedade. 5- “O homem nasce livre, e por toda a parte encontra-se a ferros. O que se crê senhor dos
V. Da dissolução do poder legislativo, que é o poder no qual “se unem os membros de uma demais não deixa de ser mais escravo do que eles. (...) A ordem social, porém, é um direito
comunidade para formar um corpo vivo e coerente”, decorre, como consequência, a sagrado que serve de base a todos os outros. (...) Haverá sempre uma grande diferença entre
dissolução do estado de natureza. subjugar uma multidão e reger uma sociedade. Sejam homens isolados, quantos possam ser
submetidos sucessivamente a um só, e não verei nisso senão um senhor e escravos, de modo
Das afirmativas feitas acima algum considerando-os um povo e seu chefe. Trata-se, caso se queira, de uma agregação,
mas não de uma associação; nela não existe bem público, nem corpo político.” (Jean-Jacques
a) somente a afirmação I está correta. Rousseau, Do Contrato Social. [1762]. São Paulo: Ed. Abril, 1973, p. 28,36.)
b) as afirmações I e III estão corretas.
c) as afirmações III e IV estão corretas. No trecho apresentado, o autor:
d) as afirmação II e III estão corretas.
e) as afirmações III e V estão incorretas. a) argumenta que um corpo político existe quando os homens encontram-se associados em
estado de igualdade política.
2- Sobre a filosofia Política de John Locke está correta apenas a alternativa: b) reconhece os direitos sagrados como base para os direitos políticos e sociais.
c) defende a necessidade de os homens se unirem em agregações, em busca de seus direitos
a) Locke sendo um liberal apoia o estado dominador de Hobbes. políticos.
b) O filósofo afirma que o contrato social deve garantir a propriedade privada e a liberdade d) denuncia a prática da escravidão nas Américas, que obrigava multidões de homens a se
c) Ele diz que o contrato só ocorre porque os mais ricos conseguem ajudar os despossuídos. submeterem a um único senhor.
d) Liberdade e vida são a base do contrato social segundo Locke
6- A Revolução Francesa teve como uma de suas influências o pensamento de Rousseau, que
3- A justiça e a conformidade ao contrato consistem em algo com que a maioria dos homens defendia:
parece concordar. Constitui um princípio julgado estender-se até os esconderijos dos ladrões
e às confederações dos maiores vilões; até os que se afastaram a tal ponto da própria A) a compreensão pessimista da natureza humana, através da máxima "o homem é lobo do
homem".
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B) a ideia de que as relações de produção da vida material são determinantes para a


constituição do tecido social. a) I e II.
C) a ideia de que a política deve ser a realização dos desígnios divinos. b) I e III.
D) a noção de sociedade de controle, que compreende o poder em seu caráter normalizador. c) II e IV.
E) um ideal de sociedade onde os homens sejam livres e iguais, formulado a partir de noções d) I, III e IV.
como vontade geral e bem comum. e) II, III e IV.

7- "Os filósofos que examinaram os fundamentos da sociedade sentiram todos a necessidade 9- No Discurso sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade entre os Homens,
de voltar até o estado de natureza, mas nenhum deles chegou até lá." (Rousseau, Discurso Rousseau elabora conceitualmente a ideia de homem natural como antítese do homem social.
sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade entre os Homens.) Nesse sentido, é CORRETO afirmar sobre o estágio inicial do homem natural rousseauniano:

Sobre a descrição rousseauniana de estado de natureza no Discurso sobre a Origem e os A) Era solitário, forte e naturalmente agressivo. A sua falta de entendimento era compensada
Fundamentos da Desigualdade entre os Homens é CORRETO afirmar que: pela imaginação ativa. Ignorava a dor e a morte e não dependia dos seus semelhantes para
garantir a própria vida e suprir as suas necessidades: fome, sede, repouso.
A) O estado de natureza corresponde ao período inicial da criação do mundo, conforme B) Vivia em comunidade, era pacífico, ignorava a morte e temia a dor. O seu entendimento e
encontramos no texto Bíblico, uma importante referência teórica para Rousseau. a sua imaginação eram faculdades "adormecidas." Dependia dos seus semelhantes para
B) O estado de natureza corresponde ao estágio de desenvolvimento dos índios da América garantir a própria vida e suprir as suas necessidades: fome, reprodução, repouso.
do Sul dos séculos XVII e XVIII, conforme atestam as pesquisas científicas da época de C) O bom selvagem vivia em contato direto com a natureza, era forte e raramente interagia
Rousseau. com os seus semelhantes. Com a imaginação e o entendimento "adormecidos", ignorava a
C) O estado de natureza rousseauniano tem como fundamento os estudos de Hobbes e Locke, morte, temia a dor e estava voltado unicamente para suprir as suas necessidades: fome,
pensadores que inspiraram Rousseau e ofereceram bases filosóficas para a elaboração da sua reprodução, repouso.
teoria do estado de natureza. D) O bom selvagem era forte e espontaneamente pacífico. Vivia pela ação da imaginação e
D) O estado de natureza é uma construção hipotética, uma criação do próprio autor que não do entendimento. Temia a dor e a morte e contava com a transparência dos seus semelhantes
se encontra fundada em fatos e em pesquisas científicas. para suprir as suas necessidades: fome, sede, repouso.
E) Para Rousseau, assim como para Aristóteles, o homem é um ser naturalmente sociável. E) O bom selvagem vivia em comunidade e em contato direto com a natureza. Com a
Portanto, a distinção entre estado de natureza e estado civil está fundada na criação dos imaginação e o entendimento "adormecidos", ignorava a dor e temia a morte, estava voltado
governos e das leis. unicamente para suprir as suas necessidades: fome, reprodução, repouso.

8- Leia a citação a seguir. 10- "Suponhamos os homens chegando àquele ponto em que os obstáculos prejudiciais à sua
Encontrar uma forma de associação que defenda e proteja a pessoa e os bens de cada conservação no estado de natureza sobrepujam, pela sua resistência, as forças de que cada
associado com toda força comum, e pela qual cada um, unindo-se a todos, só obedece indivíduo dispõe para manter-se nesse estado. Então, esse estado primitivo já não pode
contudo a si mesmo, permanecendo assim tão livre quanto antes. (ROUSSEAU, J. J. Do subsistir, e o gênero humano, se não mudasse de vida, pereceria." (ROUSSEAU. Jean
contrato social. Tradução de Lourdes Santos Machado. São Paulo: Nova Cultural, 1987. p. Jacques).
32. Os Pensadores.)
O pensamento de Rousseau fez parte de um movimento fundamental na derrubada do Antigo
Com base na citação acima e nos conhecimentos sobre o pensamento político de Rousseau, Regime. Trata-se do:
considere as seguintes afirmativas:
A) Positivismo.
I. O contrato social só se torna possível havendo concordância entre obediência e liberdade. B) Marxismo.
II. A liberdade conquistada através do contrato social é uma liberdade convencional. C) Iluminismo.
III. Por meio do contrato social, os indivíduos perdem mais do que ganham. D) Subjetivismo.
IV. A liberdade conquistada através do contrato social é a liberdade natural. E) Pedantismo

Assinale a alternativa que contém todas as afirmativas corretas, mencionadas anteriormente.


25

11- O Estado, tal como é conhecido atualmente, tem suas origens na modernidade por obra A) A propriedade privada surgiu com o pacto de consentimento em que alguns abdicam da
de pensadores como Maquiavel, Hobbes, Locke, Montesquieu e Rousseau. Uma das teses posse do que é comum, dando-o como bem de um indivíduo pelo seu mérito.
para justificar o poder do Estado foi a do Contrato Social ou Pacto. Destacam-se, entre as B) A propriedade privada é antes de tudo uma dadiva divina que alguns obtêm e outros não,
teses do Contrato Social, a ideia de que os homens não são seres políticos por natureza, e que por isso não resulta do trabalho do indivíduo e sim da bondade de Deus.
vivem em sociedade somente por interesse. Encontram-se em um estado natural de guerra de C) O fundamento da propriedade privada é o poder estatal que, em última instância, é o
todos contra todos. “O homem é lobo do homem”. Guiados pelo instinto e não pela razão, verdadeiro proprietário, e que no uso de seu poder redistribui o bem público.
sentem o medo de perder a vida a qualquer momento. Assim, por medo e interesse, D) O fundamento da propriedade privada consiste essencialmente na propriedade de si
abandonam todos de uma só vez o direito sobre todas as coisas e entregam tal direito nas mesmo; cada pessoa tem como direito inalienável a propriedade de si mesma.
mãos de um soberano, o qual fará leis e transformará o estado de natureza em estado civil.
Estava assim justificado o absolutismo, pois o soberano não faz parte do pacto e, ao criar as 14- Dentre os filósofos do chamado século das luzes, que preconizavam a difusão do saber
leis, determina o justo e o injusto. como o meio mais eficaz para se pôr fim à superstição, à ignorância, ao império da opinião e
do preconceito, e que acreditavam estar dando uma contribuição enorme para o progresso do
Tais teses são defendidas na seguinte obra: espírito humano, Rousseau, certamente, ocupa um lugar não muito cômodo.
(NASCIMENTO, Milton Meira. Rousseau: da servidão à liberdade. In. WEFFORT,
a) O leviatã, de Hobbes. Francisco C. Os Clássicos da Política, Vol. 1. São Paulo: Ática, 1991, p. 189)
b) A Política, de Aristóteles. .
c) O Príncipe, de Nicolau Maquiavel. Sobre a filosofia política de Rousseau, é correto afirmar que
d) O Espírito das leis, de Montesquieu.
e) Contrato Social, de Jean Jacques Rousseau. A) uma vez instaurado governo como corpo submisso à autoridade soberana, ulterior esforço
de manutenção deste estado torna-se desnecessário.
12- Em uma situação hipotética da saída dos homens do estado de natureza, o pacto social, B) as formas clássicas de governo aristocrático são incompatíveis com a ideia de um povo
firmado por um grupo de indivíduos, implica a renúncia ao direito individual absoluto, o qual soberano.
será transferido para um soberano encarregado de promover a paz, e que merecerá desse C) apenas por um pacto legítimo os homens, após terem perdido a sua liberdade natural,
grupo a obediência total – salvo na situação em que esse soberano se tornar impotente para a podem receber, em troca, a liberdade civil.
manutenção da paz e da prosperidade. D) a ação política/governamental é boa em si quando leva em consideração a natureza
própria do ser humano, da sua índole natural.
Essas afirmações estão contidas no pensamento político de um filósofo contratualista
moderno. Assinale a alternativa que nomeia o filósofo em questão. 15- Jean-Jacques Rousseau analisou a concepção de “estado de natureza humana” e chegou a
conclusão bem diferente de seus antecessores, conforme se observa no trecho abaixo.
A) Jean-Jacques Rousseau Outros poderão, desembaraçadamente, ir mais longe na mesma direção, sem que para
B) Jean Bodin ninguém seja fácil chegar ao término, pois não constitui empreendimento trivial separar o
C) John Locke que há de original e de artificial na natureza atual do homem, e conhecer com exatidão um
D) Thomas Hobbes estado que não mais existe, que talvez nunca tenha existido, que provavelmente jamais
existirá, e sobre o qual se tem, contudo, a necessidade de alcançar noções exatas para bem
13- Leia o enunciado abaixo: julgar de nosso estado presente”. (ROUSSEAU, J.J. Discurso sobre a origem e os
[...] esforçar-me-ei por mostrar de que maneira os homens podem vir a ter uma propriedade fundamentos da desigualdade entre os homens. Coleção Os Pensadores. Trad. Lourdes
em diversas partes daquilo que Deus deu em comum à humanidade, e isso sem nenhum pacto Santos Machado. São Paulo: Abril Cultural, 1973, p. 234).
expresso por parte de todos os membros da comunidade. (LOCKE, J. Dois tratados sobre o
governo. Tradução de Julio Fisher. São Paulo: Martins Fontes, 2005. p. 406.– grifo do autor). Com base no trecho acima e em seus conhecimentos sobre o assunto, é correto afirmar que,
para Rousseau,
Assinale a alternativa que apresenta o fundamento natural da propriedade privada segundo
Locke. A) a natureza humana é inexistente, tudo o que somos deriva da educação.
B) refletir sobre o estado de natureza permite compreender a vida política.
C) é impossível distinguir o que há de original e artificial no ser humano.
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D) raciocinar a respeito do estado de natureza humana é uma tarefa inútil. liberdade. A liberdade é o direito de fazer tudo o que as leis permitem; se um cidadão
pudesse fazer tudo o que elas proíbem, não teria mais liberdade, porque os outros também
16- Com relação à noção de estado de natureza, que é o estado em que os seres humanos se teriam tal poder. (MONTESQUIEU. Do Espírito das Leis. São Paulo: Editora Nova Cultural,
achavam antes da formação da sociedade, podem-se identificar, na filosofia política moderna, 1997 (adaptado)).
três tendências:
1. Os seres humanos são naturalmente egoístas e, no estado de natureza, se achavam numa A característica de democracia ressaltada por Montesquieu diz respeito
guerra de todos contra todos daí que, por medo uns dos outros, aceitam renunciar à liberdade
e constituir um Soberano, o estado, que garanta a paz. a) ao status de cidadania que o indivíduo adquire ao tomar as decisões por si mesmo.
2. Não é por medo uns dos outros, e sim para garantir o direito à propriedade e à segurança b) ao condicionamento da liberdade dos cidadãos à conformidade às leis.
que os seres humanos consentem em criar uma autoridade que possa tornar isso possível. c) à possibilidade de o cidadão participar no poder e, nesse caso, livre da submissão às leis.
3. No estado de natureza, os seres humanos eram felizes e foi o advento da propriedade d) ao livre-arbítrio do cidadão em relação àquilo que é proibido, desde que ciente das
privada e da sociedade civil que tornou alguns escravos de outros. consequências.
e) ao direito do cidadão exercer sua vontade de acordo com seus valores pessoais.
Podem-se atribuir essas três concepções, respectivamente, a
3- “Para que não haja abuso, é preciso organizar as coisas de maneira que o poder seja
A) Hobbes, Rousseau e Maquiavel. contido pelo poder. Tudo estaria perdido se o mesmo homem ou o mesmo corpo dos
B) Hobbes, Locke e Rousseau. principais, ou dos nobres, ou do povo, exercesse esses três poderes: o de fazer leis, o de
C) Maquiavel, Hobbes e Locke. executar as resoluções públicas e o poder de julgar os crimes ou as divergências dos
D) Rousseau, Maquiavel e Locke. indivíduos. Assim, criam-se os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, atuando de forma
independente para a efetivação da liberdade, sendo que esta não existe se uma mesma pessoa
ou grupo exercer os referidos poderes concomitantemente.” (MONTESQUIEU, B. Do
espírito das leis. São Paulo: Abril Cultural, 1979).
ESPINOSA, MONTESQUIEU E VOLTAIRE
A divisão e a independência entre os poderes são condições necessárias para que possa haver
liberdade em um Estado. Isso pode ocorrer apenas sob um modelo politico em que haja
1- A lei dos lombardos (Edictus Rothari), povo que se instalou na Itália no século VII e era
considerado bárbaro pelos romanos, estabelecia uma série de reparações pecuniárias a) Exercício de tutela sobre atividades jurídicas e politicas.
(composições) para punir aqueles que matassem, ferissem ou aleijassem os homens livres. A b) Consagração do poder politico pela autoridade religiosa.
lei dizia: “para todas estas chagas e feridas estabelecemos uma composição maior do que a c) Concentração do poder nas mãos de elites técnico-cientificas.
de nossos antepassados, para que a vingança que é inimizade seja relegada depois de aceita a d) Estabelecimento de limites dos atores públicos e às instituições do governo.
dita composição e não seja mais exigida nem permaneça o desgosto, mas dê-se a causa por e) Reunião das funções de legislar, julgar e executar nas mãos de um governante eleito.
terminada e mantenha-se a amizade.” (ESPINOSA, F. Antologia de textos históricos
medievais. Lisboa: Sá da Costa, 1976 (adaptado)). 4- Analise as citações a seguir.
- O Princípio da República é a virtude concebida como consciência política de um povo
A justificativa da lei evidencia que amadurecido para autogovernar-se.
- A honra é o Princípio da Monarquia e o despotismo é especificado pelo temor.
a) se procurava acabar com o flagelo das guerras e dos mutilados. - A melhor opção política é a separação do poder de estado em três: o Legislativo, o
b) se pretendia reparar as injustiças causadas por seus antepassados. Executivo e o Judiciário, tendo cada um funções específicas e poderes iguais. (Nunes, 1987:
c) se pretendia transformar velhas práticas que perturbavam a coesão social. 76-78.)
d) havia um desejo dos lombardos de se civilizarem, igualando-se aos romanos.
e) se instituía uma organização social baseada na classificação de justos e injustos. As citações se referem a

2- É verdade que nas democracias o povo parece fazer o que quer; mas a liberdade política A) Locke.
não consiste nisso. Deve-se ter sempre presente em mente o que é independência e o que é B) Hume.
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C) Hobbes. 7- “O gênero humano é de tal ordem que não pode subsistir, a menos que haja uma grande
D) Berkeley. infinidade de homens úteis que não possuam nada.” (Dicionário filosófico, verbete
E) Montesquieu. Igualdade)

5- Leia o texto a seguir. Vimos, assim, que a Alma pode sofrer grandes transformações e “O comércio, que enriqueceu os cidadãos na Inglaterra, contribuiu para os tornar livres, e
passar ora a uma maior perfeição, ora a uma menor, paixões estas que nos explicam as essa liberdade deu por sua vez maior expansão ao comércio; daí se formou o poderio do
afecções de alegria e de tristeza. Assim, por alegria, entenderei, no que vai seguir-se, a Estado.” (Cartas inglesas)
paixão pela qual a Alma passa a uma perfeição maior; por tristeza, ao contrário, a paixão pela
qual a Alma passa a uma perfeição menor. (ESPINOSA, B. Ética. Trad. Antonio Simões. Sobre os trechos de Voltaire, é correto afirmar que o autor
Lisboa: Relógio D’Água, 1992. p. 279).
a) define, com suas ideias, os interesses da burguesia como classe, no século XVIII: o
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o problema da paixão e da afecção em comércio como condição para a acumulação de capital, a riqueza como fator de liberdade e
Espinosa, assinale a alternativa correta. do poder de Estado e a propriedade ligada à desigualdade.
b) crê, como filósofo iluminista do século XVIII, nas igualdades social e política, pois a
a) A tristeza é uma ação da alma, consistente na afecção causada por uma paixão, por meio filosofia burguesa elabora uma doutrina universalista que confunde a causa da burguesia com
da qual a alma visa a própria destruição. a de toda a humanidade.
b) As transformações da alma, seja o aumento ou a diminuição de intensidade, fazem c) critica a centralização do poder na medida em que ela breca a liberdade, impedindo o
coexistir paixões contrárias. progresso das técnicas e a expansão do comércio que geram riqueza, e, ao mesmo tempo,
c) O aumento de perfeição, característico de afecção da alegria, vincula-se ao esforço da alma aceita a propriedade como fundamento da igualdade.
em perceber-se com mais clareza e distinção. d) considera que a burguesia não se constitui em uma classe no século XVIII, e ela precisa do
d) Tristeza e alegria são denominadas paixões porque resultam da ação de distintas poder do Estado centralizado para garantir a sua riqueza e, nessa medida, aproxima-se da
dimensões da alma, responsáveis pela produção dessas afecções. nobreza para obter apoio político.
e) Se uma coisa aumenta a potência de agir do corpo, a ideia dessa mesma coisa diminuirá a e) defende, como representante da Ilustração, a liberdade ligada à ausência da propriedade e
potência de pensar da nossa alma. elabora princípios universais, com direitos e deveres para todos os homens, o que faz a
igualdade econômica ser o fundamento da sociedade.
6- Leia com atenção o texto a seguir.
A virtude é a própria potência do homem, que se define exclusivamente pela essência dele 8 - Identifique, nas sentenças a seguir citadas, aquela que expressa o pensamento de
[...], isto é [...], que se define exclusivamente pelo esforço que o homem faz para perseverar Montesquieu:
em seu ser. Logo, quanto mais alguém se empenha em conservar seu ser e tem poder para tal,
mais é dotado de virtude. O contrário acontece [...], na medida em que alguém desdenha a) "É uma verdade eterna: qualquer pessoa que tenha o poder, tende a abusar dele. Para que
conservar seu ser, e por isso é impotente. (ESPINOSA, B. Ética. In: MARCONDES, D. não haja abuso, é preciso organizar as coisas de maneira que o poder seja contido pelo
(org.). Textos básicos de ética: de Platão a Foucault. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2007, p. poder".
75) b) "(...) é preciso (...) encontrar uma forma de associação que defenda e proteja a pessoa e os
bens de cada associação, de qualquer força comum, e pela qual, cada um, não obedeça senão
É INCORRETO dizer que, para Espinosa, a si mesmo, ficando assim tão livre quanto antes."
c) "O Estado está obrigado a proporcionar trabalho ao cidadão capaz, e ajuda e proteção aos
A) o ser humano que é virtuoso age conforme a natureza. incapacitados. Não se pode obter tais resultados a não ser por um Poder Democrático."
B) o conceito de virtude liga-se ao de autoconservação. d) "A única maneira de erigir-se um poder, capaz de defendê-los contra a invasão e danos
C) os homens, para alcançar a virtude, devem superar a sua tendência natural por meio do infligidos, uns contra os outros (...) consiste em conferir todo o poder e força a um só
hábito. homem."
D) os homens são virtuosos por essência. e) “O homem é o único animal racional, porém, o único que comete absurdos”.
E) um ser humano age contra a própria utilidade somente sob a influência de causas externas
que o corrompem.
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9- O escritor e filósofo francês Voltaire, que viveu no século XVIII, é considerado um dos que os outros se constituam em tutores deles”. (KANT, I. Resposta à pergunta: que é
grandes pensadores do Iluminismo ou Século das Luzes. Ele afirma o seguinte sobre a “Esclarecimento”? (Aufklarüng). In: ______. Textos seletos. Tradução de Raimundo Vier. 3.
importância de manter acesa a chama da razão: ed. Petrópolis: Vozes, 2005, p. 64).

“Vejo que hoje, neste século que é a aurora da razão, ainda renascem algumas cabeças da A menoridade de que fala Kant é a condição daqueles que não fazem o uso da razão. Essa
hidra do fanatismo. Parece que seu veneno é menos mortífero e que suas goelas são menos condição evidencia a ausência
devoradoras. Mas o monstro ainda subsiste e todo aquele que buscar a verdade arriscar-se-á a
ser perseguido. Deve-se permanecer ocioso nas trevas? Ou deve-se acender um archote onde A) do idealismo necessário para a ampliação dos horizontes existenciais.
a inveja e a calúnia reacenderão suas tochas? No que me tange, acredito que a verdade não B) da autonomia para fazer uso próprio da razão sem a tutela de outrem.
deve mais se esconder diante dos monstros e que não devemos abster-nos do alimento com C) da religião encarregada de fazer feliz o homem indigente de pensamento.
medo de sermos envenenados”. D) da ignorância, pois quem se deixa guiar pelos outros acerta sempre.

Identifique a opção que melhor expressa esse pensamento de Voltaire.


2- Os princípios práticos se dividem em dois grandes grupos, que Kant chama,
A) Aquele que se pauta pela razão e pela verdade não é um sábio, pois corre um risco respectivamente, de ‘máximas’ e ‘imperativos’. [...] Os imperativos são os princípios práticos
desnecessário. objetivos, isto é, válidos para todos. Os imperativos são “mandamentos” ou “deveres”, ou
B) A razão é impotente diante do fanatismo, pois esse sempre se impõe sobre os seres seja, regras que expressam uma necessidade objetiva da ação, o que significa que, “se a razão
humanos. determinasse completamente a vontade, a ação ocorreria segundo tal regra” ao passo que a
C) Aquele que se orienta pela razão e pela verdade deve munir-se da coragem para enfrentar intervenção de fatores emocionais e empíricos podem desviar esta vontade. (REALE,G.,
o obscurantismo e o fanatismo. DARIO, A. História da Filosofia, vol. II. São Paulo: Paulus, 1990, p. 903 (adaptado)).
D) O fanatismo e o obscurantismo são coisas do passado e por isso a razão não precisa mais
estar alerta. Para Kant, é correto afirmar que os imperativos
E) A razão envenena o espírito humano com o fanatismo.
A) são subjetivos e, dessa forma, não podem ser princípios universais.
10- Baseados no Iluminismo, particularmente no pensamento de Voltaire, os soberanos da B) devem determinar a razão, pois são princípios válidos para todos.
Prússia, Rússia, Áustria, Espanha e Portugal procuraram adequar as estruturas econômicas de C) determinam a vontade, sem que as emoções interfiram.
seus países: D) sendo “máximas”, não expressam a necessidade objetiva da ação.

a) A uma política autoritária, com medidas de caráter liberal com grande participação 3- Autonomia da vontade é aquela sua propriedade graças à qual ela é para si mesma a sua lei
popular. (independentemente da natureza dos objetos do querer). O princípio da autonomia é portanto:
b) Ao capitalismo que começava a se impor com nitidez. não escolher senão de modo a que as máximas da escolha estejam incluídas simultaneamente,
c) Às idéias da Ilustração, oriundas da burguesia, concretizando-as com sua efetiva no querer mesmo, como lei universal. (KANT, Immanuel. Fundamentação da Metafísica dos
participação. Costumes. Tradução de Paulo Quintela. Lisboa: Edições 70, 1986, p. 85).
d) À modernização mediante grande desenvolvimento comercial e alto índice de urbanização.
e) A uma política modernizadora, de caráter liberal e participativo. De acordo com a doutrina ética de Kant:

A) O Imperativo Categórico não se relaciona com a matéria da ação e com o que deve
resultar dela, mas com a forma e o princípio de que ela mesma deriva.
KANT (ÉTICA) E JEREMY BETHAM B) O Imperativo Categórico é um cânone que nos leva a agir por inclinação, vale dizer, tendo
por objetivo a satisfação de paixões subjetivas.
1- Leia a citação a seguir. C) Inclinação é a independência da faculdade de apetição das sensações, que representa
“A preguiça e a covardia são as causas pelas quais uma grande parte dos homens, depois que aspectos objetivos baseados em um julgamento universal.
a natureza de há muito os libertou de uma direção estranha, continuem no entanto de bom D) A boa vontade deve ser utilizada para satisfazer os desejos pessoais do homem. Trata-se
grado menores durante toda a vida. São também as causas que explicam porque é tão fácil de fundamento determinante do agir, para a satisfação das inclinações.
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um ser humano descarta e, por assim dizer, aniquila sua dignidade como ser humano. […] É
4- Esclarecimento é a saída do homem de sua menoridade, da qual ele próprio é culpado. A possível que [a mentira] seja praticada meramente por frivolidade ou mesmo por bondade;
menoridade é a incapacidade de fazer uso de seu entendimento sem a direção de outro aquele que fala pode, até mesmo, pretender atingir um fim realmente benéfico por meio dela.
indivíduo. O homem é o próprio culpado dessa menoridade se a causa dela não se encontra Mas esta maneira de perseguir este fim é, por sua simples forma, um crime de um ser
na falta de entendimento, mas na falta de decisão e coragem de servir-se de si mesmo sem a humano contra sua própria pessoa e uma indignidade que deve torná-lo desprezível aos seus
direção de outrem. Tem coragem de fazer uso de teu próprio entendimento, tal é o lema do próprios olhos. (Immanuel Kant. A metafísica dos costumes, 2010.)
esclarecimento. A preguiça e a covardia são as causas pelas quais uma tão grande parte dos
homens, depois que a natureza de há muito os libertou de uma condição estranha, continuem, Em sua sentença dirigida à mentira, Kant
no entanto, de bom grado menores durante toda a vida. (KANT, I. Resposta à pergunta: o que
é esclarecimento? Petrópolis: Vozes, 1985 (adaptado)). A) considera a condenação relativa e sujeita a justificativas, de acordo com o contexto.
B) assume que cada ser humano particular representa toda a humanidade.
Kant destaca no texto o conceito de Esclarecimento, fundamental para a compreensão do C) apresenta um pensamento desvinculado de pretensões racionais universalistas.
contexto filosófico da Modernidade. Esclarecimento, no sentido empregado por Kant, D) demonstra um juízo condenatório, com justificação em motivações religiosas.
representa: E) assume o pressuposto de que a razão sempre é governada pelas paixões.

a) a reivindicação de autonomia da capacidade racional como expressão da maioridade. 7- Sobre o Utilitarismo de Jeremy Bentham é Correto afirmar que:
b) o exercício da racionalidade como pressuposto menor diante das verdades eternas.
c) a imposição de verdades matemáticas, como caráter objetivo, de forma heterônoma. A) Aquilo que é útil para mim será o melhor para todos
d) a compreensão de verdades religiosas que libertam o homem da falta de entendimento. B) A utilidade de uma lei depende da aceitação de todos
e) a emancipação da subjetividade humana de ideologias produzidas pela própria razão. C) Útil é aquilo que pode levar o máximo de pessoas a felicidade.
D) A felicidade só é útil quando legitimada pelas leis sociais.
5- Uma pessoa vê-se forçada pela necessidade a pedir dinheiro emprestado. Sabe muito bem E) O mal é a falta de utilidade de um individuo que busca a felicidade geral.
que não poderá pagar, mas vê também que não lhe emprestarão nada se não prometer
firmemente pagar em prazo determinado. Sente a tentação de fazer a promessa; mas tem 8- A moralidade, Bentham exortava, não é uma questão de agradar a Deus, muito menos de
ainda consciência bastante para perguntar a si mesma: não é proibido e contrário ao dever fidelidade a regras abstratas. A moralidade é a tentativa de criar a maior quantidade de
livrar-se de apuros desta maneira? Admitindo que se decida a fazê-lo, a sua máxima de ação felicidade possível neste mundo. Ao decidir o que fazer, deveríamos portanto, perguntar qual
seria: quando julgo estar em apuros de dinheiro, vou pedi-lo emprestado e prometo pagá-lo, curso de conduta promoveria a maior quantidade de felicidade para todos aqueles que serão
embora saiba que tal nunca sucederá. (KANT, I. Fundamentação da metafísica dos costumes. afetados. (RACHELS, J. Os elementos da filosofia moral Barueri-SP, Manole, 2005)
São Paulo: Abril Cultural, 1980).
Os parâmetros da ação indicados no texto estão em conformidade com uma
De acordo com a moral kantiana, a “falsa promessa de pagamento” representada no texto
A) fundamentação científica de viés positivista.
a) assegura que a ação seja aceita por todos a partir da livre discussão participativa. B) convenção social de orientação normativa
b) garante que os efeitos das ações não destruam a possibilidade da vida futura na terra. C) transgressão Comportamental religiosa
c) opõe-se ao princípio de que toda ação do homem possa valer como norma universal. D) racionalidade de caráter prático.
d) materializa-se no entendimento de que os fins da ação humana podem justificar os meios. E) inclinação de natureza passional
e) permite que a ação individual produza a mais ampla felicidade para as pessoas envolvidas.
9- Um modelo de proposta ética, estruturada de um modo mais claro no século passado,
6- A maior violação do dever de um ser humano consigo mesmo, considerado meramente sobretudo com Jeremy Bentham e John Stuart Mill, é a chamada ética empirista/utilitarista.
como um ser moral (a humanidade em sua própria pessoa), é o contrário da veracidade, a
mentira […]. A mentira pode ser externa […] ou, inclusive, interna. Através de uma mentira I. "Parte-se da ideia de que o ser humano é fundamentalmente um indivíduo portador de
externa, um ser humano faz de si mesmo um objeto de desprezo aos olhos dos outros; através necessidades que precisam ser satisfeitas. Neste sentido, ele é um feixe de impulsos,
de uma mentira interna, ele realiza o que é ainda pior: torna a si mesmo desprezível aos seus interesses, necessidades, que pressionam na direção de uma satisfação, cuja realização é
próprios olhos e viola a dignidade da humanidade em sua própria pessoa […]. Pela mentira subjetivamente recebida como prazer e a não-realização como dor".
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II. "A experiência ética fundante é a convicção da humanidade de que a ação mas desfeito — tudo por uma simples ideia de arquitetura! (BENTHAM, J. O panóptico.
verdadeiramente reta é aquela onde se busca não só a felicidade do indivíduo, mas a de Belo Horizonte: Autentica, 2008).
todos. A moral, então, é a arte de orientar as ações dos homens de tal modo que se possa
conseguir a maior soma de felicidade". Essa é a proposta de um sistema conhecido como panóptico, um modelo que mostra o poder
III. "A natureza colocou o gênero humano sob o domínio de dois senhores soberanos: a dor e da disciplina nas sociedades contemporâneas, exercido preferencialmente por mecanismos
o prazer. Somente a eles compete apontar o que devemos fazer, bem como determinar o que
na realidade faremos. Ao trono desses dois senhores está vinculada, por uma parte, a norma A) religiosos, que se constituem como um olho divino controlador que tudo vê.
que distingue o que é reto do que é errado". B) ideológicos, que estabelecem limites pela alienação, impedindo a visão da dominação
IV. "Afirmar-se-á que uma determinada ação está em conformidade com o princípio de sofrida.
utilidade, ou, para ser mais breve, à utilidade, quando a tendência que ela tem a aumentar a C) repressivos, que perpetuam as relações de dominação entre os homens por meio da tortura
felicidade for maior do que qualquer tendência que tenha a diminuí-la". física.
V. "Uma ação moralmente correta seria aquela que cause o máximo de prazer, ao maior D) sutis, que adestram os corpos no espaço-tempo por meio do olhar como instrumento de
número de pessoas, pela maior intensidade e duração de tempo; ou que cause o mínimo de controle.
dor, ao menor número de pessoas, pela menor intensidade e duração de tempo". E) consensuais, que pactuam acordos com base na compreensão dos benefícios gerais de se
ter as próprias ações controladas.
Aponte o que diz respeito à estrutura deste pensamento.

a) Somente I, II e V.
b) Todos os itens. EMPIRISMO, RACIONALISMO E CRITICISMO
c) Somente I, III e IV.
d) II, III e V.
e) Somente I, II e III. 1- TEXTO I
Experimentei algumas vezes que os sentidos eram enganosos, e é de prudência nunca se fiar
10- O filósofo inglês Jeremy Bentham, em seu livro Uma introdução aos princípios da moral inteiramente em que já nos enganou uma vez. (DESCARTES, R. Meditações Metafísicas.
e da legislação, defendeu o princípio da utilidade como fundamento para a Moral e para o São Paulo: Abril Cultura, 1979).
Direito.
Para esse autor, o princípio da utilidade é aquele que: TEXTO II
Sempre que alimentarmos alguma suspeita de que uma ideia esteja sendo empregada sem
a) estabelece que a moral e a lei devem ser obedecidas porque são úteis à coexistência nenhum significado, precisaremos apenas indagar: de que impressão deriva esta suposta
humana na vida em sociedade. ideia? E se for impossível atribuir-lhe qualquer impressão sensorial, isso servirá para
b) aprova ou desaprova qualquer ação, segundo a tendência que tem a aumentar ou diminuir confirmar nossa suspeita. (HUME, D. Uma investigação sobre o entendimento. São Paulo:
a felicidade das pessoas cujos interesses estão em jogo. Unesp, 2004 (adaptado)).
c) demonstra que o direito natural é superior ao direito positivo, pois, ao longo do tempo,
revelou-se mais útil à tarefa de regular a convivência humana. Nos textos, ambos os autores se posicionam sobre a natureza do conhecimento humano, a
d) afirma que a liberdade humana é o bem maior a ser protegido tanto pela moral quanto pelo comparação dos excertos permite assumir que Descartes e Hume
direito, pois são a liberdade de pensamento e a ação que permitem às pessoas tornarem algo
útil. A) defendem os sentidos como critério originário para considerar um conhecimento legítimo.
B) entendem que é desnecessário suspeitar do significado de uma ideia na reflexão filosófica
11- O edifício é circular. Os apartamentos dos prisioneiros ocupam a circunferência. Você̂ e crítica.
pode chamá-los, se quiser, de celas. O apartamento do inspetor ocupa o centro; você̂ pode C) são legítimos representantes do criticismo quanto à gênese do conhecimento.
chamá-lo, se quiser, de alojamento do inspetor. A moral reformada; a saúde preservada; a D) concordam que conhecimento humano é impossível em relação às ideias e aos sentidos.
indústria revigorada; a instrução difundida; os encargos públicos aliviados; a economia E) atribuem diferentes lugares ao papel dos sentidos no processo de obtenção do
assentada, como deve ser, sobre uma rocha; o nó górdio da Lei sobre os Pobres não cortado, conhecimento.
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2- TEXTO I 4- Os produtos e seu consumo constituem a meta declarada do empreendimento tecnológico.


“Há algum tempo eu me apercebi de que, desde meus primeiros anos, recebera muitas falsas Essa meta foi proposta pela primeira vez no início da Modernidade, como expectativa de que
opiniões como verdadeiras, e de que aquilo que depois eu fundei em princípios tão mal o homem poderia dominar a natureza. No entanto, essa expectativa, convertida em programa
assegurados não podia ser senão mui duvidoso e incerto. Era necessário tentar seriamente, anunciado por pensadores como Descartes e Bacon e impulsionado pelo Iluminismo, não
uma vez em minha vida, desfazer-me de todas as opiniões a que até então dera crédito, e surgiu “de um prazer de poder”, “de um mero imperialismo humano”, mas da aspiração de
começar tudo novamente a fim de estabelecer um saber firme e inabalável.” (DESCARTES, libertar o homem e de enriquecersua vida, física e culturalmente. (CUPANI, A. A tecnologia
R. Meditações concernentes À Primeira Filosofia. São Paulo, Abril Cultural, 1973). como problema filosófico: três enfoques, Scientiae Studia. São Paulo, v. 2 n. 4, 2004
(adaptado)).
TEXTO II
“É o caráter radical do que se procura que exige a radicalização do próprio processo de Autores da filosofia moderna, notadamente Descartes e Bacon, e o projeto iluminista
busca. Se todo o espaço for ocupado pela duvida, qualquer certeza que aparecer a partir daí concebem a ciência como uma forma de saber que almeja libertar o homem das intempéries
terá sido de alguma forma gerada pela própria duvida, e não será seguramente nenhuma da natureza. Nesse contexto, a investigação científica consiste em
daquelas que foram anteriormente varridas por essa mesma dúvida.” (SILVA, F.L. Descartes:
a metafisica da modernidade. São Paulo: Moderna, 2001). A) expor a essência da verdade e resolver definitivamente as disputas teóricas ainda
existentes.
A exposição e a análise do projeto cartesiano indicam que, para viabilizar a reconstrução B) oferecer a última palavra acerca das coisas que existem e ocupar o lugar que outrora foi da
radical do conhecimento, deve -se filosofia.
C) ser a expressão da razão e servir de modelo para outras áreas do saber que almejam o
a) Retomar o método da tradição para edificar a ciência com legitimidade. progresso.
b) Questionar de forma ampla e profunda as antigas ideias e concepções. D) explicitar as leis gerais que permitem interpretar a natureza e eliminar os discursos éticos
c) Investigar os conteúdos da consciência dos homens menos esclarecidos. e religiosos.
d) Buscar uma via para eliminar da memória saberes antigos e ultrapassados. E) explicar a dinâmica presente entre os fenômenos naturais e impor limites aos debates
e) Encontrar ideias e pensamentos evidentes que dispensam ser questionados. acadêmicos.

3- “Até hoje admitia-se que nosso conhecimento se devia regular pelos objetos; porém, todas 5- “É o caráter radical do que se procura que exige a radicalização do próprio processo de
as tentativas para descobrir, mediante conceitos, algo que ampliasse nosso conhecimento, busca. Se todo o espaço for ocupado pela dúvida, qualquer certeza que aparecer a partir daí
malogravam-se com esse pressuposto. Tentemos, pois, uma vez, experimentar se não se terá sido de alguma forma gerada pela própria dúvida, e não será seguramente nenhuma
resolverão melhor as tarefas da metafísica, admitindo que os objetos se deveriam regular pelo daquelas que foram anteriormente varridas por essa mesma dúvida”. (SILVA, F. L.
nosso conhecimento.” (KANT, I. Crítica da Razão Pura. Lisboa: Calouste-Gulbenkian, Descartes: a metafísica da modernidade. São Paulo: Moderna, 2001 (adaptado)).
1994).
Apesar de questionar os conceitos da tradição, a dúvida radical da filosofia cartesiana tem
O trecho em questão é uma referência ao que ficou conhecido como revolução copernicana caráter positivo por contribuir para o(a)
na filosofia. Nele confrontam-se duas posições filosóficas que
a) dissolução do saber científico.
a) Assumem pontos de vista opostos acerca da natureza do conhecimento. b) recuperação dos antigos juízos.
b) Defendem que o conhecimento é impossível, restando-nos somente o ceticismo. c) exaltação do pensamento clássico.
c) Revelam a relação de interdependência entre os dados da experiência e a reflexão d) surgimento do conhecimento inabalável.
filosófica. e) fortalecimento dos preconceitos religiosos.
d) Apostam, no que diz respeito às tarefas da filosofia, na primazia das ideias em relação aos
objetos. 6- “Todo o poder criativo da mente se reduz a nada mais do que a faculdade de compor,
e) Refutam-se mutuamente quanto à natureza do nosso conhecimento e são ambas recusadas transpor, aumentar ou diminuir os materiais que nos fornecem os sentidos e a experiência.
por Kant. Quando pensamos em uma montanha de ouro, não fazemos mais do que juntar duas ideias
consistentes, ouro e a montanha, que já conhecíamos. Podemos conceber um cavalo virtuoso,
porque somos capazes de conceber a virtude a partir de nossos próprios sentimentos, e
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podemos unir a isso a figura e a forma de um cavalo, animal que nos é familiar”. (HUME. D. D) inviabilidade de se considerar a experiência na construção da ciência.
Investigação sobre o entendimento humano. São Paulo: Abril Cultural, 1995). E) correspondência entre afirmações singulares e afirmações universais.

Hume estabelece um vínculo entre pensamento e impressão ao considerar que 9- Hume descreveu a confiança que o entendimento humano deposita na probabilidade dos
resultados dos eventos observados na natureza. Ele comparou essa convicção ao lançamento
a) os conteúdos das ideias no intelecto tem origem na sensação. de dados, cujas faces são previamente conhecidas, porém, nas palavras do filósofo:
b) o espírito é capaz de classificar os dados da percepção sensível. [...] verificando que maior número de faces aparece mais em um evento do que no outro, o
c) as ideias fracas resultam de experiências sensoriais determinadas pelo acaso. espírito [o entendimento humano] converge com mais frequência para ele e o encontra
d) os sentimentos ordenam como os pensamentos devem ser processados na memória. muitas vezes ao considerar as várias possibilidades das quais depende o resultado definitivo.
e) as ideias têm como fonte específica o sentimento cujos dados são colhidos na empíria. (HUME, D. Investigação acerca do entendimento humano. Tradução de Anoar Aiex. São
Paulo: Nova Cultural, 1989, p. 93. Coleção “Os Pensadores”).
7- Nunca nos tornaremos matemáticos, por exemplo, embora nossa memória possua todas as
demonstrações feitas por outros, se nosso espírito não for capaz de resolver toda espécie de Esse tipo de raciocínio, descrito por Hume, conduz o entendimento humano a uma situação
problemas; não nos tornaríamos filósofos, por ter lido todos os raciocínios de Platão e distinta da certeza racional, uma espécie de “falha”, representada pelo(a)
Aristóteles, sem poder formular um juízo sólido sobre o que nos é proposto. Assim, de fato,
pareceríamos ter aprendido, não ciências, mas histórias. (DESCARTES, R. Regras para a A) verdade da fantasia, que é superior à certeza racional.
orientação do espírito. São Paulo: Martins Fontes, 1999). B) crença, que ocupa o lugar da certeza racional.
C) sentido visual, que é mais verídico que a certeza sensível.
Em busca pelo saber verdadeiro, o autor considera o conhecimento, de modo crítico, como D) ideia inata, que atua como o a priori da razão humana.
resultado da
10- [...] e noto aqui que o pensamento é um atributo que me pertence. Só ele não pode ser
a) investigação da natureza empírica. desprendido de mim. Eu sou, eu existo. Isto é certo; mas por quanto tempo? A saber, durante
b) retomada da tradição intelectual. o tempo em que penso; pois talvez pudesse ocorrer, se eu cessasse de pensar, que cessasse ao
c) imposição de valores ortodoxos. mesmo tempo de existir‖. (DESCARTES, R. Meditações metafísicas. Tradução de Maria
d) autonomia do sujeito pensante. Ermantina Galvão. São Paulo: Martins Fontes, 2005. p. 46 – grifos do autor).
e) liberdade do agente moral.
Assinale a alternativa que justifica o pensamento como a verdade primeira da filosofia de
8- Pode-se admitir que a experiência passada dá somente uma informação direta e segura Descartes.
sobre determinados objetos em determinados períodos do tempo, dos quais ela teve
conhecimento. Todavia, é esta a principal questão sobre a qual gostaria de insistir: por que A) O pensamento depende do corpo e dos sentidos do corpo, pois, sem a materialidade
esta experiência tem de ser estendida a tempos futuros e a outros objetos que, pelo que corporal, o pensamento é impotente e inexpressivo.
sabemos, unicamente são similares em aparência. O pão que outrora comi alimentou-me, isto B) O pensamento é a certeza indubitável, pois a dúvida e o engano não são situações capazes
é, um corpo dotado de tais qualidades sensíveis estava, a este tempo, dotado de tais poderes de negar a condição inata do pensamento.
desconhecidos. Mas, segue-se daí que este outro pão deve também alimentar-me como C) O pensamento não pode ser intuído, por isso a sua veracidade depende da subordinação
ocorreu na outra vez, e que qualidades sensíveis semelhantes devem sempre ser do ser às verdades da fé.
acompanhadas de poderes ocultos semelhantes? A consequência não parece de nenhum D) O pensamento é algo misterioso e só pode ser admitido como algo desconhecido, e
modo necessária. (HUME, D. Investigação acerca do entendimento humano. São Paulo: mesmo assim é o fundamento da verdade.
Abril Cuttural, 1995).
11- “O pensamento mais vivo é sempre inferior à sensação mais embaçada”.
O problema descrito no texto tem como consequência a (HUME, D. Investigação acerca do entendimento humano. Tradução de Anoar Alex. In:
BERKELY, G.; HUME, D. Berkeley, Hume. São Paulo: Nova Cultural, 1989. p. 55-145. p.
A) universabilidade do conjunto das proposições de observação. 69. Coleção Os Pensadores).
B) normatividade das teorias científicas que se valem da experiência.
C) dificuldade de se fundamentar as leis científicas em bases empíricas.
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A frase de Hume sintetiza uma tese da sua teoria do conhecimento. A posição sustentada B) o nexo, fixado por Deus na criação, entre os objetos da experiência.
pelo filósofo C) o conhecimento a priori da natureza e dos seus fenômenos.
D) o ato de conectar os objetos da experiência a partir dos valores e interesses utilitários de
A) somente reafirma o realismo de John Locke, que considera unicamente a experiência uma classe social.
como fundamento da autonomia do entendimento.
B) adere ao cartesianismo, para dizer que as representações da razão sempre são anteriores à 15- Na obra Discurso do método, o filósofo francês Renê Descartes descreve as quatro regras
experiência sensível e critério de verdade desta. que, segundo ele, podem levar ao conhecimento de todas as coisas de que o espírito é capaz
C) afirma a precedência da impressão sensível para a produção de ideias, com as quais o de conhecer. Quanto a uma dessas regras, ele diz que se trata de “dividir cada dificuldade que
entendimento humano alcança a sua autonomia. examinasse em tantas partes quantas possíveis e necessárias para melhor resolvê-las”.
D) defende a noção de causalidade como o fundamento absoluto para o conhecimento (Descartes. Discurso do método,I-II, citado por: MARCONDES, Danilo. Textos Básicos de
humano nos limites da reta razão. Filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editora, 2000. Tradução de Marcus Penchel).

12- Para Immanuel Kant, Essa regra, transcrita acima, é denominada

A) transcendental é o conhecimento enquanto tal, na medida em que é possível a posteriori, A) regra da análise.
ou seja, como objeto de apreensão sensível/material. B) regra da síntese.
B) transcendental é uma forma de conhecimento não dos próprios objetos, mas dos modos C) regra da evidência.
pelos quais podem ser conhecidos, ou seja, as condições da experiência possível D) regra da verificação.
C) transcendente é o conhecimento que trata dos princípios que não ultrapassam os limites da
experiência, como os teológicos e os cosmológicos. 16- De acordo com o pensamento do filósofo Immanuel Kant (1724-1804), os juízos a priori
D) a distinção transcendental e empírico envolve elementos da metafísica clássica, de origem são todos analíticos e os juízos a posteriori são todos sintéticos.
platônica.
Assinale a alternativa que define corretamente as noções de juízo analítico e juízo sintético.
13- Considere as questões que Immanuel Kant lança ao seu leitor nas primeiras páginas da
Estética Transcendental. Que são então o espaço e o tempo? São entes reais? Serão apenas A) O juízo analítico é uma proposição que não pode ser pensada sem ser simultaneamente
determinações ou mesmo relações de coisas, embora relações de espécie tal que não acompanhada de sua necessidade, já o juízo sintético não é uma proposição necessária.
deixariam de subsistir entre as coisas, mesmo que não fossem intuídas? Ou serão unicamente B) No juízo analítico, o sujeito está contido no conceito do predicado, mas, no juízo sintético,
dependentes da forma da intuição e, por conseguinte, da constituição subjetiva do nosso o predicado advém da experiência.
espírito, sem a qual esses predicados não poderiam ser atribuídos a coisa alguma? (KANT. C) No juízo analítico, o predicado pertence ao sujeito como algo que está contido nele, já no
Crítica da razão pura. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 1994, p. 64). juízo sintético, o predicado está totalmente fora do conceito do sujeito.
D) O juízo analítico é uma proposição necessária, já no juízo sintético, o predicado vai além
Sobre as noções kantianas de tempo e espaço é correto afirmar que essas noções são as do conceito do sujeito, acrescentando algo a esse.
formas
17- O ponto de partida de Hume, como o dos demais empiristas, é a tese segundo a qual
A) da experiência possível, que só podem ser conhecidos a posteriori. nossas ideias sobre o real se originam de nossa experiência sensível. A percepção é
B) da razão, resultantes da participação do homem no Ser de Deus. considerada como critério de validade dessas ideias, que, quanto mais próximas da percepção
C) a priori da razão, a partir das quais os objetos nos são dados na experiência. que as originou, mais nítidas e fortes são, ao passo que, quanto mais abstratas e remotas,
D) de conceber a experiência, aprendidas culturalmente desde a infância e ao longo da menos nítidas se tornam, empalidecendo e perdendo sua força. (MARCONDES, Danilo.
nossa história. Iniciação à história da filosofia: dos pré-socráticos a Wittgenstein. Rio de Janeiro: Jorge
Zahar, 2001). (Adaptado)
14- Segundo David Hume, é correto afirmar que o princípio de causalidade é
Segundo Danilo Marcondes, o empirismo de David Hume argumenta a favor da:
A) o resultado da nossa forma habitual de perceber os fenômenos, uns em conjunção com os
outros. A) necessidade da separação entre ideia e experiência sensível.
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B) percepção como mediadora entre as ideias e a experiência sensível. 20- "A identificação, tipicamente moderna, entre sujeito e consciência foi contestada pelos
C) gradual abstração das ideias em relação às percepções. chamados "mestres da suspeita", que refutaram a centralidade explicativa da noção da
D) experiência como forma de conhecimento imediato. consciência, vislumbrando nela o reflexo secundário e deformado de um conjunto de forças
E) necessidade de se produzir ideias claras e distintas. extraconscienciais". (ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. 5ª ed. São Paulo:
Martins Fontes, 2007, p. 226).
18- Há elementos para acreditar que, embora os meios que o progresso técnico e científico Assinale a alternativa que corresponde aos referidos "mestres da suspeita":
colocou à disposição dos homens tenha um alcance incalculável, a capacidade de servir-se de
tais meios para promover os fins mais compatíveis com a dignidade e a felicidade humanas é A) Copérnico, Darwin, Freud.
limitada. Para Descartes, a sabedoria deveria aproximar meios e fins. Mas a experiência nos B) Montagne, Locke, Hume.
ensinou que o progresso do saber nem sempre caminha junto com o progresso da sabedoria e C) Hume, Marx, Freud.
que os homens por vezes parecem ter dificuldades para lidar com os frutos do conhecimento: D) Schopenhauer, Nietzsche, Freud.
os produtos da ciência ameaçam voltar-se contra nós. E) Marx, Nietzsche, Freud.
(LEOPOLDO E SILVA, Franklin. Descartes, a metafísica da modernidade. São Paulo:
Moderna, 1993). (Adaptado) 21- No decorrer da história da filosofia muitos filósofos defenderam a tese empirista, mas os
mais famosos e conhecidos são os filósofos ingleses dos séculos XVI ao XVIII.
Ao criticar o modelo de ciência desenvolvido a partir da filosofia de Descartes, o texto
propõe que a ciência deve: Marque a alternativa INCORRETA em relação à corrente de pensamento empirista.

A) redefinir seus procedimentos. A) Para os empiristas, os nossos conhecimentos começam com a experiência dos sentidos.
B) estruturar-se sobre bases mais racionais. B) Para Locke, o conhecimento depende da origem familiar dos indivíduos.
C) lembrar que tanto seus meios quanto seus fins devem ter em vista a felicidade humana. C) Para os empiristas, os objetos exteriores excitam nossos órgãos dos sentidos e vemos
D) reduzir o ritmo do progresso cores, sentimos odores e sabores, ouvimos sons, sentimos a diferença entre o áspero e o liso,
E) contestar as relações entre fins e meios. o quente e o frio.
D) As ideias trazidas pela experiência, isto é, pelos sentidos, pela percepção e pelo hábito,
19- O iluminismo foi um movimento cujo principal objetivo era o deslocamento do homem são levadas à memória e, de lá, a razão as apanha para formar os pensamentos.
do seu lugar de uma suposta ignorância, a partir do emprego da ciência e da racionalidade
para a explicação das relações entre a natureza, a vida e a sociedade. Assim, a ilustração, 22- Identifique se são verdadeiras ( V ) ou falsas ( F ) as afirmativas abaixo atribuídas aos
movimento ocorrido durante o século XVIII, trouxe uma nova forma de pensar, em que a defensores do empirismo.
razão aliada à ciência passam a ser os instrumentos de elucidação da vida. Dentre os grandes
iluministas pode-se destacar René Descartes, o qual desenvolveu o método matemático que ( ) Os objetos representam imagens inatas existentes no interior de cada indivíduo.
leva seu nome, mas também criou um ponto de vista sobre o mundo. Desta forma ( ) Nosso conhecimento se institui a partir da experiência adquirida através dos sentidos.
desenvolvemos o pensamento moderno sobre o homem e a natureza, em que estes aparecem: ( ) As sensações se reúnem e formam percepções, isto é, percebemos o objeto a partir de
diferentes sensações.
A) como resultados divinos da criação, mantendo a harmonia, em que a convivência ( ) O conhecimento resulta dos hábitos racionais que são organizados e acumulados pela
recíproca predomina. memória.
B) vinculados como partes de um todo, sendo que um não vive sem o outro. ( ) Os princípios e as ideias a que chamamos realidade são inatos, universais e necessários.
C) em relação de complementação, pois a natureza precisa do homem assim como o homem Assinale a alternativa que indica a sequência correta, de cima para baixo.
necessita dela.
D) separados de forma opostas, natureza de um lado e ser humano de outro, contribuindo A) V - F - V - V - V
com o desenvolvimento dos problemas ecológicos presentes em nossa sociedade. B) V - F - V - F - V
E) conflituosa, pois a natureza revida as agressões que o homem, na intenção de produzir C) V - F - F - V - F
para suprir suas necessidades alimentares e de comercio, vê-se à mercê das catástrofes D) F - V - V - F - F
climáticas. E) F - V - F - F - F
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23- "Todas as nossas ideias derivam de uma ou de outra fonte. Parece que o entendimento A) toda e qualquer forma de conhecimento nos é dado pelo espírito.
não tem o menor vislumbre sobre quaisquer ideias se não as receber de uma das duas fontes. B) todas as ideias e todos os princípios do conhecimento derivam da experiência sensível.
Os objetos externos suprem a nossa mente com as ideias das qualidades sensíveis, que são C) somente o intelecto elabora todo o material do conhecimento e, por esse motivo, pode-se
todas as diferentes percepções produzidas em nós, e a mente supre o entendimento com dizer que não há nada em nosso entendimento que não tenha vindo propriamente da
ideias através das próprias operações". O texto citado retrata o empirismo de Jonh Locke. inteligência.
Para ele, existem duas fontes básicas de experiência: D) não se pode confiar seguramente nas percepções e sensações visto que estas são falhas e
não permitem atingir a verdade.
A) Percepção e idealização. E) o modelo perfeito de conhecimento verdadeiro é a matemática, que depende
B) Percepção e internalização. exclusivamente do uso da razão. Essa é, portanto, a fonte única e segura do conhecimento.
C) Sensação e reflexão.
D) Sensação e memorização. 27- “[...] todo o poder criativo da mente se reduz a nada mais do que a faculdade de compor,
transpor, aumentar ou diminuir os materiais que nos fornecem os sentidos e a experiência.
24- No ( ), encontra-se a tese de que, em última análise, a origem fundamental do Quando pensamos em uma montanha de ouro, não fazemos mais do que juntar duas ideias
conhecimento está na experiência sensível. consistentes, ouro e montanha, que já conhecíamos. Podemos conceber um cavalo virtuoso;
A lacuna pode ser corretamente preenchida com o termo: porque somos capazes de conceber a virtude a partir de nossos próprios sentimentos; e
podemos unir a isso a figura e a forma de um cavalo, animal que nos é familiar. Em resumo,
A) romantismo. todos os materiais do pensamento derivam ou do nosso sentimento exterior ou do interior: a
B) idealismo. mistura e a composição de ambos dizem respeito à mente ou à vontade. Ou seja, para me
C) empirismo. expressar em linguagem filosófica, todas as nossas ideias, percepções mais débeis, são cópias
D) positivismo. de nossas impressões, mais vívidas”. (HUME, David. Investigação sobre o entendimento
E) racionalismo. humano, citado por FENATI, R. Orientação pedagógica: o problema da verdade).

25- Empirismo. Corrente filosófica para a qual a experiência é critério ou norma da verdade, A partir do texto, está correto afirmar que, para Hume,
considerando-se a palavra experiência como recurso à possibilidade de repetir certas
situações como meio de verificar as soluções que elas permitem. Em geral, essa corrente A) os conteúdos das ideias que estão na nossa mente são provenientes das impressões
caracteriza-se pelo seguinte: 1. negação do caráter absoluto da verdade, ou ao menos da sensoriais.
verdade acessível ao homem. 2. Reconhecimento de que toda verdade pode e deve ser posta à B) as quimeras, como a montanha de ouro e o cavalo virtuoso, mostram como a mente é
prova, logo, eventualmente, modificada, corrigida ou abandonada. (Abbagnano, Nicola. capaz de produzir ideias que não têm nenhuma relação com a experiência.
Dicionário de filosofia. São Paulo, Martins Fontes, 2007, pp. 660-663. Adaptado). C) a mente, por ser presa à experiência sensorial, não tem nenhum poder sobre as suas ideias
ou concepções.
Considerando essa definição, a filosofia empirista pode ser caracterizada como D) o papel da mente na constituição do conhecimento é nulo.

A) uma reformulação moderna da filosofia metafísica clássica. 28- Uma importante diferença da concepção de Locke acerca do conhecimento com relação à
B) um estilo filosófico baseado na crítica da razão pura de Kant. de Descartes está na consciência das "operações de nossa mente", que ele denomina de
C) uma filosofia conhecida por ter propagado a existência de ideias inatas. "reflexão". Para Locke, a "reflexão" é entendida como uma:
D) uma filosofia para a qual o conhecimento depende de percepções sensíveis.
E) um estilo filosófico de natureza escolástica baseado em Tomás de Aquino. A) faculdade sensível que nos permite perceber os objetos externos e formar as ideias sobre
elas.
26 - Jonh Locke é o iniciador da teoria do conhecimento propriamente dita porque se propõe B) faculdade intelectual que organiza as impressões recebidas pelos sentidos externos e
a analisar cada uma das formas de conhecimento que possuímos, a origem de nossas ideias e produz as ideias correspondentes a essas impressões.
nossos discursos, a finalidade das teorias e as capacidades do sujeito cognoscente C) parte constitutiva da experiência; embora não seja vista como relacionada com os objetos
relacionadas com o objeto que ele pode conhecer. Assim, acerca da origem do conhecimento externos, ela está relacionada com estes e deve, propriamente, ser chamada de sentido
para Locke, está correto afirmar que interno.
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D) autoconsciência que nos permite obter um acesso direto às ideias complexas, utilizando-se
dos sentidos externos. KARL MARX
29- Primeiro grande filósofo moderno que cria, de maneira ainda confusa, um subjetivismo 1- “Na produção social, os homens entram em determinadas relações indispensáveis e
idealista e racional. Rejeita todas as certezas dogmáticas e prontas e parte da "dúvida", como correspondem a um estágio definido de desenvolvimento das suas forças materiais de
forma de compreender o mundo. Seu "método" de conhecer - e é ele o primeiro moderno a produção. A totalidade dessas relações constitui a estrutura econômica da sociedade –
propor um "método", meio de apreender a realidade através de conceitos claros e distintos fundamento real, sobre o qual se erguem as superestruturas política e jurídica, e ao qual
que denomina-se "dúvida metódica". (Nunes, César Aparecido. Aprendendo Filosofia. 2ª ed. correspondem determinadas formas de consciência social.” (MARX, K. Crítica da Economia
Campinas: Papirus, 1987. p. 68.) Política. In: MARX, K; ENGELS, F. Textos 3. São Paulo: Edições Sociais, 1977).
A citação anterior se refere a Para o autor, a relação entre economia e política estabelecida no sistema capitalista faz com
que
A) Bacon.
B) Leibniz. a) O proletariado seja contemplado pelo processo de mais-valia.
C) Spinoza. b) O trabalho se constitua como o fundamento real da produção material.
D) Descartes. c) A consolidação das forças produtivas seja compatível com o progresso humano.
E) John Locke. d) A autonomia da sociedade civil seja proporcional ao desenvolvimento econômico.
e) A burguesia revolucione o processo social de formação da consciência de classe.
30 - Leia o texto a seguir.
"Leibniz afirma: “Costumo chamar os escritos de ___________ de vestíbulo da verdadeira 2- TEXTO I
filosofia, já que, embora ele não tenha alcançado seu núcleo íntimo, foi quem dele se Cidadão
aproximou mais do que qualquer outro antes dele, com a única exceção de Galileu, do qual Tá vendo aquele edifício, moço?
oxalá tivéssemos todas as meditações sobre os diversos temas, que o destino adverso reduziu Ajudei a levantar
ao silêncio. Quem ler Galileu e ___________ se encontrará em melhores condições de Foi um tempo de aflição
descobrir a verdade do que se houvesse explorado todo o gênero dos autores comuns”. O Eram quatro condução
juízo ponderado de um grande filósofo sobre outro grande filósofo, que dá a medida exata da Duas pra ir, duas pra voltar
personalidade de ___________, com toda razão chamado precisamente de pai da filosofia Hoje depois dele pronto
moderna. Com efeito, ele assinalou uma reviravolta radical no campo do pensamento pela Olho pra cima e fico tonto
crítica a que se submeteu a herança cultural, filosófica e científica da tradição e pelos novos Mas me vem um cidadão
princípios sobre os quais edificou um novo tipo de saber, não mais centrado no ser ou em E me diz desconfiado
Deus, mas no homem e na racionalidade humana.". (REALE, Giovanni; ANTISERI, Dario. “Tu tá aí admirado
História da Filosofia: do Humanismo a Descartes. São Paulo: Ed. Paulus, 2004. p. 283). Ou tá querendo roubar?”
Meu domingo tá perdido
No texto apresentado, os autores recorrem aos escritos de Leibniz para mostrar o pensamento Vou pra casa entristecido
de uma expressivo filósofo cujo nome foi suprimido do trecho transcrito. Assinale a Dá vontade de beber
alternativa correta que contém o nome do pensador descrito no texto: E pra aumentar meu tédio
Eu nem posso olhar pro prédio
A) Nicolau Maquiavel. Que eu ajudei a fazer.
B) Johannes Kepler. (BARBOSA. L. In: ZÉ RAMALHO, 20 Super Sucessos. Rio de Janeiro: Sony Music. 1999
C) René Descartes. (fragmento)).
D) Tomás Morus.
E) Giordano Bruno. TEXTO II
O trabalhador fica mais pobre à medida que produz mais riqueza e sua produção cresce em
força e extensão. O trabalhador torna-se uma mercadoria ainda mais barata à medida que cria
37

mais bens. Esse fato simplesmente subentende que o objeto produzido pelo trabalho, o seu
produto, agora se lhe opõe como um ser estranho, como uma força independente do produtor. Assinale a alternativa que apresenta a definição correta do que é a ‘produção da vida
(MARX, K. Manuscritos econômicos-filosóficos (Primeiro manuscrito). São Paulo: Material’.
Boitempo Editorial, 2004 (adaptado)).
A) É o desenvolvimento das forças produtivas materiais, isto é, a estrutura econômica da
Com base nos textos. a relação entre trabalho e modo de produção capitalista é sociedade.
B) É a geração da sociedade civil a partir dos valores espirituais que determinam a ordem
a) baseada na desvalorização do trabalho especializado e no aumento da demanda social por jurídica da sociedade.
novos postos de emprego. C) É a superestrutura jurídica e política que, sob a forma de Estado nacional, alimenta o
b) fundada no crescimento proporcional entre o número de trabalhadores e o aumento da tecido social.
produção de bens e serviços. D) São os agentes da ordem absoluta e imutável da razão universal que criam a sociedade
c) estruturada na distribuição equânime de renda e no declínio do capitalismo industrial e civil.
tecnocrata.
d) instaurada a partir do fortalecimento da luta de classes e da criação da economia solidária. 5- Segundo Karl Marx (1818-1883), “não é a consciência dos homens que determina o seu
e) derivada do aumento da riqueza e da ampliação da exploração do trabalhador. ser; é o seu ser social que, inversamente, determina a sua consciência”. (Contribuição à
crítica da economia política. São Paulo: M. Fontes, 1977. p. 23).
3- [...] na produção social da própria vida, os homens contraem relações determinadas,
necessárias e independentes de sua vontade, relações de produção estas que correspondem a Essa citação sintetiza o pensamento filosófico, político, histórico e econômico desse
uma etapa determinada de desenvolvimento das suas forças produtivas materiais. (MARX, pensador, que se convencionou chamar de
K. Para a crítica da economia política. Tradução de José Arthur Giannotti e Edgar Malagodi.
In: ______. Marx, volume 1. São Paulo: Nova Cultural, 1987. p. 1-157. p. 29. Coleção ―Os A) Liberalismo de esquerda.
Pensadores). B) Idealismo dialético.
C) Atomismo econômico.
Considerando a afirmação apresentada, assinale a alternativa correta acerca da interpretação D) Materialismo histórico.
do pensamento de Marx.
6- Marx - em um dos muitos apartes que testificam seu eminente senso histórico, observou
A) As relações sociais decorrem das relações de produção material estabelecidas entre os certa vez que a definição do homem por Benjamim Franklin como um fazedor de
indivíduos; elas são as bases da sociedade civil e equivalem à sua estrutura econômica, que instrumentos é tão típica da era moderna quanto a definição do homem como um animal
determina a superestrutura jurídica e política. político o era na Antiguidade. A verdade dessa observação reside no fato de que a era
B) As relações materiais são subordinadas à cultura de um determinado povo, que, graças à moderna estava tão decidida a excluir o homem político, ou seja, o homem que fala e age,
sua consciência histórica, é capaz de estabelecer os modos de produção em conformidade quanto a Antiguidade estava decidida a excluir o homo faber. (Arendt, Hannah. A condição
com os valores espirituais ditados pela razão absoluta. humana. Rio de Janeiro, Forense universitária, 2010, p. 198)
C) A sociedade civil é a expressão jurídica de um povo, cuja realidade é determinada pelo
grau de desenvolvimento espiritual que orienta as ações humanas e subordina as forças Acerca dos diferentes modos da condição humana entre a Antiguidade e a era moderna, é
produtivas aos valores culturais contidos na religião, na arte e na política. correto afirmar que
D) O modo de vida espiritual de um povo condiciona o processo geral da vida, inclusive as
relações materiais de produção, por isso a consciência dos homens determina o ser social, e A) em ambas o trabalho era considerado expressão da essência humana.
toda mudança depende exclusivamente da consciência. B) a exclusão do homem político na era moderna pode ser atribuída ao socialismo.
C) a desvalorização do homem político na modernidade favoreceu sua emancipação.
4- O modo de produção da vida material condiciona o processo em geral de vida social, D) o contraste entre ambas explica-se em virtude de transformações históricas.
político e espiritual. Não é a consciência dos homens que determina o seu ser, mas, ao E) nos dois contextos prevaleceu uma concepção de autonomia intelectual do sujeito.
contrário, é o seu ser social que determina a sua consciência. (MARX, K. Para a crítica da
economia política. Tradução de José Arthur Giannotti e Edgar Malagodi. São Paulo: Nova 7- Para Karl Marx (1818-1883), a alienação é uma realidade histórica universal, profunda.
Cultural, 1987. Coleção ―Os Pensadores‖. p. 30). Num certo sentido, a história é história da alienação humana.
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Marque a alternativa INCORRETA em relação aos tipos de alienação. A) Mais-valia absoluta.


B) Fetichização da mercadoria.
A) Alienação religiosa: excluía a crença na autonomia dos homens enquanto seres políticos. C) Materialismo.
B) Alienação ideológica: os homens, em lugar de servirem-se da ideologia para realizar sua D) Ideologia.
liberdade, corrompiam-se, mesmo que a alienação tenha sido criada como um farol para
indicar os caminhos de sua libertação. 11- No mundo capitalista contemporâneo os trabalhadores vendem a sua força de trabalho
C) Alienação econômica: ela foi determinante para todas as outras alienações e se fundou na aos proprietários do capital e, dessa forma, tornam-se mercadorias. Observamos, conforme
propriedade privada dos meios de produção. Karl Marx (1818-1883), que o objetivo dessa força de trabalho/mercadoria é produzir
D) A alienação introduzida por Marx é a mesma proposta pelos filósofos idealistas. mercadorias. No entanto, os trabalhadores não percebem que foram reduzidos a isso devido a
ideologia.
8- O conceito de ideologia possui uma variedade de significados. O mais conhecido, Assinale a alternativa CORRETA que apresenta a denominação da condição que reduz o
entretanto, é o de Karl Marx. De acordo com o autor, é correto afirmar que a ideologia: trabalhador a uma mercadoria.

A) é um fenômeno de infraestrutura, já que se manifesta, principalmente, na base econômica A) Alienação intelectual.


da sociedade. B) Alienação social.
B) tem por objetivo ocultar ou disfarçar a divisão da sociedade em classes antagônicas e a C) Fetichismo da mercadoria.
dominação de uma sobre a outra. D) Alienação econômica.
C) serve para transformar a realidade social, na medida em que organiza e prepara o
pensamento dos homens para a ação política revolucionária. 12- A opção que expressa uma tese comum a Rousseau e a Marx é:
D) permite a construção da unidade social, pois agrupa os homens em torno de crenças e
ideias comuns. A) O homem nasce livre, mas em toda parte se encontra acorrentado.
E) consiste em preconceitos, ideias tradicionais e prenoções inteiramente subjetivas que B) A propriedade privada é a origem da desigualdade entre os homens.
impedem o cientista de tratar o fato social como "coisa" científica. C) As armas da crítica não podem dispensar a crítica das armas.
D) A religião é o ópio do povo, o coração de um mundo sem coração.
9- Invertendo as bases idealistas de Hegel, fortemente engajado em seu tempo, inicia-se uma
nova compreensão do mundo e da realidade, o que vem a constituir-se como uma das mais 13- "A queda da burguesia e a vitória do proletariado são igualmente inevitáveis (...). Os
vigorosas tradições filosóficas da atualidade. Parte da realidade material, da concretude da proletários nada têm a perder com ela, a não ser as próprias cadeias. E têm um mundo a
história e da produção social da vida e da realidade. Recupera o conceito materialista de ganhar. Proletários de todos os países, uni-vos".
dialética e o aplica na realidade histórica e social. A sociedade é constituída por contradições Esse trecho, extraído do Manifesto Comunista de Marx e Engels, foi escrito no contexto
reais de base econômica, que se refletem nas concepções e supraestruturas ideológicas. histórico marcado
(Nunes, 1987: 91.)
a) pelo acirramento das contradições políticas, econômicas e sociais decorrentes do processo
A partir da análise da citação anterior, infere-se um conhecimento a respeito da teoria conhecido como Revolução Industrial.
b) pelos conflitos entre trabalhadores e patrões que começaram a pontuar os países
A) Kantiana. capitalistas a partir da ocorrência da Revolução Russa.
B) Marxista. c) pela afirmação dos Estados Unidos como potência imperialista com interesses econômicos
C) Positivista. e políticos em várias regiões do planeta.
D) Mecanicista. d) pelo confronto entre vassalos e suseranos, no momento de ápice da crise do modo de
E) Existencialista. produção feudal e de enfraquecimento da autoridade religiosa.
e) pelo incremento das contestações populares às diretrizes políticas implantadas pelos
10- Em Marx, o fenômeno pelo qual se pode observar a mercadoria produzida pelo regimes autoritários que floresceram na Europa, na primeira metade do século XX.
trabalhador elevar-se e divinizar-se, enquanto o trabalhador que a produz transforma-se em
coisa, rebaixa-se, é: 14- Considere a citação abaixo e, a seguir, marque a alternativa correta acerca da concepção
materialista da história formulada por Karl Marx.
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"... na produção social de sua existência, os homens estabelecem relações determinadas, I. O Estado Capitalista atua de forma complexa e variável tanto no tempo como no espaço,
necessárias, independentes da sua vontade, relações de produção que correspondem a um refletindo a dinâmica da sociedade da qual é parte constituinte.
determinado grau de desenvolvimento das forças produtivas materiais. O conjunto dessas II. O que define a renda pré-capitalista da terra é a renda em trabalho promovida pela
relações de produção constitui a estrutura econômica da sociedade, a base concreta sobre a ocupação dos espaços da periferia urbana pelos grupos sociais excluídos.
qual se eleva uma superestrutura jurídica e política e à qual correspondem determinadas III. Os promotores imobiliários atuam para prevenir a segregação residencial que ocorre nas
formas de consciência social. O modo de produção da vida material condiciona o cidades, promovendo a função social da terra.
desenvolvimento da vida social, política e intelectual em geral. Não é a consciência dos IV. Os grandes proprietários industriais e as empresas comerciais atuam sobre o espaço,
homens que determina o seu ser; é o seu ser social que, inversamente, determina a sua transformando-o em mercadoria.
consciência."
(MARX, Karl. Contribuição para a crítica da economia política. Lisboa: Estampa, 1973. p. Assinale a alternativa correta.
28). a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
b) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
a) Marx expressa, também nessa passagem, sua concepção determinista e finalista, segundo a c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
qual o conjunto das relações sociais reduz-se ao âmbito da produção econômica. d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
b) Marx afirma que a moral, os sistemas políticos, os princípios jurídicos e as ideologias não e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.
têm vida própria diante do modo pelo qual os homens produzem e reproduzem a existência.
c) Marx nega todo e qualquer papel ativo na história à consciência, sendo esta, antes, um 17- A distinção entre “aparente” e “verdadeiro” no texto de Galileu Galilei é retomada, com
mero reflexo da esfera da produção material. outra conotação, nas primeiras teorias sociológicas, como por exemplo, em Karl Marx (1818-
d) Marx sustenta que o ser social que pensa, que atua politicamente e que representa o seu 1883) quando formula uma definição própria de ideologia. Para este, tal noção supõe que na
espaço reproduz simplesmente as condições históricas vigentes, independente de sua classe sociedade burguesa a realidade dos fatos sociais contém a forma fenomênica (aparente) e a
social. forma oculta (verdadeira/essência), sendo a ideologia expressão da primeira.
Analise as afirmativas a seguir, identificando aquelas que, na perspectiva de Marx,
15- De acordo com a teoria de Marx, a desigualdade social se explica: constituem exemplos de representação ideológica da realidade.

a) pela distribuição da riqueza de acordo com o esforço de cada um no desempenho de seu I. Os Estados nacionais continuam a ser o espaço no qual os interesses de classe se
trabalho. manifestam e buscam sua representação. Mesmo com a globalização das economias eles se
b) pela divisão da sociedade em classes sociais, decorrente da separação entre proprietários e mantêm, em última instância, como os Estados da classe dominante.
não proprietários dos meios de produção. II. No Brasil, o conflito social se constituiu com a chegada ao território nacional dos
c) pelas diferenças de inteligência e habilidades inatas dos indivíduos, determinadas imigrantes europeus, sobretudo anarquistas, a partir do século XIX. Até então, a população
biologicamente. brasileira era pacífica e ordeira, mesmo quando sofredora.
d) pela apropriação das condições de trabalho pelos homens mais capazes em contextos III. Na produção capitalista o salário não representa uma troca igual entre capitalista e
históricos, marcados pela igualdade de oportunidades. trabalhador, já que o valor recebido pelo último equivale a um montante inferior àquele que
ele produz na sua jornada de trabalho.
16- Leia o texto a seguir. IV. Nem todos são feitos para refletir, é preciso que haja sempre aqueles voltados ao
O espaço urbano é simultaneamente fragmentado e articulado: cada uma de suas partes exercício e à cultura do pensamento e, inversamente, aqueles voltados à ação, ao trabalho
mantém relações espaciais com as demais, ainda que de intensidade muito variável. manual.
(CORRÊA, R. L. O Espaço Urbano. 4.ed. São Paulo: Ática, 2004. p.7. Série Princípios.)
Assinale a alternativa correta.
De acordo com Corrêa, os agentes que fazem e refazem a cidade são os seguintes: os
proprietários dos meios de produção, sobretudo os grandes industriais, os proprietários a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
fundiários, os promotores imobiliários, o Estado e os grupos sociais excluídos. b) Somente as afirmativas I e III são corretas.
Com base nos conhecimentos sobre as dinâmicas desses agentes, considere as afirmativas a c) Somente as afirmativas II e IV são corretas.
seguir. d) Somente as afirmativas I, III e IV são corretas.
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.
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NIETZSCHE E ESCOLA DE FRANKFURT A) Os princípios metafísicos e morais dos diálogos de Platão.


B) A força, a criatividade, a saúde e o amor à vida.
C) Os princípios éticos e morais, que se encontram na Bíblia.
1- Nietzsche escreveu: D) O ódio e o ressentimento dos fracos contra os mais fortes.
E vede! Apolo não podia viver sem Dionísio! O “titânico” e o “bárbaro” eram no fim de
contas, precisamente uma necessidade tal como o apolíneo! (NIETZSCHE, F. O nascimento 4- “A filosofia grega parece começar com uma ideia absurda, com a proposição: a água é a
da tragédia ou helenismo e pessimismo. Tradução de J. Guinsburg. São Paulo: Companhia origem e a matriz de todas as coisas. Será mesmo necessário deter-nos e levá-la a sério? Sim,
das Letras, 2007, p. 38). e por três razões: em primeiro lugar, porque essa proposição anuncia algo sobre a origem das
coisas; em segundo lugar, porque o faz sem imagem e fabulação; e enfim, em terceiro lugar,
Assinale a alternativa que descreve corretamente o dionisíaco e o apolíneo. porque nela, embora apenas em estado de crisálida, está contido o pensamento: Tudo é um”.
(NIETZSCHE, F. Crítica moderna. In: Os pré-socráticos. São Paulo: Nova Cultural, 1999).
A) O dionisíaco é a personificação da razão grega; o apolínio equivale ao poder místico do
uno primordial. O que, de acordo com Nietzsche, caracteriza o surgimento da filosofia entre os gregos?
B) O dionisíaco é o homem teórico que personifica a sabedoria filosófica; o apolíneo é a
natureza e suas forças demoníacas. a) O impulso para transformar, mediante justificativas, os elementos sensíveis em verdades
C) O dionisíaco é o instinto, a embriaguez e a força vital; o apolíneo é a racionalidade, o racionais.
equilíbrio, a força figurativa. b) O desejo de explicar, usando metáforas, a origem dos seres e das coisas.
D) O dionisíaco representa a força figurativa atuante na arte; o apolíneo representa a música c) A necessidade de buscar, de forma racional, a causa primeira das coisas existentes.
primordial não objetivada. d) A ambição de expor, de maneira metódica, as diferenças entre as coisas.
e) A tentativa de justificar, a partir de elementos empíricos, o que existe no real.
2- Quero ensinar aos homens o sentido do seu ser: o qual é o super-homem [Übermensch], o
raio vindo da negra nuvem homem. (NIETZSCHE, F. Assim falou Zaratustra. Tradução de 5- Vi os homens sumirem-se numa grande tristeza. Os melhores cansaram-se das suas obras.
Paulo César de Sousa. São Paulo: Companhia das Letras, 2011. p. 21). Proclamou-se uma doutrina e com ela circulou uma crença: Tudo é oco, tudo é igual, tudo
passou! O nosso trabalho foi inútil; o nosso vinho tornou-se veneno; o mau olhado
No fragmento, o filósofo propõe algo que possa fazer com que as pessoas ultrapassem as amareleceu-nos os campos e os corações. Secamos de todo, e se caísse fogo em cima de nós,
convenções sociais que tornam os homens submissos à moral do escravo e ao espírito de
rebanho. Assinale a alternativa que expressa a tarefa a ser realizada para a superação da as nossas cinzas voariam em pó. Sim; cansamos o próprio fogo. Todas as fontes secaram para
submissão humana. nós, e o mar retirou-se. Todos os solos se querem abrir, mas os abismos não nos querem
tragar! (NIETZSCHE, F. Assim falou Zaratustra, Rio de Janeiro. Ediouro, 1977).
A) Ensinar o sentido do ser significa admitir que há uma verdade secreta e superior ao
homem que o torna pequeno e submisso à moral vigente, mas que lhe promete recompensas O texto exprime uma construção alegórica, que traduz um entendimento da doutrina niilista,
em uma vida além deste mundo. uma vez que
B) Ensinar o sentido do ser equivale ao estabelecimento do critério para a transvaloração de
todos os valores sociais, o que dará ao homem a prerrogativa para formar os seus próprios a) reforça a liberdade do cidadão.
valores. b) desvela os valores do cotidiano.
C) Ensinar o sentido do ser significa descobrir o Deus da tradição como o fundamento que c) exorta as relações de produção.
faz de cada indivíduo um escravo que deve se sentir feliz com a sua situação, pois só assim d) destaca a decadência da cultura
obterá uma felicidade eterna. e) amplifica o sentimento de ansiedade.
D) Ensinar o sentido do ser significa promover o espírito de rebanho que acolhe o super-
homem e o faz entender que a virtude está na subordinação da vida aos ditames da moral do 6- Observe a figura e leia o texto a seguir.
escravo que faz da fraqueza a maior virtude.

3- Assinale a alternativa que indica a “moral do senhor”, de acordo com Nietzsche.


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campos, por exemplo, na globalização da economia, no armamentismo nuclear, na


manipulação genética, entre outros. (HABERMAS, J. A constelação pós-nacional: ensaios
políticos. São Paulo ensaios políticos. São Paulo: Littera Mundi, 2001).

Os impactos e efeitos dessa universalização, conforme descritos no texto, podem ser


analisados do ponto de vista moral, o que leva à defesa da criação de normas universais que
estejam de acordo com:

a) os valores culturais praticados pelos diferentes povos em suas tradições e costumes locais.
b) os pactos assinados pelos grandes líderes políticos, os quais dispõem de condições para
tomar decisões.
c) os sentimentos de respeito e fé no cumprimento de valores religiosos relativos à justiça
Figura 8: Times Square. (Disponível em: <www.paraviagem.com.br>.) divina.
d) os sistemas políticos e seus processos consensuais e democráticos de formação de normas
Loucos os que lamentam o declínio da crítica. Pois sua hora há muito tempo já passou. gerais.
Crítica é uma questão de correto distanciamento. Ela está em casa em um mundo no qual e) Os imperativos técnico-científicos, que determinam com exatidão o grau de justiça das
perspectivas e prospectos vêm ao caso e ainda é possível adotar um ponto de vista. normas.
As coisas nesse meio tempo caíram de maneira demasiado abrasante sobre o corpo da
sociedade humana. A “imparcialidade”, o “olhar livre” são mentiras, quando não é a 8- Leia o texto a seguir.
expressão totalmente ingênua de chã incompetência. O olhar mais essencial hoje, o olhar A utilização da Internet ampliou e fragmentou, simultaneamente, os nexos de comunicação.
mercantil que penetra no coração das coisas, chama-se reclame. Ele desmantela o livre Isto impacta no modo como o diálogo é construído entre os indivíduos numa sociedade
espaço de jogo da contemplação. – O que, afinal, torna os reclames tão superiores à crítica? democrática.
Não aquilo que diz a vermelha escrita cursiva elétrica – mas a poça de luz que a espelha (Adaptado de: HABERMAS, J. O caos da esfera pública. Folha de São Paulo, 13 ago. 2006,
sobre o asfalto. (Adaptado de: BENJAMIN, W. Rua de mão única. In: Obras Escolhidas II. Caderno Mais, p.4-5.)
Tradução de Rubens Rodrigues Torres Filho, 6.ed. São Paulo: Brasiliense, 2012. p.56.)
A partir dos conhecimentos sobre a ação comunicativa em Habermas, considere as
Com base na figura, no texto e nos conhecimentos sobre Walter Benjamin, assinale a afirmativas a seguir.
alternativa correta.
I. A manipulação das opiniões impede o consenso ao usar os interlocutores como meios e
a) A cultura veiculada pelos meios de comunicação de massa enfraquece o posicionamento desconsiderar o ser humano como fim em si mesmo.
reflexivo da classe trabalhadora. II. A validade do que é decidido consensualmente assenta-se na negociação em que os
b) A razão emancipatória esgota-se com o modelo econômico capitalista e a sociedade de interlocutores se instrumentalizam reciprocamente em prol de interesses particulares.
massa. III. Como regra do discurso que busca o entendimento, devem-se excluir os interlocutores
c) Mesmo diante da ordem social mercantil, que faz uso dos anúncios publicitários, pode que, de algum modo, são afetados pela norma em questão.
haver pensamento crítico. IV. O projeto emancipatório dos indivíduos é construído a partir do diálogo e da
d) O consumismo e a diversão farta e fácil anulam a possibilidade de análise e argumentação que prima pelo entendimento mútuo.
problematização.
e) O projeto da razão foi cumprido sem ter alcançado sua promessa, restando ao mundo o Assinale a alternativa correta.
irracionalismo.
a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
b) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
7- No século XX, o transporte rodoviário e a aviação civil aceleraram o intercâmbio de c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
pessoas e mercadorias, fazendo com que as distâncias e a percepção subjetiva das mesmas se d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
reduzissem constantemente. É possível apontar uma tendência de universalização em vários e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.
42

A reivindicação dos direitos culturais das minorias, como exposto por Habermas, encontra
9- Leia o texto a seguir. amparo nas democracias contemporâneas, na medida em que
O modo de comportamento perceptivo, através do qual se prepara o esquecer e o rápido
recordar da música de massas, é a desconcentração. Se os produtos normalizados e a) a secessão, pela qual a minoria discriminada obteria a igualdade de direitos na condição da
irremediavelmente semelhantes entre si, exceto certas particularidades surpreendentes, não sua concentração espacial, num tipo de independência nacional.
permitem uma audição concentrada, sem se tornarem insuportáveis para os ouvintes, estes, b) a reunificação da sociedade que se encontra fragmentada em grupos de diferentes
por sua vez, já não são absolutamente capazes de uma audição concentrada. Não conseguem comunidades étnicas, confissões religiosas e formas de vida, em torno da coesão de uma
manter a tensão de uma concentração atenta, e por isso se entregam resignadamente àquilo cultura política nacional.
que acontece e flui acima deles, e com o qual fazem amizade somente porque já o ouvem c) a coexistência das diferenças, considerando a possibilidade de os discursos de auto
sem atenção excessiva. entendimento se submeterem ao debate público, cientes de que estarão vinculados à coerção
(ADORNO, T. W. O fetichismo na música e a regressão da audição. In: Adorno et all. Textos do melhor argumento.
escolhidos. São Paulo: Abril Cultural, 1978, p.190. Coleção Os Pensadores.) d) a autonomia dos indivíduos que, ao chegarem à vida adulta, tenham condições de se
libertar das tradições de suas origens em nome da harmonia da política nacional.
As redes sociais têm divulgado músicas de fácil memorização e com forte apelo à cultura de e) o desaparecimento de quaisquer limitações, tais como linguagem política ou distintas
massa. convenções de comportamento, para compor a arena política a ser compartilhada.

A respeito do tema da regressão da audição na Indústria Cultural e da relação entre arte e 11- Leia o texto a seguir:
sociedade em Adorno, assinale a alternativa correta. Os homens sempre tiveram de escolher entre submeter -se à natureza ou submeter a natureza
ao eu. (ADORNO, Theodor; HORKHEIMER, Max. Dialética do Esclarecimento: fragmentos
a) A impossibilidade de uma audição concentrada e de uma concentração atenta relaciona-se filosóficos)
ao fato de que a música tornou-se um produto de consumo, encobrindo seu poder crítico. Com base no texto, é correto afirmar que a análise de Adorno e Horkheimer estabeleceu a
b) A música representa um domínio particular, quase autônomo, das produções sociais, pois ideia de que o homem:
se baseia no livre jogo da imaginação, o que impossibilita estabelecer um vínculo entre arte e
sociedade. I. Interage com a natureza de maneira pacífica, assimilando-a de forma idílica.
c) A música de massa caracteriza-se pela capacidade de manifestar criticamente conteúdos II. Age com astúcia diante dos fenômenos naturais, ao forjar uma relação de
racionais expressos no modo típico do comportamento perceptivo inato às massas. instrumentalidade com a natureza.
d) A tensão resultante da concentração requerida para a apreciação da música é uma III. Esclarecido e com pleno domínio da natureza promove a sua autoconsciência.
exigência extramusical, pois nossa sensibilidade é naturalmente mais próxima da IV. Apreende a natureza visando controlá-la, o que resulta na submissão dela.
desconcentração.
e) Audição concentrada significa a capacidade de apreender e de repetir os elementos que Assinale a alternativa correta.
constituem a música, sendo a facilidade da repetição o que concede poder crítico à música.
a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
10- Na regulação de matérias culturalmente delicadas, como, por exemplo, a linguagem b) Somente as afirmativas II e IV são corretas.
oficial, os currículos da educação pública, o status das Igrejas e das comunidades religiosas, c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
as normas do direito penal (por exemplo, quanto ao aborto), mas também em assuntos menos d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
chamativos, como, por exemplo, a posição da família e dos consórcios semelhantes ao e) Somente as afirmativas I, III e IV são corretas.
matrimônio, a aceitação de normas de segurança ou a delimitação das esferas pública e
privada – em tudo isso reflete-se amiúde apenas o auto entendimento ético-político de uma
cultura majoritária, dominante por motivos históricos. Por causa de tais regras, 12- Elaborada nos anos de 1980, em um contexto de preocupações com o meio ambiente e o
implicitamente repressivas, mesmo dentro de uma comunidade republicana que garanta risco nuclear, a Ética do Discurso buscou reorientar as teorias deontológicas que a
formalmente a igualdade de direitos para todos, pode eclodir um conflito cultural movido antecederam. Um exemplo está contido no texto a seguir.
pelas minorias desprezadas contra a cultura da maioria. (HABERMAS, J. A inclusão do
outro: estudos de teoria política. São Paulo: Loyola, 2002).
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De maior gravidade são as consequências que um conceito restrito de moral comporta para as III. A diversão patrocinada pela indústria cultural está envolta em uma aura que desconsidera
questões da ética do meio ambiente. O modelo antropocêntrico parece trazer uma espécie de os aspectos mercadológicos.
cegueira às teorias do tipo kantiano, no que diz respeito às questões da responsabilidade IV. A indústria cultural valoriza, mais do que as práticas esportivas em si, a audiência e o
moral do homem pelo seu meio ambiente. discurso sobre o entretenimento.
(HABERMAS, Jurgen. Comentários à Ética do Discurso. Trad. de Gilda Lopes Encarnação.
Lisboa: Instituto Piaget, 1999, p.212.) Assinale a alternativa correta.

Com base no texto e nos conhecimentos sobre a Ética do Discurso, é correto afirmar que a a) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
ética: b) Somente as afirmativas II e III são corretas.
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
a) abrange as ações isoladas das pessoas visando adequar-se às mudanças climáticas e às d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
catástrofes naturais. e) Somente as afirmativas I, II e IV são corretas.
b) corresponde à maneira como o homem deseja construir e realizar plenamente a sua
existência no planeta.
c) compreende a atitude conservacionista que o sistema econômico adota em relação ao 15- Hoje, a indústria cultural assumiu a herança civilizatória da democracia de pioneiros e
ambiente. empresários, que tampouco desenvolvera uma fineza de sentido para os desvios espirituais.
d) implica a instrumentalização dos recursos tecnológicos em benefício da redução da Todos são livres para dançar e para se divertir, do mesmo modo que, desde a neutralização
poluição. histórica da religião, são livres para entrar em qualquer uma das inúmeras seitas. Mas a
e) refere-se à atitude de retorno do homem à vida natural, observando as leis da natureza e liberdade de escolha de ideologia, que reflete sempre a coerção econômica, revela-se em
sua regularidade. todos os setores como a liberdade de escolher o que é sempre a mesma coisa. (ADORNO, T;
HORKHEIMER, M. A dialética do esclarecimento: fragmentos filosóficos. Rio de Janeiro:
Zahar, 1995).
13- “Uma norma só deve pretender validez quando todos os que possam ser concernidos por
ela cheguem (ou possam chegar), enquanto participantes de um discurso prático, a um acordo A liberdade de escolha na civilização ocidental, de acordo com a análise do texto, é um(a)
quanto à validade dessa norma”. (HABERMAS, J. Consciência moral e agir comunicativo.
Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1989). a) legado social.
b) patrimônio político.
Segundo Habermas, a validez de uma norma deve ser estabelecida pelo(a): c) produto da moralidade.
d) conquista da humanidade.
a) Liberdade humana, que consagra a vontade. e) ilusão da contemporaneidade.
b) Razão comunicativa, que requer um consenso.
c) Conhecimento filosófico, que expressa a verdade. 16- No final do século XX, com a disseminação da Internet, o acesso à informação passa a
d) Técnica científica, que aumenta o poder do homem. ser instantâneo. Com isso, novas perspectivas se abrem para o debate político, sobretudo para
e) Poder político, que se concentra no sistema partidário. a atuação dos cidadãos na esfera pública.
Tendo presente a concepção de esfera pública nos escritos recentes de Habermas, analise as
14- Os principais esportes, a exemplo do futebol, deixaram o amadorismo das primeiras afirmativas a seguir:
competições e deram lugar a negociações de jogadores, bilheterias, transmissões,
licenciamentos e comercialização de produtos diversos. I. A esfera pública constitui um espaço no qual os problemas da sociedade são recebidos,
discutidos e problematizados, e o sistema político recepciona e sistematiza de forma
Sobre a relação entre esporte e indústria cultural, considere as afirmativas a seguir. especializada aqueles que considera mais importantes.
II. Pelo fato de estar vinculada à sociedade civil, a esfera pública exime-se de efetuar
I. A indústria cultural, mediada pela diversão, está presente em diversas modalidades mediações envolvendo o sistema político e o mundo da vida.
esportivas e exerce influência sobre os consumidores.
II. A diversão no capitalismo tardio constitui um prolongamento do horizonte do trabalho.
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III. Por funcionar como uma estrutura normativa, a esfera pública efetiva-se como um 18- “Se você é o que você come, e consome comida industrializada, você é milho”, escreveu
sistema institucionalizado que estabelece papéis e competências para a participação na Michael Pollan no livro O Dilema do Onívoro, lançado este ano no Brasil. Ele estima que
sociedade. 25% da comida industrializada nos EUA contenha milho de alguma forma: do refrigerante,
IV. A esfera pública consiste numa rede que permite que certos temas, idéias e passando pelo Ketchup, até as batatas fritas de uma importante cadeia de fast food – isso se
posicionamentos sejam debatidos, tendo como referência o agir voltado para o entendimento. não contarmos vacas e galinhas que são alimentadas quase exclusivamente com o grão. O
milho foi escolhido como bola da vez devido ao seu baixo preço de mercado e também
Assinale a alternativa correta. porque os EUA produzem mais da metade do milho distribuído no mundo. (Adaptado:
BURGOS, P. Show do milhão: milho na comida agora vira combustível. Super Interessante.
a) Somente as afirmativas I e III são corretas. Edição 247, 15 dez. 2007.)
b) Somente as afirmativas I e IV são corretas. Com base no Texto e nos conhecimentos sobre o desenvolvimento do capitalismo e a
c) Somente as afirmativas II e IV são corretas. indústria cultural, considere as afirmativas.
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas. I. O capitalismo contemporâneo tornou a globalização um fenômeno que intensificou a
padronização e a homogeneização como formas de reprodução técnica criadas a partir da
17- Leia o texto a seguir: revolução industrial.
A ideia de progresso manifesta-se inicialmente, à época do Renascimento, como consciência II. A abertura comercial dos portos das colônias americanas resultou no cercamento dos
de ruptura. [...] No século XVIII tal ideia associa-se à consciência do caráter progressivo da campos, facilitando o comércio pelo acúmulo de capitais e, em consequência, a revolução
civilização, e é assim que a encontramos em Voltaire. Tal como para Bacon, no início do industrial.
século XVII, o progresso também é uma espécie de objeto de fé para os iluministas. [...] A III. A crítica filosófica à instrumentalização cultural constata que o predomínio da
certeza do progresso permite encarar o futuro com otimismo. (Adaptado de: FALCON, F. J. racionalidade técnica permitiu o resgate do potencial emancipatório da razão sonhado pelo
C. Iluminismo. 2. ed. São Paulo: Ática, 1989, p. 61-2.) projeto iluminista.
IV. Com o avanço tecnológico, a racionalidade técnica penetra todos os aspectos da vida
Na primeira metade do século XX, a ideia de progresso também se transformou em objeto de cotidiana, subjugando o homem a um processo de instrumentalização cultural e
análise do grupo de pesquisadores do Instituto de Pesquisa Social vinculado à Universidade homogeneização de comportamentos.
de Frankfurt.
Tendo como referência a obra de Adorno e Horkheimer, é correto afirmar: Assinale a alternativa correta.

a) Por serem herdeiros do pensamento hegeliano, os autores entendem que a superação do a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
modelo de racionalidade inerente aos conflitos do século XX depende do justo equilíbrio b) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
entre uso público e uso privado da razão. c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
b) A despeito da Segunda Guerra, a finalidade do iluminismo de libertar os homens do medo, d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
da magia e do mito e torná-los senhores autônomos e livres mediante o uso da ciência e da e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.
técnica, foi atingido.
c) Os autores propõem como alternativa às catástrofes da primeira metade do século XX um 19- De acordo com a crítica à “indústria cultural”, na sociedade capitalista avançada, a
novo entendimento da noção de progresso tendo como referência o conceito de racionalidade produção e a reprodução da cultura se realizam sob a égide da padronização e da
comunicativa. racionalidade técnica.
d) Como demonstra a análise feita pelos autores no texto “O autor como produtor”, o ideal de No contexto dessa crítica, considerando o fast food como produto cultural, é correto afirmar:
progresso consolidado ao longo da modernidade foi rompido com as guerras do século XX.
e) Em obras como a Dialética do Esclarecimento, os autores questionam a compreensão da a) A padronização dos hábitos e valores alimentares obedece aos ditames da lógica material
noção de progresso consolidada ao longo da trajetória da razão por estar vinculada a um da sociedade industrializada.
modelo de racionalidade de cunho instrumental. b) O consumo dos produtos da indústria do fast food e a satisfação dos novos hábitos
alimentares contribuem com a emancipação humana.
c) A homogeneização dos hábitos alimentares reflete a inserção crítica dos indivíduos na
cultura de massa.
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d) A racionalidade técnica e a padronização dos valores alimentares permitem ampliar as coletivo de ponderação e análise, permeado pelo discurso, que antecede a decisão. (VITALE,
condições de liberdade e de autonomia dos cidadãos. D. Jürgen Habermas, modernidade e democracia deliberativa. Cadernos do CRH (UFBA), v.
e) A massificação dos produtos alimentares sob os ditames do mercado corresponde à efetiva 19, 2006 (adaptado)).
democratização da sociedade.
O conceito de democracia proposto por Jürgen Habermas pode favorecer processos de
20- A utilização de organismos geneticamente modificados, já presente em alimentos como inclusão social. De acordo com o texto, é uma condição para que isso aconteça o(a)
soja e milho, remete para a questão dos limites éticos da pesquisa.
Tendo presente a obra de Jürgen Habermas, é correto afirmar: A) participação direta periódica do cidadão.
B) debate livre e racional entre cidadãos e Estado.
a) O debate sobre as consequências éticas da ciência, especialmente da biotecnologia, deve C) interlocução entre os poderes governamentais.
ocorrer a posteriori para não atrapalhar um possível progresso resultante das novas D) eleição de lideranças políticas com mandatos temporários.
descobertas científicas. E) controle de poder político por cidadãos mais esclarecidos.
b) A pesquisa com seres humanos, sobretudo quando envolve a possibilidade futura de
intervenções terapêuticas e de aperfeiçoamento, requer que se faça uma clara distinção entre
eugenia positiva e negativa.
c) Para que a ciência progrida e as pesquisas avancem na direção de novas descobertas, a
ciência necessita estar sintonizada com o princípio da neutralidade científica. EXISTENCIALISMO E FOUCAULT
d) Diante da inserção dos laboratórios de pesquisa na lógica de mercado, caso seja possível
alterar geneticamente características dos bebês, caberá aos pais estabelecer limites éticos para 1- A respeito da filosofia existencialista de Jean-Paul Sartre, é correto afirmar que:
as possibilidades oferecidas.
e) O ritmo lento da produção legislativa frente à rapidez das novas descobertas científicas A) O homem é o puro agir, e essa liberdade não conhece nenhuma responsabilidade.
torna sem sentido estabelecer limites ético-normativos para questões que envolvem a ciência. B) O homem é dotado de uma natureza humana imutável que determina o seu ser.
C) O homem de início não é nada, ele será aquilo que fizer de si mesmo.
21- Os pensadores da Escola de Frankfurt, especialmente Theodor Adorno e Max D) A vida segue um designo superior que submete o homem ao destino.
Horkheimer, são críticos da mentalidade que identifica o progresso técnico-científico com o
progresso da humanidade. Para eles, a ideologia da ‘indústria cultural’ submete as artes à 2- Mas se verdadeiramente a existência precede a essência, o homem é responsável por
servidão das regras do mercado capitalista. aquilo que é. Assim, o primeiro esforço do existencialismo é o de pôr todo homem no
Com base nos conhecimentos sobre as críticas de Adorno e Horkheimer à ‘Indústria domínio do que ele é e de lhe atribuir a total responsabilidade da sua existência. E, quando
Cultural’, assinale a afirmativa correta: dizemos que o homem é responsável por si próprio, não queremos dizer que o homem é
responsável pela sua restrita individualidade, mas que é responsável por todos os homens.
a) A ‘indústria cultural’ proporcionou a democratização das artes eruditas, tornando as obras [...] Assim, a nossa responsabilidade é muito maior do que poderíamos supor, porque ela
raras e caras acessíveis à maioria das pessoas. envolve toda a humanidade. (SARTRE, Jean-Paul. O existencialismo é um humanismo.
b) Sob os efeitos da massificação pela indústria e consumo culturais, as artes tendem a Trad. Vergílio Ferreira. Lisboa: Presença, 1970. Apud ARANHA, M. L. de Arruda e
ganhar força simbólica e expressividade. MARTINS, M. H. Pires. Filosofando: introdução à filosofia. São Paulo: Moderna, 2009).
c) A ‘indústria cultural’ fomentou os aspectos críticos, inovadores e polêmicos das artes.
d) O progresso técnico-científico pode ser entendido como um meio que a ‘indústria cultural’ Conforme o texto, é correto afirmar que, para o existencialismo,
usa para formar indivíduos críticos.
e) A expressão ‘indústria cultural’ indica uma cultura baseada na idéia e na prática do A) o homem não é responsável por todos os seus atos, pois a sociedade o limita.
consumo de produtos culturais fabricados em série. B) a humanidade é responsável pelo fato de os homens não terem plena liberdade.
C) a sociedade limita as pessoas, logo não somos responsáveis por nossas ações.
22- O conceito de democracia, no pensamento de Habermas, é construído a partir de uma D) a responsabilidade não é restrita ao indivíduo, estende-se a toda humanidade.
dimensão procedimental, calcada no discurso e na deliberação. A legitimidade democrática
exige que o processo de tomada de decisões políticas ocorra a partir de uma ampla discussão 3- Considere o seguinte trecho, extraído da obra A náusea, do escritor e filósofo francês Jean
pública, para somente então decidir. Assim, o caráter deliberativo corresponde a um processo Paul Sartre (1889-1980).
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“O essencial é a contingência. O que quero dizer é que, por definição, a existência não é a
necessidade. Existir é simplesmente estar presente; os entes aparecem, deixam que os 6- . (Unioeste 2013) “Quando dizemos que o homem se escolhe a si mesmo, queremos dizer
encontremos, mas nunca podemos deduzi-los. Creio que há pessoas que compreenderam que cada um de nós se escolhe a si próprio; mas com isso queremos também dizer que, ao
isso. Só que tentaram superar essa contingência inventando um ser necessário e causa de si escolher-se a si próprio, ele escolhe todos os homens. Com efeito, não há de nossos atos um
próprio. Ora, nenhum ser necessário pode explicar a existência: a contingência não é uma sequer que, ao criar o homem que desejamos ser, não crie ao mesmo tempo uma imagem do
ilusão, uma aparência que se pode dissipar; é o absoluto, por conseguinte, a gratuidade homem como julgamos que deve ser. Escolher isto ou aquilo é afirmar ao mesmo tempo o
perfeita.” (SARTRE, Jean Paul. A Náusea. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1986. Tradução valor do que escolhemos, porque nunca podemos escolher o mal, o que escolhemos é sempre
de Rita Braga, citado por: MARCONDES, Danilo Marcondes. Textos Básicos de Filosofia. o bem, e nada pode ser bom para nós sem que o seja para todos. Se a existência, por outro
Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editora, 2000). lado, precede a essência e se quisermos existir, ao mesmo tempo em que construímos a nossa
imagem, esta imagem é válida para todos e para a nossa época. Assim, a nossa
Nesse trecho, vemos uma exemplificação ou uma referência ao existencialismo sartriano que responsabilidade é muito maior do que poderíamos supor, porque ela envolve toda a
se apresenta como humanidade”. Sartre.

A) recusa da noção de que tudo é contingente. Considerando o texto citado e o pensamento sartreano, é INCORRETO afirmar que:
B) fundamentado no conceito de angústia, que deriva da consciência de que tudo é
contingente. a) o valor máximo da existência humana é a liberdade, porque o homem é, antes de mais
C) denúncia da noção de má fé, que nos leva a admitir a existência de um ser necessário para nada, o que tiver projetado ser, estando “condenado a ser livre”.
aplacar o sentimento de angústia. b) totalmente posto sob o domínio do que ele é, ao homem é atribuída a total
D) crítica à metafísica essencialista. responsabilidade pela sua existência e, sendo responsável por si, é também responsável por
todos os homens.
14- Ser ou não ser - eis a questão. c) o existencialismo sartreano é uma moral da ação, pois o homem se define pelos seus atos e
Morrer - dormir - Dormir! Talvez sonhar. Aí está o obstáculo! atos, por excelência, livres, ou seja, o “homem não é nada além do conjunto de seus atos”.
Os sonhos que hão de vir no sono da morte d) o homem é um “projeto que se vive subjetivamente”, pois há uma natureza humana
Quando tivermos escapado ao tumulto vital previamente dada e predefinida, e, portanto, no homem, a essência precede a existência.
Nos obrigam a hesitar: e é essa a reflexão e) por não haver valores preestabelecidos, o homem deve inventá-los através de escolhas
Que dá Pa desventura uma vida tão longa. livres, e, como escolher é afirmar o valor do que é escolhido, que é sempre o bem, é o
(SHAKESPEARE, W. Hamlet. Porto Alegre: L&PM, 2007). homem que, através de suas escolhas livres, atribui sentido a sua existência.

Este solilóquio pode ser considerado um precursor do existencialismo ao enfatizar a tensão 7- “A centralidade da subjetividade, a ênfase no indivíduo, a valorização do homem serão
entre também problematizadas ao longo do desenvolvimento do pensamento moderno através de
várias teorias e descobertas científicas que questionam, de diferentes pontos de vista, o
a) consciência de si e angústia humana. antropocentrismo, a centralidade atribuída ao homem. Entenda-se por isso a definição
b) inevitabilidade do destino e incerteza moral. tradicional de homem encontrada na modernidade, o próprio conceito de natureza humana
c) tragicidade da personagem e ordem do mundo. como dotada de consciência autônoma. É ilustrativa a esse respeito a famosa frase de Michel
d) racionalidade argumentativa e loucura iminente. Foucault na conclusão de As palavras e as coisas (1966), “[...] o homem é uma invenção
e) dependência paterna e impossibilidade de ação. recente na história de nosso pensamento, e talvez seu fim esteja próximo”. (Marcondes,
Danilo. Iniciação à história da filosofia. 6ª ed. Rio de Janeiro:Zahar, 2001, p. 254).
5- Para J.P. Sartre, o conceito de “para-si” diz respeito
A afirmação de Michel Foucault é citada no final do texto por Marcondes para ilustrar um
A) a uma criação divina, cujo agir depende de princípio metafísico regulador. processo de argumentação a respeito da definição tradicional de homem. Assinale a
B) apenas à pura manutenção do ser pleno, completo, da totalidade no seio do que é. alternativa que explicita o sentido do enunciado de Foucault.
C) ao nada, na medida em que ele se especifica pelo poder nadificador que o constitui.
D) a algo empastado de si mesmo e, por isso, não se pode realizar, não se pode afirmar, A) A ascensão do antropocentrismo na modernidade.
porque está cheio, completo. B) A possibilidade da extinção da humanidade.
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C) A necessidade de preservação da subjetividade humana. 10- Giorgio Agamben, filósofo italiano, observa que hoje os cidadãos são continuamente
D) O questionamento da noção antropocêntrica de homem, centrada na individualidade e na controlados e consideram isso normal. Ele defende a ideia de que o paradigma político do
subjetividade. Ocidente não é mais a cidade, mas o campo de concentração. Vistas por essa ótica, as
E) A distinção entre as noções biológica e histórica de homem. práticas de exceção contemporâneas, engendradas por um Estado policial protetor, fazem da
política do terror e da insegurança o princípio gestor, estimulando, cada vez mais, a
8- Em Vigiar e punir (1ª Ed. orig. 1975), Michel Foucault (1926-1984) tem por objeto o privatização dos espaços e o confinamento no interior deles. (TOMAZI, Nelson Dacio.
problema do poder e dos métodos adotados para a sua manutenção. Segundo ele, a disciplina, Sociologia para o ensino médio. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 113. Adaptado).
que se dá como objeto o corpo dos indivíduos, remete a uma série de técnicas pelas quais se
investe a existência dos indivíduos. Estas técnicas são colocadas em funcionamento nas Segundo o filósofo Michel Foucault, esse modelo de vigilância apresentado por Agamben
grandes instituições de enquadramento: fábrica, exército, escola. E têm como fim: pode ser enquadrado como:

A) Governar com facilidade indivíduos que se ponham acima do "normal", mas que aceitem a) Coletivo.
receber ordens. b) Panóptico.
B) Extrair dos indivíduos o máximo de suas forças úteis e fazê-los adotar comportamentos c) Regular.
previsíveis. d) Informal.
C) Obter um corpo dócil, porém eficaz quanto à criatividade que supera a média da e) Dissimulado.
inteligência dos produtores.
D) Reeducar aqueles que não tiveram acesso à cultura pela família e pela escola básica para 11- Escola pública do DF começa a testar chip para monitorar alunos:
permitir-lhes ascensão social. Por meio de um chip fixado no uniforme, uma turma de 42 estudantes do primeiro ano do
E) Extrair dos indivíduos o máximo de sua consciência possível e fazê-los adotar ensino médio tem suas entradas e saídas monitoradas no CEM (Centro de Ensino Médio) 414
comportamentos previsíveis do ponto de vista moral, mas incentivar-lhes as iniciativas que de Samambaia, cidade-satélite do Distrito Federal. O projeto, que começou a funcionar no
lhes permitam inclusão ou ascensão social. dia 22 de outubro, manda mensagem por celular aos pais ou responsáveis pelos alunos,
informando o horário de entrada e saída da escola. Segundo a diretora do CEM, a medida foi
9- Os estudos realizados por Michel Foucault (1926-1984) apresentam interfaces que tomada para aumentar a permanência dos alunos nas salas de aula. “Os professores dos
corroboram para estudos em diversas áreas de conhecimento, entre as quais a Filosofia, últimos horários reclamam que muitos alunos costumam sair antes do término das aulas. Por
Ciências Sociais, Pedagogia, Psiquiatria, Medicina e Direito. Em 1975, Foucault publicou a mais que a escola tente manter o controle, eles dão um jeito de sair da escola”. (Fonte: Folha
obra “Vigiar e Punir: história da violência das prisões”, na qual propunha uma nova on-line. 30 out. 2012. Adaptado. Disponível em: <http://folha.com/no1177555&gt;. Acesso
concepção de poder, a qual abandonava alguns postulados que marcaram a posição em 30 out. 2012).
tradicional da esquerda do período. Sobre a concepção de poder foucaultiana, é CORRETO
afirmar. O texto apresenta uma forma de controle de estudantes dentro da instituição escolar. Esse
tipo de instrumento está vinculado a qual lógica apresentada pelo filósofo Michel Foucault?
a) Só exerce poder quem o possui, por se tratar de um privilégio adquirido pela classe
dominante que detém o poder econômico. a) Emancipação, que tem como fundamento tornar os estudantes sujeitos autônomos.
b) O poder está centralizado na figura do Estado e está localizado no próprio aparelho de b) Panoptismo, que tem intenção de controlar, mas também de tornar mais produtivos os
Estado, que é o instrumento privilegiado do poder. corpos observados.
c) Todo poder está subordinado a um modo de produção e a uma infraestrutura, pois o modo c) Regime de verdade, que faz com que a Escola esteja comprometida com a emancipação
como a vida econômica é organizada determina a política. humana.
d) O poder tem como essência dividir os que possuem poder (classe dominante) daqueles que d) Luta de Classes, que torna tensa a relação entre estudantes e professores.
não têm poder (classe dos dominados). e) Violência simbólica, que agride o sujeito através da linguagem.
e) O poder não remete diretamente a uma estrutura política, ao uso da força ou a uma classe
dominante: as relações de poder são móveis e só podem existir quando os sujeitos são livres 12- A lei não nasce da natureza, junto das fontes frequentadas pelos primeiros pastores; a lei
e há possibilidade de resistência. nasce das batalhas reais, das vitórias, dos massacres, das conquistas que têm sua data e seus
heróis de horror: a lei nasce das cidades incendiadas, das terras devastadas, ela nasce com os
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famosos inocentes que agonizam no dia que está amanhecendo. FOUCAULT, M. Aula de 14 A) A relação entre liberdade e autonomia do Liberalismo.
de janeiro de 1976. In: Em defesa da sociedade. São Paulo: Martins Fontes, 1999. B) A independência entre poder e moral do Racionalismo.
C) A convenção entre cidadãos e soberano do Absolutismo.
O filósofo Michel Foucault (séc. XX) inova ao pensar a política e a lei em relação ao poder e D) A dialética entre indivíduo e governo autocrata do Idealismo.
à organização social. Com base na reflexão de Foucault, a finalidade das leis na organização E) A contraposição entre bondade e condições selvagem do Naturalismo.
das sociedades modernas é:
2- “Panayiotis Zavos “quebrou” o último tabu da clonagem humana — transferiu embriões
a) combater ações violentas na guerra entre as nações. para o útero de mulheres, que os gerariam. Esse procedimento é crime em inúmeros países.
b) coagir e servir para refrear a agressividade humana. Aparentemente, o médico possuía um laboratório secreto, no qual fazia seus experimentos.
c) criar limites entre a guerra a paz praticadas entre os indivíduos de uma mesma nação. “Não tenho nenhuma dúvida de que uma criança clonada irá aparecer em breve. Posso não
d) estabelecer princípios éticos que regulamentam as ações bélicas entre países inimigos. ser eu o médico que irá criá-la, mas vai acontecer”, declarou Zavos. “Se nos esforçarmos,
e) organizar as relações de poder na sociedade e entre os Estados. podemos ter um bebê clonado daqui a um ano, ou dois, mas não sei se é o caso. Não
sofremos pressão para entregar um bebê clonado ao mundo. Sofremos pressão para entregar
13- O momento histórico das disciplinas é o momento em que nasce uma arte do corpo um bebê clonado saudável ao mundo.” (CONNOR, S. Disponível em:
humano, que visa não unicamente o aumento das suas habilidades, nem tampouco aprofundar www.independent.co.uk. Acesso em: 14 ago. 2012 ).
sua sujeição, mas a formação de uma relação que no mesmo mecanismo o torna tanto mais
obediente quanto é mais útil, e inversamente. Forma-se então uma política das coerções, que A clonagem humana é um importante assunto de reflexão no campo da bioética que, entre
são um trabalho sobre o corpo, uma manipulação calculada de seus elementos, de seus outras questões, dedica-se a:
gestos, de seus comportamentos. (FOUCAULT, M. Vigiar e punir: história da violência nas
prisões. Petrópolis: Vozes, 1987). A) refletir sobre as relações entre o conhecimento da vida e os valores éticos do homem.
B) legitimar o predomínio da espécie humana sobre as demais espécies animais no planeta.
Na perspectiva de Michel Foucault, o processo mencionado resulta em: C) relativizar, no caso da clonagem humana, o uso dos valores de certo e errado, de bem e
mal.
a) declínio cultural. D) legalizar, pelo uso das técnicas de clonagem, os processos de reprodução humana e
b) segregação racial. animal.
c) redução da hierarquia. E) fundamentar técnica e economicamente as pesquisas sobre células-tronco para uso em
d) totalitarismo dos governos. seres humanos.
e) modelagem dos indivíduos.
3- A promessa da tecnologia moderna se converteu em uma ameaça ou esta se associou
àquela de forma indissolúvel. Ela vai além da constatação da ameaça física. Concebida para a
felicidade humana, a submissão da natureza, na sobremedida de seu sucesso, que agora se
estende à própria natureza do homem, conduziu ao maior desafio já posto ao ser humano pela
RAWLS, BAUMAN, ARENDT, JONAS sua própria ação. O novo continente da práxis coletiva que adentramos com a alta tecnologia
ainda constitui, para a teoria ética, uma terra de ninguém. (JONAS, H. O princípio de
1- Uma sociedade é uma associação mais ou menos autossuficiente de pessoas que em suas responsabilidade. Rio de Janeiro: Contraponto: Editora PUC-Rio, 2011 (adaptado)).
relações mútuas reconhecem certas regras de conduto com obrigatórias e que, na maioria das
vezes, agem de acordo com elas. Uma sociedade é bom ordenada não apenas quando está As implicações éticas da articulação apresentada no texto impulsionam a necessidade de
planejada para promover o bem de seus membros, mas quando é também efetivamente construção de um novo padrão de comportamento, cujo objetivo consiste em garantir o(a)
regulada por uma concepção pública de justiça. Isto é, trata-se de uma sociedade na qual
todos aceitam, e sabem que os outros aceitam, o mesmo princípio de justiça. (RAWLS, J. a)pragmatismo da escolha individual.
Uma teoria da justiça. São Paulo: Martins Fontes, 1997. Adaptado). b) sobrevivência de gerações futuras.
c) fortalecimento de políticas liberais.
A visão expressa nesse texto do século XX remete a qual aspecto do pensamento moderno? d) valorização de múltiplas etnias.
e) promoção da inclusão social.
49

b) A banalidade na execução de crimes contra a humanidade se deve à burocratização do


4- Fundamos, como afirmam alguns cientistas, o antropoceno: uma nova era geológica com genocídio, implementada pela cúpula nazista, para liberar as pessoas de preocupações com a
altíssimo poder de destruição, fruto dos últimos séculos que significaram um transtorno moral comum e com as leis.
perverso do equilíbrio do sistema-Terra. Como enfrentar esta nova situação nunca ocorrida c) A participação da juventude hitlerista no processo de construção do nacionalismo reforçou
antes de forma globalizada e profunda? Temos pessoalmente trabalhado os paradigmas da o senso político de oposição aos regimes socialistas autoritários.
sustentabilidade e do cuidado como relação amigável e cooperativa para com a natureza. d) A experiência nazista é um exemplo de fortalecimento da sociedade pelo Estado, criador
Queremos, agora, agregar a ética da responsabilidade. (BOFF, L. Responsabilidade coletiva. de símbolos e valores culturais, que reforçam os princípios autoritários de governo.
Disponível em: http://leonardoboff.wordp ress.com. Acesso em: 14 maio 2013).
7- Segundo o livro A condição humana, de Hanna Arendt, as três atividades humanas
A ética da responsabilidade protagonizada pelo filósofo alemão Hans Jonas e reivindicada no fundamentais são:
texto é expressa pela máxima:
A) a fabricação, o trabalho e a ação e são designadas pela expressão homo faber.
A) “A tua ação possa valer como norma para todos os homens.” B) o labor, o trabalho e a ação e são designadas pela expressão vita activa.
B) “A norma aceita por todos advenha da ação comunicativa e do discurso.” C) o jogo, o labor e o trabalho e são designadas pela expressão homo ludens.
C) “A tua ação possa produzir a máxima felicidade para a maioria das pessoas.” D) a linguagem, o labor e o trabalho e são designadas pela expressão homo laborans.
D) “O teu agir almeje alcançar determinados fins que possam justificar os meios.” E) a política, a linguagem e o trabalho e são designadas pela expressão zoon politikon.
E) “O efeito de tuas ações não destrua a possibilidade futura da vida das novas gerações.”
8- Um importante sociólogo contemporâneo é polonês Zygmunt Bauman. Preocupado com
5- De acordo com a filósofa Hannah Arendt, o totalitarismo é uma forma de governo as novas dinâmicas da vida social, propõe um empreendimento reflexivo que tem como norte
essencialmente diferente de outras formas de opressão política conhecidas, como o as recentes modificações do mundo atual. Em relação às análises de Bauman é INCORRETO
despotismo, a tirania e a ditadura. Considerando as características e as expressões históricas afirmar:
do totalitarismo no século XX, assinale a afirmativa INCORRETA.
A) Liquidez é a metáfora que Bauman utiliza para explicar o sentido da pós-modernidade.
a) O totalitarismo procura reforçar a distinção entre esfera pública e esfera privada. B) Desmoronamento da antiga ilusão moderna, ou seja, questionamento da crença de que há
b) Nazismo e stalinismo são dois exemplos históricos de regimes totalitários. um fim do caminho em que andamos, um estado de perfeição a ser atingido no futuro.
c) A propaganda é um meio importante para a difusão da ideologia oficial nos governos C) Desregulamentação e privatização das tarefas e deveres modernizantes. Na modernidade
totalitários. líquida, não existem mais valores individuais, apenas sociais.
d) terror é um princípio fundamental da ação política totalitária. D) Nesta sociedade líquida, transformada pelo mercado, também os valores mais importantes
da vida passam pelo mesmo processo de materialização tal qual um simples mercadoria.
6- LEIA, abaixo, o comentário que a filósofa Hannah Arendt fez sobre as ações do E) O processo de transformação pelo qual passa a humanidade pode ser aplicado ao mundo
comandante do Reich, Adolf Karl Eichmann, acusado de crimes contra o povo judeu: “Os globalizado que, na sua empolgação compulsiva para produzir bens de consumo acaba
feitos eram monstruosos, mas o executante (...) era ordinário, comum, e nem demoníaco nem produzindo um número significante de lixo.
monstruoso.” (Hannah Arendt, A vida do espírito.In: Eduardo Jardim de Moraes e Newton
Bignotto, Hannah Arendt: diálogos, reflexões e memórias. Belo Horizonte: Editora UFMG, 9- O sociólogo polonês Zygmunt Bauman discorre sobre as relações humanas em tempos
p.138). atuais. A “vida líquida” e a “modernidade líquida” estão intimamente ligadas. A “vida
Assinale a alternativa em que o fator cultural presente nas ações comentadas explica líquida” é uma forma de vida que tende a ser levada adiante numa sociedade líquido-
CORRETAMENTE o fenômeno histórico acima mencionado: moderna. “‘Líquido-moderna’ é uma sociedade em que as condições sob as quais agem seus
membros mudam num tempo mais curto do que aquele necessário para a consolidação, em
hábitos e rotinas, das formas de agir” (BAUMAN, 2009, p. 7).
a) A execução de atos criminosos com requintes de crueldade, ordenada pelas autoridades, As mudanças a que se refere Bauman são causadas por diversos fatores, entre os quais a
foi praticada por pessoas comuns, afetadas principalmente pela falta de alimento e de tecnologia e seus recursos. Abaixo encontram-se manchetes de periódicos jornalísticos.
emprego. Assinale aquela que revela um EFEITO POSITIVO da relação supramencionada.
50

a) “Instagram é a pior rede para a saúde mental dos adolescentes – Estudo britânico atribui a e) “As perspectivas de emancipação humana parecem hoje profundamente distintas daquelas
pior nota ao aplicativo por sua capacidade de gerar ansiedade entre os jovens” (El País – que se mostravam tão evidentes para Marx, embora os ataques feitos por ele a um mundo
maio de 2017); imperdoavelmente hostil à humanidade nada tenham perdido em termos de atualidade e
b) “Mãe de adolescente autista e estudantes de informática criam jogo para ensinar urgência”. (p. 178)
matemática – Alternativa foi pensada para unir tecnologia e educação e sobrepor dificuldades
de aprendizado do filho. Jogo deve ser distribuído para outras escolas” (G1 – maio de 2017); 11- “Há crianças vendidas por pais extremamente pobres a quem tem dinheiro e falta de
c) “Novas tecnologias? Brasil corre o risco de se tornar irrelevante – Num estudo que avalia escrúpulos para as comprar; pessoas cujo rendimento não permite fazer mais do que uma
o grau de inovação de 140 nações, o Brasil ocupa a 69ª posição, atrás de todas as grandes refeição por dia; jovens que não têm a menor possibilidade de adquirir pelo menos a
economias emergentes.” (Exame – maio de 2017); escolaridade básica; cidadãos que estão presos por terem defendido as suas ideias. Perante
d) “Desemprego entre idosos e busca por vagas aumentam, diz pesquisa – Levantamento casos destes, sentimos que as nossas intuições morais de justiça e igualdade não são
inédito do Vagas.com mostra maior procura por colocação por pessoas com mais de 60 anos, respeitadas. Surge assim a pergunta: Como é possível uma sociedade justa? Este problema
mesmo aposentadas, e vagas em queda” (Veja – maio de 2017); pode ter formulações mais precisas. Uma delas é a seguinte: Como deve uma sociedade
e) “Negligência dos pais no mundo virtual expõe criança a efeitos nocivos da rede” distribuir os seus bens? Qual é a maneira eticamente correta de o fazer? Trata-se do problema
(CONJUR – abril de 2017). da justiça distributiva. A pergunta que o formula é a seguinte: Quais são os princípios mais
gerais que regulam a justiça distributiva? A teoria da justiça de John Rawls é uma das
10- Em Vida Líquida, Zygmunt Bauman volta ao tema da fluidez da existência respostas mais influente a este problema". (VAZ, 2006).
contemporânea desenvolvido também em outras obras de sucesso do autor – como Amor
líquido e Modernidade líquida. Com uma impressionante capacidade de perceber e analisar a John Rawls, na sua obra Uma teoria da justiça (1971), argumenta que a maneira pela qual
vida social, Bauman mais uma vez chama a atenção para os problemas que a atual condição podemos entender a justiça é perguntando a nós mesmos - como pessoas racionais e com
do sistema capitalista suscita no ser humano hoje, entre a necessidade de se adequar ao ritmo interesses próprios - com quais princípios de organização da sociedade concordaríamos em
destrutivo-criativo dos mercados e o medo de ficar defasado, tornar-se dispensável. A uma situação originária. De acordo com o argumento contratualista proposto por Rawls, a
tecnologia cumpre papel nodal nesse novo jogo mercadológico acima exposto. As redes situação originária é concebida como:
sociais (como Facebook, Instagram, Twitter, LinkedIn, entre outras) e as ferramentas como
Whatsapp possibilitaram um novo perfil de comunicação instantânea no início deste século. A) Um estado de natureza.
B) Um estado de bem-estar coletivo.
A seguir, são apresentados alguns excertos da obra Vida Líquida, de Bauman. Assinale a C) Uma situação hipotética de equidade.
alternativa que MELHOR guarda relação com a discussão que aqui se encontra D) Uma situação de guerra de todos contra todos.
(relacionamento humano no mundo contemporâneo): E) Um estado de paz perpétua.

a) “Todos os seres humanos são e sempre foram consumidores, e nossa preocupação com o 12- O pensador norte-americano John Rawls (1921-2002), contribuiu para a reformulação do
consumo não é novidade; decerto precede o advento da variedade ‘líquida’ da modernidade. pensamento moral contemporâneo, ao pretender ampliar o conceito e o papel da justiça.
[...] A ‘síndrome consumista’ é uma questão de velocidade, excesso e desperdício”. (p. 108 – Nesse sentido, seu modelo de justiça:
110)
b) “Nosso planeta tem um longo caminho a percorrer para se tornar a ‘aldeia global’ de a) é igualitarista, identificando a justiça com igualdade econômica, a ser conquistada por
Marshall McLuhan, mas as aldeias de todo o planeta estão se tornando rapidamente meio da planificação e estatização da economia.
globalizadas”. (p. 93) b) se baseia em uma concepção metafísica e apriorística de Bem, que obriga a pessoa a se
c) “O consumidor é inimigo do cidadão. Em toda a parte ‘desenvolvida e abastada do orientar etinicamente através de imperativos categóricos que comandam o sentido individual
planeta, abundam sinais de pessoas dando as costas à política, de uma crescente apatia e da de suas ações.
perda de interesse pelo processo político”. (p. 163) c) é utilitarista, pois concebe uma sociedade justa quando suas organizações são instituídas
d) “O leitor pode tomar nota e ficar contente: não precisa preocupar-se, aquela incapacidade de forma a alcançar a maior soma de satisfação para o conjunto de indivíduos.
de se apegar ao parceiro e evitar que o relacionamento chegue ao fim não era causada, como d) defende as assimetrias econômicas e sociais, na medida em que recusa o argumento de ser
se presumia, por ingenuidade ou idiotice, por alguma falha de caráter. Finalmente, posso vantajoso amparar os menos favorecidos.
parar de me sentir culpado e de me censurar. É tudo química, seu estúpido.” (p. 137) e) é pluralista, no sentido de compreender o universo social como composto por elementos
diferentes e conflitantes, mas orientado por princípios, entre os quais, o da liberdade.
51

FILOSOFIA DA CIÊNCIA (POPPER, KHUN,


a) O raciocínio indutivo é amplamente utilizado pelas ciências experimentais.
FEYERABEND) b) O raciocínio indutivo parte de uma lei universal, considerada válida para um determinado
conjunto, aplicando-a aos casos particulares desse conjunto.
1- Em A estrutura das revoluções científicas (1ª ed. orig. Berkeley/Califórnia, 1962), Thomas c) O raciocínio dedutivo parte de uma lei particular, considerada válida para um determinado
S. Kuhn defende a tese de que o progresso das ciências se dá por uma sucessão de conjunto, aplicando-a aos casos universais desse conjunto.
“revoluções” que implicam mudança de paradigma através da história da ciência. A causa da d) O raciocínio dedutivo é uma argumentação na qual, a partir de dados singulares
revolução, segundo Kuhn, está no fato de que: suficientemente enumerados, inferimos uma verdade universal.
e) O raciocínio indutivo é o argumento cuja conclusão é inferida necessariamente de duas
A) As experiências do tipo quebra-cabeças (puzzles) já não satisfazem à curiosidade dos premissas.
cientistas.
B) A história da cultura gera um gênio capaz de demonstrar a deficiência e o limite do 4- O Círculo de Viena foi um importante marco para a filosofia e, exemplarmente, propôs
paradigma em vigor. que,
C) O acaso produz um novo conhecimento do qual surge um novo paradigma com condições
de superar o paradigma vigente. a) antes de ser classificado de percepção extrema ou subjetividade, todo e qualquer dado
D) O paradigma vigente já não consegue dar resposta a um novo problema (anomalia), deve ser sistematicamente analisado.
gerando, assim, uma situação de crise na ciência normal. b) em qualquer evento, existe algo de subjetivo e isso é disfarçado pelas extraordinárias
E) Uma nova teoria científica pode solucionar problemas de forma mais eficiente e extensões no mundo metafísico.
abrangente do que a teoria que lhe é anterior. c) para ser aceita como verdadeira, uma teoria científica deveria passar pelo crivo da
verificação empírica.
2- No capítulo 10 (Verdade, racionalidade e a expansão do conhecimento científico) de d) no limite do que o sujeito pode perceber e do que é exatamente o objeto há um abismo de
Conjecturas e refutações (1ª ed. orig.: Conjectures and Refutations, 1963), o filósofo Karl possibilidades e é nisso que consiste a importância da metafísica.
Popper (1902-1994) defende sua teoria sobre o progresso do conhecimento científico, o
falibilismo, cujo ponto de partida é o critério da adequação relativa potencial (relative 5- “Acredito que a função do cientista e do filósofo é solucionar problemas científicos ou
potential satisfactoriness). Este determina que: filosóficos e não falar sobre o que ele e outros filósofos estão fazendo ou deveriam fazer (...)
Quando disse que a indagação sobre o caráter dos problemas filosóficos é mais apropriada do
A) A teoria preferível, ou seja, aquela que deve ser levada a sério, é aquela que tem maior que a pergunta ‘Que é a filosofia?’ quis insinuar uma das razões da futilidade da atual
capacidade explicadora e poder de previsão e que, portanto, pode ser testada mais controvérsia a respeito da natureza da filosofia: a crença ingênua de que existe de fato uma
rigorosamente pela comparação dos fatos previstos com observações. entidade que podemos chamar de ‘filosofia’ ou de ‘atividade filosófica’, com uma ‘natureza’,
B) A teoria de maior poder explicativo e logicamente mais forte é aquela cuja representação essência ou caráter determinado (...) Na verdade não é possível distinguir disciplinas em
adequa-se ao cálculo de probabilidade, ou seja, que, dadas duas proposições “a e “b” e se função da matéria de que tratam (...) Estudamos problemas, não matérias: problemas que
denominarmos “Ct” por “conteúdo” e “p” por “probabilidade”, teremos: Ct(a) ≤ Ct(ab) ≥ podem ultrapassar as fronteiras de qualquer matéria ou disciplina”. (Karl Popper.)
Ct(b) diretamente proporcional a p(a) ≥ p(ab) ≤ p(a).
C) A probabilidade absoluta de uma afirmativa representa o mais alto grau de força lógica ou Assinale a alternativa que não corresponde à concepção de filosofia de Karl Popper.
o mais alto grau de conteúdo informativo.
D) Um grau mínimo de refutabilidade ou testabilidade é um dos objetivos das teorias com a) Os problemas filosóficos podem ultrapassar as fronteiras da filosofia e implicar soluções
pretensões de serem levadas a sério pela comunidade científica. interdisciplinares.
E) Só merecem ser testadas as teorias altamente prováveis, devido ao seu poder explicativo e b) A filosofia e as demais disciplinas têm problemas em comum.
à sua possibilidade de resistirem a testes rigorosos. c) Não existe algo como uma entidade filosófica ou atividade com natureza determinada que
possa ser mencionada como resposta a pergunta “Que é a filosofia?”.
3- A validade de nossos conhecimentos é garantida pela correção do raciocínio. São dois os d) Ao filosofo não cabe indicar o que deve ser feito, mas ocupar-se da resolução de
modos de raciocínio: o indutivo e o dedutivo. problemas.
e) Antes de solucionar problemas é imprescindível que se determine a essência da filosofia,
Sobre isso, assinale a alternativa CORRETA. sua natureza.
52

funciona submetida por paradigmas estabelecidos historicamente num campo contextual de


6- Leia o texto a seguir. problemas e soluções concretas. […] Os paradigmas são estabelecidos nos momentos de
revolução científica […] Portanto, para Kuhn, a ciência se desenvolve por meio de rupturas,
[...] não exigirei que um sistema científico seja suscetível de ser dado como válido, de por saltos e não de maneira gradual e progressiva”. (E. C. Santos)
uma vez por todas, em sentido positivo; exigirei, porém, que sua forma lógica seja tal que se
torne possível validá-lo através de recurso a provas empíricas em sentido negativo [...]. Sobre a concepção de ciência de Kuhn, é incorreto afirmar que:
(POPPER, K. A lógica da pesquisa científica. Trad. L. Hegenberg e O. S. da Mota. São
Paulo: Cultrix, 1972. p. 42.) a) o desenvolvimento científico não se dá de modo linear, cumulativo e progressivo.
b) o desenvolvimento científico possui momentos de revolução, de ruptura, nos quais há
Assinale a alternativa que corresponde ao critério de avaliação das teorias científicas mudança de paradigma.
empregado por Popper. c) a ciência normal é o período em que a pesquisa científica é dirigida por um paradigma.
d) um exemplo de mudança de paradigma (revolução) na Astronomia e a substituição do
a) Falseabilidade sistema geocêntrico aristotélico-ptolomaico pelo sistema heliocêntrico copernicano-galilaico.
b) Organicidade e) a ciência não está submetida, de forma alguma, às condições históricas.
c) Confiabilidade
d) Dialeticidade 9- “A ideia de conduzir os negócios da ciência com o auxílio de um método que encerre
e) Diferenciabilidade princípios firmes, imutáveis e incondicionalmente obrigatórios, vê-se diante de considerável
dificuldade, quando posta em confronto com os resultados da pesquisa histórica.
7- Consideremos o campo da epistemologia contemporânea; sob esse aspecto, podemos Verificamos, fazendo um confronto, que não há uma só regra, embora plausível e bem
afirmar que a posição de Thomas Kuhn (1922-1996), em relação à ciência, se contrapôs à fundada na epistemologia, que deixe de ser violada em algum momento. Torna-se claro que
concepção científica de Karl Popper (1902-1994)? Assinale a alternativa correta. tais violações não são eventos acidentais, não são o resultado de conhecimento insuficiente
ou de desatenção que poderia ter sido evitada. Percebemos, ao contrário, que as violações são
a) Sim, Kuhn se contrapôs à teoria de Popper ao negar que o desenvolvimento da ciência se necessárias para o progresso. Com efeito, um dos notáveis traços dos recentes debates
dê mediante o ideal de refutação. Ao contrário, Kuhn afirma que a ciência progride pela travados em torno da história e da filosofia da ciência é a compreensão de que
tradição intelectual representada pelo paradigma que é a visão de mundo expressa numa acontecimentos e desenvolvimentos tais como a invenção do atomismo na Antiguidade, a
teoria. revolução copernicana, o surgimento do moderno atomismo (teoria cinética; teoria da
b) Não, Kuhn absorve a teoria da refutabilidade de Popper ao desenvolver sua concepção de dispersão; estereoquímica; teoria quântica), o aparecimento gradual da teoria ondulatória da
paradigma científico. Para ambos, o que garante a verdade de um discurso científico é sua luz só ocorreram porque alguns pensadores decidiram não se deixar limitar por certas regras
condição de justificação, ou seja, quando uma teoria é justificada ela é corroborada. metodológicas ‘óbvias’ ou porque involuntariamente as violaram.”. (Paul FEYERABEND).
c) Não, Kuhn argumentou que uma teoria, como paradigma, deve ser desenvolvida em vez de
criticada, motivo pelo qual ele não poderia opor-se ao pensamento de Popper. Sua tentativa Considerando o texto acima, que trata do método na ciência, seguem as afirmativas abaixo:
será outra: tentar harmonizar aqueles pontos de vista que divergem do seu.
d) Sim, Kuhn cedo abandonou o empirismo, classificando-se como anarquista I. A história da atividade científica, segundo Feyerabend, mostra que os resultados
epistemológico. Dessa forma, opôs-se não apenas à concepção metodológica de Popper como alcançados pela ciência são fruto da perseverança e do trabalho duro dos cientistas em torno
também de outros contemporâneos seus, como Lakatos, por exemplo. Diferentemente de de um conjunto de métodos precisos.
Popper, Kuhn anuncia que as teorias não são nem verdadeiras, nem falsas, mas úteis. II. O método em ciência, visto como a construção de um caminho que leve, inevitavelmente,
e) Sim, diferentemente de Popper, para quem a física newtoniana era considerada a imagem a um conjunto de verdades imutáveis, é algo sumamente problemático.
verdadeira do mundo, tendo como pressupostos o mecanicismo e o determinismo, Kuhn III. O surgimento de avanços científicos significativos está intimamente ligado à violação
estabelece como paradigma de sua concepção de ciência o irracionalismo de Heisenberg e involuntária de regras de método que, na sua simplicidade, emperram o avanço científico.
seu princípio da incerteza. IV. Dada qualquer regra, por mais fundamental que se apresente para a ciência, sempre
surgirão ocasiões nas quais é conveniente ignorar a regra e mesmo adotar uma regra
8- “Segundo o filósofo da ciência Thomas Kuhn, paradigma é um conjunto sistemático de contrária.
métodos, formas de experimentações e teorias que constituem um modelo científico,
tornando-se condição reguladora da observação. […] A ciência normal, conforme Kuhn,
53

V. A epistemologia, à luz da pesquisa histórica, apresenta um conjunto de eventos não


acidentais que se mostraram decisivos quando se trata de compreender o desenvolvimento A partir da transcrição acima, assinale o que for correto.
exitoso de seus resultados.
01) O anarquismo teórico favorece o progresso científico, pois é contrário a um estado de
Das afirmativas acima coisas consumado ou predeterminado.
02) A disputa hegemônica, entre teorias científicas, é prejudicial para a ciência, visto que
a) somente as afirmações I e II estão corretas. divide os cientistas.
b) somente as afirmações IV e V estão corretas. 04) Uma teoria científica nova tem menor grau de evidência do que as teorias vigentes. 08) A
c) somente as afirmações I e IV estão corretas. prática científica é imune a influências ideológicas e políticas.
d) somente as afirmações II, IV e V estão corretas. 16) A formação filosófica, cultural e humana contribui para a evolução das ciências.
e) somente as afirmações I, III e V estão corretas.

10- Como podemos interpretar a seguinte citação de Thomas Kuhn:


“Talvez a ciência não se desenvolva pela acumulação de descobertas individuais” (Kuhn,
2011, p. 20). (KUHN, T. S. A Estrutura das Revoluções Científicas. Tradução de Beatriz
Vianna Boeira e Nelson Boeira. São Paulo: Perspectiva, 2011).

a) Para realizar a história da ciência, é preciso analisar o passado com o olhar fixo no
presente, ou seja, buscar os precursores das teorias científicas em voga.
b) Para realizar a história da ciência, não é preciso analisar o passado com o olhar fixo no
presente, ou seja, buscar os precursores das teorias científicas em voga.
c) Para realizar a história da ciência, é preciso entender que as teorias antigas não são menos
científicas que as teorias que surgiram depois.
d) Para realizar a história da ciência, é preciso entender que as teorias antigas são menos
científicas que as teorias que surgiram depois.

11- Paul Feyerabend epistemologicamente se opõe à posição autoritária e totalitária da


ideologia científica. Com relação a esse assunto, esse autor

A) tem uma posição dogmática com relação à física.


B) defende o método cartesiano nas ciências humanas.
C) defende a teologia como uma ciência capaz de inspirar princípios para as ciências.
D) posiciona-se contra o método, por não concordar com a imposição de normas de fora da
própria lógica da pesquisa.

12 - “A ciência é um empreendimento essencialmente anárquico: o anarquismo teórico é


mais humanitário e mais apto a estimular o progresso do que suas alternativas que apregoam
lei e ordem. (...) A condição de consistência, que exige que hipóteses novas estejam de
acordo com teorias aceitas, é desarrazoada, pois preserva a teoria mais antiga e não a melhor.
(...) A proliferação de teorias é benéfica para a ciência, ao passo que a uniformidade
prejudica seu poder crítico. (...) Toda a história do pensamento é absorvida na ciência e
utilizada para o aperfeiçoamento de cada teoria. E nem se rejeita a interferência política.
(FEYERABEND, Paul. “Contra o método”. In GALLO, Sílvio. Filosofia: experiência do
pensamento. São Paulo: Scipione, 2013, p.46).
54

GABARITOS GABARITO QUESTÕES KANT (ÉTICA) E JEREMY BETHAM


1- B, 2-B, 3-A, 4-A, 5-C, 6-B, 7-C, 8-D, 9-B, 10-B, 11-D.

GABARITO SURGIMENTO DA FILOSOFIA ATÉ SOFISTAS: 1-C, 2- GABARITO - QUESTÕES EMPIRISMO, RACIONALISMO E
C, 3- C, 4- C, 5- C, 6- B, 7-E, 8-A, 9-A, 10-D, 11-B, 12-D, 13-B, 14- C, 15- CRITICISMO
A, 16- A. 1-E, 2-B, 3-A, 4-C, 5-D, 6-E, 7-D, 8-C, 9-B, 10-B, 11-C, 12-B, 13-C, 14-A,
15-A, 16-C, 17-B, 18-C, 19-D, 20-C, 21-B, 22-D, 23-C, 24-C, 25-D, 26-B,
GABARITO QUESTÕES SÓCRATES ATÉ ARISTÓTELES: 1- A, 2- B, 27-A, 28-C, 29-D, 30-C.
3- A, 4- E, 5- D, 6- B, 7- A, 8- C, 9- B, 10- D, 11- C, 12- A, 13- A, 14- E,
15- A, 16- E, 17- B, 18- A, 19- D, 20- C, 21- E, 22- A, 23- B, 24- D, 25- A, GABARITO QUESTÕES MARX
26-A) O Modelo político se baseava na tripartição da alma, sendo: alma 1-B, 2-E, 3-A, 4-A, 5-D, 6-D, 7-D, 8-B, 9-B, 10-B, 11-C, 12-B, 13-A, 14-B,
Irascível, concupiscível e racional, a esta última está atrelada a noção do 15-B, 16-B, 17-D.
político que também é filósofo por buscar a noção de bem. As outras duas se
dividem entre artesãos e guerreiros. GABARITO QUESTÕES NIETZSCHE E ESCOLA DE FRANKFURT
B) Com a charge dá-se a noção de que o mundo da caverna na atualidade é o 1-C, 2-B, 3-B, 4-C, 5-D, 6-C, 7-D, 8-B, 9-A, 11-C, 12-B, 13-B, 14-A, 15-E,
mundo da televisão, do ponto de vista político, aquele que sai da caverna e 16-B, 17-E, 18-B, 19-A, 20-B, 21-E, 22-B.
alcança a noção de Bem (representada na alegoria pelo Sol) é tido como o
filósofo, que retorna ao mundo da caverna, buscando orientar os amigos ainda GABARITO QUESTÕES EXISTENCIALISMO E FOUCAULT
presos nas sombras a como sair da caverna e também contemplar a noção de 1- C, 2-D, 3-D, 4-A, 5-C, 6-D, 7-D, 8-B, 9-E, 10-B, 11-B, 12- E, 13-E.
Bem, nesse sentido o filósofo também seria político.
27-C, 28- A, 29- D, 30-C, 31-B, 32- D. GABARITO QUESTÕES RAWLS, BAUMAN, ARENDT, JONAS
1-A, 2-A, 3-B, 4-E, 5-A, 6-B, 7-B, 8-C, 9- B, 10-D, 11-C, 12- E.
GABARITO QUESTÕES HELENISMO E FILOSOFIA MEDIEVAL
1- A, 2- E, 3- C, 4- B, 5- D, 6- C, 7- B, 8- E, 9- A, 10- D, 11- D, 12- A, 13- GABARITO QUESTÕES FILOSOFIA DA CIÊNCIA
A, 14- D, 15- A, 16-B, 17-D, 18- C. 1- D, 2- A, 3-A, 4-C, 5-E, 6-A, 7-A, 8-D, 9- D, 10-C, 11-D, 12= 23.

GABARITO - QUESTÕES MAQUIAVEL E HOBBES


1-E, 2-C, 3-C, 4-D, 5-B, 6-A, 7-A, 8-B, 9-B, 10-C, 11-B, 12-D, 13-D, 14-A,
15-A, 16-D.

GABARITO QUESTÕES LOCKE E ROUSSEAU


1- E, 2-B, 3-B, 4-C, 5-A, 6-E, 7-D, 8-A, 9-C, 10-C, 11-A, 12-D, 13-D, 14-C,
15-B,16-B.

GABARITO QUESTÕES ESPINOSA, MONTESQUIEU E VOLTAIRE


1-C, 2-B, 3-D, 4-E, 5-C, 6-C, 7-A, 8-A, 9-C, 10-B.

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