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ANTONIO CARLOS MARTINS LIMA

R.A. 8142288

PORTFÓLIO ATIVIDADE 01

Trabalho apresentado ao Centro


Universitário Claretiano para a disciplina Filosofia
nas Américas, ministrada pelo Tutor Edson Renato
Nardi.

SÃO PAULO
2022
Aspectos Relevantes no CAPÍTULO 3 – Perspectivas de uma ética ecossocialista, da obra Correntes
da ética ambiental de Marcelo L. Pelizzoli.

Após a leitura atenta do Capítulo 3 da obra Correntes da ética ambiental (M.L.Pelizzoli – Petrópolis-
RJ: Vozes, 2002), achei por bem destacar o que se segue:

1 – Parece-me bastante esclarecedor a visão trazida pelo autor sobre os primórdios da ética ecológica,
quando ele traça um paralelo entre a visão materialista e a visão dos “verdes”. Pelizzoli diz: “Nos
anos 60 e também entrando nos 70, os marxistas desconfiavam do ambientalismo e da luta ecológica,
em vista de que ela seria ainda ‘burguesa’, ou a serviço do interesse do I Mundo e apenas reformista.
Havia uma certa incompreensão também da parte de ecologistas que estavam numa fase mais
romântica, de preservação do verde e dos animais, buscando controlar o progresso e não entrar a
fundo nas questões político-econômicas.”. Fica aqui evidente um contraponto de entendimento do
que se pensava em termos de ecologia, a partir da visão marxista do homo faber que olhava com
descofiança para as iniciativas que buscavam pensar o mundo ecologicamente, ao mesmo tempo que
os ecologistas da época desprezavam a necessária abordagem econômica e política que o
materialismo histórico já vinha discutindo.

Somente algum tempo depois a ecologia se encontra com os aspectos sócio-político-econômicos,


fazendo nascer a noção de que para salvar as águas-vivas seria necessário mudar os hábitos dos
humanos no que tange ao consumo, vindo a desembocar mais especificamente no que Héctor Leis
chamou de “ecossocialismo”, cujos princípios básicos são a ecologia, a justiça social, a democracia
e a não-violência (cf. Leis, p. 119).

2 – Outro aspecto abordado pelo autor que me chamou bastante a atenção diz respeito ao subitem 3.1
– Tecnociência e Capitalismo. Pelizzoli aborda aqui a derrocada do sonho capitalista de proporcionar
bem estar para todos os cidadãos, sem que este, o capital, consiga equacionar a finitude dos recursos
naturais com a incapacidade do sistema capitalista de ser equânime na distribuição desses recursos, o
que acarretou e acarreta graves crises em todos os níveis de todas as sociedades modernas em todo o
planeta. O autor traz à discussão o que de fato é necessário para que uma movimentação social se
despregue da teoria e invada a prática diária ao dizer que “é fundamental questionar, em conjunção
ao que o decorrer da história veio a desestruturar, os moldes educativos e comunicacionais que
reafirmam este ethos capitalista e que, sem dúvida, tal capitalismo sustenta”, ficando evidenciado em
sua fala a imperiosa necessidade de se chegar “a uma ética que reverta a objetificação da natureza e
a mercantilização da própria vida humana” para se chegar ao que se entende como ecossocialismo.
3 – Por fim, cabe-me destacar o segundo tomo desse capítulo nominado pelo autor como “3.2.
Ecossocialismo hoje: ‘um outro mundo é possível’”.

Ficou latente para mim a importância que o Fórum Social Mundial de Porto Alegre, ocorrido em
2001, tem na escrita do livro ora em análise e na própria construção do que hoje se entende como
preservação ambiental e as barreiras que a sociedade de consumo nos impõem para que fujamos desse
paradoxo. Não me parece tambem coincidencia que o autor cite a RIO 92 em seu texto. O Brasil, por
sua importancia geopolitica e, claro, por ser o guardião da maior parte da floresta amazonica, tem
papel central nas discussoes ecológicas coetâneas.

Os treze itens enumerados por Pelizzoli como sendo a representaçao perfeita do que chama de
ecossocialismo, me parecem ser o resumo de qualquer descrição do que se deseja como futuro a
médio e longo prazos para a humanidade. Não vou citar um ou mais como mais relevantes pois julgo
cada um fundamental na miríade de temas e atitudes desejaveis quer para um indivíduo quer para
uma sociedade conseguir viver hoje e no futuro de modo que os recursos naturais possam lhes servir
de amparo, sem que necessariamente estejam ameaçados de esgotamento e morte. Creio que Marx
concordaria em assinar esse Manifesto Comunista do Terceiro Milênio, que poderia chamar-se, quem
sabe, Manifesto Ecossocialista.

BIBLIOGRAFIA

PELIZZOLI, M. L. - Correntes da ética ambiental – Petrópolis, RJ: Vozes, 2002.

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