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ANTONIO CARLOS MARTINS LIMA

R.A. 8142288

PORTFÓLIO CICLO 2

Trabalho apresentado ao Centro


Universitário Claretiano para a disciplina Bioética,
ministrada pelo Tutor Alessandro Reina.

SÃO PAULO
2022
BIOÉTICA – origem e desdobramentos

Caros leitores da Folha Vila Anglo, a convite desse importante veículo de comunicação, venho
discorrer sobre um dos assuntos mais relevantes da atualidade, qual seja, a bioética.

Inicialmente cabe explicar as origens do termo e quem o criou. Podemos dizer que a Bioética surgiu
na segunda metade de século XX como uma novidade que amalgamava tanto princípios da ética
tradicional, quanto conceitos ligados às ciências, em especial à biologia. Um dos primeiros autores
a tratar esse ramo do conhecimento como tal foi Van Rensselaer Potter, que publicou, em 1971, o
livro Bioética – uma ponte para o future, onde foram explicitadas as bases teóricas e as reflexões a
cerca dessa nova ciência.

Antes de mais nada, torna-se fundamental entender as implicações científicas que esse olhar traz ao
convivio da civilização, contudo, a Bioética, como o próprio termo explicita, busca entender como a
biologia (ciência) pode se associar à filosofia (ética), sob a ótica da religião e de outros conceitos
básicos civilizatórios, preconizados por cientistas e pensadores que norteiam e nortearão para
sempre o que se entende como humanidade.

No bojo desse grande caldeirão de conceitos e intersecções, temos questões basilares do convívio
social em discussão. Cabe a Bioética discutir, por exemplo, situações como alimentos transgênicos,
controle de natalidade, aborto, clonagem de animais e até de seres humanos, doação e transplante de
órgãos, dentre muitos outros temas que a muito pouco tempo eram abordados somente em filmes de
ficção científica, no entanto, com os grandes avaços tecnológicos, estão à centímetros de bater no
dia-a-dia do cidadão comum.

Esse arcabouço de situações mais que justifica a criação de um campo da ciência e da filosofia que
aborde os limites do que se pode ou não realizar com os seres vivos, sejam eles humanos, da fauna
ou da flora, com reflexos diretos em questões religiosas e de cunho moral. Muito se discute, por
exemplo, a proibição imposta pela ramos petencostal das Testemunhas de Jeová de que seus
seguidores fação transfusão de sangue, o que ocasiona inúmeras mortes desses fiéis. Podemos
enquanto sociedade questionar essa vontade individual de recorrer a esse recurso e impor a este
indivíduo tal recurso que salvará sua vida ou tal decisão deve ser tomada por ele?
Outro exemplo importante desse paradoxo entre a individualidade e a sociedade que a Bioética
busca discutir é o aborto. Pode uma mulher ter o direito de interroper uma gravidez indesejada ou
essa decisão precisa estar sob júdice da sociedade?

Talvez essas são as questões que imediatamente nos vem à lembrança ao falar-se de Bioética.
Contudo, existem muitas outras situações onde tal discussão deveria ser feita e nem sempre isto se
dá. Podemos lembrar aqui o que tange aos alimentos, sejam eles vegetais ou animais. Quem de nós
autorizou o uso de trangênicos para tornar alimentos como soja mais produtivos, na utilização
massiça de agrotóxicos ou, ainda, no uso indiscriminado de ormônios de crescimento na
agropecuária? Claro que leis regem essas situações, no entato, houve a necessária participação da
sociedade nesse tipo de decisão?

Outro aspecto que torna imprescindível a abordagem ética nas aplicações das evoluções científicas
no mundo atual é o acesso de avanços da biotecnologia, termo que, segundo a ONU, é “qualquer
aplicação tecnológica que utilize sistemas biológicos, organismos vivos ou seus derivados, para
fabricar ou modificar produtos ou processos para utilização específica” (ONU, Convenção de
Biodiversidade 1992, Art. 2). Aqui temos outro questão ética muito evidente: quem pode acessar
essa biotecnologia? Hoje, segundo descrever Yuval Harari em seu livro “Homo Deus: uma breve
história do amanhã”, a humanidade já dispõe de recursos para prolongar a vida humana quase que
indefinidamente, desde que esses humanos possam pagar por isso. Estaríamos criando castas e seres
humanos de uma sub classe, onde só sobreviveriam os que podem pagar por esses recursos?

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