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2018
Copyright © UNIASSELVI 2018
Elaboração:
Prof. Gesiel Anacleto
AN532f
Anacleto, Gesiel
ISBN 978-85-515-0231-0
CDD 100
Impresso por:
Apresentação
Olá, caro acadêmico! É com grande prazer que apresentamos para
você a disciplina de Filosofia. Nesta oportunidade, nós gostaríamos de
destacar a importância da disciplina para a formação humana em suas
diversas áreas, incluindo na sua formação profissional.
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.
IV
V
VI
Sumário
UNIDADE 1 – FILOSOFIA: ORIGEM E TRAJETÓRIA DO PENSAMENTO FILOSÓFICO... 1
VII
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 64
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 65
TÓPICO 1 – LÓGICA............................................................................................................................... 93
1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 93
2 O QUE É LÓGICA?............................................................................................................................... 93
3 DIVISÃO DA LÓGICA ARISTOTÉLICA OU CLÁSSICA........................................................... 95
3.1 LÓGICA FORMAL OU MENOR .................................................................................................. 95
3.2 LÓGICA MATERIAL OU MAIOR................................................................................................. 96
4 SILOGISMO: O OBJETO DE ESTUDO DA LÓGICA................................................................... 96
4.1 MÉTODO DEDUTIVO................................................................................................................... 101
4.2 MÉTODO INDUTIVO.................................................................................................................... 102
4.2.1 Analogia.................................................................................................................................. 104
5 FALÁCIAS............................................................................................................................................. 105
LEITURA COMPLEMENTAR 1........................................................................................................... 107
LEITURA COMPLEMENTAR 1........................................................................................................... 108
RESUMO DO TÓPICO 1...................................................................................................................... 110
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 111
IX
6 A CONSCIÊNCIA ............................................................................................................................... 190
LEITURA COMPLEMENTAR.............................................................................................................. 193
RESUMO DO TÓPICO 2...................................................................................................................... 195
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 196
REFERÊNCIAS........................................................................................................................................ 211
X
UNIDADE 1
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir desta unidade, você será capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em quatro tópicos e, no final de cada um deles,
você encontrará atividades que o ajudarão a ampliar os conhecimentos
adquiridos.
1
2
UNIDADE 1
TÓPICO 1
A ORIGEM DA FILOSOFIA
1 INTRODUÇÃO
Este tópico terá um caráter mais histórico, pois vamos apresentar o contexto
cultural, social e político que culminou com o surgimento da filosofia. É necessário
para compreendermos o contexto que motivou os primeiros pensadores a buscarem
respostas para seus questionamentos, que não fossem de cunho mítico ou religioso.
Determinado conhecimento do contexto possibilita que você, acadêmico, consiga
compreender aspectos da origem e o desenvolvimento da filosofia.
2 O PENSAMENTO MÍTICO
Uma das primeiras formas que o ser humano encontrou para explicar a
origem do Universo e das demais coisas, sejam elas físicas ou não, foi por meio do
mito. Assim, é fundamental que compreendamos o que é o mito e de que maneira
o conceito é entendido ao longo do tempo.
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UNIDADE 1 | FILOSOFIA: ORIGEM E TRAJETÓRIA DO PENSAMENTO FILOSÓFICO
NOTA
4
TÓPICO 1 | A ORIGEM DA FILOSOFIA
O mito, nas civilizações atuais, ganhou outro viés, seja o viés daquilo
que é inatingível, ou de uma ideia, mesmo que absurda, mas que atrai o interesse
das pessoas. A mitologia é um nicho muito bem explorado pela indústria do
entretenimento, pois procura corresponder a muitos dos anseios humanos, tais
como o ideal de força, beleza, justiça etc.
O ser humano, à mercê das forças naturais, que são assustadoras, passa
a emprestar-lhes qualidades emocionais. As coisas não são mais matéria
morta nem são independentes do sujeito que as percebe. Ao contrário,
estão sempre impregnados de qualidades e são boas ou más, amigas
ou inimigas, familiares ou sobrenaturais, fascinantes e atraentes ou
ameaçadoras e repelentes. Por isso, o ser humano se move dentro de um
mundo animado por forças que ele precisa agradar para que haja caça
abundante, para que a terra seja fértil, para que a tribo ou grupo seja
protegido, para que as crianças nasçam e os mortos possam ir em paz.
POSEIDON
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UNIDADE 1 | FILOSOFIA: ORIGEM E TRAJETÓRIA DO PENSAMENTO FILOSÓFICO
De acordo com Aranha e Martins (1993, p. 63), “os mitos eram recolhidos
pela tradição e transmitidos oralmente pelos aedos e rapsodos, cantores ambulantes
que davam forma poética aos relatos populares e os recitavam de cor em praça
pública”. Assim, como não eram textos escritos, também não se sabia quem eram
os autores de tais poemas. Assim, o poema não era de domínio particular, mas
coletivo, e cada poeta poderia recitar as epopeias por onde passava, como em
praças públicas, no sentido de exaltar os feitos de seu povo e seus heróis.
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TÓPICO 1 | A ORIGEM DA FILOSOFIA
Outro aspecto importante das epopeias foi seu caráter didático na vida
do povo grego, pois os poemas “descrevem o período da civilização micênica e
transmitem os valores da cultura por meio das histórias dos deuses e antepassados,
expressando uma determinada concepção de vida. Por isso, desde cedo as crianças
decoravam passagens dos poemas de Homero” (ARANHA; MARTINS, 1993, p.
63). A cultura, os valores e os feitos dos povos e seus heróis vão se perpetuando
através de uma tradição oral que possibilita o desenvolvimento cultural e a
solidificação da cultura.
As ações dos heróis são guiadas pelos deuses, pois o herói depende dos
deuses, visto que as forças ocultas estão muito além da capacidade humana de
dominá-las. Na Odisseia de Homero, a relação de amizade ou inimizade entre os
heróis e os deuses é muito comum. Um exemplo é quando Telêmaco, filho de Ulisses,
vai à ágora para convencer os Itacenses sobre seu propósito de procurar seu pai.
Hesíodo, outro importante poeta grego, que viveu por volta do século
VIII a.C., escreveu a Teogonia, que também é chamada de Genealogia dos deuses. Na
obra, o poeta:
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UNIDADE 1 | FILOSOFIA: ORIGEM E TRAJETÓRIA DO PENSAMENTO FILOSÓFICO
didática, pois era usada como uma cartilha na qual o povo grego aprendia a ler, a
pensar, refletir e compreender o mundo e reverenciar os deuses.
O mito tem muito a nos ensinar ainda nos dias de hoje, pois aparecem
na imagem de novos heróis, tais como atores, atrizes, jogadores de futebol,
empresários bem-sucedidos, alguns líderes políticos, que se tornam modelos a
serem seguidos.
Suas imagens são reforçadas pela mídia, pelo cinema e até mesmo pelas
artes. Esses mitos vêm carregados de valores, ideologias, interesses e cabe a cada
indivíduo refletir sobre os mitos atuais e filtrar de maneira reflexiva sobre a
mensagem que tais mitos passam para a nossa sociedade.
DICAS
3 O QUE É FILOSOFIA?
É comum que algumas pessoas tenham certa resistência quanto ao estudo
da filosofia. Determinada resistência se deve a vários fatores, entre eles podemos
destacar a necessidade de colocar suas certezas à prova, ou seja, duvidar de suas
crenças e certezas mais profundas, questionar e buscar uma razão para a ordem
das coisas em nossa volta.
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TÓPICO 1 | A ORIGEM DA FILOSOFIA
É igualmente insensato crer que uma filosofia pode ir além de seu tempo
presente como que um indivíduo que possa saltar por cima de seu tempo. Mas
se sua teoria vai na realidade além e constrói um mundo tal como deve ser,
este existirá por certo, mas somente em sua opinião, elemento maleável no que
se pode plasmar qualquer coisa [...].
Para agregar algo a mais sobre a pretensão de ensinar como deve ser
o mundo, assinalemos, por outra parte, que a filosofia chega sempre tarde.
Enquanto pensamento do mundo, aparece no tempo só depois que a realidade
consumou o seu processo de formação e já se acha pronta.
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UNIDADE 1 | FILOSOFIA: ORIGEM E TRAJETÓRIA DO PENSAMENTO FILOSÓFICO
FONTE: HEGEL, G. W. F. Princípios de la filosofia del derecho. In: COTRIM, Gilberto. Fundamentos
da Filosofia: história e grandes temas. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2000.
A filosofia, como uma área do saber, nasce entre o século VII e VI a.C.
“Surge promovendo a passagem do saber mítico ao pensamento racional, sem,
entretanto, romper bruscamente com todos os conhecimentos do passado”
(COTRIM, 2000, p. 73).
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TÓPICO 1 | A ORIGEM DA FILOSOFIA
Kant apud Abbagnano (2012, p. 514), por sua vez, define a filosofia como a
“ciência da relação do conhecimento à finalidade essencial da razão humana”. Na
filosofia kantiana, a finalidade essencial da razão humana é a felicidade universal.
Assim, a razão em Kant não possui apenas ‘ideias’, mas tem seus ‘ideais’, e o
ideal da razão é a felicidade universal. Desta forma, a filosofia estabelece a relação
entre todas as coisas com sabedoria através da ciência (ABBAGNANO, 2012).
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UNIDADE 1 | FILOSOFIA: ORIGEM E TRAJETÓRIA DO PENSAMENTO FILOSÓFICO
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TÓPICO 1 | A ORIGEM DA FILOSOFIA
produção coletiva, não foi capaz de produzir alimento suficiente para o sustento
das pessoas, gerando um quadro de fome e pobreza (MORAES, 1993).
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UNIDADE 1 | FILOSOFIA: ORIGEM E TRAJETÓRIA DO PENSAMENTO FILOSÓFICO
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TÓPICO 1 | A ORIGEM DA FILOSOFIA
LEITURA COMPLEMENTAR
A FILOSOFIA NO MUNDO
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UNIDADE 1 | FILOSOFIA: ORIGEM E TRAJETÓRIA DO PENSAMENTO FILOSÓFICO
FONTE: JASPERS, Karl. Introdução ao pensamento filosófico. São Paulo: Cultrix, 1971, p. 138.
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RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
• O mito foi a primeira forma que o ser humano encontrou para explicar a origem
do universo e das demais coisas, sejam elas físicas ou não.
• A filosofia é uma área que está em constante mudança, pois a reflexão filosófica
não está em busca de respostas que sejam absolutas e dogmáticas, que não
podem ser questionadas, pois ela não se apega às certezas das doutrinas, nem
tão pouco à impossibilidade do conhecimento.
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AUTOATIVIDADE
a) ( ) V – V – F – V.
b) ( ) F – V – V – F.
c) ( ) F – F – V – V.
d) ( ) V – V – V – F.
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UNIDADE 1
TÓPICO 2
1 INTRODUÇÃO
Conhecer a história da filosofia é fundamental para compreendermos sua
importância em relação aos avanços científicos, culturais, políticos e sociais que
ocorreram ao longo dos séculos. Claro que em apenas um tópico não será possível
discorrer, nem que seja um pequeno fragmento de uma área do conhecimento
humano que vem acumulando saberes ao longo de centenas de anos. Todavia,
nossa proposta é discorrer sobre alguns aspectos que consideramos importantes
em relação ao desenvolvimento do pensamento filosófico.
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UNIDADE 1 | FILOSOFIA: ORIGEM E TRAJETÓRIA DO PENSAMENTO FILOSÓFICO
2 A FILOSOFIA ANTIGA
A Filosofia Antiga compreende o período que vai do surgimento da
filosofia até a queda do Império Romano. Neste período, os pensadores gregos
começaram a questionar acerca da racionalidade humana e iniciaram a busca por
novas explicações para compreender a realidade.
Observe que são os principais problemas que irão ocupar a mente dos
pensadores do período. Determinados problemas irão gerar inúmeros debates
e as diferentes escolas da época irão assumir suas posições, construindo os
argumentos que justifiquem seus posicionamentos em relação aos problemas
propostos.
20
TÓPICO 2 | OS PRINCIPAIS PERÍODOS DA FILOSOFIA: FILOSOFIA ANTIGA E CLÁSSICA
FONTE: <http://voupassar.club/tales-de-mileto-biografia-e-filosofia/>.
Acesso em: 28 mar. 2018.
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UNIDADE 1 | FILOSOFIA: ORIGEM E TRAJETÓRIA DO PENSAMENTO FILOSÓFICO
FONTE: <https://br.pinterest.com/pin/4241828
58636078371/>. Acesso em: 28 mar. 2018.
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TÓPICO 2 | OS PRINCIPAIS PERÍODOS DA FILOSOFIA: FILOSOFIA ANTIGA E CLÁSSICA
FONTE: <http://www.vanialima.blog.br/2014/01/anaximenes-de-mileto.html>.
Acesso em: 28 mar. 2018.
Para ele, o princípio de todas as coisas era o Ar, que gera, rege e
governa todas as coisas, as que foram e as que serão (inclusive os
deuses), por meio dos processos opostos de rarefação e condensação.
Rarefazendo-se, o Ar torna-se fogo; condensando-se, torna-se vento;
depois, nuvem, água, terra, pedra. Do mesmo processo promanam o
frio, como condensação, e o calor, como rarefação. Assim, o Ar garante
a força criadora e animadora do mundo. O movimento do mundo é
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UNIDADE 1 | FILOSOFIA: ORIGEM E TRAJETÓRIA DO PENSAMENTO FILOSÓFICO
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TÓPICO 2 | OS PRINCIPAIS PERÍODOS DA FILOSOFIA: FILOSOFIA ANTIGA E CLÁSSICA
FONTE: <https://sites.google.com/site/filosofiapopular/filosofos/pitagoras-de-samos>.
Acesso em: 28 mar. 2018.
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UNIDADE 1 | FILOSOFIA: ORIGEM E TRAJETÓRIA DO PENSAMENTO FILOSÓFICO
FONTE: <http://www.materialismo.net/2013/12/historia-do-materialismo-cap-ii-dos.html>.
Acesso em: 28 mar. 2018.
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TÓPICO 2 | OS PRINCIPAIS PERÍODOS DA FILOSOFIA: FILOSOFIA ANTIGA E CLÁSSICA
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UNIDADE 1 | FILOSOFIA: ORIGEM E TRAJETÓRIA DO PENSAMENTO FILOSÓFICO
FONTE: <https://edukavita.blogspot.com.br/2015/06/biografia-de-democrito-de-abdera.html>.
Acesso em: 28 mar. 2018.
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UNIDADE 1 | FILOSOFIA: ORIGEM E TRAJETÓRIA DO PENSAMENTO FILOSÓFICO
Platão não enxergava os sofistas como filósofos, pois estes não estavam
preocupados com a verdade, apenas se preocupavam em preparar seus alunos
para o debate público. Eles negavam que houvesse verdade ou a possibilidade de
ter acesso a ela.
Pelo que vimos até aqui é possível que você esteja pensando: os sofistas não
contribuíram em nada com a filosofia? Para responder à pergunta, é necessário
apresentarmos pelo menos dois sofistas e suas principais ideias.
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TÓPICO 2 | OS PRINCIPAIS PERÍODOS DA FILOSOFIA: FILOSOFIA ANTIGA E CLÁSSICA
FONTE: <https://www.biografiasyvidas.com/biografia/p/protagoras.htm>.
Acesso em: 30 mar. 2018.
Górgias de Leontini (487-380 a.C.) dizia que “o bom orador é capaz de convencer
qualquer pessoa sobre qualquer coisa” (apud COTRIM, 2000, p. 92). O fundamento de
sua filosofia era o niilismo, pois defendia o ceticismo absoluto ao ponto de afirmar
que “a) nada existia; b) se existisse, não poderia ser conhecido; c) mesmo que fosse
conhecido, não poderia ser comunicado a ninguém” (COTRIM, 2000, p. 93).
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UNIDADE 1 | FILOSOFIA: ORIGEM E TRAJETÓRIA DO PENSAMENTO FILOSÓFICO
2.4.1 Sócrates
Sócrates nasceu na cidade de Atenas, no ano 469 a.C. A partir de Sócrates, a
filosofia grega passou por uma profunda mudança, pois o centro de seu debate é o
homem. O período também é chamado de Período Antropológico, pois a filosofia
passa a investigar as questões humanas, tal como a ética, a política e as técnicas.
FONTE: <http://www.novaera-alvorecer.net/socrates_e_a_imortalidade.htm>.
Acesso em: 30 mar. 2018.
O método adotado por Sócrates para ensinar seus discípulos não consistia
na mera transmissão de conhecimentos, mas ele prezava pela construção do
conhecimento a partir de uma autoanálise, pois o ponto de partida para chegar
ao verdadeiro conhecimento é passar pelo reconhecimento da própria ignorância.
Assim como a parteira não gerava o bebê, mas apenas auxiliava para que
ele viesse ao mundo, Sócrates não se colocava como o ‘gerador’ do conhecimento,
mas apenas aquele que auxiliava as pessoas a exteriorizarem o conhecimento que
estava dentro deles.
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UNIDADE 1 | FILOSOFIA: ORIGEM E TRAJETÓRIA DO PENSAMENTO FILOSÓFICO
FONTE: <http://dimensoesdafilosofia.blogspot.com.br/2012/04/teoria-da-maieutica-ava04.html>.
Acesso em: 4 mar. 2018.
2.4.2 Platão
Platão nasceu em 428 a.C. e viveu em Atenas até o ano de sua morte em 347 a.C.,
onde fundou sua escola chamada de Academia. Apesar de sua grande contribuição à
filosofia, não será possível abordar aqui, mesmo que de maneira resumida, todos os
aspectos de seu trabalho. Vamos focar apenas naquilo que a maioria dos estudiosos
de filosofia consideram o aspecto central da filosofia platônica.
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TÓPICO 2 | OS PRINCIPAIS PERÍODOS DA FILOSOFIA: FILOSOFIA ANTIGA E CLÁSSICA
FIGURA 12 – PLATÃO
As coisas que passam e acontecem, onde está uma fogueira, são projetadas
para o fundo da caverna. Assim, o que eles veem são apenas sombras daquilo que
é real. Contudo, se um dos homens conseguisse se soltar, visse a luz do dia e os
objetos reais e relatasse para aqueles que permaneceram no interior da caverna,
seus companheiros iriam considerá-lo louco, pois considerariam seus relatos
mentirosos e sem nenhum sentido.
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UNIDADE 1 | FILOSOFIA: ORIGEM E TRAJETÓRIA DO PENSAMENTO FILOSÓFICO
Assim, Platão desenvolve uma teoria das ideias e uma teoria política.
Neste estudo, iremos discorrer, ainda que de maneira sucinta, apenas a teoria das
ideias formulada por Platão. O método escolhido por ele para desenvolver sua
teoria das ideias consiste na dialética.
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TÓPICO 2 | OS PRINCIPAIS PERÍODOS DA FILOSOFIA: FILOSOFIA ANTIGA E CLÁSSICA
Note que Platão não despreza por inteiro o mundo sensível, das opiniões.
Contudo, o sujeito não pode se acomodar às opiniões, mas deve, a partir da
reflexão filosófica, a partir das opiniões, chegar ao verdadeiro conhecimento.
PÍSTIS
(CRENÇAS/IMPRESSÕES)
MUNDO SENSÍVEL
DOXA (OPINIÃO)
EIKASIA
(IMAGENS/ILUSÃO)
FONTE: <https://dougnahistoria.blogspot.com.br/2017/12/platao-busca-pela-verdade.html>.
Acesso em: 24 mar. 2018.
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UNIDADE 1 | FILOSOFIA: ORIGEM E TRAJETÓRIA DO PENSAMENTO FILOSÓFICO
138). Ainda que o conhecimento humano nunca seja pleno em relação à verdade,
contudo “a filosofia é um modo de preparação permanente do ser humano para
retornar ao mundo das essências” (LUCKESI; PASSOS, 2000, p. 138).
Esse retorno ao mundo das essências Platão chama de reminiscência, pois ele
acreditava que a alma vivia no mundo das ideias ou inteligível, estando em contato
com a verdade absoluta. As almas, ao serem condenadas a viver em um corpo físico,
passaram a experimentar as limitações dos sentidos. A filosofia é o meio pelo qual a
alma pode relembrar a verdade absoluta presente no mundo das ideias, pois conhecer
é lembrar. “A verdade está na alma, importa lembrá-la” (LUCKESI; PASSOS, 2000, p.
139). A filosofia platônica apela para um retorno ao mundo inteligível, pois somente
assim o ser humano poderá conhecer a realidade perfeita.
2.4.3 Aristóteles
Aristóteles nasceu na cidade de Estagira, no ano 384 a.C. e morreu no
ano 322 a.C. na cidade de Atenas. Foi aluno de Platão, contudo sua filosofia se
distancia da filosofia de seu mestre. Os escritos do filósofo abordam os assuntos
mais diversos, pois escreveu na área da física, lógica, zoologia, metafísica, poesia,
entre outras.
FIGURA 14 – ARISTÓTELES
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TÓPICO 2 | OS PRINCIPAIS PERÍODOS DA FILOSOFIA: FILOSOFIA ANTIGA E CLÁSSICA
O que Aristóteles estava querendo dizer com a relação ato e potência que
existe nas coisas? No entendimento dele, tudo contém em si ato e potência, ou
seja, tudo é uma relação de causa e efeito. Para o estagirita, o ato consiste na forma
assumida por um ser em um determinado momento, ou seja, quando as coisas
estão atualizadas, realizadas segundo um fim inerente ao ser.
A potência, por outro lado, é aquilo que uma determinada coisa poderá vir
a ser, que é o devir heraclidiano. Por exemplo, ao ler este material, há em você o
ato, ou seja, atualização da filosofia aristotélica, e potência, que é o conhecimento
que está sendo potencializado em você que futuramente poderá ser usado por
você para responder a uma questão da avaliação ou fazer uma reflexão filosófica.
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UNIDADE 1 | FILOSOFIA: ORIGEM E TRAJETÓRIA DO PENSAMENTO FILOSÓFICO
E
IMPORTANT
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TÓPICO 2 | OS PRINCIPAIS PERÍODOS DA FILOSOFIA: FILOSOFIA ANTIGA E CLÁSSICA
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UNIDADE 1 | FILOSOFIA: ORIGEM E TRAJETÓRIA DO PENSAMENTO FILOSÓFICO
LEITURA COMPLEMENTAR 1
OS PRÉ-SOCRÁTICOS E A CIÊNCIA
Aqui somos forçados a viajar séculos para trás, para os tempos em que
nossos pais, os gregos, começaram a pensar sobre o mundo e a se fazerem as
perguntas com que os cientistas lutam até hoje. Porque as perguntas que eles
fizeram não admitiam uma resposta única e final. Eram como portas que, uma vez
abertas, vão dar numa outra porta, muito maior, é verdade, que por sua vez dá
em outra, indefinidamente. E aqui estamos nós abrindo portas com as perguntas
que geraram as nossas chaves. Vamos seguir o seu pensamento.
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TÓPICO 2 | OS PRINCIPAIS PERÍODOS DA FILOSOFIA: FILOSOFIA ANTIGA E CLÁSSICA
A despeito disso – e aqui está algo que é muito curioso – nós somos capazes
de falarmos sobre as coisas, de sermos entendidos, de termos conhecimento.
Como explicar que o meu discurso sobre as coisas não fique colado junto
com suas aparências? Parece que, ao falar, eu sou capaz de enunciar verdades
escondidas, ausentes do visível, expressivas de uma natureza profunda das
coisas. Tanto assim que, quando falo, pretendo que estou dizendo a verdade e
não apenas sobre aquele momento transitório, mas também sobre o passado e
o futuro. Laranjas são doces, a água mata a sede, as estrelas giram em torno da
Terra, o quadrado da hipotenusa é igual à soma dos quadrados dos catetos: não
são afirmações sobre o sensório imediato. Elas têm pretensões universais.
FONTE: ALVES, Rubem. Filosofia da ciência. p. 40-41. In: COTRIM, Gilberto. Fundamentos da
Filosofia: história e grandes temas. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2000, p. 87.
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UNIDADE 1 | FILOSOFIA: ORIGEM E TRAJETÓRIA DO PENSAMENTO FILOSÓFICO
LEITURA COMPLEMENTAR 2
O Mito Da Caverna
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TÓPICO 2 | OS PRINCIPAIS PERÍODOS DA FILOSOFIA: FILOSOFIA ANTIGA E CLÁSSICA
Sócrates – Por fim, suponho eu, será o Sol, e não as suas imagens refletidas
nas águas ou em qualquer outra coisa, mas o próprio Sol, no seu verdadeiro lugar,
que poderá ver e contemplar tal como é.
Glauco – Necessariamente.
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UNIDADE 1 | FILOSOFIA: ORIGEM E TRAJETÓRIA DO PENSAMENTO FILOSÓFICO
Sócrates – Depois disso, poderá concluir, a respeito do Sol, que é ele que
faz as estações e os anos, que governa tudo no mundo visível e que, de certa
maneira, é a causa de tudo o que ele via com os seus companheiros, na caverna.
Glauco – Sou da tua opinião. Preferirá sofrer tudo a ter de viver dessa
maneira.
Sócrates – Imagina ainda que esse homem volta à caverna e vai sentar-
se no seu antigo lugar: não ficará com os olhos cegos pelas trevas ao se afastar
bruscamente da luz do Sol?
FONTE: PLATÃO. A República. (Trad. Enrico Corvisieri). São Paulo: Nova Cultural, 1999.
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RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
• Para Anaxímenes, o princípio de todas as coisas era o Ar, que gera, rege e
governa todas as coisas, as que foram e as que serão (inclusive os deuses), por
meio dos processos opostos de rarefação e condensação.
• O nome dessa escola é em função de seu principal expoente ter sido Pitágoras,
que viveu no século VI a.C.
• Parmênides é um filósofo imobilista, pois para ele nada muda, tudo é uno.
• Demócrito afirmava que todas as coisas que formam a realidade são constituídas
por partículas invisíveis e indivisíveis. Essas partículas são chamadas de
átomos.
• O método adotado por Sócrates, para ensinar seus discípulos, não consistia
na mera transmissão de conhecimentos, mas ele prezava pela construção do
conhecimento a partir de uma autoanálise.
47
• Em sua teoria das ideias, Platão distingue o mundo em sensível e inteligível.
• Aristóteles foi responsável por sistematizar, organizar tudo o que havia sido
produzido antes dele no campo da filosofia.
48
AUTOATIVIDADE
1 O que chama a atenção nas escolas filosóficas do período antigo é que todas
estavam em busca de um princípio originador de todas as coisas. No sentido
de responder à questão, foram elaboradas as mais diversas teorias. Dentre
as escolas a seguir, podemos destacar uma delas que desenvolveu a teoria
em que o Número é o princípio de todas as coisas. Sobre qual dessas escolas
de filosofia estamos nos referindo?
a) ( ) Escola Jônica.
b) ( ) Escola Eleata.
c) ( ) Escola Pitagórica.
d) ( ) Escola Atomista.
a) ( ) V – V – F – V.
b) ( ) F – V – V – F.
c) ( ) F – F – V – V.
d) ( ) V – V – V – F.
49
50
UNIDADE 1
TÓPICO 3
1 INTRODUÇÃO
A Idade Média compreende o período que vai desde a queda do Império
Romano (século IV da era cristã) até o século XV com o início do período
renascentista. O período é visto por alguns historiadores de maneira muito
negativa, pois segundo eles, a Igreja Católica, ao exercer seu domínio absoluto,
foi capaz de dominar todas as áreas do conhecimento humano, impedindo que
acontecessem avanços científicos e culturais mais significativos.
Neste tópico, nós vamos discorrer sobre duas correntes filosóficas distintas
que se destacaram no período medieval. São distintas porque uma possui uma
vertente platônica e a outra uma vertente aristotélica. Não será possível apresentar
todos os filósofos deste período e assim, optamos por estudar brevemente sobre
as principais contribuições do principal filósofo de cada período: Agostinho
(Patrística) e São Tomás (Escolástica).
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UNIDADE 1 | FILOSOFIA: ORIGEM E TRAJETÓRIA DO PENSAMENTO FILOSÓFICO
2 PATRÍSTICA
A Patrística compreende o período que vai de meados do século IV ao
século VII. Naquele período, os principais escritos foram concebidos pelos padres
da igreja. Com a finalidade de defender o pensamento cristão das heresias e do
paganismo, os primeiros padres se esforçaram para elaborar um conjunto de
doutrinas que servisse de base para a fé e prática do cristianismo.
FONTE: <http://leandronazareth.blogspot.com.br/2015/07/o-ceu-para-santo-agostinho-lugar-
de.html>. Acesso em: 30 mar. 2018.
52
TÓPICO 3 | OS PRINCIPAIS PERÍODOS DA FILOSOFIA: CLÁSSICA E MEDIEVAL
Como não tinha certeza de nada, e acreditando que nada podia ser tido
como verdadeiro, Agostinho prefere acreditar que tudo não passa de especulação
e que ao homem está vedado o conhecimento da verdade.
Comecei a lê-los e notei que tudo o que de verdadeiro tinha lido nos
livros platônicos se encontrava naqueles, mas com esta recomendação
da vossa graça: que aquele que vê não se glorie como se não tivesse
recebido não somente o que vê, mas também a possibilidade de ver.
“Com efeito, que coisa tem ele que não tenha recebido?” E Vós, que sois
sempre o mesmo, não só o admoestais para que Vos veja, mas também
para que se cure a fim de Vos possuir (AGOSTINHO, 2000, 196).
54
TÓPICO 3 | OS PRINCIPAIS PERÍODOS DA FILOSOFIA: CLÁSSICA E MEDIEVAL
Assim, ele escreve, “mas depois de ler aqueles livros dos platônicos e de
ser induzido por eles a buscar a verdade incorpórea, vi que ‘as vossas perfeições
invisíveis se percebem por meio das coisas criadas’” (AGOSTINHO, 2000, p. 194).
Agostinho desenvolve uma filosofia que afasta a ideia de que a alma tenha
uma extensão no espaço ou que tenha a forma de um corpo, pois sua preocupação
não reside na substancialidade da alma, mas na espiritualidade.
55
UNIDADE 1 | FILOSOFIA: ORIGEM E TRAJETÓRIA DO PENSAMENTO FILOSÓFICO
O corpo, por sua vez, deve servir aos propósitos de Deus, que se
manifestam na alma. Outra questão que surge com a afirmação agostiniana é que
a semelhança, do que pensava Platão, o corpo não passa de um receptáculo da
alma, que por sua estreita relação com o divino, deve governá-lo.
3 ESCOLÁSTICA
A escolástica recebe determinado nome pelo fato de ser uma tentativa de
conciliar a fé cristã com um sistema de pensamento racional. Tomás de Aquino
é o principal representante da filosofia escolástica ou escolasticismo. Nasceu na
cidade de Nápolis, no ano de 1224, e é proveniente de uma família nobre, entrou
para a Ordem dos Dominicanos em 1244, contrariando a vontade da família.
56
TÓPICO 3 | OS PRINCIPAIS PERÍODOS DA FILOSOFIA: CLÁSSICA E MEDIEVAL
FONTE: <https://he.wikipedia.org/wiki/%D7%A7%
D7%95%D7%91%D7%A5:St-thomas-aquinas.jpg>. Acesso em: 30 mar. 2018.
Essa é a linha de pensamento que ele irá seguir durante sua vida intelectual.
Para São Tomás, Deus criou o homem dotado de razão e, portanto, capaz de usá-
la na busca pelo entendimento das coisas do Senhor, além de que a razão capacita
o homem a compreender racionalmente a sabedoria de Deus e nos incita a amá-
lo e reverenciá-lo e aquele que o conhece profundamente será mais dificilmente
enganado pelas sutilezas do mundo.
57
UNIDADE 1 | FILOSOFIA: ORIGEM E TRAJETÓRIA DO PENSAMENTO FILOSÓFICO
Por mais que houvesse resistência por parte da Igreja Católica quanto às
obras de Aristóteles, Aquino viu nas obras do filósofo grego uma base consistente
para desenvolver seu pensamento, pois as obras de Aristóteles se encaixam
perfeitamente ao seu pensamento e compreensão dos dogmas cristãos, e a partir
de então, tem início uma cristianização da filosofia aristotélica.
58
TÓPICO 3 | OS PRINCIPAIS PERÍODOS DA FILOSOFIA: CLÁSSICA E MEDIEVAL
59
UNIDADE 1 | FILOSOFIA: ORIGEM E TRAJETÓRIA DO PENSAMENTO FILOSÓFICO
Seu argumento demonstra que, para que alguma coisa exista, é necessário
um princípio. O método aponta para a necessidade da existência de algo que
antes dele nada existiu, ou seja, uma causa não causada, um princípio não criado,
um ser autoexistente. Determinada via procura a essência dos seres do universo,
e aquilo que deve ser o ponto de partida para existirem.
A quarta refere-se aos graus de perfeição do ser. São Tomás apud Olson
(2001, p. 346), entende que “[...] deve haver [...] algo que seja, para todos os seres, a
causa da existência, virtude e qualquer outra perfeição; e a ela chamamos Deus”.
60
TÓPICO 3 | OS PRINCIPAIS PERÍODOS DA FILOSOFIA: CLÁSSICA E MEDIEVAL
A quinta diz respeito ao fato de que todas as coisas convergem para um fim,
pois segundo Aquino apud Olson (2001, p. 346), “existe algum ser inteligente, por
quem todas as coisas naturais são dirigidas para um fim; e esse ser chamamos Deus”.
Essa via nos leva a pensar na ordem existente no cosmos, pois o que existe
no universo segue uma ordem de funcionamento e, de acordo com o pensamento
de Aquino, a ordem converge para um fim estabelecido por Deus, e o fim para
o qual convergem todas as coisas criadas é Deus. É necessária uma inteligência
que tenha projetado todas as coisas, pois assim como uma lança só chega ao
seu destino se alguém a lançar, podemos concluir que as coisas acontecem no
universo porque alguém estabeleceu um fim para o qual ela existe.
Caro acadêmico, acreditamos que foi possível observar, neste tópico, que
a Idade Média foi um período em que houve uma intensa produção filosófica.
Embora a produção tenha de alguma maneira estado associada ao campo
religioso, entretanto não podemos desmerecer o trabalho dos importantes
pensadores medievais.
DICAS
61
UNIDADE 1 | FILOSOFIA: ORIGEM E TRAJETÓRIA DO PENSAMENTO FILOSÓFICO
LEITURA COMPLEMENTAR 1
Deus É Imóvel
5. Daqui se infere ser necessário que o Deus que põe em movimento todas
as coisas é imóvel. Com efeito, por ser a primeira causa motora, se Ele mesmo
fosse movido, sê-lo-ia ou por si mesmo ou por outro. Ora, Deus não pode ser
posto em movimento por outra causa motora, pois neste caso haveria uma outra
causa anterior a Ele, com o que já não seria Ele a primeira causa motora. Se fosse
movido por si mesmo, teoricamente isto poderia ocorrer de duas maneiras: ou
sendo Deus, sob o mesmo aspecto, causa e efeito ao mesmo tempo, ou sendo Ele,
sob um aspecto, causa de si mesmo, e, sob outro, efeito.
Ora, a primeira hipótese não pode ocorrer, pois tudo o que é movido
está em potência, ao passo que o que move está em ato (na qualidade de causa
motora). Se Deus fosse sob um e mesmo aspecto causa e efeito ao mesmo tempo,
seria necessariamente potência e ato sob o mesmo aspecto e ao mesmo tempo, o
que é impossível.
6. A mesma argumentação pode ser feita a partir das causas motoras e dos
defeitos existentes no universo criado. Com efeito, parece que todo o movimento
procede de uma causa imóvel, a qual não é movida segundo o mesmo tipo de
movimento. Assim, observamos que os processos de alteração, de geração e de
corrupção verificados no reino criado inferior se reduzem ao corpo celeste (o Sol)
como à primeira causa motora, a qual por sua vez não é movida por nenhuma
outra situada dentro da mesma esfera, uma vez que não pode ser gerada, nem
corrompida, nem alterada. Conclui-se, portanto, necessariamente que Aquele
que constitui o princípio primário de todo movimento é totalmente imóvel.
FONTE: São Tomás de Aquino, Compêndio de Teologia, Col. Os pensadores, São Paulo, Abril
Cultural, 1973, p. 78. In: ARANHA, Maria L.; MARTINS, M. H. Filosofando: Introdução à filosofia. 2.
ed. São Paulo: Moderna, 1993.
62
TÓPICO 3 | OS PRINCIPAIS PERÍODOS DA FILOSOFIA: CLÁSSICA E MEDIEVAL
LEITURA COMPLEMENTAR 2
O Que É O Tempo
17. Não houve tempo nenhum em que não fizesseis alguma coisa, pois
fazíeis o próprio tempo.
FONTE: AGOSTINHO. Confissões. São Paulo: Nova Cultural, 2000, p. 322 (Coleção Os Pensadores).
63
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
• Agostinho desenvolve uma filosofia que afasta a ideia de que a alma tenha uma
extensão no espaço ou que tenha a forma de um corpo, pois sua preocupação
não reside na substancialidade da alma, mas na espiritualidade dela.
64
AUTOATIVIDADE
2 A filosofia desenvolvida por São Tomás de Aquino foi uma tentativa de unir
a razão e a fé, conciliar a fé cristã com um sistema de pensamento racional.
O resultado foi o desenvolvimento de um sistema de pensamento amplo
e profundo, pois tentou explicar os grandes mistérios da teologia a partir
da elaboração de método de pensamento crítico: o escolasticismo. Sobre a
filosofia de São Tomás, assinale V para as afirmativas verdadeiras e F para as
falsas:
a) ( ) V – V – F.
b) ( ) V – F – V.
c) ( ) F – V – V.
65
66
UNIDADE 1
TÓPICO 4
1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, iremos discorrer sobre as principais correntes filosóficas de
cada período. As correntes e métodos filosóficos desenvolvidos serviram e ainda
servem como guia no sentido de nortear a reflexão filosófica. Não significa que o
filósofo não seja livre para pensar, contudo as linhas de pensamento e os métodos
servem para orientar a pesquisa.
67
UNIDADE 1 | FILOSOFIA: ORIGEM E TRAJETÓRIA DO PENSAMENTO FILOSÓFICO
2 FILOSOFIA MODERNA
É difícil estabelecer uma data precisa para o período exato da Filosofia
Moderna. Contudo, podemos afirmar que determinado período pode ser datado
entre os séculos XV até meados do século XIX. É marcado profundamente pela
mudança de postura em relação à própria concepção que o ser humano tinha acerca
de si mesmo, pois houve um deslocamento de uma visão teocêntrica para uma
visão antropocêntrica, ou seja, o mundo não gira mais em torno de Deus, mas o ser
humano é capaz de intervir e mudar o curso da história por meio do uso da razão.
68
TÓPICO 4 | OS PRINCIPAIS PERÍODOS DA FILOSOFIA: DA MODERNIDADE À CONTEMPORÂNEA
peça teatral, representando o mundo. Assim, esses ídolos faziam com que as
pessoas construíssem uma visão de mundo a partir de um sistema filosófico,
que muitas vezes impedia que o sujeito desenvolvesse uma percepção mais
abrangente, pois se fixava em um dogmatismo filosófico.
2.1 O ILUMINISMO
O Iluminismo moderno pode ser compreendido como o movimento “que
vai dos últimos decênios do século XVII aos últimos decênios do século XVIII:
esse período muitas vezes é designado simplesmente Iluminismo ou século das
luzes” (ABBAGNANO, 2012, p. 618).
69
UNIDADE 1 | FILOSOFIA: ORIGEM E TRAJETÓRIA DO PENSAMENTO FILOSÓFICO
BURGUESIA E O ILUMINISMO
Igualdade jurídica
Propriedade privada
FONTE: GOLDMANN, Lucien. La Ilustración y la sociedad actual. In: COTRIM, Gilberto. Fundamentos
da Filosofia: história e grandes temas. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2000, p. 170-171.
70
TÓPICO 4 | OS PRINCIPAIS PERÍODOS DA FILOSOFIA: DA MODERNIDADE À CONTEMPORÂNEA
OS TRÊS PODERES
71
UNIDADE 1 | FILOSOFIA: ORIGEM E TRAJETÓRIA DO PENSAMENTO FILOSÓFICO
2.2 O RACIONALISMO
O racionalismo surge em um período de profundas crises, pois no campo
da ciência, as teorias de Galileu e Copérnico haviam revolucionado a maneira
como o ser humano percebia o universo.
O pensador francês René Descartes, que viveu entre 1596 e 1659, pode
ser considerado o pai do racionalismo moderno. Em seus estudos, ele
não fugiu de temas como Deus, a alma, o mundo e o pensamento. Essa
continuidade com os temas medievais expressa-se principalmente
no seu esforço para conciliar a fé cristã com os princípios da ciência
nascente e para encontrar uma forma de explicação da ordem social
que não levasse ao ateísmo nem ao materialismo, o que não podia
ser feito pela via da fé, dada a situação de desestruturação em que
a mesma se encontrava na Europa, onde a luta pelo poder dividia os
fiéis em católicos e protestantes (LUCKESI; PASSOS, 2000, p. 187).
72
TÓPICO 4 | OS PRINCIPAIS PERÍODOS DA FILOSOFIA: DA MODERNIDADE À CONTEMPORÂNEA
Observe que a cadeia de dúvidas é interrompida pelo ser que duvida, pois
se o pensamento existe, logo, o ser pensante também existe, porque o pensamento
não pode ser dissociado daquele que pensa. A partir da certeza da existência
do ser que dúvida, é possível construir um conhecimento verdadeiro. Assim, o
método (dúvida) desenvolvido por Descartes se orienta a partir de quatro regras:
a evidência, a análise, a síntese e o desmembramento.
73
UNIDADE 1 | FILOSOFIA: ORIGEM E TRAJETÓRIA DO PENSAMENTO FILOSÓFICO
2.3 EMPIRISMO
A questão que ocupará a mente dos filósofos modernos gira em torno
da busca por conhecer a realidade, para então se chegar a uma verdade sobre a
causa dos fatos. O empirismo é a corrente filosófica que vai dar uma verdadeira
guinada na busca, pois os representantes dessa linha de pensamento assentam
seu método na experiência, pois “o empirista partia do princípio aristotélico de
que ‘nada estava no intelecto sem que antes não tivesse estado nos sentidos’”
(LUCKESI; PASSOS, 2000, p. 194).
NOTA
Assim, “os objetos externos suprem a mente com as ideias das qualidades
sensíveis, que são todas diferentes percepções produzidas em nós, e a mente
supre o entendimento com ideias através de suas próprias operações” (LOCKE
apud LUCKESI; PASSOS, 2000, p. 200). Locke primeiramente faz sua crítica em
relação à concepção inatista das ideias, em seguida analisa o desenvolvimento do
processo do conhecimento.
75
UNIDADE 1 | FILOSOFIA: ORIGEM E TRAJETÓRIA DO PENSAMENTO FILOSÓFICO
Locke faz outra distinção importante entre ideias, pois segundo ele,
existem ideias simples e compostas. As ideias simples são fornecidas pela sensação
e reflexão, “são apreendidas passivamente pela mente [...], sem as quais a mente
não pode, por si mesma, formar e/ou ter nenhuma ideia” (LOCKE, 1999, p. 91).
3 FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA
O período denominado de Filosofia Contemporânea compreende a
filosofia desenvolvida a partir do final do século XVIII, que tem como marco a
Revolução Francesa, em 1789. Engloba, portanto, os séculos XVIII, XIX e XX.
76
TÓPICO 4 | OS PRINCIPAIS PERÍODOS DA FILOSOFIA: DA MODERNIDADE À CONTEMPORÂNEA
3.1 POSITIVISMO
O positivismo é uma corrente filosófica que se originou na França no
início do século XIX. A Europa vivia um momento de profundas transformações
sociais e econômicas, pois era o momento de transição que a sociedade se tornava
cada vez mais urbana e industrial. Diante do quadro, o positivismo se propõe a
compreender as mudanças por meio da observação e compreender as leis que
regem a natureza e o comportamento humano.
FONTE: <http://www.estudopratico.com.br/biografia-de-auguste-comte/>.
Acesso em: 31 mar. 2018.
Para Comte (1978, apud SELL, 2002, p. 42), “no estado teológico, o espírito
humano [...] apresenta os fenômenos como produzidos pela ação direta e contínua
de agentes sobrenaturais mais ou menos numerosos, cuja intervenção arbitrária
explica todas as anomalias existentes no universo”.
78
TÓPICO 4 | OS PRINCIPAIS PERÍODOS DA FILOSOFIA: DA MODERNIDADE À CONTEMPORÂNEA
3.2 IDEALISMO
Quando falamos de idealismo na modernidade, estamos nos referindo
mais precisamente ao idealismo alemão. Embora esteja presente na filosofia
antiga, o idealismo recebe maior influência dos pensadores do período moderno.
Kant aponta para o fato de que até então o conhecimento se regulava pelo
objeto, pois as teorias tentavam adequar a razão humana aos objetos, pois estes
eram o centro do conhecimento. A filosofia transcendental de Kant proporciona
uma virada, pois segundo ele,
79
UNIDADE 1 | FILOSOFIA: ORIGEM E TRAJETÓRIA DO PENSAMENTO FILOSÓFICO
FONTE: <https://universoracionalista.org/como-fingir-entender-hegel/>.
Acesso em: 31 mar. 2018.
80
TÓPICO 4 | OS PRINCIPAIS PERÍODOS DA FILOSOFIA: DA MODERNIDADE À CONTEMPORÂNEA
3.3 MARXISMO
O marxismo é um conceito bastante amplo, pois abarca um conjunto de
ideias filosóficas, políticas, culturais e econômicas elaboradas e desenvolvidas
pelo pensador alemão Karl Marx (1818-1883). Embora o conjunto de ideias
seja denominado de marxismo, contudo é necessário ressaltar a importante
colaboração de Friedrich Engels (1820-1895) para o seu desenvolvimento.
A partir das diversas fontes, o marxismo se constitui como uma teoria social
abrangente, pois ele contempla os elementos dialéticos da filosofia hegeliana,
embora o critique profundamente; elementos da prática política francesa, pois
apela para a participação popular nas decisões do Estado; e elementos da teoria
econômica inglesa, apontando para as contradições internas do sistema capitalista.
3.4 EXISTENCIALISMO
O existencialismo consiste em uma doutrina filosófica que surgiu na
Europa, em meados do século XX. Com o tempo, tornou-se um movimento
intelectual muito importante. A principal contribuição desta escola filosófica é sua
ênfase na responsabilidade do homem sobre seu destino e no seu livre-arbítrio.
82
TÓPICO 4 | OS PRINCIPAIS PERÍODOS DA FILOSOFIA: DA MODERNIDADE À CONTEMPORÂNEA
FIGURA 20 – KIERKEGAARD
FONTE: <http://www.deutschlandfunk.de/hoerspielklassiker-das-tagebuch-eines-verfuehrers.688.
de.html?dram:article_id=344730>. Acesso em: 31 mar. 2018.
83
UNIDADE 1 | FILOSOFIA: ORIGEM E TRAJETÓRIA DO PENSAMENTO FILOSÓFICO
O ser humano é capaz de, ao se deparar com uma situação, fazer uma
análise sobre qual é o melhor caminho. Determinada capacidade de analisar coloca
o ser humano junto com as possibilidades, ou seja, sua análise ou capacidade de
síntese, ao mesmo tempo, lhe dá vantagens sobre os animais, lhe coloca junto com
a angústia.
Mais uma vez nos deparamos com a questão da liberdade. Desde muito
cedo, o homem quer ser livre. Enquanto criança, suas escolhas geralmente estão
muito restritas, pois ainda estão sob os cuidados dos pais. Ao longo do passar
dos tempos, a idade vai chegando e o homem tende a ser mais independente,
podendo tomar suas próprias decisões. Todavia, essa liberdade tem o seu preço,
e o preço é a angústia da liberdade diante da possibilidade.
3.5 FENOMENOLOGIA
A fenomenologia é um método filosófico que surgiu no século XIX. “A
fenomenologia pretende realizar a superação da dicotomia razão-experiência
no processo do conhecimento, afirmando que toda consciência é intencional”
(ARANHA; MARTINS, 1993, p. 123).
84
TÓPICO 4 | OS PRINCIPAIS PERÍODOS DA FILOSOFIA: DA MODERNIDADE À CONTEMPORÂNEA
FONTE: <http://www.diocesedelivramento.org/2015/05/ticos-da-fenomenologia-em-husserl.
html>. Acesso em: 31 mar. 2018.
O ponto de partida para o fenomenólogo não pode ser nada daquilo que
é evidente. Ao se posicionar dessa maneira, a fenomenologia assumiu a tarefa
de edificar um edifício filosófico sobre novas bases, e a consciência é a pedra
fundamental. “A tarefa efetiva da fenomenologia será, pois, analisar as vivências
intencionais da consciência para perceber como aí se produz o sentido dos
fenômenos, o sentido desse fenômeno global que se chama mundo” (DARTIGUES,
2008, p. 26).
Husserl entendia que havia dois tipos de ciência: dos fatos e das essências
ou eidéticas. As ciências eidéticas tinham como objeto a intuição das essências
(eidos). A intuição das essências indica que o conhecimento que obtemos a partir
dessa intuição, a priori, não é mediado por nenhum dado ou objeto concreto, mas
é uma intuição pura acerca daquilo que está por trás dos fatos e se constituem
como fundamentos destes.
85
UNIDADE 1 | FILOSOFIA: ORIGEM E TRAJETÓRIA DO PENSAMENTO FILOSÓFICO
LEITURA COMPLEMENTAR
O EXISTENCIALISMO É UM HUMANISMO
Jean-Paul Sartre
86
TÓPICO 4 | OS PRINCIPAIS PERÍODOS DA FILOSOFIA: DA MODERNIDADE À CONTEMPORÂNEA
FONTE: SATRE, Jean-Paul. O existencialismo é um humanismo. Petrópolis, RJ: Vozes, 2010, p. 59-61.
87
RESUMO DO TÓPICO 4
Neste tópico, você aprendeu que:
• O Iluminismo moderno pode ser compreendido como o movimento que vai dos
últimos decênios do século XVII aos últimos decênios do século XVIII: o período
muitas vezes é designado simplesmente Iluminismo ou século das luzes.
88
• O existencialismo consiste em uma doutrina filosófica que surgiu na Europa
em meados do século XX.
89
AUTOATIVIDADE
90
UNIDADE 2
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir dos estudos desta unidade, você será capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em quatro tópicos e, no final de cada um deles, você
encontrará atividades que o ajudarão a ampliar os conhecimentos adquiridos.
TÓPICO 1 – LÓGICA
TÓPICO 2 – EPISTEMOLOGIA
TÓPICO 3 – ÉTICA
TÓPICO 4 – ESTÉTICA
91
92
UNIDADE 2
TÓPICO 1
LÓGICA
1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico, estamos iniciando os estudos do primeiro tópico da
Unidade 2. Esta unidade trata de áreas importantes no estudo da filosofia geral.
Nosso estudo é apenas introdutório, mas procuraremos estabelecer uma boa base
para que você possa ter uma noção geral de cada uma dessas áreas.
Neste tópico, vamos discorrer sobre (i) o que é lógica; (ii) a divisão da
lógica clássica ou aristotélica; (iii) o objeto de estudo da filosofia e, por fim (iv), o
que são as falácias. A opção por dividir o tópico de tal maneira tem uma finalidade
didática: facilitar a aprendizagem.
2 O QUE É LÓGICA?
A filosofia é uma importante área do conhecimento humano, como já
vimos na Unidade 1. Entretanto, para que o conhecimento construído a partir da
reflexão filosófica seja válido, é necessário que este seja submetido ao rigor lógico.
93
UNIDADE 2 | PRINCIPAIS ÁREAS DE ESTUDO DA FILOSOFIA GERAL
1) Princípio da identidade: A é A.
2) Princípio da não contradição: impossível A é A e não A ao mesmo tempo e sob
o mesmo aspecto.
3) Princípio do terceiro excluído: A é X ou não X, não há terceira possibilidade.
94
TÓPICO 1 | LÓGICA
DICAS
95
UNIDADE 2 | PRINCIPAIS ÁREAS DE ESTUDO DA FILOSOFIA GERAL
96
TÓPICO 1 | LÓGICA
E
IMPORTANT
FONTE: JOLIVET, Régis. Curso de filosofia. 7. ed. Rio de Janeiro: Agir, 1965.
97
UNIDADE 2 | PRINCIPAIS ÁREAS DE ESTUDO DA FILOSOFIA GERAL
Exemplo 1:
FIGURA 1 – ARGUMENTAÇÃO
LISTRAS
ZEBRAS
MARTY
FONTE: O autor
Exemplo 2:
CATARINENSES
MARTY
FONTE: O autor
98
TÓPICO 1 | LÓGICA
Exemplo 3:
CATARINENSES
FONTE: O autor
Exemplo 4:
99
UNIDADE 2 | PRINCIPAIS ÁREAS DE ESTUDO DA FILOSOFIA GERAL
CATARINENSES • MARTY
FONTE: O autor
E
IMPORTANT
Proposição é uma frase que se pretende verdadeira ou falsa, não podendo haver
uma terceira opção (de acordo com o Princípio do 3º Excluído). As proposições transmitem
pensamentos, ou seja, afirmam fatos ou exprimem juízos que formamos a respeito de
determinados entes.
100
TÓPICO 1 | LÓGICA
Ocorre quando afirmamos algo (predicado) de algo (sujeito). Lembre-se: toda proposição
é uma frase, mas nem toda frase é uma proposição; uma frase é uma proposição apenas
quando possui valor de verdade (possibilidade de ser VERDADEIRA ou FALSA).
101
UNIDADE 2 | PRINCIPAIS ÁREAS DE ESTUDO DA FILOSOFIA GERAL
FIGURA 5 – DEDUÇÃO
Particulariza
Dedução
Universal Particular
FONTE: <http://www.fisica-interessante.com/aula-historia-e-epistemologia-da-ciencia-6-
racionalismo-e-empirismo-1.html>. Acesso em: 6 jun. 2018.
102
TÓPICO 1 | LÓGICA
FIGURA 6 – INDUÇÃO
Universal Particular
Indução
Generaliza
FONTE: <http://www.fisica-interessante.com/aula-historia-e-epistemologia-da-ciencia-6-
racionalismo-e-empirismo-1.html>. Acesso em: 6 jun. 2018.
103
UNIDADE 2 | PRINCIPAIS ÁREAS DE ESTUDO DA FILOSOFIA GERAL
4.2.1 Analogia
Talvez você já tenha ouvido a seguinte expressão: “para muitas pessoas, a
felicidade é semelhante a uma bola: querem-na de todo jeito e, quando a possuem,
dão-lhe um chute” (GLAAB, 2018, p. 1).
104
TÓPICO 1 | LÓGICA
5 FALÁCIAS
O sentido primário do termo falácia é enganar. Ao lançar mão de uma
falácia, o interlocutor tem por objetivo tornar seu argumento verdadeiro, mesmo
que seja logicamente inconsistente, inválido e sem fundamento.
105
UNIDADE 2 | PRINCIPAIS ÁREAS DE ESTUDO DA FILOSOFIA GERAL
106
TÓPICO 1 | LÓGICA
LEITURA COMPLEMENTAR 1
• lógica formal (ou menor), que estabelece a forma correta das operações do
pensamento. Se as regras forem aplicadas adequadamente, o raciocínio é
considerado válido ou correto.
• lógica material (ou maior), parte da lógica que trata da aplicação das operações
do pensamento segundo a matéria ou natureza dos objetos a conhecer.
Enquanto a lógica formal se preocupa com a estrutura do pensamento, a lógica
material investiga a adequação do raciocínio à realidade. É também chamada
de metodologia, e como tal procura o método próprio de cada ciência.
107
UNIDADE 2 | PRINCIPAIS ÁREAS DE ESTUDO DA FILOSOFIA GERAL
FONTE: ARANHA, Maria L.; MARTINS, M. H. Filosofando: introdução à filosofia. 2. ed. São Paulo:
Moderna, 1993.
LEITURA COMPLEMENTAR 2
VOCABULÁRIO BÁSICO
108
TÓPICO 1 | LÓGICA
FONTE: MUNDIM, Roberto P. A lógica formal – princípios elementares. 2002. Disponível em:
<http://periodicos.pucminas.br/index.php/economiaegestao/article/view/113/104>. Acesso em:
7 jun. 2018.
109
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
• O princípio do raciocínio indutivo não trata de uma verdade lógica pura, mas
de premissas para inferir uma conclusão.
110
AUTOATIVIDADE
1 A lógica é uma ferramenta que nos auxilia a fazer uma análise crítica dos
argumentos. Os argumentos seguem dois métodos, sendo que um deles é o
método dedutivo. Sobre determinado método, assinale a questão correta:
a) ( ) F – V – F – V.
b) ( ) V – F – F – V.
c) ( ) F – V – V – F.
d) ( ) V – V – F – F.
111
112
UNIDADE 2 TÓPICO 2
EPISTEMOLOGIA
1 INTRODUÇÃO
Um dos grandes desafios da filosofia e da ciência consiste na elaboração
de um conhecimento confiável. É um debate que acompanha a filosofia e a ciência
desde os primórdios. Assim, podemos perguntar: é possível elaborar um tipo
de conhecimento confiável? Uma pergunta um pouco mais ousada: é possível
conhecer alguma coisa? Diante dessas e de muitas outras perguntas sobre o
conhecimento, a Epistemologia ou Teoria do Conhecimento tem se debruçado no
sentido de encontrar respostas.
Cabe a cada pessoa ter um olhar crítico para tudo e diferenciar entre aquilo
que é conhecimento e aquilo que é uma mera crença. Neste tópico, você terá a
oportunidade de conhecer o processo necessário na elaboração de conhecimento
válido, racional e científico.
2 O QUE É EPISTEMOLOGIA?
A palavra epistemologia “é mais usada pelos filósofos de fala inglesa,
indicando uma teoria geral do conhecimento, incluindo o método científico”
(CHAMPLIN, 2004, p. 406). É, portanto, a área da filosofia que se ocupa do estudo
da natureza do conhecimento, da justificação e da racionalidade da crença e dos
sistemas de crenças. A Epistemologia e a Teoria do Conhecimento, em termos
gerais, são consideradas por muitos como sendo a mesma coisa.
113
UNIDADE 2 | PRINCIPAIS ÁREAS DE ESTUDO DA FILOSOFIA GERAL
E
IMPORTANT
O objeto, por outro lado, é todo processo, ou fenômeno que pode ser
conhecido. É a partir do objeto que o sujeito desenvolve sua atividade cognitiva.
O conhecimento, portanto, é resultado da relação entre sujeito e objeto.
114
TÓPICO 2 | EPISTEMOLOGIA
E
IMPORTANT
3 O QUE É CONHECIMENTO?
Quando lidamos com essa questão, estamos lidando com um problema
analítico da epistemologia. Esta, mesmo que aparentemente seja simples, não é
uma questão fácil de responder, pois o conhecimento difere da mera crença ou
opinião que o sujeito possui em relação a diversas questões. Vale destacar que o
entendimento da epistemologia envolve também as questões clássicas da crença,
verdade e justificação, pois o conhecimento é a crença verdadeira justificada.
115
UNIDADE 2 | PRINCIPAIS ÁREAS DE ESTUDO DA FILOSOFIA GERAL
Tudo Tudo
coberto descoberto,
menos os menos os
olhos... olhos!!!
O que é O que é uma
uma cultura cultura
machista, machista,
cruel e cruel e
dominadora! dominadora!
FONTE: <https://apocalipsetotal.wordpress.com/2013/10/22/a-filosofia-do-bahaismo-e-o-seu-
conflito-inevitavel/>. Acesso em: 19 jun. 2018.
No grego, a verdade (aletheia), cujo significado é aquilo que não está oculto,
o não escondido, que é manifesto aos olhos e ao espírito, tal como é, fica evidente
à razão. No latim, a verdade (veritas) se refere àquilo que pode ser demonstrado
com precisão, se refere ao rigor e à exatidão.
FONTE: <https://bibliotecaucs.wordpress.com/2018/02/15/8-passos-para-identificar-as-fake-
news/>. Acesso em: 29 jun. 2018.
117
UNIDADE 2 | PRINCIPAIS ÁREAS DE ESTUDO DA FILOSOFIA GERAL
118
TÓPICO 2 | EPISTEMOLOGIA
somente em termos de utilidade, desde que traga vantagem, deve ser mantida.
Ainda, crenças verdadeiras que não são vantajosas também devem ser mantidas.
Naturalmente desemboca no relativismo, pois:
Para muitos, crer em Deus é vantajoso. Para o grupo humano dos ateus
é desvantajoso crer em Deus, pois isso comprometeria a liberdade
humana com ideias primitivas como as de pecado e danação eterna.
Quem tem razão? A teoria pragmática não oferece suporte para uma
decisão racional (COSTA, 2005, p. 1).
119
UNIDADE 2 | PRINCIPAIS ÁREAS DE ESTUDO DA FILOSOFIA GERAL
Ter razão acerca de alguma coisa, como é o caso de Clyde, não significa que
seja uma justificação racional. Assim, crenças verdadeiras que não são justificadas
racionalmente não são consideradas casos de conhecimento. A justificação,
portanto, consiste na razão (ou razões) que suporta a verdade da crença.
E
IMPORTANT
4 TIPOS DE CONHECIMENTO
A maneira como o sujeito conhece o mundo depende de como ele está
posicionado frente ao objeto conhecido. Assim, podemos afirmar que existem
diferentes tipos de conhecimento, pois os sujeitos estão posicionados ou se
posicionam conscientemente frente ao objeto conhecido. A seguir, vamos discorrer
de maneira específica sobre os tipos de conhecimento. Observe a figura a seguir e
reflita sobre as falas de cada pessoa.
120
TÓPICO 2 | EPISTEMOLOGIA
Por meio da reflexão filosófica, o ser humano procura dar sentido aos
fenômenos gerais do universo, ultrapassando os limites formais da ciência. Deve-
se ao fato de que o filósofo não se limita apenas aos dados experimentais da física,
da matemática, da biologia ou da química, mas se pergunta sempre quem é, o que
é, por que é, de onde vem e para onde vai o homem.
121
UNIDADE 2 | PRINCIPAIS ÁREAS DE ESTUDO DA FILOSOFIA GERAL
122
TÓPICO 2 | EPISTEMOLOGIA
LEITURA COMPLEMENTAR
O que é a metafísica?
Richard Taylor
É costume dizer que cada um tem a sua filosofia e até que todos os homens
têm opiniões metafísicas. Nada poderia ser mais tolo. É verdade que todos os
homens têm opiniões, e que algumas delas – tais como as opiniões sobre religião,
moral e o sentido da vida – confinam com a filosofia e com a metafísica, mas raros
são os homens que possuem qualquer concepção de filosofia e ainda menos os
que têm qualquer noção de metafísica.
123
UNIDADE 2 | PRINCIPAIS ÁREAS DE ESTUDO DA FILOSOFIA GERAL
Um problema metafísico é inseparável dos seus dados, pois são estes que,
em primeiro lugar, dão origem ao problema. Ora o datum significa literalmente
algo que nos é oferecido, posto à disposição.
124
TÓPICO 2 | EPISTEMOLOGIA
Mais cedo ou mais tarde poderemos ter de abandonar alguns dos dados
do nosso senso comum, mas, ao fazê-lo, será em consideração a certas outras
crenças do senso comum que temos ainda maior relutância em abandonar e não
em deferência pelas teorias filosóficas que nos atraem.
125
UNIDADE 2 | PRINCIPAIS ÁREAS DE ESTUDO DA FILOSOFIA GERAL
126
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
• Uma determinada crença pessoal pode ou não ser verdadeira do ponto de vista
epistemológico. Nem toda crença é conhecimento.
• A verdade (veritas) se refere aquilo que pode ser demonstrado com precisão,
se refere ao rigor e à exatidão.
127
AUTOATIVIDADE
a) ( ) V – IV – II – I – III.
b) ( ) I – V – III – II – IV.
c) ( ) I – III – V – II – IV.
d) ( ) III – I – V – II – IV.
128
UNIDADE 2 TÓPICO 3
ÉTICA
1 INTRODUÇÃO
Ao estudar a ética, percebemos a amplitude do assunto, pois todas as
áreas da vida humana são sustentadas a partir de uma moralidade, de princípios
normativos que orientam a conduta e as decisões individuais e coletivas.
Diante na grandeza dessa discussão, nosso estudo contemplará alguns aspectos
fundamentais da ética.
Contudo, aquilo que parece ser justo para alguns, não é aceito por outros,
aquele comportamento que é considerado correto para um grupo, às vezes, é
visto como errado para outro grupo. Assim, surgiu a necessidade de uma ciência
que possibilitasse uma discussão racional acerca dos princípios, normas e regras
que fazem parte da vida social.
Este tópico tem como objetivo trazer uma noção geral da ética, pois não
é possível aprofundar o estudo de uma ciência que já vem sendo debatida e
estudada por mais de dois mil anos. Esperamos que o assunto desperte interesse
e que você tenha a curiosidade e disposição para ir um pouco mais adiante no
estudo dessa temática que é tão importante para a vida humana. Bons estudos!
129
UNIDADE 2 | PRINCIPAIS ÁREAS DE ESTUDO DA FILOSOFIA GERAL
2 O QUE É ÉTICA?
Em todos os tópicos desta unidade, nós sempre partimos da tentativa de
encontrar uma resposta para a questão central do assunto abordado no tópico.
Com a ética não é diferente, pois é um conceito amplo que tem gerado muitos
debates ao longo da história da filosofia.
130
TÓPICO 3 | ÉTICA
A ética procura estabelecer os princípios de vida boa, pois o fim último das
ações humanas deve ser o sumo bem, a felicidade. “Se, pois, existe uma finalidade
visada em tudo o que fizemos, tal finalidade será o bem atingível pela ação, e se há
mais de uma, serão os bens atingíveis por meio dela” (ARISTÓTELES, 2001, p. 25).
Implica dizer que a ética é um estudo da práxis humana e seus fins, pois
os agentes morais podem justificar suas ações de vários modos, contudo há a
necessidade de que a justificação esteja fundamentada na razão e naquilo que é
o bom.
A ética não deve ser confundida com um conjunto de leis, mas ela é a
ciência dos princípios morais. Assim, uma lei pode ser boa ou má e quem define
é a ética, pois existem muitas leis que são imorais, ou seja, a legalidade não
significa necessariamente moralidade no sentido positivo. Assim, o estudo dos
fundamentos que justificam a criação das leis, das ações, decisões, práticas etc. é
objeto de estudo dos eticistas. Segundo Sidgwick (2010, p. 25):
O fim último que o homem busca é a felicidade, pois é um bem cujo fim é
ele mesmo. Entretanto, a felicidade deve ser buscada vivendo uma vida virtuosa.
A virtude é a expressão maior da excelência de uma pessoa, de sua integridade,
de sua identidade.
3 TEORIAS ÉTICAS
As teorias éticas se originam e se desenvolvem a partir da necessidade de
responder aos desafios nas relações humanas no interior de uma sociedade e fora
dela. Assim, é importante atentar para o contexto histórico que originou as teorias
éticas e quais problemas a serem enfrentados no campo da moral.
131
UNIDADE 2 | PRINCIPAIS ÁREAS DE ESTUDO DA FILOSOFIA GERAL
3.1 UTILITARISMO
O utilitarismo é uma teoria baseada em um único princípio: o princípio da
utilidade. "O princípio diz que devemos sempre produzir o equilíbrio máximo do
valor positivo sobre o desvalor (ou o menor desvalor possível, caso só se possam
obter resultados indesejáveis)" (BEAUCHAMP; CHILDRESS, 2013, p. 63).
A teoria consiste em uma ética normativa que apresenta a ação útil como
a melhor ação, a ação correta. As origens clássicas do utilitarismo são encontradas
nos escritos de Jeremy Bentahm (1748-1832) e de John Stuart Mill (1806-1873).
FONTE: <https://verdadenapratica.wordpress.com/2015/05/29/utilitarismo-e-seus-impactos/>.
Acesso em: 23 jun. 2018.
132
TÓPICO 3 | ÉTICA
133
UNIDADE 2 | PRINCIPAIS ÁREAS DE ESTUDO DA FILOSOFIA GERAL
Uma ética do dever usa termos “deônticos” (do termo grego antigo
significa “necessidade”), tais como “certo”, “errado”, “obrigatório”
ou “proibido”. Esses termos referem-se ao que é “necessário” fazer, o
que “devemos” fazer, ou o que “temos que” fazer. Eles descrevem as
nossas obrigações e deveres. Além disso, são usados para se emitir um
juízo sumário após uma avaliação minuciosa acerca do status moral de
uma ação ou de um tipo de ação.
Ser criativo quando se pode sê-lo é um dever e há, além disso, muitas
almas de disposição tão compassivas que, mesmo sem nenhum outro
motivo de vaidade ou interesse, acham íntimo prazer em espalhar
alegria e podem se alegrar com o contentamento dos outros enquanto
134
TÓPICO 3 | ÉTICA
é obra sua. Eu afirmo, porém, que neste caso, uma tal acção (sic), por
conforme ao dever, por amável que seja, não tem, contudo, nenhum
verdadeiro valor moral, mas vai emparelhar com outras inclinações
(KANT, 2011, p. 28-29).
Agir por dever e em função de uma boa finalidade são os princípios que
determinam a boa ação. Agir bem provoca uma boa intenção e uma boa vontade.
Assim, uma ação é boa se, e somente se, a intenção for boa e se ela for pensada
como boa vontade, ou seja, se for universalizável.
Será universal se aquilo que decidirmos for bom para nós mesmos e para os
outros (todos). Se não for uma ação egoísta ou só pensada em função de mim próprio,
então terá uma dimensão ética, de modo que, como afirma Kant (2011, p. 73), “age de
tal maneira que usas a humanidade tanto na tua pessoa como na pessoa de qualquer
outro sempre como um fim e nunca simplesmente como um meio”.
135
UNIDADE 2 | PRINCIPAIS ÁREAS DE ESTUDO DA FILOSOFIA GERAL
Mesmo que seja para salvar uma vida, mentir será sempre errado, pois o
dever de não mentir é determinado pela norma e não pelas consequências. É claro
que a teoria está sujeita a objeções devido ao seu aspecto categórico, contudo
alguns normodeontologistas apontam que não existem regras que não tenham
exceção, menos aquelas que são deveres prima facie.
Por possuir seu foco voltado para o agente, a teoria ética das virtudes se
direciona para as questões “o que devo ser?”, “como eu devo viver?” e não mais
para a pergunta comum nas teorias éticas deontológicas: “o que devo fazer?”
Assim, a necessidade prática não é vista como uma obrigação e obediência às
normas ou deveres, mas é vista como expressão do caráter e como resposta aos
valores pessoais do agente moral, pois de acordo com Hooft (2013, p. 23):
A citação nos faz observar a distinção que Aristóteles faz entre as virtudes
do intelecto ou da razão e as virtudes éticas ou do caráter, pois ele diz “que algumas
virtudes são intelectuais e outras morais; por exemplo, a sabedoria filosófica,
a compreensão e a sabedoria prática são algumas das virtudes intelectuais, e a
liberalidade e a temperança são algumas das virtudes morais” (ARISTÓTELES,
2001, p. 39).
136
TÓPICO 3 | ÉTICA
As virtudes são adquiridas pela prática e pela ação, pois é por meio da prática
de determinadas coisas que o indivíduo se torna o que é. Um bom pianista, por
exemplo, alcança a excelência em decorrência de seus esforços, dedicação e ensaio.
Aristóteles (2001, p. 41) diz que “pelos atos que praticamos em nossas
relações com outras pessoas, tornamo-nos justos ou injustos; pelo que fazemos em
situações perigosas e pelo hábito de sentir medo ou de sentir confiança, tornamo-
nos corajosos ou covardes”.
4 BIOÉTICA
De acordo com Pessini e Barchifontaine (2005, p. 15), “inicialmente, a
bioética foi definida por Potter como a ‘ciência da sobrevivência humana’, em
uma perspectiva de promover e defender a dignidade humana e a qualidade de
vida, ultrapassando o âmbito humano para abarcar inclusive a realidade cósmico-
ecológica”. A finalidade da bioética é refletir sobre os problemas da existência
humana a partir de uma perspectiva mais humanista e menos científico-tecnicista.
É pensar sobre a vida em sua totalidade.
137
UNIDADE 2 | PRINCIPAIS ÁREAS DE ESTUDO DA FILOSOFIA GERAL
Quando falamos de uma crise ética universal, estamos nos referindo aos
avanços científico-tecnológicos que colocam em risco a própria existência da espécie
humana, pois atualmente nos deparamos com as bombas de hidrogênio com
potência de até 50 megatons, capazes de causar estragos de grandes proporções.
DICAS
138
TÓPICO 3 | ÉTICA
morto e a polícia começa uma investigação, pondo em risco seu segredo. O filme traz um
debate oportuno sobre as formas de preconceitos, e determinamos quem é melhor ou pior
de acordo com suas limitações físicas. É uma crítica também às manipulações genéticas e
quais os limites éticos da ciência.
5 ÉTICA E TÉCNICA
Diante dos avanços tecnológicos e dos aperfeiçoamentos das mais variadas
técnicas, o que se pensa no campo da ética diz respeito ao futuro da humanidade.
Desde os primórdios, o ser humano vem desenvolvendo técnicas para melhorar
a vida, pois ela é um meio para a sobrevivência das pessoas.
139
UNIDADE 2 | PRINCIPAIS ÁREAS DE ESTUDO DA FILOSOFIA GERAL
DICAS
140
TÓPICO 3 | ÉTICA
LEITURA COMPLEMENTAR
Tente responder a 5 famosos dilemas morais e descubra o que suas respostas dizem
sobre você.
Fábio Marton
Dilemas morais, como a escolha de Sofia, são situações nas quais nenhuma
solução é satisfatória. São encruzilhadas que desafiam todos que tentam criar
regras para decidir o que é certo e o que é errado, de juristas a filósofos que
estudam a moral.
1 O trem descontrolado
141
UNIDADE 2 | PRINCIPAIS ÁREAS DE ESTUDO DA FILOSOFIA GERAL
e salvar 5 pessoas ao custo de uma? A maioria das pessoas diz que sim”, afirma
Greene em um de seus artigos. De fato, em uma pesquisa feita pela revista Time,
97% dos leitores salvariam os 5.
2 O trem descontrolado
Avaliando pela lógica pura, esse dilema não tem diferença em relação ao
anterior. Continua sendo uma questão de trocar 1 indivíduo por 5. Apesar disso,
a maioria das pessoas (75% nos estudos de Joshua Greene, 60% no teste da Time)
não empurraria o homem.
Uma versão mais bizarra propõe uma catapulta para jogar o homem
pesado nos trilhos e, surpresa, a maioria das pessoas volta a querer matar 1
para salvar 5. Conclusão: estamos dispostos a matar com máquinas, mas não
mataríamos com as mãos.
Para Greene, a diferença nas respostas aos dois dilemas pode ser explicada
pela seleção natural. Durante milhares de anos da nossa evolução, os seres
humanos que matavam outros friamente atraíam violência para si próprios: eram
logo mortos pelo grupo, gerando menos descendentes. Já aqueles que conseguiam
se segurar, conquistavam amigos e proteção, transmitindo seus genes para o
futuro. Assim, ao longo dos milênios, criamos instintos sociais que nos refreiam
na hora de matar alguém.
142
TÓPICO 3 | ÉTICA
3 Totem e tabu
A situação também se parece com as anteriores pela razão pura, pois trata-
se de salvar o maior número de vidas. Contudo por que, então, é tão difícil tomar a
decisão de torturar o homem? Além do instinto básico de não-agressão apontado
pelo cientista Joshua Greene, somos movidos por outra emoção primitiva: o nojo.
É isso aí, o mesmo nojo que faz você ter uma ânsia de vômito ao olhar um esgoto.
“Acreditamos que a aversão moral é nojo mesmo, e não apenas uma metáfora”,
diz o psicólogo Jonathan Haidt, da Universidade da Virgínia.
143
UNIDADE 2 | PRINCIPAIS ÁREAS DE ESTUDO DA FILOSOFIA GERAL
4 Os limites da promessa
Um amigo quer contar um segredo e pede que você prometa não contar a
ninguém. Você dá sua palavra. Ele conta que atropelou um pedestre e, por isso,
vai se refugiar na casa de uma prima. Quando a polícia o procura, querendo saber
do amigo, o que você faz?
5 Choque de cultura
144
TÓPICO 3 | ÉTICA
A ONG foi formada pelos pais adotivos da ianomâmi Hakani, que viveu
um caso parecido em 1995. Depois que Hakani nasceu com hipotireoidismo, seus
pais receberam do conselho da tribo a ordem de envenená-la, mas acabaram
tomando o veneno eles mesmos. O irmão e o avô foram encarregados de levar a
tarefa adiante e não conseguiram – o avô também se suicidou.
Talvez a solução do dilema esteja na hesitação dos pais. Ela mostra que o
infanticídio não é um consenso entre os índios, ou seja, o terror emocional diante
de matar o próprio filho existe mesmo em culturas que admitem matar suas
crianças. Assim, converge com a tese do psicólogo evolutivo Steven Pinker: assim
como qualquer língua do mundo diferencia verbo e objeto, a moral também tem
suas regras universais, que cada cultura trata de forma diferente.
FONTE: MARTON, Fábio. Dilemas morais: o que você faria? 2018. Disponível em: <https://super.
abril.com.br/cultura/dilemas-morais-o-que-voce-faria/>. Acesso em: 23 jun. 2018.
145
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
• A ética procura estabelecer os princípios de vida boa, pois o fim último das
ações humanas deve ser o sumo bem, a felicidade.
146
AUTOATIVIDADE
147
148
UNIDADE 2
TÓPICO 4
ESTÉTICA
1 INTRODUÇÃO
Atualmente, o termo “estética” tem sido empregado para definir os tratamentos
de beleza. Entretanto, o uso apenas nesse sentido foge da proposta original desenvolvida
pelos filósofos da arte, pois a estética também é chamada de Filosofia da Arte. Assim, a
estética não se resume apenas ao aspecto visual de um determinado objeto ou pessoa,
mas aponta para aspectos mais amplos e profundos da arte.
2 O QUE É ESTÉTICA?
149
UNIDADE 2 | PRINCIPAIS ÁREAS DE ESTUDO DA FILOSOFIA GERAL
150
TÓPICO 4 | ESTÉTICA
Hume não está assumindo que qualquer coisa seja arte, até porque ele
entendia que ela é um padrão estabelecido socialmente levando em consideração
a beleza, a delicadeza, o gosto e a estética. A questão fundamental é que o belo
não segue um único padrão de gosto e não pode ser discutido racionalmente.
Se, por um lado, temos aqueles que tentam objetivar o belo e, do outro,
aqueles que tentam relativizar, Kant procurou estabelecer um meio-termo entre essas
duas posições. De acordo com Aranha e Martins (1993, p. 342), Kant entendia que:
DICAS
151
UNIDADE 2 | PRINCIPAIS ÁREAS DE ESTUDO DA FILOSOFIA GERAL
3.2 A ARTE
Apesar de arte e estética possuírem uma relação muito próxima, no
entanto não são sinônimas. A arte é a técnica, o fazer, enquanto que a estética é
a impressão que a técnica causará, pois como já vimos anteriormente, a palavra
“estética” remete para a “faculdade de sentir”, “compreender pelos sentidos”, à
“percepção totalizante”.
Arte nem sempre esteve ligada à estética, pois servia para propósitos
diversos, como a fabricação de ferramentas, objetos e pinturas que contavam a
história de alguma aventura ou em alguma celebração. Quando a arte é associada
à estética, o artista passa a se preocupar não apenas com a funcionalidade do
que está sendo fabricado, desenhado, pintado etc., preocupa-se ainda com a
possibilidade de agradar a todos, afetando-os como experiência sensível.
A arte pode ser concebida de três maneiras: como imitação, como criação
e como construção. É sobre essas concepções que iremos discorrer agora.
A arte como imitação concebe o artista como aquele que é capaz de imitar a
natureza, os objetos com a maior precisão possível. O artista não se revela no objeto
em si, mas seu mérito reside na escolha do objeto a ser imitado. Assim, o artista
tem um papel passivo, pois apenas está reproduzindo o que existe e está dado. A
inspiração do artista está intrinsecamente associada à cópia de algum elemento
pertencente à natureza, que é representado em uma pintura ou escultura.
152
TÓPICO 4 | ESTÉTICA
LEITURA COMPLEMENTAR
CARTA XX
Friedrich Schiller
FONTE: SCHILLER, F. A educação estética do homem. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.
153
RESUMO DO TÓPICO 4
Neste tópico, você aprendeu que:
• A arte pode ser concebida de três maneiras: como imitação, como criação e
como construção.
154
AUTOATIVIDADE
a) ( ) F – F – F – V.
b) ( ) V – F – V – V.
c) ( ) V – V – F – F.
d) ( ) V – F – F – V.
155
156
UNIDADE 3
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir dos estudos desta unidade, você será capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No final de cada um deles, você
encontrará atividades que ajudarão a ampliar os conhecimentos adquiridos.
157
158
UNIDADE 3
TÓPICO 1
FILOSOFIA POLÍTICA
1 INTRODUÇÃO
A Filosofia Política é uma área da filosofia que possibilita ter uma
compreensão mais ampla sobre a maneira como a sociedade se relaciona social,
cultural, econômica e moralmente.
159
UNIDADE 3 | FILOSOFIA PARA HOJE
2 A POLÍTICA NA GRÉCIA
O nascimento da polis grega marca um período de profundas
transformações na configuração política da Grécia. Até o surgimento das
primeiras cidades-estados (polis), a Grécia havia vivenciado diferentes formas de
organização política, como o sistema gentílico, em que a célula básica é o génos
(comunidade formada por numerosas famílias e descendentes de um mesmo
ancestral).
160
TÓPICO 1 | FILOSOFIA POLÍTICA
Até o momento da história grega não é possível dizer que houve ação
política propriamente dita. Ainda “resta a crença de que agentes divinos
promovem o agir humano” (ARANHA; MARTINS, 1993, p. 190). A ação política
propriamente dita terá início quando o homem for capaz de decidir sobre seu
próprio destino sem a interferência dos deuses.
FIGURA 2 – ÁGORA
161
UNIDADE 3 | FILOSOFIA PARA HOJE
FIGURA 3 – PÉRICLES
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/4/4b/Pericles_Pio-Clementino_
Inv269_n2.jpg/1200px-Pericles_Pio-Clementino_Inv269_n2.jpg
162
TÓPICO 1 | FILOSOFIA POLÍTICA
3 PLATÃO
A obra A República, escrita por Platão por volta de 380 a.C., é particularmente
rica em termos filosóficos, políticos e sociais. O ponto central da discussão entre
Sócrates e seus interlocutores está na busca de uma fórmula que garanta uma
harmoniosa administração para a cidade. Tal harmonia deve ser buscada com
a finalidade de manter a cidade livre da anarquia, dos interesses e disputas
particulares e da desordem completa.
163
UNIDADE 3 | FILOSOFIA PARA HOJE
E
IMPORTANT
A República, do filósofo grego Platão (427-347 a.C.), livro escrito há mais de 2.300
anos, continua sendo uma obra de grande atualidade. Deixando de lado as colocações que
soam como esquisitas ao homem moderno, é possível perceber a atualidade dos escritos
do filósofo.
4 ARISTÓTELES
A política, na Filosofia de Aristóteles, está intrínseca e essencialmente
associada à moral. Tal vínculo acontece devido ao fim último do Estado ser a
virtude. Para que o fim seja alcançado, é necessário que os cidadãos tenham uma
boa formação moral. Assim, o Estado consiste em um organismo moral, é também
a condição e o complemento da atividade moral individual. Embora a política
esteja associada à moral, é necessário considerar que ela é distinta.
5 O ESTADO MODERNO
O surgimento do Estado acontece devido à necessidade da sobrevivência.
Diante dos desafios impostos pela natureza, os grupos humanos tiveram que se
organizar, pois somente de tal maneira seriam capazes de superar as intempéries
naturais e desenvolver formas mais sofisticadas que garantissem a superação dos
obstáculos naturais.
165
UNIDADE 3 | FILOSOFIA PARA HOJE
6 MAQUIAVEL: O PRÍNCIPE
Nicolau Maquiavel (1469-1527) nasceu na cidade de Florença e foi um
filósofo e político. Sua obra mais conhecida, O príncipe é um clássico para quem
deseja compreender o pensamento político moderno. No tratado, Maquiavel
propõe a unificação da Itália por meio da figura de um príncipe.
Na época em que Maquiavel viveu, a Itália estava dividida, tanto é que ele
vivia na República de Florença. Tal divisão ocasionava muita instabilidade política
na Itália. Tornava um território fragilizado e facilitava a invasão de seus territórios
por parte de países vizinhos que tanto cobiçavam e reivindicavam as terras.
Durante parte da sua vida, por pelo menos dez anos, Maquiavel serviu ao
republicano Suderini. Ao ocupar a Segunda Chancelaria do governo Suderini, e
devido à função de chanceler, teve que realizar inúmeras viagens pelos demais
países europeus e cidades italianas. Com o retorno da família Medici ao poder,
Maquiavel se retirou de cena para escrever suas obras.
166
TÓPICO 1 | FILOSOFIA POLÍTICA
E
IMPORTANT
167
UNIDADE 3 | FILOSOFIA PARA HOJE
aquele que é eleito pelo povo; o primeiro terá muita gente a cercá-lo e,
por esse motivo, não pode comandar nem manejar como bem quiser.
Aquele que se torna príncipe pelo favor popular está sozinho: ou não
há ninguém, ou há poucos, ainda não preparados para obedecê-lo.
Ademais, não se pode, com honestidade, manter satisfeitos os grandes
sem ofensa a outros; ao povo, porém, pode-se satisfazer. No povo, o
objetivo é mais honesto do que entre os grandes; estes desejam oprimir
e aquele não quer ser oprimido. O príncipe nunca estará seguro contra
a hostilidade do povo, porque ele é composto de muitos; quanto aos
grandes, isso é possível, uma vez que são poucos (MAQUIAVEL, 1999,
p. 73-74).
7 HOBBES: O LEVIATÃ
A teoria mais conhecida e, talvez, a mais importante sobre o Estado, foi a
desenvolvida por Thomas Hobbes (1588-1679). Sua convivência com a nobreza,
da qual recebeu apoio financeiro para estudar, resultou em uma posição de
ferrenho defensor do poder absoluto do Estado.
Sua principal e mais conhecida obra, Leviatã (1651), parte da ideia de que
os homens vivem em constante conflito devido à natureza perversa. Segundo
Hobbes (1983, p. 75), há três causas para a discórdia: “primeiro, a competição;
segundo, a desconfiança; e terceiro, a glória”.
168
TÓPICO 1 | FILOSOFIA POLÍTICA
169
UNIDADE 3 | FILOSOFIA PARA HOJE
O freio do poder é o próprio poder, desde que este não esteja centralizado
em uma única pessoa ou instituição. A conclusão de Montesquieu é resultado da
situação vivida pela França, durante a dinastia Bourbon, que era uma dinastia
absolutista que perdurou até 1789, ano da Revolução Francesa.
170
TÓPICO 1 | FILOSOFIA POLÍTICA
9 REGIMES POLÍTICOS
Os regimes políticos consistem na maneira como o governo se relaciona
com o povo através das suas instituições. O governo se organiza através das
instituições que compõem o Estado. A seguir, estudaremos alguns tipos de
regimes políticos, com a finalidade de compreender suas estruturas e a forma
como se sustentam.
171
UNIDADE 3 | FILOSOFIA PARA HOJE
FONTE: <https://otambosi.blogspot.com/2018/05/por-uma-democracia-representativa.html>.
Acesso em: 19 set. 2018.
172
TÓPICO 1 | FILOSOFIA POLÍTICA
FONTE: <https://conexaoc.blogspot.com/2015/08/eu-posso-voce-nao-pode.html?m=0>.
Acesso em: 19 set. 2018.
173
UNIDADE 3 | FILOSOFIA PARA HOJE
FIGURA 8 – TOTALITARISMO
174
TÓPICO 1 | FILOSOFIA POLÍTICA
Tal prática foi muito comum no campo de extermínio nazista e nos campos
de trabalho forçado na Rússia. Esses regimes negaram os direitos mínimos de um
cidadão, incluindo o direito de ser sepultado por seus familiares ou amigos. É a
negação extrema da liberdade.
175
UNIDADE 3 | FILOSOFIA PARA HOJE
10 FORMAS DE GOVERNO
Vimos anteriormente como alguns teóricos desenvolveram sua concepção
de Estado e da figura que governa. Assim, é necessário compreendermos as
diferentes formas de governo que são responsáveis por dirigir o Estado e trabalhar
pela manutenção do pacto social, que une os homens.
10.1 MONARQUIA
A monarquia é uma forma de governo em que o monarca, que pode ser
um rei, uma rainha, um imperador ou uma imperatriz, é o chefe permanente do
Estado ou até que a pessoa morra ou abandone a sua posição.
10.2 REPÚBLICA
A República é uma forma de governo na qual os cidadãos, ou seja, seus
representantes, o povo, elege um chefe de Estado para representar por tempo
determinado. Uma república pode ser parlamentarista ou presidencialista.
10.2.1 Parlamentarismo
O parlamentarismo é uma forma de governo na qual o Legislativo
(parlamento) é o responsável por oferecer a sustentação política (apoio direito ou
indireto) para o Executivo. Portanto, o Executivo necessita do parlamento para
governar. O Executivo é, geralmente, exercido por um primeiro-ministro.
176
TÓPICO 1 | FILOSOFIA POLÍTICA
10.2.2 Presidencialismo
O Executivo é exercido pelo presidente. No presidencialismo há três
poderes que devem funcionar para poderem equilibrar o poder um do outro:
o Executivo, o Legislativo e o Judiciário e exercidos, respectivamente, pelo
presidente, pelo Parlamento (no caso do Brasil, o Congresso Nacional) e pelo
Supremo Tribunal Federal.
177
UNIDADE 3 | FILOSOFIA PARA HOJE
LEITURA COMPLEMENTAR 1
Péricles (495-429 a.C.) faz a oração fúnebre aos guerreiros mortos durante
o primeiro ano da Guerra do Peloponeso, e suas palavras são relatadas pelo
historiador Tucídides. Convém verificar a divergência entre o texto e o de Platão.
FONTE: ARANHA, M. L. A.; MARTINS, M. H. Filosofando: introdução à filosofia. 2. ed. São Paulo:
Moderna, 1993.
178
TÓPICO 1 | FILOSOFIA POLÍTICA
LEITURA COMPLEMENTAR 2
ORIGENS DO TOTALITARISMO
Hannah Arendt
179
UNIDADE 3 | FILOSOFIA PARA HOJE
FONTE: ARENDT, Hannah. Origens do totalitarismo. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.
180
RESUMO DO TÓPICO 1
• A ágora é o espaço público das cidades gregas escolhido pelos cidadãos para
debaterem sobre os mais diversos assuntos.
• A obra A República, escrita por Platão por volta de 380 a.C., é particularmente
rica em termos filosóficos, políticos e sociais. O ponto central da discussão
está na busca de uma fórmula que garanta uma harmoniosa administração à
cidade.
181
AUTOATIVIDADE
a) ( ) V – V – F.
b) ( ) V – F – F.
c) ( ) F – V – F.
2 Nas cidades gregas, havia um espaço no ponto mais alto da cidade que
era chamado de acrópole, onde ficava a ágora. No espaço, os cidadãos se
reuniam diariamente, pois era o local onde ocorriam as trocas comerciais.
Contudo, a ágora tinha outra função, que ia além da que citamos. Sobre a
segunda função, podemos afirmar que:
182
UNIDADE 3
TÓPICO 2
FILOSOFIA DA MENTE
1 INTRODUÇÃO
Qual é a importância da Filosofia da Mente? Ela se torna fundamental
para as demais áreas, tais como Ética, Estética e Filosofia da Linguagem. Tudo
começa na mente.
DICAS
Assista ao filme “Uma mente brilhante”, que conta a história de John Nash
(Russell Crowe), um gênio da matemática que, aos 21 anos, formulou um teorema que
provou sua genialidade e o tornou aclamado. Contudo, aos poucos, o belo e arrogante
Nash se transforma em um sofrido e atormentado homem, que chega até mesmo a ser
diagnosticado como esquizofrênico pelos médicos.
Após anos de luta para se recuperar, ele consegue retornar à sociedade e acaba
sendo premiado com o Nobel.
183
UNIDADE 3 | FILOSOFIA PARA HOJE
FONTE: <https://www.guiadaFilosofia.com.br/Filosofia-da-mente-e-psicologia/>.
Acesso em: 1 out. 2018.
É comum ouvirmos alguém dizer para outra pessoa que perdeu um ente
querido: “Eu sei a tristeza que você está sentindo porque já perdi um parente
que amava”. Perder um parente não causa o mesmo grau ou sensação de tristeza
em pessoas diferentes, pois envolve vários elementos, tais como o grau de
proximidade, a convivência etc.
184
TÓPICO 2 | FILOSOFIA DA MENTE
3 O PROBLEMA MENTE-CORPO
Como falamos anteriormente, um dos problemas filosóficos é a questão
da mente-corpo. Assim, como é possível que a mente exista e exerça influência
no mundo físico? Se a mente e o cérebro são coisas distintas, de que maneira
a relação entre ambos é estabelecida? É um problema que cabe ao filósofo da
mente solucionar.
FIGURA 10 – MENTE-CORPO
FONTE: <http://www.martacogo.it/il-problema-mentecorpo-e-nato-prima-luovo-o-la-gallina/>.
Acesso em: 28 ago. 2018.
185
UNIDADE 3 | FILOSOFIA PARA HOJE
Cabe ressaltar que a mente, embora seja algo um tanto abstrato, não é uma
preocupação apenas da Filosofia, mas é objeto de estudo de outras ciências que
utilizam métodos diferentes. A ciência que se dedica a estudar o cérebro se chama
Neurofisiologia, que faz parte do campo da Neurociência e tem como objeto de
estudo o sistema nervoso.
E
IMPORTANT
Os átomos também são invisíveis. Entretanto seria difícil dizer que átomos são
fenômenos mentais apenas porque não podemos observá-los. A diferença estaria no fato de que
os átomos são invisíveis, mas não significa que um dia eles não possam ser observados. Através
de um microscópio eletrônico, que poderia ser construído no futuro, quem sabe? O mesmo não
ocorreria com os fenômenos mentais. Assim, parece absurdo supor que, um dia, mesmo com
um microscópio eletrônico, poderemos observar uma ideia, um sentimento ou uma emoção.
Não quer dizer que o estudo da mente não possa ser feito a partir do estudo do
cérebro. Contudo, ao fazer determinada afirmação, o neurofisiólogo estaria se esquecendo
de uma diferença fundamental: "massa", "aceleração", "gravidade" podem ser medidas. Não
teria sentido dizer que um dia poderemos "medir uma ideia" ou estabelecer a "quantidade de
alegria" que sentimos ao descobrir que nosso bilhete de loteria foi premiado.
Falamos de coisas que dão mais alegria ou menos alegria. Seria estranho pensar
em ter uma escala para medirmos alegrias: hoje minha alegria está no nível 1,8. Depois de
alguns copos de vinho, ela poderá chegar ao nível 3,6. A alegria que sinto quando encontro
o bilhete de loteria premiado não é maior nem menor do que aquela que sinto quando a
menina que eu paquerava há meses me dá um beijo: elas são alegrias diferentes.
FONTE: TEIXEIRA, João F. O que é filosofia da mente. 2. ed. Porto Alegre, 2016.
186
TÓPICO 2 | FILOSOFIA DA MENTE
E
IMPORTANT
É bastante óbvio que as pessoas têm estados mentais conscientes, incluindo não
apenas sensações e sentimentos de vários tipos, como também crenças, desejos e emoções
conscientes. As pessoas têm mentes e, ao mesmo tempo, é óbvio que as pessoas têm
corpos físicos, incluindo, em especial, seus cérebros, que envolvem vários tipos de estados
e processos físicos.
Será que as mentes e estados mentais são distintos dos corpos ou dos estados
materiais ou corporais (como o dualismo afirma), sendo que as pessoas seriam constituídas
de dois tipos fundamentalmente diferentes de ingredientes? Será que, de algum modo,
as mentes e os estados mentais são redutíveis a corpos e a estados materiais (como o
materialismo afirma)? A conexão entre os dois aspectos básicos está longe de ser óbvia.
Ao pensar as visões, será útil ter disponível um exemplo simples que envolva estados
mentais e materiais. Suponha que eu saia pela porta da frente e pare na metade do caminho
em direção ao meu carro, pois percebo que está frio e úmido, que há nuvens escuras e
que o vento parece estar aumentando. Eu decido que, provavelmente, irá chover e esfriar.
Eu volto para casa para buscar um casaco e um guarda-chuvas e, tendo feito, vou ao carro
novamente.
Aqui temos vários estados mentais: sensações de frio, umidade, escuridão e tempo
ventoso; crenças perceptivas sobre tudo e ainda a crença de que vai chover e esfriar.
Supostamente, um desejo de não me molhar ou sentir frio. Há também vários estados físicos
ou materiais.
FONTE: BONJOUR, L.; BAKER, A. Filosofia: textos fundamentais comentados. 2. ed. Porto
Alegre: Artmed, 2010.
187
UNIDADE 3 | FILOSOFIA PARA HOJE
4 DUALISMO
O dualismo é a teoria que parte do princípio de que mente e corpo são
duas substâncias diferentes. Substância não no sentido químico, mas no sentido
filosófico. Assim, estados mentais, na concepção dualista, “são bem distintos dos
estados físicos e materiais” (BONJOUR; BAKER, 2010, p. 199).
“Os filósofos, muitas vezes, afirmaram que há mais argumentos específicos que
mostram, aparentemente, que os estados mentais não podem ser idênticos aos estados
físicos de nenhum tipo e, assim, dão mais suporte à abordagem dualista das mentes e
dos estados mentais” (BONJOUR; BAKER, 2010, p. 200). Há pelo menos duas versões
do dualismo que merecem atenção: dualismo de substância e dualismo de atributo.
A mente (o elemento imaterial), por outro lado, não possui medida, forma,
extensão, peso ou qualquer outro traço que seja característico do corpo. Portanto, a
mente está livre dos fatores que condicionam o corpo. Assim, podemos compreender
mente e corpo como substâncias de natureza, realidade e funcionalidade diferentes
e que se encontram separadas, mas que interagem entre si.
Pensamiento Materia
Activa Pasiva
Es pensada, ordenada y dotada de sentido por
Peinsa, ordena y da sentido
el pensamient
Se trata, en consecuencia, de la realidad más Se trata, en consecuencia, de una realidad
importante y primera secundaria
188
TÓPICO 2 | FILOSOFIA DA MENTE
189
UNIDADE 3 | FILOSOFIA PARA HOJE
5 MATERIALISMO OU FISICALISMO
O fisicalismo é uma tese metafísica que defende que tudo é físico. O nome
foi proposto por Otto Neurath “como denominação do Círculo de Viena, que via,
na linguagem, o campo de indagação da filosofia” (ABBAGNANO, 2012, p. 539).
Para os fisicalistas, o único mundo que existe é o mundo físico. Significa dizer que
os estados mentais são, de alguma maneira, estados físicos.
O fisicalismo é a teoria que acredita que tudo o que existe ou tudo o que
é real, no mundo espaço-temporal, é um fato físico ou uma entidade física. É
preciso considerar que as propriedades dos fatos físicos são propriedades físicas
em si ou são propriedades constituídas/realizadas/compostas por propriedades
físicas. Assim, a matéria é a única substância da realidade, ou seja, cada objeto
material está condicionado/determinado por suas características físicas próprias
da matéria.
6 A CONSCIÊNCIA
A consciência é considerada uma das áreas mais desafiadoras. Várias
perguntas foram e são feitas quanto à consciência: Pode uma máquina ter
consciência? A consciência é um atributo exclusivo dos seres humanos? A
consciência pode ser definida como o conhecimento que o homem possui dos
seus próprios pensamentos, sentimentos e atos. Assim, tanto um robô quanto
um animal possuem “conhecimento” de seus próprios pensamentos? Sobre o
conceito de consciência, Abbagnano (2012, p. 217) esclarece que:
190
TÓPICO 2 | FILOSOFIA DA MENTE
FIGURA 12 – A CONSCIÊNCIA
FONTE: <https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/consciencia-moral-liberdade-humana.htm>.
Acesso em: 2 out. 2018.
191
UNIDADE 3 | FILOSOFIA PARA HOJE
DICAS
Leia a obra Filosofia da mente, escrita por Cláudio Costa, que traz um debate
sobre a Filosofia da Mente de maneira acessível. A obra é uma clara, concisa e atualizada
exposição crítica dos problemas mais discutidos pela Filosofia da Mente contemporânea: a
natureza da consciência, a relação mente-corpo, a identidade pessoal e a estrutura da ação
humana. Vale muito a pena ler!
192
TÓPICO 2 | FILOSOFIA DA MENTE
LEITURA COMPLEMENTAR
O MISTÉRIO DA MENTE
Desidério Murcho
Muitos dos temas foram estudados por filósofos como Platão e Aristóteles,
assim como por Tomás de Aquino, Descartes e Locke. Todavia, só com os estudos
de John Dewey (1859-1952) e Rudolf Carnap (1891-1970), a moderna filosofia
adquire o perfil que hoje conhecemos.
Pense, por exemplo, em uma dor de dentes. O aspecto mental da sua dor é
o facto de ser algo que o leitor sente. Por mais que eu diga que a sua dor é um certo
fenômeno químico ou neurológico no seu cérebro, parece simplesmente falso. Os
fenômenos físicos que ocorrem no seu cérebro são susceptíveis à observação por
qualquer pessoa que tenha os instrumentos relevantes à disposição. Contudo, a
193
UNIDADE 3 | FILOSOFIA PARA HOJE
sua dor de dentes é algo que só o leitor pode realmente sentir. Observar redes
neuronais e fenômenos físicos no cérebro de alguém é algo muito diferente de
sentir uma dor de dentes.
Muitos filósofos naturalistas podem agora respirar: algumas das suas ideias
parecem confirmadas pela ciência. São os teólogos que têm agora de repensar a
sua concepção de alma, pois a concepção tradicional tem, definitivamente, os dias
contados.
194
RESUMO DO TÓPICO 2
195
AUTOATIVIDADE
196
UNIDADE 3
TÓPICO 3
FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO
1 INTRODUÇÃO
Quando tratamos de educação, encontramos um debate muito amplo
sobre as mais diversas questões e concepções relacionadas a ela. Assim, é possível
falar de educação de um ponto de vista pedagógico, psicológico, sociológico etc.,
e também de um ponto de vista filosófico.
197
UNIDADE 3 | FILOSOFIA PARA HOJE
OH! MAIOR DAS MÍDIAS DE OBRIGADO PELO ARTIFICIALIS- ESTA TIGELA DE MINGAU
MASSA, OBRIGADO POR MODAS SOLUÇÕES RÁPIDAS E MORNO REPRESENTA O MEU
ELEVAR A EMOÇÃO, REDUZIR O PELA INSIDIOSA MANIPULAÇÃO CÉREBRO. EU O OFEREÇO, EM
PENSAMENTO E SUFOCAR A HUMILDE SACRIFÍCIO. CONCE-
DOS DESEJOS HUMANOS PARA
DA TUA LUZ CINTILANTE,
IMAGINAÇÃO. FINS COMERCIAIS.
ETERNAMENTE!
FONTE: <http://joralimatexto.blogspot.com/2018/05/univesp-curso-de-pedagogia-disciplina_17.
html>. Acesso em: 22 ago. 2018.
198
TÓPICO 3 | FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO
A educação crítica possibilita que o aluno pense por ele mesmo, seja capaz
de se posicionar e, a partir de uma reflexão crítica e fundamentada na razão,
tomar uma posição que garanta seus direitos e sua liberdade de agir.
DICAS
Sofrendo uma crise familiar, Henry verá três mulheres entrando em sua vida e vai começar
a perceber como ele pode fazer a diferença, mesmo que isso venha com um alto custo.
199
UNIDADE 3 | FILOSOFIA PARA HOJE
3.1 EPISTEMOLOGIA
Consiste em estudar a origem, a estrutura, os métodos e a validade
do conhecimento. Ela também é conhecida como a teoria do conhecimento. É
possível afirmar ter sua origem em Platão, que opõe a crença ou opinião (doxa) ao
conhecimento (episteme). Enquanto que conhecimento é uma crença verdadeira e
justificada, a opinião consiste em uma crença em um determinado ponto de vista
subjetivo, que se baseia no senso comum.
200
TÓPICO 3 | FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO
3.3 AXIOLOGIA
É o estudo de valores do ser humano na educação, valor no sentido moral,
político, estético, entre outros valores que estão presentes e ocupam lugar de
destaque em uma determinada sociedade.
201
UNIDADE 3 | FILOSOFIA PARA HOJE
A formação humana vai mais além, pois prepara o indivíduo para as suas
múltiplas relações, sejam elas no campo moral, político, cultural etc. Pensar a
educação requer uma reflexão aprofundada sobre o papel da escola, do professor,
do aluno, da família e do poder público.
202
TÓPICO 3 | FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO
203
UNIDADE 3 | FILOSOFIA PARA HOJE
FONTE: <http://revistapesquisa.fapesp.br/2016/10/20/a-hora-da-inovacao-transformadora/>.
Acesso em: 18 set. 2018.
204
TÓPICO 3 | FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO
205
UNIDADE 3 | FILOSOFIA PARA HOJE
LEITURA COMPLEMENTAR
ENSINAR A PENSAR
Immanuel Kant
Tradução de Desidério Murcho
206
TÓPICO 3 | FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO
207
RESUMO DO TÓPICO 3
• A filosofia possui métodos que têm como finalidade levar o ser humano a
pensar bem e criticamente.
208
AUTOATIVIDADE
209
210
REFERÊNCIAS
ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de filosofia. 6. ed. São Paulo: Martins Fontes,
2012.
ARRUDA, José J. A.; PILETTI, Nelson. Toda a história: história geral e história
do Brasil. 6. ed. São Paulo: Ática, 1996.
211
CHAUI, Marilena. Convite à filosofia. 14. ed. São Paulo: Ática, 2011.
COSTA, Claudio. Filosofia da mente. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2005.
212
HEIL, J. Filosofia da mente: uma introdução contemporânea. Lisboa: Instituto
Peaget, 1998.
KANT, Immanuel. Crítica da razão pura. 2. ed. São Paulo: Abril Cultural, 1983.
LENZI, Tié. Como funciona o poder executivo. 2018. Disponível em: <https://
www.todapolitica.com/poder-Executivo/>. Acesso em: 10 out. 2018.
213
MACKENZIE, Iain. Política: conceitos-chave em Filosofia. Porto Alegre:
Artmed, 2011.
REALE, G.; ANTISERI, D. História da filosofia: filosofia pagã antiga. São Paulo:
Paulus, 2003.
SANDEL, M. J. Justiça: o que é fazer a coisa certa? 17. ed. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 2015.
214
SILVEIRA, Fernando L. da. A teoria do conhecimento de Kant: o idealismo
transcendental. 2002. Disponível em: <https://www.if.ufrgs.br/~lang/Textos/
KANT.pdf>. Acesso em: 21 mar. 2018.
TEIXEIRA, João F. O que é filosofia da mente. 2. ed. RS: Editora Fi, 2016.
215