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Geografia Física

Prof. Alexandre Schweitzer


Prof. Wanderlei Machado dos Santos

2018
Copyright © UNIASSELVI 2018

Elaboração:
Prof. Alexandre Schweitzer
Prof. Wanderlei Machado dos Santos

Revisão, Diagramação e Produção:


Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri


UNIASSELVI – Indaial.

910.02
S413g Schweitzer, Alexandre
Geografia física / Alexandre Schweitzer; Wanderlei
Machado dos Santos. Indaial: UNIASSELVI, 2018.

227 p. : il.

ISBN 978-85-515-0135-1

1.Geografia.
I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci.
Apresentação
O livro didático de Geografia Física do curso de licenciatura em
Geografia da UNIASSELVI apresenta o resultado de uma intensa pesquisa
bibliográfica, que pretende apresentar de forma clara e objetiva os principais
tópicos de geologia que o professor de Geografia abordará em sua vivência
profissional. Buscamos com este livro reunir o conhecimento replicando
em uma linguagem direta e objetiva, buscando facilitar o contato do nosso
acadêmico com os temas da disciplina de maneira que facilite o aprendizado,
ao mesmo tempo que permita ao futuro professor, a partir do conhecimento
adquirido com nosso material didático, elaborar atividades práticas e
também permitir o início de estudos mais aprofundados nos tópicos de
maior interesse do acadêmico.

Os temas da Geografia estão sempre conectados a outras ciências,


assim a geologia aparece como um conteúdo que é abordado pela geografia
e que ainda assim continua ligado a muitas outras ciências, como a física,
química, matemática, ecologia, economia e geopolítica, são algumas das
muitas disciplinas que se relacionam com os tópicos apresentados nesse
livro.

Esperamos que a partir dos conhecimentos que serão apresentados


nesse material didático, o futuro professor tenha um ponto de partida para
novos e mais aprofundados estudos, bem como uma referência para guiar a
abordagem profissional do ensino de Geografia na escola, quando os temas
envolverem a geologia.

O livro está organizado em três unidades. A primeira aborda a


astronomia, preocupa-se em trazer uma visão científica sobre o surgimento
desse universo que ainda é inexplicável, e o que temos são teorias que tentam
explicar. Também estudaremos um pouco do que a humanidade sabe sobre o
nosso sistema solar e o nosso planeta.

Na segunda unidade seguimos com o nosso planeta, os acontecimentos


ao longo do tempo geológico, os minerais e os diferentes tipos de rochas que
se originam a partir do ciclo geológico, e finalizando a segunda unidade,
vamos tratar dos recursos energéticos dos quais a humanidade atualmente
depende.

Na terceira unidade abordaremos o tectonismo e o vulcanismo, abalos


sísmicos e formação da crosta terrestre. Nessa unidade objetivamos mostrar
reflexões teóricas sobre conhecimentos fundamentais de Geografia Física
(geologia) aos futuros professores, que o conhecimento aqui reunido possa
fundamentar de forma colaborativa a formação dos novos professores, mas

III
que, principalmente, possa inspirá-lo a seguir seus estudos. Esse material não
se trata da apresentação do conhecimento absoluto, mas de uma coletânea de
conhecimentos já consolidados em geologia. Com isso, lembre-se sempre de
que a verdade jamais será única, consulte vários autores, instigue reflexões,
busque argumentos que fundamentem suas ideias, mas principalmente,
esteja sempre pronto para mudar o rumo do seu pensamento quando se
deparar com evidências que demonstrem alguma interpretação equivocada
de sua parte. Confronte ideias, reflita, discuta, concorde e discorde, não fique
apenas com sua opinião, tenha posicionamento.

Bons estudos!

Atenciosamente,

Prof. Alexandre Schweitzer.


Prof. Wanderlei Machado dos Santos.

NOTA

Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto


para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há
novidades em nosso material.

Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é


o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura.

O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.

Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente,


apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.

Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto
em questão.

Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.

Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de


Desempenho de Estudantes – ENADE.

Bons estudos!

IV
V
VI
Sumário
UNIDADE 1 – ASTRONOMIA: A JANELA PARA O UNIVERSO............................................. 1

TÓPICO 1 – INTRODUÇÃO À ASTRONOMIA............................................................................ 3


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................... 3
2 UMA BREVE HISTÓRIA DA ASTRONOMIA............................................................................ 4
3 SOBRE A ORIGEM DO UNIVERSO.............................................................................................. 12
3.1 AS GALÁXIAS............................................................................................................................ 14
3.2 BURACO NEGRO..................................................................................................................... 17
3.3 A FORÇA DA GRAVIDADE.................................................................................................. 18
3.4 AS ESTRELAS............................................................................................................................. 19
3.5 OS PLANETAS........................................................................................................................... 22
3.6 OS PLANETAS-ANÕES........................................................................................................... 23
3.7 OS COMETAS............................................................................................................................. 23
3.8 OS METEOROIDES, METEOROS E METEORITOS.................................................... 24
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 26
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................... 27

TÓPICO 2 – O SISTEMA SOLAR...................................................................................................... 29


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................... 29
2 ORIGEM DO SISTEMA SOLAR..................................................................................................... 29
2.1 O SOL............................................................................................................................................. 31
3 OS PLANETAS DO SISTEMA SOLAR.......................................................................................... 35
3.1 MERCÚRIO.................................................................................................................................. 36
3.2 VÊNUS........................................................................................................................................... 37
3.3 TERRA........................................................................................................................................... 38
3.4 MARTE.......................................................................................................................................... 40
3.5 JÚPITER........................................................................................................................................ 41
3.6 SATURNO.................................................................................................................................... 42
3.7 URANO......................................................................................................................................... 43
3.8 NETUNO...................................................................................................................................... 44
4 PLUTÃO: O PLANETA-ANÃO E A NOVA CATEGORIA......................................................... 45
RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 48
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................... 49

TÓPICO 3 – PLANETA TERRA.......................................................................................................... 51


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................... 51
2 PLANETA TERRA: O NOSSO LUGAR NO UNIVERSO.......................................................... 51
3 ORIGEM DO PLANETA TERRA E DA LUA................................................................................ 52
4 LUA: O SATÉLITE NATURAL DA TERRA.................................................................................. 53
4.1 FASES DA LUA.......................................................................................................................... 56
5 OS MOVIMENTOS DE TRANSLAÇÃO DO PLANETA TERRA............................................ 58
5.1 A ROTAÇÃO E AS HORAS DO DIA.................................................................................. 59
5.2 SISTEMAS DO PLANETA TERRA..................................................................................... 60
5.3 NÚCLEO DA TERRA: A FONTE DO MAGNETISMO............................................... 62

VII
5.4 O MANTO TERRESTRE......................................................................................................... 63
5.5 LITOSFERA................................................................................................................................. 64
LEITURA COMPLEMENTAR............................................................................................................. 65
RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 69
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................... 70

UNIDADE 2 – TEMPO GEOLÓGICO: DA FORMAÇÃO DAS ROCHAS À EXPLORAÇÃO


DAS JAZIDAS............................................................................................................ 73

TÓPICO 1 – EVOLUÇÃO GEOLÓGICA DO PLANETA TERRA............................................... 75


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................... 75
2 AS FORMAS DO PLANETA TERRA .­........................................................................................... 75
3 A ESCALA DE TEMPO GEOLÓGICO: ÉON, ERA, PERÍODO, ÉPOCA................................ 77
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 91
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................... 93

TÓPICO 2 – OS MINERAIS E AS ROCHAS................................................................................... 95


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................... 95
2 OS MINERAIS.................................................................................................................................... 95
3 AS ROCHAS........................................................................................................................................ 99
3.1 ROCHAS ÍGNEAS..................................................................................................................... 100
3.2 ROCHAS SEDIMENTARES.................................................................................................. 103
3.3 ROCHAS METAMÓRFICAS . .............................................................................................. 110
RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 113
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................... 115

TÓPICO 3 – CICLO GEOLÓGICO.................................................................................................... 117


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................... 117
2 CICLO HIDROLÓGICO................................................................................................................... 118
3 CICLO TECTÔNICO ........................................................................................................................ 120
4 CICLO DAS ROCHAS....................................................................................................................... 121
4.1 INTEMPERISMO FÍSICO, QUÍMICO E BIOLÓGICO: A DESAGREGAÇÃO
DAS PARTÍCULAS................................................................................................................... 122
4.2 EROSÃO E SEDIMENTAÇÃO: OS AGENTES DE SELEÇÃO E
TRANSPORTE............................................................................................................................ 125
RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 128
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................... 130

TÓPICO 4 – RECURSOS ENERGÉTICOS NATURAIS................................................................ 131


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................... 131
2 ROCHAS CARBONOSAS ............................................................................................................... 132
2.1 CARVÃO....................................................................................................................................... 132
2.2 PETRÓLEO E GÁS..................................................................................................................... 133
2.2.1 Estoques mundiais de petróleo........................................................................................... 138
2.2.2 Petróleo brasileiro................................................................................................................. 139
3 XISTO BETUMINOSO – ÓLEO E GÁS DE FONTE NÃO CONVENCIONAL..................... 140
4 GEOLOGIA E MEIO AMBIENTE................................................................................................... 142
5 A EXPLORAÇÃO DAS JAZIDAS, A MANUFATURA REVERSA E A CONSERVAÇÃO
DE RECURSOS .................................................................................................................................. 144
LEITURA COMPLEMENTAR............................................................................................................. 147
RESUMO DO TÓPICO 4..................................................................................................................... 150
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................... 152

VIII
UNIDADE 3 – FENÔMENOS GEOLÓGICOS................................................................................ 153

TÓPICO 1 – TECTONISMO................................................................................................................ 155


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................... 155
2 PROCESSOS DE FORMAÇÃO DA CROSTA TERRESTRE..................................................... 155
2.1 A FORMAÇÃO DA CROSTA TERRESTRE..................................................................... 156
2.2 ESCUDOS CONTINENTAIS................................................................................................ 158
2.3 TECTÔNICA DE PLACAS..................................................................................................... 160
2.3.1 Limite das placas tectônicas ............................................................................................... 164
2.4 EXPANSÃO DO ASSOALHO OCEÂNICO..................................................................... 167
3 ZONAS DE SUBDUCÇÃO DA LITOSFERA................................................................................ 170
3.1 EVOLUÇÃO DOS CONTINENTES.................................................................................... 172
3.1.1 O supercontinente (Pangeia) e as ideias iniciais da Deriva Continental ..................... 172
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 175
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................... 176

TÓPICO 2 – VULCANISMO............................................................................................................... 179


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................... 179
2 AS FEIÇÕES VULCÂNICAS ........................................................................................................... 179
2.1 ATIVIDADES VULCÂNICAS ............................................................................................. 181
2.2 TIPOS DE ERUPÇÕES VULCÂNICAS ............................................................................. 183
3 DESASTRES VULCÂNICOS – MARCAS NA HISTÓRIA DA HUMANIDADE................ 186
RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 189
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................... 190

TÓPICO 3 – SISMOS E TSUNAMIS................................................................................................. 193


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................... 193
2 FALHAMENTOS E TIPOS DE FALHAS....................................................................................... 193
2.1 SISMOS......................................................................................................................................... 195
2.2 MAGNITUDE E INTENSIDADE........................................................................................ 196
2.3 ESCALA RICHTER E ESCALA DE MERCALLI........................................................... 197
2.4 TSUNAMIS.................................................................................................................................. 200
RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 202
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................... 203

TÓPICO 4 – CROSTA TERRESTRE E AS INTERAÇÕES PARA A FORMAÇÃO DO SOLO... 205


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................... 205
2 OROGÊNESE E EPIROGÊNESE..................................................................................................... 205
2.1 OROGÊNESE.............................................................................................................................. 205
2.2 EPIROGÊNESE........................................................................................................................... 206
3 MOVIMENTOS DE MASSAS......................................................................................................... 207
3.1 OS TIPOS DE MOVIMENTOS DE MASSA..................................................................... 208
4 SOLOS E DESERTIFICAÇÃO......................................................................................................... 211
4.1 SOLOS............................................................................................................................................ 211
4.2 DESERTIFICAÇÃO................................................................................................................... 214
LEITURA COMPLEMENTAR............................................................................................................. 216
RESUMO DO TÓPICO 4..................................................................................................................... 218
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................... 220
REFERÊNCIAS....................................................................................................................................... 223

IX
X
UNIDADE 1

ASTRONOMIA: A JANELA
PARA O UNIVERSO

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• descrever fatos importantes da evolução do conhecimento em astronomia;

• sintetizar e reproduzir a visão científica sobre a origem do universo e do


sistema solar;

• descrever e justificar a classificação de planetas ou planeta-anão dos cor-


pos do sistema solar;

• relacionar a força da gravidade com os buracos negros e outros eventos no


universo;

• compreender que os princípios de química e física são partes integrantes


do estudo do planeta Terra e do cosmos;

• descrever a estrutura do planeta Terra;

• definir quais são e como ocorrem os movimentos do planeta Terra;

• descrever a relação Terra-Lua.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos de conteúdos. No decorrer da
unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o
conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – INTRODUÇÃO À ASTRONOMIA

TÓPICO 2 – O SISTEMA SOLAR

TÓPICO 3 – PLANETA TERRA

1
2
UNIDADE 1
TÓPICO 1

INTRODUÇÃO À ASTRONOMIA

1 INTRODUÇÃO
Na Unidade 1 acumularemos conhecimentos para compreender a visão
científica sobre a origem do universo e do planeta Terra. Partimos agora para uma
leitura que ajudará a entender como se deu o desenvolvimento dos conhecimentos
em astronomia até chegar na compreensão atual sobre a origem e formação do
universo, do sistema solar e do planeta Terra.

O professor de Geografia, muitas vezes, é questionado sobre as questões


divinas que envolvem a origem do universo. É muito importante o equilíbrio
das ponderações do professor de Geografia para com seus alunos, na sala de
aula deve haver espaço para todas as formas de pensamento, e cabe ao professor
mediar esses conhecimentos.

Não é papel do professor convencer o aluno de que este ou aquele


conhecimento é mais verdadeiro do que outro, o aluno deve aprender a refletir,
questionar, ponderar e concluir de forma autônoma e crítica, para assim poder
construir seus próprios saberes. Para aceitar uma religião é preciso ter fé, para
aceitar as explicações científicas também é necessário acreditar.

Em ambos os casos, na maior parte das vezes, são relatos que chegam até
nós através de histórias, como a sonda que pousou em Marte ou o profeta que
conversou com Deus. Os acontecimentos nos são relatados, aceitar como verdade
ou não cabe a cada um decidir. Sobre ciência e religião, segue o trecho de um
escrito feito por dois grandes físicos, Stephen Hawking e Leonard Mlodinow, no
livro “Uma nova história do tempo”:

O objetivo final da ciência é oferecer uma única teoria que descreva


o universo inteiro. Entretanto, o enfoque seguido pela maioria dos
cientistas é, na verdade, separar o problema em duas partes. Em
primeiro lugar, existem as leis que nos informam como o universo se
altera com o decorrer do tempo. (Se soubermos qual a aparência do
universo em qualquer dado momento, essas leis nos informarão que
aparência ele terá em qualquer dado momento futuro.) Segundo, existe
a questão do estado inicial do universo. Algumas pessoas acham que
a ciência deveria se dedicar apenas à primeira parte; elas consideram
a questão da situação inicial uma questão para a metafísica ou para
a religião. Elas diriam que Deus, sendo onipotente, poderia ter dado
início ao universo de qualquer maneira que Lhe aprouvesse. Pode
ser que sim, mas nesse caso Ele também poderia ter feito com que o
universo se desenvolvesse de uma maneira inteiramente arbitrária.
Contudo, parece que Deus optou por fazê-lo evoluir de uma maneira
bem regular, de acordo com certas leis. Logo, parece igualmente
razoável supor que também existem leis que governam o estado inicial
(HAWKING; MLODINOW, 2008, p. 23).

3
UNIDADE 1 | ASTRONOMIA: A JANELA PARA O UNIVERSO

Com isso em mente, cabe ainda destacar que o momento da singularidade


inicial ocorreu após um evento gatilho que disparou as demais reações. Assim, não
pretendemos aqui explicar nada anterior ao instante inicial. Desse evento inicial
em diante foram desencadeados inúmeros acontecimentos físicos e químicos que
trouxeram o universo a esse ponto em que o conhecemos.

2 UMA BREVE HISTÓRIA DA ASTRONOMIA


É muito fácil acreditar no fato de que desde sempre, nós, seres humanos,
admiramos o céu. Vamos deixar de lado as divagações sobre fatos remotos sem
comprovação científica e vamos aos estudos.

Começamos nossa viagem pela história da astronomia com os


monumentos megalíticos ou megálitos, que são grandes monumentos de rocha
construídos no passado. São antigos registros que demonstram a relação de
nossos ancestrais com o céu, os megálitos foram utilizados em rituais religiosos,
funerários e astronômicos (AFONSO; NADAL, 2014). São evidências bastante
antigas do início da relação dos seres humanos com os conhecimentos e
marcações possíveis a partir dos astros.

Sabemos que os seres humanos passaram a registrar os astros, pelo


menos desde 3000 a.C. Na Inglaterra o monumento de Stonehenge, no Egito as
pirâmides, são exemplos bastante conhecidos de megálitos e demonstram os
registros astronômicos de povos do passado; outros megálitos são encontrados
em diversas partes do planeta (AFONSO; NADAL, 2014). Considerando que se
há 3000 a.C. já havia monumentos enormes construídos em consonância com
eventos astronômicos, é bem fácil acreditar que desde o mais primata ancestral
humano, o céu noturno já atraía a nossa atenção e curiosidade e que desde o
início tentamos entender o céu.

FIGURA 1 – MONUMENTO NEOLÍTICO DE STONEHENGE, NA INGLATERRA

FONTE: Disponível em: <https://sunearthday.nasa.gov/2005/multimedia/


gal_034.htm>. Acesso em: 17 abr. 2017.

4
TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO À ASTRONOMIA

A astronomia no Oriente foi desenvolvida praticamente sem contato com


os ocidentais, sabemos hoje que foram os chineses que em 2317 a.C. descreveram
detalhadamente a aparição de um cometa pela primeira vez (TRAVNIK, 1985).
Os chineses também fizeram apontamentos astronômicos com anotações
muito precisas dos astros e suas órbitas, esses escritos orientais foram datados
aproximadamente em 700 a.C. Muito antes do que qualquer ocidental, os chineses
mediram em 365 dias a duração de um ano (OLIVEIRA FILHO; SARAIVA, 2004).

Também cerca de 700 a.C. é a idade em que foram datadas duas tábuas
de argila cozida encontradas no Iraque com escritos babilônicos. Esses escritos
resumem o movimento de planetas e constelações como a de Leão e a de Escorpião,
de maneira tão detalhada que as descrevem praticamente como conhecemos hoje.
Os babilônios também foram responsáveis por introduzir o conceito do dia com
24 horas e da hora com 60 minutos (RIDPATH, 2008).

Os babilônios olhavam para o céu e buscavam realizar as previsões


celestiais com base na posição das estrelas, o que hoje conhecemos como astrologia
e não será foco de nossos estudos. Quando esse conhecimento sobre a posição
das estrelas foi levado aos gregos, estes passaram a se interessar por explicações
sobre o funcionamento do universo, partindo dos princípios físicos já conhecidos
naquela época.

Na Grécia Antiga, o período entre 600 a.C. e 400 a.C. foi de grande
desenvolvimento da astronomia, contando com as contribuições de Tales de Mileto
(624-546 a.C.), que era matemático, astrônomo e levou muitos conhecimentos
babilônicos do Egito para a Grécia. Em um tempo em que ainda se pensava que
a Terra era um disco cercado por água, Tales de Mileto apresentou aos gregos
conhecimentos fundamentais de geometria, explicou que a Lua é iluminada pelo
Sol e também previu um eclipse.

Pitágoras (572-497 a.C.), apesar das polêmicas atuais que debatem sobre
ele ser uma pessoa ou um grupo de estudos daquela época, o que todos concordam
é sobre o fato de que ele (ou eles) já acreditava na esfericidade da Terra. Tempos
depois, mas com base nas ideias pitagóricas, surge o pensamento de Aristóteles
(384-322 a.C.), que explicou as fases da Lua, os eclipses e, com base no conceito de
Terra esférica, afirmava que o universo é esférico e finito.

Mais tarde, Aristarco (310-230 a.C.) propôs pela primeira vez que a Terra
se move em torno do Sol. Isso foi quase há 2000 anos antes de Copérnico propor
o geocentrismo. Aristarco também desenvolveu um método para calcular a
distância e o tamanho relativo do Sol, da Lua e da Terra.

Depois, Erastóstenes (276-194 a.C.), que foi bibliotecário e diretor da


Biblioteca de Alexandria, conseguiu desenvolver um método para medir a
circunferência da Terra a partir do estudo das sombras em duas cidades diferentes,
Alexandria e Siena, na mesma data e hora. Conhecendo as medidas envolvidas,

5
UNIDADE 1 | ASTRONOMIA: A JANELA PARA O UNIVERSO

Erastóstenes descobriu as diferenças entre elas e calculou o raio da Terra. Hoje


reconhecemos que, tomados os devidos cuidados, podemos chegar a um valor
muito próximo da medida verdadeira (OLIVEIRA FILHO; SARAIVA, 2004).

Como a unidade de medida utilizada por Erastóstenes foi o estádio, uma


unidade antiga e que não conhecemos exatamente qual o valor métrico, existem
controvérsias sobre a medida encontrada por Erastóstenes, pois não se sabe o quão
próximo da medida real ele teria chegado (OLIVEIRA FILHO; SARAIVA, 2004).

Mais tarde, Hiparco (160-125 a.C.), já com bastante conhecimento grego


acumulado, compilou um catálogo com informações de posição e magnitude
(brilho) de 850 estrelas. Hiparco também deduziu o tamanho da sombra da Terra,
o tamanho e a distância da Lua, e ainda confirmou a duração do ano.

Alguns anos depois, Ptolomeu (85 d.C. – 165 d.C.), o último nome
importante da astronomia na Grécia Antiga, fez uma excelente representação
geométrica do sistema solar. O modelo geocêntrico de Ptolomeu apresentou um
complexo movimento dos planetas. Nesse modelo a Terra era colocada em um
sistema geocêntrico (geo= Terra + cêntrico= no centro), explicando o complexo
movimento dos planetas (OLIVEIRA FILHO; SARAIVA, 2004).

Na visão antropocêntrica dominante naquela época, os seres humanos e


o planeta Terra eram o centro de tudo o que havia, o universo girava em torno
dos homens. Assim, na concepção antropocêntrica, o homem era o centro da
“criação”. O modelo geocêntrico de Ptolomeu colocou a Terra no centro do
sistema, explicando de forma bastante complexa o movimento dos planetas no
céu. Nessa época os planetas eram chamados de errantes, devido ao vai e vem
que fazem no céu (OLIVEIRA FILHO; SARAIVA, 2004).

A Terra no centro do sistema, rodeada pelos planetas que se moveriam


fazendo dois movimentos, um grande círculo, denominado Deferente (Figura
2), onde cada planeta em uma órbita segue em movimentos circulares menores,
chamados Epiciclos (RIDPATH, 2008).

Naquele momento, pela primeira vez era possível prever o movimento


dos planetas com boa precisão, e isso foi um grande avanço na Astronomia da
época. A ideia básica do modelo geocêntrico de Ptolomeu foi equivocada, mas
produziu bons resultados na aplicação do modelo.

O modelo geocêntrico descreve tão bem o que é visto no céu que foi
utilizado até o século XVI (OLIVEIRA FILHO; SARAIVA, 2004). Além do modelo
geocêntrico, Ptolomeu deixou outra grande contribuição, ao compilar todo o
conhecimento em astronomia da época em uma coleção que ficou conhecida
como Almagesto (OLIVEIRA FILHO; SARAIVA, 2004). Logo depois dessa época,
com a civilização grega indo às ruínas, a astronomia adormeceu.

6
TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO À ASTRONOMIA

FIGURA 2 – REPRESENTAÇÃO DO MODELO GEOCÊNTRICO DE PTOLOMEU (À ESQUERDA).


DETALHE DO DEFERENTE E DO EPICICLO (À DIREITA)

FONTE: Disponível em: <http://www.scienceu.com/observatory/articles/retro/retro.html >.


Acesso em: 20 abr. 2017.

Com o declínio da civilização greco-romana e avanço das populações


mulçumanas para a Europa, as investigações mais importantes em astronomia
passaram a ser realizadas em Bagdá. A obra de Ptolomeu foi revisada, traduzida
e adaptada para o árabe por Al-Sufi, por volta do ano 1000 d.C., era um popular
livro árabe de astronomia intitulado “Almagesto”, que significa “O Maior”
(RIDPATH, 2008).

Os astrônomos árabes se preocuparam muito na descrição física da posição


dos astros e desenvolveram instrumentos para realizar medidas de ângulos, para,
através de cálculos matemáticos, obter posições e medidas com certa precisão.
Esses avanços contribuíram bastante com a modernização do astrolábio e do
sextante, o que permitiu medidas ainda mais precisas.

Muito do que se produziu na Europa durante os anos de dominação


mulçumana foi destruído quando ocorreu a conquista do TERRITÓRIO pelos
cristãos. Grande parte do conhecimento adquirido ao longo da história na
Europa foi perdido, assim a astronomia perdeu alguns séculos de avanços no
conhecimento. Com a Europa dominada, a astronomia adormeceu em suas
descobertas.

ATENCAO

TERRITÓRIO – é um dos conceitos-chave da geografia, merece atenção


especial do professor de Geografia.

7
UNIDADE 1 | ASTRONOMIA: A JANELA PARA O UNIVERSO

Entre os séculos XII e XVI a astronomia na Europa passou por uma grande
perseguição devido à intolerância religiosa. Mesmo assim, Copérnico (1473-
1543), de forma anônima por medo da intolerância religiosa, lançou escritos que
resgatavam a teoria heliocêntrica (Sol no centro) de Aristarco, estimulando novas
investigações (RIDPATH, 2008). Com a circulação dos escritos de Copérnico, a
astronomia passou por um despertar, e apesar de ainda perseguida no século
XVI, buscou os saberes resgatados na obra de Ptolomeu.

NOTA

Um fato interessante na história da astronomia é que o Almagesto se perdeu


com muito conhecimento da antiguidade, mas para a sorte dos astrônomos, em 765 d.C.
foi encontrada na Pérsia uma versão em árabe do Almagesto, e no século XII a obra foi
traduzida para o latim e o conhecimento foi levado de volta à Europa, mais precisamente
para Toled, na Espanha (OLIVEIRA FILHO; SARAIVA, 2004).

Conhecendo o modelo heliocêntrico de Copérnico, que explica de forma


razoável o movimento dos planetas, mas apresenta discrepâncias e não consegue
explicar os movimentos planetários com precisão, e ainda utilizando os trabalhos
das observações de seu mestre, o dinamarquês Tycho Brahe (1546-1601), sobre
a órbita de Marte, foi que o matemático alemão Johannes Kepler (1571-1630)
desenvolveu as três leis do movimento planetário (HAWKING; MLODINOW,
2008; FARIA, 1987).

As três leis do movimento planetário de Kepler descrevem as características


do movimento dos planetas ao redor do Sol. O movimento de um planeta em
volta do Sol é chamado de translação. Uma volta em torno do Sol equivale a um
ano.

A primeira lei de Kepler demonstrou que a órbita dos planetas ao redor


do Sol é elíptica. A segunda lei de Kepler diz que quanto mais próximo um
planeta estiver do Sol, maior será sua velocidade, e quanto mais distante do Sol,
menor será sua velocidade, ou seja, a velocidade de um planeta em sua translação
ao redor do Sol não é constante. A terceira lei de Kepler aponta uma relação
constante, que considera a distância média do planeta até o Sol com o tempo da
translação desse planeta (FARIA, 1987).

Com o desenvolvimento das leis de Kepler foi confirmado que os planetas


não estavam em órbitas circulares, mas em órbitas elípticas ao redor do Sol
(HAWKING; MLODINOW, 2008). Assim, o ponto da órbita mais próximo do Sol
e onde a velocidade é máxima foi denominado de periélio, e o ponto da órbita
mais distante do Sol, logo com a menor velocidade, foi denominado de afélio
(FARIA, 1987).

8
TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO À ASTRONOMIA

Com isso, o modelo do sistema solar foi ajustado e o movimento dos


planetas pôde ser descrito com maior clareza. Até essa época, toda observação
do céu era feita sem nenhum equipamento ótico. O sistema solar era composto
apenas pelos planetas visíveis a olho nu, ou seja, Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter
e Saturno.

Um grande avanço na astronomia surgiu logo depois das leis de Kepler


serem estabelecidas, foi quando Galileu Galilei (1564-1642) ouviu falar do
desenvolvimento de lentes para observar objetos distantes e logo desenvolveu o
telescópio. Com o telescópio foi possível olhar mais longe, o que possibilitou uma
nova visão do céu e muitos avanços foram alcançados, ajudando a fundar a física
moderna (HAWKING; MLODINOW, 2008; RIDPATH, 2008).

A partir de 1610 a astronomia passou a utilizar o telescópio para observar


o céu. Com suas observações, Galileu descobriu montanhas e crateras na Lua,
quatro satélites em Júpiter, manchas solares, estrelas distantes invisíveis a olho
nu (FARIA,1987).

O equipamento de Galileu Galilei permitiu olhar mais longe do que


qualquer outra pessoa já tinha olhado antes. Com o telescópio foi possível observar
os planetas como discos, porém as estrelas ainda se apresentavam apenas como
pontos luminosos, o que dava força às ideias de um universo vasto, imenso.

As observações celestes de Galileu Galilei abriram uma nova janela para


o conhecimento humano, ele também descobriu que a velocidade de um objeto
dobra a cada 9,8 metros de queda, esse é o valor da constante de aceleração da
força da gravidade, que mais tarde foi utilizada por Isaac Newton para descrever
a Lei da Gravidade (RIDPATH, 2008).

As revelações de Galileu destoavam do pensamento imposto na época,


mas, por conta da aceitação do heliocentrismo, o astrônomo teve sérios problemas
com os tribunais que o perseguiram, prenderam e o confinaram no final de sua
vida.

DICAS

Para conhecer mais sobre a obra e a vida de Galileu, a dica é que existem alguns
filmes disponíveis gratuitamente na internet, procure por Galileu Galilei no seu buscador
preferido, encontre um dos filmes disponíveis e aproveite para adquirir mais conhecimento.

9
UNIDADE 1 | ASTRONOMIA: A JANELA PARA O UNIVERSO

O telescópio de Galileu foi construído com um tubo e duas lentes, uma


côncava e outra convexa, que ampliava cerca de 30 vezes e tinha um pequeno
campo de visão. Foi o suficiente para revolucionar a astronomia, e pouco tempo
depois o telescópio foi incrivelmente aperfeiçoado por Christian Huygens (1629-
1695). Além de telescópios, ele também propôs a teoria ondulatória da luz e
descobriu os anéis de Saturno (RIDPATH, 2008).

Os estudos de Isaac Newton (1642-1727) contribuíram muito para o


desenvolvimento da astronomia. O avanço no entendimento sobre a decomposição
da luz através de um prisma foi revolucionário, mas a maior contribuição de
Newton para a astronomia foi o entendimento da força da gravidade, ao
perceber que a força que nos mantém com os pés no chão é a mesma força que
atua e mantém a Lua na órbita da Terra, assim como os planetas na órbita do Sol
(RIDPATH, 2008).

Enquanto Isaac Newton desenvolvia a Lei da Gravitação Universal, ele


percebeu que a constante da 3ª Lei de Kepler depende da massa do Sol e do
planeta, e ainda, que as leis de Kepler são válidas também para os asteroides,
cometas, meteoros, satélites (FARIA, 1987).

O conhecimento de Newton está organizado em sua obra mais importante,


o Principia Mathematica, que foi publicado originalmente em 1687, apresentando
pela primeira vez a Lei da Gravidade, explicando a órbita dos planetas ao redor
do Sol e a influência da Lua sobre as marés (HAWKING; MLODINOW, 2008).

O conhecimento desenvolvido por Newton colaborou muito como um


grande referencial para as pesquisas posteriores. Atualmente podemos ver a
aplicação dos ensinamentos de Newton em muitas áreas, como nas tecnologias
que mantêm os satélites artificiais na órbita da Terra (RIDPATH, 2008). Newton foi
uma personalidade muito importante no desenvolvimento dos conhecimentos,
suas contribuições são utilizadas cotidianamente por todos nós.

ATENCAO

Os satélites artificiais são mantidos na órbita da Terra e são importantes na


manutenção de redes de comunicação, como internet e telefonia, e também em usos de
posicionamento como o GPS. Através de exemplos da atualidade, o professor de Geografia
pode contextualizar os estudos que estão sendo realizados, levando ao aluno um maior
entendimento da importância que tem a informação que está sendo oferecida.

10
TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO À ASTRONOMIA

Mais tarde, com base na teoria da gravidade, Edmond Halley (1656-1742)


calculou a órbita dos cometas em torno do Sol e percebeu que “os cometas” vistos
em 1531, 1607 e 1682 eram o mesmo, prevendo corretamente a reaparição do
cometa em 1758, o que ocorreu 16 anos após sua morte. E quando o cometa surgiu
no céu conforme previsto, foi batizado de Cometa Halley (RIDPATH, 2008).

UNI

O Cometa Halley é conhecido na humanidade, da última vez que nos visitou,


ainda no século XX, causou muita expectativa, euforia e temor em muitos de nós. Procure
saber mais sobre acontecimentos históricos em relação à passagem de cometas. O professor
deve sempre incentivar a leitura e a curiosidade em seus alunos. Falando nisso, você já está
preparado para a próxima passagem do Cometa Halley?

Em 1750, o astrônomo amador Thomas Wrigth (1711-1786) presumiu em


seus escritos a existência de outras galáxias, o que inspirou o alemão Immanuel
Kant (1724-1804) a propor em 1755 que as nebulosas que se vê no céu noturno
são sistemas de estrelares bastante compatíveis com o que temos na Via Láctea
(OLIVEIRA FILHO; SARAIVA, 2014). Em 1781, Wilhelm Herschel (1738-1822)
descobriu Urano e observou a existência da galáxia (FARIA, 1987).

Após o século XVIII, a física e a astronomia alcançaram novos grandes


avanços, e surge então a astrofísica, com intrigantes debates sobre a origem
do universo, que resultaram em um desenvolvimento tecnológico incrível.
A decomposição da luz com um prisma, inicialmente estudada por Newton,
instigou vários cientistas que passaram a se interessar pelo tema.

Já no início do século XIX, o asteroide CERES é descoberto em 1801 (FARIA,


1987). No ano seguinte foram descobertas as riscas negras no espectro do Sol.
Com base na decomposição da luz descrita por Newton, o alemão William Hyde
Wollanston (1766-1826) desenvolveu um processo e inventou o espectroscópio,
que é um aparelho utilizado para analisar os comprimentos de onda da luz
(RIDPATH, 2008).

Utilizando o espectroscópio é possível, por exemplo, decompor a luz de


estrelas distantes, e foi o que fizeram Robert Bunsen e Gustav Kirchhoff. Quando
estudaram a atmosfera do Sol utilizando o espectroscópio, eles perceberam a
presença de substâncias químicas em altas temperaturas (RIDPATH, 2008).

Ainda no século XIX surge a fotografia, e logo que inventada já foi utilizada
para registrar o céu noturno; ainda em 1838, Friedrich Bessel fez uma mensuração
inédita, até então ele mediu a distância da Terra até uma estrela aplicando o

11
UNIDADE 1 | ASTRONOMIA: A JANELA PARA O UNIVERSO

conhecimento em medidas de distância utilizando os princípios matemáticos de


Paralaxe (RIDPATH, 2008). A fotometria permitiu a análise quantitativa da luz
dos astros e a fotografia astronômica possibilitou registrar a luz emitida pelos
astros (FARIA, 1987).

No início do século XX, Albert Einstein (1879-1955) publicou a Teoria da


Relatividade, revolucionando a física, e possibilitou muitas descobertas sobre
as leis do universo no campo da cosmologia. Com o avanço das tecnologias,
telescópios cada vez mais potentes foram construídos, galáxias distantes foram
avistadas, teorias foram comprovadas.

Com o desenvolvimento das tecnologias, os astrônomos passaram a olhar


mais e melhor para o céu, registrando e descobrindo novas estrelas, planetas,
exoplanetas em galáxias distantes. Aprendemos a sair do planeta, chegar à Lua
e voltar para a Terra em relativa segurança, enviamos sondas de exploração aos
planetas do sistema solar, telescópios espaciais foram lançados ao espaço para
nos enviar imagens de partes muito distantes do universo.

A astronomia é um tema que necessita de atualização constante por parte


dos professores. Os avanços tecnológicos cada vez mais estão nos fornecendo
novas ferramentas de investigação, e também as sondas espaciais, que estão cada
vez mais longe da Terra e seguem nos enviando novos conhecimentos sobre o
universo. Assim, espera-se que o professor mantenha seus conhecimentos em
astronomia sempre atualizados, que realize leituras constantes sobre astronomia
e considere que grandes avanços podem ocorrer.

DICAS

Atualmente, novas descobertas astronômicas têm sido realizadas, em parte por


conta dos avanços tecnológicos, mas um aspecto importante é de que, com a popularização
das lunetas, até mesmo astrônomos amadores já fizeram grandes descobertas. Uma leitura
sobre a participação dos astrônomos amadores nas descobertas pode ser encontrada no
link <http://www.oei.es/historico/divulgacioncientifica/reportajes_098.htm>.

3 SOBRE A ORIGEM DO UNIVERSO


Considerando as diferentes linhas de pensamento sobre a origem do
universo, após leituras que abordam o tema e buscando um texto que apresente
o conhecimento científico, respeitando as diferentes visões religiosas, é
importante destacar, mais uma vez, que o presente texto busca apresentar o atual
entendimento científico sobre os fatos que se sucederam após a singularidade do
instante inicial. Não se tem intenção de questionar ou tentar explicar qualquer
fato ou ação anterior à singularidade.

12
TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO À ASTRONOMIA

A teoria científica que atualmente melhor explica a singularidade do


momento inicial diz que toda a matéria que existe no universo estava comprimida
em um único ponto, onde a temperatura, a densidade e a curva espaçotempo
foram infinitas, o que resultou na singularidade inicial que chamamos de Big
Bang (HAWKING; MLODINOW, 2008). Estudar sobre a origem do universo é
conhecer a origem do planeta Terra e dos elementos que compõem esse e outros
planetas.

O Big Bang foi o momento da singularidade inicial, marca o início do


tempo e do espaço, aconteceu entre 13 e 20 bilhões de anos atrás (RIDPATH,
2008; POMEROL et al., 2013). Essa medida de tempo pode variar conforme o
método utilizado pelos cientistas. Devemos considerar a teoria do Big Bang, pois
é o modelo mais aceito sobre a origem do universo, trata do início de tudo, diz
que a partir de uma grande explosão criou-se o tempo e o espaço e espalhou toda
a matéria cósmica existente (HAWKING; MLODINOW, 2008).

O planeta Terra, e tudo o que existe aqui, é constituído por elementos


químicos comuns a outras partes do cosmos. Todo material que conhecemos
possui uma origem em comum com qualquer outro material existente. A origem
em comum é a singularidade, a grande explosão primordial, o Big Bang que
expandiu o universo, espalhou a matéria e deu origem ao espaço e ao tempo.

UNI

Um fato inusitado é que a teoria do Big Bang foi batizada por um de seus
maiores opositores, que ao rejeitar a ideia, proferiu algumas palavras contrariando a teoria e
exclamando ao fim que o início do tempo não poderia ser apenas uma grande explosão, e
assim o termo big bang (grande explosão) passou a ser utilizado, quase como um apelido
de escola, para nominar e referenciar a teoria que atualmente é a mais aceita sobre a origem
do tempo e do espaço.

A teoria da relatividade geral, desenvolvida por Albert Einstein (1879-


1955), diz que o espaçotempo começou com o Big Bang e chegará ao fim em
outra singularidade, o Big Crunsh, a teoria também defende que enquanto o
universo se expande, qualquer matéria ou radiação nele se resfria (HAWKING,
1988). Acreditamos que com apenas um segundo de idade o universo já havia
diminuído sua temperatura para algo em torno de dez bilhões de graus Celsius e
cerca de cem segundos depois a temperatura já havia caído para algo em torno de
um bilhão de graus, assim o espaço seguiu expandindo e resfriando (HAWKING;
MLODINOW, 2008).

13
UNIDADE 1 | ASTRONOMIA: A JANELA PARA O UNIVERSO

Supondo que o universo se expanda em todas as direções, talvez até o


infinito, o que se tem certeza é de que vai até mais além do que podemos observar
ou entender atualmente. A matéria espalhada depois do Big Bang nos dá pistas
de como ocorre a expansão do universo, pois essa matéria forma as estrelas,
planetas, cometas, meteoros e tudo mais que possa existir, mas o entendimento
da origem do universo ainda não foi alcançado e novas teorias ainda despontam,
como a das supercordas, que sugere um universo com 10 dimensões (OLIVEIRA
FILHO; SARAIVA, 2004).

UNI

Para pensar: se uma estrela estiver a uma distância maior do que 20 bilhões de
anos-luz da Terra, ainda não poderemos enxergar essa estrela, uma vez que sua luz ainda
não chegou por aqui, ao mesmo tempo que a luz de uma estrela que está sendo vista da
Terra hoje foi emitida há tempos atrás e pode ser que a luz que enxergamos hoje seja na
verdade de uma estrela que já não brilha mais.

3.1 AS GALÁXIAS
No século XVIII os astrônomos já haviam percebido que havia algo entre
as estrelas. Parecia um objeto muito grande, porém não é muito nítido. Então
a desconhecida, difusa e extensa massa foi chamada de nebulosa (OLIVEIRA
FILHO; SARAIVA, 2014).

Mais tarde descobriu-se que essa nebulosa é formada por diversos objetos
diferentes, a maior que vemos faz parte da nossa galáxia, são nuvens de gás
iluminadas por uma estrela em seu interior, gases de alguma estrela que chegou
ao fim da sua evolução ou mesmo um aglomerado de estrelas, mas algumas
daquelas nebulosas são outras galáxias, que estão muito distantes (OLIVEIRA
FILHO; SARAIVA, 2014).

Considerando a teoria do Big Bang, sabemos que todas as galáxias


começaram a se formar na mesma época, mas a maneira como se organizam e os
materiais que cada galáxia tinha em sua composição inicial foi o que as diferenciou
(OLIVEIRA FILHO; SARAIVA, 2004).

A classificação das galáxias ocorre pela forma como as enxergamos no


céu, seguindo o esquema de classificação de galáxias (Figura 3), proposto por
Edwin Powell Hubble (1899-1953) (OLIVEIRA FILHO; SARAIVA, 2004). Apesar
de cada galáxia ter características próprias, elas podem ser classificadas em dois
tipos principais: as Elípticas e as Irregulares (Figura 4).

14
TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO À ASTRONOMIA

As galáxias irregulares, como o próprio nome sugere, são as galáxias que


não apresentam uma forma definida, uma em cada 40 galáxias é irregular. Por
outro lado, as galáxias elípticas apresentam rotação simétrica em torno de um
ponto central dominante e ainda podem ser subdivididas em espirais normais e
espirais barradas (HUBBLE, 1958).

As galáxias elípticas do tipo espiral normal possuem dois braços opostos,


que surgem da periferia do núcleo para fora, marcando a trajetória espiral. Já a
espiral barrada apresenta, além do anel aparente no centro, uma concentração de
massa em uma barra nebulosa que atravessa o centro da galáxia (HUBBLE, 1958).

FIGURA 3 – DIAGRAMA DO ESQUEMA DE CLASSIFICAÇÃO DAS GALÁXIAS

FONTE: Adaptado de Hubble (1958)

FIIGURA 4 – TIPOS DE GALÁXIAS

FONTE: Disponível em: <https://spaceplace.nasa.gov/galaxy/en/>. Acesso em:


15 abr. 2017.
15
UNIDADE 1 | ASTRONOMIA: A JANELA PARA O UNIVERSO

A Via Láctea é considerada uma Galáxia Espiral (OLIVEIRA FILHO;


SARAIVA, 2004), todavia, há indícios de que a Via Láctea seja uma Galáxia Espiral
com uma característica barrada, essa barra estaria alinhada exatamente com o
nosso ponto de vista (RIDPATH, 2008), por isso seria difícil de perceber essas
barras. Nosso lugar na Via Láctea está longe do centro, fica no chamado Braço de
Orion, que é um dos braços espirais da Via Láctea (CHRISTOPHERSON, 2012).

FIGURA 5 – REPRESENTAÇÃO DOS BRAÇOS DA VIA LÁCTEA E DA LOCALI-


ZAÇÃO DO NOSSO SOL

FONTE: Disponível em: <https://starchild.gsfc.nasa.gov/docs/StarChild/


questions/question18.html>. Acesso em: 17 abr. 2017.

O nome Via Láctea significa o caminho do leite e recebe essa denominação


por conta do esbranquiçado que forma no céu noturno (CHERMAN; MENDONÇA,
2010). O brilho claro no céu noturno fica mais acentuado nas noites de lua nova,
quando a escuridão do céu destaca o brilho das estrelas. A maior parte de tudo
que vemos brilhando no céu noturno está em nossa galáxia, a Via Láctea, que
possui mais de 200 milhões de estrelas (RIDPATH, 2008). Alguns cientistas dizem
haver cerca de 400 bilhões de estrelas (CHRISTOPHERSON, 2012).

16
TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO À ASTRONOMIA

DICAS

Experimente dedicar algum tempo para observar o céu noturno, uma noite
sem nuvens, com a Lua na fase nova, em um local afastado da luminosidade dos centros
urbanos. Olhe para o céu, busque as estrelas que você conhece, pesquise antes, se for o
caso. Você perceberá uma grande região do céu com aspecto nebuloso, é a nossa galáxia,
a Via Láctea. Ao Sul da linha do Equador é possível observar o Cruzeiro do Sul, é uma
constelação importante para a navegação astronômica, pois indica a direção do Sul. Um
outro grupo de estrelas conhecido são as Três Marias, que formam o cinturão da constelação
de Orion. Permita-se olhar para o céu à noite.

A Via Láctea não é a única galáxia do universo, na verdade existem muitas


outras, nossa vizinha mais próxima é Andrômeda, que tem dimensões duas vezes
maior que a Via Láctea e seu centro está distante cerca de 2,2 milhões de anos-luz
da Terra (OLIVEIRA FILHO; SARAIVA, 2004; RIDPATH, 2008).

3.2 BURACO NEGRO


A principal força conhecida que atua em um buraco negro é a força da
gravidade. Um buraco negro é formado quando uma estrela entra em colapso
e seu núcleo rompe, formando os quarks, o que gera uma força gravitacional tão
intensa que nem mesmo a luz consegue escapar. Os buracos negros são os mais
estranhos objetos conhecidos pela ciência (RIDPATH, 2008).

No centro da Via Láctea existe em buraco negro supermaciço, com


massa de 2 milhões de vezes maior que a massa do Sol, nós o chamamos de
estrela Sagitário A (CHRISTOPHERSON, 2012). Esse buraco negro não é negro,
o terráqueo que daqui o observa vê o brilho do buraco negro que se parece com
o de uma estrela. O brilho do buraco negro aparece no céu noturno, e desde os
primórdios da astronomia foi considerado uma estrela e faz parte da constelação
de Sagitário, a qual também podemos observar no céu noturno.

Para supostamente conseguir escapar de um buraco negro, que é uma


estrela com a gravidade tão forte que impede qualquer coisa de escapar, pois a
velocidade de escape é igual à velocidade da luz, seria necessário ir mais rápido
do que a luz, mas tamanha velocidade é impossível de ser alcançada (OLIVEIRA
FILHO; SARAIVA, 2004). Podemos entender o buraco negro como o centro de
um colapso espacial com força gravitacional tão intensa que é capaz de distorcer
o espaço e o tempo ao seu redor e de onde nem mesmo a luz consegue escapar.

17
UNIDADE 1 | ASTRONOMIA: A JANELA PARA O UNIVERSO

3.3 A FORÇA DA GRAVIDADE


Perceber o peso das coisas, talvez o próprio peso, é uma interação cotidiana
que temos com a força da gravidade, muito provavelmente essa foi a primeira
forma que a humanidade percebeu essa força. É a gravidade que faz as coisas
caírem. Podemos dizer que é uma força que existe desde o início do universo e
atua atraindo corpos menores para cima de corpos maiores.

Foi Isaac Newton, o famoso físico e autor das três leis de Newton, o primeiro
estudioso que se interessou seriamente em estudar a força da gravidade. Após
muito estudo, reflexões e experimentos, ele conseguiu chegar a conclusões que o
levaram a formular a Lei da Gravitação Universal, explicando que a “gravidade é
uma força de atração entre corpos”.

A gravidade é a força que supostamente criou a clássica cena da maçã


caindo na cabeça de Newton que repousava embaixo da árvore, e a partir daí o
levou a estudar essa força e resultou na formulação da lei da gravidade. Com a lei
formulada, Newton conseguiu demonstrar que é a gravidade que faz a Lua ficar
na órbita da Terra, assim como os planetas ficam na órbita do Sol (HAWKING,
1988).

Isaac Newton, usando da lei da gravidade, explicou que no universo todo


corpo é atraído por outro corpo devido a uma força, que quanto maior for a massa
do corpo e quanto mais próximo um corpo estiver do outro, maior será a força de
atração entre esses corpos.

A imensa intensidade de atuação da força da gravidade foi verificada


quando astrônomos demonstraram que até mesmo uma galáxia pode ser atraída
pela gravidade de outra. Os astrônomos já confirmaram que a força gravitacional
entre a Via Láctea e a Espiral de Andrômeda faz com que elas se atraiam
mutuamente, e daqui a cerca de 4 bilhões de anos haverá uma colisão que fundirá
estas duas galáxias (RIDPATH, 2008).

A força da gravidade é uma das quatro forças fundamentais do universo,


e, assim como a força eletromagnética, são forças de longo alcance. As outras
duas forças têm alcance muito menor, atuam somente no núcleo dos átomos e
são denominadas força fraca e força forte. A mecânica quântica já descreveu
as forças fracas e fortes, bem como a força eletromagnética, porém a força da
gravidade ainda não foi descrita, talvez isso seja uma boa indicação de que a
força da gravidade não é explicada pela física quântica, ou, por outro lado, pode
apenas demonstrar que simplesmente ainda não sabemos fazer tal descrição
(CHERMAN; MENDONÇA, 2010).

18
TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO À ASTRONOMIA

3.4 AS ESTRELAS
Em uma descrição primitiva, as estrelas são pontinhos brilhantes que
surgem no céu ao anoitecer. Alguns desses pontinhos luminosos que vemos no
céu estão tão distantes da Terra que a estrela que emitiu a luz pode até já não
existir mais. Isso se dá pois algumas dessas estrelas estão muito distantes, e assim
o que vemos hoje é apenas a luz emitida antes do fim da estrela.

Quando olhamos à noite para o céu estrelado, podemos perceber


aglomerados de estrelas e também áreas mais vazias, os pontinhos brilhosos que
podemos ver são apenas alguns dos milhares, dentre os bilhões de estrelas que
estão em volta de nós (CHRISTOPHERSON, 2012).

A análise da luz emitida por uma estrela pode responder aos astrônomos
algumas questões, como a temperatura da superfície da estrela, quantidade de
energia irradiada, composição química. Com as respostas dessas questões, os
astrônomos utilizam o diagrama de Hertzsprung-Russell (POMEROL et al., 2013).

FIGURA 6 – DIAGRAMA DE HERTZSPRUNG-RUSSELL

FONTE: Disponível em: <http://www.socionauki.ru/journal/files/seh/2005_1/seh_4_1_c_fig_1.


JPG>. Acesso em: 16 abr. 2016.

19
UNIDADE 1 | ASTRONOMIA: A JANELA PARA O UNIVERSO

As estrelas possuem um ciclo de vida. O nosso Sol, por exemplo, está


próximo do meio de sua vida, sendo que as previsões indicam que daqui a
aproximadamente 5 bilhões de anos o Sol entrará em colapso e se transformará
em uma estrela gigante vermelha.

Devido às imensas distâncias entre as estrelas e nós, o pontinho brilhoso


que vemos no céu hoje pode ter sido emitido por uma estrela que não existe mais.
É que devido a distância ser muito grande e o fato da luz emitida viajar pelo
espaço sem interferência dos eventos posteriores à emissão da luz no ponto de
origem, o que vemos hoje é um fato do passado da estrela. O que acontece é que
a estrela está tão distante de nós que já pode ter se transformado em uma gigante
vermelha, e como a luz emitida ainda está viajando pelo universo, o que vemos
atualmente aqui da Terra é a luz emitida pela estrela há tempos atrás.

ATENCAO

O universo possui uma dimensão desconhecida, não sabemos o tamanho, não


sabemos onde ele começa, tampouco onde ele termina. Na verdade, ainda desconhecemos
muitas distâncias e muitos dos fenômenos. A astronomia é uma ciência em constante
atualização. O profissional licenciado em Geografia deve sempre se manter atualizado com
as novas descobertas, uma vez que é possível que no período entre a publicação desse livro
e a leitura deste pelo acadêmico de Geografia, alguma nova descoberta astronômica venha
a modificar o entendimento de algum fenômeno, ou mesmo alguma nova resolução da
União Internacional de Astronomia modificar a definição de planeta, ou dar novos nomes a
objetos já conhecidos e ainda não nominados.

As estrelas se formam devido à força da gravidade. Conforme a


hipótese da nebulosa, a força da gravidade agrega partículas de poeira e gás
que desenvolvem um centro devido aos movimentos inicialmente aleatórios da
nebulosa e que seguem para uma forma gravitacional mais ordenada, em giros,
que levam o material cósmico a ficar mais compactado, passando então para uma
forma achatada, como a de um disco. Existem diferentes tipos de estrelas que
podemos classificar conforme a fase do ciclo de vida estrelar que se encontram,
elas variam no brilho e na cor.

Assim a nebulosa com a massa em forma de disco segue e ganha volume,


logo a força da gravidade também fica mais intensa, e agrega mais material do
entorno, o que resulta na intensificação ainda maior da força gravidade que
segue aumentando conforme a massa vai crescendo, o que resulta também na
progressiva elevação da temperatura no centro do disco devido ao aumento da
pressão e do atrito sobre das partículas no interior, e assim passa a gerar o brilho
inicial da protoestrela (RIDPATH, 2008).

20
TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO À ASTRONOMIA

Conforme a protoestrela ganha massa, a gravidade aumenta e ainda mais


matéria do entorno é atraída, elevando cada vez mais a pressão sobre as partículas
no centro da massa. É quando se tem uma bifurcação pontual na evolução da
protoestrela, isso se dá quando a temperatura atinge ou não o ponto de fusão,
definindo se a protoestrela se tornará uma anã marrom ou seguirá evoluindo no
ciclo de vida estrelar, aquelas que alcançam massa em torno de 10% da massa do
Sol chegarão a sequência principal da evolução das estrelas (RIDPATH, 2008).

As protoestrelas que não atingem massa suficiente para gerar fusão


nuclear acabam entrando em colapso e são contraídas pela própria gravidade e
assim formam as estrelas anãs marrons que são estrelas com muito pouco brilho.
Todavia, quando a massa da protoestrela segue crescendo com o aquecimento em
elevação intensificando o brilho e atingindo o ponto do início da fusão nuclear, a
protoestrela evolui para o estágio de estrela adolescente (RIDPATH, 2008).

De certa maneira, toda estrela surge como uma protoestrela que agrega
matéria, podendo se contrair em uma anã marrom ou seguir o ciclo de vida
estrelar e evoluir para uma estrela adolescente. Quando passa a ser uma estrela
adolescente ainda existe uma espiral de gás e poeira em seu entorno, parte dos
constituintes dessa espiral são incorporados pela própria estrela adolescente
e parte é lançado ao espaço. Várias dessas jovens estrelas possuem um campo
magnético que atrai mais material cósmico incorporando uma parte e lançando o
restante para longe com fortes ventos estrelares que ejetam o material através dos
polos para o espaço sideral (RIDPATH, 2008).

Ainda nesse contexto de atração e ejeção de matéria pela estrela, a


radiação cria forte pressão que dispersa elementos pesados como o hidrogênio,
além de desintegrar a si mesma passando por ciclo de pulsos e instabilidades
que a conduzem para a sequência principal da vida de uma estrela e nessa forma
atinge um brilho constante por conta das reações nucleares que ocorrem na estrela
(RIDPATH, 2008).

As estrelas também morrem, isso ocorre quando o elemento principal que


mantém as fusões nucleares chega ao fim, ou seja, quando todo o hidrogênio
do núcleo é consumido nas fusões dentro do núcleo da estrela, que passa então
a consumir o estoque de hélio no núcleo, bem como o hidrogênio que ainda
existe na superfície da estrela também é queimado aumentando muito o brilho,
diminuindo a massa e assim diminuindo a força da gravidade que atua sobre
os elementos da estrela, permitindo que a estrela se expanda enormemente, é
quando se diz que a estrela evoluiu para uma estrela gigante (RIDPATH, 2008).

O material resultante da fusão do hidrogênio que ao longo da vida de


estrela ainda jovem foi sendo acumulado é o hélio, porém a energia resultante
da fusão é bem menor do que a resultante da fusão do hidrogênio que ocorria
anteriormente. Essa diferença torna a estrela instável, pois como consumiu
praticamente todo o hidrogênio a massa da estrela diminui, logo a força da
gravidade também diminui, o que permite que a matéria da estrela se expanda
atingindo tamanhos gigantescos (RIDPATH, 2008).
21
UNIDADE 1 | ASTRONOMIA: A JANELA PARA O UNIVERSO

Ao se expandir a estrela já está brilhando muito mais, pois está queimando


o hidrogênio restante na superfície enquanto no núcleo a fusão agora ocorre com
o hélio e assim se torna mais brilhosa do que quando era uma estrela adolescente.
Quando o tamanho da estrela é semelhante ao tamanho do Sol, o astro evoluirá
para uma estrela gigante vermelha que entrará em colapso quando o hélio acabar,
formando então uma nova nebulosa, porém quando o tamanho for pelo menos
oito vezes maior que o Sol, essa estrela passará pelo colapso do final do estoque
de hidrogênio e expandirá até atingir proporções de uma estrela supergigante
(RIDPATH, 2008).

Quando o estoque de hélio da estrela supergigante for consumido haverá


um novo colapso, e da explosão resultante se formará uma estrela supernova, que
seguirá consumindo os elementos disponíveis ainda existentes em seu núcleo,
serão elementos cada vez mais pesados que liberam cada vez menos energia, até
que sobre apenas o ferro. No caso do ferro a energia consumida na fusão é maior
do que a energia liberada, e assim o núcleo da estrela supernova se desmontará
sobre a própria gravidade, despedaçando a estela pela própria gravidade, e
assim pode gerar ou uma estrela de nêutrons ou criar um denso buraco negro
(RIDPATH, 2008).

3.5 OS PLANETAS
Os avanços do conhecimento levaram os astrônomos da União Astronômica
Internacional (IAU) a criar uma nova definição, assim, os planetas e outros corpos,
exceto os satélites do nosso sistema solar, foram divididos em três categorias:
planetas, planetas-anões e pequenos corpos do sistema solar. Conforme a nova
definição da International Astronomical Union (IAU), os planetas são corpos
celestiais que devem:

• estar na órbita solar;


• possuir massa suficientemente grande para que a força de sua própria
gravidade tenha superado a força de rigidez, levando o planeta a atingir a
forma em equilíbrio hidrostático, ou seja, que a força da gravidade tenha sido
capaz de arredondar a forma do planeta;
• que esse planeta tenha feito uma limpa na vizinhança de sua órbita
(INTERNATIONAL ASTRONOMICAL UNION, 2006a, tradução nossa).

Com as novas definições foi proposta uma resolução para que 12


planetas fossem reconhecidos como integrantes do sistema solar. Sem
modificar a classificação de Plutão, que deixou de ser planeta, além dos oito já
bastante conhecidos (Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano e
Netuno), também podem passar a ser considerados como planeta: Ceres, Pluto,
Charon e 2003 UB313, entre outros que somam 12 candidatos a virar planeta
(INTERNATIONAL ASTRONOMICAL UNION, 2006b, tradução nossa). Essa
moderna classificação ainda é tema de debates entre os astrônomos, porém neste
livro vamos nos concentrar nos oito planetas mais conhecidos do sistema solar.

22
TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO À ASTRONOMIA

UNI

Planetas estão por definição dentro do sistema solar, todavia já foram


encontrados mais de 100 corpos celestes com características de planeta fora do sistema
solar, estes são denominados planeta extrassolar, exosolar ou exoplaneta. São corpos
difíceis de serem observados e foram descobertos em sua maioria por variações no campo
gravitacional da estrela que orbitam (RIDPATH, 2008, p. 78).

3.6 OS PLANETAS-ANÕES
Planeta-anão é definido pela International Astronomical Union (IAU)
como um corpo celeste que está na órbita do Sol, atingiu equilíbrio hidrostático,
não é satélite de nenhum outro planeta e ainda não foi capaz de eliminar (agregar
ou lançar) seus vizinhos de órbita deixando-a limpa (INTERNATIONAL
ASTRONOMICAL UNION, 2006a, tradução nossa).

3.7 OS COMETAS
Os cometas sempre despertaram medo e curiosidade na humanidade, e o
primeiro registro da aparição de um cometa foi feito pelos chineses em 2317 a.C.;
os astrônomos se intrigavam com o movimento dos cometas, pois podem surgir
de diferentes lados, e por muito tempo quase nada se sabia sobre esses corpos
celestes (TRAVNIK, 1985).

Os cometas possuem forma irregular e são compostos por gelo e poeira


cósmica restante da formação do sistema solar. Ao se deslocar, despendem poeira
que pode resultar em meteoros no céu da Terra, e quando se aproximam do calor
do Sol o gelo se desprende, e junto com a poeira que se solta forma uma coma,
que é uma grande nuvem que expele gás e poeira, formando a cauda do cometa,
que pode atingir 100 milhões de quilômetros de comprimento (RIDPATH, 2008).

Os astrônomos conhecem cerca de dois mil cometas, mas a olho nu


podemos observar três ou quatro cometas por século. Alguns são bem conhecidos,
como o Cometa Halley, que leva o nome do homem que calculou a órbita do
cometa em torno do Sol e previu sua volta a cada 76 anos. O Halley foi o primeiro
cometa a receber uma sonda que nos mostrou a imagem do núcleo de um cometa
(RIDPATH, 2008).

23
UNIDADE 1 | ASTRONOMIA: A JANELA PARA O UNIVERSO

3.8 OS METEOROIDES, METEOROS E METEORITOS


Você já viu uma estrela cadente? Talvez muitos de nós já tenhamos avistado
uma ao vivo, mas provavelmente você já ouviu falar de meteoros, meteoritos e
meteoroides, ou não? Talvez você esteja se perguntando: O que são? Qual é a
diferença entre eles?

É muito simples distingui-los, pois na realidade são um só. Ambos são


pedaços de material sólido que foram lançados no espaço devido à atividade
cósmica de corpos maiores, como asteroides, cometas, luas, planetas, ou mesmo
por radiação solar (POMEROL et al., 2013).

Enquanto os fragmentos sólidos permanecem vagando pelo universo sem


interação com a Terra, eles são chamados de meteoroides, porém quando estes
meteoroides são capturados pela força da gravidade da Terra, começam a cair em
nossa direção com velocidades entre 12 e 70 km/s.

Conforme o meteoroide penetra nas camadas mais externas da atmosfera


terrestre e a gravidade acelera ainda mais a velocidade de queda, o atrito com o
ar gera muito calor, elevando a temperatura até a combustão do material. Desse
processo, o que vemos daqui da Terra é um rastro luminoso que deixa uma trilha
cintilante no céu, é quando então os meteoroides passam a ser chamados de
meteoro ou popularmente de estrela cadente (CHERMAN; MENDONÇA, 2010).

DICAS

Para saber mais sobre meteoritos e afins, acesse o site Meteoritos Brasil
<http://meteoritosbrasil.weebly.com/> e na seção de vídeos assista ao vídeo Introdução
aos meteoritos <https://www.youtube.com/watch?v=4UoGgf5rjeI>, procure também pela
coleção nacional na seção meteoritos brasileiros: <http://meteoritosbrasil.weebly.com/
meteoritos-brasileiros.html>.

Em sua maioria os meteoros são totalmente carbonizados na entrada da


atmosfera, ainda na termosfera, ou seja, acima dos 85 km de altitude, mas por
vezes alguns ultrapassam a barreira da termosfera, e ao viajar pela mesosfera o
rastro cintilante do meteoro passa a tomar forma de uma bola incandescente, o
bólido.

Em queda livre e com a força da gravidade atuando na aceleração, o


bólido, ao sair da estratosfera, passa a interagir com os gases da troposfera, o que
causa a explosão do bólido e gera um forte estrondo e um rastro de fumaça no
céu.

24
TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO À ASTRONOMIA

Ao atingir a superfície do planeta, o bólido passa a ser denominado


meteorito. O choque do meteorito contra a superfície da Terra cria uma cratera de
impacto. Um meteorito pode cair a qualquer momento e em qualquer lugar da
superfície do planeta.

A composição dos meteoritos pode ser de material pétreo, metálico ou


metálico pétreo, aerólitos (rochosos), sideritos (metálico, Fe-Ni), e siderólitos
(metal e rocha) (ZUCOLOTTO; FONSECA; ANTONELLO, 2013).

DICAS

O livro “Tem um ET no seu quintal?” oferece um bom material didático para


trabalhar o tema dos meteoros e meteoritos nos ensinos Fundamental e Médio. Como o
objetivo do livro é a divulgação do conhecimento, está disponível gratuitamente em formato
digital no site <http://temumetnoseuquintal.weebly.com/>. Obtenha sua cópia e boa leitura.

FIGURA 7 – CRATERA DE IMPACTO DE METEORITO, SERRA DA CANGALHA, TOCAN-


TINS - BRASIL

FONTE: Google earth pro

DICAS

Assista a este curto documentário que foi lançado em 2016 em comemoração


ao Ano da Ciência Planetária: <https://www.youtube.com/watch?v=Lpn7aiEVkvQ>.

25
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:

• Para estudar o cosmos e a geologia, precisamos reconstruir a noção de tempo


e de espaço que construímos em nossa mente devido às grandes distâncias e
longos períodos de tempo.

• Os seres humanos passaram a registrar os astros desde 3000 a.C. O monumento


de Stonehenge ou as pirâmides são exemplos, assim como as antigas anotações
chinesas sobre o posicionamento dos astros, cometas, além da medição de um
ano em 365 dias, as tábuas de argila babilônicas, resumos do movimento dos
planetas e algumas constelações.

• Os avanços matemáticos e filosóficos da Grécia Antiga nos apresentaram a


geometria, esfera terrestre, sistema solar, cálculo da circunferência da Terra, e
foram compilados por Ptolomeu em uma coleção, o Almagesto.

• No período entre os séculos XII e XVI a Astronomia sofreu com o preconceito


e a intolerância religiosa muito fortes na Europa.

• Isaac Newton contribuiu para o avanço da astronomia. Entre muitos


conhecimentos deixados, a decomposição da luz nos levou aos grandes avanços
técnico-científicos que ampliaram muito as possibilidades de exploração
astronômica.

• A curiosidade humana nos levou a explorar e estudar o universo, concluindo


até o momento que a Teoria do Big Bang é cientificamente aceitável para
explicar a evolução do universo depois da singularidade inicial.

• O entendimento do ciclo de vida de uma estrela nos leva a interpretar a história


das galáxias, do sistema solar e do planeta Terra.

• Os buracos negros possuem uma gravidade muito intensa, nem mesmo a luz
consegue escapar.

• Estrelas, planetas, planetas-anão, cometas, meteoros e meteoritos são corpos


celestes que possuem características individuais, conforme os elementos
químicos predominantes, características de resfriamento, tamanho, entre
outras.

26
AUTOATIVIDADE

1 Considerando a teoria do Big Bang, elabore uma breve dissertação descritiva


que apresente em ordem cronológica os principais acontecimentos após a
singularidade inicial.

2 Considerando verdadeira a afirmação: “O universo se expande em todas as


direções, talvez até o infinito, o que se tem certeza é de que vai até mais além
do que podemos observar ou entender atualmente”. Apresente argumentos
que justificam essa afirmativa.

3 As galáxias possuem uma origem comum, mas atualmente se apresentam


com diferentes formas. Apresente o argumento que justifica as diferenças
entre as galáxias e relate quais são as formas de galáxias conhecidas.

4 Existe a previsão de que a Galáxia de Andrômeda se choque com a Via Láctea


daqui a 4 bilhões de anos. Disserte sobre os argumentos apresentados no
texto que justificam a afirmação anterior.

5 Plutão deixou de ser planeta em 2006 devido a uma nova definição para
planeta, que em 2008 surgiu com a definição de planeta-anão. Assim,
atualmente existem candidatos a se tornarem planetas e também candidatos
a se tornarem planetas-anão. Com base no texto de estudos do livro, organize
uma breve dissertação esclarecendo os motivos pelo qual Plutão deixou de
ser planeta, e por que foi necessário criar a classificação de planeta-anão.

6 Vimos que existe a categoria de exoplaneta para classificar corpos com


características de planeta, mas que deixam de atender a um requisito
básico para serem assim classificados. Apresente o requisito que diferencia
exoplaneta de planeta.

7 Considerando os conhecimentos sobre força da gravidade e origem do


universo que foram obtidos com a leitura do texto, justifique a seguinte
afirmação: “Do buraco negro nem a luz consegue escapar”.

8 Utilizando a capacidade de síntese, diferencie os meteoros dos meteoritos.

9 A teoria científica explica o momento inicial do universo como o momento


em que toda a matéria que estava comprimida em um único ponto expandiu
na singularidade inicial, que espalhou toda a matéria existente pelo universo.
Assinale a alternativa que denomina esse evento:

27
a) ( ) Big Bang.
b) ( ) Bang Bang.
c) ( ) Big Band.
d) ( ) Pluralidade.
e) ( ) Uniformidade.

10 Leia atentamente as afirmativas a seguir e assinale V para sentenças


verdadeiras e F para as proposições falsas:

a) ( ) As estrelas se formam pela força da gravidade, que no início agrega


poeira e gás.
b) ( ) O buraco negro se forma após a estrela passar pela fase de supernova.
c) ( ) Os cometas estão na órbita do Sol, diferentemente dos meteoritos.
d) ( ) Meteoroides, meteoros e meteoritos são denominações que podem ser
dadas ao mesmo corpo celeste em diferentes momentos, dependendo
apenas da interação que tal corpo estabelecer com o planeta Terra.
e) ( ) Meteorito é o meteoro que atinge a superfície da Terra.
f) ( ) Meteorito é o meteoroide que foi atraído pela gravidade da Terra.
g) ( ) Meteoroide é o único objeto que consegue escapar do buraco negro.

11 No século XVIII os astrônomos perceberam a existência de uma nebulosa no


céu, e atualmente sabemos que a maior parte dos elementos dessa nebulosa
faz parte de nossa galáxia, a Via Láctea. Também sabemos que existem
galáxias diferentes, que podem ser classificadas em elípticas, espirais ou
irregulares. A Via Láctea é uma galáxia espiral e a galáxia vizinha mais
próxima é Andrômeda, que está distante cerca de 2,2 milhões de anos-luz
da nossa galáxia. Nesse contexto, analise as sentenças a seguir:

I- As galáxias elípticas podem ser subdivididas em espirais e espirais


barradas.
II- O planeta Terra está localizado no centro da Via Láctea junto ao Sol.
III- O centro da Via Láctea fica no Braço de Orion.
IV- Via Láctea significa caminho do leite, devido ao esbranquiçado que se
percebe no céu noturno.
V- A Via Láctea é a maior galáxia do universo e a vizinha Andrômeda é a
segunda maior.

Assinale a alternativa CORRETA:


a) ( ) As sentenças I, IV e V são falsas.
b) ( ) As sentenças I, IV e V são verdadeiras.
c) ( ) Apenas a sentença V é falsa.
d) ( ) Apenas a sentença IV é verdadeira.
e) ( ) Apenas as sentenças II e IV são verdadeiras.

28
UNIDADE 1
TÓPICO 2

O SISTEMA SOLAR

1 INTRODUÇÃO
O sistema solar é formado por planetas, planetas-anões, luas e cometas
que orbitam a mesma estrela, muitos definem o Sol a nossa estrela como o Astro
Rei. Devemos ter em mente que o nosso Sol é apenas mais uma estrela, e nem de
longe está entre as maiores. O planeta Terra apresenta condições para sustentar a
vida devido a uma imensa combinação de fatores, que ainda não foi encontrada
em nenhum outro planeta conhecido. Os planetas que conhecemos apresentam
características próprias, e no século XX muitos avanços permitiram ampliarmos
o entendimento sobre o universo.

Agora, no século XXI, continuamos a fazer descobertas incríveis sobre


o sistema solar, grandes projetos do passado somente agora atingem seus
objetivos nos apresentando informações sobre planetas do sistema solar, como
as descobertas da sonda Cassini, que tem apresentado resultados da sua missão
suicida em direção ao Planeta Saturno. Muitas coisas ainda estão para serem
descobertas no nosso sistema solar, os cientistas trabalham diariamente para nos
trazer novas informações. Estudar o sistema solar, assim como o universo, é uma
missão difícil, mas já sabemos muito e quanto mais descobrimos, mais queremos
saber. Afinal de contas, quem nunca se questionou: onde estamos?

2 ORIGEM DO SISTEMA SOLAR


O sistema é solar porque orbitamos a pequena estrela que chamamos de
Sol. O Sol está distante cerca de 150 milhões de quilômetros da Terra, a temperatura
na superfície solar é estimada em 15 milhões de graus (POMEROL et al., 2013).

O “sistema solar tem cerca de 4,6 bilhões de anos” (RIDPATH, 2008, p. 81).
O Sol e os planetas do sistema solar nasceram praticamente ao mesmo tempo e
de uma mesma nuvem interestelar, a nebulosa. A teoria da nebulosa foi proposta
primeiramente por Kant em 1755 e mais tarde por Laplace em 1796 (POMEROL
et al., 2013).

Laplace desenvolveu a teoria das probabilidades e considerou que se


os planetas estão no mesmo plano, giram na mesma direção em torno do Sol
(translação), giram no próprio eixo (rotação) na mesma direção, exceto Vênus,
só poderiam ter se formado na mesma nuvem que devido à rotação assumiu a
forma de disco, e formou o Sol no centro e os planetas na periferia (OLIVEIRA
FILHO; SARAIVA, 2014).
29
UNIDADE 1 | ASTRONOMIA: A JANELA PARA O UNIVERSO

FIGURA 8 – REPRESENTAÇÃO DO SISTEMA SOLAR

FONTE: Disponível em: <http://www.99graus.com.br/wp-content/uploads/2015/12/Pla-


neta-Terra-Sistema.jpg>. Acesso em: 21 set. 2017.

Somente com descobertas mais recentes é que a ideia da origem de que


o sistema solar tenha ocorrido a partir da rotação de uma nuvem interestelar é
que as antigas propostas de Kant e Laplace voltaram ao foco com a hipótese da
nebulosa (PRESS, 2006), também denominada “hipótese da nuvem de poeira ou
hipótese dos planetesimais” (CHRISTOPHERSON, 2012, p. 42).

A hipótese da nebulosa explica a origem do sistema solar a partir da ideia


de uma grande nuvem de poeira e gás que tinha lentos movimentos de rotação
até começar a se contrair. A contração impulsionou o aumento na velocidade de
rotação da nuvem e essa aceleração modificou a forma da nuvem (RIDPATH,
2008).

A forma esférica passou a ser mais achatada até ficar semelhante a um


disco, esse processo lançou muito material da nuvem para o espaço, até que
sobraram minúsculas partículas de poeira na nuvem. Devido à força de atração
gravitacional e aos choques entre as partículas, os aglomerados passaram a ser
pedaços cada vez maiores (POMEROL et al., 2013).

Esses aglomerados ganharam muito tamanho e formaram os planetesimais,


que surgiram nas regiões mais frias e periféricas do disco (POMEROL et al.,
2013). Os planetesimais cresceram por agregação de materiais até dar origem aos
núcleos planetários. Os núcleos planetários mais externos do sistema em formação
continham gelo e silicatos e cresceram muito, ficando tão grandes que atraíram
os gases próximos, ficando maiores ainda, formando os planetas jovianos do
sistema solar (OLIVEIRA FILHO; SARAIVA, 2014). Os planetas jovianos também
são denominados de planetas gigantes ou de gigantes gasosos.

30
TÓPICO 2 | O SISTEMA SOLAR

Na parte interna do sistema, por conta da maior proximidade do Sol,


o gelo não estava presente na formação dos planetesimais, agregando assim
apenas silicatos em núcleos planetários bem menores, o que deu origem aos
planetas terrestres, que não cresceram tanto quanto os planetas mais periféricos
(OLIVEIRA FILHO; SARAIVA, 2014). Os planetas terrestres também recebem a
denominação de planetas telúricos.

Enquanto os planetesimais formavam os planetas na periferia, no centro


do sistema, que era muito mais quente, o material se comprimia sobre seu próprio
peso devido à atração gravitacional, que contraía lentamente e acumulou a maior
parte da matéria da nebulosa no centro, o que tornou o material mais denso e
quente e assim formou-se a protoestrela que deu origem ao Sol (POMEROL et al.,
2013; PRESS, 2006).

2.1 O SOL
Simplificando a descrição, o Sol é uma imensa bola de gás incandescente
com um núcleo que gera energia a partir de reações termonucleares (OLIVEIRA
FILHO; SARAIVA, 2014).

FIGURA 9 – IMAGEM DO SOL COMPOSTA POR DIFERENTES TÉCNICAS EDITADAS


DESTACANDO A EJEÇÃO DE MASSA DA CORONAL DO SOL

FONTE: Disponível em: <https://solarsystem.nasa.gov/galleries/coronal-mass-ejec-


tion>. Acesso em: 28 abr. 2017.

31
UNIDADE 1 | ASTRONOMIA: A JANELA PARA O UNIVERSO

A formação do Sol, assim como outras estrelas, é explicada pela atuação


da força da gravidade sobre uma nebulosa. Conforme a massa vai aglomerando
e ganhando volume, a força da gravidade ganha intensidade e passa a comprimir
ainda mais a protoestrela sobre a sua própria gravidade, aumentando a densidade
e elevando ao extremo a temperatura interna, o que faz a protoestrela atingir
o ponto de ignição da fusão nuclear do hidrogênio, resultando na formação da
estrela (POMEROL et al., 2013; PRESS, 2006).

O Sol é a nossa estrela e em torno dele orbitamos. É dele que recebemos


a energia que ilumina os dias; move a fotossíntese e nos alimenta; também
aquece, impulsiona as correntes de ar e as correntes marinhas; movimenta o ciclo
da água; enfim, o Sol é nossa fonte vital de energia. O Sol nos parece um astro
gigantesco devido à distância que estamos dele, e quando o comparamos com
outras estrelas que estão mais distantes, percebemos que o Sol tem um tamanho
comum, e pequeno. Existem estrelas bem maiores quando comparadas com o Sol
(Figura 10).

FIGURA 10 – COMPARANDO O SOL COM ESTRELAS MAIORES

FONTE: Disponível em: <http://www.apolo11.com/imagens/etc/sistema_estelar_esca-


la_4_470.jpg >. Acesso em: 28 abr. 2017.

Distante cerca de 150 milhões de quilômetros da Terra e com diâmetro


de 1,4 milhão de quilômetros, o Sol é o centro do sistema solar, é uma imensa
esfera de gás (hidrogênio e hélio), que se mantém como é por conta do equilíbrio
entre a força da gravidade que atrai o gás para o centro, impedindo a expansão,
e a pressão que tenta expelir o gás para fora, impedindo uma compressão maior
(RIDPATH, 2008; POMEROL et al., 2013).

32
TÓPICO 2 | O SISTEMA SOLAR

As temperaturas na superfície solar atingem 5.500 °C e no núcleo são


estimadas em torno de 15.000.000 °C (quinze milhões de graus centígrados)
(POMEROL et al., 2013). O Sol não é um corpo sólido e as partes da superfície
solar giram de forma desigual, enquanto no equador solar uma volta completa
leva 25 dias, nos polos a velocidade de rotação é mais lenta, são necessários 10
dias a mais para completar uma rotação (RIDPATH, 2008).

E
IMPORTANT

Olhar diretamente para o Sol pode provocar sérios danos à sua visão. Para
observar o Sol é necessário o uso de lentes específicas.

A parte visível do Sol é uma espécie de película denominada fotosfera,


com 300 km de espessura, e onde se concentra o campo magnético do Sol as
temperaturas variam entre 8.000 °C na base até 4.500 °C no topo (POMEROL
et al., 2013). A fotosfera tem aparência de um líquido borbulhando, é o efeito
chamado granulação fotosférica, cada grânulo marca uma coluna convectiva de
gás (OLIVEIRA FILHO; SARAIVA, 2014).

O Sol é salpicado de manchas pretas, a gravidade nas manchas é


imensamente maior do que nos outros pontos do Sol (POMEROL et al., 2013). As
manchas pretas entre os grânulos são regiões de gás frio e denso que descem para
a superfície do Sol (OLIVEIRA FILHO; SARAIVA, 2014).

Acima da fotosfera vem a cromosfera, que é uma camada cor-de-rosa, com


espessura entre 2000 km e 3000 km. Ao contrário da fotosfera, a temperatura cresce
com a altitude e passa dos 4.500 °C da transição com a fotosfera na base, para mais
de um milhão na transição no topo para a coroa (POMEROL et al., 2013).

A radiação da cromosfera é mais fraca do que a da fotosfera, assim não


é possível observar essa camada, exceto durante os eclipses onde a Lua esconde
o disco solar; então utilizando equipamentos específicos é possível observar por
alguns instantes as espículas e jatos de gás que atingem 10.000 km de altura acima
da cromosfera (OLIVEIRA FILHO; SARAIVA, 2014).

A transição entre a parte superior da cromosfera para a coroa solar ocorre


de forma gradual, e de forma gradual a coroa se estende até a parte mais externa
e rarefeita da atmosfera solar. Na coroa existem correntes elétricas induzidas por
campos magnéticos que produzem temperaturas muito elevadas. Da coroa sai
o vento solar que emana partículas que atingem e são capturadas pelo campo
magnético da Terra, que forma o Cinturão de Van Allen na magnetosfera da Terra
(OLIVEIRA FILHO; SARAIVA, 2014).

33
UNIDADE 1 | ASTRONOMIA: A JANELA PARA O UNIVERSO

O vento solar que atinge a Terra provoca as auroras boreal (hemisfério


Norte) e austral (hemisfério Sul), é o fenômeno luminoso que ocorre quando as
partículas do vento solar atravessam o Cinturão de Van Allen e entram carregadas
na atmosfera da Terra, interagindo com os átomos de oxigênio, gerando o
fenômeno luminoso (OLIVEIRA FILHO; SARAIVA, 2014). É um espetáculo da
natureza que pode ser visto no céu a partir de locais nas latitudes baixas, como
Alaska no hemisfério Norte e Ushuaia no hemisfério Sul.

O Sol emite radiação ultravioleta em três faixas: UV-A, UV-B e UV-C.


A radiação ultravioleta B é a mais perigosa que atinge a Terra, o ozônio (O3),
oxigênio (O2) e nitrogênio (N) atmosféricos formam um escudo que protege os
seres vivos da radiação, porém atualmente precisamos conviver com o buraco na
camada de ozônio (OLIVEIRA FILHO; SARAIVA, 2014).

O buraco na camada de ozônio foi gerado pelas alterações que os seres


humanos já causaram no planeta Terra. Com a diminuição da camada de ozônio,
os seres vivos ficam expostos a uma carga maior de radiação, o que pode levar
ao desenvolvimento de câncer de pele e cataratas nas vistas (OLIVEIRA FILHO;
SARAIVA, 2014). Por isso, atualmente é tão importante utilizar proteção contra
os raios solares e também evitar se expor ao Sol nas horas mais quentes do dia.

Os raios solares são resultado da energia que é gerada no núcleo do Sol. Na


parte mais externa do Sol as temperaturas atingem 3 milhões de graus. A dinâmica
da coroa solar inicia a 150.000 km abaixo da superfície do Sol, onde fenômenos
magnéticos produzem curtos-circuitos que aquecem continuamente o plasma; a
coroa interna atinge alturas entre 15.000 km e 150.000 km, enquanto a coroa externa
pode atingir mais de 5 milhões de quilômetros (POMEROL et al., 2013).

Nosso Sol tem 4,6 bilhões de anos, estimativas sugerem que o Sol continuará
existindo na mesma forma por mais 5 bilhões de anos (POMEROL et al., 2013;
PRESS, 2006; RIDPATH, 2008). Podemos considerar que o Sol está na metade de
sua vida útil de estrela, em 5 bilhões de anos o estoque de hidrogênio vai terminar
de ser consumido, restando apenas hélio, que se concentrará em um núcleo menor
(POMEROL et al., 2013). Uma vez que a massa será diminuída, a força da gravidade
também perderá intensidade e assim a periferia do Sol vai expandir muito.

A expansão faz parte do ciclo de vida das estrelas, é quando ocorre a


evolução da estrela que, ao expandir, liberando muita energia, vai formar uma
estrela gigante vermelha. A energia da expansão será de tamanha magnitude que
ultrapassará Mercúrio, e o calor liberado será tão grande que vai vaporizar os
demais planetas telúricos. Na sequência da evolução, a gigante vermelha então
passará a ser uma nebulosa planetária que volatilizará os planetas gasosos,
atingindo a fase de estrela anã branca quando o núcleo já não tiver mais energia
para manter a nucleossíntese solar, passando a se resfriar lentamente e marcando
o fim do sistema solar (POMEROL et al., 2013). A sequência evolutiva do Sol
também é válida para as outras estrelas, é possível encontrar no céu estrelas em
diferentes fases de evolução.

34
TÓPICO 2 | O SISTEMA SOLAR

NOTA

No Sol a massa consumida na fusão nuclear se transforma em energia, o que


é demonstrado na famosa equação de Albert Einstein: “E=mc2, onde E (energia) é igual a
m (massa) multiplicada por c (velocidade da luz) ao quadrado” (PRESS, 2006, p. 29). Vamos
pensar um pouco, pois se o Sol tem cerca de 5 bilhões de anos antes de virar uma gigante
vermelha, e Andrômeda e a Via Láctea estão em atração gravitacional, os cálculos dos
astrônomos indicam que haverá um choque entre elas em cerca de 4 bilhões de anos.

3 OS PLANETAS DO SISTEMA SOLAR


Como vimos, há cerca de 4,6 bilhões de anos, enquanto o Sol se formava
no centro quente do disco achatado, na periferia mais fria os elementos não
voláteis passaram a ser condensados e a aglomeração dos condensados deu
origem aos planetas (POMEROL et al., 2013). Formaram-se dois tipos de planetas,
os terrestres e os jovianos, que são, respectivamente, do tipo da Terra e do tipo de
Júpiter (OLIVEIRA FILHO; SARAIVA, 2014).

Os planetas telúricos (Mercúrio, Vênus, Terra, Marte) ou terrestres são


sólidos, rochosos, de porte pequeno, com alta densidade, atmosfera reduzida e
desprovida de hidrogênio (POMEROL et al., 2013).

Os planetas gigantes (Júpiter, Saturno, Urano e Netuno) ou gigantes


gasosos são planetas de volume muito grande, mas são leves devido à composição
rica em gases. Esses planetas possuem um grande e maciço núcleo, que atraiu
para si enormes porções de gás (POMEROL et al., 2013).

Os planetas que conhecemos desde que a humanidade passou a olhar


para o céu são Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno, pois estes são visíveis a
olho nu, sem nenhum instrumento ótico.

Depois que Galileu Galilei apontou um telescópio para o céu noturno é


que se descobriu a imensidão do cosmos, e com a invenção de Galileu foi possível
mais tarde conhecermos Urano em 1781, Netuno em 1846 e Plutão em 1930, esse
último foi considerado planeta até 2006, e reclassificado em 2008 como planeta-
anão.

Ordenando os planetas em relação à distância do Sol, o primeiro e mais


próximo é Mercúrio, depois Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano e, por
último, Netuno, o mais distante dos planetas. Plutão, que é um planeta-anão, está
ainda mais distante.

35
UNIDADE 1 | ASTRONOMIA: A JANELA PARA O UNIVERSO

FIGURA 11 – PLANETAS DO SISTEMA SOLAR

FONTE: Disponível em: <https://estudandoouniverso.wordpress.com/>. Acesso em: 29


abr. 2017.

3.1 MERCÚRIO
O planeta Mercúrio foi observado pela primeira vez em 1609 por Thomas
Harriott e Galileu Galilei, utilizando o então recém-inventado telescópio.
É o planeta mais próximo do Sol, “com apenas 58 milhões de quilômetros de
distância, as temperaturas podem variar de -180 ºC à noite até +450 ºC durante o
dia” (POMEROL et al., 2013 p. 51).

A atmosfera de Mercúrio é fina e temporária, a gravidade não tem força


para reter os gases, a composição atmosférica de Mercúrio é variável, depende
da perda e do reabastecimento dos gases. Oxigênio, sódio e hélio são os mais
abundantes (RIDPATH, 2008, p. 90-91).

Na superfície de Mercúrio estão esculpidos os registros de tempos


passados quando ocorreu intensa atividade vulcânica (POMEROL et al., 2013).
Mercúrio tem rochas silicáticas na superfície e também tem marcas de crateras
de impacto de meteoritos com idades estimadas de até 4 bilhões de anos.

36
TÓPICO 2 | O SISTEMA SOLAR

FIGURA 12 – VISTA DA SUPERFÍCIE DE MERCÚRIO

FONTE: Disponível em: <https://photojournal.jpl.nasa.gov/jpeg/


PIA18758.jpg>. Acesso em: 29 abr. 2017.

Logo abaixo da superfície de Mercúrio, um manto estimado em 550 km


de espessura de rocha envolve um núcleo de ferro quase todo sólido (RIDPATH,
2008).

A estrutura interna de Mercúrio é semelhante à da Terra, pois é formada


de um manto de silicatos e um núcleo de ferro. No aspecto geológico é um planeta
morto, pois sua atividade vulcânica já cessou (POMEROL et al., 2013).

3.2 VÊNUS
Vênus é o segundo planeta mais próximo do Sol, está distante cerca de
107,9 milhões de quilômetros. A atmosfera tem 80 km de espessura, onde se
formam densas nuvens de ácido sulfúrico, o que gera um efeito estufa e eleva as
temperaturas da superfície para algo em torno de 464 ºC (RIDPATH, 2008).

A atmosfera de Vênus é impregnada de gás carbônico (97%) e nitrogênio


(3%) e ainda existem traços de várias outras substâncias químicas, como água,
oxigênio, neônio e argônio (POMEROL et al., 2013).

37
UNIDADE 1 | ASTRONOMIA: A JANELA PARA O UNIVERSO

FIGURA 13 – IMAGEM DE VÊNUS

FONTE: Disponível em: <https://photojournal.jpl.nasa.gov/jpeg/


PIA00104.jpg>. Acesso em: 29 abr. 2017.

Em tamanho, Vênus é um pouco menor e menos denso do que a Terra e a


sua rotação é muito lenta, um dia completo em Vênus equivale a quase 243 dias
na Terra (RIDPATH, 2008).

A atividade vulcânica é frequente em Vênus (POMEROL et al., 2013). A


superfície do planeta é caracterizada por feições vulcânicas, com grandes planícies
cobertas por derrames de lava, centenas de vulcões e algumas poucas montanhas
(RIDPATH, 2008).

Podemos avistar Vênus ao amanhecer ou ao entardecer, depois do Sol e


da Lua é o terceiro objeto mais brilhante que observamos no céu, ficou conhecido
como Estrela D'Alva ou Estrela da Tarde (RIDPATH, 2008).

3.3 TERRA
A Terra é o único planeta onde se tem certeza da existência de água em
estado líquido e condições de suportar a vida. Trata-se da nossa casa e por isso
vamos dedicar todo o Tópico 3 para estudar o planeta Terra, assim as informações
a seguir sobre a Terra servem para comparação com os demais planetas.

A partir do Sol a Terra está distante cerca de 149,6 milhões de quilômetros.


A Terra é o terceiro planeta mais próximo do Sol, depois de Mercúrio e Vênus.
A Terra é o maior dos quatro planetas telúricos (rochosos) do sistema solar. O
diâmetro do planeta Terra é de 12.756 quilômetros. A estrutura do planeta pode
ser entendida por camadas (RIDPATH, 2008).

38
TÓPICO 2 | O SISTEMA SOLAR

O planeta Terra pode ser descrito como um sólido, englobado por uma
camada líquida e descontínua, recoberto com uma camada gasosa (POMEROL
et al., 2013).

A parte sólida do planeta tem em sua porção central o núcleo, que é


composto por duas partes, o núcleo interior e núcleo exterior, sendo envoltos em
mantos de rocha fluida, recobertos por uma fina crosta rochosa que compõe a
parte sólida do planeta.

Acima da crosta da Terra formou-se uma camada líquida que é descontínua,


a hidrosfera. Formada basicamente pelos oceanos que separam as terras emersas
(continentes e ilhas) e pelas águas que fluem por vias superficiais e subterrâneas,
a hidrosfera engloba a água gasosa e assim todo o ciclo hidrológico.

A camada que a princípio pode parecer invisível, a atmosfera nos mantém


aquecidos devido ao efeito estufa que retém o calor, também nos protege dos
raios solares ultravioleta, que são nocivos à nossa saúde, e também carboniza a
maioria dos meteoros na camada de ozônio, nos protegendo dos impactos.

Assim, a litosfera, a hidrosfera e a atmosfera formam os geossistemas que


sustentam a biosfera, fornecendo as condições primordiais de manutenção da
vida no planeta Terra.

ATENCAO

A interdisciplinaridade faz parte da vida cotidiana dos professores, reconhecer


a dependência que uma disciplina tem da outra demonstra o compromisso do profissional
com a formação de seus alunos. Usando - por exemplo - a geografia como apoio a outras
disciplinas ou vice-versa, podemos trabalhar conceitos e cálculos de círculo, circunferência,
elipse, esfera, dimensões dos planetas, unidades de distância, velocidade, órbita, entre outros.
Buscando responder questões de Geografia, Matemática, Física e também de História,
Filosofia e Artes. A interdisciplinaridade deve ser valorizada pelo professor, a articulação
entre os conteúdos traz para o aluno a possibilidade de ver uma ligação entre a teoria e a
prática e assim levá-lo a um maior entendimento daquilo que lhe é apresentado na escola.

Por exemplo: um problema sobre circunferência, em que é possível abordar as dimensões


dos planetas elaborando uma atividade interdisciplinar trabalhando em conjunto os
professores de Geografia e Matemática, ficando o professor de Geografia na condução das
pesquisas sobre o diâmetro dos planetas e o professor de Matemática na condução dos
cálculos da circunferência dos planetas. Para isso é necessário o professor de Geografia
orientar uma pesquisa para obter os valores dos diâmetros dos planetas. Vamos utilizar a
Terra como exemplo (diâmetro da Terra = 12.756km), em seguida o professor de Matemática
orienta uma pesquisa sobre o que é o número π, e a importância de conhecermos esse
valor que é um número irracional, ou seja, com decimais infinitas. Quando os alunos tiverem
o entendimento do valor do número π, será possível aplicar a atividade para os diferentes
planetas.

39
UNIDADE 1 | ASTRONOMIA: A JANELA PARA O UNIVERSO

Para demonstrar a aplicação da fórmula da circunferência (c= π*d) vamos utilizar a


circunferência aproximada da Terra e também o valor do número π, apenas com 4 casas
decimais, logo:
π = 3,1416, diâmetro da Terra = 12.756km, então:
circunferência da Terra = 3,1416 * 12.756 km
circunferência da Terra = 40.074,1559 km

Dessa maneira a atividade pode se estender para os demais planetas, luas e estrelas com
valores conhecidos.

3.4 MARTE
O planeta vermelho, na verdade, é o planeta enferrujado, a sua cor
avermelhada é devido à presença de óxido de ferro em sua superfície. Com o
diâmetro de 6.792 km, é menor que a Terra e está mais distante do Sol, a cerca
de 227,9 milhões de quilômetros. Existem registros geológicos que evidenciam
a presença de água na superfície marciana em algum momento do passado
(RIDPATH, 2008).

O relevo de Marte pode ser entendido em parte como o resultado de um


período já bastante antigo, onde ocorreu uma considerável atividade vulcânica
no planeta que formou grandes planícies vulcânicas, altas montanhas, crateras e
cânions (RIDPATH, 2008).

A fina atmosfera de Marte é saturada de gás carbônico (95,32%), mas


também apresenta nitrogênio e argônio, além de traços de oxigênio, gás carbônico,
hidrogênio, água e ozônio (POMEROL et al., 2013). A força da gravidade em Marte
não foi forte o suficiente para manter os gases que poderiam ter formado uma
atmosfera mais robusta, e com isso o planeta perdeu muito calor e a lava fluida
solidificou e levou à interrupção dos processos de vulcanismo e tectonismo, o que
acarretou na solidificação do núcleo, e assim o dínamo planetário parou, fazendo
o campo magnético desaparecer (POMEROL et al., 2013).

Já foram colocados vários satélites na órbita de Marte, além do envio de


sondas com robôs exploradores para conhecermos mais sobre esse planeta que
encanta a humanidade desde os tempos mais remotos. É possível observar Marte
apenas olhando para o céu, pois ele é visível na maior parte do ano. Procure por
um ponto avermelhado no céu noturno, provavelmente você encontrará Marte.

40
TÓPICO 2 | O SISTEMA SOLAR

DICAS

Ficou curioso sobre Marte? Já existe banco de dados com imagens de Marte.
O programa de computador Google Earth oferece a opção de explorar a superfície de Marte
através de várias imagens. Faça uma viagem interplanetária até esse planeta.

3.5 JÚPITER
Júpiter é um gigante gasoso, o maior de todos, tem massa igual a 2,5 vezes
a soma da massa de todos os outros planetas do sistema solar. O núcleo sólido
possui dez vezes a massa da Terra, o diâmetro do planeta é de 142.984 km, a
distância entre Júpiter e o Sol é algo em torno de 778,4 milhões de quilômetros
(RIDPATH, 2008).

É o planeta com o maior número de satélites naturais, são 53 satélites


na órbita de Júpiter que estão devidamente nominados e reconhecidos, e ainda
existem outros 14 corpos celestes denominados de luas provisórias, mas que
ainda não receberam nome, ao todo o planeta possui 67 luas (NASA, 2017a).

Na composição de Júpiter a presença de hidrogênio é abundante. Por


conta da grande quantidade de hidrogênio presente em Júpiter, o planeta é
mais parecido com o Sol do que com os outros planetas. Com um pouco mais de
hidrogênio (cerca de 50x), Júpiter teria se tornado uma estrela (RIDPATH, 2008).

Devido ao tamanho avantajado, Júpiter serve como uma espécie de


escudo para o planeta Terra, uma vez que sua gravidade atrai para si a maioria
dos cometas, protegendo assim a Terra dos impactos. Fato que inclusive já foi
registrado em 19 de julho de 1994 pela sonda Hubble, quando um cometa colidiu
com Júpiter (POMEROL et al., 2013).

FIGURA 14 – SEQUÊNCIA ILUSTRADA DO IMPACTO DO COMETA CONTRA JÚPITER


OCORRIDO EM 1994

FONTE: Disponível em: <https://www2.jpl.nasa.gov/sl9/sl9.html>. Acesso em: 29 abr. 2017.

41
UNIDADE 1 | ASTRONOMIA: A JANELA PARA O UNIVERSO

O primeiro impacto entre dois corpos do sistema solar que foi


acompanhado e registrado na história da humanidade ocorreu entre 16 e 22
de julho de 1994. O cometa denominado P/Shoemaker-Levy 9 foi de encontro
a Júpiter. Ao entrar na atmosfera de Júpiter, o cometa foi partido em pelo
menos 21 grandes pedaços, que tinham diâmetros de até 2 km (NASA, 2017e).
O impacto dos fragmentos do cometa com a superfície de Júpiter gerou uma
grande explosão, que foi registrada e pode ser encontrada na internet.

DICAS

Assista às imagens reais do impacto do cometa contra Júpiter no link <https://


www.youtube.com/watch?time_continue=6&v=qAJI4gqX3Zg>.

3.6 SATURNO
Saturno é o segundo maior planeta, seu volume é cerca de 764 vezes maior
que o volume da Terra, pode ser visto a olho nu. Está visível em dez meses do ano
e com um telescópio pequeno já é possível observar seus anéis (RIDPATH, 2008).

Distante 1,43 bilhão de quilômetros do Sol, é o sexto mais distante. Possui


um diâmetro de 120.536 km e uma órbita que dura 29,5 anos terrestres e uma
rotação precisa de aproximadamente dez horas e meia para completar um giro
(RIDPATH, 2008).

O planeta é formado de hidrogênio e hélio, com núcleo denso e rochoso


com gelo, água e outros componentes sólidos sob alta pressão e temperatura. É
o único planeta que tem densidade média menor que a da água (NASA, 2017b).

FIGURA 15 – ILUSTRAÇÃO DA CASSINI SOBRE SATURNO E SEUS ANÉIS

FONTE: Disponível em: <https://saturn.jpl.nasa.gov/resources/7632/>. Acesso em: :29


abr. 2017.

42
TÓPICO 2 | O SISTEMA SOLAR

Saturno tem 53 luas mais nove luas provisórias. Para conhecer mais sobre
Saturno e suas luas, foi lançada ao espaço em 1997 a Missão Cassini. Depois de
oito anos de viagem pelo sistema solar, começamos a receber mais informações
desse distante vizinho.

Em 2004, quando a sonda Cassini foi colocada em órbita ao redor de


Saturno, foi enviada a sonda Huygens até o satélite Titã, que agora sabemos ser
telúrico e com atmosfera impregnada de nitrogênio e argônio (POMEROL et al.,
2013). A sonda Huygens foi o primeiro objeto humano a aterrissar em um corpo
do sistema solar exterior (NASA, 2017g).

Enquanto esse livro está sendo escrito, a Missão Cassini está iniciando o
seu grand finale, o último ato, uma série de mergulhos entre Saturno e seus anéis
que terminará com um mergulho na atmosfera de Saturno (NASA, 2017f). Assim
os cientistas esperam obter novos conhecimentos sobre Saturno e seus anéis.

3.7 URANO
Descoberto em 1781, pouco se conhece sobre a composição interna de
Urano. Parece ser formado de um núcleo sólido de silicato e ferro com diâmetro
de 7.500 km, coberto por um manto congelado de água, hélio, metano, amoníaco
e sobreposto por uma camada líquida de hidrogênio e hélio (POMEROL et al.,
2013).

Em tamanho é o terceiro maior planeta, o diâmetro com cerca de 51 mil


quilômetros é praticamente quatro vezes maior que o diâmetro da Terra, está
distante cerca de 2,87 bilhões de quilômetros do Sol (POMEROL et al., 2013).

É o sétimo planeta mais distante do Sol, é um gigante de gelo com 13


anéis e 27 luas pequenas, em sua superfície as temperaturas atingem -224,2 ºC e
os ventos alcançam velocidades de 900 km/h (NASA, 2017c).

A atmosfera de Urano é fria, pode atingir temperaturas de -214ºC, formam-


se nuvens de amônia e água. A camada superior apresenta grande concentração
de metano que interage com a luz solar, conferindo o aspecto de uniformidade
que se observa em Urano a partir da Terra (RIDPATH, 2008).

O eixo de rotação de Urano está praticamente deitado na vertical do plano


de sua órbita, com inclinação de 98º, assim seus anéis parecem rodeá-lo de cima
para baixo (Figura 16). A melhor explicação atualmente possível é a de que um
choque com outro grande corpo celeste no passado tenha colocado o eixo de
rotação de Urano nessa posição. A órbita de Urano é de 84 anos (RIDPATH, 2008).

43
UNIDADE 1 | ASTRONOMIA: A JANELA PARA O UNIVERSO

FIGURA 16 – VISTA DE AMBOS OS LADOS DO PLANETA URANO

FONTE: Disponível em <https://solarsystem.nasa.gov/images/galleries/ura_


comp4Adccgr_br.jpg>. Acesso em: 29 abr. 2017.

Urano é muito pouco visível a olho nu, mas com um binóculo potente
é possível observar um disco ao seu redor. Com uma observação mais precisa
encontram-se anéis separados por lacunas na órbita de Urano (RIDPATH, 2008).

3.8 NETUNO
No ano de 2011 o planeta Netuno completou a primeira órbita desde que
foi descoberto em 1846 (NASA, 2017h). É o menor e mais distante dos gigantes
gasosos. Ainda assim é quatro vezes maior do que a Terra. Netuno encontra-se
cerca de 4,5 bilhões de quilômetros do Sol. Devido à grande distância que nos
separa de Netuno, torna-se muito difícil observar esse planeta (RIDPATH, 2008).

Netuno está muito distante da Terra para ser visto a olho nu, somente
com um telescópio mais potente é que se torna possível observar esse planeta
(RIDPATH, 2008). É um gigante gelado, escuro, que é varrido por ventos
supersônicos, é um planeta gigante gasoso formado predominantemente por
hidrogênio e hélio (NASA, 2017h). Os fortes ventos gerados pela rápida rotação
atribuem uma temperatura uniforme ao planeta cerca de -213 ºC (POMEROL et
al., 2013).

Aparentemente Netuno tem uma estrutura que apresenta uma camada


mais externa com abundância de hidrogênio, abaixo dessa, uma espessa camada
de água e gelo, e no centro um núcleo de rocha e talvez gelo. A forma de Netuno,
mais volumosa no equador, é devido à rápida velocidade de rotação (RIDPATH,
2008).

44
TÓPICO 2 | O SISTEMA SOLAR

A órbita de Netuno possui um perímetro bastante grande, uma translação


do planeta ao redor do Sol corresponde a 164,8 anos terrestres, enquanto que uma
rotação no próprio eixo leva apenas um pouco mais de 16 horas (RIDPATH, 2008).

Até pouco tempo atrás eram conhecidos quatro anéis de Netuno, mas as
observações da missão espacial Voyager nos revelou que existem seis anéis em
volta de Netuno, alguns são descontínuos e formam arcos mais densos no anel,
esses anéis são relativamente jovens (NASA, 2017h). E das 13 luas conhecidas
hoje (RIDPATH, 2008), seis foram descobertas pela missão espacial Voyager 2
(NASA, 2017h).

Netuno foi o último planeta a ser visitado pela missão espacial Voyager,
que foi lançada em 1977 e enviou imagens de Netuno e de sua maior lua, Tritão,
em 1989, antes de sair do sistema solar e seguir seu caminho interestelar (NASA,
2017h).

4 PLUTÃO: O PLANETA-ANÃO E A NOVA CATEGORIA


Planeta-anão é uma definição para aqueles objetos celestes que apresentam
quase todas as características de um planeta, menos ter limpa a sua órbita, e
assim ainda dividirem sua órbita com outros objetos, como asteroides e cometas.
Não podem ser considerados planeta, sendo então denominados de planeta-
anão. Trata-se de uma moderna denominação astronômica, pois surgiu em 2008.

DICAS

Leia mais sobre essa discussão astronômica. A revista América Science publicou
uma interessante matéria sobre essa discussão, está disponível no link <http://www2.uol.
com.br/sciam/noticias/cientistas_defendem_que_plutao_volte_a_ter_status_de_pl aneta.
html>.

Plutão, o planeta-anão mais famoso, foi descoberto em 1930, era o nono


planeta do sistema solar até 2006, quando passou a ser considerado um planeta-
anão (NASA, 2017d; POMEROL et al., 2013).

Observar Plutão é uma tarefa difícil, a distância entre o Sol e Plutão é algo
em torno de 5,9 bilhões de quilômetros (RIDPATH, 2008). O grande afastamento
de Plutão, da Terra e do Sol, dificulta bastante a sua exploração. A primeira sonda
espacial enviada para estudar Plutão, a New Horizons da NASA, começou a
enviar imagens de Plutão para a Terra somente em 2015 (NASA, 2017d).

45
UNIDADE 1 | ASTRONOMIA: A JANELA PARA O UNIVERSO

Plutão, na escala do sistema solar, é um minúsculo corpo composto por


uma mistura de gases congelados, gelo e rochas (PRESS, 2006), possui uma lua
em sua órbita que é chamada de Charon, com aparência de cor mais cinza. A
diferença na cor provavelmente indica diferenças na composição e estrutura da
superfície da Lua e de Plutão.

Charon tem quase a metade do tamanho de Plutão e intriga cientistas,


que questionam se, em vez de ser um sistema de um planeta e uma lua, Plutão e
Charon não formariam um sistema duplo de planetas-anão (NASA, 2017d).

Outros planetas-anão são conhecidos, Ceres está mais próximo da Terra do


que Plutão. Haumea é um dos mais rápidos objetos em rotação no sistema solar,
completa um giro em seu eixo a cada quatro horas, e devido à sua velocidade de
rotação, se apresenta com uma forma bastante alongada e bem peculiar.

Makemake leva 310 anos terrestres para completar uma translação, foi
avistado pela primeira vez em 2005 e tem grande importância, uma vez que junto
de Éris, que tem uma órbita de 557 anos terrestres, foram objetos que depois de
descobertos levaram à criação da definição para o termo planeta-anão.

O termo planeta-anão passou a ser adotado em 2008 pela International


Astronomy Union, reclassificando Plutão, que em 2006 havia deixado de ser
planeta e passou a ser planeta-anão. Junto a outros corpos, essa reclassificação
gerou polêmicas e segue em discussão.

NOTA

Júpiter, Saturno, Urano e Netuno eram pouco conhecidos até a passagem


das sondas Voyager lançadas em 1979, e conforme se aproximavam dos planetas,
revelavam muitas novidades e continuam revelando até hoje. A sonda Voyager está em
uma missão interestelar, e há mais de 30 anos viaja pelo espaço e envia imagens para a
Terra. Você pode acompanhar todas as descobertas das sondas Voyager diretamente no
site da agência espacial norte-americana. Apesar de estar escrito em inglês, aqueles que
não dominam essa língua, com um pouco de esforço e ajuda de um dicionário ou tradutor,
também conseguirão acessar as imagens disponibilizadas em <http://voyager.jpl.nasa.gov/
imagesvideo/imagesbyvoyager.html>. Criatividade e curiosidade são características que o
professor deve cultivar em seus alunos. Falando nisso, depois da Terra, qual é o planeta mais
interessante, na sua opinião?

46
TÓPICO 2 | O SISTEMA SOLAR

DICAS

Apesar de parecer muito brilhoso, o Sol é uma estrela bastante comum, e


existem estrelas muito maiores que ele. Para ilustrar seu aprendizado e ter uma ideia mais
ampla sobres as dimensões do sistema solar, faça uma busca por vídeos na internet, comece
sua busca pelo curta “To Scale: The Solar System”, siga o link e acesse o vídeo legendado
em português: <https://www.youtube.com/watch?v=zR3Igc3Rhfg >. Depois continue sua
procura com termos como tamanho do Sol e dimensões do sistema solar.

47
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:

• A teoria do Big Bang é apresentada como a melhor explicação científica a que


se chegou até o momento.

• A partir da singularidade inicial, expandiu o universo, criou o tempo e o


espaço, há cerca de 13 a 20 bilhões de anos.

• Nuvens de poeira cósmica deram origem às galáxias. De uma dessas nuvens


surgiu uma galáxia do tipo espiral, a Via Láctea, que se formou de uma
nebulosa, e dentre muitas estrelas originou uma que evoluiu, formando o Sol,
resultando no sistema solar.

• No centro do sistema solar está nosso astro-rei, nossa estrela, o Sol, que está
em fusão nuclear de hidrogênio e nos abastece com radiação (luz e calor). No
futuro muito distante, evoluirá para uma estrela gigante vermelha.

• Os planetas do sistema solar podem ser telúricos ou gigantes gasosos.

• Os planetas que conhecemos, ordenados a partir do Sol, são: Mercúrio, é o


planeta que está mais próximo do Sol, possui atmosfera temporária e variável
de muito quente a muito fria; Vênus, com temperaturas elevadíssimas; depois
a Terra; Marte, o planeta vermelho; Júpiter, o maior de todos os planetas;
Saturno, com suas 53 luas; Urano é um quase desconhecido ilustre, sabemos
pouco sobre ele, mas se destaca por sua órbita bastante inclinada; depois
Netuno, o mais distante dos gigantes gasosos, só foi visitado por uma sonda
espacial em 1989.

• Plutão e os planetas-anão, uma categoria relativamente nova criada em 2008


e ainda bastante debatida e contestada, surgiu depois de Plutão deixar de ser
considerado planeta, o que também ainda gera muita controvérsia nos meios
acadêmicos.

48
AUTOATIVIDADE

1 As ideias de Kant e Laplace foram desconsideradas por muito tempo, e


somente com descobertas mais modernas é que a hipótese da nebulosa voltou
aos meios de discussão científica e passou a ser assumida como a hipótese
mais provável de refletir a realidade. Em uma breve dissertação, com base
no texto do Tópico 2, apresente com suas palavras a ideia defendida pela
hipótese da nebulosa para explicar a origem do sistema solar.

2 Os planetas do sistema solar podem ser subdivididos em duas categorias.


Explique com suas palavras o que as diferencia e relate quais planetas estão
em cada categoria.

3 Quais foram os primeiros planetas a serem observados pelos seres humanos?


E qual característica os destaca dos demais?

4 Quais são os principais elementos químicos que compõem o Sol?

5 Qual o maior planeta telúrico?

6 Qual planeta telúrico está mais distante do planeta-anão Plutão?

7 Explique a seguinte afirmação: “Marte, o planeta vermelho, está enferrujado”.

8 O sistema solar surgiu há cerca de 4,6 bilhões de anos, o surgimento do Sol e


dos planetas foi praticamente simultâneo. Conforme a teoria da nebulosa, o
Sol se formou no centro da nebulosa e os planetas se formaram na periferia
menos densa. A distância entre a Terra e o Sol é de cerca de 150 milhões
de quilômetros; a luz emitida pelo Sol leva aproximadamente 8 minutos e
20 segundos para atingir a Terra, e o Sol gera energia a partir de reações
termonucleares. Sobre o Sol, podemos afirmar que:

I- É o maior corpo sólido presente no sistema solar.


II- Em relação à Terra, o Sol é gigantesco, mas quando comparado com outras
estrelas é minúsculo.
III- Hidrogênio e hélio são os elementos predominantes no Sol.
IV- O movimento de rotação solar é desigual, o Equador gira mais rápido do
que os polos.
V- Núcleo, fotosfera, cromosfera e coroa são as camadas que formam o Sol.

Assinale a opção que corresponde às sentenças:


a) ( ) As alternativas I, II e III estão corretas.
b) ( ) As alternativas II, III, IV e V estão corretas.
c) ( ) As alternativas II, IV e V estão corretas.
d) ( ) Apenas as alternativas II e V estão corretas.
e) ( ) Todas as alternativas estão corretas.
49
9 O Sol emite a radiação que sustenta a vida no planeta Terra, os raios
ultravioleta são nocivos a essa mesma vida, especialmente os raios UV-B.
A atmosfera da Terra funciona como uma espécie de filtro natural dessa
radiação, porém as atividades humanas já destruíram boa parte da camada
de ozônio que faz parte desse escudo atmosférico que nos protege. Além do
famoso ozônio, quais são os outros dois importantes elementos químicos
que barram a radiação nociva dos raios ultravioleta?

a) ( ) Oxigênio e nitrogênio.
b) ( ) Oxigênio e hidrogênio.
c) ( ) Oxigênio e metano.
d) ( ) Nitrogênio e metano.
e) ( ) Dióxido de carbono e metano.

10 Os planetas do sistema solar podem ser classificados em telúricos ou gigantes


gasosos, e alguns são conhecidos da humanidade desde os tempos mais
remotos, pois são visíveis a olho nu no céu noturno, já outros são difíceis de
avistar, mesmo para quem possui um bom telescópio. Sobre os planetas, leia
as afirmativas a seguir:

I- Mercúrio, Vênus, Terra e Marte são planetas telúricos.


II- Júpiter, Saturno, Urano e Netuno são planetas gasosos ou jovianos.
III- Planetas gasosos são muito densos e muito grandes (gigantes).
IV- Planetas telúricos são rochosos, pequenos e sólidos.
V- Marte, Vênus, Mercúrio, Saturno e Júpiter são planetas visíveis a olho nu,
basta saber encontrá-los no céu noturno para conseguir observá-los.

Assinale a alternativa CORRETA:


a) ( ) As afirmativas I, II, III e IV estão corretas.
b) ( ) As afirmativas I, II, IV e V estão corretas.
c) ( ) As afirmativas III, IV e V estão corretas.
d) ( ) Apenas as afirmativas III e IV estão corretas.
e) ( ) As afirmativas I, II, IV e V estão corretas.

50
UNIDADE 1
TÓPICO 3

PLANETA TERRA

1 INTRODUÇÃO
Considerando o conteúdo dos Tópicos 1 e 2, já conseguimos formar uma
concepção do pensamento sobre o processo de formação do universo, do sistema
solar e dos planetas.

Como já estudamos, o Sol e os planetas formaram-se praticamente ao


mesmo tempo, durante o mesmo processo que havia sido iniciado na nebulosa.
A idade é praticamente a única característica que se repete em todos os planetas.

2 PLANETA TERRA: O NOSSO LUGAR NO UNIVERSO


A Terra apresenta muitas características que a distinguem dos demais
planetas. Em nenhum outro planeta conhecido ocorre uma combinação de fatores
semelhante à que vivenciamos aqui. A combinação é perfeita para a existência de
água em estado líquido e para a evolução da vida.

A composição de gases que formam a atmosfera nos fornece oxigênio na


medida certa e cria o efeito estufa, que coloca as temperaturas dentro de uma
faixa ideal para a vida no planeta, e ainda forma uma camada de ozônio que filtra
os raios solares, o que também muito nos beneficia.

O frágil equilíbrio estabelecido no sistema planetário tem sido alterado


pelos hábitos dos seres humanos, que têm causado graves interferências na
composição da atmosfera. Ao emitir muitos gases relacionados com o efeito estufa,
estamos elevando a temperatura do planeta, o que, entre outras coisas, provoca
uma aceleração nas mudanças climáticas. Também interferimos na camada de
ozônio, destruindo o filtro natural que protege o planeta dos raios nocivos do Sol.

Também é importante termos em mente que as estações do ano só existem


devido ao fato de que o eixo de rotação do planeta Terra é inclinado em relação
à órbita em torno do Sol, e isso é um reflexo do impacto que a Terra sofreu no
evento que deu origem à Lua, é devido a essa inclinação que a insolação varia
entre os hemisférios norte e sul conforme a época do ano, alternando as estações
entre os hemisférios.

51
UNIDADE 1 | ASTRONOMIA: A JANELA PARA O UNIVERSO

DICAS

Sem o efeito estufa estaríamos congelados, ou melhor, não existiríamos, mas


com um efeito estufa muito intenso também não seria possível estar aqui, ou melhor, existir
aqui. O planeta Terra desenvolveu uma atmosfera que gerou um efeito estufa perfeito para
o surgimento e evolução dos organismos vivos. Com a evolução dos seres humanos, a
partir do momento em que aprendemos a acender o fogo e começamos a queimar coisas,
passamos a alterar a atmosfera com os gases resultantes da queima dos materiais. Com a
Revolução Industrial experimentamos um grande desenvolvimento tecnológico, resultando
em queima de muito material combustível: madeira, carvão, hidrocarbonetos (petróleo
e derivados). Em consequência disso, a concentração de alguns gases na atmosfera
aumentou, o que intensificou o efeito estufa que está elevando as temperaturas do planeta.
Para saber mais sobre o efeito estufa, procure ler sobre protocolo de Kyoto no link <http://
mudancasclimaticas.cptec.inpe.br/~rmclima/pdfs/Protocolo_Quioto.pdf>.

3 ORIGEM DO PLANETA TERRA E DA LUA


O sistema solar, assim como os planetas, iniciou sua formação
simultaneamente há cerca de 4,6 bilhões de anos. Nos primórdios da formação,
quando a nebulosa acelerou a sua rotação e se achatou em uma forma semelhante
a um disco, as colisões e a gravidade foram agregando material em corpos cada
vez maiores, e a cada impacto muita energia era liberada em forma de calor, o
que fundia os corpos que se chocavam, assim os materiais que estavam na órbita
dos planetas ou foram agregados ou foram lançados ao espaço (POMEROL et al.,
2013).

Assim, o primitivo planeta Terra ganhou massa, mas ainda era uma
grande bola de rocha fluida e quente. Então, como é que o planeta evoluiu até se
transformar na Terra como a conhecemos? Na hipótese da acreção homogênea
com os impactos, a temperatura subiu fundindo os materiais, o que ocasionou em
seguida a diferenciação (POMEROL et al., 2013).

A organização em camadas diferenciadas (diferenciação) ocorreu no


período inicial de formação do planeta, na fase tardia de acreção (processo pelo
qual uma estrela ou outro corpo celeste atrai para si moléculas de gases ou de
qualquer outro elemento interestelar), quando os impactos de planetesimais e de
outros corpos eram constantes e liberavam muita energia na colisão, o que fez as
temperaturas ficarem muito altas, fundindo os materiais (PRESS, 2006).

Com o material do planeta fundido, as diferenças de densidade levaram


ao processo de diferenciação das camadas. Assim, os blocos primordiais que
estavam dispostos de maneira aleatória se auto-organizaram em camadas
concêntricas diferenciadas por suas caraterísticas físico-químicas (PRESS, 2006).

52
TÓPICO 3 | PLANETA TERRA

A diferenciação das camadas ocorreu no início da história da Terra, quando


o planeta possuía calor para se fundir, e por conta das diferentes densidades da
matéria fundida, o planeta constituiu- se em camadas. O núcleo do planeta, ainda
muito quente, foi onde o material mais denso se concentrou, no núcleo interior
ficou muito ferro e também algum níquel que se mantém sólido por conta da alta
pressão (PRESS, 2006).

O núcleo da Terra está estruturado em um núcleo interior, pequeno


e maciço, e uma camada acima está o núcleo exterior, que aparentemente é
composto por uma massa fluida também de ferro e níquel coberta por um manto
(WICANDER; MONROE, 2011).

O manto que envolve o núcleo é fluido, menos denso, é uma rocha ígnea
rica em ferro e magnésio, ainda quente e fluida. O manto pode ser dividido em
três zonas, o manto interior compõe a zona mais próxima do núcleo e é a de
maior volume, logo acima forma-se a astenosfera, que apesar de ter a mesma
composição do manto, flui lentamente e entra em fusão parcial na astenosfera e
gera o magma (WICANDER; MONROE, 2011).

O manto superior segue acima da astenosfera com as rochas do manto


consolidadas até a base da crosta, onde passa a compor a litosfera, que engloba
a parte sólida do manto superior e também as placas que interagem entre si
gerando terremotos e tsunamis (WICANDER; MONROE, 2011).

A interação das placas na litosfera implica em efeitos na crosta, que é a


camada mais exterior e sólida. A crosta pode ser dividida em crosta continental
(SIAL), rica em sílica e alumínio, é mais espessa e forma rochas cristalinas, como
os granitos; e a crosta oceânica (SIMA), que é formada por basaltos, uma rocha
escura e mais densa que os granitos, a crosta oceânica é mais fina (WICANDER;
MONROE, 2011).

A densidade foi a característica mais importante na distribuição das


camadas na diferenciação, com o ferro mais denso e pesado indo parar no centro
formando o núcleo, os silicatos com menor densidade subiram para a litosfera
e formaram a crosta, enquanto na superfície do planeta as substâncias voláteis
liberadas formaram a atmosfera (POMEROL, 2013).

4 LUA: O SATÉLITE NATURAL DA TERRA


Aproximadamente há 4,5 bilhões de anos, um grande evento resultou
na formação da Lua (NASA, 2017i). Foi na fase tardia da formação do planeta
Terra, quando alguns impactos de objetos e planetesimais ainda ocorriam, que
um grande asteroide quase do tamanho de Marte colidiu com a Terra e então
desencadeou uma grande modificação no cenário do planeta (PRESS, 2006).

53
UNIDADE 1 | ASTRONOMIA: A JANELA PARA O UNIVERSO

O asteroide, que já tinha temperatura muito elevada, ao colidir com a


Terra, criou um impacto de tamanha magnitude que liberou energia suficiente
para elevar o calor até chegar ao ponto de fundir a massa do asteroide com a
massa da Terra. O impacto agregou os corpos, e com as massas em fusão, devido
à temperatura elevada, os efeitos da rotação do planeta passaram a atuar na
reorganização da massa (PRESS, 2006).

O impacto do asteroide com a Terra resultou no lançamento de muitos


fragmentos e poeira para o espaço, esses escombros formaram uma nuvem de
detritos que acabaram presos na órbita da Terra (PRESS, 2006). Por conta da
atração gravitacional, no primeiro momento os escombros lançados pelo impacto
formaram uma espécie de anel denso de fragmentos, que passaram a formar
aglomerados cada vez maiores, dando origem a uma Lua juvenil que limpou sua
órbita agregando o material restante (RIDPATH, 2008; POMEROL et al., 2013).

Acredita-se que em cerca de um ano, todo esse material já estava


agregado formando a Lua (POMEROL et al., 2013). No momento inicial a Lua
era basicamente uma grande bola de lava incandescente, que levou cerca de 100
milhões de anos até se resfriar e formar a crosta lunar (NASA, 2017i).

Durante o início do resfriamento a Lua passou por uma fase parcialmente


líquida, o que ocasionou uma diferenciação magmática que acompanhou o
resfriamento até cerca de 4,4 bilhões de anos, quando a crosta lunar, rica em
anortosito, se consolidou (POMEROL et al., 2013).

NOTA

O anortosito é uma rocha plutônica de coloração clara, bastante leve, pois tem
baixa densidade. A presença do anortosito na superfície lunar indica a diferenciação entre
os minerais leves que foram para a superfície e os minerais mais densos que afundaram,
semelhante à diferenciação que ocorreu na Terra. Rocha plutônica, ou rocha ígnea intrusiva,
é um tipo de rocha que resfria lentamente no interior da crosta e forma cristais. Estudaremos
os diferentes tipos de rocha na Unidade 2.

Com um corpo quase esférico, a Lua está amarrada pela força da gravidade
na órbita da Terra a uma distância de 384.400 km (trezentos e oitenta e quatro mil
e quatrocentos quilômetros) do nosso planeta (RIDPATH, 2008).

Com um diâmetro de aproximadamente 3.475 km, a Lua é cerca de quatro


vezes menor do que a Terra. A densidade da Lua também é menor, assim como a
massa e, por consequência, a força da gravidade. A atração gravitacional na Lua
chega a ser seis vezes mais fraca do que na Terra (POMEROL et al., 2013). A Lua
se desprende da órbita da Terra cerca de 3 cm/ano, em alguns milhares de anos
será lançada em catapulta ao espaço sideral.
54
TÓPICO 3 | PLANETA TERRA

É bastante provável que o choque do asteroide com a Terra, que lançou


os fragmentos e deu origem à Lua, também tenha inclinado o eixo de rotação da
Terra e acelerado a velocidade de rotação do planeta (PRESS, 2006).

Depois de formada e com a crosta consolidada completamente, a Lua


continuou passando por bombardeios meteóricos intensos, denominados de
bombardeamento pesado. Esse período ocorreu entre 4,4 e 3,8 bilhões de anos,
foi quando se formou a maioria das crateras de impacto na superfície lunar
(RIDPATH, 2008; POMEROL et al., 2013).

Algumas das crateras lunares são gigantescas, as maiores com quase 200
km de diâmetro. Em uma fase posterior, entre 3,8 e 3 bilhões de anos, a Lua passou
por um período de erupções e derrames de basalto (RIDPATH, 2008; POMEROL
et al., 2013).

FIGURA 17 – LUA CHEIA, IMAGEM CAPTURADA EM OUTUBRO DE 2016

FONTE: Arquivo pessoal do autor

Nos últimos 3 bilhões de anos a Lua tem permanecido inerte, talvez pelo
resfriamento que engrossou a litosfera lunar, encerrando a atividade tectônica
e afastando da superfície os movimentos convectivos do manto. Apenas alguns
poucos terremotos ainda abalam a superfície lunar (POMEROL et al., 2013).

Processos de erosão, transporte e deposição moldam a superfície da


Lua, mas são processos associados à ação de agentes cósmicos e não a agentes
atmosféricos, como na Terra. A superfície da Lua apresenta uma cobertura por
regossolo ou regolito, que é um depósito superficial formado por uma camada
inconsolidada de fragmentos rochosos finos, resultantes da queda de pequenos
meteoritos, são sedimentos não transportados e não transformados (POMEROL
et al., 2013).

55
UNIDADE 1 | ASTRONOMIA: A JANELA PARA O UNIVERSO

Também existem rochas metamórficas na Lua, criadas a partir do


metamorfismo de impacto. Quando um meteorito atinge a superfície da Lua, a
energia desse impacto é transformada em calor e ondas de choque, a temperatura
se eleva a ponto de vitrificar o regolito no local do impacto. A exploração da Lua
também revelou que existem, misturadas ao regolito da superfície lunar e também
no fundo de algumas crateras, algumas toneladas de gelo, que possivelmente
chegaram à Lua junto com algum cometa (POMEROL et al., 2013).

Estudos de geofísica indicam uma descontinuidade na Lua em torno


dos 60 km de profundidade, indicando a presença de rochas mais densas que
formam o manto lunar (POMEROL et al., 2013). A crosta superior da Lua, que
forma a superfície, apresenta fissuras, na camada imediatamente abaixo da crosta
superior existe a camada que é o manto lunar de composição rochosa e é bastante
espesso. Conforme dados obtidos por técnicas de geofísica foi constatada, entre
outras características, a densidade média da Lua e indícios levaram os cientistas
a afirmarem que possivelmente exista um pequeno núcleo de ferro no centro da
Lua (RIDPATH, 2008).

Sabemos que o Sol é muitas vezes maior que a Lua, mas ambos apresentam
o mesmo diâmetro aparente. A Lua é o corpo celeste mais próximo da Terra e com
isso é o objeto que percebemos com mais detalhes em seu movimento (OLIVEIRA
FILHO; SARAIVA, 2014).

Quando astronautas colocaram um espelho na superfície lunar foi possível


emitir um feixe de raio laser para medir a distância. Conhecendo a velocidade
em que o raio laser viaja e cronometrando o tempo que o feixe de laser demorou
para ser refletido de volta no espelho instalado, foi possível calcular a distância
média da Terra até a Lua (OLIVEIRA FILHO; SARAIVA, 2014). A distância
média calculada entre a Terra e a Lua é de 384.000 km. Conhecendo a distância,
foi possível calcular o diâmetro da Lua, que é de 3.476 km (OLIVEIRA FILHO;
SARAIVA, 2014).

4.1 FASES DA LUA


A atração gravitacional entre a Terra e a Lua mantém a Lua em nossa órbita
e gera as ondas de maré astronômica. A força da gravidade da Terra criou uma
onda crustal na Lua, ou seja, a força da gravidade da Terra sincronizou a rotação
com a translação. Assim, uma volta da Lua no próprio eixo leva os mesmos 29,5
dias que demora uma volta completa na elíptica órbita da Terra. Essa sincronia faz
com que a mesma face da Lua esteja sempre voltada para a Terra (RIDPATH, 2008).

Experimente iluminar uma esfera qualquer, pode ser uma bola de futebol,
por exemplo, com uma lanterna. Você perceberá que com apenas uma fonte de luz
será impossível iluminar toda a superfície da bola, sempre haverá uma metade
iluminada e outra metade sem receber luz. Com os planetas e as luas o princípio
é o mesmo.

56
TÓPICO 3 | PLANETA TERRA

A fase da Lua é um fenômeno bastante conhecido desde a antiguidade.


Aristóteles já havia descrito corretamente que a Lua não é um corpo luminoso,
apenas reflete a luz do Sol. Conforme a posição da Lua na órbita da Terra, a
porção iluminada será maior ou menor, variando da Lua cheia até a Lua nova
(OLIVEIRA FILHO; SARAIVA, 2014).

FIGURA 18 – FASES DA LUA

FONTE: Disponível em: <http://www.zenite.nu/fases-da- lua/>. Acesso em:


9 abr. 2017.

Considerando que o Sol é nossa única fonte de luz, fica fácil formar a
concepção de que esses corpos estarão metade iluminados e metade sem receber
luz. Com isso em mente e considerando a órbita da Terra ao redor do Sol, vamos
refletir sobre a órbita da Lua ao redor da Terra, uma volta da Lua pode ser dividida
em quatro quartos ou fases (cheia, minguante, nova, crescente).

As mudanças na porção iluminada da Lua ocorrem continuamente e a


cada dia a Lua está em uma fase diferente, além da tradicional divisão das fases
da Lua em quartos, para observações mais precisas os astrônomos definem as
fases da Lua em razão de dias decorridos (0 - 29,5) ou da fração iluminada (0% -
100%) (OLIVEIRA FILHO; SARAIVA, 2014).

A maneira mais popular de acompanhar as fases da Lua é a divisão em


quartos, perfazendo o ciclo da Lua nova, quarto crescente, Lua cheia, quarto
minguante, retornando a Lua nova.

A Lua nova é quando não vemos a Lua. Com a face escura voltada para a
Terra, o brilho da Lua desaparece do céu, mas a força da gravidade se faz sentir;
com o alinhamento Sol, Lua, Terra as gravidades aumentam a força da atração
gravitacional, e assim como na Lua cheia, provoca grande amplitude na maré,
esse fenômeno é conhecido como a maré de sizígia (CHRISTOPHERSON, 2012).
No auge da fase nova, o nascente e o poente do Sol e da Lua são praticamente
coincidentes, assim a Lua estará no céu diurno, passando a ficar visível conforme
segue a órbita até atingir o quarto crescente (OLIVEIRA FILHO; SARAIVA, 2014).

No quarto crescente a Lua fica posicionada cerca de 90° em relação ao Sol,


assim vemos a parte oeste da metade iluminada, que corresponde a um quarto da
superfície da Lua, pois o que vemos é a metade da parte iluminada da Lua. Nessa

57
UNIDADE 1 | ASTRONOMIA: A JANELA PARA O UNIVERSO

fase a Lua nasce em torno do meio-dia e se põe perto da meia-noite; seguindo


os dias, cresce a parte iluminada, até atingir a fase cheia (OLIVEIRA FILHO;
SARAIVA, 2014).

Quando temos a Lua cheia, as forças da gravidade do Sol e da Lua se


somam, novamente como na Lua nova, é o alinhamento da conjunção que
intensifica o abaulamento da maré, incrementando a amplitude, e esse efeito,
como já vimos, é denominado maré de sizígia. No auge da Lua cheia é quando
podemos ver a face da Lua totalmente iluminada (CHRISTOPHERSON, 2012). Na
Lua cheia ocorre a oposição ao Sol, onde o nascer de um coincide com o poente
de outro. Chegam a ficar opostos em 180° quando a Lua está 100% iluminada, a
partir desse momento a parte iluminada da Lua vai diminuindo, e quando a luz
do Sol atinge apenas 50% da face visível, a fase passa para o quarto minguante
(OLIVEIRA FILHO; SARAIVA, 2014).

À medida que a Lua segue em direção ao quarto minguante, passa a


assumir um alinhamento mais para o lado da Terra, em direção aos 90º para o
Sol, com isso a força da gravidade fica distribuída, o que diminui a amplitude, é a
chamada maré de quadratura. No auge da Lua minguante somente a metade da
face da Lua voltada para a Terra estará iluminada (CHRISTOPHERSON, 2012).
No quarto minguante a Lua nasce perto da meia-noite e se põe por volta do meio-
dia. No quarto minguante a lua fica cada vez menos iluminada até atingir o dia 0,
quando inicia um novo ciclo, entrando outra vez na Lua nova (OLIVEIRA FILHO;
SARAIVA, 2014).

A cada dia que passa a Lua se põe cerca de 50 minutos mais tarde do
que no dia anterior, portanto o dia lunar tem aproximadamente 24 horas e 50
minutos. Isso ocorre pois o Sol em relação à Terra se move 1° por dia para o leste
devido à translação da Terra, e assim a Lua se move aproximadamente 12° por
dia também para leste, atrasando a Lua cerca de 50 minutos por dia (OLIVEIRA
FILHO; SARAIVA, 2014).

5 OS MOVIMENTOS DE TRANSLAÇÃO DO PLANETA TERRA


Os antigos chineses foram os primeiros a estabelecer o período de 365 dias
como a duração do ano (RIDPATH, 2008). Na verdade, um ano sideral, ou seja,
uma volta completa da Terra ao redor do Sol, tem duração de 365 dias e seis horas
(POMEROL, 2013). O ano bissexto existe para corrigir essa diferença, seis horas
por ano, assim, a cada quatro anos fevereiro ganha o 29° dia.

A inclinação do eixo de rotação da Terra foi o resultado do choque de um


grande asteroide contra a Terra que deu origem à Lua (PRESS, 2006).

A translação da Terra ao redor do Sol cria a ilusão do movimento aparente


do Sol, que cria uma elíptica por conta da inclinação do eixo de rotação do planeta
Terra, o que causa as estações do ano (OLIVEIRA FILHO; SARAIVA, 2014).

58
TÓPICO 3 | PLANETA TERRA

As estações do ano ocorrem por conta da inclinação no eixo de rotação


do planeta Terra causado pelo choque com o asteroide que deu origem à Lua.
Imagine se o eixo da Terra não fosse inclinado, os hemisférios Norte e Sul
receberiam a mesma insolação durante todo o tempo, mas com a inclinação do
eixo de rotação, ora um hemisfério está mais voltado para o Sol, ora o outro, o
que garante a existência das estações do ano, que ocorrem sempre opostas nos
hemisférios. Quando é verão no hemisfério Sul, é inverno no hemisfério Norte,
quando for primavera no hemisfério Norte, será outono no hemisfério Sul.

O equinócio de março, sempre perto do dia 20, é quando o Sol atravessa


o Equador celeste passando do hemisfério Sul para o hemisfério Norte, ele marca
o fim do verão austral (hemisfério Sul) e o início da primavera boreal (hemisfério
Norte) (OLIVEIRA FILHO; SARAIVA, 2014).

O solstício de junho, no dia 21, mais ou menos, é quando o Sol atinge a


máxima declinação ao Norte incidindo diretamente sobre o Trópico de Câncer,
é o dia de maior duração no hemisfério Norte, e o dia mais curto no Hemisfério
Sul. Na cidade de Porto Alegre, no Sul do Brasil, o dia claro dura apenas 10 horas
e 10 minutos (OLIVEIRA FILHO; SARAIVA, 2014).

O equinócio de setembro, que ocorre em torno do dia 22, é quando o


Sol passa do hemisfério Norte para o hemisfério Sul, atravessando o Equador,
marcando o fim do verão no hemisfério Norte. (OLIVEIRA FILHO; SARAIVA,
2014).

O solstício de dezembro ocorre no dia 21, aproximadamente, é quando


o Sol está na máxima declinação ao Sul, incidindo seus raios diretamente sobre
o Trópico de Capricórnio, na Terra é o dia com maior duração no hemisfério Sul
(OLIVEIRA FILHO; SARAIVA, 2014).

5.1 A ROTAÇÃO E AS HORAS DO DIA


A medida de tempo é feita com base no movimento aparente da esfera
celeste, que é resultado da rotação do planeta Terra (OLIVEIRA FILHO; SARAIVA,
2014). Um dia solar no planeta Terra dura 24 horas, porém outra afirmação correta
é que um dia dura 23 horas 56 minutos e 4 segundos, esse é o dia sideral, também
o tempo solar.

É preciso considerar que um dia solar dura 24 horas e considera dois


movimentos nesse tempo, a rotação da Terra no próprio eixo e a translação do
planeta ao redor do Sol, com isso devemos considerar que o tempo de um dia
solar, que é de 24 horas, é igual à soma de um dia sideral (23 horas, 56 minutos
e 4 segundos) mais a fração de tempo que corresponde a 1/365 do tempo da
translação ao redor do Sol. É preciso entender que ao mesmo tempo que a Terra
gira em seu próprio eixo, ela também se movimenta na órbita do Sol, e a soma
desses dois movimentos é que resulta nas 24 horas do dia.

59
UNIDADE 1 | ASTRONOMIA: A JANELA PARA O UNIVERSO

Como medir precisamente a hora a partir do Sol é um pouco complicado,


surgiu a hora civil, ou tempo civil, que é uma medida de tempo que ajusta a
origem do dia com a passagem do Sol pelo meridiano inferior do lugar, e assim
não mudar a data durante as horas de maior atividade humana (OLIVEIRA
FILHO; SARAIVA, 2014).

O tempo civil ajusta as horas ao redor do mundo, mas a origem do sistema


do tempo civil é o tempo universal que corresponde ao tempo civil de Greenwich.
O Meridiano de Greenwich é o meridiano central (OLIVEIRA FILHO; SARAIVA,
2014).

UNI

POLÊMICA

Pense: qual é a importância de haver dias e noites? Imagine o planeta Terra sem rotação,
estático, metade exposto continuamente ao Sol, outra parte constantemente sem receber a
luz do Sol. Especulando sobre as condições em um cenário hipotético desse, o lado voltado
para o Sol seria extremamente quente e claro, no lado oposto seria o inverso, frio e escuro,
haveria então um dia eterno e uma noite eterna, mas também existira um amanhecer e um
anoitecer constantes. Será que existiria a contagem das horas?

5.2 SISTEMAS DO PLANETA TERRA


Para entender a dinâmica envolvida no funcionamento do planeta Terra é
preciso perceber o planeta Terra como um sistema aberto. Em uma forma muito
simplificada, “sistema é qualquer conjunto ordenado e inter-relacionado de coisas
e seus atributos, conectados por fluxos de energia e matéria, distinto do ambiente
circundante (que está) fora do sistema” (CHRISTOPHERSON, 2012, p. 5).

Desse modo, podemos pensar um sistema aberto como um conjunto


de elementos que recebem energia a partir de entradas, interagem entre si em
subsistemas, dando forma, transformando e gerando saídas em outro tipo de
energia (CHRISTOPHERSON, 2012). No caso do planeta Terra, o conjunto de
todas as partes e todas as interações dos subsistemas forma o sistema Terra
(PRESS, 2006).

O planeta Terra só foi assim entendido no final do século XX, quando


novas tecnologias permitiram a realização de estudos sobre o funcionamento do
planeta, o que levou a uma maior aceitação de que o planeta Terra é um sistema
(PRESS, 2006).

60
TÓPICO 3 | PLANETA TERRA

ATENCAO

O campo magnético da Terra é utilizado por diversos animais para orientação


das rotas migratórias, além de atrair a agulha magnética das bússolas indicando a direção
Norte.

Envolvendo o sistema do geodínamo está o manto, que é composto pelas


duas camadas mais profundas do sistema de placas tectônicas, o manto inferior
que surge logo acima do núcleo externo, mas a interação se dá com a astenosfera
que está logo acima, a troca de material entre as camadas se dá por correntes de
convecção (CHRISTOPHERSON, 2012).

A astenosfera, por sua vez, interage com a litosfera, também através dos
movimentos convectivos. A litosfera forma a crosta terrestre e oceânica (SIAL e
SIMA), as placas tectônicas e compreende ainda uma porção com aproximadamente
100 quilômetros de espessura do manto superior (CHRISTOPHERSON, 2012).

FIGURA 19 – SISTEMAS DA TERRA E CAMADAS DA TERRA

FONTE: Disponível em: <http://www.vestiprovas.com.br/questao.php?questao=u-


nesp-2011-2-45-geografia-geografia-fisica- outros-12917>. Acesso em: 29
abr. 2017.

Assim a litosfera, com lentos movimentos de orogênese e epirogênese,


vai forçando a movimentação do material mais sólido sobre o manto mais
liquefeito, que desliza para ser arrastado pela astenosfera até atingir o manto
inferior, de onde emerge de volta para a astenosfera, e posteriormente ressurgirá
na superfície da crosta e repetirá o lento movimento cíclico que faz parte do ciclo
das rochas (Unidade 2). Para imaginar esses movimentos ocorrendo é preciso
refletir sobre a passagem do tempo e os movimentos que acontecem em bilhões
de anos.
61
UNIDADE 1 | ASTRONOMIA: A JANELA PARA O UNIVERSO

Ao longo da grande história geológica do planeta Terra, a litosfera, a


hidrosfera e a atmosfera vêm interagindo e criando condições para que sobre os
três sistemas apoie-se a biosfera, que é o sistema que engloba todos os organismos
vivos do planeta Terra. A interação atual entre esses sistemas proporciona um
equilíbrio que já dura cerca de 565 milhões de anos e vem suportando a evolução
da vida multicelular no planeta Terra, mas desequilíbrios entre os sistemas podem
acarretar em mudanças nas condições da superfície do planeta que podem colocar
em risco o equilíbrio dos sistemas que suportam a biosfera (CHRISTOPHERSON,
2012).

5.3 NÚCLEO DA TERRA: A FONTE DO MAGNETISMO


O núcleo é a parte mais densa da Terra, um terço da massa do planeta
está compactada no núcleo que tem um sexto do volume do planeta. Estudos
indicam que o núcleo interno é composto por ferro sólido com temperatura acima
do ponto de fusão, porém o ferro se mantém sólido por conta da pressão que no
centro da Terra é muito forte. O núcleo externo é uma camada liquefeita de ferro
fundido menos denso que o núcleo interno, entre essas duas regiões existe uma
ampla camada de transição (CHRISTOPHERSON, 2012).

FIGURA 20 – MAGNETOSFERA ENVOLVENDO A TERRA EM UMA ESPÉCIE DE ESCUDO

FONTE: Disponível em: <https://soho.nascom.nasa.gov/classroom/images/image045.


gif>. Acesso em: 29 abr. 2017.

62
TÓPICO 3 | PLANETA TERRA

Estudos de geofísica indicam a existência de uma descontinuidade na


densidade do núcleo, separando o núcleo interno do núcleo externo, é a chamada
descontinuidade de Lehman (POMEROL et al., 2013). No núcleo do planeta são
encontrados elementos siderófilos, que são elementos associados ao ferro, mas
também contém níquel, cobalto, ósmio, rênio, irídio e ouro. Os elementos dessa
família geoquímica são abundantes nos meteoritos de ferro, que são meteoritos
classificados como sideritos.

O sistema do geodínamo é a interação entre as duas regiões do núcleo,


que cria um movimento interno e resulta no efeito de um grande dínamo e gera
o campo magnético da Terra, a magnetosfera (CHRISTOPHERSON, 2012). O
campo magnético gerado estende sua influência até o limite externo da atmosfera,
a magnetosfera é o limite da Terra com o espaço sideral (POMEROL et al., 2013).

O campo magnético da Terra apresenta constantes variações, desde


perturbações de baixa intensidade que podem durar um curto prazo, até variações
mais significativas, com implicações arqueológicas e geológicas, como a reversão
geomagnética que ocorreu pelo menos nove vezes nos últimos 4 milhões de
anos. Algumas rochas guardam registros desse fenômeno magnético, estudos de
paleomagnetismo investigam essas variações (POMEROL et al., 2013).

5.4 O MANTO TERRESTRE


O manto terrestre compõe 83% do volume total da Terra, é menos denso
que o núcleo, composto por rocha ígnea rica em ferro e magnésio (WICANDER;
MONROE, 2011).

Os registros geofísicos indicam uma descontinuidade que separa o manto


do núcleo, denominada descontinuidade de Gutenberg, fica a 2.900 km de
profundidade (POMEROL et al., 2013).

O manto é fluido, viscoso e muito quente, o calor que escapa cria


correntes de convecção muito lentas, que se movem alguns milímetros por anos.
As correntes de convecção levam material da litosfera, que, resfriada e frágil,
perde material para a astenosfera, quente, dúctil e que arrasta para o manto
fundindo ou metamorfizando esse material, devolvendo-o em alguns milhões
de anos à superfície. Apesar de uma aceitação generalizada dessa descrição
pela comunidade científica, muitas hipóteses têm surgido com detalhes que as
diferenciam (BLAKE, 2006).

63
UNIDADE 1 | ASTRONOMIA: A JANELA PARA O UNIVERSO

TURO S
ESTUDOS FU

Na Unidade 3 estudaremos mais sobre a convecção e os movimentos das


placas tectônicas.

Juntos, o manto superior e inferior tem uma profundidade média


de 2.900 km e 80% do volume do planeta. A composição do manto apresenta
predominantemente óxidos de ferro, magnésio e silicatos. Conforme aumenta
a profundidade no manto, também aumentam a densidade, a temperatura e a
pressão (CHRISTOPHERSON, 2012).

Entre 70 km e 250 km forma-se a astenosfera, uma camada menos rígida do


manto, onde formam-se correntes de convecção, esse lento movimento perturba a
crosta e cria a atividade tectônica (CHRISTOPHERSON, 2012).

Nas diferentes camadas do manto estão distribuídos elementos químicos


distintos, no manto inferior a presença predominante é dos elementos calcófilos.
O grupo dos elementos calcófilos engloba aqueles elementos que se ligam
facilmente ao enxofre, por exemplo, o cobre, o ferro, o chumbo, o zinco e o arsênio
(POMEROL et al., 2013).

5.5 LITOSFERA
Formando a litosfera, o manto superior e a crosta apresentam em comum
a maior concentração da família dos elementos litófilos. Encontrados nas rochas,
são constituintes do arcabouço dos silicatos (silício, alumínio, cálcio, potássio,
sódio e magnésio), além de elementos menores que têm propriedades similares
(rubídio, césio, estrôncio, bário, germano, gálio etc.), produtos do urânio e tório
também estão associados a essa família (POMEROL et al., 2013).

O topo do manto, composto por placas tectônicas, junto à crosta


consolidada forma uma camada rígida com espessura entre 45 km e 70 km que
corresponde à litosfera. A camada mais superficial da litosfera é a crosta. A crosta
é relativamente fina e pode ser dividida em crosta continental e crosta oceânica,
com espessuras entre 30 km e 5 km, sendo a crosta continental mais espessa. A
perfuração da crosta até atingir o topo do manto é um desafio que ainda não foi
alcançado (CHRISTOPHERSON, 2012).

64
TÓPICO 3 | PLANETA TERRA

A crosta continental (SIAL) é formada basicamente por granitos, é


cristalina, rica em sílica, alumínio, potássio, cálcio e sódio. A crosta oceânica
(SIMA) é basáltica, granular, rica em sílica, magnésio e ferro, é mais densa que a
crosta continental (CHRISTOPHERSON, 2012). A crosta oceânica é formada por
sílica e magnésio. Sobre os minerais que são os constituintes básicos das rochas,
estudaremos na Unidade 2.

LEITURA COMPLEMENTAR

VELHA OU NOVA?

Sofia Moutinho

Datação de rochas lunares sugere que o nosso satélite natural pode ter se formado
bem depois que o estimado. Outra hipótese é de que as teorias mais aceitas sobre a sua
formação estejam erradas.

Segundo o estudo, a Lua pode ser mais jovem do que se imaginava ou


nunca ter tido o oceano de magma previsto nas teorias geológicas sobre sua
formação.

Além de musa dos apaixonados, a Lua é também recorrente objeto de


estudo da ciência. A mais nova descoberta sobre o satélite, publicada hoje (17/8)
no site da Nature por pesquisadores dos Estados Unidos e da França, põe em
xeque o que se sabia até aqui sobre a sua história e sugere que ou ela é 200 milhões
de anos mais nova do que se pensava ou as teorias mais acreditadas sobre sua
formação estão erradas.

São várias as teorias para a origem da Lua. Algumas afirmam que ela teria
se formado a partir de um pedaço da Terra ejetado para o espaço durante uma
colisão com outro astro. Outras supõem que esse impacto teria originado duas
luas, que mais tarde se fundiram em uma só.

Apesar das diferenças, a maioria das teorias defende que essa massa
inicial seria coberta por um oceano de magma, que teria se resfriado e formado a
crosta lunar há 4.527 milhões de anos.

No entanto, uma análise aprofundada – por datação isotópica – de rochas


do tipo anortosito ferroso, consideradas as mais antigas da Lua e coletadas pelas
missões Apolo 11 e 16 nessa camada de antigo magma, revelou uma idade de
4.360 milhões de anos, inferior à estimada anteriormente e milhões de anos mais
nova que o sistema solar.

65
UNIDADE 1 | ASTRONOMIA: A JANELA PARA O UNIVERSO

A diferença de idade apontada pela análise deu margem a uma série de


questionamentos na comunidade científica. Alguns pesquisadores desconfiam
que as teorias mais aceitas sobre a formação da Lua podem simplesmente estar
erradas.

“A idade extraordinariamente nova dessas rochas significa que a Lua


se solidificou bem depois do que se estimava ou então que ela não foi formada
por um oceano de magma”, afirma o geoquímico e líder da pesquisa, Lars Borg,
do Laboratório Nacional Lawrence Livermore, nos Estados Unidos. “Precisaremos
mudar todo o nosso entendimento sobre a sua história geológica”, acrescenta.

Outras hipóteses

O pesquisador assume que também existe a possibilidade de que as


rochas estudadas não sejam as mais antigas da Lua e diz que vai continuar os
experimentos para verificar se o oceano de magma realmente existiu.

“Vamos repetir as medições em outras rochas na tentativa de determinar


um intervalo de idade para a crosta lunar e vamos avaliar também as relações
temporais entre diferentes tipos de rochas para obter uma imagem mais clara do
seu processo de formação”, conta o geoquímico.

Segundo Borg, compreender a formação da Lua é fundamental para


conhecer a geologia da própria Terra. “A Lua é uma testemunha do passado do
nosso planeta”, diz. “Entendê-la é entender a Terra, pois os dois astros estão
ligados desde o impacto gigante que a formou”.

FONTE: Disponível em: <http://www.cienciahoje.org.br/noticia/v/ler/id/1592/n/velha_ou_nova>.


Acesso em: 30 mar. 2017.

ATIVIDADE PRÁTICA

Camadas do planeta Terra

Como atividade prática nas aulas de Geografia, vamos agora conhecer um


exemplo de atividade prática que pode ser realizada em sala de aula utilizando
apenas massa de modelar. A massa pode ser industrializada ou feita em casa de
maneira artesanal. No link <https://www.youtube.com/watch?v=nxkct9daygI>
você encontra um tutorial para fazer sua própria massa. Com esse material em
mãos, a atividade prática visa estruturar as camadas do planeta Terra. Segue
abaixo o passo a passo para realizar essa prática:

• O primeiro passo é realizar a revisão da matéria, para lembrar quais camadas


são mais grossas e quais são mais finas (manter a escala é difícil, mas dá para
fazer uma diferenciação ilustrativa na espessura das camadas).

66
TÓPICO 3 | PLANETA TERRA

• Com as espessuras em mente, selecione massas de diferentes cores e escolha


cores que permitam um bom contraste entre elas, assim facilitará a visualização
das camadas da Terra.
• Iniciamos fazendo uma bolinha que será o núcleo interno, que deve ser envolto
no núcleo externo, na sequência envolvemos o núcleo com o manto inferior
que deve ser sobreposto pelo manto superior (aí chegamos na litosfera) e a
camada final representa a crosta.
• Com as camadas adicionadas uma a uma, de fora para dentro, com uma linha
resistente (pode ser linha 10 de soltar pipa ou outra linha disponível) deve-
se cortar a bolinha bem no meio, tomando cuidado para não achatar nem
desmontar as camadas. E quando separarmos as metades, vamos nos deparar
com o modelo das camadas da Terra.

A seguir, você verá imagens ilustrativas que demonstram a sequência


dessa atividade prática:

FIGURA 21 – IMAGENS DA OFICINA DE MODELAGEM MINISTRADA PELO AUTOR

67
UNIDADE 1 | ASTRONOMIA: A JANELA PARA O UNIVERSO

FONTE: O autor
68
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:

• O planeta Terra é único, nele existe um equilíbrio natural muito frágil que
permite a existência de água em estado líquido, além de uma mistura ideal de
gases que garante o suporte à vida e ainda cria o efeito estufa que nos aquece.

• O equilíbrio entre os fatores que garantem um ambiente propício à vida no


planeta Terra tem sido quebrado devido ao imenso desrespeito que o modo de
vida dos seres humanos tem imposto à natureza, estamos comprometendo a
capacidade de suporte à vida no planeta Terra.

• Na formação do planeta Terra, as colisões cósmicas agregaram massa à Terra


primitiva, que era muito quente e separou os materiais por diferenciação de
camadas pela densidade.

• Na fase tardia o impacto de um grande asteroide inclinou e acelerou o eixo de


rotação do planeta, o que lançou muita poeira na órbita da Terra e deu origem
à Lua, que interage com a Terra através do campo gravitacional e influencia as
variações no nível da maré.

• O planeta Terra está na órbita do Sol e faz o movimento de translação. Uma


translação completa equivale ao período de um ano.

• O movimento da Terra no próprio eixo é a rotação, esse movimento cria os dias


e as noites. Por conta do eixo de rotação da Terra ser inclinado é que existem as
quatro estações do ano (verão, outono, inverno e primavera).

• No manto da Terra as placas tectônicas são movimentadas pelas correntes


de convecção, são essas correntes que arrastam as placas tectônicas e levam
material da crosta para o manto e vice-versa.

• O núcleo da Terra tem duas regiões: o núcleo interno e o núcleo externo. Existe
ainda uma zona de transição entre o núcleo externo e o manto.

• As interações que ocorrem no núcleo da Terra criam o sistema do geodínamo,


que gera a magnetosfera e o campo gravitacional.

• No manto as correntes de convecção fazem circular lentamente os materiais.


Quanto mais profundo no manto, maiores são a temperatura e a pressão.

• A litosfera é a camada rígida e superficial, é onde se consolidam e solidificam


as rochas, a crosta pode ser dividida em continental e oceânica.

69
AUTOATIVIDADE

1 Como surgiu a Lua?

2 Explique o que são as fases da Lua e como as diferentes fases atuam no


abaulamento das marés.

3 Escreva como se estruturam fisicamente as camadas do planeta Terra.

4 Como acontece o funcionamento do geodínamo?

5 Como acontecem os movimentos dentro do manto? Ocorre interação entre


as camadas? Como funciona esse processo?

6 Escreva a relação do eixo de rotação inclinado do planeta Terra com o


movimento de translação e as diferentes estações do ano.

7 Explique como percebemos no dia a dia o movimento de rotação do planeta


Terra.

8 A crosta se forma na litosfera e existem duas composições distintas da


crosta. O que as diferencia?

9 O planeta Terra é organizado em diferentes camadas, isso se deve ao


processo de diferenciação que ocorreu no período inicial de formação,
ainda na fase de acreção com os planetesimais, que se chocavam com a
Terra e no impacto liberavam muita energia na forma de calor, o que levava
à fusão dos materiais, com isso a densidade dos materiais auto-organizou
as camadas, sendo os materiais mais densos atraídos para o centro, que
formaram um núcleo interior sólido, envolto em uma massa menos densa,
o núcleo exterior. Sobre o núcleo da Terra, classifique V para as sentenças
verdadeiras e F para as falsas:

( ) Tanto o núcleo interior como o núcleo exterior são formados de ferro e


níquel.
( ) Apesar das altas temperaturas, a enorme pressão mantém o núcleo interior
no estado sólido.
( ) O núcleo exterior também possui ferro e níquel, porém os elementos não
metálicos são predominantes na composição dessa camada que faz a
transição para o manto.
( ) Na diferenciação, os elementos mais densos se concentraram no núcleo,
sendo que o núcleo interior se mantém sólido, e o núcleo exterior, que é
submetido a pressões menores, se apresenta em um estado fluido.
( ) Todas as afirmações científicas sobre o núcleo da Terra são baseadas em
suposições.

70
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) V, F, V, F, V.
b) ( ) V, V, V, F, F.
c) ( ) V, F, V, F, F.
d) ( ) V, V, F, V, V.
e) ( ) F, F, F, V, V.

10 A Lua é o satélite natural da Terra, sobre a Lua podemos afirmar que:

I- A Lua é cerca de quatro vezes menor do que a Terra.


II- A Lua se formou após um grande abalroamento cósmico que lançou
material no espaço.
III- A força da gravidade é o que mantém a Terra na órbita da Lua.
IV- As crateras lunares são formadas em sua maioria por tempestades solares.
V- A distância entre a Terra e a Lua foi medida com auxílio de um espelho.

Assinale a alternativa CORRETA:


a) ( ) São verdadeiras as proposições I, II e III.
b) ( ) São verdadeiras as proposições I, III e IV.
c) ( ) São verdadeiras as proposições I, II e V.
d) ( ) São verdadeiras as proposições III, IV e V.
e) ( ) Todas as proposições são verdadeiras.

11 Os dias e as noites são consequências do movimento que a Terra faz em


torno de seu próprio eixo, é o que chamamos de movimento de rotação.
Sobre a duração de um dia completo podemos afirmar que:

I- Existe o dia solar e o dia sideral.


II- O dia sideral corresponde a uma rotação completa da Terra no próprio
eixo, que tem a duração de 23 horas 56 minutos e 4 segundos.
III- O dia solar é a soma do tempo de um dia sideral (23h56’04”) mais 1/365 (um
sobre trezentos e sessenta e cinco avos) referente à fração do movimento de
translação que ocorre simultaneamente.
IV- Para ajustar a demanda das atividades humanas no tempo cronometrado
foi criada a hora civil, que é a hora que ajustamos em nossos relógios
conforme a parte do mundo em que nos encontramos.
V- É possível descobrir a hora do dia através da observação de uma sombra
da luz solar.

Assinale a alternativa CORRETA:


a) ( ) Apenas as sentenças I, III e IV estão corretas.
b) ( ) Apenas as sentenças I, II e IV estão corretas.
c) ( ) Apenas as sentenças I, II e III estão corretas.
d) ( ) Apenas as sentenças III, IV e V estão corretas.
e) ( ) Todas as sentenças estão corretas.

71
72
UNIDADE 2

TEMPO GEOLÓGICO: DA
FORMAÇÃO DAS ROCHAS À
EXPLORAÇÃO DAS JAZIDAS

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• descrever a forma do planeta Terra;

• explicar a dimensão temporal da escala geológica;

• perceber as diferenças entre minerais, cristais e rochas;

• explicar as particularidades da formação dos três diferentes tipos de ro-


chas;

• esquematizar o ciclo geológico;

• relacionar o uso de recursos naturais com as atividades cotidianas.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade de estudos está dividida em quatro tópicos de conteúdos. No
decorrer da unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de refor-
çar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – EVOLUÇÃO GEOLÓGICA DO PLANETA TERRA

TÓPICO 2 – OS MINERAIS E AS ROCHAS

TÓPICO 3 – CICLO GEOLÓGICO

TÓPICO 4 – RECURSOS ENERGÉTICOS NATURAIS

73
74
UNIDADE 2
TÓPICO 1

EVOLUÇÃO GEOLÓGICA DO PLANETA TERRA

1 INTRODUÇÃO
Como já estudamos na Unidade 1, o planeta Terra, no início de sua
formação, tinha uma superfície em fusão, e ao começar a se resfriar solidificou
uma fina crosta, foi quando um grande asteroide se chocou contra a Terra, o que
lançou fragmentos para o espaço, formando a Lua. O impacto também liberou
muita energia na forma de calor, elevando a temperatura do planeta novamente
até o ponto de fusão dos materiais. O asteroide foi agregado ao planeta Terra pelo
impacto e as massas em fusão, devido às altas temperaturas, e atraídas pela força
da gravidade, reconstruíram o planeta deformado pelo choque.

2 AS FORMAS DO PLANETA TERRA ­


Ao longo da história, diferentes formas foram atribuídas ao planeta
Terra, de disco a bola, as figuras perfeitas permaneceram na descrição do planeta
até pouco tempo. Vale lembrar que nosso planeta é o resultado de incontáveis
choques, inicialmente entre partículas na nebulosa, mais tarde o impacto
do grande asteroide que originou a Lua e até mesmo nos dias atuais, quando
pequenos meteoritos, alguns nem tão pequenos assim, se acomodam na Terra,
como já vimos na Unidade 1.

A forma do planeta é principalmente regida pela força da gravidade que


atrai a massa para um ponto central, mas é por conta da força centrífuga gerada
pela velocidade de rotação que o planeta é levemente achatado nos polos. O que
deixa maior a circunferência no Equador do que no plano longitudinal, que é um
meridiano mais seu antípoda (ou antimeridiano). Ainda temos a precessão, que
é o movimento resultante da força de torque, que rege as variações da inclinação
do eixo de rotação do planeta Terra (PRESS et al., 2006).

75
UNIDADE 2 | TEMPO GEOLÓGICO: DA FORMAÇÃO DAS ROCHAS À EXPLORAÇÃO DAS JAZIDAS

DICAS

Relembre os conceitos de cartografia: meridianos são as linhas imaginárias que


vão de um polo ao outro e nos indicam os fusos horários, mas também a localização Leste/
Oeste de algum ponto na superfície da Terra. Para cada meridiano existe um outro meridiano
diretamente oposto, é o antimeridiano ou antípoda. Um bom exemplo é o meridiano de
Greenwich, que marca o fuso horário 00 GMT (Greenwich mean time) e que tem no seu
antimeridiano a linha internacional da data.

Ao contrário da simplificação, que sugere a forma do planeta como uma


bola achatada, modelos cada vez mais precisos são criados para representar a
Terra e aplicar esse conhecimento em diferentes soluções tecnológicas. Conforme
as tecnologias avançaram, o planeta foi sendo cada vez mais conhecido em seus
aspectos físicos. A forma física da parte rochosa do planeta Terra é o que se pode
chamar de geoide, trata-se da representação mais próxima da forma real da parte
sólida do planeta Terra. A crosta tem seus sulcos preenchidos por água em estado
líquido e seus picos mais elevados cobertos por água em estado sólido (neve e
gelo), assim como os polos (PRESS et al., 2006).

Envolvendo a parte rochosa e a parte líquida do planeta está a atmosfera,


que é o escudo gasoso de proteção do planeta. É uma camada que reflete parte
dos raios solares nocivos que atingem o planeta, também causa o efeito estufa,
carboniza meteoros antes que virem meteoritos, cria o espetáculo da aurora
boreal e também o aspecto esférico do planeta quando é visto do espaço (PRESS
et al., 2006).

A atmosfera é uma camada gasosa que, assim como a massa rochosa, é


atraída pela força gravitacional do planeta. A atmosfera cria uma redoma, que por
conta da rotação do planeta assume a forma de uma esfera levemente achatada
nos polos e dilatada no Equador (POPP, 2010). Então podemos considerar
apenas a camada rochosa, que é bastante irregular, como a verdadeira superfície
física do planeta, mas esta é muito difícil de ser representada em um modelo. O
geoide é o modelo que apresenta a referência para medidas de altitude, já que
estas são obtidas a partir da relação com o nível do mar, dessa maneira pode ser
considerado como a referência para obtenção da média da superfície do nível do
mar (PRESS et al., 2006).

De qualquer maneira, a forma do planeta Terra é irregular e pode ser


descrita como um corpo rochoso com sulcos preenchidos por água em estado
líquido e altos picos que atravessam as camadas mais baixas da atmosfera. O
importante é ter o conhecimento de que o planeta Terra não é uma esfera perfeita,
tampouco um elipsoide perfeito, e tem uma forma irregular que é o resultado

76
TÓPICO 1 | EVOLUÇÃO GEOLÓGICA DO PLANETA TERRA

de incessantes processos de aglomeração de material cósmico, como vimos na


Unidade 1, associado a movimentos internos, que veremos na Unidade 3, e
também aos processos que envolvem os diferentes tipos de rochas ao longo do
tempo, que veremos nesta unidade.

3 A ESCALA DE TEMPO GEOLÓGICO: ÉON, ERA,


PERÍODO, ÉPOCA
Para entender a evolução geológica do planeta Terra, precisamos nos
desprender da noção de tempo. Assim como já fizemos na Unidade 1, vamos tentar
ampliar essa nossa relação de tempo. Permita-se abstrair, mas sem abandonar
os conceitos conhecidos e facilmente percebidos, como os segundos, minutos,
horas, dias, meses, anos. Use a imaginação, pois para alcançar o entendimento
dos processos geológicos ao longo do tempo, é preciso considerar o decorrer de
milhares, milhões ou mesmo bilhões de anos.

A evolução geológica da Terra se dá pela soma de eventos que vão


ocorrendo em movimentos ou reações muito lentas que acabam resultando
em movimentos bruscos que duram poucos segundos, como os deslizamentos
de massa, que em alguns segundos modificam a encosta de um morro, ou os
terremotos e erupções vulcânicas (que veremos na Unidade 3), que modificam
a superfície da Terra, bem como mudanças climáticas que afetam processos de
intemperismo, erosão e deposição das variações do campo magnético da Terra.

Para perceber e entender o decorrer de um tempo tão longo, por vezes o


leitor precisa parar a leitura, respirar profundamente, fechar os olhos e desenhar
em sua mente os diversos acontecimentos que modificam a superfície do planeta.
Conforme destacado em Press et al. (2006, p. 39-40), “o escritor John McPhee
observou eloquentemente que os geólogos olham para o tempo profundo do início
da história da Terra da mesma maneira que um astrônomo olha para o espaço
profundo do universo”, e isso exige bastante esforço intelectual para organizar
a sequência de acontecimentos dos mais de 4 bilhões de anos do planeta em um
raciocínio coeso que consiga explicar e descrever os acontecimentos geológicos
da Terra.

Os geólogos tomam como base do desenvolvimento dos seus


conhecimentos o princípio do uniformitarismo, esse princípio defende que
os processos geológicos atuais têm operado ao longo de todo o tempo desde a
formação do planeta (WICANDER; MONROE, 2009). Assim, a interpretação e o
entendimento dos registros da evolução geológica do planeta, encontrados nas
rochas, são descritos com base nos processos geológicos que testemunhamos na
atualidade, para que depois de compreendermos, possamos analisar e interpretar
os registros mais antigos.

77
UNIDADE 2 | TEMPO GEOLÓGICO: DA FORMAÇÃO DAS ROCHAS À EXPLORAÇÃO DAS JAZIDAS

O uniformitarismo considera que as leis naturais da física e da química


permaneceram as mesmas ao longo da existência do planeta, assim os processos
que moldaram o passado continuam atuantes moldando o presente (WICANDER;
MONROE, 2009). Uma erupção vulcânica, hoje, é igual a uma ocorrida há milhões
de anos, assim como um desmoronamento de uma encosta ou o assoreamento de
um lago ocorrem da mesma maneira no presente como ocorreram no passado, e
assim temos a possibilidade de entender melhor os registros que estão impressos
nas rochas.

Considerando o uniformitarismo, os geólogos puderam entender e


interpretar os acontecimentos geológicos. Organizar os eventos ocorridos em uma
ordem cronológica sequencial foi um trabalho realizado no século XIX a partir da
análise de rochas estratificadas nas Ilhas Britânicas, Alemanha, Rússia, França e
Estados Unidos. Primeiramente foi criado um conveniente sistema de divisão das
rochas com base na estratigrafia e nas relações estruturais, que inicialmente eram
úteis como divisões do tempo, mas foram assimiladas e passaram a incorporar a
escala do tempo geológico (POPP, 2010).

Ao reunir as informações sobre as rochas, até então fragmentadas, foi


construída uma ordem cronológica de acontecimentos geológicos no planeta
e, quando em 1895 foi descoberta a radioatividade dos elementos, então foram
desenvolvidas técnicas de datação radiométrica, assim os geólogos puderam
realizar datações e atribuir idades absolutas em anos criando a escala do tempo
geológico, que é dividida em Éon, Era, Período e Época (WICANDER; MONROE,
2009).

A escala de tempo geológico foi construída com base nos registros


geológicos encontrados na atualidade, está dividida em intervalos de tempo que
podem ser interpretados de forma absoluta, ou seja, em razão do número real
de anos atrás em que ocorreu, mas também pode ser analisada de uma forma
relativa em que a ordem dos acontecimentos tem o caráter primordial na análise
(POPP, 2010).

A tabela de tempo geológico é arbitrária e subjetiva, mas também é de


grande utilidade no entendimento da geologia (POPP, 2010). Cada intervalo de
tempo da escala geológica está relacionado com algum pacote de rochas e fósseis
que descrevem partes da história da Terra (PRESS et al., 2006).

Os fósseis são de grande importância para a investigação da escala de


tempo geológica, pois indicam a localização no tempo, dentro de uma cronologia
relativa, ou seja, não fornecem dados de idades absolutas, com um número
exato de anos, mas permitem organizar os eventos evolutivos conforme foram
acontecendo. Os fósseis podem ser considerados estratigráficos quando estão
distribuídos em uma grande área, até mesmo mundial, em camadas finas nas
rochas sedimentares. Alguns fósseis deixaram nos registros estratigráficos sinais
de rápida evolução, com mutações sucessivas e nítidas. São exemplos importantes
os trilobitas, os foraminíferos e os radiolários (POMEROL et al., 2013).

78
TÓPICO 1 | EVOLUÇÃO GEOLÓGICA DO PLANETA TERRA

E
IMPORTANT

Fósseis são organismos que viveram no passado remoto do planeta Terra. Os


fósseis ficaram famosos no cinema com os dinossauros, mas diversas outras espécies em
outros tempos deixaram registros valiosos para a ciência. Os fósseis são formados a partir
da preservação de estruturas biológicas (animais, vegetais ou fungos) através de processos
naturais de mineralização, em que a matéria orgânica é substituída por minerais mantendo
as formas originais do organismo. Esse processo cria registros geológicos importantes
de interesse especial para os estudos de estratigrafia e paleontologia, indicando a linha
do tempo (cronologia) relativa de acontecimentos, tanto da evolução da vida quanto da
história geológica do planeta Terra. Os fósseis podem ser estratigráficos quando formam
uma camada fina e bem distribuída horizontalmente, indicando rápida evolução, ou podem
ser fósseis pancrônicos, que registram organismos que ocorreram em diferentes épocas
ou eras, por exemplo, animais muito antigos que ainda habitam o nosso planeta, como as
tartarugas e os tubarões.

No Brasil, os fósseis são protegidos por diversas leis e são tratados como
patrimônio da União, assim a extração e o comércio dependem de autorizações
específicas concedidas pelo Departamento Nacional de Produção Mineral
(DNPM). Diversas localidades possuem registros fossilíferos no Brasil e o DNPM
vem mapeando essas localidades, como apresentado no mapa da região Sudeste:

79
UNIDADE 2 | TEMPO GEOLÓGICO: DA FORMAÇÃO DAS ROCHAS À EXPLORAÇÃO DAS JAZIDAS

FIGURA 22 – MAPA DAS LOCALIDADES FOSSILÍFERAS GEORREFERENCIADAS DO SUDESTE


DO BRASIL

FONTE: Disponível em: <https://goo.gl/6weV4f>. Acesso em: 7 ago. 2017.

80
TÓPICO 1 | EVOLUÇÃO GEOLÓGICA DO PLANETA TERRA

DICAS

O programa Caminhos da Reportagem, da TV Brasil, produziu um episódio


intitulado “Pré-História brasileira: um tempo a ser descoberto”, disponível em <https://www.
youtube.com/watch?v=oIFCK2a9nfA>. Assista ao programa e busque contextualizar as eras
geológicas que você está estudando com os fósseis apresentados no vídeo.

A linha do tempo da escala geológica é subdividida em Éons, que são


quatro: o Hadeano (4,6-3,8 milhões de anos), quando a superfície da Terra passou
de fundida e fluida para uma superfície sólida com uma fina crosta consolidada
(POPP, 2010); seguido pelo Éon Arqueano ou Arqueozoico (4,0-2,5 milhões de
anos), que é bastante desconhecido; depois ocorreu o Éon Proterozoico (2,5-600
milhões de anos). Estes Éons fazem parte de uma unidade geocronológica informal,
o Pré-Cambriano, que indica os registros anteriores aos do Cambriano (542 milhões
de anos). O Cambriano é o primeiro período da Era Paleozoica, que marca o início
do Éon Fanerozoico, que por ser mais recente é mais conhecido (PRESS et al., 2006).

QUADRO 1 – ESCALA DO TEMPO GEOLÓGICO


Éon Era Período Época Escala absoluta em anos
Holoceno 11.700 anos
Quaternário
Pleistoceno 11,7 a – 1,8 ma
Piloceno 1,8 – 5 ma
Neógeno
Cenozoico Mioceno 5 – 23 ma
Oligoceno 23 – 34 ma
Paleógeno Eonceno 34 – 56 ma
Paleoceno 56 – 65 ma
Cretáceo 65 – 145 ma
Fanerozoico Mesozoico Jurássico 145 – 199 ma
Triássico 199 – 251 ma
Permiano 251 – 299 ma
Superior 299 – 318 ma
Carbonífero
Inferior 318 – 359 ma
Paleozoica Devoniano 359 – 416 ma
Siluriano 416 – 443 ma
Ordoviciano 443 – 448 ma
Cambriano 488 – 542 ma
Neoproterozoico 542 ma – 1ba
Proterozoico Pré-cambriano Mesoproterozoico 1 – 1,6 ba
Paleoproterozoico 1,6 – 2,5 ba
Superior 2,5 – 3,6 ba
Arqueozoico
Inferior 3,6 - 4,6 ba
ma = milhões de anos ba = bilhões de anos
FONTE: Adaptado de Popp (2010)

81
UNIDADE 2 | TEMPO GEOLÓGICO: DA FORMAÇÃO DAS ROCHAS À EXPLORAÇÃO DAS JAZIDAS

DICAS

A escala do tempo geológico pode ser subdividida com muito mais detalhes do
que o quadro anteriormente apresentado. A Comissão Internacional de Estratigrafia (http://
www.stratigraphy.org/) organizou e disponibiliza a Tabela Cronoestratigráfica Internacional,
que apresenta, entre outras informações, as subdivisões do tempo geológico de forma
bastante detalhada. O material pode ser acessado através do link <http://www.stratigraphy.
org/ICSchart/ChronostratChart2013-01Portuguese_PT.jpg>.

No Éon Hadeano, uma fina crosta consolidou a superfície da Terra ao


mesmo tempo em que ocorreu uma intensificação no campo gravitacional, que
aprisionou os gases da atmosfera primitiva rica em dióxido de carbono, amoníaco,
metano, nitrogênio e vapor d’água. A gravidade também passou a atrair para o
centro os elementos mais pesados, iniciando a formação do núcleo no final do
Hadeano (POPP, 2010).

O Éon Arqueano é subdividido em duas Eras: a inferior, mais antiga, que


compreende os acontecimentos do primeiro bilhão de anos do planeta; e a Era
Superior, que durou cerca de 2,5 bilhões de anos. Dos primeiros 500 milhões de
anos quase não existem registros, pois foi o período do bombardeamento intenso
e poucos registros foram preservados (POPP, 2010). A formação dos continentes
teve início no Arqueano (PRESS et al., 2006).

O final do bombardeamento pesado que agregou material ao planeta com


o acrescimento dos planetesimais, assim como a formação da Lua e a diferenciação
das camadas do planeta Terra, ocorreram no período Arqueano Inferior (PRESS
et al., 2006). Foi quando também se formaram os maciços ultramáficos, cerca de
4 bilhões de anos, que são as rochas mais antigas de que temos registros. Estas,
representam as rochas do período inicial da formação da crosta terrestre (POPP,
2010).

A datação desses maciços ultramáficos foi possível de ser realizada


devido à presença de cristais de zircão, presentes na rocha, que possui elementos
radioativos. No Brasil, encontramos os maciços ultramáficos na porção central de
Goiás e no litoral Norte de Santa Catarina, no costão rochoso da cidade praiana
de Barra Velha (POPP, 2010).

Registros de erosão causada por água são evidências que indicam a


presença da hidrosfera no planeta Terra cerca de 3,8 bilhões de anos atrás.
Também havia uma atmosfera primitiva no final do Arqueano Inferior (PRESS et
al., 2006). Logo depois, cerca de 3,5 bilhões de anos, registros fósseis indicam a
primeira evidência de vida no planeta, já no Arqueano Superior.

82
TÓPICO 1 | EVOLUÇÃO GEOLÓGICA DO PLANETA TERRA

O Arqueano Superior possui registros de rochas com idades entre 3,6 e 2,5
bilhões de anos atrás. Foi nesse período que a vida como matéria orgânica teve
início em nosso planeta, com o surgimento das algas verde-azuis (estromatólitos).
No Brasil, existem registros de rochas dessa época, como as do Grupo Rio das
Velhas, que compreendem cinturões de xistos verdes e rochas do ciclo Jequié,
com idades de 3,4 bilhões de anos, que podem ser encontradas no quadrilátero
ferrífero do Estado de Minas Gerais. Na Austrália e no Canadá existem envoltórios
calcários e grafíticos desse período (POPP, 2010).

DICAS

O serviço geológico brasileiro disponibiliza uma excursão virtual pela estrada


real no quadrilátero ferrífero apresentando os aspectos geológicos, históricos e turísticos.
Acesse: <http://www.cprm.gov.br/publique/media/gestao_territorial/geoparques/estrada_
real/apresentacao.html> e aproveite o passeio virtual.

O Éon Proterozoico pode ser dividido em três períodos: o


Paleoproterozoico, Mesoproterozoico e Neoproterozoico. O Paleoproterozoico
é o período entre 2,5 a 1,6 bilhões de anos, quando eram comuns as quedas de
meteoritos. Outro fato de destaque é que no início desse período a atmosfera
recebia oxigênio gerado por bactérias, ocorrendo grandes variações nos níveis
de oxigênio (POPP, 2010). O oxigênio combinou-se com o ferro que havia
disponível, precipitando óxido de ferro reduzindo os níveis de oxigênio na
atmosfera (PRESS et al., 2006). Os sedimentos continentais vermelhos (red-beds)
são depósitos dessa atmosfera oxidante do período Paleoproterozoico (POPP,
2010).

A formação da camada de ozônio ocorreu no Proterozoico e passou


a filtrar os raios solares nocivos à vida. Com a proteção dos raios solares
estabelecida ocorreu o surgimento dos protistas, que são as células com núcleo.
Os organismos protistas habitaram e proliferaram o oceano primitivo, ao mesmo
tempo em que ocorreu um período de grande mudança climática, que criou
grandes geleiras sobre os continentes, a chamada glaciação continental. Grandes
eventos geológicos também ocorreram durante a glaciação continental, como o
ciclo Transamazônico e a formação dos Grupos Minas, Jacobina, Setuva e Araxá
nesse mesmo período (POPP, 2010).

No período Mesoproterozoico, que tem idades entre 1,6 e 1 bilhão de


anos antes do presente, aconteceu o ciclo Uruaçuano, que deu origem à estrutura
do Espinhaço e Canastra, também o Grupo Andrelândia, Grupo Santo Onofre,
Grupo Chapada Diamantina e o Supergrupo Espinhaço, todas as terras emersas
desse período formavam apenas um único supercontinente denominado Rodínia
(POPP, 2010).

83
UNIDADE 2 | TEMPO GEOLÓGICO: DA FORMAÇÃO DAS ROCHAS À EXPLORAÇÃO DAS JAZIDAS

Os registros do período Neoproterozoico têm idades que variam desde


os mais antigos, com 1 bilhão de anos, até os mais recentes, com cerca de 542
milhões de anos antes do presente. No Brasil, esse período é representado pelo
ciclo brasiliano, que engloba as rochas do Grupo São Roque, Açungui, Brusque,
Porongos, Cuiabá e Bambuí (POPP, 2010). O oxigênio atmosférico atingiu os
níveis atuais no final do Proterozoico, possibilitando a evolução das formas de
vida unicelulares, originando as algas e os animais multicelulares (PRESS et al.,
2006).

Ocorreram glaciações no período Neoproterozoico que estão registradas


em rochas do Supergrupo São Francisco (Formação Jequitaí), localizadas na
região Central do Brasil (POPP, 2010). Com fases importantes, o Neoproterozoico
se caracteriza como um grande período glacial. O mais antigo período ocorreu
por volta de 940 milhões de anos; o segundo período, que é denominado glaciação
sturtiana, ocorreu entre 760 e 700 milhões de anos; a terceira é denominada
glaciação varangiana, que ocorreu entre 610 e 580 milhões de anos. Registros
paleomagnéticos indicam depósitos glaciais em regiões tropicais indicando que
a Terra esteve completamente congelada (Icehouse) por algum tempo, uma vez
que registros indicam que logo depois, em torno de 550 milhões de anos atrás,
ocorreu outra glaciação, a simiana (POMEROL et al., 2013).

Um fato que intriga os pesquisadores é a grande velocidade com


que aconteceu a transição entre o fim da glaciação de longa duração para um
clima extremamente quente, como o destacado por Pomerol et al. (2013) e
evidenciado na Namíbia (Skeleton Coast), onde depósitos glaciais estão logo
abaixo de depósitos carbonatos dolomíticos, que são originados em climas muito
quentes. Tal aquecimento pode ter relação com as emissões de CO2 resultantes
da fragmentação do supercontinente Rodínia na abertura da cordilheira Dorsal
Atlântica e do vulcanismo de subducção (vide Unidade 3), que ocasionaram
um acentuado efeito estufa, o que elevou muito as temperaturas no planeta
(POMEROL et al., 2013).

A mudança repentina e intensa no clima, que o planeta Terra experimentou


no final do Neoproterozoico, pode ter influenciado muito a evolução da vida.
Os organismos precisaram evoluir, suas adaptações que suportavam o clima
frio agora precisavam suportar um clima extremamente quente (POMEROL et
al., 2013). Todas as adaptações exigidas pelo clima do planeta foram à base da
explosão da biodiversidade do Cambriano (POMEROL et al., 2013).

Um registro importante desse período Pré-Cambriano é a Fauna de


Ediacara, que é um conjunto de fósseis do final do Neoproterozoico e apresenta
o mais antigo registro de espécies de vida dos organismos modernos. São
deste período os registros fósseis mais antigos, com a presença de bactérias,
braquiópodos, poríferos e algas (POPP, 2010). Com a saída de uma era do

84
TÓPICO 1 | EVOLUÇÃO GEOLÓGICA DO PLANETA TERRA

gelo passando a um clima quente, a diversidade de vida aumentou no final


do Neoprotorozoico, que é o último período do Proterozoico, logo após esse
período ocorreu a grande explosão cambriana da biosfera, aumentando muito a
biodiversidade do planeta, porém a maior parte dos grupos de invertebrados já
existia no Pré-Cambriano (POMEROL et al., 2013).

No final do período Pré-Cambriano, a vida evoluiu de diferentes formas,


se desenvolvendo em ondas: a primeira delas, cerca de 600 milhões de anos,
produziu formas simples, de corpo mole semelhantes às águas-vivas e também
os primeiros organismos de corpo duro que utilizaram a calcita (mineral) para
produzir uma concha (PRESS et al., 2006). Também no final do Neoproterozoico
iniciou a separação do supercontinente Rodínia em duas partes, que mais tarde
originariam Gondwana, ao Sul, e Pangeia, mais ao Norte.

FIGURA 23 – CONFIGURAÇÃO DOS CONTINENTES E OCEANOS NO CAMBRIANO, CERCA DE


514 MILHÕES DE ANOS

FONTE: Disponível em: <http://www.scotese.com/newpage12.htm>. Acesso em: 5 ago. 2017.

Com o início da Era Paleozoica, o primeiro período do Cambriano é


compreendido entre 542 e 488 milhões de anos, foi marcado mais pela evolução
da vida do que pelos eventos geológicos (POMEROL et al., 2013). A vida animal
existia apenas na água durante o Cambriano, foi quando ocorreu o clímax dos
trilobitas, que eram invertebrados bastante presentes nesse período (POPP, 2010).

85
UNIDADE 2 | TEMPO GEOLÓGICO: DA FORMAÇÃO DAS ROCHAS À EXPLORAÇÃO DAS JAZIDAS

FIGURA 24 – FÓSSIL DE TRILOBITA

FONTE: Disponível em: <https://www.flickr.com/photos/86624586@


N00/43243889>. Acesso em: 5 ago. /2017.

No Cambriano, os vegetais inferiores evoluíram e proliferaram com muito


sucesso, em parte, devido às adaptações que deram origem aos Estromatólitos
(algas). Nesse período, ainda ocorriam atividades de vulcanismo ácido em
uma fase pós-orogênica (POPP, 2010). Os peixes são o registro mais antigo de
um organismo vertebrado. Surgiram no final do Cambriano, passando para o
Ordoviciano, quando ampliaram a evolução. Todos os vertebrados possuem um
ancestral biológico em comum.

Aos poucos, os vegetais que evoluíam, desde o Pré-Cambriano, passaram


a colonizar as terras emersas na Era Paleozoica a partir do período Ordoviciano,
entre 443 e 488 milhões de anos. O Ordoviciano marca a América do Norte
atualmente com as formas dos dobramentos antigos encontrados nos Apalaches,
enquanto na Europa iniciavam os dobramentos caledonianos (POMEROL et al.,
2013).

No período Siluriano, entre 416 e 443 milhões de anos, a vida no planeta


continuava a evoluir, proliferavam com sucesso os cefalópodes e os corais e as
primeiras plantas vasculares (psilófitas) com um caule, mas ainda sem raízes ou
folhas, iniciavam a vida vegetal nas terras emersas (POPP, 2010). Ocorria na Terra
um clima suave. Nesse período, alguns animais experimentavam sair do mar e
aspiravam ar em uma vida emersa, também se formavam as bacias intracratônicas
e continuavam a se erguer os dobramentos caledonianos (POMEROL et al., 2013).

Encontramos no Brasil depósitos sedimentares do Devoniano, esse


período apresenta registros com idades entre 359 e 416 milhões de anos. Os
sedimentos do Devoniano estão distribuídos por extensas áreas ao longo das
bacias intracratônicas do Paraná, Amazonas e Paraíba (POPP, 2010). Foi no
Devoniano que ocorreu o declínio dos Trilobitas e a ascensão dos répteis que

86
TÓPICO 1 | EVOLUÇÃO GEOLÓGICA DO PLANETA TERRA

dominavam em terra firme. As plantas vasculares se desenvolveram ao mesmo


tempo em que ocorria uma larga proliferação dos corais e das esponjas, enquanto
muitos peixes já haviam dominado os mares (POPP, 2010).

O período Carbonífero é dividido em duas épocas: a Época Superior, com


idades entre 299 e 318 milhões de anos, e o Carbonífero Inferior, que iniciou há
359 milhões de anos e se estendeu por aproximadamente 30 milhões de anos.
Foi no Carbonífero Inferior que os primeiros foraminíferos passaram a construir
conchas calcárias, ao mesmo tempo que muitos anfíbios evoluíam e proliferavam.
Nessa época, as plantas vasculares também já haviam evoluído, formando
grandes florestas com pteridófitas arbóreas (samambaias gigantes) e licopodíneas
(POPP, 2010).

No Carbonífero Superior, entre 318 e 299 milhões de anos, ocorria na


Europa Setentrional a orogenia dos dobramentos hercinianos, em um ciclo que se
estendeu com alguma atividade até o Permo-Triássico, quando cessou (POMEROL
et al., 2013). O clima quente e úmido impulsionava a vida no hemisfério Norte
enquanto no hemisfério Sul ocorria uma glaciação, também nesse período alguns
anfíbios se especializaram e evoluíram positivamente dando origem aos répteis,
que habitaram e dominaram as terras emersas (POPP, 2010).

Devido a processos sedimentares que ocorreram no hemisfério Norte,


certas florestas foram soterradas nesse período e deram origem a importantes
jazidas de hulha. A hulha é um carvão mineral betuminoso que apresenta alto
teor de carbono e excelente poder calorífico (POMEROL et al., 2013). Apesar do
período se chamar Carbonífero, apenas 23,74% do carvão mineral tem origem
nesse período, o carvão mineral brasileiro é do Permiano (BRANCO, 2014).

No período Permiano, entre 299 e 251 milhões de anos, os répteis se


diversificaram e as coníferas abundavam nas terras emersas, enquanto muitos
invertebrados marinhos se extinguiram (trilobitas, tetracorais) (POPP, 2010).
Ocorreu também uma grande diminuição da flora que havia se desenvolvido
no carbonífero, enquanto a flora Glossopteris passou a dominar a paisagem,
especialmente no Sul do antigo supercontinente, localizado praticamente todo no
hemisfério Sul. Esse novo continente, Gondwana, estava submetido ao clima frio
(POPP, 2010). Enquanto na Europa ainda ocorriam os dobramentos hercinianos,
na América do Norte passaram a se erguer os dobramentos apalachanianos, que
deram sequência à formação dos Apalaches (POMEROL et al., 2013).

A Era Mesozoica se estendeu de 251 até 65 milhões de anos. É dividida


em três períodos: Triássico, Jurássico e Cretáceo (POPP, 2010). Foi uma Era de
pouca atividade orogênica, mas a fragmentação do continente Pangeia deixou
sua marca ao iniciar a separação entre a América do Sul e a África, dando início
ao Oceano Atlântico a Oeste da África, enquanto a Leste se configurava o Oceano
Índico (POMEROL et al., 2013).

87
UNIDADE 2 | TEMPO GEOLÓGICO: DA FORMAÇÃO DAS ROCHAS À EXPLORAÇÃO DAS JAZIDAS

O período mais antigo do Mesozoico é o Triássico, com registros que se


estendem entre 251 e 199 milhões de anos, quando as áreas que englobam o Sul do
Brasil faziam parte de um grande deserto com clima árido e semiárido, enquanto
nas áreas mais úmidas do continente proliferavam as coníferas gigantes e surgiam
os répteis marinhos e os primeiros dinossauros (POPP, 2010).

O grande deserto que dominava a paisagem do Sul do Brasil no Triássico


era semelhante ao deserto do Saara. O registro desse deserto está no arenito
Botucatu, que é também a principal rocha sedimentar que abriga o Aquífero
Guarani (BRANCO, 2014). Na Europa Setentrional, ainda no Triássico, a erosão
das montanhas formadas no ciclo herciniano depositou uma espessa camada
de sedimentos que também formou rochas sedimentares, os arenitos vermelhos
(POMEROL et al., 2013).

No período Jurássico, entre 199 e 145 milhões de anos, ocorria a separação


da África e da América, ocorrendo intensa atividade com o vulcanismo de
fissura, que derramou magma recobrindo áreas do Sul do Brasil: São Paulo, Mato
Grosso do Sul, Paraguai, Argentina e Uruguai, em uma sequência de derrames
(BRANCO, 2014). A terra roxa é o solo que se formou sobre as rochas vulcânicas
formadas a partir dos derrames de magma resultante do vulcanismo de fissura no
Sul do Brasil, é um solo muito fértil que impulsionou a agricultura nessas áreas.

Na América do Sul, outro registro dessa época é a cordilheira dos Andes,


que passou a se dobrar durante o Jurássico (POMEROL et al., 2013). Ainda
no período Jurássico, o clima ficou suave e a vida vegetal era dominada pela
presença de coníferas e cicadáceas. Esse foi o período dos dinossauros. Os répteis
dominavam as terras emersas, as águas e o ar. Havia répteis gigantes, répteis que
nadavam e répteis que voavam. Foi no Jurássico que surgiram as primeiras aves
dentadas e também os primeiros mamíferos (POPP, 2010).

No Cretáceo, o último período da Era Mesozoica, entre 145 e 65 milhões


de anos, a intensa atividade do vulcanismo e tectonismo separou a África da
América (POPP, 2010). Foi no Cretáceo que se iniciaram os dobramentos dos
Alpes, dos Pirineus e também das Montanhas Rochosas na América do Norte
(POMEROL et al., 2013).

O clima ainda suave fica um pouco mais frio no Cretáceo. Nesse período,
as angiospermas, que são vegetais com flores e frutos, se desenvolveram
e proliferaram rapidamente pelo planeta, enquanto os répteis gigantes se
extinguiam com os cefalópodes ammonites (POPP, 2010). Ainda no período
Cretáceo, alguns mamíferos passaram a desenvolver a placenta, evoluindo a
gestação (POPP, 2010). O fim do Cretáceo também marca o fim da Era Mesozoica
e o início da Era atual.

Estamos atualmente vivendo na Era Cenozoica, que é dividida


classicamente em três períodos: Paleógeno, Neógeno e Quaternário. Ter-Stepanian
(1988) propõe o início de uma nova época a partir dos últimos 10.000 anos, quando

88
TÓPICO 1 | EVOLUÇÃO GEOLÓGICA DO PLANETA TERRA

os seres humanos passaram a impor alterações não biológicas ao planeta Terra,


seria a época dos depósitos tecnogênicos. Mais importante do que a discussão em
torno do nome a ser empregado para designar certa época é o aprendizado que
podemos obter ao conhecer o nosso passado sobre o planeta, e assim perceber as
alterações que já produzimos, bem como entender como podemos aproveitar os
recursos do planeta sem romper os ciclos naturais que sustentam as condições
que suportam a vida.

Os registros do Cenozoico datam de 65 milhões até o presente ano. O


período mais antigo é o Paleógeno, que é dividido em três épocas. O Paleoceno
durou de 65 até 56 milhões de anos, quando teve início a época do Eoceno, que se
estendeu até 34 milhões de anos e foi sucedido pelo Oligoceno, que durou até 23
milhões de anos e marca o fim do período Paleógeno (POPP, 2010).

No início do Cenozoico, durante o Paleoceno, a separação entre o continente


africano e a América do Sul ocorria a uma velocidade entre 2 e 5 cm por ano e
já dava forma ao Oceano Atlântico (POMEROL et al., 2013). Surgiam também os
dobramentos modernos que elevaram os Alpes, os Andes e as Rochosas e ocorria
o vulcanismo alcalino no Brasil (POPP, 2010).

No Paleoceno, os mamíferos puderam evoluir fora da sombra dos gigantes


répteis que dominaram até o Cretáceo e assim experimentaram uma intensa
evolução que diversificou a vida e deu origem a várias espécies de mamíferos
primitivos (POMEROL et al., 2013). Surgiam também os primeiros grupos de
aves modernas, além de ocorrer uma grande proliferação de foraminíferos,
gastrópodes e bivalves (POPP, 2010).

O Eoceno se estendeu entre 56 e 34 milhões de anos. Nessa época, surgiram


todas as ordens que compõem os mamíferos modernos, já com o surgimento dos
cavalos e baleias. Ainda nessa época, se formaram em áreas com clima temperado
grandes florestas subtropicais com altas taxas pluviométricas (POPP, 2010).

No Oligoceno, entre 34 e 23 milhões de anos, os registros de vegetação


indicam a ocorrência de clima temperado, surgiam também macacos primitivos,
baleias verdadeiras, muitos foraminíferos, gastrópodes e bivalves (POPP, 2013).

Há cerca de 23 milhões de anos se iniciava o período Neógeno, que é


dividido em duas épocas: o Mioceno, até 5 milhões de anos, e o mais recente, o
Plioceno, que estendeu seus registros até 1,8 milhões de anos, quando iniciou o
período do Quaternário (POPP, 2010).

No Mioceno, os mamíferos herbívoros evoluíram, os mastodontes


proliferavam e os mamíferos parecidos com os modernos começavam a surgir,
as plantas angiospermas dominavam o planeta (POPP, 2010). No Plioceno, entre
5 e 1,8 milhões de anos, os mamíferos atingiram o máximo evolutivo, surgindo
o ancestral do homem com esqueletos e dentes característicos, as angiospermas

89
UNIDADE 2 | TEMPO GEOLÓGICO: DA FORMAÇÃO DAS ROCHAS À EXPLORAÇÃO DAS JAZIDAS

continuaram muito presentes e surgiu a vegetação de clima seco e frio. Também


se formaram os vulcões que dão origem às ilhas vulcânicas brasileiras (POPP,
2010).

O Quaternário é o período mais recente da história geológica do planeta


Terra, com isso ele guarda muitos registros. Tem seu início marcado a partir da
“Idade do Gelo”, com a formação das geleiras continentais na glaciação, que
marca também o início do Pleistoceno cerca de 1,8 milhão de anos atrás (POPP,
2010). Estreitamente relacionadas com as glaciações estão as variações do nível do
mar (POMEROL et al., 2013).

Durante o Quaternário, no Pleistoceno, primeiramente foi marcado por


uma breve inversão no campo magnético da Terra, o que é associado a mudanças
na fauna continental dos mamíferos, resfriamento do Mediterrâneo e também
pela transgressão calabriana (POMEROL et al., 2013). A vegetação moderna de
angiospermas já se apresentava muito bem desenvolvida e distribuída ao redor
do planeta, assim como se estabelecia o domínio dos mamíferos, das aves, dos
artrópodes e moluscos (POPP, 2010).

No hemisfério Norte ainda havia o predomínio do clima glacial, enquanto


o hemisfério Sul já apresentava um clima mais equilibrado, alternando entre
seco e úmido (POPP, 2010). A fase superior do período Quaternário é a época
denominada Holoceno, é um período pós-glacial que compreende os últimos
11.700 anos da história do planeta Terra (POMEROL et al., 2013). É a partir do
Holoceno que os homens passam a desenvolver tecnologias e a impor alterações
no planeta Terra.

E
IMPORTANT

As variações do nível do mar ocorrem conforme as geleiras congelam, com


menos água nos oceanos o nível diminui, logo, conforme os glaciares degelam, as águas
escoam e o nível dos mares se eleva. Simples assim, mas não tanto, pois outros fatores
também influenciam a variação do nível do mar, como as deformações neotectônicas e o
reajuste isostático das placas tectônicas sobre o manto (POMEROL et al., 2013). O peso do
congelamento de um glaciar pode afundar um lado de certo continente e erguer o outro,
o que também pode acontecer ao revés no degelo. É importante ter em mente a diferença
entre eustasia e isostasia, pois apesar de ambos termos serem empregados em referência a
variações do nível do mar, possuem aplicações específicas. Eustasia é a variação absoluta do
nível do mar devido à disponibilidade do volume de água por conta de glaciações ou degelo,
enquanto a isostasia está relacionada com movimentos na crosta por conta do tectonismo,
das estruturas geológicas ou flutuação das placas tectônicas sobre o manto, que modificam
o limite do continente com a água (POMEROL et al., 2013).

90
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:

• A forma do planeta é mantida pela força da gravidade que atrai toda a massa
para um ponto central, incluindo os gases da atmosfera.

• A crosta rochosa do planeta tem sulcos preenchidos por água (rios, lagos,
lagunas, mares, oceanos) e os picos mais elevados também cobertos por água,
mas no estado sólido (gelo, neve), é a hidrosfera.

• Envolvendo a parte rochosa e a parte líquida do planeta, está a atmosfera, os


gases são atraídos pela gravidade e criam uma redoma, com forma que tende
à esfera, mas devido à rotação do planeta a esfera fica levemente achatada.

• A escala de tempo geológico foi construída com base nos registros geológicos
encontrados, a linha do tempo é subdividida em Éons, que são três: Arqueano,
Arqueozoico, Proterozoico.

• No período Arqueano Inferior ocorreu a formação da Lua, a diferenciação das


camadas do planeta Terra e formação dos maciços ultramáficos. No presente,
podemos observar rochas com idades entre 3,6 e 2,5 bilhões de anos, que foram
formadas no período Arqueano Superior.

• No Éon Proterozoico, o Pré-Cambriano pode ser dividido em três períodos: o


Paleoproterozoico, entre 2,5 a 1,6 bilhões de anos; o Mesoproterozoico, entre
1,6 e 1 bilhão de anos; e o Neoproterozoico, de 1 bilhão de anos até cerca de 542
milhões de anos antes do presente.

• As glaciações que ocorreram no período Neoproterozoico intrigam os


geólogos devido à grande velocidade com que ocorreu a transição entre o fim
da glaciação e o estabelecimento de um clima extremamente quente.

• No final do Neoproterozoico iniciou a separação em Gondwana, ao Sul, e o


Pangeia, mais ao Norte.

• Na Era Paleozoica, o primeiro período foi o Cambriano, seguido pelo período


Ordoviciano, e na sequência ocorreu o período Siluriano.

• O período Carbonífero é dividido em duas épocas: a época Superior, com


idades entre 299 e 318 milhões de anos, e o Carbonífero Inferior, que iniciou há
359 milhões de anos e se estendeu por aproximadamente 30 milhões de anos,
quando iniciou o período Carbonífero Superior, que apresenta registros com
idades entre 318 e 299 milhões de anos.

91
• No período Permiano, entre 299 e 251 milhões de anos, os répteis se
diversificaram e as coníferas abundavam na Terra.

• A Era Mesozoica se estende de 251 até 65 milhões de anos, sendo dividida em


três períodos: Triássico, Jurássico e Cretáceo.

• O período mais antigo do Mesozoico é o Triássico, quando havia um grande


deserto que dominava a paisagem do Sul do Brasil, que formou o arenito
Botucatu, uma rocha sedimentar que é a principal rocha do Aquífero Guarani,
a maior reserva de água doce do mundo.

• No período Jurássico, entre 199 e 145 milhões de anos, ocorreu o início da


separação entre a África e a América, que se estendeu até o último período da
Era Mesozoica até consolidar a separação.

• Atualmente vivemos na Era Cenozoica (de 65 milhões de anos até o presente),


dividida em três períodos: Paleógeno, Neógeno e Quaternário.

• O período mais antigo é o Paleógeno, que é dividido em três épocas: o


Paleoceno, o Eoceno e o Oligoceno, que durou até 23 milhões de anos e marca
o fim do período Paleógeno.

• O período Neógeno é dividido em duas épocas: o Mioceno, até 5 milhões de


anos, e o Plioceno, até 1,8 milhões de anos.

• O Quaternário iniciou há 1,8 milhão de anos, passou por glaciações e variações


do nível do mar. O período mais antigo é o Pleistoceno e o mais recente é
o Holoceno (11.700 anos). No Quaternário os homens passaram a impor
alterações significativas ao planeta Terra.

92
AUTOATIVIDADE

1 Quando falamos da forma do planeta Terra, um debate sobre a forma física


pode acender calorosa discussão, pois ao observar uma imagem da Terra
vista do espaço, a forma é esférica, porém quando observamos apenas a
parte rochosa, a Terra mais parece uma esfera retorcida com sulcos e picos.
Com isso em mente, construa uma dissertação explicando como diferentes
formas podem ser atribuídas ao mesmo planeta Terra.

2 Considerando a importância do conhecimento científico sobre a história


do planeta Terra, os geólogos se destacam nas investigações que buscam
explicar os processos de formação e modelagem da superfície da Terra.
Considerando que são processos muito antigos, analise as sentenças que
indicam como é possível que processos geológicos que ocorreram há
milhares e até milhões de anos, sejam explicados pelos geólogos:

I- Os processos geológicos atuais agem de forma similar aos processos do


passado.
II- Os processos geológicos atuais têm atuado da mesma maneira desde o
início da formação do planeta.
III- A interpretação e o entendimento dos registros da evolução geológica do
planeta, encontrados nas rochas, são descritos com base nos processos
geológicos que testemunhamos na atualidade.
IV- As leis naturais da física e da química permaneceram as mesmas ao longo
da existência do planeta.
V- Os processos que moldaram o planeta no passado continuam atuantes e
seguem moldando o planeta no presente.

Assinale a alternativa CORRETA:


a) ( ) Apenas as alternativas II, III e V são verdadeiras.
b) ( ) As alternativas I e V são falsas.
c) ( ) Apenas a alternativa V é verdadeira.
d) ( ) Todas as alternativas são verdadeiras.

93
94
UNIDADE 2 TÓPICO 2
OS MINERAIS E AS ROCHAS

1 INTRODUÇÃO
A crosta do planeta Terra é formada por diferentes tipos de rochas, que
apresentam características resultantes dos processos de ocorreram durante a
formação de cada uma delas. Assim é possível classificá-las conforme os processos
que ocorreram na origem da rocha, mas muitos aspectos são resultantes da
presença de determinado mineral em sua composição.

2 OS MINERAIS
Os minerais são elementos ou compostos químicos encontrados
naturalmente na composição da crosta terrestre (POPP, 2010). Um mineral é um
sólido natural, homogêneo, de composição química definida e com superfícies
quase sempre planas e muito bem limitadas em ângulos que dão forma ao cristal,
o que demonstra uma estrutura atômica ordenada e periódica (POMEROL et al.,
2013). Alguns cristais possuem elevado valor econômico, quanto mais simétrica
e rara a geometria de um cristal, maior poderá ser o valor econômico. É rara a
formação de um cristal perfeito, em geral, somente algumas faces se desenvolvem
(POPP, 2010).

Retículo é a menor organização que conserva as propriedades


geométricas, químicas e físicas de um cristal, a associação dos retículos cria a
rede cristalina reproduzindo as características do próprio retículo (POMEROL et
al., 2013). A forma do cristal é muito importante na identificação do mineral, pois
é o reflexo da organização estrutural do retículo (POPP, 2010). A geometria do
retículo é definida conforme as características dos vetores em relação à direção,
comprimentos e ângulos que identificam os planos do cristal (POMEROL et al.,
2013).

Um cristal apresenta um plano de simetria e um eixo de simetria. O


plano de simetria divide o cristal em duas partes iguais. O eixo de simetria é uma
linha, é um eixo propriamente dito, e quando se dá a rotação, a figura da face do
cristal será completamente sobreposta por outra idêntica à anterior, a rotação
é classificada por ordens, conforme o ângulo da rotação até a sobreposição da
figura anterior (POMEROL et al., 2013).

95
UNIDADE 2 | TEMPO GEOLÓGICO: DA FORMAÇÃO DAS ROCHAS À EXPLORAÇÃO DAS JAZIDAS

A forma que assume o sistema cristalino dos minerais é reflexo do retículo,


ao todo são sete os sistemas cristalinos conhecidos e estão distribuídos em 32
classes (POMEROL et al., 2013). Os sistemas cristalinos são definidos conforme
a configuração dos poliedros que formam, podem ser cúbicos ou isométricos,
tetragonal, hexagonal, romboédrico, ortorrômbico, monoclínico, triclínico, e cada
um desses sistemas possui características próprias (POMEROL et al., 2013).

Além da geometria, outros aspectos caracterizam os minerais: a formação


de maclas ou germinação, que é a associação de dois ou mais cristais que formam
ângulos reentrantes, como os feldspatos, que formam maclas frequentemente
(POMEROL et al., 2013). Outras características físicas diferem os minerais entre
si, como o peso específico, a clivagem, fratura, cor, risco, brilho, magnetismo e
dureza (POPP, 2010).

A clivagem faz referência aos planos internos da estrutura molecular


paralela em relação às possíveis faces do cristal. Em geral, reflete a forma que o
mineral se quebra (POPP, 2010). Nem sempre se verifica a clivagem nos minerais,
mas quando ocorre, a tendência do mineral, ao se fraturar, é a de formar um
plano liso, o plano de clivagem (WICANDER; MONROE, 2009).

Os planos de clivagem se arranjam de acordo com a simetria do cristal e


a disposição dos átomos. Quando o mineral sofre uma fratura, revela a ligação
mais fraca da rede cristalina. Nos minerais com clivagem perfeita, as fraturas
separam partes do mineral em forma de folhas, como ocorre com os anfibolitos
e os piroxênios (POMEROL et al., 2013). As fraturas podem ser classificadas
conforme o tipo: conchoidal, plana ou irregular. Quando a fratura ainda é fresca,
é possível observar a cor verdadeira do mineral (POPP, 2010).

A cor depende da estrutura e da composição química do mineral e também


das impurezas, alguns minerais possuem cor própria, enquanto outros minerais
podem ter a cor alterada de uma jazida para a outra (POMEROL et al., 2013). A
cor do mineral é verificada ao traçar um risco em uma placa de porcelana branca
(POPP, 2010).

O tipo de brilho é definido pela aparência da luz refletida no mineral,


sendo dois os tipos básicos: o metálico e não metálico, que determina se o
mineral tem aparência de um metal ou não. Os brilhos não metálicos são bastante
variados, podem ser vítreos como vidro vulcânico, oleoso, ceroso, brilhante como
diamante, fosco ou terroso (WICANDER; MONROE, 2009).

O magnetismo é a característica que poucos minerais apresentam de


serem atraídos por um ímã, como acontece com a magnetita e a pirotita. Outros
minerais, após aquecimento intenso, passam a ser magnéticos, como acontece
com o manganês, o níquel e o titânio (POPP, 2010).

96
TÓPICO 2 | OS MINERAIS E AS ROCHAS

A dureza indica a intensidade da ligação entre os átomos, íons e moléculas


da estrutura do mineral, o que se reflete na resistência à abrasão ou ao risco
(POPP, 2010) A escala de dureza relativa de Mohs (Figura 25), publicada em 1824,
classifica a dureza relativa dos minerais. A dureza 10, do diamante, é a maior,
caindo até a dureza 1, do talco (WICANDER; MONROE, 2009).

Minerais podem ter a dureza verificada com riscos. A unha riscará minerais
com dureza até 2,5, o vidro risca minerais com dureza até 5,5 e um canivete de
metal risca minerais com dureza de 6 a 6,5 (POPP, 2010).

FIGURA 25 – ESCALA DE DUREZA DE MOHS

1- Talco

2- Gesso

3- Calcite

4- Fluorite

5- Apatite

6- Ortóclase

7- Quartzo

8- Topázio

9- Corindo

10- Diamante

FONTE: Disponível em: <http://biogeo.esy.es/mineralogia.htm>. Acesso em:


25 maio 2017.

97
UNIDADE 2 | TEMPO GEOLÓGICO: DA FORMAÇÃO DAS ROCHAS À EXPLORAÇÃO DAS JAZIDAS

Os minerais são considerados inorgânicos, uma vez que são comparados


com os químicos orgânicos típicos da matéria viva (Carbono, Hidrogênio,
Oxigênio). Alguns minerais têm composição química definida, enquanto
outros minerais compostos podem ter um elemento metálico que pode variar.
Nesses casos, minerais muito similares química e fisicamente podem ser
substituídos alterando a cor e alguma propriedade física (POPP, 2010). Dos mais
de 4.200 minerais conhecidos, cerca de 30 são minerais formadores de rochas
(CHRISTOPHERSON, 2012).

Um mineral sempre será inorgânico, pode ser um elemento ou um


composto químico que pode ser encontrado naturalmente na superfície terrestre
(POPP, 2010). A sílica e os silicatos compõem 95% da crosta terrestre, ou seja,
cerca de 600 espécies de minerais classificados conforme o arranjo dos tetraedros
da estrutura (POMEROL et al., 2013).

Além do grupo dos silicatos, também se destacam os minerais carbonatos,


que constituídos de carbono e oxigênio formam minerais como a calcita; já os
óxidos são formados por ânion de oxigênio e cátions metálicos que formam, entre
outros minerais, a hematita; a pirita está no grupo dos sulfetos, onde os minerais
se formam a partir de ânion sulfeto e cátions metálicos; os sulfatos são compostos
de ânion sulfato e cátions metálicos, como o mineral anidrita (PRESS et al., 2006).

As reações químicas formam os diferentes compostos minerais que


constituem os cristais e as rochas. Esses minerais se mantêm unidos por conta das
ligações químicas. São dois os principais tipos de ligações químicas que formam
as rochas: covalentes ou iônicas, cerca de 90% dos minerais são essencialmente
unidos por ligações iônicas (PREES et al., 2006). As ligações covalentes formam
os compostos a partir do compartilhamento de elétrons, em geral são ligações
mais fortes do que as iônicas. Um mineral cristalino, formado basicamente pelo
elemento carbono, unido a partir de ligações covalentes, é o diamante (PREES et
al., 2006).

Os cristais de diamante são minerais de extrema dureza e com valor


econômico bastante elevado devido à sua pureza, beleza e raridade. Os cristais
são formados por moléculas devidamente organizadas, que ao serem expostas a
altas temperaturas, quebram-se em átomos. Estes, por sua vez, quando ocorre um
lento aquecimento, os átomos podem se juntar de maneira organizada e formar
outros cristais. Os cristais se formam no interior da crosta terrestre através de
misturas líquidas ou gasosas, principalmente junto às lavas vulcânicas e também
próximo de zonas de falhamentos e dobramentos (POPP, 2010).

O magma é a rocha fluida. Isso só acontece quando a temperatura é


muito alta. Ao diminuir a temperatura, até ficar abaixo do ponto de fusão, ocorre
a solidificação que forma os cristais conforme se dá a consolidação, ou seja, ao
resfriar a rocha, passa do estado líquido para o estado sólido. O mesmo processo

98
TÓPICO 2 | OS MINERAIS E AS ROCHAS

é observado com a água. Por exemplo, quando a temperatura passa a ser maior
do que zero, que é o ponto de fusão da água, o gelo passa do estado sólido para
líquido (PRESS et al., 2006).

Os átomos que formam os elementos podem se unir para formar moléculas,


que são as menores partículas resultantes de uma reação química (POPP, 2010).
O mineral só existe no estado sólido e cristalino. Para ser cristalino, os átomos
se dispõem em um arranjo tridimensional ordenado e repetitivo, os elementos
químicos formam os cristais, os minerais e as rochas (POPP, 2010).

3 AS ROCHAS
“Uma rocha é um agregado natural de um ou mais minerais” (WICANDER;
MONROE, 2009, p. 17). “Uma rocha é um agregado sólido de minerais que ocorre
naturalmente” (PRESS et al., 2006, p. 103).

As rochas são os constituintes sólidos que formam a crosta terrestre,


resultantes do resfriamento do magma que compõe a estrutura do planeta.
Algumas rochas são formadas apenas por um mineral, como o mármore branco,
que é composto unicamente por calcita. Outras rochas possuem matéria não
mineral, como os materiais não cristalinos, rochas vulcânicas vítreas, obsidianas,
pedra-pomes e carvão (PRESS et al., 2006). As rochas são um conjunto de minerais
agrupados, ou uma massa de um único mineral, ou material indiferenciado, ou
mesmo material orgânico sólido, como o carvão mineral (CHRISTOPHERSON,
2012).

A areia, apesar de formada por minerais, não é uma rocha, pois o material
é inconsolidado, ou seja, não é sólido, assim como a lava, que também não é
rocha, pois é fluida e só se tornará uma rocha depois que resfriar e solidificar
(WICANDER; MONROE, 2009).

A classificação das rochas é iniciada pela divisão em três tipos, conforme


a origem: pode ser ígnea, sedimentar ou metamórfica. As rochas ígneas são
provenientes diretamente do magma que se solidificou ao resfriar e podem
ser plutônicas ou vulcânicas; as rochas sedimentares são originadas a partir de
depósitos de fragmentos de outras rochas ou ainda de precipitados químicos; já
as rochas metamórficas são formadas quando qualquer tipo de rocha é submetido
a pressão e temperaturas elevadas até que alterem as propriedades físicas ou
químicas da rocha original (CHRISTOPHERSON, 2012).

99
UNIDADE 2 | TEMPO GEOLÓGICO: DA FORMAÇÃO DAS ROCHAS À EXPLORAÇÃO DAS JAZIDAS

3.1 ROCHAS ÍGNEAS


Ígnea, palavra originada do termo em latim ignus, significa fogo, o nome
remete ao magma, que é a massa de material fundido existente nas camadas
do manto terrestre (veremos na Unidade 3). As rochas ígneas são formadas a
partir do resfriamento do magma, conforme a velocidade de resfriamento e de
diminuição da pressão, diferentes formas de cristalização vão ocorrer durante a
consolidação da rocha (CHRISTOPHERSON, 2012). Podem ser formadas rochas
intrusivas ou extrusivas, conforme as características do resfriamento.

Quanto mais lento ocorre o resfriamento e o alívio da pressão, mais tempo


os minerais têm para se agruparem na formação dos cristais, o que resulta nas
rochas ígneas intrusivas, que apresentam granulação grossa caracterizada por
cristais grandes, típicos do resfriamento lento e em profundidade na crosta (PRESS
et al., 2006). Por outro lado, quando o magma resfria de maneira rápida com
brusco alívio de pressão, como ocorre nas erupções vulcânicas e nos derrames de
lava, formam-se as rochas ígneas extrusivas, como os basaltos, que podem ser
reconhecidos por apresentarem granulação fina ou textura vítrea (PRESS et al.,
2006).

As rochas ígneas apresentam texturas distintas, conforme as características


do resfriamento ocorrido. Podem ser faneríticas, quando os minerais formam
cristais que são facilmente visíveis imprimindo um aspecto granular na rocha,
ou afaníticas, quando as partículas dos minerais que formam os cristais são tão
pequenas que não enxergamos a olho nu, concedendo um aspecto maciço à rocha
(POPP, 2010).

Todo corpo rochoso de origem ígnea intrusiva forma um pluton,


esse termo remete a Plutão, que é o nome do Deus romano do submundo
(CHRISTOPHERSON, 2012). As formas plutônicas podem ter diversos tamanhos.
Os maiores plutons são os batólitos, com forma irregular e áreas superiores a 100
km2, são grandes formações rochosas que compõem muitas formas da superfície
da Terra, como o batólito de Serra Nevada, na Califórnia (CHRISTOPHERSON,
2012).

Os stocks são plutons semelhantes aos batólitos, porém com dimensões


menores, e assim como os batólitos em geral, são discordantes das camadas onde
se colocam, apesar de que podem localmente se apresentarem concordantes. Os
diques são resultantes do preenchimento de fraturas originadas pela pressão
do magma. Em geral, são discordantes das camadas existentes na rocha e as
soleiras são resultantes das mesmas pressões que fraturam a crosta, mas são
preenchimentos em fraturas concordantes que acompanham as camadas,
formando folhas. Os lacólitos são plutons concordantes semelhantes às soleiras,
mas que apresentam a forma de cogumelo (WICANDER; MONROE, 2009).

100
TÓPICO 2 | OS MINERAIS E AS ROCHAS

Outro tipo de pluton se forma nos vulcões, na chaminé vulcânica e no


conduto que liga a superfície até a câmara magmática. Ao cessar a atividade
vulcânica, o magma no interior da chaminé se resfria e solidifica, ao longo do
tempo as encostas do vulcão são erodidas expondo a estrutura monolítica que
se formou no interior, consolidado do conduto (WICANDER; MONROE, 2009).

Os granitos são rochas ígneas intrusivas. Em geral, se apresentam como


batólitos, com textura fanerítica, de granulação média a grossa (POPP, 2010). No
Brasil, podemos destacar muitos batólitos, como o de Florianópolis, no Estado
de Santa Catarina, também denominado Cinturão Dom Feliciano, os batólitos
Quixeramobim, Quixadá e Senador Pompeu, no Ceará, o de Serrinha, no Estado
da Bahia, entre muitos outros.

DICAS

O serviço geológico do Brasil está a cargo da CPRM (Companhia de Pesquisa


de Recursos Minerais), que é a empresa pública responsável pelo desenvolvimento do
conhecimento geológico e hidrológico do país e disponibiliza muita informação geológica
com acesso à internet, no site da instituição <http://www.cprm.gov.br/publique/>.
Entre tanta informação, poderá ser encontrado o link para acessar a carta geológica do
Brasil <http://www.cprm.gov.br/publique/Geologia/Geologia-Basica/Carta-Geologica-do-
Brasil-ao-Milionesimo-298.html> e também a carta geológica da América do Sul, que está
disponível para consulta no link <http://www.cprm.gov.br/publique/media/geologia_basica/
americasul.pdf>. Aproveite para fazer a leitura dos mapas, busque revisar os conceitos
aprendidos em cartografia para compreender as legendas, descobrir a posição de algum
ponto do mapa na rede geográfica, perceber informações próximas à sua realidade.

As rochas ígneas extrusivas são resultantes do rápido resfriamento e


diminuição brusca da pressão do magma que ocorrem por meio de erupções
vulcânicas ou derrames de lava (PRESS et al., 2006). São processos relacionados
ao vulcanismo, que espalha lava na superfície da crosta e faz com que os cristais
não tenham tempo para se agruparem antes de solidificar, formando diversos
cristais individuais minúsculos (CHRISTOPHERSON, 2012). São características
encontradas em rochas ígneas extrusivas: a granulação fina ou textura vítrea
(PRESS et al., 2006). O basalto é uma rocha ígnea extrusiva, sua granulação fina
dá um aspecto maciço à rocha.

As principais rochas ígneas são: granito, riolito, sienito, diorito, andesito,


gabro, diabásio, basalto e as ultramáficas (POPP, 2010).

Granito: ígnea, intrusiva, textura fanerítica, granulação média a grossa,


predomina quartzo e feldspato alcalino. Ocorre no Brasil na Serra do Mar e nos
Escudos Cristalinos (POPP, 2010).

101
UNIDADE 2 | TEMPO GEOLÓGICO: DA FORMAÇÃO DAS ROCHAS À EXPLORAÇÃO DAS JAZIDAS

Riolito: ígnea, extrusiva (vulcanismo ácido), originada do magma


granítico, o que explica a mineralogia similar ao granito, porém com aparência
predominante afanítica, por vezes podendo ser porfítica. Ocorre a partir de
derrames irregulares, a textura pode ser associada a rochas piroclásticas (POPP,
2010).

Sienito: rocha ígnea, intrusiva, fanerítica, granulação média a grossa,


muito pouco ou nenhum quartzo, os minerais anfibolito e feldspato alcalino
concedem a cor escura à rocha (POPP, 2010).

Diorito: rocha intrusiva, fanerítica, granulação média, com pouco quartzo


e muito feldspato plagioclásio. Em geral, ocorre na forma de diques (POPP, 2010).

Andesito: originado do magma vulcânico ou de intrusões pequenas. É


uma rocha escura com textura variável entre afanítica e porfirítica. Em geral se
consolida nos diques (POPP, 2010).

Gabro: ígnea, plutônica. Apesar de ocorrer em intrusões médias e grandes,


não chega a apresentar características de um batólito. Possui textura média a
grossa e não apresenta quartzo em sua composição, sendo predominantes os
minerais feldspato, plagioclásio e piroxênio (POPP, 2010).

Diabásio: semelhante ao gabro, porém com textura média a fina, podendo


ser afanítica. Ocorre em dique ou “sill” que atingem dezenas de metros de largura
e quilômetros de comprimento (POPP, 2010).

Basalto: rocha extrusiva. A textura varia de fina a afanítica. Existem


diversos tipos de basalto, como os basaltos amigdaloides e os basaltos vesiculares,
de ocorrência bastante comum nos planaltos do Sul do Brasil (POPP, 2010). Cabe
destacar que os planaltos do Sul do Brasil se formaram por uma série de derrames
basálticos anteriores à separação entre a África e a América, que deram origem à
famosa e produtiva terra roxa.

Na figura a seguir, basaltos formam o relevo íngreme resultante da


separação continental entre África e América do Sul.

102
TÓPICO 2 | OS MINERAIS E AS ROCHAS

FIGURA 26 – VISTA DO ALTO DA SERRA DO RIO DO RASTRO, BOM JARDIM DA


SERRA–SC

FONTE: O autor

FIGURA 27 – FRAGMENTOS DE BASALTO DEPOSITADOS NA AREIA DA PRAIA


BRAVA, ILHA DE SANTA CATARINA, FLORIANÓPOLIS–SC

FONTE: O autor

Ultramáficas: são rochas de alta densidade, sem quartzo ou feldspato e


com predomínio de minerais ferromagnesianos, como as olivinas e o piroxênio.
Apresenta granulação grosseira a média. Por vezes, apresenta características de
textura porfirítica. As rochas ultramáficas mais comuns são os piroxenitos, dunitos
e serpentinitos. No Brasil ocorrem em Goiás, associados a minérios de cobalto,
cromo, níquel e platina, e também no litoral do Paraná e de Santa Catarina (POPP,
2010). São as rochas mais antigas da superfície do planeta.

3.2 ROCHAS SEDIMENTARES


A composição geral da crosta da Terra é formada predominantemente
por rochas ígneas ou metamórficas, porém a análise da distribuição das rochas
superficiais e próximas à superfície demonstra que as rochas sedimentares
e os sedimentos inconsolidados se destacam ao cobrir cerca de 75% das áreas
continentais do planeta e praticamente todo o assoalho do fundo oceânico
(WICANDER; MONROE, 2009).
103
Estrutura geológica

180° 150° 120° 90° 60° 30° 0° 30° 60° 90° 120° 150° 180°
90°

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Escudo de Angara
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60° Canadense Fino-Escandinavo

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FIGURA 28 – MAPA DA ESTRUTURA GEOLÓGICA DA TERRA

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Fs. Kerm

do_057_estrutura_geologica.pdf>. Acesso em: 28 jul. 2017.


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UNIDADE 2 | TEMPO GEOLÓGICO: DA FORMAÇÃO DAS ROCHAS À EXPLORAÇÃO DAS JAZIDAS

ESCALA
750 0 1 500 km

90° PROJEÇÃO DE ROBINSON

Cobertura sedimentar
Quaternário Dobramentos jovens (alpinos) Dobramentos antigos (caledonianos e hercinianos)

FONTE: Disponível em <http://atlasescolar.ibge.gov.br/images/atlas/mapas_mundo/mun-


Plataformas e escudos
Fonte: Atlas geográfico. 3. ed. Rio de Janeiro: IBGE, 1986. 1 atlas (114 p.): mapas.
Pré-cambriano Direção das cadeias Falha Fossa Fossa submarina Nota: Mapa atualizado pelo IBGE, 2002.
TÓPICO 2 | OS MINERAIS E AS ROCHAS

A maioria das rochas sedimentares é originada a partir da litificação de


pedaços de rochas preexistentes ou de materiais orgânicos (CHRISTOPHERSON,
2012). As rochas sedimentares são classificadas conforme a origem dos sedimentos
que as compõem, assim tanto os sedimentos quanto a própria rocha podem
ser diferenciados, conforme a origem, em clásticas, químicas ou bioquímicas
(PRESS et al., 2006).

Os sedimentos podem ser diferenciados por sua origem e classificados


em função do tamanho do grão. O diâmetro dos grãos do sedimento foi estudado
por diversos autores até que a escala Φ (phi) foi aprimorada e hoje é amplamente
utilizada na classificação dos grãos, que vai desde o mais grosso, o matacão (maior
que 25,6 cm), passando por blocos (cascalho grosso), seixos (cascalho fino), areias
(muito grossa, grossa, média, fina, muito fina), entrando nos sedimentos lamosos
estão os siltes, com tamanho de grão entre 0,062 mm e 0,002 mm, e a mais fina
partícula de sedimento, o grão microscópio de argila, com tamanhos menores
que 0,002 mm (POPP, 2010; CHRISTOPHERSON, 2012; DIAS, 2007).

105
UNIDADE 2 | TEMPO GEOLÓGICO: DA FORMAÇÃO DAS ROCHAS À EXPLORAÇÃO DAS JAZIDAS

FIGURA 29 – ESCALA PHI PARA CLASSIFICAÇÃO DOS SEDIMENTOS

FONTE: Dias (2007, s.p.)

As areias são predominantemente compostas por quartzo devido à sua


dureza e estabilidade química, que aumentam a resistência aos ataques e impactos
que o grão sofre durante o transporte. Essas características levam o arenito a ser
a rocha sedimentar clástica mais comum (POPP, 2010).

106
TÓPICO 2 | OS MINERAIS E AS ROCHAS

Os sedimentos clásticos são as partículas provenientes de outras rochas.


São pedaços da rocha que se soltam por conta dos processos de intemperismo
(PRESS et al., 2006). Então, para uma rocha sedimentar clástica se formar, é
necessário que uma outra rocha de existência anterior seja atacada pelos agentes
do intemperismo e movida pelos agentes transportadores que atuam na erosão.

O intemperismo atua desprendendo pedaços da rocha fisicamente


e também dissolve quimicamente os minerais. Os pedaços são os grãos que
formam os sedimentos clásticos e os minerais dissolvidos são levados em solução
até formar precipitados ou evaporitos. Os sedimentos clásticos são transportados
e guardam marcas que evidenciam as características do transporte no grão.

Um grão bem arredondado indica longo transporte, um grão angular


cheio de arestas indica pouco ou nenhum transporte, um grão fosco indica
transporte eólico, enquanto um grão polido indica transporte pela água. Em
geral, os depósitos nas bacias sedimentares estão organizados em camadas,
formando assim o pacote sedimentar, que é o conjunto de camadas de sedimentos
depositados na bacia.

NOTA

Quando observamos um punhado de areia fina com grãos arredondados,


precisamos entender que esse sedimento já foi uma rocha que foi fragmentada pelo
intemperismo, removida pela erosão, arredondada ao longo do transporte entre o local
de origem até onde ocorreu o depósito. Podemos encontrar depósitos consolidados que
formam as rochas clásticas, mas também encontramos depósitos inconsolidados, onde
encontramos os sedimentos, que são depositados em camadas, e o conjunto de camadas
é denominado de pacote sedimentar.

Enquanto permanecem inconsolidados, os sedimentos são moles e


incoerentes, como a areia na praia ou a argila em um mangue, mas com o
passar do tempo geológico novas camadas vão se sobrepondo às mais antigas,
formando pacotes sedimentares com dezenas, centenas e até milhares de metros
(POPP, 2010). Especialmente nas bacias sedimentares localizadas nas zonas de
subsidência, que são as áreas onde a crosta da Terra sofre os afundamentos lentos
no manto, os pacotes sedimentares são mais espessos, pois o afundamento cria um
maior acúmulo de camadas sedimentares na superfície, o que vai pressionando
as camadas inferiores, cada vez com mais peso depositado acima.

O acúmulo de camadas na superfície aumenta a pressão nas camadas


inferiores, expulsa a água e comprime os sedimentos mais antigos das camadas
inferiores, que vão endurecendo e passando pelo processo denominado de
litificação ou diagênese, que é o processo de formação da rocha sedimentar.

107
UNIDADE 2 | TEMPO GEOLÓGICO: DA FORMAÇÃO DAS ROCHAS À EXPLORAÇÃO DAS JAZIDAS

A litificação pode ocorrer através da compactação, como acontece com


as argilas, onde as partículas são prensadas umas contra as outras, ou por
cimentação, como os arenitos, onde minerais se depositam nos interstícios,
espaços vazios entre os grãos do sedimento, unindo as partículas constituindo
a rocha, ou ainda por recristalização, que é um fenômeno comum nas rochas
sedimentares químicas que modifica a textura devido ao crescimento de cristais e
minerais que se agregam na rocha (POPP, 2010).

Os conglomerados são rochas sedimentares clásticas originadas a


partir da deposição, acumulação e consolidação de sedimentos formados por
fragmentos de diferentes rochas preexistentes. São compostos por grãos maiores
que 2 mm (grânulo, cascalho, matacão), imersos em uma matriz mineral mais fina
que atua como cimento na consolidação da rocha (POPP, 2010). Os grãos podem
ser maiores que grãos de areia e até mesmo conter seixos ou blocos maiores de
fragmentos de rochas (LEINZ; LEONARDOS, 1977).

Quando o material que compõe o conglomerado apresentar grãos


angulares, é indicativo de um material que sofreu pouco ou nenhum transporte,
caracterizando um tipo de rocha denominada de brecha. Quando o conglomerado
é formado por fragmentos arredondados é o indicativo de que esse grão sofreu
transporte (POPP, 2010). Quanto mais arredondado for o grão, significa que maior
transporte ocorreu, pois é durante o transporte que os grãos vão se chocando
e as arestas vão sendo aparadas até que o grão fique arredondado. Durante o
transporte, o grão já arredondado pode se quebrar em pedaços menores, ganhar
arestas e ser arredondado novamente na continuidade do transporte. Depósitos
sedimentares com predomínio de grãos arredondados indicam longo transporte
e constituem um ortoconglomerado, que em geral estão associados à matriz
arenosa (POPP, 2010).

Os tilitos são rochas de matriz fina com origem em sedimentos depositados


por geleiras e com isso podem conter clastos de todos os tamanhos (POPP, 2010).
A geleira é excelente agente transportador, porém não possui capacidade de
seleção de grãos. A composição dos tilitos dependerá diretamente do terreno de
formação da área de geleira. Tiloides são rochas semelhantes aos tilitos, porém se
formam nos taludes submarinos (POPP, 2010).

Diamictitos são paraconglomerados, assim como os tilitos e os tiloides,


os três são lamitos conglomeráticos, porém os diamictitos podem ter origem em
outros ambientes que não o glacial, como periglacial, em leques aluvionais, em
correntes de turbidez, entre outros, mas nesses outros ambientes os megaclastos
com mais de dois metros são raros (POPP, 2010).

Arenitos (psamitos), que são os mais abundantes entre as rochas sedimentares,


têm seus grãos predominantemente compostos por areias, ou seja, com grãos entre 2
e 0,062 milímetros de diâmetro. Por conta da sua dureza, o quartzo é predominante
na composição dos arenitos, pois os demais minerais são fragmentados em partículas
menores ou dissolvidos durante o transporte (POPP, 2010).

108
TÓPICO 2 | OS MINERAIS E AS ROCHAS

Pelitos são rochas litificadas a partir de depósitos de argila das mais


variadas origens, como os argilitos e os siltitos. Quando o sedimento é rico em
mica forma o folhelho, indica formação dos depósitos em ambiente aquoso
de águas calmas, como lagos, zonas abissais marinhas, pântanos, entre outros
(POPP, 2010).

As rochas sedimentares de origem química são depósitos químicos


de fontes inorgânicas que se originam a partir da evaporação, constituídas por
precipitados de minerais antes dissolvidos. Os depósitos de evaporitos apresentam
como características: formas planas e estratificadas. São formações de ocorrência
mais comum em regiões de climas secos (árido, semiárido) (CHRISTOPHERSON,
2012).

Na formação, os precipitados assumem aparências variadas, que podem


ser amorfas ou finamente cristalizadas, a textura cristalina é bastante comum
nessas rochas, que chegam a apresentar cristalização semelhante a rochas ígneas,
porém quase sempre com apenas um único mineral (POPP, 2010). Podem chegar
a uma organização mineralógica a ponto de apresentar uma forma bastante
complexa, com planos e ângulos muito bem delineados (POMEROL et al., 2013).

Os sedimentos carbonáticos são precipitados, em geral compostos por


carbonatos de cálcio e magnésio. Os sedimentos ferríferos são depósitos de
hidratos férricos coloidais. Os sedimentos salinos ou evaporitos são depósitos de
cloreto de sódio, potássio, sulfatos, carbonatos e outros sais, estão relacionados à
evaporação de mares interiores e lagos salgados (POPP, 2010).

Os sedimentos silicosos são depósitos de sílica e quartzo na forma de


sílex, que apresenta aspecto maciço e ocorre em camadas ou nódulos dentro de
depósitos sedimentares, em geral calcários, mas podem ocorrer em depósitos de
outros sedimentos também (POPP, 2010).

O calcário de origem orgânica marinha é bastante comum, é derivado de


conchas e ossos resultantes da atividade biológica, por isso também é classificado
como calcário bioquímico (POPP, 2010). O calcário é a litificação do carbonato de
cálcio que pode ser derivado de fontes orgânicas e inorgânicas, já a dolomita é a
rocha sedimentar química formada a partir da deposição e litificação do carbonato
de cálcio-magnésio (CaMg(CO3)2 (POMEROL et al., 2013).

As rochas sedimentares orgânicas formadas pelo acúmulo bioquímico de


carbonatos, sílicas e outras substâncias, ou pela transformação da própria matéria
orgânica, podem não ter potencial calorífico, ou seja, não ser combustível, como
os depósitos de conchas e corais, assim como as estruturas silicosas acumuladas
de restos de colônias de foraminíferos e diatomáceas. As rochas sedimentares
orgânicas também podem ser combustíveis, dependendo do material acumulado,
formam os biólitos.

109
UNIDADE 2 | TEMPO GEOLÓGICO: DA FORMAÇÃO DAS ROCHAS À EXPLORAÇÃO DAS JAZIDAS

Os combustíveis fósseis são provenientes de processos sedimentares


formados a partir da acumulação de matéria orgânica em sedimentos argilosos
ou calcários provenientes de planícies, pântanos e outros alagadiços. Nesses
terrenos úmidos, onde a vegetação foi soterrada, formaram-se diferentes tipos
de carvão a partir da turfa, que pode, ou não, evoluir para formas com maior
concentração de carbono, como o linhito, a hulha e o antracito (POPP, 2010). A
matéria orgânica em sua evolução pode também formar o folhelho betuminoso,
o folhelho orgânico e o petróleo (POPP, 2014). Vamos voltar a estudar sobre
petróleo e carvão no Tópico 4.

3.3 ROCHAS METAMÓRFICAS


Metamorfismo significa mudar de forma, no caso das rochas, sem mudar
de estado físico. É quando uma rocha preexistente sofre subducção, ou seja, é
levada para baixo da superfície de encontro ao manto, assim, com o aumento
da pressão e da temperatura, as ligações atômicas ficam instáveis e os minerais
começam a sofrer as modificações inerentes da fusão, porém antes de passar para
o estado líquido a rocha volta a se dirigir para a superfície, diminuindo a pressão
e resfriando a rocha que se consolida com a estrutura modificada, metamorfizada
(CHRISTOPHERSON, 2012).

Para que uma rocha passe a ficar instável, é necessário que ocorram
pressões superiores a 3 km de profundidade em temperaturas elevadas entre
100 e 600 °C, assim os fluidos ativos ficam instáveis e os minerais originais da
rocha passam por recristalização, alterando a composição mineralógica e assim
compondo uma nova forma, tanto textural quanto estrutural. Essas alterações
morfológicas na mineralogia da rocha é que originam as rochas metamórficas
(POPP, 2010).

Apresentamos nas imagens a seguir, uma rocha que faz parte do grupo
Itajaí, formação Gaspar, Conglomerado Baú:

110
TÓPICO 2 | OS MINERAIS E AS ROCHAS

FIGURA 30 – VISTA DE UM CONGLOMERADO METASSEDIMENTAR, ROCHA


METAMÓRFICA QUE CONSERVA PARCIALMENTE CARACTERÍS-
TICAS DA ROCHA CLÁSTICA, CARACTERÍSTICAS DE AMBIENTE
SEDIMENTAR FLUVIAL

FONTE: O autor

FIGURA 31 – MAIOR DETALHE DO CONGLOMERADO METASSEDIMENTAR,


ONDE SE PERCEBE GRÃOS DE DIFERENTES ORIGENS E TAMA-
NHOS, NA IMAGEM SE PERCEBE ALGUNS SEIXOS

FONTE: O autor

Qualquer rocha pode sofrer metamorfismo. As rochas metamórficas em


geral são mais compactas e duras do que a rocha original, logo são mais resistentes
ao intemperismo e à erosão (CHRISTOPHERSON, 2012).

As rochas podem sofrer metamorfismo a partir de diferentes situações:


por pressão das rochas em camadas superiores, por compressão no encontro
de placas tectônicas, em cisalhamentos e tensionadas em zonas de falhas de

111
UNIDADE 2 | TEMPO GEOLÓGICO: DA FORMAÇÃO DAS ROCHAS À EXPLORAÇÃO DAS JAZIDAS

terremotos, ou também os sedimentos depositados em bacias sedimentares e as


camadas superiores compactam as camadas mais antigas (CHRISTOPHERSON,
2012).

Outra forma é o metamorfismo de contato, que acontece quando o magma


do interior da crosta aquece as rochas adjacentes o suficiente para modificar a
forma e a estrutura da rocha original (CHRISTOPHERSON, 2012).

112
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:

• Minerais são elementos ou compostos químicos que existem naturalmente


na crosta do planeta. Conforme a composição e a organização do mineral, o
sistema cristalino formado pode alcançar elevado valor econômico.

• A clivagem faz referência aos planos internos da estrutura molecular, pois nem
todos os minerais formam o plano de clivagem, mas quando existe a tendência
do mineral, é de se fraturar apresentando partes lisas. Quando a clivagem é
perfeita, o fraturamento ocorre em forma de folhas.

• Cor, brilho, magnetismo e dureza são aspectos que caracterizam os minerais.


Os minerais são inorgânicos, possuem composição química definida e podem
também apresentar elementos metálicos. Existem mais de 4.200 minerais
conhecidos, destes, cerca de 30 formam as rochas.

• Os cristais de diamante são minerais de extrema dureza, com moléculas muito


bem organizadas, e devido a diversas aplicações, inclusive estéticas, atingem
alto valor econômico.

• As rochas são agregados sólidos de um ou mais minerais que ocorrem


naturalmente e formam a crosta terrestre. O magma é rocha fluida, ocorre em
altíssimas temperaturas do interior do planeta, quando resfria consolida e dá
forma à rocha ígnea.

• As rochas podem ser classificadas em ígneas, sedimentares ou metamórficas.

• As rochas ígneas são formadas a partir do resfriamento do magma, podem


ser intrusivas ou extrusivas. A textura das rochas ígneas pode ser fanerítica
ou afanerítica e reflete o tipo de resfriamento. As principais rochas ígneas são:
granito, riolito, sienito, diorito, andesito, gabro, diabásio, basalto e ultramáfica.

• Rochas sedimentares são formadas pela consolidação de sedimentos, ou seja,


pela litificação de pedaços de outras rochas, areias, seixos, lamas e outros
sedimentos. Os sedimentos e as rochas sedimentares cobrem 75% da superfície
do planeta.

• As rochas sedimentares podem ser diferenciadas conforme sua origem, em:


clásticas, químicas ou bioquímicas. Podem conter sedimentos de diferentes
tamanhos, que podem ser classificados conforme o tamanho do grão, em:
bloco, seixo, cascalho, areia, silte, argila ou coloide.

113
• As rochas metamórficas são rochas que sofreram modificações em sua estrutura
física, sem, contudo, sofrer alterações em sua composição. Essa mudança
ocorre quando a rocha original é submetida a elevada temperatura, como
ocorre quando a rocha entra em contato com o calor do magma do interior da
Terra, que é o metamorfismo de contato, ou quando o acúmulo de camadas
nas bacias sedimentares eleva a pressão sobre a rocha ou no encontro de placas
tectônicas que gera grandes tensões.

114
AUTOATIVIDADE

1 Os minerais são compostos químicos inorgânicos de ocorrência natural


encontrados na crosta terrestre. Os cristais são minerais homogêneos com
superfícies quase sempre planas, com ângulos bem definidos entre essas
superfícies. Alguns cristais possuem grande valor econômico. Assinale a
alternativa que apresenta apenas características que fazem o cristal ter alto
valor econômico:

a) ( ) Ângulos simétricos com faces bem desenvolvidas e geometria incomum.


b) ( ) Uma superfície plana com forma limitada e aleatória.
c) ( ) Várias superfícies planas com formas ilimitadas e aleatórias.
d) ( ) Geometria plana, estrutura tridimensional com ângulos atômicos.

2 As rochas ígneas têm origem comum, porém conforme ocorre o processo


de formação, podem se diferenciar originando tipos diferentes, classificados
como intrusivas ou extrusivas. Explique como se formam as rochas ígneas e
diferencie o processo de formação dos dois tipos existentes.

3 A areia é um material sedimentar que, apesar de ter sua origem nas rochas e
também após passar por determinados processos, formará uma nova rocha,
não pode ser propriamente considerada uma rocha. Explique essa afirmação.

115
116
UNIDADE 2 TÓPICO 3

CICLO GEOLÓGICO

1 INTRODUÇÃO
O planeta Terra apresenta em sua dinâmica natural diversos ciclos que
renovam os elementos bióticos e abióticos do planeta, conforme são empregados
nos processos e reações naturais e levam à reciclagem dos elementos químicos.
Estes ciclos que são fundamentais para a manutenção da vida em nosso planeta são
os chamados ciclos biogeoquímicos, que influenciam principalmente a biosfera.
A biosfera, assim como a atmosfera, litosfera e hidrosfera, são geossistemas que
interagem na manutenção do sistema terrestre (CHRISTOPHERSON, 2012).

FIGURA 32 – GEOSSISTEMAS

FONTE: O Autor. Adaptado de Christopherson (2012)

Os ciclos permitem entender como os elementos químicos estão


incorporados ao longo das várias reações que ocorrem continuamente no planeta,
como o ciclo do carbono, do oxigênio, o ciclo hidrológico, o ciclo geológico, entre
tantos que existem. Assim os ciclos acabam interagindo entre si, como ocorre com

117
UNIDADE 2 | TEMPO GEOLÓGICO: DA FORMAÇÃO DAS ROCHAS À EXPLORAÇÃO DAS JAZIDAS

o ciclo geológico, que em seu decorrer compartilha fases do ciclo hidrológico,


ciclo das rochas e do ciclo tectônico.

Apesar da aparência de estabilidade, a crosta terrestre está em constante


movimento, dobrando, quebrando, formando, de dentro para fora e de fora para
dentro, construindo formas e as desfazendo também. A superfície da Terra recebe
energia de duas fontes: do Sol e do manto terrestre.

A energia do calor interno move o ciclo tectônico e impulsiona a parte do


ciclo das rochas, externamente os fenômenos dependem também da energia solar
para movimentar os processos externos que atuam no ciclo das rochas, o que
inclui processos do ciclo hidrológico movidos pela energia solar. A energia solar
é responsável pelos movimentos atmosféricos, inclusive as chuvas, os ventos e as
ondas do mar (CHRISTOPHERSON, 2012).

2 CICLO HIDROLÓGICO
O ciclo hidrológico, ou ciclo da água, possui um papel muito importante
nos processos do ciclo geológico, uma vez que é o grande sistema que faz a água
circular no planeta, mudando de forma, podendo passar de água líquida e fluida
para gelo rígido ou flocos de neve cristalizados, ou pode ocorrer suspenso no ar na
forma gasosa em vapor de água. A grande variedade de características únicas da
água que desagrega, hidrata, hidrolisa, seleciona, transporta, entre outras tantas
funções, justifica a importância do ciclo hidrológico na evolução da paisagem da
superfície do planeta (CHRISTOPHERSON, 2012).

Dessa maneira, podemos perceber o ciclo hidrológico acompanhando a


partir da precipitação que pode ocorrer na forma líquida em gotas de chuvas
ou na forma sólida de granizo (pedras de gelo) ou neve (cristais de água). Após
precipitar, a água escoa superficialmente para os rios, lagos e mares, ou infiltra no
solo abastecendo o lençol freático, que são as águas subterrâneas.

O gelo e a neve, quando aquecidos, passam para o estado líquido para


assim fluir de forma livre, impulsionada pela força da gravidade. A água no estado
líquido, quando aquecida, passa ao estado de vapor, o que leva essa partícula
a ascender suspensa no ar, subindo na atmosfera até condensar formando
as nuvens, e quando a nuvem fica saturada formam-se as gotas de chuva que
precipitam, e conforme as condições de temperatura, a precipitação será líquida
(gotas) ou sólida (granizo ou neve).

Também é preciso destacar que o vapor de água no ar poderá formar a


neblina, que precipita na forma de orvalho, que são aquelas pequenas gotas que se
formam sobre as superfícies e que podemos observar ao amanhecer. Nas regiões
mais frias, especialmente no Sul do Brasil, é comum observarmos o fenômeno da
geada, que é o congelamento do orvalho.

118
TÓPICO 3 | CICLO GEOLÓGICO

FIGURA 33 – CICLO DA ÁGUA

FONTE: USGS (2018). Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Ciclo_da_%-


C3%A1gua.jpg>. Acesso em: 16 ago. 2017.

No decorrer do ciclo hidrológico ocorrem as precipitações, 80% da


precipitação do planeta ocorre sobre os oceanos, sendo que apenas 20% cai sobre
as terras emersas interagindo com o ciclo das rochas (WICANDER; MONROE,
2009). A água é um elemento fundamental que atua de diversas maneiras no ciclo
das rochas. Através dos processos de intemperismo, que desagregam partes das
rochas, e dos agentes de erosão e transporte movimentam esse material.

A atuação da água pode ser verificada na troca de estado físico, quando


ocorre o congelamento da água, o que gera um ganho de volume, então quando
líquida a água infiltra e preenche até as mais microscópicas fraturas das rochas, e
a cada congelamento o volume aumenta, criando uma força de dentro para fora,
que vai aumentando o tamanho das fraturas até desagregar partes da rocha.

Outra forma de atuação da água no ciclo das rochas é no intemperismo


químico em que pode ocorrer, por exemplo, a hidratação e dissolução de alguns
elementos da rocha, pois a água também transporta e seleciona os grãos que são
desagregados das rochas. O simples impacto direto das gotas de chuva com o
solo exposto já movimentará alguns grãos, que podem ser transportados através
do escoamento superficial da água e também das correntes marinhas quando
esses sedimentos chegam ao mar.

119
UNIDADE 2 | TEMPO GEOLÓGICO: DA FORMAÇÃO DAS ROCHAS À EXPLORAÇÃO DAS JAZIDAS

Mesmo nos processos de intemperismo biológico a água tem papel


fundamental, pois é o elemento que sustenta a vida das plantas e animais que
atuam no intemperismo biológico das rochas.

NOTA

O conhecimento popular tem seu valor, então lembre-se do ditado que diz:
“água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”, que apresenta a versão popular do
conhecimento científico sobre o papel da água no ciclo das rochas.

Após o intemperismo desagregar a rocha em grãos, a água também atua


no transporte e seleção desses sedimentos. Quando ocorre a perda de energia do
fluxo transportador, os sedimentos são depositados em função do tamanho dos
grãos formando os depósitos sedimentares, que refletem a energia do ambiente
deposicional.

Assim o ciclo hidrológico atua no intemperismo, na erosão, no transporte


e na deposição dos materiais envolvidos no ciclo das rochas, influenciando
diretamente na desagregação das rochas consolidadas e na formação dos
depósitos sedimentares que podem originar rochas sedimentares.

3 CICLO TECTÔNICO
O ciclo tectônico é impulsionado pelas forças internas da Terra, a energia
térmica do manto faz o material em fusão, do interior do planeta, circular
lentamente por convecção, empurrando as placas tectônicas em um movimento
lento e contínuo que recicla os materiais antigos nas profundezas do manto,
criando novos terrenos, movimentando e deformando a superfície do planeta
(CHRISTOPHERSON, 2012). O ciclo tectônico é bastante lento, mas ocorrem
eventos bruscos que por vezes levam a catástrofes humanas.

TURO S
ESTUDOS FU

A tectônica de placas será estudada na Unidade 3, assim como o vulcanismo.

120
TÓPICO 3 | CICLO GEOLÓGICO

A princípio buscaremos o entendimento inicial do tectonismo


movimentando placas tectônicas que movem os continentes, elevam as
cordilheiras e expandem o assoalho oceânico criando novos terrenos, enquanto
absorve outros, podendo levar à subducção, que é devolver o material ao manto,
ou consolidando, transformando em rocha sedimentar o material inconsolidado.
A litificação é o processo pelo qual um depósito sedimentar passa a sofrer
pressão devido ao peso do acúmulo de novas camadas na superfície, o que acaba
consolidando a rocha sedimentar.

No ciclo tectônico, as rochas consolidadas da superfície, nas bordas de


placas tectônicas, podem passar por subducção, o que as remete de volta ao
manto, passando para a forma fluida e quente de magma. Por vezes, o movimento
da subducção é interrompido, deixando a rocha em uma zona de metamorfismo
que recebe calor do manto, o que modifica as características físicas e químicas
dos constituintes da rocha. Também pode acontecer de um pacote sedimentar,
que se consolidou como rocha sedimentar, mas que devido ao peso das camadas
sobrejacentes continua a sofrer elevadas pressões, aumentando a temperatura e
alterando as características físicas ou químicas do material rochoso, o que resulta
em rochas metamórficas (CHRISTOPHERSON, 2012).

4 CICLO DAS ROCHAS


O ciclo das rochas engloba processos que ocorrem na atmosfera, na crosta
e no manto. Existem basicamente três tipos de rochas: as ígneas, as sedimentares
e as metamórficas. O ciclo das rochas depende tanto da energia solar quanto da
energia geotérmica do interior do planeta.

O ciclo das rochas é a sequência de eventos e processos que ocorrem e


sempre ocorreram no planeta Terra, compõe e decompõe as rochas continuamente.
Assim, em uma sequência cíclica, qualquer rocha na superfície do planeta, ou
estará exposta aos agentes do intemperismo criando sedimentos, ou sendo movida
por processos de subsidência, que leva ao afundamento na crosta resultando no
aquecimento e aumento da pressão, e por consequência, a rocha passa a sofrer
alterações na estrutura das ligações químicas dos átomos.

Essa rocha pode continuar o processo de subsidência em direção ao


manto, e pela temperatura e pressão elevadas passa para um estado fluido – ou
a rocha, após a subsidência, passa pelo soerguimento resfriando e voltando à
superfície como rocha metamórfica –, caracterizada em uma rocha mais compacta
e dura que será exposta ao intemperismo novamente e também produzirá
sedimentos que poderão formar rochas sedimentares, que por sua vez poderão
ser metamorfizadas ou por subducção voltar ao manto. Após alguns milhares de
anos, através de processos ígneos, ressurgir na superfície.

121
UNIDADE 2 | TEMPO GEOLÓGICO: DA FORMAÇÃO DAS ROCHAS À EXPLORAÇÃO DAS JAZIDAS

FIGURA 34 – MODELO DA INTERAÇÃO ENTRE OS CICLOS HIDROLÓGICO, TECTÔNICO E DAS


ROCHAS, QUE COMPREENDEM O CICLO GEOLÓGICO

FONTE: Christopherson (2012, p. 330)

DICAS

Para ampliar o seu entendimento sobre o ciclo das rochas, assista ao vídeo
disponível no link <https://www.youtube.com/watch?v=wLIzDKr7zj0>.

4.1 INTEMPERISMO FÍSICO, QUÍMICO E BIOLÓGICO: A


DESAGREGAÇÃO DAS PARTÍCULAS
A superfície da crosta terrestre é formada pelos diferentes tipos de rocha,
as condições ambientais alteram a forma e a composição química das rochas
através dos agentes do intemperismo (POPP, 2010). O intemperismo é a quebra
física e a alteração química dos minerais da Terra (WICANDER; MONROE, 2009).

O intemperismo é o conjunto de processos que ataca as rochas,


desagregando pedaços menores que formam os clastos/grãos, ou ainda podem

122
TÓPICO 3 | CICLO GEOLÓGICO

agir dissolvendo quimicamente os minerais (CHRISTOPHERSON, 2012). O


processo de intemperismo ocorre em duas fases: a fase química, que decompõe e
dissolve os minerais, e a fase física, que desintegra a rocha (POPP, 2010). Quando
a decomposição da rocha ocorre devido a interações com organismos vivos, que
podem dissolver quimicamente ou fragmentar fisicamente uma rocha, chamamos
de intemperismo biológico.

Os processos de intemperismo biológico podem ser distintos em


processos físicos, quando as raízes fraturam a rocha desagregando mecanicamente
os grãos, ou em processos químicos, que é quando alguns organismos, como
algas unicelulares, bactérias ou fungos filiformes, que habitam a superfície da
rocha ou as pequenas fissuras chamadas diaclases, secretam produtos químicos
ativos sobre a rocha e acabam por dissolver alguns minerais, enquanto as plantas
superiores extraem da rocha elementos químicos vitais para as plantas, como o
potássio (K), cálcio (Ca), fósforo (P) e enxofre (S) (POPP, 2010).

O intemperismo químico é a real decomposição da rocha, altera a estrutura


química e modifica os minerais (CHRISTOPHERSON, 2012). Os processos
químicos do intemperismo estão relacionados à presença de água (H2O), além do
dióxido de carbono (CO2) dissolvido e, ainda, em alguns casos, ocorre a presença
de ácidos orgânicos resultantes da decomposição de resíduos vegetais (POPP,
2010). Os processos químicos do intemperismo ocorrem de duas formas: por
alteração do mineral original na própria rocha, alterando a composição química
da rocha, ou por precipitação do mineral dissolvido, o que forma outros produtos
através do processo chamado de meteorização, a água tem papel fundamental
em ambos processos químicos (POPP, 2010).

Alguns autores aplicam o termo meteorização como sinônimo de


intemperismo, outros apresentam a meteorização como o conjunto de diferentes
processos que podem ocorrer durante o intemperismo químico. A hidratação e
hidrólise, assim como a oxidação e a dissolução de carbonatos, são os processos
de intemperismo químico que ocorrem com a presença de água.

A hidratação é quando o mineral combina com a água. Esse processo


causa pouca mudança química, mas pode levar à forte alteração no volume do
mineral, impondo forças mecânicas que criam tensão na rocha e ocasionam a
separação dos grãos (CHRISTOPHERSON, 2012). Quando o mineral aumenta de
tamanho devido à combinação química com a água, a ligação entre muitos grãos
é desfeita, o que cria mais capilaridade na rocha e permite mais percolação da
água, intensificando o processo de hidratação.

Na hidrólise ocorre a quebra da sílica, o que produz compostos químicos


diferentes (CHRISTOPHERSON, 2012). As temperaturas elevadas favorecem
a hidrólise (POMEROL et al., 2013). Na hidrólise ocorre uma reação química
quando o mineral entra em contato com a água devido ao fato da molécula de
água ser polar, ou seja, possui um polo positivo (H2+) e outro polo negativo (O-), e
assim pode atrair um íon do mineral da rocha, o que vai solubilizá-lo (POMEROL

123
UNIDADE 2 | TEMPO GEOLÓGICO: DA FORMAÇÃO DAS ROCHAS À EXPLORAÇÃO DAS JAZIDAS

et al., 2013). Ocorre, por exemplo, quando o feldspato (K, Al, Si, O), presente
no granito, entra em contato com a água (H2O) levemente acidificada (Co2) e
passa pela hidrólise, formando argilas residuais, minerais dissolvidos e sílica, e
à medida que as argilas se formam, o quartzo mais pesado é deixado para trás
e formará as areias (CHRISTOPHERSON, 2012). Os subprodutos da hidrólise,
como o sódio (Na), o cálcio (Ca) e o magnésio (Mg), são levados pela água até
o mar, onde podem precipitar e formar as rochas calcárias e as dolomitas, ou
simplesmente deixar a água salgada, como no caso do sódio (POMEROL et al.,
2013).

A oxidação é uma reação química que ocorre quando alguns elementos


metálicos se combinam com oxigênio (O2) formando os óxidos. A ferrugem é o
óxido mais conhecido, trata-se do óxido férrico (Fe2O3), é resultante da reação
química que remove o ferro dos minerais presentes na rocha. Quando a oxidação
ocorre, a rocha fica mais sensível aos demais processos de intemperismo e o solo
resultante apresenta cor marrom-avermelhado (CHRISTOPHERSON, 2012).

A dissolução de carbonatos é quando o mineral carbonático se dissolve


na água, ou o dióxido de carbono da atmosfera se dissolve no vapor de água,
acidificando o suficiente a solução para dissolver diversos minerais, mas
especialmente o calcário, que gera o processo de carbonatação ao combinar
o carbono com minerais, formando então os bicarbonatos, as paisagens
com topografia cárstica, que são características das regiões dominadas por
intemperismo químico de dissolução de carbonatos (CHRISTOPHERSON, 2012).

O intemperismo físico ou mecânico apresenta-se no conjunto de processos


que fragmentam a rocha por esforço mecânico, que engloba o congelamento da
água, liberação de pressão interna, expansão e contração termal e também a já
citada atividade orgânica (WICANDER; MONROE, 2009).

Nas regiões muito frias, quando as temperaturas estão positivas, a água


líquida penetra nas capilaridades, poros e fraturas da rocha. Quando a temperatura
fica abaixo de zero, o congelamento da água aumenta em um décimo seu volume,
gerando intensa pressão e, assim, fragmenta a rocha (POPP, 2010).

A liberação de pressão é bastante evidente em rochas plutônicas, como os


batólitos, que se formam abaixo da superfície com vários metros de rocha acima,
o que exerce muita pressão sobre o batólito. Conforme a erosão vai removendo
o material da superfície, a pressão vai diminuindo e o batólito tende a se
expandir rompendo as ligações, criando fraturas na rocha que formam lâminas
que escorregam e formam os domos de esfoliação, que são grandes massas
arredondadas (WICANDER; MONROE, 2009).

Como pode ser verificado, a variação da temperatura gera a contração e


a expansão termal. Quando em um grande deserto, como o Saara, quente e seco,
onde o intenso calor do dia faz a rocha se dilatar, e o frio da noite faz contrair,
a repetição cotidiana desse processo faz a rocha se fragilizar em suas ligações,

124
TÓPICO 3 | CICLO GEOLÓGICO

disponibilizando os grãos da rocha, além do fato de que quando expostos ao Sol,


os minerais escuros se aquecem mais do que minerais mais claros, enfraquecendo
também as ligações entre esses minerais (WICANDER; MONROE, 2009).

A decomposição esferoidal ocorre em blocos resultantes de fraturas


anteriores, onde as bordas do bloco sofrem meteorização, e em conjunto com
processos químicos (POPP, 2010).

Os processos de intemperismo físico, resultantes da interação com


organismos vivos, foram tratados anteriormente como intemperismo biológico,
e se dão quando raízes fragmentam rochas, por exemplo. Os processos de
intemperismo podem ser físicos, químicos ou biológicos e atuam na decomposição
e na fragmentação das rochas, deixando pedaços da rocha aguardando a atuação
dos agentes transportadores (água, vento, gravidade) que atuam nos processos
de erosão.

O intemperismo solta os grãos da rocha e os agentes da erosão selecionam


e transportam esses grãos conforme as características dos agentes transportadores
(vento, água, gelo, gravidade) que selecionam os grãos, durante o transporte e os
depositam em função do tamanho, ou não, em diferentes depósitos, destruindo e
construindo rochas ao longo da história do planeta.

4.2 EROSÃO E SEDIMENTAÇÃO: OS AGENTES DE


SELEÇÃO E TRANSPORTE
Erosão é um conjunto de processos que atua na sequência do
intemperismo, desprendendo os pedaços de rocha e desagregando as partículas
de solo, disponibilizando o sedimento gerado para os agentes transportadores.
A capacidade de transporte do agente pode selecionar o sedimento que será
transportado ou depositado. Por exemplo, o vento é um agente que seleciona muito
bem o material que será transportado, diferente da gravidade, que transporta
qualquer tamanho de partícula, variando apenas a velocidade do transporte. Os
agentes transportadores depositam os sedimentos quando perdem a capacidade
de transportar determinado tamanho de grão. Conforme a velocidade do fluxo
de água ou vento diminui, os grãos mais grossos são depositados e os mais finos
continuam sendo transportados ou, ainda, conforme o fluxo ganha velocidade,
passa a transportar grãos maiores.

O transporte de sedimentos é regido pela intensidade do fluxo. Conforme


o fluxo vai diminuindo, os grãos maiores e mais pesados são depositados,
enquanto os grãos de menor tamanho e peso seguem sendo transportados. Dessa
maneira, depósitos sedimentares de granulometria mais grosseira – grãos maiores
– indicam um ambiente deposicional com mais energia, enquanto depósitos com
sedimentos finos indicam um ambiente calmo ou abrigado.

125
UNIDADE 2 | TEMPO GEOLÓGICO: DA FORMAÇÃO DAS ROCHAS À EXPLORAÇÃO DAS JAZIDAS

de
autoativida

PRÁTICA ACADÊMICA

Aula Prática – Experimento sobre ambiente deposicional

Materiais:

Uma bacia (ou pote) com água, colher, amostras de argila, areia, brita.
A quantidade das amostras depende do tamanho da bacia, mas cerca de 250 ml (um copo)
são o suficiente.

Método e resultados esperados:

Prepare a bacia com água, em seguida coloque a amostra de brita na bacia e observe o
comportamento dos grãos ao cair na água. Anote os resultados observados (resultados
esperados: a brita afundou rapidamente). Em seguida, com a colher, realize movimentos
circulares acompanhando a borda da bacia criando uma correnteza que movimente os
grãos de brita. Quando os grãos começarem a ser transportados pelo fluxo de água, pare
de mexer, retirando imediatamente a colher, e observe o comportamento dos grãos. Faça
anotações de suas observações (observações esperadas: com velocidade intensa, os grãos
mais grossos são transportados e logo são depositados).

Em seguida, retire a brita, reponha a água, e realize novamente o experimento utilizando a


amostra de areia, despejando na bacia com água a amostra de areia realizando observações
e anotações, descrevendo e comparando o comportamento da areia com a brita, antes e
depois de criar o fluxo que transporta os grãos.

Após retirar a areia da bacia, reponha a água e realize novamente o experimento utilizando a
amostra de argila. Perceba que a argila vai se dissolvendo na água conforme o fluxo é criado.
Tente dissolver o máximo possível, observe e realize anotações sobre o comportamento
do sedimento, compare com os anteriores. Coloque a bacia com a amostra dissolvida em
um local que fique imóvel, sem interferências. Anote a hora, siga monitorando ao longo do
tempo e anotando suas observações sem esquecer de registrar a hora da observação. Siga
observando a amostra e vá acompanhando e registrando as modificações até o sedimento
formar um pequeno “depósito sedimentar” no fundo da bacia.

Faça anotações sobre as observações e compare o comportamento das diferentes amostras.


Com a reflexão sobre os fatores que interferem no comportamento dos grãos durante a
sedimentação, tente imaginar e compreender o mesmo comportamento nos ambientes
reais. Onde em ambientes agitados, com alta energia nos fluxos, como em um rio caudaloso
ou em uma praia com muitas ondas, os grãos depositados são maiores, sendo que os
menores seguem sendo transportados, enquanto em um ambiente com menor energia,
como um lago ou um estuário, os grãos maiores em geral já não chegam, ou se chegam
são depositados rapidamente, enquanto os sedimentos mais finos, que permanecem por
um período maior em suspensão, são transportados por mais tempo.

Assim, precisamos entender que: a) O tamanho do grão é diretamente proporcional ao


tempo de suspensão desse grão no meio em que se encontra; b) A energia do fluxo
transportador, que pode ser água, ar e até mesmo a gravidade, determina quais os tamanhos
de grão do sedimento serão transportados e quando serão depositados.

126
TÓPICO 3 | CICLO GEOLÓGICO

O agente transportador tem capacidade de selecionar os materiais que transporta.


Conforme ganha energia, aumenta a capacidade de transporte dos sedimentos. Já quando
o agente transportador perde ou dissipa a energia, ocorre a deposição dos grãos, que são
selecionados conforme vai diminuindo a capacidade de transporte, sendo os grãos mais
pesados depositados primeiro, enquanto os mais leves seguem em suspensão. Formam,
assim, depósitos em camadas homogêneas que dão origem aos estratos característicos
dos ambientes sedimentares e, consequentemente, nas camadas das rochas sedimentares.

127
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:

• Para entendermos o ciclo geológico, é preciso compreender todos os outros


ciclos que atuam na renovação dos elementos do planeta e compreender a
importância dos ciclos biogeoquímicos que ocorrem na atmosfera, litosfera,
hidrosfera e biosfera.

• O ciclo hidrológico ocorre alimentado pela energia solar e pela força da


gravidade. É o grande sistema de renovação da água no planeta: evaporação,
condensação, precipitação, que leva a escoamentos e infiltrações que
acumulam água nos reservatórios subterrâneos e reservatórios superficiais,
para novamente evaporar. Nesse ciclo ocorrem mudanças no estado físico da
água, entre vapor, líquido e sólido. O ciclo hidrológico atua no ciclo das rochas
tanto quimicamente, ao hidratar elementos, quanto fisicamente, como agente
do intemperismo, da erosão e do transporte dos sedimentos.

• O ciclo tectônico é impulsionado pelas forças internas do planeta Terra. A


energia do calor do manto e do núcleo impulsionam o tectonismo. No ciclo
tectônico, onde as placas tectônicas se encontram, ocorre retorno de material
consolidado para o manto da Terra: é a subducção. Também ocorre que
um novo material surge na superfície proveniente do manto, ou seja, no
ciclo tectônico as rochas consolidadas passam novamente para as camadas
inferiores e mais quentes da Terra, voltando a ser lava, ao passo que a lava é
impulsionada à superfície, resfriando e passando a ser rocha. Deve ficar claro
que, em geral, são movimentos muito lentos, exceto quando ocorrem eventos
vulcânicos que espalham lava na superfície – e nesse caso rapidamente se
resfriam – consolidando novas rochas. No ciclo tectônico, ocorre a renovação
das rochas.

• O ciclo das rochas depende de processos que ocorrem no manto, na crosta e


na atmosfera da Terra. É impulsionado tanto pela energia solar, que alimenta
processos atmosféricos, como a energia geotérmica, que impulsiona o
tectonismo. Os processos do ciclo das rochas resultam em três tipos distintos
de rochas: as ígneas, as sedimentares e as metamórficas.

• No ciclo das rochas, os processos superficiais na crosta geram os sedimentos


através do intemperismo que desagrega partículas da rocha. O intemperismo
pode ocorrer por três conjuntos de processos distintos, mas que atuam em
conjunto, são eles: o intemperismo físico, o químico e o biológico. O físico é a
quebra da rocha em partes menores; o químico é a dissolução ou alteração das
rochas por reações químicas; e o biológico se dá pela atuação de organismos
vivos que alteram ou desagregam as rochas induzindo a ocorrência de
processos físicos ou químicos.
128
• Hidratação, hidrólise, oxidação e dissolução são processos químicos que
ocorrem no intemperismo. Contração, expansão, liberação de pressão e
fraturas são eventos do intemperismo físico. No intemperismo biológico,
a atuação de organismos pode ser verificada, por exemplo, quando raízes
passam a crescer dentro de minúsculas fraturas da rocha, e conforme crescem,
forçam a fragmentação da rocha.

• A erosão é um conjunto de processos que desagrega, ou seja, desprende partes


da rocha disponibilizando material para os agentes transportadores que
selecionam o material, os agentes transportadores são o vento, a água e a força
da gravidade.

129
AUTOATIVIDADE

1 Em diferentes etapas, o ciclo hidrológico atua sobre o ciclo das rochas. A


água e o gelo são agentes atuantes em diversos processos químicos, físicos
e até mesmo biológicos, que influenciam nas diferentes fases do ciclo das
rochas. Analise as sentenças a seguir, classificando V para as verdadeiras e F
para as falsas:

( ) Quando a água intersticial passa para o estado sólido, ocorre um processo


físico que pode fazer com que pequenos espaços no interior da rocha cresçam,
o que pode até mesmo fragmentar essa rocha em pedaços.
( ) As raízes de alguns vegetais possuem a capacidade de crescer através de
pequenas fraturas nas rochas, o que leva à fragmentação da rocha, esse é um
exemplo de intemperismo biológico.
( ) Os minerais hidrossolúveis são dissolvidos pela água, esse processo pode ser
considerado um processo de intemperismo físico.
( ) Os minerais hidrossolúveis são dissolvidos pela água, esse processo pode ser
considerado um processo de intemperismo químico.
( ) A força da gravidade impulsiona o transporte e a deposição dos sedimentos
levados pela água.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:


a) ( ) F, V, F, V, V.
b) ( ) F, V, F, V, F.
c) ( ) V, V, V, F, V.
d) ( ) V, V, F, V, V.

130
UNIDADE 2
TÓPICO 4

RECURSOS ENERGÉTICOS NATURAIS

1 INTRODUÇÃO
Devemos entender como recurso natural tudo aquilo que direta ou
indiretamente é obtido a partir de elementos da natureza, e torna-se necessário
o entendimento sobre a origem das coisas que utilizamos em nosso dia a dia.
Os objetos utilizados no espaço geográfico são produtos resultantes da dinâmica
do planeta Terra, que após a extração e modificação, são moldados conforme o
desejo humano.

Olhe a seu redor: tentar encontrar um objeto que não tenha origem direta
ou indireta, em um recurso natural, é uma tarefa impossível. Dessa maneira, o
termo recurso natural refere-se a todo e qualquer alimento, material de construção,
roupas, calçados, minerais, metais, água e até mesmo a energia, seja ela solar,
geotérmica, hidroelétrica ou combustível (SKINNER, 1970). Assim, a partir do
entendimento de que os produtos que nos rodeiam têm como origem algum
recurso natural, é possível ampliar a percepção sobre a demanda que geramos
pelos recursos naturais do planeta Terra. Devemos perceber a importância de
utilizar de forma equilibrada esses recursos, devemos dar muita importância
aos princípios do desenvolvimento sustentável que visa ao uso equilibrado dos
recursos naturais.

Os recursos naturais podem ser classificados em renováveis e não


renováveis. As plantas e seus derivados, por exemplo, são recursos naturais
renováveis, uma vez que os estoques podem ser regenerados sazonalmente. Por
outro lado, o recurso natural pode ser não renovável, nesse caso são aqueles
materiais que, uma vez explorados, não haverá regeneração do recurso, por
exemplo, as rochas, muito utilizadas na construção civil, ou o petróleo, nosso
principal combustível (SKINNER, 1970).

Dentre os recursos naturais não renováveis podemos destacar as rochas


carbonosas, que são rochas sedimentares formadas em condições de sedimentação
muito específicas, a partir do soterramento de matéria orgânica, que originam os
diferentes tipos de carvão ou o petróleo e gás.

131
UNIDADE 2 | TEMPO GEOLÓGICO: DA FORMAÇÃO DAS ROCHAS À EXPLORAÇÃO DAS JAZIDAS

2 ROCHAS CARBONOSAS
Dentre os recursos naturais não renováveis podemos destacar o grupo de
rochas sedimentares, classificadas como rochas carbonáticas, formadas a partir
de processos muito específicos, com acúmulo, soterramento e decomposição de
matéria orgânica, que originam os diferentes tipos de carvão.

Assim como o carvão, o petróleo também é resultante da acumulação e


soterramento de matéria orgânica, porém os processos e o ambiente de formação
são distintos e o resultado é o mineral líquido e o gás.

2.1 CARVÃO
O carvão mineral é uma rocha sedimentar orgânica, composta
predominantemente por carbono, que tem origem em processos bioquímicos
ocorridos na decomposição de vegetais que foram soterrados no processo
sedimentar que forma o carvão (PRESS et al., 2006). A decomposição da matéria
orgânica é realizada através dos processos bioquímicos que são as reações
químicas que ocorrem no metabolismo dos organismos decompositores.

Quando a decomposição da matéria orgânica ocorre sob condições


especiais de restrição de oxigênio, como ocorre após o soterramento de uma
área densamente vegetada, resulta em uma camada sedimentar rica em matéria
orgânica que passa a ser decomposta com baixo nível de oxigênio, devido à
camada de sedimento que soterrou a vegetação. Os sedimentos depositados
acima da camada orgânica impedem a troca de gases, criando o ambiente ideal
para que os depósitos de carbono se decomponham de maneira que acabem por
dar origem aos diferentes tipos de carvão e também ao petróleo e gás (POMEROL
et al., 2013). Processos sedimentares semelhantes criaram tipos distintos de rochas
carbonosas, como a hulha, o linhito e a turfa.

Grandes florestas que cobriam extensas áreas da Terra no passado foram


soterradas em muitos locais ao longo de eventos da história geológica do planeta,
empacotando entre camadas impermeáveis sedimentos com presença de matéria
orgânica. O soterramento isolou e criou o depósito de carbono orgânico a partir
da decomposição dos restos vegetais (PRESS et al., 2006).

Os restos vegetais soterrados e empacotados passaram por uma


decomposição muito lenta e através de processo bioquímico chamado diagênese,
que explica a origem do carbono orgânico que forma o carvão (POMEROL et al.,
2013). Diferenças na estratigrafia dos vários depósitos de carvão conhecidos são
explicadas devido às características da decomposição que ocorreu em cada área,
o que gerou os diferentes tipos de carvão. A turfa, o linhito, a hulha e o antracito
são formas de carvão mineral, que são discerníveis por conta das diferenças
de cor, forma e teor calorífico resultantes das características do processo de
decomposição que ocorreu na formação de cada depósito.
132
TÓPICO 4 | RECURSOS ENERGÉTICOS NATURAIS

A turfa é o estágio inicial da formação do carvão. As turfeiras, como


são chamados os depósitos de turfa, ocorrem em áreas alagadas ou pantanosas
e apresentam cor escura e material compacto, ainda com restos vegetais não
carbonificados. Apesar de substituir o carvão em algumas aplicações, o poder
calorífico é bastante baixo, pois é um material relativamente jovem em termos
geológicos, o que é verificado pelo teor de carbono que o material apresenta
(TOSATTO, 2005).

O linhito é um estágio mais avançado da carbonização, o material ainda


apresenta características da estrutura lenhosa original. A cor, em geral, é parda
ou negra, com textura mais compacta e densa que a turfa (TOSATTO, 2005).

A hulha é uma forma mais madura do carvão mineral do que o linhito


e a turfa. É um material de queima fácil, em geral tem aspecto compacto, pode
ser brilhoso ou fosco. É propriamente a pedra de carvão que se busca nas minas
(TOSATTO, 2005).

O antracito é a forma mais carbonizada do carvão, é duro, compacto e


possui alto teor calorífico, contém pouca matéria volátil e queima sem formar
chama. A hulha e o antracito são ricos em carbono e possuem elevado poder
calorífico (TOSATTO, 2005).

2.2 PETRÓLEO E GÁS


O petróleo, assim como o gás natural, é um combustível fóssil que se forma
na natureza em um lento processo de decomposição que demora alguns milhares
de anos, dessa forma, são recursos naturais não renováveis, ou seja, os estoques
são finitos. Diferente do carvão mineral que é sólido e, assim, considerado uma
rocha sedimentar do tipo carbonosa, o petróleo e o gás são fluidos oleosos e
vapor, respectivamente, logo é normal que não sejam considerados como rochas
sedimentares. Devem ser considerados como sedimentos orgânicos, uma vez que
sua origem ocorre através da diagênese desses materiais nos poros de rochas
sedimentares (PRESS et al., 2006).

NOTA

Poros são os espaços que ocorrem entre os grãos de sedimentos que formam
as rochas sedimentares. Podemos fazer uma comparação com um saco cheio de bolas,
considerando as bolas como grãos de sedimento e os espaços entre as bolas seriam os
poros.

133
UNIDADE 2 | TEMPO GEOLÓGICO: DA FORMAÇÃO DAS ROCHAS À EXPLORAÇÃO DAS JAZIDAS

de
autoativida

Atividade Prática – Entendendo a porosidade

Material:
Copo de vidro, areia e água.
Obs.: A areia deve estar seca.

Método:
Coloque a areia no copo de vidro, enchendo-o bem. Pressione a areia para que o copo fique
com a maior quantidade possível de areia. Quando o copo estiver bem cheio de areia e não
houver espaço para colocar mais, o copo estará cheio, correto? Então, com o copo cheio
de areia, vá adicionando lentamente a água.

Resultado esperado:
Ao adicionar a água lentamente, você passará a visualizar a água penetrando nos espaços
vazios entre os grãos e preenchendo os espaços que antes continham ar.

Concluindo:
Os minúsculos espaços vazios existentes entre os grãos permitem o armazenamento
de material fluido. Nas rochas sedimentares, que são formadas por grãos, esses espaços
vazios podem ser preenchidos por ar, água ou ainda por petróleo ou gás. Por isso as rochas
sedimentares são bastante importantes. No Brasil, existe um arenito que se estende até o
Paraguai e a Argentina, que é uma rocha sedimentar batizada de arenito Botucatu. Nos
poros do arenito Botucatu estão armazenados milhões de litros de água, formando um dos
maiores reservatórios de água doce do mundo. Nos reservatórios de petróleo, o fluido será
o óleo e o gás.

O petróleo e o gás natural são compostos por hidrogênio e carbono. Por


conta dessa composição, ambos são denominados hidrocarbonetos. São originados
a partir da decomposição de matéria orgânica proveniente da deposição dos
restos de microrganismos depositados geralmente no fundo oceânico, mas
também pode ocorrer a deposição em fundo de lagos. Como são ambientes
com baixas concentrações de oxigênio, a decomposição dessa matéria orgânica
se dá de forma diferenciada. Quando soterrados por camadas de sedimentos,
que por consequência leva ao aumento da pressão devido ao peso das camadas
sobrejacentes, resulta no aquecimento dessa camada orgânica, e a consequência é
a formação do petróleo e do gás (WICANDER; MONROE, 2009).

A temperatura do período de formação é um fator determinante da


qualidade do petróleo. No processo de maturação dos hidrocarbonetos, o ideal é
o ambiente onde as temperaturas nas rochas em que o petróleo é formado fiquem
entre 60 °C e 140 °C, assim haverá um petróleo maturado e de boa qualidade.
Essas áreas são denominadas de zonas maturadas. Quando as temperaturas
são mais baixas, entre 20 °C e 60 °C, será uma zona imatura, e o petróleo ali
encontrado também. Sendo encontrado petróleo imaturo, logo será uma zona
imatura. Quando as temperaturas ultrapassarem os 140 °C, o petróleo (ou seja, as

134
TÓPICO 4 | RECURSOS ENERGÉTICOS NATURAIS

moléculas de hidrocarbonetos pesados) não estará mais presente e restará apenas


o gás metano (POPP, 2010).

É importante entender que a formação do petróleo e do gás ocorrerá


nos ambientes onde o suprimento de oxigênio não é suficiente para permitir a
decomposição da matéria orgânica. Nos fundos oceânicos e de lagos, naturalmente
a disponibilidade de oxigênio já é menor, associado então à deposição de matéria
orgânica a ser decomposta com a sedimentação de forma rápida, criando novas
camadas sobrejacentes. A camada soterrada com presença de matéria orgânica
apresentará baixos níveis de oxigênio, o que torna ainda mais lenta a decomposição
devido à insuficiência de oxigênio. Após milhões de anos de soterramento, nas
temperaturas adequadas, as reações químicas que vão ocorrendo ao longo do
tempo transformam parte do material orgânico em hidrocarbonetos, que são
compostos de hidrogênio e carbono (PRESS et al., 2006).

Depois de formados, os hidrocarbonetos tendem a migrar para outras


rochas, onde se acumulam. Essa migração ocorre devido à pressão que se dá
ao acúmulo do gás e aos movimentos tectônicos que modificam a estrutura das
rochas nas camadas geradoras e, assim, criam interstícios (pequenas fissuras) na
rocha, através dos quais o gás migra levando consigo o petróleo. Outro fator que
leva à migração é a invasão da camada geradora por água através dos interstícios,
uma vez que devido à diferença de densidade, a água ficará embaixo e o petróleo
e o gás subirão. Devido à densidade é que o gás sempre fica acima do petróleo,
que por sua vez sempre ficará sobre a água (POPP, 2010).

O calor que ocorre nessas camadas, onde se formam o petróleo e o gás,


também atua no aumento da pressão, uma vez que quanto maior a temperatura,
mais os gases se expandem, elevando a pressão interna. A pressão interna também
é afetada pelo peso das novas camadas de sedimento que seguem a se depositar,
formando novas capas sobrejacentes e assim tendem a diminuir os espaços entre
os grãos, aumentando a pressão, forçando o petróleo e o gás a migrarem em busca
de espaço, assim como a capilaridade da rocha, que associada à tensão superficial
da água, que é bem mais intensa do que o petróleo e o gás, tende a expelir os
hidrocarbonetos para rochas com granulação mais grosseira, pois os poros são
maiores (POPP, 2010).

A migração do petróleo e do gás, através da capilaridade e dos interstícios


ou fraturas da rocha, seguirá até que fique encurralado em uma armadilha,
também denominada de “trapa”, trata-se de uma camada impermeável que
os retém (POPP, 2010). As armadilhas de petróleo podem se formar devido a
alterações estruturais em camadas de rochas impermeáveis, como o folhelho,
sobre uma camada de rocha permeável, como o arenito, dispondo o gás na
parte superior mais próxima da camada impermeável, logo abaixo o petróleo é
encontrado flutuando sobre a água subterrânea que ocupou os poros do arenito
(PRESS et al., 2006).

135
UNIDADE 2 | TEMPO GEOLÓGICO: DA FORMAÇÃO DAS ROCHAS À EXPLORAÇÃO DAS JAZIDAS

Outra forma de armadilha é quando ocorre uma discordância angular ou


um deslocamento em uma falha geológica. Nesses casos pode haver, por exemplo,
a disposição de uma camada mergulhante de calcário permeável ao lado de uma
camada de rocha impermeável, como o folhelho, o que cria então uma armadilha
para o petróleo e gás (PRESS et al., 2006).

Outra forma de retenção natural do petróleo e gás são as armadilhas


estratigráficas, que ocorrem por conta da sedimentação que sobrepõe outra
camada. É um padrão sedimentar, por exemplo, quando uma camada mergulhante
de arenito, que é permeável, fica mais estreita quando entra em contato com
folhelhos impermeáveis. As armadilhas também podem ser constituídas pelos
domos de sal que formam uma estrutura impermeável (PRESS et al., 2006).

DICAS

Para visualizar e compreender melhor como se forma uma armadilha de petróleo


e gás, assista ao vídeo disponível no link <https://www.youtube.com/watch?feature=player_
embedded&v=w9Vj0jjd4ms>.

Existem armadilhas de petróleo no subsolo de todo o planeta, porém


apenas uma pequena parte delas contém hidrocarbonetos retidos. A explicação
é simples: não basta existir as condições ideais da armadilha, também é preciso
que próxima a essas armadilhas existam as rochas com camadas geradoras de
petróleo e gás (PRESS et al., 2006).

E
IMPORTANT

Os hidrocarbonetos são caracterizados por misturas de compostos orgânicos


(moléculas de carbono e hidrogênio), que formam petróleo e gás. Os aspectos da formação
desses depósitos diferem entre si nas características físico-químicas em variadas misturas
que conferem características únicas em cada depósito. Diferente do carvão, que é sólido,
o petróleo pode ser considerado um mineral líquido, ou ainda como um mineraloide
combustível.

Alguns estudos apontam que existem reservas para mais 50 anos de


exploração, outros estudos indicam que os estoques podem durar mais 70 anos.
Muitas controvérsias são encontradas acerca dessas informações, todavia um
ponto em comum é que se trata de um estoque finito e que, mantidos os padrões

136
TÓPICO 4 | RECURSOS ENERGÉTICOS NATURAIS

atuais de consumo desse recurso, os estoques acabarão ainda no século XXI.


Apesar das teorias sobre o fim do petróleo, atualmente é o principal combustível
utilizado na maioria dos países do mundo.

FIGURA 35 – ESQUEMA DAS CAMADAS DE SAL INDICATIVAS DA PRESEN-


ÇA DE PETRÓLEO E GÁS

FONTE: Disponível em: <http://www.petrobras.com.br/pt/nossas-ativida-


des/areas-de-atuacao/exploracao-e-producao-de-petroleo-e-gas/
pre-sal/>. Acesso em: 19 set. 2017.

A principal fonte de combustível dos veículos que circulam no mundo,


seja na terra, no ar ou no mar, são derivados de petróleo, mas precisamos ir mais
longe na análise da relação que a sociedade moderna tem com o petróleo. Os
subprodutos gerados a partir do petróleo são tão comuns que muitas vezes não
nos damos conta da origem. Podemos citar, como exemplos de derivados de
petróleo, o gás de cozinha, os lubrificantes, os plásticos, as borrachas, as tintas, os
tecidos sintéticos e mesmo parte da energia elétrica (GAUTO, 2011).

137
UNIDADE 2 | TEMPO GEOLÓGICO: DA FORMAÇÃO DAS ROCHAS À EXPLORAÇÃO DAS JAZIDAS

2.2.1 Estoques mundiais de petróleo


As reservas mundiais de petróleo, com existência comprovada, atingiram
em 2015 a marca de 1,7 trilhão de barris. Sendo no Oriente Médio onde se
encontram as maiores reservas do mundo, com algo em torno de 803 bilhões de
barris, que é cerca de 47% de todo o petróleo do mundo. Quando analisamos as
reservas de cada país e consideramos as descobertas de petróleo, na última década
a Venezuela vem despontando e ultrapassou a Arábia Saudita, sendo atualmente
o país que possui as maiores reservas de petróleo do mundo (BRASIL, 2016). As
descobertas das reservas venezuelanas podem explicar em boa parte as tensões
geopolíticas que envolvem a Venezuela, agora detentora do maior estoque
mundial, e os Estados Unidos da América, o maior consumidor de petróleo do
mundo, envolvido em vários conflitos bélicos em países com grandes estoques
de petróleo.

Conforme dados divulgados pela OPEC (Organization of the Petroleum


Exporting Contries), ou em português OPEP (Organização dos Países Exportadores
de Petróleo), no boletim anual de 2017, o consumo mundial de petróleo subiu
1,6% em 2016 e 1,2% em 2015, em relação à média dos últimos 10 anos, sendo
que a China e a Índia foram os países que mais contribuíram para a elevação do
consumo (OPEC, 2017). Devemos ter em mente a participação do Brasil na lista
dos países com as maiores reservas de petróleo, bem como na lista dos grandes
consumidores desse recurso natural, o que coloca o país em destaque no cenário
mundial dos combustíveis fósseis.

FIGURA 36 – RESERVAS MUNDIAIS DE PETRÓLEO BRUTO COMPROVADAS POR PAÍS

FONTE: Adaptado de OPEC (2017)

138
TÓPICO 4 | RECURSOS ENERGÉTICOS NATURAIS

2.2.2 Petróleo brasileiro


As estimativas trazidas pelo governo brasileiro, no ano de 2015, no
plano decenal de expansão de energia para 2024, apresentam as perspectivas
de exploração não só do petróleo, mas também de outras fontes de energia. A
produção nacional de petróleo, que em 2015 era de 2,5 milhões de barris por dia,
salta para 4 milhões de barris em 2020, atingindo 5,3 milhões de barris por dia
em 2028.

FIGURA 37 – PREVISÃO DA PRODUÇÃO BRASILEIRA DE PETRÓLEO (2015-2024)

FONTE: Brasil (2015, p. 244)

139
UNIDADE 2 | TEMPO GEOLÓGICO: DA FORMAÇÃO DAS ROCHAS À EXPLORAÇÃO DAS JAZIDAS

FIGURA 38 – PRINCIPAIS ÁREAS DE PROSPECÇÃO E EXPLORAÇÃO DO PETRÓLEO BRASILEIRO

FONTE: Brasil (2015, p. 241)

3 XISTO BETUMINOSO – ÓLEO E GÁS DE FONTE NÃO


CONVENCIONAL
Muito se tem falado em gás de xisto betuminoso, porém xisto é um
termo geologicamente incorreto, que vem sendo empregado genericamente para
designar rochas sedimentares que contenham querogênio em sua estrutura, que
é um complexo orgânico que pode ser transformado em óleo e gás (POPP, 2010).
Também tem se falado sobre o gás de xisto como alternativa para a exploração de
gás, todavia a extração do gás de xisto se dá diretamente na rocha geradora através
do faturamento hidráulico pelo método de fracking. Este método utiliza água sob
pressão junto a outros gases que são injetados em fraturas criadas no subsolo
para a extração do gás. Essa água volta à superfície altamente contaminada e
também pode contaminar as águas subterrâneas dos aquíferos.

140
TÓPICO 4 | RECURSOS ENERGÉTICOS NATURAIS

É importante destacar que, no Brasil, a ocorrência desse gás não está


no xisto, mas em um tipo de rocha que apresenta as características estruturais
querogênicas. São rochas de cor cinza-escuro a negra e a denominação
geológica dessas rochas com gás, que ocorrem no território nacional, é folhelho
pirobetuminoso (POPP, 2010).

DICAS

Para conhecer mais sobre a extração do gás não convencional, assista ao


programa produzido pela TV Futura. O vídeo está disponível no link <https://www.youtube.
com/watch?v=z1SjIoC5N7I>.

No Brasil, diversas áreas possuem reservatórios desse gás não


convencional, porém a extração ocorre por um método bastante controverso,
por conta dos grandes riscos de contaminação dos reservatórios subterrâneos
de água. Muitos grupos, especialmente de ambientalistas e de agricultores,
estão preocupados com os possíveis prejuízos ambientais que a exploração
pode causar. Uma preocupação muito grande desses grupos é o fato de que a
localização de muitas reservas de gás de xisto no Brasil coincidir com as áreas de
aquíferos, inclusive com o Aquífero Guarani, o maior reservatório de água doce
subterrâneo do mundo, e também o Aquífero Serra Geral, outro grande aquífero
do território nacional e de extrema importância para o abastecimento de água
para a agricultura irrigada do Estado do Paraná.

O folhelho pirobetuminoso, da Bacia do Paraná, foi descoberto no início


da década de 1990 pela Petrobras, que constatou a presença do óleo querogênico e
iniciou a exploração desse recurso natural. Em 2014, a extração média diária desse
recurso foi de 2.895 barris de petróleo e 104.700 m3 (ANP, 2014 apud BRASIL,
2015). Atualmente, outras áreas com potencial exploratório já foram identificadas
em território nacional, conforme podemos observar no mapa a seguir, porém
ainda existem muitas dúvidas e incertezas tanto no quesito técnico da exploração,
quanto no quesito de segurança de operação e também sobre os riscos ao meio
ambiente (BRASIL, 2015).

141
UNIDADE 2 | TEMPO GEOLÓGICO: DA FORMAÇÃO DAS ROCHAS À EXPLORAÇÃO DAS JAZIDAS

FIGURA 39 – MAPA DAS ÁREAS COM POTENCIAL EXISTÊNCIA DE RECURSOS NÃO CONVEN-
CIONAIS DE ÓLEO E GÁS

Gás
Petróleo
Petróleo e Gás
Bacia Sedimentar
Embasamento

FONTE: Brasil (2015, p. 256)

4 GEOLOGIA E MEIO AMBIENTE


A Geologia é a ciência que estuda os processos e os constituintes que
ocorrem no interior e na superfície do planeta Terra. Através do acúmulo de
evidências nos registros geológicos foi possível, por exemplo, reconstruir parte
dos 4,5 bilhões de anos da história do planeta Terra a partir de informações
encontradas nas próprias rochas.

Os estudos de geologia envolvem outras disciplinas, como a química, que


faz a parte da geologia que estuda a estrutura dos elementos que constituem as
diferentes rochas; ou a geofísica, que explora o subsolo em busca de recursos
minerais, como água, petróleo, carvão, entre outros produtos; ou ainda a física,

142
TÓPICO 4 | RECURSOS ENERGÉTICOS NATURAIS

que estuda, entre outras coisas, os movimentos das partículas; ou mesmo a


economia, o direito e também a geografia. Enfim, são tantas possibilidades, que
se formos passar uma a uma, ficaríamos um tempo considerável lendo aqui.

NOTA

Temas relacionados com recursos naturais são presença constante nas escolas.
A interdisciplinaridade deve ser estimulada, planejada e executada pelos professores, pois as
possibilidades de interação entre as disciplinas são muitas. A disciplina de Geografia pode
assumir um papel central na interdisciplinaridade, mediando conteúdos, lógico que isso
dependerá não só de um, mas do grupo de professores que atuam na mesma escola.

Muitas pessoas esquecem que a relação que temos com o planeta Terra
é de dependência, devemos ter em mente que a cada segundo a humanidade
consome uma parcela do planeta, precisamos lembrar disso antes de optarmos
por comprar algo descartável. É fundamental ter em mente o fato de que “quase
tudo que usamos vem da Terra – os metais, a pedra e o cimento para construção
civil, a areia com que fabricamos vidros e transistores” (PRESS et al., 2006).
Assim, o acesso a esses recursos minerais que estão presentes em nosso dia a dia
depende da atuação dos geólogos na exploração das jazidas.

Os recursos naturais são produtos resultantes da dinâmica do planeta


Terra, que podem ser classificados em renováveis ou não renováveis. No grupo
de recursos naturais renováveis encontramos os recursos que são enviados
constantemente à Terra, como a energia solar, e por consequência a energia eólica,
ou ainda os recursos que têm capacidade de se renovarem em uma velocidade
mais rápida do que a velocidade do consumo desse recurso.

O ser humano é capaz de simular o ciclo natural fazendo a produção


ser suficiente para tentar atender à demanda, como acontece com a madeira de
reflorestamento ou em manejo florestal.

TURO S
ESTUDOS FU

Temos também os recursos animais e vegetais, mas vamos estudar em outra


disciplina, nesta, vamos nos concentrar nos recursos naturais não renováveis.

143
UNIDADE 2 | TEMPO GEOLÓGICO: DA FORMAÇÃO DAS ROCHAS À EXPLORAÇÃO DAS JAZIDAS

Os recursos naturais não renováveis são aqueles que, uma vez consumidos,
não voltam a ser repostos pela natureza, pelo menos não na escala de existência
da humanidade. As jazidas de ferro e cobre, por exemplo, podem ser classificadas
como recursos naturais não renováveis, assim como o petróleo e o carvão mineral.

A água, assim como o carvão mineral e o petróleo, tem capacidade de


renovação, apesar de o tempo de renovação do carvão mineral e do petróleo ser
maior do que a humanidade já pode viver no planeta. No caso da água, o tempo
de renovação é bem menor, mas também é extremamente limitado, o que coloca
questões sobre o consumo e a capacidade humana de sustentar o modo de vida
moderno no contexto das discussões sobre sustentabilidade.

Como já vimos, os recursos naturais não renováveis são todos os recursos


que, uma vez explorados, não haverá mais reposição desse material, por exemplo,
ouro, cobre, ferro, manganês, nióbio, urânio, calcário, petróleo, carvão mineral,
gás natural e tantos outros elementos que extraímos do planeta Terra e, muitas
vezes, consumimos sem nos darmos conta de que talvez estejamos exaurindo
uma parte do nosso planeta. É daqui debaixo de nossos pés a origem dos recursos
que utilizamos, por isso nosso consumo deve ser consciente e responsável.

ATENCAO

Quantos recursos naturais você está utilizando neste momento? Tente perceber
em você mesmo esses recursos naturais que está utilizando e que foram extraídos do subsolo
do planeta Terra. Considere nesse momento todos os produtos e subprodutos, como tintas,
lubrificantes, combustíveis, plásticos, tecidos sintéticos, canetas, computadores, rádios,
telefones, óculos, bicicletas, enfim, qualquer que seja o produto que você esteja utilizando,
nesse produto haverá, muito provavelmente, pelo menos um derivado de petróleo.

5 A EXPLORAÇÃO DAS JAZIDAS, A MANUFATURA


REVERSA E A CONSERVAÇÃO DE RECURSOS
De forma geral, as jazidas de recursos minerais estão encravadas no subsolo.
A exploração desses recursos requer a retirada da vegetação da superfície do local
a ser explorado, por vezes ocorre a contaminação da água na bacia hidrográfica
envolvida. Muitas jazidas possuem grandes volumes de descartes de material
que contaminam o meio ambiente e prejudicam a saúde de muitas pessoas. Temos
assistido a tragédias ambientais constantes, mas nada antes ocorrido no Brasil
pode ser comparado ao rompimento da barragem de rejeito de mineração que
arrasou a cidade de Mariana-MG, em novembro de 2015. A lama que devastou
a localidade, além de causar diversas mortes, o que por si só já é uma imensa
tragédia, continuou seu rastro de destruição pelo rio Doce, que a escoou através

144
TÓPICO 4 | RECURSOS ENERGÉTICOS NATURAIS

do Estado do Espírito Santo, espalhando a contaminação, afetando o ecossistema


do rio e alterando a vida em torno deste. A lama contaminada chegou até o mar,
causou impactos ambientais que foram oficialmente pouco avaliados. Muitas
organizações não governamentais lutam para tentar recuperar o meio ambiente,
enquanto os responsáveis têm multas suspensas e punições brandas. Enquanto a
poeira que se forma da lama seca sobe para o ar e agora contamina a atmosfera. A
tragédia de Mariana foi o maior desastre do tipo já ocorrido no mundo.

DICAS

Para saber mais sobre a tragédia de Mariana-MG, uma busca simples na internet
levará você ao encontro de imagens que poderiam ter sido evitadas. A Rádio Câmara
produziu um programa especial com dez blocos sobre o tema. Os áudios estão disponíveis
na página da rádio. Você pode acessar o programa através do link <http://www2.camara.
leg.br/camaranoticias/radio/materias/REPORTAGEM-ESPECIAL/520601-TRAGEDIA-EM-
MARIANA-(MG)-COMO-TUDO-ACONTECEU-BLOCO-1.html>.

Existem leis, resoluções, instruções normativas e determinações dos


órgãos ambientais que zelam pelo patrimônio natural do país. Precisamos
considerar que consumimos recursos finitos, com quantidades limitadas. Muito
se fala em preservar, mas quanto realmente cada um faz em prol da conservação
dos recursos naturais do planeta? Ficamos com este questionamento em aberto.
Nesse momento você não precisa responder para ninguém, mas pode refletir
sobre o assunto.

Não se trata de uma reflexão a ser feita apenas entre professores e alunos
dentro da sala de aula, é uma discussão que precisa, mais do que nunca, ganhar
as ruas, as esquinas, fazer parte dos assuntos cotidianos das famílias. Assim a
escola, em especial, na aula de Geografia, também deve tratar desse tema. É uma
questão muito maior, pois aborda o futuro do planeta, logo, trata do nosso futuro.

As possibilidades de preservação e manutenção dos recursos devem


ser debatidas por toda a sociedade. Trata-se de uma boa reflexão, pois afinal
de contas, já temos o conhecimento de que alguns recursos, como o petróleo,
podem se exaurir daqui a alguns anos e ainda assim continuamos a consumir
esse recurso como se existisse um estoque infinito. A lógica capitalista pensa nos
lucros instantâneos, na exploração total do recurso. Enquanto houver procura,
haverá exploração. As demandas atuais de consumo, talvez dominadas pela
cultura do produto descartável, vêm impondo à sociedade desde o advento dos
plásticos e demais derivados de petróleo uma certa dependência do descartável.
Atualmente, o pensamento de que o consumo deve ser consciente, de que

145
UNIDADE 2 | TEMPO GEOLÓGICO: DA FORMAÇÃO DAS ROCHAS À EXPLORAÇÃO DAS JAZIDAS

cada cidadão é responsável pelo resíduo que produz, traz a reflexão de que é
necessário diminuir e tratar adequadamente os resíduos gerados, entre tantos
outros pensamentos que passam cada vez mais a despertar nas pessoas uma
responsabilidade individual.

Com os avanços recentes e a popularização das tecnologias, nos deparamos


cada vez mais com o consumo desenfreado, com a desculpa de que é uma nova
tecnologia, de que é necessário ter o aparelho do modelo do ano, o carro do ano,
roupas novas, pois a cada estação a moda exige, e assim vamos consumindo
nossos recursos, exaurindo nosso planeta.

Dar um destino adequado a equipamentos eletrônicos, como tablets,


computadores, e até mesmo eletrodomésticos e brinquedos que não servem
mais aos seus donos, é uma prática que, apesar de tímida, já tem seus adeptos.
O processo de manufatura reversa consiste basicamente em fazer o produto
retornar à cadeia produtiva, separando plásticos, metais, transistores, placas, fios
e demais materiais de cada produto, para serem enviados à reciclagem e serem
reaproveitados. Esses produtos que podem parecer sucata, depois de passar pelo
processo da manufatura reversa, voltam a se tornar matéria-prima para outros
produtos.

146
TÓPICO 4 | RECURSOS ENERGÉTICOS NATURAIS

LEITURA COMPLEMENTAR

PRÉ-SAL

As descobertas no pré-sal estão entre as mais importantes em todo o mundo


na última década. A província pré-sal é composta por grandes acumulações de óleo
leve, de excelente qualidade e com alto valor comercial. É uma realidade que nos
coloca em uma posição estratégica frente à grande demanda de energia mundial.
A produção diária de petróleo no pré-sal passou da média de aproximadamente
41 mil barris por dia, em 2010, para o patamar de 1 milhão de barris por dia em
meados de 2016. Um crescimento de quase 24 vezes. Para descobrir essas reservas
e operar com eficiência em águas ultraprofundas, desenvolvemos tecnologia
própria e atuamos em parceria com fornecedores, universidades e centros de
pesquisa. Contratamos sondas de perfuração, plataformas de produção, navios,
submarinos, com recursos que movimentam toda a cadeia da indústria de energia.
Pelas tecnologias pioneiras que desenvolvemos para o pré-sal, recebemos em
2015, pela terceira vez, o OTC (Distinguished Achievement Award for Companies,
Organizations, and Institutions), o maior reconhecimento tecnológico que uma
empresa de petróleo pode receber como operadora offshore.

Importantes conquistas

A marca de 1 milhão de barris de petróleo por dia no pré-sal foi atingida


em menos de dez anos depois da primeira descoberta nessa camada geológica
e apenas dois anos depois de alcançarmos, ali, 500 mil barris diários, em 2014.
Uma comparação com o nosso próprio histórico de produção dá a dimensão
desse resultado: foram necessários 45 anos, a partir da sua criação, para que nossa
empresa alcançasse, em 1998, a produção do primeiro milhão de barris de petróleo.
Esse crescimento acelerado da produção comprova a alta produtividade dos
poços em operação no pré-sal e representa uma marca significativa na indústria
do petróleo, especialmente porque os campos se situam em águas profundas e
ultraprofundas.

Um dado que mostra, comparativamente, a alta produtividade do pré-sal,


é que a companhia precisou, em 1984, de 4.108 poços produtores para chegar à
marca de 500 mil barris diários. No pré-sal, chegamos ao dobro desse volume de
produção com a contribuição de apenas 52 poços. O volume expressivo produzido
por poço no pré-sal da Bacia de Santos, em torno de 25 mil barris de petróleo por
dia, está muito acima da média da indústria. Dos dez poços com maior produção
no Brasil, nove estão localizados nessa área. O mais produtivo está no campo de
Lula, com vazão média diária de 36 mil barris de petróleo por dia.

Temos perfurado poços no pré-sal em tempo cada vez menor, sem abrir
mão das melhores práticas mundiais de segurança operacional. O tempo médio
para construção de um poço marítimo no pré-sal da Bacia de Santos era, até 2010,
de aproximadamente 310 dias. Com o avanço no conhecimento da geologia, a

147
UNIDADE 2 | TEMPO GEOLÓGICO: DA FORMAÇÃO DAS ROCHAS À EXPLORAÇÃO DAS JAZIDAS

introdução de tecnologias de ponta e o aumento da eficiência dos projetos, em


2015 esse tempo baixou para 128 dias; e nos primeiros cinco meses de 2016, para
89 dias. Uma redução de 71%. Por conta do conhecimento acumulado em nossas
operações e da inovação tecnológica, o custo médio de extração do petróleo do
pré-sal vem sendo reduzido gradativamente ao longo dos últimos anos. Passou
de US$ 9,1 por barril de óleo equivalente (óleo + gás) em 2014, para US$ 8,3 em
2015, e atingiu um valor inferior a US$ 8 por barril no primeiro trimestre de 2016.

Aprimoramento da indústria de bens e serviços

O volume de negócios gerado pelo pré-sal é um vetor que impulsiona


o aprimoramento da cadeia de bens e serviços, aportando tecnologias,
conhecimento, capacitação profissional e oportunidades para a indústria. A
superação dos desafios tecnológicos na indústria do petróleo, em sua maioria, é
obtida a partir da associação de esforços entre as equipes técnicas das operadoras
e dos fornecedores, muitas vezes apoiadas por estudiosos e pesquisadores das
universidades e centros de tecnologias. O desenvolvimento do pré-sal induziu
a vinda, para o Brasil, de centros de pesquisa de grandes fornecedores e uma
política de conteúdo nacional que privilegie a competitividade, associada às
oportunidades de desenvolvimento que serão geradas com a superação dos
desafios que teremos pela frente. Além disso, pode alavancar grandes conquistas
de conhecimento. É importante salientar que a Petrobras continuará considerando
em seus projetos a capacidade competitiva da indústria nacional de bens e
serviços.

Entenda como foi formado o pré-sal

O pré-sal é uma sequência de rochas sedimentares formadas há mais


de 100 milhões de anos no espaço geográfico, criado pela separação do antigo
continente Gondwana, mais especificamente, pela separação dos atuais
continentes Americano e Africano, que começou há cerca de 150 milhões de anos.
Entre os dois continentes formaram-se, inicialmente, grandes depressões, que
deram origem a grandes lagos. Ali foram depositadas, ao longo de milhões de
anos, as rochas geradoras de petróleo do pré-sal.

Como todos os rios dos continentes que se separavam corriam para as


regiões mais baixas, grandes volumes de matéria orgânica foram ali se depositando.
À medida que os continentes se distanciavam, os materiais orgânicos, então
acumulados nesse novo espaço, foram sendo cobertos pelas águas do Oceano
Atlântico, que então se formava. Dava-se início, ali, à formação de uma camada
de sal que atualmente chega até 2 mil metros de espessura. Essa camada de sal
depositou-se sobre a matéria orgânica acumulada, retendo-a por milhões de
anos, até que processos termoquímicos a transformassem em hidrocarbonetos
(petróleo e gás natural).

148
TÓPICO 4 | RECURSOS ENERGÉTICOS NATURAIS

No atual contexto exploratório brasileiro, a possibilidade de ocorrência do


conjunto de rochas com potencial para gerar e acumular petróleo na camada pré-
sal encontra-se na chamada província pré-sal, um polígono de aproximadamente
800 km de extensão por 200 km de largura, no litoral entre os estados de Santa
Catarina e Espírito Santo. As jazidas dessa província ficam a 300 km da região
Sudeste, que concentra 58,2% do Produto Interno Bruto (soma de toda a produção
de bens e serviços do país). A área total da província do pré-sal (149 mil km2)
corresponde a quase três vezes e meia o Estado do Rio de Janeiro.

FONTE: Disponível em: <http://www.petrobras.com.br/pt/nossas-atividades/areas-de-atuacao/


exploracao-e-producao-de-petroleo-e-gas/pre-sal/>. Acesso em: 19 set. 2017.

149
RESUMO DO TÓPICO 4
Neste tópico, você aprendeu que:

• Recursos naturais podem ser renováveis e não renováveis. Todos os produtos


e materiais que utilizamos em nosso dia a dia são provenientes da natureza, e
um dos recursos mais explorados são os combustíveis fósseis.

• As rochas carbonosas, que são um tipo de rocha sedimentar com elevado teor
de matéria orgânica, proveniente do soterramento de antigas florestas, dão
origem aos diferentes tipos de carvão mineral. A turfa é o estágio inicial da
formação do carvão; linhito, hulha e antracito são formas mais maduras do
carvão mineral.

• O petróleo e o gás natural também são originados da decomposição de


material orgânico depositado no fundo de oceanos, mares e lagos, apesar de
não serem propriamente rochas, são considerados sedimentos orgânicos e
também são considerados, por alguns autores, como minerais líquidos. São
compostos basicamente por hidrogênio e carbono, por isso são denominados
hidrocarbonetos.

• A temperatura no ambiente de formação pode definir a qualidade e o tipo


do hidrocarboneto encontrado. Conforme os hidrocarbonetos são formados
nas camadas geradoras, a pressão também criada nessas camadas expulsa o
petróleo e o gás para outras camadas, até que se acumulem onde a estratigrafia
apresenta a formação das armadilhas de petróleo, que é onde são perfurados
os poços para extração dos hidrocarbonetos.

• As reservas de petróleo ao redor do mundo são estimadas para durar algo


entre 50 e 70 anos antes de se exaurirem, mas existem muitas controvérsias
nessas previsões. A Venezuela atualmente despontou como a nação com a
maior reserva do mundo desses recursos, seguida pela Arábia Saudita, já os
Estado Unidos despontam como os maiores consumidores de petróleo do
mundo.

• O Brasil aparece com a 14° maior reserva de petróleo do mundo, o que nos
coloca em destaque mundial devido a esse grande volume de nossas reservas.
Nos planos do governo brasileiro, publicados em 2015, a pretensão é de que
até 2024 a produção do nosso petróleo bruto tenha dobrado.

• Além dos reservatórios convencionais de petróleo e gás, retidos em armadilhas


naturais, no início dos anos de 1990 foram descobertas reservas de petróleo
querogênico, em camadas de folhelho betuminoso. Para extrair esse material a
exploração é bem mais complexa, através do método de faturamento (fracking).

150
Esse método ainda é bastante contestado por ambientalistas, devido aos riscos
para o meio ambiente, principalmente o risco de contaminação dos aquíferos,
o que fez agricultores e ambientalistas se unirem na causa em comum.

• O estudo da Geologia é muito importante para a exploração dos recursos


naturais do planeta, pois é através dos conhecimentos em Geologia que a
extração poderá ser feita de maneira segura e sustentável. Devemos sempre
ter em mente que tudo o que utilizamos e consumimos tem origem natural.

• Leis e normas ambientais devem ser pensadas e cumpridas em prol da


coletividade, pois todos utilizamos os recursos naturais e também todos nós
temos compromisso com a preservação dos recursos do planeta Terra, e as
práticas de reciclagem devem sempre ser estimuladas.

151
AUTOATIVIDADE

1 Os recursos naturais do planeta Terra podem ser divididos em renováveis e


não renováveis. Disserte sobre a importância de se estabelecer um equilíbrio
entre a exploração dos recursos naturais e a preservação do meio ambiente
frente às demandas do modo de vida moderno que privilegia o descartável
frente ao reutilizável.

2 O ciclo hidrológico, que é impulsionado pela energia solar, apresenta


a água como um elemento fundamental para a ocorrência do ciclo das
rochas, destacando o dito popular “água mole, em pedra dura, tanto bate
até que fura!”. Explique a importância da água no intemperismo, listando e
explicando os processos que envolvem a água no ciclo das rochas.

152
UNIDADE 3

FENÔMENOS GEOLÓGICOS

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• compreender os principais fundamentos da geologia, sua função como ci-


ência;

• desenvolver a habilidade de relacionar e identificar diferentes fenômenos


geológicos que promovem mudanças significativas na superfície terrestre;

• compreender os conceitos da ciência geológica e seus impactos na superfí-


cie da Terra;

• entender e relacionar os principais conceitos dos fenômenos geológicos e a


relação com a formação do relevo terrestre;

• compreender a dinâmica dos eventos geológicos sobre a Terra;

• analisar os diferentes impactos internos e externos, bem como seus efeitos


sobre a superfície terrestre.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em quatro tópicos de conteúdos. No decorrer da
unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conte-
údo apresentado.

TÓPICO 1 – TECTONISMO

TÓPICO 2 – VULCANISMO

TÓPICO 3 – SISMOS E TSUNAMIS

TÓPICO 4 – CROSTA TERRESTRE E AS INTERAÇÕES PARA A


FORMAÇÃO DE SOLOS

153
154
UNIDADE 3
TÓPICO 1

TECTONISMO

1 INTRODUÇÃO
Desde sua origem há 4,56 bilhões de anos, a Terra passou por inúmeras
mudanças, transformações em suas feições e aspectos geológicos. Mesmo
com aparente estabilidade, os continentes realizam movimentos constantes,
movimentos que podem levá-los a uma separação, permitindo que cordilheiras
apareçam e outras sejam extintas.

Estes fenômenos, por mais impactantes que sejam, fazem parte do ciclo
geológico natural. São processos lentos, imperceptíveis, muitas vezes. Já outros
são de grandes magnitudes, abruptos, rápidos e devastadores. Alguns desastres,
como tsunamis, erupções vulcânicas, terremotos, são exemplos claros da dinâmica
interna da Terra presente nos processos de transformações da superfície de nosso
planeta.

A Terra, desde sua formação, pode ser considerada um “organismo


vivo” (Teoria de Gaia, defendida por Lovelock em 1972). Esta teoria se sustenta
afirmando que a Terra mantém sua dinâmica constante, todos os elementos da
natureza interagem e se completam. Assim como as transformações na crosta são
progressivas e contínuas, os movimentos realizados no interior da crosta refletem
diretamente na superfície, onde comprovamos e percebemos as diferentes formas
de relevo da superfície.

2 PROCESSOS DE FORMAÇÃO DA CROSTA TERRESTRE


Entender o processo de formação da crosta terrestre é de fato inferir
pensamentos e refletir sobre todos os elementos que compõem a dinâmica
ocorrida em tempos passados, os períodos de formação, transformação, formas,
densidade, volume. São fatos geológicos estudados e que determinam fatores
conclusivos na fase de formação da crosta. Nesta seção vamos entender um pouco
mais sobre as evidências geológicas construídas ao longo desses períodos.

155
UNIDADE 3 | FENÔMENOS GEOLÓGICOS

2.1 A FORMAÇÃO DA CROSTA TERRESTRE


A crosta terrestre formou-se em longos períodos geológicos. Em seu estado
primitivo tinha a mesma massa e densidade, sua composição era uniforme. O
processo de formação sofreu inúmeras interferências químicas. Na Era Hadeana
a Terra iniciou sua formação, nuvens de fumaça, cinzas e fogo era o que existia
nesse momento, nas primeiras horas de formação da Terra. Um verdadeiro oceano
de rochas em ebulição e enxofre era o que se podia ver sobre a superfície da Terra.

Esse processo perdurou por um longo tempo. A superfície terrestre


começou a se resfriar e tomar forma com o passar do tempo. As temperaturas
eram elevadas em função da intensa atividade vulcânica, e os gases tóxicos
estavam presentes em grande quantidade (WICANDER; MONROE, 2016).

FIGURA 40 – A TERRA EM SEU MODO PRIMITIVO NA ERA HADEANA.


A SUPERFÍCIE COM GRANDE PRESENÇA DE GASES E
INTENSA ATIVIDADE VULCÂNICA, E AS ALTAS TEMPE-
RATURAS DIFICULTAVAM A FORMAÇÃO DE MASSAS
MAIS FIRMES

FONTE: Disponível em: <http://www.professorinterativo.com.br/


aval_on_line/02_AI2_text_quest/Trab_Inter29/iniciar.html>.
Acesso em: 4 nov. 2017.

156
TÓPICO 1 | TECTONISMO

FIGURA 41 – A SUPERFÍCIE DA TERRA EM ESTADO DE COMPLETA


EBULIÇÃO, GRANDE QUANTIDADE DE LAVA VULCÂNICA,
MATERIAL LÍQUIDO EM ABUNDÂNCIA COBRIAM TODA A
SUPERFÍCIE

FONTE: Disponível em:<http://brasilescola.uol.com.br/upload/e/terrapri-


mitiva.jpg>. Acesso em: 28 abr. 2017.

A solidificação dos materiais estava difícil, e assim como a formação das


rochas, as temperaturas elevadas não permitiam a solidificação de partículas.
As partículas que se resfriavam eram engolidas pelas chamas incandescentes e
soterradas no mar de chamas. A superfície extremamente quente estava repleta
de poeira e cinza, composta por nitrogênio, amônia, hidrogênio, monóxido de
carbono, metano e vapor de água, proveniente dos vulcões. A Era Hadeana durou
cerca de 700 milhões de anos. Foi uma das eras fundamentais para a geologia e a
formação da crosta terrestre.

A Era Arqueana iniciou-se após 700 milhões de anos da formação da Terra.


Nesta era, o progresso de formação da crosta ganha corpo. Muitos minerais vão
se fundindo ao serem resfriados; as rochas que se fundem vão formando imensos
blocos com densidade e volumes muito grandes; a água passa a ser condensada
através da dinâmica química, formando grandes lagos (oceanos). A configuração
da crosta toma forma e começam a surgir as evidências de uma camada com
aparência sólida que dão forma à superfície.

No princípio, até atingir o estado de fusão, a superfície da Terra possuía


densidade e volumes uniformes, passando por três estágios de formação até
formar as camadas internas da Terra, a divisão que conhecemos atualmente, com
manto, núcleo e crosta. Como destacam Wicander e Monroe (2016, p. 13):

A Terra primitiva tinha, provavelmente, composição e densidade


uniformes. Quando o aquecimento da Terra primitiva alcançou o
ponto de fusão do ferro e níquel, esses metais, por serem mais densos
que os minerais de silício, migraram para o centro da Terra. Ao mesmo
tempo, os minerais de silício de menor densidade fluíram para cima
formando o manto, e depois a crosta terrestre. Desta forma, a Terra
diferenciada se formou, consistindo em um núcleo denso de ferro-
níquel, um manto rico em silicato de ferro e uma crosta silicatada com
continentes e bacias oceânicas.

157
UNIDADE 3 | FENÔMENOS GEOLÓGICOS

A origem da Terra é fascinante, assim como toda sua formação, a dinâmica,


a perfeição dos eventos, os acontecimentos que antecederam até se consolidar
como planeta, permitindo a existência de vida. É uma jornada fantástica. As
camadas foram se formando lentamente. O núcleo estável se consolida e a partir
daí as demais camadas vão se formando até atingir a superfície. Foram longos
períodos, anos e anos até chegar ao atual estágio que conhecemos. Neste sentido,
fica fácil compreender as diferentes idades das camadas da Terra, partindo do
pressuposto de que as camadas mais antigas que foram formadas inicialmente
estão mais profundas em função dos diferentes períodos de formação, as camadas
mais jovens são as camadas menos profundas, formadas em decomposições e
acúmulos posteriores.

DICAS

O documentário “ A origem do planeta Terra”, produzido pela Natgeotv.com,


mostra o início de tudo, o universo, a formação da Lua, nosso principal satélite natural e
único. Mostra toda a formação dos continentes em sua mais completa dinâmica. Vale a
pena assistir, reforçará muito seus estudos.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=6eKH3btIUlo>.

2.2 ESCUDOS CONTINENTAIS


Os escudos continentais caracterizam-se por suas formações bem definidas.
São grandes massas estáveis, sua origem é proveniente das rochas mais antigas,
mantendo rigidez e firmeza ao longo dos períodos geológicos. Essas rochas são
do período pré-cambriano e datam de mais ou menos 600 milhões de anos. São
rochas muito antigas presentes em muitos dos atuais continentes que dividem os
hemisférios norte e sul (WICANDER; MONROE, 2016).

O registro geológico, principalmente da formação dos continentes,


escudos continentais, bacias sedimentares, escudos cristalinos ou maciços antigos,
apresenta grande complexidade e algumas divergências entre os aspectos físicos
e o estudo de sua formação. Atualmente, no campo científico, houve muita
evolução dos estudos conclusivos sobre a evolução da Terra, especialmente com
a ciência geológica, que nos permite importantes revelações tanto do tempo
passado quanto de previsões futuras, no que se refere à formação das diferentes
regiões superficiais do planeta Terra.

No entanto, muitas análises são inconclusivas ou um tanto quanto


duvidosas, devido a esse modo imprevisível da natureza se manifestar.
Entretanto, a ciência evolui de tal forma que nos permite desenvolver habilidades
de interpretação que abrem possibilidades para novos entendimentos no que

158
TÓPICO 1 | TECTONISMO

tange à dinâmica terrestre. Desta forma é possível, além do entendimento claro,


algum tipo de projeção antevendo as manifestações da natureza, prevendo
possível separação entre os continentes e futuras formações geológicas.

Para compreender a origem dos escudos continentais (continentes), é


importante entender brevemente os períodos e eras geológicas, especialmente o
pré-cambriano. Esse período foi o mais longo de todos: considerando todos os
períodos geológicos, a maior parte da existência da terra pertence ao período
pré-cambriano, ou seja, 89% de todos os períodos geológicos existentes. Isso
demostra a importância desse período na formação dos continentes, em ordem
sequencial dos fatos geológicos registrados em uma escala relativa de tempo.

Observe a seguir a imagem do domínio continental:

FIGURA 42 – PERFIL DA FORMAÇÃO CONTINENTAL E AS ÁREAS DE INSTABILIDADE. FORMA-


ÇÃO QUE INDICA O PERÍODO PRÉ-CAMBRIANO

FONTE: Disponível em: <https://image.slidesharecdn.com/a-terra-um-planeta-a-proteger-


-1232045521224718-2/95/a-terra-um-planeta-a-proteger-6-728.jpg?cb=1232024703>.
Acesso em: 29 jun. 2017.

Os escudos são formados do resultado de vários processos, sua dinâmica


e interação ocorrem frequentemente. Suas feições são transformadas em todos os
momentos.

159
UNIDADE 3 | FENÔMENOS GEOLÓGICOS

Cada continente possui uma grande quantidade de rochas do período pré-


cambriano, por essa razão recebem o nome de escudo. A formação dos escudos
durante a pré-orogênese nos fornece dados como o acúmulo de formação e junção
de massas que flutuam em subida e descida. Dados confirmam que a formação
definitiva é de cerca de 1 metro (1 m) a cada 30 mil anos. Essa é a velocidade de
sedimentação (LEINZ; AMARAL, 1974).

Cratões é a região estável do escudo ou plataforma, essa estabilidade


mantém a formação inicial intacta. Esse local é considerado como núcleo de
um continente, formado por rochas antigas com mais de 500 milhões de anos,
os escudos são o resultado do afloramento dos cratões que originam as massas
continentais.

O afloramento dos escudos (planos elevados na superfície) é visto em


grande escala, principalmente no hemisfério norte. A porção vista do cráton
norte-americano no leste do Canadá, é evidenciada também em boa parte
da Groenlândia, lago superior de Minnesota, Michigan e outras elevações
montanhosas, como: Adirondack, em Nova York. Muitas outras áreas de grande
erosão expõem importantes escudos, dão conta da formação primitiva da Terra.
Outras áreas de grande erosão que expõem importantes escudos são os depósitos
glaciais do Pleistoceno, que afloram rochas arqueanas e proterozoicas. São
exemplos deste tipo de afloramento: Montanhas Rochosas, Apalaches e Grand
Canyon (WICANDER; MONROE, 2016).

2.3 TECTÔNICA DE PLACAS


A teoria da tectônica de placas sustenta em suas abordagens que a
superfície rígida da Terra sofre pressão e realiza movimentos influenciados pela
massa líquida da camada inferior da astenosfera (POPP, 1974).

O tectonismo ou diastrofismo são agentes internos de formação,


deformação e de transformação do relevo terrestre. Os movimentos das placas
tectônicas promovem alterações e dão formas à crosta. Vales, montanhas e
planícies são resultantes dos movimentos internos em consonância com os
agentes externos modeladores do relevo. As placas tectônicas são blocos rochosos
com grandes e variadas densidades que estão em constante movimento. Esses
movimentos são promovidos pela sua localização.

As placas estão sobrepostas sobre material líquido que se movimenta


lentamente. Esse material é chamado de magma, que compõe o núcleo da Terra.
Para entendermos com mais clareza as transformações do relevo da Terra,
precisamos considerar que o tectonismo é parte da dinâmica interna com poderes
para promover profundas transformações no relevo (POPP, 1974).

160
TÓPICO 1 | TECTONISMO

A crosta terrestre possui uma espessura média de cerca de 25 km. No


assoalho oceânico a média fica em torno de 6 km. Na costa continental, em
regiões montanhosas, pode atingir até 70 km de espessura, composta por rochas
estáveis. “O manto possui uma espessura média de aproximadamente 2.900 km,
composto pelo magma, material pastoso em forma densa e em estado de fusão”.
O núcleo está a 6.378 km de raio médio e formado basicamente por níquel e ferro,
ou (Ni+Fe). Está subdividido em duas partes: núcleo externo em estado de fusão
e núcleo interno, a parte mais densa e sólida do planeta (MOREIRA; SENE, 2011,
p. 89).

Estes elementos compõem o complexo e inexplorado interior da Terra.


Sua dinâmica reflete exclusivamente na litosfera, ou seja, na superfície da Terra,
impactando diretamente na superfície através dos movimentos tectônicos.

As placas realizam movimentos em várias direções. São influenciadas por


agentes internos. Sua base líquida e a pressão em seu interior faz com que os
movimentos sejam constantes, realizados em diferentes direções. Os movimentos
podem ser divergentes, convergentes, e transformantes ou conservativos. Esses
movimentos são impulsionados pela movimentação do magma que se move
lentamente. Ao mover-se, formam-se correntes de convecção que remetem ao
movimento das placas (WICANDER; MONROE, 2016).

Movimento divergente é quando duas placas se afastam, criando uma


zona de expansão (crista), esse movimento ocorre entre duas placas oceânicas.
Com esse movimento abre-se uma fissura onde a lava vulcânica é expelida através
da zona expansiva criada pela divergência das placas (WICANDER; MONROE,
2016).

Observe a imagem: Mid-ocean ridge (Origem do cume no meio-oceano).

FIGURA 43 – A IMAGEM MOSTRA A PRESSÃO DO INTERIOR DA TERRA, PRO-


VOCANDO A RACHADURA DA PLACA LITOSFÉRICA

FONTE: Disponível em: <https://earthquakesandplates.files.wordpress.


com/2008/05/divergent.gif>. Acesso em: 29 abr. 2017.

161
UNIDADE 3 | FENÔMENOS GEOLÓGICOS

Observe que a pressão exercida pela astenosfera é muito grande,


pressionando de forma intensa a litosfera, que faz com que a crosta oceânica
(massa rochosa) se desloque em sentido contrário, dando origem à dorsal oceânica
ou zona de expansão. Esses movimentos não são isolados, podendo haver choque
entre outros limites de placa, dependendo da intensidade do movimento. O
afastamento (divergente) ocorre na dorsal quando o magma extravasa em uma
zona fraturada, isso leva, além da formação de cadeias montanhosas mesoceânicas,
a possíveis soerguimentos de blocos rochosos na placa continental.

Já os movimentos convergentes são realizados quando as placas


convergem, chocam-se entre si. Uma placa mergulha sobre a outra, criando uma
fossa (zona de subducção). Pode ser entre duas placas oceânicas ou também uma
oceânica e outra continental (WICANDER; MONROE, 2016). Observe:

FIGURA 44 – COLISÃO ENTRE DUAS PLACAS OCEÂNICAS

FONTE: Disponível em: <http://oceansjsu.com/105d/exped_boun-


daries/10.html>. Acesso em: 22 out. 2017.

FIGURA 45 – COLISÃO ENTRE UMA PLACA OCEÂNICA E UMA CONTINENTAL

FONTE: Disponível em: <www.todoestudo.com.br/geografia/placas-tectonicas>.


Acesso em: 22 out. 2017.

162
TÓPICO 1 | TECTONISMO

Ao se chocarem, duas placas oceânicas formam ilhas vulcânicas em


arco, conforme a Figura 44. Quando a colisão ocorre sobre uma placa oceânica e
uma continental, forma-se o arco vulcânico na crosta continental, ou cordilheira
de montanhas. É importante lembrar que pode ocorrer neste movimento de
placas o choque entre duas placas continentais; isso ocorrendo, forma a zona de
metamorfismo com o surgimento de afloramento vulcânico.

Nos limites convergentes existem ainda outros eventos geológicos de


importante magnitude. Quando duas placas continentais se chocam, uma mais
densa e outra menos densa, a mais densa penetra sob a menos densa e ambas se
dobram, e a partir dessa colisão originam-se as cadeias de montanhas. Exemplo
claro desse movimento é bem representado pelo Himalaia, que teve sua forma
a partir da colisão entre as placas euroasiática e indo-australiana (WICANDER;
MONROE, 2016).

Movimentos conservativos ou transformantes designam o movimento que


pode ser realizado entre duas placas oceânicas ou continentais. Esse movimento
ocorre de duas formas: no primeiro as placas deslizam paralelamente em sentido
oposto deslizando lateralmente, o segundo movimento simplesmente sofre
desnivelamento, uma levanta e a outra fica mais baixa, provocando a deformação
das rochas e terremotos (WICANDER; MONROE, 2016).

FIGURA 46 – BORDAS SE MANTÊM CONSERVANDO O MOVIMENTO


HORIZONTALMENTE

FONTE: Disponível em: <http://files.tiraduvidas.webnode.com/


200000162-de367df2f9/muda_14.png>. Acesso em: 22 out.
2017.

163
UNIDADE 3 | FENÔMENOS GEOLÓGICOS

FIGURA 47 – DESLOCAMENTO E ABAIXAMENTO VERTICAL, PROMO-


VENDO FALHAS E TERREMOTOS

FONTE: Disponível em: <http://brasilescola.uol.com.br/geografia/fa-


lhas-geologicas.htm>. Acesso em: 4 nov. 2017.

Observe que quando as placas deslizam entre si lateralmente ou


deslocam-se verticalmente não ocorre formação da crosta e nem destruição da
camada rochosa. Embora provoquem potentes terremotos, não causam grandes
transformações no relevo. Um exemplo claro é o que realizam as placas norte-
americanas e a placa do Pacífico, onde está localizada a falha de San Andréas e
ocorre o movimento de abaixamento vertical e deslocamento horizontal.

Os movimentos transformantes ou conservativos ocorrem de forma mais


intensa no assoalho oceânico. “O movimento horizontal entre as placas tectônicas
ocorre ao longo de uma falha transformante, a maioria das falhas transformantes
liga dois segmentos de cadeias oceânicas”. Esse movimento é realizado por duas
placas oceânicas que se movimentam em sentidos opostos. Com esse movimento
surge uma abertura na crosta oceânica. Essa fossa produzida pelo movimento de
transformação impulsiona o magma até a superfície oceânica e consequentemente
dá origem às cadeias oceânicas (montanhas submersas) (WICANDER; MONROE,
2016, p. 42).

DICAS

Indicamos um site com importantes recursos teóricos que podem ampliar seus
estudos.
Disponível em: <http://sigep.cprm.gov.br/glossario/verbete/placa_tectonica.htm>.

2.3.1 Limite das placas tectônicas


A superfície da Terra está em constante movimentação e isso ocorre
por vários motivos, especialmente impulsionados pelos agentes internos. Ao
se movimentarem, as placas tectônicas criam efeitos diversos sobre o relevo:
dobramentos, fossas, vales e cânions. É impossível caracterizar essas mudanças
em um curto espaço de tempo.
164
TÓPICO 1 | TECTONISMO

Para Martini e Gaudio (2013, p. 57):

Existe um claro descompasso entre o tempo geológico e o chamado


tempo humano. Contamos o nosso tempo em décadas e séculos, mas
ao nos referirmos ao planeta, décadas e séculos nada significam. O
tempo do planeta é contado em milhares e milhões de anos. Esse
aparente descompasso (aparente porque o tempo estimado do planeta
fomos nós que criamos) entre os processos geológicos e nossa vida faz
com que tenhamos a impressão de que a litosfera seja imutável. Isso
não é verdadeiro. Na realidade, a litosfera é bastante dinâmica; porém
seus processos demoram, às vezes, cerca de milhares de anos, ao passo
que nossa vida dura, em média, uns 70 ou, quanto muito, 80 anos.

Os limites entre placas dinamizam de forma constante o relevo terrestre.


As inúmeras placas dispostas sobre o material líquido em movimento influenciam
tanto na formação do relevo quanto na ordem dos movimentos endógenos
(criadoras do relevo) ou exógenas (transformadoras do relevo).

FIGURA 48 – PLANISFÉRIO COM A DISPOSIÇÃO DAS PLACAS LITOSFÉRICAS (PLACAS TEC-


TÔNICAS) QUE COMPÕEM A LITOSFERA

FONTE: Disponível em: <http://3.bp.blogspot.com/_Aa_v-Vh45JE/SWl6-AlrvxI/AAAAAAAAC3Y/


vANvOqLAors/s1600-h/placas.jpg>. Acesso em: 14 abr. 2017.

As zonas de contato (limites) entre as placas são de fundamental


importância para os estudos, tanto para a compreensão da formação geológica da
Terra ou no estudo da geologia geral. Esses limites são responsáveis pela dinâmica
da litosfera, propõem cada vez mais estudos aprofundados no entendimento
relacional da formação superficial de nosso planeta.

165
UNIDADE 3 | FENÔMENOS GEOLÓGICOS

Como as placas tectônicas operam desde o período proterozoico, é


importante entender como elas se movem e sua dinâmica. Os geólogos reconhecem
três tipos de limites, conforme já vimos anteriormente (limites divergentes,
convergentes e conservativos ou transformantes). Já na fase de transição, entre
esses limites surgem novas placas (WICANDER; MONROE, 2016).

As principais placas conhecidas no campo científico são:

• Placa Sul-americana, na qual encontra-se o Brasil;


• Placa Norte-americana;
• Placa Euroasiática;
• Placa Australiana;
• Placa do Pacífico;
• Placa Africana;
• Placa Antártica.

Este conjunto de sete placas corresponde à imensa massa continental do


planeta, considerando as terras imersas e emersas. Alguns autores consideram
que a quantidade de placas pode ser maior ou menor, depende muito do tempo
da realização do estudo.

As placas menores não são partes menos importantes que completam o


quebra-cabeça da superfície terrestre, são elas:

• Placa de Nazca;
• Placa de Cocos;
• Placa das Filipinas;
• Placa de Juan de Fuga;
• Placa do Caribe;
• Placa da Escócia;
• Placa Indiana;
• Placa Arábica;
• Placa de Anatólia.

As placas tectônicas, diferentemente de seu tamanho e importância,


fazem parte de um sistema característico da litosfera, seus movimentos são
responsáveis pela formação das diferentes formas da crosta, formas estas que são
resultantes diretas ou indiretas dos movimentos da litosfera. A crosta superior
apresenta uma forma mais rígida. Isso permite a separação entre a crosta
superior e a crosta inferior, para tanto é necessária a análise mais aprofundada
da Descontinuidade de Conrad, que apresenta profundidades que variam de
10 a 25 km nos continentes, e entre 50 e 70 km sob os cinturões orogênicos. Já
a densidade é maior na crosta inferior em relação à superior, apresenta maior
produção de calor e menor viscosidade. Por essa razão, a dinâmica tectônica dita
o ritmo das principais transformações da superfície terrestre. Os agentes internos
exercem forte pressão sobre os blocos rochosos, o que determina a formação de
dobramentos ou enrugamentos na superfície (COELHO, 1992).

166
TÓPICO 1 | TECTONISMO

NOTA

A crosta terrestre não é contínua, mas fragmentada em grandes placas


tectônicas que flutuam como imensas jangadas de SIAL sobre o SIMA ou magma. O
movimento lento e gradual dessas placas, seguindo rotas definidas, caracteriza a chamada
deriva dos continentes (estudaremos adiante) e é um dos mais importantes mecanismos do
processo de reconstrução permanente da crosta terrestre (CASTRO, 1993).

2.4 EXPANSÃO DO ASSOALHO OCEÂNICO


O assoalho oceânico, por sua localização, recebe uma grande carga do
manto em sua formação geológica, através da ação das correntes convectivas.
Há de fato muitas dúvidas quanto à formação do assoalho oceânico. As teses
e estudos são ainda pequenos em relação à grandiosidade de entendimento
necessário nesta área de conhecimento.

O assoalho oceânico é formado por elementos semelhantes à costa


continental. Montanhas, vales, fossas e planícies se fazem presentes no fundo do
oceano (assoalho), a dinâmica é também muito similar à formação dos continentes.
Apenas o processo erosivo ocorre um pouco diferente. Os agentes internos atuam
também na formação do relevo marinho (WICANDER; MONROE, 2016).

Até pouco tempo muitos acreditavam que o assoalho oceânico fosse


totalmente plano, porém a ciência ao longo do tempo provou que o assoalho
oceânico apresenta uma topografia bem diversificada, tal qual os continentes.
Em 1959, Maurici Ewing, Bruce Heenzen e Maria Tharp publicaram um mapa
tridimensional do Atlântico Norte. Podemos observar neste mapa imensas
planícies, montanhas submarinas cônicas e a montanha mesoatlântica com seu
vale em rifte central.

Observe a figura do assoalho oceânico do mundo:

167
UNIDADE 3 | FENÔMENOS GEOLÓGICOS

FIGURA 49 – NO MAPA TRIDIMENSIONAL, A IMAGEM CONFIRMA A EXIS-


TÊNCIA DA CADEIA MESOATLÂNTICA E OUTRAS FORMAS
DIVERSIFICADAS DO RELEVO DO ASSOALHO OCEÂNICO

FONTE: Disponível em: <https://goo.gl/H5Ctc3>. Acesso em: 6 jun. 2017.

Embora as pessoas entendam os continentes como áreas terrestres


contornadas pelo nível do mar, a verdadeira margem continental geológica, ou
seja, onde a crosta continental granítica muda para a crosta oceânica formada por
basalto e gabro, fica abaixo do nível do mar. Assim, a parte que se funde formando
a transição está na parte inclinada suavemente da plataforma continental
(WICANDER; MONROE, 2016).

As bacias do fundo oceânico possuem profundidades de 3,8 km, grande


parte do assoalho oceânico fica bem abaixo do limite da luz solar (cerca de 100
m), é totalmente escuro. A pressão varia de 200 a 1000 atmosferas. De fato, o
assoalho oceânico não é sem feições e tampouco plano, tem sua topografia até
com certa definição, possui áreas planas próximas aos sopés na continuidade
das margens continentais. As bacias são fundamentais na construção do relevo
marinho, os sedimentos que são transportados em grande quantidade e variedade
são materiais que formam os mais diversos tipos de relevo marinho: montanhas,
fossas, planícies e vales. É a dinâmica natural presente mesmo na profundidade
dos oceanos. Observe a seguir a Fossa das Marianas, que mostra a profundidade
da fossa:

168
TÓPICO 1 | TECTONISMO

FIGURA 50 – A IMAGEM É UMA FOSSA ABISSAL COM PROFUNDIDADE DE 11.035 METROS,


SENDO COMPARADA AO PICO DO EVEREST, COM 8.850 M, AINDA NÃO SUPERA
A FOSSA DAS MARIANAS

FONTE: Disponível em: <https://www.epochtimes.com.br/fossa-das-marianas-abismo>. Acesso


em: 10 jun. 2017.

A Fossa das Marianas está localizada no Oceano Pacífico, próximo às Ilhas


Marianas, pertence ao território marítimo das Filipinas, local onde encontramos
os limites entre as placas das Filipinas e Australiana. Região de importantes
atividades sísmicas. Não há registro de pessoas que tenham descido até o final
da fossa com o objetivo de explorar esta área. Muitos aparelhos não tripulados
já foram enviados até o local para realizar diferentes estudos (WICANDER;
MONROE, 2016).

O Oceano Atlântico, tal qual o Pacífico, comporta um importante sistema


geológico com diferentes formas de relevo, com destaque para as montanhas
submarinas. A mais relevante forma desse sistema é conhecida como a cadeia
mesoatlântica, que possui mais de 2 km de largura e altura de cerca de 2,5 km
acima do assoalho adjacente. Esse sistema de cadeias de montanhas oceânicas
continua por cerca de 65 mil km, ultrapassando com facilidade as cadeias de
montanhas dos continentes. No entanto, as cadeias oceânicas são compostas por
basalto e mostram feições produzidas pela tensão. Já as montanhas continentais
são formadas por inúmeros tipos de rochas deformadas pela compressão dos
limites das placas convergentes (WICANDER; MONROE, 2016).

169
UNIDADE 3 | FENÔMENOS GEOLÓGICOS

DICAS

Sugerimos a leitura do material: Grandes Estruturas Geológicas e Tectônicas de


Placas. Apresenta importante reflexão da temática que versa sobre o tectonismo e as diversas
dinâmicas da litosfera. Faça essa viagem literária, vale a pena refletir sobre outras vertentes
significativas de análise. Acesse: <http://files.tuanyy-geo12.webnode.com.pt/200000014-
3187f32820/Grandes%20estruturas%20geol%C3%B3gicas%20e%20tect%C3%B3nicas%20
de%20placas.pdf>.

3 ZONAS DE SUBDUCÇÃO DA LITOSFERA


Zona de convergência de placa tectônica ou zona de subducção é local
onde duas placas tectônicas convergem, criando as áreas de rifte ou vales,
conhecidos também como zona de Benioff-Wadati ou depressão tectônica. Um
outro entendimento é sobre a ocorrência de subducção no assoalho oceânico
convergência crusta oceânica – crusta oceânica. Provoca o aparecimento de
vulcanismo. A atividade vulcânica faz com que a lava ou tephra expelida escoe
durante milhões de anos e isso faz com que o acúmulo desse material, por
vezes, atinja áreas subaéreas, aflorando no oceano e transformando-se em ilhas
vulcânicas, após o processo de resfriamento. Claramente este tipo de evento
(atividade vulcânica) ocorre paralelamente às zonas de subducção formando
ilhas alinhadas às fossas abissais, e são chamadas de arcos insulares. “Geralmente
estes alinhamentos de ilhas são encurvados e por isso tomaram o nome de arcos”
(COELHO, 1992, p. 50).

A litosfera é a camada sólida ou firme da Terra. Os movimentos realizados


no interior da Terra fazem com que a litosfera seja modificada de tempos em
tempos, ou todo o tempo, se pensarmos na dinâmica no tempo geológico em
relação ao tempo humano. A subducção ocorre quando as placas se liquefazem,
ou seja, uma placa mergulha em direção ao manto. Esse movimento faz com que a
placa subducada seja comprimida e diluída pelas fortes temperaturas do interior
da Terra, mais especificamente pela camada do manto superior, salvo quando
as placas forem continentais, neste caso, dependendo da resistência, surgem os
dobramentos. A diferença entre densidade na superfície e no interior da Terra
se deve ao fato de que os materiais que ocorrem em maiores profundidades
apresentam uma constituição diferente e maior compacidade devido à alta pressão
(LEINZ; AMARAL, 2003). Isso quer dizer que quanto maior a profundidade,
mais densos são os materiais terrestres.

Observe as imagens de dois movimentos distintos:

170
TÓPICO 1 | TECTONISMO

FIGURA 51 – MOVIMENTO DE SUBDUCÇÃO

Movimento de subducção: a placa


oceânica mergulha através do manto
ou no interior da astenosfera

As imagens mostram as transformações


resultantes do movimento de abdução.
Esse movimento ocorre quando o choque
é entre placas continentais.

FONTE: Disponível em: <http://geografiamazucheli.blogspot.com.br/2012/10/limites-entre-pla-


cas.html>; <http://data.allenai.org/tqa/theory_of_plate_tectonics_L_0078/>. Acesso
em: 22 out. 2017.

FIGURA 52 – MOVIMENTO DE ABDUÇÃO

Movimento de Abdução: as placas mais resistentes formam cor-


dilheiras ou planaltos (platôs) ao se chocarem.
FONTE: Disponível em: <http://w3.ualg.pt/~jdias/INTROCEAN/B/22_FrontConverg.html>. Aces-
so em: 22 out. 2017.

171
UNIDADE 3 | FENÔMENOS GEOLÓGICOS

Observando os movimentos que ocorrem na crusta terrestre em função


do movimento tectônico mostrado nas imagens, podemos perceber que: tanto o
movimento de subducção, ou de abdução, são movimentos transformantes. Num
primeiro momento observamos destruição de uma determinada unidade de
relevo, e em seguida, o surgimento de uma nova estrutura. Como exemplificado
nas imagens, a colisão crusta continental – crusta continental, que originou a
cadeia montanhosa do Himalaia. Choque entre as placas “Indiana & euroasiática”.

3.1 EVOLUÇÃO DOS CONTINENTES


Diferentes teorias procuram dar explicações sobre os arranjos e a
distribuição das massas continentais, a mais conhecida é a Teoria Deriva
Continental de Wegener (COELHO, 1992). Vimos até o momento os vários
processos internos que propõem a reflexão sobre a formação da litosfera e seus
movimentos. Nesta seção discutiremos as teorias mais aceitas sobre a formação
dos continentes e suas evoluções geológicas. A Teoria de Wegener foi exposta
em 1910, já a Teoria da Tectônica de Placas foi desenvolvida em 1967 por um
grupo de cientistas que deram continuidade e aprofundamento a estes estudos
(COELHO, 1992).

3.1.1 O supercontinente (Pangeia) e as ideias iniciais


da Deriva Continental
Para Wicander e Monroe (2016), os acontecimentos e as evidências
da semelhança entre encaixes costeiros dos continentes geram importantes
discussões. Durante o final do século XIX, o geólogo austríaco Edward Suess
percebeu as semelhanças entre os fósseis de plantas do Paleozoico Superior
da Índia, Austrália, África do Sul e América do Sul, assim como evidência de
glaciações nas sequências de rochas desses continentes meridionais da Terra.
Esses fósseis, na visão de Suess, eram diferentes dos fósseis encontrados nos
pântanos carboníferos dos continentes do Norte.

Em seu livro (A face da Terra), publicado em 1885, Suess propôs o nome


Gondwana para o supercontinente composto de grande área de terra no Sul do
planeta. Gondwana é uma província na Índia, onde os fósseis da flora Glossopteris
são encontrados em abundância. Assim, em sua visão, a semelhança entre
os fósseis deve-se ao aparecimento e desaparecimento de pontes de terra que
ligavam os continentes (WICANDER; MONROE, 2016).

172
TÓPICO 1 | TECTONISMO

FIGURA 53 – A IMAGEM DESCREVE O ATUAL HEMISFÉRIO SUL, ONDE


AS MASSAS CONTINENTAIS ESTAVAM PERFEITAMENTE
UNIDAS

FONTE: Disponível em: <http://www.geo.fu-berlin.de/en/v/geolearning/


gondwana>. Acesso em: 14 jun. 2017.

Segundo Wicander e Monroe (2016), credita-se a Alfred Wegener, um


meteorologista alemão, o desenvolvimento da hipótese da Deriva Continental.
Em seu monumental livro “A Origem dos Continentes e dos Oceanos”, publicado
pela primeira vez em 1915, Wegener propôs que todas as massas estavam unidas
formando um único continente, que ele chamou de Pangeia (em grego= toda
a terra). Wegener retratou seu grande conceito da Deriva Continental em uma
série de mapas mostrando o rompimento da Pangeia e o movimento dos vários
continentes para suas localizações atuais. Wegener coletou muitos documentos
e dados científicos para amparar sua teoria, mesmo assim era vista como
contraditória e errada por alguns cientistas (WICANDER; MONROE, 2016).

FIGURA 54 – A FIGURA MOSTRA UM SUPERCONTINENTE EVIDENCIAN-


DO A TEORIA DE ALFRED WEGENER, DE QUE OS CONTI-
NENTES INICIALMENTE ESTAVAM LIGADOS EM UMA ÚNICA
MASSA

FONTE: Disponível em: <https://geocadernodoaluno1.wordpress.com/>.


Acesso em: 18 jun. 2017.

173
UNIDADE 3 | FENÔMENOS GEOLÓGICOS

Um reforço importante à teoria de Wegener foi o acréscimo feito pelo


geólogo sul-africano Alexander du Toit. Ele introduziu importantes evidências
que acabaram reforçando a teoria da Deriva Continental.

Em 1937, Du Toit publicou o livro “Nossos Continentes Errantes”, nesse


livro ele confronta os depósitos glaciais do Gondwana com os depósitos de
carvão da mesma idade encontrados nos continentes do hemisfério norte. As
principais evidências eram: os encaixes entre os continentes mostrando que no
passado estiveram unidos; a semelhança entre o relevo costeiro dos continentes; a
idade geológica e os substratos parecidos, todas essas contribuições respaldavam
as ideias defendidas por Wegener.

Outro teórico que contribuiu potencialmente neste campo foi o geofísico


inglês Edward Bullard. No ano de 1965 ele mostra, através de seus estudos, que
os continentes a profundidades superiores a 2000 m se encaixavam perfeitamente
(subentende-se que o assoalho oceânico tem um processo erosivo mais lento).
A partir destas conclusões, muitos estudiosos têm aprofundado os estudos
reforçando cada vez mais a tese da Deriva Continental (WICANDER; MONROE,
2016).

Conforme a teoria de Wegener descrita por Coelho (1992), a Pangeia em


sua forma teria estado unida no período carbonífero/permiano, há mais de 200
milhões de anos. Na concepção de Wegener, existia uma única massa continental
chamada “Pangeia” (pan= todo; gea= terra). Nessa perspectiva, os continentes
estavam dispostos da seguinte forma:

• América do Norte estava colada na Eurásia (Europa e Ásia);


• América do Sul ligada à África;
• Austrália e Antártica estavam unidas no mesmo bloco;
• A Índia estava encaixada com a África e Austrália (Figura 54).

174
RESUMO DO TÓPICO 1

Neste tópico, você aprendeu que:

• Os movimentos realizados no interior da Terra são movimentos impulsionados


pela dinâmica geológica do planeta. As placas tectônicas movimentam-se
e realizam transformações. Esses movimentos do ponto de vista científico
são analisados com base em estudos e principalmente pela observação das
transformações sentidas na superfície da Terra.

• Do ponto de vista da geografia, principalmente da geologia, alguns termos e


conceitos precisam ser observados e compreendidos. As transformações em
estruturas geológicas dependem de muitos fatores, movimentos tectônicos,
localização, área de impacto, tipo de solo.

• As estruturas geológicas estudadas nos permitem ter uma visão global dos
aspectos físicos do movimento dos continentes e podem inferir análise dos
fenômenos geológicos relacionados ou não entre si.

• Os continentes são massas sólidas em constante movimento, plataformas


gigantescas que se movimentam em direções variadas em velocidade constante.
São receptores de materiais de origem interna que dão forma e aspecto físico
às diferentes estruturas de relevo.

• A geografia física preconiza como base que conhecer as estruturas do relevo


terrestre é compreender a dinâmica relacional entre os diversos materiais,
sejam eles operados no interior da Terra ou na superfície.

• A consciência do homem está condicionada ao nível de conhecimento


desenvolvido em sua relação com a natureza. Abstrair o conhecimento da
dinâmica dos aspectos físicos da terra pressupõe um crescimento relacional
com a natureza, potencializa uma melhora significativa no entendimento dos
fenômenos naturais recorrentes na era moderna.

175
AUTOATIVIDADE

1 O modelo do relevo terrestre recebe influência de vários fatores, sejam eles


internos ou externos, isso pelo fato da dinâmica entre esses fatores. No que
se refere à dinâmica externa, analise as sentenças a seguir:

I- As estruturas que podem surgir a partir da dinâmica interna são diversas,


entre elas as praias, os rios e as dunas.
II- Uma estrutura que se origina através dos movimentos do interior da Terra
são falhas geológicas, resultado das atividades tectônicas e da dinâmica das
placas tectônicas.
III- Os dobramentos são movimentos característicos da dinâmica interna do
planeta, resultado das atividades tectônicas e seus diferentes movimentos.
IV- Os movimentos do interior da Terra refletem diretamente sobre a superfície
da Terra, seja na formação do relevo ou mesmo na formação de grandes
montanhas, resultado da compressão entre os limites convergentes das
placas tectônicas.

Assinale a alternativa CORRETA:


a) ( ) As sentenças I, II e IV estão corretas.
b) ( ) As sentenças II, III e IV estão corretas.
c) ( ) As sentenças II e IV estão corretas.
d) ( ) As sentenças I, II e III estão corretas.

2 A formação da crosta terrestre se deu ao longo de milhares de anos, conforme


algumas teorias buscam explicar cientificamente este fato. O planeta Terra
passou por vários estágios evolutivos, desde seu período primitivo inicial até
atingir sua atual formação com os continentes definidos como conhecemos
em nossa era. Sobre a formação da crosta terrestre, interprete as sentenças
colocando F para as questões falsas e V para as verdadeiras:

( ) A superfície da Terra começou a se formar muito lentamente desde sua


origem, no início em seu estágio primitivo a temperatura da Terra era muito
elevada em função das intensas atividades vulcânicas, a consolidação da
crosta se deu gradualmente durante milhares de anos.
( ) A superfície da Terra foi resfriando-se e com isso formou imensas nuvens de
gases e vapores em suspensão expelidos do interior da Terra por meio das
erupções vulcânicas, isso fez com que os vapores precipitados retornassem
em forma de chuvas intensas, o que permitiu o resfriamento de camadas
rochosas formando a superfície da Terra.
( ) Durante a formação da superfície da Terra o planeta se resfriou rapidamente
em função do grande volume de chuvas, a água cobriu toda a superfície da
Terra configurando toda a massa continental e definindo os oceanos tal como
os conhecemos.

176
( ) No início, a superfície era uma grande massa incandescente em completo
estado de ebulição, a densidade e volume eram semelhantes, as rochas não
se consolidavam em função das altas temperaturas, o que não permitia a
formação da crosta.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:


a) ( ) V – F – V – V.
b) ( ) V – V – F – V.
c) ( ) V – V – V – F.
d) ( ) F – V – V – V.

3 Conforme a teoria da tectônica de placas, a superfície da Terra tem como


base grandes blocos de rochas que formam a litosfera. A litosfera encontra-
se dividida em um grande número de rochas fragmentadas chamadas de
placas tectônicas. Cada uma tem seu comportamento como uma unidade
geológica. Seu formato é denso e rígido. Sobre este tema, assinale a alternativa
CORRETA:

a) ( ) Uma placa litosférica é igual à massa continental, realiza movimentos


circulares conforme o movimento de rotação da Terra.
b) ( ) Existem diferentes tipos de placas, de grandes dimensões e de menores
dimensões, por exemplo, a placa Sul-americana, que é a menor placa
conhecida.
c) ( ) Uma fossa submarina indica um movimento onde uma placa mergulha
sobre a outra, formando um buraco na rocha mais frágil e menos densa.
d) ( ) Uma montanha surge no momento em que uma placa litosférica realiza
um movimento conservativo em relação a outra placa litosférica.

4 A dinâmica tectônica fornece importantes elementos para a formação do


relevo terrestre, desde as teorias da Deriva Continental até os movimentos
mais singelos das placas. As placas são por definição importantes blocos
rochosos que se sobrepõem à litosfera, a camada interna superior da Terra.
Sobre a dinâmica tectônica, disserte sobre os tipos de movimentos e a
importância de cada um desses movimentos, levando em consideração os
eventos causados por esses movimentos.

5 No início da formação dos continentes, a Terra passou por uma série de


transformações. Seu estágio inicial em completa ebulição, temperaturas
elevadas, massas líquidas em movimento. Era o cenário primitivo inicial, a
consolidação das rochas e consequentemente dos continentes levará algum
tempo. Os elementos presentes em sua dinâmica natural, característicos do
período, foram aos poucos se consolidando e dando um formato aos atuais
continentes que conhecemos. Disserte sobre a formação da crosta terrestre,
dos continentes e seus contornos atuais.

177
178
UNIDADE 3
TÓPICO 2

VULCANISMO

1 INTRODUÇÃO

A atividade vulcânica é mais um dos movimentos internos do planeta


Terra. Essas atividades nem sempre são pacíficas. As marcas ficam registradas na
história. Veremos neste tópico as características dos vulcões, suas feições e feitos,
os desastres muitas vezes catastróficos ao longo da história passada, os tipos de
erupções e os principais vulcões em atividade no planeta. Convidamos você à
reflexão sobre este fenômeno natural importante para a dinâmica natural da Terra,
mas que por vezes causa dor e sofrimento às populações que residem próximo
de regiões vulcânicas. Por mais que as ciências tenham evoluído, isso é um fato:
pouco conhecemos sobre a diversidade de fenômenos geológicos do interior
de nosso planeta. Por isso vamos juntos continuar a desvendar brevemente os
mistérios do interior da Terra que refletem diretamente sobre nossa morada, a
superfície terrestre.

2 AS FEIÇÕES VULCÂNICAS
O vulcanismo é a ação dos vulcões que sofrem pressão do interior da
Terra, permitindo que a lava (material magmático) seja liberada para a superfície
através de aberturas na crosta terrestre. As lavas oriundas das erupções vulcânicas
são depositadas sobre a superfície, ao se resfriarem alteram o formato do relevo.
Os vulcões nos modelos tradicionais são divididos em quatro partes: câmara
magmática (9), chaminé (8), cone vulcânico (6) e cratera (3). Veja:

179
UNIDADE 3 | FENÔMENOS GEOLÓGICOS

FIGURA 55 – A FIGURA DE UM CONE VULCÂNICO E A DEFINIÇÃO DOS TIPOS DE MATERIAIS


EXPELIDOS PELO VULCÃO

Legenda:

1. Cinzas menos densas compostas por fragmentos de rochas e detritos menores suspensos em
altitudes mais elevadas, semelhante à escória de fundição.
2. Fragmentos de rochas granuladas mais densas em estado de repouso sobre a superfície.
3. Cratera por onde passa o material magmático expelido pelo cone (chaminé) principal do
vulcão.
4. Rochas (bombas) mais densas arremessadas a grandes distâncias da erupção.
5. Detritos de rochas resfriados imediatamente após a erupção, escorrendo pela superfície do
entorno do vulcão (espuma densa), é chamada de púmice ou pedra-pomes, material rico em
minerais e gases benéficos ao meio ambiente.
6. Cone vulcânico composto de rochas já resfriadas anteriormente.
7. Camada de rochas leves sobrepostas ao manto superior.
8. Chaminé (cone) de acesso do material magmático para a superfície.
9. Câmara magmática, reservatório da lava líquida no interior da Terra.
10. Chaminé secundária do vulcão.

FONTE: Disponível em: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/6/63/Pele-


an_Eruption-numbers.svg/240px-Pelean_Eruption-numbers.svg.png>. Acesso em: 19
jun. 2017.

Diversos grupos humanos vivem em áreas de constantes instabilidades


da crosta, principalmente em regiões de encontro entre placas litosféricas. Nesses
locais onde existem vulcões ativos as pessoas convivem de perto com as dinâmicas
oriundas do interior da Terra, sem meios precisos para quando ocorrerá a próxima
erupção. Entretanto, essas populações desenvolvem uma relação harmônica com
o local onde vivem (BOLIGIAN; BOLIGIAN, 2010).

De maneira geral, os vulcões se assemelham em sua forma e estrutura.


É por definição uma montanha cônica formada ao redor de uma abertura, de
onde os materiais como lava, piroclásticos e diversos tipos de gases são expelidos.
Embora essa forma seja comum, alguns apresentam formatação diferente em
sua estrutura. Alguns são apenas massas bulbosas solidificadas de magma na
superfície. Já outros apresentam formato “abobadado, parecendo um escudo

180
TÓPICO 2 | VULCANISMO

invertido. Em todos os casos possuem condutos que levam a uma câmara de


magma abaixo da superfície” (WICANDER; MONROE, 2016, p. 104-105).

Os tipos de vulcões mais comuns são encontrados nas falhas geológicas,


no encontro entre as placas tectônicas. As erupções vulcânicas ocorrem por
várias razões, especialmente pela pressão do interior da Terra do manto, uma
força gigantesca provoca ruptura na camada superior da crosta dando origem ao
vulcanismo.

Os vulcões podem ser:

• vulcão interplaca/interplaca;
• vulcão fissural/central.

Nos limites convergentes, onde as placas se sobrepõem umas sobre as


outras no processo de subducção da placa convergente, ocorre o choque entre
duas placas que convergem seus movimentos. A placa convergente que apresenta
menor resistência mergulha sobre a astenosfera, forçada pela placa de maior
densidade. Esse processo faz com que apareçam falhas geológicas (aberturas na
rocha), originando importantes erupções vulcânicas nessas áreas, em função da
fusão da rocha com o magma, aumentando o volume do material que é forçado
e expelido em direção à crosta através da abertura na dobra da rocha subducada
(WICANDER; MONROE, 2016).

As erupções fissurais encontram-se em falhas na estrutura rochosa.


Normalmente este tipo de atividade vulcânica é diferente, a lava vulcânica é
pouco consistente e possui como característica a elevada temperatura. Na Islândia
existem registros de importantes atividades fissurais, uma em 930 d.C. e outra
no ano de 1783. Essas duas erupções foram responsáveis por cerca de 60% do
magma lançado na Islândia durante um tempo histórico.

2.1 ATIVIDADES VULCÂNICAS


A atividade vulcânica é um evento impressionante. A localização, como
vimos anteriormente, nem sempre é precisa, afinal é um fenômeno da natureza,
sua atividade depende de outros elementos. Desta forma, deve-se considerar
todos os fatores que dão sustentação à atividade vulcânica. Os estudos mostram
que regiões comprovadamente de intensas atividades normalmente são as
bordas das placas tectônicas, essas áreas apresentam menor resistência à pressão
sobre elas, por essa razão concentram grande parte dos vulcões ativos do planeta.
Devemos considerar as erupções fissurais de platôs que ocorrem em locais fora
da zona de contato entre placas, como as erupções conhecidas da Islândia, que
possuem essas características.

181
UNIDADE 3 | FENÔMENOS GEOLÓGICOS

A zona de forte atividade vulcânica mais conhecida é, sem dúvida, o


Círculo de Fogo do Pacífico. Estende-se do leste da Ásia a oeste da América. As
baixadas litorâneas, as depressões e o fundo oceânico são áreas mais sujeitas a
vulcanismo. Um exemplo disso é a comprovação de inúmeras ilhas de origem
vulcânica principalmente no Pacífico (PIFFER, 2005).

Observe a imagem a seguir:

FIGURA 56 – O MAPA MOSTRA OS PRINCIPAIS VULCÕES E SUAS LOCALIZAÇÕES, VEJA QUE


GRANDE PARTE DOS VULCÕES ESTÁ LOCALIZADA NOS LIMITES ENTRE PLACAS,
GRANDE CONCENTRAÇÃO DE VULCÕES ENTRE AS PLACAS DO PACÍFICO E A
PLACA EUROASIÁTICA

FONTE: Disponível em:<http://portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/discovirtual/galerias/ima-


gem/0000000967/0000010723.gif>. Acesso em: 4 nov. 2017.

Segundo Wicander e Monroe (2016), as atividades vulcânicas estão


distribuídas ao longo das divergências das placas tectônicas. Como já vimos
anteriormente, 60% dos vulcões ativos encontram-se no Círculo de Fogo do
Pacífico; 20% dos vulcões em atividade estão distribuídos no Mar Mediterrâneo,
onde as placas tectônicas americanas e europeias convergem. Alguns desses
vulcões são bem conhecidos, entre eles os famosos vulcões italianos Etna e Vesúvio,
além do vulcão Negro Santorini. Os demais vulcões estão espalhados por várias
zonas de contato entre placas tectônicas nas cadeias mesoceânicas ou próximas a
ela. O Vesúvio tem mantido suas atividades ao longo do tempo histórico, desde
1500 d.C. lançou mais de 150 fluxos de lava, sendo que a atividade mais recente
foi em fevereiro de 2000.

182
TÓPICO 2 | VULCANISMO

DICAS

Assista ao documentário que trata tudo sobre vulcão. Neste documentário


os cientistas explicam como os vulcões se formam e discutem a possibilidade de
monitoramento e previsão de suas atividades. A ideia é reduzir os efeitos devastadores sobre
cidades próximas a vulcões em atividade. Vale a pena conferir!
Produção: Discovery Channel. Planeta Feroz: Vulcão [dublado]. Documentário Discovery
Science.
Sinopse: Segundo cientistas, os vulcões têm um papel no clima e na atmosfera, e são
imprevisíveis, mas pesquisadores já conseguem prever erupções. Efeitos especiais levarão
você ao interior das erupções vulcânicas mais famosas do mundo. Surpreenda-se com
imagens inéditas e espetaculares.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=9_OdLT4nBmA>.

2.2 TIPOS DE ERUPÇÕES VULCÂNICAS


As erupções vulcânicas são classificadas quanto à sua tipificação eruptiva,
e podemos destacar que toda a atividade vulcânica traz importantes benefícios
ao planeta: a vida, porém podem trazer impactos negativos: destruição e morte,
gases benéficos ao meio ambiente, mas nocivos à vida no planeta.

As erupções vulcânicas podem ser classificadas como:

• vulcanismo primário – sendo erupções (efusivas, mistas e explosivas);


• vulcanismo secundário – sendo caracterizado pela liberação de gêiseres,
fumarolas e fontes térmicas.

Erupções efusivas: são aquelas que têm o material magmático fluido


(líquido) ou máficos de baixa viscosidade, por essa razão a liberação de gases
é facilitada. Normalmente a erupção é bastante calma, o derrame da lava é
abundante e as temperaturas são muito altas, acima de 1000 ºC (graus Celsius). A
lava desliza com muita facilidade e rapidamente sobre a superfície. Dependendo
do tipo de solo, pode cobrir grandes áreas.

Erupções explosivas: são aquelas que apresentam magma muito viscoso


ou félsico e, portanto, mais denso, a fluidez encontra resistências, dificultando
a liberação dos diferentes gases, por essa razão ocorrem explosões violentas
causadas pela forte pressão do interior da Terra. Por apresentar uma viscosidade
e densidade maior, os fluxos de lava não escorregam, muitas vezes formam
estruturas redondas chamadas de domas ou cúpulas. Em muitas ocasiões, a lava
solidifica-se no interior da chaminé, formando agulhas vulcânicas visíveis quando
o cone se decompõe no processo erosivo posterior. Esse material piroclástico
resfriado pode ser arremessado a grandes distâncias, são fragmentos vulcânicos
ou bombas de diferentes formatos.

183
UNIDADE 3 | FENÔMENOS GEOLÓGICOS

Erupções mistas: constituem-se basicamente dos dois anteriores, seja


do aspecto efusivo ou do explosivo, assume uma posição próxima dos dois.
As explosões ocorrem pela presença de água na chaminé. Em razão das altas
temperaturas da câmara magmática, o contato com a água e o material magmático,
a água é condensada e evapora, o que resulta na presença de grande quantidade
de água. Ocorre um aumento da pressão do interior que propõe normalmente
erupções explosivas.

Segundo Wicander e Monroe (2016, p. 103):

Além do fluxo, os vulcões que entram em erupção podem expelir


materiais piroclásticos, especialmente cinzas, uma designação para
partículas piroclásticas com menos de 2 mm. A cinza pode ser lançada
na atmosfera e se fixar na superfície como um derrame de cinzas. Há
cerca de 10 milhões de anos, no lugar onde agora é conhecido como
Nebraska, numerosos rinocerontes, camelos, cavalos e outros animais
foram soterrados em cinzas que haviam sido aparentemente lançadas
do Novo México, a mais de 1000 km de distância. Em contraste, o fluxo
de cinza é uma nuvem coesa de cinza e gases, que se move rapidamente
e flui ao longo ou próximo à superfície da Terra.

Os movimentos internos realizados ao longo da crosta terrestre, mais


precisamente em seu interior, vão muito além dos vulcões, vários outros eventos
são tão impactantes e necessários para a manutenção do planeta. Veremos a
seguir a distribuição técnica desses fenômenos e as atividades desenvolvidas em
regiões de intensas atividades sísmicas provenientes de fissuras na rocha, no caso
das fumarolas e jatos quentes projetados em forma de vapor (gêiseres).

Fumarolas são gases que são expelidos pelas fendas ou fissuras. São
classificadas conforme o tipo de gases exalados e a temperatura (POPP, 1983).
A temperatura das fumarolas supera os 500 ºC. Sua constituição é gasosa muito
semelhante à dos gases expelidos pelos vulcões.

Gêiseres são jatos ou esguichos de vapor de água lançados à superfície,


compostos por água e sais dissolvidos. Os gêiseres são encontrados em diversos
lugares: na Nova Zelândia, onde chegam a atingir cerca de 500 m de altura, na
Islândia e no parque de Yellowstone, nos Estados Unidos, onde o número é
superior a 200 gêiseres. A característica dos gêiseres é bem interessante, cada um
possui seu período próprio, pode durar segundos ou semanas.

Observe a imagem a seguir:

184
TÓPICO 2 | VULCANISMO

FIGURA 57 – GÊISER DO PARQUE NACIONAL DE YELLOWSTONE,


ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA. SEUS FANTÁSTICOS
JATOS ATINGEM ATÉ 45 M, FORMANDO UMA ENOR-
ME CORTINA DE VAPOR DE ÁGUA

FONTE: Disponível em: <https://s-media-cache-ak0.pinimg.


com/736x/f1/dc/bd/f1dcbd6eb25c5c8e49ab14bf-
8125fa0d.jpg>. Acesso em: 21 jun. 2017.

Os gêiseres são fontes extremamente quentes e expelem água intermitente


(LEINZ; AMARAL, 1987). Formam-se a partir da infiltração de água, gelo e
outros elementos líquidos carreados pelo processo erosivo natural. Pressionado
pela força gravitacional e pelo desnível no solo, penetram sobre o solo através
de fendas ou falhas. Ao entrar em contado com a rocha aquecida pelo manto
ou o fluido magmático em repouso, a água é condensada. Essa condensação
faz com que o vapor transformado no interior da superfície seja pressionado a
sair, essa pressão fortemente exercida faz com que o vapor seja lançado a alturas
surpreendentes, formando um espetáculo muito procurado pelos turistas. O peso
da coluna de água superficial provoca ainda mais pressão, aumentando o ponto
de ebulição da água mais profunda, assim, ao atingir o ponto mais alto de sua
ebulição, retorna à superfície em forma de vapor. Em muitos casos o movimento
é cíclico, ou seja, vai e volta (POPP, 1983).

Fontes térmicas são aquelas provenientes das camadas quentes do interior


da Terra, logo abaixo da crosta. Essa camada de rocha em ebulição (magma)
mantém um calor relativamente constante, o que permite a decomposição dos
elementos radioativos como o urânio e o potássio. O calor produzido no interior
da Terra é muito grande, sua capacidade e potencial energético é 50.000 vezes
maior que todos os recursos de petróleo e gás natural do mundo. É pouco
utilizada como geração de energia por ter baixo rendimento e custo muito elevado
para a geração de energia útil. As áreas subterrâneas de maior profundidade
é onde existem atividades vulcânicas, essas regiões geologicamente jovens são
chamadas de “hot spots” (pontos quentes). Assim como os vulcões ocorrem nos
encontros de placas tectônicas ou onde a crosta é relativamente fina, as fontes

185
UNIDADE 3 | FENÔMENOS GEOLÓGICOS

de calor procuram caminhos semelhantes. O Pacífico possui as maiores áreas de


“hot spots” registradas pela comunidade científica até o momento (WICANDER;
MONROE, 2016).

3 DESASTRES VULCÂNICOS – MARCAS NA HISTÓRIA DA


HUMANIDADE
Os fenômenos naturais ocorrem em todo momento, sejam eles da
natureza que for. O planeta Terra está em constante movimento. Os agentes
internos e externos manifestam-se de todas as formas e em qualquer tempo. A
atividade vulcânica também é um desses eventos que nem sempre exerce sua
força de forma pacífica. Estudamos até este momento sobre a formação e origem
desses fenômenos. Convidamos você a continuar nesta jornada com a proposta
de entendermos um pouco mais sobre ele e as marcas que justificam o temor
provocado por esses “vulcões”.

A crosta terrestre está sujeita constantemente a erupções vulcânicas e


atividades vulcânicas, mas, em alguns casos, os paroxismos vulcânicos, seja pelos
danos causados ao homem, seja por sua produção magnífica, são grandiosos.
Descreveremos a seguir algumas erupções da nossa era, citando alguns vulcões e
consequências para a humanidade (LEINZ; AMARAL, 1974).

Vesúvio – Itália (79 d.C.): uma das mais violentas erupções já registradas.
O Vesúvio foi considerado estável e até mesmo extinto. Suas atividades iniciaram
no ano 63 d.C. com inúmeros tremores, até que no dia 24 de agosto de 79 mudou
a configuração geográfica na região de Napoli, onde localizavam-se as cidades
de Pompeia, Herculano e Stabiae, cidade próxima a Herculano. Na manhã deste
fatídico dia ocorre uma gigantesca explosão, em seguida uma coluna de fumaça
gigantesca se eleva em forma de cogumelo negro acima do Vesúvio (LEINZ;
AMARAL, 1974).

Assim, suas atividades seguem intensamente, cinzas e lapili (pedras)


começam a cair num raio de aproximadamente 15 km, com espessura de 5 m,
nesta primeira atividade do Vesúvio não houve derrame de lava, apenas material
piroclástico e água, esta última (água) se encontrava no reservatório da cratera do
vulcão. Essas matérias formaram imensas massas de lama.

A explosão foi tão surpreendente que pegou todos despreparados e o


pânico tomou conta, os habitantes de Pompeia buscavam refúgio em suas casas,
que não resistiram ao acúmulo de matérias sobre elas. Casas, praças e outros
locais ficaram soterrados. Todos os habitantes morreram, apenas no dia 25 de
agosto diminuiu a atividade do Vesúvio, caindo apenas cinzas.

186
TÓPICO 2 | VULCANISMO

A cidade vizinha, Herculano, foi atingida por um rio de lama com espessura
de 15 metros, já a pequena cidade (povoado) de Stabiae foi atingida por uma
camada de cinzas de 3 m de espessura. Essas cidades foram esquecidas por quase
dois milênios. Apenas na metade do século XVIII foram descobertas, revelando
importantes aspectos da vida romana da época (LEINZ; AMARAL, 1974).

DICAS

Nesse desastre morre o escritor e naturalista Caio Plínio Segundo, que


encontrava-se observando o fenômeno em uma praia em Stabiae. Foi então chamado de “O
Primeiro Mártir da Ciência”. Acesse <http://www.dec.ufcg.edu.br/biografias/PlinioVe.html>.

DICAS

Filme Pompéia - Pompeia ou Pompei na versão original. Dirigido por Paul W.


S. Andersom. Origem teuto-canadense-americano. Interpretado por: Kit Harington, Emily
Browning, Carrie-Anne Moss e Kiefer Sutherland, foi lançado recentemente em 2014. Retrata
a catástrofe na cidade de Pompeia no ano de 79 d.C., quando houve a devastadora erupção
do Vesúvio e a destruição total da cidade. Vale a pena conferir! Acesse: <https://www.
youtube.com/watch?v=afqhjrfdnsE&feature=youtu.be&t=65>.

Krakatoa: localizado no estreito de Sonda (entre Sumatra e Java). Depois


de estar inativo durante muitos séculos, voltou a desenvolver atividade vulcânica
no ano de 1883. No dia 20 de maio de 1883 o Krakatoa iniciou suas atividades,
inicialmente com pequenas explosões e abalos sísmicos (tremores), expulsando
grandes quantidades de cinzas e matérias piroclásticas. Essa dinâmica persistiu
com grandes explosões durante três dias.

O vulcão manteve suas atividades por alguns meses, com intervalos


maiores de explosões, quando, em 25 de agosto, culmina com uma explosão
violentíssima, voltando à calmaria rapidamente. A explosão foi tão catastrófica
que suprimiu dois terços (cerca de 60%) da ilha, que possuía 33 km² de área. A
montanha com cerca de 2.700 m de altura ficou reduzida a 1.500 m, formando
uma cratera de cerca de 300 m de profundidade com relação ao nível do mar. A
explosão supera os 50 km de altura, a difração da luz solar foi bloqueada pela
fina poeira em vários lugares do mundo, deixando o céu com tons avermelhados
visíveis em boa parte do planeta.

A cidade de Batávia, situada a cerca de 200 km do Krakatoa, ficou por


muitas horas em completa escuridão, em plena luz do dia. Quatro vilas foram

187
UNIDADE 3 | FENÔMENOS GEOLÓGICOS

completamente destruídas, deixando cerca de 36 mil mortos, grande parte da


população foi afogada pela onda gigantesca que em alguns lugares chegou a 35
m de altura. O mar tornou-se intransitável em função dos fragmentos de púmice
sobre a água, medindo cerca de 2 m de espessura. A explosão foi tão forte que o
estrondo foi sentido até 5.000 km de distância (LEINZ; AMARAL, 1974).

Monte Pelado: localizado a poucos quilômetros da cidade de St. Pierre


(Martinica). Iniciou suas atividades no final do mês de abril de 1902. Levantou
nuvens carregadas de cinzas e ocasionais fragmentos de lava, tirando a vida
de 24 pessoas. O vulcão estava inativo desde 1856, o que traria confiança aos
nativos que ali moravam. Até que no dia 8 de maio de 1902 parte da montanha é
esfacelada completamente, expelindo uma nuvem gigantesca que invade toda a
cidade rapidamente, matando 28 mil habitantes.

As explosões ouvidas foram descritas como “milhares de canhões em


atividade”, nuvens em chamas ardentes, a água do mar fervendo, nuvens em
forma de redemoinhos se erguiam sobre a ilha, os navios ancorados na baía foram
incendiados. Segundo registros, apenas uma pessoa foi salva. Foi um criminoso
negro, condenado à morte. Ele encontrava-se em uma cela subterrânea onde os
gases tóxicos e quentes não chegaram (LEINZ; AMARAL, 1974).

As atividades vulcânicas, mesmo quando não geram prejuízos humanos,


são de certa forma catastróficas, fenomenais. Citamos alguns exemplos de
atividades devastadoras em todos os sentidos, porém muitas outras erupções
poderiam ser enumeradas superiores aos exemplos citados, como a erupção
do Tambora, na Indonésia, que deixou cerca de 100 mil mortos direta ou
indiretamente em 1815, e muitos outros (WICANDER; MONROE, 2016).

É importante refletir sobre as catástrofes atuais. Tsunami no Japão,


Terremoto no Haiti, e muitos outros. É possível afirmar que o uso tecnológico
vem salvando muitas vidas. O monitoramento de vulcões ativos, com eminente
atividade, com alto poder de destruição e nocivos à vida das pessoas, são
acompanhados diariamente, isso permite prever possíveis impactos. Com o
crescimento populacional acelerado, ano a ano, as catástrofes poderiam ser ainda
mais devastadoras. Graças aos avanços científicos e as tecnologias modernas,
muitas vidas são salvas agindo de forma antecipada aos grandes eventos.

DICAS

Se desejar aprofundar mais sobre esta temática, você pode acessar o link:
<http://www.dsr.inpe.br/vcsr/files/3-Satelites_e_Sensores.pdf>. Esse material produzido
pelo INPE mostra todas as tecnologias ao redor do planeta onde milhares de sensores e
satélites fazem todo o tipo de monitoramento das mais variadas atividades com relação a
fenômenos naturais impactantes no planeta. Vale a pena conferir!

188
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:

• Há diversas atividades vulcânicas, buscando um melhor entendimento sobre


a origem, causa e efeito desse fenômeno engenhoso da natureza. A atividade
vulcânica é associada aos movimentos internos da Terra, assim como todos os
eventos naturais.

• Os movimentos são recorrentes, as alterações e efeitos das atividades vulcânicas


sobre a superfície são inevitáveis e de certa forma necessários para a manutenção
dos diversos ecossistemas. O material expelido dos vulcões, seja ele de forma
líquida, pastosa, material sólido, particulado, como os piroclásticos ou lapilli,
são fundamentais na formação dos diferentes tipos de solos.

• Os movimentos, mesmo sendo frequentes, não são sempre sentidos por todos, são
mais comuns e visíveis para aquelas pessoas que residem próximo de uma cratera
ou nas proximidades do encontro entre placas. A localização geográfica dos vulcões
normalmente é muito próxima às bordas das placas tectônicas. No conhecido círculo
de fogo do Pacífico localiza-se boa parte dos vulcões ativos do planeta.

• Os tipos de vulcões variam conforme sua latitude, localização e material em


potencial (piroclásticos, lava e gases). Muitos vulcões podem ser encontrados
em regiões da crosta onde as placas são menos densas, existindo maior pressão
interna, no fundo oceânico e áreas planas dos continentes também podem
ocorrer erupções vulcânicas.

• A atividade vulcânica é muito importante para a vida do planeta. Toda a biosfera


(esfera da vida) depende da relação interna e externa entre os elementos. A
dimensão do poder destrutivo da natureza, em sua dinâmica natural, é fruto
da ocupação humana, relação entre homem e natureza, a ocupação em áreas
impróprias tem sido desastrosa para o homem. A natureza se recompõe, se
organiza e continua sua jornada.

• O resultado da relação dos seres humanos com a natureza de fato é preocupante.


A atividade vulcânica é um dos elementos dessa conturbada relação. O fator
favorável ao ser humano é que os vulcões mantêm uma rotina, um movimento
que permite, hoje, em muitos casos, salvar vidas diferentemente do passado.

• Os tipos de erupções vulcânicas podem apresentar-se de muitas formas


e de vários tipos: fontes de calor, os gêiseres, fumarolas e outras fontes
térmicas originárias do interior da crosta terrestre. Pompeia foi atingida por
vários elementos vulcânicos, lava, rochas, cinza tóxica e outros elementos
particulados, além do aquecimento da água. Esse é o sentido que a geologia
tenta mostrar: a importância da liberação desses gases para o ecossistema.
189
AUTOATIVIDADE

1 As forças da natureza trabalham de forma dinâmica e harmoniosa. A


atividade vulcânica não é diferente, ocorre de forma natural e não isolada.
O material excedente, fruto do desgaste das rochas, em contato com o
material magmático é corroído, essa corrosão produz novos elementos
químicos, e esses elementos, combinados com o material incandescente, são
impulsionados para a superfície com grande pressão, através das fissuras ou
falhas. Sobre esta temática, analise as sentenças a seguir:

I- Quando um vulcão entra em erupção, muitos nutrientes são liberados na


natureza, minerais, sais e materiais nocivos aos seres humanos. Além disso,
as grandes erupções contribuem com a formação do relevo.
II- As erupções vulcânicas ocorrem em função do material magmático
encontrar-se em estado de fusão, líquido em constante movimento, a alta
temperatura do interior da crosta faz com que a pressão fique muito elevada
e entre em colapso, causando explosões e fissuras nas placas litosféricas, que
servem de condutos para a atividade vulcânica.
III- Quando um vulcão entra em estado de dormência, significa dizer que cessou
suas atividades, não oferecendo nenhum perigo. Neste caso, não vai voltar
à atividade mesmo estando em um local de falha geológica propício para a
atividade vulcânica.
IV- As erupções vulcânicas concentram-se em regiões geográficas distintas, ou
seja, os vulcões em atividade estão localizados principalmente nas bordas
das placas tectônicas, no Círculo de Fogo do Pacífico, como é conhecido esse
que circunda boa parte do Oceano Pacífico.

Assinale a alternativa CORRETA:


a) ( ) As sentenças I, II e IV estão corretas.
b) ( ) As sentenças I, III e IV estão corretas.
c) ( ) As sentenças II, III e IV estão corretas.
d) ( ) As sentenças I, II e III estão corretas.

2 Os vulcões sempre fizeram parte da história geológica do planeta ao longo do


tempo, deixando suas marcas na história da humanidade. Muitos deles são
espetaculares do ponto de vista turístico, são fundamentalmente importantes
do ponto de vista físico, porém muitos vulcões são devastadores, causam
pânico e destruição. Entre os mais devastadores vulcões já registrados em
todos os tempos, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Vesúvio destruiu importantes cidades no norte da Espanha, cidades como


Pompeia e Herculano, que ficaram soterradas por materiais de diversos
tipos, matando milhares de pessoas.
b) ( ) O vulcão Krakatoa foi um dos mais devastadores depois do Vesúvio.
Causou enorme estrago na região de Sumatra e Java, deixando cerca de
10.000 mortos.
190
c) ( ) Monte Pelado, o mais recente dos três a causar danos, não menos
importante em termos de destruição, deixou um número de
aproximadamente 38.000 mortos no ano de 2002.
d) ( ) Tambora, vulcão localizado na região da Indonésia, muito devastador. No
ano de 1815 tirou a vida de milhares de pessoas.

3 Leia a informação: Dia 25 de agosto de 1883, tudo parecia calmo, tranquilo,


aparentemente seria mais um dia de rotina para a população de uma
pequena ilha do Pacífico. Pois bem, esse dia ficou marcado para sempre
em todo o planeta. Uma forte explosão seguida de uma enorme erupção
vulcânica tirou a vida de milhares de pessoas, soterrando completamente a
ilha localizada no estreito de Sonda. Este pequeno texto, em sua narrativa,
descreve um evento catastrófico que culmina com uma gigantesca erupção
vulcânica. A narrativa do texto descreve a destruição causada pelo:

a) ( ) Tambora, vulcão que entrou em atividade no início do século XXI,


deixando milhares de mortos na região da Indonésia.
b) ( ) Vesúvio, vulcão italiano, que destruiu Pompeia, Herculano e Stabiae,
deixando uma região completamente soterrada, incluindo a ilha de St.
Pietro.
c) ( ) Krakatoa, vulcão que ao entrar em erupção causou mortes e destruição,
com saldo de mais de 30.000 mortes e prejuízos.
d) ( ) Monte Santa Helena, vulcão localizado na América do Norte, onde
muitas pessoas foram sufocadas na ilha de Sumatra.

4 Podemos afirmar que as erupções vulcânicas são classificadas conforme


o tipo de erupção, que podem ser tanto primárias quanto secundárias.
Subdividem-se em: erupções que podem ser explosivas, mistas ou efusivas.
Sobre os tipos de erupções, elabore um pequeno texto descrevendo cada um
dos três tipos de erupções.

a) Erupções explosivas:
b) Erupções efusivas:
c) Erupções mistas:

191
192
UNIDADE 3
TÓPICO 3

SISMOS E TSUNAMIS

1 INTRODUÇÃO
A superfície da Terra está em constante transformação, isso ocorre em
função de vários fatores. Esses fatores são chamados de movimentos, que podem
ser externos ou internos. Como já estudamos anteriormente, a dinâmica da Terra
em todas as suas faces provoca essas transformações. O tectonismo é o principal
agente de transformação, as placas se movimentam constantemente em várias
direções. Essas placas litosféricas movimentam-se em média de 2 a 7 cm por ano.
Essa movimentação deve-se à pressão exercida pelos agentes do interior da Terra.

Os terremotos e sismos que ocorrem em nosso planeta estão localizados nas


bordas de placas sob imensa pressão. A tensão e a força de atrito fazem com que o
toque entre elas seja violento, causando grande movimentação e rompimento das
rochas. Esses rompimentos criam as chamadas “falhas”, essas falhas dão origem
aos sismos. As ondas sísmicas se propagam em todas as direções, causando
principalmente fortes tremores sentidos nas áreas próximas aos abalos sísmicos
(BOLIGIAN; BOLIGIAN, 2010).

2 FALHAMENTOS E TIPOS DE FALHAS


As falhas são as fraturas sofridas pelas rochas durante o tempo geológico.
De forma mais simples, podemos dizer que as falhas são cicatrizes proporcionadas
pelo contato entre as rochas. Esses movimentos são realizados tanto horizontal
quanto verticalmente em paralelo à superfície da fratura. Muitos desses contatos
causam fissuras (estriamento) nas rochas, porém nem todas as falhas atingem
a superfície, mas aquelas que chegam geram uma estrutura escarpada ou um
penhasco chamado de escarpa de falha. As escarpas são erodidas ao longo do
plano da falha. Estando em lados opostos, as rochas são esfoliadas e polidas, ou
estilhaçadas em blocos angulares, formando uma rocha chamada brecha de falha.

Os deslocamentos dos blocos falhados podem atingir centenas de metros.


Os esforços tectônicos que provocam as falhas ou fraturas são de origem plástica
ou queda de tetos de cavernas que têm sua formação calcária e também argilosa
e que sofrem dissolução por algum movimento sísmico.

Alguns tipos de pressão resultam em diferentes tipos de deformação das


rochas. Pode ser a pressão exercida no movimento perpendicular a um plano
qualquer da rocha, e outro aplicado obliquamente em relação a qualquer plano.

193
UNIDADE 3 | FENÔMENOS GEOLÓGICOS

A força deformadora em ambos os movimentos vai depender do material da


rocha e do tipo de esforço submetido (LEINZ; AMARAL, 1974; POPP, 1974;
WICANDER; MONROE, 2016).

QUADRO 2 – DEMONSTRATIVO DOS PRINCIPAIS TIPOS E MODELOS DE FALHAS

QUADRO COM AS PRINCIPAIS FALHAS

Modelo Tipo de
Teto e muro Rejeito Ângulo de mergulho de falha
de falha deformação
Falha de rejeito de

DIVERGENTE
O teto desce em
mergulho

relação ao muro. Distensiva/


Vertical
Forma um rifte fratura
valley.

O teto se eleva CONVERGENTE


Falha de rejeito

em relação ao
direcional

muro, formando Grande


Vertical
cordilheiras compressão
(Himalaia e
Andes).

Os blocos se TRASCORRENTE
Falha de rejeito

movimentam
paralelamente Deslizamento
oblíquo

na horizontal em direcional Horizontal


direção ao plano horizontal
da falha (Falha de
Santo André).

FONTE: Texto: O autor


Imagens: Disponível em: <http://soumaisenem.com.br/geografia/estrutura-interna-e-litosfera/
geologia-movimento-das-placas-tectonicas-epirogenese-e>. Acesso em: 4 nov. 2017.

DICAS

Vale a pena conferir dois vídeos muito interessantes apresentados pelos


jornalistas da TV Globo do telejornal Fantástico. Os vídeos produzidos pela BBC trazem
detalhes fascinantes sobre tudo o que estudamos até aqui e continuaremos a estudar mais
adiante. São depoimentos de geólogos e cientistas renomados. Vale a pena acompanhar.
Acesse: <https://www.youtube.com/watch?v=lrJQ26M0dPY> e <https://www.youtube.
com/watch?v=-ml_ldPa6X0>.

194
TÓPICO 3 | SISMOS E TSUNAMIS

2.1 SISMOS
Os tremores que ocasionalmente sacodem na superfície da Terra,
chamados de abalos sísmicos, podem ocorrer de duas formas: maremotos (no mar)
ou terremotos no continente. Os terremotos podem ser causados por atividade
vulcânica, por movimento de placas, deslizamento de terras, desabamentos,
enfim, por vários tipos de movimentações e acomodações no interior da crosta.

Muitos elementos fazem com que tais eventos ocorram: o excesso ou a


falta de água, a decomposição e o desgaste das rochas nas camadas subterrâneas,
acomodações de solos fraturados ou desgastados, e muitos outros movimentos
produzem pequenos ou grandes abalos sísmicos. Mais adiante veremos como são
registrados esses abalos (PIFFER, 2005).

O foco do terremoto é também conhecido como o local onde inicia a fonte


de vibração do tremor, o terremoto apresenta dois locais distintos, que podem ser
classificados como: epicentro (local de propagação da onda) e hipocentro (local
de origem da onda). Veja o esquema a seguir:

FIGURA 58 – ESQUEMA REPRESENTATIVO DE ORIGEM DE UM TERREMOTO

FONTE: Disponível em: <http://1.bp.blogspot.com/-nx47NBnHZPo/TiRa35HV2JI/AAA-


AAAAAAuQ/yZ9RpnxXoM8/s1600/sangari_terremto.jpg>. Acesso em: 26 jun.
2017.

Conforme demostrado na imagem, o foco é o local onde se inicia o impacto


em um ponto qualquer da falha.

Hipocentro/Foco: local de início da propagação da onda ou foco do


tremor (terremoto). É o local onde inicia a onda de contato impulsionando a onda
para a direção do epicentro, liberando material através das falhas tectônicas. A

195
UNIDADE 3 | FENÔMENOS GEOLÓGICOS

intensidade do terremoto depende da distância de onde o hipocentro se encontra


em relação ao epicentro localizado na zona de impacto. Quanto mais profundo for
o hipocentro, menor será o efeito de impacto da onda no epicentro. Normalmente
podemos dizer que em profundidades de até 8 km são tremores de intensidade
local. Profundidade superior a isso são tremores de baixo impacto na superfície.
Em profundidades menores que 8 km são tremores de magnitude alta (LEINZ;
AMARAL, 1974).

Epicentro é o local na superfície da Terra onde se consolida a onda de


impacto do tremor. Muitas vezes o tremor é sentido a longas distâncias, essas
vibrações de ondas dão a sensação de que o terremoto foi muito próximo. De
fato, nem sempre é verdade em função da força da energia que vem do interior da
Terra e também pelo fato da propagação da onda se dissipar muito rapidamente.
Os cientistas conseguem localizar com precisão o local em função dos registros
em seus sismógrafos, que registram abalos sísmicos de diferentes magnitudes.

2.2 MAGNITUDE E INTENSIDADE


Para entendermos a diferença entre magnitude e intensidade, vamos
aprofundar alguns pontos importantes que geralmente acompanhamos em
noticiários e nem sempre entendemos com clareza, em função de serem termos
realmente complexos.

A magnitude é nome que se dá à força, ao tamanho do terremoto,


neste sentido é uma medida quantitativa. Se vale do registro sismológico sobre
a quantidade de energia liberada no foco da onda, além da sua amplitude na
superfície.

Para saber e distinguir o tamanho de todos os terremotos de diferentes


níveis, macros e micros com intensidades negativas, ou os de intensidade
superior a 8,0 graus, foi criada uma escala logarítmica que não tem limites. O
limite se impõe apenas pela resistência das rochas da crosta, assim, no ano de
1935 Gutemberg e Richter elaboraram uma fórmula assim descrita:

Magnitude e energia é =
log E = 11,8 + 1,5M
Em que:
E= energia liberada em erg;
M=magnitude do terremoto.

Segundo Wicander e Monroe (2016, p. 193), “para compararmos os


terremotos quantitativamente devemos usar uma escala que meça a quantidade
de energia liberada, que é independente da intensidade”. Assim, a escala Richter,
como é conhecida, permite medir a quantidade de energia liberada por um
terremoto em sua fonte originária.

196
TÓPICO 3 | SISMOS E TSUNAMIS

A intensidade pressupõe o tipo de dano subjetivo causado por um


terremoto, da mesma forma a reação das pessoas em relação a esse dano. Desde
o século XIX, os cientistas e estudiosos da geologia têm utilizado a intensidade
como uma medida paliativa para medir a intensidade e a força do terremoto. A
escala mais comum para medir intensidade muito utilizada nos Estados Unidos
é a escala de Mercalli, que possui valores de vão de I a XII. Muito embora a
avaliação seja qualitativa, levando em conta os danos causados pelo terremoto,
ela fornece à geologia uma proximidade e a extensão dos prejuízos causados pelo
terremoto. É utilizada por seguradoras para avaliar os danos em edificações de
toda natureza (WICANDER; MONROE, 2016).

De forma geral, as duas medidas são extremamente importantes, tanto


a intensidade quanto a magnitude fornecem dados importantes para a leitura e
compreensão dos efeitos dos terremotos sobre a superfície da Terra e sobre a vida
das pessoas. Cada método é singular, propõe medidas de prevenção para evitar
maiores danos nos tremores futuros e servem para embasar medidas preventivas
para minimizar desastres maiores.

2.3 ESCALA RICHTER E ESCALA DE MERCALLI


São de conhecimento comum algumas tabelas para medição dos impactos
dos principais eventos sísmicos. Vamos conhecer um pouco mais sobre elas, afinal,
estão presentes no nosso cotidiano. Eventualmente, quando da ocorrência de um
evento significativo, os meios midiáticos (tv, jornais, entre outros) colocam o grau
de intensidade ou magnitude utilizando-se deste tipo de instrumento (tabela/
escala) para quantificar a força do(s) impacto(s) gerado(s).

A escala Richter foi desenvolvida pelos sismólogos membros do California


Institute of Tecnnology (Caltech), no ano de 1935. Eram eles: Charles Francis
Richter e Beno Gutenberg. Desenvolveram a escala ao estudarem sismos no sul
da Califórnia. A escala baseia-se em registros sismográficos para medir a energia
liberada de um terremoto (WICANDER; MONROE, 2016).

A escala aumenta de forma logarítmica, medindo a magnitude do evento.


Vejamos um exemplo: se a onda da magnitude for 4,0 é 100 vezes maior que 2.0.
Isso ocorre porque aumenta a amplitude da onda, mesmo que a energia liberada
seja igual à das ondas sismográficas, ou seja, para cada grau (unidade) da escala a
magnitude de um terremoto aumenta 33 vezes sua amplitude. “O maior terremoto
já registrado foi de 8,6 de magnitude” (WICANDER; MONROE, 2016, p. 193).

Observe o quadro a seguir:

197
UNIDADE 3 | FENÔMENOS GEOLÓGICOS

QUADRO 3 – ESCALA RICHTER

ESCALA RICHTER

Designação Magnitude Efeitos possíveis Quantidade

Micro < 2,0 Microtremor de terra, não se sente. ~ 8.000


Muito Geralmente não se sente, mas é detectado –
2,0 - 2,9 +/-1.000 por dia
pequeno registrado.
Frequentemente sentido, mas raramente causa
Pequeno 3,0 – 3,9 +/-49.000 por ano
dano.
Tremor notório de objetos no interior de
Ligeiro 4,0 - 4,9 habitações, ruídos de choque entre objetos. +/- 6.200 por ano
Danos importantes pouco comuns.
Pode causar danos maiores em edifícios
Moderado 5,0 – 5,9 malconcebidos em zonas restritas. Provoca +/- 800 por ano
danos ligeiros nos edifícios bem construídos.
Pode ser destruidor em zonas num raio de até
Forte 6,0 – 6,9 +/- 120 por ano
180 quilômetros em áreas habitadas.
Pode provocar danos graves em zonas mais
Grande 7,0 – 7,9 +/- 18 por ano
vastas.
Pode causar danos sérios em zonas num raio
Importante 8,0 – 8,9 +/- 1 por ano
de centenas de quilômetros.
Devasta zonas num raio de milhares de
Excepcional 9,0 – 9,9 +/- 1 a cada 20 anos
quilômetros.

Extremo > 10 Nunca registrado. =0

FONTE: Texto: O autor


Dados: Disponível em: <http://abalos-sismicos.webnode.com.br/news/escala-richter/>. Acesso
em: 22 out. 2017.

Se observarmos a tabela, percebemos que há uma ocorrência de tremores


(terremotos) de diferentes magnitudes, porém quando avançamos a escala,
percebemos uma importante diminuição de ocorrências e aumento da magnitude.
Quanto aos efeitos na superfície, são significativamente maiores.

A escala de Mercalli foi criada pelo sismólogo italiano Giusseppe


Mercalli, em 1902. É a escala que mede ou serve de parâmetro para avaliar a
intensidade de um sismo. Diferentemente da escala de Richter, que se baseia em
dados sismográficos, a escala de Mercalli não se baseia em registros, baseia-se
em observações dos efeitos ou danos causados em estruturas, danos urbanos
e aqueles percebidos pelas pessoas nas proximidades do abalo. É importante
perceber que em um mesmo evento podem ocorrer intensidades diferentes em
locais diferentes, uma vez que o dano causado em um local ou mesmo percebido
pode ser diferente em outro. Por essa razão não é considerada em termos
absolutos, e sim quantitativos (WICANDER; MONROE, 2016).

198
TÓPICO 3 | SISMOS E TSUNAMIS

QUADRO 4 – ESCALA DE MERCALLI

ESCALA DE MERCALLI
Destruição total – ondas vistas na superfície do solo; alterações em cursos
XII
de rios; objetos atirados para todos os lados.
Rochas são deslocadas, fendas em rodovias, ferrovias destruídas, poucas
XI
estruturas resistem em pé.
Solo rachado, estruturas de madeira e alvenaria são destruídas,
X deslizamento de terras em encostas, soterramento de áreas mais
baixas.
Danos em estruturas, edifícios deslocados de suas fundações,
IX
canos quebrados, solo danificado.
Danos leves em estruturas mais resistentes, consideráveis
VIII em edifícios e construções normais, quedas de monumentos,
movimentação de areia e lama.
Danos mínimos em projetos bem estruturados,
VII danos leves em estruturas normais e areias de menor
instabilidade.
Susto, tremor sentido por todos, paredes
VI de gesso e estruturas com rachaduras.
Danos leves.
Janelas quebradas, sentido por muitos,
V
inclinação de árvores e postes.
Sensação de estrondo, sentido
IV por várias pessoas, danos
mínimos.
Perceptível dentro de casa em
III andares mais elevados, carros
podem se mover.
Sentido por poucas pessoas em
II
estado de repouso.
Não sentido, sensação mínima
I
de um pequeno estrondo.

1 2 3 4 5 6 7 8 9
FONTE: Disponível em: <http://geotopicos.blogspot.com.br/2011/04/terremotos-e-as-es-
calas-para-compreende.html>. Acesso em: 26 jun. 2017.

Observando o quadro anterior é possível perceber que a escala de Mercalli,


subjetivamente, mede o resultado dos eventos (tremores, terremotos), partindo
do resultado dos eventos e o registro de observação in loco. Já a escala Richter
atém-se aos registros sismológicos para sua linha de análise, porém ambas são
muito importantes fontes de estudo. Os dados fornecidos servem de base de
informações úteis para criar mecanismos de defesa e adaptação de estruturas mais
resistentes para prevenir contra fenômenos de natureza incontrolável, mas que
podem, com o uso correto de ferramentas tecnológicas, com planejamento, com
projetos mais eficientes em estruturas e até mesmo investimentos preventivos,
prevenir e minimizar problemas de maior amplitude, garantindo a manutenção
da vida das pessoas.

199
UNIDADE 3 | FENÔMENOS GEOLÓGICOS

2.4 TSUNAMIS
Os tsunamis originam-se nos oceanos, geralmente ocorrem pela
movimentação de placas no assoalho oceânico. O movimento das placas pode
ser em qualquer direção, porém o efeito é o mesmo: quando uma placa se
sobrepõe sobre a outra, acaba expandindo o espaço no fundo oceânico, seja por
afundamento de placa ou por sobreposição.

FIGURA 59 – FOCO DE UM TERREMOTO (ORIGEM TSUNAMI)

3
2
5

Legenda:
1- Pico da onda.
2- Placa deslizando horizontalmente em direção à placa costeira.
3- Placa costeira pressionada se deslocando em direção à superfície oceânica.
4- Material pastoso (manto superior), base das placas litosféricas.
5- Zona de impacto (foco) de liberação de energia.
6- Área do continente atingida pelas ondas.

FONTE: O autor

De forma simples, podemos observar na imagem que as placas se rompem


produzindo uma enorme fenda nesse local na crosta oceânica, refletindo na
superfície oceânica criando uma crista, um gume em alto-mar. Esse movimento
faz com que no primeiro momento o tsunami retraia a água na costa do continente,
esse recuo é momentâneo, em alguns casos até de forma assustadora, as ondas
desaparecem (WICANDER; MONROE, 2016).

No segundo momento há acomodação. Nesse momento a onda começa a


se movimentar em direções circulares. A força da gravidade associada à rolagem
em queda faz com que as ondas ganhem velocidade e energia em direção ao
continente. O impacto é inevitável, ao atingir a costa torna-se destrutível, levando

200
TÓPICO 3 | SISMOS E TSUNAMIS

tudo o que tem pela frente. Quando a onda atinge locais habitados causa muitos
estragos. A força da onda pode avançar por muitos quilômetros além da costa, até
perder força (WICANDER; MONROE, 2016).

Os tsunamis são ondas devastadoras, fruto dos grandes terremotos,


deslizamentos submarinos de grandes estruturas, abertura de vales que ocorrem
geralmente no fundo oceânico. Dependendo do tamanho do tremor, as ondas
podem atingir alturas gigantescas, tornando-se muito destrutivas. Erupções
vulcânicas no fundo oceânico também podem originar tsunamis de grandes
proporções. Um deslizamento de uma calota de gelo pode ampliar a onda e
formar um maremoto em um determinado local (WICANDER; MONROE, 2016).

Em muitos casos, um tsunami pode percorrer um oceano inteiro, também


pode devastar áreas muito além do seu foco original. É uma das forças da natureza
mais temidas em regiões costeiras, principalmente dos moradores ao redor do
Oceano Pacífico. O ponto positivo é que o tsunami permite uma evacuação de
pessoas em tempo de salvar muitas quando existe um sistema de monitoramento
do comportamento das ondas em alto-mar, mas aparelhos sismológicos e sistemas
tecnológicos avançados já são utilizados em regiões que estão vulneráveis a esse
tipo de evento (WICANDER; MONROE, 2016).

DICAS

Sugerimos que você assista ao filme Tsunami: A Fúria do Oceano. O filme se


desenvolve em uma cidade chamada Haeundae, e por ser um local belíssimo, atrai milhões
de visitantes, belas praias. Um dos núcleos do filme acontece em um restaurante de frutos
do mar localizado na península coreana. Um filme bem interessante, mistura humor e drama
e também a luta pela sobrevivência após a catástrofe. Vale a pena assistir. Acesse: < https://
www.youtube.com/watch?v=97UiLe5DB5w&feature=youtu.be&t=22>.

201
RESUMO DO TÓPICO 3

Neste tópico, você aprendeu que:

• As placas móveis, o vulcanismo e abalos sísmicos são interações entre os


elementos da natureza, sejam da atmosfera, biosfera, hidrosfera e a parte
sólida da Terra. Os sismos, sem dúvida, são atividades de grande poder de
transformação em toda a superfície da Terra. No campo da geografia física
são elementos complexos que exigem profundidade de estudo por inferir
diretamente na vida humana.

• Do ponto de vista científico, a geologia explica a razão dos fenômenos


sismológicos, porém o entendimento sobre esses eventos, principalmente
sobre os terremotos, abalos de grandes proporções impactantes sobre a
ótica humana, não estabelece um grau maior de entendimento por parte das
sociedades atingidas, pelo fato de serem fenômenos de impacto negativo no
cotidiano das pessoas.

• O estudo destes fenômenos nos remete à remota possibilidade de


monitoramento preventivo, o que permite uma melhor relação entre homem
e meio. De certa forma, permitirá no futuro melhor adaptação a ocorrências
inevitáveis de acontecimentos grandiosos no que tange aos fenômenos da
natureza.

• Os estudos realizados sobre a ocorrência dos abalos nas estruturas da Terra


instigam a problemática ambiental em todos os eixos. Na visão acadêmica o
problema vem se agravando ano a ano, por fatores naturais e pela intervenção
humana sobre alguns dos sistemas que inferem diretamente nas alterações
superficiais do planeta. Neste sentido, é importante ressaltar que todos os
sistemas são interligados e as alterações ocorrem sobre todos eles com maior
ou menor intensidade.

202
AUTOATIVIDADE

1 A estrutura terrestre é constituída por embasamento que modela o relevo de


forma contínua. As transformações na superfície são causadas por grandes
estruturas geológicas. Sobre estas colocações, analise as sentenças a seguir:

I- Os escudos cristalinos são grandes estruturas geológicas que compõem


os maciços antigos, resultam da solidificação do material magmático e a
ascensão rochosa aflorada na superfície.
II- Os dobramentos modernos evidenciam a movimentação tectônica em um
período relativamente mais recente, levando em conta a idade geológica e o
choque entre placas tectônicas.
III- A origem dos sismos, principalmente os tsunamis, tem aumentado
consideravelmente nas últimas décadas. Um dos agentes potencializadores
deste tipo de evento é a ocupação humana e o aumento da temperatura na
superfície da Terra.
IV- As áreas de maior instabilidade geológica são as áreas próximas das bordas
oceânicas, onde as placas tectônicas divergem, provocando intensas ondas
com força capaz de deslocar parte da plataforma continental.

Assinale a alternativa CORRETA:


a) ( ) As sentenças I, II e III estão corretas.
b) ( ) As sentenças I e IV estão corretas.
c) ( ) As sentenças III e IV estão corretas.
d) ( ) As sentenças I e II estão corretas.

2 Os agentes internos são agentes que têm forte influência na formação do


relevo terrestre. Sobre os agentes internos, podemos dizer que são tão
importantes quanto os agentes internos. Sobre os processos que identificam
corretamente as ações dos agentes internos, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Falhamento, tectonismo e deposição.


b) ( ) Terremoto, sismo e assoreamento.
c) ( ) Sedimentação, aluvionamento e dobramento.
d) ( ) Falhamento, tectonismo e vulcanismo.

3 O tsunami é um evento da natureza que tem sua origem no fundo oceânico


(abaixo do assoalho oceânico), normalmente inicia com um forte tremor ou
atividade vulcânica, em qualquer dos movimentos que desloca o assoalho
oceânico. Conforme estudamos, escreva de forma clara e resumida sobre
a ocorrência de um tsunami. Sua resposta deve apresentar: foco, zona de
impacto e o tipo de deslocamento da placa, e possíveis danos causados.

203
4 As atividades realizadas no interior da Terra causam pânico e até medo. O
temor se justifica, afinal são eventos grandiosos que modificam o interior
da Terra, alterando significativamente as estruturas geológicas através de
suas dinâmicas. Muitos dos movimentos realizados no interior da Terra são
imensuráveis, e para poder ter noção dos impactos causados por diferentes
sismos sobre a Terra, foram criadas escalas. Duas são bem conhecidas,
a escala Richter e a de Mercalli. Disserte sobre a importância das escalas
para o controle de impactos e como funcionam essas escalas. Lembre-se de
mensurar a diferença entre intensidade e magnitude.

204
UNIDADE 3
TÓPICO 4

CROSTA TERRESTRE E AS INTERAÇÕES PARA


A FORMAÇÃO DO SOLO

1 INTRODUÇÃO
Os diferentes solos fazem parte do desenvolvimento de diferentes
sociedades em toda a Terra. As pessoas que vivem do esforço e do cultivo da terra
no campo dependem da fertilidade dos solos para sua sobrevivência. Os solos
representam fonte de vida (BOLIGIAN; BOLIGIAN, 2010), tanto para quem vive e
depende da agricultura, quanto para quem vive nas cidades e usufrui de produtos
agrícolas para sua sobrevivência. Como já apresentamos nos tópicos anteriores, a
Terra tem uma dinâmica interacional entre todos os seus elementos. Estudamos
até aqui sobre os movimentos internos da Terra. Convidamos você a refletir sobre
a formação dos diferentes solos, pois é o assunto que veremos neste último tópico:
como os solos se formam.

2 OROGÊNESE E EPIROGÊNESE
A orogênese em seu processo inicial consiste em entender as diversas
formações de aglomerados sedimentares no processo inicial da formação das
montanhas. A deformação ocorre pela ação do metamorfismo. As ocorrências são
em função dos movimentos tectônicos realizados pelas rochas dispostas no interior
da Terra. A epirogênese é um tipo de diastrofismo, que são tipos de movimentos
tectônicos que se diferenciam pela direção em que eles ocorrem. Através desse
processo grandes áreas são desconfiguradas, dando origem a novas formações de
relevo. Neste caso, deformação se dá pelo movimento vertical dos blocos rochosos
(placas tectônicas). Vamos entender alguns passos desse processo.

2.1 OROGÊNESE
A orogenia é conceitualmente definida pelos geólogos como o processo
de formação das montanhas, onde ocorre deformação e metamorfismo com
o reposicionamento de plútons (rocha ígnea intrusiva) e os batólitos (rochas
profundas) (WICANDER; MONROE, 2016).

Os movimentos orogenéticos são relativamente rápidos, os dobramentos


surgem com o aparecimento de falhas nas camadas rochosas. Neste processo, a
existência de grandes áreas soerguidas dá origem às cadeias de montanhas, tanto

205
UNIDADE 3 | FENÔMENOS GEOLÓGICOS

pelo processo de movimento convergente de compressão ou divergente de falhas.


A orogênese pode ser descrita como as regiões crustais instáveis. Certamente a
deformação e as atividades realizadas nas bordas das placas, principalmente
nos limites convergentes, são responsáveis pela formação das montanhas
(WICANDER; MONROE, 2016).

Os processos superficiais fazem também o seu papel, são agentes


modeladores que contribuem para a formatação das unidades de relevo:
dispersão de massa (indução das forças gravitacionais), assim como a erosão, que
desempenha importante papel na formação das montanhas.

Segundo Popp (1974, p. 173), “a orogenia é um movimento que se


caracteriza sobretudo por sua competência em deformar estruturas rochosas”.

Como vimos anteriormente, a Terra possui dinâmicas, comportamentos


instáveis em determinados pontos da superfície, esta instabilidade é resultado
dos movimentos diversos, seja no interior da Terra ou mesmo na superfície. O
metamorfismo, por exemplo, é um agente que se modifica ao longo do tempo
geológico. As transformações, o metamorfismo das rochas, é chamado de
movimento ou áreas de orogênese (POPP, 1974).

Vejamos na visão de Popp (1974) as feições geológicas que caracterizam a


geotectônica na formação das feições geotectônicas:

• Escudos: são rochas cristalinas do período pré-cambriano. São locais


compreendidos da área continental ou subcontinental onde estão as rochas
em exposição.
• Cráton: definido como regiões estáveis, localizado no interior de escudo
continental, constituído por terreno granítico que incorpora sedimentos
metavulcânicos e de outras naturezas.

De forma geral, os escudos são formados por um ou mais núcleos cratônicos,


com idade estimada em 2,5 bilhões de anos. A composição predominante é
de rochas associadas, sendo graníticas e geenstone belts (são rochas vulcânicas
ultramáficas e sedimentares datadas do arqueano e proterozoico, posicionadas
ao redor de massas de granito e gnaisse em regiões cratônicas) de baixo grau
metamórfico, sendo envolvido em boa parte pelos cinturões móveis, com
metamorfismo mais acentuado e idade geológica menor (POPP, 1974).

2.2 EPIROGÊNESE
Epirogênese é o termo designado do grego (epeiros = continente) e foi
introduzido por S. K. Gilbert, em 1890. Este é conhecido por tratar-se de uma
segunda categoria de diastrofismo (movimento da crosta terrestre causado por
tectonismo) que ocorre na crosta terrestre (LEINZ; AMARAL, 1974).

206
TÓPICO 4 | CROSTA TERRESTRE E AS INTERAÇÕES PARA A FORMAÇÃO DO SOLO

Sua principal característica é a movimentação vertical em importantes


áreas do continente. Seus movimentos não causam nenhum tipo de perturbação
no local em movimento, contrário ao movimento orogenético, que provoca
deformações, enrugando, através de esforços tangenciais, estruturas geológicas
e outras formações.

A epirogênese deforma por igual grandes áreas continentais, pode


inclusive formar importantes arqueamentos, provocando o rompimento de tensão,
gerando um movimento de inchamento do continente que, ao descomprimir, dá
origem às bacias. É possível, no movimento epirogenético, observar levantamento
simultâneo de uma grande área continental e, ao mesmo tempo, o abaixamento
em outras áreas. Esse movimento sempre ocorre verticalmente, são movimentos
lentos, mesmo assim podem ser observados em determinados locais (LEINZ;
AMARAL, 1974).

Observe o esquema:

FIGURA 60 – MOVIMENTO EPIROGENÉTICO DE SOERGUIMENTO E ABAIXAMENTO


CONTINENTAL EM MILHARES DE ANOS

FONTE: Disponível em: <http://alunosonline.uol.com.br/geografia/orogenese-epiro-


genese.html>. Acesso em: 24 jun. 2017.

Na natureza, a detecção de fenômenos eustáticos, como epirogenéticos,


torna quase impossível decifrar qual evento é responsável pelo abaixamento e
soerguimento de solo, ou mesmo qualquer tipo de elevação do cinto costeiro. Isto
porque são movimentos mínimos, por exemplo, um soerguimento em Estocolmo
é de cerca de 19 cm a cada 50 anos. Na Holanda registra-se um abaixamento de
30 cm a cada século. Então veja que, do ponto de vista geológico, são eventos
significativos, e do ponto de vista da longevidade humana, pouco visíveis ou
sentidos (LEINZ; AMARAL, 1974).

3 MOVIMENTOS DE MASSAS
O movimento gravitacional de massa é um dos mais importantes agentes
de transformação, tanto do ponto de vista das paisagens, quanto de formação
e deformação do relevo. Nesta seção propomos a reflexão de algumas teorias

207
UNIDADE 3 | FENÔMENOS GEOLÓGICOS

fundamentais de diversas fontes para entendermos parte da complexa formação


do solo e os incríveis movimentos de gigantescas massas continentais.

Para entendermos definitivamente a razão dos movimentos de massa,


precisamos relembrar alguns princípios fundamentais e algumas definições
sobre: massa, isostasia e gravidade. Vejamos:

Massa: o cálculo realizado por Isaac Newton (1642-1727) prega como


princípio que “a matéria atrai a matéria na razão direta das massas e inversa do
quadrado da distância”. Este enunciado foi experimentado pela primeira vez em
Munique no ano de 1878, por Von Jolly (LEINZ; AMARAL, 1974).

Nesta experiência foram colocadas massas de 1000 quilos (uma tonelada)


na mesma altura, em que se verificou equilíbrio, já quando estas mesmas massas
foram postas em alturas diferentes observou-se desequilíbrio (LEINZ; AMARAL,
1974).

Podemos perceber neste exemplo que o movimento de massa pode estar


relacionado com o ponto de atração gravitacional e a pressão gravitacional.

Gravidade e isostasia: a Terra sendo da forma que é, achatada nos polos,


e considerando a Lei de Newton “de que o valor da gravidade varia conforme a
altitude”, podemos de fato concluir que as diferentes formas de relevo recebem
forças proporcionalmente diferentes, até de forma discrepante em alguns locais.

Segundo Leinz e Amaral (1974, p. 14), a “Terra não é perfeitamente


esférica”, isso faz com que os polos se localizem mais próximos do centro da Terra,
o que determina um maior valor de gravidade. Associa-se a isso o movimento de
rotação e centrífugo da Terra, assim o peso de um corpo no Equador resulta da
diferença da atração terrestre e a força máxima centrífuga no Equador é nula
nos polos, como exemplo, temos 1000 kg (uma tonelada) no polo que irá pesar
995 kg na região equatorial. Os movimentos de massas são de várias origens, o
que de fato se entende é que a dinâmica terrestre é complexa, e as anomalias e
perturbações fazem parte de um sistema único que compõe a geologia do planeta
Terra.

3.1 OS TIPOS DE MOVIMENTOS DE MASSA


Os movimentos de massa caracterizam-se por todos os tipos de movimentos
que envolvam materiais que compõem a superfície da Terra. As causas desses
movimentos, como já vimos anteriormente, são muitas. Podemos classificar os
mais significativos, que são escoamento, escorregamento e avalanche (PINOTTI;
CARNEIRO, 2015).

208
TÓPICO 4 | CROSTA TERRESTRE E AS INTERAÇÕES PARA A FORMAÇÃO DO SOLO

ATENCAO

Nesta seção identificaremos as principais causas dos movimentos de massa


e suas ocorrências. É muito importante que você busque novas fontes de leitura e amplie
suas leituras. São termos complexos que precisam ser compreendidos com muita clareza.

DICAS

Sugerimos um artigo bem interessante sobre o tema “movimentos de massa”.


Acesse <http://www.scielo.br/pdf/rbg/v27n3/a13v27n3>.

Escoamento: o escoamento de massa pode ocorrer de diversas formas e


condições. Quanto ao tipo de material e sua constituição, pode ser escoamento
lento ou rápido. No segundo caso, o material viscoso pode ser conduzido por
lama ou por diversos tipos de detritos. Se tivermos um movimento de escoamento
lento, este recebe algumas denominações: rastejo ou reptação, ambos estão
associados ao desnível do solo, os terrenos superiores escorregam em direção às
encostas mais baixas (POPP, 1974).

O rastejo ocorre muito lentamente, com velocidade entre milímetros e


metros por ano. As condições das matérias e do local são determinantes. Vejamos
algumas situações potenciais para a ocorrência do rastejo e escoamento de massa
(POPP, 1974):

• peso, verticalidade e água contida;


• ação e infiltração de águas;
• presença em grande número de animais de grande porte;
• lixiviação pela infiltração de água no solo.

As áreas onde ocorre rastejo normalmente são áreas incomuns, entre elas
podemos colocar em destaque algumas:

• o perfil normalmente arredondado, terreno com inclinação diferente;


• inclinação de postes, árvores ou muros e cercas;
• fissuras e sulcos no solo;
• modificações no alinhamento do solo.

209
UNIDADE 3 | FENÔMENOS GEOLÓGICOS

Escorregamentos: a mecânica dos escorregamentos ocorre um pouco


diferente dos demais movimentos. Sua principal característica é o deslocamento
por deslizamento, normalmente de grandes blocos de rochas. A ocorrência
depende de condições específicas, entre elas podemos destacar:

• a diminuição da resistência do maciço rochoso, seja pelo processo de


meteorização e umidificação, seja pela infiltração e lixiviação;
• aumento considerável da infiltração;
• aumento do gradiente hidráulico na velocidade da infiltração, causada pelo
aumento no volume do lençol freático, ou mesmo pela quantidade de chuvas
concentradas por muito tempo;
• a diminuição do nível de um rio e a infiltração das águas subterrâneas que
ocorre em processo inverso;
• a erosão fluvial, ocasionada pelo corte do pendente (ação de ondas, desgaste ou
intervenção humana). Tais movimentos provocam desequilíbrio nas condições
do talude e a perda do apoio da base;
• o desmatamento no talude e a sobrecarga de acúmulos pluviais provocam
deslocamento e escorregamento.

Muitos dos movimentos de massa são impactantes, especialmente em


áreas urbanas. Os mais preocupantes na atualidade têm sido os deslizamentos de
terras. Além de provocar mudanças significativas no relevo, tendem a impactar
sobre estruturas construídas pelo homem, causando prejuízos incalculáveis, além
de tirar vidas em muitas ocorrências (WICANDER; MONROE, 2016; PINOTTI;
CARNEIRO, 2015).

Avalanches: este sem dúvida é o mais violento e catastrófico de todos


os movimentos de massa. Caracteriza-se por ser um movimento de grandes
proporções, em uma mistura de solo e rocha. São movimentos rápidos de grande
extensão e ocorrem em encostas íngremes. Normalmente, a rocha se quebra
durante o percurso, carregando todo tipo de material para o sopé, onde vai se
acumular. Os estratos depositados vão sendo transportados pela água formando
uma camada de argila e arenito, permanecendo nas partes altas a rocha exposta.
As avalanches (escorregamentos) provocam grandes estragos e modificações nas
feições do relevo, permanecendo em movimento (ativo) por algum tempo em
função das alterações e da ação dos agentes externos: chuva, sol, gravidade e
declividade. Todo o processo erosivo se mantém até que a área alterada torne-se
estável do ponto de vista geológico, completando o processo de acomodação do
solo, que pode levar alguns anos, dependendo da área afetada (POPP, 1984).

As principais causas das avalanches são:

• existência de esfoliação e diaclases, movimento tectônico que facilita a


desagregação das rochas;
• alterações intensas nas ladeiras, calço do talude;
• retirado da cobertura original (aceleração do processo erosivo);
• alto índice de pluviosidade.

210
TÓPICO 4 | CROSTA TERRESTRE E AS INTERAÇÕES PARA A FORMAÇÃO DO SOLO

Para Wicander e Monroe (2016, p. 244), “muitos fatores podem causar a


movimentação gravitacional de massa: mudanças na declividade da encosta, a
desagregação do material pelo intemperismo, saturação em água, mudança na
cobertura vegetal e sobrecarga”.

Os movimentos de massa ocorrem por uma série de fatores e elementos


que compõem a dinâmica do planeta, sejam esses movimentos internos ou
externos, porém os fatores coletivamente definem a resistência e o cisalhamento
das diferentes encostas (WICANDER; MONROE, 2016). Obviamente que a
intervenção humana tem, em muitos casos, acelerado de forma significativa a
movimentação de massas na superfície da Terra.

4 SOLOS E DESERTIFICAÇÃO
Vimos nos tópicos anteriores sobre os vários fenômenos geológicos
internos e externos que envolvem o planeta Terra. Na parte final deste tópico
apresentaremos a temática sobre solo e desertificação, inicialmente sobre a
origem, formação e importância dos diferentes tipos de solos para o planeta e
para a sobrevivência humana. Em seguida, refletiremos sobre o fenômeno da
desertificação, causas e consequências futuras sobre este importante fenômeno
que interfere na condição climática e no comportamento de diversas espécies
vegetais e animais.

4.1 SOLOS
A origem do solo é o resultado do intemperismo das rochas. As condições
físicas, químicas e biológicas permitem o desenvolvimento da vida vegetal
em conjunto com os diversos organismos e microrganismos associados a esse
processo de decomposição e fragmentação das rochas (LEINZ; AMARAL, 1974).

Para melhor compreensão da formação do solo, alguns elementos e


fatores têm papel de grande relevância na formação do solo. O entendimento
geológico do tipo de solo deve-se ao conhecimento da sua idade geológica. Para
isso precisamos entender o perfil do solo.

IMPORTANTE: quando observar uma secção vertical de um solo em um


barranco (barreira) de estrada ou em um poço no campo, observe a presença de
camadas horizontais, distintas. A secção observada do solo chama-se perfil. Perfil
são camadas individualizadas, classificadas como horizontes. Essa identificação
chamada de horizontes é representada pelas letras do alfabeto (O, A, B, C e R).
Vejamos:

211
UNIDADE 3 | FENÔMENOS GEOLÓGICOS

FIGURA 61 – PERFIL DE SOLO

Legenda:
O – Horizonte composto por matéria orgânica em decomposição (húmus), parte superficial.
A – Solo arável, comporta as raízes superficiais, possuindo grande quantidade de matéria orgâni-
ca e minerais.
B – Subsolo, possui menos matéria orgânica e mais minerais.
C – Material parental alterado parcialmente, composto basicamente por fragmentos de rochas,
especialmente rigolito.
R – Rocha matriz inalterada.

FONTE: Disponível em: <https://socratic.org/questions/what-are-the-main-characteristics-of-


-the-r-horizon>. Acesso em: 26 out. 2017.

A formação do solo depende de inúmeros fatores, fatores estes que se


relacionam entre si, como sol, chuva, substrato e outros elementos que têm
papel importante na formação do solo. Entre os fatores podemos citar: clima,
o material parental em seus horizontes, a dinâmica orgânica e o relevo. “A
complexidade dessa dinâmica resulta na espessura e também na fertilidade do
solo” (WICANDER; MONROE, 2016, p. 135).

Para entendermos melhor essa complexidade, descreveremos alguns tipos


de solos e cada um dos fatores que compõem essa dinâmica na formação do solo.

Clima e solo: a formação do solo está de fato condicionada ao clima. As


diferentes condições climáticas permitem intemperismos mais relevantes. Em
relação ao clima, Wicander e Monroe (2016) definem três tipos de solos bem
característicos:

• Pedalfer: solo que se desenvolve em regiões úmidas, essa umidade geralmente


é abastecida por grande quantidade de matéria orgânica, são solos escuros e
ricos em minerais, influenciados diretamente pela condição do clima, volume
de chuvas, temperatura e lixiviação de minerais, solos com alto grau de
fertilidade.
• Solos pedocais ou áridos: este tipo de solo possui pouca matéria orgânica, é de
212
TÓPICO 4 | CROSTA TERRESTRE E AS INTERAÇÕES PARA A FORMAÇÃO DO SOLO

aparência clara, sofre ação do intemperismo químico com menor intensidade,


tem grande teor alcalino, o que prejudica o desenvolvimento de plantas, em
função da precipitação da água e dos sais de sódio em regiões desérticas ser
mais intensa, ou seja, a umidade é pequena, já a precipitação é muito rápida
em função do forte calor. Isso impede a formação de nuvens e as chuvas são
muito escassas, tornando o solo árido e pobre em nutrientes.
• Solo laterito: solo com intemperismo químico intenso, lixiviação de minerais
solúveis completa, solos avermelhados, sua profundidade pode atingir muitos
metros, rico em hidróxido de alumínio e óxido de ferro. Este tipo de solo
apresenta importante equilíbrio mineral. Embora os solos lateritos sejam ricos
em minerais, não apresentam grande grau de fertilidade. Este tipo de solo é
encontrado nas regiões tropicais.

Material parental: além do clima, o tipo de solo depende do material


parental, ou seja, no mesmo tipo de clima o solo pode se formar com diferentes
características. O tipo de rocha exerce controle sobre o tipo de solo. Mesmo
considerando o tipo de clima relevante, o tipo de rocha pode tornar o solo mais
denso ou mais fino, mais instável ou mais volátil. O solo que se desenvolve sobre o
basalto será mais rico em óxido de ferro, em função do material ferromagnesiano
e os silicatos serem mais abundantes. Solos sem esses minerais não serão ricos em
óxido de ferro, mesmo que o clima influencie no processo de decomposição da
argila (WICANDER; MONROE, 2016).

Relevo e encosta: a formação do solo depende também de sua localização.


Em função das diferentes inclinações e interações com o clima, os solos são
estratificados de forma diferente. Desta forma, as montanhas terão solos diferentes
das encostas e planícies, a posição angular da encosta não permite a formação
de solo, ou se tem, é minimamente utilizável, quando possui é facilmente
erodido, tem pouca luz e baixa umidade, estes são alguns dos limitadores. Nas
planícies, os solos são instáveis, isto porque os depósitos de sedimentos mudam
constantemente. Apenas em grandes áreas os minerais se consolidam formando
solos mais produtivos (WICANDER; MONROE, 2016).

O tempo: a formação do solo também está condicionada ao tempo. As


interações são lentas e a fixação dos minerais e a decomposição orgânica precisam
ser incorporadas pela rocha em estado de decomposição. Imagine quanto tempo
é preciso para se ter um centímetro de solo, ou o seu completo desenvolvimento,
com uma profundidade superior a 50 cm. Não dá para se ter uma resposta certa. O
intemperismo ocorre de forma diferente em intensidades diferentes, poderia ser
alguns centímetros por séculos (WICANDER; MONROE, 2016). Outro aspecto é
a forma em que está exposto o solo, a que tipo de intempérie está inserido, isso
vai influenciar no tempo de maturação do solo.

De forma geral, a formação do clima depende da combinação de


muitos fatores, internos e externos. O entendimento desta dinâmica demanda
profundidade e especificidade de estudos, porém evidências científicas dão conta
de que o fator clima é o principal agente na composição e formação dos diferentes
tipos de solo (LEINZ; AMARAL, 1974).
213
UNIDADE 3 | FENÔMENOS GEOLÓGICOS

4.2 DESERTIFICAÇÃO
Durante as últimas décadas os desertos vêm aumentando ao redor
do mundo de forma significativa. Esse fenômeno acaba influenciando sobre
áreas aráveis e terras para a criação de gado. Segundo estimativas, os desertos
têm aumentado cerca de 70.000 km² por ano. Esse crescimento é chamado de
desertificação. A desertificação provoca grandes alterações na geografia humana,
principalmente pessoas são deslocadas de terras produtivas que perdem esse
poder, migrando para outras regiões onde, muitas vezes, sofrem com adaptações.
As que mais sofrem com as desertificações são as áreas de transição muito
próximas dos grandes desertos (WICANDER; MONROE, 2016). A desertificação
é um processo que envolve fenômenos naturais, ocorrências ambientais e a
ocupação descontrolada do ser humano. Algumas áreas são alteradas por perda
da produtividade, empobrecimento do solo, supressão de florestas, diminuição
dos recursos hídricos. Vamos, nesta seção, refletir sobre um conjunto de elementos
e fatores que nos permitam entender um pouco mais sobre a desertificação,
origem, causas e consequências.

Desertificação: conceitualmente, segundo a UNIC Rio de Janeiro (2010), é


definida como a degradação de terras, perda de nutrientes, fauna, flora e recursos
hídricos, especialmente em terras áridas, semiáridas e subúmidas. Nesta linha, as
causas são apontadas por variações no clima e atividades humanas.

Para analisar a desertificação é preciso entender as razões que predispõem


de condições determinantes, como as condições de paisagens desérticas, perda
de solos, escassez de recursos hídricos, perda de produtividade biológica,
improdutividade agrícola e, consequentemente, o abandono da terra.

Uma das principais causas da desertificação tem sido, do ponto de vista


geológico, as condições e mudanças do clima. Do ponto de vista geográfico, o
avanço do capitalismo, o crescimento das indústrias e a necessidade cada vez
maior de suprir as necessidades humanas, que vem sendo um dos fatores de
grande relevância para a degradação de grandes áreas florestais. A produção
de pastagens para o avanço intensivo da agricultura e pecuária potencializa a
interferência humana em áreas biologicamente ativas. Essa interferência infere
diretamente em muitos biomas, o que favorece a degradação de áreas importantes
para o equilíbrio ambiental.

Segundo a Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação


(UNCCD), as áreas enquadradas no escopo, consideradas suscetíveis à
desertificação, são as de clima árido, semiárido e subúmido seco (BRASIL, 1997).
“A Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação reconhece a
desertificação como um problema ambiental com enorme custo humano, social e
econômico” (HULME, 2010, p. 45).

214
TÓPICO 4 | CROSTA TERRESTRE E AS INTERAÇÕES PARA A FORMAÇÃO DO SOLO

A localização dos desertos: as regiões com potenciais de desertificação ou


de expansão dos desertos localizam-se em regiões secas, nas chamadas faixas de
transição, onde o clima predominante é seco, as latitudes são baixas e médias, a
perda anual de precipitação é muito menor que os índices anuais de evaporação.
Este tipo de clima (seco) cobre um terço da superfície da Terra. Uma das
características das regiões desérticas (desertos) é que recebem menos de 25 cm de
chuva por ano. Possuem alto índice de evaporação e solos pouco desenvolvidos. A
vegetação está restrita a espécies rasteiras adaptadas ao intenso calor, ou nenhum
tipo de vegetação em boa parte das regiões desérticas (WICANDER; MONROE,
2016).

Podemos concluir que o processo que envolve a desertificação é bastante


amplo. Envolve inúmeros fatores e elementos: a ocupação humana, mudanças
climáticas, aumento das áreas áridas e semiáridas. Este assunto será amplamente
abordado em disciplina específica que vai elucidar e retirar muitas dúvidas.
Fizemos uma pequena introdução por entendermos a relação proximal com os
elementos geologicamente estudados nesta unidade.

A seguir estão alguns materiais que podem ser de seu interesse para
aprofundar um pouco mais sua leitura.

E
IMPORTANT

Vale lembrar que a desertificação é um fenômeno causado por uma série


de fatores, estudado com maior profundidade em outras ciências, porém a geologia
tem a função de estudar e entender os eventos gerais que alteram a superfície da Terra,
especialmente os aspectos físicos do planeta. A desertificação também precisa ser entendida
e refletida, mesmo que sucintamente, já que é um fenômeno que afeta diretamente o relevo
da Terra.

Sugerimos o artigo de uma revista portuguesa que trata da desertificação


de forma poética e nem por isso deixa de ser um artigo bem interessante.
Configuramos os dados autorais e os devidos créditos a quem é de direito.

ATENCAO

Obs.: Algumas palavras como “factos” soam com certa estranheza, mantivemos
a tradução original do texto em respeito ao direito autoral e da edição da revista.

215
UNIDADE 3 | FENÔMENOS GEOLÓGICOS

LEITURA COMPLEMENTAR

SINAIS CONTRÁRIOS DA DESERTIFICAÇÃO

Bento Jorge Olímpio

Todos os dias surgem novos dados a confirmar a suspeita e a justificar


o receio. A desertificação está a aumentar em todo o mundo. Do céu, ou não,
cai água suficiente ou então ela não é repartida por igual, desobedecendo assim
aos desígnios e à bondade da divina providência. Em consequência diminui,
em muitos pontos do globo, a verdura dos campos, das florestas e dos rios,
das perspectivas e horizontes; e aumenta o deserto das areias, dos terrenos
secos e calcinados. Com isso crescem também a fome e a pobreza, a desolação
e o desencanto, a indiferença e a falta de motivos para sorrir e cantar. Os olhos
desaprendem de ver, o coração de sentir e a razão de inteligir. Enfim, a beleza e a
harmonia cedem o lugar à estética da aridez e fealdade.

A desertificação aumenta gravosamente em muitos outros setores. Até há


não muito tempo um dos traços marcantes da pessoa era a vergonha na cara.
Pois bem, a vergonha foi igualmente atacada pela moléstia da seca e esta vai
alastrando de forma vertiginosa. Atingiu já a consciência, que por causa disso
caiu num estado de letargia e dormência, do qual não dá mostras de acordar.
Não se pode, pois, esperar dela que distinga com presteza entre a verdade e a
mentira, entre a rectidão e a justiça, entre a correcção e a falsidade, entre a lisura
e a falcatrua, entre a nobreza e a mesquinhez, entre a probidade e a desfaçatez,
entre a honra e a desonra, entre a dignidade e a baixeza, entre o belo e o horrendo,
entre o bem e o mal, entre a humanidade e a animalidade.

De sonhos e ideais fala-se pouco. O silêncio vai se abatendo sobre eles,


reduzindo o tamanho do homem e da vida. Ademais, aquilo que não tem palavras,
aquilo que não se diz e deixa de ser nomeado deixa forçosamente de existir.

De princípios e valores ainda há resquícios e sinais. Sobretudo em livros


que são cada vez menos alvo de compra e leitura. E quem tem memória grata
dessas coisas, se falar abertamente delas, corre o risco de cair no ridículo e ser
objecto de mangação e troça.

Quando alguém se põe a meditar e reflectir em voz alta e, por ingenuidade,


ilusão, boa-fé ou descuido, deixa escapar pela boca afora algo sobre ética e
moral, um coro de gargalhadas pode ressoar ensurdecedor e implacável aos seus
ouvidos. A experiência é amarga e diminui a vontade de ser repetida.

Feliz anda o relativismo nas suas sete quintas! Tudo vale e tem o mesmo
valor. Melhor dizendo, vale menos o que provém do mérito comprovado e do
trabalho sério e abnegado, suado e esforçado e vale muito mais o prêmio dado
pela esperteza e safadeza, pelo oportunismo e arranjismo, pela indecência e falta

216
TÓPICO 4 | CROSTA TERRESTRE E AS INTERAÇÕES PARA A FORMAÇÃO DO SOLO

de escrúpulos. Tanto é música tocar em campainhas de portas como interpretar


no piano uma tocata de Beethoven. Tanto vale o gesto aprimorado e cimeiro como
o incipiente e grosseiro. Tanto dá que as crianças tenham o aconchego de pai
e mãe como a tutela de uniões de facto. Tanto dá uma educação pautada por
exigências, obrigações e deveres como a que prescinde de tudo isso. Tanto dá o
alto e elevado como o baixo e rasteiro. É o mesmo tratar o outro como gente ou
como um cão tinhoso e raivoso.

Deserto de significados tradicionais está também a ficar o dicionário.


Por exemplo, inovar e modernizar significam agora coisas antes inimagináveis:
eliminar o direito ao trabalho, pôr de joelhos e poder despedir a bel-prazer quem
trabalha, enxamear de desempregados a sociedade, cortar nos vencimentos e
pensões, encerrar serviços públicos, privatizar a saúde, a educação e qualquer
coisa que ainda reste do estado social. E outros mimos inspirados no mesmo
propósito.

Diz-se à boca cheia que a democracia está atacada pela epidemia da


obesidade; as banhas, enxúndias e gorduras à sua volta são tantas e tamanhas que
não permitem mais lobrigar a sua forma genuína e original, mesmo a quem usa
lentes potentes. Não se sabe se ainda está realmente viva ou se sobrevive apenas
da ligação a artifícios. Parece que se travestiu e atingiu uma deformação que não é
fácil de definir com precisão e rigor; mas há quem sustente, com fundamento nos
factos, que ela é mais ou menos um negócio celebrado entre lobbies e corporações,
de modo que os políticos são eleitos pelos cidadãos crentes e exercem o poder
em nome dos interesses vigentes. A falta de pudor impõe-lhe a continuidade do
cultivo de rotinas e encenações, para melhor encobrir, iludir e manipular. É que
as aparências são hoje mais importantes do que antes - ou não vivêssemos na
sociedade da imagem e do virtual. Por isso os media estão em alta; de braço dado
com os políticos – é um namoro pegado! - Servem o mesmo amo e senhor.

Ah, já me esquecia de dizer! Um novo e fulgurante Deus reina sobre


toda a Terra. A Economia (com letra maiúscula, evidentemente) vive na glória
do máximo esplendor! Os papéis inverteram-se. Tudo lhe presta vassalagem: os
direitos humanos, a educação, a saúde, o desporto, a vida e até o próprio homem.
Afinal é aos pés e a mando dela que o deserto se adensa e alastra. Tudo quanto é
verdadeiramente humano míngua, estiola e desaparece gradualmente do alcance
da nossa vista. Mas não desaparece da nossa imaginação e conta com a nossa
esperança, lucidez e determinação para um dia regressar em força, cantante e
triunfante!

FONTE: Disponível em: <http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pi-


d=S1645-05232005000200001&lng=pt>. Acesso em: 26 jun. 2017.

217
RESUMO DO TÓPICO 4

Neste tópico, você aprendeu que:

• As interações que ocorrem sobre a crosta terrestre no percurso de sua formação


são interações complexas, conforme estudo da geologia, que resultam em
interações de vários elementos por milhares de anos. As rochas consolidadas
deram início às primeiras formações continentais.

• Para a geologia, em seu estudo sobre as rochas, pressupõe-se uma formação


bastante lenta dos elementos constitutivos de dinâmica que promovem o
desgaste das rochas através do processo de intemperismo, físico, químico e
biológico. Esses processos determinam os tipos de rochas e a formação dos
escudos continentais.

• Os movimentos que são recorrentes, sejam na crosta oceânica ou continental,


não são isolados e provocam reação em várias estruturas. Assim, é importante
que se conheça as partes para compreender o todo. As partes são os movimentos
pontuais, e o todo são os movimentos estruturais de grandes massas.

• Toda movimentação interna ou externa promove alterações que definem a


forma física da crosta terrestre, e como consequência a configuração do tipo de
relevo superficial.

• A orogênese, que consiste nos processos de deformação das rochas pelo


metamorfismo em regiões orogenéticas, é responsável por boa parte das
transformações do relevo continental. Os movimentos transformantes geram
acúmulos e dão origem às montanhas.

• A orogenética, que é fusão de material dispersado pelo interior da crosta


através do processo orogenético, molda a superfície da Terra originando
diferentes formas de relevo, principalmente os relevos de montanhas.

• A orogênese e as feições geológicas, como é conhecida no campo da geografia


física, está representada por alguns elementos físicos importantes, como os
escudos, parte em exposição de período geológico mais antigo sofre ação das
intempéries com maior intensidade.

• Os crátons, parte estável dos escudos, sofrem pouca ação do intemperismo por
estarem protegidos pela sedimentação e por serem a parte central do escudo.
Pertencem ao período mais recente.

218
• Os elementos que compõem as estruturas geológicas contribuem para o
formato do relevo superficial da Terra. São os elementos físicos (relevo, rochas,
escudos) que sofrem ação erosiva permanente, alterando consideravelmente
suas estruturas ao longo dos períodos geológicos.

• O diastrofismo ou epirogênese são movimentos verticais de perturbação


do solo, as deformações tangenciais ocorrem com o afundamento de blocos
rochosos imensos. Semelhantes à orogênese, moldam o relevo e provocam
alterações consideráveis na crosta. A diferença é que as transformações são
bastante lentas por se tratarem de grandes estruturas de rochas.

• Os movimentos verticais de transformações através do soerguimento e


abaixamento de solo (epirogênese) ocorrem muito pela movimentação das
placas tectônicas. A flutuação desses blocos faz com que os choques sejam
frequentes, imensos blocos rochosos de milhões de toneladas, ao se chocarem,
provocam vibrações (abalos) que refletem em toda a crosta terrestre.

• Os movimentos de gravidade e isostasia são movimentos muito comuns,


são essencialmente influenciados pela dinâmica interna e externa da Terra.
Os movimentos externos são impulsionados pela declividade e a força da
gravidade. Os mais representativos são: avalanches de material sólido e
líquido (gelo, lama, rocha), escorregamentos e escoamento de materiais
fluidos (arenito, chuvas, enxurradas), são eventos de grande poder destrutivo
especialmente em áreas habitadas.

• Os tipos de solo permitem os tipos de movimento de massa. A Terra não


realiza nada de forma isolada, a sua dinâmica ocorre de forma sincronizada.
Os movimentos de qualquer natureza possuem pontos positivos e negativos:
solos bem nutridos em função da cobertura vegetal e o tipo de nutrientes
carreados, solos áridos, processo erosivo intenso e desertificação, secos,
pobre em nutrição e recursos hídricos escassos. Obviamente que todo tipo
de solo recebe influência externa, principalmente do clima, latitude, relevo,
localização.

• Os diferentes tipos de solo recebem diferentes materiais na sua composição, a


sedimentação, o carreamento de nutrientes, a cobertura vegetal e os recursos
hídricos são fundamentais para determinar o perfil de solo, porém a forma
com que as pessoas utilizam também são determinantes para as características
do solo produtivo.

219
AUTOATIVIDADE

1 O solo pode ser compreendido como um local qualquer que abriga o homem.
Uma porção do espaço terrestre pode ser considerada um local, um corpo
natural onde vivem muitas espécies de vida e dele retiram seus sustentos,
um solo fértil e produtivo é uma importante fonte de riquezas, os seres vivos
se mantêm na luta pela sobrevivência. Sobre a formação do solo, analise as
sentenças a seguir:

I- A decomposição das rochas, pelo processo do intemperismo, é parte do


processo responsável pela formação dos diferentes tipos de solo.
II- A formação dos diferentes relevos, e principalmente a formação do solo, têm
origem vulcânica. A formatação do tipo de solo depende especificamente
dos agentes internos.
III- A formação dos solos está associada a diversos fatores, que podem ser:
biológicos, físicos e químicos. Os agentes internos e externos interagem
intensamente nessa formação.
IV- Os processos geológicos, de forma geral, são agentes transformantes que
movimentam grandes estruturas. Os agentes externos são os principais
formadores do modelo superficial de solo.

Assinale a alternativa CORRETA:


a) ( ) As sentenças I, II e IV estão corretas.
b) ( ) As sentenças II, III e IV estão corretas.
c) ( ) As sentenças I, III e IV estão corretas.
d) ( ) As sentenças I, II e III estão corretas.

2 Os solos que cobrem superficialmente a Terra existem em decorrência de


duas forças: as forças internas, que geram as grandes formas estruturais
do relevo, e as externas, que moldam as diferentes formas de relevo. Nesse
contexto, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:

( ) As forças internas realizam intensas atividades. Essas atividades são


chamadas de tectônica de placas, que realizam dois tipos de movimentos:
epirogenéticos e orogenéticos.
( ) A formação das grandes estruturas do relevo terrestre é representada por
cadeias orogênicas, depressões, escudos e planaltos.
( ) O intemperismo é responsável pala decomposição físico-química de
estruturas rochosas, que formam os detritos presentes na superfície da Terra.
( ) As forças externas são agentes formadores de montanhas e cadeias orogênicas,
principalmente através dos depósitos de matérias e sedimentos ao longo de
muitos anos.

220
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) V – V– F – V.
b) ( ) F – V– V – V.
c) ( ) V – V – V – F.
d) ( ) V – F – V – V.

3 A desertificação é um dos graves problemas do século XXI. Para boa parte da


população mundial que vive em regiões áridas e semiáridas, esse problema
é sentido de perto e a cada ano torna-se maior, atingindo milhões de pessoas
em todo o planeta. Sobre este tema, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) O fenômeno da desertificação não se restringe a limites e convenções,


atinge todos os locais onde estão os grandes desertos. Por serem áreas
móveis, compostas por partículas facilmente carregadas pelo vento e pela
enxurrada, acabam expandindo suas áreas ano a ano.
b) ( ) A desertificação é um fenômeno crescente. Sua expansão depende de
inúmeros fatores: perda de fertilidade do solo, destruição da vegetação,
pouca distribuição de chuvas ao longo do ano, alteração da fauna e flora
local, interrompendo a dinâmica natural e a intervenção humana que é
significativa nesse processo.
c) ( ) A desertificação é um fenômeno natural que ocorre sem a intervenção do
homem. Os grandes desertos vão ampliando áreas de transição, suprimindo
a vegetação e aumentando milhares de quilômetros todos os anos,
principalmente na África, onde encontramos o maior deserto do mundo: “o
Deserto do Saara”.
d) ( ) O fenômeno da desertificação está atrelado às mudanças climáticas e
ao crescimento das cidades. O avanço da urbanização e a mecanização do
campo também contribuem para a desertificação e desequilíbrio ecológico,
sendo o campo o principal responsável pela desertificação no mundo.

4 Os movimentos de massa sobre a superfície da Terra geralmente causam


muitos estragos, tanto prejuízos financeiros como perdas de vida. São
fenômenos que podem ocorrer de diversas formas e em diferentes locais.
Disserte sobre os tipos de movimentos de massa e como ocorrem esses
fenômenos (escreva por que ocorrem, quais efeitos evidenciam na superfície
da Terra, fale sobre os diferentes impactos na sociedade).

5 A formação de montanhas ocorre com a união de vários fatores, especialmente


através do movimento tectônico na costa continental. Vários outros elementos
complementam a formação geológica das montanhas, principalmente os
dobramentos modernos, como a Cordilheira dos Andes, um dos principais
cartões postais da era moderna. Disserte sobre a formação da cordilheira
andina (considere o tectonismo, o período geológico, escreva como ocorreu
essa formação do ponto de vista geológico).

221
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