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Práticas de Geologia

Prof. Luis Alonso Gonzalez Corrales


Prof. Michael Andrey Vargas Barrantes
Prof.ª Narayana Saniele Massocco

Indaial – 2019
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2019

Elaboração:
Prof. Luis Alonso Gonzalez Corrales
Prof. Michael Andrey Vargas Barrantes
Prof.ª Narayana Saniele Massocco

Revisão, Diagramação e Produção:


Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri


UNIASSELVI – Indaial.

C823p

Corrales, Luis Alonso Gonzalez

Práticas de geologia. / Luis Alonso Gonzalez Corrales; Michael


Andrey Vargas Barrantes; Narayana Saniele Massocco. – Indaial: UNIASSELVI, 2019.

191 p.; il.

ISBN 978-85-515-0372-0

1. Geologia. - Brasil. I. Corrales, Luis Alonso Gonzalez. II. Barrantes,


Michael Andrey Vargas. III. Massocco, Narayana Saniele. IV. Centro
Universitário Leonardo Da Vinci.

CDD 624.151
Impresso por:
Apresentação
Olá, acadêmico! Bem-vindo à mais uma disciplina de engenharia civil:
práticas de geologia! Esta unidade tem como principal objetivo introduzir o
conhecimento de geologia, de forma prática e intuitiva, a partir de exemplos
teóricos e técnicos que levem ao reconhecimento dos aspectos geológicos em
campo. Ainda, quando se fala em geologia, o que vem em sua mente?

Geologia é a ciência que estuda a terra, o termo vem de geo, em latim


significa terra, e logia (estudo ou ciência). Com esse termo desvendado, chega-
se ao entendimento que a ciência estuda a terra, desde sua origem, evolução
ao longo do tempo, formação, constituição, forças atuantes sobre a terra.

Geralmente, quando pensamos em geologia, lembramos de solo,


rocha, minerais e relevo. No planeta Terra, sob uma cobertura de detritos,
vegetação, água, gelo e solo, decorrem materiais sólidos denominados rochas.
Rochedos, encostas de morros, cortes de estradas ou ilhas estéreis constituem
afloramentos de rochas, perfazendo 3% da superfície dos continentes. Essas
rochas são formadas por minerais, e esses minerais indicam o tipo de formação
e constituição. Dessa maneira, esta unidade tem o objetivo de mostrar a você,
acadêmico, os aspectos básicos sobre mineralogia e petrologia, que significam
o estudo dos minerais e da rocha, respectivamente.

A compreensão dos principais minerais constituintes das rochas


e suas características mais significativas possibilitam ao engenheiro civil
caracterizar os comportamentos químico e mecânico de uma estipulada rocha
quando empregada como material de construção civil, quando é traçada
em túneis ou em encostas/taludes de cortes e quando serve de suporte para
fundações.

Vamos começar?

Luis Alonso Gonzalez Corrales


Michael Andrey Vargas Barrantes
Narayana Saniele Massocco

III
NOTA

Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto


para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há
novidades em nosso material.

Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é


o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura.

O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.

Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente,


apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto
em questão.

Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.

Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de


Desempenho de Estudantes – ENADE.
 
Bons estudos!

IV
V
VI
Sumário
UNIDADE 1 – MINERALOGIA E PETROLOGIA............................................................................ 1

TÓPICO 1 – MINERALOGIA................................................................................................................ 3
1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 3
2 CONCEITO DE MINERAL ................................................................................................................. 3
2.1 IDENTIFICAÇÃO DOS MINERAIS ............................................................................................. 5
2.1.1 Propriedades ópticas . ............................................................................................................ 5
2.1.2 Propriedades morfológicas ................................................................................................... 9
2.1.3 Propriedades físicas ............................................................................................................... 10
2.2 MINERAIS FORMADORES DE ROCHAS .................................................................................. 16
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 23
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 24

TÓPICO 2 – PETROLOGIA: ROCHAS................................................................................................ 25


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 25
2 DEFINIÇÃO E CLASSIFICAÇÃO..................................................................................................... 25
3 ROCHAS ................................................................................................................................................. 26
3.1 ROCHAS IGNEAS . ......................................................................................................................... 27
3.1.1 Classificação das rochas ígneas ............................................................................................ 27
3.2 ROCHAS SEDIMENTARES............................................................................................................ 36
3.2.1 Processo de formação das rochas sedimentares.................................................................. 37
3.2.2 Classificação............................................................................................................................. 37
3.3 ROCHAS METAMÓRFICAS.......................................................................................................... 44
3.3.1 Características ......................................................................................................................... 48
3.3.2 Textura....................................................................................................................................... 48
3.3.3 Estrutura................................................................................................................................... 49
3.3.4 Composição do mineral ......................................................................................................... 49
3.3.5 Tipos de rochas metamórficas .............................................................................................. 50
LEITURA COMPLEMENTAR................................................................................................................ 54
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 62
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 63

UNIDADE 2 – DINÂMICA EXTERNA DA TERRA E FORMAÇÃO DOS SOLOS................... 67

TÓPICO 1 – DINÂMICA EXTERNA DA TERRA: INTEMPERISMO E EROSÃO..................... 69


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 69
2 METEORIZAÇÃO OU INTEMPERISMO........................................................................................ 69
2.1 CLASSIFICAÇÃO DO INTEMPERISMO..................................................................................... 71
2.1.1 Intemperismo físico................................................................................................................. 71
2.1.2 Intemperismo químico............................................................................................................ 73
3 EROSÃO.................................................................................................................................................. 75
3.1 PROCESSO EVOLUTIVO DAS EROSÕES................................................................................... 80
3.2 CLASSIFICAÇÃO DAS EROSÕES ............................................................................................... 83
3.2.1 Erosão superficial..................................................................................................................... 84

VII
3.2.2 Sulcos, ravinas e voçorocas.................................................................................................... 85
3.2.3 Erosão interna ou piping........................................................................................................ 86
3.2.4 Esqueletização.......................................................................................................................... 87
3.2.5 Outras formas particulares de erosão citadas na literatura............................................... 88
3.3 ERODIBILIDADE DOS SOLOS...................................................................................................... 89
3.4 ENSAIOS GEOTÉCNICOS APLICADOS À ERODIBILIDADE DOS SOLOS......................... 91
3.4.1 Caracterização física................................................................................................................ 91
3.4.2 Caracterização química........................................................................................................... 92
3.4.3 Caracterização mineralógica.................................................................................................. 92
3.4.4 Ensaio de desagregação.......................................................................................................... 93
3.4.5 Ensaio de Inderbitzen: método direto da erodibilidade.................................................... 94
3.4.6 Ensaio do furo de agulha........................................................................................................ 96
3.4.7 Ensaio de crumb test............................................................................................................... 97
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 99
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 101

TÓPICO 2 – SOLOS................................................................................................................................. 103


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 103
2 DEFINIÇÃO DE SOLO........................................................................................................................ 104
2.1 CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS .................................................................................................... 104
2.1.1 Solos residuais . ....................................................................................................................... 104
2.1.2 Solos tropicais........................................................................................................................... 109
2.1.3 Solos transportados ou sedimentares................................................................................... 110
2.1.4 Solos de aluvião....................................................................................................................... 110
2.1.5 Solos coluviais.......................................................................................................................... 111
2.1.6 Solos eólicos.............................................................................................................................. 113
2.1.7 Solos lacustres.......................................................................................................................... 113
2.1.8 Depósitos glaciais.................................................................................................................... 114
2.1.9 Solos orgânicos . ...................................................................................................................... 114
2.1.10 Solos pedogênicos.................................................................................................................. 115
LEITURA COMPLEMENTAR................................................................................................................ 119
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 121
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 122

UNIDADE 3 – ENSAIOS E TÓPICOS PRÁTICOS DE GEOLOGIA DE ENGENHARIA........ 123

TÓPICO 1 – ENSAIOS DE LABORATÓRIO E DE CAMPO........................................................... 125


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 125
2 GRANULOMETRIA E CLASSIFICAÇÃO GRANULOMÉTRICA............................................. 126
2.1 PASSO-A-PASSO, VAMOS COMEÇAR?...................................................................................... 129
2.2 CALIBRAÇÃO DO DENSÍMETRO............................................................................................... 131
2.3 PLANILHA DE ANÁLISE............................................................................................................... 135
2.4 PLANILHA SEDIMENTAÇÃO ..................................................................................................... 137
3 COMPACTAÇÃO: DETERMINAÇÃO DA CAPACIDADE ÓTIMA DO SOLO..................... 140
3.1 O ENSAIO . ....................................................................................................................................... 144
3.1.1 Procedimento de ensaio.......................................................................................................... 145
3.1.2 Técnicas e equipamentos de compactação de aterros........................................................ 147
4 MÉTODOS DIRETOS DE INVESTIGAÇÃO.................................................................................. 149
4.1 TIPOS DE MÉTODOS DIRETOS.................................................................................................... 150
4.2 MÉTODOS GEOFÍSICOS OU INDIRETOS DE INVESTIGAÇÃO............................................ 150
4.2.1 Procedimento........................................................................................................................... 151
4.2.2 Sísmica de refração.................................................................................................................. 152

VIII
4.2.3 Eletroresistividade................................................................................................................... 153
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 154
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 155

TÓPICO 2 – TÓPICOS DE GEOLOGIA DE ENGENHARIA......................................................... 159


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 159
2 GEOLOGIA ESTRUTURAL................................................................................................................ 159
2.1 EVIDÊNCIAS DE FALHAS NO CAMPO .................................................................................... 161
2.2 CARTOGRAFIA GEOLÓGICA...................................................................................................... 165
2.3 ESTABILIDADE DE TALUDES E MOVIMENTOS DE MASSA................................................ 175
LEITURA COMPLEMENTAR................................................................................................................ 179
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 183
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 185
REFERÊNCIAS.......................................................................................................................................... 187

IX
X
UNIDADE 1

MINERALOGIA E PETROLOGIA

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• identificar os sistemas cristalinos que compõem as rochas;

• diferenciar e classificar a formação e o tipo de rocha;

• ter noções básicas de processos erosivos e de intemperismos;

• entender as possíveis soluções geológicas para determinado maciço.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em dois tópicos. No decorrer da unidade,
você encontrará auto atividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.

TÓPICO 1 – MINERALOGIA

TÓPICO 2 – PETROLOGIA: ROCHAS

1
2
UNIDADE 1
TÓPICO 1

MINERALOGIA

1 INTRODUÇÃO
As rochas são formadas por minerais, a desintegração e decomposição das
rochas pelo intemperismo originam a forma, o solo e as propriedades desses dois
materiais geotécnicos (rocha e solo) que são determinadas pelas propriedades dos
minerais que os compõem ou deram origem. Portanto, é essencial o conhecimento
básico dos materiais terrestres.

A Mineralogia é a ciência que estuda os minerais, as suas propriedades,


composição e origem. Os assuntos e os conceitos em relação aos minerais, rochas
e solos são o principal objeto de estudo da Geologia de Engenharia, pois são de
grande importância em obras. “A palavra mineral tem uma conotação específica
dentro da geologia. De modo geral, é toda substância formada naturalmente,
sólida ou líquida, inorgânica, homogênea e com composição e estrutura química
definidas” (QUEIROZ, 2009, p. 27).

2 CONCEITO DE MINERAL
Para que um material seja considerado um mineral, deve cumprir os
seguintes critérios:

• Deve-se formar naturalmente: portanto, não são considerados minerais os


diamantes sintéticos e outros cristais produzidos no laboratório.
• Indispensável que seja inorgânico: desse modo, o carvão, o âmbar e as pérolas
não são considerados minerais.
• Deve ser sólido: a água e o mercúrio não são considerados minerais.
• A sua estrutura interna deve ser ordenada: portanto, materiais como opala e
obsidiana não são considerados minerais, por haver uma distribuição aleatória
na sua configuração molecular.
• Deve ter uma composição química definida.

Materiais com a mesma composição química, formados em ambientes


diferentes, podem possuir diferentes arranjos estruturais dos átomos e moléculas,
formando minerais diferentes, com propriedades distintas (polimorfos). Por
exemplo, o diamante e o grafite são formados do elemento Carbono (C). Outros
exemplos comuns dos minerais polimorfos são a Calcita e o Aragonita, os dois
constituídos de carbonato de Cálcio (CaCO3).

3
UNIDADE 1 | MINERALOGIA E PETROLOGIA

E
IMPORTANT

O que são minerais polimorfos? Minerais polimorfos ocorrem quando dois


ou mais minerais com formas e estruturas cristalinas diferentes apresentam a mesma
composição química.

FIGURA 1 – EXEMPLOS DE MINERAIS POLIMORFOS

a) Calcita b) Aragonita

FONTE: Os autores

FIGURA 2 – EXEMPLOS DE MINERAIS: a) NATIVOS E b) COMPOSTOS

a) Enxofre b) Pirita
FONTE: Os autores

4
TÓPICO 1 | MINERALOGIA

E
IMPORTANT

Minerais ativos possuem apenas um elemento químico. No entanto, minerais


polimorfos possuem mesma composição química, porém formas diferenciadas.

2.1 IDENTIFICAÇÃO DOS MINERAIS


No estudo macroscópico dos minerais, existem algumas propriedades
úteis para a sua identificação, baseadas em procedimentos visuais e ensaios
manuais simples, rápidos e práticos.

A descrição dessas propriedades é apresentada na sequência:

• Propriedades ópticas: cor, brilho.


• Propriedades morfológicas: hábito (forma cristalina).
• Propriedades físicas: dureza, traço, clivagem, fratura e massa específica.
• Outras propriedades: magnetismo, flexibilidade.

E
IMPORTANT

As propriedades dos minerais são determinadas por sua composição e estrutura.


As principais propriedades são: clivagem, dureza, brilho, massa específica, flexibilidade, cor,
traço, magnetismo e polimorfismo.

2.1.1 Propriedades ópticas


Propriedades físicas muito utilizadas na identificação de minerais são as
ópticas, estas, por sua vez, são as que definem a cor e o brilho da rocha a ser identificada.
A seguir, esses itens que compõem a propriedade da óptica serão explicados.

a) Cor

A cor é determinada pela absorção das ondas de luz nas superfícies


do mineral. Devemos ter alguns cuidados em relação à cor de um mineral em
regiões de clima tropical (quente e úmido), onde existe um predomínio de
intemperismo químico. Portanto, é comum a decomposição profunda desses
minerais, permitindo a formação de uma película de alteração que, muitas vezes,
não coincide com a cor do mineral original.
5
UNIDADE 1 | MINERALOGIA E PETROLOGIA

FIGURA 3 – EXEMPLO DE ALTERAÇAO QUÍMICA PELO INTEMPERISMO

FONTE: Os autores

Alguns minerais podem apresentar diversas cores (minerais


alocromáticos), decorrentes da presença de elementos estranhos em sua
composição (impurezas). Dessa forma, por exemplo, o quartzo pode ser incolor,
branco, preto, róseo, amarelo, violeta.

Na Figura 4 a seguir podemos observar vários tipos de quartzos


diferenciados pela sua cor.

E
IMPORTANT

A cor é uma característica que pode impressionar o observador pela beleza,


“porém não é muito confiável para a identificação, podendo existir minerais com a mesma
cor, mas com propriedades muito diferentes. A cor é determinada por muitos fatores, sendo
o principal a composição química” (QUEIROZ, 2016, p. 13).

FIGURA 4 – EXEMPLOS DE DIFERENTES TIPOS DE QUARTZOS CRISTALINOS

a) Cristal de rocha b) Rosa c) Ametista

6
TÓPICO 1 | MINERALOGIA

d) Branco ou leitoso e) Olho de tigre f) Fumado

g) Citrino h) Rutilado
FONTE: Os autores

Na figura a seguir, podemos observar três amostras de quartzos


pertencentes ao grupo chamado quartzos criptocristalinos. O grupo é formado
especificamente de três tipos de quartzo: ágata, jaspe e calcedônia. A principal
característica do grupo é a ausência de uma estrutura interna definida.

FIGURA 5 – EXEMPLOS DE DIFERENTES TIPOS DE QUARTZOS CRIPTOCRISTALINOS

a) Ágata b) Jaspe

7
UNIDADE 1 | MINERALOGIA E PETROLOGIA

c) Calcedônia

FONTE: Os autores

b) Brilho

O brilho é a intensidade da luz refletida nas superfícies do mineral. Na


prática, são considerados dois tipos fundamentais de brilho: metálico e não
metálico. Dentro do brilho não metálico consideram-se vários tipos: vítreo (como
o quartzo), sedoso (como a gipsita e o quartzo olho de tigre), nacarado (como o
talco e as micas), resinoso (o enxofre), terroso (a limonite), adamantino (no caso
do diamante), perláceo e oleoso. É comumente utilizado o termo submétalico
quando o brilho se assemelha ao metálico, mas menos intenso, como o grafite.

FIGURA 6 – EXEMPLOS DE DIFERENTES TIPOS DE QUARTZOS CRIPTOCRISTALINOS a)


HEMATITE; b) GRAFITE

a) Metálico b) Submetálico
FONTE: Os autores

8
TÓPICO 1 | MINERALOGIA

FIGURA 7 – EXEMPLOS DE VARIEDADES DE BRILHO NÃO METÁLICO

a) Vítreo b) Sedoso c) Nacarado

d) Resinoso e) Terroso f) Turmalina


FONTE: Os autores

2.1.2 Propriedades morfológicas


As propriedades morfológicas são aquelas que definem a forma de um
objeto. No caso, como estamos descrevendo rochas e minerais, analisa-se a
aparência externa, além da estrutura externa. Na geologia, uma propriedade que
identifica a morfologia é o hábito.

c) Hábito

Como é apresentado um mineral na natureza. A expressão externa é


consequência da disposição interna ordenada dos átomos. A Cristalografia é a
ciência que estuda a forma e estrutura das substâncias cristalinas. Atualmente, são
utilizados, na classificação cristalográfica dos minerais, seis sistemas cristalinos
(modelos geométricos definidos): cúbico, tetragonal, hexagonal, ortorrômbico,
monoclínico e triclínico. A seguir, são apresentados três minerais com diferentes
formas segundo a classificação cristalográfica.

Existem alguns minerais conhecidos como minerais amorfos, os quais


se caracterizam por não apresentar uma forma definida. Um claro exemplo é o
quartzo rosa.

9
UNIDADE 1 | MINERALOGIA E PETROLOGIA

FIGURA 8 – EXEMPLO DE CLASSIFICAÇÃO CRISTALOGRÁFICA DE ALGUNS MINERAIS

a) Granada (dodecaedro) b) Pirita (cúbico) c) Quartzo (hexagonal)


FONTE: Os autores

E
IMPORTANT

Existem alguns minerais que apresentam polimorfismo. O polimorfismo é uma


propriedade química em que diferentes minerais apresentam a mesma composição química,
mas formas cristalinas diferentes e propriedades físicas distintas. Exemplo de polimorfismo é
o carbono, que pode surgir como diamante na forma cristalina ou como grafite.

2.1.3 Propriedades físicas


A propriedade física é, segundo um entendimento inicial, aquilo que não
modifica sua composição química a partir de uma implicação de uma mudança
de estado. Na geologia, as principais propriedades físicas comumente utilizadas
para identificação de um mineral são: dureza, traço, clivagem e fratura.

d) Dureza

É a resistência ao risco de um mineral e expressada de forma semi


quantitativa. A dureza de um mineral na prática, é obtida, a partir da comparação
da escala de mohs em que mostra valores de minerais conhecidos. Para isso, a
Figura 9 corresponde a escala de dureza relativa proposta por Mohs.

10
TÓPICO 1 | MINERALOGIA

FIGURA 9 – ESCALA DE DUREZA DE MOHS

FONTE: Adaptado de Tarbuck, Lutgens e Tasa (2005, p. 90)

A seguir, são apresentados alguns aspectos em relação à escala de dureza


de Mohs:

• Os valores crescentes na escala significam, por exemplo, que um mineral de


dureza 2 (gipsita) pode riscar um mineral de dureza menor, 1 (talco). É o
mesmo processo com os valores crescentes da escala, sendo o diamante o único
material que só pode ser riscado por outro diamante.

11
UNIDADE 1 | MINERALOGIA E PETROLOGIA

• Por se tratar de uma escala relativa não significa, por exemplo, que o feldspato,
de dureza 6, seja duas vezes mais duro que a calcita com valor de dureza
3. Deve-se atentar que, na figura anterior, os valores são correspondentes à
dureza absoluta. Assim, o diamante é 80 vezes mais duro que o talco.
• Na prática, é utilizada a unha para verificar minerais com uma dureza menor
que 3. Materiais como um canivete de aço e/ou vidro também são empregados
para identificação de minerais com uma dureza entre 5,0-5,5 e 6,0-6,5,
respectivamente. Minerais com dureza maior que 7 nem são riscados pelo
vidro.

E
IMPORTANT

A dureza representa uma resistência relativa ao risco de um mineral. Na


escala de Mohs, os números não significam que um mineral é “x” vezes mais duro que o
outro. Assim, por exemplo, o diamante não é dez vezes mais duro que o talco. A escala é a
representação de dureza.

e) Traço

O traço é a propriedade que o mineral possui de, quando atritado sobre


uma superfície áspera, produzir um traço sem riscar. No laboratório, é usual
atritar o mineral sobre uma superfície de cerâmica ou porcelana branca (verso de
um azulejo).

No ensaio em laboratório, o mineral, quando é atritado com força sobre


uma superfície de porcelana áspera, apresenta uma coloração. O traço de um
mineral é sempre o mesmo, independentemente da cor do mineral. É importante
considerar que o ensaio só pode ser aplicado em minerais com uma dureza
menor em relação à dureza na porcelana (6,5 na escala de dureza de Mohs).
Para minerais com uma dureza maior, o mineral vai riscar a placa de porcelana
deixando, apenas, o pó branco.

O traço é uma propriedade qualitativa importante para identificar


diferentes minerais de ferro. Por exemplo: o mineral limonite deixa um traço
amarelo, a hematita um traço vermelho e, a magnetita, um traço de cor preta.

12
TÓPICO 1 | MINERALOGIA

FIGURA 10 – EXEMPLOS DO TRAÇO DE ALGUNS MINERAIS

a) Hematita b) Limonite

c) Pirita d) Magnetita

FONTE: Os autores

f) Clivagem

Como um mineral se quebra em direções preferenciais, formando


superfícies planas e regulares. Esses planos de fraqueza estão relacionados com
a estrutura interna ordenada do mineral. Os tipos de clivagem são descritos pelo
número de planos de ruptura (chamados planos de clivagem) e os respectivos
ângulos. A pirita, por exemplo, fragmenta-se em cubos, as micas, em folhas
paralelas e, a calcita, em romboedros.

Para entendermos melhor, a Figura 11 a seguir corresponde ao mineral


mica, o qual é definido por folhas. Essas folhas correspondem a um tipo de
clivagem.

13
UNIDADE 1 | MINERALOGIA E PETROLOGIA

FIGURA 11 – EXEMPLO DE CLIVAGEM EM MINERAIS

a) Clivagem em folhas das micas.

FONTE: Os autores

E
IMPORTANT

A clivagem corresponde a uma característica de direção quando o mineral é


submetido à fratura, ou seja, comportamento que o mineral tem de se fraturar em uma
direção preferencial plana e reflexiva. A propriedade está relacionada à estrutura molecular
do mineral.

g) Fratura

É a forma com que um mineral se quebra sem direções preferenciais,


formando superfícies irregulares na maior parte dos casos. Existem dois tipos
de fraturas menos comuns apresentados em minerais, formando concavidades
(concoidal), como o quartzo e a fratura plana.

14
TÓPICO 1 | MINERALOGIA

FIGURA 12 – EXEMPLO DE FRATURA EM MINERAIS

a) Fratura irregular do feldspato


FONTE: Os autores

E
IMPORTANT

Qual a diferença entre fratura e clivagem? A clivagem corresponde à quebra do


mineral em direções preferenciais (superfícies planas e regulares). No entanto, a fratura não
apresenta direções preferenciais em relação à superfície de quebra.

h) Peso específico

É a relação entre o peso de um mineral e o peso de um volume de água. O


peso específico depende de dois fatores: dos átomos que constituem e do arranjo
desses átomos. São mais pesados os minerais nativos (como o ouro) e os minerais
metálicos (como a hematita, a pirita e a galena).

E
IMPORTANT

O peso específico pode relacionar-se com a massa específica. No caso, a


massa específica é a razão entre a massa de uma quantidade de substância e o volume (V)
correspondente.

15
UNIDADE 1 | MINERALOGIA E PETROLOGIA

i) Outras propriedades

• Magnetismo: quando um material é atraído por um ímã é conhecido como


magnetismo. A propriedade é muito importante para identificar o mineral
magnetita em laboratório, mesmo poucos minerais o possuindo. Um ímã é
utilizado para detectar se o mineral é magnético. A peculiaridade pode ser
identificada em rochas basálticas e em alguns xistos.
• Solubilidade: para a identificação dos carbonatos, como a calcita e a dolomita, a
reação do mineral com ácidos pouco concentrados (clorídrico, nítrico, sulfúrico
etc.) produz uma intensa efervescência, devido à formação de gás carbônico
(CO2) e água líquida.

2HCl+CaCO3 →CaCl2 +H2O+ CO2

2.2 MINERAIS FORMADORES DE ROCHAS


Dentre os minerais que compõem as rochas se encontram: quartzo,
feldspatos, micas, anfibílicos, piroxênios e olivina, embora haja uma relação com
um total de 20 minerais.

O quadro a seguir mostra um resumo dos minerais mais comuns


encontrados nas rochas.

QUADRO 1 – MINERAIS MAIS COMUNS NAS ROCHAS


1. Quartzo 6. Olivina 11. Turmalina 16. Clorita
2. Feldspatos 7. Zircão 12. Topázio 17. Amianto
3. Micas 8. Magnetita 13. Calcita 18. Talco
4. Anfibólios 9. Hematita 14. Dolomita 19. Zeólitas
5. Piroxênios 10. Pirita 15. Caulim 20. Fluorita
FONTE: Os autores

Uma descrição dos primeiros cinco grupos é apresentada na sequência:

1. Quartzo

• Fórmula: SiO2. é sílica cristalizada macroscopicamente.


• Forma: não tem forma definida nas rochas. Apresenta forma de prisma
hexagonal terminado por faces de romboedros em cavidades.
• Clivagem: ausente.
• Fratura: concóide.
• Cor: desde incolor até cinza-escuro. Geralmente é branco.
• Brilho: apresenta brilho não metálico (vítreo).
• Traço: incolor.
• Dureza: 7.

16
TÓPICO 1 | MINERALOGIA

• Peso específico: 2,65.


• Ocorrência: nas ígneas aparece em granitos e pegmatitos. Nas metamórficas,
aparece em quartzitos, micaxistos e gnaisses e, nas sedimentares, em arenitos,
siltitos e conglomerados.
• Caráteres distintivos: falta de clivagem, brilho e cor.
• Emprego: adorno em joalheria, areia para construção, em fundição, como
abrasivo, em porcelanas, em lentes de aparelhos óticos científicos, em filtros
para barragens e em concreto.

A Figura 13 a seguir apresenta uma amostra de quartzo.

FIGURA 13 – EXEMPLO DE QUARTZO, CRISTAL DE ROCHA

FONTE: Os autores

2. Feldspato

Pertence ao grupo de silicatos de alumínio contendo potássio, sódio e/ou


cálcio. Corresponde a mais de 50% do volume dos minerais da crosta terrestre.

• Fórmula: é formado por ortoclásio (KAlSi3O8), albita (NaAlSi3O8) e anortita


(CaAl2Si3O8).
• Forma: não é uniforme, mas pode apresentar contornos retangulares ou
hexagonais.
• Clivagem: possui boa clivagem em duas direções. O grão de feldspato pode
aparecer dividido por uma linha.
• Fratura: irregular em fragmentos quebradiços.
• Cor: os ortoclásios, em razão das impurezas, podem ser creme, tijolo, róseo ou
vermelho. Para o caso dos plagioclásios, geralmente são cinza, brancos, pardos,
esverdeados ou até pretos.
• Brilho: vítreo em fratura recente.
• Traço: branco não característico.
• Peso específico: ortoclásio, albita e anortita são 2.54, 2.62 e 2.76, respectivamente.

17
UNIDADE 1 | MINERALOGIA E PETROLOGIA

• Ocorrência: ocorre em rochas ígneas intrusivas ou extrusivas e nas


metamórficas. Caso contrário, acontece nas sedimentares, já que estas se
decompõem em argila e caulim.
• Emprego: moído, granulação finíssima, fundido e misturado com caulim,
quartzo e argila na produção de porcelana.

FIGURA 14 – EXEMPLO DE FELDSPATO . A) ORTOCLÁSIO e B) PLAGIOCLÁSA

a) Ortoclásio b) Plagioclása
FONTE: Os autores

3. Micas

Pertence ao grupo de silicatos hidratados, apresenta uma estrutura em


folhas, compondo-se de potássio, magnésio, ferro, alumínio etc. No grupo das
micas, encontram-se os principais minerais:

• Mica branca: H2KAl3(SiO4)3, comumente conhecida como moscovita.


• Mica preta: (H,K)2 (Mg,Fe)2 (Al,Fe)2 (SiO4)3, usualmente conhecida como biotita.
• Mica verde: sericita.
• Mica roxa: lepidolita.
• Forma: apresenta-se em placas hexagonais quando se encontra bem cristalizada.
• Clivagem: perfeita em uma direção.
• Cor: a moscovita é incolor, branca, cinza, parda ou esverdeada. É sempre incolor
quando é apresentada em lâminas finas. Para o caso da biotita, pode ser preta
ou pardacenta. Quando apresentada em lâminas finas, pode ser translúcida,
parda ou verde-escura.
• Brilho: acetinado.
• Alteração: A moscovita apresenta a característica de não sofrer alterações
facilmente. Caso contrário, acontece com a biotita e variedades de mica preta,
em que facilmente se alteram por hidratação, tornando-se moles e descoradas,
perdendo a elasticidade.
• Ocorrência: em granitos, pegmatitos, gnaisses, micaxistos e filitos.
• Emprego: na fabricação de vidros refratários e como isolante elétrico.

Na figura a seguir há um exemplo de mica branca, conhecida como


moscovita.
18
TÓPICO 1 | MINERALOGIA

FIGURA 15 – EXEMPLO DE MICA BRANCA

FONTE: Os autores

4. Anfibólio

Pertence ao grupo de silicatos hidratados complexos, incluindo cálcio,


magnésio, ferro e alumínio.

• Forma: apresenta-se sob a forma de lâminas longas com terminações irregulares.


• Clivagem: duas boas direções de clivagem (ângulos oblíquos de 125º).
• Cor: está em função da quantidade de ferro. Por exemplo, branco ou cinza na
tremolina; verde-vivo na actinolita; verde-escuro a preto na hornblenda.
• Brilho: não metálico (vítreo).
• Alteração: pode produzir talco, clorita, limonita e carbonato sob a ação de
diversos agentes.
• Ocorrência: tremolita em calcários, dolomitos e rochas talcosas. Hornblenda é
comum em rochas ígneas e metamórficas.
• Determinação: acontece em vários ambientes geológicos (mármores e tipos
metamórficos regionais de grau médio e de contato). O mineral difere da biotita
pela ausência de esfoliação em lâminas.

FIGURA 16 – EXEMPLO DE ANFIBÓLIO

FONTE: <http://crisotilabrasilblog.blogspot.com/2012/08/o-que-e-o-amianto.html>. Acesso em:


26 jul. 2019.
19
UNIDADE 1 | MINERALOGIA E PETROLOGIA

5. Piroxênio

Pertence ao grupo dos silicatos complexos, compondo-se de cálcio,


magnésio, alumínio e sódio. São sais de ácido metassilícico (H2SiO3).

• Enstatita: MgSiO3.
• Hiperstênio: (Fe,Mg)SiO3.
• Diopsídio: CaMg (SiO3)2.
• Espodumênio: LiAl (SiO3)2.
• Rodonita: MnSiO3.
• Forma: não apresenta faces terminais nas rochas. Um cristal de piroxênio
apresenta uma forma prismática, curta e grossa, mais ou menos equidimensional.
• Brilho: apresenta um brilho não metálico (fosco até vítreo).
• Cor: acinzentado, amarelado ou esverdeado a verde-oliva e marrom,
dependendo da composição.
• Clivagem: duas boas direções de clivagem, aproximadamente em ângulos retos.
• Dureza: 5 a 6.
• Alteração: altera-se facilmente. Pode formar calcita e limonita por meio de
intemperismo. Já no caso de metamorfismo se transforma em agregado
de agulhas ou grãos de anfibólio. Segundo esse processo, as rochas ígneas
ricas de piroxênio (gabros, diabásios e basaltos) transformam-se em rochas
metamórficas ricas de antibólios, como anfibolitos, anfibólio-xistos etc.
• Ocorrência: o ortopiroxênio rico em Mg é um constituinte comum dos peridotitos,
gabros, noritos e basaltos e é comumente associado a clinopiroxenos de Ca (augita),
olivina e plagioclásio. Considera-se o principal constituinte dos piroxênitos. É
comum em rochas metamórficas, como gnaisse, anfibolitos e mármores.
• Determinação: geralmente é reconhecido pela sua cor, clivagem e brilho
incomum. As variedades com alto teor de ferro são negras e difíceis de distinção
de augita sem teste óptico. É necessário verificar o contorno do prisma (seção
quadrada) e as duas direções de clivagem.
• Emprego: diopsídio, como joia; espodumênio para adicionar em graxas
lubricantes.

FIGURA 17 – EXEMPLO DE PIROXÊNIO

FONTE: <http://slideplayer.com.br/slide/383616/>. Acesso em: 26 jul. 2019.

20
TÓPICO 1 | MINERALOGIA

6. Olivina

Segundo Klein e Dutrow (2008), a composição da maioria das olivinas


pode ser apresentada no sistema CaO-MgO-FeO-SiO2. Contudo, as séries mais
comuns no sistema provêm da forsterita (Mg2SiO4) para faialite (Fe2SiO4).
Acredita-se que a olivina seja abundante no manto superior e ocorre como a
estrutura da perovskita em grandes profundidades.

• Cristalografia: os cristais são usualmente a combinação de três prismas,


pinacoides e o dipirâmide. Usualmente aparecem como grãos incorporados ou
em massas granulares.
• Fratura: concoidal, aumentando com o acréscimo do conteúdo de Ferro (Fe).
• Brilho: brilho não metálico (vítreo).
• Dureza: 6,5 a 7.
• Cor: apresenta várias tonalidades de verde, sendo a cor verde-oliva a mais
comum.
• Ocorrência: principalmente em rochas ígneas ricas em Mg, como gabro,
peridotito e basalto, coexistindo com plagioclásio e piroxênios.
• Determinação: geralmente por seu brilho vítreo, fratura concoidal, cor verde e
natureza granular.
• Emprego: a variedade verde-clara, peridoto, é usada como uma gema. A olivina
é extraída como areia refratária para a indústria de fundição e para a fabricação
de tijolos refratários.

Um exemplo de olivina é apresentado a seguir.

FIGURA 18 – EXEMPLO DE OLIVINA

FONTE: Os autores

Nas figuras a seguir apresenta-se um resumo do tópico estudado.

21
UNIDADE 1 | MINERALOGIA E PETROLOGIA

FIGURA 19 – RESUMO DO TÓPICO 1

FONTE: Os autores

FIGURA 20 – RESUMO DO TÓPICO 1(2)

FONTE: Os autores

22
RESUMO DO TÓPICO 1

Neste tópico, você aprendeu que:

• O conceito de mineral corresponde a um sólido natural inorgânico que possui


uma composição química definida e uma estrutura interna ordenada.

• A mineralogia é a ciência que estuda os minerais, as suas propriedades,


composição e a origem.

• Os minerais nativos são formados unicamente de um elemento químico,


enquanto os minerais compostos são formados de compostos químicos estáveis.

23
AUTOATIVIDADE

1 Os principais elementos constituintes da crosta terrestre e, portanto, das


rochas ígneas são:

a) ( ) Silício e sódio.
b) ( ) Ferro e sódio.
c) ( ) Oxigênio e ferro.
d) ( ) Oxigênio e silício.

2 Um mineraloide, um mineral nativo e um mineral composto, na respectiva


ordem, são:

a) ( ) Carvão, âmbar e calcita.


b) ( ) Âmbar, ouro e quartzo.
c) ( ) Opala, cobre e talco.
d) ( ) Cobre, âmbar e diamante.

3 Cite três minerais fósseis formadores de rochas ígneas:

a) ( ) Quartzo, plagioclásio e ortosa.


b) ( ) Quartzo, biotita e plagioclásio.
c) ( ) Olivina, hordendo e piroxena.
d) ( ) Horblenda, piroxênios e olivina.

4 Cite cinco produtos utilizados na indústria da construção e que são


produzidos a partir de minerais.

5 Cite as quatro características que um mineral deve ter para ser considerado
uma gema.

6 Cite o nome de três minerais que podem ser encontrados no Brasil, a formação
de depósitos de metal e o elemento de metal que pode ser extraído.

7 Os dois minerais que correspondem à matéria-prima para a fabricação de


vidro industrial são:

a) ( ) Ortosa e argilas.
b) ( ) Quartzo e calcita.
c) ( ) Argilas e calcita.
d) ( ) Quartzo e Ortosa.

8 Adicione a reação química de oxidação da pirita na presença de água,


responsável pela formação de drenagem ácida.

24
UNIDADE 1
TÓPICO 2
PETROLOGIA: ROCHAS

1 INTRODUÇÃO
A crosta terrestre é constituída pela formação das placas tectônicas. As
movimentações da placa e saída de lava do manto formam as rochas, e seus
diferentes processos caracterizam os diferentes tipos.

Este tópico tem como função auxiliar você, acadêmico, a entender as


formações e como identificá-las. Inicialmente começaremos com a definição
e classificação, e posteriormente analisaremos os diferentes tipos de formação
para, assim, entendermos as características de cada rocha.

2 DEFINIÇÃO E CLASSIFICAÇÃO
É importante saber que o ramo de conhecimento encarregado do
estudo sistemático de rochas é a petrologia. Dentro desse estudo, a descrição
e a identificação das rochas são realizadas por meio da petrografia, assim, a
explicação de sua origem é feita através da petrogênese.

As rochas são definidas, de modo geral, como a constituição de um mineral


ou associação de dois ou mais minerais que mantêm uma certa uniformidade
de composição e características na crosta terrestre. Assim, quando os agregados
minerais são formados de um só tipo, considera-se que a rocha é simples. No caso
em que os agregados minerais estão constituídos por mais de uma espécie, a rocha
é composta. Alguns exemplos de rochas constituídas de um só mineral são calcário
e mármore, elementos formados pelo mineral calcita (carbonato de cálcio). Rochas
como granitos (constituídos de quartzo, feldspato e micas) e diabásios (formados
por feldspato, piroxênio e magnetita) são exemplos de rochas compostas.

A rocha não é necessariamente um material resistente e duro da crosta,


como normalmente é percebido. Na área da Geologia, é considerada uma rocha
sem levar em conta a dureza ou o estado de coesão. Portanto, têm-se rochas
resistentes como granitos, calcários, sienitos e gabros, e rochas mais moles e
friáveis, como argilas, folhelhos, arenitos etc. Muitas substâncias da terra formam
parte das rochas, sendo que as partículas se encontram tão agregadas e arranjadas
que as unidades são muito amplas. Por causa dos diferentes processos pelos quais
as rochas foram formadas, elas diferem muito de um lugar para outro, mesmo
que os corpos de rochas individuais podem constituir centenas ou milhares de
quilômetros cúbicos do volume da terra.

25
UNIDADE 1 | MINERALOGIA E PETROLOGIA

As rochas são encontradas tanto na superfície terrestre quanto no seu


subsolo e de acordo com a sua gênese. Ainda, estão classificadas em três grandes
grupos: 1) rochas ígneas (magmáticas); 2) rochas sedimentares; e 3) rochas
metamórficas.

1) As rochas magmáticas são formadas a partir do resfriamento e da consolidação


do magma. Uma característica fundamental é ausência de fósseis, e podem ser
classificadas segundo sua composição mineralógica, textura, granulometria,
cor, estrutura etc.
2) As rochas sedimentares são produto da decomposição e desintegração de
outra rocha, geralmente, por processos mecânicos ou químicos. Elas se formam
na superfície da crosta terrestre e em decorrência da ação da água, vento ou
gelo. São acumulações de sedimentos, os quais podem ser fragmentos de
outras rochas ou minerais com granulometria fina a grossa, matéria química
precipitada e matéria de origem animal ou vegetal. Esses materiais são
transportados, depositados e acumulados em regiões como bacias, vales e
depressões. Posteriormente, é gerado um processo de consolidação decorrente
do peso das camadas superiores ou da ação da água subterrânea. As rochas
sedimentares podem ser classificadas segundo sua textura, composição
mineralógica, granulometria e cor. Fundamentalmente, são caracterizadas pela
presença de fósseis.
3) As rochas metamórficas são formadas pela mudança física ou química dos
minerais e sob a influência de temperatura ou pressão. Geralmente, ocorrem em
determinados ambientes geológicos abaixo da superfície terrestre. A mudança
no meio geológico é conhecida como transformação, ou metamorfismo. O
metamorfismo se caracteriza pela geração de novas texturas ou de novos
minerais, ou a combinação. A diferença dessas características dificulta a
determinação da natureza da rocha original.

Uma descrição detalhada desses três grandes grupos é apresentada a


seguir.

3 ROCHAS
Temos que as rochas são agregados naturais de um ou mais minerais. É
comum a utilização dos termos rochas simples, quando são formadas por um só
tipo de mineral (como o mármore, composto unicamente por cristais de calcita),
e rochas compostas, aquelas formadas pela associação natural de duas ou mais
espécies de minerais (como o granito, constituído por quartzo, feldspato, micas e
minerais acessórios).

Na figura a seguir podemos observar um exemplo de rocha simples e um


de rocha composta.

26
TÓPICO 2 | PETROLOGIA: ROCHAS

FIGURA 21 – EXEMPLOS DE ROCHAS SIMPLES E COMPOSTAS

a) Rocha simples b) Composta


FONTE: Os autores

Em uma classificação mais geral, de acordo com a sua origem, as rochas


são divididas em três grandes grupos: ígneas, sedimentares e metamórficas.

E
IMPORTANT

As rochas ígneas formam a maior parte da crosta terrestre.

3.1 ROCHAS IGNEAS


As rochas ígneas são formadas pela cristalização de magmas localizados
no interior da crosta e no manto terrestre. O magma é um material em fusão e
composto por uma fase sólida formada principalmente por minerais silicáticos,
uma fase volátil constituída por H2O, CO2, SO2 etc. e uma fase líquida.

3.1.1 Classificação das rochas ígneas


Na identificação e classificação das rochas ígneas, na escala macroscópica
(amostras de mão), existem algumas características que podem ser estudadas em
laboratório ou em campo, baseadas em critérios visuais simples, os quais vão ser
apresentados na sequência.

a) Profundidade de formação

Quando o processo de solidificação do magma ocorre no interior da crosta,


são formadas rochas intrusivas ou plutônicas. Por outro lado, quando o magma
atinge a superfície terrestre através dos vulcões em forma de derrames (lava), são
formadas as rochas extrusivas ou efusivas.
27
UNIDADE 1 | MINERALOGIA E PETROLOGIA

b) Textura

A textura é uma característica física importante para diferenciar as rochas


intrusivas das rochas extrusivas. Segundo Tarbuck e Lutgens (2005), o termo
textura, quando aplicado a uma rocha ígnea, é usado para descrever a aparência
geral da rocha em função do tamanho, forma e arranjo dos seus minerais. A
textura de uma rocha depende de vários fatores: da velocidade de resfriamento
do magma, da quantidade de sílica presente e de gases dissolvidos.

A textura de uma rocha ígnea pode ser:

• Fanerítica: quando as condições de altas pressões e temperaturas a grandes


profundidades permitem que o resfriamento do magma seja lento, formando
cristais visíveis a olho nu. Essa é uma característica típica da textura das rochas
intrusivas. A textura fanerítica de uma amostra de granito pode ser observada
a seguir.

FIGURA 22 – EXEMPLOS DE TEXTURA FANERÍTICA - GRANITO

QUARTZO FELDSPATO MOSCOVITA


FONTE: Os autores

28
TÓPICO 2 | PETROLOGIA: ROCHAS

• Afanítica: quando o processo de resfriamento e a cristalização são produzidos


rapidamente, devido à diferença entre a temperatura do magma (±1100°C) e a
temperatura do ambiente, formando minerais microscópicos. Textura típica de
rochas extrusivas é mostrada a seguir.
FIGURA 23 – EXEMPLO DE TEXTURA AFANÍTICA

FONTE: Os autores

• Porfirítica: formada por minerais pequenos (fenocristais) imersos numa massa


fina (matriz). Textura típica de rochas com uma formação intermediária entre
as faneríticas e as afaníticas.

FIGURA 24 – EXEMPLO DE TEXTURA PORFIRITICA

FONTE: Os autores

• Vítrea: quando o resfriamento acontece rapidamente, isso impossibilita a


formação de minerais, cristalizando apenas um material vítreo. Na figura a
seguir há um exemplo da cristalização de uma amostra de obsidiana.

29
UNIDADE 1 | MINERALOGIA E PETROLOGIA

FIGURA 25 – EXEMPLOS DE TEXTURA VÍTREA

a) Obsidiana Preta b) Obsidiana de Mogno


FONTE: Os autores

• Vesicular: durante o derramamento da lava ocorre o escape dos componentes


voláteis dissolvidos no magma, formando bolinhas na superfície e no interior
da massa. Esses vazios, mais conhecidos como vesículas, posteriormente
podem ser preenchidos pela precipitação de minerais secundários, formando
uma textura amigdaloide. Exemplos de texturas vesiculares são apresentados
a seguir.

FIGURA 26 – EXEMPLOS DE TEXTURAS VESICULARES

FONTE: Os autores

A pedra pomes é um caso de rocha com textura vítrea e vesicular. É


formada por erupções explosivas de magmas viscosos e ricos em gases quando
atingem a superfície através das aberturas vulcânicas. É a rocha ígnea menos
densa, tendo uma densidade inferior à da água, sendo capaz de flutuar.

30
TÓPICO 2 | PETROLOGIA: ROCHAS

FIGURA 27 – EXEMPLO DE PEDRA POMES

a) Amostra de mão b) Flutuação na água


FONTE: Os autores

Um resumo das texturas descritas anteriormente e as suas respectivas


descrições estão apresentados a seguir.

QUADRO 2 – RESUMO DE TEXTURAS IGNEAS

Textura Descrição
Afanítico Minerais pequenos (microscópicos).
Fanerítico Minerais grandes (visíveis).
Porfirítica Minerais pequenos e grandes.
Vítrea Material vítreo.
Vesículas Vazios na superfície e no interior da rocha.
Amigdaloide Vazios preenchidos por minerais secundários.
FONTE: Os autores

c) Composição química

De acordo com a composição química, as rochas ígneas são classificadas


como:

• Ácidas ou félsicas: compostas por teores de sílica > 65% são ricas em íons de
sódio e potássio, portanto, são formadas principalmente por minerais de cor
clara (ortoclásio, quartzo e moscovita).
• Intermediárias: compostas entre 50 e 65% de sílice. Possuem uma quantidade
semelhante de minerais claros e minerais escuros (Plagioclásio, quartzo e
piroxênio).
• Básicas ou máficas: Compostas de baixo conteúdo de sílice < 50%. São ricas em
íons de ferro e magnésio, portanto, são formadas principalmente por minerais
de cor escura (olivina, piroxênio, anfíboles e biotita).

31
UNIDADE 1 | MINERALOGIA E PETROLOGIA

FIGURA 28 – EXEMPLOS DE ROCHAS: I

a) Felsica b) Intermediária c) Máficas

FONTE: Os autores

A figura a seguir mostra a classificação dos principais tipos de rochas


ígneas segundo a composição mineralógica e a textura. Nota-se que o granito
possui a mesma composição mineralógica da riolita, porém, por ser uma rocha
intrusiva, o tempo de resfriamento é mais longo, resultando em minerais maiores.
Assim, cada tipo de rocha intrusiva possui uma rocha equivalente extrusiva.
Exemplo: o andesito e o basalto são os equivalentes extrusivos do diorito e do
gabro, respectivamente.

FIGURA 29 – CLASSIÇÃO DE ROCHAS ÍGNEAS

FONTE: Teixeira et al. (2009, p. 337)

• Rochas intrusivas

Mesmo quando rochas ígneas intrusivas são formadas em profundidade,


a elevação e a erosão geralmente as expõem à superfície.

As rochas intrusivas podem ocorrer de maneiras muito diversas, formando


corpos de formas e tamanhos variados e que apresentam relações variadas com as
rochas preexistentes. As intrusões grandes mais comuns são os batólitos e stocks e
as intrusões ígneas pequenas mais comuns são os diques e os sills.
32
TÓPICO 2 | PETROLOGIA: ROCHAS

Os batólitos são enormes corpos geralmente de composição granítica.


Cobrem uma área com mais de 100km2 na superfície terrestre (por exemplo, o
Escudo Brasileiro). Quando a extensão é menor do que 100km2, são os chamados
stocks.

Os diques e sills são formados pela solidificação dos fluidos magmáticos


durante sua ascensão à superfície terrestre. No caso dos diques, a solidificação
preenche aberturas ou fissuras, cortando discordantemente as rochas
preexistentes. Nos sills, a intrusão ocorre entre os planos de estratificação de
rochas sedimentares. Ambos corpos intrusivos geralmente formam parte de um
sistema intrusivo maior.

• Rochas extrusivas

O grau de viscosidade ou fluidez da lava depende da sua composição


química e da temperatura. Quanto maior a temperatura, maior é a fluidez do
magma. As lavas básicas ou máficas pobres em sílica (como o basalto) são rápidas
e podem atingir grandes distâncias. As lavas ácidas ou félsicas, ricas em sílica, são
viscosas e, portanto, não formam derrames de grande extensão.

Apresentamos exemplos de estruturas vulcânicas e derrames de lavas,


respectivamente.

FIGURA 30 – EXEMPLOS DE ESTRUTURAS VULCÂNICAS

A) Vulcão Poás, Costa Rica B) Cratera Vulcão Arenal, Costa Rica

FONTE: Os autores

33
UNIDADE 1 | MINERALOGIA E PETROLOGIA

FIGURA 31 – EXEMPLOS DE DERRAME DE LAVAS. A) TÚNEL DE LAVA FLUÍDA; B) DERRAME


DE LAVA VISCOSA

A) Vulcão Masaya, Nicarágua B) Vulcão Masaya, Nicarágua


FONTE: Os autores

• Rochas extrusivas piroclásticas

Quando os magmas muito viscosos e ricos em gases atingem a superfície


terrestre através dos vulcões, são produzidas erupções explosivas. Nesses
eventos, o magma é desintegrado em fragmentos de menor tamanho, chamados
piroclástos. Do grego, Pyro (fogo) e clasto (fragmento).

As rochas piroclásticas são agrupadas em dois grupos: os piroclástos de


queda, subdivididos pelo tamanho das partículas, e os piroclástos de fluxo.

Apresentamos a classificação das rochas de queda. Alguns exemplos


podem ser observados a seguir.

QUADRO 3 – CLASSIFICAÇÃO DAS ROCHAS PIROCLASTICAS DE QUEDA

Tamanho de partícula Piroclasto Rocha Piroclástica


< 0,06mm Cinza fina. Tufo fino.
0,06 – 2mm Cinza grossa. Tufo grosso.
2 – 64mm Lapíli. Lapílli-tufos.
>64mm Bomba. Aglomerado vulcânico.
>64mm Bloco. Brecha vulcânica.
FONTE: Os autores

34
TÓPICO 2 | PETROLOGIA: ROCHAS

FIGURA 32 – EXEMPLOS DE PIROCLÁSTOS DE QUEDA

a) Cinza fina b) Tufo fino (Guanacaste, Costa Rica)

c) Lapíli d) Bomba (Vulcão Poás, Costa Rica)


FONTE: Os autores

As nuvens ardentes são fluxos piroclásticos densos de grande energia


e alta temperatura. Descem a encosta do vulcão em altas velocidades. Essas
nuvens ardentes são compostas por cinzas, lapíli, bombas, pedra pomes, lava
líquida, fragmentos de rochas preexistentes no vulcão e gases tóxicos. Quando
esses materiais são depositados e posteriormente consolidados formam rochas
chamadas Ignimbritas. Nos depósitos dos fluxos piroclásticos se observam com
frequência fragmentos de obsidiana alongada (fiammes). A formação é pelo
colapso da pedra pomes a altas temperaturas no interior do fluxo. O eixo alongado
dos fiammes indica a direção do fluxo.

A seguir, observamos um exemplo da utilização de blocos de rocha


ignimbrita na construção de uma igreja na Costa Rica. Ainda, uma ignimbrita
colunar.

35
UNIDADE 1 | MINERALOGIA E PETROLOGIA

FIGURA 33 – EXEMPLOS DO USO DE ROCHA IGNIMBRITA EM OBRAS CIVIS

a) Igreja San Ramón, Costa Rica b) Detalhe de um bloco de rocha ignimbrita


FONTE: Os autores

FIGURA 34 – EXEMPLO DE UMA AMOSTRA IGNIMBRITA COLUNAR

FONTE: Os autores

3.2 ROCHAS SEDIMENTARES


As rochas sedimentares são formadas pela litificação de sedimentos
provenientes da desintegração física e decomposição química de rochas existentes
devido ao efeito de agentes externos (intemperismo).

Com vistas ao uso na Engenharia Civil, é importante determinar


a mineralogia, a parecença de matriz argilosa, o tipo e modo
de distribuição do material ligante (cimento), a porosidade, a
permeabilidade, a presença de fósseis e as estruturas presentes para
o entendimento das qualidades mecânicas (OLIVEIRA; BRITO, 1998,
p. 32).

36
TÓPICO 2 | PETROLOGIA: ROCHAS

3.2.1 Processo de formação das rochas sedimentares


O processo de formação das rochas sedimentares começa com a erosão
e decomposição de rochas preexistentes (ígneas, sedimentares e metamórficas).
É decorrente dos agentes externos (água, gelo, vento, gravidade, organismos,
homem etc.). As partículas desagregadas são transportadas, depositadas,
compactadas e, finalmente, litificadas.

O processo de litificação transforma os sedimentos inconsolidados em


rochas cimentadas a partir de um conjunto de processos químicos (precipitação,
cristalização, recristalização e outros) e físicos (diagênese).

TUROS
ESTUDOS FU

Os conceitos de erosão e meteorização serão abordados detalhadamente nas


Unidades 2 e 3, Processos geológicos e Formação dos solos, respectivamente.

3.2.2 Classificação
As rochas sedimentares são classificadas em três grandes grupos:
detríticas, químicas e bioquímicas e de acordo com a suas gênesis.

a) Rochas detríticas

Também conhecidas como clásticas, são formadas por sedimentos


formados mecanicamente. As rochas clásticas são subdivididas, de acordo com o
diâmetro das partículas, em: conglomerados, brechas, arenitos, siltitos, argilitos
e folhelhos.

A seguir, há as principais características da classificação de rochas


sedimentares.

QUADRO 4 – CLASSIFICAÇÃO DE ROCHAS SEDIMENTARES CLÁSTICAS

Diâmetro da partícula (mm) Sedimento Rocha


>2 Rudito Brecha/Conglomerado
2-0,062 Areia Arenito
0,062-0,02 Silte Siltito
<0,02 Argila Argilito/Folhelhos
FONTE: Os autores

37
UNIDADE 1 | MINERALOGIA E PETROLOGIA

Nas brechas, as partículas são angulosas e nos conglomerados as


partículas são arredondadas. Esse arredondamento deve-se a um maior
transporte dos sedimentos. A diferença entre os argilitos e os folhelhos reside
em os folhelhos apresentarem camadas planas horizontais bem destacadas e
que variam de cor.

A figura a seguir apresenta exemplos de vários tipos de rocha


sedimentária.

FIGURA 35 – EXEMPLOS DE ROCHAS SEDIMENTARES CLÁSTICAS

a) b)

c) d)
FONTE: Os autores

Na Figura 36a, podemos observar uma brecha composta principalmente


por detritos e, na Figura 36b, há o caso de uma brecha composta tanto por detritos
e uma matriz de sedimento mais fino.

38
TÓPICO 2 | PETROLOGIA: ROCHAS

FIGURA 36 – EXEMPLO S DE BRECHAS

FONTE: Os autores

Durante a litificação dos sedimentos em ambientes oceânicos profundos,


lagoas e rios, e em condições de baixa pressão e temperatura, é comum a
preservação de seres vivos (fósseis).

FIGURA 37 – EXEMPLOS DE ROCHAS CLÁSTICAS FOSSILIFERAS

FONTE: Os autores

b) Rochas químicas

São formadas a partir de substâncias minerais em solução iônica ou


coloidal, através de processos variados, como químicos, físico-químicos,
precipitação e evaporação. Elas se classificam em: carbonáticas, ferruginosas,
silicosas e evaporação. Cabe ressaltar que, neste livro, vamos estudar o caso das
rochas sedimentares químicas carbonáticas.

39
UNIDADE 1 | MINERALOGIA E PETROLOGIA

Carbonáticas: são formadas pela precipitação de carbonato de cálcio


ou carbonato de magnésio, formando depósitos calcários e dolomíticos,
respectivamente.

A seguir, é apresentada uma amostra de caliça.

FIGURA 38 – EXEMPLO DE CALIÇA

FONTE: Os autores

Os travertinos são rochas químicas formadas em ambientes continentais


e associadas a águas termais e zonas de falhas. É comum encontrar fósseis de
folhas, galhos, raízes, semente etc.

Um afloramento de travertino pode ser observado na Figura 39a e, uma


amostra de mão, na Figura 39b.

FIGURA 39 – EXEMPLOS DE TRAVERTINOS

a) Limón, Costa Rica b) Amostra de mão

FONTE: Os autores

40
TÓPICO 2 | PETROLOGIA: ROCHAS

As rochas carbonáticas são susceptíveis ao processo de dissolução


química de água de chuva. Estas são aciduladas pela reação do gás carbônico da
atmosfera e matéria orgânica presente nos solos, formando feições conhecidas
como Carste, por exemplo: cavernas, dolinas, semidouros, canyons, estalactites
e estalagmites.

CaCO3 + H2CO3 → Ca++ + 2HCO3

FIGURA 40 – EXEMPLOS DE GEOMORFOLOGIA CÁRSTICA

a) CAVERNA b) SUMIDOURO

c) ESTALACTITES
FONTE: Os autores

41
UNIDADE 1 | MINERALOGIA E PETROLOGIA

Nas rochas carbonáticas formadas nos fundos de oceanos e lagoas


profundas, é comum encontrar fósseis (restos de animais preservados durante a
precipitação dos sedimentos).

FIGURA 41 – EXEMPLOS DE CALIÇAS FOSSILIFERAS

FONTE: Os autores

c) Rochas bioquímicas

São formadas pela acumulação de matéria orgânica. As bioquímicas


calcárias são formadas pela acumulação de fragmentos de conchas ou carapaças
de composição carbonatada (coquinhas) ou por fragmentos de conchas misturadas
com sedimentos clásticos.

42
TÓPICO 2 | PETROLOGIA: ROCHAS

FIGURA 42 – EXEMPLO S DE ROCHAS BIOQUÍMICAS CALCÁRIAS

a) b)
FONTE: Os autores

As rochas bioquímicas carbonosas são formadas a partir da acumulação


e carbonização de restos vegetais acumulados em ambientes de água estagnada
(pantanosos ou lagoas), pobres em oxigênio. De menor a maior grau de
carbonização e compactação, são classificadas como: turfa, linhito, carvão e
antracito.

FIGURA 43 – EXEMPLO DE ROCHAS BIOQUIMICAS CARBONOSAS

a) Carvão
FONTE: Os autores

É muito comum, nos ambientes sedimentares, a depositação dos


sedimentos em camadas, estas separadas por planos de estratificação. O
acamamento é formado por períodos de não depositação ou mudanças nos
processos e agentes de transporte.

43
UNIDADE 1 | MINERALOGIA E PETROLOGIA

FIGURA 44 – EXEMPLO S DE ACAMAMENTO

a) Arenito estratificado b) Estratificação de arenitos e argilitos


FONTE: Os autores

3.3 ROCHAS METAMÓRFICAS


O que são rochas metamórficas? São aquelas que sofrem um processo
de intemperismo, e esses processos muitas vezes alteram a sua composição
química, sob influência de temperaturas e/ou pressões em condições instáveis.
Essas mudanças, que são capazes de ocorrer, também, de forma física, podem ser
devido a esforços mecânicos e a mudanças de estrutura e textura.

E
IMPORTANT

O metamorfismo corresponde às transformações sofridas pelas rochas sem


que sofram fusão. As condições de mudanças geralmente ocorrem devido aos ambientes
geológicos e, neste caso, ocorrem abaixo da superfície da Terra.

De um modo geral, a transformação da rocha, dita como metamorfismo, é


o resultado de uma mudança no meio geológico, no qual a estabilidade das rochas
pode ser mantida simplesmente por uma mudança correspondente na sua forma.
Assim, o processo de metamorfose pode ser caracterizado pelo desenvolvimento
de novas texturas, de novos materiais ou de ambos. Toda essa modificação
ocasiona rochas que, muitas vezes, são de difícil determinação da sua natureza.

44
TÓPICO 2 | PETROLOGIA: ROCHAS

Para um melhor entendimento, divide-se essa transformação em dois tipos:

• Metamorfismo normal: quando a rocha é formada a partir da cristalização dos


minerais, estes que são da mesma natureza química dos minerais primários
da rocha que se transformou. Assim, se a metamorfose ocorreu sem adição ou
perda de material novo, e continuou com as mesmas características, considera-
se uma transformação normal.
• Metamorfismo metassomático: a transformação ocorre por mudança de
composição química e, muitas vezes, evidenciando um aumento de número de
constituintes dos minerais. Esses novos minerais podem ser estabelecidos por
recombinação dos componentes minerais ou reações com fluidos que entram
nas rochas.

Para melhor entendermos esses dois tipos de transformações, a figura a


seguir representa um tipo de metamorfismo normal. No exemplo, percebe-se que
a rocha primária, calcário, a partir de processos de intemperismo, aumenta com a
dureza e há uma mudança estrutural na rocha, formando, portanto, o mármore.

FIGURA 45 – EXEMPLO DE METAMORFISMO NORMAL

FONTE: Adaptado de Chiossi (2013, p. 51)

E
IMPORTANT

Segundo Chiossi (2013, p. 51), “os elementos que caracterizam e identificam


uma rocha metamórfica são: (i) minerais orientados em linhas, normalmente alongados; (ii)
dobras e fraturas; (iii) dureza média e elevada”.

45
UNIDADE 1 | MINERALOGIA E PETROLOGIA

Diante desse contexto, o metamorfismo ocorre pelas mudanças da rocha.


As mudanças mais drásticas, envolvidas no metamorfismo, são os efeitos do
calor, pressão e fluídos atuando ao mesmo tempo. O calor de dentro da Terra,
de corpos de rochas fundidas, de pressão e fricção acelera a atividade química.
A pressão pode aumentar por um simples afundamento, mas os movimentos
da crosta são mais efetivos na alteração de texturas. “A água e o gás asseguram
a mobilidade para mudanças se processarem e podem carrear elementos de um
magma próximo, facilitando as mudanças químicas” (MENEZES, 2013, p. 77).

Segundo Menezes (2013, p. 73), “o metamorfismo pode ocorrer com maior


ou menor intensidade em função das temperaturas e pressões a que a rocha é
submetida, o que, até certo ponto, é função também da profundidade em que o
processo ocorre”. O gráfico a seguir corresponde aos campos aproximados de
pressão e temperatura dos vários tipos de metamorfismo. Se as condições de
temperatura e pressão são extremas, com fusão parcial da rocha, diz-se que se
atingiu o ultrametamorfismo, e as rochas formadas são migmatitos, com aspecto
intermediário entre rochas metamórficas e rochas ígneas. Caso ocorra fusão, ou
seja, formação de magma, haverá o início do processo de rochas ígneas.

E
IMPORTANT

São três fatores que provocam o metamorfismo: a temperatura, a pressão e a


atividade química das soluções aquosas e gases que circulam nos espaços existentes nas
rochas. Ainda, fatores como a temperatura constituem a principal condição responsável
pelas associações mineralógicas encontradas nas rochas metamórficas. A pressão é também
o fator responsável por certas associações minerais, pois ela pode permitir ou impedir certas
reações.
FONTE: CHIOSSI, N. J. Geologia de engenharia. 3. ed. São Paulo: Oficina de Texto, 2013. p. 53.

46
TÓPICO 2 | PETROLOGIA: ROCHAS

GRÁFICO 1 – TIPOS DE ROCHAS METAMÓRFICAS EM FUNÇÃO DA TEMPERATURA E


PROFUNDIDADE

FONTE: Menezes (2013, p. 56)

E
IMPORTANT

Se uma argila é depositada, ela passa, inicialmente, pelo processo de litificação


e se transforma em um argilito (rocha sedimentar). Com as condições de temperatura e
pressão aumentando, progressivamente o argilito se transformará em uma ardósia (rocha
metamórfica) e, em seguida, em um filito (rocha metamórfica). Dessa forma, a ardósia e o filito
possuem granulação fina e são formados por minerais de metamorfismo baixo (temperatura
de 200°C a 250°C).

Ao observarmos, verificamos as letras A, B e C. Essas letras correspondem


ao tipo de rocha metamórfica e, consequentemente, ao processo de metamorfismo
existente, ou seja, o que age para transformar a rocha:

• Letra A: processo em alta profundidade e temperatura abaixo de 200°C.


• Letra B: processo em que há o aumento de profundidade linearmente ao
aumento de temperatura. São condições presenciadas pelas transformações
regionais, que resultam em sedimentos afundados em alta profundidade e em
uma faixa de temperatura de 200°C a 1000°C. São sedimentos encontrados em
regiões profundas de montanhas e em terrenos pré-cambrianos.

47
UNIDADE 1 | MINERALOGIA E PETROLOGIA

• Letra C: processo com temperaturas maiores que 200°C e ocorre em até 5km de
profundidade. Pode ocorrer, no trecho, o metamorfismo de deslocamento, ou
seja, que corresponde às mudanças produzidas pelas falhas e dobras da crosta,
usualmente em regiões pouco profundas.

Além dessas condições de metamorfismo, existe a metamorfose de contato,


que engloba os efeitos da intrusão do magma na rocha encaixante, provocando
uma alteração maior ou menor, e os fluidos intrusivos são corrosivos. Esses
fluídos podem ocorrer por contato: termal e hidrotermal.

E
IMPORTANT

A condição de metamorfismo termal ocorre devido ao aquecimento da rocha


encaixante pela intrusão da rocha ígnea, ou seja, pelo “vapor” que a rocha ígnea provoca.
No entanto, os contatos hidrotermais ocorrem quando são adicionadas soluções quentes
provenientes da rocha ígnea e calor ao longo de fraturas e espaços das rochas.

Segundo Menezes (2013), o processo de metamorfismo por contato é


interessante, pois o metamorfismo pode ocorrer em minerais puros ou com
minerais misturados. Esse fato faz com que a transformação de um mineral puro
(calcário, CaC03) resulte em uma metamórfica (mármore CaCO3), sem mudanças
na sua constituição. Em outro contexto, se houver a transformação de um mineral
não puro (calcário com impurezas), o calor provocado pela intrusão da rocha
ígnea pode servir para desenvolver minerais novos e característicos (Dolomita-
Mármore, por exemplo).

3.3.1 Características
Para poder identificar uma rocha metamórfica macroscopicamente, deve-
se ter noção das características visuais, composição mineralógica e estrutura
básica.

Dessa forma, com base em estudos de Menezes (2013), a seguir,


explicaremos sobre esses três itens neste tipo de rocha.

3.3.2 Textura
A textura é definida pela orientação com que os minerais estão alinhados.
As mais comuns são: granoblástica, porfiroblástica e cataclástica.

48
TÓPICO 2 | PETROLOGIA: ROCHAS

• A granoblástica é definida pelo arranjo desordenado, sem orientação


preferencial dos cristais da rocha. É uma textura típica de mármores, rochas de
metamorfismo de contato, granulitos, quartizitos etc.
• A porfiroblástica é caracterizada pela presença de grandes cristais
(porfiroblastos) desenvolvidos em meio a uma massa de cristais menores.
• A cataclástica é formada pela fragmentação e moagem das rochas ao longo
de zonas de grandes falhas. Ela é caracterizada pela presença de pedaços de
rochas e minerais fragmentados e deformados, envoltos frequentemente por
material finamente moído e pela presença de minerais típicos do ambiente.

3.3.3 Estrutura
A estrutura da rocha metamórfica ocorre, na sua grande maioria, laminada
(lamelares), com duas principais aparências: bandeada e xistosa.

• A estrutura bandeada corresponde à alternância de faixas (ou bandas) claras


ou escuras de minerais. É típica em gnaisses.
• A estrutura xistosa é frequente e corresponde à disposição paralela de lamelas,
estas que mostram uma aparição aproximadamente planar da rocha. Temos,
como exemplos: filitos e xistos.

3.3.4 Composição do mineral


É fato que ter noção da constituição mineralógica que a rocha possui,
possivelmente, pode indicar o tipo de rocha. Os minerais que possuem
características em rochas metamórficas são: cianita, andaluzita, talco etc. Outros
como feldspatos e quartzo são comuns em rochas metamórficas, porém não
servem como bons indicadores devido à abrangência em outras rochas.

De uma maneira geral, as transformações minerais que ocorrem nos


processos de metamorfismo dependem, em primeiro lugar, da composição da
rocha original e, depois, da natureza ou do tipo de metamorfismo.

Sob o ponto de vista da composição inicial, as rochas podem ser associadas


a quatro séries diferentes (CHIOSSI, 2013, p. 55):

• Rochas argilosas.
• Rochas arenosas, ígneas ácidas e tufos, xistos ácidos e gnaisses.
• Calcários e outras rochas carbonatadas.
• Rochas ígneas intermediárias, básicas e seus tufos.

Nas rochas argilosas, os constituintes minerais são os produtos mais


finos do intemperismo. Quando sofrem reações de metamorfose, mudam
caracteristicamente de acordo com a temperatura e pressão. As rochas arenosas,
ígneas ácidas, tufos e xistos ácidos são constituídas, na sua grande maioria, por
49
UNIDADE 1 | MINERALOGIA E PETROLOGIA

quartzo e feldspatos, que são minerais estáveis e pouco sensíveis às mudanças


pela ação da pressão e temperatura.

Rochas constituídas de carbonato de cálcio puro são relativamente estáveis


sob condições metamórficas e sofrem pequenas mudanças, exceto recristalização.
Calcários e dolomitos impuros, em condições de equilíbrio instável, variando a
temperatura e a pressão, convertem-se em grupo de novos minerais. As rochas da
quarta série são do tipo magmático básico. “Tomemos como exemplo o basalto. Os
principais minerais das rochas magmáticas basálticas — que são os feldspatos do tipo
plagioclásios sódico-cálcicos, os piroxênios, as olivinas (que são minerais de ferro) —
são facilmente suscetíveis às mudanças metamórficas” (CHIOSSI, 2013, p. 55).

3.3.5 Tipos de rochas metamórficas


Percebe-se, portanto, que o tipo de rocha metamórfica depende do caráter
original da rocha que sofreu os processos de metamorfismo envolvidos e de
intensidade. Para melhor resumir, as figuras a seguir representam um fluxograma
das principais rochas metamórficas e suas rochas de origem.

FIGURA 46 – FLUXOGRAMA RESUMIDO DOS TIPOS DE ROCHAS METAMÓRFICAS EXISTENTES


E SUAS ROCHAS DE ORIGENS

FONTE: Adaptado de Brason e Tarr (1952) apud Menezes (2013, p. 77)

FIGURA 47 – FLUXOGRAMA RESUMIDO DOS TIPOS DE ROCHAS METAMÓRFICAS EXISTENTES


E SUAS ROCHAS DE ORIGENS (II)

FONTE: Adaptado de Brason e Tarr (1952) apud Menezes (2013, p.77)

50
TÓPICO 2 | PETROLOGIA: ROCHAS

Para classificação em campo de uma rocha metamórfica, deve-se ficar


atento à estrutura da rocha, além de verificar os aspectos dos grãos quanto à cor,
textura e como a rocha reage ao ser riscada com material perfurante (canivete, por
exemplo) e ao colocar HCL (pela verificação de efervescência).

A seguir, podemos observar os principais tipos de rochas e a forma de


determiná-las em campo, ou em laboratório, de maneira visual e simplificada.

QUADRO 5 – CLASSIFICAÇÃO SIMPLIFICADA DAS ROCHAS METAMÓRFICAS

Estrutura Composição Aspectos diagnósticos Rocha


mineralógica
Feldspato e outros Grãos minerais Gnaisse
silicatos, as vezes macroscópicos arranjados
grânulos grandes de em bandas alternadas claras
granada. e escuras. As partes escuras
podem conter hornblenda,
augita, granada e biotita.
Mica e outros silicatos Textura xistosa, grãos Xisto
laminados ou grosseiros a finos.
alongados (anfibólios,
estaurolitas, cloritas),
Foliada granadas e com
pequenas quantidades
de quartzo e feldspato.
Minerais micáceos são Textura filítica, afanítica. Filito
dominantes. Uma transição entre xisto e
ardósia.
Minerais micáceos Densa, grãos microscópicos. Ardósia
com quartzo e outras Textura ardosiana. Cor
impurezas. variável, sendo de preta a
cinza-preto. Ocorre também
verde, vermelho-escuro.

51
UNIDADE 1 | MINERALOGIA E PETROLOGIA

Feldspato e outros Granulação fina, cores Granulito


silicatos, às vezes claras, composição granítica.
grânulos grandes de
granada.
Grãos de quartzo e Cristalina. Dura (risca o Quartzito
cimento de quartzo. vidro) e de cores branca,
rósea, castanha e vermelha.
Calcita. Cristalina. Cores e Mármore
granulação variáveis.
Efervesce com HCl no frio.
Calcita e dolomita. Cristalinas. Cores e Dolomita-
Maciça granulação variáveis. mármore
Efervescem no quente com
HCL.
Argila. Densa, cor escura. Vários Hornfel
tons de cinza, cinza-
esverdeado até preto.
Carbono. Cor preta, brilhante; fratura Antracito
conchoidal ou concoide.
Serpentina. Compacta. Cores variando Serpentinito
do verde ao amarelo-
esverdeado. Untuosa ao
tato.
FONTE: Adaptado de Pearl (1966) apud Menezes (2013, p. 79)

A seguir, apresentamos um resumo do tópico estudado.

52
TÓPICO 2 | PETROLOGIA: ROCHAS

FIGURA 48 – RESUMO DO TÓPICO 2

FONTE: Os autores

FIGURA 48 – RESUMO DO TÓPICO 2(2)

FONTE: Os autores

53
UNIDADE 1 | MINERALOGIA E PETROLOGIA

LEITURA COMPLEMENTAR

Chave para o reconhecimento de rochas comuns: que rocha é essa?

Sebastião de Oliveira Menezes

A chave aqui apresentada é de cunho exclusivamente prático, com


finalidade de atender às necessidades de principiantes e para uso profissional
dos que lidam com geociências. Destina-se a orientar no estudo das rochas à vista
desarmada ou com auxílio de uma lupa e a utilização de alguns ensaios expeditos,
físicos e químicos, que conduzam ao reconhecimento da rocha.

Recomenda-se àquele que pretenda um maior rendimento no uso da


presente chave, um conhecimento prévio dos principais minerais formadores de
rochas e dos tipos de texturas. Um conhecimento das principais propriedades e/
ou características físicas dos minerais, como brilho, cor, traço, dureza e clivagem/
fratura, será de grande utilidade.

No exame macroscópico de uma rocha é necessário observar todas as


características importantes que são visíveis e registrá-las, de modo a se chegar a
uma descrição clara da rocha, que permita distingui-la de outras.

Começa-se por observar se a estrutura da rocha é maciça (não orientada) –


Grupo I – ou orientada – Grupo II.

Para os dois grupos, são acrescentadas algumas informações


complementares que ajudam na identificação e/ou reconhecimento dessas rochas.
Essas informações podem orientar sobre o tipo de rocha analisado.

Rocha Grupo I. As rochas do grupo I são separadas pela granulação,


dureza média dos minerais da rocha, textura e mineralogia. Ao tratar de uma
rocha desse grupo, deve-se examiná-la, primeiro, quanto à sua granulometria,
separando-a em granulometria finíssima a fina (até 1 mm de diâmetro dos grãos)
e a média a grossa (maioria dos grãos acima de 1 mm). Em seguida, deve-se
examinar a dureza dos minerais da categoria granulométrica identificada. Rochas
com minerais riscáveis pela lâmina de um canivete são ditas macias; as não
riscáveis são ditas duras. Para as rochas macias de qualquer granulação, a análise
seguinte é quanto à sua composição mineralógica.

As rochas duras, de granulação média a grossa, serão analisadas com


relação à homogeneidade e/ou heterogeneidade dos tamanhos de seus grãos
minerais. Aquelas com grãos minerais de diferentes tamanhos são ditas de textura
granular (equigranular), e estão separadas pela composição mineralógica, em 26
possibilidades. Aquelas com grãos minerais de diferentes tamanhos são ditas de
textura porfiróide (inequigranular), e estão separadas pela massa fundamental

54
TÓPICO 2 | PETROLOGIA: ROCHAS

de grãos semelhantes – dos quais se destacam cristais maiores (fenocristais) em


rochas com massa fundamental de grãos finos e em rochas com massa fundamental
de grãos grosseiros – e pela composição mineralógica em 15 possibilidades.

Rochas do Grupo II. As rochas do grupo II (Quadro 6) estão separadas


pelo tipo de orientação, dureza média dos minerais das rochas, textura e/ou
composição mineral. Ao tratar de uma rocha desse grupo, deve-se examiná-
la, primeiro, quanto ao tipo de estrutura orientada de seus componentes,
classificando-a em rocha orientada em planos ou linhas ou em rocha orientada
em camadas (estratificada).

As rochas orientadas em planos ou linhas são separadas, como no caso


das rochas de estrutura não orientada, pela dureza em rochas macias (riscáveis ou
dificilmente riscáveis com a lâmina de um canivete) e duras (não riscáveis), e pela
composição mineralógica (rochas macias) e (rochas duras), em 28 possibilidades.

As rochas orientadas em camadas (estratificadas) são separadas pela


textura, ou seja, pelo arranjo e/ou disposição de seus grãos e/ou fragmentos
minerais consolidados, que emprestam a essas rochas uma textura clástica
(fragmentária), e pela composição mineralógica, em 13 possibilidades.

Essa orientação destina-se ao estudo de rochas em amostras de mão no


laboratório, mas também pode ser usada para descrição de campo em afloramento.
Neste último caso, deverão ser feitas observações quanto ao modo de ocorrência
e/ou modo de jazida da(s) rocha(s) do local estudado.

QUADRO 6 – IDENTIFICAÇÃO TÁCTIL VISUAL GRUPO I

Rochas Grupo I: Estrutura maciça (não orientada)


Granulação finíssima a fina
Rocha macia, riscável com canivete
Com quartzo
Descrição Nº Mineral
Mica (sericita): massa muito finamente granulada; escura;
1 Ardósia
cheiro de barro molhada; não efervesce com ácido (HCl)
Resto de plantas e animais microscópicos; friável; suja os
dedos; pouco ou nenhum cheiro de barro; não efervesce com 2 Diatomito
ácido (HCl)
Sem quartzo, um só elemento mineralógico
Descrição N° Mineral
Massa finíssima, em geral plástica, com cheiro de barro
quando molhada; macia ao tato; não trinca entre os dentes nem 3 Argila
efervece com ácidos. Cores variadas.
Argila solidificada, riscável com unha 4 Argilito
Carbonato finíssimo, forte efervescência com ácidos a frio.
5 Calcário
Odor de argila ausente ou fraco. Cores diversas.
Carbonato finíssimo, forte efervescência com ácidos a frio,
6 Mármore
recristalizados; mais ou menos brilhante
Carbonato finíssimo; efervesce com ácidos a quente; a frio, só
7 Dolomito
no material pulverizado. Cores diversas.

55
UNIDADE 1 | MINERALOGIA E PETROLOGIA

Rocha dura, não riscável com canivete


Com quartzo
Descrição N° Mineral
Calcedônia granular (às vezes, sílica, opalina). Rocha
muito dura, fratura conchoidal; qualquer cor (cores escuras
8 Sílex (silexito)
desaparecem, se convenientemente aquecida). Não efervesce
com ácidos nem possui odor de argila; borda transparente
Quartzo, essencialmente; rocha maciça de cores claras; risca
9 Quartzito
vidro
Sem quartzo
Descrição N° Mineral
Feldspatos e piroxênio (olivina); rocha muito densa, de cor
10 Basalto
escura (preta, verde-escura, cinza-escuro e marrom)
Feldspatos e piroxênio (olivina); com cavidades vazias e/ou
11 Meláfiro
preenchidas (calcita, zeólitas etc)
Granulação média a grossa
Rocha macia, riscável com canivete
Sem quartzo, um só elemento mineralógico
Descrição N° Mineral
Grãos de calcita grosseiros; desprende CO2 a frio com ácidos. 12 Calcário
Grãos de calcita grosseiros; recristalizados; mais ou menos
13 Mármore
brilhantes.
Grãos de dolomita. Na presença de ácidos, só efervesce a
14 Dolomito
quente; a frio, só depois de pulverizado
Grãos de dolomita. Na presença de ácidos, só efervesce a
quente; a frio, só depois de pulverizado. Recristalizados,
15 dolomitarmármore
geralmente com formação de silicatos de magnésio (tremolita,
olivina etc.)
Solúvel em água, gosto nitidamente salgado 16 sal-gema
Agregado de cristais de um mineral com boa clivagem,
raramente fibroso; riscável com a unha. Não efervesce com
17 Gipso (gesso)
ácidos e não tem cheiro de barro. Solúvel em HCl a quente,
sem efervescência.
Rocha dura, não riscável com canivete
Textura granular ou equigranular
Com quartzo, feldspato e mais um mineral, pelo menos
Descrição N° Mineral
Principalmente ou totalmente formado por quartzo e feldspato,
com biotita (e/ou muscovita) ou hornblenda; granulação média 18 Granito
ou grossa
Principalmente ou totalmente formado por quartzo e feldspato,
19 microgranito
com biotita (e/ou muscovita) ou hornblenda; granulação fina
Feldspato, predominando hornblenda, podendo ter um pouco
20 hornblendagranito
de biotita

Feldspato potássico, predominando biotita 21 biotitagranito

Feldspato (potássico), duas micas (biotita e muscovita) 22 granito de duas micas

Feldspato, raramente mica, bae de granulação fina 23 Aplito


Feldspato, com ou sem biotita e/ou moscovita; granulação
24 Pegmatito
muito grossa, cristais isolados. Textura gráfica ou pegmátitica.

56
TÓPICO 2 | PETROLOGIA: ROCHAS

Com quartzo (pouco), feldspato (muito) e um ou mais minerais ferromagnesianos


Descrição N° Mineral
Plagiocláio, anfibólio, biotita e quartzo acima de 10%
25 Tonalito
granulação grossa
Plagioclásio, anfibólio, biotita e quartzo acima de 10%.
26 Microtonalito
Granulação fina.
Ortoclásio abundante, hornblenda (biotita, piroxênio), com até
27 quatzossienito
10% de quartzo. Granulação média a grossa.
Com quartzo essencialmente
Descrição N° Mineral
Grãos de quartzo entre 0,02 mm e 2 mm, mais ou menos
arredondados, fracamente ligados por cimento (argiloso, 28 Arenito
silicoso, calcário, ferruginoso), friáveis.
Grãos de quartzo ligados por cimento forte (silicoso) 29 arenito-silicificado
Grãos de quartzo fortemente ligados por cimento, de tal modo
que pancadas de martelo fraturam os grãos e não o cimento,
30 Quartzito
que fica intacto (diferença entre as rochas 28 e 29). Fratura
conchoidal às vezes.
Sem quartzo e com feldspato e mais um mineral, pelo menos
Descrição N° Mineral
Ortoclásio abundante, hornblenda (biotita, piroxênio).
31 Sienito
Granulação média a grosseira.
Ortoclásio abundante, hornblenda (biotita, piroxênio). Com
32 Nefelinassienito
nefelina (feldsoatoide)
Ortoclásio pertítico, microclíneo, piroxênio e/ou anfibólio, com
33 Foiaito
nefelina.
Ortoclásio abundante, hornblenda (biotita, piroxênio), com
34 Microssienito
nefelina
Ortoclásio abundante, hornblenda, com nefelina 35 Microssienito nefelinico
Plagioclásio, com pouco piroxênio e pequenas massas de
36 Anortosito
magnetita e ilmenita.
Sem quartzo e com feldspato e um ou mais minerais ferromagnesianos
Descrição N° Mineral
Plagioclásio, anfibólio (hornblenda), biotita (pequena
quantidade), cor escura. Granulação média a grosseira.
37 Diorito
Proporção de feldspato inferior ou igual à de minerais
ferromagnesianos
Plagioclásio, anfibólio (hornblenda), proporção de minerais
38 Gabro
ferromagnesianos igual ou superior à de feldspato.
Plagioclásio, anfibólio (hornblenda), de granulação fina e
39 Dolerito (diabásio)
textura geralmente ofirítica
Sem quartzo e nem feldspato essencialmente minerais ferromagnesianos
Descrição N° Mineral
Grãos quase inteiramente de olivina; cor amarelada 40 Dunito
Grãos quase exclusivamente de piroxênio, alguma olivina e
41 Piroxenito
magnetita; cor verde e preta
Quase exclusivamente olivina, piroxênio (augita) e hornblenda
42 Peridotito
(pouca); cor verde e preta
Quase exclusivamente de hornblenda, podendo ocorrer mica
43 Anfibolito
(biotita) e magnetita. Muitos raros fenocristais de granada

57
UNIDADE 1 | MINERALOGIA E PETROLOGIA

Textura porfiróide ou inequigranular


Com massa fundamental de grão fino
Com quartzo
Descrição N° Mineral
Feldspato (biotita); cor vermelho-roxa 44 Riólito
Plagioclásio; fenocristais de quartzo 45 Dacito
sem quartzo
Descrição N° Mineral
Ortoclásio, abundante hornblenda; fenocristais parecendo
46 Traquito
vidro (sanidina). Áspero ao tato
Ortoclásio (muito pouco ou ausente), plagioclásio; fenocristais
47 Andesito
(hornblenda, biotita, augita e hiperstênio)
Cristais de plagioclásio com augita; fenocristais. Textura ofítica 48 Diabásio

Augita, plagioclásio (hornblenda), com textura amigdaloide 49 Meláfiro


Augita, plagioclásio, pouco ortoclásio; cor escura, grnulação
50 Olivinabasalto
fina, fenocristais de olivina
Feldspatóides. Fenocristais de nefelina (ou lecita), que,
triturados com HCl a frio, produzem gelatina. Por percussão, 51 Fonólito
produzem som metálico
Fenocristais de piroxênio (egirina) em agulhas finas paralelas
52 Tinguaito
ou subparalelas
Com massa fundamental de grão médio ou grosseiro
Com quartzo e feldspato
Descrição N° Mineral
Ortoclásio e quartzo, geralmente associados a biotita (e/ou
53 Granito-pórfiro
moscovita), hornblenda. Fenocristais de feldspato.
Sem quartzo e com feldspato e mais um mineral, pelo menos
Descrição N° Mineral
Ortoclásio abundante, hornblenda (biotita, piroxênio).
54 Sienito-pórfiro
Fenocristais de feldspatos
Ortoclásio abundante, hornblenda (biotita, piroxênio), com
nefelina e fenocristais de feldspato ou de anfibólio ou de 55 nefelinassienito - pórfiro
nefelina
Com quartzo e feldspato
Descrição N° Mineral
Plagioclásio, anfibólio (hornblenda), biotita (pequena
quantidade). Com pórfiros de plagioclásio. Proporção de 56 Diorito-pórfiro
feldspato inferior ou igual à de minerais ferromagnesianos
Plagioclásio,anfibólio (hornblenda), proporção de minerais
57 Gabro-pórfiro
ferromagnesianos igual ou superior à de feldspato.
Plagioclásio, anfibólio, biotita e quartzo acima de 10%. Pórfiros
58 Tonalito - pórfiro
de plagioclásio.

FONTE: Menezes (2013, p. 83)

58
TÓPICO 2 | PETROLOGIA: ROCHAS

QUADRO 7 – ROCHAS GRUPO II

Rochas Grupo II : Estrutura orientada


Rochas orientadas em planos ou linhas
Rocha macia, riscável ou dificilmente riscável com canivete
Com quartzo mais um mineral, pelo menos
Descrição Nº Mineral
Ausência de faixas de granulação grossa. Presença de
59 Xisto
disposição em lâminas (xistosidade)
Mica (biotita, moscovita); quartzo, feldspato. Brilho forte pela
60 Micaxisto
abundância de mica
Mica (biotita, moscovita); quartzo, feldspato, predominando
biotita, em placas nem sempre inteiramente planas formando 61 Biotitaxisto
pacotes. Moles, divisíveis.
Mica (moscovita, biotita); quartzo, feldspato, com cristais de
62 Granadaxisto
granada.
Mica (moscovita, biotita); quartzo, feldspato, com cristais de
63 Estaurolitaxisto
estaurolita.
Mica abundante (sericita), clorita, argila; placas planas,
facilmente riscáveis e divisíveis; cores claras e cinza- 64 Filito
esverdeado
sem quartzo

Descrição Nº Mineral

Micas, argilas, cores cinzento-escuras ou pretas, esverdeadas


(com clorita) e vermelhas, amareladas ou castanhas (óxido
65 Ardósia
de ferro); massa muito finamente granulada, separável em
lâminas ou placas.
Componentes apenas reconhecíveis ao microscópio.
66 Xisto argiloso
Facilmente riscável com a unha e divisível em placas paralelas.
Mica (moscovita, biotita); pouco feldspato, com
67 Cloritaxisto
predominância de clorita. Riscável com a unha.
Mica (moscovita, biotita); pouco feldspato, com
68 Hornblendaxisto
predominância de hornblenda
Essencialmente anfibólio. Rocha dura e densa, geralmente
de cores verdes até pretas. (grãos de quartzo podem ser 69 Anfibolioxisto
distinguidos em fratura normais à xistosidade)
Mica (feldspato), predominando talco. Riscável com a unha
70 Talcoxisto
sedosa, untuosa ao tato
Argila endurecida, com boa estratificação, sem indícios de
71 folhelho
metamorfismo, às vezes com fósseis.
Argila solidificada, sem estratificação. Riscável com a unha. 72 Argilito
sem quartzo, um só elemento mineralógico
Descrição Nº Mineral
Grãos muito finos riscáveis com o canivete; desprende CO2
com HCl a frio. Às vezes possui cheiro betuminoso quando em 73 Calcário
fratura recente
Grãos muito finos riscáveis com o canivete; desprende CO2
74 Dolomito
com HCl a quente.

59
UNIDADE 1 | MINERALOGIA E PETROLOGIA

Rochas duras, não riscáveis com o canivete


com quartzo, e mais um mineral pelo menos
Descrição Nº Mineral
Grãos de quartzo, feldspato, mica, e anfibólio. Textura
75 Gnaisse
paralela, às vezes muito pronunciada
Grãos de quartzo, feldspato, com cristais de felspato em forma
76 Gnaisse facoidal
de lentes
Grãos de quartzo, feldspato, moscovita e biotita 77 Gnaisse a duas micas

Hornblenda (quartzo, feldspato); cor vermelho-escura 78 Hornblendagnaisse

Augita (quartzo, feldspato); cor verde-escura 79 Augitagnaisse

Biotita (quartzo, feldspato); cor escura a preta 80 Biotitagnaisse


Granada e biotita abundantes (quartzo, plagioclásio,
81 Granada-gnaisse
microclíneo) às vezes cordierita
Quartzo abundante em cristais que sofreram compressão e por
82 Gnaisse quartzítico
isso parecem possuir clivagem. Pouco feldspato.
Pouco feldspato e mica em quantidades mais ou menos
equivalentes; grãos muito finos, havendo muita banda rósea. 83 Leptinito
Cor clara
com quartzo, essencialmente

Descrição Nº Mineral

Grãos arredondados de quartzo ligados por fraco cimento


argiloso, silicoso, ferruginoso, friável; partículas menores que 84 Arenito
2 mm
Grãos de quartzo fortemente ligados por cimento, de tal modo
que pancadas de martelo rompem os grãos e não o cimento; às 85 Quartzito
vezes, boa divisibilidade em placas.
Grãos de quartzo fortemente ligados por cimento, de tal modo
que pancadas de martelo rompem os grãos e não o cimento; 86 Quartzito micáceo
com micas
Rochas orientadas em camadas estratificadas
Textura fragmentária ou clástica: fragmentos consolidados
Com quartzo
Descrição Nº Mineral
Fragmentos de quartzo e/ou de quaisquer rochas e/ou
minerais. Formas arredondadas (seixos); diâmetro maior que 2 87 conglomerado
mm; ligados por cimento
Fragmentos de quartzo e/ou de quaisquer rochas e/ou
minerais. Formas angulosas (calhau), consolidadas com pouco
88 Brecha
cimento; às vezes, com fragmentos de conchas calcárias ou
carapaças de animais, caso que efervescem com HCl
Grãos de quartzo mais ou menos arredondados, ligados
fracamente por cimento (argiloso, silicoso, calcário, 89 Arenito
ferruginoso). Partículas menores que 2 mm.
Grãos de quartzo mais ou menos arredondados, com
fragmentos de conchas e/ou de outros organismos de
90 Calcarenito
composição carbonática. Partículas menores que 2 mm,
predominantes.

60
TÓPICO 2 | PETROLOGIA: ROCHAS

Grãos de quartzo mais ou menos arredondados, entre 0,02 mm


91 Siltito
e 0,2 mm. Trinca entre os dentes
Com quartzo
Descrição Nº Mineral
Areia rica em feldspato (mica). Grãos ligados por cimento
92 Arcóseo
silicoso, às vezes calcário.
Alternância de camadas mais grosseiras, ricas em quartzo de
granulação fina, com camadas mais finas, ricas em argila e 93 Tilito
matéria orgânica
sem quartzo
Descrição Nº Mineral
Grãos muito finos ligados por cimento. Às vezes, cheiro
betuminoso quando em fratura fresca. Desprende de CO2 com 95 Calcário
HCl.
Grãos muito finos ligados por cimento. Riscável com o
96 Dolomito
canivete, eferfesce com HCl somente a quente.
Fragmentos de concha unidos por cimento 97 Coquina
Argila solidificada riscável com unha. Cheiro de barro quando
98 Argilito
molhada. Não trinca entre os dentes.
Grãos muito finos de calcita e de minerais dentríticos (argila).
Riscável com a unha. Efervesce com HCl quando em fratura 99 Marga
recente; às vezes com fósseis.

FONTE: Menezes (2013, p. 88)

FONTE: MENEZES, S. O. Rochas: manual fácil de estudo e classificação. São Paulo: Oficina de
Texto, 2013.

61
RESUMO DO TÓPICO 2

Neste tópico, você aprendeu que:

• As rochas são definidas como a constituição de um mineral ou associação de


dois ou mais minerais que mantêm uma certa uniformidade de composição e
de características na crosta terrestre.

• As rochas estão classificadas em três grupos: rochas ígneas, rochas sedimentárias


e rochas metamórficas.

• As rochas ígneas são formadas pela cristalização de magmas localizados no


interior da crosta e no manto terrestre.

• As rochas sedimentares são formadas pela litificação de sedimentos


provenientes da desintegração física e decomposição química da rocha-mãe,
devido ao efeito de intemperismo.

• As rochas metamórficas são aquelas que, sob a influência de temperaturas


e/ou pressões em condições instáveis, sofrem processos que alteram a sua
composição química, forma física, estrutura e textura.

62
AUTOATIVIDADE

1 Desde o ponto de vista de composição, cite os três grupos em que as rochas


ígneas são classificadas, e cite o nome de dois minerais principais que
compõem cada grupo.

2 Os materiais expelidos por um vulcão podem ser divididos em três grandes


grupos chamados:

3 Em termos de gênese, composição, magma, tipo de rochas ígneas,


intemperismo e atividade tectônica, cite três características que você poderia
listar para um parceiro, membro da família, parceiros ou desconhecidos
se uma rocha ignimbrite e granito fossem encontrados durante uma
caminhada.
            
4 A crosta continental está composta principalmente de rochas ígneas félsicas
chamadas?

a) ( ) Granitos.
b) ( ) Andesitas.
c) ( ) Dioritas.
d) ( ) Basaltos.

5 A crosta oceânica está composta principalmente por rochas ígneas escuras


chamadas?

a) ( ) Granitos.
b) ( ) Andesitas.
c) ( ) Dioritas.
d) ( ) Basaltos.

6 Pegmatitas é o nome atribuído às rochas ígneas intrusivas, estas formadas


por:

7 Dos gases liberados durante uma erupção vulcânica, qual é o principal


responsável pela geração de chuva ácida?

a) ( ) Dióxido de carbono.
b) ( ) Dióxido de enxofre.
c) ( ) Ácido sulfúrico.
d) ( ) Ácido clorídrico.

8 De um modo geral, as rochas sedimentares são caracterizadas e diferenciadas


de outros tipos de rochas por dois atributos essenciais. Cite.

63
9 O processo de formação de uma rocha sedimentar compacta a partir de
sedimentos soltos submetidos a um processo de compactação e cimentação
é chamado?

a) ( ) Compactação.
b) ( ) Erosão.
c) ( ) Diagênese.
d) ( ) Meteorização.

10 Geologicamente, como você explicaria a presença de fósseis de uma


montanha em organismos marinhos de águas profundas a mais de 3.000
acima do nível do mar?

11 O que indicam o aumento da esfericidade, o arredondamento e o grau de


seleção dos clastos em uma rocha sedimentar?

12 Fossilização é um processo verdadeiramente notável, em que um conjunto


de processos físico-químicos permite a conservação parcial ou completa de
um organismo ou evidência de vida. Mencione duas condições necessárias
para que a preservação ocorra.

13 Os minerais formadores de rocha ígnea mais e menos resistentes são,


respectivamente:

14 As rochas magmáticas são classificadas, segundo o seu modo de ocorrência,


em:

a) ( ) Intrusivas e maciças.
b) ( ) Intrusivas e extrusivas.
c) ( ) Graníticas e compactas.
d) ( ) Porfíricas e líquidas.

15 Como você separaria um basalto maciço de um granito?

a) ( ) Pela cor.
b) ( ) Pela dureza.
c) ( ) Pelas camadas.
d) ( ) Pela composição química.

16 A rocha sedimentar é caracterizada:

a) ( ) Pela cor.
b) ( ) Pela dureza.
c) ( ) Pelas camadas.
d) ( ) Pela granulação.

17 Qual rocha reage com ácido/limão?

64
a) ( ) Granito.
b) ( ) Calcário.
c) ( ) Arenito.
d) ( ) Quartzolito.

18 Quais são os agentes típicos do metamorfismo?

a) ( ) Pressão e atividade química.


b) ( ) Pressão e temperatura.
c) ( ) Sedimentação e atividade química.
d) ( ) Profundidade e atividade química.

19 Qual dessas rochas apresenta maior dureza?

a) ( ) Calcário preto.
b) ( ) Basalto preto.
c) ( ) Folhelhos.
d) ( ) Quartzolito.

20 São exemplos de rochas metamórficas?

a) ( ) Granito e gnaisse.
b) ( ) Granito e basalto.
c) ( ) Gnaisse e xisto.
d) ( ) Arenito e calcário.

21 O mármore é originário do metamorfismo de:

a) ( ) Argilas.
b) ( ) Areias.
c) ( ) Calcário.
d) ( ) Arenito.

22 As rochas sedimentares se classificam, segundo a origem, em:

a) ( ) Arenosas, químicas e físicas.


b) ( ) Mecânicas, químicas e orgânicas.
c) ( ) Grosseiras, arenosas e químicas.
d) ( ) Efeitos físicos e químicos.

23 O calcário ferve com HCl ou qualquer ácido, porque:

a) ( ) Possui grãos na sua constituição.


b) ( ) São rochas carbonatadas e em contato com substâncias ácidas entram
em processo de modificação.
c) ( ) Sendo básica sofre efervescência.
d) ( ) É ácida.

65
66
UNIDADE 2

DINÂMICA EXTERNA DA TERRA E


FORMAÇÃO DOS SOLOS

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• ter noções básicas de processos erosivos e de intemperismos;

• estudar os diferentes tipos de solos e sua formação;

• reconhecer os diferentes tipos de solo a partir dos conhecimentos básicos


de geologia;

• ter conhecimento de equipamentos utilizados para análise da erodibilida-


de dos solos.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em dois tópicos. No decorrer da unidade
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.

TÓPICO 1 – DINÂMICA EXTERNA DA TERRA: INTEMPERISMO E


EROSÃO

TÓPICO 2 – SOLOS

67
68
UNIDADE 2
TÓPICO 1
DINÂMICA EXTERNA DA TERRA: INTEMPERISMO
E EROSÃO

1 INTRODUÇÃO
A crosta terrestre e o meio ambiente estão em grandes transformações e
modificações. Esses processos ocorrem devido à ação de intempéries causadas
por humanos e pelo próprio processo da natureza (efeitos químicos e físicos).

Para o engenheiro civil, os processos podem causar erosões que podem


comprometer uma estrutura e danificar uma edificação, por exemplo. Dessa
forma, o entendimento do intemperismo e erosão é essencial para poder solucionar
problemas e examiná-los quanto à magnitude e potencial de erosão.

O estudo do potencial de erosão é feito a partir de uma sequência de


ensaios desenvolvidos por pesquisadores que analisam a desagregação do solo e
os efeitos provocados pela ação da água.

Por fim, este tópico fornecerá a você, acadêmico, conceitos cruciais para
o entendimento da dinâmica externa do solo, a partir de conceitos teóricos e
laboratoriais.

2 METEORIZAÇÃO OU INTEMPERISMO
O conjunto de processos físicos e químicos que altera e destrói as rochas
localizadas na superfície é conhecido como intemperismo ou meteorização.
Quando as rochas se encontram expostas às intempéries e aos agentes externos,
tais como chuva, sol, vento, água subterrânea, organismos vivos, homem etc., há
uma atuação sobre os minerais e a matriz rochosa, ocasionando a fragmentação e
decomposição. Em uma definição mais simples, a meteorização forma as rochas,
sendo o solo o produto da meteorização.

O tipo e o grau de intemperismo que atuam numa rocha dependem de


vários fatores, como: tipo, composição mineral, estrutura da rocha, fraturamento,
topografia, clima, tempo de exposição e vegetação. Estes podem atuar de maneira
isolada ou simultânea. A seguir, é apresentado um resumo dos aspectos mais
relevantes a considerar:

69
UNIDADE 2 | DINÂMICA EXTERNA DA TERRA E FORMAÇÃO DOS SOLOS

• O quartzo e a olivina são os minerais mais e menos resistentes ao


intemperismo químico.
• Quanto maior a dureza de um mineral, maior é sua resistência ao
intemperismo físico.
• Quanto maior o grau de fraturamento da rocha, devido à presença de fissuras,
planos de acamamento, contatos geológicos, fraturas, clivagem etc., maior é a
velocidade de alteração.
• Quanto mais porosa e/ou vesicular é a rocha, maior é a sua área exposta
(superfície de meteorização) aos agentes externos e, portanto, há mais
vulnerabilidade ao intemperismo.
• Em regiões tectonicamente ativas, devido às condições de esforços atuantes, as
rochas que se encontram intensamente fraturadas, dobradas, falhadas facilitam
uma maior intensidade do intemperismo.
• Em regiões tropicais, o grau de espessura dos produtos de alteração é muito
maior.
• Em regiões tropicais, de clima quente e úmido, as reações químicas produzidas
pela água de chuva transformam os feldspatos em minerais do grupo das
argilas.
• Em regiões próximas aos vulcões ativos, o fluxo de fluídos hidrotermais
ascendentes e descendentes, através das fraturas da rocha, favorece os
processos de alteração química.
• Quanto maior a cobertura vegetal e a presença de matéria orgânica, maior é a
decomposição das rochas.
• Quanto maior a declividade do terreno, maiores são a desintegração e o
transporte das partículas da encosta.
• Quanto maior o tempo de exposição aos agentes externos, maior o grau de
intemperização da rocha.

FIGURA 1 – EXEMPLOS DE ROCHAS COM DESCONTINUIDADES

a) Rochas dobradas b) Rochas estratificadas

70
TÓPICO 1 | DINÂMICA EXTERNA DA TERRA: INTEMPERISMO E EROSÃO

a) Rochas fraturadas b) Rocha com xistosidade


FONTE: Os autores

2.1 CLASSIFICAÇÃO DO INTEMPERISMO


As alterações das rochas podem ser facilmente separadas em dois grandes
grupos: o intemperismo físico, devido à ação mecânica de agentes atmosféricos
e biológicos que fragmentam e desagregam a rocha, e o intemperismo químico,
gerando novos minerais (secundários) a partir das reações químicas de minerais
preexistentes (primários).

2.1.1 Intemperismo físico


A seguir, são apresentados os diferentes tipos de intemperismo físico
existentes:

• Variação de temperatura: quando as variações de temperatura entre o dia e


a noite são muito grandes, os diferentes minerais que compõem a rocha se
dilatam e contraem diferencialmente, e de maneira cíclica, enfraquecendo e
desagregando a rocha. Típico de regiões desérticas.
• Congelamento da água: a água que se encontra preenchendo os poros e fissuras
da rocha se congela, aumentando seu volume, exercendo tensões internas que
acabam fragmentando a rocha ainda mais. O fato é típico em regiões frias.
• Precipitação de sais: em regiões costeiras, as fissuras das rochas encontram-se
preenchidas de águas com sais dissolvidos. A evaporação dessas águas produz
a precipitação e cristalização dos sais, fraturando a rocha. Efeito similar ao
produzido pelo congelamento.
• Descompressão: rochas formadas a grandes profundidades e, posteriormente,
expostas à superfície terrestre, se fraturam em lajes de expansão
aproximadamente paralelas à superfície. A pressão foi aliviada devido à
diminuição da pressão isostática. O fenômeno pode acontecer em menor escala
na escavação de túneis profundos, produzindo rupturas violentas das rochas,
assim, também chamados de rockburst.

71
UNIDADE 2 | DINÂMICA EXTERNA DA TERRA E FORMAÇÃO DOS SOLOS

• Biológico: o crescimento das raízes das árvores através das fraturas pode
fragmentar fisicamente as rochas. Animais escavadores, como roedores,
formigas e mamíferos, entre outros, também contribuem para a desintegração
da rocha.

FIGURA 2 – EXEMPLOS DE EROSÃO BIOLÓGICA

a) Crescimento das raízes das árvores

a) Formigueiros, Brasília, D. F. b) Detalhe do formigueiro

FONTE: Os autores

• Meteorização esferoidal: é um processo de alteração complexo de rochas em


climas tropicais e regiões tectonicamente ativas, envolvendo os intemperismos
físico e químico. Os blocos de rochas derivados de um sistema de fraturamento
de, pelo menos, duas famílias de fraturas, são decompostos progressivamente
das arestas e, os vértices, até o interior, resultando na formação de blocos
arredondados.

72
TÓPICO 1 | DINÂMICA EXTERNA DA TERRA: INTEMPERISMO E EROSÃO

2.1.2 Intemperismo químico


Os principais tipos de intemperismo químico são: hidrólise, hidratação,
oxidação, carbonatação e atividade bioquímica.

• Oxidação: minerais ricos em ferro se oxidam em presença da água e do ar,


formando óxidos férricos. Exemplo: a formação da limonite a partir da pirita.

FeS2 (s) + nH2O (l) + nO2 (g) → H2SO4 + FeO(OH)*nH2O (s)


(pirita) + (água) + (oxigênio) → (limonite)

O fenômeno de oxidação é o responsável pela formação da drenagem


ácida das minas, nos taludes de corte de rodovias e em escavações subterrâneas.

E
IMPORTANT

Para ocorrer o processo de oxidação, o oxigênio deve ser o reagente.

FIGURA 3 – EXEMPLO DE OXIDAÇÃO DE UM MINERAL FÉRRICO

FONTE: Os autores

• Hidratação: a água que percorre através das fraturas da rocha é incorporada


na estrutura interna dos minerais. Exemplos: a formação da anidrita a partir da
gipsita, limonite a partir de hematita ou serpentina a partir da olivina.

CaSO4 (s)+ 2H2O (l) → CaSO4 * 2H2O (s)


(anidrita) + (água) → (gipsita)

73
UNIDADE 2 | DINÂMICA EXTERNA DA TERRA E FORMAÇÃO DOS SOLOS

Fe2O3 + nH2O → FeO (OH) * nH2O


(hematita) + (água) → (limonite)

A hidratação de alguns argilominerais pode produzir um aumento


no volume do mineral, causando esforços de expansão significativos, gerando
grandes problemas em obras de engenharia construídas sobre tais materiais.

E
IMPORTANT

A hidratação é um processo de meteorização que envolve a combinação


química de minerais com a água (hidratação) ou a sua remoção (desidratação). No caso da
hidratação, ocorre um aumento de volume que facilita a desintegração das rochas por ação
da hidrólise.

• Hidrólise: em contato com a água, os minerais do grupo dos silicatos sofrem


a remoção parcial ou total da sílica e do potássio. Durante o processo acontece
a dissociação da água em íons hidrogênio (H+) e hidroxila (OH-). Exemplo: a
formação da caulinita a partir do feldspato potássico.

2KAlSi3O8 + 3H2O → Al2Si2O5 (OH)4 + 4SiO2 + 2KOH


(feldspato potássico) + (água) → (caulinita) + (sílica) + (hidróxido de potássio)

• Dissolução: ocorre quando o mineral é solubilizado em água. Exemplos:


dissolução de carbonatos (exemplo, a calcita) e de cloretos (exemplo, a halita e
a silvina).

CaCO3 → Ca ++ + CO32-
(calcita) → (cátion cálcio) + (íon carbonato)

NaCl → Na+ + Cl-


(halita) → (cátion sódio) + (íon cloro)

A dissolução intensa das rochas calcárias em águas de chuva, ricas em gás


carbônico dissolvido (águas ácidas), pode levar à formação de relevos cársticos,
caracterizados pela presença de dolinas, caverna, estalactite e estalagmites.

CaCO3 + (H2CO3) → Ca++ + 2HCO3

74
TÓPICO 1 | DINÂMICA EXTERNA DA TERRA: INTEMPERISMO E EROSÃO

FIGURA 4 – EXEMPLOS DE DISSOLUÇÃO DE ROCHAS CALCÁREAS

Relevos cársticos. Barra Honda, Costa Rica.

FONTE: Os autores

E
IMPORTANT

Os processos químicos tendem a predominar no intemperismo de rochas


ígneas, enquanto os processos físicos no intemperismo de rochas sedimentares e
metamórficas.

3 EROSÃO
Para entendermos melhor o processo de evolução da aparência atual da
superfície terrestre, vamos relembrar o que é intemperismo, conceito que foi
amplamente explanado no transcorrer deste tópico.

Segundo Toledo, Oliveira e Melfi. (2009), o intemperismo é o conjunto


de modificações de ordens física (desagregação) e química (decomposição) que
as rochas sofrem na superfície terrestre. Como produtos do intemperismo, os
quais se referem à alteração da rocha e do solo, estão: os processos de erosão,
transporte e sedimentação, o que implicam processos de desgaste da superfície
da terra conhecida como denudação continental.

Por conseguinte, se focarmos no processo de erosão, temos que, uma vez


que a rocha sofreu o processo de intemperismo, é desenvolvida uma remoção ou
arrancamento físico de fragmentos com a ajuda de agentes externos.

A erosão é o processo no qual é gerada uma separação de partículas.


Mudando a sua posição de origem, essas partículas podem ser tanto de um
mineral quanto de uma rocha. Entre os diferentes agentes externos que colaboram
no processo de erosão encontram-se: água, gelo, vento, a gravidade, organismo

75
UNIDADE 2 | DINÂMICA EXTERNA DA TERRA E FORMAÇÃO DOS SOLOS

vivos e o homem. Portanto, diferentes são os processos externos que geram


modificações na paisagem, contribuindo com o processo de intemperismo e com
o transporte e sedimentação de materiais.

Segundo Zachar (1982), uma terminologia para a classificação dos


principais tipos de erosão entre os agentes erosivos e a ação da gravidade é
apresentada a seguir.

QUADRO 1 – CLASSIFICAÇÃO DA EROSÃO PELOS FATORES ATIVOS

Fator Termo
Água erosão hídrica.
Chuva erosão pluvial.
Fluxo superficial erosão laminar.
Fluxo concentrado erosão linear (sulco, ravina e voçoroca).
Rio erosão fluvial.
Lago, reservatório erosão lacustrina ou límica.
Mar erosão marinha.
Geleira erosão glacial.
Neve erosão nival.
Vento erosão eólica.
Terra, detritos erosão soligênica.
Organismos erosão organogênica.
Plantas erosão fitogênica.
Animais erosão zoogênica.
Homem erosão antropogênica.
FONTE: Adaptado de Zachar (1982)

E
IMPORTANT

O processo erosivo acontece de forma conjunta com o processo de transporte


e sedimentação de partículas, sendo indispensável a presença de um agente externo.

Os principais agentes de erosão são a água e o ar. A combinação com


outros agentes dá origem a diversos processos de erosão. Por exemplo, a erosão
hídrica, em que o principal agente é a água, e o seu efeito erosivo encontra-se em
função do relevo, vegetação, precipitação e o solo. A seguir, são apresentados
dois exemplos de erosão, sendo a água o principal agente erosivo.

76
TÓPICO 1 | DINÂMICA EXTERNA DA TERRA: INTEMPERISMO E EROSÃO

FIGURA 5 – EXEMPLOS DE EROSÃO

a) GRAND CANYON, USA b) VALE DA LUA, BRASIL


FONTE: a) Hamblin e Christiansen (2003, p. 310); b) Os autores

As geleiras representam um importante agente geológico encarregado


das modificações que tem sofrido a superfície terrestre. De acordo com Teixeira et
al. (2009), as geleiras são entidades dinâmicas que se encontram numa harmonia
com seu ambiente e estão em constante movimento e mudança. Portanto, o
conjunto das formas de erosão é variado e complexo, deposições e ambientes
diretos ou indiretos associados às geleiras.

Um exemplo é evidenciado no Escudo Laurentiano da América do Norte,


onde podem ser confirmados os últimos movimentos do gelo. Outro exemplo que
demonstra os efeitos da erosão por meio do deslocamento de material arrancado
do leito de rocha para outros lugares corresponde a áreas montanhosas. “Uma
grande variedade de formas que variam em tamanho (de milímetros até milhares
de quilômetros) é gerada do produto à abrasão glacial. A rocha em contato com o
gelo está sujeita à fratura, ao deslocamento e ao arrastamento até a base deslizante
da geleira” (HUGGETT, 2011, p. 266).

A seguir, é apresentada a evolução de alguns glaciares alpinos em suas


diferentes etapas.

77
UNIDADE 2 | DINÂMICA EXTERNA DA TERRA E FORMAÇÃO DOS SOLOS

FIGURA 6 – EVOLUÇÃO DE ALGUMAS PAISAGENS DE GLACIARES ALPINOS

a) A paisagem antes da era do gelo

b) A paisagem durante a era do gelo

c) A paisagem após da era do gelo


FONTE: Huggett (2011, p. 274)

Para entendermos o que é erosão diferencial, segundo Hamblin e


Christiansen (2003), é uma variação na taxa de erosão em diferentes massas
rochosas. As rochas resistentes formam penhascos íngremes e declives suaves no
caso de rochas não resistentes.

Muitos são os casos nos quais a erosão diferencial em rochas metamórficas


e ígneas tem dado a forma do relevo local em um escudo, por meio de deformações
complexas. Como exemplo, tem-se a erosão diferencial dos estratos horizontais,
estes que dão a forma dos platôs, planaltos, morros e pináculos.

78
TÓPICO 1 | DINÂMICA EXTERNA DA TERRA: INTEMPERISMO E EROSÃO

FIGURA 7 – EXEMPLO DE EROSÃO DIFERENCIAL EM ROCHAS COM DIFERENTE RESISTÊNCIA

Afloramento de rochas metamórficas. Brasília, DF.


FONTE: Os autores

FIGURA 8 – EXEMPLO DE EROSÃO DIFERENCIAL DOS ESTRATOS HORIZONTAIS

FONTE: Hamblin e Christiansen (2003, p. 672)

Outro processo de erosão é produto das atividades humanas, conhecido


como erosão antrópica. De forma direta ou indireta, contribui para a alteração
da superfície da Terra. No Brasil, um claro exemplo de erosão antrópica pode ser
encontrado na mineração. Na figura a seguir observa-se a mudança sofrida no
terreno após as atividades mineiras.

A aparência atual da superfície terrestre deve-se à dinâmica superficial.


Como resultado desse processo (a paisagem), a geomorfologia tem se
encarregado de estudar, em termos de estrutura, processo e tempo por meio de
conhecimentos interdisciplinares.

79
UNIDADE 2 | DINÂMICA EXTERNA DA TERRA E FORMAÇÃO DOS SOLOS

FIGURA 9 – EXEMPLO DE ALTERAÇÃO DO TERRENO DEVIDO À MINEIRAÇÃO

Mina a céu aberto. Belo Horizonte, Minas Gerais.


FONTE: Os autores

E
IMPORTANT

A geomorfologia trata o estudo da superfície da terra com objetivo de


descrever e explicar a sua origem e comportamento atual.

3.1 PROCESSO EVOLUTIVO DAS EROSÕES


Existem diferentes processos erosivos, como a erosão hídrica que, no caso,
pode ser pluvial, fluvial, de superfície, marinha, eólica e glacial. Cabe ressaltar
que esses processos naturais de erosão podem sofrer um processo acelerado
provocado pelo homem por meio da inadequada ocupação do espaço físico. Esses
processos são conhecidos como erosão acelerada, erosão antrópica ou erosão
antropogênica.

A erosão envolve ações evolutivas, tais como a desagregação, transporte e


sedimentação, dando origem a sulcos, ravinas ou voçorocas. Além disso, existem
formas que se processam no interior do maciço, formando a sua esqueletização.
Segundo Carvalho et al. (2006), a atuação da erosão em diferentes áreas depende
das características climáticas, geológicas, geomorfológicas, pedológicas e da
cobertura vegetal dessas áreas.

80
TÓPICO 1 | DINÂMICA EXTERNA DA TERRA: INTEMPERISMO E EROSÃO

Uma breve descrição das características é apresentada na sequência.

• Clima: quando se fala em processos erosivos, a precipitação representa o


elemento mais importante relacionado ao clima devido ao efeito que gera
quando entra em contato com o solo. Como resultado desse impacto, uma
desunião das partículas do solo é desenvolvida, sendo transportadas pela
mesma água.
• Geologia: de acordo com Díaz (2001), a erosividade, em solos residuais e rochas
meteorizadas, está relacionada com o tipo e características da rocha parental.
Entre as principais características litológicas, estas que podem condicionar as
rochas, se encontram:
ᵒ o grau de fraturamento das rochas;
ᵒ a intensidade do intemperismo;
ᵒ a natureza do material alterado (referente à textura).
• Geomorfologia: segundo Carvalho et al. (2006), a influência do relevo na
erosão está associada à declividade, ao comprimento e à forma de vertente.
A velocidade do escoamento é maior com o aumento do declive e ainda mais
quanto mais extenso for o comprimento de vertente.
• Solo: é destacada a importância de entendermos que a capacidade do solo
de resistir ao processo de erosividade, produto da chuva, é conhecida como
erodibilidade. Entre as principais características do solo estão:
ᵒ composição químico-mineralógica;
ᵒ presença de matéria orgânica;
ᵒ textura;
ᵒ estrutura;
ᵒ umidade.
• Cobertura vegetal: a vegetação é a camada natural que protege o solo contra a
ação erosiva da água. A vegetação é responsável por: proteger o solo do impacto
direto das gotas de chuva; dispersar a energia da água durante o escoamento
superficial; aumentar a infiltração por meio dos poros gerados pelas raízes
(sistema radicular) e aumentar a capacidade de retenção de água (SALOMÃO;
IWASA, 1995).

No quadro a seguir podemos observar como varia o escoamento segundo


o tipo de cobertura no terreno.

QUADRO 2 – VALORES DO COEFICIENTE DE ESCOAMENTO SEGUNDO O TIPO DE


SUPERFÍCIE

Características da superfície Coeficiente de


escoamento
Revestimento de concreto de cimento Portland. 0,70-0,90
Revestimento betuminoso. 0,80-0,95
Revestimento primário. 0,40-0,60
Solos sem revestimento com baixa permeabilidade. 0,40-0,65
Solos sem revestimento com permeabilidade moderada. 0,10-0,30
Taludes grampados. 0,50-0,70

81
UNIDADE 2 | DINÂMICA EXTERNA DA TERRA E FORMAÇÃO DOS SOLOS

Prados e campinas. 0,10-0,40


Áreas florestais. 0,10-0,25
Terrenos cultivados em zonas altas. 0,15-0,40
Terrenos cultivados em vales. 0,10-0,30
FONTE: DNIT (2006, p. 220)

• Uso do solo: a ocupação humana tem um papel muito importante em relação


aos processos erosivos.

As formas de ocupação urbana e rural do solo promovem o


desmatamento para, posteriormente, a implementação de ações e
obras de infraestrutura. Em breve, o desmatamento seria uma das
primeiras formas de atuação humana impactando o meio ambiente,
resultando na perda da proteção natural do terreno (CARVALHO;
NETO; AGUILAR, 2009, p. 171).

Desse modo, é necessário criar condições para reduzir ou evitar o fluxo


concentrado de escorregamento superficial (deflúvio) por meio de infraestrutura
adequada, tanto na área rural quanto urbana. A seguir, é apresentado um resumo
dos fatores condicionantes da erosão.

FIGURA 10 – FATORES CONDICIONANTES DA EROSÃO

FONTE: Carvalho, Neto e Aguilar (2009, p. 159)

82
TÓPICO 1 | DINÂMICA EXTERNA DA TERRA: INTEMPERISMO E EROSÃO

3.2 CLASSIFICAÇÃO DAS EROSÕES


As erosões, comumente, estão classificadas em quatro grandes grupos:
erosão hídrica, erosão eólica, erosão glacial e erosão organogênica. Para o caso
das erosões hídricas, elas podem ser classificadas, por sua vez, em três tipos
principais: erosão superficial, erosão interna e erosão linear, de acordo com a sua
fase de formação.

E
IMPORTANT

Os processos erosivos lineares correspondem às formações das ravinas e


voçorocas.

FIGURA 11 – PROCESSOS E FORMAS EROSIVAS

FONTE: Carvalho, Neto e Aguilar (2009, p. 158)

As principais caraterísticas das erosões de origem hídrica serão


apresentadas na sequência:

83
UNIDADE 2 | DINÂMICA EXTERNA DA TERRA E FORMAÇÃO DOS SOLOS

3.2.1 Erosão superficial


Este tipo está relacionado com o transporte de material (água – solo)
que não foi infiltrado na superfície do terreno. O escoamento de água deve-se
à ruptura da ligação entre as partículas ou agregados do maciço gerado pelo
impacto das gotas de chuva. A densidade e a velocidade de escoamento são
fatores que influem na capacidade de transporte e poder erosivo da água em
movimento.

Outros fatores importantes são a espessura da lâmina de água e a


inclinação da vertente ou relevo.

FIGURA 12 – ESCOAMENTO DE ÁGUA SUPERFICIAL

FONTE: Vallejo et al. (2002, p. 632)

FIGURA 13 – EXEMPLO DE EROSÃO SUPERFICIAL

Estrada não pavimentada.


FONTE: Os autores

84
TÓPICO 1 | DINÂMICA EXTERNA DA TERRA: INTEMPERISMO E EROSÃO

O escoamento da água facilita a formação de filetes no fluxo superficial.


Essa formação aumenta o potencial de desprendimento e arraste das partículas
de solo, propiciando a possibilidade de geração de sulcos, que, mais tarde,
evolucionam para ravinas capazes de atingir a condição de voçoroca.

Em regiões tropicais é muito comum encontrar erosões superficiais,


sejam elas em áreas rurais ou urbanas, sendo que as suas consequências são mais
facilmente achadas nas zonas rurais. Por terem uma cobertura de terreno fértil
para a erosão, nos casos, desestabilizam as plantações, atingindo a cobertura das
raízes, dando o passo à geração do assoreamento de cursos de água, reservatórios
e áreas.

Segundo Carvalho et al. (2006), a erosão superficial depende de fatores


externos, como cobertura do solo, declividade do terreno e clima, e de fatores
internos, como tipo de solo, estrutura e umidade. Segundo os autores, esses
aspectos são, geralmente, naturais, no entanto, a ação antrópica inapropriada
pode causar uma alteração no estado do solo, tornando-se, talvez, o elemento
mais importante.

3.2.2 Sulcos, ravinas e voçorocas


De acordo com Carvalho et al. (2006), os sulcos são pequenos canais de
até 10cm de profundidade, gerados pela concentração de escoamento superficial.
Na etapa de origem dos sulcos, normalmente acontecem de forma distribuída,
sem a presença de grandes concentrações de água. O aumento das concentrações
favorece a geração de ravinas ou voçorocas.

Segundo os autores, o termo ravina é aplicado para canais com


profundidade superior a 10cm, e uma máxima de 50cm, ou a partir do momento
que acontecer instabilidade dos taludes, adotando-se, assim, o maior. Com base
nessa profundidade estabelecida para a ravina e, a partir do momento da geração
de instabilidade dos taludes, surgem as voçorocas. A principal diferença entre as
ravinas e as voçorocas reside em atingirem ou não o lençol freático.

A figura a seguir exemplifica os casos de erosão a partir de sulcos, ravinas


e voçorocas.

85
UNIDADE 2 | DINÂMICA EXTERNA DA TERRA E FORMAÇÃO DOS SOLOS

FIGURA 14 – PROCESSO EVOLUTIVO DAS EROSÔES

A) SULCOS B) RAVINAS

C) VOÇOROCA

FONTE: Os autores

3.2.3 Erosão interna ou piping


A erosão subterrânea ou piping corresponde à formação de canais (tubos)
por meio do carregamento de partículas a partir da face de uma encosta ou talude,
com a possibilidade de evolução para grandes cavidades no subsolo.

Hargerty (1991) apresenta a definição de piping como sendo um fenômeno


de erosão subterrânea no qual a percolação de água causa a remoção de partículas
do interior do solo, formando cavidades de forma tubular que avançam para o
interior do solo.

A erosão subterrânea pode acontecer como:

• Ruptura hidráulica, quando a resistência do solo é ultrapassada pela força de


percolação. De acordo com Azevedo e Albuquerque Filho (1998), a ruptura
ocorre nos locais de descarga, atingindo o gradiente crítico e condições de

86
TÓPICO 1 | DINÂMICA EXTERNA DA TERRA: INTEMPERISMO E EROSÃO

liquefação, permitindo o arrastamento de partículas de solo e favorecendo


a abertura de orifícios, gerando uma concentração de fluxo, criando, assim,
pequenas cavidades.
• O caso que o gradiente hidráulico ultrapassa o crítico do solo.
• O caso da fração grossa não é filtro da fina, o que gera o deslocamento da
fração fina com descalçamento da fração grossa, favorecendo a formação de
cavidades no interior do maciço, embora esse processo pode se originar no
interior do maciço e não, necessariamente, a partir da face da encosta ou talude.

A figura a seguir mostra um caso de piping gerado na borda de um rio.

FIGURA 15 – EXEMPLO DE PIPING

FONTE: Goudie (2006, p. 784)

3.2.4 Esqueletização
O fenômeno acontece com a degradação física do solo, aumentando a sua
porosidade. É o resultado do transporte de partículas ou compostos solubilizados.

De acordo com Carvalho et al. (2006), o aumento da porosidade do solo


termina por gerar a instabilidade dos taludes das erosões, sendo, portanto, parte
essencial no processo evolutivo das ravinas e voçorocas.

O fenômeno de esqueletização pode, ainda, ser um fator importante nos


processos erosivos devido à contribuição na instabilização de encostas naturais
submetidas ao uso inadequado.

87
UNIDADE 2 | DINÂMICA EXTERNA DA TERRA E FORMAÇÃO DOS SOLOS

3.2.5 Outras formas particulares de erosão citadas na


literatura
Podemos mencionar as seguintes:

• Erosão em pedestal

É um processo desenvolvido lentamente. Surge quando o solo é protegido


da erosão por meio de pedregulhos ou rochas menores, ou pela raiz de árvores,
gerando pedestais.

A seguir, é possível observar diferentes tipos de erosão, decorrentes da


erosão diferencial, como a formação do tipo mesa, que corresponde à erosão em
pedestal.

FIGURA 16 – EROSÃO EM PEDESTAL

FONTE: Hamblin e Christiansen (2003, p. 658)

• Erosão em pináculo

É caracterizada pela presença de pináculos nos lados e fundos das ravinas


e voçorocas devido, usualmente, à dificuldade do solo em ser erodido. Segundo
Bertoni e Lombardi (1999), uma camada de solo mais resistente, ou uma porção
de rocha, geralmente encabeça a parte superior dos pináculos, protegendo a parte
subjacente.

88
TÓPICO 1 | DINÂMICA EXTERNA DA TERRA: INTEMPERISMO E EROSÃO

FIGURA 17 – EROSÃO EM PINÁCULO

FONTE: Hamblin e Christiansen (2003, p. 674)

• Erosão da fertilidade do solo

Este tipo de erosão constitui a perda dos nutrientes das plantas (por
diluição na água) sem ocorrer qualquer remoção física do solo. A erosão alcança
a camada mais superficial do solo.

3.3 ERODIBILIDADE DOS SOLOS


A erodibilidade de um solo, de acordo com Vilar e Prandi (1993), pode
ser definida como a falta de capacidade de resistir aos processos erosivos sem
depender apenas das características intrínsecas do solo, mas também de processos
de umedecimento, secagem e composição química da água. As análises do solo,
por meio das suas características físicas, químicas e agentes externos, têm se
convertido na forma comum de estudo da erodibilidade do solo.

Taxas de erosão primária em encostas são determinadas pela erosividade


da chuva, escoamento e a erodibilidade da superfície. Há influência de alguns
fatores, incluindo geologia, tipo de solo, vegetação e atividade humana. Ângulo e
comprimento do declive também afetam a erodibilidade, novamente destacando
a importante influência da topografia (CHARLTON, 2007).

Segundo Griebeler, Pruski e Silva (2009), a erodibilidade do solo,


sob condições de escoamento superficial, corresponde à quantidade de solo
desprendida por unidade de área, tempo e tensão. Bastos (1999) define a
erodibilidade como a propriedade do solo que expressa a maior ou menor
facilidade com que suas partículas são desprendidas por um agente físico.

Nogami e Villibor (1995) indicam que a erodibilidade depende de


características, como a granulometria, constituições mineralógica e química do
89
UNIDADE 2 | DINÂMICA EXTERNA DA TERRA E FORMAÇÃO DOS SOLOS

solo, estrutura, permeabilidade, capacidade de infiltração e coesão das partículas.

A seguir, é apresentado um resumo dos principais fatores que controlam


a erosão hídrica nas encostas e geração de sedimentos. Podemos observar como
os fatores de erosividade e erodibilidade se relacionam no processo de erosão.
Para entendermos melhor a diferença, temos que a erosividade é uma medida do
agente que gera a erosão, como a chuva ou escoamento superficial. Entretanto, a
erodibilidade relaciona-se à susceptibilidade à erosão da superfície do solo.

A erosividade depende da energia cinética definida por fatores, como


a intensidade de chuva, tamanho da gota, profundidade do fluxo e ângulo de
inclinação. No caso da erodibilidade, esta depende das propriedades do solo, tais
como a textura (areia, silte, argila etc.).

FIGURA 18 – FATORES QUE CONTROLAM A EROSÃO NAS ENCOSTAS

FONTE: Adaptado de Charlton (2007, p. 43)

90
TÓPICO 1 | DINÂMICA EXTERNA DA TERRA: INTEMPERISMO E EROSÃO

3.4 ENSAIOS GEOTÉCNICOS APLICADOS À


ERODIBILIDADE DOS SOLOS
Os ensaios empregados no estudo e avaliação da erodibilidade do solo
podem ser feitos por meio de ensaios específicos que permitem a análise direta.
Além disso, podem também ser feitos ensaios indiretos, que são aqueles utilizados
nos estudos geotécnicos durante as caracterizações física, química e mineralógica.
Tais ensaios têm facilitado a compreensão dos processos de erosão.

Segundo Carvalho et al. (2006), existem vários modelos e ensaios na


determinação direta da erodibilidade dos solos, como o ensaio de desagregação,
o ensaio de Inderbitzen, o ensaio Pinhole e o ensaio Crumb Test.

Para termos uma melhor compreensão sobre os ensaios utilizados em


campo, será apresentado um resumo na sequência.

3.4.1 Caracterização física


Dentre as propriedades físicas mais relevantes na caracterização física,
têm-se a porosidade e a distribuição dos poros, que correspondem a ensaios de
massa específica e granulometria. Para o caso de solos tropicais, o entendimento
dos processos erosivos pode ser prejudicado quando acontecer uma concentração
de macroporos decorrente da afetação de parâmetros como a coesão, sucção e
permeabilidade. Geralmente, a caracterização física é o primeiro ensaio a ser
realizado. No entanto, quando se trata da avaliação da erodibilidade dos solos, a
situação também se faz necessária.

Cardoso (2002) sugere que há como relacionar a erodibilidade com


plasticidade do solo. Solos com maior índice de plasticidade são menos erodíveis
(com exceção das argilas dispersivas), porém, quanto aos solos tropicais, a
presença de oxi-hidróxido de ferro confere maiores estabilidade e resistência ao
solo.

Alguns autores, como Bastos (1999), comentam que o decréscimo do


teor de finos e a plasticidade aumentaram a erodibilidade dos solos. Contudo,
chegaram à conclusão que isso ocorre devido à influência que as características
estruturais e mineralógicas do solo têm sobre o comportamento frente à erosão.
Dessa forma, as propriedades físicas não podem ser analisadas isoladamente.

91
UNIDADE 2 | DINÂMICA EXTERNA DA TERRA E FORMAÇÃO DOS SOLOS

E
IMPORTANT

A verificação de solos suscetíveis à erodibilidade, com relação à caracterização


física, tem que ser realizada de forma cautelosa. Ensaios físicos são extremamente
importantes para servirem de parâmetro inicial.

Os ensaios físicos conhecidos são: limite de liquidez (método Casagrande),


limite de plasticidade, granulometria, sedimentação e compactação. Esses ensaios
são definidos na disciplina de Mecânica de Solos, todos são normativos, e serão
explicados na próxima unidade.

3.4.2 Caracterização química


De acordo com Carvalho et al. (2006), em solos superficiais, o estudo do
teor de matéria orgânica é relevante devido ao seu alto poder agregador. Além
disso, a agregação dos solos constitui-se em elemento inibidor do processo
erosivo, dificultando o desprendimento e arraste das partículas sólidas.

Para caracterização química, são utilizados ensaios como: pH em água, pH


em KCl, pois o pH indica se o solo tem efeito agregador (básico) ou desagregador
(ácido).

3.4.3 Caracterização mineralógica


A caracterização mineralógica é de grande importância, já que,
basicamente, descreve o nível de intemperismo do perfil do solo. Isso é percebido
pois solos lateríticos são ricos em caulinita e oxi-hidróxido de ferro e alumínio.
Solos mais jovens são caracterizados por minerais primários e argilominerais
como illita e a montmorilonita.

E
IMPORTANT

O saber mineralógico pode ajudar na análise da erodibilidade, visto que um


solo laterítico apresenta agregações e elevada permeabilidade. Solos saprolíticos apresentam
características como fácil desagregabilidade e expansibilidade. Dessa forma, a descoberta
da composição mineralógica é essencial, pois influencia diretamente ou indiretamente a
erosão.

92
TÓPICO 1 | DINÂMICA EXTERNA DA TERRA: INTEMPERISMO E EROSÃO

A análise de mineralogia consiste em ensaios de microscópio, DRX ou


tomógrafo.

3.4.4 Ensaio de desagregação


Também conhecido como Slaking Test, visa verificar a estabilidade de
uma amostra indeformada de solo quando esta é submersa em água destilada.
Portanto, pode-se prever o comportamento do solo quando inundado por água,
permitindo determinar a capacidade da água na desagregação (CARVALHO et
al., 2006).

Na descrição qualitativa da amostra durante o ensaio, são observadas as


seguintes dinâmicas erosivas nas amostras: abatimento (slumping); fraturamento
no topo; ruptura nas bordas; velocidade de desagregação; grau de dispersão das
partículas de solo; velocidade de ascensão capilar e inchamento (TOMASI, 2015).

A figura a seguir corresponde a um desenho esquemático do ensaio.


Inicialmente, coloca-se a amostra indeformada sobre um papel-filtro localizado
sob uma pedra porosa. O procedimento é feito por 30 min. Após o processo, há
aumento do nível da água em 1/3 da altura da amostra por 15 minutos. O mesmo
procedimento para 2/3 da altura por 15 min. A última etapa corresponde a 24
horas com a amostra submersa.

O resultado do ensaio é qualitativo, assim, pode ser analisada a relação


entre o potencial de desagregação e a erodibilidade. Solos considerados altamente
erodíveis são desagregados totalmente em água.

E
IMPORTANT

Este ensaio somente analisa se é altamente erodível. Ou seja, não considera


níveis intermediários ou baixos de erodibilidade.

93
UNIDADE 2 | DINÂMICA EXTERNA DA TERRA E FORMAÇÃO DOS SOLOS

FIGURA 19 – ENSAIO DE DESAGREGAÇÃO

Amostra indeformada

h
Filtro

Pedra porosa

Submerso

FONTE: Tatto (2007, p. 26)

3.4.5 Ensaio de Inderbitzen: método direto da


erodibilidade
O ensaio de Inderbitzen objetiva a estimativa do potencial de
erodibilidade de um corpo de prova. O ensaio consiste em simular o
escoamento superficial com o intuito de quantificar a perda do solo dadas
uma vazão e uma inclinação.

E
IMPORTANT

É o ensaio mais utilizado dentre os ensaios em canais hidráulicos no meio


geotécnico.

O equipamento proposto vem de estudos iniciais de Inderbitzen (1961),


apresentando uma concepção de ensaio através do uso de um canal hidráulico
artificial.

Com o tempo, novas formas, adaptações e melhorias foram realizadas.


Uma delas por Bastos (1999), o qual analisou, comparativamente, a erodibilidade
entre solos distintos quanto à erosão. Padronizou o ensaio, deixando-o como
o original. Também determinou e fixou como parâmetros ideais de ensaio:
inclinação de rampa de 10°, vazão de ensaio de 50 ml/s e tempo de ensaio de 20
minutos.

94
TÓPICO 1 | DINÂMICA EXTERNA DA TERRA: INTEMPERISMO E EROSÃO

O dispositivo definido a seguir consiste em uma rampa hidráulica


produzida em chapa metálica e modificada para as dimensões de 25 centímetros
de largura e 60 centímetros de comprimento. A rampa é provida de um orifício
central de 10 centímetros de diâmetro, projetado para que amostras indeformadas
de solos sejam acopladas, sofrendo a ação do fluxo de água que escoa pela rampa.

E
IMPORTANT

Para análise de erodibilidade, devem ser utilizadas amostras indeformadas


(mantêm a estrutura original do solo) com 5 centímetros de altura e diâmetro de 9,76 cm,
ensaiando-as em três condições de umidade diferentes: umidade natural, seca ao ar e pré-
umedecida.

O equipamento elaborado por Bastos (1999) permite a verificação do


comportamento erosivo perante a variação na declividade da rampa. Isso é
alcançado através de ajustagem na base da rampa, proporcionando ensaios com
inclinações de 10°, 26°, 45° e 54°. Segundo a proposta do autor, também, são
utilizadas vazões de escoamento de 3 l/min e 6 l/min (simulando escoamentos
provocados pela precipitação de menor e pela de maior volume, respectivamente)
e um tempo total de ensaio de 20 minutos, considerado suficiente para obtenção
de resultados satisfatórios (TOMASI, 2015).

FIGURA 20 – EQUIPAMENTO INDERBITZEN

1
2
VISTA SUPERIOR 5

VISTA LATERAL

1- Amostra 2 - Abastecimento de água 3- Rotâmetro 4- Rampa hidráulica 5- peneiras

FONTE: Bastos (1999, p. 98)

95
UNIDADE 2 | DINÂMICA EXTERNA DA TERRA E FORMAÇÃO DOS SOLOS

Diante de todas as modificações propostas e resultados obtidos através


do ensaio de Inderbitzen, Fácio (1991 apud TOMASI, 2015) constatou certas
tendências de comportamento:

• a perda de solo aumenta com a diminuição do grau de saturação inicial da


amostra;
• a perda de solo aumenta com o aumento da vazão;
• a perda de solo aumenta com o aumento da declividade de rampa;
• a perda de solo é maior nos primeiros cinco minutos de ensaio.

A seguir, é exemplificado um ensaio Inderbitzen definido por estudos de


Tatto (2007).

FIGURA 21 – EQUIPAMENTO INDERBITZEN

FONTE: Tatto (2007 apud TOMASI, 2015, p. 41)

3.4.6 Ensaio do furo de agulha


De forma geral, o ensaio do furo de agulha, ou Pinhole test, tenta simular o
efeito de piping. O processo é feito por meio de um furo de 1mm de diâmetro no
centro de um corpo de prova (forma cilíndrica). Na condição, a água, submetida
a uma certa carga hidráulica, tentará percolar através do furo.

A NBR: 14114 (ABNT, 1998) disponibiliza o procedimento de ensaio


baseado na metodologia estabelecida por Sherard et al. (1976). A norma explica
o método para alcance de uma medida direta e qualitativa da dispersabilidade
de solos argilosos pelo fluxo de água destilada ao longo de um pequeno orifício
constituído axialmente.

96
TÓPICO 1 | DINÂMICA EXTERNA DA TERRA: INTEMPERISMO E EROSÃO

A natureza da solução que flui do corpo-de-prova, com imposição de uma


diferença de carga hidráulica inicial de 50mm, permanecendo por 12 horas (para
saturação), fornece a diferenciação básica entre argilas altamente dispersíveis
e não dispersíveis. No caso de argilas altamente dispersivas, o efluente será
marcantemente turvo e o furo no corpo-de-prova se alargará rapidamente,
resultando em um aumento de vazão. Em argilas não dispersivas, o efluente será
límpido e o furo permanecerá inalterado. Em argilas leves a moderadamente
dispersíveis, o furo e a vazão também não se alterarão, porém, o efluente será
levemente turvo.

Ao fim do ensaio, a amostra é removida e bipartida, e examina a situação


do furo. Pode haver comparação do aumento do furo ou aumento de porosidade
do solo com a vazão de água, e, assim, verificando se houve processo erosivo.

FIGURA 22 – AMOSTRAS SUBMETIDAS AO ENSAIO DE PINHOLE

FONTE: Santos (1997 apud Carvalho et al., 2006, p. 142)

E
IMPORTANT

A partir do ensaio, a resistência à erosão é estimada pelo diâmetro final do furo,


coloração da água que sai pela vazão de percolação (Carvalho et al., 2006).

3.4.7 Ensaio de crumb test


Segundo Carvalho et al. (2006), é também denominado de ensaio de
dispersão rápida. Seu principal objetivo é classificar, qualitativamente, a reação
de uma porção de solo em relação à dispersão quando inundada em água.

97
UNIDADE 2 | DINÂMICA EXTERNA DA TERRA E FORMAÇÃO DOS SOLOS

A metodologia de ensaio, segundo Carvalho et al. (2006), é definida pela


colocação de uma porção de solo de, aproximadamente, 2 gramas, em um béquer
com água destilada entre 100-150 ml. A quantidade de solo permanece no béquer
por, aproximadamente, uma hora, e verifica-se conforme o passar do tempo a
capacidade de desprendimento de partículas ao redor da amostra submersa.

Dessa forma, podemos classificar as amostras em:

• Grau 1 – sem reação: amostra inalterada no fundo do béquer.


• Grau 2 – pequena reação: uma pequena turbidez na superfície da amostra.
• Grau 3 – reação moderada: uma turbidez acompanhada de uma fina camada
de partículas ao fundo.
• Grau 4 – forte reação: uma nuvem de coloides em suspensão, cobrindo a
maioria do fundo do béquer. Em alguns casos, a água do béquer torna-se turva.

98
RESUMO DO TÓPICO 1

Neste tópico, você aprendeu que:

• O conceito de erosão corresponde ao processo no qual é gerada uma separação


de partículas, mudando a sua posição de origem. Agentes externos são
necessários no processo, como água, gelo, vento, a gravidade, organismos
vivos e o homem.

• Os principais fatores condicionantes no processo evolutivo das erosões são:


clima, geologia, geomorfologia, solo, cobertura vegetal, uso do solo.

• As erosões estão classificadas em quatro grandes grupos: erosão hídrica, erosão


eólica, erosão glacial e erosão organogênica.

• A erodibilidade do solo, de forma geral, é a quantidade de partículas


desprendidas por meio de um agente físico.

• Dentre os principais ensaios no estudo da erodibilidade estão: ensaio de


desagregação, ensaio de Inderbitzen, ensaio do furo de agulha e ensaio de
Crumb Test.

99
FIGURA 23 – RESUMO DA DINÂMICA EXTERNA DA TERRA

FONTE: Os autores

100
AUTOATIVIDADE

1 Durante o processo de erosão é gerada uma separação entre partículas,


resultando numa mudança da posição de origem. Cite a origem dessas
partículas.

2 Quais são os principais agentes externos que contribuem nos processos de


erosão?

3 A reação química pela qual os carbonatos de cálcio formam relevos cársticos


é conhecida como?

4 Em processos de erosão diferencial são geradas diferentes formações em


função da resistência das rochas. Cite um exemplo de formação gerada para
cada caso.

5 O mineral formador de rochas ígneas mais resistente à meteorização é?

6 A erosão antrópica tem se convertido num fator de relevância nos processos


de erosão nos últimos anos. Mencione quatro atividades que favorecem a
erosão.

7 Quais são os principais fatores condicionantes no processo evolutivo das


erosões?

8 Mencione quatro fatores que afetam a meteorização das rochas.

9 De acordo com a classificação das erosões, a erosão hídrica representa


um importante processo de erosão. Cite os três tipos principais de erosão
decorrentes da erosão hídrica.

10 Cite os nomes dos três processos evolutivos mais comuns devido à


desagregação, transporte e sedimentação dos solos.

11 Explique a diferença entre erodibilidade e erosividade do solo.

12 Cite os principais ensaios geotécnicos realizados no estudo da


erodibilidade dos solos.

13 São processos de meteorização:

a) ( ) Variação de temperatura, oxidação, geleiras, hidrólise.


b) ( ) Congelamento de água, variação de temperatura, hidratação, geleiras.
c) ( ) Precipitação de sais, oxidação, hidratação, hidrólise, chuva.

101
d) ( ) Descompressão, variação de temperatura, crescimento de raízes,
meteorização esferoidal.
e) ( ) Crescimento de raízes em rocha, oxidação, hidratação, chuva, erosão
diferencial.

14 Coloque a letra F para intemperismo físico, e Q para intemperismo


químico.

a) ( ) Variação de temperatura.
b) ( ) Oxidação.
c) ( ) Hidratação.
d) ( ) Congelamento de água.
e) ( ) Dissolução.

15 Explique sobre o processo de dissolução ocorrido em cavernas de


calcário.

102
UNIDADE 2 TÓPICO 2
SOLOS

1 INTRODUÇÃO
O termo solo constitui uma porção de minerais provenientes da
intemperização de rochas, seja por processos eólicos, fluviais, e outros, conforme
será explicado nesta seção.

Neste tópico o solo pode ser identificado conforme Figura 24, ou seja, a
partir de um elemento de volume representativo (EVR) a estrutura solo pode ser
constituída por partículas de silte e argila com diferentes tipos de formações. As
argilas podem se combinar formando as agregações, e, o silte pode ser revestido
por partículas de argila. Essas agregações, podem formar diferentes tipos de
solos, com divergentes comportamento, seja mecânico e hidráulico.

FIGURA 24 –CONSTITUIÇÃO DO SOLO

Argila (< 2 μm) Silte (2 – 75 μm)

Microporos

Agregação de argila Silte revestido


por argila

Microporos

Agregação de Argila-silte

Elemento de volume representativo


FONTE: Liu et al. (2015, p. 684)

As diferenças de estruturas e as interações provocadas durante o tempo


definem o tipo de solo. Neste tópico será dada ênfase a solos residuais, que
sofreram decomposição e possuem características da rocha matriz, bem como solos
tropicais e transportados. Por fim estas explicações podem ser compreendidas
com alguns estudos de caso, que levarão a um melhor entendimento da prática
e técnica.
103
UNIDADE 2 | DINÂMICA EXTERNA DA TERRA E FORMAÇÃO DOS SOLOS

2 DEFINIÇÃO DE SOLO
Definimos solos para os materiais fofos e incoerentes, resultantes da
desintegração e decomposição das rochas pelo intemperismo, seja este químico,
físico ou biológico.

O conceito de solo para os engenheiros difere um pouco do conceito


geológico, uma vez que, na engenharia, o termo solo inclui todo tipo de material
orgânico ou inorgânico inconsolidado, ou parcialmente cimentado, encontrado
na superfície da terra, matérias muitas vezes classificadas em geologia como
rochas sedimentares (CHIOSSI, 2013).

Desde o ponto de vista da Geologia de Engenharia, o solo se define como


um agregado de minerais unidos por forças fracas de contato, separáveis por
meios mecânicos de pouca energia ou por agitação na água (VALLEJO et al., 2002).

2.1 CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS


Os solos podem ser classificados em dois grupos: solos residuais e solos
transportados. Os solos residuais são solos que permanecem in situ (no local
onde foram formados), sem sofrer qualquer tipo de transporte. Para que eles
ocorram, é necessário que a velocidade de decomposição da rocha seja maior do
que a velocidade de remoção por agentes externos. Caso contrário, os produtos
de alteração vão ser transportados por um agente qualquer (água, ar, vento,
gelo, gravidade etc.), formando solos transportados (sedimentares) (OLIVEIRA;
BRITO, 1998).

2.1.1 Solos residuais


Praticamente todos os tipos de rocha formam solo residual. A sua
composição mineralógica e granulométrica é dependente do tipo e da composição
mineralógica da rocha original. No entanto, há outras características relevantes
dos solos residuais, como a estrutura e espessura, que dependem de fatores como
o clima da região, posição no relevo e tempo de exposição da rocha aos agentes
externos.

No perfil de alteração de uma rocha diante de um solo residual, não existe


um contato ou limite direto e brusco entre o solo e a rocha. A passagem é gradativa,
e permite a separação de, pelo menos, cinco camadas com diferentes propriedades
físicas. Assim, em geral, um perfil de solo residual consiste na seguinte sequência,
de cima para baixo: solo residual maduro, solo residual jovem, rocha alterada,
alteração de rocha e rocha sã (CHIOSSI, 2013).

104
TÓPICO 2 | SOLOS

• Solo residual maduro: em geral, o material já não mostra nenhuma estrutura


típica da rocha de origem e, praticamente, não há minerais primários, com
exceção de alguns resistentes ao intemperismo. É comum encontrar, na
parte superior, um solo fortemente lixiviado, muitas vezes contendo matéria
orgânica.
• Solo residual jovem: também conhecido como solo de alteração de rocha ou
solo saprolítico, é o solo que ainda é possível observar restos incipientes de seus
minerais e a estrutura da rocha. Pode conter alguns blocos de rocha (até 10%).
• Rocha alterada: material rochoso moderadamente intemperizado, com aspecto
quase de rocha. A alteração progrediu ao longo de fraturas e zonas de menor
resistência, deixando intactos grandes blocos, preservando a grande parte da
sua estrutura e de seus minerais). Pode ter entre 50% e 90% de blocos de rocha
com dimensões variáveis, envolvidos por solo. É, na realidade, uma transição
entre o maciço de solo e o maciço de rocha.
• Alteração de rocha: camada composta por rocha levemente intemperizada,
ainda com a maior parte da estrutura da rocha e minerais não descompostos.
• Rocha sã ou rocha inalterada: maciço rochoso ainda não atingido pelo
intemperismo.

O somatório dos horizontes I e II é conhecido como Rigolíto ou Pedológico


(devido ao interesse diferenciado da ciência na parte mais superficial), e o
somatório dos horizontes II, III, III e IV como Saprolito.

FIGURA 25 – PERFIL TÍPICO DE FORMAÇÃO DE UM SOLO RESIDUAL

FONTE: Adaptado de Oliveira e Brito (1998)

105
UNIDADE 2 | DINÂMICA EXTERNA DA TERRA E FORMAÇÃO DOS SOLOS

Em um estudo de caso de um projeto de contenção em solos residuais


de gnaisse, as obras de estabilização foram realizadas no Sudeste do Brasil, no
município do Rio de Janeiro. O intuito era o de estabilizar os cortes realizados
para a fundação de prédios e a construção de estradas em solos residuais de
gnaisse, executando, como estruturas de contenção, cortinas atirantadas.

Em regiões com condições tropicais, o gnaisse é especialmente suscetível


à desintegração química, de tal forma que as rochas se decompõem rapidamente
pelo gás carbônico do ar, pelos ácidos húmicos originados pela vegetação
(intemperização biológica) e pelos processos físicos.

Segundo Chiossi (2013), na sequência de alteração típica de um gnaisse


em um solo residual, distinguem-se três zonas de material decomposto: 1) um
horizonte superior composto por solos residuais de argilas, argilas siltosas,
siltes argilosos e siltes arenosos, com placas ocasionais de micas. As cores
predominantemente são amareladas; 2) um horizonte intermediário composto
por solos residuais de material arenoso (siltes arenosos, arenas siltosas e arenas),
micáceos, de moles até compacidade média, geralmente com tonalidades brancas,
cinzas e amareladas; 3) e uma zona inferior composta por rocha intemperizada
até a rocha-mãe.

A partir da interpretação de 108 sondagens exploratórias, tanto de ensaios


percussivos SPT como rotativos, e com base no perfil de alteração típico em áreas
de gnaisse, a sequência estratigráfica da região é descrita, a seguir, de cima para
baixo:

• Argila siltosa com areia: formada por argilas silto arenosas, argilas siltosas,
siltes argilosos e siltes arenosos, com valores de Nspt entre 8 e 30. Cores: cinza,
branca, amareladas e avermelhadas.
• Silte argiloso com areia: siltes argilosos com areias finas e médias, siltes
arenosos, areias finas a médias siltosas, areias médias e areias grossas, micáceas,
de compactas a muito compactas (valores de N entre 30 e 50), contendo alguns
pedregulhos. As suas cores são de tons cinzentos a amarelados.
• Rocha alterada: composta por rochas pouco a muito fraturadas, até friáveis,
micáceas. Os blocos de rocha são envoltos numa matriz de areias finas e médias
siltosas. As suas cores predominantes são cinzentas, brancas e amareladas. A
percentagem de recuperação no ensaio rotativo varia de 0 a 10%.
• Rocha sã: formada pelo maciço de rocha sã, pouco fraturada e de boa qualidade.
A rocha é classificada como um gnaisse micáceo, branca e cinza. A percentagem
de recuperação varia muito de 65 a 85%.

106
TÓPICO 2 | SOLOS

FIGURA 26 – PERFIL ESTRATIGRÁFICO DOS SOLOS RESIDUAIS DE GNAISSE DO RIO DE


JANEIRO

FONTE: Os autores

A figura a seguir mostra uma sondagem mista (percussão e rotativa)


típica, numa região composta por solos residuais de gnaisse.

FIGURA 27 – SONDAGEM MISTA

FONTE: Os autores

107
UNIDADE 2 | DINÂMICA EXTERNA DA TERRA E FORMAÇÃO DOS SOLOS

Nas figuras a seguir, são apresentados modelos tridimensionais,


desenvolvidos a partir da correlação dos ensaios SPT e mistos, permitindo obter
uma melhor visualização e compreensão das relações estratigráficas.

FIGURA 28 – MODELAGEM DO CONTATO SOLO-ROCHA (A) PERFIS DAS SONDAGENS SPT, (B)
MODELO 3D

(a)

(b)
FONTE: Os autores

108
TÓPICO 2 | SOLOS

FIGURA 29 – MODELAGEM DE UM PERFIL DE ALTERAÇÃO DO SOLO RESIDUAL DE GNAISSE


DO RIO DE JANEIRO (A) PERFIS DAS SONDAGENS MISTAS E (B) MODELO 3D

(a)

(b)
FONTE: Os autores

2.1.2 Solos tropicais


Um tipo de solo residual formado em regiões de clima tropical (quente
e úmido). Existe um predomínio do intemperismo químico e é comum a
decomposição profunda da rocha, com a formação de mantos de solos residuais
muito desenvolvidos, com espessura de dezenas de metros, estes ricos em
argilominerais (maior parte do Brasil).

Os solos tropicais ricos em óxidos e hidróxidos de ferro e/ou alumínio


e argilominerais, principalmente do grupo da caulinita, são conhecidos como
lateríticos. Se as condições de drenagem são deficientes, podem se formar os
109
UNIDADE 2 | DINÂMICA EXTERNA DA TERRA E FORMAÇÃO DOS SOLOS

conhecidos solos negros, ricos em esmectitas. Se a drenagem é alta, predominam


as caulinitas hidratadas (haloysitas), de coloração vermelha ou vermelho marrom
(VALLEJO et al., 2002).

Desde o ponto de vista geotécnico, os solos tropicais apresentam


peculiaridades de propriedades e de comportamento, devido à composição
mineralógica e estrutura, tais como: problemas de dessecação, agregação de
partículas de argila, expansibilidade, má drenagem etc.

Desde o ponto de vista econômico, as formações lateríticas comportam


inúmeras yazidas de Fe, Mn, Al, Ni, Nb e fosfatos, que contribuem com cerca de
30% da produção mineral no Brasil (TEIXEIRA et al., 2009).

2.1.3 Solos transportados ou sedimentares


Solos sedimentares, também conhecidos como solos transportados,
constituem depósitos não consolidados e fofos como profundidade variável.
Consistem em solos mais heterogêneos se compararmos com os solos residuais.
Encontram-se em função da capacidade do agente transportador.

São apresentados diferentes tipos de solos transportados em função do


agente transportador: solos de aluvião, solos coluviais e solos eólicos.

2.1.4 Solos de aluvião


Os solos aluviares são materiais que são transportados e depositados por
meio da água. Apresentam uma variedade de tamanhos, tendo, por exemplo,
material grosseiro (blocos e fragmentos) até material mais fino (argilas), o que
demostra a sua heteroneidade. São muito anisotrópicos na sua distribuição.
Devido à granulometria, apresentam propriedades geotécnicas variáveis.

Podem ser apresentados de duas formas:

• Em terraços.
• Em depósitos mais extensos, constituindo as planícies de inundação.

110
TÓPICO 2 | SOLOS

FIGURA 30 – PERFIL DE DEPÓSITOS DE ALUVIÃO

FONTE: Vallejo et al. (2002, p. 100)

2.1.5 Solos coluviais


Segundo Chiossi (2013), os depósitos de coluvião também são conhecidos
por depósitos de tálus, cujo transporte decorre, exclusivamente, da ação da
gravidade. A sua origem é local decorrente da alteração in situ das rochas.

A identificação desses materiais tem uma importância muito relevante em


qualquer estudo geológico ou geotécnico, devido à resistência, o que representa
massas instáveis.

111
UNIDADE 2 | DINÂMICA EXTERNA DA TERRA E FORMAÇÃO DOS SOLOS

FIGURA 30 – PERFIL DE DEPÓSITOS DE ALUVIÃO

FONTE: Vallejo et al. (2002, p. 100)

FIGURA 32 – EXEMPLOS DE SOLOS COLUVIAIS

a) Depósito coluvial b) Detalhe do depósito coluvial

FONTE: Os autores

112
TÓPICO 2 | SOLOS

2.1.6 Solos eólicos


São mais comuns nos países europeus e nos Estados Unidos, mas, no
caso do Brasil, também podem ser encontrados em certos estados (Fortaleza,
Rio de Janeiro, Florianópolis). São encontrados ao longo do litoral, onde a sua
acumulação forma o que conhecemos por dunas (CHIOSSI, 2013).

FIGURA 33 – EXEMPLO DE SOLO EÓLICO - LAGOA DA CONCEIÇÃO: FLORIANÓPOLIS-SC

FONTE: Os autores

2.1.7 Solos lacustres


Sedimentos com granulometria fina, geralmente siltes e argilas. São
caracterizados por conter alto conteúdo de material orgânico, representando um
problema geotécnico devido à estrutura fofa.

113
UNIDADE 2 | DINÂMICA EXTERNA DA TERRA E FORMAÇÃO DOS SOLOS

FIGURA 34 – PERFIL TIPICO DE SOLOS LACUSTRES

FONTE: Vallejo et al. (2002, p. 101)

2.1.8 Depósitos glaciais


Os depósitos glaciais são formados pelo transporte e deposição de material
pelo gelo ou a água. Segundo Vallejo et al. (2002), a heterogeneidade e anisotropia
são as características típicas desses depósitos, pois coexistem de argilas a cascalho
grosso e grandes blocos. As propriedades geotécnicas são altamente variáveis.

2.1.9 Solos orgânicos


Solos formados por sedimentos argilosos e um alto conteúdo de
matéria orgânica vegetal, típicos de ambientes sedimentários transicionais, ou
seja, ambientes marino-continentes, pobres em oxigênio (pântanos). Algumas
das propriedades de interesse em obras de engenharia são: solos moles, alta
plasticidade, resistência à penetração baixa, alta compressibilidade, fácil
escavabilidade etc. São características típicas as cores escuras e a alternância de
camadas granulares de origem fluvial, aluvias ou lacustre.

114
TÓPICO 2 | SOLOS

FIGURA 35 – PERFIL TIPICO DE SOLO ORGÂNICO

FONTE: <http://www.ateffaba.org.br/wp-content/uploads/2010/11/Perfil-de-solo-de-mangue-
225x300.jpg>. Acesso em: 12 ago. 2019.

2.1.10 Solos pedogênicos


Os processos pedogenéticos manifestam-se nas formas morfológicas e
características do solo, sendo estudados de duas formas: por meio de um modelo
de processos múltiplos (adições, perdas, transformações e translocações) e
com o modelo de processos específicos (latinização, silicificação, ferralitização,
gleização, podzolização, salinização etc.).

Simonson (1959) considera a existência de cinco processos: adições,


perdas, transformações, remanejamentos mecânicos e transportes seletivos,
sendo que cada um compreende uma série de mecanismos característicos.

Na figura a seguir são mostrados os mecanismos que caracterizam as


adições, translocações, transformações e remoções.

115
UNIDADE 2 | DINÂMICA EXTERNA DA TERRA E FORMAÇÃO DOS SOLOS

FIGURA 36 – PROCESSOS BÁSICOS DE FORMAÇÃO DOS SOLOS

FONTE: Os autores

De acordo com o estudo dos processos pedogenéticos por meio de


processos múltiplos e processos específicos, é apresentado, a seguir, um resumo
de tais processos.

QUADRO 3 – PROCESSOS PEDOGENÉTICOS

Processos Processos Descrição resumida Exemplo de


pedogênicos múltiplos do processo ocorrência
específicos
Ferralitização. Remoção, Remoção de sílica Latossolos,
transformação e concentração de Nitossolos,
e translocação. óxidos de Fe e Al. caráter ácrico.
Silicificação. Transformação Migração e acúmulo Latossolos e
e translocação. de sílica cimentando Argilossolos
estruturas ou a matriz Amarelos
do solo. coesos.
Plintitização e Transformação Redução e Plintossolos.
laterização. e translocação. translocação de
Fe, oxidação e
precipitação.
Origem de
mosqueados, plintita
ou petroplintita.

116
TÓPICO 2 | SOLOS

Lessivagem ou Translocação. Migração vertical de Argissolos,


argiluviação. argila no solo. Luvissolos,
horizontes e
lamelas.
Podzolização. Transformação Migração de Espodossolos,
e translocação. complexos de Fe, Al Ortstein.
e matéria orgânica no
solo com acúmulo em
horizonte iluvial, com
ou sem sílica.
Gleização. Remoção, Redução de Fe em Gleissolos,
transformação condições anaeróbias Planossolos.
e translocação. e translocação
formando horizontes
acinzentados com ou
sem mosqueados.
Calcificação ou Translocação. Acumulação de Luvissolos,
carbonatação. CaCO3 com nódulos Chernossolos
ou horizonte Rêndzicos.
endurecido.
Ferrólise. Remoção, Destruição de argila Planossolos,
transformação com formação de Argilosolos.
e translocação. horizonte B textural.
Salinização. Translocação. Acumulação de sais Gleissolos
por evaporação no sálicos.
horizonte superficial
ou na superfície do
solo.
Sulfurização ou Transformação Acidificação do solo Gleissolos
tiomorfismo. e translocação. causada pela oxidação Tiomórficos.
de compostos de
enxofre.
FONTE: Kämpf e Curi (2012, p. 37)

De acordo com Oliveira e Brito (1998), a utilização da classificação


pedológica em Geologia de Engenharia tem grande importância devido às
interpretações que podem ser feitas a partir do conteúdo.

A seguir, é apresentada a classificação de solos de acordo com a Empresa


Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

117
UNIDADE 2 | DINÂMICA EXTERNA DA TERRA E FORMAÇÃO DOS SOLOS

QUADRO 4 – CLASSIFICAÇAO DOS SOLOS SEGUNDO EMBRAPA

Tipos de solos % de área total Características


Argissolos 20 Solo bem evoluído, argiloso, apresentando
mobilização de argila da parte mais
superficial.
Cambissolos 3 Solo pouco desenvolvido, com horizonte B
incipiente.
Chernossolos <1 Solo com desenvolvimento médio, atuação
de processo de bissialitização, podendo ou
não apresentar acumulação de carbonato de
cálcio.
Espodossolos 2 Solo evidenciando a atuação do processo de
podzolização; forte eluviação de compostos
aluminosos, com ou sem ferro; presença de
húmus ácido.
Gleissolos 3 Solo hidromórfico (saturado em água), rico
em matéria orgânica, apresentando intensa
redução dos compostos de ferro.
Latossolos 39 Solo altamente evoluído, laterizado, rico em
argilominerais 1:1 e óxi-hidróxidos de ferro
e alumínio.
Luvissolos 3 Solo com horizonte B de acumulação (B
textural), formado por argila de atividade
alta (bissialitização); horizonte superior
lixiviado.
Neossolos 14 Solo pouco evoluído, com ausência de
horizonte B. Predominam as características
herdadas do material original.
Nitossolos 2 Solo bem evoluído (argila coalinítica-
óxi-hidróxidos), fortemente estruturado
(estrutura em blocos), apresentando
superfícies brilhantes (cerosidade).
Organossolos <1 Solo essencialmente orgânico; material
original constitui o próprio solo.
Planossolos 3 Solo com forte perda de argila na parte
superficial e concentração intensa de argila
no horizonte subsuperficial.
Plintossolos 6 Solo com expressiva plintitização
(segregação e concentração localizada de
ferro).
Vertissolos 2 Solo com desenvolvimento restrito;
apresenta expansão e contração pela
presença de argilas 2:1.
FONTE: Teixeira et al. (2009, p. 231)

118
TÓPICO 2 | SOLOS

LEITURA COMPLEMENTAR

Noções de geologia geral e aplicada

Rudney C. Queiroz

A geologia, no significado abrangente, é definida como a área da ciência


que estuda a origem, a formação, a história física, a evolução, a composição
mineralógica e a estrutura da Terra por intermédio da pesquisa e do conhecimento
dos minerais e das rochas que compõem a crosta terrestre e das forças e dos
processos.

A Terra, planeta em que vivemos, é uma enorme esfera constituída


basicamente de três camadas distintas de materiais: a crosta terrestre, o manto
terrestre e o núcleo. Dessa forma, os estudos mostram que o núcleo possui duas
partes principais: o núcleo interior e o núcleo exterior. Se comparada com o raio
da Terra (6370 km), a crosta é uma camada com espessura relativamente fina
(aproximadamente 40 km), e não é estática. Ela movimenta-se de forma lenta e
contínua. Esses movimentos são causados por forças internas (no manto) que se
contrapõem às forças externas, em razão da energia do sol e do ciclo hidrológico.
As respostas que temos sobre o interior da Terra são obtidas por meios indiretos,
como propagação de ondas sísmicas provocadas pelos terremotos.

A Terra sofre, constantemente, pequenas e lentas mudanças, tanto na


superfície como na subsuperfície. Dentre as principais questões que têm intrigado
os geólogos estão as pequenas e lentas transformações causadas por erosão e
deposição, como os resultados de uma simples chuva, que desagrega, transporta
e deposita as partículas de solos e rochas. Ainda, as mudanças catastróficas,
causadas por terremotos ou grandes enchentes, que são menos frequentes.

Desde os tempos primitivos, o homem tem se preocupado em conhecer e


entender os fenômenos geológicos. Sempre ficou impressionado com acidentes
geológicos ou geodinâmicos e fenômenos atmosféricos. Contudo, apesar do
homem ter especulado e teorizado sobre a Terra que o cercava durante toda
a história da humanidade, a ciência da Terra, a geologia, é uma ciência muito
recente. Etimologicamente, é formada pelas expressões gregas ge, que significa
Terra, e logos, que significa estudo.

Os estudos geológicos recentes são baseados em princípios científicos que


foram definidos a partir do século XIX e aperfeiçoados, por meio de pesquisas,
até os dias de hoje. Um dos princípios utilizados pela geologia moderna vem de
James Hutton (1726-1797), geólogo, químico e naturalista escocês. Ele defendeu
uma teoria denominada uniformitarismo, propondo que a história da Terra pode
ser estudada observando os fenômenos geológicos atuais. Por exemplo, uma
pequena erosão causada por enxurrada, e as partículas que foram transportadas e
depositadas em um local mais baixo do relevo modificam lentamente a superfície.

119
UNIDADE 2 | DINÂMICA EXTERNA DA TERRA E FORMAÇÃO DOS SOLOS

As marcas de ondas observadas na areia de uma praia são formadas pelo vento,
se sobrepondo em diferentes direções conforme o vento muda, explicando a
estratificação cruzada de um arenito eólico do passado. Em resumo, esse princípio
considera que “O presente é a chave do passado”, isto é, para entender o passado
geológico que está ocorrendo no presente.

Essa teoria foi feita após extenso debate com outros cientistas da época,
que advogavam em favor da teoria do netunismo, que considerava que todas as
rochas haviam se originado de uma grande inundação, e da teoria do plutonismo,
que considerava que todas as rochas tinham origem magmática, isto é, a crosta
terrestre teria passado por um estado de fusão e depois de arrefecimento, dando
origem às montanhas.

FONTE: QUEIROZ, R. C. Geologia e geotecnia básica para engenharia civil. São Carlos: RiMa,
2009. Disponível em: https://issuu.com/editorablucher/docs/issuu_ed672d46134971. Acesso
em: 13 ago. 2019.

120
RESUMO DO TÓPICO 2

Neste tópico, você aprendeu que:

• Os solos são materiais fofos e incoerentes resultantes da desintegração e


decomposição das rochas pelo intemperismo, seja este químico, físico ou
biológico.

• O conceito de solo para os engenheiros difere um pouco do conceito geológico.

• Desde o ponto de vista da Geologia de Engenharia, o solo se define como


um agregado de minerais unidos por forças fracas de contato. Ainda, com
separação por meios mecânicos de pouca energia ou por agitação na água
(VALLEJO et al., 2002).

FIGURA 37 – RESUMO DA CLASSIFICAÇÃO DE SOLOS DE ACORDO COM A SUA ORIGEM

FONTE: Os autores

121
AUTOATIVIDADE

1 Os solos tropicais ricos em óxidos e hidróxidos de ferro e/ou alumínio e


argilominerais, principalmente do grupo da caulinita, são conhecidos como?

2 Mencione o nome de três tipos de solos sedimentares.

3 Mencione os quatro horizontes que compõem o perfil de alteração de uma


rocha para um solo residual.

4 Mencione três propriedades peculiares que podem apresentam os solos


tropicais e que podem gerar problemas desde o ponto de vista geotécnico.

5 De acordo com o que você estudou neste capítulo, o perfil a seguir é um solo
residual. Assim, descreva os horizontes desse solo.

FIGURA – PERFIL TÍPICO DE FORMAÇÃO DE UM SOLO RESIDUAL

(I)
HORIZONTES PEDOLÓGICOS

10m

(II)

24m

(III)

30m
(IV)

(V)
36m
FONTE: Adaptado de Oliveira e Brito (1998)

122
UNIDADE 3

ENSAIOS E TÓPICOS PRÁTICOS DE


GEOLOGIA DE ENGENHARIA

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• Realizar ensaios laboratoriais e de campo;

• Entender e realizar a curva de compactação de um solo;

• Compreender os aspectos voltado à umidade ótima de um solo;

• Compreender aspectos voltados à hidrogeologia, sismologia e cartografia


de um meio;

• Entender e diferenciar movimentos de massa existentes.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em dois tópicos. No decorrer da unidade,
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.

TÓPICO 1 – ENSAIOS DE LABORATÓRIO E DE CAMPO

TÓPICO 2 – TÓPICOS DE GEOLOGIA DE ENGENHARIA

123
124
UNIDADE 3
TÓPICO 1
ENSAIOS DE LABORATÓRIO E DE CAMPO

1 INTRODUÇÃO
Este capítulo tem o objetivo de ajudar o estudante a aprender, de forma
resumida e sistemática, as técnicas de ensaios, permitindo concentrar sua atenção
nos procedimentos de ensaios, bem como o preenchimento dos dados em planilha
para análise.

Alguns ensaios apresentados neste capítulo são normatizados, assim as


etapas de ensaios são baseadas nas normas da ABNT, ASTM ou DNER. Dessa
forma é imprescindível sempre antes de começar um ensaio verificar se é
normativo ou não, pois, caso não for normativo, terá que se basear em literaturas
confiáveis.

Ter noção das propriedades e identificar a qualidade do solo e o tipo de


solo é de suma importância no meio geotécnico, construção civil, infraestrutura.
Podemos perceber isso em trabalhos/projetos com o solo na condição natural
(indeformada), em fundações, por exemplo, em que o tipo de solo indica qual
fundação escolher, em aterros, que possibilita o cálculo de recalques e estabilidade
de forma mais realística. A importância também é enxergada na construção
civil, seja para a dosagem de um concreto ou argamassa, ou até mesmo para
pavimentação, de forma para verificar os aspectos mecânicos da base e sub-base.

De acordo com estipulados ensaios, pode-se avaliar diversas propriedades,


tais como resistência, deformabilidade, compressibilidade, característica física
etc., assim, em termos de projeto, utiliza-se esses dados, também chamados de
parâmetros, para formar projetos coerentes, evitando surpresas quando o solo
for submetido a determinadas cargas. Uma grande diferença do solo e dos
demais materiais usados na construção é que o solo é um material extremamente
heterogêneo, e essa característica torna sua análise, na maioria das vezes,
estatística, dessa forma verifica a importância de se saber comparar valores, fazer
médias, medir variação e seguir as normas, pois dessa forma trabalharemos com
possibilidades de comparação.

Vamos começar?

125
UNIDADE 3 | ENSAIOS E TÓPICOS PRÁTICOS DE GEOLOGIA DE ENGENHARIA

2 GRANULOMETRIA E CLASSIFICAÇÃO GRANULOMÉTRICA


Os diferentes tipos de solos podem ser diferenciados pelos tamanhos
das partículas existentes em uma porção representativa de solo. Dessa forma, a
definição do tamanho das partículas e suas respectivas porcentagens de ocorrência
permite obter uma curva em função da distribuição das partículas do solo, que é
denominada distribuição granulométrica.

No Brasil, a norma comumente utilizada é a NBR 7181 — Análise


granulométrica — (ABNT, 2016a). Os solos recebem referências devido às
dimensões das partículas compreendidas em determinados limites convencionais.
Existem outras normas de classificação em relação ao tamanho da partícula, tais
como ASTM, AASHTO e MIT. A Tabela 1 corresponde à representação quanto ao
diâmetro e ao respectivo tipo de solo.

TABELA 1 – ALGUMAS NORMAS EXISTENTES E SUA CLASSIFICAÇÃO EM TERMOS DE


DIÂMETRO DE PARTÍCULA

ABNT
Pedregulho [mm] Areia [mm]
Silte [mm] Argila [mm]
Grosso Média Fino Grossa Média Fina
60 a 20 20 a 6 6 a 2 2 a 0.6 0.6 a 0.2 0.2 a 0.06 0.06 a 0.002 0.002 a 0
ASTM
Areia [mm] Silte [mm] Argila Coloide
Pedregulho [mm]
Grossa Média Fina 0.075 a 0.005 a
0.001 a 0
60 a 4.75 4.75 a 2 2 a 0.425 0.4 a 0.07 0.005 0.001
M.I.T
Pedregulho [mm] Areia [mm] Coloide
Silte [mm]
Grosso Média Fino Grossa Média Fina [mm]
60 a 20 20 a 6 6 a 2 2 a 0.6 0.6 a 0.2 0.2 a 0.06 0.06 a 0.002 0.002 a 0
AASHTO
Areia [mm] Silte [mm] Coloide [mm]
Pedregulho [mm]
Grossa Fina 0.075 a 0.005 a
0.001 a 0
60 a 2 2 a 0.425 0.425 a 0.075 0.005 0.001
FONTE: Adaptado de Gonçalves e Monteiro (2018)

Os equipamentos e materiais utilizados para o ensaio são:

• Estufa capaz de manter a temperatura entre 60° e 65 °C.


• Recipientes para colocar as amostras.
• Balanças com resolução mínima de duas casas decimais.
• Aparelho de dispersão.
• Béquer de vidro.
• Termômetro.
• Relógio com indicação de segundos.
• Proveta com 1000ml.

126
TÓPICO 1 | ENSAIOS DE LABORATÓRIO E DE CAMPO

• Peneiras de 50,38,25,19,9,5.4,4.8, 2, 1.2, 0.6, 0.42, 0.25, 0.15 e 0.075mm.


• Baqueta de vidro.
• Bisnaga.
• Densímetro.

Como a norma mais utilizada para distribuição granulométrica é a


brasileira, nesta seção será dada ênfase ao processo técnico e de análise para a
avaliação da composição granulométrica a partir da NBR 7181 (ABNT, 2016a)
de um solo que requer, em geral, a utilização conjugada das seguintes técnicas
experimentais:

a) Peneiramento: funciona a partir da separação mecânica, por peneiras, para


identificar partículas do solo de maiores dimensões (superiores a 0,075mm);
b) Sedimentação: através da deposição das partículas mais finas do solo em
suspensão, estabelece-se a sua dimensão de forma indireta, utilizando a lei de
Stokes (solos com diâmetro menor que 0,075mm).

DICAS

As partículas de um solo, grosso ou fino, não são esféricas, mas se usará


sempre a expressão diâmetro equivalente da partícula ou apenas diâmetro equivalente,
quando se fizer referência ao tamanho. Para materiais granulares ou fração grossa do solo, o
diâmetro equivalente será igual ao diâmetro da menor esfera que circunscreve a partícula;
enquanto para a fração fina, esse diâmetro é calculado através da lei de Stokes (GONÇALVES;
MONTEIRO, 2018, p. 67).

A Figura 1 corresponde às duas etapas, constituídas por peneiramento


(peneiras) e por sedimentação (a qual utiliza uma proveta e um densímetro).

FIGURA 1 – PENEIRAS E SEDIMENTAÇÃO

a) Peneiras e as diferentes malhas b) Proveta e densímetro


Fonte: Os autores

127
UNIDADE 3 | ENSAIOS E TÓPICOS PRÁTICOS DE GEOLOGIA DE ENGENHARIA

ATENCAO

O processo de sedimentação (lei de Stokes) é realizado pois existem partículas


que, de tão pequenas, acabam não passando por peneiras. Desta forma, necessita-se de
outras técnicas, como é o caso da sedimentação, que deve ser utilizada para solos com alta
porcentagem de finos.

Inicialmente antes do ensaio deve-se ler as normas de preparação


das amostras — NBR 6457: Amostras de solo – preparação para ensaios de
compactação e ensaios de caracterização — (ABNT, 2016c). Ou seja, fazer o
quarteamento (divisão das amostras) e tomar cerca de 1,5kg para solos argilosos
e siltosos e 2kg para solos pedregulhosos ou arenosos.

Posteriormente ao quarteamento e separação do material, deve-se


proceder ao peneiramento do solo. A Figura 2 corresponde às etapas resumidas
da caracterização granulométrica, para peneiramento fino e grosso, a qual será
explicada nos próximos itens.

FIGURA 2 – CARACTERIZAÇÃO DO SOLO – FLUXOGRAMA

FONTE: Os autores

128
TÓPICO 1 | ENSAIOS DE LABORATÓRIO E DE CAMPO

2.1 PASSO-A-PASSO, VAMOS COMEÇAR?


A partir da porção da amostra seca ao ar e destorroada, deve-se passar na
peneira de 2mm. O que passou da peneira deve-se destinar 70g para o processo
de SEDIMENTAÇÃO, e o que ficou retido para o processo de PENEIRAMENTO
GROSSO.

• Peneiramento grosso: este item refere-se ao material que ficou retido na peneira
de 2mm.
ᵒ 1° Passo: lavar o material na própria peneira de 2mm de forma delicada,
até verificar que somente os grãos estão na peneira, e que os torrões foram
destorroados.
ᵒ 2° Passo: colocar para secar e posteriormente pesar o material retido na
peneira de 2mm, obtido e anotar como Mg.
ᵒ 3° Passo: utilizando-se o agitador mecânico, passar esse material nas
peneiras de 50, 38, 25, 19, 9,5, 4,8mm.
ᵒ 4° Passo: anotar as massas retidas e acumuladas.

• Peneiramento: material fino (passante na 2mm)

Existem dois métodos: sem a sedimentação e com sedimentação (com e


sem defloculante).

1. Sem Sedimentação (apenas por peneiramento)


ᵒ 1° Passo: do material passado na peneira de 2,0mm tomar cerca de 120g.
Pesar esse material com resolução de 0,01g e anotar como Mh. Tomar ainda
cerca de 100g para três determinações da umidade higroscópica (h), de
acordo com a NBR 6457 (ABNT, 2016c).
ᵒ 2° Passo: lavar na peneira de 0,075mm o material assim obtido, vertendo-se
água à baixa pressão;
ᵒ 3° Passo: secar o material retido na 0,075mm em estufa à 105° a 110 °C,
até constância de massa, e, utilizando-se o agitador mecânico, passar nas
peneiras de 1,2, 0,6, 0,42, 0,25, 0,15, 0,075mm.
ᵒ 4° Passo: anotar as massas retidas e acumuladas.

2. Com Sedimentação (com defloculante): esta etapa se difere da anterior pois


utiliza a técnica de sedimentação com defloculante (hexametafosfato de
sódio). O defloculante é utilizado para desagregar todo solo e evitar qualquer
agregação que o solo venha ter, ou seja, analisar as partículas por si só, através
da Lei de Stokes. Os passos são determinados a seguir:
ᵒ 1° Passo: do material passado na peneira de 2mm tomar cerca de 120g, para
solos arenosos e 70g para solos argilosos e siltosos, para sedimentação e
peneiramento fino.
ᵒ 2° Passo: pesar esse material (anotar como Mh), tomar 100g para umidade
do solo.

129
UNIDADE 3 | ENSAIOS E TÓPICOS PRÁTICOS DE GEOLOGIA DE ENGENHARIA

ᵒ 3° Passo: transferir o material de 70g e colocar em um béquer de 250cm³


e juntar com auxílio de proveta, com defloculante (solução de 125ml de
hexametafosfato de sódio). Agitar o béquer e deixar agindo por no mínimo
12h.
ᵒ 4° Passo: após 12h, mexer o material que está no béquer por 15min, para
homogeneizar a mistura (pode-se utilizar um copo de dispersão ou uma
bisnaga de vidro e mexer no próprio béquer)
ᵒ 5° Passo: após a agitação, transferir para uma proveta e remover com água
destilada, com auxílio de uma bisnaga, todo material aderido no copo. Juntar
água destilada até atingir o traço correspondente a 1000cm³; em seguida,
colocar a proveta no tanque ou em local com pouca variação térmica;
ᵒ 6° Passo: logo que a dispersão atinja a temperatura de equilíbrio, tomar a
proveta, e tapando a abertura da proveta com a mão, mexer de baixo para
cima por 1 min.
ᵒ 7° Passo: imediatamente após terminada a agitação, colocar a proveta sobre
uma mesa, anotar a hora exata do início da sedimentação e mergulhar
cuidadosamente o densímetro na dispersão. (Fazer um teste para ver aonde
o densímetro ficará).
ᵒ 8° Passo: efetuar as leituras do densímetro correspondentes aos tempos de
0,5, 1, 2min. Retirar lenta e cuidadosamente o densímetro da dispersão.
Caso, o ensaio estiver sendo realizado em local de temperatura constante,
colocar a proveta no banho onde permanecerá até a última leitura. Fazer
leituras subsequentes 4, 8, 15 e 30 minutos, 1, 2, 3, 4, 8 e 24 horas, a contar do
início da sedimentação.

ATENCAO

Durante o ensaio, devido à turbidez da água, as leituras são feitas no alto do


menisco, e necessita, portanto, uma calibração do densímetro, a qual será explicada nos
próximos itens.

NOTA

Recomenda-se repetir as três primeiras leituras, desta forma, fazendo o


procedimento inicial por 3 vezes.

130
TÓPICO 1 | ENSAIOS DE LABORATÓRIO E DE CAMPO

ᵒ 9° Passo: cerca de 15 a 20 segundos da leitura, mergulhar lenta e


cuidadosamente o densímetro na dispersão. Todas leituras devem ser feitas
na parte superior do menisco com interpolação de 0,0002, após o densímetro
ter ficado em equilíbrio. Assim que uma leitura for feita retirar o densímetro
e colocar em uma proveta de água limpa à mesma temperatura da dispersão.

ATENCAO

Realizada a última leitura, verter o material da proveta na peneira de 0,075mm,


proceder a remoção com água de todo o material que tenha aderido às suas paredes e
efetuar a lavagem do material na peneira mencionada, empregando-se água potável a baixa
pressão, ou seja, utilizar o material da sedimentação para o peneiramento fino.

Após a última leitura, deve-se:

ᵒ 10° Passo: secar o material retido na 0,075mm (o mesmo material da


sedimentação) em estufa à 105° a 110 °C, até constância de massa, e,
utilizando-se o agitador mecânico, passar nas peneiras de 1,2, 0,6, 0,42, 0,25,
0,15, 0,075mm.

E
IMPORTANT

Existem estudos que analisam a desagregação do solo, Camapum de


Carvalho (2002) , por exemplo, também fazem o procedimento da sedimentação, porém
sem uso do defloculante, apenas utiliza água destilada.

O ensaio sem a utilização de defloculante, o qual analisa a amostra


considerando as agregações do solo, procede-se, da mesma forma do processo
de sedimentação, porém não utiliza 125ml de defloculante, e unicamente água
destilada.

2.2 CALIBRAÇÃO DO DENSÍMETRO


Uma etapa bastante importante que deve ser realizada no ensaio de
sedimentação é a calibração do densímetro. A calibração do densímetro é utilizada
para que as medições sejam realizadas de forma correta.

131
UNIDADE 3 | ENSAIOS E TÓPICOS PRÁTICOS DE GEOLOGIA DE ENGENHARIA

O primeiro passo é fazer leituras com o densímetro em uma solução de


água mais 125 cm³ de hexametafosfato em 875 cm³ de água destilada. Inicia-se
as leituras a temperaturas baixas e com o aumento de temperatura. A Gráfico 1
corresponde a um exemplo desta aferição.

Deve-se variar a temperatura entre 10° e 35 °C, e as leituras devem ser feitas
no limite inferior do menisco. Esses valores são determinados para encontrar a
leitura corrigida (Equação 1) no momento da dispersão.

LC = L - Ld + e (1)

Onde: L é a leitura do densímetro no momento da sedimentação; Ld é a


leitura do densímetro somente com água e defloculante conforme temperatura
ambiente (determina-se pela função encontrada como o exemplo do Gráfico 1; e
é o erro causado pela não visibilidade do menisco (geralmente adota-se 0,0012).

GRÁFICO 1 – AFERIÇÃO DO DENSÍMETRO COM A VARIAÇÃO DE TEMPERATURA EM RELAÇÃO


A DENSIDADE

FONTE: Os autores

 V 
a '= a −   (2)
 2A 

Onde: a corresponde à altura de queda, V volume da parte imersa do


densímetro, quando imerso em água em uma proveta graduada (esse valor
é numericamente igual ao peso do densímetro); A é área da seção interna da
proveta, obtida dividindo-se um volume conhecido (em cm3) pela distância
medida entre os traços que delimitam na proveta a esse volume.

132
TÓPICO 1 | ENSAIOS DE LABORATÓRIO E DE CAMPO

E
IMPORTANT

Durante as três primeiras leituras da fase de sedimentação (executadas aos 30


segundos, 1 e 2 minutos), a superfície livre da solução permanece estável. Antes das leituras
subsequentes, o densímetro é retirado nos intervalos das leituras e só é colocado na solução
20 segundos antes das mesmas, e as partículas percorrem um espaço (altura de queda)
menor. A redução de altura da superfície livre da solução é V/A, e o trajeto das partículas até
a altura do centro de gravidade do densímetro passa a ter, em média, comprimento a – (V/A)
/2. Daí o fator de correção – (V / 2 A), que reduz o valor das leituras feitas após a terceira
(ALMEIDA, 2005, p. 80 ).

O Gráfico 2 corresponde às funções obtidas de altura de queda para até


dois minutos de ensaio e após os dois minutos.

GRÁFICO 2 – FUNÇÕES PARA DETERMINAÇÃO DA ALTURA DE QUEDA

FONTE: Os autores

133
UNIDADE 3 | ENSAIOS E TÓPICOS PRÁTICOS DE GEOLOGIA DE ENGENHARIA

FIGURA 3 – DETERMINAÇÃO DO TERCEIRO AO QUINTO PASSO – EXEMPLO DE CÁLCULO

ALTURA DE QUEDA PARA LEITURAS ATÉ 2 MINUTOS

h= 15.88
c= 1.75
Rh = 9.69

P/ 1,050: P/ 0,995:
a1 = c + h/2 a2 = Rh + c + h/2
a1 = 9.69 a2 = 19.38

ÁREA TRANSVERSAL DA PROVETA

Área Lateral

A= 28.571

Volume da Proveta
vd = 53

Cálculo do Erro
E= vd/(2*A)
E= 0.9625

134
TÓPICO 1 | ENSAIOS DE LABORATÓRIO E DE CAMPO

ALTURA DE QUEDA PARA LEITURAS ACIMA DE 2 MINUTOS

P/ 1,050: P/ 0,995:
a’1 = a’1 - E A’2 = a’2 - E
a’1 = 8.7275 A’2 = 18.4175

FONTE: Os autores

2.3 PLANILHA DE ANÁLISE


Após entendermos o processo de ensaio e calibração do densímetro,
passaremos a analisar a última etapa, que corresponde a planilha de laboratório
com todos os dados determinados pelo ensaio, pela NBR 7181 (ABNT, 2016a).

A Tabela 2 corresponde à planilha inicial dos dados de entrada, tais como


umidade do solo, peso da amostra úmida retido na peneira de 2mm e Mh (massa
utilizada para sedimentação).

TABELA 2 – PLANILHA INICIAL COM DADOS DE ENTRADA

                       
NBR 07181 - 2016 - Solo - Análise Granulométrica (com sedimentação)
                       
                       
Solo: Amostra: Laboratorista:  
Local: Interessado:  
Prof.
(m): Resp.: Data:  
                       
                       
Teor de Umidade da Amostra Determinação da Amostra Total Seca
                       
Cápsula Nº       Peso da Amostra Úmida (g): 1  
Peso da Cápsula (g)       Peso da Amostra Retida na # 10 (g): 2  
Cápsula + Solo Úmido Peso da Amostra Passante na # 10, Úmida
(g)       (g): 3  
Cápsula + Solo Seco (g)       Peso da Amostra Passante na # 10, Seca (g): 4  
Peso de Água (g)       Peso de Água (g): 5  
Solo Seco (g)       Peso da Amostra Total Seca (g): 6  
Teor de Umidade        
Teor de umidade Médio   Mh (Sedimentação) (g): 7  
                       

FONTE: Adaptado de ABNT (2016a)

135
UNIDADE 3 | ENSAIOS E TÓPICOS PRÁTICOS DE GEOLOGIA DE ENGENHARIA

Os itens a seguir são referentes ao preenchimento da Tabela 2.

1. O peso total da amostra úmida refere-se ao utilizado na amostra (entre 1,5 e


2kg).
2. O peso da amostra do solo retido na peneira de 2mm, utiliza-se o valor do solo
após lavagem e ao ser retirado da estufa, ou após o processo de peneiramento
(somatório do retido nas peneiras de 76.2 a 2mm).
3. O peso da mostra úmida é dado por (1) – (2).
4. Para o cálculo do peso seco da amostra passante na peneira #10, utiliza-se a
seguinte fórmula:
Mt
Ms = (2)
h+1

Onde: Mt é a massa total úmida e h a umidade.

5. Peso da água é dado por (3) – (4)


6. Peso da amostra seca total é dado por (2) + (4)
7. Massa úmida utilizada para sedimentação.

A Tabela 3 corresponde à planilha a qual será preenchida os dados da


fração grossa (do peneiramento grosso), e dados da fração fina que corresponde
aos valores do solo seco e peneirado, que ficou retido na peneira de 0.075mm
após a lavagem do conteúdo final do ensaio de sedimentação.

TABELA 3 – DADOS DO ENSAIO DO PENEIRAMENTO GROSSO E FINO


                       
Dados de Ensaio
                       
  PORCENTAGEM
Peso da Peneira + Material RETIDA PASSANTE
Peneira
Peneira Material Retido Fração Fração Fração Fração
Acumulada
Nº mm (g) (g) (g) Fina Grossa Fina Grossa
FRAÇÃO GROSSA

                   
3" 76.2     (2) (3) (5)
2" 50.8     (2) (3) (5)
1.5 38.1     (2) (3) (5)
PENEIRAMENTO

1" 25.4     (2) (3) (5)


3/4" 19.1     (2) (3) (5)
3/8" 9.5 (2) (3) (5)
4 4.8 (2) (3) (5)
10 2 (2) (3) (5)
16 1.19 (1) (3) (4) (6)
FRAÇÃO FINA

30 0.59 (1) (3) (4) (6)


40 0.42 (1) (3) (4) (6)
50 0.3 (1) (3) (4) (6)
100 0.15 (1) (3) (4) (6)
200 0.074 (1) (3) (4) (6)
FONTE: Os autores

136
TÓPICO 1 | ENSAIOS DE LABORATÓRIO E DE CAMPO

O que deve se ater na Tabela 3 é o cálculo da porcentagem retida e


passante, o qual é definido pelos itens:

• Fração fina (FF) é definida pela relação entre o material retido fino
correspondente à peneira da linha em relação ao material total seco fino da
sedimentação.

MR F
FF
= × 100 (3)
MS S

Onde: MRF é o material retido fino; MSS é o material total da


sedimentação seco, definido pela equação (4).

item7
MS
= S × 100 (4)
1+ h

Onde: h é a umidade determinada do solo; e o item 7 corresponde à massa


total úmida da sedimentação.

• Fração grossa (FG) é definida pela relação entre o material retido grosso
correspondente à peneira da linha em relação ao material total da amostra seca.
• É o valor acumulado, ou seja, o somatório do valor anterior com o subsequente.
• É o valor da porcentagem passante de finos que corresponde a 100% menos o
que ficou retido no acumulado.
• É o valor da porcentagem passante de grossos, que corresponde a 100% menos
o que ficou retido no acumulado.
• É o valor da porcentagem passante de finos, que corresponde à fração fina
passante (item 4, da Tabela 3) vezes a porcentagem passante final grossa dada
por o valor do passante na peneira de 2mm (último valor do item 5, Tabela 3).

2.4 PLANILHA SEDIMENTAÇÃO


A Tabela 4 corresponde à uma planilha de dados para análise de solos
que passam pelo ensaio de sedimentação.

137
UNIDADE 3 | ENSAIOS E TÓPICOS PRÁTICOS DE GEOLOGIA DE ENGENHARIA

TABELA 4 – EXEMPLO DE PLANILHA DE ENSAIO DE SEDIMENTAÇÃO


Massa Específica dos Grãos de Solo (g/cm³): 2.590 Densímetro Nº 1
Massa Específica do Meio Dispersor na Temperatura de Ensaio (g/
cm³): 1.003  
Peso da Amostra Úmida (Mh)
Massa Específica do Solo na Temperatura do Ensaio (g/cm³): (g) 70.32
Volume da Suspensão (cm³): 1000 Peso da Amostra Seca (Ms) (g) 68.81
   
n (Coeficiente de Viscosidade do Meio Dispersor na Temperatura de Ensaio
(g.s/cm²): 8.72E-06  

Dados de Ensaio
 
Altura Correção
Tempo Temperatura de do Altura Densidade %
Data / µ
Densidade Queda + Menisco de + Correção Diâmetro Amostra
Hora Menisco (cm) Queda Temp. dos Grãos com Diâ-
(°C)
(s) (cm) (cm) Def. (mm) metro < D
HR +
    T Rr Rm e HR Ld Rr - Ld D P
  30 (1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) (8) (9)
  60
  120
  240
  480
  900
  1800
  3600
  7200
  14400
  28800
  86400

FONTE: Os autores

Os itens a seguir são explicados:

• A temperatura no momento da leitura.


• A leitura do ensaio com o densímetro relacionado ao tempo.
• Altura de queda + menisco pela função do Gráfico 2 (cuidado, se for até 2min
utiliza-se uma equação se for maior que 2min utiliza-se a função que diminui
o erro V/2A).
• Correção do menisco de aproximadamente 0,0012.
• Altura de queda: (3)-(4).
• Densidade mais correção da temperatura: utiliza-se a função determinada na
calibração em relação à temperatura conforme Gráfico 1.
• Rr-Ld.
• Diâmetro dos grãos:
0 ,5
 1800 × η × a 
Φ =  (5)
 t × (δ − δ d ) 

138
TÓPICO 1 | ENSAIOS DE LABORATÓRIO E DE CAMPO

Onde n é a viscosidade; t o tempo, a altura de queda, massa específica dos


grãos e massa específica seca.

• Porcentagem de material em suspensão no instante da leitura:

N × δ × V × δ s × Lc
Qs = (6)
( δ − δ d ) × M n × fc 
 

Onde: N% do material que passa na peneira de 2mm.

ᵒ δ: massa específica dos grãos do solo.


ᵒ δd: massa específica do meio dispersor, à temperatura de ensaio.
ᵒ δc: massa específica da água, à temperatura do ensaio.
ᵒ V: volume da suspensão cm³.
ᵒ Mh: massa do material úmido submetido à sedimentação.
ᵒ Lc: leitura corrigida.
ᵒ h: umidade higroscópica do material passado na peneira de 2mm.
ᵒ fc: fator de correção da umidade (100/100+h).

A curva de distribuição granulométrica é traçada, em escala


semilogarítmica, com pares de valores de diâmetro equivalentes e porcentagem
de ocorrência; na abscissa estão colocados os diâmetros equivalentes; e, na
ordenada, a porcentagem acumulada retida, à esquerda e a porcentagem que
passa à direita (Gráfico 3).

139
UNIDADE 3 | ENSAIOS E TÓPICOS PRÁTICOS DE GEOLOGIA DE ENGENHARIA

GRÁFICO 3 – PORCENTAGEM DE SOLO: CURVA GRANULOMÉTRICA

FONTE: Os autores

3 COMPACTAÇÃO: DETERMINAÇÃO DA CAPACIDADE


ÓTIMA DO SOLO
A compactação corresponde à densificação do solo por meio da remoção
do ar, o que necessita da aplicação de uma energia mecânica.

Mas por que há necessidade de compactar um solo? Devido a melhoria


nas condições estruturais e aumento de capacidade suporte do solo, além de:

• evitar recalques;
• reduzir infiltrações;
• fornecer estabilidade;
• aumentar a capacidade de resistência à carga;
• reduzir possíveis variações volumétricas;
• impermeabilização dos solos, pela redução do coeficiente de permeabilidade;

140
TÓPICO 1 | ENSAIOS DE LABORATÓRIO E DE CAMPO

Muitas vezes, na prática o engenheiro, ao analisar o solo, percebe que o


local não possui as condições requeridas em projeto, para possibilitar a execução
de uma obra. Essas condições podem mostrar que o solo possui baixa capacidade
de suporte, pouca resistência, deixando, muitas vezes, o projeto em uma condição
inviável. Uma das formas para tornar viável é por meio da utilização de técnicas
para melhorar as propriedades do solo, e assim, aumentar sua capacidade de
suporte para as obras que possam ser construídas sobre ele.

Uma técnica que melhora a capacidade mecânica do solo, bem como


suas propriedades é a compactação. Esta é bastante utilizada em obras de
terraplanagem, em laboratório para analisar o solo com características mais
parecidas e condições mais homogêneas, por exemplo.

FIGURA 4 – CONDIÇÕES EM QUE A COMPACTAÇÃO AUXILIA EM UMA INFRAESTRUTURA


COMPACTAÇÃO

FONTE: <https://image.slidesharecdn.com/conceptos1-130803183915-phpapp01/95/por-que-
compactar-2-638.jpg?cb=137555522>. Acesso em: 11 set. 2019.

Em aterros, as condições do solo devem seguir alguns requisitos, ou seja,


devem existir algumas propriedades que melhoram o seu comportamento sob
condição técnica, modificando o material de construção.

A compactação é um método de estabilização do solo que se dá por


aplicação de alguma forma de energia (impacto, vibração, compressão estática
ou dinâmica). Seu efeito confere ao solo a diminuição do índice de vazios, o
aumento de seu peso específico, a resistência ao cisalhamento, a permeabilidade
e a compressibilidade (GONÇALVES; MONTEIRO, 2018, p. 82). O processo é um
dos principais meios para estabilizar o solo, principalmente em obras de aterros,
aeroportos, estradas e barragens de terra, preenchimento do solo, pois é simples
e econômico em relação aos outros.

O menor índice de vazios é obtido a partir da determinação de uma


energia aplicada ao solo aliada a uma umidade. Esses fatores são determinados
pela curva de compactação, a qual será explicada a seguir.

141
UNIDADE 3 | ENSAIOS E TÓPICOS PRÁTICOS DE GEOLOGIA DE ENGENHARIA

A compactação de um solo pode ocorrer de forma mecânica e manual


que objetivam em diminuir o índice de vazios, com consequente aumento da
resistência à ruptura devido ao aumento do atrito interno entre as partículas e
consequente diminuição das variações de volume, por causa do melhoramento
do entrosamento entre as partículas do solo.

A técnica de compactação é dividida em laboratório e campo. Inicialmente


deve-se verificar as características do solo em laboratório e definir a curva de
compactação. O procedimento realizado em laboratório foi definido por Ralph
Proctor, em 1933 e chegou à conclusão que a compactação do solo é dependente
de 4 variáveis:

1. massa específica seca;


2. umidade;
3. energia de compactação;
4. tipo de solo.

A curva de compactação, definida em laboratório corresponde a um


gráfico relacionado à massa específica seca do solo (ρd) ou o peso específico seco
do solo (ϒd) com a umidade (em porcentagem) em relação a uma energia aplicada
sobre esse solo.

O grau de compactação, medido em função do peso específico seco ou


massa específica seca, varia de acordo com o teor de umidade do solo e da energia
dispendida. Ao adicionar água a um solo seco, as partículas do solo deslizam entre
si, permitindo que se posicionem de maneira compactada. Quando ao teor de
umidade, é gradativamente aumentado sob uma mesma energia de compactação,
o peso específico aumenta gradativamente (DAS, 2011).

A Figura 5 corresponde a um desenho esquemático de dois ensaios


conhecidos por: Proctor normal e Proctor modificado, respectivamente. Esses
ensaios são capazes de determinar o gráfico, o qual também é mostrado nesta
figura. Verifica-se, portanto, que tem um ponto da curva que é máximo, este é
chamado de umidade ótima, a partir do aumento de água a massa específica
seca vai diminuindo e, isso ocorre devido a ocupação da água nos espaços
anteriormente ocupados por partículas de solo.

142
TÓPICO 1 | ENSAIOS DE LABORATÓRIO E DE CAMPO

FIGURA 5 – DETALHES DO ENSAIO E O GRÁFICO OBTIDO

FONTE: <https://www.slideshare.net/MiguelSaldarriaga/por-que-compactar>. Acesso em:


11 set. 2019.

Os ensaios de Proctor são divididos em normal, intermediário e


modificado, estes são realizados através de sucessivos golpes na amostra.
As variações que são definidas nos diferentes ensaios são: quantidade de
camadas, número de golpes, e a energia aplicada. Na Tabela 5 estão definidas
as características de cada uma dessas energias.

ATENCAO

O cilindro pequeno, conforme norma NBR 7182 (ABNT, 2016b), só pode ser
utilizado caso todos os grãos passem totalmente na peneira de 4,8mm.

143
UNIDADE 3 | ENSAIOS E TÓPICOS PRÁTICOS DE GEOLOGIA DE ENGENHARIA

TABELA 5 – TIPOS DE COMPACTAÇÃO

Cilindros Características Energia


Normal Intermediária Modificada
Pequeno Soquete Pequeno Grande Grande
N° de camadas 3 3 5
N° de golpes p/ 26 21 27
camada
Grande Soquete Grande Grande Grande
N° de camadas 5 5 5
N° de golpes p/ 12 26 55
camada
Altura de disco 63,5 63,5 63,5
espaçador
FONTE: Adaptado de ABNT (2016b)

Segundo Golçalves e Monteiro (2018, p. 86), os fatores que podem


influenciar o processo de compactação dos solos, são:

1. Natureza do solo.
2. Método de compactação.
3. Energia específica.
4. Teor de umidade.
5. Maneira pela qual varia a umidade durante o processo de
compactação.
6. Tempo de cura.
7. Teor de umidade natural do solo.
8. Recompactação.
9. Temperatura.

3.1 O ENSAIO
O ensaio é definido pela NBR 7182 (ABNT, 2016b), e os principais materiais
utilizados para o procedimento são:

• Peneiras de 19 e 4,8mm.
• Cápsulas metálicas, para determinar umidade.
• Espátulas de lâmina flexível.
• Soquete metálico com dispositivo de controle de altura de queda.
• Cilindro metálico conforme norma.
• Provetas de vidro.
• Extrator de corpo de prova.
• Balança.
• Estufa

144
TÓPICO 1 | ENSAIOS DE LABORATÓRIO E DE CAMPO

3.1.1 Procedimento de ensaio


Os procedimentos de ensaio são determinados pelos aparelhos de Proctor
utilizados, a diferença são os golpes, o equipamento e o tamanho do soquete. No
entanto, o procedimento principal como preparação de amostra e obtenção da
curva é igual em qualquer Proctor utilizado. As etapas, iguais para os três tipos
de ensaios, são descritas a seguir:

• 1° Passo: deve-se tomar aproximadamente 5kg de solo passante na peneira de


4,8mm.
• 2° Passo: encontrar a umidade do solo antes ao ensaio.
• 3° Passo: Adicionar água no solo homogeneamente para que se encontre a 5%
da umidade ótima presumível.
• 4° Passo: inicia colocando a primeira camada de solo, e com o soquete aplica a
energia. Esse processo é realizado dependendo do tipo de compactação (citado
na Tabela 5).
• 5° Passo: utiliza o extrusor e retira a amostra, e retira a umidade do solo com
aquela compactação.

mh
ρh = (7)
Vt

ρh
ρs = (8)
1 + h(%)

Onde: mh é a massa úmida do solo, Vt o volume total especificado do


equipamento de Proctor, h (%) umidade do solo do meio amostra compactada.

• 6° Passo: destorroa a amostra de solo recém compactada, acrescenta-se mais


água e faz nova compactação. Repete o procedimento no mínimo 5 vezes, ou
até passar da umidade ótima.

NOTA

Percebe-se que passou da umidade ótima, quando a massa final da amostra


compactada diminuiu em relação à anterior.

145
UNIDADE 3 | ENSAIOS E TÓPICOS PRÁTICOS DE GEOLOGIA DE ENGENHARIA

ATENCAO

O procedimento explicado anteriormente é realizado com uma única porção


de solo, e apenas incrementando água no mesmo (sem descarte de material). No entanto,
também pode fazer este procedimento com várias porções de solo e com umidades
diferentes (com descarte de material)

A Tabela 6 e o Gráfico 4 representam, respectivamente, o ensaio de


compactação.

TABELA 6 – EXEMPLO DE PLANILHA DE ENSAIO DE COMPACTAÇÃO

Compactação
Molde / Bandeja 1 2 3 4 5
Massa em g

Molde + solo úmido          


Molde          
Solo úmido          
cm3 Volume Molde          
Massa esp. úmida          
g/cm3

Massa esp. seca          


Cápsula Nº
Cápsula                    
Massa em g

Cáp.+ Solo úmid.                    


Cáp.+ Solo seco                    
Água                    
Solo seco                    
Umidade                    
h (%)

Umidade Média          
Umidade saturação                    
S=1

Massa esp. seca                    


FONTE: Os autores

146
TÓPICO 1 | ENSAIOS DE LABORATÓRIO E DE CAMPO

GRÁFICO 4 – GRÁFICO PARA CURVA DE COMPACTAÇÃO

FONTE: Os autores

A densidade depende da umidade no momento da compactação. Os


estados envolvendo a massa específica aparente seca, umidade e o grau de
saturação de um solo com uma determinada massa específica dos grãos podem
ser representados por um ponto.

3.1.2 Técnicas e equipamentos de compactação de


aterros
Após a análise realizada em laboratório, a compactação para ser realizada
em campo ocorre pela utilização de equipamentos definidos em quatro etapas
(Figura 6):

1. Escolher da área de empréstimo.


2. Transportar e espalhar o solo.
3. Acertar a umidade.
4. Compactar o solo.

147
UNIDADE 3 | ENSAIOS E TÓPICOS PRÁTICOS DE GEOLOGIA DE ENGENHARIA

FIGURA 6 – ETAPAS PARA COMPACTAÇÃO EM CAMPO

FONTE: <https://www.bomag.com/dam/BOMAG/Other/Brochure/Product-Overview-Soil_
PRE101014_1903.pdf>. Acesso em: 11 set. 2019.

O transporte e espalhamento do solo são realizados com equipamentos


específicos e com o solo pré-analisado em laboratório. Desta forma, procede-se
para o acerto de umidade e compactação com equipamentos específicos para
cada tipo de solo.

O método de controle de compactação quer de aterros quer de bases


rodoviárias, e que, entretanto, deve ser obrigatório, em toda obra de compactação,
independentemente de outros métodos mais complexos, seria o baseado nas
observações de campo tais como (VARGAS, 1977, p. 60):

• Lançamento das camadas com espessuras não maiores que 30cm


com o material fofo, incluindo-se nesses 30cm, a parte superficial
fofa da camada anterior (2 a 5cm). Essa espessura das camadas deve
ser rigorosamente controlada por meio de estacas. Uma segunda
condição será a de que as camadas, depois de compactadas, não
devem ter mais que 20cm de espessura média. A medida dessa
espessura média será feita por nivelamentos sucessivos da superfície
do aterro, por exemplo, dez camadas compactadas.
• Manutenção da umidade do solo próxima à ótima por meio manual.
Na umidade ótima o solo pode ser aglutinado em bolas por esforço
da mão, sem sujar as palmas. A correção da umidade é feita por
secagem do solo acompanhada de aeração por meio de arado de
discos, ou, pelo contrário, por meio de caminhões e irrigadoras.
• Homogeneização das camadas a serem compactadas, tanto no que
se refere à umidade como ao material. Isso se obterá com o uso de
escarificadores e arados de disco.
• Passagem do compressor pé-de-carneiro até que ele não consiga
imprimir marcas das suas patas, no solo, com mais de 5cm de
profundidade. Quando a compactação é feita com compressor de
pneus, ela será levada até a formação de uma superfície lisa, porém,
depois essa deve ser escarificada em uma profundidade máxima de
5cm, para se fazer ligação com a próxima camada.

148
TÓPICO 1 | ENSAIOS DE LABORATÓRIO E DE CAMPO

Além das normas gerais práticas, deve-se seguir alguns aspectos


(VARGAS, 1977):

• O material deve ser lançado na umidade ótima, com tolerância máxima de


+ou-2%.
• Cada camada deve ser compactada até atingir um “grau de compactação” de,
no mínimo, 95%, como exige a maioria das especificações, definindo-se grau de
compactação como a relação entre massa específica aparente seca medida no
campo e aquela obtida em ensaio de laboratório (equação 9)

ϒ s (campo)
=Gc × 100 (9)
ϒ s (laboratório)

• Os parâmetros de compactação ϒsmáx e hot seriam obtidos com ensaios feitos


segundo normas compatíveis com o equipamento adotado. Para se ter uma
ideia disso sabe-se que, no ensaio normal de compactação, o solo é compactado
sob energia por umidade de volume semelhante à dos pés-de-carneiro leves
(5 a 7t) passando cerca de 12 vezes sobre a camada de 30cm de espessura.
O Proctor modificado corresponde à energia de 135 tf.m/m³ (pés-de-carneiro
pesado mais de 15t).

“Para determinar a massa específica aparente seca do solo compactado


e sua umidade, após a passagem completa dos rolos compressores, retira-se a
camada superficial, e tira-se do solo uma amostra, da qual deve ser determinado
o volume, o peso e a umidade” (VARGAS, 1977, p. 61).

4 MÉTODOS DIRETOS DE INVESTIGAÇÃO


A extração de amostras diretamente do local de origem, para posterior
análise chama-se de método direto de investigação. Dessa forma, caracterizando
objetivos para (CHIOSSI, 2013, p. 125):

• Mapeamento geológico do solo: permite a definição da litologia


(tipos de rochas) situados abaixo da superfície e dos elementos
estruturais (posição das camadas: horizontais, inclinadas, verticais,
dobradas etc.)
• Extração de matérias-primas: determinadas substâncias minerais
de importância vital para o homem são retiradas por meio de furos
de sondagens. Os exemplos mais comuns são a obtenção de água
subterrânea para a indústria e a agricultura; a extração de petróleo e
gás natural, enxofre etc.
• Outros fins: em rebaixamento do nível do lençol freático, ventilação
de minas etc., são usadas sondagens, que fazem parte dos métodos
diretos de investigação.

149
UNIDADE 3 | ENSAIOS E TÓPICOS PRÁTICOS DE GEOLOGIA DE ENGENHARIA

4.1 TIPOS DE MÉTODOS DIRETOS


Os tipos diretos de sondagem podem ser divididos em dois: manuais e
mecânicos. Métodos manuais são aqueles que necessitam da ação do homem,
como exemplo existem: poços, trincheiras, trado manual etc.

Como método mecânico existem: sondagem à percussão, sondagem a


jato d’água, sondagem rotativa com extração de testemunho e sem extração de
testemunho etc.

4.2 MÉTODOS GEOFÍSICOS OU INDIRETOS DE


INVESTIGAÇÃO
Os métodos geofísicos são aqueles que analisam estruturas geológicas
que são ou podem ser favoráveis para acumulação de petróleo, água subterrânea,
depósitos de minérios, além disso é um processo capaz de mostrar os tipos de
rochas e as estruturas presentes no subsolo daquele estudo. Eles resumem, em
ensaios, que não ocorrem perfuração ao meio.

Nos exemplos de ensaios geofísicos encontram-se: sísmicos de refração,


eletro-resistividade. Este método, considerado indireto, faz uso de equipamentos/
instrumentos que recebem as informações por aquisitores de ensaios.

FIGURA 7 – INSTRUMENTOS DE AQUISIÇÃO DE DADOS POR MÉTODOS INDIRETOS

a) equipamento b) aquisitor c) caixa de armazenamento

FONTE: <http://www.afcgeofisica.com.br/metodos/sismicos/>. Acesso em: 26 ago. 2019.

A pesquisa geofísica é feita observando-se na superfície do terreno ou


mesmo no ar, por meio de instrumentos, certos campos de força, que podem ser
tanto naturais como produzidos artificialmente. A existência de determinadas
anomalias no campo de força sob investigação indica irregularidades relativas a
certas propriedades físicas do material. “Salienta-se que não é possível identificar
rochas e formações litológicas com base apenas em propriedades físicas. Juntam-
se, aos dados geofísicos, informações geológicas” (CHIOSSI, 2013, p. 114).

150
TÓPICO 1 | ENSAIOS DE LABORATÓRIO E DE CAMPO

4.2.1 Procedimento
Os procedimentos de aplicabilidade, segundo Chiossi (2013, p. 114)
dependem de alguns requisitos, tais quais:

• A necessidade de análise de diferentes propriedades físicas.


• As propriedades físicas respondem ao equipamento em diferentes
graus os campos de força naturais ou criados artificialmente
(elétricos e magnéticos).
• O quanto os campos são afetados dependem do tamanho da massa
e do arranho dos materiais do subsolo.
• Esses dados geofísicos são interpretados, suas variações são referidas
como anomalias, interpretadas como estruturas geológicas.

A seguir, na Tabela 7, explica-se sobre os fatores favoráveis e desfavoráveis


para precisão dos resultados geofísicos. A Tabela 8 classifica, de forma resumida,
os tipos de métodos geofísicos.

TABELA 7 – FATORES FAVORÁVEIS E DESFAVORÁVEIS PARA OBTENÇÃO DE RESULTADOS POR


ENSAIOS INDIRETOS

1. Contrastes marcantes nas Pequena diferença entre as


propriedades físicas das rochas propriedades físicas das diferentes
e solos presentes. Ex.: aluvião camadas do subsolo. Ex. resistividade
recobrindo granitos. A velocidade da em certos tálus (colúvios) é em torno
onda sísmica nos granitos é de 12000 de 60 ohm a 75 ohm, ao passo que, em
pés/s, ao passo que, nos aluviões, é folhelhos, é de 30 ohm a 50 ohm.
de 2500 pés/s
2. Uniformidade e isotropia das Heterogeneidade vertical e lateral das
formações geológicas. Ex.: arenitos e camadas. Ex. aluviões lenticulares.
folhelhos. A interpretação é baseada Condições não uniformes podem
supondo-se condições uniformes invalidar os resultados.
3. Topografia da superfície Topografia acidentada. Escarpas e
relativamente uniforme com vales profundos.
encostas suaves.
4. Superfície horizontal do topo da Superfície irregular do topo da camada
camada

FONTE: Chiossi (2013, p. 115)

151
UNIDADE 3 | ENSAIOS E TÓPICOS PRÁTICOS DE GEOLOGIA DE ENGENHARIA

TABELA 8 – CLASSIFICAÇÃO DOS MÉTODOS GEOFÍSICOS

Métodos Campo de força Propriedades físicas Campos de


aplicação
gravimétricos Campo gravitacional Densidade. Pesquisa de
terrestre. petróleo.
Magnéticos Campo magnético Suscetibilidade Mineração
terrestre. magnética.
Elétricos a) Campo elétrico a) Condutividade Água
natural. elétrica. subterrânea
b) Campo elétrico b) Condutividade e engenharia
artificial. ou resistividade civil.
elétrica.
sísmicos Campo de vibração Velocidade de Petróleo e
elástica. propagação de engenharia
ondas elásticas. civil

FONTE: Chiossi (2013, p. 115)

A seguir será dada ênfase a dois tipos de procedimento indireto geofísico:


sísmica de refração e eletroresistividade.

4.2.2 Sísmica de refração


Este ensaio, que tem como função analisar a velocidade de propagação de
ondas, não dispensa o auxílio de outros tipos de sondagem, e propicia a redução
do número de investigações mecânicas, com a sua realização.

FIGURA 8 – DEMONSTRAÇÃO DO ENSAIO EM CAMPO E O MODELO OBTIDO POR


SOFTWARES

a) Ensaio em campo b) Modelo obtido

FONTE: <http://www.afcgeofisica.com.br/metodos/sismicos/>. Acesso em: 26 ago. 2019.

152
TÓPICO 1 | ENSAIOS DE LABORATÓRIO E DE CAMPO

Este ensaio tem como principais objetivos descobrir (ABPv, 2002, p. 10):

• Espessuras e naturezas das camadas de solos sobre o embasamento


rochoso.
• Natureza, estado de sanidade e aspectos estruturais do
embasamento;
• Contato entre diferentes tipos de rochas.
• Ninhos de blocos ou matacões mergulhados na capa de solo (tálus).
• Capacidade de carga aproximada do solo.
• Definição dos materiais em 1ª, 2ª e 3ª categorias (terraplenagem).
• Identificação das camadas de materiais cascalhosos.
• Presença de água subterrânea.
• Presença de grandes espaços vazios nas rochas (fendas e / ou
cavernas).
• Principalmente em áreas cársticas (calcáreos ou rochas calcíferas).

4.2.3 Eletroresistividade
É um método de investigação de campo que auxilia muito na definição
do perfil geológico do terreno, identificando os diferentes tipos de
solo e rocha. Muito empregado na definição ou mapeamento do lençol
freático existente nas camadas permeáveis de alguns solos e rochas. A
variação no valor da resistividade de solos e/ou rochas depende de:

• Porosidade.
• Forma dos grãos.
• Estrutura do substrato rochoso.
• Salinidade da água (ABPv, 2002, p. 10-11).

FIGURA 9 – TIPO DE REQUISITOR DE DADOS E RESULTADOS OBTIDOS

a) Requisitor b) Resultados

FONTE: <http://www.afcgeofisica.com.br/metodos/sismicos/>. Acesso em: 26 ago. 2019.

153
RESUMO DO TÓPICO 1

Neste tópico, você aprendeu que:

• A granulometria é um ensaio que determina a composição do solo e a


quantidade de cada constituinte do solo.

• Para o ensaio de sedimentação deve-se calibrar o densímetro e utilizar as


propostas de Stokes.

• A compactação é um método utilizado em aterros para garantir uma maior


capacidade suporte, consequentemente o menor índice de vazios em relação à
umidade ótima.

• Existem dois métodos de conhecimento e investigação do solo: direto e


indiretos. Os métodos diretos são aqueles que se faz necessário retirar uma
quantidade de amostra e analisá-la de forma mecânica ou manual. Os métodos
indiretos se constituem por não haver necessidade de amostragem e servem
como forma de complementação, além de percorrer maiores profundidades.

154
AUTOATIVIDADE

1 A tabela a seguir representa dados de um ensaio realizado em laboratório


para determinar a curva granulométrica de uma amostra. Preencha os
dados, de porcentagem passante e retida tanto para o peneiramento com
sedimentação e sem sedimentação, por fim desenhe o gráfico. Utilize as
funções de calibração de densímetro utilizadas nos Gráficos 1 e 2.

TABELA – DADOS DE UM ENSAIO REALIZADO EM LABORATÓRIO PARA DETERMINAR A


CURVA GRANULOMÉTRICA
Teor de Umidade da Amostra Determinação da Amostra Total Seca
                       
Cápsula Nº C18 C14 202 Peso da Amostra Úmida (g): 1061.3  
Peso da
Cápsula (g) 14.7 14.56 16.30 Peso da Amostra Retida na # 10 (g): 62.14  
Cápsula +
Solo Úmido Peso da Amostra Passante na # 10,
(g) 45.2 45.04 47.62 Úmida (g): 999.16  
Cápsula + Peso da Amostra Passante na # 10, Seca
Solo Seco (g) 44.77 44.63 47.16 (g): 985.09  
Peso de Água
(g) 0.43 0.41 0.46 Peso de Água (g): 14.07  
Solo Seco (g) 30.07 30.07 30.86 Peso da Amostra Total Seca (g): 1,047.23  
Teor de
Umidade 1.43% 1.36% 1.49%  
Teor de
umidade
Médio 1.43% Mh (Sedimentação) (g): 70.53  
                       
                       

155
Dados de Ensaio
                       
  PORCENTAGEM
RETIDA PASSANTE
Peneira Peso da Peneira + Material
Peneira Material Retido Fração Fração Acumulada Fração Fração
Nº mm (g) (g) (g) Fina Grossa Fina Grossa
FRAÇÃO GROSSA

                   
3" 76.2     0.00
2" 50.8     0.00
PENEIRAMENTO

1.5 38.1     0.00


1" 25.4     0.00
3/4" 19.1     0.00
3/8" 9.5     0.00
4 4.8 602.26 609.02 6.76
10 2 687.1 742.48 55.38
16 1.19 487.8 494.1 6.30
FRAÇÃO FINA

30 0.59 356.3 366.9 10.60


40 0.42 322.6 329.1 6.50
50 0.3 355.8 362 6.20
100 0.15 347 352.4 5.40
200 0.074 290.9 296.9 6.00

Massa Específica dos Grãos de Solo (g/cm³): 2.730 Densímetro Nº 1


Massa Específica do Meio Dispersor na Temperatura de Ensaio (g/cm³): 1.003  
Massa Específica do Solo na Temperatura do Ensaio (g/cm³): Peso da Amostra Úmida (Mh) (g) 70.53
Volume da Suspensão (cm³): 1000 Peso da Amostra Seca (Ms) (g) 69.54
   
n (Coeficiente de Viscosidade do Meio Dispersor na Temperatura de Ensaio (g.s/
cm²): 8.72E-06  
                       
                       
Dados de Ensaio
                       
  Altura de Correção Altura Diâmetro %
Queda + do de Densidade dos Amostra
Data / Tempo Temperatura µ
Densidade Menisco Menisco Queda + Correção Grãos com Diâ-
Hora (s) (°C) (cm) (cm) (cm) Temp. Def. (mm) metro < D

    T Rr HR + Rm e HR Ld Rr - Ld D P
  30 21 1.021 (3) (4) (5) (6) (7) (8) (9)
  60 21 1.02
  120 21 1.019
  240 21 1.018
  480 21 1.0175
  900 21 1.0160
  1800 21 1.0150
  3600 21 1.0140
  7200 21 1.0125
  14400 21 1.0110
  28800 21 1.0100
  86400 21 1.0045

FONTE: Os autores

156
2 A partir dos dados a seguir obtidos em laboratório, no ensaio de Proctor,
desenhe a curva de compactação e determine a densidade máxima e a
umidade ótima.

QUADRO – DADOS OBTIDOS EM LABORATÓRIO (ENSAIO DE PROCTOR)

Ensaio 1 2 3 4 5
Massa do corpo de prova 1,748 1,817 1,874 1,896 1,874
Umidade do solo compactado (%) 17,73 19,79 21,59 23,63 25,75
Densidade úmida 1,762 1,832 1,889 1,911 1,889
Densidade seca 1,497 1,529 1,553 1,546 1,502
FONTE: Os autores

3 Sobre o processo de compactação, responda:

a) O que é compactação?

b) Cite 3 propriedades de engenharia que podem ser melhoradas com a


compactação do solo.

c) Desenhe uma curva típica obtida como resultado de um ensaio de


compactação do solo, indicando o significado de cada eixo do gráfico.

d) Quais os parâmetros de interesse extraídos da curva de compactação de um


solo? Mostre como obtê-los em um gráfico contendo a referida curva.

e) Como deve ser fornecida, pelo projetista, a especificação de compactação


para um aterro?

157
158
UNIDADE 3
TÓPICO 2

TÓPICOS DE GEOLOGIA DE ENGENHARIA

1 INTRODUÇÃO
Este tópico tem a pretensão de informar, de forma resumida e sucinta,
aspectos como os da geologia estrutural do solo que produzem as falhas e dobras
e como influenciam na geomorfologia e como é o aspecto de identificação.

Devido aos esforços aplicados na crosta terrestre, pelos movimentos das


placas tectônicas, são produzidas nas rochas: deformações elásticas, deformações
plásticas ou permanentes e rupturas. Neste capítulo serão abordadas as noções
básicas sobre os elementos estruturais devido a deformações permanentes
(dobras) e ruptura (fraturas e falhas). Devido à importância do reconhecimento
e análise destes elementos geológicos nas obras de engenharia: rodovias, túneis,
escavações, canais, mineração etc.

Também daremos ênfase aos aspectos de cartografia geológica. Existe a


necessidade de produção de mapas que indiquem a litologia e petrologia de uma
área, para tanto existem técnicas e formas de identificar e traduzir para mapas.

Por fim, conheceremos aspectos da estabilidade de encostas e taludes


e com o fim de identificar os diferentes tipos de movimentações e se possível
classificá-los.

2 GEOLOGIA ESTRUTURAL
As rochas localizadas na superfície terrestre ou nas proximidades da
superfície, possuem um comportamento frágil, portanto tendem a fraturar
devido às tensões produzidas pelas forças internas da terra. Denomina-se falha
uma fratura ocorrida na rocha com um consequente movimento relativo de, pelo
menos, um dos blocos resultantes, quando não ocorre um deslocamento ao longo
do plano de ruptura a fratura é chamada de junta ou diaclase.

Juntas ou diaclases podem ocorrer nas rochas devido a diversos fenômenos


que não têm nada ver com esforços tectônicos (origem tectônica), como, por
exemplo, intemperismo, vulcanismo, escorregamentos, crescimento das raízes de
arvores, obras civis, fatores antrópicos, entre muitos outros. No caso de fraturas
de origem tectônica, raras vezes são formadas fraturas individuais, sendo comum

159
UNIDADE 3 | ENSAIOS E TÓPICOS PRÁTICOS DE GEOLOGIA DE ENGENHARIA

a presença de famílias de fraturas (fraturas paralelas e de origem comum) que


compõem um sistema de fraturas distribuídas e orientadas de acordo com os
esforços que as originaram.

Com o fim de poder classificar as falhas segundo seu movimento relativo,


é necessário definir os elementos mais importantes que compõem estas feições
estruturais. Segundo Fossen (2017) podem ser classificados como:

• Plano de falha: superfície da ruptura na qual os blocos se deslocam. No plano


de falha podem se observar e medir o deslocamento relativo dos blocos que
compõem a falha. A dimensão do plano de falha pode variar desde poucos
milímetros até centenas de quilômetros.
• Linha de falha: linha que resulta da interseção do plano de falha com a superfície
do terreno. Em alguns casos as falhas não conseguem atingir a superfície do
terreno.
• Teto ou capa: bloco situado acima do plano de falha.
• Muro ou lapa: bloco situado abaixo do plano de falha.

De acordo com Fossen (2017), segundo o movimento relativo dos blocos,


as falhas podem ser de três tipos: normais, inversas e transcorrentes (Figura 10).

• Falhas normais: também conhecidas como falha de gravidade, são originadas


por esforços de tensão. No deslocamento o teto baixo em relação ao muro ao
longo de um plano de falha não vertical (mergulho comumente > 45°).
• Falhas reversas: também conhecidas como falha de empurrão, são originadas
por esforços de compressão. No deslocamento o teto sobe em relação ao muro
ao longo de um plano de falha não vertical (mergulho comumente < 45°).
• Falhas transcorrentes: também conhecidas como falhas horizontais, originadas
por esforços de cisalhamento ao longo de um plano de falha vertical. O
movimento é paralelo à direção da falha.

E
IMPORTANT

Um exemplo de uma falha transcorrente que ocorre numa grande extensão é a


falha de San Andreas, localizada na Califórnia, Estados Unidos, com uma extensão de cerca
de 1300km, marcando o contato entre a placa do Pacífico e a placa Norte-americana. Só
no terremoto de 1906, com magnitude de 7,7 graus na escala de Richter, mais conhecido
como o terremoto de San Francisco, morreram mais de três mil pessoas e a cidade de San
Francisco ficou completamente destruída.

160
TÓPICO 2 | TÓPICOS DE GEOLOGIA DE ENGENHARIA

São chamadas de falhas oblíquas, aquelas onde o deslocamento ao longo


do plano de falha possui tanto uma componente vertical como uma componente
horizontal.

A caracterização estrutural de maciços rochosos para obras de


engenharia, o engenheiro deve estar atento à ocorrência de planos de
falha, pois esses locais geralmente apresentam baixa resistência, alta
permeabilidade, alta compressibilidade, alta erodibilidade, além de
alteração química dos minerais que compõem as rochas (QUEIROZ,
2009, p.90).

FIGURA 10 – DIAGRAMAS DOS DIFERENTES TIPOS DE FALHAS

a) Normal b) Reversa

c) Transcorrente d) Oblíqua

FONTE: Teixeira et al. (2009, p. 439)

2.1 EVIDÊNCIAS DE FALHAS NO CAMPO


Nas etapas preliminares de qualquer obra de engenharia, deve-se
realizar um mapeamento adequado das fraturas localizas no lugar do projeto de
engenharia (local) e nos arredores (regional), juntamente com uma caracterização
qualitativa e quantitativa delas. Destas etapas de análises preliminares também
deve ser feito o reconhecimento de falhas por meio de fotos aéreas, estudos de
mapas geológicos existentes segundo a escala do projeto, assim como a análise
das formas do terreno (geomorfologia). Depois análises mais detalhas através de
sondagens e ensaios diretos e indiretos devem ser realizados.

161
UNIDADE 3 | ENSAIOS E TÓPICOS PRÁTICOS DE GEOLOGIA DE ENGENHARIA

O simples reconhecimento visual de algumas manifestações do relevo, são


uma ferramenta muito importante no reconhecimento de falhas no campo, pois
permite a diferenciação com fraturas comuns ou juntas. A seguir são apresentadas
algumas manifestações de falhas no terreno.

Quando o plano de falha atinge a superfície (linha de falha), em termo


geral, é produzida uma quebra na continuidade do relevo (Figura 11).

FIGURA 11 – EXEMPLO DE LINHAS DE FALHA

FONTE: Corrales (2014, p. 53)

No caso particular das falhas normais, o muro ou lapa se eleva muito além
da superfície do terreno, formando uma escarpa de falha (Figura 12).

FIGURA 12 – EXEMPLO DE UMA ESCARPA DE FALHA

FONTE: Corrales (2014, p. 52)

Devido ao grau de faturamento produzido na zona de falha, os materiais


localizados nesta região apresentam uma menor resistência ao intemperismo e à
erosão, em relação com os materiais que compõem os blocos deslocados, dando
origem aos alinhamentos mais erodidos que definem a traça da falha (Figura 13).

162
TÓPICO 2 | TÓPICOS DE GEOLOGIA DE ENGENHARIA

FIGURA 13 – EXEMPLO DE UMA LINHA DE FALHA ERODIDA

FONTE: Corrales (2014, p. 51)

Na falha, ou zona de falha (termo comumente utilizado quando a linha


de falha possui uma ampla extensão), pode ser silicificada devido ao fluxo de
voláteis nas fraturas, sendo comum a presença de xilopalos e minerais secundários
(Figura 14).

FIGURA 14 – EXEMPLO DE SILICIFICAÇÃO DE UMA ÁRVORE

FONTE: Corrales (2014, p. 24)

Outras evidências de falhas é a presença de estruturas dobradas na direção


do plano de falha, devido aos esforços cisalhantes produzidos no plano de falha e
o atrito desenvolvidos pelo deslocamento dos blocos (Figura 15) e a distorção dos
mergulhos nas camadas localizadas cerca da zona de falha (Figura 16).

163
UNIDADE 3 | ENSAIOS E TÓPICOS PRÁTICOS DE GEOLOGIA DE ENGENHARIA

FIGURA 15 – EXEMPLO DE DOBRAS PRODUZIDAS PELOS ESFORÇOS DE CISALHAMENTO

As setas vermelhas indicam o sentido do movimento

FONTE: Corrales (2014, p. 51).

FIGURA 16 – EXEMPLO DE MERGULHOS DISTORSIONADOS

FONTE: Corrales (2014, p. 52)

Quando os esforços tectônicos são localizados a grandes profundidades


na crosta terrestre, devido ao aumento da pressão e da temperatura com
a profundidade, as rochas possuem um comportamento dúctil, formando
ondulações com o eixo perpendicular os esforços compressivos.

Os dobramentos são mais facilmente reconhecidos em rochas estratificadas,


bandeadas, folhadas ou com algum tipo de orientação. A dimensão das dobras
pode variar desde poucos centímetros até centenas de quilômetros, formando
grandes cadeias montanhosas. É importante mencionar que em dobras de
grandes dimensões, durante o dobramento ocorrem falhamentos de dimensões
relevantes.

164
TÓPICO 2 | TÓPICOS DE GEOLOGIA DE ENGENHARIA

Conforme Fossen (2017), apresenta as partes de uma dobra como:

• Plano axial: é uma superfície plana ou curva que divide a dobra tão
simetricamente quanto possível em duas partes. A atitude do plano axial é
definida por uma direção e um ângulo de mergulho, podendo ser vertical,
horizontal ou inclinado.
• Eixo: é a linha de intercessão do plano axial com uma camada qualquer,
podendo ser vertical, horizontal ou inclinado.
• Flancos ou limbos: são os dois lados de uma dobra.
• Crista: é a linha que resulta da ligação dos pontos mais elevados de uma dobra.
• Plano de crista: superfície formada pelo conjunto das cristas de várias camadas.

Segundo a geometria, as dobras são classificadas, conforme Fossen (2017),


como: anticlinal, sinclinal, simétrica, assimétrica, deitada, isoclinal, monoclinal e
chevron.

• Sinclinal: é uma dobra côncava para acima, por tanto as rochas mais velhas
encontram-se no seu núcleo ou cetro da dobra.
• Anticlinal: é uma dobra convexa para acima, por tanto as rochas mais novas
encontram-se no seu núcleo ou cetro da dobra.
• Simétrica: é uma dobra onde os dois flancos possuem o mesmo ângulo de
mergulho. O plano axial é vertical.
• Assimétrica: é uma dobra onde os flancos possuem ângulos diferentes de
mergulho. O plano axial é inclinado.
• Deitada: é uma dobra onde o plano axial é horizontal ou cerca da horizontal.
• Isoclinal: é uma dobra onde os dois flancos possuem o mesmo ângulo e o
mesmo sentido de mergulho, ou seja, flancos paralelos.
• Monoclinal: é uma dobra em forma de degraus, passando de suaves mergulhos
a mergulhos fortes.
• Chevron: é uma dobra onde os flancos, na região do eixo, possuem forma
angular e não arredondada, como geralmente acontece.

Além das dobras tectônicas descritas acima, existem dobras atectônicas,


associadas a processos sedimentares, deslizamentos, intrusões magmáticas,
intrusões de sal etc.

2.2 CARTOGRAFIA GEOLÓGICA


A existência de um mapa geológico facilita demasiadamente um
projeto de engenharia, uma vez que por exemplo, para um traçado de
uma rodovia, de um túnel ou de uma barragem, será possível antecipar
certos problemas por meio de uma simples consulta ao mapa, antes
mesmo da ida dos geólogos e engenheiros ao campo (CHIOSSI, 2013,
p. 144).

165
UNIDADE 3 | ENSAIOS E TÓPICOS PRÁTICOS DE GEOLOGIA DE ENGENHARIA

De acordo com Zuquette e Gandolfi (2014) , a importância dos mapas


geológicos na execução de obras de engenharia, planejamento territorial,
planificação ambiental, uso dos recursos naturais e gestão de risco é inquestionável,
a seguir será apresentado apenas um resumo de alguns dos usos dos mais comuns
dos mapas geológicos.

• Ordenamento territorial.
• Uso do solo.
• Uso agrícola e florestal.
• Irrigação.
• Disposição de resíduos.
• Potencial para erosão.
• Movimentos de massa.
• Vulnerabilidade das águas subterrâneas.
• Materiais para construção civil.
• Fundações.
• Escavabilidade.
• Estocagem subterrânea.
• Desenho de obras lineais (canais, estradas, rodovias).
• Sítios para construção de barragens.
• Regiões com relevos cársticos.
• Mineração.
• Gestão de risco vulcânico.
• Potencial geotérmico.
• Risco sísmico.
• Turismo.
• Geoparques.

Os mapas geológicos são elaborados a partir de mapas topográficos,


fotografias aéreas, imagens de satélite, levantamento geológico de campo, dados
de sondagens, ensaios de campo e de laboratório.

166
TÓPICO 2 | TÓPICOS DE GEOLOGIA DE ENGENHARIA

FIGURA 18 – EXEMPLO DE UMA FOTOGRAFIA AÉREA

Fotografia do cantón central de San José, Costa Rica

FONTE: Corrales et al. (2015, p. 10)

FIGURA 19 – EXEMPLO DO USO DE IMAGENS DE SATÉLITE NA ANÁLISE DE EROSÃO FLUVIAL.


RIO REVENTAZÓN, COSTA RICA

a) 14/12/2006 b) 16/02/2009

FONTE: Mora, Coto e Carales (2014, p. 9)

167
UNIDADE 3 | ENSAIOS E TÓPICOS PRÁTICOS DE GEOLOGIA DE ENGENHARIA

FIGURA 20 – LEVANTAMENTO GEOLÓGICO DE CAMPO

a) Trilha ao vulcão Irazú, Costa Rica b) Reconhecimento de rochas

c) Amostragem de corais em região costeira d) Ensaio de campo em terreno agrícola

FONTE: Os autores

No trabalho de campo o geólogo tem como ferramentas de trabalho


básicas:

• Caderneta de campo.
• GPS.
• Mapa topográfico.
• Martelo geológico.
• Lupa de bolso.
• Bússola geológica.
• Canivete.
• Placa de porcelana.
• Placa de vidro.
• Moeda de cobre.
• Ácido clorídrico (10%).
• Câmara fotográfica.
• Régua.
• Grafite.

168
TÓPICO 2 | TÓPICOS DE GEOLOGIA DE ENGENHARIA

• Borracha.
• Lápis de cor.
• Sacos plásticos, papel e fita para etiquetar amostras.
• Marcadores permanentes.
• Mochila.

Também é muito importante mencionar os equipamentos de segurança e


cuidados pessoais, entre os que cabem mencionar:

• Capacete.
• Óculos de proteção.
• Luva.
• Perneiras de couro.
• Capa de chuva.
• Chapéu de abas largas.
• Protetor solar.
• Repelente de insetos.
• Alimentos rápidos.
• Água.

Os mapas geológicos mostram a distribuição espacial dos diferentes


tipos de rochas (ígneas, sedimentares e metamórficas), assim como as estruturas
geológicas (fraturas, falhas dobras), existentes numa determinada área de
interesse particular. A norma brasileira NBR 13441 (ABNT, 1995) estabelece a
simbologia dos elementos estruturais e a convenção gráfica de solos e rochas a
ser utilizada nos mapas geológicos-geotécnicos.

Na representação de cada tipo ou grupo de solos ou rochas são utilizados


diferentes hachuras padronizadas (Figura 21). O contato geológico entre dois
materiais diferentes é representado por uma linha preta contínua ou uma linha
preta pontilhada, segundo o contato seja observado ou inferido, respectivamente.
A Figura 22, apresenta a simbologia utilizada na representação das diferentes
feições estruturais.

FIGURA 21 – LEGENDA DOS DIFERENTES TIPOS DE SOLOS


Solo residual
Argila (SR)

Solo
Silte saprolítico (SS)

169
UNIDADE 3 | ENSAIOS E TÓPICOS PRÁTICOS DE GEOLOGIA DE ENGENHARIA

Takus, Colúvio
Areia (Ta, Co)

Pedregulho Aluvião (AL)

Solo alúvio,
Matacão e Coluvionar
blocos (Al,Co)

Solo orgânico
(S org)

a) Segundo a textura b) Segundo a gêneses

FONTE: ABNT (1995, p. 5)

FIGURA 22 – LEGENDA DOS DIFERENTES TIPOS DE ROCHAS METAMÓRFICAS

Ardósia Filito

Xisto Quartzito

Gnaisse Migmatito

Calcário
metamórfico Metabasito

FONTE: ABNT (1995, p. 7)

170
TÓPICO 2 | TÓPICOS DE GEOLOGIA DE ENGENHARIA

FIGURA 23 – LEGENDA DOS DIFERENTES TIPOS DE ROCHAS SEDIMENTARES

Folhelho Calcário

Argilito Dolomito

Siltito Calcário argiloso


ou marga

Arenito Calcário oolítico

Conglomerado Arenito calcífeo

Arcázio Siltito calcifero

FONTE: ABNT (1995, p. 6)

171
UNIDADE 3 | ENSAIOS E TÓPICOS PRÁTICOS DE GEOLOGIA DE ENGENHARIA

FIGURA 24 – LEGENDA DAS ROCHAS ÍGNEAS INTRUSIVAS

FONTE: ABNT (1995, p. 7)

FIGURA 25 – LEGENDA DAS ROCHAS ÍGNEAS EXTRUSIVAS

Riólito Ácidas
dacito

Tranquito, andesito Intermediárias

Basalto denso
Básicas

Basalto vesicular

FONTE: ABNT (1995, p. 8)

172
TÓPICO 2 | TÓPICOS DE GEOLOGIA DE ENGENHARIA

FIGURA 26 – SIMBOLOGIA DOS ELEMENTOS ESTRUTURAIS

a) Dobras b) Falhas e fraturas

FONTE: ABNT (1995, p. 11-12)

Em alguns casos é comum a utilização de cores ou a combinação de


ambas, cores e hachuras para representar os diferentes materiais geológicos
(Figura 27).

173
UNIDADE 3 | ENSAIOS E TÓPICOS PRÁTICOS DE GEOLOGIA DE ENGENHARIA

FIGURA 27 – EXEMPLO DE UM MAPA GEOLÓGICO

Mapa geológico do maciço da Tijuca.

FONTE: GeoRio (2000, p. 3)

O termo formação geológica é comumente utilizado nos mapas geológicos


para se referir a um conjunto de litologias diferentes relacionadas entre si por
alguma característica particular (gênese, idade, etc.). Uma formação pode ser
agrupada em grupos ou séries.

Além das diferentes litologias e dos elementos estruturais, são


apresentados nos mapas geológicos a atitude desses elementos geológicos.
A atitude de um plano (estrato, junta, falha, dobra) é definida por direção ou
rumo e mergulho. A direção é o ângulo formado entre o norte magnético e uma
linha resultante da intercepção do plano com um plano horizontal e o mergulho
é o ângulo entre o plano e um plano horizontal. Ambas medidas são feitas no
campo por meio de bússola.

174
TÓPICO 2 | TÓPICOS DE GEOLOGIA DE ENGENHARIA

FIGURA 28 – ATITUDE DE UM PLANO

FONTE: Queiroz (2009, p. 97)

2.3 ESTABILIDADE DE TALUDES E MOVIMENTOS DE MASSA


Segundo Gerscovich (2016), devido ação dos agentes atmosféricos e
biológicos, os materiais que constituem os taludes ou as encostas naturais, e que se
encontram em equilíbrio, sob certas condições podem perder a sua estabilidade,
movimentando-se encosta abaixo. Os movimentos de massa podem ocorrer em
taludes ou encostas formadas por maciços terrosos, rochosos ou mistos.

A mesma autora indica que as causas que desencadernam os movimentos


de massa, podem ser agrupadas em dois grupos: internas e externas. As internas
produzem uma diminuição da resistência interna do material, são exemplos de
causas internas, as variações térmicas e o intemperismo. Os agentes externos
produzem um aumento das tensões aplicadas no maciço, entre as mais importantes
encontram-se: chuvas intensas e prologadas, aumento da altura e/ou declive da
encosta, erosão fluvial do pé do talude, execução de cortes, variação do nível de
águas subterrâneas pouco profundas, erosão subterrânea, retirada da cobertura
florestal, execução de obras na parte superior do talude (sobrecargas), lançamento
de lixo ou entulho, vazamento das redes de água ou esgoto, congelamento e
degelo, ação de animais, explosões, sismos, atividade vulcânica etc.

Tipos de movimentos de massa: de acordo com Tarbuck, Lutgens e Tasa


(2005), os movimentos de massa podem ocorrer como:

• Rastejo ou reptacão: é um movimento lento das camadas superiores do talude.


A velocidade de escoamento pode variar de milímetros até poucos metros
por ano. No campo pode ser facilmente reconhecido pela presença de postes
inclinados, árvores inclinadas, vedações distorcidas, fendas de tração, rios
deslocados, entre outros.
175
UNIDADE 3 | ENSAIOS E TÓPICOS PRÁTICOS DE GEOLOGIA DE ENGENHARIA

FIGURA 29 – ESQUEMA DE REPTACÃO OU RASTEJO

FONTE: Tarbuck, Lutgens e Tasa (2005, p. 440)

• Escorregamentos: são movimentos de massa que ocorrem de forma rápida


e com curta duração. A superfície de ruptura nos escorregamentos é bem
definida.
ᵒ Escorregamento rotacional: ocorrem em solos ou rochas muito
intemperizada ou extremamente fraturadas, que se comportam como
materiais homogêneos e isotrópicos, a superfície de ruptura possui uma
forma curvada (em forma de colher) e a massa de material desprendido
rota com respeito a sua posição original.

FIGURA 30 – ESCORREGAMENTO ROTACIONAL NUM MACIÇO DE SOLO

FONTE: Os autores

ᵒ Escorregamento translacional: a superfície de ruptura possui uma forma


relativamente plana e a massa de material desprendido se desloca paralelo
à superfície do terreno. A superfície de ruptura encontra-se no contato
abrupto solo-rocha, ou ao longo do contato entre uma camada superior
menos resistente e uma camada inferior mais resistente.

176
TÓPICO 2 | TÓPICOS DE GEOLOGIA DE ENGENHARIA

FIGURA 31 – ESQUEMA DE UM ESCORREGAMENTO TRANSLACIONAL

FONTE: Tarbuck, Lutgens e Tasa (2005, p. 431)

• Corridas: são movimentos de massa extremamente rápidos (com velocidades


de até 10km/h) e de alto poder destrutivo, em forma de fluxos viscosos e
densos, que podem atingir grandes extensões de terreno e grandes distâncias.
São causados pelo saturamento do maciço em regiões de topografia muito
inclinada. São exemplos de corridas: as corridas de solo, corridas de lama e as
avalanches de solo, rocha e neve.

FIGURA 32 – ESQUEMA DE UMA CORRIDA DE SOLOS

FONTE: Tarbuck, Lutgens e Tasa (2005, p. 431)

• Queda de blocos de rocha: em taludes formados por maciços de rocha


geralmente fraturado, a ação do intemperismo desestabiliza e ocasiona
o desprendimento e queda livre de blocos encosta abaixo. Eventos deste
tipo podem incluir desde o deslocamento de matacões isolados até o
desmoronamento de grandes volumes de material rochoso. Em maciços
formados por rochas colunares ou camadas verticais, pode ocorrer a rotação
ou tombamento, quando são desconfinadas lateralmente.

177
UNIDADE 3 | ENSAIOS E TÓPICOS PRÁTICOS DE GEOLOGIA DE ENGENHARIA

FIGURA 33 – EXEMPLOS DE QUEDAS DE BLOCOS DE ROCHA

FONTE: O autor

178
TÓPICO 2 | TÓPICOS DE GEOLOGIA DE ENGENHARIA

LEITURA COMPLEMENTAR

Em um estudo de caso desenvolvido por Corrales (2014) no setor de


Bebedero, San José, Costa Rica, o autor desenvolveu a simulação computacional
em 2D da queda livre de blocos de rocha ao longo de um talude, utilizando o
software RocFall V.4.

No trabalho de campo foram cartografados 108 blocos de rocha utilizando


um GPS Trimble 4700/5700/R7, empregando um levantamento cinemático em
tempo real (RTK), o qual permitiu obter precisões de 1,5 cm nos eixos “x” y “y” e
de 2,5 cm no eixo “z” (altura). As simulações foram desenvolvidas ao longo de 5
perfis topográficos.

FIGURA - ANÁLISE DE QUEDA DE BLOCOS DE ROCHA, ESTUDO DE CASO

B) Levantamento topográfico

A) GPS de alta precisão.

FONTE: O autor

A Figura 2 mostra as possíveis trajetórias de queda e a possíveis


localização final dos blocos de rocha ao longo do perfil 5.

179
UNIDADE 3 | ENSAIOS E TÓPICOS PRÁTICOS DE GEOLOGIA DE ENGENHARIA

GRÁFICO - ANÁLISE DA QUEDA DE BLOCOS DE ROCHA

A) Trajetória da queda dos blocos de rocha

B) Distribuição dos blocos de rocha ao longo do talude

FONTE: Corrales (2014, pág. 70 e 77)

A Figura 1 mostra os resultados obtidos da simulação computacional, os


quais permitem prever o possível comportamento de bloques de rocha de 15 000
kg, 25 000 kg, 35 000 kg e 50 000 kg em queda livre ao longo do perfil 5.

180
TÓPICO 2 | TÓPICOS DE GEOLOGIA DE ENGENHARIA

GRÁFICO - RESULTADOS DA SIMULAÇÃO DA QUEDA DE BLOCOS DE ROCHA

A) Distribuição da energia cinética ao longo do talude

B) Distribuição da altura rebote ao longo do talude

C) Distribuição da velocidade translacional ao longo do talude

FONTE: Corrales (2014, pág. 72, 74 e 75).

181
UNIDADE 3 | ENSAIOS E TÓPICOS PRÁTICOS DE GEOLOGIA DE ENGENHARIA

A partir destes resultados foi possível desenvolver um mapa de ameaça


da zona de estudo ante eventos naturais de queda de blocos de rocha (Figura 27).

FIGURA - MAPA DE AMEAÇA ANTE EVENTOS DE QUEDA DE BLOCOS DE ROCHA

FONTE: Corrales (2014, pág. 79).

182
RESUMO DO TÓPICO 2

Neste tópico, você aprendeu que:

• Devido aos esforços produzidos pelo movimento das placas tectônicas, as


rochas se fraturam ou dobram, segundo estejam localizadas na superfície
terrestre ou a grandes profundidades da crosta terrestre, respectivamente.

• Os movimentos de massa ocorrem quando agentes atmosféricos e/ou


biológicos, alteram as condições de equilíbrio de taludes ou encostas naturais,
perdendo a sua estabilidade.

• Os mapas geológicos são ferramentas indispensável na execução de obras de


engenharia, planificação ambiental, uso dos recursos naturais e gestão de risco.

• Nas Figuras 28 e 29 é apresentado um resumo da classificação de movimentos


de massa e estruturas tectônicas, respectivamente.

FIGURA 28 - TIPOS DE MOVIMENTOS DE MASSA

FONTE: Os autores

183
FIGURA 29 - TIPOS DE ESTRUTURAS TECTÔNICAS

FONTE: Os autores

184
AUTOATIVIDADE

1 As falhas tectônicas nas quais durante o deslocamento o teto eleva-se em


relação ao muro ao longo de um plano de falha sem mergulho comumente
maior que 45°, são conhecidas como.

2 A estrutura tectônica na qual um bloco se desloca ao logo de plano de


fratura tanto com uma componente vertical como uma componente
horizontal, é conhecida como?

a) ( ) Diáclase.
b) ( ) Falha oblíqua.
c) ( ) Falha normal.
d) ( ) Dobra.

3 Mencione cinco tipos de dobras tectônicas.

4 Mencione os dois elementos que são utilizados para representar a atitude


de plano qualquer (estrato, junta, falha, dobra), num mapa geológico.

5 Mencione 5 usos comuns dos mapas geológicos em obras de engenharia


no Brasil.

6 Qual é o movimento de massa mais rápido e de maior poder destrutivo?

a) ( ) Escorregamento rotacionais.
b) ( ) Escorregamento translacionais.
c) ( ) Corridas.
d) ( ) Reptacão.

7 Mencione 3 agentes externos comuns que desencadernam movimentos de


massa no Brasil.

8 Nos mapas geológicos para um conjunto de rochas agrupadas e relacionadas


entre sim por alguma característica particular, é comumente utilizado o
termo:

a) ( ) Acamamento.
b) ( ) Mergulho.
c) ( ) Dobra.
d) ( ) Formação.

9 Segundo o estudo de caso: Análise de queda de blocos de rocha, mediante a


simulação computacional deste fenômeno geológico é possível:

185
186
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