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Fundamentos e História

da Física

Profa. Margaret Luzia Froehlich

2018
Copyright © UNIASSELVI 2018

Elaboração:
Prof a. Ma. Margaret Luzia Froehlich

Revisão, Diagramação e Produção:


Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri


UNIASSELVI – Indaial.

530.07
F925f Froehlich, Margaret Luzia
Fundamentos e história da física / Margaret Luzia Froehlich. Indaial:
UNIASSELVI, 2018.

243 p. : il.

ISBN 978-85-515-0132-0

1.Física – Estudo e Ensino.


I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci.

Impresso por:
Apresentação
Prezado acadêmico! Bem-vindo à disciplina de Fundamentos
e História da Física. A Física teve uma trajetória definida por uma via
tortuosa e cheia de bifurcações o que sempre caracterizou a Física, é o seu
compromisso com a verdade! Ela surge das discussões acirradas entre os
pensadores da antiguidade, da idade média, da renascença, de hoje e de
todos os tempos, entre aqueles que procuram explicações racionais para os
fenômenos observados.

A curiosidade de saber até o mais ínfimo funcionamento das coisas


sempre caracterizou o físico, porque antes de tudo, é um pesquisador que
não quer impor a sua ideia, mas quer saber se aquilo que ele está concluindo
é verdadeiro. Por isso, a Física é um caminho seguro para a verdade,
ela se baseia em fatos e os utiliza para descrever um comportamento,
desenvolvendo leis imutáveis que podem ser comprovadas sem sombra de
dúvida. Por volta, do século XVI e XVII a insatisfação com as explicações
oferecidas, levaram cada vez mais pensadores a seguirem um caminho
novo para as suas argumentações, que é a comprovação científica através de
experiências e modelos matemáticos. Isso se refletiu em um avanço promissor
para a Física, pois infundiu na classe científica a necessidade da exatidão nas
discussões acadêmicas. As ideias expostas de modo claro e fidedigno tornou
a sua difusão mais rápida, contribuindo de modo significativo na aplicação
das descobertas.

Além disso, a Física é um conhecimento construido a partir da


colaboração de muitos homens e mulheres que se dedidacaram a ela ao
longo de muitos séculos. Sendo fortemente impulsionada, a partir do século
XVI com Descartes abrindo o caminho para uma nova ciência, que procurava
corrigir os erros encontrados nas investigações científicas, preconceito,
conceitos sem fundamentação, confiança maior nos sentidos do que na razão
e palavras sem exatidão. Com Copérnico e suas observações astronômicas
que derrubaram de uma vez o modelo geocêntrico que tinha alcançado
fama através de um pensador grego, do século IV antes de Cristo, chamado
Aristóteles, estabelecendo assim, as bases do modelo Heliocêntrico. Com
Bacon e Galileu na construção de uma metodologia na investigação e na
argumentação científica, introduzindo nas discussões o método científico
e a experimentação. Com Newton estabelecendo novos conceitos em seus
estudos sobre a luz, a lei da gravitação, o cálculo, as leis do movimento,
entre outras contribuições igualmente importantes. No século XIX com os
trabalhos de Einstein, Planck e Born sobre o comportamento da luz. Isso
citando apenas uma pequena parte da Física, porque o seu desenvolvimento
em inúmeras outras áreas levariam a um texto interminável.

III
A Física então seguiu o seu rumo, separada da filosofia e da religião,
criando padrões e utilizando uma linguagem cada vez mais precisa na
exposição dos problemas, de suas investigações e conclusões científicas,
descobrindo leis físicas, e aplicando-as em todos os setores da indústria e da
medicina num ritmo de desenvolvimento constante.

A ideia de que a luz se comportava como se fosse composta por


partículas em alta velocidade se propagando em linha reta era defendida desde
os gregos da Antiguidade e Newton a defendia também, pois explicava vários
fenômenos ópticos. Mas, algumas observações da luz, feitas por Huygues e
outros cientistas, sugeriam um comportamento ondulatório. Dando origem a
duas hipóteses diferentes para a luz, a teoria corpuscular e a teoria ondulatória.
No século XIX a física conseguiu um novo impulso acelerando novamente
o seu desenvolvimento e compromisso com a verdade. Experiências de
interferência e difração mostraram que a teoria corpuscular era inadequada
para explicar esses fenômenos, em contrapartida a teoria ondulatória conseguia
explicar a propagação retilínea, da teoria corpuscular, por meio de pequenos
comprimentos de onda. Porém, Einstein e Planck, mostram que os feixes de luz
são compostos por pequenos pacotes de energia chamados de fótons. Levando
a conclusão de que a teoria ondulatória seria incompleta e que, na verdade a
teoria precisava considerar esse aspecto dual da luz, comportando-se como
onda e como partícula e assim nasceu a teoria onda-partícula para a luz.

A Unidade 1 do presente livro, traz uma introdução histórica da física


e do método científico, estabelece uma linguagem adequada as discussões
acadêmicas, introduzindo os conceitos fundamentais, tais como o que são as
grandezas físicas, as suas unidades de medida e os instrumentos utilizados
nas medições dessas grandezas.

Em seguida fala-se um pouco mais sobre os físicos, do que é a ciência


e de como ela possui a característica de estar sempre incompleta, pois cresce
a cada nova descoberta, não possuindo um limite para a busca de novos
conhecimentos. Levando a conclusão de que novas observações às vezes
trazem novas teorias, ou reafirmam antigas. Novas descobertas acrescentam
mais variáveis as definições, ou as simplificam.

O universo possui tantos mistérios quanto os campos da física que


ainda não foram profundamente explorados. Para quem gosta de se aventurar
na estrada do conhecimento, a física é uma caminhada inesgotável.

Lembre-se, caro acadêmico, de que os seus professores podem até


indicar um caminho, mas quem deve percorrê-lo é você. O seu avanço só
depende do seu grau de comprometimento com a disciplina. Quanto mais
tempo você disponibilizar para ela, maior se tornará o seu entusiamo. Porque
eu sei que se você escolheu a física, você ama saber.

Profa Ma. Margaret Luzia Froehlich

IV
NOTA

Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto


para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há
novidades em nosso material.

Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é


o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura.

O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.

Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente,


apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.

Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto
em questão.

Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.

Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de


Desempenho de Estudantes – ENADE.

Bons estudos!

UNI

Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos


materiais ofertados a você e dinamizar ainda
mais os seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza
materiais que possuem o código QR Code, que
é um código que permite que você acesse um
conteúdo interativo relacionado ao tema que
você está estudando. Para utilizar essa ferramenta,
acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor
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facilidade para aprimorar seus estudos!

V
VI
Sumário
UNIDADE 1 – FUNDAMENTOS E HISTÓRIA DA FÍSICA........................................................... 3

TÓPICO 1 – INTRODUÇÃO HISTÓRICA E MÉTODO CIENTÍFICO........................................ 3


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 3
2 ORIGEM DO MÉTODO CIENTÍFICO............................................................................................. 5
3 ETAPAS DO MÉTODO CIENTÍFICO............................................................................................... 8
4 EXEMPLO DE APLICAÇÃO DO MÉTODO CIENTÍFICO.......................................................... 10
RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 12
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 13

TÓPICO 2 – MEDIDAS FÍSICAS E INSTRUMENTOS DE MEDIDA.......................................... 17


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 17
2 MEDIÇÕES E UNIDADES DE MEDIDA ........................................................................................ 19
2.1 COMPRIMENTO.............................................................................................................................. 21
2.2 MASSA............................................................................................................................................... 22
2.3 TEMPO............................................................................................................................................... 27
3 INSTRUMENTOS DE MEDIDA........................................................................................................ 28
3.1 RÉGUA .............................................................................................................................................. 29
3.2 BALANÇA......................................................................................................................................... 30
3.3 CRONÔMETRO................................................................................................................................ 31
RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 33
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 34

TÓPICO 3 – NOTAÇÃO CIENTÍFICA................................................................................................. 37


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 37
2 ALGARISMOS SIGNIFICATIVOS................................................................................................... 39
3 COMO FAZER UM ARREDONDAMENTO DE UMA MEDIDA FÍSICA................................ 42
4 OPERAÇÕES COM ALGARISMOS SIGNIFICATIVOS.............................................................. 44
4.1 ADIÇÃO E SUBTRAÇÃO............................................................................................................... 45
4.2 MULTIPLICAÇÃO E DIVISÃO...................................................................................................... 46
5 VALOR DA MEDIDA EXPRESSA EM POTÊNCIAS DE DEZ.................................................... 47
5.1 PREFIXOS DA POTÊNCIA DE 10.................................................................................................. 49
5.2 OPERAÇÕES COM MEDIDAS FÍSICAS E POTÊNCIA DE 10................................................. 50
5.2.1 Somas de números em potência de dez............................................................................... 50
5.2.2 Subtração de números em potência de dez......................................................................... 51
5.2.3 Multiplicação de números em potência de dez................................................................... 52
5.2.4 Divisão de números em potência de dez............................................................................. 52
RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 54
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 55

TÓPICO 4 – GRANDEZAS FÍSICAS E SISTEMAS DE MEDIDA ............................................... 61


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 61
2 O QUE SÃO GRANDEZAS FÍSICAS................................................................................................ 61

VII
2.1 GRANDEZAS ESCALARES E SUAS UNIDADES...................................................................... 63
2.2 GRANDEZAS VETORIAIS ............................................................................................................ 64
2.2.1 Vetor no plano cartesiano....................................................................................................... 65
2.2.2 Propriedades dos vetores....................................................................................................... 67
2.3 DECOMPOSIÇÃO DE UM VETOR............................................................................................... 70
2.4 VELOCIDADE E SUAS UNIDADES............................................................................................. 72
2.4.1 Aceleração e suas unidades.................................................................................................... 74
2.4.2 Força e suas unidades............................................................................................................. 75
3 OPERAÇÕES COM GRANDEZAS VETORIAIS........................................................................... 76
4 SISTEMAS DE UNIDADE DE MEDIDA......................................................................................... 79
4.1 SISTEMA MKS, CGS E OUTROS................................................................................................... 79
RESUMO DO TÓPICO 4 ....................................................................................................................... 80
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 81

TÓPICO 5 – UNIDADES DO SISTEMA INTERNACIONAL (SI)................................................. 85


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 85
2 SISTEMA INTERNACIONAL DE UNIDADES.............................................................................. 85
3 CONVERSÃO DE UNIDADES UTILIZANDO O FATOR DE CONVERSÃO......................... 88
RESUMO DO TÓPICO 5 ....................................................................................................................... 96
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 97

UNIDADE 2 – A HISTÓRIA DA FÍSICA............................................................................................ 99

TÓPICO 1 – OS PRIMEIROS FÍSICOS DA HISTÓRIA................................................................ 101


1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 101
2 CIÊNCIA................................................................................................................................................ 104
3 ARQUIMEDES DE SIRACUSA........................................................................................................ 105
4 ARISTÓTELES..................................................................................................................................... 107
5 COPÉRNICO........................................................................................................................................ 110
6 GALILEU GALILEI............................................................................................................................. 111
7 JOHANNES KEPLER.......................................................................................................................... 115
8 ISAAC NEWTON................................................................................................................................ 116
RESUMO DO TÓPICO 1 ..................................................................................................................... 118
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 119

TÓPICO 2 – FÍSICA CLÁSSICA ......................................................................................................... 121


1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 121
2 MECÂNICA.......................................................................................................................................... 121
2.1 LEIS DE NEWTON......................................................................................................................... 122
2.1.1 Força resultante...................................................................................................................... 122
2.1.2 Princípio de inércia................................................................................................................ 125
2.1.3 Equilíbrio................................................................................................................................ 125
2.1.4 Princípio Fundamental da Dinâmica.................................................................................. 126
2.1.5 Princípio de ação e reação ................................................................................................... 127
2.1.6 Experimento simples do princípio de Arquimedes.......................................................... 135
2.1.7 Óptica...................................................................................................................................... 138
3 ASTRONOMIA.................................................................................................................................... 140
3.1 A GRAVITAÇÃO NEWTONIANA.............................................................................................. 142
3.2 FORÇA DE ATRAÇÃO GRAVITACIONAL............................................................................... 142

VIII
3.3 ENERGIA POTENCIAL GRAVITACIONAL E ENERGIA CINÉTICA.................................. 145
3.4 CORPOS EM ÓRBITAS.................................................................................................................. 147
3.5 VELOCIDADE DE ESCAPE.......................................................................................................... 149
RESUMO DO TÓPICO 2 ..................................................................................................................... 150
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 151
TÓPICO 3 – FÍSICA MODERNA........................................................................................................ 155
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 155
2 MAX PLANCK..................................................................................................................................... 157
3 ALBERT EINSTEIN............................................................................................................................. 159
RESUMO DO TÓPICO 3 ..................................................................................................................... 162
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 163

UNIDADE 3 – CINEMÁTICA.............................................................................................................. 165

TÓPICO 1 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS DO MOVIMENTO DE UM CORPO.............. 167


1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 167
2 ORIGEM, TRAJETÓRIA E POSIÇÃO ........................................................................................... 167
2.1 ORIGEM E REFERENCIAL........................................................................................................... 168
2.2 TRAJETÓRIA................................................................................................................................... 168
2.3 POSIÇÃO......................................................................................................................................... 169
3 ESPAÇO PERCORRIDO E DESLOCAMENTO............................................................................ 171
3.1 ESPAÇO PERCORRIDO................................................................................................................ 171
3.2 DESLOCAMENTO......................................................................................................................... 172
4 PONTO MATERIAL E CORPO EXTENSO.................................................................................... 174
4.1 VELOCIDADE INSTANTÂNEA.................................................................................................. 176
5 ACELERAÇÃO .................................................................................................................................... 177
5.1 ACELERAÇÃO MÉDIA................................................................................................................. 177
5.2 ACELERAÇÃO INSTANTÂNEA................................................................................................. 178
RESUMO DO TÓPICO 1 ..................................................................................................................... 179
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 180

TÓPICO 2 – MOVIMENTO RETILÍNEO UNIFORME MRU....................................................... 185


1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 185
2 FUNÇÃO HORÁRIA DOS ESPAÇOS............................................................................................ 185
2.1 MOVIMENTO PROGRESSIVO OU RETRÓGRADO............................................................... 187
2.2 MOVIMENTO PROGRESSIVO.................................................................................................... 187
2.3 MOVIMENTO RETRÓGRADO OU REGRESSIVO................................................................... 188
3 VELOCIDADE RELATIVA EM UMA DIMENSÃO..................................................................... 189
RESUMO DO TÓPICO 2 ..................................................................................................................... 192
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 193

TÓPICO 3 – MOVIMENTO RETILÍNEO UNIFORMEMENTE VARIADO MRUV................ 199


1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 199
1.1 FUNÇÃO HORÁRIA DAS VELOCIDADES.............................................................................. 199
1.2 FUNÇÃO HORÁRIA DOS ESPAÇOS......................................................................................... 202
2 MOVIMENTO ACELERADO E MOVIMENTO RETARDADO............................................... 202
3 EQUAÇÃO DE TORRICELLI........................................................................................................... 205
4 CORPOS EM QUEDA LIVRE........................................................................................................... 206
RESUMO DO TÓPICO 3 ..................................................................................................................... 210
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 211

IX
TÓPICO 4 – MOVIMENTO EM DUAS E TRÊS DIREÇÕES........................................................ 215
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 215
2 MOVIMENTO EM TRÊS DIMENSÕES......................................................................................... 215
3 MOVIMENTO DE PROJÉTIL........................................................................................................... 220
4 VELOCIDADE RELATIVA................................................................................................................ 230
5 MOVIMENTO CIRCULAR............................................................................................................... 232
5.1 MOVIMENTO CIRCULAR UNIFORME MCU......................................................................... 232
RESUMO DO TÓPICO 4 ..................................................................................................................... 237
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 238

REFERÊNCIAS ....................................................................................................................................... 241

X
UNIDADE 1

FUNDAMENTOS E HISTÓRIA DA FÍSICA

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Esta unidade tem por objetivos:

• conhecer a trajetória histórica da Física e utilizar o método científico nas


discussões acadêmicas;
• conhecer a história das medidas utilizadas e as principais unidades de
medida das grandezas físicas e os instrumentos utilizados nessas medições;
• identificar as unidades fundamentais;
• conhecer a história sobre a representação dos números culminando na
escrita dos valores em notação científica;
• interpretar as medidas utilizando algarismos significativos;
• fazer operações, utilizando notação científica e algarismos significativos;
• reconhecer os prefixos da potência de dez;
• diferenciar grandezas físicas escalares e vetoriais;
• conhecer os sistemas de medidas;
• identificar o Sistema Internacional de Unidades;
• fazer converções de unidades entre os sistemas de medida.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está organizada em cinco tópicos. Em cada um deles você
encontrará diversas atividades que o(a) ajudarão na compreensão das
informações apresentadas.

TÓPICO 1 – INTRODUÇÃO HISTÓRICA E MÉTODO CIETÍFICO

TÓPICO 2 – MEDIDAS FÍSICAS E INSTRUMENTOS DE MEDIDA

TÓPICO 3 – NOTAÇÃO CIENTÍFICA

TÓPICO 4 – GRANDEZAS FÍSICA E SISTEMA DE MEDIDA

TÓPICO 5 – UNIDADES DO SISTEMA INTERNACIONAL (SI)

1
2
UNIDADE 1
TÓPICO 1

INTRODUÇÃO HISTÓRICA E MÉTODO CIENTÍFICO

1 INTRODUÇÃO
O conhecimento que foi estabelecido desde a antiguidade da Idade Média
e no início da renascença baseava-se em discussões filosóficas e experiências
empíricas. Nas palavras de Peduzzi (2015, p. 28):
As conquistas da ciência dos séculos XV e XVI preparam o espírito
científico do século XVII para uma ruptura definitiva com esquemas
conceituais ultrapassados. A física qualitativa, descritiva, compatível
com uma determinada maneira de ver o mundo, vai ser substituída
por uma física quantitativa e por novos métodos na ciência; o mundo
pré-newtoniano ainda persiste em se manter fechado, mas está para
perder a sua carapaça delimitadora e, em um primeiro momento,
transformar-se em um universo, se não infinito ao menos muito
extenso, sem limites definidos; as hierarquias do mundo aristotélico
não fazem mais sentido; à suposta dicotomia das físicas terrestre e
celeste insinua-se, cada vez mais intensamente, a ideia de uma única
Física capaz de reger os fenômenos em todos os domínios do universo;
o próprio homem é obrigado a repensar muitos dos seus valores, ao
ver iminente o seu habitat natural deixar a ilusória posição central no
cosmo para ser tão somente uma entidade entre um número infindável
de outras entidades existentes em um universo sem fim.

Numa atmosfera de mudanças significativas sobre o entendimento


da natureza e de seus fenômenos, surge uma nova filosofia da natureza, que
postula que todos os fenômenos devem ser explicados pelas leis da matéria em
movimento, conhecido como o mecanismo de René Descartes (1596-1650). Para
ele, a verdade deve ser construída através de certezas indubitáveis, baseadas na
clareza e na evidência, rejeitando todas as coisas que geram dúvidas.

Descartes aponta quatro causas de erro nas investigações científicas:


primeira: preconceitos adquiridos na infância; segunda: dificuldade de abandonar
conceitos estabelecidos sem fundamentação adequada; terceira: confiar mais

3
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS E HISTÓRIA DA FÍSICA

nos sentidos do que na razão; e quarta: o uso de palavras que não exprimem o
pensamento com exatidão. Foi na metafísica que ele buscou os argumentos para
a nova ciência. Acreditava num Deus eterno, infinito em sabedoria e grandeza,
fonte de toda a verdade e criador de todas as coisas, origem das ideias que o
homem possui, sendo que o livre arbítrio assegura a liberdade e a ação na busca
da verdade. Peduzzi (2015, p. 30) afirma:
Por certo, os homens da ciência se enganam ao formularem os
seus conhecimentos. Deus não é a causa desses erros. Eles já foram
devidamente decodificados por Descartes, e decorrem de formas
de agir equivocadas, de julgamentos incapazes de separar o que é
certo e distinto do que resulta obscuro e confuso. Não se erraria se
fossem estabelecidos juízos apenas sobre o que clara e distintamente
se apreende. A luz natural que Deus concedeu ao homem assegura
a viabilidade desse empreendimento. Devidamente utilizada, essa
faculdade permite discernir o verdadeiro do falso, e dessa forma evitar
o erro, quando ele se manifesta. Contudo, não cabe ao homem a procura
das causas finais, pois não é crível que um ser perfeito possa partilhar
com um ser imperfeito todos os desígnios de sua criação. Nestes
termos, e para um espírito puro e atento, o objeto da intuição segura
não precisa ser deduzido de nenhuma outra coisa. Ele aparece como
uma verdade inquestionável, capaz de desencadear a estruturação
e o desenvolvimento de novos conhecimentos. O substrato material
que dá suporte a esse empreendimento é a matemática aritmética e
geometria. O método é o dedutivo, a partir das consequências dos
pressupostos básicos estabelecidos a priori.

Descartes acredita que a experimentação tem dois papéis importantes,


um é estabelecer a verdade de uma suposição fundamental e o outro ajudar no
processo de compreensão de um fenômeno. Explica que a identificação e a coleta
de dados não pode ser ao acaso, devem estar relacionados a uma teoria prévia,
pois o empirismo puro não leva a nada. Descartes produziu um livro intitulado
“Discurso sobre o método” no qual mostrou como fez para conduzir a razão na
busca da verdade.

Além de Descartes, vários pensadores tais como Roger Bacon (1214-1292),


Francis Bacon (1561-1626), Nicolau Copérnico (1473-1543), Galileu Galilei (1564-
1642) tiveram um papel fundamental para o surgimento do método científico.

Você, como professor, deve saber da importância do método científico


para ajudar os seus alunos a compreendê-lo e apreciá-lo. Muitas vezes, é difícil
despertar o interesse pela física em todos os seus alunos, porque a admiração
pelas ciências exatas depende bastante da personalidade do aluno e quem não
tem uma queda por matemática acaba se desinteressando também pela física.
Cabe a você resgatar o interesse desses alunos que ficam apáticos nas aulas de
física. A boa notícia é que esse é o momento de fazê-lo, quando você estiver
ensinando o método científico.

4
TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO HISTÓRICA E MÉTODO CIENTÍFICO

Henrique (2011) conta suas experiências sobre essa questão na sua


dissertação e pode ajudá-lo a encontrar uma maneira de alcançar mais facilmente
os seus alunos. São poucos os professores que reconhecem a necessidade de usar
técnicas inovadoras no ensino da física, por essa razão, você deve conhecer bem o
método científico e utilizá-lo em suas atividades diferenciadas.
Por este motivo, entender sobre fenômenos cotidianos tornou-se
bastante prazeroso, tanto que pensei em ser professor de física.
Entretanto acabei ficando indeciso, pois não estava convencido de que
o ensino médio seria necessário para todos os estudantes. A maioria
dos meus colegas de classe odiava física, achando-a totalmente
desnecessária. Não acreditavam que eu conseguiria um resultado
melhor do que o meu professor de física do ensino médio, que
admirava bastante. Se não estou convencido, como convenceria meus
alunos que é necessário estudar física? (HENRIQUE, 2011, p. 15).

Vamos começar o nosso estudo sobre esse método entendendo a sua


origem, depois vamos descobrir em que ele se baseia e como devemos aplicá-lo.

2 ORIGEM DO MÉTODO CIENTÍFICO


A ciência de hoje é o resultado de estudos que foram sendo desenvolvidos
há muitos anos com os esforços contínuos de pensadores, suas ideais foram
aprimoradas de tempos em tempos, de tal maneira que os homens de cada
período histórico foram assimilando os ensinamentos das gerações passadas e
acrescentando aspectos novos.

Cervo destaca isso no livro, Metodologia Científica, no primeiro capítulo,


no qual ele fala sobre o histórico do método científico, publicado em 2002.

A revolução científica propriamente dita ocorreu nos séculos XVI e


XVII, com Copérnico, Bacon e seu método experimental, Galileu,
Descartes e outros. Não surgiu, porém, do acaso. Toda descoberta
ocasional e empírica de técnicas e de conhecimentos referentes ao
universo, à natureza e ao homem — desde os antigos babilônios
e egípcios, passando pela contribuição do espírito criador grego,
sintetizado e ampliado por Aristóteles, e pelas invenções da época das
conquistas — serviu para preparar o surgimento do método científico
e o caráter de objetividade que caracterizaria a ciência a partir do
século XVI (ainda de forma vacilante) e agora (já de forma rigorosa)
(CERVO, 2002, p. 4).

O método científico foi sendo aperfeiçoado e utilizado em todos os ramos


do saber devido a sua eficácia na comprovação dos resultados, aumentando cada
vez mais o grau de precisão em áreas que estudavam a evolução, as propriedades
do átomo, da luz, do magnetismo, da eletrecidade e da energia.

Não foi só a física que se beneficiou desse método, mas também todas as
outras áreas do conhecimento, tais como a biologia, a química e a medicina.

5
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS E HISTÓRIA DA FÍSICA

A ciência não pode ser vista como algo acabado ou definitivo, pois apesar
de certas leis serem imutáveis, nem sempre todos os seus efeitos são amplamente
entendidos quando descobertos.

Galileu conseguiu mostrar experimentalmente que os dois corpos chegam


no solo ao mesmo tempo, teve essa ideia um dia que observou uma chuva de
granizo, notando que as pedras de tamanhos diferentes caiam ao mesmo tempo
no solo. Atualmente, consegue-se fazer um vácuo perfeito para demonstrar esse
resultado, mas ainda existem pessoas que pensam que os corpos mais pesados
caem primeiro.

Você vai perceber, quando ensinar queda livre aos alunos, que existirão
alguns que vão teimar dizendo que o corpo mais massivo cai primeiro, mesmo
que as equações digam o contrário. Nesse caso, você terá que demonstrar isso a
eles para que se convençam.

Embora exista uma força de arrasto do ar, que é oposta à força da gravidade
sobre os corpos em queda, podemos considerá-la desprezível para alguns casos,
como, por exemplo, para os três corpos da Figura 1. Quando você os solta ao
mesmo tempo, verá que caem juntos e alcançam o solo ao mesmo tempo. Você
pode fazer essa demonstração para os alunos, peça para eles sentirem o peso de
cada um e depois faça a demonstração.

No caso da Figura 1 a seguir, temos um pote de creme, um prendedor de


cabelo e uma folha de papel amassada. Certamente possuem pesos diferentes,
mas chegarão juntos ao solo.

Embora essa experiência seja bem simples, consegue mostrar a importância


da comprovação de um argumento. Enquanto a filosofia fazia as suas suposições
através de construções mentais, a ciência veio para provar que nem sempre o
senso comum está correto, e por melhor que possa parecer um argumento, pode
ser que ele esteja errado.

FIGURA 1 – CORPOS DE PROVA PARA DEMONSTRAÇÃO DE QUEDA LIVRE

FONTE: A autora

6
TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO HISTÓRICA E MÉTODO CIENTÍFICO

Às vezes são necessárias muitas experiências, novas hipóteses até que


se chegue a uma conclusão satisfatória, que poderá ser aceita por um tempo. É
possível que apareçam novas pistas e a mesma ideia seja novamente analisada sob
outros aspectos e com aparelhos mais precisos, levando a resultados diferentes,
gerando novas conclusões.

Cervo consegue explicar esse aspecto inacabado da ciência muito bem,


segundo ele:
A ciência não é considerada algo pronto, acabado ou definitivo. Não
é a posse de verdades imutáveis. Atualmente, a ciência é entendida
como uma busca constante de explicações de soluções, de revisão
e reavaliação de seus resultados, apesar de sua falibilidade e de
seus limites. Nessa busca sempre mais rigorosa, a ciência pretende
aproximar-se cada vez mais da verdade por meio de métodos que
proporcionem maior controle, sistematização, revisão e segurança do
que outras formas de saber não científicas. Por ser dinâmica, a ciência
busca renovar-se e reavaliar-se continuamente. Ela é um processo em
construção (CERVO, 2002, p. 7).

Feynman em suas lições de física discute como o conhecimento científico


de cada área pode ser ligado formando um todo, como num quebra-cabeça, como
essas partes aos poucos vão se encaixando, mas é difícil dizer se esse quebra-
cabeça tem realmente um fim. Em suas próprias palavras:

A questão é, naturalmente, se será possível amalgamar tudo e


meramente descobrir que este mundo representa diferentes aspectos
de uma coisa? Ninguém sabe. Tudo o que sabemos é que, à medida
que avançamos, descobrimos que podemos amalgamar peças e depois
descobrimos algumas peças que não se encaixam e continuamos
a montar o quebra-cabeça. Se existe um número finito de peças, ou
mesmo se existe um limite para o quebra-cabeça, isto é naturalmente
um mistério. Nunca saberemos até terminar o quadro, se terminarmos
(FEYNMAN, 2008, p. 2).

É nesse sentido que temos que ver o método científico como um aliado
dessa construção do saber científico. Para tanto, precisa-se criar uma postura
científica ao longo da vida. Essa postura científica é independente de gostos
pessoais, crenças ou inclinações filosóficas. Para Cervo (2002, p. 13), a postura
científica está relacionada a uma virtude intelectual.

Como virtude intelectual, ela se traduz no senso de observação, no


gosto pela precisão e pelas ideias claras, na imaginação ousada, mas
regida pela necessidade da prova, na curiosidade que leva a aprofundar
os problemas, na sagacidade e no poder de discernimento. Moralmente,
a postura científica assume a atitude de humildade e de reconhecimento
de suas limitações, da possibilidade de certos erros e enganos.

7
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS E HISTÓRIA DA FÍSICA

3 ETAPAS DO MÉTODO CIENTÍFICO


Pleitez nos propõe as seguintes questões:

Como fazem os cientistas para obter conhecimento? Como deveriam


fazer? Como podemos fazer indagações a respeito? É lógica, psicologia,
sociologia da pesquisa científica ou quê? Que papel desempenham o
acaso, os preconceitos e a razão na pesquisa científica? É o método
científico suficiente para caracterizar uma atividade científica?
(PLEITEZ, 1996, p. 355).

No que se refere às grandes descobertas, para Pleitez, é difícil pensar em


apenas uma lógica da pesquisa, pois algumas descobertas foram obtidas por
sorte, acidente ou casualidade. Alguns exemplos de descobertas são a de Luigi
Galvani, que descobriu a corrente elétrica acidentalmente em 1780, Hans Christian
Oersted, que em 1820 descobriu o efeito da corrente elétrica sobre a agulha de
uma bússola, e a descoberta da conservação de energia em 1840 por J. Robert
Mayer, entre tantos outros exemplos dados pelo autor que pretendem mostrar
que o acaso e o preconceito acompanham a razão na obtenção do conhecimento.

Quando andamos na praia nos surpreendemos com a infinidade de cores e


formas da natureza. Podemos observar a areia da praia e imaginar em que a areia é
diferente das rochas, sentir o calor que emana dela para os nossos pés, sua cor que
difere quando está seca ou molhada. Observamos o mar, as ondas que quebram
uma após a outra, ouvimos o barulho delas, a espuma que deixam sobre a areia
quando retornam à luz, o sol, o céu azul, as nuvens, o vento, o barulho das ondas,
mas o que é som e por que ele varia? A luz, as cores, por que elas existem e quantas
cores existem? Por que às vezes parece que o vento vem do mar e outras vezes
ele vai para o mar? Por que às vezes a água do mar está gelada quando o sol está
irradiando e a noite ela continua quente quando o sol já se foi há muito tempo?

Talvez alguns de nós tentem analisar essas questões e resolvê-las


gradualmente, reunindo coisas que a princípio parecem diferentes, mas que talvez
sejam aspectos de uma mesma coisa. Feynman diz que talvez sejamos capazes de
reduzir o número de coisas diferentes e assim entendê-las melhor, para tanto
precisamos nos limitar a uma descrição simplificada e aplicar o método científico.
Veja o que ele disse quando estava discutindo sobre a física básica:

Há poucas centenas de anos atrás, um método foi concebido


para encontrar partes de tais questões. Observação, razão e
experiência constituem o que chamamos de método científico.
Teremos de nos limitar a uma descrição simplificada de nossa
visão básica do que às vezes é chamado de física fundamental,
ou ideias fundamentais que surgiram da aplicação do método
científico (FEYNMAN, 2008, p. 2-1).

8
TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO HISTÓRICA E MÉTODO CIENTÍFICO

Uma investigação científica começa quando os conceitos existentes são


insuficientes para explicar problemas e dúvidas que surgem, tornando necessário
ampliar, modificar ou substituir esses conceitos para resolver esses problemas ou
elucidar essas dúvidas. Nas palavras de Köche (1982, p. 30):
A investigação científica se inicia, portanto, (a) com a identificação de
uma dúvida, de uma pergunta que ainda não tem resposta; (b) com
o reconhecimento de que o conhecimento existente é insuficiente
ou inadequado para estabelecer essa dúvida; (c) que é necessário
construir uma resposta para essa dúvida e (d) que ela ofereça provas
de segurança e de confiabilidade que justifiquem a crença de ser uma
boa resposta.

No século XVI, Galileu introduziu o método experimental afirmando


que o conhecimento de uma lei poderia ser captado através da observação dos
fenômenos, enquanto para Aristóteles a essência íntima das coisas poderia ser
demonstrada através da argumentação lógica.

Dessa forma, era necessário criar um método que pudesse ser seguido
por todos os cientistas e que fornecesse conclusões confiáveis, podendo ser
reproduzido sempre que necessário para confirmar essas conclusões ou fornecer
novos aspectos a serem estudados. O método surgiu três séculos mais tarde com
o filósofo Francis Bacon, segundo Köche (1982, p. 50):

Esse método se tornou conhecido como método científico e deveria


ser utilizado para se atingir um conhecimento científico. Para Bacon
(1620), o método científico deveria seguir os seguintes passos:
a) experimentação: é a fase em que o cientista realizaria os
experimentos sobre o problema investigado, para poder observar e
registrar metódica e sistematicamente as informações que pudesse
coletar (experimento lucífero);
b) formulação de hipóteses: fundamentada na análise dos resultados
obtidos dos diversos experimentos, tentando explicar a relação
causal dos fatos entre si;
c) repetição da experimentação por outros cientistas: ou em outros
lugares, com a finalidade de acumular dados que possam servir
para a formulação de hipóteses (experimentos frutíferos);
d) repetição do experimento para a testagem das hipóteses: procurando
obter novos dados e novas evidências que as confirmassem;
e) formulação das generalizações e leis: pelas evidências obtidas,
depois de seguir todos os passos anteriores, o cientista formularia
uma lei que descobrir, generalizando suas explicações para todos
os fenômenos da mesma espécie.

Apesar de criar o método, Bacon não conseguiu produzir muitos resultados,


não conseguiu saltar do qualitativo para o quantitativo como tinha feito Galileu,
que foi considerado o pai da revolução científica moderna, ele introduziu a
matemática e a geometria como linguagens da ciência. Essa ciência surgiu para que
finalmente o homem pudesse ter esperança de entender a natureza de forma clara
e objetiva. Resumidamente, podemos afirmar que as etapas do método científico
são basicamente: observação, hipótese, experimentação, interpretação e conclusão.

9
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS E HISTÓRIA DA FÍSICA

Quando se conclui que os dados do experimento não comprovaram a


hipótese, torna-se necessário aplicar as etapas novamente desde o início, propondo
novas hipóteses e novos experimentos, normalmente em física experimental. Para
que um experimento esteja de acordo com a teoria a que o experimento se propõe a
comprovar, espera-se que o erro (desvio do valor esperado) não seja superior a 5%.

Em alguns casos a margem pode aumentar um pouco, um erro


experimental menor que 5% é considerado um bom resultado. No entanto, não
podemos esperar que o método científico seja um conjunto de procedimentos que
nos permite encontrar sempre os resultados esperados e que possa ser aplicado
em todos os tipos de investigações. A esse respeito, Moura (2014, p. 36) pontua:
Não há um método científico único, como uma “receita de bolo” a
ser seguida passo a passo. Certamente o fazer científico se baseia em
métodos, mas não em um único. O conhecimento científico é construído
com o uso de diversos métodos que envolvem a experimentação, a
elaboração e a verificação de hipóteses, as concepções e as expectativas
dos cientistas etc.; ou seja, o ponto a ser destacado é a multiplicidade
de formas como o trabalho científico é feito, e não exatamente como
essas formas se relacionam.

4 EXEMPLO DE APLICAÇÃO DO MÉTODO CIENTÍFICO


Durante as aulas de física experimental do segundo semestre de 2016,
o professor dividiu os alunos em dez equipes, para realizar dez experimentos
diferentes em forma de rodízio. O professor, no final do semestre, observou
que em todos os relatórios, referentes à prática de “queda livre”, o resultado
da “aceleração da gravidade”, a partir de dados experimentais, produzia um
desvio maior do que o aceitável. Confrontou os alunos e estes explicaram que ao
desligar o elotroímã, levava alguns segundos para desprender a esfera, o que os
levou a defenderem a hipótese de que esse retardo poderia produzir o desvio no
resultado final.

Os alunos refizeram o experimento substituindo o eletroímã por outro que


liberava a esfera imediatamente após ser desligado. As novas medidas forneceram
dados semelhantes aos anteriores e o desvio do valor esperado continuou muito
elevado. Assim, descartaram a hipótese de que o eletroímã fosse a causa do
problema com os resultados alterados, revisaram o procedimento e constataram
que não havia problemas com as etapas do experimento. Ao analisarem o aparatvo
experimental, notaram que a posição do eletroímã, onde a esfera metálica ficava
fixa até ser liberada do repouso, estava dez centímetros acima do primeiro sensor,
que marca o início do movimento.

O professor explicou para os alunos que ao arbitrarem o valor nulo para a


velocidade inicial incorriam num erro sistemático, pois a velocidade era nula ao
ser liberada do eletroímã. No entanto, não era nula quando passava pelo primeiro

10
TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO HISTÓRICA E MÉTODO CIENTÍFICO

sensor porque já havia percorrido dez centímetros e possuia uma velocidade inicial
diferente de zero. Pediu que eles reduzissem a distância do primeiro sensor até a
esfera e refizessem o experimento. Com os novos dados, recalcularam o valor da
aceleração da gravidade e constataram que o resultado se aproximou muito mais
do valor esperado, ou seja, reduzindo a distância entre o sensor e o eletroímã.
Assim, reduziram o erro experimental e eliminaram a velocidade inicial diferente
de zero, o que levou o resultado a um valor próximo da realidade.

Podemos observar como o método científico foi aplicado na situação


apresentada anteirormente e para que fique bem claro, vamos dividir a discussão
nas seguintes etapas descritas:

• Observação: em todos os relatórios referentes à prática de “queda livre”,


o resultado da “aceleração da gravidade”, a partir de dados experimentais,
produzia um desvio maior do que o aceitável.
• Hipótese 1: ao desligar o eletroímã este levava alguns segundos para desprender
a esfera e esse atraso poderia estar causando a discordância em questão.
• Experimento 1: refizeram o experimento substituindo o eletroímã por outro
que liberava a esfera imediatamente após ser desligado.
• Interpretação 1: as novas medidas forneceram dados semelhantes aos anteriores
e o desvio do valor esperado continuou muito elevado.
• Conclusão 1: descartou a hipótese de que o eletroímã fosse a causa do problema,
com os resultados alterados.
• Hipótese 2: a posição do eletroímã, onde a esfera metálica ficava fixa até ser
liberada do repouso, estava dez centímetros acima do primeiro sensor, que
marca o início do movimento.
• Experimento 2: pediu que eles reduzissem a distância do primeiro sensor até a
esfera e refizessem o experimento.
• Interpretação 2: com os novos dados recalcularam o valor da aceleração da
gravidade e constataram que o resultado se aproximou muito mais do valor
esperado.
• Conclusão 2: reduzindo a distância entre o sensor e o eletroímã, reduziram o
erro experimental, pois eliminaram a velocidade inicial diferente de zero, o que
levou o resultado a um valor mais próximo da realidade.

Em física experimental, o método científico sempre é aplicado, por isso,


quando você estiver fazendo práticas experimentais com os seus alunos, sempre
chame a atenção deles para esse fato, bem como faça perguntas e induza-os a
chegarem sozinhos às conclusões. Não dê respostas prontas, deixe que eles
experimentem suas hipóteses.

No exemplo anterior o professor sabia que o problema não estava no


eletroímã, deixou que os alunos verificassem assim mesmo. Afinal de contas
a hipótese não estava tão fora do contexto, pois se o eletroímã estivesse ligado
ao cronômetro a demora de soltar a esfera poderia ter provocado o mesmo erro
experimental.

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RESUMO DO TÓPICO 1
Nesse tópico, você viu que:

• O método científico surgiu para impor uma postura crítica durante o processo
de construção do conhecimento, e que as leis que os filósofos e cientistas
expuseram não podiam mais ser fruto de uma mera abordagem teórica,
baseada em deduções lógicas ou observações empíricas.

• O senso comum deu lugar à comprovação dos fatos através da experimentação


e de modelos matemáticos cujos resultados deveriam ser submetidos à análise
e reprodução.

• Vários cientistas contribuiram para estabelecer um método que possibilitasse a


análise das descobertas realizadas, entre eles se destacaram Galileu, Descartes,
Bacon e Copérnico.

• O método científico possui algumas etapas que precisam ser cumpridas para
que os resultados possam ser considerados aceitáveis para a comprovação de
uma teoria.

• As etapas do método científico se resumem em observação, hipótese,


experimentação, interpretação e conclusão, devendo ser repetidas cada vez
que a conclusão não comprovar a hipótese, e observou como aplicar o método
através de um exemplo prático, um experimento sobre queda livre dos corpos.

12
AUTOATIVIDADE

1 Quem foi considerado o pai do método científico?

a) ( ) Francis Bacon.
b) ( ) Galileu Galilei.
c) ( ) Nicolau Copérnico.
d) ( ) Isaac Newton.
e) ( ) René Descartes.

2 Quais são as etapas do método científico?

a) ( ) Hipótese, observação, conclusão, experimentação, interpretação.


b) ( ) Interpretação, experimentação, hipótese, conclusão, observação.
c) ( ) Observação, experimentação, hipótese, conclusão, interpretação.
d) ( ) Observação, hipótese, experimentação, interpretação,
conclusão.
e) ( ) Hipótese, experimentação, observação, interpretação,
conclusão

3 A ciência não é considerada algo pronto, acabado ou definitivo. Não é a posse


de verdades imutáveis. Atualmente, a ciência é entendida como uma busca
constante de explicações e de soluções, de revisão e de reavaliação de seus
resultados, apesar de sua falibilidade e de seus limites. Nessa busca sempre
mais rigorosa, a ciência pretende aproximar-se cada vez mais da verdade por
meio de:

a) ( ) Modelos teóricos definidos matematicamente que proporcionem maior


controle, sistematização, revisão e segurança do que outras formas de
saber não científicas. Por ser dinâmica, a ciência busca renovar-se e
reavaliar-se continuamente. Ela é um processo em construção.
b) ( ) Métodos que proporcionem maior controle, sistematização, revisão
e segurança do que outras formas de saber não científicas. Por ser
estática, a ciência busca renovar-se e reavaliar-se continuamente. Ela é
um processo em construção.
c) ( ) Modelos teóricos definidos matematicamente que proporcionem maior
controle, sistematização, revisão e segurança do que outras formas
de saber não científicas. Por ser estática, a ciência busca renovar-se e
reavaliar-se continuamente. Ela é um processo em construção.
d) ( ) Métodos que proporcionem maior controle, sistematização, revisão
e segurança do que outras formas de saber não científicas. Por ser
dinâmica, a ciência busca renovar-se e reavaliar-se continuamente. Ela é
um processo bem construido e acabado desde o advento da internet.

13
4 Para Bacon (1620), o método científico deveria seguir os seguintes passos.
Relacione as duas colunas:

( ) Procurando obter novos dados e novas evidências que as


(I) Experimentação
confirmassem.
( ) É a fase em que o cientista realizaria os experimentos sobre
(II) Formulação das
o problema investigado, para poder observar e registrar
generalizações e
metódica e sistematicamente as informações que pudesse
leis
coletar (experimento lucífero).
( ) Pelas evidências obtidas, depois de seguir todos os passos
(III) Formulação de anteriores, o cientista formularia a lei que descobrir,
hipóteses generalizando suas explicações para todos os fenômenos da
mesma espécie.
(IV) Repetição do
( ) Fundamentada na análise dos resultados obtidos dos diversos
experimento para
experimentos, tentando explicar a relação causal dos fatos
a testagem das
entre si.
hipóteses
(V) Repetição da
( ) Em outros lugares, com a finalidade de acumular dados que
experimentação
pudessem servir para a formulação de hipóteses (experimentos
por outros
frutíferos).
cientistas

FONTE: Köche (1982, p. 50)

a) ( ) I, II, III, IV, V.


b) ( ) IV, I, II, III, V.
c) ( ) V, IV, III, I, II.
d) ( ) II, IV, III, V, I.
e) ( ) III, V, IV, II, I.

5 Quando um cientista formula uma hipótese ele está:

a) ( ) Coletando dados para estudar uma lei.


b) ( ) Observando um fenômeno para interpretar uma lei.
c) ( ) Interpretando um fenômeno através de uma lei.
d) ( ) Explicando um fato para prever outros.
e) ( ) Comprovando teorias estabelecidas.

6 Depois de observar um fenômeno, os alunos de um grupo de pesquisa


estabeleceram uma hipótese sobre esse fenômeno, realizaram alguns
experimentos para comprová-lo, porém a interpretação levou à conclusão
de que a hipótese estava errada. A conduta a seguir deveria ser:

a) ( ) Estabelecer uma nova hipótese.


b) ( ) Abandonar o problema.
c) ( ) Passar o problema para um novo grupo de estudos.
d) ( ) Refazer os experimentos.
e) ( ) Procurar outro problema para estudar.

14
7 O método científico é muito importante na construção do saber científico,
para que ele funcione é necessário que o cientista tenha uma postura honesta
diante das questões que está estudando, muitas vezes os resultados aos
quais ele chega são bem diferentes do que os que ele gostaria que fossem.
Quando isso acontece. O melhor a fazer, segundo uma postura científica, é:

a) ( ) Assumir uma atitude de humildade e de reconhecimento de suas


limitações, da possibilidade de certos erros e enganos.
b) ( ) Alterar os resultados para moldá-los conforme a hipótese que ele
estabeleceu no início.
c) ( ) Sentir-se frustado e admitir que existem cientistas melhores e mais
capazes.
d) ( ) Esconder os resultados e postergar as conclusões até que apareçam
novos dados.
e) ( ) Ajustar o problema às teorias estabelecidas previamente.

15
16
UNIDADE 1
TÓPICO 2

MEDIDAS FÍSICAS E INSTRUMENTOS DE MEDIDA

1 INTRODUÇÃO
Olá, futuro professor! Você está diante do desafio de iniciar no universo da
física, serei a sua mestra nesses passos iniciais. Você certamente tem consciência
de como é importante adquir os meios necessários para alcançar os seus alunos,
por isso que está fazendo agora a disciplina de física fundamental, o estudo das
unidades de medida.

Saiba que tudo que gira em torno dos fenômenos físicos está relacionado
a essas unidades, sem elas seria impossível fazer medidas, chegar a conclusões ou
simplesmente fazer uma estimativa verdadeira sobre um fenômeno observado.

Quando você estiver ensinando, lembre-se de sempre de conscientizar o


seu aluno da importância de empregar as unidades corretas e se certificar de que
as respostas dos problemas estão coerentes com essas unidades.

Espero que você tenha o mesmo entusiasmo no estudo desse assunto que
eu tive para redigí-lo. Vamos começar esse estudo com uma pequena incursão
nas origens das unidades de medida para depois aprender a lidar com elas.

Desde a antiguidade até hoje, as civilizações têm encontrado formas


de padronizar quantidades, para tanto foram empregadas medições que
dependiam de algum padrão previamente estabelecido, muitas vezes baseados
em partes do corpo.

Os egípcios, há aproximadamente 4000 anos, utilizavam o côvado, que


consistia no comprimento entre o cotovelo e a ponta do dedo médio do faraó.
Observe:

17
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS E HISTÓRIA DA FÍSICA

FIGURA 2 – CÔVADO

FONTE: A autora

O côvado era subdividido em sete palmos (medida do comprimento dos


quatro dedos juntos). Atualmente, o palmo é utilizado como uma medida caseira
e corresponde à distância em linha reta do dedo mindinho ao polegar, observe
a Figura 3. Muitos povos adotaram o côvado como padrão de medida para o
comprimento, mas essa unidade variava muito de lugar para lugar.

FIGURA 3 – PALMO

FONTE: Disponível em: <https://www.slideshare.net/claudia2chaves/


medidas-de-superfcie-massa-e-capacidade?nomobile=true>. Acesso
em: 25 set. 2017.

Na bíblia, falando sobre a construção da arca de Noé, lê-se em Gênesis


6,15: “E desta maneira a farás: de trezentos côvados o comprimento da arca, e de
cinquenta côvados a sua largura, e de trinta côvados a sua altura”.

18
TÓPICO 2 | MEDIDAS FÍSICAS E INSTRUMENTOS DE MEDIDA

O côvado egípcio era diferente do côvado romano, por exemplo, o que


dificultava as transações comerciais entre os povos, tornando necessária uma
padronização mais universal.

Essa padronização foi sendo alcançada com o passar dos séculos, à medida
que as civilizações foram se aprimorando e o conhecimento foi sendo difundindo
entre elas. Os países mais desenvolvidos criaram comitês para discutirem esse
tema e fixarem valores para as unidades de medida que eram reproduzidas no
restante dos países.

2 MEDIÇÕES E UNIDADES DE MEDIDA


O ato de medir é uma comparação que se faz entre duas medidas da
mesma natureza, tomando uma delas como padrão. Chamamos esse padrão de
unidade de medida.

Algumas unidades são chamadas de unidades fundamentais porque


pertencem às grandezas básicas que são o comprimento, a massa, o tempo e a
temperatura, veja a Tabela 1. A partir delas são formadas as outras unidades que
chamamos de unidades derivadas.

Por exemplo, o metro (m) e o segundo (s) são unidades fundamentais. Já o


metro por segundo (m/s) é uma unidade derivada das duas anteriores. A unidade
de área, metro quadrado (m2) é uma unidade derivada da unidade fundamental
metro (m).

As unidades fundamentais estão relaciondas na tabela a seguir e pertencem


às grandezas básicas.

TABELA 1 – UNIDADES FUNDAMENTAIS

GRANDEZA UNIDADE SIMBOLO DA UNIDADE

Comprimento Metro m

Massa Quilograma g

Tempo Segundo s

Temperatura absoluta Kelvin k

FONTE: A autora

19
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS E HISTÓRIA DA FÍSICA

O côvado e o palmo são unidades de medida de comprimento, utilizadas


em medições de terras, construções e qualquer medição em que seja necessário
saber o valor de uma distância.

Outra unidade de comprimento utilizada atualmente nos Estados Unidos,


para se referir a distâncias percorridas pelos atletas no futebol americano, é a
jarda que é a medida entre o nariz e a ponta do polegar com o braço esticado na
Figura 4.

FIGURA 4 – JARDA

A Jarda

0,91 cm

FONTE: Disponível em: <https://emmnuel-sheila.blogspot.com.br/2014/06/


comprimento-outras-medidas.html>. Acesso em: 25 set. 2017.

Quanto ao volume, ao peso, ao tempo, à velocidade, à presão, à temperatura


e a outras medidas que precisam ser conhecidas tanto nas transações comerciais
quanto em fórmulas e controle de processos, que padrões podem ser utilizados?

Para medir uma distância podemos utilizar uma régua, por exemplo.
Como são medidas todas as outras quantidades físicas que conhecemos?

À cada medida estão associados um instrumento e uma unidade a ser


empregada nessa medição. Vamos começar entendendo o que é cada uma dessas
medidas e depois veremos com que instrumento podemos fazê-las. Para tanto,
vejamos agora, cada uma das grandezas básicas.

20
TÓPICO 2 | MEDIDAS FÍSICAS E INSTRUMENTOS DE MEDIDA

2.1 COMPRIMENTO
Para medir o comprimento de um ponto ao outro, basta esticar a trena
entre esses dois pontos, colocando a marcação zero no primeiro ponto, e anotar
o valor que a escala fornece na outra extremidade da trena, onde se localiza o
segundo ponto.

Pode-se medir o comprimento de uma pista de corrida e encontrar o valor


em milhas, se estiver morando nos Estados Unidos, ou encontrar em quilômetros
se estiver morando no Brasil.

Em aviação utiliza-se o pé para referir-se à altitute em que se encontra um


avião, na navegação é comum utilizar a légua para distâncias percorridas dentro
da água.

Ao comprar algum equipamento elétrico como um cabo condutor ou um


conduite, você terá que optar por algum tipo específico entre vários que estão
relacionados numa tabela, fornecendo o diâmetro de cada um em polegadas.

A altura, a largura e o comprimento são grandezas que se referem às


distâncias que podem ser medidas em metros, milhas, polegadas, pés, milimetros,
centímetros, anos-luz e jardas. Dependendo apenas do instrumento que se tem
à disposição no momento da medida e o país em que se está fazendo a medição.

O quilômetro, o centímetro e o milímetro são múltiplos e submúltiplos da


unidade de comprimento conhecida como metro.

O metro foi definido em 1972, sendo um décimo milionésimo da distância


entre o Polo Norte e o Equador, pela República da França que criou um sistema
de padrões e medidas.

Em 1983, com o avanço da tecnologia e o aumento da precisão nos


instrumentos de medida, na 17ª Conferência Geral de Pesos e Medidas definiu-se
o metro como sendo a distância que a luz percorre no vácuo em uma fração de
1/299.792.458 do segundo.

Você poderá pedir aos seus alunos para criarem uma unidade de medida
de comprimento baseada em alguma parte do corpo deles, o tamanho do dedo
indicador, por exemplo. Pedir para que cada aluno meça o seu próprio dedo e
depois adote essa unidade para medir a carteira em que está sentado, anotando
os resultados de cada um no quadro. Depois você pode comparar os valores
obtidos e mostrar para eles como os valores acabaram divergindo entre si e como
é importante ter uma padronização de unidades para que os valores sejam os
mesmos para todos.

21
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS E HISTÓRIA DA FÍSICA

2.2 MASSA
Segundo a definição newtoniana, ela pode ser entendida como a inércia
de um corpo, ou seja, a medida da resistência que um corpo oferece à mudança
em seu estado de movimento.

Existe um padrão de um quilograma de massa mantido no Escritório


Pesos e Medidas que se trata de um cilindro de platina-irídio, que foi replicado e
distribuído em diversos países como referência para a massa de um quilograma.

FIGURA 5 – QUILOGRAMA PADRÃO DE MASSA INTERNACIONAL


CILINDRO DE PLATINA-IRÍDIO DE 3,9 CM DE ALTURA E 3,9 CM
DE DIÂMETRO

FONTE: Halliday (2012, p. 6)

Atualmente, trabalhos têm sido desenvolvidos para modernizar a


padronização da medida da massa, uma vez que das grandezas fundamentais
aqui apresentadas, essa é a única que depende ainda de um objeto material para
comparação. Se compararmos a definição atual do quilograma, um cilíndro
metálico formado por uma liga de irídio e platina, com as demais grandezas,
comprimento e tempo, que são medidas em termos de grandezas físicas imutáveis,
como a velocidade da luz e o período de oscilação de um átomo de césio-133,
veremos que utilizar um objeto material para definir uma grandeza física pode
acarretar problemas de precisão, uma vez que a massa pode se alterar, mesmo
que muito pouco, com o tempo, seja por contaminação, quando manipulados,
ou perda de massa, causada por limpeza. Na verdade, essa alteração na massa
do quilagrama padrão aconteceu e foi detectada, em 1946, quando diversas
cópias do quilograma padrão, distribuídos entre os países assinantes do sistema
internacional de medidas (SI), foram reunidas para aferição. Em 2011, os países
membros do escritório internacional de pesos e medidas reconheceram essas
limitações para o quilograma e decidiram que, assim como acontece para o metro
e o segundo, uma constante física deve ser utilizada para a definição da unidade
de massa. A constante de Planck (h), que relaciona a frequência de vibração de

22
TÓPICO 2 | MEDIDAS FÍSICAS E INSTRUMENTOS DE MEDIDA

uma partícula a sua energia, foi a invariante escolhida para o trabalho. Para isso, a
conferência geral sobre pesos e medidas exige que h seja medida por, pelo menos,
dois métodos diferentes e os valores encontrados devem concordar em nível
suficientemente apurado.

Um desses métodos anseia fazer uma contagem de átomos em uma esfera


de silício puro, de massa um quilograma. Consideradas as esferas mais perfeitas
já criadas em laboratório, esses objetos valem algo em torno de 3,2 milhões de
dólares. Ao realizar a contagem do número de átomos, o número de Avogadro (NA)
já foi redefinido, e dessa forma a constante de Planck dentro de uma imprecisão
de 30 partes por bilhão. Veja que aqui ainda há o uso de um objeto material para
a definição do quilograma, agora ele não depende do objeto para ser definido,
mas sim da constante h que foi medida a partir da esfera. O pesquisador analisa
a esfera de silício usada no projeto internacional para redefinição do número de
Avogadro e consequente redefinição do parâmetro do quilograma.

FIGURA 6 – ESFERA DE SILÍCIO PURO

FONTE: Disponível em: <http://revistapesquisa.fapesp.br/2017/06/20/para-


manter-o-peso/?cat=ciencia>. Acesso em: 25 set. 2017.

Já o segundo método, utilizado pelos pesquisadores do National Institute


of standards and technology (NIST) situado nos EUA, se baseia na utilização de um
instrumento chamado balança de Watt, que utiliza a relação entre os fenômenos
gravitacionais e eletromagnéticos para a aferição da massa de um determinado
peso. Assim, foi possível aos pesquisadores medir h com uma imprecisão de
34 partes por bilhão, valor que se encontra em acordo com aquele medido pelo
método da esfera de silício. O objetivo de redefinir o quilograma em termos da
constante de Planck até o fim de 2018 deve ser alcançado, e mesmo que para
o cidadão comum essas mudanças não surtam efeitos paupáveis, elas vão
beneficiar e muito a indústria farmacêutica e o comércio internacional de bens.
Mesmo assim, essas mudanças trazem a possibilidade de qualquer um, que tenha

23
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS E HISTÓRIA DA FÍSICA

acesso a uma balança de Watt, realizar as medições necessárias para exercitar sua
compreensão sobre o padrão do quilograma. Na Figura 7, pode-se observar um
pesquisador que trabalha em uma balança de Watt, que utiliza a força magnética
como contrapeso, em comparação com as balanças antigas.

FIGURA 7 – BALANÇA DE WATT

FONTE: Disponível em: <http://revistapesquisa.fapesp.br/2017/06/20/para-manter-o-


peso/?cat=ciencia>. Acesso em: 25 set. 2017.

O volume V é a extensão de um corpo em três dimensões. Por exemplo,


um cubo de 2,0 metros de lado tem 8,0 metros cúbicos de volume (V = 2,0 m x 2,0
m x 2,0 m = 8,0 m3).

FIGURA 8 – CUBO DE ARESTAS IGUAIS A 2,0 m

FONTE: A autora

24
TÓPICO 2 | MEDIDAS FÍSICAS E INSTRUMENTOS DE MEDIDA

Existem várias unidades para o volume além do metro cúbico. O litro é


muito empregado em se tratando do volume de líquidos, um metro cúbico tem
mil litros, um galão tem 3,788 litros. É comum utilizar barris quando se lida com
petróleo líquido, um barril é equivalente a aproximadamente 35 galões.

Nos séculos XVII e XVIII era comum a utilização do barril conforme


mostra na Figura 9, para o transporte de alimentos em grandes quantidades nas
navegações menciona esse fato no seu livro Hutter (2005, p. 370).
A armada hispano-portuguesa foi aprisionada na Bahia para poder
retornar a Portugal, em parte, os alimentos enviados de Pernambuco,
despachados sob a ordem de Mathias de Albuquerque, então
governador: 270 barris de biscoito; 77 barris e 1688 botijas de azeite; 29
pipas de sal; 519 pipas de vinho; 4200 alqueires de farinha da terra; 73
terços e 120 quartos de farinha de trigo; 435 sacas de farinha das Ilhas;
550 chacinas (carne curada); 12550 peixes secos.

Na citação anterior encontramos outras unidades de medida, como, por


exemplo, a saca,  que é uma  unidade de medida  equivalente a 60000 gramas
utilizada no Brasil para medir grãos, e a pipa, que é uma unidade de medida para
líquidos originária da Europa.

Existem muitas unidades de medida para o volume dependendo do país


em que a medida é feita, poderíamos citar ainda o tonel e o almude, entre tantas
que tornariam nossa lista gigantesca.

FIGURA 9 – BARRIL DE TRANSPONTE DE ALIMENTOS OU BEBIBAS

FONTE: Disponível em: <http://www.freephotosbank.com/1206.html>. Acesso


em: 25 set. 2017.

25
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS E HISTÓRIA DA FÍSICA

A massa específica ou densidade ρ de um corpo é definida como a massa


de um corpo por unidade de volume:

m
 (equação 1)
V

Em que ρ é a densidade, m é a massa e V o volume.

Exemplo: sabendo que a densidade do ferro é de 7,8 g/cm3, determine a


massa de uma chapa de ferro de volume igual a 700 cm3.

SOLUÇÃO:

{
g
  7,8
cm3
DADOS:
V  700cm3
m?

Da equação (1), temos que:


m

V

g m
7,8 
cm 3
700cm3

g
m  7 ,8  700cm3  5640 g
cm 3

R.: A massa é de 5640 gramas.

Arquimedes foi um cientista nascido antes de Cristo que provou para o


rei que a sua coroa era falsa através de um experimento semelhante a este. Você
saberá mais sobre esse cientista e como realizar essa atividade experimental na
Unidade 2.

26
TÓPICO 2 | MEDIDAS FÍSICAS E INSTRUMENTOS DE MEDIDA

2.3 TEMPO
Desde o início das civilizações o homem teve que conviver com as
mudanças e com certos fenômenos naturais repetitivos. O dia virava noite escura
e a noite voltava a se tornar dia, trazendo consigo a luz.

As tarefas precisavam ser cumpridas enquanto era possível enxergar devido


à luz solar, isso o levou a perceber que existia uma duração aproximadamente
constante para o dia, e que a cada período de tempo certos fenômenos se repetiam,
como as fases da lua, as estações do ano, as posições das estrelas.

Assim, podemos imaginar que exista uma certa peridiocidade nos


eventos. Como poderíamos medi-los, para determinar se são, de fato, regulares?
Precisamos compará-los com algum evento periódico como, uma ampulheta.
Poderíamos descobrir quantas vezes tivemos que virar a ampulheta de uma
manhã até a manhã seguinte, e depois de alguns dias saberíamos o número de
vezes que tivemos que virar a ampulheta e dizer se foi sempre o mesmo. Seria
correto afirmar que a definição de tempo está baseada em repetições de algum
evento periódico.

O tempo passou a ser medido e fracionado conforme as necessidades


apareciam. Os caçadores, há 20.000 anos, marcavam os dias com gravetos,
os egípcios e os sumérios criaram calendários baseados nas fases da lua. Os
primeiros relógios criados pelo homem eram monolitos gigantes que projetavam
sua sombra no chão, que correspondia a certas horas do dia. Galileu utilizou
um pêndulo para marcar as frações de horas. Assim, utilizando um dispositivo
mecânico para contar os balanços e mantê-los em movimento com um relógio,
conforme mostra na Figura 10.

Concordamos que o pêndulo de um relógio oscile 3600 vezes em uma hora


(e existem 24 horas em um dia), e que devemos chamar o período desse pêndulo de
um segundo. Dividimos nossa unidade de tempo original em aproximadamente
105 partes. Podemos aplicar o mesmo princípio para dividir o segundo em partes
menores e menores. Você vai perceber que não é prático fazer pêndulos mecânicos
que sejam arbitrariamente mais rápidos, mas podemos, agora, fazer pêndulos
elétricos, chamados de osciladores, que podem fazer ocorrências periódicas
com um período bem pequeno de balanço. Nesses osciladores eletrônicos existe
uma corrente elétrica que balança de um lado para o outro, de forma análoga ao
balanço do prumo de um pêndulo (FEYMMAN, 2008).

27
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS E HISTÓRIA DA FÍSICA

FIGURA 10 – RELÓGIO

FONTE: Disponível em: <http://pt.freeimages.com/photo/public-clock-in-


prague-1636848>. Acesso em: 6 jul. 2017.

Atualmente o padrão de tempo é fundamentado num relógio atômico


no qual o segundo é equivalente a 9.192.631.770 oscilações da frequência de
ressonância do átomo de césio.

3 INSTRUMENTOS DE MEDIDA
Uma medida é a comparação de padrões, utiliza-se um padrão conhecido
como um metro e determinamos quantas vezes o metro cabe dentro da distância
que estamos medindo. Assim, podemos dizer que o instrumento de medida é um
dispositivo utilizado para quantificar grandezas físicas.

Existem muitos instrumentos de medida disponíveis no mercado, de


maior ou menor precisão. Dependendo a que se destina a medida, a precisão tem
grande relevância na hora de fazer uma medida, podemos utilizar o termômetro
para medir a temperatura de um corpo, mas para determinar o seu peso vamos
precisar de uma balança para medir a massa.

Assim, cada instrumento de medida se destina à medição de uma grandeza


específica, e muitas vezes vários desses instrumentos são utilizados ao mesmo
tempo para o monitoramento de uma pesquisa ou um processo de fabricação de
algum produto, como em alguns instrumentos de medida utilizados no dia a dia
e nos experimentos realizados na disciplina de física.

28
TÓPICO 2 | MEDIDAS FÍSICAS E INSTRUMENTOS DE MEDIDA

3.1 RÉGUA
A regua é utilizada para medir distâncias pequenas e para distâncias
maiores utiliza-se uma fita métrica ou uma trena, conforme mostra na Figura. Para a
mensuração de terrenos deve-se fazer uso do teodolito, que é um tipo de instrumento
óptico que leva em conta os ângulos verticais e horizontais na Figura 11.

FIGURA 11 – TEODOLITO

FONTE: Disponível em: <https://pixabay.com/pt/agrimensura-estaleiro-


teodolito-232550/>. Acesso em: 25 set. 2017.

FIGURA 12 – TRENA E PAQUÍMETRO

FONTE: Disponível em: <https://www.freepik.com/free-photo/construction-


plans-with-yellow-helmet-and-drawing-tools-on-bluep_1013653.
htm#term=medidas&page=1&position=16>. Acesso em: 27 out. 2017.

29
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS E HISTÓRIA DA FÍSICA

O paquímetro possui uma precisão muito maior que a trena, pois enquanto
a trena é utilizada para medir distâncias grandes, o paquímetro é utilizado para
medir distâncias muito pequenas.

O paquímetro na Figura, é utilizado para medições de corpos muito


pequenos como esferas de rolamentos ou sulcos nas peças de certos aparelhos.
Para distâncias ainda menores são empregados os micrômetros acoplados
em microscópios e que fazem medições de alta precisão na ordem de 0,000001
metros. Existem aparelhos ainda mais precisos que podem medir distâncias da
ordem dos átomos.

3.2 BALANÇA
A balança é utilizada para medir a massa de sólidos e líquidos. Existem
muitos tipos de balanças dependendo da quantidade que se deseja medir, na
balança da Figura 13 a medida fica restrita para corpos que tenham massas entre
50 gramas e 10000 gramas.

FIGURA 13 – BALANÇA

FONTE: Disponível em: <http://pt.freeimages.com/photo/


balance-1555066>. Acesso em: 25 set. 2017.

A balança de precisão, usada em laboratórios de química, possui elevada


sensibilidade com um alto grau de precisão, conforme mostra na Figura 14.

FIGURA 14 – BALANÇA DIGITAL

FONTE: Disponível em: <http://www.kern-sohn.com/manuals/


files/Portuguese/440-BA-p-0941.pdf>. Acesso em: 25 set. 2017.

30
TÓPICO 2 | MEDIDAS FÍSICAS E INSTRUMENTOS DE MEDIDA

Existem também as balanças para grandes portes de carga utilizadas em


indústrias, agropecuária e estradas, conforme mostra na Figura 15.

FIGURA 15 – BALANÇA GRANDE PORTE

FONTE: Disponível em: <http://www.oswaldofilizola.com.br/balancasp.html>. Acesso


em: 25 set. 2017.

3.3 CRONÔMETRO
O cronômetro é um instrumento criado para medir intervalos de tempo,
muito utilizado no laboratório de física, pois a maior parte dos experimentos
está associado a uma duração que precisa ser aferida para a observação de um
certo fenômeno. Trata-se de um relógio que mede os segundos durante um certo
intervalo e que pode ser iniciado ou interrompido conforme a medição que se
está efetuando na Figura 16.

FIGURA 16 – CRONÔMETRO

FONTE: A autora

31
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS E HISTÓRIA DA FÍSICA

Cada instrumento de medida está associado à unidade de medida,


quanto mais casas decimais puderem ser visualizadas na leitura, maior será
a precisão do instrumento. Por exemplo, uma régua graduada em milímetros
é mais precisa do que uma régua graduada em centrímetros. A diferença das
duas réguas pode ser percebida no número de casas decimais encontrado na
medição. Veja o exemplo a seguir.

Um metro e vinte centímetros se escreve como: 1,2 m.


Um metro, vinte e três centímetros se escreve: 1,23 m.

O primeiro caso possui um número menor de casas decimais do que o


segundo, portanto, o segundo é mais preciso do que o primeiro. Desta forma,
podemos dizer que o paquímetro é mais preciso do que a régua milimetrada, e o
micrômetro (resolução de 0,01 mm a 0,001mm) é mais preciso do que o paquímetro
(resolução de 0,05 mm a 0,02 mm).

Quanto mais preciso for o instrumento de medida, menor será o erro


experimental. No próximo tópico, na seção sobre algarismos significativos, você
entenderá melhor o que é erro experimental.

32
RESUMO DO TÓPICO 2
Nesse tópico, você viu que:

• Toda quantidade é expressa através de um valor numérico e uma unidade de


medida.

• Algumas grandezas físicas são apresentadas como temperatura, distância,


volume, massa, densidade, pressão entre outras.

• Temos as unidades e os instrumentos necessários para medi-las.

• Existe uma gama enorme de unidades para uma mesma medida e há a


necessidade de padronizá-las para facilitar a compreensão nos textos científicos
e as transações comerciais.

• Existem expressões matemáticas que as definem e foram efetuados cálculos em


alguns problemas relacionados a elas.

• Certos padrões de unidades como o metro, o quilograma e o segundo foram


estabelecidos em convenções internacionais.

• A questão da precisão na medida física varia de instrumento para instrumento.

• Com a manipulação das unidades de medida todos os cálculos devem ser


executados, preservando-se a unidade da grandeza durante as operações,
demonstrando de que modo elas se simplificam para obter a unidade correta
no final da operação.

33
AUTOATIVIDADE

1 Qual dos itens a seguir apresenta a combinação correta para as medidas de


um côvado, um palmo e uma jarda?

a) ( ) Côvado: medida do comprimento dos quatro dedos juntos; palmo:


medida do comprimento entre o cotovelo e o dedo médio do faraó;
jarda: medida entre o nariz e a ponta do polegar com o braço esticado.
b) ( ) Côvado: medida do comprimento entre o cotovelo e o dedo médio do
faraó; palmo: medida entre o nariz e a ponta do polegar com o braço
esticado; jarda: medida do comprimento dos quatro dedos juntos.
c) ( ) Côvado: medida do comprimento entre o cotovelo e o dedo médio do
faraó; palmo: medida do comprimento dos quatro dedos juntos; jarda:
medida entre o nariz e a ponta do polegar com o braço esticado.
d) ( ) Côvado: medida do comprimento entre o cotovelo e o dedo médio do
faraó; palmo: medida do comprimento dos quatro dedos juntos; jarda:
medida entre o nariz e a ponta do dedo médio com o braço esticado.
e) ( ) Côvado: medida do comprimento entre o cotovelo e o polegar do
faraó; palmo: medida do comprimento dos quatro dedos juntos; jarda:
medida entre o nariz e a ponta do polegar com o braço esticado.

2 Qual dos itens contêm apenas medidas de distância?

a) ( ) Jarda, metro, Pascal, Newton, quilograma.


b) ( ) Libra, centímetro, quilograma, Kevin, Celsius.
c) ( ) Côvado, Celsius, Pascal, litros, polegadas.
d) ( ) Quilograma, libras, Newton, Kelvin, gramas por
centímetros cúbicos.
e) ( ) Metros, quilômetros, jardas, pés, polegadas.

3 Na citação bíblica “E desta maneira a farás: de trezentos côvados o


comprimento da arca, e de cinquenta côvados a sua largura, e de trinta
côvados a sua altura“, o côvado se refere a que grandeza física?

a) ( ) Distância.
b) ( ) Densidade.
c) ( ) Volume.
d) ( ) Massa.
e) ( ) Força.

4 Quando uma faca está "cega" (não afiada), é necessária uma força maior
para descascar um abacaxi, do que quando ela está afiada. Por quê?

a) ( ) Porque a área de contato é maior e consequentemente é preciso uma


força maior para obter a mesma pressão sobre a casca.

34
b) ( ) Porque a área de contato é menor e consequentemente é preciso uma
força maior para obter a mesma pressão sobre a casca.
c) ( ) Porque a área de contato é maior e consequentemente é preciso uma
força menor para obter a mesma pressão sobre a casca.
d) ( ) Porque a área de contato é menor e consequentemente é preciso uma
força menor para obter a mesma pressão sobre a casca.
e) ( ) Nenhuma das alternativas está correta.

5 Relacione a grandeza física com o seu instrumento de medida.

I - Temperatura.
II - Distância.
III - Pressão.
IV - Força.
V - Tempo.
VI - Massa.

( ) Balança.
( ) Termômetro.
( ) Dinamômetro.
( ) Paquímetro.
( ) Manômetro.
( ) Cronômetro.

a) ( ) V, VI, III, I, IV, II.


b) ( ) VI, I, IV, II, III, V.
c) ( ) I, V, VI, III, IV, II.
d) ( ) V, VI, III, I, II, IV.
e) ( ) VI, I, III, IV, II, V.

6 Qual das medidas é mais precisa?

a) ( ) 2,33 m.
b) ( ) 2,30 m.
c) ( ) 2,3 m.
d) ( ) 2,330 m.
e) ( ) 2 m.

7 O que é temperatura? Assinale a alternativa correta:

a) ( ) É uma forma de energia que se transmite de um corpo a outro devido à


diferença de temperatura entre eles.
b) ( ) É uma grandeza que está associada ao grau de agitação das partículas
do corpo, quanto mais agitadas as partículas de um corpo, maior é a sua
temperatura.
c) ( ) É uma energia em trânsito.

35
d) ( ) É um tipo de calor.
e) ( ) É uma grandeza associada ao grau de agitação das partículas do
corpo, quanto mais agitadas as partículas de um corpo, menor é a sua
temperatura.

8 Determine a pressão sobre um nadador que se encontra a 10 m abaixo da


água do mar. Considere a densidade do mar igual a 1030 kg/m3, a aceleração
da gravidade igual a 9,81 m/s2 e a pressão atmosférica igual a 105 Pa.

a) ( ) 2 x 105 Pa.
b) ( ) 1,02 x 105 Pa.
c) ( ) 2,01 x 103 Pa.
d) ( ) 1,02 x 103 Pa.
e) ( ) 2,0 x 106 Pa.

36
UNIDADE 1
TÓPICO 3

NOTAÇÃO CIENTÍFICA

1 INTRODUÇÃO
Atualmente são realizados cálculos, tanto no ramo da tecnologia quanto
da ciência, que envolvem grandezas físicas com valores muito pequenos, relativos
às dimensões atômicas, ou muito grandes, relativos às dimensões de galáxias
(BAPTISTA, 2001).

Tais números escritos da forma natural contêm muitos algarismos, o que


dificulta inserir esses valores na calculadora, por essa razão optou-se por dar
mais importância à ordem de grandeza do que ao valor exato, podendo ter uma
diferença na unidade do valor final.

Assim, um valor como o tempo de Planck:

0,00000000000000000000000000000000000000000001

Ficaria mais legível escrito como 10-43 s.

Desse modo, utilizando as regras de arredondamento da física essa


constante poderia ter qualquer valor menor que cinco expressa na parte diferente
de zero que sua ordem de grandeza continuaria sendo a mesma (BAPTISTA,
2001, p. 132).

Essa forma de expressar grandezas é conhecida como notação científica.


Na época de Arquimedes havia uma dificuldade de representar números muito
grandes. A representação desses números era constituída pelas 24 letras do
alfabeto acrescidas de 3 letras arcaicas, possibilitando três ordens de grandeza, as
unidades, as dezenas e as centenas, conforme Quadro 1 (BAPTISTA, 2001, p. 132).

37
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS E HISTÓRIA DA FÍSICA

QUADRO 1 – REPRESENTAÇÃO ALFABÉTICA DOS NÚMEROS NA GRÉCIA ANTIGA

Ordem de Grandeza Representação

Mainúsculas
Unidades α β γ δ ε ς ζ η θ

Letras
Dezenas ι κ λ µ ν ξ ο π ϙ

Centenas ρ σ υ ϕ χ ψ ω ϡ

Unidades А В Г ∆ Е ‫׆‬ Ζ H Θ

Maiúsculas
Letras
Dezenas Ι Κ Λ Μ Ν Ξ Ο Π ˁ
Centenas P Σ T Y ф X Ψ Ω m

FONTE: Baptista (2001, p. 132)

As grandezas na ordem de 1000 eram representadas por combinações


dessas letras, Quadro 2.

QUADRO 2 – REPRESENTAÇÃO ALFABÉTICA DOS MILHARES

1.000 2.000 3.000 4.000 5.000 6.000 7.000 8.000 9.000

Minúscula ֽα ֽβ ֽγ ֽδ ֽε ֽς ֽζ ֽη ֽθ

Maiúscula ӀА ӀB ӀΓ ӀΛ ӀΕ Ӏ‫׆‬ ӀΖ ӀΗ ӀΘ

FONTE: Baptista (2001, p. 132)

Havia um nome especial para o número 10.000, a myriade. O maior valor


possível, nesse sistema era o número 100.000.000, myriades de myriades.

A dificuldade de expressar valores maiores que cem milhões levantou


algumas discussões entre os pensadores da época e levou Arquimedes a propor
um sistema em que cada número poderia ser escrito em uma unidade que
correspondia a um número tradicional expresso em myriades.

Nas tabelas a seguir encontram-se alguns exemplos dos valores para o


comprimento de algumas distâncias e alguns intervalos de tempo escritos em
notação científica.

38
TÓPICO 3 | NOTAÇÃO CIENTÍFICA

TABELA 2 – EXEMPLOS DE COMPRIMENTOS

Alguns Comprimentos Aproximados


Descrição Comprimento em Metros
Distância das galáxias mais antigas 2 x 1026
Distância das galáxias de Andrômeda 2 x 1022
Distância da estrela mais próxima, Proxima Centauri 4 x 1016
Distância de Plutão 6 x 1012
Raio da Terra 6 x 106
Altura do Monte Everest 9 x 103
Espessura desta página 1 x 10-4
Comprimento de um vírus típico 1 x 10-8
Raio do átomo de hidrogênio 5 x 10-11
Raio do próton 1 x 10-15

FONTE: Halliday (2012, p. 4)

TABELA 3 – EXEMPLOS DE ALGUNS INTERVALOS DE

Alguns Intervalos de Tempo Aproximados


Descrição Intervalo de Tempo em Segundos
Tempo de vida de próton (teórico) 3 x 1040
Idade do universo 5 x 1017
Idade da pirâmide de Quéops 1 x 1011
Expectativa de vida de um ser humano 2 x 109
Duração de um dia 9 x 104
Intervalo entre duas batidas de um coração humano 8 x 10-1
Tempo de vida do múon 2 x 10-6
Pulso luminoso mais curto obtido em laboratório 1 x 10-16
Tempo de vida da partícula mais instável 1 x 10-23
Tempo de Planck 1 x 10-43
"Tempo decorrido após o big bang a partir do qual as leis de física que conhecemos passaram a ser válidas".

FONTE: Halliday (2012, p. 5)

2 ALGARISMOS SIGNIFICATIVOS
Escrever um número utilizando uma potência de dez facilita a sua
visualização. Os alunos costumam encontrar alguma dificuldade ao resolver
problemas em que as grandezas têm as suas intensidades expressas em potência
de dez. Por essa razão, você, como professor de física, precisa ajudá-los a superar
essa dificuldade.

39
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS E HISTÓRIA DA FÍSICA

Um valor em notação científica, como é o caso da pressão atmosférica, 1,01


x 105 Pa, por exemplo, possui três algarismos que estão multiplicando a potência
105. Esses três algarismos são chamados de algarismos significativos.

Em textos científicos, como artigos, dissertações e teses procura-se


utilizar esse tipo de notação porque não deixa dúvidas quanto à quantidade de
algarismos significativos de uma medida física, por exemplo, 1,01 x 105 Pa, possui
três algarismos significativos que 1, 0 e 1.

Os algarismos significativos estão associados ao grau de precisão de


um instrumento de medida, veja a Figura 17. Observe que a proveta da direita
possui 50 ml divididos em partes iguais de 1 ml, enquanto da esquerda tem uma
capacidade de 100 ml dividia em 100 partes iguais de 1 ml.

Existem algumas regras que devem ser observadas nas operações


envolvendo os algarismos, para que os arredondamentos sejam feitos do modo
correto. Tudo isso é importante porque tratam-se de grandezas mensuráveis
e muitas vezes os resultados obtidos em um experimento passam por uma
verificação que deve produzir os mesmos resultados.
FIGURA 17 – PROVETA

FONTE: Disponível em: <http://www.freeimages.com/photo/lab-1418882>.


Acesso em: 25 set. 2017.

Algarismos significativos são todos os algarismos de uma medida física.


Eles estão relacionados à precisão do instrumento utilizado na medida. Cada
instrumento está medindo uma grandeza física, como pressão, velocidade,
temperatura, e cada uma dessas medidas possui um grau de precisão que está
relacionado à quantidade de números que aparece na medida.

40
TÓPICO 3 | NOTAÇÃO CIENTÍFICA

Por exemplo, 35,40 °C (quatro algarismos significativos) é mais preciso


que 35,4 °C (três algarismos significativos) porque no primeiro caso temos uma
casa decimal a mais que no segundo.

O último algarismo é chamado de algarismo duvidoso porque trata de um


número do qual não se tem certeza, é a aproximação que se dá ao fazer a medida.
Além disso, é preciso tomar cuidado com os zeros dos valores, pois dependendo
da posição que eles ocupem poderão ser considerados ou não.

Zeros à esquerda dos números não são algarismos significativos, por


exemplo o número 0,00243 possui três algarismos significativos.

Zeros entre os números de 1 a 9 devem ser contados como algarismos


significativos, por exemplo o número 0,03045 tem quatro algarismos significativos.
Zeros à direita de números que estão depois da vírgula sempre devem ser
contados como algarismos significativos, por exemplo, o número 0,03400 tem
quatro algarismos significativos.

Observe na Figura 18 que o termômetro está quase em 35,0 ºC, poderíamos


ter dúvida se o valor marcado é 35,0 ou 34,9 graus, portanto, a medida tem três
algarismos significativos sendo o último número um algarismo duvidoso.

Depois do algarismo duvidoso não pode haver mais nenhum número. Não
faria sentido algum escrever 34,92 ou 35,05, o quarto número que está aparecendo
depois do algarismo duvidoso não faz nenhum sentido. Só podemos presumir
um número entre as marcas da graduação e estimar um segundo número seria
um absurdo.

FIGURA 18 – TERMÔMETRO

FONTE: Disponível em: <http://www.freeimages.com/photo/


thermometer-1417276>. Acesso em: 25 set. 2017.

41
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS E HISTÓRIA DA FÍSICA

3 COMO FAZER UM ARREDONDAMENTO DE UMA MEDIDA


FÍSICA
Observe o conteúdo no recipiente da Figura 19, o nível está um pouco
acima do risco que indica um conteúdo de 150 ml. Desse modo poderíamos fazer
uma estimativa do seu valor e dizer que o conteúdo do recipiente é de 160 ml,
mas não temos certeza disso. O resultado gerou uma dúvida que precisamos
levar em consideração.

Quando são realizados cálculos com grandezas medidas através de


instrumentos com pouca precisão, é necessário ter cuidado de apresentar o
resultado dentro de uma mesma ordem de precisão. Se o resultado estiver com um
número maior de algarismos significativos ele não estará retratando a realidade
do experimento e as conclusões podem se tornar equivocadas.

FIGURA 19 – ERLENMEYER DE VIDRO GRADUADO CONTENDO


UM LÍQUIDO

FONTE: Diponível em: <http://www.freeimages.com/photo/liquid-


contained-1427043>. Acesso em: 25 set. 2017.

Devemos notar que qualquer medição que é feita é sempre um valor


aproximado, por mais cuidadoso que seja o experimentador. Uma medida
está sempre associada a uma incerteza que chamamos de erro ou desvio. Uma
incerteza obtida através de métodos estatísticos relacionada às várias medições,
em um ensaio experimental, é chamada de desvio padrão. Tabacniks (2009, p. 3)
afirma que:
O valor de uma grandeza submetida à medição costuma ser adquirido
através de um procedimento, que envolve algum instrumento
de medição. O próprio processo de medida, como o instrumento
utilizado, tem limite de precisão e exatidão. Toda medida realizada
tem uma incerteza associada que procura expressar a nossa ignorância

42
TÓPICO 3 | NOTAÇÃO CIENTÍFICA

(no bom sentido) do valor medido. A seleção do processo de medida,


do instrumento usado e a reprodutibilidade da grandeza medida têm
que ser expressas de alguma forma.

Como exemplo, vamos citar uma experiência em que se pretende


determinar o valor da velocidade de um móvel, para tanto foram feitas cinco
medidas do tempo gasto para percorrer a mesma distância. Obteve-se,
respectivamente: 0,30310 ms; 0,30116 ms; 0,29920 ms; 0,30231 ms; 0,29830 ms.
A média das medições forneceu: 0,3008 ms. Os desvios individuais em relação
à média são: 0,0023; 0,00036; 0,0016; 0,00151; 0,0025. Elevando esses valores ao
quadrado temos: 0,00000529; 0,0000001296; 0,00000256; 0,00000228; 0,00000625,
cuja soma vale: 0,00001651, dividindo pelo número de medições menos 1, temos:
0,0000041275. Extraindo a raiz quadrada, 0,0020316, temos o desvio padrão de
aproximadamente 0,0020, arredondando para o mesmo número de casas decimais
das medidas efetuadas.

Podemos utilizar a seguinte fórmula para calcular o desvio padrão D,

  xi  x 
2

D
 n  1

Em que xi é o valor individual da medida , x é o valor da média das medidas


e n o número de medições.

Assim, o valor final das medidas é expresso como:

0,3008 ± 0,0020 ms

Vejamos algumas regras de arredondamento. Não se deve escrever


algarismos sem significado, sendo assim, é necessário omitir todos os algarismos
sobre os quais não se tem informação.

Primeiro caso: o número que você deseja eliminar do valor total é maior
que cinco.

Regra: elimina-se o número e todos que se encontram depois dele, em


seguida se acrescenta uma unidade no anterior.

Exemplos:

a) 34,56 = 34,6.
b) 102, 4765 = 102,5.
c) 69,0002 = 70.
d) 0,00020066 = 0,000201.
e) 4,9942100 = 5,0.

43
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS E HISTÓRIA DA FÍSICA

f) 7092,0037 = 7092,004.
g) 0,093506 = 0,094.

Segundo caso: o número que você deseja eliminar do valor total é menor
que cinco.

Regra: elimina-se o número e todos que se encontram depois dele, em


seguida se mantém o que sobrou.

Exemplos:

a) 34,54 = 34,5.
b) 102, 4365 = 102,4.
c) 62,0002 = 60.
d) 0,000074 = 0,00007.
e) 0,002014 = 0,002.
f) 9,0032 = 9,00.

Terceiro caso: o número que você deseja eliminar do valor total é igual a cinco.

Regra: quando o número precedente do 5 for par, o mantemos 24.65 >>


24.6. Quando o número precedente for ímpar, somamos uma unidade a ele 24.75
<< 24,8.

Exemplos:

a) 34,552 = 34,6.
b) 34,55 = 34,6.
c) 102, 4565 = 102,4.
d) 65,3002 = 60.
e) 75,00 = 80.
f) 0,00151 = 0,002.
g) 0,032050 = 0,0320.

Agora vamos estudar os algarismos significativos e aprender a


executar operações matemáticas com eles, levando em conta essas regras de
arredondamento.

4 OPERAÇÕES COM ALGARISMOS SIGNIFICATIVOS


Quando as grandezas físicas que foram medidas são substituidas em
fórmulas ou se realiza qualquer operação matemática com elas, o resultado deve
conter o número de algarismos do valor obtido pelo instrumento menos preciso.
Segundo Nagashima (2011):

44
TÓPICO 3 | NOTAÇÃO CIENTÍFICA

Quando fazemos uma medição de um dado objeto, usando um


instrumento de medida, percebemos que o ato de medir é estar fazendo
uma comparação com uma unidade associada ao instrumento. Outra
observação que podemos ressaltar é que, ao efetuarmos medições
de alguma grandeza nem sempre esta pode ser obtida diretamente.
Por exemplo, para quantificar uma área de um terreno necessitamos
primeiramente efetuar medidas de comprimentos que delimitam
o terreno, para depois determinarmos a área por meio de cálculos
algébricos. Diferenciamos, neste exemplo, então as medidas diretas
que são as dos comprimentos e a medida indireta que é a da área
(NAGASHIMA, 2011, p. 5).

Agora você verá como realizar operações matemáticas básicas e como


arredondar os resultados para manter o número de algarismos coerente com a
experiência realizada, de modo que possa ser repetida por outros cientistas e
permanecer dentro da mesma faixa de erro percentual.

4.1 ADIÇÃO E SUBTRAÇÃO


O resultado de uma adição ou subtração de valores expressos com
algarismos significativos deve ter o mesmo número de algarismos daquele de
menor precisão. Nas palavras de Filho et al. (2010, p. 3):

A adição ou subtração de números que possuem algarismos


significativos é feita com o alinhamento das casas decimais, sendo
completados com zero, da mesma forma que em uma operação
aritmética de soma e subtração convencional. Ao final da operação,
o número de algarismos significativos do resultado é o mesmo do
elemento somado com menor precisão.

Exemplo: arredonde o resultado das somas e subtrações a seguir:

a) 43,21 cm + 600,1 cm + 2,505 cm = 645,82 que arredondando se torna 645,8 cm.


b) 0,000045 lb + 0,03402 lb + 0,0200 lb = 0,054065 que arredondando se torna 0,0541 lb.
c) 0,043 cm + 45, 2 lb = ERRO.

Cuidado: grandezas com unidades diferentes não podem ser somadas ou


subtraídas!

d) 43,21 cm - 600,1 cm - 2,505 cm = - 559,40 que arredondando se torna - 559,4 cm.


e) 2,92 m – 0,3 m = 2,62 que arredondando se torna 2,6 m.
f) 0,043 cm - 45,2 cm = - 45,157 que arredondado se torna 45.2 cm.
g) 0,043 cm - 45,2 lb = ERRO.

45
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS E HISTÓRIA DA FÍSICA

4.2 MULTIPLICAÇÃO E DIVISÃO


Na multiplicação ou divisão o resultado deve conter o mesmo número
de algarismos significativos da medida com o menor número de algarismos
significativos. Filho et al. (2010, p . 4) afirma:
A multiplicação ou divisão de números com algarismos significativos
também deve ser feita da mesma forma que em uma operação
aritmética convencional. No resultado final o número de algarismos
significativos do produto ou da divisão de dois ou mais números
(medidas) deve ser igual ao número de algarismos significativos do
fator menos preciso.

Caso as medidas a serem multiplicadas possuam a mesma precisão,


o resultado deverá possuir o mesmo número de algarismos significativos da
medida com o menor número de algarismos significativos.

Exemplos: arredonde o resultado das multiplicações e divisões a seguir:

a) 2,000 m x 9,00 m =
(2,000m) x (9,00m) = 18,00m2

Em que arredondando se torna 18,0 m2

b) 14,0 m x 2,0 m2 =
(14,0m) x (2,0m2) = 28,0m3

Em que arredondando se torna 28 m3

c) 14,534 kg x 9,81 m/s2 =

kg . m
14, 534kg    9, 81 sm   142, 58
 

2
 s2

Em que arredondando se torna 143 kg.m/s2

a) 36,0 m3 : 2,000 m =
36 ,0m3
= 18 ,0m2
2 ,000m

46
TÓPICO 3 | NOTAÇÃO CIENTÍFICA

Em que arredondando se torna 18,0 m2.

b) 36,0 N : 2,0 m2 = 18,0


36 , 0 N
= 18N / m2
2 , 0m 2

Em que arredondando se torna 18 N/m2.

c) 9894 lb : 2,33 pe2 =


9894lb
= 4246 , 4lb / pe 2
2 , 33pe 2

Em que arredondando se torna 425 lb/pe2.

5 VALOR DA MEDIDA EXPRESSA EM POTÊNCIAS DE DEZ


As potências de dez são valores múltiplos de dez. Observe a tabela 4 :Assim,
10 x 10 x 10 x 10 x 10 = 105, ou seja, 100000 = 105.

Um valor muito alto como 299000000 m/s ou um valor muito baixo como
0,00000000000000000031 kg são visualizados mais facilmente se escritos numa
potência de dez. O resultado fica 299 x 106 m/s para o primeiro valor e 31 . 10-20 kg.

Exemplos: escreva os valores a seguir utilizando potências de dez.

a) 365000 = 365 . 103.


b) 0,00024 = 24 . 10-5.
c) 0,0201 = 201 . 10-2.

Observação: ao transformar um número para a potência de dez não


esqueça de que ao deslocar a vírgula para a esquerda você precisa aumentar uma
unidade do expoente (365000,0 x 100 = 36500,00 x 101 = 3650,000 x 102 = 365,0000
x 103), e ao deslocar para a direita dimunir uma unidade do expoente (0,00024 x
100 = 00,0024 x 10-1 = 000,024 x 10-2 = 0000,24 x 10-3 = 00002,4 x 10-4 = 000024,0 x 10-5).

47
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS E HISTÓRIA DA FÍSICA

TABELA 4 – POTÊNCIAS DE 10
Número Potência de 10
1 100
10 101
100 102
1000 103
10000 104
100000 105
1000000 106
10000000 107
100000000 108
1000000000 109
10000000000 1010
0,0000000001 10-10
0,000000001 10-9
0,00000001 10-8
0,0000001 10-7
0,000001 10-6
0,00001 10-5
0,0001 10-4
0,001 10-3
0,01 10-2
0,1 10-1

FONTE: A autora

Na tabela a seguir encontram-se alguns exemplos de massas com suas


unidades em potências de 10.

TABELA 5 – EXEMPLOS DAS MASSAS DE ALGUNS CORPOS

Algumas Massas Aproximadas


Massa em
Descrição
Quilogramas
Universo conhecido 1 x 1053
Nossa galáxia 2 x 1041
Sol 2 x 1030
Lua 7 x 1022
Asteroide Eros 5 x 1015
Montanha pequena 1 x 1012
Transatlântico 7 x 107
Elefante 5 x 103

48
TÓPICO 3 | NOTAÇÃO CIENTÍFICA

Uva 3 x 10-3
Grão de poeira 7 x 10-10
Molécula de
5 x 10-17
penicelina
Átomo de urânio 4 x 10-25
Próton 2 x 10-27
Elétron 9 x 10-31

FONTE: Halliday (2012, p. 7)

5.1 PREFIXOS DA POTÊNCIA DE 10


Além de apresentar um valor de uma grandeza física em notação científica
e potência de dez, é possível substituir a potência de dez por um símbolo do
prefixo da Tabela 6. Um exemplo de prefíxo da petência de dez é a pressão
atmosférica que pode ser escrita como 101kPa (lê-se cento e um quilo Pascal).
Observe que o k é igual a 103.

TABELA 6 – POTÊNCIAS DE 10

Potência de 10 Prefixo Símbolo


101 deca da
10² hecio h
10³ quilo k
10⁶ mega M
10⁹ giga G
1012 tera T
10-12 pico p
10-9 nano n
10-6 micro µ
10-3 mili m
10 -2
centi c
10-1 deci d

FONTE: A autora

49
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS E HISTÓRIA DA FÍSICA

Exemplo: escreva os valores a seguir utilizando notação científica e


substitua a potência de dez por um prefixo.

a) 0,00000405 m = 4,05 x 10-6 m = 4,05 µm.


b) 9400000 s = 9,4 x 106 s = 9,4 Ms.
c) 1004500000 lb = 1,0045 x 109 lb = 1,0045 Glb.
d) 0,0039200 m = 3,92 x 10-3 m = 3,92 mm.
e) 0,00000000523 m = 5,23 x 10-9 m = 5,23 nm.
f) 0,0000042 s = 4,2 x 10-6 s = 4,2 µs.
g) 3650 g = 3,65 x 103 g = 3,65 kg.

5.2 OPERAÇÕES COM MEDIDAS FÍSICAS E POTÊNCIA DE 10


É comum encontrar números utilizando potência de dez nos conteúdos
apresentados na disciplina de física, muitas constantes estão escritas em potência
de 10. Veja a tabela anterior.

Para lecionar a disciplina de Física, é importante que você tenha domínio


sobre as operações que envolvem grandezas cujos valores estão representados
em notação científica, pois terá que ensinar os seus alunos a executar cálculos
com potências de dez.

5.2.1 Somas de números em potência de dez


Para somar números que estão escritos em potência de dez, é necessário
que todos os valores estejam apresentados na mesma potência.

Exemplo: transforme os valores para que fiquem na mesma potência de


dez, some os valores e apresente a resposta em notação científica com prefixo da
potência de dez.

a) 4,05 µm + 0,4 mm
4,05 x 10-6 m + 0,4 x 10-3 m
0,0405 x 10-4 m + 4 x 10-4 m
4,0405 x 10-4 m

Arredondando para duas casas decimais, o resultado se torna 4,04 . 10-4 m


que é 4,40 dm.

b) 5066,32 x 10-4 lb + 0,8996 x 10-3 lb


5066,32 x 10-4 lb + 8,996 x 10-4 lb
5075,3 x 10-4 lb = 5,0753 x 10-1 lb

50
TÓPICO 3 | NOTAÇÃO CIENTÍFICA

Arredondando para três casas decimais o resultado se torna 5,075 x 10-1 lb


que é 5,075 dm.

c) 6,723 x 106 N + 2,99 x 104 N =


672,3 x 104 N + 2,99 x 104 N =
675,29 x 104 N = 6,7529 x 106 N

Arredondando para duas casas decimais o resultado se torna 6,75 x 106 N


que é 6,75 MN.

5.2.2 Subtração de números em potência de dez


Para subtrair números que estão escritos em potência de dez, é necessário
que todos os valores estejam apresentados na mesma potência.

Exemplo: transforme os valores para que fiquem na mesma potência de


dez, subtraia os valores e apresente a resposta em notação científica com prefixo
da potência de dez.

a) 4,05 cm - 400,00 mm
4,05 x 10-2 m - 400 x 10-3 m
405 x 10-4 m - 4000 x 10-4
- 3595 x 10-4 m = - 3,595 x 10-1 m

Arredondando para duas casas decimais o resultado se torna -3,60 x 10-1


m que é -3,60 dm.

b) 5066,32 x 10-4 lb - 0,8996 x 10-3 lb


5066,32 x 10-4 lb - 8,996 x 10-4 lb
5057,3 x 10-4 lb = 5,0573 x 10-1 lb

Arredondando para três casas decimais o resultado se torna 5,057 x 10-1 lb


que é 5,057 dm.

c) 6,723 x 106 N - 2,99 x 104 N


672,3 x 104 N - 2,99 x 104 N
669,31 x 104 N = 6,6931 x 106 N

Arredondando para duas casas decimais o resultado se torna 6,69 x 106 N


que é 6,69 MN.

51
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS E HISTÓRIA DA FÍSICA

5.2.3 Multiplicação de números em potência de dez


Para multiplicar números que estão escritos em potência de dez, é
necessário somar os expoentes da potência de dez.

Exemplos: substitua os prefixos da potência de 10 nos valores a seguir,


multiplique-os e apresente a resposta em notação científica com prefixo da
potência de 10.

a) 4,05 µm x 400,00 mm =
(4,05 x 10-6 m) x (400,00 x 10-3 m) = 1620 x 10-9 m2

Arredondando para três algarismos significativos e colocando em notação


científica o resultado se torna 1,62 x 10-6 m2 que é igual a 1,62 µm2.

b) 5066,32 x 10-4 lb x 0,8996 x 10-3 lb =


(5066,32 x 10-4 lb) x (0,8996 x 10-3 lb) = 4557,7 x 10-7 lb2

Arredondando para quatro algarismos significativos e colocando em


notação científica o resultado se torna 4,558 x 10-4 lb2.

c) 6,723 x 106 N x 2,99 x 104 m =


(6,723 x 106 N) x (2,99 x 104 m) = 20,102 x 1010 Nm

Arredondando para três algarismos significativos e colocando em notação


o resultado se torna 2,01 x 1011 Nm.

5.2.4 Divisão de números em potência de dez


Para dividir números que estão escritos em potência de dez, é necessário
subtrair os expoentes da potência de dez.

Exemplos: substitua os prefixos da potência de 10 nos valores a seguir,


divida-os e apresente a resposta em notação científica com prefixo da potência
de 10.
4 ,05  106 m m
a) 4,05 µm : 4,00 mm =  1,0125  103
4 ,00  10 s
3
s

52
TÓPICO 3 | NOTAÇÃO CIENTÍFICA

Arredondando para três algarismos significativos e colocando em notação


científica o resultado se torna 1,01 x 10-3 m/s que é igual a 1,01 mm/s.

b) 5066,32 x 10-4 N : 0,8996 x 10-3 m2 = 5066 ,32  104 N N


 5631,7  101 2
0 ,8996  10 m
3 2
m

Arredondando para quatro algarismos significativos e colocando em


notação científica o resultado se torna 5,632 x 103 N/m2.

c) 6,723 x 106 N : 2,99 x 104 m = 6 ,723  106 N N


 2 ,2485  102
2 ,99  10 m
4
m

Arredondando para três algarismos significativos e colocando em notação


o resultado se torna 2,25 x 102 N/m.

53
RESUMO DO TÓPICO 3
Nesse tópico, você viu que:

• Há algarismos significativos e suas regras de arredondamento, além disso,


aprendeu a fazer operações matemáticas utilizando os algarismos significativos.

• Muitos valores podem ser grandes demais, como o caso de distâncias


astronômicas (distância da Terra ao Sol: 149.600.000 km = 1,496 x 108 km) ou
pequenos demais como no caso dos átomos (raio do átomo de hidrogênio:
0,000000000053 = 53 x 10-12 m), por isso são expressos em potências de 10.

• Os valores das grandezas físicas podem ser representados em notação científica.

• Há prefixos da potência de 10 e como trabalhar com eles nas operações


matemáticas.

54
AUTOATIVIDADE

1 Arredonde os números a seguir, sendo que o algarismo sublinhado é o que


desejamos eliminar, e assinale a alternativa correta:

32,53=
a) ( ) 32,5.
b) ( ) 32,6.
c) ( ) 33.
d) ( ) 33,5.
e) ( ) 32,3.

122, 3735=
a) ( ) 122,3.
b) ( ) 122,4.
c) ( ) 122,5.
d) ( ) 122,7.
e) ( ) 122.

89,300=
a) ( ) 89.
b) ( ) 90.
c) ( ) 89,3.
d) ( ) 90,0.
e) ( ) 9.

0,00220086=
a) ( ) 0,0022008.
b) ( ) 0,0022009.
c) ( ) 0,002201.
d) ( ) 0,002200.
e) ( ) 0,0022.

2,9902100=
a) ( ) 3,0.
b) ( ) 2,9.
c) ( ) 3,1.
d) ( ) 2,99.
e) ( ) 3,01.

55
7092,0033=
a) ( ) 7092,003.
b) ( ) 7092.
c) ( ) 7092,00.
d) ( ) 7092,0.
e) ( ) 7092,002.

0,082701=
a) ( ) 0,083.
b) ( ) 0,082.
c) ( ) 0,0827.
d) ( ) 0,08.
e) ( ) 0,1.

2 Efetue as seguintes operações e assinale a alternativa correta:

43,21 cm + 540,0 cm + 3,506 cm =


a) ( ) 588,716 cm.
b) ( ) 583,761 cm.
c) ( ) 583,716 cm.
d) ( ) 588716 cm.
e) ( ) 586,7 cm.

0,000025 lb + 0,034 lb + 0,0100 lb =


a) ( ) 0,044025 lb.
b) ( ) 0,044 lb.
c) ( ) 0,0044025 lb.
d) ( ) 0,0044026 lb.
e) ( ) 0,44025 lb.

0,03 cm + 45,0 lb =
a) ( ) 45,03 cm.
b) ( ) 45,03 lb.
c) ( ) 45,0 cm lb.
d) ( ) 45,03 cm/lb.
e) ( ) Erro (não se pode somar grandezas com unidades diferentes).

0,93 cm – 0,030 cm =
a) ( ) 0,900 cm.
b) ( ) 0,090 cm.
c) ( ) 0,960 cm.
d) ( ) 0,096 cm.
e) ( ) 0,90.

56
34,22 m – 4,21 m =
a) ( ) 30,01 m.
b) ( ) 31,00 m.
c) ( ) 38,43 m.
d) ( ) 38,00 m.
e) ( ) 30,00 m.

0,402 lb – 3,4 lb =
a) ( ) 0,0076 lb.
b) ( ) 0,222 lb.
c) ( ) – 3,0 lb.
d) ( ) – 3,022 lb.
e) ( ) – 3,822 lb.

5,02 N x 10 m =
a) ( ) 50,2 Nm.
b) ( ) 50 Nm.
c) ( ) 50,2 N/m.
d) ( ) Erro (não se pode multiplicar grandezas com unidades diferentes).
e) ( ) 502 N/m.

2 m x 0,3333 m =
a) ( ) 0,6666 m2.
b) ( ) 0,6666 m.
c) ( ) 6666 m3.
d) ( ) 1 m2.
e) ( ) 2,3333 m.

3 Diga quantos algarismos significativos possue cada um dos valores a seguir


e assinale a alternativa correta:

0,5034 =
a) ( ) 4.
b) ( ) 5.
c) ( ) 3.
d) ( ) 2.
e) ( ) 6.

34005 =
a) ( ) 5.
b) ( ) 3.
c) ( ) 2.
d) ( ) 6.
e) ( ) 4.

57
0,0000031 =
a) ( ) 7.
b) ( ) 8.
c) ( ) 2.
d) ( ) 5.
e) ( ) 3.

1,003 =
a) ( ) 3.
b) ( ) 4.
c) ( ) 2.
d) ( ) 5.
e) ( ) 1.

0,0003001 =
a) ( ) 8.
b) ( ) 7.
c) ( ) 4.
d) ( ) 2.
e) ( ) 5.

4 Arredonde o resultado das somas e assinale a alternativa correta:

43,01 cm + 60,12 cm + 2,505 cm =


a) ( ) 105,635 cm.
b) ( ) 105,64 cm.
c) ( ) 105,6 cm.
d) ( ) 105,7 cm.
e) ( ) 106 cm.

0,001045 lb + 0,03402 lb + 0,200 lb =


a) ( ) 0,235065 lb.
b) ( ) 0,2351 lb.
c) ( ) 0,23 lb.
d) ( ) 0,23507 lb.
e) ( ) 0,235 lb.

0,03 cm + 5, 24 lb =
a) ( ) 5,27 cmlb.
b) ( ) 5,3 cmlb.
c) ( ) Erro (não se pode somar grandezas com unidades diferentes).
d) ( ) 5,27 cm/lb.
e) ( ) 5,3 cm/lb.

5 Resolva e arredonde o resultado das multiplicações e assinale a alternativa correta:

2,0 m x 9,00 m =

58
a) ( ) 18,0 m2.
b) ( ) 18 m2.
c) ( ) 18,00 m2.
d) ( ) 18,0 m.
e) ( ) 18 m.

14,0 m x 2,00 m2 =
a) ( ) 28,0 m3.
b) ( ) 28 m3.
c) ( ) 28,00 m3.
d) ( ) 28,0 m.
e) ( ) 28 m.

14,534 kg x 9,81 m/s2 =


a) ( ) 142N.
b) ( ) 144,2 N.
c) ( ) 12,4 N.
d) ( ) 14,22 N.
e) ( ) 1420 N.

10,00 N x 24,3 m =
a) ( ) 243 Nm.
b) ( ) 243 N/m.
c) ( ) 243,0 Nm.
d) ( ) 243,0 N/m.
e) ( ) 240 Nm.

6 Resolva as divisões, arredonde o resultado e assinale a alternativa correta:

40,0 m2 : 2,0 m=
a) ( ) 20 m.
b) ( ) 20,0 m.
c) ( ) 20 m3.
d) ( ) 20,0 m3.
e) ( ) 21,0 m.

4,00 N : 4 m=
a) ( ) 1 N/m.
b) ( ) 1 Nm.
c) ( ) 1,0 N/m.
d) ( ) 1,0 Nm.
e) ( ) 10 Nm.

28,4 m : 2,0 m=
a) ( ) 14,2 m2.
b) ( ) 14.
c) ( ) 14 m2.
d) ( ) 14,2.
e) ( ) Erro (não se pode dividir grandezas com a mesma unidade).
59
501,4 m : 10,0 s=
a) ( ) 50,14 m/s.
b) ( ) 50,1 m/s.
c) ( ) 50 m/s.
d) ( ) 50 ms.
e) ( ) 50,1 ms.

7 Substitua o prefixo pela potência de 10 correta e assinale a alternativa correta.

30 µC =
a) ( ) 30 x 106 C.
b) ( ) 30 x 10-6 C.
c) ( ) 30 x 10-3 C.
d) ( ) 30 x 103 C.
e) ( ) 30 x 109 C.

45 nm =
a) ( ) 45 x 10-9 m.
b) ( ) 45 x 109 m.
c) ( ) 45 x 10-6 m.
d) ( ) 45 x 106 m.
e) ( ) 45 x 10-3 m.

2 GJ =
a) ( ) 2 x 1010 J.
b) ( ) 2 x 109 J.
c) ( ) 2 x 10-10 J.
d) ( ) 2 x 10-9 J.
e) ( ) 2 x 106 J.

12 MW =
a) ( ) 12 x 106 W.
b) ( ) 12 x 10-6 W.
c) ( ) 12 x 109 W.
d) ( ) 12 x 10-9 W.
e) ( ) 12 x 103 W.

50 ml =
a) ( ) 50 x 10 -3 l.
b) ( ) 50 x 10 3 l.
c) ( ) 50 x 10 -9 l.
d) ( ) 50 x 10 6 l.
e) ( ) 50 x 10 -6 l.

60
UNIDADE 1
TÓPICO 4

GRANDEZAS FÍSICAS E SISTEMAS DE MEDIDA

1 INTRODUÇÃO
Com o passar dos séculos e a necessidade de entendimento entre diferentes
nações durante as transações comerciais e a divulgação de dados científicos, foram
criadas padronizações diferentes para as medidas físicas, e com o tempo criaram-
se sistemas de medidas que foram substituídos por outros, até que se chegasse
a um consenso no emprego das unidades, e três desses sistemas prevaleceram: o
CGS, o MKS e o SI, sendo os dois últimos praticamente iguais.

Nesse tópico você vai aprender o que são grandezas físicas e como deve
dimensioná-las. Verá que existem diferenças entre grandezas conhecidas como
escalares e grandezas conhecidas como vetoriais. ,Por fim, algumas operações
matemáticas importantes com essas grandezas.

2 O QUE SÃO GRANDEZAS FÍSICAS


Grandezas físicas são formas de representar quantitativamente ou
qualitativamente os fenômenos físicos. Nas palavras de Trancanelli, “grandezas
físicas são usadas para descrever fenômenos ou propriedades de sistemas e são
caracterizadas por terem dimensões como, por exemplo: dimensões de massa,
força ou energia” (TRANCANELLI, 2016, p. 1).

Uma grandeza física escalar é expressa por um valor numérico (que


costumamos chamar de módulo ou intensidade) e a unidade.

Exemplo: um corpo possui uma massa de 80 kg, com uma temperatura


de 30 C. Note que a massa e a temperatura são duas grandezas físicas escalares
°

Uma grandeza física vetorial é expressa através de um símbolo matemático


conhecido como vetor, e nesse caso possui valor numérico, unidade, direção e sentido.

61
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS E HISTÓRIA DA FÍSICA

Exemplo: uma esfera cai verticalmente com uma aceleração de 9,81 m/


s2. Note que a grandeza física vetorial aceleração além do módulo (9,81) possui
unidade (m/s2), direção (vertical) e sentido (para baixo).

As unidades de uma grandeza estão relacionadas às dimensões, sendo


assim, as grandezas podem ter dimensão de tempo, dimensão de massa, dimensão
de força, dimensão de velocidade, dependendo da natureza da grandeza física.
Essas dimensões são classificadas em primitivas ou derivadas, nas palavras de
Trancanelli (2016, p. 1):
As dimensões podem ser primitivas ou derivadas. As dimensões
primitivas são três: a massa (que indicamos com a letra M), o
comprimento (que indicamos com a letra L, da palavra inglês length) e
o tempo (que indicamos com a letra T). Todas as outras dimensões são
derivadas, ou seja, podem ser expressas em termos das três primitivas.

Conhecendo as dimensões primitivas podemos compor as dimensões


derivadas. Por exemplo, a velocidade é composta pela dimensão comprimento L
e dividida pela dimensão tempo T, LT-1. A dimensão da aceleração é a dimensão
comprimento L dividido pela dimensão tempo ao quadrado, LT-2.

Vamos indicar a dimensão da grandeza por X entre colchetes e igualar a


composição das dimensões primitivas, assim a dimensão aceleração é escrita do
seguinte modo:

[X] = LT-2

Generalizando, temos:

[X] = MαLβTχ

Em que α, β e χ são números naturais inteiros positivos ou negativos. No


exemplo da aceleração esses números são, respectivamente, α = 0, β = 1 e χ = - 2.

Este conceito é utilizado para fazer a análise dimensional. Essa análise


serve, principalmente, para antecipar como certas grandezas vão depender de
outras grandezas sem a necessidade de fazer uma conta detalhada. Ela é utilizada
para detectar erros, desenvolver intuição física e simplificar problemas.

Exemplos:

a) Velocidade, v = comprimento / tempo e, portanto, [v] = L/T = LT−1.


b) Aceleração, a = velocidade / tempo e [a] = LT−1/T = LT−2.
c) Força, F = massa × aceleração e [F] = M L T−2.
d) Área, A = comprimento × comprimento e [A] = L2.
e) Pressão, p = força / área e [p] = M L T−2/L2 = M L−1 T−2.
f) Trabalho, W = força x distância e [W] = M L T−2 L = M L2 T−2.

62
TÓPICO 4 | GRANDEZAS FÍSICAS E SISTEMAS DE MEDIDA

2.1 GRANDEZAS ESCALARES E SUAS UNIDADES


As grandezas escalares, como já vimos, são grandezas descritas através de
um valor numérico e uma unidade. Elas podem ser manipuladas algebricamente.
Na Tabela 7 encontram-se exemplos de grandezas escalares e suas unidades.

TABELA 7 – GRANDEZAS ESCALARES

GRANDEZA UNIDADES
Tempo s (segundos) min (minutos) h (hora)
Temperatura K (Kelvin) C (graus Celsius)
0 0
F (graus Fahreneit)
Volume m (metros cúbicos)
3
l (litros) Pés3
Massa kg (quilogramas) lb (libras) ton (toneladas)
Energia J (Joules) cal (calorias) kWh (quilowatt-hora)
Potência W(Watts) hp(horse power) cal/s (calorias por segundo)
Kg/ m (quilogramas
3
Lb/pés (libras por
3
lb/pol3 (libras por polegadas
Densidade
por metros cúbicos) pés cúbicos) cúbicas)

FONTE: A autora

Podemos somar ou subtrair grandezas escalares iguais, somando ou


subtraindo diretamente os seus módulos, mantendo a mesma unidade.

AUTOATIVIDADE

1 Realize as operações matemáticas solicitadas.

a) 30 s + 50 s =
b) 10 l – 2 l =
c) 102 J + 5 J =
d) 45 kg – 5 kg =

Caso acontença das unidades da mesma grandeza serem diferentes,


é preciso convertê-las primeiro para a mesma unidade e depois proceder
normalmente.

a) 3 h + 30 min + 70 s =

Cada hora possui 3.600 s e cada minuto possui 60 s, assim:

3  3600  10800

63
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS E HISTÓRIA DA FÍSICA

30  60  1800

10800s + 1800s + 70s = 12670s

Na multiplicação e na divisão procede-se a operação no módulo e na


unidade igualmente:
30 kg
b) 30 kg : 2 m3 = = 15kg /m3
2m 3

50 kg
c) 50 kg/m3 x 10 m3 =  10m3  500 kg
m3

Se duas grandezas da mesma unidade estiverem divididas, o resultado é


adimendional:

d) 50 kg : 2kg = 25

2.2 GRANDEZAS VETORIAIS


As grandezas vetoriais, como já vimos, além de módulo e unidade,
possuem direção e sentido. Uma grandeza vetorial é representada por um vetor.
Nas palavras de Feymman, (2008, p. 11-5) “todos as grandezas que têm direção,
como um deslocamento no espaço, são chamadas de vetores”.

Um vetor é formado por três números, para representar um deslocamento


no espaço. Por exemplo: origem até certo ponto P cuja localização é (x, y, z),
realmente precisamos de três números. Vamos inventar um único símbolo
matemático r, que é diferente de qualquer outro símbolo matemático que usamos
até agora. Ele não é um único número, ele representa três números: x, y e z. Ele
representa apenas aqueles três números, porque se fóssemos usar um sistema
de coordenadas diferente, os três números seriam mudados para x’, y’ e z’.
Entretanto, queremos manter simples a nossa matemática.

Os três números que descrevem a grandeza em dado sistema de


coordenadas são chamados de componentes do vetor na direção dos eixos. Isto é,
usamos o mesmo símbolo para as três letras que correspondem ao mesmo objeto
matemático, visto de diferentes eixos. O próprio fato de expressar “o mesmo
objeto” implica uma intuição física sobre a realidade de um deslocamento no
espaço, que é independente dos componentes em termos dos quais medimos.
Assim, o símbolo r representará a mesma coisa, não importa como giramos os
eixos (FEYMMAN, 2008, p. 11-5).

64
TÓPICO 4 | GRANDEZAS FÍSICAS E SISTEMAS DE MEDIDA

O módulo de uma grandeza é a intensidade ou o valor numérico que


essa grandeza possui, por exemplo, 10 m/s e 20 m/s. O segundo caso em uma
intensidade duas vezes maior que o primeiro. Porém, um vetor não possui apenas
módulo, como já mencionamos. Para definir a direção e o sentido de um vetor
precisamos representá-lo em um eixo cartesiano.

2.2.1 Vetor no plano cartesiano


Vamos imaginar um sistema formado por duas retas ortogonais, x e y,
utilizadas para localizar pontos no espaço bidimensional, e que se cruzam num
ponto que chamaremos de origem. A reta horizontal é a reta das abscissas e a
reta vertical é a reta das ordenadas. Observe os pontos A, B, C e D localizados
na Figura 20. A está localizado no ponto em que x é igual a – 5 e y é igual a 4,
de modo semelhante, B está localizado no ponto em que x é igual a 5 e y é igual
a 7. Fica fácil perceber que as abscissas à direita da origem (primeiro e quarto
quadrantes) são positivas e as abscissas à esquerda da origem (segundo e terceiro
quadrantes) são negativas. Do mesmo modo, as ordenadas acima da origem
(primeiro e segundo quadrantes) são positivas e as ordenadas abaixo da origem
(terceiro e quarto quadrantes) são negativas.

FIGURA 20 – PLANO CARTESIANO


y

B(5,7)

A(-5,4)

x
C(-3,-3)

D(2,-7)

FONTE: A autora

Esse sistema é chamado de sistema cartesiano porque foi criado por René
Descartes.

Agora, vejamos um segmento de reta orientada v que sai da origem (0,0)


e termina na extremidade (3,4). Chamamos o segmento de reta orientado, da
Figura 21, de vetor.
65
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS E HISTÓRIA DA FÍSICA

FIGURA 21 – VETOR v REPRESENTADO NO PLANO CARTESIANO


y

FONTE: A autora

O vetor é escrito em termos de seus componentes na direção x e y indicados


pelos vetores unitários i e j, representados na figura.
  
v  xi  yj
O seu módulo se torna igual a:

v  x2  y 2

FIGURA 22 – REPRESENTAÇÃO DOS VETORES UNITÁRIOS i E j


y


J

→ x
i

FONTE: A autora

66
TÓPICO 4 | GRANDEZAS FÍSICAS E SISTEMAS DE MEDIDA

Na Figura 22, o vetor é escrito da forma:


  
v  3i  4 j
Com módulo igual a:

v = 32  42  5

2.2.2 Propriedades dos vetores


As regras para soma, subtração, multiplicação e divisão de vetores são
um pouco diferentes das empregadas em grandezas escalares. Agora precisamos
levar em consideração a direção e o sentido da grandeza.

Quando você estiver lecionando a disciplina de Física, verá que é muito


comum encontrar grandezas vetoriais que precisam ser somadas, por isso
veremos rapidamente alguns casos da soma de dois vetores que serão muito úteis
no seu dia a dia.

A equação a seguir é uma expressão que designa uma soma de duas


grandezas vetoriais. Por comodidade vamos supor que essas grandezas se tratam
de velocidades.

  
R  v1  v2 Equação (7)

Soma de vetores na mesma direção e no mesmo sentido.

FIGURA 23 – SOMA DE DOIS VETORES PARALELOS


→ →
v1 v2


R

FONTE: A autora

Quando duas grandezas representadas por vetores estão na mesma direção


e no mesmo sentido, como na Figura 23, basta somar seus módulos diretamente.

Por exemplo:
 
v1  3,5m /s v2  4m /s

67
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS E HISTÓRIA DA FÍSICA


3,5m 4m
R   7 ,5m /s
s s

Soma de vetores na mesma direção em sentidos opostos.

FIGURA 24 – SOMA DE DOIS VETORES ANTIPARALELOS


→ →
v1 v2


R

FONTE: A autora

Quando duas grandezas representadas por vetores estão na mesma


direção, mas em sentidos opostos, como na Figura 24, se tomarmos o sentido de
v1 como positivo (+), e v2 apontando para o sentido contrário, seu sentido será
negativo (-).

Por exemplo:
 
v1  4m /s v2  2m /s


4m  2m 
R    2m /s
s  s 

Soma de vetores em direções diferentes com um ângulo θ qualquer.

FIGURA 25 – SOMA DE DOIS VETORES QUE FORMAM UM ÂNGULO


θ ENTRE ELES


V1 R

θ

V2
FONTE: A autora

68
TÓPICO 4 | GRANDEZAS FÍSICAS E SISTEMAS DE MEDIDA

Quando duas grandezas representadas por vetores estão em direções que


formam um ângulo diferente de 90° entre elas, como na Figura 25, aplicamos a lei
do paralelogramo, também conhecida como lei dos cossenos.

Por exemplo:

 
v1  3,0m /s v2  4 ,0m /s   300

 2 2 2
 3,0m   4 ,0m   3,0m   4 ,0m 
R      2   cos30 = 45 ,785m /s
0 2 2

 s   s   s  s 

R  45 ,758  6 ,8m /s

Soma de vetores em direções diferentes com um ângulo de 90° entre eles.

FIGURA 26 – SOMA DE DOIS VETORES PERPENDICULARES

→ →
V1 R


V2
FONTE: A autora

Quando duas grandezas representadas por vetores estão em direções que


formam um ângulo de 90 º entre elas, como na Figura 26, aplicamos o teorema
de Pitágoras: a2 + b2 = c2, sendo os módulos das grandezas os catetos e o vetor
resultante da soma a hipotenusa.

Por exemplo:

 
v1  3,0m /s v2  4 ,0m /s

2 2 2

 3,0m   4 ,0m 
R      25m /s
2 2

 s   s 

R  25m2 /s2  5 ,0m /s

69
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS E HISTÓRIA DA FÍSICA

Quando você estiver trabalhando com grandezas vetoriais na sua aula de


física, vai perceber que, às vezes, é preciso decompor o vetor nas direções x e y em
um sistema cartesiano para facilitar a compreensão de um fenômeno e facilitar os
cálculos envolvidos na sua análise.

2.3 DECOMPOSIÇÃO DE UM VETOR


Vejamos como decompor um vetor no eixo cartesiano. Observe a Figura
27, vx é a projeção do vetor v no eixo x e vy, é a projeção do vetor no eixo y.

FIGURA 27 – VETOR E SUAS COMPONENTES CARTESIANAS


v�
vy
θ
vx x
FONTE: A autora

Observe que o vetor v é a soma vetorial de suas componentes vx e vy como


já aprendemos no caso 3 anteriormente. Agora vamos ver como calcular cada
componente a partir das relações trigonométricas do triângulo retângulo.

Sendo v a hipotenusa e vx e vy os catetos, temos as seguintes relações com


base na Figura 25, em que fizemos o transporte paralelo do vetor vy para montar
o triângulo retângulo.

 
vx  v cos Equação (8)
 
vy  v sen Equação (9)
vy
tg  Equação (10)
vx
Note que as equações (8) e (9) determinam as componentes e a equação
(10) o ângulo do vetor v em relação ao eixo x positivo.

70
TÓPICO 4 | GRANDEZAS FÍSICAS E SISTEMAS DE MEDIDA

FIGURA 28 – TRIÂNGULO RETÃNGULO FORMADO COM O VETOR


E SUAS COMPONENTES


v�
vy
θ
vx x
FONTE: A autora

Por exemplo, determinar as componentes do vetor da Figura 28, a seguir.

FIGURA 29 – TRIÂNGULO RETÃNGULO FORMADO COM O VETOR


E SUAS COMPONENTES

10m/s
vy
30o
vx x

Solução:

v  10m /s   300
vx  v cos

vx = 10 cos300

vx = 8 ,66m /s

vy  v sen

vy = 10 sen300

vy = 5 ,00m /s

71
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS E HISTÓRIA DA FÍSICA

Adiante você terá oportunidade de utilizar esse conhecimento nas


questões relacionadas às grandezas vetoriais e verá que esse estudo teve muita
relevância nessas questões.

Observação: note que θ é o ângulo entre o vetor v e o eixo x o que torna vx


o cateto adjacente. Muitas vezes o professor induz seus alunos a acreditarem que
a componente na direção x está sempre associada ao cosseno do ângulo.

Não cometa esse erro! Se o ângulo estiver entre o vetor v e o eixo y e você
o utilizar, vy passa a ser o cateto adjacente e, portanto, ele que estará associado ao
cosseno. Por isso, é melhor encontrar o ângulo θ com a direção x.

Na Tabela 8 apresentam-se algumas grandezas vetoriais e suas unidades


no SI e no sistema imperial Britânico.

TABELA 8 – ALGUMAS GRANDEZAS FÍSICAS VETORIAIS

GRANDEZA UNIDADES
m/s (metros por km/h (quilômetros
Velocidade pés/s (pés por segundos)
segundos) por hora)
cm/s2 (centímetros
m/s2 (metros por
Aceleração por segundo ao pés/s (pés por segundo)
segundo ao quadrado
quadrado)
Força N (Newtons) dinas (dinas) kgf (quilogramas força)
Ib/pés2 (libras por pés ao
Pressão Pa (Pascal) atm (atmosferas)
quadrado)
N/C (Newton por V/m (Volts por
Campo Elétrico
Coulomb) metros)
Campo Magnético T (Tesla) gauss (gauss)

FONTE: A autora

2.4 VELOCIDADE E SUAS UNIDADES


A velocidade é uma grandeza vetorial e está relacionada à rapidez com
que um carro se desloca no espaço. Quanto mais rápido um móvel assume as
sucessivas posições no decorrer do tempo, maior é a intensidade da sua velocidade.

A medição da velocidade é feita indiretamente, mede-se a distância


percorrida e o tempo necessário para percorrer essa distância. Se a distância for
medida em metros e o tempo em segundos, tem-se metros por segundo (m/s)
como unidade da velocidade.

Outra unidade muito utilizada é o quilômetro por hora (km/h) ou as


milhas por hora (MPH). Veja o velocímetro da Figura 30.

72
TÓPICO 4 | GRANDEZAS FÍSICAS E SISTEMAS DE MEDIDA

FIGURA 30 – VELOCÍMETRO

40 50
30 60
20
70
10 60 80 80
40 100
20 120
0 0 140 90
MPH 160
km/h 180 100

110
120

FONTE: Criado por Ibrandify Disponível em: <http://br.freepik.com/fotos-


vetores-gratis/tecnologia>. Acesso em: 16 set. 2017.

Podemos facilmente converter metros por segundo em quilômetros por


hora multiplicando o módulo da velocidade por 3,6 e vice-versa, uma vez que
1km/h = 1* (103 m) / (3.6* 103 s) = 1/3.6 m/s.

Por exemplo: converta as velocidades para km/h.

 
v1  3m /s v2  4m /s

v1  3  3,6  10 ,8km /h

v2  4  3  6  14 ,4 km /h

Outro exemplo: converta 72 km/h para m/s.

72
= 20m /s
3,6

Se o movimento não for translação (em linha reta) e sim uma rotação (circular),
como os banquinhos da roda gigante na Figura 31, a velocidade angular ω,

ω = ∆θ / ∆t

Será medida em radianos por segundo (rad/s).

Em que ω é a velocidade angular, ∆θ é o deslocamento angular e ∆t é o


intervalo de tempo decorrido nesse deslocamento.

73
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS E HISTÓRIA DA FÍSICA

Nesse caso, o descolamento de um móvel numa trajetória circular


descreve um arco de circunferência que é dado em radianos, levando em conta
que uma volta completa descreve um ângulo de 360 ° o que corresponde a 2π
radianos (rad).

FIGURA 31 – RODA GIGANTE E CIRCUNFERÊNCIA INDICANDO OS PRINCIPAIS ÂNGULOS EM


RADIANOS
π/2

π 0

3π/2
FONTE: Disponível em: <https://pixabay.com/pt/noria-atração-céu-luz-turismo-2374432/>. Acesso
em: 25 junh. 2017.

2.4.1 Aceleração e suas unidades


Quando o ponteiro que aparece no velocímetro da Figura 32 aponta
para valores cada vez mais altos, significa que o carro está aumentando a sua
velocidade.

A aceleração mede a variação da velocidade no tempo, por isso


dividimos a variação da velocidade pelo tempo que leva para ocorrer essa
variação, assim sua unidade é (m/s)/s. A unidade da aceleração é metros por
segundo ao quadrado (m/s2).

74
TÓPICO 4 | GRANDEZAS FÍSICAS E SISTEMAS DE MEDIDA

FIGURA 32 – AUTOMÓVEL ACELERANDO

FONTE: Disponível em: <https://pixabay.com/pt/abstract-abstração-


aceleração-164329/>. Acesso em: 25 jun. 2017.

Novamente, se a trajetória é circular podemos associar o movimento a


uma rotação e encontrar a aceleração angular.
α = ∆ω / ∆t,

Que tem por unidade radianos por segundo ao quadrado (rad/s2).

Em que α é a aceleração angular, ∆ω a variação da velocidade angular e ∆t


é o intervalo de tempo decorrido.

Observação: você vai trabalhar esses assuntos com os seus alunos em


cinemática, quando vai ensinar a descrever os movimentos dos corpos a partir da
geometria desses movimentos, então, terá que ter em mente qual é a trajetória do
móvel para empregar as equações corretas.

2.4.2 Força e suas unidades


Quando você terminar de explicar os assuntos relacionados à cinemática,
abordará os assuntos relacionados à dinâmica e à estática, que continuam o estudo
do movimento dos corpos, mas agora com ênfase no que produz ou impede esse
movimento.

75
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS E HISTÓRIA DA FÍSICA

Cinemática, dinâmica e estática fazem parte de um conteúdo da disciplina


de física que chamamos de mecânica clássica. Na dinâmica e na estática a principal
grandeza que entra em jogo é a força. Ela é a personagem principal das famosas
três leis de Newton.

A força é uma ação que se faz sobre a matéria e que pode ou não alterar
o estado dessa matéria, produzindo algumas vezes uma deformação e em outras
uma alteração em seu estado de movimento. As vezes a força atua apenas no
sentido de impedir a deformação ou o movimento.

Muitas vezes você terá que somar todas as forças que atuam sobre um
sistema para poder determinar se esse sistema está em equilíbrio ou não.

A unidade de força é o Newton (N), existem outras unidades que


também são muito empregadas, como, por exemplo, quilogramas-força (kgf),
dinas e poundals.

3 OPERAÇÕES COM GRANDEZAS VETORIAIS


É preciso ter em mente que no caso da multiplicação de grandezas vetoriais
existe uma grande diferença entre produto escalar e produto vetorial.

Sejam dois vetores u e v, representados na forma:

→ → → →
u = x1 i + y1 j + z1 k
→ → →
v = x2 i + y 2 j + z 2

Chama-se produto escalar (u.v), o produto entre u e v que reporta ao


número real:

 
u  v = x1 x2 + y1 y 2 + z1 z2

Relacionando o produto escalar ao ângulo entre os dois vetores, podemos


escrever a expressão:

   
u  v = u v cos

Sendo assim, por exemplo, se estiver trabalhando com uma grandeza


como o trabalho de uma força, como na Figura 33, estará multiplicando a força
com o deslocamento, equação (11) e (12), que são duas grandezas vetoriais e obterá
como resultado o trabalho (um tipo de energia) que é uma grandeza escalar.

76
TÓPICO 4 | GRANDEZAS FÍSICAS E SISTEMAS DE MEDIDA

FIGURA 33 – FORÇA F ATUANDO SOBRE A CAIXA PRODUZINDO UM DESLOCAMENTO d


→ →
F d
θ

→ →
F d
FONTE: A autora

 
W = F  d Equação (11)
 
W = F  d  cos Equação (12)

Por exemplo: qual o trabalho de uma foça de 10,0 N que atua sobre uma
caixa como mostra na Figura 33, formando um ângulo de 30 º com a direção
horizontal, sabendo que ela se deslocou 2,0 m horizontalmente?

 
F  10 ,0 N d  2 ,0m   300
 
W = F  d  cos

W  10 ,0 N  2 ,0m  cos300

W  10 ,0 N  2 ,0m  0 ,866

W = 17 ,321Nm

Resposta: o trabalho da força é de 17 Joules, em que o resultado foi


arredondado para dois algarismos significativos. Como já vimos, a unidade de
energia é o Joule e 1J = 1Nm.

Semelhante, chama-se produto vetorial (uxv), o produto entre u e v que


reporta ao vetor:

    
u v   y1z2  z1 y2  i   x1z2  z1x2  j   x1 y2  y1x2  k

77
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS E HISTÓRIA DA FÍSICA

Relacionando o produto vetorial ao ângulo entre os dois vetores, podemos


escrever a expressão:

   
u x v  u v sen

Podemos utilizar o torque, que é o correspondente da força no movimento


circular, para alterar o estado de movimento que um corpo apresenta, conforme
mostra na Figura 34. Para calculá-lo deve-se multiplicar vetorialmente a força
pela distância dela até o pivô (eixo), equação 13 e 14, assim temos novamente
duas grandezas vetoriais, mas o resultado será uma grandeza vetorial.

FIGURA 34 – FORÇA F ATUANDO A UMA DISTÂNCIA d DO EIXO PRODUZINDO


UMA ROTAÇÃO DA HASTE NO SENTIDO ANTI-HORÁRIO

→ →
F d
θ

eixo → →
F d

FONTE: A autora

  
  F d Equação (13)
  
  F  d  sen Equação (14)

A equação 14 fornece a intensidade (módulo) do torque.

Exemplo: qual é o torque de uma foça de 10,0 N que atua sobre uma haste
como mostra na Figura 34, formando um ângulo de 30 ° com a direção definida
entre o pivo e o ponto de contato da força, sabendo que a distância em que ela
atua até o eixo de rotação é de 2,0 m?

 
F  10 ,0 N d  2 ,0m   300

 
  F  d  sen

78
  10 ,0 N  2 ,0m  sen300
  10 ,0 N  2 ,0m  0 ,500

  10Nm

Resposta: o torque da força é de 10 Nm.

Note que nos dois casos tivemos que multiplicar força e distância, e que
dependendo do tipo de produto que você aplicar terá resultados diferentes. No
primeiro caso, utiliza-se o produto escalar e obtém-se o trabalho da força, no
segundo caso aplica-se o produto vetorial e obtém-se o torque da força.

4 SISTEMAS DE UNIDADE DE MEDIDA


Como já mencionamos diversas vezes, existem muitas unidades para uma
mesma grandeza, o que tornou necessário estabelecer um padrão comum através
de sistemas de unidades.

Vamos definir agora as unidades fundamentais e suas derivadas e conhecer


os sistemas de unidades mais utilizados no meio científico e nas transações
comerciais da atualidade.

4.1 SISTEMA MKS, CGS E OUTROS


No sistema MKS as principais unidades fundamentais são expressas em
metros (m), quilogramas (kg) e segundos (s), nomenclatura que trata das iniciais
dessas unidades.

No sistema CGS as principais unidades fundamentais são expressas em


centímetros (cm), gramas (g) e segundos (s).

No sistema gravitacional britânico essas unidades são definidas como pés


(ft), slug (slug) e segundos (s).

79
RESUMO DO TÓPICO 4

Nesse tópico, você viu que:

• Há diferenças entre grandezas físicas escalares e grandezas físicas vetoriais e


adquiriu conhecimentos das unidades dessas grandezas e de como trabalhar
com elas matematicamente.

• Para somar dois vetores precisa levar em conta a direção e o sentido que cada
vetor possui. Por isso, uma soma de vetores não é uma simples soma algébrica
como no caso de grandezas escalares.

• Um vetor pode ser dividido em duas componentes sobre os eixos coordenados


de um sistema cartesiano e como calcular essas componentes aplicando relações
trigonométricas

• A multiplicação de vetores possui dois casos, um deles fornecendo como


resultado uma grandeza escalar e o outro fornecendo uma grandeza vetorial.

• Há diferença entre unidades fundamentais e unidades derivadas, apresentando


alguns dos sistemas de unidades existentes.

80
AUTOATIVIDADE

1 O que são grandezas físicas?

a) ( ) Grandezas físicas são formas de representar quantitativamente ou


qualitativamente os fenômenos físicos.
b) ( ) Grandezas físicas são formas de representar qualitativamente os
fenômenos físicos.
c) ( ) Grandezas físicas são formas de representar quantitativamente os
fenômenos físicos.
d) ( ) Grandezas físicas são formas de representar numericamente os
fenômenos físicos.
e) ( ) Grandezas físicas são formas de representar os fenômenos físicos com
abstrações subjetivas.

2 Defina grandeza física escalar e grandeza física vetorial, assinale a


alternativa correta:

a) ( ) Grandeza escalar possui direção e sentido, grandeza vetorial possui


módulo e direção.
b) ( ) Grandeza escalar possui intensidade e unidade, grandeza vetorial,
além de intensidade e unidade, possui também direção e sentido.
c) ( ) Grandeza escalar é definida pelo módulo e a grandeza vetorial é
definidade pela intensidade.
d) ( ) Grandeza escalar e grandeza vetorial é a mesma coisa
de pontos de vista diferentes.
e) ( ) Grandeza escalar depende da trajetória e grandeza
vetorial da origem.

3 Assinale a opção correta que apresenta exemplos apenas de grandezas


físicas escalares:

a) ( ) Força, velocidade, massa.


b) ( ) Massa, velocidade, densidade.
c) ( ) Energia, massa, temperatura.
d) ( ) Aceleração, deslocamento, energia.
e) ( ) Força, aceleração, velocidade.

81
4 Assinale a opção correta que apresenta exemplos apenas de grandezas
físicas vetoriais:

a) ( ) Força, velocidade, massa.


b) ( ) Massa, pressão, densidade.
c) ( ) Energia, massa, temperatura.
d) ( ) Aceleração, deslocamento, energia.
e) ( ) Força, aceleração, velocidade.

5 Dado os vetores da Figura 26, encontre o vetor resultante sabendo que o


módulo de v1 = 6 m/s e o módulo de v2 = 8 m/s.

a) ( ) 12 m/s.
b) ( ) 10 m/s.
c) ( ) 14 m/s.
d) ( ) 8,5 m/s.
e) ( ) 1,0 m/s.

6 Dado os vetores da Figura 27, encontre o vetor resultante sabendo que o


módulo de v1 = 6 m/s e o módulo de v2 = 8 m/s. Sendo o ângulo entre eles
igual a 60 °:

a) ( ) 12 m/s.
b) ( ) 10 m/s.
c) ( ) 14 m/s.
d) ( ) 8,5 m/s.
e) ( ) 1,0 m/s.

7 Encontre as componentes na direção x e y do vetor da Figura 33 e assinale a


opção correta:

20m/s
vy
60o
vx x
a) ( ) vx = 10 m/s e vy = 17 m/s.
b) ( ) vx = 17 m/s e vy = 10 m/s.
c) ( ) vx = 40 m/s e vy = 23 m/s.
82
d) ( ) vx = 23 m/s e vy = 40 m/s.
e) ( ) vx = 10 m/s e vy = 23 m/s.

8 Defina velocidade e aceleração.

a) ( ) Velocidade mede a taxa de variação da posição com o tempo e


aceleração mede a taxa de variação da velocidade com o tempo.
b) ( ) Velocidade é a rapidez com que um móvel muda a sua velocidade e
aceleração é a rapidez com que ele muda a sua posição.
c) ( ) Velocidade está relacionada à trajetória e aceleração ao sentido da
trajetória.
d) ( ) Velocidade é uma grandeza vetorial que designa a origem do
movimento enquanto a aceleração é uma grandeza
vetorial que determina a posição em relação a essa
origem As duas são gandezas escalares, mas a
velocidade está relacionada ao movimento retilíneo e
a aceleração ao movimento circular uniforme.

9 São exemplos apenas de unidades de velocidade:

a) ( ) pés/s2, m/s.
b) ( ) km/h, m/s.
c) ( ) m/s2, rad/s2.
d) ( ) km/h2, Nm.
e) ( ) rad/s, Pa.

10 São exemplos apenas de aceleração:

a) ( ) pés/s2, m/s.
b) ( ) km/h, m/s.
c) ( ) m/s2, rad/s2.
d) ( ) rad/s, m/s.
e) ( ) km/h2, Nm.

11 O conceito relacionado à grandeza física vetorial força faz parte de quais


conteúdos da mecânica clássica?

a) ( ) Dinâmica e estática.
b) ( ) Cinemática.
c) ( ) Temodinâmica.
d) ( ) Teoria cinética.
e) ( ) Eletricidade.

83
12 Calcule o trabalho de uma foça de 20 N que atua formando um ângulo de
20 ° com a direção do deslocamento e que produziu um deslocamento 4,0
m. Assinale a opção correta:

a) ( ) 27 J.
b) ( ) 75 J.
c) ( ) 80 J.
d) ( ) 47 J.
e) ( ) 13 J.

13 Calcule o torque de uma força de 40 N que atua formando um ângulo de


20 ° com a direção do braço a uma distância de 2,0 m do pivô.

a) ( ) 80 Nm.
b) ( ) 75 Nm.
c) ( ) 27 Nm.
d) ( ) 75 N/m.
e) ( ) 27 N/m.

14 São exemplos apenas de unidades fundamentais:

a) ( ) Pa, N, m/s.
b) ( ) mg, 0C, h.
c) ( ) g, K, s.
d) ( ) kg, m, s.
e) ( ) kg, m/s, h.

84
UNIDADE 1
TÓPICO 5

UNIDADES DO SISTEMA INTERNACIONAL (SI)

1 INTRODUÇÃO
Na maior parte dos livros de física que você irá adotar para ensinar os seus
alunos, as unidades estão representadas no Sistema Internacional de Unidades (SI).

Às vezes, por uma questão de complementariedade, você encontrará


também algumas medidas em unidades de outros sistemas. É importante que o
seu aluno saiba que essas unidades também são válidas apesar das unidades do
SI serem mais utilizadas atualmente.

Você vai trabalhar com ele a conversão de um sistema para outro. Assim,
quando ele encontrar uma unidade no seu dia a dia poderá fazer a conversão
corretamente, porque na indústria e no comércio ainda existem muitas unidades
expressas em outros sistemas.

2 SISTEMA INTERNACIONAL DE UNIDADES


Já vimos que existem unidades fundamentais e unidades derivadas,
também vimos que existem várias unidades para a mesma grandeza, mas agora
vamos relacioná-las no Sistema Internacional de Unidades (SI).

O Sistema Internacional ou sistema métrico foi estabelecido em 1971, na


14a Conferência Geral de Pesos e Medidas como uma forma de padronizar as
medidas fundamentais.

Fazem parte o metro, o quilograma e o segundo. Existem múltiplos e


submúltiplos dessas unidades. O metro, da Figura 35, é dividido em centímetros
e milímetros.

85
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS E HISTÓRIA DA FÍSICA

O SI possui sete unidades fundamentais ao todo e estão relacionadas na


Tabela 9. Note que as três primeiras unidades são o metro (m), o quilograma (kg)
e o segundo (s).

Depois temos o ampère (A) que é a unidade de corrente elétrica, o kelvin


(K) que é unidade de temperatura, o mol (mol) que é a quantidade de matéria e a
candela (cd) que é a intensidade luminosa.

Logo ao lado da unidade aparece uma pequena descrição de como a unidade


foi obtida, isso facilita na hora de passar esse conteúdo para os alunos. Explore essa
tabela quando for falar dessas grandezas e das suas unidades de medida.

Como professor de física, você precisa aprimorar constantemente o seu


intelecto, ler artigos científicos, ficar por dentro das novidades do meio científico,
principalmente no que concerne ao universo da física.

FIGURA 35 – METRO COM DIVISÕES EM CENTÍMETROS E MILÍMETROS

FONTE: Disponível em: <https://pixabay.com/pt/escala-bros-medida-unidade-de-


medida-1388466/>. Acesso em: 26 set. 2017.

TABELA 9 – UNIDADES DO SI

As Unidades Fundamentais do SI

Grandeza Nome Símbolo Definição

"... a distância percorrida pela luz no


comprimento metro m vácuo em 1/299.792.458 de segundo."
(1983)
"... este protótipo [ um certo cilindro de
massa quilograma kg platina-irídio] será considerado daqui em
diante como a unidade de massa." (1889)

86
TÓPICO 5 | UNIDADES DO SISTEMA INTERNACIONAL (SI)

"... a duração de 9.192.631.770 período


da radiação correspondente à transição
tempo segundo s
entre os dois níveis hiperfinos do estado
fundamental do átomo de césio-133." (1967)
"... a corrente constante, que, se mantida
em dois condutores paralelos retos de
comprimento infinito, de seção transversal
corrente elétrica ampère A circular desprezível e separados por um
distância de 1 m no vácuo, produziria entre
estes condutores uma força igual a 2 x 10-7
newton por metro de comprimento." (1946)
"... a fração 1/273,16 da termodinâmica do
temperatura termodinâmica kelvin K
ponto triplo da água." (1967)
"... a quantidade de matéria de um
sistema que contém um número de
quantidade de matéria mol mol entidades elementares igual ao número de
átomos que existem em 0,012 quilogramas
de carbono-12." (1971)
"... a intensidade luminosa, em uma
dada direção, de uma fonte que emite
radiação monocromática de frequência
intensidade luminosa candela cd
540 x 102 hertz e que irradia nesta direção
com uma intensidade de 1/683 watt por
esferorradiano." (1979)

FONTE: Halliday (2012, p. 319)

As unidades derivadas são aquelas formadas pelas unidades fundamentais,


por exemplo: m/s, hertz (que é s-1), kg/m3, m2, N (que é kg.m/s2), Pa (que é N/m2),
J (que é kg.m2/s2) e assim por diante. Na Tabela 10 estão alguns exemplos de
unidades derivadas.

TABELA 10 – UNIDADES DERIVADAS DO SI (MKS)

GRANDEZA DIMENSÃO UNIDADE SIMBOLO

Força kg.m/s2 Newton N


Trabalho kg.m /s
2 2
Joule J
Potência J/s watt W
Velocidade m/s
Aceleração m/s2
Densidade kg/m3

FONTE: Disponível em: <http://www.uel.br/pessoal/inocente/pages/arquivos/03-Conceitos%20


de%20medidas%20e%20teoria%20de%20erros.pdf>. Acesso em: 26 set. 2017.

87
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS E HISTÓRIA DA FÍSICA

Quando estiver ensinando, chame sempre a atenção do aluno para as


unidades, observe newtons (N) na resposta final para a grandeza força, pois ele
deve se certificar que a massa esteja em quilogramas (kg) e não em gramas (g), e a
aceleração em metros por segundo ao quadrado (m/s2) e não em pés por segundo
quadrado (pés/ s2) ou outra unidade qualquer.

Você precisa saber como cada unidade é formada, a melhor maneira de nunca
perder de vista, é possuir um livro consolidado internacionalmente para consulta.

3 CONVERSÃO DE UNIDADES UTILIZANDO O FATOR DE


CONVERSÃO
Um elemento básico na conversão de unidades é o fator de conversão
que é um quociente de medidas equivalentes que pode ser multiplicado pela
grandeza física que se deseja converter e que vale um.

Um quilômetro é igual a mil metros, então isso significa que se eu dividir


um quilômetro por mil metros o resultado será igual a 1.

 1km 
  1
 1000m 

Se eu multiplicar esse valor por qualquer grandeza não estarei alterando o


resultado, uma vez que qualquer número vezes um é igual a ele mesmo.

Sendo assim, se eu tiver 34000 m e quiser converter esse valor para


quilômetros, posso multiplicar o fator de conversão apropriado e obter o valor
na unidade desejada.

 1km 
34000m     34 km
 1000m 

Observe que o metro do termo que multiplica o fator e conversão, cancelou


com metro no denominador do fator, permanecendo apenas o quilômetro do
numerador.

Por outro lado, se eu quiser converter 2,5 quilômetros em metros, preciso


inverter o fator de conversão para poder cancelar o denominador.

 1000m 
2 ,5km     2500m
 1km 

88
TÓPICO 5 | UNIDADES DO SISTEMA INTERNACIONAL (SI)

Trabalhar com o seu aluno a ideia de fator de conversão vai ajudá-lo,


principamente se ele decidir escolher um curso dentro da área das exatas. Isso
também vai ajudá-lo a não ter aquela dúvida recorrente; “Professor, precisa
multiplicar ou dividir?”. O fator de conversão não deixa dúvidas quanto à
unidade que se deseja eliminar e a que se deseja obter.

Para ficar bem claro como aplicar o fator de conversão, vamos praticar nas
próximas seções. Se você conseguir desenvolver a habilidade de usá-lo, terá mais
segurança ao efetuar os cálculos dos problemas de física e dificilmente cometerá
erros ao fazê-los no quadro sem tê-los resolvido em casa previamente.

Conversão de comprimento

Vamos começar convertendo distâncias utilizando as unidades da Tabela


11. Observe, 1 cm é igual a 10-2 m e igual a 10-5 km. Seguindo a primeira linha da
tabela, 1 cm é igual a 0,3937 polegadas e igual a 3,281 x 10-2 pés.

Seguindo o raciocínio aplicado, vamos olhar para a quarta linha. 1


polegada é igual a 2,540 cm (primeira coluna), é igual a 1 na coluna polegadas
(quinta coluna) e 1 polegada é igual a 8,333 x 10-2 pés. Olhando a coluna seguinte
(sexta coluna). Viu como funciona?

TABELA 11 – UNIDADES DE COMPRIMENTO

centímetro metro quilômetros polegadas pés milhas


1 cm 1 10 -2
10 -5
0,3937 3,281x10 -2
6,214X10-6
1m 100 1 10-3 39,37 3,281 6,214X10-4
1 km 10 5
1000 1 3,937x10 4
3281 0,6214
1 in 2,540 2,540x10 -2
2,540x10 -5
1 8,333x10 -2
1,578X10-5
1 ft 30,48 0,3048 3,048x10-4 12 1 1,894X10-4
1 mi 1,609x105 1609 1,609 6,336x104 5280 1

FONTE: Halliday (2012, p. A – 323)

Agora vamos exercitar, fazendo algumas conversões aplicando o fator de


conversão:

Exemplo: converta as grandezas para a unidade solicitada utilizando o


fator de correção a partir dos dados da Tabela 11:

a) 100,0 km em milhas.

 0 ,6214milhas 
100 ,0 km     62 ,14 milhas
 1km 

89
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS E HISTÓRIA DA FÍSICA

b) 30 pés em polegadas

 12 polegadas 
30 pés     360 polegadas
 1pé 

c) 6,214 milhas em metros

 1609m 
10milhas     16090m
 1milhas 

Observe que abaixo da Tabela 11 existem mais algumas informações


adicionais. Tais como um angströn igual a 10-10 m, um fermi igual a 10-15 m, uma
braça igual a seis pés. Embora essas unidades sejam pouco usadas, elas existem e
volta e meia vão aparecer em algum problema mais específicos.

Conversão de área

Na Tabela 12, encontramos as unidades de área. Vamos fazer alguns


exemplos de conversão de áreas para que você possa se familiarizar com elas.

TABELA 12 – UNIDADES DE ÁREA

Área
METROS2 cm2 pés2 polegadas2
1 METRO QUADRADO = 1 104 10,76 1550
1 centímetro quadrado = 10 -1
1 1,076 x 10 -3
0,1550
1 pé quadrado = 9,290 x 10 -2
929,0 1 144
1 polegada quadrada = 6,452 x 10 -4
6,452 6,944 x 10 -3
1
1 milha quadrada = 2,788 x 10 pés = 640 acres
7 2
1 acre = 43.560 pés
1 bam = 10-28 m2 1 hectare = 104 m2 = 2,471 acres

FONTE: Halliday (2012, p. A – 323)

Exemplo: converta as grandezas para a unidade solicitada utilizando o


fator de correção a partir dos dados da Tabela 12:

a) 100,0 cm2 em polegada quadrada.

 0 ,1550 pol 2 
100 ,0cm2     15 ,50 pol
2

 1cm
2


90
TÓPICO 5 | UNIDADES DO SISTEMA INTERNACIONAL (SI)

Se você estivesse utilizado o fator com a outra equivalência, chegaria no


mesmo valor. Observe:

 1pol 2 
100 ,0cm2     15 ,499 pol
2 
2

 6 ,452 cm 

Que arredondando daria o mesmo valor, 15,50 pol2.

b) 35 milhas quadradas em acre.

 640acres 
35 ,0milhas2   2 
 2 ,24  104 acres
 1milhas 

Você percebeu que no exemplo do ítem b utilizamos a informação que


aparece abaixo da tabela?

c) 800 cm2 em m2.

 104 m2 
800 cm2   2 
 8 ,00  102 m2
 1cm 

d) 19 hectares para pés2.

 104 m2   10 ,76 pés2 


19hectares        2 ,0  10 pés
6 2

 1hectare   1m
2


Note que no exemplo do item d tivemos que aplicar o fator de conversão


duas vezes para obter a resposta em pés2, pois não possuía um equivalente de
hectare, para pés quadrado diretamente.

Conversão de volume

Outra unidade de medida que você vai precisar saber converter é o


volume. Na Tabela 13, aparecem as unidades mais usuais de volume.

91
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS E HISTÓRIA DA FÍSICA

TABELA 13 – UNIDADES DE VOLUME

Área
cm3 L pés3 polegadas3
METROS3
1 METRO CÚBICO = 1 106 1000 35,31 6,102 x 104
1 centímetro cúbico = 10-6 1 1,000 x 10-3 3,531 x 10-5 6,102 x 10-2
1 litro = 1,000 x 10-1 1000 1 3,531 x 10-2 61,02
1 pé cúbico = 2,832 x 10 -2
2,832 x 10 4
28,32 1 1728
1 polegada cúbica = 1,639 x 10 -4
16,39 1,639 x 10 -2
5,787 x 10 -4
1
1 galão americano = 4 quartos de galão americano = 8 quartilhos americanos = 128 onças fluidas
americanas = 231 polegadas3
1 galão imperial britânico = 277,4 polegadas3 = 1,201 galão americano

FONTE: Halliday (2012, p. A – 324)

Vamos praticar o fator de conversão com unidades de volume.

Exemplo: converta as grandezas para a unidade solicitada utilizando o


fator de correção a partir dos dados da Tabela 13.

a) 100,0 cm3 em litros.

 1,000  103 L 
100 ,0cm3     0 ,1L
 1cm3 

b) 20000 litros em m3.

 1m3 
20000 L     20m
3

 1000 L 

c) 300 litros em galões americanos.

 61,02 pol3   1,201galões 


300 L  
1L
     79 galões
3 
   277 ,4 pol 

Conversão de massa

Como o peso de um corpo é o produto da massa e da aceleração da


gravidade, é comum utilizar uma equivalência entre os dois. Observe a parte
sombreada da Tabela 14. Essa equivalência é válida apenas em locais cuja
aceleração da gravidade vale 9,80665 m/s2.

92
TÓPICO 5 | UNIDADES DO SISTEMA INTERNACIONAL (SI)

TABELA 14 – UNIDADES DE MASSA

Massa
As grandezas nas áreas sombreadas não são unidades de massa, mas são frequentemente usadas com tal. Assim, por
exxemplo, quando escrevemos 1 kg"m" 2,205 lb, isso significa que um quilograma é a massa que pesa 2,205 libras em um local
onde g tem o valor padrão de 9,80665 m/g2.
g QUILOGRAMAS slugs u onças libras toneladas
1 grama = 1 0,001 6,852 x 10-5 6,022 x 1023 3,527 x 10-2 2,205 x 10-3 1,102 x 10-6
1 QUILOGRAMA = 1000 1 6,852 x 10 -2
6,022 x 10 26
35,27 2,205 1,102 x 10-3
1 slug = 1,459 x 10 4
14,59 1 8,786 x 10 27
514,8 32,17 1,609 x 10-2
1 unidade de
massa atômica = 1,661 x 10-24 1,661 x 10-27 1,138 x 10-28 1 5,857 x 10-26 3,662 x 10-27 1,830 x 10-30
1 onça = 28,35 2,835 x 10-2 1,943 x 10-3 1,718 x 1025 1 6,250 x 10-7 3,125 x 10-5
1 libra = 453,6 0,4536 3,108 x 10 -2
2,732 x 10 26
16 1 0,0005
1 tonelada = 9,072 x 105 907,2 62,16 5,463 x 1029 3,2 x 104 2000 1
1 tonelada métrica = 1000 kg

FONTE: Halliday (2012, p. A – 324)

Exemplo: converta as grandezas para a unidade solicitada utilizando o


fator de correção a partir dos dados da Tabela 14.

a) 150,0 g em libras.
 2 ,205  103 libras 
150 ,0 g     0 ,3300libras
 1g 

b) 25000 kg em toneladas.

 1102
,  106 toneladas 
2500000 kg     2 ,755toneladas
 1kg 

c) 70,54 onças em kg.

 1kg 
70 ,54onças     2 ,000 kg
 35 ,27 onçcas 

Conversão de pressão

A pressão é definida como o quociente da força sobre área em que ela


atua. No SI a força é dada em Newtons e a área é dada em metros quadrados.
Sendo assim, no SI, a unidade de pressão é N/m2, que é nomeada de pascal (Pa),
em homenagem ao físico e matemático francês Blaise Pascal.

Na Tabela 15 estão relacionadas as unidades de medida de pressão. Vamos


converter algumas dessas unidades para o SI.

93
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS E HISTÓRIA DA FÍSICA

TABELA 15 – UNIDADES DE PRESSÃO


Polegadas Libras/
atm Dinas/cm2 cmHg Pascals Libras/pé2
de água polegadas2

1 atmosfera 1 1,013 x 106 406,8 76 1,013 x 105 14,70 21,16

1 dina por
9,869 x 10-7 1 4,015 x 10-4 7,501 x 10-5 0,1 1,405 x 10-5 2,089 x 10-3
centímetros2

1 polegada de
2,458 x 10-3 2492 1 0,1868 249,1 3,613 x 10-2 5,202
água a 4oC
1 centimetro
de mercúrio 1,316 x 10-2 1,333 x 104 7,501 x 10-4 1 1333 0,1934 27,85
a 0oC

1 Pascal 9,869 x 10-6 10 4,015 x 10-3 7,501 x 10-4 1 1,405 x 10-4 2,089 x 10-2

1 libra por
6,805 x 10-4 6,895 x 104 27,68 5,171 6,895 x 103 1 144
polegada2

1 Libra por pé2 4,725 x 10-4 478,8 0,1922 3,591 x 10-2 47,88 6,944 x 10-3 1

Onde a aceleração da gravidade possui o valor de 9,80665 m/s2.


1 bar = 106dina/cm2 = 0,1 Mpa 1torr = 1 mmHG

FONTE: Halliday, (2012 p. A – 325)

Exemplo: converta as grandezas para a unidade solicitada utilizando o


fator de correção a partir dos dados da Tabela 15.

a) 130,0 polegadas de água em Pa.

 1Pa 
130 ,0 polegadas de água     3,238  10 Pa
4

 4 ,015  10 3
polegadas de água 

b) 10 atm em Pa.

 1,013  105 Pa 
10atm     1,013  10 Pa
6

 1atm 

c) 2,352 libras/pé2 em Pa.

 
 
2 ,352libras  47 ,88Pa 
 ,  102 Pa
 1126
pé 2
 1libras 
 pé 2 
 

94
TÓPICO 5 | UNIDADES DO SISTEMA INTERNACIONAL (SI)

Conversão de força

Quando você ensinar sobre as leis de Newton verá que as duas unidades
mais utiizadas são Newton (N) e quilogramas-força (kgf), Tabela 16. Vamos fazer
algumas conversões entre as unidades de força para praticar:

TABELA 16 – UNIDADES DE FORÇA

Força
As unidades de força nas áreas sombreadas são atualmente pouco usadas. 1 grama-força (= 1 gf) é a força
da gravidade que atua sobre um objeto cuja massa é 1 grama em um local onde g possui o valor padrão de
9,80665 m/s2.
dinas NEWTONS libras poundals gf kgf
1 dina = 1 10 -5
2,248 x 10 -6
7,233 x 10 -5
1,020 x 10 -3
1,020 x 10-6
1 NEWTON = 10 5
1 0,2248 7,233 102,0 0,1020
1 libra = 4,448 x 10 5
4,448 1 32,17 453,6 0,4536
1 poundal = 1,383 x 104 0,1383 3,108 x 10-2 1 14,10 1,410 x 102
1 grama-força = 980,7 9,807 x 10-3 2,205 x 10-3 7,093 x 10-2 1 0,001
1 quilograma-força = 9,807 x 10 5
9,807 2,205 70,93 1000 1
1 tonelada = 2000 lb

FONTE: Halliday, (2012, p. A – 325)

Exemplo: converta as grandezas para a unidade solicitada utilizando o


fator de correção a partir dos dados da Tabela 16.

a) 9807 N em kgf.

 1kgf 
9807 N     1000 kgf
 9 ,807 N 

b) 45kgf em N.

 9 ,807 N 
45kgf     4 ,4  10 N
2

 1 kgf 

c) 352 libras em N.

 4 ,448N 
352libras     1,57  10 N
3

 1 libra 

Aprendemos como converter unidades de algumas grandezas físicas, mas


existem outras que você deve ter habilidades em converter, quando ensinar os
conceitos de física para os seus alunos.

95
RESUMO DO TÓPICO 5
Nesse tópico, você viu que:

• Existe um sistema de unidades chamado SI, com o qual você vai se deparar
no seu universo de professor em que vão aparecer unidades expressas nesse
sistema na maior parte dos textos,

• Foram apresentadas as unidades fundamentais e as suas derivadas no SI.

• Enfatizou-se a importância de ajudar os seus alunos a diferenciar entre símbolo


e grandeza, prefixo da potência de dez e unidade de medida.

• É importante adotar um livro texto que possa lhe servir de consulta nos casos
mais difíceis, quando a discusão através de um livro do segundo grau não
alcança toda a plenitude que deveria.

• Há fatores de conversão e como usá-los para converter as unidades de


comprimento, área, volume, massa, pressão e força.

96
AUTOATIVIDADE

1 Quais são as primeiras unidades fundamentais do SI?

a) ( ) Metros, quilogramas e segundos.


b) ( ) Metros, centímetros e segundos.
c) ( ) Quilômetros, quilogramas e horas.
d) ( ) Newton, metros e minutos.
e) ( ) Minutos, horas e segundos.

2 São unidades fundamentais do SI:

a) ( ) ampère (A), segundo (s), quilograma (kg), metros por segundo (m/s).
b) ( ) kelvin (K), metros por segundo (m/s), newtons (N),
pascal (Pa).
c) ( ) mol (mol), pascal (Pa), kelvin (K), metros cúbicos (m3).
d) ( ) ampère (A), kelvin (K), mol (mol), candela (cd).
e) ( ) candela (cd), metros cúbicos (m3), mol (mol), pascal (Pa).

3 São unidades derivadas do SI:

a) ( ) m/s, hertz, N, kg/m3.


b) ( ) Pa, J, m, s.
c) ( ) kg.m/s2, N, s, J.
d) ( ) N/m2, hertz, m, kg.
e) ( ) J, m, s, m/s.

4 Converta 54,00 polegadas para metros e assinale a alternativa correta:

a) ( ) 1,372 m.
b) ( ) 21260 m.
c) ( ) 2,126 m.
d) ( ) 1372 m.
e) ( ) 2,13 m.

5 Converta 100,0 m2 em pés2 e assinale a alternativa correta.

a) ( ) 9,294 m2.
b) ( ) 1076 m2.
c) ( ) 1100 m2.
d) ( ) 9,300 m2.
e) ( ) 10,76 m2.

97
6 Converta 81 litros em m3 e assinale a alternativa correta.

a) ( ) 8,1 x 10-2 m3.


b) ( ) 8,1 x 102 m3.
c) ( ) 8,1 x 10-3 m3.
d) ( ) 8,1 x 103 m3.
e) ( ) 8,1 m3.

7 Converta 2,5 kg em unidades de massa atômica e assinale a alternativa


correta:

a) ( ) 1,5 x 1027 u.
b) ( ) 1,5 x 10-27 u.
c) ( ) 4,15 x 10-27 u.
d) ( ) 4,15 x 1027 u.
e) ( ) 5 x 1027 u.

8 Converta 20 cmHg em atmosferas e assinale a alternativa correta:

a) ( ) 0,26 atm.
b) ( ) 1520 atm.
c) ( ) 3,0 atm.
d) ( ) 2,6 atm.
e) ( ) 1,5 atm.

9 Converta 19614N em kgf e assinale a alternativa correta:

a) ( ) 2001kgf.
b) ( ) 192290kgf.
c) ( ) 2,000kgf.
d) ( ) 192,290kgf.
e) ( ) 20,01kgf.

10 Converta 1000 kgf em N e assinale a alternativa correta.

a) ( ) 102N.
b) ( ) 9804N.
c) ( ) 98,04N.
d) ( )1020N.
e) ( ) 9,804N.

98
UNIDADE 2

A HISTÓRIA DA FÍSICA

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir desta unidade você será capaz de:

• conhecer os grandes físicos da história desde a antiguidade até os tempos


atuais;

• discutir sobre o origem da matéria e os constituintes do universo;

• entender os movimentos dos corpos celeste e definir a atração gravitacional;

• interpretar as leis da natureza.

PLANO DE ESTUDOS
Caro acadêmico! Esta unidade de estudos encontra-se dividida em três tópi-
cos de conteúdos. Ao longo de cada um deles, você encontrará sugestões e di-
cas que visam potencializar os temas abordados e ao final de cada um, estão
disponíveis resumos e autoatividades que visam fixar os temas estudados.

TÓPICO 1 – OS PRIMEIROS FÍSICOS DA HISTÓRIA

TÓPICO 2 – FÍSICA CLÁSSICA

TÓPICO 3 – FÍSICA MODERNA

99
100
UNIDADE 2
TÓPICO 1

OS PRIMEIROS FÍSICOS DA HISTÓRIA

1 INTRODUÇÃO
Estamos começando mais uma jornada rumo ao emocionante mundo da
física. Estamos cientes das dificuldades que existem no tocante às disciplinas
de Física apresentadas no decorrer do curso e de como foram abordadas no
Ensino Médio.

É bastante comum, nos semestres iniciais, os alunos encontrarem muita


dificuldade no aprendizado das disciplinas de Física, pois a exigência por parte
dos professores esbarra no despreparo do aluno, que normalmente passou por
um ensino bastante discutível. Sem ter adquirido o hábito de leitura e reflexão, se
vê obrigado a buscar em livros o complemento necessário aos assuntos abordados
em sala de aula, mas, apesar da diversidade de bibliografia existente, não encontra
resultados básicos de pesquisas educacionais.
Isto é o que ocorre particularmente com relação às concepções
alternativas (intuitivas, espontâneas) e à própria resolução de
problemas em física, duas grandes áreas de estudo que têm
merecido a atenção de pesquisadores de diversos países. A literatura
especializada nestas áreas mostra que, notadamente em mecânica, é
necessário se levar em conta diversos aspectos relacionados ao ensino
deste assunto para manter o interesse dos estudantes e minimizar as
suas dificuldades conceituais. O potencial da história da mecânica
para o aprendizado de conceitos desta área do conhecimento, deixado
de lado por livros de texto de consagrado uso, também não pode ser
ignorado em uma metodologia que visa a compreensão significativa
dos conteúdos. Em suma, há uma clara falta de sintonia entre a
pesquisa em ensino de física e a transferência dos resultados desta
pesquisa para os livros de textos e, em decorrência, para a sala de aula
(PEDUZZI; ZYLBERSZTAJN, 1992, p. 239).

101
UNIDADE 2 | A HISTÓRIA DA FÍSICA

Para o ensino de física é necessário levar em conta as concepções que


os alunos trazem para a sala de aula, relacionadas aos assuntos que precisam
aprender. É importante que o professor tente estabelecer um paralelo entre
as concepções do aluno e as ideias mantidas no passado. O professor precisa
desmistificar a ideia que os livros-textos trazem de que as descobertas foram
realizadas apenas por cientistas infalíveis, e mostrar que as atitudes deles em
relação aos problemas que precisam resolver, em geral, não os conduzem a uma
solução bem-sucedida, apresentando e discutindo aspectos que os ajudem a ter
uma visão mais crítica. O professor deve utilizar as ideias intuitivas dos alunos
para estimular o raciocínio sobre os aspectos conceituais dos problemas e não se
deter em uma resolução matemática formal (PEDUZZI; ZYLBERSZTAJN, 1992).

A mente do aluno não é um quadro em branco que o professor pode


preencher como quer. Suas interações com o mundo possibilitam a ele construir
as ideias que expliquem certos fenômenos físicos observados no seu dia a dia. De
acordo com as próprias palavras dos autores:

Estas construções na forma de concepções, conceitos ou ideias


intuitivas e alternativas são encontradas em um grande número
de estudantes, em qualquer nível de escolaridade, constituem um
esquema conceitual coerente com amplo poder explicativo, diferem
das ideias expressas através de conceitos, leis e teorias que os alunos
têm que aprender, são muito persistentes e resistem ao ensino de
conceitos, não se debilitam mesmo frente às evidências experimentais
que as contrariam. Interferem no aprendizado da física, sendo
responsáveis, em parte, pelas dificuldades que os alunos encontram
em disciplinas desta matéria, acarretando nestas um baixo rendimento
quando comparado com disciplinas de outras áreas. Apresentam
semelhanças com esquemas de pensamento historicamente
superados. Infelizmente, a força e a intensidade dessas concepções
acabam passando desapercebidas para muitos professores (PEDUZZI;
ZYLBERSZTAJN, 1992, p. 240).

Se o professor levar em conta, poderá ter resultados melhores e um ensino


mais eficiente, tornando o aprendizado mais produtivo por parte do aluno.

Outro aspecto que faz o aluno ter um baixo desempenho na resolução dos
problemas de física está relacionado à sua falta de conhecimento da matemática.
Dificuldade que, associada à sua falta de reflexão e pensamento crítico, aumenta
ainda mais o seu desinteresse pela disciplina de Física.

O professor precisa ter tudo isso em mente na hora de apresentar os


conteúdos de física aos alunos, e encontrar maneiras de fazê-los superar essas
dificuldades.

102
TÓPICO 1 | OS PRIMEIROS FÍSICOS DA HISTÓRIA

Ocorreram muitas mudanças no ensino ao longo da história, assim como


o próprio homem mudou sua maneira de pensar e certas dificuldades persistem.
Não existe nenhum aparelho que torne o homem inteligente da noite para o dia.
É preciso que haja um esforço consciente por parte dele, no sentido de estabelecer
as conexões necessárias ao raciocínio.

Agora você vai entender um pouco da história desta disciplina e conhecer


algumas personagens que contribuíram para o seu desenvolvimento.

Quem poderia imaginar, há centenas de anos, que um homem poderia


falar com outro, mesmo eles estando separados por um continente? Isso pode
parecer comum para você, mas parecia fantasia pensar nisso no passado.

Talvez você se surpreenda ao saber que até o ano de 1900 os homens


precisavam publicar em livros, que tinham uma circulação pequena devido
à dificuldade de impressão, ou em jornais, que não possuíam versões digitais,
tinham apenas uma pequena tiragem. A forma utilizada com frequência eram as
cartas, sendo que o tempo de espera era bastante longo. Isso tornava muito difícil
a divulgação de suas ideias. Depois de anos, o rádio foi inventado, o que para a
época foi um avanço significativo na disseminação de informações.

Duas décadas depois surgiu a televisão, e finalmente, nos anos de 1970,


surgiram os microcomputadores (aparato gigantesco utilizado para cálculos). Foi
apenas na década de 1990 que começamos a nos conectar através da rede mundial
de computadores, a internet.

Agora, com a internet, podemos assistir a qualquer filme ou série da Netflix


na smart tv, encontrar uma aula de qualquer assunto que se possa imaginar no
YouTube, pesquisar a vida de qualquer celebridade no Google.

Podemos fazer tudo isso com os nossos celulares. Sem falar no whatsapp,
que facilitou a comunicação com muitas pessoas ao mesmo tempo.

Enfim, tudo se tornou prático, instantâneo e portátil. Notícias de fatos que


ocorrem em países distantes podem chegar a nós em questão de segundos através
das redes sociais.

Notícias que anteriormente passavam por muitas manipulações até


chegarem a nós podem ser disparadas instantaneamente sem qualquer edição
graças aos avanços que o homem não seria capaz de supor três séculos atrás.

Hoje temos os nossos celulares modernos de 32 Gb de memória, com 3G


ou 4G de internet, cheios de aplicativos, redes sociais, whatsapp, câmera digital
frontal de alta resolução.

103
UNIDADE 2 | A HISTÓRIA DA FÍSICA

Há menos de 20 anos, precisávamos de uma máquina fotográfica digital


para tirar uma foto, anexar nela um cabo para importar a imagem para o notebook
e depois publicá-la numa rede social. Agora bastam alguns segundos para tirar a
foto e publicá-la através do próprio dispositivo, com apenas um clique.

Doenças que sequer podiam ser diagnosticadas, hoje em dia são tratadas,
e muitas vidas são salvas por meio da interação dos cientistas das áreas de saúde
com pacientes, engenheiros, físicos, químicos, graças aos avanços da ciência.

O conhecimento agora é rapidamente disseminado e os avanços são


sensivelmente percebidos por toda a sociedade.

Em contrapartida, a facilidade tem levado muitos homens e mulheres


a perder o interesse pela busca do conhecimento, e estes têm optado pelas
manchetes sem qualquer aprofundamento. Embora a tecnologia tenha nos
salvado da manipulação das notícias, cabe a nós aproveitar a facilidade que
temos em conhecer a verdade para questionar e mudar o que não está de acordo
com a justiça.

Por isso, peço a você que estude esta unidade com carinho e incentive os
seus alunos, no futuro, a questionar e investigar a verdade.

Começaremos com um tópico sobre os cientistas que marcaram a história


da física e despertaremos em você a curiosidade necessária, mergulhando no
universo do conhecimento científico.

2 CIÊNCIA
O que é ciência?

A palavra ciência origina-se do latim, scientia, que significa conhecimento


ou saber, sendo raiz de outros vocábulos, tais como consciência e onisciência.
É uma maneira de investigar os fenômenos de um ponto de vista que garanta a
sua integridade.

Para tanto é preciso que essa investigação possua meios de corroborar


os seus resultados, seja através de modelos matemáticos ou de métodos
experimentais.

A ciência é diferente da filosofia e da religião, no sentido de que uma


afirmação somente é considerada verdadeira se puder ser comprovada.

104
TÓPICO 1 | OS PRIMEIROS FÍSICOS DA HISTÓRIA

Na antiguidade o mundo era entendido através de mitos, de tal modo


que os fenômenos naturais, como chuva, trovões, noite, dia, eram atribuídos
aos deuses.

A partir do século VI a. C., começaram a aparecer filósofos, homens que se


ocupavam de assuntos puramente teóricos, para tentarem explicar o universo de
outras maneiras que não envolvessem a vontade dos deuses. Buscavam encontrar
o princípio de todas as coisas, nas palavras de Paraná (2003).

As respostas a esta questão eram as mais variadas. Para Tales, era a água;
para Anaxímenes, o ar; Demócrito afirmava que era o átomo; para Empédocles,
eram os quatro elementos: terra, ar, água e fogo. Pitágoras (filósofo da Jônia)
considerava que o número era o princípio de todas as coisas. A harmonia da
natureza seria feita à imagem e harmonia dos números.

Sócrates baseava o seu sistema de pensamento em perguntas e respostas.


Seu discípulo Platão, que se considerava um ótimo observador, acreditava que
tudo aquilo que observamos não passa de uma simples aparência da realidade,
por isso se dedicava à contemplação.

Arquimedes relacionou os fenômenos da natureza através de experiências


e ficou famoso por demonstrar, de uma forma prática, que a coroa do rei era falsa.

Nas próximas seções vamos apresentar alguns cientistas importantes para


a física, bem como as suas contribuições mais significativas.

Começaremos com Arquimedes, depois falaremos de Aristóteles,


Copérnico, Galileu Galilei e Kepler. Não vamos falar de Newton ainda, porque
reservamos o terceiro tópico inteiro para esse físico, devido à sua importância
para a mecânica clássica.

3 ARQUIMEDES DE SIRACUSA
“Dai-me um ponto de apoio e levantarei o mundo” (Arquimedes, sec. III a.C).

Não se sabe muito a respeito de Arquimedes, a não ser que nascera em


Siracusa no ano de 287 a.C. e tinha um bom relacionamento com o rei Hierão II,
de Siracusa. Acredita-se que estudou em Alexandria sob a influência de Euclides
e durante a sua vida contribuiu em diversas áreas, como a matemática, a física,
a engenharia, a astronomia e a filosofia. Apesar de Heráclides, um amigo, ter
escrito sua biografia, temos poucas informações sobre sua história, pois tal obra
foi perdida com o tempo. Desse modo, não temos certeza se constituiu família,

105
UNIDADE 2 | A HISTÓRIA DA FÍSICA

com filhos ou esposa. Ficou famoso pelas invenções de máquinas que foram
usadas na defesa de Siracusa durante a guerra (BARBOSA; BREITSCHAFT,
2005). Entre elas, o “Raio de Calor”, como ficou conhecida, um dispositivo
projetado com espelhos de metal polido, posicionados estrategicamente de
modo a refletir a luz do Sol sobre os navios atracados nas proximidades de
Siracusa, durante o cerco promovido pelos romanos (ocorrido em 214-212 a.
C.). Outro invento que se tornou famoso foi a “Garra de Arquimedes”, que
funcionava como um guindaste formado por uma haste, uma corda reforçada e
um gancho em sua ponta, usado para içar embarcações. O canhão à vapor, que
lançava projéteis em alta velocidade, e a besta de repetição, que se tratava de
uma evolução das bestas preexistentes pela possibilidade de armazenamento de
flechas extras, tornando a operação mais rápida, também são invenções bélicas
creditadas ao inventor grego.

No campo da matemática, Arquimedes ficou conhecido por sua obra


intitulada “O contador de areia”, em que se propõe a contar o número total de
grãos de areia capaz de permear todo o universo. Tomando as ideias vigentes
sobre o tamanho do universo, ele influenciou a matemática com seu tratamento
de grandes números, nos provendo as bases para aquilo que chamamos hoje de
notação científica.

Arquimedes foi morto por um soldado em 212 a.C, durante uma guerra,
enquando estava desenhando círculos na poeira do chão. Quando notou a
aproximação do soldado, teria dito a ele para não estragar as suas circunferências.
Em seu túmulo, localizado em Siracusa, há uma escultura que ilustra um de seus
teoremas, que trata da relação entre as áreas e os volumes de uma esfera (E) de
raio R contida em um cilindro (C) cuja altura corresponde a duas vezes o raio da
esfera, de modo que a razão entre os (VE/ VC) = (AE/ AC) = (2/3).

FIGURA 36 – ESFERA

FONTE: Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/


Arquimedes#Biografia>. Acesso em: 9 nov. 2017.

106
TÓPICO 1 | OS PRIMEIROS FÍSICOS DA HISTÓRIA

4 ARISTÓTELES
“O ignorante afirma, o sábio dúvida, o sensato reflete” (Aristóteles, sec.
V a.C.).

Embora nada possa se igualar ao progresso que alcançamos durante os


últimos 300 ou 400 anos de produção científica, é inegával o mérito dos 20 séculos
de sobrevivência do sistema aristotélico, nas palavras de Polito (2015).

O sistema aristotélico fornecia explicações profundas e (relativamente)


coerentes do universo físico de sua época, além de prover os fundamentos da
lógica e da ontologia, que se tornaram também pilares fundamentais sobre os
quais a ciência pôde, posteriormente, se apoiar.

A ontologia, segundo o aristotelismo, é a parte da filosofia que estuda o


ser apartada de definições que ocultam sua natureza plena e integral.

Aristóteles viveu entre 384 a.C. e 322 a.C. na Grécia. Ele foi discípulo de
Platão, era um filósofo que se dedicava ao estudo de vários assuntos, sendo a
física um deles.

Ele abandonou a visão místico-religiosa de Platão e se concentrou


nas observações empíricas, assim pôde modelar a natureza física através da
compreensão da natureza viva.

Aristóteles discute o conceito de movimento de forma ampla do que é


discutido atualmente nos cursos de graduação, em que se estuda o movimento
relacionando-o ao estado em que o corpo se encontra. Segundo Campos:
Embora todo movimento seja uma mudança, a recíproca não é
verdadeira. As mudanças podem ocorrer em três sentidos: 1- no sentido
da não existência; 2- da existência do ser para a não existência; e 3- das
transições de um ser, enquanto ser. O movimento ocorre apenas no
terceiro sentido, pois é somente neste sentido que a mudança ocorre de
um termo negativo a um termo positivo, ou seja, diz respeito à geração,
no segundo a mudança ocorreu no sentido de um termo positivo a um
termo negativo, ou seja, diz respeito à corrupção (CAMPOS; ÉLIO,
2012, s.p.).

Assim, para Aristóteles existem três classes de movimento: o qualitativo,


o quantitativo e o local. O primeiro está relacionado às mudanças qualitativas, o
segundo ao aumento ou diminuição e o terceiro às mudanças de lugar. Apesar de
serem distintos, o movimento qualitativo e o quantitativo não podem existir sem
um lugar. Sendo assim, é preciso considerar o movimento local em primeiro lugar.
Estes movimentos não seriam aleatórios, mas estariam associados à atualização
das potencialidades do corpo. Os movimentos ocorrem gradualmente, sendo que
cada pequena mudança seria um passo intermediário para atingir a perfeição.

107
UNIDADE 2 | A HISTÓRIA DA FÍSICA

Segundo Aristóteles, a matéria estava relacionada à sua potencialidade, e


a matéria terrestre e a dos corpos celestes eram diferentes, por isso possuíam uma
mutabilidade diferente. Porto (2009) esclarece:
Assim sendo, se para Aristóteles a matéria era a fonte intrínseca da
mutabilidade (potencialidade) presente na realidade sensível terrestre, a
matéria de que seriam feitos os corpos celestes não poderia ser a mesma,
dado que estes corpos, embora perceptíveis pelos sentidos, não possuíam
em sua natureza esse elemento de mutabilidade. Aristóteles afirmou,
portanto, que enquanto o mundo terrestre era composto dos quatro
elementos terra, água, ar e fogo, o mundo celeste era composto de um
outro tipo de matéria, um elemento denominado éter ou quintescência.
Havia, portanto, dois tipos de substâncias sensíveis: as celestes, formadas
por matéria incorruptível, e as terrestres, sujeitas a processos de geração,
transformação e corrupção (PORTO, 2009, s.p.).

Embora suas ideias sobre os fenômenos naturais tenham sido substituídas


mais tarde pelas de Galileu e Newton, serviram como precursoras do estudo das
leis da natureza e do surgimento do método científico.

FIGURA 37 – ARISTÓTELES

FONTE: Disponíve em: <https://pixabay.com/pt/escultura-bronze-figura-


aristóteles-2298848/>. Acesso em: 9 nov. 2017.

Na época de Aristóteles era impossível separar a física da metafísica,


pois ainda não havia uma terminologia clara sobre a categoria dos objetos a
serem estudados.

Sendo assim, a metafísica definia o conjunto de entidades sobre as quais o


discurso deveria versar. Nas palavras de Polito:

Por exemplo, sabemos que, dentro da ciência do eletromagnetismo, o


discurso teórico se fará em torno de entidades como correntes elétricas,
distribuições de carga elétrica, campos elétricos, campos magnéticos,
etc. Não era esse o caso no tempo de Aristóteles, pois todo o universo
dos entes e objetos do discurso científico ainda carecia de definição
e ordenação. De modo que, se não havia uma física construída,
tampouco havia uma metafísica ou, mais propriamente, uma ontologia

108
TÓPICO 1 | OS PRIMEIROS FÍSICOS DA HISTÓRIA

prévia, à qual se referir. Portanto, juntamente com as leis que regem


os fenômenos naturais, Aristóteles precisava estabelecer os tipos de
objetos que estariam submetidos àquelas leis, fixando também uma
terminologia e uma classificação para eles, além de suas propriedades
(POLITO, 2015, p. 5).

Aristóteles dividiu o movimento em dois tipos distintos, os movimentos


forçados e os movimentos naturais. Para que as atualizações das potencialidades
ocorram deve-se levar em conta a composição do corpo e a existência dos lugares
próprios de cada corpo. Nas palavras de Campos e Ricardo (2012):

Para que o corpo seja deslocado de seu lugar natural, aplica-se a ele
uma violência externa, de tal maneira que adquira um movimento
contra sua natureza, ou seja, não natural (também chamado de
violento). No entanto, assim que for cessada a causa deste movimento
violento, o corpo retornará ao seu lugar natural de acordo com seu
peso ou leveza (CAMPOS; RICARDO, 2012 , s.p.)

O que hoje em dia poderíamos classificar como movimentos devido a


uma ação por contato (um puxão ou empurrão) e movimentos por uma ação à
distância (campo gravitacional ou campo magnético).

FIGURA 38 – REPRESENTAÇÃO DO UNIVERSO

FONTE: Disponível em: <http://astronomia.blog.br/assim-na-terra-como-no-ceu>. Acesso em: 9


nov. 2017.

109
UNIDADE 2 | A HISTÓRIA DA FÍSICA

Quanto à estrutura do universo, Aristóteles acreditava que a Terra era


esférica e ocupava o centro do universo.

Sendo que as estrelas e todos os demais astros estavam distribuídos em


camadas esféricas concêntricas a partir da Terra.

Esse sistema, que dominou toda a antiguidade e a Idade Média, é


conhecido como sistema geocêntrico e foi concebido por Ptolomeu (90–168 a.C.),
que, a partir de fatos observáveis, chegou à conclusão de que o céu e a Terra
são esféricos e que estão imóveis no centro geométrico do céu, admitindo que
os corpos celestes sejam esferas sólidas e homogêneas compostas de éter, se
movendo circularmente. Pereira (2011) afirma:
Ptolomeu apresenta a divisão do saber teórico, de tradição aristotélica,
em três ramos: o teológico, que se preocupa com as coisas imateriais;
o físico, que trata das coisas sujeitas à geração e à corrupção; e o
matemático, que investiga a natureza das formas e dos movimentos
que possuem os corpos materiais. Sendo este, do qual faz parte a
astronimia ao se ocupar das coisas divinas e celestes ao investigar o
que não sofre mudança, intermediário entre os outros ramos, pois
participa de qualidades que os astros possuem (PEREIRA, 2011, s.p.).

Apesar dos problemas do pensamento de Aristóteles, ele dominou a


mentalidade científica da Europa por dois mil anos. Serviu como o primeiro
passo na elaboração de uma linguagem funcional para a física.

5 COPÉRNICO
“Saber que sabemos o que sabemos, e saber que não sabemos o que não
sabemos, esta é a verdadeira sabedoria” (Copérnico, sec. XVI).

Nicolau Copérnico era polonês, viveu entre 1473 e 1543, marcando uma
revolução na astronomia no período conhecido como Renascença. No ano de
sua morte ele publicou o livro “Sobre a revolução das órbitas celestes”, em que
apresentou um sistema astronômico matematicamente estruturado, rivalizando
com o sistema que vinha sendo aceito por séculos. Nas palavras de Peduzzi (2015):

É verdade que Copérnico rejeitou o equante da astronomia ptolomaica


que, para ele, violava o princípio da uniformidade do movimento
circular, na medida em que o centro do epiciclo de um planeta não
descreve ângulos iguais em tempos iguais, nem em relação ao
centro de seu deferente e nem em relação ao centro da Terra, mas
sim para um observador supostamente situado em um ponto do
espaço próximo a estes dois últimos. Mas, de resto, fez pleno uso das
técnicas e dispositivos matemáticos de que se valeu Ptolomeu para a
estruturação de seu sistema (PEDUZZI, 2015, p. 99).

110
TÓPICO 1 | OS PRIMEIROS FÍSICOS DA HISTÓRIA

Em sua teoria, Copérnico colocou o Sol imóvel no centro do universo


com a Terra e os outros planetas girando ao seu redor. Atribuída a seguinte
ordem de afastamento a partir do Sol: Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter e
Saturno, porém, seu sistema era ainda mais intrincado que o anterior, pois eram
necessários 48 círculos para descrever as posições dos planetas a partir de uma
Terra em movimento. A rotação da Terra em torno do seu eixo seria responsável
pelo movimento das estrelas fixas num céu estático (PEREIRA, 2011).

As ideias de Copérnico, apesar de possuirem alguns erros, provocaram


uma revolução no pensamento ocidental, porque, pela primeira vez, o homem
deixou de ocupar o centro do universo.

FIGURA 39 – COPÉRNICO

FONTE: Disponível em: <https://pixabay.com/pt/astrônomo-


copérnico-escultura-2306436/>. Acesso em: 9 nov. 2017.

6 GALILEU GALILEI
“Não me sinto obrigado a acreditar que o mesmo Deus que nos dotou de
sentidos, razão e intelecto, pretenda que não os utilizemos” (Galileu, sec. XVI).

Galileu Galilei, físico italiano, viveu entre 1564 a 1642, foi o precursor
da física moderna, é considerado um dos fundadores do método experimental.
Publicou um livro sobre o movimento dos corpos onde criticava as ideias de
Aristóteles sobre a queda dos corpos e o movimento balístico. Estabeleceu as
bases para o princípio de inércia (foi melhorado por Isaac Newton), que se tornou
uma das suas três leis da dinâmica. Criticou os argumentos da lei de Arquimedes,
dando origem ao Paradoxo Hidrostático.
111
UNIDADE 2 | A HISTÓRIA DA FÍSICA

Silveira e Medeiros (2009) afirmam que o ensino tradicional padece


de uma exagerada tendência indutivista, negligenciando a complexidade da
produção científica, produzindo mitos e enigmas que precisam ser esclarecidos.
Aponta como exemplo os paradoxos hidrostáticos, sendo que um desses enigmas
é atribuído a Galileu e está relacionado à lei de Arquimedes, conhecido como
Paradoxo Hidrostático de Galileu.

O mistério de tal paradoxo, segundo Silveira e Medeiros (2009), se


deve à forma como a lei de Arquimedes é apresentada nos livros-texto, de
forma experimental, produzindo um erro de avaliação. O enunciado da lei de
Arquimedes diz que todo corpo mergulhado em um líquido sofre um empuxo
de baixo para cima igual ao peso do fluido por ele deslocado. O experimento
citado parte do princípio de que há uma quantidade de fluido suficiente para
que quando o corpo é mergulhado no recipiente este transborde e possa ser
pesado. Mas, e se o recipiente contiver uma quantidade de fluido com peso
menor do que o do corpo flutuante? As experiências mostram que mesmo num
recipiente de dimensões reduzidas e com uma quantidade menor do que o
corpo precisaria deslocar, o corpo flutua. Nesse caso, o empuxo é maior do que
o peso do volume deslocado.

Silveira e Medeiros (2009) apresentam uma abordagem energética para


a solução desse paradoxo, partindo do conhecimento de que qualquer sistema
em equilíbrio estável satisfaz a condição de que a energia potencial do sistema
seja mínima. Segundo Silveira e Medeiros (2009), essa abordagem necessita dos
mesmos conhecimentos matemáticos que a abordagem clássica, mas não é usual
no Ensino Médio ou no Ensino Superior. Apresentam também uma abordagem
através da Lei Fundamental da Estática dos Fluidos, com a mesma simplicidade
matemática levando à mesma condição de flutuação, afirmando que o corpo
flutuará se a sua densidade for no máximo igual à do fluido. Evidenciando
um equívoco no enunciado tradicional da lei de Arquimedes, e que para não
produzir o Paradoxo Hidrostático é necessário alterar o enunciado para “todo
corpo mergulhado em um fluido sofre um empuxo de baixo para cima igual ao
peso do fluido contido em um volume idêntico ao volume submerso do corpo no
fluido” (SILVEIRA; MEDEIROS, 2009, p. 289).

Em 1609, Galileu teve notícia de que na Holanda havia sido construído


um instrumento que permitia que uma pessoa enxergasse objetos distantes. Deu-
se conta da importância deste instrumento para a observação de corpos celestes,
interessando-se pelo assunto. Então construiu a primeira luneta com a qual
observou a Lua e as fases do planeta Vênus, movimento que derrubou de uma
vez por todas o sistema geocêntrico.

112
TÓPICO 1 | OS PRIMEIROS FÍSICOS DA HISTÓRIA

DICAS

Quando você estiver lecionando, pode construir uma luneta com os seus
alunos. Canalle ensina como fazer, em artigo no Caderno Catarinense de Ensino de Física,
Simplificando a luneta com lente de óculos.

FIGURA 40 – GALILEU

FONTE: Disponível em: <https://pixabay.com/pt/galileu-estátua-


florença-itália-812655/>. Acesso em: 9 nov. 2017.

Na Figura 41 é apresentada a luneta, construída através de um sistema de


lentes. O estudo é abordado pela óptica geométrica, um ramo da Física.

113
UNIDADE 2 | A HISTÓRIA DA FÍSICA

FIGURA 41 – LUNETA

FONTE: Disponivel em: <https://pixabay.com/pt/bronze-capitão-luneta-692736/>.


Acesso em: 9 nov. 2017.

Você pode pesquisar sobre outros instrumentos ópticos para ilustrar sua
aula de Física quando estiver falando sobre óptica geométrica.

Outra contribuição importante de Galileu foi o pêndulo. Ele observou que


o período de oscilação de um pêndulo é independente da sua amplitude e que
pêndulos mais leves param antes que pêndulos mais pesados, sendo o quadrado
do período de oscilação proporcional ao comprimento do pêndulo. Estudos sobre
o pêndulo tornaram possível a construção de relógios mais precisos.

FIGURA 42 – PÊNDULO

FONTE: Disponível em: <https://pixabay.com/pt/pêndulo-ciência-física-


equilíbrio-828641/>. Acesso em: 9 nov. 2017.

114
TÓPICO 1 | OS PRIMEIROS FÍSICOS DA HISTÓRIA

7 JOHANNES KEPLER
“As leis da Natureza nada mais são que pensamentos matemáticos de
Deus” (KEPLER, sec. XVI).

Johannes Kepler, astrônomo alemão, viveu entre 1571 e 1630. Contribuiu


nos estudos da física, seus estudos sobre o movimento dos corpos celestes
destruíram o dogma do movimento circular e forneceram uma das bases para a
teoria da gravitação universal de Newton. Foi responsável pelo desenvolvimento
da óptica, embora não seja devidamente creditado. Contribuiu para lançar as
bases dos logaritmos e do cálculo. Os textos e correspondências originais, que
na maior parte equivalem a artigos científicos, foram preservados e tornaram
possível o exame de suas ideias.

FIGURA 43 – JOHANNES KEPLER E TYCHO BRAHE

FONTE: <https://pixabay.com/pt/praga-monumento-kepler-648509/>.
Acesso em: 9 nov. 2017.

115
UNIDADE 2 | A HISTÓRIA DA FÍSICA

A disputa entre o geocentrismo e o heliocentrismo resultou em dados mais


precisos sobre o movimento dos corpos celestes. É comum, nos livros didáticos,
descrever essa interação de Tycho Brahe e Kepler como pacífica, quando, na
verdade, os registros históricos apontam no sentido oposto. Tycho Brahe (1506-
1601), um astrônomo dinamarquês, efetuou observações precisas numa época
que antecedeu o surgimento do telescópio, por isso a ciência moderna deve a
ele as primeiras peças de evidência contra o cosmos aristotélico. Estas peças,
posteriormente, abriram o caminho para a aceitação dos trabalhos de Copérnico
e de Galileu. Concluiu, através de suas observações, que os planetas giravam em
torno do Sol e a Terra em torno da Lua. Esses dados ajudaram Kepler a verificar
algumas irregularidades nos movimentos de planetas, como o fato de que as
órbitas eram elípticas e não circulares.

8 ISAAC NEWTON
“Posso pegar meu telescópio e ver milhões de quilômetros de distância
no espaço, mas também posso pôr meu telescópio de lado, ir para o meu quarto,
fechar a porta e, em oração fervorosa, ver mais do céu e me aproximar mais de
Deus do que quando estou equipado com todos os telescópios e instrumentos do
mundo” (Newton, sec. XVII).

Isaac Newton, cientista inglês, viveu entre 1642 e 1727. Realizou muitos
estudos sobre tópicos relacionados à física, tais como a óptica, a gravitação
universal, a dinâmica dos corpos, o movimento das marés. Construiu o primeiro
telescópio refletor e aperfeiçoou a fabricação das lentes e dos espelhos. Segundo
Carron, “aos 18 anos, ingressou no Trinity College, da Universidade de Cambrige,
onde teve contato com os princípios de filosofia de Descartes, o diálogo sobre os
dois principais sistemas do mundo, de Galileu, e os trabalhos de Kepler, entre
outros” (CARRON, 1998, p. 117).

FIGURA 44 – ISAAC NEWTON

FONTE: Disponível em: <http://www.freepik.es/vector-gratis/retrato-de-


isaac-newton_761230.htm>. Acesso em: 9 nov. 2017.

116
TÓPICO 1 | OS PRIMEIROS FÍSICOS DA HISTÓRIA

Quando estava com 23 anos, entre o verão de 1665 e a primavera 1667,


a praga que atingiu Londres e outras cidades da Inglaterra levou Newton a se
refugiar na fazenda da família em Woolsthorpe, interrompendo os seus estudos
no Trinity College, em Cambrige. A respeito dessa época, Peduzzi comenta:

Nesse período, no auge de sua criatividade, Newton concebe


uma nova matemática (a série binomial, o método das tangentes
e o cálculo dos fluxões), tem a primeira intuição da gravitação,
ao começar a pensar que a gravidade terrestre pode se estender
até a órbita da Lua, decrescendo com o inverso do quadrado da
distância, e desenvolve a teoria das cores (PEDUZZI, 2015, p. 18).

Durante uma epidemia de peste bubônica, teve que se ausentar das aulas e
ficou na aldeia de sua família por aproximadamente dois anos. Como ele próprio
gostava de afirmar, apoiado em ombros de gigantes, provavelmente referindo-se
a Copérnico, Galileu e Kepler, desenvolveu parte das suas teorias.

Com os princípios matemáticos da filosofia natural, lançou as bases


modernas da física matemática, dinâmica, hidrostática, hidrodinâmica e da
gravitação universal do sistema solar. Como afirma Carron em sua obra As
faces da física:

Há um grande número de leis e de fórmulas que levam o


seu nome: os anéis de Newton (interferência luminosa); o
binômio de Newton (relação matemática); a lei da gravitação
de Newton (movimento dos planetas); o campo newtoniano
(forças gravitacionais); o tubo de Newton (vácuo); as leis
do movimento de Newton, princípios básicos da mecânica
(CARRON, 1998, p. 117).

O cálulo integral de Newton, desenvolvido também por Leibniz, era por


vezes denominado cálculo de fluentes. Em que os fluentes são grandezas geradas
e fluxões são suas taxas de derivação, ou seja, os fluentes representam as integrais
e os fluxões representam as derivadas. Hoje em dia, o cálculo é encontrado em
áreas que vão da matemática pura e aplicada, passando pela física às engenharias.

117
RESUMO DO TÓPICO 1
Nesse tópico, você viu que:

• Grandes cientistas foram responsáveis pelos fundamentos do que hoje


chamamos de física clássica. Você entrou em contato com o pensamento dos
filósofos da antiguidade, conhecendo um pouco de seu cotidiano e do mundo
em que viviam.

• As ideias desses filósofos foram se aprimorando até chegarem a conclusões


científicas, saíndo do campo da filosofia e entrando na física propriamente
dita. Falamos dos principais pensadores da Idade Média, que contribuíram
não apenas para o desenvolvimento da física, mas também para o avanço da
matemática.

• Introduzimos breves contextualizações dos mais conhecidos nomes do


pensamento matemático ocidental.

118
AUTOATIVIDADE

1 Segundo Pitágoras, na antiguidade os filósofos buscavam o princípio de


todas as coisas. Assinale a alternativa correta:

a) ( ) A água.
b) ( ) O ar.
c) ( ) O átomo.
d) ( ) Os quatro elementos (terra, água, ar e fogo).
e) ( ) O número.

2 Em que se baseava o sistema do filósofo Sócrates? Assinale a alternativa


correta:

a) ( ) Em perguntas e respostas.
b) ( ) Em observações.
c) ( ) Na análise de dados.
d) ( ) Em estatísticas.
e) ( ) Nos quatro elementos.

3 Quais filósofos acreditavam na teoria do geocentrismo e o que o sistema


geocêntrico propunha?Assinale a alternativa correta:

a) ( ) Copérnico e Gallileu - o sistema geocêntrico estabelece que a Terra


ocupa o centro do universo e todos os demais corpos celestes giram
ao redor dela.
b) ( ) Ptolomeu e Aristóteles - o sistema geocêntrico estabelecia que a Terra
era esférica e ocupava o centro do universo. Sendo que as estrelas e
todos os demais astros estavam distribuídos em camadas esféricas
concênticas a partir da Terra.
c) ( ) Ptolomeu e Aristóteles - o sistema geocêntrico estabelecia que o
Sol ocupava o centro do universo. Sendo que as estrelas e todos os
demais astros estavam distribuídos em camadas esféricas concênticas
a partir do Sol.
d) ( ) Copérnico e Gallileu - o sistema geocêntrico estabelece que o Sol
ocupa o foco das trajetórias elípticas dos planetas que
giram ao seu redor.
e) ( ) Galileu e Aristóteles - o sistema geocêntrico estabelece
que a Terra e os outros planetas do sistema solar giram
em trajetórias circulares em torno do Sol.

119
4 Por que as ideias de Copérnico provocaram uma revolução no
pensamento ocidental? Assinale a alternativa correta:

a) ( ) Porque pela primeira vez o homem passou a ser o centro do universo.


b) ( ) Porque pela primeira vez o homem deixou de ser o centro do
universo.
c) ( ) Porque pela primeira vez o homem pisou na Lua.
d) ( ) Porque pela primeira vez o homem passou a enxergar
as galáxias.
e) ( ) Porque pela primeira vez o homem foi capaz de medir
distâncias astronômicas.

5 Quem foi que publicou um livro sobre o movimento dos corpos onde
criticava as ideias de Aristóteles sobre a queda dos corpos e o movimento
balístico? Assinale a alternativa correta:

a) ( ) Galileu.
b) ( ) Copérnico.
c) ( ) Kepler.
d) ( ) Newton.
e) ( ) Einstein.

6 Sobre as Leis de Kepler e o movimento dos planetas, marque a alternativa


correta:

a) ( ) A velocidade dos planetas ao redor do Sol é constante.


b) ( ) A distância da Terra ao Sol varia com o tempo e portanto, a velocidade
da Terra em torno do Sol não é sempre a mesma.
c) ( ) A velocidade de um planeta ao redor do Sol não depende da sua
distância até ele.
d) ( ) Quanto menor a distância de um planeta em relação
ao Sol, maior é a sua velocidade.
e) ( ) A velocidade dos planetas ao redor do Sol depende
unicamente de suas massas.

120
UNIDADE 2 TÓPICO 2

FÍSICA CLÁSSICA

1 INTRODUÇÃO
Aquilo que hoje chamamos de física clássica é o condensado de anos de
desenvolvimento filosófico intelectual levado a cabo por grandes pensadores
da história, dos gregos aos romanos, passando pela Europa e estendendo-se às
colônias americanas. Apresentaremos aqui algumas das ideias que formataram o
pensamento ocidendal.

A física clássica é composta pelos estudos anteriores ao século XX e incluem


a Mecânica, a Termodinâmica, a Eletricidade, o Magnetismo, a Óptica e o Som.

2 MECÂNICA
A mecânica é a área da física que trata do movimento dos corpos, suas
causas e consequências. Ela se divide em Cinemática, que estuda a geometria do
movimento; Dinâmica, que estuda as causas do movimento e Estática que estuda
o equilíbrio dos corpos.

Os maiores nomes ligados ao desenvolvimento desse campo são


Arquimedes, Aristóteles, Galileu e Newton. Abordaremos aqui algumas das mais
proeminentes ideias apresentadas por esses pensadores.

121
UNIDADE 2 | A HISTÓRIA DA FÍSICA

2.1 LEIS DE NEWTON


Na sua obra “Os princípios matemáticos da filosofia natural”, Newton
revela seus estudos sobre o movimento dos corpos e enuncia três leis básicas para
o movimento, que fundam a física clássica.

As leis de Newton permitem entender o comportamento dos corpos em


movimento ou em repouso, estabelecendo as leis que permitem o equilíbrio
desses corpos.

2.1.1 Força resultante


A força é uma grandeza física vetorial, trata-se de uma ação sobre a
matéria que pode ocasionar uma mudança no estado de movimento da mesma.
Essa ação pode ser à distância, que é o caso da força gravitacional, e pode ser por
contato, que é o caso de um empurrão.

O efeito de várias forças atuando sobre um corpo é obtido através da força


resultante.

Podemos calcular essa força resultante F somando todas as n forças que


atuam sobre o corpo.

 n      
F   Fi  F1  F2  F3  F4   Fn (equação 32)
i 1

Por exemplo: encontre a intensidade da força resultante que atua sobre o


bloco da Figura 45 e diga qual é a sua direção e o seu sentido.Solução: assim, a
intensidade da força resultante é o seu valor numérico, portanto basta encontrar o
módulo dessa força. Como as duas forças estão no mesmo sentido, atribuiremos o
sinal positivo nas duas e aplicamos a equação 32 para encontrarmos a intensidade
da força resultante.

 
F  10 N  10 N F  20 N

R.: Em que a intensidade da força resultante é de 20 N. A direção da força


resultante é a mesma das duas forças aplicadas, ou seja, horizontal. O sentido da
força resultante é para a direita, igual ao das duas forças.

122
TÓPICO 2 | FÍSICA CLÁSSICA

FIGURA 45 – FORÇAS ATUANDO NO MESMO SENTIDO SOBRE UM BLOCO


10 N

10 N
x
FONTE: A autora

Outro exemplo: encontre a intensidade da força resultante que atua sobre


o bloco da Figura 46 e diga qual é a sua direção e o seu sentido.

FIGURA 46 – FORÇAS ATUANDO EM SENTIDOS OPOSTOS SOBRE UM BLOCO


10 N

5N
x
FONTE: A autora

Solução: como as duas forças estão em sentidos opostos, atribuiremos o


sinal positivo na força que aponta para a direita e o sinal negativo na força que
aponta para a esquerda. Aplicando a equação 32, encontramos a intensidade da
força resultante.

 
F  10 N  5N F  5N

R.: Em que a intensidade da força resultante é de 5 N. A direção da força


resultante é a mesma das duas forças aplicadas, ou seja, horizontal. O sentido
da força resultante é para a direita, igual ao da força de maior intensidade. Por
exemplo: encontre a intensidade da força resultante que atua sobre o bloco da
Figura 47 e diga qual é a sua direção e o seu sentido.

FIGURA 47 – FORÇAS EM ÂNGULO RETO ATUANDO SOBRE UM CORPO


5N

6N
x
FONTE: A autora

123
UNIDADE 2 | A HISTÓRIA DA FÍSICA

Solução: como as duas forças estão formando um ângulo de 900 entre elas,
podemos utilizar uma soma vetorial, em que:

 5N    6 N 
2 2
F 


F  7 ,8102 N

Encontrando a direção:

5
tan 
6
tan  0 ,833

  arctan  0 ,833

  39 ,8 0

R.: A intensidade da força resultante é de 8 N, arredondando para um


algarismo significativo. A direção da força resultante é dada pelo ângulo θ com a
horizontal e vale 400, arredondando. O sentido da força resultante é para a direita.

Por exemplo: encontre a intensidade da força resultante que atua sobre o


bloco da Figura 48.

FIGURA 48 – FORÇAS EM ÂNGULO DE 300 ATUANDO SOBRE UM CORPO


5N

30u

6N
x
FONTE: A autora

Solução: como as duas forças estão formando um ângulo de 300 entre elas,
podemos utilizar a soma de vetores, assim:

 5N    6 N   2  5N  6 N  cos300
2 2�
F 


F  10 ,628N

R.: A força resultante sobre o corpo vale aproximadamente 11 N.Em


seguida veremos cada uma das leis.

124
TÓPICO 2 | FÍSICA CLÁSSICA

2.1.2 Princípio de inércia


Aristóteles acreditava que para um corpo permanecer em movimento
era necessário que esse corpo estivesse constantemente sob a ação de uma
força, porém, Galileu mostrou que um corpo poderia continuar se movendo na
ausência de uma força, que na verdade o corpo possuía uma tendência de resistir
à mudança de seu estado de movimento, que chamou de inércia.

Newton refinou a ideia de Galileu e passou a chamá-la de lei da inércia,


um corpo tende a manter o seu estado de movimento, a não ser que sobre ele atue
uma força resultante diferente de zero.

Podemos observar o princípio de inércia quando um carro freia


bruscamente e os ocupantes parecem ser impulsionados para a frente.

Isso acontece porque o carro e os ocupantes estão se movendo com a mesma


velocidade. Quando o freio do carro é acionado ele para, mas os ocupantes não.

Eles tendem a manter o mesmo estado de movimento, porque a força


produzida pela desaceleração atua sobre o carro e não sobre eles.

Quanto maior é a massa de um corpo, maior a sua inércia, ou seja, maior


a força que precisa ser aplicada sobre ele para mudar o seu estado de movimento.

Portanto, a inércia não é uma força e sim uma propriedade da matéria em


resistir às mudanças de movimento.

2.1.3 Equilíbrio
Um corpo em movimento retilíneo uniforme está em equilíbrio dinâmico
e a resultante das forças que atuam sobre ele é nula.

Por exemplo:

F = 0 (equação 32)

Do mesmo modo, um corpo em repouso está em equilíbrio estático e a


resultante de forças que atuam sobre ele também é nula, e neste caso, a equação
32 também é satisfeita.

Quando um corpo está em equilíbrio dinâmico ou estático, a resultante de


forças é nula e ele permanece em movimento retilíneo uniforme ou em repouso,
obedecendo assim ao princípio de inércia.

Um foguete se mantém com velocidade constante no espaço porque não


há forças atuando sobre ele.

125
UNIDADE 2 | A HISTÓRIA DA FÍSICA

Um corpo permanece parado sobre uma superfície porque a soma da


força peso e da força de reação ao apoio é nula.

2.1.4 Princípio Fundamental da Dinâmica


Newton observou que a variação do movimento de um corpo é causada
por uma força resultante não nula sobre ele. Por isso, ele enunciou a seguinte lei:
“A variação do movimento é proporcional à força, e ocorre na direção em que essa
força é aplicada”.

Em outras palavras, é necessário que uma força atue sobre o corpo para
alterar o seu movimento. A fórmula da segunda lei de Newton, em que:

F = ma (equação 33)

A equação 33 é a definição do princípio fundamental da dinâmica.

Para que um foguete seja lançado é preciso que a força de empuxo exercida
devido à explosão dos propelentes e liberação dos gases seja maior do que a força
e peso sobre o foguete. Por exemplo: sabendo que um foguete tem um peso de 700
kg com o tanque completamente cheio e que o empuxo ao iniciar o lançamento é
de 8330 N, calcule a aceleração do foguete ao deixar a base de lançamento.

 g  9 ,81m /s2

DADOS:  m  700 kg

 
 P  mg   700 kg  9 ,81m /s  6867 N
2

Solução: podemos encontrar a aceleração a partir da segunda lei de


Newton (equação 33).

Em que:

F = ma

Substituindo as forças que atuam no foguete, E (empuxo, para cima) e P


(força peso para baixo), encontramos:

E - P = ma

8330 N  6867 N   700 kg  a

1463N 1463kg  m /s2


a 
700 kg 700 kg

126
TÓPICO 2 | FÍSICA CLÁSSICA

a = 2 ,09m /s2

R.: O foguete inicia o movimento com uma aceleração de 2,09 m/s2.

Os foguetes, porém, à medida que utilizam o combustível, vão ficando


mais leves, portanto precisamos pensar no empuxo como uma função da relação
entre a massa de combustível ejetada por unidade de tempo, Δm/Δt, e da
velocidade com que se dá essa ejeção, v.

m
E v (equação 34)
t

2.1.5 Princípio de ação e reação


Outro fato observado por Newton foi que quando dois corpos interagem,
a ação de um sobre o outro corresponde a uma reação do outro de igual módulo,
mas em sentido oposto. Isso levou ao enunciado da terceira lei: “para cada ação
existe sempre uma reação igual e contrária”.

Forças que sempre aparecem em pares são relativas a dois corpos e não
sobre o mesmo corpo.

FIGURA 49 – ÔNIBUS ESPACIAL NA BASE DE CABO CANAVERAL, NA FLÓRIDA

FONTE: Disponível em: <https://pixabay.com/pt/lan%C3%A7amento-de-foguete-fumo-


foguete-67723/>. Acesso em: 10 nov. 2017.

127
UNIDADE 2 | A HISTÓRIA DA FÍSICA

O lançamento de um foguete ou ônibus espacial, como da Figura 49, baseia-


se no princípio de ação e reação, pois um foguete espacial é uma máquina que se
desloca expelindo atrás de si um fluxo de gás a alta velocidade. Por conservação
da  quantidade de movimento, o foguete desloca-se no sentido contrário com
velocidade tal que, multiplicada pela massa do foguete, o valor da quantidade de
movimento é igual ao dos gases expelidos.

Quando os gases queimados saem num jato forte através dos orifícios,
geram a força de ação, o foguete é impulsionado no sentido contrário que gera a
força de reação, observe o esquema da Figura 50.

FIGURA 50 – AÇÃO E REAÇÃO

AÇÃO REÇÃO

FONTE: A autora

As leis de Newton foram elaboradas nos séculos XVI e XVII, e continuam


válidas até hoje. Os foguetes só foram inventados no século XX, se apropriaram
de leis de vários séculos antes para serem desenvolvidos.

Uma lei física, quando é descoberta, dificilmente é invalidada, pois se trata


de uma observação sobre fenômenos naturais. No entanto, pode ser aperfeiçoada
quando novas e mais precisas observações se tornam possíveis.

FIGURA 51 – PÊNDULO DE NEWTON

FONTE: Disponível em: <https://pixabay.com/pt/ber%C3%A7o-de-newton-


bolas-esfera-a%C3%A7%C3%A3o-256213/>. Acesso em: 10 nov. 2017.

128
TÓPICO 2 | FÍSICA CLÁSSICA

Assim como Galileu, Newton também se interessou pelos pêndulos,


construiu um dispositivo como na Figura 51, para demonstrar a conservação da
quantidade de movimento e a conservação de energia. O pêndulo de Newton, ou
berço de Newton, pode ser de grande auxílio para o ensino da física, a título de
demonstração dos princípios de conservação em sala de aula.

Assis e Magnaghi, 2014, em sua obra “O método ilustrado de Arquimedes”,


utilizando a lei da alavanca para calcular áreas, volumes e centros de gravidade,
explicam como Arquimedes utiliza a lei da alavanca para calcular áreas, volumes
e centros de gravidade. Arquimedes não foi o primeiro a formular a lei das
alavancas, esse estudo apareceu antes num trabalho intitulado “Mecânica e
Problemas Mecânicos”, mas não se sabe exatamente quem é o autor, embora a
princípio tenha se achado que pertencesse a Aristóteles.

Nesse trabalho aparece a afirmação de que dois pesos se equilibram


numa alavanca quando são inversamente proporcionais a suas distâncias até o
fulcro. Aristóteles definiu potência como sendo o produto do peso do corpo pela
velocidade que este adquire. Ele explicava o equilíbrio da alavanca dizendo que
quanto mais afastado o corpo está do fulcro, maior a sua velocidade tangente ao
longo de um arco do círculo, se a alavanca girar ao redor do fulcro, as potências
serão iguais quando os pesos forem inversamente proporcionais a suas distâncias
até o fulcro. Enquanto os aristotélicos derivavam a lei da alavanca através das
propriedades dos círculos, Arquimedes utilizou argumentos de simetria em
situações estáticas (MAGNAGHI, 2014).

As frases “Me deem uma alavanca que moverei o mundo” é atribuída a


ele devido a esses cálculos. Na Figura 52 o rapaz levanta um bloco pesado com o
auxílio de uma alavanca.

FIGURA 52 – ALAVANCA SENDO UTILIZADA PARA MOVER O BLOCO

FONTE: Disponível em: <https://pixabay.com/pt/arquimedes-alavanca-quarryman-148273/>. Acesso


em: 10 nov. 2017.

129
UNIDADE 2 | A HISTÓRIA DA FÍSICA

A lei da alavanca afirma que os corpos de pesos P1 e P2, Figura 53, apoiados
no ponto A, com seus centros de massa à distância d1 e d2 desse ponto, estão em
equilíbrio se a equação 15 for satisfeita. Esta equação também está relacionada à
igualdade dos torques nos pontos d1 e d2, uma vez que o torque T é definido como
T = Fx d.

Embora já encontramos algo parecido na Unidade 1, vamos ver um


exemplo para ilustrar.

FIGURA 53 – CORPOS EM EQUILÍBRIO


d1 d2

P1
P2

FONTE: A autora

Em que:

P1 d2
= (equação 15)
P2 d1

Além da lei da alavanca citada acima, Arquimedes também é responsável


pelo princípio do empuxo que está relacionado às leis da hidrostática. O princípio
do empuxo é um episódio bastante conhecido. A narrativa conta que o rei Hierão
II havia encomendado uma coroa de ouro a um ourives, mas ficou desconfiado
de que havia sido enganado e pediu a Arquimedes que descobrisse a verdade. Ele
ficou pensando numa maneira de solucionar esse problema, mas não encontrou
solução. Até que um dia, enquanto tomava banho imerso numa banheira, percebeu
que a água esparramava quando ele entrava na banheira.

Arquimedes teve uma ideia, percebeu que, dependendo da densidade do


material que é imerso no líquido, o nível muda. Essa surpreendente conclusão o
fez saltar da banheira e sair correndo nu pela cidade gritando “Eureka! Eureka!”.
Mergulhou uma quantidade de ouro igual ao da coroa e depois mergulhou a
coroa e percebeu que os níveis de água não aumentavam da mesma maneira,
conseguiu provar ao rei que a coroa era falsa. Esse episódio, seja ele verdadeiro
ou apenas uma estória engraçada sobre Arquimedes, lhe deu o crédito para o
princípio que leva o seu nome, o Princípio de Arquimedes.

130
TÓPICO 2 | FÍSICA CLÁSSICA

Vamos imaginar um cilindro de fluido com área A e altura h mergulhado


no mesmo fluido de densidade d, como representado na Figura 54, as forças do
fluido que agem horizontalmente sobre o cilindro se cancelam. Analisaremos as
forças que atuam verticalmente sobre o cilindro.

FIGURA 54 – CILINDRO IMERSO EM FLUIDO


E

P fluido d
FONTE: A autora

Como o cilindro mergulhado no fluido está em repouso, a soma das forças


é nula (equação 16), E é a força que o fluido exerce sobre o cilindro de baixo para
cima (Empuxo) e P é a força que a gravidade exerce sobre o corpo de cima para
baixo (Peso), em que:

E – P = 0 (equação 16)

Rearranjando a equação, o empuxo é igual à força peso que age sobre o


corpo, em que:

E = P (equação 17)

Como foi discutido na Unidade 1, o peso é igual ao produto da massa do


corpo e a aceleração da gravidade, P = mg. E a densidade é igual ao quociente
entre a massa e o volume do corpo, d = m/V.

Substituindo P por mg na equação 17 e depois m por dV, tem-se a equação


18, que é a definição da força de empuxo, em que:

E = d fluido V fluido deslocado g (equação 18)

Acima fizemos a dedução da força de empuxo com um cilindro imaginário


com a mesma densidade do fluido. Agora vejamos o que acontece no caso de um
corpo com densidade diferente imerso num fluido, semelhante a um iceberg.

131
UNIDADE 2 | A HISTÓRIA DA FÍSICA

FIGURA 55 – ICEBERG

FONTE: Disponível em: <https://pixabay.com/pt/iceberg-gelo-ártico-eu-


iceberg-1321692/>. Acesso em: 10 nov. 2017.

Você já deve ter notado que ao tentarmos empurrar uma bola para o
fundo de um recipiente com água, sentimos uma força no sentido oposto. Essa
força que atua de baixo para cima é chamada de empuxo (força E que definimos
nos parágrafos anteriores), é responsável por impedir um corpo de afundar.

Quando um corpo é mergulhado na água, pode acontecer um dos três


casos representados na figura. No primeiro caso, o corpo tem uma densidade
maior do que a densidade do fluido e afunda. No segundo caso, o corpo e o
fluido possuem a mesma densidade e o corpo permanece em equilíbrio no meio
do fluido. Você pode demonstrar isso para os seus alunos enchendo um balde
de água e colocando dentro dele um plástico cheio de água. No terceiro caso, a
densidade do corpo é menor do que a do fluido, como é o caso da massa de gelo.
O corpo sobe até que o peso da parte imersa fique com o mesmo valor do empuxo.

132
TÓPICO 2 | FÍSICA CLÁSSICA

FIGURA 56 – TRÊS CASOS DE CORPOS IMERSOS NUM FLUIDO

Corpo afunda Corpo em Corpo sobre


equilíbrio no até atingir o
Pcorpo > E meio do fluido equilibrio com
parte emersa
dcorpo > dfluido Pcorpo = E
Pcorpo < E
dcorpo = dfluido
dcorpo < dfluido
FONTE: A autora

À esquerda, o bloco afundou porque o corpo possui uma densidade


maior que a densidade do fluido e, assim, a força peso P é maior que a força
de empuxo E. O bloco do meio permanece em equilíbrio, e as densidades nesse
caso são iguais. À direita, o bloco flutua porque o peso é menor que o empuxo,
ficando submersa apenas a parte que equilibra o empuxo, nesse caso a densidade
do corpo é menor que a do fluido.

Você deve estar se perguntando como é possível que um corpo feito de


aço, como um navio, semelhante ao da Figura 57, possa flutuar. A resposta é que
o navio não é um corpo maciço, existem partes dele compostas de espaços vazios,
isso garante que ele flutue, pois ajuda a diminuir a sua densidade.

133
UNIDADE 2 | A HISTÓRIA DA FÍSICA

FIGURA 57– NAVIO DE TURISMO

FONTE: Disponível em: <https://pixabay.com/pt/navio-antártica-neve-frio-


mar-2455240/>. Acesso em: 10 nov. 2017.

Ao erguer uma pedra dentro da água, você sente uma facilidade maior de
fazê-lo do que se você a ergue fora da água. Isso porque o empuxo reduz a força
que você tem que fazer, criando no corpo um peso aparente. O peso aparente é
determinado subtraindo-se a força de empuxo do módulo da força peso do corpo.

Ao tratarmos a alavanca de Arquimedes e seu princípio do empuxo,


estamos aplicando automaticamente um conceito muito importante para a física,
conhecido como força, que é uma interação entre os corpos, é definida como
sendo o produto da massa do corpo e da sua aceleração. De modo que o peso
P pode ser definido como o produto da massa m, do corpo e da aceleração da
gravidade g, naquele local.

Exemplo: um corpo de prova com massa de 8,0 kg e volume de 0,004 m3 é


colocado totalmente dentro da água. Calcule o módulo da força peso do objeto, a
força de empuxo e o peso aparente do corpo.Solução: para determinar o módulo da
força peso utilizamos a definição de peso que aprendemos na Unidade 1, em que:

P = mg

Sendo m a massa do corpo, 8,0 kg e g a aceleração da gravidade, 9,81m/s2.


Substituindo na equação, temos:

 9 ,81m 
P   8 ,0 kg    2   78 ,48N
 s 

134
TÓPICO 2 | FÍSICA CLÁSSICA

O módulo da força de empuxo é dado pela equação 18, em que:

E = d fluido V fluido deslocado g

A densidade d é aproximadamente 103 kg/m3. O volume V do líquido


deslocado é fornecido no problema, 0,004 m3, por exemplo:

    
E  103 kg /m3  0 ,004m3  9 ,81m /s2 
E = 39 ,34 N

O peso aparente é dado pela seguinte subtração, em que:

Paparente  P  E

Substituindo o módulo da força peso, P e o módulo do empuxo, E


calculados acima, temos:

Paparente  78 ,48N  39 ,34 N  39 ,14 N

Assim, o peso é de 78,48N, o empuxo é de 39,34N e o peso aparente é de


39,14N.

2.1.6 Experimento simples do princípio de Arquimedes


É possível realizar uma experiência bem simples para encontrar o peso
aparente de um corpo. Você vai precisar dos seguintes materiais:

a) Uma laranja ou maçã (a massa deve ser determinada na balança do supermercado


na hora da compra, por exemplo, 0,090909kg), um pote graduado com água
(uma proveta, um beker ou um copo de medidas utilizado na cozinha).
Procedimento: com a massa da maçã, determine o peso P dela, por exemplo:

P = mg

 
P   0 ,090909 kg   9 ,81m �/ s2  0 ,89182 N

Em que, arredondando para três algarismos significativos fica 0,892N.

Anote o valor do volume de água marcado no copo. Observe o exemplo


na Figura 58, a marcação do nível de água no copo é de aproximadamente 300 ml.

135
UNIDADE 2 | A HISTÓRIA DA FÍSICA

FIGURA 58 – FRUTA E COPO GRADUADO COM ÁGUA

FONTE: A autora

Depois você coloca a fruta no recipiente com a água, como na Figura 59.
Observe que o nível da água aumentou, agora está marcando aproximadamente
400 ml.

FIGURA 59 – FRUTA DENTRO DO COPO GRADUADO

FONTE: A autora

136
TÓPICO 2 | FÍSICA CLÁSSICA

Agora precisamos determinar o Empuxo, mas antes temos que saber qual
foi o volume de líquido deslocado.

Para isso, basta subtrair o volume medido sem a fruta do volume medido
com a fruta imersa do fluido.

400ml  300ml  100ml

Vamos converter o resultado para metros cúbicos, lembre-se de que temos


um prefixo da potência de 10, o mili, antes da unidade litros (m = 10-3).

Portanto vamos usar 100x10-3 litros para fazer a conversão, exemplo:

 1m3 
100  103 l    100  10 m
6 3

 1000l 

Para determinar o empuxo, vamos recorrer novamente à equação 18, e


usar a densidade da água que utilizamos no exemplo anterior, em que:

E = d fluido V fluido deslocado g

    
E  103 kg /m3  100  106 m3  9 ,81m /s2 
E = 0 ,981N

Calculando o peso aparente, temos:

Paparente  0 ,892 N  0 ,981N   0 ,089182 N

Arredondando P – E = - 0,0892N, portanto P – E < 0, ou seja, P < E é a parte


da maçã que ficou emersa, como podemos observar na Figura 59.

Uma dinâmica interessante que você pode fazer com os seus alunos é
comprar aqueles pacotes de 1 kg de maçãs pequeninas e dividir a massa pelo
número de maçãs dentro do pacote (normalmente elas são aproximadamente
iguais). Assim você poderá estimar a massa aproximada de cada maçã. Isso pode
dar um sabor especial para a sua aula e torná-la mais divertida.

137
UNIDADE 2 | A HISTÓRIA DA FÍSICA

2.1.7 Óptica
A óptica foi uma das maiores paixões de Newton. Numa época em
que se acreditava que a luz era formada de pequenos pulsos que
ocupavam o espaço em que se propagavam, ele defendia que a luz
era uma substância material e que existem infinitas cores, cada uma
correspondendo a um grau diferente de refringência (medida do
índice de refração absoluto), e que não se modificavam por reflexão ou
refração (ASSIS, 2002, p. 18).

Em 1666, suas experiências tornaram possível descrever a decomposição


das cores mostrando como os raios produzem cores diferentes ao se refratarem
de modo diferente, mas este trabalho só foi publicado em 1672.
Em 1668 inventaram o telescópio, refletor que resolve o problema
da aberração cromática. Em 1706 aparece a primeira edição do livro
Óptica, embora já tenha sido elaborado muito antes. Nele Newton
discute sobre reflexão, refração, difração e cores da luz (ASSIS, 2002,
p. 18).

Durante o século XVIII o modelo corpuscular da luz era bem aceito


nas primeiras décadas do século XIX, a teoria ondulatória da luz tornou-se
mais aceita, principalmente por causa dos trabalhos de Fresnel e Young, que
introduziram o conceito de interferência de ondas, e do trabalho de Maxwell
sobre o eletromagnetismo.

Em 1952 houve um interesse renovado pela teoria corpuscular de Newton


devido aos trabalhos sobre o efeito fotoelétrico de Einstein (ASSIS, 2002, p. 23).

Considera-se Isaac Newton o primeiro a estudar a óptica geométrica


analisando o comportamento da luz através dos feixes de raios luminosos
emitidos por fontes de luz, conforme Figura 60.

FIGURA 60 – PRISMA

FONTE: Disponível em: <https://pixabay.com/pt/refra%C3%A7%C3%A3o-prisma-


%C3%B3tica-150853/>. Acesso em: 10 nov. 2017.

138
TÓPICO 2 | FÍSICA CLÁSSICA

Atualmente a óptica está presente no nosso dia a dia através das lentes
dos óculos, lupas, telescópios, microscópios e câmeras fotográficas dos espelhos
planos, côncavos e convexos, sendo empregados como retrovisores de automóveis,
faróis, refletores e nas antenas de micro-ondas.

FIGURA 61 – LENTES DE UMA MÁQUINA FOTOGRÁFICA

FONTE: Disponível em: Disponível em: <https://pixabay.com/pt/foto-lente-lentes-


fotógrafo-velho-256888/>. Acesso em: 10 nov. 2017.

Outras aplicações importantes são os cabos de fibras ópticas na telefonia,


conforme mostra a Figura 62.

FIGURA 62 – CABOS DE FIBRA ÓPTICA

FONTE: Disponível em: <https://pixabay.com/pt/cabo-de-fibra-%C3%B3ptica-fibra-de-


vidro-502894/>. Acesso em: 10 nov. 2017.

139
UNIDADE 2 | A HISTÓRIA DA FÍSICA

3 ASTRONOMIA
A astronomia foi um dos campos que mais se desenvolveram durante
o período histórico que tratamos aqui. Vimos anteriormente as diversas visões
do universo e como, pouco a pouco, a aquisição de informações, devido ao
monitoramento dos astros celestes, a invenção do telescópio e o deslocamento
do homem do ponto central do que conhecíamos como universo, com o
enfraquecimento do conceito de antropocentrismo, ajudou a mudar nossas
concepções de mundo e universo. Apresentamos aqui uma compilação das ideias
revolucionárias que reescreveram nossa história e como nos vemos perante o
ambiente em que vivemos.

Começando pelas três leis de Johannes Kepler para a dinâmica dos corpos
celestes. A primeira lei trata das órbitas elípticas dos planetas, já colocando o Sol
em um dos focos correspondentes, conforme Figura 63.

FIGURA 63 – ÓRBITA ELÍPTICA DE UM PLANETA EM TORNO DO SOL

FONTE: A autora

A segunda lei trata da relação entre o percurso percorrido por um


determinado planeta de órbita elíptica e o tempo necessário para cobri-lo. As
áreas varridas por um segmento de reta imaginário do Sol a qualquer planeta são
proporcionais aos tempos gastos para descrevê-las, conforme a Figura 64.

FIGURA 64 – ÁREAS A1 E A2 VARRIDAS NO INTERVALO ∆t1 E ∆t2

Δt1 Δt2
A1 A2

FONTE: A autora

140
TÓPICO 2 | FÍSICA CLÁSSICA

A consequência da segunda lei é que a velocidade do planeta na região


mais próxima ao Sol é maior do que na região mais afastada, pois o arco
descrito é maior quando o planeta está perto do Sol e menor quando está longe.
Matematicamente podemos formulá-la da seguinte forma:

A1 A2
 (equação 19)
t1 t2

A terceira lei discorre sobre a relação entre distância média entre um


determinado planeta em relação ao Sol e o período que este leva para realizar uma
revolução completa ao redor da estrela. O quadrado do período de revolução dos
planetas é proporcional ao cubo de sua distância média ao Sol.

FIGURA 65 – REVOLUÇÃO DO PLANETA EM TORNO DO SOL COM DISTÂNCIA MÉDIA r

FONTE: A autora

A expressão matemática que traduz essa observação tem a forma:

T 2 = kr 3 (equação 20)

Em que k é um fator de proporcionalidade escrito em termos das massas


envolvidas e da constante da gravitação universal G, dado por:

4 2 4 2
k 
G  M  m  GM

A constante G foi medida pela primeira vez por Henry Cavendish através
de um experimento que pretendia usar para pesar a Terra, quando na verdade o
que estava medindo era o coeficiente G da lei da gravidade, obtendo o valor, G =
6,670 x 10-11 Nm2/kg2. O experimento consistia em demonstrar a força de atração

141
UNIDADE 2 | A HISTÓRIA DA FÍSICA

entre duas grandes esferas de chumbo, e duas esferas de chumbo menores presas
na extremidade de uma haste fixa numa fibra muito fina, chamada de fibra de
torção. Medindo a torção da fibra podia-se obter a intensidade da força entre as
esferas. Com isso pode-se determinar o valor de G (FEYNMAN, 2008).

Observe que nas figuras 63, 64 e 65 a representação do Sol e do planeta


é de tamanho exagerado, sendo que a trajetória fica, desse modo, representada
desproporcionalmente em relação à realidade.

Assim, desconsiderando a ilustração e se atendo às proporções reais, o


raio médio está de acordo com as proporções verdadeiras, é considerado como se
o Sol estivesse localizado no centro da trajetória.

Quanto às órbitas dos planetas, a região mais afastada do Sol sobre


a trajetória do planeta é chamada de afélio, e a região sobre a trajetória mais
próxima ao Sol é chamada de periélio.

3.1 A GRAVITAÇÃO NEWTONIANA


Segundo o folclore, Newton costumava passear pelos pomares da fazenda
quando observou uma maçã que desprendeu da árvore e caiu no chão. Isso,
provavelmente, o teria levado a questionar se a força que agia sobre a maçã seria
a mesma que mantém a Lua em órbita ao redor da Terra (MOURA, 2001, p. 245).

3.2 FORÇA DE ATRAÇÃO GRAVITACIONAL


Em relação à questão anterior, chegou à seguinte conclusão: a força de atração
dos corpos é diretamente proporcional ao produto de suas massas e inversamente
proporcional ao quadrado da distância que as separa, sendo que G é uma constante
de proporcionalidade chamada de constante gravitacional universal.

m1m2
F =G (equação 21)
d 2

Sendo que G = 6,67 x 10-11 Nm2/kg2.

142
TÓPICO 2 | FÍSICA CLÁSSICA

FIGURA 66 – CORPOS m1 E m2 SENDO ATRAÍDOS PELA FORÇA F

m1

m2

FONTE: A autora

A força gravitacional é sempre atrativa e atua na direção da linha que une


os dois corpos. Devido a esse fato, os objetos largados próximos à superfície da
Terra são atraídos por ela.

A força da Terra que atrai o objeto é a mesma força que o objeto exerce,
conforme a Figura 65. Devido à enorme massa da Terra, ela não sente os efeitos
do movimento das marés, causados pela atração da Lua à Terra.

A Lua possui uma massa menor do que a Terra, por este motivo a força
gravitacional sobre os corpos é menor.

Quando o homem pousou na Lua, podia dar grandes saltos com facilidade,
justamente devido ao fato dessa força ser menor.

A força que atrai a maçã para a superfície da Terra é da mesma natureza


que a força que mantém a Lua em órbita ao redor da Terra. Por que a Lua não é
atraída para a Terra?A seguir, observe a Figura 66.

143
UNIDADE 2 | A HISTÓRIA DA FÍSICA

FIGURA 67 – LUA E TERRA

FONTE: Disponível em: <https://pixabay.com/pt/terra-espa%C3%A7o-lua-


planeta-nasa-1650713/>. Acesso em: 10 nov. 2017.

Para responder a essa pergunta, precisamos voltar à questão que


começamos a esboçar na unidade anterior e aprimorar o conceito de forças,
acrescentando uma discussão sobre energia mecânica.

Como já mencionamos, existem forças de contato, por exemplo, e existem


forças de ação à distância, por exemplo, força gravitacional ou força magnética.

A segunda espécie de forças se dá devido a uma região que chamamos


de campo de ação. O conceito de campo de força é um campo vetorial, gerado
por um corpo, que atua em diferentes pontos do espaço, através de uma
relação predefinida. Do ponto de vista newtoniano, podemos pensar no campo
gravitacional como uma distorção no espaço, gerada pela massa de um corpo e
sentida por outro corpo que também possua massa.

No caso da gravidade, chamamos de campo gravitacional, que se trata de


uma região ao redor do planeta cujos efeitos são percebidos pelos outros corpos.

Considerando ainda a atração gravitacional como a ação de um campo, de


mesma natureza, em cada ponto do espaço, podemos ver a aceleração da gravidade
g como uma medida dessa ação sobre um determinado corpo. Se compararmos as
hipóteses de um astronauta em treinamento na superfície terrestre e do mesmo na
superfície lunar, teremos uma demonstração de como o campo gravitacional atua
sobre o mesmo e como a ação em cada ponto do espaço, causada pelas massas da

144
TÓPICO 2 | FÍSICA CLÁSSICA

Terra e da Lua, são distintas nos dois casos. Uma aceleração menor, sob essa ótica,
indica uma ação menos contundente da massa que gera o campo em questão.
Dessa forma, a imagem icônica de um astronauta saltando com certa leveza na
superfície lunar denota o grau de ação pontual gerado pela menor massa do
satélite e nos dá uma ideia de como um corpo se comportaria, na ausência de
um campo gravitacional. Esse prisma de observação vai ao encontro daquele,
desenvolvido mais tardiamente, por Einstein e sua relatividade geral. Na Tabela
17 encontramos a aceleração da gravidade para alguns astros do sistema solar.

TABELA 17 – MASSA, RAIO E ACELERAÇÃO DA GRAVIDADE


ASTRO MASSA (kg) RAIO (m) g (m/s2)
Júpiter 1,9 x 10 37 7,2 x 10 7 26,5
Lua 7,3 x 10 22 1,7 x 10 6 1,67
Marte 6,4 x 10 23 3,4 x 10 6 3,92
Netuno 1,0 x 10 26
2,5 x 10 7
9,80
Sol 2,0 x 10 30 7,0 x 10 8 274
Terra 6,0 x 10 24
6,4 x 10 6
9,80
Urano 8,6 x 10 25
2,7 x 10 7
9,80
Vênus 4,8 x 10 24 6,3 x 10 6 8,82

FONTE: Disponível em: <http://hbcponline.com/faces/contents/ContentsSearch.xhtml>. Acesso


em: 5 dez. 2017.

3.3 ENERGIA POTENCIAL GRAVITACIONAL E ENERGIA


CINÉTICA
Notamos que ao segurar uma maçã a uma certa distância do chão, esta
adquire velocidade se a soltarmos. Quanto mais alto segurarmos a maçã, maior
será a velocidade com que ela alcançará o chão.

Existe uma energia potencial armazenada quando seguramos a maçã, e


esta energia tende a aumentar com a distância.

Podemos pensar no potencial gravitacional em um determinado local,


como o trabalho por unidade de massa necessário para mover um objeto dentro
desse campo gravitacional, de um ponto a outro. Em regiões próximas à superfície
terrestre, onde podemos considerar a aceleração g como constante, a energia
potencial U armazenada é diretamente proporcional ao produto da massa m
e da distância ao chão h, sendo g (aceleração da gravidade) uma constante de
proporcionalidade. Em que:

U = mgh (equação 23)

145
UNIDADE 2 | A HISTÓRIA DA FÍSICA

Quando soltamos a maçã, ela entra em movimento, ou seja, a energia


armazenada é liberada e se transforma em energia cinética K, proporcional ao
produto da massa m com o quadrado da velocidade.Em que:

mv 2 (equação 24)
K=
2

A energia cinética se deve ao movimento de um corpo e pode ser


entendida como o trabalho necessário para alterar o estado de movimento do
mesmo, ao variarmos sua velocidade. Perceba que quando falamos em alteração
de estado de movimento, isso implica em uma aceleração imposta ao corpo em
questão. O corpo não precisa, inicialmente, estar em repouso (v=0), em relação
a um determinado referencial, ele pode estar realizando um movimento a
velocidade constante.

Na Figura 68, a seguir, observe as três posições da esfera que representa a


nossa maçã. No topo da trajetória ela está sendo segurada em repouso, portanto
sua energia é U (somente possui enegia potencial) e como a velocidade é nula, em
relação à superfície terrestre, sua energia cinética K também é nula.

No meio da trajetória ela está com metade de sua energia potencial inicial
e metade da sua energia cinética final.

Ao alcançar o chão, h se torna zero e ela adquire uma energia cinética


máxima, pois toda a sua energia potencial foi convertida. O trabalho para alterar
seu estado de movimento foi realizado pela atração gravitacional, e a conversão
da energia potencial em energia cinética é o preço pago pela realização desse
trabalho sobre a maçã.

FIGURA 68 – CORPO EM QUEDA SOBRE A SUPERFÍCIE DA TERRA A PARTIR


DO REPOUSO

h K = 0 e U = mgh

h/2 K/2 + U/2

0 K = mv2/2

solo
FONTE: A autora

146
TÓPICO 2 | FÍSICA CLÁSSICA

Isso não acontece com corpos a grandes distâncias da Terra, como é o


caso da Lua ou de satélites. Na verdade, em vez de caírem sobre a Terra, eles
permanecem em órbita ao redor dela.

3.4 CORPOS EM ÓRBITAS

O fato é que para distâncias muito grandes, como é o caso do sistema


Terra-Lua, aplicamos a seguinte equação (MOURA, p. 19, 2011):

m1m2
U  G (equação 25)
d

Agora vamos imaginar o caso de um satélite, que se trata de um corpo em


trajetória circular ao redor do planeta, ao executar esse movimento circular uniforme
ele possui uma aceleração centrípeta ac que é diretamente proporcional ao quadrado
de sua velocidade linear v e inversamente proporcional ao raio r da órbita,

Em que:

v2
ac = (equação 26)
r

FIGURA 69 – ESQUEMA DE UM SATÉLITE EM ÓRBITA CIRCULAR

ɑc

FONTE: A autora

147
UNIDADE 2 | A HISTÓRIA DA FÍSICA

A força centrípeta é igual ao produto da massa do satélite com a sua


aceleração centrípeta.

v2
Fc = m1 (equação 27)
r

O satélite permanece em equilíbrio dinâmico, porque a força centrípeta é


igual à força gravitacional sobre ele.

Em que:

Fc = F (equação 28)

Substituindo as duas forças, equações 21 e 25, encontramos:

v2 mm
m1 = G 1 2 2 (equação 29)
r r

Sendo m1 a massa do satélite, m2 a massa da Terra e igualando a distância


d ao raio r da órbita. Que simplificando e rearranjando a equação nos fornece.

Em que:

Gm2 (equação 30)


v=
r

A equação 30 nos mostra que é necessário que a velocidade do satélite


seja igual à raiz quadrada do produto da constante gravitacional com a massa da
Terra pelo raio para que ele permaneça em órbita.

Considerando-se corpos em órbita percebemos, por exemplo, que


o potencial gravitacional da Terra não é suficiente para realizar o trabalho de
alterar o estado de movimento da Lua e removê-la de sua trajetória orbital. Para
ser possível, seria necessário que a Terra possuísse uma massa maior, ou que a
distância entre os dois corpos fosse alterada, ou ainda que a Lua possuísse uma
velocidade orbital reduzida.

Como a constante universal G e a massa da Terra m2 não mudam, todos


os satélites que possuem a mesma velocidade estão à mesma distânica da Terra,
possuindo assim a mesma energia potencial. Exemplo: Determine a velocidade
de um satélite que se encontra em órbita circular a 800 km de altura, em relação
à superfície da Terra.

148
TÓPICO 2 | FÍSICA CLÁSSICA

 m2  6 , 0  1024 kg

 d  6 , 4  106 m
DADOS: 
 G  6 , 67  1011 Nm2 / kg 2
r  6 , 4  106 m  700  103 m  7 ,1  106 m


Solução: Utilizando a equação 30, temos:

v
 6, 67 10 11

Nm2 / kg 2 6 , 0  1024 kg 
7 ,1  10 m
6

v  7 ,5077  103 m /s

Em que a velocidade é de 7500 m/s.

3.5 VELOCIDADE DE ESCAPE


Quando um corpo é lançado verticalmente para cima sobre a superfície
da Terra, ele sobe até uma certa altura e depois retorna ao solo. Quanto maior a
velocidade inicial, maior será a altura atingida. Será que poderíamos aumentar a
velocidade desse lançamento a ponto de o corpo escapar da força gravitacional e
se perder no espaço?

Sim, poderíamos! Existe uma velocidade chamada de velocidade de


escape, que faz com que o corpo escape da atração gravitacional e não retorne.

Considerando o campo gravitacional da Terra, e a ideia de que é necessária


uma quantidade de energia para mover um objeto de um ponto a outro dentro
desse campo, podemos imaginar a velocidade de escape, e a energia associada
a essa manobra, como uma fonte para vencer o custo energético de mover um
objeto da superfície terrestre até um ponto em que a ação gravitacional da Terra,
sobre esse mesmo objeto, se torne desprezível, porém a física apresentada aqui
não é capaz de descrever o mundo em escalas atômicas e subatômias, ou o mundo
das velocidades luminares. Para tanto, foi necessário o desenvolvimento de uma
nova física, que pudesse levar em conta a imprevisibilidade probabilística do
comportamento das partículas que compõem a matéria e os efeitos relativísticos
dos corpos ultramassivos ou que se movem a velocidades tão altas cuja
interpretação se torna quase incompreensível, se não nos abrirmos à estranheza
da relatividade geral.

149
RESUMO DO TÓPICO 2
Nesse tópico, você viu que:

• Estudamos as três leis de Newton. Primeira lei, o princípio de inércia; segunda


lei, o princípio fundamental da dinâmica; terceira lei, o princípio de ação e
reação. A primeira lei afirma que um corpo tende a ficar em repouso ou em
movimento retilíneo uniforme a não ser que sobre ele atue uma força líquida
diferente de zero. A segunda lei afirma que a aceleração de um corpo é
diretamente proporcional à força líquida que age sobre o corpo. A terceira lei
afirma que toda ação requer uma reação e que essas forças possuem o mesmo
módulo e a mesma direção, mas são em sentidos opostos. Definimos o Princípio
de Arquimedes e sugerimos uma prática experimental para auxiliar suas aulas
sobre esse princípio.

• Abordamos o fato de Newton defender a teoria corpuscular da luz, descrever


a decomposição das cores e inventar o telescópio refletor, que resolveu o
problema da aberração cromática.

• Universo e o avanço da astronomia no decorrer da história da ciência, discutindo


as leis de Kepler para a dinâmica dos corpos celestes no céu, e mostramos
que uma das grandes contribuições de Newton para a gravitação universal
foi provar que a força de atração dos corpos é diretamente proporcional ao
produto de suas massas e inversamente proporcional ao quadrado da distância
que as separa.

• Aceleração centrípeta possibilitou entender o funcionamento de corpos


em órbitas circulares ao redor de um planeta. Definimos energia potencial
gravitacional e energia cinética. Observamos que é necessário que a velocidade
do satélite seja igual à raiz quadrada do produto da constante gravitacional
com a massa da Terra pelo raio para que ele permaneça em órbita. Definimos
uma velocidade chamada de velocidade de escape, que faz com que o corpo
escape da atração gravitacional e não retorne.

• A física clássica é incompleta quando queremos descrever o movimento de


corpos muito pequenos, como as partículas atômicas ou com distâncias
muito grandes, como aglomerados de galáxias, que por possuírem grandes
massas, geram grandes fontes gravitacionais, além das grandes velocidades
encontradas no meio interestelar, causando efeitos relativísticos na medição de
determinados fenômenos.

150
AUTOATIVIDADE

1 Realizou muitos estudos relacionados à física, tais como a óptica, a gravitação


universal, a dinâmica dos corpos, o movimento das marés, construiu
o primeiro telescópio refletor e aperfeiçoou a fabricação das lentes e dos
espelhos. Assinale a opção correta:

a) ( ) Descartes.
b) ( ) Newton.
c) ( ) Racon.
d) ( ) Galileu.
e) ( ) Aristóteles.

2 Lentes dos óculos, lupas, telescópios, microscópios e câmeras fotográficas


foram desenvolvidos a partir de que ramo da física? Assinale a opção correta:

a) ( ) Física Clássica.
b) ( ) Eletromagnetismo.
c) ( ) Óptica geométrica.
d) ( ) Estrutura da matéria.
e) ( ) Mecânica quântica.

3 Será que poderíamos aumentar a velocidade de lançamento de um corpo


sobre a superfície da Terra a ponto do corpo escapar da força gravitacional e
se perder no espaço? Se sim, como se chama essa velocidade?

a) ( ) Sim. Essa velocidade é conhecida como velocidade de escape.


b) ( ) Não. Isso é impossível.
c) ( ) Sim. Essa velocidade é conhecida como velocidade da luz.
d) ( ) Não. Mas é possível vencer a força gravitacional através da gravidade
negativa.
e) ( ) Sim. Essa velocidade é conhecida como velocidade tangencial.

4 Calcule a força de atração entre o Sol e a Terra, sabendo que a distância


média entre eles é de 1,50 x 108 km. Utilize a massa do Sol e da Terra
encontrados na Tabela 17. Assinale a opção correta:

a) ( ) 3,6 x 1012 N.
b) ( ) 4,1 x 1012 N.
c) ( ) 2,3 x 1012 N.
d) ( ) 3,6 x 1022 N.
e) ( ) 2,3 x 1022 N.

151
5 Calcule a aceleração centrípeta de um corpo de 700 kg em órbita circular a
20 mil metros de altitude com uma velocidade linear de 7600 m/s. (Dado:
o raio da Terra é de 6,4 x106 m).

a) ( ) Aproximadamente 4 m/s2.
b) ( ) Aproximadamente 9 m/s2.
c) ( ) Aproximadamente 8 m/s2.
d) ( ) Aproximadamente 6 m/s2.
e) ( ) Aproximadamente 10 m/s2.

6 Assinale a opção correta para o enunciado da primeira lei de Newton.

a) ( ) “a aceleração de um corpo é diretamente proporcional a força líquida


que age sobre o corpo”.
b) ( ) “um corpo tende a ficar em repouso ou em movimento retilíneo uniforme
a não ser que sobre ele atue uma força líquida diferente de zero”.
c) ( ) “toda ação requer uma reação e que essas forças possuem o mesmo
módulo e a mesma direção, mas são em sentidos
opostos”.
d) ( ) “corpos de massas diferentes caem juntas no solo”.
e) ( ) “quanto mais rápido estiver se movendo um corpo,
maior é a sua quantidade de movimento”.

7 Assinale a opção correta para o enunciado da segunda lei de Newton.

a) ( ) “a aceleração de um corpo é diretamente proporcional à força líquida


que age sobre o corpo”.
b) ( ) “um corpo tende a ficar em repouso ou em movimento retilíneo uniforme
a não ser que sobre ele atue uma força líquida diferente de zero”.
c) ( ) “toda ação requer uma reação e que essas forças possuem o mesmo
módulo e a mesma direção, mas são em sentidos opostos”.
d) ( ) “corpos de massas diferentes caem juntas no solo”.
e) ( ) “quanto mais rápido estiver se movendo um corpo, maior é a sua
quantidade de movimento”.

8 Assinale a opção correta para o enunciado da terceira lei de Newton.

a) ( ) “a aceleração de um corpo é diretamente proporcional à força líquida


que age sobre o corpo”.
b) ( ) “um corpo tende a ficar em repouso ou em movimento retilíneo uniforme,
a não ser que sobre ele atue uma força líquida diferente de zero”.
c) ( ) “toda ação requer uma reação e que essas forças possuem o mesmo
módulo e a mesma direção, mas são em sentidos opostos”.
d) ( ) “corpos de massas diferentes caem juntas no solo”.
e) ( ) “quanto mais rápido estiver se movendo um corpo, maior é a sua
quantidade de movimento”.
152
9 Determine a aceleração de um corpo, de 10 kg, que sofre a ação de duas
forças de 10 N na mesma direção em sentidos opostos. Assinale a opção
correta:

a) ( ) Zero
b) ( ) 20 m/s2..
c) ( ) 14,14 m/s2
d) ( ) 9,8 m/s2.
e) ( )100 m/s2

10 Determine a aceleração de um corpo, de massa igual a 2,0 kg, quando uma


força de 10,0 N atua sobre ele horizontalmente e outra força de 6,00 N atua
sobre ele verticalmente. Assinale a opção correta:

a) ( ) 16,0 m/s2
b) ( ) 11,7 m/s2
c) ( ) 10,0 m/s2
d) ( ) Zero
e) ( ) 5,8 m/s2

11 Um corpo de prova com massa de 6,00 kg e volume de 0,003 m3 é colocado


totalmente dentro da água. Calcule o módulo da força peso do objeto, a
força de empuxo e o peso aparente do corpo. Assinale a opção correta:

a) ( ) 29,43N; 29,43N; 58,86N.


b) ( ) 58,86N; 29,43N; 58,86N.
c) ( ) 5,886N; 2,943N; 2,943N.
d) ( ) 2,943N; 2,943N; 5,886N.
e) ( ) 58,86N; 29,43N; 29,43N.

12 Por que ao erguermos uma rocha dentro da água ela parece mais leve do
que se a erguermos no ar?

a) ( ) Devido à força de empuxo que exerce uma força da água sobre a rocha
de baixo para cima, diminuindo o efeito da força gravitacional que
atua sobre a rocha.
b) ( ) Devido à força de impacto da água com a superfície externa da rocha.
c) ( ) Devido à força da gravidade que é menor dentro da água.
d) ( ) Devido ao peso aparente que é a soma da força gravitacional com o
empuxo.
e) ( ) Não tem explicação para isso.

153
154
UNIDADE 2 TÓPICO 3

FÍSICA MODERNA

1 INTRODUÇÃO
Há um limite para as aplicações da física clássica à interpretação do mundo
real. Fenômenos foram identificados na era moderna, dos quais os pensadores
dos primórdios do desenvolvimento científico sequer tinham conhecimento. A
história da física, particularmente, começou a mudar no começo do século XX, de
modo que este ficou conhecido com o século da física. Faremos aqui uma breve
recapitulação dos fenômenos descobertos, predominantemente no século XX,
que mudaram o mundo e cujas descobertas causaram uma revolução científica
em nossas vidas.

Os cientistas apresentados aqui conseguiram definir uma física bastante


adequada. Para descrever os fenômenos macroscópicos, tais como o movimento
dos corpos sobre a superfície da Terra e o movimento de corpos celestes dentro das
proporções do sistema solar, chamamos de conhecimentos de Mecânica Clássica.

Os movimentos de corpos muito pequenos, tais como as partículas


subatômicas, ou de proporções maiores, como em aglomerados de galáxias, no
qual deve-se considerar as altas velocidades e as densidades dos corpos, não
podem ser descritos pelas leis estabelecidas na física clássica.

No final do século XIX, cientistas descobriram outras formas de radiação


além da luz visível, tais como micro-ondas, raios-x, raios-gama, infravermelho
e ultravioleta. Essas descobertas fizeram com que a astronomia avançasse ainda
mais e descobriu-se que havia outras estrelas semelhantes ao Sol espalhadas no
universo. Culminando no século XX com a descoberta da existência da nossa
galáxia, a Via Láctea. A partir de então foram descobertas outras galáxias e a
observação delas conduziu à conclusão de que o universo está se expandindo,
levando a astronomia a um novo patamar. Com isso, a física acabou ganhando
um novo ramo de estudos, conhecido como cosmologia, ciência que estuda a
evolução do universo.

155
UNIDADE 2 | A HISTÓRIA DA FÍSICA

Nesse mesmo período, novas interpretações para o comportamento


da luz começaram a ser aceitas, o que tornou nossa visão do mundo menos
determinística e mais probabilística, uma vez que agora era necessário atentar
para a nossa condição de espectadores, infinitas possibilidades se abriam com a
mecânica quântica.

Além disso, nesse ínterim, nosso entendimento da relação entre massa e


energia também evoluiu, graças aos trabalhos de Hermann Minkowski sobre o
espaço-tempo quadridimensional, e de Albert Einstein e sua interpretação dos
efeitos da massa no campo gravitacional que esta pode gerar.

No início do século XX surgem novos ramos da física, a teoria da


relatividade e a mecânica quântica, atuando nos campos onde a física ainda era
incompleta para solucionar os problemas que afetavam o desenvolvimento de
novas tecnologias. Dando origem ao que chamamos hoje de física moderna.

Nesse contexto, dois cientistas se destacaram nas três primeiras décadas,


Albert Einstein e Max Planck. Einstein com a teoria da relatividade restrita e a
teoria da relatividade geral, Planck com os conceitos sobre a mecânica quântica.
Nas palavras de Richard Feynman:

Apesar de todo o entusiasmo criado, a lei da gravitação de Newton


não está correta! Ela foi modificada por Einstein no intuito de
levar em conta a teoria da relatividade. Segundo Newton, o efeito
gravitacional e instantâneo, ou seja, se deslocássemos determinada
massa, sentiríamos imediatamente uma nova força devido à nova
posição daquela massa; desse modo, poderíamos enviar sinais com
velocidade infinita. Einstein apresentou argumentos que sugerem que
não podemos enviar sinais acima da velocidade da luz, então a lei da
gravitação deve estar errada. Ao corrigi-la, para levar em conta esse
atraso, obtemos uma nova lei, chamada lei da gravitação de Einstein.
Uma característica dessa nova lei, que é bem fácil de compreender, é:
na teoria da relatividade de Einstein, qualquer coisa que tem energia
tem massa – massa no sentido de ser gravitacionalmente atraído.
Mesmo a luz, que tem uma energia, possui “massa”. Quando um feixe
de luz, que contém energia, passa pelo Sol, é atraído por ele. Então, a
luz não segue reta, mas é desviada (FEYNMAN, 2008, p. 7).

Comparando a gravitação com outras teorias, ele afirma ainda que:

Nos últimos anos, descobrimos que toda massa é constituída de


minúsculas partículas e que existem várias formas de interações, tais
como forças nucleares etc. Nenhuma dessas forças, nuclear ou elétrica,
se relaciona para explicar a gravitação. Os aspectos quânticos da
natureza ainda não foram transportados para a gravitação. Quando a
escala é tão pequena que precisamos dos efeitos quânticos, os efeitos
gravitacionais são tão fracos que ainda não surgiu a necessidade de se
desenvolver uma teoria quântica da gravitação. Por outro lado, para
ter consistência em nossas teorias físicas, seria importante verificar se
a lei de Newton modificada na lei de Einstein poderá ser ainda mais
modificada para se tornar consistente com o princípio da incerteza
(FEYNMAN, 2008, p. 7).

156
TÓPICO 3 | FÍSICA MODERNA

2 MAX PLANCK
“Ambas, a religião e a ciência da natureza, envolvem, em seu exercício, a afirmação
de Deus” (Planck, sec. XX).

Max Karl Ernst Ludwig Planck, físico alemão, viveu entre 1858 e 1947.
Considerado o pai da mecânica quântica. Estudando a radiação emitida por
corpos a altas temperaturas, conhecidos como corpos negros, foi um dos primeiros
cientistas a perceber que as teorias clássicas que explicavam os espectros de
radiação, até então conhecidas, não dariam conta de esclarecer uma aberração
associada às faixas mais energéticas da radiação emitida por esses corpos, num
proceso que ficou conhecido como catástrofe do ultravioleta. Planck notou que,
segundo a teoria vigente, a intensidade da radiação ultravioleta emitida por um
corpo incandescente desse tipo tenderia ao infinito, o que claramente violava
todas as leis de conservação de energia.

FIGURA 70 – MAX PLANCK

FONTE: Disponível em: <https://en.wikipedia.org/wiki/Max_Planck>.


Acesso em: 10 nov. 2017.

A fim de dar uma interpretação que contornasse e resolvesse o problema


com a radiação ultravioleta, Planck propôs que a energia era emitida pelos
corpos em pacotes e não de forma contínua, como previsto pela teoria vigente.
Ele chamou esses pacotes de quantum de luz. Com isso, Planck não só resolveu
o problema, como mostrou que a intensidade energética de cada pacote era
proporcional à frequência da luz emitida e múltipla de uma constante h que
ficou conhecida posteriormente como a constante de Planck. Essa descoberta
levou à definição de uma lei da radiação térmica e, juntamente com a colaboração
de cientistas como Einstein e Bohr, forneceu as bases para uma nova teoria,
chamada de Mecânica Quântica.

157
UNIDADE 2 | A HISTÓRIA DA FÍSICA

Em 1933, no discurso de uma reunião de abertura do Congresso Internacional


sobre Terapia através da Luz, em Copenhague, Borh (2008, p. 6) afirma:

Do ponto de vista físico, a luz pode ser definida como uma transmissão de
energia entre corpos materiais à distância. Como se sabe, esses efeitos encontram
uma explicação simples na teoria eletromagnética, que pode ser encarada
como uma extensão racional da mecânica clássica, extensão apropriada para
suavizar o contraste entre a ação à distância e a ação com contato direto. Nessa
teoria, a luz é descrita como oscilações elétricas e magné­ticas acopladas, que
só diferem das habituais ondas eletromagnéticas da transmissão de rádio pela
maior frequência de vibração e o menor comprimento de onda. Na verdade,
a propagação praticamente retilínea da luz, na qual se baseia a localização
dos corpos pela visão direta ou através de instrumentos ópticos adequados,
depende inteiramente da pequenez do comprimento de onda, comparada às
dimensões dos corpos em questão e dos instrumentos. Ao mesmo tempo, o
caráter ondulatório da propagação da luz constitui não apenas a base de nossa
descrição dos fenômenos da cor que revelaram, na espectroscopia, informações
muito importantes sobre a constituição dos corpos materiais, mas é também
essencial para a análise refinada dos fenômenos ópticos. Como um exemplo
típico, basta mencionar as figuras de interferência que aparecem quando a
luz, proveniente de uma fonte, propaga-se até um anteparo através de dois
caminhos diferentes. Aí constatamos que os efeitos que seriam produzidos
pelos feixes luminosos separados são reforçados nos pontos do anteparo em
que as fases das duas ondas coincidem, isto é, onde as oscilações elétricas e
magnéticas dos dois feixes têm a mesma direção, ao passo que esses efeitos são
enfraquecidos, e podem até desaparecer, nos pontos em que as oscilações têm
direções opostas e onde se diz que as ondas estão fora de fase, uma em relação à
outra. Tais figuras de interferência fornecem uma prova tão rigorosa da imagem
ondulatória da propagação da luz que essa imagem não pode ser considerada
uma hipótese, no sentido usual do termo, devendo, antes, ser encarada como a
descrição adequada dos fenômenos observados. No entanto, como todos vocês
sabem, o problema da natureza da luz esteve sujeito a uma discussão renovada
nos últimos anos, em virtude da descoberta, no mecanismo da transmissão de
energia, de um aspecto essencial de atomicidade que é incompreensí­vel do
ponto de vista da teoria eletromagnética. De fato, qualquer transferência de
energia pela luz pode remontar a processos individuais, em cada um dos quais
é trocado um chamado quantum de luz, cuja energia é igual ao produto da
frequência das oscilações eletromagnéticas pelo quantum universal de ação, ou
constante de Planck. O evidente contraste entre essa atomicidade do efeito da
luz e a transferência contínua de energia na teoria eletromagnética nos propõe
um dilema anteriormente desconhecido na física. A despeito de sua óbvia
insuficiência, não há como substituir a imagem ondulatória da propagação da
luz por outra imagem que se apoie em ideias mecânicas comuns. Em especial,
convém enfatizar que os quanta de luz não podem ser considerados como
partículas a que se possa atribuir uma trajetória bem definida, no sentido da
mecânica usual. A figura de interferência desaparece se, para nos certificar de
que a energia da luz se propaga por apenas um dos dois caminhos entre a fonte

158
TÓPICO 3 | FÍSICA MODERNA

e o anteparo, interrompermos um dos feixes com um corpo não transparente;


da mesma forma, em qualquer fenômeno para o qual a constituição ondulatória
da luz seja essencial, é impossível precisar a trajetória dos quanta individuais
de luz sem perturbar essencialmente o fenômeno em processo de investigação.
Na verdade, nossa imagem da propagação espacialmente contínua da luz e a
atomicidade dos efeitos luminosos são aspectos complementares, no sentido de
descreverem características igualmente importantes dos fenômenos luminosos.
Elas nunca podem ser colocadas em contradição direta umas com as outras, já que
sua análise mais minuciosa, em termos mecânicos, requer arranjos experimentais
mutuamente excludentes. Essa mesma situação obriga-nos a renunciar a
uma explicação causal completa dos fenômenos da luz e a nos contentar com
leis probabilísticas, baseados no fato de que a descrição eletromagnética da
transferência de energia continua válida no sentido estatístico. Isso constitui
uma aplicação típica do chamado princípio da correspondência, que expressa
o esforço de utilizar ao máximo os conceitos das teorias clássicas da mecânica e
da eletrodinâmica, apesar do contraste entre essas teorias e o quantum de ação.

Bohr continua o seu discurso falando da incapacidade de se utilizar


a análise clássica nos fenômenos atômicos, reconhecendo uma limitação nos
conceitos até então considerados indispensáveis. Tornando necessário recorrer a
métodos estatísticos.

3 ALBERT EINSTEIN
Albert Einstein, físico alemão, viveu entre 1879 e 1955. Aportou
contribuições à mecânica quântica, como a explicação teórica para o efeito
fotoelétrico, a liberação de elétrons, geralmente de uma placa metálica, quando
esta é exposta a algum tipo de radiação eletromagnética, trabalho que lhe rendeu
o Prêmio Nobel de 1922 ao demonstrar como os pacotes (quanta) de energia
são absorvidos pelos elétrons de forma discreta e não contínua, corroborando
as observações de Planck. Einstein também se tornou muito conhecido pela
sua famosa equação da energia E = mc2, ligada à teoria da relatividade e que
demonstra a relação direta entre massa e energia, e como essas duas grandezas
são manifestações distintas de uma mesma propriedade da matéria. Elaborou leis
do movimento para corpos com velocidades próximas à velocidade da luz sem a
presença de campos gravitacionais, estabelecendo uma teoria que foi chamada de
Relatividade Restrita, em 1905.

Desenvolveu uma teoria sobre os campos gravitacionais abrangendo


leis que governam o movimento de galáxias e aglomerados de galáxias, a
Relatividade Geral, tornando as deduções de Newton apenas um caso particular
de uma lei maior.

159
UNIDADE 2 | A HISTÓRIA DA FÍSICA

FIGURA 71 – ALBERT EINSTEIN E NIELS BOHR

FONTE: Disponível em: <https://pixabay.com/pt/albert-einstein-e-niels-


bohr-1925-1165203/>. Acesso em: 10 nov. 2017.

Einstein e Niels Bohr (1885-1962) discutiam sobre os problemas da


mecânica quântica propondo experimentos imaginários. Suas conclusões
contribuíram bastante no desenvolvimento dessa teoria.

A intuição de Einstein o levou à conclusão de que qualquer processo


de radiação implicaria na emissão ou absorção de fótons (quanta de luz), que
apresentam simultaneamente energia e momento, mas a ideia gerou um dilema
pelo caráter irreconciliável com os efeitos de interferência, que só podem ser
descritos em termos de uma imagem ondulatória, enfatizado pelo fato de que
os efeitos de interferência fornecem o único meio de definir a frequência e o
comprimento de onda, que entram nas expressões de energia e momento do
fóton. Os avanços da estrutura da matéria e as descobertas em 1911 do núcleo
atômico, por Rutherford, acentuaram ainda mais as falhas da física clássica em
explicar a instabilidade intrínseca do átomo. Nas palavras de Borh:

Aqui, mais uma vez, a teoria quântica forneceu uma pista para
elucidar a situação. Em especial, verificou-se ser possível explicar
a estabilidade atômica, bem como as leis empíricas que regem os
espectros dos elementos, presumindo que qualquer reação do átomo
que resulte numa alteração de sua energia implicava uma transição
completa entre dois chamados estados quânticos estacionários, e que,
em particular, os espectros eram emitidos por um processo abrupto,
em que cada transição era acompanhada pela emissão de um quantum
de luz monocromática, de energia exatamente igual à de um fóton de
Einstein (BOHR, 2008, p. 44).

160
TÓPICO 3 | FÍSICA MODERNA

Einstein foi responsável por um grande avanço no desenvolvimento da


teoria quântica, no seu artigo sobre o equilíbrio radiante de 1917, ele mostrou
que a lei da radiação térmica de Planck podia ser deduzida de ideias básicas da
teoria quântica.

Para finalizar, deixo aqui transcritas as sábias palavras de Einstein sobre


educação, em seu livro “Como vejo o mundo”:

Não basta ensinar ao homem uma especialidade. Porque se tornará


assim uma máquina utilizável, mas não uma personalidade. É
necessário que adquira um sentimento, um senso prático daquilo que
vale a pena ser empreendido, daquilo que é belo, do que é moralmente
correto. A não ser assim, ele se assemelhará, com seus conhecimentos
profissionais, mais a um cão ensinado do que a uma criatura
harmoniosamente desenvolvida. Deve aprender a compreender
as motivações dos homens, suas quimeras e suas angústias para
determinar com exatidão seu lugar exato em relação a seus próximos
e à comunidade. Estas reflexões essenciais, comunicadas à jovem
geração graças aos contactos vivos com os professores, de forma
alguma se encontram escritas nos manuais. É assim que se expressa
e se forma de início toda a cultura. Quando aconselho com ardor as
humanidades, quero recomendar esta cultura viva, e não um saber
fossilizado, sobretudo em história e filosofia. Os excessos do sistema
de competição e de especialização prematura, sob o falacioso pretexto
de eficácia, assassinam o espírito, impossibilitam qualquer vida
cultural e chegam a suprimir os progressos nas ciências do futuro.
É preciso, enfim, tendo em vista a realização de uma educação
perfeita, desenvolver o espírito crítico na inteligência do jovem. Ora, a
sobrecarga do espírito pelo sistema de notas entrava e necessariamente
transforma a pesquisa em superficialidade e falta de cultura. O ensino
deveria ser assim: quem o receba o recolha como um dom inestimável,
mas nunca como uma obrigação penosa (EINSTEIN, 1953, p. 16).

161
RESUMO DO TÓPICO 3
Nesse tópico, você viu que:

• Indicamos a incapacidade da física clássica para descrever certos fenômenos


relacionados às partículas atômicas e à descrição da luz, problema exemplificado
através da catástrofe do violeta. Mostramos com isso, que a radiação é emitida
em pacotes de quantizados, em que a constante de Planck emerge.

• Surgiram duas novas teorias para abordar esses casos, a mecânica quântica e a
relatividade geral.

• Inseridas leis probabilísticas para descrever os fenômenos na teoria quântica.


Falamos das teorias de Einstein da relatividade restrita e da teoria da
relatividade geral, bem como de suas contribuições, juntamente com Borh,
para a física quântica.

162
AUTOATIVIDADE

1 Quem foi considerado o pai da Mecânica Quântica? Assinale a alternativa


correta:

a) ( ) Einstein.
b) ( ) Bohr.
c) ( ) Newton.
d) ( ) Planck.
e) ( ) Galileu.

2 Quais foram as contribuições de Albert Einstein para a Física? Assinale a


alternativa correta:

a) ( ) A teoria da Mecânica Clássica, a teoria da Relatividade Geral e a teoria


da Mecânica Quântica.
b) ( ) A teoria da Relatividade Restrita, a teoria da Termodinâmica e a teoria
da Mecânica Quântica.
c) ( ) A teoria da Relatividade Restrita, a teoria da Relatividade Geral e a
teoria da Mecânica Quântica.
d) ( ) A teoria da Relatividade Restrita, a teoria da Relatividade Geral e a
teoria da Mecânica Clássica.
e) ( ) A teoria da Óptica Geométrica, a teoria da Relatividade Geral e a teoria
da Mecânica Quântica.

3 O que são os quanta? Assinale a alternativa correta:

a) ( ) Fótons.
b) ( ) Elétrons.
c) ( ) Prótons.
d) ( ) Mésons.
e) ( ) Neutrinos.

4 Por que, no processo de radiação, a ideia dos quanta possuírem energia e


momento gerou um dilema? Assinale a alternativa correta:

a) ( ) Por causa dos efeitos de interferência, normalmente descritos pela


teoria ondulatória.
b) ( ) Por causa da vibração dos átomos.
c) ( ) Por causa do movimento dos elétrons.
d) ( ) Devido ao núcleo dos átomos.
e) ( ) Por causa dos efeitos de refração, normalmente
descritos pela teoria ondulatória.

163
5 A famosa equação da energia, E = mc2, está ligada à:

a) ( ) Teoria da Relatividade Geral.


b) ( ) Teoria da Relatividade Restrita.
c) ( ) Teoria Ondulatória.
d) ( ) Teoria Quântica.
e) ( ) Teoria Eletromagnética.

164
UNIDADE 3

CINEMÁTICA

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir desta unidade você será capaz de:

• compreender sistemas de coordenadas e movimento retilíneo


unidimensional;

• definir velocidade média, velocidade instantânea, aceleração, movimento


retilíneo uniformemente acelerado, queda livre.

• fazer cálculos com vetores, velocidade e aceleração vetoriais;

• interpretar o movimento uniformemente acelerado;

• reconhecer os movimentos de lançamento de projéteis e movimento


circular uniforme;

• definir aceleração tangencial e normal, velocidade relativa.

PLANO DE ESTUDOS
Caro acadêmico! Esta unidade de estudos encontra-se dividida em quatro tó-
picos de conteúdos. Ao longo de cada um deles, você encontrará sugestões e
dicas que visam potencializar os temas abordados e ao final de cada um, estão
disponíveis resumos e autoatividades que visam fixar os temas estudados.

TÓPICO 1 – O CONCEITOS FUNDAMENTAIS DO MOVIMENTO DE UM


CORPO

TÓPICO 2 – MOVIMENTO RETILÍNEO UNIFORME MRU

TÓPICO 3 – MOVIMENTO RETILÍNEO UNIFORMEMENTE VARIADO


MRUV

TÓPICO 4 – MOVIMENTO EM DUAS E TRÊS DIREÇÕES

165
166
UNIDADE 3
TÓPICO 1

CONCEITOS FUNDAMENTAIS DO MOVIMENTO


DE UM CORPO

1 INTRODUÇÃO
Um corpo está em movimento quando sua posição varia no decorrer do
tempo. Por outro lado, o movimento é algo relativo, pois depende do referencial
que o observador adota. Assim, um corpo pode estar em movimento para um
observador enquanto está em repouso para outro. Por isso, certos conceitos
precisam estar claros antes de iniciarmos o estudo do movimento. As palavras de
Peduzzi (2009) nos esclarecem:

O movimento é uma característica dominante do mundo físico.


Sendo diariamente vivenciado pelas pessoas nas suas mais diversas
manifestações, não causa espanto que, independentemente de uma
instrução escolar específica, haja um certo consenso no linguajar
cotidiano sobre alguns termos a ele relacionados, como posição,
localização, distância percorrida, tempo, velocidade etc. Para o físico,
contudo, estas e muitas outras noções precisam ser trabalhadas
com cuidado e rigor para que cada uma delas tenha um significado
preciso e impessoal. Somente assim, e utilizando como linguagem
a matemática, ele poderá estudar e entender um sem número de
fenômenos de seu interesse (PEDUZZI, 2009, p. 78).

A seguir definiremos alguns conceitos fundamentais para analisarmos o


movimento dos corpos.

2 ORIGEM, TRAJETÓRIA E POSIÇÃO


Para analisar o movimento de um corpo é necessário ter em mente certos
parâmetros, por exemplo, um marco inicial, em relação ao qual podemos afirmar
se o corpo está se afastando ou aproximando. Precisamos saber também como
é a trajetória desse corpo, para dizer se está se movendo em linha reta ou não.
É preciso determinar qual o lugar sobre a trajetória que esse corpo se encontra,
ou seja, o seu lugar no espaço. Para tanto veremos cada um deles, segundo as
definições apresentados por vários autores (HALLIDAY; RESNICK; WALKER,
2012; FEYNMAN; LEIGHTON; SANDS, 2008; YOUNG; FREEDMANN, 2008).

167
UNIDADE 3 | CINEMÁTICA

2.1 ORIGEM E REFERENCIAL


A origem é um ponto fixo que estabelecemos como referência para o
movimento de um corpo. Se nesse referencial que escolhemos, uma partícula
se encontrar parada ou se movendo em linha reta, com velocidade constante,
dizemos que este é um referencial inercial. Por outro lado, se ela estiver se
movendo aceleradamente, dizemos que se trata de um referencial não inercial.

Vamos imaginar duas situações diferentes, ambas em referenciais inerciais,


mas que produzem resultados diferentes, por exemplo, um homem acompanha
o seu amigo (corpo móvel) à estação de trem e decide acompanhar o movimento
do amigo que embarcou no trem. Tendo a estação como referencial, podemos
dizer que o corpo móvel está cada vez mais longe do referencial. Desta maneira,
afirmamos que ele está em movimento se comparado ao nosso ponto de referência.
Porém, vamos supor que o homem decida usar como ponto de referência o vagão
do condutor, este está se movendo junto com o trem e, portanto, a posição do
amigo em relação a ele é sempre a mesma. Desse modo, podemos afirmar que o
corpo móvel está em repouso em relação ao ponto de referência.

2.2 TRAJETÓRIA
A linha que o corpo móvel descreve ao longo do seu movimento é chamada
de trajetória. Se o movimento for em linha reta, a trajetória é dita retilínea. Se
descrever uma circunferência, é dita circular. Ao descrever uma curva, o corpo
móvel descreve parte de seu movimento em trajetória circular. Desse modo,
a trajetória do movimento de um corpo móvel pode ser composta pelas duas
trajetórias, sendo algumas partes retilíneas e outras circulares.

Na Figura 72, a seguir, observe uma trajetória com um trecho circular e


dois trechos retilíneos.

FIGURA 72 – TRAJETÓRIA

TRAJETÓRIA RETILÍNEA

TRAJETÓRIA

CIRCULAR
TRAJETÓRIA RETILÍNEA

FONTE: A autora

168
TÓPICO 1 | CONCEITOS FUNDAMENTAIS DO MOVIMENTO DE UM CORPO

2.3 POSIÇÃO
A partir da origem, sobre a trajetória, podemos marcar as diversas
posições que um corpo móvel ocupa ao longo do tempo. Na Figura 73, a seguir,
observe a posição x1, x2 e x3, o valor 0 marca a origem e a trajetória descreve as
posições em metros.

FIGURA 73 – TRAJETÓRIA RETILÍNEA


origem
x(m)
0 x1 x2 x3
FONTE: A autora

A origem da Figura 73 está localizada no marco zero da trajetória, seguindo


o sentido positivo da trajetória temos a posição x1, x2 e x3.

Quando estamos nos referindo à primeira posição e à última posição


assumida pelo corpo, é comum adotarmos a notação xi e xf para posição inicial
e posição final, respectivamente. Quando a posição inicial é marcada no tempo
inicial igual a zero, ti = 0, é comum escrevermos a posição inicial como x0.

Podemos construir um gráfico das posições ocupadas pelo corpo, por


exemplo, um homem caminhando próximo de uma árvore que tomaremos como
referencial. A seguir, observe o primeiro caso na Figura 74. À medida que ele se
afasta dela, cobre espaços maiores para o mesmo intervalo de tempo, ou seja, sua
velocidade não é constante.

FIGURA 74 – TRAJETÓRIA DE UM HOMEM CAMINHANDO

sentido do movimento

0 x1 x2 x3 x
FONTE: Física básica (PEDUZZI, 2009, p. 82)

169
UNIDADE 3 | CINEMÁTICA

Representando suas posições no gráfico da posição versus o tempo,


encontramos a curva. Acompanhe a seguir na Figura 75.

FIGURA 75 – GRÁFICO DAS POSIÇÕES DO HOMEM


x
x3

x2

x1

0 t1 t2 t3 t
Δt Δt Δt
FONTE: Física básica (PEDUZZI, 2009, p. 82)

Observe que as posições encontradas para o mesmo intervalo de tempo


deram origem a uma seção de uma parábola. Isso se deve ao fato de que a
velocidade do homem não permaneceu constante.

Vamos para o segundo caso, na Figura 76. Um ciclista fazendo o mesmo


trajeto que o homem da Figura 35, mas agora com velocidade constante. Neste
caso, para cada intervalo de tempo igual, o deslocamento foi o mesmo.

FIGURA 76 – CICLISTA SE DESLOCANDO

sentido do movimento

0 x1 x2 x3 x
FONTE: Física básica (PEDUZZI, 2009, p. 83)

170
TÓPICO 1 | CONCEITOS FUNDAMENTAIS DO MOVIMENTO DE UM CORPO

Agora observemos o gráfico a seguir. Note que não temos mais uma seção
de parábola, as posições anotadas geraram uma reta. Isso se deve ao fato de que
nesse movimento o corpo móvel percorreu distâncias iguais para os mesmos
intervalos de tempo.

FIGURA 77 – GRÁFICO DA POSIÇÃO VERSUS TEMPO DO CICLISTA EM


FUNÇÃO DO TEMPO
x
x3

x2

x1

0 t1 Δ t2 t3 t
Δt t
Δt
FONTE: Física básica (PEDUZZI, 2009, p. 83)

3 ESPAÇO PERCORRIDO E DESLOCAMENTO


Nesse momento estamos interessados numa distância que vai do primeiro
ponto que anotamos sobre a trajetória ao último. Essa pode ser a distância real
entre esses dois pontos, levando em conta todos os pontos sobre a trajetória que o
móvel percorreu, ou pode ser a menor distância entre esses dois pontos. Vamos
ver que diferença existe entre as duas a seguir.

3.1 ESPAÇO PERCORRIDO


Vamos supor que um corpo móvel (representado pela seta branca da
Figura 78) executa um movimento sobre uma trajetória dividida em metros, em
que a posição inicial é o marco 0 e a posição final é o marco 7. No primeiro trecho
da trajetória o móvel percorreu 3 metros e no segundo trecho ele percorreu mais
4 metros. Portanto, a distância total percorrida pelo móvel foi de 7 metros. Essa
distância é normalmente chamada de distância escalar ou de espaço percorrido.

171
UNIDADE 3 | CINEMÁTICA

FIGURA 78 – CORPO MÓVEL SOBRE A POSIÇÃO INICIAL 0 E A POSIÇÃO FINAL 7

POSIÇÃO INICIAL 0

Trecho 1
Trecho 2

POSIÇÃO INTERMEDIÁRIA
3m 7m
POSIÇÃO FINAL
FONTE: A autora

O móvel executa um movimento sobre uma trajetória formada por dois


trechos retilíneos formando um ângulo reto entre eles.

3.2 DESLOCAMENTO
Na Figura 79 temos a mesma situação que descrevemos no item anterior.
O móvel passa pela posição inicial xi = 0, passa por uma posição intermediária x
= 3m e chega na posição final xf = 7 m. A menor distância entre esses dois pontos
é a diagonal marcada pela seta que vai da posição inicial até a posição final, que
chamamos deslocamento. Podemos facilmente perceber que a figura forma um
triângulo, sendo assim, a diagonal é a hipotenusa desse triângulo e vale 5 metros.

Embora a distância realmente percorrida tenha sido de 7 m, o deslocamento


vale 5 m.

FIGURA 79 – CORPO MÓVEL SOBRE A POSIÇÃO INICIAL 0 E A POSIÇÃO FINAL 7

POSIÇÃO INICIAL 0

POSIÇÃO INTERMEDIÁRIA
3m 7m
POSIÇÃO FINAL
FONTE: A autora

172
TÓPICO 1 | CONCEITOS FUNDAMENTAIS DO MOVIMENTO DE UM CORPO

O móvel executa um movimento sobre uma trajetória formada por dois


trechos retilíneos formando um ângulo reto entre eles. A seta diagonal mostra a
menor distância entre os pontos inicial e final.

Nem sempre o espaço percorrido e o deslocamento possuem valores


diferentes, por exemplo, na Figura 80 os dois coincidem, gerando um movimento
em apenas uma dimensão e vai de um ponto ao outro da trajetória sem retornar.
A distância real entre a posição inicial e a final é igual à menor distância entre
esses dois pontos.

FIGURA 80 – VETOR DESLOCAMENTO

origem xi Δx xf
x(m)
0 1 2 3
FONTE: A autora

O deslocamento, ∆x, é o vetor que tem origem na posição inicial xi e


extremidade na posição final xf.

Representando a trajetória em um eixo x, dado em metros, como o da


Figura 76, podemos dizer que o deslocamento ∆x é a subtração entre as posições
xf e xi, como definido a seguir:

∆x = xf - xi (Equação 1)

Observação: no movimento unidimensional o deslocamento ∆x é uma


simples operação algébrica, xf – xi, entre os valores numéricos da posição final e
inicial.

Exemplo: Encontre o espaço percorrido e o deslocamento do móvel na


Figura 76.

SOLUÇÃO: O espaço percorrido e o deslocamento possuem o mesmo


valor, pois a trajetória é composta por apenas um trecho unidimensional, sem
retorno. Sendo xi = 1m, xf = 3m, e utilizando a equação 1, temos:

∆x = xf - xi
∆x = 3m – 1m = 2m

Resposta: O deslocamento foi de 2m.

É possível que o espaço percorrido e o deslocamento não coincidam


mesmo se a trajetória for unidimensional, se houver retornos do corpo móvel.
Veja o caso do próximo exemplo.

173
UNIDADE 3 | CINEMÁTICA

Exemplo: Um móvel se desloca em linha reta saindo da posição x = 1 m e


vai até a posição x = 4 m, depois retorna para a posição x = 2 m. Qual foi o espaço
percorrido e o deslocamento desse móvel?

SOLUÇÃO: No primeiro trecho o móvel percorreu a distância de 3 m e


no segundo trecho, ao retornar sobre a trajetória, percorreu 2 m, sendo o espaço
percorrido igual a 5 m. O deslocamento leva em conta apenas a posição inicial e
a final, temos:

∆x = xf - xi
∆x = 2m – 1m = 1m

Resposta: O espaço percorrido é igual a 5 m e o deslocamento é de 1 m.

4 PONTO MATERIAL E CORPO EXTENSO


Um corpo móvel pode ser classificado entre ponto material ou corpo
extenso, dependendo de suas dimensões em relação à sua trajetória. Acompanhe
a seguir a classificação:

• Ponto material ou Partícula

Um corpo móvel é chamado de ponto material ou de partícula se


suas dimensões forem pequenas o suficiente para poderem ser consideradas
desprezíveis em relação à trajetória. Como exemplo podemos citar um automóvel
se locomovendo em uma rodovia, um navio em alto-mar, um asteroide
atravessando a galáxia.

• Corpo extenso

Quando as dimensões do corpo precisam ser consideradas, chamamos o


móvel de corpo extenso. Como é o caso de um automóvel manobrando na garagem,
um navio atracando no porto, um asteroide dando um rasante no planeta.

No estudo do movimento dos corpos, neste tópico trataremos os corpos


móveis como partículas.

• Velocidade

A velocidade de um corpo está relacionada com a razão entre seu


deslocamento e o tempo que o mesmo levou para realizar tal deslocamento. Dessa
forma, podemos pensar nela como a taxa de variação das suas posições no tempo.

174
TÓPICO 1 | CONCEITOS FUNDAMENTAIS DO MOVIMENTO DE UM CORPO

• Velocidade média

Vamos supor que um móvel se mova do ponto A até o ponto B sobre a


curva num gráfico, como o da Figura 81, em que o eixo vertical marca as posições
x em metros e o eixo horizontal marca os tempos em segundos. De modo que
temos dois pontos em destaque, o ponto inicial A de coordenadas (ti, xi) e o ponto
final B de coordenadas (tf, xf).

A velocidade média é igual à inclinação da reta que une os pontos A e B.

FIGURA 81 – GRÁFICO POSIÇÃO DO CORPO EM FUNÇÃO DO TEMPO


x(m)

xf B

A θ
xi
0
ti tf t (s)

FONTE: A autora

O móvel descreve a trajetória indicada pela curva entre os pontos A(ti, xi) e
B(tf,xf). A inclinação da reta que passa pelos pontos A e B é, numericamente, igual
à velocidade do móvel. θ É o ângulo formado entre a reta que une os pontos A e
B e a direção do eixo t.

A inclinação da reta é dada pela tangente do ângulo entre a reta AB e a


direção horizontal, em que:

CO
tg 
CA

175
UNIDADE 3 | CINEMÁTICA

Sendo o cateto oposto igual à diferença entre as posições, xf – xi, e o cateto


adjacente igual à diferença entre os tempos tf – ti, temos:

xf - xi
tg 
tf - ti

Como a inclinação da reta é igual à velocidade e xf – xi = ∆x, bem como


tf – ti = ∆t, encontramos:
x (Equação 2)
v med 
t
Exemplo: Um automóvel sai do marco 100 m em t = 20 s e chega no marco
260 m em t = 28 s. Qual foi a sua velocidade média?

SOLUÇÃO: xi = 100 m, ti = 20 s, xf = 260 m, tf = 28 s. Usando a equação 2, temos:

x 260m  100m 160m


v med     20m / s
t 28s  20s 8s

Resposta: A sua velocidade média foi de 20 m/s.

4.1 VELOCIDADE INSTANTÂNEA


Quando tornamos os pontos inicial e final cada vez mais próximos, os
intervalos de tempo tendem a zero e a velocidade a um ponto como a Figura 82.
A essa velocidade, propendendo a um ponto determinado, damos o nome de
velocidade instantânea.

FIGURA 82 – GRÁFICO POSIÇÃO EM FUNÇÃO DO TEMPO


x(m)

0 t t (s)
FONTE: A autora

176
TÓPICO 1 | CONCEITOS FUNDAMENTAIS DO MOVIMENTO DE UM CORPO

O gráfico mostra a curva das diversas posições de um móvel localizando


um ponto de coordenadas (t, x) e uma reta tangente a esse ponto.

Tomando o limite de ∆t tendendo a zero encontramos a derivada das


posições no tempo, que é a definição de velocidade instantânea.

x dx (Equação 3)
v  lim 
t  0 t dt

5 ACELERAÇÃO
De modo análogo, a taxa de variação da velocidade com o tempo nos
fornece a aceleração do móvel. No gráfico a seguir, encontramos a aceleração
média dividindo o cateto oposto ao ângulo, em relação ao semi-eixo positivo, no
ponto definido como origem, que é a diferença entre as velocidades no ponto A
e no ponto B, pelo cateto adjacente, que é a diferença entre os tempos nos dois
pontos considerados.

5.1 ACELERAÇÃO MÉDIA

FIGURA 83 – GRÁFICO VELOCIDADE DO CORPO VERSUS TEMPO


x(m)

vf B

A θ
vi
0
ti tf t (s)

FONTE: A autora

177
UNIDADE 3 | CINEMÁTICA

A curva entre os pontos A (ti, xi) e B (tf, xf) descreve a velocidade do móvel.
A inclinação da reta que passa pelos pontos A e B é, numericamente, igual à
aceleração do móvel. É o ângulo formado entre a reta que une os pontos A e B e
a direção do eixo t.

Podemos encontrar a aceleração média entre dois pontos de um gráfico


da velocidade pelo tempo, tomando a inclinação da reta tangente da Figura 83, e
teremos a expressão:

v
a med  (Equação 4)
t

Exemplo: Marcelo estava dirigindo a 20 m/s numa rodovia e 2 s depois


percebeu que sua velocidade tinha aumentado para 40 m/s. Qual era a sua
aceleração durante esse trecho?

SOLUÇÃO: vi = 20 m/s, vf = 40 m/s, ∆t = 2 s. Utilizando a equação 4, em que:

v 40  20 20
a med     10m / s 2
t 20 2

Resposta: A aceleração nesse trecho é de 10 m/s2.

5.2 ACELERAÇÃO INSTANTÂNEA


Analogamente à velocidade instantânea, podemos ter uma aceleração
instantânea, que é a aceleração num dado ponto com um intervalo de tempo
tendendo a zero. Tomando o limite de ∆t tendendo a zero de ∆v/∆t, teremos:

v dv (Equação 5)
a  lim 
t  0 t dt

178
RESUMO DO TÓPICO 1

Nesse tópico, você viu que:

• O estudo do movimento dos corpos, tais como: origem, referencial inercial,


trajetória, posição, deslocamento, ponto material e corpo extenso, velocidade e
aceleração.

• Observamos que a origem, um ponto de referência para a observação dos


movimentos, é o marco inicial a partir do qual se anota as posições de um
corpo móvel. Notamos que normalmente adotamos a origem valendo zero.

• Mostramos que a primeira posição que anotamos na observação de um


movimento é chamada de posição inicial e fornece a distância entre a origem
e essa posição, e que a posição final é a última posição anotada, medindo a
distância da origem até ela.

• Falamos que o referencial pode ser inercial ou não inercial. Quando o referencial
é inercial, a primeira lei de Newton é válida.

• As diversas posições ocupadas pelo corpo descrevem um espaço sobre o qual


o corpo se move, chamado de trajetória. Se essa trajetória for em linha reta, a
chamamos de trajetória retilínea. Observamos que um trecho em curva de uma
trajetória é, na verdade, parte de uma trajetória circular.

• A diferença entre distância escalar e deslocamento, sendo que a primeira leva


em conta a distância total percorrida pelo corpo, enquanto que a segunda mede
a menor distância entre a posição inicial e a final.

• Ponto material ou partícula como sendo o corpo móvel que possui dimensões
pequenas se comparado à sua trajetória, e de corpo extenso como sendo o corpo
móvel cujas dimensões precisam ser consideradas na análise do movimento.

• Por fim, definimos a velocidade como sendo a taxa de variação das posições
com o tempo e a aceleração, a taxa de variação da velocidade com o tempo.

179
AUTOATIVIDADE

1 Relacione as colunas e assinale a alternativa correta:

I) Origem ( ) as dimensões não podem ser desprezadas em relação


à trajetória.
II) Deslocamento ( ) distância total percorrida pelo corpo móvel.

III) Trajetória ( ) as dimensões são muito pequenas em relação à


trajetória.
IV) Distância escalar ( ) menor distância entre a posição inicial e a final.

V) Partícula ( ) ponto de referência a partir do qual se anota as posições


do corpo móvel.
VI) Corpo extenso ( ) linha sobre a qual o corpo se desloca.

a) ( ) VI, IV, V, II, I, III.


b) ( ) III, IV, V, VI, II, I.
c) ( ) I, II, III, IV, V, IV.
d) ( ) VI, V, II, IV, I, III.
e) ( ) V, IV, VI, III, II, I.

2 Um móvel saiu da posição 20 m e chegou na posição de 50 m dois


segundos depois. Qual foi o seu deslocamento? Assinale a alternativa
correta:

a) ( ) 25 m.
b) ( ) 30 m.
c) ( ) 70 m.
d) ( ) 10 m.
e) ( ) 20 m.

3 Jonas sai de casa andando a pé até a escola, dando em média um passo


por segundo. Se o tamanho médio de seu passo é de 0,5 m e se ele gasta
35 minutos no trajeto. Qual é a distância da escola até a sua casa, em
quilômetros? Assinale a alternativa correta:

a) ( ) 1,05 km.
b) ( ) 2,10 km.
c) ( ) 10,5 km.
d) ( ) 21,0 km.
e) ( ) 0,55 km.

180
4 Um móvel passa pela posição x1 = 50 m no instante t1 = 5 s, e pela posição
x2 = 70 m no instante t2 = 10 s. Quais são, respectivamente, os valores do
deslocamento e da velocidade média entre os instantes t1 e t2?

a) ( ) 10 m, 4 m/s.
b) ( ) 10 m, 2 m/s.
c) ( ) 20 m, 4 m/s.
d) ( ) 20 m, 2 m/s.
e) ( ) 25 m. 1 m/s.

5 Um ônibus mantém, numa estrada retilínea, a velocidade constante de 40


km/h, um intervalo de tempo de 7min30s, qual é a distância percorrida pelo
ônibus? Assinale a alternativa correta:

a) ( ) 2 km.
b) ( ) 5 km.
c) ( ) 8 km.
d) ( ) 4 km.
e) ( ) 3 km.

6 Um móvel percorreu um trecho com velocidade de 21 m/s, durante 3 s, e


sua velocidade marcava 11 m/s no instante 5 s. Qual é a aceleração média
do móvel? Assinale a alternativa correta:

a) ( ) 3 m/s2
b) ( ) 10 m/s2
c) ( ) 5 m/s2
d) ( ) – 2 m/s2
e) ( ) – 5 m/s2

7 Um veículo de 6 m de comprimento com velocidade de 3 m/s tem que


atravessar uma ponte de 294 m de comprimento. Quanto tempo ele gastará?
Assinale a alternativa correta:

a) ( ) 100 s.
b) ( ) 150 s.
c) ( ) 30 s.
d) ( ) 200 s.
e) ( ) 50 s.

181
8 Dado o conjunto de pontos para as coordenadas de tempo e posição, (t,x):
(0,1), (1,3), (2,5), (3,7), (4,9). Qual dos gráficos a seguir representa esses
pontos. Assinale a alternativa correta:

( ) ( )

a) b)

( ) ( )

c) d)

( )

e)

182
9 Dado o conjunto de pontos para as coordenadas de tempo e posição, (t, x):
(0,1), (1,2), (2,5), (3,10), (4,17). Qual dos gráficos a seguir, representa esses
pontos. Assinale a alternativa correta:

( ) ( )

a) b)

( ) ( )

c) d)

( )

e)

10 Um ponto material com aceleração média de 3 m/s2 estava com uma


velocidade 40 m/s decorrido um intervalo de 10 s. Qual era a sua velocidade
inicial? Assinale a alternativa correta:

a) ( ) 10 m/s.
b) ( ) 5 m/s.
c) ( ) 20 m/s.
d) ( ) 0.
e) ( ) 30 m/s.

183
184
UNIDADE 3
TÓPICO 2

MOVIMENTO RETILÍNEO UNIFORME MRU

1 INTRODUÇÃO
Quando um ponto material está se movendo sobre uma trajetória retilínea
com velocidade constante, dizemos que ele executa um movimento retilíneo
uniforme (MRU).

Nesse caso a velocidade é constante, a aceleração do móvel é nula e


podemos definir uma equação que descreve o movimento a partir de suas
sucessivas posições.

Segundo as definições apresentados por vários autores (HALLIDAY;


RESNICK; WALKER, 2012; FEYNMAN; LEIGHTON; SANDS, 2008; YOUNG;
FREEDMANN, 2008), apresentamos as funções e as principais grandezas no MRU.

2 FUNÇÃO HORÁRIA DOS ESPAÇOS


Vamos deduzir uma equação para as diversas posições que o móvel ocupa
no tempo, a partir da equação 2. Fazendo xi = x0 em ti = 0 e xf = x em tf = t na
equação 2, temos:

x x  x0
v v  vt  x  x0  vt  x0  x
t t0

Em que:

x  x0  vt (Equação 6)

Exemplo: Dada a função horária x = 3 + 2t, encontre a posição inicial e a


velocidade dessa função. Construa um gráfico da posição versus o tempo em um
intervalo de 0 até 6 s.

SOLUÇÃO: A posição inicial e a velocidade podem ser determinadas


comparando a função x = 3 + 2t à equação 6, x = x0 + vt, assim x0 = 3 m e v = 2 m/s.
Para construir o gráfico montamos a Tabela 18.

185
UNIDADE 3 | CINEMÁTICA

TABELA 18 – POSIÇÕES DEFINIDAS A PARTIR DA FUNÇÃO HORÁRIA x = 3 + 2t

Tempo (segundos) Posição (metros)


0 3

1 5

2 7

3 9

4 11

5 13

6 15

FONTE: A autora

Os valores de t foram substituídos na função horária para encontrar as


respectivas posições.

Com base na Tabela 18 construímos o gráfico da Figura 84.

FIGURA 84 – GRÁFICO POSIÇÃO DO CORPO VERSUS TEMPO PARA A FUNÇÃO


HORÁRIA x = 3 + 2t

x (m)

15

13

11

0 1 2 3 4 5 6 t (s)
FONTE: A autora

186
TÓPICO 2 | MOVIMENTO RETILÍNEO UNIFORME MRU

2.1 MOVIMENTO PROGRESSIVO OU RETRÓGRADO


Dependendo se o móvel está se afastando ou se aproximando da origem,
podemos classificar o seu movimento em progressivo ou retrógrado. O sinal da
velocidade nos ajuda a determinar isso.

2.2 MOVIMENTO PROGRESSIVO


Observe a equação 2, quando a velocidade é positiva x assume valores
cada vez maiores, pois o termo vt é somado ao termo x0. O gráfico da Figura 85
mostra os valores de x crescendo com o aumento dos valores de t. No tempo t = 0,
a posição é x = 2m, enquanto que no tempo t = 4 s, a posição é x = 6 m.

FIGURA 85 – GRÁFICO DA POSIÇÃO DE UMA PARTÍCULA VERSUS


O TEMPO

x (m)
6

0 4 t (s)
FONTE: A autora

No gráfico a posição da partícula aumenta com o aumento do tempo e a


inclinação da reta é positiva, fornecendo uma velocidade positiva igual a 1.

Podemos achar a velocidade do ponto material utilizando a equação 2, e


escrever a função horária para esse movimento, temos:

x 6m - 2m 4m
Vmed =    1m /s
t 4s - 0 4s

Substituindo v = 1m/s e x0 = 2m na equação 6, encontramos:

x=2+t

O movimento descrito pela equação acima é um movimento progressivo,


pois o móvel se afasta da origem.

187
UNIDADE 3 | CINEMÁTICA

2.3 MOVIMENTO RETRÓGRADO OU REGRESSIVO


No entanto, se a velocidade for negativa, o termo vt é subtraído do termo
x0 e o valor de x diminui. Observe o gráfico da Figura 86. À medida que o tempo
aumenta, os valores da posição decrescem.

FIGURA 86 – GRÁFICO DA POSIÇÃO DE UMA PARTÍCULA VERSUS


TEMPO

x (m)
6

0 4 t (s)
FONTE: A autora

À medida que o tempo aumenta, os valores de x diminuem, a inclinação


da reta é negativa e, portanto, a velocidade é negativa.

Podemos novamente achar a velocidade do ponto material utilizando a


equação 2, e escrever a função horária para esse movimento, em que:

x 2m - 6m
Vmed =   -1m / s
t 4s - 0

Substituindo v = 1m/s e x0 = 6 m na equação 4, encontramos:

x=6-t

O movimento descrito pela equação acima é um movimento retrógrado,


pois o móvel está se aproximando da origem.

Exemplo: Dois automóveis, A e B, se deslocam numa mesma trajetória


retilínea. O automóvel A possui uma velocidade de 30 m/s e está em movimento
progressivo a uma distância de 10 m da origem quando começamos a observar o
movimento. O automóvel B tem uma velocidade de 20 m/s e está em movimento
retrógrado, ou seja, se aproximando da origem, possuindo uma posição inicial
igual a 700 m. Determine o instante e a posição de encontro dos dois.

188
TÓPICO 2 | MOVIMENTO RETILÍNEO UNIFORME MRU

SOLUÇÃO: Precisamos escrever as funções horárias para cada um dos


automóveis. Pelo enunciado do problema, sabemos que a posição inicial de A é
10 m e de B é 700 m, e suas velocidades são, respectivamente, 30 m/s e – 20 m/s.

Em que:
xA = 10 + 30 t e xB= 700 - 20 t

Igualando as duas funções, porque quando se encontrarem estarão


ocupando a mesma posição, em que:

xA = xB → 10 + 30 t = 700 - 20 t
30 t + 20 t = 700 - 10
50 t = 690 → t = 13,8 s

Agora que já sabemos em que instante eles se encontram, podemos


determinar a posição a partir de qualquer um dos dois, em que:

xA = 10 + 30 (13,8) = 424 m

Note que obteria o mesmo valor se usasse a outra função.

x B = 700 - 20 (13,8) = 424 m

Resposta: O instante de encontro é 13,8 s e a posição é 424 m.

3 VELOCIDADE RELATIVA EM UMA DIMENSÃO


Imagine dois automóveis se movendo sobre uma mesma trajetória, ambos
no sentido positivo da trajetória. A seguir, a Figura 87 mostra que um deles está
com uma velocidade de 15 m/s e o outro com uma velocidade de 20 m/s.

FIGURA 87 – DOIS AUTOMÓVEIS, A E B SE MOVENDO NO MESMO SENTIDO DA TRAJETÓRIA


15 m/s 25 m/s

A B
FONTE: A autora

189
UNIDADE 3 | CINEMÁTICA

Os dois automóveis se movem sobre a mesma trajetória. O automóvel A


possui velocidade de 15 m/s e o automóvel B possui velocidade de 25 m/s.

Podemos ver que existe uma diferença de 10 m/s entre as velocidades.


Sendo assim, eles estão se afastando com uma velocidade de 10 m/s. A velocidade
relativa é calculada tomando um dos automóveis como referência.

FIGURA 88 – CORPO A EM REPOUSO


repouso 10 m/s

A B
FONTE: A autora

Os dois automóveis se movem sobre a mesma trajetória. O automóvel A


foi tomado como referência e o automóvel B se afasta em velocidade de 10 m/s,
no mesmo sentido da trajetória.

Se tomarmos o automóvel A como referência, conforme a Figura 87, o


automóvel B se afasta no sentido da trajetória a + 10m/s.

FIGURA 89 – CORPO B EM REPOUSO


10 m/s repouso

A B
FONTE: A autora

Os dois automóveis se movem sobre a mesma trajetória. O automóvel B


foi tomado como referência e o automóvel A se afasta na velocidade de 10 m/s, no
mesmo oposto à trajetória.

Se tomarmos o automóvel B como referência, o automóvel A se afasta - 10


m/s no sentido oposto ao da trajetória.

190
TÓPICO 2 | MOVIMENTO RETILÍNEO UNIFORME MRU

De modo que podemos definir uma expressão para determinar a


velocidade relativa, vr, dada pela seguinte equação, atribuindo o sinal negativo
quando estiverem se movendo no mesmo sentido e o sinal positivo se estiverem
se movendo em sentidos opostos.

vr = vA  vB (Equação 7)

Exemplo: A seguir, calcule a velocidade relativa entre os dois automóveis.

FIGURA 90 – DOIS AUTOMÓVEIS, A E B SE MOVENDO EM SENTIDOS OPOSTOS


20 m/s 25 m/s

A B
FONTE: A autora

Os dois automóveis se movem sobre a mesma trajetória, mas em sentidos


opostos. O automóvel A possui velocidade de 20 m/s e o automóvel B possui
velocidade de 25 m/s.

SOLUÇÃO: Aplicando a equação 7 e selecionando o sinal positivo, pois


eles se movem em sentidos opostos, encontramos:

vr = vA  vB

v r  20m / s  25m / s

v r = 45m / s

Resposta: A velocidade relativa é de 45 m/s.

191
RESUMO DO TÓPICO 2

Nesse tópico, você viu que:

• Movimentos em linha reta com aceleração nula chamamos de movimento


retilíneo uniforme (MRU).

• Função horária das posições, x = x0 + vt, a partir da definição da velocidade, em


que utilizamos x0 para posição inicial quando o tempo é igual a zero.

• A função horária da posição no MRU fornece uma reta, pois a função é uma
equação de primeiro grau.

• Classificamos os movimentos em progressivos ou retrógrados, sendo que no


primeiro caso o corpo se move no sentido positivo da trajetória, e no segundo,
no sentido negativo.

• É possível determinar o instante de encontro de dois móveis sobre a trajetória,


bem como a posição de encontro.

• A velocidade relativa entre dois móveis, estabelecemos uma regra de sinal


quanto ao sentido de deslocamento desses móveis.

192
AUTOATIVIDADE

1 Uma partícula está na posição 3,0 m quando começamos a observar o


seu movimento, e possui uma velocidade constante de 5,5 m/s. Escolha a
alternativa que descreve a posição da partícula em função do tempo.

a) ( ) x = 3,0 + 5,5t.
b) ( ) x = 5,5 + 3,0t.
c) ( ) x = 5,5 + 1,5t.
d) ( ) x = 3,0 + 1,5t.
e) ( ) x = 1,5 + 2,25t.

2 Classifique o movimento em retrógrado ou progressivo. Com base nas


funções horárias a seguir:

I) x = 3 – 5t.
II) x = 10 + 10t.
III) x = -30t.
IV) x = 10t.
V) x = 23 + 5t.

a) ( ) I – progressivo, II – progressivo, III – retrógrado, IV – progressivo, V –


progressivo.
b) ( ) I – retrógrado, II – progressivo, III – retrógrado, IV – progressivo, V –
progressivo.
c) ( ) I – retrógrado, II – progressivo, III – retrógrado, IV – retrógrado, V –
progressivo.
d) ( ) I – progressivo, II – progressivo, III – retrógrado, IV – progressivo, V –
retrógrado.
e) ( ) I – progressivo, II – retrógrado, III – retrógrado, IV – progressivo, V –
progressivo.

3 Você está dirigindo do Sul para o Norte por uma estrada retilínea de duas
pistas com velocidade constante de 90 km/h. Na outra pista, um ônibus
se aproxima em sentido contrário com velocidade constante de 100 km/h.
Qual é a sua velocidade em relação ao ônibus?

a) ( ) 190 km/h.
b) ( ) 10 km/h.
c) ( ) 95 km/h.
d) ( ) 120 km/h.
e) ( ) 203 km/h.

193
4 Analise os gráficos a seguir, e classifique o movimento em retrógrado ou
progressivo:

x x
( )
t
( )
I) II)
t

x x

( )
( )

III) IV)
t t

x
( )

V)

a) ( ) I – progressivo, II – progressivo, III – retrógrado, IV – progressivo, V –


progressivo.
b) ( ) I – retrógrado, II – progressivo, III – retrógrado, IV – progressivo, V –
progressivo.
c) ( ) I – retrógrado, II – progressivo, III – retrógrado, IV – retrógrado, V –
progressivo.
d) ( ) I – progressivo, II – progressivo, III – retrógrado, IV – progressivo, V –
retrógrado.
e) ( ) I – progressivo, II – retrógrado, III – progressivo, IV – progressivo, V –
retrógrado.

194
5 Dada a função horária x = 10 – 5t, monte uma tabela dos
valores da posição em um intervalo de tempo de 0 até 10
s. Escolha a alternativa que apresenta a tabela que você
montou.

a) ( ) V.
b) ( ) III.
c) ( ) II.
d) ( ) IV.
e) ( ) I.

6 Dois automóveis, A e B, se deslocam em uma mesma trajetória retilínea.


O automóvel A possui uma velocidade de 30 m/s e está em movimento
progressivo a uma distância de 10 m da origem quando começamos a
observar o movimento. O automóvel B tem uma velocidade de 20 m/s e
também está em movimento progressivo, possuindo uma posição inicial
igual a 30 m. Determine o instante e a posição de encontro dos dois.

a) ( ) t = 2 s, x = 70 m.
b) ( ) t = 4 s, x = 130 m.
c) ( ) t = 1 s, x = 40 m.
d) ( ) t = 3 s, x = 100 m.
e) ( ) t = 3,5 s, x = 80 m.

7 Suponhamos que o carro A tenha velocidade VA = 90 km/h e o carro B tenha


velocidade VB = 65 km/h e que estejam se movendo em sentidos contrários.
Determine a velocidade relativa entre eles:

a) ( ) 155 km/h.
b) ( ) 25 km/h.
c) ( ) 35 km/h.
d) ( ) 0.
e) ( ) 145 km/h.

195
8 Suponhamos que o carro A tenha velocidade VA = 90 km/h e o carro B tenha
velocidade VB = 65 km/h e que estejam se movendo no mesmo sentido.
Determine a velocidade relativa entre eles:

a) ( ) 155 km/h.
b) ( ) 25 km/h.
c) ( ) 35 km/h.
d) ( ) 0.
e) ( ) 145 km/h.

9 Uma partícula obedece a seguinte função horária: x = -5 + 4t, no SI. Determine


a posição inicial, a velocidade escalar e o instante em que a partícula passa
pela origem.

a) ( ) – 5 m, 4 m/s e 1,25 s.
b) ( ) 5 m, - 4 m/s e 0,25 s.
c) ( ) – 4 m, 5 m/s e 1,00 s.
d) ( ) 1,25 m, 4 m/s e 5 s.
e) ( ) – 5 m, - 4 m/s e 1,25 s.

10 Observe o gráfico a seguir, e assinale a alternativa que descreve a posição


da partícula em função do tempo.

a) ( ) x = -3 t.
b) ( ) x = 3 – 3 t.
c) ( ) x = -3 + 4 t.
d) ( ) x = 4 – 3 t.
e) ( ) x = -3 + t.

GRÁFICO DA POSIÇÃO EM FUNÇÃO DO TEMPO


x (m)
1

0 1 2 3 4 t (s)
-1

-2
-3

FONTE: A autora

196
11 Dois corpos movem-se na mesma trajetória. Observe o gráfico a seguir.
Determine o instante do encontro, a posição do encontro e a distância que
cada um percorre até o encontro.

GRÁFICO DAS POSIÇÕES EM FUNÇÃO DO TEMPO


x (m)
A
500 ..... x A  100  100t
200 xB  500  100t
B
100

0
1 2 3 4 t (s)
-100

FONTE: A autora

Assinale a alternativa que esteja coerente com a distância que cada um percorre
entre os instantes 3s e 6s:

a) ( ) t = 2 s, x = 100 m, A: 300 m e B: 100 m, A: 300 m e B: 98.


b) ( ) t = 3 s, x = 200 m, A: 300 m e B: 300 m, A: 300 m e B: 300.
c) ( ) t = 4 s, x = 100 m, A: 200 m e B: 100 m, A: 98 m e B: 300.
d) ( ) t = 3 s, x = 200 m, A: 300 m e B: 100 m, A: 300 m e B: 98.
e) ( ) t = 5 s, x = 200 m, A: 300 m e B: 100 m, A: 100 m e B: 100.

197
198
UNIDADE 3
TÓPICO 3

MOVIMENTO RETILÍNEO UNIFORMEMENTE VARIADO MRUV

1 INTRODUÇÃO
Um movimento retilíneo e com velocidade variável é chamado de
movimento retilíneo uniformemente variado, ou simplesmente MRUV. Nesse
caso a aceleração não é nula, mas possui um valor constante. Agora as nossas
equações precisam incluir o termo com a aceleração. Vejamos como devemos
escrever as novas funções. Essas equações são usadas em movimentos de queda
livre, próximos a superfície da Terra, pois a aceleração da gravidade é considerada
uma constante, e vale aproximadamente 9,81 m/s2.

Segundo as definições apresentados por vários autores (HALLIDAY;


RESNICK; WALKER, 2012; FEYNMAN; LEIGHTON; SANDS, 2008; YOUNG;
FREEDMANN, 2008), apresentamos as funções e as principais grandezas no MRUV.

1.1 FUNÇÃO HORÁRIA DAS VELOCIDADES


Vamos definir uma equação que descreve as velocidades do corpo em
função do tempo. Para tanto iniciamos com a equação 4, fazendo vi = v0 em ti = 0,
encontramos:

v
a
t

v  v0
a
t 0

v v0 + at (Equação 8)
=

A equação 8 é uma equação de primeiro grau cujo gráfico fornece


uma reta inclinada. Como já discutimos anteriormente, a inclinação da reta é,
numericamente, igual à aceleração. A área abaixo da reta é numericamente igual
ao deslocamento do corpo, conforme a Figura 91.

199
UNIDADE 3 | CINEMÁTICA

FIGURA 91 – GRÁFICO DA VELOCIDADE


v (m/s)

Vf

Área =Δx

Vi

0 ti tf t (s)

FONTE: A autora

Exemplo: Dada a função horária da velocidade v = 3 + 3t, encontre a


velocidade inicial e a aceleração dessa função. Construa um gráfico da velocidade
versus o tempo num intervalo de 0 até 6 s. Encontre o descolamento do corpo
móvel durante esse intervalo de tempo.

SOLUÇÃO: A posição inicial e a velocidade podem ser determinadas


comparando a função v(t) = 3 + 3t à equação 8, v = v0 + at, assim v0 = 3 m/s e v(t=0)
= 3 m/s. Para construir o gráfico montamos a Tabela 19.

TABELA 19 – VELOCIDADES DEFINIDAS A PARTIR DA FUNÇÃO HORÁRIA v =


3 + 3t

Tempo (segundos) Velocidade (metros/segundos)


0 3
1 6
2 9
3 12
4 15
5 18
6 21

FONTE: A autora

200
TÓPICO 3 | MOVIMENTO RETILÍNEO UNIFORMEMENTE VARIADO MRUV

Os valores de t foram substituídos na função horária para encontrar as


respectivas velocidades. Com base na Tabela 19 construímos o gráfico da Figura 92.

FIGURA 92 – GRÁFICO VELOCIDADE DO CORPO VERSUS TEMPO PARA A


FUNÇÃO HORÁRIA v = 3 + 3t

v (m/s)

21

18

15

12

0 1 2 3 4 5 6 t (s)
FONTE: A autora

A área abaixo da reta nos fornece o deslocamento do corpo. Calculando a


área do triângulo entre v = 3 m/s até v = 21m/s e somando com o retângulo entre
t = 0 até t = 6s do gráfico, temos:

x  área 
 21  3  6  3  6  72m
2

Resposta: O deslocamento do móvel é igual a 72 m.

201
UNIDADE 3 | CINEMÁTICA

1.2 FUNÇÃO HORÁRIA DOS ESPAÇOS


Agora vamos deduzir uma equação que descreve as posições do corpo em
função do tempo.

Sabemos que a média entre dois valores quaisquer é a soma desses dois
valores dividido por dois, assim:

v  v0
v med 
2

Podemos substituir a velocidade da equação 8 na equação acima,

v0  at  v0
v med 
2

2 v0  at at
v med   v0 
2 2

at
v med  v0 
2

Substituindo a resultado acima na equação 6, encontramos:

x  x 0  vt

 at 
x  x 0   v0   t
 2

at 2
x  x 0  v0 t  (Equação 9)
2

2 MOVIMENTO ACELERADO E MOVIMENTO RETARDADO


No movimento uniformemente variado podemos classificar os
movimentos em acelerados ou retardados. Para isso, precisamos ficar atentos aos
sinais da velocidade e da aceleração, mas o que isso quer dizer na prática?

202
TÓPICO 3 | MOVIMENTO RETILÍNEO UNIFORMEMENTE VARIADO MRUV

Quer dizer que se o movimento é acelerado, o módulo da velocidade


aumenta, ou seja, o móvel possui velocidades cada vez maiores, ele se move mais
rápido com o passar do tempo. Já se o movimento for retardado, o módulo da
velocidade diminui, isto é, o móvel se move cada vez mais lentamente com o
passar do tempo.

Vamos resumir essa ideia na Tabela 20, incluindo a definição de movimento


progressivo e retrógrado.

TABELA 20 – CLASSIFICAÇÃO DOS MOVIMENTOS

ACELERADO RETARDADO
PROGRESSIVO v>0ea>0 v>0ea<0
RETRÓGRADO v<0ea<0 v<0ea>0
v e a possuem sinais iguais v e a possuem sinais diferentes

FONTE: A autora

Observe que quando a velocidade e a aceleração possuem sinais iguais,


o movimento é acelerado, podendo ser progressivo ou retrógrado, e se os sinais
forem diferentes, o movimento será retardado, seja ele progressivo ou retrógrado.

Uma regra prática, que pode ser aplicada, é investigar o produto da


aceleração com a velocidade, se for positivo, o movimento é acelerado; mas se for
negativo, o movimento é retardado.

Exemplo: Dada a função horária das posições x = 3 - 4t +t2, encontre a
posição inicial, velocidade inicial e a aceleração dessa função. Escreva a função
horária da velocidade. Construa um gráfico da posição versus o tempo num
intervalo de 0 até 5 s.

SOLUÇÃO: A posição inicial e a velocidade podem ser determinadas


comparando a x = 3 - 4t + t2 à equação 9, assim x0 = 3 m e v0 = - 4 m/s. A aceleração
é igual ao dobro da constante que multiplica t2, portanto a = 2 m/s2.

Escrever a equação horária da velocidade é substituir a velocidade inicial


e a aceleração, assim, encontramos:

v  4  2 t

Para construir o gráfico montamos a Tabela 21.

203
UNIDADE 3 | CINEMÁTICA

TABELA 21 – POSIÇÕES DEFINIDAS A PARTIR DA FUNÇÃO HORÁRIA x =


3 - 4t + t2

Tempo (segundos) Posição (metros)


0 3
1 0
2 -1
3 0
4 3
5 8

FONTE: A autora

Os valores de t foram substituídos na função horária para encontrar as


respectivas posições.

Com base na Tabela 21 construímos o gráfico da Figura 93.

FIGURA 93 – GRÁFICO POSIÇÃO DO CORPO VERSUS TEMPO PARA A FUNÇÃO


HORÁRIA x = 3 - 4t + t2

x (m)

-1
1 2 3 4 5 6 t (s)

FONTE: A autora

204
TÓPICO 3 | MOVIMENTO RETILÍNEO UNIFORMEMENTE VARIADO MRUV

Observe que o gráfico da função horária das posições no MRUV é uma


parábola, pois a função é uma equação de segundo grau. No vértice V (2, -1) a
trajetória do móvel muda de sentido. Note que o móvel cortou duas vezes o eixo
das abcissas, com as raízes, t = 1 e t = 3.

O gráfico tem a concavidade voltada para cima, essa concavidade está


relacionada ao sinal da aceleração e, comparando com o sinal da velocidade, nos
permite dizer se o movimento é acelerado ou retardado. No exemplo citado, o
sinal da aceleração é positivo e da velocidade é negativo. Veja a equação que
obtivemos para a velocidade, v = - 4 + 2 t, v0 = - 4 m/s e a = 2 m/s2.

3 EQUAÇÃO DE TORRICELLI
É possível deduzir uma expressão para a velocidade independente do
tempo. Para tanto, tomemos a equação 8 isolando t, em que:

v  v0  at
v  v0
t
a

Substituindo-o na equação 9, de modo que:

at 2
x  x 0  v0 t 
2
 v  v0 
2

a 
 v  v0   a 
x  x 0  v0   
 a  2
v0 v v0 2 v 2 v0 v v0 2
x  x0     
a a 2a a 2a
v0 2 v 2
x  x0  
2a 2a
v0 2  2a  x  x 0   v 2

Encontramos a equação procurada, conhecida como equação de Torricelli,
em que:

v 2  v0 2  2ax (Equação 10)

205
UNIDADE 3 | CINEMÁTICA

Exemplo: Qual é a velocidade inicial de um motociclista, que deseja


percorrer uma distância de 300 metros em linha reta, chegando ao final desta
com uma velocidade de intensidade 25 m/s, sendo que sua aceleração constante
de 1 m/s2.

SOLUÇÃO: Do enunciado anotamos os seguintes dados, Δx = 300 m, v


= 25 m/s, a = 1 m/s2. Podemos determinar a velocidade substituindo os dados na
equação 10 que independe do tempo, temos:

v 2  v0 2  2ax

 25  v0 2  2 1 300 


2

625  v0 2  600
v0 2
625 − 600 =
v0 2 = 25
=
v0 =
25 5m / s

Resposta: A sua velocidade inicial deve ser de 5 m/s.

4 CORPOS EM QUEDA LIVRE


Quando soltamos um corpo de uma certa distância do solo, como na
Figura 94, sobre a superfície da Terra, em casos onde a força de resistência do ar
pode ser desprezada, dizemos que o corpo se encontra em queda livre.

FIGURA 94 – OBJETO EM QUEDA LIVRE PRÓXIMO À SUPERFÍCIE


DA TERRA

y g

Δy

0 solo

FONTE: A autora

206
TÓPICO 3 | MOVIMENTO RETILÍNEO UNIFORMEMENTE VARIADO MRUV

O corpo esférico de massa m é liberado a partir da posição inicial y e chega


ao solo, posição final igual a 0, instantes depois, devido à força gravitacional. A
aceleração da gravidade vale g e tem direção vertical e sentido oposto ao sentido
crescente do eixo y.

O movimento em queda livre é um exemplo de movimento uniformemente


variado, pois a aceleração é constante e é conhecida como aceleração da gravidade,
valendo 9,81 m/s2.

Assim, assumindo um movimento na direção y, podemos relacionar as


equações anteriores para o caso de queda livre da seguinte forma, em que:

v  v0  gt (Equação 11)

gt 2
y  y0  v0 t  (Equação 12)
2

v 2  v0 2  2gy (Equação 13)

Em que g é a aceleração da gravidade e y a direção do deslocamento.

Exemplo: Um ponto material, partindo do repouso, cai de uma altura de


2,00 m do solo.

a) Determine a velocidade instantes antes da colisão com o solo.


b) Determine o tempo que o ponto material levou para alcançar o solo.

SOLUÇÃO: Do enunciado temos que v0 = 0 (partiu do repouso) e que Δy


= - 2,00m (o sinal negativo aparece porque o deslocamento é oposto ao sentido
crescente o eixo y), a) tomando a equação 13, temos:

v 2  v0 2  2gy
v 2  02  2  9, 81  2, 00 
=v =
39, 24 6, 26m / s

b) Agora podemos utilizar a equação 11 para encontrar o tempo de queda;


substituiremos a velocidade encontrada acima, porém com sinal negativo,
porque o movimento é retrógrado (em direção à origem).

v  v0  gt
− 6, 26 = 0 − 9,81t → t = 0, 638s

207
UNIDADE 3 | CINEMÁTICA

Resposta: O ponto material toca o solo com uma velocidade de 6,26 m/s e
leva 0,638 s para chegar no chão.

Observação: O sinal negativo da frente de g nas equações 11, 12 e 13 indica


o sentido oposto da aceleração da gravidade em relação à convenção de que o
eixo y tem sentido positivo para cima.

Exemplo: Um menino, de 90,0 cm de altura lança uma bola verticalmente


para cima com uma velocidade inicial de 3,00 m/s. Supondo que a bola foi lançada
de uma altura igual à do menino, quanto tempo ele tem para sair da posição em
que estava para que não seja atingido pela bola, quando esta retornar depois de
ter atingido a altura máxima? Qual é a velocidade com que a bola atinge o solo?
Qual foi a altura máxima atingida pela bola?

SOLUÇÃO: Na altura máxima a velocidade se anula, podemos utilizar


essa informação na equação 11 e determinar o tempo de subida da bola, em que:

v  v0  gt
0  3, 00  9, 81t
t = 0, 306s

O tempo que a bola leva para voltar à posição de onde partiu é igual
ao tempo de subida até a altura máxima. Multiplicando o resultado por dois,
encontramos que o menino tem 0,612 s para deixar a posição de lançamento.

Para determinar a velocidade com que a bola atinge o solo, temos que
determinar o tempo que leva para chegar ao solo, para tanto utilizaremos a
equação 12, em que:

gt 2
y  y0  v0 t 
2
9, 81t 2
y  0, 9  3, 00 t 
2
0  0, 9  3, 00 t  4, 9 t 2

208
TÓPICO 3 | MOVIMENTO RETILÍNEO UNIFORMEMENTE VARIADO MRUV

Resolvendo a equação de segundo grau encontramos duas raízes, em que:

3, 00   3, 00   4  0, 9   4, 9 
2

t
2  4, 9 
3, 00  5,16
t
9, 81
t   0, 832s
t   0, 220s

Como não estamos interessados em tempos negativos, a solução é t = 0,832


s. Inserindo essa informação na expressão para a velocidade, temos:

v  3  9, 81 0, 832 
v  5,16m / s

O sinal negativo indica o sentido da velocidade (para baixo).


Para encontrar a altura máxima inserimos o tempo de 0,204s, calculado
para chegar à altura máxima na equação 12, em que:

9, 81t 2
y  0, 9  3, 00 t 
2
9, 81 0, 306 
2

y  0, 9  3, 00  0, 306  
2
y = 1, 36m

Resposta: O menino tem 0,612 s para deixar a posição de lançamento, a


bola atinge o solo com velocidade de 5,16 m/s em módulo e a altura máxima
atingida pela bola foi de 1,36 metros.

209
RESUMO DO TÓPICO 3

Nesse tópico, você viu que:

• Nesse tópico estudamos os movimentos retilíneos uniformemente variados.


Movimentos em que a aceleração permaneceu constante, como o caso do
movimento em queda livre cuja aceleração é igual a 9,81 m/s2.

• Definimos a função horária da velocidade a partir da equação da aceleração


média e vimos que a área abaixo da curva do gráfico da velocidade versus o
tempo nos fornece o deslocamento do corpo.

• Definimos a função horária das posições e, por se tratar de uma função do


segundo grau, o gráfico fornece uma parábola.

• Os movimentos podem ser classificados em acelerados ou retardados.


Dependendo dos sinais da velocidade e da aceleração, aprendemos a fazer essa
classificação.

• Definimos uma equação independente do tempo para a velocidade, conhecida


como equação de Torricelli.

• Estudamos os movimentos de queda livre dos corpos, cuja aceleração é a da


gravidade.

210
AUTOATIVIDADE

1 Avalie as seguintes equações e assinale a alternativa em que o movimento é


acelerado ou retardado.

I) X = 2 + 5t + 4t2
II) Y = 5 + 4t – 4,9 t2
III) X = t + 2 t2
IV) X = - 2 - 5t + 4t2
V) X = - 3t - 2t2

a) ( ) I) acelerado, II) retardado, III) acelerado, IV) retardado, V) acelerado.


b) ( ) I) retardado, II) retardado, III) acelerado, IV) retardado, V) acelerado.
c) ( ) I) acelerado, II) acelerado, III) acelerado, IV) retardado, V) acelerado.
d) ( ) I) acelerado, II) retardado, III) retardado, IV) retardado, V) acelerado.
e) ( ) I) acelerado, II) retardado, III) acelerado, IV) acelerado, V) retardado.

2 Uma partícula, na origem, parte do repouso em movimento retilíneo e


acelera com aceleração escalar constante e igual a 10,0 m/s2. Assinale a
função horária da posição da partícula.

a) ( ) x = 30t + 10t2
b) ( ) x = 10 + 30t + 10t2
c) ( ) x = - 10t2
d) ( ) x = 5t2
e) ( ) x = 30 + 10t2

3 Uma partícula, na origem, parte do repouso em movimento retilíneo e


acelera com aceleração escalar constante e igual a 10,0 m/s2. Escreva as
funções horárias das velocidades.

a) ( ) v = 10 - 10t.
b) ( ) v = - 10t.
c) ( ) v = 5 + 10t.
d) ( ) v = 10t.
e) ( ) v = 10 + 5t.

4 Uma partícula na origem, parte do repouso em movimento retilíneo e


acelera com aceleração escalar constante e igual a 10,0 m/s2. Qual é a posição
e a velocidade da partícula no instante 2 s? Assinale a alternativa correta:

a) ( ) 70 m e 20 m/s.
b) ( ) 20 m e 20 m/s.
c) ( ) – 40 m e 25 m/s.
d) ( ) 110 m e – 20m/s.
e) ( ) 100 m e – 10 m/s.
211
5 Um livro, partindo do repouso, cai de uma altura de 2,0 m do chão. Que
velocidade ele possui na iminência da colisão com o chão? Quanto tempo
passou até que ele tocasse o chão? Assinale a alternativa correta:

a) ( ) 2,0 m/s e 0,20 s.


b) ( ) 10 m/s e 1,03 s.
c) ( ) 6,3 m/s e 0,64 s.
d) ( ) 20 m/s e 0,10 s.
e) ( ) 3,0 m/s e 4.00 s.

6 Observe os gráficos da velocidade em função do tempo a seguir, cada


retângulo possui uma unidade de medida da grandeza representada pelo
seu eixo. Qual deles informa um deslocamento de 10 metros para a partícula?

v(m/s) v(m/s) v(m/s)

5 5 5

a) ( ) 4 t(s) b) ( ) 4 t(s) c) ( ) 4 t(s)

v(m/s) v(m/s)

5 5

d) ( ) 4 t(s) e) ( ) 4 t(s)

7 Dada a função horária das posições x = 3 - 6t + 2t2 em que descreve a posição


de uma partícula. Assinale a função horária da velocidade dessa partícula.

a) ( ) v = -6 + 4t.
b) ( ) v = 6 - 4t.
c) ( ) v = -6 + 2t.
d) ( ) v = 4 + 4t.
e) ( ) v = 4 - 2t.

212
8 Dada a função horária das posições x = 3t + 2t2, para o movimento de um
ponto material, em que x é dado em m e t em s. Encontre o deslocamento
desse ponto entre os instantes t1 = 1 s e t2 = 3 s. Assinale a alternativa correta:

a) ( ) 22 m.
b) ( ) 5 m.
c) ( ) 27 m.
d) ( ) 32 m.
e) ( ) 10 m.

9 Um menino no alto de um edifício de 20,0 m deixa cair verticalmente uma


bola. Quanto tempo a bola leva para cair no nível da rua? Qual é a velocidade
com que a bola toca o solo? Assinale a alternativa correta:

a) ( ) 2,02 s e – 19,8 m/s.


b) ( ) 10, 0 s e 20,0 m/s.
c) ( ) 3,00 s e 3,00 m/s.
d) ( ) 8,20 s e 9,81 m/s.
e) ( ) 1,00 s e 100 m/s.

10 Um ponto material está a 2 metros da origem quando sua velocidade é


igual a 6 m/s, então ele é submetido a uma aceleração constante de 4 m/
s2. Escreva as funções horárias das posições e das velocidades, encontre
a posição e a velocidade do ponto material no instante t = 2 s. Assinale a
alternativa correta:

a) ( ) X = 6t + 2t2, v = 6 - 4t, x = 20 m, - 2 m/s.


b) ( ) X = 2 + 6t + 2t2, v = 6 + 4t, x = 22 m, 14m/s.
c) ( ) X = 2 + 6t + 4t2, v = 6 - 4t, x = 30 m, - 2 m/s.
d) ( ) X = 4 + 6t + 2t2, v = 4 + 6t, x = 24 m, 16m/s.
e) ( ) X = 2 + 4t + 2t2, v = 4 - 4t, x = 18 m, - 4m/s.

213
214
UNIDADE 3
TÓPICO 4

MOVIMENTO EM DUAS E TRÊS DIREÇÕES

1 INTRODUÇÃO
Até agora estudamos movimentos executados em apenas uma dimensão,
uma infinidade de movimentos é executada no espaço tridimensional, de modo
que mais dimensões precisam ser consideradas.

Como é o caso do lançamento de projétil, do movimento em trajetória


circular, que ocorre no espaço 2D ou helicoidal, que sucede no espaço 3D e de
velocidades relativas.

A seguir vamos definir as equações para espaço, velocidade e aceleração no


caso geral em três dimensões e depois aplicá-las nos movimentos bidimensionais,
suprimindo uma das dimensões nessas equações.

Segundo as definições apresentados por vários autores (HALLIDAY;


RESNICK; WALKER, 2012; FEYNMAN; LEIGHTON; SANDS, 2008; YOUNG;
FREEDMANN, 2008), apresentamos as funções e as principais grandezas em duas
e três dimensões.

2 MOVIMENTO EM TRÊS DIMENSÕES


A Figura 95 mostra um vetor r e suas projeções ortogonais sobre os
eixos. A origem do vetor se encontra no ponto (0,0,0) e a sua extremidade, no
ponto (x, y, z).

215
UNIDADE 3 | CINEMÁTICA

FIGURA 95 – VETOR r E SUAS COMPONENTES NOS TRÊS EIXOS

j
y

i k

FONTE: A autora

O vetor posição r, suas componentes x, y, z com seus vetores unitários i,


j, k. Primeiramente vamos deixar dito que todas as equações estudadas até aqui
são válidas em movimentos de duas ou de três dimensões. Para tanto, precisamos
apenas levar em conta que a posição não será mais somente na direção x ou na
direção y, passando a ser um vetor com componentes nas três direções. O mesmo
acontece para a velocidade e a aceleração.

De modo que, para o caso geral em três dimensões, definimos os vetores

• Posição da partícula:
   
r  t   x  t  i  y  t  j  z  t  k (equação 14)

• Velocidade da partícula:


v   6, 9m / s    9, 2m / s 
2 2
(equação 15)

• Aceleração da partícula:
   
a  t   ax  t  i  a y  t  j  az  t  k (equação 16)

Lembrando que esses vetores estão em função do tempo, bem como as


suas componentes.

216
TÓPICO 4 | MOVIMENTO EM DUAS E TRÊS DIREÇÕES

Igualmente, o vetor deslocamento é a variação do vetor posição, temos:


   
r  xi  yj  zk (equação 17)
Em que:
  
r  rf  ri
x  x f  xi
y  y f  yi
z  z f  zi

Em que:
    
rf  ri   x f  xi  i   y f  yi  j   z f  zi  k

Para o vetor velocidade média temos:



 r x  y  z 
vmed   i j k (equação 18)
t t t t

Analogamente, o vetor aceleração média será:



 v vx  v y  vz 
amed   i j k (equação 19)
t t t t

Exemplo: O vetor posição de um próton é inicialmente r = 4,0 i – 5,0 j + 2,0


k e depois se torna r = - 2,0 i + 6,0 j + 2,0 k, com todos os valores em metros. Qual
é o vetor deslocamento do próton?

SOLUÇÃO: Aplicando-se a equação 17, teremos:


   
r  xi  yj  zk
   
r   2, 0  4, 0  i   6, 0   5, 0   j   2, 0  2, 0  k
  
r   6, 0  i  11 j

Resposta: O vetor deslocamento é Δr = (-6,0) i + (11) j.

Exemplo: Em um certo instante, um ciclista está a 50,0 m da origem em


relação à direção x, e a 30 m origem em relação à direção y, com velocidade de
9,0 m/s em módulo e na mesma direção do deslocamento. Após um certo tempo,
o ciclista está a 80,0 m da origem em relação à direção x e a 70,0 m da origem em
217
UNIDADE 3 | CINEMÁTICA

relação à direção y, sabendo que o módulo da aceleração do ciclista é de 0,5 m/s2 e


tem a mesma direção do deslocamento. Encontre (a) o módulo e (b) a direção do
deslocamento, (c) o vetor aceleração (d) o vetor da velocidade final, (e) o módulo
da velocidade final e (f) o tempo decorrido.

SOLUÇÃO:

a) A posição inicial e a posição final do ciclista são dadas pela equação 14, em que:
  
ri   50, 0m  i   30, 0m  j
  
rf   80, 0m  i   70, 0m  j

O deslocamento é dado por:


  
r  rf  ri
    
r   80, 0m  i   70, 0m  j   50, 0m  i   30, 0m  j
  
r   30, 0m  i   40, 0m  j

O módulo é:


r   30, 0m    40, 0m 
2 2


r  50m

b) A direção do deslocamento é:

 ∆y 
θ = tg −1  
 ∆x 
 40 
θ = tg −1  
 30 
  tg 11, 3333  530

c) O vetor aceleração é:
  
 
a  0, 5m / s 2 cos530  i   0, 5m   sen53  j
0

  

a  0, 3m / s 2  i   0, 4m  j

218
TÓPICO 4 | MOVIMENTO EM DUAS E TRÊS DIREÇÕES

d) A velocidade inicial em termos de suas componentes se torna:


  
 
vi   9, 0m / s  cos530 i   9, 0m / s  sen530 j  
  
vi   5, 4m / s  i   7, 2m / s  j

Para cada componente da velocidade final utilizamos a equação de


Torricelli, em que:

vx 2  vxi 2  2ax rx


vx 2   5, 4m / s   2 0, 3m / s 2  30, 0m 
2

vx 2 = 47,16m 2 / s 2
vx = 6, 8673m / s
v y 2  v yi 2  2a y ry


v y 2   7, 2m / s   2 0, 4m / s 2  40, 0m 
2

v y 2 = 83, 84m 2 / s 2
v y = 9,1564m / s

Escrevendo o vetor velocidade final, temos:


  
v   6, 9m / s  i   9, 2m / s  j

e) O módulo, em que:


v   6, 9m / s    9, 2m / s 
2 2


v = 11, 5m / s
f) O tempo decorrido é:

vx  vxi  ax t
 6, 9m / s    5, 4m / s    0, 3m / s 2  t
t = 5s

Poderíamos ter utilizado a equação para a componente y e teríamos chegado


no mesmo valor. Observe a seguir, na Figura 96, o gráfico do deslocamento do ciclista.

219
UNIDADE 3 | CINEMÁTICA

FIGURA 96 – GRÁFICO DO DESLOCAMENTO DO CICLISTA


y(m)

70,0

Δr

30,0

0 50,0 80,0 x(m)

FONTE: A autora

O vetor deslocamento no plano cartesiano. A direção é dada pelo ângulo


de com o semieixo positivo de x.

Resposta:

a) O módulo do deslocamento é de 50,0 m.


b) A direção é 530 no primeiro quadrante.
c) O vetor aceleração é .
d) O vetor velocidade final é .
e) O módulo da velocidade final é 11, 5 m/s.
f) O tempo de corrido é de 5,0s.

3 MOVIMENTO DE PROJÉTIL
O movimento balístico ou movimento de projétil é um movimento que pode
ser analisado como um movimento sendo executado em duas dimensões, x e y.

Quando um projétil é disparado horizontalmente em linha reta, na direção


x, a certa altura da superfície da Terra, descreve uma trajetória curva até alcançar
o chão. Observe na Figura 97, o projétil sai do cano em linha reta, impulsionado
por uma força que deixa de atuar assim que ele perde o contato com a arma. No ar
ele fica sob o efeito apenas de uma força, a força da gravidade, se desprezarmos a
resistência do ar, na direção vertical. Na direção horizontal não há mais nenhuma
força atuando, por isso mantém o seu movimento nessa direção, mas adquire um
movimento na direção vertical, pois é atraído pela gravidade.

220
TÓPICO 4 | MOVIMENTO EM DUAS E TRÊS DIREÇÕES

FIGURA 97 – PROJÉTIL APÓS O DISPARO

vx

vy
FONTE: A autora

Após o disparo, o projétil adquire uma componente vertical vy, da


velocidade, além da componente horizontal, vx, que ele possuía ao deixar o cano
da arma.

Como não existem forças atuando na direção x, podemos considerar que o


movimento nessa direção é um movimento retilíneo uniforme, e assim, a função
horária das posições nessa direção será:

x  x 0  v0 x t

Na direção y, a única força que está atuando é a força da gravidade e,


portanto, a aceleração é constante e igual a g. O movimento nessa direção é um
movimento retilíneo uniformemente variado e a função horária das posições será:

1
y  y0  v0 y t  gt 2
2

Escrevendo o vetor posição, utilizando a equação 14, em termos de seus


componentes, temos:
  
r t   x t  i  y t  j
   gt 2  
r  t    x 0  v0 x t  i   y0  v0 y t  j
 2 

Analogamente para a velocidade, utilizando a equação temos:


  
v  t    v0 x  i   v0 y  gt  j

221
UNIDADE 3 | CINEMÁTICA

A aceleração e equação 16 será:


 
a  t    gt  j

Exemplo: Uma equipe de salvamento foi enviada de avião para lançar


sobre uma área de refugiados de guerra pacotes de remédios e alimentos. Se o
avião está se deslocando horizontalmente com velocidade constante de 102 m/s e
sobrevoa a região a uma altura de 900 m, qual deve ser a sua distância horizontal
do alvo ao lançar os pacotes? Escreva o vetor posição do avião em relação a esse
alvo, determine o seu módulo e encontre o ângulo entre esse vetor e a direção x.
Qual será a velocidade da carga ao atingir o alvo?

FIGURA 98 – AVIÃO DE SALVAMENTO

r
Y Y

X θ

ALVO
FONTE: A autora

O vetor posição r representa a distância entre o avião que transporta a


carga a ser liberada e o alvo em que se encontram os refugiados.

SOLUÇÃO: Como o avião se desloca horizontalmente e com velocidade


constante, os pacotes, ao serem abandonados pelo avião, terão a mesma velocidade
na direção x. Na direção y a velocidade inicial será nula. Podemos determinar o
tempo de queda utilizando a componente na direção y da função horária das
posições, em que:

gt 2
y  y0  v0 y t 
2

222
TÓPICO 4 | MOVIMENTO EM DUAS E TRÊS DIREÇÕES

0  900m   0  t 
9, 81m / s  t 2 2

2
9, 81m / s  t
2 2

 900m
2
1800m
t2 =
9, 81m / s 2
t  13, 5s

Admitiremos apenas o valor positivo t = 13,5 s.

Os pacotes levarão aproximadamente 13,5 s para alcançarem o solo, com


essa informação podemos determinar o alcance horizontal para saber em que
posição o piloto deve liberar a carga. Para tanto, vamos inserir o tempo calculado
na componente x da função horária das posições.

Em que:
x  x 0  v0 x t
0  x0  102m / s 13, 5s 
x0  1377 m

O piloto deve liberar a carga quando estiver aproximadamente 1377


metros do alvo.

Supondo que o alvo esteja nas coordenadas (0,0) o avião se encontrará nas
coordenadas (-1377,900) quando liberar a carga.

Em que:
  
r t   x t  i  y t  j
  
r   1377  i   900  j

O módulo do vetor posição será:


r   1377    900 
2 2


r = 1645m

O ângulo será:
900
  arctg
1377
  33,160

223
UNIDADE 3 | CINEMÁTICA

Para determinar a velocidade inserimos o tempo de queda na equação 15.

Em que:
  
v  t    v0 x  i   v0 y  gt  j
 

  
v  102m / s  i  0  9, 81m / s 2 13, 5s  j 
  
v  102m / s  i   132m / s  j

v  102m / s    132m / s 
2 2


v = 167 m / s

Resposta: O avião deve estar a uma distância horizontal de 1377 metros


do alvo para liberar a carga, a distância entre o avião e o alvo será de 1645 metros,
fazendo um ângulo do 33,16o com a horizontal e a velocidade com que a carga
atingirá o alvo será de 167 m/s, uma velocidade bem elevada. Seria interessante
pensar no sistema de amortecimento para que a carga atingisse o alvo de forma
mais suave, ou fazer o avião voar sobre o alvo com uma velocidade menor.

Podemos imaginar uma situação em que o projétil é lançado para cima


com uma velocidade que faz um ângulo com a direção horizontal. Neste caso,
temos uma trajetória parabólica, como podemos ver na Figura 99.

FIGURA 99 – LANÇAMENTO A PARTIR DO SOLO

y
hmáxima vx

vx vx
vy vy

v0y v0
θ0 vx x
v0x vy v
Alcance horizontal
FONTE: A autora

224
TÓPICO 4 | MOVIMENTO EM DUAS E TRÊS DIREÇÕES

O projétil é lançado a partir do solo com uma velocidade inicial v0 e um


ângulo inicial θ0.

À medida que o projétil sobe, a componente da velocidade na direção


vertical diminui até alcançar o valor nulo, na altura máxima hmáxima. Nesse
momento o sinal dessa componente se inverte e ela volta a aumentar com a
queda, atingindo o mesmo valor em módulo, no nível em que foi lançado. Já a
componente da velocidade na direção horizontal permanece a mesma desde o
início do movimento.

A distância máxima percorrida pelo projétil na direção horizontal é


chamada de alcance horizontal e está indicada na Figura 99.

FIGURA 100 – VELOCIDADE INICIAL E SUAS COMPONENTES DAS DIREÇÕES X E Y

v0y v0 Hipotenusa = v0 Cateto oposto = v0y

θ0 θ0
v0x
Cateto adjacente = v0x

FONTE: A autora

O vetor e suas componentes formam um triângulo retângulo, sendo v0 a


hipotenusa, v0x o cateto adjacente e v0y o cateto oposto.

As componentes da velocidade inicial podem ser determinadas


encontrando-se as projeções da velocidade nos eixos coordenados através das
relações trigonométricas do triângulo retângulo, conforme apresentado na Figura
100, temos:

cateto oposto
cosθ =
hipotenusa
v0x = v0 cosθ
cateto adjacente
sen 
hipotenusa
v0 y  v0sen

225
UNIDADE 3 | CINEMÁTICA

Substituindo os resultados nas equações anteriores, para o vetor


velocidade, temos:
  
v  t    v0 cos  i   v0sen  gt  j

O vetor posição será:

   gt 2  
r  t    x 0   v0 cos  t  i   y0   v0sen  t  j
 2 

Podemos deduzir uma expressão para o alcance. Primeiramente,


lembramos da simetria do problema, ou seja, o tempo que o projétil leva para
chegar na altura máxima é o mesmo tempo que ele leva para voltar ao nível em
que partiu. De modo que o tempo para percorrer a distância máxima na direção
horizontal é o dobro do tempo para chegar à altura máxima. Assim, podemos
utilizar a componente y da velocidade para determinar o tempo de subida.

Em que:

v y  v0sen  gt
0  v0sen  gt
v0sen
t
g

Multiplicar esse tempo por 2 para substituir na equação da componente


horizontal da posição.

Em que:

x  x 0   v0 cos  t
  v sen 
x  x 0   v0 cos   2  0 
  g 
 2 v0 2 cos sen 
x  x0   
 g 

226
TÓPICO 4 | MOVIMENTO EM DUAS E TRÊS DIREÇÕES

Utilizando a relação trigonometria, temos:

sen ( 2θ ) = 2cosθ senθ

Encontramos o alcance horizontal, em que:

v0 2sen 2 (equação 20)


x 
g

Exemplo: Um míssil se deslocando horizontalmente com velocidade de


200 m/s, a 5000 m de altura, passa por cima de um canhão no exato momento em
que o seu combustível acaba. Nesse instante, o canhão dispara uma bala de metal
a 400 e atinge o míssil. O canhão se encontra no topo de uma colina de 310 m de
altura. Determine a altura da posição de encontro do míssil com a bala do canhão,
em relação ao solo.

FIGURA 101 – CANHÃO SOBRE UMA COLINA E MÍSSIL SOBREVOANDO

5000m
400

310m

FONTE: A autora

227
UNIDADE 3 | CINEMÁTICA

Um míssil sobrevoa uma colina a 5000 metros do solo, um canhão dispara


num ângulo de 400 sobre a colina com altura de 310 metros.

SOLUÇÃO: Para determinar a posição de encontro, precisamos das


equações de movimento para o míssil e para a bala do canhão, e encontrar a
velocidade inicial da bala de canhão. O tempo que a bala do canhão e o míssil
levam para se encontrar, e substituir o valor em uma das equações para a
componente y.

Para a componente horizontal da posição da bala e do míssil, temos:

x  x 0  v0 x t
x míssil   200m / s  t


x bola  v0 cos 400 t 

Quando os dois se encontrarem terão as mesmas coordenadas em x,
igualando as duas,

x bola = x míssil
 v cos40  t   200  t
0
0

 200 
v0   0 
 cos 40 

As equações em y, em que:

gt 2
y  y0  v0 y t 
2
y missil  5000  4, 9 t 2
 200 
y bola  310   0 
sen 400 t  4, 9 t 2
 cos 40 


Igualando novamente as duas, temos:

y bola = y missil
 200 
310   0 
sen 400 t  4, 9 t 2  5000  4, 9 t 2
 cos 40 

228
TÓPICO 4 | MOVIMENTO EM DUAS E TRÊS DIREÇÕES

 200 
 0 
sen 400 t  5000  310
 cos 40 
t = 23, 45s

Uma vez determinado o instante de encontro, podemos escolher uma


das duas equações para a coordenada y. Utilizando a equação para o míssil,
encontramos:

y missil  5000  4, 9 t 2
y missil  5000  4, 9  23, 45s 
2

y missil = 2306m

Resposta: O ponto de encontro será a 2.306 metros do solo.

Exemplo: Um tenista deve lançar a bola de uma distância de 12,0 m


da rede com um ângulo de 3,000 acima do eixo horizontal. Para ultrapassar a
rede deseja-se que a bola suba 0,360 m. Qual deve ser a velocidade da bola ao
deixar a raquete?

SOLUÇÃO: Podemos utilizar a equação para o alcance, equação 20, que


será aproximadamente o dobro da distância do lançamento até a rede (24 m) e
determinar a velocidade inicial da bola.

v0 2sen 2
x 
g

24m 

v0 2sen 2 3, 000 
2
9, 81m / s
 24m   9, 81m / s 2 
v0 2

 0,10453
v0 = 47, 4m / s

Resposta: A velocidade deve ser de 47,4 m/s.

229
UNIDADE 3 | CINEMÁTICA

4 VELOCIDADE RELATIVA
Podemos igualmente estudar a velocidade relativa entre dois móveis
do ponto de vista bidimensional. Já definimos as equações para as velocidades
relativas, então vamos aplicá-las agora em exemplos que requerem a análise em
mais de uma dimensão.

Exemplo: Um barco, direcionado para o norte, cruza um rio com velocidade


escalar de 12,0 m/s em relação à água. A velocidade escalar da correnteza é de
6,00 m/s na direção leste em relação ao solo. Determine a velocidade do barco em
relação a um observador estacionário ao lado do rio.

FIGURA 102 – OS VETORES VELOCIDADE DO BARCO vb,


VELOCIDADE DO RIO vr E VELOCIDADE DO BARCO EM RELAÇÃO
AO OBSERVADOR vo

Vr

Vb Vo

FONTE: A autora

SOLUÇÃO: Escrevendo o vetor velocidade do barco que se desloca rumo


ao norte, temos:
 
v b  12, 0m / s  j

Escrevendo o vetor velocidade da correnteza do rio, que se desloca para


leste, temos:
 
v r   6, 00m / s  i

O vetor resultante da soma dos dois vetores anteriores será:


  
v0  v r  v b
  
v0   6, 00m / s  i  12, 0m / s  j

230
TÓPICO 4 | MOVIMENTO EM DUAS E TRÊS DIREÇÕES

É o vetor velocidade do ponto de vista de um observador que está parado


na margem do rio. Podemos determinar o módulo da velocidade, em que:


v0   6, 00m / s   12, 0m / s 
2 2


v0 = 13, 4m / s

O ângulo, em que:

6
  arctg
12
  26, 560

Resposta: Do ponto de vista de um observador parado à margem do rio, a
velocidade do barco é de 13,4 m/s, formando com ângulo de 26,560 com a margem.

Exemplo: O piloto observa que a bússola indica que o avião está indo para
o oeste. A velocidade escalar do avião em relação ao ar é de 148 km/h. Se há um
vento de 32,0 km/h em direção ao norte, em relação ao solo, qual a velocidade do
avião em relação ao solo?

SOLUÇÃO: Escrevendo o vetor velocidade do vento que se desloca rumo


ao norte, temos:
 
v vento   32, 0km / h  j

Escrevendo o vetor velocidade do avião, que se desloca para oeste, temos:


 
vavião ar   148km / h  i

O vetor resultante da soma dos dois vetores anteriores será:


  
vavião solo  vavião ar  v vento
  
vavião solo   148km / h  i   32, 0km / h  j

É o vetor velocidade do avião em relação ao solo. Podemos determinar o
módulo da velocidade, em que:


vavião solo   148km / h    32, 0km / h 
2 2


vavião solo  151, 42km / h

231
UNIDADE 3 | CINEMÁTICA

O ângulo, em que:

32, 0
  arctg
148
  12, 20

Resposta: A velocidade do avião em relação ao solo é de 151km/h,


formando com ângulo de 12,20 com a direção oeste.

5 MOVIMENTO CIRCULAR
Os movimentos circulares são muito comuns no nosso dia a dia. A
cadeirinha de uma roda gigante num parque de diversões executa uma trajetória
circular. A órbita de satélites é aproximadamente circular. Ao executar uma curva
num dado trecho do trajeto, um automóvel executa um movimento circular.

5.1 MOVIMENTO CIRCULAR UNIFORME MCU


Quando o movimento circular é periódico, ou seja, a cada intervalo
de tempo o móvel passa pelo mesmo ponto, dizemos que o corpo executa um
movimento circular uniforme. Mesmo que em módulo a velocidade não varie no
MCU, o vetor velocidade tangente à trajetória muda de direção e sentido ao longo
do tempo. Como podemos ver na Figura 103.

FIGURA 103 – TRAJETÓRIA CIRCULAR

v1
t1
v2 t2

FONTE: A autora

232
TÓPICO 4 | MOVIMENTO EM DUAS E TRÊS DIREÇÕES

Além disso, ao executar esse movimento, a partícula possui uma aceleração


associada ao centro da trajetória, que é responsável pela mudança de direção da
velocidade, a aceleração centrípeta, representada na Figura 104.

FIGURA 104 – ACELERAÇÃO CENTRÍPETA E VELOCIDADE TANGENTE À


TRAJETÓRIA

v1
t1
v2 t2
ac
a2

FONTE: A autora

Essa aceleração, ac, é definida como:

v2
ac = (equação 21)
r

Em que v é a velocidade linear, tangente à trajetória, e r é o raio da


circunferência.

No MCU o tempo que o móvel gasta para fazer uma volta completa é
denominado de período T, que é definido como sendo:

2 r
T (equação 22)
v

Em que 2 r é o perímetro da circunferência e v a velocidade linear.

233
UNIDADE 3 | CINEMÁTICA

O número de voltas que o móvel executa em uma unidade de tempo é


denominado de frequência, é definido como o inverso do período,

1
f = (equação 23)
T

Exemplo: Uma partícula se desloca numa trajetória circular com 2 m de


raio e velocidade linear de 8 m/s. Calcule a aceleração centrípeta da partícula, o
período e a frequência do movimento.

SOLUÇÃO: Utilizando as equações 21, 22 e 23, temos:

v2
ac =
r
8m / s 
2

ac 
2
ac = 32m / s 2
2 r
T
v
2  2m 
T
8m / s
T = 1, 57 s
1
f =
T
1
f =
1, 57 s
f = 0, 637 Hz

Resposta: A aceleração centrípeta é 32 m/s2, o período é de 1,57 s e a
frequência é igual a 0,637 Hz.

a) Movimento circular uniformemente variado MCUV

Quando o módulo da velocidade varia, significa que o móvel executa um


movimento circular uniformemente variado. Nesse caso, temos também uma
aceleração tangente à trajetória, como indicado na Figura 105.

234
TÓPICO 4 | MOVIMENTO EM DUAS E TRÊS DIREÇÕES

FIGURA 105 – MÓVEL SE MOVENDO ACELERADAMENTE EM TRAJETÓRIA


CIRCULAR

t

at
a

ac

→ v2
r
FONTE: A autora

O vetor aceleração a tem componente ac na direção radial (linha que une


o móvel ao centro da trajetória) e componente at na direção tangente à trajetória.

A Figura 106 mostra o vetor aceleração definido.

Em que:
  
a  ac r  at t (equação 24)

Exemplo: A Figura 106 representa a aceleração total de uma partícula em


movimento circular no sentido horário. Sendo o raio igual a 3,00 m, o ângulo
com a direção radial igual a 300 e a aceleração total igual a 20,0 m/s2. A aceleração
radial, a aceleração tangencial e a velocidade escalar, determine:

235
UNIDADE 3 | CINEMÁTICA

FIGURA 106 – PARTÍCULA EM MOVIMENTO CIRCULAR UNIFORMEMENTE


VARIADO

θ v
a
raio

FONTE: A autora

SOLUÇÃO: Decompondo a aceleração total em suas componentes radial


e tangente, temos:

=ac 20,
= 0 cos 300 17,3m / s 2
=at 20,
= 0 sen300 10, 0m / s 2

Utilizando equação 21 para determinar a velocidade, em que:

v2
ac =
r
v2
17, 3 =
3, 00
v 2 = 51, 9
v = 7, 20m / s

Resposta: A aceleração radial (aceleração centrípeta) é igual a 17,3 m/s2,
a aceleração tangente é igual a 10,0 m/s2 e a velocidade linear é igual a 7,20 m/s.

236
RESUMO DO TÓPICO 4

Nesse tópico, você viu que:

• Muitos movimentos ocorrem em mais de uma dimensão, por isso, tivemos que
definir as grandezas anteriores na notação vetorial antes de trabalhar com elas.

• Definimos os vetores posição, deslocamento, velocidade e aceleração para o


espaço tridimensional.

• Estudamos os movimentos relacionados ao lançamento de projéteis. Notamos


que ele acontece em duas dimensões, sendo que na direção x o movimento
é retilíneo uniforme (MRU) e na direção y o movimento é uniformemente
variado (MRUV).

• Mostramos como decompor o vetor velocidade inicial no caso de um lançamento


em que esse vetor forma um ângulo com a direção horizontal.

• Exemplos de velocidades relativas em duas dimensões.

• Introduzimos o conceito de movimento circular dividindo-o em duas classes,


o movimento circular uniforme (MCU) e o movimento circular uniformemente
variado (MCUV).

237
AUTOATIVIDADE

1 O vetor posição de um próton é inicialmente r = 2,0 i – 6,0 j + 3,0 k e depois se


torna r = - 1,0 i + 6,0 j + 1,0 k, com todos os valores em metros. Qual é o vetor
deslocamento do próton? Assinale a alternativa correta:

a) ( ) 3,0 i - 12 j – 2,0 k.
b) ( ) – 3,0 i + 12 j – 2,0 k.
c) ( ) 3,0 i – 2,0 k.
d) ( ) – 3,0 i + 12 j – 2,0 k.
e) ( ) –3,0 i - 12 j +2,0 k.

2 Um avião precisa soltar um saco com mantimentos a um grupo de


sobreviventes que está numa balsa. A velocidade horizontal do avião é
constante e igual a 100 m/s com relação à balsa e sua altitude é 2000 m. Qual
a distância horizontal que separa o avião dos sobreviventes, no instante do
lançamento? Qual é o vetor posição da balsa em relação ao avião? Assinale
a alternativa correta:
  
a) ( ) X = 2020 m, r   2020m  i   2000  j
  
b) ( ) X = 200 m, r   200, 0  i   2000  j
  
c) ( ) X = 2000 m, r   200, 0  i   2000  j
  
d) ( ) X = 800 m, r   50, 0  i   200  j
  
e) ( ) X = 800 m, r   121, 5  i   900  j

3 Uma esfera é lançada do solo no instante t = 0 s, com uma velocidade


inicial em módulo de 20,0 m/s fazendo um ângulo de 40,00 com a direção
horizontal. Quais são os módulos das componentes horizontal e vertical do
deslocamento da esfera em relação ao ponto de lançamento em t = 1,10 s?

a) ( ) 16,9 m e 8,21 m.
b) ( ) 10,3 m e 34,1 m.
c) ( ) 0,90 m e 0,67 m.
d) ( ) 1,22 m e 1,43 m.
e) ( ) 3,00 m e 4,00 m

4 Uma pedra é lançada obliquamente para cima, formando um ângulo de


300 com a horizontal. Sabendo-se que o tempo de permanência no ar é de
6 segundos, qual é o módulo da velocidade de lançamento? Assinale a
alternativa correta:

a) ( ) 58,9 m/s.
b) ( ) 29,9 m/s.
c) ( ) 9,81 m/s.
d) ( ) 20,0 m/s.
e) ( ) 80,0 m/s.
238
5 Uma bola é lançada, com velocidade inicial de 10,0 m/s formando um ângulo
de 20o abaixo da horizontal, de uma janela de 8,0 metros de altura acima do
solo. A que distância horizontal a bola atinge o chão?

a) ( ) 2,2 m.
b) ( ) 9,4 m.
c) ( ) 6,0 m.
d) ( ) 7,9 m.
e) ( ) 10 m.

6 Um barco possui velocidade de 0,40 m/s em relação à margem atravessando


um rio de 15,0 m de um lado para o outro. O rio que escoa com velocidade de
0,50 m/s em relação à margem. Determine a velocidade resultante do barco e
o tempo necessário para fazer a travessia. Assinale a alternativa condizente:

a) ( ) 0,64 m/s, 37,5 s.


b) ( ) 0,20 m/s, 19,6 s.
c) ( ) 0,96 m/s, 47,0 s.
d) ( ) 0,20 m/s, 26,7 s.
e) ( ) 0,64 m/s, 9,60 s.

7 O piloto observa que a bússola indica que o avião está indo para o oeste. A
velocidade escalar do avião em relação ao ar é de 145 km/h. Se há um vento
de 30,0 km/h em direção ao norte, qual a velocidade do avião em relação ao
solo? Assinale a alternativa correta:

a) ( ) 148 km/h com 11,70 ao norte do oeste (segundo quadrante), ou seja ,168,30
a partir do semi-eixo positivo de x.
b) ( ) 151 km/h com 12,20 ao norte do leste (primeiro quadrante), ou seja,
167,80 a partir do semi-eixo positivo de x.
c) ( ) 200 km/h com 15,10 ao norte do oeste (segundo quadrante), ou seja ,164,90
a partir do semi-eixo positivo de x.
d) ( ) 200 km/h com 15,10 ao sul do oeste (terceiro quadrante), ou seja, 164,90
a partir do semi-eixo positivo de x.
e) ( ) 210 km/h com 11,50 ao sul do leste (quarto quadrante), ou seja, 168,50 a
partir do semi-eixo positivo de x.

8 A Figura 106 representa a aceleração total de uma partícula em movimento


circular no sentido horário. Sendo o raio igual a 2,00 m, o ângulo com a
direção radial igual a 40o e a aceleração total igual a 25,0 m/s2, determine: A
aceleração radial, a aceleração tangencial e a velocidade escalar. Assinale a
alternativa correta:

a) ( ) 10,2 m/s2, 16 m/s2, 6,19 m/s.


b) ( ) 19,2 m/s2, 10 m/s2, 3,00 m/s.
c) ( ) 10,2 m/s2, 16 m/s2, 3,00 m/s.
d) ( ) 16, m/s2, 19,2 m/s2, 6,18 m/s.
e) ( ) 19,2 m/s2, 16,1 m/s2 , 6,19 m/s.

239
9 Um atleta gira um disco de 0,900 kg ao longo de uma trajetória circular de
raio 1,00 m. A velocidade escalar do disco é de 15,0 m/s. Determine o módulo
da aceleração centrípeta do disco. Assinale a alternativa correta:

a) ( ) 225 m/s2
b) ( ) 100 m/s2
c) ( ) 250 m/s2
d) ( ) 300 m/s2
e) ( ) 22,5 m/s2

10 Um canhão, em solo plano e horizontal, dispara uma bala, com ângulo de


tiro de 30o. A velocidade inicial da bala é de 400 m/s, sendo g = 9,81 m/s2 o
valor da aceleração da gravidade local, qual a altura máxima atingida pela
bala? Assinale a alternativa correta:

a) ( ) 1000m.
b) ( ) 4030m.
c) ( ) 2041m.
d) ( ) 20,02m.
e) ( ) 204,1m.

240
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