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ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

Considerações Gerais

Sumário

1. A Importância Dos Índices Nas Demonstrações Financeiras;


1.1 - Preparação e Reclassificação Das Contas;
2. Grupos de Índices;
3. Capital Circulante Líquido;
4. Índices de Liquidez;
4.1 - Liquidez Corrente;
4.2 - Liquidez Imediata;
4.3 - Liquidez Seca;
4.4 - Liquidez Geral;
5. Índices de Estrutura;
5.1 - Índices de Endividamento;
5.1.1 - Endividamento Geral;
5.2 - Composição do Endividamento;
5.3 - Imobilização do Patrimônio Líquido;
5.4 - Imobilização de Recursos Permanentes;
6. Índices de Rentabilidade;
6.1 - Giro do Ativo;
6.2 - Margem Líquida;
6.3 - Margem Bruta;
6.4 - Margem Operacional;
6.5 - Rentabilidade do Ativo;
6.6 - Rentabilidade do Patrimônio Líquido (RPL);
6.7 - Rentabilidade Líquida do Capital Investido em Estoques (RLCIE);
7. Índices de Rotatividade;
7.1 - Rotação Dos Estoques;
7.1.1 - Prazo Médio de Rotação Dos Estoques (PMRE);
7.2 - Rotação de Duplicatas a Receber (RDR);
7.2.1 - Prazo Médio de Recebimento (PMR);
7.3 - Rotação de Duplicatas a Pagar (RDP);
8. Retorno Sobre o Investimento (ROI);
9. Retorno Sobre o Patrimônio Líquido (RSPL);
10. Lucro Por Ação;
11. Valor Patrimonial da Ação;
12. Relação Preço/Lucro;
13. Dividendo Por Ação;
14. Grau de Alavancagem Financeira (GAF);
15. Grau de Alavancagem Operacional (GAO);
16. Estrutura de Capital;
16.1 - Imobilização do Patrimônio Líquido;
16.2 - Imobilização Dos Recursos a Longo Prazo e do Patrimônio Líquido;
16.3 - Participação de Capitais de Terceiros Sobre Recursos Próprios;
17. Índices de Análise Bancária;
17.1 - Índice de Descontos de Duplicatas;
17.2 - Reciprocidade Bancária;
17.3 - Participação Dos Recursos Bancários Sobre o Capital de Terceiros;
18. Grau de Solvência;
19. Fator de Insolvência - Índice de Kanitz;
20. Conclusão.

1. A IMPORTÂNCIA DOS ÍNDICES NAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

O índice é uma relação entre as contas do mesmo grupo ou entre as contas de grupos
diferentes que compõem as Demonstrações Financeiras. Através da utilização dos índices, o
analista tem uma visão mais detalhada da situação econômica ou financeira da empresa.

No entanto, é bom lembrar que não é só através da análise de alguns índices que se tem um
resultado final sobre o desempenho da empresa. Para que se possa fornecer um laudo final,
o profissional precisa utilizar-se de vários componentes de análise específicos sobre a
estrutura financeira e econômica da empresa, bem como estabelecer comparações com os
índices apurados em anos anteriores e com os índices apurados em outras empresas que
exploram a mesma atividade econômica da empresa analisada.

Observação: a matéria foi publicada no boletim de acordo com a legislação vigente à época
de sua publicação, estando sujeita a sofrer alterações posteriores a publicação em nosso
site.
1.1 - Preparação e Reclassificação Das Contas

O primeiro passo para análise é averiguar se estamos de posse de todas as demonstrações


financeiras, inclusive notas explicativas, de pelo menos dois períodos.

Em seguida, deveremos averiguar a autenticidade das demonstrações financeiras. O Parecer


de Auditoria nas demonstrações financeiras dá uma satisfatória margem de confiabilidade
para o analista. Todavia, não havendo Parecer da Auditoria, deverão ser tomados alguns
cuidados, recomendando-se ao analista uma dose maior de conservadorismo.

O segundo passo é preparar as demonstrações financeiras de forma conveniente para a


análise. A esta etapa denominamos reclassificação de itens nas demonstrações financeiras.

Significa uma nova classificação, um novo reagrupamento de algumas contas nas


demonstrações financeiras, sobretudo no balanço patrimonial e demonstração do resultado
do exercício, para melhorar a eficiência da análise, como é o caso, por exemplo, das contas:
duplicatas descontadas, despesas do exercício seguinte, despesas e receitas diferidas,
receitas/despesa financeira, etc.

2. GRUPOS DE ÍNDICES

Para análise das Demonstrações Financeiras, pode-se utilizar os seguintes grupos de índices:

a) índices de liquidez - são utilizados para avaliar a capacidade de pagamento da empresa,


isto é, constituem uma apreciação sobre se a empresa tem capacidade financeira para saldar
seus compromissos;

b) índices de estrutura - indicam a segurança oferecida pela empresa aos seus credores que
representam o capital alheio, bem como revelam a sua política de obtenção de outros
recursos e suas respectivas alocações;

c) índices de rentabilidade - interpretam o desempenho global da empresa, medindo a


capacidade da geração de lucros.

3. CAPITAL CIRCULANTE LÍQUIDO

O Capital Circulante Líquido representa a capacidade financeira da empresa a curto prazo.

Quando este índice é positivo, indica que a empresa tem capacidade de pagar suas dívidas a
curto prazo, e ainda financiar suas atividades com recursos próprios.

O Capital Circulante Líquido é encontrado através da seguinte fórmula:

CCL = AC - PC

Onde:

CCL = Capital Circulante Líquido


AC = Ativo Circulante
PC = Passivo Circulante

Quando o Ativo Circulante é maior do que o Passivo Circulante, tem-se um Capital Circulante
Líquido próprio.

AC>PC = CCL PRÓPRIO

Quando o Ativo Circulante é menor do que o Passivo Circulante tem-se um Capital Circulante
Líquido negativo ou de terceiros.
AC<PC = CCL NEGATIVO

Quando o Ativo Circulante é igual ao Passivo Circulante, tem-se um Capital Circulante


Líquido Nulo.

AC = PC = CCL NULO

4. ÍNDICES DE LIQUIDEZ

Os índices de liquidez indicam a estrutura da situação econômica da empresa. São utilizados


para avaliar a capacidade de pagamento da empresa, isto é, constituem uma apreciação
sobre se a empresa tem capacidade para saldar seus compromissos. A empresa que
apresenta bons índices de liquidez demonstra possuir capacidade de pagar os seus credores.

Os principais índices de liquidez são:

a) liquidez corrente;

b) liquidez imediata;

c) liquidez seca;

d) liquidez geral.

4.1 - Liquidez Corrente

Através deste índice pode-se verificar a capacidade da empresa em pagar seus


compromissos a curto prazo, ou seja, liquidar as dívidas com vencimentos ao longo do
exercício seguinte.

O índice de liquidez corrente é encontrado através da seguinte fórmula:

LIQUIDEZ CORRENTE = ATIVO CIRCULANTE


PASSIVO CIRCULANTE
ou

LC = AC
PC

O índice de liquidez corrente indica quanto à empresa tem no Ativo Circulante para cada Real
(R$ 1,00) de Passivo Circulante. Sempre que o índice for superior a 1 (um), existe um capital
circulante positivo, ou seja, quanto maior este índice melhor a situação da empresa.

4.2 - Liquidez Imediata

Também conhecida como liquidez instantânea, este índice avalia o poder da empresa em
pagar de uma só vez todas as suas obrigações com vencimentos ao longo do exercício
seguinte (curto prazo).

A liquidez imediata ou instantânea será calculada através da seguinte fórmula:

LIQUIDEZ IMEDIATA = DISPONIBILIDADES


PASSIVO CIRCULANTE

Este índice compreende a relação das disponibilidades imediatas com que a empresa conta
para liquidar suas obrigações vencidas e não pagas, bem como as que vencerão dentro do
exercício seguinte.
A liquidez imediata apresenta sempre um índice inferior a 1 (um), pois não é considerado
normal a empresa manter um saldo de caixa, ou um saldo de bancos em nível elevado, para
garantir os pagamentos que vencerão ao longo do exercício seguinte.

4.3 - Liquidez Seca

O índice de liquidez seca mede a capacidade da empresa em pagar seus compromissos a


curto prazo, utilizando o seu Ativo Circulante deduzido do valor dos estoques.

O índice de liquidez seca será encontrado mediante utilização da seguinte fórmula:

LIQUIDEZ SECA = ATIVO CIRCULANTE - ESTOQUES


PASSIVO CIRCULANTE

Indica quantos reais a empresa dispõe no Ativo Circulante, sem considerar os estoques para
pagar suas dívidas a curto prazo. Quanto maior for este índice melhor para a empresa.

Deve-se levar em conta que um excessivo estoque pode comprometer a liquidez da


empresa, na hipótese de uma lenta rotação dos mesmos.

4.4 - Liquidez Geral

O índice de liquidez geral mede a capacidade da empresa em pagar seus compromissos a


curto e longo prazos, utilizando, para tanto, seu Ativo Circulante e Ativo Não Circulante
grupo Realizável a Longo Prazo.

O índice de liquidez geral é calculado usando-se a seguinte fórmula:

LIQUIDEZ GERAL = AC + ANC RLP


PC + PNC ELP

Onde:

AC - Ativo Circulante
ANC RLP – Ativo Não Circulante Realizável a Longo Prazo
PC - Passivo Circulante
PNC ELP – Passivo Não Circulante Exigível a Longo Prazo

Se o índice for superior a 1 (um), a situação da empresa é favorável, e revela a existência de


capital de giro próprio. Caso o índice seja inferior à unidade, considera-se como uma
situação desfavorável, pois evidencia que a empresa vem recorrendo demais a capitais de
terceiros.

Ressalte-se que esse índice, mesmo mostrando uma situação favorável para a empresa,
deverá ser comparado com índices de outras empresas do mesmo ramo de atividade, pois só
assim pode-se tirar conclusões satisfatórias sobre os mesmos.

5. ÍNDICES DE ESTRUTURA

Os índices que compõem esse grupo (estrutura dos capitais: capital próprio e capital de
terceiros) procuram mostrar a política de decisões financeiras da empresa, em termos de
obtenção e aplicação de recursos.

Os índices de estrutura são:

a) Endividamento geral;

b) Composição do endividamento;
c) Imobilização do capital próprio;

d) Imobilização de recursos permanentes (não-correntes).

5.1 - Índices de Endividamento

Sabemos que o Ativo (aplicação de recursos) é financiado por capitais de terceiros (Passivo
Circulante + Passivo Não Circulante grupo Exigível a Longo Prazo) e por capitais próprios
(patrimônio líquido). Portanto, capitais de terceiros e capitais próprios são fontes (origens)
de recursos.

São os indicadores de endividamento que nos informam se a empresa se utiliza mais de


recursos de terceiros ou de recursos dos proprietários.

Na análise do endividamento, há necessidade de detectar as características do seguinte


indicador:

a) empresas que recorrem a dívidas como um complemento dos capitais próprios para
realizar aplicações produtivas no seu ativo (ampliação, expansão, modernização, etc.). Este
endividamento é sadio, mesmo sendo um tanto elevado, pois as aplicações produtivas
deverão gerar recursos para saldar o compromisso assumido;

b) empresas que recorrem a dívidas para pagar outras dívidas que estão vencendo. Por não
gerarem recursos para saldar os seus compromissos, elas recorrem a empréstimos
sucessivos.

Permanecendo este círculo vicioso, a empresa será uma séria candidata à insolvência;

conseqüentemente, à falência.

A análise da composição do endividamento também é bastante significativa:

a) endividamento a curto prazo, normalmente utilizado para financiar o ativo circulante;

b) endividamento a longo prazo, normalmente utilizado para financiar o ativo não Circulante
(Realizável a Longo Prazo, Investimentos, Imobilizado, Intangível) .

A proporção favorável seria de maior participação de dívidas a longo prazo, propiciando à


empresa tempo maior para gerar recursos que saldarão os compromissos. Expansão e
modernização devem ser financiadas com recursos a longo prazo, e não pelo passivo
circulante, pois os recursos a serem gerados pela expansão e modernização virão a longo
prazo.

Se a composição do endividamento apresentar uma significativa concentração no Passivo


Circulante (curto prazo), a empresa poderá ter reais dificuldades num momento de reversão
de mercado (o que não aconteceria se as dívidas estivessem concentradas no longo prazo).
Na crise, ela terá poucas alternativas: vender seus estoques na base de uma liquidação
forçada a qualquer preço; assumir novas dívidas a curto prazo, que certamente terão juros
altos, o que aumentará as despesas financeiras.

5.1.1 - Endividamento Geral

O endividamento geral pode ser dividido em:

a) garantia de capitais de terceiros


Esse índice procura mostrar a relação entre o capital de terceiros (Passivo Circulante e
Passivo Não Circulante Grupo Exigível a Longo Prazo) com o capital próprio (Patrimônio
Líquido).

O objetivo é levantar a proporção entre o capital próprio e o capital de terceiros, que visa
aquilatar a política de obtenção e aplicação de recursos adotada pela empresa.

Quanto maior este índice melhor para a empresa, pois demonstra que o capital próprio
supera o capital de terceiros.

Obtém-se a garantia de capital de terceiros (GCT) através da seguinte fórmula:

GCT = PATRIMÔNIO LÍQUIDO

PC + PNC ELP

Onde:

PC = Passivo Circulante
PNC ELP = Passivo Não Circulante Exigível a Longo Prazo

b) grau de endividamento - endividamento geral

Este índice indica a dependência de recursos de terceiros (passivo exigível) no financiamento


do ativo.

O grau de endividamento ou endividamento geral é encontrado através da seguinte fórmula:

ENDIVIDAMENTO GERAL = PC + PNC ELP


PC + PNC ELP + PL

Onde:

PC - Passivo Circulante
PNC ELP – Passivo Não Circulante Exigível a Longo Prazo
PL - Patrimônio Líquido

5.2 - Composição do Endividamento

Esse índice mostra a participação de dívidas a curto prazo em relação à exigibilidade total.
As dívidas a curto prazo são aquelas cujos vencimentos ocorrem dentro do exercício
seguinte; já as dívidas a longo prazo (exigível a longo prazo) têm vencimentos após o
término do exercício seguinte, dando uma maior folga para a empresa.

A composição do endividamento é representada pela fórmula:

COMPOSIÇÃO DO = PASSIVO CIRCULANTE


ENDIVIDAMENTO PC + PNC ELP

5.3 - Imobilização do Patrimônio Líquido

Estes índices são também conhecidos como índices de Imobilização do Capital Próprio, e
mostram quanto do Patrimônio Líquido foi investido no grupo do Ativo Não Circulante e nos
subgrupos Imobilizado, Intangível e Investimentos.

Os índices de Imobilização do Capital Próprio são encontrados através das seguintes


fórmulas:
IMOBILIZAÇÃO = INVESTIMENTOS, IMOBILIZADO E INTANGÍVEL
P. LÍQUIDO PATRIMÔNIO LÍQUIDO

IMOBILIZAÇÃO = ATIVO NÃO CIRCULANTE - INTANGÍVEL


TOTAL PATRIMÔNIO LÍQUIDO

MOBILIZAÇÃO TÉCNICA = IMOBILIZADO


PATRIMÔNIO LÍQUIDO

IMOBILIZAÇÃO FINANCEIRA = INVESTIMENTOS


PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Deve-se observar que um alto grau de imobilização pode comprometer a liquidez da


empresa, portanto, é interessante que a mesma mantenha um Patrimônio Líquido suficiente
para cobrir o Ativo Não Circulante (Investimentos, Imobilizado e Intangível) e que haja sobra
para financiar o seu Ativo Circulante, ou seja, quanto menor este índice melhor para a
empresa.

5.4 - Imobilização de Recursos Permanentes

Esse índice demonstra qual o percentual de recursos não-correntes (Passivo Não Circulante
Exigível a Longo Prazo + Patrimônio Líquido) que foram destinados à aplicação no Ativo Não
Circulante (Investimentos, Imobilizado e Intangível).

A Imobilização de Recursos Permanentes também é conhecida como imobilização de


recursos não-correntes e encontra-se por meio da fórmula:

IMOBILIZAÇÃO RECURSOS = ANC III


PNC ELP + PL

Onde:

ANC III - Ativo Não Circulante – Investimentos, Imobilizado e Intangível


PNC ELP – Passivo Não Circulante Exigível a Longo Prazo
PL - Patrimônio Líquido

6. ÍNDICES DE RENTABILIDADE

A rentabilidade mostra quanto o capital investido rendeu, indicando assim qual a situação
econômica da empresa.

São índices de rentabilidade:

a) giro do ativo;

b) margem líquida;

c) margem bruta;

d) margem operacional;

e) rentabilidade do ativo;

f) rentabilidade do patrimônio líquido.

Os índices de rentabilidade são de interesse dos sócios que, através deles, verificam a
remuneração do capital aplicado. Também os bancos e fornecedores têm interesse na
rentabilidade da empresa, uma vez que medem a capacidade de pagamentos de dívidas
assumidas.

Quando comparamos lucro com ativo, ou lucro com patrimônio líquido, devemos considerar 2
(dois) aspectos:

I - muitos conceitos de lucro poderão ser utilizados: lucro líquido, lucro operacional, lucro
bruto, etc. É imprescindível que o numerador seja coerente com o denominador. Se
utilizarmos o lucro líquido no numerador, utilizaremos o ativo total no denominador.
Utilizando o lucro operacional no numerador, utilizaremos ativo operacional no denominador;

II - tanto o ativo como o patrimônio líquido, utilizados no denominador para cálculo da taxa
de retorno, deverão ser o médio:

ATIVO MÉDIO = ATIVO INICIAL + ATIVO FINAL


2

PATRIMÔNIO LÍQUIDO MÉDIO = PL INICIAL + PL FINAL


2

A razão é que nem o ativo final nem o ativo inicial geraram o resultado, mas a média do
ativo utilizado no ano. Idem para o patrimônio líquido.

6.1 - Giro do Ativo

Este quociente mede o volume de vendas em relação ao investimento total. Quanto maior for
o giro do ativo pelas vendas, maior deverá ser a taxa de lucro. Por isso é aconselhável
manter o ativo a um mínimo necessário. Ativos ociosos, grandes investimentos em estoques,
elevados valores de duplicatas a receber prejudicam o giro do ativo e, conseqüentemente, a
rentabilidade.

É encontrado utilizando-se a fórmula:

GIRO DO ATIVO = VENDAS LÍQUIDAS


ATIVO TOTAL MÉDIO

Obs.: O valor das vendas líquidas é encontrado da seguinte forma:

Vendas totais (à vista e a prazo)

(-) Impostos sobre as vendas


(-) Descontos/abatimentos
(-) Devoluções/cancelamentos
(-) PIS sobre o faturamento
(-) COFINS
= Vendas líquidas

A obtenção de uma lucratividade satisfatória depende do volume de vendas efetuadas, que


servirão para cobrir os custos e despesas e, ainda, proporcionar uma boa margem de lucro.

Portanto, quanto maior for o giro do ativo melhor para a empresa.

6.2 - Margem Líquida

A margem líquida indica a lucratividade obtida pela empresa em função do seu faturamento
líquido.
Quanto maior for este quociente maior será a lucratividade da empresa, pois ele indica
quanto a empresa ganhou em cada real de vendas líquidas realizadas.

A margem líquida é encontrada usando-se a fórmula:

MARGEM LÍQUIDA = LUCRO LÍQUIDO


VENDAS LÍQUIDAS

6.3 - Margem Bruta

Este quociente revela o percentual remanescente da receita líquida, após a dedução do custo
das mercadorias vendidas; assim sendo, quanto maior se apresentar este índice, melhor
para a empresa.

A margem bruta é determinada pela fórmula:

MARGEM BRUTA = LUCRO BRUTO


VENDAS LÍQUIDAS

Obs.: O lucro bruto é determinado da seguinte forma:

Vendas totais (à vista e a prazo)

(-) deduções sobre vendas


(=) vendas líquidas
(-) custo das mercadorias vendidas
(=) Lucro bruto
ou: RCM = vendas líquidas – CMV

6.4 - Margem Operacional

Este coeficiente identifica o desempenho operacional da empresa, medido exclusivamente


em função das operações normais da mesma.

Vale salientar que tal coeficiente corresponde ao ganho puro, não sendo computadas
despesas e receitas financeiras.

A margem operacional é determinada através do uso da fórmula:

MARGEM OPERACIONAL = LUCRO OPERACIONAL


VENDAS LÍQUIDAS

Obs.: O lucro operacional corresponde ao seguinte valor:

Lucro bruto

(-) despesas com vendas


(-) despesas administrativas
(-) despesas financeiras

= Lucro operacional

6.5 - Rentabilidade do Ativo

Este índice procura mostrar quanto a empresa obtém de lucro líquido em relação ao ativo.
Superior a 1 (um), indica que a lucratividade superou as aplicações do ativo.
Sendo inferior a 1 (um), indica que a lucratividade não foi à altura para cobrir o valor
investido na empresa.

A rentabilidade do ativo é encontrada através da fórmula:

RENTABILIDADE DO ATIVO = LUCRO LÍQUIDO


ATIVO TOTAL MÉDIO

6.6 - Rentabilidade do Patrimônio Líquido (RPL)

Este índice mostra qual a taxa de rendimento do capital próprio. O resultado pode ser
comparado com outros rendimentos do mercado financeiro como: poupança, ações, etc.

A rentabilidade do patrimônio líquido é encontrada através da fórmula:

RPL = LUCRO LÍQUIDO


PATRIMÔNIO LÍQUIDO MÉDIO

Nota:

PATRIMÔNIO LÍQUIDO MÉDIO = PL INICIAL + PL FINAL


2

6.7 - Rentabilidade Líquida do Capital Investido em Estoques (RLCIE)

Este índice é importante para se determinar o rendimento do capital aplicado em estoques.

Esta rentabilidade é encontrada pela fórmula:

RLCIE = LUCRO LÍQUIDO DE VENDAS


CUSTO DAS MERCADORIAS VENDIDAS

7. ÍNDICES DE ROTATIVIDADE

Este grupo de índices apresenta quantos dias a empresa demora, em média, para receber
suas vendas, para pagar suas compras e renovar o seu estoque.

Para fins de análise, quanto maior for a velocidade de recebimentos de vendas e de


renovação de estoque melhor. Por outro lado, quanto mais lento for o pagamento das
compras, desde que não corresponda a atrasos, melhor.

São índices de rotatividade:

a) Rotação dos estoques;

b) Prazo médio de recebimentos;

c) Prazo médio de pagamentos.

Alguns aspectos para cálculo dos índices de rotatividade:

I - quando falamos em prazo médio de recebimentos de vendas (PMRV) não estamos


considerando apenas as vendas a prazo, mas o total de vendas;

II - o total de vendas a ser utilizado para o cálculo do PMRV é a receita bruta (incluindo IPI,
ICMS, Pis, Cofins), por um lado, e o total de duplicatas a receber, por outro (sem excluir a
provisão para devedores duvidosos e duplicatas descontadas);
III - um problema que sempre surge para o cálculo do prazo médio de pagamento de
compras (PMPC) é o valor de compras, já que a demonstração do resultado do exercício não
a destaca, mas apenas os custos das vendas;

IV - estes índices não refletem a realidade se aplicados em empresas que não têm compras e
vendas uniformes durante o ano. Em outras palavras, não é adequado para empresas com
vendas sazonais ou compras esporádicas;

V - Se, por um lado, vamos utilizar vendas, compras e custo das vendas (contas da DRE),
por outro, para cálculo dos prazos médios, utilizaremos duplicatas a receber, fornecedores e
estoques, respectivamente (contas do BP).

7.1 - Rotação Dos Estoques

A rotação dos estoques pode ser calculada sobre o estoque de mercadorias, matéria-prima,
produtos em elaboração e indica quantas vezes o estoque é totalmente vendido, e
novamente adquirido.

Para o cálculo da rotação dos estoques é necessário que os mesmos sejam avaliados pelo
custo de aquisição ou produção, e que seja determinada uma média para os estoques
durante o período.

A rotação dos estoques é determinada através da fórmula:

ROTAÇÃO = CUSTO DAS VENDAS


ESTOQUES MÉDIO DAS MERCADORIAS

ESTOQUE MÉDIO = ESTOQUE INICIAL + ESTOQUE FINAL


2

O resultado encontrado, quando usa-se a fórmula da rotação dos estoques, indica quantas
vezes o estoque foi renovado.

Para avaliar o desempenho da empresa, é necessário fazer comparações entre empresas do


mesmo ramo de atividade.

7.1.1 - Prazo Médio de Rotação Dos Estoques (PMRE)

O prazo médio da rotação dos estoques poderá ser informado em dias, meses, semanas, etc.
Indica, em média, quantos dias a empresa leva para vender o seu estoque.

Tal dado poderá ser encontrado utilizando-se a fórmula:

PMRE = 360 X ESTOQUES MÉDIOS


CUSTO DAS VENDAS

7.2 - Rotação de Duplicatas a Receber (RDR)

Este quociente demonstra quantas vezes o saldo médio de duplicatas a receber ou clientes
foi renovado no período.

Quanto maior o quociente, mais rápido ocorre a renovação das duplicatas a receber. Isto
significa que os clientes estão liquidando suas dívidas mais rapidamente.

Uma diminuição deste quociente não é interessante para a empresa, significando que os
clientes estão demorando para pagar suas duplicatas.

Para o cálculo da rotação das duplicatas a receber, usa-se a seguinte fórmula:


RDR = VENDAS BRUTAS A PRAZO
SALDO MÉDIO DE DUPLICATAS A RECEBER

Nota:

SMDR = SIDR + SFDR


2

Onde:

SMDR - Saldo Médio de Duplicatas a Receber


SIDR - Saldo Inicial de Duplicatas a Receber
SFDR - Saldo Final de Duplicatas a Receber

O resultado encontrado indica quantas vezes houve a renovação de duplicatas a receber.

7.2.1 - Prazo Médio de Recebimento (PMR)

O prazo médio de recebimento das duplicatas indica em quantos dias em média ocorre o
recebimento das duplicatas de emissão da empresa e pode ser calculado usando-se a
fórmula:

PMR = 360 dias X DUPLICATAS A RECEBER MÉDIAS


VENDAS

7.3 - Rotação de Duplicatas a Pagar (RDP)

Este quociente demonstra quantas vezes o saldo médio de duplicatas ou fornecedores a


pagar foi renovado no período.

Quanto maior for o quociente da rotação, mais rápido a empresa está pagando seus
fornecedores, o que pode representar um ponto desfavorável para a empresa. Uma redução
na rotação indica que a empresa está atrasando seus pagamentos ou tendo um prazo maior
para pagamento junto a seus fornecedores.

O cálculo da rotação de duplicatas a pagar será feito através da seguinte fórmula:

RDP = 360 DIAS x SMDP MÉDIO


COMPRAS

* SMDP = SIDP + SFDP2

Onde:

SMDP - Saldo Médio de Duplicata a Pagar; SIDP - Saldo Inicial de Duplicatas a Pagar; SFDP -
Saldo Final de Duplicatas a Pagar.

8. RETORNO SOBRE O INVESTIMENTO (ROI)

Este índice determina a capacidade da empresa em obter lucros com seus ativos.

Quanto maior este índice melhor para a empresa.

Pode ser calculado usando a seguinte fórmula:

ROI = LUCRO LÍQUIDO APÓS O IMPOSTO DE RENDA


ATIVO TOTAL MÉDIO
ou ainda:

ROI = MARGEM LÍQUIDA X GIRO DO ATIVO

9. RETORNO SOBRE O PATRIMÔNIO LÍQUIDO (RSPL)

Este índice determina a remuneração do capital próprio aplicado na empresa.

É importante para que os acionistas/investidores tenham uma noção de qual o rendimento


oferecido pela empresa.

Pode ser calculado usando a seguinte fórmula:

RSPL = LUCRO LÍQUIDO APÓS O IMPOSTO DE RENDA


PATRIMÔNIO LÍQUIDO MÉDIO

10. LUCRO POR AÇÃO

Este índice mede o ganho potencial das ações, dado que o lucro líquido do exercício não é
todo distribuído. Através dele os acionistas/investidores avaliam os resultados apresentados
pela empresa em relação às ações em seu poder.

O lucro por ação é determinado através da fórmula:

LUCRO POR AÇÃO = LUCRO LÍQUIDO


Nº DE AÇÕES DO CAPITAL

11. VALOR PATRIMONIAL DA AÇÃO

Este índice indica a parcela do capital próprio da empresa que compete às ações emitidas.
Constitui a expressão de quanto caberia a cada fração do total do Capital Social, na hipótese
de serem realizados todos os valores componentes do Ativo, bem como liquidadas todas as
obrigações de acordo com os saldos informados no Balanço Patrimonial.

O valor patrimonial da ação poderá ser encontrada através da fórmula:

VALOR PATRIMONIAL = PATRIMÔNIO LÍQUIDO


DA AÇÃO Nº DE AÇÕES DO CAPITAL

12. RELAÇÃO PREÇO/LUCRO

Este índice expressa o número de anos que seria necessário para o investidor obter o retorno
do capital aplicado na aquisição de ações.

Ele permite avaliar a cotação da ação em relação ao lucro por ação.

A relação preço/lucro é obtida através da fórmula:

PREÇO/LUCRO = VALOR DE MERCADO DA AÇÃO


LUCRO POR AÇÃO

13. DIVIDENDO POR AÇÃO

Este índice indica quanto do lucro distribuído deverá caber a cada ação.

É encontrado através da fórmula:


DIVIDENDO POR AÇÃO = DIVIDENDOS PAGOS
Nº DE AÇÕES

14. GRAU DE ALAVANCAGEM FINANCEIRA (GAF)

A alavancagem financeira representa a capacidade da empresa em aumentar o seu lucro


líquido usando a estrutura de financiamento.

Este índice poderá ser encontrado através da seguinte fórmula:

GAF = RETORNO SOBRE O PATRIMÔNIO LÍQUIDO


RETORNO SOBRE O ATIVO

15. GRAU DE ALAVANCAGEM OPERACIONAL (GAO)

O grau de alavancagem operacional representa a variação percentual nos lucros


operacionais, relacionada com uma determinada variação percentual no volume de vendas.

Isto é possível levando-se em conta a possibilidade de haver um aumento no nível de


atividade sem no entanto expandir seus ativos fixos, mantendo-se a estabilidade dos custos
fixos.

O Grau de Alavancagem Operacional é encontrado através da fórmula:

GAO = (PV - CV) Q (PV - CV) – CF

Onde:

Q = Quantidade
PV = Preço de Venda por Unidade
CV = Custo Variável por Unidade
CF = Custo Fixo

16. ESTRUTURA DE CAPITAL

16.1 - Imobilização do Capital Próprio

Indica quantos reais a empresa imobilizou para cada R$ 1,00 de patrimônio líquido

IPL = ANC IMOBILIZADO


PL

Onde:

IPL = Imobilização do Patrimônio Líquido

PL – Patrimônio Líquido

ANC IMOBILIZADO = Ativo Não Circulante Imobilizado

16.2 - Imobilização Dos Recursos a Longo Prazo e do Patrimônio Líquido

Indica quantos reais a empresa aplicou no Imobilizado para cada R$ 1,00 de exigível a longo
prazo e de patrimônio líquido

IPL/ELP = IMOBILIZADO
ELP + PL
16.3 - Participação de Capitais de Terceiros Sobre Recursos Próprios

Indica quantos reais a empresa possui de capital de terceiros para cada R$ 1,00 de capital
próprio.

PCT = CAPITAIS DE TERCEIROS


CAPITAIS PRÓPRIOS

17. ÍNDICES DE ANÁLISE BANCÁRIA

17.1 - Índice de Descontos de Duplicatas

Indica quantos reais a empresa descontou para cada R$ 1,00 de duplicatas a receber.

IDD = DUPLICATAS DESCONTADAS


DUPLICATAS A RECEBER

17.2 - Reciprocidade Bancária

Indica quantos reais a empresa mantém no Banco (saldo médio) para cada R$ 1,00
emprestado dos bancos.

RB = BANCOS CONTA MOVIMENTO


DUPLICATAS DESCONTADAS + EMPRÉSTIMOS BANCÁRIOS

17.3 - Participação Dos Recursos Bancários Sobre o Capital de Terceiros

Indica quantos reais a empresa assumiu nas instituições financeiras para cada R$ 1,00 de
capitais de terceiros.

PRB = DUPLICATAS DESCONTADAS + EMPRÉSTIMOS BANC + FINANCIAMENTOS


CAPITAIS DE TERCEIROS

18. GRAU DE SOLVÊNCIA

O grau de solvência demonstra a capacidade da empresa em liquidar suas obrigações no


caso de falência.

Para determinação da solvência geral, usa-se a fórmula:

SOLVÊNCIA GERAL = ATIVO TOTAL


PASSIVO EXIGÍVEL

Se o índice for maior do que 1 (um), pode-se dizer que a empresa é solvente.

Se o índice for menor do que 1 (um), pode-se dizer que a empresa é insolvente.

19. FATOR DE INSOLVÊNCIA - ÍNDICE DE KANITZ

No Brasil, o Prof. Stephen C. Kanitz desenvolveu um modelo de como prever falências, por
meio de tratamento estatístico de índices financeiros de algumas empresas que realmente
faliram.

O modelo consiste, em primeiro lugar, em encontrar o fator de insolvência da empresa em


análise com base na seguinte fórmula:
X1 = LUCRO LÍQUIDO X 0,05
PATRIMÔNIO LÍQUIDO

X2 = LIQUIDEZ GERAL X 1,65

X3 = LIQUIDEZ SECA X 3,55

X4 = LIQUIDEZ CORRENTE X 1,06

X5 = EXIGÍVEL TOTAL X 0,33


PATRIMÔNIO LÍQUIDO

FATOR DE INSOLVÊNCIA = X1 + X2 + X3 - X4 - X5

Em segundo lugar, averigua-se em que intervalo recai o fator de insolvência no termômetro


de insolvência, de acordo com o gráfico abaixo:

Exemplo:

Considerando-se que determinada empresa apresente os seguintes índices, apurados em seu


último balanço:

I - Dados:
Lucro Líquido = (0,20)
Patrimônio Líquido
Liquidez Geral = 0,50
Liquidez Seca = 0,10
Liquidez Corrente = 2,60
Exigível Total = 2,60
Patrimônio Líquido

II - Cálculo do fator de insolvência

X1 = (0,20) X 0,05 = (0,010)


X2 = 0,50 X 1,65 = 0,825
X3 = 0,10 X 3,55 = 0,355
X4 = 2,60 X 1,06 = 2,756
X5 = 2,60 X 0,33 = 0,858
FI = X1 + X2 + X3 - X4 - X5
FI = (0,010) + 0,825 + 0,355 - 2,756 - 0,858
FI = (2,444).

Esse resultado coloca a empresa na faixa de penumbra, bem próximo da insolvência.

Na aplicação do termômetro de Kanitz deve-se observar o seguinte:

a) o modelo é claramente destinado à indústria e comércio, não devendo ser aplicado


indiscriminadamente a qualquer empresa;

b) há necessidade de que as demonstrações financeiras reflitam a realidade financeira da


empresa;

c) o modelo não deve ser considerado de maneira isolada, mas outros indicadores também
deverão ser tomados para que haja maior eficiência da análise.

20. CONCLUSÃO

Ressaltamos que, neste trabalho, elencamos as fórmulas mais utilizadas para análise das
Demonstrações Financeiras sobre as quais tecemos alguns comentários, sem a intenção de
esgotar o assunto. No entanto, para que o profissional possa expedir um laudo sobre a
situação financeira da empresa, não basta apenas aplicar as fórmulas aqui publicadas, ou
seja, deverão ser analisados outros aspectos econômicos e financeiros da empresa, bem
como estabelecer comparativos com outras empresas que exploram a mesma atividade
econômica da empresa analisada.

Fundamentos Legais: Os citados no texto.

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