Você está na página 1de 427

LUXÚRIA

LIVRO II – SÉRIE PECADOS CAPITAIS


Copyright © 2018 VAN IANOVACK

Texto: Van Ianovack


Revisão: Vanessa Tavares
Capa: Van Ianovack
Diagramação: Andressa Gomes

Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e acontecimentos


descritos são produtos da imaginação da autora. Qualquer semelhança com
nomes, datas e acontecimentos reais é mera coincidência.
________________________________________________
LUXÚRIA

VAN IANOVACK

1ª Edição — 2019
________________________________________________
Todos os direitos reservados.
São proibidos o armazenamento e / ou a reprodução de qualquer parte dessa
obra, através de quaisquer meios — tangível ou intangível — sem o
consentimento escrito da autora.
A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na lei nº. 9.610/98 e punido
pelo artigo 184 do Código Penal.
Sumário
SINOPSE
PRÓLOGO
CAPÍTULO I
CAPÍTULO II
CAPÍTULO III
CAPÍTULO IV
CAPÍTULO V
CAPÍTULO VI
CAPÍTULO VII
CAPÍTULO VIII
CAPÍTULO IX
CAPÍTULO X
CAPÍTULO XI
CAPÍTULO XII
CAPÍTULO XIII
CAPÍTULO XIV
CAPÍTULO XV
CAPÍTULO XVI
CAPÍTULO XVI
CAPÍTULO XVIII
CAPÍTULO XIX
CAPÍTULO XX
CAPÍTULO XXI
CAPÍTULO XXII
CAPÍTULO XXIII
CAPÍTULO XXIV
CAPÍTULO XXV
CAPÍTULO XXVI
CAPÍTULO XXVII
CAPÍTULO XXVIII
CAPÍTULO XXIX
CAPÍTULO XXX
CAPÍTULO XXXI
CAPÍTULO XXXII
CAPÍTULO XXXIII
CAPÍTULO XXXIV
CAPÍTULO XXXV
CAPÍTULO XXXVI
CAPÍTULO XXXVII
CAPÍTULO XXXVIII
CAPÍTULO XXXIX
CAPÍTULO XL
CAPÍTULO XLI
CAPÍTULO XLII
CAPÍTULO XLIII
CAPÍTULO XLIV
CAPÍTULO XLV
CAPÍTULO XLVI
CAPÍTULO XLVII
CAPÍTULO XLVIII
CAPÍTULO XLIX
CAPÍTULO L
CAPÍTULO LI
CAPÍTULO LII
CAPÍTULO LIII
CAPÍTULO LIV
CAPÍTULO LV
EPÍLOGO
AGRADECIMENTOS
REDES SOCIAIS
MINHAS OBRAS NA AMAZON
PROXIMOS LANÇAMENTOS
SINOPSE
Mikhail Volkov é filho de Vladimir e Irina Volkov.
Vladimir sempre foi um homem rígido e religioso, criou os
filhos gêmeos Ivan e Mikhail em um ambiente austero e frio. Ao
chegar do interior da Rússia com sua família, se escandaliza ao
deparar-se com estilo de vida brasileiro. Vladimir resolve fundar sua
própria igreja, a Congregação Filhos de Javé, com a missão de
resgatar almas do pecado.
Mikhail sempre foi avesso as crenças dos pais, acreditava
na existência de Deus e até mesmo fazia suas orações, mas não
aceitava levar o mesmo estilo de vida. Já Ivan era o oposto de
Mikhail, acreditava piamente que todas as doutrinas impostas pelo
pai o levaria a caminho da salvação.
Mikhail aos 28 anos, médico formado, leva um estilo de
vida totalmente o oposto de sua família, o levando a manter uma
relação conflituosa com seu pai. Em uma discussão com Vladimir,
Mikhail resolve sair e extravasar sua tensão em seu local favorito,
Dominus, um clube de sexo na cidade vizinha.
Mikhail acaba alcoolizado, obrigando um dos funcionários
a acionar seu contato de emergência. Ivan ao receber o telefonema
sobre o estado de seu irmão resolve ir atrás de Mikhail, e consegue
resgatá-lo.
No caminho de volta pra casa eles sofrem um acidente,
onde Ivan morre e Mikhail adquiri uma lesão na perna, o obrigando
a usar bengala. Ao sentir-se culpado pelo falecimento do irmão,
Mikhail muda totalmente sua forma de vida, se tornando tão rígido
quanto Vladimir e assumindo a esposa de seu irmão.
Dez anos se passam desde a morte de Ivan. Mikhail hoje é
viúvo com 38 anos e assumirá o cargo de Pastor de sua igreja, mas
para assumir esta posição será obrigado a casar-se novamente.
A escolhida era Hadassa Mendonça, a filha mais nova de
Isaac e Helena Mendonça, o casal que era um dos membros mais
antigos da Congregação. Hadassa, uma jovem de apenas 20 anos,
era o oposto do que sua aparência frágil demonstrava, ela tinha
sede de vida. Hadassa não queria aquele casamento.
PRÓLOGO
MIKHAIL VOLKOV
JANEIRO 2008
- Mikhail você vai pra Congregação hoje. Hoje é dia culto,
a Congregação completa 18 anos, e você não vai?
- Pai, eu sou um homem que droga! Sou médico formado,
tenho meu próprio consultório. Não entendo essa mania de me
tratar como criança, só porque não sigo suas crenças. Eu não me
sinto bem lá, todos me olham como se fosse uma aberração, desde
que voltei da faculdade.
- Claro, você voltou cheio de ideias duvidosas, questionava
todas as doutrinas da igreja e dava respostas atravessadas a vários
irmãos.
- Um bando de hipócritas, toda vez que vou lá é sempre
uma provocação, uma indireta, e se eu responder ainda passo como
errado. Como eu voltaria a frequentar um lugar que ao invés de me
dá conforto, me dá julgamento?
- Você é tão diferente de Ivan... Porque não me respeita
como ele? Se ouvisse meus conselhos já estaria casado,
começando sua família.
- E tendo um casamento tão infeliz quanto o dele. Me
desculpe pai se eu não sou um filho tão perfeito quanto Ivan, mas
não posso mudar o que sou.
- Aí que você se engana, se você permitir a verdadeira
mudança vem. O problema é que já se acostumou com essa vida de
fornicação desenfreada. Luxúria é pecado Mikhail, e um dia você
prestará contas do que está fazendo.
JANEIRO 2018
Eu não imaginava que naquele mesmo dia eu prestaria
contas de toda aquela luxúria desenfreada. Hoje completa 10 anos
da morte de meu irmão gêmeo Ivan Volkov.
Ivan e eu apesar de muito parecidos fisicamente, não
éramos gêmeos idênticos. E apesar dele seguir fielmente os
ensinamentos de nosso pai, nossa relação era de cumplicidade.
Ivan não me julgava e nem eu a ele, eu amava meu irmão assim
como amava e amo meus pais.
Naquela noite eu saí de casa extremamente irritado, as
discussões entre meu pai e eu vinham aumentando com frequência,
e eu não suportava mais aquilo. Então resolvi ir para o meu refúgio,
ao Dominus, um clube de sexo ao qual eu era sócio. Eu havia
bebido demais, e de lá ligaram para meu contato de emergência,
Ivan. Ele veio me buscar, mas na volta devido a pista escorregadia
sofremos um acidente, capotando com o carro em uma curva.
Ali minha vida mudou, eu deixei de ser o homem egoísta e
libertino, para me tornar um homem de costumes totalmente
avessos a essas práticas.
Eu fui virgem até meus 19 anos, aos 18 entrei para
FMUSP*, e pela distância casa/ faculdade meus pais optaram por
alugar um apartamento. Nós morávamos em Águas da Prata, uma
cidade do interior paulista que faz divisa com Minas Gerais, então ir
e vir tornou-se inviável.
No início do semestre eu era um ávido missionário, tentava
trazer aos meus colegas a palavra, alguns chegavam a me evitar
por conta disso. Já no segundo semestre eu fui começando a ser
seduzido pelo mundo, e o meu calcanhar de Aquiles foi o sexo.
Amanda... Esse foi o nome da menina com quem perdi a virgindade,
Vitório meu amigo da faculdade foi quem nos apresentou. Vitório
insistiu para fazermos uma "social" em meu apê, e acabei
concordando. Nessa festa eu descobri o prazer que era estar entre
as pernas de uma mulher. Me lembro de ter dado oito naquela noite,
eu gozava rápido mas meu pau nem mesmo descia ou ficava meia
bomba, foram 19 anos de tesão acumulados. Amanda ficou
surpresa porque mesmo inexperiente a fiz gozar, então passamos a
fazer sexo frequentemente.
Depois de Amanda vieram outras, muitas outras, e meu
comportamento já não era mais o mesmo. Eu passei a me sentir
culpado, e deixei de frequentar a casa dos meus pais aos fim de
semana, alegando muito estudo. De certa forma não era mentira eu
só fazia duas coisas, estudar e trepar.
Por volta dos 20 anos entrei para um clube de sexo através
de Vitório, lá experimentei diversos tipos de modalidades de sexo:
BDSM, GANGBANG, MÉNAGE, BUKKAKE, e etc... Eu gostava de
quase tudo, exceto sexo com parceiros do mesmo sexo, ou práticas
que envolvessem excrementos. Mulheres casadas estavam também
fora de questão, independente do aval e/ou participação do marido.
Aos 26 anos estava me formando e prestes a voltar a
cidade. Optei por me especializar em pediatria mas atuava também
como clínico geral. Como presente papai abriu um consultório no
centro de Águas da Prata, senhor Vladimir acreditava que eu ainda
era o mesmo de antes, mal sabia o quão corrompido seu filho
estava. Na minha família o único pra quem contei toda minha vida
de luxúria foi Ivan.
Ivan havia ganho duas bolsas, uma de 100% no curso de
Pedagogia, e outra de 90% em Teologia em uma faculdade local.
Acabou não mantendo contato com esse mundo ao qual eu havia
conhecido.
Enquanto eu trepava com várias das filhas dos membros da
Congregação, exceto as virgens, Ivan já havia casado desde os 23
anos. Isso me fez ganhar má fama na Congregação e daí
começaram as brigas.
Nossos pais eram donos do IEC-Instituto de Ensino
Cristão. Meus pais eram professores, papai formado em
matemática, e mamãe em história. A intenção era que
assumíssemos a administração da escola, mas eu optei por
medicina, e Ivan como sempre seguiu os planos de papai.
O intuito do IEC era justamente fazer com que as crianças
da Congregação não mantivessem tanto contato com o mundo fora
da nossa bolha. As maiores reclamações dos pais eram que, os
filhos aprendiam muitas coisas mundanas nas escolas, além de
sofrerem bullying. Ivan e eu sabíamos disso como ninguém, foram
anos servindo de chacotas, mas não nos importávamos muito. Na
verdade meu irmão não se importava muito, eu era quem sempre
brigava na escola.
Ivan era o filho perfeito, meu pai não escondia sua
predileção. Com a morte de Ivan, resolvi compensar da melhor
maneira aquilo que eu o havia tirado. Eu me tornei tudo que meu pai
queria, me casei com Elza, a esposa de meu irmão.
Elza era uma mulher boa, mas gélida na cama e isso
ajudou no meu processo de "cura". Eu fazia sexo todos os dias, mas
tive que abrir mão de vários hábitos. Em seus sermões papai
sempre deixava claro que não deveríamos alimentar os desejos
carnais, que mesmo após casados, deveríamos ter ordem e
decência em nossos atos.
Elza como uma fiel seguidora de seus ensinamentos, agia
ao pé da letra. O máximo que transávamos eram 2 vezes por
semana e havia a necessidade de usar lubrificante, ela parecia
nunca se excitar. Era bem difícil pra mim, eu sou um homem grande
com meus 1,90, e meu pênis seguia o mesmo padrão. (Pênis? O
Mikhail de 10 anos atrás teria me dado um chute no traseiro
dizendo: - É pau, imbecil. )
Elza ficou arrasada ao se descobrir estéril, e o sexo
diminuiu mais ainda, já que para ela a intenção do mesmo era
apenas para procriar. Nossa doutrina não condenava o sexo, nem
mesmo o dizia ser apenas para procriação. Mas condenava muitas
práticas, sexo oral e anal por exemplo. Soube que haviam alguns
casais que optaram por seguir o sexo missionário, que consistia na
posição papai e mamãe com um lençol entre eles. Claro isso era
escolha do casal nada disso era imposto, mas de qualquer forma
apesar de não haver um lençol entre Elza e eu, o nosso sexo era
apenas com todas as luzes apagadas. Eu me sentia mal e por isso o
evitava, na verdade só cumpríamos nossa obrigação.
Certa vez, no início do casamento sugeri fazer um oral para
lubrifica-la, e ela quase fez um escândalo. Eu fui me acostumando,
mesmo as vezes sentindo meu corpo em brasas ansiando por um
bom sexo de verdade. Depois de 8 anos juntos, Elza faleceu vítima
de um aneurisma cerebral. Foi enterrada em nossa propriedade ao
lado de Ivan, por quem sempre achei que foi apaixonada.
Eu já estava há quase dois anos viúvo, e meu ordenado a
Pastor preste a sair, mas a exigência seria o casamento. A ideia me
desagradava muito, ter que viver um casamento fracassado de novo
não estava em meus planos. Mas era o que meu pai queria, era o
que Ivan faria.
Minha mãe ficou com a missão de escolher a minha futura
esposa. E a sua escolha não me surpreendeu, ela optou por uma
das filhas de Presbítero Isaac, um dos membros mais respeitados
da Congregação.
Isaac junto a mais dois membros compunham o conselho
ministerial. Isaac tinha duas filhas, Esther e Hadassa. Esther em
seus 26 anos exibia a beleza elegante e clássica que muito se
assemelhava à uma Kate Middleton da vida. Já Hadassa com
apenas 20 anos possuía uma beleza selvagem. Seus olhos não me
enganavam, por baixo daquela áurea angelical, havia um fogo que a
consumia. O mesmo fogo que eu pensava ter virado cinzas em mim.
Agora estávamos aqui na casa de Isaac resolvendo meu
futuro casamento.
- Tem certeza querida?
Meu pai questiona a minha mãe.
- Absoluta.
- Bom Isaac, como sabe Mikhail será ordenado a pastor,
por tanto precisa se casar. Como já havíamos falado uma de suas
filhas será a futura esposa de meu filho.
- É uma honra Reverendo.- Meu futuro sogro diz, com
sorriso amplo nos lábios.
- Como nosso costume, estamos aqui como pais para
oficializarmos o noivado. E a escolhida é Hadassa.
A garota que bebia seu chá entra em uma crise de tosse se
engasgando com a bebida, por certo surpresa pela escolha. Eu
confesso também está bastante surpreso, Hadassa era muito mais
nova que eu, além de Esther possuir a predileção de Isaac e meu
pai. Esther estava com os olhos saltados, emanando fúria para a
irmã, parece que ela contava em ser a escolhida.
Eu estava dividido uma parte de mim preferia Esther, seria
mais fácil lidar com ela, ela parecia realmente a esposa troféu. Mas
a parte que era comandada pelo Mikhail de anos atrás, estava
dando um mortal de alegria querendo desvendar mais daquela
menina.
- A senhora tem certeza irmã Irina, Hadassa é muito jovem.
São dezoito anos de diferença.
Presbítero Isaac diz parecendo não muito satisfeito com a
escolha.
- Ele poderia ser pai dela. -Ouvimos então Ester diz.
Enquanto Hadassa permanecia estática, o rosto corado, os
lábios vermelhos alguns fios caídos no rosto, tudo efeito de um
engasgo, imagina sobre o efeito de um orgasmo. Quê? Da onde me
veio isso? Isso não era bom, nem casamos e já a imagino em minha
cama.
- Poderia, mas não é. Tenho certeza que Hadassa será a
melhor escolha para Mikhail.
- E eu confio na senhora mamãe. Eu posso Presbítero?
Perguntei já me levantando com minha bengala, e
pegando o anel de família da minha calça.
- Claro meu filho! Hadassa vá até seu noivo.
Hadassa saiu de seu transe e caminhou até mim, suas
mãos estavam trêmulas.
- Hadassa aceite esse anel como símbolo de meu
compromisso e respeito por você.
Disse olhando em seus olhos e levando a mão com anel
até meus lábios. Ela parecia hipnotizada, a respiração errática junto
com o sopro vindo de sua boca com cheiro de chá de hortelã, fez
com que algo que há muito tempo não sentia viesse a tona
novamente. Eu queria seus lábios, queria beijá-la como nunca quis
beijar alguém antes.
Somos tirados de nossa bolha com Irmã Helena nos
entregando um pequeno cálice contendo uma pequena dose de
vinho.
- À um casamento próspero e cheio de bênçãos.
- Assim Javé deseje.
Eu sabia, eu senti naquela noite que deveria me policiar, e
ser com Hadassa mais duro do que deveria, aquela seria a única
forma de não cair em seus encantos, e trazer a tona toda LUXÚRIA
em mim guardada.
CAPÍTULO I
HADASSA MENDONÇA
- Você acha que engana todo mundo com essa cara de
santinha, mas eu bem sei o tipo de pervertida que você é... Aposto
que nem virgem você deve ser, e quando o Mikhail perceber isso,
caso esse casamento realmente aconteça, eu estarei lá para
consolar o meu homem. Porque ele era meu e você o tomou, era eu
quem deveria está com esse anel.
- Quer saber Esther, dane-se você e esse anel, eu não
queria está nesse noivado e você sabe muito bem disso. Eu queria
sair dessa droga de cidade, que mantém-se no domínio dos
Volkovs, quero me formar e viver minha vida do meu jeito, sem
essas regras estúpidas que nossos pais nos impuseram.
- Regras? Vai me dizer que quer renunciar a Javé
também? Se quiser faça isso agora mesmo, automaticamente se
tornará inapta para o casamento e eu assumirei seu lugar.
- Eu não vou renunciar a Javé está louca? Eu só não
concordo com as doutrinas que vivemos, é disso que quero me
afastar, não dEle. Mas infelizmente parece que algo sempre me
prende a esse lugar essa vida. Papai estava quase concordando
com meu trabalho...
- Se quiser te ajudo a se livrar do noivado.
- Sei... Sua maneira seria me desmoralizar para todos, eu
te conheço Esther, você é egoísta demais. Nunca houve nada de
amor fraternal em você, sempre me maltratando, me fazendo levar a
culpa pelas coisas que você fazia. Só não esqueça que se me
desmoralizar para todos, nossa família também sofrerá e eu duvido
que Vladmir Volkov aceitará sua união com Mikhail. Tente convencer
Irina afinal foi ela quem me escolheu.
- Irina... Não adianta, eu bajulei essa mulher durante todos
esses dois anos desde que Mikhail ficou viúvo. Talvez você a
convença, ela pareceu simpatizar com você.
- Pode ser...
- Você pode ir visitá-la dizendo que deseja conhecê-la
melhor, marque a visita eu vou com você. Aproveito e vejo Mikhail.
- Por mim...
Agora eu estou a espera de Irmã Irina na biblioteca da
mansão Volkov, que é imensa. Apesar de grande e imponente a
casa possui uma decoração um pouco antiquada e austera. Eu me
aproximo das grandes janelas de madeira e vejo a quantidade de
verde ao redor. A propriedade é uma pequena fazenda que possui
um haras, eu soube por uma das meninas da congregação que meu
"noivo" é apaixonado por cavalos. Daqui eu consigo observar Esther
que está feito uma idiota babando em Mikhail, enquanto ele monta
em seu cavalo.
Eu não sou idiota, e nem cega de dizer que Mikhail Volkov
é um homem desinteressante, muito pelo contrário, Mikhail era um
dos homens mais lindos que já havia visto na vida. Os cabelos
castanhos escuros contrastavam com sua pele branca e íris azuis.
Apesar dos seus trinta e oito anos, ele colocava 98% dos caras da
minha faculdade no chinelo. Na congregação houve uma comoção
por parte das irmãs para consolá-lo após ficar viúvo. As visitas feitas
a fazenda Volkov eram frequentes, os próprios pais traziam suas
filhas como uma maneira sutil de dizer, ficaremos muito gratos se
aceitar nossa filha como prêmio de consolação.
A verdade é que os Volkovs além de ricos, eram grandes
formadores de opinião aqui em Águas da Prata. Eles tinham uma
clínica de saúde que era administrada por Mikhail, e o IEC - Instituto
de Ensino Cristão um dos melhores colégios da região. Porém para
estudar no IEC você deveria pertencer a CFJ (Congregação Filhos
de Javé), ou a alguma outra instituição religiosa "parceira". Nossa
congregação era grande, possuía 600 membros, os cultos sempre
lotavam apesar dos sermões serem sempre repetitivos. Isso me
lembra da vez que Mikhail ministrou um sermão, onde ele falava
sobre a Luxúria.
" Não se deixem seduzir pelos desejos da carne. Lembrem-
se que tudo vos é lícito porém nem tudo os convém. Nós devemos
dominar nossos desejos e não ao contrário, o homem dominado
pelos seus instintos e desejos nada mais é que um animal, e não
um filho de Javé. Sejam sábios ao coabitarem com seus cônjuges
nossa boca foi feita apenas para proclamar as boas novas. Nosso
corpo é santo então não devemos fazer uso de nada que é contrário
a natureza "
Em resumo nada de sexo em excesso, nem oral e muito
menos anal. Depois desse dia eu passei a sentir pena da mulher
dele. O homem deveria ser um tédio na cama. E era a isso que eu
estava fadada, a perder a virgindade, e transar o resto da vida com
um homem que achava que sexo era apenas pra procriação.
Era um desperdício um homem tão gostoso, com
aparência máscula e viril ser tão travado no sexo. Eu ainda sou
virgem, mas já dei muitos amassos e permiti que Enzo meu "affair"
me chupasse. Nossa... Foi tão bom gozar na boca de um homem.
Eu me masturbava com frequência assistindo pornô, quando Enzo
me propôs me dá esse tipo de prazer eu não neguei. Eu sempre tive
minha libido alta, e só era virgem porque eu ainda morava e
dependia dos meus pais. Eu estava prestes a começar a trabalhar
próximo a minha faculdade, com o tempo eu juntaria um dinheiro
para um depósito, e alugaria uma quitinete então seria livre. Sem
doutrinas, sem amarras, livre pra ser como uma mulher da minha
idade.
Na faculdade ninguém sabia da existência da "irmã"
Hadassa. Eu havia costurado em minha mochila um fundo falso,
onde eu deixava o meu smartphone com outro número que havia
ganho da minha melhor amiga Renata. Nele eu tinha meu Instagram
e WhatsApp. Meu insta além de privado, a foto de perfil era o
desenho de uma mulher branca com longos cabelos castanhos, e
olhos da mesma cor, procurei colocar um avatar parecido comigo.
Umas das doutrinas da CFJ era que não poderíamos
mexer no comprimento do cabelo, usar maquiagem, brincos, ou
quaisquer bijuterias ou joias. Nós deveríamos usar apenas a aliança
e um relógio no máximo, as roupas eram sempre saias, ou vestidos
abaixo dos joelhos de mangas, mesmo que fossem curtas, nada de
alças, decote então nem pensar.
No fundo falso de minha mochila, além do celular, eu
levava batom, rímel, lápis, pulseiras, brincos de pressão, enfim tudo
que eu não poderia usar. A transição da irmã Hadassa apenas para
Hadassa, era feita no carro de Renatinha que sempre me buscava
na parada de ônibus. Renata era a única que sabia de tudo da
minha vida, ela era minha melhor amiga.
Eu gostaria de dizer que minha mãe era minha melhor
amiga mas não era o caso. Não que dona Helena fosse uma mãe
ruim, longe disso ela era maravilhosa, carinhosa, porém
extremamente submissa ao meu pai. Além de claro ser muito grata
a Congregação por tudo que fez a nossa família. Meu pai era
alcoólatra e viciado em jogo, certa vez ele perdeu todo seu salário
em uma aposta. Nós ficamos um mês vivendo das doações do
departamento de Ação Social da CFJ, que hoje é administrado por
minha mãe. Nessa época minha mãe já frequentava a
Congregação, mas não havia ainda se batizado. O Reverendo
Vladimir foi até nossa casa, e em uma conversa com ele, meu pai
aceitou se internar no Refúgio, um centro de recuperação que fica
dentro da Fazenda Volkov, em uma parte bastante afastada da
mansão.
Eu tinha apenas quatro anos quando os dois se
batizaram, e hoje meu pai ocupa o cargo de Presbítero. Somente os
presbíteros, chamados também de anciões podem fazer parte do
Conselho Ministerial. Há uma hierarquia dentro da Congregação,
onde o Reverendo fica no topo da pirâmide. Membros < Diáconos <
Pastores < Presbíteros < Reverendos
Eu não podia negar que a CFJ e suas obras de
assistência social ajudava muitas pessoas. Eu adorava ajudar minha
mãe nas ações sociais que fazíamos em alguma área carente.
- Acho que era você quem deveria está lá com seu noivo.
Eu me viro assustada, estava tão presa em meus
pensamentos que não notei a chegada de Irina.
- Oh desculpe Irmã Irina eu não a ouvi chegando. Javé
esteja contigo.
- Contigo esteja Javé. Sente-se Hadassa, e por favor
somente Irina.
- Sim claro, como quiser, mas é o costume de chama-la
assim.
Irina sorri acenando com a cabeça, os olhos astutos me
avaliando.
- Então Hadassa a que devo sua visita, espero que seja por
conta dos preparativos do casamento.
Droga, isso não vai ser tão fácil quanto pensava...
CAPÍTULO II
HADASSA MENDONÇA
- Irm... Quer dizer Irina, eu sei que é costume a mãe do
noivo escolher sua futura nora, uma vez que não existe namoro em
nossa doutrina, mas...
- Mas?
- Eu não quero me casar agora, ainda sou muito jovem eu
quero concluir minha faculdade, trabalhar. E tem Esther, acho que
minha irmã está apaixonada por Mikhail, imagina quão
constrangedora seria essa situação. Eu acredito que cometeu um
equívoco Irina, minha irmã é a melhor opção pra ser a Sra. Volkov.
- Humm... Pois eu não acho. Você foi aluna de Ivan não
foi?
- Sim fui. Ele era meu professor favorito.
- Eu sei Shtorm, era assim que ele a chamava, não é
mesmo? Ivan tinha um carinho muito grande por você. Você sabe o
que significa shtorm Hadassa? - eu meneio minha cabeça em sinal
de negação e ela continua – Tempestade, shtorm, significa
tempestade. E em terra árida uma pequena chuva não resolveria.
Sabe Hadassa, ele me contou que você o flagrou, e o fato de nunca
ter contado nada a ninguém só prova que você é sim a melhor
opção para ser a nova Sra. Volkov.
- Eu não sei do que a senhora está falando.
Na verdade eu sabia, mas aquele era um segredo de Ivan,
e eu nunca o revelaria pra ninguém, nem mesmo pra sua mãe, se
ela estava tentando arrancar uma confirmação minha ela não teria.
Mas mesmo não obtendo minha confirmação, eu vejo Irina abrir um
franco sorriso.
- Vamos Hadassa, vamos ver seu noivo.
- A senhora não vai desistir, não é?
- Se havia alguma dúvida da minha parte, ela acabou agora.
Irina nos conduziu a saída da mansão direto ao estábulo, já
que Mikhail não estava mais montando em seu cavalo. Assim que
entramos pude vê-lo com o seu cavalo que era lindo por sinal.
Esther estava feito uma pateta parada babando em Mikhail.
- Mikhail, moy syn (1).
Mikhail se vira, e o baque de vê-lo de forma casual, sem os
seus ternos alinhados e engomadinhos faz uma sensação de euforia
se instalar por meu corpo, em pensar que isso tudo será meu... Eu
balanço a cabeça tentando repelir os pensamentos. Do que adianta
ser tão lindo? Provavelmente também havia aderido a técnica do
lençol. Alguns dos membros faziam uso dessa prática, eles cobriam
as mulheres com lençol e deixava apenas um buraco no mesmo
para que houvesse a penetração. Nenhum de nossos pastores ou
anciões fizeram disto uma doutrina obrigatória, na verdade a ideia
veio do Pr. Joaquim. Joaquim era apenas dois anos mais velho que
Mikhail mas era o mais rígido dos pastores. Mikhail e ele eram
próximos, então provavelmente compartilhavam o mesmo
pensamento. Eu volto ao presente quando Irina volta a falar.
- Hadassa, sua noiva veio nos fazer uma visita, ela
concordou em acelerar o casamento para daqui à dois meses.
Eu arregalo os olhos. e Esther fica mais pálida do que já é.
- Javé esteja contigo Hadassa. - Mikhail diz pegando minha
mão e beijando minha aliança. Esse era o máximo de contato que
os noivos poderiam ter antes do casamento - Fico feliz que tenha
aceitado, fiquei com receio que não quisesse antecipar por conta da
escolha do vestido, essas coisas...
- Contigo esteja Diácono Mikhail.
- Esther querida, por favor preciso lhe entregar algumas
coisas para que possa dar a Helena. Mikhail, leve Hadassa para
conhecer a sua futura casa. Vamos Esther.
Esther passa por mim me olhando com fúria, mas se não
consegui nada com Irina, talvez Mikhail consiga fazê-la desistir
dessa ideia louca de me escolher ao invés de Esther.
Provavelmente era isso que ele gostaria, Esther era elegante e
polida, tinha 1,70 pesava em torno de cinquenta quilos. Eu tinha
1,60 e pesava cinco quilos a mais que ela, como vestia sempre
roupas mais larguinhas, eu parecia ser muito mais magra do que
realmente era.
Eu me aproximo da baia onde o cavalo está e o acaricio.
Mikhail olha a cena parecendo... Chocado?
- Ele é lindo. É um árabe?
- Sim ela é uma árabe, não sabia que entendia de raças...
- Nossa é fêmea. Quanto a raça, só um pouco, o pai da
minha melhor amiga cria alguns. Qual o nome dela?
- Shtorm. Ivan quem escolheu.
- Por que tempestade? Ela é tão mansa e dócil.
- Shtorm não é dócil, pelo menos não para os outros,
pergunte a sua irmã. Ela quase a mordeu.
Eu sorrio e continuo a acariciar a égua, eu posso sentir
Mikhail me observando.
- Vamos Hadassa, vamos conhecer nossa casa.
Mikhail pega sua bengala que o deixa com ar mais austero,
e me conduz em direção da "nossa casa". Eu tento ignorar o frio na
barriga que me dá ao imaginar nós dois debaixo do mesmo teto,
dividindo a mesma cama. Nós caminhamos em silêncio até
avistarmos a casa. Eu avisto a casa no topo de uma pequena
elevação de terra. Uaaau ela é suspensa...
- Nossa... Ela é linda, e acordar todos os dias com essa
vista deve ser maravilhoso.
- Sim é... Na verdade eu pedi para que a construísse após
Elza ter falecido, nós morávamos na casa principal, e eu achei que
se fosse casar novamente, minha próxima esposa iria querer um
lugar onde tivessem nossas próprias lembranças. Ela já está
mobiliada e decorada, mas caso queira modificá-la sinta-se à
vontade.
Nós andamos mais um pouco, pelo canto dos olhos vejo
Mikhail retirar a chave do bolso e abrir a casa. Caramba! É linda!
Não tem nada a ver com a mansão. Ela é arejada, moderna e com
uma vista de tirar o fôlego.
- Como eu disse é tudo novo, mas se quiser redecorá-la.
- É perfeita...
- Que bom que gostou. Venha comigo por favor.
Nós subimos as escadas e andamos até o corredor e
paramos na última porta. Ele abre e me dá passagem, eu entro e
enrijeço ao notar que é seu quarto. Eu vacilo vendo o cômodo que
ele dorme, porque tudo aqui tem seu perfume. O cheiro amadeirado
que emana de seu corpo está presente em todo o lugar.
- Essa é a nossa suíte, particularmente é o lugar que mais
gosto da casa, acredito que você também vá gostar.
Ele fala com o corpo bem próximo ao meu, sua respiração
está próxima a minha orelha. Um arrepio percorre meu corpo, e um
som abafado sai de sua boca. Não o Mikhail que eu conheço, não
faria isso propositalmente. Vamos ver até onde ele vai. Eu giro meu
corpo, e vejo alguns pelos escapando pelo botão aberto de sua
camisa, engulo a seco e umedeço meus lábios com a língua, Mikhail
acompanha o movimento.
- E como tem tanta certeza que eu gostaria em específico
desse cômodo?
Ele parece despertar de um transe e sua expressão se
fecha.
- Venha, eu lhe mostro.
Nós passamos por um closet imenso, e acabamos entrando
no que parece um mini spa.
- Caramba, esse espaço é um sonho.
- Essa parte em específico, é a única que não está
autorizada a passar por reforma.
O lugar é lindo, o homem ao meu lado é lindo, mas eu não
queria aquele casamento, não quando minha vida estava traçada à
ser apenas uma boneca nas mãos de meu marido. Uma vez ouvi
uma frase de uma atriz e filantropa americana, e fiz desse meu
objetivo de vida.
"Descubra quem você é e seja de propósito."
Dolly Parton
Eu ainda tinha vinte anos, e precisava me descobrir,
descobrir o mundo. Meu sonho era ir morar no Rio de Janeiro com
Renatinha, e viver do meu trabalho.
- Hadassa? Você ouviu o que eu falei?
- Ouvi, ouvi sim Sr. Volkov. Eu não tenho intenção em
redecorar nada, além do fato de tudo ser de extremo bom gosto. Eu
não sei se consigo prosseguir com esse noivado. E-eu sou muito
nova e... Eu vim conversar com Irina, fazê-la mudar de ideia. Esther
gosta do senhor, ela seria melhor escolha.
Eu observo a expressão de Mikhail, ele parece não ter
gostado do que acabei de falar.
- Foi por isso que minha mãe quis adiantar o casamento?
Me considera velho demais pra você? Sente repugnância por mim?
- Não, não é isso, o senhor é um homem muito bonito.
- Não me chame de senhor, apenas Mikhail, em breve
estaremos casados e deverá me chamar assim. Para o seu próprio
bem eu vou fingir que essa conversa não aconteceu, eu não quero
ter que contar a Isaac que sua filha quis burlar nossa doutrina, e
passou por cima de sua palavra.
- Mas...
- Nem mais uma palavra, se conforme com esse
casamento. Porque ele vai acontecer, você querendo ou não, foi o
que ficou acordado entre nossos pais.
- T-tudo bem...
- Vamos, não é de bom tom ficarmos muito tempo aqui
sozinhos.
Mikhail mudou totalmente sua postura, agora era o pastor
que estava comigo não o meu noivo. Eu fiquei atordoada com a sua
fala, estava aérea, perdida. E ao tentar descer o degrau da varanda,
eu me desequilibrei, e quando Mikhail foi me segurar, sua mão ficou
em contato direto com minha cintura por baixo da bata que eu
usava. Nós ficamos muito próximos, se seus dedos subissem mais
um pouco, esbarrariam em meus mamilos entumecidos pelo calor
que vinha de suas mãos grandes. Encostei minha cabeça em seu
peito, e ele parecia inalar o cheiro do meu shampoo de erva doce
em meu cabelo. Sua respiração parecia tão irregular quanto a
minha, e seu coração batia forte, provavelmente do susto que levara
com meu quase tombo. Suas mãos permaneciam embaixo de minha
bata, e nenhum de nós parecia dispostos a cortar esse contato. Mas
a iniciativa de quebrar o momento obviamente partiria dele. Suas
mãos desceram até meu quadril, então ele deu um passo pra trás.
- Se machucou?
- Não. Está tudo bem.
Não estava tudo bem, eu estava me sentindo atraída,
extremamente atraída pelo carcereiro da minha prisão.
(1) meu filho
CAPÍTULO III
MIKHAIL VOLKOV
Acordo com o som da porta do meu quarto sendo aberta
e em seguida trancada, imediatamente seguro minha bengala como
arma, me sento e acendo o abajur no criado mudo. Eu pisco os
olhos ante à visão que tenho, não acreditando naquilo.
- Mikhail?
- Hadassa o que faz aqui em casa? C-Como conseguiu
chegar aqui nesses trajes?
Hadassa estava com uma camisola branca de renda que ia
até os seus pés, os cabelos soltos lhe davam um ar virginal e
avassalador ao mesmo tempo.
- E-Eu fugi no meio da noite, uma amiga minha trabalha aqui
e me deixou entrar. Eu pensei que não teria problema, você havia
dito que a casa era nossa.
- Sim. E será assim que nos casarmos, não me diga que
voltou aqui de novo com aquela ideia absurda de me fazer casar
com sua irmã?
- Não... - Hadassa parecia constrangida com o que estava
preste a dizer - Eu vim aqui porque estou prestes a fugir de casa de
uma vez. Eu não quero viver em um casamento monótono, onde eu
não posso sentir prazer com meu esposo. E-Então eu vim aqui para
lhe dar a chance de me provar que será diferente com você. Desde
a última vez em que estive aqui, eu não parei de pensar em como
seu toque sobre a minha pele mexeu comigo, e em como me senti
atraída por você. Eu só preciso saber como será com você...
Hadassa parecia angustiada então tentei acalmá-la, mas na
verdade eu precisava me acalmar também.
- Hadassa escute, isso não é o certo...
Eu engulo a seco, a vendo deslizar as alças da camisola
pra baixo e ficar apenas com uma calcinha do mesmo tecido e cor
da camisola. Meu pau incha na hora com a visão, são quase dois
anos sem sexo e a mulher a minha frente é perfeita. Eu resolvo
permanecer sentado na cama para que não note minha ereção. Ela
se aproxima, e eu sinto o cheiro de erva-doce que emana de seus
cabelos. Seus mamilos rosados estão rígidos e próximos demais da
minha boca. Os seios são maiores do que eu imaginava, perfeitos e
estão arrepiados sob a minha respiração pesada.
- Me faça sua Mikhail. Nosso casamento será em uma
semana uma hora ou outra isso irá acontecer. Eu sei que também
me deseja, por favor me tome.
Eu perco o último fio de razão e sem pensar abocanho seu
seio esquerdo e suas mãos vão direto ao meu cabelo. Merda! Que
delícia! Hadassa geme assim que parto com meu ataque para o
outro seio. Minhas mãos amassam a carne de sua bunda durinha e
gostosa, eu abro as bochechas e meu dedo circula seu buraquinho
proibido. Céus, que saudades eu estava de sentir um corpo tão
receptivo.
- OOhh Mikhail que delícia.
Ah Cristo! Há quanto tempo eu não ouvia uma mulher
gemer meu nome. Eu insanamente rasgo sua calcinha, levanto uma
de suas pernas, e ao ver seu sexo completamente exposto, depilado
e melado, eu não resisto e caio de boca. Faz mais de dez anos que
não sinto o gosto de uma boceta meladinha, e o dela é sensacional.
- Isso me chupa, chupa sua bocetinha Mikhail.
Porra de menina safada! Hadassa rebola na minha boca e
sinto que está prestes a gozar, sentindo isso eu intensifico a
chupada em seu grelinho até que ela se desmancha.
- Mikhaaaail !
Eu não dou tempo para que se restabeleça, e a jogo na
cama, retiro minha calça em tempo recorde e me ponho entre suas
pernas. Hadassa as abre mais as pernas em um convite implícito,
eu começo a dar leve batidas com a cabeça do meu pau em seu
grelinho inchado e vermelhinho pelo meu ataque, em seguida
deslizo meu pau até sua pequena entrada. Estou prestes a penetrá-
la quando vejo o rosto de Hadassa se desfigurar, a transformando
em outra... Elza...
- O que está fazendo? Saia de cima de mim Mikhail, isso é
nojento, é pecado. Você quer ir para o inferno e me arrastar com
você. Nunca mais me toque dessa forma.
Eu acordo com o susto meu corpo suado, respiração
ofegante. Falta uma semana para me casar com Hadassa, e desde
então não paro de pensar naquela menina. Se eu tivesse sido
sensato eu teria aceitado sua proposta, e interferido, fazendo com
que minha mãe voltasse atrás em sua decisão. Hadassa era muito
jovem, provavelmente não se via ainda como uma esposa, eu a
atendia. Mas ao vê-la dentro da minha casa encantada com tudo, a
sua reação a minha fala sobre o quarto, me fez me sentir
possessivo sobre ela. Sem contar que a irmã não despertava nada
em mim, Esther era bonita mas Hadassa era... selvagem. Eu não
conseguiria ser apenas seu cunhado, e imaginar Hadassa daqui há
dois, três anos casada com outro.
Eu a vi nesse meio tempo apenas na Congregação após o
culto, eram apenas cumprimentos e nada mais. Eu notava que se
sentia constrangida com o que aconteceu aqui em casa, então
evitava conversas e a proximidade só mexia ainda mais comigo.
Sua beleza me desconcentrava até mesmo na hora dos sermões,
ela era linda demais. Os cabelos castanhos ondulados e selvagens,
os olhos verdes, os lábios cheios e rosados eram demais para
mexer com o tesão de qualquer homem. Eu via como os rapazes de
sua idade que congregavam conosco a olhavam. Apesar de suas
vestes cobrir grande parte de seu corpo, Hadassa sabia se vestir de
maneira jovem e atraente. Em nosso último culto ela usava uma
trança grega com alguns fios soltos em seu rosto, o vestido era
longo com estampa geométrica e manga curta, ela usava um cinto
de couro na faixa da cintura, e nos pés uma sandália do mesmo
material e tom do cinto. Não haviam maquiagem ou joias, apenas o
anel que lhe dei na mão direita demonstrando que não estava
disponível. Mas mesmo sem uso de adereços Hadassa era uma das
mulheres mais lindas que havia visto na vida. Ao vê-la assim
imaginei o quão assediada ela devia ser na faculdade, e a ideia não
me caiu bem. Eu perdi a conta em quantas vezes ao longo desses
quase dois meses, a imaginei amarrada sendo minha sem reservas.
Quando fazia parte do Dominus era procurado pela minha
especialidade, o shibari. O shibari é uma prática japonesa que foi
adaptada pelo mundo BDSM para dá prazer ao seu parceiro. Ver
uma mulher nua amarrada, imobilizada se entregando a mim, com a
certeza de dar e receber prazer, ao meu ver era alucinante. Admirar
seus corpos recebendo minhas investidas duras, enquanto estavam
imobilizadas me deixava insano de desejo. Era uma questão de
controle e confiança, ao passarem o controle de seus corpos para
mim, elas estavam confiando a minha pessoa a missão de tornar o
ato sexual incrível, e eu adorava aquilo. Desde o acidente eu não
pensava naquela prática, mas já acordei várias vezes na madrugada
após um sonho quente, em que Hadassa me dava passe livre para
amarrar seu corpo da maneira que quisesse.
Eu era um libertino e o prazer sempre vinha em primeiro
lugar. Por isso havia cortado quaisquer relação com tudo que me
lembrasse as práticas daquela época, exceto minha amizade com
Vitório. Ele viria ao meu casamento, meu pai não era seu maior fã,
mas Vitório era meu melhor amigo desde a faculdade, ele respeitou
minha decisão apesar de não concordar, e vez ou outra vinha
passar um tempo em Águas da Prata. Minha mãe o tratava como
um filho, já Elza minha finada esposa o odiava profundamente, o
achava um abusado e pervertido. Vitório por sua vez fazia de irritar
Elza seu passatempo favorito, ele "acidentalmente" confundia o
nome de Elza com Elvira, mas todos sabiam que ele estava fazendo
apenas alusão a famosa Elvira-Rainha das Trevas(1). No fundo eu
achava graça, Elza realmente era intragável na maioria do tempo, e
Vitório sabia lhe dar com isso com irreverência.
Vitório era um solteirão convicto, era um ano mais velho
que eu, ele mora em uma cidade vizinha à Águas da Prata, Poços
de Caldas no Estado de Minas Gerais. Vitório tem seu próprio
consultório por lá, ele faz parte de uma família grande de
colombianos que vieram para o Brasil. Quando mais novo eu
adorava ir pra casa de seus pais, lá era sempre alegre, e muitas
vezes em que tinha uma folga da faculdade e não queria ir pra casa
era lá que me refugiava. Depois de tudo que aconteceu eu continuo
indo lá, geralmente uma vez por ano, mas não ficava mais na casa
de seus pais devido ao ambiente com muita bebidas, palavrões e
danças. Eu sei isso é comum na maioria das famílias mas não fazia
mais parte do meu mundo então eu evitava, geralmente só visitava
seu Carlito e Dona Mercês durante a semana em almoços
tranquilos.
Eu me esforcei para ser o que sou hoje, a transição foi
dolorosa, eu não podia me deixar levar pelo desejo que nutria por
aquela devushka(2). Eu não tinha com quem conversar a respeito
do que sentia, mas toda vez que me sentia fragilizado na fé
conversava com Joaquim.
Joaquim era melhor amigo de Ivan e braço direito de meu
pai no IEC. Apesar de divergir com ele em algumas ideias sobre as
doutrinas Congregação, nós nos dávamos bem. Joaquim parecia
não se importar com o fato de no passado ter tido um caso com
Quézia, sua esposa. Mantínhamos uma relação amigável, e
Joaquim tinha uma qualidade que agora seria-me favorável, ele era
discreto.
- Então Mikhail, tenho certeza que essa visita ao IEC não
foi apenas para visitar seus pais, visto que você sabe que esse
horário eles não estão.
Eu sorrio porque em horário de almoço meus pais
geralmente almoçavam em casa, era um hábito dos dois.
- Ok... Você me pegou. Eu vim porque precisava conversar.
- Sou todo ouvidos...
- Eu acho que a escolha da minha mãe foi um erro... E o
pior Hadassa tentou intervir e eu discordei dela, e agora eu estou
tendo que lidar com pensamentos que achava já ter banido de
minha mente.
- Não compreendo Mikhail, seja mais específico por favor.
Joaquim franze o cenho não conseguindo captar minha
mensagem. Eu me remexo desconfortável por ter que ser mais
explícito.
- Hadassa desperta em mim desejos que pensei ter
enterrado há anos atrás. Eu lido bem com a abstinência, mas não
sei como será depois de casado.
- Oh sim... Entendo... Escute Mikhail nós seremos tentados
a todo momento. Cabe a nós nos distanciarmos da face do mal. Se
anda tendo pensamentos luxuriosos, que talvez traga a velha
criatura à tona, imponha limites em seu casamento desde o início.
Hadassa ainda é jovem, inexperiente, uma tela em branco, você
pode moldá-la a seu gosto. Nós não tocamos nesse assunto porque
sabemos que é algo pertencente ao passado. Mas Quézia mudou
completamente depois de nosso casamento, é uma outra mulher, se
eu com a ajuda de Javé consegui contornar a situação, pra você
não será difícil.
Joaquim se referia ao comportamento de Quézia antes do
casamento. Quézia era uma mulher liberal no sexo, não que eu a
julgue por isso, mas era um escândalo na CFJ, uma vez que era
filha de um dos membros do conselho. Eu admirava o
desprendimento de Joaquim, ele não deu a mínima para as fofocas
e julgamentos, e hoje vive em um casamento feliz e próspero.
- Você tem razão Joaquim, talvez seja apenas ansiedade
pela data que se aproxima. Obrigada pelo conselho.
- Conte comigo sempre que precisar.
(1) Elvira, A Rainha das trevas é um filme estadunidense do
gênero comédia trash de humor negro e terror, dirigido por James
Signorelli e estrelado por Cassandra Perterson no papel de Elvira,
famosa personagem nos EUA, onde é considerada "sexy-simbol".
(2) menina, ninfeta.
CAPÍTULO IV
HADASSA MENDONÇA
Faltava apenas uma semana para o casamento, e desde a
nossa conversa eu senti que Mikhail me evitava. Ele me
cumprimentava mas era apenas isso, eu sentia seus olhares até
durante seus sermões, mas após o culto era apenas um beijo na
minha mão e pronto.
Eu havia terminado meu lance com Enzo após minha
conversa com Irina e Mikhail. Eu não era nenhuma santa, mas tudo
que fiz foi enquanto estava solteira, Enzo não pareceu aceitar muito
bem e quis saber o motivo, eu apenas disse que passei a vê-lo
como amigo.
Eu estava sob uma pressão terrível, Esther estava com um
humor péssimo e vivia me atacando, Enzo e Mikhail me evitando,
meu pai estava mais opressor que nunca, agora nem dormir mais na
casa da Renatinha eu podia. Para piorar eu vinha tendo sonhos
eróticos com meu noivo, no último ele transava comigo na biblioteca
da mansão, em cima da mesa. Eu não queria criar expectativas em
relação ao sexo, porque tenho certeza que ficarei frustrada, mas
quem poderia me culpar Mikhail faria qualquer santa pecar.
Por falar em santas, semana retrasada descobri por Dona
Lourdes, uma das irmãs da congregação que a esposa do Pr.
Joaquim, Quézia havia tido um caso com Mikhail assim que ele
abriu o consultório. Irmã Lourdes era uma senhora de 80 anos, que
adora distribuir notícias da vida alheia, ela já havia sido chamada
atenção até mesmo por meu pai, mas não se importou muito.
- Javé esteja contigo menina Hadassa.
- Contigo esteja Javé irmã Lourdes.
- Ansiosa para o casamento minha filha? Eu soube que
anteciparam o casamento para daqui à algumas semanas. Algum
motivo especial?
Eu sabia onde irmã Lourdes queria chegar, sutilmente ela
me perguntava se eu estava grávida. Quem visse aquela cabeleira
branca e os olhos azuis límpidos, a tomaria por uma inocente
senhora, mas Dona Lourdes era esperta como uma raposa.
- Sim, queremos antecipar a ordenação de Mikhail à
Pastor. O Reverendo pretende fazer a cerimônia no culto de Natal.
- Oh sim, é uma data muito bonita, mas mudando de
assunto... Você notou como a irmã Quézia depois que soube que
você será a nova Sra. Volkov parece queimá-la com o olhar?
- Não, não percebi... - eu disfarço e olho onde está
Quézia, e realmente seus olhos estão fixos em mim e não de uma
maneira boa - E por que ela iria querer me ver queimando?
- Oh criança, você não sabe de nada não é mesmo? É
claro, na época você devia ter em torno de dez anos no máximo
onze, mas não acho justo que se case sem saber um pouco mais de
seu noivo. - ela diz dando três palmadinhas em meu joelho - Mikhail
Volkov nem sempre foi esse modelo de virtude, longe disso, e não o
estou julgando eu mesma já aprontei muito na minha mocidade. -
ela dá um sorrisinho e pisca pra mim como se entendesse o que ela
diz. - O fato é que Mikhail voltou da cidade grande com
pensamentos não tão puritanos, provavelmente o convívio com os
jovens que não praticavam da mesma doutrina religiosa que a sua
contribuiu pra isso. Mikhail era um jovem muito bonito, recém
formado e com um consultório próprio. No início como não podia
escolher sua clientela, além de atender sua especialidade a
pediatria, ele também atuava como clínico geral. Agora você pode
imaginar o tanto de jovens com supostas viroses querendo se tratar
com o doutor bonitão, eu mesma fiquei tentada a fingir uma gripe -
ela gargalha e eu a acompanho - Brincadeira menina... Mas como
estava dizendo... Todos na cidade sabiam da fama de Quézia,
sempre atirada mas na frente dos pais se fazia de santa, assim
como faz hoje com Pr. Joaquim. O caso é que, não demorou muito e
ela passou a marcar ponto no consultório do Dr. Volkov. Até que
confidenciou a uma de suas amigas que vinha se envolvendo com
ele, a tola deu de fazer propaganda falando do tamanho e da
agilidade do amante, o que só atiçou a curiosidade das amigas.
Bom, no fim ele acabou fornicando com uma parte das irmãs da
Congregação, a sua única regra era que não fossem casadas ou
virgens.
Eu estava atordoada com aquela informação. Como assim
Mikhail havia comido uma parte das mulheres daqui? Eu ignorei a
pontada de ciúmes e insegurança que senti, mas não passou
despercebido ao olhar da esperta senhora.
- Não fique pensando demais sobre isso menina, a
maioria estão casadas, e Mikhail com certeza não é mais o libertino
de antes. Eu não disse isso pra que ficasse enciumada, ou se
sentisse intimidada, você com certeza é mais bonita e jovem que
elas, eu só contei para que mantenha os olhos abertos. Muitas delas
gostariam de estar em seu lugar, incluindo sua irmã. Então querida
queixo erguido e olhos bem abertos.
Enfim, com toda essa pressão a minha válvula de escape
era ir até a casa de Renata e Vera. Vera é mãe de Renatinha, ela é
a pessoa mais de bem com a vida que eu conhecia, tinha apenas 37
anos havia se tornado mãe aos 16, e também sabia de toda minha
história. Era ela quem ligava para minha casa pedindo pra que
dormisse em sua casa.
Vera para meus pais, também pertencia à uma instituição
cristã protestante com doutrina tão rigorosa quanto a nossa. Meu pai
exigiu conhecê-la quando dei a desculpa de dormir em sua casa
para ir à minha primeira festa na faculdade. Eu pensei que Vera
desistiria de tentar convencê-los, imagina qual não foi minha
surpresa em ver as duas na porta da minha casa. Eu não sabia se
ria da situação ou chorava com medo de meu pai descobrir, Vera
estava com seus cabelos esvoaçantes amarrados em um coque
apertado, sem nenhuma maquiagem ou bijuteria, o esmalte escuro
deu lugar a uma base e Renata do mesmo jeito. A pobre professora
viúva... Vera caiu nas graças do senhor Isaac e Dona Helena. No
resumo isso me garantiu passe livre para todas as festas da
faculdade, mas de qualquer forma eu adorava ir pra casa delas, lá
eu me sentia normal... Vera era dona de um espaço de beleza onde
prestavam serviços de depilação à cera, micro pigmentação,
limpeza de pele, cabeleireiro e manicure. Era lá que eu fazia todas
essas coisas, hidratação, depilação, manicure, mas somente com
esmalte incolor, quando queria uma unha diferente para uma festa
era as unhas postiças que eu recorria. Eu amava nossos dias de
beleza, mas não podia fazer nenhum procedimento diferente, nada
que fosse em desencontro com as doutrinas da CFJ.
Minha vida toda sendo controlada por outras pessoas e
agora esse casamento... Eu já estava prestes a dormir quando
recebo uma mensagem:
"ELE TIROU O AMOR DA MINHA VIDA DE MIM E EU VOU
TIRAR O DELE. BONS SONHOS HADASSA"
Por Javé! De onde veio aquilo? Aquela mensagem não
poderia está falando sobre Mikhail. Mikhail não me amava, será que
era sobre Enzo? Mas Enzo também não me amava, pelo menos eu
achava que não. Então por que aquela mensagem?
CAPÍTULO V
MIKHAIL VOLKOV
Enfim o dia do casamento havia chegado, e eu estava uma
pilha de nervos, não pelo casamento em si mas pela sua
consumação. Com Elza era fácil se controlar, com sua falta de libido
eu raramente a procurava. Não há nada mais broxante que uma
mulher que não reage ao sexo, frígida. Nós homens somos
extremamente sensoriais, precisamos ver a excitação, ouvir os
gemidos. Já com as mulheres 70% do prazer está em suas mentes,
não é à toa que a maioria se excita mais com um livro erótico ao
velho pornô. Pra ela não é só o ato sexual, mas também a situação
que o envolve.
O tempo que passei debaixo da doutrina da CFJ não
apagou meu conhecimento pelo corpo feminino, e Hadassa não
parece do tipo frígida, muito pelo contrário, eu pude notar todas
suas reações durante a sua visita. E era aí que morava o perigo, eu
sempre gostei muito de sexo, e o sexo nem sempre despertava o
melhor de mim, às vezes era bruto e um tanto depravado,
comportamento esse que eu repudiava, e deixava bem claro em
meus sermões.
- Relaxa Mika a noiva não vai fugir. - esse era Vitório me
dando uma "força", ele sabia que eu odiava que me chamassem
assim, desde a época da faculdade - Quantos anos você disse
mesmo que ela tem?
- Vinte.
- Cara eu estou pensando seriamente em entrar para sua
religião. Mas ela é bonita?
Eu sorrio quase em desespero, Hadassa era linda, os
cabelos longos castanhos ondulados, olhos verdes que às vezes
pareciam se acender, se tornando amarelos.
- Linda...
- Huumm... Elza também era bonita mas era... Bom, ela
era chata... Que Deus a tenha. Ou o diabo...
- Vitório... - eu o repreendo.
- Mas me diz e as regras de não chupar bocetas, não
comer bundas, ainda fazem parte da doutrina de vocês?
Vitório é um depravado desde a época da faculdade, ele
continuou meu amigo mesmo após minha abdicação das coisas
mundanas, então eu o respeitava como ele era, apenas pedia para
moderar o vocabulário na frente dos irmãos e de meus pais.
- Fazem por que?
- Cara, não entendo vocês. Do que adianta um homem
casar com uma mulher com quase metade da sua idade, se não
pode aproveitar como deve. É como ter sete anos e ir à um parque
onde você não pode ir nos brinquedos mais legais, porque a altura
não permite. - eu sorrio novamente com sua analogia escrota. - Ela
é virgem?
- Claro. Mas por que tanto interesse?
- Só curiosidade... Mas ela sendo virgem, você vai abrir
um parêntese na regra de não chupar, quer dizer ela precisa está
lubrificada para... recebê-lo.
- Você está tentando me ensinar a fazer sexo?
- Sei lá, vai que perdeu o jeito, tanto tempo no papai e
mamãe. - ele diz batendo em meu ombro - A irmã dela é bem
bonita, magra demais para o meu padrão mas bonita.
- Na verdade de acordo com a vontade dos pais de
Hadassa, e da própria Hadassa, era com ela que eu deveria está
casando.
- Espera, espera... A sua noiva não queria casar com
você? Porra isso só melhora...
- O problema não é comigo em si... Ela queria terminar
sua faculdade, descobrir o mundo primeiro antes de casar com
alguém.
- Huumm... E se o motivo for outro? - eu o olho prestando
atenção em sua linha de raciocínio - E se ela sei lá, tiver um
namorado na faculdade?
- Ela não tem. - digo enfático tentando passar uma
convicção que me falta nesse momento. Hadassa é uma jovem
linda, e com certeza já foi abordada por algum outro jovem de sua
faixa etária. - Hadassa foi criada desde os quatro anos dentro da
CFJ, ela não faria isso.
- Se você diz. Mas não esqueça que você era um perfeito
missionário quando entrou na FMUSP, e depois, você sabe. - ele é
evasivo pois sabe que não gosto de falar dos meus antigos hábitos -
Quem é aquela ali? - ele fala apontando para Renata, que descobri
hoje de manhã ser melhor amiga da minha noiva, através de uma
apresentação feita por minha sogra - Parece que a conheço de
algum lugar...
- É melhor amiga de Hadassa, se conheceram na
faculdade, além de ser uma das madrinhas, fomos apresentados
hoje no café da manhã que você deveria ter comparecido.
- Foi mal meu amigo, aconteceu um imprevisto, e por isso
me atrasei.
- Sei... Imagino o tipo de imprevisto... - Vitório sorri
cinicamente.
- Os pais da noiva devem ter gasto uma fortuna com esse
casamento, está tudo impecável, e de muito bom gosto. Quantos
convidados?
- Quinhentos. Mas foi meu pai quem arcou com o gasto da
festa, ele fez questão, os pais de Hadassa não são ricos. Eles
possuem um mini mercado, tem uma vida financeira estável e
cômoda mas nada comparado ao que temos.
Na verdade meu pai estava entusiasmado com o
casamento, uma vez que através dele viria os seus tão sonhados
netos, ele ainda estava contrariado com a escolha de Dona Irina
mas feliz. Olhando a decoração em volta, eu percebo que realmente
uma pequena fortuna foi empregue aqui. Pelo que soube Hadassa
não se envolveu muito, apenas pediu apenas pra que fosse na
fazenda, durante o dia, com decoração rústica, eu ouvi minha mãe
comentando com a decoradora. Eu confesso ter ficado um pouco
desapontado, talvez porque sua indiferença só prove que vê nosso
casamento como uma obrigação.
- De onde saiu tanta gente?
- Membros antigos da Congregação, pastores presidentes
de igrejas parceiras, políticos e alguns funcionários do IEC, da
Clínica e fazenda.
- E a noiva convidou alguém além da madrinha? Nenhum
dos colegas da faculdade?
- Não, nenhum. Hadassa não fez muita amizade na sua
faculdade, ela não participa de festas ou sociais. Renata só é sua
amiga, por que sua igreja possuem doutrinas parecidas com as
nossas.
- Pobre garota, presa em uma gaiola de ouro. - Vitório
diz levando o copo de suco provavelmente "batizado" até a boca, e
eu fico refletindo sobre suas palavras, até ter meus pensamentos
interrompidos por meu pai.
- Mikhail, Vitório.
- Sim pai.
- A cerimonialista está nos chamando, chegou a hora.
A cerimônia se inicia, e aos poucos um a um vão fazendo
a travessia até o altar. Eu faço a travessia ao lado de minha mãe e
sinto um leve nervosismo, eu já me casei antes mas a sensação é
totalmente diferente.
- Sua noiva está linda filho. É sem dúvida a noiva mais
linda que já vi.
Minha mãe diz antes de assumirmos nossos lugares no
altar. Então se inicia as notas da música escolhida por Hadassa
para sua entrada.
Hallelujah toma conta de todo ambiente, e sua figura
aparece.
Your faith was strong, but you needed proof
Sua fé era forte, mas você precisava de provas
You saw her bathing on the roof
Você a viu se banhando no telhado
Her beauty and the moonlight overthrew you
A beleza dela e o luar arruinaram você
She tied you to a kitchen chair
Ela te amarrou à cadeira da cozinha
And she broke your throne and she cut your hair
E ela destruiu seu trono e cortou seu cabelo
And from your lips she drew the Hallelujah
E dos seus lábios ela tirou o Aleluia
Hallelujah, hallelujah
Aleluia, Aleluia
Hallelujah, hallelujah
Aleluia, Aleluia
Hallelujah, Leonard Cohen

Por Javé! Sua visão é de tirar o fôlego, ela está...


- Eu realmente estou considerando seguir sua religião. A
propósito fecha a boca Mika.
Vitório sussurra sorrindo. À medida que Hadassa segue o
percurso até mim, eu observo alguns membros cochichando.
Hadassa está levemente maquiada, o que é raro para ela e para
todas as mulheres pertencentes a CFJ. Meu sogro move Hadassa
para beijar-lhe a testa antes de me entregá-la, e eu percebo o
motivo dos cochichos. O vestido de Hadassa possui um decote
generoso nas costas, algo incomum para nós, na verdade ela é a
primeira noiva que ousa dessa forma. Isaac me entrega sua filha e
se inicia o ritual nupcial. Não há votos, apenas cada um lê um
versículo, de um trecho do capítulo 13, da primeira carta de
Apóstolo Paulo à Coríntios.
1 Coríntios - Capítulo 13 :
1 Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos,
e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que
tine.
2 E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse
todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de
maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada
seria.
3 E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para
sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser
queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria.
4 O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o
amor não trata com leviandade, não se ensoberbece.
5 Não se porta com indecência, não busca os seus
interesses, não se irrita, não suspeita mal;
6 Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade;
7 Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
8 O amor nunca falha; mas havendo profecias, serão
aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência,
desaparecerá;
Após a leitura, são trocadas as alianças, o casamento é
concretizado, e selado com um beijo. Eu seguro as mãos de
Hadassa me aproximando, sua respiração está acelerada, e ela
umedece os lábios passando suavemente sua língua entre eles.
- Está linda Hadassa.
Minha voz sai mais rouca do que eu gostaria, e ela abre um
sorriso tímido. Então seguro seu rosto, e sinto seu hálito com leve
aroma de hortelã, quebramos mais um protocolo ao beijar seus
lábios, visto que o beijo deve ser dado na testa da noiva. A beijo de
leve, um breve roçar de lábios, seguido de um chupão e uma
mordida em seu lábio inferior. A boca de Hadassa é tão macia e
doce, que uma espécie de gemido escapa de meus lábios
surpreendendo até a mim. Logo uma salva de palmas é ouvida
quebrando nosso momento.
- Javé abençoe os noivos!
Eu estava desnorteado apenas com um beijo, imagina
quando a tivesse totalmente em meus braços? Não eu não
permitiria que Hadassa fosse minha perdição...
CAPÍTULO VI
HADASSA MENDONÇA
A ficha ainda não havia caído, eu estava casada, casada
com Mikhail Volkov. A cerimônia foi linda, eu não podia negar, a
decoração de tirar o fôlego. Vladimir Volkov realmente não poupou
para o segundo casamento do filho. Por mim a cerimônia seria algo
simples, apenas para os mais íntimos, mas Vladimir apesar da
escolha da noiva não ter sido a seu gosto, transformou o casamento
em um evento que provavelmente seria comentado por anos em
uma cidadezinha como Águas da Prata.
Eu não era boba, sabia que Vladimir estava feliz com a
expectativa de ter em breve seus netos. Até parece... Eu não iria
interromper minha faculdade agora, só porque meu marido e meu
sogro queriam ter crianças correndo pela casa. Eu desejo sim ser
mãe, mas com certeza não pelos próximos sete anos. Se eles
achavam que eu me curvaria a vontade deles, estavam muito
enganados. A cerimônia e decoração ficou toda por conta de Irina e
minha mãe, a única coisa que pedi foi que fosse uma cerimônia
diurna, e rústica na fazenda, no mais a cartela de cores e a música
que entraria. A exceção foi para o vestido que não deixei ninguém
ver, apenas Vera e Renata. Era um modelo lindo, delicado e eu amei
o decote nas costas. Eu sei que choquei alguns membros, mas
aquele era o meu dia e eu me permiti me sentir linda, e confesso ter
ficado levemente eufórica com o elogio de meu marido.
Mikhail me surpreendeu ao me beijar na boca, a nossa
doutrina era cheio de pudores e tabus. Nunca em nenhum
casamento realizado na congregação, o noivo havia beijado a noiva
na boca, e a sensação de ter sua boca macia e sentir seu hálito
mentolado, foi maravilhosa.
Agora estávamos recebendo os cumprimentos dos
convidados, meu rosto estava com câimbras de tanto agradecer e
sorrir. Mikhail toca em minhas costas nuas com sua mão morna, e
um arrepio gostoso se espalha pelo meu corpo.
- Já está acabando. Logo poderemos nos sentar e você
poderá comer um pouco.
Ele diz com sua voz rouca em meu ouvido. Como sabia que
eu estava faminta? Mas gostei de sua preocupação.
- Nossa, é tudo que mais quero, me sentar e comer. Será
que vão deixar marmitinhas para os noivos?
- Com um buffet caro como esse acredito que sim. Se não
deixarem eu mesmo farei uma reclamação, não há nada melhor que
comer bolo de festa no café da manhã.
- Fala sério! Eu vivo dizendo isso, mas Esther me olha como
se fosse a coisa mais repugnante do mundo. Por isso é tão linda
vive se privando de comer açúcar.
- Esther não sabe o que está perdendo, e só a nível de
informação você é ainda mais linda.
Eu o olho exibindo um sorriso que acredito ser bobo nos
lábios, e ele em resposta faz movimentos sutis com seus dedos em
minhas costas, que me faz arrepiar levemente. Eu estou ainda sob
os efeitos de suas carícias e palavras, quando um homem moreno
alto, com cabelos escuros com leves fios brancos nos chama
atenção.
-E então Mika, enfim vai me apresentar sua noiva. - ele tem
um leve sotaque espanhol.
- Mika? - Eu pergunto estranhando o apelido, que não tinha
nada a ver com meu esposo.
- Esse era o apelido de Mikhail na época da faculdade. -
Mikhail parece não gostar muito do apelido. - Vitório García, seu
padrinho e melhor amigo de Mikhail.- ele pega minha mão e leva
aos seus lábios, Mikhail coça a garganta chamando a atenção do
amigo, que sorri e pisca pra mim.
- Prazer Vitório, Hadassa.
- Hadassa, Mika me disse que faz faculdade em Poços de
Caldas na UNI-MG, meu sobrinho Enzo também estuda lá mas o
curso é administração. - Ah, merda! Não pode ser... O sobrenome é
o mesmo, seria muita coincidência para não dizer azar meu. Ah,
droga! Não, não!
- Hadassa? Hadassa está pálida. Vem, vamos comer
alguma coisa, com licença Vitório ela já estava se queixando de
fome. Eu já deveria ter levado minha esposa para comer algo.
- T-Tudo bem Mikhail. Eu...
- Diácono Mikhail, irmã Hadassa. Javé esteja com vocês. -
Pr.Joaquim e irmã Quézia nos cumprimentam.
- Com vocês esteja Javé. - Mikhail responde.
- Irmã Hadassa está linda, seu vestido é tão ousado.
Também tão jovem assim, chega a ser covardia com o restante das
convidadas. Você tem o quê, dezoito anos? - Foi tanto veneno dito
em sua frase, que a minha torcida era pra que se engasgasse com a
própria saliva.
- Tenho vinte, irmã Quézia. - respondo seca.
- Hum... Então provavelmente foi uma das crianças que
irmão Mikhail atendeu. Quem diria que se casaria com seu pediatra?
Isso soa tão... Incomum...
Era verdade, mas é uma lembrança que enterrei há anos
atrás. O Dr. Príncipe, era assim que eu o chamava, Mikhail foi meu
amor de infância. Algumas meninas nessa fase demonstram
interesse pelo seu professor, no meu caso foi por meu pediatra. Eu
adorava vê-lo em sua moto, os cabelos eram maiores e
bagunçados, o sorriso atrevido em nada lembrava o Mikhail de hoje.
Espanei os pensamentos impróprios para longe, sentindo raiva ao
lembrar dessa idiotice, e da mulher que destilava veneno em mim.
- Eu não me lembro dessa época, desculpe. Mas soube que
Mikhail também atendia como clínico. Ouvi dizer que a irmã, era
uma paciente assídua do consultório de meu marido antes de se
converter. Ainda bem que se curou da virose que a obrigava a visitar
o consultório de Mikhail todos os dias.
Vitório cospe sua bebida, e começa a tossir sorrindo. A
expressão nos rostos de Quézia e Joaquim me faz sorrir, se essa
idiota acha que vou ouvir calada está muito enganada.
- Humrum. Nos deem licença, Hadassa à pouco teve uma
queda de pressão tem que se alimentar. Obrigada pela presença
irmãos, fiquem à vontade.
Mikhail me puxa pelo braço, me arrastando pelo jardim até
pararmos no meio de algumas árvores, escondidos de olhares
curiosos.
- O que pensa que está fazendo? Se portando daquela
maneira, fazendo insinuações sobre meu passado.
Sério? Ele estava bravo comigo?
- Aquela mulher quis zombar do nosso casamento, faltou
pouco ela dizer que nossa relação era algo pervertido. Ninguém vai
me diminuir no dia do meu casamento.
- E porque ela te diminuiu no dia do seu casamento, você
não se importou em me diminuir no dia do meu para atacá-la. Nunca
mais toque em nada referente ao meu passado Hadassa, isso é um
aviso. O Mikhail de antes está morto e enterrado, eu não quero que
isso se repita. Entendeu? - eu tenho vontade de revirar os olhos
mas me contenho - Entendeu Hadassa?
- Sim senhor...
- Já disse para não me chamar de senhor, agora sou seu
marido.
- É mesmo? Pois eu poderia jurar que se portou comigo
como se fosse meu pai.
Eu dou as costas à ele, e sigo para o buffet morta de fome.
Até que sinto um puxão e alguém tapa minha boca.
CAPÍTULO VII
HADASSA MENDONÇA

-Shiiiuu! Sem fazer escândalos!


- Vera está louca? Quer me matar do coração?
- De onde conhece Vitório? O que ele faz aqui no seu
casamento?
- Por Javé! Tanto alarde por causa disso. Ele é amigo de
longa data do Mikhail por que?
- Merda! - Vera diz e Renata começa a me explicar.
- Hadassa, Vitório é o médico que tem o consultório em
frente ao Espaço de Beleza da minha mãe - eu a olho esperando
que me dê uma luz, pois ainda estou no escuro.- Aquele da
depilação.
- Aaaahhh...
Renata havia me contado que uma depiladora havia faltado
porque estava doente, e Vera a substituiu. Nessa substituição Vera
atendeu um médico, e ao depilá-lo ele ficou excitado, quando Vera
foi questiona-lo, ele disse que pagaria o dobro se ela finalizasse o
serviço com uma massagem. Vera o expulsou de lá pelado, e cheio
de cera no corpo. Resumindo eles vivem se bicando até hoje.
- Se ele me vir aqui, vai descobrir a mentira da mãe e filha
beatas.
Só me faltava essa, já não bastava ser tio do Enzo? Eu
bufo irritada e conto as duas minha suspeita.
- Eu acho que ele é tio do Enzo.
- Cacete Hadassa! Como assim?
- Ele disse que seu sobrinho estuda Administração na UNI-
MG, e se chama Enzo, o sobrenome dos dois são os mesmos, sem
contar o sotaque espanhol. Enzo disse que sua família é da
Colômbia.
- Vitório não me reconheceu, eu estava em frente a ele no
altar, e ainda sim não notou nenhuma familiaridade em mim. Mas eu
mesma quase não topava com ele, só o vi mais próximo quando
saía de seu consultório, e eu estava dentro do carro com minha
mãe.
- De qualquer forma filha não se aproxime muito, eu vou
tentar me fazer invisível nessa festa.
- Tudo bem meninas, obrigada por tudo que fizeram e fazem
pra mim. Eu amo vocês.
- Ah Dassa não fala assim, sabe que sou uma manteiga
derretida. Você é irmã da Rê, minha filha também.
- Abraço triplo! - Renata grita e nos agarramos como
sempre.
(...)

Já eram 23:00, Mikhail tomava banho em outro quarto,


enquanto eu estava me preparando para tão esperada noite de
núpcias. Eu estava nervosa me perguntando como seria, juro que se
ele aparecesse com a merda daquele lençol, eu o rasgaria em
pedacinhos. Se Mikhail fizer o tipo que penetra até gozar sem se
importar com o prazer da parceira, eu juro que me mato.
Eu queria causar alguma emoção diferente nele, e por
isso escolhi uma lingerie sexy que consistia em um body branco
cavado todo em renda. Pode ser uma tentativa tosca de sedução, e
acabar com ele tentando me exorcizar ou funcionasse...
Eu respirei fundo e saí do banheiro, assim que abri a porta
estaquei vendo Mikhail pela primeira vez sem camisa, apenas com
uma calça de moletom. Por Javé! Esse homem tem que gostar de
sexo é muito desperdício.
Mikhail é lindo, forte, os pelos escuros espalhados pelo seu
peito e abdômen contrastam com sua pele branca e lhe dão uma
aparência mais máscula. Em pensar em ter seu corpo sobre o meu,
me subjugando me excitou muito, me fazendo molhar o tecido da
minha lingerie.
- Venha Hadassa, não precisa ter medo, eu serei
cuidadoso.
Eu avancei segurando meu robe longo de cetim, nós ainda
estávamos nos tratando polidamente depois da discussão no jardim,
por isso estava sem saber como agir. Mikhail leva os dedos até o
meu queixo e o levanta me fazendo encará-lo.
- Hadassa essa é sua primeira vez, portanto eu abrirei
algumas exceções, e faremos coisas que não se repetirão ao longo
do nosso casamento, eu só peço que me avise se algo estiver a
constrangendo ou machucando, tudo bem?
- Tudo.
Mikhail leva as mãos até o laço da minha cintura e o
desfaz, assim que vê minha lingerie ele solta uma espécie de
grunhido, e eu fiquei sem saber se foi de aprovação ou
desaprovação. Suas mãos afastaram o tecido dos meus ombros
fazendo meu robe formar uma poça no chão, Mikhail parou e ficou
analisando meu corpo sob aquela lingerie.
- F-Foi você quem escolheu.
Mikhail engole a seco, sua voz sai rouca e baixa.
- Sim.
Ele respira fundo fechando os olhos, e quando abre me
olha intensamente.
- Não gostei, da próxima vez use algo mais descente.
Eu não resisti, e como forma de provocação olhei para o
volume em sua calça nada modesto. Nossa, ele é grande... Como
se soubesse o que pensava ele respondeu.
- Sou um homem em abstinência Hadassa, e você é uma
mulher linda, a reação do meu corpo é involuntária, por favor passe
a usar algo mais apropriado para dividir a cama comigo.
Eu apenas concordei com a cabeça, suas mãos vão até as
alças do meu body, ele as desce expondo meus seios e eu vejo
mesmo que por poucos segundos a luxúria brilhando em seus olhos.
Mikhail deixa o body embolado em minha cintura, suas mãos
quentes vão aos meus seios médios, os apalpando, reconhecendo a
textura e o tamanho, apertando levemente os mamilos. Me
surpreendendo, Mikhail ainda com meus seios em suas mãos, se
curva fazendo sua língua circular em volta da minha auréola
esquerda, em seguida leva todo o seio a boca, me fazendo gemer
sob o calor de sua boca. Ele suga com vontade, como se estivesse
provando algo que a muito era negado, ele passa o ataque para o
outro seio enquanto solta sons de satisfação. Meu ventre se
contorcia e parecia que eu ia gozar somente com suas sucções. Eu
levo minhas mãos aos seus cabelos.
- Mikhail por favor...
Como se despertasse de um transe, Mikhail se afasta
quase cambaleando, e seus olhos vão diretamente para onde sua
boca estava à segundos atrás.
- D-Desculpe acho que me empolguei. - ele diz apontando
para os meus seios, e ao olhar para o que ele sinalizava, encontrei
meus bicos duros vermelhos e em volta marcas de chupões. - Você
está bem?
- Sim... É que estava muito bom... E eu estava quase...
Bom, você sabe...
Mikhail me olha parecendo surpreso e o vejo hesitar, em
um ato de coragem, eu desço o restante do meu body exibindo meu
sexo totalmente depilado e melado de excitação. Eu ouço um
rosnado de Mikhail, que parece ter vindo do fundo de seu peito.
- Venha Hadassa. - sua voz sai rouca e baixa, ele me
estende a mão - Eu vou reforçar que caso se sinta desconfortável é
só falar.
Eu pego sua mão e Mikhail me puxa deixando-me colada
ao seu corpo. Uma de suas mãos rodeia minha cintura, enquanto a
outra segura meu cabelo na altura da nuca mantendo-me
imobilizada. Mikhail olha meu rosto como se estudasse cada
detalhe.
- Você é linda criança.
Sem me dá chance de responder, sua boca cobre a minha
e eu correspondo avidamente, minhas mãos vão direto a seu peito
nu, e minhas unhas arranham levemente sua pele fazendo Mikhail
gemer. Eu ganho confiança, e uma de minhas mãos descem
massageando o contorno inchado nas calças, minha boceta lateja
sentido sua extensão. Caramba ele é grande e grosso. Ele
interrompe o beijo, e se afasta me pegando pelo braço e
praticamente me joga na cama.
- Abra as pernas pra mim, vou te chupar para lubrificá-la.
Ele vai me chupar? Era uma boa notícia, mas Mikhail
parecia com raiva, e eu não entendia porque.
- Abra Hadassa.
Assim que abro as pernas ele aspira o cheiro da minha
excitação. Mikhail deita na cama deixando o rosto entre minhas
pernas. Seus dedos abrem os lábios, ele lambe o líquido grosso
espalhado neles.
- Que delícia... Meladinha... - Mikhail diz absorvendo
lentamente minha excitação. Ele começa a lamber meu clitóris me
fazendo estremecer, as lambidas vieram seguidas de chupões, me
fazendo levar minhas mãos até seus cabelos e rebolar em seu
rosto.
- Oh Mikhail...
Minha súplica parece o instigar a fazer mais do que fazia.
Mikhail comia minha boceta, chupava, lambia meus nervos,
deixando minha carne trêmula. Ele parecia se alimentar de mim, se
fartando dos sucos que minha excitação jorrava. Eu não resisto a
maravilha que ele faz com a boca, e a onda de calor se concentra
toda em meu clitóris.
- Mikhail eu vou...
- Goze criança, goza na minha boca, eu preciso sentir o
seu gosto.
Eu me apoio em meus cotovelos, meus olhos vão direto na
imagem do homem me olhando com fogo nos olhos, enquanto
devorava minha boceta. Céus, aquele não era o Mikhail Volkov que
eu conheço, e atendendo seu pedido eu gozo, me debatendo,
gemendo.
- Mikhaaail...
Mikhail diminui a frequência de suas chupadas e
lambidas, acalmando meus nervos, enquanto introduz um de seus
dedos testando minha lubrificação. Ele me olha novamente,
interrompendo o que estava fazendo.
- Seu corpo já está preparado para me receber.
Mikhail se levanta passando a língua em seus lábios,
parecendo querer absorver mais de meu gozo. Ele retira sua calça
de uma vez, vejo seu membro rígido, grosso, com a cabeça robusta
liberando líquido pré ejaculatório. Ele é realmente grande... O pau
parece ficar mais grosso quanto mais se aproxima da base, está
muito vermelho e pesado.
- Agora entende porque precisava prepara-la. - ele deve ter
percebido meu espanto - Não precisa ter medo, eu serei cuidadoso.
- Eu concordo com a cabeça.
Mikhail sobe na cama e vem até mim, ele fica de joelhos
entre minhas pernas, e começa a massagear meu clitóris
deliciosamente com seu pau. Ele assiste os movimentos
completamente inebriado, vendo seu pau sendo lambuzado pelo
meu gozo.
- Você quer sentir meu pau dentro dessa boceta apertada,
não é criança? - Mikhail agora não lembrava em nada o homem que
eu via na congregação. - Oh sim eu posso ver... Você está
escorrendo, implorando para ser preenchida. - Eu me surpreendo
com seu vocabulário mas gosto, eu gosto muito.
Mikhail põe uma de suas mãos próxima a minha cabeça, e
com a outra ele guia seu pau até minha entrada. A cabeça larga
pede passagem em meu canal estreito, e vejo Mikhail trincar os
dentes.
- Relaxe deixe entrar.
Eu assinto e aos poucos seu pau vai ganhando espaço,
suas mãos vão de encontro as minhas entrelaçando nossos dedos,
mantendo-as ao lado da minha cabeça. Em um único golpe Mikhail
rompe o meu hímen, eu respiro fundo com a ardência dentro de
mim, Mikhail trava seu corpo provavelmente tentando se controlar.
Eu não grito, pois não queria que Mikhail ponderasse
demais e acabasse com o que pra mim por enquanto estava
delicioso. Apesar de haver uma lágrima silenciosa rolando em meu
rosto, denunciando parte da dor que senti, eu até agora não mudaria
nada. Mikhail solta uma de minhas mãos, e seca o rastro deixado
pela lágrima, em seguida me beija. Eu correspondo o beijo, e
Mikhail inicia um movimento lento e gostoso, me fazendo soltar sua
boca para gemer, ele afunda o rosto em meu pescoço enquanto faz
nossos corpos esquentarem juntos.
Eu estava completamente preenchida e a sensação era
maravilhosa, então comecei a rebolar lentamente, minhas mãos
foram para suas costas e o arranhei de leve enquanto mordia seu
ombro. O som que sai da boca de Mikhail era forte, soando como
uma advertência me dizendo que estava prestes a perder o controle.
- Por favor Mikhail, mais forte...
Eu peço, e ele levanta o corpo para me olhar nos olhos,
mas não interrompe os movimentos.
- Hadassa, estou tentando me controlar para não ser bruto
com você.
- Não se controle, por favor só por hoje deixe vir...
Mikhail parece travar uma batalha interna, mas seu lado
devasso acabou levando a melhor, pois ele me beija novamente e
vai aumentando o ritmo dos movimentos girando os quadris vez ou
outra, me deixando louca.
- Oh isso é tão bom... Ai, ai, ai...
- Porra garota!
Motivado por meu gemidos, Mikhail agora começa a bater
o quadril com força e castigar minha boceta com seus golpes.
- Ahh que gostoso....
Eu estava extasiada com aquilo que meu marido
proporcionava, seu pau massageava um ponto específico em mim
que me fazia ver estrelas.
- Oooohhhh porra! - Mikhail solta um urro e seu corpo
tensiona, a inundação de líquido quente em meu canal só comprova
o que eu imaginava, ele gozou com cinco minutos de penetração.
Agora deve ser a hora em que ele vira para o lado e me deixa
frustrada.
Mikhail se retira de mim com o pau ainda duro gotejando
esperma, ele se deita ao meu lado de lado, e vira meu corpo
fazendo com que minhas costas cole e seu peito, ficamos de
conchinha. Sua respiração é forte e pesada, eu o sinto guiar seu
pau novamente em minha entrada. Não acabou?
- Junte seus joelhos.
Eu faço o que ele manda, empinando minha bunda, as
duas primeiras socadas são lentas, reconhecendo o melhor ângulo,
já nas próximas ele reinicia o ritmo brutal. Uma das mãos vai para
meu quadril, e outra segura meu cabelo com firmeza.
- Ai, ai, ai...
Eu era só gemidos durante o ataque de seu pau enorme
contra minha boceta. Mikhail levantou uma das minhas pernas, e
passou o outro braço por cima do meu ombro, levando sua mão ao
meu clitóris.
- Essa bocetinha será minha perdição.
Eu não sabia como reagir a tanto estímulo, os sons e
palavras que Mikhail soltava, a mão massageando meu broto
inchado, a surra de pau que levava fizeram uma bomba se formar
em meu ventre, e eu gozei mais forte que antes me contorcendo,
tremendo vendo estrelas.
-Aaaaaaahh!
Mas Mikhail foi implacável, e quando tentei me livrar
daquelas sensações, ele me montou como um animal no cio monta
sua fêmea. Mikhail jogou o peso do seu corpo sobre mim, me
deixando de bruços enquanto me montava por trás.
- D-Devagar...
Eu consegui dizer ainda sobre o efeito do gozo recente.
- N-Não consigo, apertada demais, molhada demais. Eu
preciso foder essa bocetinha gostosa.
Eu não acreditei quando aquelas palavras combinadas as
socadas brutas, fizeram novamente as sensações de pré gozo
tomar meu corpo. Mikhail levanta meu quadril e estou quase de
quatro todavia nossos corpos seguem colados.
- Oh meu Deus, eu vou de novo.
- Isso criança goza no meu pau, você gosta não é? Eu
sabia que gostaria de um sexo sujo, goza que eu vou te encher com
minha porra.
- Mikhaaaaiiil...
- Ooohhh... Isso! Mama meu pau com essa boceta
apertada, suga toda minha porra.
Mikhail goza, e aos poucos diminui os movimentos,
incrivelmente seu pau ainda está duro, mas sabe que eu não
aguentaria mais uma rodada. Eu estava esgotada, mas
maravilhada, eu havia gozado três vezes na minha primeira vez.
Mikhail se retira de mim e deita-se de costas para cama,
eu levanto para observa-lo e a visão é estonteante. Mikhail lindo, nu,
suado com nosso sexo. Ele vira seu rosto me observando, e retira
alguns fios de cabelo do meu rosto.
- Tudo bem com você? Eu te machuquei? Me desculpe, eu
fui um pouco rude, não sei o que me deu.
- Eu adorei... Não mudaria nada... Mesmo sabendo que
amanhã talvez esteja dolorida.
- Hadassa isso não vai voltar a acontecer, pelo menos não
dessa maneira. Hoje foi uma exceção por se tratar da sua primeira
vez, eu fiz coisas que há muito tempo não fazia, e isso desencadeou
esse lado meu mais obscuro. Eu não gosto de não ter controle
sobre meu corpo. Eu vou tomar um banho e você faça o mesmo.
Mikhail se levanta da cama, abaixa pegando sua calça
ainda duro e sai do quarto. Ele estava arrependido? Aquilo foi um
balde de água fria em mim, eu cheguei a pensar que talvez meu
casamento fosse diferente. Então porque fez aquilo? Por que me
mostrar o quanto pode ser maravilhoso, pra depois me privar de
viver aquilo novamente?
Se Mikhail pensa que vou desistir está muito enganado,
eu vou seduzi-lo de todas as maneiras possíveis, eu terei aquela
paixão toda novamente em minha cama, custe o que custar.
CAPÍTULO VIII
MIKHAIL VOLKOV
Merda! O que foi aquilo? Eu perdi o controle. Hadassa me
deixou insano. Eu gozei em poucos minutos de penetração, mas o
tesão era tanto que meu pau não baixou, nem mesmo após a
segunda gozada, por isso saí daquele quarto ou a teria de novo e de
novo.
Aquela lingerie, a boceta pequena rosada, depilada com
os lábios melados por conta da sucção em seus peitos. E que
peitos... Médios, mamilos rosados e pele macia. E a bunda?
Redonda, lisinha, as roupas realmente escondiam seu corpo,
porque a bunda era um espetáculo.
Eu tentei segurar a selvageria presente em mim mas
quando ela pediu mais e gozou, foi como se o animal que estava há
tantos anos adormecido tivesse sido acordado. A montei como uma
fera no cio, e Hadassa novamente me surpreendendo, gozou uma
segunda vez.
Ela era malditamente receptiva, a forma como seu corpo
respondeu aos meus estímulos me deixou desnorteado. Hadassa
adorou nosso sexo tanto quanto eu, e eu sabia que seria uma prova
dormir todas as noites ao seu lado. Por isso tomei um banho no
quarto de hóspedes e estou aqui há duas horas.
Já passam da uma da manhã e eu decido voltar para o
quarto, assim que abro a porta vejo o lençol jogado no chão, com a
mancha de sangue que evidencia o fato de ter sido o primeiro
homem de Hadassa. Eu nunca havia feito sexo com nenhuma
virgem, era uma regra imposta a mim mesmo, talvez pelo pudor que
havia ficado pela minha criação não sei explicar... O fato é que ser o
primeiro homem de Hadassa me fez desenvolver uma certa
possessividade sobre ela, por isso algo vinha me perturbando.
Hadassa parecia bem a vontade com o corpo masculino, eu percebi
pela forma que me beijou e suas mãos mapearam meu corpo, que
aquela não era a primeira vez que fazia aquilo. Eu senti muita raiva
na hora, lembrei das palavras de Vitório, que talvez ela pudesse ter
alguém em sua faculdade, aquilo ficou entalado na minha garganta.
Assim que meus olhos vão para cama, eu tenho a visão
de Hadassa nua, dormindo de bruços. A pele branca banhada pela
luz da lua, o contorno do corpo, costas, cintura, quadril, bunda,
pernas torneadas. Ela era toda proporcional, capaz de deixar
qualquer homem louco com sua beleza inocente e sensual. Uma
ninfeta que havia dormido nua apenas para me provocar. A vontade
de chupa-la de todas as formas veio feroz, mas eu precisava manter
o controle por isso marchei de volta para o outro quarto.
Eu havia acordado às 10:30 da manhã, geralmente
acordava em torno das 06:30, mas devido ao casamento, e aos
pensamentos sobre o que aconteceu entre Hadassa e eu acordei
mais tarde que o normal. Eu me levantei pegando minha bengala e
marchei rumo ao quarto principal. Assim que entrei tudo estava
arrumado, provavelmente ela já havia descido para tomar café
chateada por não ter dormido ao seu lado. Eu pego uma roupa para
vestir após o banho, e assim que abro a porta do banheiro estaco ao
ver Hadassa nua, saindo do banho.
- Desculpe eu pensei que...
- Tudo bem, não tem nada aqui que não tenha visto -
Hadassa se aproxima completamente à vontade com sua nudez -
Por que isso Mikhail? Por que não dormiu comigo em nossa
primeira noite de casados?
Havia uma pontada de decepção somado a raiva e desafio
em sua voz.
- Eu sai do quarto para tomar banho e acalmar meus
ânimos ,você estava dolorida. Eu voltei depois mas você estava...
Hadassa passa suas unhas em meu peito com ar
totalmente inocente. Qualquer um poderia jurar que não estava
fazendo aquelas carícias.
- Eu estava...
Ela recua e meu corpo reclama a falta de proximidade,
mas os olhos agradecem a visão.
- Como está agora. Seria difícil pra mim ficar ali. Você
sabe que devemos ter ordem e decência em nossa cama.
Hadassa se reaproxima parando a poucos centímetros de
mim, pouco se importando com o que acabei de dizer.
- É pecado uma mulher querer dormir com seu marido?
O jeito como faz a pergunta de uma maneira impertinente
e olhar inocente me deixa a ponto de explodir. Ela tenta laçar meu
pescoço com as mãos, mas eu as seguro não dando espaço para
que se aproxime mais, e vejo em seus olhos a dor da rejeição.
- Por que faz isso Hadassa? Por que me provoca desse
jeito? Ontem foi a lingerie e depois dormir nua, e agora essa
insinuação vulgar. Você parece que não foi criada debaixo de
nossas doutrinas, se porta como uma desesperada por sexo.
Hadassa cambaleia com as minhas palavras, o olhar
crepitando fúria.
- Eu é quem deveria perguntar Mikhail, o motivo de tudo
aquilo. Eu havia me conformado com a ideia de ter um marido frio e
inerte na cama, mas aí vem você e me mostra um mundo de prazer
com suas mãos, boca e pau. Você me fez ver estrelas, gozar três
vezes em minha primeira vez. Qual era sua intenção? Hã? Me
mostrar o quanto poderia ser bom e depois tirar de mim, eu preferia
ter ficado na ignorância. Agora aguente a consequências de seus
atos, porque eu gostei, eu gostei muito Mikhail, e quero mais. -
Hadassa cola seu corpo no meu, e esfrega o rosto em meu peito nu,
aspirando meu cheiro, meu pau quase furando a calça de tão duro,
as bolas pesadas precisando de libertação. - Foi você quem me
deixou assim Mikhail, desesperada por sexo.
Hadassa desce distribuindo beijos e mordidas pelo meu
corpo, eu tento impedi-la, mas a língua quente em minha pele, junto
à suas unhas arranhando, causam arrepios e sensações boas
demais. Eu tentava controlar a respiração ofegante, minhas unhas
quase perfuravam a pele da palma da minha mão, tamanha força
que fazia para não perder o controle. Assim que Hadassa desceu a
calça de moletom, meu pau saltou duro como rocha já exibindo
gotas de pré sêmen na cabeça, Hadassa o olhava encantada, os
olhos brilhantes de excitação. E então pra ferrar comigo de vez, ela
aspira o meu saco próximo a virilha como uma fêmea reconhecendo
o cheiro do seu macho. A visão é enlouquecedora. Suas mãos
trêmulas vão a base do meu pau, e ela começa a masturbá-lo
devagar conhecendo aquela parte do meu corpo. Ela lambe os
lábios olhando meu pau com tanto desejo, que me deixa arrepiado
de tesão.
- Me deixe provar, só essa vez... Eu quero sentir o seu
sabor.
Eu não respondo, e pegando o pretexto de quem cala
consente, ela usa meu silêncio para continuar. Eu mantenho meus
olhos cravados nela, o tesão que estou sentindo é algo diferente à
tudo que já senti, Hadassa está me deixando louco como nenhuma
mulher havia feito antes, e o que faz a seguir eleva ainda mais meu
estado de loucura. Olhando-me nos olhos, Hadassa desliza sua
língua da base até a cabeça, a movimentando levemente onde
despejo mais líquido pré ejaculatório. Em seguida Hadassa chupa
provando a carne dura, abocanhando a cabeça fechando os olhos
como se estivesse saboreando o mel que sai do meu pau. Minha
mão vai até seu cabelo fazendo uma carícia como forma de
incentivá-la.
- Oooohhhh...
Eu solto um gemido, e ela abre aqueles olhos verdes
lindos, começando a sugar mais, tomando cada vez mais minha rola
em sua boca. O que era uma carícia nos longos cabelos castanhos
se transforma em um aperto firme para guiá-la. Sua inexperiência
me excitava ainda mais.
- Relaxa a garganta vou foder sua boca.
Hadassa abre mais a boquinha, e quando a sinto
relaxada dou três estocadas seguidas, ao contrário do que pensava
ela não se assusta muito pelo contrário a safada parece
maravilhada e ainda sorri com meu pau na boca. Puta que pariu!
Hadassa estava conseguindo trazer o meu lado devasso à tona eu
percebi assim que soltei as palavras seguintes.
- Você gosta de mamar no meu pau não é criança? Vai
beber toda minha porra, engolir tudinho, depois vou foder duro essa
bocetinha ali, em cima daquela pia.
Ela solta um gemido com a boca ainda preenchida,
Hadassa solta o boquinha do meu pau fazendo um som alto de
sucção, ela reinicia a masturbação e sua boca vai para o meu saco
sugando, lambendo. Depois volta a sugar mais forte e masturbar
mais rápido eu não aguentei soltando uma espécie de urro.
- Isso assim sua ninfeta... Eu vou gozar... Toma leitinho...
Meu gozo sai em jatos fortes, enchendo sua boca mas
Hadassa não decepciona e bebe tudinho. Aquilo foi maravilhoso,
será que já fez isso antes? Desperto do meu transe quando
Hadassa se levanta com expressão de satisfação no rosto.
- F-Foi muito gostoso eu adorei.
Eu a puxo para mim devorando sua boca, a fazendo
compartilhar meu gosto comigo. A seguro pela bunda redonda e ela
enlaça braços e pernas em meu corpo, a pego no colo e a deixo
aberta, sentada na ponta da bancada de mármore. O seu sexo
exposto e completamente melado somente por chupar meu pau, me
faz enfiar a cabeça entre suas pernas e chupa-la.
- Ai, Ai, Ai! Que gostoso!
-Geme porra! Geme mais, quero ouvir você gozando na
minha língua.
Então chicoteio seu clitóris com a língua, preciso que
goze logo pra que possa me enterrar em sua boceta.
- Mikhaaaiiill...
Hadassa treme se debate e goza lindamente ,mal seus
espasmos cessam, Hadassa salta da bancada ficando de pé
assustada com a intensidade do orgasmo.
- Onde pensa que vai? Eu ainda não acabei com você
Hadassa.
Hadassa dá alguns passos para trás até bater com as
costas na parede. Eu caminho até ela prensando seu corpo contra a
parede, levanto uma de suas pernas e me enterro naquela delícia
apertada em uma socada só.
-Ah que delícia de boceta.
- Oh Mikhail isso é tão gostoso.
Eu beijo sua boca engolindo seus gemidos, os lábios
macios o sabor da sua boca, as unhas em minhas costas. Foda! A
receptividade de Hadassa me leva as alturas, ficando impossível
manter o controle. Eu me retiro dela pegando em seu braço a
fazendo caminhar até a bancada. Hadassa está de frente para o
espelho suas mãos se apoiam no mármore, eu a faço inclinar seu
corpo fazendo a bunda ficar exposta pra mim, me fazendo salivar de
vontade de comer seu cuzinho apertado. Eu não gosto de como ela
me deixa insano, desejando esses tipos de coisas que aprendi a
deixar de desejar, então como punição soco com vontade em sua
boceta. Meu ritmo é impiedoso, eu devoro sua boceta com meu pau
em estocadas fortes e fundas.
- Mikhaaail... e-eu não aguento...
Eu seguro seus cabelos em uma espécie de rabo de
cavalo, levantando sua cabeça fazendo-a ver nosso reflexo no
espelho.
- Aguenta sim, não era isso que queria criança ? Eu vou
te foder gostoso deixar minha criança dolorida.
Eu pensei que isso a assustaria, a faria desistir mas o
sorriso que vi no espelho era como um desafio pra mim. Então a fodi
como louco.
- Toma criança! Toma meu pau todo nessa bocetinha
apertada.
- Ahhh que delícia! Que pau gostoso!
Eu levanto o corpo de Hadassa colando suas costas em
meu peito e aumento ainda mais a intensidade das estocadas, eu
sinto as contrações de seu canal apertado anunciando seu gozo.
- Isso! Assim! Eu vou... Aaaaaahhhh!
Eu não resisto e acabo indo junto.
- Ooohhh... Porra Hadassa!
Nossas respirações ofegantes, o sorriso satisfeito em seu
rosto refletido no espelho, e novamente eu me sinto fraco diante do
poder que Hadassa exerce sobre meu corpo. Ela percebe minha
mudança de humor, então ouvimos vozes e reconheço como sendo
dos meu pais. Droga! Será que ouviram?
- Vá tomar um banho rápido, eu vou avisar que já
descemos.
Eu saio de dentro dela e vejo o seu rosto se contorcer um
pouco, provavelmente de dor. E novamente o arrependimento vem.
- Eu não deveria... E-Eu machuquei você.
- Mikhail... - ela tenta contestar.
- Hadassa! Mikhail!
Eu vou até o quarto abro a porta e dou um grito.
- Só um minuto, já descemos.
Eu fecho a porta e encosto a cabeça na parede
desnorteado, pensando no que aconteceria se tivessem nos ouvido,
o sermão que ganharia do meu pai. Mas não podia negar que foi
intenso e gostoso demais. Eu tinha que acalmar minha mente, eu
não podia deixar aquele sentimento me dominar novamente.
CAPÍTULO IX
HADASSA MENDONÇA
Assim que ficamos apresentáveis descemos ao encontro
dos meus sogros. Eu espero sinceramente que suas visitas não
sejam frequentes, não por Irina, mas sim por Vladimir. Eu não ia
com a cara dele, ele não ia com a minha e fim. Se ele souber
respeitar meu espaço não teremos problemas.
Mikhail, após o sexo maravilhoso que tivemos onde
demonstrou uma devassidão que adorei, voltou a agir de maneira
fria novamente. Logo chegamos a sala nos deparamos com um
completo brunch(1), além da presença de Irina e Vladimir também
estavam presentes meus pais e irmã, além de Vera, Renata e
Vitório. Eu estaco imediatamente notando que provavelmente Vitório
já sabe da nossa fraude, o sorrisinho no canto da boca dele
denuncia isso. Droga! Por isso estão todos aqui.
- Enfim os pombinhos desceram, pensei teríamos que
derrubar a porta do quarto. Pelo visto a lua de mel foi animada.
Vitório diz isso e Mikhail o repreende com o olhar. Eu
tenho certeza que sua intenção era provocar meu sogro que
demonstra sua insatisfação coçando a garganta.
- Hunrum! Por favor Vitório vou pedir que se abstenha
desses tipos de comentários.
- Desculpem a demora, acordarmos tarde, ficamos muito
cansados pela festa.
Mikhail diz de forma tranquila, mentir é pecado Pastor...
- Eu imagino meus queridos. Por isso resolvemos fazer
uma surpresinha e preparamos o primeiro café da manhã de vocês,
que a essa hora já se tornou um brunch(1).
Cumprimentamos a todos e Vera sutilmente me chama
para uma conversa mais íntima.
- O Vitório descobriu tudo. - ela despejou assim que se
assegurou de não termos sido seguidas até aquela parte do jardim.
- Eu já imaginava e agora? Ele vai contar tudo para
Mikhail, eu tô ferrada Vera.
- Calma por enquanto ele não vai contar nada. Eu fiz um
trato com ele, e eu tenho certeza que ele não vai contar nada a
ninguém. - Me alivia saber que não serei desmascarada, mas me
preocupa prejudicar Vera de alguma forma.
- Vera não precisa se sacrificar por mim, eu vou
conversar com Vitório e...
- Falando de mim? - Vitório surge atrás de mim com um
copo de suco na mão. Eu resolvo ser direta, Vitório era um homem
perspicaz e ser evasiva não me ajudaria naquele momento.
- Sim Vitório, será que podemos conversar um pouco?
- Não precisa Dassa eu já acertei tudo com ele não é
Vitório? - Vera o encara de forma ameaçadora.
- Minha boca é um túmulo.
- Acho bom que se mantenha assim, senão quem vai
parar em um túmulo é você.
- Vera nos dê um minuto a sós. Mikhail é melhor amigo
dele, Vitório merece uma explicação, não quero que pense que a
noiva de seu amigo possui caráter duvidoso.
- Está certo. - ela diz contrariada mas atende ao meu
pedido.
- Vitório, eu sei que não me conhece e deve está
passando um monte de coisas pela sua cabeça, mas...
- Com certeza está! - ele ne interrompe de maneira fria. -
E a principal delas é sobre quem é você. Uma jovem medrosa que
quer viver uma vida totalmente diferente da que leva, mas não quer
decepcionar os pais, ou uma mulher ciente de seu poder de
sedução e vê em Mikhail um desafio, e assim que o fizer ceder aos
seus caprichos irá partir para uma próxima aventura. - Nossa! Ele
era direto.
- Eu só tenho direito a escolher uma opção? Porque na
realidade tem um pouco de verdade em cada uma delas. Eu não
queria o casamento e fui bem sincera com Mikhail quando fui até ele
e expliquei meus motivos.
- Que eram?
- Eu estava prestes a arrumar um emprego de secretária
em poços de Caldas em uma boa escola, com um salário bom.
Minha intenção era me mudar definitivamente pra lá e viver minha
vida em paz, mas Mikhail não aceitou se casar com minha irmã,
disse que não iria contra a nossa doutrina. Eu vou ser bem sincera
com você Vitório, na faculdade ninguém sabe que eu faço parte da
congregação, lá eu sou eu mesma sem amarras. E é aí que Vera e
Renatinha entram, meus pais não permitiriam que eu fosse uma
festa de aniversário de um colega da faculdade ou ficar em um
barzinho conversando com os amigos depois das aulas, coisas
comuns para qualquer jovem da minha idade, mas que são
proibidas para mim. Vera aceitou se passar por uma mulher que
pertencia a uma igreja com as doutrinas tão rígidas quanto a minha,
apenas para quê com o pretexto de dormir em sua casa eu pudesse
usufruir desses momentos também. Quanto a Mikhail, ele é um
homem feito eu não estou aqui para corromper uma donzela virgem,
porém sou mulher tenho desejo e meu esposo é um homem lindo e
viril. Eu só quero que na qualidade de meu esposo Mikhail
corresponda aos meus desejos, já que entrei nessa não acho justo
vivermos uma vida de frustração sexual quando os dois se sentem
atraídos um pelo outro. Então sim sou uma menina medrosa, que
esconde as coisas dos pais para não decepcioná-los, e sim eu
quero enlouquecer Mikhail porque ontem ele me mostrou o quão
bom o sexo pode ser e eu não admito ter menos que aquilo.
Vitório me olha boquiaberto
- Você me surpreendeu garota, é mais inteligente e arisca
do que eu imaginava. Não pense que não me simpatizo com que
disse, eu fui o principal contribuinte para que Mikhail se desviasse
de sua doutrina durante o período da faculdade, por isso seu sogro
me odeia. Praticando da mesma sinceridade que você eu preciso
lhe perguntar uma coisa. -Vitório se aproxima e quase encostando
sua boca em meu ouvido me pergunta- Você é linda Hadassa,
impossível nenhum homem não ter notado. Você tem alguém, um
namorado na faculdade?
-Hadassa! Vitório !
Eu me assusto com a voz firme de Mikhail, indicando que
não está nada satisfeito com a cena que presencia.
-Olha, se não é o noivo do ano! Eu estava aqui passando
umas dicas a sua esposa de como lidar com o seu mau humor. Não
é mesmo Hadassa?
Vitório é tão cínico que Mikhail chega a travar ainda mais
o maxilar.
- C-Claro!
Fuzilando o amigo, Mikhail me pega pela mão.
- Venha Hadassa estão lhe procurando lá dentro.
Me puxando por uma de suas mãos, Mikhail me leva
consigo e seguimos indo para casa deixando Vitório para trás com
um sorrisinho debochado nos lábios. Antes de entrarmos na casa
Mikhail me puxa para o meio dos arbustos.
- Nunca mais deixe outro homem se aproximar de você
dessa maneira Hadassa. Está me ouvindo?
Caramba ele está mesmo com raiva!
- Mas estávamos apenas conversando sobre você.
- Eu sei muito bem quem Vitório é, o maior cafajeste que
eu conheço. Fique – longe - dele!
Era impressão minha ou Mikhail estava com ciúmes...
Vitório pode ser um cafajeste, mas não notei da parte dele nenhuma
intenção de me seduzir, e poderia apostar que sua aproximação e
as palavras ditas ao pé do ouvido foi porquê viu Mikhail se
aproximar.
- Mikhail ele é seu melhor amigo, e nosso padrinho de
casamento, só estávamos nos conhecendo melhor. O casamento foi
corrido mal nos falamos.
- Não permita que ele se aproxime demais, está me
entendo. Você sabe que nós evitamos interações prolongadas entre
homens e mulheres.- eu reviro meus olhos e Mikhail segura meus
ombros de maneira firme. - Hadassa eu sou seu esposo você me
deve respeito, e não se portar como uma adolescente mimada.
Agora vamos estão nos aguardando.
Possessão... Mikhail ainda que negasse, estava assim
marcando território sobre mim. Isso é um ótimo sinal, Mikhail se
mostrava cada vez mais "humano", e eu começava a enxergar as
rachaduras em sua armadura.
CAPÍTULO X
HADASSA MENDONÇA

Já haviam se passado uma semana desde o nosso


casamento, e Mikhail nunca mais me procurou intimamente. Eu me
reservei ao direito de não seduzi-lo para o arrastar para cama,
apesar de está quase enlouquecendo. Eu desejava Mikhail de uma
forma visceral, mas ainda sim quando ele me procurasse eu não
cederia. Eu não sou a droga uma boneca inflável para servi-lo só
quando desejar.
O pior era lidar com assédio de Enzo. Ele era o sonho de
consumo da maioria das mulheres da faculdade, e não era para
menos, Enzo com seus 23 anos era lindo, sexy e de quebra sempre
que nos reunimos, ele nos presenteava cantando com sua voz
rouca enquanto tocava violão. As tatuagens e o sotaque levemente
espanhol lhe davam um ar de bad boy latino que muitas vezes me
fez suspirar.
Na verdade eu nem sei como Enzo foi prestar atenção
em mim, eu não me considero uma mulher feia, mas havia uma lista
de beldades atrás dele. Então imagina qual não foi a minha surpresa
em vê-lo flertar comigo na festa de Renatinha. Enzo foi o meu
segundo beijo e ele sabia disso, já que na mesma festa estando um
pouco alterada pelo álcool, Renata soltou a informação. Eu pensei
que ele riria ou zombaria de mim, mas não, Enzo viu em mim um
desafio. Aparentemente ele ficou decepcionado com o término do
nosso "rolo", já que havia demonstrado interesse em termos algo
mais sério, um namoro talvez. Eu até sorri imaginando o senhor
Isaac recebendo um bad-boy tatuado em sua casa, dizendo querer
namorar sua caçula. Eu dei a desculpa de que meus pais eram
muito conservadores, e que namoro para eles era um compromisso
que só deve ser assumido caso a intenção seja casar, o que de fato
não era mentira. E qual não foi a minha surpresa ao ouvi-lo dizer:
- Por que não chica? Daqui à uns anos quem sabe?
Eu já havia notado que o que começou para Enzo como
um desafio havia se tornado algo mais, eu nunca o dei esperança
em termos nada mais sério, e o nosso quase sexo aconteceu
durante uma das festas de Rê. Eu havia bebido um pouco de
Caipfruta, os beijos e os amassos estavam maravilhosos, foi quando
ele me disse na lata:
- Eu sou louco para te chupar Dassa.. Porra eu te chuparia
tanto.
As palavras dele me deram um tesão danado, combinado
com coragem que o álcool havia me dado, eu cedi. Enzo me fez
gozar deliciosamente, mas para ser justa Mikhail elevou o nível com
sua chupada faminta. E lá vamos nós de novo pensar em Mikhail, e
em sua boca e pau mágicos.
Ninguém na faculdade sabia que eu havia casado, se
soubessem quem era meu esposo, eu já imaginava que
descobririam que eu pertencia a Congregação, e daí ouvir
expressões como: "Santa do pau oco" ou "As santinhas são as
piores " se tornaria comum.
Então decidi não usar a aliança de casamento, apenas a
de noivado. E quando fui questionada pelo anel, eu respondi
simplesmente que estava em um relacionamento sério, e que a
pessoa havia me dado o anel como forma de representar nosso
compromisso. Logo a fofoca se espalhou em nossa roda de amigos,
e Enzo veio me questionar se era verdade, e se foi aquele o motivo
de ter dado o fora nele. A resposta foi um sincero sim. Desde então
ele vem me perseguindo, não sendo abusivo ou agressivo, mas
aonde eu estava lá estava ele, com um sorriso leve e
despreocupado, os olhos brilhantes que sempre buscavam pelos
meus. Se não fosse minha situação quando o conheci, Enzo com
certeza teria se tornado algo mais sério, nós tínhamos muito em
comum, mas sabendo da minha condição eu consegui manter
minhas emoções controladas, e não permiti que chegasse a ser
nada além do que deveria ser, uma aventura.
Depois de uma semana sendo ignorada por meu esposo,
essa sexta eu não vou ficar em casa irei a um barzinho com meus
amigos, e em seguida dormirei na casa de Rê e Vera. Eu já estava
quase pronta com meu vestido longo mas com decote lindo nas
costas de estampa étnica.
- Você vai sair assim hoje para faculdade?
Tomo um susto ao ouvir a voz grossa de Mikhail.
- Não vou a faculdade, vou encontrar com Vera e Renata,
só vou jogar um quimono por cima.
- E por que precisa ir tão arrumada?
A insatisfação é evidente em sua expressão.
- Porque hoje é o evento na igreja de Renatinha e eu
fiquei de ajudar, por isso vou dormir lá.
- Você vai dormir lá? Quando pensou em me avisar?
Eu bufo pelo seu tom de voz rude, por quê eu havia
avisado e ele pelo visto me ignorou novamente, isso só prova que
para ele sou como um móvel da casa.
- Eu avisei Mikhail, há dois dias atrás no café pouco antes
de sair para faculdade, você tinha acabado de chegar da clínica.
- Eu não ouvi.
Mikhail falava comigo, mas os olhos não saíam do meu
corpo em especial das minhas costas, onde havia a amarração do
vestido.
- Novidade! A única coisa que fez desde o nosso
casamento, foi me ignorar em todos os sentidos. Então hoje eu vou
te deixar em paz, volto amanhã depois do almoço.
- Hadassa esse será o meu primeiro sermão depois de
casado, não será de bom tom minha esposa não está presente.
Eu sorrio tentando ignorar a pontada de decepção por
saber que o que incomoda Mikhail é minha ausência no culto, e não
na sua cama.
- Isso só prova o que falei, você não achou necessário me
contar que hoje seria seu primeiro sermão depois de casado. Se eu
soubesse com certeza faria questão de ouvir você palestrando
sobre vida à dois quando não temos uma, mas eu não gosto de
faltar com minha palavra, eu marquei com Renata e Vera e elas
contam comigo.
- Hadassa eu não estou te ignorando...
- Está! - meu tom de voz sai mais magoado do que
gostaria, então tomo uma respiração funda. - Quer saber tanto faz...
Eu já sabia que seria assim, o que me deixa mais indignada é que
fui até você pedir para optar por Esther, ela com certeza aceitaria
bem essa vida. Mas não você não podia ir contra sua doutrina.
- É sua doutrina também.
- E eu tenho outra opção? A vida inteira eu não tive
escolhas, e agora estou presa em um casamento onde minha vida é
fazer o papel de esposa troféu. Se pelo menos eu ainda tivesse
alguma maneira extravasar o meu estresse e relaxar, mas não eu
esqueci que além de esposa troféu eu não passo de uma boneca
inflável.
Mikhail pisca os olhos, surpreso com minhas palavras.
- Do que está falando? Você não é uma boneca inflável,
não para mim.
- Não?! E se eu disser para você que essa noite eu quero
fazer sexo como na primeira vez, quente, suado e selvagem. Você
faria Mikhail?
- Hadassa nós não podemos, eu não posso...
- Então pronto! O sexo é no dia que você quer e da
maneira que você quer, a minha função é está ali naquela cama,
nua, com as pernas abertas na hora do seu desejo. Se isso não é
ser uma boneca inflável então eu não sei o que é. - eu suspiro
cansada, não sei porque eu ainda perco meu tempo - Esqueça
Mikhail, você nunca entenderia. Bom eu vou indo, espero que você
faça um bom sermão. Javé esteja contigo.
Eu visto meu quimono pego minha bolsa e saio. É claro
que não havia evento algum, apenas uma esticada da faculdade
para um barzinho, mas Mikhail não precisava saber, eu não ia fazer
nada demais, apenas me divertir com meus amigos.
Já eram 23:30 estávamos todos no Marujo o barzinho
que sempre nos reunimos. Enzo no violão tocava as músicas
pedidas até resolver cantar uma por conta própria.
- Essa vai para una chica em especial...
Seu olhar vai direto ao meu encontro, e eu sorrio assim
que as notas começam me fazendo lembrar a letra da música que
ele havia me obrigado a ouvir, dizendo que sempre que a ouvia
pensava em mim.
Borró Cacete (Deu branco)

Ayer me besaste y no podías parar


Ontem me beijava e não podia parar
Y me bailaste hasta el amanecer
E dançava para mim até o amanhecer
Cuando desperté yo te quise llamar
Quando acordei eu quis te ligar
Y ahora me dice que borró cassete
E agora me diz que deu branco
Que no se acuerda de esa noche
Que não se lembra da noite
Porque ella borro cassette
Porque deu branco
Dice que no me conoce Y quiero volverla a ver
Disse que não me conhece, e eu quero voltar a vê-la.
Y que los tragos, hicieron estragos en su cabeza
E que a bebida fez um estrago na sua cabeça
Que ella con cualquiera no se besa
Que ela não beija qualquer um
Quiero que sepa que me interesa
Quero que saiba que me interessa
Y no hay un día que no pare de pensad em sus belleza
E não há um dia que não paro de pensar e sua beleza.

A noite corre dentro da normalidade, Enzo e eu estamos


conversando até ele notar alguém atrás de mim e abrir um sorriso
enorme. Ele dá um assobio e gesticula, eu me viro e vejo Vitório
vindo em nossa direção. Ah merda!
- Dassa esse é meu tio Vitório García, o melhor médico de
Poço de Caldas.
CAPÍTULO XI
HADASSA MENDONÇA

O desprezo como Vitório me encarava só me deixava mais


nervosa.
-Dassa? – Vitório indaga com total ironia, eu já disse que
Vitório é cínico e cretino? Se já disse eu reforço agora.
- Hadassa me chamo Hadassa Vitório, sou colega de
faculdade de Enzo.
- Hadassa é a menina de quem conversamos ontem tio.
- Huumm... Hadassa isso no seu dedo é uma aliança?
Vitório me fuzilou com os olhos, no mínimo deve achar que
estou jogando com os dois uma vez que estou usando apenas anel
de compromisso.
- Sim eu sou comprometida.
- E seu marido, noivo ou seja lá o que for sabe que está
aqui?
Eu engulo a seco, e ao anotar meu desconforto Enzo
questiona o tio.
- Tio por que tanto interesse na vida amorosa de Hadassa?
Vitório percebe que falou demais e se redimi, ou pelo
menos tento.
- Desculpe Hadassa, eu sou estava sendo superprotetor
com meu sobrinho. Há pouco tempo ele me confidenciou está se
envolvendo com você. Só me causou estranheza...
- Com certeza isso foi antes de eu assumir um
compromisso.
Procurei ser bem enfática, quero deixar claro a Vitório que
não trai Mikhail, e também não brinquei com Enzo.
- Tio o senhor está constrangendo a mim e a Hadassa. O
que se pasa?
- Me desculpem deve ser a idade, de qualquer forma foi um
prazer conhecê-la Hadassa.
- Digo o mesmo Vitório, agora se me dão licença vou até
minha amiga.
Caramba! Se Vitório contar a Mikhail que estou aqui em um
barzinho na praça em frente à faculdade, eu nem posso imaginar o
que pode acontecer. Seria um desastre eu tenho certeza.
-Dassa eu enxerguei mal ou aquele era mesmo Vitório.
- Era... - eu grunhi imaginando o que me aguarda. - E eu
tenho certeza que não vai ter acordo que Vera faça que o impeça de
contar que estou aqui. Droga!
- Por que? Ele te ameaçou?
- Não precisou pelo olhar de repulsa dele, deve achar que
estava enganando os dois Mikhail e Enzo.
- Caramba Dassa... Olha sua bolsa é integral, na pior das
hipóteses você vem morar comigo e com minha mãe. Depois
arruma um emprego e...
- E nunca mais vejo meu pai ou minha mãe...
Eu amava meus pais em especial minha mãe, e por isso
não chutava o balde. Ela havia sofrido muito até por nossas nossa
família nos eixos e eu não queria ser a responsável pela sua
desestruturação.
- Espera! Vou mandar uma mensagem para minha mãe,
pedindo para que envie outra para Vitório para que se encontre com
ela lá em casa. Você vai até lá e conversa com ele e explica a
situação. Não custa nada tentar...
- Ah Rê... Só você mesmo... Eu vou para lá então!
Eu já fazia sinal para um táxi quando Enzo me puxou e
dispensou o carro depois de 15 minutos de espera.
- Enzo! Poxa eu precisava pegar o táxi.
- Eu te dou uma carona, ou você vai encontrar com seu
namorado e vai dar problema se te ver comigo?
- Não vou me encontrar com ele, mas se alguém me vir na
garupa da sua moto podem pensar o que não devem - eu bufo
irritada mas agora ele é a minha única opção - Já que não sei
quando vai passar outro, eu preciso que me leve urgente para casa
de Rê.
- Algum problema?
- Nada demais. Só me leva para lá ok.
Assim que a moto parou eu praticamente dei um pulo.
- Obrigada Enzo.
Antes que pudesse me virar, Enzo me segurou passando o
braço pela minha cintura, aproximando seu corpo do meu e falando
em meu ouvido.
- Dassa eu sinto sua falta já são mais de três meses sem
sentir seu beijo, seu gosto. Eu não acredito que você não sinta falta,
que esse cara em tão pouco tempo se tornou tão importante para
você.
- Enzo por favor... Eu amo Mikhail.
Eu me espanto como falei aquilo com tanta naturalidade.
Enzo Solta meu corpo como se tivesse em chamas.
- Você o ama? Mikhail é esse o nome dele? Eu já ouvi esse
nome antes. Ele é da faculdade?
- Não faz diferença e-eu preciso ir. Obrigada pela carona.
Eu corro até a porta da casa e entro ofegante com medo
de Enzo saber que o Mikhail é o mesmo amigo de seu tio.
- Você parece assustada Hadassa.
Vitório surge saindo por trás da cortina.
- Ai merda! Quer me matar do coração Vitório?
- Não mas estou tentado a saber porque estou aqui
esperando Vera, e quem aparece é você.
- Como chegou tão rápido? - eu me surpreendo por já está
me esperando.
- Vim de moto. De onde acha que Enzo tirou a paixão por
motos? Mas vamos direto ao ponto, você não armou e esse circo
todo à toa.
Vitório é esperto, logo percebeu que nós três fabricamos
esse encontro.
- Não... Eu fiz isso porque queria me explicar.
- Não é a mim a quem deve explicação.
Ele está visivelmente com raiva e vira as costas para mim,
na tentativa fazê-lo me ouvir eu seguro seu braço.
- Vitório eu não fiz nada demais, eu só não aguentava mais
ficar sozinha em casa de lado, sendo ignorada por Mikhail. Eu
precisava relaxar um pouco, foi por isso que dei uma desculpa para
dormir aqui e ir ao Marujo.
- E quanto a Enzo?
- Eu me envolvi com Enzo sim, mas eu nem sonhava em
noivar ou casar, não sei se Mikhail contou para você mas lá na
Congregação não existe namoro. Eu sabia que uma de nós seria a
escolhida mas fui pelo óbvio e logo deduzi ser Esther. Eu noivei
sexta, e no sábado da outra semana fui até Mikhail pedir para
reconsiderar o noivado, bom você já sabe o desfecho. Com a recusa
dele terminei definitivamente com Enzo.
Eu solto tudo de uma vez falando rápido com medo dele ir
embora sem me ouvir.
- Você ainda gosta de Enzo?
Eu gostava sim mas não como homem, a verdade é que
desde que Mikhail me apresentou a casa eu só pensava nele.
- Eu tenho um carinho enorme por Enzo, mas não nutro
mais nenhum interesse por ele.
- E por Mikhail ?
- Mikhail é um homem lindo experiente, estaria mentindo se
dissesse que não me interesso por ele, eu sinto sim uma forte
atração, mas...
- Mas? - Vitório me incentiva a continuar.
- Ele me ignora, eu só vejo quando chega da Clínica, e
quando chego da faculdade ou está dormindo ou só deita após eu já
está dormindo. Eu não quero que deixe de crer em Javé, eu mesma
creio na existência dEle, mas eu duvido que um casal ter uma vida
sexual saudável nos afastaria dEle.
- Hadassa, Mikhail tem seus motivos, talvez o sexo seja um
gatilho que se for acionado o faça voltar a ser o mesmo de antes.
- E o que ele tinha de errado?
- Mikhail era viciado em sexo. Frequentávamos um clube de
sexo o Dominus, e acredite o velho Mikhail não conseguiria se
manter fiel a uma mulher, talvez por isso te ignore.
Será? Eu não quero me separar nem que Mikhail seja
infiel. Não... Ele não faria isso... Faria?
- Eu não acredito nisso, ele vai encontrar um meio-termo, e
você poderia me ajudar.
- Eu? Como?
- Sei lá, me dizendo do que ele gosta, como posso instiga-
lo, seduzi-lo.
- O que eu ganharia com isso?
- Você teria seu amigo de volta e eu uma vida normal.
- Você quer o divórcio é isso?
- Não. Quero que eu e ele tenhamos uma vida normal,
talvez ele possa se mudar para cá e vocês abrirem uma clínica
juntos.
- Por que não quer o divórcio?
- Preciso de Mikhail para me levar junto com ele.
Aquela era uma meia verdade, na realidade eu queria
Mikhail comigo, eu realmente me sentia muito atraída por meu
marido, e a ideia de vê-lo com outra não passava pela minha
cabeça.
- Entendi... Se ele se divorciar e deixar você em Águas da
Prata provavelmente terá que voltar para casa dos seus pais, e será
vista como um fracasso por eles. Você é mais esperta do que eu
imaginava garota.
- Eu tenho mais a perder do que ele. Você acha que Mikhail
é feliz?
- Não.
- Então pronto. Não quero que ele se torne um devasso,
apenas que tenhamos uma vida normal, que ele saía da influência
de Vladimir. Se Mikhail fosse feliz com a vida que temos assim como
os nossos pais, eu juro que não insistiria, mas nem ele e eu somos
felizes debaixo da doutrina em que vivemos. O problema é que
Mikhail é intransigente em relação a fazer algumas exceções.
- Tudo bem... Eu vou ajudá-la, mas se de alguma forma
você tentar prejudicá-lo eu juro que acabo com a sua pose de moça
virtuosa.
Eu fiquei conversando com Vitório por cerca de 2 horas, ele
saiu da casa de Vera por volta das 2:30 da manhã, e com um plano
arquitetado para amanhã. Era arriscado mas as poucos Mikhail
estaria envolvido em minha teia de sedução.
CAPÍTULO XII
HADASSA MENDONÇA
Eu não sei se o plano de Vitório daria certo mas eu
precisava tentar, na verdade não era bem um plano, mas sim
algumas dicas e estratégias para trazer a atenção do meu marido
para mim. Vitório disse que o homem geralmente gosta de caçar e
não ser caçado, que eu deveria sim seduzir Mikhail mas de uma
maneira sutil, quase como uma mensagem subliminar.
Hoje por exemplo eu disse que voltaria após o almoço,
mas Vitório me aconselhou a voltar antes e seguir à risca tudo o que
me orientou. Não era uma coisa de outro mundo mas de acordo
com Vitório Mikhail tinha um fetiche, pelo que eu entendi ele curtia o
shibari, uma técnica de dominação através de cordas, daí surgiu a
ideia que eu deveria usar algo que trouxesse a ilusão de que meu
corpo estava amarrado. Eu havia pensado em uma roupa íntima,
mas Vitório disse que aquilo poderia levantar suspeitas da parte de
Mikhail, e ter o efeito contrário do que desejávamos. Deveria
aparecer algo inocente de minha parte, foi então que ele sugeriu um
biquíni.
A suíte de nosso quarto tinha um banheiro maravilhoso
que mais parecia um spa, além disso nossa suíte possui uma porta
de correr que dava para uma sacada enorme, que continha um
Deck com uma pequena piscina privativa.
Dizem que a casa revela muito sobre a personalidade da
pessoa, e olhando o Mikhail de hoje você nunca diria que esse lugar
pertence a ele, talvez com a morte de sua esposa ele quis pôr para
fora algo que o fizesse lembrar de quem realmente era.
Mikhail geralmente chegava meio-dia da ação social,
passava em casa para tomar um banho e em seguida almoçava
com os pais. Era essa a rotina dele antes de nos casarmos de
acordo com que Irina me confidenciou. Eu já havia enviado mais
cedo uma mensagem para ela dizendo que hoje o almoço seria por
minha conta em nossa casa, mas que fizesse segredo pois seria
uma surpresa para Mikhail. Eu era boa na cozinha, minha mãe nos
ensinou desde cedo a cozinhar, uma vez que segundo ela era dever
da esposa cuidar do lar e da família.
Eu quis me arriscar na culinária russa, e com ajuda do
Google consegui reproduzir o Frango à Kiev com salada Olivier e
arroz. Fiquei surpresa como eram receitas bem simples de fazer,
com ingredientes comuns e pelo que provei tudo delicioso. De
sobremesa, uma Charlotte russa de chocolate que descobri ser a
sobremesa favorita de Michael. Já deixei tudo pronto são 11:30 o
evento deve ter acabado, então corri para colocar o biquíni e ir dar
mergulho na piscina. Eu sinceramente não entendia como aquelas
blogueiras conseguiam usar um biquíni como esse, a marquinha
deveria ficar horrível, por isso até a chegada de Mikhail fiquei
embaixo da sombra. Levou só 20 minutos até ouvi-lo me chamando.
Provavelmente já deve ter notado que eu estou em casa pelo cheiro
da comida.
- Hadassa!
A voz grossa já estava em nossa suíte.
- Aqui Mikhail!
Ao seguir o som da minha voz Mikhail caminhou até o
deck, assim que me viu vestindo o biquíni ele estacou como se não
acreditasse no que via. Em seguida vejo Vitório também entrar na
suíte.
- Uoouu! Meu amigo você está de parabéns.
Eu corro e pego uma toalha fingindo constrangimento, não,
eu não sabia que Vitório viria mas Mikhail não precisava saber que
pra mim seria normal alguém me ver de biquíni.
- Saí daqui Vitório!
Mikhail diz entre os dentes, sua voz baixa e rouca.
- Mas...
- Agora!
Opa! Até eu me assustei.
- Tudo bem Mika espero vocês lá embaixo, e a propósito
você está linda Hadassa.
Mikhail solta um rosnado, mas seus olhos não deixam do
meu corpo.
- Desculpe eu não sabia que apareceria alguém. Eu já fiz
o almoço e quis dar um mergulho para passar o tempo.
- Hadassa q-que biquíni é esse?
Os olhos de meu esposo parecem em chamas, estão
escuros. É pelo visto Vitório sabia mesmo como mexer com o
amigo.
- Eu ganhei de uma amiga da faculdade há muito tempo,
eu nunca o usei mas como a piscina é privativa, e eu não tenho
nenhum outro, resolvi usar esse. - Mikhail respirava pesadamente
os olhos fixos em meu corpo cintilando desejo. - Eu vou tomar um
banho e colocar uma roupa. Seus pais já chegaram?
O homem não se move parece se conter para não cometer
uma loucura.
- E-Eu não sei, eu apenas os deixei em casa, mas se
você os convidou para estarem aqui provavelmente foram apenas
tomar um banho e se trocarem, logo estarão aqui.
Era impressão minha ou sua voz estava ficando mais rouca
que o normal?
-Tudo bem então.
Eu passei por ele fui direto para o chuveiro, pouco tempo
depois ouvi a porta do banheiro abrindo e sorri internamente. Fingi
não ter ouvido nada e continuei a tarefa de tirar o condicionador do
meu cabelo, a porta do boxe abriu e Mikhail entrou nu e duro, muito
duro.
- Já estou acabando, só vou terminar de tirar o
condicionador.
Mikhail não diz nada apenas me mantém presa entre
seu corpo e a parede fria de azulejos, e eu quase gemo com a sua
ereção contra o meu ventre.
- Você quer me enlouquecer Hadassa? Porque eu estou
perto de ligar o botão do foda-se e te comer como um animal
esquecendo que o meus pais estão prestes a chegar.
- Eu quero te enlouquecer? Mikhail eu preciso me trocar,
como você mesmo disse seus pais podem chegar a qualquer
momento! e só terá Vitório para recebê-los.
Antes que eu pudesse sair de seu domínio, Mikhail segura
meu braço me fazendo encara-lo.
- Aonde quer chegar com isso Hadassa?
Eu preciso ser muito forte, porque sentir o pau dele duro
como pedra encostando em meu ventre, me faz salivar de vontade e
eu não disse por onde.
-Isso o quê? Mikhail eu me senti mal por ter perdido seu
sermão e resolvi voltar antes e fazer um almoço pra você e seus
pais. Agora se você puder me deixar terminar o banho e sair eu
agradeceria.
Mikhail me encara desconfiado, mas ainda assim se
afasta e eu lamento perder calor do seu corpo.
- Tudo bem. Vou acreditar em você.
Eu termino de enxaguar meu cabelo e deixo o box sob o
olhar do meu marido. Hoje Mikhail terá a esposa perfeita, e eu já
posso imaginar como deve querer me recompensar. Após secar
meus cabelos e corpo eu escolhi um vestido de leve e recatado, o
modelo era branco e o comprimento fica um dedo acima do joelho,
seguia justo até a cintura e abria a seguir. A ideia de moça pura
deveria ser vendida, afinal Vladimir e Irina estarão aqui.
Assim que estou pronta desço e encontro Vitório
esparramado no sofá.
- Nossa Sra. Volkov está a imagem da pureza e da beleza.
Eu sorrio cinicamente para ele.
- O que deu em você para aparecer aqui do nada?
- Me desculpa, mas eu não resisti, eu precisava ver a cara
do Mika quando te visse com aquele biquíni. Precisava ver se havia
dado certo.
Eu reviro os olhos, homens nunca cresciam.
- E aí atingiu suas expectativas?
- Caramba garota, foi melhor do que eu imaginava, ele
ficou babando e puto por eu ter te visto daquela forma, pela primeira
vez na vida vi Mika com algo parecido com ciúmes.
- Sou mulher dele, no máximo aquilo foi uma
possessividade natural, juntamente com a obediência a doutrina.
Eu respondi imediatamente para quê eu não criasse
expectativa de quê Mikhail sentisse algo diferente por mim.
- Pode ser... Mas achei que ele ter agarraria.
- E quase o fez. Mas vem levanta essa bunda do sofá e
me ajuda a pôr a mesa.
Vitório foi levando as coisas até pegar o frango à Kiev, e
queimar a mão no refratário quente.
- Ai merda!
Eu viu até o congelador e pego algo para aliviar a
queimadura.
- Para de ser um bebezão Vitório, já está com saco de
batata congelada encima, não é possível que esteja ainda doendo
tanto. Só você mesmo para pegar algo no forno sem proteção.
Pronto. Segura esse saco não tem mais nada aí que eu possa fazer.
- Você podia dar um beijinho no meu dedo para passar.
- Idiota.
- Hunrum. Interrompo?
Cacete! Mikhail não gostou nem um pouquinho da nossa
interação. Ele está fuzilando a mim e Vitório com o olhar.
- Mika? Sua esposa me pediu ajuda para pôr a mesa e
eu acabei me queimando. E a cara de pau ainda me chama de
bebezão.
- Mas você é mesmo.
Eu digo sorrindo e apertando sua bochecha.
- Pelo visto vocês estão se dando muito bem.
Mikhail fala como se nos darmos bem fosse algo horrível.
Mal ele sabe...
- Oi! Alguém em casa?
- Irina!
Eu vou até Vladimir e Irina estão na sala. Na verdade o
ambiente é todo aberto, sala de estar, sala de jantar e cozinha. Irina
me recebe com abraço apertado, eu realmente gosto muito da
minha sogra. Após cumprimentar Irina aperto a mão do meu sogro.
- Reverendo. Javé esteja contigo.
Vladimir me olha dos pés à cabeça, assim como passa os
olhos por toda a casa.
- Contigo esteja Javé Hadassa.
Ele sorri de maneira forçada pois sei que não é meu fã.
- Venham. Acabei de pôr a mesa.
- Ei, você não! Quem colocou fui eu, e ainda sai
queimado.
- Vitório meu filho, está aqui também. Que bela surpresa!
O cheiro está maravilhoso Hadassa. O que fez?
- Irina me arrisquei na culinária russa, e fiz um frango à
Kiev com salada Olivier.
- Huumm.. É um dos pratos favoritos de seu sogro.
- Fico feliz em saber.
Eu digo tentando compartilhar da mesma empolgação que
minha sogra com a notícia. Nos sentamos à mesa e Vladimir faz
oração.
- Agradecemos a Ti Javé a oportunidade de partilharmos a
mesa com aqueles que amamos, Agradecemos também e
consagramos o alimento aqui nos dados. Amém.
Todos começam a se servir e pelas expressões parecem
satisfeitos.
- Está muito bom querida, o frango está crocante por fora
e bem cozido por dentro, o recheio de queijo e presunto com ervas
está delicioso.
Irina elogia fazendo-me sentir bem por ter lhe agradado.
- A salada também está boa, mas com muita maionese.
Quando fui almoçar na casa de Isaac, Esther preparou a mesma
salada que ficou divina.
Irina olha para Vladimir com espanto e desgosto, pois
ele simplesmente deu a entender que Esther cozinhava melhor do
que eu.
- É praticamente impossível superar Esther por isso eu
nunca tentei, a originalidade sempre foi o meu forte Reverendo.
Irina me olha sorrindo aprovando a minha resposta.
- Para mim está tudo perfeito Dassa.
Aquelas palavras deveriam ter saído da boca do meu
marido, afinal ele não deveria permitir o pai me menosprezar
daquela forma, me comparando a minha irmã debaixo do meu teto.
Mas não... Quem saiu em minha defesa foi Vitório.
- Dassa?
Parece que enfim algo chamou atenção do meu marido,
Mikhail questiona olhando diretamente para mim.
- Mikhail acho que até Vitório já caiu nas graças de
Hadassa...
Vladimir diz com puro sarcasmo.
- Mika não precisa sentir ciúmes de mim, você sempre
estará em primeiro lugar em meu coração mesmo Hadassa tendo
mãos de fadas, que só perdem pra minha doce Irina.
Irina e eu sorrimos com a brincadeira de Vitório.
- Meninos vamos comer antes que esfrie.
Comemos e foi Irina quem me ajudou a recolher as louças
do almoço e substituir pelas da sobremesa. Assim que trouxe a
Travessa com a Charlotte os olhos de Michael brilharam.
- Nossa! Isso é Charlote de chocolate? Não acredito
mat'(1) que fez minha sobremesa favorita.
- Foi Hadassa quem fez syn(2). Se estiver tão bom quanto
o almoço, eu consegui uma concorrente à altura.
Irina fala enquanto se serve e de esguelha consigo
perceber o olhar de meu marido sobre mim.
- Espero que esteja boa...
- Huumm... Está maravilhosa...
Mikhail diz e eu inevitavelmente me sinto grata por isso.
- Está realmente muito boa Hadassa. – Vladimir diz talvez
tentando amenizar o comentário anterior.
- Obrigada Reverendo.
- Sentimos sua falta no culto ontem Hadassa. – Ele não
deixaria passar, não mesmo...
- Pai eu já expliquei...
Vladimir olha para Mikhail de forma dura e ele se cala.
- Mikhail avisou sobre sermão em cima da hora, e eu já
havia dado minha palavra em ajudar Vera e Renata no congresso de
sua igreja. Eu não poderia voltar atrás e deixá-las na mão.
- Hadassa em primeiro lugar Javé, em segundo vem sua
família e em terceiro a igreja.
- Eu entendo Reverendo, se Mikhail tivesse me avisado
com antecedência com certeza a prioridade seria ele. Mas como
bem sabe a palavra de um cristão deve ser sim ou não, por tanto eu
não poderia faltar com ela em cima da hora.
Encerrando o assunto nós terminamos de comer a
sobremesa. Enquanto Irina e eu lavávamos tudo que ficou da louça,
gargalhando debaixo das histórias loucas de Vitório, Mikhail e
Vladimir ficaram sentados conversando, mas ainda assim eu sentia
o olhar de meu esposo queimar em minha pele. Algo me dizia que o
plano de Vitório já vinha surtindo efeito.
Vladimir eu Irina já haviam se despedido e Vitório se
convidou a passar a noite aqui em casa. A tarde foi tranquila os dois
saíram para montar, e eu fui dar uma arrumada na casa. Eu não
queria empregadas, o que com certeza seria uma daquelas
mulheres da congregação que adoram falar da vida alheia. No
máximo tínhamos uma diarista que vinha duas vezes por semana,
para o serviço mais pesado, mas sempre no horário que Mikhail não
estivesse em casa. A noite jantamos, acomodei Vitório no outro
quarto, tomei um banho e fui dormir com uma camisola simples de
cetim longa, com apenas uma amarração nas costas.
Eu já havia me deitado quando Mikhail se deitou ao meu
lado, encostando o peito largo em minhas costas, com a mão
envolvendo minha cintura em um aperto firme, me fazendo sentir
cada centímetro de sua ereção em minha bunda. Não contente ele
sussurrou em meu ouvido as palavras que quis ouvir durante toda a
semana, mas que agora apesar de terem um efeito devastador no
meu corpo não me cabiam naquele momento.
- Eu quero você...
Mikhail em seus trinta e oito anos era um homem forte e
viril. Alto, com cerca de 1, 90, forte provavelmente pesando mais de
100 kg, o corpo coberto por pelos ralos que contestavam com a pele
branca, braços e pernas musculosas na medida certa, o abdômen
trabalhado e o pau... Era grande e grosso, a cabeça larga e rosada,
as veias saltadas, até suas bolas eram proporcionais, não havia
defeito naquele homem. O rosto se assemelhava ao de um deus
grego, o maxilar junto ao queixo que trazia um furinho, eram
totalmente simétricos. Os olhos, duas lagoas azuis envolvidos em
cílios negros e espessos como suas sobrancelhas. Sorriso perfeito,
com caninos proeminentes em conjunto com os lábios grossos e
macios. Meu marido era o sonho de consumo de qualquer mulher, e
eu com vinte anos estava tentando lidar com o fato de ter aquela
beleza e força da natureza na cama. Eu sorri de desgosto porquê
mesmo cheia de tesão eu tinha droga de um plano a seguir.
- Eu estou muito cansada Mikhail, pode ser outro dia...
CAPÍTULO XIII
MIKHAIL VOLKOV
A sensação de dormir sozinho, e não ter Hadassa pela
casa deixou uma espécie de vácuo e espaço no tempo. Estávamos
morando juntos há pouco mais de uma semana, e mesmo tentando
me manter afastado para não transar com ela em cada cômodo
dessa casa, eu ainda assim era muito consciente de sua presença.
Na Congregação a sua ausência foi notada obviamente, inclusive o
próprio pai de Hadassa a criticou mesmo eu alegando que a culpa
foi minha.
Sábado pela manhã nós sempre visitávamos alguma área
carente para distribuição de cesta básicas, materiais de higiene e
supervisionar se as famílias cadastradas estavam cumprindo com a
sua parte. Era feita a pesagem, e averiguado o andamento da vida
escolar das crianças. Geralmente quem fazia a pesagem era
Hadassa, ela tinha jeito com as crianças, eu sempre a observei
desde os 14 anos envolvia-se com a mãe nos projetos sociais da
CFJ.
Ontem assim que cheguei da ação social minha mãe
disse que almoço seria minha casa, eu fiquei sem entender
principalmente quando vi Vitório de pé em frente à casa dos meus
pais alegando vir passar um fim de semana comigo.
Logo que entrei senti um cheiro maravilhoso de comida,
eu nem sabia que estava com tanta fome. Eu imaginei que só
pudesse ser Hadassa, então subi as escadas ansioso para vê-la,
estaquei inerte com sua visão em um biquíni que passava a ilusão
de ter seu corpo todo amarrado por cordas. Imediatamente imagens
de Hadassa vendada, amarrada sendo sodomizado por mim
invadiram a minha mente, e o tesão veio cruel. Para piorar minha
situação Vitório entra sem a menor cerimônia em nosso quarto e vê
Hadassa em um traje que mal lhe cobria o essencial, o corpo
perfeito sem nenhuma curva fora do lugar. Ainda sobre o impacto da
visão de Hadassa naquele maldito biquíni, eu senti o ciúme tomar
conta de mim. Foi até inesperado, porque eu e Vitório já havíamos
dividido mulheres não ao mesmo tempo, mas já dividimos.
Eu estava desconfiado que aquilo tudo fosse uma forma de
Hadassa chamar minha atenção, mas fiquei surpreso com sua
esquiva no banheiro. E para potencializar o meu ciúme, Hadassa e
Vitório desfrutavam de uma intimidade que sinceramente não me
agradava nenhum pouco, a ponto de Vitório defendê-la de meu pai.
Era inevitável não observar a forma como Vitório fazia minha mulher
sorrir verdadeiramente, eles pareciam possuir muita afinidade, o que
me intriga uma vez que ele só se viram no dia do nosso casamento.
Meus pais já haviam ido embora, então chamei Vitório para cavalgar
um pouco com o pretexto de ficarmos a sós, assim sondaria o tipo
de relação que ele e minha mulher tinham.
- Você e Hadassa estão muito íntimos para quem só se
falaram no dia do nosso casamento.
- Quem disse que só nos falamos lá?
Eu olho irritado para Vitório que exibe um sorriso cínico.
Que porra é essa dele já vir conversando com minha mulher à
algum tempo?
- Ah não?! Então quando?
- No dia do casamento trocamos número de telefone, eu
disse que era praticamente da família, quase um cunhado e ela
aceitou me dar seu número. Desde então mantemos contato. Ela é
bem diferente da finada Elvira, Hadassa é leve e fresca...
- E minha mulher Vitório! Não se esqueça disso, antes de
tentar jogar seu charme de galanteador barato para cima dela.
- Ei ei ei! Eu não fiz nada tá legal. Eu não tenho culpa se
sou o único homem a dar atenção a sua mulher.
- Quem disse que não dou atenção a minha mulher?
Hadassa fez algum tipo de comentário com você?
- Não precisava fazer Mikhail, vocês dois parecem
completos estranhos. A garota fez um almoço maravilhoso para
você e seus pais, e Vladimir a constrangeu na sua frente, na casa
dela e você não fez nada. Ainda bem que ela sabe se defender,
porque senão a pobrezinha iria viver sendo humilhada debaixo do
seu nariz.
Eu respiro fundo tentando controlar o mau gênio, aquela
proteção toda de Vitório com minha mulher e duas acusações
estavam me irritando.
-Eu só não falei com meu pai naquele momento para não
termos nenhum mal estar no almoço que ela mesma preparou, mas
assim que encontrá-lo eu irei deixar as coisas claras com ele. Eu
também não gostei do modo como falou com ela. E quanto a ignorar
Hadassa não é por mal é só que...
- É só que a garota é linda e gostosa e você fica a ponto
de fodê-la toda vez que a vê. Caralho Mika! Ela é sua mulher,
aprecie sem moderação. Se Hadassa fosse min...
- Ela não é Vitório. Hadassa não é sua mulher e nunca
será, ouviu bem?
Depois de nossa conversa Vitório ficou mais comedido
com Hadassa, mas ainda assim eu me senti enciumado com a
maneira que ela prestava atenção quando ele contava alguma das
coisas que aconteciam em seu consultório. E fiquei me perguntando
porque diabos nunca me permiti à ter uma conversa assim com ela.
Já a noite Hadassa estava deitada de lado, me dando a
visão de suas costas coberta apenas com uma simples tira de cetim
amarrada. Os contornos da cintura, quadril e de sua bunda linda
eram evidente sob o tecido fino. Eu estava dolorosamente duro,
aquela semana foi tortuosa e piorou mais ainda ao vê-la com aquele
biquíni. Mas hoje eu não resistiria, minhas bolas estavam pesadas,
o pau dolorido, eu estava louco por Hadassa, e quando eu a puxei
para mim encostando minha ereção em sua bunda sentindo o seu
cheiro, eu quase rosnei de tanto tesão.
- Eu quero você...
Disse baixo em seu ouvido enquanto minhas mãos subiam
para seus seios. Sua respiração acelerou ficando mais forte, mas as
palavras seguintes soaram totalmente contraditórias as reações de
seu corpo.
- Eu estou muito cansada Mikhail pode ser outro dia...
A reposta de Hadassa me deixou no mínimo surpreso,
durante toda a semana ela vinha tentando me seduzir, era
impossível não notar e foi quase impossível resistir. Então agora ela
vem com essa merda de cansaço. Fiquei ali parado sem saber
como agir, me corroendo com a hipótese de Vitório ter algo a ver
com a recusa de dela.
- Você tem certeza que é isso que quer? Dormir?
- Absoluta! Eu estou muito cansada. Boa noite Mikhail.
Eu não respondi, mas minutos depois percebi que
Hadassa já dormia. Eu fiquei boa parte da noite e início da
madrugada acordado, tentando me controlar para não agarrar
Hadassa e fazer tudo que tinha vontade.
(...)
Eu abro os olhos e noto que Hadassa não está na
cama, levanto pego minha bengala e nada dela no banheiro, mas
pelo cheiro de seu sabonete ela tomou banho há pouco tempo,
provavelmente desceu para preparar o café. Merda! Vitório! Eu
tomo um banho rápido, visto a roupa e enquanto desço as escadas
eu ouço as vozes.
- Dassa que delícia... Você faz muito gostoso. Mika não
sabe o que está perdendo.
- Shiuu! Fala baixo Mikhail está dormindo.
Mas que merda era aquela? Eu desci as escadas fazendo
o mínimo de barulho possível. A bengala em punho, eu juro que
mataria Vitório se ele encostasse um dedo em Hadassa. Quando
paro no último degrau vejo Vitório encostado na parede, com um
copo enorme na mão que parece conter vitamina. Eu imediatamente
abaixo a bengala e estico meu corpo. Para piorar o desgraçado está
sem camisa, usando um short que mais parece uma samba canção,
com um sorrisinho debochado na cara.
- Bom dia Mika!
- Bom dia Vitório, pelo visto já começaram o café sem
mim...
- Bom dia Mikhail, eu não tomei café, ainda estou
colocando a mesa. Só o guloso do Vitório que estava faminto, por
isso acabei fazendo uma vitamina de cupuaçu para ele.
- Uma delícia Mika... Estou quase sequestrando Hadassa
para minha casa pra fazer uma dessas todos os dias.
Sequestrar é o cacete! Eu já estava a ponto de pôr Vitório
pra fora a pontapés.
- Para de ser exagerado! - Hadassa dá um tapinha no
braço de Vitório e eu bufo irritado demais com a cumplicidade dos
dois -Vem, vamos nos sentar para tomarmos café, eu comprei pão
fresquinho. Eu usei seu carro Mikhail, espero que não se importe,
mas daqui da fazenda para padaria é um pouco distante.
- Sem problemas, pode usar sempre que precisar.
- Você não tem carro Dassa?
- Não.
- Você vai pra Poços de Caldas como?
- Bom eu pego um ônibus daqui para o centro de Águas
Claras, e de lá pego outro que me deixa quase em frente a
faculdade. Na volta eu faço mesmo, o ruim é que como moro aqui
na Fazenda e é mais afastada do centro, tenho que pegar duas
conduções, e no horário que volto o ônibus que me deixa aqui na
porta da fazenda demora a passar. Às vezes leva quase uma hora e
meia da faculdade para cá, antes era no máximo 45 minutos já que
meus pais moram no centro de Águas Claras.
A conversa flui, como se eu não estivesse no mesmo
ambiente.
- Você tem habilitação Dassa?
- Tenho desde os 18.
- Sabe eu quase não uso meu carro, prefiro usar minha
moto é meio perigoso andar por aí sem...
Eu já sabia onde Vitório queria chegar. É sério que ele
quer cuidar da minha mulher? Hadassa já tem um marido, e sou eu.
- Vitório, Hadassa já tem um marido para cuidar de suas
necessidades. Era para ser uma surpresa Hadassa, mas seu carro
chega na segunda.
Hadassa se engasga com o líquido em sua caneca,
tamanha surpresa.
- Mikhail e-eu não posso aceitar, por Javé é um carro!
Eu levo minhas mãos as têmporas não quero uma
discussão agora, eu só quero que Vitório suma para que eu possa
foder Hadassa a vontade.
- Hadassa nos casamos com comunhão total de bens.
Você sabia disso não sabia?
- N-Não.
A resposta dela me surpreende.
- Não? Você leu o seu contrato pré-nupcial?
- Não.
Isaac me garantiu que Hadassa havia lido o contrato. Por
Javé aquela menina, não sabia o que a esperava.
- Bom de qualquer forma é realmente perigoso que vá
até a faculdade de ônibus sozinha. Por isso eu e minha mãe
escolhemos um carro para você, e nem pense em contestar já está
feito.
- Obrigada então...
- Ai Mika esse seu romantismo me comove.
Eu encaro Vitorio deixando bem claro meu
descontentamento, enquanto bebo mais do café delicioso que minha
esposa faz, eu não podia negar Hadassa realmente tinha mãos de
fadas.
- Depois do café eu vou passar na casa dos meus pais,
preciso falar com meu pai. Você vem?
- Não posso, Vitório ficou de me ensinar a andar a cavalo
e...
Eu respiro fundo tentando não fazer e dizer tudo que
tenho vontade.
- Acho que vocês já programaram o domingo de vocês. -
digo me levantando jogando o guardanapo sobre a mesa, pegando
minha bengala. - Eu volto para o almoço.
- Mikhail eu não queria...
- Tudo bem Hadassa eu preciso mesmo ir. Bom passeio.
(...)
Eu observo de longe Hadassa que já monta Malhado,
enquanto Vitório está ao seu lado contando algo que lhe faz rir. Em
um movimento, mesmo que distantes seus olhos verdes encontram
os meus e nos encaramos.
- Parece que Vitório encantou mesmo sua esposa.
Respiro fundo porque sei onde ele quer chegar.
- Eles estão se dando bem pai, apenas isso.
- Se você diz... Mas tem algo nessa menina que não
inspira confiança.
- Pai, antes que eu me esqueça, da próxima vez que
tentar constranger ou diminuir Hadassa em sua casa, ou em
qualquer outro lugar eu darei uma resposta à altura. Se não está
satisfeito com a escolha de sua mulher se resolva com ela, mas não
desconte na minha.
- Essa menina mal chegou em nossas vidas, e você por
um segundo pareceu-me o Mikhail de antes do acidente. Eu
realmente espero estar enganado a respeito dela filho, pelo seu
próprio bem...
- Pai o senhor criou um homem. Que espécie de homem
eu seria se permitisse que minha esposa ficasse exposta? Eu não
quero desrespeitá-lo por isso estou avisando primeiro, o Mikhail de
antes teria feito o que Vitório fez no almoço, a teria defendido.
Eu percebi que meu pai ficou um pouco contrariado com
o que eu disse, mas por hora apenas concordou, ele sabia que de
certa forma eu estava certo. Tivemos um almoço tranquilo e por
volta das 17 horas Vitório se despediu e fomos nos preparar para o
culto. Às 18 horas em ponto Hadassa estava pronta, linda como
sempre. O vestido era discreto mas ficou perfeito nela.
- Vamos?
Ela diz assim que acaba de borrifar seu perfume.
- Hadassa antes de irmos preciso que me responda uma
coisa.
- Tudo bem, é só perguntar.
Ela responde me olhando com aqueles olhos verdes
incríveis.
-Você se sente atraída por Vitório?
CAPÍTULO XIV
HADASSA MENDONÇA

- Você se sente atraída por Vitório?


Por um momento eu quase sorri, sorri não, eu quase
gargalhei pelo fato da vitamina de cupuaçu (que por sinal foi o
próprio Vitório quem fez), somada com as aulas de montaria
surtiram o efeito desejado.
- Mikhail está louco? Que tipo de pergunta é essa? Você é
meu marido.
- E o que tem a ver o fato de ser seu marido com você se
sentir atraída por outra pessoa? Uma coisa não impede a outra.
- Mikhail eu não vou negar que Vitório é... Como eu posso
dizer? Ele é atencioso, um homem bonito, divertido...
Mikhail solta uma risada desgostosa.
- Acho que você já respondeu minha pergunta.
- Mikhail você nem me deixou termi...
- Vamos Hadassa, o culto começa em 30 minutos.
Mikhail sai batendo a porta do quarto. Eu desço logo atrás
e entro no carro.
- Mikhail eu só queria dizer que vejo Vitório somente
como um amigo, apenas isso. - Ele liga o carro e dirige com uma
carranca no rosto - Só que você não pode me culpar em me sentir
mais a vontade com ele.
- Você ainda diz na minha cara que se sente mais à
vontade com ele, do que com seu marido e acha que eu devo
encarar isso normalmente.
- O que você fez essa semana para me conhecer? As
coisas que descobri a seu respeito foram por Vitório e Irina. Em um
fim de semana Vitório interagiu mais comigo do que você em 10
dias vivendo debaixo do mesmo teto que eu. Sem contar como seu
pai me tratou na sua frente.
- Eu já falei com ele, eu garanto que outro episódio como
aquele não se repetirá.
Ele falou? Bom, pelo menos isso...
- Assim espero. Porque eu vou me defender Mikhail, você
gostando ou não.
Ele fica em silêncio e segue dirigindo.
- Eu só espero que hoje não me recuse de novo.
Droga! E agora?! Espero que Mikhail não faça o estilo
Christian Grey que mande ver mesmo com a mulher menstruada,
porque essa será minha desculpa. Eu não menstruaria pelos
próximos três meses, uma vez que dias antes do meu casamento eu
tomei uma injeção anticoncepcional trimestral.
- E-Eu não posso...
Mikhail freia bruscamente o carro.
- Como assim você não pode Hadassa?
- Eu estou naqueles dias, então sem nada de sexo pelos
próximos 5 dias.
- Só pode ser brincadeira com a minha cara! Duas
semanas praticamente sem sexo.
Eu segurei o riso, para quem estava evitando sexo
Mikhail estava bastante chateado com a abstinência. Salve Vitório!
- Porque quis. Foi você quem não me procurou, agora vai
ter que aguentar marido. Não deve ser difícil para um homem tão
casto quanto você.
Mikhail liga o carro ainda emburrado, deve estar se
amaldiçoando por não ter feito sexo comigo quando pôde. Que se
afogue em arrependimento, porque eu pretendo me manter firme e
deixá-lo subindo pelas paredes.
Nós chegamos na Congregação às 18:27, faltando exatos
3 minutos para o início do culto. Mikhail foi direto sentar em seu
local reservado, e eu como sempre fui sentar ao lado de minha mãe.
De onde estava eu podia ver o olhar de meu pai e Vladimir sobre
mim, até mesmo durante seu sermão, uma vez que aos domingos
somente o Reverendo os dava.
Assim que o culto acabou a maioria dos membros foram
para lanchonete que ficava em frente à Congregação. Era um bom
ponto, assim que o culto acabava muitas famílias e jovens
lanchavam ali. Eu mesmo era uma frequentadora assídua, adorava
o x calabresa dali. Enquanto Mikhail conversava com meu pai suas
mãos permaneciam entrelaçadas com a minha, era primeira vez que
fazíamos aquilo mas foi tão natural que não houve estranhamento,
pelo menos não da minha parte. Eu só fiquei na dúvida se Mikhail
segurava minha mão porque me queria próximo a ele, ou para
acalmar as más línguas sobre minha falta no culto de sexta.
- Hadassa minha filha que bom que veio hoje. Não gostei
nada da sua ausência no culto anterior, lembre-se que seu marido
deve vir em primeiro lugar.
Eu quase reviro os olhos.
- Já sei pai.
- As pessoas ficaram comentando Maninha por você não
ter vindo, afinal foi o primeiro sermão de Mikhail depois de casado.
Esther e seu veneno...
- As pessoas devem saber que fofocar não faz parte da
conduta de um cristão irmã Esther. As escrituras dizem que existem
seis coisas que aborrecem a Javé, e que uma Ele abomina: a
testemunha falsa que espalha mentiras, e aquele que provoca
discórdia entre os irmãos.
- Eu sei Diácono Mikhail, eu também fiquei estarrecida
com o disse-me-disse, ainda mais se referindo a minha irmã.
Cobra! Agora essa safada quer sair pela tangente.
- Ainda que a fofoca seja errada, Hadassa deveria ter
ficado ao lado do marido dela.
- Pai, com todo respeito que tenho ao senhor, quem deve
resolver isso somos nós. Se meu marido não viu problema, eu não
tenho com que, ou com quem me preocupar, ou me justificar. Como
uma mulher casada a única pessoa quem devo satisfação é a ele.
Não é mesmo amor?
Meu pai me olhou surpreso e descontente com o que disse,
mas era pura verdade, a única filha que ele tinha para controlar
agora era Esther. Eu abraço a cintura de Mikhail e ele ao passar o
braço em meu ombro, em seguida planta um beijo em minha em
minha testa.
- É sim lyubov. (1) Mas me diga, o que tanto olha para lá?
- Vontade de comer x-calabresa com milkshake de
morango.
Eu falo e ele sorri.
- Então vamos lá.
- Você vai até lá comigo?
- Sim. Algum problema?
- Nenhum. É que em todos esses anos eu nunca o vi ir
até a lanchonete.
- Bom sempre há uma primeira vez. Me deixe só colocar
meu paletó e gravata no carro.
- Eu vou com você.
Andamos até o carro, que estava estacionado em uma
parte escura do estacionamento. Mikhail retira a gravata e o paletó,
e os jogam no carro em seguida fecha a porta.
- Melhor?
- Lindo! - ela solta um sorriso genuíno - Só faltam três
coisas.
- Três? Achei que já estivesse lindo.
- E está! Mas falta isso... - eu dobro as mangas de sua
camisa e subo no meio fio da calçada o usando como degrau.
- E isso... - eu retiro parte do gel de seu cabelo, que
sempre fica fixo pra trás.
- Você disse que eram três coisas, mas só fez duas.
Eu puxo suavemente Mikhail próximo a mim, envolvendo
meus braços em seu pescoço, as mãos de Mikhail vem direto para
minha cintura.
- Hadassa estamos na rua...
Mikhail diz de forma ofegante, enquanto passo meu
nariz em seu pescoço subindo pelo seu maxilar e rosto.
- Só um beijo amor, ninguém está vendo.
Puxo seu lábio inferior com os dentes, Mikhail me beija
com vontade gemendo, uma mão em minha nuca, outra no final das
minhas costas quase em minha bunda. Sua boca desce para meu
pescoço e ele esfrega sua ereção em mim.
- Ah Mikhail delícia.
- Você me deixa louco de tesão sabia? Eu vou castigar
sua bocetinha de tanto te foder quando esses malditos dias
acabarem.
A promessa de Mikhail me deixa quase tonta de tanto
desejo.
- E-Eu vou gostar disso.
Mikhail volta a me beijar, suas mãos vão para minha
bunda, apertando e forçando minha pélvis à um contato maior com a
sua.
- Hunrum!
Mikhail para abruptamente nosso beijo, notoriamente
constrangido.
- Calma... O carro não deixou ver nada, no máximo o que
viram foram nossos beijos. - Sussurro em seu ouvido.
- Merda! Como vou sair daqui de pau duro?
Fique aí. - eu levantei para ver melhor quem era, e
descobri uma cabecinha branca - É só irmã Lourdes, fique aqui que
eu já volto.
Eu saio de trás do carro tentando me recompor da melhor
maneira possível.
- Javé esteja contigo irmã Lourdes. Está perdida?
- Contigo esteja Javé menina, desculpe interromper seu
momento com seu esposo. Eu só vim porque queria saber se sentia-
se bem. Não esteve aqui no último culto, e pelo que vi a teoria de
briga entre vocês é infundada.
Foi inevitável abrir um sorriso, porque nada escapava dos
olhos e ouvidos dela.
- Não foi nada irmã, apenas havia me comprometido em
ajudar em um Congresso na igreja de uma amiga minha.
- Oh sim, menos mal então. Bom, eu vou lá. Só quis vir na
frente, porque sua irmã queria vir atrás de você com seu pai.
Imagina os dois aqui? Iriam fazer um estardalhaço, somente porque
flagraram um casal apaixonado.
Mikhail enfim sai de trás do carro.
- Javé esteja contigo menino.
- Contigo esteja Javé irmã Lourdes. Vamos lyubov?
- Sim vamos.
Nos despedimos de irmã Lourdes e lanchamos na
lanchonete. Alguns ficaram curiosos de ver Mikhail ali,
principalmente por não termos convidado ninguém de nossas
famílias, éramos apenas nós dois. Conversamos sobre os cavalos
da fazenda, sobre a clínica, minha faculdade... Nós nem notamos a
hora passar, foi a nossa primeira conversa sem aquela tensão toda
que nos rodeia.
Chegamos em casa eu já havia tomado um banho e
Mikhail estava tomando o dele. Então eu vi meu celular vibrando, e
quando abri a mensagem eu quase derrubei o aparelho no chão.
Era um vídeo meu e de Mikhail nos beijando, na verdade nos
agarrando no estacionamento da Congregação. Depois outra
mensagem apareceu na tela.
MIKHAIL VAI FICAR TÃO ARRASADO QUANDO EU
ACABAR COM VOCÊ. VOCÊ É UMA PUTINHA SUJA E ELE UM
DESGRAÇADO. VOU TIRAR VOCÊ DELE, COMO ELE
ARRANCOU O AMOR DA MINHA VIDA DE MIM.
Eu senti um frio na espinha, com certeza aquele "me tirar
de Mikhail" envolvia um assassinato. Eu não dei crédito à primeira
mensagem, mas estava ficando mais sério. Se eu mostrasse o
vídeo a Mikhail ele com certeza culparia o fato de estarmos nos
beijando em público, diria que só ficamos tão expostos por conta do
almaço.
A única pessoa que poderia me ajudar e conhecia o
passado de Mikhail, era Vitório, e era ele a quem eu recorreria.
(1) amor; querida
CAPÍTULO XV
HADASSA MENDONÇA

O convívio com Mikhail semana passada foi maravilhoso,


Mikhail fazia questão até mesmo de almoçar em casa, e fez questão
de estar presente no momento da entrega do meu carro. Eu amei o
modelo de carro popular, um Ford Ka 4 portas.
- Vermelho?
Eu pergunto surpresa pela escolha da cor.
- Não gostou?
- Amei... Mas de você eu esperava uma cor mais... sóbria.
- É mesmo? E qual você acha que eu escolheria?
- Preto?
Mikhail solta uma gargalhada e eu fico feito uma idiota, o
admirando mesmo sem entender o motivo da risada.
- Por quê a risada?
- Porque eu escolhi preto, Dona Irina foi quem me
convenceu a levar o vermelho, disse que combinava mais com a
sua personalidade.
- Verdade, eu vim para trazer cor a sua vida.
Eu sorrio Mikhail segura meu queixo e me beija. O beijo
dele é delicioso eu estava subindo pelas paredes, e era apenas o
segundo dia da minha falsa menstruação. Eu interrompo o beijo aos
poucos, antes que me pendure nele e o faça me arrastar para o
quarto mais próximo.
Tudo estava ótimo, os dias foram seguindo
maravilhosamente bem, até o vídeo em que protagonizamos o maior
amasso no estacionamento da congregação, ir para nas mãos de
Vladimir. Imagina qual não foi minha surpresa em ver meu sogro em
minha casa, vindo tirar satisfações a respeito do nosso
comportamento.
- Reverendo? Javé esteja contigo.
A face de Vladimir denunciava que algo o havia
contrariado, em suas mãos havia um notebook provavelmente era
algo pertinente a igreja.
- Contigo esteja Javé Hadassa. Meu filho está?
Eu nem precisei responder, logo Mikhail surgiu.
- Pai aconteceu alguma coisa?
- Aconteceu sim.
Pela expressão de Vladimir alguém tinha cometido um
assassinato e posto a culpa nele.
- Entre pai. É algo com a mamãe?
Ele estava assustado e não era para menos, aquela hora
Vladimir em nossa casa.
- Não Mikhail, Irina está bem.
Presumindo que era algo relacionado a CFJ, resolvi sair de
cena.
- Bom então eu vou ne retirar...
- Fique Hadassa, eu quero falar com os dois.
Eu estranhei e na hora o medo se apossou de mim. E se
ele tivesse descoberto algo da faculdade? Meu envolvimento com
Enzo? Que Javé não permitisse.
- Fale pai, está me angustiando.
- Sentem-se os dois, eu quero que vejam isso.
Cacete! Agora eu estava ferrada, eu não sabia o que era,
mas sabia que era algo relacionado a mim, e não era nada bom.
Vladimir abre o notebook e o vídeo se inicia, o mesmo que me
enviaram com ameaça. Não dá para ouvir o que dizíamos, graças a
Javé, mas a imagem por si só dizia muito.
Mikhail apertando minha bunda, esfregando a ereção em
mim, beijando meu pescoço enquanto eu agarrava seus cabelos
com sorriso no rosto totalmente devasso. Por Javé, eu queria que
um buraco se abrisse para eu me enfiar, aquilo era constrangedor
demais.
- Acho que foi o suficiente pai, Hadassa e eu já vimos o
bastante.
Mikhail diz com evidente culpa, e eu percebi que talvez
todo nosso progresso regrediria e voltaríamos à estaca zero.
- Esse vídeo chegou agora pouco em meu e-mail da CFJ,
imagina como foi minha surpresa ao abri-lo e ver meu filho, um
futuro pastor da Congregação agindo como um adolescente na
puberdade. E quanto a você Hadassa, eu imagino a decepção que
Isaac irá sentir quando ver esse vídeo.
- O pai de Hadassa não tem nada a ver com isso pai. A
partir do momento que ela se casou comigo, é responsabilidade
minha.
Mikhail fala de maneira firme com Vladimir pela primeira
vez na minha frente. O que fez Vladimir se levantar e elevar o tom.
- Então eu sugiro que controle sua esposa assim como
seus instintos.
- Pai essa é minha casa e aqui só quem levanta a voz sou
eu, se está aqui como Reverendo sua atitude não é aceitável. Eu
tenho certeza que não falaria assim com outro irmão da
congregação. Eu nunca tive privilégio por ser seu filho dentro da
CFJ, muito pelo contrário sempre fui mais cobrado, mas não vou
aceitar que isso interfira na minha família. - Mikhail aperta os olhos
provavelmente ultrajado consigo mesmo - Eu sei que nos
empolgamos mas...
A situação toda era um absurdo, um homem feito sendo
controlado pelo pai, que o forçava a me controlar.
- Você já tem 38 anos Mikhail, já passou da idade da
empolgação, você deveria trazer maturidade a sua esposa, e não
regredir a idade dela. E você Hadassa não tem nada a dizer?
Eu não queria complicar minha situação mais do que já
estava, mas eu era desse jeito, nunca levei desaforo para casa.
- Eu estou me perguntando porque o senhor está mais
preocupado conosco, do que com quem nos filmou. Sim, porque
Reverendo eu e Mikhail somos casados, não houve adultério e
nenhum outro pecado.
- Hadassa...
Mikhail me adverte entre os dentes.
- Deixe Mikhail, deixe que ela continue.
E o sorriso cáustico estava ali novamente. Ele olhou pra
mim me orientando a prosseguir.
- Provavelmente tem um membro seu querendo difamar o
seu filho, e perpetuar fofocas, e quem são interrogados? Nós!
Fomos impetuosos é claro, mas o local era mal iluminado, não
imaginávamos que alguém invadiria nossa privacidade.
-Privacidade? Vocês quase fizeram sexo na rua!
-Estávamos claramente vestidos.
- É assim que se responsabiliza por sua esposa? -
Vladimir anda de um lado para o outro. - Por Javé porque Irina não
me deu ouvidos e escolheu Esther?
Foi exatamente nesse ponto que meu sangue ferveu, e eu
acabei fazendo uma burrada e das grandes.
- Se está insatisfeito pois vá reclamar com ela Reverendo.
Eu mesma vim até aqui pedir que reconsiderasse a sua escolha,
optando por Esther ao invés de mim, mas ela ignorou meu pedido.
- Você fez o quê?
Os olhos de Vladimir pareciam querer saltar do rosto.
- Hadassa me deixe a sós com meu pai.
Mikhail fala de forma fria, e eu sei que está muito irritado
com o que acabei de soltar.
- Mas Mikhail...
- Agora Hadassa!
Eu subi e cerca de 15 minutos depois Mikhail entrou no
quarto. Sua cara dizia que a conversa foi ainda pior depois que saí
de lá.
- Mikhail...
- Nenhuma palavra Hadassa, eu só vou tomar meu
banho e dormir.
- Mas eu pensei que hoje nós iríamos...
Hoje seria o dia que eu estaria liberada para o sexo,
Mikhail até havia soltado uma indireta à respeito.
- Pensou errado vá dormir.
Assim que Mikhail fechou a porta do banheiro eu deitei,
e percebi que lágrimas haviam rolado dos meus olhos tamanhas
eram a frustração e rejeição que senti. Eu não lutaria mais, Mikhail
era um caso perdido...
(...)
Já haviam se passado uma semana desde o dia em que
Vladimir veio à nossa casa. Mikhail voltou a ser o mesmo de antes,
salvo as vezes em que tentava puxar assunto comigo quando eu
ficava calada demais. Eu respondia somente o necessário, não ia
mendigar atenção só porque tinha dado um amasso com meu
marido na rua, além de ser uma forma de protesto mediante a
autoridade que ele dá a seu pai em nosso casamento. Quem veio
em meu favor foi Irina, e graças a Javé o vídeo não foi divulgado.
Quem o fez queria desestruturar Mikhail e a mim. Eu tentei entrar
em contato com Vitório precisava falar sobre o vídeo e a ameaça,
mas ele sempre estava ocupado para me ver na faculdade antes da
aula.
Eu estava estressada, chateada e em abstinência há três
semanas, em um mês de casamento só fizemos sexo duas vezes.
Só em pensar em como Mikhail era gostoso já era motivo para meu
ventre se contorcer.
Era hora do almoço e eu só conseguia pensar em sexo...
Eu estava no quarto deitada na cama, então fechei meus olhos e
imagens de Mikhail me possuindo tomaram minha mente. Eu levei
minha mão direita até entre minhas pernas e pude sentir meu sexo
ensopado. A mão esquerda apertava meu seio, enquanto a outra
fazia movimento circulares em meu clitóris.
- Mikhail...
CAPÍTULO XVI
HADASSA MENDONÇA
- Mikhail...
Eu estava apenas com vestidinho de alcinhas floral e uma
calcinha de algodão, o que facilitava masturbação. Era absurda
minha situação, desejar tanto meu marido, e ser privada disso.
Bastava um olhar malicioso para o meu corpo, um toque durante o
sono, e eu me acendia. Eu perdi a conta de quantas noites eu
percebia Mikhail revirar na cama, com tanto desejo quanto eu, mas
ele era irredutível em se punir e punir a mim também. Bastou eu
estar duas vezes em seus braços, para estar nessa dependência
toda, Mikhail havia se tornando minha droga. A imagem de nós dois
transando no banheiro, comigo em frente ao espelho, o meu olhar
fixo em seu corpo, seu rosto deliciado, e eu absorvendo a expressão
onde demonstrava todo desejo, todo tesão que sentíamos.
- Aaaahhh
Minha boceta piscava e se encharcava com sucos que eu
liberava, aquilo não era o bastante para mim eu queria mais, eu
precisava de mais. Eu precisava dele me possuindo de todas as
formas. Meu pedido foi tão forte, que eu achei ter sentido a mão de
Mikhail em minha coxa.
- Siiimm...
Eu senti quando minha calcinha foi afastada ainda mais
para o lado, aquilo não era uma alucinação. Mikhail estava ali, e
com as carícias que fazia em minha boceta estava disposto a dar
um fim em minha agonia. Eu abri os olhos para ter certeza que
aquilo era real.
- Porra criança seu grelinho está inchado e melado, está
me dando água na boca, deixando meu pau babando.
- Mikhail...
É incrível como Mikhail se soltava na cama, a Luxúria que o
consumia, quase o transformava em outro homem. Seus olhos
parecem mais escuros se tornando um azul violeta, emanando
tesão enquanto retira minha calcinha. Mikhail tirou seus sapatos,
meias, calças e cueca, a única coisa que permaneceu em seu corpo
foi a camisa social aberta. Ele não mentiu quando disse que havia
deixado seu pau babando, o líquido transparente lambuzava a
cabeça rosada, e eu lambi os lábios ansiando por provar aquele
mel. Mikhail se inclinou e sentou na cama ao meu lado retirando
meu vestido, fez-me erguer ficando sentada à sua altura. Assim que
me deixou nua, sua boca passou a traçar beijos em meu pescoço,
mandíbula, subindo até minha orelha.
- Abra as pernas Hadassa me deixe brincar com essa
bocetinha, quero te fazer gozar assim só estimulando seu grelinho.
Eu apenas fiz o que me pediu, não havia nada que ele me
pedisse que eu não faria naquele momento.
- Ooohhh que delícia...
- Está gostoso criança?
- Muito...
- Pode ficar melhor.
Mikhail se levanta e eu choramingo sentindo a falta de seu
estímulo, ele retira a camisa, e sobe de novo na cama se pondo
atrás de mim, fazendo minhas costas colar em seu peito, enquanto
minha cabeça pousa em seu ombro. Ele reinicia a masturbação com
uma das mãos e a outra estimula meus seio.
- Oohh nossa! Por favor não pare... Eu vou...
Mikhail acelerou os movimentos de sua mão, em seguida
minhas pernas começaram a se contrair, a sensação de uma bomba
se formando em meu ventre...
- Mikhaaaiiill!
- Isso! Goza criança! Eu quero essa bocetinha bem molhada
para me enterrar.
Meu coração estava batendo rápido, minha respiração
ofegante mas Mikhail queria mais. Em um movimento brusco, ele
empurrou meu corpo para frente, fazendo meu rosto encostar no
colchão e minha bunda ficar totalmente empinada, em seguida me
puxou devagar para me sentar em seu colo já guiando seu pau
precisamente à minha boceta.
- Ooohhh...
Nós dois gememos com a conexão que tanto queríamos
durante esses dias em abstinência. Entrou devagar e apertado, eu
só havia feito sexo duas vezes na vida e estava há quase um mês
sem sexo.
- Aaaahhh que delícia de boceta apertada, que saudade de
foder você gostoso assim... - Mikhail dizia as palavras em meu
ouvido enquanto segurava com uma das mãos meu pescoço, e a
outra pinçava meu seio. - Senta Hadassa, engole meu pau todo com
essa bocetinha gostosa. Porra... Assim você acaba comigo
criança...
Eu sentei, rebolei, e Mikhail passou a estimular meu
clitóris. Mikhail jogou seu corpo sobre mim me fazendo deitar na
cama de bruços enquanto ele me cobria, e então começou a me
comer por trás como um louco. Eu não resisti as bolas batiam em
meu clitóris, o pau em um ângulo que me fazia ver estrelas então
gozei, GLORIOSAMENTE!
Mikhail parecia está possuído, pois assim que gozei
passou o braço por baixo da minha barriga, levantando meu corpo
me fazendo ficar novamente com a bunda suspensa e o rosto no
colchão.
- Sabe o que é beijo grego Hadassa?
Eu apenas confirmei com a cabeça, e ganhei um tapa
estalado em cada lado de minha bunda.
- O que eu faço com você criança?... Tão fodidamente
devassa, quase tanto quanto eu...
Mikhail separa as bochechas da minha bunda, e eu ganho
uma lambida que vai do meu clitóris ao meu ânus que me faz gemer
com a sensação.
- Quietinha! Vou chupar sua boceta gozada e esse cuzinho
gostoso.
CACETE! Que delícia, aquilo era tão primitivo, tão obsceno
e tão gostoso.
- Aaahh Mikhail, continua amor, tão gostoso...
Mikhail me chupava soltando sons guturais de apreciação,
e eu já estava na borda de novo. Percebendo isso ele parou o que
fazia, acalmando os beijos em minha boceta. Mikhail se jogou na
cama deitando e masturbando aquele pau maravilhoso.
- Venha Haddasa, eu quero gozar com você montando
no meu pau.
Eu me sentei sobre ele após conduzir seu pau até minha
entrada, naquela posição eu sentia tudo, e ainda podia controlar os
movimentos. Eu iniciei os movimentos de forma contida,
reconhecendo o melhor ângulo e forma para nos dá prazer. Mikhail
me olhava maravilhado.
- A vista daqui é maravilhosa.
Eu sorri com seu elogio, me abaixei beijando sua boca,
e cavalguei ganhando velocidade aos poucos. Mikhail apertava os
meus seios, bunda, suas mãos passearam por todo o meu corpo de
forma sôfrega, e eu já estava na borda de novo por isso intensifique
os movimentos. Mikhail se apoia nos cotovelos, levantando seu
tronco, aproximando o rosto do meu, e segurando em seus ombros
cavalgo como se a minha vida dependesse daquilo. Eu queria levar
o meu homem à loucura, queria dar tanto prazer como havia
recebido.
- Isso criança, me dá uma surra com essa sua bocetinha
gulosa.
Eu já estava ponto de gozar novamente com aquela
delícia me empalando, e as sacanagens que Mikhail falava. Mikhail
percebeu que eu não duraria muito e me incentivou.
- Ooooohhh goza Hadassa, goza comigo...
- Aaaahhhh... Nossa...
- Oooohhh...
Eu desabei trêmula, cansada, suada, ofegante em cima
de Mikhail que estava quase da mesma forma.
- Isso foi maravilhoso Hadassa.
Ele diz de maneira ofegante com um leve sorriso na voz.
Eu levantei o rosto o olhando com surpresa.
- Não está arrependido?
- Estou. Mas não do que acabamos de fazer, mas de te
penalizar por algo que só diz respeito a mim.
- Mikhail o que houve de tão grave para você aceitar ser
tão reprimido?
- Não vamos falar disso, agora só quero ter mais de
você. Você despertou a fera enjaulada, terá que dá conta de meu
apetite...
CAPÍTULO XVI
MIKHAIL VOLKOV
Eu me levanto tentando fazer o mínimo de movimento e
barulho possível, Hadassa apagou após nossa oitava rodada de
sexo, e ainda eram 20:00. Eu estava evitando Hadassa depois da
visita do meu pai com aquele maldito vídeo. Eu ainda me lembro da
nossa conversa, e do quanto as palavras dele ficaram em minha
mente.
"- Sinceramente, eu não sei onde Irina estava com a
cabeça quando escolheu essa menina para ser sua esposa. - eu
aperto os olhos com dedos já prevendo o drama que meu pai fará. -
Você viu como ela me enfrentou? Ainda achou que estava certa, os
dois se portando feito animais no cio na rua. Eu vou ter que
conversar com Isaac...
Eu o interrompo, pois não quero expor Hadassa mais do
que já foi, e nossos problemas devem ser resolvido entre ela e eu.
- Pai com todo respeito que tenho ao senhor, eu vou pedir
pra que não se meta em minha vida íntima com Hadassa, e muito
menos que arraste sua família pra isso. O senhor pode ter certeza
que o ocorrido não se repetirá, pode ficar despreocupado.
- Ficar despreocupado? - ele dá um leve sorriso irônico. -
Você já pensou se esse vídeo for divulgado, o que será da nossa
reputação Mikhail? Mikhail, nosso sobrenome e nossos cargos
eclesiásticos, exigem de nós um comportamento irrepreensível. Nós
representamos a CEJ, eu pensei que já havia passado dessa fase.
E justo agora, próximo à sua oordenação, você resolve retroceder
em seu comportamento? - eu bufo exasperado.
- Pai eu sei que não deveríamos ter agido daquela forma
em público, nos empolgamos caramba! Já dei minha palavra que
não irá se repetir. O que quer que eu faça?
- Que não se deixe seduzir Mikhail, assim como Adão foi
seduzido por Eva e a serpente. Pense em tudo que abriu mão para
chegar até aqui, e o quanto agir sobre seus impulsos nos custou. Eu
e sua mãe já sofremos o bastante com as consequências de seus
atos, espero que leve isso em consideração da próxima vez. "
Pronto, e aquele foi o tiro de misericórdia, ele sabia o
quanto eu me culpava pela morte de Ivan, e o peso de suas
palavras sobre mim. Eu não sabia como agir e recorri a Joaquim, eu
sabia que ele daria razão a meu pai, mas ainda assim busquei sua
ajuda.
“ - Me diga uma coisa Mikhail, com toda sinceridade. Você
está realmente arrependido, ou apenas com medo das imagens
vazarem?
- Eu seria hipócrita se dissesse que não gostei...
- É claro que gostou, o pecado da luxúria é gostoso... Sabe
Mikhail, quando ouvi as notas da música escolhida por Hadassa
para sua entrada no dia de seu casamento, eu me perguntei o
porquê da escolha. Mas hoje vendo como a presença dela o
domina, eu consigo entender.
- Do que está falando?
- A letra... Na letra narra o momento em que Davi se
deslumbra ao ver Bateseba, se banhando a luz do luar. Você
conhece a história... Ele matou Urias, o marido dela, apenas para tê-
la para si. A letra também fala de Sansão, que teve seus cabelos
cortados pela mulher a quem confiou seu segredo. Percebe? São
homens que se deixaram seduzir por mulheres e caíram em
desgraça. Meu amigo, Hadassa não é tão ingênua quanto
aparenta.”
Aquela foi uma semana infernal, eu estava quase um mês
sem sexo, e percebia o olhar com mágoa e raiva que Hadassa
direcionava a mim. Eu me sentia mal, mas a hipótese de Hadassa
fazer tudo propositalmente para que eu me desestruturasse ficou
me rondando. As palavras de Joaquim não paravam de ecoar em
minha mente.
(...)
Hoje eu estava cansado e com uma dor de cabeça
horrível, tomei um comprimido e decidi ir pra casa dormir. Hadassa
com certeza iria almoçar e ir até o estábulo pegar Malhado para
cavalgar , desde que Vitório a ensinou ela praticava um pouco,
fiquei sabendo disso por minha mãe. Dona Irina gostava de sua
nora, e a recíproca parecia ser verdadeira pelas vezes em que as vi
juntas. Minha mãe também assistiu ao vídeo, e suas palavras
foram:
- A vida é muita curta Mikhail, a sua intimidade e de sua
esposa cabem apenas a vocês. Eu fui criada em outra época onde o
sexo era tabu, tudo que sei aprendi com seu pai. Mas vocês devem
se conhecer, e saber o que é bom pra ambos. A religião deixou seu
pai frio e engessado demais, ninguém é perfeito, pense nisso.
E com a cabeça em ebulição, com a culpa e o desejo
duelando dentro de mim, eu cheguei em casa. Logo que abri a porta
tudo estava em seu devido lugar, imaginei que Hadassa já tivesse
saído para cavalgar, então subi as escadas e notei a porta de nossa
suíte aberta. Eu parei abruptamente com a visão de Hadassa, o
vestido floral embolado até a cintura, a mão direita encima de sua
bocetinha com o tecido afastado para o lado. Cacete, aquilo me
deixou louco, principalmente após ouvir meu nome escapar de seus
lábios enquanto ela se dava prazer. Foi onde eu me perguntei, o que
eu estava fazendo com meu casamento. Eu perdi as contas de
quantas vezes quis que Elza fosse um pouco receptiva, e agora que
tinha Hadassa a deixava à míngua.
Hadassa era jovem e linda, quantos homens não
gostariam de estar em meu lugar? E se um lhe interessasse? Com
certeza seria melhor opção do que um marido que não lhe satisfaz.
A ideia desce rasgando por minha garganta, então decidi livrar nós
dois desse tesão acumulado. Por isso Hadassa se encontra agora
quase em coma de tão cansada, enquanto preparo sanduíches e
suco pra nós dois.
Assim que termino subo as escadas pé ante pé, me
equilibrando em segurar a bandeja e me apoiar com a bengala.
Entro no quarto e Hadassa está sentada coçando os olhos com os
seios nus, com minhas marcas deixada neles, os cabelos
bagunçados a deixando mais sexy.
- Você estragou a surpresa. - Hadassa então nota minha
presença, e abre um sorriso lindo.
- Eu não senti o calor do seu corpo e acabei acordando.
Vem cá estou morrendo de fome, meu esposo sugou minhas
energias. - eu sorrio pois é verdade.
- Eu ainda nem comecei criança, agora coma você precisa
se recuperar, ainda tenho planos pra essa noite. - Hadassa arregala
os olhos com o sanduiche a caminho da boca e eu gargalho. - É
brincadeira lyubov, por hora estou satisfeito.
- Então isso será frequente?
- Isso...
- Ah você sabe... Nós dois... Você e eu... - Não acredito,
Hadassa está corada visivelmente constrangida com a pergunta,
não lembrando em nada a mulher que a pouco cavalgava em mim,
arranhando meu peito e gemendo loucamente.
- Você quer saber se faremos sexo com frequência?
- Sim. - ela responde tão baixo que mal posso ouvir.
- Olhe pra mim Hadassa. Você é minha mulher, e eu
confesso ter sido um idiota em negligencia-la dessa forma. Mas há
muitas coisas que você desconhece, nós seremos discretos da
porta pra fora, mas aqui em nossa casa seremos apenas nós.
- Posso te perguntar uma coisa?
- Pode, mas terá que aceitar minha decisão de responder
ou não. - Hadassa concorda com a cabeça.
- Há um tempo atrás eu ouvi de uma das irmãs que você
era viciado em sexo, e que por isso o número de mulheres que
levava para cama era grande. - ela suspira e enfim faz a pergunta. -
Você conseguirá se manter fiel à mim? Quer dizer, você é quase
uma máquina de sexo, e eu te acho muita areia pro meu
caminhãozinho. - eu seguro o sorriso com suas palavras, e ela
percebe então esconde o rosto nas mãos envergonhada. - Ah
droga! Não ria de mim, eu sei que estou parecendo uma
adolescente insegura.
- Ei, não é nada disso, é que estamos no mesmo barco.
Você é linda Hadassa, tem quase metade da minha idade, eu
percebo como os jovens e até homens mais velhos te olham,
acredito que na sua faculdade não seja diferente. Eu também me
sinto inseguro, e juro que quase matei Vitório por causa da maldita
vitamina de cupuaçu. - Hadassa gargalha com o que digo. - Você ri?
É verdade eu desci as escadas com a bengala em punho. - Ela
gargalha ainda mais levando a mão na barriga. Cristo! Ela é
deslumbrante. - Hadassa eu não vou negar que gosto muito de
sexo, mas respeito muito o casamento, eu jamais trairia você estou
muito satisfeito com a esposa que tenho.
- Eu também estou satisfeita com você, bom deve ter
percebido que até quando estou sozinha o único homem com quem
fantasio é você.
- Espero me manter assim, sendo alvo do seu desejo,
mesmo quando não mereça.
CAPÍTULO XVIII
HADASSA MENDONÇA

Já haviam se passado duas semanas desde que Mikhail


decidiu não se manter mais distante. Nossa afinidade e intimidade
havia aumentado de forma significativa, agora realmente
parecíamos um casal em lua de mel. O sexo era maravilhoso,
transávamos todos os dias, no mínimo três vezes ao dia, quando
acordávamos, antes do almoço e antes de dormirmos. Mikhail
chegava na hora do almoço já pronto para me possuir, ainda
brincava dizendo que sempre preferiu comer a sobremesa antes do
almoço.
Hoje é o dia da ordenação de Mikhail a pastor, dia 24 de
dezembro, nós celebraríamos junto com a ceia de natal que todos
os anos a Congregação realizava no salão de eventos para os
membros que quisessem participar. Não era cobrado nada, tudo era
oferecido por Vladimir, ele sabia que haviam famílias muito pobres
que só poderiam cear se fosse conosco. Vladimir apesar de tudo,
era um homem muito generoso com os mais necessitados. Enfim,
após quase um mês sem ver Vitório, eu consegui falar com ele na
quarta e chamá-lo para ordenação de Mikhail, ele disse que ficaria
até o final da cerimônia que se encerraria por volta das 21:00, e
depois voltaria para ficar junto à sua família.
Eu já estava arrumada prestes a descer, Mikhail estava na
sala me aguardando junto com seu melhor amigo, uma vez que
desceu há 30 minutos para recebê-lo, Vitório apertou a campainha
assim que deixei o banho. Eu havia escolhido um vestido mais justo
que o normal, em tom coral com aplicação de renda preta, queria o
efeito mulherão, os meus cabelos estavam soltos com um pequeno
adorno de pérola preso na lateral. Não havia nenhuma maquiagem
perceptível, apenas um gloss pastoso para dar o efeito mais rosado
e molhado nos lábios e uma máscara de cílios. Eu desço as
escadas e os dois param de conversar me olhando.
- Uoooou! Senhora Volkov está magnífica, meu amigo é
um bastardo sortudo.
Mikhail não diz nada, apenas se aproxima estendendo a
mão, é incrível como seu olhar me deixa despida com a fome crua
que encontro nele, por vezes Mikhail parece nunca ter de mim o
suficiente. Nos aproximamos e ele beija meu rosto, em seguida
sussurra em meu ouvido.
- Está linda Hadassa, mas eu poderei perder a ordenação
se ver qualquer maldito olhar ganancioso sobre você. Se prepare
porque essa noite eu não darei trégua a essa bocetinha como
punição.
Após dizer as palavras que me levaram a outro mundo,
Mikhail chupa o lóbulo de minha orelha, para logo após me dá o
braço para acompanhá-lo.
- Sugiro que parem de se olhar como se estivessem prestes
a se atacarem, ou todos vão perceber que estão trepando feito
coelhos.
- Vitório! Respeite Hadassa, ela não está acostumada com
esse palavreado.
Mikhail por momentos parece ingênuo, porque os
universitários xingam pra valer. Vitório rola os olhos.
- Desculpe Dassa, às vezes esqueço que não é como as
outras mulheres, que é quase imaculada...
Eu reviro os olhos com a provocação de Vitório.
- Eu o perdoo, se me der um abraço.
- Eu não acho pruden... - Mikhail não chega a completar a
frase pois Vitório me abraça, parecendo ter sentido mesmo a minha
falta. – Claro! Abrace minha mulher sem levar em consideração a
minha vontade.
Mikhail bufa enquanto Vitório me aperta, e fala para que
somente eu possa ouvir:
- Senti sua falta Dassa. - Sua voz sai angustiada e eu não
entendo porque.
- Você sumiu...
Murmuro pra que só ele possa ouvir.
- Vitório largue a Hadassa, vamos nos atrasar.
Vitório solta um sorriso cínico, logo vamos até nossos
respectivos carros. Assim que Mikhail e eu entramos ele dá partida,
e solta pérola.
- Não gosto dessa intimidade com sua com Vitório.
Diz quase em um rosnado, posso parecer imatura em
apreciar seus ciúmes, mas eu gosto muito
- Ele é seu melhor amigo.
- Mas é homem e está atraído por você.
- Não está não. Isso é ciúmes?
- Você é minha mulher Hadassa, é claro que vou sentir
ciúmes se um homem demonstrar interesse por você. - Eu ignorei o
calorzinho que se espalhou dentro do meu coração. Nós havíamos
tido altos e baixos, e se eu deixasse qualquer sentimento se
enraizar poderia me apaixonar por ele. - Conheço Vitório suficiente
para saber quando uma mulher lhe chama atenção.
Nós chegamos e logo minha mãe e Irina foram ao meu
encontro.
- Filha está linda! O casamento está te fazendo maravilhas.
- Obrigada Mãe. - digo a abraçando apertado, eu e minha
mãe sempre fomos mais próximas, eu imagino que deva está
sentindo muito minha falta. Toda vez que me vê me abraça
apertado, cheia de saudades.
- Mikhail também está mais leve relaxado, até mesmo
sorridente Helena. Eu acertei em minha escolha.
- Que escolha irmã Irina? - Esther surge linda em um
vestido clássico verde musgo.
- Oh Esther, acabei de dizer a Helena e Hadassa que acertei
na escolha para Mikhail, os dois fazem muito bem um para o outro. -
Esther tenta disfarçar sua cara de desgosto com o comentário, mas
Irina é perspicaz. - Soube que o Presbítero Vagner está procurando
uma esposa, como sua mãe não se encontra mais entre nós, ele me
pediu para procurar uma noiva, posso acrescentar seu nome à lista?
Eu quase gargalho com a expressão de horror no rosto de
Esther. Presbítero Vagner tem 50 anos, é baixinho apenas com seus
1,65, além de ser calvo e está um pouco acima do peso. É um bom
homem, gentil e brincalhão, eu amo os seus sermões que sempre
fala sobre amor.
- E- Eu acho que prefiro esperar mais um pouco.
A cerimônia se inicia e realmente é um rito muito bonito, e
como parte desse rito eu subo ao altar e coloco sobre os ombros de
Mikhail a estola pastoral, em seguida Vladimir derrama o azeite
sobre sua cabeça dando sua bênção visivelmente emocionado.
Assim que a cerimônia acaba após falar com meu esposo, eu corro
de encontro a Vitório antes que vá embora.
- Vitório! - Eu o chamo me aproximando e ele para sua
caminhada até o carro. - Você ia embora sem falar comigo? - Ele
coça a cabeça sem jeito.
- Desculpa Dassa eu só não quis atrapalhar.
- Atrapalhar? Eu fiquei quase um mês tentando falar com
você, eu quero te contar e mostrar algo.
Eu conto tudo à ele sobre as mensagens e mostro o vídeo
que fizeram.
- Você tem alguma desconfiança?
- Nenhuma, pensei em ter sido alguém do passado de
Mikhail, alguém que possa nutrir raiva de Mikhail.
- Não me vem ninguém em mente pelo teor das
mensagens. Mikhail era um pervertido, mas mulheres virgens e
casadas passavam longe de sua lista. A não ser que...
- Que?
- Bom, no Dominus havia uma mulher, na verdade duas,
Aline e Stela eram um casal mas que as vezes se divertiam com
algum sortudo. - eu engulo à seco sabendo que não vou gostar
muito da história. - Mikhail sempre participava da brincadeira delas e
Aline ficou um pouco obcecada por Mika, ela o procurou propondo
terminar tudo com sua parceira e ficar apenas com ele. Mikhail
recusou, mas mesmo assim Aline se separou de Stela, que não
aceitou bem a situação. Eu fiquei sabendo depois de um tempo que
Stela ganhou uma ordem de restrição por parte de Aline, e chegou a
pagar dois caras para baterem em Mika.
- Por Javé que louca! Mikhail era um prostituto. - Digo com
raiva ao imaginar quantas mulheres não passaram na sua cama.
- Nunca disse que ele prestava, mas depois de tantos anos
não acredito que tenha sido ela. Bom eu já tenho que ir, mas antes
me responda uma coisa.
- Sim.
- Enzo me disse que antes do término do seu período você
passou a usar sua aliança, e confessou ter se casado. - Vitório
parece meio incrédulo, mas era verdade eu tomei aquela decisão,
Mikhail havia cedido e nós estávamos nos entendendo eu tinha que
fazer minha parte. - Você vai dia 29 na confraternização de fim de
ano?
- Eu vou conversar com Mikhail se ele concordar, tudo bem.
- Eu não queria mais mentiras e era só uma confraternização no
Marujo, eu não beberia ou ficaria com outra pessoa, e Mikhail
estava tão flexível e relaxado esses dias então que vou tentar a
sorte.
- Nossa! Olha só, você parece uma esposa de verdade
falando. - eu não gostei do tom de Vitório, exalando sarcasmo.
- Eu sou esposa de verdade dele, tanto na cama quanto
fora dela e agradeço em parte à você. Escuta Vitório, Mikhail e eu
estamos nos dando bem e eu quero construir uma boa relação com
ele.
Vitório aperta os olhos se aproximando, quase colando o
corpo no meu. A palma de sua mão repousa sobre meu rosto.
- Pobre garota, será mais uma a se apaixonar por ele e ter
seu coração despedaçado. Mika não se apaixona, nunca se
apaixonou. Ele gosta de sexo bruto, cru e sujo. Já pensou o que
será de você se ele perder o interesse no sexo, e passar a te tratar
como amiga? - Vitório percebe que suas palavras me abalaram e
tenta amenizar o efeito delas - Olha Dassa, eu não quero minar a
relação de vocês, mas não quero que você se iluda. Leve esse
casamento como uma amizade com benefícios, porque será apenas
isso pra ele também.
Eu concordo mas sinto uma dorzinha irradiar no peito ao
imagina-lo perdendo o interesse por mim.
- Vitório, Hadassa o que fazem aí?
Mikhail pergunta em tom cortante.- Porque sempre que vou
procurar minga mulher você está por perto?
Vitório gargalha.
B- Porque ela não consegue ficar longe de mim. Pergunte a
ela quem foi atrás de quem. - Vitório pisca e joga um beijinho
entrando no carro, antes de sair buzina abaixando o vidro. - Feliz
Natal Dassa! Feliz Natal Mika! - depois acelera.
- É verdade? Foi você quem o procurou? - Mikhail diz
visivelmente contrariado.
- Claro. O cretino ia embora sem falar comigo.
- E é tão importante assim que ele se despeça de você?
- Vitório é quase da família Mikhail, pensei que estava
chateado e achei melhor saber a situação. Mas respondendo a sua
pergunta, pra mim é importante que você cumpra sua promessa.
Mikhail franze o cenho me olhando, e eu fico na ponta dos
pés para sussurrar em seu ouvido.
- O de foder minha boceta até perder a consciência.
Mikhail solta um rosnado.
- Porra criança como vou voltar de pau duro ?
Eu me desvencilho de seus braços dando uma breve
corridinha em direção a igreja e digo.
- Encontre um jeito Pastor.
Mikhail gargalha ajeitando o pacote.
- Isso terá volta Hadassa, pode apostar.
CAPÍTULO XIX
HADASSA MENDONÇA

Nossa ceia após a ordenação de Mikhail foi ótima, mas


confesso ter ficado com a pulga atrás da orelha depois do alerta de
Vitório. Eu deveria blindar meu coração contra o efeito Mikhail
Volkov, apesar da minha imunidade ser baixa em relação à ele.
Ainda que não fosse tão ingênua como todos imaginavam, ainda
sim era inexperiente, eu nunca havia tido um convívio diário com
outro homem que não fosse meu pai. Mikhail era gentil e carinhoso
comigo, além de me deixar embriagada com sua paixão na cama,
ele parecia bastante satisfeito com nosso sexo, mas até quando...
Eu soube que frequentava clube de sexo e que gostava de
coisas diferentes, como o tal shibari. Eu obviamente li sobre o
assunto, e assim que abri a página online, a foto me agradou
fazendo meu corpo aquecer. Havia uma mulher, seus movimentos
das mãos e braços eram privados pelos nós das cordas, ela estava
nua sentada sobre os próprios pés, parecendo aguardar o seu
algoz. Eu li a página, e nela dizia que existiam pessoas que sentem
prazer apenas com o fato de passar o controle do corpo ao seu
parceiro, ou receber o controle do corpo de seu parceiro. Alguns
usavam a técnica como meio de imobilizar seu parceiro, para infligir
dor com uso de outros objetos.
Por Javé! Que Mikhail não seja um Christian Grey da vida,
porque eu sou muito frouxa pra dor, na primeira cintada eu estaria
chorando pedindo pra parar com a brincadeira.
- O que se passa nessa cabecinha?
Mikhail me pergunta enquanto mexe em meus cabelos,
nós havíamos feito sexo (maravilhoso por sinal), tomamos banho, e
agora estávamos assistindo Garota Exemplar no Netflix, eu já havia
assistido mas Mikhail não, e parecia está gostando bastante da
minha "sugestão" pelos comentários que fazia.
- Nada, só pensando em como a Emily é uma vaca.
Ele ri beijando minha cabeça.
- Não discordo que a personagem seja uma vaca, mas sei
que não é nisso que está pensando.
- Se eu lhe perguntar algo promete ser sincero comigo.
Mikhail levanta um pouco o corpo, e eu me sento na cama
cobrindo os seios com o lençol.
- Não tenho motivos para não ser.
Eu ponho uma mecha de cabelo atrás da orelha delatando
meu nervosismo e respiro fundo.
- Você está satisfeito... Quando nós... - ótimo Hadassa
agora perdeu a habilidade de formular uma frase - Você sente falta
de alguma coisa? - Mikhail me olha sem entender a pergunta, e
depois parece perceber o que pergunto.
- Você quer saber se estou satisfeito com o nosso sexo?
- É ... Bom eu sou inexperiente, você deve gostar de várias
coisas, não sei... Com o tempo você pode achar que o que temos
não é o suficiente e...
Mikhail me olha perplexo e parece indignado.
- Hadassa olhe isso.- ele tira o travesseiro e o lençol de
cima da sua cintura e seu pau salta livre e duro, e eu
instantaneamente lambo os lábios - Estou assim desde a metade do
filme, quando sua boceta ficou próxima a minha coxa, por isso
coloquei o travesseiro no colo. Não Hadassa, eu não estou
satisfeito. - Droga! Pra que fui perguntar, agora estou me sentindo
uma imbecil por achar que seria o suficiente pra ele.
- E nunca vou está satisfeito. Meu corpo parece nunca ter
o suficiente de você. Você não sabe como conto os minutos para
hora do almoço chegar, só pra poder te chupar, morder e foder
como um louco.
- Mikhail...
Eu solto um gemido baixo com a sua declaração. Mikhail
puxa o lençol que nos cobre o jogando no chão.
- Vem Hadassa, senta aqui com essa bocetinha gostosa. -
Mikhail diz se masturbando, e apesar de parecer hipnotizada, eu
obrigo meu corpo a fazer o que ele pede. - Isso assim engole ele
todo, me dá esses peitos, quero mamar neles. - eu gemo com a
sensação que seu pau e boca causam em mim. Mikhail agarra
minha bunda aumentando a fricção entre nossos corpos, fazendo
meu clitóris roçar em sua pélvis.
- Ah! Que delícia.
Eu grito tomada de prazer, meu sexo cada vez mais
melado, sugando o pau de Mikhail. A boca de Mikhail abandona
meus seios, e ele se deita na cama me fazendo deitar sobre seu
peito, nossos corpos colados, Mikhail ergue suas pernas mantendo
os joelhos flexionados, e começa a me foder com força usando as
pernas como alavanca. Eu estou na borda com suas estocadas
brutas, o som cada vez mais pegajoso dos nossos sexos molhados,
os tapas em minha bunda.
- Me beije Hadassa quero gozar com sua boca na minha,
engolindo seus gemi... - eu não o deixo terminar e cubro sua boca
com a minha, toda aquela paixão sendo expressa através de nossos
corpos, não resistimos gozando juntos.
- Aaaahhh!
- Oooohhh!
Que sexo delicioso! Eu estou lânguida tamanha foi a força
do orgasmo.
- Tudo bem ai?
Mikhail pergunta sorrindo, vendo que não movi um
músculo, e estamos ainda conectados.
- Tudo, só que isso foi...
- Delicioso?
- É...
- Então sabe como me sinto, às vezes acho que não há
nada que me peça que eu possa negar depois do nosso sexo. -
Opa! Amei saber disso, porquê não sabia como aborda-lo, e já que
ele está tão relaxado, decido arriscar. Eu me levanto saindo de cima
dele, e voltando a me sentar na cama. Mikhail olha admirado minha
boceta gotejar os nossos gozos misturados.
- É realmente não há nada. - ele suspira e eu gargalho.
- Ah é? Então vamos tentar algo? Tem uma coisa que
quero te pedir.
- Já é seu... - Eu respiro fundo torcendo para Mikhail não
se aborrecer.
- Dia 28 terá uma confraternização da faculdade em um
barzinho, no Marujo, vão a maioria dos alunos da faculdade, e eu
quero ir.
Mikhail me olha como se tivesse dito que matei alguém.
- Você quer ir à um bar cheio de jovens com os hormônios
em ebulição, provavelmente alterados pela bebida. Hadassa você é
uma mulher casada. - Ele fala em um tom seco.
- Mikhail eu não vou beber, vou apenas sentar e
confraternizar com alguns colegas. O que isso tem demais poxa?!
As vezes parece que vivo em uma realidade diferente da do mundo
que vivemos. Escuta, se vamos deixar de frequentar qualquer lugar
que sirva bebida alcoólica, não iremos à restaurante nenhum. Eu me
sinto sufoca...
- Parece que quem não está satisfeita com o que tem em
nosso casamento é você.
Mikhail se levanta e entra no banheiro batendo a porta.
Droga! Eu pensei que ele me entenderia.
- Mikhail...
Eu tento abrir a porta e está trancada.
- Estou no banho!
Mikhail grita, e eu desisto indo para o outro quarto tomar
um banho.
Estou secando meus cabelos quando a figura de Mikhail
aparece atrás de mim refletida no espelho.
- Me desculpe eu fui infantil.
Eu amava isso nele, ele sempre era centrado, sabia
reconhecer seus erros e se desculpar.
- Tudo bem... Eu só queria dizer que não tem nada a ver
com o nosso casamento, eu já me sentia assim com cada negativa
dos meus pais. É que eu não vejo mal em sentar e conversar com
outras pessoas em um barzinho ou lanchonete, achei que por ser
mais jovem entenderia meu lado, por isso perguntei. Mas deixa pra
lá.
Eu ainda estava de frente para o espelho, o observando
pelo reflexo, Mikhail sai do umbral da porta, e se aproxima
encostando seu peito nu em minhas costas. Ele fixa seu olhar em
mim, e afasta meus cabelos úmidos do pescoço, ainda me olhando
ele aspira meu cheiro me deixando arrepiada.
- Você pode ir, mas deve se lembrar que o único homem
que pode te tocar, até mesmo olhar você demoradamente sou eu...
Eu sorrio levantando meus braço, levando minha mão a
acariciar os cabelos fartos.
- Então vou ter que vendá-los?
Mikhail sorri em minha pele.
- Faça o que for preciso Sra. Volkov.
CAPÍTULO XX
HADASSA MENDONÇA
O dia da confraternização havia chegado, eu fiquei muito
feliz em Mikhail ter confiado em mim, eu tentaria fazer de tudo para
não decepcioná-lo. É claro, tem o que fiz no passado, mas foi antes
de conhecê-lo, e ele por sua vez nunca me confidenciou nada do
seu. Eu já estava pronta, eram 19 horas, optei por ir de táxi não pela
bebida, eu prometi que não beberia e não vou, mas meu carro
sofreu uma leve batida na lateral, e não foi culpa minha, e sim de
um dos alunos da UNI-MG, o Felipe.
Felipe era um filhinho de papai inconsequente, quando eu
ainda ficava com Enzo odiava tê-lo em nossa rodinha, sem contar
que bastava Enzo sair para ele dar em cima de mim. E era de
maneira agressiva mesmo, dizendo que Enzo era um idiota, que se
eu tivesse optado por ele nós estaríamos "trepando como coelhos".
Quando questionei a Enzo como Felipe sabia que eu era virgem,
Enzo foi categórico em dizer que não falou nada sobre nossa
intimidade, apenas deu uma negativa quando ele perguntou se já
tinha rolado algo mais entre nós. Eu não vou negar, ele era muito
gato, mas sua beleza acabava quando abria a boca, pelo menos pra
mim.
Mikhail estava na casa dos pais, foi resolver algo referente
à clínica, mas disse pra não sair antes dele chegar. Eu já pegava o
casaquinho de renda para cobrir a parte do vestido que mais tarde
deixaria a mostra. O vestido era simples, soltinho em tom nude, mas
com um generoso decote nas costas com tiras finas, que formavam
um trançado. O cabelo preso em um coque com alguns fios soltos,
evidenciariam o decote, além de chamar atenção para os lindos
brincos de pressão, que ficava na altura do meu ombro que Vera
havia me dado de presente, no estilo que gostava, hippiechic. Claro
que só os usaria na confraternização, assim como a make e os
demais acessórios.
- Lyubov... Acho que vou voltar atrás e te amarrar na
minha cama.
Eu giro meu corpo e vejo Mikhail encostado no batente da
porta. Pode parecer deslumbramento meu, mas o meu marido era o
homem mais lindo do mundo, pelo menos aos meus olhos.
- Bobo... Apesar que a ideia de ser amarrada por você me
agrada muito.
Mikhail solta um grunhido...
- Não me tente Sra. Volkov, você não tem ideia do que se
passou pela minha mente.
Me aproximo enlaçando seu pescoço e falo baixo em seu
ouvido.
- Você pode me mostrar quando eu voltar.
Mikhail agarra minha bunda, moendo sua ereção em minha
pelvis.
- Aaahh isso é golpe baixo...
Eu ronrono em seu ouvido.
- Porra Hadassa, isso é um fio dental? - ele pergunta
apalpando minha bunda.

- Ops! Você estragou a surpresa Sr. Volkov.


Mikhail dá um tapa estalado em minha bunda e me beija,
fazendo-me corresponder com toda avidez. Somos interrompidos
pelo som de notificação do meu táxi.
- Meu táxi chegou... Eu preciso ir...
- Tudo bem, tem certeza que não quer que eu te busque.
- Não precisa eu estarei aqui por volta das 23:00, já que o
trajeto leva em média 45 minutos.
- Se comporte Hadassa.
- Eu sempre me comporto...
Dou um selinho em Mikhail me despedindo.
(...)
Assim que cheguei na rodoviária avistei Renatinha, linda
em um vestidinho jeans curto.
- Anda, passei por lá antes de vir te buscar, e a maioria já
chegou. Adivinha quem perguntou por você?
- Enzo...
- Não. Enzo ainda não tinha chegado, o Felipe. Cara você é
uma vaca sortuda! Primeiro Enzo, depois se casa com aquele deus
grego, e agora Filipe.
- Eu não sei o que veem em mim. Tem muita garota mais
bonita na faculdade, você por exemplo.
Renata rola os olhos e bufa.
- Amiga somos lindas, mas acho que o que atrai em você, é
por ter sido criada com tanto pudor, não tenta seduzir ninguém, não
se preocupa em chamar atenção. Sei lá, não veste roupas
reveladoras demais, acho que isso instiga os homens. Mas vamos
deixar de papo, trouxe um batom maravilhoso pra você, eu sei que
não costuma usar esse tom, mas quando o vi eu pensei em você e
nessa boca carnuda.
Nós entramos no carro, e quando abro a caixinha vejo um
batom mate, na cor cereja, lindo.
- Que lindo Rê! Eu amei!
Rapidamente eu puxo o espelho e passo.
- Uaau Dassa! Ficou mais linda ainda.
Nós chegamos ao Marujo, nos encaminhamos direto a
mesa onde todos já estavam, foi impossível não notar a atenção de
Enzo e Felipe sobre mim. Nós cumprimentamos todos e nos
sentamos conversando. O tempo passou enquanto conversávamos,
ríamos, e notei como Felipe me observava, sem parar de olhar para
aliança na minha mão.
- Dassa, eu não acreditei quando Enzo me disse que você
tinha casado. - Felipe estava levemente alcoolizado, não bêbado,
mas alegrinho, assim como Rê que já estava alta. Eu estranhei
porque nunca dei liberdade para que me chamasse assim.
- É mesmo Dassa você não chamou ninguém.
Bianca, uma colega nossa, diz forçando uma intimidade
que não temos, na verdade nunca foi com minha cara, pois sempre
arrastou um bonde por Enzo.
- Ah gente foi bem íntimo mesmo, na casa dele, apenas
familiares.
- Mas a Renatinha foi.
- Renata é da família Bianca, é como se fosse minha irmã e
Vera uma segunda mãe.
Bianca sorri maliciosa e pergunta para Rê algo que me
deixa fervendo.
- E aí Rê o marido da Dassa é bonito? Eu nunca a vi
postando nada no insta dela, nem uma fotinha.
- Bonito? Bonito é pouco, ele é lindo, um deus grego e rico,
minha amiga aqui ganhou um zero km, que o idiota do Felipe bateu.
- eu chutei a canela de Rê, não gostava de expor minha vida
pessoal. - Desculpa amiga falei demais.
- Agora entendi porque se casou tão rápido... - Bianca
solta no ar.
- Não entendi Bianca sua colocação, pode me explicar. - eu
já estava irritada com aquela vaca invejosa.
- Ela acabou de dizer que se casou por interesse. - Felipe
diz sorrindo - É claro que ninguém aqui nessa faculdade seria bom o
bastante para princesinha intocável. Enzo meu amigo, sinto lhe dizer
que você foi só um passatempo que foi descartado quando ela
achou alguém à sua altura. Você leiloou a virgindade Dassa?
Eu olhei para Enzo com raiva, sabendo que ele havia
falado sobre algo que só dizia respeito a mim para Felipe. Na mesa
todos me olhavam, alguns com surpresa, outros com deboche, e
outros com olhos acusadores. Eu me levantei e joguei todo o
conteúdo do copo, inclusive gelo na cara de Felipe.
- Você é maluca garota?
- E você é um babaca, arrogante e mimado. Qual o seu
problema? Tudo isso porque não quis nada com você?
- Vê se te enxerga garota, tá pensando que é quem?
Eu mexo em meu celular nervosa, printando as mensagens
que ele mandava para meu whatsapp e enviando no nosso grupo.
Na sua maioria era ele me assediando, ou me convidando pra sair.
Todas sem nenhuma resposta.
- Eu acabei de enviar o print com algumas das suas
mensagens, ali também vem dizendo que você roubou meu número
do celular de Enzo.
Enzo levanta furioso empurrando Felipe.
- Não acredito que você cantava ela quando ainda estava
comigo.
Felipe gargalha e levanta as mãos em sinal de rendição.
- Calma hermano(1). Hadassa não é, e nem nunca foi nada
sua. Até onde eu saiba vocês apenas ficavam.
Enzo bufa e passa as mãos no cabelos.
- Eu só não te dou um soco agora, porque está bêbado, e
não quero que diga que me aproveitei disso. Hadassa tem razão
você é um babaca- Enzo olha pra mim - Desculpe Dassa, eu fui um
idiota com você.
Ele sai desnorteado, um pouco alterado pela bebida, eu
vou atrás dele.
- Enzo!
Ele pára ao ouvir minha voz e saio a seu encontro, Enzo
anda de um lado pro outro com as mãos na cabeça.
- Enzo não pilote assim, você está nervoso.
Ele sorri com o que acabei de falar.
- Eu fui um babaca com você, e você ainda se preocupa
comigo. Olha Dassa desculpa, eu bebi no dia que me contou que se
casou e acabei falando demais eu não quis...
- Shiuu tudo bem... Eu sei que não contaria aquilo por
mal.
Enzo se aproxima e eu fico desconfortável com a
proximidade, eu recuo um passo e ele se aproxima novamente.
- Por que Dassa? Por que não eu?
- Hadassa?!
A voz que ouço faz meu corpo todo arrepiar. Merda! Não
podia ser verdade, deve ser minha imaginação ou caso ao contrário,
eu estava muito ferrada.
- Aee Hadassa, o papai veio te buscar. - Felipe fala assim
que se escora em Enzo.
Eu olho para Mikhail, e pelo modo como respira pesado, e
mantém em um aperto firme sua bengala, eu percebo que não
estava ferrada, eu estada fodidamente ferrada.
(1) irmão em espanhol
CAPÍTULO XXI
HADASSA MENDONÇA
- Mikhail?
Eu me afasto de Enzo indo até Mikhail, e antes de
chegar até ele ouço Enzo dizer algo que me deixa alerta, me
fazendo parar engolindo a seco.
- Mika? De onde vocês se conhecem Dassa?
Mikhail caminha até mim, me olhando nos olhos até ficar
bem próximo, sua respiração pesada faz meu coração acelerar,
quase saindo da caixa torácica. Ah Cristo! Eu só queria chorar.
Como se eu fosse mais que insignificante que um inseto Mikhail
passa por mim.
- Enzo... Seu tio Vitório está por aqui?
- Não. Mika de onde conhece Dassa?
Ah Enzo... Não piora as coisas pra mim...
- Hadassa, Enzo. Pra você e qualquer outro homem minha
mulher deve ser chamada de Hadassa.
- Eita porra! - ouço Felipe dizer. - Caralho Enzo tu foi
trocado por um...
- Cala a boca Felipe! - eu grito nervosa olhando direto
para, Mikhail que tem no olhar a expressão da ira crua.
- Hadassa então... E-Ele é o seu esposo? Meu tio foi
padrinho do seu casamento. Naquele dia... Meu tio já te conhecia...
Enzo parecia desnorteado. Eu me aproximo de Enzo e
Mikhail tentando não fazer tudo piorar
- Enzo eu nunca tive nada com você... Entre Mikhail e eu
tudo foi de repente, mas ele é sim o meu esposo.
Mikhail olha para minha mão vendo nossa aliança, depois
seus olhos vão para os pulsos com pulseiras delicadas, os meus
lábios sob o batom cereja, os brincos grandes, a leve maquiagem
nos olhos,
- Hadassa vamos pra casa...
- Mikhail assim que noivamos eu contei a Enzo...
- HADASSA! Pra casa agora!
Mikhail grita comigo e eu me assusto porque ele sempre foi
centrado e calmo.
- Ei! Pega leve com ela. Ela não fez nada...
Enzo diz tentando me defender o que só piora a situação.
- Não se meta na minha relação com minha mulher. Fique
longe de Hadassa.
Mikhail segura minha mão me levando até o carro e eu a
puxo novamente.
- Para com isso! Está parecendo meu pai, me deixe pegar
minha bolsa. Por favor...
Mikhail suspira contrariado e solta minha mão. Eu ando
rápido até a mesa onde estava, e pego minha bolsa.
- Rê, eu preciso ir Mikhail veio me buscar.
Eu falo rápido, fingindo dá dois beijinhos, me despedindo,
não quero que Mikhail a reconheça, apesar do carro está do outro
lado da rua, Rê está de costas. Me despeço de todos, e volto para
Mikhail que já se encontra dentro do carro. Eu entro e assim que
fecho a porta Mikhail arranca com o carro.
- Mikhail me deixe te explicar...
- Em casa Hadassa, agora não...
Enquanto Mikhail dirigia eu fui retirando brincos, pulseiras,
anéis, e quando finalmente iria tirar o batom Mikhail me interrompeu.
- Deixe-o.
- O quê?
Eu fiquei espantada com o que ouvi, principalmente por saber
que mesmo com os olhos fixos na estrada ele tinha consciência de
tudo que eu fazia.
- O batom, quero que fique com ele.
O restante da viagem foi feita em silêncio, mas logo que
chegamos em casa eu estava quase desmaiando tamanho
nervosismo. Assim que entramos na sala Mikhail não ascendeu as
luzes apenas o abajur, que fica na mesinha lateral ao sofá deixando
toda sala à meia luz...
- Fique aqui eu já volto.
Por Javé! Ele vai pegar minhas coisas e me jogar na porta
dos meus pais... Calma Hadassa, respira fundo Mikhail não faria
isso. Assim que Mikhail volta, eu vejo que trás consigo uma
mochila...
- Mikhail...
Ele se aproxima me olhando nos olhos, suas mãos foram
direto para o meu vestido o rasgando ao meio, como um pedaço de
pano, o mesmo destino tem a minha calcinha fio dental.
- Você disse que iria se comportar Hadassa...
Mikhail solta os meus cabelos aspirando o cheiro que vem
deles.
- Mikhail eu não fiz nada demais...
- Shiiiuu criança - Mikhail cala minha boca com seu dedo -
O papai vai te ensinar direitinho como uma menina boa deve se
comportar. Deite-se na mesa, e abra os braços um para cada lado.
Eu engulo à seco sem saber o que se passa na cabeça
dele, nossa mesa de jantar é de madeira maciça, então sei que
suportará meu peso. Eu me deito nua, o contato da minha pele
quente com a madeira fria me faz arrepiar, meu corpo forma uma
cruz em cima da mesa, então Mikhail se aproxima com uma corda
de juta. Ai caramba não acredito ele vai ne amarrar...
Mikhail para ao lado da mesa pegando meu pulso, o
contornando com a corda e dando laços firmes, ele passa a corda
em uma das pernas da mesa. Em seguida ele flexiona minha perna
esquerda, fazendo com que meu joelho encoste em meu seio me
mantendo imobilizada. Mikhail deu algumas voltas com a mesma
corda mantendo minha perna na posição que queria, o mesmo
processo é repetido no lado direito do meu corpo. Eu acompanhei
cada movimento feito, a precisão com a corda e os nós, e a fome
crua nos olhos de Mikhail. No final eu estava presa, sodomizada, em
uma posição que se assemelhava com a frango assado. Mikhail
havia se afastado e com uma calma enervante foi retirando o
sapato, desabotoando a camisa, abrindo a calça. Assim que ficou nu
o vi pegar algo e colocar no seu pau, ele iria usar camisinha
comigo? Mikhail se aproximava de mim com olhar colérico e com
muito tesão.
- Ah criança, você não sabe que visão maravilhosa tenho
daqui. - o homem se masturbava gemendo e me admirando, eu
estava louca para ser preenchida, a boceta palpitando, molhada, a
apreensão pelo que viria potencializando o tesão.
Mikhail puxa uma cadeira e se senta a mesa, de frente
para minha boceta e eu vou ao céu e volto quando faz de mim sua
refeição. Mikhail devora minha boceta com sua boca, chupa os
lábios, o meu clitóris me levando à loucura, me deixando
completamente molhada eu estou quase gozando quando ele pára.
Eu quase choro tamanha frustração.
Sem eu esperar Mikhail se enterra em mim com seu eixo
longo e grosso, eu sinto uma breve picada de dor, ao mesmo tempo
que sinto uma vibração maravilhosa em meu clitóris, anel peniano...
Era com isso que ele vestia o pau.
- Ahhh Mikhail...
Mikhail girou os quadris aumentando o estímulo da vibração
e alargando o meu canal, parecia procurar algo dentro de mim, e
quando achou o ponto dentro de mim que me levava à ebulição,
começou a socar constante e intenso, me deixando ensandecida
com tanto prazer.
- Ooohhh... Que delícia...
Mikhail deitou mais o corpo musculoso sobre mim, segurou
meu queixo de forma firme em sua mão grande.
- Você adora isso não é minha garotinha? Gosta de ser
sodomizada por mim... Vou foder tanto essa boceta gostosa ...
Mikhail socava, gemia, e eu me desmanchando esperando
pelo meu gozo, pois sempre que estava próximo ela me punia...
- Oh criança eu não aguento mais, acho que está na hora
do seu leitinho...
Eu o olho com fúria, pois ele pretende gozar e me deixar
frustrada.
- Não lyubov, eu te darei sua libertação, mas não agora,
primeiro quero que beba toda minha porra.
Mikhail retirou o pau de dentro da minha boceta e eu já o
aguardava, ele esfregou a cabeça melada dos meus sucos em
meus lábios, me fazendo abrir a boca, em seguida deu três
estocadas e me inundou com seu jato quente. Mikhail usava uma
das mãos para aparar minha cabeça afim de não me sufocar com
seu gozo. Após beber cada gota, meu marido me olha maravilhado,
para em seguida ir até a mochila e pegar um objeto estranho,
pontudo com a ponta arredondada em formato de cone.
- Esse é um plugue anal Hadassa, gostaria de usar em
você, mas preciso saber se isso passa de seus limites.
- Não... Eu sou sua Mikhail faça comigo o que quiser...
Mikhail me olha admirado e faminto, eu vi uma centelha de
brilho passar por seus olhos com minha resposta. Em posse do
objeto, ele novamente volta a atacar minha boceta com sua boca, e
a medida que eu soltava líquidos de excitação Mikhail forçava a
entrada do plugue em meu cu. A sensação de início foi incomoda,
mas à medida que ele girava, tirava e colocava, fazia um prazer
perverso me dominar.
- Porra criança, seu cuzinho já chupa o plugue todo pra
dentro.
Eu estava suada, ofegante, o corpo dolorido a espera do
prazer que me era negado. Mikhail chupava meu clitóris enquanto
brincava com o plugue em mim.
- Por favor, por favor... Eu preciso de mais.
Mikhail enterrou todo plugue em mim me fazendo
choramingar, porque logo em seguida ele enterrou outra vez seu
pau em meu canal. O pai parecia mais grosso, uma vez que o
plugue comprimia minha boceta. Era estímulo demais, o anel
enviando vibrações para o meu clitóris, as investidas poderosas de
Mikhail em minha boceta, fazendo o plugue se mover dentro de
mim. A agonia era imensa, e as sensações já eram insuportáveis, a
minha bexiga parecia que iria explodir. Eu senti as lágrimas serem
derramadas pelos meus olhos, eu estava cansada e necessitada, eu
não suportaria se me negasse mais uma vez. Como se soubesse
meu limite Mikhail me deu sua permissão
- Goze criança...
Mikhail aumentou a velocidade e como se meu corpo
aguardasse seu comando eu gozei...
- Mikhaaaaiiil...
Eu não sabia o que acontecia com meu corpo, a onda de
frenesi veio feroz, me fazendo queimar, tremer, debater e um líquido
transparente, inodoro começou a sair de mim.
- Caralho criança! Isso ejacula no meu pau...
E Mikhail gozou, pela segunda vez, inundando meu
canal me dando um prazer que nunca imaginei sentir.
- Ooohhhh Hadassa...
Eu não vi mais nada, o cansaço tão logo me tomou assim
que Mikhail se retirou, me levando à um sono profundo.
CAPÍTULO XXII
HADASSA MENDONÇA
Eu acordo esticando meu corpo que está levemente
dolorido. Ah merda! Eu dormi... Dormir não, eu devo ter desmaiado,
porque estou em nossa cama sem amarras ou plugues, e nem me
recordo como saíram de mim. Eu viro meu corpo uma vez que
estava dormindo de bruços, e assim que me sento vejo a figura de
Mikhail, sentado na poltrona em frente a cama.
- Tome seu café. - ele diz apontando a bandeja na
mesinha com um café da manhã completo, que só consegui notar
agora. Mikhail pode ter feito um sexo alucinante comigo ontem, mas
hoje ele parece disposto a ter todas as respostas sobre ontem.
- Bom dia pra você também... - digo de modo irônico e ele
ignora
- O café Hadassa.
Eu me levanto nua e pego o hobby pendurado no cabideiro
de chão, enrolo meus cabelos fazendo um coque frouxo neles, e me
sento à mesinha tendo ciência de que ele observa tudo que faço.
Uma coisa que aprendi com Esther é manter a calma em situações
em que era pega. Eu começo a comer o croissant de chocolate,
parece que alguém foi na padaria comprar meu café da manhã
favorito.
- Minha mãe os trouxe hoje, queria conversar com você
mas eu disse que estava cansada e ainda dormia.
Caramba, ele leu meus pensamentos.
- Depois agradeço à sua mãe. - eu como sob o seu olhar,
uma das mãos de Mikhail repousa sobre o braço da poltrona, a
outra segurando o queixo, isso está constrangedor - Ah chega! Fala
de uma vez, esse seu silêncio está me fazendo perder o apetite. -
Mikhail aperta os olhos dando um sorrisinho cínico.
- Eu iria esperar você tomar o seu café, mas já que está
com tanta pressa, quero que me explique o tipo de relação que tem
com Enzo.
Eu respiro fundo, pois pelo menos não está me acusando
de nada e sim questionando.
- Nenhuma. Enzo e eu somos apenas colegas de
faculdade. Que relação teria com ele se estou casada com você?
Realmente hoje é isso que somos um pro outro, apenas
colegas, eu não falaria do meu passado ele só pertence à mim.
Mikhail novamente dá um sorrisinho com total escárnio.
- Huuumm... - Mikhail tamborila os dedos no braço da
poltrona, e me olha de maneira fria - Então me diga porquê ele se
comportou como um maldito namorado.
- Você quer que eu diga o que Mikhail? Você quer saber
se me envolvi com ele antes de te conhecer? O que isso importa
agora? Eu não fico questionando seu passado.
O olhar vai de frio para mortal, eu sei que toquei em seu
ponto fraco.
- Importa muito, uma vez que omitiu de mim que foi à uma
confraternização em um bar onde seu suposto ex estaria.
Hipócrita!
- Ah Mikhail faz me rir, você já trepou com metade da
congregação.
Mikhail levanta pegando sua bengala caminhando até mim.
Ele usa a parte de cima para levantar meu queixo e me fazer
encará-lo.
- Você alguma vez me viu conversando com alguma delas
após o culto, ou em algum ambiente fora da congregação?
- Não...
- Pois é, eu vi minha mulher sair daqui de um jeito e a
encontrei de outro. O que pensaria em meu lugar? Foi pra ele
Hadassa que você se maquiou daquela forma? Foi por ele que pôs
aquele batom, aqueles brincos? Foi por ele que veio me pedir para
desistir do casamento?
- Não! Por Javé claro que não! - Mikhail leva a bengala de
novo ao chão e se senta na cadeira ao meu lado - Nunca teve a ver
com outra pessoa Mikhail se não por mim. Eu não queria me
prender, eu sou muito nova, também não queria viver em um
casamento onde eu não descobriria o prazer de ser tocada com
paixão. Eu sei que não devia ser assim, eu fui criada cercada de
pudores, mas desde os meus quatorze anos sempre fui muito
consciente de meu corpo. Você nunca se perguntou como sei o que
é beijo grego, ou outros termos que só uma pessoa experiente
saberia?
- Sim, mas preferi não saber a resposta.
- Eu me masturbava Mikhail, comecei aos 14 quando
flagrei dois professores transando, com o tempo passei a assistir
pornô escondido.
- Dois professores? No IEC?
- Sim, mas não vem ao caso agora quem são, ambos eram
solteiros e agora estão casados. Naquele dia todos os alunos já
haviam ido embora, mas eu me perdi no horário lendo O Conde de
Monte Cristo na biblioteca. Eu ouvi os gemidos e fiquei curiosa, a
porta estava entre aberta e eu vi, o vestido da mulher embolado na
cintura, e os seios nus pois a parte de cima havia sido abaixada, o
homem estava com a camisa e a calça abertas, os movimentos
fervorosos, os gemidos, a forma como um parecia querer consumir
mais um do outro, me fez querer aquilo também. Eu cheguei em
casa e fui direto ao banheiro, sentindo meu sexo pegajoso, eu sabia
que um banho não resolveria, havia algo dentro de mim que
precisava de alívio, então comecei a me tocar e dali por diante foi
aumentando a frequência. Se você soubesse quem são não
acreditaria em mim, mas na época foi o primeiro contato com sexo.
- Uma coisa não faz sentido em sua história Hadassa.
- O quê? - eu pergunto estranhando a sua dúvida.
- No IEC não tem livros como o Conde de Monte Cristo, eu
sei porque meus pais eram quem os escolhiam.
Eu me aproximo de Mikhail e falo em tom mais baixo.
- Eu vou te contar algo, mas espero que não saía daqui.
Há um compartimento na biblioteca com livros que professor Ivan
deixava para que eu lesse. - eu sorrio com a lembrança - Eu os lia e
depois discutíamos sobre ele. Ele me disse que seu livro favorito era
1984. Ainda é?
- Sim... - Mikhail parece surpreso com o fato de Ivan ter
quebrado alguma regra.
- Eu o li, e achei interessante você gostar dele.
- Por quê?
- Bom... O livro conta a história de um homem que tenta
burlar o sistema, o Mikhail de antes eu entenderia ter esse livro
como preferido, mas o de hoje...
Mikhail sorri levemente, e põe uma mecha de meu cabelo
pra trás.
- Me mate uma curiosidade Hadassa. Quem foi o seu
primeiro... Como vocês chamam... CRUSH! Isso mesmo quem foi o
primeiro rapaz por quem se interessou?
- Não foi um rapaz.
Mikhail me olha assustado.
- Não? Foi uma garota? - Eu gargalho com sua pergunta.
- Claro que não! Eu nunca se quer me imaginei com uma
mulher, sempre soube do que gostava, e mulher não estava em
questão. Eu disse que não era um rapaz porque já era um homem,
e eu tinha apenas 10 anos na época.
- Huumm... É bom saber que sempre gostou de homens
mais velhos. Mas ainda tenho outra pergunta.
- Só mandar...
- Você já sabe meu livro favorito, mas e o seu?
- Lolita de Vladimir Nabokov. - Agora é a vez de Mikhail
gargalhar, e eu reviro os olhos - Eu sei que ele é russo, e que o
romance gira em torno de uma menina de 12 anos e um homem
bem mais velho, mas ainda assim é o meu favorito.
- Humbert era um pedófilo filho da puta, ele tinha quase 40
anos.
- Na verdade ele era hebéfilo, mas convenhamos que na
época em que o romance acontecia, as mulheres aos 13 anos já
eram mães. A Hebefilia(1) estava presente em vários lugares. Isso
não é uma realidade tão distante, minha vó paterna foi mãe aos 13
anos, e teve 11 filhos com meu avô um homem 15 anos mais velho.
Mikhail está com os olhos cravados em mim, prestando
atenção a cada palavra e movimento, eu me calo ficando um pouco
tímida sob sua inspeção.
- Eu não gostei do que vi ontem Hadassa, e por isso a
possuí daquela maneira, eu não vou perguntar se gostou porque sei
que gostou. Mas não gostei como seus colegas te olhavam, e do
ciúme evidente de Enzo.
- O que te deu pra ir lá? Desconfiava de mim, por isso me
deixou ir?
- Não, eu fui até lá porque recebi isso.
Mikhail saca o celular, e exibe várias fotos, fotos em que
eu estou conversando com Ulisses, um colega de faculdade. Pelo
ângulo parecia estarmos muito próximos, mas estávamos de pé,
sem invadir um o espaço do outro esperando Renata com as
comandas. Que merda era aquela? Um arrepio de medo cruzou
minha espinha, eu tinha a porra de stalker(2).

(1)- Hebefilia é o forte e persistente interesse sexual de um


adulto em indivíduos púberes ou recém-púberes (pré-adolescentes),
tipicamente entre 11 e 14 anos

(2)- Os stalkers são indivíduos que perseguem


insistentemente outra pessoa, seguindo-a, procurando obter
informações sobre ela e tentando controlar sua vida, causando-lhe
danos psicológicos.
CAPÍTULO XXIII
HADASSA MENDONÇA
Mikhail percebeu meu estado de pânico quando quase
deixei seu celular cair no chão.
- Ei! Hadassa está tudo bem?
- C-Como? Quem tirou essa foto?
- Não sei, a mensagem veio de um número privado. Você
está pálida...
- E não é pra está? Mikhail, tem alguém nos
perseguindo. O vídeo no estacionamento da igreja e agora isso.
- Eu também pensei nisso, mas quem teria interesse em
nos ver brigados. - Mikhail pergunta confuso.
- Posso te dá uma lista de mulheres que gostariam de
terem sido escolhida para serem sua esposa. - o tom de ciúme não
passa despercebido por Mikhail, que dá um leve sorriso - Minha
irmã é uma por exemplo.
- Você acha que Esther seria capaz de algo assim? - eu
me remexo desconfortável na cadeira, Esther poderia ser uma vaca,
mas eu odiava falar mal das pessoas por suas costas.
- Mikhail, no dia em que eu fui pedir para que me
rejeitasse, eu tive total encorajamento vindo de Esther, ela
realmente parecia gostar de você.
- Mal sabe ela que sua ida até minha casa só me instigou
a desejá-la mais... - Mikhail diz olhando diretamente para meu
decote e eu sinto as reações de meu corpo mudarem apenas com o
olhar daquele homem.
- É mesmo... Por quê?
- Nenhum homem gosta de ser rejeitado Hadassa, eu
pensei que talvez me achasse velho demais pra você, e achasse
repulsivo o contato comigo.
- Tá brincando? Você é o homem mais lindo que já vi na
vida. - eu solto as palavras sem senti-las escaparem da minha boca,
e Mikhail exibe um sorriso lindo, como o de um menino que ganhou
um elogio da professora favorita. seus dedos fazem movimentos
circulares deliciosos em minha coxa.
- É muito bom saber disso Sra. Volkov. Você pode até
achar que digo isso somente pelo que acabou de me dizer, mas eu
nunca desejei tanto uma mulher como desejo você. E vê-la ontem
amarrada à mercê de todas minhas vontades, só fez a intensidade
dessa luxúria aumentar.
Eu olho para Mikhail seu olhar pesado e escuro me faz
respirar pesadamente, mas preciso manter o foco.
- Mikhail há algo que quero lhe contar... - imediatamente
os dedos cessam a massagem deliciosa e seu maxilar trava.
- Sobre?
- As mensagens...
- "As mensagens"? Pensei que a que recebi ontem fosse
a primeira, claro tirando o e-mail com o vídeo enviado à meu pai.
- Não foram...
- Não?!
- Eu recebi uma semanas antes do nosso casamento, e o
vídeo antes de ser enviado à seu pai... - eu entrelaço meus dedos
nervosa - Eu recebi o mesmo vídeo antes, com uma mensagem.
- Qual o conteúdo da mensagens Hadassa?! Me mostre
agora. -Mikhail fala baixo, mas seu tom não deixa a mínima chance
para contestar. Eu levanto da cadeira e pego meu celular na bolsa,
junto com o que uso na faculdade. Merda! Mikhail poderia ter visto.
Eu o jogo dentro do fundo falso e volto até ele. Eu entrego o celular
em sua mão, e Mikhail parece que vai quebrar o aparelho, tamanha
a força que o aperta em suas mãos. - Eu não acredito que
escondeu isso de mim Hadassa. Ele nos ameaçou, isso é caso de
polícia.
- Mikhail eu já pedi para Vitório investigar e...
Mikhail se levanta da cadeira rapidamente apoiando-se em
sua bengala.
- Como é? Quer dizer que você preferiu contar à Vitório
do que a mim? - Ah cacete! Mikhail parece muito, muito irritado. - Eu
sou a porra do seu marido! Se minha mulher está com problemas é
a mim que ela vêm.
- E-Eu não queria te preocupar, você estava prestes a ser
ordenado, e eu imaginei ser alguém do seu passado, e você nunca
quis falar sobre ele.
- Não justifica porra! - Eita! Dois palavrões seguidos não
era bom sinal, Mikhail nunca xingava a menos que estivéssemos
fazendo sexo. - Eu já estou por aqui com a sua mania de esconder
as coisas de mim. Ontem você disse que iria apenas encontrar
alguns amigos da faculdade, mas lá você não lembrava em nada a
moça que todos conhecem da Congregação. O vestido fino que
revelava todo o contorno de seus seios, sem contar o decote que
terminava bem acima da bunda.
- Foi o mesmo vestido que usei para sair daqui.
- Você usa isso como desculpa? Quando você saiu daqui
usava um colete, casaco não faço a mínima ideia de que droga era
aquela. Não havia batom vermelho, nem bijuterias - ele pega as
bijus em cima da cômoda e joga na cama. - Brincos de pressão Sra
Volkov? Muito engenhoso.
- E o que isso tem demais? Foram presentes de uma
amiga que viu que não tenho orelha furada. Foi um presente de
Natal o que queria que eu dissesse? Não posso usar meu marido
não deixa. Estamos no século 21 Mikhail!
-Por que não disse que era parte da sua doutrina
Hadassa?
- Ah! Não venha com essa! Ontem você não lembrou da
doutrina quando me amarrou naquela mesa e brincou com meu
rabo. E de onde vieram aqueles brinquedinhos todos Pr. Mikhail?
Mikhail me olha irritado, a respiração ofegante com as
duas mãos segurando a bengala com toda força.
- Você está certa. Aquilo que fizemos ontem nunca se
repetirá, estamos indo cada vez mais longe, em um caminho que
não haverá mais volta. A prova disso, é que você já se sente a
vontade para fazer coisas que não correspondem a nossa doutrina,
e eu como pastor devo está atento à isso.
Eu sinto o peso de suas palavras afundarem meu peito, ele
não podia voltar a ser como antes.
- E a propósito aquele foi o presente de casamento de
Vitório, eu não vivo uma vida dupla Hadassa. Sou sincero demais
comigo mesmo pra fazer isso.
Nossa, aquilo desceu queimando.
- Você está me dizendo que vamos voltar a ser como
antes? Dois desconhecidos morando debaixo do mesmo teto. Como
água e óleo quando são colocados dentro de um recipiente.
Eu ando até ele lentamente, e digo com toda sinceridade
olhando em seus olhos.
- Saiba de uma coisa Mikhail, se você voltar a ser a droga
da geladeira que era, pode ter certeza que saio dessa casa e peço o
divorcio, porque até onde eu saiba o casamento não resume-se à
vontade de apenas um.
Mikhail encurta ainda mais a nossa distância, e eu posso
sentir o brilho ameaçador em seu olhar, os ombros largos se
mexendo junto com a respiração forte que fazem o cheiro de seu
hálito mentolado bater em minhas narinas.
- Você teria essa coragem criança? Me abandonaria? -
sua voz é baixa e mortal.
- Sim! - sem esperar Mikhail me pega pelo braço com
firmeza.
- Isso é o que veremos...
CAPÍTULO XXIV
HADASSA MENDONÇA
Ainda me segurando pelo braço Mikhail me leva até o
espelho do quarto, a bengala faz um som alto quando ele a solta no
chão, para me posicionar a sua frente no espelho.
- O que está fazendo?
Mikhail não diz nada, apenas desata o nó de meu robe,
enquanto a outra mão segura minha mandíbula, me fazendo encarar
meu próprio reflexo, é impossível não sentir a sua ereção em minha
bunda. Sua mão percorre meu ventre, depois sobe parando na
marca avermelhada logo abaixo do meu seio esquerdo -
- Uma...
Ele diz baixinho em meu ouvido, sua mão agora vai para
meu outro seio, próximo ao mamilo onde há outra marca.
- Duas...
Agora sua mão vai até minha clavícula.
- Três...
Os dedos deslizam para meu pescoço.
- Quatro...
Mikhail desce novamente a mão e os dedos circulam meu
monte de vênus.
- Cinco...
Mikhail abre minhas pernas.
- Levante a perna e apoie no banco.
Eu faço o que me pede, é sempre assim, eu me sinto como
uma das crianças de Hamelin, sendo atraída pelo som do
flautista(1). Mikhail conta cada marca exposta no interior das minhas
coxas, por último ele dá um tapa estalado em meus lábios vaginais!
enviando uma vibração dolorosamente gostosa para meu clitóris.
- Onze... É disso que gosta criança? Gosta tanto assim do
meu sexo bruto? A ponto de não conseguir conviver comigo sem
ele?
Mikhail massageia meu clitóris, enquanto segura meu
pescoço mordendo minha orelha, ele sabe como me deixar
necessitada dele.
- Hein? Você gosta das marcas? Gosta quando te
reivindico pra mim, a faço ejacular de tanto prazer como ontem? Me
responda Hadassa.
- Gosto! - eu digo com raiva por me sentir tão refém do meu
corpo traidor.
- E se eu não quiser mais isso, vai me deixar? Vai deixar
outro homem te tocar, te possuir?
Sua voz sai amargurada, e o olhar em seu rosto demonstra
toda sua possessividade sobre mim. Eu podia está fodida por conta
do tesão que meu corpo sentia por ele, mas Mikhail não ficava atrás
com sua possessividade, e era naquele ponto fraco dele que me
apegaria. Através do espelho meus olhos vão direto aos seus em
desafio.
- Vou! Se não for pra ter você inteiro eu passo...
O brilho no olhar dele agora é de indignação e desafio.
- Aquilo que viu ontem criança, não é nem a terça parte do
que posso fazer. Cuidado para não desejar algo que não possa dá
conta. Eu posso fazê-la gozar sem tocá-la, apenas a amarrando nos
lugares certos, com um simples roçar de corda em seu grelinho ou
mamilos.
- Huuumm - eu gemo com suas palavras e masturbação,
ouço a risada baixa em meu ouvido.
- Eu vou foder tanto essa bocetinha, mas antes quero que...
Eu arregalo os olhos, porque nem por um cacete ele vai me
deixar na mão.
- Quero que diga Hadassa...
Mikhail tira os dedos de meu sexo, suas mãos vão para a
braguilha de sua calça. Assim que abre a calça, ele esfrega a
cabeça entre as bochechas de minha bunda, em seguida a desliza
sobre minhas dobras molhadas. Com minha perna ainda levantada,
eu consigo ver pelo espelho os movimentos que ele faz, brincando
com seu pau grosso em minha boceta melada. A cabeça rosada ora
ia até minha entrada, ora era pressionada contra meu clitóris, eu
estava ficando louca...
- Diga criança, confesse que no fundo sabe que nenhum
outro a deixará assim. Hã? Que essa boceta já me reconhece como
seu dono.
Eu tento negar, mas Mikhail coloca a cabeça e uma parte
de seu cabo grosso me fazendo soltar uma espécie de lamento.
- TSC, TSC... Não há como negar, você está pingando, o
cheiro do seu tesão já está em todo o quarto, e isso me deixa
louco...
. Eu fecho meus olhos, buscando controle, mas Mikhail
segura minha mandíbula, me fazendo abrir os olhos para o espelho
a nossa frente.
- Diga Hadassa, quem é o seu macho? Quem te deixa
como uma cadela no cio, louca para ser preenchida?
Ele não vai me dá trégua, o pau entra só até a cabeça e sai
logo em seguida, somente para me deixar em total estado de
desespero, dominada pela luxúria.
- Vamos lyubov não é tão difícil....
- É VOCÊ! AAAHHH!
O grito sai logo que Mikhail se afunda em mim. Ele soca, e
soca fundo, eu me derreto em seus braços, o som que fazemos é de
sexo pegajoso, molhado. Mikhail aperta levemente meu pescoço,
controlando minha respiração e isso me deixa mais excitada ainda...
- Porra criança! Você adora minhas perversões, essa sua
entrega... Huurgh...
Mikhail solta outro rosnado e eu gozo.
- Aaaaahhhh...

- Isso gostosa...
Assim que meus espamos param, Mikhail se retira de mim
e se afasta.
– Ajoelha, chupa meu pau, quero que sinta seu gozo nele.
Enquanto me ajoelho, Mikhail se desfaz dos chinelos,
calças e cueca embolados em seus pés. Assim que abocanho seu
pau ela solta um som rouco maravilhoso de apreciação. Eu chupo,
babo, lambo, me engasgo com aquela maravilha, isso tudo sem tirar
os olhos dele.
- Ooohh que delícia...
Mikhail segura meus cabelos, me fazendo interromper o
boquete e me levanta, ele se deita na cama completamente nu.
Quando ele tirou a camisa?
- Venha Hadassa sente no meu pau.
Eu ponho meu joelhos um em cada lado de seu corpo,
guiando o pau a minha entrada, eu rebolo até que seu mastro entre
todo em mim.
- Ooohhh...
Nós dois gememos em uníssono, eu começo a cavalgar
naquele pau delicioso. Mikhail aperta minha bunda, me dá tapinhas,
e fala obscenidades nos deixando mais febris, fazendo nosso gozo
se aproximar
- Me beije Hadassa.
Eu deito meu corpo sobre o dele, sentindo seus pelos
roçarem em minha pele, seu suor, sua mão em minha nuca ne
mantendo cativa de seu beijo delicioso, o braço entrelaçando minha
cintura, fazendo suas arremetidas se tornarem delirantes, indo de
encontro com os movimentos que meu quadril faz afoito por mais
contato.
- Huuum...
. O meu gemido indicando meu orgasmo é abafado no
nosso beijo, Mikhail intensifica seus movimentos e goza, me
enchendo com seu líquido quente e grosso. Eu desabo,
completamente esgotada. Eu observo o belo espécime de homem
ao meu lado, com a feição totalmente relaxada, o corpo brilhando de
suor, percebendo minha observação seus olhos encontram os
meus.
- Admita Senhor Volkov, você está tão viciado quanto eu.
O que fazemos é fantástico.
Mikhail tira uma mecha de cabelo do meu rosto.
- Você é fantástica Hadassa.

(1) O flautista de Hamelin é um conto folclórico que narra a


história que acontece no ano de 1284, na pequena de cidade de
Hamelin que sofre com uma infestação de ratos, até que um
homem chega à cidade se dizendo caçador de ratos e que seria a
solução para seus problemas. Usando o som de sua flauta como
forma de hipnose o homem conduz todos os ratos a se afogarem no
rio. Ao reivindicar seu pagamento os moradores se negam a pagá-lo
uma vez que não viram os ratos mortos. Passam-se algumas
semanas e como forma de vingança o flautista toca outra música
hipnotizando as crianças da cidade as levando consigo.
CAPÍTULO XXV
MIKHAIL VOLKOV
Eu havia contratado um perito para que descobrisse de
onde vinham as mensagens. O máximo que descobri, foi que todas
vieram de celulares pré-pagos aqui de Águas da Prata mesmo, mas
nenhum fora cadastrado. Depois de Hadassa ter me confessado
procurar Vitório para ajudá-la, eu resolvi fazer uma visitinha em seu
consultório, e colocar tudo em pratos limpos.
- Mika?! Você aqui?
Vitório parece ter visto um fantasma.
- Precisamos conversar Vitório, e é um assunto sério.
- Sim, sim claro. Eu estava mesmo saindo para almoçar.
- Eu imaginei, foi por isso que eu desmarquei a minha a
minha última consulta antes do meu almoço, e a primeira depois
dele, para poder pegar você nesse horário.
Vitório não parava de olhar pela janela de seu consultório,
parecendo preocupado com alguma coisa, ele pegou o celular do
bolso e digitou alguma mensagem rápida e o colocou novamente
dentro da calça.
- Podemos almoçar no Tempero Mineiro?
Eu o observo, ele parece pálido, o suor que escorre em
seu rosto ajuda a denunciar o nervosismo.
- Sim, seria ótimo.
Nós deixamos o seu consultório e eu notei o espaço de
beleza em frente a ele.
- Vitório, não foi dali que você foi expulso pelado?
- F-foi... Vamos Mika, estou morrendo de fome.
Vitório estava estranho além do normal.
Andamos até o restaurante, e assim que nos sentamos ele
recebe uma notificação que o faz sorrir. Fazemos nosso pedido ao
garçom, logo ele nos eu entro no assunto de forma direta.
- Então Mika a que devo a honra?
- Eu estou aqui Vitório porque Hadassa vem recebendo
ameaças, e procurou sua ajuda. Agora me diga, por que Hadassa
tem tanta confiança em você para lhe pedir algo desse tipo, e por
que você sendo meu amigo não me contou que minha mulher
estava sendo ameaçada?
- Isso que eu chamo de ser direto. Em primeiro lugar,
Hadassa e eu desde o casamento vínhamos conversando e
mantendo nossa amizade, você sabe disso. Ela só não queria te
preocupar, provavelmente achando que se tratava de uma
brincadeira de mau gosto. Dassa conjecturo que poderia ser algum
marido traído de alguma de suas antigas amantes, por isso me
procurou, achou que eu poderia lhe dá uma luz.
- E o que disse?
- A verdade... Que você nunca se envolveu com mulheres
casadas. Depois disso ela me pediu ajuda para que eu conseguisse
o contato de algum investigador. Foi só isso.
- Vitório eu preciso que tire uma dúvida minha, mas antes
disso eu quero ser bem sincero com você. Se eu descobrir que você
escondeu mais alguma coisa referente a minha mulher de mim,
pode ter certeza que eu não vou ver mais a nossa amizade com os
mesmos olhos. - Vitório concorda se remexendo em sua cadeira - É
por isso que eu quero te fazer mais uma pergunta.
- Sou todo ouvidos.
- Você sabe o tipo de relação que Hadassa e Enzo
mantinham?
Vitório me encara, e pela sua expressão ele sabe do que
se trata.
- Você não acha que essa é uma pergunta que você deve
fazer a ela?
- Se eu perguntá-la, ela pode se sentir à vontade para
perguntar sobre meu passado, e eu não quero revirar mais daquela
porcaria toda. Mas e aí vai me dizer ou não?
Vitório inspira profundamente, denunciando o que
imaginava, Enzo já contou a ele o que aconteceu na última sexta-
feira.
- Eu não gosto disso Mika... Me sinto como se tivesse
traindo a confiança de Hadassa.
Eu dou uma gargalhada desgostosa.
- Você está mesmo levando a sério essa amizade... Justo
você que nunca acreditou na amizade entre homem e mulher.
- É serio Mika! Mas pelo que Enzo me contou você já
imagina o que houve entre eles... Hadassa e Enzo eram "ficantes"
acho que é esse o termo que se usa hoje em dia... Em resumo eles
ficavam, sempre que se viam.
O ciúme desceu queimando minha garganta. Sempre que
se viam... Então era todos os dias, aquilo foi a porra de um namoro.
- E como terminaram? - eu pergunto entre os dentes.
- Porra Mika! Porque isso agora? Já passou.
- Responde a merda da pergunta.
- Não sei dizer exatamente quando, mas Enzo veio me
contar que havia levado o fora da menina que pretendia pedir em
namoro, foi na mesma semana em que me contou ter noivado. Você
entende que Hadassa não havia se comprometido com você até ali?
As imagens de Hadassa no Marujo indo atrás de Enzo,
parecendo realmente preocupada com ele fazem minha mente
fervilhar.
- Entendo... Não havia compromisso comigo naquele
momento, mas se foi algo tão banal porque ela não contou.
- Talvez pelo mesmo motivo que você não contou sobre
seu passado. Talvez ela queira passar uma borracha em cima disso
tudo, e viver uma vida nova ao seu lado. - eu pondero suas palavras
talvez seja só isso - Agora me diga já sabe o que fazer em relação
ao stalker?
- O caso está em investigação, eu estou pensando em
colocar um segurança atrás de Hadassa na volta às aulas. O pior eu
não faço a mínima ideia de quem seja, eu não me lembro de ter
roubado o amor da vida de ninguém.
Enquanto o garçom põe os nossos pratos Vitório parece
em transe, em um mundo paralelo.
- Vitório! - eu estalo os dedos frente ao seu rosto.
- Desculpe eu me distraí... Mika eu tenho uma teoria, mas
você vai ter que prometer não surtar OK?
- Se for para me dá uma luz sobre essa situação, eu
aceito.
- Você já pensou na possibilidade de ser alguém que foi
apaixonado por Ivan, ou até mesmo um caso antigo.
Eu quase cuspo o suco todo em meu prato.
- Impossível! Ivan jamais teria um caso extra conjugal.
- Ivan era um ser humano passível de erro como
qualquer um de nós. Já disse pra parar com essa mania de
santificá-lo.
Eu bufo desconsiderando a hipótese, apesar de ter
estranhado o fato de Ivan dá acesso à livros tão inapropriados à
Hadassa. Ainda assim aquilo seria absurdo.
O tempo restante do almoço fora tranquilo, e prestes a ir
embora depois de já termos pago a conta, Vitório deixa o seu celular
na mesa e sai até o banheiro. Assim que saiu, seu celular apitou
sinalizando uma mensagem com o nome "Beata gostosa". Eu
estranhei, porque esse era o termo que ele usava quando se referia
as mulheres da Congregação "beatas". Imediatamente minhas mãos
coçaram para ler a mensagem. Eu peguei o celular mas ele estava
bloqueado com um código de letras, então eu resolvi digitar uma
senha recorrente sua, Dominus. O celular desbloqueou, eu cliquei
no ícone aonde a foto de perfil era claramente uma mulher com
longos cabelos castanhos, o rosto não aparecia apenas os cabelos.
Quando eu li a conversa eu quase perdi o fôlego, não poderia ser.
"Linda, o Mika acabou de aparecer aqui, não vai dá para
você vir aqui hoje."
Em seguida ele recebe outra mensagem como resposta.
"Não acredito, por pouco não nos encontramos. Poxa Vi,
logo hoje que preparei algo especial para a gente. "
"Podemos nos ver a noite."
Por último a notificação que ele acabou de receber.
"Você sabe que a noite eu não posso. Amanhã Vi, amanhã a
gente mata esse tesão."
O sangue parecia bombear freneticamente, fazendo
meu coração bater de forma errática. Não poderia ser, Hadassa não
faria isso comigo, Vitório também não. Eu volto ao menu inicial do
aparelho e o coloco no mesmo lugar, Vitório surgiu logo em seguida.
- Tudo bem Mika? Você parece pálido.
- Tudo ótimo Vitório, só aconteceu um imprevisto eu
preciso voltar agora, foi bom falar com você.
Eu saio sem nem ao menos cumprimentá-lo, pego o meu
carro rumo a minha casa. Em todo o trajeto imagens de Hadassa
nua sendo possuída por mim surgem em minha mente, sua entrega
sua paixão, a sua maturidade mesmo sendo tão nova. É claro que
ainda havia alguns resquícios de sua fase adolescente, como
quando eu chegava em casa e ela estava assistindo desenhos, ou
alguma série adolescente com uma camiseta larga e meias
coloridas. É fato que nós ainda estávamos em fase de
conhecimento, mas o meu convívio com ela nesse pouco tempo foi
muito melhor do que os 8 anos que passei ao lado de Elza. Em
contrapartida imagens dela sorrindo com Vitório, conversando
alegremente encheram a minha mente.
Assim que cheguei em casa encontrei Fátima, nossa
diarista.
- Boa tarde irmã Fátima, Javé esteja contigo. Sabe onde
está minha esposa?
- Boa tarde Pastor, contigo esteja Javé. Irmã Hadassa
chegou há uma hora, ela saiu para almoçar e depois que chegou foi
para o quarto.
Eu tento engolir o nó que se forma na minha garganta, e a
raiva que pulsa em minhas veias. Eu abro a porta do quarto e a
encontro no telefone. Assim que nota minha presença ela abre um
sorriso lindo e se despede da mãe.
- Mikhail, você aqui a essa hora? Como você disse que
não iria almoçar aqui eu não fiz nada, e acabei saindo para almoçar
também. Porquê essa cara Mikhail? Você está vermelho, estranho...
- Não é nada lyubov, amanhã eu não almoçarei de novo
em casa. Minha agenda está apertada então eu vou almoçar no
restaurante de Dona Emília.
- Tudo bem então, agora vem aqui ficar um pouquinho
comigo.
- Não posso, eu ainda tenho uma consulta marcada, eu
vim aqui só para buscar um uma ficha médica que esqueci no meu
escritório e resolvi passar para te dar um beijo.
- Tudo bem então... Mas vai ter que compensar a noite.
Hadassa caminha até mim e se pendura no meu pescoço.
Logo estamos nos beijando de forma apaixonada e excitante. É
impossível ela não sentir tudo que eu sinto quando estamos juntos,
é como se meu corpo dependesse do dela. Eu encerro o beijo, e ela
me olha com aquele olhar inocentemente luxurioso que só ela tem.
- Eu tenho que ir lyubov, ou então não conseguirei sair
daqui.
Nos despedimos e volto ao consultório com uma ideia
fixa, se Hadassa estiver mesmo um encontro com Vitório amanhã
saberei.
CAPÍTULO XXVI
HADASSA MENDONÇA
Eu não podia negar que contar a meu marido sobre as
mensagens tirou um peso das minhas costas. Mikhail
imediatamente colocou sob investigação a pessoa que estava nos
perseguindo, mas mesmo assim eu o sentia um pouco temeroso
pela minha segurança. Ele havia praticamente me proibido de sair
de casa sem ele. Logo eu, a rainha das escapadas...
Por hora ninguém sabia da presença desse stalker a não
ser eu, Mikhail e claro Vitório. Falando em Vitório, ontem ele ligou
me descascando porquê contei a Mikhail que havia pedido sua
ajuda com as mensagens, e não o avisei. Eu fiquei surpresa ao
saber que Mikhail foi atrás dele, e quase pegou Vera em seu
consultório. Por Javé, eu não consigo nem imaginar como isso me
prejudicaria. Provavelmente Mikhail não me contou nada sobre a
sua visita, sabendo que eu repreenderia.
Já está quase na hora do almoço, e hoje eu vou de novo
para o mercadinho ajudar minha mãe. Meu pai está fora em uma
viagem missionária, no Maranhão em nome da CFJ, então minha
mãe está sobrecarregada. Esther só trabalha no mercadinho na
parte burocrática, colocar a mão na massa, literalmente nunca foi
com ela, mesmo sabendo da sobrecarga que cairia sobre minha
mãe. Por isso ontem eu fui ajudá-la, e hoje vou novamente, assim
aproveito e almoço aquela comidinha deliciosa dela.
Já eram 11:00 quando saí de casa e fui direto ao
mercadinho, assim que cheguei vi minha mãe tentando atender a
dois fornecedores.
- Mãe deixa que eu recebo, já está próxima a hora do
almoço, vai lá.
- Obrigada filha, eu ainda preciso refogar a couve e olhar
o feijão.
- Hummm... Qual o menu de hoje Dona Helena?
- Feijoaadaa!
Ela grita já a caminho da cozinha, minha mãe era quem
fazia o almoço e janta dos funcionários, eu e meu pai já tentamos
convencê-la a contratar uma cozinheira, mas ela não aceita de jeito
nenhum.
“- Sempre cozinhei minha vida inteira para minha família,
não é agora que eu vou mudar.
Era isso que sempre dizia toda vez que tentávamos
argumentar. Como trabalhávamos os quatro no mercadinho Elohim,
nosso almoço era ali. Sem contar que os funcionários eram antigos,
os poucos que saíram foram para se aposentar. Meu pai era um
bom empregador, nenhum funcionário tinha do que reclamar a seu
respeito, ele era um homem justo.
Eu já havia terminado com os fornecedores, já eram 13
horas eu estava faminta, provavelmente todos os funcionários já
deveriam ter almoçado.
- Ai mãe tô morrendo de fome, o cheiro da sua comida
estava me atormentando.
- Para de ser gulosa, olha que a gula é pecado. -eu reviro
os olhos - E não revira os olhos para mim.
- Mãe isso é falso testemunho, como você sabe se eu
revirei os olhos, você está de costas para mim.
- Eu te conheço Hadassa, agora senta, vai comer vai.
Eu começo a comer com muita vontade, a feijoada
estava deliciosa.
- Nossa filha! Você estava com fome mesmo hein?! Ou
será que já vem um netinho por aí. Por Javé seria tudo!
- Ô mãe vira essa boca pra lá, que Javé não te ouça.
- Ô menina que história é essa? Deixa seu marido saber
que você não quer saber de filho. Não esqueça que tanto ele,
quanto os pais deles contam com o herdeiro logo.
- Pois eles que esperem sentados.- imediatamente eu
mordo a língua percebendo que falei demais.
- Hadassa... Não vai me dizer que está se prevenido sem
seu marido saber?
- Não! Não, mãe imagina... Mas eu não quero filho
agora, ainda nem terminei minha faculdade.
- Falando no seu marido, ele não vai gostar nem um
pouco de saber que você todo dia foge da sua casa, para vir aqui
me ajudar no mercadinho. Na verdade, nem seu pai vai gostar de
saber disso. Você agora é uma Volkov, não precisa trabalhar aqui
nem em lugar algum.
- Eu sei mãe, mas mesmo assim quero trabalhar, não
estou fazendo a minha faculdade à toa. Eu quero lecionar, você
sabe que é meu sonho. E outra coisa, em casa fico entediada, não
tem nada demais te ajudar enquanto meu pai está viajando.
- Se você acha que não tem nada demais, porque não
conta ao seu esposo que está me ajudando.
- Porque Mikhail agora deu pra se preocupar demais com
a minha segurança, não quer que eu saia sozinha.
- Mas porquê? Águas da Prata sempre foi tão tranquilo,
aqui a maioria das pessoas se conhecem.
- É mãe, mas como a senhora mesma disse agora eu sou
uma Volkov.
- Filha por Javé! Será que ele acha que alguém pode te
sequestrar, ele tem razão filha. É melhor mesmo você não sair
sozinha por aí.
- Ah não mãe! Até a senhora. - Eu levanto terminando o
suco e começo a lavar minha louça.
- Boa tarde! - Ah droga, eu nem preciso virar pra saber
quem é o dono da voz que imediatamente faz meu corpo vibrar. Que
loucura é essa que sinto toda vez que estou próxima a esse homem.
- B-Boa tarde Pastor! Entre, Hadassa e eu estávamos
falando agora mesmo do senhor.
- Só Mikhail irmã Helena.
Assim que me viro imediatamente amaldiçoou minha
roupa.
Lá estava eu com um rabo de cavalo sem graça, de saia
jeans, tênis e uma blusinha, enquanto Mikhail estava lindo, em sua
calça escura, e seu pullover com as mangas compridas suspensas,
deixando a mostra seus antebraços com veias saltadas e pelos
escuros. Ele, um homem completo em toda sua virilidade e eu
parecendo uma adolescente.
- Sabe que não consigo Pastor, é o costume. Assim como
acabou de me chamar por irmã Helena. - Mikhail sorri levemente
para minha mãe. – Bom, deixa eu conferir se Hadassa recebeu a
mercadoria direitinho.
- Mãe! Eu sempre recebi direito.
- O seguro morreu de velho minha filha. Toma! - ela joga o
pano de prato - Seque sua louça.
Assim que ela nos deixa a sós Mikhail corre meu corpo
com o seu olhar, aquele olhar de predador. Ele pousa sua bengala
em cima da mesa e anda calmamente até mim.
- Mikhail me desculpe, eu sei que não queria que eu
saísse sozi...
Eu nem concluo a frase, pois Mikhail imediatamente me
puxa para si, me dando um beijo cheio de paixão e erotismo,
fazendo minha boceta latejar e umedecer. Ele desce os beijos para
meu pescoço, enquanto aperta minha bunda e moi sua ereção em
mim.
- Ver você vestido como uma menininha me deixa louco...
-Huummm... Mikhail alguém pode chegar... - eu estava
louca de tesão, mas precisava parar aquilo, se alguém nos pegasse,
Mikhail poderia ter outra de suas crises de consciência. - Pare, por
favor...
Mikhail para encostando sua testa na minha ofegante, se
controlando.
- Vamos sair daqui. Eu preciso te foder agora!
Eu não entendia sua urgência, mas bastou ele me tocar
para partilhar dela também.
CAPÍTULO XXVII
MIKHAIL VOLKOV
Eu vi as horas passarem lentamente desde a minha
chegada no consultório, quando terminei de atender meu último
paciente daquela manhã, eu senti meu corpo reagir de forma
ansiosa. Aquela manhã eu tiraria todas as minhas dúvidas sobre a
relação que Vitório e Hadassa mantinham.
Por volta das 10:30 eu saio da clínica estacionando
próximo a fazenda, meu carro era de modelo grande e importado,
uma Land Cruiser seria fácil demais ser identificado, por isso achei
melhor estaciona-lo entre as árvores. Assim que o carro de Hadassa
passou, eu esperei um pouco e a segui à uma distância segura, até
ver o seu carro entrar no estacionamento do mercadinho de seus
pais.
Eu tentei me tranquilizar mas ao mesmo tempo pensei que
aquela poderia ser, não sei, talvez artimanha. Então eu dei a volta
na rua, estacionando na parte de trás do estacionamento,
novamente oculto por alguns arbustos. Claro, poderiam ver meu
carro mas não notariam o modelo ou a placa. O máximo que veriam
seria o vidro frontal.
Eu esperei por Hadassa pelo menos uma hora e meia,
mas não vi nenhum movimento. Então resolvi conferir se ela estava
realmente no mercadinho, ou se saiu por algum lugar sem que eu a
visse, talvez havia pego um táxi.
Eu entrei sorrateiramente pela porta lateral, uma porta
que eu sabia ser exclusiva para funcionários. Passei por alguns que
me cumprimentaram, todos ali me conheciam, além de serem
funcionários antigos era difícil alguém não conhecer Mikhail Volkov
em Águas da Prata. Andei até ouvir a voz de minha sogra e
Hadassa, o alívio que senti ao ouvir a sua voz foi imenso, e
confesso ter me sentido um garoto enciumado, um completo idiota.
- Nossa filha, você estava com fome mesmo hein?! Ou
será que já vem um netinho por aí. Por Javé seria tudo!
Eu tentei absorver aquela informação, a ideia não era
nenhum absurdo, uma vez que a última vez que Hadassa ficou
menstruada foi na semana em que Vitório nos visitou, isso já tinha
quase um mês e meio. Meu coração aqueceu com a possibilidade
de Hadassa já está espera de um filho meu. Mas as palavras que
vieram a seguir foram como um balde de água fria.
- Ô mãe vira essa boca para lá, que Javé não te ouça.
- Ô menina que história é essa? Deixa seu marido saber
que você não quer saber de filho. Não esqueça que tanto ele quanto
os pais deles contam com o herdeiro logo.
- Pois eles que esperem sentados.
- Hadassa, não vai me dizer que está se prevenido sem
seu marido saber?
Hadassa não seria capaz daquilo, ou seria? Não, eu não
queria mais levantar suspeitas sobre o comportamento da minha
mulher, eu devia confiar nela. Mas se descobrisse que ela estivesse
me enganando dessa forma, seria difícil perdoá-la. Eu sei que
Hadassa ainda é nova, e que provavelmente quer terminar sua
faculdade, iniciar sua carreira, mas não vejo como um filho a
impediria. Eu a ajudaria, reduziria minha carga horária na clínica, e
dividiria meu tempo com nosso filho. Eu seria um pai presente, o
que ajudaria bastante Hadassa a conciliar sua carreira junto com a
maternidade.
- Não! Não mãe, imagina... Mas eu não quero filho
agora, ainda nem terminei minha faculdade.
- Falando no seu marido, ele não vai gostar nem um
pouco de saber que você todo dia foge da sua casa para vir aqui me
ajudar no mercadinho. Na verdade, nem seu pai vai gostar de saber
disso. Você agora é uma Volkov, não precisa trabalhar.
Eu sorrio porque se tinha alguma dúvida de que ontem
ela tinha ido visitar Vitório ela se enterrou agora.
Eu jamais me importaria em Hadassa ajudar a mãe mas não
queria que ela andasse por aí sozinha com um maluco a sua
espreita.
- Eu sei mãe, mas mesmo assim quero trabalhar, não
estou fazendo a minha faculdade à toa, eu quero lecionar, você
sabe que é meu sonho. E outra coisa, em casa fico entediada, não
tem nada demais te ajudar enquanto meu pai está viajando.
- Se você acha que não tem nada demais, porque não
conta ao seu esposo que está me ajudando.
- Porque Mikhail agora deu pra se preocupar demais com
a minha segurança, não quer que eu saia sozinha.
E como não me preocuparia? Ela foi ameaçada duas
vezes, e por minha causa.
- Mas porquê? Águas da Prata sempre foi tão tranquilo,
aqui a maioria das pessoas se conhecem.
- É mãe, mas como a senhora mesma disse agora eu sou
uma Volkov.
- Filha, por Javé! Será que ele acha que alguém pode te
sequestrar, ele tem razão filha. É melhor mesmo você não sair
sozinha por aí.
- Ah não mãe! Até a senhora?!
Criança malcriada... Eu resolvo sair do anonimato, a
qualquer momento posso ser pego ouvindo atrás da porta. Assim
que entro na cozinha, a visão que tenho é de Hadassa usando tênis,
com uma saia jeans justa marcando desenho do quadril e contorno
de sua bunda linda, a blusa de cor clara com rabo de cavalo davam
a ela um ar jovem e inocente que eu tanto gostava. Por Javé, eu
estava me tornando o Humbert de Lolita, sua história favorita.
Logo quê as cumprimentei, foi impossível não notar a
surpresa no rosto de Hadassa, porém a mesma fome que eu devia
expor em meu olhar se refletia no dela. Hadassa me desejava quase
tanto eu a desejava também.
Quando sua mãe deixou aquela cozinha, eu não aguentei
um segundo de espera e avancei. Vê-la receosa pela possível
bronca que receberia só fez meu pau pulsar mais forte na cueca.
- Mikhail, me desculpe eu sei que não queria que eu saísse
sozi...
Sem espera a puxei contra meu corpo, e a beijei
desesperadamente, e mal consegui entender tamanha vivacidade
que depositei naquele beijo. Talvez fosse o alívio por saber que
estava errado em minhas conclusões, a certeza de saber que
aquela mulher era só minha, a sua impertinência por ter me
desobedecido em sair sozinha, o que me excitava, e o tesão visceral
que meu corpo tinha no dela. Eu desci beijos pelo seu pescoço,
roçando minha ereção nela apertando a carne de sua bunda
arrebitada e gostosa.
Huummm... Mikhail alguém pode chegar... - eu estava
louco de tesão só queria mais dela. - Pare, por favor...
Eu interrompi o beijo, encostando minha testa na sua
buscando controle. Eu precisava foder Hadassa como precisava de
ar.
- Vamos sair daqui. Eu preciso te foder agora!

HADASSA MENDONÇA
Mikhail me segurou pela mão me levando ao corredor da
porta lateral, eu quase tropeçava tentando acompanhar as passadas
largas que dava, mesmo fazendo uso de sua bengala. Por sorte os
funcionários já haviam encerrado seu almoço, então não cruzamos
com ninguém. Mikhail me guiou até o final do estacionamento, e nos
fez atravessar alguns arbustos.
- Mikhail onde vam...
Eu me calei assim que avistei seu carro. Mikhail abriu a
porta do motorista mas não me fez entrar. Mikhail olhava dentro dos
meus olhos e acariciava minha bochecha com seus dedos.
- Você anda muito desobediente lyubov, precisa aprender
a ser uma boa menina.
Disse de forma suave e sem esperar virou-me fazendo
olhar para dentro do carro.
- Tire sua saia e calcinha.
Eu me surpreendi, ao mesmo tempo que me excitei com
seu pedido.
- Mas estamos na r...
- Shiiuuu... Vamos criança, só obedeça.
Eu abri, mesmo com as mãos trêmulas cada um dos
botões frontais da saia jeans, e retirei minha calcinha já melada.
Ouvi o barulho do cinto de Mikhail, e em seguida sua calça se
abrindo. Eu não estava acreditando que Mikhail faria sexo comigo
ali, mesmo depois daquele vídeo e ainda em dia claro.
- Me dê a calcinha. - assim que a entreguei ainda de
costas ouvi Mikhail inspirando o ar - Ah criança eu mal a toquei e
essa bocetinha já molhou toda calcinha. Entende porque viro um
animal com você? Agora ponha os braços pra trás e cruze-os.
Eu o fiz sem pestanejar e senti quando Mikhail afivelou o
cinto em meus pulsos.
- Não é uma corda lyubov, mas simboliza que suas mãos
devem permanecer assim. Mikhail passou uma das mãos em meu
pescoço e em seguida guiou meu rosto para um beijo intenso, eu
senti sua ereção em minha bunda e... Javé ele estava pelado!
Provavelmente as calças estavam no chão já que sentia o tecido de
sua blusa. Aquilo me fez gemer e minha boceta piscar... Mikhail
abandonou meus lábios e forçou o tecido que antes cobria minhas
partes íntimas em minha boca.
- Não queremos ser pegos criança... Apesar de amar seus
gemidos quando estou enterrado até as bolas em você, hoje terá
que aguentar meu pau caladinha.
O tesão triplicou com a possibilidade de sermos pegos,
minha boceta latejava sentindo a necessidade dele a ponto de
escorrer. Mikhail inclinou meu corpo, fazendo meu peito encostar no
assento do banco do motorista, em seguida segurou meu rabo de
cabelo e se não estivesse com a minha calcinha na boca, qualquer
um conseguiria ouvir o grito de prazer que dei ao ser invadida por
aquele pau delicioso.
- Ah porra criança, que bocetinha apertadinha,
molhadinha, me deixa louco...
Mikhail socava impiedosamente, fazendo meu orgasmos
se aproximar. O barulho do encontro de seu quadril com a minha
bunda, e de nossos sexos molhados e escorregadios, fez toda
sensação de prazer se ampliar em mim. Eu não via nem falava, mas
em compensação sentia e ouvia. Meu ventre se contorcia com a
famosa sensação de euforia chegando, Mikhail percebeu e
aumentou ainda mais a intensidade o que eu achava não ser
possível.
- Goza lyubov, goza no meu pau, mela ele com essa
boceta gozada.
- Huuumm..
Foi o máximo que conseguiu sair através do tecido,
quando gozei loucamente. Mikhail me puxou para o lado quando
meus espasmos cessaram, e em seguida jogou minha saia e sua
bengala no banco do passageiro. No alto de sua loucura, Mikhail
sentou no banco do motorista com suas calças ainda emboladas
nos pés e reclinou o banco deixando mais espaço entre o volante e
o assento.
- Venha criança, sente na minha piroca me faça gozar tão
gostoso quanto fiz você gozar.
Suas palavra soaram como um desafio e me deixaram
novamente excitada. Ainda amordaçada e presa, Mikhail me ajudou
a nos encaixarmos. Assim que conseguimos o feito Mikhail bateu a
porta do carro fechando-a.
Fui subindo e descendo devagar, até achar uma posição
confortável, assim que a encontrei comecei a quicar naquele pau
delicioso, enquanto Mikhail desferia tapas ardidos em minha bunda
e falava coisas obscenas. Ele estava fora de si, em um rompante
rasgou a frente de minha blusa, e abaixou meu sutiã para
abocanhar meus seios. Nós estávamos suados, febris, nossos olhos
não se desgrudavam.
- Assim criança rebola com essa bocetinha apertada,
quica no meu pau gostosa.
Eu sabia que ele gozaria, e ao contrário do que ele
próprio pensa, o urro que dá quando goza, apesar de eu adorar, é
bastante alto. Quando senti o pau pulsar dentro de mim,
imediatamente cuspi o pedaço de pano, e o beijei engolindo o seu
gozo e abafando o meu.
Nossos corpos se acalmaram, e Mikhail me beijou
longamente enquanto desafivelava o cinto de meus pulsos. Aquilo
fora maravilhoso, e eu não me arrependi, mesmo descobrindo
depois que fomos pegos por quem não era um fã nosso.
CAPÍTULO XXVIII
HADASSA MENDONÇA
- Nossa! Isso foi...
- Uma completa loucura... - Mikhail diz ofegante - mas uma
loucura deliciosa.
Eu ainda estava em cima de Mikhail, dentro de seu carro,
ainda não acreditando que havíamos acabado de fazer sexo em
público!
- Lyubov, devemos dar um jeito nessa bagunça.
- É mesmo senhor Volkov? E como vai fazer para costurar
minha blusa que VOCÊ rasgou.
Mikhail faz uma careta olhando o estado em que me
deixou.
- É vamos ter que dá um jeito nisso... - ele dá um tapa
estalado em meu traseiro - Isso é culpa sua, quem mandou ser tão
gostosa.
- Ah você que é um tarado, e a culpa é minha?
- Totalmente sua... Há dez anos que eu não me sentia
assim Hadassa. Olhe pra mim eu acabei de fazer sexo com você e
já estou duro de novo, louco pra recomeçar o que não faz nem cinco
minutos que acabamos.
Mikhail aperta minha cintura e ao me remexer eu percebo
que realmente está muito duro. Por Javé que homem é esse? Eu
acabo soltando um gemido.
- Vê Hadassa? Seria mais fácil se não sentisse o mesmo
que eu... Como posso me controlar, quando do mesmo modo que
meu pau está duro essa bocetinha está piscando, querendo mais. -
eu rebolo e Mikhail solta um rosnado. - Não provoque lyubov...
Vamos, pegue no porta malas uma maleta de primeiro socorros.
Eu saio de cima de Mikhail me sentando no banco do
passageiro, e pego a maleta.
-O que eu faço com isso?
- Use o lenço anticéptico para limpar a parte íntima, depois
vista a sua camisa colocando a parte rasgada para trás. - eu o olho
sem entender mas faço o que me pede. - Vire-se de costas pra mim
e me dê o esparadrapo. - eu giro meu corpo e Mikhail une as partes
rasgadas com esparadrapo. -Solte o cabelo Hadassa para que
ninguém veja o remendo e vista-se, antes me passe os lenços.
Mikhail se limpa e depois de se arruma.
- Nossa Doutor, muito astuto!
Ele pisca pra mim e me beija rapidamente.
- Fique com sua mãe, e só vá pra casa quando eu voltar
aqui. Mesmo que cada um vá em seu carro eu quero te seguir, ainda
não me sinto seguro em deixá-la andando por aí sozinha. Eu só
tenho mais dois pacientes então não vou demorar muito.
- Tudo bem... Mas acho está exagerando.
- Faça o que pedi Hadassa, caso ao contrário a punição
será sem sexo.
- Mikhail! Não fala isso nem brincando.
Mikhail gargalha com minha evidente indignação.
- Por Javé criei um monstro... Agora vá antes que você
me ataque.
Eu dou um selinho nele e salto do carro entrando na
porta lateral. Assim que passo pelo depósito sou puxada de forma
truculenta.
- Tá maluca Esther?
- Maluca quem está é você sua vadia! - Esther parecia
uma mulher perturbada, pela maneira que me olhava. Apesar das
palavras exaltadas, sua fala era pausada e baixa.
- Como você pode fazer aquilo com ele assim? Na rua? M-
Mikhail é um homem sério, você só pode ter feito alguma bruxaria.
Eu solto uma gargalhada de puro escárnio.
- Eu não acredito nisso! Você realmente quer me dizer
como e onde transar com meu marido? Sim, porque parece que
você esqueceu, mas Mikhail é meu marido. Sou eu quem levo o
sobrenome Volkov.
Esther pareceu abalada, mas logo seus olhos brilharam
com petulância.
- Não por escolha dele! Você foi escolhida pela velha
russa, se não fosse por ela eu estaria casada com ele .
- Esther para seu conhecimento, no dia em que fomos até
Irina para que eu a fizesse desistir do casamento, eu estive a sós
com Mikhail em nossa casa, e pedi pra que interferisse na escolha
de sua mãe. E adivinha só? Ele não aceitou, depois me
confidenciou que era porque me desejava. Ele me deseja Esther e
você comprovou há pouco o quanto.
- E-Ele só se conformou, e você o seduziu se oferecendo
como uma prostituta. Você está o prendendo com essas coisas
sujas.
- Você é patética! Do jeito que fala, parece até que eu
praticamente obrigo Mikhail a transar comigo. Um homem com 1,90
de altura que pesa quase 100kg, você viu o que ele fez e como fez.
Então me diz Esther, quem estava subjugando quem? Eu não tenho
culpa se você é uma frígida, você nunca, nunca na sua vida seria
capaz de satisfazer um homem como ele.
- Pois eu quero ver até onde vai essa depravação toda,
quando o Reverendo e papai descobrirem. Eu deveria ter filmado,
mas fiquei tão atônita com aquela selvageria...
Eu me aproximo sentindo tanta raiva de Esther, a
possibilidade dela ser o stalker brota em minha mente. Sem pensar
eu pego em seus cabelos com muita força, fazendo seus joelhos
cederem.
- Me solta sua louca!
- Se eu souber que você anda filmando ou fotografando a
mim ou meu esposo, eu juro Esther que conto pra todo mundo o seu
segredinho.
- Você é doente, e-eu não tenho segredo nenhum.
- Ah não? Então eu posso contar pra todo mundo que a
doce Esther, quase perdeu a virgindade com um homem casado.
Sabe eu ainda tenho uma ou duas cartas...
Esther consegue escapar e se levanta trôpega, acredito
que mais pelo fato de eu ter conhecimento sobre Igor.
- E-Eu não sabia, eu juro que não sabia, quando descobri
eu terminei tudo. Eu achava que ele era cristão como nós, ele disse
que frequentava a igreja Solo Fértil.
Eu acreditava nela, Esther realmente temia o adultério,
apesar de quase ter fornicado com o imbecil. A verdade é que
depois ele se tornou até mesmo um pouco obsessivo com ela, a
ponto de querer largar esposa e filho. Nem minha mãe tem
conhecimento dessa história, apenas papai e eu descobri por acaso.
- Não interessa, uma palavra sobre o que aconteceu e
você já sabe.
-Hadassa, Esther o que fazem aí? Porque as duas estão
descabeladas?
- Eu cai mãe, e Esther me aparou agora mesmo estava
me ajudando com a blusa que rasguei.
- Filha precisa ter cuidado! Venha vamos ver o que
machucou.
Duas horas depois Mikhail veio me para me acompanhar
até nossa casa. Assim que passamos pela casa principal, Irina fez
sinal para que parássemos. Mikhail e eu abaixamos o vidro.
-Mãe está tudo bem?
- Oh sim meu filho, só preciso que venham jantar
conosco, seu pai e eu queremos conversar com vocês dois.
- Meu pai adiantou sobre o que se trata?
- Não, mas deve ser algo bom, caso ao contrário não teria
pedido pra preparar um jantar e chamar vocês.
- Nós agradecemos o convite Irina, a que horas
chegamos?
- Mikhail já sabe o horário querida, estarei aguardando. Até
logo.
Irina parecia realmente empolgada.
- Até.
Assim que entramos na casa Mikhail pareceu preocupado.
- Ei... O que houve?
- Você acha que podem ter nos filmado? Estou
estranhando a receptividade de papai.
Eu sorrio levemente.
- Humm... Então até você notou que seu pai não é meu
fã...
- Só um cego não notaria, mas já disse que é a mim a
quem deve agradar.
- E eu estou agradando sr. Volkov?
Pergunto enlaçando seu pescoço.
- Mais do que deveria lyubov...
- Então eu mereço uma recompensa...
- Merece, você merece tudo...
Em menos de dez minutos, eu estava sendo muito bem
recompensada em um banho duplamente relaxante.
CAPÍTULO XXIX
HADASSA MENDONÇA
Eu havia escolhido um vestido simples e elegante. Talvez
meu sogro o considerasse um pouco curto, mas não era sua
atenção qye eu queria roubar, mas a de seu filho. E ao ver o olhar
do meu esposo sobre mim, eu soube que alcancei meu objetivo.
Mikhail se aproxima segurando minha cintura e aspirando o cheiro
em meu pescoço.
- Lyubov fale a verdade, você faz isso para que eu
malditamente não tire minhas mãos de você.
Eu gargalho pondo minhas mãos em seu peito, o
afastando ou teremos mais uma rodada de sexo. Sim, meu marido
era insaciável e eu amava isso.
- Nem as mãos, nem os olhos Sr. Volkov.
Mikhail segura meu queixo e beija meu nariz.
- Eu não tenho essa intenção Hadassa. Agora vamos, meu
pai é um pouco sistemático com horário.
Eu reviro os olhos, pensando no que Vladimir não é
sistemático, que pena eu tenho de Irina... Mikhail dá um tapa em
minha bunda.
- Eu vi você revirando os olhos Lyubov.
A mansão Volkov ficava há uma distância relativamente
boa, nos dava privacidade mas não se demorava para ir até ela,
uma caminhada de 10 minutos. Mikhail tocou a campainha, e logo
fomos recebidos por Vladimir que me inspecionou na cara de pau,
fazendo uma cara de desagrado.
- Hunrum Papai? Chegamos cedo.
- Na hora exata filho, venham pode entrar. Javé esteja
contigo Hadassa.
- Contigo esteja Javé Reverendo.
- Venham, eu também convidei um casal de amigos da
CFJ, espero que não se importem.
- Claro que não pai, não é mesmo Lyubov?
- Problema algum.
Eu digo já pensando no pior, porque do meu amado
sogrinho, eu poderia esperar qualquer coisa. Assim que entro na
sala de estar eu dou um sorriso desacreditado. É sério isso? Juro,
acho que Vladimir pensa que Javé deu a ele como missão na terra
me infernizar. Mikhail também parece surpreso, e sutilmente aperta
minha cintura, como um claro sinal para que eu não perca a
compostura. Eu sorrio demonstrando ter entendido seu alerta e ele
beija minha testa, e cada gesto seu não passa despercebido aos
olhos dos convidados, principalmente DA CONVIDADA.
- Pr. Joaquim, irmã Quézia. Javé esteja convosco.
- Convosco esteja Javé Pr. Mikhail, irmã Hadassa.
Era costume na CFJ quando em casal, quem
cumprimentasse em nome dos dois fosse o homem. Eu sei, é
bastante retrógrado, machista e ridículo. As mulheres apenas
sorriam e acenavam com a cabeça.
- Estávamos apenas esperando vocês, a comida já está
pronta. Venham todos até a sala de jantar.
Minha sogra diz com um sorriso confiante, o que me
tranquiliza, me levando a pensar que o objetivo do jantar não deve
ser algo tão bizarro. Caminhamos até a sala e Mikhail sussurra em
meu ouvido.
- Não pense que não notei como Pr. Joaquim olhou pra
você.
- Eu não notei nada, o que notei foi Quézia o devorando
com olhos.
- Pode ser Lyubov, mas Quézia foi mais discreta que o
esposo. O que me surpreende, pois nunca o vi olhando com
interesse pra nenhuma outra mulher, nem mesmo para dele.
- Venham meus amores, Hadassa fiz uma surpresa espero
que goste, a intenção foi retribuir o almoço que fez para nós em sua
casa.
- Vindo de você Irina eu já gosto.
Eu disse me sentando a mesa, e era verdade eu gostava
muito de minha sogra.
- Pelo visto a relação de nora e sogra é ótima. Fico muito
feliz por vocês, eu infelizmente não tive a oportunidade de conviver
com a minha.
Quézia se adianta puxando assunto.
- Hadassa é um amor de menina, eu sabia que havia
acertado em minha escolha. É só olhar para Mikhail e vê o brilho em
seus olhos, meu filho sorri mais, está mais leve.
A descrição que Irina faz é de um homem apaixonado,
meus olhos pousam em Mikhail, e observando-o eu posso dizer que
era verdade tudo que Irina dizia. E se Mikhail estivesse apaixonado
por mim? Aquela possibilidade fez meu coração bater
freneticamente, principalmente com o pequeno gesto de Mikhail.
Meu esposo leva minha mão até sua boca e dá um beijo casto,
como se concordasse com tudo que sua mãe dissera.
- Realmente Pr. Mikhail, nota-se que irmã Hadassa o fez
muito bem.
Mikhail desvia os olhos do meu para encarar Pr. Joaquim.
- Hadassa além de possuir varias qualidades é uma mulher
linda. Qual homem não ficaria feliz? Mas graças a Javé eu fui o
sortudo.
- Ouviu Joaquim? É assim que se fala.
- OK, eu confesso não sou tão romântico. Deve me ensinar
alguns truques Pr. Mikhail.
A empregada chega com uma travessa, e pelo cheiro
maravilhoso eu já sei o que é minha comida favorita.
- Nhoque de carne assada! Irina eu te amo é sério! Como
soube?
- Sua mãe. Ela inclusive me passou a receita.
- Nossa tem tempo que não como, confesso que esses dias
estava pensando em pedir pra ela fazer, pois senti muito desejo de
comer.
Irina me olha como se tivesse dito algo incrível.
- Oh Hadassa não me diga que está tendo desejos...
Todos olham pra mim esperando uma resposta, ao olhar
para Vladimir foi a primeira vez que vi algo semelhante à um sorriso
cruzar seu rosto.
- Não! - eu digo rápido e alto demais - Quer dizer, ainda
não. Pode ter certeza que qualquer suspeita de desejos eu recorrei
a você.
Ela sorri e o jantar é servido.
- Está delicioso mãe, eu nunca havia comido nhoque de
carne assada, mas acho que será um de meus pratos favoritos.
- É verdade, está delicioso, depois também quero a receita
irmã Irina.
- Fico feliz que todos estejam gostando. Pode deixar
Quézia, eu repasso a receita de Helena. Hadassa e Joaquim esse
jantar foi feito por causa de vocês dois.
- Nós? - eu pergunto surpresa.
- Sim Hadassa. Eu sei que faz faculdade de
Letras/Literatura, e que o grande influenciador dessa escolha foi
meu filho Ivan. Joaquim é nosso professor há 15 anos e era também
muito amigo de Ivan. É por isso que quero anunciar que a partir da
próxima segunda-feira, se aceitarem é claro, será estagiária no IEC
sob a supervisão de Joaquim. Quero que a prepare Joaquim, quero
que você e Hadassa assumam a direção do IEC quando eu e Irina
nos aposentarmos. Claro que isso não será agora, ainda faltam
alguns anos para isso, mas já quero me preparar.
Eu estou sem reação. Eu? Diretora do IEC? Por Javé! Eu
olho para meu esposo que parece tão espantado quanto eu.
- E-eu? O senhor tem certeza?
- Você é uma Volkov Hadassa, Mikhail optou por outro área
profissional, Ivan não está mais aqui infelizmente. Restando você
apenas você em nossa família para assumir essa responsabilidade.
- Isso não é obrigatório querida, queremos deixar claro.
Meus olhos marejam, sentar no lugar de Ivan é uma
responsabilidade muito grande, principalmente em um pedido feito
por seus pais.
- E-Eu... Nossa! Por Javé seria o professor Ivan ali... Aquele
homem me inspirou de tantas formas, e-ele era maravilhoso. Não
sei se sou digna...
- É bom que pense assim Hadassa, pois se havia alguma
dúvida de que deveria passar a cadeira de Ivan a você, ela se
acabou agora. - Vladimir pela primeira vez fala comigo sem ironia -
E quanto à você Joaquim?
- Eu estou muito lisonjeado Reverendo, assumir a direção
do IEC é motivo de orgulho.
- Parabéns amor estou muito orgulhosa.
Quézia abraça Joaquim o felicitando. Mikhail acaricia meu
rosto.
- Parabéns Lyubov.
- Não me dê tanto crédito, eu só fui indicada por puro
nepotismo. - digo sussurrando.
- Pois a conhecendo sei que fará de tudo para provar que
merece está lá. Ivan ficará orgulhoso.
- Javé te ouça...
O restante do jantar foi agradável, Vladimir se comportou
bem, a única coisa que me incomodou realmente foi Joaquim, que
tinha os olhos cravados em mim. Quézia ao menos disfarçava os
olhares direcionados ao meu esposo.
Eu estava radiante com a ideia de iniciar um estágio, não
aguentava mais ficar em casa ociosa. Mal sabia, que aquele seria
apenas o começo de algo grandioso.
CAPÍTULO XXX
HADASSA MENDONÇA
Dois meses depois
Mikhail e eu já tínhamos criado a nossa rotina, no período
da manhã tomávamos do nosso café juntos, em seguida cada um
seguia para o seu trabalho. Almoçávamos juntos em algum
restaurante, como chegava antes dele em casa, já que minha carga
horária era apenas de 6 horas diárias, eu arrumava tudo para o café
da tarde e tomava pouco antes de ir pra faculdade.
Eu estava amando trabalhar no IEC, mesmo trabalhando
apenas como professora auxiliar. Joaquim ficou responsável por me
ajudar na parte burocrática, a respeito da administração e da
conduta do professor. Como se eu já não conhecesse aquelas
regras de cabo a rabo. Incrivelmente eu passei a simpatizar com
Joaquim, ele não me olhava com nenhum tipo de malícia,
denotando qualquer segunda intenção em me ajudar, mas se fazia
muito prestativo.
Meu esposo é que não estava gostando de toda essa
prestatividade, segundo Mikhail, Joaquim nunca fez o estilo
simpático ou bonzinho. De certo modo eu tenho que concordar com
ele. Joaquim era um dos pastores mais antipáticos que existia na
CFJ, raramente sorria para os irmãos, além de ser um dos mais
severos em relação a nossa doutrina. Para mim aquilo pouco me
interessava, a única coisa que eu queria retirar dele era aprendizado
profissional, de resto ele estava livre para ser quem quisesse, não
era eu que dormia com ele (graças a Javé). Joaquim estava longe
de ser um homem feio, mas ter um homem que incentivou a técnica
do lençol como marido devia ser o "ó".
A respeito das mensagens que recebemos elas
misteriosamente pararam, Mikhail não aliviou o cerco, e fazia
questão que eu o mantivesse atualizado do meu paradeiro.
Inclusive, nossa última discussão foi por conta de um rastreador que
ele colocou em meu celular.
- Mikhail você vai mandar tirar isso agora do meu celular,
isso é invasão de privacidade sabia?
- Hadassa você é uma mulher casada agora, esqueça essa
de privacidade. E outra isso é uma medida preventiva, você não
deve esquecer que tem um maluco por aí à solta querendo nos
prejudicar.
- É mesmo? Então você tem acesso ao meu paradeiro e o
seu quem tem?
- Hadassa, está vendo esse programa? É só você baixar no
seu tablet, ou notebook, depois eu passo o código de acesso. Mas
que fique claro ninguém além de nós dois deve saber desse
rastreador.
- Tudo bem, desde que nesse ninguém seu pai esteja
incluso - eu falei dando de ombros.
- Você está insinuando que meu pai possa ter algo a ver
com isso? Hadassa meu pai pode ter muitos defeitos, mas ele
nunca faria mal a ninguém, principalmente alguém da família.
Nossa ele havia ficado bravo, então eu tentei contornar a
situação, mas eu não confiava em Vladimir se tratando da minha
pessoa.
- Ei amor calma, eu não estou dizendo nada disso, mas
lembra da história do vídeo... Isso só seria algo pra seu pai usar
contra mim.
Mikhail acabou aceitando a explicação, e eu aceitei a
história do rastreador no celular. Há poucos dias atrás encontrei com
Vitório e Vera, e ele me contou tudo sobre o almoço que ele e
Mikhail tiveram juntos.
- Dassa eu vou dizer o que acho dessa história toda, pra
mim a pessoa que está por trás disso tudo é alguma amante de
Ivan.
- Do Ivan? Mas não faz sentindo nenhum, Mikhail não tem
nada a ver com a morte do irmão, acidentes acontece.
- Hadassa há algo que quero que saiba, mas vai prometer
deixar entre nós.
- Claro, claro...
- No dia que Ivan morreu, ele voltava de carro com Mikhail
do Dominus, Mikhail havia bebido demais e Ivan resolveu buscá-lo.
Vladimir usa o fato de Mikhail se ver como responsável pela morte
do irmão, para poder manipulá-lo. Por isso, hoje Mikhail segue o pai
tão obedientemente, é por culpa. Provavelmente a amante de Ivan
também sabe desse fato, e culpa Mikhail por ter perdido seu amor.
Eu sei, é difícil imaginar Ivan com uma vida dupla, mas pode ser de
valia minha suspeita.
De repente as peças em minha cabeças começaram a se
juntar, e vi que o que Vitório dizia não era algo tão absurdo, poucas
pessoas haviam conhecido Ivan, e pelo pouco da nossa convivência
ele estava longe de ser um modelo de retidão que todos achavam.
Imagina como Mikhail poderia ficar se eu ousasse tocar no nome
Ivan com uma suposta amante.
- Eu preciso sentar e reformular tudo o que me contou. Mas
uma coisa ainda me é estranha... Porque eu? Sim, porque Mikhail
ficou casado com Elza por quase oito anos.
- Mikhail não tinha se apaixonado por Elza, talvez seja a
forma como Mika te olha que tenha despertado isso no seu stalker.
Eu tentei ignorar a sensação de satisfação que as palavras
de Vitório me causaram.
- Então só pode ser alguém que mantenha contato com
Mikhail e saiba de seus sentimentos.
E isso me deixava mais preocupada do que antes. Havia
alguém que estava próximo aos Volkovs, que odiava profundamente
meu esposo.
- Exato, foi isso que pensei.
Eu voltei pra casa com aquela pulga atrás da orelha, eu
precisava descobrir quem estava por trás dessa história toda. Assim
que entrei no quarto, notei Mikhail lendo deitado em nossa cama
com seu óculos, ele ainda estava irritado pela insinuação que fiz a
respeito de Vladimir, mas eu estava louca pra ter meu marido
compartilhando um pouco de sua experiência sexual comigo. Eu
entrei direto para o banheiro com as coisas que Vitório havia nos
dado de presente de casamento. Aquele seria o primeiro passo para
que Mikhail aceitasse me levar ao tão famoso clube de sexo, o
Dominus.
Eu precisava entender o Mikhail de antes, saber seus
gostos e matar minhas curiosidades e fantasias sexuais, eu não
pensava em nenhum outro homem, a não ser meu esposo para
realizar meus desejos.
CAPÍTULO XXXI
MIKHAIL VOLKOV
Após o desastre de casamento em que vivi oito anos com
Elza, eu não imaginei que tivesse uma relação de certa forma
tranquila com Hadassa. Haviam alguns conflitos que geravam
discussões, como por exemplo o fato de eu achar muito estranho
todo o entusiasmo de Joaquim em ajudá-la, e ela obviamente não
enxergar nada demais, e dizer que ele nunca a olhou com desejo.
Ainda existia o fato de estarmos sendo perseguidos por algum
louco, e o cerco que meu pai fazia ao nosso redor.
Vladimir Volkov parecia a todo momento querer achar
qualquer ato falho em minha esposa, mas Hadassa apesar de nova
era muito perspicaz. Na Congregação se portava como uma
verdadeira esposa de pastor, educada, prestativa e simpática com
todos, o que chamava a atenção de alguns jovens. Eu não era idiota
e sabia que mesmo chamando a atenção do público feminino,
Hadassa era 18 anos mais nova e talvez um dia nossa diferença de
idade iria pesar, e saber como era cobiçada aqui e em sua
faculdade mexia com algo que nunca senti... ciúmes e
possessividade.
Não haviam motivos para desconfiança, eu gostava da
nossa forma de conduzir a relação. Nós nunca escondemos nada
um do outro, além de haver cumplicidade, havia também muito
tesão em jogo. Hadassa e eu éramos como fogo e pólvora, bastava
o mínimo contato para haver a explosão, eu não entendia como
Hadassa havia se infiltrado em mim tão rapidamente
Hadassa parecia feita sobre medida pra mim, apesar de
algumas vezes me irritar com suas insinuações sobre meu pai.
Como hoje por exemplo, me irritou bastante o fato dela imaginar que
meu pai seria o tal perseguidor. Eu sei que Vladimir tinha muitos
defeitos, mas ele não seria cruel a esse ponto. Nos aterrorizar dessa
forma, não era algo do feitio de meu pai.
A porta do banheiro se abre, Hadassa se aproxima com
uma caixa preta nas mãos com um laço dourado, ela usa um robe
de cetim branco e os longos cabelos estão soltos. O cheiro que vem
de seu corpo recém banhado já é o suficiente para meu pau dá uma
leve contraída.
- Abra... - ela pede quase em um sussurro
Eu abro a caixa, e para minha surpresa nela continha um
cordão tailandês, e um gel vibrador. Ao levantar meus olhos, a vejo
desatar o nó o robe. PORRA! Ela poderia ter escolhido uma lingerie
vermelha ou mais provocante, mas não, ela queria me fazer perder
o controle. Sua lingerie branca transparente, com laços e babados
no estilo lolita, a deixava inocente demais para o que me propunha.
- Você disse que eu teria liberdade para pedir o que
quisesse. Eu queria experimentar com você . - Ela diz apontando
para o conteúdo da caixa.
Eu retiro o óculos de leitura, jogo a caixa na cama,
Hadassa me olha parecendo um bichinho acuado. Eu amava como
ela ia de mulher sedutora, a menina inexperiente, e vice e versa. Eu
me aprumo na cama sentando com os pés fora dela.
- Venha aqui Lyubov... - Hadassa caminha até mim e para
bem em minha frente, puxando seu corpo ao meu encontro, e eu
aspiro o cheiro da pele logo abaixo de seus seios vendo ela se
arrepiar. - Você quer gozar como naquele dia não é? Quer gozar até
esguichar? Quer que eu brinque com seu cuzinho,
Ela concorda com um aceno de cabeça, enquanto
massageia meu couro cabeludo. Eu desato o laço frontal do sutiã e
abocanho o mamilo direito.
- Aaahhh...
Ela geme, eu o sugo com mais vontade, indo em seguida
para o outro seio. Meu dedo vai até sua bocetinha, e eu sinto
através do tecido, o quão molhadinha ela já está. Eu faço uma leve
pressão no grelinho, arrancando dela um gemido mais alto. Eu
interrompo todo os meus movimentos me afastando para vê-la, os
bicos dos seios vermelhos e pontudos, a respiração ofegante, a pele
arrepiada, cacete que tesão.
- Tire a lingerie pra mim.
Ela desata cada laço, sem desviar os olhos dos meus,
enquanto me deito no meio da cama.
- Senta com essa bocetinha gostosa na minha boca, quero
começar com você gozando em minha boca.
O brilho luxurioso no olhar de Hadassa, me incendiou ainda
mais. Então ela faz o movimento para sentar de frente a mim, porém
a interrompo.
- De costas, quero que sente de costas criança.
Com cuidado, ela se posiciona com a boceta melada e
lisinha bem próxima a minha boca, me dando uma visão privilegiada
dela e de seu cuzinho. Eu gostava como sua boceta era delicada e
o grelinho levemente saliente, me dando maior acesso à uma
sugada gostosa. Eu gostava de chupar um grelo desde sempre,
mas o de Hadassa me fazia querer ficar com câimbras no maxilar de
tanto chupar.
- Mais perto criança... Quero sua boceta em minha boca.
Hadassa prontamente colocou sua boceta em minha boca, e
eu comecei a chupa-la com toda vontade, sorvendo todo mel que
me dava. Ela ameaçou retirar o meu pau da cueca para retribuir,
mas apesar de está extremamente duro, não era aquilo que
planejava.
- Não! Só eu vou chupar. A única coisa que vai fazer é
buscar seu prazer em minha boca.
E ela obedeceu, Hadassa rebolava contra minha boca
gemendo alto, ela estava muito excitada, o que era perfeito para o
que eu tinha em mente, então tateando a cama encontrei o cordão
tailandês. Eu apenas trabalhava com a língua dura em seu canal, e
com as mãos molhei em sua lubrificação o brinquedo, pressionei a
primeira bola do cordão em seu cu, fazendo-a soltar um gritinho
seguido de gemido. Enquanto minha língua fodia seu canal, as
bolas que aumentavam de tamanho encontravam espaço em seu
cuzinho virgem, que piscava incontrolavelmente.
Hadassa estava por um fio, por isso interrompi a
brincadeira após introduzir a última bola, deixando apenas a ponta
rosa do cordão amostra em seu rabo fazendo Hadassa estremecer.
- Fique de joelhos.
Eu queria ver como se sentiria ao se mover com o cordão.
Hadassa estava bastante sensível, o corpo querendo libertação,
mas ainda assim fez tudo que pedi. Eu levantei ficando de pé, fora
da cama, enquanto Hadassa estava ajoelhada em expectativa.
- Venha criança, chupe o meu pau, deixe ele bem babado.
Hadassa apesar da pouca experiência, era ávida por tudo
dentro de quatro paredes. Ela era solta em nosso quarto, pra ela só
cabia o nosso prazer, sem pudores ou julgamentos, ela era viva e
trazia vida pra mim. Ela chupava meu pau com tanta gana que
acabava fazendo barulhos de sucções que me deixavam louco,
lambia a cabeça, depois passava a língua em toda extensão, até
minhas bolas e as chupava. Sem poder segurar muito o efeito dela
sobre mim, a empurrei fazendo cair de costas na cama, puxando em
seguida suas pernas, fazendo-a ficar na ponta da cama, enquanto
eu permanecia de pé.
- Me dê o lubrificante ao seu lado.
Com as mãos trêmulas, Hadassa me entregou o tubo,
então comecei a lambuzar o clitóris inchado, Hadassa gemia e já
fazia pequenas contrações com o corpo. Eu dei três batidinhas em
seu grelinho, em seguida soquei fundo e forte, fazendo nós dois
gritarmos com a união de nossos corpos. Não tínhamos muito
tempo, ambos estavam quase em seu limite, então meti
impiedosamente, enquanto puxava uma a uma as contas do cordão,
deixando apenas quatro ainda dentro do cuzinho.
- Mikhail! Nossa! E-eu não vou aguentar...
Sem pensar duas vezes eu intensifiquei as metidas, e puxei
o cordão de seu cu, fazendo Hadassa soltar um gritinho. O seu
esguicho veio morno, me deixando louco de tesão, fazendo o gozo
vir do fundo da espinha tomando tudo de mim.
- Ooooooohhhh!!!
Sem forças caí por cima dela, que exibia um sorriso
sacana e sonolento.
- Eu acho que te amo Mikhail...
Ela disse ainda trôpega, fazendo meu coração bater
descontroladamente dentro do meu peito, imediatamente me retirei
de dentro do canal macio, mas ela já dormia...
Ela me amava? Eu sorria como um menino que acabava de
ganhar o presente que havia pedido ao papai noel. Hadassa me
amava, e a observando dormir tão serena, eu concluí que talvez
correspondia aquele sentimento também.
CAPÍTULO XXXII
HADASSA MENDONÇA
Eu acordo preguiçosamente sentindo algumas partes do
meu corpo deliciosamente doloridas, devido a noite de ontem...
Nossa! Tudo bem que capotei no sono após a primeira rodada, mas
Mikhail me acordou por volta das três da manhã e só paramos
quando sol já estava nascendo.
Mikhail parecia inspirado e na última transa foi tão
carinhoso, me beijou a todo momento, o ar chegou a me faltar pela
maneira como me olhava, enquanto me fazia dele em arremetidas
deliciosas. Era como se pela primeira vez estivéssemos fazendo
amor, eu não queria sentir meu coração acelerado como senti, nem
mesmo meus olhos marejarem tamanha a explosão de sentimentos
dentro de mim. Eu não podia deixar aquilo tomar conta de mim, as
palavras de Vitório no dia da consagração de Mikhail à pastor, ainda
martelavam em minha mente.

“- Pobre garota, será mais uma a se apaixonar por ele e ter


seu coração despedaçado. Mika não se apaixona, nunca se
apaixonou. Ele gosta de sexo bruto, cru e sujo. Já pensou o que
será de você, se ele perder o interesse no sexo, passar a te tratar
como amiga? Olha Dassa eu não quero minar a relação de vocês,
mas não quero que você se iluda. Leve esse casamento como uma
amizade com benefícios, porque será apenas isso pra ele também.”
Eu devia saber separar as coisas, era até irônico, não
poder me apaixonar pelo meu marido. Se um dia Mikhail enjoasse
de mim... Ele talvez não me procuraria mais com tanta frequência,
se tornaria mais frio.
- O que tanto pensa Lyubov? Eu posso ouvir daqui as
engrenagens trabalhando.
Eu repousava minha cabeça em seu peito, enquanto
Mikhail massageava meus cabelos. De repente uma onda de
desespero, um aperto no peito se apossou de mim com a
possibilidade de não tê-lo mais pra mim, como uma espécie de
pressentimento. Eu me aperto contra seu corpo tentando buscar
calma em seu peito, seu cheiro...
- Ei lyubov, o que houve?
Mikhail me afastou, se levantou, sentando na cama. Eu
apenas fechei os olhos buscando o controle de meus sentimentos.
Assim que os abri! vi as íris azuis examinar cada detalhe do meu
rosto.
- Eu estou bem é só...
Ai droga Hadassa! Se controle por favor.
- É só... - ele diz me instigando a prosseguir.
- Você acha que um dia a gente pode perder o interesse
um no outro? Não só sexualmente, eu digo ficarmos frios?
Mikhail esboça um leve sorriso e acarinha meu rosto.
- Não temos como prever o futuro Hadassa, mas se você já
perdeu o interesse, eu lamento em dizer que eu estou muito
interessado, e não acredito em um possível desinteresse pelos
próximos 10 anos. Me responda uma coisa, eu preciso de sua
sinceridade. - Eu concordo com a cabeça. - Essa insegurança toda
foi pelo que disse ontem?
Eu me sento surpresa.
- Ontem? O que eu disse ontem?
Mikhail olha dentro dos meus olhos, procurando a
verdade.
- Você realmente não lembra não é?
- Não... Mas o que eu disse?
- Deixa pra lá, não foi nada importante, se fosse você com
certeza lembraria.
EPA! Era impressão minha ou ele estava irritado.
- Mikhail, o que você está dizendo não faz sentido algum.
Se eu falei era importante, talvez tenha falado prestes a cair do sono
ou durante um sonho, mais ainda assim.
- Deixe pra lá Hadassa, o importante é que não há motivos
pra essas dúvidas sem pé e nem cabeça.
- Não é sem pé e sem cabeça Mikhail. E eu exijo saber o
que disse pra ficar tão irritado. por não conseguir me lembrar.
- Você disse que me amava! Foi isso que me disse... Disse
que achava que me amava. Isso é verdade Hadassa? É por isso
que se sente insegura? Teme que eu perca o interesse e a trate
como um objeto da casa, ou um acessório que uso pra fazer-me
parecer sóbrio e realizado perante aos outros?
Por Javé esse homem lia pensamentos só podia...
- E-Eu não sei... Eu nunca amei antes.
- Nem eu Hadassa.
- Então pronto! Você teve várias mulheres em sua cama,
acredito que lindas e nunca se apaixonou. Que chances eu teria se
me apaixonasse por você Mikhail?
Mikhail segura meu rosto fazendo-me encará-lo.
- É diferente Lyubov... Eu não me permiti, elas não eram
minha esposa. Não havia intimidade, a intimidade que me refiro são
as coisas de casais que fazemos juntos. Não assistia filmes ou
séries com nenhuma delas, nem discutíamos sobre livros que
gostávamos. Não falávamos sobre nosso trabalho no fim do dia. Era
só sexo.
- Nem com Elza?
Mikhail dá uma risada desgostosa.
- Elza foi uma imposição de meu pai, nem eu nem ela
queríamos aquilo. Nós mal fazíamos sexo, éramos como estranhos
vivendo debaixo do mesmo teto, que sabiam representar muito bem
seus papéis.
- Como éramos no início...
- Sim mas foi por minha culpa. Eu te evitava porque me
sentia fortemente atraído por você. Hadassa não impeça nenhum
sentimento de surgir entre nós, eu não tenho a mínima intenção de
abandoná-la. E se te acalma, eu não posso precisar que é amor,
mas eu não tenho dúvidas de que o que sinto por você nenhuma
outra mulher despertou.
Droga! Eu não devia está criando expectativas, mas já
estava imaginando nós dois velhinhos lembrando dessa conversa...
Que legal, eu voltei a ser a droga de uma adolescente.
O sábado transcorreu tranquilo já eram 17 horas e Mikhail
brincava com Malhado e Shtorm.
A cena aquecia meu coração, e eu tentava segurar um
pouco da baba que escorria por minha boca.
- Ele está feliz Hadassa. - Giro meu corpo me deparando
com minha sogra. - Há muito tempo que não o vejo assim,
precisamente desde que Ivan se foi... Eu tinha certeza que vocês se
dariam bem, não deixe o laço que estão criando se rompa minha
filha.
(...)
Já a noite estávamos assistindo TV, Mikhail estava
indignado com 50 tons de cinza, pois segundo ele aquilo está longe
de ser BDSM.
- Mikhail, eu ouvi uma conversa de uma colega da
faculdade. Ela disse que iria com o marido à um clube de sexo. Eu
fiquei curiosa, você já esteve em um desses antes?
Mikhail imediatamente empertiga o corpo, como se
estivesse farpas atravessando sua pele. Merda!
- Não é uma coisa que goste de falar, mas sim já estive.
- E se eu dissesse que gostaria de ir. Você me levaria?
Cedo demais... Mikhail ainda não estava pronto pra ouvir a
proposta. Droga! Pelo jeito que meu esposo me olhava eu sentia
que havia pisado na bola...
CAPÍTULO XXXIII
HADASSA MENDONÇA

- Você tem noção das coisas que acontece em um clube de


sexo? De onde você tirou a maldita ideia de que eu te levaria à um
clube de sexo Hadassa?
Nossa! Mikhail parecia ultrajado.
- C-Calma eu só fiz uma pergunta...
- Não! Essa não foi a porra de uma simples pergunta.
Você está me sondando, porque provavelmente descobriu que eu
frequentava um clube de sexo. Eu não gosto de falar do meu
passado Hadassa, além de não ter a mínima vontade de revivê-lo.
Acredite, não há nada lá que seja para você. Eu vou ser muito
sincero em te dizer uma coisa, de todas as experiências que eu tive
naquele lugar, nada se comparou ao que eu sinto quando nós
fazemos sexo.
Por Javé! Nossa... Nesse momento eu me senti uma deusa
do sexo. Mikhail um homem lindo, experiente e inteligente diz que o
sexo comigo foi a sua melhor experiência.
- Eu não seria hipócrita em dizer que na época eu não
gostava, é claro que eu gostava, sexo é bom, mas o sexo feito com
quem partilhamos afinidade e carinho é muito mais gostoso. Você
não vê?
Mikhail segura meu queixo e roça a barba em meu rosto
me fazendo arrepiar.
- Nós temos tudo aqui, eu e você, e isso me basta. Aqui
dentro dessas quatro paredes não vai haver limite para nós dois.
Tudo que quisermos fazer em consenso será feito. Agora não use
isso como base para se exceder Hadassa, não esqueça que eu sou
pastor e você minha esposa.
- Eu sei... Eu só fiquei curiosa não queria ir lá transar com
outros homens, só queria saber como funcionava.
Mikhail me olha com espanto e asco.
- Você falou de um modo como se acreditasse que eu
realmente permitiria você transar com outros homens. Eu não tenho
problemas em dá prazer à uma mulher da maneira que ela queira,
mas o ménage à trois fica longe dessa lista, não sei dividir. Na
verdade eu prefiro sexo à dois, gosto dos detalhes, das reações
todas pra mim.
- Então você nunca fez um ménage à trois?
Mikhail se sente desconfortável, mas responde à minha
pergunta ainda que hesitante.
- Fiz mas com duas mulheres.
Eu solto uma risada desgostosa.
- Que machista! Então ménage à trois pra você só serve se
for com duas mulheres.
- Não é machismo Hadassa... Eu não sou fã de ménage à
trois, se me perguntassem se preferia transar com uma mulher ou
duas eu optaria por uma, mas eu não tenho culpa se as mulheres
aceitavam me dividir.
- Ah nossa! Falou o homem que tem pau de ouro e goza
Nutella. - Mikhail solta uma gargalhada - Não ria, estou falando
sério! E pra deixar claro eu não aceito te dividir em hipótese
nenhuma...
- Então lyubov... Se você não quer me dividir em nem ser
divida, porque quer ir ao clube desse? Não está satisfeita com o que
te proporciono?
Mikhail fala com sua voz sedutora em meu ouvido,
enquanto sua mão sobe pela minha perna deixando um rastro de
calor.
- J-Já disse é só curiosidade, você não pode me culpar,
você já viu e viveu muita coisa em sua vida. Huuumm... - Um
gemido escapa de meus lábios, quando os dedos inicia a
massagem meu clitóris.
- Está dolorida Lyubov? Porque eu já estou louco pra me
afundar nessa bocetinha novamente.
- Não...
- TSC, TSC está mentindo criança... Mentindo pra ter meu
pau bem aqui... - Mikhail soca dois dedos em meu canal que já se
encontrava completamente lambuzado. - Porra criança! O que eu
faço com você hein? - Mikhail me joga na cama e seu corpo cobre o
meu, ele me beija tão gostosamente e sem eu perceber, ele já
estava arremetendo seu pau grosso em movimentos vigorosos e
rápidos. As socadas estavam deliciosas levando-me à uma onda de
prazer arrebatadora. Que me fez gemer alto, arranhar suas costas e
dizer coisas que o deixaram mais implacável.
- Ah Mikhail que delícia... Fode minha bocetinha amor...
Você sabe que essa boceta é só sua...
- Caralho Hadassa... - ele solta um rosnado baixo, mas
em momento nenhum interrompe os golpes - Vai me enlouquecer
assim... Toma meu pau todo... Porra vou gozar tanto...
- Ahhh, Ahhh Mikhail...
Assim que acabo de gozar Mikhail sai de dentro de mim e
fode minha boca me segurando minha nuca.
- Oooohhhh toma Leitinho criança...
Eu bebo todo o líquido grosso, completamente satisfeita
em satisfazê-lo. Assim que ele acaba ele acaricia meu rosto e sorri.
- Desculpe eu estava com tanto tesão que não levei em
consideração se queria...
- Tomar leitinho?
Eu sorrio e Mikhail se senta ao meu lado. - Não há nada
que eu não queira com você Mikhail, exceto dividi-lo. - Eu puxo sua
mão de meu rosto e beijo sua palma.
- O que você tem Hadassa? O que tem pra me deixar tão
fascinado, tão dependente do teu cheiro, teu sorriso, tua pele?
Meu coração incha dentro do peito e novamente eu sinto
meus olhos pinicarem.
- Eu poderia dizer o mesmo Mikhail ... Mas promete
pensar no que te pedi.
- Tudo bem eu vou pensar, mas ainda acho a ideia um
absurdo.
Mikhail me pegou no colo e me levou ao banho, nós dois
ficamos relaxando na banheira, um acarinhando o outro até ficarmos
com a pele enrugada, depois fomos enfim comer algo, na verdade
como já estava tarde, fomos almoçar em um restaurante e eu comi
churrasco até passar mal.
- A gula é pecado criança...
- Falou quem transou comigo cinco vezes em um espaço
de menos de 24 horas. Eu estou assim por sua culpa que suga
minhas energias.
- Acho melhor maneirar então na quantidade.
- EI! Eu não estou reclamando tá legal, só estou me
justificando.
Eu devo ter feito uma expressão muito indignada, porque
Mikhail gargalha e me aperta com sua mão direita em meus ombro.
Após o almoço rodamos um pouco pelo centro, em seguida fomos
até o mercadinho comprar algumas coisas, para assistirmos à um
filme mais tarde. Estávamos escolhendo o que levar quando ouvi a
voz de PR. Joaquim.
- PR. Mikhail, irmã Hadassa Javé esteja convosco.
- Convosco esteja Javé irmãos.
- Hadassa, você esqueceu de me passar o seu número
para entrar em contato com você caso precise em uma emergência.
- Ah sim... Depois lhe passo, ou o senhor pode pegar na
minha ficha.
- Verdade, a sua ficha... Me esqueci completamente.
Eu não perdi a forma como Quézia olhava encantada para
meu marido.
- Bom nós temos que ir, temos uma sessão de filme nos
esperando.
Quézia olha pra nossa cestinha e suspira.
- Ai, saudades do tempo em que podia comer essas
besteiras. Agora com 36 anos não posso me dar a esse luxo ainda
mais em meu estado.
- Estado?
Mikhail pergunta já com um sorriso no rosto.
- Por favor não contem a ninguém, mas Quézia descobriu
essa semana que está grávida de dois meses, queremos esperar
pelo menos o término do primeiro trimestre para contarmos à todos.
Mikhail nem espera Joaquim terminar e o puxa para um
abraço.
- Por Javé Joaquim, isso é maravilhoso! Vocês vem
tentando há anos. É um milagre!
- Obrigada Mikhail. Eu realmente estou radiante com a
notícia.
- Parabéns irmã Quézia. Parabéns Pr Joaquim, que Javé
cubra sua família de bênçãos.
Eu digo com sinceridade, feliz pela realização do casal.
Nos despedimos e não encontramos nem com meus pais
ou irmã, aos domingo o mercado fechava às 15:00 e eles
geralmente deixavam sob os cuidados dos funcionários.
Assim que chegamos em casa fomos direto assistir o filme
Liga da Justiça no YouTube.
- Pausa rapidinho eu preciso...
Eu quase caio da cama correndo para o banheiro, e
coloco todas as porcarias que comi pra fora.
- Hadassa! Está tudo bem?
Mikhail vem correndo até mim, segurando minha testa e
meu cabelo.
- Sai daqui eu estou...
Antes que eu termine a frase libero mais líquido. Quando
finalmente acabo vou direto lavar o rosto e escovar os dentes, pelo
reflexo do espelho vejo Mikhail exibir um sorrisinho.
- Não ria, não queria que me visse colocando o estômago
pra fora.
- Ei Lyubov, eu sou médico esqueceu. Já vi coisas muito
piores. - Enquanto seco meu rosto, Mikhail se aproxima por trás e
suas mãos vão direto ao meu ventre. - Você acha que já pode ter
mais um bebê chegando à CFJ, quer dizer além do bebê de Quézia
e Joaquim.
Ah droga! Não havia possibilidade ou havia? Eu fiz todas
as aplicações direitinho.
- Não! Eu não acho.
Mikhail ainda me fitava pelo espelho eu vi sua expressão
de desgosto com minha afirmação.
- Você poderia ao menos disfarçar o seu desgosto com a
possibilidade de ter um filho meu.
E sai me dando as costas, voltando para o quarto.
- Mikhail por favor... Não é desgosto em ter um filho seu,
mas não vou negar que a possibilidade me assusta. Eu ainda sou
nova demais e...
- Hadassa não há nada pra você se preocupar, muitas
mães trabalham fora e estudam. Você nem ao menos precisa
trabalhar caso não queira, e sua faculdade pode ficar trancada por
um semestre.
- Mikhail o problema é que EU não quero ser mãe agora!
EU não quero trancar minha faculdade e ficar sem trabalhar.
- Pensasse nisso antes de ter aceitado casar comigo,
porque você sabia que eu queria filhos logo.
- Pelo modo que você fala, parece até que eu tive outra
opção.
Mikhail piscou os olhos com o baque de minhas palavras.
Merda! Merda!
- É verdade, eu esqueci que pra começo de conversa você
nem queria está nesse casamento, imagina ter um filho meu.
- Mikhail...
Mikhail veste uma camisa as pressas, pega a carteira e as
chaves do carro, batendo a porta do quarto.
Faltando uma hora para o início do culto ele chegou, eu
havia acabado de sair do banho, mas vi quando jogou uma sacola
de farmácia na cama.
- Amanhã com a primeira urina do dia você vai fazer esse
teste. E se der positivo você vai ao menos se esforçar em fingir
felicidade, eu não quero que ninguém saiba que a minha esposa
não vê com bom olhos esperar um filho meu.
E assim passou por mim trancando a porta do banheiro.
CAPÍTULO XXXIV
HADASSA MENDONÇA

Já haviam se passado quatro dias desde a nossa


discussão, e eu quis me esbofetear por diversas vezes, por ter pego
pesado com ele. Eu deveria entender o lado dele, ambos estavam
em fases opostas de nossas vidas, é normal que um homem com
quase quarenta anos, queira ser pai. Mas havia também a clara
necessidade de Mikhail em agradar o pai, Vladimir sonhava com
seus netos, e nós já estávamos casados a pouco mais de seis
meses, eu sei que logo levantariam as suspeitas sobre o fato de não
está grávida ainda.
NEGATIVO, esses foram o resultado do teste de
farmácia e sanguíneo, que Mikhail exigiu que eu fizesse naquela
mesma manhã de segunda-feira. Ver a decepção estampada no
rosto dele fez meu coração apertar, e por alguns segundos desejei
está esperando aquele filho.
- Parabéns Hadassa parece que você conseguiu se
livrar dessa...
- Mikhail não é assim... Eu sei que pesei em minhas
palavras, mas não abomino a ideia de ser mãe de um filho seu, eu
só não me sinto pronta.
-Talvez meu pai estivesse certo, talvez uma mulher
mais velha tivesse sido uma decisão mais acertada.
Aiii! Um tiro doeria menos... Dizer tão abertamente que
talvez Esther fosse o melhor pra ele, foi como devolver na mesma
moeda, o que disse sobre não ter opção em ter me casado com ele.
Mas ainda assim eu rebati, eu sempre rebatia.
-Falou o homem de quase quarenta anos, que parece
um fantoche do Papai...É sempre assim não é? É sempre o que
Vladimir Volkov quer... Todo nosso casamento não se baseia em
nossa felicidade, e sim na que daquele homem, Isso é absurdo!
Mikhail se aproxima de mim e segura meu braço de
maneira firme, mas não dolorosa, o maxilar travado e o olhar mortal.
- Saia daqui Hadassa, agora! E nunca mais ouse se meter
em minha relação com meu pai novamente, a divida que tenho com
ele é eterna. Pare de agir como uma menina mimada, porque já
fazem meses que venho abrindo exceções para te fazer um pouco
feliz em nossa relação, e você cada vez exige mais, parece nunca
está satisfeita com o que tem.
E essa foi a nossa última conversa longa durante essa
semana, os resultados dos exames de sangue não mostraram
nenhuma alteração, me levando a crer que foi apenas uma
indigestão pelo excesso de comida que ingeri naquele domingo.
Mikhail me evitava totalmente, estava realmente magoado e eu me
sentindo uma idiota. Mikhail realmente abriu muitas exceções para
me manter feliz no casamento, e eu era. Ele me fazia feliz, nossa
rotina, nossa vida, dormir juntinhos, lermos algum livro dividindo a
mesma rede, aquilo tudo estava fazendo uma falta absurda. E se
Mikhail desistisse de mim? A ideia fez um buraco se abrir em meu
peito e foi ai que a ficha caiu, eu estava completamente apaixonada
por Mikhail, eu amava meu marido.
Reunindo um pouco de coragem, hoje de manhã eu
marquei com sua secretaria uma consulta antes do seu almoço,
talvez como paciente ele falaria comigo palavras que não fossem
monossilábicas. A porta de seu consultório abriu, e eu o vi se
despedindo de seu paciente, um menino por volta dos 5 anos.
- Já sabe Brian você já é um homenzinho, nada de fazer
manha para tomar seus remédios, ou sua foto...
-Shiuuu... - o menino tenta falar baixo mas falha
completamente - Já sei tio Mikhail, minha foto vai para o mural da
vergonha.
- É bom que saiba mesmo Brian. Obrigada Doutor, o
senhor como sempre me salvando.
A mulher salivava em cima de meu marido, era alta, loira
platinada e magra. Se vestia de forma elegante. Enquanto eu usava
um par sandálias rasteiras e um vestido marfim evase na altura dos
joelhos. A safada tentou dar dois beijinhos de despedida, mas
Mikhail prontamente estendeu a mão impondo a distancia. Mikhail
era um homem lindo, e não me admiraria se muitas mães
aumentassem a frequência com que levassem seus filhos ao
pediatra. Cadelas, safadas! Será que não viam a aliança enorme
que ele ostentava na mão esquerda?
Mikhail não me viu de onde estava, uma vez que me sentei
atrás de um homem com sobrepeso e era alto.
- Marisa o próximo paciente, chame-o daqui a 5
minutos.
Sua secretaria, uma senhora por volta dos 56 anos,
piscou pra mim assim que ele entrou. Eu não sabia o porque de
tanto nervosismo, talvez a constatação de que amava Mikhail me
fez me sentir frágil.
-Hadassa pode ir...
-Ah claro, obrigada.
Eu abri a porta e Mikhail estava lindo, concentrado em
algo no seu notebook. Assim que levantou os olhos eu pude notar a
surpresa. Imediatamente se levantou vindo em minha direção, e
com minha mão ainda na maçaneta tranquei a porta.
- O que houve? Aconteceu algo?
Sentir sua proximidade e preocupação, enquanto
segurava meu rosto, fez uma onda de necessidade se apossar do
meu corpo, que saudade do toque dele e só faziam malditos quatro
dias.
- Aconteceu... - eu disse ofegante com meus olhos
pregados nos deles - Eu não quero mais isso Mikhail, eu não quero
essa distancia entre nós, eu quero você, eu preciso de você.
-Hadassa aqui é o meu local de trabalho, não é o lugar
para tratarmos disso.
- E onde é Mikhail? Você mal fala comigo em casa, além
do mais você tem 40 minutos de consulta comigo, eu estou pagando
e exijo ser atendida.
Mikhail solta um sorrisinho e me repreende.
- Eu só atendo quem está realmente doente, você não
parece está sentindo dor.
-Ai é que você se engana... -eu ando até a cama
hospitalar e me sento como alguém prestes a ser examinado. - Dói
aqui Mikhail... - eu levo minha mão ao meu peito no lado esquerdo -
Dói muito porque eu sinto muito sua falta, e dói aqui também...
Eu levanto meu vestido, deixando minha calcinha rosa
bebe de renda a mostra, e com o dedo a puxo para o lado
massageando meu broto inchado. Mikhail olha a cena hipnotizado,
sua língua contorna os lábios cheios que tanto amo. Mikhail parecia
um lobo faminto que acabava de avistar sua presa. Sem pestanejar
ele se aproxima, e imediatamente agacha deixando o rosto próximo
ao meu sexo e aspira o cheiro da minha excitação. Delicadamente
ele puxa minha calcinha a retirando completamente, guardando em
seu bolso. Ele abre os lábios da minha boceta e abocanha com
vontade me fazer gemer alto.
- Se gemer novamente eu paro a brincadeira criança.
Eu apenas acenei com a cabeça em concordância,
Mikhail retomou o que fazia com maestria, seguia implacável com
suas chupadas, lambidas, e até mesmo mordidas leves, sem
desviar suas íris azuis da minha.
O orgasmo veio arrebatador, me fazendo tremer com as
mãos na boca. E ao contrário do que pensei que aconteceria,
Mikhail não veio buscar em mim alívio, mesmo sua ereção estando
devidamente marcada na calça. Antes que se afastasse totalmente,
eu segurei sua mão e o trouxe de volta.
- O que quer Hadassa? Já não aliviei sua dor, porque
pra mim ficou bem claro o que sempre quis comigo.
- Do que está falando Mikhail?
- Estou falando de sexo Hadassa, você vê em mim
apenas um homem experiente para realizar suas fantasias. Foi por
isso que veio aqui, e foi o que te dei um orgasmo. É arriscado fazer
sexo com penetração, uma vez que você não quer ser mãe.
-Mikhail não é isso, por Javé! É claro que ser mãe dos
seus filhos, como eu poderia não querer ser mãe dos filhos do
homem que amo? Eu só estava assust...
- O que disse ?
- Que só estava assustada e....
- Não essa parte, eu me refiro a parte em que disse que...
- Eu te amo? É verdade Mikhail, eu te amo, se havia
alguma dúvida, ela acabou no momento em que percebi que uma
vida sem sua existência seria dolorosa e triste. Perdoe meu
egoísmo, eu quero que continuemos como estávamos, e se vier um
bebezinho, ele será imensamente amado por mim e por você.
- Está falando sério?
Eu não menti, havia feito minha terceira aplicação uma
semana antes da suspeita de Mikhail, então decidi que não faria
mais uso do método, Mikhail não merecia aquilo.
- Estou, e como prova podemos iniciar as tentativas agora
mesmo.
Falei enquanto retirava seu cinto, abaixei sua calça
juntamente com a cueca, assim que o membro saltou rígido, eu
imediatamente o guiei para minha boceta.
- Porra criança, quatro dias e essa bocetinha parece ter
ficado mais apertada. Vou foder você tão gostoso...
E ele fodeu gostoso demais, e quando nossos orgasmos
chegaram juntos, nós nos beijamos abafando o som do nosso tesão.
Estávamos ofegantes, controlávamos nossas respirações, nossas
testas coladas e com sorriso estampado em nossos rostos,
- Eu também te amo Lyubov, por isso lamentei tanto sua
negativa. Vamos continuar tentando e quando Javé permitir nossa
benção chegará.
E ela chegou mas no momento mais difícil possível.
CAPÍTULO XXXV
HADASSA MENDONÇA
Nós tivemos um mês de tranquilidade, nossa relação cada
vez se mantinha mais forte. Aos poucos o casamento que não
desejei, passou a se tornar o centro de minha vida de uma forma
positiva. Eu estava completamente apaixonada por meu marido, seu
cuidado e dedicação para que me sentisse feliz era um carinho
diário. E isso tudo só contribuía para minha culpa aumentar...
Faltavam ainda dois meses para o efeito da injeção sair
de meu corpo, então eu ainda tinha que fingir meu ciclo, não era
algo muito difícil, uma vez que Mikhail não me tocava intimamente
durante um período de sete dias. Alguns homens da CFJ baseando-
se na Bíblia no livro de Levítico Cap 15 -Vers. 19 e 20, obrigavam
suas mulheres a deitarem em outro quarto durante seu período.
"Quando uma mulher tiver fluxo de sangue que sai do corpo,
a impureza da sua menstruação durará sete dias, e quem nela tocar
ficará impuro até à tarde.
"Tudo sobre o que ela se deitar durante a sua menstruação
ficará impuro, e tudo sobre o que ela se sentar ficará impuro."
Eu sei parece loucura, e dormir em quartos separados
não fazia parte da doutrina, exceto os sete dias sem o ato sexual,
mas como em toda religião sempre haviam os extremistas. Passado
os sete dias, Mikhail criou uma tabela para calcular o meu período
fértil. Nos dias em que ele marcou como férteis, eu juro como nunca
vi tanto pau na minha vida. Mikhail não precisava de desculpas para
transar comigo, e longe de mim reclamar, eu amava ser consumida
por ele, mas teve dia em que foram sete vezes, pra no dia seguinte
ter mais. Eu só pedia a Javé pra que ele nunca descobrisse sobre
as injeções, eu tinha arrepios só de imaginar, medo de Mikhail
nunca me perdoar.
Era quarta-feira, eu tinha acabado de organizar uma
parte da biblioteca a pedido de Joaquim, algumas vezes eu ajudava
alguns alunos em grupo de estudos, mas meu principal papel ali era
aprender com Joaquim como tudo funcionava. Joaquim apesar de
ser temido pelos alunos, era bastante agradável e atencioso comigo.
Eu estranhei o fato de ser chamada na sala dos
professores, quando faltavam apenas 15 minutos para minha saída.
De cara notei que havia algo errado, assim que entrei na sala vi
Joaquim, Vladimir, Irina, Davi (um dos alunos do terceiro ano) e...
Mikhail?
- Mikhail?
Eu digo surpresa, apesar de sempre nos encontramos
para almoçarmos juntos ele nunca entrava no IEC.
- Sente-se Hadassa. -Vladimir diz e pela sua expressão
eu noto que algo não vai bem... - Chamamos seu esposo aqui por
conta de um episódio que aconteceu entre você e um de nossos
alunos.
Eu olho para Mikhail que parece querer saltar fogos pelos
olhos, aquilo imediatamente me entristeceu, porque independente
dos fatos ele já havia me condenado. Ficou impossível ele não notar
minha decepção, e seu olhar suavizou mas o meu não...
Assim que me sento eu olho pra todos presentes, a única que
ainda me olha com algo positivo é Irina.
- Já estou sentada, podem começar a inquisição, porque
pelo semblantes de vocês eu já estou condenada, sem fazer a
mínima ideia do porquê.
Vladimir me olha com sangue nos olhos, essa seria a
expressão correta.
- É incrível como mesmo errada você não demonstra
humildade menina.
- Vladimir...
Irina tenta contornar a situação, mas Vladimir a adverte
com o olhar. Eu sorrio em escárnio.
- Eu não disse? Pra você eu já estou errada. Mas me diga
o que eu fiz dessa vez?
Vladimir saca um livro e o joga na mesa em minha direção.
Eu não o pego, mas leio o título e não entendo o que tenho a ver
com aquilo.
- 120 dias em Gomorra? Não estou entendendo... Qual é
minha relação com esse livro?
- Hadassa... - Joaquim fala de forma branda - Davi alega
que você o orientou a ler esse livro, um livro que está totalmente
fora dos padrões do IEC, além de ser inapropriado para menores de
18 anos.
Eu conhecia o livro, ficava no compartimento que Ivan
mantinha na biblioteca, eu comecei a lê-lo com 15 anos, mas não
consegui terminar, o achei forte demais. O livro narrava a história de
quatro homens poderosos, que se exilaram em um castelo por
quatro meses junto com suas vítimas, a fim de experimentar todas
os tipos de perversões e torturas sexuais, a maioria de suas vítimas
eram adolescentes e algumas de suas atrocidades acabaram em
mortes.
Eu nunca daria um livro daquele ao garoto.
- Davi porque está mentindo? Eu nunca dei esse livro a
você e tampouco o indiquei. - Davi me olha sério o rosto impassível
e Vladimir o conforta.
- Vamos Davi, conte tudo o que contou a mim e
Joaquim, você não será punido por dizer a verdade.
- Bom... Nós estávamos fazendo uma pesquisa sobre De
Bret em grupo, e a professora Hadassa ofereceu ajuda e a sua
ajuda foi muito boa. Mas quando todos foram embora, eu
permaneci ali conversando sobre literatura com ela. Foi quando ela
me falou sobre o livro, d-disse que havia um compartimento com
livros especiais e que...
Eu estava horrorizada, tudo que falou até a parte de
conversarmos sobre literatura foi verdade, ele se disse interessado
na matéria que eu cursava, e eu me empolguei contando tudo a
respeito.
- E que? - Joaquim o incentiva e Davi me olha como se
me pedisse desculpas.
- E que um homem d-deveria saber certo tipos de coisas,
principalmente como agradar uma mulher, que no livro haviam
práticas ruins mas outras muito boas. Que conhecimento é a chave
pro poder, que não entendia porque o Reverendo nos privava disso.
Eu tentei me manter controlada, mas o sentimento de
injustiça inflou em mim então levantei da cadeira.
- Isso é mentira! Porque está mentindo? Por que está
fazendo isso comigo?
- Hadassa se contenha, Davi não tem porque mentir, ele
não ganharia nada com isso. - Vladimir diz elevando o tom.
- Será que não? Eu vi as fichas da maioria dos alunos, e
Davi está bem abaixo da média, inclusive na matéria de Joaquim.
Será que não está ganhando nada em troca dessa mentira? Porque
isso é uma mentira absurda.
- Você está insinuando que alguém aqui quer te
prejudicar? Que alguém armou isso tudo pra você? Pelo amor de
Javé! Está ouvindo Mikhail o que sua esposa está dizendo?
Mikhail não responde, seus olhos seguem atentos à mim
mas não passa nenhum tipo de conforto.
- Eu estou! Não é de hoje Vladimir, que você está
descontente com meu casamento.
- Hadassa querida fique calma...
Irina se aproxima e segura minha mão, a essa hora meu
marido parece ter perdido a voz.
- Hadassa esse compartimento que eu mandei conferir
não existia até pouco tempo. Nunca nada do tipo aconteceu no IEC
até sua chegada.
Eu solto uma gargalhada de puro desdém.
- Você se acha tão perfeito, se põe num patamar acima
dos outros, se julgando onipresente. Mas eu sinto lhe informar
Vladimir Volkov que muitas coisas fugiram de seus olhos...
- Hadassa por favor não... - Irina me pede com medo de
que conte o segredinho sujo de seu filho, mas não, eu não contaria,
não aqui com outras pessoas presentes.
- O que quer dizer garota? ANDA!
- Pai, por favor maneire seu tom.
Mikhail parece ter encontrado a voz, mas ainda assim o
olho com total indiferença, com uma mágoa imensa tomando meu
peito.
- Não preciso que me defenda, principalmente quando
não acredita na minha inocência. Pra você eu já era culpada antes
mesmo de ouvir minha versão dos fatos. Quanto ao senhor, foi seu
filho quem recuperou os livros que você e Irina julgaram como
inapropriados e descartaram. Ivan criou esse compartimento, e me
incentivou a ler alguns livros. É claro que após a sua morte li alguns
mais pesados, como esse de Marques de Sade, que Davi diz que o
orientei a ler.
- É MENTIRA! Sua mulherzinha...
- Papai basta! É verdade! Pelo menos a parte que Ivan
deixou o compartimento.
Pelo menos? Mikhail cada vez mais empunhava uma faca
no meu peito.
- Como Hadassa teria acesso aos livros que você e
mamãe descartaram há mais de quinze anos?
- Ivan não faria isso... Deve ter sido outro professor e ela o
está encobrindo, sujando a memória de seu irmão para me atingir
filho. Você não vê?
- Pai Hadassa já havia me falado do compartimento, e as
coisas que me disse só Ivan poderia saber... Ele com certeza não
fez por mal.
- Pois eu não acredito...
- Quer saber que se dane! A mim me basta minha
consciência limpa, e quanto à você Davi, espero que esteja ciente
do que sua mentira vai acarretar. Eu me demito, não preciso disso,
não preciso desse cargo, não preciso de nada de vocês, nem
mesmo desse sobrenome.
Eu digo olhando nos olhos de Mikhail, que parece
impassível às minhas palavras. Então fiz a única coisa que minha
dignidade permitia, peguei minha bolsa e sai daquele lugar que me
sufocava, escutando a voz de meu esposo me chamar enquanto
corria por aqueles corredores como fazia à anos atrás, só que agora
com lágrimas nos olhos.
CAPÍTULO XXXVI
HADASSA MENDONÇA
Meu coração ainda batia freneticamente no peito quando
estacionei o carro em frente ao salão, meu rosto estava um
desastre, inchado e vermelho, e as lágrimas ainda desciam
livremente. O sentimento era de ódio, dor, mágoa e injustiça. Eu
olho para meu celular dentro da bolsa, há várias chamadas não
atendidas de Mikhail. Sinceramente ele era a última pessoa que
queria ver no momento. Eu digito uma mensagem de texto para Rê
e aguardo uma resposta.
ESTOU NO CARRO EM FRENTE AO ESPAÇO DA
VERA, POR FAVOR VENHA ATÉ AQUI AGORA.
A resposta é imediata, e como esperava minha amiga
vem em meu socorro.
JÁ ESTOU INDO.
Assim que a vejo na porta do espaço de Vera eu abro a
porta do carro e salto correndo em sua direção, imediatamente
Renata vem ao meu encontro e me dá um abraço apertado.

- Shiu...Fica calma amiga, o aconteceu, o quê que houve,


porque você está assim Dassa?
Eu tento controlar meus soluços enquanto tento explicar o
ocorrido.
- Um aluno Renata... Um aluno me acusou de ter
orientado a ler um livro impróprio, u-um livro que narrava orgias e
práticas sexuais horríveis. Eu não fiz aquilo, e o pior, Mikhail
acreditou. E-ele duvidou de mim, a sua esposa, caramba! Ele nem
me deu o benefício da dúvida. Eu passei por um julgamento, e foi
horrível, a única pessoa que se mostrou solidária foi Irina. Eu tenho
certeza que foi armação daquele velho asqueroso.
- Calma amiga. Vamos para minha casa, lá você toma um
chá, se acalma e me conta toda história direitinho.
Renata volta ao salão apenas para avisar que iria se
ausentar, em seguida entra no carro comigo assumindo a direção.
Assim que chegamos, encontramos Vera e Vitório na casa, logo que
me vê Vitório vem até mim e me abraça.
- Dassa? O- O que houve? Aconteceu algo com Mikhail?
Está machucada?
Eu meneio a cabeça, negando, e correspondo ao seu
abraço chorando mais.
- Ela e Mikhail brigaram, parece que um aluno a acusou
de algo que ela não fez, e todos ficaram contra ela exceto a sogra.
- Venha Hadassa, se sente aqui e me conte tudo como
aconteceu. Vera por favor faça um chá de camomila ou algo
calmante.
Vitório me conduz até o sofá para que me sente.
- Tranquila niña... Pronto todo estaría bien. Agora me diga o
que houve.
Eu começo a contar como tudo aconteceu e os três me
ouvem atentamente.
- Foi Vladimir eu tenho certeza, ele sempre me odiou.
- Escute Hadassa, não acho que ele soubesse desse
compartimento, Vladimir é caxias demais para permitir algo assim
no IEC.
- Mas se não foi ele, quem foi?
Eu pergunto confusa, não conseguindo imaginar quem
ganharia algo com isso. Ficamos conversando até que escutamos o
som da campainha tocando. Vera se levanta para atender a porta,
assim que gira a maçaneta e abre uma fresta da porta, um Mikhail
nervoso entra de forma truculenta.
Mikhail olha para mim e Vitório, em seguida para Vera e
Renata, se dando conta da farsa em relação a religião das duas. As
maquiagens, os cabelos com luzes, o short de Vera, o jeans
rasgado de Renata com a blusa levemente decotada, a imagem de
uma santa em cristal na cristaleira
- Vitório? Hadassa do que se trata tudo isso?
Eu engulo à seco mas tento manter minha compostura.
- C-Como soube que eu estava aqui?
- Me responda primeiro o que Vitório faz aqui, e porque
Vera e Renata estão vestidas dessa forma?
-Mika, Hadassa chegou aqui muito nervosa Vera e eu...
- Eu estou falando com minha mulher porra! Não se meta,
a menos que seja pra me dizer ha quanto tempo você sabia que eu
estava sendo feito de idiota e mesmo assim não me disse nada.
Mikhail estava indignado. Aquilo só podia ser um
pesadelo, agora de inocente me tornava culpada.
- Opa! Você pode está falando com sua mulher mas está
na minha casa, então vamos acalmar os ânimos pastor.
- Me desculpe por ter sido grosseiro irm... Vera. Desculpe
Vera, foi errado de minha parte vir até sua casa gritar, assim como
foi da sua entrar na minha e me enganar de forma descarada.
Hadassa e Renata são jovens, tem 20 anos, agora você tem o dobro
da idade delas e se prestou a esse papel. Por Javé como eu pude
ser tão idiota...
Vera imediatamente baixou o olhar se sentindo
envergonhada mas Vitório prontamente foi defendê-la.
- Sabe o que eu não entendo Mika? Como você pode
julgar Hadassa, se por diversas vezes mentiu dizendo que estava
estudando em São Paulo, quando estava na casa da minha família
comigo, ou farreando por aí... Meus pais também foram coniventes.
Lembra quando meu pai se passou pelo seu senhorio.
- Eu era solteiro Vitório!
- E eu também era! Renata e Vera me acobertaram para
que eu pudesse ter um pouco mais de liberdade, e saísse com
meus amigos como qualquer mulher normal.
Mikhail se aproxima de mim, olhando em meus olhos, as
íris azuis pareciam refletir uma tempestade.
- Eu quero que me responda Hadassa, olhando em meus
olhos. No meu primeiro sermão depois que nos casamos, você não
foi porque disse que ajudaria Vera e Renata em um Congresso. A-
ON-DE VO-CÊ FOI?
Ah merda! Eu não ia mentir, a situação estava caótica
demais, eu precisava admitir meus erros, só assim talvez Mikhail
acreditasse em mim em relação toda história com Davi.
- Eu fui ao Marujo com meus colegas de faculdade...
Mikhail comprime os lábios cerrando o maxilar, eu
consigo ouvir os dentes rangendo.
- No almoço... Você ainda cobrou que eu a defendesse...
E você Vitório sabia, não sabia? Não estava lá por acaso.
- Mika...
- Eu já ouvi demais, se eu por um segundo acreditei em
sua inocência em relação ao episódio de hoje, eu já não acredito
mais.
- Mas eu não fiz aquilo, não fui eu!
O desespero foi tomando conta de mim, junto com a dor da
decepção. Ele também estava decepcionado, dolorido. Um feria o
outro, causando dores profundas, dores que eu não sabia se
amenizaria com o tempo.
- Eu jamais me insinuaria a ninguém, ou orientaria um
menor a ler algum livro como aquele. Vai contra minha ética
profissional... Eu nem sei porque estou perdendo meu tempo, você
nunca acreditou em mim. Antes de descobrir de Vera e Renata eu já
era culpada.
- Vamos para casa Hadassa, vamos discutir a respeito
disso lá, nós já demos um show e tanto.
- E-Eu não quero ir... Eu quero ficar aqui. Como vou pisar
naquela fazenda, se todos ali acham que eu sou uma aliciadora de
menores, incluindo meu marido.
- Hadassa não vou falar novamente...
- Nem eu! Imagina se esse moleque leva a diante essa
acusação, e eu vou parar em um tribunal? Porque de acordo com
ele eu o apresentei, e o orientei a consumir conteúdo pornográfico.
Você já pensou nisso Mikhail? O que faria? Me defenderia? Você
com essa subserviência ao seu pai, estaria ao lado de Vladimir me
acusando. Agora sou eu quem pergunto, e quero que me responda
olhando no fundo dos meus olhos. Você realmente acredita que eu
me insinuaria e aliciaria aquele garoto? É isso que pensa de mim?
Mikhail não responde, e a sua dúvida faz o sentimento de
mágoa e dor me engolfar, nada do que tivemos foi real. Ele me
enxergava como alguém tão sem caráter assim?
- Quem cala consente não é mesmo? Não é assim o
ditado? Volte para SUA casa, eu estou melhor aqui com pessoas
que confiam em mim e me amam.
Mikhail respira fundo e fala secamente.
- Eu não saio daqui sem você!
- Pois que fique plantado aqui na sala, eu vou subir tomar
um banho, e tentar descansar porque tenho prova mais tarde. Ah!
Pastor Mikhail, eu falei sério quando disse que não queria mais o
sobrenome de vocês. Vocês são perfeitos demais pra mim, eu sou
uma mancha no sobrenome de vocês. Toma! - eu retiro minha
aliança com raiva - Amanhã mesmo entro em contato com um
advogado pra oficializar o pedido de divórcio.
Mikhail parece aturdido, sem acreditar em minhas
palavras e antes que eu suba segura meu braço.
- Isso não acaba aqui Hadassa, eu vou dá o tempo que
precisa, mas hoje a noite a quero novamente em nossa casa. Você
deveria ter lido o contrato pré nupcial Lyubov.
Eu puxo o meu braço e subo as escadas correndo até me
jogar na cama. Burra! Burra! Eu me sentia traída, magoada,
arrasada, mas logo uma vozinha lá do fundo da minha consciência,
disse que talvez ele se sentisse assim também, se descobrisse das
injeções. Eu estava esgotada e logo apaguei, acordei por volta das
17 com Renata me chamando para irmos até a faculdade. Eu estava
arrumando minha bolsa quando dei falta do meu celular, o celular
que uso somente com o pessoal de Poços de Caldas.
Imediatamente o pânico se apossou, eu devo ter esquecido no IEC.
- O que foi Dassa? Você está pálida...
- Meu celular, o que uso com o pessoal daqui. Acho
que deixei no IEC.
- Calma... Ele não tem senha?
- Tem... Mas com a minha sorte... Renata se existe
alguém tentando me sabotar, aquele aparelho é um prato cheio...
CAPÍTULO XXXVII
HADASSA MENDONÇA
- Hadassa! Hadassa!
Eu a chamo mas ela ignora, saindo correndo pelos
corredores do IEC completamente desnorteada. Eu não consigo
alcança-la, a droga da minha perna não ajuda. Então volto pra sala
dos professores.
- Eu espero para o seu próprio bem garoto, que esteja
dizendo verdade. Porque eu vou até o fundo dessa história para
provar a inocência da minha mulher, e se você estiver mentindo eu
vou fazer questão de arrastar o seu nome e de sua família na lama.
Eu vejo pânico em seus olhos o que só aumenta minha
suspeita. Hadassa pode até ter comentado do compartimento, mas
o incentivar a ler um livro como aquele, eu duvidava muito.
- Mikhail meu filho, Davi não ganharia nada inventando
uma história como essa. Joaquim, por favor conduza Davi até minha
sala.
Assim que o moleque deixa a sala minha mãe intervém a
favor da nora.
- Vladimir e se Davi estiver apaixonado por Hadassa.
Jovens ficam suscetíveis a obsessões nessa fase. Hadassa é linda,
inteligente. E se isso não foi um plano para colocá-la em maus
lençóis com Mikhail. Se esse compartimento é tão antigo, quem
garante que outro aluno ou professor não o tenha descoberto.
- Ora Irina... Sempre passando a mão na cabeça dessa
mulherzinha.
Eu odeio a forma como meu pai vê Hadassa. Vladimir
nunca gostou de ser contrariado, e metade dessa sua implicância é
simplesmente para provar a mamãe que a escolha dele deveria ter
sido acatada.
- Pai! Não se refira a Hadassa desse jeito! Ela é minha
mulher e pode está carregando um neto seu. Você quer tanto esse
neto, mas já imaginou uma criança crescer ouvindo os insultos que
você faz a mãe dele.
Imediatamente a sua postura muda e pergunta com a voz
mais moderada.
- Há essa possibilidade? Ela vem se sentindo bem?
Eu sabia que a possibilidade de um neto o amansaria,
mas minha preocupação agora era investigar essa merda e ir atrás
de minha mulher.
- Há sempre a possibilidade, uma vez que cumprimos
nossas obrigações matrimoniais, Hadassa é saudável e eu
também.
- Por Javé se ela estiver, ela saiu daqui transtornada e
ainda falou em divórcio Mikhail.
Minha mãe parece abalada, e se senta em uma das
cadeiras.
- Quanto a isso pode ficar despreocupada Irina, Hadassa
não pode pedir divórcio a menos que pague uma multa milionária. O
único quem pode pedir o divórcio é nosso filho, isso estava no
contrato pré-nupcial.
- Que ela não leu... - o pensamento me escapa em
palavras.
- Como assim não leu? Por Javé filho, essa menina não
tem ideia no que se meteu...
- Por favor Irina, Isaac me garantiu que Hadassa leu o
contrato, Mikhail está de prova. Essa "menina" como você a chama,
só quer passar uma falsa inocência que não existe.
- Chega pai! Eu vou atrás da minha mulher, eu preciso
conversar com ela. Qualquer novidade eu aviso a vocês.
Eu pego o meu celular, já acessando o programa que
instalei para rastrear o carro de Hadassa. Assim que o programa me
dá sua localização eu dirijo em seu encalço. Hadassa está indo em
direção à Poços de Caldas, provavelmente indo encontrar sua
melhor amiga.
Eu ainda estava sob os efeitos das acusações contra minha
mulher, eu não acredito que Hadassa tenha o orientado a ler o livro,
mas talvez tenha contado sobre o compartimento na intenção de
abrir a mente de alguns alunos, assim como Ivan. Eu estaciono em
frente a casa de dois andares branca, com portas e janelas de
madeira, de pronto avisto o carro de minha mulher. Eu subo os
degraus da varanda, e antes de tocar a campainha eu ouço a voz
chorosa de Hadassa.
O choque ao descobrir toda mentira envolvendo sua
melhor amiga e mãe dela, me deixou possesso, e para feri-la disse
não acreditar em sua inocência. A petulância de Hadassa, e a
defesa de Vitório me irritaram demais.
Divórcio? Ela havia mesmo sugerido divórcio? E meu pai
ainda achava que ela havia lido o contrato pré-nupcial.
- Eu falei sério Vitório, avise a Hadassa que a espero
hoje em nossa casa após o término de suas aulas. Passar bem...
- Mika... - Vitório tenta me interpelar.
- Já está dito Vitório, e só pra deixar claro eu não estou
decepcionado apenas com Hadassa. Você era como um irmão pra
mim, como pode ajudar a me fazer de idiota.
- É eu fiz sim e não me arrependo, eu vi como ficava
próximo a Hadassa. Eu achei que aquela menina que está lá em
cima, fizesse a venda que está em seus olhos cair. Você não pode
passar o resto de sua vida, vivendo a vida de outra pessoa. Ivan
está morto! E por mais que você tente, nada o trará de volta, nem
mesmo sua subserviência à Vladimir.
- É fácil pra você falar, nunca precisou se importar com
nada além de você mesmo. Eu não vou ficar aqui discutindo com
você, eu pretendo tentar resolver toda essa situação.
- Acho que deveria começar acreditando em sua mulher.
Você pode ter razão, eu não me casei, não tive filhos, não tive com
quem me preocupar ainda. Mas de uma coisa você pode ter certeza,
se a minha mulher estiver com problemas será a mim que ela irá
procurar, não uma amiga, porque ela saberia que eu a apoiaria e a
defenderia em qualquer situação.
Eu percebo nas palavras de Vitório o tom de desafio, é
impressão minha ou ele acabou de dizer que cuidaria melhor de
minha mulher. Eu dou a costas e entro no meu carro, antes de dá
partida o ciúme vem feroz. Porque Hadassa se sente mais segura
com Vitório?
- PUTA QUE PARIU! EU VOU ENLOUQUECER PORRA!
Eu ouço o toque do meu telefone e vejo que é minha
secretária, resolvo atender pensando se tratar de alguma
emergência.
- Dr. Volkov...
- Doutor? Desculpe interromper seu horário de almoço,
mas chegou aqui um embrulho, dizendo se tratar de uma
encomenda de sua esposa. O entregador disse que é algo urgente.
Eu estranhei, por isso liguei.
- Tudo bem Marisa, deixe o pacote em minha sala na
direção, em 40 minutos estarei aí. Obrigada.
Só me faltava essa, era impossível não ficar angustiado
com qualquer coisa que fazia menção ao nome de minha mulher. O
nome Hadassa era quase sinônimo de tempestade, Shtorm era
assim que Ivan se referia à sua aluna favorita, que depois descobri
ser minha mulher.
Acelero o carro com o pressentimento não muito bom em
relação à essa entrega. Quem enviou algo para Hadassa no
endereço de minha clínica, só poderia querer chamar minha
atenção.
Depois de falar com Marisa fui direto à sala e encontrei o
pacote em cima da mesa, não era nada grande, ou pequeno
demais. Eu rasguei impacientemente o papel pardo, e logo vi uma
caixa que parecia um presente. Assim que abri a caixa vi que se
tratava de um celular, um smartphone. O que de pronto chamou
minha atenção, foi a foto da tela. Hadassa e Renata abraçadas,
segurando o que parece um drink e uma piscina de fundo. O
aparelho está com a tela bloqueada, mas sem nenhum tipo de
senha ou padrão, assim que a desbloqueio vejo alguns aplicativos
como WhatsApp e Instagram. Eu opto por ir diretamente ao
aplicativo de mensagens para descobrir quem é o dono do aparelho.
Há alguns ícones de conversas, o nome e a foto de
Renata aparece em algum deles, Vera, Vitório, algumas moças e
rapazes que não conheço e alguns grupos. Eu clico em
configurações para confirmar de quem é o perfil. Mas pelo suor
brotando em minga nuca, eu já imagino de quem seja.
A imagem de perfil é apenas a metade de um sorriso
com longos cabelos castanhos, o nome Dassa Diniz aparece, ela
usava o sobrenome da mãe... Eu volto as conversas e clico no ícone
de Renata, eu começo a ler a conversa prevendo o desgosto. Em
parte tinha coisas sobre a faculdade, conforme fui rolando a
conversa para as mensagens mais antigas, eu paro na qual
Hadassa narra nossa última briga, por conta do alarme falso da
gravidez.
Você :
Briguei com ele de novo...

Renatinha:
De novo amiga por quê? Não vai me dizer que foi por
conta do Vlademort?
Você:
Rs rs rs... Não sua idiota... Vladimir não tem nada com
isso dessa vez. Mikhail quer ser pai, ele desconfia que eu esteja
grávida, e me obrigou a fazer um teste mesmo chateado com a
minha recusa.
Renatinha:
Mas não tem essa possibilidade né amiga? Sua injeção
está em dia?
Eu foquei os olhos nas letras, tentando entender o que
aquilo queria dizer. Na verdade eu entendia, mas me recusava a
acreditar. Ela não faria aquilo comigo... Ela não seria capaz.. .
Você:
Sem chances... Tem uma semana que fiz a última
aplicação, e não fiz uso de nada que comprometesse a eficácia.
Mas me sinto mal em esconder isso dele, no início me pareceu
certo, nós mal nos conhecíamos e eu não quero ser mãe agora. É
injusto com ele, mas também é comigo... Filho deve vir sob o
consentimento dos dois, eu quero que meu filho seja fruto de amor,
não fruto dá vontade de um homem egocêntrico como Vladimir
Volkov.
Renatinha:
Ai Dassa... Sua vida sempre foi complicada né amiga,
antes com seus pais agora com esse casamento arranjado.
Você:
Eu não vejo meu casamento como um problema, eu gosto
de estar casada com Mikhail, meu marido é inteligente, sensato,
divertido quando se permite, generoso, lindo e muito gostoso...
Renatinha:
- UAAAL... Nossa, você falou como uma mulher
apaixonada.
Você:
Hahaha! Você é tão infantil sabia? E se eu estiver? Não
seria errado, seria? Ele é meu esposo.
Renatinha:
Seria ruim pra você se ele não estiver na mesma vibe, ou
se ele descobrir todas sua coisas...
Você:
Eu sei... Eu temo que descubra as injeções, porque em
relação à isso me sinto culpada, nas demais não... Eu nunca trai
Mikhail, desde que noivamos rompi com Enzo. Eu não podia
comprometer você e Vera, dizendo que mentiram e mentem por
mim, eu seria afastada de vocês que são minha família também. E
quanto a ninguém da faculdade saber que eu faço parte da CFJ, foi
algo que eu optei antes de sonhar em casar com ele. Poxa Rê, eu
só queria ser eu mesma, sem o peso da imposição dos meus pais, e
além do mais nunca fiz nada demais...
Renatinha:
Só deu uns amassos em Enzo...
Você :
E ele comeu Águas da Prata inteiro, não pode me julgar
quando fez algo até pior do que fiz.
Eram mentiras demais... Quem era aquela mulher?
Como assim ninguém sabia da sua vida na congregação? A ficha
foi caindo... O dia da confraternização ela estava diferente,
maquiada, os brincos, as pulseiras. As injeções... Hadassa me fez
de idiota esse tempo todo... E eu um completo imbecil, montando
tabela para seus dias férteis, feliz por ela querer nosso filho, quando
na verdade ela só aceitou porque sabia que estava no controle de
natalidade.
Eu saio da conversa e entro no outro aplicativo, nesse
possui várias fotos suas. Hadassa com amigas na faculdade, na
piscina com biquíni minúsculo, cercada de rapazes e moças de sua
idade, esbanjando jovialidade. Hadassa em barzinhos e festas, em
algumas se nota está levemente alcoolizada. Mesmo sendo fotos
mais antigas, e as recentes não ter nada relacionado à farras, o
ciúme me consumiu me fazendo arremessar o aparelho longe.
Eu aperto os olhos com o indicador e polegar, tentando
aliviar a pressão em minha cabeça. Assim que focalizo minha visão
novamente, noto algo grudado no fundo da caixa. Uma foto onde
Enzo a abraçava por trás e mordia sua orelha, enquanto ela sorria
pra câmera.
No verso havia uma dedicatória.
Que siempre pueda arrancar de ti tu mejor sonrisa a mi
princesa.
Tu Enzo
(Que eu sempre possa arrancar de ti o teu melhor sorriso,
minha princesa.
Teu Enzo)
Eu respirei fundo tentando controlar os tremores de raiva,
pensando no motivo pelo qual ela guardava aquela maldita foto. Eu
peguei minha maleta, joguei todo o conteúdo do embrulho em uma
sacola saindo de minha sala.
- Marisa eu estou de saída e não volto hoje, adie para
sexta a reunião de hoje.
Eu não fiquei para ouvir a resposta, eu só queria ir para
casa, respirar, e ter coragem para fazer o que havia de ser feito.
CAPÍTULO XXXVIII
HADASSA MENDONÇA
Eu dirigia de volta pra fazenda com uma baita dor de
cabeça. Eram tantos fatos acontecendo ao mesmo tempo que eu
mal consegui me concentrar na prova. Eu estava voltando para casa
somente por que uma hora ou outra teria que encarar aquela
situação, e quanto mais rápido eu fizesse isso melhor seria. Eu
também precisava voltar ao IEC para tentar encontrar o meu celular,
mas o que mais me preocupava no momento era Mikhail, ele estava
realmente chateado com que presenciou na casa de Vera.Eu fiquei
imaginando sua reação se acaso descobrisse que estou no controle
de natalidade.
Eu estava enlouquecendo, e não sabia mais o que pensar
ou o que fazer. Eu o amo isso é fato, porém a situação que nos
envolve é sempre complicada demais. São as doutrinas do pai dele,
as minhas omissões e mentiras eu não posso negar.
Se tudo tivesse sido diferente, eu tenho certeza que nós
dois seríamos perfeitos um para o outro, mas no momento eu tenho
dúvidas. Dizem que o amor supera tudo, só que para mim pelo
menos. o amor supera tudo no momento certo, no momento em que
ele tem que acontecer. Conosco as coisas sempre foram forçadas.
Assim que os portões da fazenda se abrem, de imediato
eu sinto um aperto no peito, como se alguma coisa na minha vida
fosse mudar a partir de agora. Eu vejo Irina fazer um sinal para mim
pela sacada do seu quarto mas ignoro, no momento tudo que eu
quero é ir para casa e conversar, decidir meu futuro de uma vez.
Eu abro a porta de casa e percebo que tudo está
silencioso demais, então subo direto para o quarto esperando
encontrar Mikhail lá. Tudo está na penumbra, apenas a luz de um
abajur aceso, e as portas da sacada estão abertas. Eu acendo a luz
do quarto, e noto algumas coisas reviradas e quebradas, incluindo
nossos portas retrato no chão, a cama está completamente
bagunçada. Eu ando em direção ao banheiro, e ao entrar no closet,
vejo a mesma bagunça porém somente no lado onde se encontram
meus pertences. Vejo minha caixa em formato de livros, onde fica as
minhas bijuterias e maquiagens aberta, com as minhas coisas
espalhadas pelo chão. Impossível não entrar em pânico dando falta
de um papel naquele momento. Sim, se Mikhail ligar os fatos,
perceberia que havia algo errado ali. Mas o que eu faria revirar as
minhas coisas?
Imediatamente eu começo a colocar todas os objetos em
seu lugar, mas paro assim que ouço o som dos passos. Mesmo sem
me virar eu sei que é ele, sua respiração está pesada.
-Está procurando isso aqui Senhora Volkov?
Assim que giro meu corpo, vejo nas mãos de Mikhail meu
celular, ao que parece com a tela quebrada e uma receita em suas
mãos. Ele descobriu tudo, Mikhail me olha com desprezo e com dor.
- Mikhail eu posso explicar...
- Eu acho que o que fez não tem explicação, mas gostaria
de vê-la tentar Hadassa.
Eu me levanto com o corpo trêmulo andando até sua
direção, o cheiro forte de vinho não escapa de minha percepção.
- V-Você andou bebendo?
Mikhail levanta sua sobrancelha e dá a sombra de um
sorriso sarcástico, ao qual nunca vi ali antes.
- Ora, não é como se nunca tivéssemos quebrado a regra
antes não é mesmo "Dassa"?
- Mikhail, acho melhor conversarmos amanhã, você está
um pouco alterado e...
- Sente-se ali na cama Hadassa, eu não tenho o que
ouvir, você fingiu ser quem não era, e me enganou esse tempo todo
sobre está se previnindo .
- Mikhail eu errei muito sobre as injeções, e-eu decidi
parar com elas após nos acertarmos em seu consultório, tudo ali foi
real. Quanto as coisas na faculdade, eu não sabia que me casaria
tão cedo. Eu não fiz nada demais, você fez muito pior até em clube
de sexo se meteu.
- Um erro não justifica outro porra! As coisas que
aconteceram em meu passado, já tem mais de dez anos, o seu
ainda está aqui nos intoxicando.
- Não! Depois que você passou a me tratar como sua
mulher, e deixou de me ignorar, eu falei com você em todas as
vezes que saí com amigos. Meu passado também passou pra mim.
- É mesmo? - Mikhail abre com brutalidade a gaveta do
criado mudo, e joga uma foto em cima de mim. - É assim que
esqueceu seu passado? Guardando a porra de uma foto com
declaração do seu ex?
- E-Eu... Essa foto não é minha... Como a conseguiu?
- Por Javé Hadassa, só falta você dizer que é montagem...
Eu me levanto cansada das acusações e ironias.
- Não! Não é montagem eu me lembro dessa foto, foi tirada
no celular de Enzo, no aniversário da Renatinha no ano passado.
Mas não sabia que havia sido revelada, mas essa dedicatória, a
letra não é de Enzo...
- Ah sim, e eu tenho que acreditar em você porque você
nunca enganou ninguém, principalmente a mim.
- Escute Mikhail, a mim a minha consciência me basta. Eu
errei com você quando ocultei as injeções, e a você eu dou todo
direito de se sentir traído. Mas as demais coisas não... Eu errei
quando disse que estaria em um Congresso, e fui à um barzinho
com amigos, mas eu estava casada com um robô que me ignorava
e me evitava, eu precisava espairecer ou explodiria... Porém não se
esqueça que antes mesmo de saber das injeções, ou de Vera e
Renata, você não acreditou em minha inocência sobre o caso com
Davi. Então aqui estamos de igual pra igual, eu errei e você errou.
- Não Hadassa, não estamos não... Eu nunca acreditei
que você indicou aquele livro para Davi, por isso mesmo após
descobrir toda suas mentiras, eu fui até o IEC e pedi a gravação das
câmeras da Biblioteca. Eu vi sua conversa com Davi, e vi quando
deu a ele outro livro.
- Metamorfose, de Franz Kafka...
- Exatamente. Davi não voltou a biblioteca no dia de hoje,
o que leva a crer que o livro já estava em sua posse antes, não foi
pego hoje como afirmou. Eu já enviei ao meu pai as gravações, e
ele disse que virá aqui pessoalmente se desculpar com você. Agora
vá se arrumar no outro quarto, enquanto arrumo essa bagunça, logo
eles estarão aí. Hadassa, e nossa conversa não acabou aqui.
CAPÍTULO XXXIX
HADASSA MENDONÇA
Eu não estava com um pingo de paciência para aturar mais
de Vladimir Volkov hoje. Confesso que ouvi-lo pedir desculpas seria
algo maravilhoso, uma vez que o veria engolir toda aquela
arrogância, que o faz se pôr acima dos demais.
Saber que Mikhail havia procurado provar minha
inocência, não aplacou ainda a minha mágoa sobre ele. É claro que
aliviou parcialmente a dor, mas ainda assim, o seu julgamento sobre
mim era muito pesado em vista de tudo que ele já fez.
Quando desci as escadas Vladimir, Irina, e Mikhail já me
esperavam.
- Boa noite... - eu disse como se farpas estivessem em
minha garganta, uma vez que minha vontade era pular no pescoço
de Vladimir.
- Boa noite minha querida, eu lamento tanto toda essa
confusão, eu sabia que não faria algo assim. Davi nos contou que...
- Irina sente-se por favor, não precisa atropelar as coisas.
Hadassa por favor sente-se ao lado de seu esposo.
Havia algo errado ali, Vladimir não parecia arrependido,
muito pelo contrário parecia guardar alguma carta na manga.
- Estou bem de pé Vladimir, pode iniciar o que veio fazer
aqui.
Vladimir me olha com um sorrisinho torto.
- Bom, já que está com pressa, eu vim aqui por dois
motivos. Primeiro para lhe pedir desculpas, sobre o episódio de hoje
mais cedo no IEC. Eu sou um homem Hadassa, sei reconhecer
quando estou errado, e hoje eu fui injusto com você, principalmente
quando não fiquei ao seu lado, e a tratei como se não fosse uma
Volkov. Davi nos contou que foi pego com o livro, e com medo de
ser disciplinado jogou a culpa encima de você. Ele só não contava
que seu esposo pensasse nas câmeras, coisa que nem passou por
minha cabeça. Por isso te peço perdão.
- Reverendo, seria cômodo pra mim fingir que está tudo
bem, quando não está. Você me humilhou na frente de um dos
alunos, isso porque "supostamente" você me passaria a direção do
IEC. Pra você a palavra de um adolescente valeu mais do que a
minha. E tem mais, você não me tratou como uma Volkov, porque
nunca me viu como uma, só que o senhor esquece que eu não pedi
pra está aqui, tudo me foi imposto. Mikhail é um homem bom, e
agradeço a Javé por isso, mas você, você é tóxico. Você suga a
todos com essa sua áurea de repreensão, se colocando acima do
bem e do mal.
- Hadassa por favor...
- Deixe-a Mikhail, uma coisa eu devo admitir, sua mulher
tem razão, eu nunca a vi como Volkov. Não era segredo que sempre
acreditei que Esther seria a mulher perfeita pra você. Deixe-me dizer
uma coisa menina, nunca a quis como uma de nós e não a quero
agora, e isso tem a ver com o segundo motivo por ter vindo aqui.
Irina me dê a pasta.
Eu e Mikhail nos olhamos surpresos, sem entender o
que Vladimir queria dizer com aquilo. Mikhail imediatamente se põe
de pé.
- Pai... O que quer dizer com isso? Você disse que veria
pedir desculpas a Hadassa.
- E eu o fiz, pedi perdão e Hadassa permaneceu como se
estivesse sendo atacada. - Vladimir abre a pasta, e várias fotos
minhas na faculdade, em cachoeiras me banhando com mus
amigos, festas, são espalhadas na mesa de centro. - Essa é sua
esposa Mikhail, a filha de um presbítero. Agora me diga se isso é a
postura de uma Volkov?
Imediatamente eu sinto meu ar faltar, Mikhail olha as
fotos, provavelmente assim como eu aturdido, sem saber como seu
pai as conseguiu. Minha sogra se põe ao meu lado e segura minha
mão, provavelmente com medo que eu desmaie, uma vez que mal
sinto meu sangue no corpo.
- Sabe Hadassa, eu disse que era um homem e que sei
reconhecer meu erro, mas mais que isso, eu sei valorizar o meu
faro. E eu sabia que você não seria boa coisa.
- I-Isso foi antes de nos casarmos Irina, eu nunca mais fiz
isso depois que me casei, acredite em mim eu só queria viver uma
vida normal...
- Normal? Você queria era viver em libertinagem. Pobre
Isaac e Helena não sabem a filha que tem em casa.
A menção do nome dos meus pais faz meu sangue ferver.
- Não meta meus pais nisso seu desgraçado! - Eu me
livro dos braços de Irina, mas Mikhail se põe entre nós. - Você quer
falar de família? Quando você destruiu a sua?
Irina imediatamente tenta me deter, para que não solte o
que guardei por anos, por lealdade e respeito à Ivan.
- Hadassa minha filha, venha comigo você precisa se
acalmar...
- Não Irina! - As lágrimas vem em meus olhos, eu estou
cansada de tanto julgamento, tanta pressão, tanta infelicidade.
Sabendo que a partir do que vou dizer agora, talvez Mikhail me
odeie ainda mais e eu... Eu ainda o amo tanto. Meu homem, que no
fundo é só um menino... Talvez de nós ele seja o mais inocente, o
que mais merece amor.
- M-Me perdoe... Mas eu não posso mais... E-Esse
homem culpa Mikhail pela morte de Ivan, e usa essa culpa para
mantê-lo refém. O obrigou a passar oito anos em um casamento
sem amor, assim como fez com Ivan.
Mikhail vira o corpo para que possa me encarar.
- Hadassa do que está falando?
- Me desculpe. - eu digo olhando para Mikhail, mas dessa
vez vou até o fim. - Você sabia Vladimir, sempre soube... Como você
mesmo disse, seu faro nunca o enganou, você só fingia não ver... E
arrastou seu filho para infelicidade, tudo às custas de convenções e
doutrinas. Ivan já estava morto antes daquele acidente, ele via em
mim, uma menina de dez anos sua confidente, porque sentia que
ninguém poderia ajudá-lo ou entendê-lo. - Eu ouço o soluço de Irina
junto com o meu. - Não satisfeito em ter feito isso com Ivan, fez o
mesmo com Mikhail por duas vezes. Só que eu não sou como Elza,
e isso frustrou o todo poderoso.
- Você nunca seria como ela Elza era uma mulher
modesta, humilde, sensata, virtuosa...
- E infeliz! Ivan várias vezes se sentia mal por não
correspondê-la. Por Javé, quantas vezes me perguntava se o
achava ruim por não poder ser normal. E você assistia a isso tudo
de maneira cômoda. Gostava tanto de sua nora, que a obrigou a
casar com um homem a quem ela atribuía a morte do marido.
- C-Como sabe disso Hadassa?
Mikhail me pergunta e noto seus olhos marejados.
- Pouco antes de morrer nos encontramos no mercadinho.
Ela sabia de Ivan e sabia de seu carinho comigo. Então ficamos
conversando um pouco, eu pude perceber como ela falava de você
com certo desprezo, e deu a entender que você seria o culpado...
- Meu filho não ouça o que essa mulher diz, ela quer nos
desestabilizar.
Mikhail se aproxima de mim.
- O que meu pai sabia Hadassa? O que fez meu irmão
infeliz?
Eu começo a chorar, e Mikhail segura meus ombros me
fazendo encará-lo. Eu não queria ser a responsável por trazer tanta
dor em um único dia a sua vida. Mas eu precisava liberta-lo.
- Me diga Hadassa por favor... Sem mais segredos, sem
mentiras...
- Ivan e-era gay...
Mikhail pisca os olhos, e solta meus ombros como se o
queimasse, ele estava perdido com o que descobriu. Irina vai até
seu encontro.
- Não ouse abrir a boca para caluniar meu filho, ele não
está aqui para se defender.
Vladimir me puxa pelo braço e levanta sua mão, mas
antes que possa fazer qualquer coisa, Mikhail intercepta o tapa
segurando seu braço.
- Não ouse encostar um dedo nela. Saía da minha casa,
eu preciso conversar com minha mulher.
- Vladimir vamos. Eles precisam de um tempo.
- É ela quem tem que ser expulsa dessa fazenda Irina.
Levantou uma calúnia sobre Ivan, vive em festas por aí e o pior
tomava medicamentos para evitar filhos.
Mikhail suspira, fecha os olhos, buscando controle.
- Como sabe disso pai?
- Você sabia? Estava de acordo com ela nessa loucura?
Meu filho escute, Hadassa violou uma das cláusulas do contrato
pré-nupcial, você pode pedir o divórcio sem pagar nada à essa
ingrata.
- Vladimir é a vida dos dois não devemos nos...
- Como soube pai?
- Eu recebi um e-mail com todas essas informações.
Inclusive uma cópia da sua receita de contraceptivo.
Eu imediatamente fiquei gelada. O stalker... Ele foi quem
orquestrou tudo. Como se lesse meus pensamentos, vejo a postura
de Mikhail entrar em estado em alerta.
- Quero que me empreste seu notebook, preciso localizar
o IP de onde veio esse e-mail ainda hoje. Agora me deixe só com
Hadassa, daqui à pouco estarei lá.
Vladimir e Irina deixam a casa e Mikhail se senta
parecendo cansado.
- Por Javé eu pareço ter entrado no olho de um furacão.
Ivan... Porque nunca me contou?
- Mikhail...
- Não Hadassa! Você não vê? Todos me esconderam
alguma coisa, e você, você Lyubov, que pensei ser diferente no
fundo fez como todos eles.
- Mikhail eu não podia contar, não era algo meu...
Mikhail sorri amargamente.
- Mas resolveu contar agora e por que? Porque se sentiu
acuada, por puro egoísmo Hadassa, assim como tomou a decisão
de entrar no controle de natalidade sem conversar comigo.
- Você tem razão eu fui egoísta sobre o controle de
natalidade. - as lágrimas corriam livremente- mMs errou em dizer
que o que falei hoje em relação a Ivan foi por mim. Isso teve mais a
ver com você do que comigo.
Eu respiro fundo tentando ter forças pra o que vou dizer,
porque sei que é necessário esse tempo pra nós dois.
- Mikhail eu preciso ir embora daqui, não há espaço pra
mim depois de tudo que foi dito, e se há essa brecha nesse contrato
que não li, você pode pedir o divórcio eu nunca quis nada de vocês.
- Você nunca sequer desejou esse casamento Hadassa.
- Mas quis você... Desde a minha infância... Foi isso
que me aproximou de Ivan, ele viu um desenho seu, você em sua
moto com uma menina de oito anos na garupa, e embaixo eu havia
escrito as palavras: Meu Doutor Príncipe. - sorrio em meio as
lágrimas - Eu não era uma ótima desenhista mas ele o reconheceu.
Ele sabia meu segredo e eu o dele, éramos amigos.
Mikhail pisca os olhos, provavelmente tentando afastar as
lagrimas, mas a vermelhidão em seus olhos o denuncia.
- Eu devo ter sido um péssimo irmão... Ele deve ter me
achado um egoísta...
- Não, não se culpe, fomos nós que erramos com você...
Mikhail, ele te admirava , dizia querer ter sua coragem... Ele dizia
que eu parecia com você, dizia o que vinha na cabeça, me chamava
de Shtorm. Falava que seríamos perfeitos um pro outro... Eu sei que
era apenas para me dá esperanças, mas amava ouvir aquilo.
Mikhail sorri um pouco.
- Você não precisa ir embora, meu pai não se atreveria a
te expulsar daqui.
- Eu preciso Mikhail, nós precisamos... Mas nessa
loucura toda, você foi a melhor coisa que me aconteceu. Eu vou pra
casa de Renatinha, tentar arrumar um emprego por lá mesmo. Meu
pai com certeza não me aceitaria em casa, e eu nem sei se consigo
lidar com ele depois de saber que omitiu tanta coisa do contrato.
- Já está tarde amanhã você vai... Eu não vou pedir pra
que fique Hadassa, porque há muita coisa pra digerir, e ainda me
sinto extremamente magoado com o que fez. Eu vou à casa
principal pegar o notebook, amanhã mesmo levo à um profissional
pra que encontre o IP.
Mikhail se levanta, e sai pela porta. O aperto em meu peito
triplica, e eu subo as escadas arrasada, porque no fundo queria que
ele implorasse pra que eu ficasse, mas Mikhail era maduro demais e
sensato demais pra fazer isso. Eu agora só tinha que arcar com as
consequências das coisas que fiz, e ele das que deixou de fazer.
CAPÍTULO XL
MIKHAIL VOLKOV
Eu bati a porta de casa e fiquei algum tempo (não consigo
precisar quanto) parado na varanda. A ideia de Hadassa sair da
minha vida era dolorosa, mas necessária. foram cometidos muitos
erros de ambas as partes, talvez mais dela. Eu precisava resolver
toda essa confusão, principalmente a que tratava do stalker. Eu
tinha certeza que quem enviou o celular para meu trabalho, e as
fotos e informações para meu pai queria nos separar... Mas por
que?
E foi pensando em todo assédio que Hadassa vinha
sofrendo que não pedi pra que ficasse. Se o stalker pensasse que
seu plano deu certo, talvez Hadassa se mantivesse mais segura.
Amanhã mesmo eu contrataria dois seguranças para ficarem de
olho de forma discreta em minha mulher. Eu não posso negar que
estou me sentindo magoado e estarrecido com a história dos
anticoncepcionais, mas eu precisava manter a cabeça no lugar.
O que mais me abalou foi o que Hadassa me contou sobre
Ivan. Ivan era gay... Minha mãe eu tinha certeza que sabia mas meu
pai... Será que esse tempo todo fingiu não vê? Enquanto me
cobrava simplesmente a perfeição, em substituição ao filho prodígio.
Eu respirei fundo e me dirigi até a casa de meus pais.
Eu entrei na casa, e apenas minha mãe se encontrava
na sala com uma caixa de madeira nas mãos.
- Filho... - sua voz ainda estava afetada pelo choro
recente - Eu quero que fique com isso, mas não deixe seu pai ver, e-
era de seu irmão, talvez o ajude a entendê-lo. Me perdoe meu filho,
eu fui fraca com Vladimir em relação a vocês dois...
- Mat'... Não é o melhor momento para discutirmos isso,
você foi uma ótima mãe. Não chore mais, está bem? Agora vou lá
encarar o Sr. Vladimir.
- Ele está na biblioteca lhe esperando. Vou deixar a caixa
na gaveta do aparador pegue-a na hora de ir embora.
- Tudo bem...
Eu me dirijo a biblioteca e entro sem bater uma vez que
sou aguardado.
- Este é o notebook?
- Sim é... E você já tirou aquela vul'garnaya da minha
fazenda?
Me controlo para não explodir, meu pai está passando dos
limites, porque eu já estou cheio das imposições desmedidas de
meu pai.
- Mikhail, se você pedir o divórcio, com a prova da quebra
de contrato ela não receberá um tostão.
- Pai! Cale-se por favor, antes que eu o responda como o
senhor merece.- Vladimir faz menção de retrucar, mas o meu gesto
pedindo pra que nem comece o faz parar. - Escute bem o que vou
lhe dizer, Hadassa amanhã sairá da Fazenda até que tudo por aqui
se acalme. Mas não pense, em momento nenhum que a sua
imposição tem algo a ver com isso. Hadassa poderá voltar para
casa dela a hora que quiser, se por acaso decidirmos assim. E nem
tente impedi-la ou recomeçaremos nossa vida longe de suas vistas.
- V-Você não se atreveria... Não faria isso com seu pai,
por conta de uma mulher que o enganou durante todo o seu
casamento. - Meu pai parecia abalado eu sabia que a ideia de ficar
longe de seu único herdeiro o desestabilizaria.
- Esse é um problema que eu devo resolver com ela, e se
resolvermos nos acertar, não quero mais sua interferência em
nossas vidas. Eu já me deixei ser controlado demais pai, por culpa,
pela dor, mas isso acaba aqui. Ivan morreu precocemente com 28
anos, e não teve a oportunidade de ser feliz da maneira que queria,
e eu não vou cometer o mesmo erro.
- IVAN ERA FELIZ! - seu descontrole só mostrava que
sim, Vladimir já desconfiava da sexualidade do filho. - Eu não vou
permitir que acreditem no que aquela mulher disse. Ivan amava sua
esposa, e era um pastor amado e respeitado por todos, nunca em
sua vida deu motivos para ser alvo de comentários maliciosos. Já
não posso dizer o mesmo de você e sua esposa.
- Eu não vim aqui pra discutir o que não te diz respeito, eu
vim pelo notebook. Alguém invadiu a vida e privacidade de minha
esposa pela segunda vez, e a expôs. Eu sinceramente espero que o
senhor não tenha nenhuma relação com isso.
- Por quem me toma, seu moleque insolente? Eu jamais
faria algo do tipo, pegue a droga desse notebook e comprove você
mesmo a veracidade das minhas palavras. - Vladimir me estende o
notebook e percebo que suas mãos tremem.
- O senhor está bem? Pai por que está tremendo? Não
está se sentindo bem.
- Não é nada demais, esqueci de tomar o remédio da
pressão, e hoje foi um dia agitado. Agora pegue o que queria e saia.
- Eu vou, mas vou avisar a minha mãe que não se sente
bem.
Eu sai da biblioteca e antes de deixar a casa, avisei a
minha mãe sobre o estado de meu pai. Eu peguei a caixa que
pertencia à Ivan e fui direto pra minha casa. Logo cheguei, dei pela
falta do carro que antes estava ao lado do meu. Eu entrei em casa
deixando no aparador a caixa e o notebook, sai à sua procura, sem
sucesso, Hadassa já não se encontrava ali.
- Droga! Criança, sempre desobediente.
Eu levei a caixa e o notebook para meu quarto, me
sentei na cama e resolvi abrir os segredos de Ivan. Naquela caixa
havia alguns desenhos, eu reconheci o desenho a qual Hadassa
havia mencionado. No papel havia um homem alto com grandes
olhos azuis e cabelos negros, estava de branco e havia um
estetoscópio em volta de seu pescoço e uma coroa em sua cabeça,
logo abaixo sua descrição em letras infantis e redondas.
Meu doutor príncipe.
Havia um caderno com capa de couro, entre mais coisas.
Assim que abri o caderno, imediatamente percebi que não se
tratava de um caderno qualquer, e sim um diário. Eu levantei a os
olhos imaginando como Ivan se sentiu durante todos esses anos. Eu
fecho a caixa e a coloco na cômoda, notando agora sobre ela um
bilhete.
1 Coríntios 13
1 Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e
não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que
tine.
2 E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos
os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de
maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada
seria.
3 E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento
dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser
queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria.
4 O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o
amor não trata com leviandade, não se ensoberbece.
5 Não se porta com indecência, não busca os seus
interesses, não se irrita, não suspeita mal;
6 Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade;
7 Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
8 O amor nunca falha; mas havendo profecias, serão
aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência,
desaparecerá;
Os votos permanecem em mim.
Sua Lyubov
Eu sorri, talvez Hadassa não entenderia, mas por hora é
melhor nosso afastamento.
Mat': mãe
vul'garnaya: mulher vulgar, mulherzinha
CAPÍTULO XLI
HADASSA MENDONÇA

Eu cheguei na casa de Vera por volta das 01:30 da manhã,


eu não queria acordá-las, mas era isso ou dormir na rua. Eu não
conseguiria esperar até amanhã, se tem uma coisa que não
suportaria era me despedir de Mikhail, principalmente depois de
perceber que pra ele meu afastamento era melhor.
Eu tinha minhas economias da época em que trabalhava
no mercadinho, eu vou alugar uma kitnet e tentar arrumar um
emprego por aqui mesmo em Poços de Caldas. Eu não sabia como
a minha situação ficaria após minha saída, mas algo me dizia que
talvez nossa separação não fosse uma coisa passageira. Foi
inevitável não sentir o aperto no peito ao pensar nessa
possibilidade, cada parte do meu corpo, mente e coração parecia
pertencer a Mikhail, e se ele pedisse o divórcio aquilo com certeza
me arruinaria.
- Hadassa? O que faz aqui à essa hora?
Quem abre a porta é Vitório, e olhar pra ele
imediatamente me faz lembrar de Mikhail, de tudo que fizemos para
chamar sua atenção, sem pensar o abraço e ele me agarra
fortemente tentando me consolar.
- Niña...
- Acabou Vitório, Vladimir descobriu tudo, mais cedo ou
mais tarde Mikhail vai ceder e pedir o divórcio.
- Entre, vamos conversar.
Eu entro e não vejo ninguém.
- Onde estão Vera e Renata?
- Estão lá em cima, eu estranhei o horário pra visita, e pedi
pra que ficassem lá enquanto via quem era.
- D-Desculpe eu não tinha pra onde ir...
- Ei! Tenho certeza que as duas irão amar vê-la aqui, elas
te amam Hadassa. - Vitório segura meu rosto e enxuga minhas
lágrimas com os polegares - Todos nós Dassa...
Vitório me olha de uma maneira tão intensa, a ponto de me
sentir um pouco constrangida, mas somos despertados com a voz
de Vera no segundo andar.
- Vitório tudo bem aí?
Ele solta meu rosto, em seguida pega minha mala e
mochila as colocando para dentro da casa.
- Sim! Desçam é Hadassa!
- Dassa? -ouço a voz de Renatinha e o som dela descendo
a escada com pressa. Vera e Renatinha chegam na sala e vêm ao
meu encontro, eu conto tudo em resumo aos três.
- Tem certeza que Mikhail não pediu para você ficar? -
Vitório me pergunta estranhando a reação do seu amigo. - Ele
sempre pareceu tão possessivo em relação a você.
- Eu não sei Vitório, talvez a história do contraceptivo tenha
o magoado de verdade, e sem contar que Vladimir praticamente me
expulsou da Fazenda. Talvez seja melhor realmente nos afastar por
enquanto.
- Não é nada definitivo Dassa, logo vocês se entendem
pode ter certeza amiga.
Eu apenas aceno em concordância, não quero me apegar
as palavras dela com medo de criar expectativas.
- Vitório eu quero que me faça um favor, claro se você
puder. Pode ser amanhã ou depois, eu preciso que devolva o carro
de Mikhail.
- Hadassa, você e Mikhail se casaram em comunhão total
de bens, aquele carro não é nem a centésima parte de tudo que
você possui.
- Nada ali é meu Vitório, aquilo tudo é um patrimônio
acumulado de Vladimir e Irina. Além disso, eu acabei quebrando
uma cláusula que eu nem sabia que existia do nosso contrato pré-
nupcial.
- Você não leu o seu contrato? - Vera questiona.
-Não, eu não li, e pelo que eu entendi o fato de fazer o uso
de contraceptivo, dá à Mikhail o direito de pedir o divórcio, sem me
dá nenhuma parte de sua fortuna.
- Quanto mais você fala, mais isso parece loucura... Quem
ganharia com tudo isso? Te expor dessa forma, separar você e
Mikhail...
- É isso que eu gostaria de saber. E se não fosse a reação
de Vladimir, eu poderia jurar, que ele foi quem tramou tudo isso. Mas
para mim foi alguém do passado de Mikhail.
- Ou de Ivan! Eu cheguei a comentar sobre isso com
Mikhail mas ele não quis acreditar, nada tira da minha cabeça que
isso é coisa de alguma amante ressentida pela morte de Ivan.
Vitório não sabia que Ivan era gay, eu jamais contaria para
alguém, mas a sua teoria é válida. E eu me pergunto como eu não
pensei nisso antes? Eu me lembro como se fosse agora da primeira
mensagem.

"ELE ROUBOU O AMOR DA MINHA VIDA E EU VOU


ROUBAR O DELE.
BONS SONHOS HADASSA"
E se o stalker estiver se vingando da morte de Ivan?
- Me desculpem ter acordado a todos vocês, mas agora eu
me sinto exausta, e tudo que eu mais quero é deitar e dormir,
amanhã eu vou pensar nessas novas teorias que surgiram a
respeito do meu Stalker.
Naquela noite eu não consegui dormir muito bem,
primeiro porque fiquei pensando no que Vitório me falou, segundo
porque fiquei pensando no rumo da minha vida, e terceiro e mais
importante, porque senti falta do meu esposo comigo.
(...)
Já pela manhã no café, eu tinha tudo em mente, em como
prosseguiria com minha vida sem Mikhail, nesse momento só me
restava ser resiliente.
- E aí amiga já tem ideia do que vai fazer.
Estávamos todos tomando café, era cedo, mas como eu
mal consegui dormir resolvi levantar junto com todo mundo.
- Eu andei pensando, e com o dinheiro que eu tenho
guardado na minha poupança, por conta dos anos que trabalhei no
mercadinho dos meus pais, eu resolvi usar como depósito e alugar
uma kitnet, em seguida procurar um emprego ou estágio.
- Hadassa você não precisa ir embora, você está cansada
de saber que essa casa também é sua, você é como se fosse uma
filha para mim.
- Eu sei Vera, mas preciso de um espaço só meu.
- Hadassa o espaço do meu consultório é próprio, e como
fica no último andar, há uma espécie de sótão com entrada
independente. Eu o uso somente como depósito de tralhas, mas o
antigo proprietário alugava pra um dos estudantes, eu mesmo
permaneci com o mesmo inquilino por um ano, mas não quis alugar
de novo, se quiser podemos dar uma olhada mais tarde. Eu não
cobraria o depósito mas a reforma fica por sua conta.
- Vitório seria maravilhoso, mas se eu gostar terá que
aceitar o pagamento do aluguel. Não quero caridade de ninguém, e
não tem a ver com orgulho e sim com independência.
- Tudo bem senhora "independente", mas há algo que
quero que avalie, pois não é na sua área, e não é uma caridade
apenas uma indicação. Um amigo meu, dentista, trabalha no mesmo
prédio, se chama Dr.Hélio, ele está precisando de uma
recepcionista, a antiga se casou e vai morar em BH. Na verdade ela
só está aguardando ele contratar uma nova recepcionista, o salário
não é tão alto, mas acredito que dê pra você se manter
tranquilamente. Se quiser podemos ir mais tarde na hora do almoço.
- Perfeito! Vitório, obrigada mesmo, você está sendo um
amigo maravilhoso, aliás todos vocês...
Ouvimos o som da campainha, e por um instante meu
coração pulou no peito imaginando ser Mikhail, vindo até aqui,
exigindo para que voltasse para nossa casa, para seus braços. Mas
como minha vida não é nenhum livro de romance, a realidade era
outra, bem cruel...
Eu ouvi a voz grave do meu pai, de onde estava na cozinha,
exigindo de Vitório que lhe deixasse falar com sua filha, e antes que
inicia-se uma discussão por minha causa, eu apareci na sala. O
maior golpe foi ver o olhar de tristeza e decepção em seu rosto, o
lado bom foi que Esther não havia dado as caras. Graças a Javé!
- Tudo bem Vitório, são meus pais...
Meus pais olham um ponto atrás de mim, e eu não
preciso me virar para saber que se trata de Renata e Vera.
- Bom dia... - Vera diz e pela sua voz, noto seu
constrangimento.
- Bom dia "irmã Vera", "irmã Renata"... - meu pai diz de
maneira cáustica.
- Pai... Elas não tem nada a ver com isso, eu fui errada.
- Ainda não falei com você Hadassa, e por mais
insolente, leviana que você tenha sido, isso não tira a culpa de uma
mulher de 40 anos entrar em minha casa, e montar um teatro com
sua filha. Eu aposto como foram as duas que a corrompeu.
- Pai! Não foram elas! Fui eu quem não aguentava mais
aquelas doutrinas retrógradas, misóginas...
- Está ouvindo isso Helena? Está ouvindo a blasfêmia
que sua filha está dizendo?
- Bom... O assunto é entre pais e filha e eu não vou me
meter, além do mais preciso trabalhar, mas saiba de uma coisa
senhor Isaac, se acha que sua filha é do tipo influenciável é sinal de
que a conhece muito mal. E foi minha a ideia de ir até vocês e fazer
o que fiz, simplesmente porque não aguentava ver como Hadassa
ficava, toda vez que era privada de interagir com amigos, jovens de
sua idade...
- Vera... - minha mãe diz com total frieza na sua voz, algo
que nunca ouvi antes... - Eu jamais julgaria ou interferiria na maneira
como cria sua filha, isso não quer dizer que concordo com a
maneira que a educa, isso se chama respeito, coisa que você não
teve. Me desculpe se estou sendo grosseira, mas você agiu como
se a sua maneira, fosse a melhor maneira de se criar um filho, e nós
duas sabemos que pra isso não há um manual pronto. Hadassa não
é influenciável, nisso eu concordo plenamente, mas você deu a ela
armas para ludibriar seus pais, e isso é no mínimo estúpido e
maldoso, você como mãe deveria ter se posto em nosso lugar.
Vera não responde, sabendo que minha mãe tem toda
razão. Ela apenas sai pela porta com Vitório e Renata, dizendo que
poderíamos conversar à vontade.
- Você vai subir agora, pegar suas coisas, e voltar
comigo para casa de seu esposo, e pedir perdão a ele e seus
sogros. - meu pai diz quase soltando fogo pelos olhos.
- Não! Eu não vou à lugar nenhum, muito menos me
humilhar para aquele homem. Eu não vou voltar.
- Hadassa! Você tem ideia do que fez? Você se tornou
uma Volkov, uma Volkov! E joga tudo pro alto, a troca de quê? Morar
de favor com duas mulheres como...
- Não fale assim delas! Elas são generosas e
maravilhosas...
- Helena... Está ouvindo o que sua filha está dizendo?
Eu não vim aqui para discutir, ou você volta comigo, ou pode
esquecer de sua família, na minha casa você não pisa mais.
As palavras dele doem, muito mais do que qualquer uma
que tenha ouvido de Vladimir.
- Pro senhor é só isso que importa não é? Eu ser uma
Volkov... Passou tantos anos à sombra de Vladimir, que criou Esther
para ser a esposa perfeita, pensando em um dia levá-la ao altar,
para justamente ser uma Volkov. O senhor não contava que Irina me
escolheria, e me conhecendo como sei que conhece, me escondeu
as cláusulas do contrato pré-nupcial. O que mais lhe irrita papai?
Saber que sua filha não quer fazer parte da CFJ, ou saber que ela
quebrou a cláusula de um contrato milionário?
A bofetada veio forte em meu rosto, eu sinto o gosto
metálico do sangue na boca.
- Isaac! Por Javé está louco? - minha mãe vem em meu
encontro.
- Essa garota não pisa mais em minha casa...
- Nossa casa! Hadassa entra e sai da casa que também
é minha, a hora que quiser Isaac ouviu bem?
Meu pai parece ter visto uma assombração, minha mãe
raramente o contestava.
- Vai ficar do lado dela agora?
- Vou... Isso não quer dizer que acho certo o que ela fez,
porque não acho, mas não vou virar as costas pra ela. Por Javé
Isaac! Você e Vladimir vivem como quem nunca erraram na vida!
Escute bem, se eu não virei a costas pra você, não será pra ela que
vou virar. Não esqueça do perdão Isaac, isso faz parte de praticar o
amor que vocês tanto pregam em seus sermões. Agora por favor,
me espere no carro enquanto converso com minha filha.
Meu pai sai contrariado, mas noto em seus olhos o
arrependimento quando olha pra meu rosto.
- Vem, vamos colocar uma compressa de água gelada
para não inchar seu rosto.
Assim que o pano de prato úmido, bem gelado, entra em
contato com minha bochecha a sensação é de alívio e dor ao
mesmo tempo.
- Mãe...
- Hadassa eu estou muito decepcionada com você, e não
tem nada a ver com a história de você viver uma vida diferente da
que levamos na Congregação. Eu já fui jovem, isso eu posso
entender, mas esconder de mim como se sentia, e colocar Vera em
um papel que era meu... Isso sim me decepcionou, mais que isso,
me magoou. Você se separou de seu esposo, e veio direto pra cá, e
eu tive que descobrir tudo através de Vladimir. Agora me diz como
eu poderia sequer defendê-la, se eu não fazia ideia do que estava
acontecendo?
- Mãe... Me perdoe, não foi intencional, não foi por você
mas por meu pai, você sempre foi tão submissa à ele.
- Há uma diferença Hadassa, entre submissão e respeito.
Eu nunca discuti com seu pai na frente de vocês, porque nunca quis
que presenciasse algo do tipo, mas não quer dizer que concordasse
com tudo que ele dissesse. Lamento que seja dessa forma que me
enxergue, fraca...
- Mãe eu não te acho uma mulher fraca, muito pelo
contrário, você lutou muito por nossa família...
- Então deveria ter imaginado que lutaria por você
também... - seus olhos estavam marejados e os meus pareciam
duas cachoeiras eu nunca quis magoá-la, eu a amo tanto. - Ah
filha... Eu só posso orar por você, e dizer que sempre poderá contar
comigo, e que as portas da sua casa estarão sempre abertas pra
você.
Eu a abraço apertado e seu cheiro me traz sensação de
aconchego, de lar... Eu controlo meus soluços e falo sobre minha
decisão.
- Eu vou alugar um local pra mim, pertence à Vitório, e já
tenho um emprego em vista, eu não posso voltar aquela cidade
mãe, pelo menos não agora. Mikhail está magoado, e Vladimir
enfurecido tentando convencê-lo a se divorciar, e conhecendo o
histórico dos dois, meu sogro vai levar a melhor.
- Pois eu não acho... Voltarei aqui no domingo pra
almoçarmos juntas em um restaurante, e quero ver o lugar em que
vai morar...
Nos despedimos com um abraço apertado, e agradeci a
Javé por ter Dona Helena como mãe. Em seguida subi para tentar
dormir um pouco, eu tinha uma entrevista na hora do almoço, e com
aquelas olheiras enormes com certeza não causaria boa impressão.
Eu precisava está de pé para tudo que haveria de enfrentar.
CAPÍTULO XLII
HADASSA MENDONÇA
Assim que acordei comecei a tentar organizar minha vida.
Olhei mais uma vez meu celular, à espera de alguma mensagem de
Mikhail me pedindo para voltar para casa. A minha vontade foi de
jogar o aparelho longe, como eu me permitir ser tão idiota a ponto
de achar que Mikhail realmente estava apaixonado por mim. Talvez
ele realmente achasse que estivesse, ficou tantos anos privado de
sexo, que quando eu dei aquilo que ele tanto queria, mas se
recusava a ter, por algum momento acreditou está apaixonado.
Por volta das 11:30 Vitório chegou, eu fiquei espantada
em saber que ele tinha uma cópia da casa da chave de Vera, sinal
que as coisas entre eles estavam indo de vento e polpa. O que me
alegrava bastante, Vera merecia ser feliz e Vitório também, eu tinha
os dois em grande estima.
- E aí? Pronta para conhecer seu futuro chefe?
- Ai Vitório, que Javé te ouça! Espero que ele não seja
muito rabugento.
- Eu não vou mentir para você, Hélio tem um
temperamento difícil, mas é uma boa pessoa.
- Contanto que me respeite, seja um patrão justo, e me
pague em dia, eu já estou super feliz.
- Assim que acabarmos de conversar com ele, você
sabe comigo e vê a kitnet, se te agradar a gente já faz o contrato.
- Eu não estou em posição de escolher muito, e além do
mais só a localização já me agrada muito, fica no centro é bem
próximo a Faculdade, e se tudo der certo, eu vou trabalhar há
alguns andares abaixo da minha casa, não vou pegar trânsito. Pode
ter certeza que eu vou gostar.
- Eu também imagino isso vamos então. Hadassa você
tem sei lá, alguma calça? Acho que é mais apropriado para a
entrevista...
Eu olho para meu vestido longo na cor azul, tudo bem era
fechado demais, e talvez me deixasse com aparência mais velha,
mas na pressa peguei as primeiras roupas que vi e enfiei na mala. E
essa era mais apropriada para entrevista.
- Eu não tenho calça aqui, mas posso ver algumas de
Renata...
Eu subo correndo e ligo para Rê, perguntando se poderia
usar algumas de suas roupas, que me aconselhou a usar uma de
suas bolsas também. Eu opto por um jeans de cós baixo ele fica
vem justo, Rê sempre foi mais magra que eu... Coloco uma regata
vermelha, e por cima uma camisa larga social, de tecido fino e
transparente, parece um sobretudo, ideal para disfarçar o fato da
calça está colada ao meu corpo.
Dobro as mangas e fecho a camisa, quando me olho no
espelho, o resultado está ótimo, a camisa que acho ser de Vera
parece uma bata comprida e elegante. Vitório também parece ter
aprovado o resultado.
- Nossa... É pra fazer Hélio lhe dar um emprego, não se
apaixonar.
Eu reviro os olhos com seu comentário, apesar de está
querendo apenas me agradar. Saímos de casa e eu logo me deparo
com sua moto.
- Vamos de moto? Por isso perguntou se eu tinha uma
calça!
- Ei! Não foi só por isso... Você estava parecendo minha
avó, boa aparência conta pra uma recepcionista.
- Sei... Vamos logo.
Nós chegamos ao prédio antigo, pra quem olhasse sua
fachada não parecia se tratar de um prédio comercial, à não ser
pelas palavras esculpidas em madeira rústicas.
Complexo Comercial Pedro Sanches
- Esse prédio é um patrimônio histórico, sua fachada pode
ser revitalizada mas não alterada. Está vendo lá o último andar com
aquelas janelas grandes? É seu futuro lar...
O prédio era lindo, bem localizado, eu não estranhei a
arquitetura, uma vez que a cidade de Poços de caldas era turística,
e sua beleza vinha justamente da conservação de sua história.
- Venha, faltam cinco minutos para o horário marcado.
O prédio contava com seis andares, excluindo o térreo e
o sótão, mas possuía um antigo elevador, havia um porteiro que
ficava atrás de uma balcão todo em mármore assistindo tv. Nos
cumprimentou, e Vitório me apresentou como sua inquilina. Vitório
me explicou que o porteiro não era 24 horas, o primeiro chegava às
07:00 e o último saia às 22:00.
Subimos até o quarto andar, onde haviam seis portas,
cada uma com um estabelecimento diferente. eO lugar era bem
limpo e organizado, a parte interna do edifício bastante moderna.
Não foi difícil localizar meu futuro local de trabalho, a placa de
acrílico com o nome Consultório Odontológico Hélio Urach, facilitava
as coisas.
Entramos e fomos recepcionados por uma mulher loira
magra e alta, por volta dos seus vinte e seis anos. Ela era simpática,
tinha um sorriso perfeito, ainda bem que havia escovado os meus
dentes antes de sair de casa.
- Aguardem só um pouco, Dr. Helio está em atendimento.
Cris era bastante falante, e ficamos conversando sobre a
rotina do consultório, eu esperava gostar de trabalhar ali tanto
quanto ela, Vitório estava entretido no telefone. Depois de trinta
minutos a porta se abre, primeiro sai uma jovem senhora por volta
dos cinquenta e poucos, em seguida uma figura alta de porte
atlético.
Aquele era Dr. Hélio pelo menos era o que o jaleco dizia,
era bonito, mas nada que se comparasse a Mikhail, eu ainda achava
o meu marido o homem mais lindo do mundo.
O Dr dispensou a paciente, e Vitório se pôs de pé e eu o
acompanhei, eles se cumprimentaram com um abraço e em seguida
fui apresentada.
- Hélio essa é a amiga que lhe falei hoje cedo, Hadassa
Mendonça. Hadassa esse é Hélio Urach meu dentista e amigo.
Hélio fez uma avaliação clínica de mim, eu confesso que
me senti um pouco intimidada.
- Prazer Dr. Helio.
Tratá-lo de maneira formal não era problema, uma vez que
na CFJ era esse o tratamento entre homens e mulheres.
- Prazer Hadassa, venha, entre precisamos conversar.
- Bom, eu vou indo almoçar enquanto vocês conversam.
Dassa, assim que acabar vá direto ao meu consultório ele fica no
sexto andar, não tem como errar a placa vai sinalizar.
Vitório se despediu e entramos no consultório. A
entrevista foi tranquila, o achei um pouco seco diante de seu
comportamento com Vitório, mas entendi que o seu profissionalismo
exigia isso.
- Hadassa creio que você vá até além de todos os pré
requisitos para vaga. Com certeza atender telefones, controlar
minha agenda e atender bem os pacientes não seja nada difícil pra
você. O salário é de 1.600,00, o horário é das 07:30 às 17:30, de
segunda à sexta, com pausa de uma hora para almoço às 13:00, e
aos sábados abrimos às 7:00 e fechamos às 12:00. Você também
tem direito à um auxílio refeição, auxílio transporte e atendimento
gratuito aqui no consultório. Você terá um mês de experiência,
pegando das 07:30 às 11:30, e nesse período receberá apenas o
auxílio transporte e metade do salário da vaga. Você tem interesse?
- Claro! Quando começo?
- Segunda-feira. Tome, vá até esse endereço hoje
mesmo, e faça a medidas do seu uniforme, é só informar que Dr.
Helió Urach a enviou. Acredito que amanhã à tarde o mesmo já
estará pronto.
Eu olho o cartão:
Alfaiataria Urach
Há 50 anos vestindo profissionais.
Para confeccionar tão rápido o uniforme, e pelo
sobrenome só pode ser um parente dele.
- Obrigada Dr. Hélio pela oportunidade. - ele se levanta e
eu o acompanho.
- Não por isso, por favor quando sair chame a Cris.
Eu acenei e sai do consultório me despedindo de Cris,
subi direto ao sexto andar, assim que vi a porta de vidro e a parede
adesivadas, trazendo a ilusão que entrada fizesse parte de uma
frondosa árvore, eu me encantei. O nome Dr. Vitório García estava
em uma placa colorida em MDF, assim que entro me deparo com
uma recepção linda.
Na recepção uma senhora baixinha, negra com um sorriso
contagiante me recebeu.
- Bem vinda você deve ser Hadassa, prazer sou tia Jô.
Vitório pediu que avisasse quando chegasse, vou só ligar pra ele.
Eu nem tive tempo de responder, logo Vitório saiu pela
porta.
- Vamos? Tenho paciente daqui há 30 minutos. É no final
do corredor.
Nós andamos até a porta que sinaliza as escadas e
saída de emergência. Vitório abriu a porta, pedindo que subisse
mais um andar.
- O elevador só vai até o sexto andar, depois que o
porteiro vai embora a porta principal fica trancada, suas chaves são
apenas da saída de emergência. Mas não há problema em entrar
por lá para ter acesso ao elevador até o sexto andar.
Vitório abre a porta e de cara já amo o espaço, é grande,
arejado, claro os armários da cozinha e paredes precisam de
pintura, mas é maravilhoso. Na verdade não há uma separação
entre cozinha e o resto do ambiente, o único cômodo isolado é o
banheiro.
- O banheiro é o único cômodo que precisa de reforma, de
resto não há nada que uma pintura e uma polida no piso de madeira
não resolvam. E aí gostou?
- Tá brincando? Eu amei. Mas Vitório, não sei se
conseguirei pagar um preço justo por esse espaço. Eu estou no
centro da cidade, em frente a praça Pedro Sanchez, um aluguel
nessa área não é menos de 1000 reais.
- Escute niña, isso está aqui sem uso... Você vai reformá-
lo, e ficará isenta do depósito de três meses. Somos amigos, por
mim não te cobraria nada mas sei que não aceitaria.
- Não mesmo...
- Então eu vou lhe cobrar R$600,00, é isso ou nada feito!
- Vitório isso é metade do preço! Não posso aceitar.
- Então o imóvel não estará disponível. Você é quem
sabe... Eu vou fazer um contrato para que se sinta segura OK?
Eu não estava em posição de recusar ajuda, com meu
dinheiro guardado eu poderia reformar e comprar um fogão e cama
novos, e uma geladeira de segunda mão.
- Fechado! - eu estendo a mão e Vitório me puxa para um
abraço.
- Sabia que não seria uma menina tola...
Saí de lá com espírito renovado, e a vontade de contar a
Mikhail todas minhas conquistas foi enorme... Talvez ficasse feliz por
mim, já que não faz questão que eu fique à seu lado. Respirei
fundo, e tentei jogar fora aquela dor que apertava meu peito toda
vez que pensava nele. Talvez trabalhando em horário integral, e
com a faculdade eu não pensasse tanto nele. Fui direto à alfaiataria,
lá tirei as medidas do meu novo uniforme, caso fosse igual ao de
Cris, seria um vestido justo manga curta de tecido cosmopolitan,
rosa chá na altura do joelho, com um bordado que carregava o
nome do consultório, um pouco acima do seio esquerdo. Além do
vestido também me perguntaram quanto eu calçava, para
providenciarem o sapato preto de salto baixo. Na verdade eu
gostava da ideia do uniforme, provavelmente morando sozinha não
teria dinheiro pra esbanjar com roupas novas.
Resolvi passar no mercado para comprar alguns
ingredientes, queria fazer um jantar em comemoração, e agradecer
a todos meus amigos pela ajuda. Estava um calor imenso, abri a
camisa branca, o problema era que a regata de Renata subia a cada
movimento meu, eu tinha que me virar entre sacolas, telefone e a
bendita regata.
Minha mãe estava no telefone comigo há meia hora, disse
que amanhã mesmo viria dá uma olhada no sótão de Vitório. Eu
estava em falta com ela, então o que me pedisse seria uma ordem.
Ao me despedir quase deixei tudo cair no chão.
- Precisa de ajuda?
Eu olhei para o lado e vi um homem por volta dos trinta
anos moreno, mediano, bonito com um sorriso safado, me
oferecendo ajuda, cheio de segundas intenções. Eu abri a boca para
responder, mas antes que o fizesse, a voz atrás de mim fez meu
coração saltar quase fora do peito e minha boca secar...
- Não! Minha mulher não precisa de nada.
Eu virei lentamente não acreditando em meus ouvidos,
mas era verdade, Mikhail estava ali diante de mim... O jeito como
olhou para meu corpo me fez ficar quente e receosa ao mesmo
tempo, ele nunca tinha me visto assim. Ah Cristo! Como eu amava
aquele homem...
CAPÍTULO XLIII
MIKHAIL VOLKOV
Eram por volta das 11:00, quando minha mãe me ligou
dizendo que Vitório havia deixado o carro de Hadassa na fazenda. A
raiva chegava a pulsar latente em minhas veias, Vitório foi até a
fazenda, e não teve a capacidade de vir até meu consultório me
dizer nada. Minha mãe disse que ele e meu pai tiveram uma breve
discussão, e que viu Vitório voltar para casa na garupa de um jovem
tatuado.
Enzo... Que merda! O garoto já sabia da nossa briga, e
provavelmente já deveria está oferecendo o ombro amigo para
minha mulher. Hadassa deveria ter o mínimo de decoro, uma vez
que ainda era casada, e por mim não deixaria de ser... Garota
impulsiva!
Eu sai batendo a porta de minha sala na clínica, e avisei a
Marisa pra que remarcasse todos os meus compromissos, ela
estranhou minha atitude pois ontem havia pedido o mesmo, após
receber a maldita caixa com o celular de Hadassa. Quando estava
prestes a deixar a clínica, Helena se materializa na minha frente, eu
admirava minha sogra. Era uma mulher forte, generosa e justa.
- Irmã Helena?
- Pastor Mikhail, posso dá uma palavra com o senhor?
Isaac e eu acabamos de vir de um encontro com Hadassa, e preciso
saber qual sua posição diante de tudo que aconteceu.
Helena não era mulher de meias palavras, e sabia que
independente de qualquer coisa ela defenderia sua cria, o que me
deixava mais tranquilo.
- Sim, por favor vamos até minha sala.
Subimos até minha sala, na direção, e Marisa novamente
se espantou.
- Marisa estarei com minha sogra em minha sala, cuide
pra que não sejamos interrompidos, a menos que seja uma
emergência.
- Tudo bem Doutor. Bom dia Helena.
- Bom dia Marisa, mande um beijo em suas meninas e
seus netos.
- Pode deixar.
Entramos na sala e me sentei em uma das poltronas
sinalizando que Helena fizesse o mesmo.
- Sei que está estranhando meu atrevimento em vir aqui,
uma vez que segundo nossa doutrina, uma mulher não deve falar
com um homem sem a presença do marido. Como eu disse, Isaac e
eu acabamos de falar com Hadassa, que está na casa de Vera. -
Helena suspirou parecendo cansada – Mikhail, eu tive uma
conversa com minha filha após a discussão que teve com o pai dela,
Isaac deixou claro que repudia, não só a atitude dela, como a
própria filha, inclusive a proibiu de entrar em nossa casa, o que
óbvio não aceitei.
Eu já imaginava que meu pai iria correndo se queixar de
sua nora à meu sogro, eu só queria ter estado junto a Hadassa
quando aconteceu, pois sei que temia decepcionar os pais.
- Sabe, Hadassa sempre foi diferente de Esther, Hadassa
não teve o mimo do pai, Isaac sempre sonhou em ter um filho
homem. Quando Esther nasceu, ainda que tenha ficado um pouco
desapontado quando descobriu o sexo, permaneceu animado, era
sua estreia como pai, ele se apaixonou por Esther e fez dela sua
princesa. Aos longo dos anos tentamos ter outros filhos, cheguei a
abortar quatro vezes, quando Esther estava com cinco anos,
engravidei de Hadassa, optamos por só saber o sexo no
nascimento. Hadassa já era uma menina agitada, desde o ventre
não parava de chutar, e Isaac sempre dizia que eu esperava um
jogador de futebol, eu sorria mas sempre deixava claro que poderia
ser uma menina.
O parto de Hadassa foi muito complicado, Hadassa veio
ao mundo com sete meses, ficou na incubadora, e por pouco não
sobreviveu, e eu fiquei com sequelas, não poderia ser mãe
novamente. Os médicos diziam que ela não sobreviveria, mas
minha menina desde bebê sempre teve sede de vida, contrariando à
toda junta médica, Hadassa saiu da incubadora, e se desenvolveu
melhor que o esperado para uma criança prematura. E o que eu vi
como milagre, Isaac viu como a chance de ter seu filho varão tão
sonhado, escorrer entre os dedos. Hadassa necessitava de
cuidados especiais por ser prematura, até completar os seus dois
anos, você como pediatra deve saber disso. Esther muito mimada,
dizia ao pai que eu só queria saber da irmã, e Isaac vendo meus
cuidados acreditava na filha. Esther manipulava e manipula o pai até
hoje, sendo minha filha eu não fecho os olhos para os erros dela,
assim como não fecho para os que Hadassa cometeu. Mas, entendo
a omissão em relação à outra vida que levava longe de Águas da
Prata. Hadassa não poderia errar, não quando seria mais um motivo
para sua irmã tripudiar em cima dela, e trazer mais decepção ao pai.
Você deve saber o que é isso Mikhail, uma vez que viveu o mesmo
com Ivan e Vladimir. Sua mãe apesar de 12 anos mais velha,
sempre me teve como confidente.
Aquela afirmação me pegou de surpresa não sabia que
Helena e minha mãe eram tão íntimas.
- Ela também sabia o que se passava em minha casa, e
talvez isso a tenha influenciado na escolha de Hadassa para sua
esposa. Talvez minha amiga tenha tentado punir Esther, não sei...
Hadassa errou ao tomar os contraceptivos sem seu conhecimento,
mas não imaginou que isso implicaria em um divórcio, hoje ela
deixou bem claro que não sabia das cláusulas, você sabia disso?
- Sim, ela mencionou que não havia lido o contrato e
confiado no pai.
- E você não deu sua cópia para que ela lesse?
- Não fiz por mal, foi esquecimento realmente.
- Ou comodismo? Se bem conheço Vladimir, ele não deve
ter sido tão benevolente assim. uma vez que em nosso meio às
mulheres não possuem tanto direito quanto aos homens. Mikhail é
por isso que eu vou lhe pedir um favor, eu quero a cópia do contrato,
preciso saber onde minha filha se meteu. Isaac detém a cópia que
pertence a Hadassa, mas com certeza não me daria. Então por
favor, se puder me ajudar eu agradeceria.
Eu sabia que algumas cláusulas eram absurdas, e
estava pronto para retirá-las, se fosse da vontade de Hadassa. Mas
como na época não houve manifestação de sua parte, eu achei que
havia aceitado as condições.
- Amanhã mesmo pedirei ao office boy para que entregue
as cópias apenas em suas mãos.
- Obrigada, sabia que me entenderia. Agora Mikhail, eu
não tenho idade para ser sua mãe, uma vez que nossa diferença de
idade é de apenas dez anos, mas conhecendo minha filha ouso lhe
dar um conselho. Se não pretende pedir o divórcio, acabe com a
distância entre vocês, Hadassa não é do tipo de mulher que fica
pelos cantos lamentando sua sorte. Hoje mesmo ela disse que já
tinha um aluguel e emprego à vista, e o gosto da liberdade pode
ser... viciante. Se não quer perdê-la não se afaste, quem muito se
ausenta um dia deixa de fazer falta.
Eu remoí mais uma vez o fato de Enzo e Vitório deixarem
o carro dela na fazenda. Mas me contive, não queria despejar em
Helena minha frustração. Eu não poderia expor os reais motivos de
meu afastamento.
- O que Hadassa fez foi muito grave Helena, e eu não a
expulsei, ela saiu por livre e espontânea vontade, e se voltar terá
que ser da mesma forma. Não fui eu quem errei...
Helena se levantou pegando a bolsa contrariada.
sinalizando que iria embora.
- Sabe vocês pregam tanto sobre o amor, mas mesmo
assim põe o orgulho, as convenções acima dele. Apesar de tudo me
orgulho de minha filha, ela erra porque sente demais, mas ainda
assim é resiliente. Errar é humano, ela errou muito, até mesmo eu
estou magoada com ela, mas é como minha mãe dizia "Se errar é
humano, perdoar é divino". Eu gostaria muito que se acertassem,
pois contrariando a lógica ela se apaixonou por você. Quando me
disse que provavelmente você pediria o divórcio, pois logo cederia à
seu pai, eu duvidei mas vejo que ela pode está certa, o que é uma
pena. De qualquer forma desejo sua felicidade, com ou sem minha
filha em sua vida. Que Javé esteja contigo.
Helena me estende a mão e eu correspondo ao seu
cumprimento.
- Contigo esteja Javé irmã Helena.
Logo Helena saiu eu resolvi ir até Hadassa, eu precisava
saber como conseguiu um lugar, e um emprego tão rápido, se saiu
de casa apenas ontem à noite. Eu peguei meu carro indo direto à
Poços de Caldas, chegaria na casa de Vera, e torcia para que não
tivesse ninguém lá além dela, o que seria uma prova uma vez que a
desejava com todo meu tesão. Meu carro estava no sinal eu resolvi
ligar o rastreador de seu aparelho telefônico e para minha surpresa
a localização ficava há trinta metros.
Eu entrei com meu carro no estacionamento de um
supermercado, e logo a vi ao telefone, com uma calça cintura baixa
que marcava todo seu corpo, a blusa vermelha deixava à mostra
parte de sua barriga, Hadassa estava distraída, alheia aos olhares
masculinos e o ciúmes se apossou de mim. Mal havia saído de
casa, e já exibia o que era meu por aí. Eu vi quando um homem se
aproximou, comendo Hadassa com os olhos, exibindo um sorrisinho
sacana no rosto. Foi imediato sair do carro e ir de encontro à eles.
- Precisa de ajuda?
Eu sabia o tipo de ajuda que o desgraçado queria
oferecer. A ideia fez meu sangue ferver.
- Não! Minha mulher não precisa de nada!
Hadassa se virou atônita, provavelmente imaginando o
que eu estava fazendo ali.
- Mi-Mikhail??
Eu olho para suas bolsas e faço uma careta ao ver as
bebidas alcoólicas. Era assim que me amava, já pensando em
festejar com outro.
- Venha Hadassa, meu carro está logo ali, precisamos
conversar.
Eu pego as sacolas e espero que me siga, abro o porta
malas e coloco as compras, enquanto Hadassa entra no carro, pego
a direção e vou direto para a casa de Vera.
- Pelas compras parece que a festa vai ser boa...
Hadassa me olha e aperta os olhos, depois vejo uma
sombra de sorriso brincar em seu rosto.
- Não é uma festa, é um jantar.
Eu aperto o volante, tentando controlar a fúria de imaginá-
la em um jantar romântico.
- É mesmo, e posso saber com quem MINHA ESPOSA
pretende jantar?
- Com Vera, Rê e Vitório, quero agradecê-los por toda
ajuda.
- Que tipo de ajuda lhe deram Hadassa? Porque devolveu o
carro que lhe dei?
Ela bufa antes de responder.
- Vera me abrigou em sua casa, Vitório conseguiu um local
para morar e um emprego no consultório de seu amigo. Quanto ao
carro, eu não tenho direito à nada seu, uma vez que quebrei uma
cláusula que nem sabia que existia, então achei melhor devolver,
não quero que seu pai tenha mais motivos pra falar de mim.
Os amigos de Vitório são na sua maioria tão devassos
quanto ele, e isso não me agrada nada.
- Meu pai não falaria nada, o dinheiro é meu e se quisesse
rasgá-lo em praça pública, ele não tem nada a ver com isso. Qual o
nome dele?
- Dele quem? - Hadassa pergunta confusa.
- Do seu novo patrão.
- Ah Dr. Hélio Urach,, é cirurgião-dentista.
Eu freio bruscamente o carro assim que entro na rua de
Vera, Vitório tinha comido bosta? Hélio é um de seus amigos que
frequentava o Dominu's com ele, Vitório mesmo me dizia que ele
parecia comigo em minha melhor fase, segundo ele.
- Ei! Está louco? Quer nos matar?
- Você não vai trabalhar para aquele pervertido, Hadassa
isso é uma ordem!
Hadassa simplesmente sorri em desdém, ela retira a chave
do carro, em seguida destrava a porta e salta do carto. Eu saio atrás
dela, enquanto ela vai até o porta malas e começa a pegar as
sacolas, em seguida joga as chaves pra mim.
- Obrigada pela carona!
A garota sai andando com a calça justa, em direção a casa
de Vera, eu a sigo à passos largos atrás dela.
- Hadassa! Hadassa!
Ela empurra o portão de ferro e entra na varanda. Eu a
alcanço antes que entre e me deixe do lado de fora.
- Mikhail se foi pra isso que veio, acho melhor dá a volta e
voltar para Águas da Prata.
- Hadassa aquele homem é um pervertido, ele frequenta o
Dominu's , é um galinha com certeza vai assedia-la.
- É mesmo? Pois não me pareceu nem um pouco, me tratou
com respeito, foi formal. Sua antiga recepcionista / secretária só
teve elogios sobre ele, e só vai sair de lá porque está prestes a se
casar, e vai se mudar para outra cidade. Você está se ouvindo?
Você mesmo cansou de frequentar aquele lugar, e nem por isso
assediava toda mulher que via. E outra coisa você não tem mais
nenhum poder de decidir algo sobre mim, à menos que tenha vindo
me levar de volta.
Hadassa estava linda os cabelos assanhandos, o rosto
corado pela exaltação do momento. O desejo veio feroz, então não
resisti, me aproximei sentido o hálito de camomila, seu chá
preferido. O perfume de erva-doce que emanavam de seu cabelo,
meu corpo tinha fome de Hadassa.
- Eu não quero outro homem próximo à você.
Sem lhe dá chance de negar minha aproximação, minha
boca cobriu a sua que correspondeu a minha investida
imediatamente. Nós dois gememos com o encontro de nossas
línguas, sentir o corpo pequeno pressionado ao meu, me deixou
louco me fazendo, tirar a camisa branca transparente de seu corpo.
Imediatamente meus beijos desceram por seu pescoço chegando
ao colo, afastei o decote expondo o seio esquerdo, que pedia para
ser sugado e Hadassa gemeu alto quando o abocanhei. Ah que
delícia era o gosto de sua pele, o gosto que só pertenceria à mim e
ninguém mais.
-Mikhail... Mikhail... - Hadassa empurrou de leve meu corpo
e entendi que queria que parasse um pouco.
- Porque veio aqui? - ela perguntou ofegante o bico do seio
ainda exposto, vermelho pontudo com minha saliva o fazendo
brilhar, os olhos nublados de desejo.
-Veio me buscar? Por que veio?
Por mais que quisesse terminar o que começamos, e a
quisesse de volta eu precisava agir de maneira cautelosa.
- Eu vim... Porque queria que ficasse com o carro.
A decepção e mágoa no rosto de Hadassa eram nítidos.
Hadassa se recompôs imediatamente, aparentando indiferença.
- Pois não o quero, e quanto a minha vida pessoal, não
quero que sua intromissão, eu sei me virar sozinha. Se era só isso
pode ir.
- Lyubov...
No momento que a chamei assim eu vi seus olhos
inundarem, com o pranto que sabia que ela não derramaria em
minha frente.
- Saia! Agora!
Eu não tinha alternativas, era isso ou deixá-la a mercê de
um louco, psicopata. Sem mais eu virei as costas e bati a porta,
odiando a situação em que me encontrava.
CAPÍTULO XLIV
HADASSA MENDONÇA

- AAAAAAHHHH! BURRA!
Como eu pude acreditar que ele me pediria pra voltar...
Era óbvio que ainda estava muito magoado comigo, e com certeza
Vladimir já estava se encarregando de envenena-lo. O toque dele
parecia ainda brasa sobre minha pele, o beijo erótico, eu o desejava
desesperadamente mas não podia permitir que o que tivemos se
resumisse apenas em sexo, e eu não queria uma transa de
despedida. Optei por colocar a cabeça no lugar, hoje não iria à
faculdade, apenas faria o jantar em agradecimento aos meus
amigos e seguiria com minha vida.
2 meses depois
Eu já havia feito minha mudança há 1 mês para o meu
sótão, e estava amando a sensação de independência, eu ainda
sentia uma falta absurda de Mikhail. Mas ele já tinha seguido em
frente, só me restava fazer o mesmo. O sótão ficou magnífico, com
apenas pintura nas paredes e armários, e novos mobiliários. Minha
mãe quando veio visitar, amou o lugar e me deu de presente todos
eletrodomésticos e eletrônicos. Eu não quis aceitar, mas ela disse
que ainda estava muito magoada comigo, por ter preferido Vera, e
que filha dela não ia depender de ninguém. Bom, não teve como
recusar, com o que sobrou comprei a cama, sofá e uma poltrona,
uma mesa com 4 banquetas, além de trocado a pia da cozinha. O
espaço contava com um closet que dava no banheiro, então não
precisei comprar um guarda roupas.
Eu já havia passado do período de experiência de um
mês, Cris já havia partido e eu assumira o seu lugar. Eu gostava da
rotina que havia criado em minha vida, acordando cedo e indo
trabalhar no mesmo prédio, assim que acabava o expediente subia
para o sótão, tomava um banho e partia para faculdade. Hélio era
um bom patrão, às vezes um pouco grosso e impaciente, o que nos
levou a discutir algumas vezes, mas ainda assim um bom patrão. O
bom da nova rotina era que eu ficava extremamente cansada, e
quando chegava em casa eu praticamente desmaiava na cama, e
nos finais de semana estudava a matéria da semana. Tudo isso era
uma boa fuga para pensamentos e sentimentos indesejados.
Da última vez que vi Mikhail, após o jantar Vitório me
confidenciou, que ao devolver o carro teve uma pequena discussão
com Vladimir, e o que me disse fez meu coração doer um pouco
mais... Vladimir dava como certo, que em breve Mikhail entraria com
o pedido de divórcio, e já tinha em vista uma nova pretendente para
ele. Na hora eu senti um peso no peito, mas com o passar do
tempo, imaginei ser apenas algo que ele tenha dito para me ferir.
Entretanto na semana passada, quando minha mãe veio me visitar
eu a senti inquieta, e de pronto notei que tinha algo errado.
- Anda mãe fala logo! Eu te conheço muito bem, tem
alguma coisa acontecendo. É com papai? Ou Esther? Por Javé é
com você?
- Não é nada disso filha, fique calma por favor. Escute
pode ser só fofoca, mas são os comentários que estão falando em
toda CFJ.
- Sobre mim?
- Não filha, Mikhail proibiu qualquer um de tocar em seu
nome.
. Pelo visto ele realmente havia se magoado comigo, não
queria nem ouvir meu nome como se nunca tivesse existido em sua
vida. Eu ignorei a dor do que aquilo me causou e tentei focar no que
minha mãe me dizia.
- Então qual é o comentário da vez?
- Estão dizendo que o Reverendo e o Pastor
Presidente da Solo Fértil, estão acertando um possível casamento
entre Mikhail e Izabel.
Minhas mãos de imediato soltaram os talheres no
prato, um arrepio frio se apossou de meu corpo, e comecei a tremer
conforme meus olhos enchiam-se de lágrimas. Ele não faria isso...
- Hadassa! Filha, bebe um pouco d’água. Meu Deus você
parece está em choque.
Com as mãos tremendo eu segurei o copo e bebi toda
água. Não podia ser...
- Mas nós ainda somos casados! Ele não pode namorar,
noivar, muito menos casar.
- Escute, isso pode ser apenas fofoca, porque ela tem
ido aos cultos. De qualquer forma se quisesse algo com ela, teria
pedido o divórcio.
- Pode ser mãe...
Eu não sabia se a informação era correta, mas não
poderia me iludir, se a garota estava frequentando a CFJ, com
certeza havia alguma esperança em relação a Mikhail.
(...)
Era sexta feira 22:00, eu estranhei quando ouvi a
campainha tocar, provavelmente o porteiro deixou Hélio subir. Ele
havia me convidado para um jantar, em comemoração pelo meu
primeiro mês sozinha no consultório. Eu resolvi aceitar, uma vez que
não notei segundas intenções em seu pedido, minha vida estava
cada vez mais agitada e eu precisava espairecer.
Eu havia escolhido um vestido branco, justo, com recorte
nas laterais, era simples e elegante. Eu estava maquiada
levemente.
Assim que abri a porta, a impressão que tive foi que
meu coração havia se hospedado em minha garganta.
- Mikhail?
Mikhail me olhava dos pés à cabeça, parecia sério,
zangado até.
- Posso entar?
- Po-pode.
Mikhail olhava para cada detalhe do lugar e da decoração,
e um sorriso amargo aparece em seus lábios.
- Hadassa eu vim até aqui para fazer uma pergunta, e
espero que não seja verdade o que me contaram. – Mikhail me
olhava de forma dura, segurava a bengala com tanta força, que os
nós de seus dedos estavam brancos. - Chegou até meu
conhecimento, que hoje você iria se encontrar com outro homem,
esquecendo-se que ainda segue casada comigo.
- Co-Como sabe?
- Então é verdade, desde que se foi, eu sei tudo sobre
você Lyubov.
O toque em meu rosto me deixou de pernas bambas...
- Vá embora Mikhail, por favor estou esperando outra
pessoa, não temos mais nada o que fal...
Eu não consegui terminar a frase, logo sua língua
tocava a minha e eu gemi com o contato íntimo. Eu poderia me
arrepender mas por hora eu segui os desejos do meu coração e me
entreguei a Mikhail...
CAPÍTULO XLV
MIKHAIL VOLKOV

Já haviam se passado dois meses desde que fiquei cara a


cara com Hadassa, eu sempre a via por fotos, e tinha notícias dela
através dos seguranças que havia contratado. Eu não poderia correr
o risco de ser pego me aproximando dela, quanto mais o
perseguidor acreditasse em meu desinteresse por minha esposa,
mais fora de perigo ela ficaria, e isso pra mim já trazia um alívio
imenso.
O dia em que saí da casa de Vera a deixando acreditar
que não a queria de volta, foi quase como uma tortura, a vontade de
voltar e tomá-la pra mim era enorme, mas não podia agir sem
racionalidade. Então saí e fui direto ao consultório de Vitório, ele no
mínimo me devia umas explicações. Eu entrei e logo cumprimentei
Jô, Vitório estava se despedindo de um de seus pacientes.
- Posso falar com você?
Vitório estranhou meu modo fri, mas me encarou de igual
pra igual.
- Claro meu próximo paciente é daqui há 20 minutos, e
ainda não chegou.
Nós entramos e nos sentamos, o clima era o mais frio
possível, nem parecíamos os velhos amigos de antes.
- Então... Eu já imagino o motivo dessa visita.
- Imagina porque sabe que agiu de maneira leviana
comigo, me tratando como um simples colega. indo até minha casa
deixando o carro de minha esposa lá sem um telefonema, nada.
Você sabia que eu estava no consultório, e fez questão de ir até lá
para evitar nosso encontro. Por quê Vitório?
- Porque discutiríamos, e você não iria aceitar o carro de
volta. Hadassa estava decidida, ela não queria nada de vocês e não
a julgo por isso. E pelo o que seu pai me disse, eu achei que ela
agiu certo em devolver.
- Você nunca deu ouvidos as besteiras do meu pai, porque
agora foi diferente.
- Porque estou vendo você abrir mão da mulher que ama
por causa dele. E não tente negar, porque está na cara que você
ama Hadassa.
- E mesmo assim você ajudou ela a se manter longe de
mim, já arrumou um emprego para ela, até mesmo uma casa
alugou. Eu devo realmente me sentir grato pela sua amizade.
- Deixa de ser um idiota egoísta Mikhail! - Vitório eleva o
tom de voz como nunca fez anteriormente, me surpreendendo com
sua atitude. -A garota perdeu o respeito da família, está sendo
hostilizada por todos, incluindo você, ela precisa no mínimo ter em
quê se apegar, caso ao contrário irá desabar. E você o que fez pra
ajudá-la?
- O único idiota aqui é você, se acha que estou abrindo
mão de Hadassa por causa de Vladimir. Hadassa se meteu em toda
essa confusão, porque um maldito perseguidor invadiu sua vida e a
jogou no ventilador. Hoje mesmo em Águas da Prata, haviam folhas
de papel espalhadas, denegrindo a imagem dela. Me diz como ela
pode voltar pra casa? Se esse maluco imaginar que nos separamos,
talvez a deixe em paz, e é isso que quero até descobrir de quem se
trata, porque se não sabe ele a ameaçou de morte. O egoísta aqui,
está abrindo mão da felicidade pelo bem estar dela e só por isso.
- Eu não sabia que havia chegado à tanto. Quem
ganharia com a difamação dela?
- O problema não é difama-la, e sim me atingir fazendo
Hadassa sofrer. Eu estava conformado com a vida Vitório, você
melhor que ninguém sabe disso, Hadassa foi a luz para meu mundo,
e machucá-la é pior do que machucar a mim.
- Olha Mika, eu não sei como te ajudar, mas Hadassa
precisa ter em que se apegar. Hélio havia me dito que sua
recepcionista estava pra sair, que iria colocar um anúncio para
contratar uma nova. Dois dias depois Hadassa apareceu precisando
de emprego, e eu a indiquei, quanto ao sótão, eu achei que seria
melhor ela está a vista de pessoas conhecidas. Imaginou Hadassa
morando em um local sozinha, onde até mesmo seu senhorio ou
vizinhos poderia assedia-la.
- E você acha que não é isso que Hélio fará?
- Não. Hélio é profissional, sabe separar as coisas, se ele
se interessar por ela não será no ambiente de trabalho que tornará
isso explícito. - Vitório se recosta na cadeira e me estuda, sei que
quer perguntar algo. -Há uma coisa que quero saber. Seu pai disse
que você entrará com um pedido de divórcio, que logo encontraria
uma noiva para você. Você não vai acatar um absurdo desses não
é?
Meu pai só podia está ficando senil, só isso justifica suas
falas.
- Claro que não Vitório, por mim Vladimir pode falar o que
quiser, repito que se me afasto é pelo bem dela, somente por isso.

- Sendo assim eu fico mais tranquilo, em saber que meu


amigo não virou um completo babaca, só meio... - ele sorri
cinicamente.

- Já eu sempre tive certeza que você é um


grandessíssimo idiota. - ele sorri voltando a ser o Vitório de sempre -
Vitório há mais uma coisa, não quero seu sobrinho ou qualquer
outro homem sondando Hadassa, ela é minha mulher e no que
depender de mim nunca deixará de ser.
Depois dessa nossa conversa eu e Vitório mantínhamos
contato, e sempre o assunto era Hadassa. Meu pai me pressionava
para entrar com o pedido de divórcio, e eu o ignorava, eu sabia
quais eram suas intenções, e as visitas constantes de Izabel aos
cultos deixava claro isso. Izabel era nova, apenas dois anos mais
velha que Hadassa, era uma moça delicada, bonita e passiva, nada
que se assemelhava ao furacão que minha mulher era. Eu era
educado com Izabel e se pai, mas sempre deixei claro ser um
homem casado, e a aliança não havia deixado meu anelar. Meu pai
não gostava como cortava qualquer interação com a menina e sua
família, mas eu estava prestes a completar 39 anos, e não cederia
aos caprichos de Vladimir. Eu havia contado a Vitório sobre as
tentativas frustradas de meu pai, e ele me disse que por enquanto
Hadassa não sabia de nada, o que me aliviava, eu tinha receio por
sua reação quando descobrisse essa história. Hadassa entenderia
tudo errado, e eu poderia perdê-la de vez.
Eram 20:30 quando vi no identificador de meu iPhone o
nome de Vitório piscar na tela.
- Mika?
- Oi Vitório, algum problema?
- Pra você acho que sim...
Eu imediatamente empertiguei o corpo, sabendo que só
poderia ser algo relacionado a Hadassa.
- Desembucha!
- Hélio convidou Hadassa para sair, ele pretende levá-la
em um bar/restaurante, em comemoração à um mês de sua
efetivação e ela aceitou. Como não é um ambiente profissional se
ele estiver interessado, você sabe...
- Sukin syn! (1)
- Pra ter sido em russo, deve ter sido um palavrão
daqueles...
- Ligue para seu amigo, e o mande ficar longe de
Hadassa.
- Mika não posso fazer isso... Hélio não me disse ter
segundas intenções com Hadassa. Quais seriam minhas
justificativas? Bom, já fiz minha parte agora é com você.
Eu não pensei duas vezes em tomar um banho, trocar de
roupa e ir até Hadassa, ela teria quer dizer em minha cara, como
aceitou o convite de outro homem. Cheguei um pouco antes do
porteiro fechar a entrada principal, me identifiquei como marido de
Hadassa e ele me autorizou a subir. Assim que Hadassa abriu a
porta eu pude notar seu espanto.
- Mikhail?
Eu olhei cada detalhe dela, matando a saudade de tê-la
às vistas novamente. Hadassa estava linda, ainda mais mulher, e
saber que toda aquela produção era pra está com outro homem me
fez arder em ciúmes .
- Posso entrar?
- Po-pode.
Eu entrei e observei cada detalhe do lugar, Vitório tinha
razão, era um bom lugar para ela ficar. Não melhor que ao meu
lado, mas ainda assim um bom lugar. Será que ela já trouxe Hélio
aqui? Eu preciso ser objetivo ou vou enlouquecer.
- Hadassa eu vim até aqui para fazer uma pergunta, e
espero que não seja verdade o que me contaram. Chegou até meu
conhecimento que hoje você iria se encontrar com outro homem,
esquecendo-se que ainda segue casada comigo.
- Co-Como sabe?
- Então é verdade, desde que se foi, eu sei tudo sobre
você Lyubov.
Eu me aproximei e toquei seu rosto, sentindo a textura de
sua pele que tanto me fazia falta.
- Vá embora Mikhail, por favor estou esperando outra
pessoa, não temos mais nada o que fal...
O cheiro do corpo, o hálito, a voz que apesar dela se
esforçar para que saísse imponente, saiu totalmente fraca, sem
nenhuma convicção em me afastar. Aquilo foi o dispositivo pra que a
agarrasse com uma fome feroz. Eu não devia, mas não conseguia,
era fraco demais diante de minha necessidade por ela, nós
gemíamos nos beijando, matando a saudade. Minhas mãos foram
imediatamente para o zíper na parte traseira de seu vestido, o
fazendo cair, a deixando apenas de calcinha, enquanto Hadassa já
se livrava de minha polo. Mas eu não queria rápido assim, eu
precisava puni-la por sua ousadia em sair acompanhada de outro
homem.
O telefone dela começou a vibrar na mesa, nos
despertando para a realidade.
- Atenda e desmarque. - eu disse ofegante virando seu
corpo, encostando sua bunda linda em minha ereção - Obedeça
criança! Desmarque. - minha mão foi para dentro da pequena
calcinha que já estava completamente molhada, o que me fez
grunhir como um animal no cio.
Hadassa pegou o telefone trêmula, enquanto como forma
de provocação, eu estimulava seu botãozinho melado que eu
adorava chupar.
- A-Alô... - eu sorri enquanto mordicava seu lóbulo, minha
menina pareceu respirar fundo em busca de controle. - Que pena...
Tudo bem, e-eu entendo. Até amanhã Doutor.
Eu gostei como se manteve profissional, e parecia que
tudo estava a meu favor.
- Onde ficam suas roupas?
Ela tentou se virar mas a mantive presa na mesma
posição.
- No closet...
- Ande devagar até lá, estarei atrás de você, não se
vire.
Eu retirei os dedos de sua boceta, e os chupei vibrando
com seu gosto em minha língua. Hadassa se arrepiou com o som
que fiz ao suga-los. Essa sensibilidade, esse tesão que ela tinha à
flor da pele me deixava louco. Ela abriu a porta entrando no closet,
eu a segui, logo a vista eu vi o que precisava, duas echarpes e um
cinto fino. Segurando em seus ombros, fiz com que sua visão se
voltasse pra fora do closet, enquanto pegava a primeira echarpe.
- Eu vou venda-la criança, e quero que se comporte, só
faça o que eu mandar. Está entendendo? - Hadassa confirmou com
a cabeça, totalmente inerte ao prazer que nos envolvia. - Você e
essa sua bocetinha apertada, vão aprender de uma vez por todas a
quem vocês pertencem.
Segurando o cinto e a outra echarpe na mão, a guiei
até a coluna onde havia uma mão francesa que sustentava um vaso
de planta. Retirei a planta com cuidado a colocando sobre a pia, e
voltei para próximo dela, que tentava identificar através dos sons o
que eu fazia.
- Ponha suas mãos pra frente. - Ela fez o que pedi e eu
amarrei de forma firme seus pulsos, deixando uma grande sobra de
tecido - Levante as duas mãos acima da cabeça. - Hadassa o fez,
deixando os seios empinados me fazendo salivar. - Boa menina... -
Eu amarrei a echarpe direto na mão francesa e assim que acabei
virei seu corpo, a fazendo ficar de costas pra mim, a visão fez meu
pau pulsar. Hadassa vendada e amarrada apenas com uma calcinha
fio dental. Os cabelos mais longos, com alguns fios mais claros,
obviamente obra de Vera, a deixavam mais mulher. Eu me livrei de
meus sapatos, em seguida de minhas calças e cueca. Meu pau
saltou livre, extremamente duro e pesado, com a cabeça
completamente babada de líquido pré ejaculatório, doendo de tesão.
Não querendo prolongar meu sofrimento, fui até a geladeira e joguei
dentro de um copo três pedras de gelo.
- Mikhail o que vai fazer?
Eu me aproximei como um felino, para que não notasse
meus passos, e falei baixinho em seu ouvido.
- Eu vou te punir criança, e você vai gostar, vai implorar
por mais.
Coloquei o copo na mesinha próxima ao sofá, que ficava
atrás de mim, e peguei o cinto fino de cor azul.
- Lyubov se não quiser mais, me diga e eu paro.
- T-tudo bem...
Sua voz ofegante detonava o quanto aquilo a
consumia. Eu passei o cinto de leve em sua nuca, e fui descendo
fazendo o trajeto de toda sua espinha, sem que ela pudesse
esperar, eu bati com o cinto de forma contida em sua nádega
esquerda, a fazendo soltar um gritinho e pular.
- Essa é por aceitar trabalhar com aquele desgraçado. -
falei baixo mas firme, em seguida repeti o mesmo na nádega direita
- Essa é por aceitar esse convite ridículo, e as próximas são pra
entender que você é minha, não importa se estamos ou não debaixo
do mesmo teto. - Puxei seu cabelo falando em seu ouvido - Ouviu
Lyubov? Você é minha, assim como sou seu. - Segurando em sua
garganta, virei seu rosto para o lado e a beijei com todo amor e
paixão que tinha por ela, me apartando em seguida para continuar o
que fazia. Abaixei sua calcinha vendo um fio de sua lubrificação
transparente escorrer, ela estava gostando, eu sabia que gostaria,
Hadassa fora feita pra mim.
Assim que deixei sua bunda vermelhinha após a
pequena surra de cinto, e vi a bocetinha completamente melada,
peguei o copo de gelo, e levei um deles à boca. Me ajoelhei abrindo
mais as pernas de Hadassa, tendo a visão privilegiada de seu
cuzinho e de sua boceta. Sua pele estava quente por conta dos
golpes leves de cinto, então quando meus lábios e língua gelados
tocaram a pele, a senti tremer enquanto gemia. Espalhei todo
gelado sobre a pele quente, eu sabia que o choque térmico a
deixaria mais sensível, com outra pedra de gelo na boca, sem que
ela pudesse esperar abocanhei sua boceta. Hadassa imediatamente
gemeu alto.
- Aaahhh! Nossa...
Eu delirei com a sensação de ter sua boceta melada
novamente em minha boca, de chupar o grelinho saliente que tanto
gostava. Hadassa já tremia e estava próxima a gozar, mas não era
em minha boca que gozaria, pelo menos não agora. Imediatamente
me levantei e cuspi o gelo, rindo de seu grunhido de frustração, a
virei de frente pra mim a erguendo pelos quadris - Enrole suas
pernas em mim. - prontamente me obedeceu, então a penetrei em
uma estocada firme e forte, fazendo nós dois urrarmos pelo tesão
visceral que pulsava em nós. Encostei minha testa na dela, me
controlando para não acabar com tudo antes do tempo, com uma
das mãos desatei o nó de sua venda - Diz que é minha Hadassa,
não importa o que acontecer, não haverá outro homem. - seus olhos
focaram os meus, e foi como se o tempo não tivesse passado, que
ainda fôssemos os mesmos.
- Sempre foi você Mikhail, sempre será.
A beijei com paixão, e ela correspondeu com o mesmo
sentimento, enquanto eu arremetia vigorosamente contra aquela
boceta quente e apertada.
- Porra criança nunca antes foi assim... Essa bocetinha
foi feita pra mim...
Hadassa contraía em volta do meu pau, eu sabia que
gozaria, seus olhos fechando pesados de tesão.
- Olha pra mim porra! Quero que olhe nos meus olhos
quando gozar.
Hadassa os abriu, eu pude ver mais uma vez minha
mulher se desmanchando de tesão, com aqueles olhos verdes
turvos do nosso prazer, enquanto também me esvaia dentro dela.
Logo nossos corpos se recuperaram dos espasmos, eu liberei suas
mãos e a conduzi em meu colo até sua cama. Hadassa sorriu pra
mim como uma menina feliz, e disse bem baixinho enquanto
fechava seus olhos.
- Senti sua falta...
- Eu também Lyubov...
(1) Filho da puta
CAPÍTULO XLVI
HADASSA MENDONÇA
- Isso criança, assim... Rebola essa bocetinha gostosa no
meu pau.
Mikhail diz enquanto dá um tapa estalado em minha bunda,
e segura minha garganta, me obrigando a olhar em seus olhos que
estão em tom azul escuro de tanto desejo. Meu corpo suado
ofegante se movimenta buscando mais de nosso prazer, aquilo era
tão gostoso.
- Caralho eu vou te encher de porra. Oooohhh!!!
- Mikhail! AAAHHHH!
- HADASSA! HADASSA!
- O-Oi Doutor desculpe, eu me distraí.
Que merda! Será que ele percebeu que eu estava
lembrando da minha última transa da madrugada. Já eram 10:00, eu
desci no meu horário normal para trabalhar, tentei fazer o mínimo de
barulho para não acordar Mikhail, deixei um bilhete para que
tomasse café, e fui trabalhar. Dr. Hélio estava altamente estressado,
e super grosso comigo, parece até que fui eu quem desmarcou o
nosso jantar.
- Você não é paga pra ficar suspirando pelos cantos
Hadassa, o interfone está tocando, é da portaria, por favor atenda.
O próximo cliente é só daqui à meia hora, mas pode ser algum
material chegando.
- Sim, senhor.
Eu digo de forma irônica, e Hélio entra em sua sala
batendo a porta. Eu atendo o interfone e é seu Onofre quem me dá
o recado, de um homem me esperando no hall com um envelope.
Eu estranho, pois não fiz encomenda nenhuma. Então desço no
elevador até o térreo, assim que chego no Hall de entrada do prédio,
vejo um senhor que me parece conhecido.
- Bom dia Hadassa, sou Dr. Saulo, advogado da família
Volkov. Eu vim deixar os documentos para que assine os papéis do
divórcio. – O soco que parecei ir direto no peito, me deixou sem ar.
O que aquele homem dizia não fazia sentido. Mikhail estava agora
mesmo em minha cama dormindo, ou tomando café. Será que foi
por isso que veio ontem aqui? Pra me contar que já havia dado
entrada no divórcio. - Podemos conversar em um local reservado?
- Cla- claro... Seu Onofre posso usar a ante sala?
- Pode menina fique à vontade.
Assim que ultrapassamos a porta, me sentei não confiando
muito em minhas pernas. Dr. Saulo retirou de um envelope de papel
pardo, uma quantidade razoável de papéis.
- Os Volkovs foram muito generosos, apesar da sua quebra
de contrato pré nupcial, eles deixaram uma excelente casa pra você,
já mobiliada, aqui em Poços de Caldas, o carro que você já fazia
uso, e uma pensão de 5.000,00 até se casar novamente. Estes são
os papéis, se quiser lê-los com calma e depois assiná-los tudo bem.
A parte referente aos benefícios, fica em um contrato separado, com
a condição de não aproximação da família Volkov.
Eu estava em um pesadelo certo? Aquilo não podia está
acontecendo! Por Javé! O casamento com Izabel...
- Então há dois documentos?
- Sim... Um com o divórcio, e o outro diz que caso aceite
os benefícios que seu ex-marido deixou, se comprometerá a se
manter distante da família Volkov, e de sua nova esposa.
Eu respirei fundo, tentando digerir o bolo em minha
garganta, pisquei várias vezes, pra que não fizesse o papelão de
chorar na frente do advogado.
- Eu vou ler com calma, e mando hoje mesmo ao
interessado, o documento estará assinado em suas mãos antes
mesmo que imagine, agora se o senhor me der licença preciso
voltar ao meu trabalho. - disse já me levantando, e oferecendo uma
de minhas mãos para cumprimentá-lo.
- Claro Hadassa. Um bom dia.
Eu sai da antessala indo até seu Onofre.
- Seu Onofre., o senhor teria uma caneta à mãos?
-Tome minha filha.
- Obrigada!
. Eu li rapidamente os papéis com o pedido de divórcio, os
assinei, e coloquei dentro do embrulho de papel pardo, deixando do
lado de fora, apenas o contrato onde me comprometia à me afastar
daquela maldita família.
- Obrigada!
Eu peguei o elevador direto para o sexto andar, subi às
escadas até o sótão com o coração acelerado, e ódio correndo nas
veias. Eu abri a porta com brusquidão, Mikhail estava calçando os
sapatos prestes a ir embora. Quando me vê imediatamente se
levanta.
- Hadassa? Aconteceu alguma...
Eu não deixei que completasse a frase, dando um sonoro
tapa em seu rosto.
- Como você pôde seu desgraçado? Por Javé ontem...
Ontem nós...
Eu não aguentei e comecei a socá-lo em meio as lágrimas.
- Ei! O que houve? Eu não estou entendendo.
Me afastei cambaleando cansada, esgotada de toda aquela
droga.
- Você não está entendendo? Aqui, esse são os papéis do
nosso divórcio, que VOCÊ deu entrada. Pode ficar tranquilo, já
estão devidamente assinados. E esses são os papéis onde você me
oferece dinheiro, para me afastar de você, de sua família, e de sua
nova esposa. - Mikhail me olha horrorizado, pega os papéis do
suborno e começa o ler. - Você achou o quê? Que eu iria agir como
uma louca, ficar atrás de você e de sua nova esposa, que vai te dá
os seus tão sonhados filhos. Eu não quero nada Mikhail! Eu estava
aqui na minha, me refazendo de tudo, foi você quem veio aqui.
- Isso... Hadassa meu pai...
- Seu pai? É sempre seu pai não é? O que é Mikhail, só é
homem pra me foder? Você tem quase quarenta anos porra! Diz pro
seu papai, que eu não preciso de suborno pra me manter longe do
filhinho dele. Você só me fez mal! Eu tive a porra de um perseguidor,
minha família me odeia, e a congregação me vê como a nova
Jezebel. Tudo isso por um casamento que EU NÃO QUIS! E você
com seu ego ferido me forçou.
- Você está sendo injusta!
- Eu? O que você perdeu nisso tudo Mikhail me diz?
- VOCÊ! Eu fiquei sem você.
- Mas não teve dificuldade em encontrar uma substituta. Vai
embora Mikhail, por favor... Os papéis já estão assinados, eu
preciso trabalhar.
- Hadassa eu não...
- Eu não quero saber, se você não vai, eu vou, estou ainda
em horário de trabalho, quando sair bata a porta.
Eu dei as costas, tentando limpar o rosto, fazendo um
coque frouxo com meu próprio cabelo. Eu entrei no consultório
dando de cara com Dr. Hélio.
- Hadassa onde estava, a Sra Cléo chegou, e não tinha
ninguém na recepção.
- Me-me desculpe.
- Depois conversamos.
Era sábado, o expediente acabou às 12:00, e eu levei uma
bronca daquelas, mas quando me expliquei que era a respeito do
divórcio, Hélio suavizou um pouco. Quando cheguei em casa Mikhail
não estava, apenas seu cheiro havia ficado pra me atormentar ainda
mais. Naquele momento eu só precisava de colo, então peguei o
telefone e liguei pra única pessoa que sempre me amou, e me
amaria incondicionalmente.
- Mãe? Eu preciso de você, pode vir aqui em casa.
2 meses depois

POSITIVO
Eu olhava a pequena caixa e agora?
CAPÍTULO XLVII
MIKHAIL VOLKOV
Eu saí da casa de Hadassa sentindo meu corpo ferver, eu
me recusava a acreditar que meu pai havia feito aquilo. Vladimir
passou de todos os limites. Eu peguei meu carro indo direto para
fazenda, estacionei o carro em frente a casa principal, pegando os
papéis no banco passageiro. Minha mãe notando o meu estado,
veio de encontro a mim.
- Mikhail o que houve?
- Onde está seu marido?
- Está na biblioteca com Joa...
Eu não deixei que terminasse a fras, indo em direção ao
meu intento. Assim que abri a porta de forma truculenta, meu pai e
Joaquim se levantaram de seus respectivos assentos assustados.
- O que é isso Mikhail?
- O que é isso sou eu quem pergunto. - Digo jogando os
papéis em cima dele - Como você teve coragem de falsificar minha
assinatura para dá entrada no pedido de divórcio? Você está louco?
Você passou todos os limites Vladimir.
- Me respeite eu sou seu pai! E tudo que fiz foi pro seu
bem.
- Pro meu bem? Isso foi apenas para seu jogo de interesse,
queria livrar o seu sobrenome das fofocas em relação à Hadassa.
Se fosse pro meu bem, você deveria ter ficado ao meu lado e não a
expulsado daqui, quando sabia que eu a amo.
- Ora Mikhail, faz me rir, você também não a impediu. E a
assinatura não é falsa, foi você quem assinou.
- Você provavelmente me ludibriou pra que eu assinasse
esse pedido. Por Javé, você é pior do que eu pensava. E quanto a
deixar Hadassa partir, eu tive meus motivos, e acredite fiz tudo
pensando nela, apenas nela. Você não tinha esse direito, isso tudo
já foi longe demais, EU fui passivo demais, acreditando que poderia
me redimir pelo que aconteceu com Ivan. Mas nada é bom o
suficiente pra você, você simplesmente aceitou meu casamento com
Elza, porque sabia que eu era infeliz e quis me punir. Você não
suportou me ver feliz com Hadassa, e talvez você seja o maldito
perseguidor.
O IP de onde meu pai recebeu o e-mail, pertencia a um
computador do IEC, e infelizmente a única pessoa que sempre
demonstrou antipatia gratuita por Hadassa foi ele.
- Do que está falando filho? Eu nunca desejaria sua
infelicidade. Não faço ideia do que está falando, que perseguidor é
esse?
- Não interessa mais. A partir de hoje eu não faço parte da
CFJ, não moro mais nessa fazenda, permanecerei na sociedade da
clínica, porque por mais que você tenha entrado com capital, aquele
lugar tem dez anos de trabalho meu ali.
- Vo-você não pode fazer isso, você é um pastor. Não pode
renunciar a Javé.
- Não é a Ele que estou renunciando, e sim a essa sua
influência tóxica sobre minha vida. E pode deixar claro a Izabel que
eu não estou disponível, EU sou um homem casado. Esses papéis
não me dizem nada.
Eu digo retirando os papéis que Hadassa assinou do
envelope e os jogo na lareira .
- Só há uma senhora Volkov, e ela é Hadassa, você goste
ou não.
- Filho, por favor você está com a cabeça quente, não
precisa sair da fazenda.
Minha mãe me pede já aos prantos. Eu me compadeço de
sua dor, mas minha decisão está tomada, meu pai precisava de um
choque de realidade, e eu retomar minha vida.
- Mãe eu vou continuar na cidade, mas eu vou procurar
uma casa nova, e a senhora pode me visitar a qualquer momento.
Mas por hora é disso que preciso, pra me sentir livre de tanta
opressão, eu não quero viver como Ivan viveu. Faço isso por mim e
em memória dele.
-Mikhail se você sair por essa porta eu o deserdo.
- Faça bom aproveito Vladimir, construiu um império e não
tem filhos para deixar um legado.
Eu saio batendo a porta indo até minha casa decidido a me
mudar o quanto antes.

Dois meses e uma semana depois

Levou cerca de um mês e meio, para que comprasse a


minha casa nova, a propriedade era um pequeno sítio que ficava à 2
km da fazenda. A casa era um espetáculo à parte, e todas as áreas
que passaram por melhorias, foram feitas exclusivamente pensando
em Hadassa. Ontem fiz minha mudança definitiva, e espero que isso
conte para que Hadassa realmente entenda, que quero uma vida ao
seu lado sem interferência de mais ninguém. Com a minha infeliz
suspeita de que meu pai seria o stalker, e depois de quatro meses
de silêncio, eu posso enfim trazê-la para perto de mim.
Depois de nossa última briga, eu escrevia diariamente
mensagens para seu celular, falando de algo que me fazia lembrar
dela, coisas novas que acontecia comigo. As mensagens eram
visualizadas, mas não respondidas, ela não havia me bloqueado o
que me dava esperanças, mas sempre que tentava uma ligação era
rejeitada.
A última vez que a vi foi a três semanas, quando soube por
um dos seguranças que ela havia ido há uma casa de shows. Eu fui
até lá, a fiquei observando de longe, linda, cabelos soltos, uma leve
camada de suor por conta da dança. Hadassa parecia feliz, e uma
vozinha me atormentava dizendo que ela estava melhor sem mim.
Não, aquilo não era possível, talvez estivesse melhor sem toda
pressão de fingir ser quem não era. Mas eu a amei justamente por
ser assim, por ser ela. Eu fui embora 15 minutos após ela ter
deixado a boate, uma vez que fui acertar as contas com um
engraçadinho, que parecia não saber ouvir o não de minha mulher,
e só foi afastado após Enzo o expulsar. Ver Hadassa dispensar cada
um dos babacas que a cercavam foi um bálsamo para mim, ela
sabia que ainda era minha. Saio dos meus devaneios, quando ouço
meu celular vibrar às 08:30 da manhã de um sábado.
- Bom dia Sr. Volkov, desculpe o incômodo, mas o senhor
pediu que avisasse sobre qualquer coisa atípica que a Sra. Volkov
fizesse. - eu levanto da cama de pronto.
- Sim, pode falar.
- A Sra. Volkov, acabou de entrar com a mãe em uma
clínica obstétrica.
Imediatamente meu coração acelera, o sangue gela, será?
Hadassa não havia se envolvido com ninguém depois de mim, disso
tinha certeza, e pelo que Vitório falou Hélio se manteve distante
depois da minha prensa, alegando que por mais gostosa que a
funcionária fosse não queria um homem como eu no seu pé.
Portanto se aquela ida significasse uma gravidez, o pai do bebê só
poderia ser eu.
- Me passe o nome e endereço da clínica.
Se Hadassa estiver levando nosso filho em seu ventre, eu
faria tudo, absolutamente tudo para trazê-la pra nossa casa.
CAPÍTULO XLVIII
HADASSA MENDONÇA

Após assinar o divórcio, eu liguei para minha mãe que


veio correndo à meu socorro. E diferente do que eu esperava, ela
não acreditava que Mikhail o havia pedido, mas todavia disse que foi
o melhor, pois o contrato pré nupcial era ridículo, e confessou quase
ter colocado meu pai para fora de casa por ter aceitado aquilo.
Quando questionei como ela havia lido as cláusulas, ela me
confessou ter pedido uma cópia dos documentos à Mikhail.
- Mãe?!
- Filha eu precisava saber no que haviam metido você.
- E onde estão os papéis?
- Estão aqui, mas as que achei mais descabidas estão
sinalizadas com marca texto. Eu fui encontrar um advogado para ver
o que podia ser feito, e ele disse que infelizmente nada, a menos
que a assinatura tivesse sido feita sob coação.
Eu pego o papel nervosa e começo a ler.
Assim que concretizado o casamento, a então esposa
deterá 50% por cento de todos os bens de seu cônjuge, o que
poderá ser revogado em um possível divórcio, caso a mesma
descumpra uma das cláusulas abaixo:
Cláusula 3
* Fica acordado que a esposa só poderá fazer uso de
métodos contraceptivos com o conhecimento de seu esposo.
Cláusula 5
* A esposa deve manter uma conduta irrepreensível e
livre de escândalos.
Cláusula 6
* Fica acordado que, caso a esposa requeira o divórcio,
deverá pagar uma multa no valor de R$ 5.000.000,00 (cinco milhões
de reais) ao cônjuge.
* Fica acordado que com o divórcio concretizado caso
tenha sido gerado herdeiro(s) durante o casamento a guarda total
será dada ao progenitor, e a então progenitora perderá qualquer
direito de participação na vida dos mesmos.
A então futura esposa declara-se de acordo com as
cláusulas acima citadas.
(...)
Por Javé! Aquilo era no mínimo cruel, esse contrato era
absurdo, eu não tinha direito algum sobre nada, nem mesmo sobre
meus filhos. E Mikhail mesmo sabendo que eu não havia lido aquele
maldito contrato, insistia em uma gravidez.
- Mãe isso é opressor, misógino, como meu pai permitiu
que eu assinasse algo desse tipo.
- Eu sei filha... Por isso acho que o divórcio foi melhor,
vai ver foi isso que Mikhail pensou também.
Dias atuais

- Filha, você não está pensando em esconder esse


filho de Mikhail, está?
- Mãe eu nem sei o que fazer... Se ele não tiver
assinado aquele divórcio, o contrato ainda é válido, e a cláusula dos
herdeiros também.
- Olha filha talvez tenha sido minha criação, mas eu
sou do tempo que o que se quebra, se conserta, não joga fora. Eu
acho que Mikhail a ama, cometeu erros, como você também
cometeu, mas a ama. E tenho certeza que ele jamais a impediria de
ficar com seu filho. E ele ainda mantém contato?
- Sim... Mas eu não respondo.
- Mas também não bloqueia o número dele. - eu bufo e
ela sorri, D. Helena sempre sagaz.
Mikhail me mandava mensagens todos os dias, sempre
falando de algo que fazia lembrar a gente, algumas com as fotos da
casa nova, outras com as fotos de Shtorm e Malhado no sítio novo.
Eu não fazia ideia da fortuna dos Volkovs, mas um sítio de R$
3.400.000,00 estava fora dos meus padrões com certeza.
. Muitas vezes me peguei com um sorriso bobo diante do
que me escrevia, eu não tinha coragem de romper o contato, era
fraca demais pra isso. Perdi as contas de quantas vezes quis ligar
pra ele, somente para xingá-lo ou ouvir a sua voz, mas me mantive
sã. Até mesmo quando me enviou um áudio da música Figura de
Orlando Moraes.
- Não...
- Bom vamos logo a sua consulta, está no encaixe então
quanto mais cedo chegarmos melhor.
- Mãe acabou de dá 08:00 o encaixe é depois das
09:30, a prioridade é para os pacientes que estão marcados
previamente. - Deve ser regra de todas as mães sair de casa com
pelo menos uma, duas horas de antecedência.
- Ai filha, eu estou ansiosa para conhecer meu netinho
ou netinha. Hadassa eu sempre vou está do lado de vocês,
sempre...
Eu beijo suas mãos emocionada e agradecida, por ter
sido abençoada em tê-la como mãe.
- Eu te amo mãe, você é maravilhosa.
- Ah filha... - ela me puxa pra um abraço apertado - Os
hormônios da gravidez está nos deixando emotivas.
- Mas você não está grávida!
- Vó engravida junto, não sabia? - eu sorrio de sua
desculpa esfarrapada.
- Não!
(...)
- Meu Deus que demora! Já são 10:15 e nada. Eu vou
falar com a recepcionista.
- Mãe, você já foi lá três vezes, e ela já explicou que no
sábado é mais cheio. Logo, logo é a nossa vez.
- Hadassa Mendonça!
- Viu?!
Caminhamos até a recepção, e a recepcionista nos
indica o consultório da obstetra.
- Bom dia Hadassa, me chamo Dra. Denise.
- Bom dia Dra. Denise, essa é minha mãe, Helena, ela
vai me acompanhar.
- Tudo bem, por favor sentem-se.
A Dra. Denise, uma senhora por volta dos 60 anos,
me faz perguntas sobre todo meu histórico de saúde, e as vezes
tenho que cutucar minha mãe que quer falar tudo por mim. Por
Javé, que eu não faça isso com meu filho. Logo após todo
questionário, e a prescrição de vitaminas, ela pede uma
ultrassonografia transvaginal.
- Você vai levar esse pedido na recepção, efetuar o
pagamento, e seguir até a última porta do corredor à direita. Estarei
aguardando vocês lá.
- Tudo bem.
Assim que chego na recepção, minha mãe quase me
atropela com a minha parada brusca à sua frente.
- O que houve filha?
- É ela, obrigada. - Mikhail vem em minha direção com
toda sua imponência e beleza desconcertantes, e eu esqueci como
se respira. - Hadassa? Está tudo bem? - Eu estou em estado de
choque, ele não poderia saber, não sem eu ter certeza que aquele
maldito divórcio foi assinado. Vendo minha inércia ele toma o papel
de minhas mãos, e ao ler o pedido da médica ele trava o maxilar. -
Quando iria me contar?
- Hadassa descobriu há uma semana Mikhail. - minha
mãe toma a minha frente, parecendo uma mãe leoa defendendo o
filhote. Mikhail me avalia e seus olhos baixam até meu ventre, que
espantosamente já desponta em uma barriguinha.
- Tudo bem, me esperem aqui. - Ele vai até a recepção,
e o vejo tirar as notas de sua carteira.
- Filha! Acorda Hadassa, você precisa se manter
calma. - eu aceno com a cabeça em concordância.
- Vamos, já está pago.
- Não precisava, eu tinha o dinheiro. - eu digo
recobrando meus sentidos, tentando me mostrar no controle da
situação.
- Eu sei, mas eu quis pagar. Vamos, preciso saber
como está meu filho.
Caminhamos até a sala, e assim que entramos a
doutora pediu pra que fosse até o banheiro retirar a calcinha, já que
usava um vestido. Assim que voltei ela pediu pra que me deitasse
com as pernas afastadas, e cobriu-me da cintura pra baixo com um
lençol.
- Essa é uma sonda transdutora, ela será inserida em
seu canal Hadassa, é incômodo mas não doloroso, se acaso sentir
dor me avise.
Ela inicia o exame e de cara faz uma cara estranha e
Mikhail que também não tira os olhos do visor parece espantado.
- É isso mesmo que estou vendo Doutora?
- O quê? O que foi? Tudo bem com meu filho?
- Tudo ótimo Hadassa, está tudo ótimo com seus filhos.
E sim papai, sua esposa está grávida de trigêmeos. Dois
compartilham a mesma placenta, indicando que terão o mesmo
sexo, e um pode ser que tenha o mesmo sexo ou não. - Mikhail
olhava encantado para o visor.
- Por Javé filha, três de uma vez! - minha mãe diz em
um misto de alegria e incredulidade. - Que Javé te dê forças, porque
pôr um no mundo já é difícil, imagine três.
Eu olho para imagem com três pontinhos, imaginando
que estava gerando três seres aqui dentro de mim.
- Estão saudáveis, e você está com 9 semanas. Eu vou
liberar pra que escutem o coração dos três e vou aguardar lá fora.
- Eu também vou acompanhar a doutora.
Assim que ela liberou para que ouvíssemos os
coraçõezinhos de nossos filhos, um sentimento forte tomou conta de
mim, inundando meus olhos de lágrimas.
- Lyubov... São nossos... O fruto do nosso amor.
- Mikhail...
- Shiiuuu... Só vamos curtir o nosso momento.
Assim que saímos da clínica, Mikhail foi direto em sua
colocação, pegando a mim e minha mãe de surpresa.
- Hoje mesmo você faz as suas malas, e vem pra casa
comigo. Na segunda resolvemos sua situação com Hélio.
- Ei! Nossos filhos não muda nada em nossa situação
Mikhail, nós continuamos divorciados. Você pode acompanhar o
crescimen...
Mikhail se aproxima de maneira intimidante, me olhando no
fundo dos olhos.
- Nós não estamos divorciados Hadassa, e se eu assinar
os papéis que você assinou, a guarda de nossos filhos será
exclusivamente minha, sua mãe já deve tê-la alertado disso. Você
vêm comigo para Águas da Prata.
- Você não tem esse direito!
- Eu tenho e você sabe disso.
CAPÍTULO XLIX
MIKHAIL VOLKOV
Eu sabia que minha atitude poderia fazer com que
Hadassa se afastasse ainda mais de mim, mas no momento a única
coisa que me preocupava, era a segurança dela e dos meus filhos.
Por Javé! Filhos! Eu serei pai de três crianças, graças
dou a Javé por nunca ter passado pela minha cabeça me divorciar
de minha mulher. Três crianças é maravilhoso, eu confesso está
exultante com a notícia. Como médico eu tinha plena consciência de
que uma gravidez de múltiplos era extremamente delicada. Hadassa
necessitaria de cuidados que com certeza não seria morando em
um sótão, tendo que estudar e trabalhar que estaria os recebendo.
Além de tudo isso ainda havia a ligação.
Assim que cheguei em Poços de Caldas e estacionei
meu carro na clínica, meu telefone começou a tocar e um número
restrito apareceu na tela, eu estranhei mas resolvi atender.
- Alô?
- Eu espero que o motivo pelo qual você e sua esposa
esteja em uma clínica obstétrica não seja o que eu estou pensando
Mikhail. - a voz que eu não conseguia identificar, se era feminina ou
masculina, pelo aparelho que com certeza o perseguidor usava para
alterar a voz, passava todo seu ódio e rancor por mim - Vocês não
seriam tão idiotas de tentar pôr uma criança no mundo, sabendo
que ela com certeza também entraria em minha lista...
- Me diga o que quer desgraçado! Se você tocar em um
fio de cabelo de minha mulher ou do meu filho, que Javé me perdoe,
mas eu vou até o inferno atrás de você, e o farei pagar por tudo. Eu
não teria nada a perder.
- Então é verdade? - a gargalhada macabra que ele deu
me deixou em alerta, eu estava lhe dando com um louco - A
ninfetinha vadia está mesmo grávida? Ah Mikhail... Fazer você
pagar pela morte dele vai ser melhor do que imaginava.
- Está avisado, fique longe de Hadassa com ou sem
gravidez, se tocar nela será um homem ou mulher morta. - Eu
encerrei a ligação e desci do carro com a certeza de que
independente de gravidez ou não, Hadassa estaria ao meu lado,
aquela ligação só me provou que o perseguidor nunca deixou de
acompanhá-la ou a mim, apenas se manteve calado. Foi por esse
motivo que a tive que colocá-la contra a parede.
- Hoje mesmo você faz as suas malas, e vem pra casa
comigo. Na segunda resolvemos sua situação com Hélio.
- Ei! Nossos filhos não muda nada em nossa situação
Mikhail nós continuamos divorciados. Você pode acompanhar o
crescimen...
- Nós não estamos divorciados Hadassa, e se eu assinar
os papéis que você assinou, a guarda de nossos filhos será
exclusivamente minha, sua mãe já deve tê-la alertado disso. Você
vêm comigo para Águas da Prata. - Eu estava blefando, os papéis
do divórcio haviam virado cinzas, mas aquela era minha única arma
e se fosse para mantê-los à salvos eu a usaria.
- Você não tem esse direito!
- Eu tenho e você sabe disso.
Hadassa e Helena seguiram de carro, enquanto as
seguia rumo ao prédio de Hadassa. Ignorando as expressões de
insatisfação de mãe e filha, eu entrei junto com elas. Hadassa
contrariada, fez duas malas grandes e trancou o sótão, enquanto eu
levava suas bagagens para meu carro Helena me acompanhou, e
Hadassa foi até o consultório de Hélio.
- Não pense que estou de acordo com o que está
fazendo Mikhail, e se por algum a caso pensar em tirar meus netos
da mãe, eu mesma vou contratar um advogado alegando que minha
filha assinou aquele contrato sob coação.
Eu sabia que Helena não deixaria por menos, e que
pra defender sua filha ela seria capaz de tudo.
- Eu não tenho a mínima intenção de criar meus filhos
longe da mãe Helena, pode ficar tranquila. Meus filhos crescerão
debaixo do mesmo teto que eu e Hadassa. Hadassa pode está
magoada porque acha que eu dei entrada no divórcio, mas sei que
me ama assim como a amo. Agora a menos que queira que a
teimosia de sua filha a faça permanecer morando longe de nós, em
um sótão no sétimo andar, trabalhando e estudando, continue a
ajudá-la a se livrar desse contrato. Hadassa não aceitaria voltar para
sua casa, e a minha é um lugar tranquilo, garanto que lá ninguém
que a faria mal poderá alcançá-la, além do mais você poderá vê-la a
hora que quiser, uma vez que o sítio é mais próximo à cidade. - eu
respirei fundo pedindo aos céus que não fosse tão cabeça dura
quanto a filha - Uma gravidez múltipla Helena oferece muitos riscos
tanto à mãe quanto aos bebês, Hadassa necessita de todo cuidado
e acompanhamento, e aqui ela não terá, a não ser que volte para
casa de Vera, e você se acostume com a ideia de seus netos
chamarem Vera de vovó.
Como toda mãe coruja eu sabia que Helena não aceitaria
uma disputa com Vera, e jogar aquela sementinha a traria como
minha aliada. E pelo jeito que espremeu seus olhos imaginando a
situação, eu sabia que havia atingido o ponto certo.
- Não pense que vou concordar com o que disse por
causa de Vera, porque a felicidade de Hadassa está acima de
qualquer coisa. Mas não sou burra em ignorar tudo que me disse, e
sei que minha filha ficará melhor ao nosso lado, debaixo de nossos
cuidados. É com o bem estar dela e de meus netos que me
preocupo.
- Tenho certeza disso.
Poucos minutos depois, Hadassa desceu com cara de
poucos amigos e bufando.
- Está feito! Hélio nesse momento me odeia por deixá-lo
na mão de repente, sem nem cumprir o aviso prévio.
- Ele a tratou mal? Foi rude com você?
- Nada que não seja natural dele, mas ele teve seus
motivos não é mesmo. Caramba e agora, como vou olhar na cara de
Vitório depois disso?
- Deixe que com Vitório eu me entendo. Agora vamos,
você vai em meu carro.
Fizemos todo o caminho até Águas da Prata em
silêncio, Helena havia ido direto para sua casa e prometeu voltar a
noite com minha mãe. Logo chegamos aos portões que antes eram
de madeira, e foram substituídos por ferro automatizado e com
esquema de segurança, Hadassa logo se espantou, principalmente
pela quantidade de seguranças.
- Por Javé! Isso é uma prisão de segurança máxima.
- Não Lyubov esse é o nosso lar, e de nossos filhos, e eu
farei o possível e impossível para manterem vocês à salvos.
CAPÍTULO L
HADASSA MENDONÇA
Eu ainda estava processando o fato de que, em menos
de 6 horas eu descobri que seria mãe de três crianças, e que
voltaria a viver com Mikhail. Por Javé, nesse último ano minha vida
havia se tornado um furacão, e lá estava eu bem no olho dele.
A mesma pergunta ainda estava martelando em minha
cabeça, como Mikhail descobriu a gravidez? Até o momento a única
pessoa que sabia era minha mãe, e pela surpresa dela em vê-lo na
clínica, com certeza não foi ela quem contou. Eu havia acabado de
sair do carro e Mikhail pegava minhas malas, estava admirada com
a beleza do lugar, era muito mais bonito que nas fotos. Eu já podia
ver meus três pequenos correndo por aí, aprontando,
enlouquecendo Mikhail. Eu freei meus pensamentos não querendo
romantizar a situação, existiam muitas coisas a serem acertadas, e
uma delas era o fato de está aqui através de uma chantagem.
Três filhos... Mikhail desejou tanto ser pai, que Javé lhe
enviou uma encomenda e tanto. Incrivelmente eu não pensei em
meus planos futuros, faculdade, estágio e emprego. Quando ouvi os
três coraçõezinhos batendo rápido, e a surpresa e felicidade nos
olhos marejados de Mikhail, eu me senti... tranquila, feliz... A
presença de Mikhail ao meu lado e seu perfume inconfundível, me
trouxeram de volta a realidade.
- Vamos Hadassa, eu quero que conheça nossa casa,
nosso lar e de nossos filhos.
Eu ainda estava magoada, Mikhail só me trouxera de
volta à sua vida por conta de nossos filhos. Levaria tempo pra que
eu pudesse voltar a confiar, que não se deixaria ser levado pela
influência de Vladimir. Meus filhos jamais cresceriam sobre o
controle daquele homem, jamais...
- Eu não tenho outra opção não é mesmo?
A expressão de Mikhail endureceu , e olhando
diretamente nos meus olhos com aquelas duas piscinas azuis ele foi
sucinto ao dizer.
- Não, não tem.
Entrei na casa e o que mais me chamava a atenção eram
as paredes de vidros, eram lindas mas com crianças talvez fossem
um problema.
- As paredes de vidro podem ser perigosas.
- São todos blindados.
- Huumm... Mas ainda assim crianças não tem definição
de espaço como temos, pense em quantas vezes os três podem
bater o rostinho, acreditando não ter nada que os impeçam de sair.
Mikhail me olhava com um sorriso de canto.
- Eu gosto, como já se preocupa com o futuro deles.
- E porque não me preocuparia? São meus filhos, eu
sou mãe deles!
- Eu sei, mas você não queria ser mãe agora...
Eu olhei pra ele com tanta raiva, a gravidez já estava
fazendo uma loucura com meus hormônios, e ele ainda vinha soltar
uma dessas...
- Pelo que eu me lembre eu disse no seu consultório que
queria sim ser mãe, mas a droga do anticoncepcional tinha duração
de três meses. Então nunca mais repita uma bosta dessa, eu amo
meus filhos, e faria e faço tudo por eles, a prova é que estou aqui
tendo que aturar você falando besteiras.
- Uooou! - Mikhail levantou as duas mãos em rendição -
Calma Lyubov, parece que os hormônios já estão fazendo efeito, e
eu conto eles para muitas coisas. - Mikhail me olhou de maneira
cretina, e eu quase me perguntei se aquele era mesmo meu marido.
- Conte com eles pra não dormir a noite, vai que eu o
mate durante o sono... Sabe como uma mulher na minha situação
pode ficar instável emocionalmente. - O sorriso diminuiu
drasticamente, Mikhail se aproximou apenas para sussurrar em meu
ouvido.
- Eu posso matar você primeiro Hadassa... Mas de tanto
prazer. - como se não tivesse dito nada, ele se afastou deixando um
comichão entre minhas pernas. -Venha quero que conheça nosso
quarto.
- Nosso quarto? Nada disso... Eu e você, quartos
separados.
- Lyubov acho que não entendeu... Nós somos casados,
quartos separados são para divorciados, e se eu assinar o divórcio
eu viro um pai solteiro, e sabe dizem que pais solteiros tem um forte
apelo atrativo para mulheres. - Por Javé! Desde quando Mikhail
havia ficado tão cínico?
- Vai me obrigar à ir pra cama com você também?
- Não Lyubov... Isso você fará por livre e espontânea
vontade.
Mikhail me mostrou toda casa, e a parte que mais amei
foi a biblioteca, e nela continham todos os livros que Vladimir
mandou retirar do compartimento recém descoberto no IEC. Mikhail
os guardou, porque com certeza sabia que havia um apego meu
sobre eles. Me mostrou também um cômodo amplo e arejado, uma
suíte absolutamente vazia.
- Esse pode ser o quarto das crianças, é grande, arejado,
bate bastante sol na parte da manhã. E a vista é...
- É linda... Aquilo é um lago?
- Sim, é artificial mas tem alguns peixes. Creio que eles
vão gostar.
- Eles vão amar, qual criança não gostaria? Esse será o
cômodo perfeito pra eles.
Nós almoçamos tranquilamente, e enquanto eu
organizava as minhas coisas em "nossa" suíte, Mikhail conversava
com dois dos mais de dez seguranças. Algo deveria está
acontecendo pra que houvesse todo esse exagero na segurança.
Logo depois ele se trancou na biblioteca, enquanto isso fui conhecer
toda propriedade, dar um beijo em Shtorm e Malhado. O sítio era
lindo, grande e um lugar perfeito pra uma família viver, antes de
escurecer minha mãe ligou e avisou que não conseguiu falar com
Irina, mas que amanhã sem falta viriam pela manhã.
A noite eu já havia me recolhido, estava deitada lendo um
livro de romance erótico, Pecadora de Nana Pauvolih, e confesso ter
me identificado com a mocinha da história. Quando Mikhail saiu do
banho de toalha, eu tentei ignorar as sensações que a imagem me
causavam, sem nenhuma inibição, e notando o efeito que sua
imagem causava, Mikhail retirou a toalha ficando completamente nu.
Em seguida andou até a cama e se deitou.
- V- Você vai dormir assim? Você nunca dormiu assim
antes.
Eu gaguejei, Mikhail tinha razão os hormônios me
deixariam louca, eu já sentia minha calcinha molhar e ele nem havia
me tocado.
- Antes eu era pastor Hadassa, seguia a doutrina da CFJ.
Por que te incomoda?
- I-Incomoda! Eu não quero esse tipo de liberdade com
você.
Mikhail se virou de lado apoiando o peso do corpo em
seu cotovelo e disse.
- Sabe Lyubov, se fosse outra pessoa você até
enganaria, mas eu sei que o que te incomoda, é o fato dessa
bocetinha está molhada sem eu ao menos tê-la tocado. - ele
aproximou a boca do meu ouvido - Eu posso sentir o cheiro do seu
tesão daqui. - Mikhail beijou atrás de minha orelha e em seguida
sugou o lóbulo. - Deixa eu foder você gostoso, além de sentir o
cheiro, quero sentir o gosto Hadassa, chupar você bem devagar até
gozar na minha boca. - Eu quase gemi, "quase", eu não poderia
ceder tão fácil.
- E- Eu vou dormir Mikhail. Boa noite.
Dei as costas à ele e tentei dormir, já haviam passado
uma hora e meu corpo ainda queimava, imaginando tudo o que
sussurrado em meu ouvido acontecendo. Merda! Foi quando Mikhail
se agarrou a mim em uma conchinha que tudo piorou, o membro
quente e duro entre as bochechas de minha bunda, me deixou mais
acesa ainda.
- Porra Hadassa, essa sua calcinha não colabora. - eu
respirei fundo, tentando controlar todas reações do meu corpo,
Mikhail tinha razão se eu não cedesse aos hormônios eu iria
enlouquecer. Mikhail começou a depositar beijos em minha nuca e
costas, eu permaneci com os olhos fechados degustando cada
toque. Ele subiu minha camisola, e desatou o laço lateral de minha
calcinha, sem nenhuma objeção de minha parte, quando seus
dedos tocaram meu clitóris, eu gemi alto e Mikhail soltou um
palavrão. - Porra criança essa boceta está pingando. - Mikhail
levantou minha perna, e como se soubesse o caminho a seguir, seu
pau encontrou meu canal quente e pulsante totalmente receptivo.
Como forma de me provocar Mikhail apenas roçava a cabeça, ora
em meu clitóris, ora em minha fenda. - Tem certeza Hadassa que
não quer mais de nós dois? Tem certeza que vai nos privar de tudo
que fazemos juntos? Eu te amo Lyubov e eu preciso de você, do
seu cheiro, da sua pele, preciso de você sendo minha. Me deixe te
fazer minha mais uma vez e sempre. Porra eu preciso disso.
Não aguentando mais aquela tortura eu me livrei de
seu abraço, Mikhail me olhava decepcionado, então subi minha
camisola, a descartando, desfiz o outro laço de minha calcinha. Seu
olhar varreu todo meu corpo, meus seios estavam levemente mais
arredondados, e já havia uma minúscula ondulação em meu ventre
que o fazia me olhar em adoração.
- Você é linda...
Sem dizer uma palavra, eu sentei em seu colo, guiando
seu pau em minha entrada, assim que nos encaixamos, o arrepio
tomou todo meu corpo em excitação. Aos poucos baixei meu rosto
até ficar a centímetros do seu, suas mãos em meu quadril fazia uma
carícia suave. Nunca foi só sexo, sempre foi mais, ele era o meu
amor de infância, homem que sempre desejei secretamente, e
estava ali rendido dizendo que me amava.
- Eu também te amo Mikhail, sempre te amei.
Nos beijamos intensamente, não seríamos nós se não
tivesse o calor, a luxúria, os movimentos lentos que eu fazia,
tomando aos poucos mais daquele pau delicioso, já haviam ganho
velocidade, e eu já estava prestes a gozar
- Ainda não criança.
Mikhail inverteu nossa posição, me colocando de lado,
enquanto ele se ajoelhou na cama socando deliciosamente seu pau,
simultaneamente eu acariciava meu clitóris. Eu não pude aguentar
mais de seus movimentos, sem sucumbir a onda de frenesi que se
apossou de meu corpo, e gozei tendo espasmos, Mikhail também
não resistiu e gozou me enchendo com sua porra grossa.
-Aaaahhhh! Oooohhhh caralho Hadassa.
Ele se jogou na cama ao meu lado com um sorriso lindo
e eu o abracei, acabamos adormecendo assim. Amanhã nós
conversaríamos e acertaríamos nossos pontos o que importava no
momento era nós dois... Não! O que importava era nós cinco...
CAPÍTULO LI
HADASSA MENDONÇA

Acordei com beijos sendo distribuídos em meu baixo


ventre, me causando a leve sensação de cócegas. Me espreguicei
com sorriso no rosto, ao me dá conta que estava sendo acordada de
forma carinhosa por meu esposo, e pai dos meus filhos. Assim que
meus olhos bateram nos seus, foi impossível não notar o brilho de
felicidade no olhar de Mikhail, e o sorriso enorme que exibia.
- Bom dia Lyubov... Desculpe mas não resisti, tive que dá
bom dia aos meus pequenos. - eu sorri já imaginando o tipo de pai
coruja que Mikhail seria. Eu senti o cheiro de morangos, olhei pra
bandeja no criado mudo, o que fez meu estômago roncar alto. -
Vamos alimentar nossa prole eles estão com fome.
- Vitamina de morango... Hummm... Pão integral com
queijo branco... Por Javé eu amo!
- Quero que se alimente bem, mas sem excessos
Hadassa. Amanhã trarei um obstetra, e um nutricionista da clínica
de minha confiança para examiná-la.
- E por que não posso ir até lá?
- Porque não a quero exposta, aqui você estará em
segurança, e longe dos olhares e comentários dos membros da
CFJ.
- Mikhail eu não quero que Vladimir saiba por enquanto,
e principalmente não quero que tenha domínio sobre a educação
dos meus filhos. Nós dois, apenas nós dois decidiremos juntos, o
que será melhor pra eles.
Mikhail se aproxima, pousando sua mão em meu rosto
em um carinho gostoso.
- Ei... Será dessa forma, fique tranquila. Agora vou
encomendar o almoço, minha mãe e sua mãe virão almoçar
conosco. Minha mãe ainda não sabe que está grávida, e tenho
certeza que ficará muito feliz.
- Eu tenho certeza que sim... Mas não precisava
encomendar o almoço, eu mesma o faria.
- Lyubov sua gravidez não é uma gravidez comum, é
necessário repouso, ontem nós extrapolamos um pouco. Por isso
preciso da liberação do obstetra para o sexo, saber se está tudo
bem.
- Espera um pouco, eu vou ter que ficar sem sexo? Com
meus hormônios em ebulição? –
Mikhail gargalha e beija minha boca.
- Pode ser que em algum momento, você tenha que ficar
em repouso... Mas não vamos sofrer por antecedência minha
ninfomaníaca...
Por volta das 11:00, minha mãe e Irina chegaram. D.
Helena exibia um sorriso de orelha à orelha, e seus olhos não saíam
de minha minúscula barriga. Irina vem em minha direção, e me puxa
para um abraço apertado.
- Oh Hadassa, que bom que se acertaram, fico muito
feliz, meu menino não era o mesmo sem você, e acredito que nem
você sem ele. Está linda minha filha com um brilho diferente no
rosto, parece iluminada.
- Mãe eu também estou aqui. - Mikhail brinca fingindo
ciúmes e Irina vai a seu encontro.
- Oh não seja ciumento, é que fazia tempo que não via
Hadassa, tudo foi tão complicado... E não pense que fui, ou estou,
de acordo com o que Vladimir fez ou faz.
- Eu sei mãe... E é por isso que contamos com sua
discrição para o que temos a contar, Hadassa e eu não queremos
que papai saiba de nada por enquanto.
- O que houve e-está tudo bem?
- Calma Irina, é uma coisa boa, boa não ótima, ótima não
maravilhosa! - Minha mãe diz quase pulando.

- Por Javé! Não me matem de curiosidade, digam logo o


que é.
- Hadassa está grávida mãe! Eu vou ser pai.
Irina parece não acreditar e Mikhail a apara diante de seu
assombro.
- Oh meu Javé, isso é verdade? C- Como?
- Mãe acredito que a senhora saiba como...
Irina dá um tapa no braço de Mikhail.
- Não seja bobo menino, eu quero dizer, eu pensei que
estivessem separados esse tempo todo... - Irina vem em minha
direção, e toca em meu ventre - Quanto tempo?
- Por volta de dois meses... - eu digo sorrindo com seu
encantamento.
- Eu serei avó den... Eu não acredito...
- De três mãe... Será avó de três... Hadassa carrega em
seu ventre três deti(1)...
- Mikhail! Que maravilhoso! Seu pai ficará radiante
quando souber... - Pela minha cara Irina percebeu que falou demais,
mas entendo sua empolgação - Desculpe Hadassa, me refiro à
quando vocês contarem, juro que não contarei nada. Helena
seremos avós de três em uma tacada! Ah eu estou tão feliz!
- Estou louca pra saber o sexo para comprar as
coisinhas... - As duas começam a confabular sobre coisas de bebês,
e Mikhail vem até mim.
- Tem alguma dúvida que esses três serão mimados
demais?
- E pelo visto, eu quem terei de ser a vilã da história,
porque você senhor Mikhail, vai ser um pai babão e bobão.
Principalmente se tiver uma menininha nesse meio. - Mikhail abre
um sorriso enorme.
- Uma menina, uma printsessa(2)... Por Javé se puxar a
você eu não chegarei aos 50!
- Ei! Eu fui uma ótima filha, tá legal! Só tive um pai muito
controlador.
O almoço seguiu em clima leve e descontraído, com
nossas mães contando nossas peripécias quando crianças. Não foi
surpresa descobrir que Mikhail era o mais sisudo dos dois. Ivan
tinha um talento nato para cativar as pessoas, enquanto Mikhail era
mais tímido e calmo.
Mikhail e eu estávamos em uma bolha, a nossa
felicidade era palpável, o que me deixou com certo receio, uma vez
que volta e meia em nossa calmaria surgia uma tempestade, mas
se Javé permitisse tudo daria certo até o fim dessa gestação.
(...)
Mais tarde na fazenda Volkov...
- Alô querido? Sou eu Irina... Tenho uma notícia pra você...
Mikhail será pai! Pai de três....
(...)
Seis meses e meio depois....

Os meses de gestação não passaram tão rápido como


gostaria, no quarto mês, tive um descolamento de placenta e quase
perdi meus bebês. Fui levada à um hospital em Poços de Caldas,
onde fiquei em observação por 15 dias, tendo alta com a condição
de ficar em repouso absoluto. Foi uma fase difícil, mas Mikhail
montou uma uti em nosso quarto, dispondo de todos os aparelhos
da clínica. Aos seis meses, descobrimos os sexos de nossa prole.
Seríamos pais de dois meninos e uma menina, Mikhail, Irina e
Helena eram só sorrisos, e eu paparicada até não poder mais... Eu
estava ansiosa, amanhã será o parto e hoje na madrugada
viajaríamos para São Paulo, onde seria realizado o parto. Mikhail
contratou uma UTI móvel, de acordo com ele, de helicóptero a
viagem levaria no máximo 30 minutos, algo rápido e seguro. Mikhail
mal dormia, preocupado conosco, e o segredo parecia ter sido
mantido, ninguém sabia sobre nossos filhos, e isso já nos deixava
mais tranquilos. Por Javé amanhã eu me tornaria mãe...
Deti(1) bebês, crianças
Printsessa(2) princesa
CAPÍTULO LII
MIKHAIL VOLKOV
Calma... Vai dá tudo certo, nossos filhos vão vir ao mundo
saudáveis. Eu sei que ainda falta pouco mais de uma semana para
os nove meses, mas o Doutor disse que é o melhor pra eles.
- Eu quem deveria está te dizendo isso Lyubov... Eu sou
o médico aqui, deveria está calmo, mas é que vocês são tudo que
tenho...
- E nós a você... Só eu sei o quanto desejou essas
crianças Mikhail... Javé nos deu essa benção, vai nos suprir em
cada detalhe.
Era impossível não notar a apreensão no rosto de
Mikhail, o parto fora agendado para as 07:00 da manhã, mas meu
esposo não queria chamar a atenção, e então resolveu viajar
durante a madrugada. O voo fora tranquilo, minha mãe, pai, Irina e
Vladimir chegariam por volta das 06:00. Ambas resolveram contar
assim que os acordassem para a viagem, ou seja às 03:00 da
manhã de hoje, os dois souberam que seriam avós.
O parto fora tranquilo, com duas equipes médicas à
disposição e muita tecnologia, Miguel, Gabriel e Ayla, vieram ao
mundo respectivamente, após 2 horas de parto. A briga entre as
vovós e pai, para decidir os nomes foi acirrada, e coube a mim o
papel de juíza. Miguel nosso mais velho foi escolha de Irina, e eu de
cara aceitei, uma vez que é a versão brasileira do nome do pai
(Ninguém é como Javé), Ayla, nossa caçula, foi escolhido por minha
mãe (árvore frondosa/ forte), Gabriel, o nosso filho do meio, foi
escolha de Mikhail ( homem forte de Javé/ a fortaleza de Javé).
Mikhail estava emocionado assim como eu, e fez questão
de cortar o cordão umbilical de nossos filhos. Apesar de virem ao
mundo apenas com uma semana antes de completar nove meses, a
junta médica optou por deixar Gabriel e Ayla na incubadora, para
que ganhassem peso, Miguel o maior de todos pesava 2,900k já
Miguel 2,400 e Ayla a menor 2,300k.
Foram 20 dias no hospital, até que tivemos alta, nesse
período não recebi a visita de meu pai ou Vladimir por ordem minha.
Eu sinceramente não queria vê-los agora, no momento eu estava
preocupada, e focada somente nos meus filhos. Minha mãe disse
que não sabia qual dos dois eram mais babão, e que Vladimir
chorou copiosamente ao segurar os dois meninos no colo,
provavelmente lembrando-se de quando tivera Mikhail e Ivan no
colo da mesma forma. Eu entendia sua dor. e acreditava no seu
amor por seus netos, mas não daria chances para que ele por
algum momento, ousasse sair do seu lugar de avô. Já meu pai, por
incrível que pareça se apaixonou por Ayla, sua princesinha, como
segundo minha mãe ele chamava. Nenhum dos três tinham nada
meu, tudo neles gritavam Volkov, as íris azuis de Vladimir, Ivan e
Mikhail reluziam nos três.
(..)
Já em casa os trigêmeos completavam seu primeiro
mês, e Águas da Prata estava eufórica com a novidade. Renata,
Vera e Vitório eram os tios mais corujas do mundo, e foram pegos
de surpresa quando souberam da minha gravidez, mas sempre
estiveram presentes em todos os momentos da gestação. Irina e
minha mãe sempre que vinham nos visitar, traziam consigo
presentes dos membros. Junto também veio o pedido para que os
três fossem apresentados na CFJ, recebendo às bênçãos de Javé.
Eu sabia que era importante para Mikhail, por mais que dissesse
que fosse algo que só aconteceria se fosse em comum acordo.
Apesar da Congregação ter me julgado muito, assim como julgou
Mikhail, eu saberia que o nascimento dos tão esperados netos do
Reverendo, fariam a "simpatia" dos membros aflorar novamente. De
qualquer forma, não seria por causa de alguns hipócritas que meus
filhos não receberiam às bênçãos de Javé.
Aos seis meses, após o nascimento dos trigêmeos, eu
estava me recuperando da cirurgia reparadora que fiz por conta do
excesso de pele que ficou em meu abdômen, devido ao tamanho da
barriga dos trigêmeos. Eu havia ficado um pouco complexada, e
tinha vergonha de ficar nua na frente de Mikhail, ele dizia que era
besteira, que o tesão por mim só aumentava, mas era algo comigo,
que me incomodava. Era até covardia, o homem ao meu lado
mesmo já entrando na casa dos 40, era absurdamente lindo.
Eu já estava no final da recuperação, e o resultado
estava perfeito, Mikhail disse que ainda faltavam cinco dias de
repouso, mas mesmo assim estávamos entrando na CFJ, após
quase dois anos de minha saída.
Muitos vieram nos cumprimentar, alguns só nos
olhavam de longe e acenavam, com certeza envergonhados por
suas maledicências. Meus filhos eram a atração, tão lindos e
risonhos. Mas no momento o que me causava frio na barriga, era
encontrar meu pai e Vladimir após tanto tempo. Eles sempre
visitavam os gêmeos, mas eu nunca os recebi, meu trio estavam
sempre acompanhados da babá e de Mikhail.
Já estávamos na sala aguardando a ordem de Vladimir,
para que seguíssemos até o local da apresentação, então o ouvi.
- Filha... - eu não precisava olhar pra saber que era
meu pai. - Filha eu preciso falar com você. - eu girei meu corpo
encontrando seu olhar atordoado.
- Esther não está aqui Presbítero... Pelo que eu me
lembro, o senhor só tem uma filha...
- Hadassa, eu errei minha filha, fui intransigente com
você... Me perdoe por tudo que disse...
- Me responda uma coisa. Esse pedido de desculpa,
ainda aconteceria se eu tivesse deixado de ser uma Volkov? Sim,
porque esse era seu sonho, ter o sobrenome Volkov atrelado ao
seu, de preferência com Esther como noiva.
- E-Eu sei que agi errado, mas todos merecem perdão.
- Gostaria que tivesse pensado assim antes da
bofetada que me deu. Eu sei que errei em esconder algo do senhor,
mas o senhor fez o mesmo com o contrato, se isso não é hipocrisia
eu não sei o que é... De qualquer forma, eu agora sou mãe e em
algum momento eu vou falhar com eles. Ninguém é perfeito não é
mesmo? E é só por isso que vou tentar fazer as coisas funcionarem
entre nós.
- Obrigada... Eu prometo que vou tentar fazer o meu
melhor, por você e meus netos. Agora me dê minha princesinha,
chegou a hora.
Meu pai levava Ayla, enquanto eu levava Miguel, e
Mikhail, Gabriel. O rito de apresentação foi lindo, e ministrado por
Vladimir com auxílio de Presbítero Josué, pai de Pr. Joaquim.
Vladimir após o culto, fez uma comemoração surpresa no salão de
eventos da CFJ. Tudo muito delicado e lindo...
- Amor segure Miguel, eu preciso ir ao banheiro.
- Está se sentindo mal? Eu lhe disse para não fazer
esforço.
- Não é nada disso, eu só preciso fazer o número 1
mesmo.
Eu entrei e haviam duas irmãs saindo, deixando o
banheiro vazio, o que era um alívio, do jeito que estava apertada
não aguentaria esperar muito tempo. Eu já lavava as minhas mãos
prestes a sair, quando Pr. Joaquim entrou no banheiro.
- Pastor? Acho que entrou no banheiro errado.
- Me desculpe acho que me confundi, mas deixa eu
aproveitar para lhe parabenizar pelas crianças, dá trabalho mas é
tudo maravilhoso.
Joaquim estendeu a mão, então eu notei algo que nunca
havia percebido, ou nunca o tinha visto usar, em seu anelar direito
um anel de ouro... Imediatamente meu corpo congelou, trazendo à
tona o dia que descobri que Ivan era gay... As mãos que apalpavam
o corpo de Ivan, tinha o mesmo anel, o mesmo anel que Ivan depois
me confidenciou ter dado ao seu amante de presente. Joaquim
notou minha hesitação, ao estender a mão e cumprimentá-lo, meus
olhos vidrados no anel.
- Ele te contou não foi? Te contou sobre o presente que
me deu... É claro que contou, eu não entendia como Ivan fazia de
uma menina sua confidente. Foi você quem colocou na cabeça dele,
a ideia de fugirmos, Ivan queria que vivêssemos livres disso tudo,
depois que nos flagrou, mas eu não podia deixar meu pai...E- Ele
morreu achando que eu não o amava... Tudo por culpa da
irresponsabilidade daquele desgraçado!
A forma truculenta e paranoica como falava, andando de
um lado para o outro, passando as mãos no cabelo, fez um click em
minha cabeça. O stalker, só podia ser ele... O livro com o aluno, só o
amante de Ivan poderia saber a localização do compartimento...
- O-Olha eu não vou contar nada a ninguém, pode confiar
em mim...
- Eu não cometeria o mesmo erro que Ivan Hadassa, não
mesmo... Eu iria gritar, mas antes que pudesse alguém atrás de mim
colocou um pano em meu rosto que me levou à escuridão...
CAPÍTULO LIII
MIKHAIL VOLKOV
- Mãe?!
- Sim meu filho. Aconteceu alguma coisa parece nervoso?
- Hadassa saiu à mais de meia hora para ir ao banheiro e
não voltou. Acho que passou mal, eu disse para aguardar os dias de
repouso, mas ela é muito teimosa.
Eu estava angustiado, eu não discordava de sua cirurgia, o
corpo era dela, e sabia que mexia com sua auto estima. Hadassa
havia engordado 18 quilos, e isso fez romper um dos músculos de
seu abdômen, ela ainda era nova tinha apenas 22 anos, é natural
que seja vaidosa. Ela só podia ser menos teimosa, e cumprir o
período estipulado de repouso.
- Vamos, me dê Miguel. Ande, vai ver o que houve.
Eu fui até o banheiro, perguntei à uma das mulheres que
saíam, se minha esposa estava ali e ambas negaram, dizendo que
estava vazio. Hadassa não estava no salão, talvez estivesse no
templo. Assim que saí do salão, pedi que um dos seguranças,
passasse um rádio para os demais, em busca de notícias de
Hadassa. Antes de ter a resposta meu telefone tocou, e ao olhar o
visor o número restrito fez um arrepio ruim percorrer minha espinha,
era ele... O stalker... Não havia dúvidas, se alguém tinha algo a ver
com o sumiço de minha mulher, era ele ou ela...
- Alô?
- Que dia feliz Mikhail, ou não, ainda não sei... Está
procurando sua Lyubov? - Filho da puta! Eu sabia...
- Não ouse tocar em um fio de cabelo dela, ou eu te
mato!
- Hei! Você não está em uma situação favorável para
fazer ameaças... Se eu tremer de medo, meus dedos podem
alcançar o gatilho...
- O que você quer?
- Quero que vá até o porão do IEC, sem nenhum de seus
gorilas...
Estaremos esperando você aqui, você tem dez minutos se
ultrapassar esse tempo, sua linda esposa sofrerá as
consequências...

HADASSA MENDONÇA
Acordei ainda zonza, devido à espécie de sedativo que
inalei, mas consegui ouvir as vozes alteradas, e quase não acreditei
ao ouvir a voz da pessoa, que provavelmente era o cúmplice de
Joaquim.
- Você é louco? Se Mikhail vir até aqui vai descobrir
nossas identidades. Sem contar Hadassa, que já sabe que você é o
perseguidor. Graças a Javé ela não me viu!
- Isso não faz diferença agora, nenhum dos dois estarão
aqui para contar história.
- C-Como assim?
Você disse que ia despachar Hadassa para longe daqui, mas
não falou nada em matar... E se matar Mikhail como ficarei com ele?
Então era isso? Minha própria irmã sendo cúmplice de um
psicopata, somente para ter Mikhail pra ela...
- Esther... Esther... Eu não seria idiota em correr o risco
de Hadassa voltar, e eu ser preso. Está tudo correndo perfeitamente
... Eu já plantei no celular de Hadassa, fotos de quando se
relacionava com Enzo García. Tudo vai parecer um crime passional,
motivado pelo ciúmes, Mikhail matou sua esposa! e não suportando
o peso da culpa após o ato se matará.
- Não! Eu não vou deixar que faça isso... Eu vou
contar...
Antes que Esther completasse sua fala, eu ouvi um som
seco em seguida o som do corpo caído no chão. Imediatamente as
lágrimas rolaram de meus olhos, imaginando que ele tivera atirado
em Esther fez brotar um aperto no coração, apesar de tudo ela era
minha irmã. Em pensar que eu e Mikhail, seríamos os próximos só
fazia o aperto aumentar. Nossos filhos, o que seriam deles?
- Você fala demais Esther e acabou de me dá uma
ideia, você será a perseguidora somente você... Não suportou ver a
felicidade da irmã, seu pai finalmente se rendendo aos encantos da
filha mais nova e pronto... Matou os dois e se matou.
Eu ainda fingia inconsciência, enquanto tentava
desamarrar a corda em minhas mãos, foi então que ouvi passos e a
porta se abrindo.
- Ora se o dono da festa não chegou...
- Joaquim, esse tempo todo era você. Esther? O que fez
com ela?
Ouvir a voz de Mikhail não me acalmou, pelo contrário
me fez temer por sua vida, estávamos sob a mira de um louco...
- Calma Pastor, foi só uma coronhada sua cunhadinha,
aspirante a esposa está viva.
- Onde está Hadassa?
- Ali atrás daquela estante, mas calminha aí... Hadassa
está inconsciente devido ao clorofórmio. Enquanto ela não acorda
nós teremos uma conversinha Mikhail, uma das tantas que já
tivemos... Sente-se ali.
Eu ouvi o som da cadeira arrastando, provavelmente Mikhail
fizera o que lhe fora pedido. Que Javé não permitisse, que o que
Joaquim havia planejado tivesse sucesso.

- Joaquim eu não entendo o motivo pra isso tudo. Você


ao longo desses anos, foi uma espécie de conselheiro espiritual, me
estendeu a mão no meu momento de transição, quando voltei a
CFJ, era uma espécie de confidente.
- E bastou se casar com a vadiazinha para que evitasse
nossas conversas, porque sabia que que condenaria sua postura.
Quer saber o real motivo para isso tudo Mikhail? Ivan... Você foi o
culpado pela morte dele, por sua causa eu perdi o amor da minha
vida.
- Você e Ivan? Vocês... Por Javé, eu nunca imaginaria.
Ivan nunca me confidenciou...
- Você era um babaca que só se importava com seu
umbigo, fazia o que dava na cabeça. Ivan parecia sua babá, e foi
justamente fazendo esse papel que morreu.
- Eu não era um babaca Joaquim, eu só não era um
covarde que vivia uma vida dupla como você. Eu li o diário de Ivan,
estava na caixa que minha mãe me deu. Ele te pediu pra que
deixasse tudo pra trás e vivessem a vida de vocês longe daqui, e
você não quis.
- EU NÃO PODIA!
Eu me assustei com o grito de Joaquim, e forcei ainda
mais a corda que cedeu me libertando.
- Como deixaria meu pai sozinho pra trás? Eu não teria
como abandona-lo, um senhor sozinho, os problemas de saúde. O
pior disso tudo foi Ivan ter morrido achando que eu não o amava
suficiente.
Eu olhei envolta, buscando algo que pudesse usar como
arma para nos defender. Andei agachada até encontrar a perna de
uma cadeira.
- Então você se casou com Elza, assumiu o lugar dele,
você era infeliz e isso me manteve conformado... Eu amava quando
vinha até mim, se dizendo infeliz, contando algo que Elza tinha feito
à você. Na verdade eu e ela nos deliciávamos. Sua esposinha não
lhe contou? Ela viu há anos atrás... Eu transava com Elza na época
em que ela trabalhava no IEC. Eu fiquei obcecado em fazê-lo sofrer,
até chegar o ponto de passar a desejar você, você é tão parecido
com ele, mesmo não sendo gêmeos idênticos, há muito de um no
outro. Depois induzi Vladimir a acreditar que Esther seria a esposa
perfeita, ela seria totalmente maleável, para o que eu tinha em
mente. Então você se casou com Hadassa, eu sabia que aquela
ninfeta traria o velho Mikhail à tona, eu não poderia permitir sua
felicidade... Você deveria sofrer o resto dos seus dias assim como
eu, e foi pensando nisso que resolvi matar alguém que você
amasse... Mas quer saber? Foda-se...
Eu estava atrás de Joaquim, quando ele disparou em
Mikhail a queima roupa, me fazendo gritar junto e correr sua
direção.
- Isso Hadassa, é por achar que poderia me enganar
garotinha, esse foi de raspão, mas o próximo será certeiro.
- Seu doente! Maluco! Acha que se Ivan pudesse ver no
que se transformou ainda o amaria? Olha o que está fazendo com o
irmão dele? Ivan amava Mikhail!
Joaquim andava de um lado para o outro batendo a arma
na cabeça transtornado.
- Mentira sua... Ivan nunca me odiaria, não o meu Ivan...
Nós nos amávamos, vocês destruíram tudo, você com seus
conselhos de menina tola, e ele com sua imprudência. Levantem!
Mikhail me olhava como se soubesse que havia
chegado nosso fim, eu solucei, levantando meu corpo junto com o
seu, temendo por não podermos criar nossos filhos. O ombro de
Mikhail sangrava bastante, e em seu rosto se lia toda dor que sentia.
- Se abracem... Usar uma única bala para matar os dois
será poético.
Mikhail levantou meu rosto, me forçando a olhá-lo uma
última vez.
- Foi você criança... Sempre foi você, por isso não aceitei
Esther. Ivan estava certo, você era a tempestade que acabaria com
a minha falsa calmaria... Eu te amo Lyubov.
Eu sorri em meio as lágrimas e soluços
- YA lyublyu tebya moy doktor prints. (1)
O som do disparo seguido do barulho oco no chão fez
toda adrenalina do meu corpo se esvair e me senti dormente...
Morrer seria assim? Eu ainda estava de olhos fechados, quando
senti as mãos de Mikhail me abraçarem mais forte, eu não estava
morta e nem sentia dor. Reunindo tudo que restava de minha
coragem, abri os olhos para ver meu esposo. E se somente ele fora
atingido? Eu não suportaria. Mikhail parecia não querer me soltar,
olhando seu rosto, e a rigidez de seu corpo, percebi que também
não fora atingido. Ele errou?
Eu afrouxei o aperto, e ao olhar pra trás achei ter visto
um fantasma. Não poderia ser... O corpo de Joaquim caído no chão,
próximo a Esther, Joaquim não estava morto, mas com certeza
sentia muita dor. Mas o que me chamara a atenção foi a figura ali,
de pé à cerca de dez metros de nós...
- Ivan...
Eu não queria acreditar no que meus olhos viam,
Joaquim olhava para Ivan com total descrença, tão abalado quanto
nós.
- Por que? – Foi tudo que Joaquim conseguiu
pronunciar.
- Porque amo Mikhail, porque ele passou anos
sofrendo, vivendo uma vida que não era sua pra que eu fosse feliz.
Nós fomos covardes Joaquim, você em não querer lutar por nós, e
eu por fugir, mas nunca descontei em ninguém minha covardia. Eu
nunca imaginei que Mikhail assumisse meu lugar, e se você
realmente me amasse, jamais teria feito o que fez com ele.-Ivan
chorava ao ver seu ex amante, tossir, colocando uma grossa
camada de sangue para fora através do ferimento e boca. – Me
perdoe Joca, mas eu não permitiria que fizesse mais mal a meu
irmão.
Joaquim sorriu, um sorriso triste e deu sua última
respiração, Ivan fechou os olhos que permaneceram abertos, e se
levantou sacando o telefone.
(1) Eu te amo meu Doutor Príncipe...
CAPÍTULO LIV
MIKHAIL VOLKOV
A dor em meu braço era alucinante... Por aquilo só
podia ser uma alucinação...
- Ivan...
Eu ouvi a voz de Hadassa, e percebi que à caso
fosse uma alucinação ambos padeciam do mesmo mal. Por um
momento senti pena de Joaquim, se perdesse Hadassa, talvez
também ficaria louco. Após Ivan se despedir de Joaquim,
ele retirou do bolso um lenço, e retirou da mão de seu ex
amante sua arma, em seguida sacou o telefone.
- Mãe?! Venha até o porão do IEC agora...

Eu não consegui ouvir o restante da conversa,


porque o alarme em meu cérebro apitou imediatamente. Mãe?
Então minha mãe sabia que Ivan estava vivo esse tempo todo?
Eu cambaleei me sentindo fraco, não sei se pela perda de
sangue, ou pelo baque da notícia.
- Amor você está perdendo sangue... P-Por favor,
se sente.
- Shtorm... - Ivan chamava Hadassa. - Assim que
minha mãe chegar, nós chamaremos a ambulância. Me dê um
pedaço de seu vestido.
Eu ouvi o som de tecido sendo rasgado, Hadassa
parecia tão confusa quanto eu, tentando assimilar tudo.
- Eu vou ter que amarrar com força irmão, vai doer
mas precisa ser forte.
Eu levantei meus olhos, vendo Ivan me ajudando
enquanto tentava conter suas lágrimas, era bom vê-lo vivo, na
verdade era maravilhoso, eu queria muito dizer isso a ele, mas a
dor da traição não me permitia dizer uma palavra.
- C- Como Ivan? Eu pensei, quer dizer todos
pensávamos que estava morto. Tem ideia do quanto
sofremos? Do quanto seu irmão sofreu? Você não podia...
A voz de Hadassa se perdeu entre seu choro e vi
Ivan a confortá-la.
- Ei Shtorm... Eu sei que errei, e prometo contar
tudo à vocês, mas por hora preciso que não contem a ninguém
que me viram aqui. Eu vou direto para o sítio de vocês, e
aguardarei vocês lá pra que possamos conversar.

Eu não conseguia dizer nada, apenas ouvi o


barulho da porta abrindo, então vi quando minha mãe entrou
apressada, e parou chocada ao ver o corpo de Esther e
Joaquim no chão, em seguida a mancha de sangue em meu
braço.
- Por Javé! MIKHAIL!
- Calma mãe foi de raspão.
- Ele levou um tiro!
- Escute mãe, não temos tempo, Mikhail precisa de
uma ambulância. Você vai dizer que chegou aqui e achou essa
arma e atirou em um momento de distração. Minhas digitais não
estão na arma, diga que agiu em desespero para defender seu
filho e nora, que eles estavam sob a mira de Joaquim.
- De q-quem é essa arma?
- Não sei mãe... A encontrei junto com uma faca e
uma corda naquela mesa. Eu segui Joaquim assim que levou
Hadassa pelos fundos da CFJ. Provavelmente era de um dos
dois, você vai dizer que veio atrás de Mikhail preocupada e o
restante já imagina. Hadassa lhe contará tudo que aconteceu.
Agora chame uma ambulância eu preciso sair daqui.
Tudo foi muito rápido para que pudesse assimilar.
Hadassa explicou a minha mãe como tudo aconteceu, e logo a
ambulância chegou levando a mim, e Esther que permanecia
inconsciente. Joaquim foi dado como morto no local onde nos
encontrávamos. Assim que tive alta médica, tomaram meu
depoimento, não houve discordâncias entre os três envolvidos,
Esther foi dada como cúmplice no sequestro de Hadassa.
Hadassa favoreceu a irmã, dizendo que a mesma fora agredida
por tentar impedir de sermos assassinados, mas não omitiu o
fato da ajuda no sequestro. Minha esposa disse que por mais
que os pais sofressem, sua irmã tinha que pagar por seus atos.

Um dia após o ocorrido, eu voltava pra casa com


apenas alguns pontos no ombro direito, tudo que mais queria
era ver meus filhos, e ficar cara a cara com Ivan. O sorriso nos
rostinho dos três assim que me viram, foi o que me fez
desmoronar, em pensar que eu poderia nunca mais vê-los, não
participar do crescimento deles, me deixava fora da razão.

- Amor... Já passou, graças a Javé tudo acabou, nós


estamos aqui com nossos pequenos.
Hadassa tentava me acalmar mas chorava assim
como eu.
- Venha, tem alguém que quer falar com você na
biblioteca, por favor ouça o que ele tem a dizer.

Eu beijei meus filhos, e segui rumo à biblioteca, já


imaginando quem me aguardava. Assim que abri a porta, e vi
Ivan lendo a capa de um dos livros, fora como se o tempo não
tivesse passado. À medida que queria abraçá-lo e dizer que o
amava e o quanto senti sua falta, eu também queria socá-lo por
ter me feito sofrer tanto, durante todo esse tempo.
- Irmão...
- Ivan... - eu lutei pra que minha voz não saísse
embargada e consegui - Eu quero ouvir tudo o que fez, e como
fez, mas nada além disso, não há desculpas para o que fez
Ivan.
- E- Eu sinto muito, mas eu não podia Mikhail, não
mais... Eu não imaginei que isso impactaria a sua vida dessa
forma. Você sempre teve forças para bater de frente com
Vladimir, eu não imaginei que a culpa o levasse a assumir o
meu lugar e casar com Elza... Por Deus, eu não imaginava!
- E não pensou em voltar e assumir o erro que tinha
cometido? Eu chorei por você todos esses anos, me puni, me
culpei e você vivendo sua vida como sempre quis.
- Eu não poderia voltar, perdão! - Ivan se ajoelhou
chorando, soluçando. - Eu não podia... Minha mãe pagou ao
médico por documentos falsos, alegando meu óbito, eu apenas
tomei uma droga que me fez parecer morto.
- O caixão fechado... Disseram que havia ficado
desfigurado. Eu carreguei aquele caixão!
- Eram só pedras... - eu respirei fundo, para conter a
dor que sentira, revivendo tudo, desde a notícia de sua morte
até agora. - Eu realmente fiquei em coma, entre a vida e a
morte, e Deus me deu uma segunda chance, eu não iria
desperdiçá-la, tentando agradar um homem que não merece
nem nosso respeito. - usando a cadeira como apoio, Ivan se
levanta desolado.
- Então ficasse porra! Ficasse e assumisse a droga
da sua sexualidade.
- Pra você é fácil falar Mikhail! Você viu o que
Hadassa passou, simplesmente pelo que fez na faculdade,
imagina o que um filho de Reverendo, também Pastor, passaria
ao se assumir homossexual.
- Vladimir pode ter todos os defeitos, mas sempre
mostrou o que é, nem mesmo o excesso de amor por você Ivan
ele soube esconder.

- Mas ele amou o filho errado... Ele me amou pelos


motivos errados...
- Do que está falando?
- Vladimir está longe de mostrar o que é. No dia do
acidente, eu também discuti com ele, por algo que descobri. Eu
havia ligado, um mês antes do acidente para nosso avô,
tentando uma reaproximação entre ele e Vladimir. Foi então que
descobri o motivo pelo qual nosso pai deixou a Rússia.
- O que isso tem a ver conosco? - eu questiono não
conseguindo relacionar o fato da nossa saída da Rússia, com
tudo que aconteceu.
- Nosso pai, o incorruptível Vladimir Volkov, teve um
caso com sua madrasta. Ela e nossa mãe engravidaram, juntas
praticamente. Minha mãe esperava gêmeos, e ela um menino. A
esposa de nosso avô morrera no parto, e o menino sobreviveu.
Enquanto um dos bebês de Irina morreu no parto.
- Você quer dizer...
- Eu quero dizer que eu sou filho de Vladimir com
outra mulher. Meu avô não poderia ter mais filhos devido ao
efeito colateral de um tratamento de uma doença, mas ainda
assim resolveu criar o filho por amor a ela, só não sabia que
seria Vladimir o pai da criança. Meu pai em uma noite de
bebedeira, confidenciou ao meu tio, desde a infidelidade com
seu pai e Irina até a troca dos bebês.

- Isso é loucura... E- Então ele amava mais você


por achar que se tratava do filho da amante?
A história toda parecia loucura... Eu estava sem
chão, precisava me sentar para absorver tudo.

- Não... Ele achava que você era o filho de sua


madrasta, "o fruto do pecado". Vladimir acreditava que seu outro
filho com Irina, e sua amante morreram, por uma espécie de
justiça divina. Você sabe como vovô sempre criou os seus filhos
com a mesma rigidez religiosa que nosso pai. Meu pai fugiu da
Rússia assim que meu avô descobriu.

- Como tem tanta certeza que você é o filho da


madrasta de Vladimir? E Vladimir se fez a troca, como se
confundiu?

- Isso eu não sei dizer, geralmente pulseiras de


identificação neo-natal, não vem com os nomes dos recém-
nascidos. Vladimir estava abalado, talvez o nervosismo, eu não
sei... Eu fiz um teste de DNA. Com uma mexa de cabelo meu,
do seu, e de Irina. Eu me recusei a acreditar naquela história, e
pude confirmar que Irina não era minha mãe.

- E minha mãe? Ela sabe disso.


- Eu contei à ela no dia do acidente, pouco antes de
buscar você. Minha mãe viu todo meu sofrimento, tudo que meu
pai impôs à mim. E quando contei que era gay, ele disse que
preferia me ver morto, à me ver com outro homem.

Fomos interrompidos com o som de batidas na porta.


Assim que pedi que entrasse, vi a cabeleira ondulada que tanto
amo aparecer.

- Mikhail seus pais chegaram. Peço para virem até


aqui?

- Sim Lyubov... E meus filhos.


- Nossos filhos estão no quarto com minha mãe e a
babá. Quando acabarem nos chame.
- Pode deixar, obrigada.
Hadassa nos deixou a sós novamente.
- Vladimir já sabe que está vivo?
- Sabe, inclusive ontem foi medicado por conta da
pressão. Talvez com vontade de me enterrar novamente. Antes
que eles cheguem, quero lhe mostrar algo. - Ivan saca uma foto
de dentro de sua carteira. - Eu sei que nada justifica o que fiz,
mas se eu disser que me arrependo estarei mentindo, porquê
consegui formar minha família. Eu me arrependo por ter sido às
custas de seu sofrimento, porque eu o amo. - eu pego a
fotografia de suas mãos, e nela está Ivan, um outro homem que
eu acreditava ser seu companheiro, e três meninos.
- Essa foi tirada nesse Carnaval. Esse é Alfred meu
esposo, o flash é Mikhail nosso filho mais velho, em meu colo
Andrew e ao lado do pai Harry. Todos gerados por uma barriga
de aluguel, infelizmente cansamos de esperar pela adoção. Há
muito preconceito e burocracia envolvidos.
Foi impossível não me emocionar com a imagem em
minhas mãos. Por Javé eu tinha sobrinhos...
- Você deu meu nome à ele? E-Eles são lindos...
Ivan sorri entre lágrimas
- São toda minha vida... Por isso tive que vir ver você
compartilhando a mesma emoção que eu... Eu tinha que
conhecer meus sobrinhos. Ver você enfim formando sua família,
e pedir para Joaquim o deixar em paz.
- Você sabia que era ele?
- Eu descobri por minha mãe as mensagens um mês
atrás, se você tivesse a confidenciado antes, eu teria impedido
tudo isso.
- Se não tivesse se passado por morto também...
- Você tem razão, mas talvez seu caminho e de
Hadassa não tivessem se cruzado. Consegue se imaginar sem
eles? –

Eu não pude responder, uma vez que meus pais


entraram em seguida. Mas não, eu não consigo imaginar minha
vida sem eles. Ouvimos o som da porta abrindo e Irina e
Vladimir entrarem.

Meu pai estava estático, vendo os dois filhos juntos


novamente, seus olhos brilhantes pelas lágrimas. Com uma
reação que surpreendeu à todos, ele foi até Ivan e o abraçou
fortemente chorando.

- Perdão meu filho, perdão... Eu fui um completo


idiota, hipócrita, um déspota. Eu estou tão feliz que está aqui.
Vivo...
Vladimir beijava Ivan, e quando seus olhos bateram
em mim, ele veio até a poltrona onde estava, e de pronto me
pus de pé.
- Você foi o que mais sofreu nisso tudo. Eu fui tão cruel
e mesquinho, não existe nada que eu possa fazer, ou dizer para
me desculpar Mikhail. Eu te amo meu filho, do meu jeito torto eu
o amei e o amo. Na minha ignorância achei que Javé havia
podado a vida de Ivan por sua orientação sexual, e temi esses
anos que se você cometesse algum grande pecado aconteceria
o mesmo. Eu sei que parece loucura, mas essa foi a maneira
que fui criado. Acreditando em um Deus que machucava os
seus quando contrariado, incapaz de perdoar. Perdão Mikhail,
meu filho...

Minha mãe veio até meu pai, também chorava,


enquanto Ivan ainda exibia uma expressão dura para Vladimir.

- Todos nós erramos Vladimir, nós três temos uma


dívida extensa com Mikhail. Inclusive eu meu filho, eu tive medo
de Ivan cometer uma loucura se permanecesse da forma como
vivia. Porque nada, nem mesmo um papel, vai me dizer que um
de vocês não é meu filho. - Minha mãe posou as duas mãos em
meu rosto - Você sempre fora o mais sensato de todos nós.
Isso não justifica o que fizemos, mas nós te amamos.

Seria difícil pra mim conseguir perdoa-los tão


rapidamente, e foi isso que disse aos três. Mas uma hora o
faria, eu também cometi erros ao longo da minha vida, e queria
que os três fizessem parte da vida de meus filhos, assim como
queria participar da vida de meus sobrinhos. Quanto a Vladimir,
não era só a mim que ele devia desculpas, havia Hadassa, que
sofrera com suas atitudes. Por isso seria um processo longo e
demorado, até cicatrizarmos todas as feridas.

Assim que foram embora, eu fui ao encontro de


Hadassa e nossos filhos.
- Onde está Helena?

- Foi para casa, Esther vai depor hoje. Mas e vocês


como foram?
Eu respirei cansado de tudo que minha mente
fervilhava.
- Você não tem ideia das coisas que ouvi...

- Ivan me contou... É mesmo uma loucura. Mas já


dizia minha mãe, torneira apertada demais sempre dá
vazamento. - eu sorri com seu comentário - Primeiro Joaquim,
depois Vladimir, os dois líderes mais rigorosos da CFJ quanto
às doutrinas. Mas agora só temos que agradecer, porque em
meio à essa loucura nasceu nós dois, nosso amor, nossos
filhos...

- Sabe de uma coisa Lyubov, se tivesse que passar


tudo que passei, sabendo que no final teria vocês quatro, eu
passaria. - Hadassa me deu um de seus sorrisos genuínos, e
me abraçou apertado.

- Eu também meu amor, eu também...


CAPÍTULO LV
IVAN VOLKOV

Doze anos atrás


(Dia do acidente)

- O seu irmão está cada vez pior, um degenerado,


depravado, se perdeu em meio à fornicação e vícios. Vez ou
outra chega bêbado, cheirando a sexo, não respeita nem sua
mãe.
Eu girava o líquido rubro na taça, pensando em
como um homem poderia ser tão hipócrita. Vladimir havia tido
um caso com sua madrasta, quando ele e Irina moravam
debaixo do mesmo teto que meu avô.

- Porque ele não é como você? Hã? Isso só pode ser


uma punição de Javé...

- Pelo quê Javé o puniria "Papai"? Por ter traído sua


esposa? Não, talvez seja por ter tido um caso com sua
madrasta. Já sei deve ser pela troca dos bebês! - Vladimir me
encarava perplexo, sua expressão era de total assombro.

- Q-Quem lhe disse isso?

- Nem se dê o trabalho de negar, eu pude comprovar


a legitimidade da informação. Eu consegui o contato do vovô,
consegui o telefone de sua casa, e apesar dos seus 75 anos ele
ainda encontra-se bastante lúcido.

- Como comprovou que o que ele disse era verdade?


Com quem mais na Rússia teve contato?
- Com ninguém, eu fiz um teste de DNA coletando fio
de cabelo de Irina, Mikhail e meu. Foi quando descobri que era
apenas seu filho, e não da mulher que me criou e deu amor.
Vladimir leva uma de suas mãos ao peito parecendo
surpreso com a informação.

- Não pode ser... Eu fiz a troca, fora Mikhail a


criança trocada, por isso ele ficou assim desregrado,
irresponsável, Mikhail carrega sobre si a estigma do pecado...
Você sempre foi fiel, obediente, nunca me questionou.

- Então era isso? Era por isso essa predileção por


mim? Porque achava que eu era o filho de Irina? Mikhail era
uma criança inocente pai, puro, o único que carregava e carrega
o estigma do pecado é você. Todos esses anos enganando sua
família... Eu me orgulho de meu irmão, ele assume o que é, não
usa máscaras como você ou como eu, e o invejo por isso. Eu
queria ter forças para ser quem eu sou. Me libertar, ser feliz...

- Do que está falando Ivan? Você tem a vida


perfeita! Uma mulher linda e que te ama, honrada.

- Mas eu não a amo! Não poderia ama-la, não como


um homem ama uma mulher... Eu sou gay pai...
- Mentira! Eu não tenho filho gay! Você quer
apenas me punir! - Vladimir vem até mim e me segura pelo
colarinho. - Eu prefiro ver um filho meu morto, a vê-lo com outro
homem. Ouviu bem Ivan?
- Ouvi, alto e claro... - Vladimir me solta assim que
ouve o som da porta sendo aberta.
- Por Javé! Eu estou ouvindo os gritos da sala! O que
está acontecendo?
- Irina volte para sala por favor.
- Não mãe, eu quero que fique, quero que saiba
tudo que esconde o clã Volkov.
- Ivan... Por favor pense no que vai fazer...
- O que houve dessa vez? Primeiro a briga com
Mikhail agora até com Ivan, Vladimir?
- Ele sabe mãe, eu contei a ele. Como dizem por aí?
Eu saí do armário.
- Espere um pouco, Irina você sabia dessa ideia
obscena de Ivan, em passar a gostar de... Por Javé, eu não
consigo nem dizer.
- O quê? Que eu gosto de homem? Pois é eu gosto e
gosto muito.
- Ivan meu filho, não deixe seu pai mais nervoso,
vamos conversar com calma.
- Ah mãe... Você nem desconfia o tipo de homem
com quem casou.
- Do que ele está falando Vladimir?
- Não ligue pro que ele diz Irina, ele quer tirar o foco
da própria condição. Eu o encaro perplexo, com a capacidade
de dissimulação de Vladimir.

- Você é pior do que eu imaginava... Seu marido te


traiu mãe, te traiu com a própria madrasta, e não satisfeito a fez
criar o filho de outra mulher como se fosse seu.

- Ivan... Isso é impossível, você e Mikhail são meus,


eu os coloquei no mundo...
- Ivan já basta! Saia daqui agora!
- Não! Eu vou dizer tudo que está entalado. Petra e
Vladimir tiveram um caso enquanto moravam embaixo do
mesmo teto. - Minha mãe olha para meu pai chocada esperando
uma negativa. - É isso mesmo, o casto Vladimir traiu o pai e a
esposa, e mais a engravidou junto com a esposa. O filho que
Petra esperava era dele.

- Vladimir por Javé, como pôde?

- Tem mais mãe! Um dos gêmeos nasceu, mas horas


depois faleceu, ele sabendo que Petra não havia resistido ao
parto fez a troca. Me colocou no lugar do bebê morto. - Minhas
lágrimas desciam, e minha mãe soluçava, em um rompante ela
foi até Vladimir e começou a esbofeteá-lo.

- Como pôde desgraçado? Como fez isso comigo?


- Você não suportaria Irina. Você sonhava com os
seu gêmeos, e Ivan havia perdido a mãe, seria criado por um
homem que não era seu pai. Então eu paguei a enfermeira para
trazer Ivan do berçário para seu quarto, e colocar o bebê morto
no lugar. Você estava esgotada pelo parto, quando eu vi que o
bebê não mexia e não havia pulsação chamei uma das
enfermeiras.

- Não! Por Javé não... Meu menino...


- Irina...
- Não toque em mim... Ivan escute uma coisa, você
sempre será meu filho. Sempre! Ouviu bem?

- Mãe...

- Eu vou para Congregação e espero vocês lá. - a


frieza de Vladimir me espantava.

- Vá Reverendo fazer o que faz melhor, mentir,


dissimular... - minha mãe cospe as palavras e Vladimir bate a
porta.

Dois dias depois


( no hospital)

Eu acordei ouvindo o choro de minha mãe.


- Filho... Graças a Javé!
- Mãe... Mikhail?
- Mikhail está bem, passou por uma cirurgia na perna,
mas está se recuperando bem.
- Mãe não conte a ninguém que acordei. Preciso
que faça algo por mim...

Eu sabia que Javé havia me dado uma segunda


chance, e não a desperdiçaria. Me doeria ficar longe de minha
mãe e irmão, mas eu precisava tentar ser feliz pelo menos uma
vez.

Dias atuais

Minha mãe me removeu do hospital em que estava,


com a ajuda de um médico e dois enfermeiros, usamos uma
ambulância e partimos para outro hospital. Depois com uma
certidão de óbito falsa, contou a todos de minha morte. Com
Vladimir hospitalizado por conta do aumento da pressão desde
o acidente, a parte burocrática ficou com minha mãe, o que
contribuiu para o que havíamos planejado.

O que me pesou todos esses anos, foi como


Vladimir conseguiu persuadir Mikhail através da culpa, e Irina
permitiu. Várias vezes eu pedi pra que contasse a respeito da
troca dos bebês. Me senti culpado por está tão feliz com meus
filhos e marido, os gêmeos me fazia lembrar Mikhail e eu
quando mais novos.

Foi um processo longo até chegar aqui, após minha


recuperação viajei para o Rio para ter meu recomeço. Com
minha carta de recomendação, e experiência profissional não foi
difícil conseguir trabalhar em um bom colégio. Já no primeiro
colégio, conheci Alfred como diretor pedagógico, após seis
meses namorando, resolvemos morar juntos e oficializarmos
nossa união. Alfred era dez anos mais velho que eu, e queria
formar sua família. Ficamos dois anos tentando a adoção, e
sem nenhum tipo de vislumbre de conseguirmos uma guarda,
optamos pela barriga de aluguel. Primeiro chegou Mikhail,
nosso primogênito, que foi concebido com material genético de
Alfred, em seguida os gêmeos com meu material. Minha mãe os
via uma vez por mês quando viajávamos para São Paulo. Era
quando sempre tinha notícias de Mikhail, e quando descobri a
respeito de um novo casamento. Foi ali que persuadi minha
mãe a escolher Hadassa, o que nos levou até aqui.

Assim que descobri sobre o perseguidor, e o


conteúdo das mensagens, eu só pude pensar em Joaquim.
Joaquim fora minha primeira paixão, mas amor eu só conheci
com Alfred. Eu lamentava como minha ausência o havia
prejudicado, e atirar nele pelas costas foi algo dolorido, porque
me senti duplamente culpado. Mas era a vida de meu irmão que
estava em jogo.

Eu não esperava que Mikhail me perdoasse tão


cedo, mas ainda assim queria fazer parte da vida de meus
sobrinhos, e que recuperássemos nosso tempo perdido. Quanto
à Vladimir, levaria tempo para que confiasse à ele uma
convivência com meus filhos.

Seriam novos tempos, talvez no início difícil, diante


de tudo que vivemos, mas confiava que teríamos nossa
redenção.
EPÍLOGO
HADASSA VOLKOV

3 anos e seis meses depois

Hoje é o nosso aniversário de casamento de 6 anos.


Bodas de Perfume... Para comemorarmos, durante o dia
fizemos um almoço e recebemos a bênção do Pastor de nossa
atual igreja. O então Presbítero Vagner tornou-se Pastor e
fundou sua própria igreja, a Congregação Javé é Amor. Os
membros da CFJ que achavam a doutrina muito rigorosa, e
estavam insatisfeitos, em sua maioria o acompanharam.
Pr.Vagner por diversas vezes veio nos visitar, mesmo não
pertencendo mais à CFJ. Volta e meia nos convidava para
fazermos uma visita à sua Congregação, e queria muito que
Mikhail fosse seu vice, uma vez que o próprio era Pastor
Presidente. Dizia que em meio toda essa loucura, Mikhail tinha
o dom de cuidar de pessoas e a prova disso era a escolha de
sua profissão.

Mikhail ficou um pouco indeciso, uma vez que


segundo ele, aquilo poderia soar como uma vingança ou
provocação à Vladimir. Eu disse, que ele já havia passado anos
demais se preocupando, com pessoas que nunca se
importaram, com o que ele pudesse pensar. Eu sabia que
Mikhail sentia falta da comunidade cristã, e eu também, e a
forma leve e amorosa como a CJA era levada, nos fez querer
retomar nossa vida em comunhão. Nós participávamos
ativamente, principalmente nas obras sociais, Mikhail visitava
algumas pessoas doentes, sempre doava remédios, também
havia a distribuição de cestas básicas condicionada ao peso das
crianças e a matrícula na escola. Como já havia me formado e
trabalhava em dia de semana, aos sábados eu alfabetizava
alguns adultos, junto com alguns universitários em formação,
dávamos reforço escolar gratuitamente. Os cultos eram sempre
aos domingos pela manhã e as quarta feiras à noite. Estávamos
em paz conosco e Javé.

A renovação dos votos fora marcada para às 11:00, foi


uma total correria uma vez que meus filhotes resolveram
aprontar. Com seus 4 anos eles aprontavam de tudo, e Mikhail
se deliciava com as travessuras dos filhos, enquanto eu quase
enlouquecia. Ayla era quem orquestrava todas as peraltices,
hoje mesmo pediu a Gabriel pra pegar tintas pra ajudar na
decoração da festa, ou seja, ele pegou os corantes alimentícios
do buffet e fizeram a festa. Gabriel era o faz tudo do trio e
Miguel era quem limpava a sujeira.

- Miguel, Ayla e Gabriel! Por Javé! Mikhail, você viu o


que seus filhos fizeram? Não são nem oito da manhã.
Gabriel e Ayla estão cheios de corante, e ainda
tiveram a brilhante ideia de tirarem a roupa, para não se
sujarem.
- Pense pelo lado bom Lyubov, pelo menos não sujaram
a roupa.
- Você ainda debocha? Eles podem pegar um resfriado.
Como vou tirar isso tudo até a cerimônia?
- Fique calma eu, sua mãe, e Nena daremos um jeito.
Agora volte pro seu dia de beleza.
Eu não queria sorrir, mas foi tudo que consegui fazer
quando dei as costas aos meus três bebês, fingindo está mais
brava do que realmente estava. Tinha que ter alguém ali pra por
ordem na casa, Mikhail era um pai babão demais, então
sobrava pra mim o papel de chata. Eu amava meus filhos e
suas personalidades. Ayla era uma cópia minha, com aquele
mente brilhante para maquinar coisas, Gabriel era idêntico seu
tio Ivan e adorava fazer as coisas que Ayla arquitetava, já
Miguel era um lorde como o pai, não dedurava os irmãos, mas
ficava pra fiscalizar a situação, se ele achava algo perigoso, ia
até seu pai contar a traquinagem, uma vez que Mikhail evitava
ao máximo que eu brigasse com os meninos.

No fim tudo deu certo e a cerimônia foi perfeita, desde


a decoração até o clima agradável.

Ivan estava lá com Alfred e os meninos, que eram


ótimos primos para meus filhos. Eu amava os cinco, e apesar de
tudo, eu entendia sua dor, e os motivos para fazer o que fez,
como sua confidente, sabia de todo seu sofrimento. Uma vez
por mês vinham nos visitar, as crianças amavam o sítio, eu
achava sua família linda.

Vladimir e Irina estavam presentes, Vladimir agora em


uma cadeira de rodas, infelizmente devido à um AVC sofrido há
dois anos atrás. Minha relação com minha sogra nunca mais foi
a mesma, já que achei injusta e covarde, diante ao sofrimento
de seu filho. Ela poderia ter contado à Mikhail o que Vladimir fez
no passado, talvez em posse da informação, se libertaria
daquela submissão toda. Eles quase não frequentavam nossa
casa, e vez ou outra os meninos dormiam lá com Nena, nossa
babá, sob a condição de não influenciarem nossos filhos em
relação à nada, tudo deveria passar por mim e Mikhail.

Meus pais também estavam presentes, e eram os avós


mais babões do mundo. Eles sempre estavam por aqui pra ver
os meninos, e os mimavam tanto, à ponto de comprar um
carrinho de supermercado exclusivo para cada um, pra que toda
vez que fossem ao, agora não mais mercadinho, e sim Rede
Elohim de supermercados, pudessem fazer suas próprias
compras.

Esther agora morava em Poços de Caldas, onde


administrava outra franquia do supermercado. Como ré primaria
e um bom advogado, e faz terapia até hoje, cumpriu um ano de
serviço comunitário, já que não prestei queixa. Hoje estava
noiva de um pastor, e eu esperava que tudo desse certo pra ela,
mas bem longe de minha família.

Vitório e Vera se casaram, e são pais de Vítor de três


anos. Renatinha se mudou para o Rio com Enzo, e vivem um
relacionamento aberto.

Já eram 20:00, quando Mikhail praticamente me


sequestrou.

- Aonde estamos indo?

- É surpresa... Mas imagine um lugar que sempre quis


ir...

- Bom nós fomos à Disney no início desse ano... -


Mikhail gargalha apertando minha coxa enquanto dirige.

- Ah criança, essa sua inocência...

- Eu já tenho 26 anos, e inocência nunca esteve em


meu currículo.

- De qualquer formas vamos sim, à um parque de


diversões.

Saíamos do limite de Águas da Prata, quando Mikhail


me deu um tapa olhos para dormir.

- Coloque sem trapacear, já estamos chegando.

Descemos do carro e entramos em um ambiente


aparentemente calmo, havia som de vozes, quase sussurros, a
música que tocava era sexy, e estava em uma altura razoável,
o cheiro era amadeirado e ao mesmo tempo doce... A venda em
meus olhos, fazia meus outros sentidos ficarem aguçados. Que
lugar era aquele?

- Sr. Mikhail, que prazer tê-lo aqui após tantos anos.


Aqui está o cartão de acesso da suíte que Sr. Vitório pediu pra
que deixássemos preparada. Espero que tudo esteja a seu
gosto.

- Obrigada Cristian.

Mikhail segurou firme em minha cintura, eu usava um


vestido estilo camisola, de cetim vermelho, e reconhecendo seu
toque possessivo, ele claramente estava marcando território.
Dominus... Esse era o parque de diversões...

Nós subimos uma escada em formato espiral, e assim


que entramos no quarto outra música tocava, mas o cheiro
continuava o mesmo. Mikhail me colocou a sua frente, e roçou
sua barba em meu pescoço me deixando acesa.

- Você confia em mim criança?

- Confio...

Sua voz rouca enquanto deslizava as alças do meu


vestido, me deixava louca e logo senti minha boceta responder
ao simples toque- ficando úmida. Meu vestido deslizou até
formar uma poça no chão , e Mikhail chiou ao me ver
completamente nua.

- Porra Hadassa! Sem calcinha... Ah criança o que eu


faço com você? Venha! - Mikhail segura uma das minhas mãos
e para assim que meu joelhos encostam em algo macio.- Sente-
se e vá até o meio, pare quando eu mandar. - Eu engatinho até
o centro da cama e paro ao comando de Mikhail.- Sente-se
sobre os joelhos.
- Como uma submissa?

-Exato. Agora fique quietinha aí.

Eu ouço Mikhail retirando sua roupa, e o frenesi em


meu ventre aumenta.

- Coloque os braços para trás. - Assim que o fiz eu


senti a textura áspera da corda, imobilizando meus braços,
passando por meu tronco, em volta dos meus seios, os
comprimindo levemente, os deixando mais empinados. Mikhail
mal me tocava, apenas as cordas roçavam em minha pele.
Terminando o nó em minhas costas, Mikhail desceu e a passou
por meu baixo ventre, rente ao quadril, flexionou minhas pernas,
fazendo os joelhos quase encostarem em meus seios. Assim
com todo esmero, terminou o serviço, me deixando nua
completamente exposta.

- Agora você vai sentir Lyubov, apenas sentir...

Eu não conseguia ouvir muita coisa, a música não


ajudava, mas consegui detectar no fundo o som de vibração.
Sem esperar, senti algo arredondado vibrar entre meus seios.
Sinto quando Mikhail se ajoelha, ao meu lado na cama, e suga
meu seio esquerdo, pra em seguida passar aquela vibração em
volta do meu mamilo, ele repete o mesmo processo no seio
direito, me deixando deliciosamente excitada. Em seguida
Mikhail desce o aparelho pelo meu ventre, e abrindo minhas
pernas ele o circula meu clitóris, sem toca-lo em si.
- Mikhail...
A expectativa do contato me deixa louca.
- Shiuuu... Calma criança... Você não imagina
quantas vezes fantasiei com você aqui, assim. Amarrada,
sodomizada, exposta com essa bocetinha melada, louca pra ser
fodida...
Mikhail se levanta, mas mantendo o contato do
aparelho em meu corpo, e quando se põe próximo a minha
boceta, enfim o aparelho vai diretamente em meu clitóris.
- Aaaahhhh...
Que delícia... O aparelho trazia ondas, e não sei como,
mas começou a soltar uma espécie de gel, que fazia tudo se
assemelhar com uma língua movendo-se bem ali, em meu
clitóris. Toda vez que quase gozava Mikhail parava, me fazendo
choramingar pelo prazer interrompido.

- Você fez o que lhe pedi Lyubov. Boa menina... Hoje


você vai sentir meu pau aqui, e aqui.
Mikhail circulou o dedo na entrada da minha vagina,
em seguida movimentou o plugue anal, que estava em mim
desde que saímos de casa.
Vínhamos ensaiando esse momento Mikhail tinha medo
de me machucar, o plugue era de tamanho médio e já havíamos
usado até mesmo um de tamanho maior. Eu queria descobrir a
sensação e sabia que meu esposo gostava de sexo anal.
- Mas antes quero que se veja assim, vou deixar o
vibrador aqui, bem no seu grelinho enquanto retiro sua venda,
mas só vai abrir o olhos quando eu permitir.

Mikhail vem até mim e antes de retirar a venda me dá


um copo com água.
- Beba. Precisa se hidratar.
Eu não sabia que estava com tanta sede, até ele me dá
o copo com água. Mikhail retirou minha venda, e obediente
mantive os olhos fechados.
Senti quando se afastou, após também pude sentir se
posicionar entre minhas pernas.
- Abra Hadassa...
Eu não precisei me acostumar à luz, uma vez que as
luzes eram fracas, distribuídas em pontos estratégicos do
quarto, então assim que abri os olhos, vi o espelho acima de
mim. Por Javé aquela era mesmo eu?
Eu estava nua, amarrada, os cabelos espalhados no
lençol de cetim vermelho, a cama era redonda e todas as
paredes com espelhos. Mikhail olhava para o teto, o olhar no
meu, enquanto exibia uma expressão predatória. Aos 44 anos,
Mikhail permanecia lindo e viril, a prova disso, era o pênis
grande e duro, que repousava em minha entrada. Soltando um
sorriso maldoso, ao ver minha expressão de desejo, Mikhail me
penetrou de uma única vez.
- Aaaaiiii... Huuumm...
Ajoelhado entre minhas pernas, Mikhail comia minha
boceta, olhando em meus olhos, me deixando inebriada com os
movimentos poderosos.
- Sua boceta já está latejando... Vai gozar não vai? - eu
apenas acenei com a cabeça - Quero que goze olhando pra
mim, pro seu homem, pro seu macho Hadassa. Pro único
homem a quem pertenceu e pertencerá.
Mikhail parecia um animal, com aquele olhar feroz,
cabelos selvagens e barba por fazer. O tesão que sentia por
mim fazia o meu triplicar me deixando tonta...
- Eu vou...
- Eu sei... Goza Hadassa, goza com meu pau bem fundo
nessa bocetinha molhada.
- Oooohhh.

Eu gozei, um gozo delicioso mas Mikhail queria mais.


Sem me dá tempo para me recuperar, Mikhail me puxou para
um beijo, e em seguida me virou, fazendo minha barriga e rosto
ficarem encostados na cama, enquanto minha bunda e boceta
ficavam exposta para ele.

- Depois eu vou comer seu cuzinho criança, ele já está


completamente melado por seu gozo... - Dizendo isso Mikhail
girou, uma, duas, várias vezes o plugue em meu cu, aquilo era
uma delícia... - Mas antes preciso que sinta algo, que só a
bondagem, a sodomização, e a dominação proporcionam. -
Com o rosto virado para uma das paredes de espelhos, vi
Mikhail andar nu, até uma espécie de cabideiros, com diversos
tipos de chicotes e objetos para punição. - Sabe Lyubov, você
não foi uma menina muito boa, quando sem o consentimento de
seu marido, veio até aqui sem calcinha, com a porra de um
vestido que só vai até o meio de suas coxas. Eu não gosto nem
de imaginar, quantos homens viram a sua boceta e o caralho
desse plugue reluzindo enquanto subia as escadas. - O plugue
que usava, tinha uma pedra que imitava uma joia na ponta.

- Mas eu não sabia...

Mikhail se virou me encarando e imediatamente me


calei.

- Eu não disse que podia falar, disse? - eu neguei com


a cabeça. - Então só faça o que eu mandar... - Mikhail primeiro
pegou um chicote com tiras finas na ponta, e outro com a ponta
achatada. Ele caminhou se posicionando de pé atrás de mim, e
me puxou deixando meus pés para fora da cama. - Empina essa
bunda pra mim. Vou te ensinar como se comportar criança,
pensei que em seis anos tivesse aprendido.

MIKHAIL VOLKOV

Trazer Hadassa até o Dominus, foi algo que relutei em


fazer mas vendo-a assim tão submissa, excitada, corada me
deixava louco a ponto de explodir de tanto tesão.
Com ela exposta, deslizei o chicote de tiras em toda
extensão de sua coluna, para em seguida deferir um golpe, na
precisão certa para apenas provocar uma leve ardência.

- Aaaahh...

Hadassa gemeu, logo que acariciei o globo redondo e


firme. A medida que aumentava o número de chicotadas,
Hadassa ficava mais molhada me deixando louco. Por isso
troquei o chicote, queria vê-la gozar apenas com minhas
punições.

- Você está pingando criança... - aproveitei para girar


mais algumas vezes o plugue. Sem que esperasse, com o outro
chicote comecei a golpear seu grelinho, que imediatamente
ficou inchado e durinho. Hadassa era só gemidos, e meu pau
babava à espera de entrar naquele buraquinho rosado e
apertado.

- Por favor Mikhail...

Inesperadamente eu retirei o plugue, e soquei a


cabeça do meu pau em seu cuzinho. Tive que ficar imóvel, para
me manter no controle, era mais apertado do que imaginava e
piscava deliciosamente.

- Aaahhh...

- Shiuuu... Te machuquei? - Hadassa como resposta


rebolou em meu pau, me fazendo quase perder a cabeça. -
Porra criança... - Então com seu incentivo fui entrando aos
poucos, enquanto ela rebolava, e abrigava meu pau em seu
cuzinho apertado. Não demorou muito pra que os movimentos
acelerassem, enquanto comia seu cu, Hadassa não desgrudava
os olhos do espelho, vendo eu devora-la, o sorriso malicioso em
seu rosto foi minha perdição. Tirei meu pau de seu cu, e a girei
novamente deixando-a de frente pra mim. Liguei o vibrador,
posicionando em cima de seu clitóris, meu pau abria passagem
novamente em seu buraquinho apertado. Eu soltava sons
guturais, enquanto Hadassa gemia ensandecida de prazer.

- Mikhail... Ahhhhhhh
Hadassa ejaculou, nos molhando com o líquido
transparente que jorrava de sua boceta. Eu não resisti, que
homem resistiria à uma mulher que ejaculava em seu primeiro
anal. Então enchi seu cuzinho com minha porra.

- Ooohhh criança...

Assim que recompomos nossas forças, eu a libertei e


tomamos um banho. Descemos e jantamos no restaurante da
casa. Ao contrário do que muitos imaginavam, o Dominus era
dividido em duas partes, havia a área mais elitizada onde as
pessoas que curtiam mais a sedução e brincadeiras ficavam,
chamada de "Paraíso". Já o "Submundo" que ficava no subsolo
da boate, era onde rolava apenas o sexo cru. Eu
particularmente fui lá apenas duas vezes, e não me agradou, eu
gostava da conquista, sedução e mulheres que tinham certo
mistério. Hadassa ficou perplexa como tudo era de bom gosto,
se não fossem os quartos na parte superior, a Dominus se
passaria por uma casa de dança comum, com pessoas flertando
e se beijando com toques sutis.

Por volta das 01:00 da manhã voltamos pra casa,


fomos direto ao quarto dos nossos filhos, que dormiam
tranquilos. As camas baixas nos deixavam tranquilos, e tudo
fora pensado para segurança deles e conforto.

- Dormindo assim nem parecem que quase me


enlouquecem...

- Não reclame você é louca por eles, quem sabe daqui


há uns 5 anos não tentamos mais um. - Hadassa me olha como
quem pudesse matar.

- Você está louco né? Nem pensar! Mikhail se algum


dia eu engravidar depois desses três, eu te mato. - Ela sai
resmungando rumo ao nosso quarto. - Tentar mais um... Onde
já se viu, se sem tentarmos veio três... Esse homem só pode
está louco.

Eu sorrio, enquanto fecho a porta do quarto dos meus


pequenos, com o coração cheio de felicidade, me sentindo um
homem completo. Hadassa foi a melhor tempestade que Javé
enviou à minha vida. Minha Lyubov, minha Shtorm...

Lyubov: Querida
Shtorm: Tempestade

FIM
AGRADECIMENTOS
Primeiro à Deus, segundo a minha família e amigos que me
apoiaram durante essa empreitada, e em terceiro e não menos
importante às minhas leitoras, minhas Vanáticas. Quero deixar um
agradecimento especial a minha administradora Jéssica, as amigas
e leitoras Cass, Inês, Kelly, Joicy, Brenna , Vania e Naiara. E um
beijão as meninas da KF Assessoria, Grazy e Carla. E a autora
super generosa e delicada, Dessa obrigada lindona.
REDES SOCIAIS
Para que possam conhecer melhor a autora e o meu
trabalho fique por dentro das minhas redes sociais.
Instagram
Facebook
Grupo Facebook
MINHAS OBRAS NA AMAZON
Peccato Dolce: Livro I da Série Pecados Capitais
Filippo Leone é um homem ítalo-brasileiro de 36 anos.
Filippo junto com sua mãe e primo administram a Peccato Dolce
uma rede de confeitarias popular nas grandes capitais brasileiras e
Itália. Esse homem intenso e extremamente sexy tem um filho
Nicolas de 6 anos com a sua "ex" noiva Isadora Soares.
Aos 6 meses de gestação Isa sofre um acidente de carro
onde fica em coma mantida por aparelhos, mesmo em coma ela dá
a luz a Nicolas que é a alegria da casa.Passam-se 6 anos e Filippo
mantém os aparelhos da mãe de seu filho ligado na esperança que
ela volte a consciência um dia. Contando com essa volta ele não se
prende a nenhum tipo de relacionamento, mesmo sempre sendo
assediado pela irmã gêmea da mãe de seu filho, Ivana.
Leone vive de noites de sexo casual sem nenhum apego
por isso sempre descartou Ivana a quem ele julga ser ótima para
seu filho. Ele só não contava em conhecer Nicole Romero (ou Nick
para os íntimos) uma linda morena 14 anos mais jovem que faz
parte do estágio de sua empresa se tornando assistente de sua
secretária.
A brasileira com ascendência espanhola mexe totalmente
com ele. Será que ele vai resistir a tentação? Será que Nick
conseguirá tirar o posto do seu amor da juventude?
Venha se apaixonar por esse romance cheio de paixão,
intrigas e sedução.

O bebê do Grosseirão: Livro I da trilogia Rústicos e


Brutos
Ah o destino...
O Destino é geralmente concebido como uma sucessão
inevitável de acontecimentos relacionada a uma possível ordem
cósmica. Portanto, segundo essa concepção, o destino conduz a
vida de acordo com uma ordem natural, da qual nada que existe
pode escapar.
Pra quem acredita, dirá que ele fora responsável pela
quase impossível ligação, de um delegado de uma cidadezinha do
interior mineiro, e uma ex Miss Brasil, ícone da moda brasileira.
Uma doação irresponsável, feita há mais de dez anos atrás
por um trio de jovens.
Uma mulher desacreditada do amor, que decide ser mãe
de maneira indepente.
A doença de um bebê que os põe frente a frente.
Comédia, drama, romance e uma pitada hot...

Saberia a madame lidar, com um delegado, bruto e


desbocado? Façam suas apostas
PROXIMOS LANÇAMENTOS
CÓLERA: Livro III da Série Pecados Capitais.
Leonardo Pontes sente a dor da traição de seu único amor,
acreditando nessa traição ele assume uma nova identidade, sendo
capaz de passar por cima de tudo em busca de uma vingança...
Valentina Lima, um mulher acorrentada à uma chantagem,
pagando por um crime que não cometeu. Se vendo só na missão de
criar o filho, fruto de seu único amor.
Será o sentimento de ira maior que o amor? O amor
conseguirá superar as consequências de uma vingança?

Você também pode gostar