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Folha de rosto
Direitos autorais
Também por Elise Kova
Mapa de Midscape
Conteú do
Dedicaçã o
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo 43
Capítulo 44
Capítulo 45
Capítulo 46
Capítulo 47
Capítulo 48
Descubra mais de Elise Kova
Agradecimentos
Sobre a Autora: Elise Kova
UM DUELO COM O SENHOR VAMPIRO
Um romance de Casado com Magic
ELISE KOVA
Este livro é um trabalho de ficção. Os nomes, personagens e eventos deste
livro são produtos da imaginação do autor ou são usados de forma
fictícia. Qualquer semelhança com pessoas reais vivas ou mortas é mera
coincidência e não é intenção do autor.
Todos os direitos reservados. Nem este livro, nem qualquer parte dele
pode ser vendido ou reproduzido de qualquer forma sem permissão.
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CASADA COM A MAGIA
Ar Desperta
Fogo caindo
Fim da Terra
Ira da Á gua
coroa de cristal
Crônicas do Vórtice
Visõ es de vó rtice
Campeão Escolhido
Futuro fracassado
Sacrifício Soberano
Gaiola de Cristal
O Cão da Coroa
O bandido do príncipe
A Guerra do Fazendeiro
Um julgamento de feiticeiros
Um julgamento de feiticeiros
Um Torneio de Coroas
Os Alquimistas de Loom
Os Dragõ es de Nova
Os rebeldes de ouro
NUNCA PERCA UM LANÇAMENTO.
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CONTEÚ DO
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo 43
Capítulo 44
Capítulo 45
Capítulo 46
Capítulo 47
Capítulo 48
TRABALHAR. Sem fim. Sempre muito a ser feito. Mas estamos perto.
Uma mulher andando por corredores escuros. Passando como um
fantasma: presente, sentido, mas invisível. Armas carregadas com três
diários. Um homem de cabelos negros está de um lado dela, um homem
de olhos dourados do outro.
"Devemos contar a eles", diz o homem de cabelos negros.
“Eles não vão aceitar. Ainda não,” o outro homem objeta.
"Talvez com o tempo", diz ela.
Mas, por enquanto, eu trabalho…
COM O RITUAL CERTO, posso ajudá-lo, ajudar todos eles. O custo não
precisa ser tão alto.
Podemos fazer isso sem derramamento de sangue desnecessário.
Desde quando estamos em lados opostos, irmão?
HÁ uma foice em cada um dos meus quadris. Tenho uma grande faca de
caça feita de aço presa à minha coxa esquerda, para ser usada mais
como uma ferramenta do que como uma arma. Anexado à minha direita
está uma faca semelhante, mas fundida em prata. Existem quatro
pequenas adagas escondidas em outros locais do meu corpo. Um no
pulso, dois nas costelas e um na bota. Sã o todos locais prá ticos e fá ceis
de acessar em um momento de extrema necessidade. Só espero que
sejam suficientes. Eles terã o que ser.
Cada um dos vampiros está armado com suas pró prias armas de
prata. Uma visã o que eu nunca poderia ter imaginado, mesmo tendo
trabalhado em suas respectivas lâ minas dia e noite. Ventos prendeu sua
espada nas costas. Eu ainda me pego admirando o artesanato dele. Deve
ter sido forjado há muito tempo, quando a prata devia ser barata e
abundante.
Lavenzia está armada com seu florete. Winny carrega uma espada
curta e dez adagas de arremesso que estã o presas a um cinto esticado
em seu peito. Ruvan carrega duas foices, assim como eu. Ele está
armado com as armas dos caçadores. Eu me pergunto se ele fez isso
para tentar me provocar.
Nã o... nã o acho que ele faria isso. Ele nã o é... bem, nã o posso
chamá -lo de gentil. Eu posso? No mínimo, ele nã o foi cruel comigo
quando poderia facilmente ter sido. Ele me deu o uso gratuito da
ferraria. Ele me deu paz à noite para descansar. Ele quase foi gentil,
além de me tirar de casa, isso é...
Quanto mais penso nele, mais confusos meus pensamentos e
sentimentos se tornam.
“Todos vocês conhecem o caminho, certo?” Callos pergunta. Ele e
Quinn estã o desarmados e sem armadura. Eles estã o diante das portas
que levam ao salã o principal. Eles nã o estã o vindo para ver o que este
velho castelo guarda.
"Nó s fazemos." Ruvan assente. “Se nã o voltarmos em dois dias,
você sabe o que fazer.”
“Vamos torcer para que nã o chegue a esse ponto.” Quinn torce as
mã os. “Um ano nã o é um mandato muito longo para um Lorde
Vampiro.”
Um ano?"Você só é o Lorde Vampiro há um ano?" Eu deixo escapar.
Os olhos de Ruvan se voltam para mim, junto com os de todos os outros.
Eu teria ficado escarlate de vergonha se nã o fosse pela aura sombria
que irradia de todos eles – principalmente de Ruvan.
“Sim, apenas um ano,” Ruvan diz com uma nota de finalidade,
verificando seus apertos mais uma vez. Ele olha de volta para Quinn.
“Faremos o nosso melhor, amigo.”
“Entã o vamos lá .” Ventos dá um passo à frente e levanta a grossa
barra de ferro que trancava as portas opostas à entrada do corredor
fechadas.
Os mú sculos das costas de Ruvan se contraem quando ele abre um
pouco a porta.
Winny passa. "Limpo", ela chama de volta.
Lavenzia entra silenciosamente pela porta.
"Vocês dois têm?" Ventos pergunta enquanto entrega a Callos e
Quinn a enorme barra de ferro.
“Somos mais fortes do que parecemos.” Callos sorri para ele.
“Espero que sim, alguém tem que nos deixar entrar.” Ventos ri com
vontade e se espreme pela porta.
“Riane, comigo,” Ruvan ordena.
Logo atrá s dele, passo por um territó rio desconhecido. A porta se
fecha atrá s de mim e posso ouvir o som da barra sendo reativada. A
mesma excitaçã o incô moda e incô moda da noite da caçada percorre
meu corpo, logo abaixo da minha pele, embora eu nã o tenha bebido
nenhum elixir. É um desejo que nã o parece inteiramente meu e
sussurra com a mesma onda de poder de quando fiz juramento de
sangue a Ruvan.
Dê-me poder. Dê-me sangue.
Eu agarro as duas foices em meus quadris, mudo meu aperto e
aperto novamente, tentando me livrar do desejo. Eu tento inalar
lentamente, reprimindo a inquietaçã o que cresce dentro de mim.
“Está quieto,” Lavenzia sussurra. Sua leviandade habitual
desapareceu. Posso dizer por sua pose que ela está pronta para sacar
seu florete a qualquer momento. Ela tem a mesma nitidez em seu olhar
que Drew logo antes de ele atacar em mim durante nossa luta.
"Bom." Ruvan irradia desconforto também. Talvez esse sentimento
angustiante esteja vindo dele e da conexã o que foi imposta a nó s
através do juramento de sangue. “Ainda é cedo. Precisamos usar cada
minuto que eles estiverem sedados durante o dia para chegar o mais
fundo possível.
“Callos tem certeza desse caminho, certo? Porque certamente nã o
podemos seguir o mesmo caminho da ú ltima vez, depois que tivemos
que explodi-lo”, diz Ventos. Ele claramente luta para manter a voz baixa.
Explodir?Isso nã o soa bem.
“Ele está confiante.” O olhar de Ruvan cai sobre mim. “E nó s vamos
conseguir; afinal, temos um caçador conosco.
Ótimo, eles realmente querem que eu seja um caçador. Simplesmente
maravilhoso.
“E o que estou caçando?” Eu pergunto.
“O que você foi feito para caçar.”
“Mas o juramento de sangue...”
“O juramento de sangue impede que você me machuque ou a
qualquer pessoa leal a mim. Esses vampiros nã o sã o leais a mim. Eles
nã o sã o leais a ninguém. Eles sã o os monstros que sua guilda criou com
sua maldiçã o.” Os olhos de Ruvan se estreitam ligeiramente.
Eu ignoro seu olhar acusador. “Como vou saber a diferença entre
aqueles leais a você e esses 'monstros'?”
“Nã o será difícil perceber a diferença”, responde Lavenzia.
“Eles têm os rostos murchos e afundados que possuímos
originalmente.” O olhar que Ruvan me dá é aguçado, como se estivesse
tentando enfatizar que a forma como eu o vi originalmente era
resultado dessa maldiçã o e nã o de sua pró pria monstruosidade.
Parece o vampiro que conheço. "Simples o suficiente, entã o."
Continuamos pelo castelo. Winny corre para o nosso grupo,
ficando à frente. Seu cabelo, puxado para trá s, é uma mecha de ouro.
É quando ela desliza para a escuridã o à frente que percebo que
tudo nesta primeira sala está escuro. Nã o há fontes de luz. Sem velas.
Sem janelas.
Eu paro, me virando. Piscando. "O que…"
"O que é isso?" Ruvan pergunta. Todos param, dando um passo
mais perto.
"Eu consigo ver." Os detalhes mais finos sã o diminuídos. Mas posso
ver as paredes de pedra e as tapeçarias em ruínas. Posso ver a
condensaçã o que escorre das vigas caídas do telhado e pinga como
sangue no chã o. "Quã o?"
“É a magia do juramento de sangue,” Ruvan responde como se isso
devesse ser ó bvio e claro quando nã o é para mim. “Você tem poderes de
vampiro dentro de você.”
“Mas eu nã o sou um—”
“Vampir, sim, todos nó s sabemos.” Ele suspira cansado. “Mas nossa
essência foi ligada, um caminho aberto entre nó s. Algumas de minhas
habilidades e percepçõ es foram dadas a você e, por sua vez, as suas a
mim.”
Eu me pergunto exatamente quais sã o essas “habilidades e
percepçõ es” que eu dei a ele. Ele pode forjar? Ele pode realmente
roubar meu rosto? Ou ele sabe algo mais íntimo? Este nã o é o momento
nem o local para perguntar e fico feliz em evitar a resposta por
enquanto.
“Ú til”, é tudo o que digo, e continuamos em frente.
Faço uma nova pausa, brevemente, quando vejo sangue preto pela
primeira vez.
Aparece como gotas, depois manchas de mã os nas paredes. Entã o
o corredor se abre. Posso ver os fantasmas dos combatentes dançando,
sangue seco pintando o esboço de uma batalha há muito tempo
encerrada neste salã o de banquetes cheio de teias de aranha. Mesas
viradas e cadeiras quebradas espalham-se pelo chã o, um confete de
escombros.
"Bom, ainda está claro", Winny diz baixinho, quase inaudível.
“O que você vê, Riane?” Ruvan me assusta ao perguntar.
“Uma luta aconteceu aqui.”
"Obviamente. Eu quero que você destrua isso para mim.
"Perdã o?" Eu encontro seus olhos.
“Quantos inimigos havia?”
“Isso é relevante?”
O olhar de Ruvan se torna mais intenso, investigativo. Isso acende
o pâ nico em mim. Ele é suspeito. Eu sabia. De repente, estou contando
tudo o que disse e fiz. O que eu estava pensando, forjando armas?
Caçadores nã o forjam. Mas talvez ele nã o saiba disso? Talvez isso seja
apenas um teste de minhas habilidades e nã o decorrente de suspeitas.
“Quero saber o que você vê”, ele insiste.
“Nó s realmente temos tempo para isso?” Ventos resmunga.
“Nã o deve demorar muito. Continue,” Ruvan insiste.
Eu passo para o lado. Posso sentir seus olhos me seguindo pela
sala. Drew me disse como ler os sinais da batalha... mas apenas de uma
forma acadêmica. Ele me contou sobre o rastreamento por gotas de
sangue e como as pegadas podem moldar as marés de uma luta. Nunca
tivemos um motivo para praticá -lo. Nunca esperávamos que eu fosse
caçar. Depois de dar uma volta completa pelo corredor, paro diante de
Ruvan.
“Você enfrentou muitos inimigos.”
"Quantos?"
"Eu... eu acho que cerca de trinta." Sinceramente, nã o tenho
certeza. Este nã o é o meu forte.
Ruvan sorri levemente. “Mais perto de vinte.”
“Nó s realmente devemos continuar,” Winny pressiona.
Mas Ruvan é implacável. “O que mais você vê?”
“Ventos lutou aqui.” Aponto para um ponto no chã o no centro de
um amplo arco de sangue. “Com uma lâ mina tã o grande e pesada, ele só
poderia fazer tantos ataques… e o padrã o do sangue apó ia isso.”
"Prossiga."
“Lavenzia esteve aqui.” Eu aponto para um ponto diferente. Posso
nã o ser um caçador, mas conheço as armas e como os combatentes as
usarã o. O trabalho da minha vida foi dedicado a isso. Talvez isso seja o
suficiente para blefar em qualquer teste que Ruvan esteja tentando me
fazer passar. “Seu florete requer sutileza; um florete depende de
velocidade e precisã o. No entanto, gerenciar a distâ ncia também é
crítico com uma arma como essa. Seu trabalho de pés deixa linhas no
chã o enquanto você passa pelos inimigos que você mata.”
"E eu?"
“Você...” Eu perco minhas palavras por um momento enquanto
meus olhos voltam para o Lorde Vampiro. Ele é o ú nico cujos
movimentos posso visualizar claramente na sala. “Você luta como um
caçador faria.” Eu quase posso sentir onde seus ataques pousaram.
Como ele se moveu. Ele se move como eu em combate, como Drew.
Nã o é de se admirar que nó s combinamos tã o bem naquelas ruínas
em Fade Marshes. Ele conhece todos os meus ataques antes que eu os
faça. Todos os meus movimentos antes que eu possa pensá -los. Assim
como eu conheço o dele. Mas por que? Ele forçou caçadores aqui para
treiná -lo? Ou ele tem algum tipo de registro de como os caçadores
lutam? Suspeito que este ú ltimo tenha dado suas declaraçõ es anteriores
sobre registros de caçadores.
Ele continua a me estudar, a expressã o ilegível.
“Podemos seguir em frente agora?” Winny pergunta. “Temos muito
chã o a percorrer.”
"De fato." Ruvan finalmente cede e avança. Eu me coloco à sua
direita.
Continuamos descendo para as profundezas do castelo. As salas
começam a se confundir, uma colagem de escuridã o e sangue seco. Cada
campo de batalha esquecido como um retrato de uma luta há muito
passada. Em cada um, há pegadas de pessoas lutando contra inimigos
sombrios disformes. Mas quem sã o essas pessoas começa a mudar. Nã o
estou mais confiante de que é Ruvan e sua aliança.
Havia outras pessoas lutando contra esses inimigos misteriosos ao
longo dos anos. Eu olho para os outros, vendo se consigo descobrir uma
maneira de afirmar minha suspeita, mas sou silenciada por seus
olhares intensos e distantes. Estes sã o homens e mulheres
assombrados pela batalha e pelo sangue. Eles têm os mesmos olhos dos
caçadores que voltam dos pâ ntanos depois da lua cheia.
Começo a colher mais informaçõ es do desfile interminável de
respingos de sangue e mesas viradas. Esses vampiros monstruosos que
estamos caçando nã o sã o maiores ou menores do que o nosso pró prio
grupo. Embora pareçam rá pidos e fortes, com base nos sulcos
profundos que parecem quase garras. Tanto sangue, tantas batalhas... e
nenhum corpo.
Essa é a parte mais desconcertante de tudo.
“Por que nã o há corpos?” Eu sussurro.
Leva muito tempo até que Ruvan responda: “Eles comem a carne
dos mortos”.
Eu nã o pergunto mais nada.
Winny continua disparando para frente e para trá s. Ela faz
movimentos com as mã os e acena na direçã o de Ruvan. Um có digo que
só eles parecem entender. Mesmo que eu nã o esteja a par de sua
linguagem secreta, eu sei que nã o é bom quando ela volta, sua pele
geralmente bronzeada empalideceu quase um branco completo.
Todos se amontoam para ouvi-la sussurrar.
“À frente, pelo menos quinze deles. Há -"
Ruvan coloca a mã o sobre a boca dela. Eu empurro meu queixo na
direçã o de onde ela veio, estreitando os olhos. Os pelos dos meus
braços se arrepiam. O ar está eletrificado.
O lorde vampiro também deve ouvir o raspar lento – como pregos
em pedra. Há um ruído mais baixo também. Mais pesado. Respirando,
eu percebo. Sã o suspiros irregulares desenhados por uma mandíbula
frouxa. Os vampiros ao meu redor mudam de posiçã o. Meu coraçã o
começa a acelerar, bombeando a pressa da batalha iminente em minhas
veias.
Da escuridã o, o monstro que eu esperava emerge.
CAPÍTULO 15
ACORDO COM A LUZ DO SOL, aquecida por seus raios, e uma dor surda
que lentamente desaparece entre minhas têmporas. Estou
esparramado no chã o e me estico languidamente, quase
preguiçosamente. Sinto-me como um dos gatos que dormiriam no topo
da grande muralha que cercava Hunter's Hamlet e a fortaleza,
cochilando ao sol sem nenhuma preocupaçã o no mundo.
O dia anterior volta para mim com pressa. Eu inalo
profundamente. Minha mã o voa para o meu pescoço. A pele é sensível e
o toque mais simples causa arrepios na minha espinha. Eu expiro com
um arrepio e lambo meus lá bios, como se o sangue de seu polegar ainda
estivesse lá . O gosto dele volta para mim.
Ruvan ainda está dormindo profundamente. Ele se encolheu contra
a parede, ao lado da janela.
Lentamente rolando para o lado, puxo meus joelhos para baixo de
mim e rastejo até ele. Seu cabelo caiu sobre o rosto. Suas respiraçõ es
sã o lentas e uniformes; ele parece quase em paz. Apenas seu rosto traz
de volta as memó rias da noite passada. Seus braços fortes em volta de
mim, apertando. A sensaçã o de sua crescente e insaciável necessidade
por mim. Uma necessidade que eu queria satisfazer.
Eu esfrego meu pescoço pensativamente. É a magia dos jurados de
sangue ou algo mais? Eu quero dizer que é apenas a magia do vampiro
brincando com minha mente, que eu nunca desejaria tais coisas.
Mas eu sei melhor. Eu nunca fui necessá rio antes. Nã o dessa forma.
Embora eu tenha me perguntado como poderia ser.
Existem poucos pretendentes em Hunter's Hamlet. Algumas
garotas se deliciam com sua pró pria caçada, da melhor maneira
possível com as opçõ es que recebem. Eu olhava para eles com saudade
enquanto se vestiam para seus bailes de Natal e danças de primavera.
Sim, eu os invejava. A liberdade deles. A capacidade deles de olhar além
da vida que nos foi dada e vê-la como algo que poderia ser...
esperançoso.
A maioria via Hunter's Hamlet como um santuá rio do mundo
exterior. Mesmo que enfrentá ssemos vampiros toda lua cheia, isso era
apenas um dia por mês. Todos os outros dias tinham segurança, barriga
cheia quando nã o havia seca ou chuva inesperada, e uma comunidade
onde todos tinham um papel e cada papel levantava o outro.
Para mim, Hunter's Hamlet era tudo que eu teria na vida. Eu sabia
qual era o meu futuro como donzela da forja, o que sempre seria. Nunca
tive escolha antes de mim quando se tratava de pretendentes ou de
uma família pró pria. Eu tinha obrigaçõ es.
Portanto, nenhum homem jamais ousou olhar para mim do jeito
que Ruvan fez na noite passada. Pelo menos nenhum que jamais me
permitiu ver. E ouso dizer que gostei.
Balanço a cabeça e tento banir a ideia. Nã o. Eu nã o gostei. Bem, eu
fiz... mas nã o desse vampiro, nã o realmente. Certamente nã o gostei da
seda de seu cabelo ou da curva de sua boca. E eu definitivamente nã o
gostei nem um pouco de suas presas. De jeito nenhum... Mordo meu
lá bio inferior e o preocupo entre os dentes. Eu ainda posso prová -lo. Eu
ainda quero mais dele.
“Se você ficar me encarando por mais tempo, vou pedir um
retrato”, diz sem abrir os olhos.
Eu quase caio de surpresa. “Há quanto tempo você está acordado?”
“Tempo suficiente para saber que tenho sido seu ú nico foco por
algum tempo.” Os olhos de Ruvan se abrem. Um olhar dele agora me
deixa sem fô lego. "Como você está se sentindo?"
"Estou bem."
"Bom."
"E você?" Eu pergunto. Ele ainda parece luminoso. Bochechas
fortes, lá bios carnudos - embora nã o estejam mais manchados de
carmesim. Imagino-o lentamente lambendo os lá bios novamente,
saboreando cada gosto. Eu rapidamente tento banir o pensamento. Eu
tenho que obter o meu juízo sobre mim.
"Eu sou excelente." Ele se levanta e eu também. “Devemos começar
a nos mover enquanto ainda temos a vantagem da luz do nosso lado e o
velho castelo está mais silencioso.”
"É claro." Ajusto minha armadura, verificando quais armas me
restam. Uma foice, algumas adagas. O resto se perdeu na caça e na
queda. Enquanto o ajudo a voltar para o prato, pergunto: "Você sabe
onde estamos?"
“Felizmente, sim. Eu me orientei ontem à noite. Estamos em um
dos antigos aposentos do rei. Supondo que os mapas de Callos e minha
memó ria estejam corretos. Sua ressalva nã o soa tã o confiante quanto
eu gostaria.
“Existem outros tipos de monstros que eu deveria conhecer?”
Ele ia remover as barricadas da porta quando parou. Nã o gosto
nem um pouco da hesitaçã o. "Apenas um."
"Oh, ó timo, algo pior do que Sucumbido ou Caído?" Acho que
diversã o amarga é a ú nica maneira de aceitar o que está acontecendo.
“Nã o é algo com que você precise se preocupar.” Ele continua
afastando as coisas da porta. Vou ajudá -lo, aproveitando a
oportunidade para lançar-lhe um olhar frustrado.
“Nã o quero mais ficar no escuro.”
“Infelizmente, esses corredores sã o muito escuros.”
“Nã o foi isso que eu quis dizer e você sabe disso.” Eu coloquei
minhas mã os em meus quadris. “Se estamos trabalhando juntos, entã o
vamos trabalhar juntos. Realmente e verdadeiramente.”
"Você é quem fala." As palavras nã o sã o tã o cortantes quanto
poderiam ser.
"Quero dizer. Vamos começar de novo.”
“Tudo bem, Floriane.” Ele usando meu nome ainda me dá uma
pausa. É estranho ver sua boca fazer esses sons. “Existe apenas um
outro tipo de vampiro amaldiçoado. Nã o se sabe muito sobre a
maldiçã o e como ela funciona. Os humanos nã o nos deram exatamente
uma cartilha sobre isso.
“Se existe, nã o sei. Essa é a verdade." Eu empurro para o lado a
cô moda de pedra que posicionamos na frente da porta.
"Infeliz." Ele pega meu queixo, trazendo meu rosto para o dele. Eu
sugo o ar, segurando-o. Seu olhar intenso está de volta, aqueles olhos
brilhantes me capturando. "Você tem sorte de ter um gosto tã o bom,
caso contrá rio, eu ficaria muito mais frustrado com você."
Tento falar, mas só consigo abrir a boca.
Satisfeito. Presunçoso. Ele me solta. Ele sabe exatamente o que está
fazendo comigo, e tã o frustrado quanto isso me deixa, eu também...
gosto disso. Eu quero que ele continue me tocando tanto que eu posso
resolver o problema com minhas pró prias mã os se nã o tomar cuidado.
Agora que me dei permissã o para me entregar, nã o tenho uma boa
resposta para o motivo de nã o estar constantemente.
“Seja qual for o motivo, a maldiçã o nã o afeta todos os vampiros
igualmente,” ele continua, como se nã o tivesse acabado de transformar
meus joelhos em geleia. “Alguns apenas se tornam Sucumbidos. Outro
vampiro, Fallen. O ú ltimo tipo é o Perdido. Eu mesmo nunca vi um, mas
os registros dos senhores vampiros que vieram antes de mim
especulam que os Perdidos sã o as cascas de poderosos senhores
perdidos há muito tempo. Entã o eu teorizo que o impacto da maldiçã o
está de alguma forma relacionado ao poder inato que um vampiro tinha
antes da maldiçã o ser lançada e nã o sobre o tempo que alguém foi
amaldiçoado.”
"Excepcional." Eu suspiro. “Portanto, há um inimigo maior e mais
poderoso a ser observado.”
“Como eu disse, eles sã o raros. Os primeiros senhores podem ter
limpado todos eles. Nã o há registro de um avistamento há séculos.
“O que os torna diferentes dos outros?”
“Como eu disse, só tenho registros parciais, mas outros senhores
que os encontraram e sobreviveram notaram que sã o grandes
monstruosidades aladas. Eles sã o totalmente imunes à prata, entã o
devem ser cortados. E talvez o mais perigoso seja que eles sã o capazes
de hipnotizar usando o som.”
Espero que ele diga que está só brincando, que nada disso é real,
mas sua expressã o é mortalmente séria. “Bem, entã o vamos torcer para
nunca encontrarmos um e descobrir se essas lendas sã o verdadeiras.”
"Concordou."
O velho castelo está quieto, tã o quieto quanto quando partimos. A
escuridã o ainda é escura, densa. Posso sentir as outras entidades com
as quais compartilhamos esses corredores. Nã o estamos seguros de
forma alguma. Mas os monstros ao nosso redor dormem. Nã o há
sensaçã o de movimento. Nã o há correntes no ar parado.
Levo metade do dia para perceber que o caminho que estamos
seguindo é familiar. Sã o os contornos fantasmagó ricos das tapeçarias.
As mesas esquecidas que se desfizeram com o pró prio peso sob lustres
que vi brilhar em meus sonhos poucas horas atrá s.
Demoro para parar em um grande salã o de banquetes.
Ruvan também faz uma pausa quando percebe que nã o estou mais
seguindo. Ele caminha de volta para mim, invadindo meu espaço
pessoal para sussurrar: “O que é? O que você ouve ou vê?
"Eu conheço esse lugar."
“Você quer dizer que é semelhante a algo que você já viu antes?”
Respiro uma risada suave. “Nã o, nunca vi nada parecido com este
castelo em minha vida. Nã o há nada tã o grandioso em Hunter's Hamlet,
nem mesmo a fortaleza.”
"Entã o-"
"Acho que vi... em meus sonhos." Olho para ele e acrescento
apressadamente: “Sei que parece impossível dizer em voz alta. Mas eu
prometo a você, eu nã o sou...”
“Você nã o pode mentir.” Uma carranca puxa seus lá bios.
"O que você acha que isto significa?" Eu sussurro.
Ruvan olha ao redor da sala. Eu gostaria de saber o que ele estava
pensando. Apesar de todas as dicas e vislumbres que a magia que
compartilhamos me dá , nã o tenho a menor ideia do que se passa na
cabeça dele.
“Veremos”, ele responde enigmaticamente.
Eu o pego pelo braço. "Diga-me."
"Ainda nã o."
“Você nã o acha que eu tenho o direito de saber?”
“Acho que nã o quero compartilhar algo até ter certeza disso, de
uma forma ou de outra.” Ele se afasta de mim, o conhecimento se
retirando com ele. “Agora, precisamos continuar.”
"Nã o." Eu nã o me mexo.
Ruvan diminui a velocidade e olha por cima do ombro. "Nã o?"
“Eu disse nã o”, repito. "Eu nã o vou continuar até que você me diga."
“Este nã o é o momento nem o lugar.”
“Entã o fale rá pido.”
“Você é implacável.” Ele esfrega as têmporas, embora eu nã o sinta
nenhuma agitaçã o genuína em nosso juramento. Na verdade, acho que
ele está usando o movimento para esconder um sorriso malicioso.
“Já me disseram que eu bato em algo até que se submeta à minha
vontade,” eu digo.
“Acredito nisso.” Ruvan suspira. "Eu me pergunto se nosso
juramento de sangue, de fato, deu a você algum poder de vampiro."
Minhas mã os relaxam e eu deixo de lado o que quer que eu tenha
pensado que ele iria dizer. Eu certamente nã o estava esperando isso.
“Mas eu nã o sou um vampiro…”
“Nã o, e os ritos para fazer um sã o complexos e envolvem grande
poder e sacrifício por parte de vampiros e humanos – tã o grandes que
existem apenas alguns escritos sobre isso do Rei Solos, e o processo foi
imediatamente banido.”
Solos. Eu ouvi esse nome no meu sonho. Pelo menos, acho que sim.
"Mas você pesquisou?"
“Existem apenas alguns volumes limitados sobre a arte, mas
sempre fiquei intrigado com coisas proibidas.” Ele sorri
maliciosamente. “Em qualquer caso, tornar-se jurado de sangue nã o faz
parte dos ritos para transformar um vampiro humano. Mas nã o há
outras informaçõ es sobre o que aconteceria com um juramento de
sangue humano e vampiro, como nunca foi feito antes. Eu poderia
teorizar que, ao fazer o juramento e fortalecê-lo com o ritual que
realizei, aprofundando-o com mais do meu sangue, dei a você traços do
poder do vampiro. Talvez você tenha visto o futuro por onde passamos
aqui em seus sonhos.
Era isso?"Talvez", é tudo o que posso dizer. Minha cabeça está
latejando. O sonho, embora desaparecendo, era diferente... mas nã o
consigo identificar como. Está ficando nebuloso em minha memó ria e
Ruvan está certo. Este nã o é o momento nem o lugar para discutir esses
assuntos e, além disso, nã o quero mais. Há perguntas à espreita que nã o
quero responder. A ideia de uma nova magia crescendo dentro de mim
me deixa abalada. “Acho que saberemos mais com o passar do tempo.”
Ele pega a dica e nã o diz mais nada.
Os quartos se confundem, um apó s o outro, mas sei quando
estamos chegando perto de nosso destino. Com certeza, com um ou
dois desvios para explicar passagens desmoronadas e salas com grades,
tomamos quase o mesmo caminho que a mulher em meu sonho.
Não poderia ser o futuro.Engulo em seco. O que esse juramento de
sangue despertou dentro de mim? Temo ter convidado a magia do
vampiro - e tudo o que vem com ela dentro de mim... e agora pode
nunca mais sair.
CAPÍTULO 19
“MAS VOCÊ ... VOCÊ nã o pode cruzar o Fade se nã o for a Lua de Sangue,”
eu digo apressadamente. A ideia de trazer um vampiro de volta ao
Hunter's Hamlet é tã o desconfortável quanto um martelo batendo em
um metal muito frio e ricocheteando com um barulho ensurdecedor e
uma vibraçã o que percorre todo o seu braço.
“Nã o posso”, Ruvan concorda. “Como um descendente distante de
um dos primeiros reis, meus poderes estã o profundamente arraigados
em Midscape para escapar pelas pedras angulares que marcam o Fade
despercebido. Mas alguém do meu pacto pode ser capaz de fazê-lo.”
"Nó s podemos?" Lavenzia parece surpresa com a informaçã o.
“Os Sucumbidos podem fazer isso na lua cheia”, diz Ruvan.
"Eles podem?" Quinn se assusta ao lado do resto deles.
“O Hamlet de Hunter é atacado na maioria das luas cheias,” eu digo,
lembrando da conversa de Ruvan e minha antes de cairmos pelo teto.
Ruvan ficou surpreso com a informaçã o; parece sensato o resto deles
também.
“Como eles estã o saindo do castelo?” Winny pergunta.
“Lá está a velha porta levadiça.” A mente de Lavenzia vai direto
para onde a minha foi primeiro. “À beira-mar.”
Callos considera isso e chega à mesma conclusã o que eu. “Sempre
pareceu bem fechado. Porém, eu nã o tenho certeza de onde mais eles
poderiam estar saindo. A lua cheia fortalece até os Sucumbidos. Talvez
eles possam sentir o sangue do outro lado do Fade? Ou talvez sejam
alguns velhos há bitos que os atraem; talvez eles sejam velhos vampiros
voltando para o castelo de verã o antes que a terra fosse destruída. De
qualquer forma, se eles podem fazer isso, devemos ser capazes de
encontrar uma maneira enquanto nossos poderes sã o aumentados
também.”
“Vai ser preciso muita magia, o que significa muito sangue.”
Lavenzia coloca as mã os nos quadris.
“Temos raçõ es”, diz Ruvan.
“No qual nã o queremos nos aprofundar muito. É muito tempo até a
pró xima Lua de Sangue,” Quinn adverte.
“Será suficiente se todas as raçõ es forem para uma pessoa.” O resto
deles ainda com as palavras de Ruvan. “O pior vem para o pior, vamos
deixar encontrar a â ncora da maldiçã o para o pró ximo senhor ou
senhora e sua aliança. Vamos sustentar apenas um de nó s, até chegar a
hora de acordar o pró ximo grupo. Nã o seria a primeira vez que isso
aconteceria em nossa histó ria.”
Apenas um de nós… Isso significa que apenas um deles estaria
acordado, e o resto iria embora e se mataria antes que a maldiçã o
pudesse. Essa pessoa esperaria, sozinha, contando os dias até acordar o
pró ximo senhor ou senhora e sua aliança. Trancado em algum canto
seguro do castelo, sem dú vida. Nã o ousando se aventurar muito longe.
Suas vidas sã o difíceis e solitá rias o suficiente como sã o. Mas eles
pelo menos têm um ao outro. O que Ruvan está sugerindo soa
comovente demais para suportar. E, no entanto, todos parecem
convencidos de que é o caminho certo. Eles estã o todos dispostos a
fazer esse sacrifício.
"Nã o vai chegar a isso." Eu também estou. “Vamos quebrar a
maldiçã o. Enquanto estou indo buscar o elixir, você e Callos podem dar
uma olhada nas informaçõ es que obtivemos na oficina. Tenho certeza
de que haverá algo ú til lá — digo a Ruvan.
Seus lá bios se curvam ligeiramente para cima em um sorriso.
“Quando o humano encontrou coragem para dar ordens ao lorde
vampiro?”
Reviro os olhos e ignoro o comentá rio. Embora permaneça comigo
mesmo quando pergunto: "Quem vem comigo para Hunter's Hamlet?"
“Ventos irã o embora”, decreta Ruvan.
"O que?" Ventos e eu dizemos em uníssono quase perfeito. Ele é
absolutamente a ú ltima pessoa que eu gostaria que se juntasse a mim.
“Você estava preocupado que ela nã o voltasse”, diz Ruvan a Ventos.
“Que melhor maneira de garantir que ela o faça do que ir você mesmo?
Além disso, nã o quero lidar com suas queixas e resmungos se ficar aqui.
Ter você aqui depreciando-a o tempo todo desgastaria muito, muito
minha paciência. Há um sussurro de assassinato na voz de Ruvan. Uma
ameaça nã o tã o sutil que até eu posso ouvir.
"Entã o você prefere que ele me menospreze na minha cara?" Cruzo
os braços e olho incisivamente para Ruvan.
“Se ele fizer isso, diga-me quando você voltar e isso será resolvido,”
diz Ruvan casualmente. Como se eu nã o fosse aturar ele enquanto isso.
Mas seus movimentos têm uma graça que promete violência caso seus
desejos claros sejam negados ou ignorados.
“Se eu voltar.” Olho para Ventos com o canto do olho. Ele parece
cada vez menos feliz a cada minuto. Nã o tenho certeza se gosto das
minhas chances de sair com ele. Pelo que sei, ele encontraria a primeira
oportunidade ou desculpa para me deixar indefesa, presa no Fade.
“Ventos nã o ousaria voltar sem você.” Ruvan segura meu ombro,
trazendo minha atençã o de volta para ele. “Eu iria com você se pudesse.
Mas eu nã o posso. Portanto, devemos dividir e conquistar. Enquanto
você faz esta excursã o, continuaremos procurando aqui qualquer
informaçã o ú til sobre a â ncora. Eu sei que você nã o vai me
decepcionar.”
Quero fazer mais objeçõ es, mas nã o com todos os presentes. A
ú ltima coisa que quero fazer é dizer ou fazer algo que ofenda Ventos e
piore minhas viagens.
“A pró xima lua cheia é daqui a duas semanas”, observa Callos.
“Temos tempo para nos preparar.”
"Bom, vamos usar cada momento disso." Ruvan parece tã o certo,
tã o confiante, mas meu estô mago está embrulhado de preocupaçã o e
apreensã o. Eu sei que sugeri esse plano de ataque... mas já estou
pensando duas vezes. “Callos, vá e colete todas as informaçõ es que
temos atualmente sobre Hunter's Hamlet. O resto de vocês vá e ajude-o.
Começaremos nosso planejamento prontamente.”
“Você deveria descansar,” eu digo, colocando a mã o no ombro de
Ruvan. Percebo como Lavenzia se concentra intensamente no gesto e
resisto à vontade de me afastar. Nã o quero me afastar de Ruvan. Nã o
sou mais apenas a donzela da forja, nã o estou proibida de tocar e ser
tocada, e nã o vou me permitir sentir culpa.
"Estou inclinado a concordar", diz Quinn.
“Nã o precisa ser esta noite, meu senhor. Podemos ter essas
discussõ es nas pró ximas semanas”, diz Callos.
“A ideia é nova e estamos comprometidos com ela – nã o há tempo
como o presente.” Ruvan é insistente. Há uma firmeza robusta em seus
ombros e mandíbula. Ninguém vai abalá -lo desta decisã o. “Além disso,
quero ter tempo para dormir, desafiar e debater nossos planos antes de
finalizá -los. Nã o vamos deixar isso mentir.”
"Muito bem. Farei o que você pedir. Callos abaixa a cabeça e sai da
sala.
O resto deles trocam olhares cautelosos, mas todos concordam
relutantemente. Quinn é a ú ltima a sair. Posso sentir suas perguntas
sobre minha presença persistente, minha mã o ainda na pessoa de seu
senhor, mas ele nã o as expressa. Eu me pergunto o que o resto deles vai
dizer. Meus ouvidos queimam com tudo que nã o consigo ouvir...
Ela está ficando com ele. Sozinho. Ela o tocou.
Proibido. Tudo isso é tã o proibido.
Eu puxo minha mã o de seu ombro, fechando-a em um punho. Eu o
seguro para mim como se estivesse ferido. Meus outros dedos o
envolvem, massageando minha pele. Minha carne é minha e ainda—
“Floriane?” Ruvan diz suavemente. As pontas de seus dedos
pousam levemente em meu queixo, guiando meus olhos de volta para
os dele. "O que é isso?"
"Estou com medo."
"Com medo de quê?"
"Tudo." Eu balanço minha cabeça e expresso todos os sentimentos
conflitantes que cravaram suas farpas espinhosas em mim por dias. "O
que está acontecendo comigo?"
"O que você quer dizer?"
“Eu sou apenas uma marionete agora?”
"Porque você pensaria isso?"
"Eu preciso de você. Eu quero te afastar. Sempre me disseram que
nã o posso me permitir ser tocado e, no entanto, tudo o que quero sã o
suas mã os em mim. Minhas palavras se tornam apressadas. “Eu vi você
mentindo, morrendo, se tornando um daqueles monstros, e tudo que eu
conseguia pensar era em salvá -lo. Eu tinha que ver você, salvar você,
estar com você.
“Floriane, respira”, ele diz baixinho.
A sugestã o só aumenta minha frustraçã o, fazendo minha
respiraçã o falhar ainda mais. “Estou respirando.”
“Você está em pâ nico.”
"Claro que sou!" Eu o alcanço. Minhas mã os acariciam o largo
plano de seu peito como as de um amante antes de fechar os punhos em
suas roupas como as de um inimigo. Eles tremem quando a ideia de
estrangulá -lo passa pela minha cabeça pela primeira vez em dias. O
desejo é rapidamente frustrado pela ná usea instantâ nea com a mera
ideia de machucá -lo. “Todos os meus pensamentos parecem
controlados por você. Eles continuam voltando para você.
Suas mã os pousam levemente nas minhas. Quero esbofeteá -los,
mas sou consumida por seu olhar calmo e estável. Ruvan é resistente
como ferro. "Eu prometo, você ainda é sua pró pria mulher."
“Entã o por que meus pensamentos nã o parecem mais meus? Por
que nã o consigo pensar em nada além de ajudá -lo? Eu imploro por
respostas que nã o sei se ele pode me dar. Mas eu preciso deles. Eu
preciso deles mais do que preciso de cada respiraçã o trêmula que estou
lutando para puxar. “Eu realmente quero te ajudar? Ou isso é apenas a
magia dos jurados de sangue tomando conta da minha mente e se
infiltrando em meus pensamentos? Eu realmente me importo com você,
Ruvan? Ou eu quero que você morra tã o ferozmente quanto sempre me
disseram que eu deveria? Como eu sempre pensei que fiz?
Ele nã o diz nada. O silêncio é pior do que qualquer outra coisa que
ele possa ter inventado. Isso me faz querer gritar.
No entanto, sussurro: "Diga-me, por favor."
"Nã o posso." As palavras sã o suaves e, de alguma forma, ainda mais
irritantes por causa disso. “Nã o posso dizer porque nã o conheço seu
coraçã o; isso é algo que só você pode saber.” Suas mã os agarram as
minhas. “Mas posso dizer o que meu coraçã o está dizendo. Está dizendo
que você nã o está sozinho nessa confusã o, ou nessa necessidade
insuportável de explorar tudo o que está acontecendo entre nó s — tudo
o que poderíamos ser, apesar de todas as probabilidades.
Eu fico imó vel quando seus olhos se tornam ainda mais intensos.
Sou atraída por ele, puxada por mã os invisíveis e necessidades
inflexíveis. "Você sente isso também?"
"Claro que eu faço." Ele balança a cabeça. “Eu vejo você e nã o sei se
vejo a caçadora de monstros que sempre imaginei – a mulher
sanguiná ria que veio para minha garganta com uma foice de prata na
noite da Lua de Sangue – ou se vejo Floriane...” Sua voz fica mais macio,
mais macio. “A donzela da forja que trouxe uma batida de coraçã o de
volta ao castelo de meus antepassados, uma que eu posso ouvir
ecoando suavemente para mim com o som agudo do metal. Uma mulher
que tem mã os que podem matar ou criar. Uma mulher que me cativa
mais a cada hora com cada camada de dor e má goa, conhecimento e
poder, bondade e escuridã o que existe nela.”
Solto uma gargalhada e balanço a cabeça. Ele me via como o
monstro. Assim como eu o vi. Nó s dois olhamos um para o outro e
vimos o que queríamos e o que o mundo nos disse para ver, nã o o que
realmente estava lá . E agora que somos confrontados com a verdade...
“Nã o sei o que fazer”, confesso. Meu coraçã o está desacelerando e
os pensamentos clareando graças ao seu aperto firme e constante. “Nã o
sei em que acreditar. Eu confio no meu treinamento e nos instintos que
ele me deu? Meu senso, ló gica ou razã o? Ou eu confio em meu coraçã o?”
“Em que você quer confiar?”
“Nã o sei”, repito, dolorosamente honesta. “Meu treinamento – tudo
que Hunter's Hamlet me deu – é quem eu sempre fui, é o que eu sempre
soube. Quando os tempos eram difíceis, nunca tive que questionar.
Tudo que eu precisava era de fé cega para passar por isso. Nunca tive
que me preocupar com o que quero, com o que preciso, porque nunca
tive nenhum tipo de opçã o. Agora sinto que estou me afogando em um
mar deles.”
“Te vejo, Floriane. Eu sei exatamente como você se sente." As
palavras sã o profundas e propositais.
Minhas mã os relaxam e eu me inclino sobre ele. Minha testa é
atraída pela dele antes que eu possa pensar nisso. Eu fecho o mundo
fechando meus olhos e simplesmente respiro.
Na esteira do meu silêncio, ele fala. “Eu nasci em um povo
amaldiçoado e moribundo. Desde o primeiro momento em que respirei,
já estava em uma distante linha de sucessã o que traçou o curso da
minha vida. Eu nunca deveria ter pensado em liderar o vampiro, mas
aqui estou. Minha aliança espera de mim ajuda e orientaçã o, mas nã o
sou o senhor de que eles precisam. Eu nã o sou ninguém, sério.”
Eu rio baixinho e me inclino para longe. “O senhor dos vampiros,
chamando a si mesmo de ninguém.”
"É verdade, no entanto." Ruvan me dá um sorriso cansado. “Eu sou
apenas o lorde vampiro porque meu povo teve que planejar milhares de
anos de líderes quando a longa noite começou. Estou longe, muito longe
de sua primeira escolha. E a pró xima pessoa será ainda menos. É por
isso que devo acabar com essa maldiçã o. Nã o posso confiar que a
pró xima pessoa, ou a seguinte, o fará . Ele faz uma pausa, a cabeça
afundando no travesseiro. Seus olhos estã o vidrados, olhar suave e
distante. Ruvan vira a cabeça, olhando para a janela. “Nã o... é mais do
que isso. Eu também quero acabar com a maldiçã o de forma egoísta.
Para provar que eu valia alguma coisa, que minha vida tem sentido. Que
eu nã o era um lorde descartável no final da lista.
“Nã o acho que nada sobre alguém seja 'descartável'.”
“Mesmo sobre um vampiro?” Ele traz seus olhos de volta para os
meus.
“Talvez,” eu digo. Mas entã o me obrigo a dizer o que realmente
quero dizer. "Sim."
Ruvan sorri gentilmente. “Agora, eu lhe contei sobre o
funcionamento interno do meu coraçã o. Diga-me, Floriane, quais sã o as
suas? O que seu coraçã o diz sobre nó s? Nã o os instintos provocados
pelo seu treinamento. Seu coraçã o."
A ú nica coisa que nunca ouvi. A ú nica coisa que eu quase nunca
prestei atençã o. Sempre soube o que é certo para mim porque me
disseram e direcionaram.
O que meu coração diz?
"Isso... eu sinto por você", confesso. “Que eu quero continuar
aprendendo quem você é e conhecendo você.”
"E eu sinto por você." Ele me puxa um pouco mais para perto, suas
mã os ainda em volta das minhas. “Eu sofro por você. Eu queimo por
você. Quero você."
Ele me quer. Piscinas de calor na parte inferior do meu estô mago.
Minha garganta está seca, boca molhada. Engulo em seco.
“Ainda pode haver uma parte de mim que vê você como meu
inimigo,” confesso.
"Eu sei."
“E à s vezes, aquela parte que me diz que eu deveria odiar você,
todas as vozes da minha família e ancestrais, pode vencer meu desejo
de ser gentil com você, de conhecê-lo. Posso nem sempre ser a pessoa
que quero ser para você, para você.
“E está tudo bem.” Essas palavras estã o entre as mais doces que já
ouvi. Parece que ele me aceitou por tudo o que sou e também por tudo
o que nã o sou. É como se ele fosse a primeira pessoa a olhar para mim e
realmente começar a me conhecer. Minha mã e me vê como sua filha.
Meu irmã o como sua irmã . A aldeia me conhece como a donzela da
forja. Todos eles veem e conhecem partes de mim, mas alguém já tentou
realmente ver a imagem inteira? “Nenhum de nó s vencerá toda a nossa
criaçã o em dias, semanas ou mesmo anos. Teremos que trabalhar para
aprender algo novo dia apó s dia. Mas...” Ruvan se inclina para roçar o
nariz no meu enquanto me tenta com um quase beijo. “Eu ouso pensar
que aprender você será uma delícia.”
Eu tremo quando seu há lito quente corre sobre minhas bochechas.
Eu conscientemente forço todas as dú vidas de lado. Todas as dú vidas. E,
por um momento, funciona. Tempo suficiente para eu dizer...
"Me beija."
“Aí está você, comandando o lorde vampiro novamente.”
"O que você vai fazer sobre isso?" As palavras sã o tímidas,
sensuais, ditas no fundo da minha língua com a ponta de um sorriso.
"Eu vou te beijar, assim como você manda." Seus lá bios pressionam
suavemente contra os meus. Ruvan nã o quer meu pescoço, ele nã o quer
meu sangue, apenas meus lá bios. O beijo é de alívio e mais tensã o. É
tudo que eu precisava para libertar meu cérebro desse desejo que
queima constantemente. Para me aquecer a ponto de ficar maleável o
suficiente para que tudo volte ao seu lugar.
O instinto me diz para detestar tudo sobre este homem. Eu deveria
me ressentir dessas circunstâ ncias. A maneira como ele me faz sentir...
Eu deveria odiá -lo. Eu nã o quero odiá -lo. Eu nã o posso odiá -lo…
Eu amo isso.
CAPÍTULO 25
O SOL ESTÁ PENDENDO baixo no céu e meu estô mago está roncando
quando terminamos de vasculhar cada pedacinho do museu. Ruvan e eu
acabamos em um jardim de esculturas no telhado que se tornou o país
das maravilhas do inverno. As está tuas silenciosas espreitam com olhos
vazios através do gelo tã o antigo que se tornou azul.
Ruvan seguiu em frente e agora se apoia na grade, dando-me
tempo e espaço até que eu finalmente esteja pronta para me juntar a
ele.
“Você parece ter se divertido.” Ele sorri, mas nã o alcança seus
olhos.
“Eu nunca estive em um lugar como este antes. Eu nã o sabia que
eles existiam,” eu finalmente admito. Eu esperava que ele risse de mim
pela confissã o, mas ele parece confuso. Ele realmente vai me fazer
soletrar isso. “Nã o há nada assim em Hunter's Hamlet. Embora ainda
sejamos uma cidade viva e funcional, nã o temos museus, academias,
salas de concerto ou... como é que você chama? Aquele lugar que
Tempost tinha há muito tempo, uma das muitas gaiolas contendo
animais curiosos de diferentes formas e cores?
"Um zooló gico?"
“Certamente nenhum zooló gico na aldeia.” Eu rio baixinho e
descanso meus cotovelos no corrimã o. A pedra gelada está cortando o
frio e, estranhamente, dá uma sensaçã o boa. A nitidez é bem-vinda.
Entre o frio e o ar fresco, minha cabeça parece mais clara do que nunca.
“Se tivéssemos muitos tipos diferentes de animais, provavelmente os
comeríamos.”
O vento torna-se um terceiro companheiro conforme aumenta,
varrendo os picos para bater em meu rosto, como se o pró prio mundo
estivesse estendendo a mã o para segurar minhas bochechas e
sussurrar: Vai ficar tudo bem, nã o chore.
Eu não estou chorando, eu quero responder. Mas nã o se preocupe
com o caroço que apareceu de repente na minha garganta.
Sua mã o repousa levemente sobre a minha. “Conte-me mais sobre
a aldeia.”
“Bem, o mestre caçador está no controle de tudo. Abaixo dele está
um pequeno conselho municipal que ajuda a administrar os assuntos
do dia-a-dia fora da fortaleza. Elas-"
“Nã o, Floriane, fala-me do povoado pelos teus olhos. Como foi lá
para você?”
Eu encontro seu olhar, o nó na minha garganta só piorando. Eu luto
por palavras. Croak. E solte minhas cordas vocais com uma risada
amarga.
“Fui atendida. Eu era." Nã o sei ao certo por que preciso enfatizar
tanto isso. “Cresci com o amor da minha família... mas esse é o ú nico
amor que já conheci. Para a cidade, eu sempre fui a donzela da forja, a
garota que se casaria logo depois de atingir a idade adulta. Eu tinha
tudo o que queria, mas nunca poderia pedir mais. Nunca poderia
sonhar com isso. Eu olho para a cidade decadente. “Havia barulho e
vida na forja, mas mesmo lá eu era um estranho. Meu martelo se moveu
para os outros.
“Eu nunca tive arte. Mú sica, mas raramente, apenas em ocasiõ es
especiais, e nunca foi para eu simplesmente curtir. Eu nã o tinha
histó rias para ler, matemá tica ou uma educaçã o além da ferraria. Tudo
que eu já conheci é a sobrevivência. Minhas necessidades corporais
foram atendidas enquanto minha alma passava fome.” Eu nunca odiei
minha casa mais do que neste momento. E, no entanto, apesar de tudo,
ainda o amo. Ainda está em casa. “Eu me pergunto se os primeiros
caçadores lançaram a maldiçã o por despeito,” eu me pergunto
suavemente em voz alta. “Depois que o Fade foi formado, nosso mundo
se tornou tã o pequeno e ficamos tã o isolados de todas as maravilhas
daqui. Nã o tínhamos nada.”
Ruvan fica em silêncio por tempo suficiente para que eu acabe
olhando em sua direçã o. Ele olha além do horizonte, as sobrancelhas
levemente franzidas.
“Ou eles lançaram a maldiçã o por ó dio pelo que o Rei Solos pode
ter feito aos primeiros humanos durante a descoberta do conhecimento
do sangue. O museu pinta a criaçã o do conhecimento do sangue em
cores rosadas porque é a nossa histó ria. Isso nos ajudou. Mas encobre o
custo humano disso na época.” Ruvan balança a cabeça. “Sou melhor do
que eles? Matei seu mestre caçador a sangue frio.
"Você pensou que ele era a â ncora da maldiçã o."
“Eu teria matado seu irmã o se você nã o tivesse intervindo.” Suas
palavras solenes atraem meus olhos para ele. O vento sussurra entre
nó s, mas soa como um abismo uivante. Pela primeira vez em semanas,
me sinto longe dele. “Eu nã o teria sido melhor do que Solos,
derramando sangue humano porque podia – porque naquele momento
era eu quem tinha o poder.”
“Falando em Solos,” eu começo e entã o faço uma pausa,
procurando por palavras. Eu sei o que devo perguntar e, no entanto,
estou apreensivo. Tudo o que eles disseram sobre este rei, as palavras
cortadas, a mençã o de humanos... nã o é um bom pressá gio para o que
eu preciso saber. "Você me trouxe aqui sob o pretexto de me explicar
por que Solos nunca funcionaria com um humano."
"Acho que sim." Ele hesita. Eu posso sentir desconforto escorrendo
de cada centímetro dele. Eu posso ver como ele muda seu peso,
curvando ligeiramente os ombros.
"Diga-me; Prefiro saber toda a verdade do que a rosada.” Eu
encontro seus olhos e mantenho sua atençã o, eliminando qualquer
dú vida de que estou prestes a deixar o assunto de lado.
Ele suspira pesadamente e fica em silêncio por um período de
tempo anormalmente longo. Eu mudo meu peso no corrimã o antes que
minha pele fique dormente e azul. Finalmente, quando Ruvan fala, é
lento e doloroso. “De acordo com as histó rias de Jontun, os primeiros
humanos que chegaram a Tempost eram um pequeno grupo de
viajantes que chegavam para os festivais da lua cheia. Eles queriam
pesquisar a magia do vampiro. E eles conseguiram mais do que
esperavam.
“Solos descobriu que o sangue humano era mais potente e
poderoso para nó s do que outros. Talvez por causa de sua conexã o com
as dríades que os criaram. Talvez pelos rituais feéricos que eles
aprenderam. Uma combinaçã o, provavelmente. Mas eles eram muito
valiosos para o vampiro simplesmente deixá -los ir depois do festival.
Eles vieram até nó s, esperando calor e hospitalidade como os fae...
entã o nunca mais viram suas casas.
"Eles se tornaram cativos?"
Ruvan dá um leve aceno de cabeça. “A maioria dos vampiros nã o
sabia o que estava acontecendo naquele momento. Mesmo os escritos
de Jontun do castelo sobre as açõ es de Solos sã o breves. Ele protegeu
seu povo do peso de seus crimes.
“O que dizem esses escritos?” Meu estô mago já está revirando, mas
eu pergunto de qualquer maneira. eu tenho que saber. Eu nã o posso
deixar o assunto descansar.
“O sangue do humano foi usado para descobrir o conhecimento do
sangue e fortalecer o vampiro. No final, alguns se perderam na
experimentaçã o de fortalecer o corpo.” Ele abaixa a cabeça. “Essas
anotaçõ es só foram encontradas muito mais tarde... mas, mesmo que a
maioria dos vampiros nã o soubesse o escopo completo do que estava
acontecendo, isso nã o é desculpa. Nossa força foi paga com a vida de
inocentes.”
Eu olho para a cidade, deixando as palavras afundarem em mim.
Todos esses edifícios imponentes e seu esplendor foram construídos
com o poder do conhecimento do sangue que alimenta o vampiro. Sua
beleza é manchada por uma histó ria imperdoável.
“Quando acabou?” Eu pergunto.
“Pouco antes da maldiçã o ser lançada. Apó s as mortes, os humanos
restantes foram levados por um dos seus... finalmente isolados do outro
lado do Fade. Solos nã o poderia cruzar com seus exércitos para
recuperá -los. Quando ele tentou enviar uma equipe de busca, os
humanos lutaram.
“Os primeiros caçadores,” percebo. Esse grupo de humanos,
fugindo dos horrores, foram os fundadores do Hunter's Hamlet. Nossa
histó ria desde o início foi impregnada de sangue e ó dio pelos vampiros.
“É por isso que você pensou que a â ncora da maldiçã o estava do outro
lado do Fade, e por que os caçadores foram os ú nicos a colocá -la.”
“Nã o posso dizer que nã o merecíamos a maldiçã o.” Sua admissã o
me assusta. A maldiçã o sempre foi comentada como a coisa mais
horrível que aconteceu ao vampiro. Mas a verdadeira histó ria é muito
mais complicada. “Nã o espero que você me perdoe pelas açõ es de meus
antepassados, mas sinto muito por eles. E assim que a maldiçã o for
suspensa e o poder do vampiro for totalmente restaurado, farei todas as
tentativas de reparaçã o ao povo de Hunter's Hamlet.
estou em silêncio. O ar invernal de Tempost congela meus
pensamentos. Eu procuro, dentro de mim, pela raiva ardente que uma
vez senti em relaçã o ao vampiro e nã o encontro nada. É esfriado e
endurecido em uma determinaçã o mais firme - na mulher que estou
trabalhando para me tornar. Mesmo diante dessas revelaçõ es, ainda
nã o odeio essas pessoas. A maldiçã o foi lançada há três mil anos. Cem
anos antes do pró prio Ruvan nascer.
Ruvan vai se afastar. Eu agarro sua mã o e sua bochecha, guiando
seus olhos de volta para os meus.
"Eu vou cobrar de você, você sabe", eu digo suavemente, com
firmeza.
"Você me odeia?" ele sussurra, os olhos brilhando.
"Odiar você de novo?" Eu sorrio levemente. Ele bufa em diversã o. É
o mais pró ximo que podemos chegar da leviandade agora. “Nã o foi você
quem lançou a maldiçã o. Nã o te culpo por isso e nã o te culpo por
querer salvar seu povo. Esta maldiçã o, justificada ou nã o quando foi
feita, está ferindo a todos nó s agora. Acredito que os fundadores do
vilarejo teriam desejado que acabasse se soubessem que seu pró prio
povo seria prejudicado e ligado para sempre ao vampiro. Temos que
seguir em frente.”
Ruvan me encara como se eu fosse a fonte da lua e das estrelas.
Seus lá bios se abrem ligeiramente, seu rosto relaxa e, por um breve
segundo, acho que ele está prestes a chorar. Mas entã o, risos.
"Posso te beijar?" ele pergunta. Considerando nossas açõ es um
com o outro, fico surpresa por ele sentir a necessidade de perguntar. E,
no entanto, depois de nossa discussã o atual, eu aprecio isso - e a ele por
isso - ainda mais.
"Você pode."
Ele me puxa para ele, beijando-me com firmeza, mas gentilmente e,
por um breve momento, o mundo para.
Nã o há nada particularmente sensual no beijo. Talvez seja a falta
de luxú ria que torna tudo mais doce. Essa expressã o de pura alegria e
aceitaçã o com alguém que passei a conhecer e cuidar. Explorar o museu
hoje foi possivelmente um dos melhores dias da minha vida e este
homem – nã o o lorde vampiro ou seus antepassados – foi quem o deu
para mim.
Pretendo dizer isso a ele enquanto nos afastamos, mas as nuvens
se movem à distâ ncia. Um raio de sol nos atinge, tornando tudo
dourado. Seria pitoresco, se nã o fosse pela careta de Ruvan.
"Você quer entrar?" Eu pergunto baixinho. Eu me pergunto se o sol
está se tornando mais mordaz com a progressã o da maldiçã o sobre ele.
É mais um lembrete de que ele está desaparecendo deste mundo. Nã o
significou por muito mais tempo conosco.
“Nã o, eu quero ver o pô r do sol. Nã o sei quantos me restam para
ver.” É de alguma forma pior ouvi-lo expressar meus pensamentos em
voz alta.
"Você precisa do meu sangue?" Eu pergunto.
"Nã o aqui", ele murmura, de repente exalando desconforto. Ele nã o
quer que Winny ou Callos vejam? Eles certamente estã o cientes de nó s
agora. “Nã o devia, já exigi demais de você, Floriane. Hoje, realmente,
coloque tudo em perspectiva.”
"Tudo?" eu eco.
"Minha histó ria. O que meus antepassados fizeram por si mesmos,
ignorantes ou indiferentes ao custo que isso carregava. Eu queria ser
melhor do que eles. Mesmo quando eu era um bruto e levei você, jurei
que nã o seria o monstro que você pensou que eu era.
"O que você está falando?"
“Eu nã o tinha intençã o de usar você por causa do seu sangue. Meu
ú nico objetivo era fazer você abrir a porta.
"Nunca?" Ele está honestamente tentando dizer que o pensamento
nunca passou por sua cabeça?
“Bem, talvez se você se tornasse um problema,” ele confessa com
um sorriso um tanto tímido que é rapidamente abandonado. “Mas
nunca como o que aconteceu.”
Tanta coisa aconteceu em tã o pouco tempo. É difícil decidir em
que, exatamente, ele está focado principalmente. “O que aconteceu”
entre nó s dificilmente parece ruim. Mas pode ser ele precisando de seu
pró prio espaço para processar. Nossa discussã o sem dú vida trouxe à
tona as vozes de seu passado, assim como eu fiz o meu vir à tona esta
manhã .
“Desculpe por nã o se tornar um problema.” Eu tento manter a
leviandade. Eu me diverti hoje, apesar de todas as probabilidades, eu
realmente me diverti. Nã o quero que as coisas azedem no final.
"Eu acho que você definitivamente fez", ele murmura.
“Entã o é mú tuo,” eu concordo suavemente. Você deveria estar
tentando matá -lo! uma parte de mim ainda reclama. Mantenha sua mã o
na dele, outra voz, suave, forte e estranha a tudo que eu pensava que
era sussurra do fundo do meu peito. Ele ecoa de um lugar
anteriormente sufocado e quase ignorado.
Passos rangem na neve e no gelo atrá s de nó s. Lentamente,
sutilmente tiro minha mã o da dele.
"Vocês dois estã o prontos para voltar?" Callos pergunta. "Está
ficando tarde."
Ruvan se afasta do corrimã o. Espero que ele diga sim, mas ele me
surpreende quando diz: "Ainda nã o".
"Oh?" Winny inclina a cabeça ligeiramente.
“Resolvi levar a Floriane para a academia.”
Winny e Callos trocam um olhar, que mantém uma conversa
silenciosa que só eles parecem ser capazes de discernir. Callos
finalmente fala. “Eu acho que é uma boa ideia.”
"Eu também." Winny parece mais relutante, mas sua concordâ ncia
parece sincera.
"Você faz? Vocês dois?" Ruvan fica surpreso.
“Floriane deve continuar aprendendo sobre nó s. E além da
tradiçã o do sangue, nã o há nada mais importante em nossa histó ria do
que a longa noite”, diz Callos.
“Vamos continuar de novo?” Winny pergunta.
“Acho que gostaria de levar Floriane sozinha.”
“Está ficando tarde, meu senhor.” Ela olha para o sol poente.
“Vamos demorar um pouco, de volta muito antes do verdadeiro
anoitecer.” O tom de Ruvan deixa claro que ele nã o quer ser
questionado novamente.
Callos parece perceber isso. Ele põ e a mã o no ombro de Winny.
"Nosso senhor pode cuidar de si mesmo, mas eu certamente gostaria de
uma escolta de volta."
"Tudo bem", Winny cede. “Ventos mantém a academia bem
patrulhada de qualquer maneira. Mas se você nã o voltar dentro de uma
hora, vamos todos procurá -lo.
“Eu nã o esperaria nada menos de meus vassalos leais.” Ruvan sorri
e estende a mã o para mim. "Devemos?"
Eu o pego e somos levados para a escuridã o.
Quando o mundo se rematerializa, estamos diante do que sei sem
dú vidas que é a academia. Mesmo que Ruvan nã o o tivesse mostrado na
miniatura da cidade, eu conheceria sua arquitetura em qualquer lugar.
Desde o arco pontiagudo sobre a entrada até as quatro torres sineiras,
foi gravado na paisagem dos meus sonhos, amarrado a essa
circunstâ ncia impossível em que fui tecida.
"Deste jeito." Os movimentos de Ruvan têm uma reverência solene
enquanto entramos. Tento seguir seu exemplo, sem saber ao certo o
que esperar enquanto subimos as escadas. Ele para sem avisar. "Este
lugar... Você nã o vai passar uma palavra sobre ele para os de Hunter's
Hamlet?"
"Eu juro."
"Nã o importa o que aconteça?" Os olhos dourados de Ruvan sã o
penetrantes. Intenso. Sondando.
“Nã o importa o que aconteça,” eu ecoo com um aceno de cabeça.
“Callos prometeu destruir a informaçã o que eu dei a ele sobre Hunter's
Hamlet se falharmos em quebrar a maldiçã o. Prometo o mesmo com
tudo o que você está prestes a me mostrar.
A intensidade desaparece de seu rosto e ele pega minha mã o,
apertando-a. O movimento é familiar e reconfortante. É amigável, mas
também de alguma forma mais íntimo.
Confiamos um no outro, profunda e verdadeiramente. Quando isso
aconteceu?
Ele me conduz sob o arco principal.
A entrada imediata da academia é uma pequena sala. Há uma mesa
de pedra, com um símbolo estampado na parede atrá s que eu nunca vi
antes. Posso dizer que é outra marca de sangue, mas nã o tenho ideia de
quem seja. Continuamos pelos corredores da academia, voltando direto
para onde estã o as montanhas e depois descendo.
A princípio, o corredor é bem formado, mas depois de mais dois
cô modos, e através de outra porta, torna-se á spero e disforme. Esta nã o
é uma passagem bem planejada; sua construçã o cheira a pressa.
Desespero. Uma preocupaçã o inexplicável sobe pela minha garganta.
Engulo em seco e tento banir a sensaçã o para um sucesso moderado.
Paramos diante de uma porta de ferro. Eu sei que algo está errado
porque Ruvan para abruptamente, um braço estendido para me
segurar. Me proteja. Ele inala profundamente e seu comportamento
muda. Seus mú sculos estã o tensos. O ar ao seu redor parece vibrar com
poder.
Ele está se preparando para a batalha.
Pego minha foice e rastejo lentamente ao lado dele. Ruvan abre a
porta e estou pronto para atacar. O movimento quase me faz balançar,
mas paro no ú ltimo segundo.
Uma pergunta rosnada corta o silêncio. "O que você está fazendo
aqui?"
CAPÍTULO 29
CIFE?
Esposa?
Minha mente repete a palavra vá rias vezes. Juramento de sangue e
esposa sã o iguais na sociedade vampírica? "Ruvan-" Eu nã o tenho a
chance de perguntar.
“Ventos, estamos voltando para o castelo.”
“Vá em frente”, diz Ventos.
“Está ficando tarde e Lavenzia vai resmungar se tiver que vir te
caçar enquanto os Sucumbidos estã o mais ativos.”
Ventos suspira. "Tudo bem, tudo bem."
Ele deixa o lado de sua esposa e se alinha conosco enquanto
passamos pelo outro vampiro adormecido. Eu tento me concentrar em
qualquer coisa que nã o seja juramento de sangue e esposa sendo
usados na mesma frase - como possivelmente tendo o mesmo
significado. Meu desespero me faz pedir mais informaçõ es pessoais de
Ventos do que jamais pedi... ou desejei.
“Você a visita com frequência?”
Ele me olha de soslaio. "O que é isso para você?"
"Eu só estou curioso. Ruvan disse que ela é sua...” Eu engasgo
levemente com a palavra e limpo minha garganta, me recuperando
rapidamente. "-esposa."
Ventos encara Ruvan, mas rapidamente abandona a emoçã o com
um suspiro pesado. "Sim ela é. E eu vinha muito mais. Faz muito tempo.
"Você ainda vem antes de fazer algo que pode te matar?" Ruvan
pergunta.
"Toda vez." Ventos cruza os braços, como se tentasse se proteger
dessas questõ es pessoais.
"Você já pensou em acordá -la?" Nunca vi Ventos tã o vulnerável ou
sensível antes. Nã o posso deixar de me perguntar que tipo de mulher
acabaria com ele. Pela primeira vez, penso nele como tendo uma parte
dele que poderia ser considerada suave.
"Todos os dias. Mas mais do que quero ela como companheira,
quero construir um mundo para o qual ela possa retornar. Quero ajudar
a acabar com isso para que ela possa acordar e ajudar a reconstruir”.
Ele sorri fracamente, os braços caindo ao seu lado. “Ela é uma
curandeira brilhante e uma das ú ltimas. A geraçã o de vampiros que
retorna ao mundo vai precisar dela. Ela é preciosa demais para
desperdiçar conosco agora.
“Faremos um mundo bom para ela,” eu digo.
Ele parece surpreso com a minha confiança. Ventos faz uma pausa
e eu também. Ele me avalia de cima a baixo. Pela primeira vez, acho que
estou perto de estar à altura.
“Faça isso, Floriane.” Ventos avança.
“Acho que é a primeira vez que ele usa meu nome,” murmuro.
“Cuidado,” Ruvan sussurra em meu ouvido. “Antes que você
perceba, ele vai te chamar de 'amigo'.”
Reflito sobre isso no curto caminho de volta ao castelo. Nã o
pisamos na névoa até sairmos da academia, entã o presumo que ela
tenha algum tipo de proteçã o semelhante à do castelo. O silêncio
momentâ neo me dá a oportunidade de tentar desvendar meus
pensamentos... menos sobre Ventos e mais sobre o que Ruvan disse.
Esposa.
A palavra volta com força total à minha mente enquanto ele me
ergue em seus braços para me carregar de volta pelo contraforte que
leva à escada em caracol e à capela. Tudo o que consigo pensar é no
recém-casado em Hunter's Hamlet. Parceiros içando seus cô njuges para
carregá -los pela soleira de suas casas. Sou transportado de volta para
minha cidade. Ruvan está lá comigo.
Estou lutando contra o riso enlouquecido ao pensar no lorde
vampiro com presas em Hunter's Hamlet, me carregando para a forja
em um acordo para que eu possa carregá -lo para casa. Meus
pensamentos giram até que o vejo sentado à minha mesa em frente a
Drew e mamã e. Estou imaginando há bitos domésticos noturnos e ir
para a cama ao lado dele – imaginando mais, muito mais do que fizemos
até agora. Nossas roupas estã o fora. O casamento está consumado.
"Está tudo bem?" Ruvan pergunta enquanto me coloca no chã o.
Ventos parou no topo da escada.
"Nã o", eu respondo ponto em branco. Os olhos de Ruvan se
arregalam um pouco. "Eu acho que você e eu deveríamos conversar." Eu
dou a Ventos um olhar aguçado.
Ele é rá pido na absorçã o. “Vou avisar a todos que você voltou em
segurança.” Ventos nã o perde tempo em fugir da tensã o crescente.
"O que há de errado?" Ruvan percebeu isso também.
“Vou fazer uma pergunta simples e preciso de uma resposta
simples...” Eu paro quando encontro seus olhos. Você nã o precisa
perguntar, uma pequena voz sussurra no fundo da minha mente. Você
nã o precisa saber. Porque o que Ruvan diz a seguir pode mudar tudo.
Esta paz frá gil. Esse carinho. Será diferente se... se... — Jurado de sangue
e esposa sã o a mesma coisa para o vampiro?
O choque relaxa os mú sculos do rosto de Ruvan, um por um. Seus
lá bios se separam ligeiramente. Eles tentam formar uma palavra e
falham. Quero correr, fugir do que está acontecendo. Arrependo-me
desta escolha que fiz.
“É complicado,” ele diz finalmente. O vínculo entre nó s parece
cantarolar desconfortavelmente. Ele está se esquivando da minha
pergunta. Uma meia mentira.
“Nã o é, realmente; é uma pergunta simples. Sim ou nã o?"
“O vampiro existia muito antes da tradiçã o do sangue – muito
antes de ser possível fazer um juramento de sangue com alguém...”
Ruvan para de falar, desviando seus olhos dos meus. Dou um pequeno
passo à frente e chamo novamente sua atençã o. Eu abaixo meu queixo
levemente e reú no toda a intensidade que consigo. Ruvan suspira antes
de continuar. “Mas depois que a tradiçã o do sangue foi criada pelo rei
Solos, tornou-se comum jurar sangue no lugar de outras cerimô nias,
pois é uma ligaçã o mais profunda do que qualquer outro voto.”
O sangue corre pelos meus ouvidos, impulsionado pelo meu
coraçã o martelando, e me deixa surdo. Meus dedos formigam; meus
braços ficaram dormentes ao meu lado. Eles sã o pesados. Todo o meu
corpo se tornou pesado. Meu espírito quer voar para longe, deixar este
lugar, desouvir o que ele disse.
Conforme as palavras se acomodam em mim, a expressã o de Ruvan
muda um pouco também. Seus olhos brilham de dor que ele
rapidamente enterra. Seu rosto fica em branco, passivo. A parede
intransponível do lorde vampiro que conheci retorna.
"Entã o nó s somos... você e eu somos... nó s somos casados?" Eu
finalmente consigo.
“Acredite no que quiser.” Ele tenta passar por mim.
Eu pego seu pulso, segurando-o rá pido. Encaramos direçõ es
diferentes, os braços mal se tocando, incapazes de olhar olho no olho
neste exato segundo. "O que você acredita?"
"Nã o importa."
“Isso me afeta.” É a ú nica coisa que pode importar.
“Floriane—”
"Pare de se esquivar de nosso vínculo e apenas me diga a verdade,
por favor."
“Eu nã o tive escolha. Saí na noite da Lua de Sangue, sabendo que
poderia morrer, sabendo que as pessoas com quem me importava
poderiam morrer, porque pensei que a â ncora da maldiçã o estava no
coraçã o do mestre caçador.
Davos, morto no chã o. De olhos arregalados e sangrando. As
palavras de Ruvan naquela noite ecoam de volta para mim. Diga-me
onde está . Palavras que eu ainda nã o entendia. Drew passa pela minha
mente, uma dor lancinante em meu peito. Ele ainda está vivo, tem que
estar, me recuso a acreditar no contrá rio. Mas se ele nã o for... o que isso
significará para Ruvan e para mim? Outra questã o que nos rodeia para a
qual nã o tenho uma boa resposta.
“Eu fui tolo, indo contra o meu conselheiro. Callos me disse que a
â ncora da maldiçã o nã o poderia estar em um humano, mas eu nã o
acreditei nele. E entã o, você… Em você eu vi a ú nica chance que
tínhamos. A Lua de Sangue é uma noite, e se eu estivesse errado e
Callos estivesse certo, precisávamos de um humano. Peguei você
porque nã o tive escolha. Porque” — o braço que estou segurando fica
flá cido — “todo vampiro está esperando, esperando, que alguém
termine esta longa noite. E estamos ficando sem tempo. Nó s só temos
tanto sangue para sustentar o encantamento em todos os meus
parentes adormecidos. Cada quinhentos anos entre as Luas de Sangue
diminuem nossos recursos cada vez mais a ponto de quase quebrar.”
Sua voz ficou irregular. O cabelo cai sobre os olhos sombreados
enquanto ele se curva. Meu aperto afrouxa sobre ele.
“Eu tinha que mantê-lo vivo. Você sabe que sim. Você entende, nã o
é? Ruvan diz suavemente. “Nã o importava se mantê-lo vivo significava
torná -lo meu jurado de sangue ou como meu povo veria nosso vínculo –
o senhor dos vampiros levando um caçador humano para seu
juramento de sangue. Nã o importava como eu me sentia e, naquele
momento, Floriane, nã o me importava como você se sentia. Eu decidi
que se isso significasse que a maldiçã o acabaria, tudo valeria a pena.
“Mas entã o a maldiçã o nã o acabou,” eu sussurro o que nó s dois
sabemos. Eu nos empurro para o aqui e agora. Em direçã o ao que
ambos temos ignorado sem estarmos plenamente conscientes do fato.
“A â ncora nã o estava em Davos, nem na oficina. Entã o, onde... o que...
isso nos deixa?
Ele se endireita, olhando para mim, os olhos percorrendo todo o
meu rosto. Seus lá bios estã o entreabertos novamente e ele arrasta seu
polegar trêmulo levemente sobre o meu. Eu me pergunto se ele percebe
isso... ou se ele está se movendo sozinho. Por instinto. Sobre as
necessidades que estivemos satisfazendo e reprimindo, noite apó s
noite e dia apó s dia.
"Ainda tentando quebrar a maldiçã o", ele sussurra.
"Isso nã o foi o que eu quis dizer." Eu balanço minha cabeça
lentamente. Eu ouço as vozes das pessoas da aldeia. Seus olhares de
desaprovaçã o se tornaram demais para mim. De repente, sou apenas a
donzela da forja novamente. Carregando o peso de suas expectativas.
“Eu nã o posso... eu nã o posso me casar com um vampiro.” Minha voz
ficou pequena. “Sou a donzela da forja; Vou me casar com um homem
escolhido pelo mestre caçador.
Seu aperto afrouxa. Sua mã o cai do meu alcance enquanto ele
estuda minha expressã o. "Mesmo que você nã o queira ser?"
“Nunca foi minha escolha,” eu sussurro. “O ú nico sonho que eu
realizaria, raramente, seria sonhar em escolher minha vida e meu
parceiro. Se eu fosse me casar, seria por amor. Cada palavra é mais
difícil de dizer do que a ú ltima. “Eu pensei que tinha uma escolha aqui.
Eu estava dizendo a mim mesmo que aqui eu poderia ser a mulher que
eu queria - fazer o que eu queria. Mas eu nã o poderia, poderia? Você
tirou isso de mim tanto quanto eles.
Seus olhos se arregalam ligeiramente. Ruvan fala com pressa. “Nã o
é como se sua espécie reconhecesse nosso juramento de sangue. Eles
nem precisam saber.”
"Mas eu sei." Eu toco a marca na base da minha garganta. É quente,
tã o quente quanto esta necessidade – esta frustraçã o – que queima
dentro de mim sempre que olho para esta requintada escultura de um
homem. “Eu sei que sou...” Balanço minha cabeça e reú no coragem.
Meus olhos encontram os dele. “Que eu sou sua esposa!”
A expressã o de Ruvan ainda é totalmente ilegível. Ele se aproxima
um passo lento de cada vez, fechando a totalidade do espaço entre nó s.
Inspiro profundamente e tudo que respiro é ele - o cheiro do fogo que
crepita em seu quarto, o musgo que cresce nas paredes do castelo,
couro velho e madeira e o espírito deste pró prio castelo se manifestam
no ar ao seu redor. É inebriante. É agonizante. Eu estou tonto.
"Se você quiser, você pode nã o ser nada para mim", ele sussurra
asperamente.
“Mas os jurados de sangue...”
“Nã o será nada no momento em que quebrarmos a maldiçã o.”
“E se nã o conseguirmos quebrá -lo?”
Um sorriso afiado se curva em seus lá bios. É amargo. Quase
sinistro. É algo que nã o vejo dele desde que cheguei a Midscape.
“Se você odeia tanto ser jurado de sangue para mim, entã o é
melhor você lutar com todas as suas forças para quebrá -lo.” Ele se
afasta.
“Nã o é que eu odeio—eu—eu—” Eu só queria uma escolha.
"Você nã o precisa me aplacar." Seu ombro roça no meu quando ele
passa. Eu fico de pé em seu rastro. Atordoado. Atordoado.
Quando consigo formar palavras novamente, ele já se foi.
FAZEM dias e mal trocamos uma palavra desde nosso... nem sei como
chamá -lo. Argumento? Desacordo? Conversa intensa? Debate?
Eu deixo cair meu martelo com um barulho pesado que está em
perfeita harmonia com a frustraçã o fervendo dentro de mim. Ele nem
bebeu de mim durante esse tempo. Eu posso ver as cavidades de suas
bochechas ficando mais profundas. Sombras se agarram a eles. Eu
balanço minha cabeça. Ainda nã o consigo acreditar que quero que ele
beba de mim. Mas ele precisa de sua força.
Como eu cheguei aqui?
A questã o permanece no fundo da minha mente. Persistente. Claro.
Mas as respostas sã o mais nebulosas que os sonhos que tentam fugir de
mim a cada amanhecer.
Claro que sei como cheguei aqui, pois conheço os eventos que me
levaram a este lugar e tempo específicos. Lembro-me de cada passo que
foi dado. Cada decisã o que foi tomada. Mas há uma desconexã o em
minha mente em algum lugar entre essas escolhas e onde acabei.
Como... como uma donzela da forja poderia acabar no castelo dos
vampiros. Como pude trabalhar ao luar e dormir ao sol?
A ú nica vez que consigo escapar das perguntas é quando estou na
forja. Aqui as coisas ainda sã o consistentes. Eu sei como o metal reage
ao calor. Conheço o som do martelo. Minhas mã os se movem por conta
pró pria sem a necessidade de pensar. Posso desligar minha mente
inquieta e simplesmente me concentrar em criar o que quiser. E eu
estou quase sempre sozinho... Principalmente.
Eu me viro do meu trabalho ao som de passos.
Callos entra na ferraria. "Desculpa por interromper."
"Você nã o está , mas tudo bem." Puxo o metal da forja e começo a
martelar. Callos e Winny têm me visitado mais desde o museu. Eles
parecem se revezar.
“Você ainda está trabalhando na foice para Ventos?” ele pergunta
sobre o barulho do meu martelo.
Concordo com a cabeça e mantenho meu foco. Há apenas cerca de
trinta a quarenta golpes que posso fazer antes que o metal fique frio
demais para trabalhar. Callos espera para falar novamente até que eu o
devolva à forja.
“Eu vi as novas adagas de agulha que você fez para Winny. Ela ficou
muito feliz por ter substituído o que foi perdido no velho castelo. Seu
tom nã o revela nada de seus pensamentos sobre eu mostrar a ela algum
favoritismo.
“Encantado é dizer o mínimo. Ela quebrou minhas costas em vá rios
lugares com seu abraço.” Acho que nunca fui abraçado com tanta força.
A força dos vampiros os torna bons abraçadores.
"Eu poderia usar uma boa rachadura nas costas." Callos se estica.
"Entã o Winny é sua garota." Volto ao meu metal. Eu nã o pretendia
que mais ninguém soubesse que eu tinha feito algo para ela, para que
nã o viesse visitá -la. Eu estive muito inquieto uma noite para dormir.
Entã o eu comecei a trabalhar. Ter uma forja perpetuamente à minha
disposiçã o — uma onde mamã e nã o está supervisionando o
gerenciamento de recursos e tempo — está se tornando uma delícia.
Pelo menos há algo delicioso aqui, agora.
"Isso ela é", Callos diz suavemente, tã o suave que quase sinto falta.
A nota terna de sua voz faz meu coraçã o doer de uma forma que eu
intencionalmente ignoro. Mas antes que eu possa, ele pergunta: "Você
quer me contar o que aconteceu?"
A princípio nã o gostei da presença dele, mas encontramos uma
relaçã o pacífica. Somos cordiais, mas nã o excessivamente amigáveis. As
interaçõ es têm o mesmo ar de profissionalismo de quando o curtidor
vinha falar com a mã e sobre novos designs para a armadura de couro
do caçador. Porém, agora ele está abusando da sorte.
“Já disse que nã o aconteceu nada.”
“E eu nã o acredito nisso nem um pouco.” Callos é muito inteligente
para seu pró prio bem. A maneira como ele consegue ler tã o
rapidamente e sintetizar informaçõ es é sua pró pria forma de magia. Ele
é possivelmente a pessoa mais inteligente que já conheci. Mas acho que
prefiro muito mais quando ele direciona esse foco para outros tó picos
além de mim. “Você e Ruvan estã o completamente diferentes um do
outro na semana passada.”
"Nó s nã o somos." Pego meu martelo novamente.
"Você realmente é." Callos se acomoda em sua cadeira habitual,
notas e registros espalhados ao seu redor. “Você dificilmente ocupa o
mesmo espaço por muito tempo. Você evita olhar nos olhos um do
outro. E vocês mal trocam uma palavra um com o outro.
“E tudo isso faz sentido, porque somos inimigos jurados.”
Callos bufa. Eu brando meu martelo. Ele revira os olhos. “Nenhum
de nó s foi inimigo jurado desde sua primeira noite aqui.”
Eu bufo e começo a forjar novamente, tentando martelar meus
pensamentos. “Você nã o deveria estar focando nos mistérios da prata
sangrenta?”
Ele está determinado a aprender mais sobre sua histó ria. Suspeito
que seja uma distraçã o temporá ria da busca pela â ncora da maldiçã o.
Dado o recente fracasso, nã o posso culpá -lo.
“Para sua sorte, sou excepcional em multitarefa.”
"Sortudo." Balanço a cabeça e uso as batidas do meu martelo para
desencorajar qualquer outra conversa. Ele nã o deveria se importar com
o que está acontecendo entre Ruvan e eu. Nenhum deles deveria. E, de
fato, nossa distâ ncia deveria deixá -los mais felizes.
Isso deveria me deixar mais feliz.
Entã o, por que estou tã o infeliz?
"Aqui de novo?" Winny nunca demora a chegar depois de Callos. Eu
me pergunto se Winny está lendo muito sobre sua companhia
temporá ria. Espero que nã o.
Agora que Ruvan apontou o relacionamento fervilhante de Callos e
Winny para mim, nã o consigo deixar de ver. A maneira como Callos olha
para ela por cima dos ó culos. A maneira como ela decide se sentar um
pouco perto demais dele.
“Meu trabalho está aqui”, diz Callos.
“Você pode levar seu trabalho para qualquer lugar.” Winny coloca
suas adagas perto da pedra de amolar. Eles foram aperfeiçoados além
do ponto de perfeiçã o dias atrá s. Mas ela continua com eles. Devo
morder minha língua para me impedir de repreendê-la sempre que ela
perde o foco para olhar para Callos enquanto ele nã o está olhando.
Ela vai arrancar a ponta do dedo se nã o tomar cuidado. Embora eu
ache que vai sarar rapidamente se ela o fizer. Todos devem aprender de
alguma forma, e se tudo o que você perde é a ponta de um dedo no
processo, entã o nã o é tã o ruim, considerando todas as coisas.
“Mas eu nã o tenho a experiência de nossa donzela residente em
nenhum outro lugar.”
"Você já sabe o que a prata de sangue faz?" Winny pergunta.
“Ainda estamos trabalhando nisso.” Callos passa o dedo pelo cabo
da adaga. “Poderia ser mais rá pido se tivéssemos sangue fresco que nã o
fosse do vampiro.” Ele olha na minha direçã o.
Eu dou a ele um leve olhar, toda exasperada. Depois da primeira
vez que me cortei com a lâ mina, nã o tenho interesse em fazê-lo
novamente. Nã o vou encontrar Ruvan caído na cama novamente, a meio
caminho de sucumbir à maldiçã o. Especialmente quando mal nos
falamos apó s a revelaçã o de nosso casamento...
“Deveríamos saber mais o que a prata sangü ínea faz – ou o que
eles pretendiam que ela fizesse – antes de experimentarmos muito com
ela,” eu digo.
Callos se recosta na cadeira, cruzando os braços. “À s vezes, a ú nica
maneira de aprender magia é arriscar e ficar um pouco sangrento.”
“Falando em ficar sangrando” — aproveito a abertura para mudar
de assunto — “preciso da ajuda de vocês dois.”
"Com o que?" Winny pergunta.
Eu levanto uma das foices em que venho trabalhando. Está longe
de ser perfeito. Longe de passar por uma foice de caçador. Mas quero
ter certeza de que minha premissa bá sica está correta antes de passar
meus dias restantes aprimorando-a. A lua está ficando cheia e o tempo
está se esgotando.
“Nó s estamos indo para o velho castelo,” eu anuncio.
CAPÍTULO 31
“NÃ O POSSO LEVAR-NOS muito mais longe,” Ventos diz, tã o sem fô lego
quanto eu. “Só posso dar um passo para algum lugar que já estive antes
- ou posso ver - e este é o meu limite."
"Isto é bom." Eu olho para a lua para ser meu guia. "Eu sei o
caminho aproximado daqui."
Conduzo Ventos pelos pâ ntanos, rumo ao sul, sudeste, até
chegarmos à estrada principal que serpenteia pelo pâ ntano. Nó s nos
movemos mais rá pido depois disso. Embora a estrada esteja
lentamente sendo recuperada pela natureza, ela oferece uma base
segura.
Nó s dois estamos em silêncio. Os caçadores sairã o esta noite,
procurando por Sucumbido. Eu sei que se encontrarmos um caçador,
Ventos será forçado a matá -lo; nenhuma quantidade de sú plica o
impediria. O caçador terá visto um vampiro com um humano e eles nã o
poderiam viver. Portanto, a ú nica alternativa é evitar qualquer
confronto a todo custo. Felizmente, a maioria dos caçadores patrulha os
pâ ntanos mais profundos. Sucumbidos tendem a nã o andar na estrada
principal, entã o ficamos sozinhos.
Eu nã o percebi quanto poder eu ganhei com o juramento de
sangue – e sem dú vida também por consumir o sangue de Ruvan
também – até que eu estava de volta ao Mundo Natural. Em Midscape
eu sou fraco comparado ao vampiro. Mas aqui posso ver na escuridã o e
nã o escorregar nenhuma vez na pedra lisa; meus movimentos sã o
fá ceis e confiantes. Tenho quase certeza de que posso até sentir o
cheiro dos caçadores nos pâ ntanos e saber quando diminuir ou acelerar
meu passo.
Os pequenos cabelos na parte de trá s do meu pescoço se arrepiam
quando passamos pelas ruínas em que Ruvan e eu lutamos. Ainda posso
sentir o cheiro do sangue que foi derramado lá .
Eu paro.
“Precisamos continuar”, sussurra Ventos.
"Eu sei." O sonho que tive na primeira noite no castelo dos
vampiros volta para mim junto com uma dor surda no fundo da minha
mente. Eu vejo o contorno da figura de cabelos brancos nas ruínas,
mesmo que ele nã o esteja realmente lá .
“Floriane.”
"Eu sei", repito e começo a avançar novamente.
Cerca de três horas antes do amanhecer, o grande arco é visível à
distâ ncia.
"É isso?" Ele cantarola sua pergunta, olhando através da terra
salgada para os campos pontilhados de casas de fazendeiros. Esses sã o
os poucos corajosos que colocam suas vidas em risco vivendo perto dos
pâ ntanos para cultivar alimentos e criar gado para toda a cidade. Seus
olhos se fixam na lenta subida que termina com a muralha que envolve
a cidade propriamente dita e a silhueta da fortaleza banhada pelo luar.
"Sim. Casa."
“Nunca cheguei tã o longe na noite da Lua de Sangue”, ele admite.
“Passei o ano passado me perguntando como seria a casa das pessoas
que transformaram nossas vidas em um pesadelo eterno.”
“É tudo o que você imaginou?” Eu pergunto secamente.
“Nem um pouco”, ele admite. Ventos esfrega a nuca. “É quase tã o
patético quanto Tempost hoje em dia.”
Eu deveria me ofender, mas eu rio baixinho. “Eu nã o discordo. Nó s
dois estamos vivendo meias-vidas tristes em constante medo do outro...
e para quê? É parte da razã o pela qual estou tã o convencida de que a
maldiçã o precisa acabar. Nã o importa quem começou, ou o quã o
justificado eles foram ou nã o, isso nã o está mais ajudando ninguém.”
Examino as fazendas em busca de sinais de vida enquanto
conversamos. Devemos passar pela terra salgada rapidamente, para
que ninguém nos veja, já que Ventos nã o pode passar por ela.
“A maldiçã o sangrenta nunca ajudou ninguém, para começar,” ele
murmura. Ainda sinto que nã o tenho informaçõ es suficientes sobre os
primeiros dias da maldiçã o para concordar ou discordar. Mesmo que
Ruvan tenha me contado alguns dos horrores que Solos cometeu, algo
ainda nã o está certo para mim. Existem muitas lacunas na histó ria que
Jontun registrou quando começo a pensar sobre isso com muita
atençã o.
“A melhor coisa que podemos fazer é acabar com isso. E entã o,
esperançosamente, tanto o vampiro quanto o humano podem seguir
suas vidas. Podemos recuperar um mundo que pensávamos estar
perdido para sempre.” Uma nuvem rasteja lentamente sobre a lua,
lançando sombra ao mundo. “Devemos nos mudar.”
"Um segundo." Ventos leva um pequeno frasco aos lá bios e bebe.
Seus olhos sã o luminescentes na escuridã o enquanto o poder os
ilumina. Eles desaparecem, mas nã o em sua tonalidade amarela usual.
Eles sã o pedregosos - um cinza duro e enevoado. A carne de Ventos
ondula do centro de seu rosto como se tivesse se tornado líquido e
estivesse sendo soprada. Seus lá bios se estendem. Sua barba cai no
chã o. Seu corpo estremece.
Observo seus ossos estalarem e estalarem. Seus mú sculos
derretem, murchando para se tornarem magros e magros. Fios finos de
cabelo castanho escuro crescem de seu couro cabeludo careca. O
gemido dos tendõ es se esticando e apertando e o estalar das
articulaçõ es desaparece. Ventos se foi e outro caçador está diante de
mim em seu lugar. Até suas roupas foram transformadas em armaduras
de couro.
Um arrepio percorre meu corpo, um horror rastejante me
perseguindo. Isso foi o que os Sucumbidos fizeram com o sangue de
meu pai. O vampiro teve bom senso e inteligência – nã o, apenas instinto
– para roubar sua forma e rosto. Ele se banqueteou com seu corpo e
entã o se curvou sobre ele e realizou este ritual grotesco para roubar
sua pele, deixando seu corpo uma casca esquecida.
“Floriane.” Ventos me sacode levemente. "O que é isso?" Até a voz
dele mudou. Tudo sobre ele foi reformulado, até suas cordas vocais.
"É ... isso..." Eu o empurro e cambaleio até a parede que protege os
pâ ntanos da terra salgada e do Hunter's Hamlet, revirando o conteú do
quase vazio do meu estô mago.
“É um efeito colateral de tanto pisar na névoa?”
Nã o olho para ele enquanto falo, cravando as unhas na pedra. Um
se inclina para trá s. Um quebra. A dor é aguda e me mantém no
presente e focado. Isso me impede de cair ainda mais no vazio que meu
pai deixou. "Nã o. Estou bem."
“Você nã o parece bem.”
"Eu disse que estou bem", eu estalo. Os olhos atualmente humanos
de Ventos estã o surpresos. Eu suspiro. Isso nã o é culpa dele, mas por
onde eu começo? “Meu pai... teve seu rosto roubado. Foi um Sucumbido
quem fez isso. Mas... eu... eu... Agora mesmo foi a primeira vez que vi um
vampiro se transformar em outra pessoa e me perguntei se era assim
que parecia quando aconteceu com meu pai. Pensei nos Sucumbidos
comendo-o nos pâ ntanos para tentar se infiltrar em nó s. Ou talvez para
recuperar uma parte de si mesma que perdeu.”
Ventos pousa a mã o no meu ombro. Mas ele nã o me puxa para ele.
Ele nã o exige que eu me vire. “Seja lá o que for... Os vampiros nã o
roubam rostos para serem perversos ou enganosos. Honestamente, nó s
nem gostamos disso. Eu certamente nã o. É doloroso e desconfortável
ser espremido em outro corpo. Se eu pudesse passar o resto dos meus
dias sem nunca fazer isso, ficaria contente.”
Nunca esperei que Ventos fosse um conforto... mas ele é. Olho por
cima do ombro. O rosto estranho é menos alarmante agora que estou
esperando. Fico feliz, no entanto, por nã o reconhecer o caçador a quem
pertenceu. Isso seria mais difícil se eu conhecesse o homem cujo
sangue foi tirado para isso.
“Estou melhor agora”, insisto mais comigo mesma do que com ele.
“Devemos continuar. Temos que voltar para Midscape esta noite. A ideia
de como Ruvan parecia abatido quando estávamos saindo me faz
querer fazer isso dentro de uma hora. Se eu estiver errado e o Elixir do
Caçador falhar em manter Ruvan forte, precisamos começar a planejar
imediatamente o que podemos fazer a seguir por ele. Eu nã o vou deixá -
lo ir para algum lugar para morrer. Enquanto eu respirar, ele também
respirará .
“Você nã o vai me ouvir discutindo”, diz Ventos. “Eu odeio a maneira
como este mundo se sente; Quero sair o mais rá pido possível.”
"Como este mundo se sente?"
“É ... nã o tenho certeza de como colocar isso. Callos teria uma
descriçã o melhor para isso. Mas este mundo está quieto. Parece morto.
O zumbido da magia que existe dentro das criaturas vivas também está
aqui, mas é mais fraco. Nã o há um sussurro de maior poder em todos os
lugares como o que está no Midscape.”
Eu tento e penso se posso sentir uma diferença entre este mundo e
o Midscape, estendendo minha mente, meu coraçã o e procurando
enquanto ando. Posso sentir a diferença, mas nã o tenho certeza se tem
algo a ver com magia. Pode parecer diferente porque esta é a minha
casa.
Finalmente estou em casa.
Nossos passos sã o silenciosos ao longo dos paralelepípedos da
estrada principal. Mesmo que tenhamos pressa, nã o sacrificamos a
furtividade pela velocidade. No momento em que a lua emerge das
nuvens, parecemos dois caçadores voltando para a fortaleza mais cedo
da patrulha. Nã o que alguém nos veja. As casas estã o fechadas para a
lua cheia.
Eu me pergunto quanto do silêncio inquieto se deve à s cicatrizes
invisíveis deixadas pela Lua de Sangue. As pessoas ainda estã o de luto
pelas perdas, tornadas ainda mais difíceis pela culpa do sobrevivente.
A estrada nos leva até a cidade. Ventos faz uma pausa na praça
principal, olhando para o campaná rio.
“É da nossa marca. Nã o há dú vida sobre isso,” ele murmura.
Eu também posso ver. De jeito nenhum eu poderia ter feito isso
antes de ir para Midscape. Mas agora que passei um tempo em
Tempost, a arquitetura do vampiro é inegável. É assustadoramente
semelhante aos campaná rios da academia. “Isso realmente já foi toda a
sua terra.”
“O extremo sudeste alcança”, ele concorda. “Eu juro, o Rei Elfo que
esculpiu o Fade nã o tinha senso de geografia. Ouvi dizer que os feéricos
também perderam muitas terras na clivagem.
“Eu me pergunto se os humanos estã o lutando contra os fae
também,” murmuro. As minas de prata de onde extraímos estã o bem ao
norte, logo depois de onde as terras feéricas estariam de acordo com os
mapas que vi no museu. Talvez seja por isso que o suprimento de prata
parou. Penso em outra cidade como Hunter's Hamlet, lutando contra
fae em vez de vampiro. — Fae também odeia prata?
"Nã o que eu saiba. Mas Tempost foi fechado para o resto do mundo
antes de eu nascer em um esforço para conter a maldiçã o, entã o nunca
conheci um fae. Ventos dá de ombros. “Essa é uma pergunta melhor
para Callos.”
"Certo. De qualquer forma, vamos continuar.” Mas o pensamento
de prata me faz balançar pela cidade. Antes que eu perceba, estou
realmente de volta.
"Onde estamos?" Ventos olha para mim com curiosidade, sem
dú vida porque inexplicavelmente parei no meio do caminho.
Casa.
Eu estou no lugar onde o Sucumbido estava um mês atrá s, quando
ele virou em minha direçã o, quando eu bebi o elixir e mudei minha vida
para sempre. Os sinos de prata foram retirados do beiral da porta e o
sal sumiu da soleira. Amarrada em volta da aldrava está uma fita preta -
um símbolo de luto, de morte. Eles estiveram nas outras portas de
Hunter's Hamlet, mais do que eu já vi, mas este é diferente. Este rouba
minha respiraçã o. Essa fita é para o meu irmã o? Para mim? Ou nó s
dois?
Mas tudo, exceto aquela fita preta, é o mesmo que sempre soube.
As cortinas estã o fechadas sobre o vidro rodopiante das janelas. A
janela da minha mã e no segundo andar, bem ao lado da minha, está
escura. Tenho certeza de que se entrasse, ouviria seus roncos.
“Floriane?” Ventos sussurra.
"A casa da minha família", eu finalmente respondo, desviando os
olhos da fita na porta.
“Nã o temos tempo para...”
"Eu sei", eu admito. "Sinto muito... só uma coisa." Ele agarra meu
pulso enquanto começo a ir para a lateral da casa. “Uma coisa, Ventos,
eu prometo. Isso é tudo. Por favor."
Nossos olhos se encontram. A desaprovaçã o irradia dele. Ele nã o
quer permitir que isso aconteça, mas já sabe que nã o tem escolha a nã o
ser me deixar. Ele sabe que nã o vou embora sem permissã o para isso;
Eu posso ver isso em sua expressã o. Seus dedos lentamente se
desenrolam.
“Um minuto, nã o mais, e ninguém vê.”
“Nã o se preocupe, eu sei como me esgueirar pela minha casa.” Eu
manobro de volta e ao redor da casa. Separada de todos os outros
edifícios densos de Hunter's Hamlet está a ferraria. Muito barulhento.
Muito quente. Muito risco de incêndio para ser colocado muito perto de
qualquer outra coisa. Sob o manto da escuridã o, eu deslizo para dentro
e vou direto para a lareira.
É quentinho.
Cubro a boca para evitar que o suspiro de alívio escape como um
gemido de emoçã o. Mã e continuou a forjar. Eu nã o estou realmente
surpreso. Isso é o que fomos feitos para fazer, para o que fomos criados,
tudo o que sabemos. As mulheres da família Runil martelam metal.
Somos as mã es da espada e do escudo de Hunter's Hamlet.
Mas o alívio de saber que ela continuou, mesmo sem mim, me
atordoa por um momento.
Volto para a porta escondida atrá s da ferraria, dominado pela
nostalgia. Parece que acabei de trancar esta porta, ordenando que a
prata lá dentro fique segura durante a noite da Lua de Sangue. Estou
meio que esperando que Drew entre para o nosso treinamento
enquanto giro as travas na fechadura do quebra-cabeça. O có digo nã o
mudou e o bloqueio foi desfeito.
Eu nã o ousaria deixar uma mensagem escrita. Acho que nem sei
escrever palavras suficientes para contar a mamã e tudo o que
aconteceu. Mas nã o posso ir embora sem acabar com as preocupaçõ es
dela. Pego uma pequena barra de prata e a viro perpendicularmente à s
outras, colocando-a bem no topo da pilha.
Você deve manter a prataria arrumada, Floriane, a mãe instruiria. É
raro. Sagrado. Nós o mantemos seguro. Respeitamo-lo e honramo-lo em
cada passo do nosso processo.
Ela martelava essas liçõ es em mim, uma e outra vez, até que a
prata estivesse sempre alinhada. Mas assim que ela achar este bar tã o
deslocado, ela saberá . É uma mensagem que só ela pode ler atrá s de
uma porta que só eu poderia destrancar. “Estou viva, mã e”, sussurro.
“Voltarei para casa assim que puder.”
Eu tranco e saio.
“Você conseguiu o que precisava?” Ventos passou a ficar parado
perto da rua, sob uma porta, fora do luar.
Eu concordo. "Obrigada."
“Nã o vou contar a Ruvan sobre esse desvio.” Ele se afasta da
parede. “Ele vai se preocupar desnecessariamente.”
"Obrigada." Ele e eu compartilhamos um olhar conspirató rio. Um
que parece... respeitoso. Quase amigável.
Paramos diante da grande fortaleza. Eu inclino minha cabeça para
trá s, admirando sua poderosa silhueta. Nunca apreciei totalmente sua
beleza. E nunca fiz perguntas suficientes sobre como construímos
estruturas tã o incríveis e depois perdemos todo o conhecimento disso
para nossas pró prias casas.
Ventos faz a pergunta mais importante. “Como entramos?” A coisa
que eu tenho pensado desde que este curso de açã o foi decidido.
“A fortaleza só tem uma entrada e uma saída.” Aponto para a porta
prateada à esquerda da pesada porta levadiça.
"O outro lado?" Ele está examinando as paredes enquanto
pergunta. Ele sabe tã o bem quanto eu que superar as paredes íngremes
que envolvem Hunter's Hamlet é quase impossível.
“Embora, sim, o ú nico acesso ao mundo exterior de Hunter's
Hamlet seja do outro lado, é ainda mais fortificado, já que quase
ninguém entra ou sai. Menos prata, no entanto, provavelmente. Drew
nã o me contou muito sobre o lado de fora. Entã o, novamente, além de
me perguntar sobre os comerciantes de prata, nã o perguntei. Ninguém
sai de Hunter's Hamlet. As pessoas entram, juntando-se à comunidade
de vez em quando. Mas eles sempre têm palavras duras a dizer sobre o
mundo exterior - um lugar onde quase nunca há comida suficiente para
todos e os poucos dominam os muitos. Mesmo presos com o vampiro,
eles preferem o vilarejo.
Eu me pergunto se as pessoas irã o embora assim que a ameaça do
vampiro terminar. Existem lugares difíceis lá fora, certamente. Lugares
como Tempost é agora. Mas também deve haver lugares de beleza -
como Tempost foi em seus dias de gló ria. Talvez as pessoas sejam
corajosas o suficiente para explorar, para encontrar esses cantos
escondidos do mundo. Acho que gostaria.
“Como vamos entrar, entã o?” Ventos pergunta.
"Apenas uma maneira." Eu fico um pouco mais alto. “Nó s vamos ter
que entrar.”
“Eles nã o vã o nos questionar?”
“A guarda muda à meia-noite. Essa será nossa melhor chance de
evitar muitas perguntas. Eu olho para a lua. “Prepare-se e mantenha a
cabeça baixa.”
“Tudo bem, vou seguir sua liderança.”
Para minha surpresa, Ventos sim. Nã o há mais questionamentos ou
dú vidas. Quando uma nuvem passa sobre a lua, há movimento do outro
lado da porta levadiça. Eu aproveito a nossa chance.
Com a mã o no quadril e repetindo tudo que Drew já me contou
sobre sua vida, abro a porta da fortaleza. No fundo da minha mente,
ouço as advertências dos anciã os de Hunter's Hamlet - de minha mã e.
Nunca tente seguir seu irmão para dentro da fortaleza, Floriane. Ele
é um caçador agora e pertence a um mundo para o qual você não foi
feito. A punição por entrar furtivamente na fortaleza, mesmo que apenas
para dar uma olhada, é a morte.
CAPÍTULO 33
NÃO percebo que estou dormindo até que o sonho me atinge. Ainda estou
naquele quarto. Exceto que não é o mesmo, estou de volta a uma época
anterior, quando o castelo ainda estava intocado.
É noite aqui também, e Loretta se atrapalha. Ela corre entre as
estantes e uma escrivaninha posicionada embaixo da janela – uma
escrivaninha que não está mais presente em meu tempo.
“Eles não estão aqui.” Ela xinga baixinho. É então que percebo que
faltam três livros na estante. "Maldito seja."
Ela está de volta à escrivaninha, a pena movendo-se freneticamente
sobre o pergaminho. Eu me aproximo. Parece que quanto mais consciente
estou desses sonhos, mais autonomia tenho dentro deles. Ou talvez eu seja
cada vez mais forte. Talvez seja a magia da adaga extraindo poder dos
recessos do meu corpo.
Ela está escrevendo uma carta, algumas palavras curtas:
TERSIUS VOLTOU MESMO depois que você o baniu. Ele roubou nosso
trabalho. Eu vou conseguir. Não me siga, é muito perigoso para você
atravessar o Fade com Tersius como ele está. Ele vai te machucar se você
vier. Mas não se preocupe, estarei segura. Eu voltarei em breve.
“EU DEVERIA SABER,” ela diz suavemente. “Eu deveria ter visto o que você
realmente se tornou e deixado Solos matá-lo quando tivemos a chance.”
Loretta se curva sobre a mesa, com lágrimas escorrendo pelo rosto.
Enxugando o rosto e se recompondo, ela volta para as estantes. Ela ergue
uma espada curta de um suporte e a desembainha até a metade. Linhas
vermelhas e pretas rabiscam o metal. Parece quase a minha própria
adaga.
Ela a embainha com propósito e a prende no quadril. Pela maneira
como Loretta se move, posso dizer que ela não é uma combatente. Ela vai
morrer. Todos os sinais apontam para essa trágica verdade.
Uma mulher, amada por dois homens, traída por um em angústia, ao
que parece.
Loretta vai até o canto da sala e enfia o ombro na estante. Para
minha surpresa, ela se abre. Ela desce na escuridão. Eu tento alcançá-la,
mas no momento em que dou o primeiro passo, a escuridão me engole.
“NÓ S TEMOS QUE ACABAR COM ISSO,” Lavenzia olha entre sua espada e
Ruvan. "Antes que ele se torne um deles."
Agarro Ruvan com mais força e olho para eles. "Eu nã o vou deixar
você machucá -lo."
— Riane, você sabe o que vai acontecer. Os olhos de Lavenzia estã o
arregalados de tristeza. “É uma gentileza para ele. É o que ele gostaria.
"Nã o." Olho para Ruvan, espalhando sangue em sua bochecha
enquanto acaricio seu rosto. "Acorde, por favor, lute contra isso."
“Floriane...” começa Ventos.
“Vou dar a ele mais do meu sangue! Eu darei a ele o que ele
precisa!”
“Nã o há nada que possamos fazer para impedir a progressã o da
maldiçã o.” Ventos balança a cabeça lentamente. Seus olhos estã o
brilhando. Eu já o vi chorar? Eu acho que nã o posso suportar o
pensamento disso.
Mas sua tristeza mexe com o pensamento. Uma possibilidade
improvável, improvável. “Há algo que podemos fazer.”
"O que?" Lavenzia troca um olhar desconfiado com Ventos.
“Temos que levá -lo para a capela.” Nenhum deles se mexe. “Por
favor, se você vai matá -lo, o que importa se você fizer isso aqui ou ali.
Mas pelo menos podemos tentar salvá -lo!”
Ventos é o ú nico a se mover.
Tudo parece acontecer lentamente. Ventos pega Ruvan. Estamos
correndo para o castelo. Winny está correndo à frente como sempre faz,
procurando por qualquer outro inimigo. Lavenzia está pronta.
E eu... eu me encontro focando nas coisas mais estranhas.
O braço de Ruvan balança frouxamente, dentro e fora da minha
visã o, bloqueado pelo corpo de Ventos. Estou hiperconcentrada na mã o
que há poucas horas passou pelo meu cabelo. Acariciou meu corpo.
Levou-me à s alturas da paixã o que eu só tinha imaginado antes dele.
Seu cabelo está grudado no rosto, sujo. Mas há manchas brancas, tã o
brilhantes quanto o luar que atravessa o quarto de Loretta quando
ressurgimos.
Os sons sã o distantes, abafados pelo meu coraçã o acelerado e
respiraçõ es ofegantes. Cada gole de ar dó i. Mas nã o é por isso que meus
olhos estã o ardendo.
Vê-lo assim é um machado no meu esterno. Minhas costelas estã o
divididas. Coraçã o transbordando. Ele me ouviu quando eu disse que
sentia muito? Ele sabia pelo que eu estava me desculpando? Ele me
ouviu tentando contar a ele sobre meu amor? Ele entendeu?
Não vá, meu coração implora a cada batida, não vá. Ainda há muito
mais para nós. Ainda estamos em progresso, ainda trabalhando, lutando,
aprendendo... melhorando a nós mesmos... Não vá, Ruvan.
O vento e a neve me trazem de volta à realidade.
Lavenzia põ e a mã o em meu ombro. "Você quer ajuda para
atravessar?"
Luto contra a vontade de dizer nã o a ela. Agora nã o é hora de se
orgulhar. Agora nã o é hora de tentar provar a mim mesmo ou a
qualquer outra pessoa que posso atravessar esse feixe de gelo sozinho.
Eu fiz isso antes. Tudo o que importa agora é Ruvan.
"Por favor", eu digo.
Ela se ajoelha na minha frente, dobrando os braços. Como uma
criança, eu pulo em suas costas, braços sobre seus ombros, segurando
meus cotovelos. Lavenzia se levanta e balança ligeiramente.
“Estou muito pesado?” Eu sei que nã o sou uma mulher leve.
"Eu vou ficar bem; Eu nã o fui exatamente maltratado lá atrá s.
Lavenzia olha por cima do ombro. “Mas se eu tombar, pule de mim.
Concentre-se em salvar a si mesmo.”
“Nã o caia,” eu digo impassível.
"Certamente vou tentar nã o." Lavenzia corre com a mesma graça
que sempre vi nela. Isso reafirma minha decisã o de contar com a ajuda
dela.
Só porque consigo fazer algo sozinho, nã o significa que seja o
melhor caminho. Mesmo o maior lorde vampiro precisa de uma aliança.
Até o caçador mais forte precisa de irmã os e irmã s de armas.
Ainda tenho tanto a aprender com você... Não vá.
Estamos de volta ao castelo. Salto das costas de Lavenzia e corro na
frente. Ventos já está descendo as escadas, Ruvan ainda em suas mã os.
Eles estã o fora da minha vista. Nã o suporto ter Ruvan onde nã o posso
vê-lo. Como qualquer segundo e ele vai desaparecer da minha vida para
sempre.
Eu parei derrapando no corredor do conhecimento de sangue.
Ruvan foi colocado no topo do altar sob a está tua de Solos. Ventos
está longe de ser visto, embora eu ouça clamores vindos das escadas
que levam ao salã o principal que ocupamos. Ele deve ter ido buscar
Quinn e Callos.
Pego a mã o de Ruvan gentilmente. "Callos vai ajudar você, ele vai
saber como fazer isso funcionar", eu sussurro. “Você mesmo disse,
Callos é uma das maiores mentes vivas quando se trata da tradiçã o do
sangue.”
Nã o estou falando pelo bem de Ruvan agora. Eu sei que ele está
longe demais para me ouvir. Estou tentando me tranquilizar. Como se
eu pudesse, apenas com palavras, afastar a realidade que desaba ao
meu redor.
Ruvan parece pior do que na noite da Lua de Sangue. Sua pele é
dura, dedos ossudos. Eles sempre foram longos, mas agora parecem
mais longos. Eu coloco minha mã o sobre a dele, tentando lembrar o
quã o grande ela era na noite passada. É maior? Ele já está criando
garras como o Lost? Quanto tempo até que uma das pessoas mais leais
a ele enfie uma lâ mina em seu peito?
Winny e Lavenzia me cercam. Eles olham solenemente. Eu engulo.
Meu lado já está se recuperando. A magia vampírica que
compartilhamos é capaz de curar a mim, mas nã o a ele.
"Pegue minha magia", murmuro. "Pegue de volta, tire de mim, dê a
ele."
“Infelizmente, isso nã o vai ajudar na progressã o da maldiçã o.” A
voz de Callos atravessa a sala, ecoando no teto alto. Seus passos sã o
rá pidos a seguir. Quinn está atrá s com uma caixa que faz um barulho
suave - o elixir em que ele estava trabalhando, eu suspeito. Callos para
no altar. Ele nã o pede frascos de sangue. Ele nã o se mexe. Ele apenas
olha.
Sua imobilidade induz movimento em mim. Minhas mã os voam
para seu colarinho. As mã os de Winny estã o em meus ombros. Eu nã o
me mexo quando ela tenta me afastar.
“Dê a ele o elixir.” Eu exijo com um shake.
“Acho que isso nã o será suficiente.” Callos me responde, mas seus
olhos ainda estã o em Ruvan. "Nã o dessa vez."
"Meu sangue, entã o." Solto Callos e me afasto. Eu vou pegar minha
adaga má gica, percebendo que ela foi deixada no chã o da sala. Tudo
bem, era uma arma para matar - para tomar. Duvido que ajudaria Ruvan
agora. Talvez tenha sido por causa de eu ter me cortado para convocar
Loretta que Ruvan está nesta posiçã o. As coisas que eu crio trazem a
morte. Nã o faço nada que salve uma vida. Eu tiro uma adaga do cinto de
Winny e corto meu antebraço. "Pegue."
“Nã o vai ser o suficiente.” Callos balança a cabeça.
“Eu sou seu jurado de sangue, é claro que é o suficiente.”
Callos apenas me olha com olhos tristes e brilhantes. Ele
lentamente balança a cabeça.
“O Elixir do Caçador e meu sangue juntos, entã o.”
“Ele lutou contra um Lost,” Callos diz suavemente. “É incrível que
algum de vocês tenha saído vivo de lá .” Ele olha para Ruvan. “Ele se
esforçou demais. A maldiçã o progrediu muito; vai reclamá -lo a
qualquer momento.
"Eu nã o vou deixar nenhum de vocês tocá -lo." Minha voz se eleva
com emoçã o. Nenhum deles se move enquanto eu pairo perto do altar,
desarmado, mas pronto para lutar pelo homem atrá s de mim.
“E o que você acha que pode fazer para impedir isso?” Ventos late.
“O que você acha que pode fazer como humano que geraçõ es de
vampiros nã o conseguiram?”
Gerações. Penso na academia e nas centenas de vampiros ainda
adormecidos. Emitindo uma luz tingida de vermelho nã o natural, o
mesmo tom da minha adaga, como a Lua de Sangue, como tudo que
passei a associar com o poder quando se trata do vampiro. É a ú nica
ideia que tive, embora esperasse que outra funcionasse, pois já sei que
o que estou prestes a sugerir é um tiro no escuro.
“Podemos colocá -lo para dormir?” Eu sussurro.
"Dormir?" Quinn repete.
“Você nã o quer dizer…” Lavenzia abandona o pensamento em
estado de choque.
Concentro-me apenas em Callos. “A estase retarda a maldiçã o. Você
acha que funcionaria agora?”
“Claro que nã o vai funcionar.” Ventos é sempre o primeiro a me
derrubar. Sempre o pessimista. “Quando entramos na longa noite, fazia
parte de um grande ritual do qual nã o éramos os líderes. E usamos
nossa pró pria magia - nosso pró prio sangue vital - para nos envolver.
Você nã o pode realizar esse tipo de ritual em outra pessoa.”
“Foi um grande ritual porque muitos estavam sendo encerrados ao
mesmo tempo. Este é apenas um homem, temos força suficiente entre
nó s,” eu insisto. “E o sangue vital dele... vou substituir o meu. Eu sou seu
jurado de sangue afinal, nossas vidas estã o entrelaçadas. Eu serei seu
procurador.
"Isso funcionaria?" Winny pergunta a Callos. Ele acaricia o queixo.
“Nã o somos os grandes estudiosos que viveram na academia e
estudaram com os alunos originais de Jontun”, resmunga Ventos.
"Fale por você mesmo." Callos olha por cima do ombro para Ventos,
dando a seu companheiro um olhar penetrante. “É exatamente por isso
que a academia me escolheu para acordar tã o tarde. Eles sabiam que as
proteçõ es de nosso povo poderiam estar começando a vacilar. Eles me
escolheram para inspecionar o estado da longa noite e fortalecer
conforme necessá rio. Recebi informaçõ es sobre o ritual, de cima a
baixo.”
"Entã o você acha que podemos fazer isso?" Eu pergunto, tentando
nã o deixar a esperança ir muito longe de mim.
Callos encontra meus olhos. Há um fogo nele que eu nunca vi antes.
Trabalhei com Callos por semanas na ferraria e nã o vi nada parecido.
Estes sã o os olhos de um homem à altura do desafio. Subindo para o
momento.
“Acho que devemos tentar. E se quisermos ter alguma chance de
sucesso, precisamos nos mover rapidamente.” Ele assume a liderança,
começando a latir ordens. “Lavenzia, encha o cá lice de prata com á gua.
Winny, Quinn, vocês duas comecem a preparar uma coleçã o no cá lice
dourado. Assim que estiver pronto, Winny, preciso que você vá ao meu
quarto e pegue a mortalha carmesim em que estou trabalhando. Ventos,
pegue o má ximo de elixir dele que puder, nã o queremos que ele dilua as
coisas.”
“Sudá rio carmesim? Você tem se preparado para isso?” Winny vê
através de Callos. Ela o conhece melhor do que o resto de nó s, afinal.
“Vamos apenas dizer que o humano pensa muito mais como um
vampiro do que acreditamos. Ela é tã o engenhosa quanto nossos
ancestrais. Callos me dá um aceno respeitoso. Um eu volto. “Eu sabia
que um de nó s seria pego pela maldiçã o, mais cedo ou mais tarde. Eu
estava pensando que nã o faria mal tentar.
O que mais temos a perder?Eu quase posso ouvi-lo dizer. Eu olho
para Ruvan; ele mal está respirando agora. Ele nã o se parece em nada
com o homem que conheci. O homem que eu... eu tento manter meu
foco no presente.
Nó s nos movemos como soldados, como curandeiros, como
desespero.
Cada uma das ordens de Callos é seguida ao pé da letra. Faço tudo
o que ele me diz e, no entanto, nã o consigo pensar em um ú nico pedido
apó s o fato. Meu corpo está se movendo, mas minha mente está longe. É
onde quer que Ruvan tenha ido, procurando por ele.
O vínculo que compartilhamos ainda é... tã o horrivelmente imó vel.
Tudo parou para mim no momento em que ele desmaiou.
Ventos limpa diligentemente o elixir do velho castelo do corpo de
Ruvan. Winny coloca uma mortalha sobre ele, até o queixo. Nele está
um marcador familiar, que já vi muitas vezes. É o mesmo símbolo que
estava na porta de prata no fundo do velho castelo.
“Que símbolo é esse?” Pergunto a Winny enquanto os outros
continuam se preparando.
“O símbolo de Solos.”
Eu aponto para o livro que a está tua está segurando, o que eu só
posso assumir é o primeiro tomo da tradiçã o do sangue. “É diferente
daquele.”
“Essa é a marca do conhecimento do sangue.”
marca de Loretta, eu penso, mas nã o diga. Nosso foco precisa estar
em Ruvan agora.
“Todos estã o prontos?” Callos pergunta, interrompendo meus
pensamentos.
"O que eu preciso fazer?" Eu pergunto.
"O que você tem feito", ele diz para mim. "Exatamente como eu
disse." Callos segura o cá lice de prata sobre Ruvan. “Sangue de reis
antigos, puro como o luar, procuramos fortalecer, procuramos
fortalecer.” Ele inclina o cá lice e derrama a á gua sobre Ruvan.
Como uma arma quente submersa, a á gua sibila, borbulha e
evapora. Eu avanço.
Ventos me agarra. "Nã o."
“Está doendo nele.” A pele de Ruvan está carbonizada em algumas
á reas. O sudá rio continua a fumegar.
“É purificador”, diz Ventos com o que soa quase como uma nota de
simpatia. Ele sabe que nã o testemunhei o primeiro grande sono. Eu me
pergunto se ele vê sombras de si mesmo em mim, observando como seu
juramento de sangue se envolveu. “Se ele morrer disso, nã o sobreviverá
ao resto.”
Eu pego minha camisa sobre o meu coraçã o. Eu forço minha
respiraçã o a desacelerar. Em algum lugar, Ruvan ainda está lá . Se meu
coraçã o bate, o dele também bate. Devo estar calmo e firme para ele.
Devo estar estável.
Callos passa o cá lice de prata para Quinn com a mã o esquerda. Ele
estende seu direito de pegar o cá lice de ouro de Winny. “Sangue dos
guardiõ es, sangue da aliança, sangue daqueles que vigiarã o a longa
noite”, ele entoa enquanto gira ao redor do altar, derramando o sangue
em um círculo ao redor de Ruvan.
Os outros quatro se espalham ao meu redor, posicionando-se em
cada um dos pontos do altar. Callos ainda está no centro; ele acena para
mim. Ele fala baixinho, só para eu ouvir, nã o para o ritual.
“O sangue é um pergaminho e a vida uma pena. Tudo o que
fazemos, tudo o que somos, seremos e poderíamos ser está escrito em
nó s com nosso sangue. Quando você se tornou seu jurado de sangue,
ambos foram marcados de forma irrevogável. Vocês se entrelaçaram.
Encontre a parte dele que vive em você. Seja um receptá culo para ele
neste momento.” Callos encontra meus olhos. "Salve-o."
“Mas o que eu faço?” Eu pergunto freneticamente.
"Você saberá ." Callos sorri tristemente. “Todos nó s nos
encerramos. O ritual começava com os outros, mas éramos nó s que
terminávamos, e era diferente para cada um. Nã o posso lhe dizer o que
fazer e nã o posso fazer isso por você. Ele se move para o altar à minha
frente.
Todos eles colocam as pontas dos dedos levemente no anel de
sangue ao redor de Ruvan. Eles fecham os olhos em uníssono e a magia
preenche o ar. Ele brilha como um raio vermelho no sangue, subindo
como brasas.
Eu o encaro, estupefato. Você tem que fazer isso, Floriane. Você
ainda tem muito a dizer a ele. Ele pode nã o ser meu para sempre, mas
quero a chance de descobrir.
Fecho os olhos e respiro profundamente. Eu penso nele. Penso em
suas mã os em meu corpo. Eu penso no momento em que juramos
sangue, o sentimento de sua magia - tudo o que ele é, era e seria -
correndo por mim.
Pegue, eu quero dizer. Pegue tudo. Eu devolvo se isso significar que
vou te salvar.
Mã os invisíveis deslizam de meus ombros para baixo em meus
braços. Minha pele fica arrepiada. Eu estremeço. Eu inalo. Meus olhos
se abrem.
Sobreposto ao presente está o passado. Retratos do vampiro,
coletados na grande caverna sob a academia, piscam diante dos meus
olhos. Eu os vejo como se eu fosse Ruvan. Eu sinto seus nervos, seu
medo, antecipaçã o.
Através daqueles olhos dele, há muito tempo atrá s, eu vejo o
vampiro que estava em um círculo no centro de tudo. Os primeiros
guardiõ es. Aqueles que passaram a longa noite e se despediram de
todos que amaram.
Adeus, ele sussurra para o mundo que deixou para trá s.
"Adeus", eu digo a ele. Por enquanto.
Magia, sangue, vida e poder tomam forma. É um comando simples,
mas claro. Guarda-me do mundo; que nã o haja outra marca no meu
sangue - no dele. Nã o há espaço para a maldiçã o. Só ele e eu.
Eu estendo minhas mã os e lentamente abro meus olhos.
Fios carmesim se desfazem de meus antebraços, mã os e dedos.
Eles envolvem Ruvan. O brilho da aliança os cimenta no lugar. Cristais
começam a se formar como gelo na lateral de um balde de á gua,
esquecidos fora da forja. O rubi cobre seu corpo, cada vez mais grosso.
Quando o carretel de magia se esgota dentro de mim, desmorono
diante do que parece ser um caixã o de vidro vermelho. Ruvan foi
aperfeiçoado mais uma vez, a maldiçã o sob controle, mantida em uma
estase adormecida por dentro.
CAPÍTULO 42
NO UM SE MOVE.
Estamos todos maravilhados. Animaçã o suspensa. Tã o congelado
no lugar quanto Ruvan.
Funcionou. É um pensamento que todos nó s compartilhamos. Eu
posso sentir isso na magia que ainda paira no ar, brilhando como vaga-
lumes ao redor da pedra vítrea do que parece um caixã o de rubi
envolvendo Ruvan. Eu posso ver isso escrito em seus rostos. Ventos é o
mais chocado; sua boca fica completamente aberta. Ele também é o
primeiro a tentar falar e acaba chorando.
Callos passa as mã os sobre o rubi liso. Vê-lo tocá -lo me leva a ficar
de pé. Ninguém me impede quando me aproximo. Minhas mã os pairam
sobre a tumba de pedra de Ruvan, tremendo levemente. As pontas dos
meus dedos encontram o cristal levemente brilhante.
Nã o... Nã o é bem cristal, na verdade. Nã o é pedra, vidro, metal ou
qualquer outra substâ ncia que já encontrei antes. Meus dedos afundam
ligeiramente na magia. A névoa que envolve Ruvan é quase como geléia.
Depois de um ponto encontro firmeza. É suave, quase sedoso. A magia é
quente, convidativa, como o calor radiante de uma forja no inverno. Mas
nã o me permite passar mais longe. Nã o posso tocar em Ruvan.
"Funcionou?" Eu sussurro. Parece que sim, mas nã o sou
especialista em magia e quero ter certeza. Tenho que ouvir que ele está
bem ou posso nã o acreditar.
“Sim”, diz Callos. “O selo é só lido. A cor é certa e a magia é forte.”
Um leve sorriso enfeita seus lá bios. "Basta olhar para ele."
Eu faço. Ele parece exatamente como antes da maldiçã o. Ele parece
melhor. “Se nó s o libertarmos…”
“A maldiçã o retornará com força total.” Callos percebe minha
pergunta mal formulada. “Essa estase preserva as coisas como
deveriam ser – nã o necessariamente como sã o. Como um espelho, é
uma janela para a verdadeira natureza de uma pessoa, livre de doenças
ou maldiçõ es. Mas nã o é real; nã o reflete o verdadeiro estado de seu ser
físico ou má gico, apenas o que está em sua alma.
Um vislumbre da alma. Meu peito aperta. Ele parece muito mais
perfeito do que eu já o vi. Nã o sei dizer se ele realmente está diferente
ou se estou tã o aliviada em ver sua pele com a palidez de sempre, seu
cabelo gelado, sua testa lisa relaxada.
Nunca o vi tã o tranquilo. Meus dedos se espalharam pela barreira.
Eu quero vê-lo tã o pacífico, uma e outra vez. Quero dar a ele um mundo
onde esta seja a sua realidade, por dentro e por fora. Onde posso
conhecê-lo como ele deveria ser.
Mesmo que seja algo que eu queira dar a ele, eu quero para mim.
Sim, quero proteger minha família, meu irmã o, Hunter's Hamlet. Quero
ajudar meus amigos aqui deste lado do Fade. Mas tudo isso sã o desejos
para os outros.
Ruvan é a primeira coisa – pessoa – que eu sempre quis para mim.
Seu povo dirá que eu nã o deveria tê-lo. Eles já disseram isso. Se eu
puder provar que seu pacto está errado, se eu puder conquistá -los,
entã o eu poderia conquistar o resto dos vampiros se assim o desejasse.
E talvez eu nã o escolha. Nunca me importei muito com o que os outros
pensavam de mim. Mesmo quando eles tinham controle sobre minha
vida, eu nã o me importava com a opiniã o deles sobre mim.
Sou eu quem segura o martelo e segue em frente.
Minhas mã os se fecham em punhos. Eu continuo olhando para seu
rosto perfeito. Nã o sei o que o futuro nos reserva, ou mesmo o que pode
nos trazer, mas pretendo descobrir. Nenhuma maldiçã o vai me parar.
“Devemos começar a trabalhar,” eu anuncio.
"Trabalhar?" Winny inclina a cabeça para o lado. "O que devemos
fazer?"
“O que já estávamos planejando fazer: acabar com a maldiçã o.”
“Existem regras,” Quinn começa incerto. “Sempre deve haver um
senhor ou senhora vampiro para guiar a aliança e proteçã o do povo.
Nã o temos permissã o para fazer nada sem um.
"Nosso senhor está bem aqui." Eu aceno para Ruvan.
Quinn cruza as mã os diante dele. “Nã o acho que seja essa a
intençã o das regras que o conselho de lordes e damas estabeleceu antes
da longa noite.”
Meus lá bios pressionam em um sorriso firme. — Quinn, você está
me confundindo com alguém que se preocupa com o conselho de lordes
e ladys e com o que eles disseram há três mil anos.
“Para nó s, esse conselho foi há apenas um ano”, diz Ventos.
"Eu entendo. Mas isso nã o muda a passagem real do tempo.” Eu me
endireito, tentando comandar a mesma presença que Ruvan sempre fez.
Sua magia e essência estã o dentro de mim, nã o há razã o para que eu
nã o possa. Consegui fazer isso quando Drew estava aqui. “Pode parecer
que aconteceu tã o recentemente para todos vocês. Mas essa nã o é a
verdade. Essas pessoas estã o mortas há muito tempo. Honre-os, mas
nã o prenda a si mesmo e ao presente ao passado em detrimento do
avanço.”
“Se nã o temos senhor ou senhora para nos guiar, como vamos
saber o que fazer?” Lavenzia cruza os braços.
“Vocês sã o todos inteligentes e capazes; Eu vi quanta liberdade
Ruvan lhe deu. Ele nunca esteve interessado em ditar todas as suas
açõ es e nunca o fez. Você nã o precisa dele ou de qualquer senhor ou
senhora para lhe dizer para fazer o que é certo.
“O pró ximo líder que acordar vai ficar zangado com isso. Podemos
nã o estar isentos de puniçã o,” Quinn murmura.
"O que eles vã o fazer? Mate-nos? Estamos todos morrendo de
qualquer maneira, entã o isso é uma ameaça real?” Estou surpreso que
seja Callos quem aponta essa verdade sombria. Mas ele sempre foi
pragmá tico, sempre focado na realidade diante dele. “Se temos a
oportunidade de acabar com a maldiçã o, temos a obrigaçã o de tentar.
Pode levar semanas para informar outro lorde ou lady e convencê-los
de nossos planos.
Eu aceno para Callos e olho para Quinn. “E se você despertar outro
líder, eles nã o serã o amigáveis comigo.”
“Você nã o sabe—”
"Você está certo, eu nã o sei", interrompo seu protesto. “Mas pense
nisso. Na melhor das hipó teses, eles vã o me mandar de volta para o
Mundo Natural. Na pior das hipó teses, eles vã o me matar. E quando o
fazem, Ruvan está morto. Nã o estarei por perto para ajudar a alimentar
com magia essa barreira que o mantém em êxtase.
Mesmo agora, posso sentir minha energia sendo minada. Quinn
nã o diz nada e Callos também nã o se opõ e à minha avaliaçã o. Eu uso o
silêncio deles como uma chance de estar à altura da ocasiã o.
“Dê-nos um mês,” imploro diretamente a Quinn, a todos eles. “Dê a
si mesmo mais um mês para terminar isso. Temos a pista sobre o
Homem Corvo. Nó s temos um plano. Se tivermos sucesso, a maldiçã o
será quebrada e Ruvan será o rei. Tempost retorna. Se isso acontecer,
tenho certeza de que nã o importará o que os outros senhores e
senhoras possam pensar de nossos métodos - você será o salvador
deles e o rei deles estará do seu lado. Chegamos até aqui, sei que
podemos fazer isso. E, se falharmos em nossa missã o, Quinn, será você
quem ficará em segurança aqui no castelo. Em um mês, você pode
despertar o pró ximo senhor ou senhora. O ciclo vai recomeçar.”
Mas não vamos falhar. Isso eu nã o digo. Nã o vou aceitar o fracasso,
nã o quando estamos tã o perto e tanto está em jogo. Eu olho para cada
um deles. O conflito está escrito em seus rostos, todos eles, exceto o de
Callos.
"Você sabe onde eu estou", diz ele. “Quero acabar com isso e acho
que Floriane está certa. Eu acho que podemos."
“Se Callos acha que podemos fazer isso, entã o eu também”, Winny
fala.
“Nã o vejo como um mês pode doer.” Os braços de Lavenzia caem ao
seu lado. “Com Quinn como nosso backup, se algo acontecer conosco
nesta missã o final, o vampiro ainda estará protegido.”
Ventos tem tanta expressã o quanto a parede de pedra atrá s dele.
Sua testa está franzida, braços cruzados, mú sculos salientes com a
tensã o. Ele balança a cabeça e olha se desculpando para Quinn.
“Você deveria ser aquele que tem o melhor senso.” Quinn suspira
para Ventos. “Você nã o deveria ser um guarda do castelo que segue
ordens acima de tudo?”
"Eu sou. Mas eu nã o sou estú pido. Acredito que esta seja a melhor
forma de proteger este castelo, nosso povo, e...” O olhar de Ventos se
suaviza; ele olha através de todos nó s. “E se eu tiver uma chance para
Julia, de dar a ela o mundo que ela merece, devo a ela aproveitar essa
chance.”
Quinn se resigna. "Muito bem. Um mês. Eu irei para a academia e
ficarei lá . Vou fazer uma barricada nas portas, caso as coisas realmente
dêem errado e o Homem Corvo possa vir atrá s de nó s.
“Ele nã o o fez até agora,” Winny diz esperançosa.
“Mas ainda é uma ideia inteligente,” eu digo com um aceno de
cabeça para Quinn. Penso na minha visã o de Loretta. Ainda há um
caminho para entrar e sair do territó rio dos vampiros que nã o
conhecemos. Um que eu vou encontrar. E se eu puder encontrá -lo,
entã o é possível que o Homem Corvo - Tersius - também o faça.
"Muito bem." Todos nó s assistimos enquanto Quinn parte.
“Ele vai mudar de idéia, eu acho”, diz Callos. “Eu suspeito que ver
Ruvan tã o perto de sucumbir totalmente à maldiçã o o abalou
profundamente.”
“É difícil quando os alicerces do seu mundo, as pessoas que agem
como seus pilares, estã o ameaçados.” Eu deveria saber. Todos eles irã o,
com o tempo. “Isso vai melhorar ainda mais quando Ruvan retornar
como rei.” Eu olho para cada um deles, ainda cercando o lorde vampiro.
A aliança da qual agora faço parte e, de alguma forma, apesar de todas
as probabilidades, agora pareço ser o líder. “Tudo bem, vamos
trabalhar.”
https://elisekova.com/a-duel-with-the-vampire-lord/
Os elfos vêm por dois motivos: guerra ou esposas. Quando eles chegam,
Luella, uma jovem curandeira é tomada como a Rainha Humana. Ela
está determinada a quebrar o ciclo. Mas o que pode acabar com ela é
uma paixã o que ela nunca quis.
Waterrunner Eira Landan, de dezoito anos, vive sua vida nas sombras -
a sombra de seu irmã o mais velho, dos sussurros de sua magia e da
pessoa que ela acidentalmente matou. Ela é a aprendiz mais indesejada
na Torre dos Feiticeiros até o dia em que decide sair e competir por
uma vaga no Torneio dos Cinco Reinos.
Eira foi para as provas pronta para a luta. Pronto para vencer. Ela nã o
estava pronta para o que isso lhe custaria. Ninguém esperava que os
candidatos nã o sobrevivessem com vida.
Ari perdeu tudo o que amava quando a resistência das Cinco Guildas
caiu para o Rei Dragã o. Agora, ela usa seu dom incomparável para
má quinas mecâ nicas em conjunto com uma moral notoriamente
inescrupulosa para contribuir para um pró spero mercado de ó rgã os
clandestino. Nã o há um lugar em Loom que esteja protegido contra o
engenheiro que virou ladrã o, e seus talentos má gicos sã o vendidos pelo
lance mais alto, desde que o trabalho desafie seus opressores Dragõ es.
Cvareh faria qualquer coisa para ver sua irmã usurpar o Rei Dragã o e
sentar no trono. A casa de sua família suportou a vergonha de ser o
degrau mais baixo da sociedade dos Dragõ es por muito tempo. A Guilda
dos Alquimistas, em Loom, pode ser a chave para colocar seus parentes
no poder, se Cvareh puder alcançá -los antes dos assassinos do Rei
Dragã o.
Ele oferece a ela a ú nica coisa que Ari nã o pode recusar: um desejo de
seu maior desejo, se ela o levar aos Alquimistas de Loom.
Para todas as pessoas nas mídias sociais que me disseram que este livro
seria lançado por volta de seu aniversá rio - feliz aniversá rio!
The Tower Guard - Tenho muita sorte de estar cercado por pessoas tã o
solidá rias. Desde entrar ao vivo e conversar com todos vocês, até nossas
estranhas postagens de discussã o, adoro ter a oportunidade de estar
nessa jornada com vocês.
Leo e toda a equipe Urano - Obrigado por trazer Married to Magic para
falantes de espanhol. Tem sido um prazer ver novos leitores se
envolvendo com este mundo e eu nã o teria conseguido sem você.
— obrigado por estar comigo na jornada de dar vida a este livro. Do seu
apoio ao feedback, para assistir como o primeiro capítulo se
transformou diante de seus olhos. Eu aprecio cada um de vocês
imensamente.
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ELISE KOVA é uma autora best-seller do USA Today. Ela gosta de contar histó rias de mundos de
fantasia cheios de magia e emoçõ es profundas. Ela mora na Fló rida e, quando não está escrevendo,
pode ser encontrada jogando videogame, desenhando, conversando com leitores nas redes sociais
ou sonhando acordada com sua pró xima histó ria.
Ela convida os leitores a obter as primeiras impressões, brindes e muito mais, assinando
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