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OSHO

LIVRES DO MEDO, DOS CIÚMES E DA IRA

Compartilhado
MA GYAN DARSHANA
osho_library@gruposyahoo.com
CAPITULO 1

O que são seus pensamentos salvo ondas em um lago?


O que são suas emoções, estados de ânimo, sentimentos?
O que é a totalidade de sua mente? Simplesmente um torvelinho.
E devido a esse torvelinho não podem ver sua própria natureza.
Não deixam de lhes passar por alto.
Conhecem todo mundo e, jamais lhes conhecem vós.
Estão zangados, mas não podem permanecer assim sempre.
Inclusive o homem mais encolerizado ri às vezes, tem que fazê-lo.
Estar irado não pode converter-se em um estado permanente.
Até o homem mais triste sorri; e inclusive o homem que ri continuamente às vezes chora e seus
olhos se enchem de lágrimas.
As emoções não podem ser permanentes. Movem-se, e continuamente trocam de um estado a
outro.
Neste momento lhes acham tristes, naquele momento estão felizes; neste momento estão
zangados.
Aqueles momentos são muito compassivos; este momento é carinhoso, em outro momento estão
cheios de ódio; a manhã foi formosa, a noite é feia.

Isto continua.
O ponto de vista corrente é que, o coração é a fonte de emoções como o amor, o ódio ou a ira. Assim como a mente é a
fonte dos pensamentos dos conceitos, o coração é a fonte de tudo o que é emocional e sentimental. Esse é o ponto de
vista corrente.
Vivemos com a divisão tradicional de que a imaginação, as sensações, as emoções e os sentimentos, pertencem ao
coração. Mas seu coração é um sistema de bombeamento. Tudo o que pensam, imaginam ou sentem está confinado na
mente. A mente tem setecentos centros e estes são os que o controlam tudo. Mas quando Buda diz «o coração», refere-
se ao centro mesmo de seu ser. Considera que seu amor, seu ódio, tudo, surge da mente. E penso que ele é
absolutamente científico; todos os psicólogos estariam de acordo com ele. Podem experimentar com vós.
Podem ver de onde surge sua ira... Da mente.
De onde surgem suas emoções... Da mente.
A mente é um fenômeno grande, abrange o pensamento conceptual, abrange os padrões emotivos e os sentimentos.
Terá que compreender isto: as emoções estão na cabeça, mas a consciência não. De fato, sua esta cabeça na
consciência! A consciência é vasta, infinita. As emoções, os desejos, as ambições, estão em sua cabeça; murchar-se-ão.
Mas inclusive quando sua cabeça se desvaneceu completamente e desaparecido na terra, a consciência não
desaparecerá. A consciência não esta contida em vós, a não ser lhes contém, é maior que vós. É absolutamente certo:
suas emoções, sentimentos, pensamentos... Toda a parafernália da mente procede do exterior, está manipulada pelo
exterior. Isso ficou mais claro cientificamente.
Mas inclusive sem a investigação científica, durante milhares de anos os místicos afirmaram exatamente o mesmo...
Que todas estas coisas com a que está enche a mente não são vós. Vocês estão além delas. Identifica-lhes com elas, e
esse é o único pecado. A mente é uma divisão que pensa. E o coração é outra divisão da mesma mente que sente.
Sentir e pensar, pensamentos e emoções... Mas ser testemunha está separado dos dois. Estão-se pensando, o
observador observa... Um pensamento passa, ou lhes sentem zangados... A testemunha segue observando.
Uma emoção passa, do mesmo modo que passam as nuvens, que vêem.
Não são nem o bom nem o mau.
Não são nem o agradável nem o desagradável.
Não são nem o pensamento nem as emoções.
Não são nem a mente nem o coração.
O amor sempre põe nervoso. Existem motivos para isso. Procede do inconsciente e todas as capacidades das pessoas
se acham no consciente: todas as destrezas e todo o conhecimento se encontram no consciente. O amor procede do
inconsciente e não sabem como lhes enfrentar a ele nem o que fazer com ele, o qual resulta excessivo. O inconsciente é
nove vezes maior que o consciente, de modo que algo que dele saia é entristecedora. Por isso é pelo que a gente lhe
tem medo às emoções, aos sentimentos. Contêm-nos por medo de que vão criar caos; e o criam, mas o caos é formoso!
Existe necessidade de ordem e também de caos. Quando a ordem é necessária, usem, empreguem a mente consciente;
quando se necessitar o caos, utilizem o inconsciente e deixem que o caos se manifeste.
Uma pessoa completa, total, é aquela capaz de empregar ambos, que não permite que o consciente exerça interferência
alguma sobre o inconsciente, nem ao reverso. Acreditam na vida em sua totalidade, em seus dias, em suas noites, nos
dias ensolarados e nos nublados.
Acreditam que tudo na vida se pode desfrutar.
Só necessitam um pouco mais de percepção, mais consciência do que acontece. Não é sua mente, não é seu corpo.
Em alguma parte dentro de vós há uma testemunha que pode continuar olhando à mente, às emoções, às reações
fisiológicas. Essa testemunha sois vós. E essa testemunha é capaz de desfrutar de tudo, uma vez que lhes centram ali.
Sua mente sente desdita, sofrimento; sente todo tipo de emoções, vínculos, desejos e desejos, mas tudo é projeção da
mente. Detrás da mente está seu verdadeiro eu que nunca foi a nenhuma parte. Sempre está aqui e aqui.
Estão-se zangados, estejam e não julguem se for bom ou mau. E esta é a diferença entre as emoções negativas e
positivas: Se cobrarem consciência de uma emoção específica, e por isso a emoção se desvanece, é negativa.
Se ao cobrar sorte consciência então lhes convertem na emoção, se esta se estender e, converte-se em seu ser, é
positiva.
A consciência trabalha de forma diferente em ambos os casos. Se tratar de uma emoção venenosa, ficam aliviados dela
através da percepção. Se for boa, feliz, enlevada, volta-lhes um com ela. A percepção aprofunda. Por isso para mim este
é o critério: Se algo se aprofundar mediante sua percepção, é algo bom.
Se a percepção o dissolver, é algo mau. Aquilo incapaz de permanecer na consciência é pecado, e, o que cresce na
consciência é virtude. A virtude e o pecado não são conceitos sociais, são realizações interiores. Os digo que inclusive
as emoções negativas são boas, se forem reais; e se forem reais, pouco a pouco sua mesma realidade as transforma.
Voltam-se mais e mais positivas, e chega um momento em que todo o positivo e o negativo desaparecem. Simplesmente
permanecem autênticos: não sabem o que é bom nem o que é mau, não sabem o que é positivo e, o que é negativo.
Simplesmente são autênticos. Esta autenticidade lhes brindará um vislumbre do que é real. Só o real pode conhecer o
real, só o verdadeiro pode conhecer a verdade, o autêntico pode conhecer o autêntico que lhes rodeia.

CAPITULO 2

EMOÇÕES E SENTIMENTALISMO

A emoção é uma pureza; o sentimentalismo é um truque. Aprendestes um truque. A mulher sabe que se chorar, é uma
ganhadora. Mas às vezes não se consegue o pranto, porque não resulta tão fácil de manipular. Mas tenta que as
lágrimas saiam, atua, finge. Essas lágrimas são falsas.
Embora fluam por seus olhos são falsas... Porque não fluem com naturalidade, são provocadas. O sentimentalismo é a
emoção criada, manipulada com astúcia. A racionalidade é uma coisa; a racionalização é uma manipulação da razão, do
mesmo modo que o sentimentalismo é uma manipulação da emoção.
Se forem racionais, realmente racionais, converter-lhes-ão em cientistas. Se forem realmente emocionais, converter-
lhes-ão em poetas. São coisas formosas.
Mas, não obstante, o diálogo não será possível... Será mais fácil. Com a racionalização e o sentimentalismo é muito
difícil, mas com a razão e a emoção não é tão árduo... Embora haja dificuldades, mas também compaixão, um esforço
de entender ao outro.
Muita gente acredita que o sentimentalismo é espiritualidade. As emoções são tão mentais como os pensamentos.
E o que chamam coração está tanto em sua cabeça como a própria cabeça. Podem lhes tornar emocionais com suma
facilidade. Podem chorar com grande profusão de lágrimas, com lágrimas como pérolas grandes... Mas isso não é nada
espiritual. As lágrimas são tão físicas como qualquer outra coisa.
Os olhos são parte do corpo, e as emoções são uma perturbação na energia física. Choram... E, isso, certamente, far-
lhes-á sentires aliviados, sentir-lhes-ão relaxados depois de ter chorado a perna solta. Sentem-lhes aliviados. As
mulheres de todo o mundo sabem. Sabem bem que isso ajuda. Choram e choram e, logo se sentem aliviadas.
É uma catarse, embora nisso não haja nada espiritual. Mas a gente não deixa de confundir as coisas...
Seguem considerando coisas espirituais a aquelas coisas que não o são. A mente foi educada para expressar-se, o
coração se há escondido.
Assim não posso estar de acordo com o Jalil Gibrán (1), no que se refere a suas contínuas ênfase no coração. O
coração é uma estação intermédia, não a última. A última estação é seu ser; aí se termina o caminho, porque não há
nenhuma outra parte para a que ir.
(1) Aqui Osho se refere ao livro do Jalil Gibrán O Profeta.

CAPITULO 3

REPRESSÃO E CONTROLE

Jamais se vá aos animais indo à guerra. É obvio que às vezes há brigas, mas são individuais... Não guerras mundiais,
com todos os corvos do leste lutando contra todos os corvos do oeste, ou todos os cães da Índia lutando contra todos os
cães do Paquistão. Certamente que não.
Os cães não são tão néscios, tampouco os corvos. Sim, às vezes lutam, e não há, nada mau nisso. Se sua liberdade se
vê violada, combatem, mas é um combate individual. Não é uma guerra mundial. Então, o que têm feito? Reprimistes a
humanidade e não permitistes que às vezes os indivíduos estivessem irados... O qual é natural.
O resultado final e total é que todo mundo continua acumulando ira, reprimindo ira; e, um dia todo mundo se encontra tão
cheio de veneno que explora em uma guerra mundial. Cada dez anos se necessitam uma guerra mundial. E quem é
responsável por essas guerras? Seus assim chamados Santos e moralistas, seus falsos benfeitores, A gente que jamais
lhes permitiu ser naturais.

Pergunta Primeira

O que é a repressão?

A repressão é levar uma vida que não estava feita para ti.
A repressão é fazer coisas que jamais quiseram fazer.
A repressão é ser a pessoa que não é.
A repressão é um modo de te destruir.
A repressão é o suicídio... Muito lento, é obvio.
Mas um envenenamento seguro e lento.
A expressão é vida; a repressão é suicídio

Pergunta Segunda

Por que o homem suprime tanto e é doente? Porque a sociedade lhes ensina a controlar, não a transformar, e o caminho
da transformação é totalmente diferente.
Para começar, absolutamente é o caminho do controle, a não ser todo o oposto. Mediante a supressão a mente se
divide. A parte que aceitam se volta o consciente, e a parte que negam se volta o inconsciente. Esta divisão não é
natural, tem lugar devido à repressão. E no inconsciente lhes dedicam a arrumar todo o lixo que a sociedade rechaça...
Mas recordem, tudo o que arrojem ali se converte mais e mais em uma parte de vós: passa a suas mãos, a seus ossos,
a seus batimentos do coração.
Agora os psicólogos dizem que oitenta por cento das enfermidades estão causadas por emoções reprimidas: tantas
falhas do coração significam que se reprimiu muita ira no coração, tanto ódio que fica envenenado.
Primeiro: no controle, reprimem; na transformação, expressam. Mas não há necessidade de expressar sobre outro
porque esse «outro» é simplesmente irrelevante. A próxima vez que lhes sintam irados ides correr ao redor da casa sete
vezes, e depois se sentem, sob uma árvore e contemplem aonde foi à ira.
Não a reprimistes, não a controlastes, não a projetastes sobre outro... Porque nesse caso se criaria uma cadeia, já que o
outro é tão parvo como vós, igual de inconsciente. O projetará mais ira sobre vós, está reprimido tanto como vós.
Então, produz-se uma cadeia: Vocês projetam sobre ele, ele sobre vós, ambos lhes convertem em inimigos. Não o atire
a ninguém em cima. É o mesmo que quando têm vontades de vomitar: não ides vomitar sobre outro.
A ira necessita um vômito, vão ao quarto de banho e vomitam!
Depura todo o corpo... Se suprimirem o vômito, será perigoso e, quando tiverem vomitado lhes sentirão frescos, livres de
peso, descarregados, bem, sãs. Havia algo mau na comida que tomaram e o corpo a rechaça. Não forcem que
permaneça dentro. A ira é simplesmente um vômito mental.
Há algo mau no que incorporastes e todo seu ser psíquico quer expulsá-lo, mas não faz falta projetá-lo sobre alguém.
Devido a que a gente o joga sobre outros, a sociedade lhes pede que o controle. Sempre que são espontâneos, significa
que não atuam de acordo com uma idéia planejada de antemão. De fato, não estavam preparados para fazer nada: a
ação surgiu como uma resposta por sua própria vontade.
Terão que entender estas palavras.
Primeiro está a distinção entre a reação e a resposta. A reação se vê dominada pela outra pessoa. Insulta-lhes: zangam-
lhes E então, atuam pela ira. Isso é uma reação. Não são independentes: qualquer poderia lhes empurrar para lá ou para
cá. Influi-lhes com facilidade. Pode-lhes chantagear emocionalmente.
A reação é uma chantagem emocional.
Não estavam zangados. A outra pessoa lhes insultou e dito insulto, criou ira: dessa ira: surge sua ação.
A resposta surge da liberdade. Não depende da outra pessoa.
O outro pode lhes insultar, mas não lhes zangam, justamente o contrário, meditam nisso... Por que lhes insulta?
Possivelmente tenha razão. Então devem lhe estar agradecido, não zangado. Possivelmente se equivoca. Nesse caso,
por que têm que acender seu coração com ira por seu equívoco?
As emoções não vão ajudar lhes a lhes converter em uma individualidade integrada. Não lhes vão proporcionar uma
alma de granito. Seguirão sendo uma parte de madeira morta que se move de um lado a outro da corrente, sem saber
por que.
As emoções lhes cegam igual ao faz o álcool. Podem ter bons nomes como amor, podem ter maus nomes como ira, mas
de vez em quando precisam lhes zangar com alguém, isso lhes alivia. Na Índia, às vezes se vá aos cães fazendo o amor
nos caminhos, a gente lhes atira pedras. Entretanto, esses pobres animais não causam nenhum dano a ninguém e
realizam um ritual biológico que também vós, realizam... O que passa é que eles não têm que ocultar-se em casas, e o
fazem bem...
Uma multidão os rodeia para lhes atirar pedras, golpeá-los... Estranha conduta! A gente precisa estar zangada de vez em
quando, assim como de vez em quando precisa estar apaixonada, e de vez em quando odiar a alguém. Vivam, dancem,
comam, durmam, façam as coisas tão totalmente como lhes é possível. E recordem uma e outra vez: sempre que lhes
surpreendam criando algum problema, fujam dele, imediatamente. Uma vez que lhes metam em um problema, será
necessária uma solução. E embora a encontrem, dessa solução voltarão a surgir mil e um problemas. Assim que
equivocam o primeiro passo, estão na armadilha. Sempre que verem que lhes estão metendo em um problema, lhes dar
conta, lhes contenha, corra, saltem, dancem, mas não lhes metam nele.
Façam algo imediatamente para que a energia que estava criando os problemas flua, degele-se, derreta-se e retorne ao
cosmos. Uma pessoa que jamais se zanga e continua controlando sua ira é muito perigosa. Cuide-lhes dela; pode lhes
matar. Se seu marido jamais se zangar, denunciem à polícia. Um marido que se zanga às vezes é um ser humano
natural, não terá que sentir medo. Um marido que jamais se zanga, um dia, de repente, saltará para lhes asfixiar.
E o fará como se estivesse possuído por algo. Os assassinos levam séculos lhe dizendo aos tribunais: «cometemos o
crime, mas estávamos possuídos. Quem os possuía?
Seu próprio inconsciente. O inconsciente reprimido estalou.
A sensibilidade cresce com a percepção. Mediante o controle lhes apagam e morrem... Isso forma parte do mecanismo
de controle: se estão apagados e mortos, então nada lhes afetará, como se o corpo se converteu em uma cidadela, uma
defesa. Nada lhes afetará, nem o insulto nem o amor. Mas esse controle se produz a um custo muito grande,
desnecessário; passa a ser todo o esforço na vida: como lhes controlar... E logo morrer! O esforço completo do controle
lhes consome toda a energia, e logo simplesmente morrem. E a vida se transforma em uma coisa apagada e, morta; de
algum modo conseguem continuar. A sociedade lhes ensina controle e censura, porque um menino se controlará quando
sente que algo está censurado.
A mente pode praticar o jogo de estar em silêncio; pode praticar o jogo de estar sem pensamentos, sem emoções, mas
simplesmente estão reprimidos, completamente vivos, preparados para saltar em qualquer momento. As assim
chamadas religiões e seus Santos têm cansado na falácia de aquietar a mente. Se seguem sentados em silêncio,
tratando de controlar seus pensamentos, sem permitir suas emoções, sem permitir qualquer movimento em seu interior,
devagar, devagar, converter-se-á em seu hábito. Este é o maior engano que podem lhes dar, porque tudo segue
exatamente igual. Nada trocou, embora dê a impressão de que passastes por uma transformação.

CAPITULO 4

A IRA

Se de verdade querem saber o que é a ira, lhes coloque nela, provem-na de muitas maneiras, deixem que tenha lugar
em seu interior, que lhes rodeie, que lhes cubra, sintam toda a dor, o veneno e como vos oferta, como cria um vale
escuro para seu ser, como caem no inferno através dela em um fluxo descendente. Sintam, conheçam. E essa
compreensão começará uma transformação em vós.
Conhecer a verdade é ver-se transformado. A verdade libera... Mas deve ser sua própria verdade. O que é a ira?
A psicologia da ira consiste em que queriam algo e alguém lhes impediu de consegui-lo.
Alguém surgiu como um bloqueio, um obstáculo. Toda sua energia ia para a obtenção de algo e alguém bloqueou essa
energia. Não puderam obter o que queriam. Agora essa energia frustrada se converte em ira... Ira contra a pessoa que
destruiu a possibilidade de realizar seu desejo. Sua ira é verdadeira porque lhes pertence e, tudo o que lhes pertence é
verdadeiro. Assim encontrem a fonte dessa ira, de onde vem. Fechem os olhos e lhes mova ao interior; antes que se
perca, retrocedam à fonte... E alcançarão o vazio. Retrocedam mais, vão mais dentro, vão mais profundo, e chegará um
momento em que a ira deixará de existir. Dentro, no centro, aqui não há ira. De onde procede a ira?
Jamais de seu centro, procede do ego... E o ego é um ente falso. Se aprofundarem mais, descobrirão que procede da
periferia, não do centro. Não pode vir do centro: aí há vazio, vazio absoluto, Procede sozinho do ego, e o ego é um ente
falso criado pela sociedade, é uma relatividade, uma identidade. De repente lhes dão um bofetão e, o ego se sente
doído, a ira está aí. Estão zangados. Como reprimistes tanta ira, agora já não ficam momentos nos que não estejam
zangados: como muito às vezes lhes sentem menos zangados, às vezes mais. Todo seu ser está envenenado pela
repressão.
Comem com ira... E quando uma pessoa come sem ira possui uma qualidade distinta: é formoso observá-la, por que
come sem violência. Pode que esteja comendo carne, mas come sem violência; Pode que vós estejais comendo
simplesmente verduras e frutas, mas se a ira está reprimida, comem com violência. Através do ato de comer, seus
dentes e, sua boca libera ira.
Esmagam a comida como se tratasse do inimigo. A próxima vez que façam o amor; observem: farão os mesmos
movimentos que fazem quando estão agressivos. Observem sua cara, tenham um espelho perto para poder ver o que
acontece com sua cara. Ali encontrarão todas as distorções da ira e a agressão. Ao comer, zangam-lhes: olhem a uma
pessoa comendo. Olhem a uma pessoa fazendo o amor... A ira se arraigou tanto que até o amor, uma atividade
totalmente oposta à ira, até isso está envenenada; comer, uma atividade absolutamente neutra, também está
envenenada. E logo abrem a porta e há ira, põem um livro na mesa e há ira, tiram-lhes os sapatos e há ira. Estreitam
umas mãos e, há ira... Porque agora são a ira personificada. Se querem conhecer a ira só para lhes desfazer dela, é
muito difícil, pois a atitude de desfazer-se da ira cria uma distinção.
Começastes com a hipótese de que a ira é má, por isso a «não ira» é boa; que o sexo é mau e a «não sexualidade» é
boa; que a cobiça é má e a «não cobiça» é boa. Se criarem semelhantes distinções, encontrarão muita dificuldade para
conhecer de verdade esses rasgos. Então, inclusive se os transcendem, solo será uma repressão. Um simples ato de
autêntica espontaneidade e imediatamente lhes vêem transportados deste mundo a outro.
O amor... Ou inclusive a ira... Digo-lhes que até as emoções positivas, falsas, são feias; e até as emoções negativas,
autênticas, são formosas. Inclusive a ira é formosa quando todo seu ser a sente, quando cada fibra de seu ser vibra com
ela. Observem a um menino pequeno zangado... E então sentirão a beleza. Tem todo seu ser nisso. Radiante. O rosto
vermelho. Um menino tão pequeno parece tão capitalista que dá a impressão de que é capaz de destruir o mundo
inteiro! E o que acontece com o menino depois de que se zangou? Passados uns poucos minutos, uns poucos
segundos, tudo troca e está feliz e dançando, correndo outra vez, pela casa. Por que isto não acontece com vós? Move-
lhes de uma falsidade a outra.
De verdade, a ira não é um fenômeno duradouro, por sua própria natureza é algo momentâneo. Se a ira for real, duram
uns poucos momentos; e enquanto dura, autêntica, é formosa. Não faz mal a ninguém. Uma coisa real e espontânea não
pode machucar a ninguém. Só a falsidade danifica. Em um homem que pode enfurecer-se espontaneamente a ira
desaparece aos poucos segundos e volta a relaxar-se até alcançar o outro extremo. Converte-se em um homem
imensamente carinhoso. No sentido contrário, cria-a uma e outra vez, renova-a. O primeiro que sugiro é: não lhes partem
em dois, lhes teria sugerido que estivessem atentos, mas não chegou o momento, não podem está-lo. Antes que possam
ser totalmente um com a atenção, têm que passar pelo inferno de todas suas emoções negativas; do contrário, ficarão
reprimidas e estalarão em qualquer momento, em qualquer momento de debilidade. Assim é melhor lhes desfazer delas,
mas isso não significa que devam estar atentos.
Primeiro, lhes esqueça da atenção. Viva cada emoção que sintam; sois vós. Odiosos, feios, pouco valiosos... O que seja,
em realidade está nisso. Primeiro lhe dêem a oportunidade de emergir por completo ao consciente. Agora mesmo,
mediante seu esforço de atenção, estão as reprimindo ao inconsciente. E logo lhes vêem envoltos em seu trabalho
cotidiano e voltam às forçar a retroceder. Essa não é a maneira de lhes desfazer delas. As deixem sair... As vivam, as
sofram. Será difícil e tedioso, mas imensamente frutífero.
Uma vez que as tenham vivido, sofrido e aceito, que são vós, que isto é vós, que não é sua obra, de modo que não
precisem lhes condenar, que esse é o modo em que lhes encontrastes... Uma vez que as tenham vivido
conscientemente, sem nenhuma repressão, surpreender-lhes-á quando desaparecerem por sua própria conta.
Sua força em vós diminui, o apertão sobre seu pescoço já não é firme. E quando se forem, possivelmente chegue um
momento em que possam começar a observar. Recordem não me interpretar mal.
Hei dito: «Expressem suas emoções negativas». Não hei dito: «Em público». Assim é como se distorcem as coisas.
Agora bem, se estão zangados com alguém e começam a expressar sua ira, a outra pessoa não vai comportar-se como
um Buda Gautama e sentar-se em silêncio. Não é uma estátua de mármore; também fará algo. Expressará ira, o outro
expressará ira. E isso criará mais ira em vós... E ira ou violência criam na outra parte, e com vingança. E então sentirão
que estão mais dentro disso, porque lhes há dito que a expressassem. Sim, hei-lhes dito que a expressassem... Mas não
em público. Se lhes sentem irados. Vão a sua habitação, fechem a porta, golpeia o travesseiro, planta vos ante um
espelho e gritem ante sua própria imagem. Digam coisas que nunca lhe hão dito a ninguém e que queriam dizer.
Mas tem que ser um fenômeno privado, do contrário não tem fim. As coisas passam a mover-se em um círculo, e
queremos lhes pôr fim. De modo que, assim que sintam qualquer emoção negativa para alguém, essa outra pessoa não
é a questão. Não há, necessidade de projetar ira sobre ninguém.
Podem ir a seu quarto de banho, podem ir dar um comprido passeio... Isso significa que há algo dentro que necessita
uma atividade rápida para ser liberado. Corra um pouco e, sentirão que se libera. Passada uma catarse de cinco
minutos, sentir-lhes-ão sem carga alguma, e assim que saibam isto, jamais o projetarão sobre alguém, porque é um
comportamento absolutamente néscio. A ira é formosa: o sexo é formoso. Mas as coisas formosas podem voltar-se feias.
Isso depende de vós. Se as condenarem, voltam-se feias; se as transformarem, voltam-se divinas. A ira transformada se
volta compaixão...
Porque a energia é a mesma. Um Buda é compassivo: de onde procede sua compaixão? É a mesma energia que se
movia na ira: assim que deixa de mover-se na ira, a mesma energia se transforma em compaixão. Desde onde procede
o amor? Um Buda é carinhoso; um Jesus é amor. A mesma energia que entra no sexo se converte em amor.
Assim recordem: se condenarem um fenômeno natural volta-se venenoso, destrói-lhes, volta-se destrutivo e suicida.
Se o transformarem, volta-se divino. Mas se requer transformação. A assim chamada gente «não violenta» é a mais feia
do mundo. Não são boas pessoas, porque estão contendo um vulcão. Não lhes podem sentir relaxados com elas.
Aí há algo perigosamente presente. Podem senti-lo, podem tocá-lo: emana delas. Sua ira é parcial, morna. Sua ira é
como um cão que não sabe como comportar-se com um desconhecido. Pode ser um amigo do amo, de modo que
meneia o rabo: pode ser um inimigo, de modo que ladra. Faz as duas coisas ao mesmo tempo. Por um lado segue
ladrando, e pelo outro não pára de mover o rabo. Joga a diplomático, de forma que sem importar qual seja o resultado
poderá sentir-se bem. Se vir que chega o amo e se comporta de forma amigável, deixa de ladrar, e centrará toda sua
energia em mover o rabo. Se o amo se mostrar furioso com o intruso. Então paralisará o rabo, e toda sua energia se
concentrará em ladrar. Sua ira também é assim. Estão sopesando até onde chegar, quanto terão que pagar.
Não lhes passem do limite, não provoquem muito à outra pessoa. A ira pura possui beleza devido a que possui
totalidade. Isso é o que aconteceu ao Jesus cristo. Quando entrou no grande templo e dentro viu os mercados com suas
mesas, dominou-o a fúria. Ficou colérico... Sentiu a mesma ira que nasce da compaixão e o amor. Ele sozinho os
expulsou do templo, e atirou seus postos. Deveu estar realmente indignado, porque não resulta fácil expulsar do templo
e sem ajuda a todos os mercados. Deveu ser ira pura!
Os hindus estão zangados por isso. Não podem confiar em que Jesus estivesse iluminado... Só por esse incidente.
As pessoas têm seus prejuízos, suas próprias idéias. Em vez de observar a realidade, em vez de ver em um homem
iluminado. Chegam com muitos conceitos, e a menos que criam que encaixa neles, declaram que não está iluminado.
Deixem que lhes diga que nenhuma pessoa iluminada encaixará em seus prejuízos pouco iluminados; é impossível.

CAPITULO 5

A IRA E A TRISTEZA SÃO O MESMO

A tristeza é ira passiva e a ira é tristeza ativa. Como a tristeza surge com facilidade, a ira parece difícil, porque estão
muito sintonizados com o passivo. É difícil para uma pessoa triste estar zangada. Se podem encolerizar a uma pessoa
triste, sua tristeza desaparecerá imediatamente. Será muito difícil para uma pessoa irada sentir. Se podem entristecê-lo,
sua ira desaparecerá imediatamente. Em todas nossas emoções continua a polaridade básica: de homem e mulher, de
yin e yang, de macho e fêmea.
A ira é masculina, a tristeza é feminina. De modo que se estiver em sintonia com a tristeza, é difícil passar à ira, mas eu
gostaria que o fizessem.
Fazê-la estalar em seu interior não ajudará muito, porque uma vez mais procuram algum modo de ser passivos.
Não. Tirem, expressem. Embora pareça uma tolice, façam. Sede um bufão ante seus próprios olhos, mas tirem.
Se pode flutuar entre a ira e a tristeza, ambas se tornam similarmente fáceis. Terão uma transcendência e então poderão
observar. Podem estar detrás da tela e, contemplar estes jogos, para logo ir além das duas. Mas primeiro devem lhes
mover com facilidade entre ambas, do contrário tendem a estar tristes, e quando um se sente aflito, a transcendência
resulta difícil.
Recordem, quando duas energias, duas energias opostas são exatamente iguais, então é muito fácil sair delas, porque
estão brigando e cancelando-se e não lhes acham sujeitos por nenhuma. Sua tristeza e ira estão aos cinqüenta por
cento, são energias iguais, de maneira que se cancelam entre si. De repente têm liberdade e podem escapar.
Mas se houver setenta por cento de tristeza e um trinta de ira, então resulta muito difícil. Trinta por cento de ira em
contraste com setenta por cento de tristeza significa que ainda estará presente quarenta por cento de tristeza e não será
possível, não serão capazes de lhes escapulir com facilidade. Esse quarenta por cento pendurasse sobre vós. De modo
que esta é uma das leis básicas das energias interiores: Deixem sempre que as polaridades opostas alcancem uma
mesma fila, e então poderão escapar delas. É como se duas pessoas estivessem brigando e pudessem escapar.
Encontram-se tão concentradas que não têm que lhes preocupar e podem escapar. Não deixem que entre em jogo a
mente. Façam que seja um exercício. Podem convertê-lo em um exercício cotidiano.
... Seja qual for o caso, é o caso, aceitem e deixem que saia diante de vós. De fato, com só dizer «não reprima» não
basta. Se me permitirem isso, eu gostaria de dizer: «lhe dêem sua amizade”. Sentem-lhes tristes? Faça-lhes seu amigo.
Sintam compaixão por ela. A tristeza também tem um ser. Deixem que seja, abracem, sentem-se junto a ela, tomem a
mão. Mostre-lhes amigáveis. Apaixone-lhes por ela. A tristeza é formosa! Não tem nada de mau. Quem lhes disse que há
algo mau em sentido? De fato, só a tristeza lhes dá profundidade. A risada é pouco profunda, a felicidade é superficial. A
tristeza chega até a medula. Nada alcança a profundidade da tristeza. Assim não lhes preocupem. Permaneçam a seu
lado, e a tristeza lhes levará até seu núcleo. Podem ir a seu lado e serão capazes de conhecer algumas coisas sobre
seu ser que nunca tinham conhecido.
Essas coisas unicamente lhes podem revelar em um estado triste, jamais é um feliz. A escuridão também é boa e é
divina. O dia não é sozinho de Deus, também o é à noite. A esta atitude eu a chamo religiosa. Deixá-lo tudo e
simplesmente lhes sentar sob uma árvore e lhes sentir felizes não é difícil... Qualquer se sentirá dessa maneira.
Sem nada que fazer, podem lhes distanciar; com todo que fazer, volta-lhes apegados, mas quando fazem tudo e
permanecem desapegados, quando lhes movem com a multidão, no mundo e, entretanto, sozinhos então está
acontecendo algo de verdade. Se não sentir ira ao estar sozinhos, não conta.
Quando estão sozinhos não sentirão ira, porque a ira é uma relação, necessita a alguém com quem zangar-se. A menos
que estejam furiosos, sozinhos não sentirão ira; estará dentro, mas não encontrará nenhuma saída. Quando o outro está
presente, não estar furiosos então sim que conta. Quando não têm dinheiro, nem objetos nem casa... Se estão
desapegados, que dificuldade há nisso? Mas quando o têm tudo, nem permanecem desapegados “um mendigo em um
palácio”, então se alcançou algo muito profundo. Se lhes transladarem ao Himalaia e estão desapegados, é uma única
nota de música; se viverem no mundo e estão apegados, uma vez mais é uma única nota de música. Mas quando estão
no mundo e além dele, e levam seu Himalaia no coração é uma harmonia, não uma única nota. E tem lugar a harmonia,
incluindo a de todas as notas discordantes, uma síntese dos opostos, uma ponte entre duas bordas. E o mais elevado
sozinho é possível quando a vida é muito complexa, só na complexidade acontece o mais elevado. Quando vêem ira em
outros, ides pinçar em vós mesmos e ali a encontrarão; quando vêem muito ego em outros, vão dentro e ali encontrarão
ego. O interior funciona como um projetor; outros se convertem em telas e começam a ver filmes sobre outros que são
realmente suas próprias cintas. O único problema com a tristeza, o desespero, a ira, a impotência, a ansiedade, a
angústia, a desdita, é que querem lhes desfazer delas. Essa é a única barreira. Terão que viver com elas. Não podem
escapar. Representam a precisa situação em que a vida tem que integrar e crescer. São as provocações da vida.
Aceitem. São benções disfarçadas. Se querem escapar delas, se de algum modo querem lhes desfazer delas, então
surge um problema...
Porque se querem lhes desfazer de algo nunca o olha diretamente. A estrela de um êxito da Broadway visitava uns
amigos quando a conversação, como sempre, derivou à psiquiatria. «Tenho que dizer», manifestou a anfitriã, «que
acredito que meu analista é o melhor do mundo. Não podem imaginar o que tem feito por mim. Deveriam prová-lo».
«Mas eu não preciso me analisar», disse a estrela. «Não poderia ser mais normal... Não há nada desconjurado comigo.»
«Mas o é absolutamente genial», insistiu sua amiga. «Encontrará algo desconjurado.» Há pessoas que vivem em
encontrando algo mau em vós. Seu único secreto radica em encontrar algo mau em vós. Não podem lhes aceitar como
são: eles darão ideais, idéias, ideologias, eles farão sentir culpados e lhes farão sentir que não valem nada, que são
porcarias. Ante seus próprios olhos, eles farão sentir tão condenados que esquecerão tudo sobre a liberdade.
De fato, terão medo da liberdade, porque verão quão maus são, quão equivocados estão... Nem se forem livres, ides
fazer algo mal, assim sigam a alguém. O Sacerdote depende de que o façam, o político depende de que o façam. Eles
dão o bom e o mau, idéias fixas, e conseguem que lhes sintam culpados para sempre.
Os digo: que não há nada bem nem nada mal. Estão-se zangados, o sacerdote dirá que a ira está mau, que não lhes
zanguem. O que ides fazer? Podem reprimi-la, contê-la, tragar-lhes isso literalmente, mas passará a seu interior, a seu
sistema. Tragar-lhes a ira e terão úlcera de estômago, tragar-lhes isso e cedo ou tarde sofrerão câncer. Tragar-lhes a ira
e disso surgirão mil e um problemas, porque a ira é veneno. Mas o que ides fazer? Se a ira estiver mau, tem que lhes
tragar isso Eu não digo que a ira está mau. Digo que a ira é energia... Pura energia, energia formosa. Quando surgir,
sede conscientes dela, e vejam acontecer o milagre. Se forem conscientes dela, ficarão surpreendidos; possivelmente
lhes aguarde a maior surpresa de sua vida, já que ao ser conscientes dela, a ira desaparece. Transforma-se. Converte-
se em pura energia: converte-se em compaixão, em perdão, em amor. E não precisam reprimi-la, de modo que não vos
esgota o veneno. E não estão zangados, assim não lhe fazem mal a ninguém. Ambos lhes salvam: o outro, o objeto de
sua ira, se salva, e lhes salvam. No passado, sempre sofriam o objeto ou vós. O que digo é que não há necessidade de
que ninguém sofra. Simplesmente sede consciente, deixem que a consciência esteja presente. A ira surgirá e será
consumida pela consciência. Não se pode estar zangado quando se é consciente, como tampouco se pode ser
ambicioso ou ciumento com ela. A consciência é a chave de ouro.
Tentem compreender por que acontece, de onde vem, onde estão as raízes, como acontece, como funciona, como lhes
domina, como com a ira lhes voltam loucos. A ira já teve lugar antes, e acontece agora, mas neste momento tem que lhe
acrescentar um elemento novo, o elemento da compreensão... E então a qualidade trocará. Então, dentro de um tempo,
verão que quanto mais a entendem, menor é sua presença. E quando a compreendem à perfeição, desaparece. A
compreensão é como o calor. Quando chegam a um ponto determinado “cem graus”, a água desaparece. Dizem que a
ira está mau. Todo mundo lhes há dito que a ira está mau, mas ninguém lhes há dito como saber o que é. Todo mundo
diz que o sexo está mau. Estiveram ensinando que o sexo está mau, mas ninguém diz o que é o sexo e como conhecê-
lo. Perguntem a seu pai e se sentirá incômodo. Exclamará: «Não fale de coisas tão más». Mas estas coisas más são
realidades. Nem sequer seu pai pôde escapar a elas; do contrário não teriam nascido. Vós sois uma crua realidade.
E não importa o que diga seu pai sobre o sexo, não pôde escapar dele. Mas se o interrogam a respeito se sentirá
incômodo porque ninguém o há dito; seus pais jamais lhe explicaram por que o sexo é mau. Por quê? E como sabê-lo?
E como aprofundar nele? Ninguém lhes dirá isto, simplesmente seguirão etiquetando coisas: isto está mau e isto bem.
Etiquetar cria desgraça e um inferno. Assim recordem uma coisa... Para um buscador, um buscador de verdade, é básico
entender isto: sedes fiéis a seus feitos, tratem de conhecê-los. Não deixem que a sociedade lhes imponha sua ideologia.
Não lhes olhem através dos olhos de outros. Têm olhos: não estão cegos. E dispõem dos fatos de sua vida interior.
Utilizem os olhos! Isso é o que significa a consideração. E se o consideram. Então isto não será um problema.
Entrem em vós mesmos sem prejuízo algum, sem nenhuma hipótese e vejam o que é a ira. Deixem que sua ira lhes
revele o que é a ira. Não lhe imponham suas hipóteses. E o mesmo dia em que a descubram em sua completa nudez,
em seu completo espanto, em seu fogo ardente, em seu veneno assassino, de repente descobrirão que saístes que ela.
A ira se desvaneceu! Qualquer tendência se pode tratar dessa maneira... Pouco importa de que tendência se trate. O
processo é o mesmo, já que a enfermidade é a mesma, solo os nomes são diferentes.

CAPITULO 6

O MEDO DE ESTAR SOZINHO

Não está zangado, em realidade tem medo. E para ocultar esse medo tem que projetar ira. A ira sempre é para ocultar o
medo. A gente emprega todo tipo de estratégias. Há pessoas que rirão para poder deter suas lágrimas. Ao rir
esquecerão, eles esquecerão... E as lágrimas podem permanecer ocultas. Com a ira, seus medos permanecem ocultos.
Simplesmente lhes estou ajudando a lhes abrir em todas as dimensões, mesmo que sintam que vão contra as idéias que
hão sustentado até agora. Inclusive assim, estarão disponíveis para sortes idéias, porque é uma oportunidade para julgar
se o que estivestes pensando está bem ou não. É um momento dourado aquele no que lhes aparece algo contrário a
suas idéias, a seus pensamentos, que até agora considerastes racionais. Mas se realmente o são, então, por que temer?
É o medo o que mantém fechadas às pessoas. Não podem lhes ouvir... Têm medo de ouvir. E realmente sua ira é o
medo do reverso. Só uma pessoa cheia de medo se encoleriza imediatamente. Se o fizer, poderão ver seu medo. A ira é
uma coberta. Ao estar zangado tenta fazer que sintam medo: antes que lhes façam uma idéia de seu temor, trata de lhes
provocar medo. Vêem a simples psicologia envolta nesse ato? Não deseja que saibam que tem medo. A única maneira
de consegui-lo é lhes causando temor; então se sente completamente depravado. Vós tendes medo e ele não... E não
há nada que temer em alguém que tem medo. Sua ira é um esforço para enganar-se. Não tem nada que ver com vós.
Mas a ira simplesmente mostra medo; recordem sempre que a ira é o medo da barriga para baixo. Detrás da ira sempre
se oculta o medo; é a outra cara da ira. Sempre que sentir medo, o único modo de ocultá-lo é lhes encolerizando, já que
o temor lhes deixará ao nu. A ira criará um pano de fundo a seu redor, atrás do qual lhes pode esconder.

CAPITULO 7

QUE SÃO OS CIÚMES E PORQUE DOEM TANTO?

Os ciúmes é comparação. E nos ensinaram a comparar, condicionaram-nos a comparar, sempre comparar.


Alguém tem uma casa melhor, um corpo mais bonito, mais dinheiro, uma personalidade mais carismática. Comparem.
Comparem a qualquer que acontecer vós, e o resultado que obterão será de grandes ciúmes; é a conseqüência do
condicionamento para a comparação. Se deixarem de comparar, os ciúmes se desvanecem. Então simplesmente sabem
que sois vós, não são outra pessoa, algo para o que não há necessidade. É bom que não lhes comparem com as
árvores, do contrario começaria a lhes sentir muito ciumentos: por que não são verdes? Por que Deus foi tão duro e não
lhes deu flores? É melhor que não lhes comparem com os pássaros, com os rios, com as montanhas: nesse caso
sofreriam. Só lhes comparam com os seres humanos, porque fostes condicionados a lhes comparar unicamente com os
seres humanos; não lhes comparam com os perus reais nem com os papagaios. Pois nesse caso seus ciúmes não
deixariam de crescer, eles afligiriam tanto que nem sequer seriam capazes de viver.
A comparação é uma atitude muito néscia, porque cada pessoa é única e incomparável. Uma vez tenham entendido isto,
os ciúmes desaparecem. Cada um é único e incomparável. Vocês Simplesmente são vocês, ninguém foi jamais como
vós, e ninguém o será nunca. E tampouco precisam ser como outra pessoa. Deus só cria originais; Ele não acredita em
fotocópias. O sexo cria ciúmes, mas é uma coisa secundária. De modo que não se trata de como livrar-se dos ciúmes,
não podem lhes liberar deles porque não podem deixar o sexo. A questão é como transformar o sexo em amor, então os
ciúmes desaparecem.
Se amarem a uma pessoa, o mesmo amor é suficiente garantia, suficiente segurança. Se amarem a uma pessoa, sabem
que não pode ir junto a outra. E se o faz, pois o tem feito; não se pode impedir. O que podem fazer? Podem matar a essa
pessoa, mas uma pessoa morta será de pouco uso. Quando amam a uma pessoa, confiam em que não pode ir-se com
qualquer. Se o fizer, não há amor e não se pode remediar. O amor contribui esta compreensão. Não há ciúmes.
De modo que se apresentam os ciúmes, saibam bem que não há amor. Estão em um jogo, ocultam o sexo atrás do
amor.
O amor é uma palavra grafite, a realidade é o Sexo.
A sociedade explorou ao indivíduo de tantas maneiras que quase resulta impossível de acreditar. Criou artimanhas tão
inteligentes e ardilosos que é quase impossível incluso detectar que se trata de artimanhas. Estas artimanhas estão para
explorar ao indivíduo, para destruir sua integridade, para lhe arrebatar tudo o que tem... Sem sequer despertar uma
suspeita nele, nenhuma dúvida sobre o que lhe estão fazendo.
Os ciúmes são uma dessas artimanhas tremendamente poderosas. Da mesma infância toda sociedade, toda cultura,
toda religião ensina a todos a comparar. Os ciúmes são um dos maiores artefatos. Analisem atentamente: o que
significam?
Viver em comparação. Alguém está por cima de vós, alguém está por debaixo. Sempre lhes encontram no degrau
intermédio da escada. Possivelmente a escada seja um círculo, já que ninguém lhe encontra fim. Todo mundo está
apanhado em alguma parte no meio.
A escada parece ser uma roda.
Alguém está por cima de vós... Isso dói. Isso lhes mantém lutando, lhes trabalhando em excesso, tratando de avançar
por todos os meios, porque se tiverem êxito, a ninguém importa se tiverem triunfado de um modo bom ou mau. O êxito
demonstra que têm razão; o fracasso demonstra que estavam equivocados. Quão único importa é o êxito, assim que
qualquer meio servirá.
O fim faz que os meios sejam os corretos. De modo que não devem lhes preocupar com os meios... Ninguém o faz.
Quão único importa é subir na escada. Mas jamais alcançam seu fim. E quem quer que esteja em cima de lhes cria
ciúmes, já que essa pessoa terá triunfado e vós tereis fracassado. As conclusões a priori lhes fazem crentes, não
científicos. Quando lhes digo que meditem nisso, quero dizer que olhem. Sede um cientista em seu mundo interior.
Deixem que a mente seja seu laboratório, e observem... Sem condenação, recordem. Não digam: «Os ciúmes estão
mal». Quem sabe? Não digam: «A ira está mal». Quem sabe? Sim, ouviste-lo, contaram-lhes isso, mas isso é o que
dizem outros, não é sua experiência. E têm que ser muito existenciais, experimentais: a menos que seu experimento o
demonstre, não devem dizer sim ou não a nada. Devem ser absolutamente imparciais. E então observar os ciúmes, ou a
ira ou o sexo é um milagre. O que passa quando observam sem emitir nenhum julgamento? Começam a ver a verdade.
Os ciúmes se voltam transparentes: vêem sua estupidez, vêem sua necessidade. Não é que já decidistes que é
estúpido; se o houver leito, não entendestes nada. Recordem: não digo que decidam que são estúpidos, que são uma
necessidade. Se o decidirem, não o entendem. Simplesmente continuem sem nenhuma decisão.
O que são estes ciúmes? O que é esta energia chamada ciúmes? E observem como observam uma rosa... Olhem em
seu interior. Quando não há conclusão, seus olhos estão claros; a claridade só a conseguem aqueles que não têm
conclusões. Observem, olhem em seu interior e se voltarão transparentes, e chegarem, ou seja, que são estúpidos. E
conhecendo sua estupidez, caem se por acaso sozinhos. Não precisam lhes liberar deles. Nem sequer podem ver a
outra pessoa sendo feliz com alguém por um minuto... Pensam que podem morrer pela outra pessoa! Tentem ver o que
realmente há em vós para a outra pessoa... E os ciúmes desaparecerão. Na maioria dos casos com os ciúmes, seu amor
também desaparecerá. Mas é bom, porque que sentido há em sentir um amor que está cheio de ciúmes, que não é
amor? Se os ciúmes desaparecerem e, o amor permanece, então têm algo sólido na vida que vale a pena. Os ciúmes
são uma das áreas mais freqüentes da ignorância psicológica sobre vós mesmos, sobre outros e mais especificamente
sobre as relações. A gente acredita que sabe o que é o amor, e não sabe. E seu mal-entendido cria ciúmes. Por «amor»
se refere a certa classe de monopólio, de vontades de possuir sem compreender uma simples verdade da vida: que
assim que possuem a um ser humano, o mata. A vida não se pode possuir. Não podem tê-la em seu punho. Se querem
tê-la, devem manter as mãos abertas.

CAPITULO 8

O QUE LHES PÕE CIUMENTOS?

Os ciúmes em si mesmos não são a raiz. Amam a uma mulher, amam a um homem; querem possuí-los só por medo de
que amanhã possam ir-se com alguma outra pessoa. O medo à manhã destrói seu hoje, e é um círculo vicioso. Se cada
dia é destruído pelo medo à manhã, cedo ou tarde o homem vai ficar a procurar a outra mulher porque lhes convertem
em um aporrinho, e quando o fizer ou dita ir-se viver com outra mulher, pensarão que seus ciúmes demonstraram ter
razão. De fato, são seus ciúmes os que criaram toda a situação. Assim que o primeiro que terá que recordar é: não lhes
preocupem com amanhã; o hoje é suficiente.
Alguém vos ama... Deixem que seja um dia de júbilo, de celebração. Estejam tão apaixonados hoje que sua totalidade e
amor bastarão para que o homem não se afaste de vocês. Seus ciúmes o afastarão; só seu amor pode retê-lo a seu
lado.
Seus ciúmes lhes afastarão; seu amor pode lhes reter com ele. Não pensem no amanhã. Assim que pensem em manhã
seu hoje vivo permanece pela metade. Simplesmente vivam o hoje e lhes esqueça do amanhã, que seguirá seu próprio
curso. E recordem uma coisa, que se o hoje foi uma experiência tão bela, uma grande bênção... Do hoje nasce o
amanhã, assim por que lhes preocupar? Se algum dia o homem ao que amastes, a mulher a que amastes, encontra a
outra pessoa... É simplesmente humano ser feliz, mas sua mulher é feliz com outro... Dá igual a seja feliz com vós ou
com outro, é feliz. E se a amam tanto, como podem destruir sua felicidade? Um amor verdadeiro sempre será feliz se o
casal se sentir jubilosa com outra pessoa. Nessa situação, quando uma mulher está com outro, e vós seguem sendo
felizes e lhe estão agradecido e dizem a ela: «Tem liberdade absoluta; ser totalmente feliz, essa é minha felicidade. Não
importa com quem seja feliz, o que importa é sua felicidade», acredito que não poderá permanecer muito tempo longe de
vós, retornará.” Quem pode abandonar a semelhante homem ou mulher?
Seus ciúmes o destroem tudo. Seu desejo de posse o destrói tudo. Trata-se de um problema universal, e não pode
solucionar-se, só se pode transcender. A gente tenta solucioná-lo. Cria mais problemas; isso é o que se está fazendo em
todo mundo. Estes problemas “o ciúmes, a posse”, em realidade não são problemas, a não ser sintomas, sintomas de
que ainda não sabem o que é o amor. Damos por feito que nos sabê-lo que é o amor, e que então é quando surge o
problema dos ciúmes. Não é assim. O problema surge porque o amor ainda não está presente, simplesmente mostra
que o amor ainda não chegou, mostra a ausência de amor. Assim não podem solucioná-lo.
Tudo o que precisam é lhes esquecer dos ciúmes. Porque se trata de uma luta negativa. É lutar com a escuridão; carece
de sentido. Em seu lugar, acendam uma vela. Isso é o amor. Uma vez que o amor começa a fluir, o ciúmes e o afã de
posse e todo isso deixam de existir. Surpreende-lhes aonde terão podido ir, já que não conseguem encontrá-los. É como
quando acendem uma vela, podem lhes pôr a procurar a escuridão na habitação, que não vão dar com ela. Inclusive
procuram com uma luz e não conseguem encontrá-la. Não podem encontrá-la com uma luz porque já não está aí,
simplesmente se tratava de uma ausência de luz. O ciúmes são ausência de amor. Meu enfoque é: nem lhes incomodem
com o ciúmes, do contrário, colocaram-lhes em uma armadilha da que nunca poderão sair.
Esqueçam! São sintomáticos e indicativos. É bom que indiquem algo: é um sinal de que o amor ainda não teve lugar. É
bom! Aprendam algo deles, note neles e comecem a lhes mover para o amor. Desfrutem mais do amor e haverá menos
ciúmes.
Deleite-lhes mais, no amor e ainda haverá menos ciúmes. Deixem que seu amor se converta em uma totalidade, uma
loucura. Deixem que tenha intensidade e nessa intensidade o ciúmes arderão. Um amante de verdade jamais soube o
que são o ciúmes. Assim não lhes direi que comecem a fazer algo sobre o ciúmes; não, absolutamente. Dêem-lhe as
obrigado porque simplesmente mostram algo que tem que acontecer que ainda não aconteceu. Dediquem mais energia
ao amor. Em vez de dedicar energia a analisar o ciúmes e lutar contra eles, ponham mais energia no amor. Do contrário
lhes distrairá: começarão a seguir ao ciúmes, e isso é um deserto. Nunca chegarão até o final. Aí é onde se entupiu toda
a psicanálise: confunde os sintomas com os problemas e logo se concentra em penetrar nesses sintomas, em analisá-
los. Podem continuar cortando a cebola, podem seguir sem parar, uma capa atrás de outra, e outra atrás de outra.
Tratastes com uma pessoa que realmente esteja psicanalisada? Não existe ninguém na Terra cuja psicanálise se
completou. É impossível! Podem ir ao psicanalista um ano atrás de outro, e sempre haverá algo que terão que explorar.
É uma direção estéril, leva-lhes para os flancos. Vão em linha reta para o amor! Minha sugestão é: façam que o amor
seja uma grande celebração. Destine toda sua energia a isso, sem pensar no futuro.
Enquanto estejam apaixonados por alguém, não lhes contenham. Se lhes contiverem, imediatamente isso se converterá
em ciúmes, se lhes entregarem por completo quando fazem o amor, sem lhes reservar nada, se lhes encontrarem
absolutamente perdidos nisso, todo seu corpo e for se voltam orgásticos; são selvagens, gritam, cantam e choram e
riem, e sentirão que de um nada surge uma paz tal que nada lhes poderá distrair, nada poderá lhes perturbar.
Façam que o amor seja um festejo e todo isso desaparecerá. O ciúmes não têm nada que ver com o amor. De fato, seu
assim chamado amor tampouco tem nada que ver com o amor. Trata-se de palavras formosas que utilizam sem saber o
que significam, sem experimentar seu significado. Não deixam de empregar a palavra «amor». A usam tanto que
esquecem o fato de que ainda não o experimentastes. É o perigo que se corre ao empregar palavras tão bonitas:
«Deus», «amor», «oração». Não deixam das empregar, das repetir, e ao final essa mesma repetição faz que sintam
como sim as conhecessem. O que sabem sobre o amor? Se soubessem algo, não poderiam formular esta pergunta,
porque o ciúmes jamais estão presentes no amor. E sempre que os ciúmes estão presentes, o amor não o está.
O ciúmes não são parte do amor, mas sim da posse. A posse não tem nada que ver com o amor. Vós quereis possuir.
Através da posse lhes sentem fortes: seu território é maior. E se outro tenta entrar em seu território encoleriza-lhes.
Ou se alguém tem uma casa maior que vós, sentem-lhes ciumentos. Ou se alguém tenta lhes desapropriar de sua
propriedade, põem-lhes ciumentos e lhes encolerizam. Se amarem, o ciúmes são impossíveis; não são absolutamente
possíveis. Falam muito sobre a feiúra do ciúmes.
«Sim, são feios... » Não, não sabem. Simplesmente repetem o que eu estive dizendo. Se soubessem que são feios, com
esse mesmo conhecimento desapareceriam. Mas não sabem. Escutaste-me, escutastes ao Jesus, escutastes a Buda e
escutastes opiniões. Mas não sabem. Não sai de sua própria sensação que o ciúmes são feios. Do contrário, por que os
sentiriam? Não é algo fácil. Requer um grande compromisso. O ciúmes são como uma rocha... Muito grandes. O afã de
posse é como uma rocha... É puro veneno. O amor fica destruído, esmagado, fragmentado. E esses monstros estão
dominando às pessoas. O amor deve ser liberado desses monstros. A única maneira é matando a raiz que os causa.
Podem-se destruir o ciúmes, matem, e verão que de vós surgem umas energias formosas. O amor se volta tão fácil se
podem destruir o ciúmes; em caso contrário, o ciúmes destroem o amor. Se destruírem o ódio, de repente têm tanto
amor que lhes voltam incondicionais. Não lhes incomodam em lhes perguntar se a pessoa for ou não digna de amor.
Quem se molesta quando tem tanto para dar? Simplesmente dão e lhes sentem agradecidos de que a outra pessoa
tenha aceitado. E assim que Adão e Eva tiveram comido da árvore do conhecimento, ele os expulsou do céu, fora do
paraíso, pelo medo a que então provassem a outra árvore. E assim que comessem da outra árvore se voltariam imortais,
seriam como deuses. Isso significa que Deus se sentiu ciumento. Tornou-se pela metade como Deus porque agora
sabem, não são mais imortais porque então não haveria diferença entre deus e isso: saberia, Deus sabe; seria imortais,
deus é imortal. De modo que uns grandes ciúmes surgiram na mente de Deus. Foi por ciúmes que resultaram expulsos
do paraíso. Este não é um conceito muito são de Deus.
Seus deuses não podem ser diferentes de vós. Quem os criaria? Quem lhes daria forma e cor? Vós os criais, vós os
esculpis; possuem olhos e nariz como vós, mente como vós! O Deus do Antigo Testamento diz: «Sou um Deus muito
ciumento!». Quem criou a esse Deus que é ciumento? Deus não pode ser ciumento. E se o é, então, o que tem de mau
ser ciumento? Se até Deus o é, por que acreditariam que fazem algo mau quando sentem ciúmes? Então o ciúmes são
divinos. O ciúmes significam que outra pessoa tem mais que vós. E é impossível ser o primeiro em tudo. Pode que
tenham a máxima fortuna econômica do mundo. Mas possivelmente não tenham uma cara formosa. E um mendigo lhes
pode pôr ciumentos... Seu corpo, sua cara, seus olhos... E estão ciumentos. Um mendigo pode fazer que um imperador
sinta ciúmes. Toda sua vida fostes ciumentos. O que aprendestes que isso? Se não aprenderem dessas experiências,
terão que repetir outra vez sua vida. Aprendam de todas as experiências, pequenas ou grandes. Sempre que estão
ciumentos, encontra-lhes em um fogo, o coração lhes arde... E sabem o que lhes fazem a vós mesmos. Sabem o
equivocado que é, mas só sabem por que outros o dizem. Não é própria compreensão, sua própria percepção. Deixem
que seja sua percepção, para que a próxima vez que surja a situação de estar ciumentos possam rir dela; para que a
próxima vez não lhes comportem com o mesmo e velho patrão. Podem sair desse patrão. Quase todas as religiões do
mundo estão no mesmo navio. Dizem: «Não deveria estar zangado». Mas qual é o caminho? A ira está aí. «Não deveria
estar ciumento».
Mas qual é o caminho para desfazer-se do ciúmes? «Não deveria ser competitivo». Falsos mandamentos!
É formoso estar em silêncio, mas, onde está a meditação que lhes traz o silêncio? «Não deveria estar ciumento»...
Mas onde está a compreensão de que quando têm ciúmes se esta queimando seu próprio coração? Não lhe fazem mal
a ninguém salvo a vós mesmos, Como podem lhes desfazer da competitividade... Já que todos ensinam: «Não seja
competitivo», e por outro lado lhe dizem: «Ser algo». Dão-lhe ideais: «Sei como Jesus cristo». Mas há milhões de
cristãos; terão que competir. Dizem-lhe: «Não seja ciumento», mas obrigam às pessoas a sê-lo, já que atam a um
homem com uma só mulher. Quando o amor desaparece e a primavera se terminou, então o homem começa a encontrar
saídas ocultas... E a mulher também. Quem lhes há dito que estejam ciumentos de alguém que é mais inteligente, de
alguém que é mais forte, de alguém que é mais rico? Por que escolhestes ser ciumentos? Seu ciúmes só destruirão
desnecessariamente sua energia. Em vez de estar ciumentos, averigúem o que podem fazer com sua energia, o que
podem criar.

CAPITULO 9

O MEDO: QUE É ESTE MEDO?

Existe sozinho um temor básico. Outros medos pequenos são efeitos secundários do temor principal que todo ser
humano leva dentro de si. O medo é o de lhes perder a vós mesmos. Pode ser na morte, no amor, mas o medo é o
mesmo: teme lhes perder a vós mesmos. E o mais estranho é que só as pessoas que temem perderem-se a si mesmos
são as que não se têm.
Aquelas que se a si mesmos têm não experimentam medo. De modo que em realidade se trata unicamente de uma
questão de exposição. Não têm nada que perder: só crêem que têm algo que perder. A gente lhe tem medo à vida, e lhe
teme porque a vida só é possível se forem capazes de ser selvagens. Selvagens no amor, selvagens em sua canção,
selvagens em sua dança. Aí é onde radica o medo. Quem lhe teme à morte? Eu jamais me encontrei com tal pessoa.
E quase todas as pessoas com as que me encontrei lhe têm medo à vida. Abandonem o temor à vida... Porque ou
correm do medo, ou podem viver: depende de vós. E o que há, que temer? Não podem perder nada.
Têm tudo para ganhar. Abandonem todos os medos e lhes lance totalmente à vida. Então um dia a morte chegará como
uma convidada bem recebida, não como sua inimizade, e desfrutarão da morte mais do que desfrutastes que a vida,
porque a morte possui suas próprias belezas. E, além disso, é muito estranha, porque acontece sozinho de vez em
quando... Enquanto que a vida é cotidiana. Que não saibam exatamente o que é, é uma boa classe de medo. Isso
simplesmente significa que estão ao bordo de um pouco desconhecido. Quando o medo tem algum objetivo, é um temor
ordinário. Alguém lhe teme à morte... Trata-se de um temor muito corrente, instintivo; não tem nada de maravilhoso, de
especial. Quando um lhe teme à velhice ou à enfermidade, são medos ordinários, correntes e comuns. O medo especial
é quando não podem lhe encontrar um objetivo. Quando está aí sem motivo algum, isso assusta de verdade. Se forem
capazes de dar com um motivo, a mente fica satisfeita. Podem-se responder ao por que, a mente dispõe de uma
explicação a que aferrar-se. Todas as explicações ajudam a que as coisas se descartem; não fazem outra coisa, mas
assim que têm uma explicação racional, sentem-lhes satisfeitos. Por isso a gente vai ao psicanalista a procurar
explicações, inclusive uma explicação estúpida é melhor que nada: alguém se pode aferrar a ela. Têm medo... Não
perguntem por que. ...O medo é natural, a culpa é criação dos sacerdotes. A culpa está produzida pelo homem.
O medo é inato e essencial. Sem medo não seriam capazes de sobreviver. É normal. É devido ao medo que não poriam,
a mão no fogo. É pelo medo que conduziriam pela direita ou à esquerda, dependendo da lei do país. É pelo medo que
evitariam o veneno. É pelo medo que quando o condutor faz soar a buzina do caminhão, separam-lhes de seu caminho.
Se o menino carecer de medo, não existe possibilidade de que chegue a sobreviver. Seu medo é uma medida protetora
da vida. Mas devido a esta tendência natural de lhes proteger..., em que não há nada mal; têm direito a lhes proteger.
Têm uma vida tão preciosa que proteger, e o medo simplesmente vos ajudam. Só os idiotas não têm medo, os imbecis
não têm medo: por isso terá que proteger aos idiotas, já que do contrário se queimassem ou saltarão de um edifício, ou
se meterão no mar sem saber nadar, ou podem comer uma serpente... Podem fazer algo! O medo pode voltar-se algo
anormal, patológico. Então lhe têm medo a coisas às que não é necessário temer... Mesmo que podem encontrar
justificação a seus medos anormais. Por exemplo, alguém teme entrar em uma casa. Logicamente, não podem
demonstrar que se equivoca. Diz: «Que garantia tem que a casa não vai cair?». Outro homem tem medo..., não pode
viajar porque há acidentes de trens. Outra pessoa lhe tem medo a subir aos carros porque há acidentes de tráfico. E
outra teme aos aviões... Não é uma atitude inteligente começar a sentir esses medos. Pois nesse caso também
deveriam lhe ter medo a sua cama, porque os noventa por cento da gente morrem na cama... Razão que a converte no
sítio mais perigoso no que estar. O lógico é que lhes mantenham o mais longe possível da cama, que nunca lhes
aproximem. Mas então fariam que sua vida fora impossível. Tudo tem energia: o medo, a ira, o ciúmes, o ódio. Não são
conscientes do fato de que todas estas coisas desperdiçam sua vida. O medo à morte não é o medo à morte, é o medo a
permanecer insatisfeito. Ides morrer, e não puderam experimentar nada, nada absolutamente, através da vida...
Nenhuma maturidade, nenhum crescimento, nenhum florescimento. Vieram com as mãos vazias, vão com as mãos
vazias. Esse é o medo!
Quando são adultos, podem ver, podem tratar de cortar a cebola capa a capa como foram criados os medos em vós,
quão ingênuos fostes, como a gente explorou sua inocência. O sacerdote não tinha conhecimento de Deus, mas lhes
enganou e fingiu que conhece deus. Não tinha nem idéia do céu e do inferno, entretanto lhes obrigou a temer o inferno, a
ambicionar o céu. Criou a cobiça, criou o medo. Ele mesmo era uma vítima de outras pessoas. Agora podem olhar atrás:
seu pai não era consciente do que ensinava, pelo que lhes dizia.
...Estão os medos e está esse constante impulso de procurar e procurar. E espero que os temores não sejam os
ganhadores, porque qualquer que vive pelos medos, não vive; já está morto. O medo é parte da morte, não da vida.
O risco, a aventura, ir ao desconhecido, isso é o que significa a vida. Assim tratem de entender seus temores. E
recordem uma coisa: não os apóiem, são seus inimigos. Apóiem o impulso que ainda vive em vós, avivem para que
possa queimar todos esses medos e entrar na busca.

CAPITULO 10

POR QUE A GENTE SE ZANGA COM VÓS?

Ninguém quer estar sozinho.


Todo mundo quer pertencer a um grupo, não só a um, a não ser a vários grupos. Uma pessoa pertence a um grupo
religioso, a um partido político, a um clube de campo... E há outros muitos grupos pequenos aos que pertencer.
A gente quer receber apoio às vinte e quatro horas do dia, porque o falso, sem apoio, não consegue sair adiante.
Assim que a gente está sozinha, começa a sentir uma estranha loucura. Não é sozinho seu medo, a não ser o de...
Todos. Porque ninguém é o que supunha que ia ser na existência.
A sociedade, a cultura, a religião, a educação, tudo conspirou contra meninos inocentes. Têm todos os poderes...
Enquanto que o menino está indefeso e é dependente. Assim sem importar no que queiram convertê-lo, consegue-o.
Não permitem que nenhum menino cresça até alcançar seu destino natural. Todos seus esforços estão encaminhados a
converter aos seres humanos em algo prático. Quem sabe se um menino ao que se deixe crescer a seu arbítrio será de
algum uso para os interesses criados?
A sociedade não está preparada para assumir esse risco. Agarra ao menino e começa a moldá-lo até lhe dar a forma de
algo que a sociedade necessita. Em certo sentido, arbusto a alma do menino e lhe brinda uma identidade falsa, para que
nunca sinta falta de sua alma, seu ser.
A identidade falsa é um substituto. Mas esse substituto é útil, só na mesma multidão que lhes deu isso, assim que está
sozinhos, o falso começa a desprender-se. E o real reprimido começa a expressar-se. Desde aí o temor estar sozinhos.
... Acreditavam que foi alguém, e de repente, em um momento de solidão, começam a sentir que não é isso. Provoca
temor: então, quais são?... Fará falta certo tempo para que o real se expresse.
Os místicos chamaram à distância existentes entre os duas «a noite escura da alma». Uma expressão muito apropriada.
Já não são o falso e ainda não é o real. Encontram-lhes em um limbo, não sabe quem são. O problema é inclusive mais
complicado no Ocidente. Porque ali não desenvolveram nenhuma metodologia para descobrir o real, para poder cortar a
noite escura da alma.
Ocidente não sabe nada no que se refere a meditação. E a meditação é sozinha um nome para estar sozinho, em
silêncio, à espera que o real se afirme. Não é um ato, é uma relaxação silenciosa... Porque tudo o que façam, sairá de
sua personalidade falsa.
...Anos de personalidade falsa imposta por pessoas às que queriam, às que respeitavam... E não lhes faziam nada mau
de maneira intencionada. Suas intenções eram boas, o que passa é que sua percepção era nula. Não eram pessoas
conscientes; seus pais, professores, sacerdotes, políticos... Não eram pessoas conscientes. E inclusive uma boa
intenção em mãos de uma pessoa inconsciente resulta ser venenosa. De modo que quando estão, só experimentam um
medo profundo... Porque de repente o falso começa a desaparecer. E o real demorará um pouco de tempo. Perdeste-lo
faz anos. Terão que lhe dar certa consideração ao feito de que terá que salvar essa distância. A multidão é essencial
para que exista o falso eu. Assim que está sozinho, começam a lhes intimidar. Esse é o ponto no que terei que entender
um pouco de meditação. Não lhes preocupem, porque aquilo que pode desaparecer vale a pena que desapareça.
Carece de sentido aferrar-se a isso... não é seu, não é vós. Ninguém mais pode responder a sua pergunta «Quem é?»...
Vós sabereis. Todas as técnicas de meditação representam uma ajuda para destruir o falso. Não lhes dão o real...
O real não pode ser dado. Aquilo que se pode dar não pode ser real. O real já o tem; só terá que levá-lo falso.
A meditação é unicamente, a valentia para estar em silêncio e a sós. Devagar, devagar, começa a sentir uma nova
qualidade em vós, uma nova sensação de estar vivos, uma nova beleza, uma nova inteligência... Que não se obtém de
ninguém, que está crescendo em vós. Tem raízes em sua existência. E se não serem covardes, chegará a maturar e
florescer. Todos seus temores são efeitos colaterais da identificação. Amam a uma mulher, e com o amor, no mesmo
pacote, surge o medo: Pode-lhes deixar... Já deixou a alguém para estar com vós.
Há um precedente; possivelmente lhes faça o mesmo a vós. Há medo, sentem um nó no estômago. Estão muito
envoltos. Não podem entender um fato singelo: viestes só ao mundo; do mesmo modo, ontem estavam aqui, sem essa
mulher, perfeitamente bem, sem nenhum nó no estômago. E se amanhã essa mulher se vai... Que necessidade tem que
ter nós? Sabem como estar sem ela, e serão capazes de estar sem ela.
O medo a que as coisas possam trocar amanhã... Alguém pode morrer, podem ficar em bancarrota, sem trabalho. Mil e
uma coisas podem trocar. Curvam-lhes com medos e medos, sem que nenhum seja válido... Porque também ontem
desnecessariamente estavam cheios desses temores. Pode que as coisas tenham trocado, mas seguem vivos. E o
homem possui uma capacidade imensa para adaptar-se a qualquer situação.

CAPITULO 11

O MEDO É COMO A ESCURIDÃO

O que podem fazer diretamente a respeito da escuridão?


Não podem lhes liberar dela, não podem expulsá-la, não podem fazê-la passar. Não há maneira de relacionar-se.
Com a escuridão sem introduzir a luz. O caminho para a escuridão passa pela luz. Se quiserem escuridão, apaguem a
luz: se não quiser escuridão. Acendam a luz. Mas terão que fazer algo com a luz, absolutamente com a escuridão.
Por que lhe tenho medo às mulheres? Não é pessoal, é algo quase universal. Todos os homens lhe têm medo às
mulheres, e todas as mulheres lhe têm medo aos homens... Porque todas as pessoas lhe temem ao amor. O temor é ao
amor, daí que o homem tema à mulher já que é objeto de amor, e as mulheres temem aos homens porque é seu objeto
de amor. Tememos ao amor porque o amor é uma morte pequena. O amor requer que nos entreguemos, algo que não
queremos fazer. Nós gostaríamos que o outro se entregasse, nós gostaríamos que o outro fora o escravo. Mas a outra
parte deseja o mesmo: o homem quer que a mulher seja uma pulseira; e é obvio a mulher também quer o mesmo, o
mesmo desejo está aí presente. Seus métodos para escravizar-se podem ser diferentes, mas o desejo é o mesmo.
Todos os medos se podem reduzir a um medo: o medo à morte, o medo de que: «um dia possivelmente tenha que
desaparecer, um dia possivelmente tenha que morrer. Sou. E se aproxima o dia em que não serei».
... Isso assusta, esse é o medo. Para evitar esse medo começamos a nos mover de tal maneira que possamos viver tudo
o que nos seja possível. E tentamos assegurar nossas vidas... Começamos a transigir, começamos a nos voltar mais
seguros, devido ao medo. Nos paralisar, porque quanto mais seguros estamos, mais a salvo nos encontramos, e menos
vivos estaremos. Então, devido ao medo à morte, lutamos por alcançar segurança, um bom saldo no banco, apólices de
seguro, um matrimônio, uma vida assentada, um lar; voltamo-nos parte de um país, apontamos a um partido político,
incorporamos a uma igreja... Voltamo-nos hindus, cristãos, maometanos. Todos estes são caminhos para encontrar
segurança, um sítio ao que pertencer: um país, uma igreja. Devido a este medo, os políticos e sacerdotes seguem lhes
explorando. Se não tivessem nenhum medo, nenhum político ou sacerdote poderia lhes explorar. É sozinho pelo temor
que lhes podem explorar, porque podem lhes proporcionar, ao menos podem lhes prometer, que isso lhes fará seguros:
«Esta será sua segurança. Garanto-lhes isso». Possivelmente que nunca cumpram... Isso já é outra coisa, mas a
promessa... E a promessa mantém explorada e oprimida às pessoas. A promessa mantém as pessoa em servidão.
«Do que está composto o medo?». O medo está composto de ignorância do próprio eu. Só existe um medo: se
manifesta de muitas maneiras, de mil e uma formas, mas basicamente o medo é um, e esse é que «no mais fundo,
existe a possibilidade de que eu não seja». E em certo sentido é verdade que não são. A coragem significa entrar no
desconhecido apesar de todos os medos. A coragem não significa a falta de medo. A falta de medo tem lugar se segue
sendo cada vez mais valoroso. A falta de medo é a experiência última da coragem; representa a fragrância quando a
coragem se tornou absoluto. Mas ao começo não existe muita diferença entre a pessoa covarde e a valorosa. A única
diferença é que o covarde escuta a seus medos e faz conta, e a pessoa valorosa os faz a um lado e segue adiante.
A pessoa valorosa entra no desconhecido apesar de todos os medos. Conhece-os, sabe que estão aí. Exagerastes seus
medos. Olhem fixamente, e ao fazê-lo começarão a diminuir-se. Nunca os olhastes, estivestes escapando deles.
Estivestes criando amparos contra eles em vez de olhá-los diretamente aos olhos. Não há nada que temer: quão único
precisam é um pouco mais de consciência. Seja qual for seu temor, agarrem, olhe com fixidez, tal como faria um cientista
com uma coisa. E lhes surpreenderá, já que começará a derreter-se como um floco de neve. Quando tiverem cuidadosa
sua totalidade, terá desaparecido. E quando tiverem liberdade sem nenhum temor, sentirão uma bênção que não se
pode expressar com palavras. O medo aceito se converte em liberdade; o medo negado, rechaçado, condenado,
converte-se em culpabilidade. Se aceitarem o temor como parte da situação... É parte da situação. O homem é uma
parte muito pequena, diminuta, e o tudo são vastos: uma gota, uma gota muito pequena, e o tudo é todo o oceano.
Surge um tremor: «Pode que me perca no tudo; poderia perder minha Esse identidade é o medo à morte. Todos os
temores são o temor à morte. E o medo à morte é o medo à aniquilação. Um homem que vive com medo sempre está
tremendo por dentro. Continuamente está a ponto de voltar-se louco, porque a vida é grande, e se continuamente têm
medo...
E há todo tipo de temores. Podem redigir uma grande lista, e lhes surpreenderá ver quantos medos há... E ainda seguem
com vida! Em qualquer parte há, infecções, enfermidades, perigos, seqüestros, terroristas... E a vida é tão pequena.
E por último está a morte, que não podem evitar. Toda sua vida se tornará escura. Abandonem o medo!
Inconscientemente assumiram o medo em sua infância; e agora conscientemente o ides abandonar e a ser
amadurecidos. E então a vida poderá ser uma luz que irá aprofundando-se à medida que crescem.

CAPITULO 12

A COMPREENSÃO É O SEGREDO DA TRANSFORMAÇÃO


Simplesmente compreendam um pouco mais todos seus sentimentos, emoções.
... Todos têm um lugar específico na harmonia total de seu ser. Mas nos manteve quase cegos respeito a nossas
potencialidades, dimensões. Mostre-lhes um pouco, mas alertas sobre tudo, e recordem que o é o superior e o
antinatural é falso e americano. Do mesmo começo se deveria recordar que estamos procurando um lugar, um espaço,
onde nada se levante... Nem o pó, nem a fumaça: onde tudo é puro e limpo, absolutamente esvaziou, simples espaço.
Do mesmo princípio terá que ter claro o que se busca. Necessita-se consciência, não condena... E através da
consciência a transformação se produz de forma espontânea. Se adquirirem consciência de sua ira, a compreensão lhes
penetra. Só observando, sem julgar, sem dizer se estiver bem ou mau, só observando seu céu interior. Há relâmpagos,
ira, sente-lhes acalorados, todo seu sistema nervoso se sacode, e sente um estremecimento que lhes percorre o corpo...
Um momento formoso, porque quando a energia funciona, podem-na observar com facilidade; quando não funciona, não
podem vê-la. Fechem os olhos e, meditem nisso. Não lutem, simplesmente contemplem o que acontece... Todo o céu
está cheio de eletricidade, de tantos relâmpagos, de tanta beleza... Tombe-lhes no chão, contemplem o céu e observem.
Logo façam o mesmo por dentro. Ali têm nuvens, porque sem nuvens não pode haver relâmpagos
...Aí há nuvens escuras, pensamentos. Alguém lhes insultou, alguém se riu que vós, alguém há dito isto ou aquilo... Há
muitas nuvens escuras no céu interior e muitos relâmpagos. Olhem! É uma cena formosa... Também terrível, porque não
a entendem. É misteriosa, e se o mistério não se entende, se volta terrível, temem-no. E sempre que se compreende um
mistério, transforma-se em uma graça, um dom, porque então têm as chaves... E com chaves são os amos. Não o
controlam, simplesmente lhes voltam os amos quando são conscientes. E quanto mais conscientes sejam, mais poderão
penetrar no interior, porque a percepção é viajar para dentro, sempre para dentro; totalmente conscientes, totalmente
dentro: menos conscientes, mais para fora; inconscientes... Estão completamente fora, fora de sua casa, vagando pelos
arredores.

CAPITULO 13

O CORAÇÃO VAZIO

A gente sempre pensou que a mente significa palavra, fala, pensamentos... Mas isso não é verdade. Estão muito
próximos, são concorrentes, estão tão próximos que se pode tirar a idéia de que é uma mesma coisa. Mas à medida que
aprofundam na meditação e deixam o mundo das palavras e a fala, de repente descobrem que há uma mente vazia mais
à frente que é sua mente, real. Para distingui-la, chamamo-la o coração vazio. Dá igual chamá-la não-mente, mente real,
coração esvaziou... Todos são sinônimos.
Mas, pelo geral, estão tão perto do pensamento, das emoções, das palavras, que não são capazes de conceber que
além das nuvens há um céu, uma lua cheia. Terão que ir além das nuvens para ver a lua cheia. O coração vazio é uma
porta à eternidade. É uma conexão entre vós e a existência.
Não é algo físico ou material.
Não é algo mental ou psicológico.
É algo que está além de ambas às coisas, que as transcende às duas. É nossa espiritualidade. Lembrem, o coração
vazio lhes converte em um Buda. E a compreensão é o segredo da transformação. Podem-se entender a ira,
imediatamente ficarão banhados pela compaixão. Podem-se compreender o sexo, imediatamente alcançarão o samadhi.
A “compreensão” é a palavra mais importante que terá que recordar. Sentem ira, sentem ciúmes, sentem ódio, sentem
luxúria. Existe alguma técnica que lhes possa ajudar a lhes desfazer da ira? Do ciúmes, do ódio? Da luxúria sexual?
E se essas coisas continuam, seu estilo de vida seguirá sendo o de antes. Só há um modo... Nunca houve outro.
Unicamente há um modo, só um, para entender que estar zangado é ser estúpido: contemplem a ira em todas suas
fases, estejam alerta para que não lhes pilhe despreparados; mantenha-lhes vigilantes, vendo cada passo da ira.
E lhes surpreenderão: à medida que cresce a percepção sobre o estilo da ira, esta começa a evaporar-se. E quando a
ira desaparece, então há, paz. A paz não é um lucro positivo. Quando o ódio desaparece, há amor. O amor não é um
lucro positivo. Quando o ciúmes desaparecem, há uma profunda cordialidade para tudo. Tentem compreender.
Mas todas as relações lhes corromperam a mente, porque não lhes ensinaram a contemplar, a entender; em troca lhes
deram conclusões... De que a ira está mau. E assim que condenam algo, já adotastes certa postura de julgamento.
Julgastes. Então já não podem ser conscientes.
A consciência necessita um estado de não julgamento. E todas as religiões lhe ensinaram às pessoas a julgar: isto está
bem, isto está mau, isto é pecado, isto é virtude... É tudo o lixo com a que durante séculos encheram a mente do
homem. Por isso, nada mais ver algo, emitem um julgamento imediato em seu interior. Não é capaz simplesmente de ver
algo, não podem ser um espelho silencioso.
A compreensão surge ao lhe converter em espelho, em um espelho de tudo o que acontece na mente. Por que pensam
em renunciar à ira? Por quê? Porque lhes ensinaram que a ira está mau. Mas, entendeste-la como algo mau?
Alcançastes uma conclusão pessoal, através de sua percepção cada vez mais profunda, de que a ira está mau?
Se tiverem chegado a essa conclusão através de sua busca interior, não será necessário deixá-la... Já teria
desaparecido. Basta com o fato mesmo de saber que é algo venenoso. Então é uma pessoa diferente. Não deixam de
pensar em abandonar, em renunciar. Por quê? Porque a gente diz que a ira está mau, e lhes influi algo que se diz.
Então seguem pensando que a ira está mau, e quando chega o momento seguem estando zangados.
Se pensarem que a ira está bem, então façam, não digam que está mau. Ou se disserem que a ira está mau, então
tratem de entender se for algo que entendestes assim, ou se outra pessoa lhes há isso dito.
Todo mundo cria desdita a seu redor devido a outros. Alguém diz isto esta mau e alguém diz que está bem, e não param
de lhes impor essas idéias. Os pais o fazem, a sociedade o faz. Até que um dia só seguem as idéias de outros.
E a diferença entre sua natureza e as idéias de outros provocam uma divisão; voltam-lhes esquizofrênicos.
Fará uma coisa ao tempo que criem no contrário. Isso provocará culpabilidade. Todo mundo se sente culpado.
Não é que todo mundo o seja, mas sim se sente culpado devido a este mecanismo. Sempre que há gozo, sentem que
procede do exterior. Reuniste-lhes com um amigo: é obvio, dá a impressão de que o júbilo procede de seu amigo, de vê-
lo. Mas essa não é a realidade.
O gozo sempre está em seu interior.
O amigo se converteu em uma situação.
O amigo a ajudou a que se manifeste, ajudou-lhes a ver que está aí. E isto não só acontece com o júbilo, mas sim com
tudo: com a ira, com a tristeza, com a desdita, com a felicidade, contudo, assim é. O resto, simplesmente são situações
em que se expressam coisas que estão ocultas em vós. Não são causas, não estão causando algo em vós. Seja o que
for o que aconteça, acontece-lhes a vós. Sempre esteve aí; o que passa é que lhes reunir com esse amigo se converteu
em uma situação em que saiu à luz o que estava escondido. Se feito aparente e se manifestou das fontes ocultas.
Sempre que isto aconteça, lhes centre na sensação interior, e então terão uma atitude diferente a respeito de tudo na
vida. Quando estão sozinhos não há ninguém para provocar sua ira, ninguém para criar uma oportunidade em que
possam lhes entristecer, ninguém para plantar suas caras falsas ante vós. Estão sozinhos: a ira não surge.
Não é que tenha desaparecido... Simplesmente a situação para a ira não se encontra presente. Estão cheios de ira, mas
não há ninguém para lhes insultar, para lhes ferir, só falta a oportunidade. Retornem ao mundo. Vivam cinqüenta anos no
Himalaia... Quando voltarem ao mundo sentirá imediatamente que a ira esta aí, tão fresca como sempre; pode que
inclusive mais capitalista devido a cinqüenta anos de ira acumulada, de veneno acumulado. Então a gente tem medo de
retornar ao mundo. Vão a Himalaia: por ali verão muitas pessoas. Covardes, são incapazes de retornar ao mundo. Que
classe de pureza é essa que tem medo? Que classe de celibato é esse, que tem medo? Que classe de realidade é essa
que teme a maia, à ilusão? Que classe de luz é essa que lhe teme à escuridão, que ao chegar a esta escuridão poderá
ser poderosa e destruí-la? Destruiu a escuridão alguma vez um pouco de luz? Mas seguem ali. Quanto mais tempo
permanecem ali, mais incapacitados estão para retornar ao mundo... Porque no Himalaia podem ter sua formosa
imagem: não há ninguém mais para destruí-la. No mundo é difícil. Alguém, desde alguma parte, pisa-lhes: alguém,
desde alguma parte, fere-lhes. Devem lhes desprender da ira. Todo meu esforço é para que troquem. Não tentem trocar
a cena, por favor, vos troquem. A mudança de cena não vai ajudar a ninguém; jamais o tem feito. E pensam... Meditação
várias horas ao dia. Embora meditassem vinte e quatro horas ao dia, não lhes vai ajudar a menos que a meditação se
converta em um estilo de vida... Não que meditem. Já meditem uma hora, dois, três ou seis horas, ou muitas mais...
Podem meditar até vinte e quatro horas: voltar-lhes-ão loucos, mas não alcançarão o samadhi.

CAPITULO 14

QUAL É SEU TEMA?

Meu método é tão simples.


Simplesmente plasmem em seu jornal durante sete dias, apontando cada dia o que é o que ocupa a maior parte de seu
tempo, o que é o que conforma sua fantasia quase todo o tempo, ali onde sua energia se dirige com presteza. E com a
simples observação durante sete dias, escrevendo em seu jornal, poderão encontrar sua característica principal. E esse
achado representa meia vitória. Proporciona-lhes uma grande força, já que conhecem seu inimigo. O lótus é um dos
fenômenos mais milagrosos da existência; por isso no Oriente se converteu em um símbolo de transformação espiritual.
Buda está sentado sobre um lótus. Vishnu está de pé sobre um lótus. Por quê? Porque o lótus possui um significado
muito simbólico: cresce no barro, é um símbolo de transformação, é uma metamorfose.
O barro é sujo, talvez fedido: o lótus é fragrante e saiu do fedor do barro. Exatamente da mesma maneira, a vida quase
sempre é barro fedido... Mas nela se oculta à possibilidade de converter-se em um lótus. O barro se pode transformar,
podem lhes converter em um lótus. O sexo se pode transformar, pode converter-se em samadhi. A ira se pode
transformar e se pode converter em compaixão. O ódio se pode transformar e se pode converter em amor. Tudo o que
têm e que oferece um aspecto negativo neste momento, como o barro, pode-se transformar. Sua mente ruidosa se pode
esvaziar e transformar, para que se converta em música celestial.

TRANSFORMAÇÃO DA IRA.

MEDITAÇÃO COM O TRAVESSEIRO.

Quando: Cada manhã.


Duração: 20 minutos.
O primeiro na transformação é expressar a ira, mas não sobre alguém, porque desse modo não poderão expressá-la em
sua totalidade. Pode que queiram matar, mas não é possível; pode que desejem morder, mas não é possível. Mas isso
se pode fazer com um travesseiro. O travesseiro não reagirá, não lhes levará a julgamento, o travesseiro não lhes
guardará nenhuma inimizade, não fará nada.
O travesseiro será feliz e rirá de vós.
O segundo que terá que recordar é ser conscientes.
Para o controle não se requer nenhuma consciência; realiza-se de maneira mecânica, como um robô. A ira chega e há
um mecanismo... De repente todo seu ser se torna estreito e se fecha. Se estiverem atentos, o controle pode que não
seja tão fácil. A sociedade jamais lhes ensina a estar atentos, porque quando alguém está atento, encontra-se
plenamente aberto. Isso forma parte da percepção... A gente está aberta, e se querem suprimir algo e estão abertos, é
contraditório, pode sair.
A sociedade lhes ensina a lhes encerrar, a lhes isolar... Não permite nem sequer uma janela pequena para que nada
saia. Mas recordem: quando nada sai, nada entra tampouco. Quando a ira não pode sair, estão fechados. Se tocarem
uma pedra formosa, nada entra; se olharem uma flor, nada entra: seus olhos estão mortos e fechados. Levam uma vida
insensível. A sensibilidade cresce com a consciência.
Procurem as raízes. Sentem-lhes tristes ou irados, podem convertê-lo em uma meditação. Não lhes oponham, não
tentem distrair a mente com outra coisa. Não vades ver um filme porque lhes sintam muito tristes. Não tentem reprimir o
sentimento. É uma grande oportunidade para a meditação. Observem de onde surge a ira. Vão até as mesmas raízes.
Vão até as mesmas raízes de onde procede a tristeza... E a maior surpresa, é ver que carece de raízes.
De modo que ao começar a procurar as raízes, por esse então suas emoções começam a desaparecer, já que vêem:
«Este homem é estranho. Busca as raízes!». E essas aflições, emoções, sentimentos... Nenhum tem raiz.
São sozinhas nuvens, sem nenhuma raiz, que rodeiam sua mente. Assim se começarem a procurar as raízes, suas
emoções começam a dispersar-se... «Esta não é a pessoa adequada, não vai se deixar afetar por nós. É um pouco
estranho; aqui estamos, e ele não pára de procurar as raízes». Em vez de sentido, em vez de zangar-se, em vez de
mostrar-se desventurado... Busca as raízes! Cada sentimento, cada emoção, cada sensação desaparecerá se
procurarem as raízes. Se sua percepção se centrar muito na busca, então a emoção se desvanecerá e o céu de seu ser
interior ficará completamente claro e espaçoso. Provem, e lhes assombrarão.

CORRER

Para alguém incapaz de expressar plenamente ira, amor, medo, etc.


Momento: pela manhã.
É difícil trabalhar diretamente com a ira, porque se pode reprimir de forma muito profunda; assim trabalhem
indiretamente. Correr ajudará muito a que a ira e o medo se evaporem. Quando correm durante comprido momento, e
respira profundamente, a mente deixa de funcionar e é o corpo o que toma o mando.
Passo 1. Saiam a correr pela manhã. Comecem com o meio quilômetro, logo com um quilômetro, até chegar como
mínimo a cinco quilômetros. Utilizem todo o corpo. Não corram como se estivessem metidos em um colete de força...
Corram como um menino pequeno que emprega todo o corpo... Mãos e pés... E respirem profundamente, do ventre.

Passo 2. Logo se sentem sob uma árvore, descansem, transpirem e deixem que chegue a brisa fresca; senti-os em paz.
Só é um corpo que palpita, um corpo vivo, um organismo em sintonia com o tudo... Simplesmente um animal.
Comentário: A musculatura tem que estar relaxada. Se vocês gostam de nadar, também vai nadar, isso ajudará. Mas
também devem fazê-lo - o mais totalmente que lhes seja possível. Algo em que possam lhes envolver totalmente será de
ajuda. Não se trata de uma questão de ira ou de qualquer outra emoção, mas sim de participar de algo totalmente. Logo
serão capazes de entrar também na ira e no amor. Aquele que sabe como meter-se em algo totalmente pode meter-se
totalmente em tudo.

LEVAR A FERVOR

Quando: Todos os dias, sempre que lhes sintam bem.


Duração: 15 minutos.
Requisitos: Despertador.
Passo 1. Fechem sua habitação e lhes zangue durante quinze minutos. Acalore-lhes, como se estivessem a cem graus,
alcancem o ponto gélido... Mas não lhes descarreguem. Sigam forçando a situação, estejam ao bordo da loucura de ira,
mas não a liberem, não a expressem, nem sequer com um golpe ao travesseiro. Reprimam a de todas as maneiras
possíveis... Justo o oposto à catarse.
Se sentirem que a tensão cresce no estômago como se algo fora a explorar, contraiam, ponha tudo quão tenso possam.
Se sentirem que os ombros ficam tensos, ponham mais tensos. Deixem que todo o corpo fique o mais tenso que lhes
seja, possível, quase como um vulcão... Fervendo por dentro, mas sem liberação. Isso é o que devem recordar: não há
liberação. Não grite, do contrário o estômago se relaxará; não golpeiem ou os ombros liberarão sua tensão.

Passo 2. Quando soar o despertador, sentem-se em silêncio, fechem os olhos e contemplem o que acontece. Relaxem o
corpo.
Comentário: Este sistema de aquecimento forçará que seus padrões se derretam...

Meditação Dinâmica do Osho

Para alguém incapaz de expressar plenamente a ira. Uma técnica de meditação que começa com o movimento, com a
ação, também vos ajuda de outras maneiras. Converte-se em uma catarse. A meditação é um fenômeno de energia.
Todos os tipos de energia têm Uma lei básica que terá que compreender: a energia se move em uma polaridade dual. Só
se move desta maneira; não há outro modo para seu movimento. Faça-o em uma polaridade dual. Para que qualquer
energia se volte dinâmica. Necessita-se o pólo oposto. É como a eletricidade movendo-se com as polaridades, negativa
e positiva. Se só houvesse uma polaridade negativa, a eletricidade não teria lugar; ou se houvesse uma polaridade
positiva, tampouco. Necessitam-se ambos os pólos. E quando estes se juntam, criam eletricidade; logo surge a faísca.
Ali onde olhem, encontrarão a mesma energia movendo-se em polaridades, equilibrando-se. Esta polaridade é muito
importante para a meditação porque a mente é lógica e a vida é dialética. Quando digo que a mente é lógica, significa
que se move em uma linha. Quando digo que a vida é dialética, significa que se move com o oposto, não em uma linha.
Ziguezagueia de negativo a positivo, de positivo a negativo, emprega os opostos.
A mente se move em uma linha, em uma simples linha reta. Jamais se move para o oposto... Nega o oposto. Acredita em
um, e a vida acredita em dois A energia se pode converter e usar. E logo, ao usá-la, serão mais vitais, estarão mais
vivos. O oposto deve ser absorvido, então o processo se volta dialético. A falta de esforço significa não fazer nada,
inatividade. O esforço significa fazer muito, atividade. Ambos têm que estar ali. Faça muito, mas não sejam fazedores...
Então alcançam ambos. Mova-lhes no mundo, mas não formem parte dele. Vivam no mundo. Mas não deixem que o
mundo viva em vós. Então a contradição foi absorvida. E isso é o que faço. A Meditação Dinâmica é uma contradição.
Dinâmico significa esforço, muito esforço, absoluto esforço. E meditação significa silêncio, falta de esforço, inatividade.
Podem chamá-la meditação dialética.

INSTRUÇÕES PARA A MEDITAÇÃO DINÂMICA

Para esta meditação Osho criou música para lhes guiar por este processo*
Primeira fase: 10 minutos.
Respirem rapidamente pelo nariz. Enfatizando a exalação, a inalação ocorrerá por si só. Deixem que a respiração seja
intensa e caótica. O fôlego deve penetrar profundamente nos pulmões. Sede o mais velozes que possam em sua
respiração, lhes certificando de que se mantenha profunda, façam o da maneira mais total que lhes seja possível; sem
esticar o corpo, lhes assegure que o pescoço e os ombros se mantêm relaxados. Continuem até que literalmente lhes
convertam na respiração, deixando que seja caótica (isso significa que não é constante e previsível). Uma vez que sua
energia se mova, começará a lhes mover o corpo. Deixem que esses movimentos corporais estejam pressentem,
utilizem para lhes ajudar a acumular ainda mais energia. Mover os braços e o corpo de uma forma natural ajudará a que
sua energia suba. Sintam como sua energia se incrementa; não o deixem durante a primeira fase e em nenhum
momento freiem.
*Existem CD com música para muitas de suas meditações no selo New Earth.

Segunda fase: 10 minutos.


Sigam a seu corpo. Dêem-lhe liberdade para expressar o que houver ali... Explorem! ... Deixem que seu corpo tome o
mando. Desprenda-lhes de tudo o que requeira expulsão. Volte-lhes totalmente loucos... Cantem, gritem, riem, chorem,
saltem, sacode, saltem, chutem e lhes mova. Não retenham nada, mantenham todo o corpo em movimento. Um pouco
de atuação lhes ajuda a começar. Não permitam em nenhum momento que a mente interfira com o que está passando.
Recordem ser totais com seu corpo.

Terceira fase: 10 minutos.


Deixando os ombros e o pescoço relaxados, elevem os braços o mais alto que possam sem bloquear os cotovelos. Com
os braços levantados, dêem saltos gritando o mantra Ju!... Ju!... Ju! O mais profundamente que possam, do fundo do
ventre. Cada vez que aterrissem sobre o novelo dos pés (lhes assegure de que os talões toquem o chão), deixem que o
som martillee no mais fundo do centro sexual. Dê tudo o que têm, lhes esgote por completo.

Quarta fase: 15 minutos.


PAREM! Paralise-lhes na posição que lhes encontrem. Não acomodem o corpo de maneira nenhuma. Uma tosse, um
movimento, algo dissipará o fluxo de energia e o esforço se perdeu. Sede testemunha de tudo o que lhes está
acontecendo.

Quinta fase: 15 minutos.


Celebrem! Expressem com música e baile o que tenham dentro. Durante todo o dia levem com vós essa sensação de
estar vivos.

PARA CASAIS

Se lhes sentem estancados em sua relação, para quando precisarem liberar e derreter suas energias.
Quando: De noite.
Duração: 60 minutos.

Passo 1. Sentem-se cara a cara, sustentando as mãos do outro com as bonecas cruzadas.
Passo 2. Olhe nos olhos durante dez minutos. Se o corpo começar a mover-se e a oscilar, permitam. Podem piscar, mas
não deixem de lhes olhar aos olhos. Aconteça o que acontecer, não lhes solte as mãos.
Passo 3. Depois de 10 minutos, fechem os olhos e, permitam a oscilação durante outros dez minutos.
Passo 4. Agora lhes ponha de pé e oscilem juntos, lhes sustentando as mãos, durante 10 minutos. Isso mesclará
profundamente suas energias.

AMOR PARA O FLUIR DE ENERGIA

Algo que façam com amor ajuda a que a energia flua... Qualquer objeto de amor está bem, qualquer desculpa servirá.
«É como a água que descende... Ali onde está o mar, a água procura o nível do mar e continua movendo-se. Ali onde há,
a energia procura o nível de amor; não pára de mover-se».
Passo 1. Ponham uma pedra em sua mão com profundo amor e interesse. Fechem os olhos e sintam um tremendo amor
por ela... Agradecidos de que exista, agradecidos de que aceita seu amor. De repente verão uma pulsação e a energia
movendo-se.
Passo 2. Em geral, não é necessário ter um objeto. Com a simples ideia de que ama a alguém, a energia começará a
fluir. O amor é fluxo, e sempre que estivermos gelados é porque não nos amar. O amor é calidez e, a frieza não pode ter
lugar se houver calor. Quando não há amor, tudo está fritou. Começam a cair por debaixo dos zero graus. De modo que
uma das coisas importantes que terá que recordar é que o amor é quente. Também o ódio. A indiferença é fria. De
maneira que às vezes, quando odeiam, começa a fluir a energia. Certamente, esse fluxo é destrutivo. Na ira a energia
começa a fluir... Por isso a gente se sente bem depois: algo se liberou.
É muito destrutivo. Poderia ter sido criativo se tivesse liberado através do amor, mas isso é melhor a ficar contido. Se
forem indiferentes, não fluem. De modo que tudo o que lhes derrete e lhes dá calor é bom. A primeira eleição tem que
ser sempre o amor. Se isso não for possível, a segunda eleição é a ira. E estas são as duas únicas eleições... A terceira
não é uma alternativa. Aí é onde está a gente. Por isso vêem tantas pessoas mortas, cadáveres andantes... Estão vivas
só de nome, porque são indiferentes. Uma vez que começam a fluir... Por experiência têm descoberto uma lei muito
básica. Não se trata realmente de uma massagem, é seu interesse pela outra pessoa.

PLANTAR-LHE CARA AO CIÚMES

O que lhes digo não será uma experiência a menos que o experimentem. E de que maneira se pode experimentar? Uma
maneira é situando-os diante de vós. Agora se escondem a suas costas. Não os reprimam, expressem. Sentem-se em
sua habitação, fechem as portas e lhes concentre em seu ciúmes. Observem, olhem, deixem que se acendam tanto
como lhes seja possível. Deixem que se convertam em uma chama forte, ardam nela e vejam o que são. E não digam do
começo que são feios, porque essa mesma idéia os reprimirá, não lhes permitirá sua total expressão. Nada de opiniões!
Simplesmente tentem ver o efeito existencial do que são o ciúmes. Sua verdade existencial. Nada de interpretações nem
ideologias! Esqueça-lhes dos budas e do trabalho, lhes esqueça de mim. Deixem que o ciúmes sejam. Contemplem,
contemplem profundamente, e façam o mesmo com a ira, com a tristeza, com o ódio e com a possessividade. E pouco a
pouco verão que com o simples feito de ver através das coisas começam a receber a sensação transcendental de que
são simplesmente testemunhas; a identidade se rompe. A identidade se rompe unicamente quando enfrentam algo
dentro de vós.

ENTRAR NO MEDO.
PENETRAR NO MEDO

Quando: Em algum momento durante o dia. Quando tiverem o estômago vazio, ou 23 horas depois de ter comido; do
contrário, poderiam vomitar.
Passo 1. Fechem a habitação; se for possível, estejam nus ou levem roupa solta, e sentem-se com as pernas cruzadas.
Passo 2. Coloquem as mãos a só 5 centímetros por debaixo do umbigo e apertem. Logo soltem a pressão, a pressão
funciona como um disparador. Podem deixar de pressionar uma vez que comecem a passar coisas... Aproximadamente
dois minutos depois. Ao pressionar o hara surgirá medo e sua respiração começará a ser caótica, assim permitam e
entrem nela. É possível que comecem a experimentar um grande tremor... Cooperem com ele. Possivelmente tenham
vontades de lhes pôr a dar voltas no chão... Façam. Se a respiração se tornar caótica, deixem; se as mãos começarem a
mover-se...
Aconteça o que acontecer, se tiverem vontades de dançar, dancem. Não o dirijam, permitam: sede possuídos. Isto pode
durar de 25 a 45 minutos, e terá um efeito tremendamente benéfico. Pode que necessitem como mínimo dois meses
para completá-lo, mas terão uma experiência primal, e alcançarão um espaço muito profundo dentro de vós.
Passo 3. Antes de ir a dormir, permaneçam na cama com os olhos fechados e imaginem uma piçarra negra, todo o negra
que possam, visualizem nela o número 3 e três vezes. Primeiro vejam, logo apaguem; vejam, apaguem, e assim
sucessivamente. Logo visualizem o número 2 e três vezes, e, apaguem. Depois o número 1, três vezes e apaguem; logo
o zero. Quando chegarem ao zero, sentirá um grande silêncio, um que nunca antes havia sentido, e esse silêncio
aumentará à medida que cresce sua experiência primal. Tentem completá-lo antes de ficar dormidos. Vão devagar, com
amor... Possivelmente demorem de dois a três minutos. Do mesmo modo, dentro de vós há distintas capas, de modo que
quando chegarem ao zero tocará em seu interior a capa zero. O dia em que tenham completado esta experiência primal
cairá em um silêncio absoluto, como se toda a existência de repente tivesse desaparecido, como se nada fora. Essa será
uma grande visão

PLANTAR-LHE CARA AO MEDO

Quando: Cada noite.


Duração: 40 minutos.
Passo 1. Sentem-se em sua habitação com a luz apagada e comecem a ter medo. Pensem em todo tipo de coisas
horríveis: fantasmas e demônios e o que seja que possam imaginar... Pensem que estão dançando a seu redor e que
forças malignas lhes sacodem. Agite-lhes de verdade com sua própria imaginação: eles estão matando, tratam de lhes
violar, de lhes asfixiar. Penetre no medo o mais fundo que possam e, aconteça o que acontecer, sigam adiante.
Passo 2. Durante o dia, ou a qualquer outra hora, sempre que surgir o medo, aceite. Não o rechacem, não pensem que
se trata de algo mau que devem superar. É natural. Ao aceitá-lo e ao expressá-lo de noite, as coisas começarão a trocar.
DO MEDO AO AMOR

Isto troca o equilíbrio do medo ao amor.


Duração: 40~60 minutos.
Passo 1. Sentem-se comodamente, com a mão direita colocada debaixo da esquerda e, os dedos polegares unidos. Isto
situa a energia em certa relação, certa postura. A mão esquerda está conectada com o hemisfério direito do cérebro, e
vice-versa. O lado esquerdo é a sede da razão, um covarde. Um homem não pode ser ao mesmo tempo um intelectual e
um valente. O hemisfério direito é intuitivo.
Passo 2. Relaxe-lhes, fechem os olhos. Deixem que a parte inferior da mandíbula se relaxe enquanto começam a
respirar pela boca.
Quando respiram pela boca e não pelo nariz, estabelecem um novo patrão de respiração, e por isso se pode romper o
antigo. Além disso, quando respiram pelo nariz constantemente estimulam o cérebro. O nariz é dual, a boca não o é. De
maneira que quando respiram pela boca não estimulam o cérebro... A respiração vai diretamente ao peito. Criará um
novo estado de relação muito silencioso, não dual, e suas energias começarão a fluir de um modo novo.

REVIVER A INFÂNCIA

«Não terá que lhe temer a nada, terá que entendê-lo. A totalidade da vida deve converter-se em uma história de
compreensão... Nem o medo nem a ira são necessários. São estorvos desnecessários para a compreensão...».
Primeira Parte
Quando: Cada noite antes de dormir.
Duração: 10~15 minutos.
Passo 1. Sentem-se na cama com a luz apagada. Converteu em um menino pequeno, tão pequeno como podem
conceber, como podem recordar, possivelmente de três anos, já que mais à frente o esquecemos por completo. E estão
sozinhos.
Passo 2. Comecem a chorar, emitam sons de gritaria, sem sentido. Estejam loucos e, deixem que as coisas surjam:
começarão a emergir muitos sons. Se houver gritos, deixem durante 10~15 minutos, por pura diversão.
Passo 3. Agora dorme com essa simplicidade e inocência infantis.

Segunda Parte
Quando: Durante o dia, sempre que surgir a oportunidade.
Na praia, sede como um menino que recolhe búzios, que corre pela areia, que recolhe pedras, que constrói castelos de
areia. E sempre que encontrarem meninos jogue com eles, não permaneçam como adultos. Sempre que for possível,
estejam nus... E lhes tombe na terra para que possam lhes sentir como um menino. Faça-lhes caretas ante o espelho,
chapinhem na banheira, joguem com patos de plástico.
«O único que se requer é que voltem a conectar com sua infância e isso desaparecerá, porque começou ali e devem
apanhá-lo no momento em que se gerou. Devem retornar à raiz, porque as coisas se podem modificar se as agarramos
por raiz... A questão é começar a reviver a infância. E isso desaparecerá, e quando se tiver ido sentirá que florescem de
verdade».

JOGANDO RAÍZES

«É um dos problemas mais recorrentes do homem moderno; toda a humanidade sofre de desarraigo... Quando forem
conscientes disso, sempre sentirão um tremor nas pernas, incerteza, porque as pernas são realmente as raízes do
homem. Através de suas pernas o homem está enraizado na terra. Uma vez que entendem um problema diretamente,
empreendem o caminho para solucioná-lo. Agora devem fazer duas ou três coisas...».
Quando: Cada manhã.
Passo 1. Antes de começar a correr, ergui-os com os pés separados por 10~15 centímetros e fechem os olhos. Logo
transladem todo seu peso ao pé direito, como se lhes apoiassem sozinho sobre ele; o esquerdo carece de carga.
Sintam... E logo troquem ao esquerdo. Todo seu peso está sobre o pé esquerdo e alivia por completo de carga o direito,
como se não tivesse nada que fazer. Está aí na terra, mas carece de peso. Façam isto 45 vezes, sentindo a mudança de
energia, e sintam o que se sente. Logo tratem de estar simplesmente no centro, nem à esquerda nem à direita, ou em
ambas. Simplesmente no meio, sem ênfase, cinquenta-cinquenta. Esta sensação lhes dará mais arraigo na terra.
Passo 2. Se lhes acharem perto do mar, vai cada manhã à praia e corram na areia. Se não estiver perto do mar, corram
descalços por qualquer parte. Sem sapatos, com os pés sobre a terra, de modo que haja contato entre seus pés e a
terra.
Às poucas semanas começarão a sentir uma grande energia e força nas pernas. Do mesmo modo, comecem a respirar
com mais profundidade. Seguro que agora respiram levianamente, e com a respiração superficial se começa a sentir
desarraigo. O fôlego tem que ir à própria raiz de seu ser, e a raiz é seu centro sexual... De modo que então a respiração
produz uma constante massagem do centro sexual. Então lhes sentem arraigados.
Do contrário, se sua respiração for superficial nunca vai ao centro sexual, surge um distanciamento que lhes faz sentir
confusos, inseguros, sem saber quem são, aonde vão... Simplesmente flutuam à deriva. Então perderão o brilho,
carecerão de vida, porque, como pode haver vida sem um objetivo? E como pode haver um objetivo quando não estão
arraigados em sua própria energia? De maneira que o primeiro que terá que fazer é obter uma ancoragem na terra...
Que é a mãe de todos.
Logo um lhes arraigar no centro sexual... Que é o pai de todos. Então estarão completamente relaxados, centrados,
ancorados.
Passo 3. Terminem de correr repetindo as instruções esboçadas no Passo 1.
PARA MAIS INFORMAÇÃO
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