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Quer Casar Comigo – Anne Marie Winston 1

(Desejo 13)

QUER CASAR COMIGO?


The Marriage Ultimatum

Anne Marie Winston

O Dr. Derek Mahoney passou anos controlando seu desejo, até que a sensual e
ardente Kristin Cordon o desafia. Por algum tempo, ela se contentou em ser a
babá de sua filha e sonhar em ser feliz ao lado de Derek, seu grande amor! E ele
aproveita a oportunidade para fazer o que parecia certo: seduzir Kristin. Mas,
estaria ele pronto para satisfazer o desejo dela de se casar?

Digitalização: Ana Cris


Revisão: Crysty

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(Desejo 13)

CAPÍTULO UM

— Derek, acho que devíamos nos casar.

— Você acha... o quê? — Derek Mahoney quase soltou o instrumento que usava
para suturar a pata do cão perdigueiro. Percebendo a distração do veterinário, o
animal tentou ficar de pé.

Kristin Gordon mudou a posição do cão que segurava para Derek, acalmando-o.
Afastou, impaciente, uma mecha de cabelo. — Eu disse que acho que devíamos nos
casar.

— Ah — Derek sorriu e relaxou. Kristin não mudara desde a adolescência. Ainda


tinha as mesmas idéias estranhas. — Está certo, Kris. Podemos fazer isso na hora
do almoço?

Os olhos verdes de Kristin se apertaram. As sobrancelhas escuras, contrastando


com a pele de porcelana, se ergueram, franzidas, no que Derek reconheceu como
o ar mal-humorado de "isso não é piada".

— Derek, eu...

— Sério — ele falou ao mesmo tempo.

— Bom dia, Dr. Mahoney. Oi, Kristin. Obrigada por fazer meu trabalho. Ao deixar
as crianças na escola, descobri que estava com um pneu furado. — Faye, a técnica
veterinária, entrou voando no Quartz Forge Animal Clinic, ainda abotoando o
jaleco. — Como vai indo a nossa velha Princesa?

— Ela está ótima para um cão de 12 anos que se prendeu no cortador de grama. —
Derek ergueu o animal e colocou-o gentilmente no chão, feliz por mudar de
assunto. — A Sra. Peters está na sala de espera. Pode levar a Princesa. Nenhum
exercício forte, antibióticos e um colar elisabetano, para ela não morder os
pontos.

— Está bem. — Faye passou uma papeleta para ele. — Mutley está chegando para
a cirurgia de amanhã. O dono quer conversar com você.

Derek pegou a papeleta enquanto abria a porta para Faye e o velho cão.

— Derek?

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Relutante, ele olhou por cima do ombro. Na verdade, tinha pensado em sair da
sala sem mais conversa. — Kris, há uma sala de espera cheia de donos de animais
impacientes. Você precisa cuidar da minha filha e voltar para seu trabalho. Por
que não discutimos esses planos de casamento hoje à noite?

— Você não está me levando a sério.

— Você está certa. — Tocou na ponta de sua longa trança loira. Nos últimos dez
anos, sempre mexia com ela assim, desde a primeira vez que a vira, quando veio
para as montanhas da Pensilvânia para uma entrevista com Paul Gordon sobre
sociedade em sua clínica veterinária. Na época, sua filha era uma menina esperta
de 16 anos. Usava os cabelos para cima, meio desarrumados.

Não tinha mudado muito, pensou divertido, olhando sua figura alta, esguia,
enfiada em uma velha camisa de flanela do pai e calças largas, caqui. Se não fosse
pela gloriosa cabeleira cacheada, poderia passar por um garoto.

— Meu papai! Derek balançou a cabeça ao ouvir a voz, mal tendo tempo de pegar
sua filha Mollie, de quase três anos de idade, quando ela entrou esbaforida e se
atirou em seus braços.

— Oi, foguete. — Esfregou o nariz no dela. — Você se divertiu com Sandy


enquanto Kristin me ajudava?

Sandy, sua recepcionista, não era confiável para segurar cachorros grandes.
Ofereceu-se então para cuidar de Mollie enquanto Kristin ajudava Derek, até a
chegada de Faye.

— Fizemos bonecas de papel! — Mollie sacudiu a tira de figuras de papel. Ele


olhou os grandes e espertos olhos azuis dela, as bochechas coradas e os cabelos
pretos cacheados.

O que teria sido dele sem ela? Perder Deb tinha sido o maior pesadelo que um
homem poderia ter. Um dia, eles estavam esperando ansiosamente o nascimento
do primeiro filho. No outro, tinha escutado frases como “sem
opções”,”metástase" e "impossível arriscar a radiação na gravidez". Tinham
passado as nove semanas restantes da gravidez aturdidos. Dois meses depois do
nascimento de Mollie ele estava ao lado do túmulo de sua esposa, segurando no
colo sua filhinha saudável, quando realmente começou a perceber o que os
médicos tinham dito.

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Mollie ainda estava tagarelando quando Kristin se aproximou, segurando o casaco


leve que ele tinha vestido na filha naquela manhã, antes de deixá-la em sua casa.

— Venha, Mols. Vamos vestir o casaco e brincar lá fora.

Derek pôs Mollie no chão e, imediatamente, ela correu para Kristin, que a abraçou
antes de vestir-lhe o casaco.

— Você foi boazinha para a srta. Sandy?

— Fui.

— Ótimo! Estou orgulhosa. Diga ao papai que o veremos na hora do jantar.

— Adeus, papai. Veremos você na hora do jantar — repetiu Mollie, e ele acenou
enquanto Kristin a levava para fora. Quando a porta se fechou atrás delas, ele
balançou a cabeça, enternecido. Que dupla. Elas eram próximas como se fossem
irmãs. Ele não podia pensar em uma amiga melhor do que Kristin nos últimos anos.

— Kristin tem um cuidado extremo com essa sua garota. — Faye vinha pelo
corredor, carregando um gato.

Ele concordou.

— Não sei o que faria sem ela. — Depois, sorriu forçado, lembrando como havia
ficado abalado na sala de exames. — Mas às vezes ela aparece com umas idéias
bem estranhas.

Faye sorriu. Tinha trabalhado com o pai de Kristin, "Doe" Gordon, antes de Derek
assumir a clínica, e a conhecia desde pequena.

— Deixe-me adivinhar. Ela quer ter aulas de vôo.

— Não.

— Entrar para a academia de polícia? Derek riu e balançou a cabeça.

— Fazer uma caminhada pelo Alasca selvagem?

— Nem perto disso. Ela acha que eu devia casar com ela.

Para sua surpresa, Faye não caiu na gargalhada, como esperava.

— Hum... — Na verdade, a forma como ela aceitou a declaração abalou-o mais do


que gostaria.

— O que significa "hum" ?

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— Acho uma boa idéia.

— Você está brincando? Ela é jovem demais para mim.

— Você tem 34 anos. — Faye tinha mais de 50, e apenas balançou a cabeça. —
Isso é pouco. E Kristin completou 25 na semana passada. Não há nem dez anos
entre vocês.

Olhou-a, sentindo-se traído. Tinha certeza de que Faye ia rir e concordar com
ele sobre a idéia maluca de Kristin.

— É uma idéia doida, exatamente como a maioria das idéias dela.

— Mollie precisa de uma mãe. Quem melhor que a mulher que cuidou dela desde
que nasceu? E você precisa de uma esposa, mas não qualquer uma. Precisa de
alguém tão obstinado quanto você, que revide quando você fica difícil...

— Kristin nem é uma mulher. — Estava irritado.

— Me poupe, Derek. Ela não é um homem e está bem crescida para ser uma
adolescente.

— Pode ser, mas não para casamento. — Sua voz soou áspera, enquanto ele se
afastava pelo corredor, antes de ela ver que tinha ficado corado. Faye devia
estar louca. Ele nem pensava em casar novamente. Sua vida estava ótima, dentro
do possível sem Deb. Ninguém poderia substituí-la em seu coração.

Além do mais, Deb não era cabeça-dura e eles nunca tinham brigado, durante os
dez anos de casamento. Ela não se parecia nem um pouco com Kristin, um
turbilhão de energia, cheia de opinião. Não, ninguém jamais seria como a doce e
gentil Deb.

Ela era calorosa, amorosa, espalhando à sua volta o jeito suave, até que o câncer
tinha terminado com sua vida e destruído a dele. Se não fosse por Mollie, um
precioso presente, por sorte não atingida pela doença que matara Deb, ele teria
se deitado e morrido com ela.

A lembrança de sua querida filhinha abrandou a profunda dor que sentia ao


pensar na vida inteira sem Deb. Tinha muita sorte em ter um acordo jeitoso com
Kris. Mollie não podia estar em melhores mãos.

Mãos. Sentindo a papeleta que ainda segurava, lembrou que era sexta-feira e
tinha pacientes aguardando. Queria terminar o trabalho ao meio-dia, para passar

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a tarde examinando os recém-chegados do Appalachian Animal Sanctuary, um


abrigo de animais sem fins lucrativos que o pai de Kristin havia fundado anos
atrás. Fazendo força para afastar o pensamento de Kristin, atravessou o
corredor para falar sobre Mutley.

Mas, naquela noite, quando se despediu dos voluntários na clínica do abrigo, as


palavras dela ainda martelavam em seus ouvidos. Ele não tinha sido capaz de
pensar em mais nada. Cada vez que se distraía do que estava fazendo, ouvia de
novo aquelas palavras: "Acho que devíamos nos casar."

Loucura! Tinha uma sensação de pânico no peito enquanto estacionava na entrada


da garagem e caminhava para a porta de casa. Era uma bela casa antiga de tijolos,
na pequena cidade de Quartz Forge, poucos minutos distante da Michaux Forest
e do Appalachian Trail.

Kristin havia morado ali com o pai, até a súbita morte dele, oito anos antes, de um
ataque do coração. Exatamente como com Mollie, sua mãe morrera quando ela
ainda era um bebê. Depois que Paul Gordon faleceu, Kristin tinha dito que a casa
era grande demais para ela, e Derek a comprara por um generoso valor, para a
família que ele e Deb pretendiam ter. Kristin tinha achado que ele pagara um va-
lor alto demais, mas ele foi firme. Não que sentisse falta daquele dinheiro.
Ninguém em Quartz Forge conhecia o tamanho de sua fortuna pessoal e ele pre-
feria assim.

Sua fortuna pessoal. A percepção de que era um homem rico — melhor, muito rico
— ainda não parecia real. Graças aos investimentos de seu irmão, os 10 milhões
com os quais ele tinha começado aumentaram consideravelmente em 15 anos.
Talvez, pensou, ele apenas não quisesse que fosse real. Porque se não tivesse
acontecido, seus pais ainda estariam vivos, curtindo a primeira e única neta.

Ele ainda sentia dificuldade em pensar neles. Em um dos cenários mais


improváveis, seus pais estavam nadando, durante uma segunda lua-de-mel no
Caribe, quando foram abalroados por uma lancha veloz pilotada por um jovem
bêbado. Na época, Derek e o irmão Damon faziam o segundo grau. Aconteceu de o
assassino deles ser um príncipe saudita. O pai do jovem, furioso com o
comportamento irresponsável do filho, ofereceu uma quantia multi-milionária em
dólares para os dois irmãos Mahoney e deserdou o príncipe, substituindo-o pelos
seus outros filhos.

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Mesmo não tendo trazido de volta seus pais e não sendo o tipo de justiça que os
americanos conheciam, Derek pensou que isso era muito mais eficaz, a longo
prazo, embora a suspensão da sentença de prisão do jovem.

A pesada porta se abriu enquanto ele subia os degraus, mergulhado em


pensamentos. Molhe apareceu atrás da tela, acenando vivamente. Logo depois,
surgiu Kristin. Olhou para ele, sem sorrir e se afastou, os olhos baixos, enquanto
ele abria a porta e entrava.

— Meu papai! Meu papai! — Mollie tagarelava feliz, enquanto ele a erguia num
abraço. Um minuto depois ela se espremia para se soltar, balbuciando algo sobre
um jogo, "Play-Doh", que queria mostrar. Enquanto ela corria, ele arriscou um
olhar para Kristin.

— Parece que vocês tiveram uma tarde divertida. Quanto tempo ela dormiu de
tarde?

— Duas horas. — Sua voz era tão neutra que ele tinha certeza: ainda estava com
raiva. Era a pessoa mais expressiva que conhecia, os olhos verdes demonstrando
o que estivesse sentindo. — Ela acordou por volta das quatro.

Ele olhou o corredor. Mollie não tinha voltado.

— Kris, sobre o que você disse esta manhã?... Ela inclinou a cabeça, erguendo as
sobrancelhas, com fria interrogação.

— Não é assim tão simples. — Ela olhava fixo para um ponto além do ombro dele,
e Derek teve vontade de agarrá-la e sacudir, até que olhasse para ele. — As
pessoas não se casam, simplesmente, porque é conveniente ou... para resolver
alguns problemas logísticos. Você é uma ótima babá e sabe que eu nunca serei
capaz de agradecer o suficiente por me ajudar a criar Mollie, mas... isso não é
motivo para tentar forçar que nos tornemos uma família.

Houve um longo silêncio no corredor e ele podia ouvir as próprias palavras


inoportunas soando. Finalmente, vendo que ela Kristin permanecia calada,
perguntou:

— Você entende o que quero dizer?

— Perfeitamente. — Sua voz soou gelada. — Você deseja monopolizar minha vida
e minha juventude, por ser um acordo conveniente para você.

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Ele ficou chocado.

— Isso não é verdade! — Ou será que era?

— Olhe, Derek. — Seu rosto tinha uma expressão que, por experiência, ele sabia
que iria precisar usar todo tipo de truques para fazê-la mudar de idéia. Sua voz
passou de gelada para quente. — Isso não é justo comigo ou com Mollie. Ela está
ficando dependente demais de mim. Você terá problemas quando se casar de
novo, um dia. Acho que Mollie vai ter muita dificuldade de se adaptar a uma nova
mãe.

— Dependente como? — Seu tom de voz não facilitava e ele ignorou o resto das
palavras dela, pois não sabia como responder. Por que tinha que se casar de novo?
Estava feliz assim.

Ou, pelo menos, tinha sido. Ele não tinha certeza de para onde isso estava indo,
mas não estava gostando.

— Ela tem me chamado de mamãe. Não sempre, mas às vezes escapa. Diante de
todo o tempo que passamos juntas, provavelmente é natural... e era sobre isso
que eu queria falar. — Ela respirou fundo e a voz tremeu. — Acho que deve
encontrar uma nova babá para Mollie.

Ele ficou surpreso. Não surpreso. Nocauteado, completamente chocado. Nem ao


menos podia pronunciar uma resposta. Naquele instante, Mollie veio correndo em
sua direção, exigindo que ele visse seu desenho.

— Tem assado no forno, com cenouras e batatas. Mollie comeu muitas frutas e
vegetais hoje, então pode tomar um pouco de sorvete de sobremesa.

— Você não vai ficar? — Quase sempre ela jantava com eles durante a semana.

— Não. — Virou e pegou o casaco no armário. — Tenho algumas coisas para fazer
esta noite.

Dane-se Derek!

Na tarde seguinte, Kristin olhava mal-humorada para as colunas de números


diante dela, mas não conseguia se concentrar nos impostos que devia preparar
para um artista local. Estava claro que Derek ainda pensava nela como uma
adolescente frívola. Por que ele não conseguia ver que tinha mudado e
amadurecido? Confiara nela para criar sua filha, mas não acreditava que tinha

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crescido.

Bem, aquilo ia mudar. Estava cansada de ser a prestativa, boa e velha Kristin,
para o trabalho braçal. Deb tinha morrido há mais de dois anos.

Ficou triste. Ela amara Deb como uma irmã. E se continuasse viva, Kristin nunca
teria conhecido seus sentimentos por Derek, a não ser como um devaneio de
adolescente. Mas, não era mais uma adolescente. Era uma mulher. Que o amava
profundamente.

E hoje ele havia deixado claro que não estava nem um pouco interessado em
mudar a maneira como a via.

Suspirou. Era tão errado querer uma família dela e um amor para o resto de sua
vida? Era uma boa mãe para Mollie e sabia que a garotinha a amava.

Fechou os olhos, rejeitando teimosamente as lágrimas. Era prática demais para


gastar o resto de sua vida esperando pela lua. Tinha 25 anos e mal tinha dado
uma segunda olhada em outro homem. Durante toda a vida, nunca ficara
seriamente atraída por outra pessoa... por que comparava todos com Derek? Na
faculdade, alguns rapazes a convidaram para sair, mas ela não queria se envolver.
Chegara mesmo a ter uma relação sexual, mas foi tão morna que mal podia ser
considerada como tal.

E tudo culpa de Derek. Na época, ele ainda era casado e ela nunca imaginara que
podia se apaixonar por ele um dia. Ainda assim, servia como padrão para avaliar
os outros homens, mesmo sem perceber.

Mas então Deb morreu. E gradativamente ela foi reconhecendo que seu amor de
garota não tinha enfraquecido nem morrido. Tinha amadurecido para o amor de
uma mulher. Mas ele evitava sua aproximação.

Kristin não ia passar o resto da vida esperando Derek acordar. Se ele não a
queria, era hora de ir em frente, mesmo com o coração doendo. Talvez não
houvesse outro Derek Mahoney por aí, mas havia muitos homens, bons homens
que podiam amá-la, com os quais ela podia formar um lar e ter uma família.

E, se um canto de seu coração pertenceria sempre a Derek, ela seria a única a


saber ou se importar.

Tomada a decisão, pegou o lápis, determinada a completar algo no tempo limitado


que tinha. Mollie ainda estava no sono da tarde e as tardes silenciosas eram os

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seus períodos mais produtivos. O trabalho de contabilidade que fazia era móvel, e
ela o trazia ao vir para a casa de Derek todas as tardes.

Era um bom acordo. Ele deixava Mollie em sua casa de manhã. Kristin dava o café
para ela. Ao meio-dia, iam para a casa de Derek almoçar e enquanto Mollie dormia
ela trabalhava.

A única ocasião em que ficava um pouco apertada era durante as últimas semanas
de entrega do imposto de renda, quando ela poderia trabalhar o dia todo, se
quisesse, e às vezes pegava mais trabalho que devia. Mas o dinheiro era bom... e
os céus sabiam que não podia rejeitar uma renda extra, desde que seu pai havia
morrido. Não depois das dívidas que descobrira que ele tinha deixado.

Na verdade, se trabalhasse como contadora em tempo integral seria capaz de


pagar a dívida em mais ou menos um ano, ao invés do tempo mais longo que
projetara. Não seria tão ruim, pensou, se encorajando.

Sim, tinha sido um bom acordo entre ela e Derek. Mas ia terminar.

Mollie acordou pouco depois das quatro. O horário dela era bem previsível, a
menos que estivesse doente, e Kristin deixou que a ajudasse a fazer um bolo de
carne para o jantar. Tinha acabado de tirar a assadeira do forno, às cinco e meia,
quando a porta da frente se abriu.

Ela ouviu a voz excitada de Mollie, contando os eventos do dia. Sarge, o cão
mestiço que acompanhava Derek à clínica, veio galopando pelo corredor, abanando
a cauda para saudá-la. Acariciou o grande cão por um momento, antes de colocar
sua tigela de comida no chão e deixá-lo comendo.

— ...Eu e mamãe fomos à biblioteca e fomos na loja e eu dormi...

— Você e Kristin — Derek corrigiu.

— É. E depois joguei "Play-Doh"!

Kristin sorriu tristemente, enquanto guardava seu trabalho na pasta e caminhava


para a porta da frente. Será que ele pensava que estava exagerando sobre o fato
de a menina chamá-la de mamãe?

Derek ainda estava no vestíbulo com Mollie nos braços. Ela tinha o rosto dele
apertado entre as pequeninas mãos, enquanto olhava atentamente dentro de seus
olhos, e o coração de Kristin se apertou com a visão das duas cabeças escuras

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próximas. Silenciosamente, pegou seu casaco.

— Acabei de aprontar o bolo de carne, então você pode jantar logo.

Derek olhou para ela, piscando os olhos azul-escuros.

— Você não vai jantar conosco de novo?

— Não. Tenho uma reunião da diretoria à noite. — Desde que havia terminado a
faculdade, participava das reuniões dos diretores do abrigo.

— Só começa às sete. Ainda é cedo.

Sem poder enfrentar o olhar dele ao passar, esperou que saísse do caminho. Mas
ele não se moveu, com o ombro largo muito perto da porta para ela poder abrir.
Respirando fundo, olhou-o, desafiadora.

— É, mas eu já estou indo. Com licença.

— Você não vai mais jantar conosco? — Ele se afastou, como se não a ouvisse, e
seu tom de voz era tão agressivo que ela quase recuou.

— Não sei. — Esse homem raivoso não era o Derek de sempre. Geralmente, era
uma das pessoas mais gentis que conhecia. Claro que, na metade do tempo, ele
andava aéreo, pensando nos animais que tratava. Derek ainda estava imóvel,
esperando por uma resposta. — Provavelmente. Em alguns meses é o aniversário
de Mollie. Pensarei em algo especial.

— Setembro! Faltam três meses. — Ela e Mollie pularam quando ele gritou. Mollie
começou a chorar e a raiva dele se transformou em preocupação, enquanto
acariciava as costas dela. — Sinto muito, docinho. Não queria te assustar.

— Pa-papai, não grita com Kristin... — Mollie ainda tinha lágrimas nos olhos, mas a
vozinha firme.

Derek ficou de boca aberta.

— Ela fala como você! — acusou.

Kristin sabia que não era um cumprimento, mas não estava preparada para a dor
que a assolava. Deb era doce, calma e charmosa. Se já tinha erguido a voz ou
exigido alguma coisa, Kristin não sabia, e sinceramente duvidava que tivesse
desafiado Derek alguma vez na vida. Ela, Kristin, não podia ser mais diferente
que a amada esposa de Derek.

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Inclinando-se, beijou a testa da garota e murmurou:

— Vejo você amanhã, querida. — O movimento deixou-a bem perto de Derek, mas
ela se afastou rapidamente, antes de ele poder notar mais alguma falha.

Naquela noite, o telefone tocou quando estava saindo do chuveiro. Enrolou-se em


uma toalha e correu para o quarto.

— Alô?

— Precisamos conversar — disse Derek, sem rodeios.

— Não há nada para conversar.

— Você sabe que não é verdade. Kris, você não pode, simplesmente, sair da vida
de Mollie tão de repente. Ela depende de você.

— Não estou mudando para a Califórnia. São apenas alguns quilômetros.

— Mas ela a vê quase todos os dias.

— Está certo. — Exasperada, abanou uma das mãos. — Eu irei uns dois dias por
semana almoçar com ela, depois que você arrumar uma nova babá. — Fez um
esforço para suavizar a voz. — Assim eu não sentirei que a estou abandonando.

— Gostaria que não fizesse isso. — Sua voz era suave e persuasiva.

Ela fez um gesto, quase sucumbindo ao apelo. Depois, lembrou de sua recusa em
levá-la a sério, na véspera.

— É preciso — falou, também suavemente. — Preciso começar a viver minha


própria vida, Derek. E você também.

— O que significa isso?

Ela suspirou. O que poderia dizer para que ele parasse de tentar fazê-la mudar
de idéia?

— Passamos tempo demais do nosso tempo livre juntos.

— E daí?

— Daí que precisamos aprender a viver sozinhos.

— Ontem você queria casar comigo.

— É, queria. — Se ele tentava fazê-la sentir-se culpada, estava conseguindo. —


Mas você deixou sua posição clara como água, por isso preciso aceitá-la.

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— Acho que você está me punindo por dizer não.

— Não estou! Só acho que está na hora de irmos em frente. A Deb já se foi há
quase três anos e temos flutuado em volta do mesmo acordo, desde antes de ela
morrer. Não pode ser bom para qualquer um de nós se não for permanente, então
precisamos reconhecer isso. Um dia quero ter minha família, mas nenhum homem
vai se interessar por mim enquanto eu estiver envolvida com você e Mollie. —
Deus, esperava que ele não tomasse aquela declaração ao pé da letra. Já estava
humilhada demais sem que ele soubesse de seus sentimentos.

Houve um silêncio pesado. Derek mal podia se conter ouvindo o nome de sua
esposa. Como ia reagir àquela declaração?

— Talvez você esteja certa. Não é justo que eu a monopolize indefinidamente.


Você tem sido tão maravilhosa com Mollie que foi fácil esquecer que você precisa
viver sua vida.

— Obrigada. — Ela teve que lutar para que sua garganta não fechasse. Era a coisa
mais difícil de sua vida. — Preciso desligar. Vejo você na segunda.

— Kris? — Ela adorava o jeito como ele falava seu apelido. Ninguém mais a
chamava assim.

— Sim?

— Eu não quero perder contato. Prometa que não vai nos deixar completamente.

Ela riu, perto das lágrimas de novo.

— Eu nunca faria isso. Você e Mollie são minha única família.

Houve um pequeno silêncio.

— Boa noite — ela disse então.

— Boa noite, Kris. — Sua voz estava carinhosa. Lentamente ela desligou o
telefone e afundou no lado da cama, indiferente à toalha úmida, tentando conter
os soluços.

Enquanto pegava um lenço, o telefone tocou de novo. Olhou para o identificador


e, reconhecendo o número do diretor-tesoureiro do abrigo, achou melhor
atender. Já passava das nove horas, tarde para ele ligar. Esperava que não fosse
um problema.

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CAPITULO DOIS

Minutos depois, ligou para Derek.

— Kris, pensei que tivéssemos terminado.

— Não seja bobo. É outra coisa.

— O que há? — Sua voz mudou. — Você está bem?

— Cathie Balisle morreu em um acidente, uma hora atrás.

— O quê? Que aconteceu?

Cathie Balisle era a diretora-executiva do Appa-lachian Animal Sanctuary. O pai


de Kristin a tinha contratado quando conseguiu uma doação de um milhão de
dólares, logo depois de abrir o abrigo, e ela se mostrara perfeita para a função.

— Motorista embriagado. Rusty Sheffield acabou de ligar. Eu disse que ia ligar


para você.

— Deus, que horror. Não posso acreditar.

— Eu sei. — Ainda que não fossem amigas, Cathie e ela tinham trabalhado juntas
em projetos do abrigo. — Toda aquela energia e comando...

— O que a diretoria vai fazer?

— Duvido que alguém já tenha pensado, mas acho que vão entrevistar e contratar
alguém, logo. — O abrigo era enorme, com um grande orçamento e freqüentes
questões de gerenciamento, para ficar sem um diretor-executivo.

— Assim que souber do funeral, me avise. Arrumaremos uma babá para Mollie,
para irmos juntos.

Ele parecia ter esquecido o que Kristin dissera sobre separar suas vidas, mas ela
não conseguia brigar.

— Está certo.

— Obrigado por ligar. Mantenha-me informado.

O funeral de Cathie foi marcado para dois dias depois, às onze da manhã.

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Quando ligou para informar Derek, ele disse:

— Fecharei a clínica por algumas horas. Sandy vai para minha casa, cuidar de
Mollie.

— Agradeça a ela por mim.

— Eu a levarei comigo quando for buscar você, às dez e meia.

— Não precisa.

— Não é a hora de clamar por independência, Kris. Vamos ficar juntos nisso.

Funerais. Como tinha sido com o pai dela e, depois, com a esposa dele. Juntos.
Subitamente, pensou que o enterro de uma mulher jovem poderia ser difícil para
ele.

— Tudo bem.

Mollie correu para os braços dele, ele e Kristin sorrindo enquanto ela tagarelava
sobre seu dia. Sentando-se numa cadeira na cozinha, com Mollie no colo, Derek
contou a Kris o que aconteceu naquela semana. Tinha sido tirado da cama no meio
da noite, para tentar salvar um cachorro atropelado. O cão acabou morrendo e os
donos não entendiam por que tinham que pagar por ele.

Kristin não conhecia aquela história, pois não tinha aparecido desde terça-feira.
O jantar estava na mesa quando Derek chegara e ela saiu antes mesmo de ele
tirar o casaco.

Sentia falta dela. Na verdade, estava ansioso pelo funeral de Cathie, para
conversar com Kris.

Mas ela estava calada. Apesar da manhã quente, usava um terninho preto, e seu
rosto estava impenetrável. Provavelmente aquilo a atingia muito. Cathie conhecia
o pai de Kris e, de certo modo, era uma ligação com o passado.

Enquanto se dirigiam para o velório, ela continuava quieta.

— Como você está hoje?

— Bem. Levei Mollie para brincar na igreja metodista. Ela está apaixonada por um
garotinho. Eles andaram de mãos dadas o tempo todo.

Ele sorriu.

— Parece que foi mais divertido do que para mim. Três velhos bassês acima do

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peso, cujo dono não entende o motivo das dores nas costas, uma arara que está
arrancando as próprias penas e um yorkshire de perna quebrada.

Silêncio.

Derek sentia-se como um adolescente nervoso enquanto parava no sinal. — A


diretoria comentou sobre contratar alguém para... substituir Cathie?

— Ainda não. — Kris olhava pela janela. Suas mãos estavam soltas no colo e, sem
pensar, ele pousou uma das mãos sobre as dela.

Quando a tocou, soube que era um erro. Todos esses anos tinham sido amigos e,
desde que dissera aquilo, estava mais ciente dela, fisicamente, do que tinha
estado de uma mulher desde... que era jovem. As mãos dela eram quentes, macias,
e ele se esforçou para não acariciar a pele macia. Se as mãos dela eram sedosas
assim... esqueça, Derek.

Kris não tinha se mexido desde que a tocara. Olhava para a mão dele, maior,
cobrindo as suas, delicadas. Os dedos dele se curvaram sobre os seus e ele pôde
sentir os dela, apertando, suaves e quentes.

Olhou para Derek, que se sentiu sem ar, como se tivesse sido golpeado no
estômago. Os olhos dela eram verdes como esmeraldas, brilhantes, suaves e
vulneráveis. Um lampejo de excitação o atingiu.

— Pare — ele falou rude, puxando a mão, como se tocá-la queimasse sua pele.

— Parar com o quê?

— De me atentar. — Depois de falar, viu que estava sendo injusto. Estranho,


queria discutir com ela.

— Atentar você? — Os olhos faiscaram. — Eu não estava fazendo isso. Foi você
quem me tocou!

— Não estou falando sobre tocar. — Mesmo estando disposto a doar sua casa
para tocar de novo aquela pele suave. — Estou falando de olhares convidativos.

— O que... que há com você? Eu não saberia dar olhares convidativos nem se
minha vida dependesse disso.

Eleja estava arrependido de suas palavras, ciente de que não agira racionalmente.
O sinal abriu e, como a igreja estivesse perto, concentrou-se em dirigir.

Projeto Revisoras
Quer Casar Comigo – Anne Marie Winston 17
(Desejo 13)

— Você é desprezível.

Não falaram mais. Ele estacionou perto da igreja e ela saltou do carro,
atravessando o estacionamento, antes que ele pudesse lhe abrir a porta. Com
rápidas passadas Derek a alcançou, ainda que ela o ignorasse completamente
enquanto assinava o nome no livro de presença e sentava, no fundo da sala. Ele
sentou ao seu lado e ela se afastou um pouco, para não se tocarem.

O que ia fazer com Kristin? Nada. Ela é jovem demais para você. Mas, desde que
ela mencionara casamento, tinha começado a pensar nela como mulher, não mais
como uma garota.

Os serviços do funeral começaram e, com alívio, ele afastou os pensamentos. A


maioria dos membros da diretoria do abrigo estava lá, assim como empregados e
muitas pessoas do local, que tinham conhecido Cathie, além de Faye e outros
funcionários.

Durante a homilia, percebeu que Kristin estava chorando. Queria passar o braço
sobre seus ombros, mas suspeitava que, depois de como se portara, ela podia
mordê-lo. Assim, só a olhava com o canto do olho, vendo como ela se controlava.

Quando o serviço terminou, estava mais calma. Fizeram a curta viagem ao


cemitério em silêncio e se juntaram aos outros, para o rápido enterro. Kristin
afastou-se para falar com os pais de Cathie. Ele fez o mesmo, indo se juntar a
Kris.

Perto do carro, viu que ela estava chorando novamente. Sem poder resistir aos
soluços silenciosos, passou os braços em volta dela, puxando-a para perto.

Instantaneamente, ela se aninhou nele, como que buscando proteção, os braços


em volta da cintura dele. Então, enrijeceu.

— Não estou atentando você.

Uma onda de ternura o invadiu e Derek fez um carinho nela.

— Eu sei. Sinto muito. Eu estava de péssimo humor.

Ela não respondeu, mas seu corpo relaxou contra o dele e deixou que a abraçasse.

De novo, foi um erro tocá-la, mas pelo menos dessa vez ele estava preparado para
sentir a pressão entre suas pernas, todo seu corpo quente e formigando. Beijou o
alto da cabeça dela.

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Quer Casar Comigo – Anne Marie Winston 18
(Desejo 13)

— Sinto muito. Sei que você gostava mesmo de Cathie.

— Gostava. Papai a escolheu.

— Sei. Traz tudo de volta, não é? Ela acenou, concordando.

Por cima de sua cabeça, ele viu Faye. Quando passou pelo carro, seus olhares se
encontraram e ela sorriu, aprovando.

Ele sentiu uma ridícula vontade de lhe mostrar a língua, e ajudou Kristin a entrar
no carro. Enquanto dirigia de volta para casa, manteve-se fiel à rejeição: um
casamento entre eles era um absurdo. Ela era jovem, fresca. Ele, viúvo, com uma
filha. Eles iam brigar. Nunca daria certo.

O dia seguinte era o sábado em que era voluntária no abrigo. Ela vestiu um short
e uma camiseta enorme, pegou uma torrada e as chaves do carro.

Quando abriu a porta, Faye Proctor estava parada lá fora. Kristin quase esbarrou
nela, parando, surpresa.

Faye pôs a mão na garganta e riu.

— Puxa, você me assustou!

— Você também. — Fez um gesto. — Entre. Preciso ajudar no abrigo, mas tenho
alguns minutos. O que há?

Faye afundou no sofá, na pequena sala de Kristin, que sentou à sua frente.
Quando seus olhos se encontraram, os olhos de Faye estavam sérios.

— Derek me contou sobre sua sugestão. Fechou os olhos, corando, mas quando os
abriu

Faye ainda estava lá, paciente.

— Aquele... rato. Faye riu.

— Aposto que "rato" não é exatamente a palavra que quer usar!

— Não. — Sorriu de leve.

— E concordo com você, querida.

Kristin olhou para ela, espantada. Ela concordava?

— O dr. Mahoney é um ótimo chefe e adoro trabalhar com ele. Mas tem sido
difícil vê-lo afastar-se de tudo, menos daquela garotinha, desde que Debbie

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Quer Casar Comigo – Anne Marie Winston 19
(Desejo 13)

morreu. É você que não o deixa se fechar completamente...

— Não sei.

— Eu sei. Você o faz comer e ir trabalhar. Ajuda na casa. Criou a srta. Mollie.

— Isso é verdade, mas, como Derek mostrou, não são razões para se casar. —
Tentou afastar a dor que sentia. Eles tinham sedimentado suas desavenças, ele a
acusara de atentá-lo, o clima havia ficado tenso, até ela agradecer pela carona e
sair do carro.

— Aquele homem não enxerga um palmo diante do nariz.

— O que quer dizer?

— Qualquer tolo pode ver que você se interessa pelo dr. Mahoney.

— E tão claro assim?

— Não. Mas eu a conheço desde criança e nunca a vi olhar para um homem como
olha para Derek, quando ele não está vendo.

— Então? — Não queria ser rude. Conhecia Faye tempo bastante para saber que
ela não ficaria ofendida.

— Então, se você nunca o ouviu antes, não vai começar agora, vai?

— É. Não vou passar o resto da vida querendo algo que não posso ter. Se Derek
não me quer, vou me abrir para outras possibilidades.

— Quer dizer, outros homens? Kristin concordou.

— Não seja boba, querida. Você o livrou de se atirar no túmulo com Deb. Ele não
sabia o que era bom para ele, e ainda não sabe.

— Mas... — Estava um pouco perdida. — Como devo... o que posso fazer quando ele
diz...

— Artimanhas femininas. — Faye sorriu. Tocou na sacola que tinha a seu lado. —
Tenho aqui algumas coisas que a minha filha Carlie não pode usar desde que teve
o bebê. Vamos fazê-la parecer mais como uma mulher.

— Mais como uma mulher? — Tocou as ondas brilhantes que caíam pelos ombros.
— Não acho que pareço muito com um rapaz.

— Com certeza não. Vamos apenas relembrar ao dr. Mahoney.

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(Desejo 13)

— Como? Não quero usar um monte de maquilagem.

— Querida, com esse rosto e cabelos, você não precisa de maquilagem. Mas a sua
roupa é outra coisa. — Faye levantou e sacudiu algo que tirou da sacola.

— Gosto de estar confortável. — O que queria dizer sobre o seu rosto e cabelos?
O rosto era pálido, ainda que tivesse olhos bonitos e seus cabelos... a cor era boa,
mas as ondas, indomáveis. Se os cortasse, seria apenas um halo cacheado, assim,
usava-os compridos, trançados ou puxados para trás.

— Você gosta de se esconder — corrigiu Faye. — Não ficará desconfortável com


essas coisas, e com certeza será notada. O vestido é para a noite — Faye
continuou. — Experimente isto. Quando estiver acostumada, iremos às compras.

— Não tenho dinheiro para compras. — Era verdade. Ao morrer, seu pai tinha
pesadas dívidas. Ainda que aos 17 anos fosse menor de idade, nunca pensara em
desonrar os empréstimos que ele havia feito. Todo o dinheiro recebido de Derek
pela casa e pela clínica serviu para amortizar o que devia, mas tinha uma
programação pesada de pagamentos por mais um ano.

— Lojas de segunda mão e boa vontade. Tenho umas boas coisas aqui. — Enfiou a
sacola nas mãos de Kristin. — Experimente.

Faye era uma força da natureza quando estava em missão e Kristin sabia que não
adiantava resistir. E não podia se atrasar.

Tudo servia como um sonho. E esse era o problema. Ela estava acostumada com
roupas largas, soltas. Até à igreja ia com um dos dois terninhos que tinha há anos.

— Não posso sair em público com isto — disse, saindo do lavabo. "Isto" era o
vestido rendado. Era incrivelmente simples no cabide, mas no corpo... temia que
fosse até ilegal.

— Você está linda! — exultou Faye. — Qual é o problema?

— É... revelador demais.

— É modesto, comparado ao que algumas garotas usam. Experimente o resto.

Faye aprovou cada um dos outros itens, mas quando Kristin tentou voltar para a
sua própria roupa, a mulher mais velha exigiu:

— Use isso hoje.

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Quer Casar Comigo – Anne Marie Winston 21
(Desejo 13)

Kristin olhou para baixo. Estava usando a saia de brim com uma camiseta verde
claro.

— Não estou um pouco nua?

— Não. Está leve e feminina. Essa saia está muito melhor do que aquelas calças
largas que usa. E deixe os cabelos soltos.

— Mas eles caem nos olhos.

— Então corte.

— Não! — Então viu os lábios de Faye apertados e sorriu, relutante. — Está bem.
Usarei solto. É bonito assim, não é?

— É lindo, querida — Faye falou, suavemente. — E você também. Agora, vá para o


abrigo e saboreie os cumprimentos que receber.

— Está bem. — Provavelmente não veria muitas pessoas. — Tentarei hoje. Mas
não estou prometendo mudanças drásticas no guarda-roupa.

— Negócio fechado.

— Faye... eu não estou fazendo isso para o Derek. Mas para mim. Se ele não
estiver interessado, talvez alguém esteja.

A mulher mais velha concordou e sorriu.

— De qualquer modo, vai notar alguma reação.

Mas, de quem? Kristin se despediu de Faye e entrou em sua caminhonete,


esperando não estar muito atrasada. Lá no abrigo ela fazia o que era preciso, mas
quase sempre trabalhava no atendimento, pois Cathie tinha dito que era boa com
o público.

Seus olhos se fecharam, tristes, ao pensar em Cathie. E se arregalaram de novo.


O público! Como tinha esquecido? Hoje era o festival de verão, um evento anual
realizado em cada mês de junho para conseguir doações e fazer relações
públicas. Tinham pensado em adiar, depois da morte de Cathie, mas era um
evento grande demais. De qualquer modo, Cathie não aprovaria isso. O festival de
verão havia sido idéia dela. A melhor maneira de homenageá-la, segundo os
diretores, era manter o evento.

Haveria um grande número de visitantes, sem falar na imprensa, em todas as

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(Desejo 13)

áreas públicas. E ali estava ela, vestida como para um concerto dos NSYNC.

CAPÍTULO TRÊS

Estava um lindo dia para o festival de verão. O sol brilhando, uma ligeira brisa e a
temperatura de quase 20° perto do meio-dia. Derek percebeu o movimento no
estacionamento do abrigo, onde diferentes tipos de barracas e atividades se
espalhavam sob as árvores.

Havia uma exibição e os sócios do clube local demonstravam as habilidades de


seus animais. Uma programação estava visível perto das mesas, com os horários
das demonstrações dos animais, de criadores de filhotes-guia, um criador de
pássaros, uma equipe de cães farejadores de drogas e uma mulher que salvou
filhotes de urso. Passeios de pônei eram oferecidos no campo próximo, e passeios
guiados pelo abrigo.

Quando pôs Mollie no chão, ela gritou:

— Ma-mãããee! — Ele a segurou.

— Espere aí, franguinha.

— No chão, papai! Quero ver mamãe.

— Kristin não é sua mamãe, Mollie. É nossa amiga.

Olhou pela multidão, a pulsação acelerada, mas não a viu. Porém, quando chegou
perto do asfalto, viu as ondas de cabelos loiros. Kristin estava diante do es-
critório do abrigo, com dois membros da diretoria.

Era... Kristin? Usava uma saia — Kris nunca usava saias. E não uma saia qualquer.
Uma saia curta de brim, justa nos quadris, exibindo as longas pernas nuas. Usava
um top igualmente pequeno, aderente, que exibia as curvas femininas que ele não
imaginava que ela tivesse. Bom, imaginava, só que nunca tinha pensado nela
daquela maneira... até a semana passada. Agora, parecia ser a única coisa em que
pensava.

Olhou-a novamente, a pulsação acelerada.

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(Desejo 13)

Mollie puxou a sua mão.

— Quero ir ver Kristin.

— Está bem. — Soltou a mão e a seguiu, devagar. Com o barulho não escutou, mas
soube quando Kristin viu Mollie. O lindo rosto se iluminou de prazer e ela se
abaixou, abrindo os braços.

Antes de Mollie cair em seus braços, não pôde deixar de perceber como a posição
da saia de Kristin, erguida nos quadris, expôs uma sombra entre as pernas dela.

Ela era adorável. Como não tinha notado antes? Você notou. Sempre soube que a
filha de Paul um dia seria uma linda mulher.

O problema é que "um dia" tinha chegado sem ele perceber.

Enquanto andava, tentava controlar os hormônios. Não queria que Kristin


pensasse que sentia calores por ela. Destruiria todo o relacionamento familiar
deles.

Exatamente o que não fez quando a acusou de atentá-lo.

— Dr. Mahoney. Que bom que veio. — O mais velho dos dois homens que estavam
com Kristin estendeu a mão. Walker Grave era o advogado local, que atuava como
presidente do abrigo e era voluntário para resolver as questões legais.

— Eu não faltaria. — Derek apertou-lhe a mão, depois parou diante de sua filha e
Kristin. — Ela viu você logo que chegamos.

— Estou feliz em ver a minha srta. Mollie. Derek inclinou um pouco, sussurrando.

— Você devia pensar em mudar de posição, antes que todos os homens daqui
consigam ver sob a sua saia.

Os olhos dela arregalaram, e ela se sentiu corar. Levantou depressa, erguendo


Mollie nos braços.

— Vamos, Mols, tomar uma limonada e deixar o papai conversar.

— Não vou demorar. Não pretendo prendê-la o dia todo. — Ela não respondeu,
mas ele tinha certeza de que escutara.

— Ei, doutor. — O jovem alto estendeu a mão. Um vendedor de seguros, com


escritório movimentado em Quartz Forge, Rusty Sheffield era o tesoureiro do
abrigo. — Bom vê-lo. Sentimos a sua falta na diretoria. — Olhou Kris, que se

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(Desejo 13)

afastava. — Ainda que ter Kristin aqui não seja exatamente difícil.

— Kristin pode não ficar na diretoria se aceitar a oferta — Walker falou.

— Que oferta?

— Pedimos para ela ocupar temporariamente o cargo de diretora-executiva —


disse Rusty.

Derek ficou surpreso demais para falar.

— O que pensa disso? — perguntou Rusty.

— E... não sei.

— Estaríamos tirando a babá dele — disse Walker. — O que espera que diga?

— Não é isso, apenas nunca pensei em Kristin como...

— Nem nós — falou Walker. — Mas no momento em que alguém mencionou o nome
dela, não encontramos uma única razão para não querê-la. Ela será maravilhosa.

Derek também não encontrava uma única razão para ele não a querer, mas
duvidava que estivessem falando da mesma coisa. Prestou atenção nos homens e
pensou na idéia. Por que ela não tinha comentado com ele?

— Ela fará um trabalho excelente para vocês.

— Temporariamente — disse Walker. — Apenas por alguns meses, enquanto


procuramos a pessoa certa. Você sabe que administrar uma empresa sem fins
lucrativos desse porte não é tarefa fácil.

— Se Kristin aceitar o trabalho — Rusty falou —, gostaríamos que você voltasse


para a diretoria e ocupasse o lugar dela. Além de Kristin, você é o mais próximo
da família de Paul Gordon, e conhecia os desejos dele.

— Terei que pensar, mas obrigado pela oferta.

— Dr. Mahoney! — Uma mulher gorducha, de vestido florido andava na direção


deles. — Que bom vê-lo. Queria agradecer novamente pelo que fez por Apricot.
As alergias dela agora parecem estar controladas e o pêlo voltou a crescer
bonito.

Derek colocou um sorriso no rosto e virou para a cliente. O único problema em


ser um veterinário de cidade pequena é que os clientes estão em todo lugar. E
todos pareciam supor que ele estava ansioso para escutar a última crise de saúde

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(Desejo 13)

de seus animais.

Duas horas depois, ainda cativo de seus clientes, ouviu a voz de Kristin.

— Derek? Está na hora de comer. — Ela sorriu para o casal que o acompanhava. —
Desculpem. Sou a desmancha-prazeres que procura fazer o dr. Mahoney
descansar um pouco.

— Obrigado — disse baixinho enquanto a seguia para uma mesa onde havia dois
pratos prontos. — Às vezes, tenho pesadelos, cercado de pessoas contanto
histórias de animais e não consigo me livrar.

— Achei que você estava começando a parecer meio desesperado.

Agradecido, ele sentou, olhando o prato.

— Ovos à La diable e biscoitos de chocolate e amêndoas. Você deve ter sido uma
das primeiras na fila. Onde está Mollie?

Ela indicou o gramado, onde um grupo de adolescentes organizava jogos para


crianças, e ele viu a filha.

— Uma das garotas está de olho em Mollie.

— Obrigado. — Esperou até ela sentar e começou a comer, só então notando a


comida que Kristin tinha escolhido, exatamente o que ele gostava. Ela realmente
o conhecia tão bem?

— Walker e Rusty contaram sobre a oferta que me fizeram?

— Contaram. O que você acha?

— Não sei. É temporário, e para mim uma boa época do ano, pois o trabalho de
contabilidade é pouco até o início do inverno. Acho que seria um desafio inte-
ressante, mas...

— O quê?

— Não sei. Acha que devo aceitar?

— Se eu quero que aceite ou o que acho? Não quero que aceite pois é uma ótima
babá e Mollie precisa de você. Mas, como disse que vai embora, acho que deve
aceitar. Você é organizada, criativa, boa com as pessoas e consciente com
números. Acho que se sairá muito bem.

Ela pareceu admirada.

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(Desejo 13)

— Obrigada.

Quando não falou mais nada, ele a olhou, ainda com a boca cheia de biscoito.

— Eu disse alguma coisa errada?

— Não. — Sorriu, tirando, com a língua rosada, uma migalha de biscoito da ponta
do dedo. — É que você não faz grandes cumprimentos. É bom saber que me julga
capaz.

Ele não respondeu. Mal a ouvira. Cada célula de seu corpo estava ligada naquela
língua, enquanto ela terminava o biscoito e lambia o resto dos dedos. O que ele
daria para ter aquela língua em seu corpo.

Ainda a olhava quando Kristin pegou o guardanapo e limpou os dedos. Olhou para
ele.

— Você... terminou? — A voz falhou quando seus olhos se encontraram.

Olharam-se fixamente, por sobre a mesa, e ele soube, pelo brilho de seus olhos,
que Kristin tinha percebido a fome que ele não conseguia esconder. Finalmente,
ela desviou o olhar e começou a juntar as coisas da mesa.

— É melhor limpar isso e dar lugar aos outros.

Ele esticou a mão e pegou o pulso dela, de leve, mas firme.

— Kris.

Ela ficou imóvel.

— Você está linda hoje. — Não pretendia dizer aquilo, mas não se arrependeu.

— O-obrigada.

— Qualquer razão especial para se vestir assim? Os olhos dela estavam


inexpressivos de novo. Soltou a mão.

— Não quero ser uma mulher velha. De agora em diante, não vou fugir quando um
homem mostrar interesse, nem vou me esconder.

— Um homem como Rusty Sheffield? Ele a convidou para sair?

— Não é da sua conta. Droga que não era.

— Ele é imaturo demais para você.

— Ele tem quatro anos mais do que eu. Dificilmente isso é ser imaturo.

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(Desejo 13)

— Tem estado atrás de cada moça solteira da cidade. Você quer ser a fofoca da
semana na barbearia?

— Melhor do que nunca ser notada. — Ela parecia estar com raiva. — Rusty é
imaturo demais e você é velho demais. Não está deixando muita alternativa,
Derek.

Ele queria sacudi-la, agarrá-la e beijá-la, até que parasse de falar, e a única coisa
que a salvava, e a ele, era a mesa entre os dois.

— Só não quero que você se magoe. — Pelo menos, era uma parte da verdade.

— Ah, controle-se. Você não foi meu guardião por oito anos. — E, antes que ele
pudesse falar, ela pegou um punhado de pratos sujos e andou em direção à li-
xeira, pisando firme.

Derek passou a mão pelos cabelos. O que estava acontecendo com ele? Nesses
dias, sempre que estava perto dela, precisava provocar uma discussão. Não queria
deixar Kristin com raiva. Só não queria que saísse com algum idiota que poderia
usá-la e magoá-la.

Certo. Você a quer, só não deseja admitir. Não tenho que admitir nada, teimou
com a sua voz interior. Ela é como da minha família. Tenho que cuidar dela.

Desde quando cuidar dela inclui babar*com as pernas e os lábios dela? Não tinha
resposta.

As últimas semanas de junho foram agitadas.

Na segunda-feira, Kristin informou que a creche, na rua da clínica, tinha uma vaga
no grupo da idade de Mollie e que ela podia começar, se ele visitasse o local e
preenchesse a papelada.

Ela mesma havia trazido e preenchido os papéis, e ficado a seu lado enquanto ele
assinava e datava.

Não que ele tivesse objeções quanto à creche. Na verdade, estava hesitante em
deixar Mollie sozinha o dia todo com uma estranha; na creche ela estaria com
profissionais experientes e teria outras crianças com quem brincar.

Ainda assim... não tinha falado nada daquilo com Kristin antes de ela colocar
aqueles papéis na sua frente.

Ela começou a trabalhar no abrigo na quarta-feira, no mesmo dia em que ele

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(Desejo 13)

deixou Mollie na creche, pela primeira vez. Mollie parecia feliz e ele foi trabalhar
sentindo-se menos culpado.

O sentimento durou até ir buscá-la, no final do dia, e a encontrou soluçando, nos


braços de uma auxiliar.

— Papai... — Correu para ele, assim que entrou na sala, e ele a ergueu nos braços,
o coração partido, olhando o rostinho banhado de lágrimas e o polegar na boca, o
que só fazia quando estava muito cansada ou nervosa.

— Oi, franguinha. Você se divertiu hoje? Ela negou com a cabeça.

— Ah, Mollie, nós nos divertimos muito de manhã! — A auxiliar, uma mulher mais
velha, calorosa, sorriu. — Você precisa contar ao papai sobre a pintura de dedo e
a nossa hora de história. E não esqueça que amanhã é o dia de compartilhar.
Traga alguma coisa azul.

— Azul?

— Estamos trabalhando com a cor azul esta semana, assim, todos trazem algo
azul para compartilhar.

— O que aconteceu? — Indicou a filha que, já adormecida, pousou a cabeça em


seu ombro.

O sorriso da mulher murchou.

— Ela não dormiu hoje. Ficou dizendo que precisava do cabelo. Há uma boneca
especial ou cobertor que usa para dormir?

Derek balançou a cabeça, espantado.

— Não.

— Bem, não se preocupe. Os primeiros dias são sempre de adaptação. Tenho


certeza que logo ela estará bem.

Mollie continuou dormindo no carro e ele teve trabalho para fazê-la acordar para
jantar. Acordou um pouco na hora do banho e começou a tagarelar sobre seu dia;
quando chegou a hora de ir para a cama, ainda estava desperta e agitada.

Derek já estava sem forças quando Kristin ligou.

— Oi. Só liguei para saber do primeiro dia da Mollie. Prometi ir almoçar alguns
dias por semana, mas acho melhor esperar uns dois dias, até ela se acostumar.

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(Desejo 13)

— Não foi muito bem.

— Ah, não. O que aconteceu? — Ouvindo Mollie gritar ao fundo, perguntou: — O


que ela está fazendo acordada? Precisa estar na cama às oito ou amanhã terá um
dia péssimo.

— Eu sei, mas ela não dormiu hoje e começou a dormir na volta para casa, e agora
está no segundo turno.

Kristin ficou em silêncio. Quando falou, não parecia estar censurando.

— Elas disseram por que ela não dormiu?

— Algo sobre precisar do cabelo. Não entendi. Ela não dorme com um cobertor ou
uma boneca...

— É o meu cabelo. Droga. Desculpe. Nem pensei em lhe contar. Ela costumava
sentar no meu colo depois do almoço. Eu lia uma história e depois a punha na
cama. Ela pegava um punhado do meu cabelo, esfregando pelo rosto, e logo estava
dormindo.

Agora que ela falara, sabia o que queria dizer. Tinha visto Mollie fazer aquilo,
mas como Kristin nunca tivera problemas para fazê-la dormir, não ligara os fatos.

— Inferno, o que vou dizer na creche? Não sei se você...

— Não posso ir lá todos os dias para fazê-la dormir. Mesmo que permitissem, não
terei tempo. Está uma confusão e vou ter trabalho saindo pelas orelhas.

— Sinto muito. Realmente, não esperava isso. Alguma sugestão?

Houve um pequeno silêncio.

— Podemos nos encontrar de manhã? Deixarei que ela corte uma mecha dos meus
cabelos e amarraremos, para ela levar na bolsa, para a hora de dormir.

— Você não pode cortar seus cabelos! Ela riu.

— Só um pedacinho, debaixo. Derek, você sabe que tenho muito cabelo, nem vou
sentir falta.

Ah, ele sabia bem. Não tinha sonhos com aquela massa de ondas quase prateadas,
deslizando pelo seu corpo? Percebeu que ela esperava uma resposta.

— Isso seria fantástico. Se você tem certeza que não se importa.

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— De modo algum. A gente se vê de manhã — terminou secamente.

Ela cumpriu a promessa na manhã seguinte, mas Derek ficou desapontado por não
se demorar muito. Estava usando calça jeans justa com uma camiseta, também
justa.

— Você não tem que se vestir um pouco mais para trabalhar?

— Não hoje. Não tenho qualquer reunião, e uma das pessoas do canil quebrou um
braço ontem, assim, até encontrarmos um substituto temporário, talvez eu
precise ajudar no canil. — Ela sorriu. — Uma coisa é certa, nunca ficarei
chateada por fazer o mesmo trabalho todo dia.

— Lamento se ser babá era...

— Ah, não. Não estava comparando as duas coisas. Quis dizer que nada é como a
seca e velha contabilidade, todos os dias.

Ele sentiu-se melhor e, enquanto ela ia para o carro, não pôde deixar de admirá-
la. Droga. O bom humor sumiu. Todos os homens iam ficar atrás dela.

Apesar de seus pensamentos, ele teve um bom dia na clínica. Quando foi buscar
Mollie na creche, soube que ela havia tirado uma boa soneca.

A rotina se instalou. Kristin ia ver Mollie de vez em quando e, pela conversa da


filha, também ia à creche, mas ele não a via há quase duas semanas.

Como sentia saudade dela. Sentia falta dos olhares indulgentes que trocavam
quando Mollie fazia peraltices. De chegar a uma casa iluminada e com uma re-
feição quente à espera, porém, mais ainda, sentia falta de chegar em casa para o
seu sorriso caloroso e as conversas preguiçosas durante o jantar. Sentia falta de
secar os pratos para ela, de como ela beijava a testa de Mollie, como sempre
tinha tempo para ajoelhar e fazer carinho na barriga de Sarge.

Era ridículo. Tinha aceitado aquilo depois da morte de Deb, deixando Kristin ir
longe demais, formando uma família, ficando habituado demais com ela em sua
vida. Agora, odiava ficar sozinho, sem uma companhia adulta. Sem companhia
feminina. Em especial, ela.

Na última sexta-feira de junho, quando o telefone tocou, seu coração bateu


forte. Nove horas. Geralmente, Kristin ligava a essa hora, para saber deles.

— Alô?

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(Desejo 13)

— Oi. Posso ir aí?

— Claro. Agora? — Claro!

— É. Tem uma coisa que preciso falar com você. — Sua voz o assustou. Tinha
feito algo para aborrecê-la?

Teve a resposta cinco minutos depois. Estava esperando pelo carro e abriu a
porta antes de Kristin chegar à varanda.

— Oi.

— Oi. — Ela entrou na cozinha e pôs no chão uma grande caixa de arquivos. —
Preciso da sua opinião.

— Claro. Sente-se e conte tudo. — Ele sorriu. — E bom ver você.

— Também é bom ver você. — O momento era terno, mas ela tocou a caixa. —
Acho que podemos ter um problema no abrigo.

— Que tipo de problema?

— Derek, parece que tem algo errado com os números. Há uma discrepância nos
livros.

— Uma discrepância? — Ela conhecia tudo sobre balancetes, como ele.

— Está faltando dinheiro.

— Como uma discrepância deliberada?

— Não sei. Mas é difícil imaginar que meio milhão de dólares desaparecidos seja
um acidente.

— Meio milhão. Quinhentos mil dólares? Pra onde foram?

— Se eu soubesse não seria uma discrepância, seria? — Sua voz soou um pouco
sarcástica. Imediatamente, ela disse: — Desculpe. Sei como se sente. É difícil
acreditar. Quando descobri, revisei cada coluna dos livros. Refiz cálculos de
pequenas quantias, mas não achei nada.

— Está dizendo que acha que Cathie pegou?

— Não sei o que pensar. Mas parece...

— Bom Deus. O que fazemos? Não podemos perguntar a ela.

Parecendo querer chorar, ela respondeu:

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— Não. Mas não quero, de modo algum, deixar isso escapar, a menos que
tenhamos certeza absoluta de que está mesmo faltando e que Cathie teve algo a
ver com isso. Ela adorava o abrigo e não posso acreditar que iria nos fraudar.

— Kris, querida, não chore. — Sem pensar, ele levantou-se e foi até ela,
abraçando-a. — Vamos refazer todos os cálculos. Pode ter alguma coisa que você
não viu. Sabe como é, com tantos números à sua frente.

— Talvez seja isso. — Os braços apertaram a cintura dele. — Obrigada. Eu sabia


que ia me ajudar.

— Vamos descobrir isso. Sabe que sempre pode contar comigo. — Ela sentiu-se
suave e feminina em seus braços, o corpo quente entregue ao dele e, sem pensar,
Derek ergueu-lhe o rosto. — Meus Deus, Kris. Senti tanto a sua falta.

As mãos dela deslizaram pelos cabelos dele e ele colou os lábios nos de Kristin,
todo seu corpo ficando vivo, sentindo o dela, quando a apertou entre os braços.

CAPÍTULO QUATRO

Era o beijo com que sonhava. Os braços de Derek em volta dela, apertando, e ela
podia sentir os contornos do corpo dele. Sentia as mãos dele em suas costas.

Era alta, mas Derek a fez sentir-se pequena e frágil. Era forte e torneado, tanto
pela ginástica semanal quanto pelas horas de trabalho com grandes animais. A sua
boca, céus, a boca! O seu beijo não era leve, embora a princípio fosse doce e sem
exigências, os lábios acariciando e colando, mordiscando o lábio inferior dela e
sugando-o gentilmente. Mas não pôde esconder os próprios sentimentos, e quando
ele percebeu a resposta que o corpo dava, separou os lábios dela e procurou-lhe a
língua, tocando-a delicadamente, até o beijo ficar profundo, forte, a língua
dançando com a dela, repetindo os movimentos de seus lábios

contra os dela.

Os dedos dele prendiam-lhe a cintura, e ela se soltou em seus braços enquanto os


quadris se uniam. Ele estava duro contra ela, que sentiu o estranho prazer de
saber que era a mulher que o tinha deixado assim. Seu corpo estava latejando.

Projeto Revisoras
Quer Casar Comigo – Anne Marie Winston 33
(Desejo 13)

Então, Derek ergueu-a e sua boca ficou mais gentil, diminuindo a ferocidade dos
beijos, até afastar os lábios. Ele não a soltou, prendendo-a pela cintura, e ela
deslizou as mãos pelo peito dele, sentindo-se envergonhada, sem poder olhar para
ele.

— Kris?

— Sim?

Ele estava sorrindo, esquisito.

— Bem, não sei o que dizer.

— Não vamos dizer nada.

— Não posso fazer isso, você sabe.

— Sr. Sabe-tudo, você está certo... não pode fazer isso.

— Você me conhece tão bem...

— Isso o incomoda?

— Não.

— Mas gostaria de não ter me beijado. — Sua euforia havia sumido. Ele não
precisava falar; estava nos olhos dele. Sentiu uma dor profunda. Agora ela sabia
como era o céu. Que sumiu diante de seus olhos.

— Sim. Não. Não sei! — Ele se afastou, agitado. — Preciso de algum tempo para
analisar meus sentimentos, para resolver o que fazer...

— Não fique em pânico, Derek. — Ela manteve a voz firme e calma, tentando
conter as lágrimas enquanto colocava as pastas na caixa. — Não estou pedindo
nada. Nada mudou.

— O diabo que não mudou.

— Não blasfeme. Estou apenas tentando que não se sinta tão culpado! — Sua voz
estava exasperada, mas tentou suavizá-la; ele só estava tenso. — Foi só um beijo.

— Foi? — Ele se afastou enquanto ela ia para a porta e, subitamente, não era
mais o Derek seguro, conhecido. Era um estranho, com dúvidas, olhos excitados,
um homem por quem sentia enorme atração sexual. Ele pegou a gola de sua blusa
e puxou-a de novo para ele.

Projeto Revisoras
Quer Casar Comigo – Anne Marie Winston 34
(Desejo 13)

Estavam em silêncio enquanto se olhavam.

— As coisas mudaram. Só preciso saber o que fazer quanto a você.

— Não há nada para saber. — Afastou as mãos dele. — Você não precisa tomar
decisões sobre como se sente. Acontece. Ou não.

Girou a maçaneta, mas ele segurou a porta por um instante.

— Eu preciso de algum tempo para pensar sobre você. Sobre nós.

O coração dela falhou, mas Kristin afastou o sentimento. Como ele não percebia o
que havia entre eles? E por que ela queria um homem que precisava pensar antes
de decidir o que sentia por ela?

— Não há "nós". E se pensa que vou ficar sentada em casa enquanto você disseca
seus sentimentos e decide se tenho permissão para caber em sua vida, está
completamente enganado. — A voz tremia e as lágrimas ameaçavam cair,
enquanto ela passava pelas mãos dele na porta e fugia para a noite.

Outra semana se passou e o feriado de 4 de Julho chegava.

Derek temia o feriado. Ele, Deb e Kristin tinham ido ver os fogos desde que se
conheciam e, depois da morte de Deb, mantiveram a tradição, junto com Molhe.
No ano anterior, levaram uma cesta de piquenique para próximo do campo onde
eram soltados os fogos. Tinham conseguido um bom lugar na colina, brincado e
lido histórias até o anoitecer e depois, deitados no cobertor — com Mollie entre
eles —, visto os fogos.

Como seria esse ano?

Não tinha falado com Kristin desde a noite daquele beijo, que virará sua vida de
cabeça para baixo. Ela não havia ligado para falar do abrigo e nem à noite, para
saber de Mollie. Na creche disseram que ela visitava Mollie. Pelo menos não tinha
abandonado os dois.

Creche. Depois daquele primeiro dia terrível de transição, não estava indo tão
mal. Nem muito bem. Eles gostavam que as crianças fossem pegas às cinco e meia.
Às seis, no máximo, e aquele horário não dava para ele. A clínica ficava aberta
até as sete, duas vezes por semana, então ele não estava livre até as sete e meia.

Quando Kristin cuidava de Mollie, ela dava comida mais cedo para sua filha e
jantava com ele, depois, enquanto Mollie brincava. Agora, tinha que pedir a Faye

Projeto Revisoras
Quer Casar Comigo – Anne Marie Winston 35
(Desejo 13)

ou Sandy para pegar Mollie e deixá-la na clínica até ele terminar. Elas lhe davam
um lanche, para que não ficasse chateada, e, quando ele conseguia chegar em casa
e preparar o jantar, ela não estava mais com fome. Mas continuava chateada.

Não estava funcionando muito bem. Ele precisava de flexibilidade. E estava


começando a pensar como gostava do acordo flexível que tinha com Kristin. Tinha
posto um anúncio para babá e ia entrevistar três nos próximos dias, mas duvidava
que ficaria satisfeito. Kris tinha feito sua vida tão fácil que ficara estragada
para qualquer outra coisa.

Olhou para o telefone. Já era 2 de julho e Kristin não tinha ligado para combinar
como seria o dia 4. Achava que não ia ligar. Pegou o fone. Era ele quem estava
angustiado.

Afinal, não tinha parado de pensar naquele beijo a semana toda. Em sua reação e
na dela, a urgência com que haviam se enroscado.

Sua pulsação acelerou. Como ela era doce. Ele queria mergulhar no carinho dela,
nas sensações que ela causava, se enterrar dentro dela. Nunca tinha se permitido
pensar assim, fantasiar. Depois, começou a pensar como ela tinha crescido e
imaginou o que Deb pensaria dele beijando Kris... e quão idiota tinha sido, dizendo
que precisava de tempo para decidir sobre eles.

Antes de discar pensou no que falar. Ainda não sei o que dizer, mas gostaria de
passar mais tempo com você. Estou com saudade.

Simples. Honesto. Achava que a honestidade era a única forma de lidar com ela.

Decidido, ligou e, quando ela atendeu, estava pronto.

— Oi, Kris. Como vai?

— Bem. E você e Mollie?

— Mollie está bem. Eu nem tanto. Estou com saudade.

— Sei que é diferente, agora que não estou por perto. Mas vai ficar mais fácil.

— Não quero dizer que sinto sua falta com Mollie. Eu sinto sua falta. É por isso
que estou ligando. A que horas quer que a pegue no dia 4? Pensei que seria bom
fazermos aquela coisa de piquenique de novo. Foi divertido, no ano passado.

— Derek, este ano não posso ir com vocês.

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(Desejo 13)

— Veja, Kris, sinto muito por aborrecê-la naquela noite...

— Não é por isso. Se eu estivesse livre, ficaria feliz em ir com vocês. Mas já
tenho um compromisso.

Ela tinha um compromisso. Um encontro?

— Com quem?

— Ninguém que você conheça. Ele é um novo membro da igreja.

A igreja que ele, Derek, tinha freqüentado no Natal e na Páscoa, enquanto ela
levava Mollie para a escola dominical.

— Bem, talvez nos vejamos lá.

— Talvez. Dê um beijo em Mollie por mim.

— Darei. — Queria mesmo é que Kris desse um outro beijo nele. Logo depois
desligou e jogou o fone na parede, numa rara demonstração de raiva.

— Inferno! — Sua cabeça começou a martelar. Era um idiota. Tinha ficado o


tempo todo pensando em si mesmo e como um relacionamento com Kris iria afetá-
lo.

Era um choque saber que ela nem estava pensando nele. Se você acha que vou
ficar sentada em casa esperando você dissecar seus sentimentos e decidir se
tenho ou não permissão de caber em sua vida, está completamente enganado.

Ela não estava brincando! Seu coração murchou. Longe de manipulação, Kristin
estava desistindo.

Queria esganar. Ela não podia sair com outro homem depois de tê-lo beijado
daquele jeito! Deb podia ter sido a única mulher com quem tivera um relacio-
namento físico, mas não era tolo. Sabia que não podia perder a cabeça com
qualquer mulher, como tinha acontecido com Kris. Meu Deus, eles praticamente
pegaram fogo naquela noite.

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(Desejo 13)

Estava confuso. Ele a desejava. Não queria desejá-la, tinha medo. Kristin era uma
mulher muito diferente de Deb e nunca tinha se visto com alguém, além da esposa
que tinha adorado.

Sandy estava certa. Agora Kristin era definitivamente uma mulher. Toda mulher.
Mas não para ele, que devia até gostar de ela estar tendo encontros.

Não gostava! Na verdade, estava com vontade de atirar mais coisas pela sala, só
de pensar em Kristin saindo com outro.

Kristin trabalhou até tarde na segunda-feira seguinte. Depois de verificar que


todo o pessoal tinha ido embora, pegou os programas de computador que con-
tinham as entradas de despesas do ano anterior. Mesmo parecendo cada vez mais
que Cathie tinha fraudado o abrigo, não queria acreditar. Teria que informar à
diretoria.

Enquanto analisava os números na tela, viu uma anotação colada ao monitor.


Terça-feira, 13 horas.

Rusty Sheffield a tinha convidado para almoçar. Mesmo dizendo que queria
conversar sobre o abrigo, deixara claro que considerava mais do que um almoço
de negócios. Tinha falado que estava linda no dia do festival de verão, e
perguntado se estava envolvida com alguém, ficando aliviado quando respondera
que não.

Não era mentira. Uma vaga amizade civilizada com Derek não é um
relacionamento. Apesar da dor no coração.

Tinha se prometido não ficar sentada pensando em Derek. Então, disse sim a
Rusty e também a um encontro de verdade na sexta à noite, com um eletricista
que tinha vindo ao abrigo consertar os fios.

Assustou-se com uma batida na porta do escritório, e rapidamente minimizou o


programa. Foi para a porta com um sorriso agradável, ainda que os horários de
funcionamento estivessem escritos na porta de entrada. Olhando pela janela,
reconheceu o carro de Derek ao lado do seu. Seu coração acelerou e a boca ficou
seca.

Ridículo. Você está sendo ridícula. Mas não conseguiu evitar a resposta de seu
corpo, como não conseguiu evitar o sorriso que iluminou seu rosto, ao ver Derek e
Mollie. Amigável. Seja amigável mas não familiar demais.

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Quer Casar Comigo – Anne Marie Winston 38
(Desejo 13)

— Que bela surpresa! O que os traz aqui?

— Eu queria falar com você e Mollie te ver.

Então Mollie viu Hobby, o manso retriever, mascote do escritório. Com um grito,
partiu para o cachorro, que deitou de barriga para cima, para receber carinho.

— Bem, ela queria ver você. Parece que foi preterida por um cachorro.

— Não seria a primeira vez. Entre. Ainda estava trabalhando.

Ele franziu o rosto, seguindo-a. Encostou num arquivo, enquanto ela se apoiava na
escrivaninha.

— Esse trabalho não paga o bastante para você fazer hora extra.

— Não farei quando estiver acostumada com tudo. — Abaixou a voz. — Tenho
revisado as despesas, tentando descobrir pra onde foi aquele dinheiro.

— E não quer fazer isso quando houver alguém por perto.

— É. Não encontro nada que indique outra pessoa, a não ser Cathie sendo a
culpada.

— Contou para alguém da diretoria?

— Ainda não.

— Logo vai precisar contar.

— Sei. Só quero ver mais algumas coisas antes de contar.

Houve um breve silêncio. Derek enfiou a cabeça para fora da porta e, quando
olhou de novo para ela, estava sorrindo.

— Mollie está deitada no cachorro.

— Hobby é paciente com crianças. Como vai ela?

— Muito bem. Agora está bem na creche, graças ao seu cabelo.

Ela sorriu, distraidamente puxando uma mecha de cabelo.

— Que bom.

— É, exceto que não vou ser capaz de mantê-la lá.

— Por que não?

— É um ótimo lugar, mas os horários são apertados. Vou procurar uma babá que

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(Desejo 13)

possa ser mais flexível quando eu tiver que trabalhar até tarde, e que possa ficar
mais tempo com ela nas noites da clínica.

— Ah, nunca pensei nisso. Talvez eu pudesse...

— Não pode. Mas se estivesse disposta a me ajudar nas entrevistas, gostaria de


uma outra opinião.

— Claro. — Ele estava certo. E ela ficara satisfeita de ele ter afinal enfiado na
cabeça que ela não ia ser a babá de Mollie pelo resto de suas vidas. Mas...

Um outro silêncio, dessa vez menos confortável. Falar sobre babá fazia com que
pensasse no motivo pelo qual Derek precisava de uma, o que levava à culpa, que
por sua vez a deixava aborrecida, pois não devia se sentir culpada por querer
viver a sua vida.

— Então, como foi o seu encontro no dia 4?

— Bom.

Se fosse honesta, diria que foi horrível. O homem parecia ter mais braços que um
polvo, e todos eles determinados a tocá-la. Tinha adorado chegar em casa,
praticamente fechando a porta na cara dele — definitivamente, a melhor parte
da noite.

— Você gostou dos fogos?

— Gostei, e você?

— Gostei, mesmo com Mollie sentindo sua falta. Ela ficou perguntando quando
você ia chegar.

— Sinto muito. — E sentia. Teria ficado muito melhor com eles, mas desde aquele
desastroso beijo pensava que ele não queria a sua companhia.

— O que achou dos novos rojões deste ano?

— Interessantes. Gostei do som deles.

— É. Andamos, procurando por você, mas não a encontramos.

— Você está tentando descobrir se eu fui mesmo ver os fogos?

Para surpresa dela, ele ficou corado e evitou olhar para ela.

— Foi meio estranho não conseguirmos encontrá-la.

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(Desejo 13)

— Bem, eu estava lá. — O que estava acontecendo? Ele tinha deixado claro que
não estava pronto, como se ela fosse uma tarefa desagradável que tinha que
agendar e completar.

— Você vai vê-lo de novo?

— Por quê? — Desejou conseguir dizer que estava dormindo regularmente com
Craig, mas não conseguia mentir.

— Se ele vai aparecer com freqüência em sua vida, gostaria de conhecê-lo.

— Sabe, já tenho idade para não precisar de consentimento e você não é meu pai.

— Você vai vê-lo de novo? — repetiu, inflexível. Ela hesitou, percebendo que ele
não ia desistir.

— Provavelmente não. Mas os meus encontros não são de sua conta.

Ele empurrou o arquivo abruptamente e partiu para o escritório dela. Ela foi
atrás, confusa e irritada, enquanto ele se inclinava e erguia Molhe nos braços.

— Dê um beijo em Kristin. — Quando Kristin se aproximou e pegou a garotinha,


Derek sorriu, enigmático. — Tudo o que você faz é da minha conta, Kris.

Na quinta-feira à noite, Faye comprou sanduíches para Mollie e para ele, que
comeu pedaços de seu hambúrguer entre pacientes. Quando terminou de
examinar o último animal do dia e foi comer as batatas fritas, estavam geladas e
foram para o lixo. A comida era muito pior do que as refeições saborosas que ele
fazia quando Kristin estava em sua vida.

Como sentia falta dela. Na segunda-feira à noite, tinha passado no abrigo. Mas o
encontro o deixara insatisfeito e preocupado com o ar evasivo dela.

Ela falava sério sobre encontros com outras pessoas? Ele queria mais tempo.
Mais tempo para quê?

Mais tempo para adiar. Para se dizer que não eram certos um para o outro. Para
fingir que não estava interessado, não a queria, não ia se importar que se en-
volvesse com outro homem. Mais tempo para se afastar, quando ela se
aproximava.

Percebeu que estava agindo como uma mulher, que dizia não, querendo dizer sim.
Ele queria Kristin, só não podia admitir. Ela estava certa ao acusá-lo de querê-la
perto por conveniência, só que não a queria para trabalhar. Se estivesse ligada a

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(Desejo 13)

ele, não poderia sair com outra pessoa.

O problema com aquela estratégia era que ela não estava mais por perto. O 4 de
Julho tinha sido um exemplo.

Tinha andado com Mollie na multidão, para comprar pipoca doce, mas o seu
objetivo era encontrá-la. Não viram Kris e seu par e depois, quando sua filha
deitou no cobertor a seu lado para ver os fogos, só conseguia pensar nela. Ele
podia não ter visto, mas ela teria chamado a Mollie, mesmo sem querer falar com
ele.

Teria desistido de ir? Onde teria ficado, fazendo o quê? Cerrou os dentes de
raiva, pensando em Kristin nos braços de outro homem. Não tinha o direito de fi-
car com raiva. Não estava pronto para se declarar, começar a sair com ela. Devia
ficar satisfeito por ela se afastar.

Mas não estava. Tudo bem. Se você a quer, vai ter que falar para ela.

Sentia como se estivesse guardado desde a morte de Deb, com os sentimentos


amortecidos, seu interesse por sexo abafado pela perda. Mas agora, o envoltorio
estava rasgado e ele só pensava em quanto queria Kristin.

Distraidamente, virou o carro na direção da casa dela. Estava tão pensativo que
se assustou quando Mollie percebeu onde estavam e gritou de alegria.

Enquanto saía do carro, ficou inseguro. Devia estar ali? Devia pensar em mudar a
amizade que ele e Kristin tinham compartilhado por tantos anos? Ela havia
mudado, fazendo com que ficasse ciente dela, feito com que precisasse de novo.

Tirou Mollie do carro e foi para a porta. Quando ia tocar a campainha, percebeu a
porta encostada. Cuidadosamente, empurrou com um dedo e, quando ela se abriu,
olhou para a sala.

Kristin estava no sofá, dormindo. Seu sangue gelou, vendo-a deitada, indefesa,
aporta destrancada para qualquer predador. Ficou nervoso. Estaria doente?

Colocando Mollie no chão, atravessou a sala e se ajoelhou ao lado do sofá. Pegou o


rosto dela com a palma da mão, aliviado por sentir o frio sedoso de sua pele. Não
estava com febre.

— Kris. Vamos, bela adormecida. Hora de acordar.

— Tistin? — Mollie gritou por entre os joelhos dele e pôs a sua pequena palma do

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(Desejo 13)

outro lado do rosto dela. — Hora de acordar.

Os cílios de Kristin lutaram para abrir e ela piscou duas vezes. Reconhecendo os
dois, um sorriso iluminou seu rosto.

— Devo estar sonhando — falou com voz rouca, suave.

Pôs a mão no rosto de Mollie, mas os olhos nele.

— Oi.

— Oi! 'tão eu leio uma 'tória?

— Claro. Você sabe onde estão. — Enquanto Mollie corria, ela continuou a olhar
para ele.

Derek deslizou o polegar pelo lábio dela, ainda mantendo o olhar fixo.

— A porta estava aberta. Pensei que algo estivesse errado.

— Sinto muito. Estou exausta... devia ter fechado direito. — Enquanto ele
continuava a passar o dedo sobre o lábio macio, olhou de novo para ele. — Tem
certeza de que não estou sonhando?

CAPÍTULO CINCO

— Não está sonhando. — Mollie já estava mergulhada nos livros. Olhou os lábios
de Kristin, suaves, quentes, querendo desesperadamente beijá-la. Mas não diante
da filha. — Você comeu alguma coisa?

— O quê...?

— Estou com fome. Se não comeu, podemos comer juntos.

— Não. Cheguei e apaguei. Aposto que também não comeu nada. Derek, se ficar
doente...

Ele passou a mão pelos lábios dela.

— Você tem ovos?

Concordou com a cabeça, olhando-o.

— Bom. Farei um omelete para nós. Vá vestir o seu pijama. Mollie, quer ajudar o
papai a cozinhar?

— Uh-uuu!

Ele achou os ingredientes e, com a "ajuda" de Mollie, começou a fazer os

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(Desejo 13)

omeletes. Logo depois Kristin entrou na cozinha, com uma camiseta enorme e
bermudas de jogging.

— Pensei que fosse vestir o pijama.

— Este é o meu pijama. Menos a bermuda. Menos a bermuda. Ele se esforçou para
não pensar em Kristin usando apenas aquela camiseta que não cobria as suas
coxas. Coxas que imaginava, graças àquela saia curta.

Virou a última omelete e colocou na mesa.

— Que tal uma salada para acompanhar? — Kristin pegou alface e outros
ingredientes na geladeira e sentaram.

Como sempre faziam, deram-se as mãos e deixaram Mollie fazer uma pequena
oração, que tinha aprendido na escola dominical. Quando Kristin ia soltar a mão
da dele, ele a reteve com um leve aperto.

— Senti falta de nossas refeições. Obrigado por estar conosco.

Ela sorriu. — Estou contente por ter vindo.

— Eu também, ou a sua porta ficaria aberta a noite toda.

Estavam quietos, enquanto Mollie tagarelava, saindo da mesa assim que acabou de
comer.

— Teve sorte em solucionar o problema financeiro?

— Não. Tenho uma reunião com Rusty amanhã, na hora do almoço, e vou mostrar o
que descobri.

— Quer que eu vá junto?

— Acho que posso cuidar disso. Mas obrigada pela oferta.

Ele queria falar sobre seus sentimentos, mas não sabia como. O sorriso de Kristin
sumiu e ela pousou a mão em seu braço.

— Derek, está tudo bem?

Não. Como pode estar tudo bem se só consigo pensar em você? Sempre tinha se
preocupado com ela, como um irmão. Mas agora, havia algo mais pessoal, que fazia
seu coração acelerar. Era apenas amizade, pensava.

— Estou bem. — Colocou a mão livre na dela. — Você iria jantar conosco amanhã à

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(Desejo 13)

noite? Estarei de plantão, mas sabe como é. Deve ficar calmo até as duas da
manhã. É importante. Gostaria da sua opinião sobre algumas candidatas a babá.

— Já tenho planos para amanhã à noite. Desculpe.

Pode ser sábado?

Que planos? Com quem?

— Claro. — Afastou o braço, tirando os pratos, lutando com o ciúme que sentia.
Iria sair de novo com o sujeito do 4 de Julho? Outra pessoa?

Silenciosamente, ela o ajudou a limpar a mesa. Quando ele olhou, a expressão


dela era ilegível e ficou chateado.

Ela parecia não perceber o seu humor e sentiu-se pior. Antes, ela se preocupava.
Mas, desde que tinha falado de casamento e ele descartado, as coisas não iam
bem. E agora... ele temia ter estragado tudo.

O telefone tocou.

— Droga.

Ele olhou para ela, que tinha as mãos cheias de sabão.

— Quer que eu atenda?

— Obrigada.

— Alô?

Depois de um silêncio:

— Posso falar com a Kristin, por favor? — Era uma voz masculina.

Uma onda de ciúme o invadiu.

— Lamento, mas ela não pode atender agora. Quer deixar recado?

— Lógico. — O sujeito pareceu ridiculamente amistoso. — É o pai dela?

Pai? Estava brincando?

— Não, não é — falou, saboreando as palavras.

— Me desculpe. — O homem parecia menos seguro. — Poderia dizer a ela que Rod
ligou para confirmar o encontro de amanhã à noite? Eu a pegarei às sete.

— Com certeza. — Derek queria que Rod aparecesse agora para jogá-lo no chão.

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(Desejo 13)

— Obrigado.

— Era alguém chamado Rod. Ele a pegará amanhã às sete.

— Ah, obrigada.

— De nada. Ei, srta. Molhe, hora de ir para casa.

— Não! Não acabei leitura!

— Está bem. Só esse. Tem dois minutos. — Não queria voltar para a cozinha e
enfrentar Kristin, então encostou na parede, olhando a filha que "lia".

— Derek?

Ela estava parada no meio da cozinha, pés descalços, aqueles cabelos indomáveis
caindo nos ombros. As mãos torcendo, distraída, a bainha da camiseta, mostrando
o estômago macio. A camiseta também revelava as curvas de seus seios, e ela
nem imaginava como ele queria se aproximar e tocar aquela pele delicada, beijar
seus seios, ver aqueles cabelos espalhados no travesseiro.

— Você está com raiva de mim?

— Não. — Não exatamente, mas ele não se moveu.

— Bem, então o que há?

Deu de ombros, determinado a não falar sobre seus monstros.

— Só não estou muito satisfeito com nosso relacionamento e não sei o que fazer.

— Não tem que fazer nada.

Virando para ela, sem falar, olhou-a fixamente, até a raiva sumir.

Tinha que ir embora. Agora. Caminhou para ela, pegando suas mãos.

— Não estou querendo magoá-la.

— Eu sei — falou, com lágrimas nos olhos.

— Não chore. Daremos um jeito.

— Como?

— Não sei. — Será que ainda esperava que ele mudasse de idéia quanto ao
casamento?

Sem aviso, foi tomado pela imagem dela inclinada languidamente em sua cama, os

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(Desejo 13)

cabelos espalhados pelos lençóis. O casamento daria a ele irrestrito acesso às


suas curvas, seus doces e exigentes beijos, ao incrível prazer que sabia poder
encontrar em seus braços.

Casamento. Loucura. Não ia casar com ela. A pessoa deve casar com quem ama e
não por quem sente desejo.

— Pronto, papai.

— É melhor levá-la para casa. — Sabia que estava fugindo, viu sumir o ar de
esperança nos olhos de Kris, mas não sabia o que fazer ou dizer.

Ela passou por ele, pegando Mollie para abraçar e beijar.

— Obrigada por fazer o meu jantar. — Não olhou para ele. — Te vejo, criança.

— Adeus, mamãe. — Mollie passou os braços no pescoço de Kristin quando ela se


abaixou.

Com o rosto de Kristin entre as mãos, Mollie olhou nos olhos dela.

—'eijo.

— Certo. Um grande beijo. E papai vai te levar pra casa.

Derek pensou em dizer que Kristin não era "mamãe" . A garganta apertou e teve
que engolir o aperto que sentiu, enquanto olhava sua garotinha abraçar Kristin. As
duas se amavam.

Mollie estava certa. Kris era sua mãe, a única que a filha conhecia. Kristin tinha
se dedicado a ela desde o nascimento, pois Deb estava doente demais para lidar
com as exigências de uma criança saudável. Mollie tinha recebido o amor de mãe,
mais do que Kristin, em toda a sua vida.

Estranho nunca ter pensado. A mãe de Kristin tinha morrido de hemorragia


cerebral, antes de Kristin ter um ano de idade. Kris sabia bem como era não ter
mãe, e se dedicara para Mollie nunca sentir o mesmo.

Estaria louco recusando-se a pensar num casamento entre eles?

Kristin levantou, pegando a mão de Mollie. Ele estava preparado para evitar os
olhos dela e ficou surpreso ao vê-la sorrir. O sorriso era cordial, impessoal e,
enquanto pensava no que dizer, ela abriu a porta.

— Nos vemos por aí.

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(Desejo 13)

Ao prender Mollie no assento do carro, lembrou que ela não tinha falado sobre
sábado à noite. Teria desistido?

Encontrou-se com o tesoureiro do abrigo no almoço, sexta-feira. Depois dos


pedidos, Rusty encostou na cadeira e sorriu.

— Acho que não está mais cuidando da garotinha do dr. Mahoney, agora que
trabalha em tempo integral para nós.

— Não.

— Kristin, serei franco. Gostaria de convidá-la para sair. Sempre pensei que você
e Derek...

— ...sabem que Mollie precisa crescer em uma atmosfera familiar — terminou ela.
— A mãe dela morreu poucos meses após seu nascimento, lembra?

— Sim. Então você gostaria...

— Rusty, não parece boa idéia sair com alguém que me emprega.

— Isso significa que devo encontrar logo um diretor-executivo. A menos que


aceite a posição permanente. Você começou a trabalhar comove sempre tivesse
feito isso e sei que é um bem para o abrigo.

— Sem chance. Tenho meus planos e eles não incluem o AAS. Mesmo que fosse o
sonho de meu pai.

— Todos devem ir atrás de seus sonhos. — Ele deu seu melhor sorriso, e ela
pensou por que não podia gostar de alguém como Rusty. Era bonitão, atlético e
gostava de animais. Tinha o próprio negócio, que parecia ir muito bem, a julgar
pelo seu carro esportivo e por ser sócio do clube de campo local. Tinha flertado
com ela desde a primeira vez que se encontraram, mas nunca estivera
interessada. Não via nada, além dos seus sentimentos por Derek.

Cathie, por outro lado, não gostava de Rusty. Ele a convidara para sair muitas
vezes, logo que ela chegou à cidade, mas ela sempre recusara. Rusty era um joga-
dor, dizia. E não queria um homem assim. Tudo o que queria era um homem que a
tratasse como uma jóia preciosa e lhe desse filhos.

— Às vezes, ainda não acredito que Cathie se foi.

— Nem eu. Ela era ótima naquela função.

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Quer Casar Comigo – Anne Marie Winston 48
(Desejo 13)

— Era uma pessoa adorável.

— Com certeza.

— Rusty, encontrei um problema sério nas contas.

— Hein? Estamos em boa situação, graças ao lucro daquela doação anônima que
veio pouco antes de seu pai morrer.

— Não é isso. — E explicou o que tinha descoberto.

— Tem certeza? — perguntou várias vezes, parecendo chocado. — Cathie não


pode ter feito isso. Pode?

— Também não consigo acreditar.

— Jesus. Você contou à polícia?

— Ainda não.

— Então não contou a ninguém. Provavelmente isso é bom. — O tom fazia supor
que não e ela não o corrigiu.

— Trouxe um resumo das informações. — Ela passou a pasta pela mesa.

Rusty enfiou-a na maleta como se contivesse drogas.

— Kristin, cuidado. Não precisamos de publicidade negativa para o abrigo. Pode


imaginar o que aconteceria com as doações se isso viesse a público?

— Nem quero pensar.

— Não deve contar a ninguém ainda. Já descobriu alguma coisa que a ligue a isso?

— Não.

— Você poderia estar enganada? Poderia ser um erro de alguém que trocou os
números ou algo assim?

— Não. Foi a primeira coisa que pensei. Rusty suspirou.

— Não faz sentido. Por que ela faria isso? Estava com problemas financeiros?

— Não que eu saiba.

— Está bem. Veja, continue a procurar, para tentar achar outra coisa. Farei
investigações discretas com o banco e uma verificação de crédito, para ver se
Cathie estava gastando dinheiro demais. Não há motivo de enlamear o bom nome
dela, se não estava envolvida.

Projeto Revisoras
Quer Casar Comigo – Anne Marie Winston 49
(Desejo 13)

— Quem mais poderia ser? Você e Walker são as únicas outras pessoas que
tinham acesso aos fundos do abrigo, não é?

— A menos que alguém tenha falsificado assinaturas.

Não tinha pensado naquilo.

Ela não quis sobremesa, com a desculpa de ter muito trabalho, e logo depois foi
embora. Enquanto voltava ao abrigo, a cabeça girava. Precisava verificar no-
vamente os cheques cancelados.

O encontro com Rod foi divertido. Ela o tinha conhecido quando viera fazer
trabalhos elétricos no abrigo.

Foram a um mini campo de golfe, depois jantar num restaurante mexicano. O


sócio de Rod juntou-se a eles, com sua acompanhante.

Ele dirigia um pequeno carro esportivo moderno, conversível. Sem dúvida, Rod era
atraente. Estava em ótima forma, tinha senso de humor, sem ser desagradável, e
seus amigos eram simpáticos.

Mas sentiu-se pouco à vontade ao final da noite, quando a deixou em casa,


comparando-o com Derek, chateada por não conseguir ter um encontro sem pen-
sar nele.

Rod deslizou um braço pela sua cintura quando chegaram. Fez com que parasse,
virando-lhe o rosto.

— Tive uma ótima noite, Kristin.

— Eu também.

— Gostaria de vê-la de novo.

— Foi divertido — falou, sem se comprometer. — Gostei de conhecer Kevin e


Leslie.

— Que tal eu ligar no fim de semana e ver se podemos marcar outra reunião?

— Está certo, — Só concordou com o telefonema. Ele pôs as mãos em seus


ombros e puxou-a para perto. Ela ergueu o rosto para o beijo, permitindo a
pressão gentil por um momento, antes de se afastar. Com um último sorriso
caloroso, Rod falou:

— Boa noite.

Projeto Revisoras
Quer Casar Comigo – Anne Marie Winston 50
(Desejo 13)

— Boa noite. — Ela acenou e ficou parada por um instante antes de entrar. Droga.
O que esperava? Fogos de artifício? O beijo de Rod tinha sido agradável, mas
sem zumbido.

Fechou a porta e encostou-se nela, pensando. Não tinha ficado sem respiração,
tremendo. Nem querendo mais, com todo o corpo pulsando de desejo.

Quase gritou de susto com uma batida na porta. A mão correu para a garganta.

— Quem é? — Eram mais de onze horas. Quem...

— Sou eu, Derek. Deixe-me entrar, Kris.

CAPÍTULO SEIS

Derek? Kristin virou e olhou para a porta. Como? Devia ser a noite do plantão. Ele
e outro veterinário local trocavam turnos nos fins de semana. Mas...

— Onde está Mollie? — perguntou, abrindo a porta.

— Sissy, a filha de Faye, está cuidando dela. Quem era? Não aprendeu que não
deve beijar um sujeito no primeiro encontro?

Ela ficou com ciúme. Mollie nunca tinha tido outra babá que não ela e Faye. E ele
a questionava?

— Você está ficando chato. Quem disse que foi o primeiro encontro? Como já
disse, não pretendo falar dos homens na minha vida. Se é tudo, gostaria que
fosse embora.

Derek empurrou a porta. — Espere. Kris, só um minuto. Posso entrar?

— Está bem. Mas outra pergunta sobre qualquer coisa que não seja da sua conta e
você já era.

— Kris? — Derek pegou sua mão.

— Sim? — Evitou olhar para ele, o corpo formigando, a respiração acelerada. Por
que não tinha sentido aquilo com o beijo de Rod? Derek mal a tocara e sentia mais
do que com o pobre Rod a noite toda.

Era brincadeira, sentir calores por um sujeito que não a queria. Bom, talvez
quisesse... lembrou o beijo na cozinha, mas não queria, o que era pior.

— Desculpe. Não vim brigar com você.

Projeto Revisoras
Quer Casar Comigo – Anne Marie Winston 51
(Desejo 13)

— Desculpa aceita. Então, por que veio?

— Essa noite fui chamado para uma emergência e acabei agora. Não sei bem por
que estou aqui. Só... vim. — Parecia sem jeito.

— Certo. Gostaria de um chá gelado?

— Sem chá. — Apertou as mãos dela, enquanto a puxava para perto. — Gostou do
beijo dele?

Tentou se afastar, mas ele a abraçou. — Espero que não. — Sua respiração era
quente, a voz aveludada, trazendo-a para mais perto. — Na primeira vez que a
beijei, você gostou. Eu também. E não consigo pensar em nada, a não ser beijar
você. Não vim aqui para chá ou conversa, Kris. Vim pelo seu beijo.

Como podia resistir? Sentiu-se fraca e encostou nele, que a puxou mais. Olhou
para o rosto dele e murmurou:

— Então, o que está esperando?

Ele riu, apertou-a mais nos braços e abaixou a cabeça. Seus lábios se
encontraram e, de novo, todo o corpo dela explodiu em assombrosa onda de calor.
Ficou na ponta dos pés para que a excitação dele se encaixasse entre suas coxas
e os dois respiraram fundo. Um raio passou pelo corpo dela, atingindo a carne
entre suas pernas. Derek passou os lábios nos dela, a língua procurando a dela.
Aprofundou o beijo, abraçando-a com mais força, uma das mãos pegando suas
nádegas. Ela sentiu a boca quente percorrer seu seio. Com uma das mãos ele
pegou um dos seios de Kristin, que gemeu, ardendo nos braços dele, enquanto ele
passava o polegar em seu mamilo. De repente, ele parou.

— Derek?

Ele levantou a cabeça, apertando-a contra ele, mas com a outra mão procurando
algo no bolso... O pager. Olhou a mensagem, suspirou e perguntou:

— Posso usar seu telefone?

— Claro. — Suas pernas tremiam.

Enquanto fazia a ligação, encostou-se no batente da porta, apertando-a contra


seu corpo. Derek escutou a mensagem e falou:

— Estarei aí em cinco minutos. — Desligou. — Tenho que ir. Cachorro atropelado.


— Olhou para ela, sério. — Esta noite mudou as coisas.

Projeto Revisoras
Quer Casar Comigo – Anne Marie Winston 52
(Desejo 13)

— É?

— Almoça comigo amanhã? Podemos encomendar, se quiser.

— Que tal eu levar o almoço? Quer que eu pegue a Mollie?

A expressão dele mudou, sorrindo, e ela sentiu um aperto no estômago. — Não


estou convidando Mollie. Ela pode nos acompanhar no jantar, como planejamos. E
hora de termos um encontro sem uma pequena intrusa.

— Ah. Está bem. Encontro você na clínica.

— Parece bom. — Abaixou a cabeça e beijou-a, rapidamente. — Amanhã ao meio-


dia.

— Amanhã.

— Tranque a porta.

Com as mãos trêmulas, Kristin fechou a porta e sentou na escada. O que tinha
sonhado tinha acontecido? Ergueu a mão e tocou os lábios. Derek a beijara. De
novo. E não por um impulso do qual tinha se arrependido. Riu, nervosa. Se um
pequeno beijo fazia isso... Não tinha sido um pequeno beijo. Foram muitos e não
pequenos, se o corpo sólido de Derek contra o dela fosse uma indicação. E a sua
reação. Tremeu. Tinha ficado sem ação, só pensando em seus sonhos de fazer
amor com Derek. Ainda bem que ele não sabia como se sentia, ou ela poderia ter
pulado nele meses atrás.

Não, meses atrás Derek não estava pronto. Nem semanas atrás, quando tinha
sugerido a mudança de seu relacionamento. Nem esta noite parecia muito seguro.
Ainda que seu corpo soubesse o que queria, Derek ainda estava lutando com a
realidade. Sabia como era difícil para ele deixar Deb ir embora. Mas tinha
esperança, principalmente depois de hoje! Também tinha conhecido e amado Deb.
E sabia que Deb não ia querer que Derek ficasse sozinho para sempre. Acreditava
que Deb ficaria feliz por amá-lo tanto. Iria querer que se casassem e dessem
uma família para Molhe. Ele também queria, pronto ou não para admitir. Tinha
vindo atrás dela, admitindo que não parava de pensar nela. Queria beijá-la. Era
um grande passo. Amanhã seria outro. Iam almoçar juntos. Ele não tinha pedido
para preparar um almoço ou levar Mollie. Queria vê-la. Ergueu as pernas, chutan-
do o ar, feliz da vida.

— Oi pra todos.

Projeto Revisoras
Quer Casar Comigo – Anne Marie Winston 53
(Desejo 13)

Foi saudada pelos recepcionistas e técnicos. Sandy olhou, com um sorriso. Sem
Mollie?

— Sem Mollie.

— Oi, Kristin. — Faye apontou para o corredor. — Derek pediu para ir ao


escritório dele. Alguém acabou de trazer comida chinesa. Ele está atrasado hoje.
Espere alguns minutos. — Sorriu e ergueu o polegar.

Kristin sorriu, esperando que ninguém tivesse notado, depois foi para o escritório
de Derek. Começou a abrir e separar a comida chinesa. Quando a porta se abriu,
virou, o coração pulando, enquanto Derek fechava a porta.

— Oi.

— O-oi. Eu... trouxe vários currículos. A diretoria ainda não anunciou- a vaga, mas
convidaram algumas pessoas que podem estar qualificadas para o cargo. E querem
sua opinião.

Ele pendurou o jaleco no cabide e olhou para ela. A expressão intensa de seus
olhos fez sua pulsação aumentar.

— Minha opinião? — Aproximou-se, passando os braços em volta dela e abaixando


a cabeça. — A minha opinião é que vou ficar louco se não beijá-la logo.

Automaticamente, ergueu os braços como se tentasse impedi-lo. Estavam no


escritório e alguém podia entrar. Os lábios dele tocaram os seus e não conseguiu
se controlar. Ao invés de afastá-lo, suas mãos passaram pelos ombros dele,
agarrando-lhe o pescoço e deslizando pelos cabelos. Apertou o corpo contra o
dele, tremendo com a pressão dura dele contra a sua suavidade. Parecia nunca
ter vivido, antes de estar nos braços dele. Com certeza, agora estava viva!
Imersa na maravilhosa sensação de ser tocada pelo único homem no mundo que a
fazia sentir-se tão completa, não reclamou quando os dedos dele entraram sob
sua blusa. A mão quente deslizou pela sua pele, nas costas, explorando seu corpo,
até chegar à curva do seio. Parando, e depois, pressionando seu mamilo
intumescido, por baixo do sutiã, ela sentiu um líquido quente correr no vértice de
suas coxas. Gemeu. O som a assustou e afastou o olhar de desejo. Pegou o pulso
dele.

— Espere. Alguém pode entrar.

Derek ficou imóvel, os lábios e a mão parados. Por fim, sacudindo a cabeça, tirou

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(Desejo 13)

a mão, acariciando-a suavemente, enquanto ajeitava sua blusa.

— Oh, desculpe. Fiquei um pouco... descontrolado.

— Um pouco? — Ela riu, trêmula.

Ele passou a mão pelos cabelos dela e soltou-a. — Você senta ali. — Afastou-se,
pegando a cadeira do outro lado da escrivaninha. — Não confio em mim com você
ao alcance.

Não confio em mim com você ao alcance. Era verdade.

Deus! Ela tinha explodido em seus braços, e a resposta dela o deixara perdido.
Tinha sido um celibatário por escolha desde que sua esposa morrera, e agora seu
corpo parecia pronto para recuperar todas as horas solitárias, de uma vez.

Para se recompor, falou:

— Fale-me desses candidatos enquanto comemos.

— Certo. — Ele ficou grato por ela aceitar a mudança de assunto. Teria tempo de
perceber que seu mundo tinha mudado.

Um relacionamento sexual. Com Kris. Não conseguia falar daquilo, nem consigo
mesmo. Estaria pensando em ter um caso com ela? Estava ficando louco. Kristin
não parecia confusa. Talvez ele estivesse exagerando. Enquanto comeram, ela
falou sobre os três candidatos à diretoria executiva. Em sua opinião, nenhum
deles parecia adequado.

— Gostaria que contratassem alguém que possa levar o abrigo a um outro nível.
Alguém com experiência em conseguir doações e em marketing. Que tente uma
expansão além dos limites locais.

— Que quer dizer com "além dos limites locais?"

— A nível de Estado. Até nacional. — Pegou uma revista. — Esse é um abrigo de


animais, em Utah, conhecido nacionalmente. Têm um monte de programas para
incentivar doações para projetos especiais. E oferecem seminários sobre tudo,
desde como angariar fundos à criação de gatos. Você devia ver isto.

— Verei. Tenho pensado em recomendar à diretoria que faça um contrato por


tempo determinado e imponha metas que devem ser atingidas. Assim, poderão
avaliar o desempenho e ter uma maneira de liberar o funcionário que não atender
às expectativas. Se contratássemos alguém como você diz, seria parte impor-

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(Desejo 13)

tante do contrato.

— Ótima idéia. — Lembrou da conversa com Rusty. — Você pensou em aceitar a


posição?

— Permanente?

— Rusty mencionou que a diretoria pensava em convidá-la.

— Ele sugeriu. Não me interessa, mesmo gostando do desafio. Ainda quero fazer
contabilidade. Na verdade, planejo uma expansão, assim que você encontrar a
pessoa certa para o trabalho de diretor.

— Expansão? — Ele nunca tinha conversado muito com Kris sobre seu trabalho,
pensou com remorso. Só falavam sobre Molhe, o trabalho dele, a casa dele e
sobre o abrigo. Não lembrava de ter perguntado sobre o trabalho e sonhos dela.

— Posso trabalhar em tempo integral. Aumentaria a minha renda, finalmente


conseguiria sair do... Ah, não importa. Conte sobre a Mollie. Ainda pretende
conseguir uma outra babá?

Derek olhou-a em silêncio. O que havia? Ela estava, falando de seu trabalho e de
repente parou de olhar para ele. Sua postura passou de suave para rígida e o
sorriso era forçado.

— Ainda preciso de uma babá. Mas Mollie gosta tanto da creche que estou
pensando em matriculá-la na pré-escola por alguns dias na semana. A babá irá
levar e ir buscar.

— Está dizendo que uma estranha vai andar com ela por aí?

— Bem, é.

— E se a pessoa tiver um carro velho, algum registro de acidente? O que fará


quanto ao assento...?

— Espera! Só estou pensando. Ainda não entrevistei ninguém e, honestamente,


nem pensei sobre segurança no carro. Você quer me ajudar nisso?

— Claro. E, como estou dando sugestões, por que não vê se existem agências de
babás? Nós ainda teremos que entrevistar e verificar as referências, mas elas
virão recomendadas, depois de uma seleção.

Nós. Uma palavrinha simples. Mas dita de um jeito que iluminava o céu. Nós.

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(Desejo 13)

Quando tinha começado a parecer bom para ele?

Terminou de comer, deu a volta na escrivaninha e estendeu a mão.

Ela olhou a mão estendida e seu rosto. Colocou a mão na dele e levantou.

Não falaram. Olhavam um para o outro enquanto ele a abraçava e se inclinava.


Quando seus lábios se tocaram, ele estremeceu. Tinha encontrado nos braços
dela o calor, o desejo, a paixão e todas as coisas de que sentia falta. Beijou-a
profundamente. As mãos deslizaram pelo corpo dela, até a curva acima de sua
nádega, as palmas ardendo de vontade de tocar as curvas suaves, mas não era o
lugar para isso. A última coisa que queria era deixá-la embaraçada.

— Gostaria de continuar assim o dia todo, mas preciso voltar ao trabalho.

Os olhos de Kristin estavam doces, seus lábios vermelhos e cheios. Suspirou.

— Acho que deve.

— Por quê?

— Derek, não parece justo beijá-lo assim. Sabe que estou saindo com outros
homens e, com certeza, não faço nada disso com eles.

Estou saindo com outros homens. Um incrível ciúme e sentimento de posse o


percorreu.

— É melhor que não. — Sua voz soou rude até para ele, e não esperou uma
resposta. Pegando seus quadris, apertou-a contra seu corpo, sabendo que ela ia
notar sua excitação. — Sem mais encontros — falou, tirando os lábios dos dela. —
Na noite passada eu disse que as coisas mudaram.

— Mas...

— Essa vai ser uma relação exclusiva.

— Exclusiva como?

— Nenhum de nós vai sair com mais ninguém a partir de agora.

— Você não estava saindo com ninguém. Não posso ser seu brinquedo sexual,
Derek. — Seus olhos estavam úmidos. Apesar de sua juventude, Kristin era uma
das mulheres mais capazes e competentes que conhecia. Capaz, indestrutível e
corajosa.

Talvez demais. Ele a tinha ignorado quanto à necessidade de confiança, apoio e

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(Desejo 13)

comprometimento, pois não pensara que ela precisava dessas coisas. Agora sabia
que precisava. Era tão vulnerável como qualquer outra mulher.

Ficou estranhamente calmo, já sabendo o que ia falar.

— Não quero que seja um brinquedo sexual. Quero que seja minha esposa.

CAPÍTULO SETE

Até para ele as palavras eram chocantes.

Kristin gelou.

— Kris, quer casar comigo? — falou, depois de respirar fundo, pegar as mãos dela
e ajoelhar em uma perna.

Kristin ainda estava imóvel e ele se esforçou para afastar a lembrança de Deb. O
passado estava morto e enterrado.

Ele tentou sorrir.

— Não pensei que ia achar a minha proposta horrível.

— Não é isso. Estou surpresa. No mês passado você não queria se casar comigo. O
que mudou?

— No mês passado eu não sabia o que queria. Nem na semana passada. Desde que
você falou de casamento, minha cabeça tem girado. Pensava estar feliz com
minha vida, mas não era contentamento. Achava mais fácil do que procurar um
novo caminho.

— E o novo caminho é me pedir em casamento?

— Não é um novo caminho, é? É o que tenho evitado seguir por tanto tempo.

Algo mudou nos olhos dela e ele ficou, de repente, tomado por... o quê? O que
tinha visto? Dor?

Raiva?

— Ah, Derek. É bom um romance.

Romance. A palavra fazia lembrar Deb de novo. Não era nada disso e não queria
que ela pensasse assim.

— Não sou jovem ou romântico, Kris. O que há entre nós não é romance, mas é
bom. Amizade, compreensão, interesses comuns. Posso prometer que serei fiel e

Projeto Revisoras
Quer Casar Comigo – Anne Marie Winston 58
(Desejo 13)

acho que sabemos que a química está do nosso lado.

— Compatibilidade sexual é interessante, mas não é motivo para casar com


alguém.

Ele estava ficando desconcertado.

— Serei um bom provedor. Você pode trabalhar ou não, desde que acertemos as
coisas para Molhe.

— E outros filhos?

Mais filhos? Estúpido, nunca tinha pensado nisso. Kristin era uma mulher jovem, e
logicamente ia querer os próprios filhos.

Filhos com ele. Era quase impossível respirar.

— Ah, preciso de algum tempo para pensar nisso. Vejo que temos muito mais para
falar do que imaginei. Vamos falar mais à noite.

— Ainda quer que eu vá jantar?

— Lógico. Você irá? Mesmo trêmula, ela sorriu.

— Irei.

Às sete horas, estava na porta do lar onde passara sua infância. Tinha a chave
desde quando era a sua casa e depois da morte de Deb. Mas nesta noite, sentia-
se uma estranha, parada na varanda segurando barras de cereais, que Mollie e
Derek adoravam.

Tocou a campainha e esperou, ouvindo Mollie correr e os passos mais lentos de


Derek.

A porta foi aberta e sentiu uma pontada no estômago ao ver Derek olhando para
ela enquanto Mollie pulava à sua frente, dando boas-vindas. Seus olhos se
encontraram e ela ficou sem ar com o calor do olhar azul dele, mirando-a da
cabeça aos pés. Tinha tido cuidado especial com a aparência, sem exagero,
querendo que a notasse.

Pelo olhar de Derek, parecia ter acertado. Ele disse:

— Oi.

— Oi.

Projeto Revisoras
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(Desejo 13)

Mollie puxou sua mão.

— Venha ver o meu novo bebê que papai trouxe!

— Um novo bebê? Qual é o nome dela?

— Zu-zie.

— Ah, Susie. Gosto do nome.

— Posso pegar isso? — Ele indicou as barras de sobremesa.

— Por favor. Mas não se atreva a comer antes do jantar.

— Você me conhece bem.

— Não se esqueça disso. — Sorriu e seus olhos se encontraram. Era verdade.

Mollie pediu sua atenção e, enquanto Derek arrumava a mesa, brincou com a
garotinha. Como sentia falta de estarem juntas. Mollie parecia ter crescido. E
estava aprendendo a dar laços "orelhas de coelho" . Sentiu uma dor de perda.

Depois, outro sentimento surgiu. Se Derek realmente queria casar com ela, Mollie
seria sua filha, como tinha sonhado tanto.

Leu histórias para Mollie e, quando ela se distraiu com seu bebê, Kristin foi para
a cozinha. Sentia-se estranha, agindo como convidada.

— Precisa de ajuda? Ele sorriu.

— Está tudo sob controle. Pus a mesa cedo e as batatas devem estar prontas. Por
que não senta e me faz companhia?

— Ninguém mais precisa de mim, como imaginei. Mollie está aprendendo a dar
laços e você conseguindo cozinhar.

— Espere aí. — Pousou uma colher e se aproximou. — Podemos estar aprendendo


algumas coisas, mas sempre precisaremos de você, Kris. — Puxou-a para seus
braços, e na hora ela ficou sem ar, sentindo o calor de seu corpo contra o dela.

Ele a beijou levemente e voltou para o fogão.

— É melhor pôr a comida na mesa.

Era ótimo sentar e comer com Derek e Mollie de novo e, depois, ela o convenceu
que ia dar banho em Mollie e arrumar a cozinha.

— Eu queria que fosse uma convidada hoje.

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(Desejo 13)

— Derek, eu quero fazer isso. Senti terrivelmente a falta de vocês.

— O que é "isso", exatamente, que sentiu falta, Kris? Foi você que desistiu de vir
aqui, de jantar conosco.

— Que desistiu de limpar a sua casa e ajudar com as roupas. — Podia sentir sua
excitação crescendo ao tom de censura dele.

— Não ponha palavras na minha boca. Não era do que fazia que sentimos saudade,
mas de você.

Não soube o que dizer. Virou e subiu a escada.

— Quando Mollie estiver na cama vamos continuar essa conversa — Derek falou,
calmamente.

Andava pela sala, nervoso demais para sentar. Kris ainda estava lá em cima, lendo
para Mollie a última história antes de dar boa noite, mas não conseguia esperar.

Estava impaciente, coisa rara. Geralmente, aceitava a passagem dos dias,


deixando os eventos e incidentes acontecerem. Também, era um mestre em
ignorar o que não queria enfrentar, sendo esse o motivo de deixar as coisas como
estavam por tanto tempo com ele, Mollie e Kris.

Kristin estava certa. Tinham que ir em frente, de um jeito ou de outro. E o que


não aceitava era não tê-la em sua vida.

Suspirou. Quanto mais pensava, mais um casamento entre eles fazia sentido. Ele
queria. A queria. Não só para sexo, mesmo assombrado de ver como ficava quente
e selvagem a paixão entre eles...

— Você parece tão nervoso quanto eu.

Ele virou para olhá-la. A blusa verde-água contra a pele clara tornava seus olhos
mais verdes, moldava suas curvas e a saia curta mostrava as pernas torneadas,
lembrando-o quão eficiente tinha sido em se esconder.

— Por que fez isso?

— Fiz o quê? — perguntou, sentando no sofá.

— Você usava camisetas largas e jeans o tempo todo. Agora... parece uma mulher.

— Se isso é um elogio, obrigada.

— Era. Vou falar de outro jeito. Agora você tem as curvas que deixam um homem

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(Desejo 13)

louco só de pensar no que está por baixo da roupa. Que me deixa louco —
corrigiu.

— Uau. Não me acostumo a falar assim com você.

Ele sentou perto dela, puxou Kristin pelo cotovelo, passando um braço por ela. Ela
continuava imóvel. Ele pegou o controle no braço do sofá.

— Quer ver as notícias?

Ficaram em silêncio por um tempo, vendo as notícias. Uma coisa deprimente,


manobras políticas, guerra e distúrbios civis pelo mundo, grandes fatalidades e
relatos de doenças e fome no mundo. Kristin suspirou.

— Provavelmente estou louca, querendo trazer mais crianças para esse mundo,
não é?

Ele se esforçou para continuar calmo. — Deb e eu falávamos sobre isso. Mas
também há muitas coisas boas no mundo. Só não dão tanto ibope.

Com o canto do olho ele viu o sorriso dela.

— Provavelmente é verdade.

— Então... você quer filhos?

— Quero filhos seus. Gostaria que Mollie tivesse pelo menos um irmão. Fui filha
única e sempre invejei crianças com irmãos e irmãs. Pareciam uma família de
verdade.

Quero filhos seus. Tudo o que ele podia pensar era como iriam criar aqueles
filhos e sentia seu corpo respondendo às imagens de sua mente. Depois, percebeu
que ela ainda falava.

— ...mesmo sem saber, você quer mais filhos?

— É. Quero dizer, sim, acho que você está certa. Mollie deve ter irmãos.
Honestamente, não é só por causa de Mollie. Gosto de ser pai. Sempre pensei que
teríamos muitos... — Não terminou a frase, percebendo não ser uma boa idéia
falar de sua primeira esposa com quem estava querendo se casar, mesmo

sendo Kristin.

— Acho que isso agradaria Deb. Ela sempre quis uma pequena tribo, lembra?

Ficou aliviado por ela entender. Sempre entendia e ele não devia se esquecer.

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(Desejo 13)

— Então, concordamos que ambos queremos mais filhos. E eu disse como me sinto.
Não apenas pela Mollie, mesmo sabendo que você a tem como parte do pacote.
Então... — Virou o corpo, ficando de frente para ela. — Quer se casar comigo?

— Sim.

Aliviado, ele pôs a mão livre no rosto dela e o aninhou. — Não vai se arrepender.
Formaremos uma ótima equipe.

— Já formamos.

Ele continuou olhando para ela, imaginando como tinha demorado para ver como
era adorável.

— Quando quer se casar?

— Não sei. Logo?

— Que tal no próximo domingo? Os olhos verdes arregalaram.

— Em uma semana e um dia? Ele concordou.

— Derek, não vamos conseguir planejar um casamento tão depressa.

— Não sei que tanto precisamos planejar. — Devia ter pensado que Kristin podia
querer um casamento de verdade, com convidados, flores, bolo e todas essas
coisas. — Gostaria de uma cerimônia simples. A menos que seja muito importante
para você. Não posso sair em lua-de-mel agora, mas se começar a programar,
talvez em uns dois meses. — Ele e Deb tinham tido uma grande festa de casa-
mento, não queria algo que o fizesse lembrar.

De repente, percebeu que Kristin não havia dito nada. Inferno. Teria estragado
tudo? Mas, enquanto pensava como explicar, ela acenou bruscamente.

— Está bem.

— Está? Ótimo. Então, temos que trabalhar muito e pedir a licença. — Virou,
puxando-a para seu colo, tentando amenizar o mau momento. — Não quero
esperar, Kris. Quero você comigo, aqui em casa.

— Também não quero esperar. — Ela pôs os braços em seu pescoço.

Lentamente, os olhos nos dela, puxou uma de suas mãos e beijou a parte interna
do pulso dela, subindo pelo antebraço, parando na curva do cotovelo, passando
para o ombro, até chegar ao decote. Kristin inclinou a cabeça e fechou os olhos,

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(Desejo 13)

enquanto seu corpo se soltava nos braços dele. Suas mãos o tocaram enquanto ele
mordiscava e beijava seu queixo, até que os lábios se encontraram.

— Beije-me, Kris.

Enquanto se beijavam, o corpo dela girava em seus braços, apertando-se contra a


ereção dele.

— Acho que não devia estar fazendo isso. — Tremia, mas não resistiu e deslizou a
mão por entre as pernas dela.

Com as mãos no peito dele, ela sussurrou. — Você pode, se quiser.

— Ah, quero, mas não quero apressá-la. Podemos esperar o casamento. — Uma
parte dele gritou não! Mas era sincero. Não queria que ela se arrependesse.

— Você não está me apressando — falou com suavidade, e ele percebeu que ela
era tímida.

Aquela não se parecia com a confiante Kristin Gordon. Outra coisa é que, naquele
aspecto, ele era o mais experiente dos dois. Não queria estragar o momento.

— Kris? Não sei como dizer, mas...

— Não sou virgem.

As emoções dele se misturaram. Talvez um pouco de alívio. E viu que quase


sentia... ciúme.

— Quem? Quando... — Ficou com raiva ao pensar em outro homem tocando-a.

— Faz muito tempo. Meu segundo ano na faculdade. E não foi algo que me inspirou
a repetir.

O carinho que sentiu afastou todos seus outros sentimentos. — Então, deixe-me
inspirá-la. — Ergueu-a nos braços. Ela era fácil de carregar e, depois de uma
pequena hesitação, passou os braços no pescoço dele.

— Derek, o que está fazendo?

— Levando-a para a cama. Vamos fazer isso direito.

CAPÍTULO OITO

Tinha sonhado tanto em fazer amor com ele, e esta noite não precisava sonhar.
Foi rápido. Demais, para um relacionamento normal. Mas não era um

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(Desejo 13)

relacionamento normal. Nunca tinham tido um encontro, mas compartilhado as


alegrias e preocupações de criar uma garotinha. Passaram horas falando do
trabalho dele e do abrigo, fazendo bonecos de neve, cantando músicas infantis.
Tinham ficado tristes, comemorado aniversários e rido de piadas bobas.

Eles se pertenciam. E logo estariam casados! Nem acreditava. Derek a carregou


para o quarto e colocou na cama, beijando-a. Uma das pernas dele deslizou sobre
ela, a respiração ofegante. Correu as mãos pelos cabelos dele, enquanto sentia
seus lábios no pescoço. O estômago se contraiu quando sua mão desceu para o
monte pubiano. Uma súbita excitação a percorreu enquanto ele passava os dedos
sobre ela, o corpo pulsando por entre as pernas. Derek riu baixinho.

— Não tão depressa. Há dias tenho fantasias, não quero correr.

Passou devagar a mão por ela, até chegar ao seio. — Você me enganou. Não sabia
como o seu corpo era lindo.

— Acho que enganei mais pessoas.— Ela sorriu.

— Por quê?

— Nunca me importei, até você dizer não à minha proposição...

— Proposta.

— Bem, se quisesse encontrar um homem, tinha que atraí-lo.

— Pensou que usar roupas reveladoras era o jeito de ser notada?

— Funcionou com você. Podemos falar mais tarde?

— Podemos. — Sorrindo, ele ajoelhou ao lado dela. — Agora, acho que precisa se
livrar dessas roupas.

Gentilmente tirou a blusa, respirando fundo, enquanto os olhos dele fixavam seus
seios, cheios de paixão. Ela ficou contente por ter usado o novo conjunto preto
de sutiã e calcinha, de renda.

— Você também.

— Me ajude. — Ergueu-a de joelhos. Com dedos trêmulos, Kris desabotoou a


camisa, passando as mãos pelo peito e ombros dele, tirando a camisa.

Nunca tinha visto o corpo nu de um homem. A única vez que tinha feito sexo, o
sujeito tinha acabado e ido logo embora. E estava escuro. Sentiu os dedos dele

Projeto Revisoras
Quer Casar Comigo – Anne Marie Winston 65
(Desejo 13)

em suas costas e o sutiã escorregando, enquanto ele emitia um som rouco e a


deitava na cama. Com mãos seguras, ele tirou sua saia e a calcinha, olhando-a.
Levantou-se, tirando o resto de sua própria roupa. Kristin olhou para ele, sem
poder desviar os olhos. Lentamente, ele ajoelhou na cama, o sexo contra o
estômago dela, e ela pulou. Era quente e tão duro que, sem pensar, ela se ajeitou
sob ele.

Derek abriu suas coxas, fazendo espaço para ele. Abaixou a cabeça sobre seus
seios, os lábios se fechando sobre um mamilo. Girou a língua e engolfou mais o
seio, chupando forte. Ela quase gritou, seu corpo procurando pelo dele. Tremia,
ofegante, as pernas movendo em volta dos quadris dele. Ele emitiu um som e virou
de lado. Ela gemeu de prazer quando os dedos dele deslizaram para dentro de sua
fenda. Um dedo se aprofundou e o indicador entrou fundo dentro de seu canal
sensível. Não houve dor, só a excitação da pressão e a necessidade de se mover
para a mão dele. Tocou os ombros dele.

— Derek, eu quero... Derek! — O nome dele era como um choro de desejo que ela
subitamente liberou.

Ele a tocava sem parar, levando-a além do clímax, que a deixou ofegante, com a
força de seu primeiro orgasmo. Então, antes de ter tempo de ficar encabulada,
ele tirou a mão e ficou sobre ela. Sentiu o comprimento dele, quando Derek ficou
de joelhos e se colocou na entrada úmida de seu corpo. Lentamente ele se incli-
nou, apoiando nos braços, e entrou, fundo.

— Kris. Ponha as pernas em minha cintura. Passando os braços pelos ombros dele,
cruzou os tornozelos na cintura dele. Sentiu que o contato entre eles era maior e
respirou fundo.

Com um sorriso entre dentes, ele começou a se mover forte contra ela,
enchendo-a completamente. Quando afinal ficou imóvel, saiu de dentro dela e
virou para um lado. Puxou-a, beijando gentilmente sua testa.

— Você está bem?

— Estou ótima — falou, sorrindo. Foi ele quem sorriu.

— É, você é.

— Obrigado por ser persistente. E paciente.

— De nada.

Projeto Revisoras
Quer Casar Comigo – Anne Marie Winston 66
(Desejo 13)

— Colheres?

— Colheres? O que é?

— Quer dormir como colheres? — Ele a virou de lado, curvou o corpo em volta do
dela e, passando um braço sobre ela, perguntou: —- Não é bom?

— Muito bom. — Virando a cabeça, beijou o queixo dele. — Boa noite.

Ele chegou mais perto e pegou gentilmente seus cabelos desfeitos.

— O que está fazendo? Ele riu.

— Espalhando seus cabelos sobre nós. Há dias é a minha fantasia.

Rindo, ela perguntou: — Quantas fantasias você tinha, companheiro?

— Você nem imagina, querida. — Beijou-lhe a nuca, causando um arrepio em suas


costas.

De manhã, Kristin acordou sozinha e ficou desapontada, mesmo sabendo que


Derek levantava cedo. Saiu da cama, entrou no chuveiro e sentiu umas pontadas,
que a fizeram lembrar da noite passada. Ele a tinha acordado de madrugada,
passando as mãos em suas costas, tocando seus seios e deslizado o dedo nela, até
que tinha explodido em seus braços, e depois a penetrara de novo, antes de
voltarem a dormir. Depois do banho, se olhou no espelho. Qualquer pessoa que a
olhasse saberia que algo tinha mudado. Ela estava... brilhando. E a pessoa
responsável estava preparando o café, lá embaixo, a julgar pelo cheiro.

Vestiu-se e correu escada abaixo.

Ele estava na cozinha, lendo a página de esportes, e ela ficou parada um pouco,
olhando o homem que amava. Ela o conhecia tão bem como uma esposa de muitos
anos, pensou com carinho.

— Bom dia. — Sorriu, pretendendo encostar-se nele para um beijo.

— Bom dia. — Derek sorriu distraído, sem olhar. Virou e pegou outra seção do
jornal, procurando a parte que queria.

O sorriso dela sumiu, desapontada, enquanto se servia de café e ia para a mesa.


Ele não olhou nem falou e ela ficou doente de impaciência.

— Certo. O que há?

— Hum?

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Quer Casar Comigo – Anne Marie Winston 67
(Desejo 13)

— Não finja que não entende. Está fazendo o máximo para me ignorar. Pensei,
esperava... Ah, não importa! — Passou a mão pela mesa e levantou, espirrando
café no jornal.

— Kris, querida, espere! — Ele correu, pegando seu braço, antes de ela sair da
cozinha. — Me desculpe. Apenas ainda não estou acostumado a compartilhar a
minha manhã. — Abraçou-a.

— Você parecia estar a quilômetros de distância.

— Eu estava... pensando.

— Em quê?

— Deb. Pensava em Deb.

— Ah — Kristin falou, baixo, e ficou em silêncio. Ele esperava perguntas, que ela
não fez, e relaxou.

Quando ela entrou na cozinha, tinha percebido seu erro. Deb odiava seu costume
de levantar cedo e ir ler o jornal. Só quando foram a um conselheiro, um ano
depois, tinha descoberto que o mau humor matinal dela era resultado de seu
comportamento. Só era preciso um beijo de bom-dia e um pouco de atenção.
Como tinha esquecido? Sentiu uma culpa incrível. Na manhã seguinte faria um
esforço por Kris. Ela estava quieta em seus braços e ele adorou sentir as curvas
dela. Correu as mãos pelas costas e quadris, apertando-a mais, arfando de
desejo, já ereto. Abaixou a cabeça e beijou de leve a orelha dela. Kristin tremeu,
erguendo o rosto. Beijou-a, enquanto sua mão ia para baixo de sua saia. Ela
ergueu a perna e a enroscou em volta dele, abrindo-se para permitir que se
pressionasse contra seu calor. Ela ia ser sua esposa. Sua esposa! Quando a beijou
de novo, a paixão renovada, sentiu o abandono dela mas, quando chegou por baixo
da saia, ela disse:

— Derek, não podemos! Mollie...

— Nunca acorda antes das nove. Não são nem sete. Mas se você acha... — Ergueu-
a pelas nádegas e, enquanto ela rodeava seus quadris com as duas pernas e
passava os braços pelo seu pescoço, levou-a para o lavabo. Fechou a porta,
lutando para tirar a saia de seu caminho, e gelou ao descobrir que ela estava sem
calcinha.

— O que estava querendo? — Riu, tentando ser carinhoso.

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Quer Casar Comigo – Anne Marie Winston 68
(Desejo 13)

Ela também riu, beijando-o de novo. — Não acredito combinar com essa
descrição.

Com atenção ele explorou as dobras da carne suave. Emitiu um som de prazer
quando seus dedos encontraram um calor correndo e, lentamente, fez com que
ela ficasse de pé. Afundou mais o dedo antes de tirá-lo, espalhando a doce
umidade por ela, afundando de novo e de novo, até ela se torcer e gritar. Ele a
queria como estava e, mesmo com o corpo doendo, querendo entrar nela, havia
algo que queria fazer, que tinha fantasiado em seus sonhos eróticos das últimas
semanas. Ficou de joelhos.

— Derek... o quê?

— Shh. Deixe-me prová-la.

— Não — gemeu, pondo a mão sobre sua feminilidade. Ele apenas ficou beijando,
até ela relaxar, então pôs a mão dela em seu ombro, para que as suas duas mãos
ficassem livres para entrar nela, e abri-la mais. Enterrou o nariz e inalou
profundamente. — Ah, Kris, você é linda.

Ele sabia que não era adequado, mas mal conseguia pensar. Lentamente, lambeu a
linha das dobras suaves, saboreando o que tinha tirado. Enquanto o corpo dela
arqueava, ele enfiou a língua bem dentro dela e encontrou o pequeno botão do seu
desejo e lambeu, incansável, com a resposta dela, se torcendo e gemendo.

Estava tão duro que doía, então se afastou, o bastante para soltar a calça do
pijama. Kristin o encostou na porta, ele deslizou a mão dela para baixo e a puxou
para ele.

— Toque-me — disse rouco, dobrando os dedos dela em seu comprimento duro. A


mão dela era pequena e quente e ele quase gritou quando ela começou a explorá-
lo. Gemeu quando ela encontrou uma gota, espalhada pela cabeça intumescida, a
tentativa dela tão avassaladora que ele jogou a cabeça para trás, gemendo de
prazer.

— Mostre-me como fazer — ela pediu.

— Assim. — Pôs a mão sobre a dela e fez um movimento lento. Mostrou quão
forte apertar e quão depressa e logo ela estava tão pronta que ele enfiou os
quadris na mão dela e cerrou os dentes, o prazer se espalhando mais e mais. —
Espera.

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(Desejo 13)

Afastou a mão dela, apertando-a contra ele em um movimento selvagem. Foi para
frente, entrando nela enquanto a encostava na porta. Ela estava tão pronta que
veio quase logo depois de ele ter penetrado, seu corpo contraindo contra o de
Derek. Ele não podia esperar, não ia demorar e deixou a dança da paixão per-
corrê-lo, a própria liberação vindo quando entrou fundo nela. Seu corpo não
obedecia, só conseguia se apertar contra ela e enterrar o rosto em seu pescoço,
enquanto pingava dentro, os braços e pernas dela apoiando-o na doce realidade
de seu novo mundo. Estava sem ar quando parou. Endireitou-se lentamente. As
pernas de Kris abaixaram, mas não a soltou, ela parecia uma boneca de pano.

— Ei, você está bem? — Teve que limpar a garganta para falar. Céus, ele tinha
agido como um selvagem.

— Estou bem. — Sua voz era mole e suave e, para surpresa de Derek, sentiu o
desejo voltar. Pela primeira vez na vida, entendia a frase "guiado pelos hormô-
nios" . O que queria era sexo. Com Kris. Em qualquer hora, o tempo todo.

Fez com que ela sentasse e acendeu a luz, limpando-se; depois, pegou um pouco
de papel higiênico dobrado e ficou de joelhos diante dela. Ela deu um gritinho.

— O quê... — Tentou fechar as pernas, mas ele as manteve separadas e limpou


gentilmente a carne sensível. Depois, incapaz de resistir, beijou suavemente os
pêlos, passando a língua nela, só mais uma vez.

Ela quase pulou e ele riu, enquanto levantava. — Voltaremos a isso mais tarde —
falou com voz profunda.

CAPITULO NOVE

Pegou a mão dela e foram para a cozinha, fazendo-a sentar em seu colo.

— Esqueceu a calcinha? — Sorriu. Ela deu de ombros, corando.

— Acho que sim. Ele riu alto.

— Pode esquecer todas as manhãs. Prometo não reclamar.

— Precisamos falar sobre controle de natalidade. Céus, gravidez inesperada.

— Nem pensei. A Deb nunca... tinha problemas e nunca... Você está no período
fértil?

— Acho que não. Sei que concordou com mais filhos, mas eu gostaria de algum
tempo para você se sentir bem.

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(Desejo 13)

— Vou me sentir bem, mas gostaria de ter você para mim pelo menos por um ano,
antes de aumentar a família.

— Vou cuidar disso hoje.

— Pílula?

— Não sei. Verei o que o médico acha.

— Você se importa? Porque, se não quiser, eu posso...

— Não. Gosto das coisas como estão, sem ter que parar e pensar.

Ele riu. — Pílula é uma boa idéia. Pensar é uma coisa que não consigo quando você
aparece.

— Bom.

Ficaram em silêncio. Ele não lembrava de ter apreciado assim uma manhã. Quase
perfeito. Logo se sentiu desleal. A vida com Deb tinha sido perfeita. Ou quase.
Ele e Kris precisavam planejar as coisas.

— Você ainda vai querer trabalhar?

— Vou, mesmo que não em tempo integral, como planejei. Quero ficar em casa
com Molhe e os outros filhos que teremos. Quando o novo funcionário do abrigo
aparecer, voltarei a trabalhar em casa.

— Não precisa. Ficarei feliz em cuidar de você.

— Tenho que trabalhar. Quer dizer, quero. Isso me lembra que devemos abrir
uma conta conjunta para as despesas da casa. Podemos depositar uma vez por
semana ou por mês.

Ele não gostou daquilo.

— Precisamos combinar. Mas você não precisa depositar seu salário, eu cuidarei
de você.

— Não acho certo. Além do mais, veterinários não ganham tão bem. Não
ficaríamos apertados?

Ele riu, pensando quanto podia gastar sem se apertar. Precisava contar a ela, um
dia.

— Acredite em mim, não teremos qualquer problema.

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(Desejo 13)

— Ainda assim, prefiro contribuir.

— Kris, seremos uma família. Famílias fazem as coisas junto.

— Eu sei. — Hesitou. — É que tenho algumas obrigações financeiras para cuidar.

Obrigações financeiras? Depois, lembrou de algo que ela quase tinha dito: "Seria
bom aumentar a minha renda, para finalmente sair do..." Do quê?

Parecia ter dívidas. Quando quisera vender a casa, depois da morte do pai, ele a
tinha comprado por um valor alto, mas não o suficiente para despertar suspeitas.
Queria que ela tivesse o bastante para sua educação e para comprar uma casa.
Mas, até agora, morava em uma alugada. Era uma coisa que precisava falar com
ela.

— Há uma coisa que tenho pensado em falar com você. Por que pagar aluguel ao
invés de comprar?

— Não tive tempo ou vontade de procurar uma casa.

— Mesmo assim, podia ter comprado uma casa como a que aluga.

— Derek, já pensou que para comprar é preciso dar uma entrada?

— Claro, mas você deve ter muito dinheiro da venda desse lugar.

Ela tentou se levantar, mas ele não deixou.

— Não tenho. Depois que papai morreu, tive... algumas coisas para cuidar.

— Quer dizer que não sobrou nada do dinheiro? Como gastou tudo?

Pela expressão dela, parecia ter ido longe demais. — Gigolôs, jogatinas...
esqueceu que tenho vícios e gasto centenas de dólares por dia?

— Inferno, Kris, qual é o grande segredo? Eu a conheço bem demais para saber
que não é nada disso.

— Não me conhece tanto assim. Não tem nem idéia do que tenho passado desde
que papai morreu.

— Também perdi alguém que amava.

— É, mas o seu alguém não tinha dívidas até o pescoço, tinha? — Seu rosto ficou
vermelho e os olhos se encheram de lágrimas. — Droga. Nunca ia lhe contar isso.

— Conte. — Estava furioso consigo mesmo por nunca ter ligado para os problemas

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(Desejo 13)

dela desde a morte do pai. Inferno! Paul confiara nele, e ele não se importara
com Kristin.

— Papai tomou muito dinheiro emprestado nos primeiros anos do abrigo. Se


estivesse vivo, sei que teria pago, mas...

— Mas morreu e a deixou segurando a mala.

— Não foi assim.

— Como eu não soube disso? Por Deus, eu era o seu tutor.

— Só por alguns meses. Não lembra que quando falei que estaria cuidando das
contas por vários anos, você e Deb disseram que eu podia ter a ajuda do
advogado e do contador? Consegui. Depois que vendi a casa, a dívida diminuiu
bem.

— Ainda não está tudo pago, não é? — Lembrou do banqueiro fazendo um gesto
de aprovação à enorme quantia que tinha oferecido pela propriedade.

— Ainda não. Trabalhando tempo integral por um ano... mas agora...

— Eu pagarei. — Sentiu-se mal por Kristin trabalhar por tanto tempo para pagar
uma grande dívida.

— Nem pensar!

— Ah, pagarei. Você vai ser minha esposa, minha responsabilidade.

O rosto dela ficou vermelho de novo, mas sem lágrimas. — A última coisa que
quero é ser responsabilidade de um homem. Cuidarei dos meus problemas.

Ele viu determinação no rosto dela, os olhos em chamas. Então, com os dedos
cruzados nas costas, falou: — Está bem, você mesmo cuida de seus problemas de
dinheiro. — A primeira coisa que faria na segunda-feira era ir ao banco e pagar o
resto da dívida. O banco podia dizer que alguém tinha pago uma antiga dívida com
o pai dela. Ele não ia sentir falta de tão pouco dinheiro.

Começaram a empacotar as coisas dela na noite da segunda-feira. Derek tinha


acabado de levar uma carga de roupas de inverno para casa, enquanto Kristin
guardava suas coisas dentro de uma arca. Pensou como as coisas estavam andando
depressa. Derek tinha iniciado o processo da licença de casamento e haviam
marcado os exames de sangue. O fim de semana tinha sido tranqüilo. Passaram o
domingo com Mollie e, naquela noite, a levara em casa, para pegar roupas de

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(Desejo 13)

trabalho, para o dia seguinte. Tinha perguntado se ele queria mesmo que se
mudasse tão depressa e ele sorrira.

— Mollie e eu a queremos conosco, logo. Esperançosa, pensara que a resposta


ideal seria uma declaração de amor, mas sabia que Derek se importava com ela,
não a amava. Era uma boa dona de casa, ótima babá e uma amiga confiável. E
agora amante. Ele a queria, tinha certeza, mas não deixava o desejo se misturar
com sentimentos.

O telefone tocou, e lembrou de cancelar a linha no dia seguinte.

— Alô?

— Alô, Kristin. — Era Rusty. — É verdade?

— O quê?

— Um passarinho me contou que você e Derek vão se casar.

— Bom Deus! Não há segredos nessa cidade?

— Ah, você ficaria surpresa. Mas as notícias se espalharam. Eu daria os parabéns,


mas estou muito ocupado me batendo por não namorar você antes.

Ela riu.

— Sinto muito.

— Com certeza vocês foram discretos. Ninguém imaginava que eram mais que
amigos.

— Estou meio atarefada, Rusty. Você quer algo?

— Na verdade, sim. Estive pensando sobre aquele dinheiro que está faltando.
Conseguiu mais alguma coisa?

— Desde sexta-feira não tive muito tempo, mas não consegui nada novo. Tudo foi
feito com muito cuidado.

— Estou muito preocupado com a reputação do abrigo e com a de Cathie. Ela


morreu, não pode se defender. Hoje, numa reunião do Rotary Club, falei com um
dos diretores do banco e parece que ela estava em débito. Não quis especular,
mas parece que Cathie tirou o dinheiro para aliviar alguns problemas pessoais.

— Ah, não. Eu esperava...

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(Desejo 13)

— Eu sei. Eu também. Mesmo que venha a público, duvido que possamos recuperar
o dinheiro.

Com o coração doendo, ela suspirou.

— Acho que tem razão.

— Acho que você deve esquecer isso. Não contaremos a ninguém, e podemos
proteger a memória de Cathie. Direi à diretoria que você precisa verificar mais a
nossa situação financeira e encontrar uma forma melhor de liberar fundos, para
não acontecer de novo.

—Talvez seja o melhor. Mas e se não foi Cathie?

— Se não foi, tentarão de novo e pegaremos. Se foi, não acontecerá de novo e


saberemos, certo?

— Acho que sim. Está bem.

— Certo. Se isso funcionar, podemos até nem contar que houve um problema a
quem assumir o cargo.

Ela acordou no meio da noite, pensando no problema do dinheiro sumido do abrigo.


Estava ao lado de Derek, seu corpo enrolado no dele, a mão dele à sua volta.

— O que há? — Sua voz era um sussurro.

— Estava pensando. Te acordei? Ele bocejou.

— Não sei o que me acordou. Mas sei que você não estava dormindo. O que há?

— Almocei com Rusty na semana passada e ele parece certo de que Cathie deu o
desfalque. — Contou sobre o almoço e o telefonema dele. — Mas...

— Acha que foi ela?

— Não. Isso me preocupou desde que descobri as discrepâncias. Um dos motivos


por duvidar de Cathie é que ela adorava o abrigo e não ia roubá-lo.

— De qualquer modo, ela não precisava de dinheiro.

— O que quer dizer?

— Cathie era de uma família rica. Recebeu uma grande herança da avó. Não
imagina por que nunca pediu aumento? Na verdade, enquanto você estava na
faculdade, o abrigo ofereceu um aumento e ela recusou.

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(Desejo 13)

— Eu não sabia. Por que não me disse quando falamos disso?

— Porque duvidei que fosse verdade e não ia contar o que ela me disse
confidencialmente. Não queria que soubessem. Posso entender. Quando as
pessoas descobrem que alguém é rico, mudam com aquela pessoa.

— Imagino que pode ser verdade. — Estranhou o tom veemente dele. — Derek! E
se foi Rusty quem tirou o dinheiro?

— Rusty? Por quê?

— Não sei. Ele tem hábitos caros. Acha que o negócio dele vai tão bem para ter
dois carros importados, ser sócio do clube de campo, um Rolex e ternos de grife?

Derek pensou um pouco.

— Não sei. Não conheço ninguém que ficou rico vendendo seguros. É um negócio
decente, mas...

— E a família dele é daqui, nem um pouco rica. Pelo contrário.

— É possível.

— Isso explicaria por que ele não quer a polícia envolvida. Era a primeira coisa
que eu faria, mas ele foi contra.

— Talvez deva fazer isso amanhã cedo. Sem Rusty.

— Talvez ele quisesse repor o dinheiro, sem que ninguém soubesse, e quando
Cathie morreu, e eu descobri, ele a culpou.

— Uau. Isso é suposição sem provas.

— Mas é possível, certo?

— Faz sentido. — Ele parecia mais acordado. — Além de Cathie, era a pessoa que
mais sabia sobre as finanças do abrigo. Como tesoureiro, ele poderia montar uma
ou duas contas falsas.

— É o que vou olhar amanhã cedo. Até agora, só revisei os números. Vou olhar
outras coisas.

Ficaram em silêncio, então Derek perguntou:

— Você acha que eles podiam estar juntos nisso?

— Impossível. Cathie não gostava de Rusty. Sempre dizia que o ego dele era

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(Desejo 13)

maior que o prédio da Goodyear. — Teve um pensamento horrível. — Acha que ele
arrumou o acidente dela?

Derek apertou o braço em volta dela.

— Não sei, mas agora estou convencido de que você precisa envolver a polícia
nisso.

— Deus, parece que fica cada vez pior, não é?

— Parece.

Ela olhou o relógio.

— Uma e trinta e sete. Não posso ligar para ninguém por algumas horas.

Ele apertou o braço, passando a mão em seu quadril. Ela gostou e os pensamentos
perturbadores sumiram, sentindo-o enrijecer e crescer. Apertou-se contra ele,
roçando nele. A mão de Derek subiu para o seu seio e, gentilmente, girou a palma
sobre o mamilo.

— Sabe, é um desperdício estarmos acordados no meio da noite...

Ela riu, o corpo ficando quente e trêmulo. — Fico pensando o que nos ajudaria a
dormir de novo.

— Temos que pensar em algo. — A mão de Derek deslizou pelo corpo dela, para
entre suas pernas, passando os dedos pelo amplo V. Ela gemeu de prazer
enquanto ele esfregava as dobras femininas, com toques cuidadosos, excitando-a.
Seus dedos logo ficaram molhados e, quando deslizou um para dentro, ela gemeu
e o puxou com força.

— O que está fazendo?

— Me divertindo.

— Quero você... dentro de mim. Por favor?

— Em um minuto. — Os dedos dele se moviam na carne trêmula, procurando o


ponto de prazer que a deixava mole. — Quero que você venha primeiro.

— Derek... — Uma onda tomou conta dela, que gritou, se mexeu e arqueou nos
braços dele. Tinha a noção dele tocando de novo e de novo, enquanto ela se torcia
em clímax.

O corpo de Kristin não tinha se acalmado quando sentiu Derek tirar a mão e virá-

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(Desejo 13)

la de costas. Deslizou um braço sob ela e ergueu-a de joelhos e, no mesmo


instante, deslizou dentro dela a sua ereção, empurrando forte o quadril contra as
nádegas dela. A sua posição a erguera para uma penetração profunda e ela
enterrou o rosto no travesseiro, quando gritou.

— Estou machucando você?

— Não, não. — Ela foi para frente e para trás. — Só se mova!

— Ah, sim. — Havia força em sua voz e ela sentiu os músculos dele unidos e
flexíveis. Com uma das mãos ele segurou na borda da cama enquanto entrava e
saía dela, enterrando forte. Saía quase completamente e depois entrava fundo.

Ela gritava a cada entrada, um outro nível de doce tensão crescendo e dessa vez,
quando ela veio, sentiu as pulsações repetidas da liberação dele dentro dela,
inundando-a. Quando os músculos se soltaram, Derek caiu lentamente sobre ela,
seu peso sobre ela. Beijou-lhe a nuca, virou de lado e apertou-a em seus braços.

— Como eu pude pensar que casar com você era uma má idéia? Tenho dormido
melhor desde que você mudou para cá, e que Deb morreu.

Os braços dele eram possessivos, o tom terno, mas o coração de Kristin doeu. Ela
não queria ocupar o lugar de Deb em sua vida ou coração. Só queria um pouco de
espaço para ela. Mas parecia que só servia para lembrá-lo de sua perda.

Lembrou dos planos de casamento deles. Ela sempre tinha pensado em uma
capela, um belo vestido branco e todos os seus amigos em volta, mas Derek nem
pensara naquilo. Tinha visto o álbum de casamento dele e Deb. Totalmente
tradicional. Então, ela faria o que ele queria, para não lembrar do que tinha
perdido. Um lindo casamento branco seria ótimo e especial, mas ela o queria mais
do que uma cerimônia tola. Mesmo sabendo que ele não a amava, esperava que
algum dia o coração dele sarasse... algum dia.

De manhã, os dois acordaram juntos; Derek quase atrasado para o trabalho. Ao


invés de descer e fazer o café, ela se juntou a ele no chuveiro. Deslizou atrás
dele e passou as mãos pela sua cintura, pressionando as curvas suaves em suas
costas, enquanto as mãos deslizavam para tocar e pegar a carne masculina em sua
raiz.

Enquanto pôde, deixou que ela o esfregasse e apertasse, até que o autocontrole
comum das manhãs explodiu rapidamente. Virando, curvou-a no canto do chuveiro,

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(Desejo 13)

apenas se pressionando contra suas pernas separadas. Empurrou a massa de


cabelos para cima dos ombros, se posicionou e entrou lentamente nela, deliciado
com a visão de sua carne rosada recebendo-o, adorando o corpo que aceitava
cada centímetro dele, até o quadril estar bem preso em suas nádegas e ele
enterrado até o fim. Ela estava quente e molhada, gemendo baixinho de prazer, e
ele se admirou como não tinha percebido o que estava perdendo sem ela em sua
vida.

Estava mais feliz do que tinha sido desde a descoberta da doença de Deb. Talvez
mais feliz. Deb sempre tinha aceitado o jeito dele fazer amor, mas nunca parecia
pegar fogo em seus braços como Kris, nunca tomara a iniciativa ou fora atrás
dele no chuveiro, mesmo sabendo que ele gostaria.

Deb faria tudo para agradá-lo, mas ele não tinha certeza de ter mostrado quanto
prazer o corpo dela podia proporcionar. Com Kris... Olhou para baixo, enquanto
entrava e saía nela, depois passou a mão por um punhado de pêlos, até chegar ao
doce botãozinho que procurava. Apertou e circulou e, imediatamente, ela deu um
pequeno grito e começou a se retorcer.

Ele sorriu, prendendo o próprio orgasmo, mas o prazer dela era muito grande
para resistir e começou a entrar e sair mais depressa, mais duro, mais fundo, se
dando completamente a ela. O clímax percorreu sua coluna, atiçando o fogo,
fundo em sua virilha, explodindo em grandes ondas, pulsando, liberando, enquanto
o corpo dela recebia o seu comprimento e liberava as últimas gotas de desejo por
ele.

— Bom dia — falou, saindo dela. Ela se virou, radiante, e o coração dele falhou,
enquanto a pegava nos braços. Ela era linda. E seus olhos...

— Kris, você me ama, não é?

Arregalou os olhos, ficando tensa e depois relaxando, o olhar suavizando


enquanto buscava pelos lábios dele.

— Sim, eu o amo, Derek.

Sem conseguir esconder seu alívio, inclinou-se para beijá-la, com o coração
satisfeito.

— Bom. Esperava não estar enganado. Eu preciso de você, Kris. — Limpou a


garganta. — Nunca pensei que iria querer outra mulher em minha vida, mas agora

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(Desejo 13)

não me imagino sem você. Sabia que não estava imaginando o prazer que iluminou
o rosto dela com suas palavras, enquanto terminavam de tomar banho e
começavam o dia.

CAPITULO DEZ

Depois do café da manhã, Derek levou Mollie para a creche, perto da clínica.

— Vejo você no jantar — falou para Kristin. — O que vai fazer hoje?

— Pretendo trabalhar de manhã e depois irei para casa, acabar de empacotar.

— Certo. À noite ajudarei a desempacotar.

— Tenha um bom dia. — Ficou na ponta do pé para beijá-lo, depois abaixou para
abraçar Mollie. Foi para a cozinha tomar um café, antes de começar a trabalhar.
Sentia-se sonhando.

Eram oito e meia e logo Rusty estaria no escritório. Reviu seus pensamentos e
uma onda de fúria se apossou dela. Se estivesse errada pediria desculpas pelo
resto da vida. Mas sabia que não estava. Pegou uma pilha de cartas que Derek
tinha aberto, esquecida perto do bule de café. Levou para o escritório, indo
pegar a bolsa e suas chaves. Colocou os envelopes no meio da escrivaninha, mas
esbarrou na mesa e uma outra pilha de papéis esparramou no chão. Pensou que
Derek precisava de sua organização, e viu que eram extratos de banco.

Atrás de um extrato do Quartz Forge Bank da Pensilvânia, havia outro com o


logotipo do Manhattan Trust. Ele não tinha todo seu dinheiro no Quartz Forge?
Viu o extrato do Manhattan: vinte e sete milhões, quatrocentos e vinte e oito
mil... Uau. Devia haver um erro. Alguém tinha colocado uma vírgula errada. Derek
devia ligar para o banco... e gelou. Olhou bem o extrato. Transações de milhões
em muitos lugares. Retiradas. Essa conta tinha mais de trinta milhões no início do
mês. Vinte e sete milhões de dólares. Suas mãos tremiam, ficando sem ar. Derek
tinha vinte e sete milhões em um banco de Nova York. Então, percebeu que ele
tinha muito mais e que aquelas transações eram compras de ações.

Onde tinha conseguido... Devia ser muito rico quando chegara lá, mas por que o
segredo? Seu rosto queimou ao lembrar que tinha falado com ele sobre seus
problemas financeiros. Por que não contara a ela? Deb saberia? Claro que sabia,
eles se conheciam desde o segundo grau. Significava que tinha mantido segredo
para ela, Kristin... e não pretendia contar. Fazendo força, conseguiu respirar e

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colocou o extrato de volta na pilha.Tinha que empacotar tudo de novo. Ele


mentira para ela. Não podia viver com um homem que a enganara assim. Um soluço
se formou e ela bateu a mão na boca, sentando nos degraus da escada. Sempre
tivera certeza de conhecer Derek tão bem, até nas pequenas coisas. E não o
conhecia nem um pouco. A doação. Ah, o milhão de dólares que o abrigo tinha
recebido logo após a chegada de Derek à cidade. Seu pai ficara tão emocionado
que queria agradecer ao doador, que tinha permanecido anônimo.

Agora ela sabia quem era a alma generosa desconhecida. Seu peito doía. Por que
tinha escondido dela? Pensava que tudo o que queria estava a seu alcance. Tinha o
homem que amava e sua linda filha. Mas ele não era o homem que amava, era? Era
um estranho, que ela não entendia, para quem ela não era importante o suficiente
para compartilhar a verdadeira história de sua vida. Sabia que ele não a amava,
mas o casamento, o tempo e a poderosa atração sexual poderiam aproximá-lo.
Pensou que ganharia seu amor, por conhecê-lo tão bem. Mas agora... As lágrimas
rolavam. Levantou e enxugou o rosto. Respirou fundo. Precisava juntar suas
coisas, mas não tinha como levar tudo embora em um dia. Lembrou de Rusty.
Aquilo não podia esperar e, se estivesse certa como pensava, a polícia seria en-
volvida.

Um outro soluço ameaçou e ela se conteve, pegando as chaves. Não pense nisso,
pense em Rusty. Até chegar ao escritório de Rusty, repetiu as palavras, como um
mantra, ficando aliviada por ver o pequeno carro esportivo europeu estacionado.
Não queria ter que esperar, e pensar. Sempre gostara da recepção do escritório
de Rusty, de tonalidades suaves, mas hoje via com outros olhos. Os quadros nas
paredes, o tapete, os móveis de mogno, provavelmente tinham custado uma
fortuna. Flores frescas em um vaso de cristal Baccarat. Baccarat?

— Kristin!

— Oi, Rusty.

— Ainda não abri, mas você é sempre bem-vinda. Quer um café? — Como sempre,
ele estava bem arrumado, usando um terno de verão, caro, sapatos de couro e o
Rolex.

Era imaginação ou os olhos dele estavam ansiosos?

— Não, obrigada. Não vou tomar muito seu tempo.

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— Tudo bem. Sente-se, por favor.

— Obrigada. — Respirou fundo. Como começar? — Bem, vim falar do dinheiro que
está faltando.

— Descobriu alguma coisa?

— Creio que você tirou o dinheiro, Rusty. Você é a única escolha lógica.

Ele ficou vermelho.

— Isso é ridículo. Por que eu...

— Por que, não é? Aparentar é bom, mas vale a pena ir para a cadeia por isso? Se
eu chamar a polícia e contar tudo o que sei e suspeito, os seus extratos bancários
e declarações de renda vão comportar todo este luxo? Cathie sabia?

Houve um silêncio tenso. — Não. — A palavra escapou e, num movimento brusco,


Rusty passou a mão no rosto. — Acho que suspeitava.

— Você tem algo a ver com a morte dela?

— Claro que não. — Ele parecia sinceramente chocado. — Que tipo de homem
pensa que sou? .

— Não sei. Parece que não conheço os homens à minha volta, como pensava. —
Uma onda de tristeza a invadiu. — Quer pegar o paletó e me acompanhar?

— Acompanhar?

— À polícia. Você roubou o dinheiro, Rusty. — Impaciente, ela andou para a porta.

— Droga, Kristin! — Ele a seguiu pelo corredor. — Olhe, isso pode ser corrigido.
Me dê algum tempo para devolver o dinheiro que tomei emprestado.

— Você não tomou emprestado, roubou de uma organização sem fins lucrativos
que faz caridade. Há uma grande diferença.

— Está bem. Roubei. — Pegou a mão dela. — Mas...

A porta abriu com força. — Ponha as mãos para cima, onde eu possa ver!

O barulho e os gritos a fizeram gelar, enquanto três homens uniformizados


entravam na sala, com armas apontadas. Ela ergueu as mãos, mas os policiais pas-
saram rápido por ela e empurraram Rusty para a parede. Enquanto olhava
assustada, eles o revistavam e liam seus direitos.

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— Kris. — Uma voz masculina, familiar, chamou e ela se virou, vendo um policial se
afastar, deixando Derek passar. Ele tocou seus cotovelos. — Você está bem?

— Claro que estou. — Afastou-se e indicou os policiais, que levavam Rusty para
fora. — O que estão fazendo?

— Levando Rusty para depoimento, por suspeita de roubo.

— Mas... como sabiam disso? Têm provas para prendê-lo?

— Quer dizer, além do fato de todos termos ouvido a confissão que fez a você?

— Além disso.

— Liguei para Walker Grove hoje cedo e falei da nossa suspeita. Aparentemente,
Cathie tinha falado com ele sobre isso na véspera de sua morte, e ele estava
pensando no que fazer. Queria conversar com você, mas hoje, quando falamos, ele
resolveu ir imediatamente à polícia.

— Então, a hora da prisão não foi coincidência.

— Não. Quando vimos que você estava aqui, chamamos logo a polícia.

— Como sabia que eu ia falar com Rusty?

— Kris, eu conheço você. Quando algo a perturba, age logo. Estava a caminho do
trabalho quando lembrei que você iria se confrontar com Rusty. E meu sangue
gelou. Alguém que rouba tanto dinheiro e culpa uma mulher morta, que não pode
se defender é capaz de qualquer coisa.

— Ele disse que não teve nada com a morte de Cathie, que foi um acidente.

— Aposto que também disse que não roubou o dinheiro.

Ela não sorriu. A frase "eu te conheço" fez com que se sentisse traída. Quando
ele tentou se aproximar, ela afastou.

— Quando ia me contar sobre seu extrato bancário? Também pensei que o


conhecesse, mas vejo que estava enganada.

O rosto de Derek mudou e a esperança de que ele não a tinha enganado morreu.
Ele virou para o guarda.

— Pode nos desculpar por um minuto?

— Sim, mas não vá embora ainda. Os detetives vão querer ouvi-los sobre ele. —

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Apontou para o carro, onde Rusty estava sentado, algemado.

Derek mostrou uma pequena sala de reuniões. Ela hesitou. Notando a hesitação
dela, ele falou:

— Kris, aqui. Agora.

— Não quero falar com você.

— Não precisa falar, só escutar. — Derek pegou seu braço com firmeza, até
entrarem na sala e fechar a porta. — Você está com raiva de mim achando que
escondi minha riqueza de propósito. Fique calma.

— Ocultou, todos esses anos. Agora não posso casar com você.

— O quê? Por que não? — Parecia abalado.

— Porque me sinto estranha, casando com um homem por dinheiro.

— Achei que estava casando comigo porque me ama.

Ela não respondeu. — Kris. — Ele abaixou a voz. — Querida, me deixa explicar? É
só ouvir, depois, se quiser, prometo que pode partir.

Doía muito ser enganada tantos anos. Pensava que o conhecia. E ele era um
multimilionário.

— Eu cresci em uma família normal de classe média, como você. Minha mãe era
professora, meu pai um eletricista, que tinha a própria empresa. Quando eu
estava no segundo grau, eles comemoraram 25 anos de casados com uma viagem
para o Caribe. Não voltaram.

— O que aconteceu? — Ela não pôde deixar de perguntar, diante do tom


angustiado dele.

— Estavam mergulhando quando veio uma lancha, e passou bem sobre eles.
Morreram na hora. O jovem que os matou era um playboy saudita, um príncipe que
herdaria o trono do pai.

Os olhos dela arregalaram. Tinha pensado que ia falar sobre seguro. — O sheik
ficou furioso com o filho, mas conseguiu evitar que o assassino fosse executado.

— Mas isso é errado!

— É. O sheik deu dez milhões de dólares para cada um de nós, eu e meu irmão,
como se aquilo me fizesse sentir melhor por Mollie não saber da morte horrível

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de seus avós. Ele também tirou o filho da herança, o que me agradou mais do que
o dinheiro. De qualquer forma, meu irmão é um especialista em Wall Street e
gerencia o meu dinheiro. Honestamente, não penso muito em ser...

— Rico?

— É.

— Você é o doador anônimo do abrigo?

— Culpado.

Ela sentiu as lágrimas. — Você fez meu pai muito feliz.

— Ele me fez muito feliz. Seu pai tinha uma grande visão. Sem ele, não haveria
abrigo, só ajudei a realizar o sonho dele mais depressa.

Houve um momento de silêncio. Derek falou: — Está pronta para ir para casa
agora? Acho que podemos falar com a polícia mais tarde.

— Acho que sim.

— Você ficará? — perguntou, com incerteza.

Ela não pôde evitar o rápido balançar de cabeça. — Por que não? Já expliquei
sobre o dinheiro. Devia ter lhe contado, mas não pensei nisso. Nós nos amamos.
Como pode se afastar disso? — Havia desespero em sua voz.

— Nós... nos amamos?

— Não? — Seus olhos brilhavam, incertos. — Você disse que me amava.

— Amo, mas você nunca disse que me ama.

— Claro que eu a amo. Só demorei para admitir. Nunca iria pedi-la em casamento
se não tivesse me apaixonado por você. Acredita em mim?

— Você quer uma mãe para Mollie. Companhia. Somos amigos há muito tempo.

— Faye e eu somos amigos há muito tempo e não pedi que se cassasse comigo.

— Um mês atrás você pensou que eu estava louca querendo casar. Agora, sei que
me quer, mas não sou idiota de pensar que sexo e amor são a mesma coisa.

— São para esse cara — ele falou, os olhos muito azuis, quentes, enquanto a
pegava nos braços. — Eu a amo, Kris. Não queria admitir como a minha vida era
vazia, mas você me tirou da caverna e me amou, até eu não poder deixar de amá-

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la. Por favor, diga que se casará comigo.

Ela sorriu, enquanto passava os braços pelo pescoço dele. — Está bem. Eu me
casarei com você.

— E me amará para sempre.

— E o amarei para sempre.

Quando ele procurou pelos seus lábios, ela ergueu o rosto, todas as dúvidas
sumindo. Derek a amava. Tinha esperado pacientemente o fim do luto dele para
começar a viver de novo. E o tempo todo o amara, silenciosa, tão silenciosa que
nem percebera quando ele também tinha começado a amá-la. Mas agora, sabia.

E o futuro nunca pareceu mais brilhante.

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