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DESCOBRINDO O PROIBIDO
Melanie Rodrigues
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 5
CAPÍTULO 6
CAPÍTULO 7
CAPÍTULO 8
CAPÍTULO 9
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 13
CAPÍTULO 14
CAPÍTULO 15
CAPÍTULO 16
CAPÍTULO 17
CAPÍTULO 18
CAPÍTULO 19
CAPÍTULO 20
CAPÍTULO 21
CAPÍTULO 22
CAPÍTULO 23
CAPÍTULO 24
CAPÍTULO 25
CAPÍTULO 26
CAPÍTULO 27
CAPÍTULO 28
CAPÍTULO 29
CAPÍTULO 30
CAPÍTULO 31
CAPÍTULO 32
CAPÍTULO 33
CAPÍTULO 34
CAPÍTULO 35
CAPÍTULO 36
CAPÍTULO 37
CAPÍTULO 38
CAPÍTULO 39
CAPÍTULO 40
CAPÍTULO 41
CAPÍTULO 42







DESCOBRINDO O PROIBIDO






Melanie Rodrigues








Agradecimentos:
Agradeço primeiramente a Deus por sempre conduzir minha vida e

colocar pessoas maravilhosas em meu caminho.

Agradeço também a minha família e meus colaboradores:

Capa: William Prescott

Betas: Cida Costa, Gladir Macartur, Juciara Moreira, Juliana Rubem,


Marcelo Fortuna, Olímpia Goulart e Sandra Remussi.

Também agradeço de todo coração aos meus leitores, vocês foram meus
forninhos, a temperatura do meu livro, através de vocês soube que estava indo
no caminho certo.


1ª Edição – 2017

- É PROIBIDA A REPRODUÇÃO -

Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens e acontecimentos


descritos, são produtos da imaginação do autor. Qualquer semelhança com
nomes, datas e acontecimentos reais é mera coincidência.

Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou utilizada sob


quaisquer meios existentes, sem a prévia autorização por escrito do autor.

















SINOPSE

Sophie é uma adolescente de 16 anos de idade.

Após a chegada do seu tio de outra cidade para viver com sua família,
ela passa a nutrir um desejo intenso por aquele homem.

Sua atração e obsessão por ele a levará a fazer loucuras, sem se importar
com regras ou com o que os outros pensam.

Hector é um rapaz que sempre morou em uma fazenda no interior de


Goiás. Após a morte da mãe, decide aceitar ir morar com seu irmão.

Só que ao rever a sobrinha já adolescente, começa a nutrir uma paixão


avassaladora por ela, Hector tenta lutar contra esse sentimento enquanto
Sophie tenta provar a ele que o desejo é recíproco.
PRÓLOGO

Meu nome é Sophie, tenho 1,65mt de altura, cabelos ruivos e olhos


esverdeado, rosto de anjo e corpo de uma diabinha gostosa. Estou falando
isso, pois Hector disse para mim algumas vezes em que ficamos sozinhos.
Amanhã farei 18 anos e queria contar para vocês o drama que estou
passando desde os 16 anos de idade. E o causador disso tudo é justamente
esse homem. Senhor Hector, super gostoso e irmão mais novo do meu pai.
Vocês podem pensar que sou doida e mimada, achando que eu o quero
por capricho. Mas não é! Eu o amo de verdade e faria de tudo por esse
homem! É por isso que amanhã tentarei corrigir as burradas que andei
fazendo e vou mostrar-lhe que sou uma mulher e não a menina mimada que
ele pensa que sou.

Então! Vamos aos fatos de como tudo começou. Sei que peguei
pesado com ele, mas vocês têm que me dar um desconto, quando o conheci
tinha apenas 16 aninhos!

CAPÍTULO 1
- Sophie, Sophie… – Ouço mamãe batendo na porta para me acordar.
Nossa! Será que o mundo está acabando? Para quê esse escarcéu todo! Só
pode alguém ter morrido e se não morreu, deveria. Um dos maiores pecados
de um adulto é no fim de semana acordar um adolescente cedo, gente é o fim
da picada!

Abro a porta mal-humorada – O que foi mãe? Alguém morreu?

- Não acredito que você esqueceu de que seu tio chega hoje para morar
com a gente. E seu pai te pediu tanto para que quando ele chegasse,
estivéssemos todos reunidos para recepcioná-lo… – Coloco a mão para cima
interrompendo-a.

- Entendi mãe! Vou me arrumar e te prometo que quando meu tio


chegar estarei lindíssima para recebê-lo de braços abertos! - Digo com
sarcasmo, em seguida começo a rir da careta que ela faz, minha mãe balança a
cabeça em reprovação, porém não diz nada e sai fechando a porta do quarto.
A última vez que vi meu tio eu tinha 10 anos. Não me lembro dele,
tomara que não seja um adulto chato, daqueles que pega no pé.

Basta meus pais para fazerem isso, mais um vai ser foda! É duro ser
filha única, a exigência é grande. Tomo um banho e visto um vestidinho
florido e bem fresquinho, o calor de Brasília está escaldante esses dias.
Ouço vozes e risadas na sala, ao descer as escadas me distraio com o
celular e esbarro em uma montanha a minha frente, a pessoa se vira e eu me
deparo com os olhos mais lindos que já vi em minha vida.
Levo um susto. E fico sem reação… Que Deus grego é esse! Será que
é meu tio? A última vez que o vi não me lembrava de que ele era gato desse
jeito, ou eu era inocente demais, e não observei sua beleza!

- Desceu na hora certa minha filha. - Meu pai vem em minha direção e
me dá um beijo na testa. – Seu tio acabou de chegar. – Ele aponta para o
homem a minha frente, e eu só consigo observar o quanto ele é gostoso.
Hector é alto, deve ter 1,85MT, cabelo castanho escuro, olhos azuis
iguais aos do meu pai, sua barba por fazer dá um ar de masculinidade e o que
me chama mais à atenção não é seu rosto que parece de um ator
hollywoodiano, e sim seu corpo másculo. Um pecado em pessoa!

Instalamos meu tio em um quarto que fica de frente ao meu e perto do


banheiro e o ajudamos a organizar seus pertences.

- Espero que você goste do seu quarto. – Falo sem graça, me virando
para sair, ao olhar para trás o vejo tirando a camisa e exibindo seu corpo
magnífico, ele me olha e sinto minhas bochechas queimar, saio às pressas.
Nossa… Sabia que ele era gostoso!

Passamos um mês agradável, conheci meu tio melhor, na verdade ele


não é chato e nos tornamos amigos, sempre saímos juntos e nos divertimos
bastante, meu pai é mais maleável sabendo que estou acompanhada dele.

Agora somos inseparáveis, aonde um vai o outro está junto.

Criamos uma rotina de assistir filmes quase todas as noites. Certa vez
adormeci e acordei com a cabeça em seu colo sentindo sua mão acariciando
meu cabelo, mas fingi ainda estar dormindo para não perder esse momento de
carinho.
Combinamos de ir a um luau que estava acontecendo no pontão do
lago. Quero apresentá-lo aos meus amigos, quero que ele se sinta bem na
minha turma.
Ouço alguém bater na porta, olho para o relógio e são 19h30min.
- Entra – Grito pensando que é minha mãe, Hector entra e ao me ver,
arregala os olhos e vira o rosto, estou apenas de lingerie, corro e pego minha
toalha morrendo de vergonha. – Desculpa, pensei que fosse minha mãe.
- Tudo… Bem. – Ele gagueja sem graça. – Sua mãe pediu para chamá-
la. – Ele se vira saindo apressado.
Sento-me na cama vermelha como um tomate! Como sou idiota,
deveria ter perguntado quem era primeiro.

Chegando ao luau apresento Hector aos meus amigos. É a primeira


vez que saímos com eles, acho que por mais que tente enturmá-lo, ele se
sentiu um pouco deslocado.

Meu tio me avisa que vai dar uma volta sozinho e combinamos de nos
encontrar duas horas depois, em frente ao seu carro.

Estava me divertindo, dançando e curtindo muito quando me dou


conta que já se passaram as duas horas que combinei com Hector.

Me despeço de todos e saio correndo entre as árvores em direção ao


carro, ao chegar perto do carro ouço alguns gemidos que desperta minha
curiosidade. Percebo logo o que está acontecendo e apesar do choque não
consigo desviar o olhar. Escondo-me entre as árvores e assisto tudo de
camarote.

Hector, esta agarrado a uma lambisgoia. E que beijo é esse meu Deus!
Não dá para passar um mosquito. Ai! Não acredito! Ela está pegando no …
dele… É isso mesmo que estou vendo? Fico com a cabeça um pouco mais
elevada para ter uma melhor visão da pegação dos dois.

E é isso mesmo… Ela está pegando no membro dele por cima da calça
jeans e abaixando seu zíper. Deixando-o exposto.
Nossa! Ele é bem-dotado… De repente a lambisgoia se abaixa e
começa a chupá-lo, nesse instante consigo ver o prazer em seu rosto!
Ele a puxa pelo braço e não se faz de rogado, apalpa seus seios e se
esfrega nela apertando-a contra a árvore, com um movimento rápido ele desce
a mão até sua calcinha.

Hector a levanta pela bunda, ela entrelaça as pernas ao redor de sua


cintura começando um vai e vem frenético, ela começa a gemer alto pedindo
que ele vá mais rápido e morde seu ombro de tanto prazer. Oh… Céus! Ele
deve ser muito gostoso para fazê-la gemer desse jeito!
Nesse momento desperta uma coisa estranha dentro de mim, uma
mistura de sentimentos conflitantes. Não sei se é excitação apenas, ou um
algo mais como inveja, raiva, nojo ou ciúmes. Só sei que nesse instante noto
que queria estar no lugar dela. Que lambisgoia sortuda!

Assim que os vejo se recompor e trocarem telefones, saio de fininho


para que não percebam minha presença, só que um galho quebra me
delatando. Ele faz uma cara de espanto e vem rapidamente em minha direção.

- Sophie… O que está fazendo aqui? – Ele pergunta de supetão, assim


que chega perto de mim.

- Eu…eu, estou indo para o carro, foi uma coincidência nos


encontrarmos. - Desconverso. - Se tivéssemos marcado, não teria dado tão
certo! – Faço uma brincadeira para tentar distraí-lo.

- Hum sei! – Hector fala um pouco desconfiado. - Então vamos, já está


tarde, e seu pai deve estar preocupado.

Entramos no carro e sinto a atmosfera pesada, descido ligar o rádio


para amenizar esse clima constrangedor.

- Está gostando de Brasília, Hector? – Pergunto tentando quebrar o


silêncio.

- Porque você não me chama de tio? – Ele pergunta sem tirar os olhos
da estrada.
- Por que te acho novo e não me sinto à vontade te chamando de tio,
não tivemos um envolvimento de tio e sobrinha quando eu era menor, por isso
não me sinto bem com isso.

- Eu sei que minha mãe errou muito em ter se afastado do filho, por
não aceitar o casamento dos seus pais, eu não tive culpa de não ter tido
convivência com você. – Hector me olha como se estivesse me pedindo
desculpa.
- Eu sei! Ninguém teve culpa nessa história, além da minha avó, é
claro!

- Sophie, ela se arrependeu no seu leito de morte e é isso que importa.


– Ele tenta justificar os erros da minha avó, que por ser orgulhosa não tive
convivência.

- Tudo bem. E ai! O que está achando de Brasília? – Pergunto


novamente mudando de assunto.

- Estou apaixonado pela cidade, é muito bonita! – Ele responde


animado, dando um sorriso com seus lábios grossos de dentes perfeito que faz
qualquer mulher pirar!

No caminho conversamos bastante e decidimos dar uma parada em


uma lanchonete para lanchar.

Ao chegar em casa cansada, me jogo na cama e só consigo ver a cena


do Hector com aquela lambisgoia, nesse instante percebo que estou excitada.

Meu Deus! Por que isso está acontecendo comigo? Nunca senti algo
parecido antes!
CAPÍTULO 2
Depois do que vi naquela noite, não paro de pensar em meu tio, tenho
que parar com isso! Fico repassando o que aconteceu, e isso não é certo! E o
pior de tudo é que minha mente sempre me prega uma peça, quando me dou
conta estou lembrando do que testemunhei.

Às vezes acordo no meio de um sonho em que ao invés de ser a


lambisgoia, sou eu com meu tio naquela árvore. Levanto correndo e vou me
arrumar para ir à escola. Tenho que parar de sonhar com ele.

Ao chegar à cozinha encontro Hector tomando café sozinho, acho


estranho, pois meu pai sempre está com ele.

- Bom dia! – Entro bocejando de cansaço, pena que não posso dormir,
tenho que ir para a escola.

- Bom dia… - Ele me olha de um jeito estranho. – Para onde você vai
mesmo? – Me pergunta com uma cara de quem não está entendendo.

- Vou pra escola, ué! – Ele começa a rir.

Coloco a mão na cintura sem entender o motivo da graça dele.


- Sophie, hoje é sábado! – Dou um tapa na minha testa, como sou anta,
poderia estar dormindo até agora e já estou de pé, que coisa, hem!
- Não acredito que fiz isso! Me arrumei toda para ir à escola em pleno
sábado, que raiva! - Sento na cadeira emburrada, colocando um pouco de café
em uma xícara. – E onde estão meus pais?

- Eles foram para a casa da sua tia e só vão voltar no final da tarde.
Eles pediram para te avisar, já que sabem que você gosta de dormir até mais
tarde no sábado. – Ele diz rindo da minha cara emburrada.
- Fazer o que, né?! Vou tomar meu café e voltar para minha cama. –
Comento entediada. – E por que você está acordado tão cedo, já que hoje é
sábado e você não trabalha e nem tem aulas na faculdade?
- Acordei cedo para correr no parque da cidade. – Reparo que Hector
está com uma regata branca e uma bermuda de tactel preta.

- Se você quiser ir comigo? – Ele me pergunta já se levantando para


lavar a louça que usou.

- Acho que vou sim – Respondo, sem tirar os olhos do seu bumbum
arrebitado, o admirando de costas, enquanto ele lava a louça. É por isso que
ele tem essa bunda maravilhosa! Por mais que eu queira tirar os olhos do seu
corpo, eles se recusam a parar de admirá-lo. - Vou me arrumar – Saio do meu
transe e corro em direção ao meu quarto para trocar de roupa.

Não consegui acompanhá-lo na corrida, ele tem um preparo físico


invejável, sou muito sedentária!

Abro a toalha que trouxe para sentar um pouco na grama e curtirmos o


dia. Já que não tem ninguém em casa vamos almoçar por aqui mesmo.

Sento-me cruzando as pernas em forma de borboleta, com os braços para trás


e a cabeça erguida para observar o céu que está limpo e ensolarado.

Fecho meus olhos para curtir o vento fresquinho que vem dentre as
árvores.

Moro aqui perto há tantos anos e não venho aqui, tenho que aproveitar
mais desses momentos natureza e ser menos sedentária e preguiçosa.

Levo um susto ao sentir que meu tio se senta ao meu lado todo suado e
sem camisa.
Olho em sua direção e o pego observando meu rosto, com um olhar
que não sei decifrar.

- Um sorvete pelos seus pensamentos. – Comento, rindo da careta que


ele faz.
- Estou aqui pensando, que você não aparenta à idade que tem, tanto
na personalidade quanto fisicamente.

- Eu sei, muita gente fala isso, meus amigos dizem que sou uma velha
no corpo de uma adolescente. – Respondo enquanto abraço minhas pernas.
Nossa manhã foi agradável e descobri várias coisas em relação ao
Hector.
Nunca me interessei por rapaz nenhum, nunca quis namorar, o
máximo que faço é ficar com uns carinhas em algumas festas que vou com
minhas amigas, nenhum nunca me chamou atenção ao ponto de eu querer
algo mais sério, e muito menos os carinhas da escola, eu os acho muito
infantis e sem noção.

Conhecendo Hector melhor vejo a diferença de papo e


comportamento, ele é divertido, brincalhão, carinhoso, amigo, companheiro e
cuidadoso, é um homem de muitas qualidades, com certeza sua futura esposa
vai ser uma mulher de muita sorte por tê-lo.

Ao pensar nisso sinto um tremor em minha espinha e o bichinho do


ciúme me invade.

Ao chegarmos ao restaurante encontramos por um acaso um colega


dele.
- Oi cara, que coincidência! – Seu colega o cumprimenta.

- Olá, realmente! – Hector o abraça dando um tapa em suas costas.


Seu colega olha para mim e me cumprimenta com um aceno de cabeça.

- Como sou mal-educado, essa daqui é Sophie. – Hector me apresenta.


Imediatamente levanto para cumprimentá-lo. – E esse Sophie é o Felipe, um
colega de trabalho. – Seu colega aperta minha mão e me dá três beijinhos no
rosto.
Felipe é um rapaz moreno claro, de altura mediana, magro e de
cabelos castanho escuro estilo militar.
Ficamos conversando um pouco na frente do restaurante enquanto
esperamos a noiva do Felipe, assim que ela chega, ele nos apresenta.

- Muito bonita sua namorada, vocês formam um belo casal. – Samanta


comenta depois de me dar três beijinhos no rosto.
Ela é uma morena bonita e simpática, que aparenta ter uns 22 anos.

Nós três começamos a rir e ela nos olha sem entender nada.

- Amor, também falei a mesma coisa! Sophie é sobrinha dele! – Felipe


diz sorrindo para a noiva que cora na mesma hora, nos pedindo desculpa.

Acabamos almoçando juntos e foi agradável. Eles nos chamaram para


irmos ao cinema mais tarde, não respondi esperei pela resposta do Hector, ele
gostou da ideia e concordou, então combinamos de nos encontrar às 19 horas
em frente ao Shopping Pier 21.
Estou numa felicidade só, me arrumando para irmos ao cinema.
Capricho na maquiagem e coloco uma calça jeans que realça as minhas
curvas, uma blusinha frente única e um salto para finalizar.

Chegamos em frente ao Shopping Pier 21, Hector estava de se comer com os


olhos, ele colocou uma calça jeans desbotada, uma camiseta que realça sua
musculatura e uma bota cano curto, ele está parecendo um bad boy.

Muitas mulheres estão lhe observando e não gostei nadinha, sinto o


ciúme me invadir de uma forma que fiquei preocupada. Com certeza é ciúmes
de sobrinha, tenho medo dele encontrar uma namorada e me deixar de lado, e
isso iria me matar, pois estou muito apegada a ele.

- O que foi Sophie. – Hector me olha percebendo que estou meio


emburrada. Antes que conseguisse responder nossos companheiros de filme
chegam.
Nos cumprimentamos e fomos direto comprar nossos ingressos.
Decidimos assistir ao filme Velozes e Furiosos 7. No final, eu e Samanta
choramos com a homenagem que fizeram ao Paul Walker.
- Não acredito que esteja chorando Sophie! – Hector comenta sorrindo
enquanto enxuga uma lágrima que insistiu em cair.

Assim que sua mão toca meu rosto, sinto meu corpo inteiro arrepiando
e na mesma hora lembro-me do que o vi fazendo naquela noite.
Fecho meus olhos e curto a sensação maravilhosa de ter sua mão em
minha pele e no momento que ele a retira acordo do meu delírio! Queria que
Hector continuasse me tocando, não só no rosto, mas em todas as partes do
meu corpo. Abro meus olhos e me deparo com aqueles lindos olhos azuis
observando minha boca.
- Então! Vamos? – Hector diz limpando a garganta. – Acabou o filme.
– Concordo e saímos do cinema.

- Ficamos um pouco em um dos barzinhos do Pier 21 e depois nos


despedimos da Samantha e do Felipe.

- Sophie! – Samanta me chama para falar comigo. – Gostei muito de


ter lhe conhecido, me passa seu número, para depois marcarmos um programa
só de garotas. – Ela diz tirando o celular da bolsa para anotar o meu número.

Nos despedimos de novo e fui em direção ao Hector, que já estava me


esperando com a porta do carro aberta.

- Não preciso nem perguntar se você gostou do filme, até chorou de


emoção! – Hector diz rindo.

- Rá, rá, rá. Muito engraçado! – Falo com a cara emburrada, cruzando
os braços.

- Só estava brincando, sua apelona! – Ele ri novamente enquanto


coloca o sinto de segurança.
- Obrigada pelo dia de hoje, você é uma excelente companhia. – Digo
segurando sua mão. Ele olha para nossas mãos e puxa a sua de supetão, como
se estivesse pegando fogo.

- Não precisa me agradecer Sophie, tio é pra essas coisas mesmo. –


Ele responde e coloca o carro na estrada sem me olhar.
Ficamos o resto do caminho em silêncio e antes de chegarmos perto
de casa disparo com a pergunta mais idiota do ano.
- Posso te fazer uma pergunta? – Fico observando-o dirigir.
- Pode. – Ele me responde sem tirar os olhos do trânsito.

- Você está namorando aquela garota com quem ficou no Luau?

- Você estava me espionando? – Ele pergunta, parando o carro em uma


pracinha perto do nosso condomínio.

- Não… é que… eu vi vocês dois juntos, - gaguejo ao responder sua


pergunta. Hector lança um olhar mortal em minha direção.

- Sophie, o que você viu? – Me pergunta ignorando o que eu tinha


perguntado.

- Nada! – Abaixo a cabeça, não querendo falar que tinha visto tudo e
mais um pouco.

- Não acredito em você! – Hector responde sério.

Levanto meu olhar e vejo reprovação em seus olhos. Há! Quer saber!
Ele que foi errado de sair se esfregando em uma mulher no meio do mato.

- Você quer saber, eu vi tudo! – Respondo, virando meu rosto para a


janela do carro.

- É impressionante como adolescente é curioso! – Ele fala com


sarcasmo.

- Engraçado… Você estava se esfregando em uma cadela como se


estivesse no cio, perto do estacionamento e eu é que sou curiosa! Você é que
não tem vergonha de se expor desse jeito! – Ele me olha como se não
estivesse acreditando no que eu tinha falado.
Peguei pesado e estraguei esse dia maravilhoso, como sou burra e
curiosa, por que eu fui fazer essa pergunta idiota? Não tenho nada a ver com a
vida dele!
- O quanto você viu, Sophie? – Ele continua me olhando sério.

- Tudo bem! Desculpa pelo que eu lhe falei, não tenho nada haver com
sua vida e eu realmente não tinha que ter ficado espionando a pegação dos
outros. – Me justifico envergonhada.

- Você não me respondeu! – Ele ignora minhas desculpas.


- Tudo… – Abaixo a cabeça sem graça. – Desculpa! – Olho em seus
olhos e vejo que ele está realmente muito chateado comigo. Fico com raiva
por ter estragado nossa noite. Abro a porta do carro e saio ás pressas, Hector
tenta me segurar, mas puxo meu braço com força. - Sinto muito! – Saio
correndo em direção a minha casa.
CAPÍTULO 3
Já se passaram duas semanas e meu tio está fugindo de mim como o
diabo foge da cruz. Hector mudou comigo depois de nosso desentendimento.

Ele começou a chegar tarde e sair cedo, me evitando o máximo


possível, tentei quebrar o gelo várias vezes, estava com saudade de sua
companhia. Mais Hector não queria papo, não sei se é por vergonha ou por eu
ter confessado que fiquei de voyeur naquela noite.

Hoje acordei mais cedo para pegá-lo tomando café, assim que entro na
cozinha, meu dia se ilumina ao vê-lo sentado segurando sua xícara de café e
levando-a a boca. Há… Como queria ser essa xícara!

- Bom dia! – Chego alegre e sento a mesa. Ele para a xícara a caminho
da boca, sem acreditar no que via, dessa vez o surpreendi!

- Por que está de pé tão cedo, Sophie?

- Eu queria falar com você, e a única maneira foi essa. – Coloco café
na minha xícara, distraidamente.

Hector coloca a xícara na mesa e me questiona.


- O que você quer falar comigo? – Ele cruza os braços esperando
minha resposta.

- Eu queria te pedir desculpa, fui uma idiota e me sinto culpada pela


nossa briga. Não tenho nada haver com sua vida e sinto falta de você! Quero
meu amigo de volta! – Fico ansiosa esperando sua resposta.
- Eu também – Ele solta um suspiro passando as mãos pelo cabelo.
Nossa! Como ele é sexy.
- Vamos esquecer o que aconteceu. Amigos de novo? – Estendo minha
mão.

- Amigos! – Ele a segura, me fazendo sentir um friozinho gostoso na


barriga. Ficamos nos olhando e caímos na gargalhada, levantamos ao mesmo
tempo e nos abraçamos.

- Me desculpa! – Continuo abraçando-o, sentindo seu cheiro


maravilhoso. Sei que estou errada, não poderia estar me aproveitando desse
momento para tirar uma casquinha dele, mas… É mais forte que eu!

Eu gosto de ficar perto dele, sei que não podemos ter nada além de
amizade. Será que é pecado? Fico em dúvida. Sou sobrinha dele é apenas
amor de tio que Hector sente por mim. Já eu, tenho minhas dúvidas se é
somente amor de sobrinha que sinto por ele.

Poxa! Quem é a sobrinha que não ficaria abalada com um tio desses?
Se pelo menos tivesse tido convivência com ele desde pequena, talvez eu não
estivesse tão encantada.

Sou de apostar que estou assim só porque lhe vi com aquela garota,
tenho certeza que é isso! Preciso esquecer o que eu vi!

- Também fui errado! – Hector fala um pouco constrangido, ele coloca


a mão em meu rosto, dá um beijo demorado em minha testa e me dá outro
abraço apertado. Sinto-me tão em paz em seus braços que gostaria que
durasse a eternidade.

- Vem! Vamos terminar de tomar nosso café da manhã. - Ele me puxa


pela mão e me guia novamente à cadeira.
Colocamos nosso papo em dia e combinamos de assistir a um filme
mais tarde, assim que ele chegasse da faculdade.
Fui para a escola em uma felicidade sem fim, contando os minutos
para tornar a vê-lo. - Até que enfim! A aula terminou – Sussurro ansiosa. Vou
correndo para o portão esperar minha van, vejo meu colega de sala correndo
em minha direção.

- Sophie… Espere, temos que marcar o dia de nos encontrarmos, para


podermos fazer nosso trabalho. – Ele fala tudo muito rápido e atrapalhado por
estar sem fôlego.
- Realmente! – Bato em minha testa, pela minha falta de atenção na
aula.

- Podemos combinar na sua casa amanhã à tarde, o que acha? – Meu


colega sugeri.

- Pode ser David, vou comprar o material para os cartazes e você


compra as coisas da maquete, tenho algumas sobras da nossa última maquete,
vou ver o que falta e passo para você pelo whatsapp, ok? – Falo tudo muito
rápido e com pressa de ir embora.

Preciso fazer todos os meus deveres de casa e ainda ir para o curso de


inglês. Tenho que me apressar, para conseguir fazer tudo cedo para dar tempo
de ver o filme com Hector.

- Tudo bem então! Passa um Whatsapp com as coordenadas para fazermos o quanto
antes – David se despede apressado. – Esqueci, temos que avisar a Stefanini. – Ele grita e manda um
tchau.

- Pode deixar que eu aviso. – Respondo apressada.

Fiz todas as minhas tarefas de casa, fui para o curso, me arrumei, fiz
pipoca e esperei por ele ansiosa. Assim que ouço a porta abrir vou correndo
em direção a sala de estar, onde meus pais estão assistindo televisão.
- Oi! – Ele parece estar cansado.

- Boa noite, Sophie! E aí, está pronta para assistirmos um filme legal?
– Hector pergunta com um sorriso cansado.
- E nós vamos dormir, não é meu amor! – Meu pai se levanta e dá um
selinho em minha mãe puxando-a junto a ele.

- Com certeza! Crianças sabemos que amanhã é sábado, mas não


abusem e não fiquem até tarde assistindo filme. – Ela nos dá um beijo e
acompanha meu pai.
Escolhemos o filme “A teoria de tudo”. Fui à cozinha pegar a pipoca e
o refrigerante enquanto Hector foi se trocar.
Ele chega com os cabelos úmidos do banho, assim que senta perto de
mim, sinto o cheiro dele uma mistura de canela e laranja, me fazendo ter
calafrios. Ele se joga no sofá, me puxa junto e coloca meus pés em seu colo, o
modo que sentamos já se tornou rotina entre a gente.

- Muito bom o filme, história de vida interessante! Você teria coragem


de se casar com um homem em tais circunstâncias Sophie?
- Teria sim, se eu o amasse, claro que sim. – Respondi com toda
sinceridade.

- Você já se apaixonou por alguém? – Hector pergunta curioso.

- Ainda não, acho os garotos da minha idade um saco! Eles são muito
infantis. E você já se apaixonou? – Aproveito a oportunidade para conhecê-lo
melhor.

- Não… Tive alguns relacionamentos breves, mas não ao ponto de me


apaixonar.

- Hum! Entendo… – Fico tentando decifrar o motivo dele aos 26 anos


nunca ter se apaixonado.

- O que foi Sophie? – Hector pergunta com um olhar curioso. E foi aí


que me dei conta que estava analisando ele descaradamente.

- Nada! Vamos assistir outro DVD? – Desconverso e pego os outros


filmes.
Hector puxa os filmes da minha mão e escolhe um. - Vamos ver esse?
- Mostra o filme sorrindo para mim. Olho o nome do título “O Procurado”.

- Hum! – Reviro os olhos e comento. – Por que vocês homens gostam


tanto de violência?
- Porque nós homens, super machos gostamos de ação, adrenalina e
mulheres gostosas! – Hector responde rindo da minha cara. Dou um leve soco
em seu braço musculoso e puxo o filme de sua mão.

- Não! Vamos escolher outra coisa. – Digo enquanto pego os outros


filmes da mesa de centro, Ele agarra antes de mim todos os filmes de uma vez
com sua mão enorme.

- Agora deveria ser minha vez de escolher! Já vimos um filme


dramático vamos ver uma coisa mais animada! – Ele responde.

Tento agarrar os filmes em vão, Hector ri de minhas tentativas


frustradas, ao tentar pegar os filmes de sua mão acabo caindo sobre ele, seu
peito largo amortece minha queda, seu cheiro me embriaga no mesmo
instante, nos olhamos e sinto uma certa tensão! Me afasto dele rapidamente e
sorrio constrangida. Hector se ajeita no sofá.

- Já que você se esforçou tanto, vou deixar você escolher. – Ele me


entrega os filmes e eu com um leve sorriso de vitória decido assistir “Diário
de uma Paixão”, já tinha visto, mas quero compartilhar com ele um dos meus
filmes prediletos.
Conforme o filme foi passando, meus olhos foram pesando até ser
vencida pelo sono.

Sinto que estou sendo carregada e levo um susto ao perceber que estou
nos braços do Hector! Ele empurra a porta do meu quarto com o corpo, me
colocando sobre a cama.

- Não precisava me trazer no colo, Hector! Era só ter me acordado. –


Bocejo, esfregando meus olhos. - Que bela companheira de filme você foi
arrumar hem!

- Você já tinha assistido? – Ele pergunta com cara de desconfiado.


Concordo com a cabeça, enquanto me afasto um pouco dando espaço para ele
sentar na cama.
- Então você realmente quis me torturar? – Hector pergunta
brincalhão, cruzando os braços.

- Claro que não! É um ótimo filme, um dos meus prediletos. Você


terminou de assistir? – Quero saber.
- Terminei. - Ele responde sentando ao meu lado com as pernas
esticadas.
- E o que achou? – Pergunto rindo, ele deve ter achado muito meloso!

- Gostei… A persistência do rapaz em relação ao que ele sentia por ela


é interessante. Fiquei com uma frase que ele disse em minha cabeça.

- Qual é? – Perguntei surpresa.

- “Posso ser divertido se quiser. Concentrado. Inteligente.


Supersticioso. Corajoso. E também um bom dançarino. Posso ser o que você
quiser. Diga o que quer, e eu serei para você”.

- Você acha que um dia, eu sentirei algo parecido, Sophie? Por que
não tenho esperança disso, nunca tive nenhum sentimento ou algo parecido
por nenhuma mulher! – Hector pergunta pensativo. – Eu…

Não o deixei terminar a frase. Não sei o que me deu, simplesmente


subi em cima dele e segurei sua cabeça entre as mãos.

- Claro que vai! – Olho diretamente em seus olhos azuis. – Apenas


não achou a pessoa que atingisse seu coração. Pouso minha mão ao lado
esquerdo do seu peito. - Tenho certeza que quando você a encontrar fará de
tudo pelo seu amor.

- Sabe Sophie… espero que um dia isso aconteça. – Ele diz enquanto
acaricia minha bochecha descendo até o queixo. Estremeço com seu toque!
Não sei o que deu em mim, chego perto de seu pescoço e deposito um
beijo. Não resisti à proximidade e continuei subindo, até o canto de sua boca,
nossos lábios se encontram com um misto de medo, horror e prazer pelo que
está acontecendo. Nos entregamos ao momento! Ele coloca sua língua em
minha boca e correspondo com todo prazer, nossas línguas dançam e eu
aproveito ao máximo a sensação de ter uma parte dele dentro de mim!
Acaricio seus cabelos e ele me aperta ainda mais ao encontro de seu peito.
De repente Hector me empurra para longe, me fazendo cair na cama,
ele se levanta e passa a mão pelo cabelo nervoso.
- PUTA MERDA! – Ele xinga colocando a mão sobre a boca e
olhando para o teto. – O que fizemos Sophie! Você sabe que é errado… não
sabe? – Hector pergunta e eu ainda estou em transe sentindo seu sabor. Me
dou conta do que está acontecendo e sinceramente não me arrependo. Esse foi
o melhor beijo da minha vida! Fico extasiada ao perceber que quero muito
mais…

CAPÍTULO 4

Não me reconheço, estou desatenta, distraída e nas nuvens! Não


escuto uma só palavra do que o professor diz durante a aula. Só penso no
Hector, em suas mãos, seus braços, seu peito e seus lábios, ainda sinto o gosto
de sua boca na minha. Sei que deveria tentar esquecer, mas não consigo.
Na verdade, não quero! Anseio pelo seu toque novamente…
Precisamos conversar, não é possível que ele não tenha sentido o mesmo que
eu…

Chego em casa decidida a pressioná-lo para conversarmos sobre o que


aconteceu! Vou para meu quarto e aguardo sua chegada. Ouço os passos dele
subindo as escadas, entrando em seu quarto e em seguida o barulho do
chuveiro, aproveito a oportunidade e corro em direção ao seu quarto para
esperá-lo.

Ando de um lado para o outro nervosa, enquanto o aguardo. A porta se


abre de repente e meu coração dispara ao notar que Hector está apenas de
toalha e com gostas de água escorrendo em seu peito nu.
- O que você está fazendo no meu quarto Sophie? – Ele pergunta
assustado ao notar minha presença.

- Queria falar com você, mas está difícil, já que está fugindo de mim
novamente. – Ele continua parado na porta do quarto, enquanto encaro sua
toalha enrolada na cintura.
- Sophie… – Hector fala meu nome em um sussurro que quase não
escuto ele pronunciar. – Estou cansado, a faculdade e o trabalho estão me
consumindo, deixa para conversarmos outro dia.
- Não! Quero conversar com você agora! Tem três semanas que você
foge de mim, me ignorando totalmente. Minha mãe está preocupada por você
não parar mais em casa, ela está achando que você odeia morar com a gente e
o clima entre nós dois está insuportável! Sinto sua falta, nós ficamos três
meses juntos em uma sintonia maravilhosa e do nada você muda. Isso está me
matando!

- E o que você quer que eu faça Sophie? Me diz!? Porque eu não sei,
estou perdido! – Ele fecha a porta e senta na cama. É evidente o desespero em
seus olhos.
- Quero meu companheiro de filme. – Falo sentando ao seu lado. - E
meu pai quer seu companheiro de corrida, estamos sentindo sua falta, você
faz parte da nossa pequena família, não nos ignore como você está fazendo. –
Dou um abraço nele deixando uma lágrima teimosa cair em seu peito.

- Tudo bem, Sophie… vou ver o que faço! - Ele me abraça ainda mais
forte. – Você é minha menina linda e melhor amiga, você sabe disso, não
sabe?
- Sei… - Concordo com a cabeça, enquanto ele enxuga uma lágrima
do meu rosto. – Vou deixá-lo descansar! – Levanto e saio em direção à porta.

- Sophie! – Ele me chama. – Esquece o que aconteceu, foi um erro


terrível, você é minha sobrinha.

- Tudo bem já esqueci, pode ficar tranquilo! - Minto e tento esconder


minha frustração.
- Melhor assim! – Hector fala antes que eu feche a porta de seu quarto.

Os meses se passaram e a paz volta a reinar. Nossa rotina voltou ao


normal.
Eu finjo que sou a sobrinha e filha mais feliz do mundo! Mas não é
verdade, engano a todos com uma falsa alegria. Preciso encontrar uma
maneira de esquecê-lo, talvez minha única saída seja conhecer alguém, pois
não sei mais o que fazer. Estou quase enlouquecendo por ficar perto do
Hector sem tocá-lo, se não estiver apaixonada por esse homem, não sei mais o
que pode ser! Nunca senti isso por ninguém, quando estamos juntos a única
coisa que quero é beijá-lo e sentir o seu toque!
- Sophie. – Meu pai me chama me forçando a sair de meus devaneios.
– Você ouviu o que eu disse? – Ele pergunta, enquanto passa requeijão em seu
pão.

- Desculpe papai, estava pensando em um trabalho que eu tenho que


entregar semana que vem. O que o senhor disse mesmo? – Pergunto
desviando meu olhar dos olhos atentos da minha mãe.
- Estava falando que hoje tenho que ir na casa da sua tia, mas
combinei com Hector de irmos correr no parque. Você gostaria de
acompanhá-lo ou ir para casa da sua tia?

- Vou correr com Hector, se ele quiser, é claro! – Respondo


observando sua reação.

- Por mim, tudo bem! – Hector diz dando de ombros

- Então vou me arrumar. – Me levanto e corro para meu quarto.

Estou pronta para correr, na verdade eu caminho e ele corre.


Chegamos ao parque em poucos minutos, Hector está concentrado e eu
bastante animada, adoro vê-lo correndo que tentação é esse homem! Por onde
ele passa tira olhares de várias mulheres.

Faço como sempre quando venho com ele ao parque, estendo uma
toalha e fico curtindo a natureza.

- Chamei Samanta e Felipe para almoçarmos juntos – Ele senta ao


meu lado, enquanto me conta a novidade.
- Que bom! Gosto da Samanta, vai ser divertido. – Concordo animada.

Encontramos Felipe e Samanta em um restaurante bem aconchegante


que fica dentro do parque, curtimos uma agradável refeição e rimos muito.
Felipe e Samanta são ótimas companhias!
Ao caminharmos para o estacionamento nos deparamos com algumas
crianças brincando de pique pega com balões de água, Hector sorri para
Felipe e o amigo entende imediatamente, eles pedem dois balões para as
crianças que entregam prontamente com sorrisos nos rostos.
Ao percebermos suas intenções, eu e Samanta saímos correndo.

– Nada disso! - Ela grita.

Os dois nos alcançam rapidamente. Samanta é a primeira a ser


almejada por Felipe, eu continuo correndo, mas em vão, pois Hector me
alcança sem nenhum esforço, olha para mim com um sorriso travesso e
explode o balão em minha cabeça, ele solta uma gargalhada gostosa enquanto
me dou conta do estrago, mas não consigo ficar com raiva, seu sorriso vale
uma camisa molhada.

Samanta e eu fomos ao banheiro do restaurante para nos secar.


Compramos duas garrafas de água, e enquanto eles estavam distraídos
conversando, nos vingamos da travessura dos dois.

- Poxa, Samanta! – Felipe reclama retirando sua camiseta.

- Não é bom molhar os outros? – Samanta ri, enquanto vê o noivo


tentando secar sua camiseta.

- É, realmente merecemos esse castigo – Hector responde rindo.

- Também achei! – Concordo com ele.

- Queremos uma revanche! Vamos para o paintball? – Felipe pergunta.


- Vamos! - Samanta responde, dando pulinhos de alegria. – Adoro
paintball.

Fico um pouco receosa, nunca joguei e não sei se vou me sair bem.
- Vamos fazer o seguinte, eu e Sophie, contra você e Samanta, o que
acham? – Hector propõe.

- Só que você sabe que o paintball é muito concorrido e talvez a gente


não consiga jogar só nós quatro. – Felipe explica.
- Não tem importância, ficamos em times separados. O casal que
perder paga o Chopp. – Meu tio propõe.
- Fechado! – Felipe concorda lhe dando a mão selando o acordo. –
Então vamos que eu quero acabar com esses dois no paintball. – Felipe
abraça a noiva lhe dando um selinho.

- Vamos ver quem vai ser o perdedor! - Hector o desafia e me abraça


dando um beijo no topo da minha cabeça. – Isso pode ter sido um gesto
inocente da parte dele, só que fez meu corpo vibrar.
Chegamos ao paintball, Hector segura minha mão me guiando em
direção à arena. É maravilhosa a sensação de ter sua mão segurando a minha.

Sinto um misto de sentimentos, estou animada e com um pouco de


medo, a primeira impressão é que estou em um campo de batalha, muros
sujos e pinchados, pneus por toda parte, alguns carros destruídos, tambores e
fenos em todos os lugares, tudo muito colorido e sujo de tinta.

- O que foi Sophie? – Hector me olha vendo o medo em meus olhos.

- Essas bolinhas devem machucar, não é? – Pergunto receosa.

- Não se preocupe, eles possuem equipamentos de proteção. – Balanço


a cabeça concordando, mas por dentro estou em pânico.

Depois que Hector e Felipe acertaram tudo, fomos para o vestiário nos
preparar para a batalha. Felipe ajuda Samanta com a roupa enquanto Hector
coloca o colete em mim.

- Não se preocupe Sophie, vou te proteger, não fique tensa. – Ele


massageia meus ombros animado, tentando me passar confiança. – É só uma
brincadeira, você vai se divertir.
- Tudo bem! – Respondo menos tensa.

Fomos para a arena conhecer as equipes, Felipe e Samanta ficam com


a equipe vermelha, eu e Hector ficamos com a equipe verde.
- Oi meu nome é Hector e essa é minha sobrinha Sophie. - Hector nos
apresenta. São quatro rapazes bem animados que aparentam ter entre 20 e 30
anos.
- Oi meu nome é Ivan - um deles se apresenta. – Esse é Leo, Miguel e
Thiago. - Ele segue com as apresentações.

- Rapazes Sophie está nervosa, porque nunca jogou. – Hector adverte


a equipe.

- Não se preocupe Sophie, somos bons nesse jogo e vamos cuidar de


você direitinho, vai ser divertido e vamos acabar com a outra equipe. – Ivan
fala animado socando a palma da mão.

Ivan me chamou atenção por seu ânimo e irreverência, ele é loiro alto,
de olhos castanhos e corpo bem definido.

Hector segura minha mão e me guia para o local onde nos


posicionamos para darmos início ao jogo. Estou com Hector ao meu lado e
Ivan como líder está a nossa frente. Escuto o tiro que sinaliza o início da
batalha.

- Vamos galera! – Ivan grita e se vira me dando uma piscadela com


um sorriso lindo. Hector aperta minha mão com mais força.

- Não se preocupe Sophie… – Ele olha para Ivan e depois para mim. –
Eu vou te proteger! – Nosso grupo sai correndo e se escondem entre os
obstáculos.
Tento segui-los, mas é difícil, a roupa é pesada e atrapalha meus
movimentos, estou parecendo uma pata choca! Meu Deus, que desastre eu
sou! Não vou conseguir atingir ninguém desse jeito, tento levantar a arma e a
disparo sem querer me assustando com o barulho.
- Caraca cara! Você disse que ela não sabe jogar. – Ouço alguém
gritando e rindo. Olho adiante e vejo que acertei Felipe sem querer. Ele me
olha sem acreditar. Também não estou acreditando no que fiz!

Hector tenta me alcançar se desviando das balas. – Você foi incrível! –


Ele me elogia gargalhando. – Acho que você já jogou paintball e está me
enganando. – Dou de ombros deixando ele na dúvida. Mal ele sabe que foi
pura sorte!
Nesse momento de distração Hector é atingido no ombro, me assusto e
corro para me proteger, ele chama por mim, mas teve que sair do jogo por ter
sido eliminado. Agora estou ferrada Hector saiu e não faço à menor ideia do
que fazer, então decido me esconder e esperar o jogo acabar, pela cara que
Hector fez ao ser atingido, essa bolinha de tinta deve doer muito!

- Está com medo das balas Sophie. – Coloco a mão no coração para
evitar dele saltar pela boca.

- Que susto! – Me viro assustada e me deparo com Ivan.

- Não precisa ter medo gatinha! - Ele diz sorrindo para mim. – Venha
eu te ajudo. – Ele segura minha mão me fazendo correr ao seu lado.

Enquanto corro tento encontrar Hector, mas o barulho e a gritaria me


deixam confusa!

- Se abaixa! – Ivan me agarra pela cintura me escondendo junto a ele


atrás de uma pilha de pneus. – Foi por pouco ruivinha! Coloque o cano da sua
arma entre esses pneus, e se ver algum movimento atira! – Concordo com a
cabeça e obedeço.
Ivan se posiciona, dá alguns tiros e atinge um rapaz do outro time.
Nossa! Ele é bom. Em um movimento rápido ele se levanta me abraça pelas
costas e nos joga no chão. Caiu deitada de barriga pra baixo com Ivan sobre
minhas costas pressionando meu corpo sobre a grama. Meu Deus! Como ele é
pesado! Não consigo me mexer e o zumbido dos tiros me ensurdece. Tento
proteger minha cabeça com os braços, pois o resto do meu corpo está imóvel
com o peso do Ivan sobre mim.

- Não acredito que você conseguiu atingir mais um ruivinha! – Ivan


grita sobre minha cabeça! Ele sai de cima de mim me estendendo a mão
ajudando-me a levantar. – Acho que seu tio te subestimou!
- Acertei outra pessoa?! – Pergunto eufórica e orgulhosa.

- Acertou! Acho que foi no momento que lhe puxei. – Ivan comenta
rindo. – Você é uma excelente atiradora! – Agradeço sorrindo. Será que ele
sabe que foi sem querer?! – Agora só restou nós dois e mais um da equipe
deles. Vamos nos separar e o encurralar, temos que deixá-lo sem saída.

Corro entre os carros e Ivan corre para o outro lado entre os pneus,
não sei onde está nosso adversário, ele deve estar bem escondido esperando
uma chance! Estou ansiosa e com medo de ser atingida, então decido me
esconder e esperar por algum movimento. Escuto uma jorrada de tiros.
- Agora é com você soldado! – Ivan passa por mim com a mão na
barriga toda suja de tinta.

Arregalo meus olhos! Não acredito que fiquei por último, o que faço
agora? Tento me concentrar e engulo em seco o bolo de medo que está preso
em minha garganta. Vamos Sophie! Não seja medrosa! Vamos terminar logo
com isso! Olho para os dois lados e corro em direção a uma parede. Tento
ouvir alguma coisa, mas em vão, me esguio e corro entre os tambores, escuto
barulhos de passos e tento me encolher mais ainda, ouço uma respiração
pesada, vindo em minha direção, levanto de supetão, fecho meus olhos e atiro
para tudo quanto é lado.

- Não acredito que você atirou em mim de olhos fechados. – O rapaz


comenta incrédulo! É aí que abro meus olhos e vejo que ganhamos, fico feliz
por ter conseguido e começo a dançar e sinto meus pés flutuando.

- Você conseguiu ruivinha! – Ivan me gira animado. – Sabia que não


iria decepcionar. – Eu o abraço em agradecimento.
- Sophie. – Me viro e vejo Hector com a cara amarrada e os punhos
serrados.

- Ganhamos! – Me jogo em seus braços toda feliz.


- Ganhamos! – Hector retribui meu abraço.

- Porra Sophie! Você me enganou, disse que não sabia jogar e me


atingiu na primeira oportunidade. Isso vai ter revanche! – Felipe comenta
rindo.
- Parabéns Sophie, você foi ótima! - Samanta me dá um abraço. -
Precisamos jogar no mesmo time da próxima vez!
Os garotos do nosso time me parabenizam satisfeitos.

- Você arrasou ruivinha, precisamos marcar outra partida! – Ivan sorri


me entregando seu cartão. – Me liga! – Ele me dá uma piscada e vai embora
com seus amigos.

- Nossa Sophie! Ele é um gato. – Samanta comenta rindo.


- Vamos embora Sophie! – Hector puxa meu braço sério.

- Os caras me ligaram e disseram que estão em um barzinho! – Felipe


comenta animado. – Vamos para lá agora quero pagar logo esse bendito
Chopp!

Ao chegarmos, Hector me apresenta a seus amigos e descubro que são


colegas de trabalho dele e do Felipe. Achei todos bem simpáticos, sentamos
em uma mesa grande e pediram uma rodada de Chopp, eu me contentei com
um suco de laranja. Estou conversando animadamente com Samanta e vejo
uma morena linda entrando no estabelecimento, ela vem direto em direção a
nossa mesa, cumprimenta a todos e abraça Felipe.

- Oi pessoal tudo bem! Desculpe pelo atraso. – Ela diz animadamente.

- Quem é? – Pergunto a Samanta curiosa.


- Essa é Elena, prima do Felipe e também trabalha com eles na
empresa.

- Hector! Estou feliz que tenha vindo! – Ela se debruça em cima dele e
lhe dá três beijos no canto de sua boca.
Hector sorri para ela retribuindo o cumprimento, Elena puxa a cadeira
e senta ao seu lado. Que oferecida! Não gostei dessa mulher.

- Ela não perde uma oportunidade. – Samanta comenta.


- Não entendi, do que você está falando? - Pergunto curiosa.

- A Elena Sophie, ela não perdi uma oportunidade de se jogar em cima


do Hector.
Sinto uma raiva súbita tomando conta de mim, será ciúmes? Se for,
preciso me controlar! Mas é difícil, vendo Hector dando total atenção a Elena
e nenhuma para mim! Encolho-me na cadeira e tomo meu suco em silêncio.

- Vamos para a balada hoje, o que você acha Hector? – Elena pergunta
sorrindo.

Opa! Bem que eu gostaria de ir para a balada.


- Hoje eu não posso Elena, já passei o dia inteiro com Sophie, meu
irmão não irá gostar de sairmos novamente à noite. – Hector não aceita o
convite e se justifica.

- Sophie! Quem é Sophie? – Elena pergunta confusa.

É sério que ela não me viu?! Além de idiota essa mulher é cega…
- Me perdoe, esqueci de apresentá-las! Elena essa é Sophie minha
sobrinha, Sophie essa é Elena minha colega de trabalho.

- Prazer em conhecê-la! - Elena estende a mão para mim, eu retribuo o


cumprimento com um sorriso entre dentes. – Você é tão linda e novinha, seu
tio fala muito de você, pensei que fosse mais velha.

Que mulher insuportável!


- Mas você não precisa levá-la com a gente Hector, é complicado
andar com uma adolescente! – Elena cacareja ainda olhando para mim.

Quando meu santo não bate com uma pessoa é porque boa bisca não
é!
- Pois eu acho ótimo! A Sophie é super divertida e somos amigas. –
Samanta me defende.
- Eu sempre saio com minha sobrinha Elena, e nunca tive problema.
- Ok! Não está mais aqui quem falou! – Elena levanta as mãos, se
rendendo.
- O que vocês acham de irmos à balada amanhã? – Hector sugere.
- Ótima ideia cara, hoje o dia foi puxado, o que você acha Samanta? –
Felipe pergunta para a noiva.
- Adorei! Assim podemos levar a Sophie. – Samanta responde
animada e me dá um sorriso cúmplice.

- Combinado então. – Hector responde e o resto da turma concorda, e


Elena aceita bufando!
Olho em direção da Elena com um sorrisinho cínico no rosto e ela
fecha a sua cara de cadela. Hum! Bom apelido CADELENA, combina com
ela!




CAPÍTULO 5

Acordo tarde, me espreguiço curtindo minha cama e sinto meu corpo


todo dolorido, Paintball é legal, mas bastante puxado! Ajeito-me para curtir
um pouco de preguiça… NOSSA! É hoje que vou para a balada com Hector,
levanto num pulo, me arrumo e vou tomar meu café, desço as escadas
correndo em direção a cozinha.

- Bom dia família! – Passo e cumprimento meus pais que estão na sala
assistindo televisão.

- Bom dia dorminhoca. – Meu pai responde.

- Bom dia meu amor, Hector também acordou tarde, ele está na
cozinha tomando café. – Minha mãe diz.

Entro na cozinha e encontro Hector sentado à mesa lendo jornal. –


Bom dia. – O cumprimento animada.

- Bom dia! – Ele responde sem tirar os olhos do jornal.

Vou preparar meu café murcha, parece que bati em uma parede de
gelo! O que será que Hector tem? Ele está estranho comigo desde que saímos
do Paintball ontem. Tomamos nosso café em silêncio!
- Felipe ligou para combinar o horário de nos encontrarmos para a
balada, vamos sair às 21:00, esteja pronta nesse horário. – Hector diz
secamente, se levanta da mesa e sai.

Nossa! O que será que aconteceu? Estou confusa com sua atitude, mas
não vou deixar isso acabar com meu dia.
São 20:00 e estou me arrumando ansiosa. Deixo meu cabelo solto com
cachos nas pontas. Coloco um vestido rosa de renda um pouco colado ao
corpo e um sapato de salto preto. Pareço sexy! Será que Hector irá gostar?

Ouço batidas em minha porta e peço para que entre. Hector abre a
porta do meu quarto e me olha dos pés à cabeça. Ele entra devagar e senta em
minha cama, ele está lindo com uma calça jeans e uma camisa preta. Hector é
lindo de qualquer jeito!

- Está pronta Sophie? – Ele pergunta seco.


- Estou, gostou? – Dou uma rodadinha para ele avaliar meu look.

- Você vai com essa roupa? – Hector fala com a cara amarrada.

- Por que, não gostou? – Pergunto confusa.

- Está bonita, só não acho apropriado.

- E o que seria apropriado para ir a uma balada?

- Algo que mostre menos.

Ao ouvir isso, fico irritada! Tem algo de estranho acontecendo, esse


não é seu comportamento normal. Hector nunca implicou com minhas roupas.

- O que está acontecendo! – Pergunto de supetão. Não aguento mais


seu mal humor. – O que fiz de errado para você está me tratando assim?

Hector vira o rosto e fixa seus olhos em meu criado mudo, ele pega o
papel que está sobre ele e o lê.

- Não vai me responder? Estou te fazendo uma pergunta! – Me irrito


ainda mais.
Ele olha pra mim com olhar gélido!
- Você guardou o cartão dele? Já ligou para ele? Marcou algum
encontro? Você nem sabe que ele é! Ele é velho e você ainda é uma menina. –
Dispara feito uma metralhadora.
- Do que você está falando? – Pergunto sem entender.

- Não se faça de inocente, eu vi o jeito de vocês dois!


- Hector, não sei do que você está falando!
- Do tal do Ivan! Seu amiguinho do Paintball.

- Ivan! – Não acredito no que estou ouvindo. – Você está preocupado


com o Ivan? Ele me entregou o cartão e o recebi por educação!
- Então por que ele estava em cima do seu criado?

- Só joguei aí Hector! Qual o problema?

- Não quero você dando trela para esse cara!

Será que ele está com ciúmes?


- E qual o problema? Não posso falar com ninguém?! Afinal de contas
não tenho namorado! Seria legal conhecer alguém mais velho…

- Eu sou seu tio e sei o que é melhor pra você! – Hector fala com as
bochechas vermelhas. – Não quero você envolvida com esse cara.

Ele rasga o cartão em quatro pedaços e coloca em seu bolso.

Fico extasiada! Ele está com ciúmes de mim, será que é só como tio?

- Você não tinha o direito de fazer isso! – Fala contendo um sorriso de


satisfação. – Mas você é meu tio e vou respeitar sua decisão.

- Ótimo! – Ele fala triunfante. – Estou te esperando lá embaixo.

Meu Deus! O que foi isso? Volto-me para o espelho e termino de me


arrumar animada. Essa noite promete!

Desço as escadas e encontro minha mãe na sala.


- Você está linda minha filha! – Minha mãe diz orgulhosa ao me ver.

- Cuida do meu bebê, mano! – Meu pai adverte Hector.


- Pode deixar, meu irmão! Eu cuidarei dela.

Ficamos conversando um pouco com meus pais e quando vimos já


estávamos atrasados.
Combinamos de nos encontrar com o pessoal em frente a uma casa
noturna super badalada a beira do lago Paranoá chamada Poizé.

- Vocês demoraram a chegar, cara! Pensamos que não viriam mais. –


Felipe fala, cumprimentando Hector.
- Também achei… – Elena cruza os braços impaciente.
- Você está um espetáculo, Sophie! – Samanta interrompe Cadelena e
me abraça.
- Você também está linda! – Retribuo o elogio.

Samanta é uma morena de parar o trânsito! Ela está vestida em um


tubinho preto e salto alto vermelho.
- Para uma menina você está muito bonitinha, Sophie! – O elogio de
Elena mais parece uma alfinetada, então preferi ignorar.

Devo admitir que Elena é uma mulher muito bonita! Ela é morena,
tem um corte de cabelo curto super fashion, olhos grandes e castanhos, boca
carnuda e um corpo esguio. Ela está vestida com uma mini saia preta
parecendo couro, uma camisa transparente, uma blusa sexy por dentro com
um decote fundo valorizando seus seios.

- Discordo com você, Elena! A Sophie está uma gata e de menina ela
não tem nada. – Samanta rebate. – Que despeitada invejosa! – Ela murmura
em meu ouvido.

- É meu amigo. Sua sobrinha é uma gata! – Um dos colegas do meu


tio comenta me olhando de cima a baixo, Hector faz uma careta.

- Respeita minha sobrinha, Rodrigo! – Hector o recrimina, segurando


minha cintura.
- Vamos parar de papo e entrar. - Elena fala mal-humorada. Que
mulher irritante!

O local tem quatro ambientes, e decidimos ir para o último andar,


onde estava a boate. O clima está ótimo e descontraído, dançávamos muito,
todos estão se divertindo, a única coisa que me incomoda é ver Elena se
esfregando em Hector a cada oportunidade, tento me controlar e aproveitar ao
máximo à noite e por fim, deixei os dois dançando! Faço questão de ignorá-
los e curto dançando com Samanta.
- Estou exausta vou me sentar um pouco. – Aviso para Samanta
deixando-a com Felipe. - Sento em nossa mesa para tomar água.

- Oi! - Um carinha bonito, senta ao meu lado, seus cabelos escuros


estão um pouco bagunçados, ele tem olhos castanhos e uma sobrancelha de
dar inveja em qualquer mulher, ele aparenta ter uns 19 anos.

- Oi! – Retribuo com um sorriso.

- Você deve estar se perguntando por que sentei aqui! É que eu sou
Daniel, irmão de seu amigo da escola, o David.

- Nossa! Que legal! Ele nunca teve oportunidade de nos apresentar,


todas as vezes que você chegava eu estava de saída.

- Hum sei! Só que eu sei muito bem quem você é. – Ele sorri.

- É mesmo? – Pergunto levantando uma sobrancelha.


- É! Pedi várias vezes para meu irmão nos apresentar e ele sempre
inventava alguma coisa. E quando te vi aqui, pensei que estivesse enganado.
Até chegar perto e constatar que era mesmo você.

- Que coincidência legal! – Comento animada por finalmente conhecê-


lo.

- Então vamos nos apresentar adequadamente? – Ele estende sua mão.


- Meu nome é Daniel, muito prazer.
- O meu é Sophie, - Ele segura minha mão e a beija. Me fazendo sorrir
com seu gesto.
- Atrapalho? – Hector pergunta com a cara amarrada, e os braços
cruzados.

- Não – Daniel responde piscando para mim.


- Sou Daniel, irmão do David e você deve ser Hector, tio da Sophie, se
não me engano. – Ele fala estendendo a mão para meu tio, que continua com
os braços cruzados.
- Sim sou o tio da Sophie. E o David está por aqui? – Hector pergunta
segurando sua mão.

- Não, estou com alguns amigos.


- Que pena, gosto muito do seu irmão. – E eu sei que é verdade meu
tio se dá bem com David, os dois conversam bastante.

- Eu sei, o David fala muito de você. – Daniel concorda.


- Sei! Vamos dançar Sophie? – Hector pergunta já me puxando pelo
cotovelo me levando a pista de dança, sem ao menos deixar eu me despedir de
Daniel.
Puxo meu braço com raiva da sua falta de educação.

- Não gostei desse cara! – Ele cospe com raiva.

- É por isso que você está me puxando como se eu fosse uma criança?
Pode parar por aqui mesmo Hector! Sua atitude foi ridícula. Já não basta seu
comportamento antes de virmos para cá!

- Me desculpe Sophie! – Ele pede arrependido.


- Vamos ao banheiro? - Sinto a mão de Samanta em meu ombro.
Aceno para ela em concordância e saio sem olhar para Hector.
Descemos as escadas em direção aos banheiros, assim que entramos
ela pergunta o que tinha acontecido e eu expliquei o que aconteceu.

- Sabe Sophie, se eu não soubesse que Hector era seu tio eu diria que
ele estava com ciúmes de você. Não ciúmes de sobrinha e tio e sim de homem
e mulher. Posso até estar vendo coisa demais. – Olho profundamente em seus
olhos para tentar ver se ela está brincando, mas vejo sinceridade em suas
palavras.

Senti um frisson em meu coração pelo que ela me disse, criando uma
raizinha da esperança no fundinho dele. Será! Meu Deus! Eu sei que é
pecado, mas era tudo que eu mais queria.
Depois que Samanta e eu saímos do banheiro ficamos conversando
um pouco mais em uma área menos barulhenta. E ao percebermos que
estávamos demorando, decidimos voltar.

- Vamos antes que seu tio tenha um ataque do coração pela sua
demora. – Riamos da sua piada enquanto subimos as escadas.

Ao chegar à pista de dança me deparo com uma cena de horror!


Cadelena está chupando os lábios de Hector! Não acredito no que vejo, estou
em estado de choque, sinto ódio, nojo e um pouquinho de inveja, o que
Hector está fazendo com aquela vadia?! Estou petrificada…

- Não acredito que ele caiu na dela, até que enfim ela conseguiu. -
Samanta comenta enojada.

Hector me vê e fica constrangido enquanto Elena o abraça com mais


força.

Saio correndo em direção às escadas, Samanta vem atrás de mim e


acabo me atrapalhando com o segurança na portaria.

- Calma Sophie! Precisamos pagar. – Entrego meu cartão a Samanta,


ela acerta a conta e diz que vai chamar o Felipe para irmos embora. Aviso a
ela que estarei do lado de fora preciso tomar um ar. Estou muito chateada.
Não acredito que Hector está pegando aquela cadela! Depois de seu
comportamento mais cedo, não esperava isso dele.
Como ele é idiota!


CAPÍTULO 6

- Oi, de novo – Ouço alguém falar em minhas costas. Assim que me


viro vejo Daniel.

- Oi… - Respondo sem graça. Ele me olha e faz uma careta engraçada.

- O que aconteceu? Porque está chorando, linda? - Foi então que


percebi minhas lágrimas.

Não foi nada! – Limpo meu rosto com as costas da mão. – Você já está
indo embora? Estou precisando de uma carona.- Pergunto ansiosa para dar o
fora daqui.

- Você quer uma carona? Cadê seu tio que não está com você? – Ele
pergunta curioso.

- Não estou passando bem e não quero atrapalhar a noite dele com sua
amiga. – Falo com desdém.
- Então vamos! Vou te levar para casa. – Ele segura meu cotovelo e
me guia até seu carro.

Daniel abre a porta do carro para mim. Olho para trás e vejo Hector
me procurando. Assim que ele me vê, me viro, seguro o rosto de Daniel e o
beijo de olhos abertos vendo Hector se aproximar furioso. Daniel segura
firme em minha cintura. Seu beijo não chega aos pés do beijo de Hector, não
é que ele beije mal, é que simplesmente não encaixa.
- Você é linda, Sophie! Estava louco para te conhecer, pena que meu
irmão é um amigo super protetor e nunca quis me apresentá-la. – Ele fala
segurando uma mecha do meu cabelo e enrolando em seu dedo.

- A seção de amasso vai demorar muito? – Ouço a voz de Hector e


vejo fúria em seus olhos. Daniel se separa de mim no mesmo instante.
- Estou querendo ir embora, já que você está muito ocupado, Daniel
vai me dar uma carona. - Antes que Hector falasse mais alguma coisa entro no
carro e fecho a porta. Hector fica parado com os braços cruzados enquanto
Daniel arranca com o carro.

- Seu tio parece ser bem ciumento! – Daniel comenta no percurso para
casa.

- Desculpe por ter envolvido você nessa confusão… - Me sinto


culpada por usá-lo dessa maneira. – É que a namorada do meu tio é
insuportável.

- Sei como é!

Ficamos em silêncio o restante do caminho. Chegando em frente


minha casa e ele desliga o carro.

- Obrigada Daniel pela carona.

- De nada, adorei te trazer, me passa seu número para combinarmos


alguma coisa qualquer dia desses.

Passo meu número apressada, doida para me livrar da situação. Ele


agradece e se inclina para me beijar, viro meu rosto e ele beija minha
bochecha.

- Obrigada novamente pela carona, boa noite. – Saio do carro e vou


com pressa para o portão.
Ao entrar vejo um vulto entre as árvores e me deparo com Hector de
braços cruzados me esperando. Levo um susto! Como ele chegou aqui tão
rápido?

- Você me decepcionou e feriu minha confiança. – Ele rosna,


apontando o dedo pra mim.
- Você é muito engraçado! – Digo com sarcasmo.

- Engraçado! – Ele exala ódio. – Você estava sobre minha


responsabilidade, se acontecesse algo com você seu pai nunca iria me perdoar.
- Se você estivesse prestando mais atenção em mim. Eu não teria
vindo embora com outra pessoa.
- Você beijou aquele idiota por que me viu beijando Elena?
- Não foi por isso, eu beijei ele porque quis! – Meus olhos começam a
embaçar, estou com vontade de chorar. – E o único idiota que estou vendo
aqui é você! – Falo chorosa.

- Nossa! Então você me acha um idiota! Como um bom idiota, vou te


dar um conselho. Continue beijando cada cara que aparecer em sua frente,
quem sabe assim você aprende a beijar. – Ele me olha com deboche.

Que ódio dele!

Meu sangue ferve e sem pensar em nada, começo a socar seu peito.
- Seu… idiota… idiota… idiota arrogante! – Falo em meio aos
soluços. – EU TE ODEIO! - Grito chorando. Ele segura meus pulsos me
parando.

Tento me soltar, mas não consigo, Hector me empurra até o muro


quando vejo estou com sua boca grudada a minha. Me derreto na mesma hora
e retribuo o beijo matando a saudade que estava de seus lábios, é um beijo
intenso apressado e feroz. Passo meus dedos entre seus cabelos, ele geme em
minha boca e me aperta ainda mais a seu corpo, fazendo meu ventre vibrar.
Desço minha mão em seu ombro e costas, chegando até o cós de sua calça,
coloco minha mão dentro de sua camisa e sinto a maciez de sua pele.
Hector se arrepia pela sensação do meu toque, como eu quero me
aventurar em seu corpo nu!

- Perdão, me perdoa pelo que disse! – Ele sussurra em meu ouvido.


- Às vezes as palavras ferem mais que um tapa. – Desabafo.

- Sophie… – E antes que ele pudesse falar mais alguma coisa, volto a
beijá-lo.
Minhas mãos voltam em direção ao seu abdômen descendo até ao
objetivo de minha maior curiosidade e desejo, coloco minha mão dentro de
sua calça sentindo a pele delicada de seu membro enorme! Que sensação
maravilhosa, há muito tempo queria fazer isso! Assim que ele percebe minhas
intenções, coloca sua mão sobre a minha me impedindo de continuar.

- Não, Sophie! Por favor! Já é errado o que estamos fazendo. – Ele


sussurra com sua boca perto da minha.

- Pare de pensar, só curta o momento, por favor! – Imploro e aos


poucos ele solta minha mão, dando passagem para o que eu quero.

Nunca havia pegado em um pênis antes e sempre pensava que não ia


gostar da sensação, mas estava enganada! Minha grutinha começou a latejar
com o prazer de ter seu membro em minha mão. O retiro para fora e começo a
masturbá-lo enquanto nos beijamos. A única coisa que penso enquanto o
masturbo, é colocá-lo em minha boca para sentir seu gosto.

- Há… Diabinha, assim você me faz gozar em sua mão. – Ele fala
rouco de prazer.

De repente a luz do quarto dos meus pais se acende.

Hector se assusta e me solta imediatamente tirando minha mão de seu


pau.

- O que eu fiz, Sophie! - Ele mexe no cabelo nervoso

- Você não fez nada de errado, Hector! – Tento segurar em seu ombro
para que ele me olhe.
- Eu sou um monstro! – Ele fala alterado. – Isso é pedofilia! Você
ainda é uma menina. Onde estava com a cabeça, meu Deus?! – Ele diz,
encostando-se ao muro. - Sophie, não podemos, não tenho direito de fazer
isso.

- Pare de me chamar de menina! – Digo, magoada. – Olha pra mim


Hector! De criança eu não tenho nada, eu sou uma jovem que deseja um
homem, mais que tudo! É isso que eu sou! Me olhe como uma mulher! -
Estou apaixonada por ele, isso eu tenho total certeza! Mas ele nunca vai
querer nada comigo - Aconteceu, e não podemos fazer nada em relação a isso.
– Digo passando uma confiança que não tenho, a única coisa que quero é estar
em seus braços
- Estou olhando para você… Sophie, a única coisa que vejo é uma
adolescente confusa.
- Hector, eu só quero que você nos dê uma chance! Ninguém precisa
saber de nada, vamos só curtir! – Peço esperançosa.

- Não posso Sophie! Não consigo…


Não espero ele terminar sua frase e tento beijá-lo novamente.
Infelizmente ele não corresponde e me afasta.

- Não, Sophie! Eu não quero isso para você! Além disso, menti… – Ele
faz uma pausa e fecha os olhos. E quando abre, vejo determinação neles. –
Estou namorando Elena.

Um ódio me sobe à cabeça ao ouvir o nome dela.


- Quer dizer que você prefere ser um completo covarde, ao invés de
admitir que sente algo por mim? Então é assim? Tudo bem! Quero ver até
quando você vai ser um idiota! – Me afasto correndo e vou para dentro de
casa.

Estou em um turbilhão de sentimentos, raiva, frustração, decepção,


misturado com desejo e determinação!
Aguarde-me, titio! Vamos ver até quando essa sua pose de bom moço
vai durar!
CAPÍTULO 7
Estou em uma batalha constante com Hector. Ele foge de mim mais
que tudo, e eu tento lhe mostrar que não sou nenhuma menininha.

Nosso relacionamento de boa vizinhança foi pelo ralo, ainda bem que
ele, dessa vez, não mudou seu comportamento com meu querido pai.
O que mudou mesmo foi nossa amizade, que era bem estremecida e
agora não existe mais nada. Estou com tanta raiva dele por ser um covarde,
que não me importo de não ter sua amizade. Eu quero ele como outra coisa, e
não como amigo!

O que mais sinto falta é de não ir mais ao Parque da Cidade com ele
aos sábados e assistir nossas sessões de filmes. Mas tudo tem seu preço, então
vou ter que me conformar.

Passei todas essas semanas banhando perto do horário de sua chegada,


na esperança de esbarrar com ele só de toalha. E consegui isso duas vezes. Vi
que ele ficou abalado quando me viu, e nas duas vezes que aconteceu isso, ele
não desceu para jantar conosco.

Posso estar pegando pesado e dificultando sua convivência com a


família. Mas preciso ouvir de sua boca o que ele sente por mim. Hector pode
ter fugido todas essas semanas, só que hoje ele não me escapa!
Meus pais foram passar o fim de semana em uma pousada com uns
amigos e menti dizendo que não poderia ir com eles. Disse que passaria o fim
de semana na casa da Stefanini, pois tinha que fazer um trabalho enorme para
entregar na segunda-feira. Quero só ver a cara do meu titio quando chegar do
trabalho e me ver em casa!
Assim que ouço passos subindo as escadas, me posiciono em frente à
porta do banheiro e começo um Strip-tease. Estou de costas para a escada,
com um conjunto de calcinha e sutiã minúsculos e começo tirando
sensualmente uma alça e depois a outra. Coloco a mão no fecho do sutiã,
abrindo, deixando-o cair aos meus pés. Coloco as duas mãos na lateral da
minha minúscula calcinha, rebolando e tirando-a bem devagar.

- Caralho! – O ouço soltar um palavrão.


Coloco minhas mãos em forma de “X” cobrindo meus seios e me viro-
me.

- Oi, não sabia que já estava em casa! – Faço cara de desentendida.


Ele continua parado feito uma estátua, e seus olhos famintos analisam
meu corpo. Retiro a mão, deixando meus seios empinados à mostra e começo
a andar sensualmente em sua direção. Chego perto e ele parece sair do transe
que estava.

- Desculpe, pensei que não estivesse ninguém em casa – Ele diz


saindo de perto de mim e fechando a porta de seu quarto, não me dando
tempo de uma reação. Que porra! Fugiu de mim, mas isso não vai ficar assim.

Coloco novamente minha lingerie e um vestido solto bem curtinho!

- Hector. – Bato em sua porta. – O jantar está pronto! Fiz a


macarronada que você gosta. Vem, senão esfria.

Espero ele abrir a porta, solto um largo sorriso, com meu batom
vermelho-paixão. Observo-o olhando em minha boca, sedento por ela. Estou
rezando para ele não resistir e me beijar de uma vez.
- Não estou com fome, vou sair para um barzinho com meus colegas
de trabalho.

- A Samanta vai? – Pergunto esperançosa.


- Não! Vai ser uma noite só de homens – Ele responde rapidamente.

- Entendo - Faço uma cara de decepção, tentando apelar para seu lado
emocional. Não posso ficar a ver navios aqui em casa sozinha em plena sexta-
feira, de jeito nenhum. – Poxa, fiz sua macarronada preferida com tanto
carinho! – Faço uma carinha de cachorro que caiu da mudança e ele fica me
observando.
- Tudo bem! Vou depois do jantar. Preciso fazer uma ligação avisando
que chegarei mais tarde. – Ele diz, já sacando seu celular do bolso da calça
jeans.

- Tudo bem! Vou descendo para pôr a mesa. – Digo, já saindo em


direção à escada e, ao invés de descer, fico no final do corredor para ouvir sua
conversa.
- Então ok! Tudo bem, Pedrão! Não sei direito onde é, mas vou de
táxi. Não vou esquecer o nome do lugar, é Primeiro Bar, não é? Então, estarei
lá, não se preocupe e muito obrigada por você aceitar tomar uma cerveja
comigo. Preciso sair de casa e espairecer. Até daqui a pouco!

Saio correndo para a cozinha e começo a colocar os pratos na mesa.

Então quer dizer que meu titio está fugindo. Ele pensa que vai se livrar
de mim tão facilmente!?

Pelo menos ele não vai sair com aquela cara de cadela.

- Oi! – Ele entra na cozinha sem graça.

- Oi! Já está pronto, vamos jantar! – Digo já pegando meu prato para
me servir.

- Você não ia dormir na casa da sua amiga? – Ele me pergunta


desconfiado.
- Eu vou, é que ela tinha um compromisso mais cedo e ficamos de nos
encontrar mais tarde. E por falar nisso, estou com o tempo um pouco
estourado. - Coloco a macarronada em seu prato e entrego a ele. Nossa mão
se toca e ele quase deixa o prato cair.

- Entendi, é que vou sair com uns colegas de trabalho e fico


preocupado de te deixar aqui sozinha, mas se já está indo para casa da sua
amiga, fico mais tranquilo para me divertir.
- Pode ficar tranquilo Hector! Sei me cuidar muito bem, já sou
bastante grandinha, acho que deve ter percebido. – Digo com sarcasmo e dou
uma piscadinha.
Ele fica me olhando, segurando o garfo a caminho de sua boca.

Parecia estar em transe, me observando passar a língua nos lábios,


seguindo o movimento com os olhos, deixando a macarronada cair na sua
calça jeans.

- QUE PORRA! – Ele levanta. No mesmo instante, me levanto


também e pego um guardanapo para esfregar onde o molho caiu. Assim que
passo o guardanapo, sinto sua ereção. Que vontade de abrir o zíper de sua
calça e abocanhar tudo como uma faminta! Nossos olhos se encontram e ele
se afasta tirando minha mão de seu mastro.

- Tenho que ir. – Ele sai correndo pra fora de casa, sem olhar para trás.

Fico olhando para a porta na esperança dele voltar, me pegar pelos


braços e me fazer mulher. Sua mulher! Como sei que Papai Noel não existe.
Pego meu telefone e ligo para a Stefanini.

- Oi Stef! Aonde vocês vão hoje? Pois é, decidi sair com vocês…
então tá, vou me encontrar com vocês e aí decidimos para onde iremos… Ok!
Beijos.

É titio… está pensando que vai se livrar de mim! Você está totalmente
enganado! Primeiro Bar, lá vou eu!

Assim que chego no lugar marcado, convenço meus amigos de irmos


para o Primeiro Bar, que fica no Setor Sudoeste, um bairro de Brasília.
Nunca estivemos lá e quando falo todos se animam. Ainda bem que a
maioria já tem idade para beber e eu não tenho uma aparência de uma menina
de 16 anos. Com essa roupa, então! Estou de arrasar!

Coloquei um vestido vermelho colado ao corpo, salto alto preto e uma


maquiagem top para balada.
Sentamos à mesa e pedimos nossas bebidas. Procuro por ele e
rapidamente o encontro conversando com uma vadia. Que merda de homem
que não pode ficar nem meia hora em um barzinho sem arranjar alguém!
Mas hoje, não vou assistir de novo outro filmezinho pornô ao vivo,
não!
Vejo a mulher saindo e vou rapidamente em direção a sua mesa. Ele
está com o colega. Assim que chego, ele me vê e se engasga com a cerveja
que está tomando.

- O que foi cara? Está engasgando com a cerveja? Se não consegue


beber, toma leite. – O cara que está com ele diz, dando tapas em suas costas.

- Oi tio, que coincidência! – Espero ele olhar pra mim.


- Essa é a sua sobrinha? – Seu colega me examina de cima a baixo.

- É, é sim… – Hector diz, gaguejando.

- Esse é Pedrão, um amigo. – E olha para Pedrão com cara de poucos


amigos, observando-o babando por mim. - Essa é minha sobrinha, Sophie.

Estendo a mão para cumprimentá-lo.

- É um prazer te conhecer, Pedrão.

- O prazer é meu. – Ele pega minha mão e dá um beijo nela. Achei ele
muito cavalheiro. Mas quando olho para Hector, ele está com uma carranca.

Fico um pouco envergonhada acho que exagerei na roupa e


maquiagem. Pensei tanto em provocá-lo que me esqueci de que poderia estar
parecendo uma vadia.
Seu amigo me convida para me sentar um pouco na mesa com eles e
acabo aceitando. Conversamos de tudo um pouco e vejo que seu amigo é
divertido e brincalhão. Aliás, todos seus amigos que conheci até agora são
muito legais.
- Qual sua idade, Sophie? – Pedrão, pergunta curioso.
- Tenho 16 anos.

- Não parece, você é muito inteligente e fisicamente aparenta ser mais


velha.
- E qual sua idade? – Pergunto toda alegre pela observação dele.
Quem sabe depois dessa resposta meu tio me vê com outros olhos e para de
me tratar como se eu fosse uma menininha.

Tenho a idade do seu tio, 26 anos. – Indica com a cabeça na direção de


Hector. Olho em sua direção e ele está me observando com os braços
cruzados. – Você sabe a idade do seu tio, não sabe? – Pedrão me pergunta.

- Claro que sei! Eu acho essa idade um charme. – Coloco meu


cotovelo na mesa, chegando mais perto do Hector. Eu o observo com um dedo
na boca e o vejo engolir em seco. Ele pega seu copo de cerveja e toma tudo
em um gole só.

Pelas perguntas que Pedrão está me fazendo, desde que cheguei, tenho
certeza que meu tio disse a ele alguma coisa a meu respeito, e então decido
entrar no jogo.

- Hum! É bom saber disso! Quem sabe não tenho uma chance! – Ele
fala dando uma piscadinha, jogando charme e provocando meu tio.
- Você é muito gatinho, Pedrão, mas infelizmente só tenho olhos para
outra pessoa. – Respondo, olhando diretamente para Hector.
- E se a pessoa que você está de olho, não estiver disponível ou não
estiver a fim! O que você vai fazer? – Meu tio pergunta, levantando uma
sobrancelha em desafio.

- Tsic, Tsic, Tsic. - Estralo a língua, balançando a cabeça – É titio, eu


acho que o senhor está muito enganado. – Digo senhor com sarcasmo. - Não
sou uma menina bobinha e sei que a recíproca é a mesma. Pude sentir e tocar
na hora do jantar o quanto também sou desejada. – Enquanto falo, passo meu
pé em sua virilha por baixo da mesa, fazendo-o se mexer na cadeira, sentindo
o seu pau crescer com o toque do meu pé.

- Nem sempre tudo é o que parece! Você ainda é muito nova e não
sabe nada da vida. – Ele diz isso, retirando meu pé de sua virilha, com a cara
fechada. – Nem sempre que um cara fica excitado quer dizer que ele esteja
desejando uma mulher ou, melhor, uma PIRRALHA. – Hector Coloca suas
mãos sobre a mesa, chegando seu rosto ainda mais perto do meu. – Homem
tem seu extinto primário e se excita por qualquer coisa. Isso não significa que
esteja a fim. Sou homem e não um menino, e desejo ter relações com uma
mulher e não com uma menina!

Chego ainda mais perto dele, quase tocando nossas bocas.

- Se você quer se enganar, não posso fazer nada! Levanto-me, dou um


beijo no rosto de Pedrão e saio em direção aos meus amigos.

- É meu amigo, você me disse que era uma menina e não um


mulherão.

Quando ouço Pedrão dizer isso, olho para trás e o vejo dando tapinhas
nas costas do Hector o consolando. Meu tio está com as duas mãos na cabeça
olhando desolado para a mesa.

Fico com pena dele. Também estou com meus sentimentos à flor da
pele, ele é irmão do meu pai. Sei que se eu conseguir dobrá-lo, nunca
poderemos assumir nosso relacionamento e isso me deixa triste e angustiada.

Mas! Não tem mais como eu recuar, estou loucamente apaixonada por
ele, e o quero comigo, disso não abro mão e vou até as últimas consequências
para conseguir esse homem.
CAPÍTULO 8
DOIS MESES DEPOIS
Depois do ocorrido no barzinho, decido realmente passar o fim de
semana na casa da Stefanini, deixando-o em paz.

Vi que Hector ficou perturbado, assim que voltei para minha mesa ele
foi embora sem mulher nenhuma e me senti vitoriosa por isso.
Pensei que seria mais fácil fazer meu tio admitir que me desejava, só
que me enganei, ele está realmente resistindo e isso está me deixando louca.
Que homem cabeça dura!

Nesses dois meses que se passaram tentei conversar com ele, mas no
final acabávamos discutindo, e, como sempre, ele me ignorava e me chamava
de menina mimada e temperamental. Todas as vezes que ouvia isso, me
decepcionava e me perguntava se valia a pena estar fazendo tudo isso!

Mesmo assim ainda continuo pensando nele! Que idiota eu sou.

- Que saco! – Xingo indignada passando pelo portão de casa.

- O que aconteceu Sophie? Porque está tão nervosa? – Hector pergunta


preocupado.

Apesar dele não querer muito papo comigo, Hector se preocupa com
meu bem-estar, e é por isso que me atrasei de propósito.

- Cheguei atrasada ao ponto e a van já tinha passado, e o pior é que


tenho prova no primeiro horário. – Conto o que aconteceu com lágrimas nos
olhos.
- Entra, vou te deixar na escola. – Ele me oferece carona e não penso
duas vezes, abro a porta do carro me acomodando no banco do carona.

Consegui meu objetivo, agora estamos presos no trânsito por alguns


minutos e não tem como ele fugir.
Fizemos o caminho quase todo em silêncio, eu tentei uma conversa,
mas ele mal me respondia, então desisti.
Até que por fim de tanto cruzar minhas pernas de um lado para o outro
Hector perde a paciência.
- Sophie! – Ele me chama tirando-me dos meus pensamentos impuros.

- Oi… – Viro-me e pego Hector olhando minhas pernas que fiz questão
de recruzar para que minha saia fique ainda mais curta.
- Por que você está indo para a escola com uma saia tão curta assim?
Aliás, essa saia do uniforme é indecente! – Ele constata me observando.

Como Hector é engraçado!

- Não acho… Curto seria se ela ficasse dessa altura. – Puxo a saia
expondo um pouco minha calcinha.

Ele para o carro perto do estacionamento da escola e me fuzila com seus


olhos de um azul que tanto amo, e vejo uma intensidade em seu olhar que me
atrai.

- Sophie, você tem que parar com essas provocações, sou seu tio e você
têm que me respeitar, estou cansado disso!

- Sei que você é meu tio, não me esqueço disso! Mas também sei que
estou apaixonada por você, e também sei que você sente algo por mim, eu só
queria que você desse uma oportunidade pra gente. - Decidi me abrir
totalmente, estou sendo sincera e jogando as cartas na mesa.

- Você é uma menina e não sabe o que está falando! – Ele cospe
irritado.
- PARA! – Grito magoada. – Eu não sou tão menina assim… Sei
muito bem o que quero para minha vida!

- Não faça isso Sophie, não tente arruinar nossa vida com esse
sentimento infantil que acha que sente por mim. Esqueça o que aconteceu
entre a gente.
- Para de me chamar de infantil, pare de menosprezar o que sinto por
você! – Seguro sua mão e a coloco sobre meu peito esquerdo. – Então me
ensina Hector, me ensina como te tirar da minha mente, como deixar de
pensar em você, como te expulsar dos meus sonhos, como faço para me
afastar de você, me ensina como explicar ao meu pobre coração que você
nunca será meu.

Aproximo meus lábios dos seus, e Hector me beija, meu coração


palpita de felicidade por ele ter cedido ao meu apelo. Sua língua acaricia a
minha com uma voracidade que faz meu corpo vibrar, seguro seus cabelos
acariciando sua nuca, o fazendo gemer. Sinto de repente sua mão me afastado.

- Não é certo o que acabamos de fazer. – Ele fala com os olhos baixos
de vergonha. – Não quero nada com você… – Ele me olha determinado. -
Para de insistir Sophie, é a última vez que caiu em sua cilada, agora sei que
você perdeu a van de propósito. Não quero nada com você! Ele retira meu
cinto e escancara a porta do passageiro. – Tchau Sophie, encontre alguém da
sua idade e vai curtir sua vida.

- É isso que você quer Hector? – Desço do carro e pergunto magoada.

- É o que mais quero. – Ele arranca com o carro me deixando parada


na calçada o vendo partir.

Depois do ocorrido não nos falamos mais. Hector fez questão de


passar um tempo fora de casa, alegando que um amigo está viajando e que ele
ficaria cuidando da sua casa enquanto estivesse fora, estou há uma semana
sem vê-lo e a saudade está me matando.

Hoje faço 17 anos, meus pais organizaram uma festa para mim em um
salão super badalado.

Quase todos meus convidados chegaram, estou na expectativa, Hector


está demorando tanto! Será que não virá?
Após uma espera torturante, o vejo entrando no salão com todo seu
charme e gostosura, com Pedrão de um lado e Elena do outro. Quando olho
para baixo, vejo suas mãos entrelaçadas.
Saio em direção ao casal bufando de raiva. Não acredito que ele trouxe
essa cretina a tiracolo na minha festa de aniversário!!!!
- Eu não acredito Hector! Como você é idiota! – Ele olha assustado para
mim.

- Parabéns! – Pedrão me abraça. – Não faça isso, depois vocês


discutem. Mas não faça isso, mostre que você é superior. – Pedrão sussurra
em meu ouvido, tentando me acalmar. Balanço a cabeça em concordância.

Assim que me afasto dele, sinto meu pai atrás de mim com a mão em
meu ombro.

- Que bom que você chegou meu irmão! Pensei que não viria. – Meu
pai dá um abraço em meu tio e depois outro em Pedrão. - E quem é essa bela
moça? – Meu pai pergunta, olhando-a curioso, já que Hector nunca tinha
aparecido em nossa casa com mulher nenhuma.

- Bom… – Ele limpa a garganta. - Essa é Elena, minha namorada. –


Hector a apresenta e me observa.

Fuzilo-o com ódio

- Muito prazer em te conhecer Elena, seja bem-vinda à família. – Meu


pai aperta sua mão, depois minha mãe lhe dá um abraço.
- Obrigada pela recepção, também estou muito feliz em conhecê-los,
Hector fala muito de vocês. – Ela se vira pra mim, com um presente nas
mãos.

- Esse presente é para você, Sophie. Parabéns! – Pego o presente e


agradeço sem nenhum abraço e também não pego em sua mão. Já estou sendo
bastante educada com ela.
– Muito obrigada pelo presente e fiquem à vontade, tenho que ver
meus convidados, com licença.

Logo atrás, vejo Samanta e Felipe. Vou ao encontro dos dois,


abraçando Samanta como se ela fosse meu bote salva-vidas, em seguida
abraço Felipe e converso um pouco com eles, depois os deixo na companhia
do Hector, sua cadela e Pedrão.

Vou para o jardim e sento-me em um banquinho, pego o presente que


cadelena me deu e o abro. Quando olho, não acredito no que vejo. Uma
boneca de porcelana! Que ódio dessa vaca! Pego a boneca e a jogo no lixo!
- Finalmente te encontrei! – Samanta vem em minha direção com um
sorriso triste no rosto. – Não fica assim! Ele não merece!

- Porque ele sente tanto prazer em pisar em mim? – Pergunto em meio


às lágrimas que insistem em cair.

- Não é que ele queira pisar em você! É que Hector não quer admitir
que esteja apaixonado pela sobrinha. Isso é complicado Sophie!

- Obrigada por você ter vindo falar comigo. – Agradeço com


sinceridade, é bom desabafar com alguém sobre o que estou passando.

- Vou te falar uma coisa, eu vim para ver aquele idiota do seu tio mais
tranquilo. Ele está inquieto em sua cadeira e não para de olhar nessa direção.

- Obrigada por tentar fazer com que me sinta melhor, mas infelizmente
não acredito que ele se importe comigo desse jeito. Se Hector se importasse
realmente, não teria trazido a Cadelena com ele.

- Nossa, Sophie! Esse apelido que você deu a Elena caiu como uma
luva! – Começamos a rir.
- Eu sei, combinou bastante! – Consigo dar um sorriso sincero pela
primeira vez na noite.

- Você precisa se recompor, é sua festa e tem várias pessoas que se


importam com você e que vieram te prestigiar, você não pode ficar escondida
aqui se alto flagelando!
- Você tem toda razão.

Seco minhas lágrimas, refaço minha maquiagem e voltamos para a


festa, afinal de contas sou a anfitriã e não posso esquecer meus outros
convidados.

Fui para pista de dança com Samanta e algumas amigas, e me diverti


bastante.

Não quero saber desse idiota, hoje ele ultrapassou todas as barreiras de
tolerância, pelo menos por hoje quero esquecer que Hector existe.

Coisa que não consegui, pois toda vez que olho para sua mesa ele está
me observando, e como não sou boba, começo a dançar sensualmente,
passando a mão em meu corpo. Vejo ele se mexendo desconfortável em sua
cadeira.

Quando ele se levanta e vai em direção aos banheiros, não perco


tempo e vou atrás dele.

Enquanto estava atravessando um corredor que leva aos banheiros


masculinos, sinto uma mão me puxar para dentro de uma sala.

E para minha surpresa, Hector me prensa na parede.

- O que você pensa que está fazendo sua pirralha? Chegando em mim
e me dando uma bronca, se achando, minha dona! - Hector está com as duas
mãos na parede, uma de cada lado da minha cabeça, com o rosto tão perto que
se eu quisesse poderia beijá-lo. Só que o modo como ele fala comigo e a raiva
que emana me faz travar.

- Porque você sente tanto prazer em me humilhar? O que eu fiz para


você me desprezar desse jeito? – Digo, com a respiração acelerada, olhando
em seus olhos maravilhosos, sentindo o calor do seu corpo.
- Eu não te odeio. Você e seus pais são a única família que tenho. Você
mais que ninguém sabe o quanto amo meu irmão e jamais quero magoá-lo.
Você deveria querer o mesmo e não ficar infernizando minha vida como anda
fazendo.
- Posso pedir um presente? – Pergunto desesperada, e angustiada por
saber que ele tem razão em relação a nós.
- O que você quer? – Ele me pergunta com uma voz mais calma e com
menos rancor.

- Eu juro, que se você fizer o que eu te pedir, vou deixar você e sua
namoradinha em paz.

- Tudo bem! Qual é o seu pedido? Se estiver ao meu alcance eu faço.

- Sim está ao seu alcance, basta você querer! Eu quero um beijo de


presente de aniversário, um beijo de despedida. – Peço com esperança.
- VOCÊ O QUÊ? – Ele pergunta desesperado. E antes que ele pense
em se afastar, pego em sua camisa com as duas mãos lhe trazendo junto a
mim.

- Por favor! É só um beijo e eu juro que vou esquecer tudo que


aconteceu entre a gente. Cada um vai tocar sua vida normalmente. – Peço,
suplicando desesperadamente, quero senti-lo pelo menos mais uma vez.

Ele olha para minha boca e depois para mim.

- É só um beijo. – Falo baixinho com os olhos fechados.

Ouço sua respiração acelerar e me delicio com sua boca em meu


pescoço, sua língua provando minha pele. Abro meus olhos e o vejo me
observando.
- Só um… – Não consigo terminar a frase, nossos lábios se encontram
e sua língua quente invade minha boca, me beijando intensamente,
explorando cada canto de minha boca, enquanto eu lentamente acaricio seus
cabelos.

Suas mãos tocam meu rosto, descem para meu ombro e depois minha
cintura, ele me aperta como se nossos corpos fossem se fundir. Sinto seu
membro endurecido cutucar minha barriga. Ele pega na minha bunda, e
entrelaça minhas pernas em seu quadril, criando um contato ainda maior.
Hector solta um gemido desesperado.

Não posso ficar só nisso, eu preciso de mais… Muito mais! Passo


minha mão em seu ombro chegando em sua camisa e abrindo seus botões,
enquanto ele passeia sua língua entre meus seios, mordendo os biquinhos por
cima do vestido. Meu vestido é aberto nas costas chegando quase até o
bumbum. Meu tio coloca a mão no meu pescoço, abre o fecho do meu vestido
que escorrega e expõe meus seios. Não nos olhamos mais e tenho certeza que
se nos olhássemos, ele desistiria do que está fazendo.

Ele me coloca no chão e deixo o vestido terminar de cair, fico somente


em uma minúscula calcinha. Seu olhar em meu corpo é de um lobo faminto
por sua presa.

- Sophie, você tem um rosto de anjo e o corpo de uma diabinha


gostosa.

Quando ele me fala isso, fecho meus olhos e encosto minha cabeça na
parede para saborear suas palavras.
Hector volta a me beijar, um beijo sedento de desejo e luxúria.
Levanto uma perna, para dar passagem a sua mão que aperta minha coxa,
subindo para meu sexo sedento.

Ele beija meus seios alternadamente enquanto seu polegar massageia


meu clitóris o estimulando. Que sensação maravilhosa!

Tento abrir o zíper de sua calça, mas ele afasta minha mão.
- Hoje é seu aniversário e eu vou te dar um presente. – Fala baixinho
em meu ouvido, lambendo e mordendo minha orelha.

Hector continua com seus beijos, e desce deixando um rastro de fogo


em minha pele. Fico excitadíssima!
Ele beija minha orelha, meu pescoço, meus seios, minha barriga, passa
sua língua maravilhosa no meu umbigo, conforme vai descendo, minha
expectativa aumenta… Ah, quando ele chega em minha amiga! Dá um beijo
nela e com toda delicadeza abre meus grandes lábios e me lambe lentamente
arrancando-me gemidos de prazer.
Só consigo pensar, como isso é bom! E como é maravilhoso estar com
ele.
Seguro sua cabeça contra meu sexo, forçando-a cada vez mais,
rebolando em sua boca.
Não aguento mais de tanto tesão, fecho meus olhos e sinto uma
sensação maravilhosa. Grito de prazer e chamo pelo seu nome. Gozo,
derramando meu mel em sua boca.

Hector faz o caminho inverso, me beija de baixo pra cima, até chegar
em minha boca.

- Sinta o quanto você é saborosa! – Ele passa a língua em meus lábios,


segura minha cabeça com as duas mãos e me beija com todo fervor. Sinto seu
tremor de tanta excitação.

Ele para o beijo e olha em meus olhos.

- Dei seu presente, aliás! Dei-lhe muito além do que me pediu…


agora, vê se me deixa em paz, sua pirralha mimada! – Hector sai me deixando
molhada, excitada, apaixonada, confusa e magoada pelo que ele me disse.

Fico encostada na parede, arrasada!


CAPÍTULO 9
QUATRO MESES DEPOIS
Como prometido, estou me comportando feito uma lady. Para falar a
verdade, ainda estou magoada pelo que ele me disse, por isso me dei esse
tempo para ver o que realmente estou sentindo.

Após o que aconteceu na minha festa, fiquei um mês sem lhe dirigir a
palavra, não lhe dava ao menos bom dia!
Depois de um mês, ele se sentiu incomodado, veio falar comigo e me
pediu desculpa por ter me tratado daquela maneira. Voltamos a conversar, mas
sempre me mantendo afastada e indiferente.

Tentei mudar minha rotina e conhecer pessoas novas. Comecei a


namorar um rapaz que sempre dava em cima de mim, mas não deu muito
certo, com um mês de namoro ele queria transar, eu até tentei dar uns amassos
nele, mas sinceramente, não senti nada! Então terminei o namoro.

No início estava dando certo, eu realmente comecei a pensar que o


tinha esquecido e que realmente esse sentimento estava morrendo, só que eu
estava enganada.

Em um belo dia, acordo no meio da noite e vejo a porta do seu quarto


meio aberta, entro e o vejo dormindo em um sono pesado e tranquilo. Toda a
minha certeza foi por água abaixo.
Voltei para o meu quarto deprimida por perceber que ainda estou
apaixonada por ele, e minhas memórias e o que tanto evitei, veio como um
assaltante sorrateiro, em meio a elas também veio o som do seu sorriso e de
sua voz macia.
O silêncio das minhas lágrimas me fez sentir uma saudade
insuportável das vezes que estivemos juntos, fechei meus olhos curtindo
nossas lembranças, o imaginando aqui comigo. São tantas lembranças, que
em meio a tudo isso, acabei adormecendo…
Hoje é sexta-feira! Estamos indo acampar na Chapada dos Veadeiros,
em Alto Paraíso - GO.
Amo acampar e o lugar é espetacular. Lá tem uns lugares de camping
muito bons e com muitas cachoeiras.

Minha maior alegria não é só essa, é que Hector vai também. Estou
doida para vê-lo de sunga, minha boca chega à salivar só de pensar. Balanço
minha cabeça para tirar esses pensamentos impuros, mas como sempre falho
miseravelmente.

Infelizmente não fomos no mesmo carro, meu tio virá depois com
Pedrão. Chamei meu casal preferido, Samanta e Felipe, mas, infelizmente,
eles não poderão ir.

Apesar dos últimos acontecimentos, estou feliz que Hector tenha se


adaptado tão bem em Brasília, para uma pessoa que morava no interior do
Goiás.

Hector cuidou da minha avó até os últimos dias de sua vida e isso é
admirável. Ele parou a faculdade para se dedicar a ela até sua morte. Quando
minha avó descobriu a doença já estava em fase avançada.

Assim que minha avó morreu, meu pai fez questão que ele retornasse
a faculdade e viesse morar com a gente. Estou feliz por ele esteja se dando
bem na faculdade e no trabalho.
Apesar dos dois terem ficado muitos anos afastados e serem de pais
diferentes, admiro o cuidado que meu pai tem com Hector.
Assim que chegamos, montamos acampamento e organizamos tudo.
Para minha alegria vi o carro do Hector chegando. Ele desce e vai ao porta-
malas pegar algumas coisas, Pedrão desce em seguida acompanhado da…
Não acredito que ele trouxe essa vaca! Porque ele a trouxe?

- Mamãe, você sabia que o tio Hector ia trazer a namorada dele?


- Sim, meu bebê! Ele perguntou para seu pai se podia trazê-la e ele
disse que sim. Gostei de ele ter trazido a Elena, ela é um amor de pessoa. –
Minha mãe sai me deixando reclamando sozinha e foi cumprimentar a
Cadelena. QUE ÓDIO!

Meu feriado acabou! Saio e vou para umas pedras afastadas do


acampamento e sento-me para curtir a paisagem. Fico tanto tempo parada
olhando o nada que minha barriga começa a roncar de fome, mas não quero
voltar para lá, não quero ficar vendo os dois juntos.

Ouço um barulho e vejo Hector se aproximando e sentando-se ao meu


lado.

- O que você quer? – Pergunto ríspida. Sem olhar para ele.

- Eu vi que você ficou chateada quando viu Elena. Eu não queria


trazê-la.

- Então, porque trouxe? – Pergunto com sarcasmo, olhando em seus


olhos.

- Ela insistiu e disse que ama acampar. – Ele responde dando de


ombros.

- Você poderia pelo menos ter pensado como eu iria me sentir! – Digo,
me levantando e limpando meu short.

- Mas é só nisso que eu penso! Em você. – Ele coloca os cotovelos nas


pernas e as mãos na cabeça.
E em todos esses meses de sofrimento, dou meu primeiro sorriso
verdadeiro, o que ele disse me deu uma injeção de ânimo.

- Porque você tenta tanto se enganar? Achando que não sente nada por
mim? – Continuo em pé, com um sorriso bobo no rosto.
Ele dá um pulo das pedras onde estava sentado.

- Pode parar! – Diz entre dentes. – Pode ir tirando essas ideias dessa
sua cabecinha maluca. Eu só vim falar com você para não ficar um clima
chato nesses dias, e te pedir para tentar conhecê-la melhor. Você me prometeu
que iria se comportar e espero que cumpra a promessa. Sophie, eu não sinto
nada por você como homem. Eu tenho carinho e preocupação como tio e nada
mais. Eu estou apaixonado pela Elena.

Assim que ele termina seu falso discurso, que não me convenceu em
nada. Passa por mim em direção ao acampamento.
- Hector! – O chamo, ele para, mas não se vira para mim. Vou em sua
direção e o puxo pelo braço para que ele se vire e me olhe. Coloco minha mão
em seu peito e sinto sua respiração acelerar.

- Não tente se enganar, eu sei que é horrível beijar uma pessoa


pensando em outra. – Ele afasta minha mão.

- Você acha que eu beijo Elena pensando em você? Olha aqui, sua
garota mimada, eu não beijo ela pensando em você, vê se coloca isso nessa
sua cabecinha dura. – Hector bate o dedo indicador na minha cabeça.

Puxo sua mão e a seguro entrelaçando seus dedos aos meus.

- Comecei a namorar um carinha uma semana depois da minha festa


de aniversário. Com um mês de namoro ele queria transar comigo, eu até…

- Cadê esse seu namoradinho invisível? – Ele pergunta com sarcasmo,


puxando sua mão da minha.

- Eu tentei transar com ele, só que não parava de pensar em você e


estava me sentido muito mal com isso, então terminei o namoro. Por isso que
eu sei o que você está passando. – Ele ri com sarcasmo.
- Você se acha, né Sophie! Eu não beijo Elena pensando em você. Ela
é uma mulher e não uma pirralha mimada que está obcecada pelo próprio tio!

- Tudo bem! Se você quer continuar se enganando, problema seu! –


Dou de ombros e começo a andar em direção a trilha que leva a uma das
cachoeiras.

Sinto sua presença quando puxa meu braço e me prensa em uma


árvore…
- Eu sei que você não arrumou namorado nenhum. Até parece que
você iria perder a oportunidade de querer…
Ele não termina a frase, pois começo a beijá-lo no pescoço, o
provocando e lambendo sua pele saborosa.

- Para com isso, Sophie! - Hector me adverte, fechando os olhos. –


Você pode acabar se queimando.
- Eu não me importo!

Ele segura minha cabeça e me beija com intensidade, explorando


minha boca com sua língua experiente. Como estava com saudade de seus
beijos! O aperto mais, para aprofundar nosso beijo. Sinto sua ereção em meu
ventre, Hector entrelaça minhas pernas em sua cintura, me levando para umas
pedras enquanto dou vários beijos em seu queixo e pescoço.

Ele me coloca sentada entre as pedras. Na posição que estamos dá


para nos esconder entre elas, e a loucura é uma delícia!

Hector puxa a alcinha da minha blusa, expõe meus seios, sugando e


mordendo me fazendo gemer de prazer.

Troco de posição com ele, ficando entre suas pernas. Começo a dar
mordidinhas em seu queixo, lhe dou um selinho e vou até sua orelha, dando
alguns beijinhos e mordidinhas de leve. Ele permanece imóvel, desço um
pouco mais, Hector observa cada movimento meu.
Vou descendo, beijando e chupando seus mamilos, continuo descendo
com beijos molhados, passo minha mão por sua visível ereção, acaricio suas
coxas, vendo-o arrepiar por inteiro.

Abro o zíper de seu short, deixando à amostra o grande volume que


existe dentro de sua cueca boxer preta, seu membro estava sufocado lá dentro.
Puxo sua cueca dando liberdade para meu maior objetivo. Que pau lindo!
Branco com a cabeça rosada, grosso e grande. Imediatamente me dá água na
boca.
Não pensei duas vezes, o coloco na boca para provar seu sabor e que
sabor! É viciante! – Ele solta um gemido alto.

Nunca fiz um boquete na vida. Mas pela reação dele, estou no


caminho certo. É gostoso senti-lo em minha boca, com os lábios indo e vindo
até onde consigo.

- Hector… Hector! - Ouvimos alguém chamando. Ele me olha e puxa


seu pau da minha boca. Foi como se tivessem roubado meu pirulito favorito.

- Que porra, Sophie! Nós não podemos, não é certo. – Ele fala baixo,
com o rosto perto do meu para que ninguém nos ouça. Puxo sua cabeça e o
beijo. Prendo sua língua em minha boca e a sugo.

Ouvimos alguém correndo, paramos o beijo e Hector me puxa, me


escondendo ainda mais entre as pedras, me protegendo com seu corpo. Sei
que alguém pode nos ver e isso acabar mal, mas a sensação do seu corpo ao
meu é maravilhosa!

- Elena! – Ouvimos alguém chamando.

- Estou aqui Pedrão. - Elena responde impaciente.

- Hector deve ter ido até as cachoeiras atrás da sobrinha dele, para
saber se ela está bem. É que ele é muito protetor, mas daqui a pouco eles
devem estar de volta, não se preocupe, vamos terminar de arrumar o
acampamento. – Ouvimos os passos deles indo embora.

Hector me puxa pela mão e sai de onde estávamos, indo um pouco


mais para dentro da mata. Tive quase que correr para conseguir alcançar seus
passos.
- Foi um erro o que fizemos. E isso não vai mais acontecer. Entendeu?

- Por que você não admite que sente algo por mim?
- EU NÃO SINTO NADA POR VOCÊ, PORRA! – Hector grita
apontando o dedo pra mim. Ele parece fora de controle.

- Acredite, todos os dias eu escolho não estar apaixonada por você.


Mas não tenho culpa se meu coração é tão desobediente. – Sussurro minhas
palavras, chateada por ele não admitir que me deseja também.

- Todos temos uma escolha, Sophie… – Ele coloca as mãos no bolso


do short e abaixa a cabeça. – E eu já fiz a minha, e ela é a Elena.

- Então tudo bem, titio! Se você diz que já fez sua escolha, quem sou
eu para discordar! – Dou de ombros e saio deixando-o sozinho com seu mau
humor.

- VOCÊ PODERIA VOLTAR PARA SEU NAMORADINHO E ME


DEIXAR EM PAZ. – Ele grita.

Levanto meu braço esquerdo, mostrando-lhe o dedo do meio,


enquanto continuo andando sem olhar para trás.

Se for isso que ele quer, é isso que ele vai ter!

Ao retornar para ao acampamento, meus pais vêem em minha direção.

- Onde você estava Sophie? Porque sumiu desse jeito sem nos avisar?
– Minha mãe pergunta, preocupada.

- Fui dar uma volta nas trilhas, eu avisei que iria, mas eu acho que
vocês não me ouviram, foi quando foram cumprimentar Elena. – Termino de
pronunciar o nome do diabo, e ela se tele transporta ao meu lado perguntando
por Hector. Essa cadela é sem noção mesmo!
- Eu não sei onde ele possa estar. O namorado é seu, e não meu! -
Digo virando as costas para ela e indo em direção a minha barraca.

Minha mãe vem atrás de mim, e assim que entro na barraca ela
começa o sermão.
- Porque você foi grossa com Elena? Não foi essa a educação que eu
lhe dei Sophie, ela só estava preocupada com vocês.

- Ela não precisa se preocupar comigo mamãe, ela tem que se


preocupar é com o namorado dela.
- Minha filha você sumiu, e não ouvimos quando você disse que ia
andar nas trilhas. Seu tio ficou preocupado e foi atrás de você, para ver se te
achava e vocês estavam demorando demais, por isso que ela perguntou por
ele quando você chegou.

- OK. Realmente fui um pouco grossa com ela, depois peço desculpas.
Está bem?

- Tudo bem então, minha boneca! – Ela me dá um beijo na testa e sai


da barraca.

O resto do acampamento foi um tormento, evitava ficar no mesmo


lugar que os dois. E toda as vez que olhava na direção que eles estavam via
Elena pendurada no pescoço do |Hector. Ainda bem que hoje é meu último dia
de tormento.

Estava sentada admirando a cachoeira, quando Pedrão chega perto de


mim.

- Oi Sophie. Posso sentar?

- Pode. – Respondi continuando a olhar a cachoeira.

- Você está fugindo mesmo de nós! – Ele me observa sorrindo.

- Não estou fugindo de você e sim do casal 20. – Ele solta uma
gargalhada. Olho para ele curiosa por sua reação.
- De casal os dois não têm nada, só eles mesmo não percebem. Os dois
só se beijam se Helena beijar o Hector, não existe química nenhuma, é muito
engraçado de se ver. – Começamos a rir.

As conversas com Pedrão são sempre agradáveis, e com muitas


gargalhadas. Estamos em um morro que dá para avistar a trilha de outra
cachoeira e vejo o casal 20 nela. Ele andando na frente, ela atrás se cobrindo
de repelente e se batendo para matar os mosquitos, é muito hilário de se ver.
- Olha lá o casal 20, eles devem estar te procurando! – Aponto para os
dois.

- Hector! – Pedrão o chama acenando. Hector me vê e fecha o


semblante.
- Vai lá ficar com seus amigos, já está ficando escuro, vou voltar para
o acampamento. – Sugiro ao Pedrão.
Ao chegar, fico sabendo, que o acampamento vizinho fará uma festa, e
umas meninas que fiz amizade me chamaram, avisei meus pais que iria, e fui
aproveitar minha última noite.

A festa animada, fiz amizade com outros rapazes, e pela primeira vez
desde que cheguei, esqueci completamente do Hector.

Começo um papo muito legal com um carinha gato. Seu nome é


Gustavo e ele tem 20 anos. Ele começa a se insinuar. E quer saber? Estou
gostando. Estava precisando me sentir desejada.

Estávamos sentados em um tronco de árvore e ele me chama para dar


uma volta, não penso duas vezes em aceitar.

Ele para ficando de frente para mim.

- Você é tão linda! Queria muito te bei… – Não esperei ele terminar.

Colo meus lábios no seu e começo a beijá-lo. No começo foi tímido,


nada parecido com os beijos do Hector. Mas foi se intensificando e quando
estava ficando bom, senti seus lábios se afastarem dos meus de repente, achei
estranho e quando abro os olhos, vejo meu tio segurando o Gustavo pela gola
da camiseta.
- Você está louco! Solta ele Hector. – Ele solta Gustavo e me olha com
ódio nos olhos.

- Quer dizer que você vai defendê-lo? – Diz apontando para Gustavo.
- Caso você não tenha percebido, ele não estava me obrigando a fazer
nada que eu não queira.

- Então é isso? Vai ficar se esfregando com qualquer um por aí?


- A vida é minha! Porque não vai cuidar da sua namorada?
- Hector? –Elena o chama nos interrompendo
- Pronto! Chegou sua amada! – Digo com deboche – Vai cuidar dela e
vê se me esquece!
Viro as costas, indo em direção ao Gustavo, pego em sua mão
puxando-o para sairmos de lá.

Retornamos para a festa e no caminho lhe pedi desculpas, expliquei que


Hector é meu tio. Só que o clima entre nós havia esfriado, então decido ir para
o meu acampamento, então Gustavo se ofereceu para me levar. E assim que
pegamos a trilha em direção ao meu acampamento, vejo Hector e Elena
discutindo, não dava para ouvir o que falavam, mas ela estava furiosa.

Hector olhou em minha direção e me viu e assim que nossos olhos se


cruzaram ele começa a beijá-la.

Fico perplexa com a atitude dele, Gustavo me chama e continuo meu


caminho, pensando em como retribuir o favor…


CAPÍTULO 10
Nesse último mês estou evitando Hector. Sinceramente eu não o
entendo! Se não me quer, então por que foi tirar satisfação com o carinha que
beijei no acampamento? Ele acha que sou voyeur? Da primeira vez que o vi
com a outra garota foi por curiosidade, eu não sentia nada por ele. No
acampamento Hector fez questão de beijar Elena na minha frente. Então
tentei esquecer e achei melhor ficar na minha. Minhas provas finais estão
chegando e eu preciso me concentrar, tenho que me manter focada se quiser
me tornar uma pediatra.

- Sophie! – Ouço alguém me chamando. Assim que me viro vejo


Daniel.

- Como você é difícil de encontrar! – Ele diz com um belo sorriso no


rosto.

- Não sou não! Sempre estou na escola, vejo seu irmão todos os dias. –
Comento rindo.
- Sophie… – Ele se aproxima de mim todo charmoso. – Eu estive
todos esses meses de olho esperando você sair da aula, mas infelizmente, não
te encontrei. Aliás, meus parabéns! - Ele me entrega uma caixinha.

- O que é isso? – Pergunto surpresa.


- É o seu presente de aniversário, abra! – Ele diz colocando a caixinha
em minha mão.

- Obrigada! - Abro o embrulho e vejo que é uma caixinha de música,


achei a coisa mais lindinha! - É linda! – Digo emocionada pelo fato dele se
lembrar de mim.

Ando tão carente e a flor da pele que qualquer coisa me emociona.


Tudo por causa do Hector! Tenho que tirar esse homem da minha cabeça.
- Queria muito ter ido ao seu aniversário, mas infelizmente não pude
ir. – Ele diz com um encolher de ombros se desculpando.
- Não tem problema, muito obrigada pelo presente, amei! – Dou um
abraço em Daniel.
- Sophie… Eu queria te chamar para sair, você aceita? – Ele me pede
timidamente, e achei isso muito fofo de sua parte.

- Onde você pensa em me levar? – Pergunto com um sorriso sincero


no rosto.
- Pensei em irmos ao cinema, o que você acha? – Ele pergunta um
pouco ansioso e inseguro.
- Está ótimo! Aceito ir ao cinema com você.

Preciso refrescar minha cabeça e tentar esquecer um certo tio.

Combinamos de nos encontrar no sábado em frente ao Pier 21. Lá


escolheremos o filme. Não quis que ele me buscasse em casa, preferi
encontrá-lo no local.

Termino de me arrumar e vou para sala avisar minha mãe que estou de
saída, ao sair do meu quarto vejo Hector na porta do seu.

- Oi! – Ele me cumprimenta sem graça.


- Oi! – Repondo secamente indo em direção à escada.

- Mãe, estou indo, tá! – Chego perto dela e lhe dou um beijo.
- Então vamos minha boneca – Meu pai me chama.

- Eu posso deixá-la Heitor, estou de saída mesmo, então a levo. –


Hector explica para meu pai.

- Se você puder fazer isso, agradeço meu irmão!


Olho meu tio de cara feia, ele sabe muito bem manipular meu pai, com
certeza vou ter que ir com ele, senão é capaz do meu pai não me deixar ir ao
cinema.
- Tudo bem! – Respondo derrotada.
Chegando no carro, entro, coloco o cinto e espero Hector com a cara
fechada.
- Queria conversar com você e essa foi minha única chance – Ele se
justifica sem graça, coloca o cinto de segurança e liga o carro. Continuo
calada, esperando ele começar sua ladainha.

Hector dirigiu em silêncio até o estacionamento do shopping.


- Quero te pedir desculpa por ter sido um total idiota com você. –
Hector pede parecendo arrependido!
- Hector! Sinceramente estou magoada com você, achei desnecessário
o que fez. Sei que peguei pesado, mas daí você ficar esfregando a Elena na
minha cara, isso foi infantil e idiota da sua parte. – Deixo claro, minha
decepção.

- Eu sei Sophie, estou arrependido pelo que disse e fiz. – Ele abaixa a
cabeça constrangido.

- Tudo bem, é melhor eu ir, não quero chegar atrasada. – Coloco a


mão na maçaneta do carro e ele segura meu braço.

- Você vai sair com suas amigas ou é um encontro com algum rapaz? –
Hector pergunta triste.
- Daniel me chamou para ir ao cinema e eu aceitei.

- Hum! Espero que vocês se divirtam, não vou mais te atrapalhar. -


Concordo com a cabeça e saio do carro.
- Sophie! – Ele me chama saindo do carro, andando com confiança até
chegar perto de mim.

Meu coração palpita forte, como uma perfeita idiota, estou na


esperança dele me pedir pra ficar com ele ao invés de ir ao cinema com
Daniel.
Hector me abraça forte.
- Você não disse se me perdoou! – Ele fala com sua boca perto do meu
ouvido.

- É fácil pedir desculpas pelo que fez. O difícil é esquecer o tanto que
suas atitudes me feriram.

- Desculpe pelas minhas palavras ríspidas e duras. – Não sei o que


tinha na cabeça.

- Tudo bem, vamos passar uma borracha no que aconteceu e


começaremos tudo de novo, pode ser? – Pergunto com um sorriso tímido.

- Tudo bem! – Ele dá um lindo sorriso. De repente Hector olha por


trás das minhas costas. - Daniel chegou. – Ele diz apontando com a cabeça na
direção onde Daniel está.

Olho pra trás e o vejo me esperando.

- Vai lá! Não quero atrapalhar vocês. – Hector dá um beijo em minha


testa. Viro-me e vou ao encontro de Daniel.

- Oi! – Daniel chega perto de mim e me cumprimenta com um beijo


no rosto. – Espero que seu tio dessa vez não queira me bater por eu ter lhe
beijado. – Ele diz sorrindo.

- Por que você está dizendo isso? – Pergunto sem entender nada.
- Ele está nos olhando! – Me viro e vejo Hector nos observando com
as mãos no bolso. Ele acena e vai embora de cabeça baixa.

Estou namorando Daniel a um mês, tento gostar dele, juro que estou
tentando. Infelizmente não está dando muito certo, acho que é por ser recente
e ainda ter Hector em meus pensamentos!
Assim que desço as escadas, o motivo do meu sofrimento está sentado
à mesa do café da manhã com meu pai.

- Bom dia, família. – Cumprimento a todos alegremente.


- Bom dia, meu amor! - Minha mãe responde do fogão onde está
fazendo tapioca para todos.

- Bom dia, minha boneca! Parece que você adivinhou em descer agora,
já estava querendo ir te chamar. - Meu pai fala dando um gole em seu café.

- Posso saber por quê? - Pergunto curiosa.

- Estamos querendo ir hoje à noite para nos despedirmos da fazenda,


pois achamos um comprador para ela. Bom, espero que ele compre! Queria
que você arrumasse suas coisas pra irmos à noite.

- Mas amanhã é sexta feira e tenho aula! - reclamo, querendo me salvar


de ter que viajar com eles.

- Estamos no final do ano letivo, não tem problema você faltar um dia
de aula, aliás, quero que você vá, faz tempo que não visita seus avós maternos
e eles sempre perguntam por você. - Meu pai me repreende, não deixando
margem para discussão.

- Realmente, Sophie! Sua avó sempre se queixa quando vamos sem


você. - Minha mãe reforça o que meu pai disse. Pelo jeito, não tenho
escapatória.

- Quem é que vai com a gente? - Pergunto, já erguendo uma


sobrancelha para Hector. Ele encolhe os ombros, permanecendo calado. Ele
sabe muito bem que desejo saber se a namoradinha dele vai junto.

- Seu tio chamou Elena, mas ela não poderá ir, pois vai viajar pra visitar
a mãe que está doente. - Meu pai responde. - Chame seu namorado para ir
conosco! - Meu pai sugere animado. - Gostei muito dele, parece ser um bom
rapaz.

Com duas semanas de namoro apresentei Daniel pros meus pais e eles
o aprovaram.
Olho para Hector e o vejo tensionar sua mandíbula.

- Vou chamá-lo papai. - Repondo com um sorriso irônico no rosto. É


titio, você esfregou sua namoradinha por vários meses, fazendo-me sofrer,
agora chegou minha vez! - Está muito bom o papo, mas tenho que ir para a
aula. - Levanto despedindo-me de todos e subo os degraus rapidamente.

Ouço a porta ser aberta sem baterem, levo um susto ao ver Hector na
minha frente.

- Você vai chamar mesmo seu namoradinho pra ir conosco? - Ele


pergunta sem cerimônia. Viro-me pra ele, cruzando os braços.

- Por que não deveria chamar? - Pergunto com sarcasmo.

- Sophie, é um programa em família, vamos resolver sobre a venda da


fazenda e aproveitar pra relembrar os velhos tempos.

- É engraçado! - Começo a sorrir. - Você não ia levar sua namorada? -


Pergunto, o desafiando.

- Não, eu não ia!

- Meu pai disse que você ia, Hector! Ela só não vai porque vai viajar.

- Sophie! - Ele passa as mãos no rosto e cabelo. - Eu não ia chamar a


Elena, mesmo que ela não fosse viajar. Fiz isso uma vez e me arrependi…
Não iria cometer esse erro novamente.

Estamos nos dando bem melhor depois daquela conversa no carro em


frente ao cinema. Voltamos a assistir nossos filmes e a correr nos fins de
semana, indo, logo em seguida almoçar com nosso casal 20, Samanta e
Felipe.

Estou gostando dessa nova fase de nossas vidas e não queria estragar
isso de novo. Na verdade, estamos passando mais tempo juntos do que com
nossos respectivos namorados.
- Tudo bem! Não vou chamá-lo. - Respondo resignada.

Ele chega perto de mim com um sorriso lindo no rosto, dá um beijo na


minha testa e sai porta a fora.
Chegamos na fazenda tarde da noite e fomos direto aos nossos quartos
para descansarmos.

Acordo cedo já sentindo um cheirinho agradável de café feito no fogão


a lenha, entro na cozinha e uma senhora com um rosto simpático está dando a
Hector uns bolinhos fritos.

- Bom dia! – Cumprimento os dois.


- Bom dia, Sophie! - Hector responde numa alegria tão grande que
nunca tinha visto antes.

- Onde estão meus pais? - Pergunto sentando-me a mesa.

- Foram na fazenda vizinha pra ver seus avós, como saíram cedo
ficaram com pena de te acordar.

- Entendo! - Coloco café na xícara e mordo um bolinho frito.

Nada melhor que uma comida feita no fogão à lenha!

- Sophie… - Hector limpa a garganta. - Você não conhece tia Celeste,


ela ajudou a criar seu pai e eu. - Ele a olha com carinho.

- Heitor disse que a filha dele era uma boneca, mas não disse que tinha
um rosto angelical. – A senhora chega perto de mim e me abraça com carinho
passando suas mãos enrrugadas em meu rosto e me olha profundamente. -
Não fique assim, um dia essa tristeza irá passar, tudo na vida passa, até o
sofrimento. Nada é eterno!
Celeste me diz isso com tanta convicção que me deixa arrepiada. E uma
sensação de paz invade meu interior.

- Obrigada! - Sussurro agradecida.


- Tia Celeste, não assuste Sophie desse jeito! - Hector fala preocupado.

- Olha aqui, menino! - Ela o repreende, apontando o dedo pra ele. -


Conheço você dêsde que nasceu, não tente enganar essa velha aqui! - Ela
coloca a mão em seu peito. Hector abaixa a cabeça e não responde nada. -
Depois quero ter uma conversa séria com você!

Fico sem entender o que se passa com eles. Levanto-me, levo uns
bolinhos frito na mão e os deixo a sós. Eles estavam em uma guerra de
olhares que nem perceberam minha saída.

Vou para a varanda sento em um balanço, estilo banco, curtindo a


paisagem da fazenda. Após alguns minutos, sinto Hector sentar ao meu lado.

- Me desculpe pelo que aconteceu na cozinha.

- Tudo bem! Não entendi o que estava acontecendo entre vocês. -


Repondo dando de ombros.

- Tia Celeste é sensitiva e sabe decifrar o que vem atormetando a pessoa


só de olha-la, é muito estranho! – Ele faz uma careta. - Esse dom que ela tem
às vezes me dá medo. Hector solta uma respiração profunda.

Ficamos em silêncio, cada um absorto em seus pensamentos. E


trocávamos olhares. Todas as vezes que admiro seus olhos me perco em
pensamentos nada puros!

- Bom! Acho que vou dar uma explorada na fazenda, já que não
conheço nada por aqui. - Digo, balançando minhas mãos agitada.

Pare de pensar besteira dona Sophie! Me repreendo.


- Eu queria muito te mostrar toda a fazenda, se você quiser, é claro! –
Hector fala, ficando perto de mim.

Juro meu Deus! Estou tentando, me comportar.


- Tudo bem, então! - Dou passagem para ele ir na frente.

- Pedi para tio Jerônimo selar dois cavalos pra gente, caso você não se
importe. - Fico apreensiva, pois não gosto de montar a cavalo, tenho um
pouco de medo. - O que foi Sophie? Não quer que eu te mostre a fazenda?
- Não é isso! É que tenho medo de montar. - Confesso sem graça, para
ele é simples, pois cresceu em uma fazenda. Não para mim!
- Não tem problema! Vamos no mesmo cavalo, então. - Ele me dá a mão
e vamos em direção aos estábulos.

Como é boa a sensação da sua mão na minha.


Ao chegarmos seu cavalo estava pronto e seu Jerônimo estava
preparando o meu, Hector o avisa que não precisa.

Ele me coloca sentada na frente entre suas pernas segurando-me com


seus braços maravilhosos. No começo fiquei tensa, mas depois acabei
relaxando e apoiando-me em seu peitoral.

Conversamos o caminho todo enquanto me mostrava a fazenda.


Sinceramente, estou com pena por eles a venderem, pois é uma fazenda muito
bonita e bem cuidada. Chegamos a um riacho que a água é cristalina,
descemos do cavalo, ele o amarra em uma árvore e sentamos perto do rio.

- Foi um passeio maravilhoso, obrigada. Bom, não sei você, mais estou
doida pra cair nessa água, está um calor tremendo! - Falo já ansiosa para
entrar nela.

Começo a tirar minha roupa ficando de calcinha e sutiã, não penso duas
vezes e mergulho. Hector não sai do lugar e continua sentado na beira do rio.

- Você não vem? – Pergunto o incentivando.

- Não sei, Sophie! - Hector responde com dúvida e foi aí que observei
seu olhar sobre mim.
Quando tirei minha roupa não pensei em nada, a única coisa que eu
queria era dar um mergulho.

Mas vendo seu olhar, percebo que ele está exitando! Porque estou de
lingerie. Me dou conta da situação e sinto algumas coisas em minha região
íntima que preciso que se apague, não posso cair em tentação.
Logo agora que estou um pouco mais conformada, não posso cometer
esse “doce pecado”!

- Ah! Vamos Hector, a água está maravilhosa. - Brinco, tentando apagar


um pouco a tensão sexual entre a gente. - A água está maravilhosa! - Começo
a jogar água nele para provocá-lo.

- Tudo bem! - Ele começa a tirar a roupa, então é que percebo que foi
uma má ideia!

Meu coração começa a bater forte, parecendo uma escola de samba


desgovernada na Sapucaí.

Minha amiga de baixo, dona perseguida, começa a se agitar, vai me


dando um comichão entre as pernas, e isso me faz espremê-las pra tentar
conter a sensação que está tomando conta do meu corpo.

Ele termina de tirar sua roupa, ficando apenas de cueca boxer branca, dá
um mergulho sumindo na água e demorando a subir.

- Hector… - O chamo apreensiva. Ele não aparece na superfície e


começo a entrar em desespero.

Mergulho tentando ver em baixo dá água e sinto “mãos” me


puxando… Começo a entrar em desespero, me debatendo e tentando subir
para superfície.

- Calma, minha pirralha. - Hector diz entre sorrisos, enquanto me debato


desesperada.

Assim que ouço sua voz, me acalmo e abro meus olhos recuperando
meu fôlego. Me arrependo de abrir os olhos, ao vê-lo tão perto de mim com
suas mãos em minha cintura, me apertando contra ele.
- Você foi idiota! - O empurro pra sair de seu aperto.

- Desculpe, queria lhe dar um susto, só que você se desesperou. - Hector


fala sorrindo e isso me dá muita raiva!
Não penso duas vezes e espirro água em seu rosto, derrubando-o de
surpresa.

Saio nadando o mais rápido que consigo, tentando fugir, mas é em vão!
Hector puxa meu pé e me arrasta tentando me afogar. Livro-me dele e o
empurro novamente. Ficamos brincando entre risadas por mais alguns
minutos até que cansamos e saímos da água.

Deitamos lado a lado, sentindo o calor do sol aquecendo nossos


corpos. Olho para Hector e o vejo me observando.

Ele entrelaça nossos dedos mindinhos e nos viramos novamente para o


céu, fecho meus olhos, sentindo uma sensação de paz invadir meu corpo.
Sinto sua mão pegando a minha e levando-a a boca para beijar meus dedos.
Isso me incomoda e puxo minha mão.

Não quero mais sofrer por ele, eu não entendo o porque dele ser tão
carinhoso!? Deixando-me, alimentar lá no fundinho a esperança de que um
dia tenha coragem de me assumir. Já passei meses demais me humilhando
pra ele, agora chega!

- Desculpe. - Hector pede sem graça. - Foi mais forte que eu. – Ele se
justifica.

- Tudo bem! - Ficamos nos olhando por um tempo. - Eu sei que não
deveria perguntar, mas por que dona Celeste estava brigando com você?
Ele senta e solta um suspiro. –Tia Celeste é uma senhora muito sensitiva
como eu havia falado antes, ela parece que lê pensamentos, sei lá! - ele fala
rindo.
- Sei! - Sento-me também para entender melhor a história. - Mas e aí? -
O incentivo a continuar.

- Assim que ela bateu os olhos em mim, viu minha tristeza, ela tentou
me confortar. Mas aí você apareceu na cozinha e ela entendeu tudo.
- Tudo o quê? - Pergunto com o coração acelerado.

- Ela viu que estamos apaixonados, Sophie! - Hector despeja tudo sem
se atrever a olhar para mim.
Meu Deus! Passei esses meses todos tentando tirar essas palavras de sua
boca, e agora que ouço, não fez o efeito que eu esperava. Ele falou de uma
maneira tão triste! Que parece ser um castigo estarmos apaixonados.
- Nós não temos culpa! - Lamento chorando.

- Eu sei… - Hector me coloca em seu colo me aconchegando junto a


ele. - Nós não tivemos culpa. - Ele alisa meu cabelo, enquanto choro baixinho
em seu peito.

- Do modo que você falou parece um castigo seu sentimento por mim.
- Claro que não, Sophie! - Ele segura meu rosto com as duas mãos
fazendo-me olhar para ele. - Eu me apaixonei por você no momento em que a
vi descendo as escadas da sua casa. Você parecia um anjo descendo a terra,
meu coração ficou a mil. Aí nos conhecemos melhor e vi uma menina linda,
meiga e inteligente. Quando começamos a brigar e você começou a me
desafiar querendo me fazer admitir que sentia algo por você, conheci seu
outro lado, o de uma mulher de fibra, decidida e que sabe o que quer. Eu me
apaixonei pelo anjo que vi descendo as escadas e depois caí de joelhos pela
diabinha que você se mostrou.

O abraço forte. Como amo esse homem! Eu quero tudo com ele! Nunca
senti por ninguém o que sinto por Hector. O quero pra mim, mas sempre tem
um “mas”… Odeio essa palavra!

- Eu sei que não podemos ficar juntos. - Admito, com o coração


estraçalhado.
- É…Eu sei! - Ele suspira resignado, me apertando ainda mais ao seu
corpo. - Você pensa que eu não tive contato algum com vocês, quando seu pai
se casou com sua mãe, só que não é bem assim, Sophie. Todas as vezes que
eles vinham visitar seus avós, eles me avisavam e eu passava o dia com
vocês, minha mãe não os aceitavam juntos, mas não me impedia de ver meu
irmão. Quando você estava com um mês de nascida, seus pais vieram passar
uma semana de férias aqui e eu ia vê-los todos os dias. Quando lhe vi eu tinha
10 anos de idade. Fiquei encantado com sua beleza, você era o bebê mais
lindo que eu já tinha visto, Te segurei no colo, Sophie! Passei a semana inteira
indo todos os dias para a fazenda dos seus avós pra te ver e segurá-la. Passava
as tardes velando seu sono, todo encantado com você. A última vez que eu te
vi, você estava com 10 anos e era uma garotinha linda, com seus cabelos
ruivos cacheados, acho que você não se lembra, mas brinquei muito com
você, até ensinei você a montar um potrinho. Acredita?!

- Eu me lembro! - Comecei a rir encostada em seu peito.

- Sophie, nós temos uma história, por mais que não possamos ficar
juntos, sempre estaremos ligados, você sempre poderá contar comigo, eu
sempre a protegerei. - Ele dá um beijo demorado no topo da minha cabeça.

- Eu sei que sempre poderei contar com você. - Ergo meus olhos e olho
dentro dos seus.

Ele passa a mão em meu rosto com carinho.

- Se eu não amasse tanto meu irmão e preservasse por nossa pequena


família, juro que fugiria com você! - Ele gruda nossas testas, fechando os
olhos.

- Meu pai poderia entender… - Sussurro com medo da sua reação.


Hector abre os olhos e se afasta um pouco.

- Eu acho que às vezes você não entende a gravidade da nossa situação!


Já imaginou seu pai descobrindo que sua única filha está dormindo com seu
irmão, cujo homem que ele tanto confiou para protegê-la está tendo relações
sexuais com ela! Já pensou? Heitor nunca me perdoaria! Aí eu perderia meu
irmão. Ele é seu pai, os pais sempre perdoam os filhos. Já comigo, ele nunca
me perdoaria e eu seria uma grande decepção! Você ainda é muito novinha, só
tem 17 anos, você ainda tem muito o que viver! O que está sentindo por mim
é passageiro e daqui a algum tempo você vai superar!
- Espero que sim. - Dou um beijo em seu rosto, com uma vontade
insana de deslizar minha boca e beijar seus lábios, mas não posso! Já
machuquei bastante meu coração com nossa história. Tenho que enfiar em
minha cabeça que meu tio é proibido e ponto final. - Vamos! – Me levanto do
seu colo, estendendo minha mão para ajudá-lo a se levantar. - Meu estômago
está roncando, com certeza já deve está tarde para o almoço e meus pais
devem estar preocupados com a gente.

Hector pega minha mão se levantando. Voltamos em direção à casa da


fazenda em silêncio, curtindo o curto passeio a cavalo.

Ao chegarmos perto da casa, vejo um carro estacionando e não acredito


ao ver quem está descendo dele…

CAPÍTULO 11
- Você me prometeu que não ia chamá-lo - Hector me lança um olhar
questionador.
- Eu não o chamei! - Dou de ombros sem graça. - Eu o avisei que viria
para a fazenda, mas sabia que Daniel não poderia vir por causa da faculdade.
Ele me perguntou quando iria, e eu falei!

Conforme nos aproximamos, sinto Hector me apertando ainda mais


junto a ele, me passando sua tensão.

- Me desculpe! Não sabia que isso ia acontecer. - Peço em um


sussurro.

- Eu sei que não foi culpa sua! - Ele sussurra em meu ouvido me
fazendo arrepiar por inteira.
O que Daniel está fazendo aqui? Como ele chegou? Não era para ele
ter vindo! Logo agora que Hector se declarou para mim. Não sei o que fazer,
estou confusa e agora vou ter que tentar dar toda atenção para Daniel! Mas
minha vontade era de que Hector colocasse o cavalo para correr na direção
contrária e sumíssemos para ficarmos a sós. Como sei que ele nunca fará isso,
tento relaxar o máximo que posso.

- Oi, minha linda! - Daniel vem em minha direção todo sorridente. -


Gostou da surpresa? - Ele pergunta, enquanto me ajuda a descer do cavalo.
- Como você conseguiu chegar até aqui? - Pergunto curiosa, querendo
saber com quem ele aprendeu o caminho da fazenda.
- Liguei para minha sogrinha e pedi sua ajuda pra te fazer uma
surpresa. - Ele me braça, logo depois segura meu rosto e me dá um beijo
daqueles cinematográfico. Ouço o cavalo do Hector relinchar e só vejo o
rastro de poeira atrás dele. - Acho que seu tio não gosta de mim, mas ele não
tem que gostar ou não, o que importa é a aprovação dos seus pais. - Daniel
fala apertando minha cintura e me puxando ainda mais ao seu encontro.

- Vamos entrar! - Tento me desvencilhar do seu aperto. - Estou com


fome, já deve ter passado da hora do almoço, seguro sua mão e o arrasto para
dentro de casa.

- Já estava indo chamar vocês, meus amores. - Minha mãe fala toda
contente.

- Cadê seu tio? - Meu pai pergunta indo sentar à mesa.

- Ele foi levar o cavalo no estábulo. – Respondo sentando a mesa.

Esperamos por Hector mais um pouco para todos almoçarmos juntos,


mas ele não apareceu. Mandou um recado por um dos peões dizendo que não
iria almoçar conosco. O almoço foi divertido para todos, menos para mim.
Estava preocupada com ele!

Não vi mais Hector, ele está fazendo a mesma coisa que eu fiz quando
ele levou Elena ao acampamento. Está evitando ficar perto da gente, entendo
bem esse seu comportamento.
Fomos para a casa dos meus avós maternos, apresentei Daniel e todos
gostaram dele. Foi uma tarde agradável! Mas meu avô não parava de
perguntar pelo Hector, dizendo que estava com saudades dele. E isso me
deixo angustiada, doida para vê-lo e conversar com ele.
Ao chegarmos, pensei que encontraria Hector na casa da fazenda, mas
infelizmente não foi isso que aconteceu.

Depois da conversa que tive com Hector todo meu encantamento por
Daniel foi pelo ralo, não sei o que vou fazer quanto a isso!
Fico rolando na cama sem conseguir dormir, queria muito saber onde
Hector está! Estou com medo dele ter caído do cavalo ou algo assim, já que
ainda não apareceu.

Vou na cozinha pegar um copo com água, e vejo uma sombra na


penumbra da noite, forço minha visão e vejo que é Hector no balanço da
varanda, vou até ele, sentando ao seu lado. Observo que está com uma garrafa
de cachaça nas mãos.
- Estava preocupada com você!

- Estou bem Sophie, não precisa se preocupar comigo! – Ele responde


sem me olhar.

Hector se levanta e acaba se desequilibrando, tento segurá-lo e acabo


caindo junto com ele.

- Meu Deus! Você se machucou? - Pergunto preocupada, tentando me


levantar.

- Não levanta, por favor! - Ele pede em um sussurro. Puxando-me de


encontro a ele e ficando por cima de mim. Ele fica me admirando e
acariciando meu rosto.

- Hector… - Como sou fraca! É só ele estalar os dedos que estou em


seu domínio e isso não está certo! - O que você está fazendo?

- Shhh! - Ele coloca dois dedos em meus lábios, me calando. - Só


quero você perto de mim pra que esse vazio que estou sentindo passe. – Ele
me abraça forte colocando sua testa na curva do meu pescoço, beijando-o,
Hector sobe para meu queixo, indo em direção a minha boca depositando um
beijo casto.
- Como estava com saudade! - Ele fala em um sussurro com sua boca
grudada a minha.
- Hector! Não podemos fazer isso! Não é justo você ficar brincando
com meus sentimentos desse jeito. - Ele se apóia no cotovelo me olhando
intensamente.
- Você tem total razão, não tenho direito de fazer isso com você. -
Hector tenta se levantar, mas acaba sentando no chão. Ele coloca as mãos
abraçando os joelhos e começa a chorar com o rosto enterrado em suas
pernas. - Desculpa Sophie! Minhas atitudes acabam nos machucando, não se
preocupe, vou ficar melhor e isso não vai mais acontecer.

Suas palavras me fazem ficar com um buraco no peito, mas enfim é


melhor assim! Levanto-me e estendendo a mão para ajudá-lo a se levantar.

O levo para o quarto com ele se apoiando em meu ombro. O ajudo a


se deitar na cama tirando seus sapatos e suas roupas enquanto tenho uma
visão privilegiada do seu tórax, Hector não reclama enquanto cuido dele. Paro
por um momento admirando seu corpo, percorrendo o caminho da felicidade
que se encontra embaixo da sua cueca boxer. Sinto um calor percorrer o meu
corpo! Balanço minha cabeça em reprovação por meus pensamentos nada
puros e vou para a cozinha pegar um copo com água e um remédio para dor
de cabeça. Faço Hector tomar o remédio ele me agradece fechando os olhos e
dormindo em seguida.

Então vou para meu quarto tentar dormir.

Ao chegar na cozinha da fazenda ouço meus pais e Hector


conversando animadamente.

- Bom dia! - Recebo um uníssono de todos, noto que Daniel ainda não
está na cozinha.
- Daniel ainda não acordou?

- Já, meu bebê - minha mãe me responde. - Ele está no estábulo com
tio Jerônimo.
Sento-me e começo a me servir, observo que meu pai está tratando
com Hector os últimos detalhes sobre a venda da fazenda.

- Então já vão fechar mesmo a negócio? - Pergunto triste, pois gostei


daqui.
- Vamos vender metade da fazenda, a parte mais ao fundo, a casa
central e a dos empregados não serão vendidas. O comprador quer mais os
pastos, coisa que estava nos dando prejuízo por não termos tanto gado. Foi
uma boa negociação e ainda vamos ficar com a parte do rio. - Meu pai
responde empolgado.

- O comprador é da região? – Fico curiosa para saber quem é.


- É meu pai! - Minha mãe responde empolgada.

- Minha avó deve estar se revirando no túmulo! - Comento rindo.

Ela odiava os pais da minha mãe, por isso não aceitou o


relacionamento dos dois.

- Se fosse possível, era capaz da nossa mãe ressuscitar para nos dar
uma surra, não é mano? - Meu pai comenta sorrindo.

- E vocês não ficam com a consciência pesada por estarem fazendo


isso? - Pergunto curiosa.

- NÃO! - Meus pais respondem juntos, com um olhar cúmplice.

- Tudo bem! Que bom que vai ficar em família!

- É mesmo! - Minha mãe concorda animada. - Hector, meus pais


perguntaram por você, tem que ir visitá-los. - Minha mãe chama atenção dele.
- Com certeza irei, eles foram muito bons comigo, principalmente seu
pai, que sempre me tratou como um filho. - Hector responde animado ao falar
dos meus avós.
- Só não entendo por que o vovô vai fazer isso, já que ele estava
reclamando que o serviço na outra fazenda é grande e que ele está precisando
arrumar mais peões para ajudá-lo? - Pergunto sem entender as atitudes dos
meus avós.

- Minha filha! - Meu pai me chama atenção. - Um dia vou contar toda
história.
- Tudo bem! - Falo com desdém, mas com uma curiosidade imensa,
querendo saber o porquê de a minha avó paterna odiar tanto meus avós
maternos.

- Estamos indo para lá passar o dia. Vocês vão com a gente? - Meu pai
pergunta.

- Vou procurar Daniel, depois irei com ele.

- Também vou depois, tenho que agradecer pessoalmente ao seu pai,


Sônia - Hector responde a minha mãe.
Todos se viram para a porta e Daniel entra todo sorridente e senta ao
meu lado.
- Estamos indo, então! - Meu pai avisa já se retirando da cozinha
acompanhado da minha mãe.

- Que bom que acordou, minha linda! - Daniel fala me dando um beijo
demorado na boca. - Vamos andar a cavalo?

Olho para Hector e ele está de cara fechada, olhando para a janela.

- Hum… eu… – Não sei o que dizer não quero andar a cavalo com
Daniel.

- Ela tem medo de andar a cavalo. - Hector responde rispidamente.


- Não tem problema! Levo minha namorada na garupa! - Daniel
responde com sarcasmo.

Hector sai, deixando a cadeira cair e vai embora sem ao menos olhar
para trás.
- Seu tio não gosta mesmo de mim! – Daniel comenta com desdém. -
Vamos! - Ele me puxa pela mão para irmos buscar o cavalo.

Fomos ao rio no mesmo cavalo, a sensação que tive nos braços do


Hector não se compara ao que estou sentindo agora. Na verdade, queria estar
com Hector e não com Daniel.

Ao chegarmos, Ele amarra o cavalo na mesma árvore que Hector


amarrou o seu, Daniel entrelaça nossas mãos e seguimos para o rio. Assim
que chegamos, ele começa a tirar sua roupa, ficando somente de cueca em
seguida pula no rio.

- Você não vem, minha linda? - Daniel sai do rio todo molhado e me
agarra.

- Você está me molhando! – Reclamo, tentando me desvencilhar dele.

- O que foi, Sophie? - Ele pergunta cruzando os braços.


- O quê? - Pergunto me fazendo de desentendida.

- Você está estranha comigo desde que cheguei aqui! Você não gostou
da minha surpresa?

- Não é nada disso! – Solto um suspiro frustrada.

- Então o que é? – Daniel pergunta amável, segurando minha cintura.

- Não é nada… Vamos dar um mergulho! A água deve está uma


delícia! – Lhe dou um selinho.

Começo a tirar minha roupa, fico de maiô e corro para a água.

- Você veio preparada, pensei que não estivesse de maiô. - Ele


comenta grudando seu corpo ao meu.

- Você esperava me ver de quê? - Pergunto erguendo uma sobrancelha.


- De calcinha e, se possível, sem sutiã. - Daniel me responde com a
cara mais cínica do mundo. Ainda bem que vim preparada! Imaginei que ele
quisesse banhar no rio.

- Mas eu sou bem precavida! - Respondo achando graça da sua cara de


pau.
- Não tem problema, minha lindinha! Se você quiser, não será esse
maiô que impedirá de darmos uns amassos. - Ele dá um sorriso safado e
aperta minha bunda.

- Ao invés de me sentir excitada, fico apreensiva e não gosto da sua


atitude. Não sei o que se passa comigo em relação aos outros homens! Se
fosse o Hector, não pensaria duas vezes em pular no seu colo e agarrar seu
pau gostoso, mas com Daniel não me sinto confortável para fazer isso.

- Daniel, pare, por favor! - Retiro sua mão que já estava indo em
direção a minha virilha.

- O que foi, Sophie? Poxa já estamos a quase dois meses namorando e


você não me deixa fazer um carinho a mais… - Ele sussurra em meu ouvido e
dá um beijo no canto da minha boca.

Daniel entrelaça minhas pernas em sua cintura e me faz sentir sua


ereção. Ele ataca minha boca com todo fervor e começa a deslizar sua mão
em meu corpo.

Tento me levar pelo momento, mas não consigo! Não sinto nada!

- Como você é gostosa! - Daniel sussurra entre beijos, no meu queixo


e pescoço.

Ouço um galho sendo quebrado, abro meus olhos e vejo Hector nos
observando, montado em seu cavalo. Quando nossos olhos se encontram, ele
desvia seu olhar do meu e sai em disparada.

Então o que já estava frio, se tornou um iceberg… Empurro Daniel tão


forte que ele cai de costas na água e afunda.

- Que… Porra… Sophie! - Ele diz tossindo engasgado com a água do


rio
- Desculpa! - Peço sem graça pelo que fiz.

Daniel sai da água com raiva e veste a roupa.


- Vamos! - Ele me chama sem ao menos olhar para mim. Fico parada
feito uma retardada. - Vamos, Sophie! - Daniel me chama novamente, um
pouco mais ríspido.

Saio do transe e me visto também. Daniel não merece o que fiz. Ele é
um namorado carinhoso e amável, como sou uma idiota!
- Não sei o que está acontecendo com você, Sophie! Nós estávamos
indo tão bem! Eu sei que já tentei uma vez passar dos limites contigo e te
prometi que teria mais paciência, mas daí você fazer isso comigo…você
quase me afogou! – Ele desabafa magoado. - Eu só queria ter um bom
momento com minha namorada! Nós não iríamos chegar tão longe e, se caso
você estivesse se sentindo incomodada, era só me pedir, que eu pararia!

- Eu ouvi um barulho e pensei que tivesse alguém nos observando, me


assustei e empurrei você, foi sem querer. - Tento me explicar.

- Tudo bem! - Ele respira fundo, me dá um beijo e me abraça forte.

Ao chegarmos cada um foi para seu quarto. Tomei um banho rápido,


troquei de roupa e fui para a varanda. Depois de pouco tempo, Daniel chega
de banho tomado com sua mochila no ombro e senta ao meu lado no balanço.

- Tenho que ir, preciso entregar um trabalho na faculdade que ainda


não terminei.

- Eu entendo - Respondo sem graça. - Espera para o almoço! – Peço


para tentar contornar o clima chato que está entre a gente.
- Não posso Sophie. – Ele responde categórico.

Nos despedimos e ele me dá um beijo chocho na testa.

Meu sangue ferve de ódio! Saio à procura do Hector por toda fazenda,
com uma fúria indescritível! Estava quase para desistir, quando o vejo sentado
na grama, observando os tanques de peixes.
Ele olha para trás. – Sophie! – Hector sussurra meu nome, se
levantando.

Na hora me lembrei de uma frase que vi no Facebook. E a sussurro


baixinho.
“Deus, dei-me paciência, pois se me der forças eu mato esse homem!”
CAPÍTULO 12
- Você é um cretino idiota! – Solto toda minha fúria em cima dele. -
Além de fazer os outros de voyeur, gosta de ser voyeur também! Por que você
foi me espionar, heim, Hector? – Descarrego minha raiva, socando seu peito.
Ele segura minhas mãos, na tentativa de me conter, colocando-as para trás
grudando-se ao meu corpo.

- Precisava tirar você da minha cabeça, precisava tirar você da minha


pele, por isso fui ao rio! - Ele me olha intensamente. - Eu precisava tirar você
do meu coração, para isso tinha que provar para eu mesmo que você não está
comigo, e sim com aquele playboy idiota! É por isso que fui pra lá, mas
infelizmente, você me viu.
- Hector! Não estou te pedindo em casamento! Vamos curtir um ao
outro e aproveitar o que sentimos, deixa rolar!

- Eu não posso! – Ele responde com os olhos fechados.


- OLHA PRA MIM! – Peço sem paciência. - Não seja um covarde! -
Amanso minha voz, consideravelmente. – Vamos tentar…

- Sophie, é o que mais quero na vida! - Ele responde baixo, grudando


nossas testas. - Mas eu não posso!

- Então me deixa em paz! - Falo friamente, tentando me desvencilhar


dele. - Por sua causa empurrei Daniel tão forte que quase o afoguei.
Ao ouvir isso, Hector começa a rir alto, me soltando do seu aperto.

- Seu… - O empurro, - idiota… - Dou um soco em seu peito e ele se


afasta, - arrogante… - Ele escorrega e cai no tanque de peixes, coloco a mão
na boca desesperada. Meu Deus! Hoje bati o recorde de asneiras. Primeiro
quase afogo Daniel e agora empurro Hector morro a baixo. - Me dá sua mão!
- Estendo minha mão para ele, com uma vontade imensa de rir. Hector está
cheio de lama e todo molhado. Quando ele segura minha mão, me puxa para o
tanque e me faz cair. - Ah não! - Solto um grito desesperada!
Ele me segura pela cintura e me prende ao seu corpo.
- Calma, minha diabinha! - Hector tenta me acalmar e me dá um de seus
lindos sorrisos. Começamos a rir da situação! Estamos cobertos de lama!
Não penso duas vezes, passo minhas mãos sujas de lama em seu cabelo
e grudo nossas bocas, ele geme em meio aos beijos. Como eu amo esse
homem! Só de beijá-lo, meu corpo incendeia. Ele pausa o beijo de repente e
sei que o pior vem por aí…

- Vamos nos lavar! - Ele me ajuda a subir a escadinha de terra. - Se


segura em mim! - Ele fala todo carinhoso, enquanto termina de sair do tanque
de peixes.

Hector me coloca sentada em seu cavalo montando logo atrás de mim e


vamos em direção ao rio. Ao chegarmos ele me pega no colo e entra comigo
na água. Não trocamos mais nenhuma palavra.

Ele inclina meu corpo fazendo com que eu flutue na água para lavar
meus cabelos, fecho meus olhos curtindo a sensação da sua mão em meu
couro cabeludo, o toque dela parece fogo passeando pelo meu rosto, pescoço,
braços e seios, meu corpo arrepia como se eu estivesse levando pequenos
choques…

Saímos do rio para nos secar ao sol. Estamos em um silêncio


reconfortante.
Ele se vira pra mim e segura meu rosto em concha, acariciando meu
queixo.
- Vamos tentar, tudo bem?! - Hector fala sério.
- Eu não acredito! - Sussurro incrédula.

- Quando te vi com ele achei que não conseguiria respirar, senti uma dor
tão grande no peito que pensei estar enfartando, me senti tão vazio, Sophie!
Foi aí vi que minha vida sem você não faz sentido.

Sento-me em seu colo e ficamos frente a frente. Começo a beijá-lo com


uma luxúria que tenho somente com ele. Retiro sua camiseta e beijo seu
peitoral e o vejo arrepiar. Ele aperta meu sexo ao seu, me fazendo gemer e
puxo seus cabelos querendo mais contato.

- Seu Hector! - Ouvimos alguém gritar ao longe e nos separamos na


mesma hora. Hector levanta, arruma sua ereção dentro calça e veste a
camiseta.
- Oi, Raimundo!

- Seu irmão pediu para te procurar, eles estão querendo que você vá na
fazenda dos pais da dona Sônia, pediram para eu achar sua sobrinha também.

- Não precisa! Ela está comigo, pode ir que daqui a pouco estaremos lá.

- Teremos que ter mais cuidado, Sophie! Temos que ser cautelosos. -
Ele chega perto de mim e me dá um selinho carinhoso.

- Tudo bem! Faço o que você quiser! - Digo toda sorridente.

- Vamos ter que falar com o playboy e a Elena.

- Você quer dizer o Daniel e a Cadelena!


- Você entendeu! Não vamos discutir por isso. - Ele começa a rir e me
dá um beijo na ponta do nariz. - Agora você tem que me prometer que não vai
desviar o rumo da sua vida por minha causa! Se você passar no vestibular de
medicina onde quer que seja, você irá! Se ainda estivermos juntos, nós
daremos um jeito de nos ver, tudo bem?

- Hector! Não vamos pensar no amanhã, vamos viver o agora! Depois


veremos o resto, ok?
- Me promete Sophie! Não quero atrapalhar seu crescimento, não quero
atrapalhar sua vida, me promete, por favor!

- Prometo e faço o que você quiser, para ficarmos juntos. - Respondo


feliz da vida, não acreditando que Hector vai nos dar uma chance.
O abraço de novo e ele me dá um beijo apaixonado e sem culpa.
Felicidade! Essa palavra define o que estou sentindo agora. Após seu
Raimundo sair, curtimos mais um pouco.

Hector está com medo dos meus pais não aceitarem nosso
relacionamento, se isso acontecer não vou desistir de nós! A única coisa que
quero é viver essa paixão que me consome dia e noite.

Ao chegarmos na fazenda ouvimos uma discussão entre meus avós,


Hector me puxa entre as árvores.

- O que foi Hector? – Fico sem entender o motivo dele nos esconder.

- Eles estão falando de mim! – Hector fala enquanto nos esconde para
ouvir melhor a conversa.

-… Ele não vai achar estranho que esteja fazendo isso? Hector não é
bobo, meu velho!

- Eu não posso falar. – Meu avô responde. Fico sem entender sobre o
que estão falando…

- Mentira tem perna curta, Carlos! – Minha avó o repreende.

- Márcia! Não estou mentindo, estou omitindo, é diferente. – Meu avô


responde resignado. Não aguentei mais ficar escondida e saio detrás da
árvore.
- O que vocês estão escondendo? – Pergunto querendo saber qual o
mistério que está envolvendo o nome do Hector. Meus avós se olham e vejo
na expressão deles que vem chumbo grosso por aí.

Ao notarem que Hector está comigo, minha avó pede para que
entremos e, tão logo, seguem atrás de nós.
Não estou com um bom pressentimento! Assim que meus pais nos
avistam, vêm em nossa direção. Minha mãe ao olhar seus pais apreensivos,
muda sua expressão na mesma hora.

Todos sentamos no sofá com expectativa.


- Hector… - Meu avô quebra o silêncio. Ele fecha os olhos, esfrega o
rosto, e minha avó segura firme sua mão. Continuamos em silêncio,
esperando que ele fale novamente. - Eu quero contar uma história para vocês.
– Ele faz uma pausa, respira fundo e começa.- Eu fui noivo da sua mãe,
Hector!

Hector e eu os olhamos ao mesmo tempo.

- Minha mãe nunca tinha me dito isso… você sabia dessa história,
Heitor? - Hector pergunta sem entender o que está acontecendo.

Minha esperança começa a crescer e sorrio interiormente. Será que


meu pai é filho do meu avô… mas não pode ser, senão ele seria irmão da
minha mãe… Minha cabeça começa a doer, estou começando a ficar com
medo do que eles estão querendo contar.

- Sabia, mas…

- Pode deixar Heitor! – Meu avô interrompe meu pai. – Eu vou contar
tudo desde o início.

- Eu conheço sua mãe desde a infância, nós sempre falávamos que


iríamos nos casar. – Meu avô olha para Hector. - Mas nem tudo é do jeito que
esperamos, começamos a namorar na adolescência e quando fiz 20 anos pedi
sua mãe em casamento. Laura iria fazer um curso e ficaria um ano fora. Nesse
tempo nos comunicávamos por cartas, certa vez, resolvi ir visitá-la. Nesse
período meu pai tinha contratado um peão para cuidar do gado, com ele veio
sua esposa e filha para cuidarem da casa. Eu e Márcia nos tornamos amigos,
ela sabia que eu era noivo e nos respeitávamos muito… – Meu avô fez uma
pausa e olha para minha avó com carinho e beija sua mão. – Assim que sua
mãe voltou, fui vê-la. Infelizmente com o passar do tempo vi umas mudanças
nela que não gostei. Laura sempre criticava, dizendo que a fazenda era no fim
do mundo e que quando nos casássemos, mudaríamos de lá. Discutíamos com
frequência e, um dia, ela foi me visitar e acabou conhecendo Márcia. - Laura
não gostou da Márcia e começou a humilhá-la, não gostei das suas atitudes e
brigamos. Ela começou a me pressionar para casarmos e irmos embora da
fazenda, eu não queria sair daqui, então ela mandou eu escolher entre ela e a
fazenda. Escolhi ficar na fazenda ajudando meu pai, ele estava muito velho e
adoentado, não poderia abandoná-lo. Não estava mais reconhecendo a mulher
pela qual me apaixonei, então decidi terminar o noivado. Laura pediu ao pai
dela para ir embora da fazenda e então ela foi e nunca mais tive notícias dela.
Com o passar do tempo me apaixonei por Márcia, começamos a namorar e,
logo em seguida, nos casamos. Quando o avô de vocês morreu, Laura decidiu
voltar e cuidar da fazenda e da sua mãe, só que ela voltou casada e com um
filho que era mais velho que Sônia, no caso, Heitor. Não sei o que aconteceu,
mas com um ano que eles retornaram à fazenda o pai de Heitor foi embora,
deixando Laura e nunca mais voltou. Heitor e Sônia frequentaram a mesma
escola e depois começaram a namorar. Laura não aceitou o namoro quando
descobriu. Eu nunca fui contra o relacionamento dos dois, então decidi falar
com ela… – Meu avô fica um minuto em silêncio.

- Eu comecei a me preocupar com a demora do Carlos Eduardo, -


minha avó segue a história. - Então decidi ir na fazenda atrás dele. Ao chegar
lá falaram que Laura estava no escritório com ele, então bati na porta.
Ninguém respondeu, decidi entrar e ao chegar, vi uma cena que nunca queria
presenciar em minha vida, Carlos Eduardo estava nu, deitado no sofá e Laura
estava vestindo a roupa. – Minha avó começa a chorar. – Eu contei essa parte,
porque ele não se lembra de nada. Laura o dopou e fez uma armação para
tentar nos separar, só que não conseguiu.

- Esse ato dela rendeu um fruto e esse fruto foi você, Hector! De
repente, meu avô despeja essa bomba!
- O QUÊ! – Hector pergunta atordoado, passando a mão no rosto. –
Então quer dizer que você é meu pai?

- É isso mesmo, meu filho.


- Como você sabe que sou seu filho? Que eu saiba minha mãe teve um
caso com um peão e depois ele foi embora como o pai do Heitor fez.

- Infelizmente, não foi isso! Ela, em seu leito de morte, pediu pra me
chamar na fazenda e soltou essa bomba.
- Então eu sou irmão do Heitor e da Sônia, é isso mesmo? – Hector
pergunta incrédulo, apontando para meus pais.

- É isso mesmo, meu filho, - meu avô lhe responde com todo carinho.
– Eu preciso sair para respirar, Hector sai correndo da sala desesperado.

- Pai, o Hector é meu tio duas vezes? – Pergunto igual uma lesada, não
acreditando no que acabei de ouvir.

- É sim minha boneca! Hector é seu tio por parte de pai e mãe. Ele é
nosso irmão, que confusão não é!? – Meu pai explica abraçado a minha mãe.

- Vou procurá-lo! – Mal termino de falar e já estou na porta


desesperada.

Eu não acredito! Quando Hector decidi dar uma chance pra gente,
vem essa avalanche!

Peço a um dos empregados para me levar até a fazenda, ele deve estar
no rio ou no criatório. Decido ir primeiro ao rio e o encontro deitado na
grama, olhando para o céu. Ele me vê chegando e continua na mesma
posição.

Tenho certeza que depois dessa confusão nossa chance de ficarmos


juntos acabou.

Deito ao seu lado e seguro sua mão.


- Que loucura, heim! – Falo e viro-me admirando as nuvens se
mexendo no céu.

- Loucura mesmo! Sou seu tio duas vezes, por parte de pai e mãe. Sou
filho do seu avô materno e filho da sua avó paterna. – Ele me fala com o
semblante triste.
Tento conter minhas lágrimas, já sofrendo por antecipação, esperando
ele soltar a bomba.

- O que foi, Sophie? Porque está chorando? – Hector passa seus dedos
em meu rosto limpando uma lágrima que não sabia que tinha caído.
- Eu sei que depois dessa confusão toda, você não vai mais querer que
fiquemos juntos! Sei que é egoísmo meu, estar preocupada com isso agora,
enquanto você está pirando por descobrir quem é seu pai, mas…

- Pode parar Sophie! – Ele me abraça. – Pode parar com isso, eu não
vou deixar você! Cansei de lutar contra o que sinto! Passei minha vida inteira
em meio a mentiras, não quero mais esconder o que sinto por você e também
não quero passar o resto da minha vida lamentando pelo que eu não fiz. Vou
lutar por você, por nós dois! Não quero saber de quem sou filho ou de quem
você é filha! A única coisa que eu quero é estar com você. Eu te amo. – Ele
segura meu rosto e me dá um beijo apaixonado.
Não acredito no que está acontecendo, correspondo o beijo com todo
meu amor. Agradeço a todos os Santos por ele finalmente está abrindo seu
coração para mim e reafirmando que não voltará atrás na sua decisão.

- Eu… também… te… amo… muito! – Falo enchendo seus lábios de


beijos. Dando-lhe um abraço forte… – Como está se sentindo?

- Estou confuso, minha mãe me enganou a vida toda, não me permitiu


desfrutar da companhia do meu pai biológico, mesmo depois de tudo, ainda
em seu leito de morte despejou toda essa merda. Ela nunca teve amor por seus
filhos. Quando Heitor a desafiou para se casar com Sônia, ela simplesmente
lhe virou as costas e nunca mais quis saber dele! – Ele para de me abraçar e
me observa, fico calada esperando que termine seu desabafo. – Tenho certeza
que ela me deixava ir pra fazenda, ficar com seus avós, para “me esfregar” na
cara da dona Márcia, o fruto de uma traição. Como ela foi uma pessoa má!
Tenho vergonha da mãe que eu tive. – Passo a mão em suas costas tentando
confortá-lo. – Você nunca chegou a conhecê-la! Ela nunca quis saber da
própria neta!
- Não fique assim! O que você vai fazer agora?

- Não sei! Eu só quero voltar para casa e esquecer essa história toda!
- Mas e meu avô, Hector? Ele é seu pai!
- Eu cresci sem a presença de um pai, estou confortável nessa
situação.

- Você precisa de um tempo para digerir essa situação.


Ficamos abraçados, cada um perdido em seus pensamentos curtindo o
sol até ele se por além das árvores.

- Está ficando tarde! – Hector se vira e me dá um beijo na ponta do


nariz.
- Então vamos, se não é capaz dos meus pais virem nos procurar,
daqui a pouco temos que ir embora.
Ao chegarmos, meu pai pediu para conversar com Hector a sós. Não
sei o que eles conversaram, mas achei Hector pensativo e distante com todos
depois dessa conversa.

Arrumamos tudo, nos despedimos de todos e fomos embora.

Ao chegarmos em casa! Avisto Elena esperando dentro do seu carro,


Hector desce e vai de encontro a ela. Elena sai de seu carro e percebo que está
toda descabelada e chorando.

- O que será que aconteceu? – Minha mãe pergunta baixinho para meu
pai.
- Não sei, mas parece ser grave. – Meu pai responde preocupado.
- Vamos para o meu apartamento? Preciso conversar com você. -
Helena pede em meio ao choro.
Hector olha para mim sem graça, encolhe os ombros, em um sinal de
desculpa. Faço um sinal positivo para ele ir resolver seu problema, não posso
demonstrar ser uma menina infantil e mimada, mas a vontade que tenho é de
tirar ele dos braços dela na base do tapa, mas não posso, e o jeito é ter que
engolir. Ele me olha com um semblante assustado pela minha atitude altruísta,
me lançando logo em seguida um sorriso aliviado.

- Heitor, vou para a casa da Elena!


- Ok! Você precisa de alguma coisa, Elena? – Meu pai pergunta
preocupado.

- Não Heitor, o que eu estava precisando acabou de chegar. – Ela


responde se agarrando ainda mais ao Hector.

Fico com tanto ciúme que aperto minha mão de raiva e quando
percebo o que estou fazendo, vejo que minhas unhas perfuraram minha pele
me machucando. Viro o rosto para me controlar e não a arrastar pelos cabelos
tirando ela de cima do Hector.

O que será que aconteceu com essa doida? Agora só vou saber quando
Hector retornar, enquanto isso vou esta com minha cabeça fervilhando em
meio a tantos pensamentos. Hoje à noite vai ser longa…
CAPÍTULO 13
Todas as situações têm dois lados, o lado negativo e o positivo como no
yang yin. Não sei porque, nós seres humanos, enxergamos apenas um dos
lados e normalmente é o lado negativo da coisa. Como adoramos uma
tragédia!
Fiz tudo que deveria fazer, lanchei, arrumei minha mochila para ir à
escola amanhã, fiz minha higiene pessoal e agora estou aqui deitada em
minha cama, me autoflagelando, torcendo para não ser uma notícia que eu
não quero, nem pensar! Só que infelizmente isso não sai da minha cabeça…
ELA ESTÁ GRÁVIDA e foi em meio a tantos pensamentos que acabei
adormecendo.
Sinto mãos acariciando meus cabelos, abro os olhos e vejo Hector
ajoelhado ao pé da cama me observando. Sento na mesma hora!

- Me diz, por favor, que ela não está grávida! – Fala meio grogue de
sono.

- Porque você acha que ela estaria grávida? – Ele me pergunta sem
entender meu desespero.
- A gente chega e encontra a mulher chorando e toda descabelada, te
esperando a não sei quanto tempo, eu deveria pensar o quê?

- O mau das mulheres é que elas só pensam no pior de tudo. – Ele


continua ajoelhado, com suas mãos em meu colo.
- Então o que aconteceu para Elena ter ficado esperando por você
naquele estado deplorável? – Ele senta na cama e vou direto para seu colo.
- A mãe dela morreu. Ela está desesperada e sem chão. Quando as irmãs
dela ligaram, Elena pensou que ia visitar a mãe no hospital, só que ao chegar
lá, ela ficou sabendo que sua mãe teve um infarto fulminante.

- Que pena! Ela deve estar sofrendo muito. – Por mais que não goste
dela me compadeço do seu sofrimento.
- Está sim… – Hector me olha apreensivo. - Sophie… Eu sei que
prometi terminar o namoro com Elena, mas como vou fazer isso agora? Sua
mãe acabou de morrer e ela está muito fragilizada! Eu queria que você tivesse
um pouco de paciência até eu conseguir organizar a bagunça que está minha
vida.
- Tudo bem! – Não tinha o que falar, lutei tanto tempo por ele, esperar
mais um pouco não vai arrancar nenhum pedaço. – Mas nós podemos nos
beijar ou vou ter que esperar você terminar com ela primeiro? - Pergunto me
ajeitando em seu colo.

- Não sei… – Ele faz charme, me dando um belo sorriso.

- Hum! Então o que eu posso fazer para você se decidir? – Falo dando
beijos em seu queixo e pescoço.

- Hum… Você pode tentar me convencer! – Ele fala em meio aos


sussurros, levantando a cabeça para dar passagem aos meus beijos.

Ele segura firme meus quadris. Coloco minha mão por debaixo da sua
camiseta para sentir o calor da sua pele. – Hector fica tenso.

- Pode ficar despreocupado titio, eu só quero te fazer carinho, não vou


tentar tirar sua virtude!

- Eu + você + cama = explosão. – Rimos do seu cálculo.


Ele me joga na cama e ficamos namorando.

- Hector! – Chamo por ele em meio aos beijos. Não queria ser estraga
prazer, mas estou com medo de alguém aparecer no quarto, então descido
perguntar… - A porta está fechada? – Torço para que ele dizer que sim.
Ele pula da cama em uma velocidade incrível.

- Meu Deus, Sophie! Você tem o poder de me desestabilizar! – Ele


solta um suspiro frustrado.
- O que você está fazendo? – Hector me observa indo para porta do
meu quarto.
- Só quero um pouco de privacidade com você. – Respondo enquanto
tranco a porta. Fico na ponta dos pés para beijar seus lábios. – Quero curtir
um pouco sua companhia. Quero dormir em seus braços, à noite toda. – Falo
enquanto puxo sua camiseta.

- Sophie! – Ele me repreende. – Nós não podemos! Sei que você ainda
é virgem! Eu não posso fazer isso assim, ainda, mais nessa situação em que
nos encontramos. Tecnicamente ainda estamos namorando outras pessoas. –
Ele me abraça e dá um beijo no topo da minha cabeça.

- Vamos esquecer de tudo e todos, vamos ser egoístas pelo menos por
hoje! – Sugiro com toda sinceridade. – Com você estou preparada para tudo,
para enfrentar meus pais, para terminar com Daniel e para me entregar a você
a qualquer momento. Mas não é nada disso que estou te propondo agora! Eu
só quero dormir em seus braços! Por favor! – Peço, com olhos suplicantes.

- Também quero ficar com você em meus braços a noite toda e tentar
esquecer o que aconteceu esses dias. - Ele confessa cansado.

- Então fica comigo esta noite.

- Sou todo seu. – Ele abre os braços, em rendição.


- Retiro sua camiseta, em seguida abro o botão de sua bermuda. – Não
se preocupe, só quero que se sinta confortável.

- É isso que me preocupa.


- Pode deixar que você não vai fazer nada demais, também quero
resolver essa confusão. – Digo, beijando seu peito.

- Você é muito perigosa, minha diabinha. Vamos deitar antes que eu


cometa uma loucura ainda maior.
Ele me joga no ombro, solto um gritinho assustada. – Shhhh! Silêncio!
–Hector dá um tapa em minha bunda.

Ele me coloca na cama arruma o edredom e se deita. Depois de alguns


beijos e troca de carinhos, nos entregamos ao sono dos apaixonados.

Há quatro dias que acordo numa felicidade sem fim, Hector todas as
noites vem dormir comigo. Coloco a mão e sinto o tecido ainda morno.
Cheiro o travesseiro em que ele estava deitado, sentindo seu aroma
maravilhoso.

- Bom dia família!


- Bom dia! - Todos respondem ao mesmo tempo. Sento ao lado do
Hector.
- Minha filha, Daniel ligou agorinha pedindo para você não ir de van,
que ele vem te buscar para levá-la pra escola. – Quando minha mãe me dá o
recado, lembro-me que tenho um problema para resolver chamado Daniel,
passei todos esses dias adiando e enrolando, aliás, ele não me ligou e eu
também não!

Ouvimos a campainha tocar. – Pode deixar que eu atendo! Meu pai


diz, já se levantando. – Olha que coincidência! – Meu pai chega à cozinha
seguido de Daniel e Elena, Hector e eu nos olhamos.

Nossa situação está mais complicada do que imaginávamos.

- Vamos sentar! - Meu pai os convida apontando para as cadeiras


vazias a nossa frente.

Daniel senta na cadeira em minha frente e Elena de frente a Hector.


- Meus pêsames, sinto muito pelo que você está passando. – Minha
mãe segura à mão da Elena confortando-a. Nunca a vi tão abatida.

- Obrigada, Sônia! – Elena responde baixo, com lágrimas nos olhos. –


Não queria atrapalhar o café da manhã de vocês, queria conversar com Hector
antes dele ir para o trabalho, tenho que resolver umas coisas antes de voltar
para Belo Horizonte, vou ter que tirar uns dias de férias para ajudar minhas
irmãs.
- Meus pêsames. – Daniel fala solícito. – Vamos Sophie! Temos de ir,
se não chegaremos atrasados.

Hector aperta minha coxa mostrando sua tensão, aperto sua mão para
tentar acalmá-lo. Daniel levanta e me puxa pela mão.

Como vou terminar com o Daniel? Estou sem ter o que dizer, pensei
que ele não queria mais saber de mim, pois ele ficou todos esses dias sem me
ligar ou me procurar. Dou tchau para todos e meus pêsames a Elena.

Chegando no carro recebo uma mensagem.

“Bom dia meu amor, tenha juízo e vê se despacha logo esse playboy
idiota. Te amo”.

Após ler a mensagem, meu coração aquece me dando forças para


tomar coragem e dispensar Daniel. Respondo imediatamente sua mensagem,
ainda bem que Daniel está dirigindo concentrado no trânsito.

“Bom dia para você também”! Espero que você faça o mesmo com
Elena o mais rápido possível! Também te amo muito! ”.

Viro-me para observar Daniel, parando o carro no estacionamento da


escola, respiro fundo tomando coragem, é agora ou nunca…
CAPÍTULO 14
Terminar um relacionamento nunca é fácil, por mais que eu não tenha
sentimentos por Daniel, não sei o que dizer a ele.

- Sophie, tenho percebido uma frieza da sua parte e isso está me fazendo
muito mal… fiquei esperando uma mensagem de texto, um toque no meu
telefone, uma atenção qualquer, por todos esses dias que ficamos separados.
Mas sinto que tenho ficado como última opção na sua vida.

Abaixo minha cabeça e não sei o que dizer, realmente fui muito má com
ele, não me preocupei com seus sentimentos, na verdade não pensei nele em
momento algum, pensei somente em mim e no Hector.

- Desculpa Daniel, não queria te magoar! - Digo com sinceridade.

- Nós estávamos indo tão bem e do nada você mudou e ficou fria, eu só
queria entender seus motivos!

- Daniel… - No momento que ia terminar com ele, ouvimos uma


gritaria fora do carro, nos viramos em direção à bagunça e vimos David no
chão com o nariz sangrando, saímos correndo para socorrê-lo.

- Você está bem? - Ajoelho-me perto de David.

- Agora sim a dupla está perfeita! - Emanuel, um carinha que tentei


namorar para esquecer Hector, diz com sarcasmo.

- O que está acontecendo aqui? Por que você deu um soco no meu
irmão? - Daniel pergunta com cara de poucos amigos, fechando suas mãos em
punho.
- Falei pra essa bichinha enrustida ficar longe do meu irmão e o soco foi
para ele saber que se ignorar o que eu disse vai ser pior que isso.

- Você é um idiota! - Xingo Emanuel.


- E você é uma lésbica enrustida ou no mínimo uma garota frígida! Não
é atoa que são amigos. - Ele aponta para mim e David. - Vocês fazem uma
dupla perfeita! A frígida e o bichinha! - Emanuel começa a rir com sarcasmo,
olho em volta e vejo um monte de aluno me olhando atravessado.

- Seu idiota! - Me levanto de supetão e o resto foi muito rápido. Daniel


se põe na minha frente e parte pra cima do Emanuel que cai depois de levar
dois socos.

- Não faz isso! – Corro para Daniel e tento segurar sua mão ao perceber
que ele não iria parar de dar socos no imbecil.

- Esses socos que lhe dei são pelo meu irmão e pela minha namorada. -
Daniel fala enquanto Emanuel olha pra nós dois. – De frígida minha gatinha
não tem nada. - Ele me puxa pela cintura me grudando a ele. - Você que é um
babaca idiota e, certamente, Sophie viu isso e te dispensou. - Daniel me pega
pela cintura e me dá um beijão na frente de todos. Ajudamos David a se
levantar e fomos embora, o clima para as aulas tinha acabado.
Levamos David pra casa. Os pais deles não estavam. Fomos direto para
o quarto de David, limpar seus machucados.

Assim que Daniel sai de perto da gente, peço para David se afastar um
pouco do irmão do Emanuel para evitar mais confusão.

Depois de conversar um pouco com David e ele me prometer que vai


ficar longe do irmão do Emanuel, decidimos fazer pipoca e relachar. fizemos
pipoca e fomos para a sala assistir a um filme de ação pra descontrair. Nossa
manhã foi super animada.

Após o beijo que Daniel me deu, ele voltou a ser todo carinhoso e pelo
jeito se esqueceu da nossa conversa. Decido também esquecer, vou ver o que
faço! Estou me sentindo mal com toda essa situação! Queria tanto ter gostado
dele e esquecido Hector! Por que sei que assim evitaria várias confusões que
ainda estão por vir.
Meu celular vibra com a chegada de uma mensagem, penso em ignorar,
mas minha curiosidade é maior!

“Estou em frente à escola e descobri que você não foi pra aula, onde você
está, Sophie?”
É o Hector! Meu coração dispara, é impressionante como ele mexe
comigo, basta uma simples mensagem para eu ficar doida e querer voltar para
a escola na mesma hora.

Não sei se respondo, estou sem saber o que dizer a ele. O Telefone bipa
de novo.

“Estou preocupado! Todos estão comentando que David brigou na escola”.


- Quem é, minha gatinha? - Daniel pergunta curioso.

- O que foi, Sophie? - No momento em que David pergunta a


campainha toca. - Vou atender! - David levanta e vai à porta.

- Oie, amigo! - Stef cumprimenta David carinhosamente.

- Oi gente! - Ela cumprimenta a todos, dando uma olhada mais


prolongada em Daniel, depois abaixa a cabeça.

Nossa! Stef tímida! É a primeira vez que vejo isso.

- Oi! - Daniel e eu respondemos juntos.

- Vim com seu tio Sophie, ele está dentro do carro. Ele foi te buscar e
ficou sabendo da briga, ele estava muito preocupado, por isso eu o trouxe
aqui! Fiz mal, amiga?

- Não fez, não! Vou falar com ele. - Antes de sair de perto do Daniel e ir
em direção à porta, David foi mais rápido.
- Pode deixar! Vou chamá-lo para entrar.

Ao ver Hector entrando na casa de Daniel, fico tensa com a situação


constrangedora, temos que dar um jeito nessa bagunça, quando não sou eu
que tem que ficar assistindo Hector com Helena, é ele que tem que me ver
com Daniel.
- Oi, Sophie! - Ele me abraça apertado. - Fiquei preocupado com você,
David me contou o que aconteceu. Só que não estou entendo uma coisa, eles
falaram que Daniel brigou com o tal Emanuel por sua causa?
- É, que o idiota, chamou minha namorada de lésbica e frígida. Eles já
namoraram então lhe dei uns socos pra ele aprender a respeitar os outros. -
Daniel fala todo orgulhoso me puxando para perto dele.

- Entendi! - Hector responde nos observando. - Queria conversar com


você, Sophie! É sobre Elena. Vamos, vou te levar para casa!

- Tudo bem - Respondo receosa.


- Então vamos! - Ele me chama novamente. - Vou ter que levar sua
namorada. - Hector tenta ser legal com Daniel enquanto segura meu braço me
tirando de perto dele.

- Daniel me dá um selinho. Hector aperta meu braço com mais força,


sem ao menos perceber que seu gesto está me machucando.

Ele me puxa para fora da casa, quase me arrastando.

- Você está me machucando! - Paro bruscamente, puxando meu braço


de seu aperto e massageando o local. - Caramba! Vai ficar roxo! - comento
decepcionada por ele ter feito isso.

- Desculpa! – Ele Pede passando as mãos em seu rosto. - Vamos entrar.

Hector dirigi em uma direção contrária a da nossa casa.


- Onde estamos? – Pergunto assim que Hector estaciona o carro na
garagem de um prédio.

- Quero te mostrar uma coisa. – Ele desce do carro e o sigo.


Hector abre a porta e me dá passagem para eu entrar, o apartamento
está quase vazio na sala tem somente uma poltrona e um tapete que paresse
ser confortável.
- Desculpa meu amor, me descontrolei quando vi aquele playboy te
beijando. Ele beija meu braço e o massageia.

- De quem é esse apartamento? E o que você queria tanto comigo a


ponto de aparecer na escola? - Pergunto, sem rodeio.
- Lembra que seu pai queria conversar comigo? Ele disse que meu pai
biológico tinha comprado um apartamento pra mim, assim eu teria minha
privacidade. - Não gostei de jeito nenhum de ouvir isso!

- Meu avô comprou um apartamento para você! Então quer dizer que
você vai sair de casa?

- Não sei, Sophie! Seus pais não querem que eu saia, eles querem que
eu alugue o apartamento para eu ter uma renda extra. Fui na escola para te
contar a novidade e saber qual sua opinião sobre tudo isso.

Achei tão linda a atitude dele de querer me incluir nessa decisão, que
chego a me emocionar. Nunca pensei que Hector fosse tão romântico e
preocupado como namorado, aliás, nem sei o que ele é meu!

- Eu acho que você deveria continuar em casa junto da sua família, mas
também queria que você tivesse seu canto para namorarmos com
tranquilidade.

- Eu também pensei a mesma coisa!

Ele me puxa pela cintura grudando seu corpo delicioso ao meu e beija
meu pescoço.

- Que bom que estamos na mesma sintonia! - Respondo feliz.


- É mesmo? - Ele pergunta, enquanto mordisca o lóbulo da minha
orelha. - Quando seu pai me trouxe aqui, eu só pensei em trazer você aqui
para namorarmos em paz, quando cheguei na escola e fiquei sabendo o que
tinha acontecido, quase pirei! Ainda mais depois que passei a mensagem e
você não me respondeu.

- Fiquei com medo de responder e Daniel descobrir algo sobre a gente.


- Foi só isso mesmo? - Ele ergue uma sobrancelha em dúvida.

- Claro que foi!


- Pensei que quando chegasse na escola você não estivesse mais
namorando ele, mas, infelizmente, não foi o que aconteceu e ainda tive que
vê-lo te agarrando na minha frente. Foi por isso, que acabei me
descontrolando!

- Tudo bem, já passou!

- Não passou nada! Quero saber quem foi o babaca que tentou humilhar
você!

- Ele é o carinha que eu disse que namorei por um mês para tentar
esquecer você.

- Hum! sei… Então ele te chamou de Frígida! Ainda bem que esse
babaca não sabe o quanto essa frígida é fogo em pessoa. - Ele fala, enquanto
sua mão passeia pela lateral do meu corpo. - Quero tanto resolver nossa
situação! Quero tantas coisas com você… - Ele beija a curva do meu pescoço
e queixo até chegar em minha boca me beijando sensualmente… - Não quero
sentir gosto de outro em sua boca e não quero ficar te beijando por tabela, não
sei até quando vou aguentar essa situação.

- Também quero o mesmo que você… - Fico fazendo carinho em seu


cabelo, curtindo um momento de paz entre a gente. - Quero tudo que você
possa me oferecer.

- Eu quero te oferecer tudo, ser seu de corpo e alma. Quero ser seu
namorado, noivo, marido e pai dos seus filhos, ser tudo em sua vida, minha
diabinha gostosa. - Após ouvir suas palavras que abalaram minhas estruturas,
fecho meus olhos para guardá-las no fundo da minha alma, nunca mais vou
esquecer o que ele me disse.

- Eu te amo e também quero tudo com você!


- Também te amo! - Ele passa a língua em meus lábios, descendo para o
pescoço e no meio dos meus seios dando uma mordida no bico, por cima da
camiseta do uniforme.

Abro meus olhos e o ataco com minha língua, invadindo sua boca sem
pedir permissão, jogo Hector na poltrona, retiro sua camiseta entre beijos,
retirando a minha em seguida, ficando de calça jeans e sutiã!
- O que você está fazendo, Sophie? - Ele pergunta rouco de desejo

- Não se preocupe, nós só vamos namorar um pouco, não se esqueça


que já te vi pelado!

- Então vem aqui minha frígida linda! – Ele fala rindo enquanto me
enche de beijos no rosto.
Namoramos bastante, pedimos pizza e depois fomos para casa, foi uma
trégua em meio à tempestade, mas como nem tudo são flores! Ao chegar
avisto o carro da Elena que estaciona atrás do nosso.
- Preciso te falar uma coisa! – Hector sussurra e me lança um olhar
assustado.

- Oi meu amor! – Ela chega perto do vidro do carro não dando


oportunidade do Hector conversar comigo.

- Oi minha sobrinha! Posso te chamar assim não posso? Afinal de


contas daqui um tempo serei sua tia! – Ela fala com um sorriso radiante, nem
parece que perdeu a mãe há poucos dias.

O que será que essa Cadela está aprontando dessa vez!? Como Hector
é burro, ele não percebe que ela é uma manipuladora. Que ódio!
CAPÍTULO 15
Às vezes sinto como se eu fosse um barril de pólvora com o estopim
aceso e queimando rapidamente. Meu ódio por essa mulher cresce a cada dia.

O pior é que Hector não percebe que está sendo manipulado por ela e,
com certeza, essa ordinária sabe sobre a gente.

- Oi, Sophie! Você ouviu o que eu disse? – Ela pergunta rindo


enquanto estala seus dedos em frente ao meu rosto para me acordar do
estupor. – Seu tio te disse que estou passando mal há dois dias? Ele decidiu ir
comigo para Belo Horizonte, pois quando chegarmos lá, vou fazer um teste de
gravidez.

- Que bom pra vocês! – Abro a porta do carro ignorando os dois, vou
para minha casa, para o meu quarto, especificamente.

Caio na cama chorando.

Decepção é um sentimento que traz consentimento. Nos


decepcionamos simplesmente porque permitimos certos acontecimentos.
Permitimos quando criamos muita expectativa sobre alguém e quando esse
alguém não nos retorna à reciprocidade, então vem à decepção engatinhando
em nossa direção.

Nunca pensei que ia me decepcionar tanto com Hector. Como ele foi
covarde! Não teve coragem de me contar sobre a suspeita daquela ordinária
estar grávida. Duvido que isso seja verdade! Ela está inventando essa suposta
gravidez e ele está caindo feito um patinho.

Hector deveria ter me preparado para o vendaval que estava por vir,
estou achando que ele jamais vai terminar com Elena, e só vou me
decepcionar ainda mais.
Achei que Era forte o suficiente pra enfrentar qualquer coisa para ficar
com ele, mas infelizmente vejo que não sou. Em todo esse tempo que estou
apaixonada pelo Hector hoje é a primeira vez que me arrependo de ter
insistido tanto nessa relação!
Não desço para o jantar, fico trancada em meu quarto até adormecer
de cansaço.
Ouço o barulho do trinco da porta abrindo, não me movo, pois sei
quem é, somente pelo seu cheiro que invade minhas narinas. Ele me braça por
trás, nos encaixando.

- Eu te amo! – Hector sussurra em meu ouvido. - Me perdoa Sophie!


Não era para Elena aparecer aqui. Fui atrás de você para mostrar o
apartamento e conversar sobre ela, lembra que eu disse que queria falar com
você a respeito dela, assim que cheguei na casa do Daniel? Só que ao vê-los
juntos me esqueci. Quando chegamos no apartamento, não me lembrei que
Elena existia! Esqueço-me de tudo quando estou ao seu lado, fico
concentrado somente em nós.
Viro-me de lado para olhá-lo, ele enxuga uma lágrima com a ponta do
dedo.

- O amor nunca deveria causar sofrimento e eu já perdi as contas das


lágrimas que derramei por você. Não vou negar que os momentos que tive ao
seu lado foram maravilhosos. Acho que foram os mais felizes da minha vida.
Mas, de que adianta eu estar com você por uma hora, enquanto as outras
horas do seu dia você estará com ela? Você acha que é prazeroso ver a pessoa
que ama com alguém que não seja você? Acha que o meu sorriso é verdadeiro
nessa hora? Eu até tento disfarçar, mas por dentro fico destroçada. – Despejo
tudo que estava entalado em minha garganta.
- Não fala assim! Por favor! Elena não está grávida Sophie, disso
tenho certeza!

- Você não vê que ela está te manipulando! – Tento abrir os olhos dele
em relação a Elena.
- Como ela pode estar me manipulando, Sophie! Elena só está agindo
como namorada, ela não sabe da gente. – Ele fala dando um beijo na ponta do
meu nariz.
- Eu acho que ela sabe sim Hector! Por isso que ela faz questão de
esfregar o relacionamento de vocês na minha cara, deixando claro que você
estão juntos e vão viajar.

- Esquece isso, minha diabinha! Não vou com ela para Belo
Horizonte, eu disse que tentaria ir, só para tirá-la do meu pé. Mas acabei de
falar para ela que não consegui ser liberado no trabalho.

- Tudo bem! - Respondo rezando para que ela não esteja grávida, pois
se ela estiver, nossa situação vai ser mais complicada do que já é!

- Quando te vi saindo decepcionada! Minha vontade foi de deixá-la e

ir atrás de você, sem me importar com nada, mas infelizmente as coisas não

são tão simples assim. Porém na primeira oportunidade que tive a dispensei e

vim correndo para cá! – Ele fica por cima de mim, apoiando seu peso no

cotovelo. – Precisava te ver para tirar esse peso das minhas e das suas costas.

Tenho certeza que ela não está grávida Sophie! Assim que Elena voltar de

Belo Horizonte vou terminar com ela.

- Tudo bem! Até lá já terminei com Daniel.


- Posso dormir aqui? – Ele pede receoso. - Minha cama é tão solitária
sem você!

- Você não pode. Deve dormir aqui para compensar o desespero que
senti ao deixá-lo para trás com ela. – Faço um bico quando termino.
Ele ri e morde meu lábio inferior, me beijando em seguida.
Namoramos e conversamos mais um pouco até cairmos em um sono
profundo.

Como sempre acordo sentindo o cheiro do Hector em meu travesseiro,


essas últimas semanas se tornou hábito, dormirmos juntos no meu ou no seu
quarto, como já sabemos a rotina da casa fica muito fácil.

Espreguiço-me e vou fazer minha higiene pessoal, dessa vez demorei


um pouco mais no banho, relembrando a noite de ontem, quero ver até
quando ele vai resistir a mim, pareço uma tarada tentando desvirtuar um
adolescente inocente. Esse homem é muito controlado, disse que só queria me
ter por completo quando não tivesse mais ninguém entre nós, por um lado
concordo com ele, mas por outro queria tanto senti-lo dentro de mim!

Balanço minha cabeça para tirar todos esses pensamentos, se não acabo
me atrasando, hoje é sábado e iremos caminhar no parque da cidade com
nosso casal 20, Samanta e Felipe.

Chego na cozinha já sentindo um cheiro delicioso de café.

- Bom dia família. – Falo toda animada.

- Bom dia! – Meus pais respondem.

- Bom dia! – Hector fala com um sorriso sacana no rosto, me sento ao


seu lado e ele aperta minha mão por debaixo da mesa.

- Meus amores! – Minha mãe chama nossa atenção. – Domingo vamos


fazer um almoço em família aqui em casa, meus irmãos querem te conhecer
melhor Hector. O meu irmão da fazenda você já conhece, mas os outros dois
que moram aqui só te viram de passagem, então resolvi fazer um churrasco
para você conhecê-los melhor. – Minha mãe avisa toda entusiasmada. – Ah!
Ontem a Elena ligou e você não estava em casa, então falei do churrasco e ela
disse que chegaria sábado à noite e que domingo estaria aqui.
Ao ouvir isso engasgo com meu café…

- Sophie! – Hector bate nas minhas costas, preocupado.


- Estou bem! – Suspiro para pegar fôlego.
- Nossa minha boneca, Cuidado! – Meu pai sai do seu lugar e me dá
batidinhas nas costas. – Está melhor?
- Estou papai! – Repondo chocha por saber que Elena estará de volta.
Minha relação com Hector está maravilhosa! Terminei com Daniel,
ele ficou muito chateado, gosto dele e queria continuar a amizade, quem sabe
um dia isso possa acontecer! Contei para David e Stefanini, que tinha
terminado com Daniel, fiquei com medo de David não querer minha amizade,
por não namorar mais seu irmão, mas ele me apoiou e Stefanini ficou com um
brilho no olhar ao descobrir que não namorava mais Daniel, acho que ela tem
uma quedinha por ele.

- Vamos Sônia! – Meu pai chama minha mãe.

- Meninos, estamos indo comprar as coisas para o churrasco amanhã,


almoçaremos pela rua mesmo. – Minha mãe fala levantando e indo em
direção ao meu pai. – Mas tem comida na geladeira é só esquentar.

- Não se preocupe Sônia! Sophie e eu vamos almoçar com uns amigos.

Meus pais se despedem da gente e vão embora. Me levanto para lavar


minha xícara, não quero olhar para Hector agora, preciso de um pouco de
espaço.
- Vou terminar com ela depois do churrasco, prometo Sophie. - Hector
fala enquanto cola seu corpo ao meu, prensando-me contra a pia.
Ele coloca meu cabelo de lado e começa a beijar meu pescoço bem
devagar, e suas mãos percorrem minhas pernas, passeando nas curvas do meu
corpo. Deito minha cabeça em seu ombro curtindo a sensação maravilhosa
das suas mãos percorrendo e apalpando meus seios.
Hector me vira de frente para ele, me pega no colo e me senta no
balcão, ficando entre minhas pernas. Ele massageia minhas coxas enquanto
passo as mãos em seu peitoral acariciando-o, passando pela cintura e
colocando-as no cós da sua calça, apertando seu pau maravilhoso.

- Ha… Minha diabinha! É perigoso ficar de amassos contigo, você é


muito determinada e a sua determinação ultimamente é me desestabilizar, me
enlouquecendo de tesão, estou para ficar louco de tanto tomar banho frio.
- Toma banho frio porque quer, posso resolver seu problema
rapidinho. - Ofereço minha ajuda já abrindo o zíper da sua bermuda.

- Temos que ir encontrar nossos amigos, já estamos atrasados. - Ele


fala impedindo minha mão de avançar.

- Tudo bem! - Desço do balcão o ignorando. - Vou trocar de roupa.

Tiro meu vestido ficando com um conjunto de lingerie cor de rosa


bem sexy, Hector fica sem reação e continua parado me olhando.
- Não vou precisar de sutiã, pois usarei top! - Falo enquanto tiro meu
sutiã, deixando meus seios empinados à mostra. Faço uma cara de inocente! -
E aí titio, não vai trocar de roupa também?

- Caralho! Assim é golpe baixo Sophie! - Ele chega perto, feito um


leão encurralando sua presa, cobre meu corpo com o seu, devorando minha
boca.

- Ai! - Grito de susto, com Hector me jogando em seu ombro. - Aí…


Solto outro gritinho ao senti-lo me dar um tapa na bunda.

- Isso é por você está tentando seduzir um homem que está fazendo de
tudo para fazer as coisas em seu devido momento. -

Ele sobe as escadas comigo em seu ombro, me deixa em minha cama,


me dá um selinho e segue para o quarto dele.
Troco de roupa e vamos nos encontrar com nosso casal de amigos, o
sábado foi maravilhoso, eles nos convidaram para sermos seus padrinhos de
casamento, fiquei muito feliz por ser madrinha pela primeira vez e ainda ao
lado do meu amor. O casamento será simples com uma festa para poucas
pessoas, eles já estão a algum tempo organizando tudo!

O casamento deles acontecerá duas semanas antes do meu aniversário


de 18 anos, comentei isso com eles falando que ia dar uma festa em uma
boate e infelizmente eles não poderão ir, pois estarão em lua de mel.

Conversamos mais um pouco com nossos amigos, depois de nos


despedirmos fomos para o apartamento do Hector, compramos pipoca e
refrigerante no mercado para assistirmos a uns filmes, o restante do sábado foi
maravilhoso.

Estou até com medo do churrasco amanhã, tudo é uma maravilha sem
Elena por perto, mas quando o nome da praga é citado, tudo desanda entre
Hector e eu.
Espero que dessa vez dê tudo certo!


CAPÍTULO 16
Nunca me arrumei com tanta má vontade na minha vida, hoje o dia vai
ser longo. – Suspiro me olhando no espelho.

Abro a porta, mas sou empurrada de volta para dentro do meu quarto,
com os lábios do Hector nos meus.

- Que saudade do seu cheiro! – Ele fala enquanto beija e cheira meu
pescoço, se esfregando em mim.

- Não dormiu comigo por que não quis! - Sussurro em seu ouvido.
- Não dava! Tinha combinado com os caras de irmos ao barzinho, assim
que cheguei seus pais ainda estavam na sala assistindo televisão, fiquei
apreensivo de ir dormir com você.

- Então não reclama…

- Sophie minha filha, seus primos chegaram, vem descer para recebê-
los. - Minha mãe bate na porta me chamando. Hector me olha assustado, peço
silêncio com o dedo.

- Já vou mamãe, desço agora mesmo, pode ir na frente.

- Ok! – Ouço minha mãe descendo as escadas.

Puxo Hector ainda mais e lhe dou um beijo daqueles de deixá-lo


louco! Ele pode passar o dia ao lado da Elena, mas vai estar pensando em
mim.
- Queria tanto poder dizer para todo mundo o quanto estou apaixonado
por você. - Ele segura meu rosto com as duas mãos, me olhando
profundamente.
- Eu sei. – Respondo soltando um suspiro. Dou-lhe um selinho e coloco
minha cabeça em seu ombro, me sinto tão em casa nos braços dele.

Desço para cumprimentar meus primos, na verdade não queria ver um


em específico, seus pais torciam para quando nós crescêssemos,
namorássemos, coisa que não vai acontecer mesmo! Detesto meu primo
Guilherme, ele é muito metido e se acha a última bolacha do pacote, e fora
que solta umas piadinhas muito sem graça, como ele é ridículo!

Mãos cobrem meu rosto assim que termino de descer as escadas. - Oi


priminha gostosa! – Ouço a voz ridícula do Guilherme.

- Dá para você ser menos vulgar Guilherme! Sou sua prima e não
gosto dessas suas brincadeiras. – Puxo sua mão do meu rosto e o recrimino.

- Oi! Está acontecendo algum problema aqui Sophie? – Hector olha


pra Guilherme com cara de poucos amigos.

- E você é quem? – Guilherme pergunta olhando-o de baixo a cima, já


que Hector é maior e muito mais gostoso que ele.

- Sou Hector, tio da Sophie. E você… – Ele incentiva Guilherme a se


apresentar.

- Oi tio, sou Guilherme, primo da Sophie. – Guilherme estende a mão


para Hector.

- Como tio de vocês, vou avisar uma coisa! Detesto brincadeiras sem
graça com minha sobrinha! E como primo, você deveria respeitá-la, Sophie
não é uma qualquer para você está falando desse modo chulo com ela. -
Hector ergue a mão. - Prazer em te conhecer! - Hector aperta sua mão com
um pouco mais de força, fazendo Guilherme puxá-la.

- Nossa! Saquei, só falei brincando, você quase quebra minha mão. –


Diz massageando-a.
- Vamos Sophie! - Ele me puxa pelo cotovelo me levando para o
jardim. Ainda bem que meus pais não estavam por perto para ver o que
acabou de acontecer.

Hector me para bruscamente, virando-me de frente pra ele.


- Você já ficou com seu primo? – Ele está possesso da vida.

- Claro que não! E você tem que parar com essa mania de me arrastar
feito uma criança. – Puxo meu braço do seu aperto.
Me viro para o portão e vejo quem eu menos queria na vida, Cadelena.
Ela está entrando toda sorridente. Elena chega perto da gente segura o rosto
do Hector e beija sua boca. É muito engraçado! Ele fica possesso da vida ao
ouvir meu primo me chamar de gostosa, mas tenho que aguentar essa
mulherzinha beijando ele.

Fecho a cara cruzando os braços. Hector me olha sem graça com um


encolher de ombros.

Tiro forças do meu eu - interior para não arrancar os cabelos dessa


safada e dou o sorriso mais falso da minha vida.

- Oi minha sobrinha! - Ela fala, com um sorriso cínico no rosto.

Como é ordinária, com certeza ela sabe o que sinto por ele e está
tripudiando em cima do meu sentimento, mas Elena não me conhece, isso não
vai ficar assim! Da outra vez fiquei calada, mas dessa vez ela vai me ouvir…

- Apesar de você ter aparência de até se passar por minha mãe, não que
você tenha idade para isso, é que você está acabadinha! Mesmo assim, não
quero que você me chame de sobrinha, pois não sou nada sua. - Não espero
ela responder, viro-me saindo em direção a cozinha. Era só o que me faltava
essa ordinária dar uma de dona do pedaço!

Refugio-me um pouco na outra sala que usamos como biblioteca e


escritório. Sento no sofá esfregando minhas mãos nas têmporas.
Ouço um pigarreio, ao abrir os olhos vejo Elena me observando de
braços cruzados.
- O que você quer aqui? - Pergunto rudemente.
- Estava te procurando e sua mãe disse que viu você entrando aqui. Eu
queria te contar uma novidade de primeira mão. - Ela fala com um ar inocente
no rosto. Pelo jeito sei que boa coisa não é.
- Elena! - Pronuncio seu nome sem paciência. - Nós não temos nada
para conversar. - Levanto-me do sofá indo em direção a porta.
- Eu sei que você gosta dele, mas entenda uma coisa! Ele é seu tio…
Deixa de ser ridícula garota! Pare de se humilhar. Você é tão egoísta que não
pensa nos sentimos do Hector e no quanto ele ama seus pais! Vê se cresce…

- Vai à merda! – Não a deixo terminar e saio batendo a porta.

Estou com ódio mortal dela, eu sabia! Essa cadela nunca me enganou!
Ainda bem que tenho dois primos que são uns pestinhas e tenho certeza que
vão ficar felizes em poder me ajudar a fazer uma travessura. Acabo rindo dos
meus próprios pensamentos, me aguarde dona Cadelena!

Kaio e Kaic são os primos caçulas da família, eles são gêmeos e tem 7
anos.

- Mas que tio ciumento você tem, Sophie! - Ouço Guilherme reclamar
atrás de mim. Estou vendo que hoje meu dia vai ser longo! Dei-me paciência
meu Deus!

- Não é que ele seja ciumento, você que é um babaca que só fala merda!
– Respondo, fuzilando-o.

- Nossa! Estou vendo que um defende o outro, se não soubesse que ele é
irmão do tio Heitor e da tia Sônia, sinceramente, acharia que ele é seu
namorado!
- Deixa de ser ridículo, Guilherme! – Saio, deixando-o falando sozinho.

Não estou com paciência para escutar suas babaquices, preciso


encontrar meus primos pestinhas e começar meu plano.
Ao encontrar meus priminhos, explico o que quero que eles façam e
vejo um brilho de alegria passar por seus rostos, garanto para eles que eles
podem aprontar essa arte, que ninguém irá descobrir que foram eles.

- E aí, vocês topam? – Pergunto, aguardando a resposta dos dois.


- É claro! - Os dois respondem juntos e batemos nossas mãos em
cumprimento. É muito engraçado a sintonia que irmãos gêmeos têm.

- Quando chegar a hora certa, dou o sinal que combinamos. - Eles


concordam com a cabeça, em seguida saem correndo para brincar com as
outras crianças.

O restante do churrasco foi um tormento! Guilherme não saía do meu pé


e Elena, toda vez que via que eu estava olhando para eles, fazia questão de
ficar marcando território.

É impressionante como ela não se toca ou finge não se tocar que todas
as vezes que ela o agarrava, ele a dispensa singelamente.

Espero ansiosa por uma boa oportunidade! Assim que noto Hector se
afastando dou sinal positivo aos meus primos e um deles vai dar um recado a
Elena. Logo em seguida, vou atrás dele para distraí-lo um pouco.

- Você vai passar a tarde inteira se esfregando nessa cadela!? – Reclamo


assim que ele está prestes a abrir a porta do banheiro.

Abro a porta e o empurro para dentro.

- Sophie! Alguém pode ter nos visto! - Ele comenta assustado.

- Ninguém viu, meu titio gostoso! Não sou tão louca assim. - Chego
perto dele e ataco sua boca com vontade. Hector geme entre os beijos e o
sinto crescer gradativamente. Isso me deixa em êxtase! Como é bom saber
que o deixo assim!

Olho no relógio e falta um minuto para o espetáculo.


- É melhor sairmos agora, se não alguém pode desconfiar. - Começo a
me recompor, dou mais um beijo em sua boca deliciosa e saio do banheiro.

Ainda bem que ninguém estava passando pelo corredor.


Assim que chego na porta da sala, vejo o espetáculo de camarote. Elena
passa no exato momento que os borrifadores do jardim são ligados e acaba se
molhando. Ela grita, assustada e em seguida, se desequilibra e cai de bunda
no chão, ficando toda ensopada.

Todos saem por causa dos gritos, meu pai corre para ajudá-la a se
levantar.
Sinto um braço me puxando e vejo Hector com um olhar de fúria sobre
mim.

- Eu não acredito que você fez essa infantilidade, Sophie! – Ele sai para
socorrê-la.

- Não sei o que aconteceu com esse regador! Hoje pela manhã tinha
desligado ele.

- Não tem problema senhor Heitor essas coisas acontecem Elena diz
enquanto está abraçada ao Hector!

- E o bebê Hector? - Ela pergunta desesperada. – Estou com cólica,


minha barriga está doendo! Hector me olha no mesmo instante.

Bebê! Ele sabia que ela estava grávida e não me disse nada! Ao ouvir
isso sinto como se um punhal tivesse cravando meu peito tamanha dor que
estou sentindo.

Minha mãe entrega uma toalha a Elena e Hector ajuda ela se enxugar.

Que cena patética! Viro em meus calcanhares e vou em direção ao meu


quarto, à festa acabou pra mim!
CAPÍTULO 17
Passei a semana ignorando Hector, ele tentou de várias formas falar
comigo, mas eu não quis conversa.

Desde o dia do churrasco, mantenho minha porta fechada à chave para


ele não entrar. Eu o vi duas vezes na saída da aula e todas às vezes me
escondi, faço questão de estar sempre junto dos meus pais para ele não chegar
perto.

Hoje é sexta-feira e a única coisa que eu quero é pensar no look que vou
usar na festa de 18 anos da Stefanini que será amanhã em um salão de festa à
beira do lago.

Saio correndo, estou atrasada, tenho que me apressar, caso contrário


perco a van escolar. Um carro freia bruscamente perto de mim, levo um susto
e coloco a mão no coração.

- Sophie! - Ouço a voz do Hector. Que merda!

- Você está louco? - Pergunto furiosa.

- Desculpe, não queria te assustar. - Ele responde sem graça.


- Seu mal é esse! Você nunca quer nada. - Quando vejo minha van
saindo tento correr para alcançá-la.
- Espere! - Hector puxa meu braço e me impede de ir. - Precisamos
conversar! - Ele fala receoso.

- Não temos nada para conversar, pra mim acabou, cansei de lutar por
algo pelo qual você nunca lutou. Sempre acreditei que iríamos conseguir
superar os obstáculos do nosso relacionamento, mas agora vejo que você
nunca esteve verdadeiramente interessado em resolver os nossos problemas.
Eu quero ser feliz e sei que isso só acontecerá longe de você.
Sei que minhas palavras foram duras, mas ele precisa de um choque de
realidade! Hector é acostumado a me ver sempre aos seus pés, mas cansei de
ser idiota.
- Ai! Me larga seu idiota… - Ele me joga em seu ombro. Bato em suas
costas para tentar me livrar dele. - Me solta, Hector!
- Você vai me ouvir, querendo ou não! - Ele me coloca no banco de trás,
trava a porta para eu não sair, em seguida vai para o banco do motorista,
dando a partida rapidamente.

Ficamos em silêncio até chegarmos, ele estaciona na garagem e se vira


pra mim.

- Vamos conversar, por favor, e se, logo após o que eu te disser, você
ainda não me quiser, eu juro que vou sair da sua vida! - Hector pede
suplicante.

- Tudo bem! - Ele solta um suspiro de alívio quando aceito.

Assim que chegamos ao apartamento, ele vai na cozinha e eu sento no


sofá. Hector chega com duas latas de refrigerante e me entrega uma.

- Sophie… - Ele solta o ar dos pulmões, fazendo barulho. - Eu sei que


fui idiota com você! E queria mais uma vez me desculpar, mas também você
é fogo! Eu te falei que com ou sem filho, iria terminar com ela!

- Hector, para mim já não importa mais se você vai terminar com ela ou
não. Pra mim, já deu! Cansei… - minha voz falha no final, não quero chorar
na frente dele, não quero me mostrar fraca. - Encho meus pulmões de ar e
continuo. - Você tem razão, sou muito nova…
- Elena não está grávida! - Hector me interrompe. - Ela me disse que fez
um teste de farmácia e deu positivo, falei que ela precisava fazer o exame de
sangue, eu te disse que não tinha como ela estar grávida, pois sempre usei
camisinha. - Ele segura minha mão. - Quando Elena caiu e disse que estava
sentindo dor e estava com medo pelo bebê, eu a levei para o hospital, ela
estava muito nervosa e chorando. Deixaram-na sob observação, pois ela está
com um quadro grave de stress e depressão. Fizeram o teste e deu negativo, o
médico disse que seu estado poderia estar causando sintomas da gravidez por
que seus hormônios podem estar alterados, por isso o teste de farmácia podia
ter dado positivo.

Ele me explica tudo, segurando minha mão. Olho nossas mãos


entrelaçadas e puxo a minha repentinamente.

- Hector… – Quando ela caiu, você simplesmente me julgou. Sem ao


menos saber de fato se tinha feito isso…

- Você fez? – Ele me interrompe.


- Sim… – Confesso sem graça. - Ela sabe sobre nós! E disse com todas
as letras… Essa safada de inocente não tem nada! Isso tudo que está fazendo
é pensado, só você não vê isso!

- Você deve ter entendido errado, Sophie! Elena está sofrendo demais
com tudo que está acontecendo…

- Você me trouxe até aqui para ficar justificando as atitudes dela? -

Não acredito no que estou ouvindo, minha raiva por ele aumenta ainda
mais. Babaca, idiota, capacho! Ah, que ódio dele! Levanto do sofá, não quero
mais ouvir essa conversa fiada.

- Não te trouxe aqui para isso. - Ele também se levanta e me segura pelo
braço. - Estou no inferno sem você perto de mim! Fica comigo, não me deixa,
por favor! Elena está viajando. Assim que ela recebeu alta do hospital, sua
irmã mais velha disse que a irmã caçula, que ainda morava com a mãe, tentou
suicídio. Ela pegou um voo no mesmo dia para Belo Horizonte. Não deu
tempo de conversar com ela, mas assim que Elena chegar eu te juro que
termino com ela, mesmo que ela esteja com depressão, ou o caralho a quatro!
- Elena… Elena… Elena! Estou cansada de ouvir esse nome! Vamos
fazer o seguinte: no dia que você resolver sua vida com ela, a gente conversa
de novo, até lá vou viver minha vida. Cansei de correr atrás de você!
CANSEI! - Falo alterada e o deixo sem reação.
Saio do apartamento fumegando de raiva, começo a chorar e fico sem
destino. Sento na calçada para tentar me acalmar, respiro fundo, preciso ir
para casa e esquecer esse fiasco de discussão que tive com Hector. Tento me
controlar, limpo a poeira da roupa e vou para o ponto de ônibus.

Me arrumo toda, estou com um vestido nude curto com tecido rendado
cheio de brilho. Ele é ousado, não sendo vulgar. A festa da Stefanini é hoje,
David e Daniel virão me buscar para irmos juntos.

Estou destroçada depois da conversa que tive com Hector, mas tento
disfarçar.

Mamãe me chama, gritando do alto da escada para avisar que David e


Daniel estão me esperando.

Desço as escadas e dou de cara com Hector e meu pai, eles tinham
combinado de irem a um barzinho.

- Você está linda, minha boneca! - Meu pai me dá um beijo na testa.

- Obrigada, papai! - Agradeço e lhe dou um beijo no rosto e Hector


abaixa a cabeça.

- Minha menina está virando mulher, não é meu irmão?

- É… Está sim! - Ele responde sem graça, desviando os olhos dos meus.

- Pensei que você e Daniel tivessem terminado? - Meu pai pergunta


curioso.
- Terminamos, mas estou pensando seriamente em voltar com ele!
Afinal de contas ele é um bom rapaz e gosta realmente de mim. - Alfineto
Hector.
Mas hoje minha intenção é outra, quero jogar Daniel nos braços da
minha amiga Stefanini.

Hector me fuzila com seus olhos azuis radiando fúria! Mas não comenta
nada.
- Também o achei um bom rapaz, minha filha! Vou subir para trocar de
roupa. Boa festa! Tome cuidado, não é porque você vai dormir na casa da
Stefanini que deixo de me preocupar!

- Pode deixar, papai! Vou me cuidar. – Saio ao encontro de meu amigo e


meu ex-namorado para irmos curtir a festa de 18 anos da minha amiga.

O salão de festa é em um flutuante e está muito bem organizado, com


pufes e estofados espalhados em ambientes agradáveis. A área da boate ficou
bem legal! O flutuante é todo aberto dando total visão da Ponte JK e do Lago
Paranoá.

Chego ao som da AronChupa - I’m an Albatraoz, essa música é muito


gostosa de dançar. Parabenizo Stefanini que fica supercontente ao nos ver
chegando! Ficamos os quatro conversando animadamente e vejo os olhares da
Stefanini para Daniel.

Ele ainda está chateado comigo, mas pelo menos não me ignora, eu
gosto tanto do Daniel, espero que ele veja o quanto minha amiga é caidinha
por ele! Quando toca a música da Fifth Harmony - Worth It, começamos a
gritar e vamos para pista de dança, me divirto, como há muito tempo não me
divertia.

Começa a tocar, Ed Sheeran - Thinking Out Loud. Puxo David pelo


braço, deixando que Daniel e Stefanini dancem a sós…
- Você também percebeu que ela é caidinha pelo Daniel? – David ri,
olhando para o casal.

- Percebi no dia da briga na escola, assim que ela chegou na casa de


vocês.
- Daniel sempre quis te conhecer, mas nunca o apresentei porque sabia
dos sentimentos dela por ele.

- Nossa! Por que Stefanini nunca me disse? - Comento chateada.


- Ela também nunca me disse, eu que desconfiei.

- Se ela tivesse confiado na gente, com certeza eu nunca teria namorado


com ele! -
- Agora já é passado! Vamos ver no que vai dar! - Ele fala e me
rodopia, nos fazendo rir.
Como estava com saudade dos meus amigos, tem um ano que Hector
está morando com meus pais, desde então, minha vida foi correr atrás dele,
me esquecendo de tudo e de todos, mas daqui pra frente às coisas serão
diferente.

Vou me valorizar mais, chega de me humilhar!

Dançamos e rimos bastante. Vejo Pedrão em um canto da festa


conversando com uns carinhas, vou ao seu encontro para cumprimentá-lo.

- Oi! - Digo eufórica, pois já faz um tempinho que não nos


encontramos.

- Oi! - Ele me dá três beijinhos, me cumprimentando.

- Fico feliz que a Stefanini tenha te convidado!

- Ela também convidou Hector, só que ele disse que não viria, então
decidi vir sozinho. Conversamos um pouco e depois vou procurar meus
amigos.

Ao voltar ao salão vejo Stefanini e Daniel aos beijos, fico aliviada ao


ver os dois juntos. Estou feliz pela minha amiga. Viro-me e saio de perto para
não atrapalhar o casal e acabo esbarrando em um carinha que nunca tinha
visto antes.

- Desculpa. - Peço sem graça pelo esbarrão.


- Pode me atropelar quando quiser. - Ele fala com um sorriso bonito,
peço licença e saio.

Encontro David e ficamos conversando com outros amigos. Comecei há


beber um pouco a mais do que de costume e me sinto tonta.
- Tem um carinha de olho em você! – David ri da cara que faço.
- Eu esbarrei nele sem querer.
- Então seu esbarrão o conquistou. – Ele me empurra com o ombro,
depois começa a rir.
- Estou achando que você já bebeu demais. - Falo rindo, pois também
bebi além da conta!

- Você devia desencanar um pouco dessa obsessão por seu tio! – Ele
me olha um pouco desfocado pela bebida.
- Eu não sou obcecada por ele! – Tento me defender.

- Sophie! Até um cego vê que você é apaixonada por ele! – Abaixo a


cabeça sem graça.

- Eu preciso esquecê-lo. – Desabafo e um nó se forma em minha


garganta.
- Sou daqueles que um amor se esquece com outro. – Ele dá de
ombros com seu comentário. – Hum… Ele está vindo! – David me cutuca.

- Dança comigo? – O carinha que esbarrei me chama e aceito.


Dançamos um pouco e descubro que seu nome é Renato. Ele está na
faculdade e no mesmo semestre que o irmão da Stefanini.
Ele é bonito, simpático, mas não tenho coragem de ficar com ele,
depois que me apaixonei por Hector, não consigo achar outros homens
interessantes, fico chateada comigo mesma. Tenho que esquecer o Hector,
tenho que seguir em frente, David tem razão preciso conhecer outras pessoas.
Depois que terminamos de dançar fomos para uma mesa que estavam
seus amigos, uns eu já conhecia e os outros ele me apresentou. Conversei e ri
bastante, mas não estou confortável ao lado do Renato, ele está com as mãos
no estofado e às vezes acaricia meu braço, eu tento relaxar e deixar o clima
legal, mas não consigo, peço licença e vou ao banheiro, estou tonta, minhas
mãos estão suando frio e meu coração está acelerado. Me escoro na parede e
respiro profundamente.
Eu só queria sair, dançar e esquecer o Hector por uma noite, mas não
consigo, minha cabeça está repassando nossa conversa à noite toda e a única
coisa que penso é que estou perdendo meu tempo aqui, e isso não é certo, não
estou perdendo tempo me divertindo e conhecendo pessoas, estou vivendo!

- Sophie? - Ouço a voz preocupada do Pedrão.

- Oi… – Respondo sem abrir os olhos.

- Você está bem? – Pedrão pergunta passando a mão em meus ombros.


Começo a chorar e ele me abraça.

- Por que não consigo esquecer o Hector? Queria tanto ser uma
adolescente como outra qualquer! E gostar de namorar com os carinhas da
minha idade. Tem um rapaz doido para ficar comigo, mas não consigo! Estou
com meu estômago embrulhado. – Coloco minha mão na boca. - Não estou
me sentindo bem.

Corro para o banheiro para passar uma água no rosto, me seguro na


pia, meu estômago começa a embrulhar vou ao vaso e vomito, sinto mãos
segurando meu cabelo.

- Vai ficar tudo bem! Esse é seu primeiro porre é por isso que está tão
mal. – Pedrão sussurra e afaga minhas costas.

Ele me ajuda a levantar, lavo meu rosto e minha boca, saio da festa
para tomar um ar e vejo tudo embaçado…
CAPÍTULO 18
Acordo com uma dor de cabeça dos infernos, não consigo abrir meus
olhos, não quero que piore. Mas, como tudo na vida, temos que enfrentar!
Decido abrir um olho e depois o outro.

Sento-me na cama de supetão e coloco minha mão na cabeça, tentando


segurá-la, estou com medo dela cair do meu pescoço. Já bebi outras vezes,
mas nunca fiquei nesse estado lastimável que agora me encontro.

Olho em minha volta e reparo que não estou em meu quarto e muito
menos no quarto da Stefanini… Saio da cama feito uma flecha indagando:
onde estou? Observo que o quarto é simples e tem uma cama de solteiro com
um guarda roupa e uma poltrona no canto. As cores das paredes são neutras, é
um quarto de visita, só não sei de qual casa, observo pela janela, ou seja, da
janela de um apartamento.

Ouço vozes e abro a porta com todo cuidado.

-… Eu sei que tenho que resolver minha situação… Por que você não
me ligou ontem? - É o Hector! Ele está falando de maneira furiosa.

- Cara, te liguei sim! E até deixei uma mensagem. - Pedrão se


justifica. Hum… Esse apartamento deve ser dele.
- É… Você ligou, mas o telefone estava no silencioso. - Hector
confere seu celular e fica sem graça. - Ela está melhor?

- Não sei, ela ainda não acordou.


- Só vi a mensagem agora pela manhã. - Hector se justifica. - Quero
vê-la, Pedrão.

Saio depressa e corro para o quarto com todo cuidado para não fazer
barulho e me deito de costas pra porta.
Sinto o colchão ceder e uma mão acariciar meus cabelos.


- Você trocou a roupa dela? - Nossa! Não tinha observado com que
roupa acordei.

- Ela vomitou nela mesma! Você queria que eu fizesse o que Hector?
Deixasse a Sophie dormir toda vomitada? - Pedrão, responde com a voz dura.

- Desculpa cara, você tá certo! - Ele fala baixo, alisando meu cabelo e
beijando meu rosto.

- Vou deixar vocês a sós. - Pedrão sai do quarto fechando a porta.


Hector se deita me puxando ao encontro dele, me aconchegando. -
Vou resolver essa confusão, você vai ver minha pirralha… Eu te amo! - Ele
sussurra e beija meus cabelos, me sinto segura como se estivesse em casa, e
em seus braços durmo novamente.

Abro os olhos rapidamente e vejo o mesmo quarto, foi aí que vi que


não estava sonhando, era tudo verdade, estou no apartamento do Pedrão e o
Hector está na poltrona me observando.

- Estava em uma dúvida interna, se te levava para o hospital ou não!


Você estava demorando demais para acordar.

Olho para minha roupa e vejo que estou com uma camiseta do Pedrão,
apalpo meus seios e sinto que não estou usando sutiã, lembrei-me que fui sem
sutiã para a festa porque o vestido que usava me exigia, mas pelo menos estou
de calcinha, meu constrangimento diante de Pedrão será menor.

- O que você está fazendo aqui? Pergunto seca, minhas atitudes com
ele serão assim daqui pra frente, ou até que ele resolva sua situação com a
cara de cadela.
- Vim te buscar! - Ele fala surpreso pelo meu tom de voz. - Caso não
saiba você está na casa do Pedrão! Ele te trouxe pra cá, depois que você
passou mal.
- Se ele cuidou de mim esse tempo todo, poderia ter terminado de
cuidar. - Dou de ombros, com deboche.
- Estou vendo que você gostou dos cuidados dele! - Ele me olha com
raiva.

- Qualquer pessoa é melhor do que você, ultimamente! - Devolvo suas


palavras grosseiras. - Por que você não vai atrás da sua namorada e me deixa
em paz! A única coisa que estou querendo de você é distância.

Vejo dor em seu olhar e me arrependo do que falei… Hector levanta


de repente e sai do quarto sem falar nada.

Começo a chorar, ele tem que se decidir, não quero mais ficar com os
restos das migalhas daquela cadela! Ouço a porta se abrir e Pedrão entra todo
sem graça.

- Me desculpe por ter lhe envolvido nessa confusão! - Falo entre


lágrimas.

- Para com isso Sophie! Você não tem culpa de nada! - Pedrão chega
perto de mim me abraçando.

Ele me afasta um pouco e enxuga minhas lágrimas. Ele é tão legal!

- Obrigada por cuidar de mim! - Agradeço.

- Não precisa agradecer! Trouxe um leve café da manhã. - Ele aponta


para a bandeja em cima da poltrona.
Pedrão me entrega primeiro um comprimido para dor de cabeça e em
seguida uma água de coco e salada de fruta. Bebo e como tudo.

Depois me entrega uma roupa que Hector trouxe para mim e mostra
onde fica o banheiro. Tomo um banho, troco de roupa e vou atrás dele e o
encontro na cozinha.
- Seu apartamento é bem aconchegante! - Falo ao entrar.

Pedrão está lavando uns pratos e pelo visto ele é bem organizado.
- Obrigada. - Ele agradece enxugando as mãos no pano de prato. - Está
se sentindo melhor?
- Estou sim, muito obrigada por ter cuidado de mim. - Ele abre um
sorriso que é lindo, seus dentes brancos se destacam de sua boca carnuda.

- Hector saiu daqui arrasado, ele gosta realmente de você Sophie! - Ele
tenta interceder em favor do amigo.

- Não parece! Ele fala uma coisa e sua atitude é outra, Hector é uma
contradição em pessoa, por isso estou dando esse tempo para pensar, cansei
de correr atrás dele!

- Sinceramente! Não sei o que faria no lugar dele… A situação de


vocês é complicada!

- Eu sei… – Respondo cansada de tudo que está acontecendo. - Tem


como você me dar uma carona pra casa? Te juro que é a última coisa que fará
por mim, não vou mais te importunar.

- Claro! - Ele pega a chave do carro já me indicando a saída.

- Obrigada pela carona você é um excelente amigo. – O agradeço


assim que ele estaciona em frente ao portão da minha casa. Quando me
preparo para dar um beijo em seu rosto, Pedrão se vira ao mesmo tempo e
acabo acertando sua boca e ele se afasta rapidamente. - Desculpa, fui te dar
um beijo no rosto e você se virou - Tento me justificar, não sei o que falar,
espero que ele não pense que foi de propósito.
- Não tem problema Sophie. - Ele ri sem graça.

- Então! Já vou indo. - Saio do carro mais que depressa, estou


constrangida pelo que aconteceu!

A semana passou rápido, ainda estou cumprindo a lei do desprezo com


Hector, só converso com ele o necessário.

Meus pais vão passar o fim de semana na chácara da minha tia, mas
não estou a fim de ir, não suporto meu primo, não quero ele o final de semana
todo no meu pé. Cheguei da aula sabendo que não encontraria meus pais em
casa, pois eles foram hoje pela manhã para a chácara.
Vou para meu quarto trocar de roupa, estou de peça íntima quando
ouço a porta se abrir e cubro meu corpo com as roupas que estão no chão.
- Que susto Hector! - Pego uma camiseta grande e a coloco depressa,
não posso fraquejar, tenho que lhe dar uma lição. - O que você está fazendo
tão cedo em casa? - Pergunto curiosa.

- Só trabalhei de manhã, já almoçou? - Ele fala se deitando em minha


cama.

- Ainda não. - Falo olhando para seu corpo delicioso, Hector está com
short de corrida e sem camiseta. Acho estranho, pois ele nunca fica assim
dentro de casa, ele sempre está de camiseta.

- Fiz uma omelete deliciosa! - Hector fala enquanto passa a mão em


seu peitoral que tanto amo, descendo-as pelos pelinhos do seu caminho da
felicidade, chegando até o cós de seu short. - O tempo está tão quente hoje! -
Ele comenta como quem não quer nada. - E eu?! Fico igual uma idiota
babando em cima dele. - Sophie! - Hector chama minha atenção. - Vamos
almoçar?!

Vamos! - Solto um suspiro e engulo em seco.


Estou lascada! E eu que pensei que jogasse baixo, mas pelo visto
Hector é pior que eu quando quer uma coisa.

Me aguarde titio! Se estiver pensando que vai ser fácil assim, está
muito enganado!
Descemos as escadas em total silêncio, ao chegarmos à cozinha vejo
os utensílios do almoço organizados sobre a mesa, vou na pia pegar um copo
com água.
- Estou com tanta saudade de você minha diabinha! Sei que está me
castigando pelas burradas que andei fazendo, mas não aguento mais ficar
longe de você. - Ele encosta seu peito nu em minhas costas, e afasta meu
cabelo para ter melhor acesso ao meu pescoço, Hector passa a língua sugando
minha pele.
- Já falei Hector! Você primeiro tem que resolver seus problemas com
aquela mulherzinha, para depois voltarmos a conversar.
- Vou resolver isso, você pode ter certeza!

- Até então vou aproveitar minha vida de solteira! – O provoco.

- Você me tira do sério, Sophie! Faz com que meu humor varie em
poucos segundos. Você me faz acordar feliz porque sei que vou te ver, mas
também me faz dormir triste por não estar você. Chego a te odiar por uns
instantes, mas meu coração sabe o quanto te amo!
Viro-me de frente pra ele, Hector coloca suas mãos entre meus
cabelos, me puxando pela nuca e tomando minha boca em um beijo ardente e
cheio de saudades.

O que ele falou balançou minhas estruturas, mas não posso me deixar
levar, senão ele vai continuar me enrolando. O afasto um pouco
interrompendo o beijo e ele gruda nossas testas.

- Sophie… eu não chego perto da Elena, não a beijo, não faço nada,
não sei como ela ainda está comigo, pois sou frio.

- Como você é covarde! Está fazendo isso para que ela termine com
você, Elena não vai fazer isso!
- Não é covardia… Toda vez que entro no assunto ela começa a chorar
e dizer que está sofrendo…

- Vamos almoçar! - Tento me desvencilhar dele. Como homem é burro


e influenciável!
- Sophie… - Ele não me solta. – Sei que não confia mais em mim, mas
vamos esquecer tudo somente por hoje! Vamos aproveitar esse final de
semana e te juro que na segunda-feira ela não estará mais entre nós.

Olhos bem em seus lindos olhos azuis, não poderia aceitar essa
proposta, mas como vou recusar? Sou louca por esse homem!
- Somente por esse final de semana, mas assim que ela voltar de Belo
Horizonte…

- Eu prometo minha diabinha! – Ele me interrompe. - Faço tudo que


você quiser – Ele me dá um selinho demorado. – Vamos almoçar!

A omelete que ele fez está deliciosa, colocamos nossos assuntos em


dia, ficamos de escolher juntos um bom presente de casamento pra Samanta e
Felipe, afinal de contas seremos seus padrinhos. Iremos comprar depois do
almoço e aproveitaremos para procurar nossas roupas, pois já está perto e não
vimos nada ainda.

Terminamos de almoçar, lavei a louça e ele as guardou, liguei pra


Samanta para saber o que falta em sua lista de casa nova, conversamos mais
um pouco e marcamos de nos encontrar no domingo de manhã no parque da
cidade.
Vimos lojas de eletrodoméstico e decidimos comprar uma televisão
para o quarto do casal, meu pai me deu o dinheiro para o presente, mas Hector
não me deixou pagar.

- Então vamos a um rodízio de pizza e eu pago! - Falo animada assim


que saímos da loja de eletrodoméstico.

- Tudo bem! - Ele concorda. Saímos da loja de mãos dadas como um


casal normal, isso me enche de esperança, quem sabe dessa vez dá certo!
Fomos às lojas de roupa. Escolhemos seu terno e depois foi minha vez
de provar os vestidos.
- O que você achou desse? - Coloco um vestido vermelho, longo,
tomara que caia, com uma abertura lateral até a altura da coxa.

Ficou lindo! - Hector comenta admirado.


- Assim não vale Hector! Você gostou de todos! Aí você me deixa em
dúvida. - Não sei qual escolher, ele não está me ajudando.

A vendedora fica observando o vestido. - Qual você acha que eu devo


levar? - Pergunto indecisa, doida para que ela me dê uma luz!
- É complicado! - Ela fica analisando. - É como seu namorado disse,
todos ficaram lindos em você.
- Viu! Não sou só eu que acho. - Ele levanta da cadeira me puxa pela
cintura me dando um beijo nos lábios. - Qualquer um que você levar vai ficar
maravilhoso!

- Tudo bem! - Suspiro profundamente, escolho o que achei mais


adequado e que combina com sua gravata.

Fomos ao rodízio de pizza e comemos até não aguentar mais, depois


de termos feito todas as compras e satisfeitos com tanta pizza, decidimos ir
embora.

O celular do Hector começa a bicar com um monte de mensagens, e


um frio percorre por minha espinha dorsal. Tenho certeza que é ela! É só
começar a nos acertar, que ela vem dos mortos para nos atormentar.

Hector lê as mensagens e fica em silêncio.

- É ela, não é? - Pergunto aflita.

- É sim! Ela está na frente de casa, mas mandei ela ir embora e disse
que mais tarde iria em sua casa.
- Ok! - É a única coisa que consigo dizer.
- Sophie… olha pra mim! - Vou na casa dela para terminar essa
palhaçada. - Ele fala com determinação. - E depois disso você será minha!
Nunca mais deixarei você e enfrentaremos tudo e todos para ficarmos juntos.
Ele me beija com possessão me apertando contra ele, sua
determinação, me dá esperança!
CAPÍTULO 19
Detesto criar expectativa! Esperar, confiar e não saber o que vai
acontecer! É angustiante deixar na mão de outra pessoa sua felicidade, por
mais que essa pessoa queira o mesmo que você.

Hector já me prometeu tanto resolver sua situação com Elena que


estou duvidando que ele apareça com alguma notícia boa.
Já é 1hora da manhã e ele ainda não chegou. Como sou idiota! Por que
ainda tenho esperança?
Ouço um barulho, saio do quarto e vejo Hector tentando subir as
escadas. Nunca o vi assim tão bêbado! Vou tentar socorrê-lo. Ajudo-o a ir
para seu quarto.

Ele não dispensa minha ajuda, mas também não diz nada. Acho que
ele não está em condições de falar. O coloco na cama, retiro seus sapatos e
suas meias. Monto em cima dele, abro os botões da sua camisa e peço para ele
me ajudar e Hector faz sem reclamar. Abro o zíper da sua calça e a retiro
deixando-o de cueca.

- Olha o jeito que eu fico só de pensar em você. – Ele me diz com a


voz enrolada e com o olhar desfocado pela bebida, apertando minha mão em
sua ereção
- O que aconteceu, Hector? - Estou preocupada com ele, o que será
que essa ordinária aprontou dessa vez?

- Consegui me livrar daquela vaca, estamos livres dela, meu amor! -


Ele fala atropelando as palavras.
- Por que você bebeu desse jeito? Com quem você estava até agora? -
Estou parecendo uma metralhadora.
Por mais que eu esteja feliz em ouvi-lo dizer isso, quero saber o
motivo da sua bebedeira.
- Vem aqui, minha diabinha! - Ele me puxa desajeitado.
- Vou te dar um banho gelado. - Dou um selinho em sua boca e me
levanto da cama para ajudá-lo.
- Hum! Estou gostando disso, minha namorada gostosa! - Apesar dele
estar bêbado, não deixa de ser sexy e fico excitada com suas palavras.

Ajudo-o a ir ao banheiro e ao entrarmos no box, ele coloca minha mão


dentro da sua cueca. Acaricio seu mastro e o sinto pulsar em minha mão de
tão duro, que loucura!

- Agora você vai tomar um banho. - Retiro sua cueca.


O banho foi dado com um pouco de dificuldade, pois ele não
conseguia ficar com as mãos longe do meu corpo. Me apalpando toda. Estava
para subir pelas paredes de tanto tesão. O enxugo todo e enrolo a toalha em
sua cintura, o ajudo a deitar novamente na cama. Ele está tão bêbado que deve
capotar.

Hector se eleva com dificuldade se apoiando no cotovelo e me olha


intensamente.

- Quero te sentir por dentro, Sophie! Quero te marcar para ter total
certeza que você é minha!

O que ele disse, fez com que todos os meus hormônios da


adolescência entrassem em combustão. Mas sei que ele está bêbado!
- Também quero você, mas sóbrio.

- Vem aqui. – Ele me puxa, me prendendo na cama e cola seu corpo


úmido ao meu. – Não faz isso comigo, estou louco de tesão por você!
Hector beija meu pescoço e passa a língua entre o vale dos meus seios.

– Você tem certeza! – Digo com a voz rouca de desejo, já estou


excitada e louca para tê-lo dentro de mim.
Se for isso que ele quer, é isso que ele vai ter!
Ele senta na cama e me coloca em seu colo. Segura meu rosto com as
duas mãos e me olha profundamente.

- Cansei de esperar o momento certo. – Ele chega perto dos meus


lábios, passa sua língua entre eles e automaticamente, dou passagem para sua
língua maravilhosa.

Nosso beijo é erótico e lento, é como se nossas línguas estivessem


fazendo amor. Sinto em sua boca o gosto forte do álcool misturado ao seu
sabor.

Ele interrompe o beijo e se joga na cama com os braços abertos.

- Sou todo seu. Minha diabinha gostosa! Não tem mais porra de
mulher nenhuma entre a gente, agora é só nos dois!

Ainda não acredito no que estou ouvindo, finalmente me livrei da


Elena!

Mais que depressa, me jogo em cima dele enchendo seu rosto de


beijos, cheios de alegria.

Ele começa a rir, me segura e esfrega sua exreção em mim e na


mesma hora, começo desenrolar a toalha de sua cintura, jogando-a no chão.

Fico em pé perto da cama observando-o. Ele se levanta colocando seu


antebraço para se apoiar no colchão, em seguida começo a tirar minha roupa e
o provoco, ficando totalmente nua na sua frente.
- Caralho! Você é gostosa demais! – Ele senta na cama e me puxa um
pouco sem jeito para seu colo.

Ele está realmente muito bêbado, espero que amanhã Hector não me
culpe pelo que vai acontecer hoje. Mas eu preciso dele, preciso saber que ele
é meu e somente meu!
Minhas mãos acariciam seus cabelos e nos beijamos
desesperadamente enquanto ele passa sua mão por minhas coxas e minha
bunda, aperto minha amiga perseguida e molho seu sexo com minha
excitação.
- Puta que pariu! Você está tão molhada e pronta pra mim. – Hector se
levanta, me deita na cama e deposita beijos pelo meu rosto e pescoço,
chegando aos meus seios, ele os apalpa depois coloca sua boca sugando um
de cada vez, me fazendo ir ao delírio de tanto prazer.

- Hector! … – Solto um grito de excitação.

- Fala minha diabinha! – Hector diz enquanto beija meu ventre e assim
que chega perto da minha amiga, ele me dá uma olhada mais safada do
mundo e a beija, me fazendo ir ao céu! Ele passa sua língua por toda extensão
dos meus grandes lábios e os suga, retira tudo que ele consegue, enfia sua
língua em minha grutinha, como se fosse seu sexo fazendo um vai e vem
gostoso. Contorço-me de prazer e quando estou perto de gozar ele para.

Fico sem entender o porquê! Lanço um olhar confuso e ele me dá um


sorriso de lado…

- Quero que você goze em meu pau, quero sentir esse seu mel gostoso
escorrendo por ele. – Enquanto ele fala, vai se aproximando como um
leopardo pronto para atacar sua presa e essa presa não vê à hora de ser
devorada por ele…

Hector me prensa no colchão, se apóia nos cotovelos evitando de


colocar todo seu peso em mim. Passa as mãos pelo meu cabelo, beija minha
testa, olhos, nariz, boca, queixo, pescoço, orelha e esfrega seu sexo grosso em
minha grutinha.

- Quero que você relaxe e sinta o quanto te desejo. – Sussurra em meu


ouvido, me fazendo arrepiar por antecipação.
Ele pega minha perna e a coloca em sua cintura para ter mais contato
e, automaticamente, as enlaço em seu quadril.

- Vou com todo cuidado para não te machucar. - Concordei com a


cabeça, não tinha palavras nesse momento.
Na verdade, ainda não estou acreditando no que está acontecendo,
parece um sonho.
E, com toda gentileza, ele começa a deslizar para dentro de mim. A
sensação é de dor e prazer ao mesmo tempo. Ele força e entra com tudo! No
começo foi incômodo e Hector fica um tempo parado, esperando que eu me
acostume com seu tamanho e, aos poucos, começa a se movimentar fazendo
movimentos de vai e vem, no começo foi lento e depois ele foi acelerando
cada vez mais.

Cada vez que ele movimentava, eu pedia mais, a sensação de dor e


prazer é maravilhosa! Meu corpo começa a formigar, minhas pernas estão
tremendo.

- Que bocetinha gostosa que você tem, Sophie! Ela é daquelas que
viciam e quanto mais se tem, mais quer. – Ele solta um rugido gutural de
prazer.
Hector me beija como um faminto e me devora por completo! Seguro
seu bumbum gostoso para ter mais contato.

Solto um gemido de prazer, entre beijos, e começo a gozar como


louca, apertando meu sexo ao seu. Ele dá mais duas bombadas e solta seu
prazer dentro de mim.

Hector continua dentro de mim, tentando se acalmar. Nossas


respirações estão aceleradas. Meu coração parece que vai sair pela boca. Ele
retira seu membro e me puxa para deitar minha cabeça em seu peito. Ele fica
alisando meu cabelo sem dizer nada, até que ouço sua respiração pesada,
então vejo que está dormindo.

Levanto minha cabeça e fico lhe observando. Espero muito que ele
não se arrependa dessa noite maravilhosa… Passo a mão em seu rosto e o
beijo, deito minha cabeça em seu pescoço e o aperto contra mim.
- Eu te amo Hector! – Fecho meus olhos e começo a chorar de tanta
alegria.

Ouço seu telefone bipar no bolso da calça, é uma mensagem, levanto


para ler e vejo que é da Elena. Hum! Agora é a hora de mostrar quem é que
manda no pedaço. Solto um sorriso de vitória e respondo sua mensagem.
CAPÍTULO 20
Acordei da melhor maneira possível nos braços do meu amado.
Sempre que dormíamos juntos ao acordar nunca o encontrava na cama e só
ficava com seu cheiro em meu travesseiro. No entanto, hoje acordei com ele
ao meu lado.

Tento tirar seu braço ao meu redor para ir ao banheiro.


- Sophie! - Ele sussurra meu nome e me puxa ainda mais ao seu
encontro. Fico admirando-o, ele ainda está em um sono pesado!
Ainda bem que meus pais não estão em casa! Dou um beijo em seus
lábios e me levanto doida para ir ao banheiro, aproveito e tomo um banho.

Vou fazer um café da manhã reforçado para nós dois.


Ao abrir a porta levo um susto! Hector está na porta do banheiro com
uma toalha enrolada em sua cintura me olhando com cara de poucos amigos.

Será que ele não se lembra do que aconteceu? Estará arrependido?


Meu corpo todo gela por antecipação.

Ele me puxa para dentro do banheiro com brutalidade me encosta na


parede e fecha a porta.

- Por que você disse para Elena que eu estava com você em minha
cama e que eu preferi uma menina a ela? – Ele fala com raiva. – Sophie, às
vezes você me tira do sério, já tinha terminado com ela, não precisava ficar
chutando cachorro morto! Às vezes você é muito maldosa!

Solto uma lágrima involuntária e ele me olha sem entender nada.


Por que você está chorando? – Ele me observa com curiosidade.

- Você não se lembra, não é? – Pergunto decepcionada. Pensei que


quando ele acordasse, ficaria puto da vida por não ter sido como ele queria.
Porém, foi muito pior do que eu esperava, ele não se lembrou de nada!
- O que eu tenho que lembrar? – Pergunta cruzando seus braços.
Decepcionada balanço minha cabeça e não respondo nada. Saio do
banheiro e vou ao seu quarto recolher minhas roupas que deixei em cima da
poltrona.

Assim que me viro, vejo Hector na porta do seu quarto com o rosto em
pânico me observando recolher minhas roupas. Não sei se ele lembrou, ou se,
me vendo recolher minhas roupas, deduziu o que houve entre a gente.

Ele vai como uma bala em direção à cama, puxando o edredom e


expondo o lençol sujo de sangue. Hector olha para o sangue e depois pra
mim. Eu vi em seus olhos uma coisa que eu nunca gostaria de ver:
arrependimento. Meu peito dói tanto! É uma sensação tão ruim que chega a
me faltar ar. Ele sai do quarto sem me dizer nada e bate à porta do banheiro.

Retiro o lençol, arrumo sua cama e deixo tudo organizado. Vou no


meu quarto, coloco um vestido soltinho e levo o lençol para lavar.

Entro na cozinha para fazer o café da manhã. Já nem sei mais o que
pensar. Como sou idiota! Achei que ele fosse acordar e se lembrar de tudo e
até me amaria muito mais, depois da nossa noite de amor.

Sinto seu cheiro quando ele entra na cozinha, continuo virada de


costas colocando o café na xícara. Meu corpo arrepia ao sentir suas mãos
tocarem meus ombros.
- Sophie? – Hector me vira de frente pra ele. Olho em seu rosto e vejo
que seus olhos estão vermelhos e a triste realidade me bate de frente: ele
chorou de arrependimento por ter transado comigo.
- Eu estava bêbado e você sabe que só aconteceu isso com a gente… -
Ele diz apontando seu dedo entre nós dois.

- Nós transamos, é isso que você quis dizer! Pode falar! – Ele passa a
mão no rosto angustiado.
- Nós transamos porque eu estava bêbado, Sophie! - Ele segura meus
ombros e me encara. – Sophie, já pensou que transamos sem camisinha?!
Temos que sair e comprar a pílula do dia seguinte, urgente, afinal não se sabe
o que pode acontecer…

- Não precisa se preocupar, não sou tão inconsequente assim! Tomo


anticoncepcional para regular minha menstruação desde os 15 anos de idade.
– O interrompo, não quero mais saber das suas explicações.

Saio do seu aperto e tento sair da cozinha, mas ele puxa meu braço.

- Sophie… – Levanto minha mão para fazê-lo parar de falar.


- Sabe por que nós transamos com você bêbado? – Ele ia responder só
que o interrompo. – Não precisa responder, porque eu já sei a resposta. Você é
um covarde. A diferença é que com a bebida você fez o que há muito tempo
queria, mas não tinha coragem.

- Sophie! – Ele segura meu rosto e limpa uma lágrima que cai
involuntariamente. - Não sou covarde! Eu só queria que nossa primeira vez
fosse especial! Eu te amo tanto! Queria que você lembrasse desse dia com
carinho, não queria que fosse comigo bêbado, doido para satisfazer meus
instintos masculinos que estavam reprimidos!
- Para mim foi especial e nunca vou esquecer! Sabe por quê? Porque
foi com você, o homem da minha vida, aquele que tanto amo!
- Me desculpa se fui grosso ou se te machuquei, sou um idiota mesmo!
Você deve estar chateada com minha reação, mas é porque não me lembrava
de nada e, quando percebi, fiquei apavorado!

Eu o abraço forte, como se minha vida dependesse disso, e ele retribui


me abraçando e colocando sua cabeça entre meus cabelos, sentindo meu
cheiro, beijando meu pescoço, maxilar e, finalmente, minha boca. O beijo é
tão faminto, tão necessitado! Eu preciso disso, dessa necessidade e
intensidade para saber que ele está na mesma sintonia que eu, que ele me
deseja tanto quanto o desejo.

Ele me senta em cima da mesa.


- Você se arrependeu do que fizemos?
- Estou arrependido de não me lembrar de tudo, mas o que consigo
lembrar me deixa ainda mais louco por você! - Ele ri, e eu me mantenho séria.

- Então, por que você está com os olhos vermelhos?


- Não sei como você aguenta um cara tão idiota como eu! A julguei e
te chamei de maldosa, antes mesmo de saber o que estava acontecendo.
Aquela víbora me disse vários absurdos e acabei acreditando. Quando
terminei de te dizer todas aquelas asneiras e fui para o banheiro, coloquei
minha mente para funcionar e fui ver o que realmente estava acontecendo e
foi aí que percebi que ela mentiu pra mim… Sophie! - Ele acaricia meu rosto
com admiração. - Não chorei por ter me arrependido de ter feito amor com
você, chorei por ter sido tão duro com você, depois de termos feito amor.

- Por que você chegou tão bêbado? -

- Fui comemorar minha liberdade com Pedrão e Felipe e passei do


limite. - Ele sorri e dá de ombros…

- Hum, sei! - Cruzo meus braços. - Nessa comemoração tinha alguma


mulher? - Pergunto brincando.
- Tinha algumas mulheres no barzinho, mas nenhuma chega aos pés da
minha namorada gostosa que estava me esperando para cuidar de mim. Só
tenho olhos pra você, minha diabinha!
- Espero que sim!

- Sou todo seu, meu amor! - Ele fala me apertando em seu corpo e me
beijando.
Quando o clima começa a esquentar, a campainha toca.

- Você está esperando por alguém, Hector?


- Tinha esquecido! – Ele diz batendo com a mão na testa. - Combinei
com nossos amigos de irmos almoçar fora e depois fazermos Stand Up, no
Lago Paranoá.
Fomos felizes nos encontrar com nossos amigos, tivemos uma tarde
maravilhosa. Hector assumiu nosso relacionamento e todos deram a maior
força, até Felipe que é primo da Elena! Achei maneiro da parte dele.

O mais animado foi o Pedrão que disse que não aguentava mais as
lamentações do amigo. Achei legal, mas estranho ao mesmo tempo, eles não
se surpreenderam é como se eles já soubessem do que estava acontecendo
entre a gente.

Andamos de mãos dadas sem culpa ou peso na consciência.


Concordamos que tudo terá seu momento certo.

- Finalmente!!! - Samanta grita e me abraça, assim que nos afastamos


dos garotos. - Como Hector é cabeça dura!

- Eu nem acredito que eles terminaram. - Suspiro ao declarar.

- Demorou! Sinceramente eu só consigo aturá-la porque ela é prima do


Felipe e os dois são amigos de infância. Você sabe que ela vai para meu
casamento!

- Não tem problema! Ela mantendo suas garras longe do meu


“namorado” - Dou ênfase ao namorado. - Ela pode ir aonde quiser!

O importante é que estamos juntos e não iremos nos abalar por


qualquer coisa.
BÔNUS HECTOR
Fui morar com meu irmão para me sentir menos solitário, passei
minha vida quase toda praticamente com minha mãe, tirando os funcionários
da fazenda.

Cuidei dela até seu último suspiro. Após sua morte deixei o curso de
medicina veterinária e decidi mudar o rumo da minha vida e não houve nada
que me impedisse de ir embora, então fui morar com meu irmão e troquei de
faculdade e curso. Estou fazendo Direito e trabalho em uma empresa de
publicidade e propaganda, que é cliente do meu irmão em sua firma de
advocacia. Ele organizou toda minha vinda, viu emprego e faculdade pra
mim.

Ir para Brasília foi fácil, pois não tinha nada, nem ninguém que me
prendesse no interior de Goiás. Nunca tive namorada, somente casos de uma
noite. Nunca gostei realmente de nenhuma mulher a ponto de fazer tudo por
ela, até conhecer minha sobrinha!

Vocês são testemunhas do quanto tentei tirá-la da minha cabeça, do


meu coração, porém todas as tentativas foram inúteis.
Quanto mais lutei contra esse amor, mais ele tomou conta de mim se
enraizando em minha alma. Se for pecado amar assim, eu peço perdão a Deus
todos os dias, porém não consigo controlar meus sentimentos, nem a vontade
de estar com Sophie, de sentir seu corpo, seu cheiro, sua boca e suas mãos me
acariciando. Eu preciso dela, como preciso do ar para respirar!
Às vezes acho que perdi a razão, pois só escuto a voz do coração e ele
me diz que Sophie é meu grande amor, que sem ela não saberei viver. Talvez
nossa família ao descobrir vá ficar contra a gente, mas nós vamos conseguir
superar os obstáculos e lutar contra tudo e todos para viver nosso grande amor
proibido.
Ao tentar afastar Sophie de mim, fiz muita burrada e a machuquei com
atos e palavras, mas a maior de todas foi começar um namoro para tentar
mantê-la longe de mim. Agora não estou sabendo lidar com essa situação,
quando decidi lutar por esse amor, meus atos tiveram consequências que
ainda não consegui resolver e quase a perdi por isso, quase! Porque agora
jamais vou deixar isso acontecer.

Passamos uma tarde animada, como um casal normal de namorados,


mas como nem tudo são flores sinto meu celular bipar com uma mensagem,
pensei que fosse Pedrão, mas infelizmente não era.

Elena - “Estou na frente da sua casa, onde você está Hector? Cheguei
agora e vim direto do aeroporto pra te ver!”

Ao ler a mensagem murcho na hora e vejo expectativa nos olhos da


Sophie.

Hector - “Estou longe de casa e não vou chegar agora, então vai para
casa que mais tarde estarei lá”.

Não quero que Elena encontre Sophie e muito menos, atrapalhe o


clima maravilhoso entre a gente.
Elena- “Então me fala onde está! Você não atendeu minhas ligações,
preciso te ver meu amor! Me diz onde está que vou até você”.
Que mulher chata e grudenta do caralho!

Hector - “Elena, vai pra casa e me espera lá! Se eu chegar e você


estiver me esperando em frente minha casa, vou te ignorar, então, por favor, é
melhor você descansar e me esperar”.
Sua resposta vem rapidamente!

Elena - “Tudo bem! Estarei te esperando em casa”.


Vejo o olhar triste da Sophie, ela me pergunta se é Elena nas
mensagens, a única coisa que eu quero é mostrar para minha diabinha que
Elena é carta fora do baralho, e que ela é a mulher da minha vida.

- Sophie, olha pra mim! - Quero que ela veja em meus olhos, minha
determinação de lutar por ela e acabar com essa palhaça de namoro que nem
devia ter começado. - Vou na casa dela para terminar essa palhaçada. – Falo
determinado. - E depois disso você será minha! Nunca mais deixarei você.
Enfrentarei a tudo e a todos para ficarmos juntos.

Beijo minha amada com possessividade.

Ficamos namorando mais um pouco e depois a deixei em casa com a


promessa de voltar solteiro e todinho dela.

Chego ao prédio que Elena mora, ela divide o apartamento com uma
amiga. Queria que tudo se resolvesse sem que precisasse magoá-la, mas,
infelizmente, não tem jeito, já enrolei demais com essa história e isso está
ficando insustentável.

Toco a campainha e espero, ela abre a porta rapidamente.

- Oi, meu amor. - Elena fala animada e tenta me dar um beijo, só que
me afasto.

Elena trabalha na mesma empresa que eu, mas em outro andar. Eu a


conheci através do Felipe, que é seu primo. Ele juntamente com Pedrão
trabalham comigo na mesma empresa e no mesmo andar. Desde que a
conheci, ela investiu pesado para tentar me conquistar, mas nunca senti nada
por ela, só comecei a namorá-la para tentar esquecer a Sophie. Errei feio,
arrastei esse namoro fadado ao fracasso por meses, mas agora chegou a hora
de tentar consertar meus erros.

- Eu vim aqui para conversarmos. - Vou direto ao ponto.


- Então entra. - Ela segura minha mão e me leva até o sofá. - Estava
morrendo de saudade! - Elena senta em meu colo e se esfrega em mim. Antes
sentia somente tesão e agora a única coisa que sinto é repulsa.

Quando me acertei com Sophie, e ainda estava namorando Elena, eu e


ela transamos somente uma vez e quase não consegui fazer com que meu pau
levantasse, tive que fazer um esforço tremendo. Já com Sophie é somente ela
olhar para mim que ele bate continência.
- Eu vim aqui para conversar com você e não para transar. – Falo rude e
a tiro do meu colo. - Sei que você não vai encarar minha decisão da melhor
forma, mas não dá para continuarmos nesse relacionamento.

- É por causa da Sophie, não é? - Ela me pergunta desesperada.

- Não é por causa de ninguém. Adiar este passo seria prolongar um


namoro que não tem salvação e acabaríamos sofrendo de outro jeito.

- Você pensa que sou idiota, Hector? Vejo o jeito que você baba por ela,
vejo o jeito que ela te manipula para nos afastar.

- Elena, estou dando um ponto final em nosso relacionamento, não por


ninguém, e sim por mim! Não sinto nada por você, então porque vou insistir
em um relacionamento que não terá futuro! - Passo as mãos no rosto exausto.

Já previa que a conversa iria ser difícil.

Por mais que se tente encontrar um jeito de minimizar a dor, todas as


palavras são cruéis quando tem de colocar um ponto final em um namoro.
Separação sempre causa mágoa…

Antes magoar Elena do que ficar magoando Sophie consecutivamente!


Magoei demais ela e agora pretendo fazê-la feliz para concertar minhas
cagadas.

Só sei que a única coisa que mais quero é ficar com minha diabinha!
- Raciocina, Hector! Você está terminando comigo por causa de uma
adolescente. - Ela segura meu rosto. - Adolescentes não sabem o que querem
da vida! Eles gostam de desafio! Tenho sobrinhos adolescentes e sei como é.
Você acha mesmo, que vai dar certo com ela? Acha que ela não se cansará de
você? Não basta ela ser adolescente, também é sua sobrinha, filha do seu
irmão! Pense, na decepção que irá causar a seu irmão! Ele nunca o perdoará,
pense nisso. Você fará esse esforço em vão, você vai perder seus irmãos, pois
tanto Sônia, quanto Heitor não vão te perdoar!
- Já falei que não é pela Sophie! Não tenho nada com ela. - Não quero
afirmar nada para Elena, não sei o que essa doida é capaz de fazer! Ela pode
contar pro meu irmão e isso não pode acontecer!
- Quer saber! Seja infeliz, seu idiota! Mas antes de você sair correndo
atrás daquela fedelha, vou falar o que todo mundo sabe e não quer te
contar… A Sophie estava bêbada em uma festa e ficou com Pedrão. - Ela fala
e depois ri debochada. – Me disseram que os dois estavam bêbados, se
agarrando perto do banheiro. Quem sabe foi à bebida que falou mais alto! -
Ela dá de ombros com indiferença. – Deve ser por isso que não contaram para
você.

- Isso é mentira! - Cuspo as palavras, fico cego de ódio e a seguro pelo


braço com força.

- Você está me machucando seu idiota! Não preciso mentir, todos na


festa viram! - Ela puxa seu braço do meu aperto e abre a porta. - No dia que
você quebrar a cara com aquela fedelha sem coração, estarei aqui te
esperando.

Saio sem olhar para trás, a única coisa que quero é tirar satisfação com
Pedrão! Não acredito que isso tenha acontecido! Não é possível que ele tenha
me apunhalado desse jeito pelas costas.

Passo uma mensagem para ele.

Hector - “E aí cara, onde você está? ”


Ele rapidamente me responde;

Pedrão - “Estou me vestindo pra ir ao barzinho com Felipe e os caras,


te liguei, mas você não atendeu! ”
Vou para esse barzinho também!

Hector - “Vocês vão para onde? ”


Pedrão - “Garota carioca. Você vai também, meu camarada? ”

Não penso duas vezes e repondo que vou para lá me encontrar com eles.
Chego primeiro e já bebo uma doze de tequila para relaxar meu corpo, depois
peço uma torre de Chopp pra esperar pelos caras.
Felipe chega com mais dois colegas nosso Rodrigo e Roberto e eu já
estava terminando a torre de Chopp.

- E aí, Hector! Está a fim de beber hem! Pois já está acabando com uma
torre de Chopp sozinho. - Felipe comenta enquanto nos cumprimentamos.
Somente quando levanto, foi que percebi que passei dos limites.

- Cadê o Pedrão?

- Está no estacionamento, acabou de chegar. - Felipe responde meio


receoso por eu estar nervoso.

Vou ao estacionamento me encontrar com aquele traíra.


- Por que você foi fura olho comigo, Pedrão? - Pego meio desajeitado
na gola da sua camisa.

- Tá ficando doido, Hector! Do que você está falando? - Ele me


empurra, bato em um carro, me desequilibro e caio.

- Ei caras, o que está acontecendo? - Felipe vem correndo. E me ajuda a


levantar.

- Esse fura olho beijou minha mulher! - Falo furioso querendo socá-lo,
apesar de não estar dando conta de nada.

- Como que ele beijou sua mulher! Ela não está viajando? - Rodrigo
pergunta confuso.
- Eu não beijei a Sophie! Eu só a ajudei quando ela precisou, porque o
idiota por quem ela é apaixonada não estava lá por ela! - Ele me acusa
querendo avançar em mim, mas os caras não permitem.
- Sophie? – Ricardo pergunta confuso.

- Quem foi que te contou isso? - Felipe me pergunta querendo apaziguar


a confusão que se instalou.
- Foi Elena que me contou…

- Já imaginava que tivesse o dedo da minha prima nisso! - Felipe fala


entre dentes. - Ela ficou sabendo que a Sophie dormiu na casa do Pedrão,
então ela decidiu fazer essa intriga.

- Deixa, Felipe! É bom que esse idiota veja que pode perder a Sophie
por covardia e por sua própria babaquice. - Pedrão cospe as palavras com
ódio. - Se você não fosse tão orgulhoso, nada disso estaria acontecendo.
Sinceramente, Hector, você não sabe a mulher maravilhosa e sexy que tem ao
seu lado, fica de frescura por ela ser sua sobrinha como se isso fosse o fim do
mundo. Cresce cara! Dá um foda-se pra todo mundo e assume que ama essa
mulher e vai ser feliz!

- Desculpa, cara! - Fico sem reação pelo que ele me fala. Saio de perto
deles e vou para meu carro.

- Pra onde você vai? - Pedrão me segue.

- Vou para casa, vou contar pra Sophie que terminei com aquela vadia
da Elena!

- Por que você não entra e esfria um pouco a cabeça, antes de voltar
para casa?
- Desculpa cara. Elena me disse com tanta convicção que fiquei cego
de ciúmes.
- A Sophie te ama! Realmente me viram abraçando ela. Sophie estava
no corredor do banheiro chorando por não conseguir parar de pensar em você
mesmo na festa, ela estava bêbada e sofrendo, eu dei meu ombro amigo e
cuidei de uma amiga. Foi isso que aconteceu!
Abraço Pedrão pedindo desculpa pela minha babaquice, essa vaca.
Não presta, bem que a Sophie tentou abrir meus olhos em relação a ela.

- Ei! Vamos parar com esse momento gay, que isso pega mal. – Felipe
nos separa e entramos de novo no barzinho.
Bebi e comemorei minha liberdade e combinamos de nos encontrar com
as namoradas logo pela manhã, deixei minha chave do carro com Felipe, que
disse que ia em casa buscar Sophie e eu para fazermos um passeio de casal.
Apesar de estar trebado, achei bom, precisava me distrair e respirar
um pouco de ar, antes de voltar pra casa todinho da Sophie e somente dela!

Quase todos estamos bêbados, só Felipe ficou sóbrio, pois está sendo “o
amigo da vez”.

- Caraca, irmão! Não acredito que você esteja pegando a gostosa da sua
sobrinha, estou falando com todo respeito é claro. - Roberto comenta.

- Não estou somente pegando, eu amo a Sophie e pretendo ficar com


ela, falo com toda convicção, apesar da minha embriaguez.

Estou alegre e já não consigo raciocinar.

Acordo com uma puta dor de cabeça do caralho e com um barulho


insuportável, vejo que é meu celular que está tocando incessantemente e o
pego na cabeceira da cama para atendê-lo.
- Alô! - Atendo com a voz ainda grogue pelo efeito da bebida e o sono.

- Por que você fez isso comigo, Hector? - Elena está chorando
desesperada no telefone. O que você fez foi pedofilia e, pior que isso, é
incesto.
- Não estou entendendo o que você quer dizer Elena! - Falo rude e sem
um pingo de paciência com ela.

- Sophie me passou uma mensagem para esfregar em minha cara que


está com você! Que você terminou comigo para ficar com ela, ela é tão má
que fez questão de tripudiar em cima dos meus sentimentos, me mostrando
que você saiu daqui de casa e foi para seus braços e para sua cama transando
com ela o resto da noite.

Ao ouvir isso meu sangue ferve e o restante de álcool que ainda existia
em minha corrente sanguínea evapora.
Desligo o telefone na cara dela e ao me levantar vejo que estou pelado,
será que foi a Sophie quem tirou minha roupa? Um frio nada bom percorre
minha espinha, tenho que descobrir o que está acontecendo.
Vejo Sophie saindo do banheiro, não penso duas vezes e a puxo para
dentro dele, a encosto na parede e fecho a porta.
- Por que você disse para Elena que eu estava com você na minha
cama? – Falo com raiva! – Sophie, às vezes você me tira do sério. Já terminei
com ela, não precisava ficar chutando cachorro morto! Às vezes você é muito
maldosa!

Ela solta uma lágrima, no canto do olho e vejo decepção em seu olhar.
– Observo-a sem entender nada. Ela não ficou surpresa quando falei que tinha
terminado com Elena, será que eu tinha falado para ela e não me lembro?

Por que você está chorando? – A questiono com curiosidade, quero


entender o que está acontecendo.

- Você não se lembra, não é? – Sophie pergunta decepcionada.

- O que eu tenho que me lembrar? – Pergunto cruzando meus braços,


quero que ela me explique o que está acontecendo.

Sophie balança a cabeça e não responde nada. Sai do banheiro e vai


para meu quarto.

Vou atrás dela e fico na porta, vejo que ela está recolhendo suas
roupas na poltrona. Fico apavorado, não quero nem imaginar o que aconteceu
nesse quarto, vou como uma bala em direção à cama, puxo o edredom e vejo
o lençol sujo de sangue. Olho para o sangue e depois pra ela.
Não acredito que fiz isso e não me lembro de nada! Não queria que
fosse assim, queria que fosse uma noite especial e romântica, ela merece tudo
de melhor e nada menos que isso.

Saio do quarto sem dizer uma só palavra e vou para o banheiro. Sento
no vaso tentando puxar na memória o que houve na noite passada.
Lembro que Felipe me deixou na porta de casa abrindo-a para mim,
pois não conseguia. Ele ficou com a chave do carro, não consegui subir as
escadas e foi aí que a Sophie apareceu, cuidou de mim e eu pedi para ela ser
minha e ela, mesmo sabendo que eu estava bêbado, satisfez minha vontade.

Não me lembro de tudo, mas de alguns flashes que vêm a minha


cabeça. Minha noite foi maravilhosa, não como esperava, mais foi
maravilhosa por estar com ela.

Não estou entendendo! Como Elena descobriu? A Sophie não tem seu
número. Vasculho meu celular e vejo uma mensagem da Elena para mim e foi
aí que descobri o tanto que Elena é falsa e dissimulada.

Elena - “Onde você está, Hector? Minha amiga te viu no barzinho,


estou aqui e não te vejo. Vamos conversar, você está bêbado, me deixa cuidar
de você!”

Sophie - “Não precisa se preocupar, ele está comigo, que sou sua
família, e cuidarei muito bem dele”.

Elena - “Você é uma vadiazinha dissimulada, vai pensando que você


vai ficar com ele, o Hector não vai ser feliz ao seu lado, você é sua sobrinha e
isso é incesto! ”.
Sophie - “Larga de ser despeitada e vai à merda sua cadela
ordinária”.
Vejo que Sophie respondeu e não foi nada demais! Aquela vadia
conseguiu me jogar de novo contra Sophie, como sou idiota!

Coloco a mão na cabeça e não sei o que fazer para consertar mais essa
burrada!
Vou para o chuveiro tomar um banho gelado para tirar a ressaca e a
dor que estou sentindo por mais uma vez tê-la decepcionado. Deixo a água
escorrer e carregar minha ressaca e minhas lágrimas de arrependimento.
Tenho que compensá-la de alguma forma.
Entro na cozinha e a vejo fazendo nosso café da manhã. Toco seu
ombro, doido para enterrar meu rosto em seus cabelos e sentir seu cheiro que
me acalma.
- Sophie? – A chamo virando-a de frente pra mim. Olho em seu rosto e
vejo seu olhar triste, como vou começar a me desculpar com ela? Sou um
filho da puta ordinário, mais uma vez a fiz sofrer! - Eu estava bêbado e você
sabe que só aconteceu isso com a gente… - Digo apontando meu dedo entre a
gente. Não sei como vou falar que fui inconsequente ao ponto de transarmos
sem camisinha e ela pode estar sujeita a engravidar na sua primeira vez.

- Nós transamos, é isso que você quis dizer! Pode falar! – Ela fala com
sarcasmo! Passo a mão no rosto angustiado.

- Nós transamos porque eu estava bêbado, Sophie! - Seguro seus


ombros e ela me encara. – Sophie, já pensou que transamos sem camisinha?!
Temos que sair e comprar a pílula do dia seguinte, urgente, afinal não se sabe
o que pode acontecer…

- Não precisa se preocupar, não sou tão inconsequente assim! Tomo


anticoncepcional para regular minha menstruação desde os 15 anos de idade.
– Ela me interrompe, sai dos meus braços e tenta sair da cozinha, mas não
deixo e a puxo pelo braço.

- Sophie… – Ela levanta a mão me impedindo de falar.

- Sabe por que nós transamos com você bêbado? – Eu ia responder, só


que ela não deixou. – Não precisa responder, porque eu já sei a resposta. Você
é um covarde, a diferença é que a bebida fez você fazer o que há muito tempo
queria, mas não tinha coragem.
- Sophie! – Seguro seu rosto e limpo uma lágrima que cai. - Não sou
covarde! Eu só queria que nossa primeira vez fosse especial! Eu te amo tanto!
Queria que você lembrasse desse dia, com carinho, não queria que fosse
comigo bêbado, doido para satisfazer meus instintos masculinos que estavam
reprimidos! - Tento me explicar.
- Para mim foi especial e nunca vou esquecer! Sabe por quê? Porque
foi com você, o homem da minha vida, aquele que tanto amo! - O que ela diz
me emociona, apesar de todas as cagadas que fiz, ela me ama.
- Me desculpe se fui grosso ou se te machuquei, sou um idiota mesmo!
Você deve está chateada com minha reação, mas é porque não me lembrava
de nada e, quando caí em mim, fiquei apavorado! - Tento me justificar.

Ela me abraça forte e eu retribuo abraçando-a, e coloco minha cabeça


entre seus cabelos para sentir seu cheiro, beijo seu pescoço, maxilar e,
finalmente, sua boca que estava sedento de saudade. O beijo é tão faminto,
tão necessitado! Eu preciso disso, desse desejo insano que temos um pelo
outro.

Pego sua perna e a levanto pela sua bunda maravilhosa, entrelaço suas
pernas em minha cintura e a sento em cima da mesa. Meu pau está latejando
de vontade de estar dentro dela, ele baba de ansiedade por minha diabinha.

- Você se arrependeu do que fizemos? Ela está insegura e isso tudo é


minha culpa.
- Estou arrependido de não me lembrar de tudo, mas o que consigo
lembrar me deixa ainda mais louco por você! - Começo a rir, e ela se mantém
séria.

- Então, por que você está com os olhos vermelhos?

- Não sei como você aguenta um cara tão idiota como eu! Julguei você
e te chamei de maldosa, antes mesmo de saber o que estava acontecendo.
Aquela víbora me disse vários absurdos e acabei acreditando. Quando
terminei de te falar todas aquelas asneiras e fui pro banheiro, coloquei minha
mente para funcionar e fui ver o que realmente estava acontecendo, foi aí que
vi que ela mentiu pra mim… Sophie! - Acaricio seu rosto com admiração. -
Não chorei por arrependimento de ter feito amor com você, chorei por ter sido
tão duro.

- Por que você chegou tão bêbado? -


- Fui comemorar minha liberdade com Pedrão e Felipe, passei do
limite. - Sorrio e dou de ombros, não quero entrar em detalhes com ela, não
quero que ela saiba o completo idiota que sou.
- Hum… sei! - Ela cruza os braços. - Nessa comemoração tinha
alguma mulher? - Ela pergunta brincando.

- Tinha algumas mulheres no barzinho, mas nenhuma chega aos pés da


minha namorada gostosa que estava me esperando para cuidar de mim. Só
tenho olhos pra você, minha diabinha!

- Espero que sim!

- Sou todo seu, meu amor! - Falo apertando seu corpo delicioso junto
ao meu e beijo seu queixo e pescoço. Ela começa a se contorcer de desejo!

Quando o clima começa a esquentar, a campainha toca e nos faz parar.


- Você está esperando por alguém, Hector? - Sophie pergunta
preocupada.

- Tinha esquecido! – Digo batendo com a mão em minha testa. -


Combinei com nossos amigos de irmos almoçar fora e depois fazermos Stand
Up, no Lago Paranoá. - Explico tudo para ela, já arrependido.

A única coisa que eu quero nesse momento é estar dentro da minha


mulher e dessa vez quero me lembrar de tudo.

























CAPÍTULO 21
Por várias vezes me perguntei o que era o amor? Mas nunca encontrei
uma resposta para satisfazer a essa pergunta, até o momento que comecei a
senti-lo de verdade.
Digamos que no começo a sensação não foi das melhores por diversos
fatores, porém aprendi com essa história a ser otimista, aprendi que não
importa o que for, se você quiser uma coisa tem que correr atrás! Quando as
coisas dão certo todos falam que é o destino.

Destino? Existe, sim! Foi o destino que trouxe Hector pra mim!
Acredito também que Deus mexeu seus pauzinhos lá em cima. Se não fosse
dessa forma, como tudo isso aconteceria?

Todos dizem que sentimento e razão são coisas que não podem andar
juntas e isso é verdade, se tivéssemos agido com a razão, creio que nem um
mísero beijo haveria acontecido entre a gente.
Essas semanas estão sendo as melhores, estou ajudando Samanta com
as preparações finais do casamento, esqueci totalmente que Elena existe, ela
nunca mais deu sinal de vida, que eu saiba.
- Sei que você também é madrinha e quando for receber sua
lembrancinha não vai ficar surpresa, mas queria muito que você me ajudasse a
escolher! – Samanta levanta duas lembrancinhas para eu escolher qual a que
mais gostei! Estamos no Taguacenter, um centro comercial que fica em
Taguatinga, onde tem de tudo no atacado.
- Amei as duas, é complicado escolher… – Ela mostra duas caixas de
madeira com modelos diferentes e as duas são lindas. – Sinceramente, a que
você escolher vai agradar a todos, pois as duas são lindas.

- Terminaram? – Felipe pergunta, enquanto Hector espera ansioso pela


nossa resposta.

Tenho certeza que está acontecendo alguma coisa, ele está estranho.

- Terminamos, sim. - Samanta responde indo em direção ao caixa,


Hector e eu esperamos do lado de fora da loja, pois aqui no Taguacenter as
lojas são sempre cheias, principalmente nos sábados.

Almoçamos juntos, depois fomos para o apartamento do Felipe e da


Samanta, ele está praticamente mobiliado, esperando seus futuros moradores.

- Quero jantar em nosso ninho de amor. – Hector fala enquanto


estamos ajudando nossos amigos a retirar tudo do carro e me dá um beijo na
ponta do nariz.

- Vamos embora assim que terminarmos! – Respondo animada para


ficar com meu titio gostosão a sós.
Pela primeira vez vamos dormir juntos a noite toda, sem bebedeira,
sem medo de sermos pegos e se Deus quiser, sem nenhum imprevisto.

Quero acordar ao seu lado, sentindo seus braços me protegendo.


Ficamos mais um pouco na companhia dos nossos amigos, depois
fomos embora. Hector está ansioso e com o celular sempre à mão. Será que
Elena está perturbando ele de novo? Fico apreensiva e não consigo trocar
mais uma palavra com ele.
- Por que você ficou séria de repente? – Ele pergunta sem tirar os
olhos do trânsito.
- Nada! Você está concentrado e não quero te atrapalhar. – Invento
uma desculpa para não cortar nosso clima que está maravilhoso.

Hector abre o apartamento e sinto um cheiro agradável, olho ao redor


e vejo velas aromáticas e vasos de flores espalhados por toda sala, e na
mesinha de centro está uma barca de sushi. Tem um tapete com várias
almofadas tornando o clima ainda mais agradável, a sala está totalmente
preparada para uma noite romântica de amor.

Viro-me para olhá-lo e pulo em pescoço, entrelaço minhas pernas em


sua cintura, assaltando sua boca com um beijo de agradecimento.

- Te amo, te amo, te amo… – Encho seu rosto de beijos, enquanto ele


caminha comigo para o sofá.

- Também te amo muito! – Ele sussurra com a voz rouca.

Hector me deita e começa passar a mão freneticamente em meu corpo


me fazendo carícias, minha pele arrepia, me fazendo soltar o primeiro mel de
excitação. Agora entendo o porquê de Samanta ter me dado um conjunto sexy
de lingerie.

- Preciso ir ao banheiro. – Peço doida para tirar sua roupa, mas tudo
tem seu tempo, preciso enlouquecer meu gostosão.
Tomo um banho e me arrumo toda, ainda bem que trouxe meus
produtos de higiene pessoal. Preciso agradecer Samanta pelo presente, ela
pensou em tudo, até no robe transparente.

Chego na sala e vejo Hector já de banho tomado e deitado no sofá,


com uma camisa branca com alguns botões abertos e uma sexy boxer branca.
Coloco uma música ambiente, amo The Weekend - Earned It.

Ele ouve a música e senta, apareço de frente para ele. Hector estava
bebendo uma cerveja e deixa cair um pouco em seu peitoral pelo susto de me
ver vestida daquele jeito. Chego perto dele e começo a lamber a bebida do seu
corpo. Ele faz um gesto para me tocar e eu proíbo. Quero deixá-lo louco,
antes de me tocar.

Afasto-me dele e coloco a ponta do meu Scarpin vermelho na sua


ereção que está evidente, viro-me de costas e começo a dançar, retirando meu
robe.

- CARALHO, SOPHIE! Assim eu não aguento. – Ouço Hector gemer


em meio às palavras.

Ao começar a baixar uma das alças do meu corpete, sinto sua mão
passear pelo meu ventre, não vejo seu rosto, pois ainda estou de costas para
ele, que encaixa meu bumbum em sua ereção, se esfregando nela.

- Quero sentir sua pele sem nada a envolvendo, minha diabinha! – Ele
coloca meu cabelo de lado e começa a beijar meu pescoço enquanto
desabotoa os dois primeiros botões do meu corpete, deixando meus seios
expostos, ele aperta o bico, me fazendo soltar um gemido de prazer. – Isso!
Libera tudo, pois hoje quero senti-la por inteira, sem barreira alguma.

Hector termina de retirar meu corpete e vai descendo sua mão


maravilhosa até minha “amiga perseguida”, que está piscando de alegria. Ele
invade minha calcinha, enfiando um dedo.
- Você está tão molhada pra mim, meu amor. – Ele lambe o lóbulo da
minha orelha, assim que termina de falar.

Hector me vira de frente para ele, pega minha mão e coloca em cima
de sua ereção. – Veja o quanto você mexe comigo, Sophie! Fico louco de
tesão só de te ver.
Massageio seu sexo e enfio minha mão em sua cueca e solto seu
mastro de Deus Ébano e continuo massageando-o sentindo sua excitação em
minha mão. Ele me joga no sofá, retira minha calcinha e abre minhas pernas,
me expondo completamente.
- Você é linda por inteira! – Após dizer isso, ele beija, lambe e morde
com todo cuidado, usa e abusa da minha amiga até eu não aguentar mais e
liberar me prazer, puxo seu cabelo e arranho suas costas em êxtase.

- Não sabia que minha diabinha é uma gata selvagem!

Ele se levanta, termina de retirar sua cueca e camisa ficando


totalmente nu. Ele senta no sofá e me senta em seu colo, de frente para ele,
com minhas pernas abertas, Hector passa as mãos em minha nuca, juntando
meus cabelos com uma mão e beija minha boca, nossos sabores se misturam,
ele saboreia meus lábios, queixo e pescoço, até chegar aos meus seios dando
total atenção a um de cada vez.

- Hector…- Esfrego-me nele misturando nossa excitação e jogo minha


cabeça para trás.

- Fala minha diabinha! – Ele diz enquanto suga um dos meus seios.

- Preciso de você dentro de mim, por favor! – Ele para e me observa


com seus lindos olhos azuis.

- Tudo que você quiser! – Hector se levanta comigo em seu colo e me


deita de costas nas almofadas, ele abre minhas pernas e me penetra bem
devagar, sua invasão dói, mas não tanto como da primeira vez.
- Nossa! Entrar em você é como atravessar a porta do paraíso! – Ele
morde meu ombro e começa a me penetrar lentamente no começo e
aumentando a velocidade, mas não muito.

Entrelaço minhas pernas em sua cintura para ter mais contato. Hector
continua bombando na mesma velocidade, rebolando e me fazendo sentir seu
mastro por inteiro, a sensação é tão gostosa que gozo novamente, eu quero
mais, muito mais! Arranho suas costas para marcá-lo e mostrar que ele é todo
meu. Hector joga sua cabeça para trás e urra de prazer, me marcando como
dele.

Agora é oficial, estamos juntos e por completo! Sinto-me feliz e em


êxtase! Começo a chorar, não queria estar chorando, só que não consigo parar.
Sei que a vida real não é como nos livros e nas novelas, que depois que o
casal consegue ficar junto, tudo é felicidade, mas se for para atravessar pedras
e obstáculos, quero estar com ele ao meu lado, não fugirei jamais!

- O que foi, meu amor? – Hector pergunta preocupado por me ver


chorando feito uma idiota, sem querer, sempre acabo passando atestado de
adolescente.
- Quando você começou a ficar tenso, pensei que Elena estivesse te
infernizando de novo.

- Por que você pensou isso, meu amor!? Estava uma pilha de nervos,
pois não via a hora de virmos embora e fiquei com medo de você não gostar
da surpresa…

- Como não iria gostar! Você é o melhor namorado do mundo! - Quem


te ajudou? – Pergunto curiosa, enquanto Hector enxuga minhas lágrimas,
beijando todo meu rosto com carinho.

- Foi a namorada do Rodrigo… Sophie! – Ele segura meu rosto. -


Quero que seja sempre sincera comigo, pois para darmos certo temos que ser
honestos um com o outro, te perguntei o que você tinha e você mentiu para
mim.

- Não menti, só não queria estragar nosso dia com minhas


inseguranças em relação à Elena.
- Coloca uma coisa nessa sua cabecinha maravilhosa! – Ele aponta um
dedo em minha cabeça. – Eu nunca gostei da Elena, foi um erro ter começado
a namorá-la. – Ele me abraça forte. – A sua insegurança é culpa minha, fui um
idiota desde o começo, eu não soube lidar com essa situação e te magoei
bastante. Por mais que eu peça mil desculpas, nunca vai ser o suficiente por
todas minhas burradas.
- Vamos esquecer o que aconteceu, só quero me concentrar no agora…
O importante é que estamos juntos!

- Essa minha pirralha está virando mulher! – Ele fala enquanto me faz
cosquinha.
- Para, Hector! - Peço sem fôlego, em meio aos risos.

- Está com fome? – Ele me pergunta com um sorriso lindo no rosto.

- Estou com muita fome! A fome é tão grande que sou capaz de te
morder todinho. – Falo subindo em cima dele, fazendo-o deitar nos
travesseiros.
- Nossa! Não sabia que minha namorada é insaciável! – Ele aperta
meus seios, enquanto massageio seu membro. – Mas tudo tem sua hora, e a
hora agora é de comer! – Ele bate em minha bunda, me levanta, entregando-
me sua camisa enquanto veste sua boxer.

Comemos e namoramos bastante, fomos banhar juntinhos e depois


fomos para cama.

Nossa química se encaixou tanto, só de sentir sua respiração em minha


nuca me arrepio toda. Não consigo ficar com minhas mãos longe dele. Sentir
o calor do seu corpo deixa “minha amiga perseguida” ficar acesa, me viro e
começo a beijá-lo. Fizemos amor lento e calmo, nós dois de mãos dadas
sentimos o prazer mútuo de chegar ao orgasmo ao mesmo tempo, foi uma
sensação fascinante! Entre lençóis, adormecemos exaustos de tanto prazer.
CAPÍTULO 22
Essa semana foi corrida, fiz minhas últimas provas e passei com louvor,
agora vai começar a batalha: vestibular para medicina, não é fácil!

- Pode entrar - Peço, assim que ouço batidas na porta. Não deixei
Hector ver qual vestido vou usar, pois será surpresa, já que ele ficou indeciso
e não me ajudou na escolha.

- UAU! Como você está gata! - Ele segura minha mão e me examina,
me fazendo dar uma rodada.

Estou com um vestido longo e colado, ele é perolado na altura da coxa e


todo coberto com bordado e brilho, mais abaixo vem uma transparência com
mais bordados e brilhos até o pé e com as costas nuas, estou com o cabelo
preso e uma maquiagem leve.

Hector está um espetáculo, usando seu terno e camisa preta com uma
gravata slim perolada. Ele passa a mão de leve no meu rosto e me dá um
selinho casto. A vontade que tenho é de agarrá-lo, mas não posso borrar
minha maquiagem.

Meus pais iam conosco, mas aconteceu um imprevisto na fazenda e


tiveram que ir na sexta-feira à noite para lá. Estou numa pura felicidade, não
por meus pais não estarem aqui, mas por Hector e eu podermos ficar à
vontade.

A igreja está simples e linda, tudo de muito bom gosto. Não ficamos de
mãos dadas e não trocamos carinho para não chamarmos atenção. A
cerimônia foi rápida e bonita.

- Oi, Hector! - Ouço a voz, que menos queria, Elena chega por trás dele
na mesa e lhe dá um abraço.
Ela é uma das madrinhas, só que evitamos ficar próximos dela. Estamos
na mesa com nossos amigos. Hector a cumprimenta todo formal e ela lhe dá
um selinho na boca. Como é ordinária essa cadela! Pedrão, que está ao meu
lado, segura meu braço por debaixo da mesa, eu o olho e ele balança a cabeça
em negativo, me acalmando.

- Oi Sophie! Você ficou até menos criança com esse vestido, apesar de
achar vulgar para sua idade, afinal crianças como você não podem vestir esse
tipo de roupa. - Essa cobra destila seu veneno sorrindo!
- Não estou vendo nenhuma criança aqui, Elena! Acho que você não
está atualizada das coisas. - Pedrão responde com sarcasmo. - Você está linda,
Sophie. - Ele dá um sorriso divertido.

- Desculpa! Esqueci que você e a Sophie tem um casinho romântico, só


esse idiota não percebe! - Ela diz apontando para Hector e antes que
possamos responder, ela se vira e vai embora lançando seu veneno.

Depois disso, Hector fica mal-humorado, o clima ficou estranho e quase


não conversamos mais.

- Você não vai acreditar nisso, não é cara? - Pedrão pergunta baixo, em
um tom que somente eu e Hector conseguimos ouvir.
- Não… - Hector abaixa a cabeça e não fala mais nada.

Vou ao banheiro e na volta vejo que Hector não está na mesa, então
decido procurá-lo. Eles fizeram a recepção no salão de festas do prédio onde
irão morar. Fora do salão tem um jardim muito bonito, vejo Hector em pé
observando o lugar pensativo.

Chego perto dele e o abraço por trás, colocando minhas mãos


entrelaçadas em seu peitoral, sentindo a batida descompassada do seu coração
em minhas mãos.

Ele fica tenso e só relaxa depois que percebe que sou eu, então coloca
suas mãos em cima da minha acariciando-a. Deito a lateral do meu rosto em
suas costas curtindo o momento. Ficamos em um silêncio gostoso e
aconchegante.
- Você sabe que eu te amo, não é Sophie? - Ao falar isso Hector me vira
de frente pra ele.
- Por que você está falando isso? - Pergunto receosa.

- Nossa relação é complicada, não podemos estar juntos de fato curtindo


um ao outro no casamento de nossos amigos, por que tem conhecidos do meu
irmão que é seu pai. - Ele me oferece o braço e eu aceito, andamos mais
pouco nos afastando da iluminação e das pessoas. - É complicado quando se
tem um amor tão sincero como o nosso e temos que esconder de tudo e de
todos.

- Então vamos contar para os meus pais, eles vão entender Hector.

- Não posso Sophie! - Você ainda é menor de idade, tem que ter calma!
– Ele passa sua mão em meu rosto.

- Eu vi que você ficou abalado com o que Elena disse sobre eu e Pedrão,
você sabe que isso é mentira, não sabe?

- É claro que eu sei! - Ele segura minha mão e a beija. - Quero te dar um
presente para você sempre se lembrar de mim. - Ele tira uma caixinha
vermelha de veludo de dentro do bolso da calça e coloca na palma da minha
mão e abre para mim, revelando um anel lindo em formato delicado de uma
chave com pedrinhas adornando. Ele retira da caixinha e coloca na minha
mão. – Sophie, você tem a chave do cadeado que abre a porta do meu
coração. - Hector retira de dentro do outro bolso um cadeado pequeno e
delicado, também coloca o cadeado na minha mão. - Esse é o cadeado que
estará sempre fechado, deixando meu coração guardado para você. - Ele puxa
a correntinha que sempre usa de dentro de seu terno, expondo seu escapulário.
- Abre! - Ele pede.

Coloco a chave no pequeno buraco, abro o cadeado e observo que meu


nome está gravado nele, o fecho na sua corrente e beijo o cadeado. Ele pega o
anel e coloca em meu dedo anelar da mão direita e o beija em seguida, fiquei
impressionada com as peças, elas são de muito bom gosto. - Um dia quero
colocar um anel de noivado em sua mão.
- Nesse dia serei a mulher mais feliz do mundo! - Digo emocionada, o
abraçando forte!

Após ficarmos mais um pouco na festa nos despedimos de todos e


fomos embora. A única coisa que queremos nesse momento é curtirmos um
ao outro sem ninguém por perto.

Chegamos em casa e ele sobe as escadas me carregando no colo até seu


quarto, colocando-me no chão de frente para ele.

Hector retira lentamente meu vestido, desfaz meu penteado e fica me


admirando com olhos apaixonados.

Em seguida retira sua roupa, ficando nu, ele me levanta fazendo eu


entrelaçar minhas pernas em sua cintura, em seguida me coloca na poltrona
com uma perna de cada lado. Se fosse com outra pessoa, estaria morta de
vergonha pela exposição, mas com Hector tudo se torna sensual e fico sem
pudor. Hector me beija cada pedacinho do meu corpo até chegar ao seu
objetivo, ele comprova minha excitação com seus dedos maravilhosos e logo
em seguida os substitui por seu mastro de Deus Ébano.

Solto um gemido alto de prazer e ele se move freneticamente e me


segura pelo bumbum me suspendendo um pouco mais para termos um maior
atrito e esse foi o fim para mim, seu movimento faz meu sexo chocar com o
dele, me fazendo gozar. Logo em seguida, ele consegue sua própria
libertação.
Depois de se recuperar, Hector me carrega para o banheiro, foi um
banho erótico e cheio de mãos por todo lado.

- Amei o anel, ele é lindo! – Falo admirando ele, enquanto estou deitada
em seus braços.
- Ele é o símbolo do nosso amor! – Hector me dá um carinhoso beijo
em minha cabeça.

Ajeito-me em seus braços para vê-lo melhor.


- Já te disse que amo a forma como você sorri, ou que amo a forma
como você arruma seu cabelo rebelde? Já disse que amo a cor dos seus olhos
e a forma como eles me olham? Já disse também que amo a forma como você
me abraça? Em seus braços me sinto amada e protegida do mundo lá fora. Eu
amo tudo que vem de você, eu amo o pacote completo, dos defeitos às
qualidades. – Dou um selinho carinhoso e bagunço seu cabelo.

- Também amo tudo em você! Amo seu jeito de olhar, amo suas
travessuras e inteligência, amo sua alegria e a forma como joga o cabelo
quando está ansiosa, amo sua falta de experiência, seus desejos e malícias,
mas principalmente, amo seu jeito meigo e diferente de ser. Amo tudo que
vem de você! Eu a amo demais minha diabinha!

Essa semana estou indo para escola somente para resolver os últimos
preparativos sobre minha formatura.
Quando estou saindo, não acredito em quem vejo me esperando, ainda
bem que a escola está vazia, pois se essa cadela me provocar não respondo
por mim. Passo por ela para ir ao ponto de ônibus, já que a van está de férias.
- Caso você não saiba, sua vadiazinha, estou aqui para conversar com
você. – Ela fala com a voz carregada de ódio e me puxa pelo braço.

- Não tenho nada pra falar com você! – Eu a olho com deboche.

- Você acha mesmo que vai ficar com seu tio, se enxerga Sophie! Ele é
homem e você uma menina…
- UMA MENINA! … Que o deixa louco na cama e fora dela também. –
A interrompo, não quero continuar com esse bate-boca que não vai levar a
nada.
- Sua vaca! – Elena vem para cima de mim e só espero o tapa que não
vem… Sou puxada e protegida por uma muralha, notando em seguida que é
Pedrão.

- Quando Marta me disse, não acreditei! Você está ficando louca, Elena!
– Pedrão tenta argumentar com ela, enquanto me abraça.
- Só queria deixar claro para essa pirralha que não vai ficar assim o fato
dela ter melado meu namoro com seu tio. – Ela aponta o dedo com uma fúria
no olhar.

- Para com isso, Cadelena. - Falo com deboche.

- Você me chamou de quê? – Ela pergunta incrédula.

- Ah! Me esqueci que você não conhecia seu apelido! – Comento como
se esse apelido não significasse nada…
- Sua vadiazinha ordinária! – Ela tenta me agredir, mas Pedrão fica
entre nós duas.
- Sophie, vai embora depois conversamos. – Ele segura Elena, enquanto
insiste para que eu saia logo dali.

- NÃO! Pode deixar que vou embora, não quero mais saber de vocês!
Pedrão pode me soltar, estou mais calma, realmente não sei o que se passou
em minha cabeça, para me rebaixar a esse nível.

Pedrão à solta e rapidamente ela vem atrás de mim, me derruba com um


empurrão, corre em direção ao seu carro e sai cantando pneu.

- Pedrão me levanta do chão, me dá um abraço e começo a


chorar… - Não fica assim, Sophie! – Ele me pede enquanto alisa meu
cabelo, tentando me acalmar. – Você se machucou? – Ele pergunta
preocupado, enquanto me analisa.
- Não! Estou bem! Pedrão, preciso ir! Tenho cursinho e já estou
atrasada.

- Então vem, vou te deixar em casa. – Ele segura minha mão e me guia
até seu carro, abre a porta saímos logo em seguida.
- Obrigada, se não fosse por você, talvez estivesse com um vídeo no You
Tube mostrando a Cadelena, em fúria, agarrar e puxar meus cabelos. – Falo
sem graça pela situação.

- Só quis ajudar, não precisa agradecer. Amanhã vocês irão ao Karaokê


para comemorar o aniversário do Rodrigo?
- Vamos, sim! Por mais que eu vá passar o dia todo no cursinho, à noite
estaremos no Karaokê. Posso te pedir uma coisa? – Pergunto meio sem graça.
- Pode. – Ele me olha curioso.

- Queria que você não contasse essa palhaçada, não quero trazer mais
aborrecimento ao Hector. – Peço com os olhinhos de cachorro que caiu da
mudança, esperançosa por ele aceitar.
- Tudo bem! – Pedrão fica meio receoso. - Entendo o que você quer
dizer, é muito problema para um casal só, não vamos levar mais esse para ele.
- Muito obrigada! - O abraço agradecida e beijo seu rosto me
despedindo.

- Então, até amanhã! - Saio como uma bala para me arrumar e chegar
a tempo no cursinho.

Se Elena pensa que vou encher a cabeça do Hector, sobre o que ela fez
em frente à escola, está muito enganada! O que ela quer é chamar atenção
dele e isso não vou permitir…
CAPÍTULO 23
Assim que termina minha aula no cursinho vou às pressas para o
estacionamento, exausta de cansaço! Meu pulso dói por causa da queda e a
única coisa que quero agora é ver meu namorado, o gato mais lindo do
mundo, que me espera encostado em seu carro, feito um bad boy, com os
braços cruzados e as tatuagens expostas.

- Oi! - Chego perto dele e lhe dou um selinho.

- Oi, amor! Estava com saudades! – Hector me segura firme pela cintura
e morde meu pescoço.

- Você estava com saudades ou com fome?

- As duas coisas. – Ele morde meu lábio inferior. - Falou com seus pais?
- Pergunta ansioso.

- Já resolvi tudo, não precisa se preocupar! - Dou um beijo nele e sinto


uma mão, que não é do Hector.

- Estou indo, Sophie! Qualquer coisa eu ligo. – Stefanini, fala enquanto


segura meu ombro.
- Obrigada! – Agradeço a ela com um abraço.

Contei para Stefanini e David sobre nós dois. Eles não se


surpreenderam e disseram que já desconfiavam, mas estavam esperando eu ter
coragem de contar. Tive todo apoio dos meus amigos. A Stefanini vai me
“cobrir”, pois falei que passaria o fim de semana na casa dela.

- Vamos! – Daniel chama Stefanini meio sem graça. Depois que ele
ficou sabendo sobre meu tio e eu, ainda não tivemos tempo de conversar, mas
Stefanini disse que ele entendeu o porquê daquela implicância gratuita do
Hector com ele.
- E aí, cara! – Hector o cumprimenta, estendendo a mão.

- E aí! – Daniel o cumprimenta.


Pelo menos Hector está tentando ser agradável com ele.
Conversamos um pouco e em seguida cada um seguiu seu caminho, fico
feliz por saber que minha amiga está feliz.
Ao chegar em nosso ninho de amor pedimos uma pizza, namoramos um
pouco e fomos nos deitar.

Acordei cedo sendo beijada pelo meu amado, tomamos café da manhã e
logo após ele me levou para o cursinho onde passei o dia.

Ao sair no final da tarde Hector estava me esperando, vamos para seu


apartamento nos arrumar, pois hoje é o aniversário do Rodrigo e vamos
comemorar no Karaokê.

Nunca tinha ido ao Kabareh Karaokê Pub. O ambiente é bem


aconchegante e tem um estilo cabaré retro. Me lembrei do filme Burlesque,
com mesinhas e abajures que fazem a iluminação do ambiente, tendo um
pequeno palco para as apresentações. Tudo bem agradável!

Assim que chegamos encontramos Roberto e Marta, sua namorada. Ela


sempre tentou ser agradável comigo, mas nunca gostei muito dela. Ainda bem
que tem a namorada do Rodrigo, que é o aniversariante, para conversar.

Como sempre, Pedrão chega sozinho. Acho que só o vi com uma


acompanhante uma única vez, ele é muito reservado. Decidimos cantar em
dupla. As mulheres decidem cantar a primeira música juntas e foi animado.

A noite está agradável e Hector está à vontade, estamos como todos os


outros casais, namorando despreocupados e isso me deixa imensamente feliz.
Sei que nossa situação é totalmente diferente de todos aqui presente,
mas pelo menos eles não comentam e não nos deixam desconfortável. Vou ao
banheiro com Dayane e vejo que Marta vem logo atrás.
Faço minha higiene pessoal, depois retoco minha maquiagem,
esperando Dayane terminar.
- Posso te fazer uma pergunta? – Marta chega perto de mim como
quem não quer nada.

- Depende do que você vai perguntar. – Cruzo meus braços em defesa,


vejo o jeito que ela me olha e tenho certeza que ela é uma dessas pessoas
preconceituosas.

- Você não sente vergonha de namorar seu próprio tio? – Ela pergunta
na lata e minhas suspeitas estavam certas.

- Ter vergonha por quê? Não estou fazendo nada de que me


envergonhe, amo Hector e ele me ama, não tenho vergonha de nada em
relação a ele…

- Sophie… – Dayane me chama logo atrás de Marta, nos


interrompendo. – Marta, se você se sente tão incomodada é só não andar com
a gente. Vamos Sophie! - Dayane me puxa.

Ao tentar passar por Marta, ela segura meu braço. – Não é só isso que
me incomoda, você começou a se relacionar com Hector mesmo ele sendo seu
tio e estar namorando outra pessoa, pessoas como você não tem escrúpulos!
- Vai à merda, sua idiota! Você não sabe nada sobre nós dois, não sabe
o que já passei para estar com ele! Pensa que não sei que você é amiga da
Elena e está despeitada por ela não estar com ele! – Puxo meu braço e saio do
banheiro.
- Não fica assim, Sophie! Marta é muito idiota, só ela mesmo para
aguentar Elena, pois eu e a Samanta corremos dela.
- Obrigada! – Me sinto grata pelo que Dayane me disse.
Retorno à mesa, mas o clima fica um pouco tenso. – O que aconteceu
amor? – Hector me abraça com carinho.
- Estou um pouco cansada, acordei cedo e fiquei o dia no cursinho. –
Não quero chateá-lo com minha discussão no banheiro.

- Então vamos! Quero colocar minha namorada para dormir e mimá-la


bastante, pois ela merece. – Ele me dá um beijo carinhoso.
- Hummm… Estou gostando dessa ideia! – Comento maliciosa e
percebo que Marta está nos fuzilando com o olhar.
Nos despedimos de todos e fomos embora.

A única coisa que quero agora, é ficar a sós com meu titio gostosão!

- Acorda, minha diabinha gostosa. - Sinto lábios passeando por todo


meu corpo!

- Humm! - Respondo sonolenta, e sinto ele chegando no meio das


minhas pernas, fico acesa e acordo no exato momento que sua língua me
invade…

- Agora eu consegui acordar você! - Ele se levanta, me arrasta da


cama e me leva para o banheiro me carregando no colo.

Deixa-me em pé, começa a abrir botão por botão da sua camisa que
estou vestida, beija cada parte descoberta do meu corpo. Retira sua roupa
rapidamente e me leva para o chuveiro fechando o Box para ficarmos
totalmente próximos.
- Quero sujar você primeiro para depois te limpar. – Ele se encosta no
box com as pernas flexionadas, me deixando entre elas.

Me beija com todo fervor, segura meus seios em suas mãos e suga um
de cada vez. O chuveiro está ligado nos molhando e deixando o ambiente
todo suado pelo vapor. Coloco minha mão no vidro do Box para me apoiar e
quando ele desencosta do vidro fica o formato da minha mão e das suas
costas, deixando um contorno extremamente sexy.

Hector me suspende segurando-me pela bunda, enrolo minhas pernas


em sua cintura e encosta-me no azulejo. Ele beija meus seios e eu encosto
minha cabeça na parede, lhe dando total passagem para me beijar a vontade.
Então, ele começa a massagear meu sexo e vou ao céu! Hector me
penetra devagar e deliciosamente.
- Como você é gostosa, meu amor! Vou morrer de saudades quando
você passar no vestibular e estiver longe de mim. Mas vamos dar um jeito
nisso, o importante é que estamos juntos!

Ao ouvi-lo falar assim, um frio percorre minha espinha não quero


pensar nisso agora, só quero viver o momento. Não me vejo longe dele,
pensar nisso me faz sentir uma dor que não me agrada.

- Não vamos pensar nisso agora, por favor.

- Tudo bem! – Ele me agarra ainda mais, me penetrando


freneticamente.

- Hector… - Senti o orgasmo tomando conta do meu corpo.

- Vem, minha diabinha! Quero chegar ao clímax junto com você.


Derramamos nosso prazer ao mesmo tempo.

Ele me lava como prometido, meu corpo formiga onde sua mão vai
passando, ao terminar me enrolo na toalha, tenho que provocá-lo, para usar o
gel de massagem que comprei. Saio do banheiro, pego o gel e coloco embaixo
do travesseiro. Volto ao banheiro e começo a escovar meus cabelos, enquanto
espero que ele termine seu banho.
Ele chega por trás e me olha através do espelho, retira a escova da
minha mão e termina de pentear meus cabelos.

- Hummm! Cuidado que eu posso me acostumar com isso! – Falo


manhosa.
- Você merece tudo de melhor, minha gostosa! – Ele levanta meu
cabelo e beija minha nuca, me fazendo arrepiar.

- Não parece! – Elevo uma sobrancelha e o deixo na dúvida.


- Por que você está falando isso? – Ele me pergunta sem entender
nada.
Afasto-me dele e vou para a porta do banheiro. – Estou achando que
você não se empenhou o suficiente no banheiro. – Abro a toalha, deixando-a
cair aos meus pés.

Hector vem como um furacão, me coloca em seu ombro, dá uma tapa


na minha bunda e me joga na cama, molhando os lençóis! Ele retira sua
toalha, jogando-a no chão.
- Há! Sua diabinha! Você vai ver quem é que não se empenhou!

- Hum… agora quem vai ver é você…

Empurro seu peito e o faço deitar, pego o óleo e esfrego minhas mãos
em seu peitoral, ombro e barriga, sempre massageando e beijando o local, o
sabor dele misturado com o sabor do gel é maravilhoso, minhas mãos
passeiam por seu corpo até chegar ao destino desejado, seu mastro de Deus
Ébano, massageio e o abocanho.

- Haa… Sophie! - Ele solta um gemido grotesco. - Passo a língua em


sua extensão e sugo seu sabor.

De repente a campainha toca nos tirando de nossa bolha de prazer. Ele


me olha e puxa seu pau da minha boca, foi como um dejavu sinto como se
tivessem roubado pela segunda vez, meu pirulito favorito.
- Você está esperando por alguém? – Pergunto apreensiva.

- Não, mas vou resolver isso agora! – Hector enrola uma toalha na
cintura e sai do quarto para atender a porta.
Não sei o que pensar, minha cabeça está a mil! Será que meus pais
descobriram? Ou é a Elena que está aqui para nos infernizar e fazer um
barraco?

Não tenho coragem de sair do quarto, estou com medo do que me


aguarda quando Hector retornar…
CAPÍTULO 24
Hector retorna furioso com um envelope na mão e com a outra ele
esfrega e bagunça seu cabelo, ele está extremamente nervoso.

- O que aconteceu, Hector? - Pergunto preocupada pela sua reação.


- É isso que aconteceu! - Ele joga o envelope na cama, espalhando
umas fotos, não acredito no que meus olhos vêem, são fotos minhas com
Pedrão abraçados em frente à escola e no portão de casa. Se eu não soubesse
o porquê de estarmos desse jeito, estaria pensando o mesmo que Hector deve
estar pensando agora.

- Quem trouxe isso? - Aponto para as fotos espalhadas na cama, sem


ao menos conseguir tocá-las, estou tão perplexa com o que estou vendo que
minha voz sai em um sussurro.

- Não quero saber quem trouxe essa PORRA, Sophie! - Ele esbraveja.
- Quero saber o que significa essas fotos! Desde quando você e Pedrão são tão
próximos a ponto dele ir te buscar na escola e ainda deixá-la em casa? ME
FALA, PORRA! - Ele grita, me fazendo estremecer.

Não acredito que aquela cadela fez isso, como sou inocente! Não sei
por onde começar, meus olhos ainda não acreditam no que estão vendo.
Ainda estou nua e isso está me deixando desconfortável. Pego sua
camisa do chão e a visto.

- Hector… - Não sei por onde começar. - Foi uma armação! - É a


única coisa que consigo dizer. Recolho as fotos e as observo.
Chego perto dele e tento segurar sua mão, só que ele se afasta
evitando meu toque.

- Você precisa de uma desculpa melhor que essa! - Fala com sarcasmo.
- Na sexta-feira eu estava saindo da escola e Elena estava me
esperando do lado de fora. Ela começou a me humilhar e quando foi avançar
em cima de mim, Pedrão apareceu e a impediu. Avisaram para ele que Elena
foi atrás de mim, pois queria tirar satisfação, ele foi atrás dela para impedi-la,
então ela me derrubou e ele me ajudou a levantar do chão. Comecei a chorar e
ele me abraçou, me consolando. - Jogo em cima da cama as fotos em que
estamos abraçados em frente à escola. - Depois ele me deixou em casa e eu
pedi para não contar nada pra você, nós já temos tantos problemas que não
queria te levar mais um e ele concordou. Pensei que Elena quisesse chamar
sua atenção e não quis dar esse gostinho a ela. Ele concordou e eu o abracei
em agradecimento por ele ter me ajudado e lhe dei um beijo no rosto, me
despedindo dele. - Jogo o restante das fotos em que estávamos abraçados e
nos beijando no rosto dentro do carro.

Hector continua parado sem reação, me observando.

Estou apreensiva, não acredito que essa cachorra armou e caí feito
uma patinha.

- Foi por isso que quando Pedrão disse para eu ir embora ela não
deixou. Ela me empurrou para ele chegar perto de mim, nos deixando a sós. -
Diz alguma coisa, por favor! - Peço apreensiva.

- Você devia ter me contado. - Ele fala baixo. - Eu falei que deveria
haver confiança entre a gente.

- Eu sei, desculpa! Não deveria ter escondido isso de você! - Tento


chegar perto e ele se afasta.
- Sophie… Preciso pensar! - Hector vai ao guarda roupa, pega uma
camiseta e bermuda e se veste em silêncio. - Vou sair, daqui a pouco volto.

Hector sai do quarto, me deixando sozinha. Ouço a porta do


apartamento sendo fechada e esse barulho machuca minha alma. Não acredito
que isso esteja acontecendo, pego às fotos e rasgo uma por uma, estou com
ódio mortal dessa mulher, choro desesperada, não sei o que fazer, não sei o
que Hector vai fazer, só sei que meu peito está tão apertado que chega a doer.

Ando pela casa e vejo nossas fotografias que estão expostas sobre um
aparador, ligo para o celular dele e cai direto na caixa postal.
Ligo para Pedrão, pergunto se Hector o procurou e ele disse que não.
Então conto para ele tudo o que aconteceu. Pedrão me tranquiliza dizendo que
vai procurar Hector para conversarem.

Não sei mais o que fazer! Decido ir embora. Troco de roupa, arrumo
minha mochila e vou para casa. Meu tempo estourou, não posso demorar
mais, se não minha mãe vai ligar para a casa da Stefanini e descobrir tudo.

- Oi, minha filha! Estava para ligar na casa da Stefanini. – Ela me dá


um beijo e vai até a sala abraçada comigo.

Não acredito no que vejo! Hector está conversando com meu pai, meu
coração foi na boca no mesmo instante, com medo do teor da conversa dos
dois.

- Oi, minha boneca! – Meu pai levanta do sofá e me dá um beijo.

Continuo parada, não acredito que Hector esteja aqui e eu no


apartamento pensando um monte de asneiras… Pelo jeito que meu pai me
abraçou ele ainda não sabe de nada, então o que está acontecendo aqui?

- Você acredita que seu tio quer ir morar sozinho no apartamento dele!
– Meu pai fala, enquanto está abraçado a mim, me sento no sofá, ao lado do
meu pai. – Estou tentando convencê-lo de não ir, mas ele está irredutível,
quem sabe se você pedir, ele acaba desistindo dessa ideia. – Meu pai fala me
dando uma piscada cúmplice.

Em nenhum minuto Hector me olha, ele continua sentado no sofá de


cabeça baixa olhando para o chão.
- Por que você quer ir embora? – Pergunto receosa, com meu coração
apertado e com medo da sua reação.
- Já dei muito trabalho a vocês, está na hora de ter meu canto. – Ele
me responde sem emoção nenhuma na voz, como se estivesse falando comigo
por obrigação ou porque meu pai está presente.
Olho para meu pai e vejo que ele está triste com a decisão do Hector.
- Então fazer o quê, mano! Você já é um homem e não posso prendê-lo
a mim. O jeito é desejar boa sorte e no dia que você quiser voltar, as portas
estarão abertas. – Meu pai lhe dá um abraço, batendo em suas costas.

- Vou para meu quarto, estou cansada. – Falo e já corro da sala, indo
me refugiar em meu cantinho.

Deito na cama e começo a chorar, não acredito que Hector vai fazer
isso comigo. Depois de tudo que aconteceu entre a gente, pensei que
fossemos mais fortes, que não seria esse tipo de coisa que nos abalaria!

Ele fala em confiança, mas infelizmente não confia em mim.

Acordo com batidas na porta, estou tão cansada que não tenho forças
para responder e continuo encolhida na cama. Ouço a porta sendo aberta e
sinto o cheiro inconfundível dele. Hector senta na cama.

- Sophie… – Ele me chama baixinho, enquanto afaga meus cabelos.

- O que você quer? – Pergunto ressentida pelo que ele está fazendo
com a gente, em momento algum Hector lutou por nós, sempre foi eu!

- Olha pra mim, por favor. – Ele deita na cama, com uma mão
apoiando sua cabeça e a outra me acariciando.
- O que você quer? - Me viro e fico de frente para ele.
- Vai ser melhor assim, preciso me organizar, preciso sair daqui, não
aguento mais olhar nos olhos do meu irmão sabendo o que estou fazendo
pelas suas costas. Assim que saí do apartamento, encontrei seus pais indo para
o apartamento com seus avôs, eles queriam conhecer meu cantinho. Vieram
aqui e como não me encontraram decidiram ir lá para fazerem uma surpresa.
Já pensou se eu não estivesse lá em baixo quando eles chegaram? Imagina no
que poderia ter acontecido?
- Quando você saiu, encontrou meus pais e meus avôs indo para seu
apartamento? – Não acredito que eu estava “arrancando meus cabelos” e ele
estava esse tempo todo com meus pais!
- Não dá mais Sophie!

Assim que o ouço falar isso, meu coração dá um salto e pula


diretamente para a boca, engulo em seco, com medo de deixá-lo cair na cama.

- O que você quer dizer com “não dá mais”? – Sento na cama


apreensiva.
- Morar aqui, descer e ter que encarar seus pais que são meus irmãos,
depois de passar a noite com sua filha! Não dá, Sophie…

- Estava conversando com Sr. Geraldo o porteiro, foi ele quem recebeu
e entregou o envelope para mim. Ele disse que uma mulher deixou lá e pelas
características que ele deu, só pode ser Elena. Eles chegaram no momento em
que eu estava entrando no carro, tive que inventar uma desculpa para eles não
subirem, almocei com eles e depois vim para cá. – Ele fala com um encolher
de ombros.

- E como ficamos? – Chego mais perto dele.

- Não consigo ficar sem você, meu amor! Quando meus irmãos
apareceram de surpresa, estava indo na casa da Elena para colocá-la em seu
devido lugar. Ela já aprontou bastante com a gente, tenho que dar um basta
nessa louca, ela foi longe demais… - Hector me segura em seus braços, me
aperta e me dá um beijo no topo da minha cabeça. – Vai ser melhor assim. –
Olho para ele e em seguida, ele me dá um selinho carinhoso.

- Mas já me acostumei a dormir com você todos os dias! – Reclamo


chorosa.
- Sophie, não consigo mais lidar com essa situação! Vamos dar um
jeito, não se preocupe.
- Tudo bem! – Nos aconchegamos um ao outro e conversamos mais
um pouco.

Descemos para jantar com meus pais, minha mãe fez a lasanha
preferida do Hector e disse que sempre vai visitá-lo, para levar umas comidas
gostosas. Agora entendo muito bem o que ele queria me dizer. Meus pais o
amam e ele está se sentindo mal com essa situação, não quero nem pensar
como seria, caso meus pais e avós chegassem de surpresa!

Fizemos companhia a meus pais assistimos a um filme com eles e


depois fui para meu quarto.
Mais tarde, Hector entrou em meu quarto fechou a porta e se
aconchegou a mim. Pensei que ele não iria passar a noite comigo, mas ao
sentir seu corpo relaxo!

- Vai ser difícil me acostumar a dormir sem sentir seu corpo ao meu. –
Ele fala enquanto esfrega seu nariz, cheirando meus cabelos e nuca.

- Também! – Suspiro profundamente, me aconchegando ainda mais a


ele.

Vou aproveitar, pois não sei quando teremos outra oportunidade de


ficarmos assim.

No começo foi difícil me acostumar a dormir sem Hector, mas nós


criamos outra rotina, ficávamos namorando pelo telefone até adormecer.

Meus dias estão agitados, estou me dividindo entre o cursinho e meu


namorado, que não tenho mais o privilégio de ver em casa. No final do dia ele
me busca no cursinho, vamos para seu AP, depois ele me leva para casa.

Hoje, infelizmente, ele me passou um zap dizendo que não poderia me


buscar e depois me passou outro me pedindo para ir ao seu apartamento, não
entendi o porquê, mas se ele pediu eu vou!
Saiu do cursinho exausta, mas doida de saudade do meu titio gostoso.
Corro apressada para o ponto de ônibus e vou para seu apartamento.
Assim que abro a porta do AP não acredito no que meus olhos estão
vendo…
CAPÍTULO 25
Queria ficar cega, não queria mais ver a luz do sol a ter que ver essa
cena: uma mulher beijando Hector no sofá da casa dele.

- Sophie! - Hector leva um susto ao me ver. Ele empurra a mulher que


está em seu colo e ela cai no chão - Não é o que você está pensando!
- Quem é essa, Hector? - Fuzilo-a enquanto ela se levanta.

- Meu nome é Camila, sou namorada dele. - Ela estende a mão para
me cumprimentar.

Não consigo falar nada, simplesmente olho com nojo para os dois.

- Sophie…

- CALA A BOCA! – Grito soltando o ar dos meus pulmões. Coloco a


mão no peito e o aperto para tentar aplacar a dor que estou sentindo.

- Tá doida garota! Olha como fala com meu homem! – A mulher que
nunca vi na vida aponta o dedo no meu rosto.

- Que seu homem sua doida… Essa mulher é louca Sophie eu não a
conheço. – Hector tenta me puxar para perto dele, mas a tal Camila puxa sua
mão.
- Tá ficando doido Hector! Se você encostar nessa vadia eu corto seus
dedos.

Quando ouço ela me xingar meu sangue ferve e não penso duas vezes,
dou um tapa nela, que até o momento estava com um sorriso estampado no
rosto. O tapa foi tão forte que ficou os cinco dedos da minha mão em seu
rosto.

- SUA VADIA! - A tal Camila segura o rosto e grita, indo com fúria
para cima de mim e caímos no chão.
- Você vai ver quem é vadia! - Subo em cima dela e começo a puxar
seus cabelos, batendo sua cabeça no chão. Hector segura minha cintura, me
tirando de cima dela.

- Para com isso, Sophie! – Hector me segura.


- Eu te odeio seu desgraçado! - Solto todo meu ódio em cima dele e
começo a esmurrá-lo.

A mulher, que se diz chamar Camila vai para cima de mim novamente,
mas Hector fica no meio de nós duas, tentando impedir que ela chegasse perto
de mim.

- Por favor, amor usa a razão, se acalma que eu posso contar tudo o
que está acontecendo. - Ele tenta me acalmar.

- Quem é essa doida, Hector? - A mulher pergunta a ele.

- Minha namorada, sua louca! - Ele responde com raiva.


- Sua idiota, isso sim! Pois você está comigo há um mês e só agora ela
aparece?! Você acha que ele quis se mudar da sua casa por quê? Então é ela a
fedelha que você me falou! - A mulher fala com sarcasmo.

Não acredito no que estou ouvindo, não acredito que ele fez isso
comigo! Seguro o choro. Não quero chorar na frente deles.

Saio do apartamento correndo pelas escadas mais rápido que consigo.


- Sophie! - Ouço Hector gritar meu nome, mas não olho para trás
continuo correndo, entro em um táxi e vou para minha casa, meu refúgio.

Meu telefone não para de tocar e eu o desligo. A única coisa que quero
é ficar deitada em minha cama.
- Sophie… - Minha mãe me chama batendo na porta.

- Oi mãe. - Respondo tentando esconder minha voz de choro.


- Seu tio está no telefone, ele disse que ligou no seu celular e só está
caindo direto na caixa postal!

- Fala para ele que depois eu ligo! Estou estudando, mamãe. - Tento
disfarçar minha voz ao máximo.
- Tudo bem, meu amor! - Ouço minha mãe descendo as escadas.

Ligo meu celular e ignoro todas as mensagens e chamadas não


atendidas do Hector.

- Oi, amiga! - Stefanini atende o celular animada.

- Oi… - Tento parecer animada, mas falho miseravelmente.

- O que foi, Sophie?

Começo a chorar e conto tudo que aconteceu, ela fica incrédula com o
que acabou de ouvir e disse que jamais imaginaria que Hector faria uma coisa
dessa comigo.

- Sophie… Vamos sair, as meninas estavam querendo ir para a prainha


está tendo um show lá. - A única coisa que eu quero é esquecer esse dia, olho
no relógio e ainda são 18:00.

- Então vamos! Liga para elas e vê quem quer ir, espero que não esteja
muito em cima da hora.
- Claro que não Sophie! Vou ligar.

Pulo da cama e vou me arrumar, meu celular começa a tocar


insistentemente, vejo que é Hector e ignoro.

Pergunto ao meu pai se posso sair para o luau com Stefanini, meu pai
deixa se oferecendo para me levar, mas na mesma hora Stefanini chega com
mais duas amigas nossas, me despeço deles e saímos.
A única coisa que quero é esquecer esse dia como minha amiga me
conhece, assim que chegou em minha casa pediu para aos meus pais para eu
dormir em sua casa.
- Eu só quero afogar as mágoas! - Me viro no banco da frente olhando
para as meninas com lágrimas nos olhos.

- É o que vamos fazer! - As meninas respondem em um coro animado.


O lugar está decorado com várias tochas iluminando a entrada, têm
várias barracas de comida e bebida feitas de palha, espalhadas pelo local. O
lugar está lotado, mas o clima está agradável e divertido e a banda que está
tocando no momento é bem animada.

Conversamos bastante, falamos mal dos homens, derramei minha


mágoa sobre Hector e, em meio a isso, tomei várias bebidas diferentes, só
senti que o álcool me pegou ao me levantar para ir ao banheiro.

Meu telefone não parou de receber mensagens que eu sabia que era
dele, mas fiz questão de ignorar.

Por que fazemos questão de depositar todas nossas expectativas nas


pessoas? O ser humano tem essa mania e sempre quebra a cara.

Vou ao estacionamento com Stefanini, ela queria pegar sua bolsa de


mão que está no porta luvas do carro.

- Sophie… - Stefanini me chama e faz uma pausa. - É o Hector! - Vejo


ele se aproximando e o Pedrão vem logo atrás, parando um pouco distante da
gente.
- O que você quer? - Falo com a voz arrastada pelo álcool, assim que
ele chega perto de mim.
- Precisamos conversar! - Ele murmura.

- Por que você não chama a Camila para conversar com você! - Sugiro
com sarcasmo.
- Para de ser infantil, Sophie! - Ao ouvir isso meu ódio por ele
aumenta.

- Realmente é infantilidade eu ficar chateada ao ver meu namorado me


traindo. - Ironizo. - Queria ver o quão adulto você seria ao me ver agarrada a
outro homem!
A única coisa que quero nesse momento e fazê-lo sofrer, nem que seja
o mínimo que estou sofrendo.
Vejo Pedrão com a mão dentro do bolso da calça jeans nos observando
e não penso duas vezes, vou até ele e não sei se é pelo álcool ou algo assim,
tenho uma coragem que jamais teria se estivesse sóbria.

Seguro o rosto do Pedrão e colo nossas bocas! Ele segura em meu


ombro me afastando.

- Para, Sophie! Depois você vai se arrepender. - Ao ouvi-lo falar isso o


arrependimento vem na hora, olho para trás e vejo o olhar de decepção que
Hector me lança.

- Desculpa Pedrão! - Peço em um murmúrio com lágrimas nos olhos.

Hector chega perto de mim e segura meu braço com ódio.

- Agora sei que aquelas fotos têm um fundo de verdade! - Ele continua
apertando meu braço que começa a doer.

- Você está me machucando! - Tento puxar meu braço, só que ele não
solta.

- Você sempre teve um interesse nele, não é Sophie? - Ele continua me


apertando e ignorando o que falei.

- Não faz isso, cara! Você está machucando ela. - Pedrão tenta intervir,
segurando o ombro do amigo.
- Quer saber! Faça um “bom proveito” dela. - Hector me empurra com
força em direção ao Pedrão, como se eu fosse uma qualquer. Se Pedrão não
tivesse me segurado, eu teria caído no chão.

Começo a chorar com ódio de mim mesma, por ter feito o que fiz, por
mais que ele possa ter feito algo de errado, não deveria ter pagado com a
mesma moeda.
- Me desculpe por estar sempre te envolvendo em minhas confusões. -
Peço desculpa ao Pedrão, sem ao menos ter coragem de olhá-lo.

Como fui baixa por tê-lo beijado.


- Vamos esquecer essa história. - Sinto uma outra mão em meu ombro,
enquanto Pedrão me acalma.
- Quer ir embora, Sophie? - Stefanini pergunta complacente com
minha dor.
- Vamos! - Respondo chorosa sem tirar os olhos da camisa do Pedrão,
ainda não tive coragem de encará-lo.

- Sophie! - Ele segura meu rosto para olhá-lo. - Todos nessa vida
erram, para de se culpar assim! Não estou com raiva de você, estou aqui
porque quis, vim ajudar um amigo a achar a namorada fujona dele. Amanhã
converso com Hector e me acerto com ele.

- Como vocês me acharam? – Me afasto um pouco dele e enxugo


minhas lágrimas.

- Hector me ligou e contou toda história, ele me pediu para ir na casa


dos seus pais, pois se ele aparecesse, nervoso como estava, poderiam
desconfiar. Chegando lá, seus pais me disseram que você estava aqui. - Ele
encolhe os ombros, se desculpando.

- Tudo bem! - Ouço no fundo as meninas conversando entre si e vejo


que elas estão somente me esperando. - Obrigada por tudo e me desculpe
mais uma vez.
Vou para onde minhas amigas estão me esperando. Olho para trás e
vejo que Pedrão está de braços cruzados me observando. Abaixo a cabeça
arrependida do que fiz. Assim que chego perto delas, recebo um abraço
coletivo! A única coisa que estou precisando agora é desse aconchego…

Depois do ocorrido no barzinho, pedi pra Stefanini me levar para casa,


sexta não fui ao cursinho, passei o dia lendo e relendo suas mensagens e
fiquei me chamando de burra por ter deixado o ódio me dominar. Hoje tenho
que ir para o cursinho e depois da aula vou procurar Hector! Desço as escadas
da minha casa em um desanimo só.

Agora que parei para pensar na burrada que fiz e a ficha caiu. Tento
falar com Hector e ele não me atende. Minha mãe está preocupada comigo,
pois não estou comendo, ela até pensou em me levar ao hospital.

- Parabéns! - Meus pais falam juntos! Estou tão deprimida que tinha
esquecido do meu aniversário. Pode algo assim?

Meus pais me abraçam e começo a chorar, nunca imaginei que


passaria meu aniversário longe do Hector!

- Estou muito preocupada com você, minha filha! - Minha mãe segura
meu rosto, me avaliando. - Você pode se abrir comigo, Sophie!

- Estou bem, mamãe! É que hoje amanheci emotiva!


- Não gosto de te ver assim, minha boneca! - Meu pai fala, me
aconchegando em seus braços.

- Como você vai comemorar seu aniversário no estado em que você se


encontra, minha filha?! - Minha mãe me questiona.

- Mãe, à noite estarei melhor! – Dou um beijo em cada um e vou para


o cursinho. Ao terminar minhas aulas tomo coragem e vou enfrentar a fera.

Toco a campainha e espero a porta ser aberta, enquanto fico


repassando todo nosso relacionamento, tanto os momentos felizes, quanto os
tristes.
Agora que as coisas estão sobre uma outra perspectiva, sinto medo!
Tenho medo de não conseguir concertar o que fiz! Tenho medo dele não me
perdoar. Como pude ser tão cega?! Sei que não pensei e fui impulsiva. Minha
mente estava mais perdida que tudo, perdi a razão e a noção…

Não quero perdê-lo e a sombra desse pesadelo está me rondando e


estou sentindo um desespero inexplicável…
CAPÍTULO 26
Se existe verdades absolutas neste mundo, uma delas é que todos nós
temos medo de sofrer. Assim, ingenuamente, tentamos controlar as situações
ao nosso redor, como se isso fosse possível…

Hector abre a porta e ao vê-lo meu coração fica apertado, como se


tivesse sendo esmagado. Ele está com a barba maior que o normal e sua
aparência não é das melhores assim como a minha.

Ele me dá passagem, sem ao menos dizer uma palavra e essa


expectativa está me matando! Pelo menos ele não bateu a porta na minha
cara.

Hector senta no sofá e eu fico em pé, não quero sentar no mesmo sofá
que vi ele com aquela vadia. Apesar de saber toda verdade, prefiro não sentar.
Hector se levanta e puxa uma cadeira pra mim, assim que percebe minha
hesitação.

- Se você está aqui é porque leu minhas mensagens e viu o vídeo que
gravei. - Ele fala com a voz rouca, parecendo que não falava por um bom
tempo.

- Li e vi! - Não sei o que falar, a única coisa que eu quero é que ele me
perdoe e esqueça tudo que aconteceu.
- Bem, então assim você me poupa de explicações desnecessárias! - Ele
fala sem nenhuma emoção.

- Me perdoa! - É a única coisa que peço, não tenho o que dizer.


- Não tenho o que perdoar, você foi movida pela raiva! Mas é melhor
ficarmos um tempo separados para pensarmos melhor sobre a gente!

Estou ouvindo o que mais temia, mas não quero ouvir, me recuso a
ouvir o que ele disse. Saio da cadeira e vou para seu colo e o abraço como se
minha vida dependesse disso.
- Por favor, não faz isso! Eu sei… - Começo a chorar. - Sei que fui
infantil e impulsiva, que poderia tê-lo deixado se explicar, se tivesse feito isso
não estaríamos passando por essa situação agora. Por favor, não me deixa. –
Não quero mais ouvi-lo dizer que não me quer.

- Sophie! Eu não mereço você, já te fiz sofrer demais, não tenho direito
de empatar sua vida. Eu te amo! É por isso que estou te deixando criar asas e
voar. Em nossa posição eu seria incapaz de fazê-la totalmente feliz,
ficaríamos juntos, mas você ficaria longe da sua família e de seus pais! Não
quero vê-la sofrer por ter me escolhido… É por isso que vou deixar você livre
para que possa escrever uma bela história. Você vai encontrar alguém! Tenho
certeza disso! Alguém melhor do que eu!

Sei que Hector também está sofrendo, só não entendo porque ele está
fazendo isso com a gente.

- Mas eu posso ter asas e voar estando ao seu lado! Não quero conhecer
ninguém! – Tento argumentar. – Eu te amo, não faz isso com a gente.

- Se você me ama mesmo, vai seguir sua vida, seus sonhos e deixar que
eu siga a minha. Vai ser melhor assim! - Ele segura meu rosto e pede com
toda segurança. – Nós não temos futuro juntos e nunca teremos! Pra quê
insistir e nos magoarmos em vão? Não compensa Sophie!

Não sei o que fazer, não sei o que pensar, só sei que ele está decidido
em terminar comigo. Vejo isso em seus olhos!
- Você tem certeza, Hector? – Saio do seu colo e seco minhas lágrimas,
ele se levanta e seus olhos azuis encaram os meus.

- É a única coisa que mais tenho certeza nesse momento! – Ele fala com
toda convicção.
Observo seu rosto e vejo que seus olhos estão inchados de chorar, eu
sei que ele está sofrendo tanto quanto eu.

- Se eu sair por essa porta, vou esquecer de você e seguir em frente e


tudo estará acabado. – Aponto para a porta, minha voz está trêmula e
entrecortada.
- É melhor assim, Sophie! – Ele sussurra.

- Vejo que Elena conseguiu nos separar. - Despejo todo meu ódio ao
dizer o nome dela!

- Não é à armação da Elena que está nos separando, e sim as


circunstâncias em que nos encontramos o que Elena fez é a ponta do iceberg
do que teríamos que enfrentar para ficarmos juntos.
- Sempre achei você covarde por não ter coragem de admitir o que
sentia por mim! – Limpo minhas lágrimas, não quero mais chorar perto dele.
– Depois que você admitiu que me amava, pensei que lutaria por nós, mas
vejo que me enganei! Você é covarde, nunca lutou por nós, por mim. Sempre
fui eu que corri atrás de você, sempre lutei por nosso amor.

- Não é bem assim, Sophie…

- É bem assim… Sim! – O interrompo. – O que me dói é saber que todo


esse amor não vai servir para nada!

- Não fala assim Sophie, o que vivemos foi lindo você é o meu amor e
sempre será. Você é tudo de mais lindo que aconteceu pra mim! - Ele tenta
passar a mão em meu rosto e eu me afasto.

- Não quero saber o que eu fui para você! Eu quero saber o que eu posso
ser! Se você diz que não temos futuro juntos, então prefiro não ter nenhum
contato com você. Tenho que ir, hoje é meu aniversário e preciso me arrumar
para sair com meus amigos, adeus Hector!
- Sophie! – Hector me chama, mas não tenho coragem de me virar.

Quando sinto suas mãos em minhas costas, toda raiva que estava
sentindo evapora, me jogo em seus braços unindo nossos corpos.
- Confie em mim, por favor. Sei o que estou fazendo, vai ser melhor
para nós dois, sempre estarei aqui, não vou a lugar algum.

Balanço a cabeça concordando.


Saio do seu apartamento e também da sua vida, os passos que eu dei
para longe do Hector estão sendo os mais dolorosos que dei até hoje, nunca
pensei que sofreria tanto por uma pessoa, como estou sofrendo por ele.

Faço tudo no automático, me arrumo, sorrio, danço e me divirto


comemorando meu aniversário, estou com medo de não conseguir ter um
sorriso verdadeiro novamente, estou destroçada por dentro.

A única coisa que estou fazendo ultimamente é estudar, minha vida


agora é me afundar nos estudos e esquecer do resto, até mesmo de comer,
passei mal duas vezes e meus pais começaram a me policiar em relação a
alimentação.

Então decido fingir mais uma coisa, além de fingir sorrir e estar feliz,
finjo comer mais vezes ao dia para me livrar dos sermões dos meus pais.

Às vezes me pergunto se sempre será assim. Será que vou passar o


resto da minha vida fingindo estar tudo bem?

As semanas estão passando como um borrão em minha vida, viajei para


fazer minhas provas do vestibular e estava torcendo para passar em uma
universidade bem longe de casa para eu poder respirar novos ares, e Deus me
agraciou com isso, na verdade eu me empenhei para passar em alguma
faculdade longe de Brasília.

Vou fazer faculdade de medicina em São Paulo e pela primeira vez em


semanas sorrio verdadeiramente.
Meus pais organizaram tudo para minha partida, me despeço dos meus
amigos e dos amigos que fiz enquanto estava com Hector. E por falar nele,
não o tirei da minha cabeça em um só minuto, mas como tudo na minha vida
ultimamente é fingir! Finjo que estou bem com nosso rompimento.
Nunca mais o vi, meu pai sempre fala nele, mas toda vez que meu pai
comenta minha mãe o corta dizendo que foi melhor assim, que já estava na
hora do Hector ter seu canto.
Fico sabendo dele pelos outros, mas queria vê-lo mais uma vez antes de
ir embora!
CAPÍTULO 27
Quando nos pegamos de frente para a necessidade de seguir, temos a
ilusão de parecer mais fácil permanecer parado, esperando por um milagre.

Me seguro a qualquer pequena certeza que possa trazer a mínima


expectativa de ter minha felicidade de volta, de ter nosso amor de volta.
Depois de um mês sem vê-lo comecei a vasculhar e-mails, procurar por
fotos em redes sociais, forçar caminhos, fui aos mesmos lugares que ele para
gerar novamente “coincidências” que tornem possível um reencontro. Tudo
porque tenho a esperança dele me ver e cair em si que ainda podemos ficar
juntos.

Queria que ele percebesse que sente minha falta, como também sinto a
dele.

- Sophie! - Samanta me chama atenção, ao me observar pelo espelho do


banheiro.

- Oi! - Digo cabisbaixo.

- Nós falamos para o Hector que faríamos uma comemoração de


despedida para você, mas ele disse que é melhor assim, que será mais sofrido
se ele te encontrar de novo. Ele está um caco Sophie! Aliás, não está muito
diferente de você! Você está muito magra! Tem que reagir amiga!

- Vou reagir não se preocupe a distância me fará bem, vou respirar


novos ares, conhecer novas pessoas.
- Espero que não se esqueça dos velhos amigos! - Samanta me abraça
forte.

- Claro que não! E por falar em amigos. Quem é essa mulher que o
Pedrão trouxe? Achei ela simpática, combina com ele!
- Pois é..ela é sua vizinha de prédio e eles estão namorando, ele quis
trazê-la para nos apresentar.
- Achei que os dois formam um lindo casal! - Falo com toda
sinceridade, Pedrão é um excelente amigo e merece toda felicidade do mundo.

- E aí! Ansiosa para partir na segunda? - Samanta me pergunta animada.


- Um pouco! Vamos, quero aproveitar meu último final de semana aqui
em Brasília, pois não sei quando verei vocês novamente.

Ao chegarmos não acreditei em quem estava vendo em pé perto da


nossa mesa, Samanta e eu nos olhamos sem entender nada.
- O que você quer aqui Elena? - Samanta pergunta nada amigável.

- Vim me despedir da Sophie e conversar com ela em particular. - Você


não tem nada para conversar com ela! - Pedrão chega perto de mim.

- Como sempre o idiota apaixonado a defendendo. - Elena fala com


deboche.
- É melhor você ir embora prima! - Felipe pede, tentando apaziguar a
situação.

- Vou conversar com você, Elena! - Preciso ouvir o que essa vadia tem a
me dizer.

Vamos em direção ao estacionamento, mal chegamos e ela começa a


despejar seu veneno.
- Vou embora!

- Já vai tarde! - Respondo com sinceridade.


- Vou semana que vem! Tenho que administrar os restaurantes da minha
falecida mãe. Tinha esperança de conseguir fazer Hector ir comigo, mas como
sempre você é uma pedra no meu sapato…

- Estou te ouvindo. - Faço gesto com a mão para que ela continue, vou
ouvir o que essa doida tem para me dizer, depois darei a ela uma lição.
- Como estava falando, você é uma pedra em meu sapato. Quando notei
que não ia ficar com Hector decidi que dificultaria a vida de vocês antes de ir
definitivamente. - Ela diz com ar de vitória. - Foi muito fácil separar vocês!
Você é muito burra e não conhece Hector o suficiente para saber que ele
nunca trairia você. Consegui pegar o celular dele e contratei uma garota de
programa para devolvê-lo e se passar por sua amante, você caiu feito uma
patinha! Como é bom…

Não esperei ela terminar, já ouvi tudo que queria! Dei um tapa com a
mão aberta em seu rosto.

- Aí, sua louca! - Elena esbraveja comigo em cima dela.

- Você vai levar uma surra para aprender a nunca mais ser uma cadela!

Começo a lhe bater e a cada tapa seu rosto vira junto com minha mão.

- Para! Sophie! - Ela diz entre soluços.

Estou com tanto ódio que a única coisa que quero é descontar toda
minha frustração em seu rosto. Vejo seu sangue sair do nariz e isso não me
assustou, ela merece o que estou fazendo.

De repente sinto mãos me puxando de cima dela.

- Me deixa! - Esperneio querendo me livrar dos braços da pessoa.

- Para Sophie! Ela já teve o que merece! - Pedrão tenta me acalmar.


Como sempre ele está me defendendo e protegendo. Felipe seu primo a
retira do chão e guia Elena para dentro do seu carro.

- Nossa Sophie! Nunca vou querer seu ódio! Você deu uma surra e tanto
na Elena! - Samanta comenta sorrindo.
- Ela teve o que merece! - Desabafo com ódio enquanto vejo Felipe
ajudando-a.

Posso ter sido idiota em ter caído feito uma patinha, mas ela também
teve sua lição, agora estamos quites.
- Obrigada pela carona. - Pedrão e sua namorada me deixaram em casa,
depois da briga minha e da Elena nossa noite acabou, mas valeu à pena, pois
lavei minha alma.
- De nada, foi uma noite divertida, a melhor parte foi você dando uma
lição na Elena, assistimos de camarote!
- Obrigada por tudo e se vocês forem a São Paulo sintam-se a vontade
de irem me visitar. - Me despeço deles.

O domingo passou rápido, ao decorrer do dia recebi muitas visitas,


meus familiares e até meus avós vieram da fazenda para me ver.

- Estou indo minha boneca, pois tenho um cliente para atender agora,
mas assim que for possível irei visitá-la! - Meu pai me abraça forte e sinto
lágrimas pingar em minha blusa e noto que ele está chorando.

- Pai, São Paulo é pertinho e você sempre está por lá e ao invés de ficar
hospedado em algum hotel, poderá ficar em meu AP, com certeza Valentina
não achará ruim! - Tudo bem meu amor! - Ele me dá um beijo na testa e vai
embora apressado.

- Vamos! - Minha mãe me chama para entrar e esperarmos na área de


embarque.

- Sophie… Ouço a voz que mais ansiava em ouvir nesse último mês!

Hector caminha para perto de mim segurando uma caixa com uma rosa
em cima, ele está abatido e com a barba grande. Não penso duas vezes e corro
para seus braços, ao abraçá-lo sinto paz e conforto, esse é o lugar onde jamais
deveria ter saído, seus braços são minha fortaleza. Começamos a chorar.
- Eu te amo tanto… - Ele sussurra entre lágrimas. - Te amo, minha
diabinha!

- Eu também te amo… Muito! - O abraço mais apertado sentindo seu


cheiro que tanto amo.
- Hector, você me prometeu! - Minha mãe reclama atrás de mim.

Saio dos braços dele e o observo encolher os ombros sem graça.


- Eu não queria que ela fosse embora me odiando! - Ele se justifica
cabisbaixo.

- O que está acontecendo? - Pergunto ansiosa.


- Nada Sophie! - Ele tenta sorrir, mas isso não me convence.

- Posso falar a sós com ela Sônia?

- Hector… - Minha mãe está apreensiva.

- Só quero me despedir da Sophie!

- Vocês têm cinco minutos! - Minha mãe responde ríspida e saí de perto
da gente.

- Quero entregar seu presente de aniversário, nunca pensei que


passaríamos ele separados, quando você foi lá em casa, estava com ele em
meu quarto, queria muito te entregar, mas fiquei receoso de fazer isso, afinal
de contas você estava magoada comigo e com toda razão… - Ele para e
respira forte tomando ar. - Abre somente quando estiver sozinha, não deixe
sua mãe ver. - Concordo balançando a cabeça. - Ele abre a caixa dá um beijo
na rosa, coloca dentro dela e me entrega. - Nós precisamos desse tempo de
amadurecimento, isso vai ser bom para ambos e quando você voltar e eu ver
que ainda senti algo por mim, não vai ter ninguém que me impeça de ficar
com você! Pode ter certeza disso! - Ele proclama cada palavra com firmeza e
emoção.

- Hector nós podemos namorar a distância, posso te esperar o tempo que


for preciso é só você dizer que sim! Vamos dar um jeito nisso tudo!
- Sophie! Vá e viva sua vida, não pense em mim e em ninguém, curta
cada momento, não pense no depois, deixe as coisas acontecerem! - Concordo
sem ter como argumentar.
- Posso te ligar? - Ele concorda, mas tenho certeza que ele só concordou
para eu me conformar.

- Sophie! - Minha mãe me chama.


Hector me abraça forte, me dá um beijo na testa e encosta a sua testa na
minha. - Tchau meu amor! - Ele me dá um beijo rápido em meus lábios e vai
embora sem olhar para trás.

Fico observando ele sumindo entre as pessoas, não acredito que Hector
me beijou na frente da minha mãe! Não estou entendendo mais nada!

Depois que Hector foi embora, minha mãe não falou nada, fomos o voo
inteiro sem trocar uma palavra.

Ao chegarmos em meu novo apartamento, encontro Valentina


terminando de arrumar suas coisas eu tinha visto ela somente uma vez quando
ela e sua mãe estavam na faculdade colando uns cartazes para encontrar uma
outra garota pra Valentina dividir o apartamento. O apartamento é da família
dela, mas Valentina não queria morar sozinha. Foi aí que tive a ideia de
dividir o AP com ela e meus pais aceitaram, nós tivemos afinidade assim que
nos conhecemos.

Valentina é uma garota animada, comunicativa e muito bonita, seu rosto


é angelical seus cabelos batem na altura do ombro, e seus olhos são de um
tom esverdeado. Ela nos contou que namora o primo desde os 16 anos, ela é
mais velha que eu um ano, ela tem 19 anos.

Minha mãe me ajudou a arrumar minhas coisas em meu quarto, o tempo


todo resmungando que tem tantas pessoas no mundo e eles tem que escolher
os parentes, Valentina nos avisa que vai dar uma saidinha e deixa eu e minha
mãe a sós.
- Por que você está falando isso mãe!? - Aproveito a ausência da minha
nova colega de AP para questionar minha mãe.

- Descobri sobre seu caso, com seu tio Sophie! - Minha mãe fala de
supetão me fuzilando.
- Ele não era meu caso e sim meu namorado e quem te contou? -
Pergunto com a sensação de que foi ela quem fez Hector, terminar comigo.

- Elena me contou e agradeço muito a ela por ter aberto meus olhos.
- Quando te vi sofrendo, lhe dei a chance de se abrir comigo, mas você
não quis, preferiu sofrer sozinha e passar os dias sem comer direito, você
pensa que me engana Sophie? Eu via você jogar a comida fora fingindo
comer, se olha no espelho minha filha, você está magra, pálida e com
olheiras! - Ela eleva a voz exasperada.

- Eu o amo mãe!
- Você é uma criança, não sabe o que é o amor, ainda tem muito o que
viver!

- É engraçado! Você tinha 15 anos de idade quando conheceu meu pai e


está com ele até hoje! Vocês namoraram as escondidas por anos até atingirem
maior idade para poderem se casar sem a permissão da minha avó paterna. -
Jogo na cara dela, sua história de amor.

- Eu me apaixonei pelo meu vizinho e não por meu tio, você não vê que
isso é errado?!

- Vejo que você é preconceituosa! - Acuso com raiva. Sei que não seria
fácil quando meus pais descobrissem, mas não vou desistir dele tão
facilmente, ainda mais agora que tenho certeza que nossa separação tem o
dedo da minha mãe. - Foi você que falou para o Hector me deixar, não foi
mãe?
- Abri os olhos dele em relação a vocês, o resto foi com ele.
- O que você falou para ele mãe? - Não estou acreditando que foi minha
mãe quem conseguiu nos separar.
Elena jogou a primeira pá de terra e minha mãe terminou de enterrar
nosso namoro.

- Disse a verdade, disse que quando vocês começaram esse incesto você
era uma criança, ele seduziu você minha menina. - Minha mãe começa a
chorar. Mas não tenho um pingo de dó do seu sofrimento, já que ela não teve
do meu.
- Você não sabe de nada mãe! - Acuso. - Fui eu quem tentou seduzi-lo. -
Digo apontando o dedo pra mim. - Eu perdi minha virgindade com ele
bêbado, corri atrás dele até que consegui fazê-lo admitir que me ama, fui a
outra até ele terminar com Elena… - Despejo tudo que está entalado em
minha garganta. - Até ele ficar somente comigo! Você quer saber de uma
coisa? Faria tudo de novo, pois o amo e sempre vou amar, ele é o homem da
minha vida e não vai ser você e nem ninguém que vai me impedir de ficar
com Hector!
Ao terminar de falar sinto minha cabeça virar para o lado e minha
bochecha arder, minha mãe me deu um tapa, coloco minha mão no rosto.

- Você não tem vergonha, da vadia que você se tornou Sophie? - Como
pode ter feito tudo isso para ter um homem?

- Não fiz isso para ter um homem, fiz isso por amor! - Grito e solto toda
minha raiva e frustração. - Quero que você vá embora, não quero mais saber
de você. Saio do quarto e me tranco dentro do banheiro para ter um pouco de
privacidade.

Ouço baterem na porta, mas não respondo. – Sophie, sou eu Valentina…


- Ela faz uma pausa. - Posso entrar? - Abro a porta e a tranco novamente.

- Desculpa a invasão de privacidade, mas ouvi o final da conversa. -


Valentina admite sem graça. Sentando ao meu lado no chão do banheiro
- Não tem problema.
- Sophie, quando me apaixonei pelo meu primo eu tinha 14 anos, e ele
21, no começo sofri muito, pois ele me via como uma garotinha, foram dois
anos amando em silêncio, até que consegui fazê-lo me ver com outros olhos,
meu caso não é muito diferente do seu. Mas enfrentamos tudo e a todos e
estamos juntos até hoje, Ele foi meu primeiro tudo: Beijo, amor e homem,
tudo que sei aprendi com ele.
- A diferença é que sua mãe não te deu uma rasteira! Tenho certeza que
ela apelou para o lado emotivo e familiar dele. - Seco as lágrimas com a
palma da mão tentando me acalmar, ela deve estar pensando que sou louca e
minha família também. - Obrigada! - Lhe dou um abraço e me levanto.
- Sua mãe saiu para terminar de comprar algumas coisas para você, ela
disse que irá embora amanhã.
- Prefiro assim. - Respondo com um encolher de ombros, Valentina
pode me achar egoísta, por não querer minha mãe por perto, mas prefiro
assim!
CAPÍTULO 28
Assim que minha mãe foi embora me tranquei em meu quarto e
peguei o presente que Hector me deu no aeroporto, abro a caixa e retiro a rosa
que ele colocou dentro, cheiro e a coloco com todo cuidado em cima da cama,
retiro um álbum de fotos da caixa, começo a folhear o álbum que ele me deu
com todas as nossas fotos juntos e com nossos amigos, tem fotos minhas que
ele tirou em um momento de distração, pois não me lembro de telas tirado, na
capa do álbum está gravada uma frase:

“A foto é literalmente uma emanação do referente. De um corpo real, que


estava lá, partiram radiações que vêm atingir, a mim, que estou aqui; pouco
importa a duração da transmissão; a foto do ser desaparecido vem me tocar
como os raios retardados de uma estrela. Uma espécie de vínculo umbilical
liga a meu olhar o corpo da coisa fotografada: a luz, embora impalpável, é
aqui um meio carnal, uma pele que partilho com aquele ou aquela que foi
fotografado”.

Roland Barthes

Pensei que minhas lágrimas tinham secado, mas me enganei, ao ver


esse álbum me derramei em lágrimas de saudade, e de tudo que vivi ao seu
lado.

Após isso passei a ligar para Hector, mas ele não atendia aos meus
telefonemas e não respondia minhas mensagens desesperadas, aliás, me
mandou uma mensagem me dizendo para “viver intensamente e ser feliz”.
Como se isso fosse possível!


Em um belo momento percebo que não sobrou mais alternativa. Todas
as esperanças se esgotaram. Os telefonemas, as mensagens emotivas, e os
áudios desesperados, tudo foi em vão.

Diante disso, começo a perceber um passado cada vez mais distante e


uma estrada longa a se percorrer sozinha sem o amor da minha vida.

Os dias vão correndo, a eles juntam-se semanas, meses e em alguns


casos extremos, como o meu, que já tem anos.

Há três anos estou em São Paulo e ainda não fiz amizade com outras
pessoas, além da Valentina.

Não saio à noite e os pontos turísticos de São Paulo que visitei foi com
meu pai, que vem aqui aleatoriamente a trabalho, ainda bem que ele vem
sozinho. Pois não quero ver minha mãe.

Nesses três anos nunca mais voltei em Brasília, nas férias viajo com
meus pais e depois volto direto para São Paulo, meu pai muito inocente
sempre quer que eu fique com eles em Brasília o restante das férias e os
feriados prolongados, mas minha mãe e eu jamais concordamos e sempre
invento um pretexto.

Todos os feriados fui para casa da Valentina, gostei de todos, mas


achei a mãe dela competitiva em relação a filha, por mais que a mãe tenha
tido ela com 14 anos de idade, não justifica o tratamento imaturo que ela tem
em relação a Valentina, mas enfim! Quem sou eu para julgar.

Continuo tendo contato com meus amigos pelo Facebook e whatsapp,


e através disso fico sabendo das novidades.
Em uma dessas conversas Pedrão disse que viria para São Paulo com
sua então noiva, fiquei muito feliz ao saber que eles deram certo e que agora
Pedrão irá se casar.

Eles ficaram três dias em São Paulo e os fiz companhia ao máximo


que meu tempo permitia, conheci melhor sua noiva, pois só tinha conversado
com ela uma única vez e foi em minha despedida. Olímpia realmente é um
amor de pessoa e meu amigo está muito apaixonado.
Pedrão me contou um pouco sobre Hector e o que ouvi não me
agradou.
Hector se isolou de todos depois que fui embora, os amigos só o vê
quando vão atrás dele, era para eu estar gostando, pois ele está sofrendo tanto
quanto eu, mas não estou. Não acho justo duas pessoas que se amam estarem
separadas por puro preconceito da minha mãe e pela cabeça dura dele.

Pedrão e sua noiva Olímpia, me convidaram para ser madrinha de


casamento junto com Hector, isso me fez ter um frisson de alegria por saber
que vou vê-lo novamente e ainda mais sabendo que Hector vai ser meu par, e
ao receber a notícia esse se tornou meu melhor dia em São Paulo.

- Como você está ansiosa! – Valentina comenta me empurrando com o


ombro. Observando-me esfregar as mãos e balançar as pernas enquanto
esperamos nosso embarque.

- Não vejo à hora de vê-lo! – Falo com o coração na mão. São três
anos vendo Hector apenas através de fotos.

- Você e William, já fizeram as pazes? – Não sei o que é mais


complicado, viver essa situação que me encontro ou tentar administrar um
namoro à distância!
- É sempre assim, ele é muito intransigente, mas no final com jeitinho,
acabo conseguindo o que quero! – Ela comenta sorridente.

Gosto do William, ele ama de verdade minha amiga, eles foram feitos
um para o outro. Quando William vai dormir no apartamento e passa uns dias
com a gente, fico numa inveja boa, queria tanto que comigo e o Hector fosse
desse jeito! Mas infelizmente não é, e agora depois de três anos! Amanhã o
verei novamente.

Ao desembarcarmos em Brasília vejo que meu pai já está nos


esperando, o abraço com saudade e fico aliviada ao ver que minha mãe não
veio com ele. Como pode as coisas mudarem tanto!
Ao olhar minha casa do lado de fora, parece que não tinha se passado
tanto tempo.
- Oi meu amor! – Minha mãe me abraça ao abrir a porta da sala, lhe
dou um abraço frouxo, não querendo muito contato.

Não sei explicar exatamente o que estou sentindo nesse exato


momento, é um misto de saudade e desconforto por estar aqui em casa depois
de três longos anos, não queria que fosse desse jeito, queria ter vindo todos os
feriados prolongados e as férias, mas infelizmente minha mãe pediu por isso,
ignorando meus sentimentos.

Acomodo Valentina no antigo quarto do Hector, ao entrar no quarto


um frisson percorre meu corpo e o meu coração aperta com saudade de todos
os momentos especiais que tivemos.

Vou para meu quarto. Preciso descansar, depois tenho que sair para ver
um vestido pra mim, pois o casamento será manhã.

- Está aberta! – Grito ao ouvir uma batida na porta.

- Posso entrar? – Minha mãe pergunta com a cabeça entre a porta.

- O que você quer? – Pergunto sem emoção alguma, ainda não


consegui perdoá-la.
- Até quando você vai me tratar assim? – Ela entra e fica parada na
porta.

- Foi você quem quis assim! – Dou de ombros a ignorando,


continuando a desfazer minha pequena mala.
- Fiz isso para seu próprio bem! Você não vê que se vocês
continuassem juntos seu pai iria descobrir e ficaria deprimido e magoado com
vocês?

- Claro que ele iria ficar! Mas com certeza ele entenderia e me
apoiaria no final! – Falo ríspida.
- Sophie… – Ela chega perto de mim, segura meus ombros para olhá-
la. – O que a nossa família iria dizer, seria um escândalo!

- Estou pouco ligando para o que os outros pensam, quero saber da


minha felicidade! O que adianta fazer o certo para os outros, sabendo que isso
está me matando por dentro!? – Aponto para meu peito.

- Não fica assim meu amor! – Ela começa a chorar e me abraça, fico
estática com os braços estendidos ao lado do corpo, não consigo retornar o
abraço.

- Está doendo muito! Eu o amo mãe! Mesmo depois de três anos longe
dele, eu ainda o amo! Saio do seu aperto e encosto na parede me abraçando,
para me confortar.

- Enquanto você está sofrendo, ele está saindo com várias mulheres
diferentes! - Ela acusa. - E o pior de tudo é que todas são garotas de programa
ou acompanhantes. – Minha mãe fala com deboche.

Ao ouvi-la dizer isso, sinto como se uma faca estivesse sendo enfiada
em meu peito.
- Será por que ele está fazendo isso hem mamãe!? – Desencosto da
parede e a encaro. – Ele não quer enganar nenhuma mulher, então prefere
pegar uma garota de programa e se satisfazer, sem ter que lhe dever
satisfações ou ter um relacionamento! – Falo com toda firmeza.
- Você anda perguntando por ele e vasculhando sua vida, Sophie? –
Ela pergunta magoada.
- Não mãe! Não falo com ele e muito menos sei da sua vida, mas o
conheço muito bem para saber que ele me ama e não vai conseguir ficar em
um relacionamento com uma pessoa pensando em outra, ele fez isso com a
Elena e se arrependeu muito por isso!

- Gostaria que você tentasse conhecer outras pessoas e saísse como


uma garota normal.
- Não entendo porque você não nos aceita, só te peço uma chance de
te mostrar que nos amamos de verdade!
- Não dá Sophie! Ele é seu tio e isso é incesto! Fora que ele é bem
mais velho, você não entende isso!? – Ela sussurra as palavras, como se fosse
o maior pecado do mundo. - Só tenta Sophie, tenta namorar e conhecer outras
pessoas é só isso que estou te pedindo!

- Era só isso mãe? – Pergunto ríspida, sei que ela não vai mudar sua
opinião, então não adianta discutir. – Se for, então você pode se retirar. Saio
do quarto e vou para o banheiro, tomo um banho e me arrumo para ir comprar
meu vestido.

Fui no carro do meu pai comprar o vestido e mostrar um pouco de


Brasília para Valentina, ela se encantou pela cidade.

Após passearmos e termos ido ao salão nos arrumar, fomos para casa
nos vestir, tenho que chegar mais cedo, pois a cerimonialista tem que
organizar e passar as coordenadas para os padrinhos. Fui na frente e Valentina
irá com meus pais logo em seguida.

Estou usando um vestido longo em tom dourado, com bordados em


tons esverdeado, com uma leve transparência e um ousado decote nos seios,
fiz uma leve maquiagem e deixei os cabelos soltos com cachos grandes.

Ao chegar de táxi, vejo Hector na frente da igreja, meu coração


dispara em antecipação, tive uma impressão de que meus olhos estavam me
pregando uma peça, mas quando o vejo se aproximar, noto que não é uma
miragem e sim o Hector que está aqui, e na minha frente, após todos esses
anos de distância! Desço do táxi como se ele fosse um imã.

- Oi Sophie… – Ele cumprimenta me analisando dos pés a cabeça.


Não sei o que dizer, não sei o que fazer diante dele, ansiei tanto por
esse dia. Agora não sei o que fazer, minha vontade é de dar uns tapas nele,
para descarregar toda minha frustração, mas também quero abraçá-lo para
sentir seu corpo novamente junto ao meu…

- Senhorita? Preciso ir embora! – O taxista chama minha atenção.


- Aqui senhor! - Hector paga a corrida. Depois volta sua atenção pra
mim, que ainda está sem reação alguma ao vê-lo.

- Você está tão mulher! Não vejo mais nenhum traço de menina, ele
analisa meu rosto passando um dedo e onde a mão dele passa, minha pele
queima, clamando por mais um pouco do seu toque. – Fala alguma coisa, por
favor!
- Não tenho nada para falar com você! Tudo o que eu queria te dizer
se perdeu no tempo, nas mensagens recusadas e nas ligações não atendidas. –
Ao falar com Hector sinto a mágoa quem ainda está em meu peito por ele ter
me deixado, sem ao menos me dar o direito de escolha.

- Não fala assim Sophie, por favor, não faz isso… – Ele me abraça
forte e seu cheiro inebria meus sentidos, o abraço de volta deixando minha
saudade por ele falar mais alto. – Que saudade de você minha diabinha!
- Também…

- Sophie! – Minha mãe me chama com a voz alterada e Hector se


afasta de mim imediatamente.
- Oi mano! Só assim para eu te ver! Você acredita Sophie, desde que
Hector se mudou para seu apartamento, ele nunca mais foi lá em casa, nós só
nos vemos no Parque da cidade para correr. – Meu pai abraça o irmão lhe
dando uns tapinhas nas costas e minha mãe não para de nos fuzilar com seus
olhos de águia.

- Por que você não esperou por nós Sophie? – Ela pergunta ríspida.
- Por que você está falando desse jeito, Sônia? - Meu pai pergunta sem
entender a reação da minha mãe.

- Oi gente! Estou feliz que vocês chegaram! - Pedrão aparece todo


lindo vestido de noivo e como sempre livrando nossa pele. Pois todos se
viram para cumprimentá-lo.
Abraço me amigo e lhe desejo toda felicidade do mundo!
- Tentei retardar a vinda da sua mãe, mas quando seu pai disse que
você precisava vir na frente, ela faltou pirar e nos fez sair logo em seguida. –
Valentina fala baixo perto do meu ouvido.

- Obrigada por tentar, mas sei muito bem como dona Sônia é!

- Vou te falar! Se eu tivesse um tio gato desses, também me


apaixonaria! – Ela comenta analisando Hector dos pés à cabeça. – Agora
entendo sua obsessão por ele. – Ela me dá uma piscada e começa a rir.

- Como se seu primo não fosse um Deus Grego! - Comento


debochada, pois seu namorado é um pedaço de mau caminho.

- Realmente nós temos sorte! - Valentina começa a rir e todos a olham,


ela dá de ombros sem se importar de ter chamado atenção.

Revi meus amigos. Samanta está grávida de oitos meses, a barriga


dela está linda! Felipe e ela também são padrinhos, junto com Rodrigo e
Dayane que se casaram em Las Vegas em uma de suas viagens.

O casamento foi lindo e emocionante, Hector segurou minha mão e


não a soltou até o final da cerimônia.

Fiquei na mesma mesa que meus amigos e apresentei Valentina a


todos, meus pais sentaram em outra mesa junto com uns conhecidos deles que
estavam na festa.

Sentei ao lado do Hector que não tira os olhos de mim e do meu


decote.
- Você está linda, mas o vestido precisava ter esse decote tão ousado? -
Ele me pergunta baixo, para que somente eu possa ouvi-lo.


- Gosto de ser ousada e vestir roupas ousadas. - Respondo ignorando
seu olhar.

- Ainda bem que a Sophie não costuma usar roupas ousadas


diariamente, porque senão eu teria um problema sério na faculdade! Pois não
aguento mais levar bilhetes dos carinhas para ela! A fila de pretendentes é
grande, tio Hector! - Valentina solta à mentira, depois toma sua bebida com
naturalidade.

Hector engasga com a bebida e todos o observam.

- Você está bem!? - Valentina pergunta, enquanto bate em suas costas.

- Estou bem obrigada! - Ele responde ríspido.


- Que bom que está se divertindo em São Paulo Sophie! - Ele tenta
falar com naturalidade, mas vejo magoa em suas palavras.

- Você não sabe o quanto! - Valentina alfineta.

Não me importo com o que Valentina está dizendo, sei que ela está
tentando irritá-lo. Não quero que ele pense que ainda estou por baixo e sofro
por ele! Não foi ele quem quis assim!
Depois de alguns bate papos e atualizações da vida de todos, um rapaz
me chama para dançar e eu aceito. Quando me levanto vejo o olhar triste que
Hector me lança.

Ao voltar pra mesa Valentina solta mais uma das suas para provocá-lo.

- Sophie, estava pensando comigo, estava demorando um carinha te


chamar para dançar! - Valentina comenta. - Sabe tio Hector, aonde a Sophie
vai, sempre tem um carinha querendo seu número de telefone, Falei pra ela
aproveitar sua solteirice, já que o idiota do ex-namorado dela não a quis. Por
falar nisso, ele está no casamento Sophie? - Ela Pergunta com deboche. -
Queria conhecer o babaca que deixou você partir! - Ela toma mais um pouco
da sua bebida e encosta-se à cadeira.

- Humm! Essa até eu senti. - Rodrigo comenta rindo.


- Ele não está aqui Valentina!

- Que pena! Queria falar umas verdades na cara dele!


- Posso falar com você Sophie! - Hector se levanta e me puxa com ele!
Ele me leva a um quarto, tira uma chave do bolso, abre a porta e a
tranca em seguida. Vejo que é um quarto que serve de apoio, nele tem uma
cama que está cheia de presentes e uma penteadeira com uma cadeira na
frente.

- Você está com algum namorado Sophie? - Hector pergunta chegando


mais perto de mim.
- Por que você quer saber? - Não sei aonde ele quer chegar com essa
conversa mole.

- Pensei que ao te ver conseguiria me controlar, mas não consigo,


preciso tocar em você, preciso senti-la perto de mim! - Ele segura minha
cintura. - Eu te amo!

- Não Hector… Você não me ama, porque se você me amasse não


teria me deixado.

Hector deixa seus lábios a centímetros dos meus.

- Amo.

- Não ama… – Sussurro.

- Amo e estou doido para te beijar. Então me diga para eu parar, me


diz que não quer me beijar, então me afasta, pois se você não fizer isso vou te
beijar.
Assim que Hector termina de pronunciar suas palavras, ataca minha
boca com sua língua desesperada pela minha, o beijo foi tão intenso que
nossos dentes se chocaram! Meu coração está a mil e minhas mãos estão
suando de emoção por estar em seus braços.

- Por que você fez isso com a gente? - Pergunto sem conseguir abrir
meus olhos.
- Que saudade de você! - Ele beija meu pescoço e desce para minha
clavícula. – Eu fui um covarde, esquece o que aconteceu!

Ouvimos batidas na porta e nos afastamos imediatamente.


BÔNUS HECTOR
PARTE 1
- Sophie! – No momento que penso em correr atrás dela, me lembro,
que tenho uma pilantra na minha casa! Que já está tentando sair despercebida.

- Agora você vai me contar quem te pagou para fazer isso comigo! –
Seguro seu braço fazendo-a voltar para o apartamento, jogando ela no sofá.
A mulher arregala os olhos com medo! E é melhor ela ter medo mesmo,
pois estou puto da vida!

- Ninguém me pagou nada! – Ela tenta se defender.


- Então quer dizer que você do nada achou meu celular, veio me
devolver e quando ouviu o barulho da porta sendo aberta, pulou em cima de
mim e me beijou, exatamente no momento em que minha namorada estava
entrando! Então por que você fez isso?

- Não sei! Eu acho que surtei me desculpe!

Ela tenta se levantar do sofá, mas a jogo novamente com toda força.

- Tudo bem! Então vou chamar a polícia e dizer que você invadiu meu
apartamento.
Pego meu celular de dentro do bolso da minha calça e começo a discar
o 190.

- NÃO! – Ela grita tentando tomar o celular da minha mão. – Tudo bem
eu conto. – A mulher concorda resignada.
Noto que ela está enrolada até o pescoço com a polícia. Ela se diz
chamar Camila e me contou toda armação da Elena, para Sophie nos
surpreender aos beijos.
- Então isso é tudo, posso ir embora?

- Você não disse que ainda falta receber o restante do dinheiro? –


Pergunto já tendo uma ideia.
- Falta, mas não quero esse dinheiro, só quero me livrar dessa confusão!
– Ela joga as palavras rapidamente.
- Você vai se encontrar com Elena e dizer que deu tudo certo, o resto
você pode deixar comigo.

Camila concorda rapidamente querendo se livrar de mim. Ela liga para


Elena e marca o encontro, vou para o apartamento da Camila, fico escondido
gravando tudo, depois que Elena sai, vou embora sem ao menos falar, com a
louca que depois descobri ser garota de programa.

Mandei o vídeo pra Sophie, mais uma coisa entre milhares de


mensagens enviadas que ela ainda não visualizou.

Não acredito que namorei por tanto tempo uma pessoa tão dissimulada
como ela, vou ao seu apartamento, toco a campainha e aguardo ela abrir.

- Oi! - Elena me cumprimenta satisfeita ao me ver na porta. - Entra! -


Ela me dá passagem.

- Só quero te mostrar uma coisa, vai ser rápido.

Quero me livrar o mais rápido possível dessa vagabunda.

- Aceita alguma bebida? - Ela pergunta solícita, chegando perto de mim.


Meu ódio por essa mulher cresce ainda mais! Ligo o vídeo e mostro a ela.

Elena arregala os olhos assistindo!


- Nunca pensei que você seria tão baixa a esse ponto! - Digo com
desprezo. Em seguida seguro seu pescoço e a aperto contra a parede. - Só vou
te dizer uma coisa! Meu maior erro foi ter começado a namorar com você
para tentar esquecer a Sophie. Se eu tivesse sido menos fraco e admitido
desde o começo que a amo, não estaria com tanto nojo de mim mesmo, por
um dia ter beijado você.
Elena começa a chorar e vejo que ela está amedrontada. Meu ódio por
essa mulher é tão grande que se eu pensar mais um pouco é capaz dela morrer
por minhas próprias mãos. Solto seu pescoço e ela cai no chão tentando
respirar.

- Vou te dar um aviso e será o último, se afasta da gente! - Cuspo as


palavras com ódio. - Eu posso não ficar com a Sophie, mas com você não fico
jamais! Eu sinto nojo só de ter que olhar na sua cara!

Saio do apartamento dela, deixando-a tossindo e chorando, tentando


recuperar o ar.

Vou para casa, estou doido sem ter notícias da Sophie! Passo mais uma
mensagem, dizendo o quanto a amo, mas ela ainda não visualizou nada.

Ligo para sua casa na esperança dela atender, mas foi em vão! Quem
atendeu foi Sônia, e disse que Sophie está estudando e que ela me ligará
depois.

Não sei mais o que fazer para tentar conversar com ela! Preciso dela
perto de mim, para ter certeza que estamos bem! Já temos problemas demais
para contornar, então precisamos ser fortes e unidos.

Depois de muito pensar e faltar furar o chão do meu apartamento de


tanto andar de um lado para o outro, decido ligar para Pedrão e pedir sua
ajuda!
Fomos até a casa da Sophie, queria que ele a convencesse de ir
conversar comigo, mas ao chegar lá, meu irmão disse a ele que ela tinha ido
para um luau com as amigas.

Em seguida fomos ao lugar que Heitor disse, mas antes não ter ido, pois
ao ver Sophie beijar Pedrão, sinto como se estivem me esfaqueando, a dor foi
tanta que preferi ir embora esfriar minha cabeça para depois procurá-la
novamente. Sei que não devia ter dito que ela tem uma queda por ele, pois
ambos estávamos de cabeça quente. Vou esperar as coisas acalmarem, depois
conversar com ela.

Minha noite foi uma merda e o dia não está sendo diferente, daqui a
dois dias é o aniversário da Sophie e quero me acertar com ela antes da sua
festa.
Ouço a campainha tocar e vou atender, ao ver Sônia na porta fico
preocupado. Ela está transtornada.
Sinto meu rosto pegar fogo. Não liguei pelo tapa que recebi, a única
coisa que quero saber é o motivo dela está nesse estado.

- Me diz que é mentira. - Sônia pede entre soluços. - No momento que


ouço o seu pedido, a realidade me bate de frente, sei do que ela está falando,
mas não sei o que dizer ou fazer, vi em seus olhos o quanto está sofrendo e
então minha consciência começa a pesar uma tonelada. - Diz que você não fez
isso com minha menina. - Ela começa a gritar e bater no meu peito sem parar.
A única coisa que faço é tentar me defender.

- Me perdoa, por favor. – Seguro seus braços e peço abraçando-a, sei


que ela confiou em mim e eu a decepcionei. - Eu amo a Sophie! Não queria,
mas aconteceu!

Desabafei tudo que estava entalado em minha garganta, precisava disso!


Sônia ao ouvir o que eu disse, entra em desespero e desmaia em meus braços.
Fiquei apavorado, sabia que eles não reagiriam bem, mas nunca pensei que
Sônia chegaria passar mal ao saber que eu estava com Sophie.

Carrego-a no colo e a deito no sofá, pego um álcool na cozinha, esfrego


em seus pulsos e passo perto do seu nariz, aos poucos ela vai acordando.
Sônia tenta se levantar, mas não deixo.

- Por favor, não levanta fica um pouco deitada.


- Estou bem Hector! - Sônia senta e fica me observando. - Agora
entendo a implicância que Sophie tinha por Elena e o quanto você ficou triste
quando Sophie estava namorando Daniel.

- Sônia… - Ela levanta a mão me fazendo calar.


- Hector… - Ela faz uma pausa e respira. - Desde quando vocês estão
apaixonados? - Ela fecha os olhos e abaixa a cabeça.
- Há muito tempo! Me encantei por ela desde que a vi descendo as
escadas da sua casa, assim que cheguei.

Abro meu coração para Sônia, não quero esconder meu amor pela
Sophie, eu a amo e não me envergonho disso!

- Meu Deus! - Sônia encosta a cabeça no sofá e começa a chorar


novamente. - Ela era apenas uma menina Hector! Ela só tinha 16 anos, como
você pode olhar com outros olhos para sua sobrinha!?

- Sophie não sai da minha cabeça desde o momento em que a vi, depois
de um mês percebi que estava apaixonado por ela, mas não queria admitir que
estivesse apaixonado por minha sobrinha. Eu tentei me manter afastado
Sônia, mas não consegui!

- Você é um pedófilo, você seduziu sua própria sobrinha! Como pode


Hector! Você deveria ter se mantido afastado, não deveria ter cedido aos seus
instintos e tê-la seduzido.

- Eu não a seduzi nós nos apaixonamos, aconteceu Sônia! Não sou


pedófilo, se você disser que aceita nosso relacionamento amanhã mesmo peço
Sophie em casamento, porque sei que a amo de verdade e a quero ao meu
lado pelo resto da minha vida!

- Você sabe que por lei, vocês têm que fazer exames consanguíneos para
saber se podem ter filhos saudáveis e se vocês não forem compatíveis eles não
darão o direito do casamento para vocês e se Sophie quiser casar na igreja vai
ser difícil encontrar um padre que queira fazer o casamento! - Sônia não para
de falar e chorar, ela chega a soluçar em alguns momentos.

- Sônia, só nos dê uma chance! - Me ajoelho em frente a ela e peço


humildemente, seu consentimento.
- Hector, o Heitor está com Angina Pectoris, ele estava se sentindo
cansado ultimamente e começou a passar mal, fomos ao médico e eles
detectaram que é Angina Pectoris. Já pensou quando ele souber? Já pensou na
reação dele? Eu posso perder meu marido! Eu não quero perder meu
marido… - Abraço Sônia lhe dando conforto.
- O que você quer que eu faça? - Pergunto já sabendo sua resposta.

- Quero que você deixe a Sophie viver a vida dela, que a deixe seguir
seu caminho, ela vai começar a fazer as provas para o vestibular de medicina
e não sabemos aonde ela vai passar, então quero que você se afaste dela e a
deixe ir. Ela só tem 18 anos e ainda tem uma vida inteira pela frente, você
sabe mais do que ninguém que adolescentes são inconsequentes e eles amam
o proibido. Deixe-a viver a vida dela longe de você e quando Sophie estiver
mais velha e ter terminado a faculdade, se vocês ainda se amarem, eu aceito o
amor de vocês, mas se você insistir em querer um relacionamento agora, não
terão minha ajuda e o que eu puder fazer para dificultar a vida de vocês eu
farei! Sou mãe e quero o melhor para minha filha.

- Tudo bem! - Nunca pensei que concordaria em abrir mão da Sophie. -


Vou deixá-la ir, mas quando ela voltar, e se ela ainda sentir algo por mim, vou
lutar por ela e não vai ser você e nem ninguém que vai me impedir. - Me
levanto do chão vou para a porta e abro. - Estou cansado, preciso ficar
sozinho Sônia.

Ela se levanta enxuga as lágrimas e sai, mas antes de ir para o elevador,


Sônia se vira para mim. - Você tem que me prometer que não vai ter contato
com ela de forma alguma, que irá deixá-la ir e viver sua vida!

- Não precisa se preocupar, não terei contato com ela de nenhuma


forma, lhe dou minha palavra.
Fecho a porta sem acreditar no que acabei de fazer. Prometi me afastar
do amor da minha vida. Fico revoltado comigo mesmo por ser tão
complacente com as pessoas, sempre pensando nos outros e depois em mim.

Pego a primeira coisa que vejo e taco na parede tentando extravasar


minha raiva, não satisfeito, derrubo tudo que está no aparador da sala, bato na
parede várias vezes com minha mão em punho, até senti-la latejar. Antes
sentir a dor na mão, do que a dor que estou sentindo em meu peito.
Vou para meu quarto e vejo seu presente em cima do criado mudo.
Mandei fazer um álbum para dar de presente pra ela e outro para ficar
comigo, pego o meu e começo a olhar nossas fotos.

Estou inerte, a única coisa que faço e ir trabalhar e olhar nossas fotos
incansavelmente! Como se isso fosse me trazer alguma solução em relação a
nós.
Estou evitando todo mundo. Mas o pior de tudo é receber as mensagens
da Sophie e não as responder, queria muito acalmá-la, dizendo que vai ficar
tudo bem, mas infelizmente não posso fazer isso, pois sei que nada vai ficar
bem e as coisas só vão piorar daqui pra frente.

Ouço a campainha tocar, mas não quero abrir, tenho medo que seja
Sophie, mais cedo ou mais tarde ela vai aparecer aqui para conversarmos, no
entanto eu não queria que ela aparecesse, pois ela aparecendo, vai se
concretizar o meu medo, o fim de nosso relacionamento.

Olho no olho mágico e vejo que é Sophie. Respiro fundo e abro a porta,
noto o quanto ela está magra e abatida, isso me deixa ainda mais puto comigo
mesmo pelo que estou prestes a fazer com a gente, mas não posso pensar
somente em mim, tenho que pensar no meu irmão e em sua saúde que está
frágil.

Mas uma coisa eu tenho em mente, assim que Sophie se formar e eu


ver que ela ainda sente algo por mim nem que seja algo mísero e pequeno,
vou tomá-la para mim e não vai ter ninguém que me impeça de fazer isso.
Dou passagem a ela, sem ao menos dizer uma palavra, estou tentando
criar coragem para o que vou dizer, pois a vontade que tenho é de tomá-la em
meus braços e nunca mais deixá-la sair! Como vou fazer uma coisa dessas
justamente no dia do seu aniversário!?
Sento no sofá e Sophie fica em pé, noto que ela não quer sentar no
mesmo sofá que me viu beijando outra mulher. Levanto e puxo uma cadeira
para ela.
- Se você está aqui é porque leu minhas mensagens e viu o vídeo que
gravei. - Falo com a voz rouca, pois há dias evito conversar com as pessoas!

- Li e vi! - É a única coisa que ela fala.


- Bem, então assim você me poupa de explicações desnecessárias! -
Falo sem nenhuma emoção, pois o que estou prestes a fazer me matará por
dentro.

- Me perdoa! - Sophie pede suplicante.


- Não tenho o que perdoar, você foi movida pela raiva! Mas é melhor
ficarmos um tempo separados para pensarmos melhor sobre nós! - Jogo as
palavras de uma vez antes de perder a coragem.

Sophie sai da cadeira onde está sentada e se senta em meu colo me


abraçando, meu corpo relaxa por senti-la junto a mim.

Meu Deus! Como eu amo essa mulher, como isso pode ser errado!?

- Por favor, não faz isso com a gente! Eu sei… - Sophie começa a
chorar. - Sei que fui infantil e impulsiva, que poderia tê-lo deixado se
explicar, se tivesse feito isso não estaríamos passando por essa situação agora.
Por favor, não me deixa.

- Não faz isso, Sophie! - Suplico, pois está sendo muito difícil pra mim.
- Sophie! Eu não mereço você, já te fiz sofrer demais, não tenho direito de
empatar sua vida. Eu te amo! É por isso que estou lhe deixando criar asas e
voar. Em nossa posição eu seria incapaz de fazê-la totalmente feliz,
ficaríamos juntos, mas deixando você longe da sua família e de seus pais!
Não quero vê-la sofrer por ter me escolhido… É por isso que vou deixar você
livre para que possa escrever uma bela história. Você vai encontrar alguém!
Tenho certeza disso! Alguém melhor do que eu!

A cada palavra que digo parece que um punhal vai mais fundo em meu
peito.
- Mas eu posso ter asas e voar estando ao seu lado! Não quero conhecer
ninguém! – Fico feliz ao ouvi-la falar que não quer conhecer ninguém, sei que
ela me ama, tanto quanto a amo. – Eu te amo, não faz isso com a gente. - Ela
fala com tanto amor que até eu posso sentir.

Mas infelizmente não tenho o que fazer! Não acho uma saída para nossa
situação.

- Se você me ama mesmo, vai seguir sua vida, seus sonhos e deixar que
eu siga a minha. Vai ser melhor assim! - Seguro seu rosto e peço com o
restante das forças que ainda me resta. – Nós não temos futuro juntos e nunca
teremos! Para quê insistir e nos magoarmos em vão? Não compensa Sophie!

Tive que falar isso para não cair em tentação, porque minha vontade é
de pegar Sophie e sumir, mas não posso fazer isso!

- Você tem certeza, Hector? – Ela sai do meu colo, me levanto e observo
seus lindos olhos, por um minuto apenas pensei em desistir, mas não posso
ser egoísta a esse ponto.

- É a única coisa que mais tenho certeza nesse momento! – Tento falar
com toda convicção que não tenho.

- Se eu sair por essa porta, vou me esquecer de você e seguir em frente e


tudo estará acabado. – Sophie aponta para a porta, mostrando que é definitivo.

- É melhor assim! – Sussurro sem forças para continuar me flagelando


ao deixar o amor da minha vida partir.

- Vejo que Elena conseguiu nos separar. - Sophie fala com ódio ao
pronunciar o nome daquela safada! Mal ela sabe que é sua mãe quem está nos
separando.
- Não foi à armação da Elena que está nos separando e sim às
circunstâncias em que nos encontramos. O que Elena fez é a ponta do iceberg
do que teríamos que enfrentar para ficarmos juntos.
- Achava você um covarde por não ter coragem de admitir o que sentia
por mim! – Ela fala limpando suas lágrimas. – Depois que você admitiu que
me amava, pensei que lutaria por nós, mas vejo que me enganei! Você nunca
lutou por nós, por mim. Sempre fui eu quem correu atrás de você, sempre
lutei por nosso amor.
- Não é bem assim, Sophie… - Tento me defender

- É bem assim… Sim! – Ela interrompe, ríspida e nesse exato momento


vejo que consegui afastá-la verdadeiramente de mim. – O que me dói é saber
que todo esse meu amor não vai servir para nada!

- Não fala assim Sophie, o que vivemos foi lindo você é o meu amor e
sempre será, você é tudo de mais lindo que aconteceu pra mim! - Em um
momento de desespero ao ouvi-la falar assim do nosso amor, tento passar a
mão em seu rosto, mas ela se afasta.

- Não quero saber o que eu fui para você! Eu quero saber o que eu posso
ser! Se você diz que não temos futuro juntos, então prefiro não ter nenhum
contato. Tenho que ir, hoje é meu aniversário e preciso me arrumar para sair
com meus amigos, adeus Hector!

- Sophie!

Não posso deixá-la sair daqui tão magoada assim comigo, queria que
ela aceitasse da melhor forma possível.

Coloco minhas mãos em suas costas, ele se joga em meus braços unindo
nossos corpos. A seguro já sentindo saudade, não sei se esse será nosso último
abraço, não sei o que o futuro nos reserva, então aproveito a sensação
maravilhosa de tê-la junto a mim.

- Confie em mim, por favor. Sei o que estou fazendo, vai ser melhor
para nós dois, sempre estarei aqui, não vou a lugar nenhum, estarei aqui te
esperando. – É o máximo que consigo dizer, não aguento mais, estou
esgotado.

Ela concorda balançando a cabeça e sai dos meus braços, a sensação de


não tê-la comigo é a pior que já senti em minha vida.
Vejo Sophie sair do meu apartamento e também da minha vida, me
seguro para não ir atrás dela, tenho certeza que se eu fizer isso, iríamos acabar
nos beijando e acabaríamos nos amando! E isso não seria justo com nenhum
dos dois, pois no final estaríamos separados do mesmo jeito.
Fecho a porta e observo o sofá que Sophie ficou olhando com nojo, vou
na cozinha e pego uma faca e descarrego meu ódio, rasgando ele todo.
BÔNUS HECTOR
PARTE 2
A vida me ensinou a dizer adeus às pessoas que amo, sem tirá-las do
meu Coração! Dei adeus a minha mãe e apesar de saber o que ela fez, não
deixei de amá-la, pois foi ela quem me deu à luz e me criou.

A vida me ensinou a sorrir para as pessoas, para mostrar a elas que


estou bem, mesmo que isso não seja verdade!

Com Sophie ao meu lado abri minhas janelas para o amor e aprendi
não temer o futuro! Pena que não consegui lutar contra as injustiças e o
preconceito, pois meu futuro com Sophie é incerto e a vida está sendo injusta
conosco.

Desde que expulsei Sophie da minha vida, estou morto por dentro,
faço tudo no automático, trabalho, como e durmo. É somente isso que sei
fazer, meu sofá até hoje está rasgado, nunca fico na sala, sempre vou direto
para meu quarto e todos os dias assim que chego olho para a enorme foto
nossa que tenho estampada a cima da cabeceira da minha cama, olho no
criado e lá está seu presente que ainda não tive coragem de enviar, muito
menos entregar.

Meus amigos me avisaram que vão sair com ela para uma despedida,
esse é seu último final de semana dela em Brasília, na segunda feira Sophie
vai para São Paulo começar a cursar medicina.

Não quis ir para a despedida, não quero causar mais sofrimento a nós
dois, então preferi ficar em casa enchendo a cara, para tentar esquecer por
hoje, minha vida miserável.
Ouço alguém esmurrando a porta, tento levantar, mas minha cabeça
começa a latejar. Quem será a porra inoportuna, que está batendo a essa hora
na minha casa!? Olho no relógio e vejo que são 11:30 horas da manhã, puta
que pariu! Hoje é segunda-feira e faltei ao trabalho! Dessa vez meu porre
bateu o recorde!
- Abre a porra dessa porta, agora Hector. - Ouço Pedrão xingando do
outro lado.
Abro a porta pouco me importando com quem Pedrão esteja, estou
somente de cueca e com o cabelo bagunçado, o meu bafo também não deve
estar dos melhores.

- Puta que pariu! Tem um gambá morto aqui? O que você andou
aprontando Hector? - Felipe fala com a mão no nariz enquanto observa a
bagunça que está meu AP.

- Eu sei que deveria ter ido para o trabalho cara, mas vou ver se
consigo um atestado.

- Nós viemos para você pelo menos tomar um banho e ficar mais
apresentável. - Rodrigo fala enquanto Pedrão não tira os olhos do meu sofá.

- Não estou entendendo! - Pergunto querendo saber aonde eles querem


chegar com essa conversa.

- A Sophie vai pegar o voo às 15:00 cara e você vai se despedir dela. -
Pedrão fala enquanto observa as espumas rasgadas. - Você teve uma briga de
faca aqui? - Pedrão levanta umas espumas.

- Descontei minha raiva no sofá. - Respondo dando de ombros.


- Como vai ser? - Felipe pergunta olhando a bagunça.

- Vou fazer um café enquanto Hector toma um banho - Pedrão fala


indo para a cozinha.
- Vou dar uma organizada nisso, cara deve ter até rato morto. - Felipe
vai atrás de uma vassoura.

- Você quer que eu te dê um banho? - Rodrigo pergunta sorridente.


- Sai fora, Rodrigo! Vou tomar meu banho sozinho. - Vou depressa
para meu quarto.
- Poxa cara! Tenho que ajudar em alguma coisa! – Rodrigo vem me
seguindo.

- Então ache outra coisa para fazer! - Tranco a porta do meu banheiro,
desde sábado eu não tomo banho, devo estar fedendo.

Ao terminar meu banho, me arrumo e tomo um remédio para dor de


cabeça.

- Que surra a Sophie deu na sua prima, Felipe. - Ouço Rodrigo


comentando assim que entro na cozinha.

- Por que a Sophie brigou com Elena? - Todos se viram ao mesmo


tempo. Estou puto, com essa porra de mulher! Não acredito que ela ainda foi
atrás da Sophie!

- Elena foi ao barzinho onde estávamos. - Felipe se justifica sem graça


por causa da prima.

- Ela pediu por uma surra, então a Sophie deu! - Pedrão comenta
rindo.

- Eu não vou me despedir dela, não tenho coragem de vê-la partindo. -


Falo enquanto Felipe coloca um prato de macarrão na minha frente.

- Trouxemos comida! - Pedrão comenta.


- Então foge com ela! - Rodrigo sugere - Aí! Puta que pariu! - Rodrigo
passa a mão na cabeça, reclamando do tapa que Felipe lhe deu!

- Você só fala merda cabeça! O cara é tio dela, como ele vai fazer essa
sacanagem com os irmãos!? - Felipe lhe explica.
- Ah, cara! Se eu amasse minha sobrinha, não queria saber de
ninguém… - Rodrigo responde dando de ombros.

- Não dá cara… não posso fazer isso com ela, não posso mandar a
Sophie escolher entre eu e seus pais. - Me justifico.
- Mas uma coisa você pode fazer! - Rodrigo comenta rindo. - Vai atrás
dela, cara! Vai se despedir da sua mulher, não a deixe ir embora magoada com
você.
- Concordo com o cabeça aqui. - Pedrão comenta enquanto come seu
macarrão.
- Também concordo. - Felipe reforça. - Dessa vez você falou bonito
cabeça!

- Eu sempre falo bonito. - Rodrigo se gaba.


Penso bem no que eles me falaram, realmente não sei quando verei a
Sophie novamente.

- Vocês têm razão! Vou ver a Sophie e entregar o presente dela.

- Então vamos comer rápido, pois estamos no nosso horário de


almoço. - Felipe nos apressa.

Comemos em total silêncio, no caminho para o aeroporto paramos em


uma floricultura e comprei uma rosa vermelha, queria comprar um buquê com
várias rosas, mas infelizmente Sônia vai estar lá e não quero mais confusão
com ela.

Os caras me deixaram no aeroporto me desejando boa sorte.

Ao avistar Sophie de costas indo em direção ao acesso de embarque


meu coração sofre uma parada de antecipação.
- Sophie… - Chamo seu nome que parece mel, adoçando minha boca.

Ela se vira, e apesar de estar visivelmente magra e abatida, ela é a


mulher mais linda que eu já vi. Assim que Sophie me vê, corre pros meus
braços. Esse é o lugar onde ela jamais deveria sair, Sophie é minha pilastra de
sustentação. Começamos a chorar.

- Eu te amo muito… - Sussurro entre lágrimas. Não acredito que agora


é concreto, que estamos nos separando. - Te amo, minha diabinha! - Preciso
mostrar a ela o quanto a amo, nesse pouco tempo que me resta.
- Também te amo muito! - Ela me abraça mais apertado.
- Hector, você me prometeu! - Vejo Sônia atrás da Sophie com o rosto
vermelho de raiva.

Sei que não deveria estar aqui, que tinha prometido a Sônia me afastar,
mas os caras abriram meus olhos, nós realmente precisávamos dessa
despedida.

- Eu não queria que ela fosse embora me odiando! - Falo


envergonhado por quebrar minha promessa.

- O que está acontecendo? - Sophie pergunta ansiosa.

- Nada Sophie! – Tento desconversar.


- Posso falar a sós com ela Sônia?

- Hector… - Sônia está apreensiva.

Faço-lhe um gesto com a cabeça para que ela não se preocupe, não
farei nenhuma besteira.

- Só quero me despedir da Sophie!

- Vocês têm cinco minutos! - Sônia fala ríspida e saí de perto da gente.

- Quero entregar seu presente de aniversário, nunca pensei que


passaríamos ele separados, - começo a me explicar. - Quando você foi lá em
casa, estava com ele em meu quarto, queria muito lhe entregar, mas fiquei
receoso de fazer isso, afinal de contas você estava magoada comigo e com
toda razão… - Respiro fundo tomando ar, preciso acalmar meus nervos. -
Abre somente quando estiver sozinha, não deixe sua mãe ver. - Ela Concorda
com a cabeça. - Abro a caixa, dou um beijo na rosa, coloco dentro dela e lhe
entrego. - Nós precisamos desse tempo de amadurecimento, isso vai ser bom
para ambos e quando você voltar e eu ver que ainda senti algo por mim, não
vai ter ninguém que me impeça de ficar com você Sophie! Você pode ter
certeza disso!
Falo essas palavras com toda verdade do meu coração, pois tenho
esperança de ainda ficarmos juntos.
- Hector nós podemos namorar a distância, posso te esperar o tempo
que for preciso é só você dizer que sim! Vamos dar um jeito nisso tudo! - Ela
tenta argumentar.

- Sophie! Vá e viva sua vida, não pense em mim e em ninguém, curta


cada momento não pense no depois, deixe as coisas acontecerem! - Tento lhe
dar coragem para seguir em frente, coisa que não conseguirei fazer.
- Posso te ligar? - Concordo para não haver mais discussão.

- Sophie! - Sônia lhe chama um pouco afastada.

Dou um abraço forte nela, lhe dou um beijo na testa e encosto minha
testa na sua. - Tchau meu amor! - Digo tchau e não adeus, tenho certeza que
ainda ficaremos juntos. Dou-lhe um beijo rápido nos lábios para mostrar a
Sônia que eu perdi a batalha, mas não a guerra!

Vou embora sem olhar para trás, não posso fraquejar.

Pego um táxi e peço para me deixar em frente a um barzinho, quero


beber um pouco antes de ir para casa.

Só que é complicado beber estando com uma tremenda dor de


cotovelo, toda bebida nunca é o suficiente para deixar de esquecer a pessoa
amada.

Vejo uma mulher se aproximando de mim. - Está só gato? - Ela me


pergunta vulgarmente.
- Não… estou acompanhado! - Falo embolado mostrando uma garrafa
de Whisky.

- Você está precisando de outro tipo de companhia? - Ela pergunta


esfregando os peitos em mim. - Observo seu cabelo e vejo que é da mesma
cor do cabelo da Sophie, o seguro esfregando com as pontas do dedo.
- Você é ruiva?

- Sou sim gato!


- Posso te chamar de Sophie? - Pergunto querendo tirar essa dor em
meu peito.
- Me pagando, você pode me chamar do que você quiser! - Ela ri
maliciosa, seu sorriso é falso e não se compara com o sorriso radiante da
minha Sophie! Nunca ninguém vai chegar aos pés dela.

Ela me estende a mão e eu aceito. - Vem que sua Sophie vai te colocar
para dormir.

E essa foi à primeira garota de programa entre muitas que peguei


esperando, a verdadeira Sophie voltar para os meus braços.
CAPÍTULO 29
- Sophie! - Ouço Valentina me chamando. Hector abri a porta.

- Tem batom na sua boca. – Ela avisa sorrindo. – Sua mãe está te
procurando feito uma louca! Disse que você tinha ido ao banheiro, por isso
vim aqui.

- Depois conversamos! Hector sai rapidamente, sem me dar chance de


abrir a boca.

Saio do quarto e tranco a porta, ao virarmos o corredor encontro


minha mãe bufando de raiva.
- Onde você estava, Sophie? - Ela pergunta em um tom grosseiro.

- Estava no banheiro, por que, não pode? Ou teria que lhe pedir
permissão primeiro? - Pergunto com sarcasmo.
Saio de perto da minha mãe sem lhe dar chance de continuar
reclamando, volto para a mesa, mais Hector já tinha ido embora, continuo
matando a saudade dos meus amigos até a hora que meu pai me chama para ir
embora.

- Acorda! - Descubro Valentina para acordá-la, tenho somente hoje


para ver Hector, pois amanhã irei embora.
- Puta merda Sophie, é cedo demais! - Ela puxa o edredom e se cobre
novamente.
- Não é cedo, são 09:00 da manhã. - Deito ao seu lado e puxo o
edredom. - Preciso da sua ajuda para ver o Hector.

- Sou toda ouvidos! - Ela abre um olho para falar comigo.


- Seu outro olho está grudado? - Pergunto rindo.
- É que ele ainda não acordou! Mas pode falar que estou ouvindo.

- Hector acorda cedo para correr, ele corre de segunda a sexta com
meu pai e nos finais de semana costumava correr comigo, mas meu pai disse
que agora ele corre sozinho, é raro meu pai ir correr com ele no sábado.

- E ele corre aonde?


- No parque da cidade.

- E o que você pretende fazer? Pois já são nove horas e ele já deve ter
terminado sua corrida.
- Estou contando que ele não tenha mudado seus hábitos, ele sempre
vai ao mercado ou na padaria comprar o café da manhã depois da corrida.

- Caraca! Não acredito que ele fica de short de corrida desfilando toda
sua gostosura por aí! Então vamos à caça do titio gostoso! - Valentina levanta
e se arruma.

- Bom dia tio Heitor, bom dia tia Sônia! - Chegamos na cozinha com
uma Valentina sorridente cumprimentando meus pais.

- Bom dia! Eles respondem juntos e o sorriso da minha mãe morre ao


me ver.

- Bom dia minha boneca! - Meu pai me cumprimenta, me dando um


beijo.

- Bom dia! - Retorno o beijo. - Bom dia mãe! - Falo sorridente.


- Bom dia! - Minha mãe responde tentando disfarçar seu mau humor
ao falar comigo.

Observo meu pai comer e fico me perguntando. Se ele também


mudaria muito comigo como minha mãe mudou ao descobrir sobre eu e
Hector? Ás vezes tenho vontade de contar para ele, mas também tenho medo
de perder seu carinho e amor!

- Vamos Sophie! - Valentina me chama me tirando dos meus


pensamentos.
- Aonde vocês vão? - Minha mãe pergunta na mesma hora.
- Quero conhecer Brasília e a Sophie não me mostrou quase nada, pois
tínhamos que escolher seu vestido, porém hoje ela não me escapa, quero
conhecer tudinho! - Valentina falou com um entusiasmo tão grande que
contagiou até minha mãe, que não teve argumentos.

Já tinha combinado tudo com Valentina, ela vai ficar na feira dos
importados fazendo umas compras enquanto faço uma surpresa ao Hector.
Deixo o carro do meu pai no estacionamento da feira e vou para o
apartamento do Hector de táxi.

Chegando ao prédio vejo que o porteiro ainda é o mesmo.

Bom dia, seu Geraldo! - O cumprimento animadamente.

- Oi menina há quanto tempo! - Ele me cumprimenta com um abraço.

- Estou fazendo faculdade fora de Brasília!


- Seu tio me disse menina! - Ele fala cordialmente.

- E por falar em tio, ele está?

- Ele ainda não chegou!

- Ele disse que não ia demorar a chegar da corrida, estranho vou ligar
para ele. - Finjo ligar pro Hector.

- Seu Geraldo, ele vai demorar um pouco, pois foi na padaria, então
ele pediu para o senhor me dar à chave reserva, para esperá-lo.
Seu Geraldo me entrega a chave do apartamento do Hector, ao entrar
sinto o cheirinho familiar do lugar que tive muitos momentos felizes, está
quase tudo do mesmo jeito, tirando o sofá que é outro, e os objetos do
aparador, vejo que nossas fotos estão em outros porta retrato. Vou para seu
quarto e ao entrar vejo uma foto nossa a cima da cabeceira da cama, é a foto
que mais gosto do álbum que ele me deu, em cima de um criado, tem uma
foto minha e no outro, tem um álbum que é igual ao meu.
Hector ainda me ama e me mantém presente em sua vida através dos
objetos, passo a mão na foto a cima da cama e começo a chorar de emoção,
essa é a prova real do amor que ele sente por mim. Mesmo eu longe ele me
mantém presente em sua vida, através das recordações.

- Sophie! - Hector me chama, estava tão absorta em meus


pensamentos que não ouvi a porta sendo aberta.

Viro-me e vejo Hector parado, em frente à porta do seu quarto. Meu


coração aperta, ao ouvi-lo mordo meu lábio inferior, para evitar de chorar,
meus nervos estão a flor da pele.

Chego perto dele e corro meu dedo por sua camisa suada, ele fecha os
olhos ao sentir meu toque e me puxa para um abraço.

- Parece um sonho, você aqui comigo! - Ele sussurra as palavras ao


meu ouvido.

Sua barba roça meu rosto, me fazendo arrepiar. Tem três anos que não
o vejo e não o toco, mas é como se esse tempo não tivesse existido, pois me
sinto à vontade em seus braços.

Passo minha mão por cima da sua camiseta, ele está mais forte, mais
malhado e definido, acho que está pegando pesado na academia! Passo minha
mão por seu tanquinho, lembrando de cada pedacinho dele.

- Veja como meu coração fica ao te ver! - Ele coloca minha mão sobre
seu peito e sinto seu coração batendo descompassado. – Preciso te beijar
Sophie!

Hector está com seu nariz junto ao meu, ele passa a mão em meu
cabelo e segura meu rosto, ele cola nossas bocas e respira profundamente, sua
língua encontra a minha e nosso beijo é intenso e cheio de saudade.
Retiro sua regata e ele desce um pouco a alça da minha blusa, nossas
respirações estão pesadas de desejo, meu coração bate descompassado, passo
minhas mãos por seu corpo matando a saudade dele.
- Preciso de você! - Hector ao ouvir, me pega no colo, me leva para
cama e começa a tirar minha roupa, ele fica me observando nua em sua cama
enquanto tira, seu tênis e short.
Ele beija meus lábios, maxilar e pescoço. - Sou louco por você
Sophie! – Seus olhos azuis se fixam aos meus.

- Sou louca por você Hector!


Ele volta a me beijar e vai descendo, para meus seios os sugando,
dando atenção a um de cada vez.

- Seus seios estão maiores, seu corpo está com a forma mais
arredondada, agora é um corpo de mulher! - Enquanto ele fala, vai passando a
mão pelos meus seios, barriga e quadris.

Hector desce a mão e massageia minha amiga que agradece feliz


soltando seu mel, ele passa a língua em toda extensão do meu sexo, me
fazendo gemer!

- Hector! - Suplico gemendo.

- Shhh… Pode deixar que vou cuidar direitinho de você!

E como prometido, ele cuidou de mim tão bem que me desmanchei


rapidamente em sua boca.

Hector refaz o caminho até minha boca beijando todo meu corpo,
dando uma atenção maior aos meus seios.

Ele me beija lentamente, me fazendo sentir centímetro por centímetro


sua penetração, a sensação de tê-lo novamente dentro de mim é tão boa que
tenho vontade de chorar de alegria!

- Que saudade de estar dentro de você! - Ele sussurra em meu ouvido


enquanto começa a se mover com mais velocidade.
Eu o aperto ainda mais junto a mim, segurando seu bumbum
maravilhoso, arranho suas costas, com êxtase. Ele bombeia sem pena, Hector
sai de repente de dentro de mim, me vira na cama e me penetra com tudo.

- Ah não para, continue! - Suplico! Ele está selvagem e perdeu todo


seu autocontrole e estou achando maravilhoso.
- Que saudade do seu sabor! - Ela passa a língua em minha coluna. -
Que saudade de seu cheiro! - Ele cheira e beija meu pescoço. - Que saudade
de senti-la em minha mão! - Hector coloca sua mão na minha amiga
perseguida e massageia. - Te amo tanto meu amor! Esse tempo afastado de
você foi um inferno! Não quero mais, ficar longe de você.

Ele está me dizendo tudo que eu mais queria ouvir na vida, mas estou
tão em êxtase, na sensação maravilhosa de tê-lo dentro de mim que não
consigo responder e só faço gemer de prazer.

- Você está me entendendo Sophie? - Ele segura meu cabelo e me faz


olhar para ele. Concordo com a cabeça, ele puxa meu rosto e beija minha
boca sem para de me penetrar.

- Hector…

- Também quero gozar! Estou me controlando, para não chegar ao


clímax tão rápido.

- Então vem amor… - Gozo novamente e Hector urra, liberando seu


prazer.

- Eu te amo! - Ele me fala ofegante. - Estamos deitados, tentando


recuperar o fôlego.

Viro-me de lado para vê-lo melhor. - Eu ainda te amo! - Por isso vim
aqui! - Passo a mão em seu rosto, ele fecha os olhos sentindo meu toque. -
Quero sair daqui de Brasília com a certeza de que estaremos bem e que
podemos namorar enquanto termino minha faculdade ou que não tenho mais
chance, mas dessa vez não vou ficar sofrendo, vou seguir com minha vida e te
esquecer. Ele abre os olhos, ao ouvir minhas últimas palavras.
- Eu quero você, minha diabinha! Vamos ficar juntos, não quero ver
você me esquecendo! - Ele me abraça beijando a ponta do meu nariz.

- Mas preciso te falar uma coisa! - Sempre em nosso relacionamento


tem um, “mas” ou um e “se” e isso é um saco! Faço uma careta de desgosto
com essa palavra.
- Pode desfazer essa cara emburrada e essa ruguinha no meio da testa.
- Ele passa o dedo entre minhas sobrancelhas. - Seu pai está com angina,
Sophie!

- O quê?! - Sento na cama. - Como assim? - Pergunto sem entender


nada.

Hector me conta toda conversa que teve com minha mãe e o motivo de
ter se afastado de mim, não sei o que pensar! Fico chateada por ele ter me
excluído, ele simplesmente tomou a decisão sozinho e me tirou da sua vida,
achei muito egoísmo da parte dele. Por mais que minha mãe o tenha
chantageado, pois foi isso que ela fez! Ele não tinha o direito de ter feito isso
com a gente.

- Você deveria ter me contado o que estava acontecendo! Você não


confiou em mim, só fez o que achava certo e com isso nos fez sofrer.

- Sophie… - Ele se ajoelha na cama de frente para mim e segura meu


rosto. - Eu queria lhe dar uma oportunidade de viver sua vida sem minha
presença, não queria lhe impor nada! Do jeito que a Sônia estava com raiva,
era capaz de dar mais confusão ainda! E aí você iria ter que acabar
escolhendo entre seus pais e eu, era isso que eu não queria, você só tinha 18
anos, não queria que tivesse essa pressão em seus ombros!

- Isso não justifica suas atitudes, você deveria ter confiado em mim e
não confiou! - O acuso.
- Não fala assim Sophie! Só quis o seu bem! - Hector passa a mão em
meu rosto e beija minha testa, me abraçando e ninando em seus braços.

- Por que meu pai está com problema no coração e eu não sabia? - Não
entendo porque eles não me contaram! - Pode ser mentira da minha mãe para
te chantagear emocionalmente.
- Também pensei, mas em uma de nossas corridas ele me confessou
que estava com problema no coração. Se ele não se cuidar tem grandes
chances de sofrer um infarto fulminante.

- Mas não entendo porque eles não me contaram!


- Ele ficou com medo de te contar e você desistir de cursa faculdade
fora de Brasília e assim acabar te prejudicando.

- Mesmo depois de tudo que você me contou, não justifica o que você
fez com a gente, meus anos sem você foi um inferno! Assim que cheguei em
São Paulo minha mãe me disse que descobriu sobre a gente, acabamos
discutindo e a mandei ir embora, nunca mais voltei em Brasília e não a
perdoei até hoje! - Desabafo o que está entalado em minha garganta. - Meus
anos sem você foram uma merda, não fiz amizade com ninguém, além da
Valentina, eu não vivi, eu sobrevivi.

- Me desculpe! - Ele me aconchega ainda mais em seu colo. – Eu


sempre estou fazendo merda, pensando que estou fazendo a coisa certa!

- Só me prometa que vamos resolver tudo juntos! - Me viro sentando


de frente para ele, passo minha mão em seu rosto, sentindo sua barba arranhar
minha mão.

- Prometo meu amor, prometo quantas vezes você quiser e o que você
quiser, só não quero mais ficar sem tê-la na minha vida.

- Por favor, não me esconda nada Hector, já me decepcionei demais


com você!

- Entendi o recado e você não vai se decepcionar dessa vez!


- Então o senhor meu tio, me deve 3 anos de orgasmos negligenciados.
- Passo minha mão em seu sexo o acariciando.

- Ha… Sophie! Sua mão é mágica! Não seja por isso! Vou pagar tudo
com juros e correção monetária.
- Onde você vai? - Hector me tirou do seu colo e saiu da cama.

- Vamos ao segundo Round. - Ele me puxa pelo pé e solto um gritinho


com o susto, Hector me carrega para o banheiro e lá nos amamos mais uma
vez.

Depois de banhados e devidamente apresentáveis, fomos para feira


dos importados buscar Valentina para almoçar.
- Que lindinho! Finalmente se acertaram. - Valentina comenta alegre,
ao nos ver de mão dadas e com o maior sorriso no rosto. - Acho que você não
deve gostar muito de mim! - Ela comenta sem graça. - Mas precisava
defender minha amiga! Como estava proibida de pular em cima do seu
pescoço e te dar uns tapas, por fazê-la sofrer, então decide te atacar
verbalmente. - Valentina fala dando de ombros.

- Entendi bem o seu recado! - Hector estende a mão para Valentina. -


Paz?

- Paz! - Ela estende a mão e eles selam a paz entre eles.

- Sua amiga não é fácil! Tenho dó do namorado dela. - Hector


comenta ao meu ouvido.

- Você não viu nada! - Começo a rir do seu comentário.

Almoçamos em um clima agradável, entre conversas e brincadeiras,


fomos para a torre de TV um dos pontos turísticos de Brasília e fizemos um
tour aéreo.

Peguei o carro do meu pai no estacionamento da feira dos importados


e fomos para a casa do Hector assistirmos a um filme.

No meio do filme Valentina começa a rir, fico sem entender o motivo


da graça, já que o filme está em uma parte dramática na vida do casal.
- O que foi? - Pergunto sem entender o motivo da piada.

- Sempre é você quem está de vela, e eu e William que estamos de


casal, hoje é o contrário.
- Realmente! - Concordo e me aconchego ainda mais ao Hector.

- Não tem problema, seus dias de vela acabaram, sempre que possível
vou ir te visitar. - Ele me aperta em seus braços e me dá um selinho.
- Hum…que lindo! Então vamos sair em casal, vai ser divertido.
Depois de assistirmos ao filme, decido ir embora, tive que desligar
meu celular, pois minha mão não parava de mandar mensagens querendo
saber onde estou fora às ligações que fiz questão de rejeitar.

- Vamos beijoqueira! - Valentina buzina de dentro do carro, para me


apressar, pois já estamos no quinto beijo de despedida.

- Sophie! - Ouço alguém me chamando e me viro para saber quem é…


CAPÍTULO 30

David corre em minha direção com os braços abertos, abraço meu


amigo com muita saudade, sempre conversamos pelo Facebook, ele me disse
que está morando há três meses em um prédio ao lado do prédio que Hector
mora, ele está morando com um cara 5 anos mais velho que ele, finalmente
David teve coragem de assumir sua sexualidade. A família dele ainda não
aceitou, mas ele disse que está feliz mesmo assim.

Estou achando que o meu caso com Hector vai ser semelhante ao do
David, minha família não vai aceitar, mas mesmo assim seremos felizes,
esperando um dia sermos aceito, assim como David espera ser aceito pelos
seus.

Apresentei Valentina a ele e marcamos de sair mais tarde, ainda tenho


o resto da noite para matar a saudade dos meus amigos.

Fui pra casa descansar um pouco e me arrumar para sairmos à noite.

- O que você achou? – Valentina dá uma volta, mostrando seu vestido


vintage preto. Valentina é linda tem os cabelos pretos à cima do ombro, seu
rosto é de menina e a cor da sua pela clara contrasta com a cor dos cabelos
escuro e seus olhos claros, ela é menor que eu e suas feições são delicadas.
Estou usando uma saia jeans curta e uma blusa frente única.

- Oi, posso entrar? - minha mãe pergunta com a cabeça dentro do


quarto.
- Pode mãe! Mas fala logo o que você quer, pois estou de saída, o
David deve estar chegando a qualquer momento pra me buscar, vou sair com
ele e a Stefanini.
- Como nos velhos tempos! Ela fala e senta na minha cama.

- Como nos velhos tempos! – Paro de me maquiar observando-a, e


tento decifrar o que ela quer.
- Por que você não me atendeu, Sophie? – Minha mãe me questiona!
- Estava ocupada me divertindo e matando a saudade da minha terra
natal. – Falo dando de ombros.
- Será sempre assim? Nós éramos muito unidas, sempre
conversávamos…

- Mãe… Não mudei com você, simplesmente não aceito o que você
fez comigo, ainda não a perdoei e sinceramente não sei se vou perdoá-la! Por
causa do seu preconceito, você me afastou de Brasília, dos meus amigos, do
restante da família e do Hector, principalmente dele!

- Fiz isso para lhe proteger e não por preconceito. - Minha mãe tenta
se justificar.

- Mãe é só isso? – Meu celular toca e vejo que é o David ligando.

- Oi David! - Falo seu nome para que minha mãe veja que estou
saindo com ele. – Tudo bem, estou descendo.

Ao descer as escadas vejo Stefanini e David me esperando, nos


abraçamos bastante, depois apresento Valentina a ela.

- Oi tia Sônia, há quanto tempo! - Stefanini abraça minha mãe com


carinho a cumprimentando.
Stefanini me sugere de Valentina e eu dormirmos em sua casa, aceito
na mesma hora e aviso meus pais.

- Gostou da surpresa? - Stefanini pergunta sorridente.


- Que surpresa? - Pergunto sem entender nada.
- Oi amor! - Ao abrir a porta do carro vejo Hector sentado no banco de
trás.
- Essa surpresa é maravilhosa! - Dou um beijo em seus lábios.
- Meu amigo David disse que viu vocês dois juntos, sempre fui
cúmplice de vocês, não poderia ser diferente agora! - Agora entendi o motivo
da Stefanini, pedir para dormirmos em sua casa.
Paramos na pracinha perto de casa e Hector pega seu carro.

Fomos para o Barzinho Garota Carioca, o bar está lotado, chegando lá


encontramos o namorado do David, o nome dele é Jota. Stefanini ainda
namora Daniel, mas ele não está na cidade.

Valentina e Stefanini se deram bem e elas já estão programando uma


noitada em São Paulo, assim que Stefanini for nos visitar.
O clima está agradável, conversamos bastante, bebi além da conta,
pois não saiu para um barzinho há um bom tempo e estou enferrujada.
- Hum! Vejo que minha diabinha está bêbada! - Hector sopra, atrás da
minha orelha me fazendo arrepiar.

- Não estou bêbada, mas estou cheia de tesão acumulado! - O provoco,


passando minha mão perto de sua virilha.

- Hum! Então temos que resolver isso urgentemente! - Ele coloca sua
mão dentro da minha saia e passa a mão na minha coxa contornando minha
calcinha.

- Amigos! A noite está agradável, mas preciso curtir meu gatão


enquanto posso. - Todos na mesa fazem uma farra ao ouvirem, depois vamos
embora para nosso ninho de amor.
Ficou combinado que Valentina dormiria na casa da Stefanini e ela a
deixaria amanhã pela manhã na casa do Hector.

Antes de irmos embora, Hector me levou em uma chácara no Setor


Jardim Botânico, A chácara é linda e bem arborizada, a casa é enorme tem
vários quartos e uma piscina grande.
- De quem é essa chácara? - Pergunto admirada. Além de ser bonita é
bem localizada e perto de Brasília.

- Comprei, meu pai me deu total apoio, ele também se apaixonou pelo
lugar! - Fico admirada por saber que Hector finalmente se aproximou do meu
avô e o aceitou como pai.
Hector me conta que andou fazendo umas merdas e minha mãe contou
pro meu avô que veio conversar com ele, então eles acabaram se
aproximando, Hector passou a frequentar a fazenda quase todos os finais de
semana e feriados, nos últimos três anos ele ficou com meus avôs no natal e
ano novo.
- Quando fiquei sabendo que você dormiria em meus braços, pedi a tia
Celeste que desse uma organizada na casa e que comprasse algumas coisas.

- Ela está aqui? – Pergunto curiosa.

- Agora não, ela tem sua casa mais a frente, não quis falar quem viria
pra cá, não quero ouvir sermão de ninguém, só quero aproveitar você
enquanto posso! Vamos demorar um pouco a nos ver, tenho que me organizar
e tirar uns dias de folga para ir pra São Paulo ficar uns dias com você.

- Fala de novo! Não acredito que isso esteja acontecendo, jogo meus
braços em seu pescoço e o beijo.

- Vou lhe visitar o quanto antes, mas antes disso você enjoará da
minha voz, porque conversaremos todos os dias.

Ele me carrega em seus braços, me leva a uma das espreguiçadeiras


perto da piscina e me senta em seu colo.

- Estamos sozinhos, podemos ficar a vontade!


Hector passa sua língua em minha clavícula e puxa minha blusa
tirando-a, ele enfia a mão entre minhas pernas, acariciando minha calcinha
que está ficando encharcada.

- Não quero mais ficar sem você, morri aos poucos sem ter você perto
de mim! Sei que vamos ficar longe novamente, mas vai ser diferente dessa
vez, pois poderei ouvir sua voz! - Ele fala com a voz grossa, embargada pelo
desejo.

Levanto-me do seu colo, desço minha saia, retiro meu sutiã e calcinha,
ficando completamente nua.
- Vem! - Estendo a mão e ele se levanta imediatamente da cadeira.

Hector retira sua roupa e caímos na piscina, à água está quente e


gostosa, enquanto nos beijamos empurro Hector, até sentá-lo no primeiro
degrau da piscina, me ajoelho entre suas pernas e abocanho seu mastro
gostoso, precisava senti-lo na minha boca e saboreá-lo enquanto posso!

- Ha… Sophie, como estava com saudade de sentir sua boca em meu
corpo! - Continuo fazendo-o urrar de prazer enquanto faço um vai e vem com
a boca.

- Para! Amor… Quero gozar dentro de você!

Hector me puxa pro seu colo e me penetra de repente me fazendo


gemer de tesão. Ele abocanha meus seios, mamando e me penetrando sem dó!

Hector passa as mãos em meu corpo, enquanto estou montada nele, a


sensação do vento que bate em minhas costas molhadas contrastando o quente
das suas mãos é maravilhosa.

Beijamo-nos vorazmente, queria avisar a ele que estava perto de


gozar, mas a única coisa que fiz foi gemer em sua boca, pois não queria,
separá-las.

- Isso meu amor! Goza, me mostra que é minha, porque sou seu,
somente seu, minha diabinha gostosa! Hector goza em seguida, liberando seu
prazer dentro de mim.
Ficamos agarrados curtindo a sensação de paz que o lugar nos trás! -
Quando você tiver algum feriado em São Paulo que não tenha aqui, quero que
você venha ficar comigo! Não precisa ninguém ficar sabendo que está em
Brasília! E assim que se formar vamos contar ao Heitor sobre nós, torço
muito para que ele seja menos cabeça dura que a Sônia, mas se ele não for,
vamos ficar juntos do mesmo jeito, mesmo que pra isso tenhamos que nos
mudar daqui.
Hector fala seguro de si, fazendo planos para nós dois. Ele está
diferente, mas não deixa de ser o meu Hector, essa é só uma versão madura
dele. Afinal de contas ele está com 31 anos!

Hector passou na OAB, está trabalhando com meu pai e já tem alguns
clientes fixos, meu pai disse que ele está se saindo muito bem, como
advogado. Sempre que meu pai vai para São Paulo, me deixa atualizada dos
acontecimentos da vida dele, estou muito orgulhosa do meu amor!
- Vamos meu amor o tempo está esfriando, vamos tomar um banho
quente e irmos pra cama. – Ele me tira dos meus pensamentos.

- Vamos dormir aqui? - Pergunto sonolenta.

- Vamos sim amor! Vem você já está gelada.

Ele me abraça, recolhemos nossas roupas do chão e vamos para o


quarto, banhamos e depois dormimos um nos braços do outro.

Acordo agarradinha a ele, beijo seus lábios, Hector acorda me


apertando ainda mais a ele.

- Bom dia! – Ele me dá um selinho

- Bom dia! – Deito minha cabeça em seu peito nu. Ficamos por alguns
minutos em silencio nos curtindo.

Ao irmos embora passamos na padaria e fomos direto para o


apartamento do Hector, vamos tomar café da manhã no apartamento dele para
esperarmos Valentina e Stefanini.

- Que horas vai ser seu voo? – Hector pergunta abraçado a mim.
- Meu voo sai às 19h00min. – Falo deprimida por saber que daqui
algumas horas, ficarei longe dele.

- Não fica assim! Vou sempre lhe visitar. – Hector segura meu queixo
e me dá um beijo. – A porta do elevador abre e saímos nos beijando.
- Hector, Sophie!

- Pai, vô! – Falamos juntos. Vejo que meu avô está com os olhos
arregalados, não acreditando no que está acontecendo diante de seus olhos.
- O quê está acontecendo aqui? – Meu avô pergunta, chegando perto
da gente. – Vocês estavam se beijando?
- Pai, eu posso explicar! – Hector fala em tom calmo.

- Estava na casa da sua mãe e ela me disse que você tinha dormido na
casa de uma amiga. – Ele se vira pro Hector. – E quando venho visitar meu
filho o encontro beijando sua sobrinha! – Meu avô fala alterado, apontando
entre nós dois.

- Quero uma explicação…


- Eu amo a Sophie! Era por ela que eu estava sofrendo, era dela que eu
falava o tempo todo! – Hector fala de supetão, interrompendo meu avô.

- Vocês estão juntos? – Meu avô pergunta alto e começa a colocar a


mão no peito. – Meu Deus! Diz que é mentira…

- Vô! – Chego perto dele desesperada, e ele só não caiu no chão,


porque Hector o segura antes disso.

Valentina e Stefanini vêem o acontecido no elevador, Elas nos ajuda a


colocar meu avô no carro e o levamos para o hospital.

Não acredito no que está acontecendo, meu avô passou mal por nossa
culpa!
Assim que chegamos ao hospital, meu avô foi atendido.

- Tenho que avisar minha mãe. – Pego o celular do bolso e vejo que
ainda estou tremendo.
- Não Sophie! Se a Sônia descobrir o motivo do nosso pai ter passado
mal, vai ser uma confusão, vá para casa que eu aviso pra ela.
- Se meu avô morrer Hector? – Pergunto, angustiada por uma resposta.
- Ele não vai morrer! – Hector me vira pra ele, coloca a mão no meu
ombro e fala firme me olhando nos olhos. - Ele não vai morrer, Você está me
ouvindo! - Faço que sim com a cabeça.
Vou embora como Hector sugeriu, ao chegarmos em casa, vejo minha
avó chorando abraçada a minha mãe, indo em direção ao carro.
- Ainda bem que você chegou, minha boneca! - Meu pai sai do carro e
abre a porta do carro que estou.

- O que aconteceu? – Pergunto me sentindo mal por estar sendo tão


dissimulada.
- Seu avô passou mal enquanto estava com Hector e ele o levou para o
hospital, estamos indo pra lá.
- Só vou tomar um banho e irei também! - Me despeço da Stefanini e
saio correndo para dentro de casa sem olhar pra minha avó. Não consigo olhar
para ela sabendo que causei isso ao meu avô.

Tiro minha roupa e começo a chorar em baixo do chuveiro, sinto uma


mão me abraçando e vejo que é Valentina.

- Meu Deus, Valentina! Se nós tivermos matado meu avô!? –


Desabafo meu desespero.

- Para com isso! Foi uma fatalidade! Vocês não têm culpa de nada. –
Ela fala abraçada a mim.
Minha consciência está pesada, se meu avô que é forte como um touro
ficou assim, imagina meu pai que está com a saúde frágil!

Desde quando me apaixonei pelo Hector nunca tinha parado pra


pensar nas consequências do nosso amor, em como isso poderia afetar as
pessoas que estão ao nosso redor, aos que nos amam. Mas, poxa! Se eles nos
amam mesmo, deveriam nos apoiar e não querer nos afastar! Não sei mais o
que fazer ou o que sentir em relação a isso tudo, mas sei que pela primeira vez
em todos esses anos, vejo que meu amor e do Hector é impossível e pela
primeira vez penso em desistir verdadeiramente.

Para quê insistir e lutar por algo que nunca será visto com
naturalidade! Que nunca irão aceitar com normalidade, sempre teremos que
enfrentar alguma forma de preconceito ou olhares acusatórios.

Valentina me ajuda a banhar e me vestir, não quero ir, tenho medo de


chegar e saber que meu avô morreu, não quero carregar esse peso em minhas
costas.

Vou para o hospital de táxi, ao chegar vejo Hector em um canto com


as mãos na cabeça, minha mãe está em uma cadeira próxima, abraçada a
minha avó e meu pai está em pé perto dela. Assim que chego perto, um
médico aparece atrás de mim chamando pelos familiares do meu avô.

- Somos nós! - Meu pai fala apressadamente.

- O senhor Carlos Eduardo teve um AVC, ainda não sabemos qual foi
à gravidade e se ele terá sequelas. Ainda é muito cedo para termos esse tipo
de resposta, Senhor Carlos Eduardo se encontra no quarto e está descansando,
provavelmente não acordará no momento, depois que ele estiver acordado
veremos quais foram às sequelas e se são reversíveis.

- Nós podemos vê-lo? – Minha avó pergunta ansiosa.


- Sim! Dois de cada vez. – O médico responde e acompanha minha
avó e minha mãe até o quarto.
- Sophie, já está ficando tarde e você tem que voltar para São Paulo,
então na próxima vez você entra, assim que sair vou te levar em casa e lhe
levarei ao aeroporto. – Meu pai sugere.

Minha mãe sai desolada, e vou para o quarto ver meu avô, ele está
cheio de aparelhos, minha culpa aumenta ainda mais ao vê-lo nesse estado.
- Ele é tão forte minha filha, não aparenta a idade que têm apesar do
seu avô ter 75 anos, ele faz de tudo na fazenda como se fosse um garotão!
Minha avó soluça entre as palavras, abraço-a lhe pedindo perdão
mentalmente. Cada vez que eu penso que minha história com Hector vai se
desenrolar aparece um empecilho, às vezes acho que Deus está me mostrando
que é melhor não ficarmos juntos e não estou querendo ver isso.
Dou um beijo no meu avô e lhe peço perdão baixinho em seu ouvido,
saio do quarto um caco de ser humano…
CAPÍTULO 31
Ao retorna para São Paulo não procurei pelo Hector, decidi ficar na
minha e lhe dar um tempo para pensar.

Na primeira semana, meu pai me atualizou sobre o estado de saúde e


recuperação do meu avô, ele estava com os sintomas de início de AVC e não
contou a ninguém, seu tratamento vai ser um pouco lento, mas os médicos
estão esperançosos que ele se recupere totalmente.

Depois de um mês, meu avô disse para meu pai que queria conversar
comigo o quanto antes e que era para eu ir em Brasília urgentemente.

Não quero falar com meu avô, não quero ouvir de sua boca o que eu já
sei sobre meu amor impossível pelo meu tio, não estou querendo nenhum
sermão então me finjo de surda.

Faz três meses que voltei para São Paulo e Hector ainda não me
procurou. Foi aí que realmente percebi que o perdi de vez.

Sabe quando você pensa que é o fim de tudo porque o relacionamento


que você tanto deseja acaba! É nesse momento que você tem que ser forte e
amadurecer, pois é a partir dessas dores que o seu coração sente, que você
está aprendendo a jogar aquele jogo chamado: Vida real.
Hoje é feriado em São Paulo e Valentina decidiu fazer uma surpresa
ao seu namorado, pois eles estão brigados, William quer que ela faça
residência em Belo Horizonte e ela não quer, então Valentina decidiu ir fazer
as pazes e tentar do seu jeito, que ele mude de ideia em relação à transferência
dela.

Como estou sozinha, não parei de pensar que se estivesse com Hector
era a oportunidade certa para eu ir escondida pra Brasília passar uns dias com
ele sem ninguém saber, mas como tudo não é do jeito que a gente quer, estou
em casa sozinha curtindo uma tremenda dor de cotovelo e prometendo a mim
mesma que será o último feriado que passo dessa forma, a partir de semana
que vem, vou sair com as meninas da minha turma e tentarei fazer mais
amizades, decidi esquecer o Hector e virar a página, esperei demais por ele,
acho que chegou à hora de viver minha vida.

Ouço a porta bater e vejo Valentina correr chorando desesperada para


seu quarto.

Abro a porta delicadamente e a seguro em meus braços, faço


exatamente da mesma forma que ela sempre faz comigo.

- Homem nenhum presta! - Ela seca seu nariz com a mão. - Por que
ele fez isso comigo, Sophie? - Valentina volta a chorar desesperadamente.

Não sei o que aconteceu entre ela e William, mas parece ter sido
bastante grave.

- Como você sempre me diz: Chora e coloca em lágrimas tudo que


está machucando seu coração e quando estiver melhor e quiser conversar sob
o ocorrido sou toda ouvidos!

- Não quero nunca falar o que vi, é vergonhoso pensar ou falar sob
isso, tenho vergonha do quanto fui uma idiota por tê-lo namorado por todos
esses anos! Só quero esquecer, só esquecer! - Ela fala entre lágrimas de
desespero, depois de muito chorar Valentina acaba adormecendo.
Tomo um copo com água, levo para seu quarto água e remédio para
dor de cabeça, caso Valentina precise, deito em sua cama como ela sempre faz
comigo quando estou deprimida e abraço-a lhe dando conforto.

Acordo ouvindo um choro baixo, a abraço consolando-a. A vida


amorosa dela sempre foi bem consolidada, há muito companheirismo e
confiança entre os dois é muito estranho o modo que ela chegou. Nunca vi
Valentina chorando, quem é a depressiva e chorona sou eu e não ela, e isso me
assusta.

Ouço meu telefone tocar com uma mensagem recebida, penso em


ignorar e olhar depois, mas a curiosidade por saber é maior, então pego meu
celular para olhar, sento na cama e abro as mensagens do Zap, são fotos de
um número desconhecido, são inúmeras fotos do Hector saindo de um
barzinho abraçado com diferentes mulheres, olho cada uma e a decisão que
estava tomada agora está sacramentada, preciso esquecê-lo de vez! Logo em
seguida vem uma mensagem.

“Você aí chorando, enquanto ele se diverte com outras mulheres”.

- A mensagem é de quem? - Valentina pergunta ainda deitada de


costas pra mim.

- É só David perguntando como estou! - Não quero levar meus


problemas com Hector a Valentina, ela já tem problemas suficiente com
William.

Ao ver as fotos não consigo chorar, minhas lágrimas pelo Hector se


esgotaram, a única coisa que sinto ao ver essas fotos é ódio dele e raiva de
mim mesma, por ter insistido em um relacionamento que nunca daria certo.

- Estou lhe falando, homem é tudo igual! - Estou tão absorta vendo as
fotos que percebo Valentina junto a mim olhando as fotos. - Eles não
merecem nosso amor Sophie! Vamos aproveitar nossa vida, ainda temos mais
três anos de faculdade para aproveitarmos as farras, vamos reagir amiga!

Valentina levanta da cama e me puxa junto e vamos pra cozinha


preparar nosso café da manhã. Tomamos nosso café em silêncio, cada uma
com sua dor, depois fomos pra sala com um pote de sorvete e assistimos
alguns filmes românticos e juramos uma para outra que seria nosso último
sofrimento por eles e que a noite sairíamos pra farra.

À noite nos arrumamos para irmos ao Bar Blá, uma casa noturna
badalada, o lugar é aconchegante com um clima bem legal. Fomos direto para
a pista de dança, lá encontramos alguns conhecidos da faculdade e os que não
conhecia, Valentina me apresentou.
As meninas fizeram uma aposta, e claro perdi! Estou me divertindo
como a muito não me divertia.

- Agora Sophie… - Uma delas comenta. - Vamos ver como você vai
pagar a aposta.
Quando ela falou isso, um frio percorreu minha espinha, o que será
que essas meninas vão aprontar!?
- Como você é a mais pudica da turma e nunca a vimos com carinha
nenhum, vamos escolher um para você beijar. – Fico pasma ao ouvir o que
Ellen falou. Se elas soubessem que meu problema não é ser pudica!

- Não adianta fazer essa cara. - Uma delas comenta.


- É mesmo Sophie! Você não tem o que reclamar, perdeu a aposta tem
que pagar! - Valentina incentiva.
Não sei porque fui cair na conversa das meninas, sei muito bem que
não consigo entornar tantas doses de bebidas de uma vez, ainda mais tequila!

- Achei! - Uma delas comenta empolgada. - E não vai ser nenhum


sacrifício, já que ele é um gato!

- É Sophie… Você não tem do que reclamar. - Valentina fala rindo da


minha cara de tacho por saber que simplesmente vou chegar em um cara e lhe
dar um beijo. Que merda!

Então elas me mostram meu alvo e vou em direção ao destino da


minha aposta, não olhei para os lados, meu único foco é o rapaz que esta a
minha frente conversando com uns amigos perto da pista de dança, ao notar
meus olhos em sua direção, ele me olha erguendo uma sobrancelha.
- Você está acompanhado? - Quero saber para não entrar em uma fria,
já pensou eu sendo estapeada pela namorada dele?

- Não! - Ele me responde sem entender nada.


- Me desculpe pelo que vou fazer! - Fico na ponta dos pés e o beijo, no
começo ele fica sem reação, mas logo em seguida agarra minha cintura e me
devolve o beijo.

- Aonde você pensa que vai? - Ele pergunta no momento que tento me
afastar, mas ele segura minha cintura, me impedindo. - Por que não
continuamos nos beijando e aproveitando a noite? - Ele pergunta com a boca
rente a minha.

E porque não! Não era isso que eu queria? Prometi a mim mesma
seguir em frente e é isso que vou fazer!

Retorno a beijá-lo, ele não beija mal, pelo contrário seu beijo e
agradável, seu nome é Nouga o nome dele é diferente, e é somente isso que
preciso saber.

Valentina ficou com um colega dele e o resto da noite foi bem


divertida!

Eles nos levaram em casa e Valentina queria convidá-los para subir,


mas não deixei, nós estamos começando nossa liberdade longe dos homens
que nos magoaram, não quero ir pra cama com outro logo em seguida, isso é
muito pra mim.

- William… - Valentina sussurra com a mão na boca.

Olho em direção à porta e vejo William dormindo escorado nela.

- Meu amor! - William se levanta ao vê-la.

- Você está bem? - Pergunto preocupada, ela ainda está estática


olhando-o, sem reação alguma.
- Estou… - Valentina sussurra perto do meu ouvido.
Aproveito que William está desencostado da porta e entro dando
privacidade a eles.

Hoje faz 7 meses sem o Hector e a cada dia choro e penso nele cada
vez menos, tem dias que esqueço que ele existe. E isso está sendo um alívio
para meu coração machucado.

Levanto-me da cama, chega de curtir preguiça, preciso terminar uns


trabalhos e organizar a casa para logo mais a noite.
Vou pra cozinha tomar meu café da manhã, vejo minha amiga
tomando café com seu novo caso, não ia achar ruim se ele não fosse casado,
mas Valentina mudou muito nos últimos três meses.

Ao ter visto William na porta, pensei que os dois tivessem se acertado,


mero engano meu, ela ficou noiva dele e no dia da festa de noivado ela sumiu,
sem dar satisfação a ninguém, fiquei louca esperando por ela que voltou 3
dias depois, fui questioná-la pelo que ela fez e ela disse que o prato da
vingança se come frio.

Daí em diante perdi minha amiga para as noitadas desregradas e a


cada final de semana que acordo e tem um homem diferente na cozinha
acompanhando Valentina.

Não sou nenhuma santa, depois do cara do Bar Blá, mantive a mesma
rotina em relação aos homens, vou à balada, fico com um carinha, dou meu
número errado e nunca mais o vejo. Não tive coragem de ir com nenhum
deles para cama, ainda! Pois hoje tudo vai mudar, estou a um mês namorando
Dennis um rapaz da minha sala e hoje quero que role muito mais que
amassos.

- Bom dia. – Cumprimento de cara amarrada. O homem que está


tomando café da manhã com Valentina.

- Estou de saída! - Ele sai assim que me vê.


- Você poderia ser mais agradável! – Val comenta tomando um gole de
café.

- E você poderia não sair com ele, deveria respeitar o fato dele ser
casado. - Retruco.
- Porque tenho que respeitar? Quem tem que se dar o respeito é ele e
não eu! Me arrependi de ter lhe contado que ele é casado - Valentina sai da
cozinha batendo o pé firme no chão. - Como você sabe, Vou dormir fora esse
final de semana. - Valentina fala alto para que eu possa ouvir.

Abaixo a cabeça colocando a testa no mármore gelado. Aonde foi


parar minha amiga? Quero-a de volta!
- Foi ótima nossa noite. – agradeço a Dennis enquanto ele beija abaixo
da minha orelha. - Você quer subir? - Pergunto receosa, não sei se estou
preparada pra isso!

Ele me observa, acho que tentando me ler.

- Você tem certeza?


- Acho que sim!

- Só vou fazer o que você quiser! - Dennis me beija. - Estou louco por
você Sophie! - Ele fala em meu ouvido.

Olho pra frente e vejo uma pessoa encostada a um táxi, não acredito
em quem vejo! Hector está com as mãos no bolso olhando fixamente pra
mim.
Ele vem se aproximando devagar, até chegar perto de mim, não sei o
que fazer, não sei o que falar, não tenho reação alguma.

- Oi Sophie! - Hector fala baixo.


Dennis para de me abraçar e olha para o lado que Hector se encontra.

- Dennis esse é meu tio Hector. - Apresento Hector a ele.

- Hector esse é meu…


- Namorado. - Dennis termina por mim.

Dennis ergue a mão e Hector a segura com firmeza.


- Estou com um cliente aqui em São Paulo, então decidi lhe visitar. -
Hector se explica sério.

- Bom estava indo embora - Dennis fala com um encolher de ombros.


- Vou deixar você e seu tio a vontade, depois a gente se vê minha ruivinha!
Ele me dá um selinho e vai embora, me deixando a sós com Hector.

- O que você quer Hector?


Cruzo meus braços para me proteger, não sei o que estou sentindo ao
ver Hector aqui em São Paulo, mas uma coisa eu sei, ele está aqui a negócios
e não atrás de mim.

- Posso Entrar? - Ele aponta com a cabeça a entrada da minha portaria.

O que você está fazendo aqui? - Pergunto novamente, assim que sento
em uma poltrona a sua frente.

- Vim falar com você, menti ao dizer que estava a trabalho. - Ele
Chega perto de mim, ajoelhando a minha frente.

- Hector… - Não estava preparada para ouvir isso. Logo agora que
estou conformada em ficarmos separados!

- Amo você! Quero mais uma chance!

- Não dá Hector. - Me levanto e quase o faço cair. - Não dá mais!


Fiquei lhe esperando por meses, agora que estou seguindo em frente, você
aparece querendo abalar meu mundo que está nos eixos, não quero, não
aguento mais sofrer!

Meus olhos se enchem de lágrimas, respiro fundo para afugentá-las.

- Não podia ter vindo antes. - Ele passa a mão no meu rosto. - Meu pai
ainda está se recuperando do AVC…
- Ele está bem? - Pergunto me afastando dele.
- Ele está bem melhor. Foi ele quem me encorajou de vir atrás de
você!
Começo a rir sem acreditar no que ouvi, Hector só está aqui por que
meu avô aceitou nossa relação.

- Agora entendi tudo!


- Entendeu o que Sophie?
- Você nunca lutou por nós e nem vai lutar! Você só está aqui porque
meu avô aceitou nossa relação, pois se ele não tivesse aceitado, você ainda
estaria no seu canto, saindo a cada dia com uma puta diferente.
Falo alto soltando tudo que estava preso em minha garganta.

- Quem lhe disse isso? - Ele pergunta apertando meu braço.

- Me solta! - Falo entre dentes, puxando meu braço do seu aperto.

- Desculpa… Sophie eu não fiquei com mulher nenhuma desde o dia


que você foi embora, me dediquei exclusivamente na recuperação do meu pai,
estava com a consciência pesada pelo que lhe causei. A única coisa que fiz foi
pensar em você, cuidar do meu pai e trabalhar, nada mais. Não teve mulher
nenhuma, muito menos garota de programa. Fiz isso da primeira vez que você
partiu e me arrependo amargamente!

- Não dá Hector, você só está aqui porque meu avô lhe incentivou,
todas as vezes que tem um obstáculo você me deixa pra trás e eu sofro muito
com isso. Não quero mais sofrer por você, eu sempre fui a ultima prioridade
em sua vida.

- Não fala assim Sophie, por favor! - Ele me abraça, me apertando


junto a ele. - Você é minha prioridade, sempre foi!

- Não Hector, não sou! Nós brigamos muito por causa da Elena, pois
você tinha medo de magoá-la, mas nunca pensava que com isso me magoava
muito mais! Depois foi minha mãe que lhe pediu para me deixar ir e você a
prometeu que faria isso, sem ao menos conversar comigo e pela segunda vez
me deixou em segundo plano, e agora foi meu avô, você só veio atrás de mim
porque ele lhe encorajou e da próxima quem será? Talvez meu pai neh! Só
que não vai haver próxima vez, não estou disposta a colocar meu coração na
sua mão novamente para você esmagar, cansei de sofrer por você!
Ele fica sem reação ouvindo tudo que lhe falei, ele cruza as mãos atrás
da cabeça e olha pro teto respirando fundo.

- Não acredito que lhe fiz tão mal sem saber! - Vejo que seus olhos
estão marejados.
- Você sempre me deixou em segundo plano, pode ter sido sem querer,
mas você fez.
- Como fui idiota com você, me perdoa Sophie! - Ele segura meu rosto
com as duas mãos, me fazendo olhar em seus olhos.
- Eu te perdoou Hector, mas não quero mais sofrer por você!

- Tudo bem! Sei que você está magoada comigo, mas só quero saber
de uma coisa! Você ainda me ama? - Ele continua segurando meu rosto, me
olhando profundamente.
Queria tanto falar pra ele que não o amo mais, mas não posso, pois
ainda o amo muito!
- Eu ainda te amo! - Confesso com medo de sofrer novamente.

- É só isso que preciso saber! - Ele me abraça, me dá um beijo tão leve


que mal sinto seus lábios aos meus. - Eu vou provar pra você que é a coisa
mais importante em minha vida!

Hector me dá um beijo na testa em seguida sai, me deixando tonta,


mas se ele pensa que vai me fazer correr atrás dele novamente está enganado,
não sou mais aquela Sophie idiota que se rastejava aos seus pés.

Vou para meu quarto tentar dormir e esquecer o que aconteceu.


Preciso continuar seguindo com minha vida, pois se eu recair, vou sofrer
novamente e isso não permitirei jamais!
CAPÍTULO 32
Acordei com a campainha tocando, Valentina deve ter perdido sua
chave de novo.

- Senhorita Sophie?

- Sou eu! - Não é Valentina e sim um entregador.

- Assine aqui, por favor. - Assino o papel e ele se retira.

É um buquê de rosas de várias cores, retiro o cartão.

Sophie, amor da minha vida!

Enviei-lhe esse buquê colorido porque quero que você entenda todos meus
sentimentos por você!

Rosas Lilás: amor à primeira vista;

Rosas Amarelas: amor platônico, ou amor entre amigos, felicidade;


Rosas Vermelhas: paixão, amor ardente, respeito, coragem, admiração;

Rosas Azuis: significa verdadeiro amor eterno, forte e raro, mistério,


conquista daquilo que é impossível;
Quis te dar rosas lilás, pois quando lhe vi foi amor a primeira vista, decidi
colocar as amarelas, pois meu amor foi platônico no começo, depois nos
tornamos amigos e eu acabei te amando ainda mais, pedi para colocar as
rosas vermelhas e azuis, porque te amo ardentemente, lhe respeito e tenho
orgulho e admiração da sua coragem e determinação, meu amor por você é
eterno, forte e raro, ele veio de um amor impossível, mas está vivo e não vou
permitir que morra.
Não sei viver sem você! Não encontro mais prazer em nada nessa vida, se
você não está ao meu lado.

Do seu sempre Hector.


Coloquei as flores num vaso e passei uma hora olhando para elas, li e
reli o bilhete várias vezes, depois o guardei na gaveta e junto dele guardei
também minha esperança de que dessa vez pode dar certo.

Preciso fazer isso, não quero me frustrar como das outras vezes que
ele me disse que seria diferente, preciso ter o pé no chão e não me iludir e
ficar a espera como uma idiota apaixonada.
Vou continuar seguindo minha vida, não vai ser sua visita ou essas
flores que iram mudar a decisão que tomei. Dessa vez Hector não vai me
fazer sofrer.

Dennis veio me buscar para descermos a serra de Santos e


aproveitarmos nosso dia, foi maravilhoso, as praias de Santos são lindas!

- Você quer assistir a um filme mais tarde? - Pergunto a ele assim que
me deixa em frente ao meu prédio.

- Claro! - Dennis fica animado com meu convite.

Entro correndo, pois meu telefone fixo está tocando.

- Oi. - Falo com a voz ofegante.

- Oi minha boneca! - Meu pai me cumprimenta animado. - Já


terminaram suas provas do fim de semestre?
- Ainda tenho duas semanas de aula, e o que o senhor e a minha mãe
decidiram sobre o fim de ano? - Já quero saber o que eles decidiram para me
preparar pro que vier.

- Vamos fazer o natal na chácara do Hector, seu avô está morando com
ele e ele faz questão da família reunida.
- Tudo bem pai! - Meu coração perdeu uma batida ao ouvi-lo dizer
isso. Vou passar minhas férias em Brasília. Mas se Hector pensa que vou cair
na sua lábia novamente, ele está muito enganado!

- Então assim que terminar suas aulas quero você no primeiro voo, e
chama a Valentina para ficar com a gente, você sempre ficou com a família
dela, ela gostou de Brasília quem sabe vai querer ficar as férias dessa vez com
a gente!

- Vou ver com ela pai, depois conversamos.


- Tudo bem minha boneca, se cuida e até daqui uns dias. Beijos meu
amor!

- Até pai e manda um beijo a todos.


Desligo o telefone e sento no chão, não posso mais ser aquela idiota
deslumbrada e apaixonada, não posso cair em seu papo mole, ele nunca vai
me assumir pra família, ele nunca vai ter coragem de contar pro meu pai.
Vou para o banheiro tomar um banho, me perco em pensamentos e
assim que vejo minhas mãos enrugando descido sair.

Ouço a campainha tocar e vou atender, ainda enrolada na toalha


- Oi de novo! - Dennis me dá um selinho e entra. - Você não me falou
que horas eu podia vir, então cheguei em casa tomei um banho, fui ao
mercado, comprei algumas coisas e voltei.

Ele levanta uma sacola com chocolates, um pote de sorvete e pipocas


de micro-ondas. Queria tanto me apaixonar perdidamente por ele, Dennis é
tudo que uma mulher espera, é carinhoso, inteligente, paciente e romântico.
Tiro as sacolas de sua mão e coloco em cima da pia, chego perto dele
passo a mão em seu rosto bronzeado, Dennis é um homem bonito! Ele tem a
pele bronzeada, pois amar correr na beira da praia, a estatura dele é mediana,
sendo um pouco mais alto que eu, ele tem os cabelos claros lisos estilo
surfista.

- O que aconteceu minha ruivinha? - Ele pergunta preocupado.


Coloco a mão no seu pescoço e o beijo, um beijo cheio de luxúria e
desejo, quero sentir ele dentro de mim, quero tirar o Hector do meu sistema,
quero tirá-lo da minha vida.

- Faz amor comigo! - Sussurro em seu ouvido e dou uma mordida no


lóbulo da sua orelha.
Ele não fala nada, simplesmente me coloca em seu colo e me leva em
direção aos quartos.
- Qual é o seu? - Ele pergunta sem saber em qual quarto entrar.

Aponto com a cabeça meu quarto e ele entra me colocando na cama.


Quero tentar esquecer Hector, quero dar uma oportunidade a mim mesma de
amar e ser amada, de ter uma pessoa que me queira ao seu lado e que tenha
orgulho de mim, que me apresente ao mundo como sua namorada sem ter
receio ou vergonha, que me ame a cima tudo e me coloque em primeiro lugar,
se Dennis não for esse homem, não tem problema, quero continuar tentando
até encontrar o homem que me transborde!

- Oi! - Valentina afaga meus cabelos. - Estava chegando, quando vi


Dennis saindo, está tudo bem?

- Está… - enxugo minhas lágrimas que insistem em cair. - Ele foi


embora para estudar, amanhã começa nossas provas do final de semestre.

- Sei!… - Valentina fica me avaliando. - Vocês transaram? - Concordo


com a cabeça. - Pelo que vi, você não gostou, já que está chorando!

- Gostei… É que… Não parei de pensar no Hector enquanto estava


com Dennis, pensei que se fizesse amor com ele, iria esquecer um pouco o
Hector.

- Você não fez amor com Dennis você transou com ele, Sophie você
não está apaixonada por ele, foi só química, nada mais. No começo sempre
pensava no William quando estava com outros homens, agora quase não
penso mais. É foda amar uma pessoa e transar com outra!

- Meu pai te chamou pra ir passar as férias com a gente, e aí o que


acha? - Pergunto tentando mudar de assunto.
- Claro que vou! Não tenho mais família, esqueceu? Meus avós
mandam a minha mesada, mas não querem mais saber de mim. - Ela fala com
os olhos brilhando de lágrimas.

- Então vamos fazer nossas provas e depois partiremos pra Brasília.


Essas duas semanas passaram rápidas, Dennis me levou para jantar em
sua casa e conheci seus pais que são uns amores, no jantar ele me deu um anel
de compromisso, ele deixou claro que gosta de mim e não queria que eu fosse
pra Brasília sem ter a certeza que deixei um namorado apaixonado esperando
por mim.

Olho para o anel que está no dedo que ficava o anel que o Hector me
deu.

Decidi tirá-lo no dia que vi suas fotos com outras mulheres, não queria
cair na farra e ficar olhando o anel que ele me deu.

Não sei o que pensar disso tudo, a única coisa que quero é dar uma
chance a nós dois, gosto do Dennis, sinceramente gosto dele.

- Aonde a senhorita pensa que vai? - Dennis me puxa de volta pra


cama. Pensei que ainda estivesse dormindo. Ele dormiu comigo para
passarmos a noite toda juntos, já que passaremos um tempinho sem nos ver.

- Estava pensando em ir para cozinha fazer nosso café da manhã.

- Então vamos que vou te ajudar.


Tomamos café, fiquei feliz que Valentina se comportou e não levou
homem nenhum para dormir no AP essa noite. Foi uma manhã agradável e
divertida, logo em seguida, terminamos de nos arrumar e Dennis foi nos levar
ao aeroporto.

- Espero que se comporte! - Ele me dá um beijo na ponta do meu


nariz.
- Pode deixar que eu cuido dela. - Valentina ri da cara feia que Dennis
faz.

- Se cuida e cuida dessa doidinha aqui! - Dennis fala abraçando


Valentina.
- Pode deixar! - Dou um selinho nele e vou para o portão de
embarque.
- Se eu não lhe conhecesse, diria que você está apaixonada por ele. -
Valentina comenta.

- Mas… Eu estou apaixonada por ele! - Me defendo.


- Como te disse, se não lhe conhecesse pensaria isso, mas como a
conheço muito bem você, sei que está tentando. Essas férias vão ser
divertidas! - Valentina começa a rir e bate seu ombro ao meu.
Estou vendo que essas férias vai ser longa!

Assim que aterrissamos, meu pai já estava a nossa espera e para minha
surpresa meu avô também.
- Não sei se te abraço ou lhe dou uma bronca. - Meu avô fala sério ao
me abraçar.

- Por favor, vô, aqui não! - Suplico com medo de meu pai ouvir.
Já contou a novidade a ela? - Meu pai pergunta receoso.

- Vocês vão ficar comigo na chácara, seus pais vão fazer uma viagem
depois do ano novo e eu falei que não aceito você sozinha em casa, então
você já vai direto pra chácara. - Meu avô fala com firmeza na voz.

- Me desculpe minha boneca, por não ficar um tempo maior com


você! - Meu pai fala sem graça com um encolher de ombros.
- Tudo bem pai! Vocês nunca viajam sozinhos, vai ser como uma
segunda lua de mel!

- Foi o que eu falei para ele, minha menina! - Meu avô comenta.
- Mas, vai ser por duas semanas, não sei por que seu avô incutiu que
você tem que ficar com ele.

- Estou velho e não sei até quando estarei vivo, então quero todos
vocês perto de mim! - Meu avô argumenta.
- Então vamos! - Meu pai pega meu carrinho de malas levando em
direção ao carro.
- Esse seu avô é uma comédia. - Valentina comenta. - Você sabe que
isso é mentira, não sabe? - Concordo com a cabeça.

Deito minha cabeça no estofado do carro e fecho meus olhos por um


momento. Pensei que minhas férias seriam fáceis, iria ser bastante fácil me
manter afastada do Hector se estivesse na minha casa, porém isso será
complicado ficando na chácara.

Ao chegar na chácara vejo minha mãe me esperando na porta, ela me


abraça e eu retorno seu abraço com saudade, já não tenho tanta mágoa dela,
nós conversamos bastante nesses meses que retornei para São Paulo, minha
mãe estava arrasada pelo que aconteceu com meu avô, não queria ser mais um
fardo pra ela, não sei se por peso na consciência ou o quê, mas consegui
perdoá-la. Ela é minha mãe, por mais que tenha agido da maneira que agiu,
sei que ela quer meu bem.

- Preciso falar com você Sophie! - Ela fala apreensiva.

- Depois mãe… Depois converso com a senhora. - Sei o que ela quer
comigo, mas não quero falar sobre Hector agora.
Minha mãe me mostra o quarto que ficarei mais a Valentina, a casa é
grande contendo 7 quartos, três salas, uma sala de jantar, de TV e jogos, a
cozinha é bastante ampla e arejada, a casa é de muito bom gosto com toques
rústicos, não deixando de ser sofisticada.
Deito na cama, não queria sair dela tão cedo. Ainda não vi o Hector
pelo jeito ele não está em casa, deve estar trabalhando, estou tão cansada! Vou
ter que conversar com meu avô e minha mãe e sinceramente não queria ter
essa conversa nenhum deles, o que vamos conversar é coisa do passado,
passou e não quero mais saber dessa história, não tenho mais nada com
Hector, não quero ter mais nada com ele, a única coisa que quero agora é
descansar e curtir uns dias de paz.
- Sophie… - Ouço minha mãe me chamando.

Adormeci e não tinha percebido, precisava disso estava cansada, me


viro para poder olhá-la.

- Oi mãe!

- Estão todos reunidos, estamos fazendo um churrasco, estão


perguntando por você.

- Tudo bem, já vou. - Me sento na cama e esfrego meu rosto.

- Sophie… - Ela senta na cama. - Conversei com seu avô, ele me disse
que sabe sobre vocês dois, ele apóia o amor de vocês.

- Mãe… - Apoio minha cabeça na cabeceira da cama, não quero ter


essa conversa com ela, estou tão cansada de lutar contra a maré!

- Só me escute! - minha mãe me interrompe. - Seu avô me abriu os


olhos, estava cega, a maneira que descobri a forma que Elena me contou
sobre vocês me contaminou, fiquei cega por saber daquela forma, por saber
de outra pessoa e não da minha filha e meu irmão, pensei que você confiasse
em mim, lhe perguntei se você queria conversar comigo e você se fechou
ainda mais, estava magoada. Mas felizmente meu pai me abriu os olhos, não
quero ser como minha sogra Sophie. - Minha mãe começa a chorar. - Ela fez
de tudo para separar seu pai de mim e no final ficou sem filho, nora e neta, sei
que vocês se amam e que vão ficar juntos, então não quero ficar fora da vida
de vocês, não quero de forma alguma, me perdoe pelo que fiz minha filha!
Minha mãe me abraça entre soluços, me aconchego a ela e respiro
fundo, queria tanto ter ouvido isso dela a 4 anos atrás, mas agora não faz
sentindo e nem o mesmo efeito, minha decisão está tomada.
- Mãe… Não estou com Hector, estou namorando um rapaz, o nome
dele é Dennis e estou feliz com ele! - Minha mãe se afasta e me observa com
seu olhar de águia.
- Você tomou essa decisão quando? - Baixo meus olhos e fico
mexendo com meus dedos, estou envergonhada de admitir pra minha mãe que
Hector nunca me levou a sério. - Depois do casamento do Pedrão, quando
voltei pra São Paulo, percebi que nosso relacionamento era unilateral.

- Sophie… - Minha mãe segura em meus ombros. - Me perdoa minha


filha!? - Ela pede me abraçando. Fico sem entender o que ela diz - Fui eu
quem mandou aquelas fotos, ouvi Hector pedindo perdão ao seu avô no
hospital e descobri que ele teve o AVC, por ter visto vocês dois juntos,
mandei as fotos em um momento de raiva, elas foram tiradas da primeira vez
que você foi pra São Paulo, ele não esteve com ninguém esses meses todos,
sua prioridade era nosso pai, ele que cuidou dele desde o começo, eu e o
Hector nos aproximamos durante a recuperação do seu avô, sinceramente, não
tem genro irmão, mais perfeito que ele! - Minha mãe começa a rir. Ela
confessa com um brilho no olhar, achei linda a forma que ela falou do Hector
e vejo admiração em suas palavras.

- Estou feliz por vocês terem se entendido, mas minha história com ele
acabou, estou bem mãe, não precisa se preocupar comigo, estou feliz com
Dennis.

Levanto-me da cama animada, quero mostrar a todos que superei o


Hector e isso tem que começar por ela. - Vou tomar um banho, quero rever
minha família - Lhe dou um beijo e vou para o banheiro, tento uma saída pela
tangente, preciso de tempo para refletir sobre tudo que ela me disse.

Lutei tanto para tê-lo, agora não sei o que pensar sobre tudo que
minha mãe me disse, se fosse a 4 anos atrás estaria pulando de alegria, mas
agora não sinto a mesma coisa, sem querer ele me magoou bastante com suas
atitudes e agora, literalmente joguei a toalha e tirei meu time de campo.
Arrumei-me para ficar um pouco com minha família no churrasco que
estão fazendo, na verdade queria continuar dormindo, não quero encontrar o
Hector, ainda não estou preparada.

Conversei com todos, matei as saudades do meu avô e não dei a ele
uma oportunidade de falar sobre o que ele viu é melhor assim. Vou para a área
da frente e sento em uma das redes procurando me afastar um pouco, fico
feliz que Valentina esteja familiarizada com todos, então não me preocupo em
fazer companhia a ela.

Não perguntei em nenhum momento por Hector e ninguém comentou


onde ele estava, mas acabei parando no lugar onde não devia, um carro chega
em alta velocidade e estaciona bruscamente em frente a rede que estou
sentada, ao avistar o motorista, o ar falta dos meu pulmões… Hector sai do
carro e vem em minha direção com passos largos e decididos, ele está lindo
vestindo um terno grafite com seus cabelos arrepiados e a barba
impecavelmente aparada.

Ele me puxa da rede e me abraça forte, esse era meu medo, de estar
perto dele e cair em tentação, pois ele é a tentação em pessoa, retorno o
abraço sentindo seu cheiro maravilhoso, Me sinto tão bem em seus braços,
quando estamos assim me esqueço de tudo e quero somente curtir o momento.

- Como senti sua falta, assim que meu pai disse que você tinha
chegado, queria lagar tudo para lhe ver, mas infelizmente não pude. - Ele fala
ofegante, acariciando meu rosto.

Ouvir isso não me surpreende, ele nunca vai me colocar em primeiro


lugar! Esse foi um lembrete para me manter afastada e com meu coração
escondido de suas mãos para ele não tê-lo novamente.

Afasto-me para tentar respirar e recuperar minhas forças.


- Também senti, mas preciso entrar, estou cansada, esses últimos dias
de prova foram puxados e preciso descansar. - Falo enquanto me afasto dele e
viro as costas.

- Sophie… - Me viro e ele está parado com as mãos na cintura. - É


assim que vai ser? Você vai ficar me ignorando?!
- Não estou te ignorando, só não quero ficar de conversa com
ninguém, é por isso que estava aqui na rede, estou cansada e preciso
descansar.
Ele chega perto de mim, passa a mão no meu rosto, segura minha nuca
e me beija, levo um susto, nunca pensei que ele faria isso, ainda mais com
todos da nossa família a poucos metros de distância.

- Você está louco! - O empurro bruscamente. - Não faz mais isso, está
me ouvindo!

Saiu de perto dele imediatamente, não quero que ele me abrace muito
menos me beije.

- Amo o sabor dos seus lábios! - Ele fala ao meu ouvido enquanto
passa por mim, indo em direção à churrasqueira.

Fico perplexa com o que ele faz, Ah, Hector! Você pensa que vai ser
fácil, mas está muito enganado!

CAPÍTULO 33
Acordo cedo, converso um pouco com Dennis pelo Zap e fico
enrolando na cama, não quero sair dela, ficar deitada parece atrativo, me faz
evitar encontrar o Hector.

- Levanta agora, dona Sophie! - Finjo ainda estar dormindo, enquanto


Valentina puxa meu edredom. - Sophie… Sei muito bem que está acordada,
não adianta fingir. - Ela senta na cama e me dá um tapa no bumbum. - Ficar
deitada não é a melhor saída!

Viro-me para encará-la, não sei o que dizer.

- Então o que faço? - Pergunto suplicante.

- Faz o que seu coração mandar, ele sabe de tudo. Já cheguei a odiar o
Hector você sabe disso, mas passei a noite de ontem e uma parte da manhã
conversando com ele. - Ela confessa baixinho. - Ele te ama Sophie!

Valentina me abraça chorando, fico sem reação, será o que aconteceu?

- Sinto tanta falta do William, acho que nunca mais vou ser a mesma
sem ele. - Ela fala entre soluços.
- Não fica assim! - Enxugo suas lágrimas. - Por que você não tenta
conversar com ele? - Sugiro.
- NÃO! - Ela fala categórica. - O que o Hector fez a você, não foi o
terço que William fez comigo. - Ela enxuga as lágrimas e levanta da cama.
- Se você me falar o que aconteceu, posso tentar te ajudar ou pelo
menos lhe dar algum conselho.
- Não quero, Sophie… Vem, todos estão te esperando. - ela me dá a
mão. - vim colocar um biquíni e te tirar da cama. - Não quero pressioná-la
então decido me arrumar, quero tomar um bronze e aproveitar a piscina.

Ao chegar vejo Hector deitado em uma espreguiçadeira, me lembrei


do dia que viemos pra cá e nos amamos na piscina. Balanço minha cabeça
para me desvencilhar desses pensamentos.
Tomo meu café da manhã.
- Oi meu anjo! - Tia Celeste me cumprimenta.

- Oi tia. - Dou um abraço apertado nela.

- Pensei que ia continuar o resto do dia no quarto, estava para ir levar


seu café da manhã. - Ela me repreende. - Não adianta fugir dos seus
sentimentos minha menina! Vejo em seus olhos que está sofrendo com isso.

- Estou bem tia… - Não sei como me desvencilhar da conversa, então


decido sentar novamente a mesa e comer mais um pouco.

- Se você quer se enganar desse jeito, não posso fazer nada.

- Ela me dá arrepios, Sophie. - Valentina fala entre dentes. Para que


Celeste não ouça. - Ela me disse que fiz a escolha errada e que irei arcar com
as consequências.

Viro pra olhar melhor Valentina, que está com os olhos arregalados
para tia Celeste.

- Então é por isso que você estava chorando, está com medo de ter
feito merda e como é muito orgulhosa não quer dar o braço a torcer.
- Sophie…. Sei muito bem o que vi, ninguém me contou. - Ela levanta
bruscamente. - vou pra piscina. - Valentina sai batendo o pé.

- Tadinha dessa aí! - Tia Celeste balança a cabeça. - Se ela continuar a


persistir no erro, seu arrependimento será pior ainda. Tome cuidado Sophie,
você também está indo no mesmo caminho.

Tia Celeste sai me deixando pensativa, essa mulher é de dar arrepios


em qualquer um!
- Bom dia Sophie! - Hector sussurra ao meu ouvido. Estou tão absorta
em meus pensamentos que não tinha notado sua presença na cozinha.
Se eu já estava arrepiada. Depois desse oi, até os cabelos dos meus
cílios estão em pé.

- Oi! - Respondo com indiferença e arrumo minha postura.


- Queria lhe mostrar a chácara, você me acompanha? - Hector
pergunta, sentando na cadeira que Valentina ocupava.

- Vou ficar com Valentina, quem sabe depois! - Levanto para sair de
perto dele.
- Espera! - Ele segura meu braço, - estou com saudade de conversar
com você, não vou avançar o sinal, não precisa se preocupar, só quero lhe
mostrar a chácara e passar um tempo contigo. - Vejo sinceridade em suas
palavras, fico analisando os prós e os contras e decido ir.

- Tudo bem! - Concordo, ele está sem camisa e vejo que ainda está
com o cadeado em seu pescoço.

Hector vai com seu olhar em direção onde estou olhando e repara que
estou observando o cadeado, ele vira minha mão que está segurando e vê um
anel que não é o que ele me deu, ele balança a cabeça decepcionado.

- Vem, vamos dar uma volta. - Ele entrelaça nossos dedos, mas puxo
minha mão, não quero passar uma mensagem errada.

Vamos direto ao estábulo onde tem uns cavalos, ele sela o seu e vamos
nele, me sinto em um déjà-vu, me lembro quando fomos passear na fazenda
nesse mesmo cavalo.
Ele segue me mostrando tudo, o criatório de peixes, a horta, o
galinheiro, o curral que está com algumas cabeças de gado. Na verdade
parece mais um sítio que uma chácara, ela é grande e não dá para conhecer a
pé, Hector explica tudo com um brilho no olhar, acho que ele conseguiu o
equilíbrio, está na profissão que gosta e ainda morar em um ambiente que está
acostumado a viver, junto à natureza e aos animais, meu avô comprou a
chácara de trás e as tornaram uma só, então fizeram vários chalés, cada filho
tem um, achei bem interessante. Descemos do cavalo e vejo minha mãe em
frente ao chalé deles.
- Oi meu amor! - Minha mãe me dá um abraço e lança um olhar
cúmplice pro Hector.
- Pensei que não estivessem aqui, depois o Hector me explicou o que
meu avô tinha feito, achei legal!

Os chalés são espaçosos, o dos meus pais só tem um quarto, mas os


dos meus tios já têm mais, pois a família é maior, perto do chalé tem uma área
com uma cozinha e churrasqueira.

- Que lugar lindo! - Comento comigo mesma, me esquecendo que


Hector está perto de mim.

- Essa chácara é meu orgulho e do meu pai também.

- Não entendi, por que meu avô fez os chalés, já que a casa tem 7
quartos? - Pergunto curiosa.

- Ele queria me dar privacidade quando meus irmãos estivessem aqui.

- Então mora você e meus avôs na casa?


- Não… Moro sozinho, meu pai tem uma casa perto dos chalés, vem
que eu lhe mostro.
Ele me coloca novamente em seu cavalo e vamos para casa do meu
avô.

- Oi minha menina. - Meu avô me avista da varanda, desço do cavalo


e lhe dou um abraço. - Gostou do lugar, é lindo não é?
- É sim vô, agora sei porque o senhor deixou a fazenda e veio pra cá.

- Foi à melhor escolha que eu fiz, apesar de ter deixado um filho pra
trás cuidando de tudo, estou perto dos outros três, mas sempre que tem um
feriado Samuel vem ficar comigo.
- Pensei que o senhor ficasse na casa com Hector?

- No começo sim, mas fiquei sabendo dessa chácara de fundo e decidi


comprar, derrubamos as cercas e construímos os chalés entre as duas casas.
- Você já mostrou o rio pra ela Hector?

- Ainda não…

- Então vai lá, você vai amar Sophie. - Meu avô fala animado.

- Vamos! - Ele me dá passagem. - Vamos a pé mesmo.


Seguimos por uma trilha, ouço um barulho de água caindo e começo a
lembrar do rio na fazenda, meu corpo arrepia de antecipação, tento disfarçar
meu nervosismo.

Sentamos na beira do rio e apreciamos a paisagem.

- Bonito seu anel, ele parece ser de compromisso. Você ganhou? -


Hector questiona, olhando meu anel.

- Ganhei.

- Quem te deu?

- O Dennis.

- Quem é Dennis?

- Meu namorado.
- Dennis é aquele rapaz que eu conheci em frente ao prédio onde você
mora?

- É
- Há quanto tempo vocês estão juntos?

- Dois meses… Já terminou seu interrogatório? - Pergunto sem


paciência
- Você está apaixonada por ele? - Ele pergunta olhando meu anel.

- Por que você quer saber?


- Só me responde Sophie! - Hector pergunta ansioso.
- Estou… - Levanto e limpo meu short. - Vou indo quero aproveitar
um pouco do sol.

Sinto mãos me segurando e me prensando em uma árvore, Hector cola


seu corpo ao meu.

- Eu sei que você não está apaixonada por ele, porque está mentindo
pra mim, Sophie? - Ele segura meu rosto me analisando.

- Você prometeu… Hector. - Falo suplicante.


- Então não minta pra mim!

- Não estou mentindo.

Hector segura minha cabeça e força um beijo, mas fico com tanta
raiva que o empurro.

- Você acha que é assim, que vai me conseguir de volta? Agindo desse
jeito, você está me fazendo te odiar ainda mais. - Corro em direção à casa do
meu avô.

- Me perdoa! - Hector me segura por trás, me fazendo colar ao seu


corpo, suas mãos fazem um x me abraçando pela cintura. - Eu te amo…
Muito, faço qualquer coisa para tê-la de volta. - Ele beija meu pescoço e
cheira meus cabelos.
- Não posso, não posso mais colocar meu coração em suas mãos, já
sofri demais com isso, não quero mais sofrer, cansei de ter que lhe esperar, de
ter que ser compreensiva, quero viver minha vida.

- Não fala assim Sophie, por favor! - Ele sussurra beijando meu
pescoço. - Só me diz o que tenho que fazer para você me perdoar!
- Me solta, Hector… - Começo a chorar e sinto suas mãos afrouxarem
minha cintura, aproveito a oportunidade e corro para a casa do meu avô.

- O que aconteceu Sophie? - Minha avó pergunta preocupada ao me


ver chorando.
- Nada vó… - Não sei o que responder
- Sophie… - Hector me chama.
- Não foi nada tia, vou levar a Sophie. - Ele fala pra minha avó

- O que está acontecendo aqui? - Meu avô questiona, assim que chega
na varanda.

- Nada pai, nada vô. - Falamos ao mesmo tempo.

- Com quantos anos você está Sophie? - Meu avô me pergunta.

- 22 anos. - Respondo sem entender o motivo da sua pergunta.

- E você Hector? - Meu avô pergunta a ele

- 32 anos. - Hector responde dando de ombros.

- Então, um tem 22 e o outro 32 anos. - Ele aponta com o dedo


indicador entre nós dois. Nenhum de vocês dois é mais criança, então se
comportem como adultos, conversem como tal e parem de infantilidade.

Meu avô nos repreende, fico sem graça e Hector abaixa a cabeça com
um encolher de ombros.

- Esta difícil! - Hector comenta.

- Então seja homem e enfrente a dificuldade como homem e não um


moleque! - Meu avô o repreende.
Solto um sorriso involuntário.
- E você dona Sophie, está agindo feito uma menina mimada que é! -
Meu avô me fuzila, desmanchando meu sorriso. - Passei esse tempo todo
querendo falar com você e a senhorita simplesmente me ignorou.
- Sei que Hector errou com você, mas ele está disposto a fazer de tudo
para lhe reconquistar. - Meu avô continua com seu sermão.

- É isso que Hector não entende vô, eu não quero, acabou! - Ao refletir
o que falei, meu coração perde uma batida, só sei de uma coisa não quero
mais sofrer por ele.
Hector me lança um olhar questionador, meu avô fica me observando
depois que terminei de falar.
- Você ouviu meu filho, deixe-a em paz. - Meu avô, pede ao Hector.

- Tudo bem Sophie. Não vou mais insistir. - Hector responde


resignado. - Vem, vou levá-la!

Hector pega o cavalo e voltamos para sua casa em um silêncio


constrangedor.
O resto da semana foi sem nenhuma novidade, Hector não me
procurou, falamos somente o necessário e quase não o vejo.

Nosso natal foi tranquilo, revi meus amigos no decorrer da semana do


ano novo, a única vez que nos aproximamos foi quando ele me abraçou me
desejando feliz ano novo e que esse ano seja melhor para nós dois.

Fiquei tentada a dizer-lhe, que a passagem de um ano para o outro,


não muda nada em nossa vida, e sim nossas atitudes. Mas infelizmente não
tive coragem! Queria pedi-lo para lutar por mim, pedi-lo para mostrar não em
palavras, mas em atos que ainda me quer em sua vida e que fará de tudo para
ficarmos juntos. Preferi ficar calada ao falar o que está em meu coração.

Posso está fazendo a coisa errada, mas tenho que me proteger, são
suas atitudes que me faz recuar, meu avô disse para ele me deixar em paz e
foi isso que ele fez, Hector não sabe lutar por nada, tudo que é difícil, ele
prefere deixar de lado. Como posso confiar em uma pessoa dessas, confiei
nele várias e em todas elas quebrei a cara e me machuquei

Passei o dia na cama, só levantei para comer e fazer minha higiene


pessoal estou chateada com todos ao meu redor! Acordei e não encontrei
Valentina, no seu lugar encontrei um bilhete que dizia que ela ia passar o final
de semana na fazenda do meu avô junto com todos e a única que restou foi eu.
Fiquei chateada pelo que fizeram comigo, sei que ultimamente estou retraída
e não estou muito comunicativa, mas fazerem isso foi desumano.

Já me senti sozinha depois que meus pais foram viajar, agora depois
dessa que meu avô aprontou, estou mais solitária que nunca! O pior não foi o
bilhete de Valentina e sim o dele, que me disse que esse era meu castigo por
ser tão mal-humorada com as pessoas, que pessoas assim vivem solitárias e
ele preferiu não me levar para eu pensar em minha vida.

Vou na cozinha beber um pouco de água, não consigo dormir, minha


cabeça está fervilhando, estou torcendo para que essas férias passe rápido
para eu voltar pra minha vidinha.
Ouço um barulho e me escondo perto da geladeira, meu coração
dispara, não sei quem possa ser, me deixaram sozinha em minha miséria…
vejo Hector entrando, é tarde e ele parece estar embriagado. Hector abre a
geladeira e nossos olhos se encontram.

- Droga! - Hector aperta o copo em sua mão e o quebra cortando-o.

- Me deixa ver se foi profundo? - Me preocupo, pois a mão é uma


parte muito delicada do corpo e dependendo do corte ele poderá até ser sujeito
a fisioterapia.

Examino sua mão e vejo que não é profundo, procuro um pano de


prato limpo e pressiono em sua mão.
- Ainda bem que não vai precisar de ponto, o corte foi superficial,
preciso de uma pinça, vejo que ainda tem cacos de vidro. Onde está sua
maleta de primeiros socorros?
- Está em meu quarto, mas não tenho pinça. - Hector responde sem
tirar os olhos de cima de mim.

- Então vamos. - O puxo pela mão, para levá-lo ao seu quarto.


Hector senta na cama, vou ao seu banheiro, pego a maleta e deixo em
cima da cama, volto ao meu quarto para pegar a pinça. Lavo sua mão e retiro
o restante dos cacos, faço um curativo, vou à cozinha, pego uma garrafa de
água e um copo, ao chegar novamente em seu quarto vejo que Hector está
sem camisa, com o edredom lhe cobrindo da cintura pra baixo. Chego perto
da cama e lhe entrego o copo com água e um remédio para dor.
Enquanto faço tudo, não trocamos uma palavra, Hector está calado
assim como eu.
- Estou indo pro meu quarto, já está tarde.

- Espera! - Hector segura minha mão com a mão que não está com o
curativo.

- O que foi Hector? - Já pergunto sem paciência, não quero discutir


com ele.
- Pensei que estivesse sozinho, meu pai me disse que todos iam passar
o final de semana na fazenda. - Ele comenta com um brilho no olhar.

- Pode parar! - Aponto o dedo pra ele. - Não ouse chegar perto de
mim! - Puxo meu braço e saio do quarto dele e corro para o meu.

Hector tenta abrir a porta só que já tinha passado a fechadura nela.

- Para onde foi todo o amor que você dizia sentir por mim? - Ele bate
forte na porta enquanto grita. - Me diz o que posso fazer para tê-la de volta? -
Hector chuta a porta mais um pouco, depois desisti.

Continuo deitada em minha cama com o edredom apertado ao meu


redor, como se fosse um escudo!

Acordo com o barulho da chuva, olho no relógio e são 4:15 da manhã,


odeio essa época, em Brasília as chuvas de janeiro são fortes, ainda mais de
madrugada. O barulho em minha janela combinado com os trovões, me faz
lembrar um filme de terror.

Levanto da cama e tento olhar pela fresta da janela, mas infelizmente


não consigo ver nada, o barulho fica maior, como se uma pessoa estivesse
forçando a janela do meu quarto.
Saio correndo para o quarto do Hector que já está de pé indo para a
porta.

- Você está bem? - Ele pergunta preocupado.


- Estou, mas tem alguém querendo abrir a janela.
- Não é alguém e sim meu cavalo que está tentando abrir a janela,
nessa época de chuva os cavalos sofrem por causa dos trovões, ele deve ter
conseguido escapar do estábulo.

Hector vai para o quarto e assim que abre a janela seu cavalo coloca a
cabeça para ele coçar.

- Está tudo bem Vendaval, vou lhe deixar no estábulo, mas você tem
que ficar quietinho para não assustar a Sophie. - Ele conversa com o cavalo,
como se ele entendesse.

- Você pode me ajudar Sophie?

- Vamos… - Passo por ele, pego um roupão e um guarda chuva.

Hector coloca uma corda em volta do pescoço do Vendaval enquanto


seguro o guarda chuva para evitar dele se molhar.

Fomos a pé deixar o cavalo no estábulo, mas no meio do caminho veio


um estrondo do trovão que fez o cavalo se assustar. Vendaval relincha e
empina as patas fazendo Hector cair de costas.

- Hector… - Vejo que ele caiu e bateu à cabeça, meu desespero


aumenta ao vê-lo estático sem reação. - Acorda… Por favor! - A chuva está
forte e sem trégua, minha roupa está encharcada, assim como as dele.

Seguro sua cabeça, para tirá-la da possa de lama o abraçando para


protegê-lo da chuva, o que adianta ter estudado todos esses anos, se não
consigo fazer os primeiros socorros nele! Tento pensar no que vou fazer para
acordá-lo, sinto Hector se mexer e um alívio toma meu corpo.
- Sophie! - Ele tenta se mexer.

- Shh… Espera, fica quieto. Está com dor aonde?


- Na minha cabeça. - Ele responde em um sussurro.

- Tudo bem… Vou levantar sua cabeça e vamos ver se consegue


sentar, somente depois, vou lhe ajudar a ficar de pé.
- Tudo bem. - Ele concorda meio grogue.
Consigo levantá-lo, vamos para casa com Hector apoiado em mim.
Levo-o direto para o banheiro, ele precisa de um banho quente para não
resfriar, o ajudo a tirar sua roupa.

Sophie você vê várias pessoas peladas, principalmente cadáveres é


um corpo humano aja como uma médica! Me recrimino ao vê-lo nu.

Fico com esse mantra na cabeça enquanto ajudo Hector a retirar suas
roupas, ligo o chuveiro e tiro o barro do seu cabelo e mãos, sua mão voltou a
sangrar, vou ter de trocar o curativo. Deixo ele no banheiro corro e pego sua
toalha e a enrolo ao redor de sua cintura.

- Sophie… Eu consigo… - Hector fala baixo como se esse movimento


lhe fizesse sentir dor. - Você está toda molhada, vai se secar.

Corro pro banheiro tomo uma chuveirada, troco de roupa e pego um


remédio para dor, ele vai precisar.

Ao chegar em seu quarto ele está deitado com a toalha ainda em sua
cintura.

- Você está sentindo dor aonde Hector? - Ele abre os olhos ao me ver. -
Vou ajudá-lo a se vestir, depois vou examinar você.

Pego uma cueca e uma camiseta, retiro sua toalha, e o ajudo a se


vestir.

Deixo-o deitado de costas, apalpo suas costelas para ver se há alguma


fratura, mas felizmente não, é só dor por causa da queda, amanhã ele vai estar
todo dolorido, mas estará bem, sem consequências maiores.
- Descansa um pouco que amanhã você vai estar melhor. - Dou um
remédio pra ele beber.

- Fica… Sei que você tem medo dessas tempestades. - Ele pede
humildemente.
Pondero um pouco seu pedido, não acho uma boa ideia.

- É melhor não.
- Sophie, precisa se preocupar, só vamos dormir na mesma cama, eu
não vou tentar nada com você, até porque estou todo dolorido.

Deito na cama, ele me envolve em seus braços e adormeço


momentaneamente.
CAPÍTULO 34
Acordo com a claridade em meu rosto, foco minha visão para saber
onde estou, sinto uma mão pousada em meu ventre, ele respira tranquilo perto
do meu pescoço, me fazendo arrepiar, há muito tempo deixei de pensar se
voltaria a acordar nos braços do Hector.

Respiro profundamente, tenho que tomar coragem para tirar sua mão,
preciso ir ao banheiro, mas estou com medo dele acordar e ter que encará-lo.

Retiro com todo cuidado seu braço da minha cintura, ele se mexe e faz
uma careta de dor. Hoje seu corpo vai realmente sentir as dores da queda.

Saio da cama e vou para meu quarto, faço minha higiene, troco de
roupa e vou para cozinha.

- Bom dia! - Cumprimento tia Celeste, pensei que ela estivesse na


fazenda.

- Bom dia minha menina… - Ela olha por cima do meu ombro
assustada - O que aconteceu com você meu filho? - Tia Celeste chega perto
do Hector preocupada.

- Bom dia tia. Cortei minha mão, não foi nada grave estou bem, não
precisa se preocupar a Sophie cuidou de mim. - Ele me lança um sorriso
triste.

- Que bom! Então vou para meu cantinho, estou de folga, fiquei
preocupada e queria me certificar que ainda estavam vivos, mas vejo que me
preocupei a toa. O café de vocês está pronto. - Ela aponta pra mesa. - Tem
comida na geladeira é só esquentar. - Tia Celeste sai nos deixando a sós.
Sente-se, por favor! - Hector puxa a cadeira para eu me sentar.

Comemos em total silêncio, não quero admitir que dormi confortável


ao seu lado e que estava com saudade de sentir seu corpo junto do meu ao
acordar.
- Tem que tomar seu remédio para dor, o deixei no criado. - O aviso.
- Já tomei. Obrigada por ter cuidado de mim ontem à noite.

- Faria isso por qualquer um é meu dever como futura médica. -


Respondo em um tom seco.

Depois da minha resposta Hector ficou calado, termino meu café da


manhã e vou na pia para lavar a louça que sujamos.
- Precisamos conversar… Sophie - Hector chegar atrás de mim, tira a
xícara da minha mão e me vira de frente pra ele. - Vamos ser honestos um
com o outro, quero saber o que se passa no seu coração, quero saber se posso
ainda ter esperança em lhe reconquistar, Precisamos ter um conversa sincera e
colocar tudo em pratos limpos. Por favor, só me dê essa chance de saber o que
se passa na sua cabeça e no seu coração. - Hector pede suplicante.

- Tudo bem! - Chegou a hora da verdade, estamos precisando dessa


conversa.

Ele pega um pano de prato e seca minhas mãos, as segura e me leva


até seu quarto o trancando.

Fico um pouco apreensiva por ele ter me levado pra cá.

- Aqui ninguém vai nos atrapalhar. - Ele responde, vendo meu rosto
apreensivo.
Hector coloca uma poltrona de frente pra outra. Segura minha mão,
me senta em uma e se senta na outra.

- Sophie, sei que errei em relação a nós dois, mas eu ainda te amo e
muito, nunca desisti de ficar com você, eu somente lhe dei a oportunidade de
viver sua vida… - Tento falar mais ele me interrompe. - Sei que errei por ter
tomado essa decisão por nós dois, errei de muitas formas com você e quero
consertar meus erros. Mas pra isso preciso saber se você quer seguir sua vida
com ou sem mim!

- Assim que te vi senti uma atração, depois nos tornamos amigos e daí
me apaixonei por você, achei que era um amor platônico, até sentir que era
recíproco, então decidi lutar por você, passei por cima de muitas coisas e
forcei a barra para você admitir que sentia algo por mim… - Respiro fundo. -
Eu acho que esse foi meu erro, você nunca lutou por nós, porque sempre lutei
por nós dois, todas as vezes que você precisou tomar uma decisão, você
simplesmente preferiu o caminho mais cômodo.

- Sei que fui omisso em relação a nós dois, mas… Me diz se ainda
posso ter esperança em relação a gente? - Hector segura minhas mãos e as
aperta contra as dele.

- Só me responde uma pergunta… - Se meu avô não tivesse entendido


ou aceitado nosso amor, você teria ido atrás de mim em São Paulo?

Ele abaixa a cabeça e entendo sua resposta, ele não teria ido atrás de
mim.
- Não precisa responder! Já sei sua resposta… - Retiro minhas mãos
do seu aperto e passo as mãos em meu rosto. - Esse é nosso problema, só o
seu amor por mim não basta! - Falo alterada. - Eu quero um homem que me
ame e me coloque em primeiro lugar em sua vida, que tenha orgulho de mim
e da nossa relação e não que tenha receio ou vergonha, quero um homem que
lute por mim! - Aponto meu peito com o dedo indicador.

- Sophie, não tenho vergonha de você e muito menos do nosso amor,


você é tudo de especial pra mim, minha vida sem você é miserável, da
primeira vez que você foi para São Paulo, me odiei por ter sido fraco e ter
aceitado as chantagens da Sônia eu já tinha tudo esquematizado, para
podermos ficar um tempo juntos mesmo morando afastados, depois de ter
percebido a burrada que tinha feito, comecei a beber e sair com garotas de
programa, tentando preencher o buraco negro que minha vida se tornou sem
você, me arrependo muito por isso, mas quando você voltou para o casamento
do Pedrão, estava decidido passar por cima de qualquer um para ficar com
você. Aí meu pai nos viu e teve o AVC, fiquei com um peso enorme por ter
feito isso com meu pai, no começo pensei realmente em desistir e abrir mão
do nosso amor, estava cansado de nadar contra a maré, todas as vezes que eu
pensava que… Dessa vez ia dar certo, uma coisa de errado acontecia. Quando
meu pai acordou e conseguiu falar, ele me perguntou como tudo começou,
resumi nossa trajetória até aquele momento e também disse que tinha
desistido de você.

- Sophie… - Ele pega minha mão novamente. - Eu fui atrás de você,


não porque meu pai me deu sua benção e nos apoiou, eu fui atrás de você
porque ele abriu meus olhos e me fez ver que minha vida é infeliz sem ter
você ao meu lado, depois que ele me fez enxergar isso, fui lhe procurar. - Ele
fecha os olhos e me pergunta. - Quero saber de uma coisa, você gosta do seu
namorado?

- Gosto Hector, não vou mentir pra você… Quando… - Paro para
tomar um ar.

Não estava preparada para ouvir tudo o que ele me disse, Hector
abalou minhas estruturas com sua sinceridade, realmente estávamos agindo
feito dois adolescentes, como sempre meu avô tem razão.

- Quando… - Hector me incentiva a continuar.

- Quando voltei para São Paulo, depois do AVC do meu avô, pela
primeira vez, decidi desistir de nós dois, por isso não te liguei, queria ver sua
reação, prometi a mim mesma que iria lhe esperar por 3 meses, se você não
me procurasse nesse período, iria tentar lhe esquecer e seguir em frente,
depois desse tempo comecei a sair para as baladas com Valentina, ela e
William tinham se desentendido, então éramos duas solteiras nas noitadas de
São Paulo. Passado alguns meses, comecei a sair com Dennis, então decidi
namorá-lo, em nenhum momento quis fazê-lo de estepe, ele começou a me
conquistar com seu jeito. Quando decidi levar nosso namoro a um nível mais
alto, você apareceu do nada e me disse tudo àquilo no meu apartamento, mas
minha decisão já estava tomada, então não era seu aparecimento depois de 7
meses que iria me fazer recuar, eu realmente queria lhe esquecer e queria
levar meu namoro a sério.
- Você disse queria, não quer mais? - Ele me pergunta com esperança.
- Não sei Hector, sinceramente não sei. - Levanto da cadeira e vou
para perto da janela tomar um pouco de ar.
Viro-me pra ele que também está em pé, me observando com as mãos
no bolso.

- A verdade é que eu confiava em você cegamente… - Olho pra janela


e tomo um pouco de ar, minhas lágrimas estão querendo transbordar, mas não
quero chorar na frente dele. - Eu já, esperei tanto por você, já coloquei tantas
expectativas no nosso amor, sempre coloquei você em primeiro lugar…
Depois que você admitiu que me amava, pensei que tudo estava bem e que
juntos superaríamos qualquer coisa, mas não foi assim.

- Sophie… - Ele chega perto de mim e enxuga uma lágrima com a


ponta dos dedos. - Eu juro que não vou decepcioná-la novamente, entendo
todo seu receio em relação a mim, se você me der mais essa chance, vou lutar
por nós dois e não irei deixar que ninguém atrapalhe nosso amor, vou ser forte
por ambos, prometo não me curvar pra ninguém. Me perdoa… Eu te amo
minha diabinha! Minha vida sem você é vazia e sem sentido.

Hector beija uma lágrima, depois outra, beija um olho de cada vez e
beija minhas bochechas até chegar a minha boca.
Quando nossas línguas se encontram, me sinto liberta e a angustia que
estava sentindo desde que cheguei morre em cada gemido nosso, meu coração
está mais leve e parece que tirei um peso enorme das minhas costas.

Meu Deus, como amo esse homem! Não tem como um amor tão
grande como esse, que resistiu a tantos obstáculos e ao tempo, seja pecado!
- Como senti falta de você, do seu cheiro, - ele fala enquanto dá beijos
em meu pescoço e inala meu cheiro, - da sua pele, - ele passa as mãos pelo
meu braço, - da sua boca.

Hector volta a me beijar com possessão saqueando minha boca sem


dó, vasculhando o interior dela com sua língua experiente.
Ele segura minha bunda e me coloca sentada na janela de madeira que
é grande. Fico na altura do seu quadril, ele fica entre minhas pernas e as
enlaço em sua cintura fazendo nosso sexo se chocar. Hector geme entre meus
lábios esfregando seu mastro duro me fazendo ficar com minha calcinha
encharcada.

Hector apalpa minhas coxas com sua mão subindo aos poucos até
chegar na lateral da minha calcinha, ele enfia seus dedos, massageando minha
amiga perseguida e meu clitóris, me fazendo gemer alto.

- Como você é gostosa meu amor, como senti falta do seu gosto. - Ele
retira seu dedo do meu sexo e o lambe saboreando.

Coloco minha mão no cós do seu short de tactel e abro o velcro,


seguro seu mastro e massageio.

- Veja como meu pau está feliz em ter suas mãos nele, veja o que você
faz comigo, você me tem de corpo e alma, eu sou todo seu só você tem o
poder de me deixar no céu. Ou no inferno.

Hector puxa meu vestido o retirando e abre meu sutiã, ele passa as
mãos nos meus seios com carinho, beija o vale entre os seios e depois os
saboreiam como se fossem um manjar dos Deuses.

Termino de abrir sua bermuda que cai aos seus pés, desço sua box
descobrindo seu bumbum durinho e gostoso, o apalpo, fazendo seu pau rijo
ter contato com minha calcinha molhada.

Ele segura as laterais da minha calcinha e levanto um pouco meu


bumbum, para ele retira-la, na sequência Hector se livra da sua box, ele
esfrega seu pau na entrada da minha grutinha, me fazendo ir ao céu e de
repente ele me penetra sem avisar, a sensação da surpresa e do seu pau dentro
de mim novamente e maravilhosa, arranho suas costas no ápice do prazer,
quero ter mais contato com ele, quero senti-lo inteiro dentro de mim.
Hector bomba dentro de mim freneticamente, sinto os dedos dos meus
pés formigarem e a sensação de frisson percorre minha espinha, o aperto entre
minhas pernas, aperto minha perseguida em seu pau e tenho minha libertação,
gozo soltando gritinhos de prazer, Hector não resiste e goza em seguida.

- Isso foi intenso. - Hector beija meus lábios com delicadeza e retira
um fio de cabelo que está grudado em minha bochecha suada.

Estamos ofegantes, ele retira seu mastro de dentro de mim e me limpa


com uma toalha e em seguida se limpa, Hector me tira da janela me levando
no colo e indo pra sua cama.

- Como te amo meu amor! Eu sei que fui errado e covarde, mas dessa
vez não vou deixar nada nem ninguém nos separar, quem tiver a coragem de
se meter em nosso caminho vou passar por cima feito um trator, eu sei que
você está receosa e não confia mais em mim. Sophie… - Ele segura meu
rosto. - Vou fazer de tudo para você voltar a confiar em mim.

Coloco a mão em seu peito e vejo o anel que Dennis me deu, sento na
beirada da cama na mesma hora, o que fui fazer, caramba! Dennis em São
Paulo achando que tem uma namorada e eu dormindo com outro, passo as
mãos em meu rosto frustrada.

- O que foi Sophie? - Hector se ajoelha atrás de mim, me braça e


coloca meu cabelo de lado dando passagem ao meu ombro. - Me diz, o que
está lhe angustiando?
- É errado Hector, eu tenho um namorado, não devia ter ido pra cama
com você.

- Pode parar! Não fala assim, já estou com raiva de mim mesmo por
tê-la empurrado pra outro homem e você ainda fica pensando nele. - Ele
sussurra as ultimas palavras.
- Eu deveria ter uma conversar com ele primeiro, para depois me
envolver com você novamente.

- Sophie… não faz isso, nós estamos no nosso mundinho vamos curtir
o momento, depois resolvemos a bagunça que fizemos em nossas vidas, mas
agora só quero matar a saudade de você. Olha pra mim. - Hector coloca uma
mão de cada lado de meu rosto e o levanta. - vamos esquecer o mundo lá fora,
vamos dar uma trégua a esse emaranhado que é nossas vidas. - Ele segura
minha mão e retira o anel colocando-o dentro da gaveta do criado.

- Você me promete que não vai me fazer sofrer novamente!

- Pode ter certeza disso! Assim que seus pais chegarem de viagem,
contarei tudo ao Heitor e da próxima vez que todos da família estiverem
reunidos, contarei para o restante dela, dessa vez não vou recuar, aconteça o
que acontecer.

Abraço Hector, quero me sentir segura com ele, quero me sentir como
me sentia antes de tudo dar errado, quero abraçá-lo e sentir que ao seu lado
tenho forças para tudo!

Ficamos mais um pouco na cama, depois fomos almoçar fora,


compramos um presente para o Filho da Samanta e Felipe e em seguida
fomos visitá-los.

Assim que o bebê vê o Hector faz uma festa e quer ir pro seu colo
balbuciando titio, vejo o quanto o menino gosta dele, não o conhecia ainda,
ele é um bebê lindo e se parece com o pai, seu nome é Fernando e está com
um ano de idade.

Hector brinca com ele enquanto Samanta e eu nos inteiramos dos


últimos acontecimentos de nossas vidas, depois que decide me afastar do
Hector, decide não entrar muito em redes sociais, então estou por fora dos
acontecimentos da vida dos meus amigos, fiquei sabendo que Pedrão e
Olímpia são os padrinhos de Fernando e que Olímpia descobriu que está
grávida semana passada, ainda não os vi, pois estão viajando.

- Estou feliz por vocês, torço para que dessa vez não se separem. -
Samanta comenta enquanto troca a fralda do Fernando.
- Também… - Solto um suspiro.

- Hum… Vejo uma ruguinha de preocupação em sua testa. - Ela passa


o dedo entre minhas sobrancelhas. - Tenho medo de me magoar de novo, de
voltar pra São Paulo, sabendo que ele não cumpriu com sua promessa e de me
decepcionar mais uma vez.

- Sophie, nunca vi um homem amar tanto uma mulher como Hector


ama você, tenho certeza que dessa vez ele vai cumprir tudo que ele lhe
prometeu.

- Vamos ver o que vai acontecer, estou nos dando mais essa chance,
mas estou com o pé no chão e sem muita expectativa.

- Entendo seu lado, sei que você está agindo assim para se proteger,
mas vou lhe dizer uma coisa, não sei se eu teria essa garra toda e fazer o que
vocês fizeram para ficarem juntos, vocês tem o que… Uns 6 anos que se
amam, não é?

- É… Quase 7 anos. - Revelo pensativa

- Meu Deus! É muito tempo esperando um ao outro. - Samanta


comenta admirada.

- É muito tempo…

- Mama, mama… - Fernando balbucia, chamando a atenção da mãe.

- Ele é lindo… - Olho pra ele admirada.

- Quando você for mãe, vai saber o quanto nós amamos esse serzinho
e o quanto somos protetoras com eles, é um amor incondicional, Sophie. -
Samanta comenta rindo enquanto brinca com seu filho.

- Quem sabe um dia! - Falo receosa.


- Quem sabe um dia? Hector está com 32 anos e ele é louco para ser
pai, aposto que quando você se formar ele vai começar a ficar no seu pé para
terem um filho.

- Samanta… casal como nós que temos consanguinidade, precisa se


submeter a um aconselhamento genético. Durante os exames, são feitos
estudos na família para avaliar o grau de risco de transmitir alguma alteração
grave ao filho que será gerado. Para o casal que vêm de famílias sem histórico
de doenças genéticas, o risco é reduzido, mas não extinto. Por isso, antes de
querermos ter um filho devemos fazer pelo menos uma avaliação antes, e as
chances não são muito favoráveis.

- Mas eu tenho certeza que quando decidirem ter filhos, vocês vão
poder. Qual vai ser sua especialização, Sophie? - Ela tenta mudar de assunto,
pois percebeu que isso me afetou.
- Pediatria. - Respondo sem ânimo.

- Pega, então começa a treinar desde agora. - Samanta deixa Fernando


em meu colo, ele começa a brincar com meus cabelos, os querendo colocar na
boca, ele é um bebê bonzinho e não estranha ninguém. - Você já está
atendendo? - Ela pergunta curiosa.

- Ainda não, vou começar agora no começo das aulas, mas já tenho
experiência no hospital, pois muitas matérias são feitas dentro dele, mas
atender mesmo, vou começar agora, sendo supervisionada, nós atenderemos
em todas as áreas, para termos certeza qual seguir ao nos formar.

- Legal! - Ela comenta sorridente. - Medicina é pros fortes, não é a toa


que ainda não desistiu do Hector. - Ela fala me dando um sorriso sincero.

Voltamos para a sala e ficamos com Hector e Felipe, conversamos


mais um pouco e depois fomos embora.
- O que está preocupando minha diabinha? - Hector pergunta ao
sairmos do apartamento dos nossos amigos.

- Nada, é que estou cansada. - Não quero derramar minhas


preocupações em relação a filhos, depois de ver Samanta com Fernando, acho
que fiquei com medo de não poder tê-los e assim não realizar o sonho do
Hector de ser pai.

- Então vamos para casa que quero lhe fazer uma massagem para
relaxá-la. - Hector enlaça minha cintura e beija a lateral da minha cabeça.
Ao chegarmos, Hector começa a tirar sua roupa, ficando só de cueca
box.
- Hector, tia Celeste está em casa. - Falo o repreendendo.
- Tia Celeste está na casa dela que é longe daqui. - Hector explica.

- Mas ela pode aparecer de surpresa.

- Ela não vai aparecer, tia Celeste não anda pela chácara à noite, ela é
idosa e tem medo de cair. - Ele explica enquanto abre o botão do meu
vestido.
- Então deixa eu terminar de tira-lo. - retiro meu vestido e o jogo na
espreguiçadeira. - Você pode tirar meu sutiã? - Peço com ar de inocente,
Hector fica me olhando enquanto o afasto mais um pouco para a beira da
piscina - O fecho dele é frontal, aponto com os olhos, entre meus seios.

Hector coloca a mão para abri-lo, mas o empurro na piscina.

- Sabe titio, você anda muito abusado. Se você pensa que é só querer e
já vai colocando a mão em mim!? As coisas não são bem assim como você
pensa, para isso acontecer você vai ter que me pegar primeiro. - Falo e saio
correndo.

- Você vai ver quando eu sair dessa piscina sua diabinha sem coração.
- Ouço Hector gritar de dentro da piscina.

Corro para meu quarto e tranco a porta, preciso de um belo banho e


me depilar depois vou procurá-lo. Ele deve estar puto comigo.
Retiro meu sutiã e calcinha e vou para o banheiro, preciso de um
tempo sozinha para digerir o que conversei com Samanta, eu tenho que ser
honesta com Hector sobre filhos, nossa chance de ter filhos saudáveis são
baixas e eu sei muito bem que ele quer ter, vi o jeito dele com o filho do
Felipe, sei que ele será um excelente pai.

A água bate em minhas costas me fazendo relaxar, sinto mãos em


minha cintura.
- Que susto! Como você entrou?

- Entrei pela janela. Quero saber por que você fugiu de mim. Sei que
tem alguma coisa a perturbando e preciso saber o que é? - Hector pergunta me
prensando na parede do banheiro.

- Não tem nada é impressão sua. - Tento desconversar.


- Tem sim, Sophie. Desde que voltou do quarto do Fernando mais a
Samanta que está calada e pensativa. Sophie vamos ser honestos um com o
outro, não quero você me escondendo nada que lhe preocupe, me diz o que
está te angustiando? - Ele sussurra as últimas palavras suplicando uma
resposta.

- Hector… - Faço uma pausa para criar coragem. - Eu sei o quanto


você quer ter filhos, mas não sei se você sabe que se ficarmos juntos, nossas
chances de tê-los saudáveis são mínimas, por sermos consanguíneos e no
nosso caso piora mais um pouco por você ser irmão, tanto do meu pai quanto
da minha mãe.
- Então é isso que está lhe afligindo? - Eu balanço a cabeça em
concordância. - Sophie posso não ter feito medicina, mas sei isso muito bem,
também sei que para nos casarmos oficialmente, precisamos mostrar exames
que comprovem que poderemos ter filhos saudáveis. Sophie… - ele ergue
meu queixo. - Isso pra mim é irrelevante o que me importa é estarmos juntos,
o resto é consequência, se podermos ter filhos vai ser maravilhoso, se não
podermos, vamos adotar e iremos amá-lo do mesmo jeito e como disse… O
que me importa é estarmos juntos. Filhos nós teremos de qualquer forma e se
você quiser ter do seu próprio ventre, temos inúmeras opções e tratamentos
variados para isso.
- Mas são tratamentos muito caros… - Ele me interrompe.
- Não vamos pensar nisso agora, a única coisa que eu sei é que quero
passar o resto da minha vida com você e o reto é resto.
- Eu te amo… E a única coisa que eu quero é estar com você. - Abro
meu coração para ele.

Hector coloca sua testa na minha e fecha os olhos.


- Pensei que nem tão cedo ouviria essas palavras de sua boca. - Ele
gruda sua boca na minha e permanecemos um tempo com nossa bocas
coladas sem movimentá-las, sinto um gostinho salgado escorrendo entre
nossos lábios então percebo que Hector está chorando.

- Eu te amo, meu titio gostosão é claro que te amo. - Hector solta um


sorriso sincero, aproveito a deixa e o puxo para me perder em seus beijos.
E no chuveiro nos amamos mais uma vez.
CAPÍTULO 35
- Bom dia meu amor! - Acordo com Hector acariciando minhas
costas.

- Bom dia! - Ao focar minha visão, vejo que ele está arrumado.
- Já são que horas?

- São 11:00hs.
- Nossa! Dormi demais, por que não me acordou?

- Você estava cansada, então decidi deixá-la dormi mais um


pouco. - Ele retira uma bandeja do criado - Trouxe café da manhã!

- Você já tomou seu café? - Sento na cama encostando-me na


cabeceira.

- Ainda não, estava esperando você acordar para comermos juntos.

Comemos tudo entre troca de carinhos e brincadeiras, vamos ao


churrasco que o Pedrão nos convidou para comemorar a gravidez da Olímpia,
portanto iremos aproveitar nosso restinho de domingo com nossos amigos.

Coloco um vestido soltinho, uma sapatilha, faço uma maquiagem leve


e amarro meu cabelo em um rabo de cavalo.

- Você está linda, terminou? - Hector está com os braços cruzados na


entrada do quarto.
- Terminei. - Chego perto dele, entrelaço meus braços em seu pescoço
e lhe dou um selinho.

- Que pique o Pedrão tem! Ele chegou ontem à noite de viagem e já


está fazendo um churrasco! - Comento assim que chegamos na área de lazer
do prédio.

- Ele está feliz por saber que vai ser pai e quer comemorar com os
amigos. - Hector enlaça minha cintura, me aperta em seu corpo e beija meu
rosto, me suspendendo um pouco do chão.
- Que saudade de você, Sophie! - Pedrão vem em nossa direção com
um sorriso lindo no rosto.
Sinto a mão do Hector me aperta a cintura em tensão, olho
repreendendo-o por seu ciúme. Ele dá de ombros me ignorando.

Pedrão me abraça forte me retirando de perto dele, retribuo o abraço


com saudades.
Pedrão foi outro que evitei conversar em redes sociais, na verdade
mantive contato somente com Olímpia, ela nunca comentou sobre Hector e
isso me deixava segura em conversar com ela.

- Parabéns, papai! – O cumprimento feliz.

- Obrigada Sophie! - Ele beija meu rosto.


- Estou feliz por você meu amigo. - Pedrão dá um abraço no Hector,
lhe dando tapinhas em suas costas.

- Também estou feliz por você, parabéns ao futuro papai.


- Ainda não estou acreditando que vou ser pai cara, estou feliz demais.
- Pedrão comenta com um sorriso de orelha a orelha.
- Oi Sophie, há quanto tempo! - Viro-me e vejo Olímpia vir animada
em minha direção .

A cumprimento pela gravidez, conversamos um pouco, e fomos nos


encontrar com o restante dos nossos amigos. A Stefanini e o Daniel também
estão aqui, Pedrão continuou a amizade com os dois e também com David.
Pedrão me apresenta aos parentes dele e da Olímpia.

- Oi, Sophie não é? - A mãe da Olímpia me cumprimenta.


- Sim. - Respondo sem entender sua pergunta.

- Mas você não é a Sophie sobrinha do Hector que mora em São Paulo
e ajudou Olímpia a comprar seu enxoval?
- Sou eu mesma.
- Entendi. - Ela olha nossas mãos entrelaçadas.

- Ela é minha namorada dona Emília. - Hector fala em um tom um


pouco rude.

- Vamos sentar! - Pedrão nos puxa para sentarmos com nossos amigos.
O lugar está cheio com um clima animado, as crianças brincam no parquinho
enquanto os pais conversam não deixando de observá-las. E a mãe da Olímpia
não para de olhar pra mim.

Ignoro os olhares da mãe da Olímpia e fico observando meus amigos.


Stefanini e Daniel estão noivos, David decidiu assumir sua homossexualidade
e está a um bom tempo com seu companheiro Jota, Samanta e Felipe estão
casados e eles têm um lindo bebê, Pedrão e Olímpia estão casados há quase
um ano e agora Olímpia descobriu que está grávida, Rodrigo e Dayane estão
casados há algum tempo, mas os dois decidiram que não querem ter filhos, só
querem paparicar e estragar os filhos dos outros. Cada um deles fizeram
escolhas variadas em sua vida, mas estão felizes com suas escolhas…

- Por que está tão Pensativa? - Hector pergunta me distraindo dos


meus pensamentos, ele aperta minha perna, me chamando atenção.

- Nada… Estou feliz por nossos amigos estarem seguindo suas vidas
felizes, independentemente de suas escolhas.
- E nós também vamos seguir a nossa vida juntos e felizes. - Lhe lanço
um sorriso esperançoso, torcendo para que dessa vez consigamos ficar juntos.
Pedrão e Olímpia sentam-se à mesa em que estamos e todos
conversam animadamente, os vejo entrosados, não parece que o tempo
passou, depois penso melhor e a única que não está tendo uma convivência
maior com eles sou eu que os estava evitando.

- Queria muito que dois amigos nossos fossem padrinhos, - Pedrão


passa a mão na barriga ainda plana de Olímpia. - Pensei que não seria
possível tal proeza, porém o destino quer esse casal junto. Quando ligo pro
meu compadre Felipe para lhe contar a novidade, fico sabendo de outra… -
Ele nos olha feliz. - Então como sei que Sophie vai voltar em breve para São
Paulo, decidimos fazer o churrasco hoje e convidá-los para serem padrinhos
do nosso filho.

Não sei o que dizer, fico sem reação ao ouvi-lo. - Você ouviu amor? -
Hector me pergunta.
- Ouvi sim. - Hector me questiona com um olhar e concordo com um
gesto de cabeça.

Nos levantamos e os abraçamos.

- Vocês perceberam que todos estão noivos ou casados? - Rodrigo


comenta. - Pois é Hector, só falta você e a Sophie.

- Por mim já estaria casado, mas vou esperá-la se formar. - Olho pra
ele e faço cara de surpresa. - O que foi amor? - Ele pergunta beijando a ponta
do meu nariz.

- E quem disse que eu quero casar? - Brinco com ele.

- Hum, essa doeu até em mim! - Rodrigo ri da careta que Hector faz.

- Pensei que você quisesse casar amor!? - Hector pergunta frustrado.

- Não quero e para eu mudar de ideia, você vai ter que me convencer. -
Falo brincando e lhe lanço uma piscadela.
- Mostra quem é o macho dessa relação Hector. - Felipe Brinca.

- Eu sou ótimo em persuadir e convencer pessoas. - Hector me dá um


beijo possessivo e nossos amigos começam a aplaudir, fazendo bagunça.
- Vão procurar um quarto seus depravados. - Rodrigo sugeri rindo.

Hector para o beijo e taca um pedaço de pão na cabeça do Rodrigo, na


sequência Felipe e Pedrão também.
- Porra gente! Era brincadeira. - Ele fala enquanto se defende dos
pães.
Stefanini não ficou muito tempo, pois tinha outro compromisso então
Ela, Daniel, David e Jota foram embora juntos, nos despedimos e eles
prometeram irem me visitar.

- Vamos ver se a Olímpia está precisando de alguma ajuda? - Pergunto


a Samanta, vejo que a maioria dos convidados já foram embora.

- Vamos! - Ela me puxa, pela mão.

- Aonde você vai amor? - Hector pergunta.


- Deixa de ser possessivo homem. - Felipe brinca.

- Vou ver se a Olímpia precisa de ajuda. - Respondo e lhe dou um


selinho.

- Também vou. - Dayane se levanta e vai com a gente a procura de


Olímpia para ajudá-la.
Assim chegamos perto da cozinha do salão, ouvimos Olímpia
discutindo com sua mãe. Nos olhamos e não tivemos coragem de interromper,
no momento que decido virar as costas e voltar para mesa, ouço meu nome.

- A Sophie vai ser uma excelente madrinha, para de ser preconceituosa


mãe! - Paro bruscamente querendo ouvir o resto da discussão.

- Como não ser preconceituosa filha! Ela namora o próprio tio!


- Chega! - Olímpia a interrompe.

- Vamos Sophie … - Samanta tenta me tirar de perto da cozinha, mas


balanço minha cabeça negando.
- Quando Pedrão me contou a história dos dois fiquei em choque, mas
depois que os conheci melhor e vi o sofrimento do Hector, me encantei pelo
amor deles, hoje torço e muito para que eles resolvam tudo e fiquem juntos.
Mãe… O Hector é melhor amigo do Pedrão, conheci melhor há Sophie nos
dias que fiquei com Pedrão e Hector em São Paulo, - Hector estava com eles!
- Passei um tempo com ela, que me acompanhou nas compras do enxoval de
casamento, com isso a conheci melhor, ela é meiga, carinhosa, prestativa e
com certeza será uma excelente madrinha para nosso filho.
- Você acha mesmo que os pais dela, vão deixá-los se casar? Como
você é romântica! Esperava mais do Hector ele é um rapaz bom, simpático,
bonito e trabalhador, poderia ter qualquer mulher. Aliás, por que você não
escolheu sua prima Milene para ser madrinha com Hector? Você já viu o
quanto ela é caidinha por ele? Pra quê você vai escolher uma madrinha…
A mãe da Olímpia me vê e interrompe o que estava falando, Olímpia
olha pra trás e me vê.

- Sophie… - Olímpia tenta falar comigo.

- Estou bem Olímpia, não precisa se preocupar. Sua mãe não é a


primeira e nem será a última de muitos preconceituosos que vão aparecer em
minha vida. - Lhe dou um sorriso forçado e saio.

Começo a chorar, não queria chorar perto de ninguém, queria mostrar


que sou forte, mas falho miseravelmente.

- Vem! - Samanta me leva ao banheiro. - Sophie, não liga para o que


aquela velha chata disse, o que ouvi de piadinha dela quando estava ajudando
no casamento dos dois.

- Ela é um saco mesmo, Sophie! - Dayane reforça.

- Sophie… - Olímpia abre a porta do banheiro e entra. - Queria lhe


pedir desculpa pelas asneiras que você ouviu da minha mãe, ela é difícil de
lhe dar, às vezes nem eu mesma tenho paciência com ela…
- Sophie. - Hector bate na porta e me chama. Como ninguém responde
ele abre a porta e entra. - O que aconteceu amor? - Ele pergunta preocupado
ao me ver chorando.

- Desculpa Hector. - Olímpia pede sem graça.


- Posso falar com a Sophie a sós meninas. - Hector pede com um
semblante calmo, mas vejo que está nervoso.

- Claro! - Elas respondem e saem aos poucos.


Estava me sentindo claustrofóbica, o banheiro é pequeno e estava com
cinco pessoas dentro dele.

- O que aconteceu, meu amor? - Hector pergunta, acariciando minhas


costas.

O abraço mais forte e conto da discussão que ouvi entre Olímpia e sua
mãe.

- Por que você não foi com eles se encontrar comigo, já que estavam
juntos? - O questiono.

- Fiquei com medo da sua reação ao me ver, não queria estragar as


compras de enxoval da Olímpia. - Ele esfrega o rosto. - Fiquei a uma certa
distância lhe observando, e nesse momento decidi que no casamento do
Pedrão iria tentar reconquistá-la. Queria reatar com você e enfrentar a Sônia e
o Heitor.

- Hector, você acha que vamos ser bons padrinhos para o bebê deles?

- Claro que vamos! - Ele responde com convicção.

- Você acha que devemos aceitar, já que a mãe da Olímpia não


concorda em eu ser a madrinha da criança…

- Sophie, Pedrão e Olímpia são os pais, e se eles nos convidaram para


sermos padrinhos de seu filho é porque eles sabem que somos capaz. Olha pra
mim amor. - Hector segura meu queixo para olhá-lo. - A mãe da Olímpia não
foi a primeira a ser preconceituosa com a gente e não vai ser a ultima, mas
juntos vamos superar tudo. - Hector beija a ponta do meu nariz e me abraça
novamente.
- Ei vocês dois! Podem parar de transar nesse banheiro. - Rodrigo bate
na porta.
Só o Rodrigo mesmo para nos fazer rir.
- Porra cara! Você nos atrapalhou na melhor parte. - Hector responde
alto para que Rodrigo ouça.
- O que eu lhe disse Felipe! Os dois estão transando no banheiro! -
Rodrigo fala alto avisando Felipe.

- Sophie, sou seu namorado e futuramente serei seu noivo e marido,


mas, além disso, sou seu tio e sempre serei. Não temos como fugir disso, a
única coisa que podemos fazer é tratarmos com naturalidade. - Hector enxuga
minhas lágrimas e abre a porta do banheiro para sairmos.
Voltamos para a mesa e ninguém tocou no assunto, estamos a sós, pois
o restante dos convidados foi embora.

O final da tarde e o começo da noite foi regada a brincadeiras e as


palhaçadas do Rodrigo e Felipe.

Após irmos embora, decidimos ir a uma pizzaria.

- Está cansada, amor? - Hector pergunta assim que chegamos.

- Um pouco, por quê? - Olho em meu relógio e vejo que são 22:00hs,
ficamos muito tempo fora.

- Queria ficar um pouco com você na piscina.

- Vou me trocar e te encontro lá.

- Tudo bem! - Hector me dá um beijo, retira a roupa e mergulha na


piscina.
Tomo um banho rápido me depilo e vou para lá, não encontro Hector
na piscina, volto para dentro da casa e o procuro, mas ele não está.

Vou novamente para a área da piscina e vejo umas bolhas saindo da


água, chego perto para ver o que é, grito de susto ao ser empurrada pra dentro
dela, em seguida cinto uma mão na minha cintura me suspendendo para
superfície.

- Você, é doido… eu poderia ter me afogado. Seu idiota! - Reclamo


entre cada tossida.
- Isso é para você pensar duas vezes, antes de me rejeitar e me
derrubar na piscina. - Ele fala erguendo uma sobrancelha. - E eu jamais
deixaria minha diabinha se afogar.
Hector retira uns fios que estão cobrindo meus olhos e passa as mãos
nas minhas costas para me acalmar, recupero meu fôlego e o encho de tapas.
- Pode me bater minha gostosa, amo quando consigo lhe domar.

Hector segura meus braços nas costa e começa a beijar meu pescoço.

- Estava de pau duro, doidinho pra ter você na piscina e o que você fez
comigo!? Me empurra na piscina! Falei com todo carinho que pretendia lhe
pedir em casamento assim que se formar e o que você fez!? Me desdenhou!
Isso não é coisa que se faça menina má, então como seu tio, tinha que lhe
castigar.

Não consigo me manter com raiva e começo a rir, como ele é idiota!

- Tudo bem titio, aprendi minha lição! - Entro na brincadeira, me


fazendo de arrependida.

- Que bom, que está arrependida, isso é um bom sinal, quer dizer que
ainda tem salvação e poderá se tornar uma boa menina.

- Como uma boa menina que sou, - me afasto dele - Vou ficar bem a
vontade, para o senhor ter livre acesso.

Conforme vou retirando a parte de cima do biquíni, vou indo em


direção as escadas da piscina, termino de retirar a parte de cima e jogo na
água, Retiro a calcinha do biquíni e a jogo aleatoriamente.

Sento na beira da piscina com as pernas abertas me expondo. Hector


se aproxima com os olhos vidrados em meu corpo, ele para perto do primeiro
degrau da piscina. Coloco meu pé em seu peito, e ele começa a beijá-lo.
- Assim você me mata de tesão, minha diabinha! - Hector fala entre
beijos, no meu pé e carícias em minha panturrilha. - Sinta o que você faz
comigo! - Ele coloca meu pé em sua virilha, sinto que seu membro está duro
como pedra, e o acaricio com o pé, por cima da sunga.

- Tira ela. - Estou excitada e louca para senti-lo dentro de mim. Hector
me faz fazer loucuras, que jamais pensei em fazer.
Ele retira sua sunga em uma velocidade relâmpago, sobe o primeiro
degrau e coloco meu pé novamente em seu peito.
- Como o senhor disse titio, ainda tenho salvação e posso ser uma boa
menina e para isso acontecer não posso cair em tentação, então você vai ter
que esfriar sua cabeça de baixo. - O empurro com o pé, fazendo-o cair de
costas na água.

Aproveito a oportunidade e saio correndo de perto dele, pego uma


toalha em uma das espreguiçadeiras e a envolvo em meu corpo enquanto
corro, assim que piso o pé na cozinha cinto mãos me agarrando pela cintura.

- Há… Sua menina má! Dessa vez vou lhe ensinar a respeitar os mais
velhos. - Ele fala mordendo o lóbulo da minha orelha.

Hector retira minha toalha, sinto seu pau duro em minhas costas, ele
curva meu corpo na mesa da cozinha, meus seios ficam ainda mais rígidos em
contato com a madeira, minha bunda fica exposta e ele dá um tapa em cada
nádega.
- Essas palmadas são para você aprender a respeitar os mais velhos.

Ele aperta minha bunda e a beija, suas mãos começam a passear por
todo meu corpo, alisando minhas costas, cintura, coxas e minha amiga
perseguida, cochichando deliciosamente em meus ouvidos. Desfruto a
maravilha de seus carinhos e palavras, me fazendo desejá-lo cada vez mais.

Então ele me vira e coloca-me sentada na borda da mesa, Hector toma


meus seios em suas mãos, com sua boca deliciosa, enquanto acaricio suas
costas, ombros, braços e mãos. Hector me deita na mesa e coloca minhas
pernas em seus ombros, se inclina e começa a beijar minhas pernas, coxas e
vai subindo, Ele alcança seu objetivo, e dá um beijo em meu sexo, sinto um
choque, e aperto firme sua cabeça em minhas coxas, enquanto estico meus
braços procurando algum apoio para me manter ainda nesse mundo.

Sua língua junto com seus dedos experientes me abre fazendo-me ir ao


céu, ele passeia e contorna cada pedacinho da minha grutinha e quando enfim
golpeia meu clitóris, explodo em um gozo me fazendo estremecer toda, então
suga deliciosamente meu mel…

Hector começa a roçar com seu membro duro minha perseguida que
está ansiosa, ele brinca um pouquinho com ela, umedecendo seu pau rígido.

- Me diz o que você quer minha diabinha. - Hector coloca a cabeça na


porto da minha grutinha.

- Por favor, Hector! - Peço entre gemidos.

- Então me promete que vai ser uma boa menina e não fugirá mais de
mim. - Eu prometo. - Respondo ofegante e puxo seu mastro com força para
dentro de mim, sentindo-me totalmente preenchida por meu homem.

Hector se move dentro de mim com uma fome voraz, seguro com as
mãos a borda da mesa e minhas pernas estão em volta de sua cintura,
acompanho seus movimentos, suas mãos acariciam meus seios, prendendo
meus mamilos entre os dedos, me dizendo coisas que só ele sabe dizer e que
me fala à alma, começamos a acelerar cada vez mais nossos movimentos, ele
me invade com força, com ritmo, nossos gemidos formam um só som, sinto o
membro dele maior, pulsando e em uma última investida, gozamos
deliciosamente juntos, soltando de uma só vez todo o nosso prazer.
Hector deita sua cabeça sobre minha barriga, acaricio seus cabelos por
alguns minutos, então ele sai de dentro de mim, me ajuda a sentar, me beija e
abraça-me com carinho.

Ele me pega no colo, e me leva com ele para um delicioso banho.


Hector me abraça por trás e sinto a água morna deslizar sobre nossos
corpos, ele pega o sabonete e começa a deslizar com ele por meus seios,
minhas mãos o procura ansiosas, quero senti-lo e pegá-lo então me viro e
ajoelho em frente a seu mastro delicioso, o beijo, lambo e chupo com
vontade, desejo e carinho.

Meus olhos acompanham em seu rosto o prazer que ele sente, o que
me dá ainda mais tesão, e enquanto minhas mãos roçam suavemente suas
nádegas e bolas, minha língua, boca e lábios trabalham incansáveis em seu
pau.

- Se você continuar assim vou gozar em sua boca, minha diabinha. -


Ele fala entre gemidos de prazer.

Hector me puxa para seus braços e me dá um beijo delicioso, vira-me


de costas pra ele e me encosta suavemente contra a parede, apoio minhas
mãos nela e separo minhas pernas, ele pega um gel de massagem, e passeia
deliciosamente com ele em meu corpo, o massageando com o gel, a sensação
é maravilhosa.

Hector se posiciona e começa a empurrar seu membro lentamente,


conquistando cada vez mais um pedacinho de mim, enquanto eu rebolo, me
ajeitando e sentindo sua masculinidade deliciosa se apossando de todo meu
corpo, seus dedos começam a trabalhar com maestria em meu sexo, me
levando às alturas, ele continua no mesmo ritmo lento, me possuindo sem
pressa, me sinto inteiramente sua… sua namorada, sua mulher, sua fêmea, sua
diabinha, sua sobrinha, sua gostosa… um orgasmo intenso me faz dar um
grito de prazer… Hector segura minha cintura com força me puxa contra ele,
e eu rebolo, me esfregando em seu mastro, me inclino mais um pouco para
senti-lo totalmente dentro de mim, ele acelera os movimentos cada vez mais
rápido e o sinto explodindo, me molhando com seu leite. Saciados, plenos e
felizes, banhamos um ao outro…
CAPÍTULO 36

Hector está me esperando no altar, meu pai me conduz até ele que me
espera no final do tapete, não acredito que vou ser sua esposa!

Meu nariz começa a coçar, não acredito! Logo agora que todos estão
me olhando e meu nariz começa a coçar! - Meu nariz está coçando pai. -
Coloco a mão nele, mas infelizmente ele não para de coçar.
Abro os olhos e foco minha visão e vejo Valentina perto da cama com
um matinho fazendo consigas em meu nariz.

- Pelo que vejo a farra foi grande! - Ela ergue um pau e na ponta dele
está a calcinha do meu biquíni.
- São quantas horas? - Pergunto enquanto me viro para sentar na
cama.

- São 12h00min dona Sophie. - Valentina ainda continua erguendo


minha calcinha. - Vai me explicar? - Ela aponta para a calcinha.

- Nós reatamos. - Bocejo e me espreguiço. - Esqueci de recolher


minhas roupas. - Vejo um bilhete no criado junto com uma rosa vermelha,
Valentina também vê só que é mais rápida e o pega primeiro, lendo-o em voz
alta.

Bom dia meu amor!


Tive que sair cedo para trabalhar, mas quero almoçar com minha namorada.
Então estarei lhe esperando às 13h00min no Coco Bambu Beira Lago, já fiz a
reserva.
Do seu sempre Hector
- Que lindo! Esse seu avô sabe das coisas… - Ela me entrega o bilhete.
- E de nada, por ter recolhido suas roupas.
- Obrigada Valentina, me livrou de um sermão da tia Celeste. O que
meu avô lhe disse? - Leio o bilhete novamente.
- Ele disse que vocês precisavam de privacidade para se entenderem.

- Entendo… - Meu avô é um velho manipulador, isso sim!

- Não querendo ser estraga prazer, como Dennis fica nessa história? -
Ela pergunta com um encolher de ombros.

- Vou conversar com ele assim que voltar. - Levanto da cama e


começo a procurar uma roupa adequada para ir almoçar com Hector.

- Então vou deixá-la se arrumar para ir se encontrar com seu amado. -


Valentina me dá um beijo e sai do quarto.

- Oi amor, desculpe o atraso - Cheguei 20 minutos atrasada.

- Oi meu amor, já sei que você acordou tarde. - Hector levanta da


cadeira e me dá um selinho.

- Dormimos tarde e você acordou cedo, deve estar cansado!

- Estou bem, não precisa se preocupar valeu à pena dormir tão tarde. -
Hector me lança um sorriso sacana.

O garçom nos entrega o cardápio e fizemos nosso pedido.

- Seus pais chegam amanhã, estou querendo falar com a Sônia manhã
mesmo e depois conto tudo para seu pai, você quer ir comigo ou vou
sozinho?
- Por que você não deixa pra falar com os dois depois de amanhã, eles
vão chegar cansados da viagem. - De repente, me deu um friozinho na
barriga, finalmente meu pai vai saber sobre a gente.

- Então vou conversar com a Sônia amanhã, depois converso com


Heitor. - Ele fala decidido.
- Eu vou com você… Hector, estou com medo da reação do meu pai,
não sei como ele vai reagir. - Estou feliz e receosa ao mesmo tempo.

- Independente da reação dele, vamos estar juntos. - Ele beija minha


mão.
- Boa tarde Dr. Hector. - Viro-me para ver quem está cumprimentando
Hector.
- Boa tarde Dr. Juarez. - Hector levanta e cumprimenta o senhor que
veio falar com ele. Ele parece familiar, mas não me lembro de onde o
conheço.

- Essa linda menina se parece com a filha do seu irmão… - Ele me


olha com curiosidade. - Sophie seu nome, não é? - Ele pergunta estendendo
sua mão.

- É sim senhor. - Estendo minha mão para cumprimentá-lo.

- Fiquei na dúvida, por isso perguntei. - Dr. Juarez comenta com um


encolher de ombros. - Você está aqui de férias? É porque seu pai disse que
está fazendo medicina, não é?

- Estou de férias e faço faculdade de medicina em São Paulo.

- Meus parabéns minha jovem é uma profissão louvável.

- O senhor quer se sentar conosco? - Hector pergunta por educação.

- Obrigada, estou com um casal de amigos, deixaremos para a próxima


oportunidade. - Ele se despede e antes que saia vira-se pra gente. - Havia
quase me esquecido! Sábado vou fazer um jantar em homenagem ao meu
filho por ter passado com louvor na prova da OAB, minha secretaria já deve
ter enviado os convites, estou aguardando vocês.

- Obrigado pelo convite e compareceremos para homenageá-lo. -


Hector responde e o senhor retorna a sua mesa.
- É por isso que quero conversar o quanto antes com seu pai, tenho
certeza que ele viu nós nos beijando, não quero que Heitor saiba sobre a gente
por boca de outras pessoas como sua mãe soube. - Vejo que Hector ficou
agitado depois que aquele senhor veio em nossa mesa.

- Ei! - Chamo sua atenção. - Assim que chegarem, vamos conversar


com eles. - Tento acalmá-lo.
Queria acariciar sua mão, mas não posso, porque a bosta do colega do
meu pai não para de olhar pra gente, eu também acho que ele nos viu.
- Que porra! – Hector solta um palavrão baixo. - Eu só queria sair e ter
um almoço agradável com minha namorada. Será que é pedir demais?

- Claro que não… - O garçom chega com nossa comida e interrompe o


que eu ia dizer, assim que ele sai continuo. - Vamos esquecer esse ocorrido e
aproveitar esse almoço maravilhoso, afinal de contas preciso repor minhas
energias, pois tenho um namorado insaciável! - Comento com um grande
sorriso nos lábios.

Hector relaxa um pouco e por fim desfrutamos de nosso delicioso


almoço.

- Vou fazer o possível para chegar cedo em casa. - Hector me dá um


selinho e abre a porta do carro da minha mãe, para eu entrar.

- Estarei lhe esperando. - O puxo pela gravata e colo meu corpo ao


dele e lhe dou um beijo. - Espero que com esse beijo passe o resto da tarde
pensando em mim. – murmuro perto dos seus lábios.

- Como se precisasse fazer isso, você não sai da minha cabeça minha
diabinha. - Ele deposita um beijo singelo em meu pescoço.

Volto pra chácara e passo o resto da tarde na companhia da minha


amiga, Hector chega cedo como prometido, jantamos os três, fiz a
macarronada que ele gosta, depois nós três fomos assistir um filme.
- Hoje não quero dormir tarde. - Viro-me pra olhar Valentina que está
calada e pensativa desde que Hector chegou.

- Pensei que você fosse dormir com ele? - Ela fala dando de ombros.
- Ontem dormimos tarde e ele está cansado, quero que Hector
descanse quem está de férias sou eu e não ele.

- E Hector não achou ruim de você dormir aqui e não com ele?
- Achou, mas o convenci que seria melhor e ele acabou cedendo.
- Vendo vocês juntos, me fez lembrar do William. - Valentina comenta
cabisbaixa.
- Valentina, você deveria procurar Willian e tentar conversar com ele.
- Queria tanto que minha amiga saísse dessa vida desregrada que ela está
levando, ela mudou muito depois que os dois terminaram.

- Não posso Sophie, O que ele fez comigo é imperdoável e o que fiz
com ele, não fica muito atrás, então não tenho esperança de um dia reatar com
ele.

Não sei o que ele fez com Valentina, mas sei de uma coisa, o que ela
fez com ele foi forte e muito vingativo. Ficar noiva dele sabendo que não ia
comparecer ao jantar de noivado e deixá-lo plantado esperando por ela com
toda família reunida é de uma crueldade sem tamanho. Mas como sou sua
amiga não quero ficar criticando suas atitudes, ela deve ter tido suas razões
para ter agido dessa forma.

- Mas, você deveria pelo menos falar com seus avós, eles a amam e
vão perdoá-la.

- Não Sophie, nunca mais quero voltar em Belo Horizonte.


- Tudo bem! Não está mais aqui quem falou. - Levanto minha mão em
rendição.

Acabo adormecendo em meio as nossas conversas. Sinto uma mão me


puxando, abro meus olhos e vejo Hector me deitando em sua cama.
- Hector… – O chamo sonolenta.

- Shhh, está tudo bem, só não consegui dormir sem você. - Ele me
abraça, coloca minha cabeça em seu peito e adormeço novamente.
Acordo com lábios pousando nos meus, posso estar de olhos fechados,
mas seus lábios e seu cheiro são inconfundíveis. Puxo seu rosto ao meu e
invado sua boca com minha língua lhe dando um beijo de bom dia.
- Bom dia meu amor, não queria lhe acordar. - Hector fala com
sua boca perto da minha.

- Bom dia!
- Preciso ir, mas estarei aqui para almoçarmos juntos, seus pais
chegaram e virão também almoçar, depois do almoço vou conversar com
Sônia.

Ele encosta sua testa na minha, dá um beijo em minha testa e outro em


meus lábios.

- Até daqui a pouco. - falo baixo e rouca por ter acordado agora.
- Até amor. - Hector sai me deixando sozinha com meus pensamentos
conflitantes.

Faço minha higiene pessoal e vou para a cozinha, ao chegar vejo tia
Celeste, meu avô e Valentina em uma queda de braço.

- O que está acontecendo aqui? - Pergunto curiosa.

- Olha pra sua amiga e vê se não tenho razão! - Meu avô fala e vem
em minha direção com um sorriso enorme no rosto. - Não lhe vi ontem meu
amor. - Ele me abraça e me dá um beijo na testa. - Como estava falando… -
Meu avô retorna a mesa me puxando pela mão. - Você tem que ser humilde e
conversar com seus avós. - Meu avô repreende Valentina.
- Não posso vô. - Valentina abaixa a cabeça e fica mexendo em suas
mãos.

Achei bonito ela chamando meu avô de vô, ela deve estar muito
carente, sem seus avós que são tudo pra ela.
- Minha menina… O orgulho não leva a nada, peça perdão a eles e
fala o que está em seu coração. - Tia Celeste tenta reforçar o pedido do meu
avô.

Valentina cobre o rosto com as mãos e começa a chorar, ela empurra a


cadeira e corre chorando em prantos. Faço um gesto de me levantar para ir
atrás dela, só que meu avô não deixa.
- Deixa ela sozinha com seus pensamentos, Valentina precisar refletir
um pouco sua vida. Ele me conduz de novo para eu sentar na cadeira. - Agora
quero saber sobre você e o Hector, minha menina.

- Estamos bem vô, vamos tentar mais uma vez.

- E dessa vez vocês vão conseguir superar todos os obstáculos. - Tia


Celeste fala com tanta convicção, que ganhei meu dia, porque acredito
piamente em suas palavras.

- Agora vocês estão mais preparados pra vida e maduros o suficiente


para não se deixarem abalar. - Meu avô fala afagando minhas mãos.

- Estou com esperança, mas tenho medo do que possa acontecer


quando Hector contar para meu pai. – Desabafo angustiada.

- Sophie, seu pai está com um problema no coração e não morrendo,


ele é forte e vai aguentar o baque não se preocupe. - Meu avô tenta acalmar.

- A conversa está boa, mas preciso trabalhar, tenho que ajudar o


marido dessa dona fofoqueira aqui. - Meu avô aponta pra tia Celeste, depois
se levanta da mesa e me dá um beijo.

- Fofoqueiro é você! - Tia Celeste rebate sua brincadeira com um


bico.
- É brincadeira dele tia. - Tento acalmá-la, assim que meu avô sai da
cozinha.

- Esse velho chato! - Ela reclama ainda com um bico enorme no rosto.
Tomo meu café e vou pro meu quarto tentar falar com Valentina, mas
ao entrar a vejo dormindo embolada e a cubro com um edredom e fico um
pouco com ela.

Acordo com alguém fechando a porta, acabei adormecendo. Valentina


ainda está dormindo então decido deixá-la descansar mais um pouco, depois a
chamo para o almoço. Saio do quarto e vejo Hector saindo do seu, então foi
ele quem fechou a porta do meu quarto.
Ele chega perto de mim ergue minha cabeça com suas mãos em
concha no meu rosto e me beija.
- Fui ao seu quarto e você estava dormindo, não queria tê-la acordado.

- Sophie… - Minha mãe esta no final do corredor. - Não acredito que


vocês voltaram. - Ela fala perplexa.
Minha mãe corre para perto de nós e nos abraça forte. Ela começa a
chorar, não sei decifrar se é de felicidade ou o quê.

- Bem que meu pai disse que vocês se acertariam que eu poderia viajar
em paz que quando eu chegasse estaria tudo resolvido. - Ela fala enquanto
enxuga suas lágrimas. - Me perdoem… Por favor, me perdoem. Eu… Estava
envenenada com as palavras da Elena, não parei para pensar, foi somente meu
pai que me abriu os olhos para o mal que estava causando a vocês.

- Para… Pode parar Sônia, já conversamos sobre isso, todos


cometemos erros e eu fui um deles. - Hector abraça minha mãe a confortando
e eu a abraço fazendo um sanduíche dela, minha mãe começa a sorrir.

- Vocês sabiam que quando seu avô, - minha mãe olha pra mim, - e
seu pai, - Depois olha pro Hector, - descobriu qual era a faculdade que Heitor
ia estudar, ele escolheu a mesma para eu ir também? Ele fez isso para não
ficarmos distantes! - Ela conta a história com um brilho no olhar. - Meu pai é
maravilhoso uma pessoa rara de se ver.

- Ele é realmente uma pessoa rara. - Hector concorda com orgulho de


ter um pai como meu avô.
- Sophie seu pai está lá fora, vamos falar com ele? - Minha mãe
se recompõe e me chama.
- Antes de vocês irem quero lhe falar uma coisa Sônia… - Hector
respira fundo e solta a bomba.

- Vou falar com Heitor sobre a gente amanhã.


- Hector, deixa pra falar depois de sábado é que fomos convidados
para o jantar na casa do amigo do Heitor e eu queria que fôssemos em paz,
depois você faz como quiser, mas por favor espere até sábado.

- Tudo bem! - Hector concorda, mas vejo que ele não gostou da ideia.

Vou ver meu pai, ele está perto da churrasqueira conversando com
meu avô e o marido da tia Celeste.

- Oi minha boneca, estava com saudade! - Meu pai me abraça forte e


me ergue do chão. - Trouxe um presente pra você e a Valentina, e por falar
nela onde ela está? - Meu pai pergunta a procurando entre as pessoas.

- Ela está dormindo, daqui a pouco deve estar aqui. - Quero deixá-la
dormir o quanto quiser, às vezes é bom se desligar de tudo.

- Você viu o convite do Dr. Juarez? - Meu pai pergunta ao Hector, que
está atrás de mim com o semblante fechado.

- Ainda não, mas o encontrei quando fui levar Sophie para almoçar no
Coco Bambu e ele me adiantou sobre o jantar. - Hector responde sério.

- Sophie meu amor, depois do almoço vamos pra casa, então arrume
suas coisas e pede pra Valentina arrumar as dela também. - Hector engasga
com o refrigerante que ele estava tomando.

- Por que você quer levar a Sophie? - Hector pergunta


de supetão fazendo meu pai erguer as sobrancelhas, não entendendo a reação
dele.
- Ela veio pra cá porque eu ia viajar com a Sônia, como voltamos, vou
levá-la pra casa. - Meu pai explica como se fosse obvio.

- Você quer ir, Sophie? - Hector pergunta angustiado.


- Eu… - Não sei o que responder, meu pai está pasmo com a reação
estranha do Hector e minha mãe está tão nervosa que falta quebrar os dedos
da mão de tanto pressionar um no outro.

- Pensei que todos vocês fossem ficar comigo enquanto a Sophie


estivesse de férias. - Meu avô intervém
- Há, eu pensei que quando voltasse das férias Sophie fosse querer ir
pra casa, já que ela disse que preferia ficar lá, mesmo quando sua mãe e
eu estivéssemos viajando… - Meu pai responde com um encolher de ombros.
- Por isso falei para ela arrumar suas coisas. - Meu pai termina de falar, me
questionando com o olhar.
- É… - Gaguejo - que… Eu não queria atrapalhar, mas estou gostando
de ficar aqui, está sendo relaxante.

- Então vamos ficar… Não é meu bem? - minha mãe sugere.

- Tudo bem então. - Meu pai dá de ombros concordando e Minha mãe


solta o ar, angustiada pela situação.

Tirando a falta de humor do Hector e o Desânimo da Valentina,


tudo ocorreu bem.

Meus pais foram embora e disseram que assim que saíssem do


trabalho amanhã viriam para cá.

- Estou pra explodir, Sophie, não quero mais viver nessa situação. -
Hector fica andando de um lado para o outro em seu quarto.

- Hector, minha mãe pediu até sábado, está tão perto pra quê se
estressar com isso?
Chego perto dele e passo a mão em seu rosto sentindo sua barba que
tanto amo.

- Sabe o que você está precisando? - Pergunto abrindo os primeiros


botões de sua camisa.
- Hum, - Hector geme ao sentir minha unha acariciar seu peito por
dentro da camisa. - não sei o que estou precisando, mas você poderia me
mostrar. - Ele me dá um sorriso cheio de sacanagem.

- Você está precisando de um banho relaxante. - termino de tirar sua


camisa e abro o zíper da sua calça.
- E você vai me dar um banho? - Ele pergunta com malícia.
- Com certeza eu vou, tenho uma arma infalível que o fará relaxar. -
Sussurro em seu ouvido.
- Estou precisando relaxar, minha diabinha, então vem comigo
cumprir sua promessa.

Hector me joga em seu ombro me fazendo soltar um gritinho e me


leva para o banheiro e juntos relaxamos…
Os dias estão sendo tranquilos, ficava o dia com Valentina inventando
algo diferente a cada dia para não vê-la desanimada.
A noite ficava um pouco com meus pais e ao invés de ir dormir no
meu quarto ia direto para o quarto do Hector.

Minhas férias estão acabando e a cada dia a ansiedade me consome e


estou com medo.

Hoje é o jantar e a Valentina não quis ir conosco, então iremos Hector


e eu no seu carro e encontraremos meus pais no jantar.

Lanço uma última olhada no espelho e aprovo o que vejo, estou com
um vestido de oncinha com bordados e manga de renda, ele é degodê e tem
um generoso decote nas costas.
- Você quer me ver discutindo com alguém nesse maldito jantar não é
Sophie? - Hector chega perto de mim e coloca sua mão nas minhas costas
acariciando-a. - Espero não ver marmanjo nenhum colocando a mão onde não
deve ao lhe cumprimentar, ele me dá um beijo em meu ombro, me fazendo
arrepiar.

- Deixa de ser ciumento Hector, ninguém vai ficar alisando minhas


costas, vamos! - Puxo sua mão e vamos pra esse jantar que não estou nenhum
pouco animada para ir.
Ao chegarmos me deparo com uma pessoa que me parece familiar.

- O que foi amor?


- Nada! É que eu pensei ter visto um conhecido de São Paulo.
- Sei… Homem? - Hector me questiona.

- Nossa Hector! - Reviro os olhos e não respondo sua pergunta.

Minha mãe nos vê chegando e vem ao nosso encontro, ela nos guia
para cumprimentar os anfitriões e o homenageado.

- Vou procurar o meu menino pra você conhecê-lo ele é um gato,


Sophie, vocês formariam um lindo casal. - A esposa do Dr. Juarez e mãe do
rapaz fala toda empolgada.

Hector fecha o semblante ao ouvir o que a senhora comenta.

Dona Neide sai à procura do seu filho.

- Consegui achá-lo! - Dona Neide comenta empolgada ao me virar


para conhecer o rapaz, quase caio de costas.

Tem como um raio cair no mesmo lugar duas vezes? Meu Deus! Eu
devo estar me confundindo não pode ser…

O rapaz chega perto do seu pai e ele nos apresenta. - Sophie esse é
meu filho Nouga. - Nouga dá um sorriso com um brilho no olhar.

- Oi Sophie, há quanto tempo! - Ele está com um sorriso que não me


agradou nenhum pouco e fico nervosa no mesmo instante. - Sabia que tentei
te ligar? Mas acho que você me passou seu número de telefone errado.

- Oi… Eu… - Gaguejo igual uma idiota. - Oi Nouga, foi bom lhe
rever. - Falo de supetão, para não gaguejar novamente.
- Vocês se conhecem? - Meu pai e o seu falam ao mesmo tempo.

- Nos conhecemos em São Paulo, nos dias que fiquei por lá com o
senhor. - Nouga responde sem tirar os olhos de mim.
Estou muito desconfortável, se pudesse sairia correndo, mas
infelizmente não posso. E o pior é ver o olhar questionador do Hector e da
minha mãe.
- Que coincidência, tem pouco tempo que Nouga voltou para o Brasil.
- Meu pai comenta.

- Que falta de educação a minha. Esse é o Dr. Hector ele é um


excelente advogado meu filho e ele é tio da Sophie. - Dr. Juarez os apresenta.

O resto da noite foi um tormento, Nouga não saía do meu pé e Hector


estava com uma cara péssima.

Para piorar a situação, a mãe do Nouga estava decidida a nos fazer


marcar um encontro, não tinha como a noite ficar pior.

Depois do jantar, Nouga pede na frente de todos para irmos ao jardim,


não tive alternativa a não ser aceitar.

Caminho com ele me mantendo o mais distante possível, não quero


passar uma impressão errada.

- Como esse mundo é pequeno! - Nouga solta com sarcasmo. - Por


que deu o número do seu telefone errado? - Ele pergunta sério.

- Eu… Eu não costumo passar meu número para estranhos. - arrumo


minha postura.

- Haa… Então você só beija estranhos sem pedir permissão, entendi. -


Ele ri com sarcasmo.
- Olha Nouga aquela noite foi um er… - Não termino de falar ele me
agarra pela cintura e me beija.

No momento em que reajo para empurrá-lo, o sinto sendo puxado.


- Você está louco cara! - Hector está segurando o colarinho do Nouga.
- Não faz isso Hector! - Tento impedi-lo de cometer uma besteira.

- Por que você está defendendo esse cara Sophie? – Hector pergunta
decepcionado.
- Não estou defendendo ele, eu só não quero um escândalo na festa.

- Ele estava lhe agarrando à força. - Hector fala inconformado. - Ou


não? - Ele me questiona, e isso me deixa irada de raiva.
- Desculpa aí tio, mas você se enganou, o beijo foi consensual, eu só
retribuí o beijo surpresa que ela me deu há algum tempo atrás. - Ele comenta
debochado.

Que cara idiota, isso é o que dá pegar o primeiro idiota que vem na
sua frente, ou melhor, isso é o que dá beijar o primeiro idiota que aparece para
pagar uma aposta.

- Então você a beijou sem seu consentimento? - Hector pergunta com


arrogância. - Não sei o que falar, não sei o que fazer, só fico assistindo os dois
se engalfinhando.

- Me desculpe tio, - Nouga comenta rindo. - Eu só devolvi o que sua


sobrinha fez comigo, aliás, ela não é nenhuma…

Ele não termina de falar, pois Hector lhe dá um soco.

- Hector. - Grito seu nome, assim que vejo ele indo feito furacão para
cima do Nouga. - Seguro seu braço desesperada. - Não faz isso, por favor.

- Ouviu o que ele falou de você amor! - Hector fala indignado. - Não
aceito que ninguém fale assim contigo.

- Amor? - Nouga levanta do chão mexendo em sua mandíbula. - Mas


você não é tio dela? - Ele pergunta confuso.
- Sou namorado dela seu mauricinho idiota.

- Hector… - Assim que nos viramos ao ouvir o dono da voz, Hector


cai no
chão ao levar um soco…
CAPÍTULO 37
- Hector… - Me ajoelho perto dele para ver se está machucado.

- Você está bem? - Pergunto preocupada.

- Estou. - Ele senta e lança um olhar triste para meu pai.

- Me diz que é mentira Hector. - Meu pai está transtornado. – Me diz


que não ouvi isso da sua boca.

Hector está com as pernas encolhidas e as mãos abraçando o joelho,


ele ao ouvir o que meu pai diz abaixa a cabeça entre os joelhos.

- Eu amo a Sophie! - Ele ergue a cabeça e olha profundamente pro


meu pai.

- Seu filho da puta… – No momento que meu pai ia partir pra cima do
Hector, eu não permiti, assim como minha mãe.

- Não pai, não Heitor! - Falamos juntas. Ele para com minha mãe
segurando seu braço.

- Vamos para casa, aqui não é lugar de termos esse tipo de conversa. -
Minha mãe pede ao meu pai.

Ele se vira nos fuzilando com o olhar. - Quero os dois em minha casa
agora! - Meu pai aponta o dedo entre nós dois e sai com minha mãe.
Olho ao redor e vejo algumas pessoas no jardim, junto estão os amigos
dos meus pais. Dona Neide está com a mão na boca tentando esconde sua
expressão horrorizada, Dr. Juarez está com as mãos no bolso balançando a
cabeça em negativo.
Hector se levanta e vamos em silêncio para o carro, a única coisa que
eu quero é sumir daqui.

- PORRA! - Ele grita batendo com força no volante, fazendo-me dar


um salto no banco do passageiro, pelo susto que levei. - O que eu temia
aconteceu, Heitor descobriu da pior forma possível.
- Não fica assim, vamos resolver isso e o que eu temia não aconteceu,
ele não passou mal.
- Antes levar um soco do que vê-lo indo parar em um hospital. Hector
comenta decepcionado.

- Aonde você conheceu esse mauricinho idiota Sophie? – Hector me


questiona.
- O conheci em uma casa noturna, tinha perdido uma aposta e as
meninas o escolheram para eu beijar. Hector… – Seguro sua mão. – Do
mesmo jeito que você me disse ter cometido uns erros que não se orgulha eu
também cometi os meus, então não adianta ficarmos remoendo o que
aconteceu, temos um problema maior para resolver e esse problema se chama
Heitor.

- Você tem razão. – Ele levanta minha mão e a beija.

Vamos para a casa dos meus pais e ao chegar ouço seus gritos em uma
discussão acalorada com minha mãe.

Meu pai ao nos ver se cala e aponta para o sofá, onde minha mãe está
sentada.

- Quero saber de tudo! - Ele fala com rancor na voz.


- Pai, Heitor… - Hector e eu falamos juntos.

- Quero falar primeiro Hector. - Coloco minha mão na sua, meu pai as
fuzilam com o olhar, mas não retiro minha mão da dele, pelo contrário
entrelaçamos nossas mãos.
- Pai… - Suspiro e começo meu relato, contei-lhe que me apaixonei
pelo Hector desde o momento que desci as escadas para conhecê-lo, que
nunca o vi como tio e que nós tentamos não nos envolver, mas nosso amor foi
maior e acabamos ficando juntos, contei que minha mãe descobriu e que
ficamos 3 anos separados e mesmo assim, não deixamos de nos amar e agora
queremos ficar juntos, sem medo, receio ou vergonha e não queremos mais
esconder isso de ninguém.

Meu pai em momento algum me interrompeu somente me observou


com seu olhar de águia, analisando todo contexto.

- Heitor, eu amo a Sophie, nunca amei um pessoa como a amo…

- Então era por ela que você estava sofrendo nesses últimos tempos. -
Meu pai o interrompe.
- Sim…

- E por que você não foi homem suficiente para me dizer que estava
apaixonado por ela? - Meu pai cruza os braços e ergue uma sobrancelha.

- Eu prometi a Sônia que não a procuraria antes dela se formar e que


eu a deixaria viver sua vida. Tentei ser forte e tentei deixar a Sophie longe,
mas não consegui.

Meu pai olha em reprovação para minha mãe e ela abaixa a cabeça.

- Vocês pensam que será fácil a relação de vocês?


- Desde o começo nunca foi fácil, pai. - Desabafo.

- Confiei minha filha a você Hector… - Meu pai fala com a voz
carregada de decepção. - Como pôde fazer isso comigo! Era para você cuidar
dela, e o que você fez! A seduziu…

- Pai! - Falo exasperada. - O Hector não me seduziu, eu tenho mais


culpa que ele nessa história.
- Não quero mais saber dessa sujeira! - Meu pai fala alto, passando a
mão na nuca e andando de um lado para o outro.

- Meu Deus! Aonde foi que eu errei? - Já sei aonde errei… - Meu pai
começa a chorar. - Errei no dia que confiei em meu irmão, errei nas vezes que
fiquei os finais de semana longe de casa deixando minha filha em seus
cuidados. - Meu pai fala enquanto aponta o dedo pro Hector chegando perto
dele. - Eu sempre te amei meu irmão e o que você fez comigo… Você me
apunhalou pelas costas. - Meu pai murmura as últimas palavras.
- Me perdoe Heitor, mas meu amor pela Sophie foi maior, eu lhe juro
que tentei e fiz de tudo para vencer esse sentimento, mas ele foi maior que eu.
- Hector chora ao desabafar.

- Dessa história toda o que mais me magoa é que lhe perguntei várias
vezes o nome da mulher por quem você estava sofrendo, você teve todas as
oportunidades e mesmo assim não disse, até quando vocês me fariam de
idiota?

- Eu queria contar para você assim que vocês chegaram de viagem,


mas então decide lhe contar depois do jantar na casa do Dr. Juarez, não era
pra você descobrir dessa forma.

- Sophie, você quer ficar com ele? - Meu pai me pergunta sério.

- É o que mais quero pai. - Respondo com toda sinceridade que há em


meu coração.

- Não vou afastar vocês como a Sônia fez, mas também não aceito a
relação de vocês. Então se preferirem ficar juntos, não precisa contar comigo
pra nada, se vocês quiserem continuar com essa loucura, podem esquecer que
eu existo. E você Sophie. - Meu pai aponta um dedo pra mim. - Vai voltar pra
São Paulo se possível amanhã, e pode ter certeza que não voltará pra chácara,
vai dormir aqui até ir embora, pode ligar pra sua amiga e pedi-la para arrumar
suas coisas e vim pra cá também. E você Hector pode esquecer que tem um
irmão, porque não aceitarei essa relação imoral de vocês. - Meu pai fala
jogando sua fúria nas palavras.

- Me desculpe Heitor, mas prefiro ficar sem irmão a ficar sem coração,
ele pertence à Sophie e sem ela não consigo viver e muito menos respirar, já
tive a experiência de não tê-la em minha vida e não quero passar por esse
inferno de novo. A única forma de ficar longe da Sophie. - Hector se vira pra
me olhar. - É se ela não me quiser.

- Sophie, vou lhe dar um tempo para pensar com calma, depois
conversamos. – Hector me fala decidido.
Ele sai da sala e vai em direção à saída, ao vê-lo se distanciando meu
coração aperta, não posso deixá-lo ir, não posso.
- Hector… - Saio correndo assim que o vejo indo para seu carro. - Não
meu amor, não preciso pensar em nada.

Hector me abraça, me consolando, não consigo parar de chorar estou


em um misto de sentimentos, alegria, tristeza e expectativa, todos ao mesmo
tempo. Estou alegre por meus pais saberem sobre nós, tiramos esse peso das
nossas costas, triste por meu pai não ter aceitado nossa relação e na
expectativa de um dia ele nos perdoar e nos aceitar como casal.

- Vou embora com você.

- Não, Sophie. Fica com seu pai, não quero causar mais sofrimento a
ele, fica aqui e vai para São Paulo, como ele disse, em seguida vou lhe visitar.

- Posso te ligar mais tarde? - Pergunto receosa.

- É claro que pode meu amor. - Ele me dá um beijo. – Você pode me


ligar à hora que quiser e quando quiser, você é minha prioridade e sempre
será nunca se esqueça disso. – Nos beijamos demoradamente, ao pararmos ele
segura meu rosto entre suas mãos e beija minha testa. - Vou sentir tanto sua
falta.

- Também! – Não quero parar de abraçá-lo, tenho de medo de soltá-lo


e nunca mais vê-lo de novo.
- Tenho que ir Sophie. – Hector me dá um selinho, entra no carro e
desaparece, levando meu coração com ele.

Volto pra dentro de casa e não vejo ninguém na sala, vou para o meu
quarto, deito na cama e desabo a chorar, eu amo meu pai, tenho mais
afinidade com ele do que com minha mãe, ele é tudo pra mim, tantas vezes
ele foi me visitar e saímos para passear, ele foi minha fortaleza e minha lufada
de alegria nesse tempo que fiquei afastada do Hector.
Choro até adormecer.
Acordo com uma mão alisando meus cabelos, ao abrir meus olhos,
vejo minha mãe sentada na cama.
- Seu pai conseguiu um voo para hoje à noite, já conversei com a
Valentina, seu avô vai levá-la ao aeroporto.

Concordo com a cabeça.


- Trouxe seu café da manhã. – Ela aponta com a cabeça a bandeja que
está na minha mesa de estudos.

- Não estou com fome mãe. – Fecho meus olhos e me viro para o
outro lado, quero dormir até chegar a hora de ir para o aeroporto.

- Sophie… – me viro novamente pra ela. – Seu pai é maravilhoso, não


ficará muito tempo com raiva de vocês, logo ele aceitará, não fique assim,
você precisa se alimentar, não vai adiantar ficar com fome, você só vai
adoecer com isso.

- Depois eu como mãe, quero dormir mais um pouco.

- Tudo bem, vou deixá-la descansar.

Recebo uma mensagem no zap.


Hector: Bom dia meu amor, senti sua falta, minha cama é fria sem
você.

Sophie: Bom dia.


Hector: Aconteceu mais alguma coisa?

Sophie: Vou embora hoje à noite.


Hector: Fiquei sabendo agora. Não se preocupe estarei em breve com
você.

Sophie: Queria poder lhe ver antes de ir embora.


Hector: Vou te ver no aeroporto. Não se esqueça que eu te amo
Sophie: Também te amo.
Tomo meu café da manhã e me deito, só quero acordar na hora de ir
embora.
Meu pai não foi me deixar no aeroporto, ele não estava em casa
quando fui embora.

- Minha filha. - Minha mãe me olha profundamente. – O tempo


resolve tudo.
- Sophie! – Ouço Valentina gritando.

Ela está com Hector, ele está carregando minhas malas que deixei em
sua casa.

Valentina corre ao meu encontro e me abraça.

- Não fica assim! Seu pai te ama e ele vai aceitar o relacionamento de
vocês. – Abraço-a forte, quero muito acreditar em suas palavras.

- Será que sobra um abraço pra esse velho aqui? – Meu avô pergunta
atrás de Valentina.
- Claro vô. – O abraço também.

- Minha filha, não fica assim, tudo vai dar certo. Meu avô fala
tentando me passar conforto.

- Espero que sim vô. – Tento segurar minha lágrimas.


Vejo que Hector está conversando com minha mãe e parece que ele
está nervoso, pois o vejo passar as mãos várias vezes em seu rosto. Hector ao
ver que eu o observava, fala algo para minha mãe e depois vem com passos
decididos e me abraça.

- Eu te amo… Amo muito, não se esqueça disso.


- Eu também! – E as lágrimas que até então lutei para que não caíssem
são derramadas em sua camisa.

- Sophie, - ele segura meu rosto. Vamos estar separados em corpos


mais sempre estaremos juntos em pensamento e vou ligar para você todas as
manhãs e todas as noites, antes de você ir dormir, assim que eu puder estarei
em São Paulo passando uns dias com você.

- Só de você ter vindo aqui me ver antes de eu ir embora, já estou


feliz. – A primeira vez que nos despedimos, ele me mandou seguir a minha
vida, a segunda vez meu avô estava no hospital e ele não veio me ver e agora
tenho certeza que estamos preparados para assumirmos nossa vida juntos.

Despeço-me de todos e vou embora deixando meu coração mais uma


vez em suas mãos.

Faz dois meses que fui embora, mas todos os dias Hector e eu
conversamos pelo telefone.

Não foi fácil terminar com Dennis, ele não aceitou bem o fim do
nosso namoro, no começo ele estava me odiando, mas agora voltou a
conversar comigo, pois estamos na mesma equipe no hospital.

- Posso me sentar? – Dennis aponta a cadeira perto de mim.

- Pode.
Ele senta e se vira para me olhar.
- Assim que chegar em casa termino minha parte na pesquisa, se você
quiser vou na sua casa mais tarde entregar e passar os tópicos a serem
estudados. Temos que fazer essa parte juntos.
- Tudo bem, você pode ir sim, não é porque não estamos namorando
que você não pode ir fazer as pesquisas em grupo lá em casa.

- Umas 20h00min estarei na sua casa.


Nós terminamos nosso lanche e voltamos às atividades no hospital.
- Você viu que alugaram o apartamento da frente? – Valentina entra na
sala toda empolgada.

- Sorte a sua que a senhora aí da frente foi morar com o filho, porque
estava vendo a hora dela fazer um abaixo assinado para você. E no abaixo
assinado estaria escrito “expulsar a mulher de vida fácil do prédio”. – Começo
a rir do apelido que a senhorinha da frente colocou na Valentina.
- Ela é uma velha tão puritana que não tem coragem de me chamar de
puta ou garota de programa. – Valentina começa a rir. – Que apelido, “mulher
de vida fácil”. – Valentina faz um sinal da cruz. – Se ela soubesse que dou por
puro prazer era capaz de me chamar de filha do satã.

- Era capaz mesmo. – Nós duas começamos a rir. – Você conheceu


nosso novo vizinho ou vizinha? Pois tem um mês que essa mudança chegou e
nunca vi ninguém.
- Conheci hoje, é homem e solteiro. – Ela me dá uma piscada.

- Vê se não vai aprontar dona Valentina! – A repreendo.

- Pode deixar mamãe. – Ela me manda um beijo e vai para seu quarto.

A campainha toca e vou atender, Dennis entra e no começo fica um


pouco desconfortável, mas depois relaxa e terminamos o pedaço da pesquisa
que precisava da nossa descrição em conjunto.

- Sophie… – Dennis se vira pra mim assim que chega perto do


elevador.
- Oi…

- Eu não entendo, - ele chega perto da porta onde me encontro. – O


que adianta terminar comigo se você também não vai ficar com seu antigo
namorado?
- Mas estou com ele! – Tento explicar.

- Namoro a distância? – Ele pergunta com descrença.


- É – Repondo baixo, não quero falar da minha relação amorosa com
ele.
- Relacionamentos são difíceis com os dois estando um perto do outro,
imagina estando longe um do outro. Você acredita mesmo que ele vai ficar
sem lhe trair esse tempo todo?

- Dennis… Você nunca me viu com ninguém, isso é porque ainda o


amo, eu gostei de você e tentei realmente esquecê-lo, mas não deu, estou com
ele desde os meus 16 anos de idade.

- É muito tempo… – Ele para e pensa.

- É muito tempo. – Reforço o que ele diz.


- Sophie… – Ele chega perto de mim. – Eu me apaixonei por você é
por isso que fiquei tão magoado. – Ele passa a mão em meu rosto e a seguro
afastando-a. – Eu só queria ter a oportunidade de lhe fazer feliz.

- De… – Não termino de falar.

Dennis segura meu pescoço e gruda nossas bocas, sinto sua língua
invadindo minha boca sem permissão.

No momento que afasto meu corpo e coloco minha mão em seu peito
para afastá-lo ouço a voz que menos queria ouvir nesse momento.

- Sophie. – Empurro Dennis que se desequilibra e cai no chão.


CAPÍTULO 38

Estou com meus olhos fechados e com a mão na boca para tentar
mantê-la fechada, porém a vontade é de deixá-la cair escancarada e aberta,
tenho medo de abrir meus olhos e constatar que não é ilusão, a pessoa que
vejo na minha frente. Ao abri-los, realmente vejo Hector na porta do
apartamento em frente ao meu, ele está de bermuda e sem camisa, mostrando
seu glorioso peitoral com uma xícara na mão, não acredito que ele é meu
novo vizinho!

- Você pode me explicar o que está acontecendo aqui Sophie? – Ele


me questiona, cruzando seus braços.

- Hec… Hector… – Gaguejo não acreditando que realmente é ele.

- Sou eu mesmo, ia ao seu apartamento pedir uma xícara de açúcar


emprestado com minha vizinha e namorada e o que vejo! A pego beijando
outro cara.

Suas palavras são como ácido e seu olhar é reprovador.

- Mas… – Dennis para o que ia dizer, ele se levanta e olha de novo


para Hector. – Mas ele não é seu tio, não foi ele que veio lhe visitar a uns
meses atrás? – Dennis pergunta confuso.
Não tenho reação… Não sei quem respondo primeiro. Meu Deus! Não
acredito que Hector está perto de mim e irá morar em São Paulo, estaria em
uma pura felicidade, se as circunstâncias em que me encontro fosse outra.

Balanço a cabeça e coloco minhas ideias no lugar.


- Hector, o que você viu foi um engano, sei que é clichê o que vou
dizer, mas não é o que você está pensando.

- Sophie eu só quero que você me explique o que está acontecendo! –


Ele ergue uma sobrancelha esperando eu me explicar.
- Também estou querendo uma explicação Sophie? – Dennis pergunta
entre dentes.
- Dennis… – Suspiro, não sei por onde começar. – Esse é o Hector
meu namorado
- Então esse lance de tio era mentira? Porque você me apresentou ele
como seu tio! – Dennis solta suas palavras exigindo explicações.

- Não é mentira… – Respiro fundo. - Ele é meu tio. – Conto pra ele,
pressentindo que irei ter problemas com isso.
Dennis começa a rir alto com deboche.

- Quer dizer que fui embora deixando você com seu tio para
conversarem e na verdade a deixei com seu tio para você ficar de esfregação
com ele e o idiota aqui levar um par de chifres!

- Ei seu moleque, vê como fala com minha namorada! – Hector sai de


perto da porta do seu apartamento e vem pra perto de mim.

- Eu não fiquei com ele Dennis, nós não estávamos juntos, tínhamos
terminado, ele foi me visitar.

- Caralho! E o seu pai aceita essa relação de vocês? Não acredito, com
tanto homem no mundo Sophie!

- Dennis…
- Não é da merda da sua conta, quem aceita ou deixa de aceitar. –
Hector responde e passa a mão nas minhas contas me passando apoio.

- Tudo bem! Entendi o recado. Tchau Sophie, Foi bom o tempo em


que passamos juntos e as vezes que lhe comi. – Dennis fala com deboche.
Hector parte pra cima dele e aperta seu colarinho o imprensando na
parede.
- Repete o que você disse seu mauricinho idiota! – Hector cospe as
palavras com fúria.

Dennis tenta se mexer para sair do aperto dele, mas não consegue.
- Solte-o Hector, deixe-o ir, ele está falando tudo isso da boca pra fora.
– Peço com medo dos vizinhos começarem a sair para o corredor ou chamar a
polícia.

- Então fique aí com seu amiguinho. – Hector, me olha chateado.

Ele solta Dennis e tudo acontece muito rápido… Dennis dá um soco


no rosto do Hector, fazendo-o bater na parede do corredor, Hector revida o
soco fazendo Dennis cair no chão, no momento que Hector parte pra cima de
Dennis ele é segurado por um dos meus vizinhos que é delegado e outro
vizinho segura o Dennis que levantou rapidamente querendo partir pra cima
do Hector, foi uma confusão.

- É melhor você ir embora Dennis. – Peço chocada com o que


aconteceu.

Um dos vizinhos que só conheço de vista deixa Dennis na porta do


elevador para ele ir embora, ao ouvir a porta do elevador fechando agradeço o
vizinho que segurou Dennis, enquanto o outro solta o Hector.

Olho pra ele e vejo que seu nariz está sangrando, ele limpa o sangue
com as costas da mão.

- O que aconteceu aqui? – Valentina pergunta assim que vê Hector


sangrando.
- Depois conversamos Valentina. - Não quero prolongar essa confusão.

Agradeço aos dois e eles vão cada um para seu apartamento.


- Hector… – Chego perto dele tentando ver seu nariz machucado.

- Me deixa Sophie, vou limpar meu nariz, depois conversamos. –


Hector se vira e bate a porta do apartamento.
Não acredito que ele fez isso, ele bateu a porta na minha cara! No
momento que começo a andar a passos firmes, Valentina segura meu braço
me impedindo.

- É melhor você esfriar a cabeça primeiro.


Ela puxa meu braço e me leva para nosso apartamento, conto tudo que
aconteceu, e ela fica boquiaberta com a atitude do Dennis.

- Que amiga és tu! – Comento magoada.


- Sophie, ele queria fazer uma surpresa, como eu poderia lhe contar! –
Ela se justifica

Entendo seu lado, ela nunca pensou que uma coisa dessas pudesse
acontecer e muito menos eu.
- Vou tentar conversar com ele. – Falo ansiosa querendo estar em seus
braços, depois que o vi a única coisa que eu penso é beijá-lo e matar minha
saudade.

- Não, você vai se produzir toda.

- Como assim? – Pergunto sem entender o que ela quer dizer com isso,
a Valentina está ficando doida se pensa que vou me produzir e sair deixando o
Hector aqui sozinho.

Valentina corre para seu quarto e volta com o sorriso do gato de botas,
o que será que essa doida está aprontando?

- Tenho um presente pra você. – Ela fala erguendo o braço, me


mostrando uma chave.
- O que é isso?
- É a chave do AP do Hector.

- E por que você tem a chave do AP dele?


- Porque ele me deu para eu organizar tudo na sua ausência e…

Não espero ela terminar, tiro as chaves da sua mão e corro para o
banheiro.
- De nada. – A ouço gritando da sala.

- Eu te amo! - Grito agradecendo-a.


Tomo um banho caprichado, visto uma lingerie sexy com um robe por
cima.
Abro a porta do seu AP e tudo está escuro, tento andar sem esbarrar
em nada, foi um pouco difícil, porém consegui chegar ao corredor que leva
aos quartos, vejo por debaixo da fresta da porta uma feche de luz e uma
música ambiente.

Ao abrir a porta Hector me olha surpreso, ele está deitado na cama


com as mãos atrás da cabeça.

- Como você conseguiu entrar aqui Sophie? Esquece, não precisa


responder, já sei como. – Ele comenta ríspido.

Fico receosa de entrar no quarto pelo modo que ele falou comigo,
penso em dar meia volta e ir embora, mas como já estou aqui, não vou recuar,
ao invés de ir embora preferi me manter na entrada do quarto. Hector pode até
estar chateado, mas eu também não tive culpa.

- Não tive culpa do que aconteceu, o Dennis me beijou de surpresa, ele


não estava acreditando que eu tinha voltado com meu ex-namorado, por isso
tentou me beijar a força.
- Eu sei Sophie. – Ele responde cansado e senta na cama.

- Então por que fechou a porta na minha cara?

- Estava muito alterado e não queria ser rude, então preferi me afastar
e conversar com você amanhã, quando estivesse mais calmo.
- Sei, é estranho, mas tudo bem! – Dou de ombros e começo a chegar
perto da cama. – Pensei que depois de dois meses sem nos vermos, estaria
com saudades de mim, mas pelo jeito, vejo que não. – Sento na cadeira perto
da cama e cruzo minhas pernas expondo minha calcinha vermelha. - Então
vou para meu AP, depois conversamos. – Levanto da cadeira e vou até a
porta, mas não consigo passar dela, pois Hector me puxa para seus braços.
- Você não vai mesmo! Estava quietinho em meu canto, sendo um
idiota por não estar com você, mas como minha namorada é maravilhosa, e
me mostrou que estou agindo errado em deixá-la sozinha por causa de um
fedelho, não vou deixá-la ir de forma alguma.
Ele retira meu robe com um puxão, passa à mão nos meus braços, me fazendo
arrepiar e ao chegar em minhas mãos, ele as entrelaça nas suas.
Hector encosta seus lábios nos meus levemente, os saboreando, nos
beijamos em um misto de saudade, prazer, amor e alegria por estarmos juntos
novamente, esse beijo é calmo, sereno e cheio de um futuro certo, diferente
dos outros beijos que eram sedentos e desesperados por não sabermos quando
teríamos a chance de nos vermos de novo ou medo de acontecer algo que nos
separasse novamente.

Agora é diferente, estamos juntos de fato e sem nos escondermos de


ninguém, estamos livres para nos amarmos a vontade e sem medo de sermos
felizes!

Coloco minha mão em seu pescoço aprofundando o beijo, quero senti-


lo todo em mim, minha saudade é grande e quero tudo ao mesmo tempo,
estou parecendo aquelas que m dias sem comer, e que ao ver um banquete
quer comer tudo de uma vez só. É assim que me sinto em relação ao Hector,
quero que seja calmo e cheio de amor, mas também quero que seja selvagem,
cheio de luxúria e sacanagem.

Hector me agarra pela cintura e me empurra contra a parede,


penetrando sua língua na minha boca com voracidade, retribuo o beijo
agarrando seu cabelo próximo à nuca, arranco-lhe um gemido rouco e
abafado, Hector me vira de costas pra ele e me coloca contra a parede, gemo
alto ao sentir o corpo dele roçando no meu, ele afasta meus cabelos do ombro,
beija meu pescoço, e aperta meu quadril contra o seu.
Faço movimentos circulares com o quadril ao sentir seu membro
duro, ele sobe as mãos pela lateral do meu corpo, procurando com urgência o
feixe do meu sutiã, Hector aperta meus seios com força, me fazendo gemer
baixinho e pedir por mais.
Que saudade de você, meu amor. – Ele murmura em meu ouvido,
passando a língua no lóbulo da minha orelha.
Hector me vira para ficar de frente pra ele e me beija novamente,
percorro minhas mãos em seu peito, retirando sua camiseta, desço minha mão
no cós da sua calça e a desço junto com sua cueca.

Ele se senta na cama, me colocando em seu colo, me fazendo sentir


sua ereção em todo seu esplendor. O provoco fazendo movimentos circulares
com o quadril.
Desço do seu colo e deito o tronco do Hector na cama, termino de
retirar sua calça e cueca, monto em cima dele e lhe dou um selinho, desço
minha mão por seu peito dando beijos e lambidas em seu pescoço, mamilo,
abdômen até chegar na sua virilha que é meu destino tão desejado.

O provoco, massageando seu membro e o encaro com aquele típico


olhar sedento por sua pica das galáxias, afasto as pernas do Hector,
provocando-o enquanto o masturbo devagar, aumento os movimentos por
poucos segundos e paro, ele apertar os olhos e urra de prazer, passo a ponta da
língua na sua glande, em seguida passo a língua por toda extensão do seu
membro e finalmente o coloco na boca.

- Caralho Sophie, você está me castigando desse jeito! – Hector fala


entre gemidos.

Aumento a velocidade parando de torturá-lo.


- Preciso estar dentro de você minha diabinha. - Ele me puxa para seus
braços, me sentando entre suas pernas, Hector aperta meu quadril com força e
me penetra devagar, me fazendo gemer alto. Ele ri baixinho, retirando o
membro rígido de dentro de mim, me penetrando novamente, aumentando a
velocidade cada vez mais. Arranho o peito do Hector, deitando a cabeça ali.

Ele afagava meus cabelos, murmurando palavras provocantes


enquanto nossos gemidos se confundem com a música que está tocando, sinto
o orgasmo se apoderando de mim e jogo a cabeça pra trás, tendo minha
libertação, ouço Hector urrando baixo, gozando também.

- Eu te amo. – ele murmura.


- Eu também te amo. - Fico com a cabeça encostada em seu peito,
tentando acalmar minha respiração.

- Quase pirei ao ver aquele idiota te beijando. - Hector fala enquanto


passa as mãos em meus cabelos.

- Eu sei, também quase pirei ao ouvir sua voz. - Suspiro satisfeita por
estar em seus braços. Dou um beijo em seu peito e encosto meu queixo nele,
para olhá-lo. - Parece um sonho você aqui comigo, mas como você vai
conciliar morar em São Paulo e trabalhar em Brasília? – Fico feliz pelo
sacrifício que ele fez por mim, mas ele não pensou direito ao se mudar pra cá.

- Eu não trabalho mais em Brasília Sophie, saí da firma de advocacia


do Heitor.

- Meu pai te despediu? – Pergunto atônita, não acredito que ele fez
isso com Hector!

- Não, eu pedi demissão, minha decisão já estava tomada há muito


tempo, estava em negociação com esse apartamento desde aquela vez que vim
falar com você.
- Mas… Nós não estávamos juntos, eu… Como… – Hector me dá um
beijo me silenciando.
- Estava disposto a lhe reconquistar. Mesmo se não estivéssemos
juntos, viria morar aqui! - Ele me dá aquele sorriso que tanto amo e continua.
- Só lhe digo que sua vida iria ser um inferno comigo sendo seu vizinho, pois
não iria te deixar em paz até ter você de volta em minha vida e ao meu lado
que é o seu lugar. – Ele me abraça forte e me dá um beijo no topo da minha
cabeça.
- Nossa! Se eu soubesse disso teria me feito de difícil! – Falo satisfeita
por saber que ele não desistiria de mim tão facilmente.

- Hum, é mesmo! – Ele dá uma palmada em meu bumbum. – Você


sabe que não pode ser uma menina má, isso é feio e como seu tio, vou ter que
corrigir seus modos. – Ele me dá outra palmada.
- Nossa! Agi tão mal aqui sem você, preciso mesmo de um corretivo
titio Hector! – O desafio.

Ele sai da cama e me joga em seu ombro.


- Então vamos ver o que eu posso fazer por você no banheiro. – Ele
me dá mais uma palmada na bunda e me leva para o banheiro…

Decidi emendar meu final de semana, passei a sexta- feira trancada em


seu apartamento matando a saudade.
Sábado saímos para almoçarmos fora e descemos a serra, fomos para
Santos passear e ficamos por lá, voltamos no domingo à tarde, aproveitamos a
companhia um do outro, por que segunda-feira voltarei a minha rotina de
estudos e Hector começará em seu novo emprego que ele já tinha conseguido
e eu não sabia.

Depois de conversarmos bastante, vi que ele realmente estava se


estruturando para vir morar aqui, independentemente de termos voltado a
namorar nas férias, Hector estava decidido a me reconquistar, ele abriu mão
de sua vida e veio construir outra comigo.
- Quem é você? – Valentina me pergunta espantada ao me ver em
nosso AP.
- Ra, ra, ra… Engraçadinha. – Chego perto dela e lhe dou um beijo.

- Você está radiando felicidade, Sophie. – Ela comenta feliz.


- É porque estou feliz, muito feliz. – Saio apressada para meu quarto,
preciso me arrumar, se não vou chegar atrasada.

Hector veio para São Paulo de carro, ele fez questão de levar eu e a
Valentina no hospital.
- Assim vou me acostumar mal, como é bom ter um motorista, esse
trânsito de São Paulo é caótico. – Valentina comenta enquanto andamos
rapidamente pelo corredor do hospital.

Ao entrarmos no refeitório, todos ficam me olhando atravessado,


estranhei a atitude dos meus colegas, mas não dei muita importância a isso.
- Que dia Sophie! Fiquei na emergência e isso é pedreira. – Valentina
se queixa na sala de descanso.
- Eu sei como é ainda bem que essa semana vou ficar na pediatria. –
Estou feliz por não está na emergência.

- Quem diria Sophie! – Ellen entra na sala e me olha dos pés a cabeça.
- O que foi Ellen? – Pergunto sem entender nada.

Ela está me olhando como se fosse à primeira vez.

- Eu pensava que você era uma daquelas garotas que são pudicas ou
não sabem da sua beleza ou que é daquelas garotas inseguras, sei lá! Porém
você me surpreendeu Sophie.

- Por que você não vai direto ao ponto Ellen. – Valentina a incentiva
sem paciência.

- Eu fiquei sabendo do seu segredinho Sophie, aliás, todos ficaram


sabendo. – Ela diz com sarcasmo. – A diferença é que ninguém tem coragem
de comentar ou perguntar se é verdade, a única fui eu. – Ela fala dando de
ombros.

- E que segredo é esse? – Pergunto com medo da sua resposta.


- Que você tem um caso com seu tio. – Ela fala enrolando seu cabelo,
com um sorriso irônico no rosto.

- E porque você não vai cuidar da sua vida! – Valentina explode ao


ouvir as palavras dela.
- Então é verdade! – Ellen coloca a mão na boca horrorizada. – Então
você tem mesmo um caso com seu tio! Está explicado por que você não se
interessa pelos carinhas daqui, você é chegada em um coroa…
- Cala essa sua boca Ellen! – Valentina chega perto dela apontando o
dedo em seu rosto.
- Quem é você para me mandar calar a boca sua amante de homem
casado, pensa que a gente não sabe do seu caso com o chefe da equipe de
cardiologia! – Ellen desafia Valentina segurando seu dedo.

- Podem parar com essas ofensas, vocês querem levar uma


suspensão!? - Saio da minha inanição e fico no meio das duas para elas não
brigarem.
Elas se afastam, mas nenhuma das duas param de se analisar.

- Eu não tenho um caso com meu tio e não é da sua conta o que faço
da minha vida.

- Tudo bem! Mas vou lhe avisar que todo mundo está falando mal de
você, então é bom desmentir essa fofoca, basta uma mal falada na nossa
equipe. – Ellen dá de ombros e sai da sala.

- Sua vaca! – Valentina tenta ir atrás dela, mas a impeço.

- Para… Você não vai atrás dela.

- Você ouviu o que ela falou de mim? – Valentina fala inconformada


com o que ouviu da Ellen.

- Val…

- Não me chama assim!


- Desculpe… Valentina não deixa de ser verdade o que ela falou, você
tem que parar de sair com esse idiota.

- Depois de defendê-la, é assim que você me trata!


Ao vê-la magoada com o que eu disse, me arrependo no mesmo
instante.

- Valentina… – Ela levanta a mão me impedindo de falar.


- Não precisa tentar se justificar, entendi o recado.

Ela sai da sala e bate à porta com força. Já vi que meu dia vai ser
cansativo, vou ao banheiro e lavo meu rosto, preciso conversar com ela.
Valentina é minha melhor amiga e eu a ofendi, sei que ela está errada em
manter um relacionamento com um homem casado, mas eu tenho que
entender que ela está perdida e precisa de ajuda e não de uma pessoa que fica
criticando-a.

Meu telefone bipa com uma mensagem no zap.

Hector: Gostei do ambiente de trabalho e os outros advogados da


firma são receptivos e prestativos. Espero que esteja tendo um dia bom, até
mais tarde amor, te amo.

Sophie: Meu dia está sendo puxado. Fico feliz que esteja gostando do
seu primeiro dia. Também te amo.

Guardo o celular no bolso da calça e vou procurar Valentina, tenho


que me desculpar com ela.

Vejo que ela está em uma emergência e não posso tirar sua
concentração, volto para meu setor, depois converso com ela.

O resto da tarde passa rápido, procuro por ela mais uma vez e fico
sabendo que Valentina foi de carona com outra pessoa, troco de roupa e vou
esperar por Hector no estacionamento.

- Oi meu amor. – Hector me abraça e me dá um selinho.

- Oi. – Ter ele abraçado a mim, me passa força.


- O que aconteceu? – Ele desfaz o abraço e me observa atentamente.

- Discuti com a Valentina.


- Por quê? – Ele pergunta esperando eu contar toda História.
Contei o que tinha acontecido. Ele cruza os braços e fica olhando, por
cima do meu ombro.
- Minha vontade é de ir naquele idiota e lhe dá um soco. - Ele fala
carrancudo.

Olho pra trás e vejo Dennis perto do seu carro nos observando.
- Hector, chega de confusão por hoje. - Puxo seu braço e vamos para
casa, preciso ver Valentina e conversar com ela.

Sei que meu relacionamento com Hector, não será nada fácil, mas isso
que aconteceu hoje não me abalará, muito menos nos separará…

Chegamos em casa e vou para meu apartamento, não encontro


Valentina e fico na sala esperando por ela.

Hector veio ficar comigo, ela demora a chegar, então decidimos ir


dormir, amanhã o dia será longo e vou ter várias oportunidades para encontrá-
la e me acertar com ela.

- Não fica assim amor! - Amanhã você conversa com ela.

Deito na cama me aconchegando em seu peito, estou cansada e seu


corpo é meu calmante, não existe nada melhor que depois de um dia cansativo
tê-lo ao meu lado.

Acordo cedo e decido fazer um café da manhã para nós dois, entro no
quarto da Valentina e vejo que ela não dormiu em casa.

- Não acredito! Com aquela carinha de sonsa e sempre calada na dela,


quem diria! Será que ele é casado e ela é amante dele?

Fico ouvindo umas meninas falando de mim, estou achando que daqui
pra frente minha vida será a fofoca do momento entre as equipes no hospital,
se ficasse somente entre nós tudo bem, o pior é que até as técnicas de
enfermagem estão comentando, resumindo, todos os funcionários do hospital
sabem e muitos me olham mais tempo que deveriam!
Meu Deus! Será que nenhum deles nunca souberam de um caso em
que um tio e uma sobrinha se apaixonam?

- Fiquei preocupada com você. - Despejo sem querer minha raiva na


Valentina ao vê-la chegando atrasada no hospital.
- Você não deveria se preocupar com uma puta que gosta de homem
casado. - Ele responde com deboche.
Puxo seu braço com raiva e nos trancamos em um quarto vazio do
hospital.

- Pode parar com seu sarcasmo!


- Eu estou sofrendo e não aguento mais! - Valentina começa a chorar e
a abraço lhe dando conforto. - Terminei com ele, mas ele não reagiu muito
bem.

Valentina levanta sua blusa e vejo marcas roxas em seu corpo e umas
cicatrizes estranhas.

- Meu Deus! Vamos denunciá-lo. Que cicatrizes são essas? – Tento


levantar sua blusa, mas ela não deixa.

- Não! Ele disse que ia se separar da esposa, para ficar comigo, eu


acho que fui longe demais nessa história. O que fui fazer da minha vida
Sophie?

- Sempre temos uma saída, você pode fazer certo daqui pra frente e
fazer escolhas melhores.

- É isso que vou fazer. - Ela chora compulsivamente, derramando toda


sua angustia.

- Aonde você dormiu? - Estou achando que não vou gostar da sua
resposta.
- Dormi na casa de um amigo,

- Que amigo?
- Você não conhece. Ele é maduro e me dá vários conselhos legais.
- Quem é esse homem misterioso que está de caso? Por um acaso é o
Dr. Ricardo?
- Não! Ele é viúvo e tem idade para ser meu pai, claro que não é ele.
- Val… Valentina. É o Dr. Fernando?

- Não Sophie, você não o conhece e nem o viu. Ele não é do nosso
meio. Agora já não tem mais importância, está tudo acabado.
- Tudo bem! O que você vai fazer agora?

- Vou trocar de roupa e continuar minha vida, longe dele e de


confusões.

- É o melhor que você deve fazer, chega de ménage atrois, chega de


homem casado, noivo, com namorada, chega dessas coisas amiga. - Dou um
abraço nela e vamos trabalhar.
Nossa vida é feita de escolhas e através delas sofremos nossas
consequências, sendo elas boas ou ruins.
CAPÍTULO 39
Hoje faz 1 ano que Hector se mudou para São Paulo, ele se adaptou
rapidamente a sua nova rotina, nós fazemos um revezamento entre o meu AP
e o dele, Hector já me chamou várias vezes para morarmos juntos, mas não
quero deixar Valentina sozinha, ela está passando por uma barra e não posso
abandoná-la, o idiota do seu ex caso não para de perturbá-la, nesse período ele
veio duas vezes bêbado fazer uma ceninha em frente ao nosso prédio. Eu não
sei quem é esse homem, mas o odeio, pelo que está fazendo com minha
amiga.

As fofocas sobre meu nome ainda continuam, porém me afastei o


máximo, para evitar ouvir comentários maldosos.

Nesse meio tempo Hector e eu fomos para Brasília quatro vezes e


todas elas, vi que Hector tem uma saudade enorme da chácara e do meu avô, e
uma das vezes, por pena de vê-lo se despedindo saudoso, falei que ele poderia
voltar e que nós ficaríamos somente alguns meses separados. Ele me
respondeu taxativo:

” Prefiro ficar com saudade de tudo que deixei em Brasília do que


deixar de viver ao seu lado”. Não tem como não amar esse homem.

Todas as vezes que estivemos na chácara meu pai fez questão de não ir
até lá, minha mãe foi nos visitar sozinha, em uma dessas visitas me pediu para
ter paciência e que meu pai um dia iria nos perdoar. Sei que ele está magoado
com a gente, por isso não quero insistir, só espero que um dia ele nos aceite,
enquanto isso não acontece, vou seguindo minha vida, com o coração cheio
de saudade dele.
Não passamos as festividades de fim de ano com nossos familiares,
preferimos passar aqui mesmo por vários motivos e um deles é que estou sem
tempo para viajar e ele também, esse é meu último semestre da faculdade,
estou com muitas provas e no final do meu TCC.
- Terra para Sophie. – Valentina estrala os dedos na minha frente para
chamar minha atenção.

- Oi… – Pisco meus olhos várias vezes para me situar.


- Você anda tão aérea ultimamente. – Valentina comenta enquanto me
observa.

- Estava pensando no meu pai, vou me formar esse ano e queria muito
que ele comparecesse, mas pelo que vejo isso não vai acontecer.
- Calma Sophie, isso pode acontecer sim!

- E você, está nervosa?

- Pelo menos dei o primeiro passo. – Ela dá de ombros. – Agora


depende dos meus avós.

- Tenho certeza que eles virão lhe visitar. – Falo com convicção para
lhe dar apoio, na verdade estou com medo dela se decepcionar.

Valentina foi em Belo Horizonte ver os avós, mas sua mãe disse que
eles não estavam em casa e não quis deixá-la passar do portão, então ela
decidiu ligar para eles os convidando a passar o final de semana com ela e
eles disseram que iam ver se conseguiriam vir. Estou torcendo para que eles
venham, pois eles são o único suporte que ela tem em sua vida.
- Vamos, Hector já deve está esperando há muito tempo. – Valentina
termina de calçar sua sapatilha e me puxa pra fora do banheiro.

Ao sair vejo que Hector está conversando com a Ellen e a Andressa,


não gosto do modo que elas estão olhando pra ele.
- Oi amor! – Hector abre um sorriso, assim que me vê.

- Oi! – Respondo um pouco receosa por ver essas duas perto dele.
- Oi Sophie! - As duas respondem juntas, me olhando surpresas.
- Então vocês conhecem minha namorada! – Ele passa pelas duas, me
abraça e me dá um selinho.
- É… Nós conhecemos! – Ellen responde olhando entre nós dois. –
Mas… Tem muito tempo que vocês namoram?

- Estamos juntos desde que a Sophie tinha 17 anos de idade. – Olho


pro Hector sem entender o que ele quer falando isso tudo pra Ellen e a
Andressa.

- Hum, sei! - Ellen responde pensativa.

- Como esse povo do hospital é fofoqueiro, Sophie! – Andressa


comenta espantada.

- Fofoqueiros? – Ele olha pra ela como se não soubesse do que ela está
falando.

- Nada não! – Andressa balança a cabeça em negativo.

- Vocês são parentes? – Ellen pergunta.


- Somos sim… – Hector dá um sorriso de orelha a orelha. – Sou tio
dela! – Ele olha pras duas erguendo uma sobrancelha.

Ellen tenta disfarçar sua surpresa, já Andressa coloca a mão na boca e


olha para Hector dos pés à cabeça.

- Vamos Andressa! – Ellen puxa o braço da amiga. – Temos que ir,


depois conversamos Sophie, foi um prazer lhe conhecer Hector.
Ellen sai de perto da gente puxando Andressa.

Valentina que até então estava calada começa a rir alto.


- Como você é mal Hector, quando você disse que era tio da Sophie,
foi como ter dito que está com uma doença contagiosa.

- Por que você fez isso? – O questiono.


- Para essas preconceituosas pararem de pensar que você tem um caso
com um velho ou que você é amante do seu tio. – Ele responde dando de
ombros.

Entramos no carro com Hector e a Valentina rindo da cara das duas.


- Já vi que amanhã a fofoca vai ser grande. – Comento chateada pelo
que Hector fez.

- Você tem vergonha de falar que é minha sobrinha, Sophie? – Hector


me questiona chateado.

- Ninguém tem nada haver com nossa vida, Hector.

- Por isso mesmo falei que sou seu tio para aquelas duas fofoqueiras. –
Ele responde de supetão. – Não quero mais ninguém falando mal de você
nesse hospital.

- Eles sempre vão falar Hector. – Desabafo.


- Mas agora não vão dizer que você tem um caso com um coroa. – Ele
comenta rindo.

- Ha, ha, ha, muito engraçadinho você. – Cruzo meus braços e penso
em como minha vida será um inferno amanhã.

- Vou ficar no meu AP essa noite, tenho algumas coisas para estudar,
amanhã conversamos. – Saiu do elevador e vou direto para minha porta com a
chave na mão.

- Sophie… – Hector me chama. – Dê boa noite para sua amiga. – Ele


pede.
Por quê? – Pergunto sem entender o que ele quer dizer com isso.
- Por isso. – Hector me joga em seu ombro e eu grito com o susto.

- Me solta Hector! – Bato nas suas costas.


- Boa noite Valentina, até amanhã. – Ele se despede dela, me
segurando firme.

Hector me leva para seu apartamento e me joga no sofá.


- Não é nos escondendo que vamos resolver nossos problemas Sophie.
– Ele está nervoso andando de um lado para o outro. - Ou você tem vergonha
do que somos? – Hector senta ao meu lado no sofá.
- Não é isso, é que as fofocas estavam acabando e amanhã todos
estarão comentando sobre nós, novamente.

Ele não entende que é chato ficar em um lugar onde todos te olham ou
com pena ou com repúdio, é complicado estar todos os dias em um ambiente
em que você não pode ficar a vontade, ao redor dos seus companheiros de
estudo.
- Então era para eu ter mentido sobre ser seu namorado, ou mentido
sobre eu ser seu tio? Porque eu só disse a verdade.

- Eu sei, é que amanhã…

- Sophie… Um dia a fofoca acaba, você vai ver! O importante é não


escondermos o que somos e termos orgulho do nosso relacionamento.

- Você diz isso, por que ninguém do seu trabalho sabe sobre nosso
parentesco. – O acuso.

- Quem lhe disse que não sabem? – Hector pergunta indignado. –


Todos sabem Sophie, um dos sócios da empresa é conhecido do seu pai e eu
estou pouco me importando com o que eles pensam.

Fico sem graça ao ouvi-lo dizer que as pessoas em seu trabalho sabem
sobre nós.

- Vamos esquecer isso, não quero discutir com você. – Sento em seu
colo.
- Em momento algum queria discutir, foi você quem quis dormir
sozinha, mas fique sabendo de uma coisa, por mais que esteja com raiva de
mim, não vou deixar você se afastar.

Hector aperta-me em seus braços e me beija, retirando meu fôlego.


- Foi infantilidade d minha parte querer ficar sozinha, me desculpe. –
Falo com a respiração ofegante.

- Só lhe desculpo se você banhar comigo. – Ele coloca a mão embaixo


de minha blusa, alisando minhas costas.
- Vamos, é melhor eu te dar um banho, você sabe, homens na sua
idade avançada, tem certa dificuldade em banhar sem ajuda de uma pessoa.

- Ha, é! Vou lhe mostrar quem é velho.


Hector me dá uma palmada no bumbum e me joga em seu ombro.

- Seu ogro! Você tem que parar com essa mania de me jogar no ombro
Hector.
- Eu faço isso para te mostrar quem está no controle, não adianta
tentar fugir de mim, que eu não vou deixar.

Ele me dá outro tapa na bunda me levando ao banheiro.

- Chegamos amor! – Hector me acorda.

Adormeci no caminho para o hospital.

- Até mais tarde. – Me despeço dele.

- Pelo jeito, ontem a farra foi boa. – Valentina comenta rindo.

- Você não faz ideia. – Bocejo cansada.

Meu dia foi exaustivo, mas estou feliz por não ouvir nenhum
comentário ou piadinha.

- Sophie Dr. Otávio está lhe chamando. – A secretária do Dr. Otávio


que é Chefe da supervisão de estágio e diretor do hospital me avisa assim que
chego perto da sala de descanso.

- Tudo bem. – A sigo até a sala dele.


- Bom dia Sophie, Dr. Otávio aponta uma cadeira a frente da sua
mesa.

- Bom dia Dr. Otávio. – O cumprimento e sento-me na cadeira.


Estou com medo até de tentar imaginar o que ele quer comigo.
- Sophie, qual especialidade você está querendo seguir depois de se
formar? - Ele pergunta com formalidade.
- Pediatria.

- Uma excelente escolha, pois muitos alunos de medicina nos dias de


hoje optam por outras especialidades por serem mais rentáveis e não por dom,
prazer, amor ou afinidade a especialidade. - Ele comenta. - Mas não lhe
chamei por isso. - Dr. Otávio se remexe na cadeira, acomodando-se antes de
começar a falar. - Resolvi falar com você sobre um boato que está circulando
a meses nos corredores deste hospital. - Ele me questiona com um olhar
curioso. Acho que ele está tentando me ler com os olhos, não sei ao certo… -
Ouvi dizer que você te um caso com seu tio, sei que o que você faz depois dos
portões deste hospital não me diz respeito, mas infelizmente, estou vendo que
esses rumores estão refletindo em seus relatórios diários e seus orientadores
estão lhe achando distante de todos, por isso resolvi ter uma conversa com
você.

Fico olhando para o Dr. Otávio sem saber o que lhe responder,
realmente esse boato todo está me afetando.

Então decido falar a verdade e contar um pouco da minha história com


Hector, explicando que não tínhamos contato como tio e sobrinha, que fui
conhecê-lo melhor quando ele se mudou para minha casa e assim acabamos
nos apaixonando, lhe expliquei que desde os 16 anos de idade sou apaixonada
pelo Hector e que passamos por um longo tempo separados, mas mesmo
assim não deixamos de nos amar e que hoje em dia estamos juntos e felizes,
apesar das fofocas e piadas que ouço nos corredores e do meu pai não aceitar
nosso relacionamento. Em nenhum momento enquanto relato minha história
Dr. Otávio me interrompe, ele escuta tudo atentamente.
- Pelo que vejo muito dos boatos são maldosos. - Dr. Otávio comenta
sério. - Sophie… - Ele faz uma pausa me observando. - Você sabe que vocês
têm uma grande chance de nunca poderem ter filhos, não sabe? Aliás, acho
que me expressei mal… - Ele comenta pensativo. - Na verdade vocês podem
ter filhos, mas tem uma grande probabilidade de não serem saudáveis por
causa de doenças genéticas. Sophie, você quer ver um especialista para saber
sobre a compatibilidade com seu tio, - ele se retrata. - namorado?

- Posso conversar com ele primeiro, para depois responde-lo? -


Pergunto sem saber o que dizer.

-Tudo bem! - Ele aperta o ramal.

- Dona Elizabeth, peça para o Dr. Hector entrar.


- Vejo Hector entrar na sala com uns pontos no supercílio.

- O que aconteceu Hector? - Me levanto preocupada e vou para perto


dele para analisar os pontos de perto.

Ouço uma batida na porta e um senhor entra.

- Boa tarde! – ele nos cumprimenta.

- Boa tarde. - Cumprimentamos o Senhor.

- Sophie esse é o Dr. Hermes ele é nosso renomado geneticista.

- Fico feliz em conhecer o Senhor. - Estendo-lhe a mão o


cumprimentando.

- Então você é nossa futura…

- Pediatra. - Completo sua frase.


- Sophie e Hector, vou deixar vocês a sós com Dr. Hermes para terem
mais privacidade.

Dr. Otávio se retira da sala nos deixando a sós.


- Sophie, Dr. Otávio me contou sobre os rumores a seu respeito e por
coincidência o meu paciente é seu namorado e o pivô das fofocas. - Dr.
Hermes fala com um encolher de ombros.
Olho pro Hector sem entender o que ele quer dizer.
Nós três sentamos e Dr. Hermes começa a falar.

- Seu tio e namorado Dr. Hector me procurou para conversar comigo


sobre o caso de vocês…
- Dr. Hermes, posso primeiro conversar com ele em particular? -
Pergunto ansiosa para saber que confusão é essa.
- Tudo bem! Quando se sentirem preparados para conversarem
comigo, estarei em minha sala os aguardando.

- O que está acontecendo aqui, Hector? - O fuzilo com minhas


palavras acidas. Estou irada com ele.
- Você se lembra que eu falei que quero me casar com você, assim que
se formar?
- Me lembro Hector, mas o que isso tem a ver com eu estar aqui na
sala do diretor do hospital com você machucado e com uns pontos no rosto?

- Amor, - ele chega perto de mim e segura meu rosto. - Para casarmos
precisamos de um geneticista, então resolvi procurar um dos melhores no
ramo e por coincidência ele trabalha no mesmo hospital que você está
terminando seu curso. Contei a ele nosso parentesco um pouco da nossa
história, eu ia vir aqui um pouco antes do horário e lhe contaria tudo e depois
queria lhe levar para conversarmos com ele. Mas seu pai apareceu no
escritório que estou trabalhando, ele queria conversar comigo sobre a gente,
então decidi pedir sua mão em casamento pra ele, eu acho que ele ficou tão
chocado que me socou e meu supercílio cortou e ele me trouxe pra cá…
- Meu pai está aqui? - Pergunto atônita.

- Não, ele foi embora, mas quer jantar com a gente mais tarde, Hector
comenta com um sorriso satisfeito.
Não sei o que dizer, estou alegre e apavorada ao mesmo tempo.

- Mas o que vocês conversaram? Então a reação dele de te socar não


foi nada boa neh? - Metralho Hector com perguntas.
- Amor, se concentra no agora, mais tarde você vai ver seu pai, não se
preocupe com isso.
- Ok, o que vamos fazer agora?
- Agora vamos na sala do Dr. Hermes para conversarmos com ele.

- Tudo bem! - Respondo ansiosa.

Vamos a procura do Dr. Hermes e a secretária dele nos anuncia, logo


em seguida ele nos chama.

Assim que sentamos nas cadeiras em frente sua mesa, ele começa com
suas explicações.

- Como vocês sabem um geneticista é evidentemente o profissional


mais indicado para oferecer aconselhamento genético baseado em dados
científicos, nesse caso como geneticista terei que fazer um estudo detalhado
de cada situação em particular, reconstruindo criteriosamente os dados
familiares, para no final poder chegar a uma estimativa de riscos que seja a
mais adequada para um determinado casal consanguíneo. Antes de tentar
explica melhor os riscos biológicos envolvidos num casamento consanguíneo,
é conveniente que se entenda que vocês são os assim chamados “indivíduos
consanguíneos”. - Ele faz sinal aspas com os dedos. - Quanto maior o grau de
consanguinidade (irmãos, pais e filhos, primos de primeiro grau, tio e
sobrinha), maiores serão as chances de dois indivíduos compartilharem os
mesmos genes recessivos com os quais nascemos. Os genes recessivos são
“genes fracos” e por esse motivo precisam estar presentes em dose dupla para
que a característica ou a doença genética que eles determinam possam estar
presentes no organismo. Por exemplo, supondo que ter olhos azuis seja um
caráter recessivo, isso significa que para que o olho da criança gerada seja
azul, será necessário que o gene esteja presente duas vezes em seu organismo.
Assim, para o olho azul manifestar é necessário que na formação o indivíduo
este gene recessivo tenha uma origem materna e uma origem paterna. O
mesmo raciocínio serve para algumas doenças genéticas chamadas de
“autossômicas recessivas”. Para casais não aparentados as chances de que
uma doença relacionada a esses genes recessivos em dose dupla aconteça é de
cerca de 2 %. No entanto, em parentes próximos, as chances aumentam
consideravelmente. É fácil entender o motivo disso. Como nossos irmãos
compartilham de certa forma genes parecidos com os nossos, na união de
duas pessoas com tais níveis de parentesco, as chances dos genes recessivos
acontecerem é grande. Veja bem, - Ele olha pra mim, - se seu pai herdou o
gene recessivo dos seus avós paternos, é obvio que isso poderia ter acontecido
com seu tio paterno e consequentemente, você e seu tio também podem
herdá-los, certo? - Ele nos observa, Hector e eu balançamos a cabeça
concordando. - Se vocês se casarem, as chances de que sua futura prole
manifeste os genes recessivos em homozigose aumentam em ralação a um
casal que não tem nenhum grau de parentesco. Algumas doenças causadas por
genes recessivos causam retardo mental, surdez congênita, displasias ósseas,
cegueira congênita, e distúrbios metabólicos. Nós geneticistas acreditamos
que cada pessoa nasce com pelo menos três a quatro genes recessivos, que
se estiverem presentes em dupla irão manifestar uma doença genética na
prole. O risco de qualquer casal conceber um filho com uma doença grave ou
letal tipo fibrose cística ou espinha bífida é de 3 a 4% Porém, num casal de
parentes legítimos, sem história familiar de pessoas com doença
supostamente causada por genes recessivos, essa chance pode aumentar para
6 a 8%. Mesmo assim, há uma chance de 92% para que a prole do casal seja
normal. No caso se eu detectar a existência de uma possível doença
autossômica recessiva no ramo familiar que é comum a ambos os parceiros,
esse fato já pode servir de pista para um possível aumento dos riscos para a
prole do casal consanguíneo. - Ele aponta entre nós dois. - Nosso primeiro
passo será o levantamento do heredograma familiar. Para isso vocês irão
contribuir com as informações sobre os ancestrais familiares que será trazida
na próxima consulta. Depois temos a opção de recorrer a um único exame
molecular que é capaz de detectar mais de 100 genes recessivos. Através
desse exame pode-se verificar se um determinado individuo é portador sadio
de um determinado gene recessivo indesejável que poderá prejudicar a sua
prole caso o seu parceiro seja portador do mesmo gene. Caso a mutação
esteja presente, existe o recurso do diagnóstico genético pré-natal em que se
verificaria se o feto foi ou não acometido pela mutação, ou então uma
segunda alternativa poderia ser uma fertilização in vitro acompanhada do
diagnóstico genético pré-implantacional. Isso permitiria selecionar e transferir
para o útero materno somente os embriões que estivessem livres da mutação
indesejável. Sei que lhes passei uma grande quantidade de informações, mas
isso é preciso para vocês saberem dos riscos que o parentesco de vocês, possa
causar em seus futuros filhos.

- Dr. Hermes, se tivermos o genes, como farei para me casar com a


Sophie? Eu só posso me casar, por lei, se nosso resultado for favorável. -
Hector pergunta apreensivo.

- Eu já tive outro caso de tio e sobrinha e eles não foram compatíveis e


ele optou por fazer a vasectomia e eles conseguiram oficializar a união, na
verdade eles optaram pela adoção ao invés da fertilização In vitro por ter um
preço salgado.

- Entendo. - Hector responde pensativo.

Não sei o que perguntar e não sei o que pensar, Hector está decidido a se casar
comigo e a única coisa que eu quero é poder lhe dar um filho, mas como tudo
para nós dois não é tão fácil assim, fico com medo de fazer esses exames e
ver que nosso sangue não é favorável.

Saímos da sala do Dr. Hermes, cada um perdido em seus próprios


pensamentos.
Faço tudo no automático e só saiu do meu estado absorto ao ouvir
Hector chamar meu nome.

- Vamos amor, chegamos em casa. - Sophie, não adianta sofrer por


antecipação, a única coisa que quero fazendo essa consulta é uma permissão
médica para casarmos, a última coisa que estou pensando nesse momento é
em filhos, o que eu mais quero é ter você comigo e como minha mulher,
esposa e companheira, a única coisa que eu quero é você! - Ele desabafa com
toda sinceridade no olhar.

- Eu também, mas eu sei que você quer…


Hector não deixa eu terminar minha frase, ele me cala com seus lábios
nos meus.

- Eu te amo, te amo muito, quero poder te amar até os últimos dias da


minha vida, isso é o que mais quero.

- Eu também. - Fecho meus olhos sentindo o conforto dos seus braços.

- Estou muito nervosa. - Desabafo ao chegarmos na porta do


restaurante.

- Vamos amor, não precisa ficar assim, se seu pai quer conversar com
a gente é porque algo bom virá. - Ele aperta minha mão tentando me passar
conforto.

Respiro fundo e vamos de mãos dadas até a mesa que reservaram…


CAPÍTULO 40

Quando vejo, meu pai sentado à mesa, meu coração falta saltar pela
boca, há quanto tempo não o vejo, não o abraço e não converso com ele,
minha garganta se fecha com vontade de chorar, tive que engolir em seco para
evitar cair em prantos, preciso ser forte e mostrá-lo que independentemente
do que aconteça aqui, não me abalarei e estarei com Hector, que nosso amor é
forte.

Meu pai se levanta assim que nos vê chegando, ele olha por um
momento nossas mãos entrelaçadas, depois foca sua visão em meu rosto.

Quero muito abraçá-lo, mas não sei qual vai ser sua reação.

- Vamos amor… - Hector puxa minha mão, somente agora notei que
estou parada, perdida em pensamentos e analisando meu pai.

Suspiro fundo e concordo com a cabeça, Hector aperta minha mão, me


passando força, continuamos a andar em direção à mesa onde meu pai se
encontra.

Assim que meu pai chega perto de nós, ele me puxa de encontro ao
seu corpo e me abraça forte.

- Eu precisava desse período de afastamento para refletir sobre tudo


que aconteceu. - Meu pai fala ao meu ouvido, ainda agarrado a mim, no
momento que o ouço dizer isso, relaxo momentaneamente, retorno seu abraço
e choro de alívio por meu pai ter nos aceitado.

- Eu o amo pai, mas também amo o Hector. - Desabafo entre soluços.


- Eu sei minha boneca, eu sei… - Ele se afasta e fica me olhando. -
Você virou uma mulher. - Ele tira os cabelos do meu rosto e seca minhas
lágrimas. - Quantas vezes pensei em lhe procurar, minha filha. - Meu pai
comenta perdido em pensamentos, enquanto enxuga minhas lágrimas que não
param de cair.
- E eu sonhei no dia que isso acontecesse, não queria insistir nem
impor ao senhor essa situação, por isso não insisti e não lhe procurei.

- Eu sei meu amor, deixei meu orgulho falar mais alto por um bom
tempo, mas agora estou aqui. - Meu pai me abraça novamente e sinto Hector
se juntar a nós em um abraço multou, sinto pessoas juntando-se ao abraço e
vejo que é minha mãe e meus avós, minha felicidade está completa, as
pessoas que mais amo, aceitaram nossa relação, isso é o que importa e o resto
é resto.

Depois de nos abraçarmos e nos cumprimentarmos, sentamos a mesa


para fazermos nosso pedido.

A noite está sendo agradável e divertida, como nunca pensei que um


dia isso pudesse acontecer.

- Desculpe pelo soco. - Meu pai pede desculpas ao Hector, ao


terminarmos nosso jantar. - É que ao ouvi-lo dizer o motivo que você os
chamou para virem. - Meu pai aponta, para minha mãe, minha avó e meu avô.
- Fiquei desnorteado, estava aqui para aceitá-los e não para…

Meu pai para e não completa sua frase, Hector levanta-se da cadeira e
me puxa pelas mãos, me deixando de pé. Assim que ele se ajoelha a minha
frente, a ficha cai e começo a chorar.
- Sophie… - Ele pausa e pisca os olhos emocionado. - Eu senti meu
coração pequeno desde o momento em que te vi descendo as escadas da sua
casa. Depois que nos tornamos amigos, comecei a te amar desesperadamente,
mas achei errado, por isso fui tão relutante no começo, mas agora eu vejo que
errado é não estar ao seu lado. Sem você, minha vida não tem sentido, seu
lugar é junto a mim e é por isso que lhe ofereço meu coração e meu amor até
meu ultimo suspiro, você sempre os teve em suas mãos, você me tem em suas
mãos, e só você tem o poder de me fazer feliz… Eu te amo meu amor…
Sophie, aceita casar comigo?
Hector pergunta com lágrimas nos olhos, o restaurante está em um
silêncio profundo, meus pais e meus avós, como também as pessoas das
outras mesas, estão em pé nos olhando. Olho ao redor e não vejo um cenário
melhor para oficializar nosso amor e nossa união.

- Sophie! - Hector chama minha atenção.


- Sim… Meu amor… É claro que sim. - Repondo entre soluços.

Hector me abraça e me beija, ele abre a caixinha e vejo um lindo par


de alianças, Ele retira do meu dedo o anel em formato de chave que ele me
deu.
- Eu lhe disse que um dia iria substituir esse anel por uma aliança, um
símbolo do nosso amor, por outro. - Ele coloca uma linda aliança no meu
dedo, substituindo o anel, depois me dá a outra aliança e coloco em seu dedo.
- Hoje a única coisa que quero ver em sua mão é essa aliança, Ele guarda o
anel na caixinha e coloca em seu bolso.

Meus familiares aplaudem juntamente com as outras pessoas do


restaurante.

- Como tinha dito, não estava preparado para ver minha boneca se
casar, mas não vejo homem melhor pra ela, apesar de você ser meu irmão,
tenho orgulho de saber que minha menina estará casando com um homem
integro, por mais que seja estranho, não posso deixar de estar feliz por vocês,
eu os abençôo.
Meu pai diz a Hector que o abraça e ambos choram, nunca me senti
tão feliz em toda minha vida, saber que meus pais nos aprovam é a melhor
coisa do mundo!
Meus pais e avós estão instalados em um hotel fazenda perto de São
Paulo e Hector alugou um chalé para nós também, iremos passar o final de
semana com eles.

Assim que estou no carro indo para o chalé recebo uma mensagem.
Valentina: Parabéns amiga! Você merece tudo de bom em sua vida.

Sophie: Estou chateada com você, por que não veio?


Valentina: Estou com visitas.
Ao ler isso meu coração transborda de felicidade.

Sophie: Meu Deus! Estou feliz por você.

Valentina: Minha avó está lhe desejando felicidades. Hoje está sendo
meu melhor dia depois de ter me separado do Willian.

Sophie: Que bom, estou feliz por você. Dá um beijo nos dois por mim
e fala que estou com saudades deles.

Valentina: Pode deixar que eu falo. Tchau amiga, vai se divertir com
seu noivo que vou curtir meus avós.

Ao ler noivo, observo minha aliança em meu dedo, não acredito, me


sinto no céu de tanta felicidade.

Sophie: Tchau.

- Os avós da Valentina, foram visitá-la.

- Que bom meu amor, fico feliz por ela. - Hector comenta feliz.

- Como vou fazer sem roupas limpas? – Pergunto sem saber como
farei.

- Trouxe uma mala pra nós dois, a Valentina me ajudou a organizá-la. -


Ao ouvi-lo me explicar, relaxo e admiro o restante do percurso.
Ao chegarmos, trocamos de roupa e fomos para a piscina do hotel
fazenda, o lugar é lindo, tem garçons servindo bebidas à beira da piscina e
pedimos umas bebidas, conversamos um pouco com meus pais e vós, depois
fomos para nosso chalé.

- Espera! - Hector me pega no colo para passar pela porta.


- Nossa! Estamos evoluindo, milagre você não ter me jogado em seu
ombro. - Comento com sarcasmos.

- Muito engraçadinha você. Eu estou lhe pegando no colo, porque se


comportou bem essa noite, se tivesse se comportado mal, com certeza você
estaria em meu ombro. - Ele me dá um beijo rápido nos lábios.
Hector me deixa em pé perto da cama e me observa atentamente.

- Eu só tenho de agradecer a Deus, pelo dia de hoje. - Ele levanta


minha mão direita e beija minha aliança.

- Parece que estou sonhando. - Comento feliz.

Ele me aperta em seus braços e me beija profundamente.

- E agora, ainda parece um sonho? - Ele pergunta ofegante.

- Hum! Me mostra mais um pouco, quem sabe vou acreditar que não é
um sonho! - Respondo com os olhos fechados sentindo sua respiração
ofegante rente a minha.

Hector passa a língua em meus lábios, beija meu queixo, pescoço,


clavícula e retira uma alça do meu vestido e onde seus dedos tocam minha
pele, eles são substituídos por sua boca. Ele retira minhas roupas e sapatos,
me deixando nua e se afasta, abro meus olhos e o vejo me observando.

- Eu passei a noite toda desejando o momento em que poderia lhe ver


nua usando somente o símbolo do nosso amor, minha noiva e futura esposa.

Hector retira sua roupa ficando nu também, ele toca meus seios com
delicadeza, adorando minha pele e me deita na cama.
- Quero fazer amor com minha linda noiva, quero lhe mostrar o quanto
estou feliz.

- Estou sentindo sua felicidade. - Digo sorrindo enquanto sinto seu


membro duro entre minhas pernas.
Unimos nossas mãos e sinto nossas alianças se chocarem, fizemos
amor até não aguentarmos e adormecemos felizes.
Acordo com a claridade em meus olhos, foco minha visão, vejo a
aliança em seu dedo e fico admirando-a.

- Bom dia amor. - Hector boceja e vira sua mão com a palma pra cima,
coloco minha mão em cima da sua e ele entrelaça nossos dedos e dá um beijo
em minha mão.

- Coloca a mão aberta em cima da cama. Tive uma ideia.


Hector coloca a mão em cima da cama e eu coloco a minha por cima
da dele, exibindo nossas alianças, tiro uma foto e mando para nossos amigos
de Brasília contando a novidade, logo em seguida vem uma enxurrada de
felicitações, depois de conversarmos com todos, vamos nos reunir com nossos
familiares para tomarmos café da manhã juntos.

- Passamos uma manhã agradável e andamos de charrete, Hector e eu


propomos de irmos à tarde para a cachoeira, mas meus pais e avós preferiram
ficar na piscina.

Chegamos à queda d’água que é linda, existe uma pedra que parece
um escorregador, logo que cheguei fiquei de biquíni.

- Você podia continuar com sua saída de banho. - Hector me abraça


por trás.

- Por quê? - Pergunto erguendo uma sobrancelha.

- É que tem muito marmanjo olhando minha noiva e eu não gosto


disso. - Hector coloca as mãos em cima de mim, cobrindo meu corpo.

- Pode parar seu ciumento. - O repreendo. - Não tem quase ninguém


aqui.
Deito em uma das pedras e sinto o cheiro do mato, é delicioso e o som
da natureza me fascina, fecho meus olhos e decido relaxar…. Sinto Hector
deitar ao meu lado segurando minha mão, ficamos por uns minutos curtindo a
sensação de paz que o lugar nos oferece.

- Sabe do que me lembrei? - Hector vira sua cabeça para me olhar.


- Não sei, mas gostaria de saber. - Lhe dou um sorriso reconfortante,
observando seus lindos olhos azuis.

- Quando fomos acampar na chapada com seus pais…


- E você levou a Elena! - Hector faz uma careta ao ouvir o nome dela.
- Por que mulher nunca esquece nossos erros, aliás, nunca nos deixa
esquecer nossos erros!? - Ele comenta em um sussurro.
- Desculpa, foi mais forte que eu. - Falo rindo para quebrar o clima
pesado ao citar o nome daquela cadela. - Por que você se lembrou da
chapada? - Pergunto mudando de assunto.

- Como fui burro ao convidar a dita que você disse o nome e não ter
aproveitado cada momento ao seu lado, e o pior de tudo foi ter tirado meu pau
de sua boca.

Começo a rir.

- Eu também não gostei do que você fez, foi como ter tirado meu
pirulito favorito da boca. - Hector coloca seu corpo em cima do meu.

- Quero voltar na chapada e acampar com você, mas dessa vez você
poderá fazer o que quiser comigo.

Ele morde meu pescoço e o beija em seguida.

- Olha que vou cobrar! Promessa é dívida.

- Pode cobrar o que você quiser de mim, meu amor. - Hector fala ao
meu pé do ouvido, me fazendo arrepiar.
- vamos preciso me refrescar. - Ele fica em pé e me puxa junto.

Ao entrarmos na água, me grudo ao seu corpo e o sinto duro.


- Agora eu sei o motivo que lhe trouxe urgentemente para a água. -
Mordo sua orelha.

- Não consigo me controlar perto de você minha diabinha, você é meu


afrodisíaco.
Coloco minha mão em cima do seu mastro, o apalpando por cima da
sunga.

- Quero você amor. - Hector murmura em meu ouvido.


- Olhe ao seu redor, estamos sozinhos, o sol está se pondo e não tem
mais ninguém por perto.

Hector observa o lugar e me encosta entre as pedras perto de uma


árvore.

Hector retira a parte de cima do meu biquíni, e me suga com vontade,


ele me agarra pela bunda me erguendo e me faz sentar entre as pedras, retira
minha calcinha e brinca com minha amiga perseguida que logo em seguida
está assanhada e doida para encontrar seu mastro de Deus ébano.

Hector retira sua sunga deixando nossas peças em cima da pedra,


estou sedenta de desejo, o quero dentro de mim, mas parece que ele não está
com pressa e continua dando atenção a minha perseguida que está amando
esse cuidado todo. Hector dá um ultimo beijo em meu sexo e vai subindo,
beijando minha barriga e meus seios, continuo massageando seu mastro.
Viro-me e o faço se sentar em meu lugar, ele levanta um pouco mais
seu corpo expondo seu membro, o abocanho sem pressa, parece um dejà vu,
nós no meio da natureza e eu com meu picolé favorito na boca.

- Não tire ele da minha boca por nada, está me ouvindo. - Olho para o
Hector por entre os cílios e ele está rindo do que eu disse.

- Pode deixar minha diabinha, ele é todo seu, e como um noivo


obediente que sou… - Ele geme de prazer. - Não vou tirá-lo de sua boca.
Saboreio meu homem, e o vejo pulsando em minha boca, ele está
perto e o sinto crescendo.
- Sophie… Para amor, ou vou acabar gozando em sua boca.
Continuo com minhas carícias, o impedindo de me parar, ele dessa vez
não me impede e goza em minha boca, é a primeira vez que ele me deixa ir
até o final, engulo com um pouco de dificuldade o gosto é estranho, mas me
sinto feliz por provar o sabor do meu noivo.
Hector me beija ferozmente, misturando nosso sabor, ele me coloca
novamente sentada na pedra, o masturbo me esfregando nele e o sinto crescer
de novo e Hector me penetra de uma vez, me fazendo gemer, ele se
movimenta freneticamente dentro de mim, seus movimentos são constantes e
frenéticos, começo a tremer de antecipação e gozo com Hector derramando
sua libertação logo em seguida.

- Como eu amo estar dentro de você, minha diabinha. - Ele fala


ofegante.
Não consigo dizer uma só palavra, estou com meu coração a mil pela
adrenalina do prazer. Hector me leva para a água nos molhando, meu corpo
relaxa com o contato da água fria e o conforto do seu corpo quente junto ao
meu.

- Vamos, está ficando tarde e ficará difícil acharmos a trilha no escuro.


- Ele me dá um selinho e saio da água com ele me carregando no colo.

Nosso final de semana foi maravilhoso, aproveitamos bastante à


companhia dos meus pais e meus avós.

- De volta a realidade. - Falo ao descer do carro. – Amor, vou para


meu AP me trocar, depois vou para o seu, preciso ver a Valentina e saber se
ocorreu tudo bem com seus avós.

- Tudo bem amor. - Hector me dá um selinho e entro.


Assim que olho no aparador onde deixamos nossas chaves, vejo um
bilhete da Valentina.

Amiga
Fui deixar meus avós no aeroporto, estou doida para lhe contar as novidades.

Beijos e até mais tarde.


Arrumo-me e volto para o apartamento do Hector, ele está saindo do


banheiro e ao me ver na cama o esperando, faz uma cara de interrogação.
- A Valentina não está em casa, ela foi deixar os avós no aeroporto.
- Entendi amanhã você conversa com ela, ele me dá um selinho e
decidimos assistir a um filme juntos.

Adormeci e só acordo ao ouvir o Hector ao telefone…


CAPÍTULO 41

Não sei com quem Hector está falando, mas há preocupação em sua
voz.

- Esse é o número dela sim, sou seu noivo… Ela está dormindo…
Entendo, mas o carro estava abandonado, sei… Elas moram juntas…

- Quem é Hector? - Pergunto com o coração na mão.

- Só um minuto. - Hector pede a pessoa do outro lado da linha e


depois tampa o telefone. - Sophie, acharam o carro da Valentina
abandonado…

Não o deixo terminar e retiro o telefone de sua mão.

- O que aconteceu? Me fala por favor? - Pergunto chorando.

- A senhora é a Sophie? - Um rapaz pergunta.

- Sou sim. - Repondo angustiada.

- Sou o delegado Almeida, encontramos o carro da sua amiga


abandonado e nele tinha alguns pertences e o telefone dela e nele estava
agendado seu número como emergência.

- E onde ela está? - Pergunto com medo de sua resposta.

- Não sabemos, estamos ligando para termos certeza que ela não está
em casa, para depois acionarmos uma busca, temos que saber a quanto tempo
ela está desaparecida. - Tenho um turbilhão em minha cabeça, não acredito no
que está acontecendo.
Corro com o celular em minhas mãos, Hector abre o apartamento pra
mim e vou ao seu quarto, não tem sinal dela em lugar algum.

- Ela não está delegado… - Não consigo falar mais nada, começo a
chorar desesperada.
Hector retira o celular das minhas mãos e termina de conversar com
ele.
Tudo parece um pesadelo, não sei quantas horas são, não sei há quanto
tempo estou esperando uma notícia da Valentina.
Minha mãe ainda está em São Paulo e decidiu ficar comigo e assim
meu avô e avó também, meu pai não pode ficar e teve que ir embora.

Já faz 2 dias que Valentina está desaparecida e não temos nenhuma


notícia dela. Liguei para o Diretor do Hospital e expliquei o que tinha
acontecido.

Hector ligou para os avós dela e os avisaram, eles estão muito


abalados e seu avô passou mal e foi internado, sua mãe disse que não pode vir
e já que moro com ela, resolvesse tudo, não esperava nada diferente desta
mulher, tenho dó da Valentina pela mãe que ela tem.

No momento que William soube veio rapidamente, desde que chegou


não saiu da delegacia, ele está empenhado em encontrá-la.

A campainha toca e abro a porta. - Sophie… - É a primeira vez que


vejo William, desde que ele chegou a São Paulo, ele não saiu da delegacia.
Abraçamo-nos forte e ele chora em meu ombro. - Eu a amo Sophie, por, mas
que Valentina tenha me magoado ainda a amo.
- Eu sei William, eu sei. - Sinto uma mão apertando meu ombro e vejo
Hector ao meu lado.

- William esse é o Hector meu noivo. - Me viro pro Hector e apresento


William.
- Fico feliz que vocês tenham reatado. - Vejo um sorriso verdadeiro no
rosto de William.

Eles apertam as mãos se cumprimentando.


- Sinto muito cara, gosto da Valentina e estou torcendo para que ela
seja encontrada rapidamente.

- Obrigada por ter resolvido tudo enquanto não estava aqui. - William
agradece ao Hector.
- Não fiz mais que meu dever. - Hector vê uma mala aos pés do
William e a pega. - Venha, vamos lhe acomodar no quarto da Valentina. -
Hector leva a mala para o quarto da Val.

- Pensei que nunca mais veria esse quarto. - William fala com
lágrimas nos olhos.

- Vamos deixá-lo sozinho para que possa descansar. - Fecho a porta o


deixando com seus pensamentos.

Não gosto de abrir a porta do quarto da minha amiga, isso me deixa


angustiada.

- Você precisa voltar para o hospital, Sophie. - Hector afaga meus


cabelos.

Estou com a cabeça em seu colo, estamos no sofá perto do telefone


esperando alguma notícia, nossa vida agora é essa, esperar.

- Eu sei, voltarei amanhã. - Prometo, sem a mínima vontade de


cumprir.

Os dias se tornam uma rotina dolorosa, meus avós foram embora e


minha mãe ficou comigo, ela dorme no AP do Hector, mas faz comida no
meu, para não sair de perto do telefone fixo, Hector e William, estão unidos
na procura por Valentina, eles estão de fato criando um laço de amizade.
Com 10 dias do desaparecimento da Valentina, William perde o
controle e quebra algumas coisas em um barzinho e Hector vai resgatá-lo na
delegacia.

As buscas pela Valentina foram suspensas, foi por isso que William
perdeu o controle.
Não sendo bastante o que estou passando, ainda tenho minhas
consultas com Dr. Hermes, quis escapar delas, mas Hector e eu acabamos
discutindo por isso, ele não abre mão de irmos às consultas com o geneticista.
Fizemos todos os exames e lhe demos todas as informações.
Ele disse que daqui a algumas semanas terá o resultado e assim que
estiver com eles nos avisará.
Hoje faz 20 dias que Valentina desapareceu, a rotina continua a
mesma e nossa esperança em encontrá-la começa a enfraquecer.

Vou ao hospital por obrigação, não tenho nenhum ânimo, muito menos
para responder as perguntas dos fofoqueiros de plantão do hospital.
- Sophie. - Uma enfermeira me chama, angustiada.

- O que aconteceu? - Levanto minha cabeça e fico tonta, estou a dias


comendo mal, na verdade me alimento somente quando Hector ou minha mãe
me obrigam.

- Chegou uma mulher ferida na emergência, ela está bastante


machucada.

Corro para a emergência, no meio do caminho rezo para todos os


santos esperando que seja Valentina, mas infelizmente não é ela.

Faço os primeiros socorros e encontramos um documento no bolso da


sua calça jeans, entregamos aos policiais de plantão que ficam no hospital
para localizar seus familiares, meu peito dói angustiado, sei que é egoísmo
meu, mas fiquei decepcionada por não ser Valentina, começo a passar mal e
corro para o banheiro, essa espera é angustiante e está me matando.
Vomito tudo que havia em meu estômago, lavo meu rosto e vejo que
estou pálida, preciso me cuidar melhor, se não vou acabar adoecendo.

- Sophie. - Dr. Hermes me chama, ao me ver passando pelo corredor.


- Bom dia Dr. Hermes. - O cumprimento.

- Os exames chegaram, liguei para seu noivo e marquei com ele


amanhã.
- Muito obrigada Dr. Hermes, amanhã estaremos em seu consultório.
Saio de perto dele e vou ao primeiro banheiro que encontro, fiquei tão
ansiosa que acabo vomitando, estou com meus nervos a flor da pele, é só eu
me sentir pressionada emocionalmente que vomito.

- Que horas o Dr. Hermes te ligou?- Pergunto ao Hector, assim que


deitamos na cama.

- Me ligou pela manhã, ele disse que depois te procuraria, para lhe
avisar. - Hector fala enquanto brinca com a aliança em meu dedo.

- Por que você está perguntando isso? - Hector abaixa a cabeça para
me observar.

- Estou com medo do resultado. - Desabafo.

- Sophie, independentemente do resultado, estaremos juntos. Não vou


desistir de me casar com você por nada nesse mundo.

Hector dá um beijo em meus lábios, a última vez que fizemos amor foi
na cachoeira, depois desse dia nossa vida virou um caus. À única coisa que eu
quero é encontrar minha amiga, o bom do Hector é que ele respeita meus
sentimentos e meus limites, ele sabe que não ando nada bem.

- Estou preocupado com você amor! - Ele comenta alisando meus


cabelos.
- Eu sei, vou tentar comer melhor, é que não consigo, todas as vezes
que vou comer, penso na Valentina e me pergunto se ela está bem, se já
comeu! - Escondo meu rosto em sua camisa e enxugo uma lágrima.

- Shhh, não fica assim. - Hector me deita no colchão e fica por cima de
mim, me passando conforto.
- Sophie, sua mãe foi embora preocupada com você e ela me fez
prometer que estaria lhe vigiando, por causa da sua alimentação.

- Eu vou me cuidar melhor, você vai ver! Vou me policiar daqui pra
frente e farei todas as refeições. - Prometo a ele, para que não se preocupe
comigo.
- Eu também estou preocupado com William, ele está visivelmente
mais magro. - Hector comenta preocupado.
- Eu também, ele está abatido e com olheiras.

Conversamos mais um pouco e acabo adormecendo. Acordo com


Hector me beijando as costas.
- Acorda meu amor. - Ele me chama.

- Ainda é muito cedo. - Resmungo e viro pro outro lado.

- Marquei com Dr. Hermes no primeiro horário e eu quero vê-la comer


antes de irmos.

- Não estou com fome, Hector. - Resmungo com raiva do seu jeito
autoritário.

- Ontem no jantar você falou a mesma coisa, Sophie. - Hector me


repreende.

Levanto-me da cama mal-humorada, vejo que ele deixou uma bandeja


de café da manhã em cima da mesinha.

Ignoro-o e vou para o banheiro fazer minha higiene pessoal.

Ao terminar de banhar e me arrumar, levo a bandeja pra cozinha e a


coloco no balcão.
- Vejo que estamos de mau humor, hoje. - Hector comenta rindo e isso
me faz querer enforcá-lo.

- Não acordei bem, então me dê uns minutinhos para me recuperar. -


Repondo seca e tomamos nosso café da manhã em silêncio.
Ao chegarmos no consultório do Dr. Hermes fomos logo atendidos.

Ele nos cumprimenta e nos sentamos.


- Eu sou daqueles médicos que vão direto ao ponto. - Ele fala em tom
sério. - Vocês não são consanguineamente compatíveis… Mas - Ele
interrompe Hector que ia falar alguma coisa. - Não é por isso que não podem
ter filhos, existem outras maneiras e tratamentos não convencionais, para se
resolver essa situação de vocês. O caso de vocês se complica por Hector ser
irmão de seus pais, de ambos, a chance de vocês terem um filho com sequelas
é muito alta e não vale a pena o risco. Somente um milagre para uma criança
gerada por vocês no método natural, nasça saudável, infelizmente não tive
outra saída ao não ser lhes dar essa notícia desagradável.
Um bolo se forma em minha garganta, sinto uma náusea momentânea
e corro para fora da sala do Dr. Hermes e despejo meu café da manhã dentro
da primeira lixeira que encontro.
- Sophie. - Hector sussurra, enquanto ergue meus cabelos para não
sujá-los com meu vômito.

Começo a chorar compulsivamente, ele me coloca em pé, me pega em


seus braços e me senta em seu colo.

- Se acalma amor, não suporto vê-la sofrendo assim.

Hector acaricia minhas costas enquanto murmura palavras de amor ao


meu ouvido, tudo que ele faz não me consola, quero ficar sozinha, não quero
ver ninguém.

- Me tira daqui. - Peço com meu rosto escondido em sua camisa. – Por
favor, me tira daqui!
Hector se levanta comigo em seu colo e me leva para casa.

Passo o dia deitada, não me sinto bem, estou esgotada


emocionalmente, todas as vezes que estou feliz, no mesmo instante vem um
acontecimento que puxa meu tapete, são momentos de felicidade para dias de
sofrimento, às vezes me pergunto se não é Deus querendo me mostrar que
estou insistindo no impossível.

Acordo meio grogue, observo que já está escuro, através das cortinas,
minha barriga ronca de fome, me levanto para ir à cozinha, tomo um copo de
leite e como uns biscoitos, volto para a cama e adormeço novamente.
Acordo com alguém acariciando meus cabelos, ao abrir os olhos, vejo
Hector ajoelhado me observando.

- Está melhor? - Ele pergunta cauteloso.


- Estou. - Sento na cama para ficar em uma posição confortável,
Hector se levanta e senta ao meu lado.

- Trouxe uma sopa. - Ele coloca a bandeja na minha frente.


Alimento-me em silêncio, á sopa está uma delícia e até parece com as
sopas da minha avó.

Hector me observa e sei que ele quer ter uma conversa comigo, mas
não quero falar com ele sobre o que aconteceu no consultório do Dr. Hermes,
não agora!

Ele coloca um filme para assistirmos e me aconchega em seus braços.


- Sophie…

- Não Hector, por favor, não quero conversar sobre isso agora.

Ele passa os dedos contornando meus lábios, me dá um selinho e


concorda com a cabeça.

Continuamos a assistir o filme e adormeço no conforto dos seus


braços.

Acordo sobressaltada, ouço um barulho na cozinha e vejo que são


11:00 da manhã, dormi muito e ainda estou cansada.
Vou na cozinha ver o que está acontecendo, ao chegar fico petrificada
vendo minha avó mexendo nas panelas.

- Vó… – Ela se vira para me olhar e me dá um de seus sorrisos


reconfortantes.
- Oi minha boneca, não queria lhe acordar. – Ela vem em minha
direção e me abraça.

- O que a Senhora está fazendo aqui? - A questiono.


- Hector ligou para seu avô e contou o que aconteceu, fiquei
preocupada e decidi vir cuidar de você, cheguei ontem à noite.

- Então a sopa que eu tomei foi à senhora quem fez? – Por que Hector
não me contou que ela estava aqui? Eu não deixei ele falar nada ontem à
noite.

- Foi, você gostou?

- Gostei.
- Vem aqui! – Minha avó me puxa para o sofá e me deita em seu colo.
– Não fica assim meu amor. – Minha avó fala enquanto faz cafuné em meus
cabelos, me lembrei de quando era pequena e ficava assim em seu colo. –
Vocês são novos e a ciência está avançada, vocês podem ter filhos, não
adianta ficar se martirizando.

- Você sabe que o sonho do Hector é ser pai vó, eu vejo seu jeito
carinhoso com o filho do Felipe, a Samanta me disse que o sonho dele é ser
pai. – Desabafo chorando, por mim, pela Valentina pelo filho que eu e o
Hector não podemos ter sem ser em uma batalha.
Estou exausta de lutar por tudo que eu quero. Nada em relação a nós
dois é fácil.
- O desejo dele de estar com você é maior que o desejo dele ser pai

Hoje está fazendo 40 dias, sem Valentina, William não foi embora, ele
se recusa a ir sem ela, mesmo que seja para levar seu corpo.
A cada dia que se passa, perco o resta de esperança que ainda tinha.

Depois que descobri que Hector e eu não somos compatíveis, pensei


várias vezes em desistir dele, mas ao vê-lo não tenho coragem, sou egoísta o
suficiente para não desistir dele.
Estamos passando por uma fase delicada e Hector a cada dia me
mostra que me ama a cima de tudo.

Pela milésima vez me chamam na emergência. - O que aconteceu com


a vítima, pergunto no automático.

- Ela foi violentada, encontraram ela perto de um rio, parece que as


pessoas que fizeram isso, deixaram-na para morrer, mas ela foi encontrada
por uns meninos que foram pescar.

- Encontraram algum documento perto da vítima? - Pergunto a técnica


de enfermagem.

- Não Sophie, o Dr. Enzo pediu para lhe chamar, para saber se você
reconhece a vítima, ele acha que é a Valentina.

Corro com o coração na mão, meus dias são assim, cada vítima que
aparece com as características parecidas com as da Valentina, os médicos, me
chamam para terem certeza e todas às vezes me frustro.

Mas ao chegar na maca vejo que realmente é minha amiga, ela está
muito debilitada, com o corpo todo cortado com os pulsos esfolados por ter
ficado amarrado, pego sua mão e vejo o sinal que ela tem na palma.

Choro de alívio, ao saber que ela está aqui e que ainda respira, aviso
ao médico que é Valentina antes de tudo escurecer.
CAPÍTULO 42

A vida é como uma gangorra, temos momentos bons e ruins, com seus
altos e baixos, os momentos bons são para dizer para os momentos ruins que
ele existe, mesmo que ele seja passageiro e os momentos ruins prevaleçam.
Abro meus olhos e vejo Hector acariciando minhas mãos. – Nunca
mais faça isso comigo, Sophie.
Ele beija minha mão, vejo que seu rosto está vermelho e observo que
ele estava chorando.

- Como está a Valentina? – Pergunto querendo me desvencilhar do seu


olhar reprovador.
Minha boca está seca e começo a sentir náuseas de novo.

- Ela está bem dentro do possível, William está com ela, mas Valentina
ainda não acordou, na verdade ela está em coma induzido.
Tento levantar minha cabeça, mas fico tonta e volto a ficar inerte para
o mal estar passar.

- Você ainda está fraca, precisa descansar, Dr. Enzo está vindo lhe ver
e conversar com você. – Balanço a cabeça concordando.

- Hector fica ao meu lado, massageando minha mão enquanto


aguardamos Dr. Enzo.
- Boa noite? – Dr. Enzo adentra o quarto com meus exames em mãos.

- Boa noite – Respondemos juntos.


- Está melhor, Sophie.

- Estou… – Respondo, com um pouco de dificuldade. – Queria um


pouco de água, minha garganta está seca. – Hector se levanta e vai até a
mesinha e pega água pra mim.
- Sophie, fiz vários exames em você e detectamos que está com
anemia profunda e desnutrição por falta de alimentação. – Dr. Enzo me lança
um olhar reprovador.

Hector me entrega o copo com água e me olha chateado por ouvir o


que o Dr. Enzo tinha dito.

Do nada me deu vontade de chorar e solto as cataratas de foz do


Iguaçu.

- Não fica assim amor, você tem que melhorar para conseguir ajudar
sua amiga. – Hector tenta me consolar, mas não está adiantando nada, aí que
choro mesmo.

- Sophie… – Dr. Enzo chama minha atenção.

Olho para ele enxugando minhas lágrimas.

- Quero lhe entregar esse papel. – Ele me entrega um papel. – Vou


deixar vocês à vontade. Depois volto para lhe receitar alguns medicamentos. –
Dr. Enzo sai me deixando a sois com Hector.

Leio o exame, leio novamente, não acreditando no que estou lendo,


releio de novo.

- O que está escrito aí Sophie? – Hector me pergunta apreensivo.

Estou petrificada, não tenho coragem de falar em voz alta, e se eu


estava com vontade de chorar, agora que não vou parar tão cedo.
Hector retira o papel da minha mão e o lê, fixa seus olhos na última
palavra e depois me olha com lágrimas nos olhos.
- Eu te amo meu amor! – Ele senta-se na beira da cama e beija minhas
lágrimas que insistem em cair sem parar.

- Hec… tor… - Falo seu nome em meio aos soluços.


- Shhh… Vai dar tudo certo, você vai ver. – Ele me abraça forte,
beijando o topo da minha cabeça.

- Você sabe qual foi o resultado dos exames a que nos submetemos! –
Seco minhas lágrimas em sua camisa.
- Pode parar Sophie! Se Deus nos mandou esse presente é porque o
merecemos. Não quero mais ouvi-la falar desse jeito.
- Hector…

Ele não me deixar falar, me beija com vontade pousando a mão em


meu ventre.
- Ele é o fruto do nosso amor é a ramificação da nossa felicidade,
independente de como será daqui pra frente o amaremos muito e lutaremos
por ele.
Coloco minha mão em cima da sua e concordo com tudo que ele me
diz.

- Juntos somos fortes. – Sempre penso nessa frase quando passamos


por dificuldades.

- Juntos somos fortes! – Ele repete emocionado.

Recebo alta, vou na UTI e vejo Valentina através do vidro. Ela está
machucada, debilitada e corre risco de vida, mas ela é forte e vai sair dessa.

- Vamos amor, nesse estado em que você se encontra não pode estar se
expondo desse jeito.
- Hector, estou grávida e não com uma doença terminal. - O recrimino, se eu
deixar ele me coloca em uma redoma e me prende dentro do apartamento.

Estou com 10 semanas de gestação. Fiz a primeira ecografia no


mesmo dia em que descobri minha gravidez, ao ouvirmos o coraçãozinho do
nosso bebê, Hector e eu começamos a chorar emocionados.
Vários exames foram realizados para nos dar segurança da saúde do
nosso bebê. E até agora todos os exames são favoráveis.

Valentina ainda está em coma, retiraram a sua medicação, mas


infelizmente ela ainda não acordou, estamos ansiosos para que ela acorde,
porém agora não podemos fazer nada além de aguardá-la.

- Sophie! – Hector chama minha atenção e segura minha mão para


irmos juntos visitar minha amiga dorminhoca.

Sempre que posso venho ficar com ela, aos poucos a aparência dela
está melhorando, seu rosto está menos inchado e os cortes em sua pela estão
suavizando, mas ela ficará com cicatrizes pelo resto da vida, estou torcendo
para que sejam somente cicatrizes exteriores e não interior que são as piores.

Seguro sua mão com delicadeza e a beijo, Hector está ao meu lado, ele
sempre passa a mão no meu ventre me lembrando de que não posso me abalar
ou estressar, para eu pensar em nosso bebê.

- Ela vai ficar bem Sophie, você vai ver! É como os médicos disseram,
agora temos que ter paciência e esperar à hora dela, quando Valentina estiver
preparada, ela vai acordar.

- Oi! – William entra no quarto.

Sua rotina é passar as noites no hospital, ir para casa banhar e depois


voltar e continuar com minha amiga, não sei o que aconteceu entre os dois,
mas tenho certeza que ele ainda a ama.
- Vou pedir a transferência da Valentina. – William nos avisa um
pouco sem graça.

- Eu acho que é a melhor escolha para ela, tenho certeza que minha
amiga não vai querer morar mais aqui quando acordar e agora ela precisa ficar
perto dos seus entes queridos, mas só lhe peço uma coisa. – Olha para uma
Valentina inerte e cheia de aparelhos ao seu redor. – Você me avisa quando ela
acordar?

- Claro que te aviso Sophie! – William me abraça emocionado. –


Muito obrigado pelo apoio dos dois, sem vocês eu não teria conseguido
enfrentar essa barra.
William chora emocionado, Hector e eu o abraçamos para lhe passar
conforto.
- Vai dar tudo certo. – Hector reconforta William.

O resto da semana está sendo de expectativa, mas infelizmente


Valentina ainda não acordou e hoje é o dia da sua partida, William conseguiu
sua transferência em tempo recorde.

Despedimo-nos dos dois com a promessa de irmos para Belo


Horizonte assim que Valentina acordar do coma.

Fomos para Brasília no primeiro feriado que conseguimos uns dias a


mais de folga.

Fizemos um churrasco na chácara e anunciamos para toda família


minha gravidez, foi um alvoroço e vimos um misto de sentimentos nos rostos
das pessoas, no rosto dos nossos amigos vimos felicidade, nos rostos dos
meus pais felicidade e receio pelo futuro do neto, nos rostos dos meus avós,
alegria e orgulho, nos rostos do resto de nossa família espanto e em alguns
rostos nojo e repulsa, coisa que Hector e eu fizemos questão de ignorar.

Depois que fizemos nossa parte de anunciar nossa felicidade, meu pai
está tentando agilizar a papelada para nosso casamento.

Assim que me formei, nós voltamos para Brasília e minha maior


felicidade é saber que não verei mais algumas pessoas preconceituosas do
hospital.

Hector voltou a trabalhar com meu pai, mas dessa vez como sócio.

Estou com 28 semanas de gestação e ainda não detectamos nada de


anormal com nosso filho Henrique, minha barriga está visível e Hector todos
os dias conversar com ele e o mesmo faz da minha barriga uma bola de
futebol, de tanto que chuta ao ouvir a voz do pai.

- Henrique, tenho que dar uma notícia para sua mãe, mas estou
receoso com sua reação. – Hector fala com nosso filho o sentindo chutar
minha barriga.

- Pode falar Hector. – Seguro sua mão que está sobre meu ventre
volumoso.

- William acabou de me ligar, a Valentina acordou.

- Meu Deus! Salto para cima do Hector e beijo seu rosto várias vezes,
não acredito ter ouvido essa notícia, depois de 8 meses em coma, Val
finalmente acordou.

- Sophie… – Hector tenta me acalmar. – Valentina perdeu a memória.


- Perdeu a memória?

- Ela está agitada querendo falar com você.

- Mas como ela quer falar comigo? – Pergunto sem entender nada. –
Ela não perdeu a memória?

- Eu não sei direito amor, eu acho que ela perdeu a memória recente,
não entendi direito, mas vamos amanhã no final do dia para visitá-la.
- Tudo bem! – Tento me controlar, pois estou sentindo uma pontadinha
no meu baixo ventre.
Não posso ficar agitada muito menos nervosa, todas as vezes que isso
acontece sinto cólicas e a obstetra me afastou da residência de pediatria por eu
estar constantemente entrando em trabalho de parto, por isso estou de
repouso, até o nosso bebê nascer.
- Olha como está agitada, sua barriga está rígida, se você não tentar se
controlar vou ter receio em lhe levar para ver Valentina.

- Pode parar… – Sento em seu colo com um pouco de dificuldade. –


Eu quero ir e vou me comportar direitinho. – Prometo a Hector tentando
acalmá-lo.

- Amor me deu vontade de comer pão de queijo. – Peço ao Hector
assim que aterrissamos no aeroporto de Belo Horizonte.
- Fica aqui sentadinha olhando nossas malas que vou comprar uns
pães de queijo para você. - Hector me dá um beijo e sento-me em uma das
cadeiras para aguardá-lo.

- Sophie! – Ouço a voz que pensei nunca mais ouvir na vida.


Queria me fazer de surda e fingir não ter a ouvido chamando, mas
infelizmente a Cadelena está na minha frente com uma menininha de 2
aninhos agarrada a ela.

Sei tudo de sua vida, sou mulher e a curiosidade é maior que eu.

Samanta me disse que ela estava namorando com um dos garçons do


seu restaurante, até descobrir que ele era casado e que têm 2 meninos com sua
ex esposa que mora em uma cidadezinha do interior de minas.

Ela o fez se separar da família e não o deixa ter contato pessoalmente


com os filhos, ele só fala com eles pelo telefone.

Não acredito que em meio a uma cidade grande, encontro justamente


ela.

- Oi. – Respondo com desdém.


- Há quanto tempo! – Ela fixa seus olhos em minha barriga.
- Papa… – A menina se desprende da mão da mãe e corre em direção
ao pai.
- Sabe Sophie nenhuma das duas ficou com Hector, mas agora vejo
que foi melhor para ambas, ele não nos merecia. – Elena comenta com uma
naturalidade que me impressiona. Tenho dó dela, é uma pessoa receosa e mal
amada.

O pai da sua filha se aproxima de nós.


- Sophie, esse é meu marido Antônio Carlos. – Ela o apresenta com
orgulho. – E quem é o pai do seu filho? Ele está por perto ou você está
sozinha?

- Sou eu… – Hector responde atrás de mim fazendo a Cadelena o


fuzilar com o olhar.

- Mas… Como… Ninguém me disse! – Ela gagueja.

- Esse é meu noivo Hector. – Apresento Hector ao marido da Elena,


ele parece ser bem simpático tenho dó dele, com uma esposa dessas, aliás, os
dois se merecem.

Elena continua nos olhando com os olhos arregalados.

- Não vou apresentar o Hector, pois você o conhece muito bem. –


Comento com deboche.

- Trouxe seu pão de queijo amor. – Hector me entrega os pães de


queijo ignorando a cara feia da Elena.

- Vamos, estou cansado. – O marido dele a chama. – Foi um prazer


conhecer vocês, mas precisamos ir.

- Também precisamos ir, foi um prazer conhecer você também. –


Hector lhe estende a mão e os dois se cumprimentam.
- Seus pais sabem? – Elena pergunta de supetão.
- Com certeza. – Hector responde por mim. – O amor vence tudo, até
as barreiras mais difíceis.
- Vamos! – Ela puxa o marido e sai sem olhar para trás. É uma Cadela
mesmo.
FINAL
Às vezes esquecemos que amar não é somente um contato físico, amar
é muito mais do que beijar e abraçar, amar é saber o momento certo de parar
uma briga, porque se descobre a magia de se construir a paz. Amar é saber
que nem sempre tudo estará bem. Acima de tudo, amar é saber pronunciar: eu
te amo mesmo depois de uma briga, isso fortalece a relação, pelo simples fato
de não desistirmos um do outro, mesmo passando por momentos difíceis.

- Vocês estão bem? – Hector me pergunta assim que o táxi estaciona


em frente à casa dos avós da Valentina. Ele passa a mão em meu ventre o
acariciando.

- Estamos bem. Por que viemos pra cá? Pensei que iríamos para o
hospital.

- Então! – Hector se ajeita no banco. – Vamos vou lhe explicar.

Viemos de Uber, ele desce do carro e me ajuda.

Tem uma semana que Valentina saiu do coma. – Hector fala de


supetão.

- O QUÊ!? – Não acredito no que estou ouvindo.

- Sophie…

- Sophie o caramba! – Respiro fundo para não me descontrolar. – Você


não deveria ter feito isso Hector. – O recrimino.
- Não foi só eu quem pensou da mesma forma, o William também,
então decidi lhe contar quando ela voltasse pra casa, é mais seguro você ficar
com ela aqui do que em um hospital.

- Tudo bem! – Não adianta tentar ter uma discussão com ele, às vezes
Hector passa dos limites com seu jeito protetor.
Passo por ele feito um furacão o ignorando, prefiro evitá-lo a me
estressar ainda mais.
Assim que subo o primeiro degrau vejo a avó da Valentina no jardim.
- Você está linda, minha filha! - Dona Anita me abraça forte e passa
sua mão em minha barriga protuberante.
- E a Valentina, como ela está? – Está ansiosa para vê-la.

- Vem, vamos vê-la. – Dona Anita me puxa pela mão e me leva ao


quarto de Valentina.
Ao entrar encontro uma Valentina recuperada fisicamente, mas tenho
certeza que mentalmente ela não será mais a mesma.

- Valentina. – A chamo com receio de acordá-la.

- Sophie. – Ao ouvi-la falar meu nome vejo um brilho em seus olhos.

Ela olha pra minha barriga e começa a chorar, ela desce da cama
lentamente e vem me abraçar.

Ao abraçá-la sinto uma paz interior, finalmente minha vida está nos
eixos, meus pais estão felizes por mim e o Hector, meus familiares estão aos
poucos nos aceitando como um casal e agora minha melhor amiga está de pé,
e tenho certeza que firme e forte, pois sei que ela é uma guerreira.

- Como senti sua falta, não sei o que está acontecendo, acordei
pensando que minha vida era uma coisa e vejo que é outra completamente
diferente… – Valentina suspira para tomar fôlego. – O que está acontecendo
Sophie? – Ela pergunta confusa.

- Vamos sentar, precisamos conversar. – Puxo Valentina pelo braço e


me sento com ela na cama. - Não sei por onde começar. – Falo com
sinceridade.
- Por que eu terminei com William? – Ela me faz uma pergunta que
não sei responder.

- Não sei… Você apareceu transtornada e chorando, você nunca me


contou o motivo de ter chegado em casa naquele estado, só me disse que não
queria mais William, no outro dia ele apareceu e você ficou noiva dele, mas
no dia do noivado você sumiu e só apareceu três dias depois, o deixando
aguardando na festa de noivado de vocês junto com todos os seus familiares e
amigos, depois disso você seguiu sua vida e não quis mais saber dele, mas
você nunca me contou o que ouve entre vocês.

- Eu não entendo Sophie, eu nunca faria isso com ele, eu o amo e é tão
difícil ver o desprezo dele por mim.
- Ele também te ama, eu vi o sofrimento dele, ele me disse que ainda
lhe amava, ele não saiu de São Paulo sem antes terem encontrado você, ele
não perdeu a esperança de lhe encontrar. – Seguro em sua mão tentando lhe
passar conforto. – Eu tenho certeza que vocês vão se entender, vocês se
amam, disso eu tenho total certeza, tanto da sua parte quanto da dele.

- Estou tão confusa, não sei como agir… – Valentina começar a chorar
desesperadamente. – Eu não me lembro de nada, como pude perder essa parte
da minha vida?

- Não fica assim, você vai se lembrar de tudo, dê tempo ao tempo, não
fique se martirizando. – Tento consolá-la, não quero que minha amiga sofra
mais do que já sofreu.

- Quando você e o Hector voltaram? – Ela pergunta curiosa enquanto


seca suas lágrimas.
Contei a ela tudo que fizemos depois do termino dela e do Willian,
nossas loucuras nas noites de São Paulo e algumas de suas loucuras, contei
sobre seu amante e tudo que pudesse ajudá-la a recuperar a memória.

- Meu Deus! Eu me tornei uma puta de marca maior. – Ela comenta


abismada. – Ouvindo você falar desse jeito, parece que está contando a
História de outra pessoa e não a minha, o que foi que eu fiz… - Valentina se
encolhe na cama e recomeça a chorar.
- Por favor, se acalme, não fique se martirizando desse jeito. – Estou
preocupada com seu estado, ela está muito frágil.

Ouço uma batida na porta e vejo a cabeça da dona Anita, a avó de


Valentina, ela vai rapidamente ao encontro da neta ao me ver desesperada
tentando acalmá-la.

Após alguns minutos vendo Valentina chorar, ela finalmente se acalma


e acaba adormecendo.

- Ela está muito emotiva e confusa. – Dona Anita explica se


desculpando. Como se ela precisasse, estou aqui para ver minha amiga e
celebrar por ela está bem dentro do possível.

- Não precisa se justificar dona Anita, estou aqui para tentar ajudá-la,
o importante é que a única sequela dela foi à memória que em pouco tempo
ela vai recuperá-la e tudo voltará ao normal. – Tento passar força para ela que
está abalada com o estado metal da neta.

Sinto uma fisgada na barriga e fico imóvel, passo a mão em meu


ventre o acariciando e pedindo mentalmente ao Henrique um pouco de calma
tentando controlar minha respiração.

- Venha, vai descansar um pouco, depois você conversa de novo com a


Valentina. – A avó da Valentina me dá a mão e com muita dificuldade saio do
quarto, não estou me sentindo bem, mas não quero alarmar o Hector.

Ao sair do quarto vejo Hector em pé encostado na parede me


esperando, não preciso dizer nada, ele nota que não estou bem, Hector me
abraça e me conduz para o quarto onde ficaremos por uns dias.
- Por favor, meu amor não se altere e tente ficar calma! – Hector pede
suplicante enquanto massageia minha barriga. – Você tem que tentar manter o
Henrique aqui dentro o máximo de tempo e se possível, por 38 semanas.
- Eu sei, vou me cuidar melhor e tentar evitar me emocionar para ele
não ficar agitado.

O resto da semana foi tranquilo, tentei ajudar Valentina no que eu


pude, ela prometeu me visitar assim que Henrique nascer.
- Posso conversar com você, Sophie? - William toma coragem de falar
comigo no meu último dia de visita a Valentina.
- Tudo bem! – Repondo ansiosa, passei todos esses dias tentando
abordá-lo e não consegui.

- Eu tenho somente uma pergunta a lhe fazer. – William me fala assim


que Hector nos deixa a sós. – Por que Valentina fez tudo àquilo comigo?

- Eu não sei William, ela nunca me disse, eu só sei que ela foi lhe
fazer uma surpresa, pois vocês estavam brigados, ela chegou no mesmo dia
abalada e chorando, e disse que tudo entre vocês havia acabado, tentei saber
o que houve, mas ela nunca me disse.

- Eu não entendo Sophie! – Ele encosta a testa na porta. – Eu não sei o


que houve pra ela ter feito o que fez comigo. – Ele fala baixo como se
estivesse refletindo.

- Eu também não sei, mas eu sei de uma coisa… Vocês ainda se


amam! – Seguro em seu ombro para que ele me olhe. – Dê uma chance a
vocês…

- Não consigo… Infelizmente não consigo… – Ele se afasta não me


dando chance de argumentar. Aliás, só o tempo para consertar toda bagunça
que está a vida da minha amiga.

Depois de voltarmos de Belo Horizonte, fiquei mais atenta com minha


gestação, quero que meu filho nasça no período certo, Hector continua com
seus exageros em relação ao bebê, mas não adianta discutir com ele, e assim
fui vencida pelo cansaço.

- Queria ficar hoje com você. – Acordo com Hector sussurrando ao


meu ouvido, enquanto acaricia minha barriga.
- Pode ir trabalhar Hector… – Respondo com um bocejo. – Você tem
seus compromissos e o nosso filho só está previsto para nascer daqui duas
semanas, então você não tem motivo para não ir trabalhar. – Me viro para vê-
lo melhor. – Estou bem! Não precisa se preocupar comigo, não estou sozinha,
minha mãe e a tia Celeste estão aqui.

- Eu sei…
- Então levanta e vai se arrumar que vou trazer o café da manhã pra
nós dois. Ao me levantar sinto uma fisgada forte, mas disfarço para que ele
não perceba.

Tomamos café juntos, me despeço dele e vou tomar um banho, quero


terminar de comprar algumas coisas que faltam para o quarto do Henrique.

Estava tomando banho quando senti minha bolsa estourar.

- Mãe! Mãe! Mãe! – Chamo minha mãe enquanto me enrolo na toalha.


- O que foi?

- Minha bolsa mãe, ela estourou.

- Meu Deus! Então vamos!

- Calma, como vou ao hospital pelada!

- Coloca a roupa enquanto eu vou pegar o carro e as malas no quarto


do Henrique. Meu Deus, nem parece que eu sou mãe! – Ela fala enquanto sai
do quarto.

Pego uma calcinha, coloco o primeiro vestido que vejo pela frente,
ligo para minha obstetra e lhe conto que a bolsa estourou.

- Anda mãe! – Estou nervosa e alegre ao mesmo tempo. – Mãe, as


dores estão entre um espaço pequeno. – Sinto uma pontada mais forte me
fazendo contorcer. - Meu Deus, anda logo! – Ela chega no carro para irmos
depois de ter ido várias vezes dentro de casa.

Minha mãe está muito nervosa


- Mas acabei de sair de casa e você estava bem! – Hector comenta
inconformado, por não estar perto de mim nesse momento, mas não me
importo, o mais importante é tê-lo perto de mim na hora do parto. – Estou
indo amor, calma que quando você chegar no hospital já estarei lhe
esperando. – Ele desliga o telefone, sem ao menos me deixar
terminar de falar com ele. Pelo jeito a única que está calma sou eu.
Dentro do carro tento normalizar minha respiração, estou com pouco
tempo de espaço entre as contrações, devo estar com uns 8cm de dilatação e
estou com medo de não conseguir chegar a tempo no hospital.

Hector abre a porta do carro assim que minha mãe estaciona, ele está
em um puro nervosismo. Hector me senta em uma cadeira de rodas e empurra
em direção à sala da obstetra.

- Está com muita dor? E as contrações estão espaçadas ou não? – Ele


me enche de perguntas que não estou conseguindo responder, no momento a
única coisa que eu quero é que essa dor passe.

- Hector… – Suspiro tentando controlar a respiração. – Só quero que


essa dor passe…

- Vamos ver… – A Dr. Rosana, minha obstetra me examina. – Bem já


está na hora. Faz força toda vez que você tiver uma contração.

Assim eu fiz, aquela dor era insuportável, era uma dor terrível, por que
eu inventei de ter parto normal? Forcei mas três vezes e tudo compensou
quando ouvi o choro do meu menininho.

A enfermeira me entregou o Henrique, mas logo que olhei meu bebê,


percebi que tinha um mini Hector para eu cuidar, ele é a cara do pai.

Amamentar meu filho pela primeira vez foi à melhor sensação da


minha vida, saber que temos esse elo, que posso protegê-lo e alimentá-lo com
meu próprio corpo é uma sensação indescritível.

- Ele é lindo. – Comento admirada.


- É sim amor.

- Eu tenho um mini Hector. – Comento rindo.


- Sim. Você tem. – Ele fala enquanto passa a mão em sua cabeleira.

- Você é a coisinha mais perfeita do mundo. – Hector admira nosso


filho que está em seu colo.
Fico admirando a cena, sofremos tanto pelo nosso amor que teve
momentos que perdi a esperança de um dia ser feliz, mas hoje me sinto
realizada e faria tudo de novo, só para ver o que estou vendo agora, o homem
da minha vida segurando o fruto do nosso amor…
EPÍLOGO
5 ANOS DEPOIS

“Um casamento perfeito é apenas duas pessoas imperfeitas que se recusam a


desistir um do outro”.
Li essa frase, há algum tempo e me lembrei dela agora que estou
dentro do carro esperando à hora de entrar e ver o Hector no final do corredor
me esperando.

Realmente casamento é isso! Eu e o Hector somos pessoas imperfeitas


que nos recusamos em desistir um do outro e nos momentos difíceis unidos
somos uma rocha inabalável.

Depois de anos vivendo juntos sobre o mesmo teto e com Hector me


pedindo de várias maneiras, para marcarmos a data do nosso casamento…

Tudo tem seu dia e hora e o nosso dia é hoje e não mudaria isso de
forma alguma.
- Vamos minha boneca. – Meu pai me chama atenção segurando
minha mão que está suada, estava tão absorta em pensamentos que não tinha
ouvido a marcha nupcial tocar.
- Vamos… - O chamo ansiosa para ver meu futuro marido.

Meu pai me ajuda a sair do carro e a cerimonialista me ajuda com o


vestido.
- Está pronta? – Meu pai me pergunta um pouco agitado.

- Estou pronta para esse dia a muitos anos. – Respondo com toda
convicção.
- Sophie… – Meu pai segura minhas mãos, e solta o ar ansioso. – Eu
fiquei muito abalado ao descobrir seu namoro com Hector e pedi a Deus que
vocês não ficassem juntos, mas hoje me arrependo amargamente por ter feito
esse pedido… – Meu pai deixa uma lágrima cair.
- Pai… – Ele levanta a mão me pedindo em silencio que não o
interrompesse.
- Arrependo-me, por ter sido preconceituoso, mesmo eu aceitando o
noivado de vocês no fundo do da minha alma, ainda torcia para que vocês não
ficassem juntos, mas ao saber que você estava grávida e desse amor vocês me
deram meu neto que é tudo que mais tenho de precioso, vocês me deram, um
presente lindo e amado e se Deus tivesse atendido ao meu pedido, eu não teria
esse anjo em minha vida… Desculpe minha filha, desculpe por ter torcido
contra o amor de vocês.

- Pai… – Respiro fundo para segurar as lágrimas, não posso borrar


minha maquiagem. – Eu te amo, você é um pai maravilhoso e como tal quer o
melhor pra mim e o senhor achava que o melhor era eu não ficar com Hector,
isso é normal, eu sei que foi complicado para o senhor aceitar que seu irmão e
sua filha se apaixonaram e apesar disso o senhor acabou nos aceitando, eu
tenho orgulho de ser sua filha.

Meu pai me abraça forte e choro em seu peito.

- Shhhh… Não chora minha boneca, se sua mãe vê que eu lhe fiz
chorar, ela vai me arrancar o pescoço. – Assim que ele termina de falar
caímos na gargalhada, minha mãe está em um estresse total com o casamento,
ela organizou tudo nos mínimos detalhes. – Vamos!
Meu pai me oferece sua mão e as portas da igreja se abrem, ele me
conduz até o começo do tapete e ao ver o rosto do Hector, a única coisa que
eu quero nesse momento é chegar até o final do corredor e dizer sim para tudo
e pelo resto da minha vida.

Nosso caminho até aqui foi árduo, enfrentamos nossos familiares e


preconceitos de todas as formas, mas confiamos em nosso amor e superamos
a tudo e a todos.

Ao me ver preparada para marcar a data, minha mãe quis um


casamento com tudo que tenho direito, minha única exigência foi ter um
numero reduzido de convidados, quero compartilhar esse momento especial
com pessoas amigas e que são especiais em nossa vida, e o restante ficou por
conta de dona Sônia que não poupou esforços e fez um ótimo trabalho, está
tudo lindo e de bom gosto.

Ao passar vejo rostos conhecidos que de alguma forma fazem parte de


nossas vidas. No altar estão nossos amigos e cúmplices de nosso amor
proibido.

Olho mais atentamente Valentina que está fazendo par com William,
ela não para de olhar apaixonadamente para ele, espero que um dia ela supere
todos os traumas de sua vida e estarei na torcida por ela.

Olho os rostos de felicidade de nossos amigos, eles estão felizes e


realizados, cada um a sua maneira.
- Não preciso lhe pedir para que cuide bem da minha filha, pois seu que você
é um marido dedicado. – Meu pai entrega minha mão para Hector que dá um
beijo casto nela.

- Você está linda meu amor… – Hector fala emocionado e dá um beijo


em minha testa.

- É com grande alegria que estamos aqui para presenciar e coroar o


amor de Hector e Sophie, este momento especial em que eles firmam entre si
os votos de uma vida e união pelo casamento. Um casamento é uma
verdadeira possibilidade de auxilio é sem dúvida uma ajuda mútua para
trilharem juntos aquele caminho que pode conduzir a uma vida plena e
verdadeira. Felicidade não se acha e não se ganha, ela é conquistada dia-a-dia
com tijolos da paciência, do carinho, da tolerância e do amor. Costumo falar
para os casais que é fácil chegar até aqui, - o padre nos olha profundamente, -
mas vocês Hector e Sophie, são uma exceção, vocês sofreram e lutaram para
estarem aqui, quando ouvi a história de vocês não pude pensar em me recusar
de casá-los, nem ao menos cogitei essa ideia, se Deus os abençoou com um
lindo filho e esse amor verdadeiro, não há homem algum que os separe. A
aliança que carregarão a partir de hoje é o sinal do compromisso assumido
perante Deus, familiares e amigos, de se amarem e se respeitarem por esse
caminho que vão trilhar. Para isso pedimos a entrada das alianças.

Ao ver o orgulho de nossas vidas entrando na igreja e carregando as


alianças, começo a chorar como uma mãe coruja que sou, aperto a mão do
Hector e ele a acaricia me passando conforto.
Henrique está lindo vestindo um terno parecido com o do pai, olhando
assim não parece que ele passou por um drama quando tinha 3 aninhos.

Nosso filho tem uma doença rara por causa da nossa genética, mas
Henrique é uma criança feliz e nos faz sermos pais orgulhosos.

Assim que Henrique nasceu fizemos todos os tipos de exames que não
acusou nada, estávamos numa felicidade constante, Hector me pediu para
marcar a data do casamento, mas não queria deixar meu filho com ninguém
enquanto ele ainda mamava, então decidimos casar quando ele estivesse com
3 aninhos, mas infelizmente Henrique adoeceu e foi uma época difícil para
toda família, no começo pensamos que nosso anjinho estivesse com leucemia,
mas felizmente não era, foram tempos difíceis até descobrirmos que ele tem
uma rara doença e que ele a carregará pelo resto da vida, a doença de Gaucher
é uma doença genética, caracterizada pela ausência de uma importante
enzima, a beta-glicosidase. Sua ausência causa o acúmulo de um tipo de
gordura dentro de algumas células, que, por sua vez, se acumulam em alguns
órgãos como tecidos do fígado, baço, pulmão e medula óssea, além de rins e
gânglios. Em menor escala, podem se acumular nos tecidos do cérebro,
afetando o sistema nervoso central. Os órgãos que contém essas células
aumentam de tamanho, provocando sintomas de tipo e gravidade variáveis.
Depois que descobrimos a doença nosso bebê começou o tratamento
que é injetável, esse tratamento reduz os níveis do tipo de gordura que se
acumulam nas células de Gaucher. Assim diminuindo o volume do fígado e
do baço e corrige o decréscimo dos glóbulos brancos e plaquetas do sangue, e
controlam as alterações ósseas.
No começo tínhamos que levar nosso menino de 15 em 15 dias ao
hospital para aplicarem a injeção e ficar internado, agora eu lhe aplico as
injeções em casa mesmo e essa rotina será pelo resto de sua vida, quando
descobrimos sua doença me culpei por isso, mas depois de ver que apesar
dele ter que sempre passa por esse processo, Henrique é uma criança
admirável e feliz, ele é meu homenzinho corajoso, ele é a fotocópia perfeita
do meu amor, não só por ter os olhos azuis e os cabelos escuros iguais ao do
pai, mas também nos gestos, ele é meu mini Hector.
- Mamãe… - Henrique me entrega as alianças e me dá seu sorriso que
tanto amo. Dou-lhe um beijo e ele abraça as pernas do pai que o abraça e
também lhe dá um beijo, nos viramos para o padre Ailton enquanto Henrique
corre para o colo do meu pai.

O padre abençoa nossas alianças e a cada instante me vejo mais perto


de me tornar oficialmente esposa do Hector, do meu titio gostoso, do homem
da minha vida.

- Sophie… – Ao pronunciar meu nome Hector segura minha mão e


respira fundo. – Pensei várias vezes se deveria deixar registrado em um papel
o que iria lhe dizer, mas decidi que farei meus votos baseados nos sentimentos
externados pelo meu coração nesse momento… – Hector fecha os olhos. –
Mesmo de olhos fechados consigo te ver, porque você está dentro de mim,
posso esquecer de mim, mas de você eu nunca me esqueço. - Hector coloca
minha mão sobre seu coração. – Meu coração lhe pertence, todo meu corpo é
seu e chama pelo seu nome. Há 13 anos nos conhecemos melhor e amo você
durante todo esse tempo. Há 7 anos estamos juntos, mesmo depois de todos
esses anos, todas as vezes que lhe vejo minhas mãos ficam geladas, sinto um
frio em minha barriga e meu coração acelera, meu amor por você é
incondicional, quero representar a responsabilidade da parcela fundamental de
sua felicidade. Quando a gente ama de verdade o amor permanece intacto, o
tempo passa e no peito o amor permanece. A saudade atormenta, mas
qualquer minuto perto de você é o bastante para acalmar meu corpo e o meu
coração. Eu amei você, ainda amo e amarei para sempre. Prometo ser fiel,
amá-la e respeitá-la, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, todos os
dias de nossa vida.

Hector dá um beijo na aliança e logo depois a coloca em minha mão,


selando, assim, seus votos.

Temo não conseguir externar meus votos, pois não paro de chorar.
Respiro fundo para me acalmar.

- Hector, esse é um dia tão esperado e sonhado por nós dois… – Ele
começa a chorar, coloco minha mão em seu rosto e enxugo suas lágrimas. –
Me apaixonei por você quando tinha 16 anos de idade e nesse percurso
aprendi contigo o real significado da palavra companheirismo, aprendi que
tão importante quanto amar a pessoa que está ao nosso lado é amar a relação
em que se vive, e eu sou completamente apaixonada por nossa relação, não
amo só e simplesmente você, amo nós dois juntos, amo dormir e acordar ao
seu lado todos os dias, amo tudo que fazemos juntos, nosso companheirismo,
nossa amizade, nossa cumplicidade, amo nossa vida, nossa rotina, nosso filho,
nossa família. E hoje com 29 anos de idade, quando penso em tudo que
passamos e por tudo que lutamos para estarmos aqui e agora, faria tudo de
novo para ter a vida que me faz feliz, porque você é minha felicidade. Eu te
amo e sempre te amarei e prometo ser uma esposa fiel, te amar, apoiar e
respeitar, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, por todos os dias de
nossa vida.
Coloco a aliança em seu dedo e dou um beijo em sua mão, selando
meus votos.
- Hector e Sophie, o amor é uma das maiores riquezas, o casamento é
a confirmação desse sentimento e a entrega desse tesouro, a alegria de saber
que sempre haverá alguém para apertar a nossa mão e aquecer nosso coração
com a sua presença, acreditem sempre na força desse sentimento que os uniu
e que no coração de vocês fique gravado que o amor é paciente, verdadeiro e
eterno, capaz de crer, superar e vencer, compartilhem sempre os sonhos e as
alegrias, que cada dia seja um novo desafio e cada instante um sonho a dois.
Sejam um para o outro um ombro amigo companheiro e fiel, um sonho de
eterna felicidade. Parabéns por essa ocasião tão especial e que vocês tenham
juntos um futuro feliz. Eu vos declaro marido e mulher. - Ele se vira para
Hector. – Pode beijar a noiva.

- Eu te amo minha vida. – Hector sussurra ao meu ouvido e selamos


com um beijo a nossa união.
- Também te amo. – Lhe dou um selinho e Hector encosta nossas
testas e inspiramos nossa felicidade.

- Mamãe… – Sinto mãozinhas abraçando meu vestido, como disse, ele


puxou ao pai em tudo até nos ciúmes.

Hector coloca nosso filho em seus braços e saímos da igreja felizes,


não somente por termos casado, mas por termos oficializado nossa união, pois
a muito tempo já me considero sua esposa, amiga, amante e mulher.

- Enfim sós… Sempre quis dizer isso. – Hector me coloca no chão ao


atravessarmos o quarto nupcial do hotel. – Sei que é egoísmo falar isso
porque amo nosso filho, mas estou feliz que você será somente minha durante
uma semana.

Hector me beija sugando em seus lábios todo sabor da minha boca, eu


também amo nosso filho, mas é bom estarmos sozinhos por uns dias sem
pensarmos em responsabilidade e sem a correria do dia-a-dia, eu sei que
Henrique está em boas mãos e não precisarei me preocupar com ele, a única
coisa que vai incomodar é a saudade que sentirei do meu filhote.

Hector começa a abrir botão por botão do meu vestido, ele não me
deixou trocar de roupa, pois queria ter o prazer de tirá-lo ele mesmo.
- Quando lhe vi com esse vestido quase corri ao seu encontro e a
sequestrei, você ficou muito gostosa com ele minha diabinha.

- E você ficou muito gostosão nesse terno titio.


- Que bom saber disso, pois faço questão de que você tire peça por
peça da minha roupa, assim como vou fazer com a sua. – Hector passa a
língua pelas minhas costas nua.
- Hummm… Estou ansiosa para isso. – Fecho meus olhos curtindo a
sensação da sua língua em minha pele.
- Há algum tempo atrás, essa realidade era distante em minha vida. –
Hector acaricia meu rosto. – Finalmente realizei meu sonho mais profundo,
consegui me casar com meu grande amor, sei que passamos por muitos
percalços e sofremos bastante em nossa caminhada, mas conseguimos e
estamos aqui e isso é o que importa.

Consumamos nosso casamento como se fosse à primeira vez, foi


intenso e com muito amor.

- Agora a única coisa que eu quero é envelhecer ao seu lado. -


Estamos deitados na cama descansando da primeira rodada enquanto Passo
meus dedos em seus fios e vejo alguns grisalhos.

- Eu também, mas antes disso quero dar uma irmãzinha para o


Henrique. – Hector vai até sua mala e me entrega uma papelada.

Leio o que está escrito e custo a acreditar em meus olhos.

- Ela vai ser nossa? – Pergunto admirada.

- Vai! – Ele responde emocionado.


- Eu te amo, será que uma pessoa pode amar a outra ainda mais,
mesmo depois de tantos anos? – Com eu amo esse homem, minha vida sem
ele não faz sentido.

- Claro que tem! – Hector responde sorrindo. – Eu te amo mais a cada


dia.
Hector pegou um caso de adoção e em uma das visitas ao orfanato ele
conheceu uma linda menina de 3 aninhos, com cabelos escuros cacheados e
com olhos castanhos expressivos, ele se apaixonou por ela no mesmo instante,
depois Hector me levou para conhecê-la e também cai de amores pela doce
Isadora, em seguida levamos Henrique para os dois se conheceram e ouve
uma afinidade mútua.
Hector fez vasectomia assim que Henrique nasceu então decidimos
adotar uma irmãzinha pra ele.
No começo achávamos que tínhamos escolhido Isadora como filha,
mas na verdade ela quem nos escolheu, foi amor à primeira vista e desde
então não conseguimos passar um final de semana sem visitá-la no orfanato e
todas as vezes que íamos embora o Henrique fazia a mesma pergunta.

- Mamãe…

- O que foi meu amor.


- Por que a Isadora não pode ir para casa com a gente?

- Um dia nós vamos vir aqui e iremos levá-la conosco meu amor.

- Papai, quando você vai conseguir escrever no papel que você é pai
da Isadora, para ela morar com a gente? – Acho linda a inocência das
crianças, eles pensam que tudo é fácil.

- Eu vou conseguir isso meu amor, depois levaremos Isadora pra casa.
- Hector promete ao filho.

- Quando podemos ir buscá-la? – Ao me ouvir fazendo essa pergunta


pro Hector me lembrei do Henrique e sua ansiedade em levar a Isadora com a
gente.
- Assim que chegarmos da nossa lua de mel. Seu pai está resolvendo
tudo por mim enquanto estou fora. – Hector responde enxugando minhas
lágrimas. – Depois que a tive de volta em minha vida, prometi a mim mesmo
que só queria lhe ver chorando lágrimas de felicidade e pelo visto estou
conseguindo.
- Com certeza! Mas agora você tem uma responsabilidade de marido
para cumprir.

- Eu sempre cumpri minhas responsabilidades. – Hector comenta


sorrindo.
- Então você tem que cumprir mais uma. – Fico por cima dele.
- E o que seria? – Ele pergunta com malícia.

- Satisfazer sua esposa.

- Isso eu faço com todo prazer.

- Vou ao banheiro e quando sair quero você me esperando na banheira.


- Saio de cima do Hector e corro para o banheiro.

Assim que saio do banheiro enrolada no roupão, encontro Hector


relaxado dentro da banheira com uma taça de vinho na mão.

- Demorou minha esposa linda! – Hector sorri e dá um gole em seu


vinho, o colocando na borda da banheira.

Retiro meu roupão, entro na banheira, pego minha taça de vinho e dou um
gole enquanto Hector observa todos os meus passos.

- Como você é sexy minha diabinha.

- Você acha? – Começo a massagear seu mastro com meu pé.

- Com certeza eu acho. – Hector joga sua cabeça pra trás gemendo. –
Sophie…

- Hummm! – Como é gostoso sentir seu pau crescer enquanto o


massageio com o pé.
Hector retira a taça da minha mão e me senta em seu colo.

- Amor eu quero você. – Hector derrama um pouco de vinho em meu


ombro e suga o local.
Esfrego-me em seu membro e Hector grune de prazer, ele segura meu
quadril e me levanta, seguro seu mastro de Deus Ébano e coloco na entrada da
minha grutinha, o sinto deslizar dentro de mim e minha amiga perseguida
agradece pela sensação maravilhosa que seu mastro a proporciona, Ele aperta
meus seios e os suga dando total atenção para ambos, Hector suga e puxa o
biquinho me fazendo ir às nuvens e gemer de prazer, sua língua quente em
contato com a minha pele molhada me causa uma sensação inexplicável.
Hector aumenta seu movimento que até então estava lento, ele bomba
dentro de mim, me fazendo gemer enlouquecida, nosso sexo sempre foi cheio
de amor, luxuria e prazer, tudo ao mesmo tempo e isso é uma sensação
indescritível. Sua mão desce até minha grutinha e massageia meu clitóris.

- Hector…

- Eu sei amor, derrama seu prazer em mim, mostra pro seu marido o
quanto ele sabe cumprir bem seu papel. – Hector exala as palavras em meu
ouvido me fazendo arrepiar e contorcer de tesão.

Não demorou muito e ambos chegamos ao ápice juntos e sinto seu


doce leite invadindo minha intimidade.

Nossa lua de mel passou rápido, não via a hora de ver meu filhote,
estamos com saudade dele e nunca ficamos tanto tempo sem tê-lo junto a nós.

1 ANO DEPOIS

O orgulho dos pais é ver o sorriso de felicidade no rosto de seus filhos


e isso não tem preço.
Fico observando meus filhos brincando na areia, Hector se aproxima
com nossa água de coco, ele se senta atrás de mim e apoio a cabeça em seu
peito, estou orgulhosa de nós dois e da família linda que construímos.
A adaptação da Isadora foi complicada, no começo recebíamos a visita
da Assistente Social sem hora marcada, eu sei que é seu trabalho, ela tem de
avaliar a família que a Isadora está convivendo, mas meus filhos não
entendiam isso e sempre que ela aparecia os dois aprontavam alguma com ela,
os dois juntos são invencíveis, e eles têm uma cumplicidade de irmãos
invejável.
- Mamãe… – Isadora vem chorando e Henrique vem logo atrás.
- O que foi meu amor? – Hector corre para pegá-la no colo.
- Dodói papai… – Ela machucou o joelho na areia, vou até minha
bolsa e sei o que é preciso para acalentá-la.

- Vem meu amor! – coloco Isadora em meu colo, limpo seu joelho e
tampo o arranhão com um band-aid de unicórnio. – Pronto, agora o cavalinho
vai melhorar seu machucado e não vai mais doer.

- Bigada mamãe. – Isadora me abraça e sai do meu colo.

- Sarou, Rique, mamãe colocou meu cavalinho e não dói mais. – Ela
fala feliz pro irmão que segura sua mão e eles saem correndo para o castelo
que estão construindo junto com meu avô e meu pai.

- O almoço está pronto. - Minha mãe nos avisa.

Não tem vida melhor para pedir a Deus, tenho uma família
maravilhosa, um marido que sonhei pra mim e filhos amados.

Nós temos nossos defeitos, quem não tem? Mas dentro da imperfeição
nós somos felizes e realizados.

FIM!

Sobre a autora:

Melanie Rodrigues nasceu no mesmo dia que seu conto Proibido pra
mim. Depois o conto se tornou em um livro, assim realizando seu sonho de
escrever algo para deixar sua marca nesse imenso mundo imaginário.




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