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of Contents
DESCOBRINDO O PROIBIDO
Melanie Rodrigues
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 5
CAPÍTULO 6
CAPÍTULO 7
CAPÍTULO 8
CAPÍTULO 9
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 13
CAPÍTULO 14
CAPÍTULO 15
CAPÍTULO 16
CAPÍTULO 17
CAPÍTULO 18
CAPÍTULO 19
CAPÍTULO 20
CAPÍTULO 21
CAPÍTULO 22
CAPÍTULO 23
CAPÍTULO 24
CAPÍTULO 25
CAPÍTULO 26
CAPÍTULO 27
CAPÍTULO 28
CAPÍTULO 29
CAPÍTULO 30
CAPÍTULO 31
CAPÍTULO 32
CAPÍTULO 33
CAPÍTULO 34
CAPÍTULO 35
CAPÍTULO 36
CAPÍTULO 37
CAPÍTULO 38
CAPÍTULO 39
CAPÍTULO 40
CAPÍTULO 41
CAPÍTULO 42
DESCOBRINDO O PROIBIDO
Melanie Rodrigues
Agradecimentos:
Agradeço primeiramente a Deus por sempre conduzir minha vida e
Também agradeço de todo coração aos meus leitores, vocês foram meus
forninhos, a temperatura do meu livro, através de vocês soube que estava indo
no caminho certo.
1ª Edição – 2017
- É PROIBIDA A REPRODUÇÃO -
SINOPSE
Sophie é uma adolescente de 16 anos de idade.
Após a chegada do seu tio de outra cidade para viver com sua família,
ela passa a nutrir um desejo intenso por aquele homem.
Sua atração e obsessão por ele a levará a fazer loucuras, sem se importar
com regras ou com o que os outros pensam.
Então! Vamos aos fatos de como tudo começou. Sei que peguei
pesado com ele, mas vocês têm que me dar um desconto, quando o conheci
tinha apenas 16 aninhos!
CAPÍTULO 1
- Sophie, Sophie… – Ouço mamãe batendo na porta para me acordar.
Nossa! Será que o mundo está acabando? Para quê esse escarcéu todo! Só
pode alguém ter morrido e se não morreu, deveria. Um dos maiores pecados
de um adulto é no fim de semana acordar um adolescente cedo, gente é o fim
da picada!
- Não acredito que você esqueceu de que seu tio chega hoje para morar
com a gente. E seu pai te pediu tanto para que quando ele chegasse,
estivéssemos todos reunidos para recepcioná-lo… – Coloco a mão para cima
interrompendo-a.
Basta meus pais para fazerem isso, mais um vai ser foda! É duro ser
filha única, a exigência é grande. Tomo um banho e visto um vestidinho
florido e bem fresquinho, o calor de Brasília está escaldante esses dias.
Ouço vozes e risadas na sala, ao descer as escadas me distraio com o
celular e esbarro em uma montanha a minha frente, a pessoa se vira e eu me
deparo com os olhos mais lindos que já vi em minha vida.
Levo um susto. E fico sem reação… Que Deus grego é esse! Será que
é meu tio? A última vez que o vi não me lembrava de que ele era gato desse
jeito, ou eu era inocente demais, e não observei sua beleza!
- Desceu na hora certa minha filha. - Meu pai vem em minha direção e
me dá um beijo na testa. – Seu tio acabou de chegar. – Ele aponta para o
homem a minha frente, e eu só consigo observar o quanto ele é gostoso.
Hector é alto, deve ter 1,85MT, cabelo castanho escuro, olhos azuis
iguais aos do meu pai, sua barba por fazer dá um ar de masculinidade e o que
me chama mais à atenção não é seu rosto que parece de um ator
hollywoodiano, e sim seu corpo másculo. Um pecado em pessoa!
- Espero que você goste do seu quarto. – Falo sem graça, me virando
para sair, ao olhar para trás o vejo tirando a camisa e exibindo seu corpo
magnífico, ele me olha e sinto minhas bochechas queimar, saio às pressas.
Nossa… Sabia que ele era gostoso!
Criamos uma rotina de assistir filmes quase todas as noites. Certa vez
adormeci e acordei com a cabeça em seu colo sentindo sua mão acariciando
meu cabelo, mas fingi ainda estar dormindo para não perder esse momento de
carinho.
Combinamos de ir a um luau que estava acontecendo no pontão do
lago. Quero apresentá-lo aos meus amigos, quero que ele se sinta bem na
minha turma.
Ouço alguém bater na porta, olho para o relógio e são 19h30min.
- Entra – Grito pensando que é minha mãe, Hector entra e ao me ver,
arregala os olhos e vira o rosto, estou apenas de lingerie, corro e pego minha
toalha morrendo de vergonha. – Desculpa, pensei que fosse minha mãe.
- Tudo… Bem. – Ele gagueja sem graça. – Sua mãe pediu para chamá-
la. – Ele se vira saindo apressado.
Sento-me na cama vermelha como um tomate! Como sou idiota,
deveria ter perguntado quem era primeiro.
Meu tio me avisa que vai dar uma volta sozinho e combinamos de nos
encontrar duas horas depois, em frente ao seu carro.
Hector, esta agarrado a uma lambisgoia. E que beijo é esse meu Deus!
Não dá para passar um mosquito. Ai! Não acredito! Ela está pegando no …
dele… É isso mesmo que estou vendo? Fico com a cabeça um pouco mais
elevada para ter uma melhor visão da pegação dos dois.
E é isso mesmo… Ela está pegando no membro dele por cima da calça
jeans e abaixando seu zíper. Deixando-o exposto.
Nossa! Ele é bem-dotado… De repente a lambisgoia se abaixa e
começa a chupá-lo, nesse instante consigo ver o prazer em seu rosto!
Ele a puxa pelo braço e não se faz de rogado, apalpa seus seios e se
esfrega nela apertando-a contra a árvore, com um movimento rápido ele desce
a mão até sua calcinha.
- Porque você não me chama de tio? – Ele pergunta sem tirar os olhos
da estrada.
- Por que te acho novo e não me sinto à vontade te chamando de tio,
não tivemos um envolvimento de tio e sobrinha quando eu era menor, por isso
não me sinto bem com isso.
- Eu sei que minha mãe errou muito em ter se afastado do filho, por
não aceitar o casamento dos seus pais, eu não tive culpa de não ter tido
convivência com você. – Hector me olha como se estivesse me pedindo
desculpa.
- Eu sei! Ninguém teve culpa nessa história, além da minha avó, é
claro!
Meu Deus! Por que isso está acontecendo comigo? Nunca senti algo
parecido antes!
CAPÍTULO 2
Depois do que vi naquela noite, não paro de pensar em meu tio, tenho
que parar com isso! Fico repassando o que aconteceu, e isso não é certo! E o
pior de tudo é que minha mente sempre me prega uma peça, quando me dou
conta estou lembrando do que testemunhei.
- Bom dia! – Entro bocejando de cansaço, pena que não posso dormir,
tenho que ir para a escola.
- Bom dia… - Ele me olha de um jeito estranho. – Para onde você vai
mesmo? – Me pergunta com uma cara de quem não está entendendo.
- Eles foram para a casa da sua tia e só vão voltar no final da tarde.
Eles pediram para te avisar, já que sabem que você gosta de dormir até mais
tarde no sábado. – Ele diz rindo da minha cara emburrada.
- Fazer o que, né?! Vou tomar meu café e voltar para minha cama. –
Comento entediada. – E por que você está acordado tão cedo, já que hoje é
sábado e você não trabalha e nem tem aulas na faculdade?
- Acordei cedo para correr no parque da cidade. – Reparo que Hector
está com uma regata branca e uma bermuda de tactel preta.
- Acho que vou sim – Respondo, sem tirar os olhos do seu bumbum
arrebitado, o admirando de costas, enquanto ele lava a louça. É por isso que
ele tem essa bunda maravilhosa! Por mais que eu queira tirar os olhos do seu
corpo, eles se recusam a parar de admirá-lo. - Vou me arrumar – Saio do meu
transe e corro em direção ao meu quarto para trocar de roupa.
Fecho meus olhos para curtir o vento fresquinho que vem dentre as
árvores.
Moro aqui perto há tantos anos e não venho aqui, tenho que aproveitar
mais desses momentos natureza e ser menos sedentária e preguiçosa.
Levo um susto ao sentir que meu tio se senta ao meu lado todo suado e
sem camisa.
Olho em sua direção e o pego observando meu rosto, com um olhar
que não sei decifrar.
- Eu sei, muita gente fala isso, meus amigos dizem que sou uma velha
no corpo de uma adolescente. – Respondo enquanto abraço minhas pernas.
Nossa manhã foi agradável e descobri várias coisas em relação ao
Hector.
Nunca me interessei por rapaz nenhum, nunca quis namorar, o
máximo que faço é ficar com uns carinhas em algumas festas que vou com
minhas amigas, nenhum nunca me chamou atenção ao ponto de eu querer
algo mais sério, e muito menos os carinhas da escola, eu os acho muito
infantis e sem noção.
Nós três começamos a rir e ela nos olha sem entender nada.
Assim que sua mão toca meu rosto, sinto meu corpo inteiro arrepiando
e na mesma hora lembro-me do que o vi fazendo naquela noite.
Fecho meus olhos e curto a sensação maravilhosa de ter sua mão em
minha pele e no momento que ele a retira acordo do meu delírio! Queria que
Hector continuasse me tocando, não só no rosto, mas em todas as partes do
meu corpo. Abro meus olhos e me deparo com aqueles lindos olhos azuis
observando minha boca.
- Então! Vamos? – Hector diz limpando a garganta. – Acabou o filme.
– Concordo e saímos do cinema.
- Rá, rá, rá. Muito engraçado! – Falo com a cara emburrada, cruzando
os braços.
- Nada! – Abaixo a cabeça, não querendo falar que tinha visto tudo e
mais um pouco.
Levanto meu olhar e vejo reprovação em seus olhos. Há! Quer saber!
Ele que foi errado de sair se esfregando em uma mulher no meio do mato.
- Tudo bem! Desculpa pelo que eu lhe falei, não tenho nada haver com
sua vida e eu realmente não tinha que ter ficado espionando a pegação dos
outros. – Me justifico envergonhada.
Hoje acordei mais cedo para pegá-lo tomando café, assim que entro na
cozinha, meu dia se ilumina ao vê-lo sentado segurando sua xícara de café e
levando-a a boca. Há… Como queria ser essa xícara!
- Bom dia! – Chego alegre e sento a mesa. Ele para a xícara a caminho
da boca, sem acreditar no que via, dessa vez o surpreendi!
- Eu queria falar com você, e a única maneira foi essa. – Coloco café
na minha xícara, distraidamente.
Eu gosto de ficar perto dele, sei que não podemos ter nada além de
amizade. Será que é pecado? Fico em dúvida. Sou sobrinha dele é apenas
amor de tio que Hector sente por mim. Já eu, tenho minhas dúvidas se é
somente amor de sobrinha que sinto por ele.
Poxa! Quem é a sobrinha que não ficaria abalada com um tio desses?
Se pelo menos tivesse tido convivência com ele desde pequena, talvez eu não
estivesse tão encantada.
Sou de apostar que estou assim só porque lhe vi com aquela garota,
tenho certeza que é isso! Preciso esquecer o que eu vi!
- Tudo bem então! Passa um Whatsapp com as coordenadas para fazermos o quanto
antes – David se despede apressado. – Esqueci, temos que avisar a Stefanini. – Ele grita e manda um
tchau.
Fiz todas as minhas tarefas de casa, fui para o curso, me arrumei, fiz
pipoca e esperei por ele ansiosa. Assim que ouço a porta abrir vou correndo
em direção a sala de estar, onde meus pais estão assistindo televisão.
- Oi! – Ele parece estar cansado.
- Boa noite, Sophie! E aí, está pronta para assistirmos um filme legal?
– Hector pergunta com um sorriso cansado.
- E nós vamos dormir, não é meu amor! – Meu pai se levanta e dá um
selinho em minha mãe puxando-a junto a ele.
- Ainda não, acho os garotos da minha idade um saco! Eles são muito
infantis. E você já se apaixonou? – Aproveito a oportunidade para conhecê-lo
melhor.
Sinto que estou sendo carregada e levo um susto ao perceber que estou
nos braços do Hector! Ele empurra a porta do meu quarto com o corpo, me
colocando sobre a cama.
- Você acha que um dia, eu sentirei algo parecido, Sophie? Por que
não tenho esperança disso, nunca tive nenhum sentimento ou algo parecido
por nenhuma mulher! – Hector pergunta pensativo. – Eu…
- Sabe Sophie… espero que um dia isso aconteça. – Ele diz enquanto
acaricia minha bochecha descendo até o queixo. Estremeço com seu toque!
Não sei o que deu em mim, chego perto de seu pescoço e deposito um
beijo. Não resisti à proximidade e continuei subindo, até o canto de sua boca,
nossos lábios se encontram com um misto de medo, horror e prazer pelo que
está acontecendo. Nos entregamos ao momento! Ele coloca sua língua em
minha boca e correspondo com todo prazer, nossas línguas dançam e eu
aproveito ao máximo a sensação de ter uma parte dele dentro de mim!
Acaricio seus cabelos e ele me aperta ainda mais ao encontro de seu peito.
De repente Hector me empurra para longe, me fazendo cair na cama,
ele se levanta e passa a mão pelo cabelo nervoso.
- PUTA MERDA! – Ele xinga colocando a mão sobre a boca e
olhando para o teto. – O que fizemos Sophie! Você sabe que é errado… não
sabe? – Hector pergunta e eu ainda estou em transe sentindo seu sabor. Me
dou conta do que está acontecendo e sinceramente não me arrependo. Esse foi
o melhor beijo da minha vida! Fico extasiada ao perceber que quero muito
mais…
CAPÍTULO 4
- Queria falar com você, mas está difícil, já que está fugindo de mim
novamente. – Ele continua parado na porta do quarto, enquanto encaro sua
toalha enrolada na cintura.
- Sophie… – Hector fala meu nome em um sussurro que quase não
escuto ele pronunciar. – Estou cansado, a faculdade e o trabalho estão me
consumindo, deixa para conversarmos outro dia.
- Não! Quero conversar com você agora! Tem três semanas que você
foge de mim, me ignorando totalmente. Minha mãe está preocupada por você
não parar mais em casa, ela está achando que você odeia morar com a gente e
o clima entre nós dois está insuportável! Sinto sua falta, nós ficamos três
meses juntos em uma sintonia maravilhosa e do nada você muda. Isso está me
matando!
- E o que você quer que eu faça Sophie? Me diz!? Porque eu não sei,
estou perdido! – Ele fecha a porta e senta na cama. É evidente o desespero em
seus olhos.
- Quero meu companheiro de filme. – Falo sentando ao seu lado. - E
meu pai quer seu companheiro de corrida, estamos sentindo sua falta, você
faz parte da nossa pequena família, não nos ignore como você está fazendo. –
Dou um abraço nele deixando uma lágrima teimosa cair em seu peito.
- Tudo bem, Sophie… vou ver o que faço! - Ele me abraça ainda mais
forte. – Você é minha menina linda e melhor amiga, você sabe disso, não
sabe?
- Sei… - Concordo com a cabeça, enquanto ele enxuga uma lágrima
do meu rosto. – Vou deixá-lo descansar! – Levanto e saio em direção à porta.
Faço como sempre quando venho com ele ao parque, estendo uma
toalha e fico curtindo a natureza.
Fico um pouco receosa, nunca joguei e não sei se vou me sair bem.
- Vamos fazer o seguinte, eu e Sophie, contra você e Samanta, o que
acham? – Hector propõe.
Depois que Hector e Felipe acertaram tudo, fomos para o vestiário nos
preparar para a batalha. Felipe ajuda Samanta com a roupa enquanto Hector
coloca o colete em mim.
Ivan me chamou atenção por seu ânimo e irreverência, ele é loiro alto,
de olhos castanhos e corpo bem definido.
- Não se preocupe Sophie… – Ele olha para Ivan e depois para mim. –
Eu vou te proteger! – Nosso grupo sai correndo e se escondem entre os
obstáculos.
Tento segui-los, mas é difícil, a roupa é pesada e atrapalha meus
movimentos, estou parecendo uma pata choca! Meu Deus, que desastre eu
sou! Não vou conseguir atingir ninguém desse jeito, tento levantar a arma e a
disparo sem querer me assustando com o barulho.
- Caraca cara! Você disse que ela não sabe jogar. – Ouço alguém
gritando e rindo. Olho adiante e vejo que acertei Felipe sem querer. Ele me
olha sem acreditar. Também não estou acreditando no que fiz!
- Está com medo das balas Sophie. – Coloco a mão no coração para
evitar dele saltar pela boca.
- Não precisa ter medo gatinha! - Ele diz sorrindo para mim. – Venha
eu te ajudo. – Ele segura minha mão me fazendo correr ao seu lado.
- Acertou! Acho que foi no momento que lhe puxei. – Ivan comenta
rindo. – Você é uma excelente atiradora! – Agradeço sorrindo. Será que ele
sabe que foi sem querer?! – Agora só restou nós dois e mais um da equipe
deles. Vamos nos separar e o encurralar, temos que deixá-lo sem saída.
Corro entre os carros e Ivan corre para o outro lado entre os pneus,
não sei onde está nosso adversário, ele deve estar bem escondido esperando
uma chance! Estou ansiosa e com medo de ser atingida, então decido me
esconder e esperar por algum movimento. Escuto uma jorrada de tiros.
- Agora é com você soldado! – Ivan passa por mim com a mão na
barriga toda suja de tinta.
Arregalo meus olhos! Não acredito que fiquei por último, o que faço
agora? Tento me concentrar e engulo em seco o bolo de medo que está preso
em minha garganta. Vamos Sophie! Não seja medrosa! Vamos terminar logo
com isso! Olho para os dois lados e corro em direção a uma parede. Tento
ouvir alguma coisa, mas em vão, me esguio e corro entre os tambores, escuto
barulhos de passos e tento me encolher mais ainda, ouço uma respiração
pesada, vindo em minha direção, levanto de supetão, fecho meus olhos e atiro
para tudo quanto é lado.
- Hector! Estou feliz que tenha vindo! – Ela se debruça em cima dele e
lhe dá três beijos no canto de sua boca.
Hector sorri para ela retribuindo o cumprimento, Elena puxa a cadeira
e senta ao seu lado. Que oferecida! Não gostei dessa mulher.
- Vamos para a balada hoje, o que você acha Hector? – Elena pergunta
sorrindo.
É sério que ela não me viu?! Além de idiota essa mulher é cega…
- Me perdoe, esqueci de apresentá-las! Elena essa é Sophie minha
sobrinha, Sophie essa é Elena minha colega de trabalho.
Quando meu santo não bate com uma pessoa é porque boa bisca não
é!
- Pois eu acho ótimo! A Sophie é super divertida e somos amigas. –
Samanta me defende.
- Eu sempre saio com minha sobrinha Elena, e nunca tive problema.
- Ok! Não está mais aqui quem falou! – Elena levanta as mãos, se
rendendo.
- O que vocês acham de irmos à balada amanhã? – Hector sugere.
- Ótima ideia cara, hoje o dia foi puxado, o que você acha Samanta? –
Felipe pergunta para a noiva.
- Adorei! Assim podemos levar a Sophie. – Samanta responde
animada e me dá um sorriso cúmplice.
CAPÍTULO 5
- Bom dia família! – Passo e cumprimento meus pais que estão na sala
assistindo televisão.
- Bom dia meu amor, Hector também acordou tarde, ele está na
cozinha tomando café. – Minha mãe diz.
Vou preparar meu café murcha, parece que bati em uma parede de
gelo! O que será que Hector tem? Ele está estranho comigo desde que saímos
do Paintball ontem. Tomamos nosso café em silêncio!
- Felipe ligou para combinar o horário de nos encontrarmos para a
balada, vamos sair às 21:00, esteja pronta nesse horário. – Hector diz
secamente, se levanta da mesa e sai.
Nossa! O que será que aconteceu? Estou confusa com sua atitude, mas
não vou deixar isso acabar com meu dia.
São 20:00 e estou me arrumando ansiosa. Deixo meu cabelo solto com
cachos nas pontas. Coloco um vestido rosa de renda um pouco colado ao
corpo e um sapato de salto preto. Pareço sexy! Será que Hector irá gostar?
Ouço batidas em minha porta e peço para que entre. Hector abre a
porta do meu quarto e me olha dos pés à cabeça. Ele entra devagar e senta em
minha cama, ele está lindo com uma calça jeans e uma camisa preta. Hector é
lindo de qualquer jeito!
- Você vai com essa roupa? – Hector fala com a cara amarrada.
Hector vira o rosto e fixa seus olhos em meu criado mudo, ele pega o
papel que está sobre ele e o lê.
- Eu sou seu tio e sei o que é melhor pra você! – Hector fala com as
bochechas vermelhas. – Não quero você envolvida com esse cara.
Fico extasiada! Ele está com ciúmes de mim, será que é só como tio?
Devo admitir que Elena é uma mulher muito bonita! Ela é morena,
tem um corte de cabelo curto super fashion, olhos grandes e castanhos, boca
carnuda e um corpo esguio. Ela está vestida com uma mini saia preta
parecendo couro, uma camisa transparente, uma blusa sexy por dentro com
um decote fundo valorizando seus seios.
- Discordo com você, Elena! A Sophie está uma gata e de menina ela
não tem nada. – Samanta rebate. – Que despeitada invejosa! – Ela murmura
em meu ouvido.
- Você deve estar se perguntando por que sentei aqui! É que eu sou
Daniel, irmão de seu amigo da escola, o David.
- Hum sei! Só que eu sei muito bem quem você é. – Ele sorri.
- É por isso que você está me puxando como se eu fosse uma criança?
Pode parar por aqui mesmo Hector! Sua atitude foi ridícula. Já não basta seu
comportamento antes de virmos para cá!
- Sabe Sophie, se eu não soubesse que Hector era seu tio eu diria que
ele estava com ciúmes de você. Não ciúmes de sobrinha e tio e sim de homem
e mulher. Posso até estar vendo coisa demais. – Olho profundamente em seus
olhos para tentar ver se ela está brincando, mas vejo sinceridade em suas
palavras.
Senti um frisson em meu coração pelo que ela me disse, criando uma
raizinha da esperança no fundinho dele. Será! Meu Deus! Eu sei que é
pecado, mas era tudo que eu mais queria.
Depois que Samanta e eu saímos do banheiro ficamos conversando
um pouco mais em uma área menos barulhenta. E ao percebermos que
estávamos demorando, decidimos voltar.
- Vamos antes que seu tio tenha um ataque do coração pela sua
demora. – Riamos da sua piada enquanto subimos as escadas.
- Não acredito que ele caiu na dela, até que enfim ela conseguiu. -
Samanta comenta enojada.
CAPÍTULO 6
- Oi… - Respondo sem graça. Ele me olha e faz uma careta engraçada.
Não foi nada! – Limpo meu rosto com as costas da mão. – Você já está
indo embora? Estou precisando de uma carona.- Pergunto ansiosa para dar o
fora daqui.
- Você quer uma carona? Cadê seu tio que não está com você? – Ele
pergunta curioso.
- Não estou passando bem e não quero atrapalhar a noite dele com sua
amiga. – Falo com desdém.
- Então vamos! Vou te levar para casa. – Ele segura meu cotovelo e
me guia até seu carro.
Daniel abre a porta do carro para mim. Olho para trás e vejo Hector
me procurando. Assim que ele me vê, me viro, seguro o rosto de Daniel e o
beijo de olhos abertos vendo Hector se aproximar furioso. Daniel segura
firme em minha cintura. Seu beijo não chega aos pés do beijo de Hector, não
é que ele beije mal, é que simplesmente não encaixa.
- Você é linda, Sophie! Estava louco para te conhecer, pena que meu
irmão é um amigo super protetor e nunca quis me apresentá-la. – Ele fala
segurando uma mecha do meu cabelo e enrolando em seu dedo.
- Seu tio parece ser bem ciumento! – Daniel comenta no percurso para
casa.
- Sei como é!
Meu sangue ferve e sem pensar em nada, começo a socar seu peito.
- Seu… idiota… idiota… idiota arrogante! – Falo em meio aos
soluços. – EU TE ODEIO! - Grito chorando. Ele segura meus pulsos me
parando.
- Sophie… – E antes que ele pudesse falar mais alguma coisa, volto a
beijá-lo.
Minhas mãos voltam em direção ao seu abdômen descendo até ao
objetivo de minha maior curiosidade e desejo, coloco minha mão dentro de
sua calça sentindo a pele delicada de seu membro enorme! Que sensação
maravilhosa, há muito tempo queria fazer isso! Assim que ele percebe minhas
intenções, coloca sua mão sobre a minha me impedindo de continuar.
- Há… Diabinha, assim você me faz gozar em sua mão. – Ele fala
rouco de prazer.
- Você não fez nada de errado, Hector! – Tento segurar em seu ombro
para que ele me olhe.
- Eu sou um monstro! – Ele fala alterado. – Isso é pedofilia! Você
ainda é uma menina. Onde estava com a cabeça, meu Deus?! – Ele diz,
encostando-se ao muro. - Sophie, não podemos, não tenho direito de fazer
isso.
- Não, Sophie! Eu não quero isso para você! Além disso, menti… – Ele
faz uma pausa e fecha os olhos. E quando abre, vejo determinação neles. –
Estou namorando Elena.
Nosso relacionamento de boa vizinhança foi pelo ralo, ainda bem que
ele, dessa vez, não mudou seu comportamento com meu querido pai.
O que mudou mesmo foi nossa amizade, que era bem estremecida e
agora não existe mais nada. Estou com tanta raiva dele por ser um covarde,
que não me importo de não ter sua amizade. Eu quero ele como outra coisa, e
não como amigo!
O que mais sinto falta é de não ir mais ao Parque da Cidade com ele
aos sábados e assistir nossas sessões de filmes. Mas tudo tem seu preço, então
vou ter que me conformar.
Espero ele abrir a porta, solto um largo sorriso, com meu batom
vermelho-paixão. Observo-o olhando em minha boca, sedento por ela. Estou
rezando para ele não resistir e me beijar de uma vez.
- Não estou com fome, vou sair para um barzinho com meus colegas
de trabalho.
- Entendo - Faço uma cara de decepção, tentando apelar para seu lado
emocional. Não posso ficar a ver navios aqui em casa sozinha em plena sexta-
feira, de jeito nenhum. – Poxa, fiz sua macarronada preferida com tanto
carinho! – Faço uma carinha de cachorro que caiu da mudança e ele fica me
observando.
- Tudo bem! Vou depois do jantar. Preciso fazer uma ligação avisando
que chegarei mais tarde. – Ele diz, já sacando seu celular do bolso da calça
jeans.
Então quer dizer que meu titio está fugindo. Ele pensa que vai se livrar
de mim tão facilmente!?
Pelo menos ele não vai sair com aquela cara de cadela.
- Oi! Já está pronto, vamos jantar! – Digo já pegando meu prato para
me servir.
- Tenho que ir. – Ele sai correndo pra fora de casa, sem olhar para trás.
- Oi Stef! Aonde vocês vão hoje? Pois é, decidi sair com vocês…
então tá, vou me encontrar com vocês e aí decidimos para onde iremos… Ok!
Beijos.
É titio… está pensando que vai se livrar de mim! Você está totalmente
enganado! Primeiro Bar, lá vou eu!
- O prazer é meu. – Ele pega minha mão e dá um beijo nela. Achei ele
muito cavalheiro. Mas quando olho para Hector, ele está com uma carranca.
Pelas perguntas que Pedrão está me fazendo, desde que cheguei, tenho
certeza que meu tio disse a ele alguma coisa a meu respeito, e então decido
entrar no jogo.
- Hum! É bom saber disso! Quem sabe não tenho uma chance! – Ele
fala dando uma piscadinha, jogando charme e provocando meu tio.
- Você é muito gatinho, Pedrão, mas infelizmente só tenho olhos para
outra pessoa. – Respondo, olhando diretamente para Hector.
- E se a pessoa que você está de olho, não estiver disponível ou não
estiver a fim! O que você vai fazer? – Meu tio pergunta, levantando uma
sobrancelha em desafio.
- Nem sempre tudo é o que parece! Você ainda é muito nova e não
sabe nada da vida. – Ele diz isso, retirando meu pé de sua virilha, com a cara
fechada. – Nem sempre que um cara fica excitado quer dizer que ele esteja
desejando uma mulher ou, melhor, uma PIRRALHA. – Hector Coloca suas
mãos sobre a mesa, chegando seu rosto ainda mais perto do meu. – Homem
tem seu extinto primário e se excita por qualquer coisa. Isso não significa que
esteja a fim. Sou homem e não um menino, e desejo ter relações com uma
mulher e não com uma menina!
Quando ouço Pedrão dizer isso, olho para trás e o vejo dando tapinhas
nas costas do Hector o consolando. Meu tio está com as duas mãos na cabeça
olhando desolado para a mesa.
Fico com pena dele. Também estou com meus sentimentos à flor da
pele, ele é irmão do meu pai. Sei que se eu conseguir dobrá-lo, nunca
poderemos assumir nosso relacionamento e isso me deixa triste e angustiada.
Mas! Não tem mais como eu recuar, estou loucamente apaixonada por
ele, e o quero comigo, disso não abro mão e vou até as últimas consequências
para conseguir esse homem.
CAPÍTULO 8
DOIS MESES DEPOIS
Depois do ocorrido no barzinho, decido realmente passar o fim de
semana na casa da Stefanini, deixando-o em paz.
Vi que Hector ficou perturbado, assim que voltei para minha mesa ele
foi embora sem mulher nenhuma e me senti vitoriosa por isso.
Pensei que seria mais fácil fazer meu tio admitir que me desejava, só
que me enganei, ele está realmente resistindo e isso está me deixando louca.
Que homem cabeça dura!
Nesses dois meses que se passaram tentei conversar com ele, mas no
final acabávamos discutindo, e, como sempre, ele me ignorava e me chamava
de menina mimada e temperamental. Todas as vezes que ouvia isso, me
decepcionava e me perguntava se valia a pena estar fazendo tudo isso!
Apesar dele não querer muito papo comigo, Hector se preocupa com
meu bem-estar, e é por isso que me atrasei de propósito.
- Oi… – Viro-me e pego Hector olhando minhas pernas que fiz questão
de recruzar para que minha saia fique ainda mais curta.
- Por que você está indo para a escola com uma saia tão curta assim?
Aliás, essa saia do uniforme é indecente! – Ele constata me observando.
- Não acho… Curto seria se ela ficasse dessa altura. – Puxo a saia
expondo um pouco minha calcinha.
- Sophie, você tem que parar com essas provocações, sou seu tio e você
têm que me respeitar, estou cansado disso!
- Sei que você é meu tio, não me esqueço disso! Mas também sei que
estou apaixonada por você, e também sei que você sente algo por mim, eu só
queria que você desse uma oportunidade pra gente. - Decidi me abrir
totalmente, estou sendo sincera e jogando as cartas na mesa.
- Você é uma menina e não sabe o que está falando! – Ele cospe
irritado.
- PARA! – Grito magoada. – Eu não sou tão menina assim… Sei
muito bem o que quero para minha vida!
- Não faça isso Sophie, não tente arruinar nossa vida com esse
sentimento infantil que acha que sente por mim. Esqueça o que aconteceu
entre a gente.
- Para de me chamar de infantil, pare de menosprezar o que sinto por
você! – Seguro sua mão e a coloco sobre meu peito esquerdo. – Então me
ensina Hector, me ensina como te tirar da minha mente, como deixar de
pensar em você, como te expulsar dos meus sonhos, como faço para me
afastar de você, me ensina como explicar ao meu pobre coração que você
nunca será meu.
- Não é certo o que acabamos de fazer. – Ele fala com os olhos baixos
de vergonha. – Não quero nada com você… – Ele me olha determinado. -
Para de insistir Sophie, é a última vez que caiu em sua cilada, agora sei que
você perdeu a van de propósito. Não quero nada com você! Ele retira meu
cinto e escancara a porta do passageiro. – Tchau Sophie, encontre alguém da
sua idade e vai curtir sua vida.
Hoje faço 17 anos, meus pais organizaram uma festa para mim em um
salão super badalado.
Assim que me afasto dele, sinto meu pai atrás de mim com a mão em
meu ombro.
- Que bom que você chegou meu irmão! Pensei que não viria. – Meu
pai dá um abraço em meu tio e depois outro em Pedrão. - E quem é essa bela
moça? – Meu pai pergunta, olhando-a curioso, já que Hector nunca tinha
aparecido em nossa casa com mulher nenhuma.
- Não é que ele queira pisar em você! É que Hector não quer admitir
que esteja apaixonado pela sobrinha. Isso é complicado Sophie!
- Vou te falar uma coisa, eu vim para ver aquele idiota do seu tio mais
tranquilo. Ele está inquieto em sua cadeira e não para de olhar nessa direção.
- Obrigada por tentar fazer com que me sinta melhor, mas infelizmente
não acredito que ele se importe comigo desse jeito. Se Hector se importasse
realmente, não teria trazido a Cadelena com ele.
- Nossa, Sophie! Esse apelido que você deu a Elena caiu como uma
luva! – Começamos a rir.
- Eu sei, combinou bastante! – Consigo dar um sorriso sincero pela
primeira vez na noite.
Não quero saber desse idiota, hoje ele ultrapassou todas as barreiras de
tolerância, pelo menos por hoje quero esquecer que Hector existe.
Coisa que não consegui, pois toda vez que olho para sua mesa ele está
me observando, e como não sou boba, começo a dançar sensualmente,
passando a mão em meu corpo. Vejo ele se mexendo desconfortável em sua
cadeira.
- O que você pensa que está fazendo sua pirralha? Chegando em mim
e me dando uma bronca, se achando, minha dona! - Hector está com as duas
mãos na parede, uma de cada lado da minha cabeça, com o rosto tão perto que
se eu quisesse poderia beijá-lo. Só que o modo como ele fala comigo e a raiva
que emana me faz travar.
- Eu juro, que se você fizer o que eu te pedir, vou deixar você e sua
namoradinha em paz.
Suas mãos tocam meu rosto, descem para meu ombro e depois minha
cintura, ele me aperta como se nossos corpos fossem se fundir. Sinto seu
membro endurecido cutucar minha barriga. Ele pega na minha bunda, e
entrelaça minhas pernas em seu quadril, criando um contato ainda maior.
Hector solta um gemido desesperado.
Quando ele me fala isso, fecho meus olhos e encosto minha cabeça na
parede para saborear suas palavras.
Hector volta a me beijar, um beijo sedento de desejo e luxúria.
Levanto uma perna, para dar passagem a sua mão que aperta minha coxa,
subindo para meu sexo sedento.
Tento abrir o zíper de sua calça, mas ele afasta minha mão.
- Hoje é seu aniversário e eu vou te dar um presente. – Fala baixinho
em meu ouvido, lambendo e mordendo minha orelha.
Hector faz o caminho inverso, me beija de baixo pra cima, até chegar
em minha boca.
Após o que aconteceu na minha festa, fiquei um mês sem lhe dirigir a
palavra, não lhe dava ao menos bom dia!
Depois de um mês, ele se sentiu incomodado, veio falar comigo e me
pediu desculpa por ter me tratado daquela maneira. Voltamos a conversar, mas
sempre me mantendo afastada e indiferente.
Minha maior alegria não é só essa, é que Hector vai também. Estou
doida para vê-lo de sunga, minha boca chega à salivar só de pensar. Balanço
minha cabeça para tirar esses pensamentos impuros, mas como sempre falho
miseravelmente.
Infelizmente não fomos no mesmo carro, meu tio virá depois com
Pedrão. Chamei meu casal preferido, Samanta e Felipe, mas, infelizmente,
eles não poderão ir.
Hector cuidou da minha avó até os últimos dias de sua vida e isso é
admirável. Ele parou a faculdade para se dedicar a ela até sua morte. Quando
minha avó descobriu a doença já estava em fase avançada.
Assim que minha avó morreu, meu pai fez questão que ele retornasse
a faculdade e viesse morar com a gente. Estou feliz por ele esteja se dando
bem na faculdade e no trabalho.
Apesar dos dois terem ficado muitos anos afastados e serem de pais
diferentes, admiro o cuidado que meu pai tem com Hector.
Assim que chegamos, montamos acampamento e organizamos tudo.
Para minha alegria vi o carro do Hector chegando. Ele desce e vai ao porta-
malas pegar algumas coisas, Pedrão desce em seguida acompanhado da…
Não acredito que ele trouxe essa vaca! Porque ele a trouxe?
- Você poderia pelo menos ter pensado como eu iria me sentir! – Digo,
me levantando e limpando meu short.
- Porque você tenta tanto se enganar? Achando que não sente nada por
mim? – Continuo em pé, com um sorriso bobo no rosto.
Ele dá um pulo das pedras onde estava sentado.
- Pode parar! – Diz entre dentes. – Pode ir tirando essas ideias dessa
sua cabecinha maluca. Eu só vim falar com você para não ficar um clima
chato nesses dias, e te pedir para tentar conhecê-la melhor. Você me prometeu
que iria se comportar e espero que cumpra a promessa. Sophie, eu não sinto
nada por você como homem. Eu tenho carinho e preocupação como tio e nada
mais. Eu estou apaixonado pela Elena.
Assim que ele termina seu falso discurso, que não me convenceu em
nada. Passa por mim em direção ao acampamento.
- Hector! – O chamo, ele para, mas não se vira para mim. Vou em sua
direção e o puxo pelo braço para que ele se vire e me olhe. Coloco minha mão
em seu peito e sinto sua respiração acelerar.
- Você acha que eu beijo Elena pensando em você? Olha aqui, sua
garota mimada, eu não beijo ela pensando em você, vê se coloca isso nessa
sua cabecinha dura. – Hector bate o dedo indicador na minha cabeça.
Troco de posição com ele, ficando entre suas pernas. Começo a dar
mordidinhas em seu queixo, lhe dou um selinho e vou até sua orelha, dando
alguns beijinhos e mordidinhas de leve. Ele permanece imóvel, desço um
pouco mais, Hector observa cada movimento meu.
Vou descendo, beijando e chupando seus mamilos, continuo descendo
com beijos molhados, passo minha mão por sua visível ereção, acaricio suas
coxas, vendo-o arrepiar por inteiro.
- Que porra, Sophie! Nós não podemos, não é certo. – Ele fala baixo,
com o rosto perto do meu para que ninguém nos ouça. Puxo sua cabeça e o
beijo. Prendo sua língua em minha boca e a sugo.
- Hector deve ter ido até as cachoeiras atrás da sobrinha dele, para
saber se ela está bem. É que ele é muito protetor, mas daqui a pouco eles
devem estar de volta, não se preocupe, vamos terminar de arrumar o
acampamento. – Ouvimos os passos deles indo embora.
- Por que você não admite que sente algo por mim?
- EU NÃO SINTO NADA POR VOCÊ, PORRA! – Hector grita
apontando o dedo pra mim. Ele parece fora de controle.
- Então tudo bem, titio! Se você diz que já fez sua escolha, quem sou
eu para discordar! – Dou de ombros e saio deixando-o sozinho com seu mau
humor.
Se for isso que ele quer, é isso que ele vai ter!
- Onde você estava Sophie? Porque sumiu desse jeito sem nos avisar?
– Minha mãe pergunta, preocupada.
- Fui dar uma volta nas trilhas, eu avisei que iria, mas eu acho que
vocês não me ouviram, foi quando foram cumprimentar Elena. – Termino de
pronunciar o nome do diabo, e ela se tele transporta ao meu lado perguntando
por Hector. Essa cadela é sem noção mesmo!
- Eu não sei onde ele possa estar. O namorado é seu, e não meu! -
Digo virando as costas para ela e indo em direção a minha barraca.
Minha mãe vem atrás de mim, e assim que entro na barraca ela
começa o sermão.
- Porque você foi grossa com Elena? Não foi essa a educação que eu
lhe dei Sophie, ela só estava preocupada com vocês.
- OK. Realmente fui um pouco grossa com ela, depois peço desculpas.
Está bem?
- Não estou fugindo de você e sim do casal 20. – Ele solta uma
gargalhada. Olho para ele curiosa por sua reação.
- De casal os dois não têm nada, só eles mesmo não percebem. Os dois
só se beijam se Helena beijar o Hector, não existe química nenhuma, é muito
engraçado de se ver. – Começamos a rir.
A festa animada, fiz amizade com outros rapazes, e pela primeira vez
desde que cheguei, esqueci completamente do Hector.
- Você é tão linda! Queria muito te bei… – Não esperei ele terminar.
- Quer dizer que você vai defendê-lo? – Diz apontando para Gustavo.
- Caso você não tenha percebido, ele não estava me obrigando a fazer
nada que eu não queira.
CAPÍTULO 10
Nesse último mês estou evitando Hector. Sinceramente eu não o
entendo! Se não me quer, então por que foi tirar satisfação com o carinha que
beijei no acampamento? Ele acha que sou voyeur? Da primeira vez que o vi
com a outra garota foi por curiosidade, eu não sentia nada por ele. No
acampamento Hector fez questão de beijar Elena na minha frente. Então
tentei esquecer e achei melhor ficar na minha. Minhas provas finais estão
chegando e eu preciso me concentrar, tenho que me manter focada se quiser
me tornar uma pediatra.
- Não sou não! Sempre estou na escola, vejo seu irmão todos os dias. –
Comento rindo.
- Sophie… – Ele se aproxima de mim todo charmoso. – Eu estive
todos esses meses de olho esperando você sair da aula, mas infelizmente, não
te encontrei. Aliás, meus parabéns! - Ele me entrega uma caixinha.
Termino de me arrumar e vou para sala avisar minha mãe que estou de
saída, ao sair do meu quarto vejo Hector na porta do seu.
- Mãe, estou indo, tá! – Chego perto dela e lhe dou um beijo.
- Então vamos minha boneca – Meu pai me chama.
- Eu sei Sophie, estou arrependido pelo que disse e fiz. – Ele abaixa a
cabeça constrangido.
- Você vai sair com suas amigas ou é um encontro com algum rapaz? –
Hector pergunta triste.
- Daniel me chamou para ir ao cinema e eu aceitei.
- É fácil pedir desculpas pelo que fez. O difícil é esquecer o tanto que
suas atitudes me feriram.
- Por que você está dizendo isso? – Pergunto sem entender nada.
- Ele está nos olhando! – Me viro e vejo Hector nos observando com
as mãos no bolso. Ele acena e vai embora de cabeça baixa.
Estou namorando Daniel a um mês, tento gostar dele, juro que estou
tentando. Infelizmente não está dando muito certo, acho que é por ser recente
e ainda ter Hector em meus pensamentos!
Assim que desço as escadas, o motivo do meu sofrimento está sentado
à mesa do café da manhã com meu pai.
- Bom dia, minha boneca! Parece que você adivinhou em descer agora,
já estava querendo ir te chamar. - Meu pai fala dando um gole em seu café.
- Estamos no final do ano letivo, não tem problema você faltar um dia
de aula, aliás, quero que você vá, faz tempo que não visita seus avós maternos
e eles sempre perguntam por você. - Meu pai me repreende, não deixando
margem para discussão.
- Seu tio chamou Elena, mas ela não poderá ir, pois vai viajar pra visitar
a mãe que está doente. - Meu pai responde. - Chame seu namorado para ir
conosco! - Meu pai sugere animado. - Gostei muito dele, parece ser um bom
rapaz.
Com duas semanas de namoro apresentei Daniel pros meus pais e eles
o aprovaram.
Olho para Hector e o vejo tensionar sua mandíbula.
Ouço a porta ser aberta sem baterem, levo um susto ao ver Hector na
minha frente.
- Meu pai disse que você ia, Hector! Ela só não vai porque vai viajar.
Estou gostando dessa nova fase de nossas vidas e não queria estragar
isso de novo. Na verdade, estamos passando mais tempo juntos do que com
nossos respectivos namorados.
- Tudo bem! Não vou chamá-lo. - Respondo resignada.
- Foram na fazenda vizinha pra ver seus avós, como saíram cedo
ficaram com pena de te acordar.
- Heitor disse que a filha dele era uma boneca, mas não disse que tinha
um rosto angelical. – A senhora chega perto de mim e me abraça com carinho
passando suas mãos enrrugadas em meu rosto e me olha profundamente. -
Não fique assim, um dia essa tristeza irá passar, tudo na vida passa, até o
sofrimento. Nada é eterno!
Celeste me diz isso com tanta convicção que me deixa arrepiada. E uma
sensação de paz invade meu interior.
Fico sem entender o que se passa com eles. Levanto-me, levo uns
bolinhos frito na mão e os deixo a sós. Eles estavam em uma guerra de
olhares que nem perceberam minha saída.
- Bom! Acho que vou dar uma explorada na fazenda, já que não
conheço nada por aqui. - Digo, balançando minhas mãos agitada.
- Pedi para tio Jerônimo selar dois cavalos pra gente, caso você não se
importe. - Fico apreensiva, pois não gosto de montar a cavalo, tenho um
pouco de medo. - O que foi Sophie? Não quer que eu te mostre a fazenda?
- Não é isso! É que tenho medo de montar. - Confesso sem graça, para
ele é simples, pois cresceu em uma fazenda. Não para mim!
- Não tem problema! Vamos no mesmo cavalo, então. - Ele me dá a mão
e vamos em direção aos estábulos.
- Foi um passeio maravilhoso, obrigada. Bom, não sei você, mais estou
doida pra cair nessa água, está um calor tremendo! - Falo já ansiosa para
entrar nela.
Começo a tirar minha roupa ficando de calcinha e sutiã, não penso duas
vezes e mergulho. Hector não sai do lugar e continua sentado na beira do rio.
- Não sei, Sophie! - Hector responde com dúvida e foi aí que observei
seu olhar sobre mim.
Quando tirei minha roupa não pensei em nada, a única coisa que eu
queria era dar um mergulho.
Mas vendo seu olhar, percebo que ele está exitando! Porque estou de
lingerie. Me dou conta da situação e sinto algumas coisas em minha região
íntima que preciso que se apague, não posso cair em tentação.
Logo agora que estou um pouco mais conformada, não posso cometer
esse “doce pecado”!
- Tudo bem! - Ele começa a tirar a roupa, então é que percebo que foi
uma má ideia!
Ele termina de tirar sua roupa, ficando apenas de cueca boxer branca, dá
um mergulho sumindo na água e demorando a subir.
Assim que ouço sua voz, me acalmo e abro meus olhos recuperando
meu fôlego. Me arrependo de abrir os olhos, ao vê-lo tão perto de mim com
suas mãos em minha cintura, me apertando contra ele.
- Você foi idiota! - O empurro pra sair de seu aperto.
Saio nadando o mais rápido que consigo, tentando fugir, mas é em vão!
Hector puxa meu pé e me arrasta tentando me afogar. Livro-me dele e o
empurro novamente. Ficamos brincando entre risadas por mais alguns
minutos até que cansamos e saímos da água.
Não quero mais sofrer por ele, eu não entendo o porque dele ser tão
carinhoso!? Deixando-me, alimentar lá no fundinho a esperança de que um
dia tenha coragem de me assumir. Já passei meses demais me humilhando
pra ele, agora chega!
- Desculpe. - Hector pede sem graça. - Foi mais forte que eu. – Ele se
justifica.
- Tudo bem! - Ficamos nos olhando por um tempo. - Eu sei que não
deveria perguntar, mas por que dona Celeste estava brigando com você?
Ele senta e solta um suspiro. –Tia Celeste é uma senhora muito sensitiva
como eu havia falado antes, ela parece que lê pensamentos, sei lá! - ele fala
rindo.
- Sei! - Sento-me também para entender melhor a história. - Mas e aí? -
O incentivo a continuar.
- Assim que ela bateu os olhos em mim, viu minha tristeza, ela tentou
me confortar. Mas aí você apareceu na cozinha e ela entendeu tudo.
- Tudo o quê? - Pergunto com o coração acelerado.
- Ela viu que estamos apaixonados, Sophie! - Hector despeja tudo sem
se atrever a olhar para mim.
Meu Deus! Passei esses meses todos tentando tirar essas palavras de sua
boca, e agora que ouço, não fez o efeito que eu esperava. Ele falou de uma
maneira tão triste! Que parece ser um castigo estarmos apaixonados.
- Nós não temos culpa! - Lamento chorando.
- Do modo que você falou parece um castigo seu sentimento por mim.
- Claro que não, Sophie! - Ele segura meu rosto com as duas mãos
fazendo-me olhar para ele. - Eu me apaixonei por você no momento em que a
vi descendo as escadas da sua casa. Você parecia um anjo descendo a terra,
meu coração ficou a mil. Aí nos conhecemos melhor e vi uma menina linda,
meiga e inteligente. Quando começamos a brigar e você começou a me
desafiar querendo me fazer admitir que sentia algo por você, conheci seu
outro lado, o de uma mulher de fibra, decidida e que sabe o que quer. Eu me
apaixonei pelo anjo que vi descendo as escadas e depois caí de joelhos pela
diabinha que você se mostrou.
O abraço forte. Como amo esse homem! Eu quero tudo com ele! Nunca
senti por ninguém o que sinto por Hector. O quero pra mim, mas sempre tem
um “mas”… Odeio essa palavra!
- Sophie, nós temos uma história, por mais que não possamos ficar
juntos, sempre estaremos ligados, você sempre poderá contar comigo, eu
sempre a protegerei. - Ele dá um beijo demorado no topo da minha cabeça.
- Eu sei que sempre poderei contar com você. - Ergo meus olhos e olho
dentro dos seus.
CAPÍTULO 11
- Você me prometeu que não ia chamá-lo - Hector me lança um olhar
questionador.
- Eu não o chamei! - Dou de ombros sem graça. - Eu o avisei que viria
para a fazenda, mas sabia que Daniel não poderia vir por causa da faculdade.
Ele me perguntou quando iria, e eu falei!
- Eu sei que não foi culpa sua! - Ele sussurra em meu ouvido me
fazendo arrepiar por inteira.
O que Daniel está fazendo aqui? Como ele chegou? Não era para ele
ter vindo! Logo agora que Hector se declarou para mim. Não sei o que fazer,
estou confusa e agora vou ter que tentar dar toda atenção para Daniel! Mas
minha vontade era de que Hector colocasse o cavalo para correr na direção
contrária e sumíssemos para ficarmos a sós. Como sei que ele nunca fará isso,
tento relaxar o máximo que posso.
- Já estava indo chamar vocês, meus amores. - Minha mãe fala toda
contente.
Não vi mais Hector, ele está fazendo a mesma coisa que eu fiz quando
ele levou Elena ao acampamento. Está evitando ficar perto da gente, entendo
bem esse seu comportamento.
Fomos para a casa dos meus avós maternos, apresentei Daniel e todos
gostaram dele. Foi uma tarde agradável! Mas meu avô não parava de
perguntar pelo Hector, dizendo que estava com saudades dele. E isso me
deixo angustiada, doida para vê-lo e conversar com ele.
Ao chegarmos, pensei que encontraria Hector na casa da fazenda, mas
infelizmente não foi isso que aconteceu.
Depois da conversa que tive com Hector todo meu encantamento por
Daniel foi pelo ralo, não sei o que vou fazer quanto a isso!
Fico rolando na cama sem conseguir dormir, queria muito saber onde
Hector está! Estou com medo dele ter caído do cavalo ou algo assim, já que
ainda não apareceu.
- Bom dia! - Recebo um uníssono de todos, noto que Daniel ainda não
está na cozinha.
- Daniel ainda não acordou?
- Já, meu bebê - minha mãe me responde. - Ele está no estábulo com
tio Jerônimo.
Sento-me e começo a me servir, observo que meu pai está tratando
com Hector os últimos detalhes sobre a venda da fazenda.
- Se fosse possível, era capaz da nossa mãe ressuscitar para nos dar
uma surra, não é mano? - Meu pai comenta sorrindo.
- Minha filha! - Meu pai me chama atenção. - Um dia vou contar toda
história.
- Tudo bem! - Falo com desdém, mas com uma curiosidade imensa,
querendo saber o porquê de a minha avó paterna odiar tanto meus avós
maternos.
- Estamos indo para lá passar o dia. Vocês vão com a gente? - Meu pai
pergunta.
- Que bom que acordou, minha linda! - Daniel fala me dando um beijo
demorado na boca. - Vamos andar a cavalo?
Olho para Hector e ele está de cara fechada, olhando para a janela.
- Hum… eu… – Não sei o que dizer não quero andar a cavalo com
Daniel.
Hector sai, deixando a cadeira cair e vai embora sem ao menos olhar
para trás.
- Seu tio não gosta mesmo de mim! – Daniel comenta com desdém. -
Vamos! - Ele me puxa pela mão para irmos buscar o cavalo.
- Você não vem, minha linda? - Daniel sai do rio todo molhado e me
agarra.
- Você está estranha comigo desde que cheguei aqui! Você não gostou
da minha surpresa?
- Daniel, pare, por favor! - Retiro sua mão que já estava indo em
direção a minha virilha.
Tento me levar pelo momento, mas não consigo! Não sinto nada!
Ouço um galho sendo quebrado, abro meus olhos e vejo Hector nos
observando, montado em seu cavalo. Quando nossos olhos se encontram, ele
desvia seu olhar do meu e sai em disparada.
Saio do transe e me visto também. Daniel não merece o que fiz. Ele é
um namorado carinhoso e amável, como sou uma idiota!
- Não sei o que está acontecendo com você, Sophie! Nós estávamos
indo tão bem! Eu sei que já tentei uma vez passar dos limites contigo e te
prometi que teria mais paciência, mas daí você fazer isso comigo…você
quase me afogou! – Ele desabafa magoado. - Eu só queria ter um bom
momento com minha namorada! Nós não iríamos chegar tão longe e, se caso
você estivesse se sentindo incomodada, era só me pedir, que eu pararia!
Meu sangue ferve de ódio! Saio à procura do Hector por toda fazenda,
com uma fúria indescritível! Estava quase para desistir, quando o vejo sentado
na grama, observando os tanques de peixes.
Ele olha para trás. – Sophie! – Hector sussurra meu nome, se
levantando.
Ele inclina meu corpo fazendo com que eu flutue na água para lavar
meus cabelos, fecho meus olhos curtindo a sensação da sua mão em meu
couro cabeludo, o toque dela parece fogo passeando pelo meu rosto, pescoço,
braços e seios, meu corpo arrepia como se eu estivesse levando pequenos
choques…
- Quando te vi com ele achei que não conseguiria respirar, senti uma dor
tão grande no peito que pensei estar enfartando, me senti tão vazio, Sophie!
Foi aí vi que minha vida sem você não faz sentido.
- Seu irmão pediu para te procurar, eles estão querendo que você vá na
fazenda dos pais da dona Sônia, pediram para eu achar sua sobrinha também.
- Não precisa! Ela está comigo, pode ir que daqui a pouco estaremos lá.
- Teremos que ter mais cuidado, Sophie! Temos que ser cautelosos. -
Ele chega perto de mim e me dá um selinho carinhoso.
Hector está com medo dos meus pais não aceitarem nosso
relacionamento, se isso acontecer não vou desistir de nós! A única coisa que
quero é viver essa paixão que me consome dia e noite.
- O que foi Hector? – Fico sem entender o motivo dele nos esconder.
- Eles estão falando de mim! – Hector fala enquanto nos esconde para
ouvir melhor a conversa.
-… Ele não vai achar estranho que esteja fazendo isso? Hector não é
bobo, meu velho!
- Eu não posso falar. – Meu avô responde. Fico sem entender sobre o
que estão falando…
Ao notarem que Hector está comigo, minha avó pede para que
entremos e, tão logo, seguem atrás de nós.
Não estou com um bom pressentimento! Assim que meus pais nos
avistam, vêm em nossa direção. Minha mãe ao olhar seus pais apreensivos,
muda sua expressão na mesma hora.
- Minha mãe nunca tinha me dito isso… você sabia dessa história,
Heitor? - Hector pergunta sem entender o que está acontecendo.
- Sabia, mas…
- Pode deixar Heitor! – Meu avô interrompe meu pai. – Eu vou contar
tudo desde o início.
- Esse ato dela rendeu um fruto e esse fruto foi você, Hector! De
repente, meu avô despeja essa bomba!
- O QUÊ! – Hector pergunta atordoado, passando a mão no rosto. –
Então quer dizer que você é meu pai?
- Infelizmente, não foi isso! Ela, em seu leito de morte, pediu pra me
chamar na fazenda e soltou essa bomba.
- Então eu sou irmão do Heitor e da Sônia, é isso mesmo? – Hector
pergunta incrédulo, apontando para meus pais.
- É isso mesmo, meu filho, - meu avô lhe responde com todo carinho.
– Eu preciso sair para respirar, Hector sai correndo da sala desesperado.
- Pai, o Hector é meu tio duas vezes? – Pergunto igual uma lesada, não
acreditando no que acabei de ouvir.
- É sim minha boneca! Hector é seu tio por parte de pai e mãe. Ele é
nosso irmão, que confusão não é!? – Meu pai explica abraçado a minha mãe.
Eu não acredito! Quando Hector decidi dar uma chance pra gente,
vem essa avalanche!
Peço a um dos empregados para me levar até a fazenda, ele deve estar
no rio ou no criatório. Decido ir primeiro ao rio e o encontro deitado na
grama, olhando para o céu. Ele me vê chegando e continua na mesma
posição.
- Loucura mesmo! Sou seu tio duas vezes, por parte de pai e mãe. Sou
filho do seu avô materno e filho da sua avó paterna. – Ele me fala com o
semblante triste.
Tento conter minhas lágrimas, já sofrendo por antecipação, esperando
ele soltar a bomba.
- O que foi, Sophie? Porque está chorando? – Hector passa seus dedos
em meu rosto limpando uma lágrima que não sabia que tinha caído.
- Eu sei que depois dessa confusão toda, você não vai mais querer que
fiquemos juntos! Sei que é egoísmo meu, estar preocupada com isso agora,
enquanto você está pirando por descobrir quem é seu pai, mas…
- Pode parar Sophie! – Ele me abraça. – Pode parar com isso, eu não
vou deixar você! Cansei de lutar contra o que sinto! Passei minha vida inteira
em meio a mentiras, não quero mais esconder o que sinto por você e também
não quero passar o resto da minha vida lamentando pelo que eu não fiz. Vou
lutar por você, por nós dois! Não quero saber de quem sou filho ou de quem
você é filha! A única coisa que eu quero é estar com você. Eu te amo. – Ele
segura meu rosto e me dá um beijo apaixonado.
Não acredito no que está acontecendo, correspondo o beijo com todo
meu amor. Agradeço a todos os Santos por ele finalmente está abrindo seu
coração para mim e reafirmando que não voltará atrás na sua decisão.
- Não sei! Eu só quero voltar para casa e esquecer essa história toda!
- Mas e meu avô, Hector? Ele é seu pai!
- Eu cresci sem a presença de um pai, estou confortável nessa
situação.
- O que será que aconteceu? – Minha mãe pergunta baixinho para meu
pai.
- Não sei, mas parece ser grave. – Meu pai responde preocupado.
- Vamos para o meu apartamento? Preciso conversar com você. -
Helena pede em meio ao choro.
Hector olha para mim sem graça, encolhe os ombros, em um sinal de
desculpa. Faço um sinal positivo para ele ir resolver seu problema, não posso
demonstrar ser uma menina infantil e mimada, mas a vontade que tenho é de
tirar ele dos braços dela na base do tapa, mas não posso, e o jeito é ter que
engolir. Ele me olha com um semblante assustado pela minha atitude altruísta,
me lançando logo em seguida um sorriso aliviado.
Fico com tanto ciúme que aperto minha mão de raiva e quando
percebo o que estou fazendo, vejo que minhas unhas perfuraram minha pele
me machucando. Viro o rosto para me controlar e não a arrastar pelos cabelos
tirando ela de cima do Hector.
O que será que aconteceu com essa doida? Agora só vou saber quando
Hector retornar, enquanto isso vou esta com minha cabeça fervilhando em
meio a tantos pensamentos. Hoje à noite vai ser longa…
CAPÍTULO 13
Todas as situações têm dois lados, o lado negativo e o positivo como no
yang yin. Não sei porque, nós seres humanos, enxergamos apenas um dos
lados e normalmente é o lado negativo da coisa. Como adoramos uma
tragédia!
Fiz tudo que deveria fazer, lanchei, arrumei minha mochila para ir à
escola amanhã, fiz minha higiene pessoal e agora estou aqui deitada em
minha cama, me autoflagelando, torcendo para não ser uma notícia que eu
não quero, nem pensar! Só que infelizmente isso não sai da minha cabeça…
ELA ESTÁ GRÁVIDA e foi em meio a tantos pensamentos que acabei
adormecendo.
Sinto mãos acariciando meus cabelos, abro os olhos e vejo Hector
ajoelhado ao pé da cama me observando. Sento na mesma hora!
- Me diz, por favor, que ela não está grávida! – Fala meio grogue de
sono.
- Porque você acha que ela estaria grávida? – Ele me pergunta sem
entender meu desespero.
- A gente chega e encontra a mulher chorando e toda descabelada, te
esperando a não sei quanto tempo, eu deveria pensar o quê?
- Que pena! Ela deve estar sofrendo muito. – Por mais que não goste
dela me compadeço do seu sofrimento.
- Está sim… – Hector me olha apreensivo. - Sophie… Eu sei que
prometi terminar o namoro com Elena, mas como vou fazer isso agora? Sua
mãe acabou de morrer e ela está muito fragilizada! Eu queria que você tivesse
um pouco de paciência até eu conseguir organizar a bagunça que está minha
vida.
- Tudo bem! – Não tinha o que falar, lutei tanto tempo por ele, esperar
mais um pouco não vai arrancar nenhum pedaço. – Mas nós podemos nos
beijar ou vou ter que esperar você terminar com ela primeiro? - Pergunto me
ajeitando em seu colo.
- Hum! Então o que eu posso fazer para você se decidir? – Falo dando
beijos em seu queixo e pescoço.
Ele segura firme meus quadris. Coloco minha mão por debaixo da sua
camiseta para sentir o calor da sua pele. – Hector fica tenso.
- Hector! – Chamo por ele em meio aos beijos. Não queria ser estraga
prazer, mas estou com medo de alguém aparecer no quarto, então descido
perguntar… - A porta está fechada? – Torço para que ele dizer que sim.
Ele pula da cama em uma velocidade incrível.
- Sophie! – Ele me repreende. – Nós não podemos! Sei que você ainda
é virgem! Eu não posso fazer isso assim, ainda, mais nessa situação em que
nos encontramos. Tecnicamente ainda estamos namorando outras pessoas. –
Ele me abraça e dá um beijo no topo da minha cabeça.
- Vamos esquecer de tudo e todos, vamos ser egoístas pelo menos por
hoje! – Sugiro com toda sinceridade. – Com você estou preparada para tudo,
para enfrentar meus pais, para terminar com Daniel e para me entregar a você
a qualquer momento. Mas não é nada disso que estou te propondo agora! Eu
só quero dormir em seus braços! Por favor! – Peço, com olhos suplicantes.
- Também quero ficar com você em meus braços a noite toda e tentar
esquecer o que aconteceu esses dias. - Ele confessa cansado.
Há quatro dias que acordo numa felicidade sem fim, Hector todas as
noites vem dormir comigo. Coloco a mão e sinto o tecido ainda morno.
Cheiro o travesseiro em que ele estava deitado, sentindo seu aroma
maravilhoso.
Hector aperta minha coxa mostrando sua tensão, aperto sua mão para
tentar acalmá-lo. Daniel levanta e me puxa pela mão.
Como vou terminar com o Daniel? Estou sem ter o que dizer, pensei
que ele não queria mais saber de mim, pois ele ficou todos esses dias sem me
ligar ou me procurar. Dou tchau para todos e meus pêsames a Elena.
“Bom dia meu amor, tenha juízo e vê se despacha logo esse playboy
idiota. Te amo”.
“Bom dia para você também”! Espero que você faça o mesmo com
Elena o mais rápido possível! Também te amo muito! ”.
- Sophie, tenho percebido uma frieza da sua parte e isso está me fazendo
muito mal… fiquei esperando uma mensagem de texto, um toque no meu
telefone, uma atenção qualquer, por todos esses dias que ficamos separados.
Mas sinto que tenho ficado como última opção na sua vida.
Abaixo minha cabeça e não sei o que dizer, realmente fui muito má com
ele, não me preocupei com seus sentimentos, na verdade não pensei nele em
momento algum, pensei somente em mim e no Hector.
- Nós estávamos indo tão bem e do nada você mudou e ficou fria, eu só
queria entender seus motivos!
- O que está acontecendo aqui? Por que você deu um soco no meu
irmão? - Daniel pergunta com cara de poucos amigos, fechando suas mãos em
punho.
- Falei pra essa bichinha enrustida ficar longe do meu irmão e o soco foi
para ele saber que se ignorar o que eu disse vai ser pior que isso.
- Não faz isso! – Corro para Daniel e tento segurar sua mão ao perceber
que ele não iria parar de dar socos no imbecil.
- Esses socos que lhe dei são pelo meu irmão e pela minha namorada. -
Daniel fala enquanto Emanuel olha pra nós dois. – De frígida minha gatinha
não tem nada. - Ele me puxa pela cintura me grudando a ele. - Você que é um
babaca idiota e, certamente, Sophie viu isso e te dispensou. - Daniel me pega
pela cintura e me dá um beijão na frente de todos. Ajudamos David a se
levantar e fomos embora, o clima para as aulas tinha acabado.
Levamos David pra casa. Os pais deles não estavam. Fomos direto para
o quarto de David, limpar seus machucados.
Assim que Daniel sai de perto da gente, peço para David se afastar um
pouco do irmão do Emanuel para evitar mais confusão.
Após o beijo que Daniel me deu, ele voltou a ser todo carinhoso e pelo
jeito se esqueceu da nossa conversa. Decido também esquecer, vou ver o que
faço! Estou me sentindo mal com toda essa situação! Queria tanto ter gostado
dele e esquecido Hector! Por que sei que assim evitaria várias confusões que
ainda estão por vir.
Meu celular vibra com a chegada de uma mensagem, penso em ignorar,
mas minha curiosidade é maior!
“Estou em frente à escola e descobri que você não foi pra aula, onde você
está, Sophie?”
É o Hector! Meu coração dispara, é impressionante como ele mexe
comigo, basta uma simples mensagem para eu ficar doida e querer voltar para
a escola na mesma hora.
Não sei se respondo, estou sem saber o que dizer a ele. O Telefone bipa
de novo.
- Vim com seu tio Sophie, ele está dentro do carro. Ele foi te buscar e
ficou sabendo da briga, ele estava muito preocupado, por isso eu o trouxe
aqui! Fiz mal, amiga?
- Não fez, não! Vou falar com ele. - Antes de sair de perto do Daniel e ir
em direção à porta, David foi mais rápido.
- Pode deixar! Vou chamá-lo para entrar.
- Meu avô comprou um apartamento para você! Então quer dizer que
você vai sair de casa?
- Não sei, Sophie! Seus pais não querem que eu saia, eles querem que
eu alugue o apartamento para eu ter uma renda extra. Fui na escola para te
contar a novidade e saber qual sua opinião sobre tudo isso.
Achei tão linda a atitude dele de querer me incluir nessa decisão, que
chego a me emocionar. Nunca pensei que Hector fosse tão romântico e
preocupado como namorado, aliás, nem sei o que ele é meu!
- Eu acho que você deveria continuar em casa junto da sua família, mas
também queria que você tivesse seu canto para namorarmos com
tranquilidade.
Ele me puxa pela cintura grudando seu corpo delicioso ao meu e beija
meu pescoço.
- Não passou nada! Quero saber quem foi o babaca que tentou humilhar
você!
- Ele é o carinha que eu disse que namorei por um mês para tentar
esquecer você.
- Hum! sei… Então ele te chamou de Frígida! Ainda bem que esse
babaca não sabe o quanto essa frígida é fogo em pessoa. - Ele fala, enquanto
sua mão passeia pela lateral do meu corpo. - Quero tanto resolver nossa
situação! Quero tantas coisas com você… - Ele beija a curva do meu pescoço
e queixo até chegar em minha boca me beijando sensualmente… - Não quero
sentir gosto de outro em sua boca e não quero ficar te beijando por tabela, não
sei até quando vou aguentar essa situação.
- Eu quero te oferecer tudo, ser seu de corpo e alma. Quero ser seu
namorado, noivo, marido e pai dos seus filhos, ser tudo em sua vida, minha
diabinha gostosa. - Após ouvir suas palavras que abalaram minhas estruturas,
fecho meus olhos para guardá-las no fundo da minha alma, nunca mais vou
esquecer o que ele me disse.
Abro meus olhos e o ataco com minha língua, invadindo sua boca sem
pedir permissão, jogo Hector na poltrona, retiro sua camiseta entre beijos,
retirando a minha em seguida, ficando de calça jeans e sutiã!
- O que você está fazendo, Sophie? - Ele pergunta rouco de desejo
- Então vem aqui minha frígida linda! – Ele fala rindo enquanto me
enche de beijos no rosto.
Namoramos bastante, pedimos pizza e depois fomos para casa, foi uma
trégua em meio à tempestade, mas como nem tudo são flores! Ao chegar
avisto o carro da Elena que estaciona atrás do nosso.
- Preciso te falar uma coisa! – Hector sussurra e me lança um olhar
assustado.
O que será que essa Cadela está aprontando dessa vez!? Como Hector
é burro, ele não percebe que ela é uma manipuladora. Que ódio!
CAPÍTULO 15
Às vezes sinto como se eu fosse um barril de pólvora com o estopim
aceso e queimando rapidamente. Meu ódio por essa mulher cresce a cada dia.
O pior é que Hector não percebe que está sendo manipulado por ela e,
com certeza, essa ordinária sabe sobre a gente.
- Que bom pra vocês! – Abro a porta do carro ignorando os dois, vou
para minha casa, para o meu quarto, especificamente.
Nunca pensei que ia me decepcionar tanto com Hector. Como ele foi
covarde! Não teve coragem de me contar sobre a suspeita daquela ordinária
estar grávida. Duvido que isso seja verdade! Ela está inventando essa suposta
gravidez e ele está caindo feito um patinho.
Hector deveria ter me preparado para o vendaval que estava por vir,
estou achando que ele jamais vai terminar com Elena, e só vou me
decepcionar ainda mais.
Achei que Era forte o suficiente pra enfrentar qualquer coisa para ficar
com ele, mas infelizmente vejo que não sou. Em todo esse tempo que estou
apaixonada pelo Hector hoje é a primeira vez que me arrependo de ter
insistido tanto nessa relação!
Não desço para o jantar, fico trancada em meu quarto até adormecer
de cansaço.
Ouço o barulho do trinco da porta abrindo, não me movo, pois sei
quem é, somente pelo seu cheiro que invade minhas narinas. Ele me braça por
trás, nos encaixando.
- Você não vê que ela está te manipulando! – Tento abrir os olhos dele
em relação a Elena.
- Como ela pode estar me manipulando, Sophie! Elena só está agindo
como namorada, ela não sabe da gente. – Ele fala dando um beijo na ponta do
meu nariz.
- Eu acho que ela sabe sim Hector! Por isso que ela faz questão de
esfregar o relacionamento de vocês na minha cara, deixando claro que você
estão juntos e vão viajar.
- Esquece isso, minha diabinha! Não vou com ela para Belo
Horizonte, eu disse que tentaria ir, só para tirá-la do meu pé. Mas acabei de
falar para ela que não consegui ser liberado no trabalho.
- Tudo bem! - Respondo rezando para que ela não esteja grávida, pois
se ela estiver, nossa situação vai ser mais complicada do que já é!
ir atrás de você, sem me importar com nada, mas infelizmente as coisas não
são tão simples assim. Porém na primeira oportunidade que tive a dispensei e
vim correndo para cá! – Ele fica por cima de mim, apoiando seu peso no
cotovelo. – Precisava te ver para tirar esse peso das minhas e das suas costas.
Tenho certeza que ela não está grávida Sophie! Assim que Elena voltar de
- Você não pode. Deve dormir aqui para compensar o desespero que
senti ao deixá-lo para trás com ela. – Faço um bico quando termino.
Ele ri e morde meu lábio inferior, me beijando em seguida.
Namoramos e conversamos mais um pouco até cairmos em um sono
profundo.
Balanço minha cabeça para tirar todos esses pensamentos, se não acabo
me atrasando, hoje é sábado e iremos caminhar no parque da cidade com
nosso casal 20, Samanta e Felipe.
- Isso é por você está tentando seduzir um homem que está fazendo de
tudo para fazer as coisas em seu devido momento. -
Estou até com medo do churrasco amanhã, tudo é uma maravilha sem
Elena por perto, mas quando o nome da praga é citado, tudo desanda entre
Hector e eu.
Espero que dessa vez dê tudo certo!
CAPÍTULO 16
Nunca me arrumei com tanta má vontade na minha vida, hoje o dia vai
ser longo. – Suspiro me olhando no espelho.
Abro a porta, mas sou empurrada de volta para dentro do meu quarto,
com os lábios do Hector nos meus.
- Que saudade do seu cheiro! – Ele fala enquanto beija e cheira meu
pescoço, se esfregando em mim.
- Não dormiu comigo por que não quis! - Sussurro em seu ouvido.
- Não dava! Tinha combinado com os caras de irmos ao barzinho, assim
que cheguei seus pais ainda estavam na sala assistindo televisão, fiquei
apreensivo de ir dormir com você.
- Sophie minha filha, seus primos chegaram, vem descer para recebê-
los. - Minha mãe bate na porta me chamando. Hector me olha assustado, peço
silêncio com o dedo.
- Dá para você ser menos vulgar Guilherme! Sou sua prima e não
gosto dessas suas brincadeiras. – Puxo sua mão do meu rosto e o recrimino.
- Como tio de vocês, vou avisar uma coisa! Detesto brincadeiras sem
graça com minha sobrinha! E como primo, você deveria respeitá-la, Sophie
não é uma qualquer para você está falando desse modo chulo com ela. -
Hector ergue a mão. - Prazer em te conhecer! - Hector aperta sua mão com
um pouco mais de força, fazendo Guilherme puxá-la.
- Claro que não! E você tem que parar com essa mania de me arrastar
feito uma criança. – Puxo meu braço do seu aperto.
Me viro para o portão e vejo quem eu menos queria na vida, Cadelena.
Ela está entrando toda sorridente. Elena chega perto da gente segura o rosto
do Hector e beija sua boca. É muito engraçado! Ele fica possesso da vida ao
ouvir meu primo me chamar de gostosa, mas tenho que aguentar essa
mulherzinha beijando ele.
Como é ordinária, com certeza ela sabe o que sinto por ele e está
tripudiando em cima do meu sentimento, mas Elena não me conhece, isso não
vai ficar assim! Da outra vez fiquei calada, mas dessa vez ela vai me ouvir…
- Apesar de você ter aparência de até se passar por minha mãe, não que
você tenha idade para isso, é que você está acabadinha! Mesmo assim, não
quero que você me chame de sobrinha, pois não sou nada sua. - Não espero
ela responder, viro-me saindo em direção a cozinha. Era só o que me faltava
essa ordinária dar uma de dona do pedaço!
Estou com ódio mortal dela, eu sabia! Essa cadela nunca me enganou!
Ainda bem que tenho dois primos que são uns pestinhas e tenho certeza que
vão ficar felizes em poder me ajudar a fazer uma travessura. Acabo rindo dos
meus próprios pensamentos, me aguarde dona Cadelena!
Kaio e Kaic são os primos caçulas da família, eles são gêmeos e tem 7
anos.
- Mas que tio ciumento você tem, Sophie! - Ouço Guilherme reclamar
atrás de mim. Estou vendo que hoje meu dia vai ser longo! Dei-me paciência
meu Deus!
- Não é que ele seja ciumento, você que é um babaca que só fala merda!
– Respondo, fuzilando-o.
- Nossa! Estou vendo que um defende o outro, se não soubesse que ele é
irmão do tio Heitor e da tia Sônia, sinceramente, acharia que ele é seu
namorado!
- Deixa de ser ridículo, Guilherme! – Saio, deixando-o falando sozinho.
É impressionante como ela não se toca ou finge não se tocar que todas
as vezes que ela o agarrava, ele a dispensa singelamente.
Espero ansiosa por uma boa oportunidade! Assim que noto Hector se
afastando dou sinal positivo aos meus primos e um deles vai dar um recado a
Elena. Logo em seguida, vou atrás dele para distraí-lo um pouco.
- Ninguém viu, meu titio gostoso! Não sou tão louca assim. - Chego
perto dele e ataco sua boca com vontade. Hector geme entre os beijos e o
sinto crescer gradativamente. Isso me deixa em êxtase! Como é bom saber
que o deixo assim!
Todos saem por causa dos gritos, meu pai corre para ajudá-la a se
levantar.
Sinto um braço me puxando e vejo Hector com um olhar de fúria sobre
mim.
- Eu não acredito que você fez essa infantilidade, Sophie! – Ele sai para
socorrê-la.
- Não sei o que aconteceu com esse regador! Hoje pela manhã tinha
desligado ele.
- Não tem problema senhor Heitor essas coisas acontecem Elena diz
enquanto está abraçada ao Hector!
Bebê! Ele sabia que ela estava grávida e não me disse nada! Ao ouvir
isso sinto como se um punhal tivesse cravando meu peito tamanha dor que
estou sentindo.
Minha mãe entrega uma toalha a Elena e Hector ajuda ela se enxugar.
Hoje é sexta-feira e a única coisa que eu quero é pensar no look que vou
usar na festa de 18 anos da Stefanini que será amanhã em um salão de festa à
beira do lago.
- Não temos nada para conversar, pra mim acabou, cansei de lutar por
algo pelo qual você nunca lutou. Sempre acreditei que iríamos conseguir
superar os obstáculos do nosso relacionamento, mas agora vejo que você
nunca esteve verdadeiramente interessado em resolver os nossos problemas.
Eu quero ser feliz e sei que isso só acontecerá longe de você.
Sei que minhas palavras foram duras, mas ele precisa de um choque de
realidade! Hector é acostumado a me ver sempre aos seus pés, mas cansei de
ser idiota.
- Ai! Me larga seu idiota… - Ele me joga em seu ombro. Bato em suas
costas para tentar me livrar dele. - Me solta, Hector!
- Você vai me ouvir, querendo ou não! - Ele me coloca no banco de trás,
trava a porta para eu não sair, em seguida vai para o banco do motorista,
dando a partida rapidamente.
- Vamos conversar, por favor, e se, logo após o que eu te disser, você
ainda não me quiser, eu juro que vou sair da sua vida! - Hector pede
suplicante.
- Hector, para mim já não importa mais se você vai terminar com ela ou
não. Pra mim, já deu! Cansei… - minha voz falha no final, não quero chorar
na frente dele, não quero me mostrar fraca. - Encho meus pulmões de ar e
continuo. - Você tem razão, sou muito nova…
- Elena não está grávida! - Hector me interrompe. - Ela me disse que fez
um teste de farmácia e deu positivo, falei que ela precisava fazer o exame de
sangue, eu te disse que não tinha como ela estar grávida, pois sempre usei
camisinha. - Ele segura minha mão. - Quando Elena caiu e disse que estava
sentindo dor e estava com medo pelo bebê, eu a levei para o hospital, ela
estava muito nervosa e chorando. Deixaram-na sob observação, pois ela está
com um quadro grave de stress e depressão. Fizeram o teste e deu negativo, o
médico disse que seu estado poderia estar causando sintomas da gravidez por
que seus hormônios podem estar alterados, por isso o teste de farmácia podia
ter dado positivo.
- Você deve ter entendido errado, Sophie! Elena está sofrendo demais
com tudo que está acontecendo…
Não acredito no que estou ouvindo, minha raiva por ele aumenta ainda
mais. Babaca, idiota, capacho! Ah, que ódio dele! Levanto do sofá, não quero
mais ouvir essa conversa fiada.
- Não te trouxe aqui para isso. - Ele também se levanta e me segura pelo
braço. - Estou no inferno sem você perto de mim! Fica comigo, não me deixa,
por favor! Elena está viajando. Assim que ela recebeu alta do hospital, sua
irmã mais velha disse que a irmã caçula, que ainda morava com a mãe, tentou
suicídio. Ela pegou um voo no mesmo dia para Belo Horizonte. Não deu
tempo de conversar com ela, mas assim que Elena chegar eu te juro que
termino com ela, mesmo que ela esteja com depressão, ou o caralho a quatro!
- Elena… Elena… Elena! Estou cansada de ouvir esse nome! Vamos
fazer o seguinte: no dia que você resolver sua vida com ela, a gente conversa
de novo, até lá vou viver minha vida. Cansei de correr atrás de você!
CANSEI! - Falo alterada e o deixo sem reação.
Saio do apartamento fumegando de raiva, começo a chorar e fico sem
destino. Sento na calçada para tentar me acalmar, respiro fundo, preciso ir
para casa e esquecer esse fiasco de discussão que tive com Hector. Tento me
controlar, limpo a poeira da roupa e vou para o ponto de ônibus.
Me arrumo toda, estou com um vestido nude curto com tecido rendado
cheio de brilho. Ele é ousado, não sendo vulgar. A festa da Stefanini é hoje,
David e Daniel virão me buscar para irmos juntos.
Estou destroçada depois da conversa que tive com Hector, mas tento
disfarçar.
Desço as escadas e dou de cara com Hector e meu pai, eles tinham
combinado de irem a um barzinho.
- É… Está sim! - Ele responde sem graça, desviando os olhos dos meus.
Hector me fuzila com seus olhos azuis radiando fúria! Mas não comenta
nada.
- Também o achei um bom rapaz, minha filha! Vou subir para trocar de
roupa. Boa festa! Tome cuidado, não é porque você vai dormir na casa da
Stefanini que deixo de me preocupar!
Ele ainda está chateado comigo, mas pelo menos não me ignora, eu
gosto tanto do Daniel, espero que ele veja o quanto minha amiga é caidinha
por ele! Quando toca a música da Fifth Harmony - Worth It, começamos a
gritar e vamos para pista de dança, me divirto, como há muito tempo não me
divertia.
- Ela também convidou Hector, só que ele disse que não viria, então
decidi vir sozinho. Conversamos um pouco e depois vou procurar meus
amigos.
- Você devia desencanar um pouco dessa obsessão por seu tio! – Ele
me olha um pouco desfocado pela bebida.
- Eu não sou obcecada por ele! – Tento me defender.
- Por que não consigo esquecer o Hector? Queria tanto ser uma
adolescente como outra qualquer! E gostar de namorar com os carinhas da
minha idade. Tem um rapaz doido para ficar comigo, mas não consigo! Estou
com meu estômago embrulhado. – Coloco minha mão na boca. - Não estou
me sentindo bem.
- Vai ficar tudo bem! Esse é seu primeiro porre é por isso que está tão
mal. – Pedrão sussurra e afaga minhas costas.
Ele me ajuda a levantar, lavo meu rosto e minha boca, saio da festa
para tomar um ar e vejo tudo embaçado…
CAPÍTULO 18
Acordo com uma dor de cabeça dos infernos, não consigo abrir meus
olhos, não quero que piore. Mas, como tudo na vida, temos que enfrentar!
Decido abrir um olho e depois o outro.
Olho em minha volta e reparo que não estou em meu quarto e muito
menos no quarto da Stefanini… Saio da cama feito uma flecha indagando:
onde estou? Observo que o quarto é simples e tem uma cama de solteiro com
um guarda roupa e uma poltrona no canto. As cores das paredes são neutras, é
um quarto de visita, só não sei de qual casa, observo pela janela, ou seja, da
janela de um apartamento.
-… Eu sei que tenho que resolver minha situação… Por que você não
me ligou ontem? - É o Hector! Ele está falando de maneira furiosa.
Saio depressa e corro para o quarto com todo cuidado para não fazer
barulho e me deito de costas pra porta.
Sinto o colchão ceder e uma mão acariciar meus cabelos.
- Você trocou a roupa dela? - Nossa! Não tinha observado com que
roupa acordei.
- Ela vomitou nela mesma! Você queria que eu fizesse o que Hector?
Deixasse a Sophie dormir toda vomitada? - Pedrão, responde com a voz dura.
- Desculpa cara, você tá certo! - Ele fala baixo, alisando meu cabelo e
beijando meu rosto.
Olho para minha roupa e vejo que estou com uma camiseta do Pedrão,
apalpo meus seios e sinto que não estou usando sutiã, lembrei-me que fui sem
sutiã para a festa porque o vestido que usava me exigia, mas pelo menos estou
de calcinha, meu constrangimento diante de Pedrão será menor.
- O que você está fazendo aqui? Pergunto seca, minhas atitudes com
ele serão assim daqui pra frente, ou até que ele resolva sua situação com a
cara de cadela.
- Vim te buscar! - Ele fala surpreso pelo meu tom de voz. - Caso não
saiba você está na casa do Pedrão! Ele te trouxe pra cá, depois que você
passou mal.
- Se ele cuidou de mim esse tempo todo, poderia ter terminado de
cuidar. - Dou de ombros, com deboche.
- Estou vendo que você gostou dos cuidados dele! - Ele me olha com
raiva.
Começo a chorar, ele tem que se decidir, não quero mais ficar com os
restos das migalhas daquela cadela! Ouço a porta se abrir e Pedrão entra todo
sem graça.
- Para com isso Sophie! Você não tem culpa de nada! - Pedrão chega
perto de mim me abraçando.
Depois me entrega uma roupa que Hector trouxe para mim e mostra
onde fica o banheiro. Tomo um banho, troco de roupa e vou atrás dele e o
encontro na cozinha.
- Seu apartamento é bem aconchegante! - Falo ao entrar.
Pedrão está lavando uns pratos e pelo visto ele é bem organizado.
- Obrigada. - Ele agradece enxugando as mãos no pano de prato. - Está
se sentindo melhor?
- Estou sim, muito obrigada por ter cuidado de mim. - Ele abre um
sorriso que é lindo, seus dentes brancos se destacam de sua boca carnuda.
- Hector saiu daqui arrasado, ele gosta realmente de você Sophie! - Ele
tenta interceder em favor do amigo.
- Não parece! Ele fala uma coisa e sua atitude é outra, Hector é uma
contradição em pessoa, por isso estou dando esse tempo para pensar, cansei
de correr atrás dele!
Meus pais vão passar o fim de semana na chácara da minha tia, mas
não estou a fim de ir, não suporto meu primo, não quero ele o final de semana
todo no meu pé. Cheguei da aula sabendo que não encontraria meus pais em
casa, pois eles foram hoje pela manhã para a chácara.
Vou para meu quarto trocar de roupa, estou de peça íntima quando
ouço a porta se abrir e cubro meu corpo com as roupas que estão no chão.
- Que susto Hector! - Pego uma camiseta grande e a coloco depressa,
não posso fraquejar, tenho que lhe dar uma lição. - O que você está fazendo
tão cedo em casa? - Pergunto curiosa.
- Ainda não. - Falo olhando para seu corpo delicioso, Hector está com
short de corrida e sem camiseta. Acho estranho, pois ele nunca fica assim
dentro de casa, ele sempre está de camiseta.
Me aguarde titio! Se estiver pensando que vai ser fácil assim, está
muito enganado!
Descemos as escadas em total silêncio, ao chegarmos à cozinha vejo
os utensílios do almoço organizados sobre a mesa, vou na pia pegar um copo
com água.
- Estou com tanta saudade de você minha diabinha! Sei que está me
castigando pelas burradas que andei fazendo, mas não aguento mais ficar
longe de você. - Ele encosta seu peito nu em minhas costas, e afasta meu
cabelo para ter melhor acesso ao meu pescoço, Hector passa a língua sugando
minha pele.
- Já falei Hector! Você primeiro tem que resolver seus problemas com
aquela mulherzinha, para depois voltarmos a conversar.
- Vou resolver isso, você pode ter certeza!
- Você me tira do sério, Sophie! Faz com que meu humor varie em
poucos segundos. Você me faz acordar feliz porque sei que vou te ver, mas
também me faz dormir triste por não estar você. Chego a te odiar por uns
instantes, mas meu coração sabe o quanto te amo!
Viro-me de frente pra ele, Hector coloca suas mãos entre meus
cabelos, me puxando pela nuca e tomando minha boca em um beijo ardente e
cheio de saudades.
O que ele falou balançou minhas estruturas, mas não posso me deixar
levar, senão ele vai continuar me enrolando. O afasto um pouco
interrompendo o beijo e ele gruda nossas testas.
- Sophie… eu não chego perto da Elena, não a beijo, não faço nada,
não sei como ela ainda está comigo, pois sou frio.
- Como você é covarde! Está fazendo isso para que ela termine com
você, Elena não vai fazer isso!
- Não é covardia… Toda vez que entro no assunto ela começa a chorar
e dizer que está sofrendo…
Olhos bem em seus lindos olhos azuis, não poderia aceitar essa
proposta, mas como vou recusar? Sou louca por esse homem!
- Somente por esse final de semana, mas assim que ela voltar de Belo
Horizonte…
- É sim! Ela está na frente de casa, mas mandei ela ir embora e disse
que mais tarde iria em sua casa.
- Ok! - É a única coisa que consigo dizer.
- Sophie… olha pra mim! - Vou na casa dela para terminar essa
palhaçada. - Ele fala com determinação. - E depois disso você será minha!
Nunca mais deixarei você e enfrentaremos tudo e todos para ficarmos juntos.
Ele me beija com possessão me apertando contra ele, sua
determinação, me dá esperança!
CAPÍTULO 19
Detesto criar expectativa! Esperar, confiar e não saber o que vai
acontecer! É angustiante deixar na mão de outra pessoa sua felicidade, por
mais que essa pessoa queira o mesmo que você.
Ele não dispensa minha ajuda, mas também não diz nada. Acho que
ele não está em condições de falar. O coloco na cama, retiro seus sapatos e
suas meias. Monto em cima dele, abro os botões da sua camisa e peço para ele
me ajudar e Hector faz sem reclamar. Abro o zíper da sua calça e a retiro
deixando-o de cueca.
- Quero te sentir por dentro, Sophie! Quero te marcar para ter total
certeza que você é minha!
- Sou todo seu. Minha diabinha gostosa! Não tem mais porra de
mulher nenhuma entre a gente, agora é só nos dois!
Ele está realmente muito bêbado, espero que amanhã Hector não me
culpe pelo que vai acontecer hoje. Mas eu preciso dele, preciso saber que ele
é meu e somente meu!
Minhas mãos acariciam seus cabelos e nos beijamos
desesperadamente enquanto ele passa sua mão por minhas coxas e minha
bunda, aperto minha amiga perseguida e molho seu sexo com minha
excitação.
- Puta que pariu! Você está tão molhada e pronta pra mim. – Hector se
levanta, me deita na cama e deposita beijos pelo meu rosto e pescoço,
chegando aos meus seios, ele os apalpa depois coloca sua boca sugando um
de cada vez, me fazendo ir ao delírio de tanto prazer.
- Fala minha diabinha! – Hector diz enquanto beija meu ventre e assim
que chega perto da minha amiga, ele me dá uma olhada mais safada do
mundo e a beija, me fazendo ir ao céu! Ele passa sua língua por toda extensão
dos meus grandes lábios e os suga, retira tudo que ele consegue, enfia sua
língua em minha grutinha, como se fosse seu sexo fazendo um vai e vem
gostoso. Contorço-me de prazer e quando estou perto de gozar ele para.
- Quero que você goze em meu pau, quero sentir esse seu mel gostoso
escorrendo por ele. – Enquanto ele fala, vai se aproximando como um
leopardo pronto para atacar sua presa e essa presa não vê à hora de ser
devorada por ele…
- Que bocetinha gostosa que você tem, Sophie! Ela é daquelas que
viciam e quanto mais se tem, mais quer. – Ele solta um rugido gutural de
prazer.
Hector me beija como um faminto e me devora por completo! Seguro
seu bumbum gostoso para ter mais contato.
Levanto minha cabeça e fico lhe observando. Espero muito que ele
não se arrependa dessa noite maravilhosa… Passo a mão em seu rosto e o
beijo, deito minha cabeça em seu pescoço e o aperto contra mim.
- Eu te amo Hector! – Fecho meus olhos e começo a chorar de tanta
alegria.
- Por que você disse para Elena que eu estava com você em minha
cama e que eu preferi uma menina a ela? – Ele fala com raiva. – Sophie, às
vezes você me tira do sério, já tinha terminado com ela, não precisava ficar
chutando cachorro morto! Às vezes você é muito maldosa!
Assim que me viro, vejo Hector na porta do seu quarto com o rosto em
pânico me observando recolher minhas roupas. Não sei se ele lembrou, ou se,
me vendo recolher minhas roupas, deduziu o que houve entre a gente.
Entro na cozinha para fazer o café da manhã. Já nem sei mais o que
pensar. Como sou idiota! Achei que ele fosse acordar e se lembrar de tudo e
até me amaria muito mais, depois da nossa noite de amor.
- Nós transamos, é isso que você quis dizer! Pode falar! – Ele passa a
mão no rosto angustiado.
- Nós transamos porque eu estava bêbado, Sophie! - Ele segura meus
ombros e me encara. – Sophie, já pensou que transamos sem camisinha?!
Temos que sair e comprar a pílula do dia seguinte, urgente, afinal não se sabe
o que pode acontecer…
Saio do seu aperto e tento sair da cozinha, mas ele puxa meu braço.
- Sophie! – Ele segura meu rosto e limpa uma lágrima que cai
involuntariamente. - Não sou covarde! Eu só queria que nossa primeira vez
fosse especial! Eu te amo tanto! Queria que você lembrasse desse dia com
carinho, não queria que fosse comigo bêbado, doido para satisfazer meus
instintos masculinos que estavam reprimidos!
- Para mim foi especial e nunca vou esquecer! Sabe por quê? Porque
foi com você, o homem da minha vida, aquele que tanto amo!
- Me desculpa se fui grosso ou se te machuquei, sou um idiota mesmo!
Você deve estar chateada com minha reação, mas é porque não me lembrava
de nada e, quando percebi, fiquei apavorado!
- Sou todo seu, meu amor! - Ele fala me apertando em seu corpo e me
beijando.
Quando o clima começa a esquentar, a campainha toca.
O mais animado foi o Pedrão que disse que não aguentava mais as
lamentações do amigo. Achei legal, mas estranho ao mesmo tempo, eles não
se surpreenderam é como se eles já soubessem do que estava acontecendo
entre a gente.
Cuidei dela até seu último suspiro. Após sua morte deixei o curso de
medicina veterinária e decidi mudar o rumo da minha vida e não houve nada
que me impedisse de ir embora, então fui morar com meu irmão e troquei de
faculdade e curso. Estou fazendo Direito e trabalho em uma empresa de
publicidade e propaganda, que é cliente do meu irmão em sua firma de
advocacia. Ele organizou toda minha vinda, viu emprego e faculdade pra
mim.
Ir para Brasília foi fácil, pois não tinha nada, nem ninguém que me
prendesse no interior de Goiás. Nunca tive namorada, somente casos de uma
noite. Nunca gostei realmente de nenhuma mulher a ponto de fazer tudo por
ela, até conhecer minha sobrinha!
Elena - “Estou na frente da sua casa, onde você está Hector? Cheguei
agora e vim direto do aeroporto pra te ver!”
Hector - “Estou longe de casa e não vou chegar agora, então vai para
casa que mais tarde estarei lá”.
- Sophie, olha pra mim! - Quero que ela veja em meus olhos, minha
determinação de lutar por ela e acabar com essa palhaça de namoro que nem
devia ter começado. - Vou na casa dela para terminar essa palhaçada. – Falo
determinado. - E depois disso você será minha! Nunca mais deixarei você.
Enfrentarei a tudo e a todos para ficarmos juntos.
Chego ao prédio que Elena mora, ela divide o apartamento com uma
amiga. Queria que tudo se resolvesse sem que precisasse magoá-la, mas,
infelizmente, não tem jeito, já enrolei demais com essa história e isso está
ficando insustentável.
- Oi, meu amor. - Elena fala animada e tenta me dar um beijo, só que
me afasto.
- Você pensa que sou idiota, Hector? Vejo o jeito que você baba por ela,
vejo o jeito que ela te manipula para nos afastar.
Só sei que a única coisa que mais quero é ficar com minha diabinha!
- Raciocina, Hector! Você está terminando comigo por causa de uma
adolescente. - Ela segura meu rosto. - Adolescentes não sabem o que querem
da vida! Eles gostam de desafio! Tenho sobrinhos adolescentes e sei como é.
Você acha mesmo, que vai dar certo com ela? Acha que ela não se cansará de
você? Não basta ela ser adolescente, também é sua sobrinha, filha do seu
irmão! Pense, na decepção que irá causar a seu irmão! Ele nunca o perdoará,
pense nisso. Você fará esse esforço em vão, você vai perder seus irmãos, pois
tanto Sônia, quanto Heitor não vão te perdoar!
- Já falei que não é pela Sophie! Não tenho nada com ela. - Não quero
afirmar nada para Elena, não sei o que essa doida é capaz de fazer! Ela pode
contar pro meu irmão e isso não pode acontecer!
- Quer saber! Seja infeliz, seu idiota! Mas antes de você sair correndo
atrás daquela fedelha, vou falar o que todo mundo sabe e não quer te
contar… A Sophie estava bêbada em uma festa e ficou com Pedrão. - Ela fala
e depois ri debochada. – Me disseram que os dois estavam bêbados, se
agarrando perto do banheiro. Quem sabe foi à bebida que falou mais alto! -
Ela dá de ombros com indiferença. – Deve ser por isso que não contaram para
você.
Saio sem olhar para trás, a única coisa que quero é tirar satisfação com
Pedrão! Não acredito que isso tenha acontecido! Não é possível que ele tenha
me apunhalado desse jeito pelas costas.
Não penso duas vezes e repondo que vou para lá me encontrar com eles.
Chego primeiro e já bebo uma doze de tequila para relaxar meu corpo, depois
peço uma torre de Chopp pra esperar pelos caras.
Felipe chega com mais dois colegas nosso Rodrigo e Roberto e eu já
estava terminando a torre de Chopp.
- E aí, Hector! Está a fim de beber hem! Pois já está acabando com uma
torre de Chopp sozinho. - Felipe comenta enquanto nos cumprimentamos.
Somente quando levanto, foi que percebi que passei dos limites.
- Cadê o Pedrão?
- Esse fura olho beijou minha mulher! - Falo furioso querendo socá-lo,
apesar de não estar dando conta de nada.
- Como que ele beijou sua mulher! Ela não está viajando? - Rodrigo
pergunta confuso.
- Eu não beijei a Sophie! Eu só a ajudei quando ela precisou, porque o
idiota por quem ela é apaixonada não estava lá por ela! - Ele me acusa
querendo avançar em mim, mas os caras não permitem.
- Sophie? – Ricardo pergunta confuso.
- Deixa, Felipe! É bom que esse idiota veja que pode perder a Sophie
por covardia e por sua própria babaquice. - Pedrão cospe as palavras com
ódio. - Se você não fosse tão orgulhoso, nada disso estaria acontecendo.
Sinceramente, Hector, você não sabe a mulher maravilhosa e sexy que tem ao
seu lado, fica de frescura por ela ser sua sobrinha como se isso fosse o fim do
mundo. Cresce cara! Dá um foda-se pra todo mundo e assume que ama essa
mulher e vai ser feliz!
- Desculpa, cara! - Fico sem reação pelo que ele me fala. Saio de perto
deles e vou para meu carro.
- Vou para casa, vou contar pra Sophie que terminei com aquela vadia
da Elena!
- Por que você não entra e esfria um pouco a cabeça, antes de voltar
para casa?
- Desculpa cara. Elena me disse com tanta convicção que fiquei cego
de ciúmes.
- A Sophie te ama! Realmente me viram abraçando ela. Sophie estava
no corredor do banheiro chorando por não conseguir parar de pensar em você
mesmo na festa, ela estava bêbada e sofrendo, eu dei meu ombro amigo e
cuidei de uma amiga. Foi isso que aconteceu!
Abraço Pedrão pedindo desculpa pela minha babaquice, essa vaca.
Não presta, bem que a Sophie tentou abrir meus olhos em relação a ela.
- Ei! Vamos parar com esse momento gay, que isso pega mal. – Felipe
nos separa e entramos de novo no barzinho.
Bebi e comemorei minha liberdade e combinamos de nos encontrar com
as namoradas logo pela manhã, deixei minha chave do carro com Felipe, que
disse que ia em casa buscar Sophie e eu para fazermos um passeio de casal.
Apesar de estar trebado, achei bom, precisava me distrair e respirar
um pouco de ar, antes de voltar pra casa todinho da Sophie e somente dela!
Quase todos estamos bêbados, só Felipe ficou sóbrio, pois está sendo “o
amigo da vez”.
- Caraca, irmão! Não acredito que você esteja pegando a gostosa da sua
sobrinha, estou falando com todo respeito é claro. - Roberto comenta.
- Por que você fez isso comigo, Hector? - Elena está chorando
desesperada no telefone. O que você fez foi pedofilia e, pior que isso, é
incesto.
- Não estou entendendo o que você quer dizer Elena! - Falo rude e sem
um pingo de paciência com ela.
Ao ouvir isso meu sangue ferve e o restante de álcool que ainda existia
em minha corrente sanguínea evapora.
Desligo o telefone na cara dela e ao me levantar vejo que estou pelado,
será que foi a Sophie quem tirou minha roupa? Um frio nada bom percorre
minha espinha, tenho que descobrir o que está acontecendo.
Vejo Sophie saindo do banheiro, não penso duas vezes e a puxo para
dentro dele, a encosto na parede e fecho a porta.
- Por que você disse para Elena que eu estava com você na minha
cama? – Falo com raiva! – Sophie, às vezes você me tira do sério. Já terminei
com ela, não precisava ficar chutando cachorro morto! Às vezes você é muito
maldosa!
Ela solta uma lágrima, no canto do olho e vejo decepção em seu olhar.
– Observo-a sem entender nada. Ela não ficou surpresa quando falei que tinha
terminado com Elena, será que eu tinha falado para ela e não me lembro?
Vou atrás dela e fico na porta, vejo que ela está recolhendo suas
roupas na poltrona. Fico apavorado, não quero nem imaginar o que aconteceu
nesse quarto, vou como uma bala em direção à cama, puxo o edredom e vejo
o lençol sujo de sangue. Olho para o sangue e depois pra ela.
Não acredito que fiz isso e não me lembro de nada! Não queria que
fosse assim, queria que fosse uma noite especial e romântica, ela merece tudo
de melhor e nada menos que isso.
Saio do quarto sem dizer uma só palavra e vou para o banheiro. Sento
no vaso tentando puxar na memória o que houve na noite passada.
Lembro que Felipe me deixou na porta de casa abrindo-a para mim,
pois não conseguia. Ele ficou com a chave do carro, não consegui subir as
escadas e foi aí que a Sophie apareceu, cuidou de mim e eu pedi para ela ser
minha e ela, mesmo sabendo que eu estava bêbado, satisfez minha vontade.
Não estou entendendo! Como Elena descobriu? A Sophie não tem seu
número. Vasculho meu celular e vejo uma mensagem da Elena para mim e foi
aí que descobri o tanto que Elena é falsa e dissimulada.
Sophie - “Não precisa se preocupar, ele está comigo, que sou sua
família, e cuidarei muito bem dele”.
Coloco a mão na cabeça e não sei o que fazer para consertar mais essa
burrada!
Vou para o chuveiro tomar um banho gelado para tirar a ressaca e a
dor que estou sentindo por mais uma vez tê-la decepcionado. Deixo a água
escorrer e carregar minha ressaca e minhas lágrimas de arrependimento.
Tenho que compensá-la de alguma forma.
Entro na cozinha e a vejo fazendo nosso café da manhã. Toco seu
ombro, doido para enterrar meu rosto em seus cabelos e sentir seu cheiro que
me acalma.
- Sophie? – A chamo virando-a de frente pra mim. Olho em seu rosto e
vejo seu olhar triste, como vou começar a me desculpar com ela? Sou um
filho da puta ordinário, mais uma vez a fiz sofrer! - Eu estava bêbado e você
sabe que só aconteceu isso com a gente… - Digo apontando meu dedo entre a
gente. Não sei como vou falar que fui inconsequente ao ponto de transarmos
sem camisinha e ela pode estar sujeita a engravidar na sua primeira vez.
- Nós transamos, é isso que você quis dizer! Pode falar! – Ela fala com
sarcasmo! Passo a mão no rosto angustiado.
Pego sua perna e a levanto pela sua bunda maravilhosa, entrelaço suas
pernas em minha cintura e a sento em cima da mesa. Meu pau está latejando
de vontade de estar dentro dela, ele baba de ansiedade por minha diabinha.
- Não sei como você aguenta um cara tão idiota como eu! Julguei você
e te chamei de maldosa, antes mesmo de saber o que estava acontecendo.
Aquela víbora me disse vários absurdos e acabei acreditando. Quando
terminei de te falar todas aquelas asneiras e fui pro banheiro, coloquei minha
mente para funcionar e fui ver o que realmente estava acontecendo, foi aí que
vi que ela mentiu pra mim… Sophie! - Acaricio seu rosto com admiração. -
Não chorei por arrependimento de ter feito amor com você, chorei por ter sido
tão duro.
- Sou todo seu, meu amor! - Falo apertando seu corpo delicioso junto
ao meu e beijo seu queixo e pescoço. Ela começa a se contorcer de desejo!
Destino? Existe, sim! Foi o destino que trouxe Hector pra mim!
Acredito também que Deus mexeu seus pauzinhos lá em cima. Se não fosse
dessa forma, como tudo isso aconteceria?
Todos dizem que sentimento e razão são coisas que não podem andar
juntas e isso é verdade, se tivéssemos agido com a razão, creio que nem um
mísero beijo haveria acontecido entre a gente.
Essas semanas estão sendo as melhores, estou ajudando Samanta com
as preparações finais do casamento, esqueci totalmente que Elena existe, ela
nunca mais deu sinal de vida, que eu saiba.
- Sei que você também é madrinha e quando for receber sua
lembrancinha não vai ficar surpresa, mas queria muito que você me ajudasse a
escolher! – Samanta levanta duas lembrancinhas para eu escolher qual a que
mais gostei! Estamos no Taguacenter, um centro comercial que fica em
Taguatinga, onde tem de tudo no atacado.
- Amei as duas, é complicado escolher… – Ela mostra duas caixas de
madeira com modelos diferentes e as duas são lindas. – Sinceramente, a que
você escolher vai agradar a todos, pois as duas são lindas.
Tenho certeza que está acontecendo alguma coisa, ele está estranho.
- Preciso ir ao banheiro. – Peço doida para tirar sua roupa, mas tudo
tem seu tempo, preciso enlouquecer meu gostosão.
Tomo um banho e me arrumo toda, ainda bem que trouxe meus
produtos de higiene pessoal. Preciso agradecer Samanta pelo presente, ela
pensou em tudo, até no robe transparente.
Ele ouve a música e senta, apareço de frente para ele. Hector estava
bebendo uma cerveja e deixa cair um pouco em seu peitoral pelo susto de me
ver vestida daquele jeito. Chego perto dele e começo a lamber a bebida do seu
corpo. Ele faz um gesto para me tocar e eu proíbo. Quero deixá-lo louco,
antes de me tocar.
Ao começar a baixar uma das alças do meu corpete, sinto sua mão
passear pelo meu ventre, não vejo seu rosto, pois ainda estou de costas para
ele, que encaixa meu bumbum em sua ereção, se esfregando nela.
- Quero sentir sua pele sem nada a envolvendo, minha diabinha! – Ele
coloca meu cabelo de lado e começa a beijar meu pescoço enquanto
desabotoa os dois primeiros botões do meu corpete, deixando meus seios
expostos, ele aperta o bico, me fazendo soltar um gemido de prazer. – Isso!
Libera tudo, pois hoje quero senti-la por inteira, sem barreira alguma.
Hector me vira de frente para ele, pega minha mão e coloca em cima
de sua ereção. – Veja o quanto você mexe comigo, Sophie! Fico louco de
tesão só de te ver.
Massageio seu sexo e enfio minha mão em sua cueca e solto seu
mastro de Deus Ébano e continuo massageando-o sentindo sua excitação em
minha mão. Ele me joga no sofá, retira minha calcinha e abre minhas pernas,
me expondo completamente.
- Você é linda por inteira! – Após dizer isso, ele beija, lambe e morde
com todo cuidado, usa e abusa da minha amiga até eu não aguentar mais e
liberar me prazer, puxo seu cabelo e arranho suas costas em êxtase.
- Fala minha diabinha! – Ele diz enquanto suga um dos meus seios.
Entrelaço minhas pernas em sua cintura para ter mais contato. Hector
continua bombando na mesma velocidade, rebolando e me fazendo sentir seu
mastro por inteiro, a sensação é tão gostosa que gozo novamente, eu quero
mais, muito mais! Arranho suas costas para marcá-lo e mostrar que ele é todo
meu. Hector joga sua cabeça para trás e urra de prazer, me marcando como
dele.
- Por que você pensou isso, meu amor!? Estava uma pilha de nervos,
pois não via a hora de virmos embora e fiquei com medo de você não gostar
da surpresa…
- Essa minha pirralha está virando mulher! – Ele fala enquanto me faz
cosquinha.
- Para, Hector! - Peço sem fôlego, em meio aos risos.
- Estou com muita fome! A fome é tão grande que sou capaz de te
morder todinho. – Falo subindo em cima dele, fazendo-o deitar nos
travesseiros.
- Nossa! Não sabia que minha namorada é insaciável! – Ele aperta
meus seios, enquanto massageio seu membro. – Mas tudo tem sua hora, e a
hora agora é de comer! – Ele bate em minha bunda, me levanta, entregando-
me sua camisa enquanto veste sua boxer.
- Pode entrar - Peço, assim que ouço batidas na porta. Não deixei
Hector ver qual vestido vou usar, pois será surpresa, já que ele ficou indeciso
e não me ajudou na escolha.
- UAU! Como você está gata! - Ele segura minha mão e me examina,
me fazendo dar uma rodada.
Hector está um espetáculo, usando seu terno e camisa preta com uma
gravata slim perolada. Ele passa a mão de leve no meu rosto e me dá um
selinho casto. A vontade que tenho é de agarrá-lo, mas não posso borrar
minha maquiagem.
A igreja está simples e linda, tudo de muito bom gosto. Não ficamos de
mãos dadas e não trocamos carinho para não chamarmos atenção. A
cerimônia foi rápida e bonita.
- Oi, Hector! - Ouço a voz, que menos queria, Elena chega por trás dele
na mesa e lhe dá um abraço.
Ela é uma das madrinhas, só que evitamos ficar próximos dela. Estamos
na mesa com nossos amigos. Hector a cumprimenta todo formal e ela lhe dá
um selinho na boca. Como é ordinária essa cadela! Pedrão, que está ao meu
lado, segura meu braço por debaixo da mesa, eu o olho e ele balança a cabeça
em negativo, me acalmando.
- Oi Sophie! Você ficou até menos criança com esse vestido, apesar de
achar vulgar para sua idade, afinal crianças como você não podem vestir esse
tipo de roupa. - Essa cobra destila seu veneno sorrindo!
- Não estou vendo nenhuma criança aqui, Elena! Acho que você não
está atualizada das coisas. - Pedrão responde com sarcasmo. - Você está linda,
Sophie. - Ele dá um sorriso divertido.
- Você não vai acreditar nisso, não é cara? - Pedrão pergunta baixo, em
um tom que somente eu e Hector conseguimos ouvir.
- Não… - Hector abaixa a cabeça e não fala mais nada.
Vou ao banheiro e na volta vejo que Hector não está na mesa, então
decido procurá-lo. Eles fizeram a recepção no salão de festas do prédio onde
irão morar. Fora do salão tem um jardim muito bonito, vejo Hector em pé
observando o lugar pensativo.
Ele fica tenso e só relaxa depois que percebe que sou eu, então coloca
suas mãos em cima da minha acariciando-a. Deito a lateral do meu rosto em
suas costas curtindo o momento. Ficamos em um silêncio gostoso e
aconchegante.
- Você sabe que eu te amo, não é Sophie? - Ao falar isso Hector me vira
de frente pra ele.
- Por que você está falando isso? - Pergunto receosa.
- Então vamos contar para os meus pais, eles vão entender Hector.
- Não posso Sophie! - Você ainda é menor de idade, tem que ter calma!
– Ele passa sua mão em meu rosto.
- Eu vi que você ficou abalado com o que Elena disse sobre eu e Pedrão,
você sabe que isso é mentira, não sabe?
- É claro que eu sei! - Ele segura minha mão e a beija. - Quero te dar um
presente para você sempre se lembrar de mim. - Ele tira uma caixinha
vermelha de veludo de dentro do bolso da calça e coloca na palma da minha
mão e abre para mim, revelando um anel lindo em formato delicado de uma
chave com pedrinhas adornando. Ele retira da caixinha e coloca na minha
mão. – Sophie, você tem a chave do cadeado que abre a porta do meu
coração. - Hector retira de dentro do outro bolso um cadeado pequeno e
delicado, também coloca o cadeado na minha mão. - Esse é o cadeado que
estará sempre fechado, deixando meu coração guardado para você. - Ele puxa
a correntinha que sempre usa de dentro de seu terno, expondo seu escapulário.
- Abre! - Ele pede.
- Amei o anel, ele é lindo! – Falo admirando ele, enquanto estou deitada
em seus braços.
- Ele é o símbolo do nosso amor! – Hector me dá um carinhoso beijo
em minha cabeça.
- Também amo tudo em você! Amo seu jeito de olhar, amo suas
travessuras e inteligência, amo sua alegria e a forma como joga o cabelo
quando está ansiosa, amo sua falta de experiência, seus desejos e malícias,
mas principalmente, amo seu jeito meigo e diferente de ser. Amo tudo que
vem de você! Eu a amo demais minha diabinha!
Essa semana estou indo para escola somente para resolver os últimos
preparativos sobre minha formatura.
Quando estou saindo, não acredito em quem vejo me esperando, ainda
bem que a escola está vazia, pois se essa cadela me provocar não respondo
por mim. Passo por ela para ir ao ponto de ônibus, já que a van está de férias.
- Caso você não saiba, sua vadiazinha, estou aqui para conversar com
você. – Ela fala com a voz carregada de ódio e me puxa pelo braço.
- Não tenho nada pra falar com você! – Eu a olho com deboche.
- Você acha mesmo que vai ficar com seu tio, se enxerga Sophie! Ele é
homem e você uma menina…
- UMA MENINA! … Que o deixa louco na cama e fora dela também. –
A interrompo, não quero continuar com esse bate-boca que não vai levar a
nada.
- Sua vaca! – Elena vem para cima de mim e só espero o tapa que não
vem… Sou puxada e protegida por uma muralha, notando em seguida que é
Pedrão.
- Quando Marta me disse, não acreditei! Você está ficando louca, Elena!
– Pedrão tenta argumentar com ela, enquanto me abraça.
- Só queria deixar claro para essa pirralha que não vai ficar assim o fato
dela ter melado meu namoro com seu tio. – Ela aponta o dedo com uma fúria
no olhar.
- Ah! Me esqueci que você não conhecia seu apelido! – Comento como
se esse apelido não significasse nada…
- Sua vadiazinha ordinária! – Ela tenta me agredir, mas Pedrão fica
entre nós duas.
- Sophie, vai embora depois conversamos. – Ele segura Elena, enquanto
insiste para que eu saia logo dali.
- NÃO! Pode deixar que vou embora, não quero mais saber de vocês!
Pedrão pode me soltar, estou mais calma, realmente não sei o que se passou
em minha cabeça, para me rebaixar a esse nível.
- Então vem, vou te deixar em casa. – Ele segura minha mão e me guia
até seu carro, abre a porta saímos logo em seguida.
- Obrigada, se não fosse por você, talvez estivesse com um vídeo no You
Tube mostrando a Cadelena, em fúria, agarrar e puxar meus cabelos. – Falo
sem graça pela situação.
- Queria que você não contasse essa palhaçada, não quero trazer mais
aborrecimento ao Hector. – Peço com os olhinhos de cachorro que caiu da
mudança, esperançosa por ele aceitar.
- Tudo bem! – Pedrão fica meio receoso. - Entendo o que você quer
dizer, é muito problema para um casal só, não vamos levar mais esse para ele.
- Muito obrigada! - O abraço agradecida e beijo seu rosto me
despedindo.
- Então, até amanhã! - Saio como uma bala para me arrumar e chegar
a tempo no cursinho.
Se Elena pensa que vou encher a cabeça do Hector, sobre o que ela fez
em frente à escola, está muito enganada! O que ela quer é chamar atenção
dele e isso não vou permitir…
CAPÍTULO 23
Assim que termina minha aula no cursinho vou às pressas para o
estacionamento, exausta de cansaço! Meu pulso dói por causa da queda e a
única coisa que quero agora é ver meu namorado, o gato mais lindo do
mundo, que me espera encostado em seu carro, feito um bad boy, com os
braços cruzados e as tatuagens expostas.
- Oi, amor! Estava com saudades! – Hector me segura firme pela cintura
e morde meu pescoço.
- As duas coisas. – Ele morde meu lábio inferior. - Falou com seus pais?
- Pergunta ansioso.
- Vamos! – Daniel chama Stefanini meio sem graça. Depois que ele
ficou sabendo sobre meu tio e eu, ainda não tivemos tempo de conversar, mas
Stefanini disse que ele entendeu o porquê daquela implicância gratuita do
Hector com ele.
- E aí, cara! – Hector o cumprimenta, estendendo a mão.
Acordei cedo sendo beijada pelo meu amado, tomamos café da manhã e
logo após ele me levou para o cursinho onde passei o dia.
- Você não sente vergonha de namorar seu próprio tio? – Ela pergunta
na lata e minhas suspeitas estavam certas.
Ao tentar passar por Marta, ela segura meu braço. – Não é só isso que
me incomoda, você começou a se relacionar com Hector mesmo ele sendo seu
tio e estar namorando outra pessoa, pessoas como você não tem escrúpulos!
- Vai à merda, sua idiota! Você não sabe nada sobre nós dois, não sabe
o que já passei para estar com ele! Pensa que não sei que você é amiga da
Elena e está despeitada por ela não estar com ele! – Puxo meu braço e saio do
banheiro.
- Não fica assim, Sophie! Marta é muito idiota, só ela mesmo para
aguentar Elena, pois eu e a Samanta corremos dela.
- Obrigada! – Me sinto grata pelo que Dayane me disse.
Retorno à mesa, mas o clima fica um pouco tenso. – O que aconteceu
amor? – Hector me abraça com carinho.
- Estou um pouco cansada, acordei cedo e fiquei o dia no cursinho. –
Não quero chateá-lo com minha discussão no banheiro.
A única coisa que quero agora, é ficar a sós com meu titio gostosão!
Deixa-me em pé, começa a abrir botão por botão da sua camisa que
estou vestida, beija cada parte descoberta do meu corpo. Retira sua roupa
rapidamente e me leva para o chuveiro fechando o Box para ficarmos
totalmente próximos.
- Quero sujar você primeiro para depois te limpar. – Ele se encosta no
box com as pernas flexionadas, me deixando entre elas.
Me beija com todo fervor, segura meus seios em suas mãos e suga um
de cada vez. O chuveiro está ligado nos molhando e deixando o ambiente
todo suado pelo vapor. Coloco minha mão no vidro do Box para me apoiar e
quando ele desencosta do vidro fica o formato da minha mão e das suas
costas, deixando um contorno extremamente sexy.
Ele me lava como prometido, meu corpo formiga onde sua mão vai
passando, ao terminar me enrolo na toalha, tenho que provocá-lo, para usar o
gel de massagem que comprei. Saio do banheiro, pego o gel e coloco embaixo
do travesseiro. Volto ao banheiro e começo a escovar meus cabelos, enquanto
espero que ele termine seu banho.
Ele chega por trás e me olha através do espelho, retira a escova da
minha mão e termina de pentear meus cabelos.
Empurro seu peito e o faço deitar, pego o óleo e esfrego minhas mãos
em seu peitoral, ombro e barriga, sempre massageando e beijando o local, o
sabor dele misturado com o sabor do gel é maravilhoso, minhas mãos
passeiam por seu corpo até chegar ao destino desejado, seu mastro de Deus
Ébano, massageio e o abocanho.
- Não, mas vou resolver isso agora! – Hector enrola uma toalha na
cintura e sai do quarto para atender a porta.
Não sei o que pensar, minha cabeça está a mil! Será que meus pais
descobriram? Ou é a Elena que está aqui para nos infernizar e fazer um
barraco?
- Não quero saber quem trouxe essa PORRA, Sophie! - Ele esbraveja.
- Quero saber o que significa essas fotos! Desde quando você e Pedrão são tão
próximos a ponto dele ir te buscar na escola e ainda deixá-la em casa? ME
FALA, PORRA! - Ele grita, me fazendo estremecer.
Não acredito que aquela cadela fez isso, como sou inocente! Não sei
por onde começar, meus olhos ainda não acreditam no que estão vendo.
Ainda estou nua e isso está me deixando desconfortável. Pego sua
camisa do chão e a visto.
- Você precisa de uma desculpa melhor que essa! - Fala com sarcasmo.
- Na sexta-feira eu estava saindo da escola e Elena estava me
esperando do lado de fora. Ela começou a me humilhar e quando foi avançar
em cima de mim, Pedrão apareceu e a impediu. Avisaram para ele que Elena
foi atrás de mim, pois queria tirar satisfação, ele foi atrás dela para impedi-la,
então ela me derrubou e ele me ajudou a levantar do chão. Comecei a chorar e
ele me abraçou, me consolando. - Jogo em cima da cama as fotos em que
estamos abraçados em frente à escola. - Depois ele me deixou em casa e eu
pedi para não contar nada pra você, nós já temos tantos problemas que não
queria te levar mais um e ele concordou. Pensei que Elena quisesse chamar
sua atenção e não quis dar esse gostinho a ela. Ele concordou e eu o abracei
em agradecimento por ele ter me ajudado e lhe dei um beijo no rosto, me
despedindo dele. - Jogo o restante das fotos em que estávamos abraçados e
nos beijando no rosto dentro do carro.
Estou apreensiva, não acredito que essa cachorra armou e caí feito
uma patinha.
- Foi por isso que quando Pedrão disse para eu ir embora ela não
deixou. Ela me empurrou para ele chegar perto de mim, nos deixando a sós. -
Diz alguma coisa, por favor! - Peço apreensiva.
- Você devia ter me contado. - Ele fala baixo. - Eu falei que deveria
haver confiança entre a gente.
Ando pela casa e vejo nossas fotografias que estão expostas sobre um
aparador, ligo para o celular dele e cai direto na caixa postal.
Ligo para Pedrão, pergunto se Hector o procurou e ele disse que não.
Então conto para ele tudo o que aconteceu. Pedrão me tranquiliza dizendo que
vai procurar Hector para conversarem.
Não sei mais o que fazer! Decido ir embora. Troco de roupa, arrumo
minha mochila e vou para casa. Meu tempo estourou, não posso demorar
mais, se não minha mãe vai ligar para a casa da Stefanini e descobrir tudo.
Não acredito no que vejo! Hector está conversando com meu pai, meu
coração foi na boca no mesmo instante, com medo do teor da conversa dos
dois.
- Você acredita que seu tio quer ir morar sozinho no apartamento dele!
– Meu pai fala, enquanto está abraçado a mim, me sento no sofá, ao lado do
meu pai. – Estou tentando convencê-lo de não ir, mas ele está irredutível,
quem sabe se você pedir, ele acaba desistindo dessa ideia. – Meu pai fala me
dando uma piscada cúmplice.
- Vou para meu quarto, estou cansada. – Falo e já corro da sala, indo
me refugiar em meu cantinho.
Deito na cama e começo a chorar, não acredito que Hector vai fazer
isso comigo. Depois de tudo que aconteceu entre a gente, pensei que
fossemos mais fortes, que não seria esse tipo de coisa que nos abalaria!
Acordo com batidas na porta, estou tão cansada que não tenho forças
para responder e continuo encolhida na cama. Ouço a porta sendo aberta e
sinto o cheiro inconfundível dele. Hector senta na cama.
- O que você quer? – Pergunto ressentida pelo que ele está fazendo
com a gente, em momento algum Hector lutou por nós, sempre foi eu!
- Olha pra mim, por favor. – Ele deita na cama, com uma mão
apoiando sua cabeça e a outra me acariciando.
- O que você quer? - Me viro e fico de frente para ele.
- Vai ser melhor assim, preciso me organizar, preciso sair daqui, não
aguento mais olhar nos olhos do meu irmão sabendo o que estou fazendo
pelas suas costas. Assim que saí do apartamento, encontrei seus pais indo para
o apartamento com seus avôs, eles queriam conhecer meu cantinho. Vieram
aqui e como não me encontraram decidiram ir lá para fazerem uma surpresa.
Já pensou se eu não estivesse lá em baixo quando eles chegaram? Imagina no
que poderia ter acontecido?
- Quando você saiu, encontrou meus pais e meus avôs indo para seu
apartamento? – Não acredito que eu estava “arrancando meus cabelos” e ele
estava esse tempo todo com meus pais!
- Não dá mais Sophie!
- Estava conversando com Sr. Geraldo o porteiro, foi ele quem recebeu
e entregou o envelope para mim. Ele disse que uma mulher deixou lá e pelas
características que ele deu, só pode ser Elena. Eles chegaram no momento em
que eu estava entrando no carro, tive que inventar uma desculpa para eles não
subirem, almocei com eles e depois vim para cá. – Ele fala com um encolher
de ombros.
- Não consigo ficar sem você, meu amor! Quando meus irmãos
apareceram de surpresa, estava indo na casa da Elena para colocá-la em seu
devido lugar. Ela já aprontou bastante com a gente, tenho que dar um basta
nessa louca, ela foi longe demais… - Hector me segura em seus braços, me
aperta e me dá um beijo no topo da minha cabeça. – Vai ser melhor assim. –
Olho para ele e em seguida, ele me dá um selinho carinhoso.
Descemos para jantar com meus pais, minha mãe fez a lasanha
preferida do Hector e disse que sempre vai visitá-lo, para levar umas comidas
gostosas. Agora entendo muito bem o que ele queria me dizer. Meus pais o
amam e ele está se sentindo mal com essa situação, não quero nem pensar
como seria, caso meus pais e avós chegassem de surpresa!
- Vai ser difícil me acostumar a dormir sem sentir seu corpo ao meu. –
Ele fala enquanto esfrega seu nariz, cheirando meus cabelos e nuca.
- Meu nome é Camila, sou namorada dele. - Ela estende a mão para
me cumprimentar.
Não consigo falar nada, simplesmente olho com nojo para os dois.
- Sophie…
- Tá doida garota! Olha como fala com meu homem! – A mulher que
nunca vi na vida aponta o dedo no meu rosto.
- Que seu homem sua doida… Essa mulher é louca Sophie eu não a
conheço. – Hector tenta me puxar para perto dele, mas a tal Camila puxa sua
mão.
- Tá ficando doido Hector! Se você encostar nessa vadia eu corto seus
dedos.
Quando ouço ela me xingar meu sangue ferve e não penso duas vezes,
dou um tapa nela, que até o momento estava com um sorriso estampado no
rosto. O tapa foi tão forte que ficou os cinco dedos da minha mão em seu
rosto.
- SUA VADIA! - A tal Camila segura o rosto e grita, indo com fúria
para cima de mim e caímos no chão.
- Você vai ver quem é vadia! - Subo em cima dela e começo a puxar
seus cabelos, batendo sua cabeça no chão. Hector segura minha cintura, me
tirando de cima dela.
A mulher, que se diz chamar Camila vai para cima de mim novamente,
mas Hector fica no meio de nós duas, tentando impedir que ela chegasse perto
de mim.
- Por favor, amor usa a razão, se acalma que eu posso contar tudo o
que está acontecendo. - Ele tenta me acalmar.
Não acredito no que estou ouvindo, não acredito que ele fez isso
comigo! Seguro o choro. Não quero chorar na frente deles.
Meu telefone não para de tocar e eu o desligo. A única coisa que quero
é ficar deitada em minha cama.
- Sophie… - Minha mãe me chama batendo na porta.
- Fala para ele que depois eu ligo! Estou estudando, mamãe. - Tento
disfarçar minha voz ao máximo.
- Tudo bem, meu amor! - Ouço minha mãe descendo as escadas.
Começo a chorar e conto tudo que aconteceu, ela fica incrédula com o
que acabou de ouvir e disse que jamais imaginaria que Hector faria uma coisa
dessa comigo.
- Então vamos! Liga para elas e vê quem quer ir, espero que não esteja
muito em cima da hora.
- Claro que não Sophie! Vou ligar.
Pergunto ao meu pai se posso sair para o luau com Stefanini, meu pai
deixa se oferecendo para me levar, mas na mesma hora Stefanini chega com
mais duas amigas nossas, me despeço deles e saímos.
A única coisa que quero é esquecer esse dia como minha amiga me
conhece, assim que chegou em minha casa pediu para aos meus pais para eu
dormir em sua casa.
- Eu só quero afogar as mágoas! - Me viro no banco da frente olhando
para as meninas com lágrimas nos olhos.
Meu telefone não parou de receber mensagens que eu sabia que era
dele, mas fiz questão de ignorar.
- Por que você não chama a Camila para conversar com você! - Sugiro
com sarcasmo.
- Para de ser infantil, Sophie! - Ao ouvir isso meu ódio por ele
aumenta.
- Agora sei que aquelas fotos têm um fundo de verdade! - Ele continua
apertando meu braço que começa a doer.
- Você está me machucando! - Tento puxar meu braço, só que ele não
solta.
- Não faz isso, cara! Você está machucando ela. - Pedrão tenta intervir,
segurando o ombro do amigo.
- Quer saber! Faça um “bom proveito” dela. - Hector me empurra com
força em direção ao Pedrão, como se eu fosse uma qualquer. Se Pedrão não
tivesse me segurado, eu teria caído no chão.
Começo a chorar com ódio de mim mesma, por ter feito o que fiz, por
mais que ele possa ter feito algo de errado, não deveria ter pagado com a
mesma moeda.
- Me desculpe por estar sempre te envolvendo em minhas confusões. -
Peço desculpa ao Pedrão, sem ao menos ter coragem de olhá-lo.
- Sophie! - Ele segura meu rosto para olhá-lo. - Todos nessa vida
erram, para de se culpar assim! Não estou com raiva de você, estou aqui
porque quis, vim ajudar um amigo a achar a namorada fujona dele. Amanhã
converso com Hector e me acerto com ele.
Agora que parei para pensar na burrada que fiz e a ficha caiu. Tento
falar com Hector e ele não me atende. Minha mãe está preocupada comigo,
pois não estou comendo, ela até pensou em me levar ao hospital.
- Parabéns! - Meus pais falam juntos! Estou tão deprimida que tinha
esquecido do meu aniversário. Pode algo assim?
- Estou muito preocupada com você, minha filha! - Minha mãe segura
meu rosto, me avaliando. - Você pode se abrir comigo, Sophie!
Hector senta no sofá e eu fico em pé, não quero sentar no mesmo sofá
que vi ele com aquela vadia. Apesar de saber toda verdade, prefiro não sentar.
Hector se levanta e puxa uma cadeira pra mim, assim que percebe minha
hesitação.
- Se você está aqui é porque leu minhas mensagens e viu o vídeo que
gravei. - Ele fala com a voz rouca, parecendo que não falava por um bom
tempo.
- Li e vi! - Não sei o que falar, a única coisa que eu quero é que ele me
perdoe e esqueça tudo que aconteceu.
- Bem, então assim você me poupa de explicações desnecessárias! - Ele
fala sem nenhuma emoção.
Estou ouvindo o que mais temia, mas não quero ouvir, me recuso a
ouvir o que ele disse. Saio da cadeira e vou para seu colo e o abraço como se
minha vida dependesse disso.
- Por favor, não faz isso! Eu sei… - Começo a chorar. - Sei que fui
infantil e impulsiva, que poderia tê-lo deixado se explicar, se tivesse feito isso
não estaríamos passando por essa situação agora. Por favor, não me deixa. –
Não quero mais ouvi-lo dizer que não me quer.
- Sophie! Eu não mereço você, já te fiz sofrer demais, não tenho direito
de empatar sua vida. Eu te amo! É por isso que estou te deixando criar asas e
voar. Em nossa posição eu seria incapaz de fazê-la totalmente feliz,
ficaríamos juntos, mas você ficaria longe da sua família e de seus pais! Não
quero vê-la sofrer por ter me escolhido… É por isso que vou deixar você livre
para que possa escrever uma bela história. Você vai encontrar alguém! Tenho
certeza disso! Alguém melhor do que eu!
Sei que Hector também está sofrendo, só não entendo porque ele está
fazendo isso com a gente.
- Mas eu posso ter asas e voar estando ao seu lado! Não quero conhecer
ninguém! – Tento argumentar. – Eu te amo, não faz isso com a gente.
- Se você me ama mesmo, vai seguir sua vida, seus sonhos e deixar que
eu siga a minha. Vai ser melhor assim! - Ele segura meu rosto e pede com
toda segurança. – Nós não temos futuro juntos e nunca teremos! Pra quê
insistir e nos magoarmos em vão? Não compensa Sophie!
Não sei o que fazer, não sei o que pensar, só sei que ele está decidido
em terminar comigo. Vejo isso em seus olhos!
- Você tem certeza, Hector? – Saio do seu colo e seco minhas lágrimas,
ele se levanta e seus olhos azuis encaram os meus.
- É a única coisa que mais tenho certeza nesse momento! – Ele fala com
toda convicção.
Observo seu rosto e vejo que seus olhos estão inchados de chorar, eu
sei que ele está sofrendo tanto quanto eu.
- Vejo que Elena conseguiu nos separar. - Despejo todo meu ódio ao
dizer o nome dela!
- Não fala assim Sophie, o que vivemos foi lindo você é o meu amor e
sempre será. Você é tudo de mais lindo que aconteceu pra mim! - Ele tenta
passar a mão em meu rosto e eu me afasto.
- Não quero saber o que eu fui para você! Eu quero saber o que eu posso
ser! Se você diz que não temos futuro juntos, então prefiro não ter nenhum
contato com você. Tenho que ir, hoje é meu aniversário e preciso me arrumar
para sair com meus amigos, adeus Hector!
- Sophie! – Hector me chama, mas não tenho coragem de me virar.
Quando sinto suas mãos em minhas costas, toda raiva que estava
sentindo evapora, me jogo em seus braços unindo nossos corpos.
- Confie em mim, por favor. Sei o que estou fazendo, vai ser melhor
para nós dois, sempre estarei aqui, não vou a lugar algum.
Então decido fingir mais uma coisa, além de fingir sorrir e estar feliz,
finjo comer mais vezes ao dia para me livrar dos sermões dos meus pais.
Queria que ele percebesse que sente minha falta, como também sinto a
dele.
- Claro que não! E por falar em amigos. Quem é essa mulher que o
Pedrão trouxe? Achei ela simpática, combina com ele!
- Pois é..ela é sua vizinha de prédio e eles estão namorando, ele quis
trazê-la para nos apresentar.
- Achei que os dois formam um lindo casal! - Falo com toda
sinceridade, Pedrão é um excelente amigo e merece toda felicidade do mundo.
- Vou conversar com você, Elena! - Preciso ouvir o que essa vadia tem a
me dizer.
- Estou te ouvindo. - Faço gesto com a mão para que ela continue, vou
ouvir o que essa doida tem para me dizer, depois darei a ela uma lição.
- Como estava falando, você é uma pedra em meu sapato. Quando notei
que não ia ficar com Hector decidi que dificultaria a vida de vocês antes de ir
definitivamente. - Ela diz com ar de vitória. - Foi muito fácil separar vocês!
Você é muito burra e não conhece Hector o suficiente para saber que ele
nunca trairia você. Consegui pegar o celular dele e contratei uma garota de
programa para devolvê-lo e se passar por sua amante, você caiu feito uma
patinha! Como é bom…
Não esperei ela terminar, já ouvi tudo que queria! Dei um tapa com a
mão aberta em seu rosto.
- Você vai levar uma surra para aprender a nunca mais ser uma cadela!
Começo a lhe bater e a cada tapa seu rosto vira junto com minha mão.
Estou com tanto ódio que a única coisa que quero é descontar toda
minha frustração em seu rosto. Vejo seu sangue sair do nariz e isso não me
assustou, ela merece o que estou fazendo.
- Nossa Sophie! Nunca vou querer seu ódio! Você deu uma surra e tanto
na Elena! - Samanta comenta sorrindo.
- Ela teve o que merece! - Desabafo com ódio enquanto vejo Felipe
ajudando-a.
Posso ter sido idiota em ter caído feito uma patinha, mas ela também
teve sua lição, agora estamos quites.
- Obrigada pela carona. - Pedrão e sua namorada me deixaram em casa,
depois da briga minha e da Elena nossa noite acabou, mas valeu à pena, pois
lavei minha alma.
- De nada, foi uma noite divertida, a melhor parte foi você dando uma
lição na Elena, assistimos de camarote!
- Obrigada por tudo e se vocês forem a São Paulo sintam-se a vontade
de irem me visitar. - Me despeço deles.
- Estou indo minha boneca, pois tenho um cliente para atender agora,
mas assim que for possível irei visitá-la! - Meu pai me abraça forte e sinto
lágrimas pingar em minha blusa e noto que ele está chorando.
- Pai, São Paulo é pertinho e você sempre está por lá e ao invés de ficar
hospedado em algum hotel, poderá ficar em meu AP, com certeza Valentina
não achará ruim! - Tudo bem meu amor! - Ele me dá um beijo na testa e vai
embora apressado.
- Sophie… Ouço a voz que mais ansiava em ouvir nesse último mês!
Hector caminha para perto de mim segurando uma caixa com uma rosa
em cima, ele está abatido e com a barba grande. Não penso duas vezes e corro
para seus braços, ao abraçá-lo sinto paz e conforto, esse é o lugar onde jamais
deveria ter saído, seus braços são minha fortaleza. Começamos a chorar.
- Eu te amo tanto… - Ele sussurra entre lágrimas. - Te amo, minha
diabinha!
- Vocês têm cinco minutos! - Minha mãe responde ríspida e saí de perto
da gente.
Fico observando ele sumindo entre as pessoas, não acredito que Hector
me beijou na frente da minha mãe! Não estou entendendo mais nada!
Depois que Hector foi embora, minha mãe não falou nada, fomos o voo
inteiro sem trocar uma palavra.
- Descobri sobre seu caso, com seu tio Sophie! - Minha mãe fala de
supetão me fuzilando.
- Ele não era meu caso e sim meu namorado e quem te contou? -
Pergunto com a sensação de que foi ela quem fez Hector, terminar comigo.
- Elena me contou e agradeço muito a ela por ter aberto meus olhos.
- Quando te vi sofrendo, lhe dei a chance de se abrir comigo, mas você
não quis, preferiu sofrer sozinha e passar os dias sem comer direito, você
pensa que me engana Sophie? Eu via você jogar a comida fora fingindo
comer, se olha no espelho minha filha, você está magra, pálida e com
olheiras! - Ela eleva a voz exasperada.
- Eu o amo mãe!
- Você é uma criança, não sabe o que é o amor, ainda tem muito o que
viver!
- Eu me apaixonei pelo meu vizinho e não por meu tio, você não vê que
isso é errado?!
- Vejo que você é preconceituosa! - Acuso com raiva. Sei que não seria
fácil quando meus pais descobrissem, mas não vou desistir dele tão
facilmente, ainda mais agora que tenho certeza que nossa separação tem o
dedo da minha mãe. - Foi você que falou para o Hector me deixar, não foi
mãe?
- Abri os olhos dele em relação a vocês, o resto foi com ele.
- O que você falou para ele mãe? - Não estou acreditando que foi minha
mãe quem conseguiu nos separar.
Elena jogou a primeira pá de terra e minha mãe terminou de enterrar
nosso namoro.
- Disse a verdade, disse que quando vocês começaram esse incesto você
era uma criança, ele seduziu você minha menina. - Minha mãe começa a
chorar. Mas não tenho um pingo de dó do seu sofrimento, já que ela não teve
do meu.
- Você não sabe de nada mãe! - Acuso. - Fui eu quem tentou seduzi-lo. -
Digo apontando o dedo pra mim. - Eu perdi minha virgindade com ele
bêbado, corri atrás dele até que consegui fazê-lo admitir que me ama, fui a
outra até ele terminar com Elena… - Despejo tudo que está entalado em
minha garganta. - Até ele ficar somente comigo! Você quer saber de uma
coisa? Faria tudo de novo, pois o amo e sempre vou amar, ele é o homem da
minha vida e não vai ser você e nem ninguém que vai me impedir de ficar
com Hector!
Ao terminar de falar sinto minha cabeça virar para o lado e minha
bochecha arder, minha mãe me deu um tapa, coloco minha mão no rosto.
- Você não tem vergonha, da vadia que você se tornou Sophie? - Como
pode ter feito tudo isso para ter um homem?
- Não fiz isso para ter um homem, fiz isso por amor! - Grito e solto toda
minha raiva e frustração. - Quero que você vá embora, não quero mais saber
de você. Saio do quarto e me tranco dentro do banheiro para ter um pouco de
privacidade.
Roland Barthes
Após isso passei a ligar para Hector, mas ele não atendia aos meus
telefonemas e não respondia minhas mensagens desesperadas, aliás, me
mandou uma mensagem me dizendo para “viver intensamente e ser feliz”.
Como se isso fosse possível!
Em um belo momento percebo que não sobrou mais alternativa. Todas
as esperanças se esgotaram. Os telefonemas, as mensagens emotivas, e os
áudios desesperados, tudo foi em vão.
Há três anos estou em São Paulo e ainda não fiz amizade com outras
pessoas, além da Valentina.
Não saio à noite e os pontos turísticos de São Paulo que visitei foi com
meu pai, que vem aqui aleatoriamente a trabalho, ainda bem que ele vem
sozinho. Pois não quero ver minha mãe.
Nesses três anos nunca mais voltei em Brasília, nas férias viajo com
meus pais e depois volto direto para São Paulo, meu pai muito inocente
sempre quer que eu fique com eles em Brasília o restante das férias e os
feriados prolongados, mas minha mãe e eu jamais concordamos e sempre
invento um pretexto.
- Não vejo à hora de vê-lo! – Falo com o coração na mão. São três
anos vendo Hector apenas através de fotos.
Gosto do William, ele ama de verdade minha amiga, eles foram feitos
um para o outro. Quando William vai dormir no apartamento e passa uns dias
com a gente, fico numa inveja boa, queria tanto que comigo e o Hector fosse
desse jeito! Mas infelizmente não é, e agora depois de três anos! Amanhã o
verei novamente.
Vou para meu quarto. Preciso descansar, depois tenho que sair para ver
um vestido pra mim, pois o casamento será manhã.
- Claro que ele iria ficar! Mas com certeza ele entenderia e me
apoiaria no final! – Falo ríspida.
- Sophie… – Ela chega perto de mim, segura meus ombros para olhá-
la. – O que a nossa família iria dizer, seria um escândalo!
- Não fica assim meu amor! – Ela começa a chorar e me abraça, fico
estática com os braços estendidos ao lado do corpo, não consigo retornar o
abraço.
- Está doendo muito! Eu o amo mãe! Mesmo depois de três anos longe
dele, eu ainda o amo! Saio do seu aperto e encosto na parede me abraçando,
para me confortar.
- Enquanto você está sofrendo, ele está saindo com várias mulheres
diferentes! - Ela acusa. - E o pior de tudo é que todas são garotas de programa
ou acompanhantes. – Minha mãe fala com deboche.
Ao ouvi-la dizer isso, sinto como se uma faca estivesse sendo enfiada
em meu peito.
- Será por que ele está fazendo isso hem mamãe!? – Desencosto da
parede e a encaro. – Ele não quer enganar nenhuma mulher, então prefere
pegar uma garota de programa e se satisfazer, sem ter que lhe dever
satisfações ou ter um relacionamento! – Falo com toda firmeza.
- Você anda perguntando por ele e vasculhando sua vida, Sophie? –
Ela pergunta magoada.
- Não mãe! Não falo com ele e muito menos sei da sua vida, mas o
conheço muito bem para saber que ele me ama e não vai conseguir ficar em
um relacionamento com uma pessoa pensando em outra, ele fez isso com a
Elena e se arrependeu muito por isso!
- Era só isso mãe? – Pergunto ríspida, sei que ela não vai mudar sua
opinião, então não adianta discutir. – Se for, então você pode se retirar. Saio
do quarto e vou para o banheiro, tomo um banho e me arrumo para ir comprar
meu vestido.
Após passearmos e termos ido ao salão nos arrumar, fomos para casa
nos vestir, tenho que chegar mais cedo, pois a cerimonialista tem que
organizar e passar as coordenadas para os padrinhos. Fui na frente e Valentina
irá com meus pais logo em seguida.
- Você está tão mulher! Não vejo mais nenhum traço de menina, ele
analisa meu rosto passando um dedo e onde a mão dele passa, minha pele
queima, clamando por mais um pouco do seu toque. – Fala alguma coisa, por
favor!
- Não tenho nada para falar com você! Tudo o que eu queria te dizer
se perdeu no tempo, nas mensagens recusadas e nas ligações não atendidas. –
Ao falar com Hector sinto a mágoa quem ainda está em meu peito por ele ter
me deixado, sem ao menos me dar o direito de escolha.
- Não fala assim Sophie, por favor, não faz isso… – Ele me abraça
forte e seu cheiro inebria meus sentidos, o abraço de volta deixando minha
saudade por ele falar mais alto. – Que saudade de você minha diabinha!
- Também…
- Por que você não esperou por nós Sophie? – Ela pergunta ríspida.
- Por que você está falando desse jeito, Sônia? - Meu pai pergunta sem
entender a reação da minha mãe.
- Obrigada por tentar, mas sei muito bem como dona Sônia é!
- Gosto de ser ousada e vestir roupas ousadas. - Respondo ignorando
seu olhar.
Não me importo com o que Valentina está dizendo, sei que ela está
tentando irritá-lo. Não quero que ele pense que ainda estou por baixo e sofro
por ele! Não foi ele quem quis assim!
Depois de alguns bate papos e atualizações da vida de todos, um rapaz
me chama para dançar e eu aceito. Quando me levanto vejo o olhar triste que
Hector me lança.
Ao voltar pra mesa Valentina solta mais uma das suas para provocá-lo.
- Amo.
- Por que você fez isso com a gente? - Pergunto sem conseguir abrir
meus olhos.
- Que saudade de você! - Ele beija meu pescoço e desce para minha
clavícula. – Eu fui um covarde, esquece o que aconteceu!
- Agora você vai me contar quem te pagou para fazer isso comigo! –
Seguro seu braço fazendo-a voltar para o apartamento, jogando ela no sofá.
A mulher arregala os olhos com medo! E é melhor ela ter medo mesmo,
pois estou puto da vida!
Ela tenta se levantar do sofá, mas a jogo novamente com toda força.
- Tudo bem! Então vou chamar a polícia e dizer que você invadiu meu
apartamento.
Pego meu celular de dentro do bolso da minha calça e começo a discar
o 190.
- NÃO! – Ela grita tentando tomar o celular da minha mão. – Tudo bem
eu conto. – A mulher concorda resignada.
Noto que ela está enrolada até o pescoço com a polícia. Ela se diz
chamar Camila e me contou toda armação da Elena, para Sophie nos
surpreender aos beijos.
- Então isso é tudo, posso ir embora?
Não acredito que namorei por tanto tempo uma pessoa tão dissimulada
como ela, vou ao seu apartamento, toco a campainha e aguardo ela abrir.
Vou para casa, estou doido sem ter notícias da Sophie! Passo mais uma
mensagem, dizendo o quanto a amo, mas ela ainda não visualizou nada.
Ligo para sua casa na esperança dela atender, mas foi em vão! Quem
atendeu foi Sônia, e disse que Sophie está estudando e que ela me ligará
depois.
Não sei mais o que fazer para tentar conversar com ela! Preciso dela
perto de mim, para ter certeza que estamos bem! Já temos problemas demais
para contornar, então precisamos ser fortes e unidos.
Em seguida fomos ao lugar que Heitor disse, mas antes não ter ido, pois
ao ver Sophie beijar Pedrão, sinto como se estivem me esfaqueando, a dor foi
tanta que preferi ir embora esfriar minha cabeça para depois procurá-la
novamente. Sei que não devia ter dito que ela tem uma queda por ele, pois
ambos estávamos de cabeça quente. Vou esperar as coisas acalmarem, depois
conversar com ela.
Minha noite foi uma merda e o dia não está sendo diferente, daqui a
dois dias é o aniversário da Sophie e quero me acertar com ela antes da sua
festa.
Ouço a campainha tocar e vou atender, ao ver Sônia na porta fico
preocupado. Ela está transtornada.
Sinto meu rosto pegar fogo. Não liguei pelo tapa que recebi, a única
coisa que quero saber é o motivo dela está nesse estado.
Abro meu coração para Sônia, não quero esconder meu amor pela
Sophie, eu a amo e não me envergonho disso!
- Sophie não sai da minha cabeça desde o momento em que a vi, depois
de um mês percebi que estava apaixonado por ela, mas não queria admitir que
estivesse apaixonado por minha sobrinha. Eu tentei me manter afastado
Sônia, mas não consegui!
- Você sabe que por lei, vocês têm que fazer exames consanguíneos para
saber se podem ter filhos saudáveis e se vocês não forem compatíveis eles não
darão o direito do casamento para vocês e se Sophie quiser casar na igreja vai
ser difícil encontrar um padre que queira fazer o casamento! - Sônia não para
de falar e chorar, ela chega a soluçar em alguns momentos.
- Quero que você deixe a Sophie viver a vida dela, que a deixe seguir
seu caminho, ela vai começar a fazer as provas para o vestibular de medicina
e não sabemos aonde ela vai passar, então quero que você se afaste dela e a
deixe ir. Ela só tem 18 anos e ainda tem uma vida inteira pela frente, você
sabe mais do que ninguém que adolescentes são inconsequentes e eles amam
o proibido. Deixe-a viver a vida dela longe de você e quando Sophie estiver
mais velha e ter terminado a faculdade, se vocês ainda se amarem, eu aceito o
amor de vocês, mas se você insistir em querer um relacionamento agora, não
terão minha ajuda e o que eu puder fazer para dificultar a vida de vocês eu
farei! Sou mãe e quero o melhor para minha filha.
Estou inerte, a única coisa que faço e ir trabalhar e olhar nossas fotos
incansavelmente! Como se isso fosse me trazer alguma solução em relação a
nós.
Estou evitando todo mundo. Mas o pior de tudo é receber as mensagens
da Sophie e não as responder, queria muito acalmá-la, dizendo que vai ficar
tudo bem, mas infelizmente não posso fazer isso, pois sei que nada vai ficar
bem e as coisas só vão piorar daqui pra frente.
Ouço a campainha tocar, mas não quero abrir, tenho medo que seja
Sophie, mais cedo ou mais tarde ela vai aparecer aqui para conversarmos, no
entanto eu não queria que ela aparecesse, pois ela aparecendo, vai se
concretizar o meu medo, o fim de nosso relacionamento.
Olho no olho mágico e vejo que é Sophie. Respiro fundo e abro a porta,
noto o quanto ela está magra e abatida, isso me deixa ainda mais puto comigo
mesmo pelo que estou prestes a fazer com a gente, mas não posso pensar
somente em mim, tenho que pensar no meu irmão e em sua saúde que está
frágil.
Meu Deus! Como eu amo essa mulher, como isso pode ser errado!?
- Por favor, não faz isso com a gente! Eu sei… - Sophie começa a
chorar. - Sei que fui infantil e impulsiva, que poderia tê-lo deixado se
explicar, se tivesse feito isso não estaríamos passando por essa situação agora.
Por favor, não me deixa.
- Não faz isso, Sophie! - Suplico, pois está sendo muito difícil pra mim.
- Sophie! Eu não mereço você, já te fiz sofrer demais, não tenho direito de
empatar sua vida. Eu te amo! É por isso que estou lhe deixando criar asas e
voar. Em nossa posição eu seria incapaz de fazê-la totalmente feliz,
ficaríamos juntos, mas deixando você longe da sua família e de seus pais!
Não quero vê-la sofrer por ter me escolhido… É por isso que vou deixar você
livre para que possa escrever uma bela história. Você vai encontrar alguém!
Tenho certeza disso! Alguém melhor do que eu!
A cada palavra que digo parece que um punhal vai mais fundo em meu
peito.
- Mas eu posso ter asas e voar estando ao seu lado! Não quero conhecer
ninguém! – Fico feliz ao ouvi-la falar que não quer conhecer ninguém, sei que
ela me ama, tanto quanto a amo. – Eu te amo, não faz isso com a gente. - Ela
fala com tanto amor que até eu posso sentir.
Mas infelizmente não tenho o que fazer! Não acho uma saída para nossa
situação.
- Se você me ama mesmo, vai seguir sua vida, seus sonhos e deixar que
eu siga a minha. Vai ser melhor assim! - Seguro seu rosto e peço com o
restante das forças que ainda me resta. – Nós não temos futuro juntos e nunca
teremos! Para quê insistir e nos magoarmos em vão? Não compensa Sophie!
Tive que falar isso para não cair em tentação, porque minha vontade é
de pegar Sophie e sumir, mas não posso fazer isso!
- Você tem certeza, Hector? – Ela sai do meu colo, me levanto e observo
seus lindos olhos, por um minuto apenas pensei em desistir, mas não posso
ser egoísta a esse ponto.
- É a única coisa que mais tenho certeza nesse momento! – Tento falar
com toda convicção que não tenho.
- Vejo que Elena conseguiu nos separar. - Sophie fala com ódio ao
pronunciar o nome daquela safada! Mal ela sabe que é sua mãe quem está nos
separando.
- Não foi à armação da Elena que está nos separando e sim às
circunstâncias em que nos encontramos. O que Elena fez é a ponta do iceberg
do que teríamos que enfrentar para ficarmos juntos.
- Achava você um covarde por não ter coragem de admitir o que sentia
por mim! – Ela fala limpando suas lágrimas. – Depois que você admitiu que
me amava, pensei que lutaria por nós, mas vejo que me enganei! Você nunca
lutou por nós, por mim. Sempre fui eu quem correu atrás de você, sempre
lutei por nosso amor.
- Não é bem assim, Sophie… - Tento me defender
- Não fala assim Sophie, o que vivemos foi lindo você é o meu amor e
sempre será, você é tudo de mais lindo que aconteceu pra mim! - Em um
momento de desespero ao ouvi-la falar assim do nosso amor, tento passar a
mão em seu rosto, mas ela se afasta.
- Não quero saber o que eu fui para você! Eu quero saber o que eu posso
ser! Se você diz que não temos futuro juntos, então prefiro não ter nenhum
contato. Tenho que ir, hoje é meu aniversário e preciso me arrumar para sair
com meus amigos, adeus Hector!
- Sophie!
Não posso deixá-la sair daqui tão magoada assim comigo, queria que
ela aceitasse da melhor forma possível.
Coloco minhas mãos em suas costas, ele se joga em meus braços unindo
nossos corpos. A seguro já sentindo saudade, não sei se esse será nosso último
abraço, não sei o que o futuro nos reserva, então aproveito a sensação
maravilhosa de tê-la junto a mim.
- Confie em mim, por favor. Sei o que estou fazendo, vai ser melhor
para nós dois, sempre estarei aqui, não vou a lugar nenhum, estarei aqui te
esperando. – É o máximo que consigo dizer, não aguento mais, estou
esgotado.
Com Sophie ao meu lado abri minhas janelas para o amor e aprendi
não temer o futuro! Pena que não consegui lutar contra as injustiças e o
preconceito, pois meu futuro com Sophie é incerto e a vida está sendo injusta
conosco.
Desde que expulsei Sophie da minha vida, estou morto por dentro,
faço tudo no automático, trabalho, como e durmo. É somente isso que sei
fazer, meu sofá até hoje está rasgado, nunca fico na sala, sempre vou direto
para meu quarto e todos os dias assim que chego olho para a enorme foto
nossa que tenho estampada a cima da cabeceira da minha cama, olho no
criado e lá está seu presente que ainda não tive coragem de enviar, muito
menos entregar.
Meus amigos me avisaram que vão sair com ela para uma despedida,
esse é seu último final de semana dela em Brasília, na segunda feira Sophie
vai para São Paulo começar a cursar medicina.
Não quis ir para a despedida, não quero causar mais sofrimento a nós
dois, então preferi ficar em casa enchendo a cara, para tentar esquecer por
hoje, minha vida miserável.
Ouço alguém esmurrando a porta, tento levantar, mas minha cabeça
começa a latejar. Quem será a porra inoportuna, que está batendo a essa hora
na minha casa!? Olho no relógio e vejo que são 11:30 horas da manhã, puta
que pariu! Hoje é segunda-feira e faltei ao trabalho! Dessa vez meu porre
bateu o recorde!
- Abre a porra dessa porta, agora Hector. - Ouço Pedrão xingando do
outro lado.
Abro a porta pouco me importando com quem Pedrão esteja, estou
somente de cueca e com o cabelo bagunçado, o meu bafo também não deve
estar dos melhores.
- Puta que pariu! Tem um gambá morto aqui? O que você andou
aprontando Hector? - Felipe fala com a mão no nariz enquanto observa a
bagunça que está meu AP.
- Eu sei que deveria ter ido para o trabalho cara, mas vou ver se
consigo um atestado.
- Nós viemos para você pelo menos tomar um banho e ficar mais
apresentável. - Rodrigo fala enquanto Pedrão não tira os olhos do meu sofá.
- A Sophie vai pegar o voo às 15:00 cara e você vai se despedir dela. -
Pedrão fala enquanto observa as espumas rasgadas. - Você teve uma briga de
faca aqui? - Pedrão levanta umas espumas.
- Então ache outra coisa para fazer! - Tranco a porta do meu banheiro,
desde sábado eu não tomo banho, devo estar fedendo.
- Ela pediu por uma surra, então a Sophie deu! - Pedrão comenta
rindo.
- Você só fala merda cabeça! O cara é tio dela, como ele vai fazer essa
sacanagem com os irmãos!? - Felipe lhe explica.
- Ah, cara! Se eu amasse minha sobrinha, não queria saber de
ninguém… - Rodrigo responde dando de ombros.
- Não dá cara… não posso fazer isso com ela, não posso mandar a
Sophie escolher entre eu e seus pais. - Me justifico.
- Mas uma coisa você pode fazer! - Rodrigo comenta rindo. - Vai atrás
dela, cara! Vai se despedir da sua mulher, não a deixe ir embora magoada com
você.
- Concordo com o cabeça aqui. - Pedrão comenta enquanto come seu
macarrão.
- Também concordo. - Felipe reforça. - Dessa vez você falou bonito
cabeça!
Sei que não deveria estar aqui, que tinha prometido a Sônia me afastar,
mas os caras abriram meus olhos, nós realmente precisávamos dessa
despedida.
Faço-lhe um gesto com a cabeça para que ela não se preocupe, não
farei nenhuma besteira.
- Vocês têm cinco minutos! - Sônia fala ríspida e saí de perto da gente.
Dou um abraço forte nela, lhe dou um beijo na testa e encosto minha
testa na sua. - Tchau meu amor! - Digo tchau e não adeus, tenho certeza que
ainda ficaremos juntos. Dou-lhe um beijo rápido nos lábios para mostrar a
Sônia que eu perdi a batalha, mas não a guerra!
Ela me estende a mão e eu aceito. - Vem que sua Sophie vai te colocar
para dormir.
- Tem batom na sua boca. – Ela avisa sorrindo. – Sua mãe está te
procurando feito uma louca! Disse que você tinha ido ao banheiro, por isso
vim aqui.
- Estava no banheiro, por que, não pode? Ou teria que lhe pedir
permissão primeiro? - Pergunto com sarcasmo.
Saio de perto da minha mãe sem lhe dar chance de continuar
reclamando, volto para a mesa, mais Hector já tinha ido embora, continuo
matando a saudade dos meus amigos até a hora que meu pai me chama para ir
embora.
- Hector acorda cedo para correr, ele corre de segunda a sexta com
meu pai e nos finais de semana costumava correr comigo, mas meu pai disse
que agora ele corre sozinho, é raro meu pai ir correr com ele no sábado.
- E o que você pretende fazer? Pois já são nove horas e ele já deve ter
terminado sua corrida.
- Estou contando que ele não tenha mudado seus hábitos, ele sempre
vai ao mercado ou na padaria comprar o café da manhã depois da corrida.
- Caraca! Não acredito que ele fica de short de corrida desfilando toda
sua gostosura por aí! Então vamos à caça do titio gostoso! - Valentina levanta
e se arruma.
- Bom dia tio Heitor, bom dia tia Sônia! - Chegamos na cozinha com
uma Valentina sorridente cumprimentando meus pais.
Já tinha combinado tudo com Valentina, ela vai ficar na feira dos
importados fazendo umas compras enquanto faço uma surpresa ao Hector.
Deixo o carro do meu pai no estacionamento da feira e vou para o
apartamento do Hector de táxi.
- Ele disse que não ia demorar a chegar da corrida, estranho vou ligar
para ele. - Finjo ligar pro Hector.
- Seu Geraldo, ele vai demorar um pouco, pois foi na padaria, então
ele pediu para o senhor me dar à chave reserva, para esperá-lo.
Seu Geraldo me entrega a chave do apartamento do Hector, ao entrar
sinto o cheirinho familiar do lugar que tive muitos momentos felizes, está
quase tudo do mesmo jeito, tirando o sofá que é outro, e os objetos do
aparador, vejo que nossas fotos estão em outros porta retrato. Vou para seu
quarto e ao entrar vejo uma foto nossa a cima da cabeceira da cama, é a foto
que mais gosto do álbum que ele me deu, em cima de um criado, tem uma
foto minha e no outro, tem um álbum que é igual ao meu.
Hector ainda me ama e me mantém presente em sua vida através dos
objetos, passo a mão na foto a cima da cama e começo a chorar de emoção,
essa é a prova real do amor que ele sente por mim. Mesmo eu longe ele me
mantém presente em sua vida, através das recordações.
Chego perto dele e corro meu dedo por sua camisa suada, ele fecha os
olhos ao sentir meu toque e me puxa para um abraço.
Sua barba roça meu rosto, me fazendo arrepiar. Tem três anos que não
o vejo e não o toco, mas é como se esse tempo não tivesse existido, pois me
sinto à vontade em seus braços.
Passo minha mão por cima da sua camiseta, ele está mais forte, mais
malhado e definido, acho que está pegando pesado na academia! Passo minha
mão por seu tanquinho, lembrando de cada pedacinho dele.
- Veja como meu coração fica ao te ver! - Ele coloca minha mão sobre
seu peito e sinto seu coração batendo descompassado. – Preciso te beijar
Sophie!
Hector está com seu nariz junto ao meu, ele passa a mão em meu
cabelo e segura meu rosto, ele cola nossas bocas e respira profundamente, sua
língua encontra a minha e nosso beijo é intenso e cheio de saudade.
Retiro sua regata e ele desce um pouco a alça da minha blusa, nossas
respirações estão pesadas de desejo, meu coração bate descompassado, passo
minhas mãos por seu corpo matando a saudade dele.
- Preciso de você! - Hector ao ouvir, me pega no colo, me leva para
cama e começa a tirar minha roupa, ele fica me observando nua em sua cama
enquanto tira, seu tênis e short.
Ele beija meus lábios, maxilar e pescoço. - Sou louco por você
Sophie! – Seus olhos azuis se fixam aos meus.
- Seus seios estão maiores, seu corpo está com a forma mais
arredondada, agora é um corpo de mulher! - Enquanto ele fala, vai passando a
mão pelos meus seios, barriga e quadris.
Hector refaz o caminho até minha boca beijando todo meu corpo,
dando uma atenção maior aos meus seios.
Ele está me dizendo tudo que eu mais queria ouvir na vida, mas estou
tão em êxtase, na sensação maravilhosa de tê-lo dentro de mim que não
consigo responder e só faço gemer de prazer.
- Hector…
Viro-me de lado para vê-lo melhor. - Eu ainda te amo! - Por isso vim
aqui! - Passo a mão em seu rosto, ele fecha os olhos sentindo meu toque. -
Quero sair daqui de Brasília com a certeza de que estaremos bem e que
podemos namorar enquanto termino minha faculdade ou que não tenho mais
chance, mas dessa vez não vou ficar sofrendo, vou seguir com minha vida e te
esquecer. Ele abre os olhos, ao ouvir minhas últimas palavras.
- Eu quero você, minha diabinha! Vamos ficar juntos, não quero ver
você me esquecendo! - Ele me abraça beijando a ponta do meu nariz.
Hector me conta toda conversa que teve com minha mãe e o motivo de
ter se afastado de mim, não sei o que pensar! Fico chateada por ele ter me
excluído, ele simplesmente tomou a decisão sozinho e me tirou da sua vida,
achei muito egoísmo da parte dele. Por mais que minha mãe o tenha
chantageado, pois foi isso que ela fez! Ele não tinha o direito de ter feito isso
com a gente.
- Isso não justifica suas atitudes, você deveria ter confiado em mim e
não confiou! - O acuso.
- Não fala assim Sophie! Só quis o seu bem! - Hector passa a mão em
meu rosto e beija minha testa, me abraçando e ninando em seus braços.
- Por que meu pai está com problema no coração e eu não sabia? - Não
entendo porque eles não me contaram! - Pode ser mentira da minha mãe para
te chantagear emocionalmente.
- Também pensei, mas em uma de nossas corridas ele me confessou
que estava com problema no coração. Se ele não se cuidar tem grandes
chances de sofrer um infarto fulminante.
- Mesmo depois de tudo que você me contou, não justifica o que você
fez com a gente, meus anos sem você foi um inferno! Assim que cheguei em
São Paulo minha mãe me disse que descobriu sobre a gente, acabamos
discutindo e a mandei ir embora, nunca mais voltei em Brasília e não a
perdoei até hoje! - Desabafo o que está entalado em minha garganta. - Meus
anos sem você foram uma merda, não fiz amizade com ninguém, além da
Valentina, eu não vivi, eu sobrevivi.
- Prometo meu amor, prometo quantas vezes você quiser e o que você
quiser, só não quero mais ficar sem tê-la na minha vida.
- Ha… Sophie! Sua mão é mágica! Não seja por isso! Vou pagar tudo
com juros e correção monetária.
- Onde você vai? - Hector me tirou do seu colo e saiu da cama.
- Não tem problema, seus dias de vela acabaram, sempre que possível
vou ir te visitar. - Ele me aperta em seus braços e me dá um selinho.
- Hum…que lindo! Então vamos sair em casal, vai ser divertido.
Depois de assistirmos ao filme, decido ir embora, tive que desligar
meu celular, pois minha mão não parava de mandar mensagens querendo
saber onde estou fora às ligações que fiz questão de rejeitar.
Estou achando que o meu caso com Hector vai ser semelhante ao do
David, minha família não vai aceitar, mas mesmo assim seremos felizes,
esperando um dia sermos aceito, assim como David espera ser aceito pelos
seus.
- Mãe… Não mudei com você, simplesmente não aceito o que você
fez comigo, ainda não a perdoei e sinceramente não sei se vou perdoá-la! Por
causa do seu preconceito, você me afastou de Brasília, dos meus amigos, do
restante da família e do Hector, principalmente dele!
- Fiz isso para lhe proteger e não por preconceito. - Minha mãe tenta
se justificar.
- Oi David! - Falo seu nome para que minha mãe veja que estou
saindo com ele. – Tudo bem, estou descendo.
- Hum! Então temos que resolver isso urgentemente! - Ele coloca sua
mão dentro da minha saia e passa a mão na minha coxa contornando minha
calcinha.
- Comprei, meu pai me deu total apoio, ele também se apaixonou pelo
lugar! - Fico admirada por saber que Hector finalmente se aproximou do meu
avô e o aceitou como pai.
Hector me conta que andou fazendo umas merdas e minha mãe contou
pro meu avô que veio conversar com ele, então eles acabaram se
aproximando, Hector passou a frequentar a fazenda quase todos os finais de
semana e feriados, nos últimos três anos ele ficou com meus avôs no natal e
ano novo.
- Quando fiquei sabendo que você dormiria em meus braços, pedi a tia
Celeste que desse uma organizada na casa e que comprasse algumas coisas.
- Agora não, ela tem sua casa mais a frente, não quis falar quem viria
pra cá, não quero ouvir sermão de ninguém, só quero aproveitar você
enquanto posso! Vamos demorar um pouco a nos ver, tenho que me organizar
e tirar uns dias de folga para ir pra São Paulo ficar uns dias com você.
- Fala de novo! Não acredito que isso esteja acontecendo, jogo meus
braços em seu pescoço e o beijo.
- Vou lhe visitar o quanto antes, mas antes disso você enjoará da
minha voz, porque conversaremos todos os dias.
- Não quero mais ficar sem você, morri aos poucos sem ter você perto
de mim! Sei que vamos ficar longe novamente, mas vai ser diferente dessa
vez, pois poderei ouvir sua voz! - Ele fala com a voz grossa, embargada pelo
desejo.
Levanto-me do seu colo, desço minha saia, retiro meu sutiã e calcinha,
ficando completamente nua.
- Vem! - Estendo a mão e ele se levanta imediatamente da cadeira.
- Ha… Sophie, como estava com saudade de sentir sua boca em meu
corpo! - Continuo fazendo-o urrar de prazer enquanto faço um vai e vem com
a boca.
- Isso meu amor! Goza, me mostra que é minha, porque sou seu,
somente seu, minha diabinha gostosa! Hector goza em seguida, liberando seu
prazer dentro de mim.
Ficamos agarrados curtindo a sensação de paz que o lugar nos trás! -
Quando você tiver algum feriado em São Paulo que não tenha aqui, quero que
você venha ficar comigo! Não precisa ninguém ficar sabendo que está em
Brasília! E assim que se formar vamos contar ao Heitor sobre nós, torço
muito para que ele seja menos cabeça dura que a Sônia, mas se ele não for,
vamos ficar juntos do mesmo jeito, mesmo que pra isso tenhamos que nos
mudar daqui.
Hector fala seguro de si, fazendo planos para nós dois. Ele está
diferente, mas não deixa de ser o meu Hector, essa é só uma versão madura
dele. Afinal de contas ele está com 31 anos!
Hector passou na OAB, está trabalhando com meu pai e já tem alguns
clientes fixos, meu pai disse que ele está se saindo muito bem, como
advogado. Sempre que meu pai vai para São Paulo, me deixa atualizada dos
acontecimentos da vida dele, estou muito orgulhosa do meu amor!
- Vamos meu amor o tempo está esfriando, vamos tomar um banho
quente e irmos pra cama. – Ele me tira dos meus pensamentos.
- Bom dia! – Deito minha cabeça em seu peito nu. Ficamos por alguns
minutos em silencio nos curtindo.
- Que horas vai ser seu voo? – Hector pergunta abraçado a mim.
- Meu voo sai às 19h00min. – Falo deprimida por saber que daqui
algumas horas, ficarei longe dele.
- Não fica assim! Vou sempre lhe visitar. – Hector segura meu queixo
e me dá um beijo. – A porta do elevador abre e saímos nos beijando.
- Hector, Sophie!
- Pai, vô! – Falamos juntos. Vejo que meu avô está com os olhos
arregalados, não acreditando no que está acontecendo diante de seus olhos.
- O quê está acontecendo aqui? – Meu avô pergunta, chegando perto
da gente. – Vocês estavam se beijando?
- Pai, eu posso explicar! – Hector fala em tom calmo.
- Estava na casa da sua mãe e ela me disse que você tinha dormido na
casa de uma amiga. – Ele se vira pro Hector. – E quando venho visitar meu
filho o encontro beijando sua sobrinha! – Meu avô fala alterado, apontando
entre nós dois.
Não acredito no que está acontecendo, meu avô passou mal por nossa
culpa!
Assim que chegamos ao hospital, meu avô foi atendido.
- Tenho que avisar minha mãe. – Pego o celular do bolso e vejo que
ainda estou tremendo.
- Não Sophie! Se a Sônia descobrir o motivo do nosso pai ter passado
mal, vai ser uma confusão, vá para casa que eu aviso pra ela.
- Se meu avô morrer Hector? – Pergunto, angustiada por uma resposta.
- Ele não vai morrer! – Hector me vira pra ele, coloca a mão no meu
ombro e fala firme me olhando nos olhos. - Ele não vai morrer, Você está me
ouvindo! - Faço que sim com a cabeça.
Vou embora como Hector sugeriu, ao chegarmos em casa, vejo minha
avó chorando abraçada a minha mãe, indo em direção ao carro.
- Ainda bem que você chegou, minha boneca! - Meu pai sai do carro e
abre a porta do carro que estou.
- Para com isso! Foi uma fatalidade! Vocês não têm culpa de nada. –
Ela fala abraçada a mim.
Minha consciência está pesada, se meu avô que é forte como um touro
ficou assim, imagina meu pai que está com a saúde frágil!
Para quê insistir e lutar por algo que nunca será visto com
naturalidade! Que nunca irão aceitar com normalidade, sempre teremos que
enfrentar alguma forma de preconceito ou olhares acusatórios.
- O senhor Carlos Eduardo teve um AVC, ainda não sabemos qual foi
à gravidade e se ele terá sequelas. Ainda é muito cedo para termos esse tipo
de resposta, Senhor Carlos Eduardo se encontra no quarto e está descansando,
provavelmente não acordará no momento, depois que ele estiver acordado
veremos quais foram às sequelas e se são reversíveis.
Minha mãe sai desolada, e vou para o quarto ver meu avô, ele está
cheio de aparelhos, minha culpa aumenta ainda mais ao vê-lo nesse estado.
- Ele é tão forte minha filha, não aparenta a idade que têm apesar do
seu avô ter 75 anos, ele faz de tudo na fazenda como se fosse um garotão!
Minha avó soluça entre as palavras, abraço-a lhe pedindo perdão
mentalmente. Cada vez que eu penso que minha história com Hector vai se
desenrolar aparece um empecilho, às vezes acho que Deus está me mostrando
que é melhor não ficarmos juntos e não estou querendo ver isso.
Dou um beijo no meu avô e lhe peço perdão baixinho em seu ouvido,
saio do quarto um caco de ser humano…
CAPÍTULO 31
Ao retorna para São Paulo não procurei pelo Hector, decidi ficar na
minha e lhe dar um tempo para pensar.
Depois de um mês, meu avô disse para meu pai que queria conversar
comigo o quanto antes e que era para eu ir em Brasília urgentemente.
Não quero falar com meu avô, não quero ouvir de sua boca o que eu já
sei sobre meu amor impossível pelo meu tio, não estou querendo nenhum
sermão então me finjo de surda.
Faz três meses que voltei para São Paulo e Hector ainda não me
procurou. Foi aí que realmente percebi que o perdi de vez.
Como estou sozinha, não parei de pensar que se estivesse com Hector
era a oportunidade certa para eu ir escondida pra Brasília passar uns dias com
ele sem ninguém saber, mas como tudo não é do jeito que a gente quer, estou
em casa sozinha curtindo uma tremenda dor de cotovelo e prometendo a mim
mesma que será o último feriado que passo dessa forma, a partir de semana
que vem, vou sair com as meninas da minha turma e tentarei fazer mais
amizades, decidi esquecer o Hector e virar a página, esperei demais por ele,
acho que chegou à hora de viver minha vida.
- Homem nenhum presta! - Ela seca seu nariz com a mão. - Por que
ele fez isso comigo, Sophie? - Valentina volta a chorar desesperadamente.
Não sei o que aconteceu entre ela e William, mas parece ter sido
bastante grave.
- Não quero nunca falar o que vi, é vergonhoso pensar ou falar sob
isso, tenho vergonha do quanto fui uma idiota por tê-lo namorado por todos
esses anos! Só quero esquecer, só esquecer! - Ela fala entre lágrimas de
desespero, depois de muito chorar Valentina acaba adormecendo.
Tomo um copo com água, levo para seu quarto água e remédio para
dor de cabeça, caso Valentina precise, deito em sua cama como ela sempre faz
comigo quando estou deprimida e abraço-a lhe dando conforto.
- Estou lhe falando, homem é tudo igual! - Estou tão absorta vendo as
fotos que percebo Valentina junto a mim olhando as fotos. - Eles não
merecem nosso amor Sophie! Vamos aproveitar nossa vida, ainda temos mais
três anos de faculdade para aproveitarmos as farras, vamos reagir amiga!
À noite nos arrumamos para irmos ao Bar Blá, uma casa noturna
badalada, o lugar é aconchegante com um clima bem legal. Fomos direto para
a pista de dança, lá encontramos alguns conhecidos da faculdade e os que não
conhecia, Valentina me apresentou.
As meninas fizeram uma aposta, e claro perdi! Estou me divertindo
como a muito não me divertia.
- Agora Sophie… - Uma delas comenta. - Vamos ver como você vai
pagar a aposta.
Quando ela falou isso, um frio percorreu minha espinha, o que será
que essas meninas vão aprontar!?
- Como você é a mais pudica da turma e nunca a vimos com carinha
nenhum, vamos escolher um para você beijar. – Fico pasma ao ouvir o que
Ellen falou. Se elas soubessem que meu problema não é ser pudica!
- Aonde você pensa que vai? - Ele pergunta no momento que tento me
afastar, mas ele segura minha cintura, me impedindo. - Por que não
continuamos nos beijando e aproveitando a noite? - Ele pergunta com a boca
rente a minha.
E porque não! Não era isso que eu queria? Prometi a mim mesma
seguir em frente e é isso que vou fazer!
Retorno a beijá-lo, ele não beija mal, pelo contrário seu beijo e
agradável, seu nome é Nouga o nome dele é diferente, e é somente isso que
preciso saber.
Hoje faz 7 meses sem o Hector e a cada dia choro e penso nele cada
vez menos, tem dias que esqueço que ele existe. E isso está sendo um alívio
para meu coração machucado.
Não sou nenhuma santa, depois do cara do Bar Blá, mantive a mesma
rotina em relação aos homens, vou à balada, fico com um carinha, dou meu
número errado e nunca mais o vejo. Não tive coragem de ir com nenhum
deles para cama, ainda! Pois hoje tudo vai mudar, estou a um mês namorando
Dennis um rapaz da minha sala e hoje quero que role muito mais que
amassos.
- E você poderia não sair com ele, deveria respeitar o fato dele ser
casado. - Retruco.
- Porque tenho que respeitar? Quem tem que se dar o respeito é ele e
não eu! Me arrependi de ter lhe contado que ele é casado - Valentina sai da
cozinha batendo o pé firme no chão. - Como você sabe, Vou dormir fora esse
final de semana. - Valentina fala alto para que eu possa ouvir.
- Só vou fazer o que você quiser! - Dennis me beija. - Estou louco por
você Sophie! - Ele fala em meu ouvido.
Olho pra frente e vejo uma pessoa encostada a um táxi, não acredito
em quem vejo! Hector está com as mãos no bolso olhando fixamente pra
mim.
Ele vem se aproximando devagar, até chegar perto de mim, não sei o
que fazer, não sei o que falar, não tenho reação alguma.
O que você está fazendo aqui? - Pergunto novamente, assim que sento
em uma poltrona a sua frente.
- Vim falar com você, menti ao dizer que estava a trabalho. - Ele
Chega perto de mim, ajoelhando a minha frente.
- Hector… - Não estava preparada para ouvir isso. Logo agora que
estou conformada em ficarmos separados!
- Não podia ter vindo antes. - Ele passa a mão no meu rosto. - Meu pai
ainda está se recuperando do AVC…
- Ele está bem? - Pergunto me afastando dele.
- Ele está bem melhor. Foi ele quem me encorajou de vir atrás de
você!
Começo a rir sem acreditar no que ouvi, Hector só está aqui por que
meu avô aceitou nossa relação.
- Não dá Hector, você só está aqui porque meu avô lhe incentivou,
todas as vezes que tem um obstáculo você me deixa pra trás e eu sofro muito
com isso. Não quero mais sofrer por você, eu sempre fui a ultima prioridade
em sua vida.
- Não Hector, não sou! Nós brigamos muito por causa da Elena, pois
você tinha medo de magoá-la, mas nunca pensava que com isso me magoava
muito mais! Depois foi minha mãe que lhe pediu para me deixar ir e você a
prometeu que faria isso, sem ao menos conversar comigo e pela segunda vez
me deixou em segundo plano, e agora foi meu avô, você só veio atrás de mim
porque ele lhe encorajou e da próxima quem será? Talvez meu pai neh! Só
que não vai haver próxima vez, não estou disposta a colocar meu coração na
sua mão novamente para você esmagar, cansei de sofrer por você!
Ele fica sem reação ouvindo tudo que lhe falei, ele cruza as mãos atrás
da cabeça e olha pro teto respirando fundo.
- Não acredito que lhe fiz tão mal sem saber! - Vejo que seus olhos
estão marejados.
- Você sempre me deixou em segundo plano, pode ter sido sem querer,
mas você fez.
- Como fui idiota com você, me perdoa Sophie! - Ele segura meu rosto
com as duas mãos, me fazendo olhar em seus olhos.
- Eu te perdoou Hector, mas não quero mais sofrer por você!
- Tudo bem! Sei que você está magoada comigo, mas só quero saber
de uma coisa! Você ainda me ama? - Ele continua segurando meu rosto, me
olhando profundamente.
Queria tanto falar pra ele que não o amo mais, mas não posso, pois
ainda o amo muito!
- Eu ainda te amo! - Confesso com medo de sofrer novamente.
- Senhorita Sophie?
Enviei-lhe esse buquê colorido porque quero que você entenda todos meus
sentimentos por você!
Preciso fazer isso, não quero me frustrar como das outras vezes que
ele me disse que seria diferente, preciso ter o pé no chão e não me iludir e
ficar a espera como uma idiota apaixonada.
Vou continuar seguindo minha vida, não vai ser sua visita ou essas
flores que iram mudar a decisão que tomei. Dessa vez Hector não vai me
fazer sofrer.
- Você quer assistir a um filme mais tarde? - Pergunto a ele assim que
me deixa em frente ao meu prédio.
- Vamos fazer o natal na chácara do Hector, seu avô está morando com
ele e ele faz questão da família reunida.
- Tudo bem pai! - Meu coração perdeu uma batida ao ouvi-lo dizer
isso. Vou passar minhas férias em Brasília. Mas se Hector pensa que vou cair
na sua lábia novamente, ele está muito enganado!
- Então assim que terminar suas aulas quero você no primeiro voo, e
chama a Valentina para ficar com a gente, você sempre ficou com a família
dela, ela gostou de Brasília quem sabe vai querer ficar as férias dessa vez com
a gente!
- Você não fez amor com Dennis você transou com ele, Sophie você
não está apaixonada por ele, foi só química, nada mais. No começo sempre
pensava no William quando estava com outros homens, agora quase não
penso mais. É foda amar uma pessoa e transar com outra!
Olho para o anel que está no dedo que ficava o anel que o Hector me
deu.
Decidi tirá-lo no dia que vi suas fotos com outras mulheres, não queria
cair na farra e ficar olhando o anel que ele me deu.
Não sei o que pensar disso tudo, a única coisa que quero é dar uma
chance a nós dois, gosto do Dennis, sinceramente gosto dele.
Assim que aterrissamos, meu pai já estava a nossa espera e para minha
surpresa meu avô também.
- Não sei se te abraço ou lhe dou uma bronca. - Meu avô fala sério ao
me abraçar.
- Por favor, vô, aqui não! - Suplico com medo de meu pai ouvir.
Já contou a novidade a ela? - Meu pai pergunta receoso.
- Vocês vão ficar comigo na chácara, seus pais vão fazer uma viagem
depois do ano novo e eu falei que não aceito você sozinha em casa, então
você já vai direto pra chácara. - Meu avô fala com firmeza na voz.
- Foi o que eu falei para ele, minha menina! - Meu avô comenta.
- Mas, vai ser por duas semanas, não sei por que seu avô incutiu que
você tem que ficar com ele.
- Estou velho e não sei até quando estarei vivo, então quero todos
vocês perto de mim! - Meu avô argumenta.
- Então vamos! - Meu pai pega meu carrinho de malas levando em
direção ao carro.
- Esse seu avô é uma comédia. - Valentina comenta. - Você sabe que
isso é mentira, não sabe? - Concordo com a cabeça.
- Depois mãe… Depois converso com a senhora. - Sei o que ela quer
comigo, mas não quero falar sobre Hector agora.
Minha mãe me mostra o quarto que ficarei mais a Valentina, a casa é
grande contendo 7 quartos, três salas, uma sala de jantar, de TV e jogos, a
cozinha é bastante ampla e arejada, a casa é de muito bom gosto com toques
rústicos, não deixando de ser sofisticada.
Deito na cama, não queria sair dela tão cedo. Ainda não vi o Hector
pelo jeito ele não está em casa, deve estar trabalhando, estou tão cansada! Vou
ter que conversar com meu avô e minha mãe e sinceramente não queria ter
essa conversa nenhum deles, o que vamos conversar é coisa do passado,
passou e não quero mais saber dessa história, não tenho mais nada com
Hector, não quero ter mais nada com ele, a única coisa que quero agora é
descansar e curtir uns dias de paz.
- Sophie… - Ouço minha mãe me chamando.
- Oi mãe!
- Sophie… - Ela senta na cama. - Conversei com seu avô, ele me disse
que sabe sobre vocês dois, ele apóia o amor de vocês.
- Estou feliz por vocês terem se entendido, mas minha história com ele
acabou, estou bem mãe, não precisa se preocupar comigo, estou feliz com
Dennis.
Lutei tanto para tê-lo, agora não sei o que pensar sobre tudo que
minha mãe me disse, se fosse a 4 anos atrás estaria pulando de alegria, mas
agora não sinto a mesma coisa, sem querer ele me magoou bastante com suas
atitudes e agora, literalmente joguei a toalha e tirei meu time de campo.
Arrumei-me para ficar um pouco com minha família no churrasco que
estão fazendo, na verdade queria continuar dormindo, não quero encontrar o
Hector, ainda não estou preparada.
Conversei com todos, matei as saudades do meu avô e não dei a ele
uma oportunidade de falar sobre o que ele viu é melhor assim. Vou para a área
da frente e sento em uma das redes procurando me afastar um pouco, fico
feliz que Valentina esteja familiarizada com todos, então não me preocupo em
fazer companhia a ela.
Ele me puxa da rede e me abraça forte, esse era meu medo, de estar
perto dele e cair em tentação, pois ele é a tentação em pessoa, retorno o
abraço sentindo seu cheiro maravilhoso, Me sinto tão bem em seus braços,
quando estamos assim me esqueço de tudo e quero somente curtir o momento.
- Como senti sua falta, assim que meu pai disse que você tinha
chegado, queria lagar tudo para lhe ver, mas infelizmente não pude. - Ele fala
ofegante, acariciando meu rosto.
- Você está louco! - O empurro bruscamente. - Não faz mais isso, está
me ouvindo!
Saiu de perto dele imediatamente, não quero que ele me abrace muito
menos me beije.
- Amo o sabor dos seus lábios! - Ele fala ao meu ouvido enquanto
passa por mim, indo em direção à churrasqueira.
Fico perplexa com o que ele faz, Ah, Hector! Você pensa que vai ser
fácil, mas está muito enganado!
CAPÍTULO 33
Acordo cedo, converso um pouco com Dennis pelo Zap e fico
enrolando na cama, não quero sair dela, ficar deitada parece atrativo, me faz
evitar encontrar o Hector.
- Faz o que seu coração mandar, ele sabe de tudo. Já cheguei a odiar o
Hector você sabe disso, mas passei a noite de ontem e uma parte da manhã
conversando com ele. - Ela confessa baixinho. - Ele te ama Sophie!
- Sinto tanta falta do William, acho que nunca mais vou ser a mesma
sem ele. - Ela fala entre soluços.
- Não fica assim! - Enxugo suas lágrimas. - Por que você não tenta
conversar com ele? - Sugiro.
- NÃO! - Ela fala categórica. - O que o Hector fez a você, não foi o
terço que William fez comigo. - Ela enxuga as lágrimas e levanta da cama.
- Se você me falar o que aconteceu, posso tentar te ajudar ou pelo
menos lhe dar algum conselho.
- Não quero, Sophie… Vem, todos estão te esperando. - ela me dá a
mão. - vim colocar um biquíni e te tirar da cama. - Não quero pressioná-la
então decido me arrumar, quero tomar um bronze e aproveitar a piscina.
Viro pra olhar melhor Valentina, que está com os olhos arregalados
para tia Celeste.
- Então é por isso que você estava chorando, está com medo de ter
feito merda e como é muito orgulhosa não quer dar o braço a torcer.
- Sophie…. Sei muito bem o que vi, ninguém me contou. - Ela levanta
bruscamente. - vou pra piscina. - Valentina sai batendo o pé.
- Vou ficar com Valentina, quem sabe depois! - Levanto para sair de
perto dele.
- Espera! - Ele segura meu braço, - estou com saudade de conversar
com você, não vou avançar o sinal, não precisa se preocupar, só quero lhe
mostrar a chácara e passar um tempo contigo. - Vejo sinceridade em suas
palavras, fico analisando os prós e os contras e decido ir.
- Tudo bem! - Concordo, ele está sem camisa e vejo que ainda está
com o cadeado em seu pescoço.
Hector vai com seu olhar em direção onde estou olhando e repara que
estou observando o cadeado, ele vira minha mão que está segurando e vê um
anel que não é o que ele me deu, ele balança a cabeça decepcionado.
- Vem, vamos dar uma volta. - Ele entrelaça nossos dedos, mas puxo
minha mão, não quero passar uma mensagem errada.
Vamos direto ao estábulo onde tem uns cavalos, ele sela o seu e vamos
nele, me sinto em um déjà-vu, me lembro quando fomos passear na fazenda
nesse mesmo cavalo.
Ele segue me mostrando tudo, o criatório de peixes, a horta, o
galinheiro, o curral que está com algumas cabeças de gado. Na verdade
parece mais um sítio que uma chácara, ela é grande e não dá para conhecer a
pé, Hector explica tudo com um brilho no olhar, acho que ele conseguiu o
equilíbrio, está na profissão que gosta e ainda morar em um ambiente que está
acostumado a viver, junto à natureza e aos animais, meu avô comprou a
chácara de trás e as tornaram uma só, então fizeram vários chalés, cada filho
tem um, achei bem interessante. Descemos do cavalo e vejo minha mãe em
frente ao chalé deles.
- Oi meu amor! - Minha mãe me dá um abraço e lança um olhar
cúmplice pro Hector.
- Pensei que não estivessem aqui, depois o Hector me explicou o que
meu avô tinha feito, achei legal!
- Não entendi, por que meu avô fez os chalés, já que a casa tem 7
quartos? - Pergunto curiosa.
- Foi à melhor escolha que eu fiz, apesar de ter deixado um filho pra
trás cuidando de tudo, estou perto dos outros três, mas sempre que tem um
feriado Samuel vem ficar comigo.
- Pensei que o senhor ficasse na casa com Hector?
- Ainda não…
- Então vai lá, você vai amar Sophie. - Meu avô fala animado.
- Ganhei.
- Quem te deu?
- O Dennis.
- Quem é Dennis?
- Meu namorado.
- Dennis é aquele rapaz que eu conheci em frente ao prédio onde você
mora?
- É
- Há quanto tempo vocês estão juntos?
- Eu sei que você não está apaixonada por ele, porque está mentindo
pra mim, Sophie? - Ele segura meu rosto me analisando.
Hector segura minha cabeça e força um beijo, mas fico com tanta
raiva que o empurro.
- Você acha que é assim, que vai me conseguir de volta? Agindo desse
jeito, você está me fazendo te odiar ainda mais. - Corro em direção à casa do
meu avô.
- Não fala assim Sophie, por favor! - Ele sussurra beijando meu
pescoço. - Só me diz o que tenho que fazer para você me perdoar!
- Me solta, Hector… - Começo a chorar e sinto suas mãos afrouxarem
minha cintura, aproveito a oportunidade e corro para a casa do meu avô.
- O que está acontecendo aqui? - Meu avô questiona, assim que chega
na varanda.
Meu avô nos repreende, fico sem graça e Hector abaixa a cabeça com
um encolher de ombros.
- É isso que Hector não entende vô, eu não quero, acabou! - Ao refletir
o que falei, meu coração perde uma batida, só sei de uma coisa não quero
mais sofrer por ele.
Hector me lança um olhar questionador, meu avô fica me observando
depois que terminei de falar.
- Você ouviu meu filho, deixe-a em paz. - Meu avô, pede ao Hector.
Posso está fazendo a coisa errada, mas tenho que me proteger, são
suas atitudes que me faz recuar, meu avô disse para ele me deixar em paz e
foi isso que ele fez, Hector não sabe lutar por nada, tudo que é difícil, ele
prefere deixar de lado. Como posso confiar em uma pessoa dessas, confiei
nele várias e em todas elas quebrei a cara e me machuquei
Já me senti sozinha depois que meus pais foram viajar, agora depois
dessa que meu avô aprontou, estou mais solitária que nunca! O pior não foi o
bilhete de Valentina e sim o dele, que me disse que esse era meu castigo por
ser tão mal-humorada com as pessoas, que pessoas assim vivem solitárias e
ele preferiu não me levar para eu pensar em minha vida.
- Espera! - Hector segura minha mão com a mão que não está com o
curativo.
- Pode parar! - Aponto o dedo pra ele. - Não ouse chegar perto de
mim! - Puxo meu braço e saio do quarto dele e corro para o meu.
- Para onde foi todo o amor que você dizia sentir por mim? - Ele bate
forte na porta enquanto grita. - Me diz o que posso fazer para tê-la de volta? -
Hector chuta a porta mais um pouco, depois desisti.
Hector vai para o quarto e assim que abre a janela seu cavalo coloca a
cabeça para ele coçar.
- Está tudo bem Vendaval, vou lhe deixar no estábulo, mas você tem
que ficar quietinho para não assustar a Sophie. - Ele conversa com o cavalo,
como se ele entendesse.
Fico com esse mantra na cabeça enquanto ajudo Hector a retirar suas
roupas, ligo o chuveiro e tiro o barro do seu cabelo e mãos, sua mão voltou a
sangrar, vou ter de trocar o curativo. Deixo ele no banheiro corro e pego sua
toalha e a enrolo ao redor de sua cintura.
Ao chegar em seu quarto ele está deitado com a toalha ainda em sua
cintura.
- Você está sentindo dor aonde Hector? - Ele abre os olhos ao me ver. -
Vou ajudá-lo a se vestir, depois vou examinar você.
- Fica… Sei que você tem medo dessas tempestades. - Ele pede
humildemente.
Pondero um pouco seu pedido, não acho uma boa ideia.
- É melhor não.
- Sophie, precisa se preocupar, só vamos dormir na mesma cama, eu
não vou tentar nada com você, até porque estou todo dolorido.
Respiro profundamente, tenho que tomar coragem para tirar sua mão,
preciso ir ao banheiro, mas estou com medo dele acordar e ter que encará-lo.
Retiro com todo cuidado seu braço da minha cintura, ele se mexe e faz
uma careta de dor. Hoje seu corpo vai realmente sentir as dores da queda.
Saio da cama e vou para meu quarto, faço minha higiene, troco de
roupa e vou para cozinha.
- Bom dia minha menina… - Ela olha por cima do meu ombro
assustada - O que aconteceu com você meu filho? - Tia Celeste chega perto
do Hector preocupada.
- Bom dia tia. Cortei minha mão, não foi nada grave estou bem, não
precisa se preocupar a Sophie cuidou de mim. - Ele me lança um sorriso
triste.
- Que bom! Então vou para meu cantinho, estou de folga, fiquei
preocupada e queria me certificar que ainda estavam vivos, mas vejo que me
preocupei a toa. O café de vocês está pronto. - Ela aponta pra mesa. - Tem
comida na geladeira é só esquentar. - Tia Celeste sai nos deixando a sós.
Sente-se, por favor! - Hector puxa a cadeira para eu me sentar.
- Aqui ninguém vai nos atrapalhar. - Ele responde, vendo meu rosto
apreensivo.
Hector coloca uma poltrona de frente pra outra. Segura minha mão,
me senta em uma e se senta na outra.
- Sophie, sei que errei em relação a nós dois, mas eu ainda te amo e
muito, nunca desisti de ficar com você, eu somente lhe dei a oportunidade de
viver sua vida… - Tento falar mais ele me interrompe. - Sei que errei por ter
tomado essa decisão por nós dois, errei de muitas formas com você e quero
consertar meus erros. Mas pra isso preciso saber se você quer seguir sua vida
com ou sem mim!
- Assim que te vi senti uma atração, depois nos tornamos amigos e daí
me apaixonei por você, achei que era um amor platônico, até sentir que era
recíproco, então decidi lutar por você, passei por cima de muitas coisas e
forcei a barra para você admitir que sentia algo por mim… - Respiro fundo. -
Eu acho que esse foi meu erro, você nunca lutou por nós, porque sempre lutei
por nós dois, todas as vezes que você precisou tomar uma decisão, você
simplesmente preferiu o caminho mais cômodo.
- Sei que fui omisso em relação a nós dois, mas… Me diz se ainda
posso ter esperança em relação a gente? - Hector segura minhas mãos e as
aperta contra as dele.
Ele abaixa a cabeça e entendo sua resposta, ele não teria ido atrás de
mim.
- Não precisa responder! Já sei sua resposta… - Retiro minhas mãos
do seu aperto e passo as mãos em meu rosto. - Esse é nosso problema, só o
seu amor por mim não basta! - Falo alterada. - Eu quero um homem que me
ame e me coloque em primeiro lugar em sua vida, que tenha orgulho de mim
e da nossa relação e não que tenha receio ou vergonha, quero um homem que
lute por mim! - Aponto meu peito com o dedo indicador.
- Gosto Hector, não vou mentir pra você… Quando… - Paro para
tomar um ar.
Não estava preparada para ouvir tudo o que ele me disse, Hector
abalou minhas estruturas com sua sinceridade, realmente estávamos agindo
feito dois adolescentes, como sempre meu avô tem razão.
- Quando voltei para São Paulo, depois do AVC do meu avô, pela
primeira vez, decidi desistir de nós dois, por isso não te liguei, queria ver sua
reação, prometi a mim mesma que iria lhe esperar por 3 meses, se você não
me procurasse nesse período, iria tentar lhe esquecer e seguir em frente,
depois desse tempo comecei a sair para as baladas com Valentina, ela e
William tinham se desentendido, então éramos duas solteiras nas noitadas de
São Paulo. Passado alguns meses, comecei a sair com Dennis, então decidi
namorá-lo, em nenhum momento quis fazê-lo de estepe, ele começou a me
conquistar com seu jeito. Quando decidi levar nosso namoro a um nível mais
alto, você apareceu do nada e me disse tudo àquilo no meu apartamento, mas
minha decisão já estava tomada, então não era seu aparecimento depois de 7
meses que iria me fazer recuar, eu realmente queria lhe esquecer e queria
levar meu namoro a sério.
- Você disse queria, não quer mais? - Ele me pergunta com esperança.
- Não sei Hector, sinceramente não sei. - Levanto da cadeira e vou
para perto da janela tomar um pouco de ar.
Viro-me pra ele que também está em pé, me observando com as mãos
no bolso.
Hector beija uma lágrima, depois outra, beija um olho de cada vez e
beija minhas bochechas até chegar a minha boca.
Quando nossas línguas se encontram, me sinto liberta e a angustia que
estava sentindo desde que cheguei morre em cada gemido nosso, meu coração
está mais leve e parece que tirei um peso enorme das minhas costas.
Meu Deus, como amo esse homem! Não tem como um amor tão
grande como esse, que resistiu a tantos obstáculos e ao tempo, seja pecado!
- Como senti falta de você, do seu cheiro, - ele fala enquanto dá beijos
em meu pescoço e inala meu cheiro, - da sua pele, - ele passa as mãos pelo
meu braço, - da sua boca.
Hector apalpa minhas coxas com sua mão subindo aos poucos até
chegar na lateral da minha calcinha, ele enfia seus dedos, massageando minha
amiga perseguida e meu clitóris, me fazendo gemer alto.
- Como você é gostosa meu amor, como senti falta do seu gosto. - Ele
retira seu dedo do meu sexo e o lambe saboreando.
- Veja como meu pau está feliz em ter suas mãos nele, veja o que você
faz comigo, você me tem de corpo e alma, eu sou todo seu só você tem o
poder de me deixar no céu. Ou no inferno.
Hector puxa meu vestido o retirando e abre meu sutiã, ele passa as
mãos nos meus seios com carinho, beija o vale entre os seios e depois os
saboreiam como se fossem um manjar dos Deuses.
Termino de abrir sua bermuda que cai aos seus pés, desço sua box
descobrindo seu bumbum durinho e gostoso, o apalpo, fazendo seu pau rijo
ter contato com minha calcinha molhada.
- Isso foi intenso. - Hector beija meus lábios com delicadeza e retira
um fio de cabelo que está grudado em minha bochecha suada.
- Como te amo meu amor! Eu sei que fui errado e covarde, mas dessa
vez não vou deixar nada nem ninguém nos separar, quem tiver a coragem de
se meter em nosso caminho vou passar por cima feito um trator, eu sei que
você está receosa e não confia mais em mim. Sophie… - Ele segura meu
rosto. - Vou fazer de tudo para você voltar a confiar em mim.
Coloco a mão em seu peito e vejo o anel que Dennis me deu, sento na
beirada da cama na mesma hora, o que fui fazer, caramba! Dennis em São
Paulo achando que tem uma namorada e eu dormindo com outro, passo as
mãos em meu rosto frustrada.
- Pode parar! Não fala assim, já estou com raiva de mim mesmo por
tê-la empurrado pra outro homem e você ainda fica pensando nele. - Ele
sussurra as ultimas palavras.
- Eu deveria ter uma conversar com ele primeiro, para depois me
envolver com você novamente.
- Sophie… não faz isso, nós estamos no nosso mundinho vamos curtir
o momento, depois resolvemos a bagunça que fizemos em nossas vidas, mas
agora só quero matar a saudade de você. Olha pra mim. - Hector coloca uma
mão de cada lado de meu rosto e o levanta. - vamos esquecer o mundo lá fora,
vamos dar uma trégua a esse emaranhado que é nossas vidas. - Ele segura
minha mão e retira o anel colocando-o dentro da gaveta do criado.
- Pode ter certeza disso! Assim que seus pais chegarem de viagem,
contarei tudo ao Heitor e da próxima vez que todos da família estiverem
reunidos, contarei para o restante dela, dessa vez não vou recuar, aconteça o
que acontecer.
Abraço Hector, quero me sentir segura com ele, quero me sentir como
me sentia antes de tudo dar errado, quero abraçá-lo e sentir que ao seu lado
tenho forças para tudo!
Assim que o bebê vê o Hector faz uma festa e quer ir pro seu colo
balbuciando titio, vejo o quanto o menino gosta dele, não o conhecia ainda,
ele é um bebê lindo e se parece com o pai, seu nome é Fernando e está com
um ano de idade.
- Estou feliz por vocês, torço para que dessa vez não se separem. -
Samanta comenta enquanto troca a fralda do Fernando.
- Também… - Solto um suspiro.
- Vamos ver o que vai acontecer, estou nos dando mais essa chance,
mas estou com o pé no chão e sem muita expectativa.
- Entendo seu lado, sei que você está agindo assim para se proteger,
mas vou lhe dizer uma coisa, não sei se eu teria essa garra toda e fazer o que
vocês fizeram para ficarem juntos, vocês tem o que… Uns 6 anos que se
amam, não é?
- É muito tempo…
- Quando você for mãe, vai saber o quanto nós amamos esse serzinho
e o quanto somos protetoras com eles, é um amor incondicional, Sophie. -
Samanta comenta rindo enquanto brinca com seu filho.
- Mas eu tenho certeza que quando decidirem ter filhos, vocês vão
poder. Qual vai ser sua especialização, Sophie? - Ela tenta mudar de assunto,
pois percebeu que isso me afetou.
- Pediatria. - Respondo sem ânimo.
- Ainda não, vou começar agora no começo das aulas, mas já tenho
experiência no hospital, pois muitas matérias são feitas dentro dele, mas
atender mesmo, vou começar agora, sendo supervisionada, nós atenderemos
em todas as áreas, para termos certeza qual seguir ao nos formar.
- Então vamos para casa que quero lhe fazer uma massagem para
relaxá-la. - Hector enlaça minha cintura e beija a lateral da minha cabeça.
Ao chegarmos, Hector começa a tirar sua roupa, ficando só de cueca
box.
- Hector, tia Celeste está em casa. - Falo o repreendendo.
- Tia Celeste está na casa dela que é longe daqui. - Hector explica.
- Ela não vai aparecer, tia Celeste não anda pela chácara à noite, ela é
idosa e tem medo de cair. - Ele explica enquanto abre o botão do meu
vestido.
- Então deixa eu terminar de tira-lo. - retiro meu vestido e o jogo na
espreguiçadeira. - Você pode tirar meu sutiã? - Peço com ar de inocente,
Hector fica me olhando enquanto o afasto mais um pouco para a beira da
piscina - O fecho dele é frontal, aponto com os olhos, entre meus seios.
- Sabe titio, você anda muito abusado. Se você pensa que é só querer e
já vai colocando a mão em mim!? As coisas não são bem assim como você
pensa, para isso acontecer você vai ter que me pegar primeiro. - Falo e saio
correndo.
- Você vai ver quando eu sair dessa piscina sua diabinha sem coração.
- Ouço Hector gritar de dentro da piscina.
- Entrei pela janela. Quero saber por que você fugiu de mim. Sei que
tem alguma coisa a perturbando e preciso saber o que é? - Hector pergunta me
prensando na parede do banheiro.
- Bom dia! - Ao focar minha visão, vejo que ele está arrumado.
- Já são que horas?
- São 11:00hs.
- Nossa! Dormi demais, por que não me acordou?
- Ele está feliz por saber que vai ser pai e quer comemorar com os
amigos. - Hector enlaça minha cintura, me aperta em seu corpo e beija meu
rosto, me suspendendo um pouco do chão.
- Que saudade de você, Sophie! - Pedrão vem em nossa direção com
um sorriso lindo no rosto.
Sinto a mão do Hector me aperta a cintura em tensão, olho
repreendendo-o por seu ciúme. Ele dá de ombros me ignorando.
- Mas você não é a Sophie sobrinha do Hector que mora em São Paulo
e ajudou Olímpia a comprar seu enxoval?
- Sou eu mesma.
- Entendi. - Ela olha nossas mãos entrelaçadas.
- Vamos sentar! - Pedrão nos puxa para sentarmos com nossos amigos.
O lugar está cheio com um clima animado, as crianças brincam no parquinho
enquanto os pais conversam não deixando de observá-las. E a mãe da Olímpia
não para de olhar pra mim.
- Nada… Estou feliz por nossos amigos estarem seguindo suas vidas
felizes, independentemente de suas escolhas.
- E nós também vamos seguir a nossa vida juntos e felizes. - Lhe lanço
um sorriso esperançoso, torcendo para que dessa vez consigamos ficar juntos.
Pedrão e Olímpia sentam-se à mesa em que estamos e todos
conversam animadamente, os vejo entrosados, não parece que o tempo
passou, depois penso melhor e a única que não está tendo uma convivência
maior com eles sou eu que os estava evitando.
Não sei o que dizer, fico sem reação ao ouvi-lo. - Você ouviu amor? -
Hector me pergunta.
- Ouvi sim. - Hector me questiona com um olhar e concordo com um
gesto de cabeça.
- Por mim já estaria casado, mas vou esperá-la se formar. - Olho pra
ele e faço cara de surpresa. - O que foi amor? - Ele pergunta beijando a ponta
do meu nariz.
- Hum, essa doeu até em mim! - Rodrigo ri da careta que Hector faz.
- Não quero e para eu mudar de ideia, você vai ter que me convencer. -
Falo brincando e lhe lanço uma piscadela.
- Mostra quem é o macho dessa relação Hector. - Felipe Brinca.
O abraço mais forte e conto da discussão que ouvi entre Olímpia e sua
mãe.
- Por que você não foi com eles se encontrar comigo, já que estavam
juntos? - O questiono.
- Hector, você acha que vamos ser bons padrinhos para o bebê deles?
- Um pouco, por quê? - Olho em meu relógio e vejo que são 22:00hs,
ficamos muito tempo fora.
Hector segura meus braços nas costa e começa a beijar meu pescoço.
- Estava de pau duro, doidinho pra ter você na piscina e o que você fez
comigo!? Me empurra na piscina! Falei com todo carinho que pretendia lhe
pedir em casamento assim que se formar e o que você fez!? Me desdenhou!
Isso não é coisa que se faça menina má, então como seu tio, tinha que lhe
castigar.
Não consigo me manter com raiva e começo a rir, como ele é idiota!
- Que bom, que está arrependida, isso é um bom sinal, quer dizer que
ainda tem salvação e poderá se tornar uma boa menina.
- Como uma boa menina que sou, - me afasto dele - Vou ficar bem a
vontade, para o senhor ter livre acesso.
- Tira ela. - Estou excitada e louca para senti-lo dentro de mim. Hector
me faz fazer loucuras, que jamais pensei em fazer.
Ele retira sua sunga em uma velocidade relâmpago, sobe o primeiro
degrau e coloco meu pé novamente em seu peito.
- Como o senhor disse titio, ainda tenho salvação e posso ser uma boa
menina e para isso acontecer não posso cair em tentação, então você vai ter
que esfriar sua cabeça de baixo. - O empurro com o pé, fazendo-o cair de
costas na água.
- Há… Sua menina má! Dessa vez vou lhe ensinar a respeitar os mais
velhos. - Ele fala mordendo o lóbulo da minha orelha.
Hector retira minha toalha, sinto seu pau duro em minhas costas, ele
curva meu corpo na mesa da cozinha, meus seios ficam ainda mais rígidos em
contato com a madeira, minha bunda fica exposta e ele dá um tapa em cada
nádega.
- Essas palmadas são para você aprender a respeitar os mais velhos.
Ele aperta minha bunda e a beija, suas mãos começam a passear por
todo meu corpo, alisando minhas costas, cintura, coxas e minha amiga
perseguida, cochichando deliciosamente em meus ouvidos. Desfruto a
maravilha de seus carinhos e palavras, me fazendo desejá-lo cada vez mais.
Hector começa a roçar com seu membro duro minha perseguida que
está ansiosa, ele brinca um pouquinho com ela, umedecendo seu pau rígido.
- Então me promete que vai ser uma boa menina e não fugirá mais de
mim. - Eu prometo. - Respondo ofegante e puxo seu mastro com força para
dentro de mim, sentindo-me totalmente preenchida por meu homem.
Hector se move dentro de mim com uma fome voraz, seguro com as
mãos a borda da mesa e minhas pernas estão em volta de sua cintura,
acompanho seus movimentos, suas mãos acariciam meus seios, prendendo
meus mamilos entre os dedos, me dizendo coisas que só ele sabe dizer e que
me fala à alma, começamos a acelerar cada vez mais nossos movimentos, ele
me invade com força, com ritmo, nossos gemidos formam um só som, sinto o
membro dele maior, pulsando e em uma última investida, gozamos
deliciosamente juntos, soltando de uma só vez todo o nosso prazer.
Hector deita sua cabeça sobre minha barriga, acaricio seus cabelos por
alguns minutos, então ele sai de dentro de mim, me ajuda a sentar, me beija e
abraça-me com carinho.
Meus olhos acompanham em seu rosto o prazer que ele sente, o que
me dá ainda mais tesão, e enquanto minhas mãos roçam suavemente suas
nádegas e bolas, minha língua, boca e lábios trabalham incansáveis em seu
pau.
Hector está me esperando no altar, meu pai me conduz até ele que me
espera no final do tapete, não acredito que vou ser sua esposa!
Meu nariz começa a coçar, não acredito! Logo agora que todos estão
me olhando e meu nariz começa a coçar! - Meu nariz está coçando pai. -
Coloco a mão nele, mas infelizmente ele não para de coçar.
Abro os olhos e foco minha visão e vejo Valentina perto da cama com
um matinho fazendo consigas em meu nariz.
- Pelo que vejo a farra foi grande! - Ela ergue um pau e na ponta dele
está a calcinha do meu biquíni.
- São quantas horas? - Pergunto enquanto me viro para sentar na
cama.
- Não querendo ser estraga prazer, como Dennis fica nessa história? -
Ela pergunta com um encolher de ombros.
- Estou bem, não precisa se preocupar valeu à pena dormir tão tarde. -
Hector me lança um sorriso sacana.
- Seus pais chegam amanhã, estou querendo falar com a Sônia manhã
mesmo e depois conto tudo para seu pai, você quer ir comigo ou vou
sozinho?
- Por que você não deixa pra falar com os dois depois de amanhã, eles
vão chegar cansados da viagem. - De repente, me deu um friozinho na
barriga, finalmente meu pai vai saber sobre a gente.
- Como se precisasse fazer isso, você não sai da minha cabeça minha
diabinha. - Ele deposita um beijo singelo em meu pescoço.
- Pensei que você fosse dormir com ele? - Ela fala dando de ombros.
- Ontem dormimos tarde e ele está cansado, quero que Hector
descanse quem está de férias sou eu e não ele.
- E Hector não achou ruim de você dormir aqui e não com ele?
- Achou, mas o convenci que seria melhor e ele acabou cedendo.
- Vendo vocês juntos, me fez lembrar do William. - Valentina comenta
cabisbaixa.
- Valentina, você deveria procurar Willian e tentar conversar com ele.
- Queria tanto que minha amiga saísse dessa vida desregrada que ela está
levando, ela mudou muito depois que os dois terminaram.
- Não posso Sophie, O que ele fez comigo é imperdoável e o que fiz
com ele, não fica muito atrás, então não tenho esperança de um dia reatar com
ele.
Não sei o que ele fez com Valentina, mas sei de uma coisa, o que ela
fez com ele foi forte e muito vingativo. Ficar noiva dele sabendo que não ia
comparecer ao jantar de noivado e deixá-lo plantado esperando por ela com
toda família reunida é de uma crueldade sem tamanho. Mas como sou sua
amiga não quero ficar criticando suas atitudes, ela deve ter tido suas razões
para ter agido dessa forma.
- Mas, você deveria pelo menos falar com seus avós, eles a amam e
vão perdoá-la.
- Shhh, está tudo bem, só não consegui dormir sem você. - Ele me
abraça, coloca minha cabeça em seu peito e adormeço novamente.
Acordo com lábios pousando nos meus, posso estar de olhos fechados,
mas seus lábios e seu cheiro são inconfundíveis. Puxo seu rosto ao meu e
invado sua boca com minha língua lhe dando um beijo de bom dia.
- Bom dia meu amor, não queria lhe acordar. - Hector fala com
sua boca perto da minha.
- Bom dia!
- Preciso ir, mas estarei aqui para almoçarmos juntos, seus pais
chegaram e virão também almoçar, depois do almoço vou conversar com
Sônia.
- Até daqui a pouco. - falo baixo e rouca por ter acordado agora.
- Até amor. - Hector sai me deixando sozinha com meus pensamentos
conflitantes.
Faço minha higiene pessoal e vou para a cozinha, ao chegar vejo tia
Celeste, meu avô e Valentina em uma queda de braço.
- Olha pra sua amiga e vê se não tenho razão! - Meu avô fala e vem
em minha direção com um sorriso enorme no rosto. - Não lhe vi ontem meu
amor. - Ele me abraça e me dá um beijo na testa. - Como estava falando… -
Meu avô retorna a mesa me puxando pela mão. - Você tem que ser humilde e
conversar com seus avós. - Meu avô repreende Valentina.
- Não posso vô. - Valentina abaixa a cabeça e fica mexendo em suas
mãos.
Achei bonito ela chamando meu avô de vô, ela deve estar muito
carente, sem seus avós que são tudo pra ela.
- Minha menina… O orgulho não leva a nada, peça perdão a eles e
fala o que está em seu coração. - Tia Celeste tenta reforçar o pedido do meu
avô.
- Esse velho chato! - Ela reclama ainda com um bico enorme no rosto.
Tomo meu café e vou pro meu quarto tentar falar com Valentina, mas
ao entrar a vejo dormindo embolada e a cubro com um edredom e fico um
pouco com ela.
- Bem que meu pai disse que vocês se acertariam que eu poderia viajar
em paz que quando eu chegasse estaria tudo resolvido. - Ela fala enquanto
enxuga suas lágrimas. - Me perdoem… Por favor, me perdoem. Eu… Estava
envenenada com as palavras da Elena, não parei para pensar, foi somente meu
pai que me abriu os olhos para o mal que estava causando a vocês.
- Vocês sabiam que quando seu avô, - minha mãe olha pra mim, - e
seu pai, - Depois olha pro Hector, - descobriu qual era a faculdade que Heitor
ia estudar, ele escolheu a mesma para eu ir também? Ele fez isso para não
ficarmos distantes! - Ela conta a história com um brilho no olhar. - Meu pai é
maravilhoso uma pessoa rara de se ver.
- Tudo bem! - Hector concorda, mas vejo que ele não gostou da ideia.
Vou ver meu pai, ele está perto da churrasqueira conversando com
meu avô e o marido da tia Celeste.
- Ela está dormindo, daqui a pouco deve estar aqui. - Quero deixá-la
dormir o quanto quiser, às vezes é bom se desligar de tudo.
- Você viu o convite do Dr. Juarez? - Meu pai pergunta ao Hector, que
está atrás de mim com o semblante fechado.
- Ainda não, mas o encontrei quando fui levar Sophie para almoçar no
Coco Bambu e ele me adiantou sobre o jantar. - Hector responde sério.
- Sophie meu amor, depois do almoço vamos pra casa, então arrume
suas coisas e pede pra Valentina arrumar as dela também. - Hector engasga
com o refrigerante que ele estava tomando.
- Estou pra explodir, Sophie, não quero mais viver nessa situação. -
Hector fica andando de um lado para o outro em seu quarto.
- Hector, minha mãe pediu até sábado, está tão perto pra quê se
estressar com isso?
Chego perto dele e passo a mão em seu rosto sentindo sua barba que
tanto amo.
Lanço uma última olhada no espelho e aprovo o que vejo, estou com
um vestido de oncinha com bordados e manga de renda, ele é degodê e tem
um generoso decote nas costas.
- Você quer me ver discutindo com alguém nesse maldito jantar não é
Sophie? - Hector chega perto de mim e coloca sua mão nas minhas costas
acariciando-a. - Espero não ver marmanjo nenhum colocando a mão onde não
deve ao lhe cumprimentar, ele me dá um beijo em meu ombro, me fazendo
arrepiar.
Minha mãe nos vê chegando e vem ao nosso encontro, ela nos guia
para cumprimentar os anfitriões e o homenageado.
Tem como um raio cair no mesmo lugar duas vezes? Meu Deus! Eu
devo estar me confundindo não pode ser…
O rapaz chega perto do seu pai e ele nos apresenta. - Sophie esse é
meu filho Nouga. - Nouga dá um sorriso com um brilho no olhar.
- Oi… Eu… - Gaguejo igual uma idiota. - Oi Nouga, foi bom lhe
rever. - Falo de supetão, para não gaguejar novamente.
- Vocês se conhecem? - Meu pai e o seu falam ao mesmo tempo.
- Nos conhecemos em São Paulo, nos dias que fiquei por lá com o
senhor. - Nouga responde sem tirar os olhos de mim.
Estou muito desconfortável, se pudesse sairia correndo, mas
infelizmente não posso. E o pior é ver o olhar questionador do Hector e da
minha mãe.
- Que coincidência, tem pouco tempo que Nouga voltou para o Brasil.
- Meu pai comenta.
- Por que você está defendendo esse cara Sophie? – Hector pergunta
decepcionado.
- Não estou defendendo ele, eu só não quero um escândalo na festa.
Que cara idiota, isso é o que dá pegar o primeiro idiota que vem na
sua frente, ou melhor, isso é o que dá beijar o primeiro idiota que aparece para
pagar uma aposta.
- Hector. - Grito seu nome, assim que vejo ele indo feito furacão para
cima do Nouga. - Seguro seu braço desesperada. - Não faz isso, por favor.
- Ouviu o que ele falou de você amor! - Hector fala indignado. - Não
aceito que ninguém fale assim contigo.
- Seu filho da puta… – No momento que meu pai ia partir pra cima do
Hector, eu não permiti, assim como minha mãe.
- Não pai, não Heitor! - Falamos juntas. Ele para com minha mãe
segurando seu braço.
- Vamos para casa, aqui não é lugar de termos esse tipo de conversa. -
Minha mãe pede ao meu pai.
Ele se vira nos fuzilando com o olhar. - Quero os dois em minha casa
agora! - Meu pai aponta o dedo entre nós dois e sai com minha mãe.
Olho ao redor e vejo algumas pessoas no jardim, junto estão os amigos
dos meus pais. Dona Neide está com a mão na boca tentando esconde sua
expressão horrorizada, Dr. Juarez está com as mãos no bolso balançando a
cabeça em negativo.
Hector se levanta e vamos em silêncio para o carro, a única coisa que
eu quero é sumir daqui.
Vamos para a casa dos meus pais e ao chegar ouço seus gritos em uma
discussão acalorada com minha mãe.
Meu pai ao nos ver se cala e aponta para o sofá, onde minha mãe está
sentada.
- Quero falar primeiro Hector. - Coloco minha mão na sua, meu pai as
fuzilam com o olhar, mas não retiro minha mão da dele, pelo contrário
entrelaçamos nossas mãos.
- Pai… - Suspiro e começo meu relato, contei-lhe que me apaixonei
pelo Hector desde o momento que desci as escadas para conhecê-lo, que
nunca o vi como tio e que nós tentamos não nos envolver, mas nosso amor foi
maior e acabamos ficando juntos, contei que minha mãe descobriu e que
ficamos 3 anos separados e mesmo assim, não deixamos de nos amar e agora
queremos ficar juntos, sem medo, receio ou vergonha e não queremos mais
esconder isso de ninguém.
- Então era por ela que você estava sofrendo nesses últimos tempos. -
Meu pai o interrompe.
- Sim…
- E por que você não foi homem suficiente para me dizer que estava
apaixonado por ela? - Meu pai cruza os braços e ergue uma sobrancelha.
Meu pai olha em reprovação para minha mãe e ela abaixa a cabeça.
- Confiei minha filha a você Hector… - Meu pai fala com a voz
carregada de decepção. - Como pôde fazer isso comigo! Era para você cuidar
dela, e o que você fez! A seduziu…
- Meu Deus! Aonde foi que eu errei? - Já sei aonde errei… - Meu pai
começa a chorar. - Errei no dia que confiei em meu irmão, errei nas vezes que
fiquei os finais de semana longe de casa deixando minha filha em seus
cuidados. - Meu pai fala enquanto aponta o dedo pro Hector chegando perto
dele. - Eu sempre te amei meu irmão e o que você fez comigo… Você me
apunhalou pelas costas. - Meu pai murmura as últimas palavras.
- Me perdoe Heitor, mas meu amor pela Sophie foi maior, eu lhe juro
que tentei e fiz de tudo para vencer esse sentimento, mas ele foi maior que eu.
- Hector chora ao desabafar.
- Dessa história toda o que mais me magoa é que lhe perguntei várias
vezes o nome da mulher por quem você estava sofrendo, você teve todas as
oportunidades e mesmo assim não disse, até quando vocês me fariam de
idiota?
- Sophie, você quer ficar com ele? - Meu pai me pergunta sério.
- Não vou afastar vocês como a Sônia fez, mas também não aceito a
relação de vocês. Então se preferirem ficar juntos, não precisa contar comigo
pra nada, se vocês quiserem continuar com essa loucura, podem esquecer que
eu existo. E você Sophie. - Meu pai aponta um dedo pra mim. - Vai voltar pra
São Paulo se possível amanhã, e pode ter certeza que não voltará pra chácara,
vai dormir aqui até ir embora, pode ligar pra sua amiga e pedi-la para arrumar
suas coisas e vim pra cá também. E você Hector pode esquecer que tem um
irmão, porque não aceitarei essa relação imoral de vocês. - Meu pai fala
jogando sua fúria nas palavras.
- Me desculpe Heitor, mas prefiro ficar sem irmão a ficar sem coração,
ele pertence à Sophie e sem ela não consigo viver e muito menos respirar, já
tive a experiência de não tê-la em minha vida e não quero passar por esse
inferno de novo. A única forma de ficar longe da Sophie. - Hector se vira pra
me olhar. - É se ela não me quiser.
- Sophie, vou lhe dar um tempo para pensar com calma, depois
conversamos. – Hector me fala decidido.
Ele sai da sala e vai em direção à saída, ao vê-lo se distanciando meu
coração aperta, não posso deixá-lo ir, não posso.
- Hector… - Saio correndo assim que o vejo indo para seu carro. - Não
meu amor, não preciso pensar em nada.
- Não, Sophie. Fica com seu pai, não quero causar mais sofrimento a
ele, fica aqui e vai para São Paulo, como ele disse, em seguida vou lhe visitar.
Volto pra dentro de casa e não vejo ninguém na sala, vou para o meu
quarto, deito na cama e desabo a chorar, eu amo meu pai, tenho mais
afinidade com ele do que com minha mãe, ele é tudo pra mim, tantas vezes
ele foi me visitar e saímos para passear, ele foi minha fortaleza e minha lufada
de alegria nesse tempo que fiquei afastada do Hector.
Choro até adormecer.
Acordo com uma mão alisando meus cabelos, ao abrir meus olhos,
vejo minha mãe sentada na cama.
- Seu pai conseguiu um voo para hoje à noite, já conversei com a
Valentina, seu avô vai levá-la ao aeroporto.
- Não estou com fome mãe. – Fecho meus olhos e me viro para o
outro lado, quero dormir até chegar a hora de ir para o aeroporto.
Ela está com Hector, ele está carregando minhas malas que deixei em
sua casa.
- Não fica assim! Seu pai te ama e ele vai aceitar o relacionamento de
vocês. – Abraço-a forte, quero muito acreditar em suas palavras.
- Será que sobra um abraço pra esse velho aqui? – Meu avô pergunta
atrás de Valentina.
- Claro vô. – O abraço também.
- Minha filha, não fica assim, tudo vai dar certo. Meu avô fala
tentando me passar conforto.
Faz dois meses que fui embora, mas todos os dias Hector e eu
conversamos pelo telefone.
Não foi fácil terminar com Dennis, ele não aceitou bem o fim do
nosso namoro, no começo ele estava me odiando, mas agora voltou a
conversar comigo, pois estamos na mesma equipe no hospital.
- Pode.
Ele senta e se vira para me olhar.
- Assim que chegar em casa termino minha parte na pesquisa, se você
quiser vou na sua casa mais tarde entregar e passar os tópicos a serem
estudados. Temos que fazer essa parte juntos.
- Tudo bem, você pode ir sim, não é porque não estamos namorando
que você não pode ir fazer as pesquisas em grupo lá em casa.
- Sorte a sua que a senhora aí da frente foi morar com o filho, porque
estava vendo a hora dela fazer um abaixo assinado para você. E no abaixo
assinado estaria escrito “expulsar a mulher de vida fácil do prédio”. – Começo
a rir do apelido que a senhorinha da frente colocou na Valentina.
- Ela é uma velha tão puritana que não tem coragem de me chamar de
puta ou garota de programa. – Valentina começa a rir. – Que apelido, “mulher
de vida fácil”. – Valentina faz um sinal da cruz. – Se ela soubesse que dou por
puro prazer era capaz de me chamar de filha do satã.
- Pode deixar mamãe. – Ela me manda um beijo e vai para seu quarto.
Dennis segura meu pescoço e gruda nossas bocas, sinto sua língua
invadindo minha boca sem permissão.
No momento que afasto meu corpo e coloco minha mão em seu peito
para afastá-lo ouço a voz que menos queria ouvir nesse momento.
Estou com meus olhos fechados e com a mão na boca para tentar
mantê-la fechada, porém a vontade é de deixá-la cair escancarada e aberta,
tenho medo de abrir meus olhos e constatar que não é ilusão, a pessoa que
vejo na minha frente. Ao abri-los, realmente vejo Hector na porta do
apartamento em frente ao meu, ele está de bermuda e sem camisa, mostrando
seu glorioso peitoral com uma xícara na mão, não acredito que ele é meu
novo vizinho!
- Não é mentira… – Respiro fundo. - Ele é meu tio. – Conto pra ele,
pressentindo que irei ter problemas com isso.
Dennis começa a rir alto com deboche.
- Quer dizer que fui embora deixando você com seu tio para
conversarem e na verdade a deixei com seu tio para você ficar de esfregação
com ele e o idiota aqui levar um par de chifres!
- Eu não fiquei com ele Dennis, nós não estávamos juntos, tínhamos
terminado, ele foi me visitar.
- Caralho! E o seu pai aceita essa relação de vocês? Não acredito, com
tanto homem no mundo Sophie!
- Dennis…
- Não é da merda da sua conta, quem aceita ou deixa de aceitar. –
Hector responde e passa a mão nas minhas contas me passando apoio.
Dennis tenta se mexer para sair do aperto dele, mas não consegue.
- Solte-o Hector, deixe-o ir, ele está falando tudo isso da boca pra fora.
– Peço com medo dos vizinhos começarem a sair para o corredor ou chamar a
polícia.
Olho pra ele e vejo que seu nariz está sangrando, ele limpa o sangue
com as costas da mão.
Entendo seu lado, ela nunca pensou que uma coisa dessas pudesse
acontecer e muito menos eu.
- Vou tentar conversar com ele. – Falo ansiosa querendo estar em seus
braços, depois que o vi a única coisa que eu penso é beijá-lo e matar minha
saudade.
- Como assim? – Pergunto sem entender o que ela quer dizer com isso,
a Valentina está ficando doida se pensa que vou me produzir e sair deixando o
Hector aqui sozinho.
Valentina corre para seu quarto e volta com o sorriso do gato de botas,
o que será que essa doida está aprontando?
Não espero ela terminar, tiro as chaves da sua mão e corro para o
banheiro.
- De nada. – A ouço gritando da sala.
Fico receosa de entrar no quarto pelo modo que ele falou comigo,
penso em dar meia volta e ir embora, mas como já estou aqui, não vou recuar,
ao invés de ir embora preferi me manter na entrada do quarto. Hector pode até
estar chateado, mas eu também não tive culpa.
- Estava muito alterado e não queria ser rude, então preferi me afastar
e conversar com você amanhã, quando estivesse mais calmo.
- Sei, é estranho, mas tudo bem! – Dou de ombros e começo a chegar
perto da cama. – Pensei que depois de dois meses sem nos vermos, estaria
com saudades de mim, mas pelo jeito, vejo que não. – Sento na cadeira perto
da cama e cruzo minhas pernas expondo minha calcinha vermelha. - Então
vou para meu AP, depois conversamos. – Levanto da cadeira e vou até a
porta, mas não consigo passar dela, pois Hector me puxa para seus braços.
- Você não vai mesmo! Estava quietinho em meu canto, sendo um
idiota por não estar com você, mas como minha namorada é maravilhosa, e
me mostrou que estou agindo errado em deixá-la sozinha por causa de um
fedelho, não vou deixá-la ir de forma alguma.
Ele retira meu robe com um puxão, passa à mão nos meus braços, me fazendo
arrepiar e ao chegar em minhas mãos, ele as entrelaça nas suas.
Hector encosta seus lábios nos meus levemente, os saboreando, nos
beijamos em um misto de saudade, prazer, amor e alegria por estarmos juntos
novamente, esse beijo é calmo, sereno e cheio de um futuro certo, diferente
dos outros beijos que eram sedentos e desesperados por não sabermos quando
teríamos a chance de nos vermos de novo ou medo de acontecer algo que nos
separasse novamente.
- Eu sei, também quase pirei ao ouvir sua voz. - Suspiro satisfeita por
estar em seus braços. Dou um beijo em seu peito e encosto meu queixo nele,
para olhá-lo. - Parece um sonho você aqui comigo, mas como você vai
conciliar morar em São Paulo e trabalhar em Brasília? – Fico feliz pelo
sacrifício que ele fez por mim, mas ele não pensou direito ao se mudar pra cá.
- Meu pai te despediu? – Pergunto atônita, não acredito que ele fez
isso com Hector!
Hector veio para São Paulo de carro, ele fez questão de levar eu e a
Valentina no hospital.
- Assim vou me acostumar mal, como é bom ter um motorista, esse
trânsito de São Paulo é caótico. – Valentina comenta enquanto andamos
rapidamente pelo corredor do hospital.
- Quem diria Sophie! – Ellen entra na sala e me olha dos pés a cabeça.
- O que foi Ellen? – Pergunto sem entender nada.
- Eu pensava que você era uma daquelas garotas que são pudicas ou
não sabem da sua beleza ou que é daquelas garotas inseguras, sei lá! Porém
você me surpreendeu Sophie.
- Por que você não vai direto ao ponto Ellen. – Valentina a incentiva
sem paciência.
- Eu não tenho um caso com meu tio e não é da sua conta o que faço
da minha vida.
- Tudo bem! Mas vou lhe avisar que todo mundo está falando mal de
você, então é bom desmentir essa fofoca, basta uma mal falada na nossa
equipe. – Ellen dá de ombros e sai da sala.
- Val…
Ela sai da sala e bate à porta com força. Já vi que meu dia vai ser
cansativo, vou ao banheiro e lavo meu rosto, preciso conversar com ela.
Valentina é minha melhor amiga e eu a ofendi, sei que ela está errada em
manter um relacionamento com um homem casado, mas eu tenho que
entender que ela está perdida e precisa de ajuda e não de uma pessoa que fica
criticando-a.
Sophie: Meu dia está sendo puxado. Fico feliz que esteja gostando do
seu primeiro dia. Também te amo.
Vejo que ela está em uma emergência e não posso tirar sua
concentração, volto para meu setor, depois converso com ela.
O resto da tarde passa rápido, procuro por ela mais uma vez e fico
sabendo que Valentina foi de carona com outra pessoa, troco de roupa e vou
esperar por Hector no estacionamento.
Olho pra trás e vejo Dennis perto do seu carro nos observando.
- Hector, chega de confusão por hoje. - Puxo seu braço e vamos para
casa, preciso ver Valentina e conversar com ela.
Sei que meu relacionamento com Hector, não será nada fácil, mas isso
que aconteceu hoje não me abalará, muito menos nos separará…
Acordo cedo e decido fazer um café da manhã para nós dois, entro no
quarto da Valentina e vejo que ela não dormiu em casa.
Fico ouvindo umas meninas falando de mim, estou achando que daqui
pra frente minha vida será a fofoca do momento entre as equipes no hospital,
se ficasse somente entre nós tudo bem, o pior é que até as técnicas de
enfermagem estão comentando, resumindo, todos os funcionários do hospital
sabem e muitos me olham mais tempo que deveriam!
Meu Deus! Será que nenhum deles nunca souberam de um caso em
que um tio e uma sobrinha se apaixonam?
Valentina levanta sua blusa e vejo marcas roxas em seu corpo e umas
cicatrizes estranhas.
- Sempre temos uma saída, você pode fazer certo daqui pra frente e
fazer escolhas melhores.
- Aonde você dormiu? - Estou achando que não vou gostar da sua
resposta.
- Dormi na casa de um amigo,
- Que amigo?
- Você não conhece. Ele é maduro e me dá vários conselhos legais.
- Quem é esse homem misterioso que está de caso? Por um acaso é o
Dr. Ricardo?
- Não! Ele é viúvo e tem idade para ser meu pai, claro que não é ele.
- Val… Valentina. É o Dr. Fernando?
- Não Sophie, você não o conhece e nem o viu. Ele não é do nosso
meio. Agora já não tem mais importância, está tudo acabado.
- Tudo bem! O que você vai fazer agora?
Todas as vezes que estivemos na chácara meu pai fez questão de não ir
até lá, minha mãe foi nos visitar sozinha, em uma dessas visitas me pediu para
ter paciência e que meu pai um dia iria nos perdoar. Sei que ele está magoado
com a gente, por isso não quero insistir, só espero que um dia ele nos aceite,
enquanto isso não acontece, vou seguindo minha vida, com o coração cheio
de saudade dele.
Não passamos as festividades de fim de ano com nossos familiares,
preferimos passar aqui mesmo por vários motivos e um deles é que estou sem
tempo para viajar e ele também, esse é meu último semestre da faculdade,
estou com muitas provas e no final do meu TCC.
- Terra para Sophie. – Valentina estrala os dedos na minha frente para
chamar minha atenção.
- Estava pensando no meu pai, vou me formar esse ano e queria muito
que ele comparecesse, mas pelo que vejo isso não vai acontecer.
- Calma Sophie, isso pode acontecer sim!
- Tenho certeza que eles virão lhe visitar. – Falo com convicção para
lhe dar apoio, na verdade estou com medo dela se decepcionar.
Valentina foi em Belo Horizonte ver os avós, mas sua mãe disse que
eles não estavam em casa e não quis deixá-la passar do portão, então ela
decidiu ligar para eles os convidando a passar o final de semana com ela e
eles disseram que iam ver se conseguiriam vir. Estou torcendo para que eles
venham, pois eles são o único suporte que ela tem em sua vida.
- Vamos, Hector já deve está esperando há muito tempo. – Valentina
termina de calçar sua sapatilha e me puxa pra fora do banheiro.
- Oi! – Respondo um pouco receosa por ver essas duas perto dele.
- Oi Sophie! - As duas respondem juntas, me olhando surpresas.
- Então vocês conhecem minha namorada! – Ele passa pelas duas, me
abraça e me dá um selinho.
- É… Nós conhecemos! – Ellen responde olhando entre nós dois. –
Mas… Tem muito tempo que vocês namoram?
- Fofoqueiros? – Ele olha pra ela como se não soubesse do que ela está
falando.
- Por isso mesmo falei que sou seu tio para aquelas duas fofoqueiras. –
Ele responde de supetão. – Não quero mais ninguém falando mal de você
nesse hospital.
- Ha, ha, ha, muito engraçadinho você. – Cruzo meus braços e penso
em como minha vida será um inferno amanhã.
- Vou ficar no meu AP essa noite, tenho algumas coisas para estudar,
amanhã conversamos. – Saiu do elevador e vou direto para minha porta com a
chave na mão.
Ele não entende que é chato ficar em um lugar onde todos te olham ou
com pena ou com repúdio, é complicado estar todos os dias em um ambiente
em que você não pode ficar a vontade, ao redor dos seus companheiros de
estudo.
- Então era para eu ter mentido sobre ser seu namorado, ou mentido
sobre eu ser seu tio? Porque eu só disse a verdade.
- Você diz isso, por que ninguém do seu trabalho sabe sobre nosso
parentesco. – O acuso.
Fico sem graça ao ouvi-lo dizer que as pessoas em seu trabalho sabem
sobre nós.
- Vamos esquecer isso, não quero discutir com você. – Sento em seu
colo.
- Em momento algum queria discutir, foi você quem quis dormir
sozinha, mas fique sabendo de uma coisa, por mais que esteja com raiva de
mim, não vou deixar você se afastar.
- Seu ogro! Você tem que parar com essa mania de me jogar no ombro
Hector.
- Eu faço isso para te mostrar quem está no controle, não adianta
tentar fugir de mim, que eu não vou deixar.
Meu dia foi exaustivo, mas estou feliz por não ouvir nenhum
comentário ou piadinha.
Fico olhando para o Dr. Otávio sem saber o que lhe responder,
realmente esse boato todo está me afetando.
- Amor, - ele chega perto de mim e segura meu rosto. - Para casarmos
precisamos de um geneticista, então resolvi procurar um dos melhores no
ramo e por coincidência ele trabalha no mesmo hospital que você está
terminando seu curso. Contei a ele nosso parentesco um pouco da nossa
história, eu ia vir aqui um pouco antes do horário e lhe contaria tudo e depois
queria lhe levar para conversarmos com ele. Mas seu pai apareceu no
escritório que estou trabalhando, ele queria conversar comigo sobre a gente,
então decidi pedir sua mão em casamento pra ele, eu acho que ele ficou tão
chocado que me socou e meu supercílio cortou e ele me trouxe pra cá…
- Meu pai está aqui? - Pergunto atônita.
- Não, ele foi embora, mas quer jantar com a gente mais tarde, Hector
comenta com um sorriso satisfeito.
Não sei o que dizer, estou alegre e apavorada ao mesmo tempo.
Assim que sentamos nas cadeiras em frente sua mesa, ele começa com
suas explicações.
Não sei o que perguntar e não sei o que pensar, Hector está decidido a se casar
comigo e a única coisa que eu quero é poder lhe dar um filho, mas como tudo
para nós dois não é tão fácil assim, fico com medo de fazer esses exames e
ver que nosso sangue não é favorável.
- Vamos amor, não precisa ficar assim, se seu pai quer conversar com
a gente é porque algo bom virá. - Ele aperta minha mão tentando me passar
conforto.
Quando vejo, meu pai sentado à mesa, meu coração falta saltar pela
boca, há quanto tempo não o vejo, não o abraço e não converso com ele,
minha garganta se fecha com vontade de chorar, tive que engolir em seco para
evitar cair em prantos, preciso ser forte e mostrá-lo que independentemente
do que aconteça aqui, não me abalarei e estarei com Hector, que nosso amor é
forte.
Meu pai se levanta assim que nos vê chegando, ele olha por um
momento nossas mãos entrelaçadas, depois foca sua visão em meu rosto.
Quero muito abraçá-lo, mas não sei qual vai ser sua reação.
- Vamos amor… - Hector puxa minha mão, somente agora notei que
estou parada, perdida em pensamentos e analisando meu pai.
Assim que meu pai chega perto de nós, ele me puxa de encontro ao
seu corpo e me abraça forte.
- Eu sei meu amor, deixei meu orgulho falar mais alto por um bom
tempo, mas agora estou aqui. - Meu pai me abraça novamente e sinto Hector
se juntar a nós em um abraço multou, sinto pessoas juntando-se ao abraço e
vejo que é minha mãe e meus avós, minha felicidade está completa, as
pessoas que mais amo, aceitaram nossa relação, isso é o que importa e o resto
é resto.
Meu pai para e não completa sua frase, Hector levanta-se da cadeira e
me puxa pelas mãos, me deixando de pé. Assim que ele se ajoelha a minha
frente, a ficha cai e começo a chorar.
- Sophie… - Ele pausa e pisca os olhos emocionado. - Eu senti meu
coração pequeno desde o momento em que te vi descendo as escadas da sua
casa. Depois que nos tornamos amigos, comecei a te amar desesperadamente,
mas achei errado, por isso fui tão relutante no começo, mas agora eu vejo que
errado é não estar ao seu lado. Sem você, minha vida não tem sentido, seu
lugar é junto a mim e é por isso que lhe ofereço meu coração e meu amor até
meu ultimo suspiro, você sempre os teve em suas mãos, você me tem em suas
mãos, e só você tem o poder de me fazer feliz… Eu te amo meu amor…
Sophie, aceita casar comigo?
Hector pergunta com lágrimas nos olhos, o restaurante está em um
silêncio profundo, meus pais e meus avós, como também as pessoas das
outras mesas, estão em pé nos olhando. Olho ao redor e não vejo um cenário
melhor para oficializar nosso amor e nossa união.
- Como tinha dito, não estava preparado para ver minha boneca se
casar, mas não vejo homem melhor pra ela, apesar de você ser meu irmão,
tenho orgulho de saber que minha menina estará casando com um homem
integro, por mais que seja estranho, não posso deixar de estar feliz por vocês,
eu os abençôo.
Meu pai diz a Hector que o abraça e ambos choram, nunca me senti
tão feliz em toda minha vida, saber que meus pais nos aprovam é a melhor
coisa do mundo!
Meus pais e avós estão instalados em um hotel fazenda perto de São
Paulo e Hector alugou um chalé para nós também, iremos passar o final de
semana com eles.
Assim que estou no carro indo para o chalé recebo uma mensagem.
Valentina: Parabéns amiga! Você merece tudo de bom em sua vida.
Valentina: Minha avó está lhe desejando felicidades. Hoje está sendo
meu melhor dia depois de ter me separado do Willian.
Sophie: Que bom, estou feliz por você. Dá um beijo nos dois por mim
e fala que estou com saudades deles.
Valentina: Pode deixar que eu falo. Tchau amiga, vai se divertir com
seu noivo que vou curtir meus avós.
Sophie: Tchau.
- Que bom meu amor, fico feliz por ela. - Hector comenta feliz.
- Como vou fazer sem roupas limpas? – Pergunto sem saber como
farei.
- Hum! Me mostra mais um pouco, quem sabe vou acreditar que não é
um sonho! - Respondo com os olhos fechados sentindo sua respiração
ofegante rente a minha.
Hector retira sua roupa ficando nu também, ele toca meus seios com
delicadeza, adorando minha pele e me deita na cama.
- Quero fazer amor com minha linda noiva, quero lhe mostrar o quanto
estou feliz.
- Bom dia amor. - Hector boceja e vira sua mão com a palma pra cima,
coloco minha mão em cima da sua e ele entrelaça nossos dedos e dá um beijo
em minha mão.
Chegamos à queda d’água que é linda, existe uma pedra que parece
um escorregador, logo que cheguei fiquei de biquíni.
- Como fui burro ao convidar a dita que você disse o nome e não ter
aproveitado cada momento ao seu lado, e o pior de tudo foi ter tirado meu pau
de sua boca.
Começo a rir.
- Eu também não gostei do que você fez, foi como ter tirado meu
pirulito favorito da boca. - Hector coloca seu corpo em cima do meu.
- Quero voltar na chapada e acampar com você, mas dessa vez você
poderá fazer o que quiser comigo.
- Pode cobrar o que você quiser de mim, meu amor. - Hector fala ao
meu pé do ouvido, me fazendo arrepiar.
- vamos preciso me refrescar. - Ele fica em pé e me puxa junto.
- Não tire ele da minha boca por nada, está me ouvindo. - Olho para o
Hector por entre os cílios e ele está rindo do que eu disse.
Amiga
Fui deixar meus avós no aeroporto, estou doida para lhe contar as novidades.
Não sei com quem Hector está falando, mas há preocupação em sua
voz.
- Esse é o número dela sim, sou seu noivo… Ela está dormindo…
Entendo, mas o carro estava abandonado, sei… Elas moram juntas…
- Não sabemos, estamos ligando para termos certeza que ela não está
em casa, para depois acionarmos uma busca, temos que saber a quanto tempo
ela está desaparecida. - Tenho um turbilhão em minha cabeça, não acredito no
que está acontecendo.
Corro com o celular em minhas mãos, Hector abre o apartamento pra
mim e vou ao seu quarto, não tem sinal dela em lugar algum.
- Ela não está delegado… - Não consigo falar mais nada, começo a
chorar desesperada.
Hector retira o celular das minhas mãos e termina de conversar com
ele.
Tudo parece um pesadelo, não sei quantas horas são, não sei há quanto
tempo estou esperando uma notícia da Valentina.
Minha mãe ainda está em São Paulo e decidiu ficar comigo e assim
meu avô e avó também, meu pai não pode ficar e teve que ir embora.
- Obrigada por ter resolvido tudo enquanto não estava aqui. - William
agradece ao Hector.
- Não fiz mais que meu dever. - Hector vê uma mala aos pés do
William e a pega. - Venha, vamos lhe acomodar no quarto da Valentina. -
Hector leva a mala para o quarto da Val.
- Pensei que nunca mais veria esse quarto. - William fala com
lágrimas nos olhos.
As buscas pela Valentina foram suspensas, foi por isso que William
perdeu o controle.
Não sendo bastante o que estou passando, ainda tenho minhas
consultas com Dr. Hermes, quis escapar delas, mas Hector e eu acabamos
discutindo por isso, ele não abre mão de irmos às consultas com o geneticista.
Fizemos todos os exames e lhe demos todas as informações.
Ele disse que daqui a algumas semanas terá o resultado e assim que
estiver com eles nos avisará.
Hoje faz 20 dias que Valentina desapareceu, a rotina continua a
mesma e nossa esperança em encontrá-la começa a enfraquecer.
Vou ao hospital por obrigação, não tenho nenhum ânimo, muito menos
para responder as perguntas dos fofoqueiros de plantão do hospital.
- Sophie. - Uma enfermeira me chama, angustiada.
- Me ligou pela manhã, ele disse que depois te procuraria, para lhe
avisar. - Hector fala enquanto brinca com a aliança em meu dedo.
- Por que você está perguntando isso? - Hector abaixa a cabeça para
me observar.
Hector dá um beijo em meus lábios, a última vez que fizemos amor foi
na cachoeira, depois desse dia nossa vida virou um caus. À única coisa que eu
quero é encontrar minha amiga, o bom do Hector é que ele respeita meus
sentimentos e meus limites, ele sabe que não ando nada bem.
- Shhh, não fica assim. - Hector me deita no colchão e fica por cima de
mim, me passando conforto.
- Sophie, sua mãe foi embora preocupada com você e ela me fez
prometer que estaria lhe vigiando, por causa da sua alimentação.
- Eu vou me cuidar melhor, você vai ver! Vou me policiar daqui pra
frente e farei todas as refeições. - Prometo a ele, para que não se preocupe
comigo.
- Eu também estou preocupado com William, ele está visivelmente
mais magro. - Hector comenta preocupado.
- Eu também, ele está abatido e com olheiras.
- Não estou com fome, Hector. - Resmungo com raiva do seu jeito
autoritário.
- Me tira daqui. - Peço com meu rosto escondido em sua camisa. – Por
favor, me tira daqui!
Hector se levanta comigo em seu colo e me leva para casa.
Acordo meio grogue, observo que já está escuro, através das cortinas,
minha barriga ronca de fome, me levanto para ir à cozinha, tomo um copo de
leite e como uns biscoitos, volto para a cama e adormeço novamente.
Acordo com alguém acariciando meus cabelos, ao abrir os olhos, vejo
Hector ajoelhado me observando.
Hector me observa e sei que ele quer ter uma conversa comigo, mas
não quero falar com ele sobre o que aconteceu no consultório do Dr. Hermes,
não agora!
- Não Hector, por favor, não quero conversar sobre isso agora.
- Então a sopa que eu tomei foi à senhora quem fez? – Por que Hector
não me contou que ela estava aqui? Eu não deixei ele falar nada ontem à
noite.
- Gostei.
- Vem aqui! – Minha avó me puxa para o sofá e me deita em seu colo.
– Não fica assim meu amor. – Minha avó fala enquanto faz cafuné em meus
cabelos, me lembrei de quando era pequena e ficava assim em seu colo. –
Vocês são novos e a ciência está avançada, vocês podem ter filhos, não
adianta ficar se martirizando.
- Você sabe que o sonho do Hector é ser pai vó, eu vejo seu jeito
carinhoso com o filho do Felipe, a Samanta me disse que o sonho dele é ser
pai. – Desabafo chorando, por mim, pela Valentina pelo filho que eu e o
Hector não podemos ter sem ser em uma batalha.
Estou exausta de lutar por tudo que eu quero. Nada em relação a nós
dois é fácil.
- O desejo dele de estar com você é maior que o desejo dele ser pai
Hoje está fazendo 40 dias, sem Valentina, William não foi embora, ele
se recusa a ir sem ela, mesmo que seja para levar seu corpo.
A cada dia que se passa, perco o resta de esperança que ainda tinha.
- Não Sophie, o Dr. Enzo pediu para lhe chamar, para saber se você
reconhece a vítima, ele acha que é a Valentina.
Corro com o coração na mão, meus dias são assim, cada vítima que
aparece com as características parecidas com as da Valentina, os médicos, me
chamam para terem certeza e todas às vezes me frustro.
Mas ao chegar na maca vejo que realmente é minha amiga, ela está
muito debilitada, com o corpo todo cortado com os pulsos esfolados por ter
ficado amarrado, pego sua mão e vejo o sinal que ela tem na palma.
Choro de alívio, ao saber que ela está aqui e que ainda respira, aviso
ao médico que é Valentina antes de tudo escurecer.
CAPÍTULO 42
A vida é como uma gangorra, temos momentos bons e ruins, com seus
altos e baixos, os momentos bons são para dizer para os momentos ruins que
ele existe, mesmo que ele seja passageiro e os momentos ruins prevaleçam.
Abro meus olhos e vejo Hector acariciando minhas mãos. – Nunca
mais faça isso comigo, Sophie.
Ele beija minha mão, vejo que seu rosto está vermelho e observo que
ele estava chorando.
- Ela está bem dentro do possível, William está com ela, mas Valentina
ainda não acordou, na verdade ela está em coma induzido.
Tento levantar minha cabeça, mas fico tonta e volto a ficar inerte para
o mal estar passar.
- Você ainda está fraca, precisa descansar, Dr. Enzo está vindo lhe ver
e conversar com você. – Balanço a cabeça concordando.
- Não fica assim amor, você tem que melhorar para conseguir ajudar
sua amiga. – Hector tenta me consolar, mas não está adiantando nada, aí que
choro mesmo.
- Você sabe qual foi o resultado dos exames a que nos submetemos! –
Seco minhas lágrimas em sua camisa.
- Pode parar Sophie! Se Deus nos mandou esse presente é porque o
merecemos. Não quero mais ouvi-la falar desse jeito.
- Hector…
Recebo alta, vou na UTI e vejo Valentina através do vidro. Ela está
machucada, debilitada e corre risco de vida, mas ela é forte e vai sair dessa.
- Vamos amor, nesse estado em que você se encontra não pode estar se
expondo desse jeito.
- Hector, estou grávida e não com uma doença terminal. - O recrimino, se eu
deixar ele me coloca em uma redoma e me prende dentro do apartamento.
Sempre que posso venho ficar com ela, aos poucos a aparência dela
está melhorando, seu rosto está menos inchado e os cortes em sua pela estão
suavizando, mas ela ficará com cicatrizes pelo resto da vida, estou torcendo
para que sejam somente cicatrizes exteriores e não interior que são as piores.
Seguro sua mão com delicadeza e a beijo, Hector está ao meu lado, ele
sempre passa a mão no meu ventre me lembrando de que não posso me abalar
ou estressar, para eu pensar em nosso bebê.
- Ela vai ficar bem Sophie, você vai ver! É como os médicos disseram,
agora temos que ter paciência e esperar à hora dela, quando Valentina estiver
preparada, ela vai acordar.
- Eu acho que é a melhor escolha para ela, tenho certeza que minha
amiga não vai querer morar mais aqui quando acordar e agora ela precisa ficar
perto dos seus entes queridos, mas só lhe peço uma coisa. – Olha para uma
Valentina inerte e cheia de aparelhos ao seu redor. – Você me avisa quando ela
acordar?
Depois que fizemos nossa parte de anunciar nossa felicidade, meu pai
está tentando agilizar a papelada para nosso casamento.
Hector voltou a trabalhar com meu pai, mas dessa vez como sócio.
- Henrique, tenho que dar uma notícia para sua mãe, mas estou
receoso com sua reação. – Hector fala com nosso filho o sentindo chutar
minha barriga.
- Pode falar Hector. – Seguro sua mão que está sobre meu ventre
volumoso.
- Meu Deus! Salto para cima do Hector e beijo seu rosto várias vezes,
não acredito ter ouvido essa notícia, depois de 8 meses em coma, Val
finalmente acordou.
- Mas como ela quer falar comigo? – Pergunto sem entender nada. –
Ela não perdeu a memória?
- Eu não sei direito amor, eu acho que ela perdeu a memória recente,
não entendi direito, mas vamos amanhã no final do dia para visitá-la.
- Tudo bem! – Tento me controlar, pois estou sentindo uma pontadinha
no meu baixo ventre.
Não posso ficar agitada muito menos nervosa, todas as vezes que isso
acontece sinto cólicas e a obstetra me afastou da residência de pediatria por eu
estar constantemente entrando em trabalho de parto, por isso estou de
repouso, até o nosso bebê nascer.
- Olha como está agitada, sua barriga está rígida, se você não tentar se
controlar vou ter receio em lhe levar para ver Valentina.
Sei tudo de sua vida, sou mulher e a curiosidade é maior que eu.
- Estamos bem. Por que viemos pra cá? Pensei que iríamos para o
hospital.
- Sophie…
- Tudo bem! – Não adianta tentar ter uma discussão com ele, às vezes
Hector passa dos limites com seu jeito protetor.
Passo por ele feito um furacão o ignorando, prefiro evitá-lo a me
estressar ainda mais.
Assim que subo o primeiro degrau vejo a avó da Valentina no jardim.
- Você está linda, minha filha! - Dona Anita me abraça forte e passa
sua mão em minha barriga protuberante.
- E a Valentina, como ela está? – Está ansiosa para vê-la.
Ela olha pra minha barriga e começa a chorar, ela desce da cama
lentamente e vem me abraçar.
Ao abraçá-la sinto uma paz interior, finalmente minha vida está nos
eixos, meus pais estão felizes por mim e o Hector, meus familiares estão aos
poucos nos aceitando como um casal e agora minha melhor amiga está de pé,
e tenho certeza que firme e forte, pois sei que ela é uma guerreira.
- Como senti sua falta, não sei o que está acontecendo, acordei
pensando que minha vida era uma coisa e vejo que é outra completamente
diferente… – Valentina suspira para tomar fôlego. – O que está acontecendo
Sophie? – Ela pergunta confusa.
- Eu não entendo Sophie, eu nunca faria isso com ele, eu o amo e é tão
difícil ver o desprezo dele por mim.
- Ele também te ama, eu vi o sofrimento dele, ele me disse que ainda
lhe amava, ele não saiu de São Paulo sem antes terem encontrado você, ele
não perdeu a esperança de lhe encontrar. – Seguro em sua mão tentando lhe
passar conforto. – Eu tenho certeza que vocês vão se entender, vocês se
amam, disso eu tenho total certeza, tanto da sua parte quanto da dele.
- Estou tão confusa, não sei como agir… – Valentina começar a chorar
desesperadamente. – Eu não me lembro de nada, como pude perder essa parte
da minha vida?
- Não fica assim, você vai se lembrar de tudo, dê tempo ao tempo, não
fique se martirizando. – Tento consolá-la, não quero que minha amiga sofra
mais do que já sofreu.
- Não precisa se justificar dona Anita, estou aqui para tentar ajudá-la,
o importante é que a única sequela dela foi à memória que em pouco tempo
ela vai recuperá-la e tudo voltará ao normal. – Tento passar força para ela que
está abalada com o estado metal da neta.
- Eu não sei William, ela nunca me disse, eu só sei que ela foi lhe
fazer uma surpresa, pois vocês estavam brigados, ela chegou no mesmo dia
abalada e chorando, e disse que tudo entre vocês havia acabado, tentei saber
o que houve, mas ela nunca me disse.
- Eu sei…
- Então levanta e vai se arrumar que vou trazer o café da manhã pra
nós dois. Ao me levantar sinto uma fisgada forte, mas disfarço para que ele
não perceba.
Pego uma calcinha, coloco o primeiro vestido que vejo pela frente,
ligo para minha obstetra e lhe conto que a bolsa estourou.
Hector abre a porta do carro assim que minha mãe estaciona, ele está
em um puro nervosismo. Hector me senta em uma cadeira de rodas e empurra
em direção à sala da obstetra.
Assim eu fiz, aquela dor era insuportável, era uma dor terrível, por que
eu inventei de ter parto normal? Forcei mas três vezes e tudo compensou
quando ouvi o choro do meu menininho.
Tudo tem seu dia e hora e o nosso dia é hoje e não mudaria isso de
forma alguma.
- Vamos minha boneca. – Meu pai me chama atenção segurando
minha mão que está suada, estava tão absorta em pensamentos que não tinha
ouvido a marcha nupcial tocar.
- Vamos… - O chamo ansiosa para ver meu futuro marido.
- Estou pronta para esse dia a muitos anos. – Respondo com toda
convicção.
- Sophie… – Meu pai segura minhas mãos, e solta o ar ansioso. – Eu
fiquei muito abalado ao descobrir seu namoro com Hector e pedi a Deus que
vocês não ficassem juntos, mas hoje me arrependo amargamente por ter feito
esse pedido… – Meu pai deixa uma lágrima cair.
- Pai… – Ele levanta a mão me pedindo em silencio que não o
interrompesse.
- Arrependo-me, por ter sido preconceituoso, mesmo eu aceitando o
noivado de vocês no fundo do da minha alma, ainda torcia para que vocês não
ficassem juntos, mas ao saber que você estava grávida e desse amor vocês me
deram meu neto que é tudo que mais tenho de precioso, vocês me deram, um
presente lindo e amado e se Deus tivesse atendido ao meu pedido, eu não teria
esse anjo em minha vida… Desculpe minha filha, desculpe por ter torcido
contra o amor de vocês.
- Shhhh… Não chora minha boneca, se sua mãe vê que eu lhe fiz
chorar, ela vai me arrancar o pescoço. – Assim que ele termina de falar
caímos na gargalhada, minha mãe está em um estresse total com o casamento,
ela organizou tudo nos mínimos detalhes. – Vamos!
Meu pai me oferece sua mão e as portas da igreja se abrem, ele me
conduz até o começo do tapete e ao ver o rosto do Hector, a única coisa que
eu quero nesse momento é chegar até o final do corredor e dizer sim para tudo
e pelo resto da minha vida.
Olho mais atentamente Valentina que está fazendo par com William,
ela não para de olhar apaixonadamente para ele, espero que um dia ela supere
todos os traumas de sua vida e estarei na torcida por ela.
Nosso filho tem uma doença rara por causa da nossa genética, mas
Henrique é uma criança feliz e nos faz sermos pais orgulhosos.
Assim que Henrique nasceu fizemos todos os tipos de exames que não
acusou nada, estávamos numa felicidade constante, Hector me pediu para
marcar a data do casamento, mas não queria deixar meu filho com ninguém
enquanto ele ainda mamava, então decidimos casar quando ele estivesse com
3 aninhos, mas infelizmente Henrique adoeceu e foi uma época difícil para
toda família, no começo pensamos que nosso anjinho estivesse com leucemia,
mas felizmente não era, foram tempos difíceis até descobrirmos que ele tem
uma rara doença e que ele a carregará pelo resto da vida, a doença de Gaucher
é uma doença genética, caracterizada pela ausência de uma importante
enzima, a beta-glicosidase. Sua ausência causa o acúmulo de um tipo de
gordura dentro de algumas células, que, por sua vez, se acumulam em alguns
órgãos como tecidos do fígado, baço, pulmão e medula óssea, além de rins e
gânglios. Em menor escala, podem se acumular nos tecidos do cérebro,
afetando o sistema nervoso central. Os órgãos que contém essas células
aumentam de tamanho, provocando sintomas de tipo e gravidade variáveis.
Depois que descobrimos a doença nosso bebê começou o tratamento
que é injetável, esse tratamento reduz os níveis do tipo de gordura que se
acumulam nas células de Gaucher. Assim diminuindo o volume do fígado e
do baço e corrige o decréscimo dos glóbulos brancos e plaquetas do sangue, e
controlam as alterações ósseas.
No começo tínhamos que levar nosso menino de 15 em 15 dias ao
hospital para aplicarem a injeção e ficar internado, agora eu lhe aplico as
injeções em casa mesmo e essa rotina será pelo resto de sua vida, quando
descobrimos sua doença me culpei por isso, mas depois de ver que apesar
dele ter que sempre passa por esse processo, Henrique é uma criança
admirável e feliz, ele é meu homenzinho corajoso, ele é a fotocópia perfeita
do meu amor, não só por ter os olhos azuis e os cabelos escuros iguais ao do
pai, mas também nos gestos, ele é meu mini Hector.
- Mamãe… - Henrique me entrega as alianças e me dá seu sorriso que
tanto amo. Dou-lhe um beijo e ele abraça as pernas do pai que o abraça e
também lhe dá um beijo, nos viramos para o padre Ailton enquanto Henrique
corre para o colo do meu pai.
Temo não conseguir externar meus votos, pois não paro de chorar.
Respiro fundo para me acalmar.
- Hector, esse é um dia tão esperado e sonhado por nós dois… – Ele
começa a chorar, coloco minha mão em seu rosto e enxugo suas lágrimas. –
Me apaixonei por você quando tinha 16 anos de idade e nesse percurso
aprendi contigo o real significado da palavra companheirismo, aprendi que
tão importante quanto amar a pessoa que está ao nosso lado é amar a relação
em que se vive, e eu sou completamente apaixonada por nossa relação, não
amo só e simplesmente você, amo nós dois juntos, amo dormir e acordar ao
seu lado todos os dias, amo tudo que fazemos juntos, nosso companheirismo,
nossa amizade, nossa cumplicidade, amo nossa vida, nossa rotina, nosso filho,
nossa família. E hoje com 29 anos de idade, quando penso em tudo que
passamos e por tudo que lutamos para estarmos aqui e agora, faria tudo de
novo para ter a vida que me faz feliz, porque você é minha felicidade. Eu te
amo e sempre te amarei e prometo ser uma esposa fiel, te amar, apoiar e
respeitar, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, por todos os dias de
nossa vida.
Coloco a aliança em seu dedo e dou um beijo em sua mão, selando
meus votos.
- Hector e Sophie, o amor é uma das maiores riquezas, o casamento é
a confirmação desse sentimento e a entrega desse tesouro, a alegria de saber
que sempre haverá alguém para apertar a nossa mão e aquecer nosso coração
com a sua presença, acreditem sempre na força desse sentimento que os uniu
e que no coração de vocês fique gravado que o amor é paciente, verdadeiro e
eterno, capaz de crer, superar e vencer, compartilhem sempre os sonhos e as
alegrias, que cada dia seja um novo desafio e cada instante um sonho a dois.
Sejam um para o outro um ombro amigo companheiro e fiel, um sonho de
eterna felicidade. Parabéns por essa ocasião tão especial e que vocês tenham
juntos um futuro feliz. Eu vos declaro marido e mulher. - Ele se vira para
Hector. – Pode beijar a noiva.
Hector começa a abrir botão por botão do meu vestido, ele não me
deixou trocar de roupa, pois queria ter o prazer de tirá-lo ele mesmo.
- Quando lhe vi com esse vestido quase corri ao seu encontro e a
sequestrei, você ficou muito gostosa com ele minha diabinha.
- Mamãe…
- Um dia nós vamos vir aqui e iremos levá-la conosco meu amor.
- Papai, quando você vai conseguir escrever no papel que você é pai
da Isadora, para ela morar com a gente? – Acho linda a inocência das
crianças, eles pensam que tudo é fácil.
- Eu vou conseguir isso meu amor, depois levaremos Isadora pra casa.
- Hector promete ao filho.
Retiro meu roupão, entro na banheira, pego minha taça de vinho e dou um
gole enquanto Hector observa todos os meus passos.
- Com certeza eu acho. – Hector joga sua cabeça pra trás gemendo. –
Sophie…
- Hector…
- Eu sei amor, derrama seu prazer em mim, mostra pro seu marido o
quanto ele sabe cumprir bem seu papel. – Hector exala as palavras em meu
ouvido me fazendo arrepiar e contorcer de tesão.
Nossa lua de mel passou rápido, não via a hora de ver meu filhote,
estamos com saudade dele e nunca ficamos tanto tempo sem tê-lo junto a nós.
1 ANO DEPOIS
- Vem meu amor! – coloco Isadora em meu colo, limpo seu joelho e
tampo o arranhão com um band-aid de unicórnio. – Pronto, agora o cavalinho
vai melhorar seu machucado e não vai mais doer.
- Sarou, Rique, mamãe colocou meu cavalinho e não dói mais. – Ela
fala feliz pro irmão que segura sua mão e eles saem correndo para o castelo
que estão construindo junto com meu avô e meu pai.
Não tem vida melhor para pedir a Deus, tenho uma família
maravilhosa, um marido que sonhei pra mim e filhos amados.
Nós temos nossos defeitos, quem não tem? Mas dentro da imperfeição
nós somos felizes e realizados.
FIM!
Sobre a autora:
Melanie Rodrigues nasceu no mesmo dia que seu conto Proibido pra
mim. Depois o conto se tornou em um livro, assim realizando seu sonho de
escrever algo para deixar sua marca nesse imenso mundo imaginário.
Contato
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