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Tradução: Mari S.

; Dom; E Quinn;
Revisão: Petra Rin; Lisa
Revisão final: Argay Muriel
Formatação: Vivi
Dedicatória
Para todos que queriam a história de Stenfax. Eu espero que vocês se
apaixonem ainda mais por ele (e Elise).

E para Michael, por embarcar em nossa mais nova aventura.


Lucien, o Conde de Stenfax ficou noivo duas
vezes, mas se apaixonou apenas uma vez. E foi por
sua namorada de infância, Elise. Quando ela o trocou
por outro homem com mais dinheiro e um título mais
elevado, o destroçou. Agora ela está viúva e ele
encontra-se atraído por ela de novo, como uma
mariposa pela chama.
Elise teve suas razões para se afastar de
Lucien, razões pelas quais ele não entende. De volta
à sociedade, ela está agora financeiramente
desesperada e até mesmo pensando em se tornar
amante de alguém. Mas Lucien continua aparecendo
nos momentos mais inoportunos e é apenas uma
questão de tempo até que o desejo entre eles
exploda.
O tempo dirá se Lucien será capaz de se ver
além de seu desejo de vingança. E se Elise pode
convencê-lo de que ela é digna de mais, apesar do
passado.
Verão 1808
Lucien Danford, décimo primeiro conde de Stenfax,
esmurrou a porta da casa de um de seus melhores amigos. O
mundo estava girando enquanto esperava uma resposta e ele se
encostou na parede, enquanto tentava não vomitar. Quando a
porta abriu, ele cambaleou e quase caiu no chão.
— Onde está Folly? — Ele gritou, encolhendo-se com a
expressão horrorizada do mordomo de seu amigo. — E onde está
meu irmão? Eu sei que ambos estão aqui.
O homem mais velho engoliu em seco quando ele pegou o
cotovelo de Stenfax e o impediu de cair no chão de mármore.
— Sr. Danford e Senhor Folworth estão na sala de
bilhar, meu senhor.
Stenfax tirou o braço do mordomo e começou a se
distanciar cambaleando.
— Eu vou encontrar o caminho. Obrigado, Ritman.
— Richards, senhor — o mordomo suspirou, embora ele
não o seguisse.
Com Stenfax cambaleando pelo corredor, a porta para a
sala de bilhar abriu e seu irmão, Grayson Danford, e seu melhor
amigo, o marquês de Folworth, saíram. Eles olharam para ele, os
olhos arregalados de surpresa com seu estado. Eles sabiam o que
viram. Ruína. Perda. Dor.
— Jesus, Lucien — disse Gray, o agarrando quando ele
perdeu o equilíbrio.
Ele caiu diretamente nos braços de Gray e ficou ali por
um momento, apertando os olhos fechados enquanto ele tentava
não chorar. Ou vomitar. Ou ambos.
— Ele está completamente bêbado — Folly disse,
agarrando o braço de Stenfax. Juntos, os homens o levaram para
a sala de bilhar. — Leve-o para dentro, vou pedir um café.
Eles o colocaram em um sofá e, em seguida, Folly saiu
apressado. Stenfax olhou para o rosto de seu irmão, que estava
com uma expressão de preocupação.
— Ela me escreveu uma carta — disse ele, uma resposta
para a pergunta que Gray ainda não tinha feito.
— Quem? — Gray perguntou suavemente.
— Elise. Elise me escreveu uma carta terminando nosso
compromisso — disse ele, e a dor daquelas palavras bateu-lhe
com força total. Ele mal podia recuperar o fôlego enquanto
observava a esprexão de horror no rosto do seu irmão.
— Não — Gray murmurou. — Não! Isso não pode ser
possível.
— Mas é — disse Stenfax, sua voz tremendo. — Ela fez
isso.
— Vocês brigaram? — Perguntou Gray, ainda confuso.
— Não. Pelo contrário... — Stenfax engoliu enquanto
pensava em uma noite, a menos de uma semana atrás. Tinha
sido puro prazer entre eles. Agora era pura agonia. — Nós
estávamos mais perto do que nunca.
— Então por quê? — Gray pressionado. — Eu não
entendo. Vocês iriam se casar em menos de um mês.
— Não mais. Ela vai se casar com Kirkford. Sua carta
dizia que preferia um duque rico em vez de um pobre conde.
Agora o rosto de Grant estava cheio de raiva. — Ela disse
o que?
Stenfax balançou a cabeça lentamente.
— Em preto e branco, escrito com sua própria mão. Eu
fui para a casa dela e não me deixaram entrar. Eles disseram que
ela não estava em casa. Ela não foi sequer me ver, porra.
Gray inclinou a cabeça. — Oh Deus, Lucien. Não admira
que você esteja bêbado.
Stenfax enfiou a mão no bolso do casaco e tirou a carta.
Ele entregou-a, não se importando que Gray visse as raias de
água onde lágrimas de raiva, lágrimas de descrença, tinham caído
enquanto lia uma e outra vez as palavras da mulher que amava.
Gray pegou a carta e se levantou.
— Olhe, deixe-me entender essa loucura. Deite aqui por
um momento, está bem? Basta tomar algumas respirações
profundas, eu estarei de volta e vamos ... Nós vamos passar por
isso juntos.
Stenfax não disse nada enquanto seu irmão ficou de pé e
saiu da sala. As palavras de Gray pairavam no ar. Passar por
isso.
Não haveria, passar por isso. Stenfax amara Elise por
cinco anos. Inferno, provavelmente, mais do que isso. Ele não
conseguia se lembrar de uma época em que ela não tinha estado
em sua vida, a melhor amiga de sua irmã mais nova, seguindo
seus amigos e seu irmão, atormentando-os e atormentando-o.
Ele a amava. E ela lhe havia dito que o amava. Ela tinha
mostrado que o amava. Ele fechou os olhos enquanto tentava não
pensar mais uma vez na noite em que ele tinha sido autorizado a
ter liberdades que apenas um marido deve ter.
Mas ele não tinha feito nada errado sobre isso. Afinal,
eles se casariam em poucas semanas. Mas agora as lembranças
daquela noite foram envenenadas. Porque tudo que Elise, tinha
dito ou feito ou reivindicado sentir acabou por ser uma mentira.
Ele se levantou e andou pela sala, com estômago se
revirando. Ele não queria vomitar no tapete caro do Folly, então
ele saiu da sala através das portas do terraço. O ar quente de
verão bateu na cara dele e ele fechou os olhos enquanto ia para o
parapeito.
O terraço estava acima da passagem de pedra para o
jardim abaixo. Tão alto que se um homem cair, ele provavelmente
iria morrer. Stenfax olhou para a distância vertiginosa e a dor em
seu coração cresceu tanto que assumiu cada parte dele. E a
Bebida não tinha ajudado. Ela só fez piorar. Naquele momento,
ele sabia que nada podia melhorar.
Ele colocou as duas mãos na borda de pedra do terraço e
empurrado para cima, puxando-se sobre suas mãos e joelhos na
borda. Ele se levantou em toda sua estatura e abriu suas pernas
parar ficar firme.
Ele poderia saltar. Ele poderia saltar a partir daqui e não
haveria mais dor. Nem um futuro vazio. Não haveria mais nada.
— Stenfax!
Lucien olhou por cima do ombro para ver Gray, Folly e a
nova esposa de Folly, Marina, de pé na porta do terraço. Todos
tinham olhares de horror em seus rostos, mas nenhum mais do
que de Gray, o irmão mais novo de Lucien tinha as mãos
levantadas, na direção dele.
— O que você está fazendo, Lucien? — Perguntou Gray.
Lucien deu de ombros quando ele olhou mais uma vez
para o chão tão abaixo.
— Eu ainda não sei — ele murmurou, ao ouvir o insulto
em sua voz. Ele estava tão bêbado. Será que ele faria isso sóbrio?
— Por favor, não faça isso — disse Gray, sua voz presa.
— Desça.
Stenfax hesitou.
— Ela me deixou com uma carta. Nós nos conhecemos
desde que eu tinha treze anos e ela me deixou com uma carta.
Gray se aproximou ainda mais.
— Eu sei. Eu não posso começar a imaginar o que ela
estava pensando. Foi um ato imperdoável cruel por uma mulher
que claramente não é o que nós pensamos que fosse. Mas ela não
merece a satisfação de você fazer isso, Lucien. Nem a nossa
família merece a devastação que seria causada se você saltasse.
Stenfax olhou por cima do ombro para o irmão. Gray todo
seu corpo estava tremendo e seu rosto estava tão pálido que
parecia que não havia sangue ali.
— Como eu posso continuar sem ela?
— Por favor, venha para baixo — Gray sussurrou. —
Vamos falar sobre isso.
Stenfax mudou de novo, deslizando a ponta da bota ao
longo da borda da parede de pedra. E pela próxima hora eles
continuaram assim, Gray suplicando e implorando, Folly e
Marina pedindo e Stenfax incerto, inseguro.
Mas com o passar do tempo, o álcool de seu sistema foi
abaixando. A dor aumentou à medida que o licor se dissipou e ele
ainda não saltou.
— Talvez eu não seja homem o suficiente para fazê-lo —
disse ele, por fim.
— Você é homem o suficiente para não fazer — Gray
insistiu. — Porque você sabe o que faria para a nossa mãe, a
nossa irmã. E para mim. Olhe para mim, Lucien.
Lucien fez isso, principalmente porque a voz do irmão
ficou tão afiada e tão estridente em sua ordem. Os olhos de Gray
foram se enchendo de lágrimas e ele levantou uma mão trêmula.
— Por favor, não me faça isto — Gray sussurrou. — Não
me deixe.
Stenfax inclinou a cabeça. A ideia de viver sem Elise o
cortava ao âmago do seu ser, mas o apelo de Gray o trouxe de
volta a realidade. Lentamente, ele estendeu a mão e deixou Gray
ajudá-lo a descer. Assim que ele estava em baixo, Gray ergueu a
mão para trás e deu um soco no rosto de Lucien. A dor física do
soco por um momento substituiu a outra dor.
Folly e Marina tanto engasgaram e pularam na direção
deles, mas Stenfax agarrou seu irmão e o abraçou. Gray soluçava
em seu ombro, segurando-o com tanta força que Stenfax sabia
que teria hematomas pela manhã, bem como um olho roxo. Mas
isso não importava. Nada disso importava mais.
— Vem para dentro — Folly disse, apontando para a sala
de bilhar. — Vem para dentro e nós podemos falar sobre isso
racionalmente.
Gray soltou-o, finalmente, e permitiu-lhe apertar a mão
de Folly e aceitar um abraço de Marina. — Eu vou para dentro.
Eu farei o que você quiser que eu faça depois do que eu acabei de
passar. Mas deixe-me esclarecer uma coisa: eu não vou discutir
sobre aquela mulher novamente — disse ele, erguendo o queixo e
endurecendo o tom e seu coração.
Os lábios de Marina se separaram.
— Querido, você acha que é melhor? Isso é devastador
para você e nós estamos aqui para ajudá-lo.
Ele balançou sua cabeça.
— Se você quiser me ajudar, então faça o que eu acabei
de dizer. Não vamos nunca mais falar desta noite ou daquela
mulher nunca mais. E em troca eu juro que nunca vou fazer algo
tão estupido novamente.
Ele não esperou pela resposta, mas voltou para a sala de
bilhar. Eles seguiram, com sua preocupação tão óbvia em seus
pesados olhares em suas costas.
Mas Lucien não se importava. Ele tinha quase morrido ao
entregar-se a suas emoções. E ele sabia agora que a única
maneira de não deixar isso acontecer novamente seria nunca
deixar se governar pelas emoções. Não quando se tratava de
Elise. Não quando se tratava de nada.
— Eu estou indo para casa — disse Stenfax, não olhando
para sua irmã Felicity, nem para Gray e sua esposa Rosalinde,
mas continuando a olhar para a multidão que ria alto demais.
Felicity virou-se para ele, seus olhos brilhantes cheios de
preocupação. Deus, todo mundo sempre olhava para ele com
preocupação nos dias de hoje. Era cansativo.
— Oh, por favor não vá, Lucien — disse ela, agarrando
sua mão com as suas. — Nós não dançamos uma dança Alemã
ainda.
Lucien arqueou uma sobrancelha.
— Você despreza as danças alemãs, Felicity. Tente fazer
suas pequenas mentiras para me manter aqui mais crível.
Felicity revirou os olhos e, em seguida, mostrou a ponta
de sua língua para ele.
— Foi à primeira coisa que me veio à mente, droga. Mas
eu realmente não quero que você vá. Tem sido assim por muito
tempo desde que fomos todos para uma festa juntos e realmente
não gastamos muito tempo uns com os outros.
— Sim — disse Gray, inclinando a cabeça para chamar a
atenção de Stenfax. — Fique. Eu diria alguma coisa sobre a
dança, mas Felicity já foi pega naquela mentira, então me dê um
momento e eu vou com uma desculpa.
— Sem desculpas — Rosalinde disse gentilmente. — Nós
só desejamos desfrutar da sua companhia, como diz Felicity.
Stenfax suspirou. — Você é quase impossível de recusar
quando se uni para trabalhar contra mim. — Ele balançou a
cabeça. — Quase. Olha, eu não estou me divertindo, esta festa é
muito cheia e está orquestra é muito possivelmente o pior que eu
já ouvi. Minha cabeça está latejando e em um momento eu posso
começar a berrar sobre política e arruinar toda a noite. É melhor
eu ir agora antes da noite se deteriora em socos com alguém de
Setenta anos de idade que não quer que mudanças aconteçam
em sua vida ou de qualquer outra pessoa.
Gray suspirou e trocou um olhar com as mulheres antes
que ele bateu a mão no ombro de Stenfax.
— Muito bem, parece que não há como dissuadir
você. Pelo menos permita-me levá-lo para fora .
Stenfax acenou com a cabeça antes de beijar a bochecha
de Felicity, depois a de Rosalinde, e desejasse boa noite a elas. Os
dois homens, em seguida, atravessaram o salão de baile e sairam
para o hall de entrada muito mais silencioso. Stenfax chamou a
atenção de um lacaio e levantou a mão para enviar o menino
correndo para seu cavalo. Seria provável ter alguns momentos
para organizá-lo com a sua saída tão cedo.
— O que é isso? — Gray perguntou quando eles estavam
sozinhos no pequeno espaço.
Stenfax deixou seus olhos fechados. Este era um tema
que ele não queria abordar, com ninguém.
— Nada — ele disse suavemente.
Gray virou-se para encará-lo de frente.
— Você está desligado Lucien. Bloqueando-nos. É
como... — Stenfax olhou para o irmão a tempo de ver o rosto de
Gray torcido momentaneamente. — É como antes.
Stenfax se encolheu ao ver a expressão crua de seu irmão
mais novo. A dor dele o obrigou a pensar naquela noite três
longos anos atrás, quando ele quase terminou com sua
vida. Houve várias sequelas dessa experiência horrível em cada
momento da sua existência desde então. Sequelas que não
poderiam ser negadas, ao ouvir o sussurro fraco do medo na voz
de seu irmão super-protetor era um deles. Ele colocou a mão no
antebraço de Gray e pressiona suavemente.
— Não é, eu lhe garanto.
Por um momento deu para perceber o alívio de Gray, mas
depois desapareceu. Ele inclinou a cabeça ligeiramente.
— Eu não quero ser grosseiro, mas quanto tempo tem
sido?
— O que? — Repetiu Stenfax, embora ele estava
totalmente ciente do que seu irmão estava se referindo. Gray
cruzou os braços.
— Você sabe. Desde que você esteve com uma mulher.
Stenfax olhou pela porta aberta para a escuridão. Ele
balançou sua cabeça.
— Eu não sei. Um longo tempo. — Isso foi uma mentira,
claro. Ele sabia exatamente quanto tempo tinha sido desde que
ele tinha estado com uma mulher.
Mais de um ano. E mesmo assim, o sexo tinha sido um
ato de rotina destinada a libertar alguma tensão. Ele nunca
realmente funcionou.
— Vá encontrar algum prazer — Gray sugeriu,
arrastando Lucien de volta ao presente. — Queimar energia.
— Eu não sei — disse Lucien com um suspiro.
— Deixe-me saber por você — Gray insistiu. — Por
favor. Eu não quero vê-lo machucar a si mesmo nunca mais.
Stenfax ouviu a verdadeira preocupação de Gray e ele
cerrou os punhos em seus lados.
— Muito bem — disse ele, mais para apaziguar seu irmão
do que para seu próprio prazer. — Eu vou para Vivien Manning.
As sobrancelhas de Gray levantada.
— O Matchmaker Mistress1? Na verdade, isso é uma ideia
maravilhosa. Consiga uma amante, alguém para ver mais
permanentemente.
Stenfax sacudiu a cabeça. — Não, eu não estou no
mercado, tenho certeza que não estou no mercado. É só que
sempre que fui a Vivien para estes assuntos ela sempre arrajou

1O estabelecimento de Vivien, Senhora do fosforo ou do fogo, algo como um


bordeu.
alguém discreta. Talvez escolha alguém por alguns dias ou
mesmo algumas semanas. Talvez você esteja certo, ela vai ajudar.
— Bom. — Gray disse que as palavras, mas como Stenfax
olhou para ele, ele ainda podia ver a profunda preocupação de
seu irmão.
Ele franziu a testa. — Não é sobre ela — disse ele,
dirigindo-se, finalmente, o assunto que sempre estava pendurado
tácito entre eles.
Gray reprimiu uma risada sem humor. — É sempre sobre
ela.
Os ombros de Stenfax foram para a frente em derrota e
ele suspirou. — Sim eu sei.
— Aqui está, senhor! — O lacaio gritou quando ele veio
até a porta de fora com a montaria de Stenfax.
— Boa noite — disse Gray, misericordiosamente
liberando Stenfax da obrigação de abordar o assunto mais
distante.
— Boa noite — Stenfax retornou, inclinando a cabeça
para seu irmão antes dele sair e virar em sua montaria. Virou o
animal em direção a Vivien Manning, onde havia sempre uma
festa em pleno andamento.
Mas mesmo que ele tenha prometido fazer exatamente
como seu irmão sugeriu, ele sabia que não ajudaria. Nunca o fez.

A duquesa de Kirkford sentada em uma sala tranquila na


casa da notória Vivien Manning, com as mãos cruzadas no colo,
mas por dentro ela estava um caos. Ela tinha vindo aqui com
hora marcada e tinha sido levado por um lugar que só poderia ser
descrito como um bacanal erótico. Ela tinha visto coisas que ela
nunca tinha imaginado antes, com mulheres que executam
danças selvagens em roupas minúsculas e transparentes a
homens que têm direito a sexo na sala principal ao intenso
escrutínio do público.
Ela se mexeu em sua cadeira com o pensamento do que
ela tinha visto, e a consciência do formigamento que causava
esses pensamentos criados na sua cabeça.
A porta do quarto se abriu e uma mulher
apareceu. Quando Elise ficou de pé, ela engasgou. Vivien
Manning era mais jovem do que ela tinha imaginado durante a
sua breve correspondência, e muito mais bela, com um cabelo
loiro preso em um coque no alto da cabeça e um rosto sereno.
— Sua Graça — Senhorita Manning disse, ela estendeu a
mão.
Elise sacudiu-a em uma névoa e depois gaguejou.
— O-oh, por favor, me chame de Elise. Eu não quero
pensar sobre ser a duquesa de Kirkford quando estou aqui.
Vivien levantou uma sobrancelha ante essa declaração e,
em seguida, fez sinal para Elise voltar para sua cadeira. Ela
sentou-se na sua frente e a olhou de cima a baixo, a avaliando,
julgando-a. Elise engoliu em seco com a avaliação da
mulher. Será que ela fazia jus a qualquer padrão que estava
sendo comparada?
— Elise — Senhorita Manning disse finalmente. — Então
você deve me chamar de Vivien. E eu estou feliz porque a
familiaridade, não é um problema.
O estômago de Elise virou. — E por que disso?
— Posso chamá-la por qualquer nome que você pedir,
minha querida, mas o ponto é, você ainda é a duquesa de
Kirkford.—
Elise fechou os olhos por um momento. — Sim — ela
disse suavemente.
— Não é que eu não tenha correspondido a uma viúva
intitulada ocasionalmente — Vivien continuou. — Mas nunca a
uma de um posto tão elevado. Então eu tenho que perguntar, o
que é que lhe traz à minha porta? Prazer ou algo mais?
Elise olhou para ela. A ideia de que uma mulher viria a
Vivien por prazer nunca tinha ocorrido a ela. Ela balançou a
cabeça. — Eu devo dizê-lo?
Vivien assentiu. — Você deve. Eu preciso saber as
circunstâncias, se vou continuar com isso, porque envolve a mim
e a outros. Mas este lugar é conhecido por sua discrição
absoluta. Assim você não precisa se preocupar que sua história
vai se tornar alimento para os outros.
O calor estava queimando o rosto de Elise agora e ela mal
conseguia encontrar as palavras enquanto sua cabeça girava. Por
fim, ela respirou fundo e disse:
— Eu estou em uma posição tênue. Meu marido morreu
em novembro do ano passado. Houve uma luta prolongada entre
dois primos para determinar quem seria seu sucessor.
— Oh sim, isso era muito público.
— Muito público — disse Elise com um arrepio ao pensar
nos dois cruéis e violentos, que tinha lutado tão ferozmente para
conquistar o título. — Nem foi a melhor escolha, mas o que
ganhou o título no final é um bastardo da mais alta ordem. Ele e
meu falecido marido tinham isso em comum, parece. E foi
determinado que eu não tivesse mais nada .
— Nada?
Elise ergueu as mãos para esfregar os braços, como se
ela poderia fazer o frio ir embora quando gerada a partir do terror
gelada de seu futuro.
— Não. Eu fui autorizada a ficar em uma casa menor, em
Londres, até agora, mas a essa — bondade — está ameaçado a vir
logo ao fim. Seja qual for o dinheiro que salvaram do meu
montante e tudo o que está resolvido é uma ninharia, Vivien. Não
tenho família, meus pais morreram, dois anos atrás, e nenhum
lugar para ir.
— Você poderia reentrar na Sociedade e encontrar um
novo marido — Vivien sugeriu gentilmente.
Elise sacudiu a cabeça. — O período de luto exige que
esperar mais três meses antes de eu sequer pensar em reentrar
na Sociedade. Se eu voltasse agora à procura de um marido, eu
seria evitada. E o meu marido morreu em um duelo por uma
mulher casada. Eu acho que você provavelmente sabe disso.
Vivien inclinou a cabeça uma vez e Elise gaguejou — E-
então você sabe que o escândalo provavelmente fará qualquer
tentativa de casar bem ainda mais difícil. É um caminho quase
impossível, mas para ser a amante de alguém...
Ela parou, e Vivien disse: — Parece o mais fácil. E vai
permitir-lhe manter alguma autonomia que um casamento não o
faria.
— Sim — Elise sussurrou.
— Eu entendo — disse Vivien, se inclinado para a
frente. — Mas talvez você não deva. Agora tenho de lhe fazer
algumas perguntas, um pouco indelicadas. Você gostou do sexo?
Elise se perdeu na questão muito direta e
inesperada. Mas Vivien manteve o olhar firme e não parece que
esta era uma maneira de fazê-la desconfortável. Ela só queria
saber.
— Uma vez — Elise admitiu, sua mente foi a uma noite
gloriosa que parecia ter acontecido a uma vida atrás. Mãos sobre
ela, a boca sobre ela, os olhos que foram preenchidos com o amor
que pareciam furar a sua própria alma. Ela sacudiu-o e ficou de
pé, andando para longe antes de ela acrescentar: — Mas também
sei muito sobre fingir suportar.
Vivien levantou-se e encarou-a. — A maioria dos homens
não querem uma amante que apenas suportam. Ou, que fingem
estar suportando.
Elise engoliu em seco. — Bem, acho que seria bom se
eu... —
Ela parou, e pela primeira vez Vivien sorriu gentilmente
para ela. — Se você gostasse do homem? — ela terminou por ela.
Elise balançou a cabeça lentamente. Foi difícil para ela
imaginar que poderia ser assim. Era difícil pensar que ela iria
comparar qualquer homem que se oferecesse para protegê-la ao
que ela havia sido casada... ou pior, com o outro homem que ela
amava. O que ela tentou tanto não pensar. Mas
talvez era possível.
— Eu vou fazer o meu melhor, Elise — disse Vivien,
movendo-se em direção a ela. — Agora, porque você não sai para
a festa? Se acostumar com as... as demonstrações
públicas. Apenas a sua aparição aqui vai gerar algum interesse e
eu vou pensar sobre as perspectivas disponíveis e ver o que posso
fazer para ajudá-la.
Elise quase afundou com alívio, até mesmo como puro
terror agarrou seu estômago. Ela forçou um sorriso.
— Obrigado, Vivien. Eu aprecio isso mais do que você
poderia entender.
Vivien assentiu.
— Eu pedi a um dos meus guardas para te
vigiar. Ninguém vai incomodá-la. E se eu encontrar alguém hoje à
noite, você vai ter que encontrar com ele em uma sala
privada. Não para consumar um negócio, é claro. Mas para
chegar a conhecê-lo. Será que isso é suficiente?
Elise deixou escapar um suspiro quebrado. — Sim.
Vivien fez um gesto em direção à porta. Ela seguiu a
instrução em silêncio saiu para o corredor e caminhou para a
sala principal. Este não era o futuro que ela tinha imaginado para
si mesma tantos anos atrás. Mas este era o lugar onde ela
estava. E ela teria que vir a enfrentá-lo e fazer o melhor que
podia.

Stenfax entrou no fechado foyer de Vivien e se aproximou


do guarda em uma mesa no vestíbulo. O homem olhou para
cima. — Boa noite senhor. Seu nome?
— O conde de Stenfax — disse ele, jogando um cartão na
mesa.
O homem pegou, examinou-o por um momento e, em
seguida, começou a folhear uma longa lista à sua frente. Ele
olhou para cima. — Sinto muito, senhor, você não parece ter uma
sociedade no clube de Miss Manning. Seria sob outro nome para
o anonimato?
Stenfax franziu os lábios. — Não. Eu não sou um
membro. Eu não estive aqui em um longo tempo, na verdade,
mas a Srta Manning e eu estamos familiarizados.
O homem olhou de cima a baixo, avaliando-o, olhou para
o cartão novamente e, em seguida, assentiu. — Entendo. Bem,
espere aqui por um momento? Eu vou ter alguém para verificar.
Stenfax assentiu enquanto o homem saiu correndo, com
o cartão na mão, para falar com outro guarda na entrada para a
casa principal. O segundo homem saiu quando o primeiro
retomou sua posição na porta. Stenfax passeado fora em vez de
tomar um assento no vestíbulo, olhando para a pintura que
estava pendurada no hall de entrada. Ele balançou a cabeça com
uma risada.
Vivien ainda era Vivien. A pintura tinha sido feita por um
dos retratistas mais populares do dia, mas esta pintura era de
uma mulher nua, de pernas espalhadas lacivamente com um
homem ajoelhado diante dela, quase em oração. Stenfax queria
sentir algo quando ele olhou para ela, mas não havia nada que
comovia em si mesmo.
Nada além de vagas lembranças que Ele se afastou com
violência interna.
— Stenfax.
Ele virou-se ao ouvir seu nome e encontrou Vivien, ela
mesma, tinha saído para recebê-lo. Ela era uma mulher bonita,
com um corpo exuberante e cabelo loiro grosso. Ela estava
usando um decote arrebatador que deixou muito pouco para a
imaginação. E ainda assim ele não sentiu nada.
Este ia ser um desperdício vergonhoso de tempo, ao que
parecia, mas ele deu um passo adiante. — Vivien — disse ele,
pegando sua mão e colocando um beijo contra os nós dos dedos.
— Você está adorável.
— Obrigada — ela disse, e fez-lhe sinal para segui-la para
o corredor. Eles caminharam pelo corredor, passando por salas
onde gemidos ecoaram e salas onde os jogos de prazer de Vivien
estavam em pleno andamento. Ela o levou para seu pequeno
escritório na parte de trás, e quando ele entrou, ele parou.
Houve um aroma no ar. Um que ele
era... familiarizado. Jasmim e da terra, doce e sensual. Tudo de
uma vez, seu pau se agitou e ele engoliu em seco quando ela
fechou a porta atrás dele.
— Estou surpresa de ver você aqui. Você não vem ao meu
clube a mais de um ano — disse Vivien, deslizando a mão para o
licor em seu aparador.
Ele balançou sua cabeça. — Sim, bem, eu estava para me
casar, se você se lembra. Eu tentei mudar de assunto. Mas
quando meu noivado com Celia Fitzgilbert foi dissolvido, eu só...
— Você não a amava o suficiente? — Vivien ofereceu.
Ele encolheu os ombros. — Algo parecido. Mas me
disseram que tomar uma amante pode melhorar o meu
humor. Então eu vim aqui na esperança de que você possa me
ajudar a encontrar companhia discreta para um compromisso
muito limitado.
Vivien inclinou a cabeça e um súbito sorriso de
cumplicidade cruzou os lábios. — Você veio aqui esta noite. De
todas as noites.
Ele franziu a testa, sem entender seu tom. — Sim —
disse ele lentamente. — Olhando para uma amante temporária —
continuou ela.
Ele assentiu. — Sim. Existe algo que eu estou perdendo?
Vivien sacudiu a cabeça, mas aquele sorriso segredo
manteve-se inclinando os lábios. — De modo nenhum. Acho que
nós entendemos perfeitamente. Ela está à procura de um acordo
de longo prazo, você sabe.
Stenfax piscou mal-entendido em branco. Ela? Vivien
deve estar se referindo a melhor — ela — de todas as mulheres
que vieram para ela, procurando ser combinado com um protetor.
— Tenho certeza de que é verdade. Isso é o que você faz,
afinal de contas. Mas você deve deixar claro que eu não estou
nesse mercado. Pelo menos não neste momento. Eu não quero
enganar ninguém.
Vivien assentiu lentamente. — Vou deixar claro, Stenfax,
eu lhe garanto. Isso pode até torná-lo mais fácil. — Stenfax olhou
para ela. Ela realmente tinha uma expressão muito estranha em
seu rosto, mas antes que ele pudesse questioná-la sobre o
comportamento estranho, ela fez-lhe sinal para a porta.
— Vou levá-lo para um quarto e trazer o que você deseja.
Stenfax suspirou e puxou outro cheiro do perfume
rapidamente, antes de sair da sala, o perfume o excitou como
nada mais tinha feito naquela noite. Então, seguiu Vivien pelo
corredor, através de corredores sinuosos, onde mais gemidos e
gritos flutuavam de vários quartos. Ela parou em uma e fez-lhe
sinal para entrar.
— Aqui é onde você vai encontrar-se com a
senhora. Falar, e chegarem a um acordo de como vai ser. Espero
vê-lo depois para uma bebida. — Ela balançou a cabeça como ele
entrou e saiu.
Stenfax lentamente olhou ao redor da sala. Havia uma
cama no canto, envolto em um rico cetim vermelho. Um fogo
ardia na enorme lareira e um sofá de veludo preto, este era um
dos quartos mais finos de Vivien, pensou. E ao que parece, uma
onde outros convidados não poderiam espiar. Ele verificou em
uma analise rápida da sala procurando buracos escondidos.
Satisfeito, ele tirou o casaco e colocou-o sobre uma
cadeira perto da cama. Havia uma janela ao lado dele e ele foi
para perto. Ele podia ver o terraço fora do salão e havia casais se
agarrando ali também, beijando, tocando, um deles até mesmo
fazia amor. Seu corpo vibrava e ele fechou os olhos, pensando em
mãos macias sobre a sua carne, lábios quentes cobrindo o,
pensando em ...
Elise.
Seus olhos se abriram e ele sacudiu a cabeça para limpar
a imagem. Não, não iria pensar em Elise esta noite. Ela não iria
poluir uma noite de prazer com uma estranha disposta.
Como se a sugestão, ele ouviu a porta atrás dele aberta, e
o farfalhar das saias antes que a porta estivesse fechada. Ele
virou-se lentamente, com um sorriso de boas-vindas em seu rosto
para a senhora que lhe traria esse prazer.
Mas quando a viu, o sorriso caiu. O sangue drenado de
seu rosto, suas mãos começaram a tremer. Ele olhou para a
mulher que entrou na sala e sua mente começou a gritar com ele.
Elise, era a Elisa. Ela estava ali de pé na porta, olhando
para ele com uma expressão de choque e horror que tinha que
corresponder a sua.
E ela era linda. Ele não a tinha visto em três longos anos,
uma circunstância organizada e planejada impecavelmente,
porque olhar para ela seria muito doloroso,e realmente era
doloroso ainda mais por ela ser ainda mais bonita do que ele se
lembrava.
Ela era uma beleza escultural, mais alta do que a maioria
das mulheres. Isso significava que ela era mais alta que muitos
homens, mas não ele. Ela sempre se encaixou perfeitamente em
seus braços. Mas não foi apenas a sua altura que deu a sua
presença.
Elise era impressionante. Ela tinha uma inteligência em
seu rosto e juntamente com as suas maçãs do rosto, seus lábios
cheios, seus brilhantes olhos verdes e cabelo vermelho claro, ela
sempre tinha sido o tipo de mulher que qualquer homem se
virava para olhar quando ela passava.
Demorou uma fração de segundo para seu cérebro
reconhecer não só que ela estava lá, mas onde estava. Elise
estava no Vivien Manning, uma casa de má fama, onde os
homens passaram a ter o seu prazer e mulheres vieram para
encontrar proteção.
Ela estava aqui em um quarto com ele. A raiva subiu
nele, traição e confusão misturadas para um nível tóxico. Ele
engoliu em seco e encontrou sua voz.
— Que porra você está fazendo aqui?
O coração de Elise estava batendo tão rápido que parecia
que iria entrar em colapso. Ela olhou através da sala e não podia
acreditar no que estava vendo. Este foi um sonho que tinha tido
tantas vezes que desejava poder se beliscar agora para provar que
não era real.
Só que ela sabia que era. Lucien estava aqui. Apenas
alguns pés longe dela. E ele era tão absolutamente bonito. Ele era
alto, impossivelmente alto, com cabelo grosso, marrom escuro e
olhos cor de melaço ricos. Ele tinha uma mandíbula forte e lábios
carnudos que ela tinha imaginado se movendo sobre os dela mil
vezes, dês de que tinham se visto pela última vez.
— Responda-me — ele retrucou, seu duro tom, áspero,
quebrado quebrando o feitiço entre eles. — O que diabos você
está fazendo aqui?
Quando ele fez a pergunta a segunda vez, ele começou a
atravessar a sala em direção a ela em longos, certos passos. Ele
parecia um touro quando um intruso entrava em seu paddock, e
ela deveria estar com medo. Mas ela não estava. Nem um
pouco. Ela manteve-se firme, sem esforço e inalou uma longa
baforada de seu perfume que impregna todo espaço, mas se
agarrou na porta atrás dela.
— O que você acha que eu estou fazendo aqui? — ela
conseguiu perguntar, satisfeita que pudesse falar com um ar tão
distante.
Sua mandíbula apertada, o músculo ao longo dela se
contraindo, e ela teve um impulso poderoso para inclinar-se e
beijá-lo, senti-lo mover sob seus lábios. Mas ela não fez algo tão
imprudente.
— Por quê? — Ele finalmente gritou.
Antes que Elise pudesse responder, a porta atrás deles se
abriu e Vivien correu com um guarda atrás dela. — O que está
acontecendo aqui? — ela gritou.
Lucien olhou para Elise uma última vez, em seguida,
empurrou-a para Vivien. — Eu poderia te perguntar a mesma
coisa maldita sangrenta, Vivien.
Elise permaneceu de costas para eles, mas se encolheu
com sua raiva e sua familiaridade com Vivien. Ele estava aqui,
depois de tudo, e obviamente tinham sido à procura de uma
amante. Não ela, é claro, não ela. Mas alguém.
— Não é isso que você queria? — Perguntou Vivien.
Elise virou-se para ver seu rosto quando ele respondeu a
ela. Ele se contorceu em horror puro. — É isso o que ela disse?
Elise engasgou. — Não! — Ela explodiu. — Eu não tinha
idéia que era você que estava sendo levada para atender.
Vivien assentiu. — Eu não lhe disse nada, nem ela pediu
por você. Mas eu assumi... eu assumi...
— O quê? — Lucien se irritou, erguendo as mãos em
fúria. — Porque em nome de Deus que você supor que eu
queria isso?
Vivien levantou as sobrancelhas. — Você apareceu aqui
depois de mais de um ano, na mesma noite que sua ex-noiva. Eu
assumi que você estava esperando para combinar com
ela. A coincidência
— É apenas uma coincidência — Lucien retrucou.
Rejeição picava cada parte dela, mas Elise ergueu o
queixo quando ele se virou para olhar para ela, por fim. Seu olhar
escuro esvoaçava sobre ela e suas pupilas dilatadas.
— Saia — ele rosnou
Elise franziu o cenho. — Você está falando comigo?
Ele balançou a cabeça muito lentamente. — Você
não. Vivien saia agora.
Vivien cruzou os braços e soltou uma gargalhada. Ao seu
lado, seu guarda estava agitado, mas ela levantou a mão para
ele. — Eu imploro o seu perdão?
— Saia — repetiu Lucien, desta vez em voz baixa, quase
gentilmente.
— Eu não devo — disse Vivien. — Eu não confio que você
não vai ... bem, você está muito irritado, Stenfax.
Elise olhou para ele. Ele estava, de fato, muito irritado.
Mas ela ainda não tinha medo. Nem um pouco. Nem ela queria
escapar de sua raiva. Ela merecia, depois de tudo. O que ela
tinha feito para ele merecia raiva e vingança. Ela já havia
cumprido parte de sua penitência em um casamento
desesperadamente infeliz. Talvez isto fosse o resto.
— Está tudo bem — disse Elise, lançando um olhar
rápido para Vivien. — Você pode deixar-nos.
Vivien olhou entre ela e Stenfax. Ela elevou rapidamente
a mão e o guarda saiu do quarto, embora Vivien permanecesse. —
Você está certa disso?
A resposta a essa pergunta foi não, mas Elise assentiu
independentemente. — Sim.
Vivien atirou outro olhar para Stenfax, então inclinou a
cabeça partiu da sala, puxando a porta atrás dela.
Lucien ficou em silêncio durante o que pareceu uma vida
inteira. Suas narinas se dilataram e suas mãos estavam em
punhos os seus lados. — Eu nunca colocaria a mão em você com
violência, nunca.
Ela balançou a cabeça lentamente, pensando em sua
história. Mesmo que ela não soubesse o que sua irmã e sua ex-
melhor amiga Felicity tinha sofrido em seu casamento, ela o
conhecia bem o suficiente para confiar no que ele disse era
verdade.
— Eu sei — ela sussurrou.
Ele engoliu em seco. — Você está aqui em busca de um
amante.
Calor inundou suas bochechas, mas Elise obrigou-se a
acenar com a cabeça novamente. — sim.
Seu rosto se contorceu novamente, mas desta vez não era
uma máscara de raiva, mas de dor. Foi tão rapidamente
sobreposta pela desaprovação entediada. — Por quê?
Stenfax não conseguia parar de olhar para
Elise. Cheirando ela, o mesmo perfume de jasmim que ele tinha
sentido no escritório de Vivien anteriormente, o único que tinha
deixado seu corpo no limite. Era o perfume dela. Claro, sempre
tinha sido dela, ele tinha se permitido esquecer. Obrigou-se a
esquecer.
Agora o perfume se alastrou por ele, queria rasgar o
vestido fora de seu corpo e enterrar-se nela. Cobrir-se com o seu
cheiro e no seu gosto e sentir. Como ele odiava sua falta de
persistência.
Ele virou-se e atravessou a sala, de volta para a janela
onde ele a viu pela primeira vez. — Responda-me — disse ele.
Ela limpou a garganta e ele a encarou. Deus, ela estava
tão calma. Ótimo. Ele queria tanto que ela reagisse, mas é claro
que era só ele que foi afetado. Assim como sempre tinha sido.
— Por que você acha? — perguntou ela, repetindo a sua
resposta de mais cedo. Foi tão insatisfatória agora como tinha
sido então.
Ele apertou as mãos em seus lados. — Droga. É uma
pergunta direta, de-me uma resposta direta.
Ela deu de ombros e quebrou o contato visual com ele,
procurando ao invés para o fogo em toda a sala. — Ele me deixou
sem nada.
Ele. É claro que ela queria dizer seu marido, o Duque de
Kirkford. O homem por quem ela o tinha deixado, abandonado,
todos aqueles anos atrás. A menção enviou uma onda de choque
de dor fresca através do corpo de Lucien. Mais fresco do que ele
se permitiu acreditar quando ele tinha passado tanto tempo
ignorando e negándo.
— Você quer que eu sinta pena de você? — Ele cuspiu,
sua voz tão dura como diamantes.
Ela lentamente voltou seu olhar para ele. — Não. Eu
nunca esperaria isso. Você me fez uma pergunta e esses são os
fatos.
Ele atraiu algumas respirações profundas. — E assim,
porque ele te deixou desamparada, você estão se voltando para...
para... — Ele não poderia mesmo dizer isso.
Ela assentiu com a cabeça. — Estou à procura de um
protetor.
Ele andou para longe, seu sangue fervendo ainda mais
quente em sua resposta simples e seu comportamento calmo.
— Você é uma duquesa. — Ele andou a passos largos
para o fogo e apertou um punho contra a lareira. — Uma dama.
— Muitas senhoras fazer o mesmo, ou porque são
forçadas pelas circunstâncias ou porque desejam uma afiliação. E
é por isso que eu me virei para Vivien. Diz-se ser boa em fornecer
ajuda discreta em tais assuntos.
Ele girou sobre ela, olhando para ela. — Oh, bem,
contanto que seja discreta, Sua Graça.
Seus olhos de repente se iluminaram com um flash de
raiva e ele foi arrancado de volta no tempo para uma menina com
tranças vermelhas. Ele as havia puxado e ela girou para ele com
raiva em seu rosto e lhe deu um empurrão. Ele tinha sonhado
com ela pela primeira vez naquela noite, sonhos de menino onde
ele roubou um beijo.
Forçou-se de volta para o presente quando Elise deu um
longo passo em direção a ele, suas mãos agarraram em seus
lados e sacudindo os ombros. — Você está aqui, não é? Eu
suponho que você estava procurando uma amante. Portanto, não
se atreva a me julgar, Lucien.
Ela havia dito seu nome. Foi a primeira vez que ele ouviu
de seus lábios em três longos anos e tomou conta dele e virou de
dentro para fora. Ele encontrou-se se movendo sobre ela outra
vez, um passo, dois, três, e seus olhos se arregalaram, e ainda
assim ela não se moveu, assim como ela não tinha a primeira vez
que ele fez isso alguns momentos antes.
Ele chegou à frente dela e tentou dizer a si mesmo que
estava fazendo uma tentativa de assustar. Era uma mentira e ele
não se importou. Ele não se importava com nada, exceto o fato de
que ele estava tão perto dela que podia sentir o calor de sua pele
pulsando, estendendo a mão para ele.
Ele ergueu as mãos e fechou-os em torno de seus
braços. A primeira vez que ele a tocou em muito tempo. Ela
prendeu a respiração e, lentamente, seu olhar moveu para suas
mãos. Ele fez o mesmo e eles olharam juntos seus dedos grandes,
mais escuros em torno de sua pele pálida.
Desejo corria por ele, mais poderoso do que a raiva ou
ódio ou qualquer outra coisa que ele já havia sentido. E ele não
podia negar. Ele não podia negar ela tinha poder sobre ele,
mesmo depois de tudo o que ela tinha feito, tudo o que ela tinha
quebrado.
Ele se inclinou e apertou a boca na dela. Ele esperava
que ela permanecesse fria, ou mesmo se afastar-se, mas em vez
disso ela gemeu e abriu os lábios.
E ele estava perdido. Ele colocou a língua em seu calor
húmido e acariciou ela quando ele a puxou para mais perto, em
seus braços, moldando seu corpo ao dele. Ela puxou os braços
soltos de suas mãos e os envolto em torno de seu pescoço,
choramingando quando ela levantou contra ele como se quisesse
encontrar uma maneira de se aproximar ainda mais do que já
estavam juntos em um abraço.
Ele inclinou a cabeça, fazendo seu beijo mais profundo e
degustando o xerez em sua língua, provavelmente para ajudá-la
com sua coragem em vir aqui. Ele provou a doçura que só Elise
tinha. Ele não tinha percebido o quanto ele perdeu o gosto e
agora ele se afogou na mesma, perdendo toda a capacidade de
controlar o beijo ou a si mesmo.
Ela não parecia se importar. Ela enfiou a língua contra a
dele em igual desespero e necessidade, sugando-o, o encontrando
no meio do caminho, o corpo de moagem contra o seu com
saudade que combinava com a sua própria.
Ele cambaleou para trás, mantendo-a em seus braços
enquanto ele caia em uma posição sentada no sofá de veludo
preto. Ela montou seu colo, seu vestido enrolado em torno de
suas pernas quando ela enterrou os dedos em seus cabelos e
apertou-se com força contra ele.
Ele não ia parar com isso. Esse pensamento atravessou
sua mente, rasgando passado toda a alta emoção. Isso ia
acontecer, aqui na sala de visitas de Vivien, em uma noite quando
ele veio à procura de uma mulher para que ele iria esquecer
aquela mesma se contorcendo no seu colo.
Este foi muito melhor.
Ele continuou a beijá-la, mesmo quando ele agarrou a
mão na bainha de sua saia e começou a monta-la, empurrando
ocomprimento de suas pernas longas e revelando meias muito
costuradas. Ele acariciou seus dedos sobre a suavidade acetinada
e sabia que sua excitação era provavelmente eminentemente
óbvio para ela. Seu pênis estava pressionando contra sua coxa e
não foi sutil.
Ela quebrou o beijo finalmente e olhou para ele, os olhos
verdes de aregalados e um pouco fora de foco. — Isto é real? —
ela sussurrou enquanto deixava sua mão abranger o lado de sua
coxa.
— Espero que sim — ele rosnou. — Mas você quer?
Ela concordou imediatamente. — Mais do que tudo.
Não havia mais nada a dizer. Como ela se moveu para
acomodá-lo, ele empurrou a saia para cima e ao redor de seus
quadris e engasgou. Ela estava completamente nua da cintura
para baixo, com exceção das meias. Ele levantou seu olhar e seu
rosto se iluminou com a cor quando ela virou o rosto.
É claro que ela iria usar nada por baixo de seu
vestido. Ela estava aqui para seduzir um amante. E ela estava,
embora não o que ela tinha provavelmente pensando que iria.
Ele empurrou de lado o ciúme brutal com esse
pensamento e deixou sua mão sobre seu quadril, em seguida,
para baixo e em torno, alcançando sobre seu sexo. Ela respirou
através de seus dentes e fechou os olhos enquanto ele arrastou
seus dedos sobre sua entrada. Ela estava molhada
já. Encharcada com a necessidade, e seu pênis realmente
contraiu enquanto ele estendeu há abrir um pouco e encontrou
seu clitóris. Ele pressionou um dedo para ela e ela sacudiu com
um grito suave.
Ele se inclinou, encontrando a coluna suave de seu
gracioso pescoço e começou a beijá-lá como ele acariciou-a,
acariciou-a, provocando o prazer dela até que ela estava
empurrando contra ele com um ritmo selvagem. Ela estava no
limite agora, pronto para o lançamento, e foi, quando ele se
afastou.
Seus olhos se abriram e ela olhou para ele com olhos
selvagens. Olhos que dilataram mais quando ele moveu a mão à
aba de suas calças e os abriu, liberando seu pau duro para o
espaço entre eles.
Ela lambeu os lábios e ele quase gozou ali mesmo. Ele
tomou algumas respirações longas quando ela fixou os olhos
nele. Lentamente, ela estendeu a mão e colocou os dedos em
torno dele. Ele agarrou seus próprios dedos na almofada do sofá
enquanto ela acariciava sobre ele uma vez, duas, três vezes. Em
seguida, ela mudou-se de joelhos e se posicionou sobre ele.
Ele sentiu o calor e, em seguida, sua esperteza em volta
dele. Ele deslizou para dentro dela uma polegada após o outro
como ambos soltou um suspiro longo e trêmulo. Como ele a
encheu completamente, ele percebeu que era como voltar a uma
casa que ele pensou que ele tinha perdido.
Ele não queria se sentir assim, mas lá estava, e ele olhou
para o belo rosto de Elise, tenso de prazer e tensão, e ele sabia em
seu coração que ele estava esperando por ela, esperando por isto,
por três longos anos. Agora que ela estava aqui, ele ergueu os
quadris para cima para ela quando ela estremeceu de prazer.
Ela balançava contra ele, encontrando seu ritmo de
condução, enquanto ela se movia para baixo sobre ele forte e
constante. Ele segurou seus quadris, movendo-se contra ele
quando ele levantou a boca para a garganta novamente.
Como ela o levou, Elise começou a fazer suaves
gemidos. Seu movimento de balanço cresceu errático e seu rosto
torcido com prazer. Ela estava perto de liberar e ele levantou os
dedos até a parte de trás de sua cabeça e inclinar o rosto para o
seu. Ela abriu os olhos e se encontrou com seu olhar, seu cabelo
caindo ao redor deles enquanto sua boca se contorceu e ela
soltou um grito instável de prazer. Seu corpo apertou em torno
dele, ordenhando-o, desenhando seu próprio prazer para
misturar com o dela. Levantou-a de lado e resmungou quando ele
saiu para longe dela e, em seguida, caiu de volta no sofá, sua
respiração vinha forte e seu coração não batia rápido apenas com
cansaço, mas alívio.
Mas, como esse mesmo ritmo cardíaco diminuiu a
velocidade e a capacidade de ter o pensamento racional voltou,
ele deixou seu olhar deslizar de volta para Elise, que estava
enrolada ao lado dele no sofá, com os cabelos emaranhados ao
redor do rosto, o vestido ainda engatado em torno dos quadris.
Precisam, querem, o alívio de lado, Stenfax percebeu o
que tinha acabado de fazer. A coisa que ele tinha jurado nunca
mais fazer novamente. Ele tinha acabado de deixar Elise ter a
vantagem sobre ele.Ele tinha acabado de revelar um pedaço de si
mesmo para ela.
E o que foi um erro total.
Uma noite quente de verão muito parecido com esta a
três anos antes, Elise tinha estado diante deste homem e deu-se
a ele. E desde aquela noite nunca havia sentido tanta paixão e
desejo e prazer absoluto. Certamente não com seu marido, que
ela nunca tinha encontrado ou até mesmo procurado prazer. Nem
mesmo com sua própria mão, quando ela febrilmente tentou
alcançar as mesmas alturas, que ela se lembrava com Lucien.
Agora seu corpo vibrava com prazer e paz, como se ela
tivesse nascido para ter o tempo todo. E, na verdade se ela não
tivesse se afastado de Lucien, este era o lugar onde ela estaria,
era onde ela pertencia.
Ela sorriu para ele e ele encontrou seu olhar com
cautela. Quando ela viu a dureza de sua expressão, a raiva e o
ódio ainda borbulhando sob a superfície, sua sensação de paz
desvaneceu-se em dormência. Naquele momento, ela viu que
nada tinha realmente mudado entre eles. E por que isso? Lucien
não entendia o que ela tinha feito, ele nunca faria.
Mesmo que ela pudesse explicar isso a ele, ele nunca iria
perdoá-la. Tentando encontrar essas palavras parecia inútil, e só
iria causar mais dor para os dois.
Para ele, essa noite não tinha sido sobre reunião ou
reparação, mas outra coisa. Como que para provar isso, ele
levantou e começou a se arrumar. Ele se virou para a cadeira e
pegou o paletó, jogando-a sobre os ombros sem olhar para ela.
— Isso foi um erro. — Seu tom era tão duro que senti
golpe físico.
Ela fechou os olhos e soltou algumas respirações longas
assim sua própria voz seria a calma quando ela disse — eu vejo.
Ele congelou quando ela ficou de pé e deixou seu vestido
cair para trás sobre seu corpo seminu. Ela se abaixou e começou
a recolher os grampos que haviam caído de seu cabelo e, em
seguida, mudou-se para um espelho do outro lado da sala para
corrigi-lo. Ela quase podia ver as trilhas de seus dedos por seus
cabelos, e Deus, como ela desejava que ela pudesse mantê-los lá
como prova de que ele a queria.
— Você não deveria fazer isso — ele disse suavemente,
seu tom muito mais suave do que tinha sido.
Ela olhou para ele através do reflexo no espelho em vez
de ficar de frente para ele. Isso era muito difícil, neste momento,
ela não queria dar-lhe muito. Ela já lhe tinha dado mais do que
devia.
— Eu entendo como você se sente — disse ela.
Seus olhos se estreitaram. — Mas você vai fazê-lo
independentemente — Ela assentiu com a cabeça uma vez. — Eu
vou. Você não tem o direito de me dizer o que fazer, Lucien. Não
mais.
Sua mandíbula endureceu com essas palavras e ele se
endireitou. — Não — ele rosnou. — Acho que não. Boa sorte,
Elise.
Ela se encolheu. Essa foi a primeira vez que ele disse o
nome dela no que pareceu uma eternidade, e foi dito com tanta
raiva.
— Adeus — ela sussurrou.
Ele balançou a cabeça enquanto caminhava até a porta e
fechou-a não muito gentilmente atrás dele. Quando ele se foi, ela
se inclinou para a frente, tentando recuperar o fôlego se
agarrando a mesa à sua frente.
Durante anos, ele tinha evitado vê-la. Ela sabia disso,
tinha ouvido tudo sobre as desculpas que ele deu a fim de não
vela. Ela nunca tinha lutado, nunca tentou subverter a ele,
porque sabia em seu coração que vê-lo ia ser muito doloroso.
Hoje à noite, ela percebeu que ela estava
certa. Isso foi muito doloroso, nunca deixou de amar Lucien, nem
por um momento, o amava ainda, apesar dele não a amar mais,
por uma escolha que ele pensou que ela tinha feito. A escolha que
ela tinha feito era a pior coisa que ela fez em toda a sua vida.
Ela endireitou-se e olhou-se no espelho. Ela quase podia
ver suas impressões digitais em sua pele, quase ainda sentia sua
respiração contra o seu corpo, sua boca na sua boca. Essas
sensações iriam desaparecer, é claro, e ela iria perder-los tão
desesperadamente quanto sentia falta dele.
— Mas isso é passado — ela disse para seu reflexo,
desejando que sua voz não tremesse. — Ele se foi e tudo o que
você deseja não muda nada. Você não pode deixar que isso mude
seu curso. Este ainda é o único caminho. — Dizer as palavras em
voz alta para si mesma ajudou, pelo menos um pouco, e ela
terminou ajeitando o cabelo antes de jogar os ombros para trás e
saiu da sala. Ela não se atreveu a dar uma olhada para trás no
sofá, com medo de explodir em lágrimas. Ela acabou de sair com
tanto orgulho quanto podia e fez seu caminho de volta no salão
principal da Vivien.
Nas horas que se passaram desde que ela chegou aqui,
grande parte da libertinagem tinha terminado. Ainda havia casais
ou grupos aqui e ali, bêbados jogando. Mas a maioria dos casais
tinha ou ido para quartos para concluir o seu prazer ou ido para
casa depois de completar-lo.
Stenfax estava longe de ser encontrado. Elise suspirou,
sem saber se ela estava feliz ou triste sobre esse fato. Ela não teve
que decidir, por sorte. Seus pensamentos foram interrompidos
quando um dos guardas de Vivien se aproximou dela.
— Senhorita Vivien gostaria de vê-la antes de partir,
excelência.—
Elise assentiu. Claro que Vivien faria. A cena que ela e
Stenfax tinham criado esta noite justificaria tal pedido. Ela não
ficaria surpresa se Vivien não a ajudar, mas por causa disso. E
então tudo seria verdadeiramente perdido. Mas talvez isso era o
que ela merecia, depois de tudo.
Ela seguiu o homem de volta para o escritório onde se
encontrou pela primeira vez com Vivien. Vivem estava sentada
atrás de uma mesa grande. Quando entrou Elise ficou surpresa
ao descobrir que Vivien não estava vestindo com roupas
provocativas, mas em um vestido simples, bonito, com um decote
modesto.
— Você gostaria de chá ou conhaque? — Perguntou
Vivien,se levantando e apontando para ambos no aparador. —
Eu não estou certa de que irá me acalmar mais — Elise admitiu.
O sorriso de Vivien era gentil. — Brandy então.
Ela derramou, e ela e Elise foram aos mesmos lugares
por onde o já tinham conversado horas antes, embora agora
parecessem dias.
— Eu sinto muito sobre o mal-entendido mais cedo —
disse Vivien quando Elise tinha tomado um gole de conhaque e
focada na queimção em sua garganta.
Elise deu de ombros. — Acho que foi uma coincidência
infeliz que Lucien iria aparecer aqui na mesma noite que eu. Ele
vem com frequência?
— Uma vez ele fez, mas faz muito tempo que ele não
aparece. Ele costumava aparecer aqui para — Vivien trocou de
asunto. — Bem, isso não importa. Eu entendo seu gosto um
pouco melhor agora, depois de vê-la. E o porquê de ele ser
exigente com o que queria quando vinha aqui.
Elise franziu o cenho, pois ela não entendia o que Vivien
estava falando. Ela certamente não queria ouvir falar das
conquistas de Lucien. A ideia fazia seu estômago doer.
— Você vai se recusar a me ajudar agora? — perguntou
ela. Os olhos de Vivien se arregalaram. — Você é direta.
— Eu estou muito exausta agora para jogos — Elise
admitiu.
Vivien se recostou em seu assento, e mais uma vez Elise
sabia que estava sendo julgado pela cortesã. — Eu conheço a
história, de vocês, todos conhecem a história sobre vocês
dois. Mas eu sinto que a história não é exatamente precisa. Então
me ajude a entender o que há entre você e Stenfax antes de eu
responder a sua pergunta .
Elise deixou seu copo para baixo. — Não há nada entre
nós — ela sussurrou, tentando não pensar na paixão que
vivenciou tão pouco tempo antes. — Ele me odeia, isso é tudo o
que resta agora.
— Hmmm — Vivien murmurou. — O ódio não é o que eu
vi.
Elise apertou os lábios. As palavras de Vivien deram-lhe
esperança e esperança era perigoso demais para ousar tem
agora. Ela baixou o olhar. — Você está errada. O trai há três
anos. Como você disse você sabe disso. Toda a gente sabe. Ele me
odeia o que é a única coisa que eu sei com certeza .

Vivien ficou em silêncio durante o que pareceu uma


eternidade, e então ela disse: — Você trocou ele por um título
maior e mais dinheiro.—
Elise balançou a cabeça lentamente. — Sim.
— E não é mais complicado do que isso?
Elise virou rosto e encontrou Vivien observando-a muito
atentamente. Em três anos nunca ninguém tinha feito essa
pergunta a ela. Ninguém nunca tinha duvidado que sua decisão
tivesse sido baseada em nada mais do que simplesmente querer
ser uma duquesa, em vez de uma condessa. Rica em vez de
financeiramente comprometida. Ninguém nunca tinha procurado
a verdade nas mentiras que ela tinha sido forçada a dizer.
Mas a verdade era muito perigosa para compartilhar. —
Não — Elise mentiu.
— E depois de hoje à noite, após essa coisa com Stenfax,
você ainda quer um protetor?
Essa pergunta foi totalmente carregada. Antes de Stenfax
entrar na sala, Elise tinha tentado encontrar uma maneira de
fazer a sua escolha suportáveis. Ela estava dizendo a si mesma
que ela pode vir a gostar de tudo o que o homem a levou para sua
cama. Que isso seria bom.
Agora que o sonho foi frustrado. Ninguém jamais seria
Stenfax. Ninguém jamais chegaria perto. — Eu devo — ela disse,
com voz embargada. — Nada mudou esta noite.
Vivien arqueou uma sobrancelha, seu olhar incrédulo
dizendo a Elise que ela não acreditava nela. Elise não se
acreditava, por isso ela não podia culpar a cortesã. Ainda assim,
Vivien não discutiu com ela ou pressionar por mais. Ela apenas
balançou a cabeça.
— Eu disse que ia ajudá-la e eu vou — disse Vivien. —
Dê-me alguns dias e depois volte. Vou ter alguns cavalheiros para
você conhecer e conversar. Talvez um deles vá chamar sua
atenção.
Alívio em cascata sobre Elise, temperar um pouco de sua
emoção mais difícil. Lentamente, ela levantou-se. — Obrigado,
Vivien. Eu aprecio sua ajuda.
Vivien murmurou a resposta dela e caminhou com Elise
ao foyer e a sua carruagem. Mas, quando Elise entrou no veículo
e foi levada de volta para sua casa, ela sabia que as coisas que ela
disse para Vivien eram tudo mentira.
Tudo mudou esta noite. E ainda assim ela não poderia
esperar nada de Lucien. Ela só teria que viver com estas novas
memórias e colocá-las ao lado de todas os outras. Era tudo o
que podia fazer.
Lucien passeado em seu quarto, ainda cheirando a Elise
em seu vestuário, sua pele, sua própria alma. Ele ainda estava
completamente confuso com o que havia acontecido entre eles
esta noite.
Vendo-a tinha acendido sentimentos que ele próprio
tinha anulado. Tocá-la ... bem, isso trouxe algo completamente
diferente.
Ele sabia exatamente porque Vivien tinha pensado que
ele queria se encontrar com Elise. Foi porque quando ele tinha
chegado a seu clube no passado, ele sempre pediu pôr mulheres
que se pareciam com sua ex - noiva. Tentando se livrar dela,
tomando mulheres que o lembravam dela, mas nunca funcionou.
Toma-lá não funcionou também. Em vez de limpar seu
sistema se livrar do passado, ele agora pulsava com renovado
desejo por ela.
Certamente iria ajudar a conversar com alguém sobre
este assunto, mas a quem ele poderia recorrer? Gray e Felicity
iriam reagir mal se soubessem o que ele tinha feito. Felicity tinha
considerado uma vez Elise sua melhor amiga. Quando Elise tinha
deixado ele, tinha sido tanto uma traição a Felicity como a si
mesmo. E Gray tinha visto ele quase se matar por Elise. Ele não
tinha sequer intervindo no engajamento da Stenfax com Celia
porque temia o que suas emoções sobre este assunto fariam.
Em suma, ambos os seus irmãos odiavam
Elise. Ele odiava Elise.
Só que não tinha sentido ódio quando a viu, quando ele a
tocou, quando ele se enterrou profundamente dentro dela.
Nem tinha ele sentindo ódio quando viu o lampejo de dor
nos olhos de Elise quando ele se afastou dela depois que sua
união terminou.
Não, esse sentimento tinha sido culpa.
Ele bateu a mão na mesa perto dele e rosnou: — Merda.
Não havia nenhuma razão para ele se sentir culpa sobre
o que ele tinha feito. Elise tinha ido a Vivien na procura de um
amante e ela disse que queria ele. Ele tinha provas do que ela
queria. Se ele se afastou dela, no final, não foi isso exatamente o
que ela tinha feito para ele todos esses anos? Ele franziu os lábios
com o pensamento vingativo. Tudo o que ele pensava de Elise,
ainda não justificava suas maneiras, ela ainda era uma
senhora. E ele a tinha usado da pior maneira possível. Sim, ele
tinha pensado em seu prazer, mas isso não significa que ele não a
tinha usado. Não era um cavalheiro, para dizer o mínimo.
E fosse honesto consigo mesmo sobre sua crueldade, ele
também teve que ser honesto consigo mesmo sobre a necessidade
de o resolver. Só isso significava vê-la. Indo para a casa em que
vivia agora, a casa dote, e vendo ela. Amanhã seria melhor, para
resolver este assunto imediatamente.
Mil pensamentos passaram pela sua cabeça. Ele estava
apenas fazendo isso para vê-la de novo? Não, não, claro que
não. Isso era pura conversa fiada.
Ele estava indo, a fim de acertar as coisas entre eles. Ele
estava indo para que ele pudesse afastar-se dela e não mais ser
assombrado.
Pelo menos ele esperava não ser assombrada. Isto é tudo
que ele queria.
Lucien desceu de seu cavalo e olhou para a modesta
moradia que surgiu diante dele. A residência da viúva Elise, que
ela havia herdado após a morte de seu duque. Fazia um longo
tempo desde que ele se aproximou da porta da casa dela. A
última vez fora quando veio pedir para vê-la após receber sua
carta de despedida.
A dor o atravessou e ele a aplacou com força. Aquela não
era nem a mesma casa. Naquela noite terrível que havia ido à
casa do pai dela. Não havia nada remotamente semelhante sobre
aquela experiência.
Ele caminhou até a porta e deu um cartão para o
mordomo que o cumprimentou. Pensou ter visto surpresa no
rosto do homem quando leu seu nome, mas ele não virou as
costas para Lucien. Em vez disso, o levou a uma sala de estar
fora do hall de entrada e foi verificar se Sua Graça estava na
residência.
Lucien apertou a ponta de seu nariz enquanto andava
pela sala. E se ela o recusasse outra vez como havia feito muito
tempo atrás? Sua mandíbula se apertou com o pensamento de
que ela faria uma coisa dessas ... duas vezes.
A porta atrás dele se fechou e ele se virou com o som
encontrando Elise parada lá. Ele prendeu a respiração. No clube
de Vivien, ela estava vestida de cores vibrantes e um decote. Hoje
ela estava envolta em luto, preto e coberta modestamente. Seu
cabelo estava preso em um coque simples, em vez das ondas
gloriosas que ele havia puxado para baixo para cobri-los quando
fizeram amor. Ela também tinha uma sutil escuridão sob os
olhos, o único indício em sua pele delatando que sua noite juntos
havia lhe afetado da mesma forma que o afetou.
Ela era linda. Quase inacreditavelmente linda.
— O que está fazendo aqui, Lucien? — Ela sussurrou.
Ele engoliu em seco, tentando lembrar a resposta a essa
pergunta excelente. Era quase impossível com sua mente
sussurrando-lhe como seria fácil atravessar a sala e beijá-
la. Melhor ainda, despi-la daquelas roupas de luto e de tê-la ali
mesmo.
— Vim falar com você sobre a noite passada — ele
explodiu, alto demais, sabia.
Seus lábios se apertaram quando ela os juntou e sua
expressão tornou-se fria e distante.
— Não acho que haja nada mais a ser dito, meu
senhor. Fez-se muito claro.
Ele limpou a garganta. Não estava indo exatamente como
ele havia planejado enquanto se virava em sua cama na noite
anterior. Respirou fundo e recomeçou.
— Não foi nada cavalheiro... o modo como agi na noite
passada. Do início ao fim. — Ele encontrou seu olhar e obrigou-se
a mantê-la — Sinto muito.
Não havia dúvida do choque em seu rosto diante do
pedido de desculpas. Seus olhos se arregalaram como pires e os
lábios se entreabriram. Ela rapidamente se livrou da reação,
voltando à fresca e colérica, Elise da qual ele desejava tão
desesperadamente se livrar. Abaixo daquele duro exterior tinha
de estar a Elise que uma vez que ele conheceu. Aquela
mulher tinha de existir. Não tinha?
— Não precisa — disse. Ela se mexeu ligeiramente, a
única indicação de seu desconforto. — Eu... nós... fomos ambos
varridos, meu senhor. Sou tão culpada pelo o que aconteceu no
clube de Vivien quanto você.
Ele deu um longo passo em direção a ela.
— Por que fez isso, Elise? Por que me deixou?
A frieza fugiu novamente e seu rosto se enrugou
ligeiramente. Ela parecia estar lutando uma batalha interna,
verdade contra mentira, vulnerabilidade contra as paredes que
ela havia erguido entre eles por algum motivo desconhecido.
— Porque... — ela começou, com a voz trêmula.
Mas ela não chegou a terminar. Antes que pudesse, a
porta da sala se abriu e o novo duque de Kirkford entrou.

Elise estremeceu quando o primo pomposo de seu


falecido marido marchou para a sua sala de estar sem aviso
prévio e sem ser convidado. Claro, isso era o que ele sempre fazia,
declarando que a casa dote era sua propriedade, igual a qualquer
outra que houvera herdado.
E a forma como muitas vezes ele olhava para ela, Elise se
perguntava se ele sentia que tinha algum direito sobre ela,
também. A atenção focada do novo duque era parte da razão pela
qual ela estava tão desesperada para escapar dessas paredes.
Ela virou-se para encará-lo e estremeceu. Não que ele
fosse fisicamente feio. Tal como o seu primo falecido antes dele,
Ambrose, o nono duque de Kirkford, tinha um rosto interessante
que provavelmente muitas mulheres desejariam. Mas ele era,
também, como seu primo, insuportavelmente estúpido, egoísta e
rude.
Ambrose deixou seu olhar voar sobre ela da cabeça aos
pés, da mesma forma que ele sempre fez e provavelmente sempre
o faria. Elise sentiu-se despojada pela ação e engoliu o aumento
da bílis em sua garganta.
Então ele voltou sua atenção para Stenfax e um sorriso
apareceu o lábio.
— Que diabos é que ele está fazendo aqui? — Elise
prendeu a respiração quando Stenfax deu mais um passo em
direção a ela. Seu rosto era duro agora, mas a ligeira contração
no lábio dizia a ela que ele estava se irritando. Ela teria de ser
cuidadosa ou acabaria em uma briga de cão no meio da sala de
estar.
— Sua Graça, creio que conheça o Conde de Stenfax —
disse ela, tentando desesperadamente fazer daquela uma reunião
normal em um salão normal entre dois homens normais. — Meu
senhor, primo de meu marido, o novo Duque de Kirkford.
— Nós nos conhecemos — disse Ambrose, seu tom
pesado com desgosto. — E você não respondeu à minha
pergunta, Elise. O que diabos ele está fazendo aqui?
Stenfax cerrou os punhos ao lado do corpo.
— Sua Graça tem todo o direito de receber visitas em sua
própria casa, eu acredito.
— Minha casa - Ambrose o corrigiu. — Permitir que ela
resida nessa casa é por causa de minhas boas graças.
Stenfax soltou uma risada sem humor.
— Suas boas graças são totalmente explícitas, eu vejo.
Ambrose franziu a testa e levou um momento para
compreender a ofensa. Elise marcou o momento exato em que se
tornou claro, pois ele fez uma careta.
— Não faz nem um ano que meu primo foi morto e você
está aqui cheirando sua mulher. Ela o dispensou, homem... você
não pode entender isso ?
Stenfax endureceu e Elise se meteu no meio dos dois,
virando-se para pressionar a mão no peito de Stenfax na
esperança de impedi-lo de perder o controle. Ela sentiu o
aumento da frequência de seus batimentos cardíacos quando o
tocou e ignorou como aconteceu o mesmo consigo.
— O Senhor Stenfax é um velho amigo da minha família
— disse ela suavemente. — Ele fez um apelo social e apreciei
isso. Mas já estava de saída.
Assim que disse a última palavra, virou-se ligeiramente
para Lucien, enviando-lhe um olhar que ela esperava que ele
entendesse e aceitasse. Antes, ele sabia como ler suas
expressões. Parecia que ainda conseguia, pelos lábios ainda mais
juntos e o olhar que poderia ter congelado o Thames, mesmo nas
profundezas do verão.
— Suponho que concluímos nosso negócio — disse ele. —
Bom dia, Sua Graça.
A dureza de seu tom de voz era como uma faca em seu
coração. Um momento antes de Ambrose interromper, Lucien
pareceu se abrandar um pouco. E isso quase a fez revelar a
verdade com sua suavidade. A quase confessar como ela o amava
e como nunca havia deixado de amá-lo.
Que tolo ato teria sido. Supôs que devia a Ambrose um
agradecimento.
— Bom dia, meu senhor — ela sussurrou enquanto
Stenfax saía da sala sem um adeus para Ambrose.
Uma vez que ele se foi, Ambrose soltou uma risada
baixa.
— Ele sempre foi um cãozinho atrás de você.
Elise deixou escapar sua própria risada sem humor.
— Não acho que muitos ousariam descrever o conde de
Stenfax como cão de ninguém, Ambrose.
Ele se afastou dela, indo para o aparador para servir-se
de chá sem pedir permissão ou até mesmo oferecer-lhe um copo.
— Vou perguntar de novo, Elise. Porque ele estava aqui?
Ela apertou as mãos atrás das costas.
— É ruim o suficiente que você sempre ande em minha
casa sempre que lhe agrade. Não posso ter qualquer privacidade
em minhas reuniões?
— Pode, uma vez que você saia — disse ele, arqueando
uma sobrancelha quando fez o seu ponto. — Com sua herança,
tenho certeza que pode pagar um casebre de algum tipo. E você é
bonita o suficiente para comerciar seu corpo por comida, tenho
certeza.
Ela se encolheu com sua conversa franca, um lembrete
de onde estava no mundo atualmente.
— Deve ter mais gratidão, Elise. — Ele disse a
palavra gratidão quando se abaixou e aproximou seu copo
dela. — Sou um homem gentil para lhe permitir ficar aqui quando
poderia facilmente colocá-la na rua.
Ela engoliu em seco.
— Muito gentil, sim.
— Tem certeza que não há uma maneira de retribuir a
minha bondade? — Ele perguntou, estendendo um dedo para
traçar a linha de seu braço.
Apesar do pesado tecido de seu vestido de luto, Elise
sentiu a pressão de seu toque, fechou os olhos e tentou manter a
calma.
— Só com minhas palavras de agradecimento, Ambrose.
Ele revirou os olhos e voltou para o seu aparador para
enfiar um bolo na boca. Ele não terminou de mastigar antes de
dizer: — Eu poderia pensar em coisas melhores para fazer com
aqueles lábios. Um dia você vai perceber sua posição, Elise, e
você vai entender minha maneira de pensar sobre o assunto.
Ela ergueu o queixo.
— Não penso assim — sussurrou ela.
Ele engoliu sua comida, enquanto seus olhos se
estreitaram sobre ela.
— Quem você pensa que é, sua cadela frígida? Faz-me
pensar em como meu primo a conseguiu quando claramente o
odiava tanto quanto me odeia.
Elise apertou os lábios e permaneceu em silêncio sobre o
assunto.
Ele inclinou a cabeça.
— Acha que eu não sabia que ele tinha segredos? E sabia
como usá-los para conseguir o que quisesse. Se eu soubesse o
seu, Sua Graça, abriria as pernas para mim também?
Era quase impossível manter a calma quando ele estava
dançando na borda perigosa da verdade.
— Não sei do que está falando — disse ela, forçando as
mãos trêmulas a permanecer atrás das costas. — Mas toda essa
agitação me deu dor de cabeça. Talvez possa aparecer outra hora,
Ambrose. Com um aviso prévio.
Ele olhou para ela, depois deu de ombros.
— Bem. Mas não terminamos, Sua Graça. Nem chegamos
perto. Investigarei todas as suas mentiras. Então é melhor se
preparar. Tudo o que era dele é meu agora. Tudo.
Ele se virou e saiu da sala. Elise afundou em uma
cadeira, tentando recuperar o fôlego. Deus, como Ambrose a
lembrava de seu marido. Toby muitas vezes havia lhe dado o
mesmo olhar. De nojo e desdém. Viver com ele, como seu prêmio
em um jogo cruel, sua decoração e brinquedo havia sido um
inferno.
Ela não iria se colocar na mesma posição outra vez. Uma
amante tinha mais liberdade. Se combinadas corretamente, uma
amante tinha poder e autonomia. Foi por isso que ela fez essas
escolhas. E não podia parar agora.
Na verdade, ela teria que se esforçar mais. Tinha de
escapar daquela casa. E não podia permitir o reaparecimento de
Lucien em sua vida para dirigi-la a partir desse curso. Não
importava os sentimentos que ele provocava nela.

Stenfax passeava pelo salão de Gray, suas mãos abrindo


e fechando ao lado do corpo. Ele havia combinado de encontrar
seu irmão hoje a esta hora e não fora capaz de escapar do
dever. Mas depois do que havia acabado de experimentar na casa
de Elise, ele desejava poder.
Gray iria enxergar. Iria saber a verdade. E abrir uma
caixa de Pandora de problemas no processo.
Como se planejado, Gray entrou na sala e Stenfax parou
de andar por um momento para cumprimentá-lo, antes que ele
pudesse, Gray recostou-se e fechou a porta.
— O que é isso?
Stenfax fechou os olhos. Era uma droga Gray conhecê-lo
tão bem. Quando olhou para seu irmão mais uma vez, lutou por
controlar suas emoções.
— Nada. Nós deveríamos nos encontrar e aqui
estou. Onde está Rosalinde? -
Gray apertou os lábios.
— Lá fora com Felicity, e você está mudando de
assunto. O que o faz parecer tão... tão... irritado?
— O que há de errado em estar com raiva? — Stenfax
explodiu. — Um homem não pode ficar frustrado por seu cavalo
perder sua ferradura ou chover quando ele queria estar
justamente na maldita estrada?
Gray se inclinou para trás.
— Mas você não está irritado por causa de um cavalo e
não está chovendo e as estradas entre a sua casa e a minha estão
perfeitas. Mas se não quiser falar comigo, por todos os meios,
cozinhe em sua própria raiva. Apenas não faça nada que possa se
arrepender.
Stenfax se encolheu. A noite em que havia ficado no
terraço por causa de Elise e quase tirado a própria vida o
mudou. Mas sabia que de fato também havia mudado Gray. Seu
irmão estava , por vezes, desesperado em protegê-lo. Desesperado
por ajudar.
Ele soltou a respiração num longo suspiro. Talvez
precisasse de ajuda. Talvez precisasse do conselho duro que Gray
daria se a verdade viesse à tona. Um balde frio da realidade.
— O que você sabe sobre o novo duque de Kirkford?
Como ele esperava, todas as cores lentamente sumiram
do rosto de Gray e ele olhou para Stenfax com horror e sem
palavras por alguns longos momentos.
— Você não fez isso.
A desaprovação e horror na voz de seu irmão fez Stenfax
virar. Aquilo era o que ele havia jurado a Gray e Felicity que
jamais faria novamente. Era o que havia prometido a si mesmo
que não faria desde o dia em que ouvira que o marido de Elise
estava morto.
E, no entanto, ali estava ele.
— Não me julgue — pediu suavemente.
— É claro que irei julgá-lo — Gray rosnou, espreitando
para o aparador e espirrando scotch em um copo. Ele bebeu de
um gole e encheu outro que entregou a Stenfax. — Parece que
você não tem nenhum juízo, então tenho de ter para nós dois. Foi
até a Elise?
Stenfax sacudiu a cabeça. Gray não era apenas seu
irmão, era seu melhor amigo. E agora, precisava, mesmo que
Gray condenasse suas escolhas através de qualquer explicação.
— Eu não fui até ela. Não no início — disse
lentamente. — Na verdade, fiz o que sugeriu e fui para a
Vivien. Ela estava... lá.
A boca de Gray se escancarou.
— Perdão. Elise... como a Duquesa Elise de Kirkford...
esteva na Vivien?
Stenfax assentiu.
— Parece que ela foi mal estabelecida e está considerando
encontrar um protetor para tirá-la de seu estado financeiro.
— E foi até você — disse Gray, cruzando os braços. —
Depois do que ela fez.
— Não, fomos colocados em um quarto juntos. Elisa não
orquestrou. Estou quase certo de que ela não fez isso. — Ele
prendeu a respiração quando ouviu o quão ridículo soava. — Não
importa. Acabamos no mesmo quarto e eu... não pude me
controlar, Gray. Você já a viu desde que nos separamos?
Gray deu um longo suspiro, obviamente tentando se
acalmar.
— Não. Eu a evitei assim como você. Acho que todos
evitaram.
— Bem, ela está... está mais bonita do que nunca —
Stenfax admitiu suavemente, imagens dela girando em sua
mente. — Ela está exatamente como estava há três anos, e ainda
assim melhor. Eu sabia que era errado, mas eu a toquei e então...
então saiu do controle.
Os olhos de Gray voaram longe.
— Entendo. Então você fez amor com ela.
— Tomá-la é uma descrição mais apropriada — disse
Stenfax, seu tom sombrio enquanto pensava mais uma vez em
seus atos nada cavalheiros. — Sei que não deveria. Mas foi
magnífico. E, no entanto, como eu poderia? Como eu poderia
fazer uma coisa dessas?
— Julga a si mesmo, mas não a ela? — Perguntou Gray.
Stenfax deu de ombros.
— Minhas ações são as únicas dentro de meu controle,
então são tudo o que posso julgar. Eu deveria ter ido embora no
momento em que ela entrou no quarto. Mas não o fiz. Então eu...
fui para a casa dela em Tinley esta manhã.
Gray ergueu as mãos.
— Lucien! — Ele explodiu. — Maldição! É ruim o
bastante que tenha feito algo tão tolo na Vivien, mas seguir Elise
até o outro lado da cidade?
— Eu sei, eu sei — disse Stenfax, recusando a
desaprovação afiada de seu irmão. — Eu simplesmente não
conseguia parar. Precisava me desculpar por meu
comportamento. Mas o novo duque entrou, nos interrompeu. É o
primo de Kirkford... Ambrose, acho que o nome dele era esse.
— Sim, ouvi dizer que ele ganhou a disputa pela coroa —
disse Gray. — Um palhaço é o que ele é.
— Bem, ele é um palhaço com o poder. E parece estar se
impondo sobre Elise. Então, quero saber mais sobre ele. — Ele
terminou a frase e ouviu soar no ar ao seu redor. Ouviu o
desespero de seu tom de voz, o protecionismo que não deveria ter
sido reservada para Elise depois de tudo o que ela havia feito.
E mesmo que ele não houvesse ouvido, certamente viu
todas essas coisas refletidas na expressão de Gray. Seu irmão se
moveu para ele, pegando seus braços e olhando-o nos olhos.
— Escute a si mesmo — Gray disse suavemente, quase
gentilmente. — Droga, Stenfax, ouça suas palavras e lembre-se
do passado. Se não for capaz de fazer isso, então me escute. Elise
fingiu ser algo que ela não era. Ela fingiu se importar não apenas
com você, mas com todos os da nossa família. Ela entrou em
nossas vidas e feriu nossos corações, ninguém mais do que
você. Mas era falsa, Lucien. No momento em que foi oferecido um
título mais alto e uma bolsa maior, ela se afastou de você, de
todos nós.
— Eu sei — disse Stenfax, lutando contra o desejo de
defender Elise das acusações do irmão. Afinal, elas eram
verdadeiras.
— Você sabe, mas não parece recordar as consequências
das ações dela. — Gray recuou. — Eu vi o que fez com você, eu vi
o que fez para Felicity. A traição de Elise veio tão rapidamente
depois que Felicity ficou viúva, depois de escapar daquele
bastardo com quem se casou. Ela precisava de Elise e ela
quebrou o coração dela quase tanto como quebrou o seu. Vi o que
essa mulher fez a ambos. E ela não dá a mínima para seus
sentimentos.
Lucien sacudiu a cabeça.
— Sim, tenho consciência de que tudo o que está dizendo
é verdade. E entendo exatamente o porquê de você e Felicity
desprezarem Elise. E porque você não gostaria de me ver
enredado em sua armadilha outra vez.
Gray olhou para ele pelo que parecia uma eternidade.
— Você entende, mas ainda quer saber mais sobre o novo
duque de Kirkford.
Stenfax apertou os lábios.
— Sim — sussurrou, finalmente.
Gray suspirou, passando a mão pelo cabelo enquanto
andava afastado do fogo. Ele olhou para as chamas dançando por
um momento antes de se virar para trás.
— Marina e Folly estão de volta à cidade. Ela está
relacionada com Kirkford, primos de terceiro grau ou algo
assim. Poderíamos perguntar.
Stenfax balançou a cabeça lentamente.
— Sim. Estou certo de que ela sabe algo sobre o
homem. Arrange um encontro, se puder. Tenho certeza de que
ambas adorariam a oportunidade de repassar todos os meus
erros sobre esse assunto, assim como você.
Gray rangeu os dentes.
— Não é uma questão de repassar os erros, Lucien, é
sobre temer os custos se esquecer do passado. Não se esqueça,
estávamos todos lá naquela noite. Nós todos sabemos o que
quase perdemos graças a ela . -
Lucien inclinou a cabeça.
— Eu entendo.
Gray se moveu em sua direção, envolvendo um braço em
torno dele.
— É por amor que me preocupo — ele lembrou. — E é
por amor que peço que não a veja novamente, Stenfax. Por favor.
Stenfax suspirou profundamente. Em seguida, ele
assentiu.
— Não irei.
Ele sentiu seu irmão relaxar com a promessa e Gray se
afastou. Mas, quando Gray mudou de assunto para tópicos muito
menos explosivos, Stenfax não podia deixar de se sentir
culpado. O fato era que ele havia acabado de mentir. Ele tinha
toda a intenção de manter um olhar atento sobre Elise.
Só esperava que fosse capaz de controlar a si mesmo,
enquanto fazia isso.
Elise sentou-se numa mesa de canto no clube de Vivien,
com pretendentes em torno dela. Forçou um sorriso para um dos
homens que falava com ela, mesmo enquanto sua mente vagava.
Na verdade, aquele processo não era tão diferente dos
namoros que via na sociedade. É claro, o cenário era muito
diferente, com casais se exibindo abertamente e muitas vezes
explicitamente aliviando seus desejos. E os homens eram mais
evidentes com as suas intenções e desejos quando falavam com
ela.
Se não, eles a cercavam, conversando com ela sem
pensar, se exibindo ao redor dela com exposições de como
cuidariam dela financeiramente ou fisicamente.
Ela deixou escapar um longo suspiro enquanto seu
companheiro mais próximo se inclinava. Foi o Visconde
Highbridge, que lhe mostrou o máximo de atenção e exigiu muito
mais dela em troca. Ela observou-o um pouco mais de perto.
Ele era mais velho do que ela, pelo menos, vinte anos. Ela
pensou que em um ponto, ele poderia ter sido um amigo de seu
falecido pai, pois ela sentia como se o houvesse conhecido há
muito tempo. Isso não pareceu dissuadi-lo. Ele continuou se
inclinando para ela. Mantendo a mão sobre a dela enquanto eles
falavam.
Não havia dúvidas quanto a seu interesse, mas também
não havia como negar que ela não sentiu nada quando ele olhou
para ela ou a tocou. Nem mesmo uma vibração de interesse.
Droga, Lucien. Ele havia posto seu plano inteiro por água
a baixo... por.... bem, por ser ele e lembrando-lhe o quanto ela o
queria. Um pouco do gosto dele e o sabor de tudo foi
completamente arruinado.
— Gostaria de dançar, Sua Graça? — Perguntou
Highbridge, enviando olhares significativos para os outros
homens circulando ela.
Ela forçou sua atenção totalmente em seu companheiro.
— Seria muito bom, obrigado.
Ela se levantou e o resto ficou com ela, murmurando seu
desejo para que ela lhes reservasse uma dança também. Assentiu
com a cabeça quando pegou o braço de Highbridge e deixou-o
levá-la para a pista de dança.
Quando o fez, seus olhos se arregalaram. Ao contrário de
em um encontro da Sociedade, a dança aqui era muito mais
escandalosa. Casais pressionados juntos, movendo-se em
movimentos sensuais. Alguns beijavam e tocavam abertamente.
Ela deixou seu olhar voar para Highbridge.
— Eu, er...
Ele balançou sua cabeça.
— Estamos apenas começando a nos conhecer, minha
querida. Não tenho nenhuma expectativa de que vamos nos
envolver em tal comportamento. — Ele pegou sua mão e a girou
no chão. — Ainda.
Ela prendeu a respiração com a ideia de fazer tais coisas
com aquele homem... alguma vez. Uma coisa era se entregar
como uma amante, outra bem diferente era fazer aquilo com um
homem em público sem qualquer pudor com aqueles ao seu
redor.
Ela poderia fazer isso? Ou era apenas coisa de sua
cabeça?
— Está muito bonita — disse Highbridge, seu olhar
varrendo-a em apreço.
Ela corou. Estava usando outro de seus antigos vestidos,
alterado de modo que o decote era escandalosamente baixo. Ela
ainda não se sentia confortável com o ar tocando muito de sua
pele. Mas pelo menos não era negro. Como odiava preto, e ela
ainda tinha alguns meses para usá-lo.
— Obrigada, meu senhor — disse ela, forçando um
pequeno sorriso para ele.
Ele retornou com uma versão mais ampla.
— O que está procurando em um protetor?
Ela engoliu em seco. Ninguém havia lhe feito aquela
pergunta antes. Ela pensou por um momento, então disse:
— Alguém que me permita independência.
Ele arqueou uma sobrancelha e sua risada pareceu
arranhar sua espinha.
— Independência. Bem, a maioria das amantes têm uma
grande quantidade disso, dependendo do homem. Está dizendo
que a independência que gostaria consiste em trazer outros
homens para a sua cama ou a independência em que você possui
sua própria casa e fundos?
Seus lábios se separaram. Outro homem em sua
cama? Grande Senhor, ela estava nervosa o suficiente sobre um.
— O segundo, meu senhor — disse ela ofegante.
— E o que está disposta a fazer? — Ele puxou-a mais
perto, de repente, sua mão desceu demais em suas costas —
para conquistar sua independência?
Ela tomou um fôlego para se acalmar e disse:
— Meu senhor, eu...
Ele a girou enquanto ela falava e, de repente, se
depararam com a figura vermelha de Lucien. Senhor Highbridge a
soltou imediatamente e ela duvidou da súbita sensação de ser
livre.
— Stenfax — disse Highbridge. — Não sabia que estava
aqui esta noite.
Ele lançou um olhar inquieto na direção de Elise e ela
corou. Droga, Lucien iria estragar tudo. Ele estava arruinando
tudo, de pé no meio da pista de dança, encarando o homem que a
segurava. Ele não sabia que todos iriam falar? Neste quarto
sussurravam, mas essa suculenta fofoca também poderia ficar
mais ampla na sociedade.
— Vim para dançar com Sua Graça — Stenfax disse
devagar, com calma, apesar de sua expressão tensa. — Posso
interromper?
Foi dito como uma pergunta, mas não havia dúvida que
era uma ordem. Highbridge sabia, assim, se virou para Elise.
— Espero que nós falemos novamente em breve, Sua
Graça.
Ela inclinou a cabeça com uma expressão de
desculpas. Ele recuou, e quando se foi, Stenfax agarrou sua mão
e girou-a para os passos da dança. Ele olhou para ela, sem
palavras.
Ela deixou escapar um suspiro.
— O que está fazendo, Lucien?
Sua raiva era palpável como um pulso entre eles quando
rosnou
— Highbridge é um bastardo.
Ela balançou a cabeça.
— Sim, também tive essa sensação. Mas isso não é
realmente sua preocupação, é?
A mão nas costas dela apertou, puxando-a para mais
perto. Ele se inclinou e seu rosto estava perigosamente perto do
dela. — Não é?
— Não — ela sussurrou. — Deixou isso bem claro. Então
não tem nada a dizer.
Ela podia ver o quão frustrado a resposta o deixou,
embora ainda não soubesse o porquê. Ele claramente a
desprezava, ela havia ganhado sua ira. O que mais havia para
dizer? Só que ele sempre ia até ela. Que continuava inserindo-se
em sua vida como se tivesse algum desejo de estar lá.
E era injusto. E maravilhoso. E muito difícil de expressar.
A música terminou, mas Lucien não a soltou. Eles
ficaram no meio da pista de dança, olhando um para o outro. E
lentamente, Elise se tornou consciente de outra coisa. Quase todo
mundo ao redor estava olhando para eles. Amantes, senhoras
desgarradas, senhores da indústria e aqueles intitulados... todos
eles a observá-los.
— Lucien — sussurrou ela.
Ele balançou a cabeça lentamente.
— Eu os vejo.
Ele se afastou dela e fez uma reverência
inteligente. Então a agarrou pelo braço e guiou-a. Os outros
começaram a voltar para seus negócios, e ela esperava que ele
simplesmente a tirasse da pista de dança e a deixasse,
abandonando-a para as consequências de seu toque e sua raiva
mais uma vez.
Mas ele não o fez. Em vez disso, ele guiou-a através do
salão de baile, fora da porta e por um longo corredor. Ele abriu a
primeira porta que apareceu e arrastou-a para dentro. Ela olhou
ao redor. Era uma sala de bilhar, com quase nada dentro, exceto
por algumas cadeiras e uma grande mesa para o jogo.
Ele se inclinou para trás e trancou a porta da câmara
antes de se mover em direção a ela.
— Pensei que não fosse voltar para cá.
Ela cruzou os braços.
— Nunca prometi isso. O que aconteceu entre nós não
muda nada.
— Não, suas ambições nunca tiveram qualquer relação
comigo — ele retrucou, os olhos faiscando. Ela prendeu a
respiração com sua acusação cruel. Para ele, era verdade. Para
ela…
— Ou você quer esclarecer alguma coisa sobre o
passado? — Perguntou.
Ela se encolheu. Pela primeira vez, ele estava diretamente
oferecendo-lhe uma chance de se explicar. Mas que bem faria? A
verdade só iria machucá-lo tanto quanto a mentira havia. Mais,
provavelmente. E isso não mudaria o que haviam perdido. O que
ela havia feito.
— Se me odeia tanto, se me culpa tanto por nosso
passado, por que diabos continua me procurando? — Perguntou
ela. — E publicamente? Você sabe o que pode vir dessa pequena
cena no salão de baile? As pessoas vão falar.
Ele balançou sua cabeça.
— Vivien é rigorosa em suas políticas. Ninguém fala sobre
o que acontece aqui.
Ela apertou os lábios.
— Não acredito que seja realmente tão ingênuo. Talvez
eles não digam que nos viram, talvez nunca admitam para as
partes mais humilhantes. Mas alguém vai cochichar com alguém
que eles acreditam que você e eu estamos nos vendo
novamente. É uma fofoca muito boa para não repetir.
Ela podia ver que a declaração o acertou, pois ele fez uma
careta mais profunda. E oh, como ela desejava poder atravessar a
sala e beijá-lo como fora livre para fazer há muito tempo. Gostaria
de poder fazê-lo tocá-la porque a amava, não como uma rendição
à necessidade física, apesar de seus sentimentos negativos em
relação a ela.
Como desejava muitas coisas.
— Honestamente, Stenfax — ela sussurrou. — Não o
entendo completamente.
— Não? — Perguntou, aproximando-se de repente dela,
acabando com três longos passos que fecharam toda a distância
que ele havia inicialmente colocado entre eles. - É uma coisa
engraçada ouvi-la dizer isso, considerando-se que é a única que
fez o impensável.
Ele estava tão perto, ela sentia o calor de seu corpo, o
cheiro dele. Estava tão perto que tudo que tinha que fazer era
levantar a mão uma fração e de repente ela o estava
tocando. Seus dedos se curvaram contra o peito dele e ele puxou
a respiração, dura como quando olhou para ela.
— Isto é o impensável — ela sussurrou. — Estar com
você foi algo que nunca pensei que fosse acontecer novamente. E
é impossível estar perto de você e não querer... Querer...
Ele a interrompeu, inclinando a cabeça e pressionando os
lábios nos dela. Mais uma vez, houve pouca delicadeza nessa
ação. Era como se ele estivesse lutando contra a necessidade e
perdido, levados pelo desejo de que superou o ódio.
Doía, mas não mudava o fato de que seus lábios nos dela
era a coisa mais maravilhosa que ela já sentira. Ela colocou os
braços em volta do pescoço de Stenfax, inclinando a cabeça para
conceder-lhe mais acesso. E, tomando-a, girando em torno dela
para levantá-la sobre a mesa de bilhar, empurrando as pernas
abertas para que ele pudesse pisar dentro e puxá-la ainda mais
perto.
Ela desabotoou o casaco e deslizou as mãos para dentro,
deleitando-se com seu calor e o flexionar de seus músculos sob a
camisa. Ele grunhiu contra sua boca, empurrando os quadris
contra os dela, para que ela sentisse a crescente evidência de seu
desejo. O comprimento dele a cutucou e ela estremeceram em
antecipação do que estava por vir.
Porque ela não tinha dúvida de que era aquilo. Ela o
queria. Ele a queria. E aquela era uma avalanche que não poderia
ser interrompida.
— Dispa-me — ela sussurrou, puxando-a boca da dele e
olhando para ele.
Ele manteve o olhar por um longo momento, então
balançou a cabeça lentamente. Puxou-a para seus pés e a virou
de costas para ele. Desabotoou o vestido lentamente, seus dedos
escovando sua pele enquanto abria o vestido pouco a pouco. Ele
se inclinou, seu hálito quente contra seu pescoço, e beijou a
carne que estava revelada. Ela puxou um suspiro de prazer o
prazer erótico de sua boca.
Quando estava desabotoada até a cintura, ele sussurrou.
— Não está usando uma camisa. — Ela assentiu com a
cabeça. — O vestido é muito baixo na parte da frente.
Ele ficou em silêncio por um momento e ela olhou por
cima do ombro para ele. Sua expressão era de excitação e
frustração em sua resposta.
— Agora somos só você e eu — ela o lembrou, esperando
que aquele estranho ciúme que suas decisões pareciam inspirar
não impedisse o momento seguinte que poderiam compartilhar.
Ele balançou a cabeça lentamente e deslizou seus dedos
por baixo do vestido, empurrando-a para frente para que ele se
curvasse ao redor de seus cotovelos. Ela empurrou o resto para
baixo e, em seguida, virou-se enquanto deslizava o vestido sobre
seus quadris e estava diante dele, nua.
Ele engoliu em seco, seus olhos lançando-se sobre ela da
cabeça aos pés. Fazia um longo tempo desde que a havia visto
assim. Ela sabia que ela havia mudado nesse tempo e ela
esperava que não fosse decepcioná-lo.
Ele estendeu a mão e deixou apenas as pontas dos dedos
acariciarem sua pele. A partir de sua clavícula, ele emplumou seu
toque sobre ela, em seguida, abaixo do peito, sacudindo um
mamilo nu gentilmente antes de descer mais para sua barriga,
sobre seu quadril, e sua mão caiu antes que pudesse tocar seu
sexo.
— Sempre me perguntei se nossa noite juntos anos atrás
não foi um sonho — disse Lucien, a voz áspera. — Você não
poderia ser tão perfeita quanto eu imaginava. Na verdade, é mais
que perfeita. Mais bonita.
O elogio foi à primeira coisa gentil que ele havia dito a ela
desde que retornara à sua vida e Elise prendeu a respiração com
o poder dele. Seu amor por ele cresceu dentro dela, se
sobrepondo sobre qualquer outra coisa no quarto. Fazendo-a
querer confessar segredos obscuros, pedir perdão por um
passado que não podia mudar.
Mas se fizesse isso, aquele belo momento passaria. E ela
precisava, desesperadamente.
— Quero ver você — sussurrou ela, apontando para a
roupa. — Vai me deixar?
Stenfax hesitou e ela franziu a testa. Ele era tão
cauteloso em revelar até mesmo seu corpo para ela, sabendo que
ela cuidaria tão mal de seu coração no passado? Mas, finalmente,
ele deslizou sua jaqueta e passou a trabalhar na camisa.
Quando estiveram juntos alguns dias antes, ambos
haviam permanecido na sua maioria vestidos. Hoje ela prendeu a
respiração quando ele jogou a camisa longe.
Ele era tão extraordinariamente belo. Era musculoso,
mas não densamente construído. Não, era uma força de arame,
enganosa, mas poderosa. Ela deu um passo em direção a ele
involuntariamente. Sua mão se levantou, tremendo quando
pressionou sua carne quente, nua.
Ele respirou fundo quando ela o fez, e seus olhos se
fecharam. Ela alisou a mão sobre ele, memorizando as linhas de
seu corpo. Ela se inclinou e apertou os lábios para ele ao lado,
provando sua pele quente com delicadas lambidas.
Ele gemeu acima dela e ela levantou os olhos sem parar
seus beijos. Seus olhos estavam abertos agora, olhando enquanto
ela o acariciava.
Ela queria dar-lhe prazer. Esse fato passou através dela
com um enorme poder. Ela queria dar a ele algo sem esperar
nada em troca.
E sabia uma maneira de fazê-lo. Uma coisa que só havia
visto em livros e nas pinturas impertinentes penduradas nas
paredes de Vivien, nunca pensara uma vez sequer fazer por seu
falecido marido. Mas para Lucien?
Bem, para Lucien ela faria qualquer coisa.
Ela estendeu a mão e desabotoou suas calças. Ele
empurrou-as para longe e seu pênis se soltou. Já estava duro
quando ela caiu de joelhos no tapete macio diante dele. Duro e
pronto.
Ela estremeceu e olhou para ele quando o segurou. Seus
olhos estavam arregalados, sua expressão incerta.
— O que está fazendo? — Ele sussurrou.
Ela não lhe respondeu com palavras, mas guiando seu
pau grosso para os lábios e tendo apenas a cabeça dele
dentro. Ele soltou um som de prazer que quebrou o silêncio da
sala e suas mãos desceram, dedos enrolados em seu cabelo.
Ela tomou-o mais fundo, amando a sensação dele em sua
boca, o gosto dele. Ela não estava inteiramente certa sobre o que
deveria fazer nesta situação, então foi por instinto, levando-o tão
profundo quanto conseguia, então o retirando até que ele quase
saísse de seus lábios. Ela rodou sua língua ao redor de seu
comprimento, chupou suavemente. Quando ele gemeu, ela
trabalhou duro, mais rápido, buscando seu prazer, sem dar um
pensamento para ela própria.
Não que se sentisse sozinha. Houve um intenso poder a
este ato. Um erotismo que a fez molhar quando o levou.
Sentiu-o chegar perto do orgasmo. Ela sentiu sua crise e
ela viu aproximar-se enquanto olhava seu corpo para ver seu
rosto.
Mas ele não permitiu que ela roubasse seu prazer. Com
um grito baixo, ele pegou os cotovelos e puxou-a para cima de
seu corpo, forçando-a de volta contra a mesa de bilhar mais uma
vez. Ele equilibrou-a na borda, levantando uma de suas pernas
para ligar em torno de suas costas quando ele empurrou fundo e
duro em seu corpo disposto.
Ela arqueou com a sensação dele entrando nela com
aqueles movimentos macios, com prazer explodindo em todo o
seu corpo. Ele apertou seus quadris contra os dela enquanto
segurava seu olhar constantemente. Ela passou os braços em
volta de seu pescoço e fez o mesmo, mesmo quando ela levantou
em seus impulsos, esfregando-se contra ele para aumentar o
prazer para ambos.
A intensidade de seu olhar vidrado, combinada com suas
estocadas especialistas, a trouxe à beira de um orgasmo
rapidamente. Ela moveu-se para virar o rosto, mas ele segurou
seu queixo e segurou-a lá, fazendo-a olhar para ele durante seu
colapso na última estocada. Ela sacudiu contra ele, observando
suas pupilas se dilatarem quando ela gozou, sentindo como se
seu corpo se acelerasse quando ela o molhava com seu prazer.
Ele soltou um gemido de necessitado baixo quando se
afastou, virando-se para que não pudesse vê-lo em seu prazer
como ele a havia visto. Era decepcionante. Ela cedeu, ele não.
E ela sabia o porquê. Sabia exatamente como havia
ganho sua indiferença.
Ele estendeu a mão e agarrou as calças, colocando-as
sem olhar para ela. Ela desceu da mesa e encontrou o agora
enrugado vestido. Suspirou ao colocá-lo. Parecia um abismo
impossível entre eles, independentemente do quão poderosa sua
ligação fosse.
— Você precisa de ajuda para abotoar-lo? — Perguntou.
Ela se virou e viu que ele já estava de camisa e fechando
suas calças, quase o mesmo homem que era quando entraram no
quarto.
— Sim — disse ela, colocando-se de costas para ele uma
segunda vez. Se ele havia perdido tempo para desabotoa-la,
abotoar foi rápido e com eficiência quase independente.
Ela balançou a cabeça e olhou para ele quando terminou.
— Você continua fazendo isso — disse ela. —
Nós continuamos fazendo isso, independentemente de todo o
resto.
Ele havia começado a amarrar a gravata e suas mãos se
aquietaram com a observação. Ele levantou o olhar para ela,
segurando-a firme, assim como quando a levou. Só que agora sua
expressão não era de desejo e conexão. Ele estava desconfiado
dela.
Ele abaixou a cabeça de novo, sem olhar para ela
enquanto falava.
— Quero ficar longe de você, Elise. Sei que é a coisa certa
a fazer. Mas... — A voz dele desceu — Não consigo
Ela prendeu a respiração. Isso era o mais próximo de
uma declaração que provavelmente ouviria dele. E aquilo abriu
possibilidades em sua mente. Se ele a quisesse, talvez, pudesse
resolver seu problema em tantos níveis. Estar com ele poderia
ajudá-la a escapar de Ambrose e sua feiúra, mas também poderia
ser uma oportunidade para cicatrizar lentamente as feridas entre
ela e Stenfax.
Depois de um tempo, ela poderia até mesmo ser capaz de
explicar-se e fazê-lo compreender. Deu um passo em direção a
ele.
— Ainda preciso de um protetor — ela sussurrou.
Ele ergueu a cabeça e olhou para ela. Podia ver que havia
entendido aonde ela queria chegar com aquela
afirmação. Imediatamente, ele sacudiu a cabeça.
— Esse não posso ser eu, Elise.
A dor a atravessou com essa simples afirmação. Ele a
queria, mas só porque não podia lutar contra esse
sentimento. Era uma fraqueza aos seus olhos, não um futuro de
qualquer tipo.
Ela balançou a cabeça lentamente, forçando sua voz para
permanecer neutro quando ela disse:
— Não, claro que não. Vejo isso. — Ele voltou a amarrar o
lenço, embora ela notou que suas mãos se moveram um pouco
mais devagar. Ele a olhou pelo canto do olho.
— Mas você não encontrou um protetor ainda.
— Não.
Ele terminou de amarrar o nó e agarrou a
jaqueta. Enquanto isso, disse:
— Se eu a procurar novamente, vai me mandar embora,
Elise?
Ela engoliu em seco. As últimas vezes que haviam estado
juntos e ele a tocara, haviam provado que ela o queria dentro de
si. E se esses momentos fossem tudo o que já tivera com Lucien,
seria uma tola se mentisse e dissesse que não os queria.
— Não posso — admitiu. — Não posso mandá-lo embora,
Lucien.
Sua expressão se suavizou apenas um instante.
— Nem eu. Mesmo que eu me odeie por isso.
Ela estremeceu com essa avaliação, e pelo modo como ele
se afastou dela e moveu-se para a porta. Ele abriu-a e voltou-se
para ela.
— Boa noite, Elise.
Ela assentiu com a cabeça e sussurrou:
— Boa noite.
E então ele se foi, levando todo o ar na sala, todo o calor
de seu corpo, e um pedaço de seu coração com ele.
Elise estava de frente para o espelho em seu quarto,
olhando para a imagem que olhava para ela. Estava vestida com
um de seus vestidos remodelados, este um rosa quente com um
decote tão baixo que temia que se ela se inclinasse para o lado
errado acabaria dando a todos um show. Seu cabelo estava
arrumado de uma forma solta e sensual, e sentiu minimamente a
tentação que deveria estar.
Sim, ela estava pronta para um retorno ao covil de
Vivien. No entanto, assim como esteve nas últimas noites desde
seu último encontro com Lucien, hesitou. Ela não havia voltado
desde então. Estava vestida, pronta, então mudou de ideia.
Ir para lá era tão difícil agora.
Houve uma batida leve na porta e, em seguida, abriu,
revelando a criada de Elise, Ruth. Elise tentou iluminar seu rosto
quando ela se virou para ela.
— Estava pensando de não ir esta noite, Ruth — disse
ela. — Peço desculpas por desperdiçar o seu tempo mais uma vez,
mas ainda não estou me sentindo bem. Pode me ajudar a tirar o
vestido e, em seguida, contar a Madison que ele pode guardar o
carro.
Ruth apertou os lábios e engoliu em seco. Pela primeira
vez, Elise percebeu o quão corada a jovem estava, quão nervosa
ela parecia.
— Sua Graça, er... o duque está aqui.
Agora a cor saiu do rosto da própria Elise. Ela não havia
enfrentado Ambrose em quase uma semana, e não desde que
ameaçou descobrir os segredos de Toby há muito enterrados.
— Ele está? — Ela disse, lutando para manter o controle
sobre suas emoções emaranhadas. Ruth assentiu. — Ele exige vê-
la imediatamente. E mandou-me dizer-lhe...
Ela parou, e Elise deu um passo em direção a ela.
— Está tudo bem, Ruth. Eu entendo que estas não são
suas palavras. Diga-me o que ele disse.
— Ele... Ele disse que se não descesse em três minutos,
viria até aqui e a buscaria, vestida ou não.
Elise suspirou.
— Presumo que ele adoraria me pegar despida. Parece
que meu tempo está acabando. Irei vê-lo. Obrigada Ruth.
A empregada sacudiu a cabeça e saiu do quarto. Elise
lançou mais um olhar para si mesma. Estava vestida como uma
prostituta, o que, provavelmente, só serviria para atrair Ambrose
ainda mais. Ela pegou um xale e colocou-o ao redor de seus
ombros, tentando cobrir-se uma pouco antes que de sair de seu
quarto e descer as escadas para o salão.
Ela respirou fundo antes de entrar, matando o medo e
ansiedade por estar cara a cara com seu adversário.
— Sua Graça — disse ela, seu tom falsamente arejado
quando entrou na sala. — Eu não esperava que viesse esta noite.
— Ele virou-se do fogo e seus olhos quase saltaram de sua cabeça
quando olhou para ela. Ela puxou o xale, mas sabia que não
adiantou muito. Ambrose comeu com os olhos suas partes
escandalosamente expostas do corpo, e a maneira como ele se
moveu deixou claro que agora estava excitado.
Ela pensou na arma que guardava em seu quarto no
andar de cima e desejou que houvesse encontrado um lugar para
escondê-la em si mesmo. Ela não confiava nem um pouco neste
homem.
— Boa noite, Elise — disse ele, dando um passo em
direção a ela. — Não está esplêndida esta noite? Ia sair?
Ela engoliu em seco. Até o momento havia sido capaz de
manter suas viagens para Vivien em segredo. A cortesã lhe
assegurou que ela nunca daria uma adesão ao seu clube para
Ambrose, como ele era, nas palavras de Vivien, problema. Elise
certamente não tinha a intenção de lhe contar ela mesma.
— Não — disse ela. — Eu estava lendo e planejando
dormir cedo.
Seus olhos brilharam e ela engoliu bile.
— Excelente. Estou indo para um baile. Uma velha
amigoa sua, a marquesa de Swinton, me convidou.
Seu tom de exultação arranhou a espinha de Elise e ela
não pôde evitar chama de temperamento.
— Bem, intimidador para você, Ambrose.
Ele deu um longo passo em sua direção, o sorriso
desaparecendo.
— Cuidado com a língua. Você vem comigo.
Elise olhou para ele em choque.
— Não! — Ela gritou enquanto tentava encontrar
palavras. — Certamente não vou. Meu período de luto tem mais
alguns meses, Ambrose. Não posso ir a um baile, enquanto
estiver de preto.
— Eu não pedi, Elise — disse ele, levantando a mão para
pegar o braço dela. O xale caiu e ele olhou ainda mais
descaradamente quando começou a arrastá-la ao outro lado da
sala.
— Pare — ela insistiu, cavando em seus calcanhares e
puxando de volta contra ele. — Pare com isso agora mesmo.
Ele a puxou para mais perto, seu rosto agora meras
polegadas do dela. — O que você prefere que eu faça, Elise? Fique
com você? Leve-a para a cama?
Ela congelou em suas lutas enquanto ela olhava para o
rosto dele. Ele parecia mortalmente sério agora, como se estivesse
esperando que ela lutasse com ele.
— Não — ela sussurrou.
Ele sorriu.
— Então, para o baile nós iremos.
Ela fechou os olhos por um momento, segurando as
lágrimas para não caírem. — Por quê? Por que me quer lá,
Ambrose?
Ele segurou seu queixo, um reflexo do que Stenfax havia
feito quando fizeram amor, alguns dias antes, só que sem a
delicadeza e cuidado que Lucien lhe havia mostrado. Ambrose
apertava, apenas o suficiente para machucar, não o suficiente
para uma contusão.
— Porque quero que todos saibam que tenho o mesmo
poder que meu primo. Eu quero que ele veja que tenho as
mesmas reivindicações.
— Ele? — Perguntou Elise, tremendo e odiando-se por
mostrar fraqueza.
— Stenfax — Ambrose disse. - Seu conde tem te cercado
de novo e não quero encorajá-lo a continuar. Agora, estamos
atrasados. Então vamos. Ele agarrou o braço dela novamente e
ela puxou uma segunda vez.
— Por favor, pelo menos deixe-me me trocar. Este vestido
é totalmente inapropriado.
Ele sorriu enquanto a olhava de cima a baixo e, em
seguida, começou a puxá-la para a porta novamente.
— Não, Elise. É simplesmente perfeito.
Stenfax ficou no meio do salão do Marquês de Swinton, a
festa acontecendo ao seu redor, mas sua mente continuava
levando-o ao clube de Vivien Manning. Para Elise. Para o fato de
que ele voltara ao clube três noites desde que a viu pela última
vez e não a encontrou lá.
Levou tudo nele para não ir até a casa dela e confrontá-
la. Tê-la.
Ele piscou enquanto o enxame de mães e suas filhas
elegíveis que o cercavam todas falando ao mesmo tempo, fazendo-
lhe perguntas e tentando fazer com que ficassem em sua linha de
visão.
Eram excelentes senhoras, é claro. Algumas foram
realizadas. Todas muito provavelmente dariam uma boa
condessa.
Mas Stenfax passou por isso antes. Apenas um ano
atrás, ele havia ficado noivo da irmã de Rosalinde, Celia. Ele
havia procurado uma mulher que nunca pediria seu coração, que
nunca o deixaria tentado a entregá-lo.
O noivado teria falhado espetacularmente, se não
houvesse dado origem não só ao casamento feliz de Gray com a
irmã de Celia, mas a uma amizade com Celia que Stenfax muito
apreciava.
Ainda assim, ele não tinha nenhuma intenção de tentar
fazer isso novamente. Certamente não durante esta estação de
todas as estações, quando estava enroscado em luxúria e
confusão com Elise.
Ele sorriu para a multidão ao seu redor, aplacando,
evasivo. Foi engraçado, tanto quanto ele era o centro das atenções
esta noite, ele também tinha percebido alguma coisa no meio da
multidão quando olhou para ele. Pessoas ocasionalmente
sussurravam por trás de seus fãs e olhar.
Ele não fazia idéia do que se tratava, mas era totalmente
cansativo, de fato. Ele queria correr.
Quando estava prestes a encontrar uma maneira de fazê-
lo, sua irmã Felicity começou a caminhar através da multidão.
— Senhoras, eu poderia de pegar meu irmão emprestado
por um momento? — Ela perguntou, seus olhos azuis escuros em
um olhar aguçado.
Ele franziu a testa. Felicity não parecia muito
satisfeita. As mulheres deram vários gemidos e suspiros, mas ela
ainda levou o braço independente e o levou.
Só quando eles já haviam passado para a borda do salão
de baile que sentiu como se pudesse respirar novamente. Ele
enfrentou Felicity com um sorriso.
— Obrigado por ter vindo em meu socorro. Minha
angústia era muito óbvia para você, Gray e Rosalinde do outro
lado da sala?
A expressão de Felicity se fechou.
— Não vim para salvá-lo — disse ela com a voz tensa. —
Eu ouvi... coisas preocupantes.
O corpo de Stenfax ficou tenso, a expressão dela era tão
escura e penetrante que não parecia um assunto a ser discutido
no meio de um salão de baile cheio de ouvidos curiosos, então ele
a agarrou pelo braço e guiou-a entre a multidão, para o corredor
e uma sala de estar longe de olhos curiosos e orelhas esticadas.
Quando fechou a porta, a confrontou.
— Que tipo de coisas preocupantes, Felicity? Alguém está
falando mal de você?
Seu rosto perdeu toda a cor.
— O que teriam a dizer sobre mim, Stenfax?
Ele balançou sua cabeça.
— Não faço ideia, certamente não há um defeito em seu
caráter. Mas parece tão chateada, tive que apostar que alguém a
feriu.
— Isto não é sobre mim... — Felicity murmurou,
afastando-se dele. — Droga, Lucien, eu ouvi que você e Elise
estão... enrolados outra vez.
Ele gelou em seu lugar, olhando para expressão de dor de
sua irmã.
— Quem disse isso?
Ela prendeu a respiração.
— Você não nega em primeiro lugar, mas pergunta a
fonte?
Ele cerrou os dentes, pensando no aviso de Elise algumas
noites atrás na Vivien antes. Ela disse então que a notícia de sua
bárbara exibição possessiva poderia se espalhar para fora do
clube e para o salão. Agora, parecia que ela estava certa.
— Quem? — Repetiu ele.
Felicity cruzou os braços.
— Estava no vento. E.... e Gray verificou quando
estávamos falando há algum tempo.
Stenfax inclinou a cabeça.
— Droga, Gray
Claro que ele deveria saber que não deveria acreditar que
Gray não contaria a Felicity sobre Elise em algum ponto. Oh, ele
iria protegê-la dos detalhes picantes, é claro, mas os irmãos não
mantinham segredos. Às vezes, eles não falam das coisas. Mas
não guardam segredos.
— Não se atreva a culpá-lo — Felicity resmungou. — Eu
arranquei dele e então basicamente o chamei de mentiroso
quando admitiu a verdade. Mas agora vejo que essa coisa horrível
que ele disse é verdade. — As lágrimas encheram seus olhos e
sua voz estava embargada quando disse — Como isso pode ser
verdade?
Ele se encolheu com a visão de sua dor. Um lembrete de
que ele não fora o único danificado pelas ações de Elise três anos
antes.
— Felicity — ele sussurrou, movendo-se em direção a
ela. — Por favor.
Ela balançou a cabeça, afastando-se dele.
— Ela te traiu. — Seus punhos se fechavam para dentro
e para fora ao lado de seu corpo. — Era minha melhor amiga e
traiu a mim. Como você pode considerar deixá-la voltar para sua
vida, nossas vidas? Como pode pensar em voltar para ela?
Stenfax mudou. Em suas tentativas para não ser
grosseiro, Gray havia, obviamente, deixado muito à imaginação.
— É.... Não é um namoro, Felicity — ele sussurrou.
Sua irmã havia sido casada. Muito infelizmente, é claro,
mas havia experimentado muito mais do que a falta típica
virginal. Levou um momento para digerir o que ele disse, para
analisar o seu significado, mas quando o fez, o rosto se contorceu
em desgosto.
— Oh, Lucien — ela respirou quando balançou a cabeça.
— É complicado- — disse ele em uma defesa fraca de
uma posição indefensável.
— Eu conheço o complicado — ela chorou, as lágrimas
escorrendo pelo rosto. — Você não faz ideia do quão familiarizada
estou com complicado, Lucien. Mas isso? — Ela balançou a
cabeça enquanto se afastava dele para a porta. Suas mãos foram
levantadas em sinal de rendição. Ela alcançou atrás dela e abriu
a porta, mas antes de sair, disse: — Não isso.
— Felicity — chamou ele, mas ela se virou e saiu,
batendo a porta.
Ele soltou um latido doloroso ao bater uma palma contra
a superfície plana mais próxima. Inclinou-se ali por um momento,
tentando bloquear a dor intensa que suas ações haviam causado
a sua irmã. Felicity foi muitas vezes legal, ela era sofisticada. Era
fácil esquecer o que havia sofrido em sua vida. Como havia
sofrido antes de seu marido convenientemente morrer em um
acidente de caça por embriaguez.
Ela enterrou tudo tão profundamente, não permitindo a
qualquer pessoa a falar com ela sobre isso. Perder Elise só havia
multiplicado sua dor.
E agora ele estava arrastando Felicity de volta através
dele porque não conseguia manter suas mãos longe de Elise. Ele
tinha que falar com sua irmã. Tinha que tentar fazê-la entender,
para confortá-la.
Ele se virou e saiu pela porta da sala. Moveu-se pelo
corredor até o hall de entrada rapidamente e viu a irmã entrar em
sua carruagem à distância. Ela havia ido embora antes mesmo
que ele pudesse chamá-la. Stenfax soltou um gemido de
decepção.
Mas talvez fosse melhor deixá-la ir para agora. Ela iria se
acalmar e ele iria encontrar uma maneira de explicar o
inexplicável para ela.
Virou-se para voltar ao salão de baile, mas antes que
pudesse virar a esquina para as portas, houve um anúncio de
alto da entrada.
— O duque de Kirkford e a duquesa de Kirkford.
Stenfax virou-se lentamente no canto e viu quando o
novo duque de Kirkford entrou no salão. E em seu braço, vestida
com um vestido cor de rosa, estava Elise.
Elise entendia o conceito de humilhação. Nos últimos três
anos, ela sofreu muito. Seu marido havia sido um extensor feliz
do sentimento, deleitando-se em sua vergonha, quando ele podia
criá-lo.
Outros haviam feito-a sentir bem o veneno. Quando
entrou pela primeira vez na Sociedade como duquesa de Kirkford,
muitas pessoas a destrataram pelo rompimento escandaloso de
seu noivado com Stenfax. Ela merecia isso, sabia, e passou por
isso com a cabeça erguida tão alto quanto conseguisse mesmo se
chorasse em seu travesseiro à noite por causa da vergonha.
Mas naquela noite, exibida em um vestido chocante, em
um baile onde ela nunca deveria ter pisado, quando o mundo
achava que ela deveria estar trancada em sinal de luto, se deu
conta de que nunca havia sentido a humilhação tão
completamente.
A música não tocou na sala, todos se viraram para ela e
sussurravam, seus fãs se movendo como asas de borboleta
enquanto seu nome ecoava no ar ao seu redor. Ambrose parecia
imune a tudo. Na verdade, até parecia se divertir enquanto a
arrastava para o salão.
Ela deixou seu olhar se mover em torno dos presentes, na
esperança de encontrar um rosto amigável. Em vez disso,
encontrou Grayson Danford, irmão mais novo de Stenfax. Seu
rosto duro era como aço enquanto a encarava de seu lugar com
sua nova esposa. Sua mãe também estava presente, e até mesmo
a volúvel Lady Stenfax parecia chocada ao vê-la ali.
Nenhum dos outros na sala deu-lhe um sorriso ou um
aceno de reconhecimento e seu coração afundou. Ela estava
muito e verdadeiramente em ruínas pelo menos. Após anos em
espiral em direção a esse fim, ela estava ali.
Mas com o silêncio atordoado pendurado, a marquesa de
Swinton correu para a frente, arrastando um marquês muito
aborrecido com ela. Ela fez um grande show de saudação a Elise
e Ambrose, ainda assim, Elise não poderia ter entendido o que ela
dizia mesmo que a senhora houvesse tatuado em todo o braço de
Elise.
Porque quando se virou para cumprimentar o casal, viu
que Stenfax agora estava parado na porta do salão atrás
dela. Olhando para ela. O rosto cheio de choque e horror. A
multidão parecia notar, também, porque eles começaram a olhar
para trás e para frente entre eles. Esperando por.... Bem, um
confronto, Elise tinha certeza. Uma cena.
Na verdade, ela não tinha certeza de que não estava a
ponto de ser uma cena. Mas então Stenfax fungou e entrou na
sala, passando por ela como se ela não estivesse ali quando se
moveu para onde sua família estava de pé.
Isso pareceu resolver a situação, porque a música
começou novamente e o silêncio deu lugar a murmúrios, embora
os olhares continuasse. Lady Swinton suspirou de alívio quando
sua festa voltou a algo próximo do normal.
— Divirtam-se — disse ela, dando a Elise um olhar que
lhe dizia que a marquesa não era uma aliada, também. Em
seguida, ela voltou para a multidão com o marido, deixando
Ambrose e Elise ao lado da pista de dança.
— Tenho alguns negócios para tratar — disse ele,
soltando o braço dela. Parecia ser libertada de uma prisão. —
Mas você vai guardar uma valsa para mim mais tarde.
Elise apertou os lábios.
— Eu não deveria dançar, excelência. Não seria
certo. Nada disso é apropriado.
Ele se inclinou.
— Talvez não. Mas é melhor eu não a encontrar
dançando com outra pessoa, então. Ou você vai para casa. Nesse
vestido, você não vai fazer isso.
Ele virou-se e deixou-a ali, bem e verdadeiramente presa
pelas circunstâncias. Deus, como ela odiava Ambrose. Ela odiava
Toby, também. Os primos eram dois de um tipo, com altos títulos
e cruéis.
Sabia muito bem o quão cruel.
— Sua graça?
Elise virou-se para ver um cavalheiro se aproximar
dela. Ele era bonito, à sua maneira, embora tivesse um rosto
quase de um bebê. Provavelmente porque ele deveria ser, pelo
menos, cinco anos mais jovem que seus próprios vinte. e seis.
Seu rosto também parecia familiar e ela congelou quando
percebeu que era alguém que havia visto circulando na casa de
Vivien.
— B-boa noite — ela gaguejou, rezando para que aquele
homem não estivesse prestes a entregá-la. Que espetáculo iria
criar. Ela nunca seria capaz de sair de casa novamente e
quaisquer poucos conhecidos que ainda tivesse deixariam de falar
com ela após esta noite.
Ele se aproximou.
— Perdoe-me por ser abrupto, excelência. Não fomos
apresentados.
Ela respirou fundo tentando relaxar. — Mas você sabe
quem eu sou.
— Sim. É a Duquesa de Kirkford. E eu sou Theodore
Winstead.
— O mais jovem Visconde Winstead? — Perguntou ela,
encontrando a informação sobre sua identidade na longa lista de
nomes em sua mente que de alguma forma encontrou espaço
para guardar.
Ele sorriu.
— Sou eu.
— É um prazer conhecê-lo, Sr. Winstead — disse ela.
— O prazer é todo meu, eu lhe asseguro, Sua Graça. —
Ele se moveu como se desconfortável, e ela viu seu olhar passar
rapidamente para seu decote, tão fortemente em exibição. Ela
corou, embora este vestido houvesse sido feito exatamente com
aquela finalidade.
Apenas não para aquele lugar.
— Gostaria de dançar? — Perguntou.
Ela endureceu. Dançar com ele só causaria mais
consternação e, possivelmente, uma grande quantidade de
problemas com Ambrose. Então ela balançou a cabeça.
— Posso não aparentar, mas ainda sou considerada de
luto — disse ela, abaixando a cabeça de vergonha. — Não seria
certo.
Ele balançou a cabeça lentamente.
— Então que tal um passeio em torno do terraço?
Ela ergueu o olhar para ele. Ele parecia muito
interessado e não havia nada indelicado sobre seu rosto ou os
olhos. — Muito bem. Pode ser bom para fugir do calor sufocante
da sala.
Ele estendeu um braço e ela o tomou, deixando-o levá-la
a partir do salão. Lá fora alguns casais e grupos se reuniam e a
maioria deles se virou quando o par saiu. Elise ficou tensa
quando os sussurros de dentro foram estendidos ao terraço.
Alguns lançavam olhares, depois voltavam para o salão
de baile como se ela tivesse uma doença que todos pudessem
pegar. Ela soltou o braço do Sr. Winstead e caminhou até a borda
do terraço de pedra.
— Eu a vi antes — disse Winstead, encostando-se no
terraço ao lado dela. — Acho que sabe onde.
Ela se recusou a olhar para ele enquanto agarrava a
pedra áspera.
— Sei. Eu o vi lá, também. Mas nunca se aproximou de
mim. Por que fazer isso esta noite, quando sou um pária?
— Você é popular na Vivien — explicou — E ... — Ele
parou, ela se virou para ele.
— E? ...
— E Senhor Stenfax pareceu protetor e interessado. Ele
não é o tipo de homem que se frustra facilmente.
— Você não tem ideia — Elise murmurou enquanto
olhava mais uma vez no escuro jardim abaixo. — Mas você têm a
noção errada. Ele não está interessado. Você o viu passar por
mim sem sequer um olhar esta noite. — O jovem assentiu.
— Sim, foi isso que me deu a coragem para me aproximar
de você, afinal.
Elise olhou para ele novamente. Ela não sentiu nada
quando fez isso, nem mesmo uma onda de desejo ou interesse. No
entanto, ela conhecia a família Winstead tinha dinheiro. Aquele
jovem provavelmente tinha meios de manter uma amante, se a
quisesse. E não havia nada de repulsivo sobre ele,
exatamente. Ele só não era...
Stenfax.
Ela franziu o cenho e deu algumas respirações longas,
desejando poder tirar esses pensamentos de Lucien de sua mente
para sempre. Desejando que pudesse fazer todas as suas
memórias irem embora e começarem de novo.
Mas ela não podia.
— Se eu me aproximasse de você na Vivien — Winstead
continuou. — Gostaria disso?
Ela engoliu em seco.
— Eu gostaria — disse ela, embora o som das palavras
fosse oco. — Espero que você e eu possamos nos conhecer melhor
lá.
Ele sorriu e pareceu ainda mais jovem. Senhor, ela iria
roubar um berço antes disso acabar. Que ridícula era essa noção.
Ele pegou sua mão e levou-a aos lábios, pressionando um
breve beijo em sua luva antes de dizer.
— Eu deveria ir. Mas espero vê-la novamente em breve,
Sua Graça.
— Boa noite, Sr. Winstead — disse ela. — Ficarei aqui
por um tempo.
Ele balançou a cabeça e deixou-a no terraço. Ela olhou
em volta depois que ele se foi. Parecia que sua presença
indesejada havia inspirado todos os outros a sair também. Ainda
bem. Ela não achava que poderia aguentar mais olhares
pontiagudas e insultos sussurrados esta noite. Se pudesse se
esconder ali fora por um tempo suficientemente longo, talvez
pudesse encontrar alguma maneira de convencer Ambrose a
deixá-la ir para casa.
Ela olhou para o céu com um suspiro e uma oração para
isso. A lua era apenas uma pequena parte daquela noite que ela
olhou com um toque de beleza, incidindo sobre ela, em vez de
suas próprias circunstâncias terríveis.
— Elise
Ao som de seu nome, ela agarrou a pedra mais
apertado. Não precisava virar para saber quem a havia
chamado. Mas ela fez e prendeu a respiração.
Ela vira Stenfax uma vez naquela noite, mas não
importava. Toda vez que olhava para ele, perdia o fôlego. Ele era
tão bonito vestido formalmente como quando estava nu, enquanto
a levava.
Bem, quase tão bonito.
— Você não deveria estar aqui comigo — disse ela,
obrigando-se a desviar o olhar. — Tenho certeza de que eles estão
te observando.
Ele ignorou o comentário e deu um longo passo em
direção a ela.
— Não importa. Elise, precisamos conversar.
Elise não respondeu imediatamente, e por isso Stenfax
estava feliz. Permitiu-lhe um momento extra para olhar para ela,
uma pequena faísca do luar iluminando sua pele. Seu vestido era
chocante, mas lindo. Toda a carne perfeita, provocando mais,
mas sem revelá-la. Fazia um homem querer deslizar as mãos
dentro das dobras do tecido e tocá-la até que se rasgasse. Ela
lambeu os lábios e ele lutou muito contra a vontade de fazer
exatamente isso para ela e mais.
— Você veio aqui para me dizer que o Sr. Winstead é
ruim? — Perguntou ela.
Ele franziu a testa. Ah, sim, ele havia notado o interesse
do jovem Winstead em Elise. Vê-la ir para fora com o homem era
uma das coisas mais difíceis que ele já fizera. Mais difícil ainda
era não aparecer atrás deles e jogar o homem no meio dos
arbustos abaixo.
— Não tenho nada negativo a dizer sobre Winstead,
exceto que é um cachorro — disse ele com os dentes cerrados. Ela
olhou para ele de maneira uniforme, arqueando a sobrancelha
fina.
— Bem, ele não será para sempre, suponho.
Ele balançou a cabeça.
— Não. Suponho que não. Na verdade, nunca ouvi
qualquer coisa desagradável sobre ele. — Ela cruzou os braços.
— Está me incentivando a escolhê-lo como meu protetor,
então?
— Não — ele sussurrou, tentando ignorar a dor intensa
que ricocheteou através de si com esse pensamento. O
pensamento de alguém como Winstead tocando-a. Dando-lhe
prazer e recebendo de volta. Eram dolorosas imagens eróticas que
inundaram sua mente. — Eu nunca poderia fazer isso.
— Por quê? — Ela se virou quando fez a pergunta, mas a
dor era clara se ela olhasse para ele ou não. Escorria de sua voz,
e pousava em seus ombros laminados. — Você não me quer. Na
verdade, tudo isso deve aterrorizá-lo.
— Tudo isso? — Ele repetiu, sem saber o que ela queria
dizer.
Seus ombros se inclinaram ainda mais.
— Essa ideia de que estou aqui no ápice da
humilhação. Sendo rejeitada por pessoas que uma vez chamei de
amigas. Sendo forçada a foder pela minha liberdade, minha vida.
Ele ouviu as lágrimas vacilantes em sua voz, embora ela
ainda não houvesse começado a chorar abertamente. De repente,
ele tinha um desejo selvagem de levá-la em seus braços, para
tirá-la daquela noite e daquela vida. Para salvá-la. Para mantê-la.
Mas ele não podia fazer isso. Havia muita história entre
eles. Ainda assim, se encontrou indo em direção a ela.
— Nenhuma dessas coisas me dão nenhum prazer —
disse ele enquanto estendia a mão e colocava em seu braço
nu. Ela olhou para ele sentado ali, seu corpo inteiro tremendo. —
Já quis te machucar. Queria fazê-la sentir o mesmo estrago que
senti quando partiu.
Ela ergueu o olhar e uma única lágrima escapou de seu
olho, descendo até sua bochecha. Ela não se moveu para limpá-
la, mas deixou-a escorrer até o queixo.
— Oh, Lucien — ela sussurrou. — Eu senti. Eu lhe
asseguro, senti.
Ele prendeu a respiração. Havia algo tão real no que ela
dizia. Como se realmente houvesse sofrido por suas escolhas, da
mesma maneira que ele havia sofrido por elas.
— Elise — ele sussurrou.
Mas ela parecia passar por ele, em vez de deixá-lo entrar.
Ela olhou para a casa, e ele viu seu rosto se contorceu ainda
mais.
— Vejo que Kirkford está me procurando — disse ela. —
Boa noite, Lucien.
Ela se afastou de seu toque e foi embora sem olhar para
trás. Viu-a ir, incapaz de seguir, incapaz de impedi-la.
Mas quando ela se foi, ele finalmente recuperou o
fôlego. Havia algo mais acontecendo aqui. Algo que ele nunca
havia entendido antes. E agora queria saber o que era. Queria as
respostas que nunca ousou buscar antes, aquelas que pensou
conhecer durante todos estes anos.
Mas ele não fazia ideia se a busca o tiraria do controle...
ou se o enviaria para casa para a única mulher que já havia
entregado seu coração.
Elise sentou-se rigidamente na carruagem de Ambrose na
volta para casa. Ela tinha sorte pelo novo duque ter sofrido uma
dor de cabeça que os forçou a sair do baile cedo.
Ainda assim, ela não conseguia parar de pensar em
Stenfax no terraço. Ele havia estendeu a mão para ela e ela havia
falado demais, tentado dar algum tipo de desculpa para ela
mesma. Contou a ele de seu sofrimento. Como se isso
importasse. Ela fez o que fez. O porquê de não ajudar ninguém.
— Bem, Elise — Ambrose disse, chamando sua atenção
para ele, para longe dos pensamentos perturbadores de seu
encontro com Stenfax. - Espero que esta noite tenha ajudado a
compreender o quão só você está agora.
Ela beliscou os lábios e lutou contra a vontade de latir
uma risada sem humor. De alguma forma, não achava que aquele
palhaço irresponsável fosse apreciar isso.
— Eu já sabia disso, Ambrose, lhe garanto.
Ele se inclinou mais perto, e estava olhando
completamente para baixo de seu vestido como quando fez isso.
— Não tem que estar em uma posição precária,
Elise. Pode ficar exatamente em sua casa, poderia mesmo
encontrar-se com um pouco de dinheiro novamente. Apenas tem
que me dar algo em troca.
O estômago de Elise virou. E lá estava ele, falado em voz
alta. Ambrose queria que ela fosse sua amante. E não era isso
que ela estava procurando para si mesma, um protetor
poderoso? Exceto a ideia de dividir a cama com o primo odiado de
seu igualmente odiado marido que era nojenta além da medida. A
rua em si era mais atraente.
A carruagem estacionou em sua casa e Elise se
direcionou à porta.
— Deixe-me deixar isso claro para você, Ambrose. Não.
Nunca. Nunca mais vou me vender por sua casa e proteção. Boa
noite.
Ela abandonou a carruagem antes que ele pudesse
reagir, mas ouviu sua maldição amarga, que foi lançada para ela
enquanto a carruagem se afastava para a escuridão.
Por um momento, ela ficou em sua garagem, tentando
acalmar-se, tentando recuperar o fôlego. Mas era
impossível. Ambrose estava certo sobre esta noite ter provado o
quão sozinha ela estava no mundo.
E também havia mostrado a ela que estar sozinha era
mais perigoso do que nunca. Tinha que seguir em frente com seu
plano para escapar daquele homem, daquela casa, e para escapar
dos sentimentos emaranhados que Stenfax inspirou nela.
Aqueles que levariam a nada, além de mais dor e mais
ruína para ambos.
Stenfax desceu de seu cavalo e olhou para a casa de sua
mãe em Londres quando um serviçal veio correndo para levar sua
montaria. Ele deixou escapar um longo suspiro. Ele não estava
ansioso por isto. Mas tinha que ser feito.
O mordomo abriu a porta quando Lucien subiu os
degraus de dois em dois.
— Boa tarde, meu senhor. - disse ele, pegando o chapéu
e as luvas de Stenfax.
— Olá Riley. — disse ele. — Minha mãe e irmã estão em
casa?
— Elas estão tomando chá na sala a oeste, meu senhor.
Acaso devo anunciá-lo?
— Não há necessidade— Stenfax disse, sorrindo para o
homem antes de se dirigir ao corredor.
Ele ouviu as vozes quando se aproximou. A de sua mãe,
suave e ligeiramente boba, a de Felicity brilhante e inteligente.
Quando ele entrou na câmara, ambas se viraram, e houve duas
reações. O rosto de sua mãe se iluminou com prazer e Felicity
apertado com dor e preocupação.
— Boa tarde — disse Stenfax quando sua mãe correu. Ele
deu um beijo em sua bochecha. — Oh, parece que eu vim apenas
no final do chá.
Lady Stenfax sacudiu a cabeça.
— Eu vou pedir mais. Nós adoraríamos tê-lo, não é
Felicity?
Felicity se levantou e enfrentou Stenfax totalmente, as
mãos cruzadas na frente dela.
— Se é isso que o conde deseja. Parece que ele faz tudo o
que ele gostaria de qualquer maneira.
A mãe deles encarou Felicity.
— Do que você está falando?
Stenfax olhou para Felicity e, em seguida, deu um
tapinha no braço de sua mãe tranquilizando-a.
— Tivemos um pequeno desentendimento ontem à noite,
Mamãe, nada mais. Na verdade eu vim para conversar com
Felicity. Talvez pudéssemos ir para a sala de música e conversar?
Felicity deu de ombros.
— Como você quiser.
— Antes de ir, eu posso falar com você um momento,
Lucien? Perguntou a mãe. Felicity trocou um olhar com ele, e
então disse:
— Eu vou te encontrar no fim do corredor.
Ela saiu, e sua mãe se virou para ele, procurando no seu
rosto com preocupação.
— Você está bem, querido?
Ele franziu a testa. Ele amava sua mãe, mas ninguém
poderia dizer que ela era a mulher mais atenta no mundo. Ela já
havia sido descrita como volúvel, e que era certamente verdade.
— Eu estou bem, mãe. Garanto — disse ele. Mentindo, na
verdade, porque ele não se sentia bem.
— Eu vi a duquesa de Kirkford no baile na noite passada
— ela continuou. — Acho que todo mundo viu. Stenfax
endureceu.
— Sim, houve bastante atração sobre ela.
Ela apertou o braço dele. — Espero que não cause dor em
você.
Ele considerou a questão. A dor dele? Por ver Elise? Claro
que sim, que lhe doía. Mas, surpreendentemente, não foi por
causa da traição ou as mentiras ou o abandono.
Doía vê-la, porque ele não podia tocá-la livremente. Ele
não podia impedi-la de falar com homens como Winstead e
planejar um futuro que não iria incluí-lo não mais do que o seu
passado já tinha.
— Não — ele disse suavemente. — Tudo o que houve
entre nós está no passado, não é? Eu não posso permitir que ela
me machuque.
Sua mãe aceitou suas palavras e balançou a cabeça
antes de falar:
— Melhor ir falar com Felicity, então. Boa tarde, Lucien.
Ele sorriu para ela antes de sair do quarto. Era fácil levá-
la a acreditar nele. Felicity seria mais difícil. Ninguém jamais
ousaria a chamar de volúvel.
Ele andou pelo corredor e pela sala de música. Felicity
estava na janela, com vista para o jardim atrás da casa. Quando
ele entrou na sala e fechou a porta, ela se virou para ele, com o
rosto tenso com as mesmas emoções poderosas que ela tinha
exibido na noite anterior.
— Eu não podia deixar as coisas como estavam — disse
ele. — Eu queria discutir o que aconteceu na noite passada.
Ela encolheu os ombros, e ele podia dizer que não seria
fácil.
— Eu não tenho certeza se há algo para discutir. Depois
de tudo, você parece estar decidido, apesar do passado. Apesar do
que esse passado quase levou você a fazer.
Ele se encolheu. Ela estava se referindo à noite no
terraço. Naquela noite, ele quase tinha tomado a sua própria vida.
É claro que ela sabia sobre essa noite Gray tinha dito a
ela. Stenfax sempre soube disso.
— Por favor — disse ele suavemente, movendo-se em
direção a ela. — Não vamos discutir isso.
Ela levantou as mãos, exasperada.
— Claro. Nunca discutimos isso. Mesmo que seja a coisa
mais horrível que quase aconteceu com a gente. Mesmo que
tenha mudado Gray para sempre, mudou você para sempre, e
mudou-me para sempre.
— Você não estava lá, Felicity — disse ele, tentando ficar
calmo quando este tema não o fazia.
— Eu acho que torna ainda pior — disse Felicity, dando
um passo em direção a ele. — Eu acho que foi pior do que saber
que você quase matou a si mesmo e que eu não estava lá para
tentar pará-lo. Sabe quantas vezes eu revi a última coisa que eu
disse a você antes daquela noite? Você sabe quais seriam as
minhas últimas palavras para você antes de você acabar com
você mesmo?
— Quais seriam? — Perguntou Stenfax.
Ela piscou as lágrimas. Ele ficou chocado ao vê-las uma
segunda vez, porque Felicity quase nunca tinha chorava após a
morte de seu marido. Ela se tornou mais forte do que o ferro
depois daquela noite.
— Eu disse, 'você pode me passar o sal.
Ele franziu a testa. — O que?
— A última vez que vi você escalar uma parede do terraço
foi durante o jantar na noite anterior. Eu lhe pedi para me passar
o sal, mas não falamos novamente. Eu tinha uma dor de cabeça e
eu escapei. Então a última coisa que eu teria dito para o meu
irmão mais velho, que eu adoro sem medida, era algo sobre o sal.
Ele engoliu em seco. — Sinto muito, Felicity. Assim como
lamento que essa coisa com Elise agita tais memórias dolorosas
para você.
— Assim o faz — ela admitiu. — E arrependimentos. Eu
também tenho pensado muitas vezes o que eu teria dito a você se
o tivesse encontrado no terraço naquela noite. Você gostaria de
saber quais teriam sido as palavras que eu tinha decidido?
Ele balançou a cabeça lentamente, apesar de toda essa
conversa era um exercício de dor intensa.
Ela estendeu a mão e pegou suas mãos com a dela.
— Eu teria lhe dito que havia algumas noites durante
meu casamento, que saltar de um terraço para acabar com a dor
também me atraiu. Que eu entendia o impulso porque eu senti-o
também.
Ele recuou. Ele sabia como o casamento de Felicity tinha
sido terrível. Tanto ele quanto Gray tinham tentado extrair ela
das garras do Visconde Barbridge, mas ela estava legalmente
obrigado a ele. Eles tinham visto suas contusões, visto seu
quebrantamento, e foi incapaz de salvá-la.
Mas saber que ela tinha considerado o mesmo fim
amargo que ele, pesava-lhe o coração.
— Mas você não o fez — disse ele. — E eu estou feliz que
nenhum de nós tomou esse caminho.
— Como sou eu — ela sussurrou. — Mas agora estou
aterrorizada por você. Eu sei que você amava Elise. Realmente a
amava de todo o coração. Eu sei que a perder era quase
insuportável. Se você enredar-se com ela de novo, você sabe que
não vai dar certo.
Ele fechou os olhos. Sim, isso era verdade. Não havia
final feliz. Essa era agora a sua escolha. Mesmo que Elise o puxa-
se como uma mariposa para a bonita chama.
— Eu sei que não vou — ele admitiu.
— E quanto mais nos aproximamos, mais doloroso o final
será. Eu não quero vê-la despedaçar você novamente. Eu não
quero vê-la fazer mal a você. Vê-lo se machucar a si mesmo.
Então, se eu sou dura com você, é por isso. É por medo. Temer
por sua segurança e pela sua própria vida .
— Felicity, eu te amo com todo meu coração por sua
preocupação — disse ele, puxando-a para beijar sua testa e senti-
a estremecer com a sua enorme demonstração de emoção que ela
mantinha normalmente guardava firmemente dentro dela.
— Então me diga como parar de temer o que vai
acontecer com você — ela sussurrou.
Ele moveu-a para o sofá e se sentaram juntos. Ele sorriu
para ela, embora ferido. Tudo doía.
Ela estava fazendo-o enfrentar a verdade, e as
consequências, dessas ações.
Ele suspirou. — É preciso compreender que as coisas são
diferentes agora. Parte da razão pela qual eu estava tão devastado
há três anos era porque eu acreditava que Elise era alguém
diferente. Eu agora sei o que ela é capaz.
Ele disse essas palavras, mas no momento em que ele
fez, percebeu o quão pouco elas suaram verdadeiras. Ele tinha
acreditado que ela não era melhor do que um demônio por tanto
tempo, mas nas últimas semanas desde que os seus caminhos
cruzaram novamente, ele não tinha visto nenhuma evidência
disso. Ela não tinha feito qualquer tentativa de se desculpar pelo
o que tinha feito. Ela tinha sido apenas ... ela mesma.
Ele balançou a cabeça e forçou-se a continuar
— Suponho que significa que eu não tenho nenhuma
expectativa de que poderíamos estar juntos, ou que qualquer
coisa que ela diga possa ser confiável. Eu não vou permitir a ser
ferido. De novo não.
Felicity levantou o olhar para ele. — Você diz isso,
Lucien, mas o passado voltou. Você acha que pode controlar tudo
o que vem junto com ele, mas ...
— Mas?
— Você pode não ser capaz de fazer. — Ela virou-se. —
Eu sei que se alguém que eu amava e tinha perdido de repente
reaparecesse na minha vida, eu teria um tempo difícil para
enfrentá-lo.
Lucien apertou seus lábios. Felicity não tinha tido
qualquer amor perdido que ele sabia, apesar de como sua voz
estava cheia de pesar. Mas ela fez um bom ponto. As emoções
estavam agora agitadas. Ele não podia fingir que não havia
potenciais perigos para a vida que ele tinha definido.
— Serei cuidadoso — prometeu. — Eu não vou deixar
nada acontecer para eu lamentar mais tarde. — Eu espero que
isso seja verdade, Lucien. Eu perdi muito em minha vida não
posso pensar em te perder.
Apertou-lhe a mão suavemente. — Você não vai, eu
prometo. — Ele ficou de pé e puxou-a com ele. — Agora, por que
não vamos ver se a Mamãe quer dar um passeio no jardim antes
de ir? Eu sei como ela gosta de me mostrar suas rosas.
Felicity assentiu, mas Stenfax ainda viu a hesitação em
seu olhar. A incerteza e o medo sobre o seu futuro e suas
escolhas. Enquanto ele a levava-a para fora da sala, ele não
poderia culpá-la.
Na verdade, ele estava começando a se sentir da mesma
maneira sobre o que ele estava fazendo com Elise. E ele se
perguntou se ele iria sobreviver ileso e inalterado quando ele
finalmente encontra-se a força para ir embora.
Elise sentou em uma mesa no canto mais distante do
clube de Vivien, olhando para o espaço ao redor dela. A cena
ainda era chocante, mas quanto mais vezes ela voltava a este
lugar, menos chocada ela se sentia. Observando os outros se
envolver em seus jogos eróticos era por vezes constrangedor, mas
às vezes excitantes. E às vezes ela nem sequer notava-os.
Ela supôs que era bom que estava ficando acostumada a
tais coisas. Não havia mais nenhuma vantagem em ser inocente.
Ela finalmente teve que se comprometer totalmente a esse
pensamento. A cena de Ambrose depois do baile duas noites atrás
tinha provado que isso era verdade.
Ela lançou seu olhar ao redor da sala mais uma vez, mas
desta vez ela não estava olhando para a carne nua e movimentos
de moagem. Não, desta vez ela olhou para o rosto, especialmente
os rostos das mulheres na multidão. Muitas pareciam felizes,
excitadas, totalmente envolvidas em tudo o que eles estavam
fazendo e com quem que fosse com ele.
Outros, porém, tinha um olhar vazio. Um imenso vazio.
Elise fez uma careta. Ela seria uma das mais vazias. Isso
estava se tornando muito claro.
— Posso me juntar a você?
Elise olhou para cima para encontrar Vivien Manning de
pé ao lado dela. Ela estava usando um vestido chocante com um
top transparente que deixava muito pouco à imaginação. No
entanto, ela de alguma forma ainda conseguia uma sofisticação
que Elise invejava.
— Certamente — disse Elise, apontando a cadeira ao lado
dela. — Eu apreciaria a companhia. — Vivien se acomodou na
cadeira e olhou ao seu redor com um suspiro.
— Somos um grupo ocupado hoje à noite.
— Você sempre parece estar. Isso deve lhe dar prazer.
— Isso me dá dinheiro — disse Vivien, com um sorriso
pequeno, um pouco triste. — Ainda que eu desfrute de muitos
dos jogos aqui.
— Você sempre?
Vivien atirou-lhe um olhar de lado.
— Não — ela admitiu. — Quando me tornei uma amante,
não foi fácil. Ficou melhor com o tempo e eu achei protetores que
foram gentis e pacientes.
Elise balançou a cabeça lentamente.
— Espero, sinceramente, pelo mesmo. Faria isto mais
fácil.
— Ainda assim, ajuda saber, o que você quer — disse
Vivien, inclinando-se.
Uma visão de Lucien apareceu na mente de Elise. Não
apenas Lucien, como ela tinha visto ele ultimamente, irritado e
apaixonado, mas a pessoa que ela conhecida quando menina. O
que ela tinha amado por tanto tempo que ela mal conseguia se
lembrar de uma época em que ela não o tinha. O Lucien que já
tinha sussurrado o quanto ele a amava e queria em sua vida para
o resto de seus dias.
Ela prendeu a respiração.
— Quero a independência e a proteção e...
— Você o quer — Vivien interrompido.
Elise parou de falar e tentou não olhar para a cortesã
diretamente.
— Eu não sei o que você está falando. Há muitos eles no
presente
— Então vou ser mais específica. Você quer Stenfax —
Vivien disse suavemente.
Elise inclinou a cabeça. Ela tinha lutado para ser forte
por tanto tempo. Lutado para negar o que sentia no seu coração
para que ele não a dominasse e a enviasse para um lugar escuro
onde ela temia que nunca iria escapar. Ela estava tentando não
escorregar em desespero enquanto considerava um futuro que
nunca teria.
— Ele não me quer — ela murmurou.
Vivien soltou uma risada suave.
— Minha mesa de bilhar iria discordar.
Calor encheu as bochechas de Elise quando imaginou
aquela noite intensa com Lucien há não muito tempo. Ela não
tinha ideia de sua união tinha sido tão intimamente marcada.
— Sinto muito — disse ela.
Vivien cobriu seu braço gentilmente.
— Minha querida, eu não estava procurando uma
desculpa. Este lugar é para o prazer. De qualquer forma e em
qualquer lugar que você pode encontrar.
Elise permitiu-se olhar para Vivien plenamente. — Você
tem feito isso há muito tempo.— Vivien assentiu.
— Eu tenho.
— Como você consegue não envolver as suas emoções?
A expressão de Vivien repente escureceu e seus olhos
tristes por um breve momento.
— Às vezes você não faz isso — ela sussurrou.
Elise olhou para ela, sentindo que havia muito mais na
mulher do que talvez ela imaginasse. Ela balançou a cabeça.
— Mas eu preciso — ela continuou deixando Vivien às
suas emoções privadas desde que ela assumiu que a outra
mulher nunca iria compartilhá-los. — Com Stenfax especialmente
porque ele não pode ignorar sua raiva sobre o que eu fiz para ele.
— Alguma vez você já disse a ele por quê? — Vivien
perguntou, sua voz baixa e surpreendentemente suave.
Elise sacudiu a cabeça.
— Eu pensei em fazê-lo uma dúzia de vezes, mas não
parece certo fazê-lo agora. Isso não muda o que eu fiz. Só lhe
traria muito mais dor. Isso traria a todos muita mais dor.
Vivien inclinou a cabeça.
— Você está se punindo.
Elise prendeu a respiração. Ela nunca tinha pensado
nisso nesses termos antes, mas agora ela os reconheceu como a
verdade absoluta.
— Talvez — ela admitiu. — Talvez eu mereça sofrer como
eu o fiz sofrer.
— Eu seria capaz de apostar que você tenha sido punida
o suficiente — disse Vivien.
Lágrimas incharam nos olhos de Elise e ela piscou para
mantê-las de cair.
— Pergunte a Lucien se isso é verdade. Estou certa de
que ele irá dizer-lhe que eu não paguei metade da minha
penitência ainda.
O olhar de Vivien deslizou longe de seu rosto para um
ponto atrás dela e sorriu suavemente.
— Parece que você poderia perguntar a ele. Ele chegou e
ele obviamente está procurando por você.
Elise girou em sua cadeira para olhar para a porta atrás
dela. Na verdade, Lucien estava lá, lindo como sempre,
percorrendo a sala. Quando seus olhos encontraram, houve um
momento quando o prazer atravessou seu rosto e ele parecia
exatamente como ele era quando ele ainda a amava. As lágrimas
que ela forçou para não cair retornaram e uma arrastou seu
caminho pelo seu rosto antes dela a limpar.
— Não jogue fora a esperança, Sua Graça — Vivien disse
quando ela se levantou. — Boa sorte.
Stenfax vagou o olhar sobre a sala no clube de Vivien,
ignorando os corpos contorcidos e casais gemendo, e
imediatamente encontrou Elise. Ela estava sentada em uma mesa
com Vivien e ele não pôde deixar de sorrir. Ela não estava com
algum cavalheiro. Ela não se estava oferecendo a um protetor.
Naquele momento, ele pensou em Felicity e seu sorriso
caiu. Seus sentimentos eram exatamente o que ela temia. Que ele
estava entregando-se às emoções que só iriam prejudicar a ele e
às pessoas que amava.
Nesse mesmo momento, ele sabia que tinha que acabar
com o que tinha estupidamente começado com Elise. Antes que
ele a amava-se novamente. Antes de perdê-la novamente. Antes
que ele rasgasse o seu próprio coração para fora e o danificasse
além de reparo.
Ele sentiu-se mal enquanto se movia em direção a ela.
Ele observou quando Vivien se levantou do seu lugar e se virou
para ele. Seu pequeno sorriso ao passar por ele o fez perceber que
ela e Elise estavam provavelmente discutindo sobre ele, o que
tornou tudo mais mal de alguma forma.
Elise levantou-se quando ele chegou a sua mesa, seu
rosto em uma combinação de boas-vindas e cautela.
— Boa noite, meu senhor — disse ela, com a voz falha.
Ele lutou contra a vontade de chegar nela e assentiu.
— Elise, eu — ele começou, e não conseguia encontrar as
palavras. Ele não ia fazer isso aqui fora. Não estava certo. — Você
vem comigo?
Houve um momento em que toda a sua dor, todo o seu
medo, toda a hesitação dela percorreu sobre seu rosto como uma
cachoeira. Mas ela freou-o, é claro que ela o fez, e acenou com a
cabeça.
— Se você quiser — ela sussurrou.
Ele não a tocou, principalmente porque ele temia o que
aconteceria se ele fizesse. Ele simplesmente se virou e começou a
atravessar a sala com ela andando atrás dele. No corredor, ele
murmurou o que ele queria a um dos homens que trabalhava
para Vivien e este deu a Stenfax uma chave para um quarto.
Andou pelo corredor, ignorando os sons de prazer que se
misturavam no espaço estreito, provocando-o, despertando ele.
Ele parou em uma câmara e a desbloqueou, deixando-a passar
antes dele, fazendo com que seu aroma doce o envolvesse.
Ele trancou a porta atrás de si para terem privacidade e
se virou para ela. Ela ficou no meio da sala, mesmo em frente da
cama, as mãos apertadas na frente dela. Parecia que ela estava
sendo levada para a forca e ele brevemente se perguntou se ela
podia ler sua mente ... se soubesse seus pensamentos graças ao
seu rosto ou a sua postura.
Uma vez ela tinha sido capaz de fazer isso, ou assim
parecia. Mas isso foi há muito tempo atrás.
— Elise, eu preciso falar com você — ele começou.
Ela engoliu em seco, e pela primeira vez ele viu como
cansadaela parecia. Ele clareou as suas intenções e moveu-se em
direção a ela, embora ele soubesse que não havia prudência na
ação.
— Por que você está fazendo isso?
Seu rosto amassado quando disse isso, e ela prendeu a
respiração em um soluço.
— Você fica me perguntando isso. Uma e outra vez, não
importa quantas vezes eu lhe der a resposta. Eu sei que você tem
todos os motivos para duvidar de mim, mas estou tão mal que
você pensa que tudo é uma mentira? Mesmo a minha mais
profunda e mais escura dor?
Ele recuou pela disposição emocional. Elise tinha
mantido seus sentimentos fechados, nunca revelando muito além
do prazer desde o momento em que a tinha visto pela primeira
vez. Para ver a raiva, dor, desespero agora ... era como se ele
tivesse aberto um livro e encontrasse a garota que ele conheceu
todos esses anos atrás.
Era como se ele visse ela verdadeiramente.
— Elise
— Não!— Ela levantou uma mão trêmula. — Eu entendo
que você tem todo o direito de me desprezar. Para me punir. Para
querer me ver sofrer. E eu o faço, Lucien. Eu sofro. E eu estou
fazendo o melhor que posso em uma situação que é tão terrível
que mal posso expressá-lo para você. Então, se você veio para me
falar sobre os meus motivos para a procura de um protetor, então
eu... — Ela prendeu a respiração e se afastou. — Eu não posso.
Andou até ela, embora não devesse. Ele simplesmente
não conseguia parar. Ele deslizou atrás dela, envolvendo os
braços em volta dela, sentindo-a tremer quando a puxou contra
ele. Ela não lutou com ele. Na verdade, ela estava quase mole,
como se ela precisasse dele para sustentá-la enquanto ela
respirava com dificuldade uma e outra vez.
Ele virou-a gentilmente, dobrando-a em seus braços
quando ela apertou um punho contra o seu peito, o rosto
descansando lá. Eles ficaram assim e pareceu uma eternidade.
Ele alisou o cabelo suavemente, enquanto ela se agarrava a ele.
E foi como se o tempo não tivesse passado. Ela levantou
o rosto e olhou para ele, vendo o futuro que uma vez teria. O
futuro arrebatado por suas decisões. Mas, pela primeira vez, ele
não a culpava por isso. Ele só lamentou que ambos haviam
perdido.
Ele deslizou a mão no cabelo, inclinando seu rosto ainda
mais. Em seguida, ele colou a boca na dela e suavemente a
beijou. Ela fez um som suave em sua garganta, algo no limiar
entre o prazer e a dor. Algo que falou volumes na língua de seu
relacionamento.
Ele pressionou sua língua em seus lábios e ela se abriu
para ele facilmente, levando-o, recebendo-o. Não houve
desespero, apenas uma suave carícia. E nesse momento ele
queria fazer amor com ela. Não reclamar. Não fazer sexo. Não a
punir com prazer. Ele queria fazer amor com ela.
Sem dizer nada, ele deixou os dedos afunilar contra suas
costas, encontrando os botões ao longo de sua espinha. Ela
aprofundou o beijo quando ele soltou seu vestido, espalhou o
tecido aberto e finalmente se afastou dela para deslizar
silenciosamente o corpete longe de seu corpo. Ela também ficou
em silêncio quando ela olhou nos olhos dele. Era como se ambos
temessem que palavras iriam quebrar esse feitiço entre eles.
Quebrar essa bolha onde nenhum dano os tivesse separado.
Ele baixou o vestido em torno de seus quadris e ela
mexeu-se, arrastando-o em uma ondulação suave até que caiu
em um círculo ao redor de seus pés. É claro que ela não usava
nada por baixo. Assim como ela tinha usado nada por baixo cada
vez que ele vinha para ela.
Ele estava feliz por isso. Isso significava que não havia
mais tempo para olhar para ela em toda sua beleza. Para adorar
ao invés de desembrulhar o presente que era o seu toque e seu
gosto e sentir.
Ele pressionou os dedos em seu cabelo, penteando longe
os pinos que o prendiam no lugar, deixando os longos cabelos
grossos de ouro avermelhado cair ao redor deles como uma
cortina. Seu cabelo cheirava como limões e jasmim e ele inspirou
o cheiro para segurá-lo dentro dele.
Ele guiou-a para trás até que suas coxas bateram na
cama alta. Levantou-a para a borda e eles estavam frente a frente
novamente. Ele segurou seu rosto, suavizando seus polegares ao
longo dos contornos, e beijou-a mais uma vez. Ela tinha gosto de
mel doce e licor afiado, ela sabia como a coisa que ele desejava
mais.
E ele queria saboreá-la em todos os lugares hoje à noite.
Ele afastou-se de sua boca e gentilmente colocou as mãos
em seus ombros para empurrá-la de costas. Ela foi, sem
argumento, descansando de costas na cama com um suspiro
como se ela não tinha sido capaz de encontrar a paz assim por
um longo tempo.
Nem tinha ele. Ele subiu ao seu lado, virando-a até que
sua cabeça repousava sobre os travesseiros. Ela olhou para ele,
esperando, em silêncio, se rendendo.
Ele deu um beijo em seus lábios e ela levantou as mãos
para o cabelo dele, deslizando as bordas de suas unhas contra o
seu couro cabeludo, inclinando a cabeça para um beijo mais
profundo, que parecia durar para sempre.
Ele finalmente conseguiu se afastar, arrastando sua boca
ao longo de seu queixo, pescoço e ombro. Ela estremeceu em
resposta, sussurrando um som incoerente de prazer. Aquele
pequeno som balançou ele, colocando-o em fogo, tanto quanto o
seu toque ou o gosto dela fazia. Despertou algo que ele não tinha
permissão de viver por um longo tempo.
O desejo de se dar a ela, totalmente e completamente. E
embora soubesse que ele era um tolo, embora soubesse que nada
poderia mudar a longo prazo devido à sua história, esta noite ele
iria se render a esse desejo.
Render-se a ela.
Ele moveu os lábios sobre o seu seio e ela engasgou
enquanto ele acariciava sua língua sobre um mamilo. Ele
endureceu sob o toque, levantando-se para encontrá-lo como ela
faria quando ele entrasse em seu corpo. Ele chupou ali, sentindo
ela se contorcer debaixo dele, alcançando e tentando escapar do
intenso prazer quando ela puxou o seu cabelo com esfarrapados
gritos desesperados.
Ele sorriu contra sua pele e mudou sua atenção para o
outro mamilo, repetindo o puxão, o deslize molhado contra duro
até que ela estava ofegante.
Moveu-se em seguida para mais a baixo esfregando sua
bochecha contra seu estômago liso, plano, segurando seus
quadris para que ficassem estáveis, enquanto ele chupou seu
caminho mais e mais. Ela ergueu-se para ele, oferecendo-se por
instinto, mas ele ignorou o objetivo final de seu sexo escorregadio
e, em vez disso deslizou mais baixo, puxando a sua meia com os
dentes, rolando-a com as mãos.
Ele repetiu a ação na outra perna e agora ela estava
realmente nua, verdadeiramente sua. Ela sentou-se sobre os
cotovelos para vê-lo, seu olhar totalmente focado e totalmente
ciente do poder deste momento, assim como ele estava.
Ele nunca desviou o olhar quando ele deslizou as mãos
para trás as pernas. Ele nunca desviou o olhar quando ele
pressionou contra suas coxas e ela se abriu para ele com um
estremecimento. Ele nunca olhou para longe, mesmo quando ele
deslizou os dedos até o interior de sua perna e, finalmente, tocou
a jóia escondida doce de sua vagina.
Só quando ele sentiu a umidade escorregadia é que ele se
permitiu olhar para o ápice de suas pernas. Abriu-as um pouco
mais amplas, sem vergonha de sua atenção, acolhendo-o como
ela iria recebê-lo.
E ele estava pronto para levá-la. Ansioso. Só que ainda
não. Primeiro, ele queria algo mais. Ele se inclinou para baixo,
fixando-se entre suas pernas, espalhando-a aberta com as duas
mãos. Ela estremeceu, sussurrando seu nome, suas mãos
agarrando a colcha perto de seus quadris.
Ele ignorou seu choro. Ele ignorou tudo, exceto o doce
deleite diante dele. Finalmente, ele se inclinou e correu sua
língua para fora para prová-la, e ela soltou um grito que
certamente ecoará na sala, provavelmente ecoou no corredor. Um
grito que fez seu pênis sacudir sob suas calças.
Um grito que sinalizou que era apenas o começo desta
noite. E ele não podia esperar para fazer mais para que esse som
escapasse dos lábios dela novamente.
Elise ofegante, em busca de ar e não encontrando
nenhum quando Lucien colocou a sua boca quente contra o seu
sexo abalado. Ela não podia acreditar que ele estava fazendo
aquilo, tocando-a assim, amando-a assim. Ninguém nunca tinha
feito isso antes.
E no entanto, agora ela sentia como se isto fosse o que
estava esperando por toda a sua vida. Esta sensação de prazer
afiada, esta intensa sensação de ser amada em vez de ser apenas
tomada.
Foi incrível, e ela gritou, impotente, enquanto ele
acariciava com a sua língua áspera ao longo de todo o
comprimento da sua fenda chorosa. A sensação era incrível,
concentrada e poderosa, afiada e tão agradável que ela começou a
tremer quase imediatamente.
Lucien levou o seu tempo, mantendo-a aberta com uma
mão enquanto ele lambia e lambia, deixando nenhuma parte
secreta sem atenção. Descobriu que os seus quadris se moviam
para cumprimentá-lo, moendo contra ele para reforçar a
construção prazer já intensamente poderosa.
Ele sorriu contra a sua pele, olhando para ela quando ele
a tomou e o poder dos olhares se encontrando fez a experiência
ainda mais intensa.
Ele começou a concentrar a sua língua cada vez mais em
seu clitóris. As suas lambidas eram cada vez mais fortes, mais
duradouras, e, finalmente, ele começou a chupa-la suavemente,
em seguida, mais forte. Enquanto fazia isso, deslizou um dedo em
sua vagina, enrolando-o lentamente. Uma grande sensação de
prazer percorreu por suas veias, ossos, em cada fibra, e virou a
cabeça contra os travesseiros, perdendo para a necessidade
palpitante que corria por seu corpo trêmulo. E então, com uma
combinação de experientes boca e dedos, ele a empurrou sobre a
borda.
Ela nunca tinha experimentado um prazer como este. As
ondas de prazer eram profundas e intermináveis com solavancos
que iam e vinham, quando ele sugou o seu corpo em espasmos. E
foi assim por diante, até que se sentiu perdida, até que ela se
encontrou mais uma vez.
Finalmente, ele acariciou a língua sobre ela uma última
vez e retirou seu dedo suavemente. Ela encontrou sua respiração,
finalmente assim como ele empurrou-se da cama. Ela observou-o,
aturdida, quando ele tirou a sua roupa em frente da luz do fogo.
Ele estava sorrindo para ela enquanto o fazia, claramente
apreciando os resultados de sua obra anterior.
Ela estendeu a mão para ele e ele a deixou pegar sua
mão. Andou para a frente, tomando o seu lugar de volta na cama.
Só que desta vez ele a cobriu com seu corpo, estabelecendo-se
entre as pernas, os braços apoiados sobre a colcha quando ele
olhou para ela.
Ele não disse nada, mas nada precisava ser dito. Ela viu
tudo em seus olhos. Tudo o que ela tinha amado sobre ele, tudo o
que ela tinha perdido. Ela viu o futuro que ela tinha planejado
com ele, o que tinha sido quebrado todos aqueles anos atrás por
circunstâncias impossíveis fora de seu controle.
Ela estendeu a mão para ele, tocando seu rosto, os
ombros, alisando as mãos ao longo de sua carne quente como
que para provar que tudo isso não era um sonho. Se fosse, ela
queria ficar nele para sempre.
Mesmo ela sabendo que não era possível.
Sua expressão mudou, como se ele lesse alguma versão
de seus pensamentos. Seus lábios se contorceram em uma careta
e ele se inclinou para beijá-la. Ela colocou os braços em volta do
seu pescoço, agarrando-se a ele, e engasgou quando ele deslizou
seu pênis profundamente dentro dela em um longo impulso.
Ele ainda segurou por um momento, apenas beijando-a,
como se ele quisesse realmente sentir seu corpo, sentir esse
momento. Ela fez o mesmo, flexionando em torno de sua dureza,
enrolando os dedos contra os planos de músculo em suas costas.
Neste momento ele era dela.
Ela iria se lembrar para o resto de seus dias.
Em seguida ele começou a se mover, estocadas lentas
que começaram a reconstruir o fogo que ele havia criado com a
boca. Ele se afastou, olhando-a enquanto ele a tomava.
Ela levantou-se em seu encontro, moendo contra sua
pélvis, levando todo o prazer que podia dele. Ele estremeceu,
fazendo um som baixo em sua garganta que foi melhor do que
quaisquer palavras bonitas que ele poderia ter inventado.
Ele também mudou, rolando de costas para que ela
estava em cima dele. Ela sentou-se, ajustando-se sobre os
joelhos. Agora, ela tinha o poder e era incrível se sentir assim.
Especialmente considerando o quanto tomar Stenfax tinha sido
desde a sua reunião. Oh, ela adorou, mas agora este era o seu
prazer, ela tomou.
Ela não iria o desperdiçar. Ela se abaixou e pegou suas
mãos, pressionando-os de volta contra os travesseiros, enredando
os dedos nos dela. Ela revirou os quadris sobre os dele,
observando como o seu rosto se contorceu com o prazer. O
mesmo prazer que ecoava em seu corpo.
Ela queria fazer isso durar a noite toda. Algo dizia a ela
para parar, mas era difícil quando seu corpo clamava por prazer e
encontrou-o nele. Seus golpes tornaram-se mais rápidos quando
ela se aproximava de se libertar uma segunda vez e, em seguida,
ela estava caindo sobre a borda novamente. Ela cavalgou nele
com o corpo em espasmos, duro e rápido, gritando com a
liberação e alívio com que ela não podia controlar.
Seu pescoço esticado enquanto ela atingiu o climax e ele
virou-a de costas. Moveu-se contra ela com rígidos e pesados
golpes que só serviu para tirar seu próprio prazer ainda mais.
Finalmente, com uma carranca ele ofegou duro e gritou o nome
dela se afastando dela. A prova da sua libertação espalhado pelos
lençóis e o estômago dela.
Quando a sua respiração desacelerou, ele abaixou o olhar
e ela viu o momento em que seus sentimentos mudaram. Havia
uma tensão que entrou em seu rosto quando ele olhou para ela.
Uma parede que desceu entre eles.
E isso destroçou-a. No início da noite, ela confessou sua
dor e ele a consolou. Mais do que isso, ele tinha feito amor com
ela, realmente fez amor com ela. Ela tinha uma pequena
esperança de que talvez isso significasse alguma coisa.
Mas ela podia ver agora que isso não se realizou.
— Deixe-me te dar um lenço — disse ele, falando com ela
como se fosse nada, um conhecido que tinha espirrado.
Ela sentou-se quando ele saiu da cama e sacudiu as
calças. Colocando-as antes de pegar o colete e tirar um quadrado
dobrado do bolso. Ele estendeu o objeto e ela olhou para ele.
— Não — disse ela. — Eu não quero isso.
Ele franziu a testa.
— Você não quer se limpar?
Ela soltou uma risada quebrada.
— Eu não estou suja, Lucien. Eu não tenho nenhuma
necessidade de me limpar. Eu sou uma mulher que acabou de
compartilhar algo maravilhoso com seu amante. Eu não sinto
nenhuma necessidade de enxugar as provas, nem fingir esta
noite. Não como você.
Ele virou o rosto, quebrando a sua ligação mais uma vez.
— Elise
Ela apertou os lábios com a exasperação em sua voz. Não
havia como discutir com ele. Eles pareciam que estavam presos
nesse loop. Ele desprezava-a, mas não podia resistir a ela. Ele iria
toma-la e nunca permitir que esses momentos amolecessem o seu
coração. Entretanto, cada momento que eles compartilhavam
ficava tatuado na alma dela com o nome dele.
Ela reuniu a colcha e colocou-a sobre si mesma
desesperada por algum tipo de proteção.
— Você conseguiu o que você veio à procura, Stenfax —
ela disse suavemente. — Claro que você vai. Mais fácil esquecer
quando estou no fundo
Ele soltou um som baixo, de dor e ela virou o rosto para
ele descobrindo que ele tinha deixado cair o colete de volta a seus
pés e estava apenas olhando para ela.
— É isso que você acha? — Disse. — Que eu vim aqui te
foder e ir para casa sem pensar em você?
Ela encolheu os ombros.
— É difícil pensar que não é verdade com base no que eu
experimentei.
Ele se moveu em direção a ela dando um longo passo,
com as mãos trêmulas ao seu lado e os olhos piscando com a
emoção.
— Você não sabe nada, Elise. Não sabe coisa nenhuma
— Então me explique — ela gritou, correndo para a beira
da cama com as cobertas em volta dela. — Explique-me. Por
Deus, basta dizer qualquer coisa que signifique algo.
— Eu não saio daqui e esqueço-me de você — ele rosnou.
— Eu me esforcei para fazer isso ao longo dos anos, mas isso
nunca funcionou. Durante três anos, eu acordava com um
pensamento na minha cabeça. Sabe qual era esse pensamento?
Ela balançou a cabeça em silêncio, pois ela estava
sinceramente com medo de dizer algo por medo que sua voz
falhasse.
— Elise desapareceu — disse ele em voz baixa, quase
com ternura. — Eu acordo todas as manhãs com esse
pensamento na minha cabeça. Vou para a cama todas as noites
com a mesma porra de pensamento ecoando tão alto que quase
bloqueia qualquer outra coisa. Eu como meu café da manhã,
Elise desapareceu. Vou para o meu clube, Elise desapareceu. Eu
tento tão dolorosamente seguir em frente, mas Elise desapareceu.
Ela respirou com dificuldade, a respiração difícil não só
pelas suas palavras, mas pela dor crua que estava espelhada em
seu rosto quando ele lhe disso.
— Sinto muito — ela sussurrou.
— Eu tentei tudo que eu poderia pensar para apagar você
da minha mente, Elise. Eu até tentei procurar um casamento.
Ela se encolheu.
— Sim eu sei.
Deus, como aquilo tinha sido um golpe enorme quando
ouviu que Stenfax estava noivo e iria se casar novamente. Ela
tinha mesmo ido tão longe a ponto de descobrir onde a senhora
em questão, Celia Fitzgilbert, morava, apenas para vê-la. E ela
odiou-a, brevemente, por ser tão bonita.
Mas, então, o noivado tinha terminado, na mesma altura
que o próprio marido de Elise tinha morrido e era como se todas
as luzes do mundo tivessem sido acesas ao mesmo tempo.
— Você quer saber por que meu noivado com Celia
terminou? — Perguntou.
— Eu ouvi que era porque Gray caiu de amores pela irmã
dela. Que vocês dois se afastaram para que eles pudessem se
casar.
Ele suspirou, um som de pura exaustão com tudo isso.
— Gray se apaixonou por Rosalinde. Mas não foi por isso.
Celia e eu acabamos nosso compromisso porque não havia
nenhum sentimento entre nós. Ela não estava disposta a
sacrificar um futuro de amor e eu não a ia deixar fazer isso.
Recentemente, ela se casou com alguém que ela ama, por isso
estou feliz por tê-la deixado ir.
— E você? — Ela sussurrou.
Ele riu, mas estava vazio.
— Eu? Bem, eu levei uma grande quantidade de tempo
para analisar o assunto após o fim do noivado. E eu vim a
perceber que nenhum sentimento ficou em mim, Elise. Você levou
tudo quando você saiu.
Ela levantou-se, arrastando apenas o lençol atrás dela.
— Não, você não pode dizer isso.
Ele assentiu.
— Mas eu digo. Eu não tenho nenhum amor de sobra.
Não tenho a menor capacidade que uma esposa deseja e
necessita. Não tenho mais nada porque Elise desapareceu.
Um som fez-se ouvir através do ar e ela percebeu que era
o seu próprio gemido de angústia por suas palavras. A
profundidade da dor era tão profunda e tão escura, que ela
causou. Ela tinha arrancado seu coração e nem sabia que ela
estava levando-o com ela por todo esse tempo. Como ela se odiava
por isso.
Mas também lhe deu uma pequena sensação de...
Esperança. Se Lucien tinha sido tão quebrado por ela, isso
significava que ela poderia repará-lo? Reparar os dois? Afinal, ele
continuava vindo para ela, apesar desses sentimentos duros e
ásperos. Ele mantinha o desejo por ela. Isso não contava para
alguma coisa?
Ela estendeu a mão para ele. Ele não recuou quando ela
gentilmente colocou a mão em seu coração.
— Não poderíamos...— Ela deu um longo suspiro.
Demorou muito para dizer isto, para pedir-lhe. — Não poderíamos
começar de novo?
Ele ficou quieto pelo que parecia uma eternidade. Ele
olhou para ela, seu olhar escuro preenchido com tal desgosto que
era fisicamente doloroso. Então ele estendeu a mão e tomou a
mão que repousava em seu peito. Ele enfiou os dedos nos dela e
segurou-a, suavemente.
— Elise — ele sussurrou. — Você é a tentação
personificada e não apenas por causa do que nós compartilhamos
na cama. Mas eu não posso confiar em você. E não sei se poderia
confiar novamente, não importa o que você disser ou fizer para
tentar provar para mim que eu posso fazer.
Ela reprimiu um grito. Lá estava ele. O último prego em
suas esperanças e em seu coração. Se este homem não confiava
nela, não podia confiar nela, então nada mais importava.
E sim, ela poderia explicar-se. Mas o que ela tinha dito a
Vivien no início da noite agora se sentia mais verdadeiro do que
nunca. Suas palavras não teriam sentido. Ela não podia mudar o
que tinha acontecido, nem tirar a dor que esse homem tinha
experimentado por causa dela.
Se ela lhe dissesse a verdade, seria como uma espécie de
absolvição para si mesma. Não faria ele confiar nela, ela só iria
machucá-lo e outros ainda mais.
Confessar seria um ato egoísta.
— Eu entendo — ela sussurrou quando ela tentava
encontrar a sua voz, encontrar suas palavras, encontrar uma
maneira para não quebrar quando ela falou.
Ele soltou a mão dela e estendeu a mão para tocar em
seu rosto. Seus dedos acariciaram sua pele muito mais suave do
que ela merecia, considerando o que ele tinha acabado de dizer a
ela.
— Não podemos mais fazer isso, não é? — Perguntou.
Ela reprimiu um soluço.
— Não. Não, eu acho que nós magoamos demais.
Ele se inclinou, sua boca perto da dela.
— Então nós temos que fazer esta noite especial. Um
melhor adeus do que a última vez.
Ela fechou os olhos, lágrimas escapando não importa o
quanto ela lutou contra elas. Então ela abriu-os e olhou para ele.
— Sim — ela sussurrou, e cobriu o rosto dele atraindo-o
para os lábios.
Ele a beijou, suavemente, docemente, como ele apoiou-a
para a cama mais uma vez. E, quando eles caíram juntos, ela
afastou toda a sua dor, toda a sua consciência de que esta noite
se tinha transformado agora em um adeus. Ela teria muito tempo
depois de lidar com essa realidade. Por enquanto ela só queria ter
esse último momento com ele.
Este último momento com o homem que ela amava mais
do que tudo neste mundo.
— O marquês e marquesa de Folworth para vê-lo, meu
senhor.
Stenfax levantou a cabeça a partir da linha de figuras que
ele estava olhando sem dar bola, durante várias horas para
encontrar seu mordomo Xavier na porta. Ele balançou sua
cabeça.
— Claro. Acomode-os na sala de estar.
O servo inclinou-se e saiu do quarto, deixando Stenfax
para este se recompor. E recompor-se ele teria que fazer. Fazia
três dias desde que ele viu Elise e ele não tinha dormido desde
então, e quase não comeu.
Como ele tinha sobrevivido a três anos assim? Ele mal
conseguia se lembrar.
Ele continuava querendo ir à casa de Vivien. Para
encontrar Elise e ter só mais uma noite. Lutava com todas as
suas forças para não fazer exatamente isso.
— Acabou — lembrou a si mesmo antes de se levantar e
caminhou para a sala onde seus amigos o aguardavam.
Ele entrou e encontrou Folly e Marina que estavam junto
ao fogo. Eles viraram em uníssono enquanto fechava a porta, e
Folly inclinou a cabeça.
— Cristo, parece como se você tivesse andado no inferno.
Marina deu-lhe um tapa no braço.
— Folly!
— É verdade — Folly disse com um encolher de ombros.
— Eu imagino que ele sabe disso.
— Mas eu sempre vou apreciar o lembrete — disse
Stenfax em um tom seco quando ele apontou para o sofá. — Você
gostaria de chá?
Ambos balançaram a cabeça e todos se sentaram, Folly e
Marina no sofá, Stenfax em uma cadeira em frente a eles.
— É bom vê-lo — disse ele. — Independentemente da
minha aparência. Eu tinha realmente esquecido que tínhamos
planejado esta reunião hoje. Me desculpe.
Marina se inclinou para frente. Ela era uma mulher
bonita, com olhos verdes afiados que esvoaçavam sobre o seu
rosto e pode lê-lo em um instante.
— Você queria saber sobre o Duque de Kirkford. O novo
duque, eu suponho.
— Sim — disse ele com um breve aceno de cabeça. — Eu
já sei tudo o que sempre quis saber sobre ele.
Ambos Folly e Marina franziram a testa. Folly foi quem
falou.
— Suponho que isso significa que os rumores de o seu...
reencontro com Elise são verdadeiros?
Stenfax endureceu. Folly tinha sido um amigo por anos, e
ele confiava em Marina implicitamente. Mas ele não podia
derramar tudo de seu coração a eles mais do que ele era capaz de
fazê-lo com Gray. Todos os três estavam muito envolvidos. Muito
tendenciosos.
— Não foi nada — ele mentiu. — Um breve flerte com
uma antiga paixão. É... Isso já acabou.
Marina apertou os lábios e ficou claro que ela não
acreditava nele plenamente.
— E ainda assim você deseja saber sobre o novo duque.
Stenfax remexeu-se. Ele provavelmente devia dizer não.
Ele provavelmente devia dizer não. Afinal, se ele e Elise
acabaram, ele não tinha nenhum motivo para se envolver em sua
vida. Ela queria um protetor, afinal de contas, e seria essa a
posição desse homem para defendê-la se ela precisar.
E ainda assim ele não disse não.
— Eu estava apenas curioso sobre ele — disse Stenfax. —
Especialmente depois da cena quando ele arrastou Elise para o
baile, apesar dela ainda estar de luto.
Marina se encolheu.
— Ah sim. Essa foi uma noite terrível. As fofocas ainda
não esqueceram isso. Eles não vão esquecer isso muito cedo.
Stenfax engoliu em seco. Parecia que Elise provavelmente
não iria sobreviver socialmente. Ele teria ficado feliz por isso
noutra altura. Agora, ele sentiu um estranho impulso de protegê-
la das consequências.
Não que ele pudesse.
— Você sabe que Felicity teve... problemas com seu
marido — Stenfax disse suavemente. — Um certo tipo de
problema. Eu simplesmente quero garantir que o homem não
esteja abusando de Elise de forma alguma. Como eu iria
suspeitar de qualquer homem que conheço.
Folly inclinou a cabeça com uma expressão incrédula.
— Certamente. Ele não tem nada a ver com o seu noivado
com a mulher e o seu ... Flerte .
— Não mais — Stenfax lembrou. Lembrou a si mesmo.
Marina suspirou.
— Se você está determinado, então eu posso dizer-lhe um
pouco sobre Ambrose. Ele e nosso outro primo Roger nasceram
no mesmo dia, por isso, quando Toby morreu, os dois entraram
em guerra absoluta sobre o título. Ambos são valentões cruéis,
assim como era o último duque.
Stenfax assentiu. Por mais que ele tenta-se afastar das
informações sobre a herança do título odiado de Duque de
Kirkford no início do ano, ele estava bem informado.
— Mas você acha que ele iria ... prejudicar Elise? — Ele
pressionou.
Marina trocou um olhar com Folly.
— Todos os meus primos são cruéis — ela disse
suavemente. — E certamente capaz de coisas terríveis. Eu sempre
suspeitei que Ambrose estava com ciúmes de Toby e de seu
casamento com Elise. E Toby ostentava-a, exibia-a como um
prêmio que ele ganhou. Eu não duvido que Ambrose esteja
buscando algum tipo de interesse vil agora que ela é uma viúva,
mas prejudicar fisicamente ela ... Eu não sei, Stenfax.
Isso não era reconfortante. Ele agarrou os braços da
cadeira com força suficiente que sentiu-os ranger sob seus
punhos.
Depois que ele ficou em silêncio por um longo tempo,
Folly disse:
— Suponho que um bom escape para Elise seria um
casamento.
Stenfax se remexeu com a idéia.
— Ela não estará fora de luto por mais alguns meses. E
aquela cena no baile provavelmente tornará as coisas mais
difíceis.
— Pode ser por essa razão que Ambrose o fez — disse
Marina com uma careta. — Se Elise é resistente aos seus
avanços, ele é o tipo de homem que iria fazer qualquer coisa para
acabar com a esperança dela escapar.
Stenfax levantou-se. Quanto mais ouvia, mais
preocupado ficava com a segurança de Elise nesta situação
volátil. E quanto mais ele percebeu, apenas por que ela estava
perseguindo um protetor. O escândalo em torno dela não importa
para um homem que só queria ela como uma amante. E com o
homem certo ela iria encontrar uma casa, dinheiro para si e para
a proteção verdadeira dos desejos torcidas do novo duque.
Mas ela tinha que achar um protetor em breve, ao que
parecia.
— Você está muito envolvido nisto para um homem que
alega não ter nenhuma conexão com a duquesa — disse Folly.
Stenfax franziu a testa enquanto olhava para os seus
amigos.
— Eu nunca disse que não tinha qualquer ligação. Nós
todos sabemos que não é verdade. Eu só espero que eu possa
pedir-lhe para não falar com Gray sobre esta conversa. Você sabe
como ele se preocupa.
Marina riu.
— Se você acha que Gray não está preocupado, você é
um tolo, meu caro. Ele está convencido de que você pode ser
apanhada na teia de Elise uma segunda vez. Apenas Rosalinde o
impediu de prendê-lo em uma gaiola e transporta-lo de volta para
o país.
— Graças a Deus por Rosalinde — Stenfax murmurou. —
Mas, por favor, eu prometo a vocês, eu não vou me machucar
novamente. Eu só ... Eu só quero ter certeza que ela não seja
também.
Marina inclinou a cabeça, e por um momento ela teve um
estranha expressão no rosto. Então ela disse:
— Tem certeza de que pode executar ambas as façanhas
de uma vez?
Na verdade, ele não sabia. Mas ele tinha que tentar. Para
proteger Elise, ele tinha que tentar.

Elise escreveu mais uma linha em sua carta e suspirou.


Esta atividade não deveria ter tomado à última hora, mas ela
estava terrivelmente distraída e incapaz de se concentrar.
Ela sabia exatamente por que ela estava distraída.
Lucien. Ela tinha estado totalmente miserável nos últimos três
dias desde que tinham ficado finalmente juntos. Ela chorou e
permaneceu em sua cama. O luto que ela estava fingindo sentir
por Toby foi facilmente alcançado com o pensamento de
realmente nunca ver Lucien novamente. Ela tinha perdido ele
uma vez antes, mas desta vez parecia ...pior.
Ela ainda não tinha sido capaz de se arrastar até a casa
de Vivien. O que era uma coisa muito ruim. Ambrose tinha
escrito para ela durante os últimos três dias. Ele estava
empurrando-a, para entrar em sua cama ou sair para a rua.
Então ela estava ficando sem tempo. Mas como ela
poderia entregar-se a um amante quando tudo dói tanto? Será
que ela simplesmente fingia que qualquer homem em sua cama
era o homem que ela realmente queria? Será que ela se tornaria
uma daquelas amantes com os olhos vazios que riam, enquanto
sua alma era comida de dentro para fora?
— Não há qualquer escolha — ela murmurou,
empurrando a carta à distância e cobrindo os olhos com a mão.
— Sua Graça, eu sinto muito perturbar.
Ela virou-se para encontrar seu mordomo, Wiggins, de pé
na porta da sala. Seu rosto enrugado foi puxado para baixo em
uma profunda carranca e ela prendeu a respiração.
— Se o meu visitante é Ambrose, diga-lhe que tem uma
dor de cabeça. Diga-lhe que estou morta para tudo que me
importa, eu não quero vê-lo — disse ela, mais dura do que
deveria.
— Não é o novo duque — veio uma voz atrás de Wiggins,
e Elise ficou tensa. Ela levantou-se quando o dono da voz forçou
seu caminho passando seu servo e entrou no quarto sem convite.
— Gray — ela sussurrou.
— Sua Graça? — O mordomo perguntou, atirando a Gray
um longo olhar. — Está bem. Nos deixe.
Ele assim o fez, e ela deu um longo suspiro enquanto ela
olhava. O irmão mais novo de Stenfax, Grayson Danford já tinha
sido um grande amigo dela. Ela tinha passado muitos dias como
uma menina brincando com Felicity, Gray, Stenfax e o filho de
um dos seus servos, Asher. Lembrou-se de sorriso largo de Gray e
seus brilhantes e maliciosos olhos.
Hoje ele olhou para ela como se fosse lixo que tinha sido
depositado em seu caminho, e isso feriu o seu coração.
— Posso te servir um chá? — Perguntou ela.
Ele balançou a cabeça sem falar e ela apertou os lábios.
Ele não ia fazer isso fácil.
— Eu ouvi falar de seu casamento no ano passado —
disse ela, forçando sua voz para ser brilhante. — E eu vi você com
a senhora, quando eu estava no baile Swinton na semana
passada. Ela é adorável, Gray. E o rumor diz que você é muito
feliz, por isso estou feliz por você.
O rosto de Gray não amoleceu nem um pouco.
— Eu não estou aqui para discutir Rosalinde — ele disse,
seu tom cortante. — Esta não é uma visita social, de modo que
você pode deixar cair à pretensão. Nós dois sabemos que não
somos amigos.
— Fomos uma vez — disse ela, esperando que sua dor
não fosse totalmente óbvia. Parecia que tinha sido cortada através
de sua pele naquele momento.
Gray soltou uma gargalhada dura.
— Isso foi antes de você partir o coração de Stenfax. E
Felicity.
Elise prendeu a respiração. O que ele disse era justo,
especialmente tendo em conta que ele sabia das circunstâncias.
Mas oh, como queimou dentro dela. Ela odiava que ela tinha
machucado tanto sua melhor amiga e o homem que ela amava de
todo o coração.
Ela se moveu em direção a ele, uma mão levantada em
sinal de rendição.
— Não é tão simples — explicou ela. — É muito mais
complicado.
Ele balançou a cabeça lentamente.
— Você acha que eu dou a mínima para qualquer
mentira que você diria para salvar-se?
— Salve-me? — Ela murmurou. — O que você quer dizer?
Os olhos escuros de Gray se estreitaram.
— Você acha que eu não sei o que você está fazendo, Sua
Graça? — Ela piscou.
— O que eu estou fazendo?
— Muito bem, se você quer fazer com que eu o diga. Eu
sei que você está procurando um protetor — disse ele. Quando
seus olhos se arregalaram, ele disse: — Oh, não se preocupe,
ninguém está falando dela sociedade, pelo menos não ainda. Mas
tenho as minhas maneiras de descobrir.
Ela endireitou os ombros apesar da profunda humilhação
que fez suas pernas se sentir pesadas e quase dormentes.
— Você pretende me ameaçar com esse conhecimento,
porque, como você diz ninguém está falando sobre isso ainda.
Mas nós dois sabemos a minha posição na sociedade é tão
precária que nada que você diga ou faça vai mudar isso agora.
Sua testa enrugou.
— Esta não é uma ameaça, excelência. Eu não sou o tipo
de homem que iria fazer chantagem.
Ela olhou para ele um longo momento e lembrou-se de
sua bondade como um menino. Ela balançou a cabeça.
— Não, eu sei que você não é. Então o que é que você veio
fazer aqui?
— Sua situação deve ser precária se você iria para tais
medidas desesperadas — continuou ele. — Você virou-se para
Stenfax por desespero, não foi? Talvez você espera que ele se case
com você para a por fora do perigo em que você está. Ou, pelo
menos, torná-lo seu amante para que você possa escapar .
— Isso não é verdade!— Elise explodiu. — Eu não
orquestrei qualquer coisa entre Stenfax e para mim.
Gray revirou os olhos.
— Oh sim, eu acredito em você, a melhor mentirosa e
atriz. Você esquece que eu sei o que você é capaz de fazer para
obter tudo o que deseja.
Ela se virou. Ela estava baixa em sua estima de que nada
do que ela dissesse seria credível para ele. E o pior era que
Stenfax sentia da mesma maneira. Ele não era tão duro como
Gray, mas ele disse que não podia confiar nela.
Não havia nada que pudesse fazer ou dizer ou explicar
para alterar qualquer de suas mentes. Esta família que ela tinha
amado e ansiava por fazer parte estava perdida para ela. E ela
entristeceu com a perda de novo, assim como ela tinha três anos
antes, quando ela se afastou deles pela primeira vez.
— Então você veio aqui para me chamar de mercenária e
uma prostituta — ela disse suavemente. — Agora que você fez
isso, você acabou, Gray?
— Não é bem assim. Eu vim aqui para dizer-lhe para ficar
longe do meu irmão.
Ela virou o rosto para ele, surpresa com essas palavras.
Stenfax e Gray eram melhores amigos, bem como irmãos.
Obviamente Gray sabia de seu caso, mas a três dias Stenfax,
aparentemente, não tinha dito a ele sobre o fim do caso. Por quê?
— Eu não me importo com o seu desespero, não me
preocupam as suas mentiras, eu não me importo com nada,
exceto que você fique longe de Stenfax — Gray continuou, seu
olhar frio.
Ela engoliu em seco.
— Você veio muito tarde com a sua ordem, Gray. Stenfax
já terminou as coisas comigo. Ele não me viu ou falou comigo em
dias. Não tenho dúvidas de que ele nunca virá me ver novamente.
E se você está preocupado comigo, não vou persegui-lo. Estou
perfeitamente ciente dos danos que eu fiz antes. Do dano que eu
poderia fazer se ... bem, não importa. Acabou. E a minha palavra
terá de apaziguar você, pois não tenho outra maneira de provar a
você.
Gray fixou o seu olhar por um longo momento e havia
uma expressão estranha em seu rosto quando ele fez isso. Como
se ele tivesse procurado suas mentiras e em vez disso encontrou
um núcleo de verdade. Ele finalmente concordou com a cabeça
rapidamente.
— Vejo que isso acabou. Bom dia. — Ele virou-se e saiu
da sala sem sequer olhar para trás.
Uma vez que ele se foi, Elise afundou em uma cadeira,
com as mãos trêmulas, embora Gray certamente não tinha feito
qualquer ameaça. Mas ainda assim, a abalou.
Porque a lembrou da dor. Ela não podia passar um
tempo de luto pela perda de seu amor. Ela não podia resguardar
a si mesma.
Não, ela tinha que ir esta noite à casa de Vivien. Ela
tinha que encontrar um protetor. Essa era a única maneira de
acabar com isso. De uma vez por todas.
Lucien se sentou em um canto escuro do clube de Vivien,
observando Elise do outro lado da sala. Ele tinha chegado antes
dela e ela não sabia que ele estava aqui quando ela estava com
um pequeno grupo de homens, sorrindo e rindo com eles. Ela era
absolutamente bonita em um decotado vestido azul, os cabelos
em um coque solto com cachos que emolduravam seu rosto
perfeitamente.
Ela não parecia perdida como ele estava. Ela não parecia
quebrada. Então mais uma vez, ele era o único quebrado por sua
separação. Ela poderia apenas seguir em frente.
Ele franziu a testa com o pensamento, mesmo que ele
soubesse exatamente por que ela estava com os outros homens.
Ele sabia da ameaça que ela enfrentava. Ele estava aqui para
ajudar a garantir que ela estava protegida, depois de tudo.
Vivien caiu em uma cadeira ao lado dele e sorriu.
— Olá, meu senhor.
— Vivien — disse ele, não estava na disposição de
partilhar a sua noite com qualquer uma, especialmente a cortesã
observadora.
— Eu nunca o tinha taxado por um voyeur — disse ela,
inclinando-se para que ela pudesse seguir a sua linha de visão. —
Ou talvez seja apenas uma senhora que inspira tais ...
Inclinações.
Ele manteve os lábios apertados, não mordendo o sua
isca enquanto ele se mantinha assistindo Elise. Ela estava com
um homem de meia-idade chamado Carter e o muito mais velho
conde de Ryland.
Mas o companheiro que mais o incomodava era o
fanfarrão Winstead, que se aproximou dela na festa Swinton na
semana anterior. Ele era um tipo ansioso, claramente interessado
em tê-la, se seus olhares longos no seu seio eram uma indicação.
Ela passou mais tempo falando com ele do que os outros dois.
— Você já perguntou por que ela o rejeitou? — Perguntou
Vivien, como um zumbido da mosca em seu ouvido.
Ele virou o seu rosto para Vivien.
— A maioria das pessoas não se atrevem a abordar esse
assunto comigo — disse ele com os dentes cerrados.
Vivien não pareceu se comover.
— Eu não sou a maioria das pessoas. Você fez?
Ele olhou para Elise novamente. Os outros dois homens
tinham se afastado agora. Era apenas ela e Winstead. O jovem
tocou em seu braço e ele pensou ter visto Elise endurecer um
pouco antes de sorrir.
— Não — ele disse em resposta à pergunta de Vivien.
Além disso, como uma resposta à entrega lenta de Elise para o
outro homem.
— Você está com medo da resposta.
Ele olhou para Vivien novamente. Suas palavras eram
corretas, de certa forma. Ele continuou dizendo a Elise que ele
não confiava nela, mas era mais do que isso. Ele não queria que
ela dissesse aquelas coisas em voz alta. Para verificar o que o
havia perseguido durante anos.
— Eu já sei a resposta — disse ele. — Meu pai e avô e seu
pai antes dele, eles eram gerentes terríveis e jogadores. Eles
destruíram a propriedade em incrementos pequenos. Construí-lo
de volta está encarregue a mim e é um processo lento. O Duque
de Elise tinha um contundente e um título superior. Tudo o resto
que ela já me disse foi uma mentira.
Vivien ficou em silêncio por um longo momento, e então
ela se inclinou. Será que é uma mentira quando você está com
ela?
— Não — ele respondeu. — Mas eu não posso confiar
nela.
— Você não vai deixar-se confiar nela — Vivien corrigido.
— Isso é certo. — Lucien apertou um punho contra a
mesa. — Eu sei como essa história termina. Eu não posso mesmo
confiar em mim mesmo. Não mais.
Ele olhou para Elise novamente. Ela e Winstead estavam
dançando agora. Ela sorriu quando ela estava olhando para ele,
mas quando ela não estava, seu rosto parecia ... Triste.
Ele levantou-se.
— Eu vim aqui hoje à noite para falar com você sobre o
meu passado com Elise, mas para me certificar que ela tenha um
futuro. Não ouvi dizer nada negativo sobre Winstead.
— Também não ouvi — disse Vivien. — Ele é jovem, mas
ele tem os meios.
Lucien assentiu.
— Bem, então parece que ela está a fazer um futuro
muito bem. Ela não precisa de mim. Ela nunca o fez.
Vivien o olhou por um momento, uma expressão de
conhecimento em seu rosto. Em seguida, ela inclinou a cabeça.
— Você parece estar pronto para ir. Boa noite, Stenfax.
— Eu não vou estar de volta. Adeus, Vivien.
E ele virou-se e saiu da sala antes que Elise o visse.
Antes que ele visse ela fazer um futuro que mais uma vez não o
incluía-o.
Elise observou como Winstead fechou a porta do terraço
atrás de si e deu um passo em direção a ela com um sorriso. Ele
era um homem bastante jovem e bonito, mas ela não sentiu nada
quando ele pegou a mão dela e puxou-a em direção à parede do
terraço.
Tudo o que podia pensar era Lucien.
— Posso chamá-la de Elise? — Perguntou Winstead.
Ela assentiu com a cabeça.
— Eu preferiria, verdade seja dita.
Ele sorriu.
— E você deve me chamar de Theo — disse ele.
Ela tentou manter sua expressão serena quando ele
estendeu a mão para escovar uma mecha de cabelo de sua
bochecha. Mas, em sua mente, ela viu Lucien novamente. Lucien
fazendo o mesmo uma dúzia de vezes antes e depois que ela o
havia traído.
— Eu quero ser seu protetor — Winstead disse
suavemente.
Ela prendeu a respiração. Isso era o que ela estava
esperando, e ainda assim ela não sentia prazer no
pronunciamento.
— Sim?
— Eu tenho estado encantado por você desde que te vi
pela primeira vez aqui, Elise. Você estaria interessada em que eu
tome esse papel?
Ela deu um longo suspiro. Interessada não era o melhor
termo para isso. Renunciar a ele encaixava melhor, mas não
servia de nada em engajar-se em semântica. Não era culpa deste
homem que ele não era a pessoa que ela amava ou que as
circunstâncias lhe tinha forçado a este caminho.
Ela forçou um sorriso e disse:
— Sim. Eu iria.
— Bom, então temos de chegar a um acordo — disse ele,
seu rosto se iluminando. — Eu admito que você é a minha
primeira amante.
Ela se encolheu com a lembrança de que este homem era
vários anos mais jovem que ela.
— Bem, você é o meu primeiro protetor, por isso vamos
aprender juntos.
Ele se inclinou, e sua respiração era quente em seus
lábios.
— Então, nós devemos selar o acordo.
Beijou-a então. Um beijo quente, sensual que deveriam
ter enrolado os dedos dos pés. Em vez disso tudo o que sentia era
uma horrível culpa. Ela estava traindo Stenfax assim como ela o
havia traído uma vez antes. Ela estava traindo a si mesma e tudo
em seu coração.
E ainda assim ela não tinha nada a fazer sobre isso.
Quando Winstead se afastou, ele sorriu.
— Eu estava esperando para fazer isso por um tempo.
Obrigado.
Ela balançou a cabeça lentamente.
— Termos — ela o encorajou.
— Ah sim. Bem, eu tenho uma pequena casa para
fornecer. E um subsídio, que eu acho que é generoso o suficiente
para gerenciar o que você gostaria de ter.
— Eu tenho uma empregada. Posso trazê-la? —
Perguntou ela.
— Claro. Vou incluir seus salários nas despesas de casa.
— Winstead inclinou-se para trás e olhou para ela, com os olhos
cheios de uma luz, com fome, ansioso. — Eu gostaria de visitá-la
duas vezes por semana se você estiver aberta a isso. E nós
poderíamos ir a um evento em conjunto, uma vez por mês ou
assim.
Ele estava sendo muito razoável em seus pedidos e ainda
o coração de Elise tinha começado a bater com a ansiedade.
Quando ele disse que queria visitá-la, ele queria dizer visitá-la
para levá-la para a cama. Ela iria para a cama. Inferno, ela estava
um pouco surpresa que ele não tivesse insistido que eles fizessem
amor já como uma espécie de teste.
— Elise? — Ele pressionou, seu rosto caindo ligeiramente
em seu silêncio.
— Sinto muito — disse ela. — Estou, estou nervosa, eu
admito. Tudo isso parece muito bom, Theo. Mas posso perguntar
se... se posso fazer a mudança rapidamente? Minha situação na
minha casa atual é precária e seria melhor se eu fosse mais cedo
ou mais tarde.
Seus olhos se arregalaram um pouco.
— Eu não tinha ideia, eu sinto muito. Certamente, eu
posso ter você mudando em poucos dias, no máximo, se isso
funcionar para você.
Ela deu um suspiro de alívio.
— Sim muito mesmo.
— Bom.— Ele se inclinou e beijou-a novamente. Ela
tentou com todas as forças apreciar, mas não conseguiu. Ele não
pareceu notar. — Agora eu adoraria ir em um dos quartos de
Vivien e selar o negócio corretamente — disse ele, e ela endureceu
quando ele estendeu a mão para ela. — Mas eu acho que eu
gostaria de tê-la pela primeira vez na casa que eu fornecer para
você. Quando eu sei que você é minha.
Ela quase entrou em colapso.
— Sim. Isso seria muito bom — disse ela.
— Excelente. Eu vou ter o meu secretario redigir um
acordo com termos e enviá-lo à sua casa amanhã. Iremos iniciar
os preparativos para a sua mudança.
Ele a pegou em seus braços com uma risada e beijou-a
de novo, mas quando Elise se agarrou a ele, ela lutou contra as
lágrimas. Isso era o que ela queria, o que ela precisava.
E ainda assim ela não estava feliz na mínima. E ela sabia
que não importa o quanto ela tentasse, ela nunca seria. E que era
o castigo final para o seu passado.
— Sua graça?
Elise virou o rosto para a sua criada, Ruth, e encontrou a
jovem olhando para ela com uma expressão estranha.
— Esta é uma boa notícia, não é? — Perguntou Ruth.
Elise pestanejou. Ela tinha apenas dito a ela sobre os
seus acordos com Winstead.
— Sim — ela disse lentamente. — Há muito para ser
arranjado. E devemos fazê-lo em silêncio para que o Duque de
Kirkford não saiba dele. Eu não posso imaginar se ele ficará
satisfeito com a minha decisão.
Ela estremeceu com o pensamento de que Ambrose faria
quando ele percebesse que ela tinha tido um amante e que não
era ele.
Ruth franziu a testa.
— Eu vou embalar o mais discretamente possível. Elise
assentiu.
— Ótimo.
Olhou-se no espelho. Seu cabelo estava para baixo e
estava de camisola e robe. Ela parecia pronta para a cama, mas,
embora ela sofresse de exaustão, ela duvidava que ela iria receber
descanso.
— Você, você não parece feliz, Sua Graça — Ruth
sussurrou. — Sinto muito se isso vai para a frente.
— Não — ela disse com um olhar tranquilizador para ela
empregada. — Eu só não acho que isso é onde a minha vida iria
me levar.
Não, ela tinha tido um futuro completamente diferente
não há muito tempo. Com Stenfax. Se ela tivesse casado com ele
quando era suposto ter feito, por agora eles talvez tivessem um
filho. Uma bela criança.
Ela inclinou a cabeça e fechou os olhos para impedir as
lágrimas de caírem. Ela não podia render-se a esta dor ou ela iria
inunda-la, destruí-la. Ela tinha que ser forte, porque não havia
outra alternativa.
De repente, houve um grande baque em sua porta. Ela
ergueu a cabeça e saltou para seus pés, de frente para a barreira.
— Quem é? — Ela perguntou.
— Deixe-me entrar, Elise, ou vou chutar essa maldita
porta para baixo!
Ela engasgou. Era a voz de embriaguez de Ambrose, ele
mesmo, que vinha do corredor. Ela trocou um olhar de absoluto
terror com Ruth.
— O que vamos fazer? — Ruth sussurrou.
Elise olhou para o camarim.
— Vá para fora pela porta da sala contígua. Eu não quero
que ele desconte sua raiva em você.
— Mas sua benevolência— Ruth começou, os olhos
arregalados como pires.
— Faça-o — ela insistiu, quase empurrando a sua criada
em direção a fuga que ela própria não poderia tomar.
A menina fez como lhe tinha sido dito, mas deu um
último olhar com medo por cima do ombro enquanto ela partiu.
Elise alisou o manto e disse:
— Ambrose, eu estou abrindo a porta. Pare!
Ele não o fez, continuando a bater com tanta força que as
dobradiças da porta estremeciam com cada punho esmagador.
Ela tremia com o terror quando ela se virou para a porta e girou a
chave.
No momento em que ela fez, ele empurrou-a aberta,
quase jogando-a para baixo quando ele correu para dentro da
câmara. Ela se afastou em velocidade rápida, olhando brevemente
para a gaveta da penteadeira. Ela tinha uma arma na gaveta. Ela
tinha-a colocado há anos, para se proteger contra o marido
quando ele estava em um modo semelhante ao seu primo.
Agora ela estava feliz que ela nunca a tinha removido.
— O que é isso, Ambrose? — Perguntou ela.
Ele olhou para ela, seu olhar deslizando sobre sua
camisola informal e cabelo em torno de seus ombros. Ele deixou
escapar um arroto antes de dizer:
— O que você acha que eu estou fazendo aqui?
Ela puxou algumas respirações longas para manter a
calma.
— Eu não sei, mas você não tem direito de explodir em
minha casa, meu quarto, no meio da noite!
Ele inclinou a cabeça.
— Minha casa, sua prostituta. E eu estou aqui porque eu
ouvi sobre suas pequenas viagens a Vivien Manning.
Ela congelou. Vivien tinha assegurado que Ambrose não
tinha permissão para realizar uma participação em seu clube. E a
maioria não falava sobre o que via ou fazia lá, com medo de que
eles perdessem a sua própria associação. Mas Elise sempre soube
que ela estava tendo uma chance em ir lá, tornando público seu
desejo de encontrar um protetor.
Parecia que seus pintos estavam agora voltando para
casa para o poleiro, era o que os olhos arregalados de raiva
Ambrose eram indicação.
— Eu não sei o que você está falando. Eu nunca ouvi
falar dessa pessoa — disse ela, tentando deter o tremor em sua
voz. Falhando miseravelmente.
— Não minta para mim! — Ele gritou. — Alguém te viu lá
e me disse. Se você quiser abrir as pernas para qualquer um que
oferece dinheiro então estou aqui.
Ele lançou lhe uma moeda que ricocheteou no seu peito e
caiu no chão. Ela supôs que o pequeno valor da moeda era para
ser um insulto, mas ela não ficou insultada. Ela estava
totalmente apavorada.
— Agora tire a roupa — ele ordenou, começando a despir
o casaco ao mesmo tempo.
— Não — ela disse, sem se atrever a se mover.
Ele fez um som de raiva tão profundo em sua garganta
que ela quase entrou ali em colapso de terror. Em seguida, ele
correu para ela, atravessando a sala em poucos passos longos.
Ela se preparou, sua mente voltou-se para um tempo muito longo
atrás num dia de verão, quando Gray, Asher e Stenfax tinha
ensinado Felicity à forma de dar um soco.
Ela mal lembrava os seus ensinamentos, mas quando
Ambrose se virou para agarrá-la, ela disparou um punho e bateu-
lhe. Ela não tinha fechado completamente o punho, porém, assim
que seu dedo disparou para fora ela agarrou-o nos olhos.
Ele cambaleou para trás, cobrindo os olhos com a mão
enquanto ele fazia um som de dor. Com a outra mão, ele girou e
esbofeteou-a do outro lado da bochecha esquerda com tanta força
que ela viu estrelas. A força do golpe mandou-a cambaleando em
sua penteadeira. Seu quadril colidiu com a madeira e dor a
tomou inteira dela.
— Puta! Porra! Você vai pagar por isso.
Ela não pensou mais. Seu corpo parecia funcionar
inteiramente em piloto automático. Ela puxou a gaveta aberta.
Um pequeno cano duplo da pistola flintlock estava dentro. Ela
puxou-o de seu esconderijo e puxou para trás o martelo quando
ela girou para trás para nivelá-lo no peito de Ambrose.
Ele parou de se mover em direção a ela, e por um
momento a sala ficou em silêncio enquanto eles olhavam um para
o outro.
— Que pequena pistola você tem, excelência — ele
finalmente riu.
Suas mãos tremiam, mas ela não abaixou a arma.
— Eu estou certa de que ela funciona tão bem como
qualquer versão maior, Ambrose. Se você gostaria de testá-lo, eu
estou feliz em mostrar-lhe.
Ela desejava que sua voz sua-se mais calma, mais
recolhida, mas tremia como ela tremia da cabeça aos pés.
— Coloque-a para baixo, Elise — insistiu. Ela balançou a
cabeça. — Eu não devo.
Ele fez uma careta, mas não avançou.
— Você acha que, se você me parar hoje à noite, que você
vai me parar para sempre? Eu só vou voltar.
Ela mordeu o lábio e decidiu jogar suas cartas.
— Eu não vou estar aqui. Eu fui para Vivien, assim como
você já ouviu falar. Eu encontrei um protetor, Ambrose, e eu
estou deixando este lugar.
Seu rosto se contorceu de raiva.
— Você acha que pode ir embora? — Ele gritou, sua voz
alta agitando o quarto.
— Eu sei que posso — disse ela. — E eu não quero
derramar seu sangue no caminho, mas se você der mais um
passo em direção a mim...
— Tudo bem — ele disse suavemente, seu
comportamento e o tom terrivelmente calmo após toda a sua raiva
e arrogância. — Você vai. Você vai hoje à noite, de fato, se você
acha que é tão grande e poderosa. Mas saiba disto. Não acabou.
Eu sei sobre o livro de Toby.
Ela engoliu em seco após o nó de terror puro em sua
garganta e olhou para ele.
— Livro, que livro?
— Não jogue de estúpidoa, Elise. Você sabe o que é o livro
— disse ele.
Ela recuou.
— Eu não sei, Ambrose, e eu não me importo.
— Você deveria — ele disse com uma gargalhada. — É o
livro onde guardava todos os segredos que ele usava contra as
pessoas. Incluindo, eu seria capaz de apostar, o seu.
Terror frio caiu sobre cada parte de seu corpo, mas ela se
recusou a reagir.
— Eu não tenho nenhum segredo — ela mentiu. Ambrose
inclinou a cabeça com um olhar incrédulo. — Ele tinha que saber
de algum para a ter conseguido.
— Você sabe como ele me conseguiu. O maior título e
uma bolsa maior, isso é tudo que existe.
— Eu não penso assim — disse Ambrose com um sorriso.
— Porque todo o mundo também está falando sobre como você
está deitando com Stenfax novamente. E eu vi vocês dois no
terraço, na semana passada. A maneira como você olhou para ele,
você não teria saído a menos que o meu primo saudoso tivesse
algo poderoso sobre você. — Seu sorriso ficou mais amplo. — Ou
talvez não de você. Talvez de alguém que você gosta.
Ela balançou a cabeça.
— Não — ela sussurrou.
— Sim, eu já ouvi o suficiente esta noite.— Ambrose
voltou para a porta. — Você está adiando o inevitável, Elise. Você
sabe disso. Vou tê-la, seja pela força ou por um acordo uma vez
que eu saiba os segredos que você mante em seu coração gelado.
Agora você e sua empregada saiam da minha casa. Minha
generosidade termina hoje à noite.
Ele saiu para o corredor, batendo a porta atrás de si.
Elise caiu de joelhos, a arma ainda levantada, olhando para o
lugar onde ele tinha ido. A porta para o camarim se abriu e ela
virou a arma em direção a ela, mas era Ruth, que entrou. A
menina gritou de horror quando ela se encontrou cara a cara com
a arma.
— Oh, Sua Graça — Ruth sussurrou enquanto Elise
baixou a arma — Seu olho!
Elise pestanejou. Em seu terror, ela tinha esquecido que
Ambrose a tinha golpeado. Seu olho imediatamente começou a
latejar e ela ergueu a mão, para encontrá-lo já inchado.
Ela não conseguia segurar por mais tempo. Ela inclinou a
cabeça, seu corpo tremendo, e as lágrimas começaram a cair. Sua
empregada apressou para ela e se ajoelhou ao lado dela, retirando
cuidadosamente a arma de seus dedos doloridos e pousando-a de
lado.
— Eu ouvi a maior parte — disse Ruth.
Elise não respondeu, apenas continuou chorando. Esta
noite era o culminar de que parecia ser uma vida de dor e
decepção. Ela havia sacrificado sua vida, seu futuro, pelos
segredos que Toby tinha descoberto, mas ela realmente
acreditava que tinham morrido com o homem repugnante.
Agora, parecia que eles podiam não ter. Tudo o que ela
tinha lutado para proteger estava em risco novamente. Tudo o
que ela tinha feito poderia muito bem ser por nada.
— Para onde vamos? — Perguntou a empregada.
Elise ergueu a cabeça. Essa era uma pergunta muito boa.
Winstead se ofereceu para ser seu protetor hoje à noite, mas ela
não tinha ideia de onde ele morava, nem se ele aceitaria se ela
aparecesse lá.
E o fato era que os segredos que Ambrose ameaçava
tinham tudo a ver com Stenfax. Ela tinha tentado protegê-lo,
proteger a sua família, por causa desses segredos.
Mas agora parecia que estava fora do seu alcance. Ele
tinha o direito de saber sobre a ameaça da qual ela não poderia
protegê-lo.
— Vamos para o Conde de Stenfax. — ela sussurrou,
limpando as lágrimas e empurrando-se de pé com as pernas
trêmulas. — É a única opção agora, não importa o quanto eu
tentei evitá-lo. Embale o máximo que puder o mais rápido que
puder. Sairemos dentro da meia hora.
Stenfax enterrou os dedos no cabelo de Elise, arrastando
seu corpo contra o dele enquanto ele a beijou profunda e
apaixonadamente. Ela se moveu contra ele, sussurrando como
ela o amava mais e mais. Mas, no fundo, havia um som
persistente. Bang, bang, bang.
Ele tentou ignorar, virando o rosto dela em direção ao
seu, vendo todo o amor ali, observando o tempo todo, e as
mentiras foram desaparecendo, até que eles pudessem ficar
juntos.
Bang, bang, bang.
E nesse momento, ele percebeu que era um sonho.
— Não! — Disse ele, segurando mais apertado, mas ela
estava sumindo, desaparecendo.
Ele abriu os olhos e sentou-se com um sobressalto. As
batidas na porta de seu quarto eram altas e constantes.
— Meu Senhor? Meu senhor? — Era a voz de seu
mordomo Xavier no corredor.
— Entre, Xavier. — Stenfax resmungou, ajustando as
cobertas sobre seu corpo nu. — Pelo amor de Deus, pare de bater.
A porta abriu e Stenfax se encolheu com a luz do hall,
levantando a mão para bloqueá-lo e à sombra do seu servo entrar
na sala escura.
— Eu sinto muito perturbar, meu senhor — disse Xavier.
— Que horas são? — Stenfax resmungou.
— Depois de três, senhor — disse Xavier.
Stenfax olhou para ele. O mordomo normalmente
impecável estava em seu roupão de banho torto e uma
bebida. Ele segurava uma vela que deu ao seu rosto enrugado um
brilho estranho.
— Por que você está no meu quarto às três da manhã? —
Perguntou Stenfax, mas apesar de seu tom calmo, ele estava
começando a se preocupar. Não havia nenhuma boa razão para
que ele fosse incomodado por sua equipe assim. Apenas tragédia.
— Você tem um visitante, meu senhor — disse Xavier, e
pelo seu deslocamento, ele estava muito desconfortável dando
esta notícia.
— Quem? — Disse Stenfax, seu tom acentuado no
último.
— É a duquesa de Kirkford, meu senhor. E uma
empregada. — O homem mudou de novo. — E uma pequena
valise.
— O quê? — Stenfax latiu, afastando as cobertas e
agarrando seu manto.
— Elas-elas chegaram muito de repente e eu coloquei-as
na sala de estar. Ambos pareciam muito chateadas — O servo se
cortou e Stenfax deu um passo em direção a ele.
— E?
— Sua Graça tem uma contusão desagradável em seu
olho, meu senhor.
Stenfax ficou tenso. Ele havia deixado o clube de Vivien
horas antes e Elise estava aparentemente segura nos braços de
Winstead. Agora ela estava aqui e ferida.
— Ela foi atingida — ele cerrou os dentes.
— Parece que sim — disse Xavier com um aceno solene.
Stenfax respirou fundo, principalmente para não gritar
sua raiva e angústia em sua dor. Então ele olhou para Xavier.
— Mande a empregada para os aposentos dos criados,
certifique-se de que ela esteja confortável lá. E a valise pode ser
levada a uma câmara para a sua senhoria. Você escolhe, e deixa
a porta aberta para que eu possa acompanhá-la lá mais
tarde. Vou descer em um momento para falar com Elise-err, Sua
Graça.
— Sim, senhor. — Xavier fez uma reverência antes de se
mover para a porta.
— E Xavier? — Disse Stenfax, impedindo-o de partir.
— Sim? — Perguntou o mordomo, voltando.
— O vinho esta noite estava gelado. Ainda temos algum
gelo?
— Um pouco — disse Xavier. — A maioria derreteu.
— Reúna o que nos resta em um pano e dê a Sua Graça.
Por sua lesão.
Xavier assentiu, e desta vez Stenfax o deixou sair do
quarto. Ele andou pela câmara por um momento, não porque ele
não queria se apressar para encontrar Elise, mas porque ele
desesperadamente queria. Ele precisava ficar calmo antes de vê-
la. Seja lá o que ela tinha passado por aquela noite, ele não
estava a ponto de torná-lo pior ao entrar em pânico e gritando.
Só que ele não ia ficar calmo. Ele sabia disso. Ele
também sabia outra coisa, poderosa e claramente.
Ele estava apaixonado por Elise. Ainda. Sempre. Para
sempre.
E foi horrível.

Elise sentou-se na cadeira perto do fogo, à espera de


Lucien, como tinha sido instruída a fazer por seu mordomo
Xavier alguns momentos antes. Ruth tinha ido com o servo, valise
na mão, e Elise tinha estado sozinha desde então.
Por si só não era um bom lugar para estar em seu estado
atual. Ela continuou revivendo aqueles momentos terríveis com
Ambrose, a dura compreensão de que a estupraria, e depois que
feriu seu olho, que pudesse até mesmo fazer pior do que isso.
Ela também se manteve revivendo suas ameaças. Ele
poderia estar certo de que Toby tinha um livro de segredos? Ela
não duvidaria disso. Ele adorava manter esse tipo de coisas sobre
as pessoas, para o esporte ao invés de ganho. Ele tinha vivido
para controlar e magoar.
Ele morreu fazendo o mesmo, em um duelo por uma
mulher casada que ele nem sequer se preocupava. Ele só queria
debochar de seu marido. Que também tinha sido sua motivação
para — levá-la — de Stenfax. Ela tinha sido um troféu durante o
casamento, nada mais. Ele trouxe-a para fora quando ele queria
exibi-la e ignorou quando ele não o fez.
Ela estremeceu com a crueldade do ex-Duque de Kirkford
e a corrente. Felizmente seus pensamentos foram interrompidos
quando Xavier voltou para a sala de estar com um pano na mão.
— Para seu olho, Sua Graça — disse ele, sem encontrar
seu olhar enquanto entregava o item.
Ela pegou e sentiu a frieza de gelo dobrado dentro das
camadas de tecido macio. Ela levantou-o com um rubor e cobriu
seu olho latejante.
— Obrigado — ela sussurrou.
Ele assentiu.
— O conde estará com você momentaneamente. E sua
empregada está muito confortavelmente situada agora, assim não
terá que se preocupar com ela.
Elise conseguiu dar um sorriso para a bondade do
mordomo de Stenfax. Ela certamente não merecia tanto.
— Boa noite, Sua Graça. Se eu puder ser de qualquer
ajuda amanhã, eu espero que você não hesite.
Executou uma rápida reverência, em seguida, deixou-a
para si mesma novamente.
Elise suspirou e se levantou, caminhando até o fogo para
olhar para ele com o olho que não foi coberto atualmente. O outro
ainda doía, mas o gelo fez ajudar um pouco.
— Elise?
Ela se virou e prendeu a respiração. Stenfax estava na
porta, uma túnica amarrada na cintura, mas suas pernas e pés
estavam nus e um V de peito nu era visível através da parte
superior do roupão. Ele não estava usando nada por baixo, e seu
corpo ficou tenso, apesar de tudo o que ela tinha passado por
aquela noite.
Ele não disse mais nada, apenas atravessou a sala em
direção a ela. Ela esperou por ele, imóvel e sem palavras quando
ele gentilmente pegou sua mão e baixou o pano de seu olho.
Seu olhar se arregalou e seus lábios viraram para baixo
em uma careta irritada quando ele olhou para seu olho. Ela não
tinha olhado para ele ainda, mas ela podia sentir que ele estava
inchado.
— Droga — ele disse, e então levantou o gelo volta para
cobrir o ferimento.
— Não dói — ela sussurrou.
— Mentirosa — ele disse, seu tom áspero e duro.
Ela inclinou a cabeça. Sim, ambos sabiam que era
isso. Mas esta noite tinha despojado todas essas mentiras. Todas
as verdades iriam sair agora. Ela poderia muito bem começar a
praticar em mais fáceis do que os que estavam por vir.
— Dói — admitiu ela. — Mas isso vai desaparecer.
— Melhor — disse ele. — Quem fez isso com
você? Winstead?
Ela prendeu a respiração quando olhou para ele
novamente.
— C-como você sabia que eu estava com Winstead hoje à
noite?
Ele deixou escapar um longo suspiro. — Fui à casa de
Vivien. Eu... vi você com ele.
Ela apertou os lábios. — Você também sabe que
concordamos com os termos esta noite?
Ele endureceu e sua mandíbula se contraiu, respondendo
a sua pergunta antes de soltar.
— Não. Eu não.
— Não foi ele quem fez isso, Lucien.
— Então quem? — Ele perguntou, sua voz ainda áspera
quando ele estendeu a mão para traçar o queixo com as pontas
dos dedos. — Quem fez isto?
Ela lutou por calma a verdade nunca tinha sido fácil com
esse homem. Ainda menos agora que era uma caixa de Pandora
de dor à espera de ser desencadeada em ambos e todos os outros
que eles amavam.
— O novo duque de Kirkford — ela admitiu suavemente.
Tudo no rosto de Lucien ficou escuro e duro. Como uma
tempestade em um mar bravo, ele parecia totalmente destrutivo e
perigoso.
— Ele invadiu meu quarto, exigindo- — Ela parou com
um soluço que ela nem sabia que estava por vir. — Mas eu não o
deixei.
Silenciosamente, Lucien deslizou seus braços em volta
dela e puxou-a contra seu peito. Ele passou a mão em seus
cabelos enquanto ele sussurrava:
— Você não tem que me dizer esta noite. Haverá tempo
de sobra para fazê-lo amanhã. Mas eu quero perguntar uma
coisa.
Ela assentiu com a cabeça contra o peito, embalada pelo
seu abraço, pelo seu cheiro, por tudo o que ela amava nele.
— Se você chegou a um acordo com Winstead, por que
você veio aqui depois que você foi atacada?
Ela soltou uma respiração quebrada.
— Porque eu não sabia onde ele morava — ela admitiu, e
sentiu Stenfax endurecer. Ela ergueu o olhar para que ele
pudesse ver seus olhos. — E porque eu sabia que você ia me
manter segura. Mesmo que eu não mereço isso.
Sua expressão se suavizou e ele sussurrou.
— Você não merece estar em perigo, Elise. Agora vem. É
muito tarde e podemos falar de tudo amanhã. Deixe-me levá-la lá
em cima.
Ele pegou sua mão e levou-a em direção ao quarto, levou-
a até a escada longa e por um corredor. Uma porta tinha sido
deixada aberta e ele puxou-a completamente. Ela olhou em volta.
Era um quarto de hóspedes, simples, mas utilizável. Ele
ainda estava fresco na sala, o que era de se esperar considerando
que ela tinha acabado de chegar e os servos que haviam sido
despertados para lidar com ela estar lá tinha apenas alguns
momentos para prepará-lo. Sua valise repousava sobre uma mesa
perto da janela e as tampas estavam utilizadas na cama.
Não era o quarto de Lucien, é claro. Ela nunca tinha visto
o quarto de Lucien. A noite em que eles roubaram —
fizeram amor, antes de seu noivado ser destruído — estavam em
seu antigo quarto na casa de seus falecidos pais. Ele tinha se
esgueirado através de sua janela.
Ela sacudiu as memórias para longe e olhou para ele. Ele
só estava... olhando para ela, e não tinha feito nenhum
movimento para entrar mais no quarto, nem para deixá-la.
— É lindo — ela sussurrou.
Ele encolheu os ombros.
— É seguro para esta noite. Seguro até que possamos
resolver isso.
Ela aproximou-se dele num passo, incapaz de se
conter. Incapaz de manter-se de levantar a mão para acariciar
sua bochecha com a palma da mão. Ele fechou os olhos com uma
longa exalação e inclinou-se para seu toque.
— Você vai ficar? — Ela perguntou em voz baixa.
Seus olhos se abriram, escuro e encapuzados quando ele
olhou para ela. Mas também resistentes. E ela sabia o porquê.
Eles haviam dito que esse caso estava acabado, se ele a
levasse mais uma vez, isso confundiria tudo.
Esta noite, porém, tê-lo não era a primeira coisa em sua
mente. Não era a última, tampouco, mas não foi por isso que ela
lhe pediu para ficar.
— Eu continuo imaginando ele vindo do outro lado do
quarto para mim — ela admitiu prendendo a respiração. —
Então, eu peço fique, não para fazer amor comigo, mas só assim
você vai... ficar.
Ele sustentou seu olhar por um longo momento e ela
poderia dizer que ele estava analisando a veracidade de suas
palavras. Mesmo nisto, ele não acreditava nela. Mas por que
ele? Ela tinha ganhado.
Ele não disse nada enquanto pegava a mão dela
novamente e a movia para a cama. Ele a virou e começou
desabotoando o vestido que Ruth tinha apressadamente a
ajudado a entrar por cima de sua camisola. Ela prendeu a
respiração quando suas grandes mãos roçaram suavemente sobre
sua pele, aquecendo-a, acalmando-a.
Ele afastou o vestido e olhou para ela.
— Você realmente tinha que correr, não é? — Ele
murmurou,
Olhando fixamente sua camisola com suas correias
costuradas.
— Você acha que eu dei um soco nos olhos só para
manipular você para me salvar?
Ele considerou isso um momento.
— Não. Não. Desculpe-me se parecia que eu duvidei de
você. Eu não. Agora, venha.
Ele apontou a cama e ela ficou debaixo das cobertas e
deslizou mais, deixando-lhe um espaço. Ele fechou os olhos,
respirou fundo, e quando os abriu, ele começou a ir para o lado
dela, o roupão ainda amarrado na cintura.
— Você dorme com seu manto? — Perguntou ela.
Seu olhar prendeu o dela.
— Eu durmo sem nada. Eu não acho que seria
particularmente uma boa ideia.
Ela lambeu os lábios e seus olhos se arregalaram, mas
ele ficou na cama, independentemente e apagou a vela sobre a
mesa lateral.
— Vire-se — ele sussurrou no escuro. — De frente para a
janela.
Ela o fez, colocando-se de volta para ele, e ele colocou-se
em torno dela por trás, puxando-a de volta contra o seu peito
quente. Uma mão descansou em seu estômago, a outra apoiando
seu pescoço debaixo do travesseiro.
Ela recostou-se contra ele, enterrando-se em seu
abraço. Oh sim, ela podia sentir a rigidez de seu pênis contra o
seu traseiro. Ele a queria. Ela o queria. Mas, por agora, não era
essa a razão pela qual ele estava aqui.
Ele estava aqui para protegê-la, confortá-la, e isso
significava mais do que qualquer paixão que eles pudessem
compartilhar. Pela primeira vez em anos, seu corpo relaxou,
acolhendo o sono ao invés de temê-lo. E ela adormeceu com o
hálito quente de Lucien em seu pescoço e seu corpo embalando o
dela.

Lucien abriu um olho lentamente. Ele não tinha fechado


as cortinas internas ontem à noite, por isso apenas um fino
tecido, aqueles destinados à privacidade, cobria a janela. O sol da
manhã fluía para o quarto, em cascata sobre a cama e a mulher
ao lado dele.
Em algum momento ela rolou de costas, e por isso ele
tinha a visão perfeita de seu rosto relaxado, seus lábios cheios e o
olho preto desagradável que até mesmo o gelo não tinha evitado o
inchaço e escurecimento.
Seu estômago se apertou ao vê-lo machucado. Ele iria
matar aquele filho da puta por tocá-la. Por tentar fazer pior do
que apenas enegrecer seu olho.
Seus olhos se abriram, com o olhar turvo com o sono, e
ela sussurrou: — Este é sempre o meu sonho favorito.
Ela levantou a mão para cobrir a parte de trás de sua
cabeça e puxou-o para baixo, erguendo os lábios para os dele. Ele
deveria ter puxado para trás, resistido, mas ele não podia. Ele a
beijou de volta, gentilmente, mas gentil não importava. Seu corpo
já estava duro e tocando-a tornou isso pior, não melhor.
Ela se moveu contra ele com um murmúrio sonolento, e,
em seguida, ela se afastou de repente e olhou para ele. Ele podia
vê-la perceber que isso não era o sonho que ela referenciava. Ele
estava realmente lá. Ela estava realmente lá. Isso era realmente
seu pênis empurrando em seu estômago.
Sua respiração era curta, suas pupilas dilatadas, quando
ela alcançou entre eles e empurrou as dobras de seu manto de
lado. Ela encontrou seu pênis e o pegou na mão, deslizando os
dedos para baixo do comprimento suavemente.
— Droga, Elise — ele murmurou enquanto pressionava a
boca contra o pescoço dela. Ele chupou lá enquanto ela
acariciava, precariamente à beira de perder todo o controle.
Mas ele não o fez. Lentamente, ela rolou até que estava
em cima dele, montando seu colo, abaixando a boca para a
dele. Ele sugou sua língua, desesperada para se juntar com ela, e
ela estremeceu de prazer. Sua mão alcançou entre eles, ela guiou-
o na posição e de repente ele estava deslizando em calor molhado,
apertado. Ela ondulou em torno dele, pulsando e massageando
enquanto ela soltava um gemido quebrado, aquecida de
prazer. Ela moveu seus quadris, levantando contra ele,
esfregando-o, e ele estava completamente perdido em sensações.
Ela se moveu com propósito, dirigindo em direção ao seu prazer e
arrastando-o para o passeio. Não demorou muito para ela
encontrá-lo. Ela soltou um grito suave, que ela abafou beijando-o,
e seus quadris bombeado com força contra ele. Ele sabia que ele
gozaria, ele não poderia pará-lo, e pulsou com força dentro dela,
encontrando seu prazer sem a retirada de seu calor.
Ela se afastou, sua respiração curta, e eles olharam um
para o outro, reconhecendo o que tinham acabado de fazer. O que
poderia resultar isso.
Ela se afastou e se sentou.
— Eu não manipulei isso — disse ela.
Ele olhou para ela. Ela sentiu que tinha de se defender, e
por que não? Ele estava acusando-a de comportamento muito
pior e manipulações por semanas agora. Mas olhando para ela,
pensando sobre o que tinham acabado de fazer, ele percebeu que
não sentia tal acusação para ela agora.
— Não, eu não acho que você fez. Eu poderia ter te
movido.
Ela se levantou e sua camisola caiu em torno de seus
quadris e pernas. Ela andou em direção à janela, a luz
enquadrando-a como um anjo. — Eu nunca iria prendê-lo.
Ele se levantou também, vendo as emoções tocarem em
seu rosto. Ela estava chateada porque ele poderia ter arruinado
seus planos para encontrar um amante para protegê-la? Ou era
realmente que ela não queria ser julgada por ele, odiada por ele?
No final, ele supôs que isso não importava.
— Vou chamar sua camareira — disse ele suavemente. —
Vista-se me acompanhe no café da manhã. Há muito para
discutirmos.
Ela se voltou para ele, e agora seu olhar passou de
preocupação a terror extremo. Lentamente, ela balançou a
cabeça.
— Sim. Eu tenho tanto para lhe dizer, Lucien. Tanta
coisa para dizer.—
Ele recuou um passo, sem saber como proceder quando
ela tinha tal expressão. No final, ele apenas balançou a cabeça.
— Vejo você lá embaixo.
Ele se moveu para a porta, tocando a campainha para
seu servo quando ele saiu. Mas no corredor, ele se encostou na
parede, recuperando o fôlego. Ele passou sua vida olhando para
trás e identificando momentos em que tudo tinha
mudado. Quando seu pai morreu e ele se tornou conde, quando
Elise o deixou e destruiu tudo e agora... este momento. Em seu
coração, ele sabia que tudo estava prestes a mudar.
Ele só não sabia como. E isso o aterrorizava.
Lucien ficou na sala de café da manhã quase uma hora
mais tarde, vestido e pressionado e soando cada polegada do
Conde de Stenfax. Mas sentia-se menos do que impecável
enquanto se servia de uma xícara de chá e olhava
preguiçosamente em direção à porta. Em alguns momentos Elise
iria entraria e, em seguida...
Bem, ele ainda não conseguia afastar a sensação de que
tudo estava prestes a mudar.
— Bom dia, meu senhor — Xavier disse quando ele
chegou à entrada da sala de café da manhã.
Lucien soltou um suspiro que não sabia que estava
segurando e assentiu.
— Xavier. Obrigado novamente por sua ajuda na noite
passada. Sua Graça vai se juntar a mim para o café da manhã em
breve, e se você está se perguntando sobre futuros acordos, eu
sinceramente não tenho nenhum para compartilhar com você até
eu falar com ela. —
— Eu entendo, senhor. A verdade é que eu vim aqui para
dizer que sua família está aqui.
Lucien lentamente colocou o copo de volta no pires.
— Minha família?
— Sr. e Sra Danford e Lady Barbridge — o mordomo
esclareceu. — Sua mãe não parece estar presente.
Lucien suspirou profundamente, pois ele quase desejava
que sua mãe estivesse aqui. Lady Stenfax conteria a língua de
Felicity e Grey de uma forma que Rosalinde não podia.
Especialmente, desde que não haveria como esconder
que Elise estava aqui. Nem que seu olho estava enegrecido. Nem
qualquer outra coisa.
— Alguma chance que eles possam ser convencidos de
que eu não estou na residência? — Ele perguntou, sabendo a
resposta antes mesmo de Xavier se mover em desconforto.
— Sr. Danford disse que se você me perguntasse isso,
que eu dissesse, 'nós não vamos embora, então você também
pode parar de se esconder'. Peço desculpas, meu senhor, sou
apenas o mensageiro.
— Claro que você é, eu não o culpo. Apenas envie-os. —
Lucien endireitou seu colete e permaneceu em pé. Dentro de um
momento, Gray, Rosalinde e Felicity entraram pela porta.
— Bom dia — Lucien apertou o maxilar. — Não me
lembro de você enviar uma mensagem que você estaria
chamando. Eu receio que seja um pouco inconveniente recebê-lo
esta manhã.
Rosalinde pelo menos teve a decência de parecer
envergonhado pela observação, mas Felicity e Gray não o
fez. Grey, de fato, cruzou os braços e grunhiu — Eu não me
importo com o inconveniente, Stenfax. Nós precisamos falar com
você.
Felicity lançou um olhar ao seu irmão e se aproximou se
moveu em direção a Lucien com um ar muito mais suave.
— Lucien, todos nós estamos preocupados.
— E eu aprecio isso. Mas devo dizer-lhe que Elise...
Ela pegou seu braço.
— Elise é exatamente o tema que nós viemos aqui para
abordar. Por favor, você não vai deixar-nos falar sem interrupção,
sem discussão?
Ele apertou os lábios. Ele estava tentando avisá-los de
Elise estar lá e todos eles estavam determinados a realizar algum
tipo de... mediação com ele sobre esse assunto.
— Eu estou tentando dizer...
— Todos nós sabemos que você está na cama dela —
Gray interrompeu.
Rosalinde corou e disparou a Lucien um olhar de
desculpas antes que ela dissesse:
— Eu pensei que não ia ser tão brusco, meu amor.
Gray sacudiu a cabeça.
— Sinto muito, Rosalinde. Este é um assunto importante
demais para dançar ao redor. Lucien, eu esperava que a sua
obsessão com a mulher iria passar, mas temo que não, então eu
devo dizer-lhe que eu me preocupo com o que aconteceu antes.
Felicity estava balançando a cabeça junto com ele, e
Lucien ficou tenso.
— Não há nenhuma razão para discutir isso — ele
retrucou. — O assunto está encerrado.
Gray levantou as mãos em frustração e quase gritou:
— Lucien, você estava em uma parede do terraço e quase
atirou-se para a sua morte por causa desta mulher. Como eu
posso ficar de braços cruzados enquanto você está emaranhando-
se em sua teia de novo?
— Lucien?
Todos os quatro viraram-se como um grupo e Lucien
prendeu a respiração. Elise estava de pé na entrada da sala de
desjejum, com as mãos trêmulas em seus lados, o rosto pálido.
E ele sabia, sem dúvida, que ela tinha acabado de ouvir
as palavras de seu irmão. Todas elas.

Elise olhou para Lucien, as palavras de Gray zumbido


nos ouvidos. Gray e Felicity estavam observando-a, ela sentiu
seus olhares chocados quando perceberam que ela estava aqui e
provavelmente estivera desde a noite passada.
Mas ela não se importava. Tudo o que importava era
Lucien.
— Você quase se matou — ela sussurrou. — Por-
por minha causa?
Seu rosto se contraiu. Ela conhecia esse movimento
muito bem. Sempre foi um sinal revelador de um assunto que ele
não gostava. Um que ele não queria falar.
Ele não se moveu em direção a ela, mas disse:
— Eu estava muito bêbado, Elise. Foi a noite em que você
me deixou. E não me veria.
Ela cambaleou para trás, quase se depositando no chão
enquanto levantava uma mão para cobrir seus lábios trêmulos.
Dor e culpa a atravessavam, como uma bala, como uma faca, e
ela sentiu as lágrimas começando a fluir pelo seu rosto.
— Oh, Lucien, Lucien. — Sussurrou ela.
Grey se colocou entre eles finalmente e olhou para
ela. Ela virou o rosto, incapaz de olhar completamente para ele
quando ele estava cheio de um ódio tão desprezível para ela.
— Você finge dar a mínima sobre sua reação quando você
nem sequer o veria? Quando você tinha de saber o dano que você
faria?
— Pare — disse Lucien, pegando o braço do irmão. Gray
sacudiu-o.
— Não. — Gray virou esse mesmo olhar para seu
irmão. — Alguém precisa bem enfaticamente dizer isso a ela. Você
destruiu meu irmão, você feriu minha irmã, e agora você quer
voltar para sua vida e fingir que não fez nada?
— Eu não fingi — Elise sussurrou, segurando-se na
posição vertical agarrando o encosto da cadeira mais próxima. —
Eu nunca me perdoei pelo que fiz para ele e eu nunca mais me
perdoarei agora que eu sei o que quase aconteceu por minha
causa.
Felicity moveu-se para ela agora quando Grey se afastou
com um bufo de desgosto. Elise não podia deixar de olhar para
ela. Ela não tinha visto sua melhor amiga em três anos. Eles
tinham evitado uns aos outros assim como Lucien tinha evitado
ela durante esse tempo. Agora, sua mente girou de volta para
risos de menina e de momentos felizes.
Felicity estava linda, como sempre esteve, apesar de seu
cabelo loiro estar puxado severamente para trás e ela não tinha
nada além de desprezo em seus olhos azul-claro.
— Não se atreva a chorar — Sussurrou Felicity. Em
seguida, ela recuou e olhou. — O que-o que é... seu olho está
preto, Elise.
Elise virou-se quando Gray deu um longo passo para ela
e sua esposa, Rosalinde, levou a mão até a boca com um
suspiro. Ela esperava, em seu estado chateado, que todos eles
iriam ignorar esse fato. Especialmente Felicity. Felicity, que tinha
sofrido intenso abuso físico nas mãos de seu falecido marido.
Felicity, que sofreria mais quando a verdade sobre as
mentiras de Elise saíssem.
— Não é nada — disse ela. — Eu sei que não é nada. Eu
não quero sua piedade.
Mas o tom da sala tinha suavizado com a observação de
Felicity e sua amiga recuou, seu olhar menos acusador.
Elise olhou para Lucien novamente e ele balançou a
cabeça lentamente, como se encorajando-a a dizer alguma coisa,
fazer alguma coisa, algo corajoso. E tinha que fazê-lo agora. Não
havia mais escolha. Convinha que haveria uma
audiência, esta audiência para o que estava por vir.
— Eu vim aqui ontem à noite, porque o novo duque de
Kirkford me atacou — explicou ela suavemente. — Eu tinha outro
lugar para ir-Ambrose estava certo disso. Eu não deveria ter
voltado para Stenfax. Eu não mereço nenhuma bondade sua,
nem compreensão de ninguém. Eu sei disso. — Ela limpou a
garganta e se virou. — Em circunstâncias normais, eu teria
simplesmente ido embora. Percebi que seria melhor para você. —
Ela olhou para Stenfax novamente. — Mas... eu não posso.
— Por quê? — Gray estalou. — Por que você afirma que
não pode parar com essa loucura?
Ela balançou a cabeça.
— Porque algo do passado voltou para me
assombrar. Algo que pensei que eu... eu tinha resolvido. Fui uma
tola de pensar que eu tinha. E devo dizer-lhe a verdade. — Ela
deixou que seu olhar se desviasse para Stenfax e encontrou-o
olhando para ela, preciso e quase pronto. Como se ele sabia que
algo terrível estava prestes a vir e ele se preparou para isso. Ele
não sabia da missa a metade. — Devo dizer tudo.
A nova esposa de Gray deu um passo adiante, então, um
olhar gentil no rosto. Elise quase chorou ao vê-lo, pois era a única
bondade nesta sala cheia de raiva e mal-entendidos e apreensão.
— Posso fazer uma sugestão? — Rosalinde disse
suavemente. Quando ninguém respondeu, ela continuou de
qualquer maneira. — Por que não vamos para a sala ao lado e
sentamos? Isto é, obviamente, um momento altamente emocional
para todos e isso pode torná-lo mais fácil, sim?
— Ótima ideia — Stenfax resmungou.
Rosalinde se moveu para Felicity, que ainda olhava com
incredulidade e dor no olho negro de Elise. Tomou seu cotovelo e
delicadamente a guiou para fora do salão.
Stenfax lançou um olhar para Elise e ela pensou que ele
poderia se mover para ela, mas Gray entrou em seu lugar ao lado
dele e os dois homens saíram do quarto com ela atrás deles, fora
do círculo deles. Uma vez que ela terminasse, ela nunca seria
deixada entrar novamente.
Mas então, ela não esperava que fosse. O que quer que
estivesse fazendo com Stenfax, esse passado havia sido roubado
desde o começo. Ela nunca esperou que durasse, só esperava que
fosse. E que tinha sido tola se ela agora estivesse desapontada.
Eles entraram na sala de estar fora da sala de café da
manhã e Rosalinde situou todos. Ela e Gray sentaram-se no sofá,
a mão colocada firmemente sobre a dele. Felicity se sentou em
uma cadeira, enquanto Elise afundou em outra. Mas Stenfax não
se sentou.
Não, ele permaneceu de pé junto à lareira, os olhos fixos
nela.
— Comece — disse ele.
Elise deu um longo suspiro e manteve seu olhar sobre
ele.
— Eu nem sei por onde começar — ela sussurrou.
— Por que não começar com a noite você decidiu que
Lucien não era bom o suficiente para você — Felicity rebateu.
Elise estremeceu e atirou a sua ex-melhor amiga um
olhar.
— Eu começaria por lá, mas isso não é o começo da
história. A história não começa com Lucien e eu, mas com o meu
falecido marido.—
Lucien cruzou os braços.
— Kirkford.
Ela assentiu com a cabeça.
— Sim, Kirkford. Ele sempre odiou, Lucien. Grey,
também, mas principalmente, você. Eu ouvi sobre isso durante
anos depois, embora eu não sabia então. Você sabe por que ele
odiava você?
Lucien franziu a testa enquanto a encarava.
— Eu não faço ideia. Estávamos na escola juntos e eu
pensava que ele era um burro, honestamente.
— Ele era um burro — Gray murmurou. — Não sei o que
tem a ver com isso.
— Deixe a pobre mulher falar — Rosalinde disse
suavemente. — Tenho certeza de que tudo vai se esclarecer.
Elise deu a Rosalinde um olhar de gratidão antes de
continuar:
— Sim, ele te odiava na escola. Ele disse que você era —
dourado. Não importa o quê, você sempre foi popular, sempre
gostavam de você, onde ele... Lutava.
— Então ele me odiava porque eu tinha mais amigos na
escola. Eu realmente não dou a mínima — disse Lucien, sua
frustração clara.
Ela levantou uma mão.
— Não é por isso que ele o odiou. Bem, é, mas não é por
isso que ele queria destruí-lo. Cerca de três anos e meio atrás,
você estava em um clube, jogando em uma mesa com ele. Ele
estava bebendo e, aparentemente, trapaceando. Você o pegou.
Lucien parecia confuso por um momento, e então seu
rosto se iluminou com reconhecimento.
— Sim, eu me lembro disso. Ele estava bêbado além da
conta e arrogante. Ele tinha acabado de se tornar duque, penso
eu, e queria ser tratado como a realeza. Quando percebi que ele
estava trapaceando, eu o repreendi. Ele virou uma mesa e me deu
um soco
— E foi publicamente e permanentemente banido do
clube — Elise terminou por ele, segurando seu olhar
uniformemente.
Lucien recuou um pouco e assentiu.
— Sim, essa parte aconteceu também.
— Bem, isso o humilhou. Como você disse, ele tinha
acabado de se tornar duque e ele sentiu que ele merecia ser
respeitado e reverenciado. Todos sabiam de sua... situação
financeira, e ainda assim você ainda era aceito. Preferido. Era
uma motivação final para Kirkford.
— A gota d'água — disse Gray. — O que isso significa?
Elise voltou-se para Gray.
— Ele decidiu que iria destruir Lucien. E que é onde a
história começa a me envolver.
Felicity se levantou.
— Então você participou ativamente dessa vingança
deixando meu irmão.
— Não! — Elise falou, girando em direção a ela. —
Grande Deus, você pensaria que você me conhecia melhor depois
tudo o que passamos, Felicity.
— Eu não a conheço. Eu pensei que conhecia, mas eu
nunca conheci — Felicity disse de volta, seu tom frio e
desprezível. Elise se afastou.
— Sente-se, vou explicar isso agora, se todos pararem de
me interromper. — Felicity lentamente o fez, mas ela cruzou os
braços e olhou para Elise. Seu desprezo era vasto e não
mascarado no mínimo. Parecia tão doloroso como o soco de
Ambrose na noite anterior.
Elise deu um longo suspiro. Stenfax estava olhando para
ela agora, não mais inclinado sobre a lareira, mas seu corpo
enrolado com a tensão, como se estivesse se preparando para um
ataque.
— Kirkford veio até mim na noite anterior a expulsão —
explicou ela. — Foi na noite do baile e eu chorei com uma dor de
cabeça, mas meus pais tinham ido. Eu estava sozinha quando ele
chamou. Eu mal conhecia o homem, mas eu estava... — Ela
respirou fundo... Com medo. Havia algo de errado com ele e eu o
reconheci imediatamente. Ele me disse que eu não iria casar com
você. Ele disse que no prazo de vinte e quatro horas eu terminaria
o meu noivado.
Lucien avançou.
— E o que fez você acreditar nisso?
Agora Elise enfrentou Felicity novamente e balançou a
cabeça.
— Sinto muito, Felicity — ela disse. — Eu sinto
muito. Ele... ele sabia.
Felicity ficou rígida, caindo direto na cadeira.
— Sabia? — Ela sussurrou.
— Ele sabia — repetiu Elise.
Ela reconheceu o momento que Felicity compreendeu
totalmente as suas palavras enigmáticas. Sua amiga deu um
pulo, afastando-se, com as mãos para cima, como se ela pudesse
evitá-lo.
— O que ela está falando? — Gray perguntou, olhando
para Felicity, então Elise, em seguida, Lucien.
— O que estão falando? — Repetiu Lucien, mas apenas
dirigindo a questão em Elise. Elise ignorou por enquanto. — Sinto
muito — ela repetiu para Felicity.
— Como? Como? — Perguntou Felicity, acertando a
parede ao lado da porta e se apoiando lá, com as mãos tremendo
e toda a cor desaparecendo de seu rosto.
— Um servo, eu acho. Ele tinha uma carta, assinada pelo
homem, confessando sua parte em tudo. Eu não teria
acreditado, mas, mas eu tinha visto você depois e eu sempre
soube que algo estava errado sobre a história que você disse. Eu
deveria ter insistido mais, eu devia ter feito você me dizer. Eu
deveria ter sido uma amiga melhor.
Lucien atravessou a sala em três passadas longas e se
colocou entre Elise e Felicity. Ele parecia zangado, mas mais do
que isso, ele parecia apreensivo.
— Pare com essas charadas — insistiu, a voz
subitamente muito alta no quarto silencioso. — Você diz que
Kirkford sabia alguma coisa e que era sobre Felicity. O que é que
ele sabia?
Elise passou por ele, estendendo a mão para sua ex-
amiga. E para sua surpresa, Felicity permitiu que ela tomasse
sua mão. Agarrou-se a Elise como se ela fosse uma tábua de
salvação.
— Devo contar? — Perguntou Elise, piscando em
lágrimas.
Felicity sacudiu a cabeça.
— Não. É o meu segredo. Eu-eu devo dizer. Eu,
provavelmente, deveria ter dito a eles há muito tempo.
Elise assentiu lentamente, em seguida, deixou Felicity ir
enquanto passeava passado seu irmão e tomou o lugar onde ele
estava meditando em frente à lareira. Elise avançou e colocou-se
ao lado de Lucien, descansando a mão em seu antebraço, a fim
de dar o apoio que ela sabia que ele precisaria em um momento.
— Todos vocês sabem o que eu suportei nas mãos de
meu marido — Felicity começou, com a voz trêmula.
Ambos, Gray e Lucien se encolheram, e Elise sentia por
eles. Quando eles perceberam que Felicity estava sendo abusada
por seu marido bastardo, ambos tinham tentado salvá-la. Mas o
homem era rico e poderoso e marido de Felicity. A lei reconheceu
o seu direito de disciplinar ela como ele bem entendesse. Não
tinha havido nenhuma maneira de salvá-la, e os dois homens
tinham sofrido muito em sua impotência.
— Você sabe que foi ruim, mas não quão ruim — Felicity
continuou, e agora ela estava tremendo toda. — Até o final, sua
violência havia se intensificado e eu realmente temia pela minha
vida. Uma noite, ele veio ao meu quarto, exigindo- — Ela parou e
deu uma olhada em Elise. — Posso supor que ele estava exigindo
a mesma coisa que o novo duque de Kirkford exigiu de você?
Elise assentiu uma vez.
— Sim.
— Quando eu não estava tão entusiasmada com a
perspectiva como ele gostaria, ele começou a me machucar. — Os
olhos de Felicity brilharam com lágrimas que escorriam pelo seu
rosto. — E então ele me disse que ia me matar. Ele estava me
sufocando, a vida foi me deixando. Eu bati nele com um vaso e
ele me deixou ir, mas ele continuou vindo para mim. Então eu
peguei a pistola de sua cintura e atirei nele.
Houve um suspiro coletivo de todos no quarto à confissão
de Felicity. Lucien olhou para sua irmãzinha, a quem amava de
todo o coração, e não conseguia parar de tremer. A mão de Elise
apertou seu braço, segurando-o firme enquanto ele viveu através
das imagens de tudo que Felicity tinha sofrido, tudo o que ela
tinha mantido em silêncio ao longo dos anos desde aquela noite.
— Você o matou — Rosalinde finalmente sussurrou
quando a sala estava em silêncio durante o que pareceu uma
eternidade e Felicity ainda não tinha encontrado o poder de ir em
frente.
— Sim — disse Felicity, o som prolongado em um longo
suspiro de quebrantamento e dor que sentiu que empurrou a
própria dor de Lucien. — Ele morreu no chão do meu quarto,
amaldiçoando meu nome. Sua família era poderosa e tão
vingativa quanto ele, e eu sabia que seria presa pelo
crime. Ninguém teria se importado que eu defendi minha vida,
eles só se importariam que eu tinha matado um visconde. Eu
estava pronta para chamar a guarda e enfrentar as
consequências, mas os funcionários do meu marido vieram em
meu socorro. Eles se reuniram em minha volta, eles fizeram sua
morte parecer como o acidente de caça que acabou por ser
reivindicado e eles juraram que nunca iriam dizer a verdade.
— Mas alguém fez — Elise sussurrou. — Alguém fez.
— Foi por isso que vivi com medo por muitos anos —
Felicity soluçou. — E agora para ouvir que é verdade...
Ela se curvou, e ambos, Gray e Lucien correram para ela,
pegando-a e ambos segurando-a enquanto os três se amontoaram
juntos. Lucien sempre respeitou a força de caráter de Felicity,
calma diante de qualquer situação. Agora se foi e ela chorava no
ombro de Gray, grandes soluços que sacudiam seu corpo esguio
violentamente. Lucien não podia fazer nada a não ser alisar o
cabelo dela e sussurrar palavras suaves de conforto que soavam
tão vazias.
Não pela primeira vez, ele desejava girar o relógio para
trás e fazer qualquer coisa em seu poder para parar Felicity de se
casar com o animal que tinha trazido para sua família. Mas ele
não podia.
— Felicity — Gray sussurrou, quando o choro de sua
irmã cessou. — Querida, por que você não nos contou? — Ela se
afastou e olhou primeiro para Gray, em seguida, Lucien, no
rosto. — Vocês dois já carregavam tal culpa que tinham permitido
minha partida, eu não podia permitir-lhes ainda mais disso. E o
que vocês poderiam ter feito? Barbridge estava morto, a cobertura
de seu assassinato completa. Eu não vi nenhum ponto em trazer
o meu segredo e obrigando-os a carregá-lo comigo.
Lucien não sentiu nenhuma satisfação nessa resposta e
Gray não parecia sentir, a julgar pela sua expressão de dor. Mas
Felicity não lhes permitiu tempo para responder. Ela saiu do
círculo de seus braços e se moveu em direção a Elise.
Stenfax se virou para ela também e ficou surpreso ao
descobrir que Rosalinde tinha silenciosamente se juntado a ela e
tinha um braço ao redor dela enquanto observavam a família
processar aquela amarga notícia. Ele descobriu que estava feliz
por ver que ela tinha o apoio quando ele não podia fornecê-
lo. Afinal, a sua parte nesta história não tinha acabado.
Havia mais por vir e ele temia porque ele tinha agora uma
visão mais clara do que Elise tinha feito e porquê. Ela teria que
dizê-lo e ele teria de ouvi-lo.
— Você carregou comigo — Felicity sussurrou, movendo-
se para Elise. — Este segredo.
Elise engoliu em seco, e parecia que ela estava
preparando-se para uma rejeição de Felicity. Ela assentiu com a
cabeça.
— Eu fiz.
— Ele disse a você sobre o que sabia. Presumo que era
sua maneira de destruir Lucien.
Elise deu um longo suspiro.
— Ele teria se conformado com isso, é claro. Mas ele teria
que ter muito cuidado de como ele revelaria o seu segredo. A
sociedade poderia tê-lo comido vivo se descobrisse que tinha essa
informação terrível e virou contra você. Ambos poderiam ter se
queimado nessas chamas. E mesmo que ele não tivesse essa
preocupação, ele queria um golpe mais direto sobre Lucien. Ele
queria que Lucien soubesse que Kirkford que o havia
superado. Então ele me ofereceu uma escolha.
Ela parou, baixando a cabeça. Seus ombros tremiam,
suas mãos tremiam. Lucien não podia vê-la assim. Agora não.
— Me jogar mais e casar com ele ou deixá-lo soltar a
verdade sobre Felicity para o mundo — disse ele suavemente.
Elise virou a face para cima e encontrou seu olhar. Seus
olhos verdes estavam brilhantes de dor e pesar e perda.
— Sim — ela admitiu. — Isso era o seu negócio. Feri-lo,
rejeitando você como eu fiz, orquestrada por ele. Ou permitir que
toda a sua família fosse destruída em um turbilhão de
julgamento, prisão, morte e destruição — Stenfax afastou-se
quando o peso dessa confissão esmagou como uma pedra em
torno de seu coração. Ele imaginou aquela noite há muito tempo
atrás, quando ele recebeu sua nota terminando seu
relacionamento, mas agora ele sabia que ela estava sendo forçada
a escrevê-lo. Ele pensou em como ele tinha batido na sua porta e
foi recusado, mas agora ele sabia que ela estava lá em cima com o
coração partido sobre essa escolha.
Imaginou todas as vezes em que a odiara sem saber a
verdade. Ele pensou que sua vida estava vazia quando ela se
mudou, mas na verdade, ela estava tão desolada quanto ele. Só
que ele teve sua família para apoiá-lo. Seus pais tinham morrido
logo após seu casamento e ela tinha sido deixada sozinha com
um homem que era capaz de tal manipulação torcida e crueldade.
— Você escolheu o casamento — Felicity murmurou,
rompendo seus pensamentos emaranhados e fazendo-o olhar
para Elise. — Mesmo você sabendo que seria miserável.
— Para proteger você e Stenfax? Sim. — Elise deixou
escapar um suspiro longo e trêmulo, como se segurando essas
palavras por tanto tempo tinha sido doloroso. — E eu teria
mantido esse segredo, eu manteria o seu segredo, Felicity, até o
dia em que eu tivesse o meu último suspiro. Eu teria suportado o
seu ódio e sua censura com o conhecimento que eu tinha feito o
melhor que pude para te proteger. Só agora algo aconteceu que
me fez mudar de opinião.
— O quê? — Perguntou Gray, mas pela primeira vez sua
voz não era dura para ela.
— Depois que Ambrose me atacou, eu apontei uma arma
para ele, assim como você fez em Barbridge. — Stenfax prendeu a
respiração. Ele sabia que ela tinha sido agredida, mas não o quão
ruim realmente tinha sido. — Ele recuou seu ataque, graças a
Deus, mas não a sua língua. Ele jurou que teria o que ele queria
de uma forma ou de outra. E ele disse...
Ela cobriu a boca como se o que ela diria fosse muito
doloroso. Felicity se aproximou dela, pegando sua mão.
— O que ele disse?
— Ambrose disse que Toby, Kirkford o último, manteve
um livro de todos os segredos que ele guardava sobre os
outros. Um livro para se gabar, eu suponho que você poderia
chamá-lo assim. E embora Ambrose não tem ideia do que poderia
ter nesse livro, se ele existir e ele encontra-lo, eu não acho que ele
faria uma pechincha por isso. Eu acho que ele iria desencadear a
verdade apenas para causar dor para mim e para aqueles que eu
amo.—
Felicity soltou a mão dela e cambaleou pela sala, de volta
à cadeira onde ela tinha estado. Ela sentou-se nela com um
baque duro e colocou uma mão sobre os olhos.
Stenfax olhou para Elise, tentando manter a calma,
tentando obter todas as informações antes de ele reagisse.
— E você acha que este livro existe, ou é o novo Kirkford
apenas brincando com você?
Ela pensou por um momento antes de balançar a cabeça,
quase se desculpando, como ela desejava poder fazer isso não ser
verdade. Ele supôs que ela desejava que ela pudesse, depois de
tudo o que ela tinha passado para manter este segredo na baía.
— É muito possível que ele exista — ela admitiu. — Meu
falecido marido fez ataques a muitas pessoas durante os nossos
anos juntos.
Gray assentiu.
— Sim, sempre haviam rumores sobre ele e seu
comportamento.
Elise suspirou.
— Ele gostava de contar suas ‘vitórias’ tanto quanto ele
gostava de orquestrar. Tenho poucas dúvidas de que ele era
capaz de manter tal diário para seu próprio prazer. Um lugar para
reunir toda a sua evidência, para rever seus atos.
Stenfax inclinou a cabeça. Bem, lá estava ela. Uma
ameaça contra a sua família diferente de todas que já tinha
enfrentado. Uma luta que talvez não consiga vencer.
Mas, mesmo que isso o rasgasse, ele olhou para Elise e
ainda mais emoções se agitaram em seu peito. Tantas que mal
podia nomeá-las. Seu irmão e Rosalinde pareciam entorpecidos
com a notícia, Felicity parecia entorpecida.
Stenfax não estava dormente. Pela primeira vez nos três
anos que tinham estado separados, cada parte dele estava
totalmente consciente, afiada, focalizada.
— Há, obviamente, uma grande quantidade de coisas
para discutir agora — ele disse, sua voz áspera. — Tanto para
discutir e planejar e se preparar. Mas eu preciso de um momento
a sós com Elise.
Ela prendeu a respiração com a declaração, mas não se
moveu de seu lugar em toda a sala.
Lentamente Felicity levantou-se e alisou suas saias. Ela
parecia ter recuperado um pouco de sua compostura, pois sua
voz estava firme quando disse:
— É claro.
Gray e Rosalinde também se dirigiram em direção à
porta, mas quando Gray passou por Elise, ele parou. Eles
olharam um para o outro por um momento, então ele se inclinou
e deu um beijo em sua bochecha.
— Obrigado — ele murmurou. — Eu não sei mais o que
dizer.
Elise limpou as lágrimas.
— Não há mais nada a dizer.
Ele balançou a cabeça rapidamente e, em seguida, os três
saíram da sala. Stenfax seguiu, fechando a porta atrás deles. Ele
virou-se e inclinou-se contra a barreira, olhando para Elise
enquanto ela permaneceu exatamente onde estava, sua expressão
ilegível.
— Como você pôde? — Ele sussurrou, quando ele queria
gritar. — Como você pode não vir a mim quando tudo isso
aconteceu?
Ela deixou escapar um longo suspiro.
— O que você teria feito se eu viesse até você? O que
Gray teria feito?
Ele bateu a mão contra a porta e ela pulou ao som alto
que não fez nada para liberar a tensão em seu peito.
— Gostaríamos de ter confrontado aquele
bastardo. Gostaríamos de ter encontrado uma maneira de pará-lo
sem sacrificar a você e ao futuro que planejamos juntos.
Ela balançou a cabeça lentamente.
— Se você o tivesse confrontado, você não o teria
impedido. Ele era um inferno-. Um confronto teria apenas o
estimulado. Você e Gray apenas teriam permitido a si mesmos
serem consumidos no fogo que ele construiu. Todos que nós
amamos teriam sido destruídos. Eu sabia desse fato na mesma
noite em que ele veio a mim, e foi provado para mim dezenas de
vezes nos anos que se seguiram. Eu tive que protegê-lo dele e de
si mesmo.
— Ao rasgar o meu coração em pedaços? — Ele
perguntou, movendo-se em direção a ela.
Ele nunca havia permitido que ela soubesse o quanto ele
tinha sido quebrado por sua saída. Ela tinha visto vislumbres, é
claro, no tempo que tinham se reunido, mas ele tinha escondido
muito dele. Mas agora ela sabia de tudo, desde as horas horríveis
no terraço quando ele tinha considerado terminar com sua vida à
maneira como ele ainda sangrou por sua perda.
Ela fechou os olhos, e ele podia ver uma versão igual de
sua dor refletida em seu rosto bonito.
— Eu sei que você ama sua família — ela sussurrou. —
Você teria perdido Felicity com á verdade saindo, se tudo o que
você estava lutando para reconstruir em termos de reputação e
finanças fosse quebrado ao seu redor, eu sei que teria o ferido
mais do que a minha partida fez.
Ele prendeu a respiração com a ignorância dessa
afirmação. Ele se moveu em direção a ela, pegando-a nos braços e
arrastando-a contra ele. Seus olhos se abriram e ela olhou para
ele com surpresa.
— Quando você foi embora, foi o momento decisivo da
minha vida, Elise. Talvez você não acreditasse que seja verdade,
mas eu estou te dizendo agora que foi. Nada neste mundo poderia
ter sido pior do que o momento que você se foi. Então, por favor
não finja que era a melhor escolha.
Seu lábio tremeu.
— Eu não sabia.
Ele assentiu.
— Eu sei disso. Mas também percebo agora que você não
confia em mim.
— Não era o meu dever contar o segredo de Felicity — ela
ofereceu, mas sua voz era fraca.
— Talvez não. Mas era o seu dever me dizer que você
estava sendo ameaçada. Que você estava sendo
chantageada. Que você estava em perigo, pois era o meu dever
protegê-la. Mas não o fez. E mesmo quando nos reconectamos,
você ainda não confia em mim. Por quê?
Ela lutou com essa resposta, por um momento,
procurando palavras para explicar quando sabia muito bem que
não havia nenhuma. Nunca poderia haver.
— Como teria ajudado uma vez que estávamos juntos
novamente? Você me odiava. Você não tinha fé em mim e eu
entendi o porquê. Se eu dissesse antes, não teria mudado o que
eu fiz para você. Você poderia não ter sequer acreditado em
mim. Certamente teria parecido egoísta. Além disso, eu... — Ela
virou o rosto. — Eu merecia seu ódio, Lucien. Eu merecia isso.
Ele a deixou ir, chocada com essa resposta. Ele recuou
um passo.
— Você está realmente me dizendo isso, mas para esta
nova ameaça para a minha família, você teria mantido esse
segredo para sempre? — Ela balançou a cabeça lentamente.
Ele se virou e caminhou até a janela, olhando para fora
com os olhos sem ver enquanto ele apertou e abriu as mãos em
seus lados. Ele estava tentando processar isso, tentando entender
até que ponto eles vieram de duas pessoas apaixonadas para
duas pessoas que tinham sido jogadas tão distantes.
— Então você ainda não confia em mim — ele
murmurou.
Ela prendeu a respiração atrás dele e sussurrou.
— Lucien — Ele a interrompeu enfrentando-a e dizendo:
— Você sabe que o novo Kirkford, ele não apenas nos ameaça
com seu desejo de encontrar a informação do seu marido. É
evidente a partir de seu ataque físico em que você está em grande
risco, também.
Ela engoliu em seco e ele viu o medo em seus olhos
enquanto pensava no homem que a tinha atacado a menos de
vinte e quatro horas antes. — Sim.
— Você realmente acha que Winstead pode protegê-la das
intenções de Kirkford? — Ele perguntou, quase cuspindo o nome
do outro homem.
Ela mudou de posição, e ele podia ver a resposta antes
dela a formular.
— Se-se ele entendesse a situação — ela sussurrou. — Se
ele soubesse como fazê-lo.
Stenfax acenou com a mão.
— Ele é um maldito cachorrinho, Elise.
Ela inclinou a cabeça e cor inundou suas bochechas.
— Ele é jovem, sim.
— Cristo, diz-lhe esta história e ele não pode mesmo
mantê-la, independentemente de quaisquer acordos que você fez
ou qualquer... conexão que você criou dormindo com ele. — Dizer
essas palavras virou seu estômago.
Os olhos dela se arregalaram.
— Eu não fui pra cama dele, Lucien — disse ela, seu tom
estrangulado. — Se eu tivesse, eu nunca teria vindo aqui. Eu
teria ficado na rua ao invés de pedir sua ajuda se eu tivesse ido
tão longe.
Ele quase cedeu de alívio a essa afirmação.
— Bom — ele sussurrou.
— Bom que eu teria ficado afastada, ou bom que eu não
tenha dormido com ele? — Ela disse, cruzando os braços, os
olhos brilhando.
Ele se moveu em direção a ela.
— O pensamento de qualquer outro homem te tocando
sempre me levou para ao limite, Elise. Por que você acha que eu
reagi tão fortemente à sua teimosa noção em se tornar uma
amante?
— Eu ainda vejo como minha única verdadeira opção
viável, Lucien — disse ela, levantando as mãos. — Ao arrastar-me
na Sociedade, Ambrose me danificou. E mesmo que não o tivesse
feito, um namoro ao casamento poderia levar meses, até mesmo
anos. Eu não tenho esse tipo de tempo e não tenho solução para
me libertar de Ambrose. Tornando-se uma amante é uma
maneira de permanecer segura. Você deve saber que é a única
razão que eu iria considerar esse caminho.
Ele cruzou os braços. Ela estava certa, é claro. Se ele
descartasse todo o resto, todas as ameaças contra sua família,
todas as mentiras e desconfiança entre eles, os fatos eram os
fatos. Elise estava em grave, perigo imediato do novo duque de
Kirkford, ainda mais do que a sua irmã ou o resto de sua família.
E haviam poucas opções para ela. O que significava que
havia apenas uma opção para ele. Uma decisão que o atingiu
como um soco no estômago e quase o deixou cair no chão quando
ele o fazia em um instante.
— Há uma outra opção — disse ele suavemente.
— Então compartilhe comigo, Lucien. Vou ouvir qualquer
coisa neste momento.
Ele ajustou sua postura um pouco mais e limpou a
garganta enquanto ele resmungava as palavras.
— Você poderia se casar comigo.
Quatro anos antes Elise tinha caminhado para o terraço
na casa de campo de Stenfax para encontrá-lo espalhado com
pétalas de rosa e brilhando com o que tinha de ser mil velas. O
homem que ela amava havia se iluminado enquanto se
aproximava dele, depois caiu de joelhos. Ele tinha derramado
palavras de amor, promessas de um futuro, e tinha pedido a ela
para ser sua condessa. Ela concordara sem hesitar em seu
coração, nada além de alegria em todo o seu ser. Tinha sido uma
das noites mais felizes de sua vida. Uma que ela tinha revivido
cem vezes no desespero dos últimos três anos.
Agora, ela enfrentou o mesmo homem fazendo a mesma
pergunta, e levou o ar de seus pulmões. Lucien ficou em uma
posição quase militar, com o rosto impassível, a voz calma. Não
havia flores ou declarações, apenas uma sugestão simples para
salvá-la do perigo. Como se ele estava se oferecendo para
acompanhá-la ao mercado ou buscá-la um manto para que ela
não congelasse.
Mas quando ela olhou em seus olhos, ela viu o tormento
lá que ele não falou. Ela abaixou a cabeça. E ainda assim ele
queria casar com ela.
Talvez queria era uma palavra muito forte.
— Você vai dizer alguma coisa? — Perguntou.
Ela prendeu a respiração.
— C-casar? — Ela sussurrou, sabendo que parecia idiota
repetindo, mas incapaz de formar quaisquer outras palavras
coerentes em seu estado de choque atual.
— Sim — disse ele, não quebrando a calma, nem mesmo
o olhar.
— Você não pode dizer isso — disse ela.
Ele arqueou uma sobrancelha.
— Não? Você me conhece tão bem?
Ela ficou tensa. A verdade deste homem era tão clara e
tão decente.
— Eu conheço bem o suficiente para saber que você não
pediria isso se você não quisesse dizer — admitiu ela.
Ele assentiu.
— Mas eu quero que você me diga por que você oferece
isso, especialmente considerando os últimos três anos. Inferno,
as últimas três horas — disse ela.
Ele suspirou, e sua voz era suave quando ele disse:
— Para protegê-la. Se Kirkford está tão impulsionado,
você estará em risco tanto quanto ou mais do que Felicity está. E
considerando o sacrifício que você fez todos aqueles anos atrás
para nos manter seguros, não posso permitir isso.
A dor correu através dela, mesmo que ela já tivesse
adivinhado a resposta. De alguma forma, ela esperava que ele
fosse olhar para ela e vê-la como a mesma mulher que uma vez
tinha amado. Que ele iria tocá-la e se conectar com ela. Que ele
se permitiria se importar mesmo só um pouco.
— Nós poderíamos encontrar uma outra maneira — ela
sussurrou.
Ele endureceu.
— Você ainda deseja escapar de uma união comigo,
Elise?
— Não! — Ela gritou, dando um passo em direção a
ele. — Nunca o fiz, Lucien.—
Sua expressão se suavizou apenas uma fração.
— Sim, eu sei. Sinto muito, isso foi desnecessário. — Ele
deslizou a mão pelo cabelo, e de repente ela viu um milhão de
rachaduras em sua máscara sem emoção. — Eu não sei mais o
que fazer, Elise. Eu poderia tornar-me seu protetor, certamente,
mas não haveria tanta segurança nesse papel. Você não iria viver
em minha casa, com meu nome envolvido em torno de você. E há
também o fato de que, esta manhã, quando fizemos amor, nós
não tivemos cuidado . Então isso significa que não só você pode
estar em perigo, mas meu...
Ele prendeu a respiração e ela fez o mesmo.
— Seu filho — ela terminou, tentando não imaginar
muito aquela criança em sua mente.
Ele acenou a cabeça tremendo.
— Sim — ele sussurrou. — Eu nunca permitiria que
qualquer filho meu ser ameaçado, não importa quão pequena a
possibilidade de que um bebê agora exista. Como a minha
esposa, eu poderia dar-lhe mais camadas de segurança.
Tudo o que ele dizia fazia todo o sentido, e tinha a
vantagem adicional de que ela seria sua esposa, o lugar onde ela
sempre quis estar. No entanto, havia pouca alegria nela, porque
não nascia do amor.
Ela estendeu a mão para ele e ele permitiu que ela
pegasse sua mão. Ela segurou-a suavemente, deleitando-se com o
tamanho superior, a qualidade mais áspera. Estas mãos tinham
trazido prazer. E queria que eles a trouxessem muito mais. Mas
ela também queria que essas mãos a tocasse com amor, não
apenas com desejo. Ela queria essas mãos para segurar seus
filhos, sem uma barreira entre eles nascida do passado.
— Eu lhe fiz uma pergunta a última vez que estivemos no
Vivien — disse ela, recolhendo sua coragem o melhor que
podia. — Eu perguntei se poderíamos começar de novo. Você me
disse que não podia confiar em mim. Depois de hoje, isso mudou?
Ele puxou sua mão dela, mas não se afastou. Em vez
disso, ele segurou sua bochecha, alisando seus dedos ao longo da
pele, finalmente suave. Fechou os olhos com ela e sussurrou:
— Elise, você não confiava em mim. Assim, tanto quanto
eu gostaria de começar de novo, até que possamos confiar um no
outro, ainda é impossível.
Ela fechou os olhos, dor fluindo através de suas veias,
através de seus músculos, através de seus ossos.
— Mas você ainda vai se casar comigo — ela sussurrou.
— Se você concordar — disse ele. — E não terá que ser
infeliz.
Ela quase riu da ideia de que ela poderia ser sua esposa,
sem o seu amor ou a sua confiança, e ser feliz. Mas ela não o
fez. Esta era sua única saída agora. Ele estava certo sobre isso. E
talvez se eles estivessem juntos, ela poderia um dia provar-se
digna de seu coração novamente.
Era melhor do que uma vida vazia sozinha, indo de
protetor a protetor e só querendo Lucien nas profundezas do seu
coração.
— Eu vou me casar com você — ela sussurrou.
Ela abriu os olhos para encontrá-lo olhando para ela. Ele
não estava sorrindo, mas seu olhar era intenso, focado,
impulsionado.
— Você quis dizer sim? — Ele perguntou, seu tom cheio
com descrença. Ela assentiu com a cabeça. — Sim, Lucien.
Ele abaixou a cabeça, em seguida, e pegou em um beijo
tão suave e gentil que derreteu um pouco de sua decepção. Se
eles não tivessem mais nada, eles teriam isso. Esta conexão
física, esse desejo que bate entre eles. Ela iria lutar o resto de
seus dias para obter o resto.
Ele valia a pena lutar.
Ele recuou, finalmente, e se afastou, a parede voltando
entre eles.
— O que você vai fazer sobre Kirkford e o potencial deste
livro? — Perguntou ela, esperando que sua decepção não fosse
muito evidente.
Lucien soltou um suspiro com um aceno de cabeça.
— Eu não sei. Nós vamos resolver isso, porém. Nós
encontraremos um caminho. — Ele pegou a mão dela. — Agora
venha, não há muito a fazer e muito a dizer agora que esta
decisão foi tomada.
Ela deixou que ele a levasse da sala, pelo corredor até
onde os outros esperavam. Mesmo que sua mão estivesse na dela,
ela ainda se sentia distante de tudo.
Distantes quando entraram na sala e os outros os
enfrentaram. Distante quando Lucien disse:
— Eu tenho um anúncio. Elise e eu nos casaremos assim
que conseguir a licença especial. — Houve um silêncio atordoado
na sala, não que Elise tivesse esperado outra coisa. Essas
pessoas a tinham odiado menos de uma hora antes. Eles
olharam, e então foi a esposa de Gray, Rosalinde, que reagiu
primeiro.
— Que maravilha — disse ela, sua voz apertada. Ela
atravessou a sala e beijou a bochecha de Stenfax, então se virou
para Elise. — Com toda a emoção, nunca fomos apresentados
oficialmente. Eu sou Rosalinde. E estou muito feliz por te
conhecer.

Ela se inclinou e surpreendeu Elise dobrando-a em um


abraço caloroso e acolhedor. Elise ficou inerte nele por um
momento, agarrando-se a esta mulher que não fazia parte do
passado que uma vez ela compartilhou com Stenfax, Gray e
Felicity.
— Você fez uma coisa corajosa — Rosalinde sussurrou
antes dela se afastar.
Sua reação abriu as comportas e Gray se aproximou. Ele
apertou a mão de Stenfax solenemente e depois estendeu a mão
para Elise. O ódio que ela tinha visto em poucos dias antes estava
em silêncio agora. Ele ainda estava distante, mas isso era
Gray. Ele não perdoava facilmente.
— Esta é a coisa certa — disse ele, tão perto de uma
aceitação como ele provavelmente faria por agora. — Obrigado
pelo que você fez para a minha irmã.
Quando ele se afastou, Felicity se aproximou em
seguida. Ela estava tremendo, seus olhos ainda arregalados e
cheios de terror no futuro sombrio que ela iria eventualmente
encontrar.
— Eu deveria ter feito mais — disse Elise.
Felicity sacudiu a cabeça.
— Você fez tudo o que podia. Mais do que você deveria. E
eu estou contente de ser capaz de reconstruir a nossa
amizade. Havia tantas vezes ao longo dos anos que você era a
pessoa que eu queria falar.
Essa admissão trouxe lágrimas correndo para os olhos de
Elise e ela pegou Felicity em um breve abraço. Stenfax limpou a
garganta.
— Eu gostaria de falar com Gray. Por que vocês senhoras
não vão ter um momento?
Elise se voltou para ele, pegando o braço dele.
— Oh, por favor, não me deixe de fora de tudo o que você
está pensando, Lucien. Eu poderia ajudar.
— Eu não vou — ele disse suavemente. Ele encontrou
seu olhar e ela engoliu em seco quando pensou no que ele tinha
dito anteriormente. Isso até que eles pudessem reconstruir a fé
entre eles, não haveria recomeçar.
E este foi o primeiro teste.
Ela o soltou e ele se moveu em direção à porta com Gray
quando ela disse.
— Eu confio em você.
Ela viu seus ombros endurecer, empurrando para trás,
mas ele não parou. Os dois só deixaram o quarto juntos. Elise
suspirou. Ela não tinha sido capaz de ter fé em ninguém, nem
mesmo a em si mesma, por tanto tempo.
Seria preciso prática para fazê-lo novamente. E paciência
para reconstruir o que ela tinha perdido com o homem que
amava.

Stenfax fechou a porta do escritório suavemente, e antes


que ele pudesse enfrentar o seu irmão, Gray gritou — Maldito
infero, Lucien.
Stenfax assentiu, sabendo que Gray se referia a cada
coisa terrível que tinha acontecido no passado e a pouco
tempo. Toda a sua vida tinha sido virado de cabeça para baixo
com apenas algumas palavras.
— Sim, diabos, isso resume perfeitamente — Stenfax
disse enquanto se movia para o aparador e salpicava uísque em
dois copos. Quando estendeu um copo ao irmão, disse: — E
agora, o que vamos fazer sobre isso? Tudo isso?
Gray ignorou a oferta do licor enquanto andava pela sala,
seu comportamento como um animal enjaulado. Stenfax sabia
como ele se sentia.
— Kirkford deve ser tratado.
Stenfax entornou num só gole o primeiro uísque antes de
agarrar seu punho.
— Eu quero ir até lá e rasgá-lo membro a membro pelo o
que ele fez com Elise.
Gray deu um passo em direção a ele, colocando a mão
calmante no braço.
— Eu te entendo, irmão, eu lhe garanto. Quando o avô de
Rosalinde a atacou no ano passado, eu o teria matado sem
pensar duas vezes. Mas neste caso, atacar o homem não nos fará
nenhum bem. Ele só estará mais determinado a encontrar este
livro de segredos e usá-lo contra nós.
Stenfax bateu o pé impacientemente.
— Eu sei que você está certo, mas ele... ele tentou
violentá-la, Gray.
— Mas ele não teve êxito — disse Gray. — E suas
ameaças levaram-nos a verdade, afinal.
Stenfax puxou-o o toque de seu irmão. Ele sabia que
Gray estava certo, é claro. Mas a ideia de deixá-lo, pelo menos por
agora, era repugnante.
— Então o que é que podemos fazer?
— Celia se casou com um ex-agente da coroa — Gray
sugeriu.
Celia era a irmã de Rosalinde e sua própria noiva. Suas
núpcias frustradas haviam levado Grey e Rosalinde um ao outro,
e ele considerava Celia uma amiga. Seu novo casamento com um
ex-espião, que até recentemente tinha sido mascarado como um
duque, não era conhecido de ninguém, mas que sua família
imediata.
— John Dane poderia ajudar. Pelo menos sabemos que
ele poderia ser confiável para guiar-nos — Stenfax admitiu. —
Quanto tempo seria necessário para ele chegar até aqui?
Gray deu de ombros.
— Uma semana, talvez. Ele não vai gostar de vir para
Londres, apesar de tudo. O caso onde ele conheceu Celia ainda
está fresco e ele provavelmente temeria que poderia colocá-la em
perigo se ele fosse visto aqui.
— Quando eu me casar com Elise, as ondulações através
da sociedade serão enormes. Poderia ser melhor para fazê-lo
rapidamente e no país, em Caraway Tribunal. Podemos reagrupar
lá e fazer os nossos planos de longo prazo.
— Dane preferiria, tenho certeza. E Celia ficará feliz em
ver Rosalinde e oferecer seu apoio para Elise e para você — disse
Gray. — Vou mandar Dane pedir-lhes que nos encontrem lá
dentro de quinze dias.
— Uma quinzena? — Stenfax explodiu. — Esse é muito
tempo para deixar Ambrose desmascarado.
Gray ergueu as mãos.
— Eu entendo o seu problema, mas o que podemos
fazer? Tanto quanto sabemos, ele não tem o livro agora. Ele ainda
está pesquisando e até que ele o tenha, tudo o que ele diz ou faz
só vai fazê-lo parecer um tolo.
— Então você se baseia na sensatez do homem que
tentou violar a minha noiva. — Stenfax agarrou-o e desarmou o
punho ao seu lado.
— Eu acho que temos contar com ele ser ainda mais
cabeça oca. Isso significa tomar o nosso tempo e fazer o que
precisamos fazer com o pensamento correto — disse Gray, mais
suave, para neutralizar a sonoridade de Stenfax. — Sua licença
especial vai levar algum tempo, devemos nos mudar para o
campo e Dane deve ter tempo para fazer alguma pesquisa para
que ele possa vir a nós com as suas ideias sobre o assunto.
Stenfax inclinou a cabeça. É claro que seu irmão estava
certo. Se ele protestasse e rugisse e causasse o caos não ajudaria
ninguém.
— Enquanto isso, Elise pode nos ajudar a montar uma
lista de nomes de pessoas abusadas por seu falecido marido. Ela
pode nos ajudar a rastrear o livro.
— Sim, quanto mais soubermos, melhor será para nós.
Gray parou de andar e olhou para ele.
— E então você vai realmente se casar com ela? —
Stenfax endureceu. Gray tinha tido tão pouca reação ao anúncio
no salão alguns momentos antes, e agora sua voz estava calma e
recolhida. Lucien não tinha ideia se seu irmão estava chocado ou
horrorizado ou irritado ou de apoio. Ele não gostava de estar no
escuro. — Para protegê-la, eu sinto que é a única maneira —
Stenfax disse, sua própria voz tão evasiva.
Gray lhe deu um meio sorriso.
— E não tem nada a ver com o fato de que você a
ama. Que nunca deixou de amá-la.
Stenfax respirou fundo. Agora que tinha sido dito em
voz alta, a verdade disso passava pelas paredes que havia
construído há muito tempo para se proteger. Ele se inclinou com
ambas as mãos sobre a mesa enquanto sua cabeça nadava e seu
corpo balançava.
— Sim — ele finalmente admitiu. — Também existe isso.
— Eu não pensei que fazer você começar a admitir seria
tão simples.
Stenfax quase riu, mesmo que isso não se sentisse
engraçado no mínimo. — Eu não diria que é simples, apenas
poderoso demais para negar.
Gray inclinou a cabeça.
— Sim, ele sempre é quando é tão real e tão forte. Mas
você não está feliz com o casamento, ao que parece.
Stenfax olhou para o seu ambiente de trabalho
desordenado com olhos cegos.
— Elise e eu passamos anos não confiando um no outro.
Como poderíamos construir uma vida feliz com esse mau
começo?
A risada de Gray foi rápida e inesperada.
— Suponho que eu sou a pessoa perfeita a se pedir
comselhos, não sou? Afinal, Rosalinde e eu começamos sem
qualquer confiança entre nós. Eu pensei que sua irmã era uma
caçadora de títulos, ela me achou cruel e manipulador. Apesar de
tudo isso, nós resolvemos isso.
— Mas não é o mesmo — disse Stenfax, mesmo que esse
lembrete do início de Gray e Rosalinde foi um pouco reconfortante
e esperançoso.
— Não? — Perguntou Gray. — Suponho que não. Afinal,
você está apaixonado por Elise por uma década?
— Nã
— E você planejava se casar com ela uma vez antes, em
circunstâncias muito diferentes. — Lucien deixou escapar um
suspiro de frustração. — Mas
Gray inclinou a cabeça, inflexível.
— E ela se sacrificou para um casamento que parece
apenas um pouco menos terrível do que o da nossa própria irmã,
na tentativa de salvar Felicity. Para salvar você.
Stenfax estourou quando Gray deixou que ele tivesse
uma palavra. — Mas se eu soubesse...
Gray levantou uma mão.
— Mas nós não temos que andar nesse caminho,
Lucien. O caminho onde você conhece a verdade desde o início
desapareceu. Este é o caminho agora. Você pode viver no que
poderia ter sido ou poderia ter sido ou deveria ter sido e eu não
acho que ninguém iria culpá-lo. Mas se você tem alguma
esperança de ser feliz, não apenas com Elise, mas com você
mesmo, você deve viver no que é agora, hoje.
— Eu não sei se eu posso — Stenfax sussurrou, embora
as palavras de Gray eram como um farol através de um
nevoeiro. Gray avançou e colocou a mão no ombro de Lucien.
— Muitas pessoas não tem uma segunda chance como
essa. Pense nisso, não é?
Stenfax suspirou quando seu irmão mudou de assunto,
de volta à forma como eles iriam proteger Felicity. As palavras de
Gray significaram muito para ele.
E ele sabia que pensaria nelas, apenas sobre elas, por
um bom tempo.
Elise tinha aprendido muito nos curtos momentos que
teve a sós com Rosalinde e Felicity. Principalmente, percebeu o
quão boa e amável Rosalinde era. Enquanto algumas mulheres
teriam virado o nariz para ela, especialmente depois de todas as
coisas chocantes que tinha saído sobre seu passado, Rosalinde
era gentil e acolhedora. Ela até tentou aliviar a reconexão
estranha entre Felicity e Elise.
Mas finalmente Rosalinde levantou-se.
— Sabe, eu gostaria de falar com Xavier sobre algo. Por
que vocês duas não continuam conversando? Eu estarei de volta
em breve.
Ela acenou para ele e em seguida, para não levantarmos
e então saiu e fechou a porta. Elise sorriu para Felicity.
— Ela é adorável.
Felicity concordou com a cabeça instantaneamente. —
Ela realmente é. Gray a ama muito.
Elise arregalou os olhos ao pensar no severo e tranquilo
Gray que ela conheceu quando menina.
— Eu não teria pensado que ele se permitiria se
apaixonar por alguém.
— Sim, todos estávamos preocupados que ele nunca iria
se permitir isso, mas Rosalinde é tudo para ele. — Felicity abriu
um largo sorriso. — Temos sorte de tê-la em nossa família. E sua
irmã, Célia, é tão maravilhosa.
Elise congelou.
— Celia, a ex-noiva do Stenfax — disse ela lentamente.
Felicity se inclinou e pegou as mãos de Elise.
— Ele não se importava com ela. Nem ela por ele. Foi
inteiramente um jogo de conveniência e acho que ambos ficaram
aliviados quando o noivado acabou .
Elise balançou a cabeça em descrença absoluta.
— Eu não sei como ela não poderia ter amado Lucien se
passasse algum tempo com ele.
A expressão Felicity suavizou nessa observação.
— Talvez ela simplesmente sentiu que ele não era
verdadeiramente livre. Afinal de contas, ele ainda estava ligado a
você.
— Por seu ódio — disse Elise.
— Não — disse Felicity, apertando os dedos suavemente
antes de ela largar o seu. — Não seu ódio, mesmo que ele teria
dito isso por um longo tempo. De qualquer maneira, Celia se
casou recentemente e parece muito feliz onde está. Tudo deu
certo para o melhor, porque agora você vai se casar com meu
irmão.
Elise conteve a respiração com aquela afirmação de fato.
Parecia tão chocante para seus ouvidos, embora tivesse sido
decidido quase uma hora antes. Ela não estava acostumada a
isso.
— Você está, realmente esta, feliz com esse fato? — Elise
perguntou finalmente, atirando sua amiga um olhar de lado.
Felicity baixou a cabeça.
— Se você tivesse me feito essa pergunta, esta manhã, eu
admito que eu teria dito não. Eu teria ficado horrorizado com a
própria noção de que Lucien iria se amarrar a você de novo e de
uma forma tão permanente. Mas agora que a verdade apareceu,
eu me sinto diferente. Na verdade, sinto-me alegre. Você
sacrificou o seu futuro com ele, uma vez para me salvar. Agora
isso corrige essa ação amarga. Ele redefine o mundo, de outra
maneira.
Elise apertou os lábios com força antes que ela disse:
— Eu não tenho certeza sobre isso. Certamente não
corrigi ou alterar o que fiz com Lucien.
— Você não acha que ele te perdoou, mesmo depois de
saber a verdade do porque você fez o que fez?
Elise considerou a pergunta, rolando-o em torno de sua
mente para ver se ele se encaixa a seu senso de desconforto. Sua
mente estava de tal desordem, era difícil determinar a verdade em
tudo.
— Não é que ele não tenha me perdoado — disse ela
finalmente. — Acho que ele está começando a fazer isso. Mais que
ele está resignado com este casamento como uma maneira de
pagar-me de alguma forma por meu sacrifício de todos aqueles
anos atrás.
A expressão de Felicity ficou preocupado.
— Você conhece Lucien.
— Eu fiz isso uma vez, sim.
— Ele não mudou muito — sua amiga tranquilizou-a. —
Ele é... Prudente quando não está certo do que fazer. Tudo só saiu
hoje, Elise. Todo o seu mundo, todo o seu sistema de crença, foi
transformado em sua cabeça. Você deve deixá-lo pensar sobre
isso, para poder encontrar uma maneira de aceitar o que
aconteceu todos esses anos atrás. Seu coração vai amolecer com
o tempo .
Elise levantou-se e caminhou para longe, as mãos
tremendo em seus lados.
— Só que eu não sei se ele pode. Ele me diz
repetidamente que a nossa falta de confiança é o que nos separa
e eu não posso discutir esse ponto. A confiança não pode apenas
ser magicamente obtida.
Felicity respondeu prontamente.
— Eu posso ajudar. Afinal de contas, é apenas
sobre ganhar a sua confiança, não é? Vou ajudá-lo a encontrar
uma maneira de fazer isso.
Elise suspirou.
— Essa não é a questão neste momento. Lucien acredita
que eu não confio nele. E eu não tenho ideia de como provar que
eu faço.
Felicity parecia tão perplexa como ela estava, mas antes
que pudessem falar mais sobre o assunto, a porta da sala se
abriu e Rosalinde e Gray entraram na sala, seguido por
Lucien. Seu olhar varreu a sala e quando ele a encontrou, seus
ombros endureceram e a linha de seus lábios se apertaram.
Ambas essas coisas fizeram seu estomago embrulhar. Ele
havia assegurado seu futuro com a sua proposta, mas não se
sentia segura no momento. Não quando ele claramente hesitou,
forçando-a a um canto, por suas circunstâncias.
— Minha querida, eu tenho pensado, você obviamente
tinha pouca escolha, dado o que aconteceu ontem à noite, mas
você não pode ficar com Stenfax durante seu noivado — disse
Rosalinde. — Por que você não vem e fica comigo e com Gray?
Elise olhou para Stenfax mais uma vez. Claro, o que
Rosalinde disse foi bom, mas queria ver se ele estava
decepcionado tanto quanto ela. Mas sua expressão era ilegível.
— Oh, não, ela deve vir ficar com a mamãe e comigo! —
Disse Felicity, agarrando o braço de Elise.
Gray sorriu para a irmã.
— Normalmente eu concordaria que vocês devem ter
tempo para restabelecer a amizade entre as duas. Mas, dada à
ameaça que ainda existe para Elise, até sair de Londres para
Caraway Court, seria melhor que ela estivesse sob meu
teto. Posso ter certeza de que ela estará protegida.—
O sorriso de Felicity caiu e a gravidade da situação sentia
muito claro naquele momento.
— É claro — disse ela, com a voz tensa.
Elise apertou seu braço gentilmente antes que ela desse
um passo em direção a Lucien.
— Caraway Court? — perguntou ela.
Ele assentiu.
— Gray e eu pensamos que é melhor se reagrupar
lá. Planejar nossos próximos movimentos. Você se opõe à ideia?
Elise deu de ombros, em parte porque ela não achava que
qualquer objecção ela tivesse iria importar, mas também porque
ela tinha essas boas memórias de Caraway Court. Foi onde ela
tinha se apaixonado pela primeira vez pelo homem que agora
reluta em se tornar seu marido.
Talvez lá ela iria encontrar uma maneira de lembrá-lo
que ele uma vez a amara também.
— Eu não me importo de sair de Londres — disse ela. —
Tenho certeza que o escândalo quando o nosso envolvimento for
anunciado será enorme. Eu não quero estar no centro da
tempestade.
— Então parece que Elise confia na sua decisão, Lucien
— disse Felicity, e envio ao seu irmão um olhar significativo.
Elise conteve um suspiro. Claro Felicity iria tentar
resolver este problema, mesmo na forma mais desajeitada. A
expressão de Stenfax não se alterou, embora ele olhou para Elise
um pouco mais de perto.
Ela forçou um sorriso.
— Acho que eu deveria pedir para minha empregada
preparar as coisas para nós mudar. Não que haja muita coisa
para Ruth preparar. Saí com tão poucas coisas.
— Você acha que os servos na casa dote ajudariam a
obter o resto de suas roupas? — Perguntou Stenfax.
Ela assentiu com a cabeça.
— Há muitos que são simpáticos a minha situação. Se
Ambrose não queimou meus pertences, é possível.
— Eu vou buscá-los — disse Stenfax.
Gray deu um passo afrente.
— Você maldição não vai. Lembra-se do que discutimos
em relação ao homem? Nós vamos enviar alguns
funcionários. Você vai ficar bem onde está para que você não
acabe matando um duque e colocando-nos em uma posição ainda
mais precária. — Felicity recuou e Gray virou-se para ela. —
Sinto muito, Felicity. Eu não estava pensando.
Ela encolheu os ombros.
— Você está certo, porém. Minhas ações têm colocado a
todos em perigo e temos de agir com cuidado.
Lucien bateu o pé, com uma frustração clara em seu
rosto. Ele era um homem de ação e suas mãos estavam
atadas. No entanto, era outra coisa que Elise sabia que era culpa
dela.
— Muito bem — ele moeu fora. — Vou mandar
serviçais. Eu odeio não poder fazer nada.
Ela virou o rosto. Não há opções em nada, ao que
parecia, até mesmo um casamento.
— Sim, bem, eu vou me preparar Ruth. Não vai demorar
muito.
Ela virou-se para sair da sala e ficou surpresa quando
Lucien a seguiu sem uma explicação ou um anúncio que iria sair
da sala. No corredor, ela se virou para ele.
— Lucien — ela começou suavemente.
Seu rosto permaneceu impassível.
— O que você vai fazer em relação a Winstead?
Ela piscou. Ela pensava que ele a seguiu, a fim de
consolá-la ou se para conversar com ela. Em vez disso, ele
perguntou sobre o homem que teria sido seu amante.
Ela engoliu em seco.
— Eu não tinha pensado nisso. Suponho que deve ser
dito a ele que os meus planos mudaram. Escrevendo-lhe parece
cruel.
Stenfax ergueu o queixo.
— É o que você fez para mim.
Ela prendeu a respiração.
— Porque Kirkford orquestrou minhas ações, a fim de
causar a maior dor que podia.
Ele pareceu considerar isso por um longo momento,
então ele concordou.
— Nós não queremos inspirar o homem a tornar-se um
outro inimigo. Neste momento, existem muitas complicações sem
isso. Mas eu não quero que você vá até ele. Você já foi ameaçada
fisicamente e eu não quero que você enfrente sua ira.
— Você acha que ele vai ficar com raiva? — Perguntou
ela.
Ele encolheu os ombros.
— Como ele poderia não ficar perdendo você? — Ela
engasgou com a avaliação, mas ele não permitiu que ela
respondesse. — Deixe-me ir falar com ele. Então, se você quiser
escrever uma carta depois, eu não vou me opor.
Ela ficou tensa. Ela... Bem, ela supôs que ela poderia
chamar Stenfax seu noivo agora ... Seu noivo e o homem que
tinha oferecido como seu protetor. Ela não podia imaginar que
esta reunião iria bem. Especialmente desde Stenfax sentia-se tão
incapaz de fazer qualquer coisa sobre Ambrose. Winstead poderia
muito bem sofrer as consequências que ele não merece.
— Não desconta a sua raiva sobre ele — ela sussurrou. —
Por favor, me faça essa promessa. — Ele arqueou uma
sobrancelha.
— Preocupado com ele?
— Não — ela disse, odiando o tom afiado. — Preocupado
com você. Só você, Lucien.
Ela inclinou-se e brevemente roçou os lábios no rosto
dele, em seguida, virou-se para escadas e longe de Lucien. Longe
dos sentimentos que ele não sentia mais. Longe do futuro que ela
tinha uma vez tão almejada, mas agora sentia-se bloqueado em
pedra doloroso.
Lucien se sentou em uma sala de estar quieto, esperando
a chegada de um homem que não esperava por ele. Para dar-lhe a
notícia de que poderia deixa-lo sabe Deus de que maneira. Ele
provavelmente não deveria ter sido o único dando esta notícia,
dado o fato de que agora ele se casaria com Elise.
Mas sentia-se impotente nessa situação. Ele tinha
despedindo-se dela a uma hora atrás, observando-a ir para a
carruagem de Gray com a cabeça inclinada. Ele não se permitiu
tocá-la, realmente se conectar com ela, quando ela deixou sua
casa como sua noiva. Parecia que havia mais de um muro entre
eles do que alguma vez tinha sido, e ele estava desconfortável com
a situação, isso não era o que ele queria, mas ele não tinha ideia
de como corrigi-lo.
A porta para a sala de estar se abriu e ele ergueu-se
lentamente para ver Theodore Winstead entrar na sala. O jovem
parecia calmo em face de sua presença e fechou a porta
silenciosamente atrás dele.
— Meu senhor — ele disse, seu tom de voz apenas uma
toque cauteloso.
— Winstead — ele respondeu, forçando algum nível de
polidez comum quando ele estendeu a mão. — Obrigado por me
receber. Winstead assentiu enquanto apertou a mão de
Stenfax. Em seguida, eles se sentaram. — Eu suponho que você
sabe por que estou aqui.
Winstead inclinou a cabeça.
— Eu só posso arriscar um palpite, que é sobre a
duquesa de Kirkford.
— Sim — Stenfax disse suavemente, examinando o
homem de perto por sua reação. Quanto ele quer Elise? E quão
longe tinham as coisas realmente ido entre eles? — Trata-se de
Elise.
Winstead deu um suspiro e foi para o aparador onde
serviu dois uísques.
— Eu acho que nós dois podemos usá-lo para passar por
essa conversa, que parece que vai ser uma discussão muito
desconfortável.
— Eu sei que você se ofereceu para ser seu protetor —
Stenfax disse categoricamente.
Winstead congelou no meio do caminho e disse:
— eu vejo.
— Não vai acontecer — disse Stenfax, se preparou para
qualquer que fosse a reação de Winstead com essa afirmação.
Não havia nada por um momento, mas Winstead virou-se e sua
expressão estava clara sem qualquer emoção, mas ele segurou o
olhar de Stenfax uniformemente. Ele entregou a bebida e Stenfax
pegou embora não bebeu. Ele queria sua mente muito clara neste
momento e ela já estava nublada suficiente pelo ciúme.
— Não? — Winstead disse e retomou a seu assento com
calma.
Stenfax balançou a cabeça lentamente.
— Não. Elise vai se casar comigo.
Winstead ficou em silêncio durante o que pareceu uma
eternidade, e em seguida, disse:
— É isso o que ela lhe disse, ou é apenas a sua
esperança de que ela vai concordar?
Stenfax olhou. Não havia medo neste jovem, apesar de
título superior de Stenfax e de sua atitude ruim. Ele se viu
gostando muito de Winstead, apesar de tudo.
— Perguntei-lhe esta manhã — disse ele suavemente. —
E ela concordou.
Pela primeira vez, Winstead franziu a testa, e ele colocou
sua bebida sobre a mesa ao lado dele.
— Ela nunca mencionou que era uma possibilidade.
Stenfax deu de ombros.
— Provavelmente porque ela não sabia que era. As
circunstâncias mudaram e este é o melhor caminho a seguir para
ela. Para nós.
Winstead examinou-o de perto e, em seguida, disse:
— Bem, eu posso ver porque ela iria inspirar uma tal
ação. Ela é uma mulher notável.
Stenfax tenso, agarrando os braços da cadeira com as
duas mãos enquanto lutava contra qualquer tendência violenta
que correu através de seu corpo.
— Sim — ele disse.
Winstead arqueou uma sobrancelha.
— Eu nunca a toquei além de um beijo, Stenfax. E ela
quase não retribuiu. Eu reconheci sua hesitação. Eu esperava
que um dia ela fosse superar sua reticência, mas parece que não
era para ser.
Stenfax piscou quando essas palavras penetraram na sua
mente. Elise tinha dito o mesmo para ele, que nunca tinha ido
para cama com este homem. Ele percebeu em um flash horrível a
verdade, que uma parte dele tinha duvidado de suas
palavras. Alguma pequenas partes ainda duvidavam dela, mesmo
sabendo a suas motivações em deixá-lo todos esses anos atrás.
Parecia que os velhos hábitos persistiram.
— Ela está em perigo, não é? — Perguntou Winstead,
interrompendo os pensamentos de Stenfax.
Ele colocou sua mandíbula, quase tão perturbado com o
fato de que Elise poderia ter confiado nesse homem como ele era
que ela poderia ter sido com ele.
— Ela te disse isso?
— Não. Não exatamente. Ela deu a entender sua situação
era precária, mas nada mais. O comportamento do novo duque de
Kirkford com ela é óbvia, ele a arrastou para a festa do Senhor e
da Senhora Swinton em um vestido mais adequado para sala de
estar de Vivien do que um estabelecimento de bom tom, ficou
claro que ele queria destruí-la. E depois há o receio de que
sempre parece estar nos olhos de Elise. — Os olhos de Winstead
estreitaram. — Eu não sou bobo. Sei que ela está sendo
ameaçada.
Stenfax apertou os braços da cadeira novamente.
— Sim — ele admitiu suavemente. — Ela está. O novo
duque é tão ruim quanto o antigo. Ela não estava segura em
anos, ao que parece.—
— Ele foi ouvido em todos os clubes, você sabe, alegando
que existe algum segredo sobre ela. Na verdade, ele afirma estar à
procura de acesso aos segredos de muitas
pessoas. Especialmente quando ele está bêbado.
Stenfax não poderia mascarar sua surpresa que este
homem que queria ser seu amante seria tão direta com o homem
que tinha roubado ela dele.
— Ele disse o que ele sabia sobre Elise?
— Não. E agora eu não acho que ninguém acredita
nele. Ele é visto como um palhaço patético, seja dita a verdade.
Stenfax soltou um baixo suspiro de alívio.
— Espero que continue assim — ele murmurou. — Eu
também espero que você não vai transformar o que quer que
raiva que você pode se sentir em perdê-la contra ela.
Winstead inclinou a cabeça.
— Eu admito que doeu um pouco perder ela para
você. Mas eu vou sobreviver a isso. E eu não acho que Elise
mereça a censura ou medo, eu acho que ela sofreu demais. Não
só de Kirkford ... Mas de todos.
Stenfax encolheu, com a acusação era evidente no tom do
jovem. E que foi merecido, e a pior parte era que ele não tinha
nenhuma desculpa para isso pois era a verdade.
— Bem, eu agradeço por essa promessa. E por sua
bondade para minha futura esposa quando ela tão obviamente
precisava. Bom dia, Winstead.
Curvou-se rigidamente e Winstead levantou-se e seguiu o
até o foyer. Eles apertaram as mãos mais uma vez lá, e Winstead
disse:
— Eu realmente espero que você possa encontrar uma
maneira de fazer Elise feliz. E a você mesmo. Ao que parece,
depois de tanto tempo separados você também merece isso. bom
dia.
O cavalo de Stenfax foi trazido em torno e então Winstead
se afastou, deixando Stenfax para digerir o que ele tinha dito.
Elise não merecia o que tinha acontecido. Elise não
merecia ser ameaçada. Elise não merecia ser abusada. Não, ela
não o fez. Então, ele virou o cavalo não para a sua própria casa,
mas a uma outra.
E sabia que ele iria quebrar uma promessa que tinha
feito não só para Elise, mas a seu irmão.
O carro que ele tinha enviado com dois de seus maiores
lacaios estava chegando na casa do dote de Elise quando ele se
aproximou. Levou seu cavalo para a borda da porta de entrada e
foi preparando-se para descer quando ouviu um ruído nos
arbustos ao lado dele e seu nome sussurrado no vento.
— Stenfax.
Ele se virou para encontrar Gray movendo-se para a rua.
Seu irmão cruzou os braços e arqueou uma sobrancelha para ele.
— Maldito inferno — murmurou Stenfax enquanto
colocava os pés no chão. — Você esta me seguiu?
— Não — disse Gray. — Não seguido. Apenas antecipei
que você faria algo tão temerário. O que você está pensando vindo
aqui, Lucien, depois do que discutimos mais cedo em sua casa?
Stenfax agarrou suas mãos em seus lados como a raiva
fervendo nele. Raiva, que ele controlou por um longo tempo, mas
agora se libertou.
— Eu não vou virar a cauda e fugir de um homem que
ousou colocar suas mãos sobre a mulher que eu amo. Que se
atreve a ameaçar minha irmã. Fiquei parado ociosamente por
anos, sabendo que seu primo tinha roubado tudo o que eu tinha
em mãos. Agora, espero que envie empregados para pegar as
coisas de Elise, só para ter certeza de que não ofenderei aquele
bastardo novo duque se ele estiver aqui? Isso é demais.—
Gray soltou um suspiro.
— Há alguém que o viu vindo aqui?
— Não — Lucien disse suavemente.
Gray assentiu.
— Bem, eu assumi que não haveria. Venha então, vamos
lá. — Lucien se inclinou para trás. — Você vai comigo?
Gray riu. — Alguém tem que proteger Kirkford.
Eles trocaram um aceno de cabeça, e foram em direção a
entrada da casa enquanto os lacaios de Stenfax começavam a
subir os degraus. Ambos os empregados pareciam surpresos ao
ver seu mestre.
— Meu senhor? - perguntou o lacaio. — Eu... Eu não
percebi ... — Stenfax ergueu a mão para detê-lo.
— Eu sei obrigado. Por que você e Cummings não pegam
o carrinho?
Os homens acenaram com a cabeça e voltaram para o
carrinho deles para movê-lo. Stenfax respirou fundo, pôs a
expressão mais fria e bateu. Um mordomo respondeu à porta em
um momento.
— Posso ajudá-lo? — Ele perguntou, seu tom e
comportamento pareciam agitados.
— Estou aqui para recuperar as coisas da duquesa de
Kirkford - disse ele, empurrando o homem. — Os meus servos vão
entrar mostrem-lhes o seu quarto.
O criado deu um ligeiro sorriso, mas depois o empurrou
para o lado.
— Veja, senhor - inclinou-se. - Tenho de oferecer alguma
resistência, sabe?
Stenfax endureceu.
— Isso significa que o duque está na residência? — Ele
sussurrou.
— Na sala oeste, Bebendo e derrubando qualquer coisa
que Sua Graça decorou. Também atiçando fogo para queimar
suas roupas.
Stenfax cerrou os punhos, e Gray apertou sua mão em
seu braço gentilmente.
— Comece a nos reprender — Gray sugeriu. — Em voz
alta, e vamos passar empurrado você e iremos até o duque.
Enquanto fazemos isso, os lacaios que são grandes vão dominar
você.
O mordomo assentiu, depois recuou e gritou:
— O que você está fazendo aqui? Eu não me importo com
quem você é, você não pode simplesmente entrar aqui pedindo
para levar as coisas de meu senhor!
Stenfax sorriu e cruzou uma moeda em seus dedos.
— Obrigado.
— Não tem de que, meu senhor — disse o homem quando
ele fez sinal para eles para ir para a sala de estar. Ele arrastou
para trás como eles fizeram isso e como Stenfax abriu a porta, ele
disse: — Sinto muito, Sua Graça, eles passaram por mim.
Quando entraram na sala, os três pararam e o mordomo
colocou a mão na boca com um suspiro. O novo duque de
Kirkford não estava debatendo no quarto como havia sido
descrito, exigindo vingança contra os pertences de Elise.
Em vez disso ele estava deitado no chão diante da lareira,
com uma faca que em seu peito.
Gray correu na frente, caindo de joelhos diante do
homem. — Ele ainda está vivo — ele gritou. — Ligue para a
guarda e um médico!
O mordomo correu para fazê-lo, deixando Stenfax e Gray
com o duque. Stenfax avançou, olhando para o rosto de seu
inimigo. O novo duque tinha um rosto tão cruel como antes, e
não podia sentir pena dele ter sido atacado.
Gray olhou para ele.
— É ruim — ele murmurou.
Kirkford gemeu.
— Eu não consigo respirar — ele ofegava.
— O sangue está enchendo seus pulmões — Stenfax
disse enquanto observava a posição da faca. — Eu não acho que
há muito que pode ser feito.
Os olhos de Kirkford se arregalaram de
medo. Lentamente Stenfax caiu de cócoras e olhou-o nos olhos.
— Você tentou ferir Elise, então eu não sinto pena de
você. Mas vou tentar trazer-lhe justiça, não que você
mereça. Quem fez isso com você? — Kirkford estava com falta de
ar agora, e havia um chiado em sua voz.
— Me-meu primo, Roger — ele conseguiu fracamente
falar. — Nós nascemos no mesmo dia, ele desafiou-me como
herdeiro do ducado. Ele não gostou que eu ganhei.
Gray e Stenfax trocaram um olhar.
— Você disse a Elise que havia um livro — Gray disse,
colocando a mão sobre o peito de Stenfax para impedi-lo de
falar. Ele entendeu por que, Gray era mais provável para tirar as
informações de Kirkford do que ele. — Cadê?
Kirkford tossiu e sangue escorria de sua boca e
nariz. Mas ele ainda sorriu, um sorriso de dentes vermelhos
nojento.
— Você está com medo do livro? Você deve estar. Eu sei
que tem segredos. Eu encontrei. Teria ... destruído ... quando ...
eu ... entendi. — Suas palavras vieram mais lento agora, com
mais esforço era como se ele se afogasse em seu sangue. —
Roger ... levou ... ele ...
Ele puxou ar em um último suspiro e então vaiou. Ele
parou de se mover, e se foi.
— Maldição! — Stenfax rugiu, levantando-se e esfregando
a mão pelo cabelo. — Então, agora o livro não está escondido,
está solto por aí.—
Gray deslizou a mão sobre os olhos do duque, fechando-
os suavemente. — O que ele quer dizer com — quando eu
entendi?
— Eu não sei — disse Stenfax. — Talvez ele não teve
tempo para lê-lo antes de Roger vir e o matado, levando-o com
ele?
— Isso não faz sentido — disse Gray. Então ele apontou
para o corpo. — Olha, o que é isso na sua mão?
Stenfax se agachou novamente e viu o que seu irmão
havia indicado. Um pedaço de papel rasgado saindo do punho do
Kirkford. Ele arrancou os dedos abertos suavemente e puxou-o
solto. Eles mantiveram-no alto e juntos, olharam para ele. Era
um amontoado ímpar de letras, que não dizia nada que Stenfax
compreendesse.
Os irmãos trocaram um olhar.
— É o código — disse Stenfax. — O livro é em código, isso
é o que Kirkford quis dizer.
— E uma vez que ele não entendia, eu acho que nós
podemos seguramente assumir que Roger teria de decodificá-lo,
bem, antes que ele pudesse usá-lo contra qualquer pessoa,
incluindo Felicity.
Uma pequena fração de alívio perfurado o sentimento de
horror no peito de Stenfax.
— Então nós podemos ter algum tempo — ele murmurou.
— Um pouco, de qualquer maneira — disse
Gray. Devemos levar isso para o conde de Stalwood. Ele
trabalhou com Dane durante anos. Ele pode nos ajudar com o
código.
Ele empurrou o papel no bolso, quando os membros da
guarda irromperam no quarto e o caos começou. Stenfax se
afastou quando eles se aproximaram e começaram a questioná-
los. Sua situação com o novo duque de Kirkford tinha sido
resolvida, mas ele não sentiu nenhuma alegria. Elise pode estar
mais segura, mas agora ele teria que dizer a ela, e Felicity, que
este livro misterioso estava lá fora.
E ele não estava ansioso com isso.

Elise observou Rosalinde andar pela sala, olhando para o


relógio uma e outra vez.
— Eu não tenho ideia do porquê Gray não chegou ainda.
— Ele nunca se atrasa?
Rosalinde sacudiu a cabeça.
— Não sem enviar-me uma mensagem. E ele parecia
muito... bem, ele estava agindo de forma suspeita quando ele
partiu, então eu pergunto o problema que ele se meteu.
— Vem sentar — disse Elise, batendo no sofá ao lado
dela. Quando Rosalinde fez isso, ela virou-se em seu lugar um
pouco para encará-la. — Eu conheço Gray desde menino, você
sabe.
A expressão preocupada de Rosalinde suavizou um
pouco.
— Sim eu sei. Ele disse-me muitas histórias de você e
Felicity seguindo ele, Stenfax e Asher ao redor.—
— Tenho certeza que até recentemente eu era uma parte
relutante dessas histórias, considerando seus sentimentos por
mim — disse Elise.
Rosalinde apertou a mão dela.
— Gray é o irmão mais leal que eu já conheci. Ele lutou
duro contra o casamento de Stenfax e minha irmã só porque ele
sentiu que tinha ferido Stenfax no passado. Ele quase nos rasgou
em pedaços.
Elise sorriu para ela.
— Mas você sobreviveu. E eu vou dizer-lhe que pensar no
menino que eu conhecia todos esses anos atrás, eu nunca teria
pensado que ele seria capaz de amar como eu vejo que ele ama
você, Rosalinde. Você realmente capturou seu coração e fez dele
uma pessoa diferente.
— Eu espero que isso não seja verdade, porque eu adoro
a pessoa que ele é, em todos os sentidos. Falhas e tudo, assim
como ele me faz. — Rosalinde inclinou a cabeça. — A perfeição
não é necessária, nem está moldando-nos a ser algo novo ou
nunca cometer erros. Mas possuir até nossos erros é primordial.
Que é o que você fez hoje.
Elise suspirou.
— E eu tenho um compromisso com um homem que não
sabe o que fazer comigo.
— Você o ama — Rosalinde disse suavemente.
Elise olhou para ela. Ao contrário de Felicity ou Gray ou
Stenfax, ela não tinha nenhuma história com esta mulher. Nada
preconcebido ou amargo apartir dos anos que eles tinham
separado. E havia algo no rosto gentil e belo de Rosalinde que
inspirou honestidade.
— Eu nunca parei de amá-lo — Elise admitiu, a
respiração presa. — Nunca em todo esse tempo. Essa foi a minha
prisão, não qualquer coisa que o bastardo Kirkford já fez ou
criou.
— Você vai superar isso — Rosalinde sussurrou.
A porta para a sala de estar foi aberta e Gray entrou,
seguido por Stenfax. Ambas as mulheres ficaram de pé.
Rosalinde estava aliviada, mas Elise estava apenas
surpresa. Stenfax não parecia querer vê-la novamente hoje, e
ainda assim ele estava aqui, olhando-a uniformemente.
— Onde no mundo você estava? — Rosalinde perguntou
quando ela beijou Gray abertamente e bastante
descaradamente. Ele a deixou por um momento, em seguida,
puxado para trás com um olhar sombrio para Stenfax.
— Eu vou explicar, mas vêm comigo. Stenfax tem algo a
dizer a Elise.
Elise ficou tenso quando ela olhou para ele. Diga-lhe
alguma coisa? Isso não pode significar nada de bom. Não quando
ele parecia um pouco doente.
Rosalinde pegou o braço de Gray, dando Elise um último
olhar preocupado antes que eles deixaram a sala. Quando eles
fecharam a porta, Elise deu um passo em direção Stenfax.
— Você está terminando o noivado? — Ela sussurrou.
Seus lábios se separaram em surpresa.
— Não, Elise. Claro que não.
Alívio fluiu através dela e ela de alguma forma conseguiu
manter-se em seus pés quando os joelhos vacilaram. Stenfax se
aproximou, levando o cotovelo para firmá-la. Esse toque espalhar
o calor por todo o corpo dela, e ela olhou para ele lentamente.
Ele apertou os lábios.
— Senta. Esta é... Bem, eu não sei como você vai levar a
notícia que eu vim para compartilhar.
Ela retomou seu lugar no sofá e ele colocou-se ao lado
dela. Perto o suficiente para que sua perna escovasse a dela o que
desencadeou uma torrente de reações através de seu corpo. Ele
apenas olhou para ela, embora, como se ele não sabia o que dizer.
— Será que o seu encontro com Winstead foi mal?
perguntou ela, esperando que ela poderia encorajá-lo a
explicar. Ele passou a mão sobre o rosto.
— Não, isso realmente correu bem. Você não tem nada a
temer dele, por isso. Não é isso.
Ela descansou a mão em sua perna e apertou. Ela sentiu
seu músculo da coxa apertar contra sua mão e suas pupilas
dilatadas ligeiramente.
— O que é então? — Ela sussurrou. — Confie em mim.—
Ele prendeu a respiração, no uso da palavra
novamente. Essa palavra que pendia entre eles. Ele assentiu. —
Sim, eu preciso neste caso. Você merece isso. Eu sei que
concordamos em não ir para sua casa dote, Elise. Mas eu fiz.—
Ela prendeu a respiração. — Oh, Lucien. Foi Ambrose
lá? Será que você o confrontou, fez — Ele está morto, Elise .
Ela olhou para ele um momento como suas palavras
afundou em. Em seguida, ela fugiu para trás, como se ela
pudesse se separar esse horror.
— Não — ela gemeu, o som baixo e dolorido e não
expressar a metade da agonia que ela sentia. — Oh, por favor me
diga que você não fez, Lucien.
Ele pegou suas mãos e segurou firme.
— Eu não fiz — prometeu. — Eu até queria, mas eu não
teria porque eu sabia que só iria complicar essa situação
terrível. Não, quando Gray e eu chegamos lá, ele já estava...
morrendo. Ele tinha sido esfaqueado. Por seu primo. —
Seus lábios se separaram.
— Roger?
— Parece que sua luta com a herança do título ainda não
estava concluída.
Ela cobriu a boca com as duas mãos.
— Oh Deus — ela murmurou através deles. — Quando
Toby morreu, sua batalha foi terrível, sim, e eles quase chegaram
às vias de fato várias vezes durante os processos judiciais que
determinaram quem nasceu primeiro. Mas eu nunca teria
pensado ...
— Aparentemente Ambrose também não — Stenfax disse
suavemente.
— Então estamos... seguro? — perguntou ela, uma
pequena chama de esperança em seu peito. Ela estava
envergonhado que a morte de um homem iria inspirar
alívio. Mesmo um homem que desprezava.
— Não exatamente — disse ele. — Ambrose tinha
encontrado o livro de Kirkford.
Ela olhou.
— Ele achou?
O rosto de Stenfax cresceu ainda mais sombria.
— E Roger tomou.
Ela saltou para seus pés.
— Não! Não, isso não pode ser. Assim, os segredos foram
descobertos? Estamos perdidos?
— Não. — Ele se levantou e foi em direção a ela, pegando-
a e puxando-a em seus braços. Ele alisou o cabelo, tentou fazê-la
parar de tremer. Mas ela não podia parar, não importa o quanto
seu calor perfurou seu e rodeado dela.
— Como poderíamos não estar? — perguntou ela quando
ela conseguia encontrar as palavras. — Roger é tão cruel quanto
seus primos sempre foram. Na verdade, ele é uma crueldade fria e
calculada, não tão selvagem como Toby e Ambrose eram. Muito
mais perigoso.
Ele estremeceu com essa avaliação, mas puxou-a para
trás e olhou para ela.
— Houve uma página deixado para trás na luta, e o livro
de Toby estava codificado. Neste momento não acreditamos que
Roger tem uma maneira de quebrar o código. Assim nos dá algum
tempo.
Ela franziu a testa. — Codificado?
Ele assentiu. — Sim. Parece que seu falecido marido
queria proteger os segredos por ele recolhidos.
Ela inclinou a cabeça.
— Então o que fazemos agora?
Ele passou a mão em sua bochecha.
— A mesma coisa que nós planejamos em primeiro lugar.
Você e eu vamos casar, e vamos procurar o livro. Roger está sob
suspeita pelo assassinato de um duque. Ele vai estar se
escondendo. Mas vamos encontrá-lo, e nós vamos encontrar o
livro e destruí-lo. Nada mudou.
Ela soltou um suspiro trêmulo.
— Eu não gosto disso. Este dia inteiro foi como uma areia
movediças debaixo dos nossos pés. Um inimigo torna-se outro, as
verdade torna-se mentiras. Será que algum dia vamos nos sentir
seguros de novo?
De repente sua boca estava sobre a dela. No início, o
beijo foi suave, mas quando ela passou os braços em volta do
pescoço, ele cresceu mais aquecido, mais apaixonado, ela
afundou-se nele e suspirou enquanto sua língua deslizou através
dela. Ela sentiu a evidência de seu desejo por ela, pressionando
firmemente em seu estômago, e não queria nada mais do que
ceder a ele.
Afinal, havia pouco que ela sabia deste homem, mas que
poderiam conectar tão apaixonadamente, tão docemente, foi um
fato que nunca tinha mudado.
Ele afastou-se, e foi como se ele tivesse lido sua mente
quando ele sussurrou:
— Não há nada que eu gostaria mais do que deitar você
no sofá e esquecer a loucura de hoje. Mas está ficando tarde e
nós temos um lugar para estar.
Ela inclinou a cabeça.
— Onde?
— Na minha mãe. Vamos sob o disfarce de lhe dizer
sobre o nosso compromisso. Mas enquanto estamos lá, Gray e eu
preciso dizer a Felicity sobre a morte do Duque de Kirkford. —
Elise estremeceu. — Ela vai ficar arrasada.—
— É por isso eu estou feliz por você estar lá para ajudar
— disse ele, segurando seu olhar firme. — Agora vai para cima se
trocar. Gray conseguiu convencer o guarda, e pegamos suas
roupas como nós planejamos .
Ela piscou. Ele estava oferecendo a ela um pouco de
confiança, pedindo-lhe para sua ajuda com Felicity. Ela viu
isso. E embora fosse apenas um começo, ela iria levá-la, e
agarrar-se a ele com as duas mãos. E orar para que um dia
poderia gerenciar para transformá-lo em um futuro feliz.
Lucien olhou para Elise enquanto ela se mexia em sua
cadeira, olhando para a porta, onde Felicity e sua mãe em breve
se juntarão a eles e Gray e Rosalinde. O outro casal estava junto
ao fogo, as cabeças juntas em uma conversa particulares.
Stenfax estendeu a mão e pegou a mão de Elise,
apertando suavemente.
— Está tudo bem — ele sussurrou.
Seu rosto pálido já drenado ainda mais da cor.
— Como pode estar bem? Sua mãe deve me odiar tanto
quanto você e seus irmãos fizeram.—
Lucien franziu a testa com esta observação. Ela tinha
vivido na sombra do desdém de sua família por tanto tempo,
agora que ela tinha sido trazida para a luz era como se ela não
sabia o que fazer. Isso era culpa dele, ele supôs. Afinal de contas,
ela sentiu as paredes entre eles.
Ele queria tanto derrubar essas paredes, mas não era tão
simples assim.
— Mama é uma pessoa simples — disse ele
suavemente. — Será que ela vai estar... confundida por essa
mudança de eventos? Acho que ela vai. Afinal, eu não tinha
escondi o meu luto por perdera-la muito bem, mas ela não é o
tipo de afastar ninguém. Eu te asseguro. Especialmente se Gray e
Felicity mostrar seu apoio.
A menção de sua irmã fez o rosto de Elise cair ainda
mais. — Oh, como é que Felicity vai receber esta notícia? — Ela
sussurrou.
Ele ficou tenso com o pensamento, mas estava feliz em
compartilhar suas preocupações com alguém que entendesse. —
Eu vou ter que tirá-la de lado para dizer a ela, e eu admito que eu
não pensei nisso ainda.
— Eu vou ajudá-la da melhor forma possível — Elise
disse suavemente enquanto passava os dedos pelos dele. Ele
olhou para ela, mergulhando no socorro de seu apoio, sentindo o
brilho de seu amor por ela em troca.
Felicity entrou na sala e ele se afastou de Elise,
levantando-se quando ele olhou para sua irmã e sua mãe. Lady
Stenfax sorriu, mas a expressão caiu lentamente quando
percebeu Elise estava de pé em sua sala de estar.
— Eu- — ela começou. — Bom Deus, Sua Graça, eu não
tinha ideia de que você iria se juntar a família para o jantar hoje à
noite.
— Lady Stenfax — Elise disse, estendendo a mão trêmula
em direção a sua mãe. — Eu espero que minha presença aqui não
cause nenhum problema.
Sua mãe piscou, e por um breve momento Stenfax
pensou que ela poderia de fato, se recusam a receber Elise. Mas
então ela estendeu a mão e pegou a de Elise do gentilmente. —
Claro que não, minha cara. Nós vamos adicionar uma outro prato
para o jantar. Tem sido ... — Ela atirou a Stenfax um olhar
lateral... Um tempo muito longo desde que a vi pela última vez.
Stenfax limpou a garganta quando ele aproximou-se de
Elise e gentilmente passou o braço em volta da cintura. Sentiu-a
inclinar-se para ele uma fração e acariciou os dedos contra o lado
dela em alguma forma de conforto. — Mamãe, eu tenho notícias
para você.
Os olhos de Lady Stenfax ampliaram ainda mais quando
ela olhou para os dois. — Eu vejo que você faz. O que está
acontecendo?
— Elise e eu vamos nos casar — disse ele suavemente. —
Em Caraway Court, em duas semanas.
Parecia que a sala prendeu a respiração coletiva
enquanto esperavam a reação de Lady Stenfax, mas ninguém
mais que Elise. Ele supôs que ele entendeu o porquê. Afinal, ela
sempre gostou de sua família, e uma vez que seus próprios pais
tinham ambos morrido durante seu casamento com Kirkford, ela
estava muito sozinha no mundo. Ele podia imaginar que ela
gostaria de ter a presença suave de sua mãe.
— Isso é maravilhoso — Lady Stenfax disse finalmente, e
moveu-se em direção ao casal a primeiro beijou o rosto de seu
filho e, em seguida, pegou as mãos de Elise. — Minha querida,
temos muito saudades de você na companhia de nossa
família. Eu só desejo que seus pais estivessem aqui para ver este
dia. Eu sei que eles desejavam muito isso.
Elise piscou surpresa. — Você manteve contato com
meus pais ... depois?
Lady Stenfax franziu a testa. — Claro que eu fiz. Eu
espero que você tenha visto a minha nota quando eles morreram .
Elise engoliu em seco. — Eu fiz, minha senhora. Lamento
não escrever de volta, minha dor era muito, eu temo. — Ela olhou
para Stenfax com um sorriso suave. — Mas eu apreciei suas
amáveis palavras.
Ela estava tão linda nesse momento que levou tudo em
Stenfax para não agarrá-la, colocá-la por cima do ombro e levá-la
de volta para sua casa para reivindicar seus direitos então. Mas
ele tinha um dever desagradável esta noite e tinha a ver com
Felicity.
Lady Stenfax olhou ao redor da sala com um aceno de
cabeça. — Eu posso ver que eu sou a última a ouvir esta
notícia? Como vocês todos mantiveram este segredo?
Gray riu. — Não se preocupe, mamãe, só aconteceu. Você
não foi mantida no escuro por muito tempo.
Elise limpou a garganta. — Eu odeio ter que dizer o
óbvio, mas logo esta notícia vai se espalhar por toda parte. Não
podemos ignorar o escândalo que irá criar. Então, eu gostaria de
ter um momento para pedir desculpas a todos vocês pelos
problemas que podem trazer para a sua família.
Lady Stenfax olhou para ela e depois se moveu
lentamente para a frente. — Elise, minha querida, eu tenho visto
o meu filho por anos desde que seu noivado foi rompido e sei que
ele sofreu muito por sua perda. Agora eu olho para ele e vejo ...
não sua cara amarrada novamente. Sua alegria.
Stenfax se sentiu deslocado quando Elise e sua mãe
olharam para ele. — Ora, mamãe, não faça Elise achar que eu
estava sentado em uma cova de desespero por três anos.—
Lady Stenfax corou e disse: — Talvez não seja uma cova,
mas eu estou contente de ver a luz em seus olhos novamente. Se
Elise deu isso para você através de seu retorno a sua vida, porque
me importaria o que alguém diz sobre isso? Se uma pessoa se
atreve a questionar a sua união, vou dar-lhes algumas palavras
duras de volta.
Stenfax inclinou a cabeça com uma leve risada,
inspirando um olhar de sua mãe. — Sinto muito, mamãe, eu só
tenho dificuldade em imaginar você distribuir palavras de baixo
calão.
— Você acha que não é da minha natureza — disse
ela. — Você esquece que eu disciplinei a todos quando eram
crianças.
Agora Gray e Felicity estavam rindo também, e sua mãe
virou-se em direção a eles com uma sobrancelha arqueada.
— Vem, Mama — Gray disse, estendendo a mão para
tomar-lhe o braço. — Vamos para o jantar e você pode dizer
Rosalinde tudo sobre como você nós punia tão severamente
quando crianças. Eu acho que Felicity e Stenfax e Elise vão se
juntar a nós daqui a pouco.
Stenfax enviou seu irmão um olhar brevemente grato
quando o rosto de Felicity caiu. Uma vez que eles estavam
sozinhos, ela deu um passo para Elise e Stenfax. — Aconteceu
alguma coisa?
Stenfax mudou quando ele pegou as mãos de sua irmã,
que estava fria e tremendo na sua, e seu coração afundou. Como
ele odiava fazer isso. Como ele odiava tudo isso.
Seu rosto devia estar parecendo ferido, pois Elise enfiou a
mão para cobrir tanto o sua quanto a de Felicity. Ela lhe deu um
olhar gentil e então disse — Felicity, minha cara, tem havido
algumas complicações, Stenfax, posso?
Ele balançou a cabeça lentamente, olhando com espanto
quando ela puxou a irmã para o sofá e silenciosamente disse a
ela sobre o novo duque assassinado de Kirkford e como o livro
tinha sido provavelmente encontrado por seu primo.
— Está em código? — Felicity disse por fim, com o rosto
pálido.
Stenfax avançou, atirando a Elise um olhar de gratidão
que ela tinha assumido essa tarefa. — Sim. Gray e eu já entregue
a um dos aliados de John Dane no Departamento de Guerra. Eles
estão trabalhando nisso e irão certificar-se que Dane tenha uma
cópia, assim, quando ele se junta a nós no Caraway Court,.
Felicity baixou a cabeça. — Bem, então devemos apenas
esperar, não devemos fazer? Até podermos re-agrupar e
considerar as nossas opções, parece que estamos num beco sem
saída .
— Sinto muito, Felicity — Stenfax sussurrou.
Ela olhou para ele, a testa enrugada. — Não é culpa sua,
Lucien. Mas eu preciso de um momento, você fala para Mama
começar a ceia? Eu vou me unir a todos em breve.
Ela apertou a mão de Elise, em seguida, levantou-se e
saiu da sala. Depois que ela se foi, Elise lentamente levantou-se e
mudou-se até ficar ao lado de Stenfax. — Ela levou-o, bem como
era de esperar — ela murmurou. Ele balançou sua cabeça.
— Graças à você. Se eu lhe tivesse dado a notícia, eu
teria falado demais. Ou não o suficiente. Como você sabia que eu
precisava de sua ajuda?
Ela virou-se lentamente e levantou o olhar para ele. —
Foi apenas um sentimento que eu tinha. Estou feliz que eu pode
te dar assistência, Lucien. Eu sei que tenho perturbado sua vida,
e as coisas vão ficar ainda mais difíceis quando o escândalo
começar, o assassinato de Kirkford e o nosso compromisso. O
mínimo que posso fazer é tentar me tornar útil. Talvez se eu fizer
isso, então você não vai acabar totalmente lamentando esta
decisão que você fez em se casar comigo .
Ele segurou seu rosto, suavizando o polegar sobre a pele
sedosa. Seus lábios se separaram ligeiramente na ação e as
pupilas dilatadas. Tocá-la inspirou a mesma reação física
nele. Mas era mais do que isso. Estar com ela fez exatamente o
que sua mãe havia observado alguns momentos antes.
Ele trouxe de volta a alegria que ele não tinha percebido
que ele perdeu. Antecipação para o seu futuro que tinha sido
arrancado quando ela o deixou.
— Eu não sinto remorso — disse ele, sem vontade e
quase incapaz de dizer mais.
Então ele falou com seu corpo. Ele se inclinou e beijou-a,
e ela levantou-se na ponta dos pés para afundar em seus
braços. Depois de um momento, ele relutantemente se afastou.
— Nós provavelmente não devemos começar algo que não
podemos terminar — ele murmurou, deslizando os lábios em sua
bochecha, deixando seu rastro em sua pele lisa até sua mão.
Ela estremeceu. — Provavelmente não — ela concordou,
mesmo quando ela se aninhou o local onde o pescoço e ombro
atendidos.
— Vamos lá — disse ele, agarrando a mão dela. — Vamos
acabar com esse extremamente longo dia.
Ela assentiu com a cabeça enquanto ela deixava levá-la
para a sala de jantar, quando eles se juntaram aos outros e ele
deu uma desculpa para Felicity, ele tinha uma realização
gritante. Embora este tinha sido um longo dia, ele não estava
realmente ansioso para que acabe. Para todo o mal dele, por todo
o horror, ele também foi o dia Elise tinha sido devolvida a ele.
Agora ele só tinha que descobrir como superar tudo o que
eles haviam se passado. Não os anos, mas as coisas reais que
mantiveram a parede entre eles. Porque ele queria uma vida com
ela. Ele só tinha que descobrir como.
Se passou quase uma semana até que Elise viu-se
sentada em uma carruagem com Felicity e Stenfax, indo pelo seu
caminho a milhas finais para Caraway Court. Ela olhou para
baixo em seu colo e fez uma careta com o que viu lá.
Quando ela fez isso, Felicity soltou um suspiro e pegou o
papel descansando lá. — Pare de ler esta porcaria! — Ela
levantou-o, agitando o Folha Escândalo com uma mão. Era um
jornal especial, emitido uma vez por semana, que só detalhou os
escândalos na sociedade. O jornal que tinha sido entregue no dia
anterior, antes que a família deixar Londres, contou com o
assassinato do duque de Kirkford e um enorme artigo sobre Elise
e Lucien e seu relacionamento.
Era para ser anônimo o seus nomes não usando na
descrição do seu passado escandaloso e seu recente
compromisso, mas desde que o autor tinha os ligado fortemente
ao assassinato, o que não era anônimo, não havia nenhuma
dúvida a quem o jornal se referia.
Não que Londres tinha estado em silêncio sobre o
assunto mesmo antes do artigo. Notícias de seu envolvimento
tinha saído quase imediatamente, e Elise tinha recebido
chamadas quase que constantemente de curiosos e por alguns
dias.
Ela estava exausta, tanto mentalmente e fisicamente. E
não era só a tensão dos rumores que fizeram isso. Stenfax tinha
sido cada vez mais retraído em seu tempo restante em
Londres. Oh, ele tinha falado com ela, sim. Mas sempre na
companhia de outros. E desde o último beijo ardente na casa de
sua mãe, ele não a havia tocado, exceto para acompanhá-la a
partir de uma sala para outra.
Às vezes, ela o pegou olhando para ela ... um pouco como
ele a estava olhando no momento do seu lugar em frente a ela no
carro. Ela sentiu como se ele estivesse tentando decidir algo e ela
temia o que seria esse algo.
— Como eu posso ignorá-lo quando a Folha Escândalo é o
papel mais popular em Londres que ninguém admite a leitura?
— Felicity é certo — disse Stenfax, pegou o jornal e o
amassou, abriu a janela do carro e atirou-o para fora. — Tudo o
que está sendo dito não muda nada dos nossos planos.
Estaremos em Caraway Court, para o casamento, em seguida,
trabalharemos em quaisquer planos que tivermos para lidar com
Roger. No momento em que voltar, grande parte da fofoca vai ter
desaparecido.
Elise não tinha tanta certeza disso, mas no momento ela
estava mais perturbada pelo comportamento retraído de Lucien
do que das fofocas que circulam. Porque ele se afastou? E como
poderia ela alguma vez trazê-lo de volta depois de tudo o que
aconteceu?
A carruagem diminuiu à medida que entraram na
alameda da propriedade. Elise olhou para fora a casa grande
parecia em sua opinião, tão bonita como ela se lembrava de todos
esses anos atrás. Ela amara-o aqui e agora todas as lembranças
vieram à tona, e as lágrimas saltaram para os olhos pela a alegria
de voltar quando ela nunca tinha imaginado que fosse possível.
— Aqui vem Celia e John Dane — disse Felicity,
estendendo a mão para acenar.
Elise endireitou, tentando ver a famosa Celia Dane. A
mulher que uma vez quase tinha sido a condessa de Stenfax. O
veículo diminuiu a velocidade, e ela pegou nada mais do que um
vislumbre de cabelo escuro.
Ela apertou os lábios quando a carruagem parou e os
criados correram para libertá-los. Eles ajudaram a Felicity para
baixo primeiro e ela ouviu sua amiga dizer o nome de Celia.
Lucien entrou em seguida e voltou-se para ajudá-la .
Ela sorriu para ele e ele voltou uma expressão bastante
distraída antes de ajudá-la a sair. Gray e Rosalinde também
estavam saindo de seu transporte, que também incluiu a mãe de
Stenfax, mas ele não esperou para apresentar Elise para o casal.
Elise olhou. Ela tinha visto esta mulher antes, mas
apenas a partir de longe. De perto, não havia como negar o quão
bonito Celia Dane era. Ela tinha coloração semelhante a sua
irmã, cabelo escuro com brilhantes olhos azuis e pele de
porcelana. Ela tinha um olhar mais malicioso, porém, um brilho e
uma luz. Elise engoliu em seco na cara dele. Não admira que
Stenfax a tivesse escolhido.
— Sr. e Sr.ª. Dane, eu posso apresentar a duquesa de
Kirkford — disse Stenfax. — Logo sera a Condessa de Stenfax.
De alguma forma Elise encontrou sua voz e estendeu a
mão primeiro a John Dane. — Elise — disse ela, com uma voz
hesitante. — O resto é muito complicado e com a ajuda que você
está nos oferecendo, eu não acho que seja certo tal cerimônia.—
Dane pegou sua mão e apertou-a. Ela mal tinha notado
ele em sua atenção focada em Celia, mas ele era um homem
bonito com o cabelo loiro escuro comprido e barba bem aparada.
— Minha senhora — disse ele.
Quando a soltou, ela se virou para Celia. A outra mulher
estava sorrindo fracamente, mas havia uma expressão no rosto
que deixou Elise saber que estava sendo observada, analisada.
— Elise — Celia disse, por fim, colocando a mão. — Eu
ouvi muito sobre você.
Elise empacou e sua mão caiu longe da outra mulher. A
expressão de Celia suavizou. — Oh, eu quis dizer de
Rosalinde. Ela me escreveu algumas vezes desde que você e
Stenfax renovaram seu noivado. — Houve uma verdadeira
bondade para com a voz de Celia que colocou Elise à vontade
apesar da situação extremamente embaraçosa.
Ela assentiu com a cabeça. — Claro.
Naquele momento, Rosalinde correu para o grupo, e ela e
Celia trocaram um forte abraço antes que ela levantou-se na
ponta dos pés para olhar o rosto de Dane. — Você está
maravilhoso — disse Rosalinde. — A barba realmente combina
com você.
Isso provocou um rápido sorriso de John Dane que
mudou completamente o rosto sério. Mas a atenção de Elise foi
arrastado como havia outras apresentações a serem feitas e todos
tocou educadamente por um tempo como Elise deu um passo
atrás. Sentia-se um pouco fora de lugar aqui, com este grupo de
pessoas que se conheciam tão bem. Engraçado, porque uma vez
que ela tinha sido no círculo interno.
— Mama — Felicity disse quando a conversa se
desvaneceu um pouco. — Rosalinde disse que estava cansado,
porque você não vai para o seu quarto e tem um descanso? Vou
me certificar de que você estará acordado antes do jantar.
Lady Stenfax arqueou uma sobrancelha para a filha. —
Tentando se livrar de mim, não é? — Felicity riu. — Certamente
que não!
Lady Stenfax não parecia completamente certa, mas ela
deu de ombros. — Eu estou cansada odeio viajar. Vocês todos se
divirtam conversando sobre tudo o que tens que falar quando a
sua velha mãe não está por perto.
Eles se entraram na casa onde Lady Stenfax e sua
empregada deixou-os. Uma vez que ela tinha ido embora, o
sorriso de Stenfax se e apagou e enfrentou o resto. — Nós vamos
ter um pouco de privacidade em meus escritórios. Gray, você
levara todos lá?
Gray fez de modo que Stenfax ficou para falar com os
seus servos. Elise seguiu os outros lentamente, permitindo-se a
olhar em volta enquanto via retratos familiares passadas e
móveis.
De repente Stenfax estava ao seu lado. — Você está bem,
Elise? — Ele perguntou, assustando-a com a sua presença e sua
pergunta.
— Eu estou. Por quê?
— Você não está com o grupo — disse ele, apontando
para os outros, que entram agora no escritório no fim do
corredor.
Ela olhou para ele. Ela havia prometido a si mesma dias
atrás que, se quisesse ganhar a sua confiança, para mostrar a
ele, ela seria honesta com ele em todos os sentidos que podia.
Agora, ela balançou a cabeça.
— Sinto-me parva ao dizê-lo, mas quando eu era uma
menina, eu pensava nesta casa como um amigo. Quando eu sabia
que meus pais estavam me trazendo aqui, eu estava sempre
animada. E sim, foi porque eu estava emocionada com a ideia de
ver Felicity e Gray e Asher ... e você. Mas foi também porque eu
me senti tão em casa aqui. Quando eu acreditava que eu nunca
voltaria, foi devastador.
Ele inclinou a cabeça. — Você está conectada com
Caraway Court? — Perguntou. Ela assentiu com a cabeça. — Eu
suponho que eu estou.
Ele a pegou pelo braço, e o toque dele contra ela foi o
suficiente para fazer os joelhos fracos. Ele sorriu para ela. —
Bem, você vai ter muito tempo para conhecer o local novamente.
Afinal de contas, você vai ser a senhora sobre ele em breve.
Ela prendeu a respiração com a ideia. Toda vez que ela
era lembrada disso, levou-a desprevenida. Parecia que ela nunca
ficaria bastante acostumada a essa nova realidade.
Eles entraram no escritório, e Stenfax soltou e empurrou
a porta parcialmente fechada. — Meus funcionários estão
trazendo refrescos em um momento — explicou ele, toda a
suavidade desaparecida de sua voz. — Portanto, não vamos ser
capazes de falar verdadeiramente sobre este assunto até que eles
nos deixaram sozinhos. Eu confio que sua viagem não foi muito
ruim , Dane, Celia?
Dane sacudiu a cabeça. — Não foi ruim, não. E Gray, o
problema no porto do canal foi resolvido. — Felicity se aproximou
de Elise para sussurrar — Uma vez que Celia se casou com ele,
Gray fez Dane como um parceiro em suas empresas.
Elise assentiu. Ela tinha ouvido falar muito sobre o
sucesso de Gray ao longo dos anos. Kirkford havia reclamado
poderosamente sobre ele quando ele estava profundamente
bêbado. Ela, por outro lado, tinha sido satisfeita por ele. Ele era
um trabalhador duro e merecido sucesso.
— Estou surpreso que ele não fez parceria com Stenfax —
ela disse suavemente.
— Ele tentou — disse Felicity com um suspiro. —
Especialmente desde que o nosso irmão lutou tão duro para
reconstruir os cofres da família após os excessos de gerações
passadas. Mas quando Gray levou pela primeira vez sua pequena
herança e começou a construir seu império, Stenfax viu isso
como um risco muito grande.
— Jogos nunca foi o seu estilo.
— Ele temia de certa forma. Mais tarde, quando Gray
estava ganhando dinheiro, ele pediu a Stenfax novamente, mas
Lucien era teimoso. Ele sentiu que era a caridade do nosso irmão.
Os lábios de Elise se separaram. — Então ele se recusou?
— Felicity suspirou. — Ele estava determinado a fazer as coisas à
sua própria maneira, quase como penitência para o que nosso pai
e avô jogaram fora. Como eu disse, teimoso.
Os servos entraram no quarto com alimentos e bebidas e
Felicity avançou para saudar a governanta calorosamente. Elise
observou quando Stenfax fez o mesmo. Sua obstinação era o que
ela temia, depois de tudo. Que ele iria negar-lhes tanto uma
chance de felicidade, porque ele se recusou a confiar nela.
Ela só podia esperar que pudesse encontrar alguma
maneira de escalar essas paredes. Se não, seu futuro seria
frustradas.
Stenfax fechou a porta atrás de seus servos e enfrentou a
sala com um grande suspiro. Todo mundo parecia pensativa e na
borda como ele sentiu, mas seu olhar não procuram conforto de
qualquer um deles, exceto um. Elise.
Ela era quem ele procurava no grupo. Ela era quem dava
força a ele. Talvez o que o fez um tolo. Ele não sabia. Agora não
era o tempo para analisá-lo.
— Tudo bem, agora podemos realmente falar — disse
Stenfax com um movimento em direção Dane. — O que você
descobriu?
Dane deu um passo adiante. — Meus contatos no
Departamento de Guerra estão preocupados com a página do
diário que lhes deu. O código é... Complicado.
Felicity torceu as mãos. — Isso significa que ele não pode
ser quebrado?
— Todos os códigos podem ser quebrados — Dane disse,
quase se desculpando. — É mais fácil quando se tem uma chave,
e Certamente deve ter haver uma em algum ponto. Ainda assim,
meus antigos superiores acreditam que este livro seu contém
mais do que segredos desagradáveis que o velho Duque de
Kirkford mantinha sobre seus pares.
Gray franziu a testa. — Eles acham que é relacionada a
algo maior?
— Pode ser — disse Dane. — Então eles me deram
permissão para investigar o caso em uma capacidade oficial.
Rosalinde engasgou e seu olhar mudou-se para
Celia. Stenfax olhou em seguida, mas encontrou sua ex-noiva
calma em face desta notícia.
— Celia, é que... — começou Rosalinde.
Celia assentiu. — Claro que eu aprovo. John pode estar
aposentado, mas neste caso, eu acho que sua mente investigativa
é exatamente o que precisamos. E para proteger esta família, a
nossa família, nós vamos fazer qualquer coisa.
Stenfax ouviu Elise chupar uma respiração tranquila por
entre os dentes, e quando ele olhou, ele a encontrou olhando para
Celia, sua expressão ilegível. Ele desejou que não fosse. Ele
encontrou-se perguntando o que ela achava da jovem que uma
vez tinha planejado se casar.
— O que sabem sobre esse primo que cometeu o
assassinato? — Perguntou Dane. — O que sabemos sobre ele? —
A atenção da sala virou para Elise, e ela engoliu em seco, como se
a intensidade do que era problemático.
Lentamente, ela balançou a cabeça. — É preciso
compreender que toda a família do meu marido é muito podre,
com exceção do ramo da Marina. Eles foram criados achando que
tem direito a tudo, então quando eles se sentem menosprezados,
eles atacam. A situação com Lucien era um exemplo
perfeito. Toby estava disposto a se casar comigo, o que é uma
solução permanente, apenas para machucar Lucien.
O foco de Dane permaneceu sobre ela, como se estivesse
lendo-a tanto quanto a situação. Stenfax se perguntou o que ele
viu. — Será que Roger deve ter considerado que era uma fraude
Ambrose receber o título?
— De fato — Elise disse imediatamente. — A luta que eles
fizeram sobre a linhagem foi toda uma guerra. Roger sentiu que
Ambrose foi fraudulento em como ele provou que ele nasceu
primeiro.
— E era? — Perguntou Celia.
Elise sacudiu a cabeça. — Eu me mantive afastada da
maior parte, mas eu acredito que ele poderia sim ter
fraudado. Ambrose era um bastardo que faria qualquer coisa
para conseguir o que queria... .
Ela empalideceu ligeiramente e os dedos foram para seus
olhos. Stenfax se encolheu com o movimento. Sua contusão
estava quase desaparecida, mas ele poderia muito bem imaginar
que resposta emocional ao ataque violento contra ela iria durar
um tempo.
Dane tirou um caderno de sua jaqueta, juntamente com
um pedaço grosso de lápis de carvão vegetal. — Vamos começar
com o seu falecido marido. Por que acha que ele coletou segredos
como o que está neste livro dele?
Seus lábios comprimiram, como se pensar sobre a família
era totalmente desagradável, mas ela fez isso, no entanto. — Toby
gostava de ferir as pessoas. Ele gostava de ter algo sobre alguém.
Coletando os segredos, mesmo escrevê-los, teria lhe dado prazer.
— Ela estremeceu. — Eu posso muito bem imaginar que ele viu
este livro como um troféu de seus atos.
Dane estava escrevendo, mas ele também estava
balançando a cabeça. — Ainda assim, ele teria de ser a fonte do
código — ele murmurou. — Teria sido algo que ele aprendeu ou
foi ensinado? Algo que ele compartilhava? — Elise pestanejou. —
Você está me perguntando?
Dane levantou o olhar com um breve sorriso. — É um
velho hábito de meditar em voz alta sobre esses detalhes. Me
desculpe. Agora, que tal Ambrose? O que ele teria feito com os
segredos, na sua opinião?
— Ambrose era mais sobre provar o seu valor — disse
Elise depois que ela ponderou a resposta. — A partir do momento
em que foi dado o título há alguns meses, até o último momento
que o vi, ele estava muito ligado, quase obcecado com a ideia de
que ele deve ser respeitado. Eu posso falar mais abertamente
sobre estes motivos que tem a ver comigo... Se ele iria ajudar.
Dane nivelou seu olhar sobre ela novamente. — Seria
muito difícil para nos dizer o que você sabe?
Suas bochechas inflamadas brilhantes, e Stenfax
caminhou até ela em três passos longos e colocou uma mão na
parte inferior das costas. Sua tensão era evidente na maneira
como ela se segurou e ele a acariciou há suavemente na espera
que sua presença seria de conforto.
Ela olhou para ele, quase com surpresa, mas então sua
expressão se suavizou. — É difícil, mas eu vou fazer isto.—
Stenfax fechou os olhos. Ali estava ela, cercado por
estranhos e pessoas que tinham desprezado-a até muito
recentemente, e ainda assim ela estava disposta a se arriscar,
dizendo-lhes fatos pessoais e embaraçosas.
Mas ele estava disposto? Ele poderia dar a si tão
livremente como ela estava no momento? Ele poderia ser tão
bravo? Quando ele perguntou a si mesmo essas perguntas
difíceis, ao lado de Elise, ele descobriu que não sabia.
Mas seria melhor decidir rapidamente.
A mão suave de Lucien nas costas de Elise era
inesperada, mas muito bem-vinda. Seus dedos a tocavam lá,
quentes através do tecido de seda do vestido, conectando-os
fisicamente para que ela pudesse compartilhar de sua força. E ela
sentiu, pulsando ali, fluindo através dela, neste momento difícil,
que ela teria que colocar de lado a humilhação que sofreu nesses
meses desde a morte de Toby. Mas se salvasse Felicity, se
poupasse Stenfax, valeria a pena.
Ela com certeza já fizera coisa muito pior a cargo de
protegê-los.
— Ambrose sempre... Quis-me. — disse ela por fim, o
coração batendo tão forte no peito que chegava a doer. — Deixou
isso muito claro tanto com palavras como ações durante todo o
tempo que estive casada com Toby.
Ela estremeceu quando pensou em Ambrose
encurralando-a em salões, insistindo em dançar com ela. Pensou
nele sussurrando coisas inapropriadas para ela. Dele se
certificando que iria se conectar fisicamente a ela, apesar de
quaisquer protestos que fizesse. Quando ela ousou mencionar o
ocorrido a Toby, foi tomado por uma raiva... Por ela. E sugeriu
que ela havia seduzido seu primo. Ela mantivera sua ansiedade
para si mesma depois disso.
Os dedos de Stenfax acariciavam delicadamente,
trazendo-a de volta ao presente, e então ele sussurrou:
— Está tudo bem.
Ela assentiu devagar. Ele estava certo, é claro. O passado
a que ela estava rememorando já não existia mais.
— Quando meu marido morreu, o primo dele começou a
insinuar que gostaria de...
Ela virou o rosto e desejou poder derreter pelo chão.
— Sinto muito, isso é difícil.
— Não tenha pressa. — disse Dane, a voz muito suave e
profunda.
Foi acalentador, na verdade, e sem um pingo de
julgamento. Ajudou.
— Ambrose me queria em sua cama. — ela admitiu. —
Recusei-me, é claro, mas com o tempo ele se tornou mais e mais
insistente. Dizia que teria o que queria já que o impedimento, seu
primo, já não existia. Quando ele finalmente me contou sobre a
existência do livro, ficou claro que ele queria encontrá-lo e usá-lo
para me obrigar a fazer a sua vontade.
Felicity fez um som suave de dor.
— Eu sei como é difícil viver com esse tipo de medo
constante. Sinto muito, Elise. — Elise lançou um olhar gentil,
pois sabia que suas situações não se comparavam em nada.
— Não é culpa sua, querida. Eu asseguro a você, as
únicas pessoas que culpo por essa situação são Toby e Ambrose.
Dane recomeçou a fazer anotações, assim como fizera
quando ela falou dos motivos de Toby.
— Então dois homens com razões pessoais para coletar
segredos. Ainda me pergunto sobre as implicações maiores, mas
já é algo. Agora me diga o que sabe sobre Roger.
Elise limpou a garganta. Este era um tema mais fácil.
— Penso no assunto desde que me contaram que ele
assassinou Ambrose e levou o livro. Eu não o conheço bem, mas
acho que ele é menos emocional do que Toby ou Ambrose eram.
— Como assim? — Dane pressionou.
Ela encolheu os ombros.
— Só mais... Pragmático, suponho. Ele não era tão
suscetível à raiva, exceto quando se tratava do título. Ele pensava
mais antes de responder. E até seus motivos eram diferentes em
relação ao título.
— O que quer dizer com diferente? — Gray perguntou.
— Lembro-me de Toby fazendo um grande alarde sobre o
fato de que Roger veio da parte pobre da árvore genealógica. Ele e
Ambrose eram horríveis com ele quando veio tomar seu lugar. A
razão para Roger querer tanto o título depois que Toby morreu
não era uma questão de respeito ou mesmo de poder. Era pelo
dinheiro. Consigo vê-lo usando o que quer que descubra como
chantagem de modo a engordar seus cofres muito mais do que
ser duque poderia fazê-lo.
Dane parou de escrever e levantou o olhar.
— Entendo.
Ele virou-se sem dizer mais nada e foi até a lareira onde
parecia ponderar sobre o que ouvira. O cômodo ficou em silêncio
enquanto ele o fazia. Todos estavam como se a frente de um
precipício à espera de seu próximo pronunciamento. Lentamente,
ele se virou e olhou para eles.
— Estão esperando por mim?
Celia riu.
— Tem algo em você, amor, que diz que você está à beira
de algo grande.
Elise sorriu perante a facilidade como interagiam. Ela
ainda tinha dúvidas sobre Celia Dane, mas sem dúvida, a jovem
adorava o marido.
Ele passou a mão pelo cabelo, distraído e disse:
— Ah, bem, pode ser, mas ainda vai levar um tempo
refletindo e pesquisando algumas coisas até que eu chegue a
alguma conclusão. Se Roger realmente está interessado em
chantagem, isso torna nosso trabalho mais fácil. Podemos traçar
a trilha de dinheiro melhor do que mera vingança ou despeito.
Rastrear dinheiro nunca foi o meu forte, mas posso fazê-lo.
Elise deixou escapar um longo suspiro. Parecia ser um
pesadelo terrível que nunca terminaria. Dane não podia usar de
mágica para consertar. Não que ela esperasse isso, mas naquele
instante ela se deu conta que desejava que fosse verdade, mas
naquele instante ela se deu conta que desejava que fosse verdade.
Stenfax limpou a garganta.
— Dane, você tem algo com que começar. Se tratando de
rastrear o dinheiro, tenho algumas ideias que podem facilitar o
trabalho. Mas, por agora, creio que todos devemos descansar.
Foram dois dias longos de viagem depois de um longo período
também tenso. É uma situação complicada e não quero ninguém
sucumbindo a ela.
Rosalinde sorriu com gentileza para Elise, sempre a
primeira a oferecer algum apoio, tácito ou falado.
— E há os preparativos finais de um casamento a serem
vistos, de qualquer forma. Todos nós precisamos estar bem
descansados para isso.
Com isso, Stenfax tirou a mão das costas de Elise. Ela
enrijeceu com a perda do apoio e se esforçou para manter a ração
longe de seu rosto. Stenfax disse:
— Sim, é claro, o casamento também. Por que não vamos
todos descansar um pouco e nos reunimos mais tarde?
Dane olhava para suas anotações.
— Sim, posso começar a adiantar isso e... — Ele vagou
distraído pelo cômodo e Celia riu.
— Bem, ele está imerso em resolver esse quebra-cabeça
agora. Sabe, não estou muito cansada. Stenfax, talvez
pudéssemos trocar uma palavra enquanto os outros descansam?
Elise virou o rosto na direção dele ao ouvir a sugestão.
Ela ficou chocada com o quanto de ciúme ela sentiu com o
pensamento de Stenfax sozinho com uma mulher que já teve a
intenção de casar. Que a mesma mulher estava agora casada e
claramente apaixonada pelo marido não fazia diferença. Elise
ainda queria se lançar entre Lucien e Celia. É claro que ela não
fez uma coisa tão tola assim. Ela ainda possuía algum orgulho
sobrando apesar de tudo.
— Com certeza. — disse ele, enquanto os outros
rumavam para seus quartos. — Adoraria colocar o papo em dia.
O queixo de Elise ficou tenso. Não havia argumento que
ela pudesse usar contra esse plano que a deixasse parecer
infantil. Então, ela se forçou a dizer:
— Estou ansiosa por uma cama, admito.
Stenfax tirou seu olhar de Celia e seus olhos brilharam
com breve desejo ao olhar para Elise. Ela ficou rígida ao vê-lo.
Fazia tempo que eles mal se tocavam. O corpo dela ansiava por
ele. E a julgar pelo o olhar dele, ele também a desejava. Isso deu
uma pequena sensação de triunfo, e ela agarrou-se ao sentimento
conforme seguiu o resto do grupo para os quartos deixando
Stenfax sozinho com a mulher com quem ele tinha intenção de
casar a não muito tempo.
— Então — Celia disse ao sentar em uma cadeira perto
do fogo e pegar a xícara de chá que Stenfax tinha preparado para
ela. — Você teve um verão bem atribulado desde que deixei
Londres há 2 meses.
Stenfax sorriu de si mesmo e se sentou em frente a ela.
— Foi bem agitado, sim.
— Você é o rei do eufemismo — disse ela com uma
risada.
Ele deu de ombros.
— Se há mais alguma coisa a dizer, simplesmente me
falta eloquência para tanto.
Celia colocou sua xícara de lado e projetou o corpo para
frente, agora mais séria.
— Ela é adorável — Celia tentou. — Mais bonita de perto
que das poucas vezes que a vi de longe.
Stenfax engoliu em seco.
— Ela é a mulher mais bonita que já pisou nesse planeta.
Celia sorriu.
— Rosalinde gosta dela, o que fala muito em seu favor.
— Rosalinde é uma boa julgadora de caráter. — ele disse,
arqueando uma sobrancelha. — Vai continuar enrolando acerca
do que realmente quer dizer?
Ela riu.
— É engraçado como viemos a nos conhecer melhor
depois de decidirmos não nos casar.
Stenfax sorriu mais uma vez. Não poderia haver mais
verdade do que nessa declaração. Enquanto esteve noivo de Celia,
não sentiu nada por ela. Ele acolheu aquele vazio entorpecido e
disse a si mesmo que podia viver daquele jeito. Que faria o que
lhe era esperado como muitos homens já haviam feito antes e
viveria muito feliz sem mais nada real ou apaixonado em seu
futuro.
Agora ele estava feliz de não ter sacrificado a ambos no
altar por um erro tolo. Se tivesse insistido no casamento em vez
de liberá-la, protegê-la, quando ela admitiu querer mais, Celia
nunca teria encontrado seu futuro com Dane. Stenfax sabia
muito pouco sobre ele, mas era evidente que Celia o amava e que
ele a amava de volta.
E mais importante, Stenfax não teria nunca mais tido a
chance de ficar com Elise de novo. Só de pensar nessa
possibilidade ele ficava arrasado.
— Mas é complicado, entre vocês dois.
Stenfax levantou o olhar para fitá-la.
— E ainda me chama de Rei do Eufemismo. Sabe de
nosso passado. Depois de tudo que houve, sabe dos pormenores
que eu mesmo acabei de descobrir.
— Acredita que John me contou tudo? — Celia
perguntou.
Ele inclinou a cabeça.
— Pelo modo como ele a olha? Sim, acho que ele contou
tudo. Creio que não conseguiu evitar dada a conexão que
partilham.
Celia recostou em sua cadeira.
— Bem, claro que contou. Suponho que esteja com raiva
dela.
Stenfax prendeu a respiração. Ninguém havia falado em
raiva até este momento. Nem ele havia se permitido pensar assim.
— Raiva? — ele disse com a voz um pouco trêmula. —
Ela se sacrificou por mim e por minha família. Assegurou que
Felicity não fosse para a forca. Posso ter raiva?
— Claro que pode. — Celia disse com gentileza. — Se é
raiva que sente, fingir o contrário não é nem um pouco bom. Você
tem o direito de sentir, acredito eu. Ela se sacrificou, mas eu
conheço você. Você não é o tipo de homem que goste de ter outra
pessoa decidindo o seu destino.
Ele cerrou a mandíbula. Lá estava. A verdade que evitava
encarar, parte da verdade que o impedia de se doar de verdade
para Elise.
— Eu… estou com raiva — disse, as palavras ganhando
mais poder ao dizê-las em voz alta. — Eu a amava e nem tive a
chance de ter voz no que ela fez. Ela não confiou em mim o
suficiente para me dar a oportunidade de fazer o necessário por
minha família.
O rosto de Celia estava impenetrável, e então ela acenou.
— Posso imaginar a frustração.
— Mais uma vez, um eufemismo — Stenfax disse ao se
levantar e atravessar o cômodo em direção da lareira. Ele cerrou o
punho contra a cornija e se virou para ela.
— Ela mentiu para mim. Sei que foi para me proteger,
para proteger Felicity e eu entendo que a pessoa que sofreu mais
de forma direta por causa da mentira foi ela mesma. Mas droga,
Celia, o que posso fazer com essa informação? Como posso
construir um futuro com uma pessoa que não pode confiar em
mim por completo? Uma pessoa em que meu não posso confiar
totalmente?
Celia se colocou de pé e havia um mundo de
compreensão em seu rosto.
— Quando John e eu começamos o namoro, você se
recorda que ele fingia ser outra pessoa.
Stenfax concordou com a cabeça.
— Sim, claro. Mas não é diferente? Ele o fez por dever ao
país, não por escolha.
Ela deu um longo passo na direção dele.
— Elise estava disposta a se sacrificar em uma vida de
tortura com um homem que a usou como uma arma contra
alguém que o menosprezou. Acredita mesmo que ela o fez por
outra coisa que não dever? Acredita que ela faria se tivesse
escolha?
A mão de Stenfax relaxou um pouco. Ele limpou a
garganta.
— Então diga-me, Celia, como conseguiu superar tudo
quando a verdade sobre Dane apareceu? É óbvio que você o ama
e que ele a ama. Você casou com ele apesar das mentiras iniciais.
Agora estão construindo uma vida juntos. Como conseguiu tudo
isso?
Celia esticou os braços e cobriu as mãos dele com as
suas, de maneira gentil.
— Consegui ao reconhecer que meu amor por ele era
maior do que todo o resto. Consegui pedindo a ele para me contar
tudo o que eu precisava saber sobre seu passado, sua vida, sobre
o que o havia levado a fazer tudo o que fez. Quando ele entregou
todas as partes dele, mesmo as dolorosas que nunca havia
compartilhado com mais ninguém, percebi que ele estava
disposto a se deixar em minhas mãos. Que ele depositou sua fé
em mim e eu pude ser livre para fazer o mesmo em troca. Agora,
talvez isso não seja tão importante para você, pois já sabe tudo
sobre Elise.
Ele franziu a testa. Ele sabia os motivos dela, claro. Ele
nem os questionou. Mas ele sabia mesmo tudo o que queria ouvir
dela? Ele havia, de verdade, aberto todas as portas entre eles?
— Stenfax, está claro, como sempre foi, que você a ama
muitíssimo — Celia disse. — E qualquer mulher disposta a fazer
o que ela fez por você, o ama também. Pude ver isso no instante
em que ela saiu da carruagem em seus braços.
Ele fechou os olhos por um breve momento, pois parecia
que Celia estava tirando um curativo há muito tempo protegendo
uma ferida. As palavras de amor permaneceram apesar de tudo
que Lucien e Elise passaram.
— Será suficiente? — ele perguntou. — Esse grande amor
que não nos manteve no passado?
Celia sorriu para ele, um sorriso gentil e cheio de
sabedoria. Ele supôs que ela era mais sábia nesse assunto.
Levando em consideração o que ela e Dane passaram, ele sabia.
— Ah sim. Será mais que suficiente, mas só se você
permitir que assim seja. Precisa encontrar aquilo que o fará
deixar o passado para trás. Caso contrário, nunca será livre. E
isso seria tão injusto com Elise como teria sido nosso casamento
quando não nos importávamos um com o outro.
Ele balançou a cabeça devagar.
— Você me deu muito no que pensar, Celia.
— Tenho certeza de que sim. E com sorte ainda tem uns
dias sobrando para pensar mais antes de se casar. — Ela soltou
um bocejo. — E creio que o deixarei para começar esse processo,
pois começo a sentir os efeitos da viagem.
Ela se inclinou para dar um beijo na bochecha dele.
— Merece ser feliz, Stenfax. E ela também. Não tenha
medo de ser render ou jogará for a um grande futuro.
Ela deu um tapinha na mão dele e deslizou para fora do
cômodo, deixando para ponderar sobre as palavras dela.
Deixando-o para pensar em tudo o que perdeu. E em tudo que
poderia ganhar se pudesse superar os muros entre ele e Elise.
Muros que ele mesmo havia erguido.
Desde sua chegada à casa de campo de Lucien, Elise
sentiu várias coisas diferentes. Sentiu como se chegasse em casa
depois de uma longa ausência, porém, mesmo assim sentia-se
como uma estranha que estava fora de seu lugar. Ela sentia ser
parte da família de Lucien de novo, graças à gentileza de Gray,
Felicity e Lady Stenfax.
Mas ela também se sentia totalmente só e isolada, pois
Lucien continuava a se afastar. Com um suspiro ela passou pelas
portas do terraço e atravessou o baluarte de pedra.
O sol de verão a aquecia, mas havia um quê de outono
junto enquanto ela se dirigia ao parapeito de pedra e pousava as
mãos sobre a superfície irregular. Estar aqui era algo estranho.
Ainda mais estranho era que há menos de uma hora, ela havia
sido declarada esposa de Lucien. Esposa dele. Esse fora o sonho
dela por tanto tempo, mas ainda assim parecia uma vitória vazia
devido ao passado que havia destruído sua felicidade. O future
deles.
A porta detrás dela abriu e ela se virou a tempo de ver
Felicity entrar no terraço. Sua amiga tinha um sorriso grande ao
dizer:
— Aí está você, Lady Stenfax.
Elise estremeceu.
O título não soava correto ainda, mesmo que fosse o
mesmo título com que sonhara possuir desde que era uma garota
e se se apaixonou totalmente pelo melhor amigo do irmão. Um
amor que só aumentou em vez de diminuir com o passar dos
anos. Mas como ela poderia abraçar seu título de maneira feliz se
Lucien estava lá dentro e aquela parede entre eles ainda parecia
intransponível?
Ela esperava que vir aqui mudaria as coisas entre eles,
mas isso não aconteceu. Stenfax se ocupou das investigações
junto com Gray e Dane, enquanto ela se enchia de preparações
para o casamento. Era como se estivessem em órbitas diferentes
agora, passando perto um do outro, mas sem nunca conseguir se
tocarem.
Felicity passou um braço em torno dela e a apertou.
— Vai ficar tudo bem.
Elise deu uma olhada de lado para a ela. Sua amiga
trazia uma expressão de fortaleza, mas ela sabia que todo o temor
que Felicity sentia estava ali sob a superfície. Mesmo com Gray,
Stenfax e agora John Dane trabalhando juntos para protegê-la,
Felicity parecia resignada que talvez não tivessem sucesso. Que a
verdade poderia vir à tona e destruí-la.
— Sei que vão defendê-la do que quer que aconteça. —
Elise disse para confortá-la.
— Mas eu… bem, não sei se acredito. Gray e Stenfax
estão mesmo determinados. — Felicity olhando por sobre o
ombro.
— E Dane é muito inteligente.
Elise seguiu o olhar da amiga e pode ver, através da
janela, Celia e Dane conversando com Stenfax.
— Estava certa sobre a irmã de Rosalinde. Gosto de
Celia, mesmo que ela tenha se envolvido com Stenfax em algum
momento.
— Não, ela nunca se envolveu — Felicity disse com o tom
distraído. — Só você foi conseguiu isso.
Elise recuou após essa declaração e foi para mais perto
da parede.
— Não acredita que seja verdade. — Felicity implicou.
— Eu não sei mais. — Elise admitiu.
— Bem, pergunte você mesma a Stenfax, pois ele vem
vindo. — Felicity comentou.
Elise girou a tempo de ver Lucien passar pelas portas do terraço
na direção dela. Ela ficou tensa enquanto esperava que ele se
aproximasse, na expectativa de como ele a trataria e sem saber se
suportaria as barreiras entre eles.
— Felicitações mais uma vez, Lucien. — Felicity declarou
indo na direção dele.
Ele a abraçou um pouco mais forte do que necessário e
Elise viu rugas de preocupação naquele lindo rosto. Ele a
escondeu antes de se afastar e se abaixou para sussurrar algo
para a irmã. Felicity assentiu, jogou um sorriso cúmplice a Elise e
então entrou na casa. O coração de Elise descompassou agora
que Stenfax vinha para ela, o olhar firme sobre ela. Quando a
alcançou, pegou a mão dela e a levou aos lábios.
— Já disse como está adorável hoje?
Elise corou.
— Não com tantas palavras, mas quando virei a esquina
e entrei no salão em que nos casamos, seus olhos abriram um
tanto. Mas para ser honesta, Eu não estava certa de gostou do
que via ou se estava considerando uma fuga.
Um raro sorriso dominou seu rosto.
— Posso assegurar você que não pensei em fugir.
— Não?
Ela deu um longo suspiro. Ela não queria essas barreiras
entre eles para sempre. E talvez, apenas talvez ela pudesse
começar a destrui-las de uma vez por todas. Ela cruzou os dedos
com esse pensamento.
— Estou surpresa em ouvir que não considerou fugir.
— Acredita que quero escapar de você? — ele perguntou,
o sorriso diminuindo e o tom tornando-se sério.
— Como poderia não acreditar, Lucien? Este casamento
foi uma imposição sobre você, eu sei que foi honra que o levou a
esse casamento e não desejo.
Ele abriu a boca, mas ela continuou.
— Por favor, deixe-me terminar.
— Prossiga.
— Eu agradeço a proteção, por favor, não interprete
errado. Mas há tanto que deixamos de dizer. Há tanto entre nós
sobre antes, sobre agora. Eu odeio ter que começar com tanto em
suspenso.
Ela esperou pela resposta dele, que ele negasse o que ela
dissera ou se afastasse como fez por todo o curto noivado deles.
Em vez disso, acenou devagar.
— Concordo, Elise — ele sussurrou. — Precisamos
resolver de uma vez por todas. Vamos escapar, somente nós dois,
e resolver.
Elise o encarou. Ela não conseguia decifrar sua
expressão e isso a assustava, em especial depois do caos das
últimas semanas.
— Os outros não notarão nossa ausência?
— Em uma festa tão pequena, com certeza. — ele falou,
tomando a mão dela. — Mas Felicity explicará. Agora venha,
temos muito a fazer se vamos resolver o que precisamos de uma
vez.
Ela franziu o cenho ante a escolha de palavras dele.
Resolver as coisas entre eles de uma vez. A ideia não soava muito
reconfortante. Afinal, ele poderia ter vários planos sobre o future
que não seriam bons para ela. Muitos casais da Sociedade viviam
vidas separadas.
— Você está trêmula — ele murmurou.
Ela concordou com a cabeça.
— Estou.
A expressão dele suavizou.
— Venha.
Ele a conduziu com leveza, em direção da escada caracol
que saía do terraço para o jardim abaixo. Ele a levou por um
caminho lateral que levava à parte frontal da propriedade e para
espanto dela, uma carruagem pequena estava à espera deles. Ele
a ajudou a entrar, disse algumas palavras para o valete que
estava lá, e então subiu ao lado dela.
Eles seguiram, não para o portão principal da casa,
porém mais para o interior da propriedade, mais entranhado do
que jamais fora, mesmo quando menina quando vinha com a
família. Ela poderia ter aproveitado as memórias de infância se
não estivesse tão aflita com o que estava por vir.
Stenfax, por outro lado, parecia em paz consigo mesmo.
Ele até assoviava conforme seguiam elo caminho, por vias
tortuosas, depois dos gramados bem-cuidados e para dentro das
silenciosas profundezas do bosque da propriedade. Depois de
vinte minutes em linha reta, fizeram uma curva e um chalé
surgiu à frente deles. Era um belo lugar, as paredes de pedra de
rio belas e grandes. Fumaça rodopiava para fora da chaminé, os
acolhendo...
— A cabana de caça do seu pai? — Elise disse suave.
Ele lançou um olhar de esguelha para ela.
— Sim. Esteve fechada por anos já que eu não tinha mais
tempo para esportes. Mas a reabri e a arrumei para um novo
propósito.
O coração dela afundou, mas não disse nada quando ele
estacionou e saiu do veículo para ajudá-la a descer. Ela encarou
a mão estendida para ela, e depois voltou os olhos para a casa.
— Está franzindo o senho — disse com cuidado. — não
gostou da casa?
Ela limpou a garganta.
— Tenho certeza de que é adorável. Mas por favor, me
conte, não tente fazer disso algo belo.
Ele juntou as sobrancelhas.
— Contar o quê?
— É aqui que você irá… me manter? Sei que esse
casamento causou um escândalo e com tudo entre nós, eu não
poderia imaginar outra coisa que não ser enviada para o interior.
Estou certa de que o chalé é muito bonito e eu irei…
Ele levantou uma mão para silenciá-la.
— Achou que eu reabri o chalé para escondê-la e me
proteger?
Quando ele disse daquela forma, hesitou.
— Não sei. Não é do seu feitio, sei disso. Mas as coisas
entre nós mudaram tanto desde que a verdade veio à tona. — Ela
baixou a cabeça.
— Segure minha mão. — ele disse.
Ela levantou os olhos e o encontrou estendendo a mão de
novo para ela. Ela fez o que ele pediu, levada pela eletricidade
entre os dois quando ele a ajudou a descer. Ele não disse mais
nada enquanto a conduzia e abria as portas do chalé.
Ela perdeu o fôlego. Havia flores por todo o lugar, suas
favoritas, rosas rosadas, cravos de cor amarelo claro, e lavandas
perfumadas. Uma lareira ardia, vinho e duas taças colocadas
junto a um tapete próximo dali.
Não era uma prisão. Era um esconderijo.
Ela olhou para ele. Ele deu um longo passo e envolveu o
rosto dela com as mãos.
— Fé, Elise. Tenha um pouco.
Ela fechou os olhos enquanto os dedos dele acariciavam
sua pele. Mais uma vez ela não havia confiado nele, assim como
ele a havia acusado de fazer por várias vezes. Mais uma vez ela
provou que os muros entre eles foram de sua responsabilidade.
Ela segurou um soluço de desapontamento e forçou-se a olhar
para ele.
— Desculpe. — ela sussurrou.
Ele balançou a cabeça ao fechar e trancar a porta atrás
deles.
— O valete vai embora em instantes para guardar o
cavalo. Eu só queria um lugar para nós dois. Um lugar com
privacidade já que a casa principal está fervilhando de pessoas e
planos. Eu queria poder falar com você.
Ele avançou e invadiu o espaço dela. Ela gostou.
— Eu queria poder fazer mais que apenas falar com você.
— Ela começou a tremer.
Por desejo, sim, mas também por algo mais poderoso. O
amor que sentia por ele a balançava e perceber que enfim ele
queria acertar tudo com ela. Essa era a sua chance, talvez a
última, de acertar as coisas depois de tantos erros.
— O que gostaria de fazer primeiro? — ela sussurrou.
Um meio-sorriso surgiu no rosto dele, e então ele baixou
a cabeça e os lábios dele tomaram os dela. Começou gentil,
apenas roçando os lábios de um lado para o outro. Ela se
derreteu contra ele, agarrando suas lapelas com as duas mãos
quando ele abriu os lábios e a devorou com toda a paixão que
havia sido posta de lado ao longo das últimas duas semanas.
Ela se projetou em direção a ele, sentindo sua rigidez,
sentindo-o tremer pelo poder de seu desejo. Sentindo tudo esvair-
se, mesmo que apenas por um instante. Enfim, ele recuou,
encarando as pupilas dilatadas dela.
— Creio que falar primeiro seria melhor. Assim que
começarmos a outra opção, eu não pretendo parar por muito
tempo e só trará confusão.
Ela estava tanto desapontada pelo recuo físico dele como
previa o recuo emocional. Talvez tenha sido isso que provocou a
explosão dela.
— Você tem se mantido afastado de mim, Lucien e eu
sei…
Ele pousou um dedo nos lábios dela e pressionou de
forma gentil, silenciando-a.
— Shhh. Deixe-me falar por um momento. Por favor.
Ela lutou para encontrar aquela confiança que ele
requisitava, pedia e continuava em silêncio. Ele se afastou e a
olhou de cima a baixo.
— Eu a observei nos últimos dias, enfrentando tudo com
tanta calma, lidando tão bem com tudo que era jogado para você.
Ela engoliu em seco.
A voz dele era tão… gentil. Ela não ouvia tal gentileza
nele há anos. Quase a partiu, mas ela conseguiu se manter
calma.
— Dei o meu melhor. — ela completou.
Ele assentiu.
— Pensei todos os dias em nossas conversas, e nas
conversas que tive com os outros. Sobre confiança. Sobre o
futuro. E sim, você está correto ao dizer que me contive. Eu
venho tentando descobrir como superar nosso passado e meus
sentimentos.
Ela titubeou de leve, as palavras dele atingindo-a por mais gentis
que fossem.
— Seus sentimentos. — ela repetiu apática.
— Elise, se eu quero honestidade de você, então eu devo
ser tão honesto quanto. Então me permita começar. Quando me
disse o que tinha feito para salvar minha irmã, para me salvar, eu
tive duas reações. Uma foi sentir grande tristeza e gratidão por
seu sacrifício. A outra foi sentir raiva. Eu estava com raiva por
você não me permitir ajudá-la. Com raiva de você por ter tomado
sozinha uma decisão que era de ambos. Não sua, nem minha.
Nossa.
— Mas eu expliquei…
— Ah, eu sei. — ele a interrompeu. — Eu conheço suas
razões. Eu as ouvi e com um pouco de distanciamento, eu até
posso aceitar que você estava certa. Que se eu soubesse da
verdade, eu teria surtado e haveria, quase que com certeza,
tornado tudo muito pior.
Ela vincou as sobrancelhas.
— E ainda assim está com raiva? — ela perguntou.
Ele suspirou.
— Sim. Raiva por você ter sido posta nessa situação.
Raiva pela sua decisão de lidar com tudo como lidou. Talvez o que
me deixou com mais raiva foi por termos perdido o que perdemos.
Eu me enfureci com um passado que nunca aconteceu e um
futuro que não poderia acontecer.
Ela prendeu a respiração.
— Não?
— Não, porque ambos somos pessoas diferentes agora e
muita coisa aconteceu entre nós. Mas isso não significa que eu
não queira que nosso future seja feliz. Juntos. Entende meus
sentimentos?
— Sim — ela murmurou quando conseguiu falar. — e
sinto muito, Lucien.
Ele envolveu o rosto dela com as mãos.
— Meu amor, eu não peço por desculpas. O que estou
fazendo é confiar em você ao dividir com você minha dor.
Confiando que protegerá a ferida e que ajudará a curá-la agora
que sabe de sua existência.
— Eu moveria montanhas para isso — ela sussurrou,
assombrada pelo que ele dizia e oferecia.
— Mas isso significa que me perdoa? Que podemos
recomeçar?
Ele se afastou.
— Não exatamente. Veja, enquanto eu pensava sobre
meus sentimentos, eu também pensei muito no que eu queria. Eu
continuo a dizer que preciso de sua confiança para continuar,
mas nunca defini o que seria essa confiança. É injusto. Mas ao
conversar com um bom amigo, cheguei à conclusão do que
preciso.
Os lábios dela se entreabriram.
— E a que conclusão chegou?
— Nós dois nos conhecemos a praticamente a vida inteira
— ele disse com um leve sorriso. — Eu a conheço por inteiro até o
momento em que escreveu aquela carta me retirando de sua vida.
E sim, nos reconectamos desde então. Mas eu não tenho ideia do
que houve com você para muda-la naquela época. Não tenho ideia
de seu sofrimento ou das pequenas alegrias enquanto esteve
presa naquele casamento
Ela segurou a respiração mais uma vez.
— Você quer… quer…
— O que eu quero, Elise, o que preciso, é saber o que
você passou. Saber o que aconteceu para que seja essa pessoa
que é hoje. Essa pessoa com quem casei e jurei dividir minha
vida. Contaria-me quem é? Confiaria em mim o suficiente para
abrir para mim essas portas do passado tão bem guardadas?
Elise deu um longo passo para trás e um terror selvagem
tomou seu olhar de um modo que Lucien nunca havia visto
antes. Ela parecia pronta para fugir, mas ele sabia que se ela o
fizesse, talvez nunca mais conseguissem uma chance como essa.
E ele queria essa chance. Queria ser livre e que ela fosse livre
junto com ele.
— Lucien, você não quer ouvir. — ela sussurrou.
— E eu não quero falar.
Ele franziu o cenho, assistindo como os lábios dela
tremiam sentindo sua dor logo abaixo da superfície.
— Eu pedi, não pedi?
Ela virou o rosto, quebrando a ligação tênue entre eles.
— Quatro semanas foi o que pediu. — ela murmurou. —
E estou contente por isso. Sabe o suficiente, não sabe? Não
precisa de toda a verdade horrível.
— Não é por causa de uma necessidade libertina que
peço isso agora. — explicou, sem deixa-la alarmada ou falando
deforma ríspida.
— Ou algum desejo de machuca-la ou puni-la. Quero
ouvir essa parte que falta de você, sua história triste, por…
Ele hesitou. Ele não havia dito isso ainda. Não queria
usar a informação contra ela ou para manipulá-la. Mas era
necessário.
— Por quê? — perguntou com a voz tão trêmula quanto
as mãos.
— Amor, Elise.
Ela se voltou para ele, os olhos arregalados, engolindo em
seco.
— Não me provoque — ela sussurrou — Por favor, não.
— Não é provocação — ele assegurou. — Eu te amo. E
preciso que coloque sua confiança nesse amor e em mim. Por
favor.
— É demais, Lucien. — ela disse, e a dor em sua voz
parecia fogo. Ela estava prestes a sofrer um colapso.
— Sei que é muito — ele disse com cuidado — . Deixe-
me tê-lo. Deixe-me ajudá-la a carregar este fardo. Por favor. Por
favor.
Ela fechou os olhos, e ele conseguia vê-la se recompondo,
se preparando. Ele rezou para que ela cedesse a ele, ao que eles
poderiam ser e ter. Ele rezou para ela ser dele de novo, em todos
os sentidos.
— Está certo de que é isso que quer? Mesmo que uma vez
feito não possa ser desfeito?
Ele assentiu.
— É o que eu preciso, Elise. O que precisamos.
— Eu nunca fui esposa de Kirkford. — ela disse, a voz
quase inaudível no quarto silencioso. Eu era sua marionete. Seu
brinquedo. Ele me levava para sair para me exibir, mostrar o que
tinha ganhado. Quando não o fazia… bem, eu voltava para a
prateleira.
Lucien tremeu ao ouvir as palavras.
— Deve ter sido horrível.
Ela encolheu os ombros.
— Eu era feliz o suficiente, creio eu. Quando me deixava
sozinha, eu não tinha que suportá-lo.
Ela deu ênfase à palavra, e ambos sabiam ao que ela se
referia. Ele enrijeceu e perguntou:
— Ele a machucava?
— Não. Não era como com Felicity. — Elise apressou em
dizer. — Mas ele não era gentil comigo, tampouco. Minhas
necessidades não eram nada para ele, as de ninguém importavam
para ele. Ele fazia o que queria, ia embora, eu rezava para ele
encontrar outra coisa para fazer e eu celebrava quando isso
acontecia.
— Era frequente, ouvi dizer. — Lucien disse com os
dentes cerrados.
Rubor tomou conta das bochechas dela.
— Ah sim, a infidelidade dele era de conhecimento geral.
Ele se gabava mesmo quando eu estava presente. Lembro de uma
vez que demos uma festa e estávamos ao lado de um amigo dele.
O amigo me elogiou, disse que eu estava bonita, creio. Meu
marido bufou e disse: — Deveria ver minha amante..
— Deus. — Lucien disse lutando com a urgência de se
afastar. Ele pediu por essa dor, precisava suportá-la. Aguentá-la
e ouvi-la. — Sinto tanto, Elise.
— Era solitário. — ela admitiu — Mas encontrei formas
de me tornar imune a isso. De aceitar. Eu sei que as pessoas
diziam que eu era fria, mas era fria para me proteger.
Ele assentiu.
Quando a reencontrou, ele pensou que ela não havia sido
afetada por nada daquilo. Ele a acusou, ao menos em
pensamento e talvez com suas ações, de não ter um coração.
Agora entendia porque ela escondera seu coração tão bem. Se
pudesse trazer para a superfície ao menos uma fração dele,
ficaria orgulhoso disso. E sabia que era seu trabalho protegê-lo.
— Creio que a pior parte de tudo — ela continuou — foi a
forma como fui vista depois de dispensá-lo. Eu nunca seria livre,
não só dele, mas do ódio vindo de quem um dia gostou ou me
amou. Nunca seria livre do seu ódio. Isso me partiu mais do que
qualquer coisa que ele tenha feito.
— Não. — ele disse, indo enfim na direção dela. — Eu
não a odeio, Elise.
Ela sorriu perante a declaração, mas ele ainda via sua
hesitação. Ele ouviu quando ela soluçou.
— Mas de que isso importa agora? Não muda o que fiz
para você. Ainda lhe causei dor.
Ele franziu o cenho.
— Não é a primeira vez que diz isso. Disse a mesma coisa
quando perguntei por que não me contou a verdade nem depois
que Kirkford estava morto e nos reencontramos.
Ela assentiu.
— E ainda sinto ser a verdade. Casou-se comigo para me
proteger, mas mereço tanto? Por acaso, você merece toda a fofoca
que já está se espalhando por toda Londres como um incêndio
descontrolado? Mais uma vez você será atingido ferido por minha
presença em sua vida.
Ele a encarou, entendendo-a de verdade, talvez pela
primeira vez na vida.
— Nosso problema não é que não confie em mim ou que
eu não confie em você, é? Nosso problema é que não acredita que
merece um futuro.
Ela fez um som estrangulado e ele viu a verdade do que
disso estampada no rosto dela. Ela tentou se afastar, mas ele
pegou o braço dela e a manteve no lugar com gentileza, forçando-
a a sustentar seu olhar.
— Eu a perdoo, Elise. — disse devagar e de maneira
sucinta. — Mas não adiantará de nada se não perdoar a si
mesma. Lágrimas escorreram em seu rosto e ela a encarou com
toda a dor clara em cada um de seus movimentos e
estremecimentos.
— Como posso?
— Apenas diga. — ele suspirou. — Apenas comece
dizendo.
Ela baixou a cabeça, e as palavras saíram como um
soluço.
— Eu me perdoo.
Ela se curvou e ele a pegou, segurando-a contra o peito
enquanto ela chorava. Ele sentiu a dor saindo dela, como veneno
de uma ferida. Ele não tinha dúvidas de que ela revisitaria esse
momento por muitos anos à frente. Mas pela primeira vez desde
que a viu na sala de Vivien algumas semanas antes, ele sabia que
tudo ficaria bem. Ele se afastou e sorriu para ela.
— Agora me diga uma coisa, Elise.
Ela secou suas lágrimas.
— O quê?
— Você me ama?
Ela se esticou, aproximando o rosto do dele, sem nunca
deixar de sustentar o olhar dele.
— Nunca deixei de amá-lo nos três anos que estivemos
separados. Quando meus pais morreram, estava inevitavelmente
sozinha. Eu sabia que não tinha ninguém mais em minha vida
que me amasse. Então seu bilhete chegou.
Ele piscou.
Quando ela mencionou à mãe dele o quão agradecida
estava pelas condolências dela, ele teve esperanças de que ela
houvesse se esquecido do bilhete dele.
— Não foi bem escrito. — ele disse baixo.
— Curto. — ela admitiu.
— Curto. — ele sussurrou, pensando nas tantas vezes
que escreveu, reescreveu e então escreveu de novo aquelas
palavras. Até que a mão doesse.
— Mas significou muito para mim. — ela disse. —
Sabendo o quanto me odiava, mas que ainda se dispunha a me
consolar neste momento tão difícil. Guardei aquele maldito
bilhete por meses até que Kirkford o encontrou e o destruiu. Mas
ele não foi capaz de destruir a memória que tenho dele.
— Eu queria ter estado lá por você.
Ela balançou a cabeça.
— Você esteve. Em meu coração. E quando soube que
iria se casar com Celia, pensei que ia partir em mil pedaços de
dor. Kirkford se vangloriou e eu morri um pouco por dentro. Mas
quando descobri que o noivado havia terminado, essa foi a minha
luz no fim do túnel. Sabia que não poderia ter você, embora
Kirkford já houvesse morrido a essa altura. Eu acreditava que
nem o veria de novo, mas ainda sim... Você estava lá, estava no
mundo e livre. Era algo egoísta de desejar, mas foi o que pensei.
Ele foi até ela, dominado pela torrente de confissões, mas
também pela fé de que ele a escutaria e a protegeria. E agora ele o
faria.
— Escute-me. Eu sou seu, Elise. De alguma maneira,
sempre fui.
Ele fez carinho na bochecha dela.
— E prometo, deste dia em diante, enquanto eu respirar,
sempre será assim. Estes são os meus votos de casamento, não os
ditos na casa. Isto. Vou amar você até este mundo acabar. E
amarei no próximo.
O rosto dela se contraiu um pouco e ele se deu conta de
suas próprias bochechas estavam molhadas. Não se importou.
Ele podia dar a ela essas emoções, também, e pela primeira vez
percebeu que podia confiá-las a ela.
— Amo você. — ela murmurou, envolvendo o pescoço
dele com as mãos. — E nunca desperdiçarei um único instante
desta segunda chance. Eu entendo que é algo especial e raro.
— Bom. — ele disse, erguendo-a para perto dele, para
longe do chão enquanto a pegava no colo e a carregava para fora
daquela sala e subia as escadas, rumo à suíte especial.
— Pois acho que já perdemos tempo demais. E está na
hora de fazê-la minha esposa de verdade.
Elise não acreditava em quanto ela e Lucien riram
enquanto o ajudava a despi-la. Era como se a confissão,
confiança e perdão houvessem destruído tudo de ruim e restado
apenas felicidade e esperança. Agora ela estava deitada em sua
cama, nua, enquanto observava-o se livrar do restante de suas
roupas. O coração acelerou e a respiração falhou enquanto o
olhava. Ele era todo força e músculos ao vir em sua direção. Ele
estava pronto também, com seu pênis grosso curvado
orgulhosamente contra sua barriga.
— Espero por isso desde que concordamos com o
casamento. — ele murmurou enquanto se colocava ao lado dela.
Ele virou de lado para fitá-la e colocou a mão sobre a pele nua de
Elise. Ela tremeu ao toque da pele áspera contra sua maciez.
— Espero por isso a vida inteira praticamente. — ela
murmurou antes de se inclinar e o beijar, com paixão, com todo o
amor que ela sentia por ele e por toda a esperança que se atrevia
a sentir.
Ele sorriu contra os lábios dela, levando as mãos ao
cabelo dela enquanto rolava sobre as costas e a trazia para cima
dele. Ela se afastou, entendendo a redenção dele pelo que era de
fato. Ele estava mostrando a ela a confiança que depositava nela.
Ela não iria desperdiçá-la nem a esse momento em que ela
possuia o controle sobre o ato.
Ela sentou sobre os joelhos e olhou para a longa extensão
que era o corpo dele. Nesse momento ela soube exatamente o que
queria fazer. Ela se inclinou, beijando e lambendo o pescoço dele
com gentileza, deslizando os lábios pela clavícula, seu peito largo.
Ele prendeu a respiração conforme ela avançava mais para baixo,
rodeando um mamilo com o mesmo foco e pressão que ele usou
nos dela por tantas vezes.
— O que está fazendo? — ele murmurou com a voz baixa
e rouca.
Ela levantou os olhos para a parte de cima do corpo dele
mesmo enquanto abria as pernas dele usando uma das mãos,
obtendo espaço para ajoelhar enquanto continuava trabalhando
no abdômen dele coma boca.
— Exatamente o que pensa que estou fazendo. Não
discuta.
Ele não disse mais nada, apenas relaxou. As mãos
cruzadas atrás da nuca enquanto assistia o que ela fazia, com
muita atenção. Ela sustentou o olhar dele ao beijar seu quadril e
então deslizou a boca e esbarrou com a bochecha em seu pênis.
Ele fez um som estrangulado e se ergueu de leve em
direção a ela que sorriu. O coração dela inchando com amor e
conhecimento de que ela poderia mexer com ele tanto quanto ele
com ela. Devagar ela pôs a língua para for a e lambeu a extensão
do pênis dele, começando pela base e escorregando até a ponta
com uma lambida longa e lenta. A resposta dele foi um
xingamento, ela riu.
— Isso é uma mensagem para parar ou para continuar?
— ela o provocou.
Os olhos deles se semicerraram.
— O que quer que faça, não pare. — ele disse com a voz
um tanto irregular.
Ela o lambeu de novo, brincando com a língua por todo
ele, sem parar. Devagar ela pressionou a boca em volta dele,
baixando para tomar o máximo que pudesse antes de recuar.
Quando ele gemeu, ela prestou atenção, deslizando mais forte e
rápido, e então mais devagar quando ele agarrou o cobertor com
as duas mãos.
Ela descobriu que mesmo fazendo aquilo apenas para
que ele não a tocasse de maneira nenhuma, o corpo dela inchou,
ficou molhada enquanto o tomava. Ela colocou uma das mãos
entre as pernas e tocou a si mesma sem descanso, enquanto o
levava para cada vez mais perto do limite. Enfim ele gemeu de
forma profunda e grave, e então ele agarrou os braços dela e a
ergueu.
— Não é aí que vou gozar pela primeira vez com minha
esposa. — ele grunhiu antes de chocar sua boca contra a dela,
trocando de posição para que seu corpo maior, meio que cobrisse
o dela, mantendo-a presa enquanto ele deslizava uma mão e
encontrava o mesmo lugar onde ela mantinha os dedos.
— Eu adoraria vê-la se tocar. — ele murmurou
pressionando um beijo em seu pescoço.
— Colocaremos na lista de coisas que lhe dão prazer mais
tarde.
Ele puxou a mãe dela com cuidado e cobriu-a totalmente
com a dele. Os dedos dele abriram os grandes lábios, enviando
um prazer elétrico pelo corpo dela enquanto ele pressionava um
dedão em seu clitóris e dois dedos fundos na entrada molhada
dela.
Ela gemeu o nome dele, arqueando contra seu peito
conforme o prazer tomava o corpo dela em uma onda lenta. Ele a
observou, a respiração pesada, olhos vidrados enquanto ele a
estocava uma e outra vez até que as costas dela arquearam e ela
chegou ao clímax com os dedos dele.
Ele os levou aos e lambeu a evidência cremosa do alívio
dela antes de se mover e se colocar entre as pernas dela.
— Olhe para mim. — ele sussurrou.
Ela assim o fez, grudou o olhar no dele sem hesitação.
Ela enxergou tudo o que sempre quis na mirada dele, tudo o que
havia desistido de ansiar, tudo o que viria no futuro dos dois
juntos. Era como olhar direto para o paraíso. Ela envolveu as
bochechas dele, sorrindo para ele com felicidade pura.
— Você é minha esposa. — ele disse, deslizando para
dentro dela com uma estocada longa e forte. — Meu amor. Minha
vida.
Ela assentiu.
— E você é minha, finalmente. Para sempre.
Ele esmagou a boca dela com a dele enquanto a tomava
com estocadas fortes e pesadas. O clitóris, ainda sensível do
orgasmo anterior, se chocava com a pélvis dele, e ela deixou
escapar um gemido quando o prazer a alcançou uma segunda
vez. Ele grunhiu alto o nome contra o pescoço dela conforme ela o
ordenhava, e então se despejava dentro dela, forçando os quadris
contra o corpo dela enquanto tremiam em uníssono.
Ele desabou sobre ela, sussurrando todo o seu amor
enquanto ela massageava as costas dele e o mantinha perto dela.
Pareceu uma eternidade celestial, mas então ele levantou a
cabeça e sorriu.
— Estou esmagando você? — perguntou.
Ela balançou a cabeça.
— Gosto do seu peso. Faz com que eu saiba que é real.
Ele se inclinou e deu um beijo suave nos lábios de Elise.
— É real.
Ele rolou de lado, trazendo-a para ele, para a segurança
de seus braços. Ela se aconchegou ao peito dele, em paz pela
primeira vez no que parecia uma eternidade.
— Quanto tempo poderemos ficar aqui? — ela perguntou
enfim.
Ele passou a mão nos cabelos dela.
— Dias. — prometeu. — Comida será entregue, mas fora
isso, seremos deixados em paz.
Ele levantou os olhos para ele.
— Mas... Mas e Felicity?
Ele levantou uma sobrancelha.
— Não exatamente o que achei que minha esposa diria
quando contasse que teríamos alguns dias de privacidade após o
casamento.
Ela riu e deu um tapa de brincadeira em seu peito, mas
seu semblante ficou sério ao dizer:
— Quis dizer, não deveríamos estar ajudando?
Lucien balançou a cabeça.
— Acredito que não haja nada que possamos fazer, neste
momento. Dane está fazendo sua pesquisa e Gray está lá para
auxiliá-lo. Lembrei-me de alguém que pode ajudar, mas levará
alguns dias até que receba a mensagem que enviei e então ou vir
até aqui ou enviar uma resposta.
— Então o que está dizendo é que Felicity está tão segura
como poderia estar? — Elise perguntou.
— Por ora. — Ele afastou os cachos da testa dela e ela
tremeu de leve sob o toque. — Encontraremos uma maneira de
salvá-la. — ele prometeu. — Juntos dessa vez.
Ela assentiu enquanto amor a inundava por dentro.
— Sim, juntos. — ela sussurrou. — Acontece que somos
muito mais fortes assim. Nunca me esquecerei disso de novo.
Ele se inclinou para beijá-la, apagando todos os
pensamentos preocupantes de sua mente, fazendo-a perder-se em
prazer uma vez mais. E naquele instante, ela percebeu que tudo
era possível, tudo daria certo e que tudo que ela sempre quis
estava ali em seus braços.
Dez dias depois

Lucien entrou na sala, uma carta na mão, e levou um


tempo para olhar em volta. Havia um senso incrível de certeza no
que via. Gray e Rosalinde sentados juntos na janela, falando
baixinho. Celia e Dane estavam próximos com Felicity, olhando
papéis espalhados na mesa diante deles.
E havia Elise. Ele estava à lareira, mexendo seu chá, e
quando ele entrou na sala, seu rosto se iluminou com pura
alegria, puro prazer, puro acolhimento. Apesar das circunstâncias
preocupantes acerta de Felicity, Elise e Lucien vinham
aproveitando bem o período de lua de mel. Ele acordava todas as
manhãs com seu belo rosto descansando próximo dele nos
travesseiros. Ela encontrava maneiras de chegar a ele, de se ligar
a ele, todos os dias.
E a noite eles sucumbiam há tantos prazeres variados
que seu corpo tremia só de pensar. Mas mais importante que
tudo isso, devagar, porém sempre. Estavam reconstruindo a
confiança e laços entre eles. Separarem-se foi a pior fase da vida
dele, Mas a separação levou a cura e estavam mais fortes que
nunca. Quando pensava no futuro, parecia quase maravilhoso
demais para se acreditar. E seria, se pudessem resolver a
situação de Felicity.
— Boa tarde. — ele disse.
Elise moveu-se em direção a ele e o beijou na bochecha
antes de dizer
— Gostaria de chá, meu amor?
— Não, obrigado. Onde está mamãe?
— Lá em cima. — Gray respondeu. — Reclamou de uma
leve dor de cabeça.
— Talvez seja melhor assim, já que tenho novidades.
Ele viu Felicity ficar visivelmente rígida antes de se
endireitar na cadeira com Celia e ir até ele.
— Sobre mim?
Ele assentiu.
— Sim. Dane, Sei que disse que não é tão bom em traçar
dinheiro como é com outras coisas dentro de uma investigação.
Dane deu de ombros, quase que se desculpando.
— De fato, nunca foi minha especialidade.
— Bem, entrei em contato com alguém que tem bastante
experiência com transações financeiras e já foi bem próximo de
nossa família então é alguém em que se pode confiar.
Os lábios de Felicity se entreabriram e os olhos se
arregalaram enquanto ela dava mais um passo na direção dele.
— Lucien, não fez isso. — ela sussurrou.
Ele franziu a sobrancelha, confuso com o pavor na voz
dela.
— Ir atrás de Asher? De fato, fui.
Felicity fez um som indistinto, o rosto se contorcendo
minimamente, e então ela fugiu da sala. Stenfax encarou a
direção que ela seguiu, e voltou-se para Elise. Ela estava pálida,
mas sustentou seu olhar com um leve aceno de mãos. Rosalinde
levantou-se.
— Vou atrás dela. Sei o quanto isso é difícil.
Quando ela saiu, Dane falou:
— Quem é Asher?
Gray e Elise trocaram um olhar, e Gray comentou:
— O filho de um antigo servo de nosso pai. Ele tinha a
nossa idade e às vezes tinha permissão para se juntar a nós em
nossas brincadeiras. Todos o víamos como amigos.
— Ao menos achei que Felicity o via. — Stenfax suspirou
baixinho, encarando a porta pela qual ela correu.
— Ela… o via sim. — Elise disse com uma pausa. — É
um pouco mais complicado que isso.
Stenfax virou-se para ela, olhos arregalados ante o
comentário, mas antes que pudesse perguntar mais, Dane
perguntou:
— Então, o filho de um servo poderia nos ajudar, como
exatamente?
— Nossa família pagou pela educação dele.
Stenfax esclareceu, ainda tentando determinar o que
Elise poderia querer dizer com complicado em se tratando de
Asher e Felicity.
— Ele agora é um procurador muito respeitado e cuida
das finanças de muitos homens de títulos. Se alguém sabe seguir
dinheiro, é ele.
— Entendo. Bem, se acredita que ele seria de ajuda, eu
apreciaria sua perícia.
— Bom, Pois recebi um recado de que estará aqui em
alguns dias. Eu não expliquei a situação para além de dizer que
Felicity está com problemas e que precisamos de sua ajuda. Creio
ser melhor dar os pormenores pessoalmente.
Dane assentiu.
— Concordo. Não há porque criar mais provas com cartas
explicando a situação de Felicity. Anseio por conhecê-lo.
Conforme Gray, Dane e Celia retomaram sua conversa,
Elise aproximou-se de Stenfax, escorregando sua mão na dele.
Ele girou a cabeça e olhou para ela.
— Quer me contar do que se trata de verdade a explosão
de Felicity?
Ela tocou seu rosto de maneira gentil e sorriu.
— Estava tão cego que nunca percebeu que Felicity
esteve apaixonada por Asher anos atrás?
— O quê?
Ela assentiu.
— Ela vai provavelmente me matar por contar, mas deve
saber que trazê-lo aqui é cutucar a onça com vara curta.
Ele suspirou.
— Bem, é uma onça que pode salvar minha irmã, então
não me arrependo pelo risco. Obrigado por me contar.
Ela se ergueu nas pontas dos pés e o beijou, e a mente
dele se esvaziou de problemas por um instante. Quando se
afastou, ela disse:
— Sem mais segredos. É o que prometi, e falei sério.
Ele sustentou o olhar dela.
— E é no que acredito, meu amor. Com todo o meu
coração. Assim como a amo com todo o meu coração.
— E eu amo você. E assim que salvarmos Felicity, o que
sei que faremos, Pretendo passar o resto da vida provando isso
para você. — Ele tomou o queixo dela, sem se importar que todos
na sala pudessem ver. — Meu amor, não precisa provar mais
nada. Nunca mais.
Então ele se inclinou e a beijou. E naquele momento,
tudo estava certo no mundo dele.
Asher Seyton desmontou de seu cavalo e levantou os
olhos para a casa alta e obscura que se erguia diante dele. Havia
seis anos desde que cruzara pela última vez a soleira depois da
escadaria de pedras. Seis anos longos e por vezes solitários que
eram assombrados por memórias e desejos que nunca foi capaz
de esquecer.
Agora estava de volta e ele precisaria enfrentá-los mais
uma vez. Sem escapatória. A porta se abriu e no mesmo instante
um servo desceu correndo para pegar seu cavalo. Asher piscou
quando o rapaz lhe fez uma reverência e murmurou algo sobre
cuidar do animal. Esse serviço fora ele em outras épocas. Ele
tinha muitos serviços nessa propriedade enquanto cresceu aqui.
— Obrigado. — disse antes de começar a subir os oito
degraus de dois em dois. No topo, foi recebido por um rosto
familiar, o de Taylor, o mesmo mordomo que serviu aqui pelo
tempo que seu pai serviu como valete do Conde de Stenfax
anterior.
— Sr. Seyton. — Taylor o cumprimentou com um sorriso
largo. — Por Deus, é bom revê-lo.
— Você também, Taylor. Não mudou nada.
Taylor levantou uma sobrancelha e balançou a cabeça.
— É um bajulador, senhor.
Asher se mexeu ao ser chamado de senhor por um
homem que um dia puxou suas orelhas. Um homem que também
o ensinou como fazer uma reverência formal do mesmo jeito que o
rapaz executou alguns momentos atrás.
— Está bem tarde para estar acordado. — Asher
comentou, livrando-se dos sentimentos que o sondavam. — Já
passa da meia-noite.
— Lorde Stenfax recebeu sua mensagem dizendo que
chegaria hoje bem tarde. — Taylor explicou enquanto recuava e
mostrava o caminho para Asher através do foyer. — Me
voluntariei para recebê-lo.
Asher prendeu a respiração ao entrar no foyer. A casa
parecia exatamente a mesma assim como ele se lembrava. Bonita,
refinada, mas acolhedora. Um tanto quanto a família que residia
ali há gerações. Uma família que permitiu que ele fizesse parte em
alguns momentos. Até que…
Bem, não havia motivos para pensar nisso. Não quando
ele estava… em casa? Era estranho como parecia um lar para ele.
— Foi gentil de a sua parte fazer isso. — Asher disse e
notou que Taylor mantinha a mão esticada. — Er?
— Seu chapéu, senhor? E seu casaco? — Taylor
respondeu.
Asher trocou o peso nos pés ao retirar e entregar as
coisas.
— Estou acostumado com isso, claro, mas não de um
homem que já chamei de senhor. — Asher disse com uma risada.
— Há alguma chance de sermos mais informais?
O rosto de Taylor suavizou.
— O senhor se deu bem na vida, Sr. Seyton. Deveria
abraçar tudo que vem com isso. No fim, não ha volta, apenas siga
em frente.
Asher engoliu. Sim, eram boas palavras e deveria mantê-
las em mente enquanto seguia nesse labirinto confuso que
encontraria aqui, com certeza. Afinal, foi chamado sob
circunstâncias misteriosas. Stenfax não fora claro acerca dos
motivos para Asher ser necessário com tanta urgência.
Tudo que estava escrito era: Felicity está com problemas.
Além disso, mais nada importava. Seria necessário ser
arrastado e esquartejado para que Asher não chegasse aqui o
mais rápido possível.
— Como está seu pai, Sr. Seyton? — Taylor perguntou,
trazendo a atenção de Asher de volta ao presente.
Ele sorriu.
— Bem, obrigado por perguntar. As mãos o incomodam
um pouco, mas ele aprecia bastante a brisa marítima e a zona
rural que a aposentadoria provém.
Ele manteve o sorriso no rosto e não acrescentou que por
vezes acredita que seu pai está se escondendo. Ele nunca mais
fora o mesmo depois da morte da segunda esposa. Uma mulher
que Asher não conheceu, graças a circunstâncias que ele ainda
não compreende mesmo depois de décadas. E depois do problema
com Asher, seu pai declarou que estava farto do serviço e largou
seu trabalho aqui de maneira bem inesperada.
— Isso é maravilhoso. — Taylor disse.
— Quando a família voltar para Londres na primavera,
talvez eu tire um dia de folga e vá visitar meu amigo.
— Ele adoraria. — Asher disse com um sorriso ainda
maior. — Ele está a apenas um dia e meio de viagem daqui, sabe.
Pretendo procurá-lo assim que Stenfax me liberar do serviço.
O rosto de Taylor se contraiu um pouco e Asher
enrijeceu. O que quer que estivesse acontecendo nesta família,
era ruim.
— Bem, deve estar exausto depois da longa jornada. —
Taylor proferiu. — Há um quarto pronto para você.
— O meu antigo. — Asher disse com um sorriso. Ele se
perguntava se suas iniciais ainda estariam gravadas no parapeito
de madeira da janela.
O rosto de Taylor se retorceu com algo similar a horror.
— Claro que não, senhor. Há um quarto preparado para
o senhor na ala de visitas. O quarto Roseira.
Os olhos de Asher se arregalaram. Ele nunca imaginaria
ser tratado como hóspede em uma casa onde antes servira. Ainda
mais no quarto Roseira, chamado assim porque dava de frente
para os jardins. Eram os melhores aposentos da ala de visitas.
— Entendo. — disse baixo.
— Posso levá-lo até em cima? — Taylor perguntou.
Asher balançou a cabeça.
— Não, lembro onde é. Vá deitar, Taylor.
O mordomo pareceu um pouco desconfortável com a
ideia mas assentiu devagar.
— Muito bem. O menino que pegou seu cavalo levará sua
mala para cima e deixará na sua porta antes de ir dormir. Irá
encontra-la pela manhã.
Asher assentiu.
— Recordo-me bem disso. Boa noite.
— Boa noite, senhor.
Taylor fez uma de suas reverências e deixou o foyer.
Asher analisou mais uma vez ao redor, depois inspirou de
forma profunda. Ele chegara tarde. Parecia que ia passar mais
uma noite sem dormir antes de descobrir a verdade… Antes de
encontrar Felicity de novo. Não sabia se isso o deixava feliz ou
frustrado. Ambos, talvez. Ele necessitava de tempo para se
preparar, porém também ansiava por vê-la.
Ele respirou fundo e subiu as escadas. Ele descia por
esse mesmo corrimão quando criança, seguindo o atual Conde de
Stenfax. Ah, como seu pai puxava suas orelhas naquela época.
Ele lembrava a Asher que lhe era permitido fingir, mas que não
era de fato um deles. Claro que não era. Ele chegou ao topo das
escadas. Se virasse à esquerda e estaria a caminho da ala de
visitas e do quarto Roseira onde descansaria a cabeça. Se virasse
à direita estaria na ala da família.
Ele ainda se lembrava de Felicity com perfeição. Quantos
dias e noites ele passou com aquela sensação eletrizante de saber
que ela está por perto? Imaginando o que ela está fazendo ou
vestindo. Ou não vestindo. Ele já ia à direção do quarto, mas se
permitiu uma rápida olhada para o fim do corredor, e a porta de
Felicity abriu. E ela em pessoa, saiu.
Asher quase correu escadas abaixo quando a viu. Os
cabelos loiros dela caiam em longas ondas ao redor dos ombros e
costas e usava um vestido formal que se amarrava de forma a
acentuar sua esguia cintura. Os pés estavam descalços e ela
segurava um vela. Ela se virou na direção dele e prendeu a
respiração no mesmo instante em que seus olhos se encontraram.
Sua expressão revelou um breve momento de prazer e por um
Segundo ela pareceu como a garota inocente, esperta e feliz que
ele conheceu e queria tantos anos atrás.
Mas então ela se recompôs, a expressão tornou-se
cautelosa. E mesmo há um metro e meio de distância, mesmo sob
a luz tênue de velas, ele viu algo que partiu seu coração.
Ele viu um vazio em seus olhos. Mascarado como tédio
sofisticado, mas ele via a verdade.
— Asher. — ela murmurou ao dar um passo na direção
dele.
O corpo dele se contraiu ao som de seu nome de batismo
meio que soprado por aqueles lábios cheios que ele provara uma
única vez antes. Lábios com que ele ainda sonhava, fantasiava.
Mesmo agora, seu corpo cambaleava de desejo. Suas mãos
tremiam de vontade de diminuir a curta distância entre eles e
trazê-la para junto de si, senti-la se acomodar ao seu corpo até
que não houvesse mais espaço, ar, nada além dela, dele, deles.
Mas não era mais como seis anos atrás e ele entendia a
vida muito melhor agora. O que ele queria não era possível. Seu
pai repetiu isso diversas vezes na época, e agora ele entendia a
verdade. Uma mulher como Felicity estava fora de seu alcance.
— Olá, minha senhora. — ele engasgou, recorrendo à
formalidade para proteger a si mesmo do desejo. No fim, era tudo
o que ele podia fazer.

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