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Agradecimentos.

Agradeço primeiramente a Deus, por ter me dado um talento tão sublime. Em segundo lugar, à
minha irmã, Sara, que me apoiou em minhas histórias malucas, às minhas amigas que acompanharam
toda minha trajetória e, enfim, a todas as minhas leitoras, que me deram forças para continuar a escrever
e dar a elas um refúgio, assim como a leitura foi para mim. Muito obrigado de coração.

Sinopse.
Alexandra Motta, aos vinte quatro anos, já é uma mulher muito machucada na vida. Fugiu de um
casamento fracassado, sofrendo nas mãos do marido agressões de todos os tipos. Grávida e sem rumo na
vida, pensou que teria um novo recomeço no Rio de Janeiro. Só não pensava que, por um golpe do destino,
ela fosse encontrar amor nas mãos e um criminoso como Guilherme, mais conhecido na comunidade como
Caveira.
Guilherme Luiz estava preso havia nove meses por tráfico de drogas e outros crimes hediondos. A
fim de ter uma diversão enquanto estivesse enjaulado, não pensa duas vezes em ter uma mulher para
foder em suas visitas íntimas. Ele só não esperava despertar pela branquela atrevida algo que seu coração
nunca se deixou sentir. Agora ele a tem e não vai deixar ninguém tirá-la dele. Custe o que custar.

Capítulo 1
Desempregada, e a proposta indecente.

A mulher andava de um lado para o outro, volta e meia parava e olhava o celular.
Suspirou e sentiu as lágrimas saírem dos olhos, ela ainda não tinha recebido a ligação da última
entrevista de emprego que tinha ido, estava tão desesperada que qualquer coisa servia, até trabalhar
como catadora reciclável, mas o inacreditável era que nem isso ela conseguia.
As coisas estavam tão feias que nem farinha de mandioca tinha no armário, sorte era que sua
vizinha, dona Carmen, ajudava-a com algumas coisas como comida para dar para Vinícius, seu pequeno
bebê, comer.
Era mãe solteira, tinha acabado de sair de um relacionamento abusivo com o marido, que fora seu
primeiro e único namorado; descobriu-se grávida, com uma mão na frente a outra atrás. Seu marido
Rodrigo não era o exemplo de homem, teve que fugir de Goiânia para não ser morta por ele. Ele não
aceitou muito o fim do relacionamento que durou cinco anos.
Não tinha mais família. Era só ela no mundo. Em uma tentativa falha de sumir no mapa, acabou
vindo morar no Rio. No começo, tinha o dinheiro do seguro-desemprego. Pagava um aluguel em Ramos,
mas, com o tempo, o emprego não veio, e ela foi obrigada a se mudar para um lugar mais em conta. Então
se mudou para o Morro do Alemão, que ficava bem perto dali.
Seu filho nasceu e as dívidas só foram aumentando. Não arranjou emprego em lugar nenhum. De
vez em quando, encontrava uma faxina para fazer em algum lugar no Rio.
O aluguel já estava quatro meses atrasado. Dodô, o dono do Morro, já havia dado o recado que
buscaria o dinheiro do aluguel. O problema era que ela nem ao menos tinha para comer.
Estava perdida, sua vida estava tão na merda que quase cometeu suicídio. A única coisa que a
impedia de fazê-lo era Vinícius, seu filho de apenas quatro anos.
Alexandra se sentou no pequeno sofá, passou as mãos no rosto secando as lágrimas. Ela não sabia
mais o que fazer.
Estava naquele difícil dilema: se ficar o bicho pega, se correr o bicho come.
Seu coração acelerou quando ouviu a porta ser aberta bruscamente e por ela passar quatro homens
entre ele Dodô — ou Douglas para os mais próximos, já que isso ela não era. — O homem tinha
basicamente um metro e noventa, era magrinho, e a pele escura era cheia de tatuagens.
O rosto estava inexpressivo como sempre. A única coisa que brilhava em sua face era o brinco na
orelha direita.
— Vim buscar minha grana, Alexandra! — Ele falou, segurando a arma nas mãos.
A mulher loira suspirou, segurando as lágrimas. Ela morreria, disso ela tinha certeza. Atrás do
homem, seus soldados a olhavam com pena.
— Eu não tenho o dinheiro Dodô, me dá mais um tempo… As coisas… — Não terminou de falar por
que o homem a jogou no sofá, apontando a arma na cabeça dela.
— Dar mais tempo? Você está maluca, porra?! Eu vou é te meter a porrada, filha da puta. Eu to a
quatro meses esperando, quatro meses!! — Ele gritou, assustando a mulher que só sabia chorar. Só
esperava que seu filho a perdoasse por se uma péssima mãe.
— Tudo bem, só me prometa que vai cuidar do meu filho — Alexandra segurou as lágrimas e
fechou os olhos esperando a morte.
Tanta coisa que ela deixou de fazer na vida por causa do casamento precoce. Sua faculdade
trancada, sem família e sozinha no mundo. Um filho pra criar sozinha e ainda um marido adúltero de
caráter duvidoso que ainda a agrediu. Talvez fosse esse mesmo o seu destino. Suspirou quando ouviu uma
risada de longe. Estavam rindo dela? Como ousavam?
— Que porra garota, o que você fez comigo, hein? — Ela abriu os olhos e encarou o homem, que
mantinha o olhar sério. Seus soldados tinham um sorriso nos lábios — Vou te matar, mas não agora, se
você aceitar a minha proposta.
Alexandra, ainda com medo, se endireitou no sofá e esperou o homem falar.
— É seguinte: meu pai está precisando de uma mulher para ir visitar ele na cadeia — Alexandra
ergueu uma sobrancelha.
— O que? Que tipo de visita? — Ela perguntou, curiosa.
Dodô sorriu, mostrando suas covinhas que eram seu charme, e se sentou na frente dela, no sofá.
— Que tipo de visita? — Ele riu, sarcástico — Tu entra lá, dá a buceta pra ele, e vai embora. Em
troca eu te dou uma grana e tu pode ficar morando aqui até quando eu quiser. — falou, espreguiçando-se
no sofá e sorrindo de modo cínico.
Alexandra estava chocada. Que proposta era aquela?! Praticamente era se tornaria uma garota de
programa. Ela só teve um homem na sua vida, sequer pensou em outro depois do que aconteceu com seu
casamento. Nunca cogitou se envolver com outro homem. Até porque tinha mais de três anos que não
transava com nenhum.
Ela era um desastre entre quatro paredes, seu marido sempre a lembrava disso.
— Eu não sou uma vadia — Sussurrou, aflita.
— Porra, qual o teu problema, filha da puta?! — Ele se irritou — Estou tentado não te matar.
Alexandra se levantou do sofá, passando as mãos pelo longo cabelo loiro.
— Você acha que eu sou o que? — Ela perguntou a Dodô.
O homem revirou os olho em irritação.
— Ih, se liga, mina, estou te ajudando a resolver esses B.O. ai. Tô querendo te matar não, porra, tu
é uma mina firmeza… Maior sacanagem se eu fizesse isso contigo, ainda mais com um filho pra criar —
ele sorriu, triste — Sou um monstro, não.
Alexandra começou a chorar na frente dos homens, seus soluços os deixaram sem graça.
— Quanto tempo? — perguntou, aceitando seu destino. Seu filho estava no quarto dormindo, tinha
chorado de fome a tarde toda. Ela estava sem saída. E se essa era a maneira de ela conseguir dar algo
para seu filho comer, agarraria com todas as forças.
Douglas viu sua mãe ali, naquela pequena mulher. Nunca sentiu pena de ninguém, mas a tinha
visto lutando sempre para dar comida para o filho. Observava-a quase todos os dias saindo de manhã com
vários currículos em mãos.
Ela não merecia, era guerreira. E essas eram difíceis de se encontrar.
Sabia que era errado, mas juntaria o útil ao agradável. Seu pai queria uma mulher para meter o
pau, e ela queria pagar as dívidas com ele e dar comida para o filho. Não era Madre Teresa, porém estava
ajudando todo mundo.
— 6 Meses… — O olhar dele se tornou sombrio. Sabia que seu pai era um filho da puta, mas apesar
de tudo tinha um bom coração. Alexandra não era o tipo dele, ele sabia, contudo não era fácil achar uma
otária para ir à cadeia dar a buceta pra vagabundo. — Ou até ele se cansar de você.
A mulher assentiu, derrotada. Que fosse do jeito que Deus queria. Dodô saiu de sua casa, mas antes
jogou umas notas de cem na mesa, dizendo que era uma parcela do pagamento.
Ela chorou naquela noite como nunca chorou a vida toda.

Capítulo 2
Ajoelhou? Tem que rezar!

A cada passo que dava, sabia que nunca mais voltaria ser a mesma. Ela já não chorava mais. Suas
lágrimas tinham secado, havia tomado uma decisão. Aquilo seria apenas sexo, nada mais, nada menos!
Então não tinha por que se sentir daquele jeito. Com sorte, ele a trocaria antes mesmo de completar os
seis meses.
E ela, claro sairia no lucro.
Só estava com um pé atrás porque nunca se deitou com outro homem que não fosse seu ex-marido,
Rodrigo. Ele também não era do tipo que comparecia sempre, tinha suas amantes para o satisfazer,
enquanto ela ficava em casa chupando dedo.
A gota d'água para ela foi quando encontrou o marido com a amante, sua própria mãe, na mesma
cama em que ele tinha a feito mulher. Seu ego naquele momento foi estraçalhado em milhões de pedaços,
nunca foi tão humilhada. A desculpa que o marido usou era que ela não sabia fazer seu trabalho direito
entre quatro paredes.
Desde então, nunca se envolveu com ninguém. A única coisa que manteve sua mente sã foi sua
gravidez.
Ela se casou muito cedo. Dezesseis anos era a idade em que as garotas da idade dela estavam
arrumando os primeiros namorados e tendo suas primeiras experiências sexuais, enquanto ela entrava na
igreja se véu e grinalda.
Suspirou, arrumando a bolsa preta no seu pequeno ombro. Andou até a entrada do Presídio
masculino, ali tinham várias mulheres, idosas e muitas crianças. Ela carregava na bolsa uma legging e
uma camisa branca. Não sairia de casa já vestida, ninguém precisaria saber que ela ia para um presídio
visitar um desconhecido.
Caminhou até a fila que tinha se formado ali, jogou a bolsa no chão e sentou em cima para
descansar. Estava morta. Acordou quando o sol nem tinha nascido ainda. Pegou uma balinha que tinha
comprado horas atrás e a colocou na boca.
― Você é nova aqui? ― Perguntou uma mulher que estava em sua frente, Alexandra analisou-a se
cima a baixo. Morena, cabelos cacheados, e um corpo tão bonito que a fez ficar oprimida com sua
magreza.
Suspirou, secando o suor da testa era os primeiros raios daquele dia e já estava muito quente. Sabia
que o dia ia ser praticamente o inferno.
― Sim, na verdade, é a primeira vez que venho aqui, e você? ― Perguntou, sem graça. A garota se
sentou ao seu lado e sorriu tristemente.
― É a quarta vez. Sabe, a gente sempre pensa que eles vão melhorar, mas é ilusão! ― Ela parecia
segurar as lágrimas ― Aqui eles são uns santos, mas quando você precisa deles do lado de fora, são os
primeiros a abandonar o barco.
Alexandra se compadeceu daquela mulher, afinal de contas, ela não era tão diferente de si mesma.
Rodrigo era a prova viva.
― Quem está preso aí? ― Alexandra perguntou, curiosa. A mulher torceu o nariz, triste.
― Meu marido, foi preso em uma invasão. ― A garota falou sem graça ― Moramos no Morro sabe!?
― Você mora onde? Eu moro no Alemão ― Falou a loira, olhando para a recepção do presídio que
ainda não estava deixando ninguém entrar. Era um desrespeito total, um monte de senhoras ali no sol, e
eles enrolando para deixá-las passar.
Olhou para a garota e a esperou responder.
― Sério? ― Perguntou, assustada. ― Eu nunca te vi lá!
― Não sou muito de sair ― murmurou. Era melhor não fazer amizades no Morro, seria bastante
vergonhoso para ela as más bocas do Morro começarem a falar dela.
― É, eu também. Na verdade, eu trabalho, e só chego em casa às dez da noite ― a garota suspirou.
― Às vezes não tenho tempo para nada. Manuela, minha filha, vive reclamando.
Alexandra riu e concordou com a cabeça, elas conversaram por mais alguns minutos até a entrada
ser autorizada pelos agentes penitenciários. Levantaram rapidamente do chão, Alexandra sabia que teria
que trocar de roupa, então andou até o banheiro que tinha na entrada do lugar.
― Espera, qual seu nome? ― a morena perguntou, sorrindo ― Estamos conversando há minutos e
nem perguntei isso a você.
Alexandra conteve seu sorriso, afinal, ela nem tinha percebido isso. Estava tão assustada e com
medo que nem se preocupou em perguntar. Passou as mãos nos cabelos, colocando-os atrás da orelha.
― Sou Alexandra ― disse para a garota que parecia aflita e preocupada com algo.
― Prazer, sou Eduarda! ― Alexandra assentiu com a cabeça ― Então a gente se vê por aí. Tenho
que entrar, senão aquele encosto fica louco ― murmurou, seguindo o caminho dela.
Alexandra tinha se trocado rapidamente no banheiro, estava tentando a todo custo não ficar com
medo, afinal, era uma mulher, e não uma garota preste a perder a virgindade. O que não deixava de ser
verdade, levando em conta o tempo em que não tinha relações sexuais.
Quando chegou ao quarto a onde aconteciam as visitas íntimas, não esperava muita coisa além do
que tinha ali: uma cama velha no meio do quarto e uma porta que julgou ser o banheiro.
Ela já tinha aceitado, então era só esperar, mas não, ela não conseguia acreditar no que estava
acontecendo. Era ruim de cama. Estava contando com isso para que o homem a deixasse e não precisasse
mais dos seus “serviços”. Se sentou na cama e esperou.
Não sabia quantos minutos tinham se passado. Estava ansiosa. Seu coração estava disparado e suas
mãos suavam de uma maneira irritante. Ouviu barulhos no corredor, e se desesperou. É pelo Vinícius!,
pensou segurando as lágrimas.
O barulho da porta foi ouvido ela quis correr, mas sabia que não adiantaria muita coisa. Era
pequena e uma fracote. Se tentasse algo, rapidamente seria abatida.
Então ela o viu.
A luz do sol estava sendo tampada pela silhueta do enorme homem que estava ali. Ele adentrou o
local, deixando-a assustada.
― Uma hora e meia, Caveira ― O carcereiro falou, trancando a porta e a deixando sozinha com o
enorme homem.
Ela notou algo em comum com Dodô. Na verdade, o homem era um Douglas mais velho: tatuado,
negro e alto, muito alto. Ele não era tão bonito, mas sua cara de mau e o cabelo cortado estilo militar dava
a ele um charme sem igual. Era uma porra de um homem grande.
― Olá… ― Ela sussurrou. O homem a olhava de cima a baixo. E não piscava. Parecia hipnotizado.
― Qual seu nome? ― A voz grossa e assustadora chegou aos seus ouvidos, fazendo-a estremecer de
medo.
― Alexandra ― respondeu, porém teve a impressão que ele já sabia, porque sorriu feliz.
― Está com medo? ― ele perguntou, arrancando do corpo a camiseta laranja deixando à mostra seu
abdômen sarado. Poderia ser confundido fielmente com aquele ator Michel B. Jordan, só que presidiário é
muito mais gostoso.
Queria revirar os olhos dos seus pensamentos, mas estava com muito medo para fazer tal ato.
― Sim, e não… ― Segurou as lágrimas ― Por favor vamos logo com isso?
Queria que aquilo acabasse logo. Assustou-se quando ouviu a risada do homem.
― Claro que não, quero as coisas bem devagar ― ele foi andando até Alexandra, que não se movia.
Parecia que ela estava presa no chão ― Te desejei durante dois anos, te foder rápido é a última coisa que
eu vou fazer. Vou te comer bem devagar até me saciar…
Seu coração disparou, suas mãos tremeram, seu corpo tremia igual vara verde. Oh Deus! Gritou
mentalmente. Do que aquele homem estava falando? Eles já tenham se visto? Mas ela não se lembrava, e
era quase impossível se esquecer de um homem desse tamanho. Aquilo não fazia o menor sentido.

Capítulo 3
Seu corpo, minhas regras!

Alexandra estava tentando entender como diabos ela chegou aquele ponto. Uma hora estava cara a
cara com o homem, e em outra estava nua na cama velha com ele entre as suas pernas. Seu coração batia
tão acelerado que ela jurava que, dentro daquele quarto escuro, seus batimentos ecoavam. Estava tão
envergonhada que evitava olhar para baixo. Sabia que ele estava encarando suas partes íntimas. Oh Deus!
A que ponto ela tinha chegado, eles mesmo iam fazer aquilo?
Sentiu as mãos homem subirem para sua cintura, apertando-a.
― Você é tão rosinha aqui em baixo ― Ele murmurou, extasiado com a visão da garota com as
pernas abertas em sua frente.
Ela estava vermelha e aquela visão se tornou a coisa mais sexy que ele já tinha visto. Ela era muito
menor que ele, a pele era tão branquinha que tinha medo de marcá-la profundamente. Seu pau estava tão
duro, ele não acreditava que depois de dois anos ele finalmente poderia tê-la.
Caveira estava literalmente em êxtase. Ela era espetacular.
― Você não vai fazer… Hm… É… Eu nunca… Ai, meu Deus! ― A loira estava tão nervosa que não
conseguia formular alguma frase concreta. Caveira mantinha o sorriso cafajeste nos lábios, parecia gostar
de vê-la tão vulnerável.
― Fazer isso? ― Ele passou o dedo polegar em seu clitóris. Alexandra suspirou, tremendo,
levantando o corpo. ― Vamos lá! Eu sei que tu gosta, loira ― murmurou. Alexandra se encontrava
levemente molhada, mas Caveira queria mais, queria muito mais.
Seus dedos brincavam com sua boceta e seus olhos castanhos captavam cada movimento seu.
Queria gravar na mente cada suspiro e gemido que ela soltaria por causa dele, só dele.
― Espera! Você não acha que… Que estamos indo muito e muito rápido? ― Ela falou, tendo de
controlar seus gemidos.
Deus, ela nem ao menos tinha perguntado o nome dele. Sua mente gritava, Caveira mantinha agora o
sorriso cínico nos lábios.
― Eu já te conheço, não há necessidade disso, loira ― disse, tirando os dedos do centro dela e os
colocando na boca, chupando. ― Você é mais gostosa do que eu imaginei…
Ela murmurou com a voz rouca pelo prazer. Seus olhos estavam saltados para fora. Aquilo, com
certeza, foi muito sexy. Pensou, encabulada.
Ele olhou para o montinho rosa entre as pernas dela e lambeu os lábios suavemente. Caveira desceu
a cabeça até ficar entre as coxas da mulher. Alexandra se assustou e tentou fechar as pernas, mas foi
impedida pelas mãos fortes do enorme homem.
― Não fecha! ― Ele falou, lambendo os lábios em antecipação ― Eu vou te chupar agora, estou
louco para sentir seu gosto.
Alexandra estava apreensiva. Nunca tinha recebido um oral, seu ex-marido não gostava. Aliás, ele
dizia que ela era muito frígida na cama. Estava tão trêmula que não conseguia controlar sua respiração.
Sua mente parecia totalmente conturbada.
― Você não vai fazer isso, não é? ― Alexandra expirou o ar do pulmão, totalmente afoita ― Talvez
você não goste, sabe, é também é muito anti-higiênico, você não vai gostar, nem meu ex-marido gostava. É
melhor você se poupar disso… Aliás, você não precisa porque certamente eu estou aqui para ter de servir.
Eu já te falei que ninguém nunca fez isso em mim? Nossa, eu estou nervosa… A gente nem se conhece
direito e eu nem sei o seu nome. Por que te chamam de Caveira? Você tem um nome, não é? Desculpa…
Eu estou falando demais… É porque, quando eu fico nervosa, eu falo pelos cotovelos. Minha mãe dizia que
o seu maior erro foi me ensinar a falar porque eu nunca paro, sabe? Ainda mais quando eu fico nervosa,
eu falo demais! Ela dizia que deveria ter me ensinado linguagem de sinais. Eu sou louca e acho que estou
te assustando, porque estou te deixando irritado. Você não está irritado, está? ― Ela encarava o teto.
Estava evitando olhar para baixo. Sabia que o homem continuava a olhar para sua parte íntima.
Ouviu uma risada e quase desmaiou de medo.
― Você nunca para de falar, não é? ― Ele falou, segurando o riso. A mulher estava literalmente
assustada, mas ele não queria que ela tivesse medo dele. Muito pelo contrário. ― Uma loira muito
faladeira.
Não queria mais ouvir os resmungos da pequena. Ele abaixou a cabeça e passou a língua por entre
os lábios de sua boceta. Ouviu um suspiro alto. Ela tinha gostado.
― Oh Deus… ― ela gemeu assim que ele chupou forte seu clitóris. Jogou a cabeça para trás,
fechando os olhos. Com certeza ela tinha ido para o céu.
Porque a língua daquele homem era o paraíso.
Era impossível para ela formular frases longas ou coerentes. A língua dele a violava de uma maneira
surreal, dando-lhe um prazer que ela nunca havia sentido. Suspirou quando seu ventre se derreteu em
desejo, melando lateralmente a boca do Caveira, que logo sorriu olhando o rosto corado da mulher e sua
respiração descompassada.
Com certeza, aquela foi a melhor sensação que Alexandra já tinha sentido na vida. Ainda estava
desacreditada no homem que a tinha levado ao céu em segundos.
― Você é muito gostosa ― ele murmurou. Ela o observou se levantar e ficar parado aos pés da cama.
Seus olhos castanhos estavam brilhando, e isso dava contraste com suas pupilas dilatadas.
Ele estava em êxtase. E ela gostou de ser o motivo daquilo. Seu ego e dignidade, que haviam sido
destruídos pelo marido, voltaram com força total.
Caveira desceu a calça mostrando, que ele estava preparado pelo que viria a seguir, fosse pela falta
da cueca ou pelo enorme pau duro apontando literalmente para ela.
― Gosta do que vê? ― perguntou, jogando as calças em qualquer canto do quarto e passando a
enormes mãos alisando seu membro lentamente.
Uma parte de Alexandra ficou com medo. Aquilo não caberia nela. Era muito grande. Era um pau e
tanto. Estava pensando seriamente em sair correndo. Caveira sorriu da cara da loira, sabia exatamente o
que ela estava pensando. Ele subiu outra vez em cima da cama, jogando o corpo levemente sobre o dela,
que não se mexia. Alexandra tinha travado.
― Você é… Ah… Muito… ― Ela reformulou a frase ― Grande, acho que não vai…
Ela engoliu seco.
― Caber? ― Ele gargalhou, roucamente ― Claro que vai, é só ficar calma e relaxar.
Alexandra só concordou com a cabeça. Não tinha como voltar atrás, até porque agora ela queria.
Queria muito. O homem realmente sabia como fazer as coisas.
Ela ficou mais corada quando Caveira se encaixou entre as pernas dela e usou a destra para deslizar
a glande entre os lábios maiores de seu íntimo, causando arrepios deliciosamente chocantes. Alexandra
jogou a cabeça para trás outra vez, dando espaço para o homem se deliciar com seu pescoço pequeno.
― Diz o que você o quer, branquela ― ele mordeu suavemente sua orelha, brincando com seu pau
em sua boceta, subindo a descendo sem pudor algum ― Diz para mim o que você quer senão… Não vai
ganhar nada… Uh.
A loira queria estapear a cara daquele desgraçado. Como ele ousava falar essas coisas logo naquele
momento? Queria tirar aquele sorrisinho arrogante do rosto dele.
― Ora, seu… ― Não pôde terminar a frase, pois Caveira socou rapidamente, tudo, até o talo. Gritou
pelo susto, ele estava todo dentro dela. Ela estava adorando.
Segurou com força os lençóis da cama enquanto ele começava a se mover lentamente dentro dela.
Ela gemia, contida, toda vez que sua glande inchada tocava levemente os limites do seu ventre. Ele se
mantinha de vagar, saboreando-a, e mantendo no rosto aquele maldito sorriso arrogante.
― Merda, Caveira ― Ela gemeu, manhosa, atiçando ainda mais a imaginação do homem.
― Hm? ― Grunhiu, fingindo não entender. A mão direita dele segurou forte sua cintura delgada,
afundado com gosto os dedos em sua pele branca, a fim de marcá-la unicamente como sua.
Aproximou mais o torso sobre o pequeno corpo dela, apoiando-se sobre o antebraço esquerdo.
Assim, pôde aumentae mais a pressão em sua cintura, enquanto acelerava aos poucos as metidas em sua
pequena bocetinha apertada.
― Você gosta assim? ― Ele a questionou em um murmuro rouco, provocando-a. Alexandra estava
em êxtase pelo prazer sentia e, pela primeira vez na vida, não sentiu vontade de falar ― Vamos,
branquela… Eu te fiz uma pergunta!
Sentia como se não fosse ela mesma e o único culpado era ele, um presidiário.
― Uhum… Eu gosto ― enfim respondeu, gemendo a cada investida dele. Sabia que não duraria
muito. Ele também percebeu isso.
Ele gemeu, rouco, quando as unhas da mulher se infiltraram na carne de seu braço, mostrando o
quão entregue ela estava ali. Afastou-se da loira, ouvindo dela um gemido insatisfeito. Ele sorriu,
obrigando-a a ficar de quatro na cama, exibindo-lhe aquele rabo gostoso. Ele a penetrou outra vez,
rangendo os dentes pelo aperto que o interior da mulher dera em seu pau.
Segurou-a fortemente pela cintura, apertado as mãos deixando ali sua marca. Porque afinal de
contas ela era dele. Poderia fazer o que quisesse com ela. Esses pensamentos resultaram em investidas
mais fortes e rápidas de sua parte.
― Mais forte, Alexandra? ― Ele perguntou, com um sorriso arrogante nos lábios. Sua mão direita
subiu por sua coluna até chegar em seu longo cabelo loiro, puxando-o e fazendo então ela empinar mais
ainda ao arquear a coluna. ― Você geme igual a uma vadia, amor… ― Ele sussurrou em seu ouvido.
Alexandra estava para ter um ataque cardíaco. A voz rouca e excitada dele a deixava louca. O cheiro
de sexo se impregnava no quarto, assim como os corpos que se chocavam apenas na intenção de se
satisfazerem.
― Branquela… ― Ele chamou, chupando levemente o lóbulo de sua orelha sensível, enquanto a mão
destra deslizou sobre a barriga da mesma, até alcançar seu clitóris inchado. Apertou-o entre os dedos até
senti-la estremecer embaixo de si ― Vamos, branquela… Eu sei que você quer gozar…
Ela não conseguia mais segurar os pesos de suas pernas. Enfim se deixou levar por aquele prazer
gozando aos montes não pau dele.
― Caveira… ― Ela dizia seu pseudônimo, quase como se fosse uma prece. Um cansaço indecifrável tomou
seu pequeno corpo assim que ela o sentiu se despejar em seu interior. Ela corou ainda mais, tentado
regularizar o ritmo de sua respiração, conforme o enorme homem foi se afastando de seu corpo ― Você…
Não podia.
Ele a ignorou e se jogou ao lado da mulher que o olhava, vermelha.
Ela tinha feito mesmo aquilo? Transando com um estranho? Ele parecia não se importar. Jogou seu
braço direito em cima dos olhos, tampando-os da claridade da lâmpada que ficava logo em cima de suas
cabeças. Ainda envergonhada com o que acabara de acontecer, Alexandra se jogou ao lado do homem, que
continuava calado com sua respiração regular.
Tudo isso não durou muito. Logo ele já estava outra vez entre suas pernas, assustando-a levemente.
― O que… ― Não terminou de falar, pois ele já estava outra vez dentro do seu corpo a deixando
louca outra vez. Caveira sorriu, arrogante.
― Eu ainda não me saciei… ― E começaram tudo de novo.
Ela tinha a impressão que aquilo a deixaria dolorida depois, mas não ligou. Finalmente ela tinha
gozado com um homem.

Capítulo 4
O homem bipolar.

― Você não sabe o quanto eu te imaginei assim… ― Ele murmurou em seu ouvido, enquanto ela se
ajeitava em seu colo.
Alexandra nem estava mais se importando. Ficava muito mal e sabia que, se continuasse naquele
ritmo tão insano, ele afundaria mais ainda. Caveira segurava fortemente sua cintura delgada, colando-a
em seu enorme corpo. A pequena mulher dava a ele a melhor foda da sua vida. Já estivera com várias
mulheres, mas sua branquela era gasolina pura.
Seu olhar desceu para os seios dela, eles eram grandes para o seu corpo pequeno, tinham os bicos
rodados, sentiu sua boca salivar para prová-los, e foi isso que fez. Tocou sua carne, chupando avidamente.
Brincou com os bicos já rígidos pela excitação. Sua língua subia a descia raspando levemente os dentes.
Ouviu o gemido dela. Ela tinha se entregado tão rápido a ele, nem mesmo lutou.
― Gostosa… ― Ele falou, quando a mulher se colocou em cima de seu membro rígido. Ela suspirava,
analisando-o― Vai, senta no meu pau… Delícia.
Alexandra estava entorpecida com aquela sensação. Sua mente estava nublada. Ele a tinha deixando
louca em questão de segundos. Ela não esperou mais nenhum minuto, desceu lentamente em seu mastro
duro, até o final. O homem a auxiliava com as mãos em seu quadril, subia a descia. Quase sem parar.
Sentiu o tapa estalar em sua bunda e se assustou um pouco, mas continuou a provocar, saboreando cada
movimento que fazia em seu membro.
― Isso, gostosa… ― Caveira rosnou quando ela amentou o ritmo em seu pau. O cabelo loiro caía
sobre os olhos dela, sua face estava vermelha pelo prazer. Ele a achou sexy quando mordeu os lábios,
tentando segurar seus gemidos por gozado pela terceira vez no seu pau naquela manhã.
Ele a auxiliou mais algumas vezes até finalmente se derramar nela, bem no fundo do seu íntimo. A
mulher caiu em seus braços, cansada e com a respiração irregular.
― Qual seu nome? ― A voz da loira saiu fraca e baixa. Caveira fechou os olhos, apreciando aquele
momento com sua mulher. Sim, era o que ela era. Dele! Ele gostava dela em seus braços, e, se dependesse
dele, ela ficaria ali para sempre.
― Guilherme… ― Murmurou, não se importando com o olhar da mulher sobre si.
― Eu sou Alex…
Ele riu, interrompendo-a.
― Eu sei, loira.
Ela a apertou mais contra si a fazendo gemer um pouco, pois seu membro ainda estava dentro dela.
Alexandra o olhou confusa, como assim a conhecia? Aquilo estava cada vez mais estranho.
― Como? ― Ela o questionou.
― Isso não importa agora ― ele respondeu, com seu maldito sorriso arrogante.
― Isso não faz sentido ― ela se irritou, desencaixando-se dele e sentando na beirada da cama velha
― Acho que já posso ir embora.
― Eu sei ― revirou os olhos. Aquele homem era irritante, Alexandra estava para dar um tapa
naquele brutamonte.
Em questão de segundos ela já estava em pé e vestida. Estava dolorida e sabia que ficaria assim por
alguns dias. Mesmo o homem sendo um otário, ela sentia-se estranhamente feliz, Guilherme a fez ver
estrelas. Não tinha noção de que o sexo poderia ser tão gostoso daquele jeito.
― Não quero ver você andando pelo Morro. Não quero que os outros cobicem o que é meu! ― Ele
disse, sério, e sua voz tinha ficando mais grave.
Alexandra o olhou, indignada. Ela não era propriedade dele, por que ele estava a tratando assim?
― O que? Você não tem esse direito! ― argumentou, segurando-se para não chorar.
Caveira andou até ela ainda nu e a puxou contra seu corpo.
― Sua. Boceta. É. Minha ― sussurrou em seu ouvido. Ela queria retrucar, mas estava em um mar de
emoções que a impediu de falar qualquer coisa. ― Não brinque comigo, atrevida.
Alexandra fechou os olhos, ela só poderia ser doida por estar adorando ter aquele homem sobre o
controle do seu corpo
― Me responde, branquela… ― Ele chupou seu lóbulo da orelha ― Diz que é minha ― murmurou
em seu ouvido, deixando um arrepio subir seu pequeno corpo.
O que ela responderia, afinal? Sua mente pensava em outra coisa, mas seu maldito corpo traidor
dizia algo totalmente diferente.
― Eu… Você não tem esse direito ― ela o empurrou.
― É o que vamos ver, docinho ― Falou, sorrindo.
Ela não queria mais saber.
Quando o agente veio buscá-la, nem ao menos olhou para trás. Saiu pela porta tão rápido que o
Flash teria inveja dela. Estava fugindo dele, o homem a deixava com as emoções instáveis. Aliviada, ela
saiu do presídio.
Guilherme sorriu, sacana, quando a pequena loira saiu pela porta tão rápido que seus olhos quase
não conseguiram acompanhar. Ele andou até sua calça, que estava jogada ao pé da cama, e a vestiu. Logo
fez o mesmo com a camiseta. Caveira ainda podia sentir nos lábios o gosto da mulher. Foram noites a
desejando, dias com ela em sua cabeça. Nunca em seus trinta e cinco anos tinha sentido aquele desejo
insano por alguma mulher. Nem mesmo pela sua própria.
Liandra não gostava de ir ao presídio. Preferia ficar em casa cuidando dos filhos e Caveira não a
forçava a ir visitá-lo, até porque não era a primeira vez que ele puxava cadeia. Não forçaria sua mulher a
passar por aquela humilhação por um erro que não era dela. Afinal de contas, a culpa era dele.
Segurando seu sorriso, ele foi algemado pelo agente e seguiu outra vez até sua cela, que dividia com
outros doze homens. Era um número pequeno, se comparado a outras celas que tinham mais de vinte
presos. Assim que se encontrou em sua cela novamente, sorriu para seus companheiros de cadeia.
― Olha a cara do homem ― Jacaré zombou, sendo seguido pelos outros homens que ali estavam. Era
o mais velho a estar ali. Fazia dez anos puxando cadeia, e tinha mais cinco pela frente.
Guilherme às vezes tinha medo de passar tanto tempo preso ali, sua filha estava crescendo, sua
pequena Manuela faria quinze anos e fazia um ano que não a via. Sentia saudades de casa. Ele tinha a
proibido de visitá-lo. Não queria sua princesinha naquela porra.
Liandra, sua mulher, era um exemplo. Sempre fazia de tudo para eles. Cuidou de Douglas ainda
criança e o ajudou na caminhada, não largaria aquela que esteve com ele desde o começo. Ela não
merecia. Aliás, já tinha perdido muita coisa quando saiu da casa dos pais para ficar com ele, um traficante
filho da puta.
E ele não a largaria, não mesmo. Tinha uma dívida com a mulher, ela tinha fechado totalmente com
ele. Não seria um filho da puta assim com a esposa.
Mas aquela loira, Alexandra, foi seu desejo por dois anos. Ainda lembra como se fosse naquele dia a
primeira vez em que a viu. Ele tinha acabado de sair da boca, e ela estava subindo o morro com o olhar
cansado e sofrido. Passou por ele como se ele tão estivesse ali. Pôde sentir o perfume dela e aquilo o
atormentou por noites. Quando ela subiu o morro, ele a seguiu com o olhar. Sentiu seu pau ganhar vida
quando seus quadris balançaram de um lado para o outro.
Ele nunca gostou de mulheres muito brancas, mas sua loira o tinha deixado louco sem nem ao
menos saber. Daquele dia em diante, passou seguir todos os passos dela. A garota misteriosa do Morro.
Um metro e sessenta de puro mistério. Foi o que mais o atiçou a ficar tão obcecado por nela.
As únicas coisas que sabia de Alexandra eram seu nome e que tinha um filho de três anos para criar.
Ademais, não sabia mais nada. Ela era muito discreta. Era quase impossível vê-la andando pelo Morro. A
garota quase não saía de casa, o que o fez se perguntar ao porquê. Desde que fora preso, quem mantinha
os olhos nela era seu filho, que aliás nem era seu filho biológico. Dodô era seu irmão mais novo. Quando
sua mãe morreu, ele ainda era um bebê. Com isso, ele se acostumou ser chamado de pai por seu próprio
irmão.
Caveira tinha muitas amantes no Morro que poderiam muito bem ir ali, de bom grado, dar boceta
para ele na cadeia. Mas não eram elas nem sua mulher que ele desejava. Queria Alexandra, a loira
misteriosa. Ele estava ficando louco e não está nem um pouco preocupado, contanto que ele pudesse ter,
pelo menos uma vez, a loira em seus braços.
Nem acreditou quando Dodô falou que tinha convencido ela a ir na cadeia visitá-lo. Tinha que
agradecer seu moleque, ela agora era dele não a deixaria ir tão cedo. Nunca.
Jacaré olhou o grande homem se jogar na jega com uma cara tão satisfeita que parecia que tinha
ganhado sua liberdade.
― Dá para tu parar sorrir desse jeito, seu buceta? Mas que porra! ― Jacaré reclamou. Não aceitava
que o homem conseguia foder uma boceta ainda preso, enquanto ele nem bater uma ele podia ali. Era um
desgraçado sortudo.
Caveira ignorou o homem. A única coisa que ele queria era esperar a próxima visita. Tinha que ligar
para seu filho que agradecer pelo presente de aniversário.
Quando Alexandra saiu do presídio, quase se assustou ao encontrar Eduarda encostada no capô de
um carro preto. Ainda com as pernas bambas e a intimidade dolorida, ela foi em direção a morena.
― Achei que fosse querer uma carona ― Eduarda falou, sorrindo. Alexandra sorriu de volta,
encarando-a de cima a baixo.
― Não precisa se incomodar ― respondeu, envergonhada.
― Ah, para! Estamos indo para o mesmo lugar, não custa nada eu te dar uma carona! ― Ele falou,
risonha, dirigido-se para a porta do carro e entrando nele. Alexandra se permitiu sorrir, pelo menos não
gastaria o dinheiro da passagem.
Elas estavam há algum tempo dentro do carro. A morena volta a meia a olhava de soslaio. Parecia
estar se segurando para perguntar algo. Aquilo estava irritado a loira, que bufou.
― Pode perguntar ― Alexandra falou.
― O que? ― ela sorriu, envergonhada, apertando fortemente as mãos no volante. ― Por que acha
que quero pergunta algo?
Alexandra revirou os olhos.
― Vai logo, pergunta ― forçou-a a falar.
― É, bem… Eu não te vi no pátio… Onde estava? ― Eduarda soltou, curiosa. Alexandra sentiu suas
bochechas corarem.
― Oras, eu estava na visita ― murmurou, vermelha. Ouviu a risada da mulher e desejou ter um
buraco para enfiar a cabeça.
― Sei… ― comentou, ainda sorrindo ― Relaxa… Já estive no seu lugar, mas falei para jacaré que
não faria mais isso.
― Eu… Nossa… Isso é muito embaraçoso ― Alexandra sussurrou, sem saber o que falar.
― Tudo bem ― Eduarda parou no sinal e olhou para Alexandra, que estava vermelha igual tomate.
― Eu não vou contar para ninguém, mas só se você me contar quem é o macho!
A morena a chantageou na cara a pau. Alexandra tinha se arrependido de aceitar aquela carona, a
garota está sendo deveras inconveniente.
― Isso não é da sua conta! ― Ela respondeu, grossa.
― A qual é, me fala ― insistiu.
― Não!
― Por favor! Juro que não falo mais nada se você me contar…
Alexandra estava quase cometendo um assassinato ali, ela era muito inconveniente.
― Lógico que não! Isso não é algo em que eu me orgulhe. Quanto menos gente souber melhor.
Eduarda revirou os olhos, Alexandra era uma chata de galocha.
― Me conta, se não vou passar a viagem toda te atormentando até você falar.
― Droga! Você é irritante! ― suspirou e olhou para a janela do carro ― Estou visitando o Caveira…
Guilherme… Não sei como chamá-lo.
Sorte que estava com o cinto de segurança, porque sabia que, com a freada que o carro deu, ela
poderia ter voado para fora do carro. Assustada, ela olhou para Eduarda, que a olhava com os olhos
esbugalhados.
― Caveira? Puta que pariu, Alexandra em que merda você se enfiou? Tu tá totalmente fodida!
Alexandra tinha os olhos arregalados, observando para a mulher tendo uma crise de raiva em seu
lado. Como se ela não soubesse da merda de buraco que ela estava se metendo. Quase chorou de ódio. A
que ponto ela tinha chegado, afinal?
E quem era Caveira?

Capítulo 5
Apenas mais uma na multidão.

A mulher de cabelos negros andava rapidamente pela rua. Seu rosto demonstrava raiva, Liandra
mataria qualquer um que entrasse em seu caminho. Subiu a viela e chegou à porta da tão perigosa boca.
Havia alguns soldados na porta olhando o movimento, ou vendendo aquelas porras. Ela estava no ódio
puro.
Ficara sabendo a poucos dias que seu marido estava pagando putas para ir na cadeia para transar
com ele. Era um desaforado. Liandra entrou na casa velha, empurrando a porta com brutalidade e
assustando quase todos que estavam no recinto.
Quem Caveira pensava que era para fazê-la de trouxa? Quem ele pensava que era para tratá-la como
um objeto? Algo que usava apenas como enfeite.
― Aí, patroa, tu não pode entrar aí, não! ― um dos homens falou, mas ela fingiu que não ouviu e
continuou a olhar para Dodô, seu filho de criação e cúmplice das baixarias do pai.
― Que porra é essa, Lia? ― Douglas tinha uma garota no colo, já não se importando com as
baixarias da mulher ― Tu não pode entrar assim não!
― Quem é a vadia que seu pai está comendo? ― Ela rosnou, com os olhos vermelhos de raiva ―
Anda, Douglas, quem é a desgraçada?
O homem respirou fundo, passando as mãos na cabeça. Empurrou a garota do seu colo. Mataria
quem quer que fosse a filha da puta que contou a ela as porras do seu pai.
― Não sei do que você está falando, Lia! ― respondeu, tentando ao máximo não ser grosso. Ele
tinha uma boa convivência com a madrasta, mas às vezes ela era muito controladora e isso resultava em
muitas brigas.
― Não sabe? ― Ela foi sarcástica ― Não se faça de João-sem-braço, Douglas, eu sei que é você que
arranja essas raparigas para ele!
― Caralho! Quem foi que te contou essa porra, mesmo? Vou matar esse filho da puta! Não sei por
que tu fica nessa neurose, tu nem gosta mais dele! ― Ele se levantou da cadeira e andou até ela ― Ou
você se esqueceu de que tu que pediu para não ir mais na cadeia ver ele?
Liandra suspirou, segurando as lágrimas.
― Mas ele ainda é meu marido, tem que me respeitar! ― Gritou, alterada. ― Ele nunca me
respeitou, nunca nos respeitou.
Ela murmurou a última frase. Pensou que, depois de tudo, ele a pediria para voltar a visitá-lo.
Pensou que, depois de tudo o que passaram, ele voltaria para ela. Era sempre assim: ele sempre voltava
para os braços dela. Podia ter várias amantes no Morro, mas ele sempre voltava para ela. Ainda olhando
para Dodô, secou as lágrimas. Ele votaria para ela, ela tinha certeza porque, afinal de contas, ele a devia.

Douglas viu a mulher dar as costas e sair pela porta. Soltou o ar nos pulmões, e nem sabia que
estava prendendo.
― Porra! ― Ele exclamou, acendendo o cigarro.

Caveira revirou os olhos pela sexta vez naquela conversa. Ele não devia nada a Liandra.
Tecnicamente, ela quem não quis ir vê-lo. Foi escolha dela. Ele queria entender o porquê de ela estar tão
nervosinha.
― Manda ela parar com essa porra aí, Dodô, foi escolha dela, porra!
Ele ouviu o suspiro pesado do outro lado da linha.
― Só tô te passando esses B.O. aí porque não quero mais me envolver nos teus assuntos, tá ligado?!
Porque no final eu me fodo também!
Caveira tinha vontade de quebrar o celular. Liandra sempre tonteando a mente dele, queria ver o
vagabundo atribulado.
― Deixa que com ela eu me resolvo. Se ela perguntar quem é a garota, tu diz que não sabe. Essa
filha da puta é uma barraqueira.
Guilherme lembrou das brigas em que a mulher havia se metido, deixando só no pó suas amantes no
Morro. Ele não gostava de bater em mulher, não era covarde a esse ponto. Um dos ensinamentos que sua
falecida mãe deixou e ele o seguia ao pé da letra.
― Já é, pai, vou resolver aqueles B.O. aqui… ― Douglas não terminou de falar.
― É pra mandar uma quantia caprichada, não quero ver ela passando fome nunca mais, nem o
moleque! ― Dodô virou os olhos e suspirou. Era a sexta vez que ele falava aquilo.
― Já é, a gente se fala depois.
Dodô desligou o celular e pegou o rádio comunicador na lateral do short.
― Aí, Sorriso! Desce aqui na boca, tenho um serviço para tu!
É… Parecia que a loira sabia o que estava fazendo, deixou seu pai com os quatro pneus arriados, ele
pensou separando as notas de cem.

Alexandra tinha acabado de tomar banho. Sentia-se limpa e cheirosa. Passou as mãos pelos cabelos
loiros, desembaraçando-os, e suspirou olhando para cama aonde seu filho dormia. Ainda estava assustada
com a volta de cento e oitenta graus que sua vida havia dado. Podia sentir na pele os lábios de Caveira
subindo e descendo por seu ponto mais quente.
Fechou os olhos e se lembrou dos movimentos que ele fazia com maestria por seu corpo. Deus! Ela
tinha amado como ele levara as coisas. Rodrigo não era daquele jeito, aliás, nunca iria ser. A única vez em
que gozou foi em sua primeira vez. Nas outras, sempre fingia: queria ser uma boa esposa e que importava
era que seu marido estivesse satisfeito.
Tentou segurar as lágrimas, aquilo não era vida. Caveira a fez ver estrelas e aquilo parecia atiçá-lo
mais. Ele parecia gostar de vê-la se derramar em seu pau. E o incrível é que, na maioria das vezes, ele
deixava ir primeiro.
Merda! O que ela estava pensando? Deus, ele é um criminoso. Não poderia se envolver com um
homem como ele, aquilo era só sexo, nada mais. Com o tempo ele se enjoaria dela e até lá ela estaria
trabalhando. Tinha fé nisso, teria que ter.
Vestiu uma blusona que usava para dormir e se dirigiu à cozinha. Faria algo para comer. Tinha feito
uma compra com o dinheiro que Dodô tinha dado a ela semanas antes. Não sabia quando ela daria seu
pagamento outra vez. Pagamento. Sentiu-se uma vadia. Ela estava se vendendo, mas, de uma maneira
estranha, estava gostando. Só de pensar que dali a três dias iria vê-lo outra vez, sentiu um arrepio subir
seu corpo em antecipação.
Ela está se sentindo uma pervertida.
Quando colocou café em seu copo, ouviu batidas nas portas. Ainda era cedo. Poderia ser Eduarda,
afinal, a garota se auto-intitulou sua amiga. Passou a semana toda em sua cola, enchendo a paciência. Era
intrometida. Contudo, quando abriu a porta, não era a garota que estava ali, e sim um dos soldados de
Dodô.
― Aí, patrão mandou te entregar ― o garoto jogou em sua mão o envelope pesado. ― Teu
pagamento.
― Ah… Obrigada… ― murmurou, sem graça. Com horror, ela se deu conta de que ele sabia do que
se tratava aquele suposto pagamento. O rapaz tinha um sorriso safado nos lábios.
― Já é! Boa sorte aí na caminhada! ― Ele falou, dando uma piscadela safada. Com as bochechas
vermelhas ela fechou a porta.
Quando abriu o envelope, assustou-se com a quantia que tinha ali. Dois mil reais em espécie. Sorriu,
feliz. Poderia comprar os danones que seu filho sempre pedia para tomar.

Goiânia. 35 Delegacia de Polícia.

Rodrigo Fonseca bebeu outro gole de uísque, irritado. Fazia quatro anos, e nada de achar Alexandra.
A desgraçada tinha sumido no mapa. Era lisa igual sabão. Ela fugiu levado com ela seu filho. Ele a
encontraria e, quando fizesse, ela pagaria por ter dado a ele tanto trabalho.
Ele tinha que eliminá-la. Ela sabia de muita coisa, sabia do delegado corrupto que ele era, das coisas
que ele fazia. Sabia de tudo. Ela era uma bomba relógio uma praga e tinha que ser eliminada.
― Rodrigo? ― O agente Silva entrou pela porta, trazendo em mãos alguns envelopes ― Eu achei sua
esposa.
Rodrigo sorriu, malignamente. Silva jogou o envelope em cima de sua mesa. Ele logo se prontificou
a abri-los e tirar de dentro algumas fotografias. Sorriu assim que viu a imagem de sua esposa, dentro de
um carro preto, com outra garota negra ao lado, em meio à avenida Brasil.
― Ela está morando em uma favela no Rio de Janeiro ― Rodrigo travou o maxilar. Logo em uma
favela? Alexandra não cansava de surpreendê-lo. ― E agora, chefe? ― Silva perguntou, olhando as feições
malignas do homem.
― Temos que atraí-la para fora daquela porra, e sem a facção saber! Sabe o que acontece com quem
quebra as regras de território, não é? Vamos pegar o moleque. Se essa garota parar nas mãos do Caveira,
nós estamos fodidos ― repondeu, segurando o ódio.
― Eu tenho um plano, chefe ― Silva disse, sorrindo.
― Sou todos ouvidos ― encheu mais uma vez o copo da bebida.
― Suborno. Todos têm um preço, até mesmo o dono do Morro, chefe.
Rodrigo sorriu.
― Ótimo! Cuide disso, David. Traga essa vadia de volta!
Coelhinha, parece que agora você vai voltar para casa, pensou, virando o copo na boca.

Capítulo 6
Muito bem fodida.

Naquela manhã, Alexandra acordou cedo. Como sempre, o sol ainda não tinha nascido. Vinícius
dormia ao seu lado, tinha de acordá-lo para levá-lo à creche na qual ela tinha o matriculado alguns dias
atrás. Fechou os olhos e tentou se concentrar em seus pensamentos. Seu coração bateu acelerado e,
quando se lembrou do maldito sorriso que Guilherme tinha, sentiu um frio no estômago. Ela não queria
sentir aquilo. Suspirou e se levantou da cama. Fez sua higiene matinal e ajudou a Vinícius se vestir.
Depois de tudo feito, e com sua roupa dentro da bolsa, segurava as pequenas mãozinhas de Vinícius
enquanto descia pelas vielas da favela. Pelo caminho, ela encontrou algumas pessoas que a
cumprimentavam. Não queria que ninguém lhe perguntasse a onde ia. Só de pensar, seu rosto corou.
― Mamãe? A senhora vai demorar? ― o menino de cabelos loiros a olhou, triste.
― Claro que não amor, mais tarde mamãe vem te buscar ― ela se abaixou na altura dele ― Nós
iremos ao shopping, o que acha?
Vinícius sorriu abertamente para a mãe.
― Sim! Agora você pode comprar aquele brinquedo que eu queria? ― Ele questionou, abraçando-a
fortemente, quase a sufocando. Alexandra riu com a afobação do seu filho. Ele era a coisa mais importante
para ela, não importava o que ela tivesse que fazer. Ela sempre o protegeria. De tudo e de todos.
― Claro que sim, meu amor! ― Ela falou, sorrindo.
O menino sorriu a deu um beijo molhado da bochecha da mãe.
― Agora você tem que entrar ― ela o repreendeu.
― Está bem Mamãe, eu te amo! ― Vinícius disse, soltando-a do abraço e indo em direção à porta da
creche. Alexandra sorriu para ele, acenando com a mão.
― Eu também te amo, meu amor… ― murmurou, seguindo seu caminho.
A loira fez o mesmo processo para entrar no presídio como da última vez. Estava feliz por não
encontrar pelo caminho a morena intrometida. Andava pelo corredor, com agente carcerário atrás dela,
seguindo com o olhar. O seu coração estava disparado e, suas pernas, tão bambas que duvidava que
conseguisse chegar até o quarto sem se estatelar no chão.
Quando entrou no quarto, quase desmaiou pela cena que viu. Guilherme já estava ali, totalmente nu,
em cima da cama. Ele não estava brincando quando sorriu para ela, alisando lentamente para cima e para
baixo seu pau duro.
― Oi, docinho… Estava com saudades ― disse, com o sorriso arrogante de sempre nos lábios.
Parecia querer brincar com ela.
Tão impactada com a cena, nem notou quando o carcereiro saiu, trancando a porta. Estava ali,
trancada com um homem totalmente nu, com olhar totalmente pervertido. Tinha que admitir que aquela
cena era muito sexy. Sentiu seu corpo tremer em antecipação, e seus bicos dos seios ficaram rijos,
implorando atenção.
Que merda de tensão sexual. Sentia que já estava molhada e pronta para recebê-lo. Não sabia o que
pensar sobre aquela atração forte que sentia pelo homem. Só de imaginá-lo, seu corpo já reagia.
― Oh, Meu Deus! ― Alexandra andou até a cama, olhando-o com a vergonha. Caveira não tinha o
mínimo de pudor ― Por que você está assim? ― questionou, assustada.
― Não gostou? ― Ele fingiu estar decepcionado, mas logo sorriu, puxando-a para seu colo quando
se sentou na cama ― Vamos tirar a roupa, Branquela, estou louco para te foder… Bem gostoso! ― Ele
disse em seu ouvido, e a loira sentiu um arrepio subir sua espinha.
― Guilherme… ― Gemeu, quando sentiu a mão dele entrar em sua legging e alisar lentamente seu
clitóris, logo descendo até penetrá-la com dois dedos. Guilherme sorriu beijando a nuca da loira.
― Você já está toda molhadinha, meu amor? ― Perguntou, metendo os dedos lentamente. Alexandra
suspirou, e jogou a cabeça para trás no peito do homem ― Tão gostosa… ― Ele murmurou.
De repente, parou seu movimento em seu íntimo e a colocou de pé. Alexandra o olhou, indignada.
Sabia que estava vermelha. Sabia também que seu cabelo já se encontrava desgrenhado, mas o olhar do
homem a fez sentir-se a mulher mais sexy do mundo. Aquilo encheu seu coração.
― Vamos, tire a roupa para mim, branquela! ― Ele mandou, com a voz mais rouca que o normal.
― Mas… ― Tentou dialogar, porém Caveira a interrompeu.
― Anda logo, Alexandra. Senão vou rasgar cada peça que está vestindo! ― resmungou, irritado.
Com medo, a loira começou a tirar peça por peça. Suas mãos tremiam enquanto descia a legging,
jogando-a logo em seguida no chão a onde se encontrava as roupas dele. Finalmente nua, ela encarou o
homem que a devorava com o olhar. Ele se masturbava vendo-a despida em sua frente. Suas mãos subiam
e desciam por seu mastro duro e grosso. Ela ainda estava assustada. Como aquilo tinha cabido dentro
dela?
― Venha aqui, loira ― ele a chamou. A mulher foi andando até ele, ficando em sua frente ― Vamos,
me chupe ― mandou.
― Eu… Não sei como fazer… ― Disse, assustada. Ele a fez se ajoelhar em sua frente. Alexandra
estava com a cara na pica. Literalmente.
― Eu te ensino, vamos! ― Guilherme tinha um sorriso nos lábios. Gostava de estar no controle das
coisas. Gostava ainda mais em ver sua loira ali, chupando seu pau. Quando ela colocou a boca, reprimiu a
vontade insana de virar os olhos. ― Isso, Branquela…
Suspirou. Ela não sabia direito como fazer, mas ao perceber as reações dele soube que estava
fazendo certo.
― Pare! ― Ele agarrou seu cabelo loiro e a fez olhá-lo. Não queria gozar na boca dela ― Você tem
uma boca gostosa pra porra! ― Ele a fez sentar em seu colo, chocando suas intimidades e arrancando
dela um gemido manhoso.
― Guilherme… ― Gemeu.
Caveira gostava de ouvir seu nome saindo de forma tão indecente dos lábios dela. Ele estava
viciando nela. Sabia que estava muito fodido. Alexandra o viu fitar seus lábios e naquele momento ela
tinha se dado conta. Ele não a tinha beijado, ele nunca a beijou. Seu corpo tremeu quando sentiu sua boca
tocar a dela. Seus lábios eram grossos, e sua língua brincou com a dela, passeando por cada canto de sua
boca.
Ela agarrou seu pescoço, passando as mãos por sua cabeça e nuca. Quase sorriu em meio ao beijo
quando sentiu ele se arrepiar. Caveira segurou forte a cintura de sua loira, encaixando-a em seu pau.
Sentiu ela gemer contra sua boca quando ele se enterrou por completo dentro dela. Paraíso, estar dentro
dela era o paraíso para ele. Seus lábios desceram para seu pescoço, deixando ali leves chupões. Alexandra
se movimentava lentamente sobre ele, apreciando aquele carinho tão estranho para um homem daquele
tamanho.
― Isso, loira… ― Ele murmurou contra seu ouvido ― Gostosa!
Sentiu-a apertar seu pau. Sabia que ela estava gozando, então a fez ir mais rápido, segurando
fortemente seus quadris. Mais algumas investidas e enfim gozou, forte e gostoso.
Alexandra o olhou com um pequeno sorriso, Caveira sentiu aquilo se apossar de seu corpo e
coração. Estava feliz por vê-la feliz. Ainda mais sabendo que ele era a causa.
― O que você fez comigo, loira? ― questionou, jogando-a na cama e começando a possuí-la de novo.
Alexandra não entendeu a pergunta dele, estava muito ocupada com o prazer que ela estava a
proporcionando.
Quando saiu do presídio, a mulher mantinha na face um sorriso. Quem diria ela finalmente seria
bem fodida, no sentido literal. Tinha ouvido a conversa de algumas mulheres quando ainda trabalhava em
Goiânia: Uma mulher feliz é uma mulher bem fodida! Agora ela entedia a referência. Estava tão feliz,
mesmo dolorida, ainda sim estava feliz. Andou até o ponto de ônibus, tinha que passar na creche para
buscar seu filho. Havia prometido a ele que iriam ao shopping. Ainda presa em seus pensamentos, não
percebeu um carro preto estacionando do outro lado da rua.

David analisava as expressões da mulher e praguejou baixinho, pegando o celular. Foi atendido no
primeiro toque.
― Aí, chefe, mudança de planos ― do outro lado da linha, Rodrigo reprimiu a cara de insatisfação.
― Mas que merda aconteceu, David? ― Rugiu, irritado.
― Parece que ela está visitando alguém na cadeia. Se isso for mesmo o caso, teremos problemas…
Sabe que esses traficantes não gostam que toquem na mulher deles ― David falou, vendo a mulher entrar
no ônibus e sumir em meio à rodovia.
― A desgraçada está fodendo com algum traficante? Filha da puta! ― Disse irritado.
― Pois é chefe, temos que achar outra saída ― David disse, ligando o carro.
― Se vira porra! Eu quero essa vadia morta! ― Gritou desligando o celular na cara dele.
David virou os olhos. Rodrigo era um filho da puta não sabia por que o estava ajudando. Mas sabia
que acabaria de dando mal com andar daquela situação.

Capítulo 7
Verdades secretas!

― Manuela, eu já disse para você não ficar de conversinha com aquela vadia da Eduarda! ― Liandra
gritou para a garota. Tinha um olhar feio e distante.
― Qual é, mãe, a tia Duda nem faz nada de mal… ― A garota se levantou da cama, indo em direção
à porta. Jogou nos ombros a mochila vermelha ― Não estou entendendo essa sua neurose!
― O aviso está dado, Manuela! ― Ela foi atrás da menina que nem estava dando ouvidos para o que
a mãe falara ― Vou te dar uns tapas, garota!
― Para! Que saco… ― Manuela saiu pela porta, reclamando da mãe neurótica. Tentou segurar as
lágrimas enquanto descia pela viela.
Sua mãe era uma louca varrida, sentia falta do pai. Sua tia tinha razão quando dizia que Liandra era
uma falsa, desequilibrada. Ser filha do Caveira não era uma coisa de que ela se orgulhava. Porra, seu pai
era um traficante, sua vida era ser trancafiada naquele Morro. Estava mais presa que ele.
Quando chegou à rua que levava à entrada da favela, esbarrou em uma garota. O baque foi tão
grande que as duas foram ao chão.
― Ai, meu Deus! Me desculpa, você está bem? ― Manuela perguntou, aflita, para a garota que
estava assustada e passava as mãos pela roupa, tentando se limpar.
― Ah… Estou sim. Você está com muita pressa, hein? ― Alexandra tentou ser razoável. A loira
analisou a menina de cima a baixo. Ela lembrava alguém, mas não sabia quem. Ficou um pouco confusa.
― Não, na verdade estava fugindo da minha mãe ― a menina sorriu de leve ― E você? Me parece
assustada!
Alexandra olhou discretamente para trás. Tinha certeza que havia alguém a seguindo.
Não sabia quem ou o porquê, mas sabia que o carro preto a acompanhava. Havia acabado de sair do
ônibus quando visualizou o carro do outro lado da rua. Alguém estava dentro dele, mas ela não conseguiu
identificar quem seria a pessoa, os vidros eram escuros. Nunca sentiu tanto medo na vida. Quando se deu
conta, já estava correndo em direção ao morro.
― Você está bem, moça? Está vermelha! ― Manuela passou as mãos na testa da mulher, medindo
sua temperatura ― Você não está quente… ― Murmurou.
― Não é nada… Obrigada! ― Alexandra passou pela menina, assustada. Aparentemente, o shopping
ficaria para mais tarde. Depois daquele susto, não sairia tão cedo do morro.
Tinha uma leve suspeita que talvez aquele carro fosse de algum espião de Rodrigo.
Um arrepio subiu por sua espinha, deixando-a levemente tonta. O medo tomava conta de sua mente.
Ela tinha certeza de que não tinha deixado rastros quando fugiu de Goiânia. Seria quase impossível que
seu ex-marido a encontrasse.
― Ei, moça? Tá mesmo bem? Você está pálida. Tem certeza que está tudo bem? ― Manuela reparou
no quão assustada a mulher estava. Parecia ter visto uma assombração. Reparou que ela olhava para
entrada do morro toda hora, como se esperasse alguma coisa ruim sair de lá.
― Sim… Obrigada por se importar ― Alexandra não esperou resposta da garota. Saiu rapidamente
pela viela em direção à creche. Pegaria seu filho e faria um programa para os dois, em casa mesmo. Não
deixaria que aquele monstro tocasse seu Vinícius.
― Eu, hein… Mmaluca! ― A morena virou os olhos, indo em direção à parada de ônibus. Olhou para
os lados para ver se algum soldado não estava observando. Deu um sorriso e saiu andando
rapidamente para fora do lugar.
Estava desobedecendo às ordens do seu pai, mas já havia cansado de ser tratada como boneca por
todos ali. Queria ter paz pelo menos uma vez na vida, sem sua mãe, sem seu tio, sem ninguém.

***

Sua rixa com Eduarda já era das antigas. Desde a adolescência, elas eram claramente apaixonadas
por Guilherme. Isso nunca foi mantido em segredo, todos do morro sabiam da paixão das meninas pelo
homem mais velho.
É claro que Liandra saiu ganhando quando conseguiu engrávidar dele. Aparentemente, Eduarda
tinha desistido do Caveira quando soube de sua gravidez.
Mero engano. Ainda estava de resguardo quando encontrou os dois na cama em pleno ato sexual.
Sentiu as lágrimas descerem, por que sua irmã fazia aquilo? Colocara até sua própria filha contra ela.
Depois de tantos anos, ainda sentia na pele as maldades de Duda.
Sentia que estava perdendo sua filha, e não sabia mais o que fazer.
Limpou as lágrimas dos olhos e se levantou, mas o barulho do celular tocando a fez parar. Sem
muito interesse, atendeu o aparelho.
― Alô? ― O número tinha o DDD 62, estranhou aquilo. Não conhecia ninguém em Goiás.
― Quanto tempo, Lia, acho que precisamos conversar! ― Seu choque foi grande ao reconhecer a
voz do outro lado da linha. Pela primeira vez na vida, temeu por sua vida.
― Rodrigo… ― Sussurrou, aflita.
Ouviu a risada do outro lado da ligação. Não sabia como, mas ele conseguiu seu número. Sentiu
mais uma vez às lágrimas saírem dos seus olhos. Que merda estava virando sua vida?

***

Ainda estava assustada com o que tinha acontecido naquela manhã, tinha certeza que tinha alguém
a seguindo. A simples possibilidade de ser seu ex-marido a deixava assustada. Não entendia aquela
obsessão dele, visto que ele nunca gostou dela.
Por que a perseguia daquele jeito? Não havia motivos para isso.
Ela tinha medo. Não por ela, mas sim por seu Vinícius. Sabia que Rodrigo não o aceitava e, quando
ela descobriu a gravidez, ele mesmo a mandou abortar, contudo ela não era um monstro para fazer aquilo.
Seu filho era uma vida. Uma vida que lhe deu motivos para seguir a própria.
Já se passava das 10 horas da noite. Não tinha ido ao shopping com Vinícius e não sairia tão cedo,
ao menos até ter certeza de que tudo aquilo era coisa da sua cabeça. Não poderia colocar a vida do seu
filho em risco. Jamais!
Fazia alguns minutos que ele havia dormido. Ela estava de banho tomado, assistindo a algum filme
idiota na televisão. Não acreditava no que tinha acontecido. Soltou um suspiro apaixonado, repreendendo-
se mentalmente. Não poderia se apaixonar por Guilherme. Ele era um cara mau. Homens como ele não
são bons em se relacionar com outras pessoas. Claro que eles eram ótimos na cama, tinha que admitir,
afinal, nenhum outro homem a fez se sentir assim tão completa. Possuíam uma química muito forte. Só de
pensar nele, seu corpo já reagia. Aquilo já estava a assustando de verdade. Tudo acabaria dali uns meses,
não poderia se apaixonar pelo Caveira. Era só sexo.
Tinha que deixar isso bem claro para ele. E principalmente para si mesma.
Quase pulou do sofá quando ouviu seu telefone tocar. Deixou o susto passar e pegou o celular em
mãos, olhando quem estava ligando àquela hora da noite. Número desconhecido. Ergueu uma
sobrancelha.
― Alô…
Alexandra ouviu a respiração pesada do outro lado da linha.
― Oi…
Um leve tremor subiu sobre seu corpo. Sabia muito bem de quem era aquela voz, afinal, ouviu-a
gemer em seu ouvido algumas horas antes. Grossa e sexy…
― Guilherme? Por que está me ligando? ― Questionou, tentando controlar seu corpo tarado.
― Senti saudades…
Alexandra sentiu seu coração se perder em algumas batidas. Mas o que era aquilo? Se perguntou.
― Eu… ― não sabia o que dizer.
― Tudo bem, loira ― Caveira ficou calado por alguns segundos. ― Só queria ver se estava tudo bem
com você.
― Eu estou bem sim… ― Murmurou. Não envolveria ninguém em suas merdas. O que ele poderia
fazer preso naquele lugar? Nada.
― Não minta para mim, loira! ― Ele foi grosso. Ela se assustou um pouco.
― Não estou mentindo.
― Está, sim… Não gosto que mintam para mim!
― Mas eu não estou mentindo! ― Respondeu com raiva. Qual era o problema dele afinal? Não devia
satisfações a ele.
― Se não me falar, vai ser pior para você, Alexandra.
Tentou não chorar.
― Eu… Só estou com medo… ― A loira já não segurava as lágrimas.
― Você está chorando? Que porra, Alexandra! Quem foi o filho da puta? ― Questionou, irado.
― Por favor, para com isso Guilherme… Não estou pronta para falar disso…
― Já é, eu descubro, loira…
Sabia que ele estava com raiva. E não entendeu. Ela não era só a garota que ele comia?
― Faça o que quiser Caveira, eu não te devo satisfações… ― Limpou as lágrimas. Não deixaria
nunca mais nenhum homem lhe dizer o que ela tinha que fazer ― Até logo, Caveira!
E então desligou a chamada, deixando-o irado do outro lado da linha.

Capítulo 8
Resiliência.

― O que você quer, Rodrigo? ― Liandra o questionou, deixando o medo de lado. Sabia muito bem
quem ele era.
― Preciso de um favor seu ― respondeu.
― Não! ― Rosnou, querendo cortar qualquer tipo de proposta que ele faria a ela.
― Lia… ― Ele riu, sarcástico ― Você não vai querer problemas comigo, não é?
― Eu já disse não, seu desgraçado… ― Reprimiu a vontade de quebrar o telefone ― Falei para você
sumir da minha vida!
― Você é engraçada, Índia… ― Liandra sentiu seu estômago embrulhar ao ser chamada pelo apelido
carinhoso. Quis gritar com ele e mandá-lo para a puta que o pariu.
― Saia da minha vida, seu maldito! Me deixa em paz! ― Ela sentiu o medo tomar cada parte do seu
corpo ― Por favor, me deixa em paz…
― Calma, Índia, eu tenho uma proposta pra você… ― Riu da histeria da mulher. ― Seu marido está
preso, não é?
― Como você sabe disso? Está me espionando?
― Claro que não… Como disse, quero te fazer uma proposta.
Liandra, vendo que não adiantaria nada resistir àquela conversa, decidiu ouvir o homem.
― Que proposta? ― Questionou, receosa.
― Eu tiro seu marido da cadeia e em troca você vai me trazer alguém ― havia maldade na voz do
homem. Liandra sentiu pena de quem quer que fosse a pessoa.
― Que pessoa?
― Não é uma pessoa, e sim, duas. Estão morando aí no morro, quero que as traga para mim.
― Porra! Você está querendo me foder! ― Retrucou.
― Estou perdendo a paciência, Índia. Você sabe como eu fico quando eu perco a paciência, não é? ―
Reclamou.
Não me machuque! Por favor… Rodrigo, pare!
Ela sentiu um bolo se formar em sua garganta quando as lembranças se apossaram de sua mente. O
medo a atingiu em cheio. Lágrimas saíram em abundância dos seus olhos.
― Quem? ― Perguntou.
― O nome dela é Alexandra. Quero que a entregue para mim. Em troca, eu tiro seu Caveira da
cadeia e ainda limpo a ficha dele.
Seu coração acelerou e sua mente trabalhou a rápido. A chance de ter Guilherme consigo outra vez
a deixou completamente feliz. Ela lembrava de Rodrigo, de como eles se conheceram. Sua mãe trabalhava
para os pais dele. Era só uma menina quando haviam se envolvido.
Seus pais eram advogados, Rodrigo era o típico playboy da zona Sul. Um sorriso de matar e um
corpo bem trabalhado foram o suficiente para a garota se apaixonar por ele. Com quatorze anos Liandra
já sentava gostoso para o homem.
Pena que os pais dele descobriram, e não aceitaram que o filhinho deles estivesse comendo uma
preta favelada. Acabou sozinha, grávida, sem teto. Sua mãe a expulsou de casa assim que descobriu.
Caveira foi o único que deu a mãos para ela.
Ela tinha que ajudá-lo.
Claro que Guilherme não sabia que Manuela na verdade não era filha dele. Deu sorte por sua filha
ter nascido com a pele mais escura, sem chance de que seu marido desconfiasse dela. Naquela época, já
tinha a rixa com Eduarda. No começo, foi difícil levar Guilherme para cama. Ela se aproveitou dele
enquanto ele sofria com a morte da mãe. Foi fácil dizer depois que ele era o pai.
Suspirou, segurando as lágrimas.
― Certo, mas primeiro quero que tire Caveira de lá. Depois eu te entrego a garota!
― Ok, Índia… Quem sabe eu não te recompenso… Podemos ter um remake! ― Ele riu, debochando,
e deixando a mulher irritada.
― Vai se fuder! ― Desligou o celular na cara dele.
Ela passou as mãos nos cabelos negros. Mas em que porra ela havia se metido?

***

O presidiário brincava deliciosamente com seu pescoço, sua boca se deliciava com cada centímetro
do seu lindo pescoço. Os beijos fervorosos a faziam gemer baixinho enquanto os chupões ― forte os
suficientes para marcar sua pele branquinha ― arrepiavam seu corpo. As mãos grandes foram ágeis ao
retirar sua camiseta branca, deixando o corpo feminino totalmente exposto aos olhos castanhos que
brilhavam no mais puro desejo.
Ah… Aquele olhar mexeu com ela de formas inimagináveis. A sensação de ser desejada por aquele
homem a enlouquecia por completo. Não chegou a imaginar que alguém fosse olhar para ela daquele jeito
algum dia, mas Guilherme parecia maravilhado ao analisar cada traço perfeito de uma arte incrível ― era
assim que ele a via, como uma arte a ser apreciada. Para Guilherme Luiz, Alexandra era sua mais nova
definição de perfeição. Guardaria para sempre a imagem daquela mulher em sua mente: tão entregue e
com os lábios vermelhos por seus beijos.
Os lábios dele enfim se dirigiram para o seio direito da loira, que tinha a respiração descompassada.
Abocanhou o seio frágil e o chupou com ânsia e vontade suficientes para fazer estalos ao tirá-lo da boca,
unicamente para sê deliciar com os enormes seios ela tinha, e que ficavam mais gostosos quando
rosadinhos e com os biquinhos rijos pelo prazer.
Assim podia expor seu lado mais sádico, ao morder a área sensível, fazendo Alexandra se contorcer
de prazer.
― Guilherme… ― Ela precisou chamar seu nome quando sua mão direita dele deslizou de maneira
abusada sobre a lateral de sua cintura, parando ao encontrar sua virilha ― Isso…
Arfou e gemeu mais alto ao sentir os dedos ágeis do homem entrarem em contato com seu clitóris.
Alexandra mordeu o lábio inferior, ser tocada por aquele homem era o paraíso.
― Você está mentido para mim, não é, loira? ― Caveira fez questão de sussurrar aquela voz grossa
ao pé de seu ouvido. Ela abriu mais as pernas quando o dedo dele deslizou, encontrando então a entrada
molhada do seu íntimo. Ele soltou um suspiro leve ao ver o quão fácil era enfiá-lo ali e sentir seu interior
quente. Ela soltou um gemido tímido em seu ouvido, deixando-o mais e mais com o pau duro ― Oh… Você
já está tão molhadinha, Alexandra.
A loira arqueou as costas sobre o colchão quando ele começou a masturbá-la. Os dedos longos
alcançaram bem lá no fundo, deixando-a louca. Ele metia de um jeito gostoso, sabia que não lhe restaria
nem mais uma gota de sanidade se continuasse nesse ritmo.
Guilherme olhou a cara insatisfeita da loira assim que ele retirou seu dedo de sua boceta molhada.
Sorriu de ladinho para ela. Alexandra ficou vermelha quando ele logo se apressou a descer os beijos por
seu ventre. Foi impossível conter a voz quando a boca dele capturou seu clitóris; Caveira chupava e
brincava com a parte mais sensível de seu corpo como se fosse uma balinha doce na boca. Ela
automaticamente usou as mãos para agarrar a cabeça do homem, tendo seus gemidos mais presentes
naquele pequeno quarto.
Seu corpo vibrou quando finalmente ela chegou ao ápice, tremendo levemente seu corpo.
― Eu quero você, Guilherme… ― soltou, afoita.
Quando ele se encaixou entre suas pernas, sentiu seu peito se encher em um sentimento
desconhecido por ela. Seu coração bateu tão rápido que ela jurou que ele seria capaz de ouvir, porque
seus olhos brilhavam quando olhava para ela, enquanto se enfiava abusadamente em seu íntimo. Fez
ambos soltarem um gemido de prazer.
Ela era tão quente e molhada que ele tinha que se segurar para não fodê-la rápido e forte. Tinha
receio de machucá-la. Era tão menor que ele, poderia ser facilmente dominada por alguém que quisesse
fazê-la mal. Esses pensamentos o aterrorizaram. Ele não poderia protegê-la, não poderia cuidar dela.
Suas investidas eram lentas e suaves, mas Alexandra queria mais. Muito mais.
― Mais forte… ― Ela murmurou em seu ouvido, e ele não esperou mais um minuto sequer.
Aumentou a velocidade e seus corpos de chocavam gostosamente. Eles pareciam estar em uma
bolha a onde só os dois existiam.
Olhando para ela gozando em seu pau, agarrada a ele, Guilherme sentiu seu coração acelerar e um
sentimento muito forte tomar conta do seu ser. Amor. Ele a amava. Droga! Não entendeu como aquilo
aconteceu, mas ele tinha plena certeza que a amava. E aquilo o aterrorizou. Como poderia protegê-la
preso naquele lugar?
O medo de perdê-la se foi assim que ele gozou, jogando toda sua porra dentro do seu íntimo.
Tombou para o lado e a puxou para seu peito.
― Você está bem? ― Ele ouviu a voz doce dela em seus ouvidos, então a abraçou mais contra si.
― Sim… ― ponderou sua voz antes de começar a conversar. Obviamente ele já sabia de tudo, mas
queria ouvir da boca dela ― Quem é Rodrigo, Alexandra? ― foi direto, assustando a mulher, que sentiu
seu corpo tremer de medo.

Capítulo 9
Propagada enganosa.

― Ele é… Ele é meu ex-marido ― Alexandra murmurou, escondendo o rosto na curva do pescoço de
Caveira.
Guilherme sentiu o ciúme encher seu coração e sua mente. A ideia de saber que outro homem a
tocou o deixava com muito ódio. Apertou-a mais em seus braços, prendendo seu corpo nu junto ao dele.
― Continue ― mandou. A loira tremeu um pouco ao se lembrar dos momentos que viveu com
Rodrigo. As brigas, agressões físicas e verbais. Queria chorar.
― Eu fugi dele… ― Sua voz saiu triste e apreensiva ― Ele queria matar o meu bebê, mas eu não
podia deixar. Eu tenho medo dele, Guilherme, ele é mau!
Guilherme sentiu seu coração se apertar ao imaginar alguém a machucando. Sentiu ódio. Não
deixaria aquele desgraçado chegar perto de sua mulher. O mataria, disso ele tinha certeza.
― Como descobriu sobre ele? ― Ela perguntou.
― Dodô investigou para mim. Não se preocupa, loira, ninguém vai te machucar ― ele beijou sua
testa ― Você está sendo vigiada vinte quatro horas por dia.
Alexandra então lembrou do carro que a seguiu na última visita que ela fez. A chance de saber que
era ele o responsável permitiu a seu coração se acalmar um pouco.
― Então aquele carro preto estava me seguindo a mando seu? ― questionou, levantando-se um
pouco, apenas para ver o rosto másculo do homem. Guilherme levantou uma sobrancelha, confuso.
― Do que está falando? Que carro é esse, loira?
― Na última visita, eu acho que… ― suspirou e se sentou na cama, seguida por ele ― Acho que
tinha um carro me seguindo… Eu não vi quem era a pessoa, mas Guilherme, tinha alguém me vigiando! ―
exclamou, assustada.
― Merda! ― Seu maxilar travou e Guilherme teve vontade de quebrar tudo pela frente ― Droga,
loira, tu não vai mais sair daquele morro sozinha, entendeu?
― Por quê? Esse carro está me seguindo a mando de Rodrigo, não é?
O desespero em sua voz apertou o coração de Caveira. Ele tinha que sair dali o mais rápido possível.
― Não se preocupa, loira, ele não vai tocar em você. Eu dou minha palavra! ― Ele jurou, beijando a
boca dela.
― Mas ele é um delegado, Guilherme. Ele pode mandar te machucar aqui dentro! ― Ela o puxou
para um abraço. De um jeito estranho, Alexandra estava se apegando ao homem. Tinha medo de estar
apaixonada. Só de pensar em Rodrigo machucando seu presidiário, sentia o horror tomar suas feições. ―
Guilherme, a família Fonseca é muito influente nesse meio. Ele pode ser mais perigoso do que você
imagina, eu não sei direito com o que eles mexem, mas tenho certeza que eles estão envolvidos com o
crime organizado. Meu pai morreu por enfrentá-lo, tenho medo por você.
― Ele não sabe com quem está se metendo, loira. Só uma ligação e eu acabo com a vida dele! ― O
olhar de Guilherme estava sombrio. ― Ele pode achar que está por cima só porque é filho de uns dos
chefes da facção, mas está muito enganado ― disse, irritado.
― E como vou fazer para te ver? ― A pergunta saiu sem pensar, deixando-a envergonhada.
Caveira a puxou para seu colo, beijando de leve seu pescoço que já dava indícios dos chupões que
havia dado nela minutos atrás.
― Está preocupada com isso? ― Sua testa estava grudada com a dela ― Em como você vai vir me
visitar?
Seu rosto estava quente, Alexandra estava com muita vergonha.
― Bem… Nós ainda temos três meses… ― murmurou ― Tenho que pagar minha dívida, eu não gosto
de dar calote em ninguém. ― brincou, abraçando-o mais.
― Então você está me devendo muito, vai ter que me pagar para o resto da vida…
Ela tentou não se apegar tanto a essa frase, afinal de contas, aquilo era só sexo.
― Ótimo.
Ela respondeu, assim que ele a jogou na cama a aproveitando o resto dos minutos que lhes
restavam.

***

Liandra analisava a foto que Rodrigo havia mandado para ela. Nunca vira aquela garota no morro.
Se ela morava lá, então porque não a conhecia? Loira, olhos azuis. Com certeza os meninos do movimento
já deveriam ter passado a rola nela. A menina era realmente bonita. Magrela, sim, mas bonita.
Estava alheia ao celular quando Manuela entrou pela porta, jogando desastradamente a mochila no
sofá, ignorando-a e indo em direção a cozinha.
― Onde estava, garota? ― Liandra a seguiu até a cozinha, vendo-a encher o copo de água e virá-lo
logo em seguida na boca ― Onde estava, garota? ― insistiu.
Manuela apertou os lábios, revirando os olhos.
― Estava por aí… ― suspirou. Tinha a certeza de que sua paz havia acabado assim que pisou os pés
dentro de casa.
― Por aí? Por aí, Manuela? Você sabe que não pode ficar por aí andando no morro. É perigoso. Tu
sabe de quem você é filha, né?
― Sei, e por isso minha vida é um inferno!
― Sua vida é um inferno? Manuela, você vive como uma princesa! Tem tudo o que você quer, isso
não é o suficiente? ― Liandra exclamou.
― Suficiente? Mãe, meu pai está preso! Sou filha de um traficante, você acha que isso é para se
orgulhar? Me poupe, isso deve ser bom para você, não é? Porque afinal de contas ele sustenta seus luxos.
Mas para mim não é.
― Garota ingrata! Eu fiz tudo por você, e um pouco mais. O que mais você quer?
Manuela sabia que sua mãe acabara de tocar na ferida, então não reprimiu as lágrimas. Deixou-as
cair pelo rosto.
― Eu só queria uma família de verdade! ― Disse, passando por sua mãe e saindo da cozinha.
Liandra tentou não chorar, sabia que ela tinha errado como mãe, mas sua filha não entendia que
tudo aquilo era para protegê-la. Pegou o celular novamente, colocando no aplicativo de mensagens. Seus
olhos encheram de lágrimas quando visualizou a imagem de Manuela sentada na beira da praia.
Teve vontade de gritar. Rodrigo havia ameaçado a vida da menina caso ela não entregasse a garota
loira. Estava em um poço sem fundo não sabia mais o que fazer. Ela não queria entregar a garota, mas era
ela ou sua filha. E ela amava demais Manuela, não deixaria que ninguém a machucasse, mesmo que
tivesse que sacrificar outras pessoas. Esperava que fosse perdoada mais tarde, porque ela havia acabado
de fazer sua escolha.

Uma semana depois.

O carcereiro andava pelo corredor sujo, carregando em mãos alguns papéis. A cada cela que
passava, alguns presos gritavam para ele, pedindo coisas ou desferindo xingamentos. Ele não ligou,
estava chocado demais para responder à altura.
Parou na última cela do lugar. Já era quase onze da noite. Ainda não acreditava no tinha ido fazer
ali. Pasmo com o documento que carregava em mãos, olhou para cela, onde os presos o olhavam curiosos.
― Guilherme Luiz Azevedo. ― chamou. Caveira, que estava deitado na jega, se levantou rápido,
olhando desconfiado para o homem.
― Qual foi? ― Caveira respondeu.
― Pega tuas coisas, seu alvará chegou!
Os demais da cela olhavam. Estavam chocados com aquilo, o homem nem tinha tido a audiência e já
estava com alvará. Caveira ergueu uma sobrancelha, estranhando aquilo. Mas que porra estava
acontecendo?, ele se perguntou mentalmente.

Capítulo 10
Crueldade.

― Você só pode ser louca, Liandra ― a mulher ruiva resmungou, virando na boca a latinha de
cerveja.
― Louca? Raíssa, é a vida da minha filha que está em jogo. Eu seria louca se dissesse não para
Rodrigo ― Liandra segurou as lágrimas, fazendo uma cara chorosa ― Ele e um psicopata!
― E tu não acha que seu marido vai descobrir, não? ― Raíssa revirou os olhos para a morena ―
Você sabe que, quando Caveira quer, ele pode ser pior que do diabo…
― Por isso mesmo que eu tenho logo que me livrar da garota e do Rodrigo… Depois tudo volta ao
normal.
― Espero que você esteja certa. Olha lá a garota loira.
Alexandra entrou no mercadinho com o filho nos braços, ela sorria para o menininho que tinha em
mãos um pirulito azul. Liandra podia notar o que tanto a garota amava aquele menino. Talvez esse fosse o
irmão dela, a morena pensou, olhando para Raíssa.
― Ela é bonita ― Liandra a analisou de cima a baixo ― Deve ser por isso que Rodrigo a quer.
― Os moleques do movimento chamam ela de Cinderela ― Raíssa segurou a risada. ― Pior que
parece, ela só e magra demais.
Liandra observou a garota sair do estabelecimento segurando nas mãos do garotinho. Alexandra
sorriu para ele, entregando em suas mãos um pacote de Doritos. O jeito que ela sorriu para o garoto fez
Liandra engolir seco. Ela seria tão cruel ao ponto de entregar a garota para um homem tão mau igual
Rodrigo? Raíssa era sua única amiga no morro e a única a saber de toda a verdade e de seu envolvimento
com ele.
― Você está sendo cruel, amiga ― Raíssa olhava a loira, que descia em direção contrária a delas. ―
Ela tem um filho para criar, é muita maldade.
― Mas é ela ou minha filha, e você sabe que Rodrigo pode, muito bem, dizer a Caveira que Manuela
não é filha dele ― Lia passou as mãos nos cabelos. ― E aí quem vai virar presunto sou eu, e eu gosto de
viver, amiga ― exclamou.
― Merda! Não sei por que eu vou te ajudar, acho que eu estou querendo e me lascar também nessa
porra!
― Você me ama, amiga… ― ia terminar de falar, mas Eduarda entrou no bar, deixando uma tensão
no ar ― O que essa cadela faz aqui?
― Não sei acho que ela está querendo é apanhar… ― Raíssa comentou, vendo Eduarda sorrir cínica
para a irmã e se virar para o balcão, pedindo algo para dona Sônia. ― Amiga, se fosse eu, já tinha
arrancado as penas dela. Não estava nem aí se ela é minha irmã.
― Você não entenderia ― Liandra riu, mas logo seu sorriso se fechou assim que Eduarda foi em
direção a elas.― Era só o que me faltava. ― murmurou para Raíssa, mantendo sua pose de valentona.
― Oi, irmã, como você está? ― ela perguntou, cínica ― Seu marido saiu, não é? Que coisa boa… ―
murmurou, com uma cara sugestiva.
― Cala a boca, vadia, por que você não vai embora, hein? ― Raíssa disse, com um olhar irado.
― Não estou falando com você, maria mole! ― retrucou.
― Ora, sua desgraçada!
Antes que aquilo virasse um cabaré e sua irmã fosse morta, Lia entrou no meio da discussão.
― Eduarda, vaza daqui, ou eu mesma vou te expulsar pelos cabelos! ― falou.
― É! Vaza daqui, piranha encubada! Quando ficar careca não reclama, sua puta ― Raíssa estava
vermelha de ódio.
― Piranha encubada? ― Eduarda riu, debochada ― Pelo menos não sou eu que atura macho safado
em casa!
― O que você está falando, ridícula? ― Raíssa perguntou.
― Ora, você não está sabendo que Jonas está pegando uma novinha aqui no morro? ― Eduarda se
aproximou mais delas ― Ela tem tudo durinho, sem estria, sabe?
― Eduarda, sai daqui! ― apesar de sua irmã ser uma vadia, Liandra ainda tinha esperança que ela
um dia mudasse. Duda era uma vaca, mas ela ainda a amava.
― Isso serve para você também, irmã, a nova amante dele parece uma princesa, acho que agora
você perdeu de vez seu macho.
― O quê?
― Isso mesmo, amor! Ou você achou que Caveira iria ficar na cadeia sem nada, enquanto a mulher
dele ficava aqui fora aproveitando a vida? Ele é homem, tem necessidades… ― Liandra sentiu seu coração
acelerar ― Viu? Você é tão bobinha, irmã ― Eduarda saiu do local, deixando uma Liandra perplexa para
trás.
― Mas que merda foi essa, amiga? ― Raíssa ralhou, com raiva.
― Droga! Eu acho que Guilherme realmente está pagando alguém para visitar ele no presídio… ―
ela suspirou e se levantou da mesa ― Eu tenho que descobrir quem é essa vadia…

***

Alexandra arrumou a mesa, colocando em cima dela a cesta de frutas. Fazia alguns dias que ela não
falava com Guilherme, ele tinha sumido. Nem Dodô falava nada. Na semana anterior, um soldado veio
avisá-la de que não precisava mais ir visitar Caveira. Claro que ela se preocupou e se perguntou o que
tinha acontecido, afinal de contas ela ainda tinha um mês de visitas para pagar.
Ficou com medo, não tinha arrumando um emprego ainda e tinha medo de não receber mais a
quantia que estava recebendo pelas visitas. Pensou em ir até Dodô e perguntar o que teria acontecido.
Talvez Guilherme a tivesse trocado. Só de ter esses pensamentos, sentia um aperto no coração. Apesar de
tudo, ela tinha se apegado a ele bem mais do que o planejado. Foi o primeiro homem a respeitá-la e tratá-
la com carinho, mesmo sendo quem ele era. Sempre foi gentil e atencioso, e a deixava tão louca na cama
que, às vezes, chegava em casa com as pernas bambas. Ela amava a risada dele, amava o jeito que seus
olhos brilhavam quando ele chegava ao ápice. Amava o modo que seus corpos se encaixavam, era como se
fossem feitos um para o outro. Tentou controlar as lágrimas. E se ele não precisasse mais dela? Sabia que
aquilo era bem mais do uma visita intima, e só agora ela tinha percebido que já não ia mais visitá-lo pelo
dinheiro. Ela ia apenas por ele. Só por ele.
Aquele sentimento a assustou, não pensava que pudesse sentir isso depois que Rodrigo destruiu seu
coração., mas Guilherme invadiu seu espaço pessoal e destruiu todas as barreiras que ela tinha colocado
envolta de si. Ela não queria amá-lo de maneira nenhuma.
― Mamãe? ― Vinícius apareceu na cozinha, carregando em mãos alguns brinquedos que ela tinha
comprado alguns dias antes. Nada comprava o sorriso que ele direcionou a ela quando ela lhe entregou o
presente.
― O que foi, meu amor? ― ela perguntou, assim que se ajoelhou para ficar na mesma altura.
― Olha! ― ele mostrou o braço do boneco ― Quebrou!
Vinícius tinha um olhar desesperado.
― Me dê aqui, vou consertar ― Alexandra arrumou o boneco e o entregou a ele, que sorriu para a
mãe.
― Obrigado mamãe, eu amo você! ― ele disse e a abraçou com os bracinhos pequenos.
― Eu também te amo, meu amor… ― ela tentou segurar as lágrimas. Faria tudo por ele, não tinha
dúvidas. Seu filho era tudo para ela.
― Hoje eu fiz uma amiguinha ― ele falou.
― Sério meu amor? Qual o nome dela? ― a loira se levantou e o colocou sentado na cadeira na
mesa.
― O nome dela e Manuela e ela trabalha lá agora, ela me defendeu dos garotos maus ― sorriu.
Alexandra suspirou. Os garotos da creche não gostavam muito de seu filho porque ele era branco.
Ela chegou ir algumas vezes na escola para resolver esse problema, mas parecia não ter adiantado.
― Ela cuidou de você? ― Alexandra perguntou, colocando na mesa o bolo de chocolate que ela tinha
feito mais cedo.
― Sim, ela parece uma índia de tão bonita que ela é ― o garotinho disse, sorrindo abertamente. A
loira tentou não ficar com raiva ou ciúmes por outra garota ter conseguido a atenção de seu bebê.
― Ok, amor, vou querer conhecer ela ― murmurou, colocando a xícara de café na boca.
Depois de ter fechado toda a casa, Alexandra se dirigiu ao banheiro. Havia algumas horas, tinha
recebido uma ligação sobre uma entrevista de emprego em um restaurante na zona sul. Auxiliar de
cozinha não era o emprego dos sonhos, mas era um começo. Seu objetivo era sair do morro e terminar a
faculdade de enfermagem. Ela tinha parado do terceiro semestre, mas isso só a incentivava a lutar pelos
seus sonhos.
Quando saiu do banho, ela enxugou os longos cabelos loiros com a toalha. Estava tentada a cortá-
los, seus cabelos davam a ela muito trabalho. Seria melhor com eles curtos, mesmo com Guilherme
dizendo que amava seu cabelo longo. Suspirou, e mais uma vez naquele dia ela pensou nele. Sentiu um
aperto no peito e seu coração acelerou, ainda queria ir à boca perguntar para Dodô o que realmente tinha
acontecido. Apesar da vontade, ela não era tão corajosa assim. Apenas desejou esquecê-lo e seguir a vida.
A última coisa que ela queria naquele momento era se apaixonar por alguém como ele.
Vestiu seu pijama e saiu do quarto com a toalha em mãos para estendê-la na varanda, onde ela
estaria seca logo de manhã. Voltando para sala, ela ouviu um barulho estranho na porta. Olhou para pia
da cozinha, onde tinha uma faca de cortar carne, e se dirigiu para sala. Sabia que no morro não tinham
roubos, mas, mesmo assim, ficou assustada. Melhor prevenir do que remediar.
Com passos lentos ela adentrou a sala, vendo perto da porta a silhueta de um homem, pela sombra
que fazia na luz que entrava pela fresta da janela.
― Quem está aí? ― odiou sua voz falha. O homem não falou nada. Foi em direção a ela, assustando-
a. ― Para! ― ela gritou, jogando a faca em direção ao homem que desviou e grunhiu. Parecia ter se
machucado.
― Caralho, loira, é assim que me recebe? ― Alexandra não acreditava no que estava vendo.
O que Guilherme estava fazendo ali? Ele estava preso, como ele poderia estar ali?
― Droga, Guilherme!? ― ela acendeu as luzes da sala e olhou para Caveira vestido todo de branco
― Pelo amor de Deus, não me diga que você fugiu! ― disse, desesperada.

Capítulo 12.
Ameaça iminente.

Naquela manhã, quando Guilherme acordou, quase achou que estava em um sonho assim que sentiu
Alexandra deitada em seu peito adormecida. E o melhor de tudo, estava nua com os cabelos espalhados
pela cama. Tentou conter seu sorriso, fazia anos que não dormia assim, tão relaxado.
Enrolou o braço em sua pequena cintura e se aconchegou mais no pequeno corpo que o pertencia.
Alexandra sentiu o aperto e levantou levemente sua cabeça para ver os olhos castanhos e sonolentos de
Caveira. Seu coração disparou e ela sorriu, corada, quando notou que eles estavam nus com o corpo
enrolado um no outro.
― Bom dia! ― Ela murmurou, feliz. Mesmo que sua cara de sono estivesse amassada e com a baba
escorrendo pela boca, o olhar que ele lhe lançava a fazia se sentir a mulher mais sexy que já existiu. E ela
amava aquilo.
― Bom dia… ― ele se jogou em cima dela, logo se aconchegando entre suas pernas, fazendo suas
intimidades se chocarem. Alexandra não se assustou, ela sabia que ele estava duro por ela. Só por ela.
― Tenho que resolver algumas coisas, mas depois eu volto ― murmurou contra seu pescoço, a
beijando. Alexandra se contorceu de prazer, tentando se concentrar nas palavras dele.
― Quando você volta? ― ela perguntou, agarrando-se mais a ele e passando as mãos em seu
pescoço, fazendo um pequeno carinho.
― Assim que der, eu estou de volta ― ele beijou o canto da boca dela ― Já está com saudades, é?
Ela riu, achando Guilherme um tanto descarado.
― Você não vale nada, hein? ― ela lhe lançou um olhar bravo.
― Nunca disse que valia ― e a beijou, tentando ao menos matar a vontade que se alastrava por seus
corpos sedentos.
Ele desceu os beijos pelo pescoço branquinho dela, certificando-se de que ali ficaria sua marca e
que todos vissem que ela o pertencia.
― Você não tinha que sair? ― A loira murmurou em meio ao prazer, sabia muito bem a onde aquele
amasso pararia.
― Está me expulsando? ― ele murmurou em seu ouvido, então se encaixou em sua entrada e a
penetrou levemente, fazendo com que Alexandra soltasse um pequeno sorriso e jogasse a cabeça para
trás, deliciando-se com o prazer que seu homem a proporcionava ― Você é muito gostosa… ― chupou
levemente um de seus seios, os deixando mais vermelhos do que já estavam.
Ele investia sobre ela, saboreando cada gemido que ela soltava. Os dedos da loira deixavam marcas
com as unhas em suas costas largas e másculas. A mão destra de Caveira desceu para a pequena cintura
da loira e a apertou no lugar, acelerando seus movimentos. Os gemidos de Alexandra ficaram mais altos,
Guilherme sabia exatamente quando ela chegava lá. Ele sempre se certificava que ela chegasse primeiro
que ele, apenas para poder se deliciar com a cara de prazer que sua loira fazia.
Aquilo era o paraíso para aquele homem.
― Geme só para mim amor, seu filho está no outro quarto… ― disse, rindo com prazer quando ela se
derramou em seu pau, sugando-o com tanta força que não tardou a soltar toda sua porra em seu interior.
― Idiota! ― ela brincou e o beijou ternamente na boca.
Depois de um banho bem tomado e feita sua higiene, Caveira e Alexandra estavam sentados na
mesa da cozinha tomando café e rindo de coisas bobas que Guilherme dizia.
Quase não notaram quando Vinícius entrou na cozinha com o olhar sonolento.
― Mamãe! ― chamou, estranhando o enorme homem que estava ali.
Alexandra se levantou do colo de Caveira e se dirigiu para seu filho, pegando-o no colo beijando seu
Vinícius no rosto.
― Oi, meu amor, acordou tão cedo hoje ― ela disse.
― Quem é ele? ― perguntou, olhando estranho para Guilherme. A loira sabia que ele estava com
ciúmes.
― Ele é… ― Alexandra travou para responder àquela pergunta. Afinal de contas, nem ela mesma
sabia a resposta. O que ela era para Caveira? Sentiu medo da resposta.
― Eu sou o namorado da sua mãe! ― Guilherme disse, sorrindo para a cara emburrada do garoto.
― Você não vai machucar minha mãe não, né? ― perguntou, inocente, para Caveira que, por um
momento, perdeu a fala.
Ele faria de tudo para não machucar sua loira, mas era humano e tinhas falhas. Não tinha como
fazer uma promessa que quebraria uma hora ou outra. Ainda tinha sua situação com Liandra, não pensava
em largar a mulher, porém sabia que cedo ou tarde teria que fazer uma escolha.
― Prometo fazer o meu melhor… ― respondeu, olhando diretamente para Alexandra, que não sentiu
firmeza em suas palavras. Ela se perguntou se era certo ficar com Guilherme sem saber quem ele era
verdadeiramente. Sentiu-se sozinha outra vez. Estava em um beco sem saída.
Ele sabia que Manuela queria uma família, tinha medo de magoá-la separando-se da mãe. Ele sabia
que sua menina ainda mantinha o desejo sólido de que ele e Liandra dessem certo como um casal, mas
não mandava no coração que a todo momento dizia para ficar e construir uma família com a loira que
estava à sua frente. Sabia que ela seria uma mãe maravilhosa pelo olhar que ela lançava para o pequeno
garoto em seu colo. Estava entre a cruz e a espada. Teria que tomar uma decisão antes que alguém saísse
ferido dessa relação.
E com certeza não seria Liandra, aquela ali era dura na queda.
― Eu tenho que ir… ― Guilherme se levantou da mesa ― Mais tarde eu apareço aí — murmurou,
sem olhar para ela. Nem parecia que minutos antes eles estavam se encarando com um olhar apaixonado.
― Ok!
Ela nem olhou para ele, só ouviu a porta fechando, indicando que ele já não se encontrava mais na
casa. Segurou as lágrimas. Ela não queria acreditar que estava sendo usada por ele. Estava se
apaixonando e não queria ter o coração quebrado outra vez, ela não aguentaria.

***
Quando Caveira entrou pela porta de sua casa, sentiu uma nostalgia. Não era como se sentiu
quando passou a noite com sua loira. Lá ele se sentia em paz, mas ali o lugar era pesado e marcava
lembranças dolorosas de brigas que teve com Liandra ainda em sua juventude, e de como seu
relacionamento com ela foi construído.
Mentiras em cima de mentiras, não era novidade para ninguém que ele traia Liandra e que não se
importava. Ele fazia apenas para ver até onde a ganância de sua esposa ia. Dissimulada e mentirosa, ela
conseguia enganar a todos menos a ele. Até tentou amá-la, mas era quase impossível quando sua esposa
se importava apenas que as roupas e luxos que ele poderia lhe proporcionar.
― Onde estava? ― a mulher apareceu na sala, vestida com apenas um babydoll azul-claro. Era uma
imagem bonita e sexy, porém, ao contrário do que imaginou, ele não sentiu nada ao olhá-la. Sua loira era
muito mais sexy e nem precisava se esforçar.
― Não te interessa! ― ele respondeu, grosso, passando por ela e indo na direção ao que era o
quarto deles.
― Não me interessa? Lógico que me interessa, eu sou sua esposa, Caveira! ― o que ele mais odiava
em Liandra era seu sarcasmo e idiotice de achar que ele era trouxa.
― Não fode, porra! ― resmungou, segurando a raiva.
― Estava com alguma puta no morro, não é? ― ela perguntou, desaforada.
― E se estivesse, hein? Tu nem me ver na cadeia foi. Me diz, Liandra, por que eu devo dar
satisfações pra você? ― ele respondeu, retirando a camisa e se preparado para tomar um banho.
― Eu sou sua esposa, temos uma filha junto. Estive com você o tempo todo, isso não é o suficiente?
― sua voz estava embargada pelo choro.
Guilherme respirou fundo e entrou pela porta do banheiro, deixando a surtada para trás. Teria
problemas com ela, sabia o quanto ela era vingativa. Havia de ter cuidado com Liandra.
Ela se sentiu humilhada, quem ele pensava que era para tratá-la assim? Suspirou, limpando as
lágrimas de ódio. Não era nenhuma emocionada, então teria que saber lidar com aquela situação. Ele era
seu e ninguém o tirava dela. Foi difícil ter Guilherme para ela, não seria ali que perderia o seu homem.
Descobriria quem era a vadia que estava entre seu casamento e acabaria com ela. Disso ela tinha certeza.
Pegou o celular, quando viu a mensagem de Raíssa.
― Amiga! Você não vai acreditar no que eu vou te falar! — a mensagem era de áudio, então ela saiu
do quarto para que Guilherme não ouvisse. — Hoje de manhã fui levar Juju na creche e vi Caveira saindo
da casa da loira que Rodrigo quer, acho que ela é amante do teu marido! Tu fica ligada que aquela ali só
tem cara de sonsa…
Liandra sentiu vontade de quebrar o celular. Era questão de honra: ela se livraria da ninfeta vadia
nem que fosse a última coisa que fizesse. Guilherme lhe pertencia e ninguém tinha o direito de tirá-lo
dela.

Capítulo 13
Incesto.

Manuela sorriu para Juliano, que entregou em suas mãos um pequeno bombom do cacau show. Ele
era três anos mais velho do que ela. Era um moreno alto, com lindos olhos castanhos, bigodinho fininho e
cabelo na régua. Era gato, disso ela tinha total certeza, mas, por incrível que pareça, ela não sentia
absolutamente nada pelo rapaz. Nem mesmo os beijinhos que trocaram algumas vezes foram o suficiente
para ter algum sentimento a mais por ele.
Aquilo a frustrava, porque sempre Dodô aparecia para empacar sua vida. Era quase como um prego
a perseguindo. Aquilo era irritante e a deixava com muita raiva.
― Aí, hoje vai ter baile, por que você não vai? ― Juliano perguntou, mantendo seu corpo tão perto
dela que Manuela podia sentir o perfume gostoso que ele tinha.
― Eu não posso ir… ― ela murmurou. Douglas a proibiu de frequentar qualquer lugar que pudesse
ter drogas e sexo no morro.
Ela sabia que seu tio era superprotetor e que fazia aquilo porque se importava com ela, mas às
vezes era irritante a forma que ele cuidava dela. Até das roupas ele falava, e não deixava nem que ela
namorasse com alguém.
― To ligado! ― ele exclamou, de mal humor ― Ele nem é teu pai, por que que você aceita ele
mandar em você? ― perguntou.
Manuela revirou os olhos. Juliano era tão irritante.
― Não sei, ele e meu tio e só quer cuidar de mim… ― suspirou, colocando a franja atrás da orelha ―
Olha, agora eu tenho que entrar, dona Vânia está me esperando, até mais! — Ela se afastou, tentando não
prolongar aquela conversa.
― Espera, não vai me dar nem um beijo? ― Juliano perguntou, com um sorriso safado no rosto. Ele
gostava de Manuela. Apesar da idade, era muito inteligente e, mesmo sendo filha de Caveira, era humilde
e boa com as pessoas. Isso era o que ele mais amava nela.
― Só um? ― Ela perguntou, com um sorriso malicioso. Claro que ela era virgem, mas não era santa
e nunca escondeu sua pegação com Juliano. Só não tinha perdido a virgindade até aquele momento
porque seu tio sempre aparecia nas horas mais quentes.
Ela andou até o rapaz que logo a enlaçou na cintura, beijando-a. As mãos de Manuela se firmaram
no pescoço dele o fazendo colar mais seus corpos.
― Mas que porra é essa? ― rapidamente Manuela se desgrudou do garoto, olhando na direção da
voz.
Dodô mantinha o olhar assassino para o rapaz, que o encarava à altura. Apesar de saber que
Manuela era sobrinha do homem, Juliano desconfiava que aquelas atitudes superprotetoras significavam
bem mais que amor fraternal. O rapaz desejava a própria sobrinha como mulher, e aquilo dava nojo nele.
― Tio… ― ela murmurou, revirando os olhos. Dodô mantinha o olhar assassino para o garoto, que
logo entendeu o recado e se apressou a sair dali.
― Já é nega, mas tarde a gente se vê ― ele disse, dando um beijo na bochecha dela e saindo.
Esbarrou o ombro levemente de Dodô, que se segurou para não meter uma bala na testa do fedelho.
― O que pensa que está fazendo? ― o tio perguntou, aproximando-se dela, que mantinha o olhar
baixo. Manuela estava intimidada por ele, não poderia negar.
― Estou indo trabalhar, não é obvio? ― respondeu, com somente um fio de voz.
― Tô perguntando o que estava fazendo com ele ― sua voz estava rouca e sexy.
Manuela sentia coisas estranhas em seu corpo e seu coração estava acelerado. Contou até dez
mentalmente e levantou a cabeça, dando de cara com os olhos de gavião de Douglas.
― Ele é… Bom, ele é meu amigo.
― Amigos não se beijam… ― rebateu, irritado. Só de pensar que outro tocou seus lindos lábios
rosados, ele sentia a fúria tomar conta do seu ser.
― Azar o seu. Hoje em dia, amigos se beijam, sim! ― Manuela se revoltou, aquele jeito protetor dele
a irritava profundamente.
― Não se beijam, não, e se ele colocar a boca em você outra vez…
Ela sentiu a ameaça na voz dele. Dodô chegou tão perto dela que ela pôde sentir um leve formigar
em seu ventre. Aquelas sensações estranhas a deixavam levemente assustada. Por tal motivo se mantinha
bem longe de seu tio, mas estranhamente ele sempre aparecia nos mesmos lugares em que ela estava.
Parecia, às vezes, um psicopata.
― Você não manda em mim! ― ela resmungou, tentando controlar seu corpo que a todo momento
dizia para pular nos braços do seu próprio tio e beijá-lo loucamente.
― Manuela, Porra! Não faça isso! ― exclamou, em um rugido rouco.
Eles estavam tão próximos que quem os vissem de longe perceberiam a tensão sexual que emanava
deles.
― Fazer o que? ― perguntou. Seu peito subia e descia tão rápido que ela achava que infartaria a
qualquer momento.
― Morder os lábios assim ― ele respondeu, colando seu corpo no dela.
― Tio, é melhor você para com isso… Droga! Você é meu tio! ― ela se afastou dele rapidamente,
colocando-se em uma distância que julgou ser segura.
― Porra, já é! ― Dodô fez cara feia e suspirou, segurando toda sua ira ― Sai logo daqui, Manuela,
antes que eu faça algo que me arrependa depois.
― Tio, você… ― ela tentou consertar a situação.
― Vai logo, porra! ― Sua voz estava tão rouca que ela se segurou para não se jogar de vez naquela
loucura.
Contudo, sabia que não era o certo e logo se afastou dele, andando rapidamente até a creche em
que fazia um trabalho voluntário havia alguns dias. Tentou não olhar para trás, mas comete esse grande
erro. Graziela já estava pendurada no pescoço de Douglas, beijando-o.
Engoliu seco e reprimiu aquele maldito sentimento para o fundo do seu coração, não valia a pena e
ele ainda era seu tio. Talvez, se ela desse uma chance para Juliano, tudo aquilo passasse. Apertou a
mochila nos ombros, com raiva. Ela perderia sua virgindade com Juliano e tudo aquilo que estava sentindo
por seu tio desapareceria.
Ela tinha certeza.

― Pai! ― ela gritou tão alto que todos que estavam na rua a ouviram.
Manuela acabara de sair da creche quando encontrou Caveira escorado na moto, com seu lindo
sorriso, esperando-a. Ele vestia uma bermuda preta e camisa azul. Nas costas, mantinha uma arma
atravessada. Manuela não gostava daquilo, mas, apesar de tudo, era maravilhoso ter seu pai de volta.
Jogou-se em seus braços, apertando-o fortemente e se deixando derramar em lágrimas.
― Estava com tantas saudades ― murmurou, tentando segurar o máximo o choro. ― Por onde
esteve?
― Tive que resolver alguns problemas ― ele respondeu, lembrando-se da discussão que teve mais
cedo com Liandra.
― É a mamãe, de novo? ― Ela perguntou, sorrindo para ele ― Tenho certeza que ela vai melhorar.
Guilherme reprimiu a vontade de contradizer sua filha. Sabia que Liandra não mudaria seu jeito e
que Manuela teria que entender que não havia mais amor naquela relação, não adiantava mais insistir
naquilo. Ele já tinha outra em seu coração, e ela não era sua esposa.
― O que acha de comermos uma pizza? Eu pago ― ele se separou dela, beijando ternamente sua
testa. Amava tanto sua filha que, se ele a perdesse, não saberia mais o que fazer. Teve certeza que ficaria
louco.
― Lógico que você tem que pagar, você que é o dono do morro, esqueceu? ― ela comentou,
sorrindo.
― Claro, como me esqueceria? ― murmurou, com seu humor negro.
Eles subiram na moto e sumiram viela acima, deixando do outro lado da rua uma Alexandra
perplexa. A loira ainda estava digerindo toda aquela situação.

***

Guilherme tinha uma filha? Então provavelmente ele tinha uma mulher. Sua mente trabalhou tão
rapidamente que sentiu suas pernas tremerem pelo medo. Então ele só a usou? Segurou forte nas mãos
de Vinícius, que não entendia a reação da mãe.
Ela não seria a amante dele. Não saiu de um relacionamento abusivo para entrar em outro. Rodrigo
a machucou demais, para se arriscar daquele jeito. Ela tinha seu filho e a prioridade era deixá-lo seguro.
Aquela relação havia ido longe demais. Era hora de pôr um fim naquilo, mesmo que seu coração estivesse
apertado.
― Viu, mamãe? Aquela é a Manuela que eu te falei! ― ele disse, não se dando conta da situação em
que sua mãe estava se metendo ― Ela não é bonita? — perguntou, inocente.
― É, meu amor, ela realmente é linda ― disse, engolindo o choro.
Alexandra não seria a causa da destruição de uma família, não mesmo! Ela era mais que uma
amante. Era uma mulher de respeito e, se Guilherme achava que poderia fazê-la de trouxa, estava muito
enganado.

Capítulo 14
Sobre a linha do perigo.

― E quais são suas experiências nessa área? ― a mulher ruiva perguntou, esboçando um sorriso
falso para Alexandra, que tremia pela tensão da pergunta. Ela trabalhou um como auxiliar de cozinha em
um restaurante chique em Goiânia. Sete meses não era uma boa referência, mas tinha que tentar, e sabia
que faria de tudo para trabalhar de acordo com a expectativa da vaga. Até mais se precisasse, o
importante era conseguir o emprego.
― Eu trabalhei em Goiânia por alguns meses, era meu primeiro emprego ― tentou controlar o
nervosismo ― Saí porque vim morar aqui no Rio — ocultou a parte de fugir de ex-marido louco.
― Ok… Você mora do Alemão, não é? ― suspirou, fazendo cara de nojo. A ruiva guardou a caneta
azul no potinho em cima na mesa e olhou mais uma vez para Alexandra ― Entraremos em contato com
você, boa sorte.
Alexandra se levantou da cadeira, apertou as mãos dela e saiu triste da sala. Sabia que a mulher
nunca ligaria e que teria que continuar a entregar currículos pela cidade.
Tinha uma semana desde que tinha visto Guilherme, não foi atrás dele, muito menos saiu na rua.
Não queria correr o risco de dar de cara com o homem. Sentia uma saudade insana dele, era como se
faltasse algo em sua vida, como se nada fizesse sentido. Mas ela tinha que seguir em frente. Caveira
deveria ter uma mulher. Ela não sabia se isso era verdade, porém ela já desconfiava que sim. Resolveu se
afastar logo, assim não teria o coração partido outra vez. Rodrigo já havia feito o suficiente para uma vida
inteira. Se ela conseguisse esse emprego, iria para outro lugar. Alugaria uma casinha pequena e viveria
sua vida. Não precisava de homem para nada. Tinha que dar tudo certo, tinha que ter fé.
Quando chegou ao morro, a loira tinha em seu rosto a pasta de currículos, cobrindo o sol das três
horas estava rachando o couro de tão quente. Sabia que seu rosto estava vermelho e seu cabelo oleoso
pelo suor. Queria desesperadamente tomar um banho. Suspirou, passando pela boca, e seguiu seu
caminho, mas parou ao ouvir a voz grossa chamando-a e fazendo todo seu corpo tremer.
― Onde estava? ― Guilherme perguntou, com a voz neutra. Alexandra sentiu cada polegada do seu
corpo se arrepiar com o olhar que ele lançava sobre ela. Olhou ao redor. Não tinha ninguém na rua,
apenas alguns meninos no movimento da porta boca, fumando maconha.
― Não é da sua conta! ― ela reclamou, virando e seguindo o caminho de sua casa. Tinha que cortar
os laços com ele e isso implicava não conversar com ele, nem ficar perto dele.
Um arrepio subiu seu pequeno corpo quando sentiu mãos fortes e grandes segurarem forte sua
cintura, apertando suas costas no peito largo do homem.
― Deve sim, Alexandra. Quantas vezes terei que te dizer que você é minha? ― ele beijou seu
pescoço, fazendo surgir um arrepio gostoso em seu corpo ― Ou eu terei que te mostrar? — sua voz era
tão sexy que Alexandra suspirava a cada palavrada dita por ele.
― Por favor, me solta… ― ela sentia a urgência em sua voz. Se ele não a soltasse, pularia nele e eles
transariam no meio da rua.
― Gostosa… ― virou-a de frente e logo em seguida a beijou desesperadamente.
Ele colou seu corpo junto ao dela. Suas mãos desceram para a bunda dela, apertando-a. Alexandra
podia sentir o mastro duro dele em sua barriga. Imediatamente, ela ficou molhada e o amaldiçoou
mentalmente. Por que ele tinha que ser tão gostoso? Porque não podia ser um velho barrigudo e baixinho,
em vez desse monumento de homem? Eles se separaram com leves selinhos.
― Não podemos fazer isso aqui na rua, Guilherme ― ela sussurrou, aflita, ainda agarrada a ele.
― Quem disse? Eu sou dono dessa porra, eu faço o que quiser! ― exclamou, risonho, com a testa
grudada na dela. Ela estava linda, com o rosto corado e os lábios vermelhos pelos beijos.
― E se alguém… ― não terminou de falar.
― Foda-se! Para de pensar nisso, você é minha, nada mais importa! ― disse, beijando outra vez seus
lábios.
― Nem sua filha? ― ela soltou a resposta, afastando-se dele. Caveira a olhava, ainda digerindo
aquilo. Perguntou-se mentalmente como ela tinha descoberto sobre Manuela, mas ainda não era hora.
Tinha que protegê-la de Rodrigo, porém não poderia fazer isso se não estivesse por perto. ― O quê? Não
vai dizer que achou que eu não sabia dela, não é?
Guilherme cruzou os braços, revirando os olhos.
― Eu nunca a escondi de você ― respondeu, porque isso era verdade.
― Mas você nunca me disse! ― ralhou, irritada.
― Você nunca perguntou ― bufou.
― Você tinha que ter me falado! ― rebateu.
Eles ficaram em silêncio por alguns segundos, encarando-se.
― Aí, patrão… Dodô tá com problemas ― um homem apareceu atrás deles, com uma arma em mãos
e um olhar desesperado.
― Já é! ― Guilherme olhou para Alexandra e suspirou, tentando controlar seus nervos ― Mais tarde
a gente conversa.
Ele a beijou nos lábios e saiu na direção que o homem tinha aparecido minutos antes. Sentindo-se
derrotada, a loira seguiu seu caminho, ignorando o olhar dos moleques na boca, que presenciaram a
pequena discussão do casal.

Uma semana depois.


Rodrigo sorriu para a imagem no celular, sua coelhinha estava mais linda do que se lembrava e
parecia uma mulher. Parecia mais gordinha e seus cabelos estavam batendo na cintura. Lambeu os lábios,
saboreando-se com a imagem. Era só questão de tempo para pôr as mãos nela. Tinha que tê-la sob seu
olhar.
Ele ainda se lembrava da primeira vez em que a viu, com um vestido florido e cabelos presos em um
rabo de cavalo, ela vendia frutas na feira da cidade junto com seu pai. Sorria para cada cliente, e
imediatamente ele a quis. O que depois não foi difícil. O pai dela fora um grande filho da puta, quando
ofereceu a própria filha para pagar sua dívida com Rodrigo. Ele estava encantado pela garota. Não tardou
a se casar com ela. A menina era prendada e fazia de tudo para ser uma boa esposa.
Ele queria sua coelhinha de volta. Alexandra era dele e ninguém podia tocá-la. Quem o fizesse seria
um homem morto, certificar-se-ia disso.
― Rodrigo? ― David chamou, na porta do quarto do seu apartamento. O delegado tinha ido ao Rio
fazia algumas semanas, apenas para adiantar as coisas.
― Tem notícias, David? ― perguntou, ainda olhando para a imagem de ex-mulher no celular.
― Parece que a garota está trabalhando em um restaurante aqui na zona sul… ― comentou,
cruzando os braços. Se ele não tivesse dívida com Rodrigo, com certeza o mandaria para casa do caralho
e esqueceria tudo aquilo. A menina estava tentando seguir a vida longe das agressões e lutas que tinha ao
lado dele. Mas não era tão simples assim, senão ele mesmo já teria metido uma bala na cabeça daquele
desgraçado.
― Isso é bom… ― disse, com um olhar maligno ― Que horas ela sai do serviço? — perguntou.
― Umas onze da noite, mas não é tão fácil assim… Ela tem sido escoltada por traficantes todos os
dias, tenho notando um carro preto em frente ao local, que só vai embora quando ela também vai. Percebi
que nem ela mesma sabe que tem alguém a seguindo ― ele falou, tomando fôlego.
― O dono do morro? ― Rodrigo perguntou, com a sobrancelha arqueada.
― Parece que sim ― David reprimiu a vontade de socar Rodrigo. ― E, se ela estiver sobre a
proteção dele, podemos arranjar problemas com a Facção. — respondeu, vendo o homem ficar pensativo.
― Liandra vai ter que se virar, se não a bastada vai sofrer! ― exclamou sorrindo com ares de
psicopata.
David engoliu seco saindo dali. Tinha que dar um jeito de parar Rodrigo. O homem estava louco.

Capítulo 15
Um pequeno pontinho.

Alexandra suspirou, tentando controlar seu mal-estar, fazia algumas semanas que sentia essa
sensação estranha em seu corpo. Vômitos e náuseas viraram sua cabeça para baixo. Jogou um pouco de
água no rosto, olhando-se no espelho, angustiada. Não queria acreditar no que sua mente a todo momento
dizia. Ela havia se prevenido todas as vezes em que tinha tido transado com Guilherme, não era possível
que estivesse grávida. Ela tivera muitas cólicas e, por esse motivo, passou a tomar regulamente o
anticoncepcional. Aqueles sintomas a estavam assustando, não poderia ter um filho naquele momento.
Céus! Vinícius tinha acabado de fazer quatro anos, não tinha condições de ter outro bebê agora.
― Ale? ― a loira ouviu a voz de Mayara, sua colega de trabalho.
A menina era novinha e tinha acabado de conseguir o emprego ali. Alexandra estava a ajudado a se
adaptar. A garota era bem desastrada e tagarela, mas se esforçava para aprender. Era uma menina meiga
e sorridente e, como ela mesma, não gostava de falar muito da família.
Alexandra suspirou e abriu a porta do banheiro dos funcionários. Mayara era gordinha, mas isso não
a impedia de ser linda com seus cabelões cacheados. Era uma beldade. Tinha alguns clientes que a
repudiavam porque a garota era fora do padrão do restaurante: magra.
― Sandra está uma fera com você, e tem um cliente chato exigindo que você o atenda!
Alexandra suspirou revirando os olhos.
― Por que ela não o atende? Não tem só nós duas de garçonetes! ― exclamou.
― Você sabe como ela é, a vadia acha que só porque dá para Ruben é dona do restaurante ―
Mayara reclamou, com um olhar angustiado.
― Certo, vamos! Ou aquela bruxa vai vir aqui ver se nós não morremos ― a loira brincou, tentando
controlar sua náusea.
Aqueles enjoos a tiravam do sério. Teria que ir ao hospital ou comprar um teste de gravidez mais
tarde. E, se estivesse grávida, teria que tomar uma atitude drástica e procurar Guilherme.
― Senhor Ruben está osso, hoje. Parece que Sandra não está o satisfazendo mais ― Mayara sorriu.
― Então vamos logo, porque preciso do emprego ― disse, saindo do local.
O restaurante era um lugar de alto padrão, tudo do bom e do melhor. Dos lustres até as mesas.
Lindo. O salário não era grande coisa, mas as gorjetas eram ótimas e isso era o que mais motivava
Alexandra. Fazia exatamente dois meses que estava trabalhando no local, nem se lembrava de que havia
entregado currículos ali, mas ficou grata de ter conseguido a vaga.
Não tinha visto mais Guilherme. Ele aparecia algumas vezes, eles transavam e depois ele ia embora.
Seu coração se apertava porque sabia que ele só a usava. Ela tinha raiva de si porque todas as vezes em
que ele a procurava, ela não conseguia o negar.
Era como um ímã. Bastava ele chegar perto que ela já estava pronta para recebê-lo. Sabia que
aquilo estava indo longe demais e tinha medo de já estar totalmente apaixonada por ele.
Quando o expediente chego ao fim, ela suspirou aliviada. Estava com as costas doloridas e os enjoos
já a irritavam. Quase vomitou nos sapatos de Ruben, se não fosse por Mayara que a ajudou. O perfume do
homem a fez embrulhar o estômago.
― Até amanhã, Ale! ― Mayara sorriu para ela, depedindo-se.
― Até amanhã, May… ― murmurou com um bocejo, em função do cansaço exagerado que sentia
durante aqueles dias.
Quando chegou no Morro, tratou logo de buscar Vinícius na menina que cuidava dele. Ela
trabalhava das quatro da tarde até as onze da noite, então teve que pagar alguém para ficar com o filho.
Carregava o menino no colo, ele dormia aconchegado nos ombros da mãe.
― Esse serviço seu está te cansando muito, né?
Não se assustou quando notou Eduarda em sua frente, com uma bolsa azul. Sabia que ela também
estava chegando do serviço.
― Pois é, alguém tem que trabalhar, não é? ― disse, tirando as chaves de dentro da bolsa ― Essa
não é a sua rua, por que está aqui? — Alexandra foi direta.
― Queria conversar com você ― ela murmurou, colando uma mecha de cabelo atrás da orelha. ―
Posso entrar? — Perguntou, sob o olhar indignando de Alexandra.
― Claro ― sorriu, sem graça. ― Por que não?
A loira deu passagem para a morena entrar e logo se apressou a colocar Vinícius na cama, selando
um beijo carinhoso em sua testa. Quando retornou para a sala, encontrou a mulher olhando algumas fotos
suas com seu filho, que se encontravam na raque.
― Seu filho é lindo, se parece com você ― ela comentou, analisando a garota de cima a baixo.
― Então, sobre o que queria falar? ― perguntou, querendo que a mulher saísse logo dali. Não tinha
gostado dela. Sentia o deboche escorrendo pela boca de Duda. Víbora, foi o que ela pensou, olhando no
fundo dos olhos dela.
― É sobre Caveira ― respondeu.
― O que tem ele? ― perguntou, não gostando daquela conversa.
― Na verdade, nem é sobre ele, exatamente ― A morena suspirou, controlando seu coração, ela não
era do todo ruim. Justa. Ela se considerava justa. Não achava certo o que sua irmã fazia com Caveira, ele
merecia muito mais do Liandra oferecia. Sua irmã era dissimulada e mentirosa, não media forças para
conseguir o que queria. ― É sobre a mulher do Caveira…
Mesmo já sabendo que aquilo uma hora chegaria em seus ouvidos, não soube controlar a dor que
sentia em seu coração. Segurou as lágrimas, consternada com o olhar de pena que a mulher direcionava a
ela.
― Eu não quero saber! ― bravejou, secando com as mãos as lágrimas teimosas.
― Mas você precisa saber, não porque eu goste de você, mas, sim, pela injustiça que está preste a
acontecer com você! ― a morena exclamou, exaltada pela burrice da garota.
― O que? Saber que a todo instante eu só fui usada por ele? ― riu, sarcástica ― Muito obrigada,
minha vida já está bem ferrada…
― Rodrigo… ― Eduarda não se lembrava muito bem do pai de Manuela, mas quando acidentalmente
ouviu a conversa de sua irmã com Raíssa, Eduarda soube que o passado estava voltado com força total.
Alexandra não sabia o que responder. Estava assustada demais para formular uma frase concreta.
― Rodrigo? ― sussurrou, abismada.
― Sim, e você precisa sair daqui urgente. Liandra pretende entregar você para ele. Olha, eu sei que
na maioria das vezes eu fui uma vadia com você, mas eu não sou injusta com as pessoas. Eu sei que você é
sozinha no mundo e tem seu filho para criar. Não acho certo o que ela pretende fazer!
― Mas como você sabe de tudo isso? ― Alexandra perguntou, analisando a mulher.
― Eu tenho meus meios… Mas então, você quer ajuda para sair daqui e fugir desse desgraçado? ―
Eduarda não sabia muito bem o porquê de querer ajudá-la, porém estava seguindo seu coração. Achava
que era o certo e assim estava fazendo.
― Eu não sei… ― Alexandra ainda chorava. Estava chocada demais para dar uma resposta. ― Quem
me garante que você não está armando para mim, e não é você mesma que vai me entregar para o
Rodrigo? — Desconfiou.
― E porque eu faria isso, se o que mais quero é foder a vida de Liandra?
― Eu preciso pensar! ― A loira murmurou, ainda assustada com toda aquela situação.
― Pense logo ou Liandra vai ferrar com você! ― Eduarda jogou sua bolsa nos ombros, indo até a
porta. Antes, no entanto, parou e olhou para a loira que ainda estava atordoada com tudo. ― Ah! Ela já
sabe que você é a amante do Caveira. Liandra é bem vingativa quando quer, só um avisinho básico…
E então saiu da casa, abandonando a loira abismada.

***
― Eu já disse que irei entregar a garota! ― Liandra gritou, apertando fortemente o celular.
― Índia, Índia… Você está demorando muito e minha paciência está no limite! ― Rodrigo exclamou.
― Você acha que é assim tão fácil? A desgraçada está sendo escoltada por soldados! ― sentia cada
polegada do seu corpo tremer de medo ― Me dá mais alguns dias? — Implorou.
― Acabou o tempo, Liandra, te dou três dias… ― ele riu com sarcasmo ― Ou nossa princesinha vai
sofrer, quando ver que sua vida foi tão mentirosa como sua mãe! ― então desligou em sua cara.
― E então, amiga? ― Raíssa perguntou, olhando para amiga que se derramava em lágrimas.
― Ele quer me destruir, amiga… Tenho que entregar logo essa vadia! ― passou as mãos
nervosamente pelos cabelos.
― Então terá que ser nessa semana… Eu vou falar com Jonas, ele que está ajudando a escoltar a
vadia… Ele vai ajudar, amiga! Tenho certeza.
― Droga! Por que isso está acontecendo comigo? ― jogou-se na cama, perdendo as forças, enquanto
Raíssa acariciava levemente seus cabelos.
― Vai dar tudo certo, você vai ver… É só entregar a garota, o que acontecer depois não é problema
nosso.
A atenção das duas foi direcionada para a porta. Assim que Caveira entrou, ele tinha o semblante
raivoso. Podia-se ver que ele estava se controlando.
― Amor, o que está… ― nem pôde terminar de perguntar nada. Raíssa também se encontrava
aterrorizada com o olhar do homem e, por esse motivo, calada estava, calada ficou.
― Onde está Alexandra? Se não me falar, vou esquecer que temos uma filha. Eu vou acabar com
você, sua vadia mentirosa!
― O quê? Eu não sei do está falando! ― Exclamou, consternada.

Capítulo 16
Bebê a caminho.

Ela olhou mais uma vez para o teste de gravidez, e, mesmo que havia muito já soubesse da notícia,
ainda era muito assustador. De longe, ela visualizou Vinícius correndo pela praia, brincando na areia com
o baldinho que ela deu a ele de presente algumas semanas antes. Era sua folga e decidiu ir à praia com
ele.
Suspirou. Como ela contaria para um homem casado que estava esperando um filho dele? Sentiu as
lágrimas saírem de seus olhos azuis. A vida já estava tão difícil para ela, e então estava grávida de um
traficante perigoso. Mesmo que ela sentisse algo muito forte por ele, ela não sabia se era o certo. Que
exemplo aquela criança teria se tivesse uma mãe como ela e um pai assim? Era muita coisa para suportar,
estava quase desistindo de tudo.
A praia àquela hora estava bem cheia, com algumas pessoas ao seu redor, alheios a qualquer coisa,
felizes, gostando daquele sol de final de tarde. Apertou o teste entre os dedos. Tinha feito mais de dez
testes, alguns de marcas diferentes, e todos eles deram positivo. Estava tão assustada. E se Guilherme
não aceitasse? E se a mandasse embora? Ela ficaria outra vez sozinha no mundo, com um filho na barriga
para criar, assim como foi com Vinícius.
Não suportaria ser rejeitada outra vez.
Ela sorriu para a criança, assim que ele veio correndo em sua direção, com o short vermelho cheio
de areia e os cabelos iguais aos dela: sujos.
― Mamãe! ― Gritou, com um grande sorriso, e se jogou em seus braços ― eu fiz um grande castelo
para a senhora!
― Mas que castelo lindo, meu amor! ― respondeu, olhando o grande monte de areia que ele havia
juntado.
Alexandra riu e apertou seu filho em seus braços. Só Deus sabia o quanto ela o amava, ele tinha sido
sua salvação durante aqueles anos. Vinícius era que precisou para seguir em frente quando sofreu tudo
aquilo nas mãos de Rodrigo.
Eduarda tinha sugerido que ela fosse embora. Estava tentada a ir, mas isso foi antes de descobrir
que estava grávida de Caveira. Ele era o pai, e isso ninguém poderia mudar. Ainda estava tentando se
acostumar com a ideia para contá-lo sobre o bebê. Claro que ela contaria, independentemente de tudo, ele
tinha o direito. Não seria uma otária a ponto de ir embora sem contar para Caveira que ele seria pai outra
vez.
Sentiu a tristeza tomar conta do seu coração que havia muito era tão machucado. Ele tinha família,
e aquilo era doentio. Estava destruindo um lar, faria o que sua mãe fez anos antes, quando transou com
seu marido em sua cama. Sabia que sua mãe era uma vadia, mas dormir com genro era muita maldade.
Naquela noite, Alexandra soube o que era ódio sentiu na pele o que era uma traição. Felícia Motta não se
contentava com o que tinha e queria muito mais, mesmo que para isso precisasse se deitar com o marido
delegado da filha.
Enxugou as lágrimas e se levantou, mesmo que fosse errado. Aquela criança não tinha culpa de
nada e, acima de tudo, merecia saber quem era seu pai, mesmo que ele fosse um traficante perigoso igual
Caveira. Estava decidida contaria naquele mesmo dia que estava grávida dele. Se ele não aceitasse, faria
o mesmo que fez quando contou a Rodrigo que estava grávida: pegaria suas coisas e começaria outra vez,
agora com mais um acompanhante.
― Vamos, querido! ― ela pegou nas pequenas mãos de Vinícius, carregando na outra os brinquedos
e coisas que ela havia levado.

***

Guilherme virou o morro de cima a baixo atrás de sua loira. O desespero tomou conta de si assim
que passou das seis da tarde e não a encontrou. Até cogitou a ideia de que Liandra fizera algo para sua
loira. Quase a agrediu, não fosse por Manuela, que entrou na briga para socorrer a mãe. Estava tão
desesperado que, só de pensar que não veria nunca mais sua mulher, ficava nervoso, com muito ódio e
com uma vontade louca de libertar o antigo Caveira. Passou as mãos na cabeça, irritado, limpando o suor
que descia.
― Ai, Pai! ― Dodô chamou, ainda sentado no sofá da casa de Alexandra. Estava ali havia algumas
horas ― É melhor tu meter o pé, talvez ela nem volte mais e…
Não terminou a frase. Assim que olhou para porta, Alexandra entrou franzindo a testa, estranhando
aqueles homens na sua sala. Guilherme se levantou, indo em sua direção e a abraçando tão forte que
quase ficou sem ar. Quando sentiu seu corpo outra vez junto ao seu Guilherme, ficou tão aliviada que
quase chorou de felicidade. Ele nem acreditava que ela ainda estava ali, ela não tinha o abandonado. Sua
loira estava ali, e ele não a deixaria sair de sua vista nunca mais.
― O que está acontecendo aqui? ― Alexandra perguntou, assim que Guilherme a soltou, ainda
mantendo suas mãos em sua cintura.
― Onde estava, loira? ― Caveira perguntou.
― Estava na praia com meu filho ― respondeu, como se fosse a coisa mais óbvia, revirando os olhos.
Dodô sentiu que aquela conversa seria tensa, então logo se despediu de seu pai e saiu pela porta,
deixando os dois sozinhos.
― Pensei que tivesse ido embora ― ele murmurou, aflito.
― Por que eu iria embora? ― ela rebateu.
― Por causa de Liandra…
― Sua mulher? É, eu deveria ir mesmo ― ela suspirou, soltando as mãos dele de sua cintura e
pegando Vinícius, que já estava sonolento, levando-o para o banheiro ― Mas já não posso mais ir embora.
Caveira franziu a sobrancelha com as palavras dela e esperou pacientemente que ela cuidasse do
filho e o colocasse para dormir. Alexandra aproveitou para tomar um banho e se preparar mentalmente
para a conversa que teria com o homem sentando na sala. Ter um filho, juntos, não estava nos seus
planos, contudo agora havia de arcar com as consequências.
Assim que ficou cara a cara com Guilherme, sentiu a vontade de chorar e o medo da rejeição se
apossarem de seu corpo.
― Eu… Eu não sei como te contar isso… ― ela começou, ainda acanhada. Ele não estava
entendendo nada, mas manteve sua expressão, esperando a mulher falar o que quer que fosse que estava
a deixando assim.
― Estou esperando, Alexandra ― ele disse, cruzando os braços e fechando as feições do rosto.
― Eu não sei como isso aconteceu, mas já está aqui… Eu tomei a devidas providências para que isso
não acontecesse, só que não deu muito certo, apesar de saber que isso é muito errado. Deus, Guilherme,
você é casado… Estou me sentindo mal por isso…
Guilherme revirou os olhos, interrompendo-a.
― Mas que porra, Alexandra, diga logo que caralhos está acontecendo! ― Sabia que, se não a
interrompesse, ela passaria a noite dando motivos para o que viria a dizer.
― Estou grávida ― ela murmurou, fechando os olhos. Não queria ver a reação dele, ― Estou
esperando um filho seu…

Capítulo 17
Meu eu em você.
― Tem certeza? ― Ele perguntou.
Ela ainda estava de olhos fechados, temia por sua reação. Nem ao menos respirava direito. Deus!
Iria rejeitá-la e voltar par a mulherzinha dele. Ele a deixaria ali, com o coração partido outra vez.
― Tenho, Guilherme, absoluta…
Antes mesmo que pudesse pensar no que tinha acabado de dizer, seu corpo foi invadido por uma
sensação indescritível. Ele a puxou desesperadamente para um beijo. Alexandra ainda de olhos fechados,
já sentiu uma imensa excitação a invadir. Estava de olhos fechados, mas sentira o sabor das lágrimas dele
se misturando com o beijo desesperado que trocavam. Ela passou as mãos envolta do pescoço dele,
alimentando ainda mais a volúpia daquele beijo. Guilherme estava em um misto de sentimentos que não
conseguia formular frase alguma. Seu coração estava tão acelerado que acreditava Alexandra poderia
ouvi-lo. Aquele sentimento era totalmente maravilhoso.
Ele a apertava contra seu corpo, e a loira já podia sentir a excitação em sua barriga. Ofegantes,
separaram-se em busca de ar. Finalmente sem medo, Alexandra abrira os olhos azuis, deparando-se com
os deles, que brilhavam pelas lágrimas. Isso causou nela um coração acelerado e um choque por todo o
corpo. Ele a analisava a face dela: seus olhos brilhavam, aquilo havia enchido o coração da loira. Seus
pensamentos não foram muito longe, desaparecendo assim que ele a tomou em outro beijo ardente.
A mão dele começou a percorrer sua cintura para cima e para baixo, indo rapidamente para sua
bunda e a apertando fortemente. Alexandra suspirou e se deixou levar pelas sensações que ele a fazia
sentir. A única coisa que ela queria, naquele momento, era ser possuída por aquele homem. Ela arqueou o
corpo ao sentir o aperto forte que ele dera em sua bunda. Alexandra quase riu da cara safada que ele fez
quando ela soltou um gemido sôfrego. De todos os olhares dele, aquele, com certeza, era o preferido dela.
― Eu te quero.
O corpo de Alexandra se arrepiou com o sussurro em seu ouvido. Segurava a camisa vermelha dele,
já sentido sua boceta toda molhada por aquele homem. Ela também o queria, muito. Sentiu as mãos
abusadas dele adentrarem sua camiseta, e os dedos quentes tocando sua pele fizeram seu corpo
estremecer. Não sabia o porquê, mas daquela vez as coisas estavam intensas demais, e aquilo encheu o
coração de ambos. Já não era mais sexo que faziam. Aquilo era amor, não poderiam mais negar o óbvio.
Alexandra outra vez foi em busca dos lábios de Caveira, que logo desceram assanhadamente para o
colo de seus seios. Ele rapidamente a correspondeu, segurando suas pernas e a erguendo em seu colo.
― Você é mais minha agora do que nunca… ― ele murmurou em seu ouvido, assim que a colocou na
cama.
A mulher se estremeceu toda, sentia como se seu corpo começasse a entrar em chamas. Ela subiu as
mãos delicadas sobre a barriga bem definida dele, arranhando-o e o marcando profundamente com suas
unhas. Guilherme arfou contra sua pele, passando a língua áspera por entre o vale dos seios de Alexandra.
Ambos já não se encontravam vestidos, em algum momento entre a sala e o quarto, haviam se desfeito de
suas roupas, chegando à cama totalmente nus.
― Guilherme… ― ela gemeu. Quando sentiu os lábios do homem tomarem um de seus seios em sua
boca, chupando com ânsia, arqueou o corpo levemente na cama, sentindo-o esfregar seu pau em sua
boceta molhada.
― Sim? ― ele perguntou, depois de soltar seu seio que já estava excitado pelo prazer. Subiu as mãos
pelas coxas torneadas da loira. Ela era tão gostosa que não acreditava ainda que era sua. Não resistiu e
subiu mais as mãos, apertando com gosto a carne macia da mulher, beijando seu pescoço, que já estava
vermelho ― Eu senti sua falta… — murmurou.
― Eu também, Guilherme ― queria negar, mas não conseguiu. Também havia sentido falta dele.
Alexandra sentiu os dedos longos massagearem seu clitóris sensível, deixando-a mais quente o que
de costume. Aquele homem era uma máquina do sexo, nunca se cansaria dele. Ela tentava se conter em
seus gemidos, indecentes e sensuais ao ver de Guilherme. Já podia sentir bem como lubrificava os dedos
dele com seu próprio desejo. Estar com ele ali era assustadoramente delicioso, Guilherme estava a
transformando em uma depravada pervertida. Fechou os olhos quando sentiu seus dedos brincarem com
seu íntimo, em um vai e vem gostoso. Ele a estava torturando.
― Está gostoso, minha loira? ― perguntou, com uma voz safada, e a olhou diretamente nos olhos,
analisando suas expressões, não deixando de lado seu sorriso arrogante. Ficar tanto tempo sem tê-la o
deixou sedento pelo seu corpo tão feminino e delicado. Tirou os dedos levemente do interior dela, levando-
os até os lábios para se satisfazer com o gostinho indecente da loira.
― Sim… ― ela enfim o respondeu, vendo-o lamber os dedos com sua paixão.
Caveira foi breve em se posicionar melhor entre as pernas de sua mulher, mantendo a mão canhota
em sua cintura. Foi suficiente para lambuzar os lábios íntimos dela com seu membro rígido que babava e
ansiava por ela outra vez. Causou arrepios e espasmos pelo corpo de Alexandra.
― Você é minha ― ele sussurrou ao pé de seu ouvido, mantendo a mão em sua cintura a mantendo
no lugar. Deslizou para fenda tão molhada dela e a viu fechar os olhos, porém ele queria vê-la quando ele
mais uma vez a possuísse. Queria ver os olhos da mulher brilharem em êxtase assim que chegasse ao
ápice ― Não feche os olhos, loira… — Falou socando, tão fundo seu pau que ela podia o sentir no limite de
seu ventre.
Alexandra o obedeceu em meio aos gemidos ele investia sobre ela, ora rápido, ora fraco, deliciando-
se com sua boceta apertada. Guilherme sabia a satisfazer como ninguém. Nunca se cansaria dele, ele era
dela…
Quando estava em êxtase nos braços dele, ela via todos seus problemas desaparecem com magicar,
só existia ele. Apenas ele.
― Oh… Eu amo você ― ele sussurrou entre os gemidos sofridos que soltava. Alexandra sentiu seu
coração bater tão rápido que usou os dedos para puxar a cabeça de Guilherme e o obrigou, com
autoridade, a olhar diretamente em seus olhos. Eram tão luxuriosos que ela se perdia completamente em
prazer. Ele não se abalou e nem quis mais negar o que sentia ― Eu amo você, Alexandra.
Alexandra sentiu seu coração querer sair pela boca. Deus! Ele a amava. Guilherme a amava e estava
se declarando para ela. Sentiu a vontade de chorar a atingir.
Ele deu mais algumas investidas e enfim chegaram ao ápice, deixando apenas no ar a respiração
descompassada do dois. O homem ainda a mantinha sobre seu domínio, presa entre seus braços, com seu
membro firme dentro dela.
― Eu sei… Você não é obrigada a me amar, loira, mas eu te amo e isso não vai mudar… Eu… ― ele
não terminou.
Ela o beijou, Não seria ignorante consigo mesma. A quem ela queria enganar todo aquele tempo?
Ela o amou desde a primeira vez em que o viu, ela amou assim que ele a tomou nos braços quando se
sentiu desamparada.
― Eu também te amo, Guilherme… ― ela ponderou suas palavras ao se deparar com o olhar devoto
dele sobre si. ― Acho que desde o início eu te amei.
Ele não poderia estrar mais feliz, finalmente seu amor estava sendo correspondido.
― Eu vou resolver isso, meu amor, e logo poderemos ficar juntos ― saiu de dentro dela, jogando-se
ao seu lado na cama e não escondendo dela seu sorriso satisfeito. ― Logo poderemos ficar nós todos
juntos.
Ele a beijou ternamente na testa, passando as mãos em sua barriga que ainda não dava indícios da
gravidez. Estava tão feliz tanto que não disfarçava. Seria pai, e sua loira era mãe do seu filho. Não poderia
querer nada melhor que isso. Naquela manhã de sábado, Guilherme podia sentir o corpo de Alexandra
sobre o seu. Estava feliz.
Quando seu celular tocou por algum lugar do quarto, cogitou não atender, mas a insistência da
ligação o fez levantar da cama, com cuidado para não acordar sua loira, que dormia. Encontrou seu
celular jogando no meios das roupas dos dois, no corredor, e quase riu da cena, porém fechou a cara
assim que viu quem era que estava ligando àquela hora da manhã.
― O que você quer, Liandra? ― ele foi grosso.
― Caveira… A Manuela, ela… ― sua voz era chorosa e desesperada, deixando-o aflito. ― Ela sumiu.
Por favor, venha rápido, eu não sei o que fazer!
Toda sua felicidade se esvaiu como água. Sua filha? Sentiu o desespero tomar conta de si.

Capítulo 18
Onde ela está?

Manuela segurou as lágrimas. Ainda não acreditara no que tinha acontecido horas antes. Como sua
mãe pôde fazer isso? Como pôde mentir para ela daquela maneira? Seu pai não era seu pai? Toda sua vida
tinha sido uma mentira. Ela queria gritar, queria bater em alguém, queria extravasar toda a sua raiva.
“Eles vão descobrir que Manuela não é filha do Guilherme, amiga!”. Ela ainda podia ouvir a voz de
sua mãe quando conversava com Raíssa, queria a confrontar e saber se aquilo realmente era real ou se
fora coisa de sua cabeça.
Ainda enxugando as lágrimas, ela olhou para pessoas que estavam àquela hora no ônibus. Fitavam-
na com pena. Manu deu sinal e desceu do ônibus, estava sem direção, apenas queria sumir e de esquecer
de tudo que tinha ouvido.
Manuela não é filha de Guilherme.
Deus, como aquilo doía. Por que sua mãe foi tão cruel? Seu pai não merecia aquilo, ele era um
homem carente. Manuela sabia que Caveira ansiava por ter uma família para chamar de dele. No final das
contas, ele sempre esteve certo. Sua mãe era uma dissimulada mentirosa. Andou até a praia, já estava
anoitecendo, não tinha muitas pessoas àquela hora e, ali, de frente para o mar azul, ela se deixou chorar.
Seu pai ficaria uma fera, e provavelmente sua mãe iria para o forno se ele soubesse daquilo. Estava entre
a cruz e a espada. Chorou tanto que estaria desidratada se não parasse logo.
Quando se deu por si, já estava escuro e já não tinha mais ninguém na praia àquela hora. Voltaria
para casa e confrontaria sua mãe sobre aquele assunto. Mesmo que se magoasse, ela teria que ser forte.
Não só por ela, mas por seu pai também, que na realidade nunca fora seu pai. Aquilo doeu no coração.
Andou até o ponto de ônibus para pegar sua condução. Viu uma movimentação estranha no local,
então parou e observou alguns homens saírem de um carro prata de vidro fumê irem em sua direção. Não
sabia o que tinha acontecido, mas sua mente gritou corra, e foi isso o que fez. Correu por alguns metros,
porém não muito longe sentiu alguém a jogar no chão e agarrar pelos cabelos.
― Paradinha aí, vadia!
― Me soltem! ― Manuela gritou assustada, tentando a todo custo sair dos braços do homem
estranho.
Já era tarde e não tinha ninguém na rua. David olhava seus capangas carregarem a menina para
dentro do carro. Suspirou, triste. Como Rodrigo fazia aquilo com a própria filha? Ele só o ajudava porque
sua família estava na mira do delegado. Se não fizesse, sua própria filha estaria morta.
― Calada, garota! ― o homem apontou o revólver em sua cabeça, assustando-a completamente ―
Ou você vai virar presunto.
Ela se calou, observando os outros homens entrarem no carro e darem partida, sumindo dali. Queria
gritar. Mas que merda de vida era aquela. Em um dia, havia sido completamente destruída. Primeiro por
sua mãe, e então por aqueles loucos que a levavam para Deus sabe onde.
Como ela queria seu pai naquele momento.

***

Douglas socou a parede pela quarta vez. Sua morena tinha sumido, e ele não sabia a onde procurá-
la, sequer por onde começar. Seu celular estava dando apenas na caixa postal. Estava tão desesperado
que faria qualquer coisa para ter alguma pista dela.
― Liandra, como isso foi acontecer? ― ele gritou para a mulher, que chorava no canto da sala, sendo
consolada por Raíssa.
― Eu não sei! Ela gritou comigo e saiu correndo, eu tentei falar com ela, mas ela não me ouviu! ―
Liandra respondeu, com a voz chorosa.
― Porra! ― Dodô passou as mãos pela cabeça, totalmente sem chão. Alguém poderia estar fazendo
algo ruim com sua garota, e aquilo o assustou tanto que estava tentado a chorar.
Já a muito tinha admitido para si mesmo que estava loucamente apaixonado por sua sobrinha, ainda
que soubesse que aquele sentimento era proibido. Passava as noites em claro pensando nela, desejando-a
e, principalmente, controlando-se para não matar Juliano, o namorado dela.
― Minha filha… ― Liandra chorava, totalmente sem chão. Ela sabia que tudo aquilo era sua culpa.
Deus, que tipo de mãe ela? Se ela não tivesse omitido para todos sobre quem ela era filha, com toda a
certeza ela não estaria passando por aquilo, e sua filha estaria segura.
Eles olharam para a porta quando Caveira passou por ela, com o semblante assustado.
― Caveira… ― Lia se levantou do sofá indo em sua direção na intenção de abraçá-lo, mas, ainda
com lágrimas nos olhos, notou que ele não estava sozinho. Ao seu lado, Alexandra segurava fortemente
sua mão assustada ― O que essa mulher faz aqui, Caveira? ― gritou, fora de si.
Alexandra se sentiu pequena com o olhar que estava ganhando de todos no recinto, mas se acalmou
quando Guilherme passou as mãos em sua cintura, puxando-a para ele. A loira ainda queria saber por que
Caveira a fez ir ali. Será que ele não entendia que aquilo era uma loucura? Por Deus, ali em sua frente
eram sua mulher e sua amante. Será que ele era algum maluco?
― Ela vai ficar aqui comigo! ― respondeu, simplesmente deixando Liandra possessa de raiva.
― O quê? Mas aqui é a nossa casa, não pode trazer suas piranhas aqui! ― ela reclamou.
― Ela não é minha piranha, ela é minha mulher. E é melhor se acostumar, porque a partir de hoje
nos dois não somos mais nada um do outro!
Liandra tinha a boca aberta, Alexandra olhava Caveira totalmente atônica. Como ele tinha a cara de
pau de fazer aquilo logo naquela situação?
― Guilherme eu acho melhor nós dois… ― Alexandra tentou falar, mas ele revirou os olhos e a
interrompeu.
― Não, Alexandra. Você está esperando meu filho. Não irei correr o risco alguém te machucar com
você fora da minha vista! ― A loira estava tão vermelha que talvez desmaiasse de vergonha. Dodô olhava
seu pai com a cara emburrada, seu velho cada dia que passava ficava mais louco.
― Sua desgraçada! ― Liandra gritou, indo em direção à loira com a intenção de a agredir, mas
Caveira a interrompeu com um olhar ameaçador.
― Encoste em um fio de cabelo dela, e eu acabo com sua raça! ― a raiva estava forte em sua voz,
todos ali na sala sabiam que ele cumpriria o que estava prometendo.
― Como você pôde fazer isso com a gente? ― ela chorou.
― A gente nunca existiu Liandra, pare de show e aceite! ― então ele puxou a loira, que estava
assustada demais para falar qualquer coisa, e passou pela ex-mulher, que mantinha o olhar de ódio sobre
eles.
― O que aconteceu, Douglas? ― Caveira perguntou, tirando toda a atenção que estava em sua loira
transformando a sala novamente em um lugar mórbido.
― A última vez em que ela foi vista foi na praia! Jonas disse que algumas pessoas viram um carro
prata parar perto do ponto de ônibus e pegarem uma garota que a referência bate com Manuela! ― Dodô
o respondeu.
― Porra! Já mandou alguém averiguar se isso é verdade? ― o pai da menina perguntou, ainda com
as mãos apertando fortemente a cintura de Alexandra.
― Sim, é ela, eu tenho certeza ― Douglas disse tentado controlar suas atitudes com seu irmão. Não
seria nada agradável Caveira saber que ele estava apaixonado por sua filha.
As atenções de todos da sala foram para o celular de Alexandra, que tocava em seu bolso. Ainda com
vergonha, ela pegou o aparelho. Era um número desconhecido, o que chamou a atenção de Guilherme,
que a observava.
― Atenda! ― Ele mandou.
Ela colocou no viva-voz e atendeu.
― Bom dia, coelhinha! ― a loira sentiu cada polegada do seu corpo tremer assim que reconheceu a
voz do homem ― Acho que Manuela está perdida aqui.
Ele riu com deboche, deixando Alexandra e Liandra tão totalmente assustadas.

Capítulo 19
Mentira estampada na cara.

Enquanto Rodrigo olhava a garota jogada no chão sujo do galpão, desacordada, ficava surpreso com
as semelhanças entre eles: iam dos olhos castanhos até a marca de nascimento no ombro esquerdo. Claro
que ele não se importava muito com ela, e não dava mínima para o que ela acharia se descobrisse que, na
verdade ela era sua filha. A única coisa que o interessava, de fato, era ter sua coelhinha de volta.
― Ei! ― chutou Manuela, que estava meio atordoada pelas drogas que Rodrigo mandara seus
capangas darem para ela.
― Meu pai vai te matar! ― ela murmurou, com os olhos levemente fechados.
Rodrigo sorriu com escárnio. Pobre garota, nem sonhava que ele era de fato o seu progenitor. Andou
até ela, que tentou escapar, mas logo foi apanhada pelos cabelos e forçada a encará-lo.
― Seu pai não virá atrás de você, sabe por quê? ― Manuela tinha o olhar assustado, expressando
todo o seu medo pelo homem ― Porque seu pai sou eu…
Ela reprimiu a vontade de chorar, nunca o tinha visto na vida, não entendia o porquê de o homem
fazer aquilo com ela. Sentiu seus olhos encherem de lágrimas.
― Mentira! ― ela gritou, tentando se soltar do aperto em seu cabelo.
― O quê? Sua mamãezinha não contou? ― provocou.
― Mentira, você é um mentiroso!
― Liandra foi uma ótima vadia por um tempo… Mas logo a descartei… Infelizmente você veio…
― Para com isso, por favor… Você não é meu pai ― implorou, com os rostos banhados em lágrimas.
― Mas, querida, ele não é teu pai. E, mesmo que fosse, ele não poderia fazer nada contra mim! ― a
ameaça era evidente em sua voz, deixando Manuela mais oprimida.
― Mesmo assim, ele vai te matar! ― gritou, com a voz embargada pelo choro.
― Claro que não, ele não é homem o suficiente para tal façanha, mas vou adorar vê-lo tentar.
― Você é um lixo… ― Manuela foi ensinada a não temer ninguém, sempre teve a proteção do seu
pai. Acreditava com todas as forças que Guilherme iria salvá-la, e esses pensamentos a mantinham
bastante esperançosa.
― Bom, acho que agora é só pedir o resgate, o que acha? ― ele não se abalou por ser chamado de
lixo por ela. Jogou-a no chão, arrancando dela um gemido de dor.
Manuela o viu pegar o celular, no bolso da calca jeans que usava, e discar algo. Logo depois, com
um sorriso psicopata, colocou-o em seu ouvido.
― Bom dia, coelhinha! ― ele disse, assim que alguém atendeu o celular. Manuela franziu a testa.
Quem era coelhinha? ― Acho que Manuela está perdida por aqui… — riu com deboche, olhando-a por
cima dos ombros.
Liandra sentiu cada polegada do seu corpo tremer assim que reconheceu a voz de Rodrigo Fonseca
do outro lado da linha. Suas mãos tremiam e suas pernas estavam bambas. Caveira não esperou nada.
Pegou o celular das mãos de Alexandra e o colocou nos ouvidos, deixando todos da sala aflitos.
― Seu desgraçado, o que está fazendo com minha filha?! ― ele gritou.
― Não estou fazendo nada, ainda… Isso depende de você, Caveira! ― Rodrigo foi direto ao ponto ―
Eu quero minha mulher, eu quero Alexandra!
A loira mantinha o olhar assustado, aquilo tinha virado uma bola de problemas, e ela não sabia como
fazer para sair dela.
― Ela não é sua mulher, filho da puta! ― Caveira estava à beira de explodir.
― O que está acontecendo, pai? ― Dodô perguntou.
― Ela é minha mulher, sim, Caveira. De acordo com a lei, ou você acha que assinamos alguma
procuração de divórcio? ― Guilherme sentiu seu coração apertar. Sua loira ainda estava presa a ele? Ele
não deixaria que isso os separasse, Alexandra era sua mulher e teriam um filho junto. Não deixaria nada
acontecer com sua pequena família.
― Onde está minha filha? ― Guilherme o ignorou. Alexandra era sua mulher e ninguém mudaria
isso ― Onde ela está, seu filho da puta?
― Sua filha? ― Rodrigo riu.
― Sim, minha filha. Se a machucar eu irei te matar, pode escrever isso.
― Manuela não é sua filha… ― debochou. Aquilo estava mais divertido do que ele achou que seria ―
A Manhãzinha não é sua filha, aliás ela nunca foi, a garota é minha filha. Se estiver duvidando, pergunta
para Liandra que ela vai te responder direitinho.
― Do que está falando? Eu criei e dei carinho, dei meu amor… Ela é sim minha filha! ― Caveira
sabia aonde ele queria chegar. Havia anos ele sabia que Manuela não era sua filha, mas já a amava e não
tinha mais o direito de tirar o que tinha dado a Manuela desde que aceitou a criar. ― Você pode até ser
progenitor, mas quem a criou fui eu. Eu sou o pai dela, você querendo ou não! — Caveira disse, olhando
diretamente para Liandra que estava em choque.
― Olha só, então você sempre soube? Que atitude bonita… ― Rodrigo estava gostando do rumo que
as coisas estavam levando ― Ótimo, isso me poupa o tempo de explicar. Caveira, eu quero Alexandra, ou
sua filhinha morre!
― Seu desgraçado! ― Guilherme passou as mãos na cabeça, indignado.
― Você escolhe, Caveira, sua filha ou minha Alexandra! ― então Rodrigo desligou a ligação,
deixando todos do recinto com um olhar agoniado.
― E então, pai, o que esse filho da puta falou? ― Douglas perguntou.
― Ele quer Alexandra…
― Então vamos entregar! ― Liandra se pronunciou, ganhando um olhar assustado, de Alexandra, e
um de ódio, de Caveira.
― Eu deveria te matar, Liandra, isso tudo é culpa sua! ― Guilherme andou até ela, segurando
fortemente seus braços, deixando a mulher assustada . ― Se minha filha morrer, eu te mato!
― Me desculpe… ― Liandra sussurrou, aflita.
― Te desculpar? Você deveria pedir desculpa para Manuela ― ele apertou mais forte os braços dela.
― Sua vadia mentirosa, você achou que eu estava com você o tempo todo porque te amava? Estava com
você por Manuela, somente por ela. E, por sua causa, ela está passando por isso!
― Guilherme, se acalma, ficar assim não vai ajudar. Temos que pensar ― Alexandra interveio,
passando as mãos levante pelas costas dele, que imediatamente soltou Liandra.
― Me desculpa… me desculpa! ― Liandra sentou no sofá, enxugando as lágrimas.
― Ele quer você, meu amor ― Caveira disse, abraçando Alexandra ― Mas eu não vou deixar, meu
amor, pode ter certeza.
― O que faremos? ― Douglas perguntou, de certa forma, aliviado. Manuela não era filha de Caveira.
Não poderia estar mais motivado a ter sua garota de volta.

Capítulo 20
Amor de mãe.
― Está se sentindo bem? ― Guilherme perguntou, assim que Alexandra jogou privada abaixo todo o
almoço. Fazia exatamente três dias desde que Manuela estava sumida, e Rodrigo não ligara mais. Não deu
nenhum tipo de sinal, aquilo estava muito estranho. Alexandra sabia o quão traiçoeiro Rodrigo poderia
ser, ele estava aprontando algo grande, e aquilo a deixava mais nervosa que o normal.
― Claro que não, Guilherme… Esses enjoos uma hora vão me matar… ― murmurou, colando a
cabeça nos ombros largos dele, que logo fez um carinho em sua cabeleira desgrenhada ― Alguma notícia
da sua filha? — ela perguntou, levantando-se e indo até a pia escovar os dentes.
― Loira, não fique se estressando com isso, pode prejudicar meu filho ― ela revirou os olhos,
indignada ― Não faça essa cara, Alexandra — disse, e a seguiu diretamente para o quarto, vendo-a se
sentar na cama.
― Guilherme, eu estou falando sério. Se você quer saber, isso também faz parte da minha vida ―
Caveira suspirou e se sentou na cama, ao lado dela, puxando-a para um abraço ― Por que não quer me
contar nada?
― Não quero te preocupar, você não merece passar por isso tudo outra vez ― respondeu. Ela se
soltou de seus braços e o olhou nos olhos. ― Eu estou aqui com você, agora…
Ele disse, com um sorriso terno nos lábios. Alexandra, mesmo com raiva, assentiu. Não que ela
estivesse desistindo, mas sabia que ele, naquele momento, não lhe contaria nada.
― Ok! ― ela suspirou ― Onde está meu filho? Não o vi hoje.
― Em algum lugar da casa com Dodô. Eles dois só vivem grudados ― Alexandra sentiu um pouco de
ciúmes, era difícil saber que outra pessoa tinha a atenção de seu filho, que antes era só dela. ― Que cara
é essa, loira? ― a mulher sentiu vontade de socar a cara dele. ― Não me diga que está com ciúmes do
Vinícius.
― Claro que não… ― resmungou.
― Sei… ― ele riu, não querendo mais estender aquela conversa. Levantou-se da cama, e logo
Alexandra se ajeitou nela. Estava cansada e queria, pelo menos, descansar um pouco. ― Durma um pouco,
mais tarde eu venho te ver ― ele beijou sua testa e saiu do quarto, em busca de Dodô.
Liandra chorou tudo que tinha guardado por anos em seu coração. Estava despedaçada, um
sentimento de culpa a tomou. Naquele quarto escuro, sentiu-se sozinha, assim como quando descobriu,
aos quinze anos, que estava grávida.
Sua mãe a abandonou. Seu pai? Nem ao menos o conheceu. O que uma menina com quinze anos
sabia da vida? Nada! Ela sabia que Rodrigo iria atrás dela para fazê-la abortar a criança. A única saída
que encontrou foi enganar Guilherme e dizer que o bebê era dele. Ali, contudo, ela via o erro que
cometera com tudo isso.
Sentiu seu coração acelerar quando ouviu seu celular tocar.
― Alô? ― atendeu, apreensiva.
― Mãe! ― suas lágrimas se intensificaram quando ouviu a voz de sua filha.
― Meu amor, onde você está? ― perguntou.
― Eu não sei, eu roubei o telefone de um dos capangas dele, eu não sei onde fica, mas eu ouço
barulhos de água corrente… Parece ser um rio, eu não sei… Por favor, mamãe, estou com medo!
Liandra enxugou as lágrimas, sorrindo. Finalmente, uma notícia.
― Calma, meu amor, mamãe vai te achar, eu prometo. Só espere um pouco… ― Lia não terminou de
falar. Ouviu gritos vindos do outro lado da linha, avisando que alguém tinha descoberto o que Manuela
tinha feito. ― Manuela! Manuela! Oh, meu Deus, Manuela!
Ficou assustada quando a linha caiu. Ela tinha que contar para Guilherme. Saiu do quarto
apressada. Quando chegou à sala, encontrou Alexandra com o menino no colo. As duas se olharam, cada
uma com seus próprios problemas.
― Onde está Caveira? ― ela foi curta e grossa. Alexandra suspirou, entendendo a raiva da mulher,
não poderia julgá-la.
― Saiu com Dodô, foram atrás de Juliano. Talvez ele possa rastrear o celular do Rodrigo ― a loira
respondeu, não se assustando com o olhar carrancudo da mulher.
― Droga! ― Liandra exclamou.
Sua filha poderia ser machucada, ou até mesmo estuprada. Aqueles pensamentos gelaram todo o
corpo dela. Não quis mais olhar na cara da loira, foi em direção ao seu quarto, outra vez. Ela se lembrava
dos encontros que tinha com Rodrigo ainda na juventude. Ele sempre dizia que os pais eram donos de
uma casa no Rio. Tinha até um rio correndo pela propriedade. Era bem possível que ele a tivesse levado
para essa casa. Não se lembrava muito, mas ela sabia onde era o lugar e, se fosse rápida, poderia salvar
sua filha. Aquele pensamento a alegrou.
Foi até o guarda-roupas, tirando de lá uma caixa azul de sapato. Lá dentro, tinha um revólver que
Guilherme tinha dado a ela, quando ainda era jovem, dizendo que era para sua proteção. Suspirou,
sentindo cada parte do seu corpo ser tomada pela adrenalina. Ela tinha começado toda aquela maldita
história e a consertaria. Trocou de roupa, colocando uma mais confortável, pegou a chave do carro e saiu,
colocando no cós da calca a arma já carregada. Quando passou pela sala Alexandra ainda estava lá, mas o
menino não.
― Aonde está indo? Caveira sabe que está saindo? ― A loira perguntou, alterada.
― Não te interessa! ― Liandra foi grossa mais uma vez.
― Olha, eu sei que estar desesperada. É sua filha, mas não pode fazer isso sozinha, você pode se
machucar… ― respondeu, alarmada.
― Você não entende, a culpa é minha ― Liandra suspirou, sentindo suas lágrimas saírem outra vez,
deixando uma Alexandra compadecida.
― Mas não tem que ser assim, se nem Guilherme te culpa, porque está se sentindo assim? ―
Alexandra sabia que era difícil tomar decisões como aquela, para proteger os filhos. No fundo, ela não
culpava a mulher, afinal de contas, ela fez tudo aquilo para proteger a filha do maníaco que era Rodrigo
Fonseca.
― Eu sei a onde ela está, eu sei onde minha filha está! ― exclamou, conturbada. Alexandra respirou
fundo, tentando achar uma saída.
― Então eu irei com você! ― disse, sem pensar.
― O que? Você é louca! Está grávida! ― Liandra arregalou os olhos, assustada.
― Mesmo assim, eu e Rodrigo temos coisas acertar… ― um silêncio se instalou no cômodo.
― Droga garota, temos que ir rápido, minha filha corre perigo…
A loira sorriu nervosa e seguiu Liandra, que sumia pela porta. Olhou para o celular em suas mãos,
mandando uma mensagem para Guilherme.
Rastreia meu celular… Eu te amo!
Logo depois, foi atrás da mulher

Capítulo 21
Acertando as contas.

O Honda Civic ia a quase cento e vinte por hora, na rua deserta. Já se passava da meia-noite, e as
duas ocupantes do carro iam caladas, cada uma com seus pensamentos conturbados.
― Tem uma arma debaixo do banco ― Liandra disse, tirando elas do silêncio absurdo que caía sobre
ambas.
― Merda, não acredito que estamos fazendo isso ― Alexandra torceu o nariz, imaginando o
problema como o qual elas teriam que lidar assim que seus pés tocassem o esconderijo de Rodrigo.
― Você veio porque quis ― Lia rebateu.
Não estava gostando de toda aquela situação. Ir com a amante do marido regatar sua filha
sequestrada por um ex maluco. Se a situação não fosse trágica, seria engraçado. Alexandra suspirou,
passando as mãos debaixo do banco e tirando de lá uma arma. Ela não conhecia armas como a mulher ao
seu lado, mas, ao olhá-la, sabia que aquela ali faria um grande estrago. Havia uma tensão dentro do carro
e ninguém ousava quebrá-la. Elas estavam com medo, mas tentavam se controlar.
― Já estamos chegando? ― a loira perguntou, depois de alguns minutos de silêncio.
― Não, faltam alguns quilômetros… ― Liandra murmurou, apertando fortemente as mãos no
volante. Estava tentando controlar as lágrimas, que insistiam em querer sair. O que ela tinha feito de sua
vida? Sua filha estava em perigo, e aquilo era tudo culpa dela. Tentou de todas as maneiras se livrar
daquele maldito passado, mas parecia que, por mais que ela tentasse camuflá-lo, ele voltava com força
total. ― Droga!
― Ele era meu marido… ― A loira se compadeceu de Lia, outra vez ― Meu pai tinha uma dívida com
ele, na época eu só tinha dezesseis. Então, para sanar a dívida com a família de Rodrigo, ele pediu a
minha mão para meu pai, que não pensou duas vezes em dá-la para ele. ― a morena ouvia tudo calada,
absorvendo cada palavra que a garota falava ― Foram mais de quatro anos sofrendo nas mãos dele, que
me batia e me estuprava quando eu negava a me deitar com ele… — Alexandra já chorava
silenciosamente, deixando Liandra assustada com suas palavras.
― Eu sinto muito…
― Não sinta, estamos no mesmo barco.
― Como você chegou aqui no Rio? ― tomada pela curiosidade, perguntou. Alexandra fechou os
olhos por alguns segundos, lembrando-se brevemente do dia em que tudo começou.
― Meu pai trabalhava para o pai de Rodrigo, Albert Fonseca. Ele fazia parte da organização
criminosa que Albert controlava, mas conheceu minha mãe na época e se apaixonou por ela. Por amor, ele
fugiu e desertou a facção. Com o dinheiro que tinha, comprou um sítio no interior de Goiás, e viveu lá até
eu nascer, uns anos depois. Só que tem um problema, quem entra nessa vida só sai morto. Meu pai fugiu e
foi acusado de traição, desde então ele era caçado como animal por todas as facções criminosas existentes
no Brasil. Sua cabeça valia uma bela recompensa. Rodrigo queria impressionar o pai, mostrando que ele
era bom o suficiente para cuidar da máfia e, para isso, foi atrás do meu pai e, bem… Ele o achou. Eu
nunca soube disso, até o dia que o sítio em que morávamos foi invadido por homens armados, ameaçando
de morte minha família.
― E então, para seu pai não morrer, você se casou com Rodrigo? ― Liandra completou, assustada
com toda a história.
― Sim, e desde então minha família desmoronou. Até encontrar minha mãe na cama com Rodrigo eu
encontrei. Quando fiquei grávida, foi o estopim de coragem que eu tive. Rodrigo queria que eu abortasse
meu bebê, mas eu não poderia fazer aquilo. Na época, só tinha vinte anos e mal sabia da vida. Eu o
enfrentei e disse que não faria o que ele queria, então ele me bateu e matou meus pais… Naquela noite
fria eu fugi, apenas com a roupa do corpo. Com o tempo, eu pensei que seria fácil. Ainda em Goiás,
arrumei um emprego e fiquei, até fazer seis meses de gravidez, mas ele me encontrou outra vez e tentou
me matar. Foram os dias mais difíceis da minha vida, tinha muito medo de perder meu filho. Eu não sei
como, mas consegui fugir mais uma vez, só com uma passagem para São Paulo, onde fiquei até completar
oito meses de gestação. Logo fui embora de novo, e acabei indo parar no Rio.
A loira tinha a voz embargada, sentia tanto ódio do homem que, se pudesse, ela mesma o mataria.
― Esse desgraçado ele vai pagar tudo que nos fez… ― Lia sabia o que era estar desamparada e sem
rumo na vida e com um filho para criar. Ela entendeu a loira. E, ali, sua raiva pelo homem estava no nível
máximo.
― Vamos acabar com a vida dele… ― Alexandra sorriu, maldosa. Já estava na hora de alguém parar
aquele psicopata, e esse alguém eram elas.

Guilherme socou a mesa cheia de cocaína, jogando quase todo conteúdo que estava ali no chão. Mas
que merda aquelas mulheres pesavam que estavam fazendo, agindo sozinhas? Perguntou-se, irritado. Já
se passava das onze da noite, e nem sinal delas. Tinha recebido a mensagem de Alexandra, mas, para
poder rastreá-las, ela teria que ligar para ele.
― Alguma novidade? ― Dodô apareceu na porta, carregando nas mãos uma garrafa de café. ―
Trouxe para você.
― Elas não deram nenhum sinal até agora, porra! Odeio estar aqui sem poder fazer nada ― ele
suspirou, virando na boca o líquido quente.
― Se acalma, pai, você treinou Liandra. Ela sabe o que fazer, se as coisas derem errado ― Douglas
disse.
― O problema não é a Liandra, e sim, Alexandra. Ela está grávida, e se alguma acontecer com ela?
Eu nunca me perdoaria ― suspirou, controlando seus sentimentos que estavam todos embaraçados.
― Mas vai dar tudo certo, vamos achá-las e matar esse desgraçado ― Dodô sorriu, tentando passar
tranquilidade para seu pai, mesmo com o coração na mão. Tinha medo por sua menina. Não era forte o
suficiente. E se alguém quisesse fazer mal a ela? Poderiam fazer o que quisessem com Manuela.
― E o que vamos fazer? Não temos nenhuma pista delas ― Caveira resmungou, irritado.
― Vamos esperar e ver no que vai dar.
Os dois ficaram alguns segundos em silêncio. O único barulho que era ouvido ali era o da TV no
canto da sala, que passava algum jornal local que nenhum deles tinha muito interesse.
Não se assustaram quando Juliano entrou pela porta, carregando nas mãos o notebook negro. Ele e
Manuela tinham assumido o relacionamento havia alguns meses, queria sua namorada de volta, mesmo
que tivesse que competir com um dos donos da favela. Seu talento como hacker chamou a atenção de
Caveira, por isso era muito útil para eles, além de ganhar um bom dinheiro fazendo o serviço sujo.
― Qual foi, seu Boceta! ― Dodô resmungou, enciumado ― Achou minha sobrinha? — Perguntou ao
garoto, que revirou os olhos para seu rival.
― Sim! ― respondeu, sorrindo aliviado.
Guilherme levantou-se rapidamente, olhando para o garoto de modo ameaçador.
― Vamos, me diga logo onde ela está! ― disse, exasperado.

Quando Alexandra saiu do carro, passou a analisar o lugar em que se encontravam. A mata densa
estava à sua frente, e isso a fez olhar com um olhar interrogatório para a mulher.
― Não vamos chegar de carro para todo mundo ver, não é? ― Liandra respondeu com deboche, e a
loira fechou a cara.
― Educação mandou um oi ― murmurou, irritada.
― Vamos por aqui.
Alexandra andou atrás de Lia, que ia à frente adentrando a mata, com a arma em mãos, olhando
para todos os lados e atenta a qualquer movimento estranho. Passaram alguns minutos caminhando, até
chegar atrás de uma enorme casa. Era realmente bonita, tinha dois andares e era vermelha, com um
enorme jardim na frente. Sabia que aquele lugar era um sítio ou uma casa de férias, era realmente belo.
Elas param escondidas atrás do que Alexandra julgou ser a casa dos empregados.
― E agora? ― murmurou.
― Agora, vê se não morre ― Liandra respondeu, destravando a arma,
A loira engoliu seco, assim que observou de longe Rodrigo sair de um carro preto, acompanhado por
dois homens armados. Ele falava ao telefone, mas as duas não estavam preparadas para cena que veriam
a seguir.
Logo atrás de Rodrigo, Eduarda saia do carro, toda sorridente, agarrando-se a Rodrigo e o beijando
sem pudor.
― Desgraçada! ― Lia tinha os olhos arregalados, encarando a cena. Tudo fez sentido de uma hora
para outra.
Como Rodrigo a encontrou. Como ele sabia seu número. Como ele sabia que Manuela era sua filha.
Como Rodrigo sabia de todos os seus passos, mesmo que não fizesse sentindo algum!
― Merda, o que essa garota está fazendo aí? ― Alexandra estava assustada. Por isso que ela queria
que ela fosse embora do Morro! A vadia iria a entregar.
― Ela é minha! ― Liandra sussurrou, irada.

Capítulo 22
A inimiga do meu inimigo é minha amiga!

Elas estavam chocadas. Lia se segurava para não fazer uma besteira e acabar com o plano delas.
Por que Eduarda fazia aquilo? Era o que a todo segundo rondava seus pensamentos. As duas foram
criadas juntas, eram amigas, até certa idade, e, mesmo que tivessem brigado e parado se se falar, Liandra
ainda a julgava sua amiga. Seu coração estava destruído. Ela fingia ser amiga de sua filha para entregá-la
a um homem podre igual a Rodrigo.
Alexandra tentava controlar sua ira, a mulher quase a entregou para seu carrasco. Ela havia
cogitado aceitar a ajuda de Duda, e era tudo uma farsa. A loira apertou a arma na mão esquerda. Estava
grávida, não poderia colocar a vida de seu bebê em perigo e, mesmo que fosse de sua vontade acabar com
a raça da vadia, ela tinha uma prioridade em seu ventre.
― O que está fazendo? ― a morena perguntou, assim que a loira pegou o celular e o colocou no
ouvido.
Alexandra revirou os olhos indignada com a loucura da outra mulher. Ela não daria conta de
enfrentar aqueles homens, eram ao todo vinte. Sabia que Guilherme estava só à espera de sua ligação, e
era só questão de tempo até ele a localizá-las e acabar com toda aquela merda.
― O que acha? Estou ligando para os reforços, ou acredita que vai conseguir enfrentar esse tanto
de homens sozinha? ― a loira soltou, com ironia, deixando Liandra abismada.
― Vadia! ― murmurou.
― Vê se eu sou tu! E eu nem preciso citar o motivo para a vadia ser você, não é? ― Alexandra
estava perdendo a paciência. Respirou fundo, ouvindo o celular chamar. Alguém do outro lado da linha
atendeu o celular de Guilherme.
― Quem está falando? ― ela perguntou, ganhando total atenção de Lia, que mantinha a cara
emburrada.
― Juliano. Guilherme já está a caminho, não se preocupe! ― o garoto falou. ― Só me de alguns
segundos até eu ter sua total localização.
― Ah, ok… ― a loira murmurou. O tempo se passou, e elas ficaram atentas à movimentação da
casa. Alguns homens armados cercavam o lugar. Ao todo, quatro de cada lado. Estava com medo, mas não
deixava isso transparecer.
― Ótimo, já conseguir te localizar. Em alguns minutos, Caveira estará ai! ― o garoto exclamou,
animado, logo desligando em sua cara.
― Sem educação! ― ela sussurrou, indignada.
― Pensei que era só eu que achava isso. — Liandra comentou.
Alexandra riu.
― Seu genro? Pelo menos ele não é um traficante. Já pensou se ela se apaixonasse por um? ― a
loira zombou, rindo da própria situação.
― Vai se foder! ― a outra se irritou.
― Me respeita, caralho! ― resmungou, indignada.
Alguns minutos se passaram e ainda não havia sinal de Caveira ou de qualquer outra ajuda. Liandra
se sentou no chão, sujando sua calça jeans. Alexandra segurou a arma em mãos, pronta para matar
qualquer filha da puta que aparecesse ali.
― Não devia se esforçar tanto ― a morena murmurou. ― Você está grávida, nem devia estar
aqui! ― completou.
― Já passei por coisa pior, isso aqui não é nada…
― É… Acho que te entendo, sua vida é uma merda ― Liandra riu e Alexandra a seguiu.
Era estranhamente reconfortante saber que alguém estava ali com ela, segurando aquela barra. Por
muito tempo ela esteve sozinha. Liandra ainda se lembrava do olhar de sua mãe, quando a expulsou de
casa. Seria uma vergonha uma garota de quinze anos estar grávida.
― Não mais que a sua… ― a loira suspirou, encostando de leve a cabeça no muro, em busca de
uma posição melhor para se escorar.
― Se eu pudesse, eu faria tudo diferente… Sabe, tentar sozinha, igual a você…
― Igual a mim? Você só pode ser louca, olha a onde eu fui parar: em um presídio, transando com
um bandido, e ainda fiquei grávida ― riu. ― Você fez o melhor que pôde, Liandra. A gente faz qualquer
coisa pelos filhos, Vinícius não tinha nada para comer dentro de casa, minhas contas estavam atrasadas
eu não tive outra saída ― ela suspirou. ― As coisas estão difíceis, emprego está difícil. Depois de tudo,
eu não me arrependo. Eu conheci Guilherme e ganhei outro filho. Me desculpa. Se eu soubesse que ela
casado com você, nunca teria feito isso… Sou uma mulher íntegra e meu caráter nunca me deixaria que
eu me envolvesse com ele, se eu soubesse que ele era casado.
― Você o ama, não é?
― Sim… Me desculpa, mas é a verdade… Nunca foi minha intenção magoar ninguém ― Lia
ponderou as palavras de Alexandra. Ainda era estranho conversar com a amante do marido. De certo
modo, ela a entendia. Também fez o que pôde para manter Manuela segura e longe de Rodrigo, mas, no
fim, não adiantou muita coisa.
― Espero que vocês sejam felizes… ― A morena falou, quase em um sussurro. Ela já tinha perdido
Caveira. Ele olhava para Alexandra de um modo que nunca olhou para ninguém. Seus olhos brilhavam.
Quando notou aquilo, Liandra soube que não adiantava lutar por algo que ela mesma jogou fora. Ela era
vingativa, sim, porém sabia perder. E, aquela luta, havia perdido antes mesmo da loira chegar na vida de
Guilherme.
― Não sei se isso será possível, mas obrigada!
Alexandra tivera uma visão totalmente equivocada da mulher. Ela só era uma mãe desesperada para
proteger sua filha. Naquela história, não tinha um certo e um errado. Liandra errou quando enganou
Caveira. Caveira errou quando se submeteu a uma traição, mesmo sabendo que era errado. E ela tinha
errado quando se envolveu com ele, mesmo que fosse por seu filho. Ninguém era inocente e isso era fato.
Manuela tentava segurar as lágrimas, sentia seu supercílio doendo. Tinha noção de que ele a estava
machucando, por isso sentia o sangue descendo sobre sua bochecha esquerda. Sua barriga estava
dolorida, tanto pelos chutes de Rodrigo quanto pela fome que sentia. Fazia dias que ela não colocava nada
na boca. Estava tão fraca que nem abrir os olhos ela conseguia. Contudo, ainda tinha fé em que seu pai
aparecesse para salvá-la. Sabia que ele iria e, por esse motivo, ela estava esperançosa. Rodrigo era um
grande filho da puta, queria que seu pai o matasse, e que fosse uma morte lenta e dolorosa. Ela nunca
fora de sentir ódio das pessoas, sempre relevava, mas ali ela só queria que aquele homem pagasse por
toda a humilhação que estava sofrendo.
Seu cabelo cacheado estava sujo e todo desgrenhado. Sua roupa, suja e rasgada pela tentativa de
estupro que sofrera por parte de um dos capangas de Rodrigo. Ela se encostou na parede, para ver se
aquelas dores em seu corpo melhoravam um pouco, mas foi plenamente em vão.
― Patrão chegou, gatinha… ― Um homem se cabelos negros falou, com deboche na voz. Eles
pareciam se deliciar com toda aquela situação.
― Vão se foder… ― Ela sussurrou, enraivecida.
Algumas horas antes ela tinha conseguido roubar o celular de um dos guardas que Rodrigo mandara
ficar de olho nela. Desesperada, ligou para a única pessoa que poderia pensar, que tinha certeza que
moveria o inferno atrás dela: sua mãe. Manu se arrependera de ter falado aquelas coisas para ela quando
soube quem era o seu verdadeiro pai. Sua mãe tinha feito tudo aquilo apenas para sua segurança. Rodrigo
era um monstro. Que tipo de criança seria ela se fosse criada com aquele filho da puta? Queria pedir
perdão à sua mãe, dizer que a entendia, que não importava toda aquela mentira.
Suspirou.
Sua mãe sofrera com aquele segredo por tantos anos, e ela agia com toda aquela ingratidão. Sentia-
se imponente diante de toda aquela situação.
― Manuela… Querida filha… ― Rodrigo riu, sarcástico, soprando pela boca a fumaça do cigarro.
― Seu papai está demorando muito… Será que ele te ama mesmo? ― Ele riu da própria fala, deixando
Manuela possessa.
― Desgraçado, ele é muito mais homem que você! Você nunca será um terço do que ele é para
mim.
― Calada, sua vadiazinha!
― Se eu sou mesmo sua filha, como tem coragem de fazer isso comigo? Que tipo de ser humano é
você?
― Você não sabe de nada! Garota irritante!
― Monstro…
Rodrigo já estava acostumado a ter esses adjetivos direcionados a ele, mas ouvir aquilo doeu mais
do que tudo. Ele sabia que era uma filha de uma puta egoísta, porém ouvir isso da boca dela era como um
soco na cara e um tapa de realidade. Contudo, já estava ali e não voltaria atrás. Os Fonseca nunca
voltavam atrás. Jamais.
Manuela fechou os olhos, incomodada com o olhar de Rodrigo sobre si. Sentiu suas lágrimas
molharem sua bochecha outra vez. Alguns segundos se passaram naquele silêncio absoluto, mas tudo isso
mudou quando alguém entrou na sala, deixando Manuela atônita.
― Rodrigo, você não… ― Eduarda começou a falar, rapidamente se calando ao notar Manuela
encolhida no canto do quarto. A garota estava algemada e com vários machucados espalhados pelo corpo.
― Tia Duda? Eu não acredito nisso, minha mãe sempre teve razão sobre você. Como tem coragem,
depois de tudo? Eu acreditei em você!
Eduarda não poderia estar mais satisfeita com toda aquela cena. Sua vingança estaria plena.

Capítulo 23
A vingança nunca é plena, mata a alma e envenena.

― Tem certeza que é aqui? ― Caveira perguntou a Juliano assim que desceu do carro junto com
Dodô, olhando a grande mata à frente. Com eles, havia mais dez homens, soldados de Dodô que se
prontificaram a fazer a escolta de todos.
― Absoluta, chefe. ― Juliano digitou algo em seu notebook, onde tinha o sinal do celular de
Alexandra ― Mas temos que andar rápido, o sinal está fraco, logo irá sumir e perderemos a localização
delas.
Guilherme andou até o porta-malas do SUV, pegando de lá uma mala que logo foi aberta, revelando
as armas pesadas que lá estavam.
― Elias, você irar ficar aqui na como sentinela. Qualquer sinal da polícia, você manda um rádio
para nós! ― Dodô disse, dando as instruções para os soldados, que o olhavam atentos. Todos mantinham
uma arma em mãos, vestidos de preto e com touca. ― Kaká, Sales, Negueba e Falcão vai com a gente. O
resto, fiquem ligado a qualquer porra que rolar aqui!
― E eu? ― Juliano perguntou, depois que Caveira e Dodô começavam a ir em direção a mata.
― Tu o que? ― Douglas mantinha o olhar sobre o garoto. Ele estava com ciúmes e não poderia
mais negar, já que, desde que descobrira que Manuela não era sua sobrinha de sangue, estava decidido a
lutar por ela, mesmo que tivesse que matar o moleque enxerido que se rotulava namorado de sua garota.
― Eu ajudei você a encontrar elas, eu tenho que ir com vocês! ― Juliano exclamou, irritado.
Aquele velho estava achando que ele não sabia as intenções dele com sua namorada. Estava engado se
acreditava que ele deixaria Dodô levar para longe a garota que ele amou durante toda sua vida. ― Eu
quero ir com vocês!
― Tu não vai, não, magrelo! ― Caveira exclamou, irritado com a discussão dos dois. Não entendeu
o porquê de Dodô odiar tanto o moleque. Aquilo estava estranho, Guilherme podia jurar que tinha mulher
no meio de toda aquela rixa entre eles.
― Mas, Caveira, ela é minha namorada ― o garoto estava aflito.
― Foda-se, tem que ter minha permissão ― Caveira revirou os olhos, impaciente, e completou ―
E se não tem minha permissão, tu não é namorado dela. Agora fica quietinho aí até eu e Dodô voltar.
― Mas… ― ele foi interrompido por Dodô, que sorria com escárnio.
― Mas é o caralho… Tu fica! Não quero um bunda mole seguindo a gente, não!
― Bunda mole é você, filho da puta.
― Repete o que você falou, arrombado!
Dodô foi para cima dele com um olhar fulminante, Juliano não se assustou e confrontou o mais velho
com um olhar debochado.
― Você ouviu o que eu disse, chefe… ― ele respondeu com ironia, frisando a palavra chefe. Todos
que estavam olhando a cena começaram a cochichar estranhando a briga dos dois.
― Dodô, filho da puta, deixa o moleque vir com a gente. Ele parece gostar de verdade da Manuela
― Caveira disse, já estressado. Queria logo encontrar sua mulher e aqueles dois estavam atrasando.
― Ouviu o chefe… ― Juliano passou por Douglas, esbarrando propositalmente em seu ombro e
arrancando um rosnado irado dele.
― Cuzão… ― Dodô xingou Caveira quando passou por ele.

Capítulo 24
A lei do retorno.

Dezoito anos antes…

O céu estava nublado naquela manha de sábado, parecia que, em instantes, desabaria e levaria tudo
que fosse ruim. Mas Liandra Souza não parecia nem um pouco preocupada se iria se molhar ou não.
Sentada naquele banco de praça, ela só poderia pensar o quão burra havia sido ao se deixar levar por
aquele homem.
Rodrigo Fonseca a seduzira e a enganara assim como fazia todos aos dias com as pessoas ao seu
redor. Sua família era influente. Seu pai era um desembargador e sua mãe era uma juíza conceituada, não
só no Rio, mas em todo território nacional. E o filho playboy seguia o mesmo caminho, cursando o terceiro
semestre de Direito em umas das melhores faculdades do país.
Ela devia ter se tocado. Não fazia sentido um garoto como ele se interessar por uma garota como
ela. Ele nunca a assumiria como namorada ou qualquer coisa a não ser a garota filha da empregada que
ele fodida de vez em quando, sempre que estava com tédio. Inclusive, foi o que disse quando cobrou dele
um relacionamento. Afinal de contas, era uma moça de família e não deveria estar grávida aos quinze sem
nem ao menos ter um relacionamento.
Sentiu suas lágrimas saírem por seus olhos negros. Sua mãe a expulsou de casa e ali estava na rua
da amargura, com uma mão na frente e outra atrás. Fora humilhada e jogada de lado pelo pai de seu bebê
e por sua família. Estava sozinha e não sabia o que fazer. Não tinha casa, não tinha nada. Céus! Ela estava
tão perdida, mas, apesar de tudo, não se arrependia de nada. Seu bebê estava ali, e era isso que
importava.
Enxugou as lágrimas, levantando-se do banco daquela praça. Algumas horas antes tinha saído da
casa de Guilherme. Passara a noite com ele, que tinha sido carinhoso e ficou realmente feliz quando
contou-lhe que estava grávida. Ela não deveria ter feito isso, mas estava sozinha e havia usado as armas
que tinha. Sabia que ele era um bom homem, e sua filha não passaria fome ou qualquer necessidade.
Aquele pensamento fazia com que ela não ficasse com remorso por mentir.
Era tudo por seu bebê, nada mais importava.
― Onde estava? ― Guilherme estava só de bermuda, com uma arma atravessada em suas costas.
Era um rapaz franzino e cabeçudo, mas tinha uma beleza exótica, que era só dele.
Douglas apareceu atrás do irmão, vestido com o uniforme da escola. Ela só era alguns anos mais
velha que ele, e eles se davam bem. Alguns anos depois ele passaria a chamá-la da mãe, assim como
chamava o irmão mais velho de pai.
― Estava na praça… ― murmurou, envergonhada. Era a primeira vez que se envolvia com esse tipo
de homem, um traficante. Antes de tudo acontecer, era uma menina de família que sonhava em se casar
virgem com seu príncipe encantando, mas aquilo já não importava mais. Seus sonhos haviam sido
destruídos desde que seus olhos inocentes se encontraram com os de Rodrigo.
― Não deveria estar na rua a essa hora Lia, é perigoso para o bebê… ― ele brigou. Liandra deu os
ombros, passando as mãos na barriga que ainda não dava sinal de sua gravidez. Contudo, logo todos
saberiam que a Liandra, filha da pastora Maria, estava grávida de um soldado do morro. Todos falariam
dela, como se fosse uma vadia desnaturada, que de santa não tinha nada. E sua mãe, por sua vez, a
odiaria mais e mais…
E a odiou até sua morte. Assim como sua irmã a odiou por roubar o homem que ela amava. Assim
como seu pai a odiou ate morrer, viciado em drogas… Ela sabia que tinha nascido para ser odiada, para
ser a vilã. A droga da vadia que faz a vida dos outros um inferno. Mesmo que à noite chorasse para Deus,
implorando para que ele a tirasse daquela situação.
Mas ele nunca a tirou, e ela estava pagando por suas escolhas. Era a lei do retorno. Nunca falha.
Pode demorar anos, porém ela sempre vai bater à sua porta e te cobrar. Lia não era a mocinha dos filmes
de romance, nunca teria o seu final feliz. Era triste, mas era a verdade.

Agora…
Liandra olhava aquela cena, abismada. Rodrigo iria mesmo matar a própria filha? Que tipo de ser
humano era aquele ele?
― Solta minha filha, Rodrigo! ― ela gritou a todo os pulmões.
― Porquê, Índia?
Oh, ela odiava aquele apelido ridículo, ela odiava a voz dele. Ela odiava Rodrigo do fundo só seu
coração. Antes dele, não sabia o que era odiar, mas, ali, aquele sentimento parecia mais forte do que ela.
― Eu vou te matar… ― ela viu Caveira rosnar para o homem, que sorria. Parecia estar sobre efeito
de alguma droga. Ela não se lembrava dele ser assim. ― Solta. Minha. Filha.
Guilherme estava possesso de ódio. Aquele desgraçado estava ameaçando sua princesinha, ele via
na face de Manuela seu terror. Ela tinha hematomas pelo rosto e alguns machucados grandes nos lábios.
Alexandra olhava aquele homem, aterrorizada. O que ele teria sido dela, se ela não estivesse fugido
daquele psicopata? Vinícius sofreria, e ela acabaria louca ou morta em algum lugar por ai. Ela estava com
medo pela garota. Manuela chorava e soluçava entre as lágrimas, fazendo todos ali ficarem tensos e
atentos ao movimento do homem e dos capangas que sobraram após o tiroteio de minutos antes.
― Coelhinha, meu amor, venha para mim! ― Rodrigo chamou Alexandra. Ela ficou tensa e agarrou
forte as mãos de Guilherme, que percebeu seu medo.
Coelhinha… Ela odiava esse maldito apelido, fazia se sentir suja. Uma presa, diante de toda aquela
situação.
― Pare com isso, Rodrigo, solte a garota agora mesmo… ― respondeu, atrevida, em direção a ele.
― Filho da Puta! Solte minha filha. ― Liandra gritou, raivosa. Estava a ponto de estourar e se
controlava para não fazer nenhuma besteira.
― Nossa filha, não é, Índia? Sabe, eu me lembrava de te dizer que não queria meu sangue misturado
com esse seu favelado, mas, pensando bem, ela é bonita igual você… Me renderia uma bela grana no
mercado negro do sexo… ― o homem passou as mãos em cima dos pequenos seios de Manuela, que
tentou se soltar, aterrorizada. Ele a prendeu mais forte, apertando o cano da arma em sua cabeça. ―
Virgem e novinha, muitos traficantes e homens conhecidos pagariam muito bem para ter essa ninfeta em
sua cama…
― Desgraçado! Eu vou te matar! ― Lia gritou, totalmente atordoada, mas foi parada por Falcão, que
a segurou forte pela cintura, impedindo a mulher de fazer uma loucura ― Que tipo de mostro é você? Ela
é sua filha, tem seu sangue… Eu tenho nojo de você. Eu não sei onde estava com a cabeça quando me
deixei se enganada por alguém como você! Eu perdi tudo, perdi minha família, perdi o amor dos meus
pais, perdi uma vida por sua causa… Eu fiquei sozinha no mundo por sua causa!
Guilherme olhou para ela, atordoado. Nunca soube dessas coisas sobre Liandra, ela sempre fora
muito reservada e nunca se abrira com ele. Saber que a mulher tinha sofrido tanto assim… Sentiu pena
dela. Não desejava isso para ninguém.
― Pai… ― Dodô sabia que, se não tomasse uma atitude, todos ali morreriam. Tentava controlar seu
ódio pelo homem, mas, se quisesse ter sua garota de volta, teria que pensar em vez de gritar como a
descontrolada da Liandra.
― Tem algum plano? ― Caveira sussurrou de volta, segurando as mãos de Alexandra que suavam
mais que tudo pelo terror.
― Olhe pra esquerda…
Assim que Guilherme viu um de seus homens escondido em uma da pilastras da casa, sentiu que
poderia ter uma chance. Tinha de fazer Rodrigo soltar Manuela e ela teria que correr para algum lugar
seguro. Tinha que ser ágil.
― Alexandra preciso que me ouça, entendeu?
Alexandra concordou, ainda apertando as mãos dele.
― Você tem um plano? ― ela perguntou, aflita.
― Sim. Ao meu sinal, quero que volte para trás do carro e não saia de lá ate ter tudo acabado,
entendeu?
― Droga, amor, não faça nenhuma besteira!
Caveira concordou soltando as mãos dela e olhando significativamente para Silas, que mantinha a
arma em mãos, apenas esperando o sinal de Caveira. Manuela recebeu um olhar de sua mãe que dizia que
tudo ficaria bem. Lia havia percebido e ouvido a conversa de Dodô com Caveira. Preparou-se para tudo
que viesse a acontecer dali alguns segundos.
Tirando força de um lugar desconhecido, Manuela deu uma cabeçada muito forte no nariz de
Rodrigo, que já estava meio tonto pela cocaína que tinha cheirado horas antes. Ele caiu para trás, com
uma mão em seu nariz, soltando a arma. Manu se jogou no chão, perto da pilastra que Silas fazia de
escudo contra os tiros que se estenderam segundos depois. Foi tudo muito rápido, e Manuela ainda estava
meio tonta pelo impacto com sua cabeça.
― Filha da puta! ― Rodrigo gritou, jogando-se em outra pilastra e se escondendo dos tiros de
Caveira e Dodô.
Ele deus alguns tiros em direção à Manuela, mas foi em vão, pois ela já estava muito bem protegida
pelas pilastras de concreto. Ele olhou para o pente da arma e viu que só tinha uma bala. Estava fodido, ele
morreria, mas levaria alguém com ele. Olhou para o carro estacionado à sua direita notou Alexandra,
agachada e tampando os ouvidos, assustada. Aquela era sua chance. Se ela não fosse dele, não seria de
mais ninguém. Então ele mirou na mulher que ainda não percebido o olhar dele sobre ela.
Destravou a arma e atirou.

Capítulo 25
Resiliência.

Guilherme sentiu o impacto da bala em seu ombro direito. O sangue descia por seu corpo, a dor era
alucinante, mesmo assim, ele não se arrependia. Sua mulher estava segura e isso que importava. Quando
vira Rodrigo mirando a arma na direção dela, não pensou muito. Apenas fez o que seu coração mandou e
se jogou em sua frente, recebendo o impacto da bala que, pela posição em que atingiu seu braço,
acertaria em cheio a cabeça de sua mulher. Só de pensar nisso, sentia as lágrimas tomarem seus olhos
castanhos.
― Guilherme… ― ela estava em prantos, enquanto o corpo dele sobre o seu a protegia.
― Meu amor… ― devolveu o sussurro, com um mínimo sorriso. Ela estava bem, apenas isso
importava.
― Você está ferido, temos que tirá-lo daqui… ― Alexandra estava aflita e não se importava com
nada. Apenas precisava tirar seu homem daquele fogo cruzado.
― Você está bem? ― ele perguntou, assim que se levantou de cima dela, ajudando-a a levantar
também.
Os barulhos de tiros pararam e só o que era ouvido era o choro de Manuela, que estava agarrada a
Douglas. Ele a mantinha presa sobre si, parecia aliviado por nada ter acontecido com sua garota. Liandra
socava Rodrigo no rosto com tanta maestria que fazia todos se assustarem com a violência do ato. Ele já
parecia estar desacordado, ou mesmo morto, já que não esboçava nenhuma reação enquanto Lia
descontava seu ódio em cima dele.
― Mãe! ― Manuela a chamou, mas Liandra parecia estar possuída, porque continuava a socar o
homem sem parar ― Ele já está morto… Para, por favor.
― Para, Liandra! ― era Caveira quem falava, abraçando Alexandra, que devolvia o gesto.
― Mamãe…
A morena pareceu se tocar do que estava fazendo quando se jogou para trás. O corpo saiu de cima
do homem e caiu de bunda no chão. Olhava incrédula para o que ela acabara de fazer.
― Eu, eu o matei… ― ela sussurra.
― Está tudo bem mãe, você me salvou, assim como prometeu ― Manuela se ajoelhou na frente
dela, embalando-a em seus magros braços. Logo foi correspondida por Liandra, que se deixou chorar na
frente deles não se importando com o que pensariam dela.
― Você está machucada? ― Ela se separou da filha e a olhou preocupada, ainda com os olhos
banhado em lágrimas.
― Não, está tudo bem ― Manu sorriu. ― Eu estou bem, Mãe!
― Graças a Deus! Eu não saberia o que fazer se te perdesse, minha filha. Você é tudo para mim, é
tudo que tenho… Se eu te perdesse, por minha culpa, nunca me perdoaria.
― Está tudo bem, mãe.
― Não, não está! Eu quase te matei, filha, quase que esse louco faz algo pior com você…
Ela não terminou de falar, pois Eduarda saiu de dentro da casa com uma arma em mãos, apontando
em direção e elas. Dodô e os outros apontaram suas armas em sua direção. A morena não se abalou,
continuou apontando a arma para a sobrinha e para a irmã mais velha.
― Eduarda! Pare já com isso — Caveira interveio, chamando a atenção da mulher que o olhava com
um olhar frio e calculista.
― Calado, seu verme! ― ela exclamou, irritada.
― Por que está fazendo isso, tia?
Eduarda ignorou a garota e olhou para a irmã, com ódio.
― Isso é tudo culpa sua… Tua culpa, Liandra.
Liandra estava assustada sabia que sua irmã a odiava, mas não sabia que era a ponto de matá-la.
― Abaixa a arma, Eduarda! ― Douglas tentou acalmar a mulher. Não queria matá-la, já estava
cansado, e a única coisa que desejava naquele momento era ir para casa com sua garota e ficar de olho
nela para que nenhum mal viesse a atormentá-la de volta.
― Minha culpa, o quê, Eduarda?
― Mamãe! Ela morreu por sua causa… Nossa família se desfez por sua causa, você estragou nossa
família com seus erros! Eu precisei de você e você sumiu! Me deixou sozinha quando mais precisei de
você. Nossa mãe padeceu no hospital enquanto você estava aí atrás desse traficante filho da puta, dessa
bastardinha. Papai se afogou no álcool e nas drogas. Eu fiquei sozinha, aguentando a barra, enquanto
você nem lembrava que tinha uma família precisando de você! — exclamou, em prantos.
― Mamãe não queria me ver, eu só fiz sua vontade, Eduarda. — Liandra tentou se defender, mas, no
fundo, ela sabia que Eduarda estava certa. Tinha sido uma covarde por muito tempo, abandonou sua irmã
e sua família.
― Não, Lia, ela sempre quis você por perto e você sabia disso. Mesmo assim, você se esqueceu da
gente.
― Me perdoa irmã, eu…
― Não.
― Foi por isso que se aliou a Rodrigo? Foi por isso que colocou a vida de sua sobrinha em risco?
Isso foi baixo, Eduarda. Se seu problema era eu, porque não acertou comigo?
― Por quê? ― ela gritou. ― Porque queria te deixar sem rumo, igual você me deixou quando fiquei
sozinha no mundo, sem a mamãe e o papai. Eu queria que você sentisse tudo que senti, não achei justo
você ser feliz depois de tudo que passei.
― Eu sinto muito, irmã…
― Isso não vai me impedir de te matar, Liandra…
Todos olhavam esbabacados a discussão. Eles pensavam que toda aquela rixa entre as duas eras por
causa de Caveira, mas estavam todos de cara com a revelação da mulher.
― Tia, por favor… ― Manuela implorou na frente da mãe, escondendo-a da arma que era apontada
para ela. Liandra e Eduarda choravam.
― Eduarda, abaixe essa arma ― Guilherme mandou, colocando Alexandra atrás de si e a
protegendo com seu corpo. Eduarda o ignorou e continuou olhando para a irmã.
― Então vai morrer as duas! ― foi o que disse, atirando em direção à mãe e à filha, mas Liandra foi
rápida em empurrar Manuela para o lado, recendo o impacto da bala.
― Mãe… ― Manuela gritou assim que viu, em câmera lenta, sua mãe ir ao chão com o ombro
sangrando.
Eduarda tinha errado o tiro. Tentou atirar novamente, mas se atrapalhou com a arma, dando tempo
para Caveira ir em sua direção e a tomar de suas mãos. Deu uma coronhada em sua cabeça, fazendo-a
desmaiar.
― Eu posso ajudar ― a loira se ajoelhou no chão, ao lado da mulher que mantinha o olhar cheio de
lágrimas e angústia. — Preciso de algo para estancar o sangue ― gritou para os homens, que olhavam a
cena atônitos.
Falcão não pensou duas vezes antes de arrancar a própria camiseta e dar a loira para ajudar sua
Tigresa. Se ele estava encantado por ela antes, ali poderia se dizer apaixonado. Nunca vira mulher mais
corajosa.
― Calma, mamãe… Você vai ficar bem ― Manuela sussurrou fazendo um carinho nos cabelos
embraçados da mãe.
― Eu te amo minha filha. Me perdoa? ― foi a última coisa que ela disse, antes de cair em um sono
profundo, deixando todos assustados.
― Vamos temos que ir embora! ― Douglas reclamou, suspirando de leve. Olhava todos com um
olhar amigável.
― Vamos… ― Manuela disse, assim que Falcão pegou no Liandra no colo, deixando sua cabeça
aconchegar em seu peito. Ele logo sentiu o cheiro de uva que emanava de seu cabelo. Naquele momento,
ele soube que ela seria sua perdição.

Uma semana depois.

Eduarda sumiu no mapa. Não voltou nem no morro para pegar suas coisas. Sumiu igual vapor.
Liandra sabia que tinha errado e queria ter se esforçado para ter trazido de volta sua irmã, mas nem tudo
ocorria como queria. Ela sabia disso e, por esse motivo, estava ali tirando de seu guarda-roupa toda as
suas roupas. Já estava na hora de fazer a coisa certa daquela vez. Não poderia continuar naquela casa,
sendo a intrusa na nova família que se formou sem ela nem ao menos perceber. Eles eram até bonitinhos
juntos. Ela tinha percebido que já não era mais a mulher do chefe, não que sequer gostasse daquele título.
Pela primeira vez na vida, queria algo normal. Sem armas, sem drogas e sem nada que envolvesse
traficantes.
Era formada em administração e uns dias antes Raíssa tinha falado sobre uma parceria na abertura
de um restaurante no asfalto. Tinha gostado da ideia. Era hora de seguir em frente e esquecer tudo que
havia acontecido todos esses anos. Ela nunca de fato fora feliz. Forçou um casamento sem amor com
Guilherme, sempre ficava na sombra de suas amantes, não que se importasse muito. Ela queria apenas
proteger sua filha e era isso que importava.
Suspirou, fechando a mala.
― Você já está de partida? ― Caveira apareceu na porta do quarto que dividiram por dezoito anos.
Liandra suspirou, concordando com a cabeça.
― Sim… Não tem mais nada meu aqui ― ela disse, sentando-se na cama.
― Eu te devo desculpas, também não fui homem com você a maior parte do tempo.
Ficou tão surpresa que até sorriu.
― Quem diria, Guilherme pedindo desculpas… Parece que a garota está te fazendo bem, hein? ―
brincou, calçando os tênis esportivos vermelhos.
― É, não se acostuma ― ele riu.
― Eu também, Guilherme. Não deveria ter te escondido isso durante todo esse tempo. Pensei que
poderia levar isso para frente por muitos anos, mas, como você sabe, mentira tem perna curta ― sorriu,
levantando-se da cama e puxando de cima do móvel a mala preta. ― Espero, do fundo do meu coração,
que você seja feliz, porque, apesar de tudo, Guilherme, eu te amei como amigo e como companheiro.
Tentei te amar como mulher, mas tudo o que eu podia pensar era na minha filha e, se um dia você
descobrisse que ela não era sua filha e me matasse, eu não teria o coração partido e nem você. Eu…
Realmente sinto muito.
― Eu nunca mataria a mãe da minha filha. Você me deu um motivo para continuar, Liandra, naquela
noite em que me disse que estava grávida. Fiquei muito feliz. Sempre soube que ela não era minha filha
de sangue, mas eu amei Manuela assim que soube de sua existência. Você só era uma menina, Liandra,
não sabia de nada. Eu quis te ajudar, te dar um lar. Hoje eu tenho certeza de que ela é, sim, nossa filha,
independentemente do que os outros digam ou do que um exame de DNA revele, ela sempre vai ser minha
princesinha…
Liandra chorava emocionada.
― Se eu te abraçar agora, sua mulher vai ficar com raiva? ― ela perguntou, estranhando essas
palavras saírem de sua boca.
― Contanto que não abuse muito… ― Alexandra estava parada na porta, olhando a cena dos dois,
emocionada. Guilherme estava se mostrando um grande homem, nunca se arrependeria de ter o
escolhido.
― Ouviu a patroa ― Caveira riu dos ciúmes da loira e logo embalou Lia em seus braços. Não
demoraram a se separar, sorrindo um para o outro.
― Bem, tenho que ir ― a morena limpou as lágrimas, jogando nos ombros a bolsa preta. Puxou a
mala, parando na frente de Alexandra.
― O faça feliz! ― disse, para a loira que apenas confirmou com a cabeça, dando passagem para
morena sumir no grande corredor da casa.
― Ela, apesar dos pesares da vida, é uma grande mulher… ― Alexandra fala.
― Eu sempre soube, por isso que nunca a forcei a nada ― Caveira puxou Alexandra para seus
braços, beijando sua testa em um gesto carinhoso.
― E agora? ― a mulher sussurrou, abraçada a ele.
― Quer casar comigo? — perguntou. Ela o olhou com um brilho nos olhos, empurrando-o na cama e
subindo em cima dele. ― Calma loira, meu ombro ― resmungou, quase machucando de novo o ombro a
onde a bala atravessou.
― Desculpa… ― ela murmurou, jogando o cabelo loiro para o lado e beijando de leve os lábios
cheios dele.
― Você não me respondeu ― Guilherme sussurrou entre os beijos.
Alexandra sorriu, achando graça dele. Era como se o homem parecesse com medo de ela não aceitar
ficar com ele.
― Depois de fazer um filho em mim, você quer se casar, é? Você é todo ao contrário ― ela riu da
expressão angustiada dele ― É claro que eu aceito, bobo.
― Eu te amo… ― ele murmurou, extasiado com a imagem dela sentada sobre si.
― Eu também te amo Guilherme, para sempre!
Então ele a virou na cama, ficando por cima dela a beijando outra vez com mais vontade.
― Temos que comemorar ― passou pela cabeça a camisa branca da Lacoste. A loira riu da afobação
dele.
― Seu tarado!
Ele a beijou, interrompendo todo o raciocínio dela, transformando aquela noite em uma das
melhores da vida dos dois. E se amaram para toda a madrugada.

Capítulo 26
Um novo caminho.

Falcão, vulgo Rodolfo, olhava a mulher descer a rua, carregando a enorme mala. Ela parava de vez
em quando, para descansar, e logo continuava. Estava linda com uma blusa com o nome da academia em
que praticava Muay Thay, a legging preta dava uma melhor visão de sua bunda gostosa.
Com olhar de gavião, saiu de seu posto na entrada da boca e andou em direção a ela como um
predador. Ele a queria em sua cama e em sua vida. Queria a mulher de todas as maneiras possíveis,
estava apaixonado e não poderia negar. Contudo, ele sabia que tinha que ter paciência, afinal, ela acabava
de sair de um casamento fracassado. Teria que ter cautela ao tentar se aproximar dela.
― Quer ajuda? ― perguntou, assustando Liandra, que colocou as mãos no coração.
― Quer me matar, seu maluco? Chega de mansinho, assustando os outros, eu hein! — respondeu.
Ele riu.
― Desculpa, tigresa… Deixa eu carregar essa mala ― pegou de suas mãos a mala e começou a
puxar.
― Obrigada, é… Desculpa eu esqueci seu nome ― ela murmurou, envergonhada com aquela gafe.
— Rodolfo, mas pode me chamar de Falcão ― achou graça ao vê-la com vergonha. Era sexy.
― Ah, sim, minha casa é naquela rua ― apontou para a esquerda, mostrando para o homem, que
confirmou com cabeça.
Eles andaram em silêncio até um portão vermelho. Logo Liandra o abriu, sentindo a nostalgia lhe
tomar. Aquela era a casa de seus pais. Sentiu o choro querer lhe tomar, mas ela segurou.
― Você está bem? ― Rodolfo perguntou, com uma vontade intensa de abraçá-la, e o faz. Lia
pareceu não se importar. Na realidade, estava gostando de ter seu corpo tão perto do homem. Era
aconchegante.
― Vai ficar tudo bem, Tigresa… ― ele murmurou, abraçando-a mais ainda. Liandra nunca havia se
sentido assim, então se deixou levar por aquelas sensações. Ela realmente gostou.
― Obrigada… ― agradeceu, ainda abraçada a ele.
― Qualquer coisa que precisar, eu estou aí para te ajudar. ― disse, soltando-se fazendo um leve
carinho na bochecha dela, que estava estranhando toda aquela aproximação dele.
Ele ainda era um menino, não parecia ter mais de vinte cinco. O que queria com ela, sendo tão
gentil? Perguntou, soltando-se. Talvez sexo, era sempre assim. Homem, quando era muito bonzinho,
queria sexo. Sempre fora assim com ela.
― Pode deixar. Até mais, Rodolfo ― puxou a mala para dentro da casa.
― Espera ― ele a chamou, coçando a cabeça em um gesto constrangido ― Você não quer sair
comigo? Sei lá… Tomar uma cerveja ou qualquer coisa? — estava vermelho, e Lia o achou fofo. Ela sorriu
para ele, era bom poder aproveitar um pouco a vida.
― Pode ser aqui em casa? Não quero sair por esses dias… ― perguntou.
Rodolfo sorriu, assentindo com a cabeça.
― Claro, eu trago a cerveja. Até mais, Tigresa ― saiu da casa da mulher, com um enorme sorriso.
Liandra também sorriu. Precisava mesmo de distrair um pouco.

Alguns meses depois…

― Ele é tão lindo… ― Manuela suspirou, olhando para o bebê nos braços de Alexandra.
Ela acabava de chegar em casa, carregando nos braços o filho. Caveira não pôde ir pois estava
sendo pela polícia pela morte de Rodrigo, então ficar no morro foi preciso.
Só lhe faltou ficar louco quando, naquela madrugada de sexta para sábado, Alexandra acordou a
noite com dores pelas contrações e com a bolsa estourada. Quem acompanhou Alexandra ao hospital e
gravou o parto para ele ver foi Manuela, que tinha se tornado uma grande amiga de sua madrasta. Elas se
deram muito bem, e isso deixou a situação entre Liandra e Alexandra neutra. Não eram amigas, mas
também não eram inimigas. Foi um parto difícil, mas a loira já tinha passado por aquilo uma vez e sozinha,
então não foi tão ruim. Ao menos, dessa vez, teria alguém a esperando em casa. E esse era seu marido.
Guilherme estava se saindo um ótimo companheiro, quando não estava com ciúmes. Perdeu as
contas de quantas vezes ele colocou a arma na cara de algum homem por causa do ciúme descabido.
Alexandra sempre ficava com raiva, mas à noite ele sempre a pedia perdão de uma maneira bem quente.
No final das contas, entendiam-se, sempre na base na conversa. Nunca davam brechas para que alguém
da rua desse palpite no relacionamento deles.
― Deixa eu ver ele também, mamãe! ― Vinícius pediu, erguendo o pezinho para olhar o pequeno
embrulho azul-escuro no braço da mãe. ― Ele tem o olho igual ao meu, mamãe! — parecia
impressionado.
― Tem sim, meu amor. Vai ter que cuidar do seu irmãozinho, está bem? ― Alexandra disse,
sorrindo. Ela estava tão feliz.
― Eu prometo, mamãe, vou até ensinar ele a andar de bicicleta, vai ser muito legal.
— Esses dois, quero nem ver o que eles vão fazer nesse morro! Bonitos desse jeito, teremos que
expulsar as putas, Alexandra! — Manuela disse, rindo da cara de ciúmes que a loira fez.
― Claro que não, meus filhos serão padres… — murmurou algo a contragosto. Só de pensar que,
um dia, seus filhos não estariam mais debaixo de suas asas, ficava levemente aflita.
― Padre nada, meus filhos vão ser tudo putão! ― Guilherme apareceu na porta do quarto, sorrindo
para sua família.
― Nem vem, Guilherme, meus filhos vão ser rapazes de família. Você está achando que eu estou
criando filho para essas safadas usarem eles, é?
Manuela sorriu para eles, sabia que se amavam. Nunca percebeu que seu pai não era feliz com Lia,
mas vendo-o com Alexandra sabia que ele estava muito melhor, e que ali ele estava bem.
― Mas eles são homens!
― Não estou nem aí.
― Você acha que eles vão casar virgem, é?
― Se depender de mim, sim.
― Loira, você só pode estar louca se acha que eles vão ver uma novinha dando mole e não vão
pegar ela, eles têm que passar a rola mesmo, são homem, pô!

Alexandra fechou os olhos, irritada.


― Olha aqui, Caveira, se tu ensinar safadeza para meus filhos eu te capo, ouviu bem? Te deixo sem
pau. — exclamou, arrancando uma risada de Manuela. Eles eram engraçados.
― Pô, loira, assim você me quebra — ele riu. Sabia que Alexandra já estava com ódio, pois o
chamava de Caveira e não pelo seu nome. Era sempre assim.
― Babaca — a loira murmurou, colocando o bebê no berço. ― Renan da mamãe vai ser um
mocinho direito ― sorriu, passando as mãos no rostinho moreno do filho.
― Eu amo vocês! ― Caveira murmurou em seu ouvido. ― Sempre quis ter uma família e ganhei
mais do que isso, ganhei vocês. — Ele a abraçou por trás olhando o bebê dormindo.
― E eu? — Manuela olha a cena maravilhada.
― Você também, minha preta, venha aqui e abrace seu pai.
Ela se joga nos braços do pai.
Nada poderia desfazer aquela família que ali se formou. Claro que Guilherme não levava uma vida
de maneira totalmente correta, continuava a ser um traficante, mas, de todas a formas, não pode-se julgar
sem conhecer. Ele tinha motivos para entrar nessa vida. Sofreu muito na vida, não só porque morava em
uma comunidade pobre, mas também por sua cor. Se a igualdade te joga para escanteio, o mundo do
crime te abre as portas, e quando se passa fome, o que vier é lucro. Caveira se arrependia de muitas
coisas em sua vida, mas agradecia a Deus por ter levado de bandeja a mulher em seus braços, direto para
ele. E, se pudesse voltar no tempo e consertar todos os seus erros, ele não mudaria nada, porque foi cada
uma de suas escolhas que o levaram diretamente para os braços de sua Alexandra.
Ele não poderia ter um final feliz melhor.
― Eu também te amo, Guilherme, mais que tudo nesse mundo ― Alexandra murmurou, feliz.
Alexandra sofreu muito na vida quando se casou com Rodrigo, mas, apesar de tudo, ela conseguiu
ter o seu final feliz. Passou fome e quase foi morar na rua, porém Deus sempre foi com ela e, de alguma
forma, Guilherme apareceu em sua vida e a salvou do abismo em que se meteu. Depois da morte de
Rodrigo. tudo que era dele ficou em suas mãos. Todas as propriedades dos Fonseca. Fazendas e
apartamentos, e toda a quantia que tinha na conta. Como não tinha assinado o divórcio quando fugiu do
homem, ela foi denominada viúva dele. Manuela não queria nada que lhe pertencera, então tudo que era
Rodrigo agora era dela e de Vinícius, o herdeiro da fortuna Fonseca.
Aquele final feliz não poderia ser melhor. Como diz o ditado popular: Deus escreve certo, mas por
linhas tortas.
Ela precisara viver tudo aquilo para se tornar a mulher que ela se tornou. Ela precisava encontrar
Guilherme, precisava ter ido naquela cadeia visitá-lo. Ela tinha que se apaixonar por ele. E, de alguma
maneira, sabia que um foi feito para o outro. Não se arrependia de nada. E faria tudo de novo se
precisasse.

Epílogo.
Quatro corações

Manuela não sabia o porquê de estar ali àquela hora da noite, já passava das duas da manhã.
Mesmo assim, não conseguia pensar em nada a não ser em seu tio, ou melhor, no homem que achou ser
seu tio por todo aquele tempo.
Sentia uma necessidade de vê-lo. Era como se um ímã estivesse a levando diretamente para ele.
Depois do seu sequestro, eles não se falaram mais. A situação entre ele e ela estava bem estranha, e toda
aquela tensão sexual que existia entre eles estava chegando a níveis extremos. O pior é que nem um beijo
ainda eles haviam trocado. Cansara de lutar contra aquele sentimento, queria se entregar de uma vez.
Estava apaixonada por seu tio e esperava que ele também compartilhasse daquele sentimento.
Parou em frente à porta e bateu algumas vezes. Parecia que não tinha ninguém ali, mas ela havia se
certificado com seu pai de que Douglas estaria ali naquele horário. Era sua folga na boca, estava ansiosa.
Ouviu passos chegarem sob a porta. Suas mãos suaram, e seu coração bateu tão forte que era quase
provável que alguém a escutasse. A porta foi aberta, dando a visão de Dodô sem camisa. Coçava os olhos
parecia ter acordado naquele momento, mas, mesmo assim, ele estava lindo, como sempre. Os dois
ficaram se olhando por alguns segundos, pareciam estar hipnotizados pela imagem um do outro. Manuela,
mesmo virgem, estava com os hormônios à flor da pele.
― Oi ― Manu murmurou, envergonhada, prendendo o cabelo cacheado outra vez atrás da orelha.
Douglas ergueu uma sobrancelha.
― O que está fazendo aqui? ― Perguntou, com a voz rouca pelo sono.
― Eu… Eu preciso te falar uma coisa importante, e não dá para esperar até amanhã! ―
envergonhada, já cogitava a ideia de ir embora e esquecer o que foi fazer ali, mas seu coração não estava
aceitando.
― Tem que ser agora? ― deu passagem para ela entrar. Não poderia ficar com ela, não mais. Sua
vida havia dado uma virada de cento e oitenta graus. Ele a tinha perdido por causa de suas escolhas. Se
arrependeria para sempre.
― Sim, mas, se tiver ocupado, eu vou embora ― Manuela se dirigiu para a porta, mas é barrada
pela voz dele que, mesmo aceitando que ela nunca seria dele, queria ouvir o porquê dela está ali àquela
hora da noite.
― Fala. ― ele sussurrou, olhando no fundo dos olhos dela, com a voz rouca.
― Eu te… ― mas foi interrompida assim que uma garota loira apareceu no corredor, somente com
uma camisa, e Manuela soube que pertencia a Douglas. Era a mesma garota que vira com ele a alguns
dias antes de seu sequestro, Graziela.
― Amor, o que faz acordado essa hora? ― perguntou, olhando para a menina magrela.
― Oh, não sabia que estava com alguém aqui… Douglas, é melhor eu ir embora… ― comentou,
totalmente envergonhada e com um aperto no peito. Sabia que tinha alguma coisa errada, sabia que Dodô
nunca levava garotas para a casa dele. Aquilo estava muito errado.
― Você veio pela notícia? ― Graziela soltou seu veneno. Sabia que Douglas era apaixonado pela
ninfeta. Mas ele era dela, sempre foi, não deixaria ninguém o roubar.
― Graziela, cala a boca ― Douglas interveio, sabia o que ela estava fazendo.
― Que notícia? ― Manuela perguntou, inocente. Graziela sorriu com desdém.
― Eu estou grávida ― caminha até Douglas, que está sem reação, e o abraça. ― Nós teremos um
bebê…
Dodô nada fez, olhando sua menina encher os olhos de lágrimas.
― Oh, eu tenho que ir… Desculpa, tio não deveria vir aqui a essa hora… Desculpa. ― saiu pela
porta, segurando as lágrimas. Que tonta ela havia sido em achar que um homem como ele teria algo com
uma menina como ela, que nem das fraldas tinha saído.
Quando chegou em casa, caiu na cama. Já estava na hora de agir como mulher e esquecer Douglas.
Ele não era dela, nunca seria…

***

Liandra vomitou todo o seu almoço outra vez naquela semana, estava começando a achar que aquilo
não era uma virose. Andou até a pia do banheiro para se olhar no espelho. Estava pálida e tinha os olhos
fundos. Devia ser alguma coisa que estava comendo. Pegou a escova de dente e logo escovou os dentes.
A última vez que tinha sentido esses sintomas fora muito tempo antes, quando descobriu que estava
grávida de Manuela. Ao perceber isso, uma vontade de chorar tomou conta dela. Deus! Grávida outra vez?
Como isso tinha acontecido?
Ela queria ser mãe novamente, mas nunca pensou que seria solteira e sozinha outra vez. Não sabia
como contar para Rodolfo. Fazia alguns dias que não se falavam, estava ocupada de mais com a
inauguração do restaurante na zona sul, e tão atarefada nos últimos dias, que se descuidou de sua saúde.
Se estivesse mesmo grávida, teria que tomar atitudes extremas.
Estava com medo. E se Rodolfo não quisesse um filho com ela? Ele ainda era muito novo, tinha
acabado de completar vinte cinco, e ela já era uma mulher vivida. Deus, ela faria trinta e três dali uns
meses. Tomava anticoncepcional, mas sabia que não era um método contraceptivo cem por cento eficaz.
Até estranhou, afinal, ela usou o mesmo remédio a vida toda com Guilherme. Só podia ser coisa de louco,
mesmo.
Era claramente uma brincadeira do cara lá de cima.

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