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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO

Curso de Letras

TAYLANY VIEIRA DOS SANTOS

GRAMÁTICA E SEU CONCEITO

Seropédica – RJ
Fevereiro de 2021
TAYLANY VIEIRA DOS SANTOS

GRAMÁTICA E SEU CONCEITO

Resenha apresentada ao Professor


Doutor Gilson Freire, na disciplina
NEPE - Gramática (AA283).

Seropédica – RJ
Fevereiro de 2021
CÂMARA JÚNIOR, J. Mattoso. Gramática e seu conceito. In: ___ Estrutura da
Língua Portuguesa. Petrópolis,Vozes , 1984. p. 11-16 .

Joaquim Mattoso Câmara Jr. (1904-1970) foi um ilustre linguista, pesquisador e


professor. Natural do Rio de Janeiro, era formado em direito e arquitetura, mas seu fascínio
era pelo ramo da linguística. Disciplina na qual se especializou veementemente, dentro e fora
do Brasil, possibilitando seu destaque na área e o ingresso na carreira de professor.

Além de professor, Mattoso Câmara deu início a carreira de escritor. Suas obras são de
extrema importância para os estudos da temática de linguística portuguesa, onde permite-se
perceber a língua como um todo, como uma estrutura definida pela relação entre os seus
constituintes e pelas funções por eles desempenhadas.
Em sua obra Estrutura da língua portuguesa, no capítulo I – Gramática e seu
conceito, Mattoso Câmara busca abordar associar, de maneira íntima, a descrição gramatical à
linguística sincrônica, criando então, uma descrição da língua portuguesa isenta de
normatividade e distante de preconceitos nativistas ou revolucionários.
O autor começa definindo gramática descritiva ou sincrônica, como o estudou e
análise o referente ao momento atual ou presente em que é feito a gramática. Ou seja, como
determinada língua funciona em determinado momento, seu uso entre os falantes, análise
estrutura, bem como outras circunstâncias. Esse princípio já era vigorado na gramática
tradicional elaborada a partir da Antiguidade Clássica para a língua grega e em seguida a
latina. Na língua portuguesa, as gramáticas tem se perpetuado com base no modelo greco-
latino denominadas descritivas ou expositivas. Estas por sua vez, procuram de maneira
sistemática e objetiva, explicar a organização e o funcionamento da língua, apresentando os
dados sem preocupação com a sistematicidade e objetividade, além de explicar as normas de
comportamento linguístico de acordo com o falar e escrever corretamente.
A língua também pode assumir uma orientação de cunho psicológico. E é aí que
surgem as gramáticas filosóficas e psicológicas. Elas buscam elucidar a organização e o
funcionamento das variedades linguísticas de maneira objetiva e que estimule a análise; além
de evidenciar os sentimentos (emoção e fantasia) que a língua revela, que são os aspectos
psicológicos.
No século XIX, com o desenvolvimento e consolidação do ramo da linguística como
ciência autônoma, tornou-se possível a comparação das línguas existentes com a finalidade de
alcançar clareza intelectual a respeito de suas origens comuns, o que chamamos de gramática
histórico-comparativa; posteriormente houve o surgimento da gramática histórica, que
possibilitou o estudo e compreensão da língua por meio da história das suas mudanças através
dos tempos, mas que não se apensava diretamente com a descrição linguística. Esta última
gramática favoreceu, indiretamente, o estudo da linguística voltado para uma orientação
psicológica.
Já a partir do século XX, houve o despertar para os estudos descritivos da língua.
Saussure, linguista e filósofo suíço, tinha como objetivo ver essa gramática como disciplina
autônoma, independente da lógica e da psicologia como as outras ciências. Ele propôs a
gramática como diacrônica, que faz uma abordagem histórica, de determinado período,
momentaneamente; e sincrônica, que se pauta nas mudanças que a língua apresenta ao longo
do tempo, trata-se de evolução.
Ainda no século XX, o linguística Hjelmslev propôs a distinção nítida entre linguística
e filosofia. Ou seja, dintingue-se a linguística que estuda a atividade de comunicação de um
conteúdo de um indivíduo a outro entre a psicologia que estuda o conteúdo da consciência
humana.
Paralela à nova orientação europeia descrita, se desenvolveu nos EUA o princípio e as
técnicas de descrição linguística. Surgiu, primeiramente através do antropólogo Franz Boas,
auxiliado por uma equipe de onde destacaram-se o também antropólogo Edward Sapir e
Leonard Bloomfield, que é considerado o fundador da linguística estrutural norte-americana.
Este grupo criou a grmática descritiva das línguas indígenas norte-americanas, trécnicas de
descrição mais objetivas e rigorosas. A tendência da escola de Bloomfield pôs de lado o valor
significativo das formas linguísticas para evitar área de estudo das significações, área esta,
abordada de maneira abrangente pelas escolas descritivas européias derivadas de Saussure.
Indo contra o trabalho de Bloomfield, manifestou-se o linguísta Noan Chomsky devido à falta
de consideração às significações linguísticas, já que a língua é utilizada para comunicar os
significados.
De maneira isolada, o filósofo alemão Wilhelm von Humboldt compreendia a
gramática descritiva a partir de uma análise da forma externa, que compreendia os sons
vocais, suas desinência, etc.; além da análise de sua forma interna, que compreendia as
significações.
Logo, podemos chegar à conclusão que a descrição sempre ocorrerá a partir do uso
considerado culto da fala e da escrita. De acordo com o linguísta Ernest Tonnelat, o ensino
escolar “tem de assentar necessariamente numa regulamentação imperativa.”

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