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O ESTRUTURALISMO

LINGUÍSTICO: ALGUNS
CAMINHOS – RODOLFO ILARI
O paradigma estrutural modificou fortemente os estudos da linguagem. Sua
chegada ao Brasil ocorreu na década de 60 e coincidiu com o reconhecimento
da linguística como ciência autonoma. Dez anos após a sua chegada ao Brasil
o estruturalismo já era a orientação mais importante nos estudos da linguagem.
Por aqui dois centros se constituíam. No Rio de Janeiro, Mattoso Câmara foi um
profundo conhecedor da linguística produzina na Europa e na América do Norte,
além de divulgar as ideias de Edward Sapir e Roman Jakobson. O livro Principios
de Linguistica Geral, produzido por Mattoso Câmara, foi o primeiro manual da
linguística publicado na América do Sul e teve importância decisiva para a
afirmação da linguística como disciplina autônoma. Já em São Paulo, a
linguística estrutural se instaurou nos cursos de graduação e pos-graduação da
Universidade de São Paulo, USP, com a atuação de professores como Eni
Orlandi, Izidoro Blikstein e Cidmar Teodoro Paes.

Rodolfo Ilari começa abordando a tradição estruturalista europeia. Nesse ponto


é apresentado o Curso de Linguística Geral como obra póstuma de Ferdinand
Saussure e as circunstâncias que envolveram a publicação desse livro em 1916.
O primeiro fato é que Saussure não escreveu o CLG, mas sim alguns alunos da
Universidade de Genebra, que utilizaram notas de aula de alunos nos cursos
ministrados por saussure nos anos de 1907, 1908 e 1910. Apesar do sucesso
da obra, o CLG foi colocado sobre suspeita de não expressar o verdadeiro
pensamento do mestre e gerou uma série de obras buscando desvendar as
“verdadeiras” teorias de Saussure. Por isso o estruturalismo linguístico também
teve influências desses outros Saussures.

Saussure elegeu como noção central para a compreensão do fenômeno


linguístico a noção de valor, que só pode ser compreendida à luz de uma série
de distinções teóricas, como língua x fala, forma x substância, noções de
pertinência, de signo, significante e significado. Com isso é apresentado à mais
fundamental das oposições saussurianas, a que se estabelece entre a língua e
fala, ou seja, entre o sistema e os possíveis usos do sistema. Para mestre de
Genebra, o sistema era abstrato e se opunha aos episódios comunicativos
historicamente realizados. Dessa forma, ele estabeleceu que o objeto específico
da pesquisa linguística deveria ser o sistema. Os indivíduos que utilizam a
linguagem o fazem sempre por iniciativa pessoal, mas sua ação verbal só tem
os efeitos que tem pela existência de um sistema que o usuário compartilha com
outros membros da comunidade linguística de que faz parte. Por isso a língua
foi qualificada como um fenômeno social e caracterizou a linguística como um
ramo da psicologia social.

Os estruturalistas não só compreenderam que seria preciso tratar


separadamente do comportamento linguístico das pessoas e das regras a que
obedece esse comportamento, mas ainda entenderam que o uso individual da
linguagem (a fala), não poderia ser objeto de um estudo científico. Isso possibilita
que a descrição de um sistema linguístico não é a descrição física de seus
elementos, e sim a descrição de sua funcionalidade e pertinência.
Na sequência, explicitando a intuição Saussuriana, Hjelmslev chamou de forma,
tudo aquilo que uma determinada língua institui como unidades através da
oposição; à forma, ele opôs a substância, definida como o suporte físico da
forma, que tem existência perceptiva mas não necessariamente linguística.
Exemplo disso temos as palavras carro e caro é possível distinguir uma diferença
que é ao mesmo tempo substância e forma. Mas nas diferenças entre as duas
pronúncias possíveis para a palavra carro só há distinção de substância.

Ainda em seu texto, Rodolfo Ilari elenca uma série de ideias da teoria
saussuriana nas quais a mais importante seria a do valor linguístico que ressalta
a natureza opositiva do signo. Essa ideia fundamenta a especificidade de cada
signo linguístico não é o fato de que ele se aplica a certos objetos do mundo, e
não a outros; é a maneira como a língua coloca esse signo em contraste com os
demais signos de um sistema linguístico. O estoque de lições saussurianas não
seria completo se não elencar mais um conceito importante. Trata-se da
oposição entre sincronia e diacronia. Nessa dicotomia a linguística diacrônica
estudaria a língua e suas variações histórico-temporais e a linguística sincrônica
estudaria a língua em um certo momento, sem importar sua evolução temporal.

Por último e não menos importante Ilari nos apresenta os estudos pós Saussure
como os da Escola de Praga, da Glossemática, do Funcionalismo, de Romam
Jakobson e a Linguística de Chomsky que contribuíram e contribuem no
desenvolvimento do segmento estruturalista.

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