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CTPL – CÂMPUS DE TRÊS LAGOAS

[0783] HISTÓRIA – LICENCIATURA

FICHAMENTO

Acadêmico:

Referência MARTINS, Estevão de Resende. Fazer História, ensinar história,


: escrever história. In MARTINS, Estevão C. de Resende. Teoria e
Filosofia da
História: contribuições para o ensino de História. Curitiba W e A
Editores, 2017.
Pág. 237 “A historiografia buscou dar voz a três vertentes fundamentais da
experiencia do tempo vivida e refletida pelos homens: a experiencia
pessoal do tempo, a reflexão sobre experiencia do tempo na consciência
histórica, a crítica da experiencia do tempo refletida e legada por outros.
A experiencia do tempo, vivida, exprime a noção de que cada agente
racional humano faz história. De fato, todo agente faz história e é por
ela feito. (...) Essa realidade está marcada pelo ritmo do tempo: passado,
presente, futuro. Todo movimento desse ritmo é sempre, de certa forma,
esses três momentos simultaneamente – todo futuro é o presente
subsequente a um passado e todo passado é o presente anterior a um
futuro. A espiral do tempo histórico resulta de um processo de interação
individual e social dos homens e por certo também o produz. Tal
interação tem um efeito prático notável: ela educa – ou seja, ela conduz
o agente a tomar consciência de seu mundo e de sua cultura, e a
assenhorear-se de ambos, de forma que o resultado seja conhecido e
consciente como história.”
Pág. 238 1. Memória, tradição, crítica e análise
“O pensamento histórico busca sua expressão em dois âmbitos: na
consciência histórica e na historiografia. Como a história vivenciada no
tempo do dia a dia, a história penada adquire dupla dimensão: uma
crítica e uma analítica. Essas dimensões são articuladas.
A dimensão crítica é a que decorre do distanciamento que cada um
assume ao distinguir-se, como individuo agente, do legado genérico. A
dimensão analítica é a praticada quando o legado, ao menos nas partes
que dizem respeito imediato ao individuo, é dissecado em componentes
e ponderado quanto a sua relevância para a afirmação desse individuo,
pessoal e socialmente.
(...) O pensamento histórico e a consciência histórica exprimem-se na
versão metódica da história como ciência, e resultam em
historiografia.”

Dupla dimensão do conhecimento: o conhecimento do dia a dia que se


nutre a memória de todos e de cada um. (...) O conhecimento
metodizado, que história como ciência articula demonstrativa e
argumentadamente na historiografia.
2. Rede de relações e consciência histórica
“(...) O conhecimento se constrói dentro de uma rede de relações
produzidas pela ação humana no tempo e no espaço no âmbito das
sociedades.” Essa rede é chamada de Trama ou Enredo.
“(...)A trama é o entrelaçamento de fatores que alimentam a
consciência histórica de todo agente.”

Pág. 239 Três planos de referência fatorial que se articulam para produzir o
conhecimento histórico: Agente; o tempo em que a ação é efetivada;
espaço em que a ação se insere: espaço físico e social.
Variáveis:
“(a) Sociais – parentesco, solidariedade de comunidade, grupo ou
classe, por exemplo;
(b) políticas – consciência do papel individual ou coletivo nas
instituições, da cidadania, da representação, dentre outros;
(c) econômicas – organização do trabalho, modos de produção,
fontes de renda, e análogos; e
(d) culturais – convicções, crenças, opiniões, interesses, assim por
diante.”

3. Ensinar história

“Ensinar história passa por diversos caminhos. Aborda-se aqui,


brevemente, apenas quatro deles:
 O da consciência histórica em geral,
 O da historiografia com produto científico
 O da formação dos profissionais que produzem historiografia e
seus subprodutos,

 Pág. (240). “O da prática profissional dos que transmitem


conhecimento histórico no âmbito do sistema institucionalizado
de ensino.”

Pág. 240 “O primeiro, amplo e geral, é o da formação e constituição da


consciência histórica na convivência social difusa no tempo presente.
(...) Esse caminho fornece pano de fundo, comum a todos os que são
agentes racionais humanos. (...) A tradição social (e familiar) é o guia
desse caminho.
O segundo caminho é o da versão cientifica da história, que desemboca
na historiografia especializada, fruto da reflexão crítica e analítica. A
historiografia por assim dizer, põe os parâmetros de admissibilidade
do que, metódica e comprovadamente, poderia e deveria ser aceito
como explicação histórica do acontecido, para além das diferenças
culturais que o primeiro caminho admite e poderia contrapor. (...)

(...)Em certa medida, os livros e manuais didáticos são (ou deveriam)


ser parte integrante desta subcategoria(historiografia), na medida em
que difundem, nas sucessivas classes etárias, a cultura prevalente em
seu meio, nos formatos da identificação (pessoal como social) e da
memória histórica dominantes. (...)
O terceiro caminho supõe os dois anteriores. De início, lembre-se,
ninguém nasce em um mundo sem história. E cada um deve haver-se
com a história de que procede e com que lida.  (...) A formação
metódica e investigativa do profissional o faz agregar à sua condição
originaria de 'ser histórico' a qualidade especializada de pesquisador,
analista, crítico, explicador, demonstrador, narrador.”

Pág. 241 “O quarto caminho, o dos professores de história, obviamente supõe os


três já mencionados e depende deles. Fique claro, para os efeitos aqui
colimados, que 'professor de história' é uma categoria profissional que
decorre, em sua formalização, da disciplinarização da história como
ciência e da institucionalização, no âmbito do Estado, do sistema de
ensino escolar (incluída sua obrigatoriedade generalizada, cujos
primeiros exemplos são do final do século 19).”
(...) reconhecesse facilmente que a maioria dos profissionais do ensino
de história não são historiadores e sentido estrito. (...) A experiencia de
observação do interesse pela formação disciplinar avançada em história,
mesmo modesta, mostra que, malgrado os avanços em núcleos de
pesquisa e formação em determinadas universidades públicas, o ‘grosso
da tropa’ dos profissionais que lidam com história nas escolas são, antes
de autores ou produtores de conhecimento historiográfico
profissionalizado, clientes dessa produção (...)”.
Pág. 242 “(...) ‘Ensinar’ história, por conseguinte, é um processo de interlocução
transtemporal (as gerações que convergem e/ou divergem entre si) e de
dialética entre preservação (memória, continuidade, identidade) e
transformação (realização de fins, ideais, superação de limites,
compensação de frustações ou de insatisfações).”

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