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Formadores

Cursos EFA – S – Tipo A, B e C(2023-2024)


ACC- Cultura, Língua e Comunicação Cristina Varanda
Paula Brandão

Núcleo Gerador – Saberes Fundamentais (SF)


Domínios de Referência – Cultura, Língua, Comunicação no contexto privado (DR1);
Cultura, Língua, Comunicação no contexto profissional (DR2)
Temas – O Elemento; Processos e Métodos Científicos (PMC)
Objetivos - Intervém de forma pertinente, convocando recursos diversificados das dimensões
cultural, linguística e comunicacional; Revela competências em cultura, língua e comunicação
adequadas ao contexto profissional em que se inscreve.

Novas dinâmicas de família, de trabalho e de interação social.


(…) Estamos hoje a viver um período revolucionário, mas a revolução não é apenas tecnológica. Embora
computadores e telecomunicações tenham um papel importante nas mudanças revolucionárias que
estão hoje a acontecer, é importante reconhecer que as mudanças também são económicas, sociais,
culturais, políticas, religiosas, institucionais e até mesmo filosóficas ou, mais precisamente,
epistemológicas.

Na verdade, a amplitude e a profundidade das mudanças que estão a acontecer são tão grandes que
podemos dizer que apenas duas vezes, na história da humanidade, mudanças semelhantes ocorreram.

A primeira vez foi quando a raça humana passou de uma civilização tipicamente nómada para uma
civilização basicamente agrícola, sedentária. Isto deu-se há cerca de 10 mil anos.

A segunda vez foi quando a raça humana passou de uma civilização predominantemente agrícola para
uma civilização basicamente industrial. O início dessa mudança deu-se há cercade 300 anos, nos Estados
Unidos e na Europa, mas muitas regiões do mundo ainda não atingiram esse estágio.

A terceira revolução está a acontecer agora. Começou por volta de 1955 nos Estados Unidos e em
alguns outros países que estavam no auge do seu desenvolvimento industrial. Em The Third Wave
chamei a essas três revoluções “ondas”.

Embora essa terceira onda tenha sido chamada por vários nomes (Sociedade Pós-industrial, Sociedade
da Informação, etc.), a melhor maneira de entendê-las é contrastando-a com a segunda onda, a era da
civilização industrial.

Em primeiro lugar, é preciso ressaltar que o que distingue uma onda da outra é, fundamentalmente, um
sistema diferente de criar riqueza. A alteração da forma de produção de riqueza é acompanhada,
porém, de profundas mudanças sociais, culturais, políticas, filosóficas, institucionais, etc.

Na primeira onda, a forma de criar riqueza era cultivando a terra. Os meios de produção de riqueza
eram, portanto, a terra, alguns implementos agrícolas (a tecnologia incipiente da época), os “insumos”
básicos (sementes), e o trabalho do ser humano (e de animais), que fornecia toda a energia que era
necessária para o processo produtivo. Do ser humano

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esperava-se apenas que tivesse um mínimo de conhecimento sobre quando e como plantar e
colher e a força física para trabalhar. (…)

Na segunda onda, a forma de criar riqueza passou a ser a manufatura industrial e o comércio de
bens. Os meios de produção de riqueza alteraram-se. A terra deixou de ser tão importante, mas,
por outro lado, prédios (fábricas), equipamentos, energia, matéria-prima, o trabalho do ser
humano, e, naturalmente, o capital (dada a necessidade de grandes investimentos iniciais)
passaram a assumir um papel essencial enquanto meios de produção. Do ser humano passou a
esperar-se que pudesse entender ordens e instituições, que fosse disciplinado e que, na maioria
dos casos, tivesse força física para trabalhar. (…)

Na terceira onda, a principal inovação está no facto de que o conhecimento passou a ser, não um
meio adicional de produção de riquezas, mas, sim, o meio, dominante. Na medida em que ele se
faz presente, é possível reduzir a participação de todos os outros meios no processo de produção.
O conhecimento, na verdade, tornou-se o substituto último de todos os outros meios de produção.
(…)

Em segundo lugar, e em decorrência do que acabou de ser dito, ´e preciso ressaltar que, na
civilização da terceira onda, as coisas mais importantes numa empresa ou numa organização são
intangíveis. Na segunda onda media-se a importância ou o valor de uma empresa ou organização
pelo número de prédios, equipamentos e funcionários que ela possuía, ou pela quantidade da sua
produção ou do seu inventário – tudo muito tangível, facilmente mensurável. Na terceira onda, a
importância e o valor de uma empresa ou organização é o conhecimento que ela possui – e esse
conhecimento existe dentro da cabeça das pessoas que lá trabalham, sendo, portanto, intangível
e difícil de quantificar. (…)

A civilização da terceira onda tem sido chamada de sociedade da informação. Poucos se


perguntam porque é que a informação se tornou tão importante na terceira onda. A razão está no
facto de que os sistemas sociais, isto, é, a sociedade, se desmassificou, e, consequentemente, se
complexificou, a tal ponto que, hoje, é impossível geri-la sem informação e sem tecnologia da
informação (computadores e telecomunicações). (…)

Eduardo Chaves, Resumo da Palestra de Alvin Toffler no Congresso Nacional de informática da SUCESU em 24 de
Agosto de 1993 in http://www.chaves.com.br/TEXTALIA/MISC/toffler.htm, junho 2010 (adaptado)

Responda às seguintes das seguintes questões:

1- Indique as diferentes “ondas de mudança” descritas no texto.


2- Trace o seu trajeto pessoal, relacionando-o com a família e com o trabalho, tendo
em conta uma das” ondas de mudança” descritas no texto.
3- Vivemos num contexto de diversidade cultural. De que forma aplica princípios de
tolerância e igualdade, considerando o conceito de “ação social”? Por exemplo, a
pessoas excluídas socialmente.
4- Enuncie novas dinâmicas de família, de trabalho e de redes de interação social.
Dêexemplos.

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ARTE
O Conceito de Arte

Já ouviu falar de Arte? Certo? E, possivelmente já apreciou várias formas de Arte, tal como a
pintura, a música, a escultura, etc. Há obras de Arte que não são belas, contudo, a beleza
sempre foi um aspeto importante para a Arte. Há obras de Arte que considera horríveis,
feias e que causam emoções negativas. Mas a beleza está relacionada com a Estética! E o
que significa em Filosofia, Estética? Estética é uma disciplina que estuda vários temas –
estuda os problemas relativos à natureza da beleza (seja qualquer tipo de beleza e das artes).
Coloca questões tais como: O que é a beleza? Como sabemos que algo é belo? O que é a
Arte? O que faz a Arte ter valor? Definir-se arte, apresenta-se como um trabalho árduo e
não isento de
polémica. Mas, há algo inquestionável: a arte é indissociável do processo de hominização. Podemos
mesmo afirmar, que a partir das primeiras preocupações e realizações artísticas, existe de facto
humanidade. Nesta medida, os valores estéticos, entre outros, distinguem a espécie humana na sua
especificidade. O conceito de arte é ambíguo e não isento de polémica. O tema é polémico, em
virtude da enorme diversidade de conceções que existem acerca da definição de arte. Existem
teóricos que aceitam determinados critérios que possibilitam a definição de arte, o que não impede
que não consigamos encontrar contra- argumentos que deixam todas essas teorias “sem saída” ou
resposta. Há também teóricos que afirmam a impossibilidade em definir-se arte. O filósofo, Morris
Weitz (1916-1981) insere-se nesta última perspetiva, igualmente criticável. Segundo este autor, a
arte é indefinível, porque a heterogeneidade de objetos artísticos impede a existência de
características que sejam comuns a todos eles, para que os apelidemos de obras de arte. Portanto,
para Weitz, a arte apresenta-se como um conceito aberto, sendo sobretudo uma atividade criativa,
inovadora e subversiva. Apesar das dificuldades em darmos uma definição rigorosa e objetiva de
arte, a mesma implica algumas das seguintes condições: ser uma criação humana; possibilitar
prazer ou fruição; poder ser contemplada e usufruída pelo público; corresponder a formas
estéticas; ser original e inconfundível; poder gerar uma gama diferenciada de interpretações. A
estética é uma disciplina filosófica criada pelo alemão Alexander Baumgarten (1714-1762), para
designar a disciplina que estuda o conhecimento sensorial; Além disso, debruça-se sobre vários
problemas, como por exemplo: O que é a beleza? Como sabemos que algo é belo? O que é a
Arte? O que faz a Arte ter valor? Estes filósofos defendiam que as pessoas possuíam uma
capacidade ou faculdade, que apreendia ou reconhecia a beleza, a que chamaram “faculdade
de gosto”, diferente do conhecimento obtido pela razão. Mas, já os gregos, na época clássica,
referiam-se ao termo “Aisthésis” que designava: perceber e sentir. Em sentido lato, podemos
definir Experiência estética como uma vivência do ser humano caracterizada por uma
predisposição para se emocionar face a seres e situações naturais, bem como a obras
produzidas pelo Homem, atribuindo-lhes valor, em termos de beleza. Exemplos de
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experiências Estéticas: pinturas de Picasso, o pôr-do-sol no Alentejo, a música dos U2…etc. (pode
acrescentar exemplos…)

A noção de cultura

- A cultura implica um todo complexo que inclui os conhecimentos, as crenças, a arte, a


moral, as leis, os costumes e todas as outras disposições e hábitos adquiridos pelo homem
enquanto membro de uma sociedade;

- A cultura é um modo de adaptação que ultrapassa a biologia. Permite que o indivíduo se


adapte a novas situações de modo mais eficaz e versátil do que a adaptação orgânica;

- A cultura é informação, isto é, um conjunto de conhecimentos teóricos e práticos que se


aprende e transmite aos contemporâneos e aos vindouros;

- A cultura é criação. O homem não só recebe a cultura dos seus antepassados como
também cria elementos novos que a renovam;

- A cultura é fator de humanização. O homem só se torna homem porque vive no seio de


um grupo cultura;

- A cultura é um sistema de símbolos, compartilhados com que se interpreta a realidade e


que conferem sentido à vida dos seres humanos.

Arte: como defini-la?


Pensamos que a arte, é algo complicado de ser definido exactamente. A arte é uma espécie de
respiração da alma, análoga à espiração física, sem, a qual o nosso corpo não pode passar. “Os
tratados em geral dizem que a arte é a actividade humana que procura o belo. Isto é, porém,
um conceito vago, genérico, e nada mais claro se obteve quando se tentou substituir a palavra
“belo” pela expressão “prazer estético”. Tem esta expressão um carácter estritamente
psicológico e não coincide com todas as possibilidades da arte e com todas as suas
manifestações. Nenhuma definição conseguiu, e talvez jamais consiga, sintetizar este complexo
fenómeno espiritual e material ao mesmo tempo” (Bardi, P.M.).

Outras definições de arte: “ A arte é o oposto da natureza. Uma obra de arte só pode provir do
interior do homem” (Edward Munch, 1970). “ A arte não reproduz o visível, mas torna visível”
(Paul Klee, 1920). “A arte é uma mentira que nos faz compreender a verdade” (Pablo Picasso,
1923). “A arte é uma força cuja finalidade deve desenvolver e apurar a alma humana” (Vassily
Kandinsky, 1910).

E, segundo o dicionário,” arte é o conjunto de preceitos para a perfeita execução de qualquer


coisa, actividade criativa, artificio, oficio, profissão. Astúcia, habilidade”.

Examinando a definição de Bardi, voltemo-nos para a compreensão da palavra estética.


Segundo Bardi., estética é uma palavra grega e significa sensível. Em 1735, a palavra foi
adoptada para significar “ciência do belo” ou investigação sobre os motivos do ato artístico,
com o objectivo de definir o conceito de belo absoluto, o belo metafisico, ou seja, o verdadeiro,
o exacto juízo à luz da perfeição.

Estética é um processo de percepção sensorial de um objecto, de reflexão acerca da natureza


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do belo e dos fundamentos da arte e trata do sentimento, do belo e da apreciação do gosto.

Assim, podemos relacionar a palavra arte à palavra belo, sem esquecer que belo é exactamente
como cada um de nós o percebe. E que o feio expressado numa obra de arte também pode ser
muito belo, isto porque na contemplação da obra, o espetador, de algum modo, recria a obra e
atribui-lhe um determinado sentido que ele descobre e que não está previamente definido. Por
isso, a experiência estética é sempre uma aventura pessoal e emocionante. A obra de arte abre
horizontes novos e outras perspectivas, pois ela não pretende fazer uma cópia do real, mas sim
transmitir sensações e emoções, construindo com a imaginação, não o mundo tal como ele é,
mas transmitindo o mundo como o seu criador o vê.
Pietro Maria Bardi, História da arte brasileira, 2ª edição São Paulo: Melhoramentos, 1975 (adaptado)

A experiência estética
Todos nós somos inclinados a aceitar formas e cores convencionais como as únicas correctas.
Por vezes, as crianças pensam que as estrelas devem ter o mesmo formato estelar, embora não
o tenham naturalmente. Os adultos que insistem em que, num quadro, o céu deve ser azul e a
relva verde, não são muito diferentes dessas crianças. Indignam-se se vêem outras cores num
quadro, mas se tentarmos esquecer tudo o que ouvimos a respeito de relva verde e céu azul, e
olharmos o mundo como se tivéssemos acabado de chegar de outro planeta, numa viagem de
descoberta, e o víssemos pela primeira vez, talvez concluíssemos que as coisas são
susceptíveis de apresentar cores e formas mais surpreendentes. Ora, os artistas sentem, às
vezes, como se estivessem empreendendo tal viagem de descoberta. Querem ver o mundo
como se fosse uma novidade e rejeitar todas as noções aceites e todos os preconceitos sobre a
carne ser rosada e as maçãs amarelas ou vermelhas. Não é fácil libertarmo-nos dessas ideias
preconcebidas, mas os artistas que conseguem fazê-lo produzem frequentemente as obras
mais excitantes. São eles quem nos ensina a ver na natureza novas belezas de cuja existência
nunca havíamos sonhado. Se os acompanharmos e apreendermos através deles. Até mesmo
um relance de olhos para fora da nossa própria janela poderá converter-se numa aventura
emocionante.

E.H. Gombrich, A História da Arte. Madrid: Guanabara

Responda às seguintes questões:

1- Dê um breve definição de Estética?


2- Segundo o que acabou de ler, considera que se pode definir Arte?
3- Considera que a época, a sociedade e a cultura influenciam a arte? Justifique.
4- Considera que a cultura artística tem impacto nas sociedades? Porquê?
5- A literatura ou qualquer produção artística, tal como uma pintura, é uma forma de
consolidação do património cultural e artístico de um povo. Porquê?
6- O artista possibilita experiências estéticas? Justifique.

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