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Ficha de Trabalho Nº 3
EFA C
Na verdade, a amplitude e a profundidade das mudanças que estão a acontecer são tão
grandes que podemos dizer que apenas duas vezes, na história da humanidade, mudanças
semelhantes ocorreram.
A primeira vez foi quando a raça humana passou de uma civilização tipicamente nómada
para uma civilização basicamente agrícola, sedentária. Isto deu-se há cerca de 10 mil anos.
A segunda vez foi quando a raça humana passou de uma civilização predominantemente
agrícola para uma civilização basicamente industrial. O início dessa mudança deu-se há cerca
de 300 anos, nos Estados Unidos e na Europa, mas muitas regiões do mundo ainda não
atingiram esse estágio.
A terceira revolução está a acontecer agora. Começou por volta de 1955 nos Estados Unidos
e em alguns outros países que estavam no auge do seu desenvolvimento industrial. Em The
Third Wave chamei a essas três revoluções “ondas”.
Embora essa terceira onda tenha sido chamada por vários nomes (Sociedade Pós-industrial,
Sociedade da Informação, etc.), a melhor maneira de entendê-las é contrastando-a com a
segunda onda, a era da civilização industrial.
Em primeiro lugar, é preciso ressaltar que o que distingue uma onda da outra é,
fundamentalmente, um sistema diferente de criar riqueza. A alteração da forma de
produção de riqueza é acompanhada, porém, de profundas mudanças sociais, culturais,
políticas, filosóficas, institucionais, etc.
Na primeira onda, a forma de criar riqueza era cultivando a terra. Os meios de produção de
riqueza eram, portanto, a terra, alguns implementos agrícolas (a tecnologia incipiente da
época), os “insumos” básicos (sementes), e o trabalho do ser humano (e de animais), que
fornecia toda a energia que era necessária para o processo produtivo. Do ser humano
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esperava-se apenas que tivesse um mínimo de conhecimento sobre quando e como plantar
e colher e a força física para trabalhar. (…)
Na segunda onda, a forma de criar riqueza passou a ser a manufatura industrial e o comércio
de bens. Os meios de produção de riqueza alteraram-se. A terra deixou de ser tão
importante, mas, por outro lado, prédios (fábricas), equipamentos, energia, matéria-prima,
o trabalho do ser humano, e, naturalmente, o capital (dada a necessidade de grandes
investimentos iniciais) passaram a assumir um papel essencial enquanto meios de produção.
Do ser humano passou a esperar-se que pudesse entender ordens e instituições, que fosse
disciplinado e que, na maioria dos casos, tivesse força física para trabalhar. (…)
Na terceira onda, a principal inovação está no facto de que o conhecimento passou a ser,
não um meio adicional de produção de riquezas, mas, sim, o meio, dominante. Na medida
em que ele se faz presente, é possível reduzir a participação de todos os outros meios no
processo de produção. O conhecimento, na verdade, tornou-se o substituto último de todos
os outros meios de produção. (…)
Em segundo lugar, e em decorrência do que acabou de ser dito, ´e preciso ressaltar que, na
civilização da terceira onda, as coisas mais importantes numa empresa ou numa organização
são intangíveis. Na segunda onda media-se a importância ou o valor de uma empresa ou
organização pelo número de prédios, equipamentos e funcionários que ela possuía, ou pela
quantidade da sua produção ou do seu inventário – tudo muito tangível, facilmente
mensurável. Na terceira onda, a importância e o valor de uma empresa ou organização é o
conhecimento que ela possui – e esse conhecimento existe dentro da cabeça das pessoas
que lá trabalham, sendo, portanto, intangível e difícil de quantificar. (…)
Eduardo Chaves, Resumo da Palestra de Alvin Toffler no Congresso Nacional de informática da SUCESU em 24 de
Agosto de 1993 in http://www.chaves.com.br/TEXTALIA/MISC/toffler.htm, junho 2010 (adaptado)