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O Ceará é um estado que tem uma trajetória histórica de negação da participação africana em sua
constituição societária. Porém quando avaliamos os atuais dados oficiais sobre a capital de estado, desvela-
se a influência de povos africanos e indígenas nessa formação.
Em pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisas e Estratégias Econômicas do Ceará – IPECE (2013),
4,4% da população jovem da cidade de Fortaleza se autodeclara negra e 59% dessa mesma população
jovem se identifica como parda, ou seja, um somatório total de 63,4% da população jovem se identifica
como negra ou parda*, um dado significativo quando pretendemos realizar ações de política pública para
essa população, principalmente, tomando como parâmetro a Lei federal nº 12.288/2010, que homologa o
Estatuto da Igualdade Racial e determina:
Analisando os dados sobre a violência na cidade de Fortaleza, a população jovem negra amarga os
piores índices no processo de vitimização, revelando um extermínio crescente desta, que habita as
periferias em condições de maior vulnerabilidade social. No mapa “Cartografia de Criminalidade e da
violência da cidade de Fortaleza”, do Laboratório de Estudos da Violência da Universidade Federal do Ceará
– UFC, elaborado no ano de 2010, 43,9% da população jovem negra de Fortaleza são vítimas de violência.
Nesse sentido, a SCDH e a COPPIR, como ação afirmativa de combate ao extermínio de jovens
negros na cidade de Fortaleza, realiza a Semana da Consciência Negra, com o tema “Juventude Negra:
Afirmando a Identidade, Desconstruindo a Violência”.
A Secretaria Nacional de Igualdade Racial – SEPPIR, do Governo Federal, vem incentivando a
articulação de ações voltadas para o dia 20 de novembro, considerando esse o Dia Nacional da Consciência
Negra no Brasil. Uma data que faz alusão ao assassinato do líder Zumbi, um dos ícones da República de
Palmares. Desse modo, em todos os municípios brasileiros, as prefeituras, através dos órgãos responsáveis
por essa temática, realizam atividades que promovam o debate sobre a igualdade racial e o combate ao
racismo, bem como a sociedade civil, por meio das organizações do Movimento Negro.
Por esse motivo a COPPIR do município de Fortaleza, no ano de 2014, objetiva trabalhar durante
uma semana ações voltadas para essa promoção, através de debates políticos e apresentações culturais de
base africana, evidenciando suas diversas expressões, presentes em nossa cidade.
DESCRIÇÃO DO PROJETO:
Dentre as atividades, destacam-se a Mostra Cultural com diversas apresentações ligadas à cultura
afro-brasileira, palestras, rodas de conversa, lançamento de livro e oficinas formativas. Toda a programação
será gratuita e aberta a toda a população interessada.
Esta ação da COPPIR dialoga com diversas outras iniciativas da sociedade civil e mesmo de outros
órgãos públicos que tematicamente se identificam e/ou transversalizam com a Semana da Consciência
Negra, a exemplo da Bienal Percussiva, que consiste num movimento de empreendedorismo artístico-
cultural do segmento de percussão e atrai percussionistas, artistas em geral, bem como produtores de
instrumentos e produtos afins; e do Festival de Hip Hop, que aglutina rappers, B. Boys, DJs e grafiteiros, com
suas respectivas produções e, além de outas expressões. Também é importante mencionar a intersecção da
Semana da Consciência Negra com os inúmeros eventos religiosos de matriz africana e/ou afro-brasileira,
como a Festa de Iemanjá e o Dia Nacional da Umbanda (15 de Novembro), quando milhares de seguidores
dessas religiões celebram a sua fé, de forma pública e notória.
Ao longo de todo o projeto, cerca de 750 jovens negros e negras serão envolvidos diretamente nas
atividades formativas da Semana da Consciência Negra em Fortaleza e aproximadamente 2.200 jovens
serão beneficiados com as ações artístico-culturais dessa iniciativa. O orçamento total estimado para este
projeto está previsto em R$ 512.301,60.
Diante do grande público esperado para as diversas atividades, o espaço torna-se adequado tendo
em vista existir auditórios, sala para oficinas, salas para exposições, exibições de filmes, palco externo
(CUCAS) para apresentações artísticas, áreas externas para shows e anfiteatro para apresentações teatrais.
A possível dificuldade reside no fato da localização dos CUCAs – Centros Urbanos de Cultura,
Ciência, Arte e Esporte está localizado em área periférica, o que poderá ser um obstáculo no acesso às
atividades, por parte dos jovens residentes em outras regionais.
O Brasil é a segunda maior nação negra do mundo, o Ceará, segundo o último censo, publicado em
2011, tem 66,5% de negros (pretos e pardos) de sua população. Entretanto, sobre essa população recai o
peso de quatro séculos de escravidão e um longo e difícil período de invisibilidade (no Ceará, este traço é
muito forte), preconceitos e profunda desigualdade étnico-racial, que a deixaram no lado mais periférico e
precarizado do apartheid social. As estatísticas a seguir demonstram isto:
Em Fortaleza, a realidade vivida pelo povo negro ainda é marcada por um cotidiano de invisibilidade
e injustiças, pelo racismo, pelo preconceito e violação de direitos, como consequência histórica de um
processo desigual e racista da dominação eurocêntrica.
Os indicadores desta desigualdade sobre a violência que atinge a população negra no Brasil
chamam atenção e se fazem preocupantes. Em 2010, morreram 49.932 pessoas vítimas de homicídios;
70,6% das vítimas eram negras. A Região Norte e, em segundo lugar, a Região Nordeste, tiveram maior
crescimento no número de homicídios de negros: 125,5% e 96,7% respectivamente, entre os anos 2002 e
2010.
A gravidade da situação nas capitais pode ser melhor entendida se observarmos que a média
nacional de vitimização negra foi de 132,3% em 2010, em relação à média da vitimização branca. Mas nas
capitais, nesse mesmo ano, a vitimização negra* em Fortaleza foi de 246%, quase o dobro da nacional.
Considerando os dados populacionais, em 2010, temos a seguinte apresentação da taxa de vitimização:
homicídios
população
número taxa vitimização (%) *
branca negra total branca negra branca negra
888.933 1.527.181 2.452.185 103 670 12.7 43.9 246
*As taxas de vitimização negra, calculados para as unidades da federação resultam da relação entre as taxas de homicídio de
brancos e as taxas de negros. IN; Mapa da Violência.
Para mudar positivamente este quadro situacional, o projeto “Semana da Consciência Negra –
Juventude Negra: Afirmando a Identidade, Desconstruindo a Violência”, busca recuperar e fortalecer a
autoestima dos negros – homens, mulheres, jovens e adultos –, assim como resgatar a identidade no que
diz respeito à consciência cultural negra, a estética, a oralidade, a musicalidade, a religiosidade e a vivência
da cosmovisão africana.
Tendo como ponto de partida os direitos humanos de raça e etnia, este projeto se propõe a difundir
atividades culturais da população negra de Fortaleza através da participação de artistas locais, educadores,
pesquisadores e intelectuais da população da cidade, envolvendo todos em formações educativas,
apresentações artísticas, debates e seminários. Assim, promoverá a visibilidade das manifestações artísticas
culturais, tradicionais e contemporâneas protagonizadas por negras e negros, provocando reflexões
emergentes sobre esse segmento da sociedade.
Afirmar a cultura negra em Fortaleza como parte da expressão cultural do município consiste em
aprofundar o discurso sobre a identidade a partir do autorreconhecimento, promovendo uma maior
apropriação da cosmovisão africana, o que pode influenciar diretamente no cotidiano da sociedade e na
desconstrução da cultura racista.
Para a SCDH / COPPIR, o desenvolvimento de ações voltadas para a cultura e para a formação em
direitos humanos em raça e etnia é um meio de fortalecer os saberes e o modo de vida da população negra,
através da geração de oportunidades de trabalho e renda para os artistas e educadores, e aquecer o
mercado cultural do município de Fortaleza.
2.100 jovens negros e negras envolvidos como participantes das ações artístico-culturais, na faixa etária
entre 15 a 29 anos, com ou sem escolaridade, preferencialmente dos bairros periféricos e que se encontram
em condições de vulnerabilidade social na cidade de Fortaleza. Total estimado: 750 jovens negros e negras.
METODOLOGIA:
• Mostra Cultural – com: exibições de filmes com debate a respeito, exposição e comercialização de
fotos e telas de autores negros, assim como de Produtos Artesanais Negros, um festival de Rap, e
shows culturais com atrações nacionais e locais;
• lançamento de livro – durante um dos debates, nas rodas de conversa, será lançado um livro –
ainda por se definir – de um(a) autor(a) negro(a) ou com temática relacionada à negritude.
Plano de Ação Geral:
⇒ 05 exibições de filmes
⇒ 01 uma exposição de fotos e telas de autores negros e Produtos Artesanais Negros
⇒ 01 festival de Rap
⇒ 02 shows culturais com atração nacional
⇒ 33 shows culturais com artistas da cidade de Fortaleza
Cronograma de Execução:
prazo
ordem fase ações
início término
- elaboração do projeto
- articulação de parcerias
- captação de recursos
- definição e detalhamento da programação
01 pré-produção 15/09/2014 10/11/2014
- convênios e contratos
- elaboração do material de divulgação
- divulgação massiva pela cidade
- assessoria de imprensa
peça de
divulgação/veíc quantidade tamanho/especificações modal
ulo
com duas dobras, formato: 210x297mm,
folder 5.000 aberto, no papel couchet, l – 2, 115g a -------------
4/4 cores
banner 10
formato: 440x640 (mm) aberto no papel
cartaz, 1.000 -------------
couchet, l – 2, 150g a 4/0 cores
personalizada com 24 páginas, formato
21x14 cm fechada a 4/4 cores em papel
cartilha 5.000 -------------
couchet 115 gr (capa e miolo)
acabamento com grampo
com 20 folhas, capa: no formato 14x28
bloco de cm fechado e 20x28 cm, aberto, 4x0
1.000 -------------
anotações cores; miolo no papel offset, 75 g, sem
impressão
canetas 1.000 personalizadas com 01 impressão -------------
rádios FM - ------------- mídia espontânea
site da
prefeitura 01 ------------- destaque durante todo o evento
de fortaleza
jornais
- ------------- mídia espontânea
impressos
jornais
- ------------- mídia espontânea
televisivos
Programação Completa da Semana de Consciência Negra – Juventude Negra: Afirmando a Identidade,
Desconstruindo a Violência (14 a 22/11/2014):
A avaliação da semana da consciência negra será realizada em momentos distintos, porém importantes
para o processo de compreensão dos resultados do projeto e das possibilidades de aperfeiçoamento do
mesmo.
Primeiramente será realizada uma avaliação diária acerca das articulações para que o projeto possa ser rea-
lizado. Essa avaliação deverá apontar para a adequação do tipo de abordagem a ser utilizada nas atividades
do projeto.
O segundo momento se refere às avaliações das ações já em andamento. Tal avaliação será executada atra-
vés de instrumentais aplicados diariamente pela COPPIR/SCDH, sobre os profissionais envolvidos (artistas,
produtores, acadêmicos, militantes...) e público em geral.
O terceiro momento é uma avaliação ao final da execução das atividades previstas, para a compreensão
dos impactos gerados pelo projeto, que será realizada de forma escrita com a aplicação de um instrumental
para todos os envolvidos diretamente.
FUTURO DO PROJETO:
A iniciativa tem como público alvo a população negra em geral (pretos e pardos) e visa contribuir para a
afirmação da cultura afro-brasileira e para a redução da desigualdade étnico racial em Fortaleza (CE). Além
disso, o projeto visa promover uma compreensão da dinâmica desse fenômeno através de ações de forma -
ção, tanto no campo da sociedade civil, com um olhar especial sobre a juventude negra, que é a maior víti -
ma no processo, como no segmento institucional da gestão municipal que promove o atendimento direto
desse público alvo.
Por ser uma ação formadora – além de artístico-cultural – tem como principal missão, incentivar a
multiplicação através dos atores que dele participarem e que se tornarão agentes de difusão das reflexões e
saberes abordados pelo projeto.
Vivemos um momento efervescente no que diz respeito a discussão sobre a desigualdade racial,
enfrentamos um rico processo de conferência nacional sobre a questão, com massiva participação nas
etapas estaduais e municipais em todo o Brasil, inclusive em Fortaleza. As atenções dos diversos segmentos
(sociedade civil e governamental) estão voltadas para os atores que promovem a igualdade racial, tarefa
primordial nossa neste município.
Em vista deste argumento, podemos construir uma perspectiva de articulação de várias parcerias em pro-
gramas, projetos, ações, assim como a construção da possibilidade de atração de empreendimentos diver-
sos no setor, podendo portanto, a partir disso, motivar a assinatura de importantes convênios entre este
setor e o poder público municipal.