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HIGIENIZAÇÃO DAS MÃOS PARA PREVENIR

INFECÇÕES RELACIONADAS A ASSISTENCIA A


SAÚDE
Geciara dos Santos Oliveira, Sonia de Sousa Alves, Soraya Lopes de Lima Ramos¹
Bruno Moreira Lima²

1. INTRODUÇÃO

A higienização de mãos é a técnica básica mais eficaz na prevenção e controle da


transmissão de infecção. A higiene das mãos é um termo geral que se aplica a quatro técnicas:
higienização simples das mãos, higienização antisséptica das mãos, fricção antisséptica das mãos
com ou sem escovação. (POTTER, 2021)
Atualmente, programas que enfocam a segurança no cuidado do paciente nos serviços de
saúde tratam como prioridade o tema higienização das mãos, a exemplo da “Aliança Mundial para
Segurança do Paciente”, iniciativa da Organização Mundial de Saúde (OMS), firmada com vários
países, desde 2004. Embora a higienização das mãos seja a medida mais importante e reconhecida
há muitos anos na prevenção e controle das infecções nos serviços de saúde, colocá-la em prática
consiste em uma tarefa complexa e difícil. (MAIEROVITCH, 2022).
Assim, conforme afirma Andrade (2022), desde a antiguidade têm-se que a higienização
das mãos é considerada um ato de limpeza e purificação, porém, somente após a descoberta dos
microrganismos nas superfícies corporais, é que a preocupação da higienização das mãos foi tida
como forma de combate à transmissão de doenças.
Embora o objetivo do cuidado seja promover saúde e recuperação do paciente, esse está
sujeito a riscos decorrentes da assistência prestada. No ano de 2007, o Brasil se juntou a Aliança
Mundial para Segurança do Paciente, criada em 2004, e declarou seu compromisso na luta contra
as infecções relacionadas à assistência à saúde, iniciativa proposta pelo programa “Desafio Global
de Segurança do Paciente” que tem como área de trabalho a higienização das mãos, assim, as
diretrizes estabelecidas pelo desafio “Uma Assistência Limpa é uma Assistência mais Segura” -
Clean care is safer care, sofre adaptação e tradução para ser utilizada no Brasil, e começa a ser
implementada em diversas instituições nacionais (BRASIL, 2018).
A infecção associada ao cuidado de saúde é vista como uma doença grave, com grande
impacto econômico e social para os pacientes e os sistemas de saúde em todo o mundo. O impacto
é maior entre os pacientes mais vulneráveis. Há registro que em países em desenvolvimento, todos
os dias, 4384 crianças morrem por decorrência de infecções relacionadas à assistência a saúde.

1 Nome dos acadêmicos


2 Nome do Professor tutor externo
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI - Curso (Código da Turma) – Prática do Módulo I - dd/mm/aa
2

Todavia, conforme Mendonça (2023), historicamente há a constatação do valor da


higienização das mãos na prevenção das doenças, porém, os profissionais de saúde continuam
ignorando a importância desta prática tão simples e não compreendem os mecanismos básicos da
dinâmica de transmissão de micro-organismos que podem provocar o desenvolvimento de
infecções, como
Vê-se que publicações da Organização Mundial da Saúde demonstram que centenas de
milhões de pacientes em todo o mundo são acometidos por infecções associadas ao cuidado de
saúde, e que por meio de estratégias simples, como a higienização das mãos, pode-se reduzir
consideravelmente esse número. (SILVA et al, 2023)
Diante do exposto, este trabalho justifica-se no entendimento que a higienização das mãos é
uma medida simples que deve ser amplamente utilizada pelos profissionais da saúde, diminuindo
os riscos ao paciente e os custos globais relacionados à assistência à saúde, resultando em um
maior nível de segurança ao paciente, especialmente. Sendo assim, este estudo tem como objetivo
avaliar se a higienização das mãos realizada antes de atendimentos assistenciais pelos profissionais
de enfermagem segue o preconizado pela Organização Mundial da Saúde e pela Agência Nacional
de Vigilância Sanitária.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Em 1846, Ignaz Semmelweis, médico húngaro, reportou a redução no número de mortes


maternas por infecção puerperal após a implantação da prática de higienização das mãos em um
hospital em Viena. Desde então, esse procedimento tem sido recomendado como medida primária
no controle da disseminação de agentes infecciosos.
A legislação brasileira, por meio da Portaria n. 2.616, de 12 de maio de 1998, e da RDC n.
50, de 21 de fevereiro 2002, estabelece, respectivamente, as ações mínimas a serem desenvolvidas
com vistas à redução da incidência das infecções relacionadas à assistência à saúde e as normas e
projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde. (ANVISA, 2019).
Assim conforme enfocado, segundo a Anvisa (2019) o ato de higienização de mãos é a
medida individual mais simples e menos dispendiosa para prevenir a propagação das infecções
relacionadas à assistência à saúde. Recentemente, o termo “lavagem das mãos” foi substituído por
“higienização das mãos” devido à maior abrangência deste procedimento. O termo engloba a
higienização simples, a higienização antiséptica, a fricção anti-séptica e a anti-sepsia cirúrgica das
mãos, que serão abordadas mais adiante:
As mãos constituem a principal via de transmissão de microrganismos durante a
assistência prestada aos pacientes, pois a pele é um possível reservatório de diversos
microrganismos, que podem se transferir de uma superfície para outra, por meio de
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contato direto (pele com pele), ou indireto, através do contato com objetos e superfícies
contaminados. A pele das mãos alberga, principalmente, duas populações de
microrganismos: os pertencentes à microbiota residente e à microbiota transitória. A
microbiota residente é constituída por microrganismos de baixa virulência, como
estafilococos, corinebactérias e micrococos, pouco associados às infecções veiculadas
pelas mãos. É mais difícil de ser removida pela higienização das mãos com água e sabão,
uma vez que coloniza as camadas mais internas da pele. . (ANVISA, 2019 pg 12).
A lavagem das mãos é definida pela OMS (2020), em regulamentação de oreintação ao
covid-19 como uma fricção vigorosa, breve em conjunto com todas as superfícies das mãos
ensaboadas, seguida de lavagem, sob uma corrente de água quente durante 15 segundos. O
princípio fundamental por trás da lavagem das mãos é a remoção mecânica de microrganismos das
mãos e enxágue com água. A lavagem das mãos não mata os microrganismos
Sabe-se que uma lavagem de mãos antisséptica significa lavar as mãos com água morna e
sabão ou outros detergentes contendo um agente antisséptico. Alguns antissépticos matam as
bactérias e alguns vírus. A fricção antisséptica das mãos significa aplicar um produto antisséptico
por todas as superfícies das mãos para reduzir o número de microrganismos presentes. Os
antissépticos de mão à base de etanol contendo álcool entre 60% a 90% parecem ser mais eficazes
contra agentes patogênicos comuns encontrados nas mãos (BOLON, 2021).
Em contrapartida apesar de a importância desta prática ser embasada em fortes evidências
científicas, estudos apontam que os profissionais da área da saúde (PAS), ressaltando os
profissionais de enfermagem que tem um contato direto na assistência, nem sempre realizam a
higiene de mãos nos momentos recomendados, com a frequência correta e no tempo necessário. A
adesão dos PAS à higiene de mãos tem sido frequentemente investigada em instituições
hospitalares e ainda são escassos os estudos avaliando a realização deste procedimento em outros
cenários de assistência à saúde, mesmo com a ampliação do conceito de IRAS para infecções da
assistência à saúde em qualquer espaço do cuidado.(ZOTTELE et al, 2018)
Portanto, em consonância ao que foi elencado acima, sendo o hospital local de cura e de
atendimento daqueles que possuem alguma necessidade de saúde, deveria propor uma assistência
humanizada e segura perante suas ações assistenciais. Entretanto, infelizmente esta não é a
realidade enfrentada atualmente. Possui ainda, altos índices de infecções hospitalares,
comprometendo a assistência prestada nesses locais e nos fazendo refletir sobre a não
concretização de práticas seguras e eficazes de controle condizentes ao saber epidemiológico.
Ainda hoje, a infecção hospitalar ou nosocomial constitui um dos mais graves problemas de
saúde pública, visto que seus altos índices de ocorrência condicionam a uma elevação da taxa de
morbi-mortalidade e oneração do custo hospitalar, dificultando assim a qualidade do cuidar e a
evolução do sistema de saúde como todo. (PEREIRA et al, 2020, pg 250)
Por fim, historicamente conforme Sousa et al (2018), é comprovada a higienização das
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mãos caracteriza-se como importante na prevenção a tais infecções, sendo considerada a medida
primordial contra a propagação dos microorganismos no âmbito hospitalar.

3. METODOLOGIA

A metodologia desse trabalho optou-se por pesquisa bibliográfica, qualitativa, valorizando a


seleção de diversas fontes encontradas na internet, artigos, revistas, etc. Utilizou-se 9 artigos com
critérios selecionados de 2018 a 2023 em língua portuguesa, disponível completo em versão pdf.
Diante da pesquisa encontrou-se realidade que este método elencado no presente trabalho é um dos
mais eficazes na ajuda ao profisisonal da saúde, para prevenção de infecções relacionadas à
assistência à saúde, e é altamente indicado devido ao seu método simples e de fácil acesso.
Destaca-se a pesquisa como qualitativa, devido ser um tipo de método de investigação de
base linguística usada principalmente em ciências sociais. Para tanto a pesquisa resgatou
conhecimentos de artigos científicos e revistas de ciências humanas que são disciplinas
criteriosamente organizadas da produção criativa humana. Segundo Gil (2022) a principal
vantagem deste tipo de pesquisa é [...] permitir ao investigador a cobertura de uma gama de
fenômenos muito mais amplos do que comparados a outras pesquisas.

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

FONTE DE DADOS
AUTOR ANO TÍTULO PRINCIPAIS CONSIDERAÇÕES FINAIS
RESULTADOS
AGÊNCIA 2019 Higienização A presente obra O intuito dessa obra é
NACIONAL das mãos em apresenta proporcionar aos profissionais e
DE serviços de conhecimentos gestores dos serviços de saúde
VIGILÂNCIA saúde específicos da conhecimento técnico para
SANITÁRIA- importância do ato embasar as ações relacionadas
ANVISA de higienização das às práticas de higienização das
mãos, como mãos, visando à prevenção e à
também passo a redução das infecções e
passo das diferentes promovendo a segurança de
formas de assepcia. pacientes, profissionais e
demais usuários dos serviços de
saúde.
BRASIL. 2018 Um guia Neste guia Pode-se dizer que a
para completo mostra a Higienização das Mãos (HM),
implantação medida mais antigamente conceituada
da estratégia simples para lavagem das mãos, é a medida
multimodal prevenir a individual mais simples para
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da OMS propagação das prevenir a propagação das


para a infecções infecções relacionadas à
melhoria da relacionadas à assistência à saúde (IRAS).
higienização assistência à Saúde Entre suas finalidades estão
das mãos inclusas a remoção de sujidade
e da microbiota da pele,
interrompendo a transmissão de
infecções veiculadas por meio
de contato. A HM engloba as
seguintes técnicas: a higiene
simples, a higiene antisséptica e
a antissepsia cirúrgica.

PEREIRA 2020 A infecção Devido a relevância Desta forma, reafirma-se que a


MS, SOUZA hospitalar e que a higienização higienização das mãos é crucial,
ACD, Tipple suas das mãos possui, já que a facilidade dos
AFV, PRADO implicações esta obra microrganismos se instalarem
MA para o cuidar estabeleceu na camada córnea da pele
da protocolos básicos existe, e sua transferência por
enfermagem. de segurança do meio de fômites ou para outros
paciente, entre os indivíduos por contato direto é
quais se destaca o considerável, esse repasse de
protocolo de prática microrganismo pode vir a
de higienização das causar infecções nosocomiais,
mãos, este incentiva estas podem ser adquiridas de
a maior adesão por diversas maneiras: através da
parte dos flora endógena do paciente,
profissionais e das acarretando a autoinfecção, ou
instituições de através de um micro organismo
saúde a esta medida que hospedava outro paciente,
profilática. neste caso, desenvolvendo uma
infecção cruzada

As mãos são os principais veículos do cuidado, pelos quais acontecem a prestação dos
serviços de saúde, e é através delas que dá-se maior parte das transmissões dos microrganismos que
causam as IRAS, tendo em vista esse fato, é de extrema importância mantê-las limpas.
Ficou claro a relevância que a higienização das mãos possui. A OMS (2018, pg 49) reafirma
a valia da higienização das mãos e faz algumas recomendações acerca dos momentos que é
necessária a sua realização, estes momentos são: antes do contato com o paciente, antes de
procedimentos invasivos, após contato com fluidos corporais, após contato com superfícies
inanimadas próximas ao paciente, após retirar luvas, quando as mãos estiverem visivelmente sujas,
após exposição a esporos ou patógenos, além de quando houver mudança de um sítio contaminado
de um paciente para outro sítio no mesmo paciente (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE-
OMS, 2018 p 49).
No que tange aos profissionais da saúde as atitudes em relação à lavagem das mãos em
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situações como a prestação de cuidados de saúde são chamadas de práticas de lavagem das mãos
eletivas, como orienta Anvisa (2019, pg22 ). Orientar os pacientes e visitantes sobre as técnicas
adequadas de higiene das mãos, a razão para isso e os tempos para realizá-las. Se os cuidados de
saúde são para serem continuados em casa, ensinar os pacientes e cuidadores familiares a lavar as
mãos antes de comer ou manipular alimentos; depois de manusear equipamentos contaminados,
linho ou material orgânico; e após a evacuação. Em ambientes de cuidados de saúde, incentivar os
visitantes a lavar as mãos antes de comer ou manipular alimentos; após entrar em contato com
pacientes infectados; e depois de manusear materiais contaminados, móveis do paciente ou material
orgânico. (ANVISA, 2019).
“Para realizar-se uma eficaz higienização das mãos, são necessários alguns poucos produtos,
de baixo custo, e fácil acesso. Existem alguns métodos preconizados pela OMS, que torna mais
eficaz a higienização das mãos e entre esses métodos estão: A higienização simples, com água e
sabão e a fricção antisséptica com preparação alcoólica, cada uma tem sua finalidade e são
utilizadas em situações diversas”, conforme orienta OMS (2018).
Mediante aos expostos abordados, ainda existe resistência por parte dos profissionais da área de
saúde a aderir ao método antisséptico, e isto é o que torna mais recorrente o contágio dos
indivíduos, e a incidência de infecções cruzadas. As repercussões da problemática vem chamando a
atenção de diversos órgãos que de forma direta estão ligados a saúde, principalmente depois da
pandemia do corona vírus, portanto o envolvimento por parte de todos os profissionais, até mesmo
da liderança do hospital e do setor administrativo é primordial para que haja sucesso nas campanhas
realizadas e em cada estratégia elaborada, o ensino da importância da higienização das mãos e no
que ela implica desde o âmbito estudantil também reforçará a adesão por parte dos futuros
profissionais.

REFERÊNCIAS

ANDRADE GM. Infecção hospitalar: mitos e verdades, velhos hábitos, novas atitudes.
Brasília méd. 2022; 39(1/4): 57-9.
AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA-ANVISA. Higienização das mãos em
serviços de saúde. Impresso Especial. 2019
BRASIL. Um guia para implantação da estratégia multimodal da OMS para a melhoria da
higienização das mãos; 2017/2018
BOLON M. Handy hygiene. Infect Dis Clin North Am. 2021; 25(1): 21-43.
MAIEROVITCH, Cláudio. Técnicas de higienização das mãos. Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa). 2022. Disponível em: www.anvisa.gov.br.
MENDONÇA AP, Fernandes MSC, Azevedo JMR, Silveira WCR, Souza ACS. Lavagem das
mãos: adesão dos profissionais de saúde em uma unidade de terapia intensiva neonatal. Acta
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scientiarum. Health sciences. 2003; 25(2): 147-53.


ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE – ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE
- OPAS/OMS; AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA – MINISTÉRIO DA
SAÚDE – ANVISA/MS. Guia para Implantação. Um guia para implantação da Estratégia
Multimodal da OMS para a Melhoria da Higienização das mãos.
PEREIRA MS, SOUZA ACD, Tipple AFV, PRADO MA. A infecção hospitalar e suas
implicações para o cuidar da enfermagem. Texto & contexto enferm. 2020 Abr- Jun;14(2):250-
7.
POTTER. Patricia A. Fundamentos da enfermagem/tradução Adilson Dias Salles... Et AL. -9 ed.
– Rio de Janeiro; GEN/ GRUPO EDITORIAL NACIONAL. Editora Guanabara Koogan Ltda.,
2021
SILVA, Francielle Maciel; PORTO, Talita Padilha; ROCHA, Patricia Kuerten; LESSMANN,
Juliana Cristina; CABRAL, Patricia Fernanda de A.; SCHNEIDER, Karine Larissa Knaesel.
Higienização das mãos e a segurança do paciente pediátrico. CIENCIA Y ENFERMERIA XIX
(2): 99-109, 2023.
SOUZA FC, RODRIGUES IP, SANTANA HT. Perspectiva histórica. In: Agência Nacional de
Vigilância Sanitária, Ministério da Saúde. Segurança do paciente: higienização das mãos.
Brasília (DF); 2018.
ZOTTELE C, Magnago TSBS, DULLIUS AIS, Kolankiewicz ACB, ONGARO JD. Hand hygiene
compliance of healthcare professionals in an emergency department. Rev Esc Enferm USP.
2018;51:e03242. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S1980-220X2016035503242.

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