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A HIGIENIZAÇÃO DAS MÃOS NO CONTROLE DA INFECÇÃO HOSPITALAR

Cínara Farias Bastos*


Edlene Lopes Damacena**
Maglene Dantas Godofredo*
Mônica Arruda Machado**

Resumo:
A higienização das mãos é a prática prioritária em todos os programas de prevenção e controle de
infecção hospitalar, em virtude de reduzir consideravelmente as taxas dessas infecções nosocomiais. O
uso de água e sabão, aliado à fricção, remove os microrganismos que colonizam as camadas superficiais
da pele e também a oleosidade, o suor e células mortas, bem como retira sujidade propícia para
permanência e multiplicação de microrganismos.
Palavras-chave: lavagem das mãos, infecção hospitalar, controle de infecção.

Abstract

The hygienic cleaning of the hands in comtrole of the hospital infection.

The hygiene cleaning of hands is the priority practice in the all prevention adn hospital infection programs,
in virtue for reduce considerable the taxs this infections nosocomiais. The water and soap use, allie of the
friction, remove the microorganismo when they colonize the superficial layer of the skin and removes the
oily, the sweat, and the decease cells, and removes the dirtyness own for the permanence and
microrganismo grows.
Keywords: hand wash, medical infection, infection control.

* Acadêmicas do 4° Semestre de Enfermagem da FASB.


** Acadêmicas do 6° Semestre de Enfermagem da FASB.
1.0 Introdução:
O presente artigo tem por finalidade apresentar informações sobre a importância do ato de lavar as mãos
corretamente no controle de infecção hospitalar. Os dados aqui apresentados são bibliográficos, pautados
nas idéias de Sylvia Lemos Himrichsen.

O ato de lavar as mãos é o principal meio de prevenção de infecções dentro do ambiente hospitalar. A
lavagem das mãos evita, portanto, as infecções cruzadas do funcionário para com o paciente, do
funcionário para outro funcionário, de paciente para funcionário e de funcionário para visitantes. As mãos
abrigam a microbiota bacteriana transitória e a residente.

Quando se lavam as mãos (com a técnica correta), eliminam-se bactérias da microbiota transitória e parte
da residente, removendo microrganismos, células descamativas, sujidades e oleosidade da pele.
Para evitar que funcionários sejam fonte de contaminação, deve-se evitar o cumprimento de funcionário,
paciente e visitante com as mãos sem a lavagem prévia; abrir ou fechar a porta do quarto do paciente
com as mãos não lavadas e limpar o mobiliário do paciente sem o uso de luvas. Deve-se, portanto,
lembrar que as luvas também são fontes de contaminação, devendo ser usadas com técnica e bom
senso. É preciso lavar as mãos antes e após cada procedimento realizado, atos e funções fisiológicas, as
refeições e o uso de luvas. Para a lavagem das mãos é necessário que haja pias. Estas deverão ser
instaladas em quantidade suficiente, para que se economize tempo, movimento e energia do funcionário.

O objetivo principal do processo de lavagem/higienização das mãos é o de reduzir a transmissão de


microrganismos pelas mãos, prevenindo as infecções, uma vez que são as mãos o instrumento mais
utilizado no cuidado ao paciente.

Em alguns hospitais brasileiros, observa-se problemas relacionados à falta de pias, ou pias em número
insuficiente, como também a ausência de dispensadores para sabão, fazendo-se necessário a utilização
de anti-sépticos após a lavagem prévia das mãos. Nestes casos, é preciso que se estabeleça uma
normatização dessa prática pela comissão de controle de infecção hospitalar (CCIH).

Sabe-se o quanto é difícil mudar os hábitos, costumes, conceitos e, principalmente, comportamentos, mas
se não se investir nessa simples atitude, nada se conseguirá. Para que isto ocorra de forma efetiva,
deverão ser priorizados pela CCIH e estrutura máxima hospitalar, em parceria com os pacientes,
familiares e/ou visitantes, treinamentos, aulas, pesquisas, além de um trabalho de “corpo-a-corpo” com as
equipes multidisciplinares.

2.0 Objetivo Geral


Apresentar a importância da higienização das mãos no controle das infecções hospitalares.
2.1 Objetivos Específicos.
· Avaliar a adesão à lavagem das mãos por profissionais de enfermagem na Maternidade Municipal de
Barreiras ( MMB);
· Identificar fatores que contribuem para a ausência da higienização das mãos;
· Identificar fatores que contribuem para a ocorrência de infecções hospitalares;
· Registrar a ocorrência de infecções mais prevalentes;
· Promover ações educativas entre os profissionais;

3.0 Justificativa
Levando-se em consideração o fato de que a necessidade de higienização das mãos é reconhecida por
diversas entidades, entre estas o governo brasileiro, quando inclui recomendações para esta prática no
anexo IV da portaria 2616/98 do Ministério da Saúde, regulamentações internacionais e manuais
elaborados por associações profissionais e sabendo que o ato de cuidar envolve também a higiene
consigo e com o próximo, esse projeto se justifica pelo interesse que há em pesquisar se os profissionais
da saúde da Maternidade Municipal de Barreiras (MMB), adotam como prática rotineira a higienização
correta das mãos ao desempenhar suas atividades. Visa-se também discutir as informações coletadas
baseando-se nos estudos já desenvolvidos por diversos teóricos da área.

4.0 Referencial Teórico


4.1 Como lavar as mãos

Retirar jóias (anéis, pulseira, relógio), uma vez que nesses objetos acumulam-se bactérias não removíveis
com a lavagem das mãos.
Abrir a torneira com a mão dominante sem encostar na pia, para não contaminar a roupa, quando não
houver pedal.
Molhar as mãos.
Aplicar 3 a 5 ml de sabão líquido nas mãos.
Ensaboar as mãos, formando espuma friccionando-as por 15 a 30 segundos, atingindo todas as suas
faces (palma, dorso, espaços interdigitais, articulações, unhas e extremidades dos dedos).
Enxaguar, deixando a água penetrar nas unhas e espaços interdigitais (mão em forma de concha). Retirar
toda a espuma e os resíduos de sabão, sem deixar respingar água na roupa e no piso. A formação de
espuma extrai e facilita a eliminação de partículas.
Secar as mãos com papel toalha descartável (duas folhas). Se a torneira for manual, usar o mesmo papel
toalha para fechá-la.
Desprezar o papel toalha na lixeira.

4.2 Infecção Hospitalar (IH)

“É qualquer processo infeccioso adquirido no ambiente hospitalar, diagnosticado principalmente durante


sua internação, mas que pode ser detectado após a alta e atingir também qualquer outra pessoa presente
no hospital” (HINRICHSEN, Sylvia L.,2004). São infecções relacionadas à hospitalização de um paciente
ou aos procedimentos diagnósticos e terapêuticos praticados. A infecção hospitalar é, em sua maioria,
endógena e independe do meio ambiente.

A infecção comunitária é aquela constatada ou em incubação na admissão do paciente, desde que não
relacionada com internação anterior no mesmo hospital. Indivíduos que trabalham em hospitais estão
potencialmente expostos a uma diversidade de doenças infecto-contagiosas e podem adquirir infecção
hospitalar. Este tipo de infecção diz-se ocupacional.

Infecções hospitalares são, pois, complicações infecciosas relacionadas à assistência prestada ao


paciente e à diminuição de sua capacidade de defesa antiinfecciosa e podem ser endógenas, exógenas,
cruzadas e inter-hospitalares.

Infecção endógena é a que se verifica a partir de microrganismos do próprio paciente, geralmente


imunodeprimido, e que corresponde a aproximadamente 2/3 das infecções hospitalares. Infecção
exógena é a que se verifica a partir de microrganismos estranhos ao paciente, sendo veiculada pelas
mãos da equipe de saúde, nebulização, uso de respiradores, vetores, por medicamentos ou alimentos
contaminados. Infecção cruzada é a que se transmite de paciente a paciente, geralmente pelas mãos da
equipe de saúde. Infecção inter-hospitalar é um conceito que foi criado para definir as infecções
hospitalares que são levadas de um hospital para outro com a alta e subseqüente internação do mesmo
paciente em diferentes hospitais.

Os agentes etiológicos mais comumente encontrados nos processos infecciosos são as bactérias.
Entretanto, fungos, vírus ou protozoários, na dependência da infecção, tipo e gravidade da doença de
base do paciente, assim como dos antibióticos usados previamente e do tempo de hospitalização, podem
ser igualmente freqüentes e graves.
Em hospitais gerais, os pacientes com maior risco de contrair IH são os neutropênicos, os submetidos a
cirurgia, os internados em UTI, os politraumatizados e os grandes queimados. As infecções hospitalares
podem localizar-se em qualquer sítio do organismo, dependendo dos fatores que precipitaram ou
facilitaram a infecção. As infecções urinárias e respiratórias são as mais freqüentes em hospitais gerais.
A porta de entrada pode ser a via digestiva, a pele, a conjuntiva ou o trato geniturinário. A suscetibilidade
à infecção está relacionada ao patrimônio genético, à idade, à inibição dos mecanismos de defesa
naturais e/ou adquiridos, à integridade anatômica dos tecidos e, em alguns casos, ao sexo.

A freqüência das complicações infecciosas hospitalares varia de acordo com a causa da internação, o
estado do paciente e o tipo de assistência que recebe.

4.3 Caracterização da Infecção Hospitalar

Para se definir e classificar a origem do processo infeccioso hospitalar, é necessário identificar em cada
paciente o que o levou a adquirir a infecção; quais os fatores de risco preexistentes, quais os sintomas e
quando se iniciaram, quais os procedimentos realizados e se houve intercorrências e qual o tipo de ferida
cirúrgica. Toda uma conjuntura deve ser analisada para identificar o processo e sua causas.

Os germes Gram-negativos (Klebsiella sp.; Enterobacter sp.; Serratia sp.; Proteus sp.; E. coli;
Pseudomonadacea (principalmente P. Aeruginosa, Acinetobacter), são freqüentes causadores de
infecções hospitalares e, geralmente, são adquiridos por meios de mãos contaminadas, que servem de
reservatório e vetor destas bactérias. O risco de contaminação por esta via é maior mesmo para
pacientes com defesas secundárias preservadas. O hábito de lavar as mãos antes e após cada
procedimento, e entre os cuidados de um paciente e outro, reduz significativamente a incidência de
infecções.

A pele e as mucosas representam a primeira linha de defesa do corpo contra o meio externo, servindo
como barreiras e assumindo importância ainda maior quando as defesas secundárias estão alteradas. A
rica vascularização da pele facilita a disseminação de microrganismos para outros locais e também sua
contaminação a partir de infecções sistêmicas. Os principais mecanismos que determinam a destruição
da barreira cutânea são: o trauma produzido pela introdução de agulhas ou catéteres intravasculares; a
utilização de curativos oclusivos com materiais impermeáveis que aumentam a hidratação da pele,
alterando a composição da biota bacteriana residente e o uso de agentes microbianos e corticosteróides
tópicos e/ou sistêmicos.

Bactérias Gram-negativas resistentes a drogas de primeira linha (aminoglicosídeos e cefalosporinas) têm


sido observadas no ambiente hospitalar e, eventualmente, em infecções comunitárias, especialmente os
gêneros Klebisiella, Serratia e Enterobacter. São bactérias que colonizam o trato gastrointestinal e a pele
dos pacientes, sendo veiculadas pelas mãos. Em geral, são pouco exigentes do ponto de vista nutricional,
podendo contaminar e proliferar em ambientes úmidos, pouco nutritivos (líquidos de infusão, circuitos de
respiradores, nebulizadores, alimentos e dietas enterais).

O diagnóstico das infecções hospitalares deverá valorizar informações oriundas de evidência clínica
derivada da observação direta do paciente ou da análise de seu prontuário; resultados de exames de
laboratório, ressaltando-se os exames microbiológicos, a pesquisa de antígenos, anticorpos e métodos de
visualização realizados; evidências de estudos com métodos de imagem, endoscopia, biópsia e outros.

O conhecimento precoce dessas complicações podem melhorar significativamente a evolução do doente.


A ocorrência de infecções não indica, necessariamente, que o hospital ou sua equipe tenham cometido
erro na assistência ao paciente, pois há riscos intrínsecos. Medidas de prevenção não conseguem evitar
muitas infecções, mas conseguem reduzi-las em cerca de 30%.

A portaria do Ministério da Saúde nº. 2.616, de 12 de Maio de 1998, considerando que as infecções
hospitalares constituem riscos significativos à saúde dos usuários dos hospitais, e sua prevenção e
controle envolve medidas de qualificação da assistência hospitalar, de vigilância sanitária e outras,
tomadas no âmbito do Estado, do município e de cada hospital, pertinentes ao seu funcionamento.
Expede diretrizes e normas para a prevenção e controle das infecções hospitalares. E diz ainda que este
regulamento deve ser adotado em todo território nacional, pelas pessoas jurídicas e físicas, de direito
público e privado envolvidas nas atividades hospitalares de assistência à saúde.

O anexo I dessa portaria preconiza que os hospitais deverão constituir Comissão de Controle de Infecção
Hospitalar (CCIH), que é um órgão de assessoria à autoridade máxima da instituição e de execução das
ações de controle de infecção hospitalar. Essa CCIH deverá ser composta por profissionais da área de
saúde, de nível superior formalmente designados.

O anexo IV diz que: a lavagem das mãos é, isoladamente, a ação mais importante para a prevenção e
controle das infecções hospitalares; a lavagem das mãos deve ser realizada tantas vezes quanto
necessária, durante a assistência a um único paciente, sempre que envolver contato com diversos sítios
corporais, entre cada uma das atividades; devem ser empregadas medidas e recursos com o objetivo de
incorporar a prática da lavagem das mãos em todos os níveis de assistência hospitalar: a distribuição e a
localização de unidades ou pias para lavagem das mãos de forma a atender à necessidade nas diversas
áreas hospitalares, além da presença de produtos, é fundamental para a obrigatoriedade da prática.

5.0 Metodologia

O respectivo estudo é de natureza exploratória, sendo que utilizaremos como base para desenvolvê-lo
uma revisão bibliográfica. Segundo (LOBIONDO-WOOD, G, 2001) “A pesquisa bibliográfica é capaz de
atender aos objetivos tanto do aluno, em sua formação acadêmica, quanto de outros pesquisadores, na
construção de trabalhos inéditos que objetivem rever, reanalizar, interpretar e criticar considerações
teóricas ou paradigmas, ou ainda criar novas proposições na tentativa de explicar a compreensão de
fenômenos relativos às diversas áreas do conhecimento.”

6.0 Considerações Finais

Diante da problemática abordada nessa pesquisa e mediante o estudo bibliográfico efetuado, percebe-se
que as infecções relacionadas a assistência à saúde, principalmente as adquiridas no ambiente
hospitalar, estão entre as principais causas de morbidade e mortalidade entre os pacientes, além de
serem responsáveis pelo aumento dos custos de internação e tratamento. A maior parte dessas infecções
podem ser evitadas. Para a redução e o controle desse agravo é imprescindível entender o
comportamento de tais infecções. Seu monitoramento demanda padronização dos critérios diagnósticos e
dos métodos de vigilância epidemiológica, dedicação e capacitação dos profissionais das Comissões de
Controle de Infecções dos Hospitais (CCIHs), dos Estados e dos municípios.

7.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

LOBIONDO-WOOD, G; Pesquisa em Enfermagem: Métodos, Avaliação Crítica e Utilização: Guanabara


Koogan. Rio de Janeiro-RJ, 2001.
HINRICHSEN, Sylvia L.. BIOSSEGURANÇA E CONTROLE DE INFECÇÕES: Risco sanitário hospitalar:
MEDSI. Rio de Janeiro, 2004.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Portaria nº 2616 de 12 de maio de 1998 do Ministério da saúde D.O.U.
13/05/98.
http://e-legis.bvs.br/leisref/public/showAct.php?id=482. Acesso em: 12/05/2006
http://www.anvisa.gov.br/divulga/noticias/2006/190506_1.htm. Acesso em: 19/05/2006
http://www.anvisa.gov.br/servicosaude/biss/2006/02_150506_sinais.htm. Acesso em: 19/05/2006

Fonte: http://www.webartigos.com/articles/10027/1/A-Higienizacao-Das-Maos-No-Controle-Da-Infeccao-
Hospitalar/pagina1.html#ixzz0ziV5jnt3

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