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Apostila gerada especialmente para: Amanda Mendonça 072.848.

243-60
ISGH-CE
Técnico de Enfermagem

Técnicas básicas de enfermagem ........................................................................................ 1


Infecção hospitalar, ordem e limpeza das unidades ........................................................... 23
Sinais vitais ........................................................................................................................ 33
Movimentação e transporte de pacientes, higiene corporal, posições e restrições de
movimentos ............................................................................................................................ 41
Coleta de material para exames ........................................................................................ 41
Controle hídrico ................................................................................................................. 58
Dietas básicas e especiais ................................................................................................. 61
Administração de medicamentos administração de medicamentos ................................... 68
Cateterismo ....................................................................................................................... 82
Lavagem gástrica, sondagem gástrica ............................................................................... 84
Curativo ............................................................................................................................. 95
Enfermagem na clínica médica ........................................................................................ 103
Enfermagem obstétrica .................................................................................................... 108
Enfermagem pediátrica .................................................................................................... 147
Ética profissional .............................................................................................................. 157
Lei que regulamenta o exercício da profissão .................................................................. 167
Socorros de urgência ....................................................................................................... 174
Vacinação ........................................................................................................................ 221
Aleitamento materno ........................................................................................................ 242
Doenças infecciosas e parasitárias. ................................................................................. 259
Acreditação Hospitalar. .................................................................................................... 373

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conteúdos faltantes. Somando sua dedicação aos nossos cuidados, esperamos que você
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Técnicas básicas de enfermagem

PROCEDIMENTOS DE ENFERMAGEM

Prontuário do Paciente

O prontuário do paciente contém todas as informações sobre o cliente, relatadas ao serviço médico,
de enfermagem, de nutrição, laboratório, etc. Em geral, os prontuários são constituídos por:
- Folha de identificação e relatório médico;
- Prescrição médica e Sistematização da Assistência de Enfermagem;
- Relatórios de enfermagem;
- Evolução Clínica (Médica e Enfermeiro);
- Exames complementares.

As informações sobre o paciente devem se exatas, claras objetivas e legíveis (o costume de anotar
usando letra de forma facilita a leitura dos relatórios). Nunca usar borracha ou rabiscar. Em caso de erro,
colocar a parte errada entre parênteses e escrever “sem efeito” logo em seguida. As palavras devem ser
escritas por extenso, evitando interpretações erradas de palavras abreviadas.
Os cabeçalhos devem ser completos. Quando terminar uma folha, colocar outra preenchendo todos
os itens do cabeçalho outra vez. Toas as anotações devem ser assinadas e datadas.

Finalidades:
- Auxilia no diagnóstico e tratamento;
- Constitui valioso material para ensino;
- Oferece dados e informações para pesquisa e estatísticas;
- É documento legal para fins legais;
- Eficiência do atendimento médico e de enfermagem.

Admissão

O paciente deve ser recebido no hospital com toda cordialidade e atenção. A primeira impressão que
o paciente tem e sempre de grande importância para inspirar-lhe confiança no hospital e no tratamento
que ali vai receber. Este bom acolhimento influirá também nos familiares ou pessoas que o acompanham.

Técnica
- Lavar as mãos;
- Preencher todos os dados da ficha de identificação do paciente;
- Fazer a lista dos valores do paciente sob suas vistas ou alguém de sua família. Entregá-los ao
responsável para guarda-los no cofre do hospital ou conforme rotina da instituição;
- Levar o paciente até seu quarto e orientá-lo quanto as instalações sanitárias e demais dependências
da enfermaria;
- Deixar a campainha ao seu alcance;
- Providenciar para que o paciente conheça a equipe que lhe dará assistência. Mostrar-lhe o
regulamento do hospital quanto a visita, horas de repouso, de refeição, etc.;
- Encaminhar o paciente para o banho oferecendo o material;
- Arrumar a cama conforme técnica de arrumação de cama aberta;
- Acomodar o paciente e verificar os sinais vitais, fazer o exame físico conforme a técnica, lavando as
mãos antes e após os procedimentos;
- Anotar na folha de evolução de enfermagem o horário da admissão, sinais vitais, exame físico
completo, e se o paciente veio sozinho acompanhado, deambulando, em cadeira de rodas ou de maca;
- Comunicar o serviço de nutrição a dieta do paciente;
- Encaminhar pedidos de exames;
- Iniciar o tratamento propriamente dito.

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Alta Hospitalar

Técnica
- Verificar se a folha de alta está assinada e carimbada pelo médico;
- Reunir e entregar os pertences ao paciente;
- Verificar se existem valores do paciente guardados pelo hospital tais como: dinheiro, joias,
documentos etc;
- Se houver necessidade ajudar o paciente a vestir-se;
- Anotar no prontuário o horário e as condições em que o paciente está saindo, e as orientações feitas
no momento da alta;
- Esperar os familiares ou responsável;
- Acompanhar o paciente a portaria.

Obs.: em caso de alta por óbito, anotar no prontuário a hora, e o médico que constatou e atestou o
óbito.

Observação e anotação do estado do paciente sob ponto de vista anatômico, fisiológico e psicológico.
- Aspecto Geral: Quando ao estado geral do paciente, vamos observar se está magro, gordo, cianótico,
avermelhado, ictérico (amarelado), pálido, fraco, apático (indiferente), nervoso, cansado, grave, agitado.
Observamos todos esses aspectos. Na observação do aspecto geral deve-se anotar qualquer
anormalidade que ocorra com o paciente, como peles, olhos, nariz, ouvidos e etc.
- Estado Mental, observaremos o seguinte: O paciente está consciente, delirante, inconsciente, lúcido,
acuidade auditiva diminuída, deprimido, exaltado, ansioso, alegre, excitado, etc.
- Tipo de Tosse: Um dos sinais importantes para a observação de enfermagem. Observa-se o seguinte:
E frequente, mais comum a noite, ocasional, constante, estertorosa, rouca, seca, com ou sem
expectoração.
- Excreção e Eliminação - observaremos nas fezes: Cor, odor, qualidade, consistência. Quanto a
consistência: Liquidas, semilíquidas, pastosas. Se há detritos de alimentos, presença de muco, pus,
cálculos, sangue escuro (melena), etc.
- Expectoração, observa-se quantidade, cor, odor. A expectoração com raios de sangue vermelho vivo,
chama-se hemoptise.
- Urina- cor, odor, quantidade. Observa-se também se há incontinência, dor ao urinar, se há retenção,
ou presença de pus, sangue (hematúria), etc.
- Vômitos- cor, odor quantidade. Observa-se se há presença de restos alimentares. Quando há
presença de sangue, cor "borra de café", denomina-se de hematêmese.
- Extremidades- devemos dar grande importância a observação das extremidades cor e temperatura.
Observa-se se estão frias, cianóticas, avermelhadas, edema, presença de pulso pedial, etc.
- Dor- devemos observar atentamente o tipo de dor referida pelo paciente: Intensa, latejante, agudas,
espasmódicas, súbitas, perfurante, continua, irregular, curta ou longa duração. Não esquecer o lado ou
órgão em que o paciente sente a dor e se é intensificada pelo movimento, pela respiração, pela tosse,
pela ingestão de alimentos, etc.
- Pulso- ao verificarmos o pulso do paciente, observamos: Forte, fraco, lento, palpável, impalpável. No
que se refere ao ritmo, sentimos:
- Ritmo: Intermitente, regular, irregular, alternante, agitado, normal, lento, rápido, dicrotico (que
apresenta 2 vibrações na pulsação). Se apresentar digeminado (com 2 batimentos seguidos de uma
pausa), trigeminado (3 batimentos seguidos e uma pausa), em martelo d'agua ou pulso de Corrigan
(batimento violento, seguido de colapso súbito). A tensão, se está elevada, baixa, moderada, artérias
duras ou espessas, elásticas. A velocidade está normal, diminuídas (bradisfigmia), acelerada
(taquisfigmia).
- Respiração Nesta, se os movimentos são normais (eupneia), se são abdominais ou profundos, se há
parada respiratória (apneia), lentos, rápidos, do tipo Cheyne-Stokes (ciclo de movimentos cada vez mais
profundos e mais difíceis, seguidos de um período de apneia).

Nota: a observação de enfermagem não se resume somente nos itens citados acima, mas estes são
os principais sinais e sintomas verificados pela equipe de enfermagem na rotina hospitalar.

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Transferência

A transferência se processa como a alta. A unidade para onde o paciente vai deve ser avisada com
antecedência, para que esteja preparada para recebe-lo.
O prontuário deve ser entregue à chefe da outra unidade.
O paciente será transportado de acordo com seu estado geral.

Higienização das Mãos


Reconhecidamente, a prática da higienização1 das mãos reduz significativamente a transmissão de
microrganismos e consequentemente, diminui a incidência das infecções preveníveis, reduzindo a
morbimortalidade em serviços de saúde.
O procedimento da técnica de higienização das mãos se torna inadequado na prática diária, pelo
esquecimento de algumas etapas (passo a passo) deste procedimento havendo preocupação, por parte
dos profissionais de saúde, com a quantidade e não com a qualidade deste ato.
As principais falhas na técnica ocorrem, principalmente, pela não utilização de sabonete e não
observação das superfícies das mãos a serem friccionadas, dentre outros.
Devem higienizar as mãos todos os profissionais que trabalham em serviços de saúde, que mantém
contato direto ou indireto com os pacientes, que atuam na manipulação de medicamentos, alimentos e
material estéril ou contaminado. Ainda, recomenda-se que familiares, acompanhantes e visitantes
higienizem as mãos antes e após contato com o paciente, nos serviços de saúde.
As mãos dos profissionais que atuam em serviços de saúde podem ser higienizadas utilizando-se:
água e sabonete, preparação alcoólica e antisséptico degermante.

Indicação do Uso de Água e Sabonete

• Quando as mãos estiverem visivelmente sujas ou contaminadas com sangue e outros fluidos
corporais;
• Ao iniciar e terminar o turno de trabalho;
• Antes e após ir ao banheiro;
• Antes e depois das refeições;
• Antes de preparo de alimentos;
• Antes de preparo e manipulação de medicamentos;
• Antes e após contato com paciente colonizado ou infectado por C. difficile;
• Após várias aplicações consecutivas de produto alcoólico;
• Nas situações indicadas para o uso de preparações alcoólicas.

Indicação do Uso de Preparações Alcoólicas

• Antes de contato com o paciente;


• Após contato com o paciente;
• Antes de realizar procedimentos assistenciais e manipular dispositivos invasivos;
• Antes de calçar luvas para inserção de dispositivos invasivos que não requeiram preparo cirúrgico;
• Após risco de exposição a fluidos corporais;
• Ao mudar de um sítio corporal contaminado para outro, limpo, durante o cuidado ao paciente;
• Após contato com objetos inanimados e superfícies imediatamente próximas ao paciente;
• Antes e após remoção de luvas.

Indicação do Uso de Agentes Antissépticos

Estes produtos associam detergentes com antissépticos e se destinam à higienização antisséptica das
mãos e degermação da pele das mãos, descritas a seguir:

Higienização antisséptica das mãos


Os agentes antissépticos utilizados para higienização das mãos devem ter ação antimicrobiana
imediata e efeito residual ou persistente.
• Nos casos de precaução de contato recomendados para pacientes portadores de microrganismos
multirresistentes;

1
http://www.anvisa.gov.br/servicosaude/manuais/paciente_hig_maos.pdf

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• Nos casos de surtos.

Degermação da pele das mãos


Sabonete contendo um agente antisséptico em usa formulação; se destina à degermação da pele das
mãos (e.g., clorexidina degermante a 4%; PVPI a 10%).
• No pré-operatório, antes de qualquer procedimento cirúrgico (indicado para toda equipe cirúrgica);
• Antes da realização de procedimentos invasivos (e.g., inserção de cateter intravascular central,
punções, drenagens de cavidades, instalação de diálise, pequenas suturas, endoscopias e outros).

Técnica de Lavagem das Mãos

- Finalidades promover a remoção dos microrganismos da flora transitória e algumas vezes da flora
permanente;
- Remover células descamativas, pelos, suor, sujidades e oleosidades;
- Prevenir infecção hospitalar;
- Material;
- Sabão líquido;
- Papel toalha.

Técnica
- Abrir a torneira e deixar a água fluir;
- Molhar as mãos;
- Aplicar 3ml de sabão líquido (bactericida) na palma de uma das mãos;
- Fazer movimentos de fricção com a palma das mãos e após entrelaçar os dedos mantendo a fricção;
- Friccione a região da palma das mãos com as pontas dos dedos da mão oposta, fazendo o mesmo
com a ponta do polegar;
- Repetir o movimento com a outra mão;
- Friccione com a palma de uma das mãos, o dorso da mão oposta e a seguir entrelaçar os dedos
mantendo a fricção;
- Repetir o procedimento na mão oposta;
- Segurar o polegar de uma das mãos e fazer movimentos de fricção rotatória;
- Repetir o movimento anterior com o polegar da mão oposta;
- Friccionar com a palma de uma das mãos, o punho da mão oposta;
- Repetir o procedimento no punho oposto;
- Enxaguar completamente, da mão para o punho, com água corrente;
- Secar as mãos com papel toalha;
- Fechar a torneira com o próprio papel utilizado para secar as mãos, ou utilizar o cotovelo para fechar
caso haver dispositivo.

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Limpeza de Unidade

É a limpeza realizada na Unidade do Paciente, pode ser: Limpeza concorrente e Limpeza Terminal.

Limpeza Concorrente
É feita diariamente após o banho do paciente e arrumação do seu leito. Consiste na limpeza de parte
do mobiliário da unidade do paciente.

Limpeza Terminal
É a limpeza completa da unidade do paciente, após: Alta, óbito ou transferência.

Normas
- A limpeza terminal da unidade do paciente deve ser realizada pelo funcionário da enfermagem após
alta, transferência ou óbito;
- A limpeza concorrente da unidade do paciente deve ser realizada pelo funcionário da enfermagem
uma vez a cada plantão;
- O produto utilizado para a limpeza terminal da unidade deverá ser fenol sintético. No caso da limpeza
concorrente, usar álcool a 70%;
- A limpeza do carrinho de banho, carrinho de parada, carrinhos de medicação e de curativo, deverá
ser feita uma vez por plantão pela enfermagem, com fenol sintético;

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- Os panos de limpeza utilizados na limpeza terminal ou concorrente, deverão ser enxaguados quantas
vezes forem necessárias na bacia utilizada para este fim;
- Ao realizar a limpeza concorrente, limpar a unidade com agua e sabão, caso estiver suja de sangue
ou secreção;
- Utilizar movimentos simples e amplos em um só sentido;
- Observar a sequência da limpeza (do mais limpo para o mais contaminado, evitando sujar as áreas
limpas);
- Evitar molhar o chão.

Limpeza Terminal

Material:
- Solução desinfetante (fenol),
- 01 par de luvas de procedimento,
- Panos de limpeza,
- Hamper e sanito (saco plástico),
- Bacia.

Técnica:
- Lavar as mãos;
- Reunir o material;
- Colocar o material sobre a mesa de cabeceira;
- Calcar luvas;
- Desprender a roupa de cama e despreza-la no hamper, evitando movimentos bruscos;
- Recolher materiais e equipamentos (ambu, umidificador, aspirador, comadre, papagaio) e
encaminha-los ao expurgo;
- Afastar a cama da parede, deixando espaço suficiente para realização da limpeza;
- Iniciar a limpeza do leito pela parte superior do colchão, da cabeceira para o centro, inclusive as
laterais do colchão, sempre do mais distante para o mais próximo;
- Continuar a limpeza do colchão, do centro para os pés, inclusive as laterais do colchão, sempre do
mais distante para o mais próximo;
- Dobrar o colchão ao meio e limpar o estrado iniciando da cabeceira para o centro. Elevar o estrado
e limpar a parte inferior do mesmo, inclusive espaldar e pés;
- Limpar a parte posterior do colchão, da cabeceira para o centro, retorna-lo em cima do estrado;
- Dobrar o colchão para o lado contrário e limpar a outra metade do estrado, do centro para os pés
segundo a técnica, não se esquecendo da parte inferior do estrado;
- Realizar a limpeza da parte posterior do colchão iniciando do centro para os pés;
- Passar para o lado mais distante e limpar a lateral do leito, grade e pés do leito;
- Passar para o lado mais próximo e limpar a lateral do leito, grade e pés do leito;
- Limpar com a solução de fenol a mesa de cabeceira iniciando pela parte interna da mesma;
- Limpar com a solução de fenol a parte externa da mesa de cabeceira;
- Limpar com pano embebido na solução de fenol o suporte de soro (retirando fitas adesivas e
esparadrapos que porventura estiverem colados);
- Retirar as luvas;
- Arrumar o leito conforme técnica descrita anteriormente;
- Encaminhar material utilizado ao expurgo;
- Montar o painel de gases;
- Lavar a mãos.

Limpeza Concorrente

Material:
- Álcool a 70%,
- Agua e sabão se necessário,
- Panos de limpeza,
- Luvas de procedimento.

Técnica:
- Lavar as mãos;

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- Preparar o material;
- Encaminhar ao quarto do paciente;
- Explicar o procedimento ao paciente;
- Calcar luvas;
- Avaliar as condições de limpeza do leito do paciente;
- Embeber o pano de limpeza com álcool a 70%;
- Limpar as laterais do leito com pano sempre no sentido da cabeceira para os pés e do lado mais
distante para o mais próximo;
- Limpar a cabeceira e os pés do leito por último;
- Trocar o pano embebido em álcool e limpar a mesa de cabeceira iniciando pela parte interna e a
seguir a parte externa;
- Deixar a mesa de cabeceira em ordem;
- Desprezar os panos de limpeza no hamper;
- Desprezar as luvas;
- Lavar as mãos;
- Revisar o painel de gases se necessário;

Arrumação do Leito

Definição:
Cama aberta - quando está ocupada por paciente,
Cama fechada - quando o leito está vago,
Cama de operado - quando está aguardando o retorno do paciente do centro cirúrgico.

Normas
- O leito dever ser trocado quantas vezes forem necessárias durante o plantão;
- O leito dever ser preparado de acordo com a sua finalidade;
- Abrir portas e janelas antes de iniciar o trabalho;
- Utilizar lençóis limpos, secos e sem pregas;
- Caso os lençóis sejam reutilizados, não deixar migalhas, fios de cabelos;
- Observar o estado de conservação dos colchoes e travesseiros;
- Não sacudir as roupas de cama;
- Não arrastar as roupas de cama no chão.

Preparo do Leito sem o Paciente (cama fechada)

Material:
- Luvas de procedimento,
- 02 Lençóis,
- 01 Travesseiro,
- 01 Fronha,
- 01 Forro,
- 01 Cobertor, se necessário,
- Hamper.

Técnica:
- Lavar as mãos;
- Preparar o material;
- Colocar o material no carrinho de banho ou mesa de cabeceira;
- Retirar a roupa de cama suja e coloca-los no hamper próximo do leito;
- Desprezar as luvas;
- Estender o lençol sobre o leito, amarrando as pontas do lençol na cabeceira e nos pés;
- Estender o forro sobre o leito prendendo-o sob o lençol na parte mais próxima;
- Estender o viril e fazer uma meia dobra na cabeceira;
- Fazer o canto do viril nos pés da cama;
- Passar para o lado mais distante e proceder a arrumação do forro e virol;
- Colocar a fronha no travesseiro;
- Colocar o travesseiro na cama;
- Recompor a unidade;

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- Lavar as mãos.

Preparo do Leito com o Paciente (Cama Aberta)

Material:
- 01 travesseiro,
- 02 lençóis,
- 01 cobertor (se necessário),
- 01 fronha,
- 01 lençol para fralda,
- 01 rolo para costas (se necessário),
- Camisola ou pijama,
- 01 forro.

Técnica:
- Lavar as mãos;
- Colocar a roupa na mesa de cabeceira;
- Explicar o que se vai fazer ao paciente;
- Colocar o hamper próximo a cama;
- Desprender a roupa do leito, do lado do paciente e depois vir e ir soltando do outro lado;
- Colocar o travesseiro sem fronha na mesa de cabeceira;
- Colocar o paciente em decúbito dorsal protegido com o lençol de cima;
- Enrolar o forro e lençol de baixo separadamente, até o meio da cama e sob o corpo do paciente;
- Substituir o lençol de baixo, e o forro, pela roupa limpa;
- Virar o paciente para o lado pronto, nunca o expondo;
- Passar para o lado oposto;
- Retirar a roupa usada, retirar as luvas, e esticar os lençóis limpos, prendendo-os e fazendo os cantos;
- Colocar a fronha no travesseiro, acomodando o paciente;

Obs.: se o paciente for totalmente dependente, a troca de cama dever ser feita por duas pessoas.

Preparo do Leito de Operado

O leito do operado e igual ao leito fechado, mas com lençol dobrado em pregas, na cabeceira do leito
próximo ao lençol móvel. Esse leito terá as roupas soltas nos pés, exceto o lençol de baixo. O lençol de
cima, cobertor, e colcha deverão ser dobrados na parte da cabeceira e dos pés, deixando-os enrolados
lateralmente.
Após deitar o paciente operado cobri-lo e prender as peças da cama que estavam soltas fazendo os
cantos.

Higiene do Paciente

Normas
- A higiene do paciente fica a cargo da Equipe de Enfermagem;
- Explicar sempre ao paciente o que vai ser feito;
- Preferencialmente realizar a higiene oral do paciente, antes do banho e após as refeições, com
solução de Bicarbonato de Sódio, e quando se fizer necessário;
- Ao lidar com o paciente, de maneira direta, e imprescindível o uso de luvas para procedimentos;
- Cuidar durante o banho, para não expor, desnecessariamente, o paciente. A privacidade contribui
muito para o conforto mental do paciente;
- Secar bem toda a superfície do corpo do paciente, principalmente as dobras;
- As portas do banheiro não devem ser trancadas, durante o banho;
- Deve-se testar a temperatura da água, antes do banho do paciente. Geralmente se usa água morna.

Higiene Oral

Definição
Consiste na limpeza dos dentes, gengivas, bochechas, língua e lábios. Condições patológicas que
predispõem a irritação e a lesão da mucosa oral: (estado de coma, hipertermia).

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Finalidades
- Promover conforto ao paciente,
- Evitar halitose,
- Prevenir carie dentaria,
- Conservar a boca livre de resíduos alimentares.

Higiene Oral (em pacientes impossibilitados de cuidar de si)

Material:
- Solução antissépticas - solução bicarbonatada (para cada 1 colher de chá, 500 ml de agua);
- Espátula envoltas em gazes;
- Lubrificante (vaselina liquida);
- Toalha;
- Copo para colocar solução antissépticas;
- Luvas;
- Cuba rim.

Técnica:
- Lavar as mãos;
- Explicar ao paciente o que ser feito;
- Calcar luvas;
- Reunir o material na mesa de cabeceira;
- Colocar o paciente em posição confortável, com a cabeceira elevada. Em pacientes inconscientes,
coloca-los em decúbito lateral;
- Colocar a toalha na parte superior do tórax e pescoço do paciente, com forro plástico, se necessário;
- Proceder a limpeza de toda a boca do paciente usando as espátula envoltas em gazes, embebidas
em solução antissépticas diluído em agua;
- Utilizar cuba rim para o paciente "bochechar";
- Limpar a língua, para evitar que fique seborreica;
- Enxugar os lábios com a toalha;
- Lubrificar os lábios com vaselina liquida, para evitar rachaduras;
- Retirar luvas;
- Lavar as mãos;
- Recompor a unidade;
- Anotar no prontuário o que foi feito e anormalidades detectadas.

Obs.: em pacientes neurológicos com lesão cervical, usar a espátula com gaze, para retirar o excesso
de liquido da solução antissépticas, sem mobilizar a cabeça.

- Em pacientes conscientes, ele próprio deve escovar os dentes.

Higiene Oral (em paciente entubado)

Material:
- Solução antissépticas - solução bicarbonatada,
- Espátula envoltas em gazes,
- Lubrificante (vaselina liquida),
- Copo para colocar solução antissépticas,
- Seringa de 20ml,
- Aspirador montado,
- Cânula de guedel (estéril), se necessário,
- Toalha,
- Luvas.

Técnica
- Lavar as mãos;
- Explicar ao paciente o que ser feito;
- Calcar luvas;
- Reunir o material na mesa de cabeceira;

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- Colocar o paciente em posição confortável, com a cabeceira elevada ou em decúbito lateral se estiver
inconsciente. Caso o paciente esteja com sonda nasogástrica, abri-la, para evitar náuseas e refluxo do
conteúdo gástrico para a boca;
- Colocar a toalha na parte superior do tórax e pescoço do paciente, com forro plástico, se necessário;
- Verificar se o cuff da cânula endotraqueal esta insuflado, para evitar que a solução antissépticas ou
salivação penetre na traqueia, durante a higienização;
- Instilar agua com auxílio da seringa, pelo orifício da cânula de guedel, e fazer aspiração ao mesmo
tempo;
- Retirar a cânula de guedel e lava-la em agua corrente na pia do quarto e recoloca-la, ou proceder a
sua troca por outra estéril, caso, seja necessário ou que conforme rotina, já tenha dado 24 horas após a
sua colocação;
- Proceder a limpeza de toda a boca do paciente, usando as espátula envoltas em gazes embebidas
em solução antisséptica. Limpar o palato superior e toda a arcada dentaria;
- Limpar a também a língua;
- Enxugar os lábios com a toalha e lubrifica-los com vaselina;
- Retirar luvas;
- Lavar as mãos;
- Recompor a unidade;
- Anotar no prontuário o que foi feito e anormalidades detectadas.

Obs.: a troca do cadarço da cânula endotraqueal, deve ser feita pelo Técnico/Auxiliar a cada 12 horas,
ou quando se fizer necessário, acompanhada do reposicionamento da cânula endotraqueal, que dever
ser feito pela Enfermeira da unidade.

- A higiene oral do paciente entubado dever ser feita 01 vez a cada plantão.

Higiene das Próteses Dentarias

Material:
- Copo com solução antissépticas bucal,
- Escova de dentes,
- Pasta dental ou sabão liquido,
- Cuba rim,
- 01 par de luvas,
- Toalhas de papel,
- Toalhas de Banho,
- Biombos.

Técnica
- Lavar as mãos;
- Explicar ao paciente o que vai fazer;
- Reunir o material na bandeja e colocar sobre a mesa de cabeceira do paciente;
- Proteger o leito com biombo;
- Colocar toalha sobre o tórax do paciente;
- Colocar o paciente em Fowler ou sentado quando for permitido;
- Calcar as luvas;
- Pedir ao paciente que remova a prótese com o uso da toalha de papel. Se o paciente não puder
remover as próteses sozinho, a enfermagem dever faze-lo em seu lugar, lenta e cuidadosamente;
- Colocar as próteses na cuba rim, forrada com toalha de papel. Levar ao banheiro;
- Colocar a pasta dental ou sabão líquido sobre a escova;
- Segurar as próteses na palma da mão e escova-la com movimentos firmes da base dos dentes para
as pontas;
- Escovar a área de acrílico em toda sua extensão;
- Lava-la sob jato de agua fria;
- Desprezar o papel toalha da cuba rim e colocar outro;
- Colocar a prótese limpa na cuba rim;
- Lavar a escova com agua corrente e coloca-los na cuba rim;
- Lavar as mãos enluvadas;
- Oferecer copo com solução antissépticas bucal, para que o paciente enxague a boca;

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- Entregar a prótese ao paciente ou coloque-a por ele, no caso de impossibilidade do mesmo;
- Colocar o paciente em posição confortável;
- Desprezar as luvas;
- Limpar e guardar todo o material;
- Lavar as mãos;
- Anotar no prontuário.

Obs.: quando o paciente retirar a prótese ou recoloca-la, a Enfermagem dever observar se há alguma
anormalidade em cavidade bucal. Se houver, relata-la no prontuário.

Banho no Leito (Paciente com dependência total)

Normas
- Trocar a agua do banho sempre que necessário;
- Quando houver colostomia e/ou drenos, esvaziar as bolsas coletoras antes do banho ou troca-la,
depois trocar as luvas e iniciar o banho;
- Quando o banho for dado em apenas uma pessoa, levando-se em consideração que o paciente ajuda,
seguir a mesma técnica, porém, sem esquecer de lavar as mãos enluvadas, antes de manipular a roupa
limpa;
- O uso de máscara para banho e opcional como rotina. Levar em consideração os pacientes altamente
infectados.

Material:
- Carro de banho ou mesa de cabeceira,
- Luva de banho,
- Toalha de banho (lençol protetor),
- Material para higiene oral,
- Material para higiene intima,
- Pente,
- Sabonete individualizado,
- Comadre e/ou papagaio do próprio paciente,
- Roupa para o paciente (pijama ou camisola),
- Roupa de cama (02 lençóis, 01 cobertor S/N, 01 toalha de banho, 01 para fralda S/N, 01 forro S/N).
- Luvas de procedimento,
- Luvas de banho,
- Hamper,
- 01 bacia,
- 01 balde,
- Fita adesiva,
- Biombos.

Técnica
- Lavar as mãos e calcar as luvas de procedimentos;
- Explicar ao paciente o que vai ser feito;
- Trazer o carro de banho e o hamper próximo ao leito;
- Fechar as portas e janelas;
- Proteger a unidade do paciente com biombos;
- Oferecer comadre ou papagaio ao paciente e procurar saber se tem clister prescrito. Se houver, faze-
lo em primeiro lugar;
- Desprender a roupa de cama, iniciando do lado oposto onde permanecer;
- Fazer higiene oral do paciente e lavar a cabeça, se necessário;
- Trocar a agua do banho, obrigatoriamente, após a lavagem da cabeça;
- Lavar os olhos, limpando o canto interno para o externo, usando gaze;
- Lavar, enxaguar e enxugar o rosto, orelhas e pescoço;
- Remover a camisola ou camisa do pijama, mantendo o tórax protegido com o lençol, descansando
os braços sobre o mesmo;
- Lavar e enxugar os braços e mãos do lado oposto ao que se está trabalhando, depois o mais próximo,
com movimentos longos e firmes, do punho a axila;
- Trocar a agua;

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- Lavar e enxugar o tórax e abdome, com movimentos circulares, ativando a circulação, observando
as condições da pele e mamas;
- Cobrir o tórax com lençol limpo, abaixando o lençol em uso, até a região genital;
- Lavar, enxaguar e enxugar as pernas e coxas, do tornozelo até a raiz da coxa, do lado oposto ao que
se está trabalhando, depois o mais próximo;
- Colocar bacia sob os pés e lava-la, principalmente nos interdígitos, observando as condições dos
mesmos e enxugar bem;
- Trocar a agua da bacia e a luva de pano, obrigatoriamente;
- Encaixar a comadre no paciente;
- Fazer higiene intima do paciente, de acordo com a técnica;
- Trocar, obrigatoriamente, a agua da bacia e a luva de banho, retirando a comadre, deixando-a ao
lado do leito;
- Virar o paciente em decúbito lateral, colocando a toalha sob as costas e nádegas, mantendo esta
posição com o auxílio de outra pessoa;
- Lavar e enxugar as costas, massageando-as, incluindo nádegas e cóccix do paciente;
- Deixar o paciente em decúbito lateral, empurrando a roupa úmida para o meio do leito, enxugando o
colchão;
- Trocar de luvas ou lavar as mãos enluvadas, para não contaminar a roupa limpa;
- Proceder a arrumação do leito, com o paciente em decúbito lateral;
- Virar o paciente sobre o lado pronto do leito;
- Retirar a roupa suja e despreza-la no hamper;
- Calcar outras luvas ou lavar as mãos enluvadas e terminar a arrumação do leito;
- Fazer os cantos da cama: cabeceira e pés;
- Vestir o paciente;
- Pentear os cabelos do paciente;
- Trocar a fronha;
- Utilizar travesseiros para ajeitar o paciente no decúbito mais adequado;
- Limpar balde, bacia, comadre com agua e sabão;
- Recompor a unidade do paciente, colocando tudo no lugar;
- Retirar as luvas e lavar as mãos;
- Anotar no prontuário o que foi feito e as anormalidades detectadas, se houver.

Banho de Aspersão (chuveiro)

Material:
- Roupa pessoal (pijama, camisola, shorts - fornecidos pelo Hospital),
- Toalha de banho,
- Sabonete (individual),
- Pente,
- Luva de banho (opcional).

Técnica
- Lavar as mãos;
- Explicar ao paciente o que vai ser feito;
- Reunir o material e levar ao banheiro;
- Encaminhar o paciente ao banheiro (portas e janelas fechadas);
- Abrir o chuveiro e regular a temperatura da agua e orientar o paciente sobre o manuseio da torneira;
- Ajudar o paciente a se despir, caso não consiga fazer sozinho;
- Iniciar o banho se a situação permitir, deixando o paciente sozinho;
- Enxugar ou ajudar o paciente a fazê-lo, observando as condições da pele e a reação do banho;
- Vestir e pentear o paciente caso não consiga faze-lo sozinho; cadeira;
- Arrumar o leito e deixar a unidade em ordem;
- Colocar tudo no lugar e chamar o pessoal da limpeza para proceder a limpeza do banheiro;
- Lavar as mãos;
- Anotar no prontuário.

Obs.: sentar na cadeira embaixo do chuveiro e muito mais seguro para os pacientes idosos ou para
os pacientes que ainda estão muito fracos, facilitando para que lavem as pernas e pés, com menor
probabilidade de escorregarem.

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- Durante o banho deve-se assegurar a privacidade ao paciente, mas pedir-lhe para não trancar a porta
e chamar se precisar de assistência. Manter-se perto do local.

Higiene Intima Feminina

Material:
- 01 balde,
- 01 jarra,
- Pacote de gazes,
- Comadre,
- Toalha de banho,
- Sabão líquido o P.V.P.I. degermante,
- Luvas para procedimento,
- Hamper,
- Pinça auxiliar (Cheron),
- Biombo,
- Forro e saco plástico.

Técnica
- Lavar as mãos;
- Explicar o procedimento ao paciente;
- Reunir o material e coloca-los sobre a mesa de cabeceira;
- Calcar as luvas;
- Trazer o hamper próximo ao leito;
- Proteger a unidade com biombos;
- Colocar o paciente em posição ginecológica, procurando expô-la o mínimo possível;
- Colocar o forro sobre o saco plástico, colocando-os sobre a região glútea;
- Colocar a comadre sob a região glútea da paciente, com ajuda da mesma;
- Irrigar monte pubiano e vulva com agua, despejando-a suavemente com o auxílio da jarra;
- Despejar pequena porção de sabão liquido ou P.V.P.I. degermante sobre o monte pubiano;
- Ensaboar a região pubiana com a pinça montada em gaze, de cima para baixo sem atingir o anus,
desprezando a gaze, após cada movimento vulva - anus;
- Afastar os grandes lábios e lava-la no sentido anteroposterior, primeiro de um lado, desprezando a
gaze e depois do outro lado;
- Lavar por último a região anal;
- Despejar a agua da jarra, sobre as regiões ensaboadas;
- Retirar a comadre;
- Enxugar a região lavada com a toalha de banho ou com o forro que está sob a região glútea do
paciente;
- Colocar a paciente em posição de conforto;
- Desprezar as roupas (toalha, forro) no hamper;
- Lavar a comadre no banheiro, juntamente com o balde e jarra e guarda-los;
- Retirar a luva;
- Lavar as mãos;
- Anotar no prontuário.

Obs.: se houver presença de secreção uretral e/ou vaginal, utilizar gazes montadas na pinça auxiliar
para retirar o excesso, antes de iniciar a limpeza com agua e sabão liquido ou P.V.P.I. degermante.

Higiene Intima Masculina

Material:
- 01 balde,
- 01 jarra,
- Pacote de gazes,
- Comadre,
- Toalha de banho,
- Sabão líquido o P.V.P.I. degermante,
- Luvas para procedimento,

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- Hamper,
- Pinça auxiliar (Cheron),
- Biombo,
- Forro e saco plástico.

Técnica
- Lavar as mãos;
- Explicar o procedimento ao paciente;
- Reunir o material e leva-lo a unidade do paciente;
- Proteger a unidade com biombos;
- Trazer o hamper próximo ao leito;
- Calcar as luvas de procedimentos;
- Posicionar o paciente expondo somente a área genital;
- Colocar o forro com plástico sob a região glútea do paciente;
- Colocar a comadre sob a região glútea em cima do forro com a ajuda do paciente;
- Irrigar com a jarra com agua, a região genital;
- Dobrar e pinçar gaze com a pinça auxiliar;
- Despejar pequena porção de sabão líquido ou P.V.P.I. degermante, sobre os genitais;
- Ensaboar os genitais com a pinça montada em gaze, desprezando a gaze, a cada etapa;
- Tracionar o prepúcio para trás, lavando-o em seguida, com movimentos únicos e circulares;
- Iniciar a higiene intima pelo meato urinário, prepúcio, glande, corpo do pênis, depois região escrotal
e por último a região anal;
- Despejar o conteúdo da jarra sobre a região pubiana, pregas inguinais, pênis e bolsa escrotal;
- Tracionar o escroto, enxaguando a face inferior no sentido escroto perineal;
- Retirar todo o sabão líquido ou P.V.P.I. degermante;
- Retirar a comadre;
- Enxugar a região lavada com a toalha de banho ou com o forro que está sob a região glútea do
paciente;
- Posicionar o prepúcio;
- Colocar a paciente em posição de conforto;
- Desprezar as roupas no hamper (toalha, forro);
- Lavar a comadre no banheiro, juntamente com o balde e jarra e guarda-los;
- Retirar a luva;
- Lavar as mãos;
- Anotar no prontuário.

Obs.: se houver presença de secreção purulenta na região uretral, limpa-la com gaze, antes de
proceder a limpeza com agua e sabão.

Lavagem dos Cabelos

Material:
- Shampoo,
- Balde,
- Bacia,
- Toalha de banho,
- Luvas para procedimento,
- Forro e saco plástico,
- Pente,
- Algodão em bola (02 unidades).

Técnica
- Explicar ao paciente o que ser feito;
- Reunir o material no carro de banho e leva-lo próximo a cama do paciente;
- Lavar as mãos;
- Fechar portas e janelas;
- Abaixar a cabeceira do leito do paciente;
- Retirar o travesseiro;
- Colocar toalha de banho na cabeceira da cama, sob o forro com o plástico;

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- Colocar sobre o forro com plástico, a bacia com agua morna;
- Colocar o paciente em posição diagonal, com a cabeça próxima ao funcionário;
- Proteger os ouvidos do paciente com algodão;
- Colocar outra toalha ao redor do pescoço do paciente, afrouxando a camisola, no caso de mulher, ou
retirando a camisa no caso de homem, cobrindo-o com o lençol;
- Sustentar a cabeça do paciente com uma das mãos, sobre a bacia com agua;
- Pentear os cabelos, inspecionando o couro cabeludo, cabelos e observando condições de
anormalidade;
- Umedecer os cabelos com um pouco de agua, aplicando o shampoo evitando que o liquido escorra
nos olhos;
- Massagear o couro cabeludo com as pontas dos dedos;
- Lavar os cabelos;
- Enxaguar os cabelos do paciente até sair toda espuma, com o auxílio de uma jarra;
- Despejar a agua da bacia, quantas vezes forem necessário;
- Elevar a cabeça do paciente e espremer os cabelos com cuidado, fazendo escorrer agua;
- Retirar a bacia que está sob a cabeça do paciente;
- Descansar e envolver a cabeça do paciente na toalha;
- Secar os cabelos com toalha de banho ou forro;
- Pentear os cabelos do paciente;
- Recolocar o travesseiro e voltar o paciente a posição inicial;
- Retirar a toalha, recompor o material no carro de banho, deixando paciente em posição confortável;
- Lavar as mãos;
- Anotar na prescrição do paciente.

Tratamento de Pediculose e Remoção de Lêndeas

Material:
- Solução indicada para pediculose,
- Luvas para procedimento,
- Atadura de crepe,
- Esparadrapo,
- Forro e saco plástico,
- Pente fino,
- Biombo,
- Vaselina Liquida.

Técnica
- Lavar as mãos;
- Trazer a bandeja com o material e coloca-los na mesa de cabeceira ou carro de banho;
- Explicar o procedimento ao paciente;
- Colocar biombo;
- Colocar o forro protegido com plástico sobre o travesseiro;
- Aplicar vaselina nas bordas do couro cabeludo, para evitar que a solução queime o rosto;
- Dividir os cabelos em partes, aplicando a solução com gaze, fazendo fricção no couro cabeludo e no
final embeber os cabelos;
- Prender o cabelo e colocar a faixa de crepe ao redor da cabeça, formando um gorro e fixando com
esparadrapo no final;
- Conservar o travesseiro com forro;
- Retirar as luvas;
- Lavar as mãos;
- Deixar o paciente confortável e a unidade em ordem;
- Levar a bandeja com o material para o local de origem;
- Fazer anotações no prontuário do paciente.

Obs.: deixar a solução no cabelo por 03 a 06 horas pela manhã e lava-la a tarde, passando vinagre
apos e penteando.

- Repetir o procedimento durante 03 dias ou mais, se necessário.

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Uso de Comadre e Papagaio

Indicado em pacientes acamados, ou quando houver necessidade de recolher material para exames
ou controle de diurese. Geralmente o paciente encontra dificuldade no seu uso, cabendo à enfermagem
atende-lo com compreensão e tato.
A privacidade é fundamental para evitar constrangimento. A colocação da comadre ou papagaio deve
ser feita com à exposição mínima do paciente, e de preferência por pessoal da enfermagem do mesmo
sexo.

Material:
- Comadre ou Papagaio (previamente aquecido e seco)
- Papel higiênico,
- Biombos,
- Bacia com agua morna
- Toalha de banho,
- Sabonete.

Técnica
- Lavar as mãos;
- Identificar o paciente;
- Cercar a cama com biombos;
- Explicar ao paciente o que vai ser feito;
- Reunir o material necessário junto a unidade;
- Colocar as luvas de procedimento;
- Aquecer a comadre (fazendo movimentos de fricção em sua superfície, com a extremidade sobre o
lençol ou colocando-a em contato com agua quente);
- Pedir ao paciente para levantar os quadris e se ele estiver impossibilitado, levantar por ele, com a
ajuda de outro funcionário da Enfermagem;
- Colocar a comadre sob os quadris;
- Se for papagaio, deve ser colocado entre os membros inferiores e o pênis dentro do recipiente. Pode
ser colocado em decúbito lateral, observando o conforto do paciente.
- Deixar o paciente sozinho, sempre que possível;
- Ficar por perto e voltar tão logo ele o chame; necessário, faca por ele;
- Pedir novamente ao paciente que levante o quadril ou, se necessário, levante por ele;
- Retirar a comadre ou papagaio;
- Fornecer bacia com agua para que o paciente lave as mãos;
- Fornecer toalha para que ele enxugue as mãos;
- Lavar o material;
- Colocar o material restante no lugar;
- Deixar o paciente em posição confortável;
- Desprezar as luvas e lavar as mãos;
- Anotar no prontuário.

Obs.: não deixar um paciente esperando pela comadre, por se tratar de um ato fisiológico e a espera
pode levar a angustia física e emocional, podendo ocorrer diminuição do tônus dos esfíncteres.

- Por se tratar de um momento íntimo, muitos pacientes tem que ficar sozinhos, pois sentem-se
inibidos, não conseguindo evacuar perto de outras pessoas.

Movimentação do Paciente

Normas
- E de responsabilidade da equipe de enfermagem a movimentação do paciente que não se movimenta
sozinho;
- O paciente dever ser mudado de decúbito a cada duas horas e sempre que solicitado pelo mesmo;
- A movimentação e posição deve ser de acordo com o quadro do paciente;
- E de responsabilidade da enfermagem o transporte do paciente dentro da área hospitalar;

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Técnica de Movimentar o Paciente para um dos Lados da Cama

Utilizando 02 pessoas:
- Lavar as mãos;
- Explicar ao paciente que ser feito;
- Ficar em pé ao lado da cama, de frente para o paciente, uma pessoa de cada lado da cama;
- A primeira pessoa segura o short ou fralda do paciente do lado esquerdo;
- A segunda pessoa segura o short ou fralda do paciente do lado direito;
- Trazer o paciente em movimento ritmados para o lado direito ou esquerdo;
- Lavar as mãos;
- Anotar no prontuário horário e posição o em que foi colocado o paciente;

Obs.: as pessoas que vão movimentar o paciente devem permanecer com uma das pernas frente a
outra, com os joelhos e quadris fletidos, trazendo o braço ao nível da cama;

- Pode utilizar o forro para fazer a mobilização do paciente.

Técnica de Movimentar o Paciente em Decúbito Lateral E/D

- Lavar as mãos;
- Explicar ao paciente que ser feito;
- Posicionar-se ao lado do qual se quer virar o paciente;
- Aproximar o paciente para a beira oposta da cama;
- Vira-lo para o lado D ou E com movimentos firmes e suaves;
- Apoiar o dorso com travesseiros ou rolo de cobertor;
- Colocar o travesseiro sob a cabeça e o pescoço;
- Flexionar o membro inferior que está por cima e apoia-lo sobre o travesseiro;
- Manter fletido o membro superior que está em contato com o colchão;
- Recompor a unidade;
- Lavar as mãos;
- Anotar no prontuário.

Técnica de Movimentar o Paciente Incapacitado mais para Cima na Cama

Utilizando 02 pessoas
- Lavar as mãos;
- Explicar ao paciente que ser feito;
- Deixar o paciente em posição horizontal;
- A primeira pessoa solta um dos lados do lençol móvel, a segunda pessoa solta o outro lado do lençol
móvel;
- As duas pessoas, uma de cada lado do leito, num movimento ritmado, movimentam o paciente para
a cabeceira;

Restrição do Paciente

Finalidade
- Nos casos de pacientes agitados, pós-operatórios, principalmente cirurgias de crânio;
- Em traumas e cirurgias em região ocular, quando o paciente não colaborar;
- Em doentes mentais, quando constituem um perigo para si e para os demais;
- Pacientes com infecção na pele, para evitar que se cocem;
- No caso de pacientes que não colaboram, para manutenção de sondas, cateteres e soros.

Meios Utilizados para Restrição Lençóis, faixas elásticas, coletes, cama com grade, saquinhos de
areia, atadura de crepe, traço;

Normas
- Importante conversar sempre com o paciente durante o tratamento, para diminuir o desconforto da
restrição e a inquietude, explicando-lhe a finalidade da restrição;
- Retirar a restrição logo que terminar o tratamento ou o paciente se acalmar;

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- Ha necessidade de uma boa observação devido a possibilidade de deficiência de circulação;
- Sempre anotar as causas das restrições no prontuário;
- Verificar com frequência o local da restrição; se o paciente ficar sob restrição durante muito tempo,
retira-la duas vezes ao dia, lavar o local com agua morna e sabonete ou sabão liquido, massageando o
local;
- Ter cuidado para não apertar demasiadamente; deve-se passar pelo menos 1 dedo entre a argola e
o local restrito;
- Não deixar de restringir os membros sem restringir também o abdome quando o paciente estiver
agitado;
- Quando colocar restrição sobre o abdome, evitar ajustar o lençol sobre a região epigástrica;
- Evitar fazer pressão sobre as artérias, fraturas, queimaduras e ferimentos;
- Deve-se usar a restrição, somente quando se tornar absolutamente necessária;

Restrição por Meio de Lençóis

Restrição dos Ombros

Técnica:
- Lavar as mãos;
- Explicar o procedimento e a finalidade ao paciente (se possível);
- Dobrar um lençol em diagonal, até formar uma faixa de 25 cm de largura;
- Colocar a faixa sob as costas do paciente, passando pelas axilas, cruzando sob o travesseiro e
amarrando na cabeceira da cama;
- Lavar as mãos;
- Anotar no prontuário.

Restrição do Abdome

Técnica:
- Lavar as mãos;
- Explicar o procedimento e a finalidade ao paciente (se possível);
- Dobrar 02 lençóis de forma longitudinal (ao comprido) ou diagonal cada um, até formar uma faixa de
25 cm de largura;
- Colocar uma faixa sobre o abdome do paciente e a outra sob a região lombar;
05 - Torcer juntas as pontas do lado direito dos dois lençóis, amarrando-as no estrado do leito;
- Repetir o mesmo procedimento para o lado esquerdo;
- Lavar as mãos;
- Anotar no prontuário.

Restrição dos Joelhos

Técnica:
- Lavar as mãos;
- Explicar o procedimento e a finalidade ao paciente (se possível);
- Dobrar 01 lençol em diagonal;
- Colocar sob os joelhos do paciente;
- Passar a ponta do lado direito do lençol sobre o joelho direito e por baixo do esquerdo;
- Passar a ponta do lado esquerdo do lençol sobre o joelho esquerdo e por baixo do joelho direito,
amarrando as extremidades livres no estrado do leito;
- Lavar as mãos;
- Anotar no prontuário.

Restrição com Ataduras de Crepe

Técnica:
- Lavar as mãos;
- Explicar o procedimento e a finalidade ao paciente (se possível);
- Colocar o membro do paciente em posição anatômica;
- Adaptar a atadura de crepe no membro deixando sobrar uma ponta;

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- Realizar o enfaixamento do membro, que terá duas finalidades:

a) Proteção do membro;

b) Restrição do membro;
- Amarrar as pontas das ataduras após o enfaixamento;
- Amarrar a ponta da atadura no estrado da cama;
- Lavar as mãos;
- Anotar no prontuário.

Como Sentar o Paciente em Poltrona ou Cadeira de Rodas

Semi Independente
- Material
- Cadeira,
- Lençóis e Cobertores,
- Travesseio.

Técnica:
- Lavar as mãos;
- Orientar o paciente quanto a necessidade de locomoção, local onde ir e como ser feito o transporte;
- Forrar a cadeira com lençol;
- Colocar a cadeira ao lado da cama, com as costas virada para o pé da cama (se for cadeira de rodas,
não se esquecer de trava-la);
05 - Virar o paciente de lado, colocando um dos braços sob os ombros do paciente e outro, na região
da escápula. O braço mais distante do paciente se apoia no ombro do funcionário, que com um impulso,
senta-o no leito; Observar as áreas do paciente;
- Calcar os chinelos;
- Fazer o paciente levantar, apoiando-se nos ombros do funcionário que o segura pela cintura;
- Virar e sentar o paciente na cadeira;
- Envolver o paciente com lençol ou cobertor (se necessário);
- Colocar travesseiro nas costas para apoio (se necessário);
- Passar uma faixa (lençol dobrado no sentido longitudinal) em volta da região abdominal do paciente,
amarrando as extremidades na parte de trás da cadeira (se necessário);
- Certificar-se do conforto e segurança do paciente;
- Anotar no prontuário: horário da saída e o destino, intercorrências durante o transporte.

Obs.: quando tratar-se de paciente totalmente incapacitado, colocar a cadeira paralela ao leito, com
as costas voltada para a cabeceira do leito;

- Proceder a passagem do leito para a cadeira sempre em 2 ou 3 pessoas: a primeira pessoa pega o
paciente passando os braços pela axila e a segunda e/ou terceira pega o paciente pelos quadris e pé,
colocando-o diretamente na cadeira.

Como Passar o Paciente do Leito Para a Maca com Auxílio de Lençol


Técnica:
- Lavar as mãos;
- Orientar o paciente quanto a necessidade de locomoção, local onde ir e como ser feito o transporte;
- Forrar a maca com lençol;
- Soltar o lençol de baixo;
- Colocar a maca paralela ao leito e trava-la;
- Providenciar para que 2 pessoas permaneçam junto a maca com os pés afastados, do lado em que
o paciente ser locomovido, na seguinte ordem:
a) A primeira pessoa apoia a cabeça do paciente e segura na parte superior do lençol móvel. A segunda
pessoa segura a parte inferior do lençol, apoiando todo o tronco do paciente e as pernas;
b) A terceira e a quarta pessoa permanecem ao lado oposto a maca, ao lado da cama seguindo a
técnica anterior, para afirmar a cama e ajudar na locomoção do paciente;
c) Num movimento único, simultâneo e coordenado as pessoas passam o paciente para a maca;
- Envolver o paciente com um lençol;

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- Levantar as grades da maca;
- Observar se o paciente está confortável.

Obs.: se necessário utilizar 4 ou 6 pessoas, conforme o tamanho do paciente.

Passagem do Paciente da Cama Para a Maca em Bloco


Finalidade
Usada em especial para pacientes politraumatizados. Utilizando 06 pessoas

Material:
- Lençol,
- Maca.

Técnica:
- Lavar as mãos;
- Preparar o material;
- Orientar o paciente quanto a necessidade do transporte;
- Forrar a maca com lençol;
- Colocar a maca ao lado da cama;
- Travar as rodas da maca;
- 03 Elementos devem se posicionar ao lado da cama e os outros 03 elementos do outro lado da maca,
posicionando da seguinte forma:
a) A primeira pessoa coloca um braço sob o pescoço e ombros e o outro sob as costas;
b) A segunda pessoa coloca um braço sob a cintura, e o outro sob os quadris;
c) A terceira pessoa que fica aos pés do paciente coloca um braço sob os quadris e o outro sob as
pernas;
d) Os outros 03 elementos ficam do lado oposto e seguram o paciente da mesma forma (um elemento
se firma no braço do outro);
- Ao dizer 3 (trás) o paciente levantado e colocado na maca;
- Cobrir o paciente com lençol;
- Certificar se o paciente está confortável;
- Levantar as grades da maca.

Técnica de Calçar Luva Estéreis

O procedimento de calçar um par de luvas estéril requer técnica correta, para evitar a contaminação
da luva, fato este que pode ocorrer com facilidade, por isso requer muita atenção.
As luvas estéreis devem ser utilizadas sempre que ocorrer a necessidade de manipulação de áreas
estéreis. Existem vários procedimentos que exigem a utilização de luvas estéreis, entre eles os
procedimentos cirúrgicos, aspiração endotraqueal, curativos extensos, que se tornam difíceis realizar
somente com o material de curativo.
Resumindo, em qualquer ocasião que for necessário o auxílio manual em locais estéreis ou em lesões,
usa-se as luvas esterilizadas.
Podem ser encontradas nos tamanhos P, M ou G, ou até mesmo em tamanhos numerados como 6.0,
6.5, 7.0 até 9.0. E pode variar de acordo com o fabricante.
Após realizar a lavagem correta das mãos, abra o pacote de luvas sobre uma superfície limpa, à altura
confortável para sua manipulação.
Observe que existem abas nas dobras internas da embalagem das luvas.
Elas existem para facilitar a abertura do papel, sem que ocorra o risco de tocar nas luvas e contaminá-
las. Então, segure nas abas abra os dois lados que revestem as luvas,
As luvas estão dispostas corretamente a sua frente, onde: a luva da mão direita está a sua direita, e a
luva da mão esquerda, está a sua esquerda. Isso na maioria dos fabricantes. A maioria das luvas não
tem lado anatômico, mas ficam dispostas nesse sentido, devido a dobra existente do polegar.
- Agora, prepare-se para calçar a luva na mão dominante. Com sua mão não dominante, segure a luva
pela face interna da luva (que vem dobrada propositalmente).
- Lembre-se: enquanto você estiver sem luvas, segure apenas pela face onde a luva irá entrar em
contato com sua pele, ou seja, face interna.
- Agora, introduza os dedos da mão dominante, calmamente, procurando ajustar os dedos
internamente. Realize esta etapa da melhor maneira possível, mas não se preocupe se os dedos ficarem

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mal posicionados dentro da luva. Continue o procedimento mesmo com os dedos posicionados de forma
errada (é muito arriscado tentar arrumar a posição dos dedos, você pode contaminá-la).
- Após esta etapa, introduza até que sua mão entre completamente na luva, sempre a segurando pela
face interna.
- Agora que você colocou a primeira luva estéril (na mão dominante), vamos colocar a luva na mão
esquerda (não-dominante). Lembre-se, que agora estamos com uma luva estéril na mão dominante, não
podemos tocar em lugares que não sejam estéreis, sejam eles a nossa pele, superfícies ou objetos ao
nosso redor. Com a mão dominante (enluvada), segure a outra luva pela face externa (ou seja, por dentro
da dobra existente). Esta dobra existente no punho da luva servirá de apoio para segurar a luva, sem que
ocorra o risco de contaminar a luva, mesmo que imperceptivelmente.
- Sempre segurando pela dobra do punho da luva, introduza calmamente sua mão esquerda (não-
dominante) na luva, semelhante ao realizado na primeira, mas agora, com a cautela de não tocar com a
luva na pele da mão esquerda ou em locais não-estéreis.
- Siga esta etapa, até introduzir toda a mão esquerda na luva.
- Agora, havendo a necessidade de posicionar os dedos corretamente, ou até mesmo melhorar o
calçamento da luva, faça com ambas as luvas, porém evite manipular a luva na região dos punhos, caso
esta não possua mais as dobras de segurança.

1- Quando se calça primeiro a luva direita, pega-se o punho pelo lado de dentro com a mão esquerda.
2- Introduz-se mão direita no interior da luva, a qual é então puxada para sua posição com a mão
esquerda (deixando a dobra da luva virada). Solta-se a luva.
3- Depois disso pode-se pegar a luva esquerda com a mão direito já enluvada, introduzindo os dedos
sob a dobra do punho (o lado externo é esterilizado).
4- Introduz-se a mão esquerda, e a luva é levada para a sua posição. Desdobra-se, então, o punho.

Tricotomia

É a retirada dos pelos de uma determinada área com a finalidade do preparo da área para cirurgia ou
exames.

Material:
- Cuba rim;
- Sabão;
- Cuba redonda com água;
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- Aparelho com gilete nova;
- Papel higiênico;
- Gazes;
- Luvas.

Técnica:
- Preparo orientação ao paciente;
- Preparo do ambiente e material;
- Descobrir a área indicada;
- Com auxílio de uma gaze, aplicar a solução de sabão na área a ser manuseada;
- Esticar a pele com a mão e com movimentos amplos e suaves, raspar os pelos na direção de
crescimento;
- Sempre que houver excesso de pelos no aparelho, retirar com auxílio do papel higiênico;
- Retirar o excesso de sabão com auxílio de gaze verificando se o campo está bem feito;
- Enviar o paciente ao banheiro;
- Anotar o que foi feito, limpar e colocar em ordem o material.

Lavagem Otológica

O tampão de cerume é uma causa comum de hipoacusia e certamente a de mais fácil resolução.
Quando se diagnostica o tampão de cerume, deve-se indicar ao indivíduo o uso prévio de um
ceruminolítico por 5 a 7 dias.
Devem ser pingadas 5 gotas na orelha afetada, 3 vezes ao dia, mantendo por 5 minutos o decúbito
lateral, com a orelha afetada para cima. No Brasil, a única opção comercial de ceruminolítico é o
Cerumin® (borato de 8-hidroxiquinolina 0,4mg + trolamina 140mg/mL).
O uso do ceruminolítico previamente à lavagem parece aumentar a sua taxa de sucesso. Quando a
lavagem não é bem-sucedida, pode ocorrer otalgia, causada pela distensão do conduto auditivo devido à
absorção de água pelo tampão ainda impactado.
Material a ser usado: seringa de 20mL, ou mais, sonda urinária de alívio, tesoura, cuba-rim, toalha ou
lençol e solução fisiológica (SF). Deve-se aquecer SF a uma temperatura próxima à corporal, pois isso
evita a ocorrência de nistagmo, náuseas e vertigem.
A sonda, já cortada para ficar com 2 ou 3cm de comprimento, deve ser conectada à seringa que vai
ser usada para irrigar o conduto auditivo com o jato direcionado para cima. Isso irá criar um efeito de
turbilhonamento que deslocará a rolha de cerume. Não se deve temer imprimir pressão ao jato por meio
do rápido movimento para fechamento do êmbolo da seringa. A cuba-rim, colocada junto ao pescoço,
logo abaixo da linha mandibular, servirá para coletar a água e o tampão que saem do conduto auditivo.

Questões

01. (Prefeitura de Macapá/AP - Técnico em Enfermagem - FCC/2018) De acordo com a Agência


Nacional de Vigilância Sanitária, os agentes antissépticos utilizados para a higienização das mãos dos
profissionais de saúde
(A) devem ter efeito plasmático degermante.
(B) não devem ter efeito residual.
(C) devem conter componente alergogênico para a pele.
(D) devem ter ação esterilizante.
(E) devem ter ação antimicrobiana imediata.

02.(UNIRIO - Auxiliar de Enfermagem - UNIRIO) A limpeza da unidade do paciente garante conforto


e diminui o risco de infecção. Na alta hospitalar, deve-se proceder à limpeza
(A) concomitante.
(B) terminal.
(C) diária.
(D) concorrente.
(E) esterilizante.

03.(Prefeitura de Parnarama/MA - Enfermeiro - NUCEPE) O banho no leito além de proporcionar


conforto e bem estar ao paciente, ele é indicado para:

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(A) Estimular a circulação
(B) Combater as úlceras
(C) Regular a respiração
(D) Regular a digestão
(E) Aumentar o apetite.
Gabarito

01.E / 02.B / 03.A

Comentários

01. Resposta: E
Os agentes antissépticos utilizados para higienização das mãos devem ter ação antimicrobiana
imediata e efeito residual ou persistente.

02.Resposta: B
Limpeza Terminal
É a limpeza completa da unidade do paciente, após: Alta, óbito ou transferência.

03. Resposta: A
O banho no leito do paciente é indicado para a ativação da circulação devido os movimentos circulares.

Infecção hospitalar, ordem e limpeza das unidades

INFECÇÃO HOSPITALAR

Qualquer tipo de infecção adquirida após a entrada do paciente em um hospital ou após a sua alta
quando essa infecção estiver diretamente relacionada com a internação ou procedimento hospitalar,
como, por exemplo, uma cirurgia.

O diagnóstico de infecção hospitalar envolve o uso de alguns critérios técnicos, previamente


estabelecidos:
- Observação direta do paciente ou análise de seu prontuário;
- Resultados de exames de laboratório;
- Quando não houver evidência clínica ou laboratorial de infecção no momento da internação no
hospital, convenciona-se infecção hospitalar toda manifestação clínica de infecção que se apresentar
após 72 horas da admissão no hospital;
- Também são convencionadas infecções hospitalares aquelas manifestadas antes de 72 horas da
internação, quando associadas a procedimentos médicos realizados durante esse período;
- Os pacientes transferidos de outro hospital são considerados portadores de infecção hospitalar do
seu hospital de origem;
- As infecções de recém-nascidos são hospitalares, com exceção das transmitidas pela placenta ou
das associadas a bolsa rota superior a 24 horas.

Qualquer pessoa que é obrigada a internar-se em ambiente hospitalar para tratamento médico está
sujeita a contrair uma infecção hospitalar, que está diretamente relacionada ao tempo de internação e
procedimento a ser realizado.
Em procedimentos cirúrgicos sempre existem mais riscos de contrair infecção do que em uma
internação sem procedimentos já que Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs) ou Centros Cirúrgicos
são locais onde há muito mais chances de contrair infecção.

Sintomatologia

Os sintomas são relacionados ao local do procedimento ou envolvem algum sistema, como respiratório
ou urinário. Pacientes graves podem ter comprometimento de todo o organismo.

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Tratamento

Após o diagnóstico de infecção hospitalar, o tratamento é feito sempre com antibióticos injetáveis e por
período de 14 a 30 dias.

Prevenção

A prevenção de infecções hospitalares por todo o mundo depende muito mais da instituição hospitalar
e de seus trabalhadores do que dos pacientes, já que ninguém se interna com intenção de contrair
doenças dentro do hospital.

Os cuidados para não ocorrer elevado número de infecções e sua prevenção e controle envolvem:
- Medidas de qualificação da assistência hospitalar;
- De vigilância sanitária e outras, tomadas no âmbito do município e estado.

Assepsia é o processo pelo qual são afastados os micro-organismos patogênicos de um local ou


objeto. Em um hospital, a assepsia é essencial para evitar as infecções. São exemplos de assepsia:
- O ato de lavar as mãos (impede a transferência de micro-organismos presentes na mão do agente
de saúde para o paciente);
- A esterilização dos materiais;
- Não tossir, espirrar, e nem mesmo falar sobre material esterilizado;
- Uso de papel toalha para as mãos;
- Não sentar nas camas dos pacientes;
- Não colocar materiais no chão (comadre, bacia);
- Remoção das bactérias da pele (banho, limpeza).

Fica claro, portanto, que as medidas para a prevenção das infecções hospitalares são de
responsabilidade do hospital e de seus funcionários. A padronização das técnicas de assepsia é o meio
mais eficaz de evitar as infecções hospitalares.

Os hospitais devem contar com uma Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) para:
- Fazer o diagnóstico de casos de infecção hospitalar;
- Padronizar as técnicas de assepsia;
- Promover o treinamento de funcionários;
- Ajudar no planejamento do espaço físico do hospital;
- Controlar a utilização de antibióticos no trato das infecções (para impedir o uso abusivo), entre outras
atribuições.

Fonte de Infecção Relacionada ao Ambiente

O ar, a água e as superfícies inanimadas verticais e horizontais fazem parte do meio ambiente de uma
instituição de saúde. Particularmente no hospital, o ambiente pode tornar-se foco de infecção hospitalar,
embora estudos tenham demonstrado não ser esse o principal meio de transmissão.

Os cuidados com o ambiente estão centrados principalmente nas ações de limpeza realizadas pelo
Serviço de Higiene Hospitalar. Há uma estreita relação deste com o Serviço de Prevenção e Controle de
Infecção Hospitalar, cabendo-lhe as seguintes incumbências:
- Padronizar produtos a serem utilizados na limpeza;
- Normatizar ou indicar o uso de germicidas para as áreas críticas ou para as demais, quando
necessário;
- Participar de treinamentos e dar orientação técnica à equipe de limpeza;
- Participar da elaboração ou atualização de manuais a respeito do assunto.

Fonte de Infecção Relacionada à Equipe de Saúde

A equipe de saúde tem importante papel na cadeia de transmissão da infecção hospitalar ou domiciliar.
As práticas adotadas para sua prevenção visam controlar a propagação de microrganismos que habitam
o ambiente hospitalar e diminuir os riscos de o paciente vir a adquirir uma infecção.

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Por outro lado, tanto as medidas gerais como as específicas de prevenção e controle de infecção
implantadas na instituição também se direcionam para proteger o próprio trabalhador que ali desempenha
sua função, quer seja prestando assistência direta ao paciente, como no caso do auxiliar de enfermagem
ou do enfermeiro, quer seja indiretamente, como o funcionário da higiene hospitalar, da lavanderia ou da
nutrição e dietética.
Toda a equipe de saúde tem responsabilidade com relação à prevenção da infecção hospitalar,
devendo fazer correto uso das técnicas assépticas, dos equipamentos de proteção individual (EPI) e ou
coletivo (EPC), quando necessário.
Por sua vez, o empregador tem a responsabilidade de disponibilizar os recursos necessários à
efetivação desses cuidados. A prevenção e o controle da infecção fundamentam-se nos princípios de
assepsia, mediante a utilização de medidas para impedir a penetração de microrganismos (contaminação)
em local onde não estejam presentes.
As técnicas de assepsia devem ser utilizadas por todos os profissionais de saúde em todos os
procedimentos, e são agrupadas sob a denominação de assepsia médica e cirúrgica. A assepsia médica,
refere-se às medidas adotadas para reduzir o número de microrganismos e evitar sua disseminação; e a
assepsia cirúrgica, para impedir a contaminação de uma área ou objeto estéril.
As medidas que visam reduzir e prevenir o crescimento de microrganismos em tecidos vivos são
denominadas antissepsia.

A adesão da equipe às medidas gerais de prevenção e controle de infecção ainda dependem da


conscientização e mudança de hábitos dos profissionais. Entretanto, sua adoção implica a realização de
atos simples e de fácil execução, tais como:
- Lavar sempre as mãos antes de realizar qualquer procedimento - um dos mais importantes meios
para prevenir a infecção cruzada;
- Manter os cabelos longos presos durante o trabalho, pois quando soltos acumulam sujidades, poeira
e microrganismos, favorecendo a contaminação do paciente e do próprio profissional;
- Manter as unhas curtas e aparadas, pois as longas facilitam o acúmulo de sujidades e
microrganismos;
- Evitar o uso de joias e bijuterias, como anéis, pulseiras e demais adornos, que podem constituir-se
em possíveis fontes de infecção pela facilidade de albergarem microrganismos em seus sulcos e
reentrâncias, bem como na pele subjacente;
- Não encostar ou sentar-se em superfícies com potencial de contaminação, como macas e camas de
pacientes, pois isto favorece a disseminação de microrganismos.

Infecção

É a resposta inflamatória provocada pela invasão ou presença de micro-organismos em tecidos


orgânicos.

Infecção Comunitária

É a infecção constatada ou em incubação no ato da admissão hospitalar do paciente, desde que não
relacionada com internação anterior.

São também comunitárias:


- A infecção que está associada à complicação ou extensão da infecção já presente na admissão
hospitalar, a menos que haja troca de micro-organismos com sinais ou sintomas fortemente sugestivos
da aquisição de nova infecção;
- A infecção em recém-nascido, cuja aquisição por via transplacentária é reconhecida ou foi
comprovada e que se tornou evidente logo após o nascimento (exemplo: herpes simples, toxoplasmose,
rubéola, citomegalovirose, sífilis, Aids);
- As infecções de recém-nascidos associadas com bolsa rota superior a 24 horas (vinte e quatro horas).

Princípios
- Evidência clínica, derivada da observação direta do paciente ou da análise de seu prontuário;
- Resultados de exames de laboratório, ressaltando-se os exames microbiológicos, a pesquisa de
antígenos, anticorpos e métodos de visualização realizados;
- Evidências de estudos com métodos de imagem;
- Endoscopia;

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- Biópsia e outros.

Critérios gerais
- Quando na mesma topografia em que foi diagnosticada infecção comunitária, for isolado um germe
diferente, seguido do agravamento das condições clínicas do paciente, o caso deverá ser considerado
infecção hospitalar;
- Quando se desconhecer o período de incubação do microrganismo e não houver evidência clínica e
ou dado laboratorial de infecção no momento da internação, convenciona-se como infecção hospitalar
toda manifestação clínica de infecção que se apresentar a partir de 72 (setenta e duas) horas após a
admissão;
- São também convencionadas infecções hospitalares aquelas manifestadas antes de 72 (setenta e
duas) horas da internação, quando associadas a procedimentos diagnósticos e ou terapêuticos,
realizados durante esse período;
- As infecções do recém-nascido são hospitalares, com exceção das transmitidas de forma
transplacentária e aquelas associadas à bolsa rota durante esse período;
- Pacientes provenientes de outro hospital que se internam com infecção, são considerados portadores
de infecção hospitalar do hospital de origem. Nestes casos, a Coordenação Estadual/Distrital/Municipal e
ou hospital de origem deverão ser informados para computar o episódio como infecção hospitalar naquele
hospital.

Classificação das Cirurgias por Potencial de Contaminação da Incisão Cirúrgica

As infecções pós-cirúrgicas devem ser analisadas conforme o potencial de contaminação da ferida


cirúrgica, entendido como o número de microrganismos presentes no tecido a ser operado;
A classificação das cirurgias deverá ser feita no final do ato cirúrgico, pelo cirurgião, de acordo com as
seguintes indicações:

Cirurgias limpas
São aquelas realizadas em tecidos estéreis ou passíveis de descontaminação, na ausência de
processo infeccioso e inflamatório local ou falhas técnicas grosseiras, cirurgias eletivas com cicatrização
de primeira intenção e sem drenagem aberta. Cirurgias em que não ocorrem penetrações nos tratos
digestório ou urinário.
- Artroplastia de quadril;
- Cirurgias cardíacas;
- Herniorrafia;
- Neurocirurgia;
- Cirurgias ortopédicas eletivas;
- Anastomose porto cava;
- Anastomose esplenectomia;
- Mastectomia;
- Enxertos cutâneos;
- Vagotomia supra seletiva sem drenagem;
- Cirurgias vasculares;
- Cirurgias torácicas;
- Cirurgias sobre o trato respiratório intratorácico ou baixo.
- Cirurgias de peritônio: baço, fígado, pâncreas, músculos, ossos, articulações, ovários, trompas, pele,
tecido celular subcutâneo, próstata sem acesso uretral, bexiga sem acesso uretral, ureter, bacinetes.

Nota: o índice ideal máximo de infecção esperado neste tipo de cirurgia é de até 2%, porém, segundo
o Colégio Americano de Cirurgiões, pode atingir até 5%.

Cirurgias potencialmente contaminadas


São aquelas realizadas em tecidos colonizados por flora microbiana pouco numerosa ou em tecidos
de difícil descontaminação, na ausência de processo infeccioso e inflamatório e com falhas técnicas
discretas no transoperatório. Cirurgias com drenagem aberta enquadram-se nessa categoria. Ocorre
penetração nos tratos digestivo, respiratório ou urinário sem contaminação significativa.
- Histerectomia abdominal;
- Cirurgia eletiva de intestino delgado;
- Cirurgia de vias biliares;

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- Cirurgia esofágica, gástrica, duodenal e de íleo;
- Feridas traumáticas limpas;
- Cirurgias de ouvido externo;
- Cirurgia de uretra;
- Cirurgia de útero cujo acesso não seja o vaginal;
- Quebra menor da técnica asséptica;
- Drenagem mecânica.

Nota: o índice ideal máximo de infecção esperado neste tipo de cirurgia é de até 10%.

Cirurgias contaminadas
São aquelas realizadas em tecidos colonizados por flora bacteriana abundante, cuja descontaminação
seja difícil ou impossível, bem como aquelas em que tenham ocorrido falhas técnicas grosseiras e na
ausência de supuração local.
- Apendicectomia sem supuração;
- Cirurgia de cólon, reto e ânus;
- Cirurgia de vulva e vagina;
- Cirurgia de vias biliares em presença de bile contaminada;
- Cirurgia intranasal;
- Cirurgia oral e dental;
- Cirurgia de orofaringe;
- Fraturas expostas;
- Fraturas traumáticas recentes;
- Cirurgias com quebra da técnica asséptica (por exemplo: massagem cardíaca a céu aberto).

Nota: estes procedimentos apresentam um índice de infecção esperando elevado, entretanto não
superior a 15-20%.

Cirurgias infectadas
São todas as intervenções cirúrgicas realizadas em qualquer tecido ou órgão, em presença de
processo infeccioso (supuração local) e ou tecido necrótico.
- Cirurgia de reto e ânus com pus;
- Cirurgia abdominal em presença de conteúdo de cólon e pus;
- Nefrectomia com infecção;
- Feridas traumáticas abertas tardias (depois de 10 horas);
- Parto normal ou cesariana com bolsa rota há mais de 6 horas.

O índice de infecção esperando para estes procedimentos varia de 28 a 40%

Tipos de Infecções

Infecções preveníveis
São aquelas passíveis de serem controladas e reduzidas a níveis aceitáveis. Ex.: pacientes em uso de
cateteres vesicais, venosos etc.

Infecções não-preveníveis
São aquelas que dependem basicamente do hospedeiro (paciente) e sua imunidade e não tanto dos
fatores externos. Ex.: infecção em RN prematuros, pacientes terminais, idosos, imunodeprimidos etc.

Infecção cruzada
É a infecção transmitida de paciente para paciente, geralmente por intermédio de profissionais de
saúde e que também é considerada infecção hospitalar.

Colonização
É o aumento de um ou mais tipo de microrganismo sem causar uma reação patogênica.

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Isolamento

Define-se como isolamento o conjunto de medidas adotadas para fazer uma barreira que impeça a
disseminação de agentes infecciosos de um paciente para outro, para os visitantes e ou para o meio
ambiente.
Está indicado nas doenças transmissíveis, em situações definidas e, apenas durante o período de
transmissibilidade das doenças. Portanto, essa recomendação sobre isolamento deve se completar com
o período de incubação e de transmissão das doenças.
Chama-se de isolamento, toda vez que for necessário quarto individual; nas precauções, o quarto será
individual apenas quando possível.

Normas gerais de isolamento


Para todo paciente que necessite de qualquer tipo de isolamento, deve-se:
- Orientar todos os familiares antes da admissão do paciente na área de isolamento quanto ao provável
tempo de internamento nessa área, cuidados e medidas de biossegurança;
- Proibir visitas aos pacientes isolados, principalmente de crianças;
- Os prontuários e papeletas não deverão ser levados para dentro da área de isolamento. As anotações
poderão ser em papel à parte e logo repassadas para o prontuário;
- A mobília do local de isolamento deverá ser mínima e os utensílios alimentares, descartáveis;
- O material para curativos deverá ser unitário e calculado de acordo com o número de curativos a
serem realizados;
- A roupa de cama e a do paciente deverão ser delicadamente trocadas e encaminhadas à lavanderia
em sacos duplos;
- Objetos de uso pessoal deverão ser desinfetados.

Doenças que requerem isolamento total


São as doenças altamente contagiosas e com grande virulência, que podem ser transmitidas pelo ar
e pelo contato direto e ou indireto. Tais doenças requerem quarto privativo, ficando o paciente/doente
sozinho ou junto com outras pessoas com a mesma doença. A porta do quarto deverá estar sempre
fechada.

É obrigatório para se entrar no quarto de paciente em Isolamento Total o uso de:


- Precaução Universal ou Padrão (avental, máscara, luvas - ao manipular o paciente/doente -, óculos);
- A lavagem das mãos antes e após manuseio do paciente e ou procedimentos;
- Os aventais deverão ser individuais. E, antes de deixar o quarto, o profissional de saúde deve
dispensá-los em local apropriado. Deve-se calcular a quantidade de aventais para cada período de 24
horas de acordo com o número de funcionários que irão utilizá-los;
- Máscaras e luvas deverão ser de uso pessoal, utilizadas uma única vez, devendo ser colocadas em
área limpa e dispensadas em área contaminada. Nunca se deve deixar a máscara pendurada no pescoço,
e, ao utilizá-la deve cobrir a boca e o nariz.

IMPORTANTE:
A limpeza e desinfecção da área deverão ser feitas diariamente, e após alta ou óbito, conforme
normatização da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH).
Deverão ser normatizadas tanto as técnicas quanto os materiais de limpeza, os equipamentos de
proteção individual e as soluções a serem usadas (detergente neutro, desinfetantes).
Todo pessoal que trabalhe no setor quer administrativo, quer técnico, deverá ser sistematicamente
treinado e ou avaliado clinicamente e imunologicamente.

Doenças a Serem Isoladas

Isolamento respiratório
- Caxumba;
- Coqueluche;
- Estreptococo beta-hemolítico (amigdalite, escarlatina);
- Herpes zoster (contato com imunodeprimidos);
- Meningite por Haemophilus;
- Meningite meningocócica;
- Pneumonia estafilocócica;
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- Rubéola;
- Sarampo;
- TB (escarro positivo);

Isolamento protetor
- Agranulocitose;
- Dermatite bolhosa, vesicular ou eczematosa extensa;
- Imunodeprimido grave;
- Queimadura extensa.

Medidas para a Prevenção e o Controle de Infecções2

Controle de infecção em serviços de saúde


O Programa de Controle de Infecção em Serviços de Saúde é sinônimo de controle de qualidade. Por
isso, essa atividade está sendo desenvolvida pela Anvisa com muito engajamento, em parceria com
Vigilâncias Sanitárias estaduais, municipais, hospitais públicos e privados, instituições de ensino e
profissionais de saúde.
A meta maior é divulgar ações que possam prevenir as infecções adquiridas nas unidades de saúde -
hospitais, clínicas e ambulatórios.
Questões

01.(SESAU-RO - Farmacêutico – FUNRIO/2017) São competências da Comissão de Controle de


Infecção Hospitalar (CCIH) do hospital, segundo o Anexo I da Portaria MS 2.616/98, EXCETO:
(A) avaliar, periódica e sistematicamente, as informações providas pelo Sistema de Vigilância
Epidemiológica das infecções hospitalares e aprovar as medidas de controle propostas pelos membros
executores de CCIH.
(B) realizar investigação epidemiológica de casos e surtos, sempre que indicado, e implantar
medidas imediatas de controle.
(C) definir, em cooperação com a Comissão de Farmácia e Terapêutica e de Farmacoeconomia, a
lista de antimicrobianos, germicidas e materiais médico-hospitalares com custo menor visando
economizar recursos das unidades de saúde.
(D) elaborar regimento interno para a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar.
(E) notificar ao Serviço de Vigilância Epidemiológica e Sanitária do organismo de gestão do SUS, os
casos e surtos diagnosticados ou suspeitos de infecção associadas à utilização de insumos e/ou
produtos industrializados.

02.(EBSERH – Enfermeiro – IBFC) Para a adequada execução do Programa de Controle de Infecções


Hospitalares (PCIH), os hospitais deverão constituir Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH),
órgão de assessoria à autoridade máxima da instituição e de execução das ações de controle de infecção
hospitalar. Considerando a composição dos membros da CCIH, analise as afirmativas abaixo, dê valores
Verdadeiro (V) ou Falso (F) e assinale a alternativa que apresenta a sequência correta de cima para
baixo.
( ) A CCIH deverá ser composta por profissionais da área de saúde, de nível superior, formalmente
designados. Os membros da CCIH serão de dois tipos: consultores e executores.
( ) O presidente ou coordenador da CCIH será sempre um médico, indicado pela direção do hospital.
( ) Um dos membros executores deve ser, obrigatoriamente, um enfermeiro.
( ) Os membros executores serão, no mínimo, 2 (dois) técnicos de nível superior da área de saúde
para cada 200 (duzentos) leitos ou fração deste número com carga horária diária, mínima, de 6 (seis)
horas para o enfermeiro e 4 (quatro) horas para os demais profissionais.
(A) V,V,V,F;
(B) V,F,F,V;
(C) F,V,V,V;
(D) V,F,V,V;
(E) V,F,F,F.

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http://www.anvisa.gov.br

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03. (EBSERH - Enfermeiro Neonatologia - Instituto AOCP) Qual é a Portaria do Ministério da
Saúde que dispõe sobre a normatização do Programa de Controle de Infecção Hospitalar (PCIH)?
(A) Portaria nº 2.616, de 12 de maio de 1998.
(B) Portaria nº 2.615, de 01 de maio de 1998.
(C) Portaria nº 2.616, de 12 de maio de 2000.
(D) Portaria nº 3.088, de 23 de janeiro de 2011.
(E) Portaria nº 3.214, de 08 de junho de 1978.

04. (HCFMUSP - Enfermagem – VUNESP) Conforme a Portaria n° 2.616/1998, é correto afirmar,


sobre infecção hospitalar, que
(A) quando, na mesma topografia em que foi diagnosticada uma infecção comunitária, for isolado um
micro-organismo diferente, seguido do agravamento das condições clínicas do paciente, o caso não
deverá ser considerado como infecção hospitalar.
(B) as infecções no recém-nascido são hospitalares, com exceção das transmitidas de forma
transplacentária e daquelas associadas à bolsa rota superior a 24 horas.
(C) os pacientes provenientes de outro hospital que se internam com infecção, são considerados
portadores de infecção hospitalar do hospital atual.
(D) não são convencionadas infecções hospitalares aquelas manifestadas antes de 72 horas da
internação, quando associadas a procedimentos diagnósticos e ou terapêuticos realizados durante este
período.
(E) as infecções no recém-nascido são hospitalares, com exceção das transmitidas de forma
transplacentária e daquelas associadas à bolsa rota inferior a 24 horas.

05. (UFRJ - Enfermeiro Geral – UFRJ) De acordo com a Portaria MS 2.616/98, a Comissão de
Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) deverá implantar a Vigilância Epidemiológica, acompanhar,
avaliar e divulgar os indicadores epidemiológicos das infecções hospitalares. Dentro destas atribuições,
é INCORRETO afirmar que:
(A) Os métodos de busca passivos são recomendados para de coleta de dados de vigilância
epidemiológica das infecções hospitalares.
(B) Todas as alterações de comportamento epidemiológico deverão ser objeto de investigação
epidemiológica específica.
(C) A CCIH deverá escolher o método de Vigilância Epidemiológica mais adequado às características
do hospital, à estrutura de pessoal e à natureza do risco da assistência
(D) É desejável que cada cirurgião receba, anualmente, relatório com as taxas de infecção em cirurgias
limpas referentes às suas atividades.
(E) O cálculo das taxas de infecções hospitalares deve ser realizado por cada procedimento
individualmente.

Comentários

01. Resposta: C
3.7. definir, em cooperação com a Comissão de Farmácia e Terapêutica, política de utilização de
antimicrobianos, germicidas e materiais médico-hospitalares para a instituição;

02. Resposta: B
De acordo com a Portaria MS 2.616 / 98, que regulamenta as ações de controle de infecção hospitalar
no país.
(V) A CCIH deverá ser composta por profissionais da área de saúde, de nível superior, formalmente
designados. Os membros da CCIH serão de 2 tipos: consultores e executores.
(F) O presidente ou coordenador da CCIH será qualquer um dos membros da mesma, indicado pela
direção do hospital.
(F) Um dos membros executores deve ser, preferencialmente, um enfermeiro.
(V) Os membros executores serão, no mínimo, 2 (dois) técnicos de nível superior da área de saúde
para cada 200 (duzentos) leitos ou fração deste número com carga horária diária, mínima de 6 (seis)
horas para o enfermeiro e 4 (quatro) horas para os demais profissionais.

03. Resposta: A
PORTARIA Nº 2616, DE 12 DE MAIO DE 1998

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Regulamenta as ações de controle de infecção hospitalar no país, em substituição a Portaria MS
930/92.

04.Resposta: B
(A) quando, na mesma topografia em que foi diagnosticada infecção comunitária, for isolado um
germe diferente, seguido do agravamento das condições clínicas do paciente, o caso deverá ser
considerado com infecção hospitalar.
(B) GABARITO
(C) os pacientes provenientes de outro hospital que se internam com infecção, são considerados
portadores de infecção do hospitalar do hospital de origem da infecção. Nestes casos, a Coordenação
Estadual/Distrital/Municipal e/ou o hospital de origem deverão ser informados para computar o episódio
como infecção hospitalar naquele hospital.
(D) São também convencionadas infecções hospitalares aquelas manifestadas antes de 72
(setenta e duas) horas da internação, quando associadas a procedimentos diagnósticos e/ou
terapêuticos, realizados durante este período.
(E) as infecções no recém-nascido são hospitalares, com exceção das transmitidas de forma
transplacentária e daquelas associadas à bolsa rota superior a 24 horas.

05. Resposta: A
De acordo com a Portaria MS 2.616/98:
ANEXO III
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA E INDICADORES EPIDEMIOLÓGICOS DAS INFECÇÕES
HOSPITALARES
3. São recomendados os métodos de busca ativos de coleta de dados para Vigilância
Epidemiológica das infecções hospitalares.

Questões

01.(Pref. Patos/PB - Enfermeiro - CPCON/2017) Uma Comissão de Controle de Infecção Hospitalar


deverá ser composta por
(A) qualquer profissional que trabalhe na instituição, desde que seja CLT.
(B) profissionais de diversas áreas não necessitando de formação superior.
(C) profissionais de diferentes formações podendo também ser técnicos administrativos que conheçam
os problemas hospitalares.
(D) apenas pessoal da enfermagem.
(E) profissionais da área de saúde, de nível superior, formalmente designados.

02. (EBSERH - Enfermeiro - IBFC) Para a adequada execução do Programa de Controle de Infecções
Hospitalares (PCIH), os hospitais deverão constituir Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH),
órgão de assessoria à autoridade máxima da instituição e de execução das ações de controle de infecção
hospitalar. Considerando a composição dos membros da CCIH, analise as afirmativas abaixo, dê valores
Verdadeiro (V) ou Falso (F) e assinale a alternativa que apresenta a sequência correta de cima para
baixo.
( ) A CCIH deverá ser composta por profissionais da área de saúde, de nível superior, formalmente
designados. Os membros da CCIH serão de dois tipos: consultores e executores.
( ) O presidente ou coordenador da CCIH será sempre um médico, indicado pela direção do hospital.
( ) Um dos membros executores deve ser, obrigatoriamente, um enfermeiro.
( ) Os membros executores serão, no mínimo, 2 (dois) técnicos de nível superior da área de saúde
para cada 200 (duzentos) leitos ou fração deste número com carga horária diária, mínima, de 6 (seis)
horas para o enfermeiro e 4 (quatro) horas para os demais profissionais.

(A) V,V,V,F;
(B) V,F,F,V;
(C) F,V,V,V;
(D) V,F,V,V;
(E) V,F,F,F.

03. (TRT 9ª Região - Técnico Judiciário - FCC) Na prevenção e controle de infecção hospitalar, o
técnico de enfermagem utiliza

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(A) luvas de procedimento quando existir o risco de contato com sangue, durante o banho no leito.
(B) máscara na assistência de enfermagem ao paciente portador de erisipela.
(C) óculos ao assistir o paciente com tuberculose.
(D) máscara e luvas durante o transporte de todos os pacientes ao centro cirúrgico.
(E) avental de manga longa quando na presença de suor.

04. (DEPEN - Enfermagem - CESPE) Julgue os itens seguintes, acerca do controle da infecção
hospitalar.
A infecção hospitalar é aquela adquirida após a admissão do paciente no hospital, manifestando-se
apenas durante a internação.
( ) Certo ( ) Errado

05. (CAISM PHILIPPE PINEL - Técnico de Enfermagem - CETRO) Quanto à realização correta do
procedimento da técnica de lavagem de mãos em ambiente hospitalar, é correto afirmar que é
(A) o método mais utilizado para o controle de infecção, apesar de não ser o mais eficaz.
(B) pouco relevante se o ambiente hospitalar for constantemente desinfetado.
(C) relevante em ambientes hospitalares com alto risco de infecção, mas pouco necessário em
atendimento ambulatorial.
(D) o método mais simples e mais indicado para o controle de infecções.

06. (DEPEN - Enfermagem - CESPE) Julgue os itens seguintes, acerca do controle da infecção
hospitalar.
A infecção comunitária é aquela constatada ou encubada no ato da admissão, desde que não esteja
relacionada com internação anterior no mesmo hospital.
( ) Certo ( ) Errado

Gabarito

01.E / 02.B / 03.A / 04.Errado / 05.D / 06.Certa

Comentários

01.Resposta: E
2.1 A CCIH deverá ser composta por profissionais da área de saúde, de nível superior, formalmente
designados.

02.Resposta: B
De acordo com a Portaria MS 2.616 / 98, que regulamenta as ações de controle de infecção hospitalar
no país.
(V) A CCIH deverá ser composta por profissionais da área de saúde, de nível superior, formalmente
designados. Os membros da CCIH serão de 2 tipos: consultores e executores.
(F) O presidente ou coordenador da CCIH será qualquer um dos membros da mesma, indicado pela
direção do hospital.
(F) Um dos membros executores deve ser, preferencialmente, um enfermeiro.
(V) Os membros executores serão, no mínimo, 2 (dois) técnicos de nível superior da área de saúde
para cada 200 (duzentos) leitos ou fração deste número com carga horária diária, mínima de 6 (seis)
horas para o enfermeiro e 4 (quatro) horas para os demais profissionais.

03.Resposta: A
Deve-se usar luvas de procedimentos para qualquer tipo de procedimento para segurança do
profissional e do paciente.

04. Resposta: Errado


1.2.1 é aquela adquirida após a admissão do paciente e que se manifeste durante a internação ou
após a alta, quando puder ser relacionada com a internação ou procedimentos hospitalares.

05. Resposta: D
Lavagem das mãos é essencial para medida de segurança para o profissional, quanto para o
paciente. Deve ser realizada no início e término de cada procedimento.

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06. Resposta: Certa
1.1.1 é aquela constatada ou em incubação no ato de admissão do paciente, desde que não
relacionada com internação anterior no mesmo hospital.

Sinais vitais

A medição de sinais vitais fornece dados para determinar o estado de saúde normal de um paciente,
por meio de dados de referência. Diversos fatores como a temperatura do ambiente, o esforço físico do
paciente e os efeitos da doença causam alterações dos sinais vitais.
A avaliação dos sinais vitais fornece dados para identificar diagnósticos em enfermagem, uma
alteração nos sinais vitais sinaliza uma mudança na função fisiológica e a necessidade de intervenção
médica ou de enfermagem.
Os sinais vitais (SSVV) refere-se a: temperatura (T), pulso ou batimentos cardíacos (P ou BC),
respiração (R) e pressão ou tensão arterial (PA ou TA), veremos a seguir cada um dos sinais vitais
detalhadamente e seus procedimentos de verificação.

Materiais
- Termômetro adequado;
- Estetoscópio;
- Relógio de pulso com visor digital;
- Esfingmomanômetro;
- Manguito de pressão;
- Tecidos moles ou algodão;
- Algodão embebido com álcool;
- Lubrificante;
- Caneta, folha de fluxo de sinal vital ou registro ou prontuário eletrônico do paciente;
- Luvas de procedimentos.

Temperatura

A temperatura do corpo é a diferença entre a quantidade de calor produzido por processos corporais
e a quantidade perdida para o ambiente externo.
Os tecidos e células do corpo funcionam eficientemente dentro de um intervalo estreito de 36°C a
38°C, mas não há uma temperatura única que seja normal para todas as pessoas.
O local de medição de temperatura pode ser: oral, retal, membrana timpânica, artéria temporal,
esofágico, artéria pulmonar, axilar ou até mesmo bexiga.
Os mecanismos fisiológicos e comportamentais regulam o equilíbrio entre a perda de calor e o calor
produzido ou termo regulação. Para a temperatura do corpo ficar constante e dentro de uma faixa
aceitável, vários mecanismos mantêm a relação entre a produção e a perda de calor.

Terminologia Básica:
- Variação média de temperatura: 36 a 38°C
- Axilar: 36,5°C
Hipotermia
- Leve: 34 a 36°C
- Moderada: 30 a 34°C
- Severa: <30°C

Padrões de Febre
- Sustentada: uma temperatura corporal constante continuamente acima de 38°C.
- Intermitente: picos de febre intercalados com níveis de temperatura habituais.
- Remitente: picos e quedas de febre sem um retorno a níveis de temperatura aceitáveis.
- Reincidentes: períodos de episódios febris e períodos com valores de temperatura aceitáveis.

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Procedimentos para verificação da Temperatura com Termômetro Eletrônico

Temperatura Axilar
- Feche a cortina em volta da cama ou feche a porta do quarto;
- Higienizar as mãos;
- Explicar ao paciente o procedimento a ser realizado;
- Verifique se o termômetro a ser utilizado possui capa de sonda descartável, caso contrário realize a
desinfecção do termômetro com o algodão embebido em álcool a 70%;
- Ajude o paciente a ficar em uma posição supina ou sentado. Movimente a roupa ou camisola para
longe do ombro e braço;
- Levante o braço do paciente para longe do torso. Verifique se há lesões de pele e transpiração
excessiva. Insira a sonda do termômetro no centro da axila. Abaixe o braço sobre a sonda e coloque o
braço sobre o peito do paciente;
- Uma vez posicionada, mantenha a sonda do termômetro no lugar até que o sinal sonoro indique a
conclusão e a temperatura do paciente apareça no visor digital. Remova a haste do termômetro da axila;
- Fale sobre os achados com o paciente e explique o significado;
- Realizar o registro da temperatura no local pertinente;
- Pressione o botão de ejeção na haste do termômetro para descartar a capa da sonda de plástico no
lugar apropriado, se o termômetro não possuir a capa da sonda descartável realizar a desinfecção do
termômetro em algodão embebido em álcool a 70%;
- Higienizar as mãos.

Temperatura Oral
- Higienizar as mãos;
- Explicar ao paciente o que vai ser feito;
- Calce as luvas de procedimentos quando houver secreções respiratórias ou drenagem de ferida facial
ou bucal;
- Peça ao paciente para abrir a boca, coloque gentilmente a sonda do termômetro debaixo da língua,
na bolsa sublingual posterior lateral, ao centro da mandíbula;
- Peça ao paciente para segurar a sonda do termômetro com os lábios fechados;
- Deixe a sonda do termômetro em posição até que o sinal sonoro indique a conclusão, e a leitura da
temperatura apareça no visor digital, remova a sonda do termômetro que está sob a língua do paciente;
- Fale sobre os achados com o paciente e explique o significado;
- Realizar o registro da temperatura no local pertinente;
- Pressione o botão de ejeção na haste do termômetro para descartar a capa da sonda de plástico no
lugar apropriado, se o termômetro não possuir a capa da sonda descartável realizar a desinfecção do
termômetro em algodão embebido em álcool a 70%. O termômetro deve ser individual;
- Higienizar as mãos.

Temperatura Retal
- Feche a cortina em volta da cama ou feche a porta do quarto;
- Higienizar as mãos;
- Explicar ao paciente o procedimento a ser realizado;
- Verifique se o termômetro a ser utilizado possui capa de sonda descartável, caso contrário realize a
desinfecção do termômetro com o algodão embebido em álcool a 70%;
- Ajude o paciente a ficar na posição de Sims com a perna de cima flexionada. Movimente o lençol da
cama para o lado a fim de expor apenas a área anal. Mantenha a parte superior do corpo do paciente e
as extremidades inferiores cobertas com lençol ou cobertor;
- Calce as luvas de procedimentos. Limpe a região anal quando estiverem presentes fezes e/ou
secreções. Remova as luvas sujas e calce outro par de luvas de procedimentos;
- Esprema uma porção generosa de lubrificante sobre o tecido. Mergulhe a extremidade do termômetro
no lubrificante, cobrindo 2,5 a 3,5cm para adultos;
- Com a mão não dominante separe as nádegas do paciente para expor o ânus. Peça ao paciente para
respirar lentamente e relaxar;
- Insira com cuidado a sonda do termômetro no ânus na direção do umbigo 2,5 a 3,5cm para adultos.
Não force o termômetro;
- Uma vez posicionado, mantenha a sonda do termômetro no lugar até que o sinal sonoro indique a
conclusão e a temperatura do paciente apareça no visor digital, remova a sonda do termômetro do ânus;

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- Pressione o botão de ejeção na haste do termômetro para descartar a capa da sonda de plástico no
lugar apropriado, se o termômetro não possuir a capa da sonda descartável realizar a desinfecção do
termômetro em algodão embebido em álcool a 70%;
- Limpe a área anal do paciente com tecido macio para remover o lubrificante ou fezes e descarte o
tecido. Ajude o paciente a assumir uma posição confortável;
- Retire e descarte as luvas no local apropriado;
- Higienizar as mãos;
- Fale sobre os achados com o paciente e explique o significado;
- Realizar o registro da temperatura no local pertinente;

Atenção: de acordo com a ANVISA está proibida a fabricação, importação e comercialização dos
termômetros e medidores de pressão que utilizam coluna de mercúrio para diagnóstico em saúde.

Pulso

O pulso é o limite palpável do fluxo sanguíneo em uma artéria periférica. O sangue flui através do corpo
num circuito contínuo. O pulso é um indicador indireto do estado circulatório.
O volume de sangue bombeado pelo coração durante um minuto é o débito cardíaco, o produto de
frequência cardíaca (FC) e o volume sistólico do ventrículo (VS). Em um adulto, o coração normalmente
bombeia 5.000ml de sangue por minuto.
Os fatores mecânicos, neurais e químicos regulam a força de contração ventricular e seu VS, porém,
quando esses fatores são incapazes de alterar o VS, uma variação em FC provoca uma alteração no
débito cardíaco, o que afeta a pressão arterial (PA).
Conforme a FC aumenta, há menos tempo para as câmaras ventriculares do coração encherem. E
conforme a FC aumenta sem uma mudança no VS, a PA diminui. Conforme a FC fica mais lenta, o tempo
de enchimento é aumentado e a PA aumenta. A incapacidade da PA para responder a aumentos ou
diminuições em FC indica um possível problema de saúde.
Pode-se avaliar qualquer artéria para a frequência de pulso, mas normalmente se usa a artéria radial,
por que ela é fácil de palpar.

Técnica de Verificação
- Higienizar as mãos;
- Explicar ao paciente o que vai ser feito;
- Feche a cortina em torno da cama e/ou feche a porta;
- Pulso radial;
- Ajude o paciente a ficar em uma posição supina ou sentado;
- Se na posição supina, coloque o antebraço do paciente em linha reta ao lado do corpo ou na parte
inferior do tórax ou na parte superior do abdômen com punho estendido reto. Se sentado, incline o
cotovelo do paciente a 90° e apoie o braço inferior na cadeira ou no seu braço;
- Coloque as pontas dos primeiros dois ou três dedos médios da mão sobre o sulco ao longo do lado
radial ou polegar do pulso interno do paciente. Estenda ligeiramente ou flexione o punho com a palma
para baixo até que você observe o pulso mais forte;
- Comprima levemente o pulso contra o rádio, perdendo o pulso inicialmente, e depois relaxe a pressão
de modo que o pulso se torne facilmente palpável;
- Determine a intensidade do pulso. Observe se a pressão do vaso contra a ponta dos dedos é
latejante, cheia/forte, normal ou esperada, diminuída ou muito pouco palpável ou ausente;
- Depois de sentir um pulso regular, olhe para um relógio e comece a contar a frequência a partir da
primeira batida, então conte um, dois e assim por diante;
- Se o pulso for regular, conte a taxa por 30 segundos e multiplicar o total por 2;
- Se o pulso for irregular, conte a frequência por 1 minuto. Avalie frequência e padrão de irregularidade.
Compare os pulsos radiais bilateralmente;
- Fale sobre os achados com o paciente e explique o significado;
- Realizar o registro da temperatura no local pertinente;
- Higienizar as mãos.

Avalição do Ritmo
- Regular ou Rítmico: Batimentos uniformes;
- Irregular ou Arrítmico: Não são uniformes (ex. Dicrótico: sensação de ser dividida em dois.)

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Tensão ou Volume
- Pulso Amplo e cheio: contrações cardíacas fortes;
- Pulso Filiforme: contrações cardíacas fracas – fino.

Valores de Referência
- 60 a 100 batimentos/minuto, forte e regular;
- Lactante: 120 a 160bpm;
- Criança em idade escolar: 75 a 100bpm;
- Adolescente: 60 a 90bpm;
- Adulto: 60 a 100bpm.

Terminologias Básicas
- Bradicardia: quando a FC estiver inferior a 60bpm;
- Taquicardia: quando a FC estiver superior a 100bpm;
- Taquisfigmia: aumento da frequência do pulso;
- Bradisfigmia: diminuição da frequência do pulso.

Respiração

A sobrevivência humana depende da capacidade do oxigênio (O2) alcançar as células do corpo e do


dióxido de carbono (CO2) ser removido das células. A respiração é o mecanismo que o organismo utiliza
para a troca de gases entre a atmosfera e o sangue, e entre o sangue e as células.
A respiração envolve a ventilação (o movimento de gases para dentro e para fora dos pulmões), a
difusão (o movimento de oxigênio e dióxido de carbono entre os alvéolos e os eritrócitos) e a perfusão (a
distribuição de eritrócitos para e a partir dos capilares pulmonares).
Analisar a eficiência respiratória requer a integração de dados de avaliação de todos os três processos.
A avaliação da ventilação determina a frequência respiratória, a profundidade, o ritmo e o valor final da
expiração de dióxido de carbono.
A respiração é um processo passivo, o trabalho muscular está envolvido no movimento dos pulmões
e da parede torácica. A inspiração é um processo ativo.

Técnica de Verificação
- Higienizar as mãos;
- Explicar ao paciente o que vai ser feito;
- Feche a cortina em torno da cama e/ou feche a porta;
- Certifique-se de que o paciente está em posição confortável, de preferência sentado ou deitado com
a cabeça da cama elevada de 45 a 60°. Certifique-se de que o peito do paciente esteja visível. Se
necessário, movimente a roupa de cama ou a roupa do paciente;
- Coloque o braço do paciente em posição relaxada sobre o abdômen ou parte inferior do tórax ou
coloque a mão diretamente sobre a parte superior do abdômen do paciente;
- Observe o ciclo respiratório completo (uma inspiração e uma expiração);
- Depois de observar um ciclo, olhe para segunda mão do relógio e comece a contar a frequência,
quando a mão de contagem tocar o número no visor, comece a estrutura de tempo, contando um com o
primeiro ciclo respiratório completo;
- Se o ritmo for regular, conte o número de respirações em 30 segundos e multiplique por 2. Se o ritmo
for irregular, menos que 12 ou maior que 20, conte durante 1 minuto inteiro;
- Observe a profundidade de respirações subjetivamente com dados coletados pela observação do
grau de movimento da parede torácica durante a contagem de frequência. Também pode ser avaliada a
profundidade objetivamente pela palpação da excursão da parede torácica ou auscultando a parte
posterior do tórax após a frequência ter sido contada. Descreva a profundidade como superficial, normal
ou profunda;
- Observe o ritmo do ciclo ventilatório. A respiração normal é regular e ininterrupta. Não confundir o
suspiro com ritmo anormal;
- Observe qualquer aumento do esforço para inspirar e expirar. Peça ao paciente para descrever a
experiência subjetiva da respiração em comparação com o padrão de respiração normal.
- Fale sobre os achados com o paciente e explique o significado.
- Realizar o registro da temperatura no local pertinente;
- Higienizar as mãos.

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Observações: não permitir que o paciente fale e não contar a respiração logo após esforços do
paciente.

Valores de Referência
- 12 a 20 respirações/minuto, profundas e regulares;
- Recém-nascido: 30 a 60 irpm;
- Lactante: 30 a 50 irpm;
- Criança: 20 a 30 irpm;
- Adolescente: 16 a 20 irpm;
- Adulto: 12 a 20 irpm.

Terminologia Básica
- Eupneia: frequência respiratória dentro da normalidade;
- Taquipneia ou polipneia: frequência respiratória acima da normalidade;
- Bradipneia: frequência respiratória abaixo da normalidade;
- Apneia: parada da respiração. Pode ser instantânea ou transitória, prolongada, intermitente ou
definitiva, podendo levar à uma parada respiratória;
- Ortopneia: respiração facilitada em posição vertical;
- Respiração ruidosa, estertorosa: respiração com ruídos semelhantes a "cachoeira";
- Respiração laboriosa: respiração difícil, envolve músculos acessórios;
- Respiração sibilante: com sons que se assemelham a assovios;
- Respiração de Cheyne-Stokes: respiração em ciclos, que aumenta e diminui, com período de apneia;
- Respiração de Kussmaul: inspiração profunda, seguida de apneia e expiração suspirante.
Característica de acidose metabólica (diabética) e coma;
- Dispneia: dor ou dificuldade ao respirar (falta de ar).

Pressão Arterial

A pressão arterial (PA) é a força exercida sobre as paredes de uma artéria pelo sangue pulsando sob
pressão a partir do coração.
O sangue flui através do sistema circulatório por causa das alterações de pressão. Ele movimenta-se
a partir de uma área de alta pressão para uma de baixa pressão.
A contração do coração força o sangue sob alta pressão para a aorta. O pico de pressão máxima
quando a ejeção ocorre é a pressão sistólica. Quando os ventrículos relaxam, o sangue restante nas
artérias exerce uma pressão mínima ou pressão diastólica. A pressão diastólica é a pressão mínima
exercida contra as paredes arteriais em todos os movimentos.
A unidade-padrão para medir a PA é milímetros de mercúrio (mmHg). A medição indica a altura que a
PA sobe em uma coluna de mercúrio. Registre a PA com a leitura sistólica antes da leitura diastólica
(exemplo: 120/80). A diferença entre a pressão sistólica e diastólica é a pressão de pulso (exemplo: PA
120/80 a pressão de pulso é 40).

Técnica para Verificação


- Higienizar as mãos,
- Higienizar as olivas auriculares e o diafragma do estetoscópio com algodão embebido em álcool;
- Posicione o paciente;
- Braço: posicione o paciente sentado ou deitado, posicione o seu antebraço na altura do coração. Vire
a palma para cima. Se sentado instrua o paciente para manter os pés no chão, sem cruzar as pernas;
- Coxa: posicione o paciente deitado com a coxa reta. Deixar o joelho levemente flexionado;
- Exponha a extremidade (braço ou perna) totalmente removendo roupas apertadas. O manguito pode
ser colocado sobre a manga da camisa contanto que o estetoscópio descanse sobre a pele do espaço
ante cubital;
- Palpe a artéria braquial (braço) ou artéria poplítea (perna). Com o manguito totalmente esvaziado,
coloque a bexiga do manguito acima da artéria centralizando as setas marcadas no manguito sobre a
artéria. Se não houver setas centrais no manguito, estime o centro da bexiga e coloque-os sobre a artéria.
Posicione o manguito 2,5cm acima do local da pulsação. Enrole o manguito uniforme e confortavelmente
em torno de extremidade;
- Posicione o manômetro na vertical ao nível dos olhos e não mais que a 1m de distância;
- Meça a P.A.;

Apostila gerada especialmente para: Amanda Mendonça 072.848.243-60


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- Coloque as olivas auriculares do estetoscópio nos ouvidos e tenha certeza de que os sons são claros,
não abafados;
- Localize novamente a artéria braquial ou poplítea e coloque a campânula ou peça torácica do
diafragma do estetoscópio sobre ela. Não permita que a peça torácica toque o manguito ou as roupas;
- Feche a válvula de bulbo de pressão no sentido horário até ficar firme;
- Infle rapidamente o manguito a 30mmHg além da pressão sistólica normal do paciente;
- Solte lentamente a válvula do bulbo de pressão e permita que a agulha do manômetro caia a uma
velocidade de 2 a 3mmHg/s;
- Observe o ponto no manômetro quando você ouvir o primeiro som claro. O som aumenta lentamente
em intensidade;
- Continue a desinflar o manguito, observando o ponto no qual aparecem sons abafados ou
amortecidos;
- Enquanto se esvazia gradualmente o manguito, observe o ponto em que o som desaparece em
adultos. Ouça por 10 a 20mmHg após o último som e permita que o ar restante escape rapidamente;
- Remova o manguito de extremidade a menos que você precise repetir a medição. Se esta for a
primeira avaliação do paciente, repita a avaliação de PA na outra extremidade;
- Ajude o paciente a retornar à posição confortável e cubra a parte superior do braço se vestido
anteriormente;
- Fale sobre os achados com o paciente e explique o significado.
- Realizar o registro da temperatura no local pertinente;
- Higienizar as olivas auriculares e o diafragma do estetoscópio com algodão embebido em álcool;
- Higienizar as mãos.

Valores Normais
- Sistólica: < 120mmHg;
- Diastólica: < 80mmHg;
- Pressão de pulso: 30 a 50mmHg;
- Recém-nascido (3000g): 40mmHg;
- 1 mês: 85/54mmHg;
- 1 ano: 95/65mmHg;
- 6 anos: 105/65mm Hg;
- 10 a 13 anos: 110/65mmHg;
- 14 a 17 anos: 119/75mmHg;
- A partir de 18 anos: < 120/<80mmHg.

Terminologia Básica
- Pré-Hipertensão: 120 a 139/80 a 89mmHg;
- Hipertensão Estágio 1: > 140/> 90mmHg;
- Hipertensão Estágio 2: > 160/> 90mmHg.

Questões

01. (Correios - Auxiliar de Enfermagem - IADES/2017) Ao aferir os sinais vitais de uma senhora de
70 anos de idade, o técnico em enfermagem constatou que a senhora apresentava-se normotensa.
Assinale a alternativa que confirma essa conclusão.
(A) PA 90 mmHg x 60 mmHg.
(B) PA 155 mmHg x 110 mmHg.
(C) PA 70 mmHg x 40 mmHg.
(D) PA 230 mmHg x 150 mmHg.
(E) PA 120 mmHg x 80 mmHg.

02. (CISSUL/MG - Condutor Socorrista - IBGP/2017) Para poder determinar em nível de primeiro
socorro, como leigo, o funcionamento satisfatório dos controles centrais dos mecanismos da vida, é
necessário compreender os sinais indicadores chamados de sinais vitais. (Manual Primeiros Socorros –
Fiocruz 2003) São sinais vitais que devem ser compreendidos e conhecidos para verificação do estado
geral da pessoa, EXCETO:
(A) Temperatura.
(B) Cor.
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(C) Pulso.
(D) Respiração.

03. (Prefeitura de Anápolis/GO - Técnico em Enfermagem - FUNCAB) A medida dos sinais vitais
fornece dados para determinar o estado usual da saúde do paciente, sendo importante o técnico de
enfermagem conhecer os valores aceitáveis para os indivíduos de diferentes faixas etárias. Com relação
à frequência cardíaca é correto afirmar que em:
(A) lactente a variação de valores aceitáveis é de: 80 a 110 bpm.
(B) adultos, a variação de valores aceitáveis é de: 80 a 110 bpm
(C) criança em idade escolar a variação de valores aceitáveis é de: 75 a 100 bpm.
(D) adolescentes a variação de valores aceitáveis é de: 120 a 160 bpm.
(E) pré-escolar a variação de valores aceitáveis é de: 90 a 140 bpm.

Gabarito

01.E / 02.B / 03.C

Comentários

01. Resposta: A
Valores Normais: Sistólica < 120 mmHg e Diastólica < 80 mmHg são valores normotensos.

02. Resposta: B
Os sinais vitais (SSVV) refere-se a: temperatura (T), pulso ou batimentos cardíacos (P ou BC),
respiração (R) e pressão ou tensão arterial (PA ou TA).

03. Resposta: C
O valor de referência da frequência cardíaca em criança em idade escolar: 75 a 100 bpm.

Medidas Antropométricas - Adulto3

A antropometria estuda as medidas de tamanho e proporções do corpo humano. As medidas


antropométricas tais como peso, altura, circunferência de cintura e circunferência de quadril são utilizadas
para o diagnóstico do estado nutricional (desnutrição, excesso de peso e obesidade) e avaliação dos
riscos para algumas doenças (diabetes mellitus, doenças do coração e hipertensão) em crianças, adultos,
gestantes e idosos.
A qualidade dos procedimentos de coleta das medidas antropométricas é fundamental para garantir a
fidelidade do diagnóstico nutricional de um indivíduo ou de uma população. Deste modo, o antropometrista
deve realizar cuidadosamente as medidas, pois a qualidade dos dados coletados é de vital importância e
refletirão de maneira significante nos resultados obtidos nesta pesquisa. Veremos a seguir as principais
medidas antropométricas.

Peso e Altura

Altura: serão utilizados os seguintes equipamentos - estadiômetro portátil, de parede ou balança


mecânica antropométrica.

Peso: serão utilizados os seguintes equipamentos - balança portátil, digital ou balança mecânica
antropométrica.

Procedimento - (Balança Mecânica Antropométrica)


1. Fazer planejamento;
2. Lavar as mãos;
3. Informar ao paciente o que vai ser feito e encaminha-lo até o local da balança;
4. Forrar o piso da balança com papel toalha;
5. Tarar a balança;
6. Abaixar o pino da trave;

3
https://www.pns.icict.fiocruz.br/arquivos/Novos/Manual%20de%20Antropometria%20PDF.pdf

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7. Pedir ao paciente para retirar blusas ou roupão e chinelos, subir na balança e ficar no centro da
mesma;
8. Destravar a balança e mover o cursor de quilos na escala graduada até o número estimado;
9. Movimentar o cursor de gramas até o número em que o fiel da balança fique nivelado;
10. Ler corretamente o peso indicado, colocando-se à frente do paciente;
11. Abaixar o pino da trave e retornar os cursores ao ponto zero;
12. Pedir ao paciente para ficar com as costas para o antropômetro, unir os calcanhares e manter-se
ereto;
13. Erguer a régua, com o braço voltado para um dos lados do paciente, até acima da cabeça. Girar o
braço da régua até a frente do paciente e abaixá-lo lentamente, até que o ângulo reto da régua se encoste
à cabeça;
14. Ler a escala graduada a altura do paciente;
15. Virar o braço da régua para um dos lados até voltá-lo a posição anterior;
16. Auxiliar o paciente a descer da balança. Calçar os chinelos e vestimentas;
17. Retirar o papel da balança e desprezar;
18. Anotar no prontuário, e comparar com os dados anteriores.

Circunferência Abdominal

Equipamento: fita antropométrica.

Procedimento
1. Fazer planejamento;
2. Levar à unidade do paciente fita métrica em bandeja;
3. Colocar o biombo ao redor do leito do paciente;
4. Manter o paciente deitado;
5. Expor a região abdominal do paciente;
6. Pegar na ponta da fita métrica e passar por trás do paciente;
7. Pegar a fita métrica do lado oposto do paciente e unir com o restante da fita na região umbilical;
8. Verificar o número que indica na fita;
9. Manter o paciente confortável e a unidade em ordem;
10. Realizar a limpeza da fita métrica com álcool 70% e guardá-la;
11. Anotar no prontuário do paciente.

Questões

01. (TRE/PR – Técnico Judiciário – Enfermagem – FCC) Na mensuração de altura e peso de um


adulto na balança mecânica, um dos procedimentos recomendado é
(A) elaborar um cronograma de pesagem com horários diferenciados para cada dia.
(B) pesar e medir a altura, se possível, antes das eliminações urinária e intestinal.
(C) testar e tarar a balança, evitando travá-la antes de solicitar ao cliente para subir na balança.
(D) pedir ao cliente para retirar o calçado e o roupão ou excesso de roupas, antes de iniciar a
mensuração de peso.
(E) posicionar o cliente ereto e de frente para o antropômetro para proceder a mensuração da altura.

Gabarito

01.D

Comentários

01. Resposta: D
Pedir ao paciente para retirar blusas ou roupão e chinelos, subir na balança e ficar no centro da mesma.

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Movimentação e transporte de pacientes, higiene corporal, posições e restrições
de movimentos

Caro(a) Candidato(a) esses assuntos foram abordado no primeiro tópico da apostila.

Coleta de material para exames

COLETA DE MATERIAIS PARA EXAME DE LABORATÓRIO

Amostras Biológicas

São consideradas amostras biológicas de material humano para exames laboratoriais: sangue urina,
fezes, suor, lágrima, linfa (lóbulo do pavilhão auricular, muco nasal e lesão cutânea), escarro, esperma,
secreção vaginal, raspado de lesão epidérmico (esfregaço) mucoso oral, raspado de orofaringe, secreção
de mucosa nasal (esfregaço), conjuntiva tarsal superior (esfregaço), secreção mamilar (esfregaço),
secreção uretral (esfregaço), swab anal, raspados de bubão inguinal e anal/perianal, coleta por
escarificação de lesão seca/swab em lesão úmida e de pelos e de qualquer outro material humano
necessário para exame diagnóstico.
Atualmente a maioria dos procedimentos de coleta são realizados nas próprias Unidades Assistenciais
de Saúde da Rede Pública Municipal.

Laboratórios de Análises

São estabelecimentos destinados à coleta e ao processamento de material humano visando a


realização de exames e testes laboratoriais, que podem funcionar em sedes próprias independentes ou,
ainda, no interior ou anexadas a estabelecimentos assistenciais de saúde, cujos ambientes e áreas
específicas obrigatoriamente devem constituir conjuntos individualizados do ponto de vista físico e
funcional.

Procedimentos Técnicos Especiais


- A execução de procedimentos de coleta de material humano que exijam a prévia administração, por
via oral, de quaisquer substâncias ou medicamentos, deverá ser supervisionada, "in loco", por
profissionais de nível superior pertencentes aos quadros de recursos humanos dos estabelecimentos;
- Os procedimentos de que trata o item anterior, que sejam de longa duração e que exijam
monitoramento durante os processos de execução, deverão ser supervisionados, "in loco", por
profissionais médicos pertencentes aos quadros de recursos humanos dos estabelecimentos;
- O Setor de Coleta deverá ter acesso aos equipamentos de emergência visando propiciar o
atendimento de eventuais intercorrências clínicas;
- O emprego de técnicas de sondagem é permitido, mediante indicação médica, e somente para casos
em que seja realmente necessária, a adoção de tal conduta para viabilizar a coleta de amostras de
material dos usuários.

Coleta nas Unidades de Saúde: os procedimentos de coleta dos exames laboratoriais nos
ambulatórios são executados por profissionais médicos, assim como por profissionais de saúde
componentes de equipes multiprofissionais, com finalidades de investigação clínica e epidemiológica, de
diagnose ou apoio diagnóstico, de avaliação pré-operatória, terapêutica e de acompanhamento clínico.

Recursos Humanos:
O Setor de Coleta obrigatoriamente contará com pelo menos 01 (um) dos seguintes profissionais de
nível universitário: médico, enfermeiro, farmacêutico, biomédico ou biólogo que tenha capacitação para
execução das atividades de coleta. Os profissionais de nível universitário do Posto de Coleta deverão
estar presentes, diariamente, no interior de suas dependências durante o período de funcionamento da
coleta destes estabelecimentos.

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Os procedimentos de coleta de material humano poderão ser executados pelos seguintes profissionais
legalmente habilitados:
- De nível universitário: médicos, enfermeiros, farmacêuticos, biomédicos, biólogos e químicos que
no curso de graduação, e/ou em caráter extracurricular, frequentaram disciplinas que lhes conferiram
capacitação para execução das atividades de coleta;
- De nível técnico: técnicos de enfermagem, assim como técnicos de laboratório, técnicos em
patologia clínica e demais profissional legalmente habilitados que concluíram curso em nível de ensino
médio que no curso de graduação, e /ou em caráter extracurricular frequentaram disciplinas que lhes
conferiram capacitação para execução das atividades de coleta;
- De nível intermediário: auxiliares de enfermagem, assim como profissionais legalmente habilitados
que concluíram curso em nível de ensino de fundamental que no curso de graduação, e /ou em caráter
extracurricular, frequentaram disciplinas que lhes conferiram capacitação para a execução das atividades
de coleta.

Espaço Físico
Sala para coleta de material biológico: de uma forma geral, os estabelecimentos que são dotados
de um único ambiente de coleta deverão contar com sala específica e exclusiva no horário de coleta para
esta finalidade, com dimensão mínima de 3,6 metros quadrados, ter pia para lavagem das mãos, mesa,
bancada, etc. para apoiar o material para coleta e o material coletado. O ambiente deve ter janelas, ser
arejado, com local para deitar ou sentar o usuário, as superfícies devem ser laváveis.

De acordo com a RDC 50/2002 ANVISA/MS, as dimensões físicas e capacidade instalada são as
seguintes:
- Box de coleta = 1,5 metros. Caso haja apenas um ambiente de coleta, este deve ser do tipo sala,
com 3,6 metros quadrados;
- Um dos boxes deve ser destinado à maca e com dimensões para tal;
- Os estabelecimentos que contarem com 02 (dois) Boxes de Coleta, obrigatoriamente, possuirão no
mínimo, 01 (um) lavatório localizado o mais próximo possível dos ambientes de coleta;
- Área para registro dos usuários;
- Sanitários para usuários;
- Número necessário de braçadeiras para realização de coletas = 1 para 15 coletas/hora;
- Para revestir as paredes e pisos do box de coleta e técnica em geral, deve-se utilizar material de fácil
lavagem, manutenção e sem frestas;
- Insumos para coleta deverão estar disponibilizados em quantidade suficiente e de forma organizada.

Biossegurança: entende-se como incorporação do princípio da biossegurança, a adoção de um


conjunto de medidas voltadas para a prevenção, minimização ou eliminação de riscos inerentes às
atividades de prestação de serviços, produção, ensino, pesquisa e desenvolvimento tecnológico, que
possam comprometer a saúde do homem, o meio ambiente e, ainda, a qualidade dos trabalhos
desenvolvidos.
Os Equipamentos de Proteção Individual - EPI e Equipamento de Proteção Coletiva – EPC, destinam-
se a proteger os profissionais durante o exercício das suas atividades, minimizando o risco de contato
com sangue e fluidos corpóreos.
São EPI: óculos, gorros, máscaras, luvas, aventais impermeáveis e sapatos fechados.
São EPC: caixas para material perfuro cortante, placas ilustrativas, fitas antiderrapante, etc..
Os técnicos dos postos de coleta devem usar avental, luvas e outros EPI que devem ser removidos e
quando passiveis de esterilização, guardados em local apropriado antes de deixar a área de trabalho.
Deve-se usar luvas de procedimentos, adequadas ao trabalho em todas as atividades que possam
resultar em contato acidental direto com sangue e materiais biológicos. Depois de usadas as luvas devem
ser descartadas.

Atenção:
- Observar a integridade do material; quando alterada solicitar substituição;
- Manter cabelos presos e unhas curtas;
- Não usar adornos (pulseiras, anel, relógio, etc...);
- Observar a obrigatoriedade da lavagem das mãos.

Quando houver um acidente com material biológico envolvendo face, olhos e mucosas deve-se lavar
imediatamente todas as partes atingidas com água corrente.

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Fases que Envolvem a Realização dos Exames

Unidades de saúde
Fase pré-analítica do exame na unidade de saúde:
- Requisição do exame;
- Orientação e preparo para a coleta;
- Coleta;
- Identificação (Solicitar que o usuário realize a conferência dos seus dados): nome, idade, sexo);
- Preparação da amostra;
- Acondicionamento;
- Transporte.

Laboratório
Fase pré-analítica do exame no laboratório:
- Recepção;
- Triagem;
- Preparação da Amostra.

Fase analítica do exame no laboratório:


- Análise da Amostra.

Fase pós-analítica do exame no laboratório:


- Conferência;
- Emissão e Remessa de Laudo.

Unidades de Saúde
Fase pós-analítica do exame na unidade de saúde:
- Recepção dos Resultados;
- Conferência;
- Arquivamento dos Laudos.

Orientações ao Usuário Quanto ao Preparo e Realização do Exame: é importante esclarecer com


instruções simples e definidas, as recomendações gerais para o preparo dos usuários para a coleta de
exames laboratoriais, a fim de evitar o mascaramento de resultados laboratoriais.

Importante informar e fornecer:


- Dias e horário de coleta da unidade;
- Preparos necessários quanto à necessidade ou não de: jejum, dieta, abstinência sexual, atividade
física, medicamentos;
- Em casos de material colhido no domicilio a unidade deverá fornecer os frascos com identificação do
material a ser colhido;
- Certificar-se de que o usuário entendeu a orientação e anexá-la ao pedido de exame.

Fatores que Podem Influenciar nos Resultados

Jejum
- Para a maioria dos exames um determinado tempo de jejum é necessário e pode variar de acordo
com o exame solicitado devendo - consultar o quadro: “Exames de sangue solicitados nas unidades de
saúde sms”;
- Vale lembrar também, que o jejum prolongado (mais que 12 horas para o adulto), pode levar às
alterações nos exames, além de ser prejudicial à saúde. Água pode ser tomada com moderação. O
excesso interfere nos exames de urina.

Dieta: alguns exames requerem a uma dieta especial antes da coleta de amostra (ex.: pesquisa de
sangue oculto), caso contrário os hábitos alimentares devem ser mantidos para que os resultados possam
refletir o estado do paciente no dia-a-dia.

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Atividades Físicas: não se deve praticar exercícios antes dos exames, exceto quando prescrito. Eles
alteram os resultados de muitas provas laboratoriais, principalmente provas enzimáticas e bioquímicas.
Por isso, recomenda-se repouso e o paciente deve ficar 15 minutos descansando antes da coleta.

Medicamentos: a Associação Americana de Química Clínica, além de alguns outros pesquisadores


brasileiros, mantém publicações completas em relação às interferências de medicamentos sobre os
exames. Por outro lado, alguns pacientes, não podem suspender as medicações devido a patologias
específicas.
O médico deverá orientar sobre a possibilidade, ou não, de suspensão temporária do medicamento. O
usuário nunca poderá interromper voluntariamente o uso de medicamentos. Informar sempre na
solicitação do exame ao laboratório todos os medicamentos que o usuário fez uso nos 10 dias que
antecederam a coleta.

Fumo: orientar o usuário a não fumar no dia da coleta. O tabagismo crônico altera vários exames
como: leucócitos no sangue, lipoproteínas, atividades de várias enzimas, hormônios, vitaminas,
marcadores tumorais e metais pesados.

Bebida Alcoólica: recomenda-se não ingerir bebidas alcoólicas durante pelo menos 3 (três) dias antes
dos exames. O álcool, entre outras alterações, afeta os teores de enzimas hepáticas, testes de
coagulação, lipídios e outros.

Data da menstruação ou tempo de gestação: devem ser informados na solicitação de exames ao


laboratório, pois, dependendo da fase do ciclo menstrual ou da gestação ocorrem variações fisiológicas
que alteram a concentração de várias substâncias no organismo, como os hormônios e algumas proteínas
séricas. Para a coleta de urina o ideal é realizá-la fora do período menstrual, mas se for urgente, a urina
poderá ser colhida, adotando-se dois cuidados: assepsia na hora do exame e o uso de tampão vaginal
para o sangue menstrual não se misturar à urina.

Relações Sexuais: para alguns exames como, por exemplo, espermograma e PSA, há necessidade
de determinados dias de abstinência sexual. Para outros exames, até mesmo urina, recomenda-se 24
horas de abstinência sexual.

Ansiedade e Stress: o paciente deverá relaxar antes da realização do exame. O stress afeta não só
a secreção de hormônio adrenal como de outros componentes do nosso organismo. A ansiedade conduz
à distúrbios no equilíbrio acidobásico, aumenta o lactato sérico e os ácidos gordurosos plasmáticos livres,
entre outras substâncias.

Observações Importantes:
- Quando possível as amostras devem ser coletadas entre 7 e 9 horas da manhã, pois a concentração
plasmática de várias substâncias tendem a flutuar no decorrer do dia. Por esta razão, os valores de
intervalos de referência, são normalmente obtidos entre estes horários. O ritmo biológico também pode
ser influenciado pelo ritmo individual, no que diz respeito à alimentação, exercícios e horas de sono;
- No monitoramento dos medicamentos considerar o pico antes a administração do medicamento e o
estágio da fase constante depois da próxima dose;
- Sempre anotar da coleta no pedido o exato momento.

Nota: a coleta da amostra feita no momento errado é pior do que a não coleta!

Rotina do Setor de Coleta de Exames Laboratoriais

É importante a padronização de uma rotina para a coleta dos exames laboratoriais, devendo todos os
profissionais envolvidos no processo estar cientes da rotina estabelecida. Basicamente os funcionários
da coleta devem estar orientados para:
- Atender os usuários com cortesia;
- Manter o box de atendimento dos pacientes sempre em ordem;
- Manter todos os materiais necessários para o atendimento de forma organizada;
- Trajar-se convenientemente (sem adornos pendurados e usar sapato), atendendo às normas de
biossegurança;
- Usar luvas e avental durante todo o processo de coleta.

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Requisição de Exame

Existem impressos próprios (anexá-los) que são definidos conforme o tipo de exame solicitado. O
impresso deverá estar totalmente preenchido com letra legível:
- Nome da unidade solicitante;
- Nome do usuário;
- Nº prontuário;
- Idade: muitos valores de referência variam conforme a idade;
- Sexo: muitos valores de referência variam conforme o sexo;
- Indicação clínica;
- Medicamentos em uso;
- Data da última menstruação (DUM), quando for o caso;
- Assinatura e carimbo do solicitante;
- Nome do responsável pela coleta;

A informação é fundamental para garantir a qualidade do resultado laboratorial. Devem ser utilizadas
para fins de análise de consistência do resultado laboratorial, e, portanto, necessitam ser repassadas aos
responsáveis pelas fases analítica e pós-analítica.

Procedimento de Coleta

- Conferir o nome do usuário com a requisição do exame;


- Indagar sobre o preparo seguido pelo usuário (jejum, dieta e medicação);
- Separar o material para a coleta conforme solicitação, quanto ao tipo de tubo e volume necessário;
- Os insumos para coleta deverão estar disponibilizados de forma organizada, em cada Box, no
momento da coleta;
- Preencher as etiquetas de identificação do material com nome, nº do registro. Com os tubos todos
identificados, proceder à coleta propriamente dita (os tubos com aditivos tipo gel ou anticoagulantes,
devem ser homogeneizados por inversão de 5 a 8 vezes). Sempre verificar a recomendação do fabricante
dos tubos;
- Profissional responsável pela coleta deve assinar o pedido e colocar a data da coleta.

Conferência das amostras colhidas: reservar os 15 minutos finais do período da coleta para verificar
se as amostras estão bem tampadas e estão corretamente identificadas. Conferir os pedidos com os
frascos. Realizar este procedimento sempre paramentado.

Preencher a folha de controle (ou planilha de encaminhamento) em duas vias: relacionar na


planilha os nomes de todos os usuários atendidos, o nº do registro e os exames solicitados. Não esquecer
de preencher a data da coleta e o nome da unidade. Uma via é encaminhada ao laboratório
acompanhando o material, os pedidos e a outra via fica na unidade para controle do retorno dos resultados
e relatório estatístico.

Acondicionamento do Material nas Caixas de Transporte


- A unidade deverá manter, no mínimo 2 jogos de caixas para transporte para facilitar a higienização e
trocas;
- Um jogo de caixa de transporte = 1 cx. para transportar sangue e 1 cx. para transportar
fezes/urina/escarro;
- Colocar os tubos nas grades seguindo a ordem de coleta e organizar as requisições também seguindo
o mesmo critério, para facilitar a conferência;
- Verificar se os frascos de urina, fezes e escarro estão com a tampa de rosca bem fechada;
- Colocar o sangue em caixas de transporte separadas, dos potes de urina/fezes/escarro;
- Certificar-se de que o material não tombará durante o transporte (colocar calço ou fixar com fita
adesiva);
- Todas as solicitações de exames devem ser devidamente acondicionadas em envelope plástico com
a identificação da unidade e fixadas na parte externa da caixa;
- Realizar os procedimentos acima sempre paramentados.

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Acondicionamento e Transporte de Material Biológico
Garantir o acondicionamento, conservação e transporte do material até a recepção pelo laboratório
executor dos exames. As amostras de sangue deverão ser acondicionadas em recipientes rígidos,
constituídos de materiais apropriados para tal finalidade, dotados de dispositivos pouco flexíveis e
impermeáveis para fechamento sob pressão.
O acondicionamento do material coletado deverá ser tecnicamente apropriado, segundo a natureza de
cada material a ser transportado, de forma a impedir a exposição dos profissionais da saúde, assim como
dos profissionais da frota que transportam o material.

- Estantes e grades são recipientes de suporte utilizados para acondicionar tubos e frascos coletores
contendo amostras biológicas; deverão ser rígidas e resistentes, não quebráveis, que permitam a fixação
em posição vertical, com a extremidade de fechamento (tampa) voltada para cima e que impeçam o
tombamento do material.
- Tubete ou Caixa são recipientes utilizados para acondicionamento de lâminas dotadas internamente
de dispositivo de separação (ranhura) e externamente de dispositivo de fechamento (tampa ou fecho).
- Caixas Térmicas são recipientes de segurança para transporte, destinados à acomodação das
estantes e grades com tubos, frascos e tubetes contendo as amostras biológicas.

Estas caixas térmicas devem obrigatoriamente ser rígidas, resistentes e impermeáveis, revestidas
internamente com material lisos, duráveis, impermeáveis, laváveis e resistentes às soluções desinfetantes
devendo ainda ser, dotadas externamente de dispositivos de fechamento externo.
Como medida de segurança na parte externa das Caixas Térmicas para transporte, deverá ser fixado
o símbolo de material infectante e inscrito, com destaque, o título de identificação: Material Infectante. Na
parte externa da Caixa Térmica, também deverá ser inscrito o desenho de seta indicativa vertical
apontada para cima, de maneira a caracterizar a disposição vertical, com as extremidades de fechamento
voltadas para cima.
Nas inscrições do símbolo de material infectante, do título de identificação e da frase de alerta, deverão
ser empregadas tecnologias ou recursos que possibilitem a higienização da parte externa destes
recipientes e garantam a legibilidade permanente das inscrições. É vedado, em qualquer hipótese,
transportar amostras de material humano, bem como recipientes contendo resíduos infectantes, no
compartimento dianteiro dos veículos automotores.

- É importante a perfeita sintonia entre remetente, transportadora e laboratório de destino, a fim de


garantir o transporte seguro do material e chegada do mesmo em tempo hábil e em boas condições;
- Quaisquer acidentes durante o transporte devem ser comunicados ao remetente, a fim de que
providências possam ser tomadas, com o objetivo de propiciar medidas de segurança aos diferentes
contactuantes. Nunca afixar qualquer guia ou formulário ao material biológico;
- Também não poderão ser transportados dentro da caixa térmica, devendo ser colocados em sacos,
pastas ou envelopes e fixados na parte superior externa da caixa;
- Os funcionários da unidade que conferem e acondicionam os materiais, devem verificar se os frascos
coletores, tubos, demais recipientes, estão firmemente fechados.

Laudos Técnicos

Os resultados dos exames e testes realizados, obrigatoriamente, serão emitidos em impressos


próprios para Laudos Técnicos que deverão conter os seguintes registros:
- Identificação clara, precisa e completa dos usuários e estabelecimentos responsáveis pelas análises
clínico-laboratoriais;
- Data da coleta ou do recebimento das amostras, data da emissão dos Laudos Técnicos e o nome
dos profissionais que os assinam e seus respectivos números de inscrições nos Conselhos Regionais de
Exercício Profissional do Estado de São Paulo ou do Estado pertinente;
- Nomes do material biológico analisado, do exame realizado e do método utilizado;
- Valores de referência normais e respectivas unidades.

Intervalo/Valores de Referência
Define 95% dos valores limites obtidos de uma população definida.
- Valores dos resultados dos exames ou testes laboratoriais e respectivas unidades;

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- Deverão ser devidamente assinados pelos seus Responsáveis Técnicos e/ou por profissionais
legalmente habilitados, de nível superior, pertencente aos quadros de recursos humanos destes
estabelecimentos;
- Deverão ser entregues diretamente aos usuários ou seus representantes legais, se for o caso, e,
ainda, indiretamente, através dos profissionais de estabelecimentos de saúde, no caso de Postos de
Coleta. Podem ainda ser entregues: utilizando-se equipamento de fax-modem e meios de comunicação
on line, quando autorizada por escrito pelos próprios usuários e/ou requerida pelos médicos ou cirurgiões-
dentistas solicitantes. No entanto, isto não eximirá os Responsáveis Técnicos pelos estabelecimentos de
garantir a guarda dos Laudos Técnicos originais;
- Os Responsáveis Técnicos pelos Laboratórios Clínicos deverão garantir a privacidade dos cidadãos,
através da implantação de medidas eficazes que confiram caráter confidencial a quaisquer resultados de
exames e testes laboratoriais.

Os Responsáveis Técnicos pelos Laboratórios Clínicos Autônomos e Unidades de Laboratórios


Clínicos que executem exames e testes microbiológicos e sorológicos informarão os resultados de
exames e testes laboratoriais sugestivos de doenças de notificação compulsória e de agravos à saúde,
em conformidade com as orientações específicas das autoridades sanitárias responsáveis pelo Sistema
de Vigilância.

Exames Laboratoriais

Coleta de Sangue em Crianças Maiores e Adultos


Posicionamento do braço: o braço do paciente deve ser posicionado em uma linha reta do ombro ao
punho, de maneira que as veias fiquem mais acessíveis e o paciente o mais confortável possível. O
cotovelo não deve estar dobrado e a palma da mão voltada para cima.

Garroteamento: o garrote é utilizado durante a coleta de sangue para facilitar a localização das veias,
tornando-as proeminentes. O garrote deve ser colocado no braço do paciente próximo ao local da punção
(4 a 5 dedos ou 10cm acima do local de punção), sendo que o fluxo arterial não poderá ser interrompido.
Para tal, basta verificar a pulsação do paciente.
Mesmo garroteado, o pulso deverá continuar palpável. O garrote não deve ser deixado no braço do
paciente por mais de um minuto. Deve-se retirar ou afrouxar o garrote logo após a venopunção, pois o
garroteamento prolongado pode acarretar alterações nas análises (por exemplo: cálcio).

Seleção da região de punção: a regra básica para uma punção bem-sucedida é examinar
cuidadosamente o braço do paciente. As características individuais de cada um poderão ser reconhecidas
através de exame visual e/ou apalpação das veias.
Deve-se sempre que for realizar uma venopunção, escolher as veias do braço para a mão, pois neste
sentido encontram-se as veias de maior calibre e em locais menos sensíveis a dor. As veias são tubos
nos quais o sangue circula, da periferia para o centro do sistema circulatório, que é o coração.
As veias podem ser classificadas em: veias de grande, médio e pequeno calibre, e vênulas.
De acordo com a sua localização, as veias podem ser superficiais ou profundas.
As veias superficiais são subcutâneas e com frequência visível por transparência da pele, sendo mais
calibrosas nos membros. Devido à sua situação subcutânea permitir visualização ou sensação táctil, são
nessas veias que se fazem normalmente à coleta de sangue.

As veias mais usuais para a coleta de sangue são:


- Veia Cefálica;
- Veia mediana cubital;
- Veia mediana cefálica;
- Veia longitudinal (ou antebraquial);
- Veia mediana basílica;
- Veia do dorso da mão;
- Veia marginal da mão;
- Veia basílica.

Escolher uma região de punção envolve algumas considerações:


- Selecionar uma veia que é facilmente palpável;
- Não selecionar um local no braço ao lado de uma mastectomia;

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- Não selecionar um local no braço onde o paciente foi submetido a uma infusão intravenosa;
- Não selecionar um local com hematoma, edema ou contusão;
- Não selecionar um local com múltiplas punções.

Tente isto, se tiver dificuldade em localizar uma veia:


- Recomenda-se utilizar uma bolsa de água quente por mais ou menos cinco minutos sobre o local da
punção e em seguida garrotear;
- Nos casos mais complicados, colocar o paciente deitado com o braço acomodado ao lado do corpo
e garrotear com o esfigmomanômetro (em P.A. média) por um minuto;
- Nunca aplicar tapinhas no local a ser puncionado, principalmente em idosos, pois se forem portadores
de ateroma poderá haver deslocamentos das placas acarretando sérias consequências.

Técnica para Coleta de Sangue a Vácuo

Antes de iniciar uma venopunção, certificar-se de que o material abaixo será de fácil acesso:
- Tubos necessários à coleta;
- Etiqueta para identificação do paciente;
- Luvas;
- Swabs ou mecha de algodão embebida em álcool etílico a 70%;
- Gaze seca e estéril;
- Agulhas múltiplas;
- Adaptador para coleta a vácuo;
- Garrote;
- Bandagem, esparadrapo;
- Descartador de agulhas.

Após o material estar preparado, iniciar a venopunção:


- Verificar quais os exames a serem realizados;
- Lavar e secar as mãos;
- Calçar luvas;
- Fazer antissepsia do local da punção com movimento circular do centro para fora;
- Nunca toque o local da punção após antissepsia, exceto com luvas estéreis;
- Conectá-la ao adaptador. Estar certo de que a agulha esteja firme para assegurar que não solte
durante o uso. Remover a capa superior da agulha múltipla, mantendo o bisel voltado para cima;
- Colocar o garrote;
- O sistema agulha-adaptador deve ser apoiado na palma da mão e seguro firmemente entre o
indicador e o polegar;
- No ato da punção, com o indicador ou polegar de uma das mãos esticar a pele do paciente firmando
a veia escolhida e com o sistema agulha-adaptador na outra mão, puncionar a veia com precisão e rapidez
(movimento único);
- O sistema agulha-adaptador deve estar em um ângulo de coleta de 15º em relação ao braço do
paciente;
- Segurando firmemente o sistema agulha adaptador com uma das mãos, com a outra pegar o tubo de
coleta a ser utilizado e conectá-lo ao adaptador. Sempre que possível, a mão que estiver puncionando
deverá controlar o sistema, pois durante a coleta, a mudança de mão poderá provocar alteração indevida
na posição da agulha;
- Com o tubo de coleta dentro do adaptador, pressione-o com o polegar, até que a tampa tenha sido
penetrada. Sempre manter o tubo pressionado pelo polegar assegurando um ótimo preenchimento;
- Tão logo o sangue flua para dentro do tubo coletor, o garrote deve ser retirado. Porém, se a veia for
muito fina o garrote poderá ser mantido;
- Quando o tubo estiver cheio e o fluxo sanguíneo cessar, remova-o do adaptador trocando-o pelo
seguinte;
- Acoplar o tubo subsequente em ordem específica a cada um dos exames solicitados, sempre
seguindo a sequência correta de coleta;
- À medida que forem preenchidos os tubos, homogeneizá-los gentilmente por inversão (5 a 8 vezes);

Nota: agitar vigorosamente pode causar espuma ou hemólise; não homogeneizar ou homogeneizar
insuficientemente os tubos de Sorologia pode resultar em uma demora na coagulação; Nos tubos com

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anticoagulante, homogeneização inadequada pode resultar em agregação plaquetária e/ou micro
coágulos.

- Tão logo termine a coleta do último tubo retirar à agulha;


- Com uma mecha de algodão exercer pressão sobre o local da punção, sem dobrar o braço, até parar
de sangrar;
- Uma vez estancado o sangramento aplicar uma bandagem;
- A agulha deve ser descartada em recipiente próprio para materiais infecto contaminantes.

Coleta de Sangue Infantil

Sala de espera: a sala de espera é um local próprio para que o paciente repouse, mantendo sua
fisiologia estável, enquanto aguarda ser chamado para o procedimento de coleta. Por essa razão, é
conveniente que a criança tenha um ambiente próprio de espera, ou seja, sala de espera infantil. Um
ambiente agradável com algum tipo de entretenimento (televisão, revistas, brinquedos) pode ser
providenciado, quando possível, de forma que a criança desvie a atenção da situação que a levou até lá.

Coleta em criança
A coleta de sangue em criança e neonato é frequentemente problemática e difícil, para o coletador,
acompanhante e criança.
No momento em que a criança é convocada para o procedimento de coleta, deve-se orientar o
acompanhante das situações que podem ocorrer:
- A criança pode se debater e ter que ser contida;
- A maioria das crianças choram muito;
- Em casos de crianças rebeldes e/ou de veias difíceis, há probabilidade de se ter que fazer mais de
uma punção;
- Probabilidade do retorno para uma segunda coleta por necessidade técnica ou diagnóstica.

A criança deve ser preparada psicologicamente para a coleta, cabendo ao coletador conseguir a
confiança da criança. Isto pode ser obtido observando o comportamento da criança na sala de espera,
verificando se ela traz algum brinquedo ou livro de estórias, e qual o nível de relacionamento com o
acompanhante. Caso a criança traga algum brinquedo, este deve ser mantido com ela sempre que
possível, mas sem que haja comprometimento da coleta. Sempre que possível evitar que a criança assista
à punção.

O posicionamento de coleta para crianças maiores do que um ano dependerá muito do nível de
entendimento que elas possam ter. Como regra básica sugere-se:
- Neonatos e bebês devem ser colocados deitados em maca própria, solicitando a ajuda de outro
profissional para garantir que a coleta aconteça sem dificuldades. Não é aconselhável que o
acompanhante participe da coleta, pois o mesmo está envolvido psicologicamente com a criança. O
auxiliar deve posicionar-se na cabeceira da maca no mesmo lado que o coletador, ficando um de frente
para o outro. Com uma das mãos conter o braço da criança segurando-a próximo ao pulso e com a outro
próximo ao garrote, apoiando o antebraço no peito ou ombro da criança. O coletador de frente para o
auxiliar faz a venopunção seguindo os mesmos passos utilizados para a punção em adultos;
- Crianças maiores, de forma geral, colaboram para que possa fazer uma venopunção sentada.
Existem duas maneiras confortáveis de se posicionar uma criança:

Uma delas é colocar a criança de lado, no colo do acompanhante, ficando de lado para o coletador.
Um dos braços da criança ficará abraçando o acompanhante e o outro posicionado para o coletador.
Dessa forma, o acompanhante desviará a atenção da criança para si segurando o rosto da mesma com
uma das mãos.
O auxiliar ficará posicionado ao lado do coletador onde com uma das mãos segurará o braço da criança
próximo ao garrote e com a outra mão próximo ao pulso. O coletador de frente para a criança faz a
venopunção seguindo os mesmos passos utilizados para a punção em adultos;
A outra, é colocar a criança no colo do acompanhante, de frente para ele com as pernas abertas e
entrelaçadas a seu corpo, na altura da cintura. O acompanhante estará abraçado a criança e de costas
ou de lado para o coletador.
O braço da criança ficará estendido na direção do coletador sob o braço do acompanhante. O auxiliar
ficará posicionado ao lado do coletador onde com uma das mãos segurará o braço da criança próximo ao

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garrote e com a outra mão próximo ao pulso. O coletador de frente para a criança faz a venopunção
seguindo os mesmos passos utilizados para a punção em adulto

Cuidados Básicos com o Paciente após a Coleta

- Pacientes idosos ou em uso de anticoagulantes, devem manter pressão sobre o local de punção por
cerca de 3 minutos ou até parar o sangramento;
- Orientar para não carregar peso imediatamente após a coleta;
- Observar se não está usando relógio, pulseira ou mesmo vestimenta que possa estar garroteando o
braço puncionado;
- Orientar para não massagear o local da punção enquanto pressiona o local;
- A compressão do local de punção é de responsabilidade do coletor. Se não puder executá-lo, deverá
estar atento à maneira do paciente fazê-lo.

Dificuldades na Coleta
Algumas dificuldades podem surgir pela inexperiência do uso do sistema a vácuo, sendo a mais
frequente a falta de fluxo sanguíneo para dentro do tubo.

Possíveis causas:
- A punção foi muito profunda e transfixou a veia. Solução: retrair a agulha;
- A agulha se localizou ao lado da veia, sem atingir a luz do vaso. Solução: apalpar a veia, localizar
sua trajetória e corrigir o posicionamento da agulha, aprofundando-a;
- Aderência do bisel na parede interna da veia. Solução: desconectar o tubo, girar suavemente o
adaptador, liberando o bisel e reiniciar a coleta;
- Colabamento da veia. Solução: diminuir a pressão do garrote.

Outras situações podem ser criadas no momento da coleta, dificultando-a:


- Agulha de calibre incompatível com a veia;
- Estase venosa devido a garroteamento prolongado;
- Bisel voltado para baixo.

Microcoleta de Sangue Capilar e Venoso para Neonatos e Bebês

A microcoleta é um processo de escolha para obtenção de sangue venoso ou periférico, especialmente


em pacientes pediátricos, quando o volume a ser coletado é menor que o obtido através de tubos a vácuo
convencionais. O sangue obtido de punção capilar é composto por uma mistura de sangue de arteríola e
vênulas além de fluidos intercelular e intersticial.
O sangue capilar pode ser assim obtido: punção digital - através de perfuração com lanceta na face
palmar interna da falange distal do dedo médio.
Punção de calcanhar - através de perfuração com lanceta na face lateral plantar do calcanhar. Há uma
relação linear entre o volume de sangue coletado e a profundidade da perfuração no local da punção.
Portanto, a lanceta, deverá ser selecionada de acordo com o local a ser puncionado e a quantidade de
sangue necessária.
Em neonatos e bebês, a profundidade da incisão é crítica, não devendo ultrapassar 2.4 mm. Caso
contrário, haverá a possibilidade de causar sérias lesões no osso calcâneo e falange. Isto pode ser evitado
usando lancetas de aproximadamente 2 - 2.25mm. de profundidade, com disparo semiautomático com
dispositivo de segurança;

Utilização do Método Microcoleta


A coleta de sangue em bebês e neonatos é frequentemente problemática e difícil, necessitando um
profissional experiente e capacitado. O sistema de microcoleta facilita muito o trabalho, contribuindo para
que a coleta possa ser mais fácil, segura e eficiente. Dessa forma é possível coletar sangue capilar e
venoso. Desde que o método tradicional para a coleta de sangue a vácuo não seja possível em neonatos
e bebês deve-se recorrer ao sistema de microcoleta.

A microcoleta pode ser realizada de várias formas:


- Amostra capilar com microtubos e funil;
- Amostra capilar com microtubos e tubo capilar;
- Amostra venosa com escalpe (butterfly);

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- Amostra venosa com cânula-Luer.

A Técnica para Microcoleta de Sangue Capilar


Antes de iniciar uma microcoleta, certificar-se de que o material abaixo será de fácil acesso:
- Microtubos necessários à coleta;
- Etiquetas para identificação do paciente;
- Luvas;
- Swabs de algodão embebida em álcool etílico a 70%;
- Gaze seca e estéril;
- Lancetas;
- Bandagem, esparadrapo;
- Descartador de material perfuro cortante.

Antes de iniciar a punção:


- Acoplar o microtubo ao tubo carregador ou de transporte;
- Manter o microtubo conectado ao tubo carregador numa estante de sustentação;
- Introduzir o funil ou tubo capilar através da tampa de borracha.

Após o material estar preparado, iniciar a punção:


- Verificar quais os exames a serem realizados;
- Aquecer a falange distal ou o calcanhar a ser puncionado usando uma bolsa de água-quente ou
friccionando o local da punção para estimular a vascularização;
- Lavar e secar as mãos;
- Calçar luvas;
- Fazer antissepsia do local com algodão embebido em álcool etílico a 70%;
- Secar o local da punção com uma gaze estéril;
- Selecionar a lanceta;
- Segurar firmemente o neonato ou bebê, para evitar movimentos imprevistos.

Punção digital: posicionar o dedo e introduzir a lanceta de forma perpendicular na face lateral interna
da falange.

Punção no calcanhar: posicionar o calcanhar entre o polegar e o indicador e introduzir a lanceta de


forma perpendicular na face lateral interna ou externa do calcanhar, evitando a região central. A punção
deve ser feita perpendicularmente à superfície da pele e não de outra forma, pois poderá causar
inflamações.

- Desprezar a primeira gota, por conter maior quantidade de fluidos celulares do que sangue. Colher a
amostra a partir da segunda gota. Nem sempre os neonatos sangram imediatamente; se a gota de sangue
não fluir livremente, efetuar uma massagem leve para se obter uma gota bem redonda (esta massagem
no local da punção não deve ser firme e nem causar pressão, pois pode ocorrer contaminação);
- As gotas de sangue são captadas pelo funil ou tubo-capilar;
- Quando o microtubo estiver com o seu volume completo, troque-o pelo subsequente, na sequência
correta de coleta. Atenção: ao coletar amostras com capilar, o tubo de EDTA sempre deve ser o primeiro
e em seguida o de sorologia (Esta sequência é oposta ao da coleta tradicional para sangue venoso, mas
minimiza o efeito de influência da coagulação nos resultados de análise);
- Após a coleta do último microtubo, o funil ou tubo-capilar deve ser removido e descartado. Agora o
microtubo pode ser gentilmente homogeneizado. Nota: Agitar vigorosamente pode causar espuma e
hemólise. Nos microtubos com anticoagulante, homogeneização inadequada pode resultar em agregação
plaquetária e/ou micro coágulos;
- Após a coleta, pressionar o local da punção com gaze seca estéril até parar o sangramento;
- Descartar todo o material utilizado na coleta nos descartadores apropriados.

Técnica para Microcoleta de Sangue Venoso


Os locais de punção em bebês e neonatos, geralmente são as veias na cabeça, dorso das mãos e dos
pés, e do braço. A área escolhida para ser puncionada deve ser mantida imobilizada onde a visualização
da veia pode ser melhorada aplicando um garroteamento por poucos segundos e/ou aquecendo ou
friccionando a área.

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- Antes de iniciar a punção: acoplar o microtubo ao tubo carregador ou de transporte. Introduzir o funil
através da tampa de borracha;
- Puncionar a veia utilizando um butterfly ou cânula luer;
- Deixar que o sangue goteje para dentro do microtubo até completar o volume;
- Remova a cânula ou butterfly, retire o funil e descarte todo o material utilizado na coleta no
descartador apropriado;
- Inverter os microtubos de 4-6 vezes, para uma homogeneização perfeita.

Como Coletar Urina (amostra ocasional)

Procedimento Básico:
Utilizar o kit fornecido pelo laboratório gratuitamente com instruções específicas.
- Fazer uma higiene íntima rigorosa em sua casa, usando sabonete e água; enxaguar bem com água
abundante e secar bem com uma toalha limpa;
- Coletar a primeira urina da manhã ou 2 horas após a última micção;
- Desprezar o primeiro jato da urina no vaso sanitário, coletar no copo descartável o jato do meio, mais
ou menos (até a metade do copo) desprezando o restante da micção no vaso sanitário;
- Imediatamente, passar a urina do copo para o tubo, até preencher totalmente, fechar e muito bem e
identificar com seu nome completo e ou etiquetar com etiqueta própria do laboratório.

Cuidados para realizar a coleta de Urina: jejum não é necessário. Retenção Urinária: pode ser a
primeira da manhã ou o tempo mínimo de 2 horas de retenção. Evite a ingestão excessiva de líquidos.
Para crianças muito pequenas: usar coletor infantil fornecido pelo laboratório coleta realizada de acordo
com o laboratório.

Tipos de exames de Urina: exame de Urina tipo I de material enviado (o procedimento básico de
urina deverá ser realizado no laboratório de acordo com a solicitação médica). Realizar o procedimento
básico de coleta em sua própria residência. Encaminhar ao laboratório até 2 horas após a coleta. Exame
de Urina tipo I com assepsia- Cultura de Urina. O procedimento básico de coleta de Urina deverá ser
realizado no laboratório, de acordo com a solicitação médica.

Crianças muito pequenas: a coleta pode ser realizada no laboratório, onde haverá troca de coletores
e assepsia a cada 30 minutos, realizada pela Equipe. Ou pode trazer a Urina colhida em casa, em
coletores fornecidos pelos laboratórios. Mas deve-se fazer uma higiene intima rigorosa na criança, antes
de colocar o coletor.

Como Coletar Fezes

Procedimento básico:
- Utilizar o kit fornecido pelo laboratório com instruções específicas;
- Colher fezes em recipiente limpo de boca larga, tomando cuidado de não contaminar as fezes com a
urina ou água do vaso sanitário. Usando uma pazinha, colher uma porção de fezes do tamanho de uma
noz e colocar no frasco coletor. Se for observado presença de muco ou sangue, colher também está
porção "feia" das fezes, sendo muito importante para análise. Tampar bem o frasco e identificar com seu
nome completo e encaminhar ao laboratório.

Tipos de Exames de Fezes


Exame parasitológico simples: pode ser colhida em qualquer horário do dia. Enviar ao laboratório
em até 2 horas após a coleta, se em temperatura ambiente, caso não seja possível, conservá-la em
geladeira no máximo 14 horas até a entrega ao laboratório.

Exame parasitológico com conservante: paciente irá receber um kit contendo 3 frascos coletores (2
com líquido conservante e 1 sem conservante ou 3 com líquido conservante). Seguir o procedimento
básico de coleta de fezes, porém a coleta deverá ser realizada em dias alternados, pelo menos 1 dia de
intervalo entre as coletas. Coletar uma amostra em cada frasco, fechar e agitar para dissolver as fezes
no líquido. Conservar em geladeira a medida em que forem sendo coletadas. A última amostra deve ser
colocada no frasco sem conservante. Tampar bem, identificar com nome completo e encaminhar ao
laboratório. Encaminhar ao laboratório em até 2 horas após a última coleta, se em temperatura ambiente,
ou no máximo 14 horas se refrigerada.

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Exame parasitológico seriado: você vai receber 3 frascos coletores sem conservante. Seguir o
procedimento básico de coleta de fezes. Colher as fezes em dias alternados. A cada coleta encaminhar
a amostra ao laboratório em até 2 horas em temperatura ambiente ou no máximo 14 horas se refrigerada.

Cultura de Fezes: seguir o procedimento básico de coleta de fezes. Após a coleta, encaminhar ao
laboratório em até 3 horas, se em temperatura ambiente ou em até 6 horas se refrigerada. Caso esteja
usando antibióticos, esperar 7 dias após o término do medicamento para colher as fezes. Caso seja
necessário o uso de laxantes, são permitidos apenas os à base de sulfato de magnésio. Consulte seu
médico.

Crianças muito pequenas: não utilizar as fezes da fralda quando estiverem diarreicas ou líquidas,
solicitar coletores infantis fornecidos. No caso de fezes consistentes, encaminhar condicionalmente para
o responsável do setor analisar se a quantidade é suficiente. Encaminhar ao laboratório em até 3 horas
se em temperatura ambiente ou em até 6 horas se refrigerada.

Coleta para pesquisa de sangue oculto:


Fazer dieta prévia de 3 dias e no dia da coleta do material;
Dieta deve ser com exclusão de: Carne (vermelha e branca); Vegetais (rabanete, nabo, couve-flor,
brócolis e beterraba); Leguminosas (soja, feijão, ervilha, lentilha, grão-de-bico e milho); Azeitona,
amendoim, nozes, avelã e castanha;
Não usar medicamentos irritantes da mucosa gástrica (Aspirina, anti-inflamatórios, corticoides...). Se
utilizar, informar ao Laboratório no momento da entrega do material; evitar sangramento gengival (com
escova de dente, palito...). Se ocorrer, informar ao Laboratório no momento da entrega do material. Manter
refrigerado por no máximo 14 horas.
Os exames complementares fornecem informações necessárias para a realização do diagnóstico de
uma determinada alteração ou doença. Vale ressaltar que a realização ou solicitação de um exame
complementar devem ser direcionar levando-se em consideração os dados obtidos através da anamnese
e exame físico, sabendo exatamente o que pretende-se obter e conhecendo corretamente o valor e
limitações do exame solicitado.

Instruções Para Coleta de Escarro

A amostra de escarro deve ser coletada, sempre que possível, antes do início do tratamento
(principalmente antibióticos).
O escarro ideal é obtido após tosse profunda, é aquele que vem do “fundo do peito”.
A amostra colhida pela manhã, ao acordar, é a mais concentrada e, portanto, a adequada para o
exame.
Deve-se ingerir bastante líquidos desde a noite anterior. A boa hidratação facilita a coleta.
Inalar vapor úmido, antes da coleta, pode ser útil (por ex., inalando o vapor do banho).
Caso não esteja eliminando escarro no dia da coleta, é preferível não efetuar a coleta. Não colha saliva
em lugar ou junto do escarro. Evite, também, colher secreção do nariz.
Caso o médico tenha solicitado mais de uma amostra, é preferível colher cada uma em um dia diferente

Passo A Passo Para A Coleta Do Escarro:


Antes de colher, escove os dentes e enxágue a boca com bastante água, para reduzir a contaminação
com a flora bucal. Não use pasta de dentes, nem enxágues com flúor (tipo listerine).
O escarro deve ser colhido em frasco estéril, fornecido pelo Laboratório. Abra o frasco, tirando a tampa
e colocando-a virada para cima.
Tussa profundamente e colete o escarro diretamente dentro do frasco. Não toque o frasco ou a tampa
por dentro. Procure não contaminar o lado de fora do recipiente com escarro.
Tampe bem o frasco, imediatamente após a coleta. Identifique o frasco, pelo lado de fora, com o seu
nome e data e hora da coleta.
Encaminhe o material coletado o mais rapidamente possível ao Laboratório.

Exames Laboratoriais

Exames Hematológicos
A maioria das doenças hematológicas determina o aparecimento de significativas manifestações
bucais. Muitas vezes estas são as primeiras manifestações clínicas da doença fazendo com que, em

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muitas ocasiões, o dentista seja o primeiro profissional a suspeitar ou mesmo diagnosticar graves doenças
sistêmicas de natureza hematológica.
Na anamnese, o dentista deve interrogar sobre a ocorrência de hemorragias, analisando fatores
importantes como: local, duração e a gravidade da perda de sangue, causa aparente de hemorragia,
aparecimento de hematoma e os antecedentes familiares de hemorragia. Ao suspeitar de condição
hemorrágica, o profissional deverá solicitar os exames adequados. Caso os exames revelem alterações
de normalidade, o paciente deve ser encaminhado ao hematologista para que o tratamento seja efetuado.
A nível odontológico, a verificação do tempo de coagulação (TC), tempo de sangramento (TS) e
realização do teste de fragilidade capilar (FC), são exames simples, realizáveis no próprio consultório, de
fácil interpretação e suficientes para verificar a presença de alterações significativas na hemostasia.
O hemograma é uma bateria de exames complementares. Consiste na contagem de glóbulos
vermelhos e brancos, dosagem de hemoglobina, determinação do valor globular médio, contagem
específica de leucócitos e, eventualmente, na contagem de plaquetas.
O hemograma está indicado nos processos infecciosos agudos, nos infecciosos supurativos ou não,
nos alérgicos específicos, nas moléstias leucopênicas e nas moléstias próprias do aparelho
hematopoiético. A interferência na série vermelha é pequena nestes processos. Entretanto, o hemograma
fornece informações precisas nos estados anêmicos, evidenciando o número, forma, tamanho e
coloração das hemácias, proporcionando melhor identificação das anemias.

Exame de Urina
A urina é o resultado da filtração de plasma pelo glomérulo e dos processos de reabsorção e excreção
exercidos pelos túbulos renais. O exame de urina é outro componente laboratorial valioso na rotina do
complexo pré-operatório. É um dos demonstradores das numerosas manifestações de doenças
sistêmicas. Os elementos de maior importância no exame de urina e que devem ser analisados são:
densidade, volume, cor, aspecto, pH, glicosúria, acetonúria, piúria, hematúria e bile.

Outros Exames
O dentista pode ainda solicitar outros tipos de exames laboratoriais como: reação do Machado-
Guerreiro, na doença de Chagas; reação de Montenegro, que é uma prova intradérmica, para diagnóstico
de Leishmaniose brasiliense; reação de Sabin e Feldman, na toxoplasmose; reação de Mantoux, na
tuberculose; reação de Mitsuda na hanseníase (lepra).
Além dos anteriormente mencionados, podem ter aplicação na clínica odontológica a taxa de glicemia
e exames sorológicos para lues. São bem conhecidos os problemas que podem aparecer no tratamento
odontológico de um paciente diabético. O dentista deve estar sempre atento, a fim de detectar sinais e
sintomas que possam sugerir a presença de tal afecção.
A dificuldade de cicatrização, hálito cetônico, xerostomia, história de poliúria e sede excessiva são
dados que indicam a requisição da determinação da taxa de glicemia. Se esta apresentar alta dosagem,
estará confirmada a hipótese clínica de diabetes e o paciente deve ser encaminhado ao médico para
tratamento.
A presença de úlceras e placas na mucosa bucal, o clínico deve pensar na possibilidade de etiologia
luética e requisitar, quando julgar necessário, os exames complementares específicos que irão ou não
confirmar tal suspeita.

Citologia Esfoliativa
É um método laboratorial que consiste basicamente na análise de células que descamam
fisiologicamente da superfície. Não é um método recente e sua utilização é anterior à metade do século
XIX. Deve-se a Papanicolau & Traut, em 1943, com a apresentação e valorização dos achados citológicos
em colpocitologia, a aceitação universal do método no diagnóstico do câncer da genitália feminina. Em
1951, Muller e col. utilizaram a citologia na mucosa bucal. Folson e col., em 1972, justificaram bem a
razão do método útil e válido:
- Sob condições normais, existe uma forte aderência entre as camadas mais profundas do epitélio, o
que dificulta a sua remoção;
- Nas lesões malignas e em alguns processos benignos, essa aderência ou coesão celular é bastante
frágil, o que permite facilmente sua remoção;
- Nos processos malignos, as células apresentam alterações características especiais que as
diferenciam das células normais, tais como: núcleos irregulares e grandes, bordas nucleares irregulares
e proeminentes, hipercromatismo celular, perda da relação núcleo- citoplasma, nucléolos proeminentes
e múltiplos, discrepância de maturação em conjunto de células, mitoses anormais e pleomorfismo celular;

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- Cerca de 90% dos tumores malignos de boca são de origem epitelial, o que vem favorecer o uso de
citologia esfoliativa.

A fidelidade da citologia esfoliativa na detecção do câncer bucal foi demonstrada em diversos


trabalhos. Entre eles, ressalta o resultado de um estudo citológico e histopatológico realizado com
118.194 indivíduos no programa “Oral Exfoliative Cytology Veteranis Administration Cooperative Study,
Washington, D.C.” publicados por Sandler em 1963. Em 592 lesões encontradas na amostra, os
resultados citológicos e histopatológicos foram semelhantes em 577 casos, o que conferiu à citologia uma
fidelidade de 97%.
Valor de citologia esfoliativa no diagnóstico de lesões benignas de boca, é revelado por sua aplicação
na confirmação de diagnóstico de outras entidades como pênfigos, herpes, paracoccidioidomicose,
candidose, lesões císticas por aspiração do conteúdo líquido e esfregaço do material obtido.

Vantagens
- Método simples e praticado sem anestesia;
- Rápida execução;
- Não leva paciente ao estado de ansiedade provocado, às vezes pela biópsia;
- Barato.

Limitações
- Evidencia apenas lesões superficiais;
- O diagnóstico geralmente não é fundamentado num resultado positivo para malignidade, pois neste
caso a biópsia será indispensável para confirmação definitiva;
- Em caso de malignidade sempre indica a necessidade de uma biópsia, e em caso de resultado
negativo pode permanecer a dúvida.

Indicações
- Infecções fúngicas (candidose, paracoccidioidomicose);
- Doenças autoimunes (pênfigo);
- Infecções virais (herpes primário, herpes recorrente).

Contraindicações
- Lesões profundas cobertas por mucosa normal;
- Lesões com necrose superficial;
- Lesões ceratóticas.

Procedimento
O exame fundamenta-se na raspagem das células superficiais de uma determinada lesão, confecção
do esfregaço sobre a lâmina de vidro, fixação, coloração e exame microscópico. O resultado da citologia
esfoliativa é fornecido de acordo com o código de classificação de esfregaço apresentado por Papanicolau
& Traut e modificado por Folson e col.
Classe 0 - material inadequado ou insuficiente para exame.
Classe I - células normais.
Classe II - células atípicas, mas sem evidências de malignidade.
Classe III - células sugestivas, mas não conclusivas de malignidade.
Classe IV - células fortemente sugestivas de malignidade.
Classe V - células indicando malignidade.

Sempre que o resultado estiver enquadrado nas classes III, IV e V se faz necessária a biópsia para
confirmar resultado. Atualmente os patologistas preferem descrever a alteração, isto é, presença ou
ausência de células malignas.
A citologia esfoliativa da mucosa bucal não teve um desenvolvimento acentuado, talvez em
decorrência do número de resultados falsos negativos que podem ocorrer, principalmente pela
deficiência, na coleta do material e de citopatologistas experientes.
Considera-se que a citologia esfoliativa não é um método que propicie o diagnóstico definitivo de uma
lesão, mas, é de grande valia para orientação diagnóstica, o que equivale a afirmar que deve ser feita,
mas nunca em detrimento da análise histopatológica.

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Biópsia
É um procedimento cirúrgico simples, rápido e seguro, em que parte da lesão ou toda a lesão de tecido
mole ou ósseo é removida, para estudo de suas características microscópicas. A biópsia permite fazer
uma correlação entre os achados clínicos e histopatológicos determinando, na grande maioria dos casos,
o diagnóstico definitivo.

Indicações
- Toda lesão cuja história e características clínicas não permitam elaboração do diagnóstico e que não
apresente evidência de cura dentro de um período não superior a duas semanas;
- Em tecidos retirados cirurgicamente, quando ainda não se tem um diagnóstico prévio;
- Lesões intraósseas que não possam ser positivamente identificadas através de exames de imagem.

Contraindicações
- Tumores encapsulados (para não provocar difusão para tecidos vizinhos). Ex.: Adenoma pleomórfico
em glândula parótida;
- Em lesões angiomatosas (Ex. hemangioma), a indicação de biópsia deve ser criteriosa e quando
realizada deve seguir normas de segurança evitando complicações, principalmente hemorragia.
A realização de biópsia em lesões pigmentadas da mucosa oral não necessita de margem de
segurança. Atualmente sabe-se que uma lesão pigmentada que foi biopsiada e diagnosticada como
melanoma não tem seu prognóstico alterado por ter sido biopsiada previamente à cirurgia.
Não biopsiar áreas de necrose porque não há detalhes celulares.

Tipos de Biópsia
Biópsia incisional: apenas parte da lesão é removida. É indicada em caso de lesões extensas ou de
localização de difícil acesso.
Biópsia excisional: toda a lesão é removida. É indicada em lesões pequenas e de fácil acesso.
A amostra deve ser enviada ao laboratório para exame histopatológico sempre acompanhada de um
relatório onde são discriminados os seguintes dados: data da biópsia, nome, idade e sexo do paciente,
nome do operador, local da biópsia, descrição breve dos aspectos clínicos da lesão e hipóteses
diagnósticas. Em caso de biópsia óssea enviar radiografia.

Sequência de biópsia:
- Infiltração da solução anestésica na periferia da lesão ou usar-se de anestesia regional;
- Incisão do tecido a ser biopsiado (bisturi ou punch);
- Preensão da peça com pinça “dente de rato”;
- Corte ou remoção da peça com tesoura ou mesmo bisturi;
- Colocação do tecido removido em vidro com formol 10%;
- Sutura da região quando necessário;
- Relatório do espécime e envio ao laboratório.

Principais causas de erros e falhas das biópsias:


- Falta de representatividade do material colhido;
- Manipulação inadequada da peça;
- Fixação inadequada;
- Introdução de anestésico sobre a lesão;
- Uso de substâncias antissépticas corantes;
- Informações deficientes;
- Troca de material pelo clínico ou pelo laboratório.

Biópsia Aspirativa com Agulha Fina


É um método utilizado para análise citológica de material obtido através da aspiração por agulha fina.
Exige preparação para a realização do procedimento e principalmente para a interpretação do material
colhido. A coleta do material é realizada a nível ambulatorial dispensando a internação do paciente, com
o mínimo de desconforto e sem a necessidade de anestesia em lesões superficiais.
Em lesões profundas pode ser realizada anestesia somente na área onde a agulha será introduzida.
A principal indicação é para diferenciar tumores benignos de malignos. No entanto, em várias situações
o diagnóstico final pode ser estabelecido.

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De acordo com estudos estatísticos, a punção é concordante com o diagnóstico final em 85 a 100%
das histologias, sendo utilizada em alguns casos como único recurso diagnóstico para planejamento do
tratamento.
A punção pode ser utilizada em praticamente todas as regiões do corpo. Entretanto, tem maior
indicação em locais de difícil acesso, onde a biópsia convencional provocaria maior dificuldade para
realização. A tireoide e a mama são os dois principais órgãos que mais são investigados pela técnica da
punção aspirativa, pois frequentemente apresentam tumorações com aumento de volume. Na região de
cabeça e pescoço, além da tireoide, é utilizada principalmente em massas cervicais e glândulas salivares
maiores.
Em algumas situações, lesões pequenas não palpáveis, são observadas apenas através de exames
de imagem como ultrassonografia, mamografia e tomografia computadorizada. Nestes casos, a biópsia
aspirativa dirigida por ultrassom ou tomografia é muito importante. Nos órgãos internos como pulmão,
fígado e próstata, a punção também pode ser guiada por exames de imagem, principalmente a
ultrassonografia e tomografia computadorizada.
Para a realização do exame utiliza-se o cito-aspirador, que é um aparelho onde acopla- se uma seringa
de l0ml com uma agulha de 2,0cm, calibre 24. Após a fixação do nódulo a agulha é introduzida e
movimentada rapidamente com pressão negativa. O material aspirado é colocado em laminas de vidro
que posteriormente serão examinadas.
O exame praticamente não provoca nenhum dano tecidual importante e as complicações são raras,
limitando-se a pequenos hematomas e discreta dor local que cessa em geral em algumas horas. Nos
casos de biópsia de lesões profundas em órgãos como fígado, pâncreas, pulmões, onde se utiliza agulha
mais longa e mais calibrosa, torna-se necessária observação médica e repouso.

Questões

01. A tireoide e a mama são os dois principais órgãos que mais são investigados pela técnica da
punção aspirativa.
( ) Certo ( ) Errado

02. Em relação aos tipos de biópsias, analise a afirmativa.


Biópsia incisional: apenas parte da lesão é removida. É indicada em lesões pequenas e de fácil
acesso.
( ) Certo ( ) Errado

03. Citologia Esfoliativa: É realizado durante o ato cirúrgico quando houver a necessidade de se
definir a natureza da lesão (benigna ou maligna) ou para avaliar se as margens de ressecção cirúrgica
estão livres ou comprometidas pela neoplasia.

04. Caso não esteja eliminando escarro no dia da coleta, é preferível colher saliva no lugar
( ) Certo ( ) Errado

05. Em relação à coleta de urina para amostra ocasional, é correto afirmar que:
“Coletar a primeira urina da manhã ou 2 horas após a última micção.- Desprezar o primeiro jato da
urina no vaso sanitário, coletar no copo descartável o jato do meio, mais ou menos ( até a metade do
copo) desprezando o restante da micção no vaso sanitário”.
( ) Certo ( ) Errado

Gabarito

01.Certo / 02.Errado / 03.Errado / 04.Errado / 05.Certo

Comentários

01. Resposta: Certo


Pois frequentemente apresentam tumorações com aumento de volume. Na região de cabeça e
pescoço, além da tireoide, é utilizada principalmente em massas cervicais e glândulas salivares maiores.

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02. Resposta: Errado
Biópsia incisional: apenas parte da lesão é removida. É indicada em caso de lesões extensas ou de
localização de difícil acesso.
Biópsia excisional: toda a lesão é removida. É indicada em lesões pequenas e de fácil acesso.

03. Resposta: Errado


Citologia Esfoliativa: É um método laboratorial que consiste basicamente na análise de células que
descamam fisiologicamente da superfície.

04. Resposta: Errado


Caso não esteja eliminando escarro no dia da coleta, é preferível não efetuar a coleta. Não colha saliva
em lugar ou junto do escarro.

05. Resposta: Certo


As orientações estão corretas em relação a coleta de urina ocasional sempre coletar a primeira urina
da manhã ou 2 horas após a última micção, desprezar o primeiro jato da urina no vaso sanitário, coletar
no copo descartável o jato do meio, mais ou menos (até a metade do copo) desprezando o restante da
micção no vaso sanitário.

Controle hídrico

Controle hídrico é o balanço resultante do volume de líquido, ingerido e líquido eliminado. O total de
água no organismo adulto e de 65 a 70% do peso corporal, distribuída em compartimentos intracelulares
(água das células) e extracelulares (liquido intersticial e água do sangue e linfa). A água está em continuo
movimento, havendo trocas aquosas entre os espaços intra e extracelulares.
Quase que as totalidades da água orgânica provem do meio externo, através da água ingerida e dos
alimentos, e uma pequena parte provem do meio interno como produto do metabolismo dos lipídios,
glicídios e proteínas (cerca de 300ml).
Por outro lado, a eliminação da água faz-se pela urina, fezes, água vaporizada na respiração, pele
pelo suor. O equilíbrio entre ganho e perda liquida pode sofrer alteração ocorrendo uma depleção ou
retenção de líquidos. A depleção pode ser desencadeada por vômitos, diarreia, diureses excessivas,
estados febris, hemorragias, queimaduras, levando a desidratação.
A retenção com formação de edema, pode ser consequência de certos estados patológicos como:
Distúrbios renais, cardíacos. O paciente deve ser orientado quanto a esta conduta terapêutica para não
provocar ansiedades e obter a sua colaboração.

Procedimentos

01) Colocar placa de controle hídrico no leito do paciente;


02) Registrar em impresso próprio da seguinte forma:
a) Liquido ingerido: todo liquido que o paciente ingerir em 24 horas deve ser medido e registrado, assim
como soluções endovenosas e aplicadas por sonda nasogástrica;
b) Líquidos eliminados: todo liquido eliminado pelo paciente deve ser medido e registrado -
principalmente a diurese, além de vômitos, diarreia, líquido de drenagens. Se o paciente for deambulante,
orienta-lo para guardar urina.
03) Os fluidos que por um ou outro motivo não puderem ser medidos, poderão ser descritos por valores
e registrados com um símbolo, como: Quantidade pequena + Quantidade regular ++ Quantidade grande
+++

Obs.: um controle hídrico mais rigoroso inclui não só o controle de líquidos ingeridos e eliminados,
mas também as infusões venosas.
Um paciente com controle hídrico pode ainda estar submetido à restrição hídrica, para a qual o médico
estipula a quantidade de liquido que podem ser dados em 24 horas. Neste caso, a enfermagem deve
consultar a nutricionista para dividir a quantidade de água entre a enfermagem e o serviço de nutrição e
dietética.

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Balanço Hídrico (BH)

O balanço hídrico é o registro diário de líquidos infundidos e eliminados de um paciente. Este registro
é realizado em papel padronizado que possui espaço também para, sinais vitais, PVC e Hemoglicoteste.

Objetivo do BH

Realizar rígido controle sobre infusões x eliminações para avaliação da evolução clínica do paciente.
Por isto, a importância de um bom registro. Através do registro do balanço hídrico podemos observar
juntamente com exames laboratoriais, o início de algumas patologias
Para facilitar a apuração nas 24 horas dos líquidos introduzidos como também dos eliminados, existe
um formulário que é anexado ao prontuário do paciente chamado de folha de balanço hídrico.
Compete ao enfermeiro, técnico e/ou auxiliar de enfermagem registrar todas as entradas e perdas
líquidas do paciente e fazer o cálculo de balanço final, porém é de competência somente do enfermeiro
identificar a necessidade ou não em prescrever balanço hídrico aos pacientes.

Material:
- Impresso próprio.
- Calculadora s/n.

Descrição da Técnica:
Controlar os ganhos e perdas do cliente nas 24 horas da seguinte forma
Considerar como ganho/ entrada:
- Dietas por: CNG, CNE, ostomias.
- Ingestão: água, sucos, chás, sopas.
- Terapia medicamentosa: soros, medicações com diluição, sangue, NPP.
Considerar como perda/ saída:
- Eliminações: vesico-intestinais (diurese e fezes líquidas e semilíquidas).
- Vômitos.
- Drenagens.
- Secreções.
- Sudorese.
- Folha de Controles: computar perdas (exemplo: diurese) ou ganhos (exemplo: soro, uma xícara de
chá).
- No final de 24 horas, somar o total de ganhos e perdas e subtrair um do outro.

Exemplo:
O cliente recebeu 1.200ml entre dieta e medicações e eliminou 980ml entre diurese e drenagens.
1.200ml - 980ml = 220ml

O Balanço das 24 horas neste caso é positivo, pois o cliente teve mais ganho do que perdas.
Anotar o resultado final na folha de Controles, comunicando ao enfermeiro de plantão qualquer
alteração.

Diurese

Diurese é a produção de urina. A eliminação de urina muito aquosa (pouco concentrada) provoca um
aumento de pressão no sangue, a que o ser vivo responde com a secreção da hormona antidiurética,
para limitar a saída de água.

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Quando há esse excesso de urina, deve-se fazer um controle do volume urinário por determinado
período de tempo.
Esse controle tem como objetivo auxiliar no diagnóstico, na evolução e no tratamento do paciente;
coletar amostra para análise laboratorial; balanço hídrico.

Para realização do controle é preciso observar as seguintes orientações:


• Controlar a diurese a cada período de trabalho ou conforme solicitação médica.
• Iniciar o controle de diurese, independentemente de solicitação médica, dos pacientes com:
- Cardiopatias.
- Doenças renais.
- Diabetes.
- Nutrição parenteral prolongada.
- Pós-operatório de grandes cirurgias.
- Ascite.
- Pacientes graves.
• Medir o volume urinário no frasco graduado após cada micção, desprezando a urina em seguida.
Observar suas características: odor, cor e aspecto. Anotar no prontuário do paciente. A diurese não deve
ficar guardada no banheiro durante o período.
• O frasco graduado deve ser enxaguado após cada medida.
• O controle de diurese em pacientes com sonda vesical é feito ao final de cada período de trabalho
ou quando o coletor estiver cheio, medir no frasco e em seguida desprezar a diurese no vaso sanitário.

O material para coleta é o seguinte:


- Bandeja.
- Folha de papel.
- Frasco graduado.
- Comadre ou papagaio.
- Funil.

O profissional da saúde deve se atentar ao seguinte procedimento:


1. Fazer planejamento.
2. Orientar os pacientes com controle de diurese para que façam uso de comadre ou papagaio.
3. Preparar material.
4. Levar o material ao banheiro colocando o frasco graduado sobre o papel no chão.
5. Levar a comadre ou papagaio ao banheiro, procedendo a mensuração.
6. Enxaguar a comadre ou papagaio, colocando-a em seu lugar. Enxaguar o frasco graduado.
7. Proceder a anotações.

Questões

01. (SESAP/RN - Enfermeiro - COMPERVE/2018) O débito urinário de lactentes e crianças pequenas


incapazes de usar “comadres” ou de crianças que têm um movimento intestinal a cada micção exigem a
aplicação de um dispositivo de coleta. No caso de um lactente que usa fralda com peso seco de 40g e
apresenta uma fralda úmida, somente com urina, com peso de 184g, a quantidade de urina anotada pela
enfermeira no balanço hídrico será de
(A) 204 mL.
(B) 144 mL.

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(C) 104 g.
(D) 224 g.

Gabarito

01.B

Comentários

01. Resposta: B
No caso de um lactente que usa fralda com peso seco de 40g e apresenta uma fralda úmida, somente
com urina, com peso de 184g.
184g ( fralda úmida) - 40g ( fralda seca) = 144mL.

Dietas básicas e especiais

Dietas Orais

Consiste num método de terapia nutricional para auxiliar ou oferecer uma ingestão equilibrada de
alimentos e líquidos adequada às necessidades do paciente.

Indicações e contraindicações
Indicação:
- Auxiliar na manutenção dos processos metabólicos de pacientes desnutridos ou com alto risco para
desnutrição;
- Oferecer a nutrição necessária dentro dos limites da dieta prescrita;

Contraindicação:
- Pacientes com impossibilidade de alimentação pela via oral.

Materiais
- Recipiente próprio com a dieta prescrita;
- Talheres descartáveis fornecidos pelo serviço de nutrição: colheres (colher de sobremesa e/ou sopa),
garfo, faca; canudo;
- Papel toalha e/ou campo impermeável;
- Suporte para alimentação (mesa, bandeja individual ou superfície rígida);
- Equipamento de proteção individual adequado caso o paciente apresente algum tipo de precaução;
- Lixeira para descarte adequado.

Técnica
1. Ler a prescrição do paciente;
2. Realizar higienização das mãos com água e sabão
3. Apresentar-se ao paciente e/ou acompanhante;
4. Checar os dados de identificação;
5. Orientar o paciente e/ou acompanhante quanto ao procedimento, afim da aceitação plena e
espontânea da dieta oral;
6. Conferir a dieta prescrita com a fornecida pelo serviço de nutrição, que deverá estar
preferencialmente na unidade do paciente;
7. Estimular sempre que possível ao paciente a alimentar-se com a dieta oral fora do leito sentado em
uma cadeira;
8. Em caso de restrição para saída do leito, deve-se obrigatoriamente posicionar o paciente em Fowler
de forma confortável antes de iniciar o procedimento;
9. Higienizar as mãos com álcool glicerinado 70%;
10. Calçar as luvas de procedimentos, se indicado; ou colocar equipamentos de proteção individual
em caso da existência de algum tipo de precaução;

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11. Abrir o lacre da embalagem dos talheres, colocando-os no suporte para alimentação; próximo ao
paciente;
12. Caso o paciente apresentar restrição para mobilização dos membros superiores, deve-se oferecer
com o auxílio de um talher adequado a dieta oral em pequenas porções, se necessário utilize a o garfo e
faca para cortar os alimentos maiores; repetindo a ação de forma que a dieta seja oferecida ao paciente
para sua efetiva mastigação;
13. Ao término estimular a realização da higiene oral;
14. Deixar o paciente confortável;
15. Manter a organização da unidade do paciente;
16. Desprezar o material utilizado nos locais apropriados;
17. Realizar higienização das mãos com água e sabão;
18. Realizar as anotações necessárias, assinando e carimbando o relato na folha de observação de
enfermagem.

Dieta Enteral

A nutrição enteral é aquela que não utiliza a via oral normal para a entrada dos alimentos. Esta se faz
por meio de sondas introduzidas diretamente no estômago ou no intestino do paciente. Os pacientes que
recebem dieta por sonda ficam temporária ou permanentemente impedidos de receber alimentação por
via oral, mas seu trato gastrointestinal deve estar em condições de realizar o mecanismo de digestão.

Nota: é importante lembrar que as sondas para alimentação são diferentes das sondas para excreção.

Indicação
Lesões do SNC, estado de coma, debilidade, traumatismos faciais, obstruções no tubo digestivo,
fístulas, síndromes disabsortivas, septicemia, anorexia, depressão profunda, desnutrição severa,
queimaduras extensas, pós-operatórios, estados de insuficiência respiratória, renal, cardíaca ou hepática.

Vias de acesso
- Orogástrica;
- Nasogástrica;
- Nasoentérica;
- Gastrostomia;
- Jejunostomia.

As sondas de acesso bucal e nasal são de colocação mais fácil e são normalmente utilizadas quando
a situação for provisória e não houver impedimento nas vias de acesso. O paciente deve estar ciente da
situação e colaborar para o bom posicionamento da sonda. As ostomias devem ser utilizadas quando o
paciente permanecer por mais tempo sondado.
A sonda de terminação gástrica deve ser utilizada quando o paciente tem o trato gastrointestinal
funcionante pelo menos a partir do estômago, sendo capaz de realizar o processo de digestão. A sonda
de terminação entérica é utilizada quando o estômago do paciente está ineficaz, sendo ele capaz apenas
de fazer a absorção dos alimentos. A dieta entérica deve ser cuidadosamente calculada para que não
propicie a diarreia no paciente pela presença de partículas de difícil digestão ou hiperosmolares.

Tipos de Dietas
As dietas devem ser sempre completas, ou seja, capazes de fornecer ao paciente todos os nutrientes
necessários à sua sobrevivência e recuperação.

Elas podem ser:


- Naturais: quando não utilizados alimentos in natura para a sua preparação. Normalmente se utilizam
sucos de frutas coados e sopas liquidificadas. É importante, nesse tipo de procedimento, que se verifique
se o valor nutricional da dieta está correto e se as técnicas higiênicas estão sendo obedecidas;
- Industriais: subdividas em dietas modulares, quando cada produto contém apenas um nutriente
específico, ou em dietas completas, quando são nutricionalmente completas e adequadas ao tipo de
patologia do paciente em questão. As dietas industriais têm a vantagem de exigirem menor manipulação,
apresentando menor risco de contaminação, especialmente se sua apresentação for líquida e pronta para
o consumo. Alguns produtos destinados à nutrição enteral podem ser utilizados como complementos de
alimentação por via oral.

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Administração da Dieta
A dieta deve ser administrada de forma higiênica, devendo ser feita a assepsia tanto do local quanto
dos utensílios e frascos. Os frascos não devem ser reaproveitados, e a dieta deve ser preparada em
horário próximo ao consumo. Caso isso não seja possível, ela deve permanecer sob refrigeração até o
próximo do consumo.
O gotejamento da dieta deve ser lento, de acordo com a capacidade gástrica e digestiva do paciente,
para evitar o refluxo, os gases e a diarreia.
A administração da dieta por sonda é de responsabilidade de quem cuida do paciente, ou seja, da
equipe de enfermagem ou do acompanhante. No caso de ser o acompanhante o responsável, ele deve
ser orientado quanto ao gotejamento e à prática asséptica.

Cuidados
Observar sempre se a dieta atende ao que foi prescrito, se está no volume correto e no horário correto
e se aparentemente não possui nenhuma irregularidade quanto à consistência e coloração.

Complicações
Podem ocorrer complicações mecânicas - lesão da mucosa nasal e irritação nasofaríngea, esofagite,
obstrução e aspiração pulmonar; gastrintestinais - cólicas, náuseas, vômitos e diarreias; metabólicas -
encefalopatia metabólica, hiperglicemia, glicosúria.

Nutrição Parenteral

A nutrição parenteral é a alimentação que fornece todos os nutrientes necessários ao paciente por via
venosa. Ela deve ser utilizada quando o trato gastrointestinal não está apto a receber alimentos, ou seja,
no agravamento do quadro do paciente que recebe nutrição enteral ou em casos de obstruções severas
do tubo gastrointestinal, pancreatites, fístulas, traumatismos, intervenções cirúrgicas, pós-operatórios,
doenças inflamatórias intestinais, septicemias, queimaduras graves e extensas, ventilação mecânica
prolongada.
A dieta parenteral deve ser calculada e preparada por farmacêutico e administrada pela equipe de
enfermagem.

Vias de administração
Administração de todos os nutrientes necessários para a sobrevivência por vias que não o trato
gastrointestinal. Pode ser:
- Nutrição parenteral total central: administrada por meio de uma veia de grande diâmetro (calibre);
geralmente subclávia ou jugular interna, que chega diretamente ao coração;
- Nutrição parenteral periférica: administrada através de uma via menor, geralmente na mão ou
antebraço.

A Atuação Multidisciplinar na Terapia Nutricional (TN)

Sendo a desnutrição considerada o distúrbio da saúde de maior prevalência no hospital, justificam-se


seu diagnóstico e tratamento por meio de uma Terapia Nutricional, que é o conjunto de procedimentos
terapêuticos para a manutenção ou recuperação do estado nutricional do paciente por meio da Nutrição
Parenteral, por cateteres intravenosos ou enteral, por sondas enterais, de gastrostomias ou
jejunostomias.
A atuação multidisciplinar na Terapia Nutricional (TN) é uma necessidade para o tratamento do
paciente e foi sentida, de início, nos Estados Unidos. Frente aos altos índices de desnutrição, em 1975,
a Sociedade Norte-Americana de Nutrição Parenteral e Enteral (ASPEN) criou um comitê científico
multiprofissional voltado para a melhoria no atendimento, educação e pesquisa em terapia nutricional,
procurando nortear a formação de equipes com diferentes profissionais.
No Brasil, em pesquisa realizada pela SBNPE, verificou-se maior existência de equipes formadas em
São Paulo e no Rio de Janeiro desde 1978.
Mas foi somente em 1998 que o Ministério da Saúde, por meio de Portarias, determinou que
instituições hospitalares tivessem uma Equipe Multidisciplinar de Terapia Nutricional (EMTN), constituída
de, pelo menos, um profissional das áreas médica, enfermagem, nutrição e farmácia.

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Quem são os pacientes mais propensos à desnutrição hospitalar?
As principais situações que podem expor o paciente em risco de desnutrição estão relacionadas à:
redução na ingestão de alimentos (anorexia, náusea, vômitos, disfagia, dor, obstrução gastrointestinal,
problemas psicológicos), gasto energético aumentado (neoplasias, HIV, doenças inflamatórias, cirurgias,
sepse, queimaduras, úlceras e fístulas), alterações no metabolismo dos nutrientes (falência orgânica,
traumatismos), perda de nutrientes (doenças que evoluem com má absorção, hemorragias, diarreia,
síndrome nefrótica, enteropatias, síndromes consuptivas como o câncer) e fatores iatrogênicos (falha em
diagnosticar a desnutrição ou pacientes em risco, escasso controle e anotação de peso dos pacientes na
admissão e no decorrer da internação, medicamentos, terapia nutricional inadequada para a situação
clínica do paciente, jejum prolongado e injustificado como para cirurgias e exames etc.).
Alguns autores também destacam o baixo nível socioeconômico, nível educacional, carência de
informações sobre nutrição, nível funcional físico para satisfazer às atividades da vida diária, dentição e
até mesmo, isolamento.

Quais foram os principais avanços da terapia nutricional?


O impacto negativo da desnutrição hospitalar é atualmente considerado um dos problemas mais
graves da área da saúde, com consequente aumento nas taxas de morbidade, mortalidade, tempo de
internação e custos hospitalares.
Existem inúmeros avanços desde as primeiras aplicações desta terapia. A terapia nutricional enteral
precoce poderia ser um dos grandes avanços, sendo entendido como a introdução da dieta nas primeiras
24 a 48 horas após admissão hospitalar. Este conceito nasce a partir de estudos experimentais com
objetivo de diminuir a resposta inflamatória isquêmica, evitando liberação exagerada de citocinas,
melhorar a função imunitária intestinal, reduzir a produção de hormônios catabólicos e preservar o estado
nutricional.
Outro avanço está relacionado aos imunonutrientes encontrados em determinados alimentos,
responsáveis pela modulação da atividade do sistema imunológico ou das consequências de sua
ativação, como a arginina, a glutamina, os ácidos graxos (ômega 3), os nucleotídeos e os antioxidantes
(vitamina C, zinco e selênio).
As fórmulas enterais e parenterais enriquecidas com estes nutrientes específicos têm a propriedade
de atenuar a resposta inflamatória aguda, aumentar a proliferação de células de defesa e reduzir o
estresse oxidativo celular, com efeitos benéficos em diversas situações clínicas. Graças a estes avanços,
a dieta enteral e a nutrição parenteral passaram a ser denominadas de terapia nutricional, sendo
específica para cada condição clínica, como nas situações de sepse, pneumopatia, úlceras por pressão,
nefropatia, dentre outros.
Concomitante a estas mudanças, observamos também os avanços tecnológicos relacionados aos
dispositivos e equipamentos, como as sondas gastrojejunal para pacientes com alto refluxo permitindo
alimentação pós-pilórica e bombas infusoras, garantindo acurácia e segurança na administração.

Em qual legislação está embasada a obrigatoriedade de uma Equipe Multidisciplinar de Terapia


Nutricional (EMTN) nos hospitais brasileiros?
As legislações vigentes para a prática multiprofissional são descritas nas portarias do Ministério da
Saúde: Portaria nº. 272 de 08/04/1998 e Resolução da Diretoria Colegiada nº. 63 de 06/07/2000. Segundo
as legislações, EMTN é um grupo formal e obrigatoriamente constituído de, pelo menos um profissional
médico, enfermeiro, nutricionista, farmacêutico, habilitados e com treinamento específico para a prática
da Terapia Nutricional (TN), podendo ainda incluir profissionais de outras categorias a critério da unidade
hospitalar.

Quais são as atribuições da EMTN?


Por tratar-se de um grupo de apoio especializado e regido por normatizações, a EMTN possui várias
atribuições, dentre elas:
- Estabelecer as diretrizes técnico-administrativas que devem nortear as atividades da equipe e suas
relações com a instituição;
- Criar mecanismos para o desenvolvimento das etapas de triagem e vigilância nutricional em regime
hospitalar, ambulatorial e domiciliar, sistematizando uma metodologia capaz de identificar pacientes que
necessitam de terapia nutricional, a serem encaminhados aos cuidados da EMTN;
- Atender às solicitações de avaliação do estado nutricional do paciente, indicando, acompanhando e
modificando a TN, quando necessário, em comum acordo com o médico responsável pelo paciente, até
que sejam atingidos os critérios de reabilitação nutricional pré-estabelecidos;

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- Assegurar condições adequadas de indicação, prescrição, preparação, conservação, transporte e
administração, controle clínico e laboratorial e avaliação final da terapia nutricional enteral (TNE) e ou
terapia nutricional parenteral (TNP), visando obter os benefícios máximos do procedimento e evitar riscos;
- Capacitar os profissionais envolvidos, direta ou indiretamente, com a aplicação do procedimento, por
meio de programas de educação continuada, devidamente registrados;
- Estabelecer protocolos de avaliação nutricional, indicação, prescrição e acompanhamento da TNE e
TNP;
- Documentar todos os resultados do controle e da avaliação da TNE e TNP visando a garantia de sua
qualidade;
- Estabelecer auditorias periódicas a serem realizadas por um dos membros da EMTN, para verificar
o cumprimento e o registro dos controles e avaliação da TNE e TNP;
- Analisar o custo e o benefício no processo de decisão que envolve a indicação, a manutenção ou a
suspensão da TNE e TNP.

E quais os principais benefícios desta implantação?


Na literatura e na prática clínica são descritos inúmeros trabalhos demonstrando os benefícios e
resultados da atuação das EMTNs.
As principais vantagens encontradas são: normatização de condutas, cumprimento ao
acompanhamento de protocolos; redução de complicações mecânicas, infecciosas, gastrointestinais e
metabólicas; redução de custos com o controle do desperdício na preparação, padronização de
prescrições, solicitação de exames laboratoriais e uso de equipamentos específicos; melhor adequação
nutricional atingindo aporte calórico-proteico desejado e maior segurança e efetividade por meio do
gerenciamento de riscos por profissionais especialistas e capacitados.

Como se dá a escolha do profissional de enfermagem que atuará na Equipe?


A escolha ocorre geralmente por meio de indicação do coordenador clínico ou do gerente/diretor de
enfermagem do respectivo serviço, em consenso com os demais membros da EMTN. Pela especificidade
da área, recomenda-se que o enfermeiro possua especialização em TN ou desenvolva atividades
correlacionadas para então atuar juntamente ao grupo.

Há alguma legislação específica que norteia a atuação da enfermagem?


Sim, as portarias do Ministério da Saúde (RDC 63 de 06/07/2000 e Portaria 272 de 08/04/1998)
direcionam para as Boas Práticas de Administração da Terapia Nutricional Enteral e Parenteral pela
equipe de enfermagem sob supervisão do enfermeiro.
A Resolução do Cofen nº 453 de 2014 também aprova Norma Técnica a ser utilizada pela equipe de
Enfermagem na Terapia Nutricional. É importante destacar que além de assumir o acesso ao trato-
gastrointestinal, o enfermeiro também possui a competência de sistematizar a assistência na Nutrição
Oral Especializada.

Os hospitais contam com uma EMTN ou há equipes distintas em determinadas áreas?


Atualmente observam-se hospitais com EMTNs atuantes na área adulta e pediátrica
concomitantemente e àquelas, com equipes distintas. Apesar desta distinção, na prática uma atuação
conjunta parece ser mais favorável em decorrência da uniformidade na elaboração de diretrizes e
normatizações. No entanto, a atuação conjunta dependerá da política institucional e do contrato de
trabalho das equipes.

Em que momento começa a participação da enfermagem na terapia nutricional?


A participação da enfermagem encontra-se em todos os níveis de assistência, seja na área hospitalar,
como ambulatorial ou domiciliar.
O enfermeiro exerce um papel fundamental, visto que é o profissional que frequentemente estabelece
o primeiro contato com o paciente durante a hospitalização. Este profissional pode detectar precocemente
pacientes com perfil para terapia nutricional especializada por meio de uma avaliação objetiva simples
(Triagem Nutricional).
As primeiras observações podem ocorrer durante a própria admissão hospitalar, a partir do momento
que o enfermeiro por meio dos instrumentos, como o Histórico de Enfermagem e a Triagem Nutricional
detecta algum sinal de desnutrição ou risco de desnutrição.
A Triagem faz parte da terapia nutricional e envolve o uso de técnicas simples de avaliação como
exame físico e questionamento sobre hábitos alimentares, variações de peso recente de peso, sintomas

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gastrointestinais e capacidade funcional; independente do diagnóstico ou faixa etária e tem como base o
uso de intervenções nutricionais específicas para prevenir ou tratar uma doença, lesão ou condição.
Outro momento importante ocorre durante a própria hospitalização, onde a equipe deve acompanhar
a aceitação alimentar, assim como sintomas associados à intolerância do trato digestório (náuseas,
vômitos e diarreia), perda de peso corpóreo, disfagia e risco de bronco aspiração, e a própria condição
clínica, como nos pacientes internados em unidades de terapia intensiva, oncologia ou com riscos para
formação de úlceras por pressão.

Quais são os procedimentos a serem seguidos pela equipe de enfermagem?


Considerando a TN como terapia de alta complexidade, é fundamental o conhecimento científico e
colaboração da equipe, promovendo uma assistência segura e de qualidade. Esse cuidado envolve prover
e manter a via de acesso escolhida; instalar e administrar a terapia prescrita em doses plenas (seja na
forma gravitacional como em bombas infusoras), controlar efetivamente os volumes infundidos em
comparação com os volumes prescritos, monitorar os efeitos das terapias e detectar e atuar
precocemente, diante das intercorrências que os pacientes possam apresentar.
Outro ponto fundamental é acompanhar a efetividade/ tolerância às terapias por meio de controles
clínicos como controle da glicemia capilar, evolução do peso corpóreo, eliminação intestinal.

Quais os principais cuidados que a enfermagem deve ter frente à terapia nutricional?
Os principais cuidados de enfermagem estendem além das descritas nas legislações. A assistência ao
paciente em uso desta terapia é ampla e deve ser sistematizada, permitindo visualizar/acompanhar todo
o processo, desde a realização da prescrição médica até a finalização da terapia.

De forma resumida, a sistematização do Plano de Cuidados pode ser dividida em etapas:


1) Cuidados que precedem a instalação da TN;
2) Cuidados na instalação da TN;
3) Cuidados durante a infusão da TN;
4) Cuidados na finalização da TN.

Na etapa 1, o cuidado inicia-se durante a realização das visitas da equipe e elaboração das prescrições
médicas. Pela responsabilidade na administração, é imprescindível que enfermeiros tenham
conhecimento sobre as indicações e efeitos secundários das diferentes fórmulas parenterais e enterais
disponíveis no mercado, permitindo detectar precocemente algum risco para intolerância.
A avaliação dos dispositivos e equipamentos para administração da TN no momento que precede a
instalação é atividade inerente do enfermeiro, procurando garantir segurança na manipulação das vias,
menor desperdício e risco de complicações e efetividade na infusão.
Com auxílio do Serviço de Controle e Epidemiologia Hospitalar (SCIEH), protocolos deverão ser
elaborados quanto à periodicidade da troca dos dispositivos e dos frascos da dieta enteral e nutrição
parenteral, minimizando riscos de contaminação. Ainda nesta etapa, o enfermeiro deverá proceder na
colocação da sonda enteral ou auxiliar na seleção da via de acesso.
A etapa 2 inicia-se com o recebimento da dieta enteral e ou frasco da nutrição parenteral dos Setores
de Nutrição e ou Farmácia. Nesta fase, em várias instituições, inicia-se a dupla checagem das prescrições
e das soluções garantindo uso seguro e correto, envolvendo controle de temperatura dos frascos de
nutrição parenteral e instalação com técnica asséptica.
Durante a administração da TN (fase 3), o monitoramento deverá ser mais amplo. A assistência será
realizada com o paciente pela observação de sinais de intolerância às fórmulas e prevenção do risco de
complicações; com os dispositivos, pelo cumprimento de protocolos para prevenção de interações droga-
nutrientes e complicações mecânicas, troca de curativos peri-cateter ou sondas de gastrostomias
minimizando riscos de contaminação e com a infusão correta das soluções prescritas em doses plenas
procurando atingir o aporte calórico-proteico calculado pela EMTN.
O planejamento educacional ao paciente e sua família deve se iniciar nesta etapa, sendo considerado
importante estratégia na prevenção de complicações.
A etapa final ocorrerá na transição da dieta enteral para via oral, após avaliação da efetividade da
terapia, com obtenção de resultados esperados ou no preparo do paciente para alta domiciliar, com a
continuidade do processo educacional. No preparo para alta domiciliar, o enfermeiro e sua equipe devem
elaborar um plano de acordo com as necessidades do paciente, garantindo que as orientações sejam
cumpridas efetivamente no domicílio.
O Gerenciamento do cuidado também faz parte das etapas do processo porque permite avaliar o
desempenho de todas as atividades de enfermagem. Nesta etapa são coletados indicadores de

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qualidade, procurando verificar o cumprimento das atividades clínicas e administrativas, identificar
melhorias necessárias, elevar os níveis de segurança dos pacientes, equipe de saúde e familiares e
aumentar o nível da qualidade assistencial.

Quais são as modalidades de terapia nutricional e do que trata cada uma?


A TN pode ser dividida em Terapia Nutricional Enteral e Terapia Nutricional Parenteral.

A TNE é um conjunto de procedimentos terapêuticos para manutenção ou recuperação do estado


nutricional do paciente por meio da nutrição enteral. A dieta enteral é definida como alimento para fins
especiais, com ingestão controlada de nutrientes, na forma isolada ou combinada, de composição definida
ou estimada, especialmente formulada e elaborada, industrializada (sistema fechado) ou não (sistema
aberto), utilizada exclusiva ou parcialmente para substituir ou complementar a alimentação em pacientes
desnutridos ou não, conforme suas necessidades nutricionais, em regime hospitalar, ambulatorial ou
domiciliar, visando a síntese ou manutenção dos tecidos, órgãos ou sistemas. Este tipo de terapia pode
ser administrado para uso por sondas enterais, sondas de gastrostomias ou sondas de jejunostomias ou
por via oral por meio de suplementos.

A TNP é um conjunto de procedimentos terapêuticos para manutenção ou recuperação do estado


nutricional do paciente por meio da nutrição parenteral, sendo uma solução ou emulsão, composta
basicamente de carboidratos, aminoácidos, lipídios, vitaminas e minerais, estéril e apirogênica,
acondicionada em recipiente de vidro ou plástico, destinada à administração intravenosa em pacientes
desnutridos ou não, em regime hospitalar, ambulatorial ou domiciliar visando a síntese ou manutenção
dos tecidos, órgãos ou sistemas.
Atualmente são classificadas em dois tipos de sistemas: o sistema individualizado (quando prescrita
formulação específica para cada paciente) e formulações padrão (padronizadas para cada grupo de
patologias ou pacientes). Outra denominação amplamente utilizada é a nutrição parenteral industrializada
(pronta para uso- “read-to-use”).
A nutrição parenteral pode ser administrada por meio de cateteres intravenosos de curta permanência
(inserção periférica ou centrais de inserção periférica) ou de longa permanência (tuneilizados ou
implantáveis), conforme a rotina institucional.

A enfermagem também orienta o paciente e seus familiares?


O plano educacional é outra atribuição essencial do enfermeiro porque através da comunicação é
possível minimizar complicações e garantir maior segurança ao paciente, familiar e ou cuidador. Este
processo é bastante enriquecedor porque permite avaliar as necessidades do paciente e os riscos
potenciais para que o cuidado não seja cumprido efetivamente no domicílio.

Questões

01. (EBSERH - Enfermeiro - INSTITUTO AOCP) - A eficácia da terapia nutricional está relacionada
com a conservação e a manutenção das vias de acesso, sendo necessária uma avaliação constante do
paciente submetido à terapia nutricional, incluindo controle de sinais vitais, que possa indicar sinais de
infecção ou alteração metabólica. As vias de administração da dieta enteral são:
(A) ileostomia; nasoenteral, gastrostomia.
(B) nasogástrica; nasoenteral; gastrostomia; colostomia.
(C) nasoenteral; gastrostomia; jejunostomia; colostomia.
(D) gastrostomia; jejunostomia; nefrostomia.
(E) nasogástrica; nasoenteral; gastrostomia; jejunostomia.

Gabarito

01.E

Comentários

01. Resposta: E
As vias de acesso da dieta enteral são: orogástrica, nasogástrica, nasoentérica, gastrotomia,
jejunostomia.

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Administração de medicamentos administração de medicamentos

ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS

O medicamento é uma substância empregada no diagnóstico, tratamento, cura, alívio ou prevenção


das alterações da saúde.
O enfermeiro deve avaliar o efeito que os medicamentos têm na restauração ou manutenção da saúde,
e fornecer a educação contínua para o cliente, família ou pessoal de cuidado de saúde domiciliar sobre a
finalidade e os efeitos colaterais dos medicamentos.
A administração de medicamentos4,5,6 é um processo que envolve uma sequência de ações a serem
desenvolvidas pelo profissional de enfermagem, a fim de obter os melhores resultados junto ao paciente,
sem desperdício de recursos. Durante a fase de preparo o profissional de enfermagem deve ter muita
atenção para evitar erros, assegurando ao máximo que o paciente receba a medicação corretamente.

Formas de Apresentação do Medicamento

Cápsula: forma de dosagem sólida para uso oral; medicamento na forma de pó, líquido ou óleo, e
envolto por concha gelatinosa; a cápsula é colorida, a fim de auxiliar na identificação do produto.
Comprimido: forma de dosagem em pó comprimido em discos ou cilindros endurecidos; além do
medicamento primário, contém ligantes (adesivos, para possibilitar que o pó permaneça junto),
desintegrantes (para promover a dissolução do comprimido), lubrificantes (para facilitar a fabricação) e
expansores (para o tamanho conveniente do comprimido).
Comprimido com proteção entérica: comprimido para uso oral revestido com materiais que não se
dissolvem no estômago; os revestimentos dissolvem-se no intestino, onde o medicamento é absorvido.
Disco intraocular: pequeno disco oval flexível que contém duas camadas externas macias e uma
camada média que contém o medicamento; quando umedecido pelo líquido ocular, libera o medicamento
por até uma semana.
Drágea: forma de dosagem sólida para uso oral; formato semelhante à cápsula e revestido, para
facilitar a deglutição.
Elixir: líquido claro que contém água e/ou álcool; destinado a uso oral; geralmente possui adoçante
adicionado.
Extrato: forma de medicamento concentrada, feita pela separação da porção ativa do medicamento
de seus outros componentes (por exemplo, o extrato líquido é o medicamento feito em solução de fonte
vegetal).
Glicerite: solução de medicamento, combinado à glicerina para uso externo, que contém pelo menos
50% de glicerina.
Linimento: preparação que comumente contém álcool, óleo ou emoliente saponáceo, aplicada à pele.
Loção: medicamento em suspensão líquida aplicado externamente, para proteger a pele.
Pasta: preparação semissólida, mais espessa e mais rígida que a pomada; é absorvida através da
pele com maior lentidão que a pomada.
Pastilha: forma de dosagem arredondada e achatada que contém medicamento, flavorizante, açúcar
e mucilagem; dissolve-se na boca, para liberar o medicamento.
Pílula: forma de dosagem sólida que contém um ou mais medicamentos, modelada em forma de
glóbulo, ovoides ou alongada; as pílulas verdadeiras raramente são utilizadas, porque foram substituídas
pelos comprimidos.
Placa ou disco transdérmico: medicamento contido dentro de placa ou disco com membrana
semipermeável, a qual permite que os medicamentos sejam absorvidos através da pele de forma lenta
durante um intervalo de tempo prolongado.
Pomada (unguento): preparação semissólida, aplicada externamente, que contém, em geral, um ou
mais medicamentos.
Solução: preparação líquida que pode ser utilizada por via oral, parenteral ou externa; também pode
ser instilada em órgão ou cavidade corporal (por exemplo, irrigações vesicais); contém água com um ou
mais compostos dissolvidos; deve ser estéril para uso parenteral.
4
EBISUI, C.T.N. Procedimentos de Enfermagem. Reedição revisada e ampliada. São Paulo: Copidart, 2002.
5
https://www.slideshare.net/Andreadcss/9-certos-na-administrao-de-medicamentos
6
http://ba.corens.portalcofen.gov.br/parecer-coren-ba-0212013_8112.html

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Supositório: forma de dosagem sólida misturada com gelatina e moldada na forma de projétil para a
inserção em cavidade corporal (reto ou vagina); dissolve-se, quando alcança a temperatura corporal,
liberando o medicamento para a absorção.
Suspensão: partículas de medicamento finamente divididas dispersas em meio líquido; quando a
suspensão permanece parada, as partículas depositam-se no fundo do frasco; comumente, um
medicamento oral e não é administrada por via intravenosa.
Tintura: solução de medicamento em álcool ou água-álcool.
Xarope: medicamento dissolvido em solução concentrada de açúcar; pode conter flavorizantes, para
tornar o sabor do medicamento mais agradável.

Tipos de Ação de Medicamento

Os medicamentos variam consideravelmente no modo pelo qual atuam em seus tipos de ação. Os
fatores diferentes das características do medicamento também influenciam as ações dele.
Um cliente pode não responder da mesma maneira a cada dose sucessiva de um medicamento. Da
mesma forma, idêntica dosagem do medicamento pode provocar respostas muito diferentes em clientes
diversos.
Depois que um enfermeiro administra um medicamento, ele sofre absorção, distribuição, metabolismo
e excreção. Exceto quando administrados por via intravenosa, os medicamentos levam tempo para
penetrar na corrente sanguínea. A quantidade e a distribuição de um medicamento em diferentes
compartimentos corporais alteram-se constantemente.
Quando é prescrito um medicamento, o objetivo consiste em obter um nível sanguíneo constante
dentro de uma faixa terapêutica segura. As doses repetidas são necessárias para alcançar uma
concentração terapêutica constante de um medicamento, porque uma parcela do medicamento sempre
está sendo excretada.
A concentração sérica máxima (a concentração de pico) do medicamento geralmente ocorre
exatamente antes que o final do medicamento seja absorvido. Depois de atingir o máximo, a concentração
sérica do medicamento cai progressivamente. Com as infusões intravenosas, a concentração máxima
ocorre rapidamente, mas o nível sérico também começa a cair imediatamente.
Todos os medicamentos possuem meia-vida sérica, o tempo que demoram para que os processos de
excreção diminuam a concentração sérica do medicamento pela metade. Para manter um platô
terapêutico, o cliente deve receber doses fixas regulares. Por exemplo, demonstrou-se que os
medicamentos para a dor são mais efetivos, quando fornecidos durante todo o dia, em vez de serem
administrados quando o cliente se queixa de maneira intermitente de dor. Desta maneira, um nível quase
constante do medicamento analgésico é mantido. Depois de uma dose inicial de medicamento, o cliente
recebe cada dose sucessiva, quando a dose anterior alcança sua meia-vida.
O cliente e o enfermeiro devem seguir a programação regular de dosagem bem como aderir às doses
e intervalos de doses prescritos. Os esquemas de sondagem são estabelecidos pela instituição em que
o enfermeiro está empregado. Quando informa os clientes a respeito dos esquemas de dosagem, o
enfermeiro deve utilizar linguagem familiar ao cliente. Por exemplo, ao orientar um cliente sobre um
medicamento que tem duas doses ao dia, o enfermeiro deve instruí-lo a tomar um medicamento pela
manhã e novamente à noite. O conhecimento dos intervalos de tempo da ação do medicamento também
ajuda o enfermeiro a prever o efeito de um medicamento. Com este conhecimento, ele pode instruir o
cliente sobre quando esperar uma resposta.

Efeitos Medicamentosos

É essencial que o enfermeiro compreenda todos os efeitos que os medicamentos podem ter, quando
são tomados ou administrados aos clientes:
Efeitos Terapêuticos: é a resposta fisiológica esperada ou previsível gerada por um medicamento.
Cada medicamento possui um efeito terapêutico desejado para o qual é prescrito. Por exemplo, a
nitroglicerina é utilizada para reduzir a carga de trabalho cardíaca e aumentar o aporte miocárdico de
oxigênio. Um único medicamento pode ter muitos efeitos terapêuticos. Por exemplo, a aspirina é
analgésica, antitérmica e anti-inflamatória, reduzindo a agregação plaquetária (agrupamento). É
importante que o enfermeiro conheça para qual efeito terapêutico um medicamento é prescrito, o que lhe
permite informar corretamente o cliente sobre o efeito pretendido do medicamento.
Efeitos Colaterais: são os efeitos secundários e não-pretendidos que um medicamento causa de
maneira previsível. Tais efeitos podem ser inócuos ou lesivos. Quando suficientemente graves para negar

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os efeitos benéficos da ação terapêutica de um medicamento, o médico pode interromper o medicamento.
Com frequência, os clientes, param de tomar medicamentos por causa dos efeitos colaterais.
Efeitos Adversos: são geralmente considerados respostas graves ao medicamento. Por exemplo, um
cliente pode ficar comatoso, quando um medicamento é ingerido. Se ocorrem as respostas adversas ao
medicamento, o médico pode interromper o medicamento. Alguns efeitos adversos são efeitos
inesperados que não foram descobertos durante a experimentação do medicamento. Quando acontece
esta situação, os profissionais de saúde são obrigados a reportar o efeito adverso ao FDA.
Efeitos Tóxicos: podem-se desenvolver depois da ingesta prolongada de um medicamento ou quando
um medicamento se acumula no sangue por causa do metabolismo ou excreção comprometidos. As
quantidades excessivas de um medicamento dentro do corpo podem ter efeitos letais, dependendo da
ação do medicamento. Por exemplo, os níveis tóxicos de morfina podem provocar depressão respiratória
grave e morte. Os antídotos estão disponíveis para tratar tipos específicos de intoxicação medicamentosa.
Por exemplo, o Narcan é utilizado para reverter os efeitos da intoxicação por opióides.
Reações Idiossincrásicas: os medicamentos podem provocar efeitos imprevisíveis, como uma
reação idiossincrásica, na qual um cliente reage em excesso ou de forma deficiente a um medicamento
ou apresenta reação diferente do normal. Por exemplo, uma criança que recebe um anti-histamínico pode
ficar extremamente agitada ou excitada, em vez de sonolenta. É impossível avaliar os clientes para as
respostas idiossincrásicas.
Reações Alérgicas: constituem outra resposta imprevisível a um medicamento; elas constituem 5%
a 10% das reações medicamentosas. Um cliente pode tornar-se imunologicamente sensibilizado à dose
inicial de um medicamento. Com a administração repetida, o cliente desenvolve uma resposta alérgica ao
medicamento, a seus conservantes químicos ou a um metabólito. O medicamento, ou substância química,
atua como um antígeno, deflagrando a liberação de anticorpos. A alergia medicamentosa de um cliente
pode ser branda ou grave. Os sintomas alérgicos variam, dependendo do indivíduo e do medicamento.
Entre as diferentes classes de medicamentos, os antibióticos provocam uma alta incidência de reações
alérgicas. As reações brandas podem ser:
- Urticárias: erupções cutâneas elevadas, com formato irregular, com tamanhos e formas variados;
as erupções apresentam margens avermelhadas e centros pálidos.
- Exantema: vesículas pequenas e elevadas, geralmente avermelhadas; frequentemente, distribuídas
sobre todo o corpo.
- Prurido: coceira na pele; acompanha a maioria dos exantemas.
- Rinite: inflamação das mucosas que revestem o nariz; provoca edema e secreção aquosa clara.

As reações anafiláticas ou graves caracterizam-se pela constrição súbita dos músculos bronquiolares,
edema da faringe e laringe, bem como sibilância e falta de ar graves. Os anti-histamínicos, epinefrina e
broncodilatadores podem ser usados para tratar as reações anafiláticas.
O cliente também pode tornar-se gravemente hipotenso, necessitando de medidas de reanimação de
emergência. Um cliente com história conhecida de alergia a medicamento deve evitar a reexposição e
usar um bracelete ou medalha de identificação, o que alerta os enfermeiros e os médicos para a alergia,
caso o cliente esteja inconsciente, quando receber o cuidado médico.

Interações Medicamentosas

Quando um medicamento modifica a ação de outro medicamento, ocorre uma interação


medicamentosa. As interações medicamentosas são comuns em indivíduos que tomam vários
medicamentos. Um medicamento pode potencializar ou diminuir a ação de outros medicamentos, e alterar
a maneira pela qual outro medicamento é absorvido, metabolizado ou eliminado do corpo.
Quando dois medicamentos possuem efeito sinérgico, ou agem de maneira sinérgica, o efeito dos dois
medicamentos combinados é maior que o dos medicamentos, se fornecidos em separado. Por exemplo,
o álcool é um depressor do sistema nervoso central que possui um efeito sinérgico com anti-histamínicos,
antidepressivos, barbitúricos e analgésicos narcóticos.
Uma interação medicamentosa nem sempre é indesejável. Com frequência, um médico combina
medicamentos, para criar uma interação que tenha efeito benéfico sobre a condição do cliente. Por
exemplo, um cliente com hipertensão (pressão arterial alta) que não pode ser controlada com
medicamento, recebe tipicamente vários medicamentos, como diuréticos e vasodilatadores, que atuam
em conjunto para controlar a pressão arterial.

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Os “9 certos” para uma Administração Medicamentosa Segura

1. Paciente Certo: Certifica-se de que a medicação corresponde com o prontuário do paciente, e ao


administrar, certifica-se se realmente é o paciente. Ex. “Como é o nome do Sr (a)” Nunca podemos dizer:
“Seu Fulano olha seu remédio...” Sempre devemos perguntar o nome completo mesmo que conhecemos
o paciente. Erros podem acontecer.
2. Medicamento Certo: Certifica-se se o medicamento que foi dispensado da farmácia realmente
corresponde com a prescrição médica.
3. Dose Certa: Observar atentamente na prescrição médica a dose correta da medicação, e a forma
que veio apresentada da farmácia. Ex. Prescrição Médica: Benzetacil 800.000UI IM; E a apresentação da
medicação da Farmácia é Benzetacil 1.200.000UI IM.
4. Via Certa: Toda atenção é pouca. Observar e ler atentamente qual a via a ser administrada. Ex.:
(Via Oral-VO, Sublingual-SL, Intramuscular-IM, Endovenosa/Intravenosa-EV/IV).
5. Hora Certa: Atentar-se quanto ao horário correto para administração da medicação, evitando
atrasos e antecipações.
6. Tempo Certo: Na aplicação da medicação, respeitar o tempo previsto na prescrição, por exemplo,
se for em 30 minutos, ou em quatro horas, controlar adequadamente o gotejamento ou programar
corretamente as bombas de infusão contínua ou bombas de seringa, controlando, dessa forma, a infusão
conforme prescrição.
7. Validade Certa: Antes de preparar a medicação sempre conferir a data de validade, NUNCA aplicar
medicação vencida. Estabelecer uma rotina de verificação e controle de validade nos setores, em
parceria com a farmácia.
8. Abordagem Certa: Antes de administrar o medicamento deve-se esclarecer ao paciente qualquer
dúvida existente referente ao mesmo e deve-se levar em consideração o direito de recusa do
medicamento, pelo cliente. O primeiro passo sempre é dizer ao paciente qual medicação será
administrada, qual é a via, principal ação do medicamento e como será feita a administração,
sobretudo, medicações que hajam colaboração e ação do cliente como as sublinguais a explicação deve
ser dada.
9. Registro Certo: Após aplicar a medicação registrar no prontuário checando com rubrica e ainda
anotando queixas, suspensão ou não aceitação de medicação.

Só para lembrar:

https://www.slideshare.net/Andreadcss/9-certos-na-administrao-de-medicamentos

Recomendações Gerais
- Todo medicamento a ser administrado no cliente deve ser prescrito pelo médico ou odontólogo;
- A prescrição deve ser escrita, assinada e carimbada. Somente em caso de emergência, a
Enfermagem pode atender prescrição verbal, que deve ser transcrita pelo médico logo que possível;
- Toda prescrição de medicamento deve conter: data, nome do cliente, registro, enfermaria, leito, idade,
nome do medicamento, dosagem, via de administração, frequência, assinatura e carimbo do médico;
- A prescrição do cliente ou cartão de medicamento deve ser mantido à vista do executante;
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- Lavar as mãos antes de preparar e administrar o medicamento e, logo após o procedimento;
- Fazer a desinfecção concorrente da bandeja antes do preparo e depois da administração do
medicamento;
- Manter o local de preparo de medicação sempre em ordem e limpo, utilizando álcool a 70% para
desinfetar a bancada;
- Preparar o medicamento em ambiente com boa iluminação;
- Concentrar a atenção no trabalho, evitando atividades paralelas, distrações e interrupções, que
podem aumentar a chance de cometer erros;
- Ler e conferir o rótulo da medicação três vezes – quando pegar o medicamento, antes de colocar o
medicamento no recipiente próprio para administração, e ao colocar o recipiente na prateleira ou
desprezar o invólucro;
- Nunca administrar medicamento sem rótulo;
- Fazer desinfecção das ampolas e/ou dos frascos antes de quebrar e/ou aspirar a medicação;
- Preparar somente quando tiver certeza do medicamento prescrito, dosagem e via de administração;
- Proteger a seringa ou frasco com medicamento para evitar contaminação, podendo ser usado o
próprio invólucro se não contaminado;
- Observar o aspecto e as características da medicação antes de prepará-la; e antes de administrá-la
(sinais de decomposição, turvação, deterioração, precipitação, etc.);
- Devolver no final do plantão os medicamentos não utilizados e em hipótese alguma acumular
“sobras”;
- Manter a bandeja sempre a vista durante a administração, nunca deixando-a sozinha junto ao
paciente;
- Antes de administrar o medicamento, conferir cuidadosamente a identidade do paciente;
- Permanecer junto ao paciente até que tome o medicamento;
- A administração do medicamento deve ser feita pelo profissional que o preparou;
- Não se deve nunca esquecer de registrar o medicamento que o paciente tenha recebido (checar a
medicação);
- Anotar qualquer anormalidade após a administração do medicamento (vômito, diarreia, erupções,
urticária, etc.);
- Após a administração do medicamento, checar a prescrição imediatamente, evitando administração
dobrada;
- Em caso de recusa do medicamento, o profissional de enfermagem deve relatar imediatamente o fato
ao(a) enfermeiro(a) e/ou médico e anotá-la no prontuário. Convencionalmente em nosso meio, quando o
medicamento não foi administrado por algum motivo, o horário correspondente é circundado, “bolado” à
caneta e a justificativa anotada no prontuário do paciente;
- Utilizar luvas de procedimentos para medicações via sonda gástrica ou nasogástrica, via retal e
parenteral;
- Utilizar técnica asséptica ao manusear material esterilizado;
- Nunca reencapar agulhas ou concitá-las da seringa para desprezar;
- As luvas de procedimentos e o algodão devem ser desprezados na lixeira com saco branco leitoso,
para lixo infectante, dentro da enfermaria do paciente, conforme Programa de Gerenciamento de
Resíduos da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH);
- Em caso de dúvida, nunca administrar o medicamento até que ela seja esclarecida.

Vias de Administração de Medicamentos

Vias oral, sublingual, gástrica e retal: administração de medicamento por via digestiva.
Os medicamentos via oral são fornecidos pela boca e deglutidos com líquidos, apresentam um início
de ação mais lento e um efeito mais prolongado que os medicamentos parenterais. Em geral, os clientes
preferem a via oral.
Via parenteral: administração de um agente terapêutico por outra via que não seja a do trato alimentar
(aparelho digestório).
Via vaginal: introdução e absorção de medicamentos no canal vaginal. O medicamento pode ser
introduzido sob a forma de: supositório, comprimido, óvulo, lavagem, irrigação, creme ou gel.
Via tópica ou cutânea: aplicação de medicamentos na pele. Sua ação pode ser local ou geral.
Exemplos: pomada, antisséptico, etc.
Via nasal: consiste em levar à mucosa nasal um medicamento líquido.
Via Respiratória: as passagens mais profundas do trato respiratório proporcionam grande área de
superfície para a absorção do medicamento. Os medicamentos podem ser administrados através das

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vias nasais, via oral ou tubos colocados dentro da boca do cliente até a traqueia. Os medicamentos
administrados pela via de inalação são prontamente absorvidos e atuam rapidamente por causa da rica
rede vascular alveolocapilar presente no tecido pulmonar. Os medicamentos inalados podem ter efeitos
locais ou sistêmicos.
Via ocular: aplicação de colírio ou pomada na conjuntiva ocular (saco conjuntival inferior).
Há, também, o fornecimento intraocular de medicamento que envolve a inserção de medicamento
semelhante a uma lente de contato dentro do olho do cliente. O disco do medicamento ocular possui duas
camadas mais externas que contêm o medicamento. O disco é inserido dentro do olho do cliente de forma
muito parecida com uma lente de contato, podendo permanecer no olho dele por até uma semana. A
pilocarpina, um medicamento usado para tratar o glaucoma, é o disco de medicamento mais comum.
Via Auricular (otológica): introdução de medicamento no canal auditivo. Colocar o paciente em
posição que você consiga administrar, manter a cabeça do paciente ereta e pingar a solução puxando o
pavilhão auditivo para baixo e para frente.
Instilações na garganta: a garganta pode ser pulverizada ou embrocada pela aplicação de um
antisséptico ou anestésico.
Hipodermóclise ou Hidratação Subcutânea: administração de soluções de reidratação parenteral
na camada subcutânea.

Procedimentos de Administração

Via Oral
Material:
- 01 bandeja;
- 01 copinho;
- Medicamento prescrito.

Procedimento:
- Conferir a prescrição médica e medicação a ser administrada;
- Identificar os copinhos com o nome do paciente, nome da medicação, horário e número do leito;
- Lavar as mãos;
- Diluir o medicamento se necessário;
- Conferir novamente a medicação e prescrição médica verificando data, paciente, hora, via de
administração e dose;
- Levar a bandeja de medicação junto ao leito do paciente;
- Perguntar o nome do paciente sem sugestionar;
- Oferecer o medicamento;
- Observar se o paciente ingeriu a medicação;
- Lavar as mãos;
- Checar na prescrição médica;

Cuidados importantes:
- Agitar o frasco de medicamento líquido antes de entorná-lo pelo lado oposto ao do rótulo, evitando
assim, que o líquido escorra sobre ele, tornando difícil a leitura;
- Os frascos multidoses deverão ser diluídos quando abertos;
- Frascos multidoses que ficam “estocados” no posto, verificar sempre a data de validade e condições
de armazenamento antes de administrá-lo ao paciente. Se necessário trocar o frasco na farmácia;
- Segurar o recipiente graduado (copinho) e vidro ao nível dos olhos para despejar o líquido até a altura
correspondente à dose, facilitando desse modo a colocação precisa do medicamento;
- Colocar comprimidos, drágeas ou cápsulas no recipiente sem tocá-las diretamente com a mão;
- Se houver dificuldade na identificação do medicamento, não administrá-lo. Devolva-o à farmácia e
solicite outro medicamento com identificação legível;
- Se um paciente recebe vários medicamentos simultaneamente, a prática mais segura é a de usar
recipientes separados, possibilitando a identificação segura dos medicamentos que efetivamente o
paciente recebeu. Em casos de aceitação parcial ou perdas acidentais de uma parte deles, será possível
registrar adequadamente o ocorrido e/ou repor a medicação perdida;
- Observar se o paciente não está com indicação de jejum, controle hídrico, além de fatores que
influenciam a administração, como sonda nasogástrica, condições relativas à deglutição, náuseas,
vômitos, entre outros;

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- No caso de administração de medicação sublingual, observar a colocação do medicamento sob a
língua do paciente e orientá-lo para que deixe ali, sem mastigá-lo ou engoli-lo, até ser totalmente
dissolvido, não se devem oferecer líquidos com a medicação sublingual;
- No uso de medicação via Sonda Nasoenteral-SNE ou Sonda Nasogástrica-SNG: lavar (10 a 20ml
de água pela seringa sob pressão) logo após a administração da medicação, a fim de evitar obstrução da
mesma.

Importante: na ausência do copo graduado ou seringa utilizar as medidas abaixo como referência de
administração medicamentosa líquida.

Colher de café = 2,5ml


Colher de chá = 5ml
Colher de sobremesa = 10ml
Colher de sopa = 15ml

Via Retal
As formulações destinadas para uso retal podem ser sólidas ou líquidas.
Formulações sólidas: denominada supositório – possuem formato e consistência que facilita sua
aplicação, não devendo ser partido. Dissolve-se em contato com a temperatura corporal e é indicado
principalmente para a estimulação da peristalse para facilitar a defecação. Quando efetivo, os resultados
manifestam-se dentro de 15 a 30 minutos, mas podem tardar até uma hora.
Formulação líquida: pode ser em grande quantidade, denominada lavagem intestinal (de 1000 a
2000ml) ou em pequena quantidade, chamada de clister (150 a 500ml). Geralmente são usadas na
lavagem intestinal para a remoção das fezes em caso de “fecaloma” (fezes endurecidas), preparo para
procedimentos cirúrgicos ou exames (ex.: colonoscopia);

Material:
- 01 Frasco de Clister ou Fleet Enema (conforme prescrição médica);
- Papel higiênico;
- 01 comadre;
- 01 par de luvas de procedimento;
- 01 sonda retal.

Procedimento:
- Explicar ao paciente o procedimento;
- Preparar o material;
- Mornar quando for solução glicerinada ou soro fisiológico;
- Lavar as mãos, calçar luvas de procedimentos;
- Colocar biombo, para não expor o paciente;
- Colocar o paciente em posição de Sims, (decúbito lateral esquerdo e perna direita fletida);
- Afastar a prega interglútea e instilar o líquido;
- Introduzir a sonda retal lubrificada (ex.: xilocaína gel ou óleo mineral) no ânus do paciente;
- Colocar o paciente na comadre, deixando o papel higiênico à mão, nos casos de pacientes
dependentes ou encaminhá-lo ao banheiro;
- Fazer a higiene íntima;
- Retirar o material usado;
- Limpar e organizar o material;
- Retirar as luvas de procedimentos;
- Lavar as mãos;
- Fazer anotação de enfermagem no prontuário;
Observação: No caso de irrigação gota a gota acrescentar um equipo ao material, procedendo a
mesma forma de instalação, deixando o sistema instalado até o final da solução.

Via Parenteral
Preparo da Medicação:
- Observar o prazo de validade, o aspecto da solução, bem como a integridade do frasco;
- Certificar que todo o medicamento está contido no corpo da ampola, pois o estreitamento do gargalo
faz com que uma parte do medicamento muitas vezes, fique na sua parte superior;
- O mesmo cuidado deve ser observado com o pó liofilizado no frasco da ampola;

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- Lavar as mãos com água e sabão;
- Observar a integridade dos invólucros que protegem a seringa e a agulha;
- Monte a seringa com a agulha respeitando a técnica asséptica;
- Desinfetar toda a ampola com algodão embebido em álcool a 70% destacando o gargalo, no caso do
frasco ampola, levantar a tampa metálica e desinfetar a borracha;
- Proteger o gargalo da ampola com algodão na hora de quebrá-lo;
- Aspirar ao diluente (no caso de frasco ampola) introduzi-lo dentro do frasco e deixe que a força da
pressão interna do frasco, desloque o ar para o interior da seringa;
- Homogeneizar o diluente com o pó liofilizado sem sacudir;
- Introduzir o ar da seringa para o interior do frasco. Este procedimento visa aumentar a pressão dentro
do frasco, facilitando a retirada do medicamento, visto que os líquidos movem-se de uma área de maior
pressão para a de menor pressão;
- Manter o frasco invertido para baixo, enquanto aspira ao medicamento;
- Proteger a agulha com o protetor e o êmbolo da seringa com o próprio invólucro;
- Identificar o material com fita adesiva com o nome do paciente, número do leito, medicamento,
horário, dose e via de administração;

Via Intradérmica
É a introdução do medicamento na derme. É raramente usada para tratamento, porém incide na
disseminação de vacinas. Volumes máximos administrados – 0,5 ml.
Locais de aplicação: Face interna ou ventral do antebraço; Região escapular (parte superior das
costas); Parte inferior do deltoide direito (exclusivamente para a vacina BCG).

Material:
- 01 bandeja;
- 01 seringa de 3ml ou 5ml;
- 01 agulha para injeção 03X07;
- 01 bola de algodão;
- 05ml de álcool;
- Luvas de procedimentos;
- Medicamento prescrito.

Procedimento:
- Lavar as mãos;
- Preparar a medicação fazendo a desinfecção da ampola e após a aspiração do medicamento, trocar
a agulha;
- Orientar o paciente quanto ao procedimento;
- Calçar luvas de procedimentos;
- Posicionar a agulha em ângulo de 15º em relação à superfície da pele;
- Introduzir a agulha com o bisel para cima para formar uma pápula;
- Checar na prescrição médica;

Observação: não fazer a antissepsia da região, o que causaria o desenvolvimento de reações falso-
positivas em testes de hipersensibilidade e a redução da atividade das vacinas administradas.

Via Subcutânea
É a introdução do medicamento na região subcutânea. Utilizada para drogas que não necessitem de
absorção imediata e sim quando se deseja uma absorção continua. Podem ocorrer lesões inflamatórias
locais, sendo de grande importância o rodízio da aplicação como um método profilático. Volume máximo
administrável – 2 ml.

Locais de aplicação: Parte superior externa dos braços; Face lateral externa e frontal das coxas;
Regiões glúteas, direita e esquerda; Região abdominal – hipocôndrios direito e esquerdo, exceto a região
periumbilical; Regiões supraescapular e infraescapular; Faces externas, anterior e posterior dos braços;
Região intermediária lateral das costas (próxima ao quadril direito e esquerdo).

Material:
- 01 bandeja;
- 01 seringa de 1ml;

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- 01 agulha 13X25;
- Luvas de procedimentos;
- 02 Bolas de algodão;
- 05ml do álcool a 70%;
- Medicamento prescrito.

Procedimento:
- Lavar as mãos;
- Preparar a medicação fazendo a desinfecção da ampola e, após a aspiração do medicamento, trocar
a agulha;
- Orientar o paciente quanto ao procedimento;
- Calçar luvas de procedimentos;
- Fazer antissepsia da pele de cima para baixo;
- Posicionar a agulha em ângulo de 90º em relação à superfície da pele;
- Introduzir a agulha com bisel para baixo;
- Não friccionar o local após a aplicação;
- Retirar luvas e lavar mãos;
- Checar na prescrição medica.

Via Intramuscular
É aplicada no tecido muscular através da pele, tendo a desvantagem de ser dolorosa pela introdução
da agulha e absorção do medicamento. Sua ação sistêmica é relativamente rápida. O desconforto da
aplicação desse medicamento pode ser minimizado com os seguintes cuidados:
- Manter a técnica asséptica durante todo o procedimento;
- Ao escolher o local de aplicação, observe a condição do músculo;
- Assegure a privacidade do paciente, sem expô-lo desnecessariamente;
- Não hesitar em aplicar a injeção;
- Injetar lentamente as soluções;
- Fazer uma pressão no local administrado com a extremidade dos dedos, para auxiliar na absorção
da droga;
- Checar na prescrição médica.

Volume máximo administrável – 5 ml.


Algumas bibliografias informam volume máximo de 4ml outras 5ml.

Locais para aplicação: Regiões deltoideanas; Região dorsoglútea; Região ventroglútea; Região
anterolateral da coxa (músculo vastolateral).
Quando há́ necessidade de administrar de 3 a 4 mL de medicamento, a região dorsoglútea é a mais
adequada, porém, em razão da presença do nervo isquiático, fundamental para a motricidade dos
membros inferiores, a região de inserção da agulha deve ser bem delimitada. É recomendado dividir a
região dorsoglútea em quatro quadrantes, delimitando o quadrante superior externo com um triângulo ou
subdividindo-a em quadrantes para possibilitar um adequado distanciamento do nervo isquiático.

Recomendações importantes:
- Não administrar medicamentos por via intramuscular na região dorsoglútea em crianças de 0 a 2
anos, adultos excessivamente magros ou com mais de 60 anos;
- Priorizar a região vastolateral da coxa em crianças menores de 1 ano;
- Não administrar diclofenaco de sódio e penicilina benzatina na região deltoide, em qualquer idade.
Nessas medicações só usar agulhas 30x8;
- Rodiziar o local de aplicação.

Material:
- 01 bandeja;
- 01 seringa de 3ml ou 5ml;
- 01 agulha 30X06, 30X07 ou 30X08;
- 02 bolas de algodão;
- 05ml do álcool a 70%;
- Luvas de procedimentos;
- Medicamento prescrito.

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Procedimento:
- Lavar as mãos;
- Escolher a seringa de acordo com o volume a ser injetado;
- Preparar a medicação fazendo a desinfecção da ampola e, após a aspiração do medicamento, trocar
a agulha;
- Orientar o paciente quanto ao procedimento;
- Calçar luvas de procedimentos;
- Fazer antissepsia da pele de cima para baixo;
- Posicionar a agulha em ângulo de 90º em relação à superfície da pele;
- Introduzir a agulha com bisel para baixo;
- Aspirar antes de injetar o medicamento, verificando se algum vaso foi atingido;
- Injetar lentamente o líquido;
- Fazer uma leve compressão no local após a administração;
- Retirar luvas e lavar as mãos;
- Checar na prescrição médica;

Via Endovenosa
A via endovenosa é usada quando se deseja uma ação rápida do medicamento ou porque outras vias
não são propícias. Sua administração deve ser feita com muito cuidado, considerando-se que a
medicação entra direto na corrente sanguínea, podendo ocasionar sérias complicações ao paciente, caso
as recomendações preconizadas não sejam observadas. As soluções administradas por essa via
devem ser cristalinas, não oleosas e sem flocos em suspensão.
Alguns acidentes podem acorrer na administração de medicamentos endovenosos:
- Esclerose da veia: aplicação sucessiva no mesmo local;
- Abscessos: administração de medicamentos fora da veia, antissepsia inadequada no local da
punção e material contaminado;
- Hematoma: extravasamento de sangue da veia no espaço intersticial por transfixação da veia;
- Flebite: longa permanência de dispositivos endovenosos ou drogas irritantes;
- Êmbolos: deslocamento de resíduos de medicamentos mal diluídos ou coágulos de sangue podem
agir como êmbolos;
- Infiltração: passagem do líquido para o tecido subcutâneo. Ocorre por deslocamento da agulha ou
pela sua penetração na parede do vaso.
- Choque: quando se aplica determinado medicamento, pode ocorrer o estado de choque,
vasodilatação geral, palidez, vertigem, agitação, cianose, ansiedade, tremores. Pode se tratar do choque
pirogênico que ocorre quando existe pirogênio no medicamento, ou seja, substância produzida por
bactéria, produzindo reações como febre e alergias; choque anafilático devido à hipersensibilidade do
paciente ao medicamento.

Locais de aplicação:
- Região cefálica (crianças);
- Região temporossuperficial e regiões epicranianas;
-Região dos membros superiores: braço (cefálica e basílica), antebraço (intermediária cefálica,
intermediária basílica, mediana e radial);
- Ulnar;
- Mão: rede do dorso da mão;.
- Região dos membros inferiores: perna (face posterior do joelho), safena magna e tibial anterior; pé
(rede do dorso do pé). Nesta região somente em casos extremos.

Observação: observar orientações adicionais na Rotina de Prevenção de Infecção de Corrente


Sanguínea da CCIH.

Material:
- Mesmo da injeção intramuscular;
- Acrescentando em caso de grande volume de medicação:
- 01 bandeja;
- 01 Equipo;
- 01 cateter intravenoso (abocath ou jelco);
- 01 pacote de gaze;
- 30 cm de esparadrapo ou micropore;

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- Medicamento;
- Luvas de Procedimentos.

Procedimento:
- Lavar as mãos;
- Preparar a medicação fazendo a desinfecção da ampola e, após a aspiração do medicamento, trocar
a agulha;
- Posicionar o paciente deitado ou sentado;
- Orientar o paciente quanto ao procedimento;
- Calçar luvas de procedimentos;
- Inspecionar as condições da veia e selecionar a mais apropriada;
- Garrotear o braço aproximadamente 10 cm acima da veia escolhida. Para facilitar a visualização da
veia na mão e braço, convém o paciente cerrar o punho durante a inspeção e a punção venosa;
- Fazer antissepsia da pele de cima para baixo;
- Fixar a veia e fazer a punção;
- Inserir o cateter ou agulha em um ângulo de 15º a 30º graus mantendo a pele esticada com o bisel
voltado para cima, facilitando a introdução;
- Retirar o garrote;
- Administrar lentamente o medicamento, evitando assim reações adversas, já que muitos
medicamentos podem produzir efeitos indesejáveis de imediato. Nesses casos, interrompa a aplicação e
comunique o fato o(a) enfermeiro(a) ou médico;
- Retirar o cateter ou agulha e comprimir o local;
- Retirar luvas e lavar as mãos;
- Checar na prescrição médica.

Recomendações importantes:
- Seguir Rotina de Controle de Infecção para acesso vascular para a manutenção da punção;
- Evitar punção venosa de membros inferiores em pacientes adultos;
- O local escolhido deve ser seguro, de fácil acesso, confortável ao paciente;
- O seguimento escolhido deve ser mais longo que a agulha;
- Evitar “tapinha” sobre o local a ser puncionado, pois permitem o rompimento da veia no momento da
punção;
- Não puncionar membros com fístula arteriovenosa para hemodiálise, paresia, paralisia ou membro
do mesmo lado em que foi feita uma mastectomia.

Venóclise
Administração endovenosa de regular quantidade de líquido através de gotejamento controlado, para
ser infundido num período de tempo pré-determinado. É indicada principalmente para repor perdas de
líquidos do organismo e administrar medicamentos. As soluções mais utilizadas são a glicosada 5%,
fisiológica 0,9% e ringer simples.

Recomendações importantes:
- Atentar para a identificação, registrando no rótulo: o nome do paciente, a solução a ser injetada, os
medicamentos e seus complementos do soro, caso houver, tempo em que a solução deverá ser infundida,
número de gotas por minuto, início e término, data e assinatura;
- Estabelecer a punção venosa em local longe de articulações e de fácil acesso, para facilitar
manutenção da via e oferecer conforto ao paciente;
- Não puncionar veias esclerosadas (são veias com paredes espessas e endurecidas), devido a
deficiência circulatória;
- Realizar a punção com técnica asséptica, mantendo todo o conjunto de punção limpo, inclusive sua
fixação, prevenindo infecção;
- Manter as conexões do sistema bem adaptadas evitando extravasamento de solução, contaminação,
refluxo sanguíneo e entrada de ar;
- Manter a observação constante no local, a fim de detectar precocemente a infiltração nos tecidos
adjacentes;
- Retirar o dispositivo da punção e providenciar outra via de acesso venoso, na presença de sinais de
flebite (edema e hiperemia local). Comunicar o caso o(a) enfermeiro(a);

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- Garantir a infusão do volume e dosagem dentro do tempo estabelecido. Para isto, deve-se controlar
constantemente o gotejamento, que não deve ser alterado em casos de atraso, para evitar a sobrecarga
cardíaca;
- Orientar aos pacientes que deambulam manterem o frasco elevado para promover gotejamento
contínuo, evitando refluxo, coagulação sanguínea e obstrução do cateter;
- Orientar o paciente não abrir ou fechar o gotejamento;
- Registrar no local da punção data, hora e assinatura do profissional responsável;
- Administração de medicações de horário pela “borrachinha” do equipo: fazer desinfecção do local
antes da introdução da agulha;
- Não injetar medicamentos perfurando o frasco de soro ou deixar agulhar tipo “suspiro” para evitar
contaminação do sistema;
- Evitar excesso de polifix ou tree-wall.

Outras Vias Parenterais


- Epidural;
- Intratecal;
- Intraóssea;
- Intraperitoneal;
- Intrapleural;
- Intra-arterial.

Cálculos para Gotejamento


Ex.: SG 5%, 500ml em 8horas.

Papel do Enfermeiro na Prescrição de Medicamentos na Atenção Primária à Saúde7

● Prescrever apenas medicamentos que estejam previamente definidos por protocolos;


● Avaliar, na consulta de enfermagem, se o paciente entendeu a receita prescrita pelo médico ou pelo
enfermeiro, esclarecendo possíveis dúvidas;
● Reforçar com o paciente, em uma linguagem simples, como tomar, quanto tomar e horários mais
adequados, armazenamento, manuseio e descarte das medicações;
● Sempre que perceber alguma dificuldade por parte do paciente, discutir o caso com os demais
membros da equipe para a adequação do tratamento;
● Utilizar as oportunidades de contato com o paciente para o trabalho de educação em saúde;
● Fomentar grupos de discussão e troca de experiência entre usuários de medicamentos contínuos.

Questões

01. (Prefeitura de Barão de Cocais/MG - Técnico em Enfermagem - FUNDEP/2020) A via


intradérmica é apropriada para a administração de soluções que necessitam ser absorvidas lentamente,
assegurando uma ação contínua.
Assinale a alternativa que apresenta uma vacina que deve ser administrada apor meio dessa via.
(A) Rotavírus.
(B) Sarampo.
(C) BCG.
(D) Febre amarela.

02. (EBSERH - Técnico em Enfermagem - CESPE/2018) Acerca dos cuidados na administração de


medicamentos, julgue o próximo item.
É dispensável esclarecer ao paciente o medicamento que lhe será administrado.

7
GUSSO, G.; LOPES, J. M. C.; DIAS, L. C. Tratado de Medicina de Família e Comunidade. Artmed, 2019.

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( ) Certo
( ) Errado

03. (TRT/15ª Região/SP - Técnico Judiciário - Enfermagem - FCC/2018) O profissional de


enfermagem, para executar corretamente a técnica de administração de medicamento por via
intradérmica, deve, dentre outros cuidados, estar atento ao volume a ser injetado. O volume máximo
indicado a ser introduzido por esta via é, em mL, de
(A) 1,0.
(B) 5,0.
(C) 0,1.
(D) 1,5.
(E) 0,5.

04. (IF/PA – Técnico em Enfermagem – FUNRIO) O técnico de enfermagem precisa conhecer as


vias de administração de medicamentos para realizar uma técnica segura para evitar a ocorrência de
danos ao paciente. Assinale a opção correta no que se refere a administração de medicamentos.
(A) O volume máximo admitido na via intradérmica é de 0,5ml.
(B) Para administração de drogas por via intramuscular deve-se utilizar a agulha de calibre 13x4,5.
(C) A região vastolateral não é recomendada em adultos por possuir nervos importantes e muitos vasos
sanguíneos.
(D) A região dorsoglútea é escolha para administração de substâncias na via IM em bebês.
(E) Apesar da via subcutânea admitir pequenos volumes, é a via de escolha quando se necessita da
absorção rápida de medicamentos.

05. (UFRJ/RJ – Enfermeiro – UFRJ) O protocolo de segurança na prescrição, no uso e na


administração de medicamentos do Programa Nacional de Segurança do Paciente propõe a
implementação de práticas seguras quanto ao uso de medicamentos nos estabelecimentos de saúde. No
Brasil, muitos estudos demonstram a alta frequência de eventos adversos a medicamentos, sendo os
mais comuns relacionados a intoxicações, interações medicamentosas, falhas terapêuticas e erros de
medicação. A etapa de administração é a última barreira para se evitar um erro de medicação derivado
dos processos de prescrição e dispensação. Assinale a única alternativa que NÃO se refere ao preparo
e à administração segura de medicamentos.
(A) A retirada de estoques de bloqueadores neuromusculares e eletrólitos concentrados das unidades
de internação e a implementação da dupla checagem independente são recomendações para o manejo
seguro de medicamentos potencialmente perigosos.
(B) O enfermeiro deve utilizar, no mínimo, dois identificadores antes da realização do procedimento e
conferir se as informações contidas na pulseira do paciente correspondem à prescrição e à rotulagem do
medicamento.
(C) A administração de medicamento por ordem verbal deve ocorrer em caso de emergência; nesse
caso, utiliza-se o método de dupla checagem independente para administração e registra-se por escrito
a ordem verbal.
(D) As sobras de medicamentos não administrados devem ser mantidas na enfermaria para a
reposição do estoque de medicamentos e a utilização imediata nos casos de emergência, garantindo a
administração no horário correto.
(E) O enfermeiro deve informar ao paciente e à família sobre eventuais incidentes relacionados à
terapia medicamentosa, registrando-os em prontuário e notificando o ocorrido à gerência de riscos ou ao
núcleo de segurança do paciente.

06. (UFAL – Auxiliar de Enfermagem – UFAL) A administração de medicamentos é uma das


atribuições mais comuns de competência da equipe de enfermagem que requer conhecimento técnico e
científico. São consideradas vias de administração parenteral:
(A) retal, inalatória e tópica.
(B) intranasal, ocular e sublingual.
(C) oral, intradérmica e subcutânea.
(D) oral, intramuscular e intravenosa.
(E) intramuscular, intradérmica e endovenosa.

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07. (UFMT – Técnico em Enfermagem – UFMT) Cada via de administração parenteral de
medicamentos se relaciona a um tipo de tecido no qual o medicamento será aplicado. Sobre as vias de
administração, é correto afirmar:
(A) A via subcutânea é ricamente suprida com sangue, sendo de absorção rápida.
(B) A via intramuscular fornece uma absorção mais rápida do medicamento que a subcutânea.
(C) Os locais de aplicação via intramuscular são as regiões vastolateral, ventroglútea, dorsoglútea e
escapular.
(D) A intradérmica é utilizada para testes cutâneos pela característica de a absorção ocorrer de forma
rápida.

08. (IF/PE – Técnico em Enfermagem – IF PE) Quanto às vias injetáveis de administração de


medicação, é CORRETO afirmar que
(A) a região abdominal é contraindicada para administração de medicação por via subcutânea.
(B) a via subcutânea é de absorção lenta, sendo utilizada para testes de sensibilidade e vacina.
(C) são locais para administrar por via intramuscular: vasto lateral da coxa, músculo glúteo e face
interna do antebraço.
(D) a veia basílica é indicada para punção venosa de longa duração e soluções oleosas.
(E) a aplicação intramuscular glútea é feita sempre no quadrante superior externo do glúteo.

09. (IF/BA – Técnico em Enfermagem – FUNRIO) Para administrarmos 1.000 ml de solução


fisiológica 0,9% em 12h, deve-se ajustar o gotejamento para quantas gotas por minuto?
(A) 7
(B) 14
(C) 28
(D) 16
(E) 21

Gabarito

01.C / 02.Errado / 03.E / 04.A / 05.D / 06.E / 07.B / 08.E / 09.C

Comentários

01. Resposta: C
É a introdução do medicamento na derme. É raramente usada para tratamento, porém incide na
disseminação de vacinas. Volumes máximos administrados – 0,5 ml.
Locais de aplicação: Face interna ou ventral do antebraço; Região escapular (parte superior das
costas); Parte inferior do deltoide direito (exclusivamente para a vacina BCG).

02. Resposta: Errado


Antes de administrar o medicamento deve-se esclarecer ao paciente qualquer dúvida existente
referente ao mesmo e deve-se levar em consideração o direito de recusa do medicamento, pelo cliente.
O primeiro passo sempre é dizer ao paciente qual medicação será administrada, qual é a via, principal
ação do medicamento e como será feita a administração, sobretudo, medicações que hajam
colaboração e ação do cliente como as sublinguais a explicação deve ser dada.

03. Resposta: E
É a introdução do medicamento na derme. É raramente usada para tratamento, porém incide na
disseminação de vacinas. Volumes máximos administrados – 0,5 ml.

04. Resposta: A
Via Intradérmica: é a introdução do medicamento na derme. É raramente usada para tratamento,
porém incide na disseminação de vacinas. Volumes máximos administrados – 0,5 ml.

05. Resposta: D
Faz parte das recomendações na segurança da administração de medicamentos devolver no final do
plantão os medicamentos não utilizados e em hipótese alguma acumular “sobras”;

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06. Alternativa: E
Os medicamentos em via Parenterais são aqueles que o fármaco não passa pelo trato gastrointestinal.

07. Resposta: B
A via intramuscular possui ação sistêmica relativamente rápida já a via subcutânea é utilizada para
drogas que não necessitem de absorção imediata e sim quando se deseja uma absorção continua, por
isso a comparação está correta.

08. Resposta: E
Na via intramuscular quando há necessidade de administrar de 3 a 4 mL de medicamento, a região
dorsoglútea é a mais adequada, porém, em razão da presença do nervo isquiático, fundamental para a
motricidade dos membros inferiores, a região de inserção da agulha deve ser bem delimitada. É
recomendado dividir a região dorsoglútea em quatro quadrantes, delimitando o quadrante superior
externo com um triângulo ou subdividindo-a em quadrantes para possibilitar um adequado distanciamento
do nervo isquiático.

09. Resposta: C
Volume: 1.000
Tempo: 12 horas
1.000 = 1.000 = 27,77
12 x3 36

Cateterismo

Sondagem

É a introdução de uma sonda que vai até a bexiga com a finalidade de retirar a urina. É indicado para
o paciente que não pode urinar, colhe urina asséptica para exames, além de outros casos como preparo
pré-parto, pré-operatório e exames pélvicos (quando indicados) e incontinência urinária

Indicação
- Monitorizar o débito urinário;
- Retenção urinária ou incapacidade de esvaziar a bexiga espontaneamente;
- Controlar incontinência urinária;
- Controle rigoroso do débito urinário em casos de estado crítico do cliente, estado eminente de
insuficiência renal;
- Na presença de obstáculos para eliminação de urina (por exemplo, tumores que comprimem ou
diminuem a luz da uretra).

Cateterismo vesical feminino


-Conversar com o paciente e explicar como é realizado o procedimento e para que serve, investigar
quando foi a última diurese; preparar o ambiente e o material;
-Posicioná-la na posição decúbito dorsal com os joelhos levemente flexionados ;
- Evitar exposição desnecessária das partes do corpo;
- Higienizar as mãos, calçar luvas de procedimento, inspecionar períneo, presença de secreção, odor;
- Realizar higiene íntima; Abrir bandeja do cateterismo com a técnica estéril;
- Abrir pacote com a sonda, bolsa coletora (ou deixar sua ponta sobre o campo estéril); e coloque
dentro do campo. Verificar se a válvula de esvaziamento do saco coletor está fechada;
- Colocar seringa, agulha e gazes dentro do campo;
- Inserir o PVPI na cuba redonda, o lubrificante na gaze e abrir o frasco de AD (deixar as ampolas fora
do campo estéril);
- Calçar as luvas estéreis;
- Conectar a seringa à agulha e ao frasco (sem tocá-lo) e aspirar AD na quantidade recomendada para
o enchimento do balão (verificar o volume na sonda);
- Adaptar a sonda ao saco coletor de modo a formarem um sistema fechado.
- Dobrar algumas gazes para facilitar a manipulação.
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- Proceder à antissepsia - com a mão dominante e auxílio da pinça, manipular a gaze embebida com
antisséptico na sequência: região supra púbica, inguinal, os grandes lábios, pequenos lábios, sempre no
sentido ânteroposterior e em movimento únicos e contínuos;
- Afastar os grandes lábios com os dedos da mão não dominante e realizar a antissepsia do meato. A
mão deverá manter-se fixa nesta posição durante todo o procedimento “mão contaminada”;
- Colocar a cuba-rim sobre o campo fenestrado;
- Lubrificar a extremidade da sonda (2,5 a 5 cm);
- Com a outra mão “estéril”, insira suavemente a sonda no meato uretral (aproximadamente 5 cm) até
que a urina comece a drenar;
- Quando a urina começar a fluir, faça a inserção de mais 2,5 cm para assegurar que o balão fique
posicionado no interior da bexiga;
- Inflar o balão com AD (agua destilada) ;
- Retirar o campo fenestrado;
- Fixar a sonda na face interna da coxa;
- Posicionar o paciente confortavelmente;
- Reunir o material e retire as luvas;
- Higienizar as mãos;
- Registrar o procedimento, o calibre da sonda, a quantidade de água no balão, e as características da
urina (volume, coloração).

Cateterismo Vesical masculino


- Apresentar-se ao paciente e explicar o procedimento questioná-lo quando foi a última diurese;
preparar o ambiente e o material;
- Posicionar o paciente na posição de decúbito dorsal com apenas as genitálias expostas e as coxas
ligeiramente abduzidas;
- Evitar exposição desnecessária das partes do corpo;
- Realizar a higiene das mãos, calçar luvas de procedimento, inspecionar períneo, presença de
secreção, odor;
- Realizar higiene íntima; Abrir bandeja do cateterismo com a técnica estéril;
- Abrir pacote com a sonda, bolsa coletora (ou deixar sua ponta sobre o campo estéril); e coloque
dentro do campo. Verificar se a válvula de esvaziamento do saco coletor está fechada;
- Colocar seringa, agulha e gazes dentro do campo;
- Colocar o PVPI na cuba redonda, o lubrificante na gaze e abrir o frasco de AD (deixar as ampolas
fora do campo estéril);
- Calçar as luvas estéreis;
- Conectar a seringa à agulha e ao frasco (sem tocá-lo) e aspirar AD na quantidade recomendada para
o enchimento do balão (verificar o volume na sonda);
- Adaptar a sonda ao saco coletor de modo a formarem um sistema fechado.
- Dobrar algumas gazes para facilitar a manipulação.
- Com a mão não dominante segure o pênis em um ângulo de 90° e retraia o prepúcio para a
visualização do meato uretral. Retraia o meato uretral entre o polegar e o dedo indicador. A mão deverá
manter-se fixa nesta posição durante todo o procedimento “mão contaminada”;
- Com a mão dominante “mão estéril” e auxílio da pinça, manipular a gaze embebida com antisséptico
e utilizar, em sequência (de cima para baixo), com movimentos circulares até a base da glande. Repita o
procedimento mais três vezes;
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- Coloque a cuba-rim sobre o campo fenestrado;
- Lubrifique a extremidade da sonda (5 cm) passando-a no lubrificante dentro da cuba rim ou na gaze.
Aspirar com a seringa de 3 ou 5 ml o lubrificante e introduzir no meato uretral;
- Com a outra mão (mão estéril), insira suavemente a sonda dentro da uretra (aproximadamente 20
cm) até que a urina comece a drenar;
- Quando a urina começar a fluir, faça a inserção de mais 2,5 cm para assegurar que o balão fique
posicionado no interior da bexiga;
- Com a outra mão, insira suavemente a sonda dentro da uretra (aproximadamente 20 cm) até que a
urina comece a drenar;
- Soltar o pênis; Inflar o balão com AD;
- Retirar o campo fenestrado;
- Fixe a sonda na face interna da coxa;
- Deixar o paciente em posição confortável;
- Reunir o material e retirar as luvas;
- Higienizar as mãos;
- Registrar o procedimento, o calibre da sonda, a quantidade de água no balão e as características da
urina.

Cuidados
-Higiene diária ;
-Inspecionar o local de inserção do cateter ;
-Trocar a fixação diariamente;
-Esvaziamento da bolsa coletora sempre que necessário;
-Atentar para as queixas do paciente (ardência, prurido, dor abdominal)
Referência: http://www.ebah.com.br/

Lavagem gástrica, sondagem gástrica

LAVAGEM GÁSTRICA

É um procedimento de urgência que deve ser realizado pelas equipes de Atenção Primária à Saúde
(APS) o mais precoce possível, quando indicado, nos casos de ingestão acidental ou intencional de
substâncias tóxicas (medicamentos, plantas etc.), a fim de diminuir a exposição e absorção da substância
em questão.
Quanto mais rápida for a decisão e início do procedimento, maiores são as possibilidades de retirada
do agente tóxico. Se o paciente tiver que aguardar o serviço de remoção, perde-se a oportunidade da
descontaminação efetiva na maioria dos casos. Logo, torna-se importante que as equipes de saúde da
APS estejam treinadas/capacitadas para realizar esse procedimento.

Materiais necessários para o procedimento:


- Sonda oro ou nasogástrica;
- Lidocaína gel;
- Soro fisiológico para irrigação ou água;

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-Gaze;
- Luva esterilizada;
- Seringa de 20ml;
- Máscara e óculos para proteção.

Procedimento

A lavagem pode ser feita com sonda oro ou nasogástrica. A vantagem da sonda orogástrica é o fato
de ser mais calibrosa, facilitando a retirada das substâncias tóxicas. No entanto, é um procedimento
menos tolerado pelos pacientes.
Na maioria das situações, passa-se uma sonda nasogástrica. Esta deve ser o mais calibrosa possível
para facilitar a recuperação do toxicante. A posição ideal é o decúbito lateral esquerdo com a cabeça em
nível inferior ao corpo.
Deve-se explicar ao paciente como será o processo, assim, possivelmente, ele colaborará para a
passagem da sonda, além de não se sentir agredido. Se estiver comatoso, deverá ser intubado antes da
lavagem. Faz-se uma estimativa do comprimento (lóbulo da orelha, ponta do nariz, apêndice xifoide),
coloca-se lidocaína gel na extremidade distal e na narina escolhida. Durante a colocação, flexiona-se o
pescoço do paciente e pede-se para engolir.
Deve-se confirmar a presença da sonda para assegurar o posicionamento. Habitualmente, insufla-se
ar por meio de uma seringa ao mesmo tempo em que se ausculta a região epigástrica.

Indicações

- Pacientes com depressão SNC;


- Ingestão de tóxicos potentes;
- Ingestão de tóxicos que provocam sintomatologia grave e imediata.

Contraindicações

Absolutas:
- Ingestão de substâncias cáusticas;
- Ácidos ou bases fortes.

Relativas
- Paciente com depressão de SNC (sem entubação prévia);
- Paciente agitado ou apresentando convulsões (sem entubação prévia);
- Ingestão de derivados de petróleo.

Procedimento

- Avaliar permeabilidade de vias aéreas, entubar se necessário;


- Posição: decúbito lateral esquerdo;
- Sonda nasogástrica calibrosa (n° 18-22 adultos; 8-12 crianças);
- Conferir se posição correta da sonda;
- Retirar primeiro líquido drenável sem diluir (reservar amostra para análise no lab-cci, se necessário);
- Infundir SF 0,9% (5-6ml/kg - máximo de 200ml para adultos e 100ml para crianças, para cada
infusão);
- Retirar volume infundido;
- Repetir até retorno límpido.

Complicações

- Aspiração pulmonar;
- Perfuração esofágica;
- Sangramento nasal;
- Distúrbio hidroeletrolítico.

Carvão Ativado

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Pirólise de material orgânico obtido a partir da polpa da madeira.
Mecanismo de ação:
- Adsorção de substâncias no T.G.I.;
- 1g pode adsorver mais de 1m2.

Ligam-se ao carvão
- Substâncias lipofílicas e não ionizadas;
- Substâncias mal adsorvidas;
- Ácidos e álcalis;
- Cianeto;
- Etanol;
- Lítio;
- Sulfato ferroso;
- Derivados de petróleo;

Posologia
- Administração oral ou por s.n.g.;
- Dose: 1g/kl (máximo 50g);
- Diluição em 200ml de água.

Eficácia
- Depende do tempo decorrido da ingestão.

Efeitos adversos
- Náuseas e vômitos;
- Obstrução gastrointestinal;
- Constipação;
- Fezes enegrecidas;
- Pneumonia por aspiração.

Nos adultos, uma lavagem gástrica bem-sucedida necessita de uma média de 6 a 8 litros de líquido
(soro fisiológico ou água). Em crianças, utilizam-se 5-10ml/kg até o máximo de 250ml/vez. Volume total
usado em média para RN 500ml; lactentes 2-3l; escolares 4-5l. Administram-se pequenas quantidades
(máximo 250ml/vez), visto que volumes maiores podem “empurrar” o toxicante para o duodeno. Repete-
se esse procedimento várias vezes (mínimo oito).
O volume retornado sempre deve ser próximo ao volume ofertado e observar atentamente o conteúdo
que retorna, na procura de restos do agente tóxico. Podem ser guardadas as amostras que aparentam
ter mais resíduos, para análise toxicológica. Essa análise pode ser muito útil, principalmente quando o
produto ingerido é desconhecido, visto que é possível detectar precocemente qual(is) a (s) substância (s)
ingerida (s).
Numa fase inicial da intoxicação, o produto ainda não foi eliminado na urina, impedindo a detecção
nesse tipo de amostra biológica. Após cerca de 2.000ml de líquido e esse retornando límpido, pode-se
parar o procedimento e decidir ou não pelo uso do carvão ativado.

Questões

01. (Pref. Vitorino Freire/MA - Enfermeiro Generalista - Instituto Graça Aranha) Em paciente adulto
vítima de envenenamento, ao ser realizada a lavagem gástrica, deve-se:
I Posicionar o paciente em decúbito lateral direito.
II. Introduzir o líquido de lavagem por meio de funil, ou utilizar seringa de grande volume.
III. Proceder à lavagem gástrica com intubação orotraqueal prévia em pacientes comatosos.
IV. Introduzir 150 a 200 ml de líquido de lavagem em adultos, em cada aplicação.
V. Considerar como contraindicações para lavagem gástrica: convulsões, idade do paciente ou
ingestão de cáusticos.

São VERDADEIRAS as alternativas:


(A) I, III e V.
(B) II, III e V.
(C) I, IV e V.

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(D) II, III e IV.
(E)I, II e V.

02. (FUNASG - Enfermeiro - FUNCAB) A lavagem gástrica é um procedimento de urgência que deve
ser realizado o mais precoce possível, quando indicado, nos casos de ingestão acidental ou intencional
de substâncias tóxicas (medicamentos, plantas etc.), a fim de diminuir a exposição e absorção da
substância em questão. Sobre o procedimento da lavagem gástrica é correto afirmar:
(A) Em adultos, uma lavagem gástrica bem-sucedida necessita de uma média de 03 litros de líquido e
repete-se o procedimento várias vezes (máximo oito).
(B) Insufla-se ar com uma seringa ao mesmo tempo em que se ausculta a região epigástrica para
confirmar posicionamento da sonda.
(C) Durante a colocação da sonda, flexione o pescoço do paciente e pede-se para engolir.
(D) A posição ideal é o decúbito lateral direito, com a cabeça em nível superior ao corpo e membros
inferiores fletidos.
(E) A estimativa do comprimento da sonda é: lóbulo da orelha, ponta do nariz e quinto espaço
intercostal esquerdo.

03. (Pref. de São José dos Campos/SP - Enfermeiro - VUNESP) A intoxicação oral por chumbinho
(carbamato) é uma condição clínica emergencial que tem grande tendência à alta mortalidade relacionada
ao diagnóstico tardio e à conduta inadequada dos profissionais de saúde. A intervenção específica no
atendimento emergencial nesses casos inclui
(A) enema com solução fisiológica.
(B) alimentação parenteral por bomba de infusão.
(C) sondagem nasogástrica e aplicação de carvão ativado.
(D) posicionamento do paciente em decúbito lateral.
(E) sondagem vesical de demora.

Gabarito

01.D / 02.B / 03.C

Comentários

01.Resposta: D
A posição ideal é o decúbito lateral esquerdo com a cabeça em nível inferior ao corpo.

02. Resposta: B
A) Em adultos, uma lavagem gástrica bem-sucedida necessita de uma média de 6 a 8 litros de líquido
e repete-se o procedimento várias vezes (máximo oito).
B) Insufla-se ar com uma seringa ao mesmo tempo em que se ausculta a região epigástrica para
confirmar posicionamento da sonda.
C) Durante a colocação da sonda, flexiona-se o pescoço do paciente e pede-se para engolir.
D) A posição ideal é o decúbito lateral esquerdo, com a cabeça em nível superior ao corpo e
membros inferiores fletidos.
E) A estimativa do comprimento da sonda é: lóbulo da orelha, ponta do nariz e apêndice xifoide.

03. Resposta: C
Lavagem nasogástrica. Obs.: A lavagem não poderá ser orogástrica para não comprometer ainda mais
a cavidade oral. Objetiva diminuir a absorção de chumbo pelo organismo. Utiliza-se carvão ativado.

SONDAGENS

Apesar de termos inúmeros tipos de sondas e diferentes locais para utilizá-los, importante é a
conceituação correta de sonda e cateter, que frequentemente são utilizados para funções semelhantes.
Sonda é definida como um tubo que se introduz em canal do organismo, natural ou não para
reconhecer-lhe o estado, extrair ou introduzir algum tipo de matéria. Na definição de cateter temos:
instrumento tubular que é inserido no corpo para retirar líquidos, introduzir sangue, soro, medicamentos
e efetuar investigações diagnósticas.

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Complicações Urinárias

A mais comum em POI (pós-operatório imediato) é a retenção urinária, que é caracterizada pela
incapacidade de urinar, apesar da vontade, causada por espasmos do esfíncter urinário, cistite aguda,
hipertrofia prostática, estenose uretral, perfuração uretral, cálculo uretral, paralisia dos nervos da bexiga
ou compressão.

Cuidados de enfermagem: observar a quantidade e frequência urinária, observar queixas álgicas do


paciente, a visualização do bexigoma, estimular a diurese com aberturas de torneiras e chuveiro, usar
compressas mornas na região suprapúbica (se não houver contraindicação), utilizar SVA (sondagem
vesical de alívio) se necessário, banhos de assento com água morna.

Sondagem Vesical

Quando a urina não pode ser eliminada naturalmente, deve ser drenada artificialmente através de
sondas ou cateteres que podem ser introduzidos diretamente na bexiga, ureter ou pelve renal. A
sondagem vesical é a introdução de uma sonda ou cateter na bexiga, que pode ser realizada através da
uretra ou por via suprapúbica, e tem por finalidade a remoção da urina.
Suas principais indicações são: obtenção de urina asséptica para exame, esvaziar bexiga em
pacientes com retenção urinária, em preparo cirúrgico e mesmo no pós-operatório, para monitorizar o
débito urinário horário e em pacientes inconscientes, para a determinação da urina residual ou com bexiga
neurogênica que não possuam um controle esfincteriano adequado.
A sondagem vesical pode ser dita de alívio, quando há a retirada da sonda após o esvaziamento
vesical, ou de demora, quando há a necessidade de permanência do mesmo. Nestas sondagens de
demora, a bexiga não se enche nem se contrai para o seu esvaziamento, perdendo com o tempo, um
pouco de sua tonicidade e levando à incapacidade de contração do músculo detrusor; portanto antes da
remoção de sonda vesical de demora, o treinamento com fechamento e abertura da sonda de maneira
intermitente, deve ser realizada para a prevenção da retenção urinária.
Quando há a necessidade de uma sonda de demora, é imperativo a utilização de um sistema fechado
de drenagem, que consiste de uma sonda ou cateter de demora, um tubo de conexão e uma bolsa
coletora que possa ser esvaziada através de uma valva de drenagem, tudo isto para a redução do risco
de infecção.
O risco de infecção é inerente ao procedimento; a colonização bacteriana ocorre na metade dos
pacientes com sonda de demora por duas semanas e praticamente em todos os pacientes após seis
semanas de sondagem.
Sabe-se que as infecções do trato urinário são responsáveis por um terço de todas as infecções
hospitalares, e que na grande maioria das vezes existiu um procedimento invasivo do trato urinário, pois
nesses procedimentos os microrganismos podem ter acesso ao trato urinário através da uretra no
momento da sondagem, através da delgada camada de líquido uretral externo à sonda e através da luz
interna da sonda após contaminação.
Este índice de infecção acontece mesmo com a obediência de todos os preceitos de uma boa técnica
de sondagem vesical.

Drenagem Vesical Suprapúbica


É realizada através da introdução de um cateter após uma incisão ou punção na região suprapúbica,
a qual é preparada cirurgicamente, sendo que o cateter é posteriormente conectado à um sistema de
drenagem fechado.
Suas indicações principais são pacientes com retenção urinária por obstrução uretral sem
possibilidades de cateterização, em pacientes com neoplasia de próstata ou em pacientes com plegias,
ou seja, quando há necessidade de uso crônico da sonda.
São várias as vantagens da drenagem suprapúbica: os pacientes são capazes de urinar mais
precocemente, é mais confortável do que uma sonda de demora transuretral, possibilita maior mobilidade
ao paciente, maior facilidade de troca da sonda e principalmente apresenta um menor risco de infecção
urinária. Como desvantagem é ser um método cirúrgico.

Tipos de Sondas ou Cateteres


Variam de modelos e materiais, de acordo com o tipo de sondagem, se de alívio ou de demora. Para
as sondagens de alívio, as mais utilizadas são a sonda de nelaton; para as sondagens de demora temos
as sondas de duas vias, como a de Foley ou a de três vias para lavagem vesical.

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Procedimento
Quanto ao material necessário: pacote esterilizado contendo: cuba rim, campo fenestrado, pinça, gaze,
ampola de água destilada, seringa de 10ml e cuba redonda, e ainda: sonda vesical, luvas esterilizadas,
frasco com solução antisséptica (PVPI), saco plástico, recipiente para a coleta de urina e lubrificante
(xylocaína esterilizada).
De início devemos ao paciente uma orientação sobre as necessidades e técnicas. Após lavagem
adequada das mãos, deve-se reunir todo o material necessário para o procedimento. O isolamento do
paciente nos quartos comunitários é humano. Quanto à melhor posição, é para as mulheres a
ginecológica e para os homens o decúbito dorsal com as pernas afastadas. Após a abertura do pacote
de cateterismo, calçar luvas estéreis.
Nas mulheres, realizar antissepsia da região pubiana, grandes lábios e colocar campo fenestrado;
entreabrir os pequenos lábios e fazer antissepsia do meato uretral, sempre no sentido uretra-ânus,
levando em consideração de que a mão em contato com esta região é contaminada e não deve voltar
para o campo ou sonda. Introduzir a sonda lubrificada no meato urinário até a verificação da saída de
urina.
Se for uma sonda de Foley, insuflar o balão de segurança com água destilada, obedecendo o volume
identificado na sonda. Conectar à extensão, fixar a sonda e reunir o material utilizado. Se for uma sonda
de alívio, aguardar esvaziar a bexiga e remover imediatamente a sonda.
Nos homens, após a antissepsia da região púbica, realiza-se o mesmo no pênis, inclusive a glande
com movimentos circulares, e para a passagem do cateter, traciona-se o mesmo para cima, introduzindo-
se a sonda lentamente.
Nas sondagens vesicais de demora, com o sistema de drenagem fechado, deve-se observar algumas
regras para diminuição do risco de infecção do trato urinário: nunca elevar a bolsa coletora acima do nível
vesical; limpeza completa duas vezes ao dia ao redor do meato uretral; nunca desconectar o sistema de
drenagem fechado, e a troca do sistema deve ser realizado na vigência de sinais inflamatórios.

Sondagem Gastrointestinal

A passagem de sonda gastrointestinal é a inserção de uma sonda de plástico ou de borracha, flexível,


pela boca ou pelo nariz, cujos objetivos são:
- Descomprimir o estômago;
- Remover gás e líquidos;
- Diagnosticar a motilidade intestinal;
- Administrar medicamentos e alimentos;
- Tratar uma obstrução ou um local com sangramento;
- Obter conteúdo gástrico para análise.

Tipos de Sondas

Enfatizaremos as mais utilizadas que são as sondas nasogástricas, sendo as mais utilizadas para
descompressão, aspiração e irrigação (lavagem): Levin, gástrica simples de Salem, Miller-Abbott e outras;
para administração de alimentos e medicamentos: Levin, nutriflex, Dobhoff e para controle de
sangramento de varizes esofagianas: Sengstaken-Blakemore.

Sonda de Levin: possui uma luz única, manufaturada com plástico ou borracha, com aberturas
localizadas próxima à ponta; as marcas circulares contidas em pontos específicos da sonda servem como
guia para sua inserção.
Sonda gástrica simples: é uma sonda nasogástrica radiopaca de plástico claro, dotada de duas luzes,
usada para descomprimir o estômago e mantê-lo vazio.
Sonda de Dobhoff: sonda utilizada com frequência para alimentação enteral, sendo que como
característica possui uma ponta pesada e flexível.
Sonda Nutriflex: possui 76 cm de comprimento e uma ponta pesada de mercúrio para facilitar a
inserção.
Sonda de Sengstaken-Blakemore: é uma sonda utilizada especificamente para o tratamento de
sangramentos de varizes esofagianas, possuindo três luzes com dois balões, sendo uma luz para insuflar
o balão gástrico e outra para o balão esofagiano.
Sonda de Miller-Abbott: é de duas luzes, sendo uma para introdução de mercúrio ou ar no balão do
final da sonda e a outra para aspiração.

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Procedimentos
- Orientação ao paciente sobre o procedimento;
- Lavagem das mãos;
- Reunir o material e levar até o paciente: sonda, copo com água, seringa de 20ml, gazes, lubrificante
hidrossolúvel (xylocaína geleia) esparadrapo, estetoscópio e luvas;
- Posicionar o paciente em Fowler ou decúbito dorsal;
- Medir o comprimento da sonda: da ponta do nariz até a base da orelha e descendo até o final do
esterno, marcando-se com uma tira de esparadrapo;
- Aplicar spray anestésico na orofaringe para facilitar a passagem e reprimir o reflexo do vômito;
- Lubrificar cerca dos 10cm iniciais da sonda com uma substância solúvel em água (K-Y gel), introduzir
por uma narina, e após a introdução da parte lubrificada, flexionar o pescoço de tal forma que o queixo
se aproxime do tórax. Solicitar para o paciente que faça movimentos de deglutição, durante a passagem
da sonda pelo esôfago, observando se a mesma não está na cavidade bucal;
- Introduzir a sonda até a marca do esparadrapo;
- Fixar a sonda, após a confirmação do seu posicionamento.

Comprovação de Correto Posicionamento

Teste da audição: colocar o diafragma do estetoscópio na altura do estômago do paciente e injetar


rapidamente 20cc de ar pela sonda, sendo que o correto é a audição do ruído característico.
Aspiração do conteúdo: aspirar com uma seringa o conteúdo gástrico e determinar do seu pH. O pH
do conteúdo gástrico é ácido (aproximadamente 3), do aspirado intestinal é pouco menos ácido
(aproximadamente 6,5) e do aspirado respiratório é alcalino (7 ou mais); também está confirmado o
correto posicionamento, se com a aspiração verificarmos restos alimentares.
Verificação de sinais: Importância para sinais como tosse, cianose e dispneia.

Sondagem Retal

A mais importante utilização da sonda retal é para a lavagem intestinal, que possui como por finalidade:
eliminar ou evitar a distensão abdominal e flatulência, facilitar a eliminação de fezes, remover sangue nos
casos de melena e preparar o paciente para cirurgia, exames e tratamento do trato intestinal.

Procedimentos
- Orientar o paciente;
- Preparo do material: forro, vaselina ou xylocaína geleia, papel higiênico, comadre, biombos, sonda
retal, gaze, equipo de soro e luvas;
- Lavar as mãos e utilizar luvas;
- Adaptar a sonda retal à solução prescrita e ao equipo de soro;
- Colocar o paciente na posição de Sims;
- Lubrificar cerca de 10cm da sonda com vaselina;
- Afastar os glúteos e introduzir a sonda;
- No caso de lavagem intestinal, abrir o equipo, deixar escoar o líquido, fechar o equipo após e término,
retirar a sonda e encaminhar o paciente ao banheiro ou colocá-lo em uma comadre.

Material da passagem de sonda


Bandeja contendo:
- Sonda Nasogástrica (também chamada de Levine) de numeração 10, 12, 14, 16, 18 (adulto);
- Esparadrapo;
- Xilocaína gel;
- Gaze;
- Par de luvas;
- Seringa de 20cc;
- Estetoscópio;
- Copo com água;
- Toalha de rosto de uso pessoal caso a sonda Nasogástrica seja aberta adicione: extensão; saco
coletor.

Técnica:
- Explicar a procedimento ao paciente;

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- Colocá-lo em posição de Fowler;
- Colocar a toalha sob o pescoço;
- Calçar as luvas;
- Abrir a sonda;
- Medir o comprimento da sonda: da base da orelha até a ponta do nariz e descer até o apêndice
xifoide;
- Marcar o local com o esparadrapo;
- Passar xilocaína gel aproximadamente uns 10 cm;
- Introduzir a sonda s por uma das narinas;
- Flexionar o pescoço aproximando ao tórax, pedindo ao paciente para realizar movimentos de
deglutição;
- Introduzir a sonda até o ponto do esparadrapo;
- Fazer os 3 testes: pegar a ponta da sonda e colocá-la em um copo com água, se borbulhar, retirar a
sonda, pois ao invés de estar no estômago, está no pulmão; pegar a ponta da sonda, encaixar a seringa
e aspirar se vier líquido, a sonda está no lugar certo; pegar o estetoscópio e auscultar.

Diferenças das Sondas

Sonda Nasoenteral, é a sonda que fica na primeira porção intestino (Duodeno). Só o enfermeiro pode
realizar o procedimento de passagem de sonda. Nasogástrica, fica no estômago. Técnicos de
Enfermagem podem passa-la. Tem a sonda vesical, para eliminação de urina que tem que ser feita com
técnica estéril, também privativa do Enfermeiro.

Sondagem Nasogástrica

É a introdução de uma sonda via nasal ou oral no estômago do paciente com a finalidade de drenagem
de líquidos, infusão de alimentos, medicamentos e hidratação de pacientes impossibilitados de deglutir.

Matéria: 01 bandeja; 01 unidade de sonda nasogástrica; 01 seringa de 10ml ou 20ml; 01 pacote de


gaze; 20cm de esparadrapo; 100ml de água filtrada; 01 toalha; 01 par de luvas de procedimento; Xilocaína
gel; 01 unidade de bolsa coletora descartável (em caso de drenagem); 01 equipo para dieta; 01
estetoscópio.

Obs.: Verificar rotina da CCIH para Prevenção de Pneumonia Hospitalar.

Procedimento:
- Explicar o procedimento para o paciente;
- Preparar o material;
- Colocar o paciente em posição de fowler ou sentado, com a cabeça ligeiramente inclinada para frente;
- Lavar as mãos e calçar as luvas de procedimentos;
- Proteger o paciente com a toalha;
- Medir a sonda da boca ao lobo inferior da orelha e apêndice xifoide;
- Lubrificar a sonda com xilocaína gel;
- Introduzir pela boca ou narina, pedindo para que o paciente degluta a sonda, respirando pela boca;
- Oferecer água ao paciente se necessário, para facilitar a introdução da sonda;
- Verificar se a sonda está no estômago: aspirar com seringa o conteúdo gástrico e auscultar infusão
de ar com seringa de 20ml colocando o esteto na região gástrica;
- Conectar bolsa coletora (em caso de NSG aberta);
- Fixar a sonda em “T”, ou seja, proteger a base até a ponta do nariz com micropore ou outro material
adesivo mais suave, e fixar a sonda sobre o material, para evitar muito atrito e lesões nesta área;
- Manter cabeceira elevada enquanto o paciente estiver sondado;
- Organizar o material;
- Instalar dieta se for o caso;
- Retirar luvas de procedimentos;
- Lavar as mãos;
- Anotar no prontuário tipo e número da sonda, aspecto da drenagem, reações do paciente durante o
procedimento.

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Sondagem Nasoenteral (SNE)

É a introdução de uma sonda via nasal ou oral que passa pelo estomago e fica introduzida até o
duodeno, permitindo a infusão de dietas e medicamentos aos pacientes impossibilitados de deglutir. Em
paciente com terapia nutricional por sonda, preferir sempre as SNE por menor risco de bronco aspiração.

Obs.: Verificar rotina da CCIH para Prevenção de Pneumonia Hospitalar.

Material: 01 bandeja; 01 unidade de sonda nasoentérica com fio guia; 01 seringa de 20ml; 01 pacote
de gaze; 20cm de esparadrapo; 100ml de água filtrada; 01 toalha; 01 par de luvas de procedimento;
Xilocaína gel; 01 equipo para dieta; 01 estetoscópio;

Procedimento:
- Explicar o procedimento para o paciente;
- Preparar o material;
- Colocar o paciente em posição de fowler ou sentado, com a cabeça ligeiramente inclinada para frente;
- Lavar as mãos e calçar as luvas de procedimentos;
- Proteger o paciente com a toalha;
- Medir a sonda da boca ao lobo inferior da orelha e deste até a região hipogástrica;
- Retirar o fio guia da sonda, lubrifica-lo com xilocaína gel e introduzi-lo novamente;
- Lubrificar a sonda com xilocaína gel;
- Introduzir a sonda pela narina com fio guia, se o paciente estiver consciente solicitar a sua
colaboração, pedindo que degluta a sonda e respire pela boca;
- Verificar se a sonda está corretamente posicionada, injetando ar com a seringa e auscultando com o
auxílio de um estetoscópio a região hipogástrica;
- Retirar o fio guia;
- Fixar a sonda em “T”, ou seja, proteger a base até a ponta do nariz com micropore ou outro material
adesivo mais suave, e fixar a sonda sobre o material, para evitar muito atrito e lesões nesta área;
- Manter a cabeceira sempre elevada do paciente a fim de evitar bronco aspiração;
- Organizar o material;
- Retirar luvas de procedimentos;
- Lavar as mãos;
- Anotar no prontuário tipo e número da sonda, aspecto da drenagem, reações do paciente durante o
procedimento;
- Aguardar 03 horas para infundir a dieta;

- Fazer Rx confirmatório.

Questões

01. (TRT 20ª Região - Enfermagem - FCC) Em relação ao cateterismo vesical de demora, o Técnico
de Enfermagem está
(A) proibido de realizar a inserção do cateter vesical, pois é um procedimento privativo do enfermeiro.
(B) autorizado a realizar a inserção da sonda vesical de demora, por não ser considerado invasivo.
(C) autorizado a realizar a inserção do cateter vesical, somente sob supervisão do enfermeiro.
(D) proibido de realizar a coleta de urina para exame, pois é um procedimento privativo do
enfermeiro.
(E) autorizado a realizar a inserção do cateter vesical de demora, desde de que tenha sido prescrito
pelo médico, com assinatura e nº do registro profissional.

02. (COREN/PB - Enfermeiro Fiscal - CONTEMAX) Associe com V ou F as assertivas abaixo:


( ) A sonda nasogástrica tem finalidade apenas aspiração de conteúdo gástrico;
( ) A sonda nasoenteral tem melhor absorção dos nutrientes;
( ) Os tipos de sondagem gástrica mais utilizados são de polivinil, poliuretano, silicone e borracha
( ) Para confirmação da localização correta da sonda nasogástrica, deve-se realizar o raio X pois a
sonda nasogástrica é rádio opaco;
( ) A medição da sondagem não altera sua localização, podendo ser usada a mesma tanto para
nasogástrica como para nasoenteral;

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Responda V para verdadeiro e F para falso:
(A) VVVFF
(B) FVVFF
(C) FFFVV
(D) VVFVV
(E) FVVVF

03. (DATAPREV - Auxiliar de Enfermagem do Trabalho - Quadrix) No preparo pré-operatório de


uma paciente que irá se submeter a uma cesariana, o cateterismo vesical deve ser realizado com sonda
de demora, também conhecida por:
(A) Levine.
(B) Newton
(C) Nelaton
(D) Fauchet
(E) Foley.

04. (ILSL - Enfermeiro - IBFC) Em relação à técnica de sondagem nasogástrica e nasoenteral, leia
as frases abaixo e a seguir assinale a alternativa que corresponde a resposta correta:
I- A sonda nasoenteral possui um fio guia e é radiopaca. A medida da sonda deve ser realizada da
seguinte forma: do nariz ao lóbulo da orelha, descer até o apêndice xifoide e acrescentar 10 centímetros.
II- Após a passagem da sonda enteral, não deve ser retirado o fio guia até aguardar a migração da
sonda para o duodeno e o raio-X para confirmar o posicionamento da sonda.
III- A medida da sonda nasogástrica deve ser realizada da seguinte forma: do nariz ao lóbulo da orelha,
descer até o apêndice xifoide. Após passagem da sonda, há necessidade de confirmação do
posicionamento da sonda, que deve ser realizada com 20 ml de água na sonda e auscultar ruído na altura
do estômago com o estetoscópio.
(A) as frases II e III estão corretas.
(B) todas as frases estão corretas.
(C) as frases I e II estão corretas.
(D) apenas a frase I está correta.

05. (Instituto Lauro de Souza Lima/SP) Em relação à Sondagem Vesical, leia as frases abaixo e
marque (F) se a afirmativa for falsa e (V) se for verdadeira. Em seguida, assinale a alternativa que contém
a sequência correta:
( ) Durante a passagem da sonda vesical no sexo feminino, a paciente deve ficar em posição de
litotomia, expondo apenas os genitais.
( ) Realiza-se irrigação vesical para prevenir a obstrução da sonda vesical pela remoção de coágulos
sanguíneos, secreções ou fragmentos.
( ) Na sondagem vesical de alívio, deve ser insuflado o balão com a quantidade de água indicada na
sonda durante o procedimento de esvaziamento da bexiga. Para retirada da sonda, deve ser desinsuflado
o balão para retirada da sonda.
( ) Não há necessidade de troca rotineira da sonda vesical de demora, devendo ser realizada em
situações de presença de grande quantidade de resíduos no sistema de drenagem, obstrução do cateter
ou da bolsa coletora, violação do sistema e contaminação, entre outras.
(A) F, F, V, V.
(B) V, V, F, F.
(C) V, V, F, V.
(D) F, V, F, F.

Gabarito

01.A / 02.B / 03.E / 04.D / 05.C

Comentários
01.Resposta: A
A sondagem vesical é um procedimento invasivo e que envolve riscos ao paciente, que está́ sujeito a
infecções do trato urinário e/ou a trauma uretral ou vesical. Requer cuidados de Enfermagem de maior
complexidade técnica, conhecimentos de base científica e capacidade de tomar decisões imediatas e,

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por essas razões, no âmbito da equipe de Enfermagem, a inserção de cateter vesical é privativa do
Enfermeiro, que deve imprimir rigor técnico-científicos ao procedimento.

02. Resposta: B
A Sondagem Nasogástrica é a inserção de uma sonda, geralmente flexível, com um ou mais lumens,
na cavidade nasal com destino ao estômago com a finalidade de alimentar, medicar, drenar líquidos ou
ar e coletar material gástrico. Logo, ela não tem finalidade apenas de aspiração de conteúdo gástrico. A
primeira afirmativa é falsa.
A Sondagem Nasoenteral refere-se à passagem de uma sonda flexível através das fossas nasais,
esôfago, estômago e intestino delgado. Este procedimento fornece via segura e menos traumática para
administração de dietas, hidratação e medicação. Para iniciar ou não a dieta com segurança para o
paciente é necessário certificar-se quanto à localização da ponta radiopaca da sonda através da
realização do exame de RX de abdome.
A sonda nasoentérica leva o alimento que deve ser o mais simples possível em sua composição visto
que ao chegar no intestino uma grande parte do processo digestivo já deveria ter sido realizado. Esse
alimento mais simples permite que haja uma absorção mais completa pelas micro vilosidades que existem
no intestino e que são responsáveis pela absorção dos nutrientes. Logo, a segunda afirmativa é
verdadeira. Os materiais comumente utilizados para a fabricação de cateteres são o politetrafluoretileno
- PTFE, o poliuretano, silicone, a poliamida e o poliéster.
O aço inoxidável é utilizado na fabricação de cânulas metálicas, introdutores bipartidos para a inserção
de cateteres e dispositivos com asas; o cloreto de polivinil e o polietileno são utilizados na fabricação de
introdutores. Muitos materiais foram utilizados para a confecção de sondas, entre eles a borracha, o
polietileno e, mais recentemente, o poliuretano e o silicone. Terceira afirmativa está correta.
A confirmação da localização da sonda nasoentérica precisa ser realizada por meio de RX, porém a
nasogástrica não é radiopaca e não necessita confirmar a localização por meio do raio X, basta os testes
simples.
A quarta afirmativa é falsa. A sonda nasogástrica é uma sonda colocada pelo nariz que chega até o
estômago já a sonda nasoenteral é colocada pelo nariz que chega até o intestino, logo, as medidas são
diferentes. A última afirmativa é falsa.

03.Resposta: E
Sonda levine: sonda nasogástrica
Sonda de nelaton: Esvaziamento vesical em caso de retenção urinária. Obtenção de amostra estéril
de urina com fins diagnósticos. Pacientes submetidos a cirurgias.
Sonda de Faucher: sonda gástrica com conector especial indicada para realização de aspiração e
drenagem gástrica em cirurgia bariátrica

04. Resposta: D
As sondas nasoenterais por serem bastante maleáveis, têm um guia metálico e flexível é utilizado para
facilitar sua introdução nasal além de serem radiopacas para a confirmação radiológica da localização da
sonda. A medida da sonda deve ser realizada da seguinte forma: do nariz ao lóbulo da orelha, descer até
o apêndice xifoide e acrescentar 10 centímetros.
A primeira afirmativa é verdadeira. Após a passagem da sonda enteral, o fio guia deve ser retirado e o
correto posicionamento da sonda inserida manualmente deve ser verificado por meio de radiografia antes
de se iniciar a alimentação. Logo, a segunda afirmativa é falsa, já que o fio guia deve ser retirado.
A medida da sonda nasogástrica deve ser realizada da seguinte forma: do nariz ao lóbulo da orelha,
descer até o apêndice xifoide. Após passagem da sonda, há necessidade de confirmação do
posicionamento da sonda.
A colocação da sonda pode ser confirmada por insuflação de ar, ausculta, aspiração do conteúdo
gástrico ou do intestino delgado, ou radiograficamente. Não é confirmada por colocação de água na sonda
de forma alguma. Logo, a terceira afirmativa é falsa.

05. Resposta: C
Na sonda vesical de alivio utilizamos a sonda uretral e não a sonda Foley, por isso não existe balão.

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Curativo

FERIDAS E CURATIVOS8

A pele é o maior órgão do corpo humano, funciona como uma barreira protetora contra organismos
causadores de doenças, apresenta funções sensoriais para dor, temperatura e toque, e ainda sintetiza a
vitamina D em nosso organismo.
A pele tem duas camadas, a epiderme e a derme, que são unidas por uma membrana chamada de
junção dérmico-epidérmica. A epiderme, ou camada superior, tem várias camadas com diversas funções
como: descamação, proteção da desidratação devido a presença de queratina, combate a entrada de
certos agentes químicos, evaporação da água pela pele, absorção de certos medicamentos de uso tópico
entre outros.
A derme ou camada interna da pele, proporciona resistência à tração, suporte mecânico, e proteção
para os músculos, ossos e órgãos subjacentes. Nessa camada encontra-se o colágeno, os vasos
sanguíneos e os nervos.
Quando a pele é ferida a epiderme exerce a função de proteger a ferida e restaurar a barreira contra
organismos invasores e a derme responde para restaurar a integridade estrutural do tecido, junto as
propriedades físicas da pele.
Uma ferida, pode ser reconhecida, como o rompimento da integridade e função dos tecidos do corpo.
E neste sentido, se faz necessário avaliar o tipo e aspecto (cor) do tecido na base da ferida, utilizando as
informações coletadas para planejar as intervenções necessárias.
O tecido de granulação, de aspecto vermelho e úmido, composto por novos vasos sanguíneos indica
o progresso rumo à cicatrização. O tecido de aspecto mole, amarelo ou branco de característica
esfarelada (substância fibrosa ligada ao leito da ferida) indica atenção para um acompanhamento. E o
tecido de aspecto preto, marrom, bege ou necrótico é reconhecido como escara, devendo ser removido
para uma cicatrização apropriada.
O acompanhamento do tamanho da ferida fornece informações a respeito das mudanças em relação
a sua dimensão, servindo como um indicador do processo de cicatrização. Por isso, se faz necessário
medir o comprimento, largura e profundidade do ferimento, para a devida observação de seu progresso.
Também é necessário observar o exsudato da ferida, por meio do acompanhamento da quantidade,
cor, consistência e odor da substância. Lembrando que exsudato em excesso indica a presença de uma
infecção.
Posto isso, veremos a seguir algumas considerações a respeito da classificação das feridas, processo
de cicatrização e curativos.

Classificação da Ferida

A classificação da ferida possibilita a compreensão dos riscos associados a ela e as implicações para
sua cicatrização.
Os sistemas de classificação descrevem: o status de integridade cutânea, a causa da ferida, a
gravidade ou extensão da lesão, ou dano tecidual, a limpeza da ferida e as descrições do tecido da ferida,
como a cor.
Há diversas maneiras de se classificar as feridas, que podem ser de forma:

Aguda
- Descrição: ferida que procede por meio de um processo reparador ordenado e oportuno que resulta
na restauração sustentada da integridade anatômica e funcional. As bordas da ferida são limpas e
intactas.
- Causas: trauma, incisão cirúrgica.

Crônica
- Descrição: ferida que não consegue prosseguir por meio de um processo ordenado e oportuno para
produzir a integridade anatômica e funcional. A exposição continuada ao insulto impede a cicatrização da
ferida.

8
POTTER, Patrícia A; STOCKERT, Patrícia A; PERRY, Anne Griffin; HAAL, Amy M. Fundamentos de Enfermagem. 9ª Ed. Elsevier, 2017.

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- Causas: comprometimento vascular, inflamação crônica ou insultos repetitivos ao tecido.

Primeira Intenção
- Descrição: ferida que está fechada. A cicatrização ocorre por epitelização, cicatriza rapidamente com
formação mínima de cicatrizes.
- Causas: incisão cirúrgica, ferida que está suturada ou grampeada.

Segunda Intenção
- Descrição: as bordas não são aproximadas. A ferida cicatriza pela formação de tecido de granulação,
contração da ferida e epitelização.

Intenção Terciária
- Descrição: a ferida é deixada aberta por vários dias, em seguida, as bordas da ferida são
aproximadas. O fechamento da ferida é adiado até o risco de a infecção ser resolvida.
- Causas: feridas que estão contaminadas e exigem observação em busca de sinais de inflamação.

Processo de Cicatrização da Ferida

A cicatrização da ferida envolve processos fisiológicos integrados, as camadas de tecido envolvidas e


sua capacidade de regeneração determinam o processo de reparo da ferida.
As feridas de espessura parcial são superficiais, envolvendo a perda da epiderme e a possível perda
da derme. Esses tipos de feridas cicatrizam por regeneração, pois a epiderme regenera-se.
As feridas de espessura total estendem-se até a derme e cicatrizam pela formação de cicatriz por que
as estruturas mais profundas não se regeneram.

Três componentes estão envolvidos no processo de cicatrização de uma ferida de espessura parcial:
- Resposta inflamatória;
- Proliferação epitelial e migração;
- Restabelecimento das camadas epidérmicas.

As quatro fases envolvidas no processo de cicatrização de uma ferida de espessura total são:
- Hemostasia;
- Inflamatória;
- Proliferativa;
- Maturação.

Complicações da Cicatrização de Feridas

Hemorragia
Hemorragia ou sangramento do local da ferida é normal durante e imediatamente após o trauma inicial,
podendo ser externa ou interna.
A hemorragia interna detectada pela distensão ou inchaço da parte do corpo afetada, uma mudança
no tipo e na quantidade de drenagem de um dreno cirúrgico, ou sinais de choque hipovolêmico.
A hemorragia externa é óbvia e pode ser observada através de curativos cobrindo uma ferida para a
drenagem de sangue. Se o sangramento for externso, o curativo logo se tornará saturado e
frequentemente drenará o sangue debaixo do curativo acumulando sob o paciente.

Atenção: um hematoma é uma coleção localizada de sangue sob os tecidos. Aparece como um
inchaco, mudança de cor, sensação ou calor que muitas vezes leva a uma descoloração azulada.

Infecção
Todas as ferida possui algum nível de carga bacteriana, poucas são infectadas. A infecção da ferida
está presente quando os microrganismos invadem os tecidos da ferida. O sinais clínicos locias de infeção
da ferida podem incluir eritema, aumento da quantidade de drenagem da ferida, mudança na aparência
da drenagem da ferida (espessa, mudança de cor, presença de odor), e calor, ou edema periférico.
Um paciente pode ter febre e aumento na contagem de leucócitos. As infecções bacterianas inibem a
cicatrização.

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Deiscência
Quando uma incisão não cicatriza corretamente, as camadas da pele e do tecido se separam. A
deiscência é uma separação parcial ou total das camadas da ferida. Um paciente que está em risco de
má cicatrização de feridas corre risco de deiscência.

Evisceração
Com a separação total das camadas de ferida, a evisceração ocorre. A condição é considerada uma
emergência que requer intervenção cirúrgica. Quando a evisceração ocorre deverá colocar gaze estéril
embebida em soro fisiológico sobre os tecidos exsudados para reduzir as chances de invasão bacteriana
e secagem dos tecidos, observe os sinais e sintomas de choque e prepare o paciente para a cirurgia de
emergência.

Prevenção de lesões por pressão

Sempre que estiver em contato direto com um paciente observe a pele em relação a presença de
rachaduras ou integridade cutânea comprometida. A integridade cutânea comprometida ocorre a partir da
pressão prolongada, incontinência fecal ou urinária, e/ou imobilidade, levando assim ao desenvolvimento
de lesões por pressão.
Uma lesão por pressão é uma lesão localizada na pele e/ou no tecido subjacente. Inúmeros fatores
contribuem para o aparecimento da lesão por pressão.
A prevenção de lesões por pressão é uma prioridade no cuidado de pacientes e não está limitado
aqueles que apresentam restrições de mobilidade. A integridade cutânea comprometida geralmente não
é um problema em indivíduos saudáveis e imobilizados, mas é um problema grave e potencialmente
devastador em pacientes doentes e/ou debilitados.
A integridade cutânea comprometida resulta em lesão por pressão é principalmente o resultado da
pressão. Portanto, fatores adicionais incluído força de cisalhamento, atrito, umidade, nutrição, perfusão
tecidual, infecção e idade aumentam o risco do paciente para o desenvolvimento de lesão por pressão e
de ferida mal cicatrizada.
A prevenção é o tópico mais importante no cuidado às Úlceras de Pressão - UP e visa principalmente
a reduzir ou eliminar os principais fatores que contribuem para o seu desenvolvimento.
Todos os indivíduos em risco devem ter uma inspeção sistemática da pele pelo menos 1 vez/dia,
prestando-se atenção particular às regiões de proeminências ósseas. O aumento da vascularização e da
nutrição dos tecidos é conseguido por meio de massagens, as quais devem ser realizadas regularmente,
evitando-se massagear as proeminências ósseas.
A mudança de decúbito tem como objetivo alternar os locais de apoio e deve ser efetuada a cada 2
horas, utilizando todos os decúbitos de acordo com o estado geral e a patologia do paciente. O decúbito
lateral a 30° distribui a pressão, não apoiando o peso corpóreo diretamente sobre o trocanter.
Existem colchões de espuma, ar, gel ou água e camas especiais que ajudam a prevenir as UP.
Pacientes de alto risco podem necessitar de suportes que ofereçam elevada redução da pressão, como
a cama de baixa perda de ar e a de ar fluidizado, que também apresentam efeitos benéficos na
cicatrização das UP, porém têm custo elevado.
Os pacientes que permanecem em cadeira devem ser orientados a reposicionar-se a cada 15 ou 20
min e utilizar almofadas especiais capazes de diminuir a pressão e de proporcionar estabilidade e
conforto. As almofadas em forma de anel devem ser evitadas, pois elas podem causar isquemia ao redor
da úlcera, intensificando-a. Medidas preventivas de fricção e cisalhamento incluem: manter a cabeceira
da cama elevada, no máximo, 30° para evitar que o paciente escorregue.
A desnutrição é um importante causador da UP, por isso é essencial que o estado nutricional do
paciente seja avaliado com o auxílio de um nutricionista. Medidas antropométricas e dados laboratoriais,
como nível de albumina sérica e contagem total de linfócitos, devem ser obtidos. Os pacientes necessitam
de uma dieta prescrita rica em proteínas e calorias, se não houver contraindicação. Se as necessidades
nutricionais do paciente não puderem ser atingidas por suplementação oral, métodos alternativos devem
ser considerados, como as dietas enterais ou parenterais.
A umidade excessiva da pele, causada por incontinência, sudorese e drenagem de feridas, predispõe
a sua maceração. A prevenção deve ser instituída por meio de higiene adequada, uso de cremes e
protetores de pele. No controle da incontinência urinária, utilizar coletor externo de urina, fraldas e
absorventes.
O envolvimento familiar e o apoio psicológico são fundamentais para o sucesso do tratamento e para
a prevenção de recidiva.

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As medidas preventivas são:
• manter a pele sempre limpa;
• hidratar a pele com cremes ou óleos;
• evitar massagear as proeminências ósseas;
• acompanhar ingesta nutricional;
• mudar decúbito a cada 2 horas;
• colocar coxins entre os joelhos;
• colocar travesseiros em panturrilhas, elevando os calcanhares, eliminando a pressão local;
• utilizar decúbito lateral de 30°;
• utilizar colchões de espumas piramidais;
• utilizar almofadas em cadeiras para alívio da pressão no paciente sentado;
• não utilizar almofadas em forma de anel;
• orientar e envolver a equipe, familiares e o próprio paciente sobre a etiologia, os fatores de risco e a
prevenção das UP.

Histórico de Enfermagem
- Identificar o risco do paciente para o desenvolvimento de integridade cutânea comprometida ou
cicatrização ruim;
- Identificar os sinais e sintomas associados à integridade cutânea comprometida ou cicatrização ruim;
- Examinar a pele do paciente quanto ao comprometimento real na integridade cutânea.

Durante o processo de histórico de enfermagem, faça uma avaliação cuidadosa de cada paciente e
analise criticamente os achados para garantir que será tomada decisões clínicas centradas no paciente,
necessárias para os cuidados de enfermagem seguros.
Concentra-se em elementos específicos com o nível de sensação, movimento e estado de continência
de um paciente, pois ajuda a orientar a avaliação da pele.

Tratamento das Lesões por Pressão


O tratamento de pacientes com lesões por pressão tem a necessidade da experiência de uma equipe
multidisciplinar. Além do enfermeiro, estão envolvidos o médico, enfermeiro especialista em cuidados de
feridas, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, nutricionista e farmacêutico.
O tratamento da lesão por pressão inclui o cuidado local da ferida e as medidas de suporte, como
nutrientes adequados e redistribuição de pressão.
A manutenção do ambiente fisiológico de uma ferida local é o objetivo do tratamento eficaz da ferida.
Para manter o ambiente de uma ferida saudável é preciso prevenir e tratar a infecção, limpar a ferida,
remover o tecido não viável, manter a ferida em um ambiente úmido, eliminar o espaço morto, controlar
o odor, eliminar ou minimizar a dor e proteger a ferida e a pele periferida.
Uma ferida não passa pelas fases de cicatrização se estiver infectada, por isso é necessário prevenir
a infecção da ferida que inclui limpar e remover o tecido não viável. Limpe as lesões por pressão apenas
com produtos de limpeza de feridas não citotóxicos, como soro fisiológico ou produtos de limpeza de
feridas comerciais.
A irrigação é um método comum de fornecer uma solução de limpeza para a ferida, e possui a intenção
de debridar o tecido necrótico com pressão que pode remover detritos do leito da ferida, sem afetar os
tecidos saudáveis.

Observação: de acordo com estudos não existe comprovação do tipo ideal de curativo para úlceras
de pressão.

Debridamento
É a remoção de tecido não viável e necrótico sendo necessária para livrar a ferida de uma fonte de
infecção, permitir a visualização do leito da ferida e fornece uma base limpa para a cicatrização.
O método de debridamento depende do que é mais apropriado para a condição do paciente. Planeje
administrar um analgésico solicitado 30 minutos antes do procedimento.

Os métodos de debridamento incluem: mecânico, autolítico, químico e afiado/cirúrgico.


- Debridamento autolítico: é a remoção do tecido morto por meio de lise de tecido necrótico por
leucócitos e enzimas naturais do corpo, para isso é necessário utilizar curativos que suportam a umidade
na superfície da ferida. Se a base da ferida estiver seca, use um curativo que permita adicionar umidade,
se houver exsudato excessivo use um curativo que absorva a umidade excessiva.

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- Debridamento químico: é o uso de uma preparação enzimática tópica, solução de Dakin ou larvas
estéreis. As enzimas tópicas induzem alterações no substrato, assim resultando na ruptura do tecido
necrótico. Essas preparações exigem a solicitação de um médico. A solução de Dakin rompe e solta o
tecido morto da ferida é preciso embebedar a gaze com a solução e aplicar na ferida. Já as larvas estéreis
são usadas na ferida, pois acredita-se que elas ingerem o tecido morto.
- Debridamento cirúrgico: é a remoção de tecido desvitalizado com um bisturi, tesoura ou outro
instrumento. Médico e em algumas localidades enfermeiros treinados na prática avançada realizam o
procedimento. É o método mais rápido de debridamento sendo indicado quando o paciente tem sinais de
celulite ou sepse.
- Debridamento mecânico: são irrigação da ferida (irrigação de alta pressão e lavagem de alta pressão
pulsátil) e tratamentos de hidromassagem.

Curativos

Quanto mais extensa for uma ferida maior será a limpeza necessária. O tipo de curativo varia de acordo
com a avaliação da ferida e a fase de cicatrização.
Um curativo tem a finalidade de proteger uma ferida contra contaminação de microrganismos, de
auxiliar na hemostasia, de promover a cura absorvendo a drenagem e debridando uma ferida, de apoio
ou suporte do local de uma ferida, de promover isolamento térmico da superfície de uma ferida e de
fornecer um ambiente úmido.
Em relação aos curativos de pressão é preciso ter a certeza de que não estão interferindo na circulação
em uma parte do corpo, por isso avalie a cor da pele, os pulsos nos membros distais, o conforto do
paciente e as alterações na sensação.
A principal função de um curativo em uma ferida em cicatrização é absorver a drenagem. A maioria
dos curativos de gaze cirúrgica tem três camadas: uma camada de contato ou primária, uma camada
absorvente e uma camada externa protetora ou secundária. Se um curativo de gaze grudar em uma
incisão cirúrgica, umedeça-a levemente com soro fisiológico com isso o curativo ficará saturado e soltará
da área incisional, assim evitando o trauma durante o processo de remoção.
A técnica do curativo possui variação, pois depende do objetivo do plano de tratamento para a ferida
em questão.

Tipos de Curativos
Os curativos variam de acordo com o tipo de material e o modo de aplicação (úmida ou seca). Precisam
ser fáceis de aplicar, confortáveis e feitos de materiais que promovam a cicatrização.
Esponjas de gaze são o tipo de curativo mais antigo e mais comum, são absorventes e especialmente
úteis em feridas para eliminar o exsudato. A gaze está disponível em diferentes texturas, comprimentos
e tamanhos. A gaze pode ser saturada com soluções e usado para limpar e cobrir uma ferida. Ao utilizar
uma gaze para cobrir uma ferida deverá saturar com uma solução geralmente o soro fisiológico torcer
logo em seguida deixando a gaze somente úmida, desdobrada e levemente cobrindo a ferida.

Outro tipo de curativo é um filme autoadesivo transparente que retém a umidade sobre a ferida,
assim proporcionando um ambiente úmido, esse curativo é ideal para pequenas feridas superficiais e
possui diversas vantagens como:
- Aderência à pele intacta;
- Serve como uma barreira para líquidos externos e bactérias, porém permite que a superfície da ferida
respire, pois o oxigênio atravessa ocrurativo transparente;
- Promoção de um ambiente úmido que acelera o crescimento de células epiteliais;
- Pode ser removido sem danificar os tecido subjacentes;
- Permite a visualização de uma ferida;
- Não exige um curativo secundário.

Curativos de hidrocoloide são curativos com formulações complexas de coloides e componentes


adesivos. A camada de contato da ferida desse curativo forma um gel à medida que o exsudato da ferida
é absorvido e mantém um ambiente cicatrizante úmido. Os hidrocoloides apoiam a cicatrização em feridas
granulantes limpas e debridam autoliticamente as feridas necróticas, possui disponibilidade de tamanhos
e formatos variados.

Esse tipois de curativos possuem as seguintes funções:


- Absorver a drenagem por meio do uso de absorventes de exsudato no curativo;

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- Manter a ferida úmida;
- Liquefazer lentamente os detritos necróticos;
- É impermeável a bactérias e outros contaminantes;
- É autoadesivo e molda-se bem;
- Atua como um curativo preventivo para áreas de alto risco de atrito;
- Pode ser deixado no lugar durante 3 a 5 dias minimizando o trauma da pele e a interrupção da
cicatrização.

Os curativos de hidrogel são gaze ou curativos reutilizáveis impregnados com água ou gel amorfo à
base de glicerina. Esses curativos hidratam as feridas e absorve pequenas quantidades de exsudato. São
indicados para feridas de espessura parcial e de espessura total, feridas profundas com algum exsudato,
feridas necróticas, queimaduras e pele danificada pela radiação.
Podem ser úteis em feridas dolorosas, pois são muito calmantes para um paciente e não aderem ao
leito da ferida provocando assim pouco trauma durante a remoção. Possui uma desvantagem já que
alguns hidrogéis exigem um curativo secundário. Os hidrogéis estão disponíveis em um curativo em folha
ou em um tubo permitindo assim a capacidade de esquichar o gel diretamente dentro da base da ferida.

O hidrogel possui algumas vantangens:


- É calmante e pode reduzir a dor da ferida;
- Fornece um ambiente úmido;
- Debrida o tecido necrótico;
- Não adere à base da ferida e é fácil sua remoção.

Existem outros tipos de curativos disponíveis. Os curativos de espuma e alginato são para feridas
com grande quantidade de exsudato. Os curativos de espuma são usados em torno dos tubos de
drenagem para absorvê-la. Os curativos de alginato de cálcio são confeccionados a partir de algas
marinhas e estão disponíveis em forma de folha e corda. O alginato forma um gel macio quando em
contato com o fluído da ferida, são altamente aborventes para feridas com uma quantidade excessiva de
drenagem e não causam trauma quando removidos da ferida. Não se deve utilizar esse tipo de curativo
em feridas secas, pois elas exigem um curativo secundário.

Procedimento para Substituição de Curativos


- Remova o esparadrapo afastando suavemente a pele do esparadrapo enquanto puxa o adesivo da
pele;
- Com a mão enluvada remova cuidadosamente os curativos de gaze, uma camada de cada vez, tome
o cuidado para não deslocar drenos ou sondas;
- Se o curativo grudar no curativo seco, umedeça com soro fisiológico em seguida remova-o;
- Observe a cor, edema, drenos e exsudados da ferida, assim como, a quantidade de drenagem no
curativo;
- Dobre os curativos com drenagem e remova as luvas de dentro para fora sobre o curativo. Descarte
as luvas e os curativos sujos. Higienize as mãos;
- Abra a bandeja de curativos estéreis ou os materiais estéreis embrulhados individualmente. Calce as
luvas limpas;
- Limpe a ferida com a solução. Usando uma gaze ou um esfregaço antisséptico, limpe a área menos
contaminada que é a incisão ou o centro da ferida, para a área mais contaminada, que é fora da incisão
e a pele circundante. Seque a área. Remova e descarte as luvas e higienize as mãos;
- Se a ferida tiver que ser irrigada: despeje a solução ordenada em um recipiente estéril de irrigação,
calce luvas limpas, óculos de proteção, máscara e vestimenta cirúrgica se necessário. Usando a seringa
permita que a solução flua sobre a ferida. Continue até que a irrigação crie um fluxo claro da solução.
Seque a pele circundante com gaze.
- Meça a ferida e em seguida remova e descarte as luvas. Higienize as mãos;
- Aplique o curativo;
- Curativo seco: calce as luvas de procedimento ou estéreis, inspecione a ferida quanto ao aspecto,
drenos, drenagem e integridade. Aplique um curativo de gaze de tecido frouxa e seca, cobrindo a ferida.
Aplique uma gaze adicional se necessário;
- Ou aplique o curativo de esponja se indicado;
- Curativo úmido e seco: calce as luvas de procedimento estéreis, avalie o aspecto da pele circundante
e procure por maceração. Umedeça a gaze com a solução prescrita, esprema delicadamente o excesso
da solução. Desdobre. Aplique a gaze como uma única camada diretamente sobre a superfície da ferida.

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Se a ferida é profunda cubra suavemente sua base com o curativo usando a mão até que todas as
superfícies dela estejam em contato com a gaze. Se houver encapsulação use um aplicador com ponta
de algodão para colocar a gaze na área encapsular. Verifique se a gaze não está tocando na pele
circundante. Cubra com gaze seca estéril e curativo de esponja.
- Fixe o curativo. Aplique o esparadrapo não alérgico;
- Correias de Montgomery: abra expondo a superfície adesiva do esparadrapo na extremidade de cada
correia. Coloque as correias em lados opostos do curativo. Coloque o adesivo diretamente sobre a pele
ou aplique uma barreira cutânea sólida e fixe a extremidade do esparadrapo na barreira cutânea. Fixe o
curativo amarrando as correias através dele;
- Remova as luvas e descarte-as em local apropriado. Remova máscara, óculos ou vestimenta;
- Escrever à tinta a data e a hora que o curativo foi aplicado no esparadrapo que fixa o curativo;
- Descarte os materiais e higienize as mãos.

Cuidados com Suturas


Suturas são fios ou metais usados para costurar os tecidos do corpo, isso ocorre quando um cirurgião
fecha uma ferida ao unir as bordas dela o mais próximo possível para reduzir a formação de cicatriz. O
fechamento adequado da ferida envolve o mínimo de trauma e tensão aos tecidos com controle de
hemorragia.
As suturas estão disponíveis em uma variedade de materiais, como seda, aço, algodão, linho, arame,
nylon e Dacron. Elas vêm com ou sem agulhas cirúrgicas afixadas. Grampos de aço são um tipo comum
de fechamento da pele exterior que traumatiza o tecido menos que as suturas enquanto fornece força
extra.
As políticas nas instituições costumam variar referente a aptidão na remoção das suturas. Se for
pertinente ao enfermeiro a remoção será necessária uma prescrição médica. Uma tesoura especial com
pontas de corte curvadas ou removedores de grampos especiais desliza sob os fechamentos da pele
para a remoção da sutura.
O médico normalmente especifica o número de suturas ou grampos necessários para a remoção. Se
a linha de sutura parecer estar cicatrizando melhor em certos locais que em outros alguns profissionais
resolvem pela remoção apenas de algumas suturas.
Para remover os grampos introduza as pontas do removedor de grampos sob cada grampo de arame,
enquanto fecha lentamente as extremidades do removedor de grampos, aperte o centro do grampo com
as pontas liberando-o da pele.
Antes de remover as suturas limpe a linha de sutura com soro fisiológico, aperte os materiais de sutura
o mais próximo possível da borda da pele de um lado e puxe a sutura do outro lado.

Bandagens e Ataduras
Um curativo de gaze simples muitas vezes não é suficiente para imobilizar ou dar apoio a uma ferida.
Ataduras e bandagens aplicados sobre ou em torno de curativos fornecem proteção extra e benefícios
terapêuticos.
As bandagens estão disponíveis em rolos de diferentes larguras e materiais, incluindo gaze, malha
elástica, tira elástica, flanela e musselina. As bandagens de gaze são leves e baratas, moldam facilmente
ao redor de contornos do corpo e permitem a circulação de ar para evitar a maceração da pele. As
bandagens elásticas adaptam-se bem às diversas partes do corpo, porém exercem pressão.
As ataduras são bandagens que são feitas de grandes pedaços de material para ajustar-se a uma
parte específica do corpo. A maioria é feita de elástico ou algodão.

Questões

01. (EBSERH - Enfermeiro - CESPE/2018) Acerca do uso de curativos na enfermagem, julgue o item
a seguir.
As coberturas de alginatos são um tipo de curativo indicado para feridas com pouca exsudação; por
isso, seu uso pode prolongar-se por até sete dias.
( ) Certo
( ) Errado

02. (FUNASG - Enfermeiro - FUNCAB) O hidrocoloide é uma cobertura muito utilizada em feridas e
pode se apresentar na forma de placa ou pasta. Sobre essa cobertura é correto afirmar:
(A) Em contato com exsudato, forma um gel hidrofílico que mantém um meio úmido.
(B) Requer troca a cada 12 h ou diária e curativo secundário.

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(C) Promove uma temperatura abaixo da corporal e é indicada para queimaduras de 3° grau.
(D) É indicada para tratamento de feridas abertas infectadas.
(E) Retarda a angiogênese e é indicada para a prevenção de úlceras de pressão.

03. (TRT 23ª Região/MT - Enfermeiro - FCC) A grande variedade dos tipos de coberturas para
curativos possibilita melhor adequação e manejo das condições das feridas e a escolha do produto
depende, dentre vários aspectos, de
(A) avaliação pragmática.
(B) estudo eletrofisiológico.
(C) evolução do processo cicatricial.
(D) aplicação da escala de Hansen.
(E) abordagem única.

04. (UNIOESTE - Técnico em Enfermagem – UNIOESTE) As úlceras por pressão ocorrem quando a
pressão contínua aplicada à pele é maior que a pressão de fechamento capilar, aproximadamente 32
mmHg. Assinale os fatores de risco para o desenvolvimento de úlcera por pressão.
(A) Normotermia e eupneia.
(B) Imobilidade e atrito/fricção.
(C) Deambulação e normocardia.
(D) Lúcidez e comunicação.
(E) Hidratação e higidez.

Gabarito

01.Errado / 02.A / 03.B / 04.B

Comentários

01. Resposta: Errado


Os curativos de espuma e alginato são para feridas com grande quantidade de exsudato. Os curativos
de espuma são usados em torno dos tubos de drenagem para absorvê-la. Os curativos de alginato de
cálcio são confeccionados a partir de algas marinhas e estão disponíveis em forma de folha e corda.

02. Resposta: A
Curativos de hidrocoloide são curativos com formulações complexas de coloides e componentes
adesivos. A camada de contato da ferida desse curativo forma um gel à medida que o exsudato da ferida
é absorvido e mantém um ambiente cicatrizante úmido.

03. Resposta: B
A cicatrização da ferida envolve processo fisiológicos integrados, as camadas de tecido envolvidas e
sua capacidade de regeneração determinam o processo de reparo da ferida.
As feridas de espessura parcial são superficiais, envolvendo a perda da epiderme e a possível perda
da derme. Esses tipos de feridas cicatrizam por regeneração, pois a epiderme regenera-se.

04. Resposta: B
Fatores adicionais incluído força de cisalhamento, atrito, umidade, nutrição, perfusão tecidual, infecção
e idade aumentam o risco do paciente para o desenvolvimento de lesão por pressão e de ferida mal
cicatrizada. A prevenção de lesões por pressão é uma prioridade no cuidado de pacientes e não está
limitado aqueles que apresentam restrições de mobilidade.

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Enfermagem na clínica médica

ENFERMAGEM EM CLÍNICA MÉDICA9

Comumente, em nível de organismo tem-se por definição de saúde como sendo a do estado oposto
ao da doença e, em decorrência corresponderia a conceito que se subordina à ausência desta. As
situações ideais têm inspirado conceituações de saúde.
Não obstante, incidem invariavelmente em deficiências que tendem a se acentuar, à medida que se
aprofundam no terreno das da imprecisão dos enunciados. A mais potente nesse sentido, e talvez a mais
difundida, bem a ser elaborada pela OMS e que figura no preâmbulo de sua constituição. Diz ela que
saúde vem a ser “o estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de
doença”.
É evidente a falta de precisão, em especial no que concerne ao significado da expressão “completo
bem-estar”. Certamente, esse pode variar de acordo com o indivíduo, o tempo e o espaço. Em outras
palavras, o que é bom para um não é obrigatoriamente para outro, e nem a presença de bem-estar
significa a ausência de doença.
Deve-se pensar na saúde em uma escala graduada porque todos possuem algum grau de saúde: em
excelentes condições, razoavelmente bem, com alguma perturbação, e enfermos.
Portanto, a saúde é um processo dinâmico em que o homem luta contra as forças que tendem a alterar
o equilíbrio da sua saúde; é o ajustamento dinâmico satisfatório às forças que tendem a perturbá-lo. O
complexo processo de redução da saúde não é provocado por fatores simples ou específicos, mas pelo
resultado da ligação contínua entre causas e efeitos.
Para considerar o indivíduo com saúde, é necessário que ele atinja um nível excelente de ajustamento
e equilíbrio entre o homem, os agentes e o meio ambiente. Distingue-se da enfermidade, que é a alteração
danosa do organismo. O dano patológico pode ser estrutural ou funcional.
Doença (do latim dolentia, padecimento) é o estado resultante da consciência da perda da homeostasia
de um organismo vivo, total ou parcial, causada por agentes externos ou não, estado este que pode cursar
devido às infecções, inflamações, isquemias, modificações genéticas, sequelas de trauma, hemorragias,
neoplasias ou disfunções orgânicas.
Daí a definição de doença como sendo o conjunto de fenômenos desenvolvidos em organismos,
associados a uma característica, ou série de características comuns, que diferenciam esses organismos
dos normais da mesma espécie, e de maneira a situá-los em posição biologicamente desvantajosa em
relação àqueles.
A doença é um processo anormal no qual o funcionamento de uma pessoa está diminuído ou
prejudicado em uma ou mais dimensões. É o resultado do desequilíbrio entre o homem e o meio físico,
mental e social.
É importante distinguir os conceitos de doença aguda, crônica e crônico-degenerativa: Doença aguda
é aquela que têm um curso acelerado, terminando com convalescença ou morte em menos de três meses.
A maioria das doenças agudas caracteriza-se em várias fases.
O início dos sintomas pode ser abrupto ou insidioso, seguindo-se uma fase de deterioração até um
máximo de sintomas e danos, fase de plateau, com manutenção dos sintomas e possivelmente novos
picos, uma longa recuperação com desaparecimento gradual dos sintomas, e a convalescência, em que
já não há sintomas específicos da doença, mas o indivíduo ainda não recuperou totalmente as suas
forças.
Na fase de recuperação pode ocorrer as recrudescências, que são exacerbamentos dos sintomas de
volta a um máximo ou plateau, e na fase de convalescência as recaídas, devido à presença continuada
do fator desencadeante e do estado debilitado do indivíduo, além de (novas) infecções.
As doenças agudas distinguem-se dos episódios agudos das doenças crônicas, que são exacerbação
de sintomas normalmente menos intensos nessas condições.
Doença crônica é uma doença que não é resolvida num tempo curto. As doenças crônicas são doenças
que não põem em risco a vida da pessoa num prazo curto, logo não são emergências médicas. No
entanto, elas podem ser extremamente sérias.

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https://www.ebah.com.br/content/ABAAAArtYAD/enfermagem-clinica-medica

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As doenças crônicas incluem também todas as condições em que um sintoma existe continuamente,
e mesmo não pondo em risco a saúde física da pessoa, são extremamente incomodativas levando à
perda da qualidade de vida e atividades das pessoas.
Muitas doenças crônicas são assintomáticas ou quase assintomáticas a maior parte do tempo, mas
caracterizam-se por episódios agudos perigosos e/ou muito incomodativos.
Doença crônico-degenerativa predomina na idade adulta, e sua incidência, prevalência e mortalidade
se elevam à medida que aumenta a vida média da população. São caracterizadas por uma evolução lenta
e progressiva, irreversível, por um longo período de latência assintomático, exigindo constante
supervisão, observação e cuidado.
Ao realizar as ações de enfermagem através de uma abordagem holística, o profissional de
enfermagem ajuda o cliente a adquirir um estado de saúde. No entanto, para desempenhar efetivamente
essas ações, o profissional de enfermagem deve identificar corretamente as faltas ou as deficiências
relativas à saúde do cliente.
Dentre outras, as prioridades epidemiológicas que hoje demandam assistência clínica ambulatorial
e/ou hospitalar são as afecções do aparelho circulatório e respiratório, gastrointestinal, endócrino,
afecções neurológicas, hematopoiéticas e reumáticas, além das afecções otorrinolaringológicas,
oftalmológicas, neoplásicas e urinárias.
Clínica Médica: É um setor hospitalar onde acontece o atendimento integral do indivíduo com idade
superior a 12 anos que se encontra em estado crítico ou semicrítico, que não são provenientes de
tratamento cirúrgico e ainda àqueles que estão hemodinamicamente estáveis, neste setor é prestada
assistência integral de enfermagem aos pacientes de média complexidade.
Clínica: vem do grego kline = leito, acamado.
Médica: vem do latim medicus = cuidar de.
A clínica médica compreende um grupo de especialidades médicas desenvolvidas dentro de uma
unidade hospitalar, organizada segundo um conjunto de requisitos, onde o paciente internado é
submetido a exames clínicos (anamnese), físicos, laboratoriais e especiais com a finalidade de definir um
diagnóstico e, a seguir um tratamento específico.

Objetivos do Serviço de Enfermagem em Clínica Médica

- Proporcionar ambiente terapêutico adequado aos pacientes com patologias diversificadas, em regime
de internação;
- Manter de um padrão de assistência prestada aos pacientes, o que exige a aplicação de um plano
de cuidados de enfermagem para a patologia específica do paciente/cliente.

Envenenamento

O envenenamento ou intoxicação aguda ocorre quando uma pessoa inala, entra em contato direto com
a pele ou ingere alguma substância tóxica. A maior parte dos casos de envenenamento ocorre dentro de
casa, envolvendo crianças. O mais seguro é guardar inseticidas, remédios, produtos de limpeza e outros
produtos tóxicos dentro de armários trancados.
O envenenamento pode acontecer quando a pessoa respira alguma substância tóxica, como fumaça
negra, vapor de gasolina ou gás de cozinha; quando tem contato direto com produtos químicos ou encosta
a pele em alguma espécie de planta venenosa; quando engole acidentalmente ou em grandes
quantidades alguma substância tóxica, como alimentos deteriorados, produtos de limpeza, inseticidas ou
remédios; quando é picada por insetos ou animais venenosos, como cobras, escorpiões, aranhas.
Em qualquer situação de envenenamento, coloque a vítima deitada, observe sua respiração e, se for
necessário, aplique a técnica de respiração artificial (boca-a-boca); aqueça a vítima para evitar estado de
choque e eleve suas pernas (se não houver suspeita de lesão na coluna). O socorro médico é
indispensável.

Como suspeitar de que alguém está envenenado:


- Vestígios de substâncias tóxicas, químicas ou naturais na boca ou na pele da vítima, indicando que
ela tenha mastigado, engolido, aspirado ou entrado em contato com tais substâncias;
- Hálito diferente;
- Coloração dos lábios e do interior da boca alteradas;
- Respiração fraca;
- Temperatura baixa;
- Dor ou queimação na boca, garganta ou estômago;

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- Confusão mental, sonolência ou mesmo inconsciência;
- Estado de coma, alucinações e delírios;
- Diminuição ou retenção do fluxo urinário;
- Hemorragias (sangramentos);
- Lesões na pele, vermelhidão ou queimaduras;
- Enjoos, vômitos, muito suor, salivação e convulsões.

Choque

É a situação na qual a perfusão tecidual está comprometida, do que resultam alterações metabólicas
que poderão determinar a morte celular. Levando-se em conta os três componentes fundamentais da
circulação (bomba cardíaca, volume circulante e rede vascular), o choque pode ser assim classificado:
- Cardiogênico propriamente dito obstrutivo;
- Hipovolêmico;
- Periférico.

Choque Cardiogênico
É o tipo de choque no qual há falha da bomba cardíaca. A fibra cardíaca pode ser afetada
primariamente por insuficiência cardíaca congestiva, arritmias, miocardites e outras agressões, ou
secundariamente através de hipóxia, desequilíbrios hidroeletrolíticos, endotoxinas e outros fatores.
A modalidade obstrutiva deve-se a um obstáculo à corrente circulatória (dentro ou fora do coração),
devido a pneumotórax hipertensivo, tamponamento cardíaco e outras condições.

Choque Hipovolêmico
É o tipo de choque determinado por grandes perdas de volemia: vômitos e/ou diarreia, queimaduras
extensas, hemorragias.

Choque Periférico
Neste tipo, o distúrbio está na distribuição do sangue na microcirculação e daí a sinonímia distributivo
ou microvasogênico. Neste grupo, enquadram-se o choque infeccioso, o neurogênico, e o anafilático.

Choque Misto
É o que ocorre com frequência na prática, a associação de mais de um tipo de choque.

Independentemente do tipo de choque, há uma sequência fisiopatológica comum: as alterações


fundamentais ocorrem na microcirculação. Quando há queda acentuada da volemia resultando em
hipotensão, o organismo coloca em ação mecanismos de compensação: liberação de catecolaminas,
aldosterona e hormônio antidiurético (ADH), do que resultam taquicardia, vasoconstrição (nos territórios
com alfa-receptores) e oligúria.
A finalidade destes mecanismos é a preservação das assim chamadas áreas nobres (sistema nervoso
central e miocárdio) que então receberão fluxo sanguíneo preferencial.
Pele, área esplâncnica, rins, pulmões, fígado e outros órgãos são regiões que possuem alfa-
receptores: na microcirculação dessas regiões, haverá contração dos esfíncteres pré e pós capilar, com
queda da pressão hidrostática do leito capilar e manutenção da pressão oncótica e o resultado será um
desequilíbrio entre os compartimentos intravascular e intersticial, com consequente passagem de líquido
deste para aquele.
É uma tentativa de reposição da volemia (autotransfusão). No entanto, o fluxo sanguíneo insuficiente
conduz à baixa da pO2 e o metabolismo anaeróbico, o que determinará acúmulo de radicais ácidos e
consequente queda do pH. O retorno venoso e consequentemente o débito cardíaco (DC) estão
diminuídos e a resistência periférica (RP) está aumentada.
Com a evolução do quadro, o esfíncter pré-capilar não resiste à hipóxia e à acidose e entra em
relaxamento, enquanto o esfíncter pós-capilar mantém sua contração. O resultado é a entrada de sangue
no território capilar, com saída dificultada, do que resultará estase e aumento da pressão hidrostática.
Esse aumento força a saída de líquido, agora do compartimento intravascular para o interstício (edema
intersticial).
Finalmente sobrevém a abertura das anastomoses arteriovenosas (shunts), com exclusão do território
capilar da irrigação sanguínea. Nesse momento, em função da intensidade do efeito shunt, poderá haver
queda da RP, com retorno venoso variável (diminuído, normal ou elevado).

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Assim, o chamado choque hiperdinâmico seria caracterizado por um DC aumentado, em função da
porcentagem elevada de shunt, com consequente aumento do retorno venoso.

Alterações Causadas pelo Choque

Metabolismo celular: A célula é a unidade basicamente afetada. Pelo déficit de O2, o ácido pirúvico
não chegará a acetil-CoA e por isso não participando do ciclo de Krebs: é o metabolismo anaeróbico cujas
principais consequências são a acidose metabólica e a menor produção de energia para a célula em
virtude de fracasso no sistema ATP (com acúmulo de radicais fosfatos). Os processos dependentes de
energia estarão prejudicados, como, por exemplo, a bomba de Na-K e a síntese de aminoácidos.
A falha da bomba resultará na entrada de Na e água para o compartimento intracelular (causando
edema) bem como saída de K das células. O bloqueio da síntese de aminoácidos determinará acúmulo
de aminoácidos livres, o que contribuirá para a acidose metabólica.
Há diminuição de captação de glicose pela célula em virtude da diminuição dos níveis de insulina. Tem
sido descrito aumento de triglicérides no plasma, relacionado com o aumento de noradrenalina endógena.
Finalmente, podemos ter alterações da estabilidade das membranas lisossomais, com ruptura e
consequente liberação de enzimas proteolíticas que destruirão a célula.

Equilíbrio acidobásico: O distúrbio fundamental no choque já instalado é a acidose metabólica. Sua


causa principal é o acúmulo de ácido láctico em virtude do metabolismo anaeróbico. Contribuem para a
instalação da acidose metabólica o acúmulo de radicais fosfato e a presença de aminoácidos livres.
Quando há alteração pulmonar importante com retenção de CO2, instalar-se-á um quadro misto
(acidose metabólica e respiratória). No choque endotóxico é descrito um quadro inicial de alcalose
respiratória leve (causado por hiperventilação) antecedendo a instalação do choque.

Eletrólitos: Pode haver hiponatremia dilucional ou por alteração da bomba Na-K. Níveis elevados de
K plasmático poderiam ser explicados por mecanismo de tamponamento intracelular pela acidose, oligúria
e saída de K das células pela já referida disfunção da bomba Na-K.

Coagulação Intravascular Disseminada (CIVD): Muitos fatores propiciam o aparecimento da CIVD


no choque: endotoxinas, dano endotelial, acidose, aumento da viscosidade do sangue e outros. Suas
consequências são sabidamente danosas ao organismo, tais como lesões isquêmicas, hemorragias
(cutâneas, mucosas e em órgãos internos) e anemia.
Há consumo e diminuição de fatores de coagulação (plaquetas, fator V, fator VIM, fibrinogênio e
protrombina). Haverá também a presença dos produtos de degradação da fibrina (FDP) e hemácias
crenadas (anemia microangiopática).

Insuficiência respiratória aguda (pulmão de choque): O aparecimento de insuficiência respiratória


progressiva na evolução do choque é frequente, iniciando-se de 24 a 120 horas após o início do quadro
de choque. Existem áreas perfundidas e não ventiladas, assim como áreas ventiladas e não perfundidas.
Essas alterações determinarão uma queda de pO2 a despeito de concentrações de oxigênio (FiO2)
altas ministradas ao paciente. Clinicamente, o paciente apresenta-se dispneico (com "fome" de ar), e
radiologicamente costuma haver um quadro bilateral de infiltrado reticulo granular, sugestivo de edema.
Há vários fatores implicados na etiopatogenia do pulmão de choque:
- CIVD;
- Diminuição da pressão coloidosmótica;
- Hiperidratação;
- Embolia gordurosa;
- Diminuição de surfactante;
- Aumento da secreção do ADH;
- Uso de O2 com pressão positiva e em altas concentrações;
- Microêmbolos (transfusões múltiplas);
- Acidose;
- Edema intersticial.

Insuficiência renal aguda: A diminuição do fluxo sanguíneo renal, a presença de ADH, a ativação do
sistema renina-angiotensina-aldosterona, a CIVD são fatores que prejudicam a função renal. O dano renal
depende da intensidade do agravo e de sua duração, resultando uma gama de quadros variando desde

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uma oligúria funcional (insuficiência renal de tipo pré-renal) até lesão parenquimatosa propriamente dita
(necrose tubular, necrose cortical bilateral).

Função cardíaca: A função cardíaca pode estar alterada no choque, mesmo sem nenhum dano
miocárdico primário. O coração é vulnerável à hipoxemia, alterações hidroeletrolíticas, drogas vasoativas,
sendo comum, então, o aparecimento de arritmias.
Pode a função cardíaca estar deprimida pela ação direta de endotoxinas. Outro fator importante para
a diminuição do DC é o fator depressor do miocárdio (MDF): trata-se de um polipeptídio liberado
provavelmente pelo pâncreas hipóxico, com ação inotrópica negativa.

Função hepática: As funções metabólicas do hepatócito (por exemplo, metabolização de lactato a


bicarbonato) estão prejudicadas. O fígado é um órgão rico em células do SRE cujas funções exigem alto
consumo de O2: por isso, tais funções estão bastante deprimidas no choque.

Peculiaridades fisiopatológicas do choque endotóxico: A incidência do choque infeccioso


(particularmente o endotóxico) em pediatria é elevada, tendo em vista:
- Resposta imunológica relativamente inadequada de recém-nascidos e lactentes, sobretudo no
primeiro ano de vida;
- Desnutrição;
- Procedimentos invasivos frequentes em unidades de terapia intensiva (cateterizações vasculares,
intubação, ventilação mecânica e outros).

A endotoxina implica no agravamento das alterações metabólicas encontradas nos demais tipos de
choque, o que justifica a alta taxa de mortalidade deste quadro. Endotoxinas são compostos
macromoleculares constituídos de lipídios, polissacárides e peptídeos.
Estão localizados na parede das bactérias gram-negativas, sendo liberadas pela morte destes
microrganismos. As chamadas ações biológicas das endotoxinas estão relacionadas com o componente
lipídico. São de interesse na fisiopatologia do choque as seguintes ações:
- Lesão do endotélio vascular (ativação do fator XII22);
- Liberação de cininas (vasodilatação);
- Agregação de plaquetas (diminuição do número de plaquetas circulantes);
- Liberação de fatores plaquetários;
- Ativação do sistema complemento (liberação de substâncias histamino-símile que produzem
vasodilatação;
- Ativação do sistema renina-angiotensina-aldosterona;
- Bloqueio do SRE (diminuição da capacidade de detoxificação);
- Ação depressora do miocárdio;
- Bloqueio do metabolismo de hidratos de carbono e proteínas;
- Reação febril bifásica: liberação de pirógeno endógeno dos leucócitos (lembrar que a hipertermia
eleva o consumo de O2);
- Lesão da membrana lisossomal, podendo causar sua ruptura.

Quadro clínico: O estado geral é sempre crítico. A criança apresenta-se toxemiada. Hipotermia é
frequente. O sensório está comprometido, podendo existir agitação, letargia e até mesmo coma. A pele
encontra-se fria, pálida e com sudorese: é a chamada fase fria (ação das catecolaminas).
No choque endotóxico, no início do quadro, a pele pode ter sua perfusão conservada, devido à ação
vasodilatadora das cininas: é a fase quente, precedendo a instalação da fase fria. As mucosas
apresentam-se secas (hipovolemia) e/ou descoradas (sangramentos, anemia).
Alterações do padrão respiratório como taquipneia (acidose) ou dispneia (acometimento pulmonar) são
frequentes. Taquicardia com pulso fino (ou ausente) são também sinais encontrados com frequência.
Distensão abdominal pode ser observada, principalmente em recém-nascidos e lactentes. Oligúria ou
anúria são achados característicos. Petéquias, sufusões hemorrágicas e sangramentos integram com
frequência o quadro clínico.

Insuficiência Respiratória

A insuficiência respiratória é uma condição na qual oxigênio não passa dos pulmões para o sangue
em quantidades suficientes. Os órgãos do corpo, como coração e cérebro, precisam de sangue rico em
oxigênio para funcionar bem.

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Insuficiência respiratória também pode ocorrer se os pulmões não conseguirem remover
apropriadamente dióxido de carbono do sangue. Muito dióxido de carbono no sangue pode danificar os
órgãos do corpo. Ambos problemas - pouco nível de oxigênio no sangue ou alto de dióxido de carbono -
podem ocorrer ao mesmo tempo.

Causas da insuficiência respiratória: Certas doenças e condições que prejudicam a respiração


podem causar insuficiência respiratória. Essas doenças e condições podem afetar os músculos, nervos,
ossos ou tecidos que ajudam a respiração, ou podem afetar o pulmão diretamente.
Quando a respiração é prejudicada, os pulmões não conseguem facilmente mover oxigênio para o
sangue e remover o dióxido de carbono nele (troca de gases). Isso pode fazer como que o sangue fique
com nível baixo de oxigênio ou alto de dióxido de carbono, ou ambos.

Insuficiência respiratória pode ocorrer como resultado de:


- Condições que afetam os nervos e músculos que controlam a respiração. Exemplos dessas
condições incluem distrofia muscular, esclerose amiotrófica lateral, lesões na medula espinhal, e derrame;
- Danos aos tecidos e costelas envolvendo os pulmões;
- Problemas na espinha, como escoliose, que podem afetar os ossos e músculos usados na respiração;
- Overdose de drogas e/ou álcool. Isso afeta a área do cérebro que controla a respiração;
- Doenças pulmonares como doença pulmonária obstrutiva crônica, pneumonia, síndrome do
desconforto respiratório agudo, embolia pulmonar, e fibrose cística. Essas doenças podem afetar o fluxo
de ar e sangue para dentro e fora dos pulmões;
- Lesões pulmonares agudas, como por exemplo inalar gases danosos ou fumaça que podem lesionar
os pulmões.

Sinais e sintomas da insuficiência respiratória: Os sinais e sintomas da insuficiência respiratória


dependem da causa por trás dele e níveis de oxigênio e dióxido de carbono no sangue. Baixo nível de
oxigênio no sangue pode ocasionar falta de ar, a sensação de que não consegue inalar o suficiente. Se
o nível de oxigênio estiver muito baixo, a pele, lábios e unhas podem ficar azulados.
Alto nível de dióxido de carbono no sangue pode ocasionar respiração rápida e confusão. Algumas
pessoas que têm insuficiência respiratória podem ficar muito sonolentas ou perder a consciência. Elas
também podem desenvolver arritmias cardíacas. Esses sintomas podem ocorrer se o cérebro e coração
não estiverem recebendo oxigênio suficiente.

Diagnóstico da insuficiência respiratória: O médico fará o diagnóstico da insuficiência respiratória


baseado no histórico médico, exame físico e resultados de testes. Assim que insuficiência respiratória for
diagnosticada, o médico procurará pela sua causa. Os testes para diagnóstico de insuficiência respiratória
podem incluir:
- Oximetria de pulso, no qual um sensor é colocado no dedo ou orelha para estimar a quantidade de
oxigênio no sangue;
- Gasometria arterial, que mede os níveis de oxigênio e dióxido de carbono no sangue através de
amostra de sangue.

O médico pode pedir outros testes, como raio-x do peito, para ajudar a descobrir a causa por trás da
insuficiência respiratória. Se o médico suspeitar que o paciente tem arritmia em decorrência de
insuficiência respiratória, ele pode recomendar eletrocardiograma.

Enfermagem obstétrica

SAÚDE DA MULHER

Ginecologia e Obstetrícia

A ginecologia literalmente significa "a ciência da mulher", mas na medicina é a especialidade que trata
de doenças do sistema reprodutor feminino, útero, vagina e ovários. Quase todos ginecologistas atuais
são também obstetras.

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A obstetrícia é o ramo da medicina que estuda a reprodução na mulher. Investiga a gestação, o parto
e o puerpério nos seus aspectos fisiológicos e patológicos. O obstetra é o médico especialista que cuida
do desenvolvimento do feto, além de prestar assistência à mulher nos períodos da gravidez e pós-parto
(puerpério).
No entanto, existem outros profissionais habilitados no cuidado ao ciclo gravídico puerperal do parto
normal: Enfermeiros Obstetras e Obstetriz.

Gravidez

Com a influência do movimento das mulheres, em 1983, foi formulado pelo Ministério da Saúde o
Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM), que propõe fornecer uma assistência
integral clínico-ginecológica, com controle das doenças transmitidas sexualmente (DST), do câncer
cérvico-uterino (colo do útero) e mamário, a assistência para concepção e contracepção, uma melhor
assistência pré-natal, do parto e do puerpério, abordando os problemas desde a adolescência até a
terceira idade.
Para a Organização Mundial de saúde (OMS), humanizar o parto é adotar um conjunto de condutas e
procedimento que promovem o parto e o nascimento saudáveis, pois respeita o processo natural e evita
condutas desnecessárias ou de risco para mãe e feto.

A gestação normal tem duração aproximada de 280 dias ou 9 meses ou 40 semanas, podendo
variar de 38 a 42 semanas gestacionais, período em que ocorre todo o desenvolvimento
embrionário e fetal - que pode ser subdividido em três trimestres. Cada trimestre, por sua vez,
é formado por 12 a 14 semanas de gestação, durante as quais ocorre a estruturação do novo
ser, fundamental à sua condição humana.

O fenômeno da reprodução humana é um processo de transição biológica, psicológica e social, sendo


diversos os fatores que interferem no desenrolar e no acontecimento da gravidez, que por si só ocasiona
fortes, belas e essenciais modificações na vida da mulher - em seu corpo, mente, coração,
relacionamentos e dinâmica de vida.

Diagnosticando a Gravidez
Faz-se importante sabermos se a mulher tem vida sexual ativa e se há referência de amenorreia
(ausência de menstruação). A partir desses dados e de um exame clínico são identificados os sinais e
sintomas físicos e psicológicos característicos, que também podem ser identificados por exames
laboratoriais que comprovem a presença do hormônio gonadotrofina coriônica e/ou exames radiográficos
específicos, como a ecografia gestacional ou ultrassonografia.
Os sinais e sintomas da gestação dividem-se em três categorias que, quando positivas, confirmam o
diagnóstico. É importante lembrar que muitos sinais e sintomas presentes na gestação podem também
aparecer em outras circunstâncias.
Visando seu maior conhecimento, identificaremos a seguir os sinais e sintomas gestacionais mais
comuns e que auxiliam o diagnóstico:

- Sinais de Presunção - são os que sugerem gestação, decorrentes, principalmente, do aumento da


progesterona:
a) Amenorreia - frequentemente é o primeiro sinal de alerta para uma possível gestação. É uma
indicação valiosa para a mulher que possui menstruação regular; entretanto, também pode ser resultado
de condições como, por exemplo, estresse emocional, mudanças ambientais, doenças crônicas,
menopausa, uso de métodos contraceptivos e outros;
b) Náusea com ou sem vômitos - como sua ocorrência é mais frequente pela manhã, é denominada
“enjoo matinal”, mas pode ocorrer durante o restante do dia. Surge no início da gestação e, normalmente,
não persiste após 16 semanas;
c) Alterações mamárias - caracterizam-se pelo aumento da sensibilidade, sensação de peso,
latejamento e aumento da pigmentação dos mamilos e aréola; a partir do segundo mês, as mamas
começam a aumentar de tamanho;
d) Polaciúria - é o aumento da frequência urinária. Na gravidez, especialmente no primeiro e terceiro
trimestre, dá-se o preenchimento e o consequente crescimento do útero que, por sua vez, pressiona a
bexiga diminuindo o espaço necessário para realizar a função de reservatório. A esta alteração anatômica

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soma-se a alteração fisiológica causada pela ação da progesterona, que provoca um relaxamento da
musculatura lisa da bexiga, diminuindo sua capacidade de armazenamento;
e) Vibração ou tremor abdominal - são termos usados para descrever o reconhecimento dos
primeiros movimentos do feto, pela mãe, os quais geralmente surgem por volta da 20ª semana. Por serem
delicados e quase imperceptíveis, podem ser confundidos com gases intestinais.

- Sinais de Probabilidade - são os que indicam que existe uma provável gestação:
a) Aumento uterino - devido ao crescimento do feto, do útero e da placenta;
b) Mudança da coloração da região vulvar - tanto a vulva como o canal vaginal tornam-se bastante
vascularizados, o que altera sua coloração de rosa avermelhado para azul-escuro ou vinhosa;
c) Colo amolecido - devido ao aumento do aporte sanguíneo na região pélvica, o colo uterino torna-
se mais amolecido e embebido, assim como as paredes vaginais tornam-se mais espessas, enrugadas,
amolecidas e embebidas.
d) Testes de gravidez - inicialmente, o hormônio gonadotrofina coriônica é produzido durante a
implantação do ovo no endométrio; posteriormente, passa a ser produzido pela placenta. Esse hormônio
aparece na urina ou no sangue 10 a 12 dias após a fecundação, podendo ser identificado mediante exame
específico;
e) Sinal de rebote - é o movimento do feto contra os dedos do examinador, após ser empurrado para
cima, quando da realização de exame ginecológico (toque) ou abdominal;
f) Contrações de Braxton-Hicks - são contrações uterinas indolores, que começam no início da
gestação, tornando-se mais notáveis à medida que esta avança, sentidas pela mulher como um aperto
no abdome. Ao final da gestação, tornam-se mais fortes, podendo ser confundidas com as contrações do
parto.

- Sinais de Certeza - são aqueles que efetivamente confirmam a gestação:


a) Batimento cardíaco fetal (BCF) - utilizando-se o estetoscópio de Pinard, pode ser ouvido,
frequentemente, por volta da 18ª semana de gestação; caso seja utilizado um aparelho amplificador
denominado sonar Doppler, a partir da 12ª semana. A frequência cardíaca fetal é rápida e oscila de 120
a 160 batimentos por minuto;
b) Contornos fetais - ao examinar a região abdominal, frequentemente após a 20ª semana de
gestação, identificamos algumas partes fetais (polo cefálico, pélvico, dorso fetal);
c) Movimentos fetais ativos - durante o exame, a atividade fetal pode ser percebida a partir da 18ª/20ª
semana de gestação. A utilização da ultrassonografia facilita a detectar mais precoce desses movimentos;
d) Visualização do embrião ou feto pela ultrassonografia - pode mostrar o produto da concepção
(embrião) com 4 semanas de gestação, além de mostrar a pulsação cardíaca fetal nessa mesma época.
Após a 12ª semana de gestação, a ultrassonografia apresenta grande precisão diagnóstica.

Durante a evolução da gestação normal, verificamos grande número de sinais e sintomas que indicam
alterações fisiológicas e anatômicas da gravidez. Além dos já descritos, frequentemente encontrados no
primeiro trimestre gestacional, existem outros como o aumento da salivação (sialorreia) e sangramentos
gengivais, decorrentes do edema da mucosa gengival, em vista do aumento da vascularização.
Algumas gestantes apresentam essas alterações de forma mais intensa; outras, de forma mais leve -
o que pode estar associado às particularidades psicossocioculturais. Dentre estes casos, podemos
observar as perversões alimentares decorrentes de carência de minerais no organismo (ferro, vitaminas),
tais como o desejo de ingerir barro, gelo ou comidas extravagantes.
Para minimizar tais ocorrências, faz-se necessário acompanhar a evolução da gestação por meio do
pré-natal, identificando e analisando a sintomatologia apresentada, ouvindo a mulher e lhe repassando
informações que podem indicar mudanças próprias da gravidez. Nos casos em que esta sintomatologia
se intensificar, indica-se a referência a algumas medidas terapêuticas.

Complicações Durante a Gestação


- Náuseas e Vômitos
Representam as condições médicas mais comuns da gravidez, contribuindo para um alto grau de
ansiedade e preocupação nas mulheres. Nas suas formas mais graves, são chamadas de hiperemese
gravídica, definida como vômitos persistentes que levam a uma perda de peso maior que 5% do peso
pré-gravídico, associada a desequilíbrio hidroeletrolítico e cetonúria, o que ocorre em cerca de 1% das
gestações.
Algumas doenças poderão estar associadas à hiperemese, como pré-eclâmpsia, gemelaridade, mola
hidatiforme, diabetes e isoimunização.

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- Diagnóstico
Outras causas de náuseas e vômitos intensos devem ser afastadas, como úlcera gástrica, cisto de
ovário torcido, prenhez ectópica, insuficiência renal, infecções intestinais, problemas metabólicos e do
sistema nervoso central.
Os vômitos tardios da gravidez não devem ser confundidos com hiperemese gravídica.
Os vômitos incoercíveis e náuseas acarretam quadro que vai desde a desidratação e oligúria à perda
de peso, alcalose (pela perda maior de cloro, através do suco gástrico - hipocloremia), perda de potássio
nos casos mais prolongados e alterações no metabolismo de gorduras e glicose, podendo, nos casos
mais graves, chegar à insuficiência hepática, renal e neurológica.

- Conduta
O apoio psicológico e educativo desde o início da gestação, assim como o tratamento precoce das
náuseas e vômitos, com reorientação alimentar e antieméticos, são as melhores maneiras de evitar os
casos de hiperemese. Os casos mais graves requerem internação hospitalar e utilização de medicação
endovenosa pelo período que for necessário para a sua resolução.
As recomendações na dieta e na mudança de hábitos, incluem separar sólidos de líquidos, alimentar-
se mais frequentemente com refeições mais leves, evitar alimentos gordurosos e bebidas geladas ou
muito doces. Aconselha-se também evitar alimentos com cheiros fortes, como as comidas muito
temperadas.

- Transtornos do humor
É comum, nos casos de hiperemese gravídica, a presença de distúrbios do humor e pode ser
necessária a utilização de medicação específica para tal, ou seja, inibidores seletivos da recaptação de
serotonina: fluoxetina, fluvoxamina, paroxetina, sertralina e citalopram em doses usuais.

Instalado o quadro de hiperemese, é necessária a internação, com jejum, reposição das perdas com
soro glicofisiológico, manutenção do equilíbrio hidroeletrolítico e acidobásico, além do uso de antieméticos
injetáveis.
A reintrodução de dieta leve e sua progressiva normalização devem ser feitos na medida da aceitação
da gestante, seu apetite e ausência de náuseas. Nos casos de acentuada perda de peso e dificuldade de
reintrodução da dieta, a alimentação parenteral pode ser necessária, enquanto persistirem os sintomas.

- Anemias
Anemia leve a moderada dosagem de hemoglobina <11g/dl e >8g/dl, solicitar exame parasitológico de
fezes e tratar parasitose se presente. Tratar a anemia com 3 drágeas de sulfato ferroso via oral/dia.
Repetir dosagem de hemoglobina entre 30 e 60 dias se os níveis estiverem subindo manter o tratamento
até a hemoglobina atingir 11g/dl, quando deverá ser iniciada a dose de suplementação (1 drágea ao dia),
repetir a dosagem no 3° trimestre, se a hemoglobina permanecer em níveis estacionários ou se baixar,
referir a gestação ao pré-natal de alto risco.

Alterações da Duração da Gestação


- Gestação Prolongada
É a gravidez que se estendeu além de 42 semanas. Está associada a um risco aumentado de
morbidade e mortalidade perinatal. A taxa de mortalidade perinatal (óbitos fetais mais as mortes neonatais
precoces) em gestações de 42 semanas é duas vezes maior que nas gestações de termo (4-7 mortes
contra 2-3 mortes por 1.000 partos) e dobra após 43 semanas.
A insuficiência uteroplacentária, a síndrome de aspiração meconial e a infecção intrauterina contribuem
para as altas taxas de mortalidade perinatal e óbito intrauterino.
Aproximadamente 20% dos fetos após 42 semanas apresentam crescimento intrauterino restrito
devido à insuficiência placentária.
Essas gestações têm maior risco de compressão funicular devido à oligodramnia e síndrome de
aspiração meconial.

Diagnóstico: o diagnóstico de certeza somente pode ser feito com o estabelecimento precoce da
idade gestacional. O exame ultrassonográfico (USG) no início da gestação, idealmente entre 9 e 12
semanas, é o método mais fidedigno para avaliação da idade gestacional, principalmente em gestantes
com dúvidas sobre a data da última menstruação.

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O exame realizado no segundo trimestre não é tão preciso, mas tem valia se há uma diferença maior
que 10 dias entre a estimativa dessa USG e a data da última menstruação. Nesse caso deve-se ajustar
a idade gestacional pela USG.

Conduta: se não houver objeção por parte da mulher, deve ser realizado o descolamento das
membranas amnióticas, entre 38 e 41 semanas, para diminuir a probabilidade de indução do parto.
A indução do parto deve ser realizada a partir de 41 semanas de gestação, após concordância da
mulher.
Em gestantes que recusam submeter-se à indução, na conduta deverá ser avaliado o bem-estar fetal.
A frequência de vigilância deve ser duas vezes por semana. O parto deve ser realizado se houver
oligoidrâmnio, presença de mecônio à amnioscopia ou evidências de comprometimento fetal.
A dopplerfluxometria não tem nenhum benefício comprovado na avaliação desses fetos e não é
recomendada para esta indicação.

Síndromes Hipertensivas da Gravidez

- Hipertensão Arterial
Pressão arterial igual ou maior que 140/90mmHg baseada na média de pelo menos duas medidas.

- Proteinúria
É definida como a excreção de 0,3g de proteínas ou mais em urina de 24 horas, ou 1+ ou mais na fita
em duas ocasiões, em uma determinação de amostra única sem evidência de infecção. Devido à
discrepância entre a proteinúria de amostra única e a proteinúria de 24 horas na pré-eclâmpsia, o
diagnóstico deve ser baseado em exame de urina de 24 horas.
Outra alternativa é a relação proteína/creatinina urinária em coleta única de urina. Nessa técnica, o
resultado da divisão do valor da proteinúria pela creatinina urinária (em mg/dL) ≥ 0,3 tem uma boa
correlação com a proteinúria na urina de 24 horas ≥ 0,3g.

- Plaquetopenia
Menos de 100.000/mm3, com maior gravidade quando menor que 50.000/mm3.

- Elevação de Enzimas Hepáticas


a) Aspartato aminotransferase (AST) ou Transaminase Glutâmico Oxalacética (TGO) e Alanina
aminotransferase (ALT) ou Transaminase Glutâmico Pirúvica (TGP) >60U/L, e
b) Desidrogenase láctica (DHL) >600U/L.

- Anemia Microangiopática
a) Bilirrubina acima de 1,2mg/dL, e
b) Presença significativa de esquizócitos em sangue periférico (>5% no campo microscópico).

Classificação das Síndromes Hipertensivas da Gravidez


- Hipertensão Crônica
Observada antes da gravidez, ou antes de 20 semanas de gestação, ou diagnosticada pela primeira
vez durante a gravidez e não se resolve até 12 semanas após o parto.

- Pré-eclâmpsia
Hipertensão que ocorre após 20 semanas de gestação (ou antes, em casos de doença trofoblástica
gestacional ou hidropsia fetal) acompanhada de proteinúria, com desaparecimento até 12 semanas pós-
parto. Na ausência de proteinúria, a suspeita se fortalece quando o aumento da pressão aparece
acompanhado por cefaleia, distúrbios visuais, dor abdominal, plaquetopenia e aumento de enzimas
hepáticas.
Um aumento de 30mmHg na pressão sistólica ou 15mmHg na diastólica quando os valores absolutos
estejam abaixo de 140/90mmHg não deve ser usado como critério diagnóstico. Na presença de um
aumento de 30mmHg na sistólica ou 15mmHg na diastólica, deve-se fazer medidas de pressão e
consultas mais frequentes, com observação mais amiúde, especialmente se houver proteinúria e
hiperuricemia (ácido úrico maior ou igual a 6mg/dL).
A pré-eclâmpsia é classificada em leve ou grave, de acordo com o grau de comprometimento.

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a) Pré-eclâmpsia Leve: as gestantes com pré-eclâmpsia leve, de preferência, devem ser
hospitalizadas para avaliação diagnóstica inicial e mantidas com dieta normossódica e repouso relativo.
Na avaliação das condições maternas deve constar:
- PA de 4/4h durante o dia;
- Pesagem diária;
- Pesquisa de sintomas de iminência de eclâmpsia:
- Cefaleia frontal ou occipital persistente;
- Distúrbios visuais (escotomas, diplopia, amaurose);
- Dor epigástrica ou no hipocôndrio direito, acompanhada ou não de náuseas e vômitos;
- Hiperreflexia;
- Proteinúria na fita ou proteinúria de 24 horas;
- Hematócrito e plaquetas;
- Provas de função renal e hepática.
Não há necessidade de tratamento medicamentoso.

Avaliação das condições fetais:


- Contagem de movimentos fetais diariamente;
- Avaliação do crescimento fetal e do líquido amniótico. Se os resultados estiverem normais, repetir o
teste a cada três semanas;
- Cardiotocografia basal (CTB), se disponível. Se a CTB for reativa, repetir semanalmente;
- A reavaliação materna e fetal deve ser imediata se ocorrerem mudanças abruptas nas condições
maternas, redirecionando a conduta.

Nas gestações pré-termo, o controle ambulatorial pode ser iniciado após a hospitalização se
confirmadas condições materno-fetais estáveis, com as seguintes recomendações:
- Consultas semanais;
- Repouso relativo (evitar grandes esforços);
- Pesar diariamente pela manhã;
- Proteinúria na fita semanalmente pela manhã;
- Medir a pressão arterial pelo menos uma vez ao dia.

A presença dos seguintes sinais e sintomas demanda retorno imediato ao hospital:


- PA ≥ 150/100mmHg;
- Proteinúria na fita ++ ou mais;
- Aumento exagerado de peso;
- Cefaleia grave e persistente.
- Dor abdominal persistente, principalmente na região epigástrica e hipocôndrio direito;
- Sangramento vaginal;
- Presença de contrações uterinas regulares;
- Presença de distúrbios visuais como diplopia, fotofobia, escotomas etc.;
- Náusea ou vômitos persistentes;
- Diminuição dos movimentos fetais.

b) Pré-eclâmpsia Grave: as gestantes com diagnóstico de pré-eclâmpsia grave deverão ser


internadas, solicitados os exames de rotina e avaliadas as condições maternas e fetais. Avaliar
necessidade de transferência para unidade de referência, após a estabilização materna inicial.
Se a idade gestacional for maior ou igual a 34 semanas de gestação, devem ser preparadas para
interrupção da gestação.
A conduta conservadora pode ser adotada em mulheres com pré-eclâmpsia grave com idade
gestacional entre 24 e 33:6 semanas, através de monitoração materno fetal rigorosa, uso de sulfato de
magnésio e agentes anti-hipertensivos. As gestantes nessas condições devem ser admitidas e
observadas por 24 horas para determinar a elegibilidade para a conduta e nesse período serão manejadas
como se segue:
- Administração de sulfato de magnésio;
- Uso de corticoide (betametasona 12mg, a cada 24 horas, 2 aplicações IM);
- Administração de anti-hipertensivos de ação rápida (Hidralazina ou Nifedipina);
- Infusão de solução de Ringer lactato a 100-125ml/h;
- Exames laboratoriais: hemograma completo com plaquetas, creatinina sérica, ácido úrico, AST/TGO,
ALT/TGP, desidrogenase lática, proteinúria de 24 horas;

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- Dieta suspensa (permitir pequenas ingestões de líquidos claros e medicação oral).

Após o período inicial de observação, confirmando-se a elegibilidade materno fetal para a conduta
expectante, adota-se o seguinte:
- Interrupção do sulfato de magnésio;
- Determinação da PA a cada 4-6 horas;
- Contagem de plaquetas diariamente;
- TGO/ AST, ALT/TGP, creatinina e bilirrubina de 2 em 2 dias;
- Repetir a proteinúria de 24 horas semanalmente;
- Uso de medicação anti-hipertensiva para manter a pressão entre 140/90 e 150/100mmHg
(Alfametildopa até 2g, associada a Nifedipina, ou Betabloqueador, ou Hidralazina);
- Se as condições maternas estão estáveis, realizar CTB diariamente e PBF duas vezes por semana;
- Avaliação do crescimento fetal por ultrassonografia a cada duas semanas;
- Dopplerfluxometria fetal semanalmente.

- Eclâmpsia
A ocorrência de convulsões em mulheres com pré-eclâmpsia caracteriza o quadro de eclâmpsia. A
conduta clínica visa ao tratamento das convulsões, da hipertensão e dos distúrbios metabólicos, além de
cuidados e controles gerais:
- Manter o ambiente tranquilo, o mais silencioso possível;
- Decúbito elevado a 30º e face lateralizada;
- Cateter nasal com oxigênio (5l/min);
- Punção de veia central ou periférica calibrosa;
- Cateter vesical contínuo.

A conduta obstétrica visa à estabilização do quadro materno, à avaliação das condições de bem-estar
fetal e a antecipação do parto, em qualquer idade gestacional.
Após a estabilização do quadro, iniciar os preparativos para interrupção da gestação.

Terapia Anticonvulsivante: é indicada para prevenir convulsões recorrentes em mulheres com


eclâmpsia, assim como o aparecimento de convulsões naquelas com pré-eclâmpsia. O sulfato de
magnésio é a droga de eleição para tal.

Via de Parto
O parto vaginal é preferível à cesariana para mulheres com pré-eclâmpsia/eclâmpsia, desse modo
evitando o estresse adicional de uma cirurgia em uma situação de alterações fisiológicas múltiplas.
Medidas paliativas por várias horas não aumentam o risco materno se realizadas de forma apropriada.

Seguimento Pós-Parto
Mulheres que desenvolvem hipertensão na gravidez devem ser cuidadosamente avaliadas nos meses
imediatamente após o parto e aconselhadas a respeito de futuras gestações e risco cardiovascular.
Qualquer anormalidade laboratorial ou achado físico que não retorne ao normal antes da alta deve ser
reavaliado na consulta de puerpério. A expectativa é que a hipertensão e outros sinais e sintomas ou
disfunção orgânica associados à pré-eclâmpsia terão remissão seis semanas após o parto. Se as
anormalidades persistirem, as gestantes deverão ser reexaminadas após seis semanas e, se a patologia
mantiver, provavelmente tornou-se crônica.

Medida da Altura Uterina

A medida é feita em centímetros com uma fita métrica flexível e não extensível, do púbis ao fundo do
útero, determinado por palpação, com a grávida em decúbito dorsal.
Existem diferentes métodos de medida que oferecem valores diferentes, por isso é imprescindível
normalizar a forma de medir e utilizar padrões normais de referência que tenham sido elaborados com a
mesma técnica.
Técnica 1: a extremidade da fita métrica é fixada na margem superior da púbis com uma mão,
deslizando a fita entre os dedos indicador e médio da outra mão até alcançar o fundo do útero com a
margem cubital dessa mão.

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Técnica 2: a fita é colocada debaixo da borda cubital, por isso, ao descrever uma curva maior, o valor
que se obtém e 1,5 ± 0,6 cm maior em relação ao obtido com a técnica anterior, no 3º trimestre de
gestação.
O útero aumenta seu tamanho com a idade gestacional. Foram desenvolvidas curvas de altura uterina
em função da Idade gestacional, nas quais os percentis 10 e 90 marcam os limites da normalidade.

Síndromes Hemorrágicas

Entre 10 a 15% das gestações apresentam hemorragias. Podem representar complicação gestacional
ou agravos ginecológicos concomitantes com o período gravídico.

Classificação
As mais importantes situações hemorrágicas gestacionais são:

a) Primeira Metade da Gestação


- Abortamento;
- Gravidez ectópica;
- Neoplasia trofoblástica gestacional benigna (mola hidatiforme);
- Descolamento cório-amniótico.

b) Segunda Metade da Gestação


- Placenta prévia;
- Descolamento prematuro da placenta;
- Rotura uterina;
- Vasa prévia.

Outras causas menos frequentes de sangramento por via vaginal durante toda a gestação, são:
cervicites, pólipo endocervical, ectrópio, câncer de colo uterino, trauma vaginal e o sangramento do colo
durante o trabalho de parto na segunda metade da gestação.

Hemorragias da Primeira Metade da Gravidez


Abortamento
Conceitua-se como abortamento a interrupção da gravidez ocorrida antes da 22ª semana de gestação
e com o produto da concepção pesando menos que 500 gramas. O produto da concepção eliminado no
processo de abortamento é chamado aborto. O abortamento pode ser precoce, quando ocorre até a 13ª
semana e tardio, quando entre 13ª e 22ª semanas.
Pode ser classificado de várias formas:
- Abortamento espontâneo: é a perda involuntária da gestação.
- Ameaça de abortamento: é a ocorrência de sangramento uterino com a cérvix fechada sem
eliminação de tecidos ovulares.
- Abortamento completo: quando a totalidade do conteúdo uterino foi eliminada.
- Abortamento incompleto: quando apenas parte do conteúdo uterino foi eliminado.
- Abortamento inevitável: quando há sangramento e dilatação cervical, mas ainda não ocorreu
eliminação de conteúdo uterino.
- Abortamento retido: quando ocorre a morte do embrião ou feto e o mesmo permanece na cavidade
uterina, sem ser eliminado. De uma maneira geral o colo se encontra fechado, podendo ocorrer leve
sangramento.
- Abortamento infectado: é o processo de abortamento acompanhado de infecção genital, tais como
endometrite, parametrite e peritonite.
- Abortamento habitual: perdas espontâneas e sucessivas de três ou mais gestações.

Diagnóstico e Conduta
Toda gestante com sangramento vaginal no 1º trimestre deve ser submetida a exame abdominal,
exame especular e toque.
Quando o colo estiver fechado ou houver dúvida no diagnóstico, está indicada uma ultrassonografia
para avaliação das condições do saco gestacional (com ou sem descolamento) e do embrião (com ou
sem batimentos).

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Ameaça de Abortamento
O sangramento genital é de pequena a moderada intensidade, podendo existir dores, tipo cólicas,
geralmente pouco intensas. O colo uterino (orifício interno) encontra-se fechado, o volume uterino é
compatível com o esperado para a idade gestacional e não existem sinais de infecção. Para este
diagnóstico é necessária uma ultrassonografia, que pode não ter alterações ou identificar área de
descolamento ovular, com vitalidade embrionária.
Não existe indicação de internação hospitalar, a mulher deve ser orientada para ficar em repouso,
utilizar analgésico se apresentar dor, evitar relações sexuais durante a perda sanguínea, e retornar ao
atendimento de pré-natal.
Nos casos em que não ocorre regressão das alterações ou se surgir febre, dor pélvica localizada ou
sangramento com odor fétido, a mulher deve retornar ao serviço de saúde para nova avaliação.

Abortamento Completo
Geralmente, ocorre em gestações com menos de oito semanas. A perda sanguínea e as dores
diminuem ou cessam após a expulsão do material ovular. O colo uterino (orifício interno) pode estar aberto
e o tamanho uterino mostra-se menor que o esperado para a idade gestacional. No exame de
ultrassonografia, encontra-se cavidade uterina vazia ou com imagens sugestivas de coágulos.
A conduta nesse caso é de observação, com atenção ao sangramento e/ou à infecção uterina.

Abortamento Inevitável/Incompleto
O sangramento é maior que na ameaça de abortamento, que diminui com a saída de coágulos ou de
restos ovulares, as dores costumam ser de maior intensidade que na ameaça e o orifício cervical interno
encontra-se aberto. O exame de ultrassonografia confirma a hipótese diagnóstica, embora não seja
imprescindível.
Em gestações com menos de 12 semanas, pelo tamanho uterino, indica-se a aspiração manual
intrauterina (AMIU), por ser mais segura e permitir o esvaziamento mais rápido. Quando não for possível
empregar essa técnica, realiza-se a curetagem uterina. O tratamento alternativo, na indisponibilidade de
AMIU ou curetagem, estando o colo pérvio, é misoprostol.
Após a expulsão, caso haja suspeita de restos ovulares ou placentários remanescentes, realiza-se a
curetagem uterina. Em úteros pequenos, compatíveis com menos de 12 semanas, também pode ser
utilizada a AMIU. Também é importante avaliar a perda sanguínea e, se extremamente necessário, far-
se-á transfusão sanguínea.

Abortamento Retido
Em geral, o abortamento retido cursa com regressão dos sintomas e sinais da gestação, o colo uterino
encontra-se fechado e não há perda sanguínea. O exame de ultrassonografia revela ausência de sinais
de vitalidade ou a presença de saco gestacional sem embrião (ovo anembrionado). Pode ocorrer o
abortamento retido sem os sinais de ameaça.
O tratamento é misoprostol. Após a expulsão, havendo suspeita de restos ovulares ou placentários
remanescentes, realiza-se a curetagem uterina. Em úteros pequenos, compatíveis com menos de 12
semanas, também pode ser utilizada a AMIU.

Abortamento Infectado
Com muita frequência, está associado a manipulações da cavidade uterina pelo uso de técnicas
inadequadas e inseguras de abortamento provocado. Estas infecções são polimicrobianas e provocadas,
geralmente, por bactérias da flora vaginal, gram negativos e anaeróbios. São casos graves e devem ser
tratados, independentemente da vitalidade do feto.
As manifestações clínicas mais frequentes são: elevação da temperatura, sangramento genital com
odor fétido acompanhado de dores abdominais ou eliminação de pus através do colo uterino. Na
manipulação dos órgãos pélvicos, pelo toque vaginal, a mulher pode referir bastante dor, e deve-se
sempre pensar na possibilidade de perfuração uterina.
O esvaziamento uterino, naqueles úteros com tamanho compatível com gestação de até 12 semanas,
deve ser realizado, preferencialmente, por aspiração manual intrauterina (AMIU), por apresentar menores
taxas de complicações, reduzir a necessidade de dilatação cervical e promover a aspiração do material
infectado.
Na realização desse procedimento, atentar para o fato de que a perda do vácuo pode significar
perfuração uterina prévia. Na impossibilidade do uso da AMIU, pode-se empregar a curetagem uterina.
Nos casos mais graves, acompanhados de peritonite e que demoram a dar resposta satisfatória, deve-
se proceder a laparotomia exploradora e, se necessário, realizar retirada de órgãos pélvicos. A

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persistência de febre após 48 horas dos cuidados iniciais pode traduzir abscessos pélvicos ou
tromboflebite. Convém lembrar que a tromboflebite pélvica séptica é diagnóstico raro e de exclusão (só
pode ser firmado após se afastar outras causas de persistência da febre). Nesse caso, indica-se a
utilização da heparina como teste terapêutico sem, no entanto, se suspender a antibioticoterapia.

Abortamento Habitual
Em gestantes com história de abortamento habitual é necessária uma anamnese detalhada para se
detectar as possíveis causas associadas:
- Malformações uterinas (útero bicorno, útero septado, útero didelfo);
- Miomatose uterina;
- Insuficiência istmo cervical;
- Insuficiência do corpo lúteo;
- Fatores imunológicos;
- Fatores infecciosos;
- Síndrome antifosfolípide;
- Fatores genéticos.

O exame ginecológico associado à ultrassonografia pode ajudar a detectar anomalias uterinas, a


miomatose e a insuficiência istmo cervical.
Os testes laboratoriais que podem ser úteis durante a gravidez são a pesquisa de anticorpos
antifosfolípides (anticardiolipina e anticoagulante lúpico) e de anticorpos antinucleares. Caso a gravidez
atual termine em aborto, deve-se, sempre que possível, realizar uma análise citogenética dos produtos
da concepção.
Fora da gravidez, a investigação genética do casal (cariótipo), a ultrassonografia e a pesquisa de
anticorpos antifosfolipídeos (anticardiolipina e anticoagulante lúpico) e de anticorpos antinucleares são os
testes que apresentam evidências suficientes para justificar sua investigação.
Recomenda-se o acompanhamento quinzenal por meio das consultas de pré-natal.
Lembrar que em gestantes onde a etiologia ainda não está esclarecida, o prognóstico da gravidez
pode ser muito bom sem nenhum tratamento, além de um controle atento e dedicado. Nos casos onde a
etiologia é conhecida, o tratamento depende da mesma.
No caso de insuficiência lútea, utiliza-se comprimidos de progesterona natural de 200mg por via vaginal
por dia, ou diidrogesterona de 10mg via oral, um ao dia, até a 14ª semana.
Em gestantes portadoras de síndrome antifosfolípide, a utilização de baixas doses de aspirina
associada à heparina pode melhorar os resultados.
Em gestantes com insuficiência istmo cervical, com história de duas ou mais perdas no 2º trimestre,
sem sangramento, com dilatação cervical e sem dor, recomenda-se a cerclagem eletiva, que deve ser
realizada entre 12-14 semanas da gravidez, após a ultrassonografia mostrar feto vivo e sem anomalias.

Gravidez Ectópica
A gravidez ectópica corresponde à nidação do ovo fora da cavidade uterina. O tipo mais frequente é a
tubária.

São fatores de risco para gravidez ectópica:


- História de gravidez ectópica prévia;
- Cirurgia tubária prévia;
- Infecções tubárias anteriores;
- Contracepção com progesterona ou DIU.

Muitas vezes ocorrem em gestante sem nenhum fator de risco.

Diagnóstico: a dor e o sangramento vaginal são os sintomas mais importantes da gravidez ectópica.
Em quase todos os casos a dor está presente. O sangramento pode ser de pequena monta e/ou irregular,
às vezes após pequeno atraso da menstruação.
O exame físico/ginecológico pode evidenciar presença de sangue no canal vaginal, útero menor do
que o esperado para a idade gestacional, amolecimento do colo uterino e dor pélvica, às vezes mais
localizada em uma região anexial onde se pode palpar uma massa dolorosa.
A eliminação de tecido coriônico pelo canal cervical, que pode ser evidenciada quando se dilui o
mesmo em um tubo de ensaio com soro fisiológico, identificando-se as vilosidades, confirma gravidez
intrauterina. Nos casos onde ocorreu rotura, podem estar presentes sinais e sintomas de hemoperitônio

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e choque, com dor de forte intensidade, associada a abdome distendido e silencioso, dor no ombro e
abaulamento de fundo de saco vaginal. A punção do fundo de saco vaginal posterior (culdocentese) à
procura de sangue na cavidade abdominal pode ser de grande valia quando se suspeita de rotura.
A dosagem da fração beta do hormônio gonadotrófico coriônico (βHCG) é de fundamental importância
no diagnóstico da gravidez ectópica. Um exame negativo descarta a possibilidade de gravidez e um
exame positivo a confirma, embora não determine a sua localização. A duplicação dos níveis séricos de
βHCG em 48 horas sinaliza uma gravidez com desenvolvimento normal. Caso tal duplicação não ocorra,
trata-se de falha no desenvolvimento da gestação, podendo tratar-se tanto de uma prenhez ectópica como
de um aborto.
A ultrassonografia também pode ser indispensável na investigação dos casos suspeitos de gravidez
ectópica. A presença de gestação intra-útero praticamente afasta a possibilidade de ectópica, com
exceção para os casos de gestações heterotópicas, com incidência de 1/30.000. A visualização do saco
gestacional e embrião com batimento cardíaco fetal (BCF) fora do útero confirma gravidez ectópica.
Tumoração anexial com presença de líquido livre no fundo de saco posterior aumenta substancialmente
a suspeita diagnóstica, devendo ser correlacionado com o exame clínico e o βHCG.

Conduta: expectante, tratamento clínico, laparoscopia e laparotomia. Nas condutas conservadoras, é


importante obter a concordância da gestante e assegurar o seguimento.
A conduta expectante pode ser adotada em algumas gestantes selecionadas obedecendo-se os
seguintes critérios:
- Pouca dor ou sangramento;
- Confiabilidade na gestante para seguimento;
- Nenhuma evidência de rotura tubária;
- Nível de βHCG <1.000mUI/ml e em queda;
- Massa ectópica ou anexial <3cm ou não detectável;
- Ausência de BCF;
- Estabilidade hemodinâmica.
Estes casos podem representar uma gestação de localização desconhecida, podendo tratar-se de um
aborto ou mesmo gestação ectópica em resolução.

Tratamento clínico: com metotrexato (MTX) é uma alternativa à cirurgia em mulheres selecionadas.
O mesmo deverá ser realizado em centro especializado e os critérios de seleção são os seguintes:
- Sinais vitais estáveis e pouca sintomatologia;
- Ausência de contraindicação médica para a terapia (enzimas hepáticas normais, hemograma e
plaquetas normais);
- Gravidez ectópica íntegra;
- Ausência de atividade cardíaca embrionária;
- Massa ectópica medindo 4cm ou menos;
- Níveis séricos de βHCG <5.000mUI/ml.

O esquema de tratamento consiste em dose única de 1mg/kg de peso ou 50mg/m2 administrada por
via intramuscular. O nível sérico de βHCG deve ser dosado no 4° e no 7° dia após o tratamento e depois
semanalmente até atingir 5mUI/ml. Se isso não ocorrer, pode-se repetir a dose ou indicar tratamento
cirúrgico.

Tratamento cirúrgico: pode ser dividido em conservador e radical. No conservador a trompa é


preservada por intermédio de uma salpingostomia linear, e no radical é realizada salpingectomia. Ambos
podem ser realizados por laparoscopia ou laparotomia.
Os critérios para tratamento cirúrgico são:
- Gestante com sinais vitais instáveis ou sinais de hemoperitônio;
- Diagnóstico inconclusivo;
- Gravidez ectópica avançada (βHCG >5.000mUI/ml, massa anexial > 4cm, atividade cardíaca
embrionária);
- Seguimento difícil;
- Contraindicação ao tratamento clínico.

Contraindica-se a via laparoscópica na presença de sinais de hipovolemia.

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Mola Hidatiforme (Neoplasia Trofoblástica Gestacional Benigna)
A frequência é de 1 caso para 2.000 gestações.

Diagnóstico Clínico: o atraso menstrual é a primeira manifestação de uma gravidez. Na gravidez


molar pode ocorrer sangramento indolor e de intensidade progressiva, às vezes associado a eliminação
de vesículas com aspecto de “cachos de uva”. Em consequência das perdas sanguíneas pode haver
anemia. A exacerbação dos sintomas de gravidez, às vezes com presença de náuseas e vômitos de difícil
controle (hiperemese gravídica, pré-eclâmpsia, tireotoxicose), também pode sinalizar a suspeita de mola
hidatiforme.
O exame físico pode revelar um tamanho uterino maior do que esperado para a idade gestacional, colo
e útero amolecidos e aumento do volume ovariano devido à presença de cistos tecaluteínicos.

Propedêutica Auxiliar: a dosagem do hormônio gonadotrófico coriônico (βHCG) geralmente


demonstra níveis elevados para a idade gestacional correspondente. A ultrassonografia é o método mais
preciso para diferenciar gestação normal da prenhez molar. As imagens são típicas de mola, anecoicas,
no interior do útero, em “flocos de neve”. Em cerca de 40% são visualizados à ultrassonografia cistos
tecaluteínicos.

Conduta: o esvaziamento uterino, preferencialmente por meio de dilatação e aspiração manual


intrauterina (AMIU), é o método mais apropriado para o tratamento inicial da mola hidatiforme. Durante o
esvaziamento uterino recomenda-se o uso de ocitocina 20U em 500ml de soro glicosado a 5% após a
cervicodilatação, para diminuir o sangramento e o risco de perfuração uterina. É importante contar com
provisão de sangue para possível necessidade de reposição.

Controle Pós-Molar: todas as gestantes com mola hidatiforme devem ter acompanhamento clínico e
laboratorial visando à detecção precoce de recorrência, assim como a evolução para formas malignas da
neoplasia trofoblástica gestacional.
As náuseas, vômitos e a mastalgia tendem a desaparecer progressivamente. A involução uterina e a
suspensão do sangramento ocorrem em cerca de cinco semanas.
A dosagem de gonadotrofina coriônica (βHCG) deve ser realizada semanalmente após o esvaziamento
uterino até que seus valores se mostrem declinantes e os resultados sejam negativos por três dosagens
consecutivas.
A ultrassonografia tem por objetivo monitorar a involução uterina e regressão dos cistos tecaluteínicos
ovarianos. O exame radiológico do tórax deve ser realizado mensalmente com a finalidade de detectar
metástases assintomáticas. Os locais mais frequentes de metástase são os pulmões e a vagina.
A anticoncepção deve ser iniciada no máximo quinze dias após o esvaziamento uterino. Recomenda-
se a prescrição de anovulatório hormonal oral de baixa dosagem estrogênica, com menos de 35μg de
etinilestradiol. Deve-se evitar nova gravidez por pelo menos um ano após o esvaziamento uterino.

Descolamento Cório-amniótico
Caracteriza-se por sangramento genital de pequena intensidade e é diagnosticado por exame
ecográfico. A evolução é boa, não representando quadro grave de risco materno e/ou ovular.
A conduta é conservadora e, basicamente, consiste no esclarecimento à gestante, com as mesmas
orientações da ameaça de abortamento.

Hemorragias da Segunda Metade da Gestação


As hemorragias na segunda metade da gestação constituem-se em frequentes diagnósticos em
obstetrícia. São uma das principais causas de internação de gestantes no período ante parto, com
importante aumento da morbimortalidade materna e perinatal, assim como de partos operatórios. A
morbimortalidade perinatal está relacionada principalmente aos altos índices de prematuridade.
Várias são as possíveis causas de sangramento. Entre as causas obstétricas, as mais importantes são
o descolamento prematuro de placenta e a placenta prévia, que correspondem a até 50% dos
diagnósticos.
Não podem ser esquecidas a rotura uterina e a rotura da vasa prévia, que também são importantes
causas obstétricas. Entre as causas não obstétricas, pode ocorrer o sangramento proveniente do colo do
útero durante a dilatação no trabalho de parto, cervicites, pólipo endocervical, ectrópio, câncer de colo de
útero e trauma vaginal.
Os prognósticos materno e fetal vão depender do diagnóstico correto da causa do sangramento e
conduta adequada com base nesse diagnóstico.

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Placenta Prévia
É definida como a placenta que se implanta total ou parcialmente no segmento inferior do útero. Ela
pode ser classificada de três maneiras, de acordo com sua posição em relação ao colo do útero:
- Baixa: está localizada próxima ao colo do útero, sem atingi-lo;
- Marginal: atinge o orifício interno do colo do útero, sem recobri-lo;
- Completa ou centro-total: recobre totalmente o orifício interno do colo do útero.

A placenta prévia ocorre em 1 a cada 200 gestações que chegam ao terceiro trimestre, porém é um
achado ultrassonográfico frequente em exames realizados entre 16 e 20 semanas de gestação. Contudo,
até 90% desses achados normalizarão até o termo, devido à teoria da “migração” placentária. Isso ocorre
devido à combinação entre o crescimento placentário em direção ao fundo uterino, que é mais bem
vascularizado, com a degeneração das vilosidades periféricas que receberão menor suprimento
sanguíneo, conferindo uma implantação placentária adequada.
O principal fator de risco para placenta prévia é a cicatriz uterina anterior e as intervenções uterinas
prévias, como a miomectomia e a curetagem, tendo como fatores associados a multiparidade, idade
materna avançada, tabagismo e gemelaridade.
A placenta com implantação anormal tem maior probabilidade de estar aderida anormalmente ao útero,
ou seja, de ser placenta acreta, o que também amplia de forma exponencial o risco de hemorragias graves
e outras complicações associadas, podendo a gestante necessitar uma histerectomia.
A morbidade materna da placenta prévia é decorrente, principalmente, da hemorragia que ela provoca.
A morbidade aumentada também está relacionada às complicações operatórias do parto, complicações
anestésicas, necessidade de transfusão e infecções.
Na suspeita de acretismo placentário, na preparação para o parto deve-se sempre fazer um ecodoppler
obstétrico. Considerar a possibilidade de invasão de estruturas adjacentes (bexiga e intestino) em caso
de placenta percreta, com grande perda sanguínea, que é indicação de histerectomia.

Diagnóstico Clínico: o sangramento na placenta prévia caracteriza-se por ser indolor, no segundo ou
terceiro trimestre. Geralmente ocorre em pequena quantidade e é autolimitado, não levando a uma
espoliação materna significativa. Nas placentas prévias marginais, muitas vezes o sangramento não se
apresenta até o momento do parto. Algumas gestantes, principalmente, as com placenta prévia centro-
totais, podem apresentar um sangramento entre a 26ª e 28ª semana de gestação, chamado de
sangramento sentinela. Nestas, o sangramento é intermitente e abundante, de coloração vermelho vivo,
com necessidade de internações e transfusões frequentes. Na presença de acretismo, é comum não
haver sangramento até o parto. Pode haver contrações uterinas, mas não há aumento dos tônus entre as
contrações.

Exame Físico: deve ser iniciado pela aferição dos sinais vitais da gestante. Em seguida, inicia-se o
exame obstétrico cuidadoso com palpação abdominal (frequente achado de apresentação anômala),
medida de altura uterina, ausculta dos batimentos cardíacos fetais. O exame especular deve ser realizado
de maneira cuidadosa para evidenciar a origem e a quantidade do sangramento. O exame de toque nunca
deve ser realizado na suspeita de inserção baixa de placenta, até que se tenha conhecimento da exata
localização placentária.

Conduta: no pré-natal recomenda-se que a gestante com placenta prévia seja encaminhada a um
centro de referência, dependendo da quantidade do sangramento e condição hemodinâmica materna e
idade gestacional.
Essa gestante deve ser orientada a não ter relações sexuais. O uso de corticoterapia deve ser
considerado para aceleração da maturidade pulmonar. O uso de suplementação de ferro no pré-natal é
indicado para evitar anemia, com constante monitoração dos níveis de hematócrito e hemoglobina.

Descolamento Prematuro de Placenta - DPP


É definido como a separação da placenta da parede uterina antes do parto. Essa separação pode ser
parcial ou total e é classificada em três graus, levando em conta os achados clínicos e laboratoriais, de
acordo com classificação de Sher:
Grau 1: Sangramento genital discreto sem hipertonia uterina significativa. Vitalidade fetal preservada.
Sem repercussões hemodinâmicas e coagulopatia. Geralmente diagnosticado no pós-parto com a
identificação do coágulo retroplacentário.
Grau 2: Sangramento genital moderado e contrações tetânicas. Presença de taquicardia materna e
alterações posturais da pressão arterial. Alterações iniciais da coagulação com queda dos níveis de

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fibrinogênio. Batimentos cardíacos fetais presentes, porém, com sinais de comprometimento de
vitalidade.
Grau 3: Sangramento genital importante com hipertonia uterina. Hipotensão arterial materna e óbito
fetal.
Grau 3A: Sem coagulopatia instalada.
Grau 3B: Com coagulopatia instalada.

Pode ocorrer hipertonia uterina com sangramento oculto, uma vez que a instabilidade hemodinâmica
pode ocorrer mesmo sem a exteriorização do sangramento.
O DPP ocorre em aproximadamente 1 a 2% das gestações. É das piores complicações obstétricas,
com aumento muito importante da morbimortalidade materna, por maior incidência de hemorragia, de
anemias, coagulopatias, hemotransfusões, cesárea, histerectomia e até morte materna; podem ocorrer
ainda complicações perinatais, como prematuridade, restrição de crescimento fetal, baixo peso ao nascer,
sofrimento fetal e óbito perinatal. O DPP é descrito como a principal causa de óbito perinatal.

Principais fatores de risco para o DPP:


- Hipertensão (hipertensão gestacional, hipertensão preexistente);
- Rotura prematura de membranas ovulares;
- Cesariana prévia;
- Tabagismo;
- Idade materna avançada;
- Uso de drogas (álcool, cocaína e crack);
- Condições que causem sobredistensão uterina (polihidrâmnio, gestação gemelar);
- Trauma (automobilístico, trauma abdominal direto);
- DPP em gestação anterior;
- Amniocentese, cordocentese.

A hipertensão é responsável por até 50% dos casos de DPP não traumáticos.
Tanto a pré-eclâmpsia quanto a hipertensão arterial crônica são fatores de risco importantes para o
DPP.

OBS.: a ausência de hipertensão no momento da chegada não exclui a etiologia hipertensiva, já que
a gestante pode estar chocada. Os procedimentos relacionados à estabilização de uma gestante com
distúrbios hipertensivos devem ser considerados (como por exemplo o sulfato de magnésio).

O acidente automobilístico é a maior causa de DPP relacionada ao trauma. O descolamento pode


ocorrer pela desaceleração ou por trauma direto ao abdome. Esse diagnóstico muitas vezes é
subestimado devido ao não uso de monitoração fetal em gestantes vítimas de traumas. A monitoração
fetal rotineira nessas gestantes diminuiria o número de perdas fetais decorrentes de trauma
automobilístico.

Quadro Clínico: dor abdominal associada ou não a sangramento vaginal. A dor varia de leve
desconforto até dor intensa, associada a aumento dos tônus uterino, que pode se manifestar em graus
variados, desde uma taquissistolia até hipertonia. Em casos de placenta de inserção posterior, a dor é
lombar. Na gestante em trabalho de parto, há persistência da dor entre as contrações.
O sangramento no DPP pode se manifestar das seguintes maneiras:
- Hemorragia exteriorizada;
- Hemoâmnio;
- Sangramento retroplacentário.

Até 20% dos sangramentos no DPP são ocultos, com formação de coágulo retroplacentário e infiltração
sanguínea intramiometrial. Esse sangramento é responsável pela apoplexia uteroplacentária ou “útero de
Couvelaire” que ocasiona déficit contrátil, sendo importante causa de hemorragia pós-parto.
A coagulopatia pode estar presente no momento do diagnóstico. Esta pode se instalar devido ao
consumo dos fatores de coagulação pelo coágulo retroplacentário e pela coagulação intravascular
disseminada, pela liberação de tromboplastina na circulação materna devido ao descolamento
placentário.
A quantidade do sangramento exteriorizado pode não refletir a exata perda sanguínea. Sangramento
de coloração escurecida pode refletir a presença de formação de coágulo retroplacentário.

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O sangramento que se inicia na rotura das membranas deve ser diferenciado da rotura de vasa prévia.
Ao investigar a história, deve-se pesquisar antecedentes de hipertensão, ocorrência de trauma
(incluindo violência física), abuso de drogas ou álcool e a presença de outros fatores de risco associados.

Exame Físico: o primeiro passo deve ser a aferição de sinais vitais com medidas iniciais das manobras
de ressuscitação em suspeita de DPP, como verificar se as vias aéreas estão pérvias, checar respiração
e circulação (dois acessos venosos calibrosos com 1.000ml de solução cristaloide correndo em cada um
deles à velocidade inicial de 500ml nos primeiros 10 minutos e manutenção de infusão de 250ml/hora).
A gestante apresenta mais tardiamente sinais de instabilidade circulatória, e essa inicialmente se
manifesta com alterações posturais da pressão e/ou taquicardia. Quando estão presentes sinais e
sintomas de choque, isso significa perda de até 30% da volemia.
No exame obstétrico, deve-se realizar a palpação uterina observando a apresentação fetal e se o tônus
uterino está aumentado. Fazer medida de altura uterina e ausculta dos batimentos cardíacos fetais
(monitoração fetal contínua). Na monitoração fetal é frequente o achado de padrão não tranquilizador.
O diagnóstico de DPP é clínico. A ultrassonografia, ao contrário da placenta prévia, tem um papel muito
limitado nessa condição. No DPP agudo, muitas vezes o coágulo retro placentário pode não ser visível.
A ultrassonografia pode ser realizada em casos onde há estabilidade hemodinâmica materna e vitalidade
fetal preservada, e quando há dúvida sobre a localização placentária, e apresentação fetal, assim como
para estimativa de peso do feto.
Os achados ultrassonográficos, se presentes, são: presença de coágulo retro placentário,
espessamento anormal da placenta e bordo placentário sem continuidade (borda “rasgada”).

Exames Laboratoriais: devem ser solicitados para a gestante com diagnóstico de DPP.
- Hemograma com contagem de plaquetas;
- Tipagem sanguínea ABO Rh;
- Coagulograma;
- Exames de rotina para doença hipertensiva se apropriado.

Conduta:
No grau 1, o diagnóstico geralmente é feito no pós-parto, portanto, não houve repercussões maternas
ou fetais.
No grau 2, o parto vaginal é possível se iminente, desde que a vitalidade fetal esteja preservada e não
haja comprometimento hemodinâmico materno. O trabalho de parto deve estar em franco progresso. A
amniotomia deve ser realizada assim que possível, pois irá diminuir a pressão intrauterina com o
escoamento do líquido amniótico, diminuindo tanto o sangramento do leito placentário quanto a passagem
para a circulação materna de tromboplastina.
Deve ser monitorado o estado hemodinâmico da gestante com manutenção adequada de reposição
volêmica e de sangue e derivados se necessário. O débito urinário deve ser monitorado e mantido em
30ml/hora e o hematócrito acompanhado e mantido acima de 30%. Se a evolução do trabalho de parto
não for rápida e favorável, se houver instabilidade materna ou sofrimento fetal, a cesárea deve ser
realizada imediatamente.
Em caso do feto morto, Grau 3, o parto vaginal é aconselhável. Deve-se adotar os mesmos cuidados
de monitoração materna do ponto de vista hemodinâmico e do estado de coagulação. Apesar da
hipertonia uterina, em alguns casos de DPP maciço o útero pode se tornar hipotônico, sendo necessário
o uso de ocitocina. Essa deve ser usada com critério e constante monitoração.
Antes de realizar a cesárea, onde houver possibilidade, deve ser feita transfusão de concentrado de
glóbulos, reposição de plaquetas e plasma fresco congelado.

Rotura Uterina
É uma complicação muito grave em obstetrícia sendo uma importante causa de morbimortalidade
materna. A rotura uterina é classificada em:
- Completa: há a total rotura da parede uterina. É uma urgência obstétrica, levando a risco de vida
tanto da mãe quanto do feto.
- Incompleta: o peritônio parietal permanece intacto. Geralmente não é complicada, podendo
permanecer assintomática após um parto vaginal.

A incidência varia muito dependendo do país, podendo variar de 1 a cada 585 partos a 1 a cada 6.673
partos.

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O maior fator de risco para rotura é a presença de cicatriz uterina e o antecedente de cesariana é o
principal delas. Outras causas possíveis são antecedentes de: curetagem uterina com perfuração,
miomectomia, acretismo placentário, trauma abdominal, anomalias uterinas, hiperdistensão uterina, uso
inapropriado de ocitocina.
O tipo de incisão da cesárea prévia também deve ser considerado. A incisão corporal apresenta um
risco maior de rotura em comparação com a segmentar transversa, com piores prognósticos materno e
perinatal. O risco de rotura após uma cesárea com incisão corporal é de 4-9% enquanto após uma com
incisão segmentar transversa é de 0,2-1,5%.
Paradoxalmente, o risco de rotura uterina na gestante com uma cesariana prévia durante o trabalho
de parto é de 1% e quando essa gestante apresenta um parto vaginal anterior à cesariana esse risco é
ainda menor. Por esse motivo, não há evidências que suportem a realização de cesárea eletiva em
gestantes com uma cesárea anterior. Os riscos da segunda cesariana suplantam os riscos da rotura
durante o trabalho de parto.
As gestantes que possuem duas ou mais cesáreas prévias têm um risco de rotura uterina que em
alguns estudos foi semelhante e em outros foram duas vezes maior quando comparadas às mulheres
com uma cesariana prévia. O risco absoluto de rotura ainda é baixo (em torno de 2%).
É importante ressaltar que os riscos cirúrgicos de uma cesárea após duas ou mais cesáreas, como
sangramentos excessivos, aderências, lesões de bexiga ou intestinos e até histerectomias são
significativos e devem ser considerados quando se avaliam riscos e benefícios de se tentar uma prova de
trabalho de parto ou se indica um procedimento de repetição. As chances de sucesso de se conseguir
um parto normal são semelhantes após uma ou mais cesáreas.
O uso de ocitocina para condução do trabalho de parto não aumenta o risco de rotura quando
comparado ao trabalho de parto espontâneo. Porém, vale ressaltar que esse uso deve ser criterioso e
monitorado como em todo trabalho de parto conduzido com ocitócicos. Já o uso de prostaglandinas para
amadurecimento cervical não é recomendado em presença de cesárea anterior, devido ao aumento do
risco de rotura uterina.
A rotura uterina pode cursar também com lesão vesical, o que ocorre em 0,1% dos casos.

Quadro Clínico: a rotura uterina pode ocorrer no pré-parto, intraparto e pós-parto. O trauma abdominal
é uma importante causa de rotura uterina pré-parto, podendo ser um achado intra-operatório de uma
cesárea eletiva.
No intraparto, quando a rotura é mais frequente, o achado mais característico é a perda súbita dos
batimentos cardíacos fetais. A gestante pode ou não apresentar sangramento vaginal, sinais e sintomas
de choque hipovolêmico, com taquicardia importante e hipotensão, e parada das contrações após dor
forte. Na palpação abdominal, as partes fetais são facilmente palpadas no abdome materno e, ao toque
vaginal, há a subida da apresentação.
A rotura uterina é causa de hemorragia pós-parto e deve ser prontamente identificada e tratada
cirurgicamente.

Conduta: em primeiro lugar deve-se conseguir a estabilidade hemodinâmica da gestante iniciando o


ABC da reanimação: vias aéreas pérvias, respiração - fornecer O2 em máscara a 10l/min ou cateter a
5l/min, puncionar dois acessos venosos calibrosos infundindo 1.000ml de solução cristaloide em cada
acesso na velocidade inicial de 500ml nos primeiros 10 minutos e manter com a velocidade de infusão de
250ml/hora.
Deve ser realizada laparotomia imediatamente com anestesia geral para não agravar ainda mais a
hipotensão. Nos casos mais graves, na abertura da cavidade o feto é encontrado total ou parcialmente
localizado no abdome materno juntamente com a placenta. Nesses casos o prognóstico fetal é muito ruim,
sendo causa importante de óbito perinatal.
Em casos de acretismo placentário, é frequente a observação do local da rotura junto à implantação
placentária, mostrando uma relação entre o acretismo e a rotura uterina. Nesses casos, o uso da
ultrassonografia endovaginal é útil para a medida da espessura da parede uterina, e a ressonância
magnética poderá confirmar o diagnóstico de acretismo.
Em geral é necessário realizar histerectomia para tratar a rotura uterina, pois ocorrem lesões
vasculares, com dificuldade de conservação do útero.

Vasa Prévia
É definida como sangramento dos vasos sanguíneos fetais que atravessam as membranas amnióticas
passando pelo orifício interno do colo. Está associada à inserção anormal dos vasos fetais dentro das
membranas. É uma causa rara de hemorragia, ocorrendo geralmente em gestantes com implantação

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baixa da placenta e inserção velamentosa de cordão. A perda sanguínea é de origem fetal, fato este que
mostra a urgência do seu diagnóstico. As taxas de mortalidade fetal são altas, ao redor de 50%.
O sangramento tem início no momento da rotura das membranas. O diagnóstico pré-parto é difícil,
podendo ser percebido por intermédio do toque vaginal e pela amnioscopia (com a visualização dos vasos
sanguíneos atravessando as membranas pelo orifício interno do colo). A USG com Doppler colorido pode
detectar a vasa prévia no ante parto e deve ser considerada em gestantes de alto risco (placenta prévia,
inserção velamentosa de cordão).
Muitas vezes o diagnóstico intraparto também é muito difícil. São descritos testes em que é feita a
detecção de hemácias fetais no sangue exteriorizado (Apt-Test e coloração de Wright) mas, na maioria
das vezes, não há tempo para a realização desses testes pois é frequente a deterioração dos batimentos
cardíacos fetais no momento da rotura. Nesse caso, a cesariana de urgência está indicada.

Óbito Fetal

Definição: a Organização Mundial da Saúde considera como óbito fetal aquele ocorrido em qualquer
momento da gravidez, independentemente de sua localização, incluindo abortos e gestações
extrauterinas, ovo morto ou retido, aborto retido de primeiro ou segundo trimestre e também o feto morto
no terceiro trimestre, até o final da gestação.

Entretanto, na prática médica, o problema mais difícil a ser resolvido é o da morte fetal, que ocorre
após 13 semanas e, mais ainda, a partir das 20-22 semanas de gravidez, para diferenciá-la claramente
da definição do aborto. A morte fetal ocorre aproximadamente em seis casos de cada 1.000 nascidos
vivos. Morte fetal com feto retido é menos frequente e muito variável, entretanto, pode chegar até 1% das
gestações.
Em qualquer uma das causas de morte fetal intra útero, quando a expulsão do feto não ocorre
espontaneamente, está indicada a indução do parto ou aborto, de acordo com a idade gestacional.
Quando houver diagnóstico da morte fetal, confirmado pela ultrassonografia, as mulheres necessitam
de tempo para as decisões a serem tomadas, à exceção das complicações, tais como o descolamento
prematuro de placenta ou a hipertensão arterial grave. As mulheres devem estar cientes quanto às opções
disponíveis, para considerá-las e poder decidir o que querem.

Diagnóstico Clínico
- Parada de movimentação fetal;
- Diminuição do peso corporal materno;
- Interrupção do crescimento uterino;
- Redução da quantidade de líquido amniótico à palpação;
- Ausência de batimentos cardíacos fetais;
- Redução dos sinais e sintomas gravídicos, acompanhada ou não da apojadura.

Diagnóstico Ultrassonográfico
- Ausência de movimentação fetal associada à ausência de batimento cardíaco fetal;
- Na dependência do tempo do óbito, podem ainda estar presentes alterações indicativas de redução
do líquido amniótico e alterações estruturais fetais.

Após a Expulsão
- Exame radiológico de todo o esqueleto do natimorto;
- Necrópsia;
- Histopatológico de placenta;
- Estudo citogenético do natimorto (por meio de fragmento de placenta e/ou de pele);
- Bacterioscopia e cultura de membranas placentárias e orofaringe do natimorto.

Indução do Parto
A indução é um aspecto comum na prática obstétrica e apresenta uma frequência de quase 15%. Nos
casos de óbito fetal intrauterino, a indução do trabalho de parto com colo uterino favorável não é difícil,
mas as dificuldades aumentam quando o colo não é favorável (apresenta um escore de Bishop <6). Maior
possibilidade de falha de indução e maior índice de cesáreas estão associados à indução do trabalho de
parto de gestantes com colo desfavorável.
Com o surgimento das prostaglandinas, este problema diminuiu. As prostaglandinas, principalmente
quando são aplicadas localmente, são mais efetivas que a ocitocina ou a amniotomia para superar os

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obstáculos de um colo desfavorável e propiciar o parto vaginal. Portanto, o uso de misoprostol se torna
cada vez mais frequente, pois ao facilitar o início do trabalho de parto, vem reduzindo as taxas de
cesariana.

Misoprostol
O misoprostol é uma prostaglandina indicada em todos os casos de óbito fetal, com feto morto e retido
em qualquer idade gestacional, sempre que não haja contraindicação de parto vaginal ou do uso de
misoprostol.
Apesar de ser indicado em qualquer idade gestacional, é particularmente útil no segundo trimestre de
gestação, quando a estimulação do útero oferece mais problemas, pela baixa sensibilidade do miométrio
à ocitocina, pela dificuldade técnica e pelo alto risco com o uso de métodos cirúrgicos.
Considerando que o parto ou aborto ocorrem espontaneamente dentro das três semanas seguintes ao
óbito fetal, a opção de esperar esse prazo deve ser oferecida às mulheres e utiliza-se o misoprostol
somente para aquelas que solicitam uma conduta ativa.

Procedimentos para a Indução:


1. Confirmar a morte fetal;
2. Explicar o problema à gestante e à família, valorizando sua decisão;
3. Verificar a contagem de plaquetas e os fatores de coagulação;
4. Avaliar as características do colo uterino.
A forma de aplicação mais recomendada é por via vaginal. Por outro lado, é fundamental recordar que
a sensibilidade uterina ao misoprostol aumenta com a idade gestacional e, portanto, a dose deve ser
menor quanto mais avançada a gestação.

Contraindicações para induzir o parto, em caso de morte fetal com feto retido, estão as
seguintes:
- Obstrução do canal de parto;
- Placenta prévia (central, total ou parcial);
- Carcinoma cérvico-uterino.

Contraindicações ao Misoprostol:
- Cicatriz uterina prévia;
- Cesárea anterior;
- Hepatopatias graves;
- Coagulopatias.
Apesar de alguns autores discordarem, a contraindicação mais importante para o uso dessa
medicação é a cesárea anterior, devido ao risco iminente de rotura uterina que ocorre aproximadamente
em 5% das mulheres com gestação a termo e cicatriz uterina prévia.

Interrupção Médica da Gestação (IMG)

A interrupção médica da gestação é o termo aplicado à situação em que é necessário antecipar o fim
do ciclo gestacional por indicação materna ou fetal. O termo aborto ou abortamento é utilizado de maneira
indiscriminada, mas, por possuir forte estigma sociocultural, deve ser utilizado apenas se esse processo
ocorrer antes da 22ª semana de gestação e com peso menor de 500 gramas. Assim sendo, nas situações
discutidas abaixo, o termo interrupção médica da gestação (IMG) será utilizado.
O Código Penal Brasileiro (CPB) prevê no artigo 128 que há excludente de culpabilidade no aborto
quando for praticado nos casos em que “não há outro meio de salvar a vida da gestante” - inciso I e nos
casos em que “a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou,
quando incapaz, de seu representante legal” - inciso II.
O inciso I, na redação contida no CPB, restringe a IMG a 22 semanas, dentro da definição médico-
legal de aborto. No entanto, a IMG pode ser realizada em qualquer fase da gestação e não somente antes
de 22 semanas, e então o termo aborto passa a ser inadequado do ponto de vista técnico após este
período. Há que se levar em consideração a viabilidade fetal. Onde há centros de terapia intensiva
neonatal avançada, a viabilidade fetal pode estar próxima de 26 a 28 semanas. Portanto, ao se discutir a
IMG por indicação materna, a sobrevida fetal deve ser discutida com os pais, após discussão com equipe
interdisciplinar.
A obstetrícia moderna, em particular a gestação de alto risco, enfrenta esta situação cotidianamente.
Como exemplos temos a pré-eclâmpsia grave, longe do termo com comprometimento materno e a rotura

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prematura pré-termo de membranas antes de 24 semanas. Em ambas as situações há risco de vida: na
primeira situação o risco materno é mais imediato e na segunda situação este risco é potencial, porém
real. Esta balança nem sempre precisa estar entre a segurança materna e a viabilidade fetal, depende de
uma equipe muito bem preparada e da disponibilidade de recursos de materiais adequados. Portanto,
situações extremas devem ser atendidas em centros terciários onde há equipe multidisciplinar e recursos.
A gestação de fetos portadores de anomalias letais pode colocar em risco a segurança materna, risco
este potencial e futuro e de magnitude obviamente variável e individual. Não há sentido, e ainda, há dolo
potencial em se prolongar a gestação de feto anencéfalo, por exemplo, em uma mulher portadora de
cardiopatia grave ou de pré-eclâmpsia grave, ou ainda em se proceder a inibição de trabalho de parto
prematuro nesta situação, ou em se permitir a continuidade da gestação em mulher com acretismo
placentário. O tratamento oncológico durante a gestação pode ser indicação de IMG. Em que pese o
cumprimento da ordem jurídica vigente, a segurança materna deve ser garantida.
Em todas estas situações, a IMG deve seguir os preceitos éticos e jurídicos estabelecidos pelo Código
de Ética Médica e pela Constituição Federal. Assim sendo, decisões relacionadas à IMG em qualquer
situação devem ser discutidas por mais de um médico obstetra assistente, pelo especialista clínico, pelo
anestesista, pelo pediatra e pelo diretor clínico da instituição onde a mulher está sendo assistida. Em
algumas situações, o próprio procedimento pode acarretar risco. A viabilidade ou inviabilidade fetal deve
ser avaliada pelo pediatra ou neonatologista do serviço e este deve fornecer estas informações à mulher.
A depender da situação, o cardiologista, o nefrologista, o intensivista, o hematologista, o cirurgião, o
oncologista ou quaisquer outros especialistas pertinentes devem ser envolvidos na discussão. A
assistência psicológica, se disponível, deve ser oferecida à gestante e seu companheiro, se o tiver,
durante todo o processo de aconselhamento e decisão.
Finalmente, é necessária a elaboração de Termo de Consentimento Informado e Esclarecido, peça
fundamental para qualquer processo de IMG. Este Termo deve conter em linguagem clara, precisa e
informativa a descrição da situação clínica, das inter-relações entre doença materna e gestação, dos
efeitos de determinado tratamento e dos riscos e benefícios da IMG. Deve ser sempre assinado por dois
ou mais médicos obstetras diretamente envolvidos e pelos especialistas necessários para a elucidação
do diagnóstico ou realização do tratamento. A mulher e o marido, ou o responsável legal em casos de
incapazes juridicamente (menores de idade, interditos) devem ler e assinar o Termo de Consentimento.
Este Termo deve ser arquivado no prontuário hospitalar.

Diabetes

O diabetes mellitus é uma doença metabólica crônica, caracterizada por hiperglicemia.


É responsável por índices elevados de morbimortalidade perinatal, especialmente macrossomia fetal
e malformações fetais.

O diabetes mellitus associado à gravidez pode ser classificado como:


- Diabetes gestacional (diagnosticado durante a gravidez);
- Diabetes pré-gestacional (diabetes prévio à gravidez: tipo 1, tipo 2 ou outros).

Diabetes Pré-Gestacional
O diabetes pré-gestacional representa 10% das gestantes com diabetes na gravidez e requer manejo
adequado antes mesmo da mulher engravidar.
No nível da atenção básica, as equipes devem estar atentas para com as mulheres diabéticas que
planejam engravidar, já que estas devem ser referenciadas para centros de atenção secundária ou
terciária visando: compensação metabólica, preconcepção; avaliação da presença de complicações
crônicas da doença; e orientação especializada para a prevenção de malformações fetais, incluindo o uso
rotineiro de ácido fólico. É importante que essas mulheres engravidem com níveis glicêmicos adequados,
com o objetivo de prevenir as malformações fetais associadas à hiperglicemia periconcepcional e as
demais complicações maternas e fetais associadas à gravidez.
Quanto mais descompensado estiver o controle glicêmico destas mulheres no momento da concepção,
maior o risco de abortamento e de malformações do concepto.
Mulheres com diabetes que engravidaram sem esse planejamento também devem ser encaminhadas
a serviço especializado prontamente.
Diabéticas com nefropatia ou vasculopatia devem ser orientadas a não engravidar.
O diabetes pré-gestacional pode ser do tipo 1 ou 2, sendo que na maioria dos casos na gestação são
do tipo 2, caracterizado por surgir em idades mais tardias, com resistência periférica à insulina, deficiência
relativa de insulina, obesidade e desenvolvimento de complicações vasculares, renais e neuropáticas. O

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diabetes tipo 1, anteriormente conhecido como diabetes juvenil, menos comum, caracteriza-se por surgir
em idades mais precoces e por um processo autoimune que destrói as células β do pâncreas, levando à
necessidade de insulinoterapia.

Diabetes Gestacional
O diabetes gestacional é definido como a “intolerância aos carboidratos, de graus variados de
intensidade, diagnosticada pela primeira vez durante a gestação, podendo ou não persistir após o parto”.
No Brasil, a prevalência do diabetes gestacional em mulheres com mais de 20 anos, atendidas no Sistema
Único de Saúde, é de 7,6% (IC95% 6,9-8,4 - critério da Organização Mundial da Saúde), 94% dos casos
apresentando apenas tolerância diminuída à glicose e seis apresentando hiperglicemia no nível de
diabetes fora da gravidez.
Mulheres que apresentam diabetes gestacional devem ser encaminhadas para centros de atenção
secundária. As gestantes com diagnóstico de diabetes pré-gestacional devem ser manejadas em centros
de assistência terciária por equipe multidisciplinar composta por médico obstetra, endocrinologista,
nutricionista, enfermeira obstetra e outros profissionais, dependendo da necessidade e gravidade do
caso. As gestantes diabéticas em acompanhamento em centros de atenção secundária ou terciária
poderão também ser acompanhadas pelas equipes de atenção básica visando maior controle e aderência
aos tratamentos preconizados nos níveis de maior complexidade.

Rastreamento e Diagnóstico
Embora não exista consenso sobre qual método é o mais eficaz para rastreamento e diagnóstico do
diabetes gestacional, as recomendações a seguir oferecem uma alternativa efetiva para tal. O
rastreamento deve ser iniciado pela anamnese para a identificação dos fatores de risco:
- Idade igual ou superior a 35 anos;
- Índice de massa corporal (IMC) >25kg/m2 (sobrepeso e obesidade);
- Antecedente pessoal de diabetes gestacional;
- Antecedente familiar de diabetes mellitus (parentes de primeiro grau);
- Macrossomia ou polihidrâmnio em gestação anterior;
- Óbito fetal sem causa aparente em gestação anterior;
- Malformação fetal em gestação anterior;
- Uso de drogas hiperglicemiantes (corticoides, diuréticos tiazídicos);
- Síndrome dos ovários policísticos;
- Hipertensão arterial crônica.

Na gravidez atual, em qualquer momento:


- Ganho excessivo de peso;
- Suspeita clínica ou ultrassonográfica de crescimento fetal excessivo ou polihidrâmnio.

Todas as gestantes, independentemente de apresentarem fator de risco, devem realizar uma dosagem
de glicemia no início da gravidez, antes de 20 semanas, ou tão logo seja possível. O rastreamento é
considerado positivo nas gestantes com nível de glicose plasmática de jejum igual ou superior a 85mg/dL
e/ou na presença de qualquer fator de risco para o diabetes gestacional. Na ausência de fatores de risco
e glicemia de jejum ≤ 85mg/dL, considera-se rastreamento negativo e deve-se repetir a glicemia de jejum
entre a 24ª e 28ª semanas de gestação.
Duas glicemias plasmáticas de jejum ≥ 126mg/dL confirmam o diagnóstico de diabetes gestacional,
sem necessidade de teste de tolerância.
As gestantes com rastreamento positivo, ou seja, com glicemia plasmática de jejum maior ou igual a
85mg/dL até 125mg/dL e/ou com qualquer fator de risco devem ser submetidas à confirmação diagnóstica
com teste oral de tolerância à glicose após ingestão de 75g de glicose anidra em 250-300ml de água,
depois de um período de jejum entre 8-14 horas (TOTG 75g 2h). A glicose plasmática é determinada em
jejum, após 1 hora e após 2 horas. Nesta curva, os pontos de corte são >95, 180 e 155, respectivamente,
os achados de dois valores alterados confirmam o diagnóstico. Um único valor alterado indica a repetição
do TOTG 75g 2h na 34ª semana de gestação.
Recomenda-se ainda a dosagem de hemoglobina glicada nos casos de diabetes e gestação, devido à
sua associação, quando aumentada, com malformações.

Controle Obstétrico e Avaliação Fetal


A frequência do controle obstétrico depende do grau de comprometimento materno e/ou fetal. Mulheres
com diagnóstico de diabetes gestacional podem inicialmente ser monitoradas a cada duas semanas.

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Naquelas com diabetes pré-gestacional pode-se realizar um controle semanal ou a cada duas semanas
conforme a evolução clínica. A partir das 36 semanas, o controle deve ser ao menos semanal. O aumento
na incidência de alterações hipertensivas na gestação com diabetes deve promover cuidados específicos
para sua identificação e manejo.

Rubéola

O vírus da rubéola apresenta elevada toxicidade para tecidos embrionários, notadamente no início da
embriogênese, causando a viremia materna que pode acarretar aborto, natimortalidade e infecção da
placenta e ocasionando infecção embrionária persistente que pode causar a síndrome da rubéola
congênita (glaucoma, catarata congênita, cardiopatia congênita, surdez central ou coclear, cegueira,
microftalmia e retardo mental). Entretanto, existe a possibilidade tanto de acometimento isolado de órgãos
(não configurando a síndrome completa) como de síndrome de rubéola congênita ampliada (entre outras
alterações, miocardite, hepatite, púrpura, alterações ósseas, retardo de crescimento intrauterino e óbito).

Laboratorial
A dosagem da IgM antivírus da rubéola, aferida pelo método Elisa, confirma o diagnóstico da fase
aguda da rubéola. Caso a coleta do sangue tenha ocorrido até 4 dias após o início do exantema com
resultado laboratorial não reagente para o anticorpo IgM, uma segunda coleta deve ser realizada entre
20 a 30 dias após a data da primeira coleta. A IgM passa a ser detectável por tempo variável no soro
materno, mas seu pico é em torno da 2ª semana após o exantema.
Na segunda coleta de sangue os títulos de IgG servirão para encerrar adequadamente o caso. Para a
confirmação do caso de rubéola, os títulos de IgG deverão ser avaliados e apenas quando ocorrer a soro
conversão do mesmo, em amostras pareadas, é que a rubéola será confirmada.

Conduta
Caso existam dúvidas em relação à imunidade da rubéola na gestante e a mesma não apresente
caderneta de vacinação confirmando o recebimento da vacina (tríplice viral ou dupla viral) ou exames
sorológicos anteriores com a informação da presença de IgG para rubéola, solicitar nova dosagem de
IgG, avaliando o resultado como segue:
Gestante IgG (+): a gestante com IgG antivírus da rubéola positivo significa contato prévio com esse
vírus. Nessa situação, o risco de transmissão vertical é mínimo.
Gestante IgG (-): a gestante com IgG antivírus da rubéola não reagente ou negativo indica que ela é
suscetível, ou seja, não entrou em contato com o vírus da rubéola. Portanto a mesma deverá ser vacinada
contra a rubéola (tríplice ou dupla viral) logo após o parto, preferencialmente ainda na maternidade.

Calendário de Vacinação - Gestante10

Disponibilização
das Vacinas
Vacinas Esquemas e recomendações Comentários Clínicas
Gratuitas
privadas de
nas UBS*
vacinação
Recomendadas
Histórico vacinal Conduta na • A dTpa está
gestação recomendada em
Tríplice bacteriana
Previamente Uma dose de todas as gestações,
acelular do tipo
vacinada, com dTpa a partir da pois além de
adulto
pelo menos três 20ª semana de proteger a gestante
(Difteria, tétano e
doses gestação, e evitar que SIM, SIM, dTpa e
Coqueluche) - dTpa
de vacina o mais ela transmita a dT e dTpa dTpa-VIP
ou dTpa-VIP
contendo o precocemente Bordetella
componente possível. pertussis ao recém-
Dupla adulto (difteria
tetânico. nascido, permite a
e tétano) - dT
Em gestantes Uma dose de dT transferência de
com vacinação e uma dose de anticorpos ao feto

10
https://sbim.org.br/images/calendarios/calend-sbim-gestante.pdf

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128
incompleta dTpa, sendo que protegendo-o nos
tendo recebido a dTpa primeiros meses de
uma dose de deve ser vida até́ que possa
vacina contendo aplicada a partir ser imunizado.
o componente da 20ª semana • Mulheres não
tetânico. de gestação, o vacinadas na
mais gestação devem
precocemente ser vacinadas no
possível. puerpério, o mais
Respeitar precocemente
intervalo possível.
mínimo de • Na falta de dTpa,
um mês entre pode ser
elas substituída por
Em gestantes Uma dose de dTpa-VIP, ficando a
com vacinação dTpa a partir da critério médico o
incompleta 20ª semana de uso off label
tendo recebido gestação, em gestantes.
duas doses de o mais
vacina contendo precocemente
o componente possível.
tetânico.
Em gestantes Duas doses de
não vacinadas dT e uma dose
e/ou histórico de dTpa, sendo
vacinal que a dTpa deve
desconhecido. ser aplicada a
partir da 20ª
semana de
gestação.
Respeitar
intervalo
mínimo de um
mês entre elas.
Três doses, no esquema 0 - 1 - 6 A vacina hepatite B
meses. é recomendada
Hepatite B para todas as SIM SIM
gestantes
suscetíveis
Dose única anual A gestante é grupo
de risco para as
complicações da
infecção pelo vírus
influenza. A vacina
está recomendada
nos meses da
sazonalidade do SIM, SIM,
Influenza (gripe)
vírus, mesmo no 3V 3V e 4V
primeiro trimestre
de gestação.
Desde que
disponível, a vacina
influenza 4V é
preferível à vacina
influenza 3V, por

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129
conferir maior
cobertura das
cepas circulantes.
Na impossibilidade
de uso da vacina
4V, utilizar a vacina
3V
Recomendadas em Situações Especiais
Duas doses, no esquema 0 - 6 É vacina inativada,
meses. portanto sem
contraindicação. Já
que no Brasil as
situações de risco
Hepatite A NÃO SIM
de exposição
ao VHA são
frequentes, a
vacinação deve ser
considerada.
Para menores de 16 anos: duas A vacina
doses, aos 0 - 6 meses. A partir de combinada é uma
16 anos: três doses, aos 0 - 1 - 6 opção e pode
Hepatite A e B NÃO SIM
meses substituir a
vacinação isolada
das hepatites A e B.
Esquema sequencial de VPC13 e • VPC13 e VPP23
VPP23 pode ser feito em gestantes são vacinas
de risco para doença pneumocócica inativadas,
Pneumocócicas NÃO SIM
invasiva (DPI) (consulte os portanto sem riscos
Calendários de vacinação SBIm teóricos para a
pacientes especiais). gestante e o feto.
Uma dose. Considerar seu uso • As vacinas
avaliando a situação epidemiológica meningocócicas
e/ou a presença de comorbidades conjugadas são
consideradas inativadas,
de risco para a doença portanto sem risco
meningocócica (consulte os teórico para a
Calendários de vacinação SBIm gestante e o feto.
Meningocócicas pacientes especiais) • Na
NÃO SIM
conjugadas indisponibilidade
da vacina
meningocócica
conjugada ACWY,
substituir pela
vacina
meningocócica
C conjugada.
Duas doses com intervalo de um a A vacina
dois meses. Considerar seu uso meningocócica B é
avaliando a situação epidemiológica inativada, portanto
e/ou a presença de comorbidades sem risco teórico
Meningocócica B consideradas de risco para a doença para a gestante e o NÃO SIM
meningocócica (consulte os feto.
Calendários
de vacinação SBIm pacientes
especiais)

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130
Normalmente contraindicada em • Gestantes que
gestantes. Porém, em situações em viajam para países
que o risco da infecção supera os que exigem o
riscos potenciais da vacinação, podeCertificado
ser feita durante a gravidez. Internacional de
Não há consenso sobre a duração Vacinação e
da proteção conferida pela vacina. Profilaxia
De acordo com o risco (CIVP) devem ser
epidemiológico, isentadas da
uma segunda dose pode ser vacinação pelo
considerada pela possibilidade de médico assistente,
falha vacinal se não houver risco
Febre amarela SIM SIM
de contrair a
infecção.
• É contraindicada
em nutrizes até
que o bebê
complete 6 meses;
se a vacinação não
puder ser evitada,
suspender o
aleitamento
materno por dez
dias.
Contraindicadas
• Pode ser aplicada SIM, para
Tríplice viral no puerpério e puérperas SIM,
(sarampo, Não vacinar na gestação. durante a de para
caxumba e rubéola) amamentação. até́ 49 puérperas
anos
Não vacinar na gestação. Se a • Pode ser aplicada
SIM,
mulher tiver iniciado esquema no puerpério e
HPV NÃO para
antes da gestação, suspendê-lo até durante a
puérperas
puerpério. amamentação
Não vacinar na gestação. • Pode ser aplicada
SIM,
no puerpério e
Varicela (catapora) NÃO para
durante a
puérperas
amamentação
Não vacinar na gestação. • A vacina é
contraindicada em
mulheres
Dengue soronegativas; que NÃO NÃO
estejam
amamentando e
imunodeprimidas.

Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) na Gestação

Considerando a existência de normas específicas do Ministério da Saúde, serão abordadas apenas as


mais relevantes na gravidez. Para mais informações sobre outras, como a infecção gonocócica, infecção
por clamídia, tricomoníase, candidíase e hepatite C, poderá ser consultado o Manual de Controle das
Doenças Sexualmente Transmissíveis - DST, PN-DST/AIDS - 4ª edição, 2006.

Sífilis
A sífilis é uma doença infecciosa sistêmica, de evolução crônica e causada pelo Treponema pallidum,
que pode produzir, as formas adquirida e congênita da doença.
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A sífilis é o exemplo de uma DST que pode ser controlada com sucesso por meio de ações e medidas
de programas de saúde pública em virtude da existência de testes diagnósticos sensíveis, tratamento
efetivo e de baixo custo. No entanto, continua sendo sério problema de saúde pública no Brasil.
O quadro clínico, o diagnóstico e o tratamento da sífilis na gestação não diferem do período não
gestacional.
O risco de acometimento fetal varia de 70 a 100%, dependendo da fase de infecção na gestante e do
trimestre da gestação. Essas considerações justificam a necessidade de testagem duas vezes na
gestação (primeira consulta e 3º trimestre) e no momento da internação hospitalar (seja para o parto ou
para a curetagem uterina por aborto). A realização do teste para sífilis (VDRL, RPR) no início do 3º
trimestre (28ª - 30ª semanas) permite o tratamento materno até 30 dias antes do parto, intervalo mínimo
necessário para que o recém-nascido seja considerado tratado intra-útero.
Parceiros sexuais devem ser tratados concomitantemente, caso contrário o recém-nato será
considerado caso de sífilis congênita.
As gestantes com história comprovada de alergia à penicilina (evento raro no caso da penicilina
benzatina) devem ser tratadas com eritromicina na forma de estearato, 500mg. V.O. de 6/6 horas, por 15
dias para a sífilis recente e por 30 dias para a sífilis tardia. O uso dessa droga exige estreita vigilância
não apenas pela menor eficácia, mas, também, porque o feto não deve ser considerado tratado.

Manifestações Clínicas

Sífilis Primária: caracteriza-se por ser uma lesão erosada ou ulcerada, conhecida como cancro duro
geralmente única, indolor, com bordos endurecidos, fundo liso e brilhante, com aparecimento entre 10 e
90 dias (média de 21) após o contato sexual infectante. Na mulher, geralmente aparece nos pequenos
lábios vaginais, paredes vaginais, colo uterino e anus, porém pode passar despercebida.

Sífilis Secundária: em geral manifesta-se entre seis e oito semanas após o desaparecimento
espontâneo do cancro duro. As manifestações mais comuns do secundarismo são: roséolas (exantema),
sifílides papulosas (pápulas cutâneas com localização nas superfícies palmo-plantares sugerem
fortemente o diagnóstico do secundarismo da sífilis), alopecia e condiloma plano (lesões pápulo-
hipertróficas nas regiões de dobras ou de atrito).

Sífilis Latente (Recente e Tardia): fase de duração variável em que não se observam sinais e/ou
sintomas. O diagnóstico é realizado exclusivamente por meio de testes sorológicos.

Sífilis Tardia: os sinais e sintomas surgem em um período variável após 3 a 12 anos, ou mais, do
contágio. As manifestações mais comuns são: tubérculos ou gomas (lesões cutaneomucosas),
comprometimento articular, aneurisma aórtico, tabes dorsalis e demência.

Diagnóstico
Os testes sorológicos podem ser não treponêmicos, como o VDRL e RPR, que são quantitativos
(expressos em títulos 1:2, 1:4 etc.) e utilizados para triagem e monitoramento da infecção. Os testes
treponêmicos são aglutinação passiva (TPHA ou MHA-TP), teste de imunofluorescência indireta (FTA-
Abs) e ensaio imunoenzimático (Elisa ou EIE). Estes testes são mais específicos e utilizados para
confirmar a infecção treponêmica.
No indivíduo infectado pelo T. pallidum, os anticorpos específicos podem permanecer detectáveis
indefinidamente pelos métodos treponêmicos, podendo significar uma infecção tratada anteriormente,
diferentemente dos métodos não treponêmicos, que tendem à negativação após o tratamento e por isso
são utilizados no seguimento.

Infecção pelo HIV


No Brasil, estima-se que 0,4% das gestantes sejam soropositivas para o HIV, o que se traduz em
aproximadamente 12.635 gestantes/parturientes portadoras do HIV/crianças expostas ao ano.
A maior parte dos casos de transmissão vertical do HIV (cerca de 65%) ocorre durante o trabalho de
parto e no parto propriamente dito, e os 35% restantes ocorrem intra-útero, principalmente nas últimas
semanas de gestação, havendo ainda o risco adicional de transmissão pós-parto por meio do aleitamento
materno apresentando riscos adicionais de transmissão, que se renovam a cada exposição da criança ao
peito, e situa-se entre 7% e 22%.

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A Patogênese da Transmissão Vertical do HIV está Relacionada a Múltiplos Fatores
Destacam-se:
a) Fatores virais, tais como a carga viral, o genótipo e o fenótipo viral;
b) Fatores maternos, incluindo estado clínico e imunológico, presença de DST e outras coinfecções,
estado nutricional e tempo de uso de antirretrovirais na gestação;
c) Fatores comportamentais, como uso de drogas e prática sexual desprotegida;
d) Fatores obstétricos, tais como a duração da rotura das membranas amnióticas, a via de parto e a
presença de hemorragia intraparto;
e) Fatores inerentes ao recém-nascido, como prematuridade e baixo peso ao nascer;
f) Fatores relacionados ao aleitamento materno.

A carga viral elevada e a rotura prolongada das membranas amnióticas são reconhecidas como os
principais fatores associados à transmissão vertical do HIV. A carga viral nas secreções cérvico-vaginais
e no leite materno tem-se mostrado um importante determinante de risco de transmissão intraparto e
através da amamentação.
A taxa de transmissão vertical do HIV, sem qualquer intervenção, situa-se em torno de 25,5%. No
entanto, diversos estudos publicados na literatura médica demonstram a redução da transmissão vertical
do HIV para níveis entre 1 e 2%, por meio de intervenções preventivas, tais como: o uso de antirretrovirais
combinados (promovendo a queda da carga viral materna para menos que 1.000 cópias/ml ao final da
gestação); o parto por cirurgia cesariana eletiva; o uso de quimioprofilaxia com o AZT na parturiente e no
recém-nascido; e a não amamentação.

Diagnóstico

Triagem Sorológica e Aconselhamento


É recomendada a realização do teste anti-HIV, com aconselhamento pré e pós teste e com
consentimento, para todas as gestantes na primeira consulta pré-natal, e a repetição da sorologia para
HIV no início do 3° trimestre, utilizando testes rápidos se necessário.
Para a realização do diagnóstico da infecção pelo HIV, os laboratórios públicos, privados e
conveniados do Sistema Único de Saúde (SUS) devem seguir a Portaria SVS/MS nº 151, de 14 Outubro
de 2009, adotando obrigatoriamente os procedimentos sequenciados do Fluxograma Mínimo para
Diagnóstico Laboratorial da Infecção pelo HIV em indivíduos com Idade Acima de 18 Meses.
A realização do diagnóstico da infecção pelo HIV no parto, com o uso de testes rápidos, possibilita a
adoção de medidas de profilaxia da transmissão vertical do HIV durante o trabalho de parto e parto, uma
vez que o resultado é obtido em menos de 30 minutos.
De acordo com a Portaria nº 151/SVS/MS, de 14 de outubro de 2009, para definição do diagnóstico da
infecção pelo HIV utilizando teste rápido, devem ser realizados dois testes rápidos de forma sequencial.
Caso o teste rápido 1 seja não reagente, a amostra será considerada “Amostra Não Reagente para
HIV”. Se o teste rápido 1 for reagente, realizar imediatamente o teste rápido 2 para a definição do
diagnóstico positivo para HIV. Na ocorrência de resultado reagente do teste rápido 1 e não reagente no
teste rápido 2, ou seja, resultados discordantes, uma nova amostra deverá ser colhida por punção venosa
e submetida ao diagnóstico laboratorial.
O diagnóstico da infecção pelo HIV deve ser definido e informado à puérpera antes da alta hospitalar.

Suspensão da Amamentação e Inibição da Lactação


A amamentação está associada a um risco adicional de transmissão do HIV de 7 a 22%, podendo
chegar a 29% nos casos de infecção aguda materna.
Portanto, toda mãe soropositiva para o HIV deverá ser orientada a não amamentar.
Ao mesmo tempo, ela deverá estar ciente de que, no Brasil, terá direito a receber fórmula láctea infantil,
pelo menos até o seu filho completar 6 meses de idade.
São terminantemente contraindicados o aleitamento cruzado (amamentação da criança por outra
nutriz), a alimentação mista (leite humano e fórmula infantil) e o uso de leite humano com pasteurização
domiciliar. Em situações especiais, pode ser utilizado leite humano pasteurizado, proveniente de Banco
de Leite credenciado pelo Ministério da Saúde, como é o caso de recém-nascidos pré-termo ou de baixo
peso.
Para informações sobre alternativas ao uso de fórmula infantil e a introdução de outros alimentos,
deve-se consultar o “Guia prático de preparo de alimentos para crianças menores de 12 meses que não
podem ser amamentadas” e o “Manual normativo para profissionais de saúde de maternidades -

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referência para mulheres que não podem amamentar”, do Ministério da Saúde, disponíveis na página
web www.aids.gov.br

Cuidados com o Recém-Nascido Exposto


A sequência de atividades recomendadas abaixo dependerá das condições de nascimento do recém-
nascido: Limpar, com compressas macias, todo sangue e secreções visíveis na superfície corporal do
RN, logo após o nascimento, e encaminhá-lo imediatamente para banho em água corrente. Está
contraindicado o primeiro banho em banheiras pediátricas.
Quando for necessária a realização de aspiração de vias aéreas do recém-nascido, deve-se proceder
delicadamente, evitando traumatismo em mucosas.
Iniciar a primeira dose do AZT solução oral, preferencialmente, ainda na sala de parto, logo após os
cuidados imediatos, ou nas primeiras 2 horas após o nascimento.
Dada a possibilidade de ocorrência de anemia no recém-nascido em uso de AZT, recomenda-se a
realização de hemograma completo, possibilitando avaliação prévia ao início da profilaxia e o
monitoramento após 6 e 16 semanas. É recomendado o alojamento conjunto em período integral, com
intuito de aprimorar o vínculo mãe-filho.
A criança deve ter alta da maternidade com consulta agendada em serviço especializado para
seguimento de crianças expostas ao HIV. A data da primeira consulta não deve ultrapassar 30 dias após
o nascimento. Devem-se anotar no resumo de alta do recém-nascido as informações do pré-natal, as
condições do parto, o tempo de uso do AZT injetável na mãe, tempo de início de AZT xarope para o RN
com dose e periodicidade, além das mensurações antropométricas, o tipo de alimento fornecido à criança
e outras informações importantes relativas às condições do nascimento. Essas informações deverão ser
anotadas em papel timbrado da maternidade e encaminhadas ao serviço de assistência especializado
(SAE), juntamente com o resumo de alta.
Deve-se preencher, na ficha de notificação da Gestante HIV+ e Criança Exposta, os dados inerentes
ao nascimento da criança, e enviá-la ao núcleo de vigilância epidemiológica da maternidade (quando
houver) ou do município.

Aloimunização Materno-Fetal - Eritroblastose Fetal - Doença Hemolítica


Apesar das recomendações existentes em relação à profilaxia com imunoglobulina anti-D serem
divulgadas e conhecidas, a aloimunização materno fetal ainda afeta cerca de cinco a cada 1.000
gestações. Embora a principal causa seja falha na administração da imunoglobulina, alguns casos
ocorrem por dosagem inadequada, uso de drogas endovenosas e transfusões de sangue. Ao redor de
98% dos casos são devidos a antígeno D do fator Rh e 2% a antígenos atípicos como Kell, E ou C.
A aloimunização Rh pode levar à hidropsia e ao óbito fetal ou neonatal, e costuma ser mais grave com
os antígenos D e Kell.
Toda gestante com história de hidropsia fetal ou neonatal deve ter solicitado o teste de Coombs
Indireto, independentemente da tipagem Rh (positivo ou negativo).
Na avaliação da gestante com aloimunização é importante a caracterização da história obstétrica
(antecedente de óbito fetal ou neonatal por hidropsia, exsanguineo transfusão neonatal, idade gestacional
dos eventos), pois a conduta depende do antecedente de acometimento fetal ou neonatal.

Diagnóstico
- Teste de Coombs indireto (pesquisa de anticorpos irregulares) positivo com título >1/16 para anti-D
e qualquer título para outros antígenos, especialmente Kell.
- Dopplervelocimetria da artéria cerebral média com medida do pico de velocidade sistólica em
cm/seg., com correção do ângulo de insonação. Este valor correlaciona-se com anemia fetal moderada e
grave, com sensibilidade próxima de 100% e taxa de falso-positivo de 12% e tem sido recomendado nos
centros de Medicina Fetal como padrão para seguimento de fetos de risco de anemia.

Conduta
A profilaxia é dever de todos os médicos para que esta doença seja erradicada.
Na eventualidade do diagnóstico de aloimunização, a gestante deve ser encaminhada para centros de
referência para o acompanhamento da gravidez.
Todo feto anêmico deve ser transfundido para prevenir a hidropsia, que aumenta o risco de óbito e
sequelas neurológicas. Para tanto é necessária cordocentese e bolsa de sangue específica para esse
procedimento, que deve ser realizado em centro de Medicina Fetal.

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A prevenção da sensibilização pelo fator Rh deve ser realizada pela administração de
imunoglobulina anti-D nas seguintes situações em mães Rh negativo:
- Após procedimentos invasivos: amniocentese, cordocentese, biópsia de vilo corial;
- Após aborto, gravidez ectópica ou mola hidatiforme;
- Após o parto de mães com Coombs indireto negativo e recém-nascidos Rh positivo;
- Entre a 28ª e a 34ª semana de gestação de todas as mulheres com Coombs indireto negativo e com
parceiros Rh positivos;
- Após sangramento obstétrico (placenta prévia, por exemplo) com risco de hemorragia feto-materna
significativa.

Idealmente, a imunoglobulina deverá ser administrada até 72 horas após o parto ou evento obstétrico,
mas há evidências de proteção contra sensibilização se administrada até 13 dias e há recomendações
para que seja administrada em até 28 dias;
Gestantes Rh negativo submetidas à laqueadura tubária também deverão receber imunoglobulina anti-
D. A dose poderá ser maior que a habitual (300μg) se o risco de hemorragia feto-materna volumosa for
significativo.

Antecipação Eletiva do Parto


A conduta inicial adequada na assistência à gestante que apresenta algum tipo de problema deve ser
a realização de diagnóstico precoce e tratamento do distúrbio identificado com vistas a manter a gestação
até o seu término. Na prática clínica, no entanto, apesar das medidas tomadas, permanece uma
proporção de casos com algum grau de disfunção que implica risco elevado para a gestante e/ou feto em
que não é possível ou não existem tratamentos que possam manter a gravidez. Em certas situações, o
risco materno é inaceitável. Em outras, o risco fetal torna-se maior que o risco neonatal. Nesses casos, a
antecipação eletiva do parto é medida preventiva conveniente e insubstituível. Porém, o que às vezes
representa uma decisão óbvia e simples, constitui-se, outras vezes, numa medida que exige
conhecimentos, experiência e equipamentos sofisticados.
O risco materno: é avaliado a partir das probabilidades de repercussões irreversíveis que o organismo
da mulher possa ter em consequência das condições identificadas.
O risco fetal: é avaliado a partir das condições maternas e da pesquisa de vitalidade e crescimento
fetal.
O risco neonatal: depende do peso e da maturidade no momento do parto, das condições fetais e dos
recursos disponíveis para a atenção ao recém-nascido.
Esse momento de decisão é, com certeza, o mais difícil vivido pelo obstetra. Manter a gestação pode
significar a morte da mãe ou do feto; se antecipar o parto, o óbito pode se dar no período neonatal a
despeito dos recursos existentes de assistência. Decidir só pelos conhecimentos técnicos é tornar-se juiz
da vida humana, situação de onipotência injustificada. É fundamental ouvir a gestante, seu companheiro
e família, e somente a eles cabe a decisão.
Na maioria das situações, o parto pode ser antecipado por meio de técnicas de indução. Em outras
situações, quando há contraindicações à indução, a cesariana deve ser o método de escolha. Em que
pese o fato de alguns casos necessitarem decisão individualizada, a maioria delas pode ser enquadrada
conforme as recomendações apresentadas a seguir, com a utilização de técnicas e equipamentos
disponíveis.

Indução do Parto
Indução implica na utilização de métodos que desencadeiem contrações uterinas objetivando o início
do trabalho de parto para assegurar o nascimento da criança em um tempo apropriado, quando se avalia
que a mesma estará mais segura fora do útero que dentro dele ou para melhorar o prognóstico materno.

Recomendações
A mulher, seu acompanhante e familiares devem receber orientações detalhadas sobre o processo de
indução, suas indicações e potenciais riscos associados. Tal concordância deve estar documentada no
prontuário.

Avaliar e Documentar no Prontuário antes de Iniciar a Indução:


- Indicação da indução e ausência de contraindicação;
- Confirmação da idade gestacional;
- Confirmação da apresentação cefálica, se feto vivo;
- Adequação pélvica;

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- Condições cervicais pelo escore de Bishop;
- Estado das membranas;
- Atividade uterina;
- Batimentos cardiofetais e cardiotocografia basal, onde disponível;
- Potenciais riscos da indução.
- Aumento da incidência de parto vaginal operatório e cesariana;
- Alterações da contratilidade uterina;
- Anormalidades da frequência cardíaca fetal (FCF);
- Síndrome de hiperestimulação;
- Rotura uterina;
- Prematuridade devido à estimativa inadequada da idade gestacional;
- Possível prolapso ou compressão de cordão quando se usa a rotura artificial de membranas.

Quando a Indução for Indicada, assegurar que Condições Adequadas de Assistência Estejam
Presentes:
- Disponibilidade de pessoal médico ou de enfermagem para monitorar a frequência cardíaca fetal e
contrações uterinas a cada 15-30 minutos durante todo o processo de indução;
- De preferência, a disponibilidade de bomba de infusão para uso de ocitocina;
- Um agente tocolítico disponível para uso nas alterações de contratilidade uterina.

A Indução é Indicada Quando a Continuação da Gravidez não é mais aconselhável nas


Seguintes Circunstâncias Clínicas:
- Síndromes hipertensivas da gravidez descompensadas;
- Isoimunização Rh;
- Rotura prematura de membranas a partir de 36 semanas completas;
- Intercorrências clínicas maternas descompensadas (ex.: diabetes insulinodependente, doença renal
etc.);
- Gestação acima de 41 semanas;
- Restrição do crescimento intrauterino;
- Insuficiência uteroplacentária;
- Morte fetal (abordada no capítulo Óbito fetal);
- Corioamnionite;
- Fatores logísticos (ex.: história de parto rápido, distância do hospital, condições psicossociais etc.).
Nesses casos, a indução deve ser bem discutida com a mulher e seus acompanhantes, frisando os
possíveis riscos, e realizada somente após estimativa acurada da idade gestacional.

Situações em que se deve ter mais Cuidados na Indução do Parto:


- Grande multiparidade (maior que quatro);
- Apresentação de vértice não encaixada;
- Polihidrâmnio;
- Gestação múltipla;
- Presença de uma cicatriz uterina segmentar ou transversa;
- Hipertensão arterial grave;
- Indução por conveniência do médico ou da gestante.

Contraindicações para Indução do Parto:


- Sofrimento fetal agudo;
- Cicatriz segmentar de repetição (duas ou mais);
- Situações de urgência;
- Apresentações fetais anômalas;
- Desproporção cefalopélvica absoluta;
- Placenta prévia;
- Presença de incisão uterina corporal prévia;
- Carcinoma invasivo do colo;
- Prolapso de cordão;
- Herpes genital ativo;
- Obstrução do canal de parto.

Indução do Parto Propriamente Dita

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Quando o colo uterino estiver favorável para a indução (escore de Bishop >6), a ocitocina é o método
de escolha.

Ocitocina
O objetivo da administração de ocitocina é produzir atividade uterina que seja suficiente para produzir
alterações cervicais e ao mesmo tempo evitar hiperestimulação uterina e comprometimento fetal.
- A ocitocina só deve ser utilizada quando o colo apresentar condições favoráveis, ou seja, escore de
Bishop >6.
- A prescrição de ocitocina deve ser realizada e registrada em mU/minuto.
- De preferência, a ocitocina deve ser administrada por meio de bomba de infusão.
- Antes de qualquer aumento na dose, as contrações uterinas devem ser avaliadas por palpação ou
monitoração eletrônica externa. A menor dose efetiva possível deve ser usada para prevenir
hiperestimulação uterina.
- As contrações uterinas devem ser avaliadas de preferência a cada 30 minutos e a FCF a cada 15-30
minutos.
- Os dados vitais maternos (pulso, temperatura e pressão arterial) devem ser avaliados a cada 4 horas.
- A ocitocina pode ser utilizada em gestantes com cesariana prévia seguindo os cuidados preconizados
neste guia.
- Não iniciar ocitocina em intervalo inferior a 6 horas após a última dose de misoprostol nas gestantes
que o estiverem utilizando para maturação cervical.

Cesárea Eletiva
Deve ser o método de eleição nas situações de iteratividade (duas ou mais cicatrizes de cesáreas
anteriores) e nas situações de contraindicação absoluta ao parto por via vaginal.
Excetuando-se os casos de urgência e de sofrimento fetal, as presenças de contrações uterinas são
desejáveis, mesmo quando a cesárea é a via de parto mais indicada.
As contrações são um importante indicador de época oportuna para o parto, ajudam na formação do
segmento inferior do útero, facilitando a cirurgia e diminuindo o sangramento da histerectomia, e auxiliam
na maturidade pulmonar fetal. Deve-se considerar, entretanto, a facilidade de acesso da mulher ao
hospital onde a cesárea será realizada.
Recomenda-se programar a cesárea eletiva para gestantes com idade gestacional de 39 semanas
confirmadas pela DUM ou pela ultrassonografia do primeiro trimestre.

Avaliação Fetal

Métodos Clínicos

Registro Diário da Movimentação Fetal (RDMF)


A diminuição do movimento fetal é prova indireta de insuficiência placentária e tem como interpretação
a adaptação fetal às condições de balanço negativo.
Assim, o registro diário de movimento fetal é o teste clínico mais simples para avaliação das condições
de vitalidade fetal.
O RDMF deve ser realizado em todas as gestantes que apresentarem fatores de risco para resultados
perinatais adversos e deve começar entre 26 e 32 semanas. As gestantes saudáveis, sem fatores de
risco, devem ser orientadas a realizar a contagem dos movimentos fetais se perceberem uma diminuição
subjetiva dos mesmos e após 36 semanas de gestação.

Metodologia

Várias Maneiras são propostas para a Execução do RDMF. Quatro são mais conhecidas:
1) Os registros são tomados em três intervalos de uma hora de duração, distribuídos pelos três
períodos do dia (após o café da manhã, o almoço e o jantar), com a mãe repousando em decúbito lateral.
Os valores obtidos em cada um dos três intervalos são somados, e o resultado multiplicado por quatro
corresponde à atividade motora fetal em 12 horas. Segundo o protocolo do Programa Mãe Curitibana,
2005, a soma diária da contagem deve ser maior ou igual a 15 movimentos fetais.
Diminuição acentuada (de mais de 50% no número de movimentos fetais) e brusca ou cessação da
movimentação fetal, descritas como “sinal de alarme”, associam-se com sofrimento fetal e precedem de
12 a 24 horas o óbito fetal. Nestas situações, a gestante deve ser orientada a procurar a unidade de saúde
ou o hospital de referência para avaliação da vitalidade fetal mais complexa.

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2) Contagem da movimentação fetal até complementarem-se 10 movimentos, valor considerado como
limite mínimo diário para fins clínicos.
O registro da movimentação pode ser feito com a gestante em repouso, ou exercendo atividade leve,
em qualquer período do dia.
Valores menores que 10 movimentos em 12 horas sugerem a presença de hipóxia fetal. Também neste
caso, diminuição abrupta ou cessação da movimentação são tomadas como sinal de alarme para óbito
fetal iminente.
3) Registro dos movimentos fetais por período de uma hora em posição sentada.
Valores maiores que seis movimentos/hora correspondem a fetos em boas condições.
4) Contagem de movimentos fetais percebidos pela mãe em 2 horas. Os registros dos movimentos
devem ser feitos com a mãe em repouso somando 4 períodos de 30 minutos em 24 horas.
Valor mínimo normal entre 30-40 semanas = 10 movimentos em 24 horas.

Recomendações

Alguns Elementos Devem ser considerados para a Adequada Execução e Interpretação do


Registro Diário da Movimentação Fetal:
- A mãe deve estar em uma posição reclinada (não supina), concentrando-se na contagem dos
movimentos.
- A mãe decide por si mesma o que é movimento fetal, tal como ela esteja habituada a sentir.
- Excluem-se movimentos tipo “soluço”.
- Considerar a variação nictemeral - há maior movimentação fetal nas primeiras horas da noite.
- O uso de medicamentos (sedativos, tranquilizantes) e de cigarro podem diminuir a movimentação
fetal. Notadamente, os corticosteroides podem produzir o mesmo efeito por dois dias. O RDMF não pode
determinar a conduta. Diante de um resultado anormal, o teste sempre deve ser seguido por outro teste
mais específico de avaliação da vitalidade fetal, como os que se seguem. Se o teste for normal, não há
necessidade da realização de outros testes.

Prova Simplificada de Aceleração Cardíaca Fetal


Consiste na verificação de aceleração de batimentos cardíacos fetais com sonar ou estetoscópio de
Pinard, frente à movimentação fetal, estímulos mecânicos ou auditivos.

Metodologia
1) Determinar a frequência cardíaca fetal (FCF) basal ou de repouso.
2) Verificar a frequência cardíaca fetal associada à movimentação espontânea fetal. A presença de
elevação da FCF é sinal de boa oxigenação fetal.
3) Na ausência de resposta, faz-se a estimulação sonora (buzina de bicicleta).
Resposta mínima para estímulo sonoro: elevação de 20bpm e intervalo de 3 minutos para retornar à
FCF basal (detectada previamente).
A prova de aceleração cardíaca fetal, por ser método de triagem, também não pode determinar a
conduta definitiva. Diante de um resultado anormal, o teste sempre deve ser seguido por outro teste mais
específico de avaliação da vitalidade fetal.

Métodos Biofísicos
Cardiotocografia anteparto de repouso (CTG basal). A análise cardiotocografia possibilita a avaliação
da integridade dos mecanismos do sistema nervoso central envolvidos no controle da frequência cardíaca
e da cinética fetal.
O feto hígido, próximo do termo, apresenta frequência cardíaca estável entre 110 e 160bpm-
batimentos por minuto (bradicardia<110bpm: pós-maturidade, drogas betabloqueadoras - propranolol,
bloqueio A-V, asfixia fetal grave; taquicardia>160bpm: hipoxemia crônica - estímulo simpático,
corioamnionite, hipertermia materna, aumentando 10bpm/cada grau centígrado, drogas uterolíticas,
nicotina, hiperatividade fetal e taquiarritmias) e variabilidade da frequência cardíaca entre 6 e 25bpm.
Além dessas características, ocorrendo movimentação, o feto exibe aceleração transitória de amplitude
igual ou superior a 15bpm e duração superior a 15 segundos.
Algumas situações como a hipóxia fetal, a prematuridade, o sono fetal e o uso de drogas sedativas,
tranquilizantes e anti-hipertensivas, além de situações como febre, hipoglicemia e tabagismo, modificam
o padrão fisiológico acima descrito.
O exame consiste no registro simultâneo da frequência cardíaca e dos movimentos fetais espontâneos,
durante pelo menos 20 minutos. Nesse período inicial, se não se constatarem ao menos duas acelerações

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transitórias, ou variabilidade diminuída, ou ainda desacelerações, o exame deve ser prolongado por mais
20 minutos e, se necessário, deve ser realizada estimulação vibro-acústico, com buzina tipo Kobo sobre
o polo cefálico fetal, por 3 a 5 segundos.
Outros elementos a serem considerados são o nível da linha de base (bradicárdico ou taquicárdico), a
variabilidade (reduzida, igual ou menor que 5bpm) e a presença de desaceleração tardia. A presença de
desacelerações tardias que tem uma decalagem superior a 20 segundos entre o pico da contração uterina
e o fundo da desaceleração (valor mínimo dos batimentos cardíacos fetais) indica gravidade, assim como
as desacelerações variáveis profundas e prolongadas com retorno abrupto, que são resultantes de
compressão do cordão umbilical.

Recomendações
- Orientar a gestante sobre o exame (indicações, técnica, inocuidade, etc.);
- Iniciar somente após a 28ª semana;
- A validade do exame é de 7 dias. Portanto, repetir, no máximo, dentro desse período;
- Realizar o exame com a mulher:
- Em posição semissentada (semi-Fowler) ou sentada ou decúbito lateral contralateral ao dorso fetal;
- Após período de repouso;
- Sem ter fumado ou tomado medicação que possa interferir no comportamento fetal até uma hora
antes do exame.

Segundo alguns estudos, o uso da cardiotocografia anteparto: não reduz a mortalidade e morbidade
fetal devido a complicações por asfixia; não piora o resultado da gestação pela interpretação errônea de
sofrimento fetal. Mas a cardiotocografia anteparto pode ser usada para dar segurança para a mãe e para
o obstetra que a gravidez pode seguir adiante.

Perfil Biofísico Fetal (PBF)


É prova de vitalidade fetal que se baseia fundamentalmente em parâmetros ultrassonográficos,
associados à cardiotocografia.
Consiste na avaliação integrada dos seguintes parâmetros: FCF (pela cardiotocografia), movimentos
respiratórios fetais, movimentos corporais fetais, tônus fetal e volume do líquido amniótico (avaliado pela
medida do bolsão maior). A cada um desses parâmetros atribui-se a pontuação de 0 (anormal) ou 2
(normal).
A prova é realizada utilizando-se monitoramento eletrônico e ultrassonografia de tempo real.
O PBF deve complementar a cardiotocografia, na presença de um padrão suspeito. O exame não é
recomendado como teste primário de triagem. Para tanto, quando disponível o aparelho de
ultrassonografia, pode ser realizado o PBF simplificado, que consiste na cardiotocografia associada à
determinação do índice de líquido amniótico (ILA) pela ultrassonografia, especialmente em casos de
suspeita de crescimento fetal restrito.
O PBF não deve substituir, contudo, as provas de vitalidade fetal mais simples, nem ser aplicado à
população de gestantes sem triagem prévia.

Avaliação da Maturidade Fetal

Métodos Clínicos

Estabelecimento da Idade Gestacional


Baseia-se na data da última menstruação (DUM), na altura do útero (AU), no início dos movimentos
ativos do feto, na insinuação e na biometria fetal pela ultrassonografia.
É importante ter em mente que a duração da gestação é de 280 dias em média, isto é, 40 semanas
contadas a partir do 1º dia da última menstruação. Assim, calcula-se, pela regra de Naegele, a data
provável do parto, somando-se à DUM 7 dias e diminuindo-se três meses. A seguir, calcula-se quantos
dias faltam para a data do parto. Esse número de dias, dividido por 7, dá o número de semanas que faltam
para o parto. O número de semanas que faltam deve ser subtraído de 40 semanas, total da gestação,
obtendo-se assim a idade da gestação em semanas.

Quando Houver Dúvidas em Relação à Idade Gestacional pela DUM, os Seguintes


Procedimentos podem ser Utilizados para Ajudar a Definir a Idade Gestacional:
- Relacionar a data da última menstruação ao aparecimento dos primeiros sintomas de gestação e
datas marcantes (Natal, carnaval, aniversários, entre outras);

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- Pesquisar batimentos cardiofetais pelo sonar Doppler, durante o terceiro mês, anotando as datas e
resultados.

Seja por ausência de informação, incerteza quanto à data da última menstruação ou ainda incoerência
entre os achados clínicos e a informação obtida, a gestante deverá ser submetida a uma ultrassonografia
para determinação da idade gestacional.
Quanto aos movimentos fetais, se bem que existam precocemente, só são percebidos pela grávida do
4º mês em diante. Nas duas últimas semanas de gestação, pode ocorrer, nas primíparas, a queda do
ventre, pela insinuação do polo cefálico (com o alívio respiratório para a gestante).
A ultrassonografia oferece a oportunidade de calcular a idade da gestação pela biometria fetal. No
início da gestação, o cálculo é feito pelo tamanho do saco gestacional sendo, entretanto, pouco preciso.
Da 8ª a 14ª semana, mede-se a distância cabeça-nádegas do feto, que é o parâmetro mais preciso.
Quando houver uma diferença de 5 dias ou mais entre a data da última menstruação e a USG realizada
nesta época, deve-se corrigir a idade gestacional pela ultrassonografia. Na 2ª metade da gestação, o
cálculo da idade gestacional é feito pela medida do diâmetro biparietal, da circunferência abdominal, e do
comprimento do fêmur, bem como da presença e do tamanho dos pontos de ossificação secundária do
fêmur. Devido à maior margem de erro do USG realizado nessa época (mais ou menos duas semanas),
o mesmo deve servir de parâmetro apenas se houver uma diferença maior que 10 dias em relação à data
da última menstruação.

Exame do Líquido Amniótico


Amnioscopia
É uma endoscopia cervical, com o objetivo de visualizar o polo inferior do ovo, isto é, as membranas,
o líquido amniótico e a apresentação. O amnioscópio é constituído por um tubo oco metálico ou mesmo
compacto de acrílico que é introduzido através do orifício cervical. Além do tubo, deve haver uma fonte
luminosa. É necessária uma cervicodilatação de 1,5cm ou mais.
A amnioscopia tem como desvantagem a necessidade de colo permeável.
Apresenta riscos, apesar de pouco frequentes, como ruptura das membranas ovulares, pequenas
hemorragias, traumas e infecção.

Avaliam-se a Cor e a Transparência do Líquido Amniótico e a Eventual Presença de Grumos.


Assim, o Líquido pode ser:
- Claro: boa vitalidade;
- Meconial: possível hipoxemia fetal. A presença de mecônio também pode ser indicativo de eliminação
fisiológica do mesmo por contrações intestinais em fetos maduros;
- Vermelho: hemoâmnio (possível descolamento prematuro de placenta e/ou óbito fetal);
- Amarelo: presença de bilirrubina (isoimunização Rh ou prematuridade extrema);
- Achocolatado: óbito fetal.

O resultado é confiável em 90% dos casos, havendo falso-positivos e falso negativos em 10%.
São contraindicados para mulheres com placenta prévia (diagnosticada ou suspeita) e processos
infecciosos cérvico-vaginais.

Amniocentese
É a coleta do líquido amniótico por via abdominal, hoje orientada pela ultrassonografia.
Há dois tipos fundamentais de amniocentese: precoce, realizada na 1ª metade da gravidez (a partir da
15ª semana), e tardia, realizada na 2ª metade da gravidez (de preferência após a 28ª semana).
Pode ser feita em ambulatório, com orientação ultrassonográfica. A agulha usada é, preferencialmente,
a de número 12 por 20 ou 22 gauge. Retirar 10 a 20ml de líquido.

Indicações da Amniocentese Precoce:


- Cariótipo fetal, principalmente para afastar a trissomia 21 (Síndrome de Down);
- Erros inatos de metabolismo;
- Dosagem de alfa feto proteína (AFP);
- Determinação do sexo fetal;
- Pesquisa de infecções congênitas.

Indicações da Amniocentese Tardia:


- Estudo da maturidade fetal;

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- Esvaziamento, nos casos de polihidrâmnio agudo;
- Introdução de medicamentos.

Riscos da Amniocentese: infecção, abortamento, lesão fetal anexial, trabalho de parto prematuro e
amniorrexe.

Métodos Laboratoriais

Exame do Líquido Amniótico


O exame do líquido obtido por amniocentese ou colhido após a rotura da bolsa pode ser macroscópico
e microscópico.

Macroscopia: deve-se fazer uma descrição do líquido, que é colocado em tubo de ensaio e examinado
contra um fundo branco, atendendo às seguintes características:
Cor e transparência: O líquido normalmente é claro e transparente (água de rocha) e, após 36
semanas, pode se ver a presença de grumos (vérnix caseoso) que, em grande quantidade, tornam o
líquido opalescente. Entende-se que se o líquido apresentar outros aspectos, é patológico: verde
(mecônio), amarelo (presença de bilirrubina), vermelho (hemoâmnio) e achocolatado (óbito fetal). Esses
dados avaliam, a grosso modo, a vitalidade e a maturidade fetal.

Microscopia: há provas que são realizadas para verificar a maturidade fetal por meio de:
Surfactantes: nos pulmões existem substâncias surfactantes destinadas a proporcionar estabilidade
ao alvéolo, evitando atelectasia. Produzidas no pneumócito tipo II, são lipoproteínas complexas com
estrutura do glicerol. Entre os surfactantes, destacam-se: fosfatidilcolina (lecitina), fosfatidilglicerol,
inositol, serina, etanolamina e esfingomielina. A lecitina é o mais importante dos surfactantes e aumenta
com o evoluir da gravidez (agente tensoativo). A esfingomielina, de menor importância, decresce no final
da gravidez.

Relação Lecitina/Esfingomielina (L/E):


- Relação L/E inferior a 1,5 significa imaturidade fetal;
- Relação L/E entre 1,5 e 1,9 significa imaturidade duvidosa;
- Relação L/E superior a 2,0 significa maturidade fetal.

Observação: os recém-nascidos de mães diabéticas podem apresentar síndrome da angústia


respiratória mesmo tendo relação L/E superior a 2,0. Nesses casos, a pesquisa de fosfatidilglicerol
confirma a maturidade fetal. A determinação da relação L/E, e a pesquisa de fosfatidilglicerol são exames
laboratoriais disponíveis em poucos locais.

Teste de Clements (modificado): pesquisa a maturidade através da tensão superficial do líquido


amniótico, avaliada pela estabilidade das bolhas (espuma), após agitação vigorosa do mesmo em diluição
a 1/2. A maturidade está sempre presente nos resultados positivos (halo completo de bolhas), porém o
teste apresenta significativa proporção de resultados falso-negativos (geralmente devido à realização do
exame com técnica inadequada).

Afecções Ginecológicas

Vulvovaginites
Consideram-se como vulvovaginites todas as manifestações inflamatórias e/ou infecciosas, de caráter
agudo ou crônico que podem acometer a vulva, vagina ou o colo uterino, podendo atingir também a
bexiga, ureter, ânus e face interna das coxas.
As vulvovaginites manifestam-se por meio de leucorréias de aspectos e consistências distintas,
segundo as características do agente infeccioso, do grau de infestação e das condições clínicas do
hospedeiro (mulher).
O corrimento pode se apresentar associado a um ou mais dos seguintes sintomas: prurido contínuo
no canal vaginal e vulva, dor ou ardor local e/ou ao urinar e sensação de desconforto pélvico; os pequenos
lábios, o clitóris e o introito vaginal podem apresentar edema e hiperemia, como também escoriações
devido ao prurido.

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É imprescindível o tratamento do parceiro nas vulvovaginites recidivantes. O tratamento, depois de
iniciado, não deverá ser interrompido mesmo durante a menstruação. É importante o uso de preservativos
durante a relação sexual, enquanto permanecer o tratamento.

Dentre as Vulvovaginites Mais Comuns, Temos:


- Vaginoses bacterianas - caracterizadas por um desequilíbrio da flora vaginal normal, devido a um
aumento exagerado de bactérias, em especial as anaeróbias (Gardnerella vaginalis), adquiridas através
da relação sexual ou hábitos precários de higiene (limpeza inadequada da genitália, não lavagem das
mãos antes e após as eliminações, não troca frequente da roupa íntima, uso de roupa íntima de outra
pessoa). O diagnóstico é feito através da anamnese, que identifica a queixa de prurido vulvar
acompanhado de corrimento amarelado e odor fétido. A confirmação do diagnóstico ocorre através da
leitura de uma lâmina de esfregaço vaginal. O tratamento deverá ser do casal na forma sistêmica e poderá
estar associado a um bactericida tópico.
- Candidíase vulvovaginal - infecção da vulva e canal vaginal causada por um fungo que habita a
mucosa vaginal, a Candida albicans. A relação sexual é considerada a principal forma de transmissão;
outros fatores, como gravidez, diabetes melittus, obesidade, antibióticos, corticoides, uso de
anticoncepcional hormonal também são fatores predisponentes da candidíase vulvovaginal. A
sintomatologia dependerá do grau de infecção e da localização do tecido inflamado, podendo apresentar-
se como prurido vulvovaginal, ardor ou dor à micção, corrimento branco, grumoso, inodoro e com aspecto
caseoso (leite coalhado), hiperemia, edema, fissuras e maceração da vulva, dispareunia (dor à relação
sexual). O diagnóstico é confirmado pelo exame laboratorial do conteúdo vaginal em que se visualiza a
presença do fungo. O tratamento é tópico, com o uso de creme antimicóticos, podendo também ser
prescrito terapêutica sistêmica nos casos de recidivas.
- Tricomoníase genital - é uma infecção causada pela Trichomonas vaginalis, tendo como via de
transmissão a sexual. Pode permanecer assintomática no homem e na mulher, principalmente após a
menopausa. Na mulher pode acometer a vulva, o canal vaginal e a cérvice uterina. Os sinais e sintomas
principais são: corrimento abundante amarelo ou amarelo esverdeado, com presença de bolhas e odor
fétido semelhante a “peixe podre”, prurido e/ou irritação vulvar, dor pélvica, disúria, polaciúria e hiperemia
da mucosa vaginal com placas avermelhadas. O tratamento sempre é sistêmico, podendo ser associada
terapêutica tópica vaginal.

- Aconselhamento
É tido como um instrumento importante para a quebra da cadeia de transmissão das DST. Auxilia o
cliente a compreender a relação existente entre o seu comportamento e o problema de saúde que está
apresentando, a reconhecer os recursos que tem para evitar novas infecções.
A enfermagem poderá, através de ações educativas, orientar a clientela a partir da sua entrada na
unidade de saúde quanto às formas de transmissão das DST, assim como os mecanismos de prevenção
das doenças ginecológicas. Essas ações podem ser realizadas através da distribuição de folhetos
informativos, pôsteres afixados nos murais de passagem da clientela, grupos de orientação nas salas de
espera e utilização de vídeos educativos. Também podem ser dadas orientações individuais na pré-
consulta ou na pós-consulta ginecológica.

Bartholinite
A bartholinite é uma infecção estritamente vulvar da glândula de Bartholin. Sua infecção é às vezes
crônica e sob a forma de cisto, sendo mais frequente a forma aguda, que caracteriza-se pela presença
de rubor, calor, dor e com edema significativo, por vezes deformando a vulva.

Leiomiomatose Uterina
Leiomiomatose uterina, também conhecida por miomatose uterina, é um tumor benigno sólido que com
frequência acomete as mulheres e se aloja preferencialmente no corpo do útero.
A causa da formação do mioma é desconhecida. É ligeiramente mais comum em mulheres nuligestas
e nas de raça negra. Está relacionado com a produção hormonal, não apresentando crescimento com a
menopausa.
Em mulheres não grávidas, os miomas podem ou não trazer problemas.
Cerca de 25%, entretanto, causam sangramento uterino anormal.
Algumas mulheres queixam-se de plenitude ou sensação de peso pélvico. Podem ainda causar
dismenorreia, leucorreia, hipermenorreia ou menorragia. Pode ocorrer um quadro de anemia e ou de
infecção. O tratamento inicial sempre é conservador, com o uso de terapêutica hormonal, mas na
ausência de resposta e tratamento poderá tornar-se cirúrgico.

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Em mulheres grávidas, os miomas podem causar os seguintes riscos adicionais: aborto, falta de
encaixamento, trabalho de parto prematuro, dor, distocia, trabalho de parto prolongado e hemorragia pós-
parto.

Questões

01. (Prefeitura de Natal - Enfermeiro - COMPERVE/2018) - As síndromes hipertensivas na gravidez


são as maiores causas de morbidade e mortalidade materna e fetal (BRASIL, 2012). Dentre essas
síndromes, destaca-se a hipertensão crônica na gestação que corresponde à hipertensão de qualquer
etiologia quando o nível da pressão arterial for
(A) igual a 130/90 mmHg antes da gravidez ou diagnosticada até a 24ª semana da gestação ou além
de doze semanas após o parto.
(B) maior ou igual a 140/100 mmHg no início da gravidez ou diagnosticada após a 24ª semana da
gestação ou além de oito semanas após o parto.
(C) maior ou igual a 140/90 mmHg antes da gravidez ou diagnosticada até a 20ª semana da
gestação ou além de doze semanas após o parto.
(D) igual a 150/100 mmHg no início da gravidez ou diagnosticada após a 20ª semana da gestação ou
além de oito semanas após o parto.

02. (EBSERH - Enfermeiro - CESPE/2018) - Acerca de assuntos relacionados a anatomia e


fisiologia da gestação, julgue o próximo item.
Microcefalia fetal pode ser resultado de diabetes gestacional não controlada.
( )Certo ( )Errado

03. (Câmara de Belo Horizonte - Técnico de Enfermagem - CONSUPLAN/2018) - No início do


pré-natal, o médico solicita vários exames de sangue de rotina, e um deles é o de tipagem sanguínea,
para descobrir o grupo sanguíneo (A, B, AB ou O) e o fator Rh positivo ou negativo. Diante do exposto,
analise as afirmativas a seguir.
I. O fator Rh só é importante na gravidez se a mãe for Rh negativo e o bebê for Rh positivo. Para que
isto possa acontecer, o pai do bebê tem que ser Rh positivo.
II. Caso o sangue do bebê entre em contato com o da mãe durante o parto, o sistema imune da
grávida produzirá anticorpos que atuarão numa segunda gravidez.
III. Na segunda gravidez, quando o bebê tem Rh positivo, os anticorpos do sistema imunológico da
mãe podem atravessar a placenta e atacar as células do sangue do bebê, provocando uma doença
chamada eritroblastose fetal ou doença hemolítica perinatal tornando a gestante estéril.
IV. Quando a grávida tem sangue Rh negativo, mas o bebê tem Rh positivo, é necessário fazer uma
injeção de imunoglobulina anti-D para eliminar os anticorpos criados no organismo da gestante e evitar
complicações na gestação.

Está(ão) correta(s) apenas a(s) afirmativa(s)


(A) I
(B) III
(C) I, II e IV
(D) II, III e IV

04. (UFSC - Enfermeiro - COPERVE/2018) - Uma mulher de 26 anos apresenta-se à unidade


primária de saúde porque perdeu o último período menstrual e acha que pode estar grávida. Ela relata
cansaço, sensibilidade nas mamas, aumento da frequência urinária, náuseas e vômitos pela manhã.
O(A) enfermeiro(a) interpretará esses achados com qual resultado de gravidez?
(A) Positivo.
(B) Provável.
(C) Possível.
(D) Presuntivo.
(E) Negativo.

05. (TRE/SP - Técnico Judiciário - Enfermagem - FCC/2017) - O Ministério da Saúde lançou


recentemente a Campanha de Combate à Sífilis Congênita. Durante a orientação a um grupo de gestante
é fundamental que o técnico de enfermagem, enquanto integrante da equipe de saúde, ressalte que o
teste de sífilis.

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(A) é contraindicado no primeiro trimestre de gestação.
(B) não pode ser realizado em gestantes com mais de 40 anos.
(C) é contraindicado em gestantes portadoras do vírus HIV.
(D) precisa ser realizado tanto pela gestante como pelo parceiro sexual.
(E) em gestantes adolescentes, necessita da autorização dos pais ou responsáveis.

06. (Instituto AOCP - Enfermeiro - EBSERH/2017) - Mulher de 36 anos, casada, compareceu à


Unidade Básica de Saúde para coleta de exame citopatológico. Durante a coleta, a enfermeira observa
corrimento vaginal amarelo-esverdeado, bolhoso e fétido e edema de vulva. O pH vaginal da paciente
estava > 4,5, dessa forma, seguindo abordagem sindrômica, a enfermeira optou pelo tratamento de
(A) gonorreia.
(B) tricomoníase.
(C) clamídia.
(D) herpes vaginal.
(E) candidíase vulvovaginal.

07. (IBFC - Enfermeiro - EBSERH/2017) - Sobre a técnica para medida da altura uterina, analise as
afirmativas abaixo, dê valores Verdadeiro (V) ou Falso (F) e assinale a alternativa que apresenta a
sequência correta de cima para baixo.
( ) Posicione a gestante em decúbito lateral esquerdo, com o abdome descoberto.
( ) Delimite a borda superior da sínfise púbica e o fundo uterino.
( ) Por meio da palpação, procure corrigir a comum dextroversão uterina.

(A) V,V,V
(B) V,F,V
(C) F,V,F
(D) F,V,V
(E) V,V,F

08. (UFRN - Auxiliar de Enfermagem - UFRN - COMPERVE) - Sobre as intercorrências clínicas mais
frequentes durante a gestação, é correto afirmar:
(A) A hiperemese caracteriza-se por vômitos contínuos e intensos que impedem a alimentação da
gestante, ocasionando desde a desidratação e oligúria até a perda de peso e transtornos metabólicos,
com alcalose.
(B) O abortamento é a morte ou expulsão ovular ocorrida antes de 22 semanas ou quando o concepto
pesa menos de 500 g. É precoce quando ocorre até a 8ª semana de gestação e tardio quando ocorre até
a 22ª semana.
(C) A placenta prévia corresponde a um processo patológico da segunda metade da gravidez, em que
a implantação da placenta, inteira ou parcialmente, ocorre no segmento superior do útero.
(D) O descolamento cório-amniótico caracteriza-se por sangramento genital de pequena intensidade.
É diagnosticado por exame ultrassonográfico e representa um grave quadro de risco materno e/ou ovular.

09. (CEP 28 - Técnico de - Enfermagem - IBFC) - Assinale a alternativa que completa corretamente
a lacuna.
Durante a gravidez a ___________ , se caracteriza pela presença de edema, hipertensão arterial,
cefaleia occipital, tonteiras, perturbações visuais e nervosas, crise convulsiva.
(A) Hemossalpingite.
(B) Eclampsia.
(C) Hiperemese gravídica.
(D) Polidramnia.

10. (UFPEL - Auxiliar de - Enfermagem - UFPeL-CES) - Ao verificar os sinais vitais de uma gestante
com IG=30 semanas, o auxiliar de enfermagem observa que ela apresenta aumento de peso significativo,
edema de membros inferiores, cefaleia, distúrbios visuais e níveis elevados de pressão arterial, mesmo
em repouso. Em relação ao quadro de sinais e sintomas, pode tratar-se de:
(A) diabete gravídica.
(B) óbito fetal.
(C) hemorragia da gestação.

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(D) eclâmpsia grave.
(E) pré-eclâmpsia.

11. (Prefeitura de São Paulo - SP - Analista de Saúde - Obstetriz - IBFC) - O abortamento


farmacológico é a utilização de fármacos para indução do abortamento ou abreviação do abortamento em
curso. Para esvaziamento uterino no 1º, 2º ou 3º trimestre gestacional, é indicado o uso de:
(A) Misoprostol.
(B) Ergometrina.
(C) Metilergometrina.
(D) Meperidina.
(E) Metroclopramida.

12. (EBSERH - Enfermeiro - Saúde da Mulher - HUAP - UFF - IBFC) - O abortamento é uma das
condições clínicas mais frequentes que se apresentam com hemorragias do primeiro trimestre de
gestação. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o abortamento se caracteriza como perda
do concepto de _______, _____ de peso ou _______ de comprimento. Preencha as lacunas e a seguir
assinale a alternativa correta.
(A) Até 12 semanas completas; 300 gramas; 12,5 centímetros.
(B) Até 22 semanas completas; 500 gramas; 16,5 centímetros.
(C) Até 16 semanas incompletas; 400 gramas; 14,5 centímetros.
(D) 12 a 20 semanas completas; 300 a 500 gramas; 12,0 a 16,0 centímetros.
(E) Até 24 semanas completas; 1000 gramas; 30,0 centímetros.

13. (Prefeitura de Rio de Janeiro - RJ - Enfermeiro - Prefeitura de Rio de Janeiro - RJ) - Dentre as
intercorrências clínicas e obstétricas mais frequentes identificadas no pré-natal, constitui uma das mais
importantes situações hemorrágicas, na segunda metade da gestação:
(A) abortamento.
(B) gravidez ectópica.
(C) descolamento prematuro de placenta.
(D) mola hidatiforme.

14. (UERN - Técnico de Laboratório - Enfermagem - IDECAN) - Analise as afirmativas a seguir sobre
diabetes gestacional.
I. O rastreamento do diabetes gestacional deve ser feito nas gestantes que apresentam resultado de
glicose plasmática de jejum ≥ 110 mg/dl e/ou presença de qualquer fator de risco para o diabetes
gestacional.
II. Toda gestante com rastreamento positivo e/ou qualquer fator de risco deve ser submetida à
confirmação diagnóstica com teste oral de tolerância à glicose após a ingestão de 75 g de glicose.
III. História de óbito fetal, sem causa aparente em gestação anterior, é considerado um fator de risco
para o diabetes gestacional.

Está(ão) correta(s) a(s) afirmativa(s)


(A) I, II e III.
(B) I, apenas.
(C) I e II, apenas.
(D) II e III, apenas.

Gabarito

01.C / 02.Certo / 03.C / 04.D / 05.D / 06.B / 07.D / 08.A / 09.B / 10.E / 11.A / 12.B / 13.C / 14.D

Comentários

01. Resposta: C
Hipertensão Arterial: pressão arterial igual ou maior que 140/90mmHg baseada na média de pelo
menos duas medidas. Hipertensão Crônica: observada antes da gravidez, ou antes de 20 semanas de
gestação, ou diagnosticada pela primeira vez durante a gravidez e não se resolve até 12 semanas após
o parto.

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02. Resposta: Certo
O diabetes mellitus é uma doença metabólica crônica, caracterizada por hiperglicemia, sendo
responsável por índices elevados de morbimortalidade perinatal, especialmente macrossomia fetal e
malformações fetais.

03. Resposta: C
A primeira afirmativa é verdadeira, pois quando a mãe que tem sangue do tipo Rh negativo, o bebê
nasce com Rh positivo isso apenas pode acontecer quando o sangue do pai é Rh positivo.
A segunda afirmativa é verdadeira, pois caso ocorra o contato do sangue do bebê com o da mãe
durante a primeira gravidez, a mãe produzirá anticorpos que durante a segunda gestação começam a
combater as células vermelhas do sangue do novo bebê.
A terceira afirmativa é falsa, pois em relação as consequências da eritrobalstose fetal o bebê pode
nascer com anemia grave, inchaços, aumento do fígado, aborto espontâneo, surdez, hidropsia fetal e
morte do feto.
A quarta afirmativa é verdadeira, pois a aplicação de imunoglobulina anti-Rh irá impedir a mãe produzir
novos anticorpos, deverá ser feita entre 28ª e a 30ª semana de gestação e aplicada por um profissional
de saúde.

04. Resposta: D
São sinais de presunção os que sugerem gestação, decorrentes, principalmente, do aumento da
progesterona, fazem parte a amenorreia, náuseas com ou sem vômitos sendo mais frequente pela manhã,
alterações mamárias e polaciúria que é o aumento da frequência urinária.

05. Resposta: D
Parceiros sexuais devem ser tratados concomitantemente, caso contrário o recém-nato será
considerado caso de sífilis congênita.

06. Resposta: B
A Tricomoníase genital é uma infecção causada pela Trichomonas vaginalis, tendo como via de
transmissão a sexual. Pode permanecer assintomática no homem e na mulher, principalmente após a
menopausa. Na mulher pode acometer a vulva, o canal vaginal e a cérvice uterina. Os sinais e sintomas
principais são: corrimento abundante amarelo ou amarelo esverdeado, com presença de bolhas e odor
fétido semelhante a “peixe podre”, prurido e/ou irritação vulvar, dor pélvica, disúria, polaciúria e hiperemia
da mucosa vaginal com placas avermelhadas. O tratamento sempre é sistêmico, podendo ser associada
terapêutica tópica vaginal.

07. Resposta: D
A medida é feita em centímetros com uma fita métrica flexível e não extensível, do púbis ao fundo do
útero, determinado por palpação, com a grávida em decúbito dorsal.
Existem diferentes métodos de medida que oferecem valores diferentes, por isso é imprescindível
normalizar a forma de medir e utilizar padrões normais de referência que tenham sido elaborados com a
mesma técnica.
Técnica 1: a extremidade da fita métrica é fixada na margem superior da púbis com uma mão,
deslizando a fita entre os dedos indicador e médio da outra mão até alcançar o fundo do útero com a
margem cubital dessa mão.
Técnica 2: a fita é colocada debaixo da borda cubital, por isso, ao descrever uma curva maior, o valor
que se obtém e 1,5 ± 0,6 cm maior em relação ao obtido com a técnica anterior, no 3º trimestre de
gestação.

08. Resposta: A
As náuseas e vômitos representam as condições médicas mais comuns da gravidez, contribuindo para
um alto grau de ansiedade e preocupação nas mulheres. Nas suas formas mais graves, são chamadas
de hiperemese gravídica, definida como vômitos persistentes que levam a uma perda de peso maior que
5% do peso pré-gravídico, associada a desequilíbrio hidroeletrolítico e cetonúria, o que ocorre em cerca
de 1% das gestações.

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09. Resposta: B
A eclâmpsia caracteriza-se pela presença de convulsões tônico-clônicas generalizadas ou coma em
mulher com qualquer quadro hipertensivo, não causadas por epilepsia ou qualquer outra doença
convulsiva.

10. Resposta: E
Pré-eclâmpsia: a presença de aumento rápido de peso, edema facial ou outros sintomas sugestivos
da doença requerem uma monitoração mais rigorosa da pressão arterial e a detecção de proteinúria.

11. Resposta: A
Considerando que o parto ou aborto ocorrem espontaneamente dentro das três semanas seguintes ao
óbito fetal, a opção de esperar esse prazo deve ser oferecida às mulheres e utiliza-se o misoprostol
somente para aquelas que solicitam uma conduta ativa.

12. Resposta: B
Conceitua-se como abortamento a interrupção da gravidez ocorrida antes da 22ª semana de gestação
e com produto da concepção pesando menos que 500 gramas. O produto da concepção eliminado no
processo de abortamento é chamado aborto.

13. Resposta: C
As Mais Importantes Situações Hemorrágicas Gestacionais São:
Segunda Metade da Gestação
- Placenta prévia;
- Descolamento prematuro da placenta;
- Rotura uterina;
- Vasa prévia.

14. Resposta: D
O rastreamento é considerado positivo nas gestantes com nível de glicose plasmática de jejum igual
ou superior a 85mg/dL e/ou na presença de qualquer fator de risco para o diabetes gestacional. Na
ausência de fatores de risco e glicemia de jejum ≤ 85mg/dL, considera-se rastreamento negativo e deve-
se repetir a glicemia de jejum entre a 24ª e 28ª semana de gestação.
Duas glicemias plasmáticas de jejum ≥ 126mg/dL confirmam o diagnóstico de diabetes gestacional,
sem necessidade de teste de tolerância.

Enfermagem pediátrica

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM PEDIATRIA111213

O trabalho da enfermagem pediátrica vai além de uma mera observação e avaliação física, já que
quaisquer situações sociais e/ou ambientais a que a criança estiver exposta terão reflexo na evolução do
crescimento e desenvolvimento, tendo o enfermeiro a responsabilidade investigativa das causas dos
déficits detectados.

Diante disso, podem-se descrever como principais habilidades e atribuições da enfermagem pediátrica
as seguintes:
- Conhecer todo o processo de crescimento e desenvolvimento da criança, para realização de uma
avaliação eficiente.
- Interagir sempre com a criança e a família, uma vez que todos os processos ambientais e sociais que
interferem no desenvolvimento normal de uma criança podem estar ligados ao convívio familiar ou social.
- Conhecer todas as políticas de saúde de atenção à criança e a operacionalização das mesmas, para
que consiga sempre em sua atuação realizar os encaminhamentos necessários.

11
https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/enfermagem/atribuicoes-do-enfermeiro-em-pediatria/11742
12
https://sobep.org.br/revista/component/zine/article/8-consulta-de-enfermagem-peditrica-a-percepo-dos-acompanhantes-no-psatendimento.html
13
http://www.scielo.br/pdf/reben/v64n3/v64n3a14.pdf

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- Buscar ferramentas na comunicação com a criança, tornando assim a informação um processo
presente e a relação com a equipe de enfermagem satisfatória para busca de bons resultados.
- Promover um ambiente saudável à criança e de interação buscando a cooperação da criança.

O enfermeiro pediátrico, enquanto agente de promoção e prevenção da saúde da criança, é ligado


diretamente a todas as situações cotidianas da vida da criança.
- Conhecer o Estatuto da Criança e do Adolescente e agir sempre na intenção de cumpri-lo.
- Promover a segurança no atendimento à criança em todas as suas fases, por meio de procedimentos
técnicos isentos de riscos e manutenção da criança em ambiente seguro quando nos momentos de
consulta de enfermagem e internação hospitalar.
- Cabe ao enfermeiro manter sua equipe de atendimento capacitada para a prestação da assistência
de enfermagem infantil, construindo em conjunto com os demais profissionais da especialidade pediátrica
protocolos de atendimento, maneiras de relacionamento entre a equipe, criança e pais, capacitação e
atualização técnica diante de todos os procedimentos realizados em seu local de trabalho, entre outros.
- O enfermeiro em sua atuação no atendimento infantil deverá contribuir para a adaptação da criança
ao meio, na consulta ou na internação hospitalar.

Atribuições do Enfermeiro em Pediatria

- O enfermeiro deve conhecer todo o processo de Crescimento e Desenvolvimento da Criança, para


realização de uma avaliação eficiente.
- O enfermeiro deve interagir sempre com a criança e a família, uma vez que todos os processos
ambientais e sociais que interferem no desenvolvimento normal de uma criança podem estar ligados ao
convívio familiar ou social.
- O enfermeiro necessita ser conhecedor de todas as políticas de saúde de atenção à criança e a
operacionalização das mesmas, para que consiga sempre em sua atuação realizar os encaminhamentos
necessários.
- O enfermeiro precisa buscar ferramentas na comunicação com a criança, interação, tornando assim
a informação um processo presente e a relação com a equipe de enfermagem satisfatória para busca de
bons resultados.
- O enfermeiro deve promover um ambiente saudável à criança e de interação buscando a cooperação
da criança.
- Para o enfermeiro é necessário conhecer o Estatuto da Criança e do Adolescente e agir sempre na
intenção de cumpri-lo.
- O enfermeiro tem responsabilidade de promover a segurança no atendimento à criança em todas as
suas fases, por meio de procedimentos técnicos isentos de riscos e manutenção da criança em ambiente
seguro quando nos momentos de consulta de enfermagem e internação hospitalar.
- Cabe ao enfermeiro manter sua equipe de atendimento capacitada para a prestação da assistência
de enfermagem infantil, construindo em conjunto com os demais profissionais da especialidade pediátrica
protocolos de atendimento, maneiras de relacionamento entre a equipe, criança e pais; capacitação e
atualização técnica diante de todos os procedimentos realizados em seu local de trabalho, entre outros.
- O enfermeiro em sua atuação no atendimento infantil deverá contribuir para a adaptação da criança
ao meio, na consulta ou na internação hospitalar.
Consulta de Enfermagem Pediátrica

A consulta de enfermagem pediátrica tem como objetivo acompanhar o crescimento e o


desenvolvimento da criança sadia, sendo realizada de forma sistematizada e compondo-se dos seguintes
passos: histórico, diagnóstico e planejamento de enfermagem, implementação e avaliação da saúde da
criança, objetivando elaborar um plano assistencial à criança e a seu familiar e proporcionando o
seguimento da criança no seu primeiro ano de vida através do agendamento de retorno à Unidade Básica
de Saúde (UBS).
O enfermeiro envolvida no cuidado à criança deve desenvolver sua prática também para a prevenção
através da educação em saúde. Associado aos problemas identificados, o plano de cuidados deve
contemplar cada aspecto de crescimento e desenvolvimento.
Assim, com base no processo de avaliação completo, frequentemente se tornam evidentes problemas
relacionados a nutrição, imunizações, segurança, cuidados dentários, desenvolvimento, socialização,
disciplina ou escolarização. Diante dessa situação, o enfermeiro age diretamente e encaminha a família
para outros profissionais ou serviços.

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Além de uma entrevista minuciosa, o exame físico deve ser completo, na grande maioria incluindo
verificação de sinais vitais e mensuração antropométrica (como, por exemplo, peso e altura). A paciência,
a disponibilidade e o "dom" de conquistar a confiança e a simpatia do pequeno cliente são requisitos
indispensáveis para a efetividade do exame físico. Em relação aos pais, é importante transmitir
tranquilidade e segurança.
O cuidado de enfermagem ambulatorial enfoca a assistência integral à saúde da criança, objetiva
acompanhar seu crescimento e desenvolvimento dando ênfase aos aspectos preventivos e de educação
para a saúde através da orientação da criança e da família.
Sendo a família a unidade básica de cuidado da criança, ela é orientada sobre as ações para o
atendimento das suas necessidades básicas. O acompanhamento da criança deve ser periódico, com
avaliação da saúde, do desenvolvimento e da interação dos pais com os filhos.
O enfermeiro deve trabalhar com os familiares, identificando suas metas e necessidades e planejando
as intervenções que melhor atendam aos problemas identificados. Além disso, a enfermeira ajuda as
crianças e seus familiares a fazerem opções conscientes e a agirem de acordo com o melhor interesse
da criança

Diagnóstico de Enfermagem

Intervenções de Enfermagem

Comunicação Prejudicada
Ouvir atentamente a criança e/ou acompanhante; estimular a comunicação; identificar barreiras à
comunicação; deixar que a criança expresse seus sentimentos e angústias.
Monitorar as mudanças no padrão da fala do paciente e no nível de orientação.
Proporcionar métodos alternativos de comunicação.

Convulsão
Colocar a criança em decúbito lateral para facilitar a drenagem da saliva; observar e registrar os sinais
e sintomas na crise convulsiva; aspirar às secreções da cavidade oral; afastar objetos possíveis de
machucar a criança; higienizar a criança se ocorrer liberação de esfíncter.
Proteger a cabeça da criança, colocando se necessário, travesseiro na cabeceira.

Deglutição Prejudicada
Orientar a criança para mastigar bem os alimentos; manter o ambiente tranquilo; observar se a criança
tem regurgitação; observar a deglutição e o esvaziamento da boca.

Diarreia
Investigar fatores causadores e/ou contribuintes da diarréia; monitorar a pele perianal para detectar
irritações e úlceras; monitorar as eliminações intestinais, inclusive frequência, consistência, formato,
volume e cor; orientar a acompanhante sobre a importância da dieta constipante; estimular a ingestão de
líquido.

Dor
Avaliar a dor quanto à localização, frequência e duração; avaliar a eficácia das medidas de controle da
dor; favorecer repouso/sono adequados para o alívio da dor; investigar a experiência de dor da criança;
preparar a criança para procedimento de administração de medicamento; ensinar o uso de técnicas não
farmacológicas (relaxamento, imagem orientada, musicoterapia, diversão, aplicação de compressas
frias/quentes, aplicação de massagem) antes, após e se possível durante a atividade dolorosa; oferecer
informações a acompanhante sobre a dor, suas causas, tempo de duração, quando necessário.

Febre
Arejar o ambiente; Incentivar a ingestão de líquidos; verificar a temperatura corporal de 4 /4h; remover
o excesso de roupas; promover conforto; monitorar a ingestão e a eliminação de líquidos; observar
reações de desorientação/confusão.

Ferida infectada
Avaliar a evolução da ferida; observar e registrar secreção drenada; monitorar a temperatura; orientar
a criança e/ou acompanhante sobre os sinais e os sintomas de infecção; orientar criança e/ou
acompanhante quanto à importância da higiene corporal;

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Realizar curativo sempre que necessário; avaliar realização de higiene pessoal pela criança e/ou
acompanhante; utilizar técnicas assépticas.

Hipotermia
Avaliar a criança quanto aos sintomas associados - fadiga, fraqueza, confusão, apatia, tremor; Ensinar
a criança e/ou acompanhante os sinais precoces de alerta da hipotermia - pele fria, palidez, vermelhidão;
evitar correntes de ar no ambiente; manter a criança aquecida com uso de cobertores; manter a criança
hidratada; monitorar cor da criança.
Monitorar nível de consciência; monitorar sinais vitais; evitar infusões de líquidos gelados.
Monitorar o padrão respiratório; avaliar risco de hipotermia.

Hipertermia
Ensinar a criança e/ou acompanhante os sinais precoces de hipertermia; orientar a criança e/ou
acompanhante quanto à importância de adequada ingestão de líquidos.
Arejar o ambiente; promover o conforto para criança; orientar a reposição de líquidos após atividades
com grandes gastos de energia; verificar se as roupas ou cobertas não são quentes demais para o
ambiente ou para a atividade planejada.

Incapacidade para Executar Auto Higiene


Orientar a criança e/ou acompanhante quanto à escovação correta dos dentes e no enxágue da boca,
conforme a capacidade de autocuidado da criança; encorajar a criança e/ou acompanhante para
continuação da rotina de higiene quando retornar a casa; estimular hábitos de higiene; investigar as
necessidades de aprendizagem da criança e/ou acompanhante;
Investigar se a criança tem material para higiene pessoal; trocar roupas de cama diariamente.
Orientar a criança e/ou acompanhante quanto à lavagem do couro cabeludo, limpeza das unhas e
higiene íntima, conforme a capacidade de autocuidado da criança; orientar sobre importância dos hábitos
de higiene; higienizar cânula de traqueostomia.

Incontinência Urinária
Investigar se existem fatores contribuindo para a incontinência; investigar déficits motores – de
mobilidade; manter higiene íntima; Investigar déficits sensoriais cognitivos; reduzir as barreiras
ambientais.

Ingestão Alimentar Excessiva


Incentivar reeducação alimentar; estimular a criança a aderir à dieta alimentar; oferecer reforço positivo
dos hábitos de dieta adequados; orientar a criança a mastigar bem os alimentos; orientar a criança e/ou
acompanhante sobre os riscos de saúde causados pelo excesso de peso; pesar a criança; discutir com a
criança e/ou acompanhante os hábitos, os costumes e os fatores culturais que influenciam o peso;
encorajar a criança e/ou acompanhante na substituição de hábitos indesejáveis por hábitos favoráveis;
auxiliar a criança na adaptação da dieta ao modo de vida e ao nível de atividade;

Estimular Autoestima
Membrana da mucosa.
Hipocorada.

Verificar Sinais Vitais


Observar cianose; estimular a hidratação; observar sinais de desidratação; avaliar ingestão hídrica e
alimentar.

Náusea
Explicar a criança e/ou acompanhante a causa e duração da náusea, caso seja conhecidas.
Orientar a criança e/ou acompanhante a evitar alimentos quentes ou frios; limitar líquidos durantes as
refeições; orientar a criança e/ou acompanhante para evitar deitar logo após as refeições; arejar o
ambiente; deixar a criança com roupas leves; observar e registrar fatores que contribuem para o
aparecimento da náusea.

Paralisia dos Membros


Prestar cuidados rigorosos para evitar agravamento do comprometimento da função muscular; orientar
a criança e/ou acompanhante quanto à posição do membro afetado para evitar agravamento da

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deformidade; orientar quanto à mudança de decúbito para evitar úlceras; aplicar compressa quente para
melhorar a função muscular; orientar a acompanhante para realizar higiene oral e corporal no leito; manter
o ambiente tranquilo.

Peso Inadequado para Idade


Pesar a criança diariamente; investigar perda de peso, quantidade e período; avaliar as preferências
alimentares; averiguar a causa do peso inadequado; discutir com o paciente os hábitos, os costumes e
os fatores culturais que influenciam o peso; estimular higiene oral antes e depois das refeições; avaliar a
aceitação da dieta.

Exame Físico - Pediatria e Neonatal

O exame físico deve ser sempre realizado, em parte, seguindo uma sequência ordenada para que não
se esqueça de nenhum ponto essencial. Mas esta ordem pode ser modificada e adaptada conforme as
circunstâncias de cada caso. Normalmente recém-nascidos e lactentes no primeiro semestre de vida, se
não assustados ou incomodados, reagem bem ao contato com estranhos.
Conforme Resolução COFEN nº 272¤20023, o exame físico deverá ser realizado para identificar sinais
e sintomas do paciente, a partir das técnicas de inspeção, percussão, ausculta e palpação.
Atentar para hipoatividade ou abatimento da criança, assim como irritabilidade ou choro excessivo,
frequência cardíaca e respiratória, percussão torácica, ausculta cardíaca, palpação do abdome e
pesquisa de rigidez de nuca, que podem ser prejudicados pelo choro e agitação podem ser antecipados
enquanto a criança está calma ou mesmo dormindo.
Sempre observar sinais de maus tratos, má higiene, abandono ou negligência, anotar no prontuário
tomar as providências.

Objetivos
- Avaliar a condição física atual.
- Auxiliar na observação da evolução de uma doença ou reação à terapia médica e de enfermagem.
- Detectar os primeiros sinais de problemas de saúde em desenvolvimento.

Exame Físico Especial

Cabeça
Crânio: conformação, simetria e forma, abaulamentos; tamanho, aspecto e tensão da fontanela,
tumorações, crepitações.
Face: expressão, simetria.
Olhos: formato, simetria, mobilidade, distância. Coloração da esclera, conjuntiva, presença de
secreções. Tamanho das pupilas, reação à luz.
Orelhas: implantação, forma, secreção, dor.
Nariz: tamanho, formato, secreção, lesões.
Boca: simetria, lesões labiais e mucosas, dentes (higiene, cáries, oclusão, perda de dentes).

Pele: os recém-nascidos de cor branca são rosados e os de cor preta tendem para o avermelhado.
Vérnix Caseoso: secreção normal da pele, rica em glicoproteínas, colesterina, ferro e albumina.
Icterícia Fisiológica: surge após 48 horas e tem como causa a imaturidade das células hepáticas.
Mancha Mongólica: mancha de forma irregular e de coloração azulada, que desaparece por volta dos
10 anos.
Descamação Fisiológica: descamações mais comuns no abdome, mãos e pés.
Lanugem: pelos finos e ralos, localizados na face, orelhas, dorso, MMSS, MMII, desaparecendo por
volta do 1º mês.

Pescoço: abaulamentos, mobilidade, tumorações, cadeias ganglionares. Palpação da tireóide


(tamanho, consistência e presença de nódulos).

Tórax: formato, simetria, retrações, abaulamentos, mamilos. Sexo feminino – estadiar o


desenvolvimento mamário.
Aparelho respiratório: Frequência respiratória, ritmo respiratório, padrão respiratório, dispnéia.
Abaulamentos ou retrações durante movimentos respiratórios. Palpação do frêmito tóraco-vocal.
Percussão. Ausculta pulmonar – murmúrio vesicular, presença de ruídos adventícios.

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Aparelho cardiovascular: Precórdio – localização do ictus cordis (localização, extensão e
intensidade), presença de frêmitos. Ausculta cardíaca – ritmo, intensidade das bulhas cardíacas,
presença de sopros, desdobramentos e extra-sístoles. Pulsos e PA.

Abdome: forma, simetria, aspecto, movimentos peristálticos, abaulamentos difusos e localizados,


depressões difusas ou localizadas, diástases, presença de circulação venosa anômala.
Cicatriz umbilical: aspecto, tumoração, secreção. Palpação superficial e profunda: sensibilidade,
tensão, tumorações, visceromegalias.
Fígado: tamanho, consistência, bordas.
Baço: tamanho, sensibilidade. Percussão: timbre, delimitação das vísceras, sensibilidade localizada.
Ausculta: timbre e presença dos ruídos hidroaéreos. Ascite.

Genitais: palpação de região inguinal – gânglios, tumorações e pulso femoral.


Meninos – forma do pênis, exposição da glande, localização da uretra, presença dos testículos, forma
da bolsa escrotal, estadiar o desenvolvimento dos caracteres sexuais (Estadio Tanner).
Meninas – tamanho do clitóris, lábios maiores e menores, orifício uretral e hímen. Estadiar o
desenvolvimento dos caracteres sexuais (Estadio Tanner).

Região anal e sacrococcígea: localização, fissuras, fístulas, condições de higiene. Presença de


lesões. Toque retal. Anormalidades da coluna lombossacra.

Extremidades: simetria, mobilidade, desvios, crepitação, dor.


Recém-nascido: manobra de Ortolani e Barlow.
Crianças maiores – avaliar a coluna na posição ereta.

Neurológico: consciência, orientação, contato, atitude, marcha, motilidade, equilíbrio, tônus, força
muscular, coordenação, sensibilidade e integridade dos pares cranianos.
Reflexos tendinosos: patelar, aquileu, triciptal, biciptal.
Reflexos cutâneos ou superficiais: sinal de Babinski
Reflexos arcaicos: Moro, sucção, procura, expulsão, tônico do pescoço, preensão palmar e plantar,
marcha, Landau, paraquedista.
Sinais de irritação meníngea: rigidez de nuca, sinal do tripé, Kernig, Brudzinski.
Movimentos anormais: tremores, movimentos coreicos, movimentos mioclônicos ou tônicos. Tiques.

Cuidado de Enfermagem em Oncologia Pediátrica14

O diagnóstico e o manejo do câncer infantil são um desafio para a equipe de cuidado multidisciplinar.
Particularmente, com crianças menores, este desafio é ainda maior, devido à excepcional vulnerabilidade
delas a complicações agudas, decorrentes de terapias multimodais agressivas e ao potencial de sequelas
dos tratamentos antineoplásicos no seu crescimento e desenvolvimento, a longo prazo.
Os tumores pediátricos diferem dos tumores adultos quanto à sua biologia e tratamento. Das
neoplasias da infância cerca de 70 % têm cura.
Na Oncologia Pediátrica, o enfermeiro deve ter conhecimento sobre a fisiopatologia dos diferentes
tipos de câncer e suas opções de tratamento, bem como compreender o processo de crescimento e
desenvolvimento normal da criança, para que seja competente ao assistir a criança com câncer e possa
discutir junto à equipe médica as diferentes abordagens no tratamento deste paciente.
A enfermagem, com os demais profissionais da equipe multidisciplinar, desenvolve atividades junto à
criança e à família, buscando a manutenção do bem-estar, uma vez que entendemos ser a família
integrante fundamental para a promoção da saúde.
Além do entendimento dos diversos efeitos adversos agudos decorrentes dos tratamentos oncológicos,
a assistência em Oncologia Pediátrica visa a compreensão dos efeitos colaterais (físicos e emocionais)
tardios, pois atualmente o número de sobreviventes do câncer infantil vem aumentando
significativamente.

A assistência de enfermagem em oncologia pediátrica se define por ações especializadas nos diversos
momentos do tratamento da criança:

14
https://www.ebah.com.br/content/ABAAABBLAAB/cuidados-enfermagem-oncologia-pediatrica

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Admissão
Momento no qual se expõe à família estratégias do processo de cuidar, apresentando as
características da unidade e fazendo entender o quanto algumas rotinas são importantes para a o bem-
estar da criança. Um dos elementos fundamentais, quando do ingresso da criança e família no hospital,
é estabelecer com a equipe multidisciplinar um relacionamento seguro, tranquilo e de empatia.
Quando clara, essa comunicação facilitará e promoverá auxílio para minimizar os efeitos nocivos
causados pela comunicação do diagnóstico. Deve ser de fácil entendimento e abordar não somente o
diagnóstico mas também as possibilidades de tratamento. Quanto maior o conhecimento da família
acerca do diagnóstico e das possibilidades de tratamento, melhor será a contribuição para o cuidado
prestado.
Com o passar dos dias e evolução do tratamento, a criança, que no início apresentava dificuldades de
interação e participação no processo de cuidado, torna-se mais acessível e participativa, uma vez que se
perceba como igual às demais crianças, iniciando-se aí um processo de identificação. O reconhecimento
do ambiente como parte do seu dia-a-dia, sendo o mesmo acolhedor, possibilita maiores condições de
enfrentamento.
À medida em que se define o tratamento, internações sucessivas fazem parte da rotina da criança e
entendemos que, também como parte do tratamento, ela precise de um momento disponível para
recreação. O lúdico é fundamental para que a criança elabore as dificuldades encontradas e compreenda
a importância do tratamento para o seu restabelecimento.

Manejo de Sinais e Sintomas Causados pela Quimioterapia


No processo e evolução naturais do tratamento do câncer, o uso de quimioterápicos é necessário na
maioria dos pacientes. É de fundamental importância que o enfermeiro tenha conhecimento sobre as
drogas utilizadas, seus efeitos adversos, classificação e ação dos agentes e interações entre as drogas.
Ele deve atentar para o tipo de tratamento, evolução clínica (estágio da doença) e ainda para a história
da criança quanto à tolerância aos ciclos anteriores de quimioterapia. Estes dados são coletados através
da anamnese e exame físico no momento da internação, para que o enfermeiro focalize sua assistência
na prevenção e intervenção precoce dos efeitos adversos.

Neutropenia
Segundo Bonassa, "pacientes que recebem quimioterápicos devem ser cuidadosamente monitorados
para determinar a ocorrência e a duração da mielossupressão. O tempo transcorrido entre a aplicação da
droga e a ocorrência do menor valor de contagem hematológica é chamado de NADIR. A recuperação
medular se segue a esse período, até atingir valores próximos ao normal".
O grau de mielossupressão varia segundo o esquema quimioterápico utilizado; por isso, cuidados
especiais são necessários nesse período, como por exemplo: dieta de cozidos e fervidos, evitar esportes
ou atividades que possam causar traumas e não usar medicações como Ibuprofeno e Aspirina, entre
outros.
A maioria dos pacientes tratados com drogas antineoplásicas desenvolvem neutropenia, em geral do
sétimo ao décimo-quarto dia após a administração. Os esquemas mais agressivos (altas doses) causam
neutropenia severa, usualmente associada à infecção.
A flora endógena aumenta o risco de infecções, quando a criança apresenta a contagem de células
diminuída, devendo introduzir-se dieta especial e, quando possível, evitar locais com grande número de
pessoas.
Outro recurso, é a administração de fatores estimuladores hematopoiéticos, conhecidos como CSF
(Colony Stimulation Factors), que solucionam distúrbios na produção de neutrófilos secundários. CSFs
são utilizados para reduzir o período de neutropenia e portanto, os riscos de morbimortalidade e período
de internação. Crianças tratadas com drogas quimioterápicas que produzem toxicidade hematológica
moderada ou pequena, parecem não se beneficiar do uso profilático CSFs.
A neutropenia limita a dose de várias drogas utilizadas no tratamento oncológico. A alteração da
quimioterapia, devido à neutropenia, poderá atrasar o ciclo seguinte e/ou impor a redução da dose,
podendo comprometer o resultado do tratamento.
A administração dos CSFs pode ser via subcutânea (SC) ou endovenosa, permanecendo estáveis por
24 horas após reconstituídos em solução glicosada para infusão. Os locais preferenciais para infusão SC
são: abdômen, deltoide e vasto lateral da coxa. A redução do tempo de hospitalização permitirá à criança
e família ficarem mais tempo em casa, recebendo o apoio e encorajamento necessários para um
restabelecimento rápido.

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Náuseas e Vômitos
A incidência e intensidade de náuseas e vômitos são variáveis nas crianças tratadas com
quimioterápicos. No entanto, este evento faz parte do tratamento oncológico, visto que o uso de drogas
emetogênicas é necessário.

Náuseas e vômitos (N/V) podem definir-se por


a) N/V antecipatórios: são aqueles que ocorrem antes de iniciar novo ciclo de quimioterapia.
b) N/V agudos: nas primeiras 24hs após administração do quimioterápico.
c) N/V tardios: ocorrem durante um período superior a 24hs após a quimioterapia e normalmente
associa-se ao uso de drogas como: cisplatina, ciclofosfamida, etc., administradas em altas doses ou em
2 ou mais dias consecutivos.
d) N/V crônicos: associados a uma variedade de potenciais etiológicos. Embora não se conheça
perfeitamente a causa, sabemos que fatores gastrointestinais, metabólicos, quimioterapia citotóxica e
causas neurológicas podem ser responsáveis por náuseas e vômitos crônicos. Segundo Marrow (1995),
quanto ao manejo das náuseas e vômitos, "o tratamento bem sucedido destes efeitos colaterais melhora
significativamente o grau de aceitação do regime quimioterápico prescrito". Assim, é importante minimizar
esses efeitos, dentro do possível, para que haja maior tolerância às drogas eméticas. Alguns recursos
utilizados são: escolha de dieta de preferência da criança, mas dentro da recomendada na prescrição
médica; dar preferência à ingesta de alimentos sólidos frios ou à temperatura ambiente e de fácil digestão
e, de preferência, em refeições fracionadas; não forçar a aceitação da via oral e valorizar a queixa da
criança sobre sensações semelhantes à náusea, administrando os antieméticos prescritos, se necessário.

Mucosites e Estomatites
São termos utilizados indiscriminadamente para descrever o mesmo fenômeno. Estomatite refere-se
à qualquer reação inflamatória que afete a mucosa oral, provocando ou não ulceração e poderá ser
causada por fatores locais. Mucosite define-se por reação tóxica inflamatória que afeta todo o trato
gastrointestinal, causando lesões ulcerativas e eritema.
A mucosite oral pode complicar-se na presença de infecções, principalmente em crianças
imunocomprometidas e sob antibioticoterapia por um período prolongado, pois a flora da cavidade oral
se alterará, propiciando a colonização por fungos.
Para aquelas crianças com história de mucosite severa pós quimioterapia, o enfermeiro deverá ficar
atento ao regime quimioterápico a que serão submetidas, intensificando os cuidados preventivos dessas
complicações e inspecionando a cada turno a cavidade oral detalhadamente.
Para tanto, a higiene oral deverá ser de no mínimo uma vez por turno, desde o início da quimioterapia,
realizada de forma delicada e sem traumatizar a mucosa oral; com escova dental macia ou gaze para
crianças menores, solução de clorexidine e bochechos com chá de malva; enquanto a mucosa
permanecer íntegra.
A ingestão de alimentos leves e não ácidos é recomendada, evitando alimentos duros, quentes e
condimentados. Deve-se manter os lábios lubrificados, evitando assim rachaduras e monitorando a
hidratação e ingestão de maior quantidade de líquidos.

Avaliação e Manejo da Dor


O enfermeiro deve ter conhecimento adequado sobre a fisiopatologia da dor relacionada ao câncer e
seu tratamento, sendo de extrema relevância o conhecimento sobre utilização de analgésicos e opióides
no manejo da dor em Pediatria.
Faz parte desse processo utilizar meios adequados de avaliação da dor, nunca subestimando a dor
em Pediatria e lembrando-se que a criança tem capacidade de perceber e localizar a dor e de referir
intensidade. Porém, a habilidade de expressar dor em crianças ainda em período pré-verbal torna-se um
pouco limitada.
Neste caso, o enfermeiro deve atentar para sinais de dor, tais como choro, irritabilidade, recusa de
contato com a parte do corpo afetada, taquicardia, aumento da pressão arterial, hiperglicemia por estresse
e diminuição da saturação de oxigênio. Devido à natureza relativamente subjetiva da dor, a avaliação
deve ser feita de forma sistemática, preferencialmente utilizando-se escalas específicas.

Manejo de quimioterápicos e precaução com drogas vesicantes


A administração e descarte das drogas quimioterápicas é função exclusiva do enfermeiro, pois esses
agentes representam um risco em potencial para a saúde. A administração de alguns quimioterápicos,
como asparaginase, bleomicina e epipodofilotoxinas, podem causar reações alérgicas que variam de leve
a severa.

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O fato da criança não ter apresentado reação alérgica na administração prévia dessas drogas, não
exclui a possibilidade de reação ou choque anafilático nas administrações subsequentes. As substâncias
vesicantes são aquelas que causam grave destruição tecidual quando infiltradas. Sendo assim, essas
drogas devem ser administradas pelo enfermeiro de forma bastante cautelosa.
Na administração em acesso venoso periférico, o refluxo deve ser testado durante a infusão,
observando-se também o aparecimento de reações do tipo hiperemia e edema no sítio de punção e
atentando para queixa de dor ou choro persistente para crianças menores.
Nos casos de extravasamento de drogas vesicantes, tentar aspirar a droga residual, evitar compressão
direta no sítio de extravasamento, aplicar compressas frias para a maioria das drogas - com exceção da
vincristina e vimblastina - por 20 minutos de 6/6 horas, nas primeiras 24 hs e, se possível, elevar o membro
nesse período, observando o local quanto a eritema, endurecimento, edema e necrose.
Os sinais e sintomas de extravasamento poderão surgir até mesmo dias após a administração da
droga. Por isso, o registro detalhado do incidente se faz necessário, bem como a monitorização da região
afetada.

Manuseio de Cateter
Como o tratamento oncológico é prolongado, a infusão endovenosa de quimioterápicos através de
cateteres venosos centrais de longa permanência é necessária. Atualmente, existem dois tipos principais
de cateteres de longa permanência: os totalmente implantados e os semi-implantados.

Ambos tem suas vantagens e a seleção é determinada com base nas indicações médicas, preferência
do paciente e rotina de cada instituição. Alguns detalhes técnicos devem ser observados durante a
manipulação dos cateteres de longa permanência:
- Todo e qualquer manuseio do cateter exige lavagem prévia de mãos e utilização de técnica asséptica.
- Lavar o cateter antes e após cada uso com pelo menos 50 ml de soro fisiológico.
- Na punção, utilizar agulha Huber (para cateter totalmente implantado), observando sempre técnica
asséptica. Localizar o centro do reservatório através da palpação de seus bordos e introduzir a agulha
até perceber contato com o fundo.
- Em caso de dificuldades ou ausência de fluxo, comunicar a equipe médica.
- Evitar o uso desses cateteres para infusão de hemoderivados. Quando não há escolha e o uso para
este fim for necessário, após a transfusão lavar o cateter com solução fisiológica.
- Nunca infundir drogas incompatíveis simultaneamente, pelo risco de precipitação no interior do
cateter e tampouco infundir contrastes para exames como cintilografias ou tomografias, que requerem o
uso desse tipo de solução, pelo risco de obstrução e comprometimento do bom funcionamento do mesmo.
- As coletas de sangue, quando feitas pelo cateter, são realizadas pela enfermeira.
- No retorno da criança para casa com o cateter semi-implantado, é importante que um responsável
fique encarregado de fazer o curativo. O enfermeiro é o responsável em ensinar o familiar do paciente a
fazer esse procedimento. Em unidade de internação, deve-se trocar os curativos a cada 7 dias ou quando
necessário (para cateter totalmente implantado), inspecionando-se o local de inserção do cateter ou da
agulha, conforme o caso e registrando em prontuário toda e qualquer alteração, como possíveis reações
ou até mesmo início de processo infeccioso.
- No uso do cateter semi-implantado, o curativo deve ser trocado diariamente, observando-se os itens
mencionados acima.
- Heparinizar regularmente quando não utilizados. Duas vezes por semana nos semi-implantáveis e a
cada 30 dias nos totalmente implantáveis.

Radioterapia
A radioterapia é uma importante modalidade terapêutica para muitas crianças e adolescentes com
câncer. Devido ao seu potencial para efeitos colaterais agudos e crônicos, sua indicação deve ser muito
criteriosa. A severidade dos efeitos adversos tem relação direta com a intensidade de dose e relação
inversa com a idade.
O enfermeiro deve ser capaz de reconhecer as reações adversas, tais como distúrbios
gastrointestinais, mielossupressão e reações de pele devidos à radioterapia. Normalmente, estes efeitos
são reversíveis.
Entre os efeitos tardios, muitas vezes irreversíveis, estão os distúrbios de crescimento com
possibilidade de deformidade dos ossos e tecidos moles, retardo mental devido à imaturidade do sistema
neurológico, esterilidade e a possibilidade de dano em órgãos irradiados.

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A dose total diária e a duração do tratamento radioterápico em recém-nascidos e crianças depende da
história natural específica de cada neoplasia. A área irradiada deve ser a menor possível para reduzir ao
máximo os possíveis efeitos colaterais.

Cirurgia
A cirurgia para biópsia ou ressecção tumoral é utilizada com frequência para pacientes com tumores
sólidos, associada ou não à quimio e radioterapia. O enfermeiro participa de todo processo que envolve
a cirurgia prestando cuidados pré e pós-operatórios, bem como orientando os familiares.
Para uma melhor assistência, o enfermeiro deve compreender o tipo e a extensão do procedimento
cirúrgico a que a criança foi submetida e intervir com cuidados de enfermagem específicos.

Cuidados paliativos
Embora hoje tenhamos um número significativo de sobreviventes ao câncer infantil, ainda enfrentamos
situações onde a cura não é mais possível e sim o cuidado paliativo. Este se define por um conjunto de
medidas e cuidados ao paciente, quando ele se encontra fora de possibilidades de cura. Nessa fase,
todas as chances de cura foram esgotadas e parece que não temos mais nada a oferecer.
Na verdade, para este paciente temos muito a fazer. A promoção do conforto, dentro das condições
em que a criança se encontra, é uma tarefa bastante especializada e requer da equipe de enfermagem
mais atenção e habilidades próprias.
A assistência de enfermagem em medidas paliativas se define pelas ações de: contato físico através
do toque, que traz segurança e conforto para a criança; possibilitar à mãe e familiares que segurem a
criança no colo, diminuindo o sofrimento, muitas vezes causado pela dor; deixar a criança em posição
confortável, observando regiões potenciais para formação de escaras; aquecer e deixar a temperatura
ambiente favorável; utilizar linguagem e tom de voz adequados; evitar manuseio desnecessário; permitir
à criança expressar sentimento de perda e separação através de brinquedos; manter sempre uma
analgesia adequada contra a dor e, para tanto, usar técnicas adequadas para avaliação da dor - como as
escalas de faces por exemplo.

Questões

01. Dentre as atribuições do enfermeiro em pediatria, é correto afirmar que: “O enfermeiro necessita
ser conhecedor de algumas das políticas de saúde de atenção à criança e a operacionalização das
mesmas”.
( ) Certo ( ) Errado

02. Um dos objetivos do “Exame Físico - Pediatria e Neonatal”, é:

“Auxiliar na observação da evolução de uma doença ou reação à terapia médica e de enfermagem”


( ) Certo ( ) Errado

03. É função exclusiva da enfermagem desenvolver atividades junto à criança e à família, buscando a
manutenção do bem-estar, uma vez que entendemos ser a família integrante fundamental para a
promoção da saúde.
( ) Certo ( ) Errado

Gabarito

01.Errado / 02.Certo / 03.Errado

Comentários

01. Reposta: Errado


O enfermeiro necessita ser conhecedor de todas as políticas de saúde de atenção à criança e a
operacionalização das mesmas, para que consiga sempre em sua atuação realizar os encaminhamentos
necessários.

02. Resposta: Certo


Objetivos:
- Avaliar a condição física atual

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- Auxiliar na observação da evolução de uma doença ou reação à terapia médica e de enfermagem
- Detectar os primeiros sinais de problemas de saúde em desenvolvimento

03. Resposta: Errado


A enfermagem, com os demais profissionais da equipe multidisciplinar, desenvolve atividades junto à
criança e à família, buscando a manutenção do bem-estar, uma vez que entendemos ser a família
integrante fundamental para a promoção da saúde.

Ética profissional

A Ética Profissional nada mais é do que proceder bem, correto, justo, agir direito, sem prejudicar os
outros, é estar tranquilo com a consciência pessoal. É também agir de acordo com os valores morais de
uma determinada sociedade. Essas regras morais são resultado da própria cultura de uma comunidade.
Elas variam de acordo com o tempo e sua localização no mapa. E uma regra ética é uma questão de
atitude e de escolha.15
A maioria das profissões possuem seu próprio Código de Ética, Todos os códigos de ética
profissionais, trazem em seu texto a maioria dos seguintes princípios: honestidade no trabalho, lealdade
na empresa, alto nível de rendimento, respeito à dignidade humana, segredo profissional, observação
das normas administrativas da empresa entre outros.
Agir corretamente hoje não é só uma questão de consciência. É um dos quesitos fundamentais para
quem quer ter uma carreira longa e respeitada. Em escolhas aparentemente simples, muitas carreiras
brilhantes podem ser jogadas fora. Atualmente, mais do que nunca, a atitude dos profissionais em relação
às questões éticas pode ser a diferença entre o seu sucesso e o seu fracasso.
Ter um comportamento ético profissional é uma característica fundamental, sendo assim valorize a
ética na sua vida e em seu ambiente de trabalho.
A ética é o comportamento que assumimos perante os demais, o padrão de comportamento e valores
que presidem nossa prática, a ciência que tenciona alcançar o puro e simples bem-estar do homem, tendo
por objetivo a perfeição dele através de sua livre ação.

Ética Pessoal

A palavra Ethos - significa ética, em grego e se designa como a morada humana. Assim o ser humano
separa uma parte do mundo para, moldando-a ao seu jeito, construir um abrigo protetor e permanente. A
ética, como morada humana, não é algo pronto e construído de uma só vez. O ser humano está sempre
tornando habitável a casa que construiu para si. Ética significa, segundo Leonardo Boff (2007), “tudo
aquilo que ajuda a tornar melhor o ambiente para que seja uma moradia saudável: materialmente
sustentável, psicologicamente integrada e espiritualmente fecunda”.

Ser ético

Você se considera uma pessoa ética? Ser ético nada mais é do que agir direito, proceder bem, sem
prejudicar os outros. É ser altruísta, é estar tranquilo com a consciência pessoal. É, também, agir de
acordo com os valores morais de uma determinada sociedade. Essas regras morais são resultado da
própria cultura de uma comunidade. Elas variam de acordo com o tempo e sua localização no mapa. A
regra ética é uma questão de atitude, de escolha.
Além de ser individual, qualquer decisão ética tem por trás um conjunto de valores fundamentais.
Muitas dessas virtudes nasceram no mundo antigo e continuam válidas até hoje. Eis algumas das
principais:

a) Ser honesto em qualquer situação: a honestidade é a primeira virtude da vida nos negócios,
afinal, a credibilidade é resultado de uma relação franca;
b) Ter coragem para assumir as decisões: mesmo que seja preciso ir contra a opinião da maioria;

15
ARAÚJO, U.F. et al. Programa Ética e Cidadania: construindo valores na escola e na sociedade: relações étnico-raciais e de gênero / organização FAFE –
Fundação de Apoio à Faculdade de Educação (USP–Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2007.

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c) Ser tolerante e flexível: muitas ideias aparentemente absurdas podem ser a solução para um
problema. Mas para descobrir isso é preciso ouvir as pessoas ou avaliar a situação sem julgá-las antes;
d) Ser íntegro: significa agir de acordo com os seus princípios, mesmo nos momentos mais críticos;
e) Ser humilde: só assim se consegue ouvir o que os outros têm a dizer e reconhecer que o sucesso
individual é resultado do trabalho da equipe.

A ética define padrões sobre o que julgamos ser certo ou errado, bom ou mau, justo ou injusto, legal
ou ilegal na conduta humana e na tomada de decisões em todas as etapas e relacionamentos da nossa
vida. O fato, porém, é que cada vez mais essa é uma qualidade fundamental para quem se preocupa em
ter uma carreira longa, respeitada e sólida.
Para ficar mais claro, veja a seguir os principais problemas éticos encontrados nas organizações:
- Favorecimento de interesses pessoais, familiares, políticos, econômicos ou de outros grupos de
identificação;
- Divulgação de informação confidencial;
- Uso de informação privilegiada;
- Uso de facilidades do serviço para benefício pessoal;
- Uso indevido da posição e de facilidades profissionais;
- Aceitação indevida de ofertas;
- Falta de honestidade nas despesas suportadas pela Instituição.

Ética como uma questão de Sobrevivência

Na atualidade, falar sobre Ética é um grande desafio. O Brasil vive um momento onde os valores éticos,
de forma geral, têm sido discutidos pelos diversos meios de comunicação e pela comunidade. São
escândalos constantes, envolvendo personalidades públicas onde se tem colocado à prova os valores de
nossa sociedade.
Isto reflete diretamente nas empresas e nos consumidores de todo o mundo que estão mais atentos à
Ética do que nunca. Nos últimos anos, as empresas têm dado uma atenção especial à ética corporativa
promovendo debates com os funcionários e chegando, inclusive, a criar um instrumento que esclarece as
diretrizes e as normas da organização: o código de ética.
Enquanto a ética profissional está voltada para as profissões, os trabalhadores, as associações e as
entidades de classe do setor correspondente, a ética empresarial atinge as empresas e as organizações
em geral.
A empresa necessita desenvolver-se de tal forma que a ética, a conduta ética de seus integrantes,
bem como os valores e as convicções primárias da organização tornem-se parte de sua cultura. É
importante destacar que a ética empresarial não consiste somente no conhecimento de ética, mas na sua
prática. É fundamental praticá-la diariamente e não apenas em ocasiões especiais ou geradoras de
opinião.
O código de ética tornou-se um instrumento para a valorização dos princípios, da visão e da missão
da empresa. Serve para orientar as ações de seus colaboradores e explicitar a postura social da empresa
face aos diferentes públicos com os quais interage. É da máxima importância que seu conteúdo seja
refletido nas atitudes das pessoas e que se encontre respaldo na alta administração da empresa, pois até
mesmo o último empregado contratado terá a responsabilidade de vivenciá-la.
A definição de diretrizes e padrões de integridade e transparência obriga e deve ser observada por
todos e em todos os níveis da organização. Seu contexto, por sua vez, estabelece as diretrizes e os
padrões de integridade e transparência aos quais todos devem aderir e que passarão a incorporar no
Contrato de Trabalho de cada colaborador. Desta forma, costuma trazer para ética empresarial a
harmonia, a ordem, a transparência e a tranquilidade, em razão dos referenciais que cria, deixando um
lastro decorrente do cumprimento de sua missão e de seus compromissos.
Assim como as empresas, as pessoas também passam por uma profunda crise de identidade ética. E
já faz tempo que a criatividade, característica de nosso povo, deu espaço ao "jeitinho" ou à famosa "lei
de Gerson", onde levar vantagem é fundamental. O mercado profissional, os meios de ensino e a
sociedade capitalista vêm formando nas pessoas um comportamento de competição acirrada e de busca
pelo sucesso profissional a qualquer preço. Com isto, muitos se esquecem ou desaprendem um dos
valores básicos da convivência em sociedade que é o respeito à individualidade do outro.
Algumas pessoas e empresas perceberam que competir com ética é a saída para o crescimento
pessoal, profissional e de mercado, bem como de nossa sociedade. Portanto, cada vez mais reaprender
as "boas maneiras" do comportamento profissional é fundamental.

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Como ter Atitudes Éticas no Ambiente de Trabalho16

Hoje, os profissionais requisitados pelos recrutadores devem ter inúmeras qualidades para obter
sucesso na carreira profissional. Porém, apesar dos diversos conhecimentos que as pessoas possuem,
existe algo que é um pré-requisito para alcançar qualquer posição: a ética, termo que deve ser conhecido
e praticado dentro e fora das empresas.
Muitos estudiosos, como Platão, Aristóteles e Sócrates, aprofundaram suas pesquisas sobre este
assunto. Apesar das divergências das linhas teóricas e de como o comportamento é regido, existe um
significado para ética que é imutável: ela corresponde a compreensão dos valores morais que guiam o
comportamento de um indivíduo. Ser ético está relacionado a seguir os padrões da sociedade e as regras
e políticas das organizações.

O Código de Ética Apresenta as Seguintes Orientações


- Julgue-se igual ao seu colega, independentemente de seu nível cultural ou profissional;
- Forneça ajuda aos colegas;
- Saiba receber orientações de trabalhos de colegas ou superiores;
- Troque ideias com superiores sempre que houver necessidade;
- Mantenha sempre o local de trabalho em ordem e em condições de uso;
- Quando não souber fazer, não faça, peça ajuda;
- Informe aos colegas os riscos de acidentes no trabalho;
- Dê ideias para solucionar problemas no ambiente de trabalho, não se preocupe se serão aceitas, ou
não;
- Transmita princípios morais no ambiente de trabalho;
- Ajude, opine, mas com discrição. Respeite as confidências dos colegas;
- Seja responsável e cumpra suas obrigações;
- Faça críticas e concorde somente com críticas construtivas;
- Opine sempre educadamente, sem medo de repressão;
- Seja honesto com a empresa, com os colegas, com os superiores, consigo mesmo;
- Mude de opinião quando perceber que está errado;
- Seja pontual nos horários de trabalho e compromissos;
- Respeite a opinião dos colegas;
- Faça sempre o trabalho certo; e
- Atualize-se em sua profissão, constantemente.

Para que você não fique confuso ao tomar uma decisão em sua carreira, veja algumas dicas para
garantir a ética profissional:
Humildade: esteja pronto para ouvir sugestões, elogios e críticas. Você pode aprender muito com
seus colegas de trabalho. Portanto, seja flexível a opiniões.
Honestidade: ninguém perde por ser honesto. Aliás, a honestidade traz dignidade. Esta é a hora de
mostrar seu caráter e ser um profissional ético.
Privacidade: dentro das organizações, existem assuntos sigilosos e que devem ser tratados de forma
discreta. Seja algo de clientes ou colegas de trabalho, o seu dever é manter segredo e não expor
informações internas que são exclusividades da empresa. Trata-se do sigilo profissional.
Respeito: seja com o chefe ou com o subordinado, você deve ser respeitoso com os colegas de
trabalho. Evite falar mal daqueles que te incomodam, isso não irá te acrescentar nada e poderá prejudicar
sua imagem dentro da empresa.

Portanto, siga esses procedimentos para que você continue com atitudes e comportamentos éticos
diante da empresa e da sociedade. A ética revela seu caráter, sendo assim, seja ético e isso poderá te
proporcionar inúmeras conquistas profissionais.

A Organização do Local de Trabalho17

Para trabalharmos bem, precisamos estar num ambiente agradável, limpo, organizado e de fácil
acesso. Posto isso, a primeira coisa que devemos ter em mente é que a organização do local de trabalho
é extremamente importante para o bom desempenho de nossas atividades.

16
MARQUES, José Roberto. Como ter atitudes éticas no ambiente de trabalho. 2016.
17
CZARNESKI, Edson Ricardo. A organização no ambiente de trabalho, 2015.

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Pessoas que trabalham em lugares organizados, trabalham mais animadas e apresentam um
rendimento superior as pessoas que não valorizam tal questão. Um bom exemplo disso seria o de se
procurar uma ferramenta, em um ambiente desorganizado o tempo de procura é consideravelmente
superior em relação ao tempo de procura em um ambiente organizado.
Sendo assim, por meio da busca pela melhoria continua da organização e do ambiente de trabalho a
fermenta 5s tem ajudado a criar nas empresas a cultura da disciplina, a identificação de problemas e a
melhor observação de oportunidades para melhorias.
A proposta do 5s se traduz em reduzir o desperdício de recursos e o espaço de forma a aumentar a
eficiência operacional do trabalho e para isso aborda 5 sensos:

1. Senso de utilização: verifica o que é realmente necessário no ambiente de trabalho (ferramentas,


materiais, papéis etc.). O que não está sendo usado é guardado ou descartado. Este processo diminui os
obstáculos à produtividade no trabalho;

2. Senso de ordenação: enfoca a necessidade de um espaço organizado (quadro de ferramentas,


arquivo de documentos etc.). Dispomos os materiais que precisamos no nosso serviço de maneira a
melhorar o fluxo do nosso trabalho e eliminando movimentos desnecessários;

3. Senso de limpeza: a limpeza é uma necessidade diária de qualquer ambiente. Geralmente, em


escritórios existe uma equipe que faz esta limpeza. Mesmo assim, podemos ajudar jogando o lixo fora,
por exemplo. Existe ambientes, como as oficinas por exemplo, onde os funcionários devem fazer esta
limpeza. No final do expediente pode-se tomar alguns minutos para executar esta organização;

4. Senso de saúde: este senso pode parecer um tanto metódico, mais é importante. Basicamente, ele
padroniza as práticas do trabalho, como manter os materiais juntos, canetas com canetas, livros com
livros e assim por diante. Favorece à saúde física, mental e ambiental;

5. Senso de autodisciplina: utilizado para fazer a manutenção e manter a ordem em nosso ambiente
de trabalho. É um tanto difícil, pois é necessário fazer com que os funcionários mantenham à ordem no
local de trabalho. Devem seguir regras como " usou, guarde", "sujou, limpe".

Algumas empresas fazem, periodicamente, inspeções nos departamentos para a verificação da


organização. Pode se nomear alguns funcionários para fazer estas inspeções de tempos em tempos. O
objetivo é fazer tal manutenção, ajudar na aplicação dos princípios por parte dos funcionários.

Atitudes que os Profissionais devem evitar em Serviço

As atitudes são as ações que o profissional toma quando desempenham suas funções, quando
desempenhadas com ética e profissionalismo acarreta em benefícios, mas quando não acarreta em
prejuízos. Na verdade, trata-se de exteriorização do comportamento profissional, abaixo listam-se
algumas atitudes que devem ser evitadas.

1) Assuntos profissionais x pessoais: é muito comum que o colaborador realize atividades como
falar com a família, acessar redes sociais e pagar contas durante o expediente. Para não prejudicar as
obrigações na empresa, o indicado é resolver essas questões após a jornada de trabalho. Caso o assunto
só possa ser resolvido no horário comercial, é de bom senso reservar o horário de almoço.

2) Roupa: pode até parecer fútil para alguns, mas muitos profissionais ainda pecam no vestuário. Há
situações, como o abuso de decotes e transparências, e o uso de jeans em dias não permitidos, que
podem criar problemas. Por esse motivo, é importante que o contratado adote o traje de acordo com a
cultura da empresa e tenha a preocupação de adequar suas roupas ao ambiente de trabalho.

3) Postura: cuidado com palavrões, gírias e falar alto no trabalho. Comportamentos como esses
podem prejudicá-lo no ambiente corporativo. Por isso, é fundamental ser educado e manter a compostura
mesmo em situações críticas.

4) Críticas em público: o feedback negativo nunca deve ser em público, pois tal atitude pode
constranger o colaborador. Porém, caso o assunto for um elogio ou reconhecimento é indicado fazer

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diante de outras pessoas como forma de incentivo. Os especialistas afirmam que acima de tudo é preciso
ter bom senso e respeito.

5) Falta de pontualidade: a atenção ao horário não é apenas na entrada ao trabalho, mas inclui ser
pontual nas reuniões e outros compromissos da empresa. Além disso, o profissional deve respeitar o
tempo estipulado para o almoço e cumprir suas tarefas no prazo.

6) Falar mal da empresa: criticar a organização por causa do salário, benefícios e discordar das novas
políticas da organização no ambiente de trabalho, não pega bem. Para os especialistas, existem os canais
e os momentos certos para relatar a insatisfação. O indicado é expor as ideias ao mesmo tempo em que
propõe soluções.

7) Desrespeitar a hierarquia: não acatar as regras da empresa é considerada insubordinação e pode


levar a demissão. Além disso, passar por cima da posição pré-estabelecidas na instituição não é visto
como pró-atividade. Em termos de postura, é essencial respeitar a hierarquia para evitar problemas na
vida profissional.

8) Impor pensamentos ideais: é comum o líder ditar regras como crenças religiosas e política, entre
outras determinações que ele acredite. Segundo especialistas, o chefe deve agir como responsável e não
como ditador. Antes de tudo, é fundamental respeitar as diferenças e buscar o melhor de cada um para
agregar valor à política da empresa.

9) Ausência de feedback: a falta de esclarecimento dos funcionários perante seus colegas e ao


público externo compromete a imagem da organização. Deixar de dar um retorno quanto a uma
solicitação, por exemplo, pode passar uma impressão negativa. As empresas são feitas de pessoas, que
podem achar ruim a falta de informações.

10) Atmosfera negativa: conviver com colega que reclama de tudo e ainda é mal-humorado não é
nada agradável, por isso antes de expor um comentário, avalie se ele vai causar um desconforto no local
de trabalho, ou um desconforto a alguém, o aconselhável e melhor a se fazer é agir para sempre manter
um ambiente positivo.

Questões

01. (CISLIPA - Assistente Administrativo - FAFIPA) A dignidade, o decoro, o zelo, a eficácia e a


consciência dos princípios morais são primados maiores que devem nortear o servidor público, seja no
exercício do cargo ou função, ou fora dele, já que refletirá o exercício da vocação do próprio poder estatal.
Seus atos, comportamentos e atitudes serão direcionados para a preservação da honra e da tradição dos
serviços públicos. Desta forma, a respeito da ética na Administração Pública, assinale a alternativa
CORRETA:
(A) A moralidade da Administração Pública não se limita à distinção entre o bem e o mal, devendo ser
acrescida da ideia de que o fim é sempre o bem comum.
(B) Não é vedado ao servidor público ser, em função de seu espírito de solidariedade, conivente com
erro ou infração a este Código de Ética ou ao Código de Ética de sua profissão.
(C) Apenas e exclusivamente nos órgãos da Administração Pública Federal Direita é que deverá ser
criada uma Comissão de Ética, encarregada de orientar e aconselhar sobre a ética profissional do
servidor, no tratamento com as pessoas e com o patrimônio público, competindo-lhe conhecer
concretamente de imputação ou de procedimento susceptível de censura.
(D) É vedado ao servidor público comunicar imediatamente a seus superiores todo e qualquer ato ou
fato contrário ao interesse público, devendo primeiro o servidor público efetuar diligências, a fim de
arrecadar provas sobre o ato ou fato que sobre seu entendimento é contrário ao interesse público.

02. (TJ/DFT - Todos os cargos - CESPE) Julgue o item subsequente, relativo à ética no serviço
público.

A qualidade dos serviços públicos depende fortemente da moralidade administrativa e do


profissionalismo de servidores públicos.
(...) Certo (...) Errado

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03. (Colégio Pedro II - Auxiliar de Biblioteca - Acesso Público) Rodrigo tem em mente que o
elemento ético no exercício do cargo público é fundamental para o bom andamento do serviço. Seu atos,
comportamentos e atitudes deverão ser sempre direcionados para a preservação da honra e tradição dos
serviços públicos. Diante dos fatos assinale a alternativa errada:
(A) Não é vedado ao servidor público usar informações privilegiadas obtidas no âmbito interno de seu
serviço, em benefício próprio.
(B) Rodrigo tem o dever de tratar cuidadosamente os usuários dos serviços públicos.
(C) É dever do servidor público o cumprimento de ordens superiores, desde que a ordem não seja
manifestamente ilegal.
(D) É vedado ao Rodrigo o uso do cargo para obter qualquer favorecimento, para si ou para outrem.
(E) A assiduidade e frequência do servidor público em seu ambiente de trabalho, além de ser um dever,
reflete positivamente em todo o sistema.

04. (MPOG - Atividade Técnica - FUNCAB) A ética pode ser definida como:
(A) um conjunto de valores genéticos que são passados de geração em geração.
(B) um princípio fundamental para que o ser humano possa viver em família.
(C) a parte da filosofia que estuda a moral, isto é, responsável pela investigação dos princípios que
motivam, distorcem, disciplinam ou orientam o comportamento humano em sociedade.
(D) um comportamento profissional a ser observado apenas no ambiente de trabalho.
(E) a boa vontade no comportamento do servidor público em quaisquer situações e em qualquer tempo
de seu cotidiano.

05. (MPE/SC - Motorista - FEPESE) Assinale a alternativa correta em relação à ética no serviço
público.
(A) Em razão do interesse público indireto, os atos administrativos não precisam ser publicados.
(B) O conceito de moralidade da Administração Pública é restrito aos procedimentos internos
praticados pelos servidores.
(C) O servidor poderá omitir ou falsear a verdade, quando necessário aos interesses da Administração
Pública.
(D) O desempenho da função pública não demanda profissionalismo, uma vez que tal princípio é
inerente à iniciativa privada que busca lucros e resultados
(E) A moralidade administrativa se integra ao Direito como elemento indissociável dos atos praticados
pela administração pública, e, como consequência, atua como fator de legalidade.

06. (ANATEL - Analista Administrativo - CESPE) Com relação ao comportamento profissional do


servidor previsto no Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal,
julgue o item subsequente.

É vedado ao servidor público manter-se habitualmente embriagado, ainda que fora do serviço.
(...) Certo (...) Errado

07. (Prefeitura de Canavieira/PI - Auxiliar em Serviços Gerais - IMA) Conjunto de atitudes e valores
positivos aplicados no ambiente de trabalho, sendo de fundamental importância para o bom
funcionamento das atividades da empresa e das relações de trabalho entre os funcionários. São normas
que formam a consciência do profissional e representam imperativos de sua conduta. O conceito refere-
se à definição de:
(A) Comportamento no local de trabalho.
(B) Relações Humanas.
(C) Relações Interpessoais.
(D) Ética Profissional.

08. (FMSFI - Assistente Administrativo - FAUEL) A ética é indispensável ao profissional e é o


primeiro passo para aproximar-se do comportamento correto. Assinale a alternativa que contém atitudes
que NÃO devem ser cultivadas pelo funcionário em um ambiente de trabalho:
(A) ser capaz de cultivar valores como: justiça, tolerância, solidariedade e atitudes positivas.
(B) ser intolerante, manter-se isolado do grupo, não cumprimentar as pessoas que não conhece.
(C) saber ouvir e conversar educadamente.
(D) respeitar e tratar bem a todos.

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09. (Câmara Municipal de Sorocaba - Telefonista - VUNESP) A habilidade com o manuseio dos
equipamentos telefônicos especializados pode permitir que a telefonista ouça qualquer ligação sem
querer e sem que alguém perceba. Assim sendo, é imprescindível que ela tenha, como princípio, atitudes
essencialmente
(A) neutras.
(B) cordiais.
(C) dissimuladas.
(D) éticas.
(E) displicentes.

10. (CRESS/PB - Assistente Administrativo - CONSULPAM) Em relação à Ética Profissional,


marque o item INCORRETO:
(A) Ética profissional é o conjunto de normas éticas que formam a consciência do profissional e
representam imperativos de sua conduta.
(B) O indivíduo que tem ética profissional cumpre com todas as atividades de sua profissão, seguindo
apenas os princípios determinados pelo seu grupo de trabalho.
(C) Cada profissão tem o seu próprio código de ética, que pode variar ligeiramente, graças a diferentes
áreas de atuação.
(D) Há elementos da ética profissional que são universais e por isso aplicáveis a qualquer atividade
profissional, como a honestidade, responsabilidade, competência e etc.

11. (Instituto AOCP - Assistente Administrativo - EBSERH) A ética profissional está relacionada à
questão
(A) familiar.
(B) conjugal.
(C) de trabalho.
(D) religiosa.
(E) ambiental.

12. (SURG - Motorista - CONSULPAM) A ética profissional é o conjunto de práticas que determinam
a adequação no exercício de qualquer profissão. É através dela que se dão as relações interpessoais no
trabalho, visando, especialmente, o respeito e o bem-estar no ambiente profissional. Assinale a alternativa
que NÃO apresenta uma característica de um profissional ético.
(A) Honestidade.
(B) Sigilo.
(C) Imprudência.
(D) Imparcialidade.

13. (SURG - Auxiliar Administrativo - CONSULPAM) No contexto profissional, a ética visa a um bom
desempenho nas atividades profissionais, principalmente no que tange ao relacionamento com usuários
e demais colegas de trabalho. Assinale a alternativa CORRETA em relação à conduta ética do servidor
em uma instituição pública.
(A) Manter tratamento cortês e respeitoso a superiores, colegas e subordinados, dependendo da
posição hierárquica.
(B) Manter sigilo profissional no exercício das atividades.
(C) Usar informações e influências na posição em que ocupa na empresa, visando vantagem pessoal.
(D) Exercer atividades para as quais não possui qualificação, a fim de agradar colegas e superiores.

14. (Prefeitura de Serrita/PE - Auxiliar de Biblioteca Escolar - CONSULPAM) Marque V para


Verdadeiro e F para falso em relação a atribuições da ética profissional.
I- Sempre manter sigilo sobre as informações que lhe são confiadas.
II- Sempre omitir qualquer deslize cometido para evitar ser prejudicado.
III- Sempre oferecer um tratamento atencioso a todas as pessoas, sem distinção.

As afirmações CORRETAS são:


(A) Apenas I e II.
(B) apenas II e III.
(C) Apenas I e III.
(D) todas estão corretas.

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163
15. (Caixa - Técnico Bancário - CESPE) Com relação a ética, ética empresarial e ética profissional,
julgue o item a seguir:

O alvo da reflexão ética é a conduta humana, avaliada a partir de valores construídos em sociedade.
(A) Certo
(B) Errado.

Gabarito

01.A / 02.Certo / 03.A / 04.C / 05.E / 06.Certo / 07.D / 08.B / 09.D / 10.B 11.C / 12.C / 13.B / 14.C /
15.A

Comentários

01. Resposta: A
A) MAZZA (2014) —
Conteúdo jurídico da moralidade administrativa
O Texto Constitucional de 1988, em pelo menos três oportunidades, impõe aos agentes públicos o
dever de observância da moralidade administrativa.
Primeiro no art. 5º, LXXIII, autorizando a propositura de ação popular contra ato lesivo à moralidade
administrativa: “qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo
ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio
ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má--fé, isento de custas
judiciais e do ônus da sucumbência”.
Além disso, o art. 37, caput, elenca a moralidade como princípio fundamental aplicável à Administração
Pública: “a administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência”.
E ainda o art. 85, V, que define como crime de responsabilidade do Presidente da República os atos
que atentarem contra a “probidade na administração”.
Com isso, pode--se constatar que a moralidade administrativa constitui requisito de validade do ato
administrativo.
É importante ressaltar que, quando a Constituição de 1988 definiu a moralidade como padrão de
comportamento a ser observado pelos agentes públicos, não houve juridicização de todas as regras
morais vigentes na sociedade. Fosse assim, bastaria a legalidade. Cumprindo a lei automaticamente, a
moralidade seria atendida.
A moralidade administrativa difere da moral comum. O princípio jurídico da moralidade administrativa
não impõe o dever de atendimento à moral comum vigente na sociedade, mas exige respeito a padrões
éticos, de boa--fé, decoro, lealdade, honestidade e probidade incorporados pela prática diária ao conceito
de boa administração. Certas formas de ação e modos de tratar com a coisa pública, ainda que não
impostos diretamente pela lei, passam a fazer parte dos comportamentos socialmente esperados de um
bom administrador público, incorporando--se gradativamente ao conjunto de condutas que o Direito torna
exigíveis.

02. Resposta: Certo


A presente questão é extremamente intuitiva, de modo que não apresenta maiores dúvidas, a meu
sentir. De fato, parece bastante difícil imaginar que um serviço público possa ser prestado com qualidade,
mas de forma imoral. São ideias que não têm como ser conciliadas. Ora, é evidente que todo e qualquer
serviço público que não observe a moralidade administrativa não terá como ser, ao mesmo tempo, um
serviço de qualidade. Haverá, em suma, espaço para desonestidades, condutas antiéticas, corrupção,
privilégios odiosos, perseguições indevidas, etc. Neste cenário desalentador, há condições de, ainda
assim, ser prestado um serviço público de qualidade? É óbvio que não.
O mesmo pode se dizer em relação ao requisito do profissionalismo, exigido dos servidores públicos,
o que, aliás, consta de forma expressa do Código de Ética do Servidor Público Civil do Poder Executivo
Federal, aprovado pelo Decreto 1.171/94, verbis:
" VI - A função pública deve ser tida como exercício profissional e, portanto, se integra na vida particular
de cada servidor público. Assim, os fatos e atos verificados na conduta do dia-a-dia em sua vida privada

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164
poderão acrescer ou diminuir o seu bom conceito na vida funcional." Inteiramente correta, portanto,
apresente assertiva.18

03. Resposta: A
DECRETO Nº 1.171, DE 22 DE JUNHO DE 1994
Seção III
Das Vedações ao Servidor Público
XV - E vedado ao servidor público;
m) fazer uso de informações privilegiadas obtidas no âmbito interno de seu serviço, em benefício
próprio, de parentes, de amigos ou de terceiros.

04. Resposta: C.
A ética é a parte da filosofia que estuda a moral, (filosofia moral ou de costumes), reflete sobre os
valores em sociedade na busca da moralidade e consciência para alcançar esses valores morais, porém
a ética inicialmente não estabelece regras.
A ética, portanto, é um termo grego “ETHIKÓS” que significa “modo de ser”, que em aspectos
filosóficos traduz-se o estudo dos juízos na conduta do ser, que é passível do bem e o mal, presente
neste único ser ou em grupo e/ ou sociedade. Está presente em todas as ordens vigentes no mundo, na
escola, na política, no esporte, nas empresas e é de vital importância nas profissões, principalmente nos
dias atuais.
Fonte: http://www.acervosaber.com.br/trabalhos/chs1/etica_2.php.

05. Resposta: E
e) A moralidade administrativa se integra ao Direito como elemento indissociável dos atos praticados
pela administração pública, e, como consequência, atua como fator de legalidade.

06. Resposta: Certo


DECRETO Nº 1.171, DE 22 DE JUNHO DE 1994
Seção III
Das Vedações ao Servidor Público
XV - E vedado ao servidor público;
n) apresentar-se embriagado no serviço ou fora dele habitualmente.

07. Resposta: D
Ética profissional é o conjunto de normas éticas que formam a consciência do profissional e
representam imperativos de sua conduta.
Ética é uma palavra de origem grega (éthos), que significa “propriedade do caráter”.
Ser ético é agir dentro dos padrões convencionais, é proceder bem, é não prejudicar o próximo. Ser
ético é cumprir os valores estabelecidos pela sociedade em que se vive.
O indivíduo que tem ética profissional cumpre com todas as atividades de sua profissão, seguindo os
princípios determinados pela sociedade e pelo seu grupo de trabalho.
Cada profissão tem o seu próprio código de ética, que pode variar ligeiramente, graças a diferentes
áreas de atuação.
No entanto, há elementos da ética profissional que são universais e por isso aplicáveis a qualquer
atividade profissional, como a honestidade, responsabilidade, competência e etc.

08. Resposta: B
Atitudes que devem ser cultivadas pelo funcionário em um ambiente de trabalho: humildade,
honestidade, privacidade e respeito. De toda forma, não cabe um comportamento intolerante, isolado e
indiferente à equipe de trabalho.

09. Resposta: D
Hoje, os profissionais requisitados pelos recrutadores devem ter inúmeras qualidades para obter
sucesso na carreira profissional. Porém, apesar dos diversos conhecimentos que as pessoas possuem,
existe algo que é um pré-requisito para alcançar qualquer posição: a ética.

18
Autor: Rafael Pereira, Juiz Federal - TRF da 2ª Região.

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10. Resposta: B
Ética profissional é o conjunto de normas éticas que formam a consciência do profissional e
representam imperativos de sua conduta.
Ética é uma palavra de origem grega (éthos), que significa “propriedade do caráter”.
Ser ético é agir dentro dos padrões convencionais, é proceder bem, é não prejudicar o próximo. Ser
ético é cumprir os valores estabelecidos pela sociedade em que se vive.
O indivíduo que tem ética profissional cumpre com todas as atividades de sua profissão, seguindo os
princípios determinados pela sociedade e pelo seu grupo de trabalho.
Cada profissão tem o seu próprio código de ética, que pode variar ligeiramente, graças a diferentes
áreas de atuação.
No entanto, há elementos da ética profissional que são universais e por isso aplicáveis a qualquer
atividade profissional, como a honestidade, responsabilidade, competência e etc.19

11. Resposta: C
A ética profissional é um conjunto de valores e normas de comportamento e de relacionamento
adotados no ambiente de trabalho, no exercício de qualquer atividade.

12. Resposta: C
Imprudência é um comportamento de precipitação, de falta de cuidados.
É um dos casos relacionados à culpa, e não ao dolo.20
A imprudência consiste na violação da regras de condutas ensinadas pela experiência. É o atuar sem
precaução, precipitado, imponderado. Há sempre um comportamento positivo. É a chamada culpa in
faciendo. Uma característica fundamental da imprudência é que nela a culpa se desenvolve
paralelamente à ação. Deste modo, enquanto o agente pratica a conduta comissiva, vai ocorrendo
simultaneamente a imprudência.21
Pelo Código Penal Brasileiro, a imprudência é um dos três casos (os demais sendo imperícia e
negligência) que caracterizam o crime culposo, diferente do crime doloso, em que o agente quis o
resultado ou assumiu o risco de produzi-lo.

13. Resposta: B
Lei 8.112/1990:
Art. 116. São deveres do servidor:
VIII - guardar sigilo sobre assunto da repartição;
Art. 132. A demissão será aplicada nos seguintes casos:
IX - revelação de segredo do qual se apropriou em razão do cargo.

14. Resposta: C
I. D1171/94. Regras Deontológicas:
VII - Salvo os casos de segurança nacional, investigações policiais ou interesse superior do Estado e
da Administração Pública, a serem preservados em processo previamente declarado sigiloso, nos termos
da lei, a publicidade de qualquer ato administrativo constitui requisito de eficácia e moralidade, ensejando
sua omissão comprometimento ético contra o bem comum, imputável a quem a negar.
II. D1171/94. Regras Deontológicas:
VIII - Toda pessoa tem direito à verdade. O servidor não pode omiti-la ou falseá-la, ainda que contrária
aos interesses da própria pessoa interessada ou da Administração Pública. Nenhum Estado pode crescer
ou estabilizar-se sobre o poder corruptivo do hábito do erro, da opressão ou da mentira, que sempre
aniquilam até mesmo a dignidade humana quanto mais a de uma Nação.
III. D1171/94. Dos Principais Deveres do Servidor Público:
XIV - São deveres fundamentais do servidor público:
g) ser cortês, ter urbanidade, disponibilidade e atenção, respeitando a capacidade e as limitações
individuais de todos os usuários do serviço público, sem qualquer espécie de preconceito ou distinção de
raça, sexo, nacionalidade, cor, idade, religião, cunho político e posição social, abstendo-se, dessa forma,
de causar-lhes dano moral.

19
: http://www.significados.com.br/etica-profissional/.
20
WINKOP Johann Matthias; BELLMONT, Philipp Franz von, Disputatio juridica de dolo, culpa et casu fortuito,Caput Secundum, 1705.
21
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal - Legislação Penal Especial, volume 4, 2017.

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166
15. Resposta: A
A ética, como parte da filosofia, é um tipo de saber que justifica conceitualmente as ações do homem,
considerado ser livre e racional, capaz de dar para si mesmo um conjunto de normas e valores a serem
respeitados.
A ética norteia, orienta, mas não garante os melhores resultados por meio dos princípios que sustentam
uma justa ou correta atuação. A ética depende justamente do contexto moral.
Dentro daquilo que é moral a um grupo existe uma ética a ser respeitada. Num outro grupo cujos
valores são diferentes do primeiro aquela ética pode não se aplicar. Ética é mais uma questão filosófica
onde se espelham ou normatizam o comportamento(moral).

Lei que regulamenta o exercício da profissão

LEI Nº 7.498, DE 25 DE JUNHO DE 198622

Dispõe sobre a regulamentação do exercício da enfermagem, e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a


seguinte lei:

Art. 1º É livre o exercício da enfermagem em todo o território nacional, observadas as disposições


desta lei.

Art. 2º A enfermagem e suas atividades auxiliares somente podem ser exercidas por pessoas
legalmente habilitadas e inscritas no Conselho Regional de Enfermagem com jurisdição na área onde
ocorre o exercício.
Parágrafo único. A enfermagem é exercida privativamente pelo Enfermeiro, pelo Técnico de
Enfermagem, pelo Auxiliar de Enfermagem e pela Parteira, respeitados os respectivos graus de
habilitação.

Art. 3º O planejamento e a programação das instituições e serviços de saúde incluem planejamento e


programação de enfermagem.

Art. 4º A programação de enfermagem inclui a prescrição da assistência de enfermagem.

Art. 5º (VETADO).

Art. 6º São enfermeiros:


I - o titular do diploma de Enfermeiro conferido por instituição de ensino, nos termos da lei;
II - o titular do diploma ou certificado de Obstetriz ou de Enfermeira Obstétrica, conferido nos termos
da lei;
III - o titular do diploma ou certificado de Enfermeira e a titular do diploma ou certificado de Enfermeira
Obstétrica ou de Obstetriz, ou equivalente, conferido por escola estrangeira segundo as leis do país,
registrado em virtude de acordo de intercâmbio cultural ou revalidado no Brasil como diploma de
Enfermeiro, de Enfermeira Obstétrica ou de Obstetriz;
IV - aqueles que, não abrangidos pelos incisos anteriores, obtiverem título de Enfermeiro conforme o
disposto na alínea d do art. 3º do Decreto nº 50.387, de 28 de março de 1961.

Art. 7º São Técnicos de Enfermagem:


I - o titular do diploma ou do certificado de Técnico de Enfermagem, expedido de acordo com a
legislação e registrado pelo órgão competente;
II - o titular do diploma ou do certificado legalmente conferido por escola ou curso estrangeiro,
registrado em virtude de acordo de intercâmbio cultural ou revalidado no Brasil como diploma de Técnico
de Enfermagem.

22
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L7498.htm - Acesso em: 22.10.2020.

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167
Art. 8º São Auxiliares de Enfermagem:
I - o titular de certificado de Auxiliar de Enfermagem conferido por instituição de ensino, nos termos da
lei e registrado no órgão competente;
II - o titular de diploma a que se refere a Lei nº 2.822, de 14 de junho de 1956;
III - o titular do diploma ou certificado a que se refere o inciso III do art. 2º da Lei nº 2.604, de 17 de
setembro de 1955, expedido até a publicação da Lei nº 4.024, de 20 de dezembro de 1961;
IV - o titular de certificado de Enfermeiro Prático ou Prático de Enfermagem, expedido até 1964 pelo
Serviço Nacional de Fiscalização da Medicina e Farmácia, do Ministério da Saúde, ou por órgão
congênere da Secretaria de Saúde nas Unidades da Federação, nos termos do Decreto-lei nº 23.774, de
22 de janeiro de 1934, do Decreto-lei nº 8.778, de 22 de janeiro de 1946, e da Lei nº 3.640, de 10 de
outubro de 1959;
V - o pessoal enquadrado como Auxiliar de Enfermagem, nos termos do Decreto-lei nº 299, de 28 de
fevereiro de 1967;
VI - o titular do diploma ou certificado conferido por escola ou curso estrangeiro, segundo as leis do
país, registrado em virtude de acordo de intercâmbio cultural ou revalidado no Brasil como certificado de
Auxiliar de Enfermagem.

Art. 9º São Parteiras:


I - a titular do certificado previsto no art. 1º do Decreto-lei nº 8.778, de 22 de janeiro de 1946, observado
o disposto na Lei nº 3.640, de 10 de outubro de 1959;
II - a titular do diploma ou certificado de Parteira, ou equivalente, conferido por escola ou curso
estrangeiro, segundo as leis do país, registrado em virtude de intercâmbio cultural ou revalidado no Brasil,
até 2 (dois) anos após a publicação desta lei, como certificado de Parteira.

Art. 10. (VETADO).

Art. 11. O Enfermeiro exerce todas as atividades de enfermagem, cabendo-lhe:


I - privativamente:
a) direção do órgão de enfermagem integrante da estrutura básica da instituição de saúde, pública e
privada, e chefia de serviço e de unidade de enfermagem;
b) organização e direção dos serviços de enfermagem e de suas atividades técnicas e auxiliares nas
empresas prestadoras desses serviços;
c) planejamento, organização, coordenação, execução e avaliação dos serviços da assistência de
enfermagem;
d) (VETADO);
e) (VETADO);
f) (VETADO);
g) (VETADO);
h) consultoria, auditoria e emissão de parecer sobre matéria de enfermagem;
i) consulta de enfermagem;
j) prescrição da assistência de enfermagem;
l) cuidados diretos de enfermagem a pacientes graves com risco de vida;
m) cuidados de enfermagem de maior complexidade técnica e que exijam conhecimentos de base
científica e capacidade de tomar decisões imediatas;
II - como integrante da equipe de saúde:
a) participação no planejamento, execução e avaliação da programação de saúde;
b) participação na elaboração, execução e avaliação dos planos assistenciais de saúde;
c) prescrição de medicamentos estabelecidos em programas de saúde pública e em rotina aprovada
pela instituição de saúde;
d) participação em projetos de construção ou reforma de unidades de internação;
e) prevenção e controle sistemático da infecção hospitalar e de doenças transmissíveis em geral;
f) prevenção e controle sistemático de danos que possam ser causados à clientela durante a
assistência de enfermagem;
g) assistência de enfermagem à gestante, parturiente e puérpera;
h) acompanhamento da evolução e do trabalho de parto;
i) execução do parto sem distocia;
j) educação visando à melhoria de saúde da população.
Parágrafo único. As profissionais referidas no inciso II do art. 6º desta lei incumbe, ainda:
a) assistência à parturiente e ao parto normal;

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b) identificação das distocias obstétricas e tomada de providências até a chegada do médico;
c) realização de episiotomia e episiorrafia e aplicação de anestesia local, quando necessária.

Art. 12. O Técnico de Enfermagem exerce atividade de nível médio, envolvendo orientação e
acompanhamento do trabalho de enfermagem em grau auxiliar, e participação no planejamento da
assistência de enfermagem, cabendo-lhe especialmente:
a) participar da programação da assistência de enfermagem;
b) executar ações assistenciais de enfermagem, exceto as privativas do Enfermeiro, observado o
disposto no parágrafo único do art. 11 desta lei;
c) participar da orientação e supervisão do trabalho de enfermagem em grau auxiliar;
d) participar da equipe de saúde.

Art. 13. O Auxiliar de Enfermagem exerce atividades de nível médio, de natureza repetitiva, envolvendo
serviços auxiliares de enfermagem sob supervisão, bem como a participação em nível de execução
simples, em processos de tratamento, cabendo-lhe especialmente:
a) observar, reconhecer e descrever sinais e sintomas;
b) executar ações de tratamento simples;
c) prestar cuidados de higiene e conforto ao paciente;
d) participar da equipe de saúde.

Art. 14. (VETADO).

Art. 15. As atividades referidas nos arts. 12 e 13 desta lei, quando exercidas em instituições de saúde,
públicas e privadas, e em programas de saúde, somente podem ser desempenhadas sob orientação e
supervisão de Enfermeiro.

Art. 16. (VETADO).

Art. 17. (VETADO).

Art. 18. (VETADO).

Art. 19. (VETADO).

Art. 20. Os órgãos de pessoal da administração pública direta e indireta, federal, estadual, municipal,
do Distrito Federal e dos Territórios observarão, no provimento de cargos e funções e na contratação de
pessoal de enfermagem, de todos os graus, os preceitos desta lei.
Parágrafo único. Os órgãos a que se refere este artigo promoverão as medidas necessárias à
harmonização das situações já existentes com as disposições desta lei, respeitados os direitos adquiridos
quanto a vencimentos e salários.

Art. 21. (VETADO).

Art. 22. (VETADO).

Art. 23. O pessoal que se encontra executando tarefas de enfermagem, em virtude de carência de
recursos humanos de nível médio nessa área, sem possuir formação específica regulada em lei, será
autorizado, pelo Conselho Federal de Enfermagem, a exercer atividades elementares de enfermagem,
observado o disposto no art. 15 desta lei.
Parágrafo único. É assegurado aos atendentes de enfermagem, admitidos antes da vigência desta lei,
o exercício das atividades elementares da enfermagem, observado o disposto em seu artigo 15. (Redação
dada pela Lei nº 8.967, de 1994)

Art. 24. (VETADO).

Art. 25. O Poder Executivo regulamentará esta lei no prazo de 120 (cento e vinte) dias a contar da data
de sua publicação.

Art. 26. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.

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Art. 27. Revogam-se (VETADO) as demais disposições em contrário.

Brasília, 25 de junho de 1986; 165º da Independência e 98º da República.

JOSÉ SARNEY
Almir Pazzianotto Pinto

Questões

01. (HUB - Multiprofissional em Atenção Básica – CESPE/2017) Com base na lei do exercício
profissional de enfermagem, julgue os itens que se seguem. Cuidados diretos de enfermagem de
pacientes graves com risco de vida são atividades privativas do enfermeiro.
( ) Certo ( )Errado

02. (BA UFSB/BA – Enfermeiro – 2017) Sobre a Lei do Exercício Profissional, é correto afirmar:
(A) O profissional de Enfermagem deve responsabilizar-se por falta cometida em suas atividades
profissionais, independente de ter sido praticada individualmente ou em equipe.
(B) É facultado ao profissional de Enfermagem permitir que suas ações sejam assinadas por outrem.
(C) É vedado ao profissional de Enfermagem executar prescrição medicamentosa e terapêutica onde
não conste a assinatura do médico, mesmo em situações de emergência.
(D) É vedado ao profissional de Enfermagem provocar aborto ou cooperar em prática destinada a
interromper a gestação em qualquer circunstância.

03. (EBSERH- HUJB-UFCG/PB – Enfermeiro – AOCP/2017) Segundo a Lei do Exercício Profissional


de Enfermagem nº 7.498/1986, Regulamentada pelo Decreto 94.406/1987, é considerada uma atividade
privativa do enfermeiro
(A) a prescrição de medicamentos estabelecidos em programas de saúde pública.
(B) a execução de parto com distocia.
(C) a participação na programação da assistência de Enfermagem.
(D) a realização de episiotomia e episiorrafia e aplicação de anestesia local, quando necessária.
(E) a organização e direção dos serviços de enfermagem.

04. (EBSERH- HUGG-UNIRIO/RJ – Enfermeiro – IBFC/2017) A lei nº 7498/86 dispõe sobre a


regulamentação do exercício de enfermagem e dá outras providências. Leia as afirmativas abaixo e
assinale a alternativa correta.
I. A Enfermagem e suas atividades Auxiliares somente podem ser exercidas por pessoas legalmente
habilitadas e inscritas no Conselho Regional de Enfermagem com jurisdição na área onde ocorre o
exercício.
II. A direção do órgão de enfermagem integrante da estrutura básica da instituição de saúde, pública
ou privada, e chefia de serviço e de unidade de enfermagem são atividades privativas do enfermeiro.
III. Toda a equipe de enfermagem deve cumprir e fazer cumprir o Código de Deontologia da
Enfermagem e, quando for o caso, anotar no prontuário do paciente as atividades da assistência de
enfermagem, para fins estatísticos.
IV. Cuidados de enfermagem de maior complexidade técnica e que exijam conhecimentos científicos
adequados e capacidade de tomar decisões imediatas são atividades de toda equipe de enfermagem
(A) Somente as afirmativas I, II e IV estão corretas
(B) Somente as afirmativas II e III estão corretas
(C) Somente as afirmativas I, II e III estão corretas
(D) Somente as afirmativas I, III e IV estão corretas
(E) Somente as afirmativas III e IV estão corretas

05. (IF-PE – Enfermeiro – IF-PE/2016) A Lei 7.498/86 dispõe sobre o exercício profissional da
Enfermagem. O enfermeiro(a) exerce todas as atividades de enfermagem, destacando-se que algumas
delas são privativas somente desse profissional. Assinale a alternativa que apresenta tais atividades.
(A) participação na elaboração, execução e avaliação dos planos assistenciais de saúde.
(B) prescrição de medicamentos estabelecidos em programas de saúde pública e em rotina aprovada
pela instituição de saúde.
(C) execução do parto sem distócia.

Apostila gerada especialmente para: Amanda Mendonça 072.848.243-60


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(D) participação na equipe de saúde.
(E) cuidados diretos de Enfermagem a pacientes graves com risco de vida.

06. (TJ/DF e Território - Enfermagem – CESPE) A atuação dos técnicos em enfermagem está
fundamentada em um conjunto de práticas sociais, éticas e políticas, tendo por base leis e códigos que
regem as condutas desses profissionais. Acerca desse assunto, julgue os próximos itens. A enfermagem
é exercida privativamente pelo enfermeiro, pelo técnico de enfermagem, pelo auxiliar de enfermagem e
pela parteira, respeitados os respectivos graus de habilitação segundo a Lei n.º 7.498/1986, a qual dispõe
sobre a regulamentação do exercício da enfermagem e dá outras providências.
( ) Certo ( )Errado

07. (UFPEL - Auxiliar de Enfermagem - UFPel-CES) A respeito da lei nº 7.498/86, que regulamenta
o exercício profissional na enfermagem, é permitido ao auxiliar de enfermagem
(A) realizar consulta de enfermagem.
(B) prestar cuidados diretos a pacientes com risco de vida.
(C) participar de projetos de construção e de reforma de unidades de internação.
(D) executar ações de tratamento simples.
(E) realizar auditoria de enfermagem.

08. (Prefeitura de São José dos Campos/SP - Enfermeiro – VUNESP) De acordo com a Lei n°
7.498/86, que dispõe sobre a regulamentação do exercício de enfermagem, emissão de parecer sobre
matéria de enfermagem é
(A) privativa do enfermeiro.
(B) compartilhada entre enfermeiros e técnicos de enfermagem.
(C) livre para todos os profissionais de enfermagem.
(D) privativa do enfermeiro ocupante de cargo de chefia.
(E) livre entre os profissionais responsáveis técnicos de enfermagem.

09. (TJDFT/DF) A enfermagem é exercida privativamente pelo enfermeiro, pelo técnico de


enfermagem, pelo auxiliar de enfermagem e pela parteira, respeitados os respectivos graus de habilitação
segundo a Lei n.º 7.498/1986, a qual dispõe sobre a regulamentação do exercício da enfermagem e dá
outras providências.
( ) Certo ( )Errado

10. (UFC – Enfermeiro – Instituto AOCP) Segundo a Lei n° 7.498/1986 ao enfermeiro incumbe,
privativamente,
(A) organização e direção dos serviços de higiene e de suas atividades técnicas e auxiliares nas
empresas prestadoras desses serviços.
(B) consultoria, auditoria e emissão de parecer sobre matéria bioquímica
(C) prescrição da assistência médica
(D) cuidados diretos de Enfermagem a pacientes graves com risco de vida com prescrição de
medicações.
(E) cuidados de Enfermagem de maior complexidade técnica e que exijam conhecimentos científicos
adequados e capacidade de tomar decisões imediatas.

11. (UNIRIO - Auxiliar de Enfermagem – UNIRIO) O artigo 13 da Lei n. 7.498/86 assegura como
atividades do Auxiliar de Enfermagem
(A) assistir a parturiente e o parto normal.
(B) participar de projetos de construção ou reforma de unidades de saúde.
(C) controlar sistematicamente a infecção hospitalar.
(D) observar, sinais e sintomas, reconhecê-los e descrevê-los.
(E) elaborar prescrição de enfermagem.

12. (TRE/RN - Técnico Judiciário – Enfermagem) Segundo a Lei n° 7.498/86 que trata do exercício
de enfermagem, ao assistir o enfermeiro, cabe ao técnico de enfermagem a
(A) prevenção e controle sistemático de danos físicos que possam ser causados a pacientes durante
a assistência à saúde.
(B) realização de episiotomia e episiorrafia durante o parto com aplicação de anestesia local quando
necessária.

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(C) prescrição de medicamentos previamente estabelecidos em programas de saúde pública e em
rotina aprovada pela instituição de saúde.
(D) consultoria, auditoria e emissão de parecer sobre matéria de Enfermagem.
(E) planejamento, organização, coordenação, execução e avaliação dos serviços da assistência de
enfermagem.

13. (IFC-SC – Enfermeiro - IFC) De acordo com a Lei nº 7.498/86, de 25 de junho de 1986, que dispõe
sobre a Regulamentação do Exercício da Enfermagem, cabe ao enfermeiro, privativamente:
(A) Execução do parto sem distocia.
(B) Participação na elaboração, execução e avaliação dos planos assistenciais de saúde.
(C) Participação no planejamento, execução e avaliação da programação de saúde.
(D) Cuidados diretos de enfermagem a pacientes graves com risco de vida.
(E) Prescrição de medicamentos estabelecidos em programas de saúde pública e em rotina aprovada
pela instituição de saúde.

14. (UFPR - Auxiliar de Enfermagem - NC-UFPR) A lei nº 7.498/86, de 25 de junho de 1986, dispõe
sobre a regulamentação do exercício da enfermagem e define, no Art. 13, que o auxiliar de enfermagem
exerce atividades de nível médio, cabendo-lhe especialmente:

1. Participar da programação da assistência de enfermagem.


2. Observar, reconhecer e descrever sinais e sintomas.
3. Executar ações de tratamento simples.
4. Prestar cuidados de higiene e conforto ao paciente.
5. Participar da orientação e supervisão do trabalho de enfermagem em grau auxiliar.
6. Participar da equipe de saúde.

Correspondem ao estabelecido na mencionada lei as ações descritas nos itens:


(A) 1, 3, 5 e 6 apenas.
(B) 2, 3, 4 e 6 apenas.
(C) 1, 2, 4 e 5 apenas.
(D) 3, 4, 5 e 6 apenas.
(E) 1, 2, 3, 4, 5 e 6.

15. (PC-MG – Enfermagem - FUMARC) De acordo com a Lei 7.498/86, que dispõe sobre a
Regulamentação do Exercício da Enfermagem e dá outras providências, o enfermeiro exerce todas as
atividades de enfermagem, cabendo-lhe privativamente:
I – Organização e direção de serviços de enfermagem e de suas atividades técnicas e auxiliares nas
empresas prestadoras desses serviços.
II – Planejamento, organização, coordenação, execução e avaliação dos serviços de assistência de
enfermagem.
III – Cuidados indiretos de enfermagem a pacientes graves com risco de vida.
IV – Consulta de enfermagem.

Estão CORRETOS os itens:


(A) I, II e IV, apenas.
(B) II, III e IV, apenas.
(C) II e IV, apenas.
(D) I, II, III e IV.

Gabarito

01.Certo / 02.A / 03.E / 04.C / 05.E / 06.Certo / 07.D / 08.A / 09.Certo / 10.E / 11.D / 12.A / 13.D /
14.B / 15.A

Comentários

01. Resposta Certo.


Art. 11. O Enfermeiro exerce todas as atividades de enfermagem, cabendo-lhe:
I - privativamente:

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l) cuidados diretos de enfermagem a pacientes graves com risco de vida;

02. Resposta: A.
Complementando e corrigindo as demais alternativas:
b) É proibido ao profissional de enfermagem assinar ações que não executou, bem como permitir que
suas ações sejam assinadas por outro profissional (Das relações com os trabalhadores de enfermagem,
saúde e outros).
c) É um direito recursar-se a executar prescrição onde não conste a assinatura e o número de registro
do profissional, erro ou ilegibilidade, exceto em situações de urgência e emergência (Das relações com
os trabalhadores de enfermagem, saúde e outros).
d) PROIBIÇÃO: Art. 28 – Provocar aborto, ou cooperar em prática destinada a interromper a gestação.

03. Resposta: E.
Art. 11. O Enfermeiro exerce todas as atividades de enfermagem, cabendo-lhe:
I - privativamente:
b) organização e direção dos serviços de enfermagem [...]

04. Resposta: C.
Art. 11. O Enfermeiro exerce todas as atividades de enfermagem, cabendo-lhe:
I - privativamente:
m) cuidados de enfermagem de maior complexidade técnica e que exijam conhecimentos de base
científica e capacidade de tomar decisões imediatas;

05. Resposta: E.
Art. 11. O Enfermeiro exerce todas as atividades de enfermagem, cabendo-lhe:
I - privativamente:
l) cuidados diretos de enfermagem a pacientes graves com risco de vida;
As demais alternativas estão como parte integrante da equipe de saúde.

06. Resposta: Certo.


Art. 2º A enfermagem e suas atividades auxiliares somente podem ser exercidas por pessoas
legalmente habilitadas [...]
Parágrafo único. A enfermagem é exercida privativamente pelo Enfermeiro, pelo Técnico de
Enfermagem, pelo Auxiliar de Enfermagem e pela Parteira, respeitados os respectivos graus de
habilitação.

07. Reposta: D.
Art. 13. O Auxiliar de Enfermagem exerce atividades [...]
b) executar ações de tratamento simples;

08. Resposta: A.
Art. 11. O Enfermeiro exerce todas as atividades de enfermagem, cabendo-lhe:
I - privativamente:
h) consultoria, auditoria e emissão de parecer sobre matéria de enfermagem;

09. Resposta Certa.


Art. 2º
Parágrafo único. A enfermagem é exercida privativamente pelo Enfermeiro, pelo Técnico de
Enfermagem, pelo Auxiliar de Enfermagem e pela Parteira, respeitados os respectivos graus de
habilitação.

10. Resposta: E.
Art. 11. O Enfermeiro exerce todas as atividades [...]
I - privativamente:
m) cuidados de enfermagem de maior complexidade técnica e que exijam conhecimentos de base
científica e capacidade de tomar decisões imediatas;

11. Resposta: D.
Art. 13. O Auxiliar de Enfermagem exerce atividades [...]

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a) observar, reconhecer e descrever sinais e sintomas;

12. Resposta: A.
No Art. 11. O Enfermeiro exerce todas as atividades de enfermagem, cabendo-lhe:
II - como integrante da equipe de saúde:
f) prevenção e controle sistemático de danos que possam ser causados à clientela durante a
assistência de enfermagem;
As demais alternativas são privativas do Enfermeiro.

13. Resposta: D.
Art. 11. O Enfermeiro exerce todas as atividades de enfermagem, cabendo-lhe:
I - privativamente:
l) cuidados diretos de enfermagem a pacientes graves com risco de vida;

14. Resposta: B.
Art. 12. O Técnico de Enfermagem exerce atividade de nível médio, envolvendo orientação e
acompanhamento do trabalho de enfermagem em grau auxiliar, e participação no planejamento da
assistência de enfermagem, cabendo-lhe especialmente:
a) participar da programação da assistência de enfermagem;
b) executar ações assistenciais de enfermagem, exceto as privativas do Enfermeiro, observado o
disposto no parágrafo único do art. 11 desta lei;
c) participar da orientação e supervisão do trabalho de enfermagem em grau auxiliar;
d) participar da equipe de saúde.

15. Resposta: A.
Art. 11. O Enfermeiro exerce [...]
I - privativamente:
l) Cuidados diretos de enfermagem a pacientes graves com risco de vida.

Socorros de urgência

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS

Com o objetivo23 de definir critérios e diretrizes para estruturação e funcionamento de sistemas


locorregionais de atenção às urgências, regulação médica, Atendimento Pré-Hospitalar (APH) fixo, APH
Móvel E Atendimento Hospitalar, o Ministério da Saúde implantou o Regulamento Técnico dos Sistemas
Estaduais de Urgência e Emergência, por meio da Portaria n. 2.048/2002.
Face à realidade, é fundamental que os envolvidos na atenção em urgência e emergência conheçam
as políticas públicas relacionadas ao tema e se articulem na proposição das mudanças necessárias,
considerando, obviamente, as diversidades locorregionais do panorama brasileiro.
Segundo a Resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM) n. 1.451/95, entende-se por urgência
a condição “imprevista de agravo da saúde com ou sem risco potencial de vida”, com necessidade de
assistência de saúde imediata ou em até 24h, e emergência como a condição imprevista de agravo da
saúde, com “risco iminente de vida ou sofrimento intenso, exigindo, portanto, tratamento médico
imediato”.
O perfil do profissional e da equipe multiprofissional que atuam na atenção às urgências está
relacionado à característica de cada unidade. No entanto, são requisitos gerais indispensáveis: liderança,
agilidade, observação, competência, embasamento científico e habilidade técnica, além do
comprometimento com o trabalho e a equipe.
As ações com elevado grau de responsabilidade para realizar as atividades com atenção, senso de
planejamento e organização têm como objetivo comum somar os esforços para maximizar as chances de
prevenção de danos, recuperação da saúde e sobrevida do paciente.

23
TOBASE, L.; TOMAZINI, E. A. S. Urgências e Emergências em Enfermagem. Guanabara Koogan, 2017.

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A estrutura para atendimento em situações de urgência e emergência, fundamentada em políticas de
saúde e linhas estratégicas interligadas, também se relaciona à (re) organização das redes assistenciais,
humanização no atendimento e operacionalização da central de regulação médica de urgências.
Envolve, ainda, a formação continuada dos profissionais, a fim de contribuir para o acompanhamento
do desempenho, aprimoramento das competências, fortalecimento da tomada de decisão e habilidade
para trabalhar em equipe, na assistência segura amparada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa), por meio da Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) n. 36/2013 e pelo Ministério da Saúde, por
meio do Programa Nacional de Segurança do Paciente.
Na Rede de Atenção às Urgências, o componente hospitalar é constituído pelas Portas Hospitalares
de Urgência, pelas enfermarias de retaguarda, pelos leitos de cuidados intensivos, pelos serviços de
diagnóstico por imagem, laboratório e pelas linhas de cuidados prioritárias.
Quanto à estrutura e ao funcionamento, o serviço de emergência do pronto-socorro deve respeitar os
critérios e normas estabelecidas pela legislação em vigor e estar permanentemente preparado para
receber e atender adequadamente o cliente, em razão da demanda espontânea, sem agendamento
prévio. Geralmente, está localizado no andar térreo do prédio, em área de fácil acesso para pessoas e
veículos.
O dimensionamento da área física, com ambientes amplos, bem ventilados e iluminados, com portas
largas, pisos e revestimentos claros e laváveis, segue a legislação vigente, de acordo com o tamanho,
complexidade e perfil assistencial da unidade.
No ambiente hospitalar, o cliente em situação de urgência pode ser encaminhado à sala de triagem e
classificação de risco no pronto-socorro; ou, quando necessário, diretamente à Sala de Emergência ou
ao Centro Obstétrico.
Segundo o Ministério da Saúde, o sistema de classificação de prioridade é uma estratégia que contribui
para reduzir o tempo de espera e melhorar a qualidade da assistência.
No contexto da Política Nacional de Humanização, o termo triagem foi substituído por classificação de
risco, realizada por meio de instrumentos e escalas de seleção - como a canadense, a australiana, a
americana e o sistema de classificação de Manchester - para destinar a cada cliente os recursos e tempo
necessários ao atendimento, de acordo com cada grau de gravidade.
Ainda que a classificação de risco, por si só, não garanta a efetividade do serviço de urgência, a
ausência de critérios para o atendimento pode implicar prejuízos e piora do paciente.
No Sistema Manchester, a classificação é estabelecida segundo a prioridade, identificada por número,
nome, cor e tempo para atendimento.

Prioridade Cor Tempo (min.)


1: emergente Vermelho 0
2: muito urgente Laranja 10
3: urgente Amarelo 60
4: pouco urgente Verde 120
5: não urgente Azul 240

Com o sistema de cores, o Protocolo Manchester facilita o encaminhamento do paciente para a área
mais adequada às suas necessidades. Permite ao enfermeiro ou médico, em 1 a 3 min, identificar o grau
de urgência e ordenar o atendimento imediato das alterações, priorizando desde as que colocam a vida
em risco iminente até os casos menos graves, que podem aguardar um pouco mais pelo atendimento.
Esse método pode ser aplicado no cotidiano das unidades de emergência e em eventos com múltiplas
vítimas.

Atenção: o método não visa estabelecer diagnóstico médico. Segundo a Resolução Cofen n.
423/2012, em relação à equipe de enfermagem, a classificação de risco é atribuição do enfermeiro.

A assistência dentro dos princípios éticos e humanos na área da saúde e principalmente no


atendimento de emergência remete a reflexões importantes, como ser flexível, porque convivemos com
pessoas muito diferentes umas das outras. Portanto, faz-se necessário aprender a conviver e a trabalhar
em grupo, porque a diversidade de especialidades e a atuação das equipes multiprofissionais exigem
uma atuação conjunta.
O planejamento e a organização do trabalho coletivo são essenciais para um atendimento de
qualidade, ao cliente e à família. Para tanto, requer equipe multiprofissional permanentemente capacitada
para o desenvolvimento de suas competências, respeitando as atribuições de cada membro, no âmbito

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da gestão de serviços e recursos, melhoria dos processos e métodos de trabalho e provisão de condições
e tecnologia - inclusive da informação.
Envolve também as habilidades de relacionamento interpessoal e comunicacional, uma vez que,
durante o atendimento, as informações essenciais comunicadas sobre a natureza da ocorrência ou
situação do paciente permitem que o profissional desenvolva raciocínio clínico assertivo e construa as
possíveis condições e os agravos relacionados, associando os recursos necessários para a assistência
qualificada.

Previamente ao início da assistência, é necessário priorizar a segurança, ao avaliar a:


• Segurança da cena: verificar o ambiente e os fatores de riscos no local, relacionados à contaminação,
acidentes, queda e lesão corporal. No ambiente:
- Extra-hospitalar: fluxo de veículos em via pública, colisão, atropelamento, proximidade de fios
elétricos, desabamento, explosão e presença de animais;
- Hospitalar: piso escorregadio, mobiliário mal posicionado, iluminação e ventilação inadequada,
manutenção precária de equipamentos e heteroagressão.
• Segurança do profissional: certificar-se de que o local é seguro para o profissional e a equipe, para
não se tornar outra vítima, ao iniciar a assistência. Respeitar as normas de legislação, biossegurança e
de precauções padrão, mantendo a atenção ao realizar os procedimentos;
• Segurança do paciente: certificar-se da ausência de risco para o indivíduo, inclusive das pessoas que
estão próximas. Se estiver em situação perigosa, deverá ser colocado em segurança antes do início dos
primeiros atendimentos. Os princípios da prática e assistência segura ao paciente devem nortear as ações
da equipe multiprofissional.

Confirmada a segurança em todos os aspectos, na abordagem direta, é realizado o exame inicial para
estabelecer as prioridades no atendimento, a partir das avaliações primária e secundária.

PRIMEIROS SOCORROS

Podemos definir primeiros socorros2425 como sendo os cuidados imediatos que devem ser prestados
rapidamente a uma pessoa, vítima de acidentes ou de mal súbito, cujo estado físico põe em perigo a sua
vida, com o fim de manter as funções vitais e evitar o agravamento de suas condições, aplicando medidas
e procedimentos até a chegada de assistência qualificada.
Qualquer pessoa treinada poderá prestar os Primeiros Socorros, conduzindo-se com serenidade,
compreensão e confiança, mantendo a calma.
Ações valem mais que as palavras, portanto, muitas vezes o ato de informar ao acidentado sobre seu
estado, sua evolução ou mesmo sobre a situação em que se encontra deve ser avaliado com ponderação
para não causar ansiedade ou medo desnecessários. O tom de voz tranquilo e confortante dará à vítima
sensação de confiança na pessoa que o está socorrendo.
O atendimento de primeiros socorros pode ser dividido em etapas básicas que permitem a maior
organização no atendimento e, portanto, resultados mais eficazes. Posto isso, abordaremos a seguir as
etapas básicas de primeiros socorros, assim como as principais situações que necessitam de um
atendimento pré-hospitalar.

A pessoa que está prestando os primeiros socorros deve seguir um plano de ação baseando-se no
P.A.S., que são as três letras iniciais a partir das quais se desenvolvem todas as medidas técnicas e
práticas de primeiros socorros:
- Prevenir: afastar o perigo do acidentado ou o acidentado do perigo;
- Alertar: contatar o atendimento emergencial informando o tipo de acidente, o local, o número de
vítimas e o seu estado;
- Socorrer: após as avaliações.

A atividade de primeiros socorros pressupõe o conhecimento dos sinais que o corpo emite e servem
como informação para a determinação do seu estado físico.
Alguns detalhes importantes sobre as funções vitais, os sinais vitais e sinais de apoio do corpo humano
precisam ser compreendidos.

24
http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/manuais/biosseguranca/manualdeprimeirossocorros.pdf
25
MORAES, M. V. G. Atendimento Pré-hospitalar. Érica, 2016.

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Sinais vitais são aqueles que indicam a existência de vida. São reflexos ou indícios que permitem
concluir sobre o estado geral de uma pessoa. Os sinais sobre o funcionamento do corpo humano que
devem ser compreendidos e conhecidos são:
- Temperatura;
- Pulso;
- Respiração;
- Pressão arterial.

Os sinais vitais são sinais que podem ser facilmente percebidos, deduzindo-se assim, que na ausência
deles, existem alterações nas funções vitais do corpo.
Abordaremos a seguir avaliação do cenário, avaliação primária e avaliação secundária.

Avaliação do Cenário

O socorrista é o primeiro elo da cadeia de sobrevivência, pois quando acontece um acidente de


trabalho ou mal súbito dentro da empresa, é ele que chega primeiro para atender a vítima e chamar ajuda.
Antes de abordar a vítima o socorrista deve avaliar o cenário do local onde a vítima se encontra. Em
nenhum momento a equipe de emergência deve se expor a risco e ser mais uma vítima.

A avaliação do cenário é o estudo rápido dos diferentes fatores relacionados à ocorrência e


indispensáveis para a tomada de decisão. Essa avaliação deve seguir três passos:
1. Qual a situação? O que se vê̂; número de vítimas;
2. Para onde vai? Análise da potencialidade ou evolução da situação. Exemplo: combustível
derramado pode explodir? Presença de fio energizado? Fogo que pode alastrar? Vazamento de produto
químico?
3. O que fazer para controlar? Os recursos a serem empregados, que tipo de ajuda deve solicitar.

A capacidade de avaliar rapidamente a urgência e a aplicação imediata dos procedimentos de


primeiros socorros são determinantes para a estabilizar a vítima.
Mesmo que o seu papel seja limitado e temporário, o socorrista nunca deve deixar a vítima sozinha
antes da chegada do socorro, pois ele deve se responsabilizar pela vítima até́ a chegada de equipe
especializada, como bombeiros, médicos, enfermeiros.

As ações da equipe de emergência são:


- Priorizar a sua segurança pessoal;
- Sinalizar o local do acidente;
- Fornecer à vítima conforto e segurança;
- Abordar a vítima com tranquilidade e calma;
- Utilizar tom de voz moderada, sobretudo inspirar confiança.

Acionamento da ajuda ao telefone


Ao chamar ajuda, o socorrista deve informar a quem vai pedir socorro pelo telefone, a situação do
acidente, ou seja, tipo de acidente se é um incêndio, vazamento de produto químico, soterramento.
Também é importante informar o número de vítimas e a situação das vítimas para que a equipe de
socorro especializada chegue em menor tempo possível e com os equipamentos necessários, como no
caso de resgate em altura.

Abordagem Primária Rápida

É a avaliação primária rápida que deve ser completada no máximo em 30 segundos, tendo por objetivo
avaliar as condições de risco de morte e o início precoce do suporte básico de vida, assim como passar
as informações sobre as vítimas para as ajudas externas a serem chamadas.

Deve observar os seguintes passos:


- Responsividade: o socorrista, sempre ao abordar a vítima, deve aproximar-se e ajoelhar próximo da
cabeça dela. Se a vítima estiver quieta, o primeiro passo é verificar a responsividade, colocando a mão
sobre os ombros da vítima e chamando por ela. Se ela responder, você̂ está diante de uma vítima
consciente (existe respiração e as vias aéreas estão pérvias); se ela não responder, você̂ está diante de
uma vítima inconsciente;

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- Respiração e pulso: simultaneamente é preciso verificar o pulso carotídeo e a respiração;
- Exame rápido: verificar rapidamente da cabeça aos pés sinal de hemorragias ou grandes
deformidades;
- Passar as informações: para quem for acionar o auxílio do suporte avançado (ambulância SAMU,
bombeiro, convênio com ambulâncias de resgate).

Abordagem Primária Completa - ABCDE

Existe um método sequencial para avaliar a vítima, o ABCDE, em que são definidas as medidas
específicas de avaliação e as intervenções correspondentes a serem adotadas.

Técnica A, B, C, D, E:
A - Abrir vias aéreas: com proteção da coluna cervical;
B - Respiração: ver, ouvir, sentir;
C - Circulação: verificar pulso carotídeo por dez segundos e controlar hemorragias externas;
D - Avaliar estado neurológico: nível de consciência;
E - Exposição da vítima: retirar vestimentas, sempre que possível cortar na costura; controlar o
ambiente, evitando a hipotermia e utilizar manta aluminizada.

Durante toda a abordagem da vítima o controle cervical deve ser mantido, pois sempre se deve
suspeitar em toda vítima de trauma de lesão de coluna cervical. Somente deve passar para o próximo
item se completar o passo anterior, ou seja, só́ passar para o passo "B" após terminar o passo "A" e assim
por diante.

A - Abertura das vias aéreas


Se a vítima se comunica verbalmente é porque as vias aéreas estão permeáveis e a respiração
presente. Se a vítima não responde, o socorrista deve avaliar sinais de obstrução das vias aéreas como
corpos estranhos. Existem duas técnicas para abertura das vias aéreas:
- Jaw trust: consiste na anteriorização da mandíbula. Deve ser empregada em vítimas de trauma, pois
mantém a estabilidade da coluna cervical;
- Schint lift: hiperextensão do pescoço e elevação do mento. Deve ser empregada em vítimas de
emergências clínicas em que não há suspeita de lesão cervical.

B - Respiração
Após a abertura das vias aéreas, o socorrista deve verificar se a respiração da vítima está presente.
Deve soltar cintas e expor o abdômen da vítima, levantando ou abrindo a vestimenta, facilitando a
visualização da expansão abdominal; isso é o VER.
Para OUVIR o ruído da saída de ar o socorrista deve aproximar sua cabeça da face da vítima. Para
SENTIR se há́ saída de ar pela boca ou nariz, o socorrista deve colocar seu dedo indicador próximo à
narina da vítima, sentindo a saída do ar exalado.
Caso a vítima apresente respiração, deve-se verificar a frequência respiratória por intermédio do ritmo,
profundidade e som, refletindo o estado metabólico do corpo, a condição do diafragma e dos músculos
do tórax, fornecendo O2 ao trato respiratório e alvéolos.

O padrão de frequência respiratória em adultos é de 12 a 20 mov./min. Os tipos de respiração são os


seguintes:
- Apneia: é a ausência da respiração, quadro da parada cardiorrespiratória;
- Dispneia: falta de ar, dificuldade em respirar.

Para verificar a respiração, basta contar o número de vezes que ocorre a expansão do abdômen em
um minuto.
Como a respiração, em certo grau, está sujeita ao controle involuntário, ela deve ser contada sem que
o paciente perceba. Coloque os dedos no pulso como se estivesse verificando o pulso e observe a
respiração. O socorrista deve certificar-se de que os passos "A" e "B" não sejam interrompidos e passar
para o passo "C".

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C - Circulação
Após verificar a respiração, o socorrista deve verificar a presença de circulação por meio da pulsação
e perfusão distal. A presença de grandes hemorragias deve ser controlada nesta fase, realizando
compressão direta do ferimento.
Verificação do pulso: pulso é o nome que se dá́ à dilatação pequena e sensível das artérias, produzida
pela corrente circulatória. Toda vez que o sangue é lançado do ventrículo esquerdo do coração para a
artéria aorta, a pressão e o volume provocam oscilações ritmadas em toda a extensão da parede arterial,
evidenciadas quando se comprime moderadamente a artéria contra uma estrutura dura (os dedos).
Pode-se verificar o pulso sobre a artéria radial (pulso do braço). Num quadro de emergência o pulso
radial apresenta-se muito fino, tornando-se mais fácil a verificação em artérias mais calibrosas como a
carótida (pescoço) e femoral (virilha). Outras artérias, como a braquial, poplítea e a do dorso do pé́ (artéria
pediosa), podem também ser utilizadas para a verificação.
A frequência do pulso em adultos é de 60 a 100, em crianças de 75 a 100 e em recém-nascidos de
120 a 160. A regularidade do pulso pode ser rítmica, bate com regularidade, e arrítmica, bate sem
regularidade.
Para verificar o pulso basta pressionar de leve os dedos indicador e médio sobre o pulso e contar por
um minuto. Não deve ser utilizado o dedo polegar na verificação, pois pode confundir a sua pulsação com
a do paciente. Não fazer pressão forte sobre a artéria, pois isso pode impedir de sentir o batimento do
pulso.
Em vítimas conscientes verifica-se o pulso radial; em vítimas inconscientes deve ser sempre verificado
o pulso carotídeo (no pescoço) por dez segundos. Caso o pulso esteja ausente, deve-se iniciar as
manobras de reanimação cardiopulmonar (RCP).

Verificação da perfusão distal ou preenchimento capilar: a perfusão distal é avaliada pela técnica do
preenchimento capilar. É realizada fazendo uma pressão na base da unha de modo que a coloração
passe de rosada para pálida. Retirando-se a pressão a coloração rosada deve retomar num tempo inferior
a dois segundos. Se o tempo ultrapassar dois segundos, é sinal de que a perfusão distal está
comprometida, portanto, é necessário oxigenar a vítima por meio do cilindro de oxigênio medicinal.

D - Nível de consciência
Após a verificação dos passos ABC, o socorrista deve verificar o nível de consciência da vítima. As
vítimas que não apresentem alterações do nível de consciência inicial, mas depois passam a apresentar,
indicam uma situação grave comparada a outras vítimas que apresentavam alterações do nível de
consciência, porém permanecem estáveis. O nível de consciência deve ser medido junto com a avaliação
neurológica rápida e o exame das pupilas.

Avaliação neurológica rápida (AVPI)


A: vítima está alerta, olhos abertos;
V: vítima está adormecida e responde somente ao estímulo verbal;
P: vítima permanece com olhos fechados e só́ abre quando recebe estímulo doloroso;
I: vítima não tem nenhuma resposta a nenhum estímulo.

O estímulo doloroso pode ser feito com pressão dos dedos nas maçãs do rosto da vítima ou
friccionando o osso esterno ou apertando o músculo trapézio. Caso a vítima tenha trauma, deve ser
aplicada a avaliação do nível de consciência pela escala de Glasgow.

Exame das pupilas


Devem ser verificadas as pupilas com auxílio de uma lanterna pequena. As pupilas desiguais são
geralmente encontradas nas vítimas com lesões de crânio ou acidente vascular cerebral. Na morte, as
pupilas estão totalmente dilatadas e não respondem à luz.

Deve-se observar a reatividade, igualdade e tamanho das pupilas como:


- Reação das pupilas à luz pode ser: reagente, ou seja, quando a luz é colocada sobre a pupila, ela
diminui de tamanho, ou não reagente, a qual não tem reação de contração ao estímulo da luz.
- Simetria entre as pupilas pode ser: isocórica, quando as duas pupilas são iguais (normal), ou
anisocórica, quando uma pupila está com tamanho diferente da outra (uma grande, outra pequena)
indicando lesão cerebral.
- Tamanho das pupilas pode ser: midriática (midríase), quando ambas as pupilas estão dilatadas
ocupando toda a íris dos olhos, sinal que indica danos cerebrais e é comum em vítimas de parada

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cardiorrespiratória, ou miótica (miose), quando ambas as pupilas estão muito pequenas, do tamanho de
uma cabeça de alfinete, indicando principalmente o uso de substâncias como drogas, intoxicação.

As pupilas normais devem se apresentar isocóricas e reagentes.

E - Exposição da vítima
Após verificado o nível de consciência, deve-se expor a vítima para realizar a abordagem secundária.
Deve-se cortar as vestimentas com tesoura ponta romba. Não utilize tesoura de ponta fina, pois pode ferir
a vítima. Lembre-se de não expor desnecessariamente a vítima.

Abordagem Secundária - Exame Físico da Vítima

Deve-se iniciar o exame secundário após o término da abordagem primária completa. Na abordagem
secundária a finalidade e a estabilização das funções vitais.

O primeiro passo é colher a história clínica da vítima. Para isso emprega-se o método AMPLA:
A: perguntar à vítima sobre possíveis alergias;
M: perguntar sobre medicações que utiliza;
P: perguntar sobre doenças preexistentes como diabetes, hipertensão;
L: perguntar sobre alimentos e bebidas que ingeriu;
A: perguntar sobre o acidente, como ocorreu, observando o ambiente.

Após colher a história clínica deve-se iniciar o exame físico detalhado da cabeça aos pés. O socorrista
não pode esquecer-se de reavaliar o ABCD durante o exame secundário, principalmente em vítimas
inconscientes.

A avaliação da vítima deve obedecer sempre a uma ordem:


1. Cabeça: palpar o crânio com os polegares fixos na região frontal (testa) sem movimentar a cabeça.
Observar perda de líquor ou sangue pelas narinas (rinorragia) e pela orelha (otorragia). Observar
equimose periorbitária (olhos de guaxinim) que indica lesão cerebral de base do crânio. Retirar próteses
móveis;
2. Pescoço: observar o alinhamento da traqueia se desviada e sinal de trauma torácico. Palpar a coluna
cervical, verificando alinhamento ou rigidez muscular. Após o exame do pescoço colocar o colar cervical;
3. Tórax: observar presença de ferimentos e simetria anatômica, pois em traumas torácicos um lado
do peito fica mais alto em relação ao outro. Palpar as costelas e os ossos da clavícula, observando
crepitação que indica fratura das costelas;
4. Abdômen: inspecionar sinais de distensão e rigidez (abdômen em tábua) que indica hemorragia
interna (rompimento de baco);
5. Quadril: abrir e fechar as pernas devagar, avaliando mobilidade e queixa de dor. A movimentação
anormal indica fratura de quadril;
6. Membros inferiores: palpar com ambas as mãos da raiz das coxas até́ os pés, observando ferimento,
deformidade que indiquem fraturas. Retirar botinas e meias cortando-as. Testar sensibilidade passando
a ponta da caneta na sola dos pés e verificar a perfusão distal ou preenchimento capilar (ver item "C" da
abordagem primária);
7. Membros superiores: palpar com as mãos do ombro até́ as mãos, observando feri- mentos,
deformidades que indiquem fraturas, verificar preenchimento capilar;
8. Dorso ou costas: realizar a manobra de rolamento a 90° para examinar as costas. Observar
alinhamento da coluna vertebral e ferimentos. Após o exame rolar a vítima sobre a prancha e iniciar os
curativos dos ferimentos encontrados e imobilização das fraturas encontradas.

Questões

01. (Prefeitura de Salvado/BA - Agente de Salvamento Aquático - FGV/2019) O protocolo de


avaliação de uma vítima de afogamento é definido pelo mnemônico A.B.C.D.E., em que cada letra da
sigla corresponde a determinado procedimento, dentre os listados a seguir.
I Expor a vítima ao ambiente, removendo trajes inadequados.
II Verificar circulação, através do pulso central e perfusão capilar.
III Estabilizar a coluna cervical manualmente e certificar-se da permeabilidade das vias aéreas.
IV Verificar disfunção neurológica.

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V Verificar respiração.
Assinale a opção que apresenta a sequência adequada desses procedimentos.
(A) III - V - II - IV - I.
(B) II - IV - I - V - III.
(C) I - II - V - III - IV.
(D) IV - I - III - II - V.
(E) V - III - IV - I - II.

02. (DETRAN/MA - Assistente de Trânsito - FCC/2018) O Assistente de Trânsito Magaiver foi


acionado pela Central Operacional para o atendimento de uma ocorrência envolvendo a colisão de quatro
veículos. Segundo relatos preliminares, havia vítimas presas nas ferragens dos veículos e vazamento de
óleo e combustível com risco de incêndio e explosão. De imediato, acionou os sistemas sonoros e
luminosos da viatura e prosseguiu para o local do acidente. Durante o itinerário, e em função do acidente,
o trânsito estava demasiadamente congestionado, porém os demais condutores abriam o caminho para
a viatura em situação de emergência. Contudo, ao olhar pelo retrovisor interno, Magaiver percebeu que
diversos veículos o seguiam, aproveitando-se da abertura de caminho realizada pela viatura para evitar
o congestionamento.
No caso, como há vítimas presas nas ferragens dos veículos e vazamento de óleo e combustível com
risco de incêndio e explosão, ao chegar ao local da ocorrência, a primeira providência a ser tomada por
Magaiver a fim de evitar o agravamento da situação é
(A) acionar os serviços de emergência.
(B) retirar rapidamente as vítimas presas às ferragens.
(C) tentar localizar os familiares das vítimas.
(D) comunicar a ocorrência ao DENATRAN.
(E) sinalizar rapidamente o local.

03. (CISSUL/MG - Condutor Socorrista - IBGP/2017) Segundo Manual de Primeiros Socorros da


Fiocruz (2003), a pessoa que está prestando os primeiros socorros deve seguir um plano de ação
baseado no P.A.S., cuja a sigla é constituída por três letras iniciais de palavras que indicam todas as
medidas técnicas e práticas de primeiros socorros. Assinale a alternativa que apresenta
CORRETAMENTE o significado da sigla P.A.S.
(A) Prevenir, alertar e socorrer.
(B) Proteger, atender e socorrer.
(C) Prevenir, atender e socorrer.
(D) Proteger, alertar e socorrer.

04. (Prefeitura de Salvador/BA - Auxiliar de Desenvolvimento Infantil - FGV/2017) Sobre “primeiros


socorros”, segundo o manual da Fundação Oswaldo Cruz, analise as afirmativas a seguir.
I. São os cuidados que devem ser prestados o mais rápido possível a uma vítima de acidente ou a
uma pessoa acometida de mal súbito.
II. São os cuidados que devem ser prestados o mais rápido possível com a finalidade de manter as
funções vitais de uma pessoa vítima de acidente.
III. São os cuidados imediatos que devem ser prestados às vítimas de acidentes ou acometidas de mal
súbito até a chegada da assistência qualificada.
Está correto o que se afirma em:
(A) I, apenas.
(B) I e II, apenas.
(C) I e III, apenas.
(D) II e III, apenas.
(E) I, II e III.

05. (CISSUL/MG - Condutor Socorrista - IBGP/2017) Para poder determinar em nível de primeiro
socorro, como leigo, o funcionamento satisfatório dos controles centrais dos mecanismos da vida, é
necessário compreender os sinais indicadores chamados de sinais vitais. (Manual Primeiros Socorros –
Fiocruz 2003) São sinais vitais que devem ser compreendidos e conhecidos para verificação do estado
geral da pessoa, EXCETO:
(A) Temperatura.
(B) Cor.

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(C) Pulso.
(D) Respiração.

Gabarito

01.A / 02.E / 03.A / 04.E / 05.B

Comentários

01. Resposta: A
Técnica A, B, C, D, E:
A - Abrir vias aéreas: com proteção da coluna cervical;
B - Respiração: ver, ouvir, sentir;
C - Circulação: verificar pulso carotídeo por dez segundos e controlar hemorragias externas;
D - Avaliar estado neurológico: nível de consciência;
E - Exposição da vítima: retirar vestimentas, sempre que possível cortar na costura; controlar o
ambiente, evitando a hipotermia e utilizar manta aluminizada.

02. Resposta: E
As ações da equipe de emergência são:
- Priorizar a sua segurança pessoal;
- Sinalizar o local do acidente;
- Fornecer à vítima conforto e segurança;
- Abordar a vítima com tranquilidade e calma;
- Utilizar tom de voz moderada, sobretudo inspirar confiança.

03. Resposta: A
A pessoa que está prestando os primeiros socorros deve seguir um plano de ação baseando-se no
P.A.S., que são as três letras iniciais a partir das quais se desenvolvem todas as medidas técnicas e
práticas de primeiros socorros:
Prevenir - afastar o perigo do acidentado ou o acidentado do perigo;
Alertar - contatar o atendimento emergencial informando o tipo de acidente, o local, o número de
vítimas e o seu estado;
Socorrer - após as avaliações.

04. Resposta: E
Podemos definir primeiros socorros2627 como sendo os cuidados imediatos que devem ser prestados
rapidamente a uma pessoa, vítima de acidentes ou de mal súbito, cujo estado físico põe em perigo a sua
vida, com o fim de manter as funções vitais e evitar o agravamento de suas condições, aplicando medidas
e procedimentos até a chegada de assistência qualificada.

05. Resposta: B
Sinais vitais são aqueles que indicam a existência de vida. São reflexos ou indícios que permitem
concluir sobre o estado geral de uma pessoa. Os sinais sobre o funcionamento do corpo humano que
devem ser compreendidos e conhecidos são:
- Temperatura;
- Pulso;
- Respiração;
- Pressão arterial.

Manobras de Reanimação Cardiopulmonar28

Para a restauração das funções cardíacas e respiratórias, é realizada a Reanimação Cardiopulmonar


(RCP), definida como um conjunto de ações aplicadas ao indivíduo em PCR para manter artificialmente

26
http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/manuais/biosseguranca/manualdeprimeirossocorros.pdf
27
MORAES, M. V. G. Atendimento Pré-hospitalar. Érica, 2016.
28
TOBASE, L.; TOMAZINI, E. A. S. Urgências e Emergências em Enfermagem. Guanabara Koogan, 2017

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a circulação de sangue no encéfalo e em outros órgãos vitais, até o retorno da circulação espontânea
(RCE).

Essas manobras são baseadas na cadeia de sobrevivência da AHA, a fim de agilizar e sistematizar o
atendimento:
- Verifique a segurança do local;
- Verifique se a vítima responde avaliando a responsividade;
- Se estiver sozinho, sem acesso a um telefone celular, deixe a vítima e acione o serviço médico de
emergência;
- Avalie a respiração e o pulso simultaneamente por 10 segundos;
- Com as mãos sobre a metade inferior do esterno (região hipotenar), sem flexionar os cotovelos inicie
as compressões torácicas a uma frequência de 100 a 120/min;
- Comprimir a uma profundidade de pelo menos 2 polegadas (5cm a 6cm);
- Permitir o retorno total do tórax após cada compressão;
- Minimizar as interrupções nas compressões;
- Ventilar adequadamente (2 respirações após 30 compressões, cada respiração administrada em 1
segundo, provocando a elevação do tórax).

Abordagem Geral para o Atendimento do Trauma

1.Iniciar a abordagem posicionando-se na frente da pessoa, quando possível;


2.Promover a estabilização manual da cabeça, mantida alinhada em posição neutra;
3.Realizar a avaliação primária na sequência A, B, C, D, E, e avaliação secundária;
4.Selecionar e fixar o colar cervical adequado, mantendo a estabilização manual da cabeça;
5.Movimentar o indivíduo em bloco ou abordá-lo em pé e posicionar a prancha rígida;
6.Imobilizar a cabeça com protetores laterais, alinhada em posição neutra;
7.Fixar o tronco, braços e pernas na prancha rígida, imobilizando na altura do tórax, quadril e abaixo
dos joelhos;
8.Transportar a prancha de maneira segura; em quatro pessoas, se possível;
9.Manter reavaliação contínua.

Engasgo

O engasgo29 é uma manifestação do organismo para expelir alimento ou objeto que toma um “caminho
errado”, durante a deglutição (ato de engolir).
Na parte superior da laringe localiza-se a epiglote, uma estrutura composta de tecido cartilaginoso,
localizada atrás da língua. Funciona como uma válvula que permanece aberta para permitir a chegada
do ar aos pulmões e se fecha quando engolimos algo, isso para bloquear a passagem do alimento para
os pulmões e encaminhá-lo ao estômago.
O engasgo é considerado uma emergência, e em casos graves, pode levar a pessoa à morte por
asfixia ou deixá-la inconsciente por um tempo. Sendo assim, agir rapidamente evita complicações.

Como Agir em Caso de Engasgo por Corpo Estranho

Manobra de Heimlich
Posicione-se por trás e enlace a vítima com os braços ao redor do abdome (se for uma criança, ajoelhe-
se primeiro), caso ela esteja consciente. Uma das mãos permanece fechada sobre a chamada “boca do
estômago” (região epigástrica).
A outra mão comprime a primeira, ao mesmo tempo em que empurra a “boca do estômago” para dentro
e para cima, como se quisesse levantar a vítima do chão. Faça movimentos de compressão para dentro
e para cima (como uma letra "J"), até que a vítima elimine o corpo estranho.

Como Agir em Caso de Engasgo em Bebês

- Coloque o bebê de bruços em cima do seu braço e faça cinco compressões entre as escápulas (no
meio das costas).

29
http://bvsms.saude.gov.br/dicas-em-saude/2513-engasgo

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183
- Vire o bebê de barriga para cima em seu braço e efetue mais cinco compressões sobre o esterno
(osso que divide o peito ao meio), na altura dos mamilos.
- Tente visualizar o corpo estranho e retirá-lo da boca delicadamente. Se não conseguir, repita as
compressões até a chegada a um serviço de emergência (pronto socorro ou hospital). Esses
procedimentos são válidos somente se a criança ou o adulto engasgado estiverem conscientes. Vítimas
inconscientes precisam de atendimento hospitalar rapidamente. Os primeiros socorros para asfixia ou
engasgo devem ser tomados até que seja possível o atendimento especializado.

Assistência em Hemorragias30

- Verificar a Frequência Cardíaca (FC) e o pulso. A FC pode ser o primeiro sinal alterado no caso de
choque inicial. Os demais sinais, como Pressão Arterial (PA), serão secundários;
- Identificar a quantidade, o volume e a qualidade do sangue perdido inicialmente, no caso de
sangramentos externos, dará uma ideia quanto à gravidade da situação e será uma informação importante
e útil para o intra-hospitalar;
- Identificar o local exato da hemorragia. Devido ao sangue se espalhar, é possível que o atendimento
esteja sendo feito no local errado, por essa razão, é extremamente importante identificar o local e já
proceder com as ações de estancamento da hemorragia de forma adequada (hemorragia externa) ou
realizar o alinhamento anatômico de membro fraturado (possibilidade de sangramento interno) quando
possível;
- Pressionar com firmeza (curativo compressivo) o local do sangramento, tendo o cuidado de não
pressionar demais e, com isso, parar a circulação;
- Levantar o membro, se o sangramento for no braço ou na perna. No entanto, isto não deve ser feito
se houver suspeita de fraturas (deformidades);
- Não retirar o primeiro curativo compressivo, mesmo que o sangue continue saindo. Nesse caso, deve-
se colocar outro em cima, de modo a continuar a pressionar o local;
- Realizar avaliações do D (nível de consciência) várias vezes no atendimento, pois o rebaixamento do
sensório ou a agitação podem ser indicativos de perda sanguínea significativa;
- Avaliar a temperatura corporal e manter o calor são procedimentos importantes. O paciente deve ser
mantido aquecido para evitar hipotermia.

Queimaduras

- Retirar a roupa que cobre a área queimada. Se a roupa estiver grudada na área queimada, deve-se
lavar a região até que o tecido possa ser retirado delicadamente sem aumentar a lesão. Se continuar
aderido à pele, o tecido deve ser cortado ao redor do ferimento;
- Remover anéis, pulseiras e colares, pois o edema se desenvolve rapidamente;
- Colocar a área queimada debaixo da água fria (e não gelada) ou utilizar compressas limpas e frias
sobre a queimadura até que a dor desapareça. O resfriamento das lesões com água fria é o melhor
tratamento de urgência da queimadura. A água alivia a dor, limpa a lesão, impede o aprofundamento das
queimaduras e diminui o edema (inchação) subsequente;
- Não utilizar compressas úmidas por longo tempo em queimaduras extensas, pois podem ocasionar
hipotermia (a temperatura do corpo da vítima fica abaixo do normal);
- Envolver a vítima com lençol limpo e agasalhos e encaminhá-lo ao atendimento médico;
- Dar um analgésico para alívio da dor;
- Nas vítimas conscientes e colaborativas com pequenas áreas queimadas, a hidratação oral com água
e sucos de frutas pode ser iniciada;
- Nas queimaduras extensas, a perda de líquidos é muito grande e a reposição de líquidos e eletrólitos
por via venosa, o mais rápido possível, é fundamental para a sobrevivência do paciente;
- Não usar gelo nas queimaduras;
- Não furar as bolhas causadas pela queimadura31;
- Não passar nada na queimadura. Não devem ser usados pomadas ou produtos caseiros, tais como
clara de ovo, pó de café, banha de galinha, pasta de dente, pimenta, entre outros, pois, além de não trazer
benefícios, podem favorecer complicações infecciosas;
- Não oferecer bebida alcoólica ao paciente.

30
ZAVAGLIA, G. O. et al. Cuidados de Enfermagem em Emergência e Traumas. Sagah, 2019.
31
Segundo a National Association of Emergency Medical Technicians (2011), a retirada de bolhas deve ser feita por especialistas em ambiente hospitalar devido
ao risco de infecção.

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Intoxicação Exógena

- Realizar monitorização dos sinais vitais;


- Avaliar o nível de consciência por intermédio da Escala de Coma de Glasgow;
- Avaliar as pupilas (diâmetro e reatividade à luz);
- Identificar temperatura e umidade da pele;
- Instalar oximetria de pulso;
- Realizar medida de glicose capilar;
- Obter Eletrocardiograma (ECG) e manter monitorização eletrocardiográfica, se necessário;
- Obter acesso venoso calibroso (nesse momento, podem ser coletadas amostras para exames
toxicológicos);
- Procurar sinais de trauma, infecção, marcas de agulha ou edema nas extremidades;
- Administrar medicamentos de acordo com a prescrição médica;
- Buscar informações para uma anamnese mais completa acerca do histórico de doenças, uso de
medicações, tentativas de suicídio prévias, acesso à substância e uso de substâncias ilícitas;
- Obter informações com os familiares em relação à substância utilizada, se for o caso, a quantidade
e o tempo transcorrido entre a ingestão e a chegada ao hospital. Orientar que alguém busque as
embalagens no domicílio pode ajudar muito na sequência do tratamento de desintoxicação. O tempo de
exposição também auxilia na correta terapêutica;
- Questionar familiares sobre comportamentos que levariam à suspeita de tentativa de suicídio, como
cartas de despedida, eventos traumáticos recentes ou tentativas prévias;
- Observar, nos casos de indicação de lavagem gástrica, a drenagem do fluido para que a
administração máxima seja de 300ml de volume pela sonda. Se for necessário, repetir a operação até
que toda a substância tóxica seja eliminada.

Asfixia32

- Fazer uma rápida análise do que causou a asfixia;


- Se não conseguir retirar o que causou a asfixia, colocar a vítima em uma posição inclinada para
abaixo do peito e tentar retirar o objeto com os dedos;
- Não havendo sucesso, fazer a manobra de Heimlich;
- Verificar o estado da vítima após a expulsão do objeto que causou a asfixia. Ela pode desmaiar e
apresentar parada respiratória. Se isso ocorrer, fazer a respiração artificial;
- Procurar socorro médico.

Corpo Estranho

- Tentar descobrir que tipo de objeto foi introduzido e em que local;


- Inspecionar o local. Se o objeto puder ser retirado manualmente, fazê-ló com cuidado;
- Não tentar retirar o objeto introduzido com outros objetos pontiagudos, pois a situação pode se
complicar;
- Em caso de corpo estranho nos olhos, lavá-lós com água em abundância;
- Procurar orientação e socorro médico.

Mordedura de Cão

- Afastar o animal do local;


- Lavar a região do ferimento com água e sabão para remover a saliva;
- Avaliar o ferimento.;
- Procurar orientação médica, mesmo no caso de o ferimento ser leve;
- Observar o cão e seu comportamento por 10 dias, pois, nesse período, pode desenvolver a raiva.

Hipertensão Arterial (HAS)

Quando a pressão exercida sobre as artérias é maior do que a esperada, dá-se a hipertensão arterial.
A pressão considerada normal é variável entre 120 × 90mmHg e 120 × 80mmHg.

32
SANTOS, N. C. M. Enfermagem em Pronto Atendimento Urgência e Emergência. Érica, 2014.

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Sinais e sintomas: Cefaleia, sudorese fria, dor em região da “nuca” (mas sem rigidez), mal-estar geral
e ansiedade.
- Verificar e anotar os sinais vitais com atenção especial à PA;
- Verificar PA a cada 2 horas e anotar em impresso próprio;
- Manter o paciente em local tranquilo, evitando visitas que possam ser desagradáveis e interfiram no
controle da pressão;
- Verificar se a dieta está de acordo, ou seja, hipossódica, atentando-se ao que se consome entre uma
refeição e outra, muitas vezes por conta própria ou trazido por familiares;
- Orientar quanto ao repouso relativo no leito;
- Administrar medicamentos nos horários corretos, evitando atraso no seu ciclo de ação;
- Seguir o plano de cuidados elaborado pela (o) enfermeira (o) durante o período da hospitalização.

Ação medicamentosa sobre a HAS


- Nifedipina: via de administração - sublingual. Ação - age de forma rápida, causando hipofluxo
cerebral;
- Captopril: via de administração - sublingual ou oral. Ação - diminuir a pressão arterial gradativamente
sem causar danos cerebrais ao paciente;
- Hidralazina: via de administração - endovenosa ou oral. Ação - age na musculatura do vaso,
provocando vasodilatação de efeito imediato;
- Furosemida: via de administração - oral ou endovenosa. Ação - diurético de alta potência que auxilia
na diminuição da pressão;
- Ansiolíticos: via de administração - oral, intramuscular ou endovenosa. Ação - relaxante, diminuindo
a ansiedade quando a hipertensão está associada ao estresse.

Coma

- Colher as informações de quem socorreu primeiro a vítima e fazer uma rápida avaliação do caso.
Quando não se tratar de trauma, a dificuldade do socorrista em identificar a causa é maior;
- Verificar os sinais vitais;
- Observar o hálito da vítima - álcool, drogas, cetoacidose diabética. Qualquer um desses fatores possui
características próprias, que podem ser detectadas por qualquer um dos socorristas;
- Se houver trauma, verificar suas causas e seus aspectos;
- Fazer um rápido exame físico, observando sinais do trauma, pulso, pupilas, nível de respiração e
outros aspectos importantes para que a conduta tomada seja eficiente;
- Manter as vias aéreas livres;
- Procurar socorro médico o mais rápido possível.

Sincope ou Desmaio33

- Remova a vítima, se possível, para um ambiente arejado;


- Mantenha sempre as vias aéreas da vítima livres;
- Libere, desaperte e afrouxe as roupas da vítima, deixando-a confortável;
- Afaste os curiosos;
- Coloque a vítima deitada no chão com as costas para baixo, elevando suas pernas, para que elas
fiquem mais altas em comparação ao restante do corpo;
- Lateralize a cabeça da vítima para evitar o sufocamento se houver vômitos;
- Chame por socorro médico se o desmaio durar mais de dois minutos;
- Verifique se houve alguma lesão causada pela queda;
- Não ofereça nenhum tipo de bebida ou alimento, nem nada para cheirar;
- Não dê tapas, nem jogue água sobre a vítima;
- Mantenha a vítima deitada por mais cinco minutos assim que ela recuperar a consciência e não tenha
pressa em coloca-la de pé;
- Sente a vítima devagar, aos poucos, ajudando-a a ficar de pé, sempre amparando-a.

33
HAUBERT, M. Primeiros Socorros. Sagah, 2018.

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186
Crise Convulsiva

- Lembre-se de que crises generalizadas podem ser precedidas pelas parciais, por isso, se o paciente
estiver em pé ou sentado, o ideal é deitá-lo para evitar quedas e traumatismos decorrentes dela;
- Retire os óculos do rosto da vítima, se ela estiver usando-os;
- Procure afastar curiosos e pessoas que não poderão ajudar;
- Não dê tapas no rosto da vítima, nem mesmo jogue água para fazê-la retornar da crise mais rápido;
- Afaste objetos que possam servir de obstáculos que machucarão a vítima;
- Não tente imobilizar os membros se o paciente apresentar uma crise tônico-clônica e deixe que ele
se debata, buscando apenas proteger sua cabeça com uma almofada ou outro objeto macio, como um
casaco dobrado;
- Afrouxe as roupas da vítima e deixe-a se debater livremente;
- Nunca, de maneira alguma, coloque os dedos dentro da boca do paciente na tentativa de ajudá-lo,
se ele se sufocar com a própria língua. Os indivíduos em crise contraem a mandíbula com tanta força que
podem amputar seus dedos com uma mordida. Faça apenas a simples lateralização da cabeça para
qualquer lado, assim, a língua cairá sozinha, e ele terá as vias aéreas desobstruídas;
- Nunca coloque objetos, como colher, dentro da boca do paciente para segurar sua língua, essa
tentativa coloca sua integridade em risco, além de facilitar que ele machuque a boca ou quebre os dentes;
- Faça a lateralização da cabeça, pois ela impedirá que o paciente se afogue com a própria saliva;
- Chame ajuda médica se a crise durar mais do que cinco minutos;
- Deite o paciente confortavelmente de lado e deixe-o descansar ao terminar a crise, pois ele pode
permanecer desacordado por algum tempo;
- Nunca ofereça nada de beber ou de comer logo após a crise, pois o paciente pode não conseguir
engolir direito, ficando mais propenso ao risco de aspiração de alimentos ou de líquidos para o pulmão;
- Evite comentários sobre o atendimento de uma convulsão, tanto durante como após o socorro, pois
a pessoa já se encontra desconfortável o suficiente com a ocorrência da crise;
- Permaneça junto à vítima até que ela se recupere totalmente. Apresente-se a ela, demonstrando
atenção e cuidado com o caso, e informe-a de onde está e com quem, proporcionando segurança e
tranquilidade. Pode ser muito útil saber se a pessoa é portadora de epilepsia e se está em dia com suas
medicações;
- Faça uma inspeção geral no estado da vítima após a crise, a fim de verificar se ela está ferida ou
sangrando. Se apresentar alguma lesão, encaminhe para o atendimento médico.

Choque

- Deite a vítima em posição horizontal, preferencialmente de costas, e com as pernas a um nível cerca
de 25 a 30cm mais elevadas do que a cabeça;
- Eleve os membros inferiores em relação ao corpo, colocando-os sobre uma almofada, um cobertor
dobrado ou qualquer outro objeto. Esse procedimento deve ser feito apenas se não houver fraturas
desses membros e serve para melhorar o retorno sanguíneo e levar o máximo de oxigênio ao cérebro -
não os erguer a mais de 30cm do solo. No caso de ferimentos no tórax que dificultem a respiração ou na
cabeça, os membros inferiores não devem ser elevados;
- Afrouxe as roupas da vítima no pescoço, no peito e na cintura e, em seguida, verificar se há presença
de prótese dentária, objetos ou alimento na boca e os retirar;
- Deite a vítima na posição lateral de segurança para evitar asfixia, no caso de estar inconsciente, ou
se estiver consciente, mas sangrando pela boca ou pelo nariz;
- Verifique quase que simultaneamente se a vítima está respirando e esteja preparado para iniciar
manobras de ressuscitação cardiopulmonar se ela não estiver;
- Observe o pulso da vítima enquanto as providências já indicadas são executadas - no choque, ele
apresenta-se rápido e fraco;
- Cubra a vítima com uma manta, para evitar a perda de calor e o consequente arrefecimento corporal,
sem, porém, aquecê-la excessivamente;
- Não dê comida ou qualquer bebida à vítima caso ela esteja obnubilada, porque pode provocar a
passagem de alimentos para as vias respiratórias;
- Tranquilize a vítima, mantendo-a calma sem demonstrar apreensão quanto ao seu estado, se o
socorro médico estiver demorando. Permaneça junto a ela para dar-lhe segurança e monitorar alterações
em seu estado físico e de consciência.

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187
Afogamento

- Reconheça se a pessoa está se afogando, pois nem sempre ela se apresenta agitada e grita por
socorro. Tenha, ainda, muita atenção, porque um afogamento pode passar despercebido, e alguns
indivíduos parecem estar brincando na água. Na maioria dos casos, o banhista estará em posição vertical,
sem se deslocar;
- Chame imediatamente por socorro ao identificar um afogamento e, em seguida, tente ajudar, desde
que a ação de resgate não ofereça risco para sua integridade física;
- Use material flutuante, pois é de extrema importância para interromper o afogamento;
- Faça a remoção do afogado da água se for seguro para você. O ideal é tentar ajudar mantendo-se
fora da água;
- Entre na água somente se tiver absoluta segurança de não correr risco de ser um segundo afogado.
Se você decidiu fazer isso, leve consigo, sempre que possível, algum material de flutuação;
- Retire roupas e sapatos que possam pesar na água e dificultar seu deslocamento. É válida a tentativa
de transformar as calças em um flutuador;
- Sempre entre na água mantendo a visão na vítima;
- Pare a dois metros antes do afogado, lhe entregue o material de flutuação e sempre o mantenha
entre você e a vítima;
- Deixe que a vítima se acalme, antes de chegar muito perto;
- Peça ao afogado que flutue e, então, acene pedindo ajuda se você não estiver confiante em sua
natação. Não tente rebocá-lo para fora da água, pois poderá gastar suas últimas energias;
- Mantenha-se calmo durante o socorro e, acima de tudo, não se exponha a riscos desnecessários;
- Coloque o afogado com a cabeça e o tronco em linha horizontal assim que retirá-lo da água e, em
seguida, pergunte “você está me ouvindo, ” para confirmar se ele está consciente;
- Coloque a vítima em posição lateral de segurança e aguarde o socorro chegar se houver resposta
(fala, movimento ou qualquer outra resposta) ou se você verificar que ela está viva (respirando e com
coração batendo);
- Inicie imediatamente a abertura das vias aéreas se não identificar resposta da vítima ou sinais de
vida, levante o queixo dela com a mão direita, coloque a esquerda na testa e estenda o pescoço para
abrir as vias aéreas;
- Faça a respiração boca a boca se não houver sinais de vida, inclinando a cabeça para trás a fim de
que a língua não bloqueie o fluxo de ar e, em seguida, sopre na boca obstruindo o nariz com a mão. Faça
em torno de cinco insuflações com intervalo entre cada uma para permitir que o tórax se eleve;
- Utilize a barreira de proteção (máscara) se possível, mas a sua ausência não é um impedimento, pois
o risco, quando não há sangue na boca, torna-se desprezível para o socorrista;
- Encare que o coração está parado se não houver resposta da vítima por meio de movimentos ou
reação à ventilação;
- Inicie, então, as manobras de RPC, retire os dois dedos do queixo e passe-os pelo abdome,
localizando o encontro das duas últimas costelas, marque dois dedos, retire a mão da testa e coloque-a
no tórax, com a outra mão sobre a primeira, e inicie 30 compressões cardíacas externa. Cada compressão
deve garantir o afundamento de no mínimo cinco centímetros do tórax, garantindo seu retorno completo
antes de se iniciar uma nova compressão. Já sua velocidade deve ser de, no mínimo, 100 movimentos
em 60 segundos;
- Utilize apenas uma mão para a realização das compressões se a vítima for criança;
- Mantenha alternando duas ventilações e 30 compressões e não pare até que haja resposta e a
respiração e os batimentos cardíacos retornem. Depois, coloque a vítima de lado e aguarde o socorro
médico solicitado;
- Entregue o afogado a uma equipe médica, ou até você ficar exausto;
- Reavalie a ventilação e os sinais de circulação após os primeiros quatro ciclos completos de
compressão e ventilação. Se for ausente, prossiga com a RCP e interrompa-a para uma nova reavaliação
a cada dois minutos ou quatro ciclos;
- Fique atento e verifique periodicamente se o afogado está ou não respondendo durante a RCP, o
que será importante na decisão de parar ou prosseguir nas manobras;
- Realize a RCP com outro socorrista sempre que possível, alternado quem realiza as compressões
torácicas a cada dois minutos;
- Realize a RCP de preferência no local do afogamento, pois é onde a vítima terá maior chance de
sucesso. Nos casos de retorno das funções cardíaca e respiratória, acompanhe o afogado com muita
atenção, durante os primeiros 30 minutos, até a chegada da equipe médica, porque ele ainda não está
fora de risco de uma nova PCR;

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188
- Refaça a hiperextensão do pescoço e tente novamente nos casos em que não houver efetividade da
manobra de ventilação boca a boca;
- Retire as próteses dentárias somente se estiverem dificultando a ventilação boca a boca;
- Lembre-se que o ar atmosférico é uma mistura gasosa que apresenta cerca de 21% de oxigênio em
sua composição e, em cada movimento respiratório, gasta-se em torno de 4% desse total, restando 17%
de oxigênio no ar expirado pelo socorrista. Essa quantidade é suficiente para a ventilação boca a boca
ser considerada o método mais eficiente em ventilação artificial de emergência.

Acidentes com Animais Peçonhentos

Picadas de insetos
- Mantenha a calma;
- Observe os sinais e as funções vitais da vítima;
- Leve o acidentado rapidamente ao hospital, no caso de múltiplas picadas de abelhas;
- Leve, se possível, o animal para identificação;
- Utilize a técnica de raspagem do local, com uma lâmina limpa, para retirar ferrões de abelhas. Não
use pinça, pois provoca a compressão dos reservatórios de veneno, o que resulta na inoculação da
substância ainda existente no ferrão;
- Lave o local com água e sabão, após a remoção, para prevenir a ocorrência de infecção secundária;
- Aplique uma bolsa de gelo para controlar a dor;
- Lave a região atingida com água fria, aplique compressas frias, eleve o membro acometido e
encaminhe ao atendimento médico os indivíduos que apresentam ardor intenso, em acidentes com
lagartas;
- Não dê bebidas alcoólicas à vítima;
- Encaminhe a vítima ao atendimento especializado nos casos de dores intensas;
- Remova a vítima com maior urgência para o atendimento especializado, em caso de reação de
hipersensibilidade.
Picadas de cobras
- Acalme e conforte a vítima que, quase sempre, estará agitada;
- Mantenha a vítima em decúbito dorsal, em repouso, evitando deambular ou correr, caso contrário, a
absorção do veneno pode disseminar-se mais rápido;
- Lave o local da picada apenas com água ou água e sabão, fazendo a antissepsia, se possível;
- Mantenha o membro afetado elevado;
- Mantenha a vítima hidratada;
- Controle os sinais vitais e o volume urinário do acidentado;
- Transporte a vítima com urgência para o atendimento especializado de emergência;
- Não envolva com gelo, em nenhuma circunstância, a extremidade;
- Não faça qualquer medida local de primeiros socorros se já passaram mais de 30 minutos desde o
momento da picada. Mantenha os cuidados gerais de repouso e apoio psicológico: verificação dos sinais
vitais, prevenção de estado de choque e transporte da vítima, o mais rápido possível, ao serviço de
emergência médica;
- Localize, sempre que for possível, a cobra que picou a vítima e leve-a com segurança para o
reconhecimento, a fim de que seja ministrado o soro específico, mais eficiente do que o soro universal;
- Capture a cobra viva, levantando-a do chão com uma haste qualquer pelo meio do corpo, sem se
arriscar e, em seguida, coloque-a em uma caixa bem fechada, assim ela não consegue reagir, nem dar o
bote. Se não for possível levá-la viva, não hesite em matá-la e recolher o exemplar.

Isquemia

A isquemia34 cardíaca é caracterizada pela diminuição da passagem de sangue pelas artérias


coronárias. Geralmente é causada pela presença de placas de gordura em seu interior, quando não são
tratadas podem romper e entupir o vaso, causando angina e infarto.
O tratamento pode ser realizado com medicamentos como beta bloqueadores utilizados para a
redução dos batimentos cardíacos, estatinas para redução das placas de gordura, antiplaquetários para
diminuir a formação de coágulos sanguíneos e nitratos que dilatam os vasos.

34
https://bit.ly/2RDqDfR

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Emergência de Temperatura35

Intermação
- Estabeleça as vias aéreas e, quando possível, remova a vítima da fonte de calor;
- Remova o máximo possível de vestimentas da vítima, deixando apenas sua roupa íntima; em seguida,
utilize uma combinação dos seguintes métodos para resfriar a vítima até que seu estado mental retorne
ao normal:
● Despeje ou borrife água fria sobre o corpo da vítima, abane a vítima vigorosamente;
● Se a vítima começar a ter calafrios, diminua o método de resfriamento (os tremores de frio produzem
calor);
● Nunca use álcool isopropílico para esfriar a pele; a pele absorve o álcool, o que pode ser tóxico.
- Nunca dê estimulantes ou bebidas quentes para a vítima;
- À medida que o corpo esfria, podem ocorrer crises convulsivas ou vômito. Posicione a vítima para
facilitar a drenagem;
- Monitore a temperatura da vítima enquanto espera a chegada da equipe de resgate. Se a temperatura
começar a subir, retome os procedimentos de resfriamento. (A temperatura deve cair para menos de
37,7°C e permanecer baixa até que o perigo tenha passado.)

Exaustão por Calor


- Leve a vítima para um local fresco, retire o máximo de roupas possível, aplique compressas frias
molhadas em sua pele e a abane de leve. Certifique-se de que a vítima não sente frio;
- Coloque a vítima deitada, levante seus pés de 20 a 30cm;
- Se a vítima estiver totalmente consciente, dê a ela água fria ou bebida esportiva para beber em um
ritmo de meio copo a cada 10 minutos durante 1 hora. Nunca dê sal para a vítima. Se a vítima vomitar,
pare de dar líquidos e acione imediatamente o Serviço de Regaste Médico (SRM);
- Se a vítima estiver inconsciente, ela pode estar progredindo para uma intermação; acione
imediatamente o SRM e cuide das vias aéreas e da ventilação;
- Meça a temperatura da vítima a cada 10 ou 15 minutos. Se estiver acima de 38°C ou subindo, ou se
a vítima estiver incapaz de ingerir líquidos ou vomitar após ingeri-los, ou se ela não melhorar em 30
minutos, acione o SRM.

Hipotermia
- Verifique os sinais vitais da vítima. Meça por 1 minuto completo, porque os sinais vitais diminuem em
casos de hipotermia (a vítima com hipotermia pode, por minuto, respirar apenas de três a quatro vezes e
ter pulso de apenas 5 a 10 batimentos). Se não houver pulso, desobstrua as vias aéreas e inicie a
Reanimação Cardiopulmonar (RCP). Se um desfibrilador estiver disponível, dê somente um choque. Se
o procedimento não corrigir o ritmo, continue a RCP e não dê novos choques;
- Manipule a vítima com muito cuidado. Não deixe a vítima caminhar ou se mover excessivamente por
conta própria;
- Mantenha a vítima em decúbito dorsal para evitar o choque e aumentar o fluxo sanguíneo no cérebro.
Não levante as pernas; ao fazê-lo, o sangue frio flui para o coração;
- Previna perda adicional de calor:
● Transfira a vítima para um local protegido e quente;
● Isole a cabeça e o corpo, principalmente a parte central;
● Não deixe a pele da vítima exposta a vento, ar frio ou respingos de água;
● Remova roupas molhadas, depois coloque roupas secas e cobertores sobre a vítima;
● Se a vítima estiver usando um casaco, coloque os braços dela próximos do corpo, e não dentro das
mangas;
● Isole a vítima do chão com cobertores, lençóis plásticos, jornais, plástico-bolha, material de
embalagem ou saco de dormir.
- Nunca esfregue ou manipule braços ou pernas; você pode forçar o sangue frio das veias para o
coração, causando ritmo cardíaco anormal ou parada cardíaca;
- Nunca dê tabaco, café ou álcool para a vítima. Dê líquidos apenas após a cessação dos calafrios e
quando a vítima estiver completamente consciente (a vítima deve ser capaz de engolir e tossir).

35
KARREN, K. J. et al. Primeiros Socorros para estudantes. Manole, 2013.

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190
Ferimentos36

Nas hipóteses de ferimentos é necessário:


- Retirar os pelos em torno do ferimento com exceção das sobrancelhas;
- Limpar em torno da ferida com a solução indicada, pois limpando dentro a solução poderá ser nociva
caso haja exposição de tecidos;
- Ajudar o médico a limpar e desbridar o ferimento;
- Auxiliar o médico na sutura;
- Aplicar um curativo não aderente para proteger a ferida;
- Administrar tratamento bacteriano de ataque prescrito;
- Ministrar profilaxia contra tétano para proteger o paciente;
- Orientar o paciente a contatar com o médico e procurar o serviço de saúde no caso de dor súbita
persistente, febre, hemorragia ou sinais de mau cheiro, secreção ou vermelhidão em torno da ferida.

Feridas Abdominais Penetrantes

Nas hipóteses de feridas abdominais penetrantes é necessário:


- Inspecionar o local para verificação de lesões penetrantes;
- Auscultar verificando ausência ou presença de traumatismo;
- Avaliar progressão da distensão abdominal, defesa reflexa, dor, rigidez muscular e hiperestesia de
rebote, hiperestesia, e diminuição do peristaltismo intestinal;
- Registrar todos os sinais físicos à medida que o paciente for examinado.

Cuidados Emergenciais

Nas hipóteses de cuidados emergenciais é necessário:


- Restaurar as vias aéreas;
- Manter o paciente na maca, já que o movimento pode causar fragmentação de um coágulo em um
grande vaso e produzir hemorragia maciça;
- Caso o paciente esteja comatoso, imobilizar o pescoço;
- Retirar a roupa de cima do ferimento;
- Contar o n° de ferimentos;
- Localizar a entrada e saída dos ferimentos;
- Avaliar a presença de hemorragias;
- Cobrir as vísceras exteriorizadas com curativos estéreis de soro fisiológico para prevenir o
ressecamento das vísceras;
- Controlar a hemorragia até que recupere e possa ser feita a cirurgia;
- Aspirar conteúdos gástricos pois previne complicações pulmonares;
- Introduzir cateter uretral para avaliar débito urinário e presença de hematúria;
- Suspender ingestão de líquidos pela boca, prevenindo o aumento da peristalse e vômitos, no caso
de ferimentos produzido por arma branca preparar para sinografia para detectar penetração peritoneal;
- Administrar profilaxia contra tétano;
- Administrar antibiótico de largo espectro prescrito;
- Preparar o paciente para procedimento cirúrgico caso ocorra, hemorragia, ar sobre o diafragma,
evisceração ou hematúria.

Limpeza de Ferimentos Superficiais

1. Lavar bem as mãos com água e sabão;


2. Lavar abundantemente a ferida com água limpa e sabão. Se possível lavar com água morna;
3. Se preciso realizar tricotomia (corte dos cabelos e pelos);
4. Cuidado ao retirar sujeira. Não esfregar os ferimentos para não piorar a solução de continuidade da
pele, e não remover possíveis coágulos existentes;
5. Cobrir com gaze estéril para secar, limpando a ferida no sentido de dentro para fora, para não levar
microrganismos para dentro;
6. Colocar compressas de gaze sobre a ferida. Não usar algodão, que se desmancha e prejudica a
cicatrização;

36
https://bit.ly/2YKSPjo

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7. Não tentar retirar corpos estranhos, tais como: farpas ou pedaços de vidro ou metal, a não ser que
saiam facilmente;
8. Fazer uma atadura ou bandagem sobre o ferimento com curativo.

Contusão Abdominal

Em caso de contusão abdominal é necessário:


- Iniciar método de ressuscitação;
- Efetuar avaliação física constante;
- Observar a presença de presença de hiperestesia, rigidez, espasmos, observe o aumento da
distensão abdominal; ausculte ruídos peritoneais; monitorize frequente sinais vitais;
- Avaliar complicações imediatas: como hemorragias, choques e lesões associadas;
- Encaminhar solicitação de exames laboratoriais;
- Encaminhar para exames radiográficos;
- Colocar sonda nasogástrica para prevenir vômitos e consequentes aspirações de secreção;

Esmagamentos

Em caso de esmagamentos o controle do choque sistêmico constitui prioridade de tratamento;


devendo-se:
- Controlar o choque;
- Observar a presença de comprometimento renal;
- Imobilizar os grandes esmagamentos de parte mole;
- Elevar as extremidades para aliviar a pressão dos líquidos extravasados;
- Administrar medicações para dor e ansiedade prescritas,
- Encaminhar a cirurgia, observar presença de choques;
- Monitorar os sinais vitais do paciente;
- Administrar plasma e sangue prescritos;

Traumatismos Múltiplos

Em caso de traumatismos múltiplos, deve-se:


- Efetuar um exame físico simplificado, para determinar sangramento, parada respiratória, ou choque;
- Iniciar ressuscitação;
- Observar aspecto e assimetria da movimentação da parede torácica e padrão da respiração;
- Ventilar o paciente prevenindo a hipóxia;
- Introduzir cânula evitando orofaríngea evitando oclusão pela língua;
- Avaliar a função cardíaca;
- Puncionar veia calibrosa e iniciar administração de sangue, derivados e eletrólitos;
- Controlar a hemorragia;
- Prevenir e tratar o choque hipovolêmico;
- Introduzir cateter uretral de demora, e monitorizar débito cardíaco;
- Avaliar presença de traumatismo de pescoço;
- Avaliar a presença de traumatismo de crânio;
- Imobilizar fraturas evitando traumatismo maior de partes moles;
- Preparar para laparotomia caso o paciente mostre sinais contínuos de hemorragias e piora;
- Mobilizar a cada hora o débito urinário;
- Administrar tratamento contra tétano.

Fraturas37

- Observar o estado geral do acidentado, procurando lesões mais graves com ferimento e hemorragia;
- Acalmar o acidentado, pois ele fica apreensivo e entra em pânico;
- Ficar atento para prevenir o choque hipovolêmico;
- Controlar eventual hemorragia e cuidar de qualquer ferimento, com curativo, antes de proceder a
imobilização do membro afetado;

37
http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/manuais/biosseguranca/manualdeprimeirossocorros.pdf

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192
- Imobilizar o membro, procurando colocá-lo na posição que for menos dolorosa para o acidentado, o
mais naturalmente possível. É importante salientar que imobilizar significa tirar os movimentos das juntas
acima e abaixo da lesão;
- Trabalhar com muita delicadeza e cuidado. Toda atenção é pouca; os menores erros podem gerar
sequelas irreversíveis;
- Usar talas, caso seja necessário. As talas irão auxiliar na sustentação do membro atingido;
- As talas têm que ser de tamanho suficiente para ultrapassar as articulações acima e abaixo da fratura;
- Para improvisar uma tala pode-se usar qualquer material rígido ou semirrígido como: tábua, madeira,
papelão, revista enrolada ou jornal grosso dobrado;
- O membro atingido deve ser acolchoado com panos limpos, camadas de algodão ou gaze,
procurando sempre localizar os pontos de pressão e desconforto;
- Prender as talas com ataduras ou tiras de pano, apertá-las o suficiente para imobilizar a área, com o
devido cuidado para não provocar insuficiência circulatória;
- Fixar em pelo menos quatro pontos: acima e abaixo das articulações e acima e abaixo da fratura.

Contusões

Logo após a contusão, o acidentado sente dor, será mais ou menos intensa conforme a inervação da
região. Se a batida for muito intensa, a parte central da área afetada pode apresentar-se indolor pela
destruição de filetes nervosos.
A mancha, inicialmente arroxeada, no local contundido, chamada de equimose, vai se transformando
em azulada ou esverdeada, para, em alguns dias, torna-se amarelada. Isto se dá pela alteração do
sangue que extravasou na hemorragia e que vai sendo reabsorvido lentamente.
Pode se formar, também, líquido entre a pele e o tecido mais profundo, dando um aspecto de
ondulação, com mobilidade da pele no local atingido. O sangue extravasado, por ser um bom meio de
cultura, pode infectar a lesão, sendo, portanto, muito importante a observação da evolução da hemorragia.
As lesões contusas podem ser tratadas de maneira simples, desde que não apresentem gravidade.
Normalmente, bolsa de gelo ou compressa de água gelada nas primeiras 24 horas e repouso da parte
lesada são suficientes.
Se persistirem sintomas de dor, edema, hiperemia, pode-se aplicar compressas de calor úmido. Deve
ser procurado auxílio especializado. As contusões simples, de um modo geral, não apresentam
complicações, nem necessitam de cuidados especiais.

Distensões e Entorses

As distensões são lesões aos músculos ou seus tendões, geralmente são causadas por hiperextensão
ou por contrações violentas. Em casos graves pode haver ruptura do tendão.
Uma entorse geralmente é conhecida por torcedura ou mau jeito. Os locais onde ocorre mais
comumente são as articulações do tornozelo, ombro, joelho, punho e dedos.
Após sofrer uma entorse, o indivíduo sente dor intensa ao redor da articulação atingida, dificuldade de
movimentação, que poderá ser maior ou menor conforme a contração muscular ao redor da lesão. Os
movimentos articulares cujo exagero provoca a entorse são extremamente dolorosos e essa dor
aumentará em qualquer tentativa de se movimentar a articulação afetada.
- Aplicar gelo ou compressas frias durante as primeiras 24 horas;
- Após este tempo aplicar compressas mornas;
- Imobilizar o local como nas fraturas. A imobilização deverá ser feita na posição que for mais cômoda
para o acidentado.

Reação Anafilática38

Se for na presença de edema glótico, deve-se:


- Fazer incisão na membrana cricotireoidea para liberar via aérea;
- Proceder respiração cardiorrespiratória;
- Administrar epinefrina prescrita;
- Iniciar infusão e medicamento para reversão de efeito;
- Avaliar e monitorar sinais vitais;
- Administrar oxigênio;

38
https://bit.ly/2YKSPjo

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- Caso o paciente esteja com convulsões administre medicamento anticonvulsivante.

Envenenamento

O que fazer neste caso:


- Controlar vias áreas;
- Avaliar a função cardiovascular;
- Administrar oxigenoterapia;
- Monitorar débito cardíaco;
- Procurar determinar qual o veneno para estabelecer antídoto;
- Monitorar estado neurológico;
- Obter amostra de sangue para dosar a concentração do veneno;
- Puncionar veia calibrosa;
- Administrar tratamento de suporte;
- Monitorizar equilíbrio hidroeletrolítico;
- Realizar uma lavagem gástrica para paciente obnubilado;
- Monitorar e tratar complicações.

Telefones públicos de emergência: prontos-socorros, polícias militar e civil, corpo de


bombeiros.

Listamos os principais números úteis e de emergência nacionais. Fique atento a finalidade de cada um
para não errar durante a ligação:

SAMU: 192
Serviço de Atendimento Móvel de Urgência - SAMU (pronto-socorro). O SAMU é o serviço médico
brasileiro utilizado em caso de emergências médicas. Para utilizá-lo, basta ligar para 192 e explicar o tipo
de emergência para acionar o serviço.

Policia Militar: 190


O 190 é um serviço de emergência da Polícia Militar que atende aos cidadãos em casos de riscos,
ameaças contra a vida, denúncias de roubos, atentados e proteção pública. Pode ser acionado de
telefones fixos e celulares.

Polícia Civil: 197


Para denúncias de porte de arma, drogas, tráfico, roubos, assaltos, assassinatos, sequestros, etc.

Corpo de Bombeiros: 193


As consequências da maioria dos acidentes domésticos ou na rua podem ser amenizadas com o
socorro imediato do Corpo de Bombeiros. O Disque Bombeiros atende a incêndios, acidentes com
animais, vazamentos de gás, produtos químico e causas naturais como alagamento e queimadas. Confira
aqui um caso de atuação do Corpo de Bombeiros em vistoria por Brasília.

Postos de Saúde e Hospitais:


O 192 é um serviço de atendimento pré-hospitalar de urgência e emergência. Você pode acionar o
serviço através de telefones sem utilizar fichas ou cartão.

O que você deve saber antes de ligar para o 192:


1 - O que aconteceu com o paciente;
2 - Endereço - rua, avenida, número, bairro e referência do local da ocorrência;
3 - Dados do paciente, como nome, idade e sexo;
4 - O número do telefone de onde você está ligando.

O 192 atende apenas situações de emergências médicas. Não dê trote! Você poderá retardar e
prejudicar seriamente outra pessoa que esteja em risco de vida.

ATENÇÃO!
Chame o socorro pelo número 192.
Caso o paciente seja socorrido por outros meios, ligue cancelando o pedido.

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Questões

01. (Prefeitura de Salvador/BA - Agente de Salvamento Aquático - FGV/2019) Para o socorro a


uma vítima de afogamento dentro da água, um procedimento adequado do socorrista é
(A) agarrar a vítima para nela colocar o colete salva vidas e, em seguida, transportá-la até a costa.
(B) entregar o material de flutuação à vítima, mantendo-a à distância, para evitar que ela o agarre.
(C) colocar a nadadeira na vítima, para que ela possa se conduzir até um local mais seguro.
(D) estar sempre em contato direto com a vítima, para conduzi-la em direção à prancha de salvamento
ou flutuador.
(E) tentar trazer a vítima ao máximo para a superfície, caso ela agarre o socorrista.

02. (Prefeitura de Natal/RN - Técnico em Enfermagem do Trabalho - COMPERVE/2018) Um


trabalhador de 42 anos de idade apresenta obstrução total de vias aéreas por corpo estranho, encontra-
se consciente, mas com sinais de asfixia, pois agarra o pescoço e demonstra estar incapaz de falar ou
tossir, apresentando cianose e esforço respiratório acentuado. A intervenção indicada no atendimento a
esse trabalhador é executar a manobra de
(A) Heimlich.
(B) Osler.
(C) Valsava.
(D) Epley.

03. (UFAM - Técnico de Enfermagem - COMVEST UFAM/2018) Uma das situações no atendimento
de urgência e emergência são as hemorragias, tendo como causa a perda maciça de sangue consequente
ao rompimento de vasos sanguíneos. O método mais eficaz de controlar as hemorragias é:
(A) avisar ao plantonista médico.
(B) a transfusão sanguínea como primeira ação.
(C) assegurar acesso venoso, mas só em casos graves.
(D) aferir os sinais vitais.
(E) a compressão direta do ponto onde está ocorrendo a hemorragia, por cerca de 6 a 8 minutos.

04. (SAS/SP - Técnico de Enfermagem - MS CONCURSOS/2018) Quando há uma situação que não
pode ser adiada, que deve ser resolvida rapidamente, pois se houver demora, corre-se o risco até mesmo
de morte; na enfermagem, esse é o conceito de:
(A) Trauma
(B) Emergência
(C) Urgência
(D) Síncope
(E) PCR

05. (SAS/SP - Técnico de Enfermagem - MS CONCURSOS/2018) Quando há uma situação que não
pode ser adiada, que deve ser resolvida rapidamente, pois se houver demora, corre-se o risco até mesmo
de morte; na enfermagem, esse é o conceito de:
(A) Trauma
(B) Emergência
(C) Urgência
(D) Síncope
(E) PCR

06. (EBSERH - Técnico de Enfermagem - CESPE/2018) Mariana, com setenta e seis anos de idade,
apresenta, em atendimento hospitalar de emergência, forte dor precordial, em aperto, contínua, com
irradiação para o pescoço, e leve tontura - segundo a paciente, há cerca de 30 min. Ela tem história de
hipertensão arterial crônica e vem sendo acompanhada regularmente por seu cardiologista. No exame,
Mariana encontra-se dispneica, agitada, com PA de 190 mmHg × 130 mmHg e oximetria de pulso em
92%.
Acerca desse caso clínico, julgue o item a seguir.
O quadro apresentado por Mariana pode ser corretamente classificado como uma urgência
hipertensiva.
( ) Certo
( ) Errado

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07. (TRE/SP - Técnico Judiciário - Enfermagem - FCC/2017) Considerando as manobras de
Reanimação Cardiopulmonar – RCP, as Diretrizes da American Heart Association – AHA 2015
recomenda
(A) manter a relação compressão-ventilação com via aérea avançada de 30:2 com uso de ventilador
pulmonar.
(B) avaliar a respiração e o pulso simultaneamente em até 30 segundos.
(C) aplicar compressões torácicas a uma frequência de 100 a 120/min.
(D) apoiar-se sobre o tórax do paciente entre as compressões.
(E) permitir o retorno parcial da parede do tórax após cada compressão.

08. (SES/SC - Técnico em Enfermagem - FEPESE/2017) Sabe-se que os engasgos são


intercorrências comuns que acontecem com recém-nascidos.
São ações corretas a serem realizadas diante de um engasgo em recém-nascido:
(A) O recém-nascido deve ser colocado deitado e feitas compressões torácicas.
(B) O recém-nascido deve ser levantado imediatamente e soprado seu rosto para ajudá-lo a respirar.
(C) O recém-nascido deve ser posicionado de cabeça para baixo, apoiando-o na coxa e devendo-se
bater com a parte mais saliente da mão aberta entre as escápulas.
(D) O recém-nascido deve ser posicionado com a cabeça para cima, devendo-se bater com a parte
mais saliente da mão aberta entre as escápulas.
(E) O recém-nascido deve ser levantado imediatamente e o adulto, com os dedos indicadores e médio,
deverá tentar retirar o corpo estranho, se for o caso.

09. (TRF-2ª Região - Analista Judiciário - Enfermagem - CONSUPLAN/2017) O Sistema de


Classificação de Pacientes é uma das ferramentas utilizadas pelo enfermeiro subsidiando-o nas suas
ações administrativas. O Sistema de Classificação de Pacientes pode ser melhor definido como:
(A) Método utilizado para determinar, monitorar e validar as necessidades de cuidado individualizado
do paciente.
(B) Sistema estabelecido pelo COFEN que determina horas de assistência de enfermagem por unidade
de internação.
(C) Método de classificar as queixas dos usuários que demandam os serviços de urgência/emergência,
visando identificar os que necessitam de atendimento médico mediato ou imediato.
(D) Sistema estabelecido pelo Ministério da Saúde baseado no caráter público ou privado da instituição
de saúde para o repasse de recursos para aperfeiçoamento profissional.

Gabarito

01.B / 02.A / 03.E / 04.C / 05.B / 06.Certo / 07.C / 08.C / 09.A

Comentários

01. Resposta: B
- Chame imediatamente por socorro ao identificar um afogamento e, em seguida, tente ajudar, desde
que a ação de resgate não ofereça risco para sua integridade física;
- Use material flutuante, pois é de extrema importância para interromper o afogamento;
- Faça a remoção do afogado da água se for seguro para você. O ideal é tentar ajudar mantendo-se
fora da água;
- Entre na água somente se tiver absoluta segurança de não correr risco de ser um segundo afogado.
Se você decidiu fazer isso, leve consigo, sempre que possível, algum material de flutuação.

02. Resposta: A
Como Agir em Caso de Engasgo por Corpo Estranho
Manobra de Heimlich
Posicione-se por trás e enlace a vítima com os braços ao redor do abdome (se for uma criança, ajoelhe-
se primeiro), caso ela esteja consciente. Uma das mãos permanece fechada sobre a chamada “boca do
estômago” (região epigástrica).
A outra mão comprime a primeira, ao mesmo tempo em que empurra a “boca do estômago” para dentro
e para cima, como se quisesse levantar a vítima do chão. Faça movimentos de compressão para dentro
e para cima (como uma letra "J"), até que a vítima elimine o corpo estranho.

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03. Resposta: E
- Identificar o local exato da hemorragia. Devido ao sangue se espalhar, é possível que o atendimento
esteja sendo feito no local errado, por essa razão, é extremamente importante identificar o local e já
proceder com as ações de estancamento da hemorragia de forma adequada (hemorragia externa) ou
realizar o alinhamento anatômico de membro fraturado (possibilidade de sangramento interno) quando
possível;
- Pressionar com firmeza (curativo compressivo) o local do sangramento, tendo o cuidado de não
pressionar demais e, com isso, parar a circulação.

04. Resposta: C
Segundo a Resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM) n. 1.451/95, entende-se por urgência
a condição “imprevista de agravo da saúde com ou sem risco potencial de vida”, com necessidade de
assistência de saúde imediata ou em até 24h.

05. Resposta: B
Emergência como a condição imprevista de agravo da saúde, com “risco iminente de vida ou
sofrimento intenso, exigindo, portanto, tratamento médico imediato”.

06. Resposta: Certo


Quando a pressão exercida sobre as artérias é maior do que a esperada, dá-se a hipertensão arterial.
A pressão considerada normal é variável entre 120 ×90mmHg e 120 × 80mmHg.
Sinais e sintomas: Cefaleia, sudorese fria, dor em região da “nuca” (mas sem rigidez), mal-estar geral
e ansiedade.

07. Resposta: C
Com as mãos sobre a metade inferior do esterno (região hipotenar), sem flexionar os cotovelos inicie
as compressões torácicas a uma frequência de 100 a 120/min;

08. Resposta: C
Coloque o bebê de bruços em cima do seu braço e faça cinco compressões entre as escápulas (no
meio das costas).

09. Resposta: A
Segundo o Ministério da Saúde, o sistema de classificação de prioridade é uma estratégia que contribui
para reduzir o tempo de espera e melhorar a qualidade da assistência.
No contexto da Política Nacional de Humanização, o termo triagem foi substituído por classificação de
risco, realizada por meio de instrumentos e escalas de seleção - como a canadense, a australiana, a
americana e o sistema de classificação de Manchester - para destinar a cada cliente os recursos e tempo
necessários ao atendimento, de acordo com cada grau de gravidade.

O PAPEL DAS UNIDADES DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA NO SISTEMA DE ATENÇÃO À


SAÚDE

No Brasil as Unidades de Urgência e Emergência, contrariando o que para elas havia sido planejado
tornaram-se, principalmente a partir da última década do século passado, as principais portas de entrada
no sistema de atenção à saúde, eleitas pela população como o melhor local para a obtenção de
diagnóstico e tratamento dos problemas de saúde, independentemente do nível de urgência e da
gravidade destas ocorrências.39
Com a universalização da atenção, garantida pela constituição de 1988, os contingentes populacionais,
até então sem nenhum tipo de cobertura, passaram a pressionar o sistema fazendo com que, tanto nas
pequenas cidades como nos grandes centros urbanos, os hospitais, através de suas Unidades de
Urgência e Emergência, recebessem o impacto direto desta nova demanda, que em outras circunstâncias
deveria destinar-se, prioritariamente ao atendimento ambulatorial, prestado na rede de postos de saúde,
nas policlínicas e nos hospitais.
São inúmeras as explicações para esta distorção, responsável em parte pela crescente queda de
qualidade do atendimento nos hospitais, sufocados que estão por uma demanda que não têm condições
financeiras, tecnológicas e espaciais de satisfazer. Enfrentando filas intermináveis a população que

39
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/arquitetura_unidades_hospitalares3.pdf.

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depende da rede pública, encontra grandes dificuldades na marcação de consultas, inclusive nos postos
de saúde, idealizados para ser a principal porta de entrada no sistema de atenção à saúde.
A realidade demonstra que este sistema tem sido incapaz de oferecer atendimento adequado a nível
ambulatorial no diagnóstico e tratamento de ocorrências que exijam a presença de especialistas ou
exames de maior complexidade. Mesmo quando estes serviços estão disponíveis, os prazos de
atendimento oferecidos geralmente não se mostram compatíveis com a gravidade dos problemas ou
ainda com a paciência, quase inesgotável, dos que buscam tratamento.
Nestes aspectos concordamos inteiramente tanto com o diagnóstico de Cecílio ao colocar em dúvida
a adequação de um modelo de atenção idealizado para operar na forma de uma pirâmide, como com sua
proposta de diversificar as portas de entrada no sistema, que passaria a ter a forma de um círculo.
Infelizmente o drama das longas esperas não se esgota com a realização da primeira consulta, já que
na maioria dos casos são solicitados exames complementares que via de regra não estão disponíveis
nos postos de saúde, obrigando os pacientes a procurar unidades com maiores recursos de diagnóstico
e se sujeitar novamente a prazos de atendimento extremamente longos.
Outro agravante do sistema é o horário reduzido de funcionamento das unidades de menor porte da
rede de saúde, horário que coincide com a jornada de trabalho, dificultando sua utilização por grande
parte da população. Assim um grande número de pacientes prefere abrir mão do atendimento oferecido
nos postos de saúde, apesar de sua maior acessibilidade, para se dirigir às Unidades de Urgências e
Emergências que oferecem, em geral, atendimento de 24 horas, maior oferta de clínicas especializadas,
exames de maior complexidade e, caso necessário, a possibilidade de internação.
Esta distorção, entre inúmeras outras que afetam o modelo brasileiro de atenção à saúde, provoca
uma série de impactos no funcionamento das Unidades de Emergência que devem, necessariamente,
ser consideras pelo arquiteto já nas primeiras tarefas de programação e dimensionamento, prevendo, por
exemplo, um número maior de consultórios, para responder ao atendimento ambulatorial disfarçado que
nelas é prestado, um reforço no dimensionamento dos recursos de diagnóstico e uma maior permanência
dos pacientes após receber algum tipo de atenção.
A falta de atenção a esta realidade faz com que as salas de espera e as salas de observação sejam,
em geral, subdimensionadas, sendo fato corriqueiro a presença de pacientes e acompanhantes
amontoados nas salas de espera e nos corredores sem nenhum tipo de conforto e orientação. Nestas
condições os ambientes de observação deixam de atender às suas funções específicas, passando a
funcionar como verdadeiras unidades de internação.

Os Níveis de Complexidade do Atendimento40

As Unidades de Urgência prestam atendimento imediato em casos que, em princípio, não ofereçam
risco de vida, exigindo instalações e equipamentos mais simples, próprios de uma retaguarda de baixa e
média complexidade. As Unidades de Urgência / Emergência, por sua vez, são locais onde são praticados
além dos procedimentos de menor complexidade, característicos das situações de urgência,
procedimentos de maior complexidade, que podem oferecer risco de vida.
Estas unidades, diferentemente das Urgências devem operar com um nível elevado de resolutividade,
demandando uma retaguarda dotada de recursos de apoio ao diagnóstico (imagenologia, traçados
gráficos, laboratório de análises clínicas etc.), tratamento (centro cirúrgico, centro obstétrico e UTI’s),
observação e internação compatíveis com a complexidade dos procedimentos nelas praticados.
Dentre as diversas unidades funcionais que compõem o edifício hospitalar, as emergências são as que
mais necessitam de flexibilidade arquitetônica, já que seu modelo de funcionamento poderá sofrer
constantes mudanças, tanto pela incorporação de novas tecnologias como pela orientação dada por
diferentes equipes de saúde.
O dimensionamento, a sinalização e a localização destas áreas, externas à edificação, devem ser
cuidadosamente estudados, devido à necessidade de garantir aos usuários um rápido acesso ao hall de
entrada, fundamental nos casos que por sua gravidade exijam um atendimento imediato. A área de
manobra das ambulâncias deve ser dimensionada de modo a possibilitar que encostem de ré, facilitando
os procedimentos de desembarque dos pacientes. Deve-se prever uma área de desembarque coberta
para no mínimo duas ambulâncias.

40
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/programacao_arquitetonica_somasus_v1.pdf

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Espaços de uma Unidade de Urgência/Emergência

Para que o projeto se desenvolva de forma consistente, todos os ambientes que irão compor as
unidades de urgência e emergência (assim como as demais unidades que integram o edifício hospitalar)
necessitam de uma série de cuidados projetuais, sem os quais a futura edificação não atenderá a contento
os serviços de assistência à saúde que ali serão prestados.
Com o objetivo de aprofundar o conhecimento sobre as necessidades projetuais desses ambientes,
apresenta-se, a seguir, alguns comentários sobre suas principais características funcionais. Os dados
relativos às áreas mínimas e as instalações necessárias a cada um dos ambientes analisados não foram
incluídos por serem facilmente encontrados nas tabelas de ambientes da RDC n°50/2002 (ANVISA,
2004).
É importante notar que as diferentes composições destes ambientes irão, de certa forma, determinar
o perfil e a resolutividade da unidade projetada, caracterizando-a como Unidade de Urgência ou de
Emergência. Cabe, finalmente, observar que o conjunto apresentado não abrange todos os ambientes de
uma Unidade de Urgência ou de Emergência e, sim, aqueles que se consideram os mais importantes,
tanto sob o aspecto funcional como pelo fato de estarem presentes na grande maioria dessas unidades.

Halls de Entrada
Uma boa prática no projeto dos halls de acessos nas unidades de maior porte e complexidade é dotá-
las, sempre que possível de dois halls, interligados a uma mesma sala de espera. Um deles, denominado
Hall de Emergência, seria de uso exclusivo para os pacientes em estado grave, transportados por
ambulâncias ou outros veículos. Este hall deverá ser localizado de forma a possibilitar um acesso imediato
às salas de emergência e higienização, sem passar pela sala de espera.
Pelo segundo hall, denominado de Hall de Urgências devem adentrar os pacientes que chegam à
unidade deambulando, necessitando de pouca ou nenhuma ajuda de terceiros para acessarem à sala de
espera da unidade. Nos dois halls devem ser previstos balcões de informação e registro, estacionamentos
de macas e cadeiras de rodas, sanitários de público para adultos, crianças e portadores de deficiência. O
setor de polícia, a área para guarda de pertences e o setor de imprensa (eventualmente encontrado nas
grandes emergências) podem ser localizados apenas no hall por onde passam os pacientes em estado
grave (Hall de Emergências).
O balcão de recepção, onde é feita a admissão dos pacientes deve ser posicionado de forma a que
possa controlar simultaneamente os dois halls, que devem ser servidos por sanitários de público para
adultos de ambos os sexos, crianças e portadores de deficiências.
Uma boa solução consiste em localizar os sanitários na área coberta pela marquise de entrada de
forma a desafogar a sala de espera. Dependendo da solução arquitetônica encontrada o conjunto de
sanitários poderão marcar as diferentes entradas da unidade hospitalar, orientando o acesso do público.
A colocação dos sanitários, telefones públicos e até mesmo os bebedouros, nesta área possibilita uma
melhor distribuição das pessoas que muitas vezes permanecem nas proximidades dos halls de entrada
que passam a funcionar como uma extensão natural das salas de espera. Na área coberta pelas
marquises, que protegem o desembarque dos pacientes, deve-se prever espaços para guarda de macas
e cadeiras de rodas.

Salas de Espera
Em geral, contíguas aos halls de entrada, as áreas de espera são ambientes extremamente
importantes para a humanização do acolhimento dos pacientes e de seus acompanhantes. Nessas áreas
devem ser instalados aparelhos de TV, utilizados tanto para distrair como para fornecer informações
importantes sobre o funcionamento da unidade, cuidados com a saúde e, até mesmo, como é feito nos
hospitais da Rede SARAH, para fazer a chamada dos pacientes.
As áreas de espera podem ainda ser utilizadas para dar início ao processo de triagem, reduzindo o
período em que o paciente aguarda o primeiro atendimento e agilizando seu encaminhamento. A
arquitetura dos interiores destas áreas é extremamente importante, na medida em que o conforto térmico
e acústico, a disposição do mobiliário, as cores, os materiais de revestimento, a presença de plantas
ornamentais etc., podem contribuir tanto para a diminuição do stress dos que aguardam atendimento,
como para organizá-lo.
Com este objetivo, por exemplo, adotou-se cores diferentes nas cadeiras reservadas para os pacientes
que, já tendo sido atendidos, permanecem na sala de espera aguardando os resultados dos exames,
facilitando à equipe de saúde o reconhecimento daqueles que ainda aguardam atendimento.
A recepção infantil deve ser separada da de adultos e projetada com ambientação compatível com
esta faixa etária, tendo em vista não só uma maior humanização do ambiente hospitalar como a agilização

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do processo de triagem e encaminhamento dos pacientes. Sempre que possível os pacientes da terceira
idade deverão receber os mesmos cuidados.
Como os pacientes e acompanhantes podem permanecer um longo período na sala de espera, é
conveniente que as cadeiras sejam confortáveis, resistentes, comportem pessoas obesas, tenham alturas
de assentos compatíveis e braços para permitir que pacientes possam levantar-se com facilidade.

Sala de Higienização
Geralmente localizada em área contígua ao hall de emergências, esta sala é utilizada para higienizar
os pacientes que, segundo o critério da equipe de saúde, necessitem até mesmo de um banho antes do
início do primeiro procedimento. Nesta sala devem ser previstas as facilidades necessárias para que a
higienização possa ser feita inclusive com o paciente sobre maca ou cadeira de roda.
A sala deve ser dotada de lavatório, chuveiro, chuveiro manual, maca especial para banho e cuba de
despejo. Em algumas unidades de emergência, a sala de higienização, durante algum tempo, foi
localizada fora do edifício hospitalar, junto à área de manobra das ambulâncias, de forma a que os
pacientes pudessem ser higienizados antes mesmo de adentrarem a unidade. Independentemente da
existência deste ambiente devem ser previstas facilidades para higienização de pacientes em estado
grave na própria sala de emergência (politrauma).

Sala de Triagem e de Consulta de Enfermagem


O objetivo da sala de triagem é dar maior eficiência ao atendimento, efetuando uma primeira avaliação
do paciente, para somente então encaminhá-lo às áreas de diagnóstico e tratamento. Esta avaliação pode
ser feita pela equipe médica, ou eventualmente pela de enfermagem.
A consulta de enfermagem, por sua vez, tem como objetivo agilizar o atendimento, através da
diminuição do tempo da consulta médica, cuidando a equipe de enfermagem de levantar as primeiras
informações do sobre o paciente, anotando seus dados antropomórficos, tomando sua temperatura e
tirando sua pressão arterial.
A existência de salas de triagem e a realização de consultas de enfermagem dependerão do modelo
de atendimento adotado pela direção da unidade, que poderá optar por efetuar os procedimentos de
triagem em outros ambientes da edificação (salas de espera, consultórios indiferenciados e, até mesmo,
nos halls de acesso), assim como descartar a realização das consultas de enfermagem, alegando que a
diminuição do tempo de consulta médica não é desejável quando se busca um melhor acolhimento do
paciente.
As consultas de enfermagem são mais comuns em unidades ambulatoriais, onde o tempo de espera
pela consulta médica não é tão crítico. Quando realizadas em unidades de emergência, este tipo de
consulta contribui para retardar o contato do paciente com a equipe médica, o que não se coaduna com
os procedimentos nelas praticados. A adoção crescente da consulta de enfermagem nas unidades de
emergência deve-se, em parte, ao atendimento ambulatorial disfarçado que, cada vez mais, vem sendo
praticado nessas unidades.

Posto de Enfermagem Central


Além dos postos de enfermagens exclusivos das salas de observação a unidade de emergência deve
ser dotada de um posto de enfermagem central, que além de exercer uma atividade de controle de todo
o funcionamento da unidade apoia, com o serviço de enfermagem, os diferentes atendimentos realizados
na unidade.
Para exercer de forma adequada esta função a localização do posto de enfermagem central deve ser
cuidadosamente estudada de forma a proporcionar uma visão a mais ampla possível da unidade,
facilitando o controle das diferentes tarefas e o acesso da equipe de saúde. A correta disposição e o
dimensionamento das partes que integram o posto de enfermagem são cuidados importantes para
otimizar seu funcionamento.

Podemos considerar que o posto de enfermagem se divide em três partes principais:


- A área onde se localiza o serviço de enfermagem, dotada de banca e cuba de lavagem;
- A área de prescrição;
- A área onde se localiza o balcão de atendimento.

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200
Questões

01. (TRT/MT - Enfermagem - FCC) O Ministério da Saúde por meio da Política Nacional de Atenção
às Urgências determina que o serviço de saúde de baixa complexidade, para o atendimento de urgência,
deve estar provido de
(A) equipamentos como tomografia computadorizada, sala de sutura e recuperação pós-anestésica.
(B) medicamentos para atendimento em parada cardiorrespiratória, material de entubação e material
para imobilizações.
(C) equipe multiprofissional treinada, material para pequenas cirurgias e salas de hemodinâmica.
(D) sala de expurgo, sala de decantação de materiais radioativos e equipamentos para o atendimento
de parada cardiorrespiratória.
(E) aparelhos de ultrassonografia e de densitometria óssea, e desfibrilador externo automático.

02. (SESAP/RN - Enfermeiro - FUNCAB) Num Serviço de Emergência, vários pacientes com
problemas de saúde diversos - alguns acarretando risco de morte para o paciente, outros não - podem
procurar, simultaneamente, o serviço. Um dos primeiros princípios do cuidado de emergência é o da
triagem. O conceito de triagem na rotina diária de um Serviço de Emergência pode ser definido como:
(A) aferição de pressão arterial em uma sala com refrigeração.
(B) organização de filas para atendimento por ordem de chegada.
(C) distribuição de senhas para que os pacientes possam se deslocar, seguros de que não irão perder
a sua posição na fila de espera para o atendimento.
(D) marcação de consultas futuras.
(E) separação de pacientes em grupos com base na gravidade de seus problemas de saúde e na
urgência com que esses problemas precisam ser tratados.

Gabarito

01.B / 02.E

Comentários

01.Resposta B
O atendimento de urgência deve conter salas de emergência que dispõem de materiais e
equipamentos básicos podendo variar com alguns centros de especialidades, como medicamentos para
atendimento em parada cardiorrespiratória (carro de emergência), material de intubação endotraqueal
adulto/ infantil/ neonatal e material para imobilizações.

02.Resposta E
As Unidades de Urgência prestam atendimento imediato em casos que, em princípio, não ofereçam
risco de vida, exigindo instalações e equipamentos mais simples, próprios de uma retaguarda de baixa e
média complexidade. O objetivo da sala de triagem é dar maior eficiência ao atendimento, efetuando uma
primeira avaliação do paciente, para somente então encaminhá-lo às áreas de diagnóstico e tratamento

Materiais e Equipamentos para Sala de Emergência

As salas de emergência dispõem de materiais e equipamentos básicos podendo variar com alguns
centros de especialidades, dentre os materiais básicos estão:
- Monitor cardíaco;
- Eletrocardiógrafo;
- Respirador mecânico;
- Bomba de infusão
- Cama fowler
- Carro de emergência;
- Material para intubação endotraqueal: Adulto/ infantil/ neonatal;
- Oxímetro de pulso;
- Conjunto de nebulização em máscara;

Conjunto padronizado de beira de leito:


- Termômetro;

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- Esfigmomanômetro;
- Estetoscópio;
- Ambu com máscara.

Cilindros de oxigênio (transporte)


- Ventilador para transporte;
- Aspirador de secreções;
- Negatoscópio;
- Otoscópio;
- Máscara Venturi com diferentes concentrações de gases;

Pontos de oxigênio e ar comprimido medicinal com válvulas reguladoras de pressão e pontos de vácuo
para cada leito.
- Capacete para oxigenoterapia (pediátrico e neonatal);
- Incubadora para transporte Fototerapia.

Bandejas para Procedimentos:


- Intracath;
- Drenagem de tórax;
- Pequena cirurgia;
- Curativos;
- Flebotomia;
- Punção lombar;
- Cateterismo vesical;
- Intubação endotraqueal: Adulto / infantil/ neonatal.

Carrinho de Emergência

Medicamentos:
- Adrenalina 1mg/ml;
- Amiodarona;
- Aminofilina;
- Atropina 0,5mg/ml;
- Bicarbonato de sódio 8,4%;
- Cedilanide;
- Dopamina 50mg;
- Glicose 50% (20ml);
- Glicose 25% (20ml);
- Gluconato de cálcio 10%;
- Furosemida 10mg/ml;
- Noradrenalina 1mg/ml;
- Solucortef 100 mg e 500 mg;
- Água destilada 10ml;
- Xylocaína 2% s/a;
- Solução fisiológica 0,9%;
- Solução glicosada 5%;
- Solução glicosada 10%.

Atropina41 - Ampola de 1ml com 0,5mg.


Ação: Parassimpaticolítico: aumenta a frequência cardíaca; Broncodilatação; Midríase; Redução de
salivação; Antídoto na intoxicação por organofosforados.
Dose máxima em adultos: 2mg/dose.
Administração intravenosa: Pode ser feita sem diluir e em bólus rápido.
Administração endotraqueal: diluir para 3 a 5ml em soro fisiológico.

41
https://souenfermagem.com.br/estudos/emergencia/quais-medicamentos-colocamos-no-carro-de-emergencia/

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202
Bicarbonato de sódio - Ampola de 10ml a 8,4%.
Indicação: Acidose metabólica; Hipercalemia; Hipermagnesemia; Intoxicações por antidepressivos
tricíclicos, cocaína ou bloqueadores dos canais de cálcio.
Na emergência: Diluir a ampola a 1:1 com ABD e administrar a dose em, no mínimo, 2 minutos, direto
na veia.
Fora das emergências: Correr em 1-2 horas em bomba de infusão.
Lavar o acesso venoso com 3 a 5ml de SF imediatamente antes e imediatamente depois da
administração em bólus.
Acesso venoso exclusivo.

Dopamina / Revivan - Ampola de 10ml com 50mg (5mg/ml).


Catecolamina endógena;
Ação: Inotrópica; vasoconstritora sistêmica (pressora em doses altas);
Vasodilatadora renal (em doses baixas).
Geralmente usada diluindo-se uma ampola de 10ml com 5mg/ml em 240ml de SGI.
Paciente de 60 kg: infusão de 60 gotas/minuto = 180 ml/hora.
Pode ser misturada na mesma solução com dobutamina, adrenalina, noradrenalina, lidocaína,
vecurônio ou atracúrio.
Não infundir junto com bicarbonato.

Epinefrina / Adrenalina - Ampola 1mg/1ml.


Ação: Inotrópico (aumenta a contratilidade miocárdica); Cronotrópico (aumenta a freqüência cardíaca);
aumenta a resistência vascular periférica; aumenta a PA (melhorando a perfusão coronariana). EV: 1
ampola por dose a cada 3 minutos.
Preferencialmente em veia central em acesso exclusivo;
Não associar com bicarbonato na mesma via.

Amiodarona / Ancoron - Ampola de 3ml com 150mg (50mg/ml).


Ação: Antiarrítmico.
EV: preferir fazer em bólus direto, lento (5 minutos), e evitar correr em equipo (devido a liberação de
substância tóxica em contato com plásticos).
Não misturar ou infundir no mesmo acesso:
Aminofilina, Bicarbonato de sódio, cefazolina, cloreto de sódio e heparina.

Furosemida / Lasix - Ampola de 2ml com 20mg (10mg/ml).


Diurético de alça.
Indicações: ICC; Hipertensão; Hipervolemia; Edema por insuficiência renal.
EV sem diluir ou diluída a 1mg/ml.
Não misturar com cálcio, cefalosporinas, dopamina, dobutamina, hidrocortisona, gentamicina,
midazolan, morfina.

Cedilanide / Lanatosídeo C - Ampola de 2ml (0,2mg/ml).


Digitálico de ação curta; Uso EV.

Gluconato de cálcio - Frasco-ampola com 10ml a 10% (100mg/ml).


Na parada cardiorrespiratória tem importância secundária e deve ser usado só nos casos com
hipocalcemia.
Uso EV por bólus: deve ser lenta no máximo de 0,5ml/min;
Não deve ser infundido ou diluído com bicarbonato, pois precipita. Lavar com soro fisiológico a via
antes e depois de se infundir;
Se infiltrar provoca esclerose da veia e necrose tecidual.

Glicose hipertônica - Ampola de 20ml a 50%.


A glicose é importante na reanimação e nas emergências como choque, parada cardíaca, coma e
insuficiência respiratória grave e durante convulsões;
É preferencial que seja realizada uma glicemia capilar antes de se administrar a glicose.
Uso EV por bólus: diluir a glicose em igual volume de ABD;
O uso de soluções acima de 25% em bólus ou de 12,5% em infusão contínua por tempo prolongado
pode levar a esclerose e trombose de veias.

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203
Cloridrato de lidocaína / Xylocaína - Anestésico local.
Antiarrítmico.

Materiais:
- Seringas de 5ml,10ml e 20ml;
- Jelco números: 18,20,22 e 24;
- Equipos macrogotas e microgotas;
- Equipo polifix;
- Luvas de procedimentos;
- Luvas cirúrgicas;
- Micropore e esparadrapo;
- Scalp 19 e 21;
- Gazes;
- Tábua para massagem cardíaca;
- Laringoscópio e lâminas curvas e retas;
- Pilhas novas;
- Xylocaína gel;
- Cateter de aspiração;
- Sondas endotraqueais 7,5; 8,0 ;8,5 e 9,0;
- Sondas endotraqueais infantis;
- Cadarço;
- Cânulas de guedel adultos e infantil;
- Ambu adulto e infantil;
- Eletrodos;
- Agulhas 40x12;
- Agulhas 25x7;
- Agulhas 25x8;
- Agulhas 13x4,5.

Observações:
É muito importante a conferência do carrinho de emergência em cada plantão.
Reponha imediatamente os materiais ou medicamentos que estiverem faltando.
Somente utilize esses materiais em casos de emergência.
Cada hospital deve se adequar conforme suas necessidades, essa é uma lista de materiais,
equipamentos e medicamentos básicos, podendo ser modificado seguindo as necessidades de cada
local.

Questões

01. (IF/PA - Técnico em Enfermagem - FUNRIO) Assinale a opção correta sobre a administração de
drogas utilizadas em uma emergência cardiorrespiratória:
(A) A adrenalina é um hipotensor deve ser administrada a cada 1 minuto na dose de 2mg.
(B) Atropina é um digitálico, deve ser administrada a cada 2 minutos na dose de 1mg até a dose
máxima de 3mg.
(C) Amiodarona indicada nas taquiarritmias associadas ou não à angina do peito.
(D) Sulfato de Magnésio tem ação vasodilatadora direta.
(E) Bicarbonato de Sódio indicada como vasodilatador que atua na musculatura lisa das arteríolas
periféricas.

Gabarito

01.C

Comentários

01. Resposta: C
Amiodarona / Ancoron - Ampola de 3ml com 150mg (50mg/ml).

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204
Ação: Antiarrítmico.
EV: preferir fazer em bólus direto, lento (5 minutos), e evitar correr em equipo (devido a liberação de
substância tóxica em contato com plásticos).

EMERGÊNCIA NEONATAIS E PEDIÁTRICAS

A enfermagem pode encontrar crianças42 em situação de emergência em vários contextos de prática.


Os cuidados prestados à criança em situações de emergência incluem todos os componentes do
processo de enfermagem: avaliação, diagnóstico de enfermagem, planejamento, intervenções e
reavaliação.
Nas emergências, a enfermagem deve agir rápido e intervir imediatamente, quando a avaliação detecta
alguma anormalidade. Durante a avaliação de crianças em situações de emergência, sempre siga as
diretrizes da AHA, quanto ao suporte básico à vida: avalie as vias respiratórias, depois a respiração e, por
fim, a circulação.
Independentemente da causa da emergência, a abordagem geral para tratamento da criança é a
mesma, com variações específicas mínimas. Depois da estabilização do estado cardiorrespiratório ou da
reanimação da criança, a avaliação e o tratamento dependem da causa da emergência.
A avaliação de enfermagem para a criança que se apresenta em situações de emergência inclui: a
história de saúde, exame físico e exames complementares. Contudo, a história inicial pode ser focada e
muito sucinta, caso o estado da criança seja crítico e exija que a enfermagem faça imediatamente uma
avaliação cardiopulmonar rápida.
Depois da estabilização da criança, a enfermagem pode obter uma história mais detalhada. Embora
geralmente sejam importantes, os exames laboratoriais nunca devem ter prioridade sobre a estabilização
da criança do ponto de vista cardiopulmonar e hemodinâmico.

Exame Físico

Nas emergências, a enfermagem deve realizar uma avaliação cardiovascular rápida e intervir
imediatamente quando detecta quaisquer alterações, em seguida pode realizar o restante do exame
físico.

Avaliação cardiopulmonar rápida


À medida que obtém uma história sucinta, a enfermagem deve começar a avaliar o ABC.
O ABC da avaliação cardiopulmonar rápida consiste em: A, vias respiratórias; B, respiração; e C,
circulação. Como as paradas cardíacas em crianças estão em geral relacionadas predominantemente
com as vias respiratórias e a respiração e apenas secundariamente com o coração, foque a avaliação e
as intervenções seguindo o ABC da reanimação. Sempre faça a avaliação e as intervenções nessa ordem.
Na maioria dos casos, quando as vias respiratórias da criança são adequadamente estabilizadas e a
respiração é sustentada, a criança não apresenta uma parada cardiorrespiratória completa que necessite
de compressões torácicas.

Nota: a avaliação e a estabilização das vias respiratórias de uma criança prestes a sofrer, ou que já
tenha sofrido uma parada sempre são as primeiras intervenções realizadas nas emergências pediátricas.
Intervenha se houver algum problema respiratório, antes de avaliar a respiração. Se for necessária
alguma intervenção para assegurar a respiração, faça-a antes de passar à avaliação da circulação.

A: Avaliação e estabilização das vias respiratórias


Avalie primeiramente as vias respiratórias. Verifique se as vias respiratórias estão desobstruídas. Se
não houver preocupação quanto à possibilidade de lesão da coluna cervical, posicione a via respiratória
de modo a assegurar ventilação adequada.
Se houver secreções obstruindo as vias respiratórias, aspire-as para remover as secreções. Se a
criança estiver inconsciente, ou tiver sofrido apenas um acidente, abra as vias respiratórias realizando a
manobra de inclinação da cabeça/elevação do queixo.
Coloque as pontas dos dedos na proeminência óssea do queixo da criança e levante o queixo de modo
a abrir as vias respiratórias. Ao mesmo tempo, coloque uma mão na fronte e incline a cabeça da criança
para trás.

42
KYLE, T. Enfermagem Pediátrica. Guanabara Koogan, 2011.

Apostila gerada especialmente para: Amanda Mendonça 072.848.243-60


205
Se não for possível estabilizar as vias respiratórias, reposicione a criança de modo a assegurar a
ventilação apropriada. Inicie imediatamente a administração de oxigênio a 100% e coloque um oxímetro
de pulso para monitorar os níveis de saturação de oxigênio.

Nota: se houver possibilidade de lesão da coluna cervical, não realize a manobra de elevação do
queixo/inclinação da cabeça; utilize apenas a técnica de tração da mandíbula para abrir as vias
respiratórias.

B: Avaliação e estabilização da respiração


Depois de assegurar uma via respiratória desimpedida, avalie os sinais respiratórios. Incline sua
cabeça e coloque a orelha perto da boca da criança para “ver, escutar e sentir” as respirações
espontâneas.
Observe se o tórax da criança levanta-se com a respiração, escute a passagem do ar e procure sentir
o ar que sai das narinas ou da boca da criança. Se a criança estive respirando, avalie a qualidade das
respirações: as respirações são espontâneas, ou a criança simplesmente está arquejando ineficazmente
em busca de ar? Conte a frequência respiratória. Observe a coloração da criança.
Verifique a adequação da ventilação dos dois pulmões, a profundidade da respiração, a elevação da
parede torácica e a existência de ruídos adventícios. Avalie se a criança faz muito esforço para respirar
e se utiliza os músculos acessórios.
Quando há sinais de angústia respiratória, inicie imediatamente a administração de oxigênio a 100%
e coloque um oxímetro de pulso para monitorar os níveis de saturação de oxigênio. Se a criança estiver
respirando lentamente e fizer pouco esforço para respirar, tente reposicionar as vias respiratórias para
facilitar a ventilação.
Quando a criança recebe oxigênio a 100% e não melhora com a mudança de posição das vias
respiratórias, inicie a ventilação assistida com um dispositivo de Bolsa-Válvula-Máscara (BVM). A
necessidade de ventilação contínua por uma BVM pode exigir intubação das vias respiratórias
(procedimento por meio do qual um tubo, tal como um tubo traqueal é introduzido nas vias respiratórias
da criança para facilitar a respiração).

Nota: as tentativas de introduzir um tubo traqueal não devem demorar mais de 20 a 30s por vez.
Depois de cada tentativa, a criança deve receber várias ventilações pelo método da BVM com oxigênio a
100%.

C: Avaliação e estabilização da circulação


A etapa seguinte é avaliar a circulação. Durante essa fase, avalie a frequência cardíaca, os pulsos, a
perfusão, a coloração e a temperatura da pele, a pressão arterial, o ritmo cardíaco e o nível de
consciência.
Determine a frequência cardíaca por ausculta direta ou palpação dos pulsos centrais. Os pulsos radial
e braquial são mais difíceis de palpar, principalmente em lactentes e pré-escolares. Se a perfusão não for
satisfatória, a criança poderá ter pulso fraco ou impalpável.
Em lactentes, palpe em busca de pulso da artéria braquial. Em crianças e adolescentes, palpe para
ver se há pulso carotídeo. Se houver pulso, determine sua qualidade. O pulso é praticamente impalpável
ou fraco? Ou é forte ou saltitante? Compare a força e a qualidade dos pulsos central e periférico. Avalie
o tempo de enchimento capilar.

Nota: sempre avalie a frequência cardíaca por ausculta do coração ou palpação dos pulsos centrais.
Nunca utilize o monitor cardíaco para determinar a frequência cardíaca da criança. A presença de ritmo
cardíaco não é um método confiável para se avaliar a perfusão do corpo.
Em algumas circunstâncias, o ritmo cardíaco continua, mas não há pulsos (atividade elétrica sem
pulsos). Se a criança não tiver frequência cardíaca (pulso) apesar das intervenções respiratórias
adequadas, inicie as massagens cardíacas.

Avalie a perfusão da criança por meio da temperatura e da coloração da pele. A pele está rosada e
quente ao toque? A pele da criança pode estar fria ao toque, e parecer pálida, manchada ou cianótica.
À medida que a condição da criança piora com o desenvolvimento de choque e disfunção
cardiovascular, observe se há uma linha de demarcação na temperatura da pele. Nesses casos, as
extremidades distais podem parecer mais frias que as regiões proximais do corpo.

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Afira a Pressão Arterial (PA) e instale um monitor cardíaco na criança para avaliar o ritmo cardíaco.
Avalie o sensório ou o nível de consciência da criança; se a circulação for inadequada, a criança poderá
ter alteração do nível de consciência à medida que diminui a perfusão cerebral.
Se a circulação ou a perfusão estiverem comprometidas, será necessária reposição de líquidos. Instale
imediatamente um Acesso Intravenoso (IV) calibroso e administre rapidamente soro fisiológico.
Administre 20ml/kg de soro fisiológico ou Lactato de Ringer (LR) por infusão rápida (se o lactente tiver
menos de 1 mês de vida, administre 10ml/kg).
Se não for possível obter um acesso IV periférico em crianças com perfusão alterada depois de três
tentativas (ou 90s), ajude a colocar uma agulha intraóssea para administrar líquidos. Também podem ser
utilizados cateteres venosos centrais ou o acesso por dissecção, mas estes procedimentos são mais
demorados.

Exames Complementares

Alguns exames complementares podem ser solicitados em uma emergência pediátrica. Os exames
laboratoriais podem ajudar a determinar a causa da emergência ou detectar outros problemas que
precisem ser tratados.

Os exames laboratoriais padronizados solicitados nos setores de emergência incluem:


• Gasometria Arterial (GA) obtida inicialmente e, em seguida, repetidas vezes para avaliação das
alterações do estado da criança;
• Níveis dos eletrólitos e da glicose;
• Hemograma Completo (HC);
• Hemoculturas;
• Exame Simples de Urina (EAS).

Se houver suspeita de ingestão tóxica, será necessário realizar um painel toxicológico. Nos casos sob
suspeita de sepse, a Velocidade de Hemossedimentação (VHS), a Proteína C Reativa (PCR) e as culturas
de urina e líquido cefalorraquidiano também podem ser obtidas.
A vítima de traumatismo pediátrico pode ser submetida a outros exames laboratoriais, inclusive
dosagens da amilase e das enzimas hepáticas, tipo sanguíneo e teste de compatibilidade sanguínea.
A investigação diagnóstica pode incluir exames radiográficos, Tomografia Computadorizada (TC) e
Ressonância Magnética (RM). Uma das vantagens da investigação diagnóstica radiológica é que os
exames são relativamente não invasivos. Uma desvantagem associada à TC e à RM é que a criança
deve ser estabilizada antes que estes exames possam ser realizados.

Diagnósticos e Intervenções de Enfermagem

Depois de concluir a avaliação detalhada e da estabilização inicial da criança, a enfermagem pode


definir vários diagnósticos, inclusive:
• Limpeza ineficaz das vias respiratórias;
• Padrão respiratório ineficaz;
• Troca gasosa prejudicada;
• Déficit de volume de líquidos;
• Débito cardíaco reduzido;
• Perfusão tecidual (cardiopulmonar, cerebral periférica ou renal) ineficaz;
• Déficit de conhecimento;
• Medo;
• Processos familiares interrompidos.

Os objetivos, as intervenções e a avaliação de enfermagem específicos para a criança em situação de


emergência baseiam-se nos diagnósticos de enfermagem.

Reanimação Cardiorrespiratória

Sempre avalie e estabilize as vias respiratórias primeiramente, a menos que a criança tenha sofrido
colapso repentino fora do hospital, presenciado por outras pessoas. Peça ajuda e designe alguém para
trazer o Desfibrilador Externo Automático (DEA).

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Desobstrua as vias respiratórias e avalie a adequação da respiração. Se a criança não estiver
respirando, inicie a respiração de resgate. Verifique se há pulsos. Nas crianças, os pulsos carotídeos ou
femorais são mais fáceis de palpar.
Avalie cuidadosamente os sinais de pulso, mas não perca mais que 10s tentando avaliar o pulso. Se
não houver pulso palpável e sem respiração, inicie a RCP.

Lactante
- 30 Compressões para 2 respirações;
- Posição das mãos: dois dedos aplicados cerca de 2,5cm abaixo da linha mamilar.

Criança
- 30 Compressões para 2 respirações;
- Posição das mãos: base da mão ou duas mãos (posição do adulto em crianças maiores)
pressionando o esterno na linha mamilar.

Para crianças a RCP deve ser feita com massagem cardíaca e ventilações, diferentemente nos
adultos, onde não há essa ênfase. A proporção é de 30:2 (compressões: ventilação) se houver apenas 1
socorrista. Caso haja dois ou mais socorristas, a proporção passa a ser de 15:2 (massagem: ventilação).

Controle da Dor

Dependendo das condições e do nível de dor da criança, individualize as intervenções destinadas a


controlar a dor. Quando a criança está alerta, podem ser utilizadas medidas não farmacológicas como
acréscimo aos medicamentos. Realize cuidados atraumáticos durante os procedimentos e adote um
tratamento farmacológico para controle da dor, quando as condições da criança permitem.
Várias técnicas podem estar disponíveis para ajudar a controlar a dor branda em crianças ou ampliar
a eficácia dos medicamentos indicados para aliviar a dor moderada ou grave. Algumas dessas
abordagens não farmacológicas ajudam as crianças a lidar com a dor e dão a elas a oportunidade de
adquirirem uma sensação de domínio ou controle da situação.
As duas técnicas incluídas nesse grupo são as estratégias cognitivo-comportamentais e biofísicas.
Com essas técnicas e também com a administração dos medicamentos, os pais precisam ser envolvidos
nesse processo.
As estratégias cognitivo-comportamentais para alívio da dor consistem em medidas que requerem que
a criança foque sua atenção em uma área específica em vez daquela que está dolorida. Essas estratégias
ajudam a modificar a interpretação dos estímulos dolorosos e reduzem a percepção da dor ou tornam a
dor mais suportável.
Além disso, essas técnicas ajudam a reduzir as atitudes e os pensamentos negativos e a ansiedade
e, desse modo, promovem os mecanismos de superação da criança. Em geral, essas estratégias
funcionam bem com crianças maiores, mas algumas crianças menores também se beneficiam se essas
técnicas forem adaptadas à idade e ao nível de desenvolvimento do paciente.
Estratégias cognitivo-comportamentais comuns incluem relaxamento, distração, imaginação,
biofeedback, interrupção do pensamento e diálogo interno positivo.
As intervenções biofísicas enfatizam a interferência na transmissão dos impulsos dolorosos que
chegam ao cérebro. Essas modalidades incluem algum tipo de estimulação cutânea nas proximidades da
área dolorida. Essa estimulação reduz a capacidade de transmissão dos impulsos dolorosos pelas fibras
A delta e C. Exemplos de intervenções biofísicas são aplicações de calor e frio, massagens e
compressões e estimulação nervosa elétrica transcutânea.
A enfermagem desempenha papel importante no alívio farmacológico da dor. Assim como ocorre com
qualquer medicamento, sendo responsável por seguir os nove acertos da administração: paciente certo,
medicamento certo, dose certa, via certa, hora certa, tempo certo, validade certa, e registro certo.
Além disso, deve respeitar três outros direitos: direito da criança e dos pais de receberem informações;
direito da criança de recusar o medicamento; e documentação apropriada.
A enfermagem também deve ter conhecimentos sólidos sobre os medicamentos utilizados para aliviar
a dor. Esses conhecimentos incluem informações sobre a farmacocinética (absorção, distribuição,
metabolismo e excreção) e a farmacodinâmica (mecanismo de ação, inclusive efeitos adversos) do
medicamento.
A avaliação é fundamental quando se utilizam intervenções farmacológicas para aliviar a dor. A
avaliação inicial da dor oferece uma base para orientar a escolha das opções mais apropriadas.

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Os fatores que podem afetar a escolha do analgésico inclusive a idade da criança, a intensidade da
dor, as condições fisiológicas ou experiências pregressas de dor também devem ser levados em
consideração.

Arritmias e Paradas Cardíacas

Administre oxigênio a 100%. Inicie o monitoramento cardíaco e avalie os níveis de saturação de


oxigênio por meio do oxímetro de pulso. Obtenha uma folha pré-impressa com códigos de medicamentos
ou utilize fita de Broselow para medir o comprimento da criança e estimar os diâmetros dos tubos
traqueais e as doses dos medicamentos apropriados à criança.
Lembre-se sempre de realizar as intervenções na seguinte sequência: primeiro, as vias respiratórias;
depois, a respiração; por fim, a circulação. O restante desta seção parte do pressuposto de que a
enfermagem iniciou as intervenções das vias respiratórias e da respiração, conforme foram descritas
anteriormente.

Choque

Sinais de choque detectados em crianças justificam uma intervenção de emergência. Sempre avalie e
estabilize as vias respiratórias, e a respiração e examine os pulsos. Se a criança não tiver pulsos
palpáveis, inicie a Reanimação Cardiorrespiratória (RCR).
Toda criança com sinais e sintomas de choque deve receber oxigênio a 100% por máscara. Se a
criança não mostrar esforço respiratório adequado ou estiver em apneia, administre oxigênio a 100% por
um dispositivo de BVM ou tubo traqueal. Como parte do monitoramento contínuo, inicie o monitoramento
cardíaco e da apneia e avalie os níveis de saturação de oxigênio por meio da oximetria de pulso.

Intoxicação

A intervenção deve enfatizar a prevenção de intoxicações; mas, quando tiver ocorrido uma intoxicação,
dê prioridade às vias respiratórias, à respiração e à circulação. Verifique frequentemente os sinais vitais
e institua medidas de sustentação. Existem poucos antídotos específicos para medicamentos ou outras
toxinas.
Lavagem gástrica, administração de carvão ativado (que se liga às substâncias químicas presentes no
intestino) ou irrigação intestinal total com soluções eletrolíticas de polietilenoglicol podem ser usadas para
reduzir os níveis das toxinas na corrente sanguínea. A intervenção depende do tipo de ingestão. Por
exemplo, o carvão ativado é eficaz para evitar a absorção de muitos medicamentos, mas é ineficaz depois
de superdosagem de preparações de ferro.
Se houver suspeita de ingestão de opiáceos ou outros narcóticos, administre naloxona para reverter
os efeitos da depressão respiratória ou as alterações do nível de consciência. Também pode ser
necessário controlar as convulsões e corrigir as alterações da termorregulação.
O tratamento específico da intoxicação é determinado quando a toxina é conhecida e o controle do
envenenamento é possível. Mantenha a criança intoxicada sob monitoramento contínuo, porque muitas
toxinas produzem efeitos muito tardios.

Nota: os endereços dos Centros de Assistência Toxicológica no Brasil são encontrados no site
www.cvs.saude.sp.gov.br.

Traumatismo

As intervenções de enfermagem para as vítimas de traumatismo na população pediátrica enfatizam


inicialmente o ABC.
Se houver suspeita de lesão craniana ou vertebral, desobstrua as vias respiratórias com a manobra de
tração da mandíbula com estabilização da coluna cervical. As diretrizes revistas da AHA para suporte
básico à vida recomendam que, se não for possível desobstruir as vias respiratórias com essa manobra,
pode-se fazê-lo pela manobra de inclinação da cabeça/elevação do queixo.
Os lactentes e os pré-escolares necessitam de cuidados diferentes para estabilização da coluna
cervical porque têm occipício proeminente, que acarreta flexão do pescoço na posição supina. Para
manter a posição neutra ideal da coluna cervical em crianças pequenas, utilize uma prancha pediátrica
especial com corte para a cabeça, ou use uma toalha dobrada para levantar o dorso da criança.

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Remova a obstrução das vias respiratórias com um dispositivo de aspiração calibroso (p. ex., cateter
de Yankauer). Se a criança estiver respirando espontaneamente, administre oxigênio à maior taxa de
fluxo possível (p. ex., por uma máscara sem refluxo).
Se houver um dispositivo de BVM disponível, conecte-o à fonte de oxigênio e use a bolsa para ventilar
a criança. Observe a elevação do tórax e tome cuidado para não ventilar excessivamente, porque isto
pode causar distensão abdominal.
Administre as ventilações à taxa recomendada pela AHA. Não hiperventile. Até pouco tempo atrás,
traumatismo craniano em crianças era tratado com hiperventilação. Isso causava hipocapnia (níveis
baixos de dióxido de carbono no sangue).
O efeito fisiológico da hipocapnia é a indução de vasoconstrição que, por sua vez, causa isquemia
tecidual. Por essa razão, modernamente o tratamento de crianças com traumatismo craniano não inclui
hiperventilação. A única exceção a essa regra é em uma situação aguda, se a criança apresentar sinais
de possível herniação do tronco cerebral, na qual a hiperventilação pode ser utilizada inicialmente e por
períodos curtos.
Avalie a criança para detectar pulsos centrais vigorosos. Se não houver pulsos palpáveis, inicie a RCR
imediatamente. Quando a perfusão estiver reduzida, inicie a reposição de líquidos IV. As vítimas de
traumatismo quase certamente necessitam de coloides ou hemocomponentes porque perdem sangue em
consequência da lesão.

Ventilação Mecânica43

A ventilação mecânica é utilizada na população neonatal quando ocorrem alterações na capacidade


dos pulmões de manter a ventilação adequada. Entre as causas de falência respiratória mais comuns
incluem-se:
- Problemas neurológicos (apneia da prematuridade, hemorragia intraventricular, anormalidades
congênitas neurológicas, depressão respiratória por medicações);
- Mau desempenho das funções pulmonares (imaturidade pulmonar, infecções ou pneumonia, edema
pulmonar, lesão pulmonar decorrente de asfixia, síndrome de aspiração de mecônio, malformações
congênitas que limitem o crescimento dos pulmões);
- Comprometimento cardiovascular (cardiopatias congênitas, hipertensão pulmonar persistente,
patência do ducto arterioso, policitemia);
- Obstrução das vias respiratórias (atresia de coanas, síndrome de Pierre Robin);
- Problemas metabólicos (hipoglicemia, hipotermia, acidose metabólica).

Indicações
- Apneia persistente que não responda a tratamentos clínicos e farmacológicos;
- CPAP (pressão positiva contínua das vias respiratórias): 8mmH2O com concentração de oxigênio de
80%;
- Falência respiratória (PaCO2, 55mmHg, PaO2, 50mmHg);
- Comprometimento das funções pulmonares (pneumonia, aspiração de mecônio, síndrome de
angústia respiratória, pneumotórax, hipertensão pulmonar persistente);
- Defeitos congênitos anatômicos (hérnia diafragmática, hipoplasia pulmonar);
- Problemas neurológicos que afetem os centros respiratórios.

Tipos de Ventilação Mecânica

Os objetivos da ventilação mecânica incluem manter e atingir troca gasosa pulmonar adequada,
diminuir as chances de lesão mecânica dos pulmões, reduzir o esforço respiratório e proporcionar maior
conforto ao paciente.

Ventilação convencional
Com o avanço nos tipos de ventiladores e microprocessadores, a ventilação mecânica no período
neonatal está cada vez mais precisa e eficiente. Nos neonatos, o sistema de ventilação mecânica mais
utilizado são os aparelhos limitados a pressão e ciclados a tempo.
Os ventiladores limitados a pressão permitem a geração de fluxo contínuo, essencial ao paciente que
apresenta respiração espontânea. O fluxo contínuo é direcionado ao circuito do paciente; durante a
inspiração, a válvula de expiração é fechada e o fluxo é dirigido ao paciente.

43
TAMEZ, Raquel Nascimento. Enfermagem na UTI Neonatal – Assistência ao Recém-nascido de Alto Risco. Guanabara Koogan, 2017.

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Atualmente estão sendo incorporados a esses sistemas o fluxo de demanda e o sistema sincronizado
de fluxo. No sistema fluxo de demanda, um fluxo mecânico é selecionado e um fluxo baixo é mantido
entre as frequências mecânicas. Se, no momento da inspiração espontânea, houver necessidade de
suprir mais fluxo, é realizada a complementação com o fluxo de demanda.
Os ventiladores limitados a pressão e ciclados a tempo podem ser utilizados nas formas de ventilação
mandatória intermitente (IMV) e CPAP. No modo IMV, a frequência respiratória é estabelecida, mas não
se ajusta às demandas do neonato.
Por não ser sincronizada, é muito desconfortável, mantendo o neonato agitado, o que exige um
trabalho da respiração mais acentuado, aumentando a necessidade de oxigênio e o metabolismo. O
volume corrente é inconsistente e a pressão e o fluxo são irregulares, afetando a troca gasosa; podem
ocorrer pneumotórax e alterações na perfusão cerebral.
A ventilação intermitente mandatória sincronizada (SIMV) é outra opção de ventilação em neonatos.
Esses aparelhos têm transdutores de pressão que são posicionados no abdome do paciente, com
capacidade de detectar os movimentos do diafragma, sendo possível a sincronia entre a frequência
respiratória do ventilador e o esforço do paciente; permitem, ainda, que o neonato mantenha respirações
espontâneas entre a ventilação mecânica.
Esse sistema evita que o paciente tenha de competir com a frequência respiratória preestabelecida do
ventilador, o que causa desconforto e aumenta a agitação do paciente, afetando, em consequência, a
oxigenação adequada, e aumentando a pressão intracraniana e a pressão arterial sistêmica. Ocorre,
assim, a ventilação iniciada pelo paciente, que produz um ciclo respiratório do ventilador a cada respiração
espontânea, igualando as frequências do paciente e do ventilador. O ventilador com volume garantido
tem sido o mais utilizado.

Ventilação de alta frequência


A ventilação de alta frequência utiliza diversas técnicas de ventilação que resultam em volumes totais
menores do que o espaço morto dos pulmões, com frequências suprafisiológicas. Um dos principais
objetivos da ventilação de alta frequência é reduzir o barotrauma causado pela ventilação convencional.
Esse tipo de ventilação utiliza um volume corrente menor, com frequências acima de 60 ciclos por
minuto, chegando, em certos casos, a passar de 1.000 ciclos/min.
Essas altas frequências permitem a ventilação com geração de pressão intratorácica baixa. O volume
corrente calculado é menor que o espaço morto anatômico dos pulmões. Esses aparelhos reduzem o
barotrauma porque permitem a ventilação e trocas gasosas com a administração de pressão de pequena
amplitude, ou seja, aproximadamente a mesma da pressão média das vias respiratórias, na porção distal.

Indicações
- Tratamento de falência respiratória do recém-nascido, sendo a PIP (pressão respiratória máxima)
utilizada no ventilador convencional maior que 25cmH2O, PCO2 maior que 60mmHg e sem melhora do
quadro respiratório após 24 horas no ventilador convencional;
- Enfisema pulmonar intersticial;
- Hipertensão pulmonar persistente;
- Pneumonia grave;
- Síndrome de estresse respiratório (doença da membrana hialina);
- Prevenção de doença crônica pulmonar nos prematuros;
- Síndrome de hipoplasia pulmonar.

Outras Opções de Ventilação Pulmonar

Ventilação com óxido nítrico


O óxido nítrico já é utilizado para tratamento dos pacientes neonatais; quando administrado como um
gás, causa vasodilatação potente, seletiva, promovendo vasodilatação dos pulmões. Tem meia-vida
curta, de 3 a 5 segundos, e os resultados podem ser observados em minutos.
Após sua inalação, o óxido nítrico é inativado antes de atingir a rede vascular sistêmica, melhorando
a perfusão somente dos pulmões, por meio do relaxamento da musculatura lisa vascular desse órgão.
Como consequência, melhora a ventilação, a perfusão e a oxigenação.
A administração de óxido nítrico é feita através de um pequeno aparelho anexado ao ventilador
mecânico. Por inibir a produção de óxido nítrico endógeno, a redução da dose inicial de óxido nítrico para
doses mínimas e/ou “desmame” deve ser considerada logo após a iniciação. Um dos problemas da
administração de óxido nítrico tem a ver com a alteração que causa na função das plaquetas.

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O óxido nítrico é um potente inibidor da agregação e adesão plaquetárias, o que aumenta os riscos de
sangramento durante o seu uso, além de aumentar o risco de hemorragias e metemoglobinemia.
Seu uso foi aprovado para prematuros > 34 semanas de gestação e neonatos a termo com hipertensão
persistente pulmonar. Nos prematuros < 34 semanas ainda estão sendo realizados mais estudos para
definir a segurança de sua utilização. Recomenda-se seu uso na 1a semana de vida, e o tratamento dura
cerca de 5 dias.

Ventilação não invasiva


Atualmente, tem sido divulgada a ventilação não invasiva (VNI). Essa modalidade utiliza o ventilador
convencional, mas o paciente não necessita estar entubado, e recebe ventilação através de prongas
nasais especiais, as mesmas utilizadas para CPAP. Não é necessário entubação endotraqueal ou
traqueostomia para que o paciente seja ventilado utilizando este tipo de ventilação.
A ventilação fornece pressão positiva na inspiração e na expiração, a intervalos predefinidos. Tem sido
relatado que o método previne o desenvolvimento de broncodisplasia pulmonar, reduz os riscos
associados à entubação endotraqueal, como instabilidade hemodinâmica, aumento da resistência e
traumatismo nas vias respiratórias, prevenindo, também, os riscos de infecção devido à colonização da
traqueia que ocorre com frequência nos pacientes entubados.
A VNI também reduz a produção de secreções endotraqueais, diminuindo a necessidade de aspiração,
o que vai reduzir os traumatismos endotraqueais causados pela aspiração. Quando atingir estabilidade
nos requerimentos do oxigênio (< 30%) e sem episódios de bradicardia e apneia por 24 horas, o neonato
pode ser retirado dessa modalidade de ventilação.

Questões

01. (EBSERH - Enfermeiro - CESPE/2018) Julgue o item seguinte, relativo a situação de urgência e
emergência em pediatria.
No procedimento de ressuscitação cardiorrespiratória de indivíduos na faixa entre os com mais de um
ano de idade e os que ainda não entraram na puberdade, a técnica das compressões torácicas a ser
utilizada é a de duas mãos ou uma mão, e a relação compressões/ventilações deverá ser de 30:2 no caso
de um socorrista e de 15:2 no caso de dois socorristas. Nesse caso, o pulso a ser checado será o pulso
carotídeo ou o femoral.
( ) Certo
( ) Errado

02. Acerca do controle da dor, julgue o item a seguir:


Várias técnicas podem estar disponíveis para ajudar a controlar a dor branda em crianças ou ampliar
a eficácia dos medicamentos indicados para aliviar a dor moderada ou grave. Algumas dessas
abordagens não farmacológicas ajudam as crianças a lidar com a dor e dão a elas a oportunidade de
adquirirem uma sensação de domínio ou controle da situação, como as estratégias cognitivo-
comportamentais e biofísicas.
( ) Certo
( ) Errado

03. Sobre emergências pediátricas, analise as sentenças abaixo e assinale a alternativa correta.
I. O ABC da avaliação cardiopulmonar rápida consiste em: A, vias respiratórias; B, respiração; e C,
circulação.
II. A avaliação de enfermagem para a criança que se apresenta em situações de emergência inclui: a
história de saúde, exame físico e exames complementares.
III. Nas emergências, a enfermagem deve realizar o exame físico e em seguida uma avaliação
cardiovascular rápida e intervir imediatamente quando detecta quaisquer alterações.

(A) Apenas III é correta.


(B) Apenas II e III são corretas.
(C) Apenas I e II são corretas.
(D) I, II e III são incorretas.
(E) I, II e III são corretas.

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04. A ventilação mecânica é utilizada na população neonatal quando ocorrem alterações na
capacidade dos pulmões de manter a ventilação adequada. Acerca das indicações de ventilação
mecânica, julgue o item a seguir:
Problemas neurológicos que não afetem os centros respiratórios.
( ) Certo
( ) Errado

Gabarito

01.Certo / 02.Certo / 03.C / 04.Errado

Comentários

01.Resposta: Certo
Desobstrua as vias respiratórias e avalie a adequação da respiração. Se a criança não estiver
respirando, inicie a respiração de resgate. Verifique se há pulsos. Nas crianças, os pulsos carotídeos ou
femorais são mais fáceis de palpar.
Avalie cuidadosamente os sinais de pulso, mas não perca mais que 10s tentando avaliar o pulso. Se
não houver pulso palpável e sem respiração, inicie a RCP.
Lactante
- 30 Compressões para 2 respirações;
- Posição das mãos: dois dedos aplicados cerca de 2,5cm abaixo da linha mamilar.
Criança
- 30 Compressões para 2 respirações;
- Posição das mãos: base da mão ou duas mãos (posição do adulto em crianças maiores)
pressionando o esterno na linha mamilar.
Para crianças a RCP deve ser feita com massagem cardíaca e ventilações, diferentemente nos
adultos, onde não há essa ênfase. A proporção é de 30:2 (compressões: ventilação) se houver apenas 1
socorrista. Caso haja dois ou mais socorristas, a proporção passa a ser de 15:2 (massagem: ventilação).

02.Resposta: Certo
Várias técnicas podem estar disponíveis para ajudar a controlar a dor branda em crianças ou ampliar
a eficácia dos medicamentos indicados para aliviar a dor moderada ou grave. Algumas dessas
abordagens não farmacológicas ajudam as crianças a lidar com a dor e dão a elas a oportunidade de
adquirirem uma sensação de domínio ou controle da situação.
As duas técnicas incluídas nesse grupo são as estratégias cognitivo-comportamentais e biofísicas.
Com essas técnicas e também com a administração dos medicamentos, os pais precisam ser envolvidos
nesse processo.

03.Resposta: C
O ABC da avaliação cardiopulmonar rápida consiste em: A, vias respiratórias; B, respiração; e C,
circulação. Como as paradas cardíacas em crianças estão em geral relacionadas predominantemente
com as vias respiratórias e a respiração e apenas secundariamente com o coração, foque a avaliação e
as intervenções seguindo o ABC da reanimação.
A avaliação de enfermagem para a criança que se apresenta em situações de emergência inclui: a
história de saúde, exame físico e exames complementares. Contudo, a história inicial pode ser focada e
muito sucinta, caso o estado da criança seja crítico e exija que a enfermagem faça imediatamente uma
avaliação cardiopulmonar rápida.
Nas emergências, a enfermagem deve realizar uma avaliação cardiovascular rápida e intervir
imediatamente quando detecta quaisquer alterações, em seguida pode realizar o restante do exame
físico.

04.Resposta: Errado
Indicações
- Apneia persistente que não responda a tratamentos clínicos e farmacológicos;
- CPAP (pressão positiva contínua das vias respiratórias): 8mmH2O com concentração de oxigênio de
80%;
- Falência respiratória (PaCO2, 55mmHg, PaO2, 50mmHg);

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- Comprometimento das funções pulmonares (pneumonia, aspiração de mecônio, síndrome de
angústia respiratória, pneumotórax, hipertensão pulmonar persistente);
- Defeitos congênitos anatômicos (hérnia diafragmática, hipoplasia pulmonar);
- Problemas neurológicos que afetem os centros respiratórios.

EMERGÊNCIAS PSIQUIÁTRICAS

O termo “emergência psiquiátrica”44 aplica-se a condições clínicas nas quais o transtorno mental agudo
ou subagudo causa alteração no comportamento do indivíduo e cuja gravidade coloca em risco a
integridade física e moral da própria pessoa ou de terceiros, necessitando de intervenção imediata em
nível extra-hospitalar ou hospitalar.
No atendimento às emergências psiquiátricas ou no enfrentamento da crise, é essencial perceber o
indivíduo em sua singularidade e estabelecer um processo terapêutico que favoreça o diálogo em
detrimento de ações restritivas, medicamentosas e manicomiais.
É preciso dar voz e atenção à pessoa em sofrimento psíquico, para compreendê-la em um contexto
mais amplo, incluindo o sociocultural, evitando criar rótulos ou fazer pré-julgamentos. Para tanto, os
profissionais da saúde precisam de preparo técnico-cientifico e prático para prestar assistência de
qualidade, desconstruindo preconceitos e medos em atendimentos aos portadores de transtornos
mentais.
Esse desafio se concretiza ante o aumento das emergências psiquiátricas, que constituem cerca de
10% dos atendimentos realizados em prontos-socorros gerais e psiquiátricos, exigindo intervenções
imediatas para evitar desfechos que, por vezes, são catastróficos.
As emergências psiquiátricas incidem igualmente em homens e mulheres, pessoas solteiras ou
casadas; cerca de 20% dos pacientes que procuram o hospital por condição psiquiátrica de emergência
são suicidas e 10% são violentos.
Tais situações afetam adultos, adolescentes e crianças, mas a maioria das emergências psiquiátricas
ocorre em adultos jovens, acometidos por quadro confusional, depressivo com tentativa e ideação suicida,
de transtorno psicótico, de ansiedade, pós-traumático e de agitação psicomotora, de intoxicação,
abstinência de álcool e drogas psicoativas.
No idoso, as alterações mentais podem decorrer de trauma, por hematoma subdural, tumor cerebral,
quadro infeccioso e delirium. É possível que os sintomas de agitação psicomotora se iniciem com
ansiedade intensa, humor irritável, insônia e heteroagressividade física e verbal, além de comportamento
de recusa a medicamentos. Entretanto, as alterações decorrentes de senilidade podem ter manifestações
semelhantes, o que exige uma avaliação adequada para a distinção do quadro vigente.
Já no puerpério, há a possibilidade de ocorrência da síndrome denominada “psicose puerperal”. Em
geral, os sintomas aparecem nos primeiros dias até 2 semanas após o parto, embora alguns casos
apresentem início mais abrupto, com a puérpera apresentando insônia, inquietação e labilidade
emocional.
A evolução do quadro inclui confusão, depressão grave, alteração de sintomas afetivos, da função
motora, alucinação, atos irracionais, confusão mental, desorientação espaço-temporal, alteração da
memória, delírio e preocupação obsessiva com o recém-nascido.
Nessa situação, a mulher necessita de tratamento, companhia e vigilância, evitando-se deixar a criança
sozinha com ela, em razão do risco de lesão ao bebê ou a si mesma. Após a alta, orientar a paciente e a
família sobre o atendimento em saúde mental (Centros de Atenção Psicossocial - CAPS) para a
continuidade do tratamento.
Diante da diversidade e complexidade das situações enfrentadas no serviço de emergência
psiquiátrica, uma das ferramentas mais importantes é a comunicação, além das medidas terapêuticas,
como um diferencial que torna o ambiente mais saudável e livre de maiores riscos ao usuário e à equipe.
Isso requer conhecimento, preparo técnico-científico e controle emocional da equipe multiprofissional que
irá atuar no atendimento.

Comunicação Terapêutica

A comunicação tem o poder de transformar o ambiente em um local favorável para o tratamento,


portanto, é fundamental que o profissional da saúde fique atento a esse fator, o que facilitará o acesso ao
paciente, ao familiar, a sua história e necessidade que o trouxe ao serviço.

44
TOBASE, L.; TOMAZINI, E. A. S. Urgências e Emergências em Enfermagem. Guanabara Koogan, 2017.

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Além de obter informações do paciente, a comunicação terapêutica permite que o próprio indivíduo
seja informado sobre os procedimentos que serão adotados durante o tratamento, a fim de que possa se
sentir seguro, o que, consequentemente, garantirá melhor adesão ao que está sendo proposto.

Para desenvolver uma comunicação terapêutica é essencial:


• Adotar uma atitude tranquila e utilizar um tom de voz adequado, evitando falar alto ou usar expressões
provocadoras ou críticas, demonstrando respeito pelo paciente;
• Manter distância relativa e nunca ficar de costas para o paciente;
• Ouvir o paciente, facilitar a verbalização, tentar compreender o que ele expressa, evitando
interpretações e julgamentos precoces;
• Utilizar frases curtas, claras e diretas, mantendo tom de voz adequado, para facilitar a compreensão
do paciente;
• Demonstrar controle sobre a situação, mas evitar assumir atitude extremamente autoritária ou utilizar
expressões desafiadoras;
• Orientar sobre local e espaço, ajudando-o a perceber o que está acontecendo e buscando obter sua
colaboração;
• Observar a comunicação não verbal do paciente, como dentes cerrados, punhos fechados e fala em
tom abafado, que podem ser sinais iminentes de comportamento violento manifesto.

Emergências Psiquiátricas mais frequentes

Quadro confusional
A confusão mental é um quadro de origem orgânica com causas diversas, decorrente de intoxicação
ou abstinência de substâncias, Acidente Vascular Cerebral (AVC), infecção, distúrbio eletrolítico, tumor e
trauma. O comportamento do paciente é variável, mas a diminuição da percepção do mundo exterior e a
desorientação em relação a si mesmo e ao ambiente externo são comuns.
No quadro delirante, apresenta alucinações, que são percepções reais de um objeto inexistente, ou
seja, é a percepção sem estímulo externo. Difere do delírio/ilusão, que consiste na interpretação falsa ou
distorcida da realidade.
No quadro confusional, as alucinações são geralmente assustadoras, deixando o paciente agitado,
agressivo e com expressão apavorada. Ele não se lembra das orientações recentes, apesar de recordar
de fatos antigos; assim, devido ao déficit de memória, é necessário repetir as informações inúmeras
vezes, pacientemente, e utilizar técnicas de comunicação terapêutica, com frases curtas e perguntas
diretas e, às vezes, repetir a pergunta utilizando exatamente as mesmas palavras.
O quadro é alternado com períodos de lucidez, demonstração de medo e ansiedade intensa por não
compreender o que está ocorrendo; pode associar-se à defenestração, como alteração grave
caracterizada por impulso irresistível de lançar-se por espaços abertos, janelas e portas.
Entretanto, as manifestações desaparecem com tratamento clínico. Nesse sentido, a assistência
especializada objetiva avaliar o estado mental, identificar o quadro de confusão, monitorar o paciente,
corrigir as variações fisiológicas e mantê-lo em ambiente seguro, ponderando sobre a necessidade de
contenção.

Quadro de intoxicação e abstinência por álcool e outras drogas


O abuso e a abstinência de álcool e outras substâncias psicoativas são as causas mais frequentes
nesse quadro, que pode evoluir para condições irreversíveis e até para a morte, se não tratados
adequadamente. Conforme o tipo de substância utilizada ou em quadro de abstenção, o paciente
apresentará diferentes manifestações clínicas, requerendo competência da equipe que o assiste para
reconhecimento e intervenção apropriada.
A equipe multiprofissional não deve fazer pré-julgamento da pessoa em atendimento; o acolhimento
do paciente e do acompanhante influenciará significativamente na continuidade do tratamento, após o
atendimento de emergência. Caso necessite de acompanhamento, deve-se encaminhá-lo para a rede de
atenção em saúde mental, no CAPS ad II.

Quadro depressivo com tentativa e ideação suicida


Segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), anualmente, 1 em cada 20 pessoas,
principalmente mulheres, desenvolve depressão e um número expressivo de pessoas busca, diariamente,
ajuda especializada como resposta às suas angústias.

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Estima-se que 50% das pessoas atendidas tentam suicídio ou verbalizam vontade de morrer, cujo
motivo geralmente é associado às alterações do pensamento, à percepção desolada da vida ou
ansiedade intensa que causa um sofrimento muito grande, acrescido da ambivalência de viver e morrer.
Logo, um dos princípios no atendimento da pessoa com ideação ou tentativa de suicídio é assegurar
a vida, manter vigilância em tempo integral e estabelecer o vínculo terapêutico, valorizando os aspectos
positivos do indivíduo.
Confirmar se não ingeriu medicamentos ou outras substâncias é medida de segurança necessária,
bem como observar comportamento sugestivo de eventual tentativa posteriormente.
Após o atendimento, ainda que apresente melhora do quadro, a pessoa não deve sair
desacompanhada. O suporte familiar ou de amigos é essencial na prevenção de novos incidentes e nas
orientações de encaminhamento para continuidade do tratamento no CAPS I ou II ou em Unidade Básica
de Saúde (UBS) que tenha atendimento psiquiátrico disponível.
As manifestações desse quadro são caracterizadas por: angústia; ansiedade; desânimo; humor
depressivo e irritável; sentimento de medo e desconfiança; isolamento social; pessimismo; sentimento de
culpa, inutilidade, fracasso e ruína; interpretação distorcida da realidade; dificuldade de concentração;
diminuição do apetite; redução da libido; insônia e hipersonia.

Quadro de transtornos psicóticos


As patologias psiquiátricas relacionadas à síndrome psicótica são esquizofrenia, depressão, transtorno
bipolar do humor e psicose induzida por substância psicoativa, caracterizando-se por comportamento
modificado, pensamento desorganizado, discurso desconexo e incoerente com a realidade, alucinação e
delírio.
A solicitação de atendimento ao paciente é motivada por agitação psicomotora, tentativa de auto e
heteroagressividade.
É necessário avaliar a segurança, embora a agitação não implique violência. Utilizar estratégias como
boa escuta e empatia, sem expressar ansiedade, irritabilidade ou qualquer comportamento que possa
dificultar o atendimento, pois a pessoa psicótica é muito desconfiada e o vínculo na abordagem
terapêutica torna-se ferramenta importante na identificação e tratamento adequados.

Quadro de transtorno de ansiedade


O transtorno de ansiedade manifesta-se por reações emocionais, comportamentais e fisiológicas. No
campo emocional, o medo causa sensação de desconforto, intranquilidade, apreensão e ansiedade. O
comportamento é relacionado à personalidade, com irritabilidade, insônia, inquietação motora, alteração
do apetite e, em alguns casos, abuso de álcool e outras substâncias psicoativas.
As funções fisiológicas também se alteram, com o aumento de sudorese, taquicardia, sensação de
opressão no tórax, dores musculares, cefaleia e micção urinária exagerada, diarreia e náuseas. Em
situações de crise, a associação das manifestações pode causar pânico.

Quadro de transtorno pós-traumático


É desencadeado por situações inesperadas como assalto, agressão verbal e corporal. A pessoa
experimenta sensações angustiantes e aversivas, que podem evoluir para problemas psiquiátricos mais
sérios. Geralmente, é atendida no serviço de emergência e o acolhimento se faz necessário.
Tranquilizar e explicar que está em segurança, orientar exercícios respiratórios e técnicas de
relaxamento contribuem para o reequilíbrio do paciente. Essas técnicas e exercícios também podem
ajudar no transtorno de ansiedade.

Quadro de agitação psicomotora


Nesse quadro, a pessoa apresenta excitabilidade descontrolada, inquietação motora e irritabilidade;
frequentemente, com comportamento de agressividade verbal e física. Nesse momento, os profissionais
envolvidos no atendimento devem ter calma, para que a pessoa entenda que o objetivo maior é ajudá-la.

Intervenções Fundamentais

Avaliar cuidadosamente o local e a situação


• Avaliar rapidamente a situação e os aspectos que influenciam na segurança dos presentes;
• Verificar o estado do paciente, se está muito ansioso ou agressivo, antes de tentar tranquilizá-lo
verbalmente ou de promover orientações;
• Lembrar-se de que a ansiedade provoca diminuição da atenção e da memória, por isso, evitar
informações complexas, utilizando frases curtas;

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• Tentar obter o máximo de informações, investigando junto às fontes disponíveis - familiares,
acompanhantes, vizinhos, policiais ou profissionais que solicitaram o atendimento ou acompanham o
paciente;
• Determinar a causa da emergência, seja um quadro orgânico, psicótico ou outro, conforme o
diagnóstico diferencial.

Propiciar local adequado para abordagem ao paciente


Um aspecto importante a ser considerado na assistência em emergências psiquiátricas é o ambiente
terapêutico, compreendido como um local com o mínimo de estímulos e capaz de oferecer algum conforto.
Se possível, escolha um lugar mais tranquilo, seguro, na presença de pessoas que colaboram nos
cuidados ao paciente e mantenha afastadas aquelas que provocam alteração no seu comportamento.
Evite a abordagem em corredores ou locais com grande circulação de pessoas.

Escuta do paciente
• Aproximar-se devagar do paciente, evitando movimentos bruscos; a comunicação deve transmitir a
real intenção de auxiliá-lo;
• Apresentar atitude calma, respeitosa e direta, tratando o paciente com honestidade e dignidade;
• Tentar desviar o discurso do paciente de assuntos irrelevantes e focar na ideia principal. Por exemplo:
“O senhor estava dizendo que ouve vozes...”;
• Observar e avaliar o padrão dos comportamentos:
- Atividade motora excessiva: gesticulação abundante; agitação; andar de um lado para o outro ou em
círculos; bater portas ou em mesas; expressão tensa; olhos arregalados; dentes cerrados;
- Afeto sombrio: rubor facial; fala rápida, sonora ou gritos; comentários pejorativos e ameaçadores, em
tom abafado, geralmente direcionado à equipe; gemidos incessantes;
- Comportamento agressivo manifesto: agressão física a si mesmo ou a terceiros, seja ao familiar ou
aos membros da equipe.

Abordagem ao Paciente com Risco Potencial para Comportamento Violento

Quem e como abordar o paciente


O profissional responsável pela primeira aproximação deve ser aquele que se sente mais seguro para
a abordagem e disponível para estabelecer o vínculo inicial. Prestar atenção aos próprios sentimentos: o
profissional amedrontado com o comportamento do paciente deve evitar a primeira aproximação, pois
essa condição é percebida pelo paciente, que pode manifestar-se de maneira agressiva.
A prudência é fundamental, visto que o paciente com risco para comportamento violento nunca deve
ser abordado por um único profissional. Antes de iniciar o contato, solicitar a colaboração de outros
profissionais da equipe e, se possível, evitar exposição do paciente a um grande número de pessoas.
A comunicação terapêutica é utilizada para tranquilizar o paciente e evitar que a agitação se converta
em agressividade. Essa técnica consiste em abordagem calma e controlada, orientando o indivíduo sobre
sua atual situação e permitindo-lhe que expresse seus sentimentos e temores; além disso, ajuda o
profissional a identificar as reais necessidades da pessoa e intervir de maneira mais assertiva.

Abordagens restritivas
As abordagens restritivas são consideradas o último recurso para o controle do comportamento
violento ou quando o profissional não consegue a colaboração do paciente para realizar a contenção
química - que deve ser aplicada somente quando as abordagens não restritivas se mostrarem ineficazes.
Entre os métodos restritivos, inclui-se contenção física seguida de contenção mecânica e/ou química.

Contenção física, mecânica e química


Conforme o protocolo institucional, os métodos de contenção física e mecânica têm variações,
entretanto, com a mesma finalidade de preservar a integridade física, psíquica e moral do paciente em
situações de agitação psicomotora, bem como dos acompanhantes e profissionais, diante do insucesso
de outras estratégias menos restritivas.
Em razão do contato corporal entre paciente e profissional, é necessário treinamento e habilidade
técnica, mediante autorização prévia do familiar ou responsável, antes de proceder à contenção.
Essa técnica deve ser do conhecimento de todos e as ações, previamente combinadas, na definição
de quem dará início à comunicação e da posição dos demais, assim como na escolha prévia de um sinal,
gesto ou palavra a ser utilizada como senha para que os profissionais efetuem os movimentos para a
contenção, simultaneamente.

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Assim, durante a interlocução com o paciente, a palavra combinada como código é pronunciada em
voz alta para deflagrar a abordagem simultânea; os movimentos devem ser rápidos e seguros, sem
colocar em risco a integridade dos envolvidos durante a contenção física. Preferencialmente, deve ser
realizada por cinco pessoas posicionadas estrategicamente para tentar imobilizar os movimentos
corporais do paciente.
Cada pessoa é designada para segurar determinada parte do corpo, por exemplo: um profissional
posicionado atrás do paciente será responsável por fazer a contenção da cabeça e do tronco; quatro
profissionais posicionados na frente do paciente conterão membros superiores e inferiores.
Após a abordagem simultânea, deitar o paciente em local seguro, sobre prancha rígida, durante o
Atendimento Pré-Hospitalar (APH) ou no leito hospitalar.
Proceder à contenção mecânica como medida temporária, utilizando dispositivos e faixas específicas
posicionadas no tórax, punhos e tornozelos para imobilização dos membros até a aplicação da contenção
química, por meio da administração de medicamentos.
Providenciar a retirada de adornos, como anel, relógio, pulseira e corrente, observando
permanentemente possíveis alterações locais como vermelhidão, edema ou cianose nas áreas
imobilizadas e alteração respiratória ou cardíaca, entre outras, que indiquem a necessidade de
interromper a imobilização.
A contenção química é efetuada mediante orientação médica ou protocolada na instituição, por meio
da aplicação de medicamentos por Via Intramuscular (IM) ou intravenosa (IV), na fase aguda de agitação
e agressividade, diante da ausência de colaboração do paciente.
Podem ser utilizados psicotrópicos do tipo tranquilizantes e antipsicóticos no manejo de emergências
por agitação psicomotora, que reduzem os riscos agudos de sintomas extrapiramidais, disforia, sedação
profunda e hipotensão arterial; a olanzapina pode ser recomendada para o controle de agitação associada
a crises psicóticas e a ziprasidona foi aprovada para o controle de agitação em pacientes com
esquizofrenia.

Atendimento Pré-Hospitalar

• Observar o local e certificar-se de que o ambiente esteja seguro para iniciar o atendimento;
• Na aproximação do paciente, demonstrar atitude pacífica, mas firme; identificar-se e declarar a
intenção de ajuda;
• Na comunicação terapêutica para estabelecer o vínculo inicial, manter distância relativa durante a
abordagem, enquanto um profissional inicia a interlocução;
• Informar sobre os procedimentos a serem realizados e solicitar a cooperação do paciente sob contato
visual, evitando contato físico, que pode ser interpretado como ameaça;
• Encaminhar o paciente até a ambulância e explicar sobre a necessidade de colocar os cintos de
contenção quando ele aceita a ajuda e concorda com a remoção ao hospital. Essa medida preventiva
visa à segurança do paciente e da equipe durante o transporte em caso de alteração do comportamento
em trânsito;
• Comunicar à Central de Regulação sobre orientações de conduta, definição do destino hospitalar e
solicitação de apoio. Conforme a situação, a contenção física, mecânica ou química pode ser necessária,
caso o paciente não coopere, mas não possa ser dispensado no local.

Atendimento Hospitalar

O paciente em situação de emergência psiquiátrica deve ser encaminhado preferencialmente ao


serviço que disponha dos recursos necessários às especificidades dessa condição, seja em pronto-
socorro ou pronto atendimento.
A assistência adequada assegura o vínculo entre o paciente, a equipe e a família, na busca da
integralidade da atenção à saúde no sistema da rede territorial.

Cabe ao profissional de saúde promover o acolhimento e a humanização desde o atendimento inicial,


evidenciados na recepção do paciente e do familiar e na avaliação do estado geral e do estado mental,
registrando as observações acerca do paciente, desde o nível de consciência até os problemas
identificados durante a entrevista em ambiente seguro:
• Observar as condições sobre o aspecto geral, higiene corporal e vestimenta: como se apresenta e
estabelece o primeiro contato, se está desconfiado, tímido ou hostil; se está limpo ou em condições que
indicam deficiência no autocuidado;

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• Avaliar o grau de orientação: se sabe dizer quem é, qual o próprio nome, idade, dia da semana, mês
atual. Observar se há alteração na capacidade de atenção, se consegue manter a concentração, se
exacerbada ou diminuída; bem como a memória imediata, recente e remota, se consegue descrever a
situação atual e evocar fatos ocorridos;
• Avaliar o grau de senso percepção: se apresenta ilusão ou alucinação;
• Avaliar a organização do pensamento e da linguagem: se consegue associar conhecimentos novos
e antigos, integrar os estímulos internos e externos, expressar-se coerentemente, estruturar as ideias ou
apresenta-se desorganizado, incoerente, com fuga de ideias.

Conforme o grau de colaboração do paciente, a entrevista é realizada em ambiente compartilhado com


o familiar; se a figura familiar for motivadora do desequilíbrio emocional e mental do paciente, recomenda-
se que essa pessoa se mantenha afastada, para evitar conflitos.
Após a avaliação inicial, o paciente pode ser medicado, orientado e encaminhado para
acompanhamento ambulatorial em CAPS ou UBS, ou pode ainda necessitar de internação.

Diagnósticos de Enfermagem

Os principais diagnósticos e intervenções de enfermagem para as emergências psiquiátricas estão


associadas a alterações na percepção sensorial, risco de lesão e de suicídio, enfrentamento ineficaz,
distúrbios do sono e processos familiares disfuncionais.

Diagnósticos de Intervenções principais e


Resultados esperados
enfermagem sugeridas
Controle de ideias delirantes
Autocontrole de desordens na
Percepção sensorial Manejo de alucinações
percepção, nos processos e no
perturbada Redução da ansiedade
conteúdo do pensamento
Orientação para a realidade
Extensão na qual o indivíduo
Manejo de alucinações
percebe estimulação tátil,
Risco de lesão Orientação para a realidade
sonora, proprioceptiva,
Supervisão: segurança
gustativa, olfatória e visual
Controle do comportamento:
- Prevenção de autoagressão
Autocontrole da e do uso de drogas ilícitas;
Enfrentamento ineficaz
impulsividade - Controle de humor;
- Participação em grupos de
apoio.
Apoio espiritual
Risco de suicídio Vontade de viver Prevenção do suicídio
Promoção da esperança
Melhora do enfrentamento
Melhora do sono
Suporte emocional
Aumento da segurança
Padrão de sono perturbado Bem-estar pessoal
Prevenção do uso de drogas
lícitas e ilícitas
Terapia simples de
relaxamento
Terapia familiar
Ambiente social tal como
Processos familiares Mediação de conflitos
caracterizado pelas relações e
disfuncionais Promoção da integridade
metas dos membros da família
familiar

Diante da diversidade de situações que podem se apresentar nas emergências psiquiátricas, o


acolhimento - sem pretensão de estabelecer julgamentos, mas de efetivamente colaborar na estabilização
do quadro, com atitudes de atenção a paciente e familiares - de maneira segura e firme favorece o
atendimento inicial e o acompanhamento do caso.

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Para evitar riscos ao paciente e terceiros, a segurança no atendimento é essencial. Mas não se deve
confundir segurança com atitudes intempestivas, abordagens abruptas e expressões pouco cordiais, pois
elas agravam uma situação que poderia ser inicialmente controlada, por meio de atitudes cordatas,
pacíficas e sensíveis no momento de crise.
Em geral, nesse tipo de emergência, os adultos são os pacientes mais frequentes, mas há que se
atentar para crianças e adolescentes, que também podem adoecer e necessitar de atenção imediata no
campo da saúde mental.
Nesse contexto, há que se ponderar sobre os inúmeros fatores que influenciam a saúde mental da
pessoa, como violência desencadeada por desestrutura no âmbito familiar, no trabalho, na escola, no
acesso à saúde e em tantos outros que, no fim, configuram carga de grande monta para o indivíduo
enfrentar, com maior risco de fazê-lo adoecer.
Esse adoecimento vai além do campo individual. Quando o paciente adoece, toda a família é afetada,
assim como aqueles que convivem próximos e, por conseguinte, a sociedade. Portanto, é necessário ter
o olhar integrador de atenção à saúde, aos aspectos sociais e às demais áreas do convívio humano para
promover e manter o equilíbrio da saúde mental.

Questões

01. (Prefeitura de Turmalina/MG - Enfermeiro - Prefeitura de Turmalina/MG/2019) As emergências


psiquiátricas são transtornos que envolvem risco de morte ou risco social grave, necessitando de
intervenções imediatas. Assinale a alternativa CORRETA em relação às emergências psiquiátricas.
(A) A síndrome de abstinência de substâncias psicoativas pode ser considerada uma emergência
psiquiátrica.
(B) Todo paciente psiquiátrico deve ser contido fisicamente a fim de não colocar em risco a equipe de
atendimento e dos demais pacientes.
(C) Ao atender uma emergência psiquiátrica, não é recomendado separar o paciente dos demais, a
fim de não lhe causar constrangimento e sensação de desamparo.
(D) Os prontos-socorros, como regra, não podem atender casos de emergência psiquiátrica sem que
esse atendimento seja feito por um médico psiquiatra.

02. (HCFMUSP - Enfermagem - VUNESP) A emergência psiquiátrica é conceituada pela OMS


(Organização Mundial de Saúde) como qualquer situação na qual a pessoa fica exposta a risco iminente
de morte ou de lesão grave, provocada por sentimentos, pensamentos ou ações que colocam em risco a
própria pessoa ou a terceiros, o ambiente e a sociedade. Aproximadamente 20% da população que
procura o pronto-socorro com emergência psiquiátrica apresenta risco de
(A) agressividade.
(B) intoxicação exógena.
(C) dependência de substância psicoativa.
(D) sintomas psicóticos.
(E) suicídio.

Gabarito

01.A / 02.E

Comentários

01. Resposta: A
Esse desafio se concretiza ante o aumento das emergências psiquiátricas, que constituem cerca de
10% dos atendimentos realizados em prontos-socorros gerais e psiquiátricos, exigindo intervenções
imediatas para evitar desfechos que, por vezes, são catastróficos.
Tais situações afetam adultos, adolescentes e crianças, mas a maioria das emergências psiquiátricas
ocorre em adultos jovens, acometidos por quadro confusional, depressivo com tentativa e ideação suicida,
de transtorno psicótico, de ansiedade, pós-traumático e de agitação psicomotora, de intoxicação,
abstinência de álcool e drogas psicoativas.

Apostila gerada especialmente para: Amanda Mendonça 072.848.243-60


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02. Resposta: E
As emergências psiquiátricas incidem igualmente em homens e mulheres, pessoas solteiras ou
casadas; cerca de 20% dos pacientes que procuram o hospital por condição psiquiátrica de emergência
são suicidas.

Vacinação

PROGRAMA NACIONAL DE IMUNIZAÇÕES (PIN)

A primeira campanha de vacinação4546474849 em massa no Brasil, idealizada por Osvaldo Cruz, ocorreu
há mais de 100 anos, com o objetivo de erradicar a varíola, cujo último caso nacional foi notificado em
1971.
Em 1973 foi formulado o Programa Nacional de Imunizações (PNI), por determinação do Ministério da
Saúde, com o objetivo de coordenar as ações de imunizações que se caracterizavam, até então, pela
descontinuidade, pelo caráter episódico e pela reduzida área de cobertura.
A proposta básica para o Programa, constante de documento elaborado por técnicos do Departamento
Nacional de Profilaxia e Controle de Doenças (Ministério da Saúde) e da Central de Medicamentos (CEME
- Presidência da República), foi aprovada em reunião realizada em Brasília, em 18 de setembro de 1973,
presidida pelo próprio Ministro Mário Machado Lemos e contou com a participação de renomados
sanitaristas e infectologistas, bem como de representantes de diversas instituições.
Em 1975 foi institucionalizado o PNI, resultante do somatório de fatores, de âmbito nacional e
internacional, que convergiam para estimular e expandir a utilização de agentes imunizantes, buscando
a integridade das ações de imunizações realizadas no país.
O PNI passou a coordenar, assim, as atividades de imunizações desenvolvidas rotineiramente na rede
de serviços e, para tanto, traçou diretrizes pautadas na experiência da Fundação de Serviços de Saúde
Pública (FSESP), com a prestação de serviços integrais de saúde através de sua rede própria.
A legislação específica sobre imunizações e vigilância epidemiológica (Lei 6.259 de 30-10-1975 e
Decreto 78.231 de 30-12-76) deu ênfase às atividades permanentes de vacinação e contribuiu para
fortalecer institucionalmente o Programa.
Em seguimento à erradicação da varíola, inicia-se em 1980 a 1ª Campanha Nacional De Vacinação
Contra A Poliomielite, com a meta de vacinar todas as crianças menores de 5 anos em um só dia. O
último caso de poliomielite no Brasil ocorreu na Paraíba em março de 1989.
Em setembro de 1994 o Brasil junto com os demais países da região das Américas, recebeu da
Comissão Internacional para a Certificação da Ausência de Circulação Autóctone do Poliovírus Selvagem
nas Américas, o Certificado que a doença e o vírus foram eliminados de nosso continente.
De 1990 a 2003, o PNI fez parte da Fundação Nacional de Saúde. A partir de 2003, passou a integrar
o DEVEP/SVS - Secretaria de Vigilância em Saúde, inserido na Coordenação Geral do Programa
Nacional de Imunizações (CGPNI). Ao longo do tempo, a atuação do PNI alcançou consideráveis avanços
ao consolidar a estratégia de vacinação nacional.
Programa Nacional de Imunizações (PNI), tem como missão organizar a Política Nacional de
Vacinação, contribuindo para o controle, a eliminação e/ou erradicação de doenças imunopreveníveis.
Está vinculado ao Sistema Único de Saúde, sendo coordenado pelo Ministério da Saúde de forma
compartilhada com as Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde.
As metas mais recentes contemplam a eliminação do sarampo e do tétano neonatal. A essas, se soma
o controle de outras doenças imunopreveníveis como Difteria, Coqueluche e Tétano acidental, Hepatite
B, Meningites, Febre Amarela, formas graves da Tuberculose, Rubéola e Caxumba em alguns Estados,
bem como, a manutenção da erradicação da Poliomielite.
O PNI adquire, distribui e normatiza também o uso dos imunobiológicos especiais, indicados para
situações e grupos populacionais específicos que serão atendidos nos Centros de Referência para
Imunobiológicos Especiais (CRIE). É também de responsabilidade desta coordenação a implantação do
Sistema de Informação e a consolidação dos dados de cobertura vacinal em todo o país.

45
http://www.saude.gov.br/saude-de-a-z/vacinacao/vacine-se
46
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_procedimentos_vacinacao.pdf
47
GUSSO, G.; LOPES, J. M. C.; DIAS, L. C. Tratado de Medicina de Família e Comunidade. Artmed, 2019.
48
http://www.saude.sp.gov.br/resources/cve-centro-de-vigilancia-epidemiologica/areas-de-vigilancia/imunizacao/doc/2016_norma_imunizacao.pdf
49
https://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2019/marco/22/Instrucao-Normativa-Calendario-Vacinacao-Site.pdf

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Destacamos que o objetivo principal do Programa é de oferecer todas as vacinas com qualidade a
todas as crianças que nascem anualmente em nosso país, tentando alcançar coberturas vacinais de
100% de forma homogênea em todos os municípios e em todos os bairros.
O PNI é, hoje, parte integrante do Programa da Organização Mundial da Saúde, com o apoio técnico,
operacional e financeiro da UNICEF e contribuições do Rotary Internacional e do Programa das Nações
Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
O Programa Nacional de Imunizações tem avançado ano a ano para proporcionar melhor qualidade
de vida à população com a prevenção de doenças. Tal como ocorre nos países desenvolvidos, o
Calendário Nacional de Vacinação do Brasil contempla não só as crianças, mas também adolescentes,
adultos, idosos, as gestantes e povos indígenas. Ao todo, são disponibilizadas na rotina de imunização
19 vacinas, cuja proteção inicia nos recém-nascidos, podendo se estender por toda a vida.
As vacinas são seguras e estimulam o sistema imunológico a proteger a pessoa contra doenças
transmissíveis. Quando adotada como estratégia de saúde pública, elas são consideradas um dos
melhores investimentos em saúde, considerando o custo-benefício.
O Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI) é alimentado pelas
vacinadoras do Sistema Único de Saúde (SUS) e tem o objetivo de possibilitar uma avaliação dinâmica,
pelos gestores do programa, da ocorrência de surtos ou epidemias a partir do registro dos imunobiológicos
aplicados e do número de pessoas vacinadas, agregadas por faixas etárias em determinado período de
tempo e por áreas geográficas.
O SI-PNI também permite controle de estoque das vacinas para organizações logísticas de aquisição
e distribuição.
A administração de imunobiológicos constitui uma importante medida na prevenção primária de
doenças. O conhecimento das características e potencialidades a seu respeito, assim como sua oferta
devem fazer parte da rotina das unidades de saúde e dos profissionais que nelas atuam, como preconiza
a abordagem centrada na pessoa e o enfoque comunitário.
Dado o constante fluxo de informações epidemiológicas integradas entre os países e coordenadas
pela OMS, assim como as mudanças evolutivas de ordem técnica resultantes da experiência do uso de
imunobiológicos, faz-se necessária uma atualização constante de todos os envolvidos com o tema,
principalmente dos profissionais atuantes na atenção primária à saúde.
Portanto abordaremos a seguir as bases imunológicas, assim como os procedimentos envolvidos na
aplicação da imunização (vacinação).

Bases Imunológicas da Vacinação

A imunologia é o estudo da imunidade, ou seja, dos eventos moleculares e celulares que ocorrem
quando o organismo entra em contato com micro-organismos ou macromoléculas estranhas presentes
no ambiente.

Os seres humanos estão constantemente expostos a agentes infecciosos, como parasitas, bactérias,
vírus e fungos. Então, para se defender desses agentes, o sistema imune atua de duas maneiras:
1) Ele reage rapidamente (de minutos a horas) aos agentes infecciosos, como, por exemplo, a
fagocitose e outros mecanismos que já estão presentes no organismo antes da infecção. Essa é a
resposta natural, inata ou inespecífica.
2) Ele desenvolve mais lentamente (ao longo de dias ou semanas) uma resposta imune específica,
como, por exemplo, a produção de anticorpos específicos para o sarampo. Essa é a resposta adquirida,
adaptativa ou específica.

As células da resposta imunológica são produzidas na medula óssea. Os linfócitos T e os linfócitos B


são encontrados na medula óssea, no timo, nos gânglios linfáticos, no baço e nas placas de Peyer, no
intestino.

Imunidade Inespecífica (Natural ou Inata)

É constituída de mecanismos de defesa bioquímicos e celulares que já estão presentes no organismo


antes mesmo de se iniciar o processo infeccioso, respondendo, prontamente, à infecção.

Seus principais componentes são:


- Barreiras físicas: a pele e as mucosas;

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- Barreiras fisiológicas: secreções das glândulas sudoríparas e sebáceas, das mucosas, atividades
ciliares do epitélio das vias respiratórias, saliva, acidez gástrica e urinária, ação mucolítica da bile,
peristaltismo intestinal, ação da lisozima (enzima que destrói a camada protetora de várias bactérias),
presente na lágrima, na saliva e nas secreções nasais;
- Fatores séricos e teciduais: complemento, interferon;
- Fagocitose.

A imunidade inespecífica não necessita de estímulos prévios e não tem período de latência. Esse tipo
de imunidade se opõe à colonização, à penetração, à multiplicação e à persistência do agente infeccioso
no organismo.
A imunidade inespecífica é a linha de frente da defesa do nosso organismo, capaz de impedir que a
doença se instale.

A grande maioria dos microrganismos é destruída em poucos minutos ou horas pela imunidade inata.

Os principais mecanismos são:


- Fagocitose: realizada por meio de leucócitos polimorfonucleares, monócitos e macrófagos teciduais.
Na fagocitose, a membrana plasmática envolve o material ou o micro-organismo a ser fagocitado,
formando-se grandes vesículas chamadas fagossomos. Estes se fundem com os lisossomos, que têm
enzimas digestivas, formando-se fagolisossomos. O objetivo é destruir os micro-organismos invasores
por digestão intracelular.
- Complemento: é um sistema composto de várias proteínas muito importantes na defesa contra
vários agentes infecciosos, entre eles o meningococo. Na ausência do complemento, que auxilia a
fagocitose e a lise dessa bactéria, as pessoas infectadas poderão desenvolver meningite e/ou doença
meningocócica. Por isso, para as pessoas com deficiência de complemento, a vacina conjugada
meningocócica C está indicada.
- Interferon: é uma substância de natureza proteica produzida pelas células de defesa do organismo
após uma infecção viral, com o objetivo de reduzir a replicação do vírus que desencadeou a infecção e
também para evitar a infecção por outros vírus. O interferon atua de modo inespecífico.
Por isso, as vacinas virais atenuadas (como a tríplice viral, tetra viral, as vacinas febre amarela e
varicela) não devem ser administradas simultaneamente. Recomenda-se aguardar um intervalo de 30
dias, salvo em situações especiais que impossibilitem manter o intervalo indicado.
Na maioria das vezes, a resposta inata é suficiente para defender o organismo. No entanto, quando
isso não ocorre, entram em cena os componentes da imunidade específica.

Imunidade Específica (Adquirida ou Adaptativa)

A imunidade adquirida específica corresponde à proteção contra cada agente infeccioso ou antígeno.
A resposta específica inicia-se quando os agentes infecciosos são reconhecidos nos órgãos linfoides
pelos linfócitos T e B. Os linfócitos B iniciam a produção de anticorpos específicos (imunidade humoral)
contra o antígeno. Já os linfócitos T viabilizam a produção de células de memória (imunidade celular).

Respostas Primária e Secundária

Quando os mecanismos da resposta inespecífica não são suficientes para deter a infecção, a resposta
específica será desencadeada. Inicialmente, haverá um período indutivo, fase que corresponde à
procura do linfócito específico. Durante o período indutivo, não haverá a produção de anticorpos
específicos.
Após o reconhecimento do linfócito B específico, inicia-se a produção de anticorpos. A primeira classe
de imunoglobulina a ser produzida é a IgM e, posteriormente, a IgG (resposta primária).
A IgG ficará presente, na maioria das vezes, para o resto da vida. As imunoglobulinas específicas
contra esse antígeno serão produzidas todas as vezes em que o organismo entrar em contato com esse
agente etiológico (resposta secundária). Tal resposta é mais rápida, uma vez que não há período indutivo,
pois na resposta primária ocorreu a estimulação dos linfócitos T de memória.
Algumas vacinas necessitam da aplicação de mais de uma dose, para uma adequada proteção.
É importante respeitar o intervalo mínimo entre as doses, pois isso corresponde ao período da queda
de anticorpos produzidos pela dose anterior. As doses administradas no período inferior ao intervalo
mínimo deverão ser repetidas, com exceção da vacina rotavírus humano.

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Nas situações em que o antígeno não estimula as células de memória (antígeno T-independente), a
persistência dos anticorpos poderá ser limitada. A vacina polissacarídica meningocócica A e C não
estimula as células de memória. Por isso, a duração da resposta imunológica é limitada a apenas 3 a 5
anos.
As primeiras vacinas contra o Haemophilus influenzae b (Hib) e a vacina pneumocócica 23-valente
não estimulam as células de memória. As vacinas constituídas apenas de polissacarídeo têm uma boa
proteção; no entanto, com duração limitada.
As vacinas virais e bacterianas, atenuadas ou inativadas, são eficazes e estimulam a produção de
células de memória (antígenos T-dependente). As vacinas que estimulam as células de memória têm uma
grande vantagem, pois - em situações de atraso no cumprimento do calendário vacinal - não haverá
necessidade de recomeçar o esquema vacinal.
No entanto, é importante salientar que, durante o período em que as pessoas não estiverem com o
esquema vacinal completo, elas não estarão protegidas.
É importante que o antígeno vacinal seja aplicado o mais precocemente possível, antes que a pessoa
entre em contato com o agente infeccioso. A vacina aplicada irá estimular a produção de anticorpos
específicos e a produção de células de memória (resposta primária).
Tais células permitirão a rápida produção de anticorpos específicos no momento da exposição ao
agente causador da doença (resposta secundária). Assim, na reexposição, a resposta será mais rápida
e mais potente, prevenindo a doença. A resposta imune que se deseja por intermédio da vacinação é
semelhante à resposta que ocorre quando há o contato com micro-organismo selvagem.

Imunidade Ativa e Passiva

A imunidade específica pode ser adquirida de modo ativo ou passivo.

- Imunidade Ativa:
A proteção adquirida de modo ativo é aquela obtida pela estimulação da resposta imunológica com a
produção de anticorpos específicos.
A infecção natural (com ou sem sintomas) confere imunidade ativa, natural e é duradoura, pois há
estimulação das células de memória. Após uma infecção por sarampo, rubéola ou varicela, por exemplo,
o indivíduo ficará protegido, não havendo mais o risco de adquirir a mesma doença novamente.
A imunidade ativa, adquirida de modo artificial, é obtida pela administração de vacinas, que estimulam
a resposta imunológica, para que esta produza anticorpos específicos.

- Imunidade Passiva:
A imunidade adquirida passivamente é imediata, mas transitória. É conferida a um indivíduo mediante
a:
- Passagem de anticorpos maternos por via transplacentária, por intermédio da amamentação pelo
colostro e pelo leite materno (imunidade passiva natural);
- Administração parenteral de soro heterólogo/homólogo ou de imunoglobulina de origem humana
(imunidade passiva artificial) ou de anticorpos monoclonais. Exemplo: soro antitetânico, antidiftérico,
antibotrópico e as imunoglobulinas específicas contra a varicela, hepatite B e tétano, palivizumabe.

Neste tipo de imunidade, administram-se anticorpos prontos, que conferem a imunidade imediata.
Não há o reconhecimento do antígeno e, portanto, não ocorre a ativação de célula de memória.
Algumas semanas depois, o nível de anticorpos começa a diminuir, o que dá a esse tipo de imunidade
um caráter temporário. Utiliza-se a imunidade passiva quando há necessidade de uma resposta imediata
e não se pode aguardar o tempo para a produção de anticorpos em quantidade adequada.

Conceitos

Vacinação
Aplicação de um ou mais agentes (bactérias, vírus ou toxinas) para a estimulação do sistema imune.

Imunização
Estimulação da resposta imune do organismo por meio da administração de antígenos ou anticorpos.
Ela pode ser ativa ou passiva. A imunidade ativa necessita de estímulo prévio para se desenvolver,
podendo resultar da administração de antígenos (vacinas), que o organismo reconhece como substâncias
estranhas, procurando neutralizá-las ou eliminá-las.

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Geralmente, proporciona uma proteção duradoura. Na imunidade passiva, o indivíduo recebe
anticorpos contidos nas Igs heterólogas (soros) e nas Igs humanas, administradas profilática ou
terapeuticamente, resultando em uma proteção temporária.

Agentes imunizantes
Natureza
A vacina é produto farmacêutico que contém um ou mais agentes imunizantes (vacina monovalente
ou combinada) em diversas formas biológicas, quais sejam: bactérias ou vírus vivos atenuados; vírus
inativados e bactérias mortas; componentes purificados e/ou modificados dos agentes causadores das
doenças contra as quais a vacina é dirigida.

Composição
O produto final elaborado pode conter, além do agente imunizante, proteínas ou outros componentes
originados dos meios de cultura ou da cultura de células utilizados no processo de produção da vacina,
bem como outros componentes, como liquido de suspensão, conservantes, antibióticos e outras
substâncias.

Líquido de suspensão
É constituído geralmente por água destilada ou solução salina fisiológica.

Conservantes e antibióticos
Representados por pequenas quantidades de substâncias necessárias para evitar o crescimento de
contaminantes (bactérias, fungos), como mercuriais (timerosal) e antibióticos (neomicina). São mais
utilizados em frascos de multidoses.

Estabilizantes
São substâncias que auxiliam a proteger as vacinas de condições adversas, como congelamento,
calor, alterações do pH (tampões) e para obtenção de isotonicidade (Cloreto de Sódio - NaCl).
Também são utilizados para formar volume, quando a vacina contém quantidades mínimas de
imunógenos como, por exemplo, a vacina Haemophilus influenzae b (conjugada), que contém apenas 10
microgramas do antígeno polissacáride purificado poliribosil-ribitol-fosfato - PRP.
Os estabilizantes mais utilizados são açúcares (sacarose e lactose), proteínas derivadas de animais
(gelatina porcina ou bovina) ou de humanos (soroalbumina humana), tampões (fosfato) e sais (NaCl). As
proteínas de alto peso molecular, como gelatina parcialmente hidrolisada, apresentam maior risco de
desencadear reações de hipersensibilidade.

Adjuvantes
São substâncias que aumentam a resposta imune de vacinas que contêm microrganismos inativados
ou seus componentes (como, por exemplo, os toxoides tetânico e diftérico). Não são utilizados em vacinas
que contêm microrganismos vivos.
Os sais de alumínio são os adjuvantes mais utilizados para vacinas destinadas a uso humano e podem
ser utilizados de forma isolada (hidróxido de alumínio, fosfato de alumínio, sulfato potássico de alumínio)
ou mista. Os adjuvantes podem causar eventos adversos locais, como formação de granuloma.

Tipos de Vacinas

Vacina atenuada
Vírus ou bactérias vivas que, após cultivados em meios adversos, perderam sua virulência, mantendo
sua capacidade imunogênica. Exemplos: vacina oral da poliomielite (VOP), sarampo, rubéola, caxumba,
febre amarela (FA), rotavírus, varicela (VZ) e bacilo Calmette-Guérin (BCG).

Vacinas inativadas
Administração de micro-organismos mortos para induzir a resposta imunológica. Não conferem
imunidade duradoura, necessitando ser repetidas periodicamente durante toda a vida. Exemplos: vacina
inativada da poliomielite (VIP), hepatite A (HA), raiva e o componente pertussis (contra coqueluche) da
vacina tríplice bacteriana.

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Vacinas conjugadas
Fabricadas com fração de micro-organismos purificados (sacarídeos) ligados a proteínas, com
capacidade de induzir memória imunológica. Exemplos: vacina contra Haemophilus influenzae tipo B
(Hib), conjugada, e Neisseria meningitidis tipo C, conjugada.

Vacina recombinante
Produzida com micro-organismos geneticamente modificados, pela inserção do fragmento de DNA do
antígeno em determinado micro-organismo para a produção de proteína imunogênica. Exemplo: vacina
da hepatite B (HB).

Vacina combinada
Resulta da agregação de diferentes antígenos para proteção contra diferentes doenças que são
administradas em uma mesma preparação. Exemplo: vacina tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola
[SCR]). Uma nova classificação possível diferencia vacinas com intenção de bloqueio populacional das
vacinas, cujo objetivo é a proteção individual ou de os estudos ainda distantes de demonstrar bloqueio
populacional.
A vacina contra o sarampo, por exemplo, tem um claro objetivo de bloqueio populacional (além de
proteção individual), ao passo que a do papilomavírus humano (HPV) não tem esse benefício, e os
estudos sequer pretenderam testar.
Essa distinção é importante porque pode ser determinante tanto para o livre arbítrio quanto para as
eventuais penalidades: quando a vacina não tem o objetivo de bloqueio populacional, uma eventual
decisão pela não vacinação não prejudicaria outra pessoa. O histórico da vacina da gripe também
funciona no sentido de bloqueio apenas individual.

Vias de Administração

Os imunobiológicos são produtos seguros, eficazes e bastante custo-efetivos em saúde pública. Sua
eficácia e segurança, entretanto, estão fortemente relacionadas ao seu manuseio e à sua administração.
Portanto, cada imunobiológico demanda uma via específica para a sua administração, a fim de se
manter a sua eficácia plena.

Via oral
A via oral é utilizada para a administração de substâncias que são absorvidas no trato gastrintestinal
com mais facilidade. O volume e a dose dessas soluções são introduzidos pela boca e apresentados,
geralmente, em gotas.

Via parenteral
A maior parte dos imunobiológicos ofertados pelo PNI é administrada por via parenteral. As vias de
administração parenterais diferem em relação ao tipo de tecido em que o imunobiológico será
administrado. Tais vias são as seguintes: intradérmica, subcutânea, intramuscular e endovenosa. Esta
última é exclusiva para a administração de determinados tipos de soros.

Via intradérmica (ID)


Na utilização da via intradérmica, a vacina é introduzida na derme, que é a camada superficial da pele.
Esta via proporciona uma lenta absorção das vacinas administradas. O volume máximo a ser administrado
por esta via é 0,5mL.
A vacina BCG e a vacina raiva humana em esquema de pré-exposição, por exemplo, são
administradas pela via intradérmica.
Para facilitar a identificação da cicatriz vacinal, recomenda-se no Brasil que a vacina BCG seja
administrada na inserção inferior do músculo deltoide direito. Na impossibilidade de se utilizar o deltoide
direito para tal procedimento, a referida vacina pode ser administrada no deltoide esquerdo.

Via subcutânea (SC)


Na utilização da via subcutânea, a vacina é introduzida na hipoderme, ou seja, na camada subcutânea
da pele. O volume máximo a ser administrado por esta via é 1,0mL.
São exemplos de vacinas administradas por essa via: vacina sarampo, caxumba e rubéola e vacina
febre amarela (atenuada).

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Alguns locais são mais utilizados para a vacinação por via subcutânea: a região do deltoide no terço
proximal (a face superior externa do braço, a face anterior e externa da coxa ou a face anterior do
antebraço).

Via intramuscular (IM)


Na utilização da via intramuscular, o imunobiológico é introduzido no tecido muscular, sendo
apropriado para a administração o volume máximo até 5mL.
São exemplos de vacinas administradas por essa via: vacina adsorvida difteria, tétano, pertussis,
Haemophilus influenzae b (conjugada) e hepatite B (recombinante); vacina adsorvida difteria e tétano
adulto; vacina hepatite B (recombinante); vacina raiva (inativada); vacina pneumocócica 10 valente
(conjugada) e vacina poliomielite 1, 2 e 3 (inativada).
As regiões anatômicas selecionadas para a injeção intramuscular devem estar distantes dos grandes
nervos e de vasos sanguíneos, sendo que o músculo vasto lateral da coxa e o músculo deltoide são as
áreas mais utilizadas.

Via endovenosa (EV)


Na utilização da via endovenosa, o imunobiológico é introduzido diretamente na corrente sanguínea.
É uma via que permite a administração de grandes volumes de líquidos e, também, de soluções que,
por serem irritantes ou por sofrerem a ação dos sucos digestivos, são contraindicadas pelas demais vias
parenterais e pela via oral, respectivamente. São administrados por essa via imunobiológicos como os
soros antidiftérico, antibotulínico e os soros antiveneno.
Os locais mais utilizados para a administração de injeções endovenosas são as veias periféricas
superficiais.

Vacinas do Calendário Básico do Ministério da Saúde

Vacina da tuberculose (atenuada)


A vacina da tuberculose (TB) é uma vacina obtida por atenuação do Mycobacterium bovis e conhecida
como BCG. É indicada para prevenir as formas graves (miliar e meníngea) de TB em crianças menores
de 5 anos (principalmente no 1° ano, incluindo as indígenas).
Idade de aplicação: de preferência, nas primeiras 12 horas após o nascimento, ainda na maternidade,
ou na primeira visita à unidade de saúde, de preferência no 1° mês de vida. A vacina é disponibilizada
rotineiramente para crianças até 4 anos, 11 meses e 29 dias ainda não vacinadas.
Crianças filhas de mãe com vírus da imunodeficiência humana (HIV) positivo podem receber a vacina
o mais precocemente possível até os 18 meses de idade, se assintomáticas e sem sinais de
imunodeficiência. Crianças com idade entre 18 meses e 4 anos, 11 meses e 29 dias, não vacinadas,
podem receber a vacina BCG somente se sorologia negativa para HIV.
Devem ser vacinados os contatos intradomiciliares de portadores de hanseníase. A vacina é
contraindicada a partir dos 5 anos de idade e em indivíduos portadores de HIV, mesmo que
assintomáticos e sem sinais de imunodeficiência.
Recomenda-se adiar a vacinação em crianças com peso inferior a 2.000 gramas ou com afecções
dermatológicas extensas. A via de administração é a ID, na inserção inferior do músculo deltoide,
preferencialmente no braço direito.
Evolução da reação vacinal (6-10 semanas): nódulo local, pústula, crosta, úlcera (com ou sem
secreção) e pequena cicatriz. Criança sem cicatriz vacinal não precisa revacinar contra tuberculose,
portanto mesmo que não apresentam cicatriz vacinal após 6 meses não haverá revacinação sendo assim
a vacinação apenas uma vez.

Nota: criança sem cicatriz vacinal não precisa revacinar contra tuberculose.

Vacina da hepatite B (recombinante)


A vacina para HB induz a produção de anticorpos anti-HBs, considerados protetores com níveis séricos
superiores a 10mUI/mL.
Devido à excelente imunogenicidade da vacina, não está indicado teste sorológico após a vacinação,
exceto para os grupos de risco, tais como: profissionais da saúde, pessoas em diálise e recém-nascidos
(RNs) de mães portadoras do antígeno de superfície da hepatite B (HBsAg). Nesses casos, a dosagem
de anticorpos anti-HBs deve ser realizada 1 a 2 meses depois de completado o esquema vacinal.
A vacina deve ser aplicada por via IM profunda: no vasto lateral da coxa nas crianças de até 2 anos
de idade e, nos maiores, no deltoide. A primeira dose da vacina deve ser aplicada de preferência nas

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primeiras 12 horas após o nascimento (para evitar transmissão vertical) ou, quando não realizado, o mais
precocemente possível.
A vacina da HB pode ser aplicada em qualquer idade e simultaneamente com outras vacinas. Está
disponível para toda a população, independentemente da idade e da condição de vulnerabilidade. A
primeira dose é aplicada ao nascer, e o esquema subsequente se dá com a vacina pentavalente (HB
combinada com outros quatro antígenos) aos 2, 4 e 6 meses de idade.
Para crianças que iniciam esquema vacinal a partir de 1 mês de idade até 4 anos, 11 meses e 29 dias:
administrar três doses da vacina pentavalente com intervalo de 60 dias entre elas. Nas demais faixas
etárias, são realizadas três doses de vacina da HB isolada com intervalo de 0, 30 e 180 dias. Os eventos
adversos mais comuns são dor no local da injeção e febre baixa; cefaleia e fadiga.
Caso o esquema vacinal esteja incompleto não deverá ser reiniciado, apenas completá-lo conforme
situação encontrada.

Vacina adsorvida da difteria, tétano, pertússis, hepatite B (recombinante) e Haemophilus


influenzae tipo b (conjugada) - Pentavalente
Com o intuito de diminuir o número de injeções em um mesmo momento, foram desenvolvidas as
vacinas combinadas. São compostas por toxoides de difteria e tétano, suspensão celular inativada de
Bordetella pertussis (bactéria responsável pela coqueluche), HBsAg e oligossacarídeos conjugados de
Hib (bactéria causadora de doença invasiva, como meningite, pneumonia, epiglotite, celulite, artrite
séptica, osteomielite, pericardite e sepse em crianças na faixa etária menor de 5 anos).
A vacina pentavalente é indicada para crianças menores de 5 anos de idade como esquema básico. A
vacinação consiste na aplicação de três doses, administrada aos 2, 4 e 6 meses de idade, com intervalo
de 60 dias entre as doses. São necessárias duas doses de reforço com a vacina adsorvida difteria, tétano
e pertússis (DTP) aos 15 meses e aos 4 anos de idade.
A vacina é de aplicação IM e profunda no vasto lateral da coxa em menores de 2 anos e, nos maiores,
na região deltoide. A vacina não poderá ser administrada quando a criança apresentar quadro neurológico
em atividade ou quando, após dose anterior de vacina, ela registrar uma destas manifestações após a
sua administração: convulsão nas primeiras 72 horas, episódio hipotônico-hiporresponsivo (hipotonia,
sudorese fria e diminuição de resposta a estímulos) nas primeiras 48 horas, encefalopatia aguda grave
depois de 7 dias, história de choque anafilático posterior à aplicação anterior da vacina e púrpura
trombocitopênica pós-vacinal.
A vacina também é contraindicada a partir de 7 anos de idade. Nas situações de eventos adversos
graves devido a convulsões ou a colapso circulatório, solicitar DTPa. Nos casos de encefalopatia, está
contraindicada qualquer dose subsequente com componente pertússis (seja de tríplice bacteriana de
células inteiras, seja acelular) e, neste caso, continuar o esquema com a vacina dupla infantil (DT).
A partir de 7 anos, é indicada a vacina dupla tipo adulto (dT), indicada para pessoas que têm passado
vacinal desconhecido ou que necessitam completar o esquema: três doses com 2 meses de intervalo (0,
2 e 4 meses) e reforços de 10 em 10 anos por toda a vida.
A diferença entre as vacinas DT (infantil) e dT (adulto) é a menor quantidade de toxoide diftérico na
última. Nos imunodeprimidos, deve-se realizar uma dose de reforço da vacina Hib dos 12 aos 15 meses
de idade, e crianças não imunizadas, com mais de 1 ano e menores de 19 anos, devem realizar duas
doses, com intervalo de 4 a 8 semanas, se imunodeprimidos, ou dose única, se imunocompetentes.

Vacina inativada da poliomielite


A VIP está indicada para a imunização ativa contra a poliomielite causada pelos três sorotipos (1, 2,
3). A via de administração é IM (em lactentes, é o músculo vasto-lateral da coxa direita), entretanto, a via
SC também pode ser usada, mas em situações especiais (p. ex., casos de discrasias sanguíneas).
A VIP deverá ser administrada aos 2, 4 e 6 meses de idade. Os reforços deverão ser realizados aos
15 meses e 4 anos de idade com a VOP, que contém dois tipos de poliovírus atenuados - cada dose é
composta por duas gotas. A preferência para a administração da VIP no esquema inicial tem a finalidade
de evitar o risco, raríssimo, de EAPV com a VOP (p. ex., paralisias flácidas).
A VIP induz imunidade de mucosa intestinal, porém em grau menor do que a VOP. Os seguintes casos
deverão receber reforço com a VIP: crianças imunodeprimidas (deficiência imunológica congênita ou
adquirida); crianças que estejam em contato domiciliar com imunodeficiente suscetível; pessoas
submetidas a transplante de órgãos sólidos ou de células-tronco hematopoiéticas (medula óssea); criança
filha de mãe HIV-positiva, mesmo antes da definição diagnóstica; lactentes e crianças internados em
unidade de terapia intensiva; crianças com história de paralisia flácida associada à vacina, após dose
anterior de VOP.

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Indivíduos gravemente doentes na ocasião da vacinação devem, normalmente, esperar até se
recuperarem antes da vacinação.
O potencial risco de apneia e a necessidade de monitoramento da respiração de 24 a 72 horas devem
ser considerados após a administração da vacina VIP para imunização primária de bebês prematuros
(nascidos com menos de 28 semanas) e principalmente para aqueles com história de imaturidade
respiratória. Como os benefícios da vacina para esse grupo são muitos, a vacinação não deve ser adiada
e nem evitada.
Eventos neurológicos, como a síndrome de Guillain-Barré (SGB), não tiveram sua incidência
populacional aumentada devido a EAPVs. A contraindicação da VIP é reação alérgica grave ou anafilática
a qualquer componente da vacina (lembrar-se de que ela contém vestígios de estreptomicina, neomicina
e polimixina B).

Vacina oral do rotavírus humano (atenuada)


A vacina oral do rotavírus humano (VORH) é a vacina de vírus isolados de humanos e atenuados.
Esquema de vacinação em duas doses, seguindo rigorosamente os limites de faixa etária: a 1a dose aos
2 meses (de 1 mês e 15 dias a 3 meses e 15 dias), e a 2a dose aos 4 meses (3 meses e 15 dias a 7
meses e 29 dias); o intervalo ideal entre as doses é de 60 dias, com um mínimo de 30 dias.
A vacina não deve, de forma alguma, ser oferecida fora desses prazos, e nenhuma criança poderá
receber a segunda dose sem ter recebido a primeira. Não repetir a dose se a criança regurgitar, cuspir ou
vomitar após a vacinação.
Contraindicações: quadro agudo febril moderado a grave; crianças com imunodeficiência primária ou
secundária; crianças que fazem uso de fármacos imunossupressores e quimioterápicos; crianças com
história de doença gastrintestinal crônica ou malformação congênita do TGI ou história prévia de
invaginação intestinal.
A vacina deve ser adiada em crianças com quadro de gastrenterite com necessidade de hospitalização.
Não são contraindicações: quadro febril leve, diarreia leve sem desidratação, contactantes de portadores
de imunodeficiência; crianças filhas de mãe HIV-positivas podem ser vacinadas desde que não haja sinais
clínicos ou laboratoriais de imunodepressão.

Vacina pneumocócica 10-valente (conjugada)


A vacina pneumocócica 10-valente (conjugada) (PnC10) é constituída por 10 sorotipos de
Streptococcus pneumoniae. É indicada para imunização ativa de crianças de 2 meses a menores de 4
anos de idade contra doença invasiva (pneumonia, meningite, artrite e sepse) e otite média aguda (OMA)
causados pelo pneumococo.
Deve ser administrada por via IM no vasto lateral da coxa em menores de 2 anos e após no músculo
deltoide.
O esquema de administração da vacina é determinado pela idade da criança no início da vacinação.
No primeiro semestre de vida: administrar duas doses, aos 2 e 4 meses de idade; o intervalo entre as
doses é de 60 dias (mínimo de 30 dias). Fazer um reforço entre 12 e 15 meses de idade,
preferencialmente com 12 meses, considerando o intervalo de 6 meses após a 2a dose. Crianças entre
12 meses a 4 anos não vacinadas devem receber dose única.
As reações adversas mais comuns foram sonolência, perda de apetite, irritabilidade, febre e dor, rubor
e edema no local da injeção. Pode ser administrada simultaneamente (ou com qualquer intervalo) com
outras vacinas do calendário nacional de vacinação.

Observação: a partir de 2 anos de idade, a vacina pneumocócica 23-valente (Pn23) é disponibilizada


pelos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIEs) para portadores de doenças
crônicas ou com imunodepressão e para pessoas com 60 anos ou mais que vivem em instituições
fechadas (casas geriátricas, hospitais, asilos, casas de repouso). A vacina 23-valente é administrada por
via IM em dose única, com uma revacinação após 5 anos.

Vacina meningocócica C (conjugada)


A Neisseria meningitidis (meningococo) é responsável por infecções invasivas graves, como a
meningite e a meningococcemia. O Brasil começou a disponibilizar a vacina contra o meningococo C para
crianças menores de 2 anos de idade em 2010. A vacina é constituída por polissacarídeos capsulares
purificados da Neisseria meningitidis do sorogrupo C.
A via de administração é IM e, de preferência, no vasto lateral da coxa direita da criança. Esquema
vacinal: primeira dose aos 3 meses, e segunda dose aos 5 meses de idade, com reforço único entre 12

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e 15 meses. Em crianças entre 12 e 23 meses de idade sem comprovação vacinal ou com esquema
incompleto, administrar uma única dose.
No ano de 2018, a vacina meningocócica C começou a ser disponibilizada para a faixa etária de 11 e
14 anos de ambos os sexos, considerando um reforço ou dose única conforme a situação vacinal. Até
2020, a faixa etária será ampliada gradativamente a partir de 9 anos de idade.
Observou-se a ausência de títulos de anticorpos protetores poucos anos após a vacinação de lactentes
e crianças mais novas; nos adolescentes, as vacinas meningocócicas demonstram associar-se a uma
boa resposta imune, com persistência de títulos de anticorpos protetores por um período prolongado,
além de alcançar o efeito protetor de imunidade de rebanho, que estende a proteção a indivíduos não
vacinados.
Nas seguintes situações, crianças acima de 12 meses ou adultos devem receber duas doses com
intervalo de 8 a 12 semanas e revacinar após 5 anos: asplenia anatômica ou funcional e doenças
relacionadas; imunodeficiências congênitas e adquiridas; deficiência de complemento e frações; pessoas
com HIV/Aids.
Microbiologista rotineiramente exposto ao isolamento de Neisseria meningitidis deve receber dose
única e reforço em 5 anos. A vacina contra o meningococo C (MnCc) pode ser administrada
simultaneamente com qualquer outra vacina do calendário básico.
Deve ser adiada na vigência de quadro febril agudo grave. São eventos adversos da vacina: dor, rubor,
edema, endurecimento e hipersensibilidade locais, além de febre, choro, irritabilidade, sonolência ou
comprometimento do sono, anorexia, diarreia e vômitos.

Vacina da febre amarela (atenuada)


Ultimamente, a FA silvestre se apresenta com um padrão epizoótico-epidêmico, manifestando-se como
uma doença reemergente em novas áreas do território brasileiro, fora da área considerada endêmica
(região amazônica e centro-oeste e Estado do Maranhão).
A vacina da FA é constituída por vírus vivos atenuados cultivados em ovos embrionados de galinha. É
administrada por via SC em dose única, de acordo com as recomendações da Organização Mundial da
Saúde (OMS).
A dose de reforço não é mais recomendada, pois a imunidade protetora desenvolve-se em 30 dias
para 99% das pessoas que receberam uma dose da vacina. Não se recomenda a administração
simultânea da vacina da FA e da vacina tríplice ou tetraviral em crianças até 1 ano, 9 meses e 29 dias,
em virtude da redução da taxa de soroconversão em crianças vacinadas com intervalo inferior a 30 dias
entre as doses, portanto, esse tempo deverá ser o intervalo mínimo entre as aplicações. Essa
recomendação não se aplica às crianças com mais de 2 anos de idade.
A vacina é recomendada de rotina para todas as crianças com 9 meses de idade. Também deve ser
aplicada dos 9 meses aos 59 anos de idade somente para os residentes da área com recomendação de
vacina (ACRV) e em viajantes que se deslocam para essas áreas ou países que exijam o Certificado
Internacional de Vacinação ou Profilaxia.
A vacinação de rotina para FA é ofertada nos estados do Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia,
Roraima, Tocantins, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Bahia, Maranhão, Piauí,
Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Além das áreas
com recomendação, neste momento, também está sendo vacinada a população do Espírito Santo.
Os residentes nas áreas sem recomendação para vacinação (ASRV), que irão se deslocar para as
áreas com recomendação para vacinação (ACRV), ou para outros países endêmicos. Ressalta-se que a
pessoa deverá receber a vacina, pelo menos, dez dias antes da viagem. Esse prazo não se aplica no
caso da revacinação.
A vacina pode causar eventos adversos graves se não forem avaliadas as suas precauções e
contraindicações.
Não deverão ser vacinadas: pessoas com imunossupressão por doença ou terapias
imunossupressoras; transplantados; paciente com história pregressa de doença do timo, lúpus, doença
de Addison, artrite reumatoide (AR); pacientes com doença hematológica com imunodeficiência (aplasia
de medula, anemia aplástica); adultos e adolescentes que vivem com HIV-aids com contagem de CD4+
< 200 células/mm3; pessoas com reação alérgica grave ao ovo; pessoas acima de 60 anos de idade com
uma das comorbidades citadas.
Um dos eventos adversos graves é a doença viscerotrópica aguda, podem também ocorrer eventos
neurológicos pós-vacinais, como encefalite, meningite, doenças do sistema autoimune com envolvimento
do sistema nervoso central (SNC) ou periférico (SNP).
Deve-se suspeitar desses eventos adversos graves quando os sintomas iniciarem até 30 dias da
administração da vacina da FA. Estão em andamento estudos de utilização de dose fracionada da vacina

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da FA (com um quinto da dose padrão) com potencial identificado de proteção com duração de ao menos
8 anos. Essa modalidade de vacina pode ser útil para cobertura populacional de amplo espectro em áreas
de surto.

Em situações de evidência de circulação do vírus amarílico, como: casos humanos, epizootia


ou vetores infectados (área afetada)
Nestas situações a dose da vacina deve ser administrada em crianças, aos 9 (nove) meses de vida,
conforme o Calendário Nacional de Imunizações. Reforça-se que essa dose NÃO deve ser antecipada
para crianças de 6 a 8 meses de vida.
Pessoas a partir de 60 anos e mais, nunca vacinadas ou sem comprovante de vacinação: O serviço
de saúde deverá avaliar, caso a caso, se há contraindicação para vacinação, levando em consideração
o risco da doença e possíveis eventos adversos pós-vacinação.
Gestantes, independentemente da idade gestacional, não vacinadas ou sem comprovante de
vacinação: Embora a vacinação esteja contraindicada, deve-se considerar o risco de adquirir a doença
nestas situações. Dessa forma, o serviço de saúde deverá avaliar, caso a caso, o risco/benefício da
vacinação.
Mulheres que estejam amamentando crianças com até 6 (seis) meses de vida, não vacinadas ou sem
comprovante de vacinação: Embora a vacinação esteja contraindicada, deve-se considerar o risco de
adquirir a doença nestas situações. Dessa forma, o serviço de saúde deverá avaliar, caso a caso, o
risco/benefício da vacinação.
Caso seja indicada a vacinação, o aleitamento materno deverá ser suspenso por 10 dias após a
vacinação. Deve-se orientar a lactante a procurar um serviço de saúde para orientação e
acompanhamento, a fim de manter a produção do leite materno e garantir o retorno da lactação.

Vacina do sarampo, caxumba e rubéola (tríplice viral); vacina do sarampo, caxumba, rubéola e
varicela (tetraviral) (atenuadas) e vacina varicela (atenuada)
A vacina combinada dos vírus atenuados é administrada por via SC. O PNI prevê uma dose da vacina
do sarampo, caxumba e rubéola (SCR), tríplice viral, aos 12 meses, e uma dose da vacina do sarampo,
caxumba, rubéola e varicela (SCRV), tetraviral, aos 15 meses; caso a vacina da tríplice viral esteja em
atraso, deve-se administrar a tríplice viral e a tetraviral com intervalo de 30 dias entre as doses.
Em 2017, o Brasil passou a disponibilizar a segunda dose de reforço da vacina tríplice viral até os 29
anos ou uma dose dos 30 aos 49 anos de idade. Houve também ampliação da faixa etária para a vacina
tetraviral, que passa a ser disponibilizada em uma dose até 4 anos, 11 meses e 29 dias.
Em 2018, o Ministério da Saúde (MS) passou a disponibilizar a segunda dose da vacina varicela
(atenuada) para crianças de 4 até 6 anos de idade.
Eventos adversos: exantema semelhante à varicela pode surgir entre 5 e 26 dias após aplicação da
vacina, febre e exantema semelhante ao sarampo por poucos dias (entre o 5° e 12° dia após a aplicação).
Há relatos de meningite, herpes-zóster grave, encefalite, ataxia, eritema multiforme, síndrome de
Stevens-Johnson, pneumonia, trombocitopenia, convulsões e SGB.
Contraindicações: gravidez; reação anafilática sistêmica imediata após ingestão de ovo ou com dose
prévia da vacina; crianças com imunidade alterada: tumores sólidos ou neoplasias hematológicas,
tratamento imunossupressor prolongado e infecção sintomática pelo HIV.
Precauções: doenças agudas febris moderadas ou graves (adiar até a resolução do quadro); pessoas
que receberam gamaglobulina, sangue total ou plasma devem aguardar 3 meses para receber a vacina
por possível prejuízo na resposta imunológica.

Nota: o Ministério da Saúde informa como medida de intensificar a vacinação contra o sarampo, nesse
público-alvo da doença, que é mais suscetível a casos graves e óbitos, a partir desta data (22/08/2019),
todas as crianças de seis meses a menores de 1 ano devem ser vacinadas contra o sarampo em todo o
país.

Vacina da hepatite A (inativada)


A vacina da hepatite A (HA) é recomendada em dose única para crianças dos 12 meses aos 4 anos
de idade. Aplicada em volume de 0,5mL (25U do antígeno) por via IM.
Hoje, é prevista no calendário vacinal aos 15 meses de idade. Pode ser aplicada junto com qualquer
outra vacina. É altamente eficaz e de baixa reatogenicidade, com taxas de soroconversão de 95% no
período de até 4 semanas da vacinação após uma dose. A experiência mostrou que a aplicação de
apenas uma dose no primeiro ano de vida foi de controle da incidência de HA, principalmente em creches
e instituições assemelhadas, mas com imunidade de rebanho para a população geral.

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Vacina da influenza (fragmentada e inativada)
Existem três tipos de ortomixovírus responsáveis pelos quadros de influenza: A, B, C. Os vírus A e B
possuem maior importância clínica e sofrem frequentes mutações, sendo responsáveis pelas epidemias
sazonais, hospitalizações e morte por pneumonia naqueles com condições e fatores de risco.
O vírus C raramente causa doença grave. A OMS faz recomendações anuais da composição da vacina
com base em informações mundiais das cepas circulantes de influenza no ano anterior. A vacina usada
no Brasil é de vírus fracionados inativados e trivalente, obtida de ovos embrionados de galinha.
A vacina da influenza é aplicada anualmente, de preferência no outono, por via IM (vasto lateral da
coxa, deltoide ou ventroglútea) ou SC, a partir dos 6 meses de idade, seguindo o seguinte esquema de
acordo com a faixa etária: 6 meses a 2 anos - duas doses de 0,25mL com intervalo de 30 dias; 3 a 8 anos
incompletos - duas doses de 0,5mL com intervalo de 30 dias; 9 anos a adultos - uma dose de 0,5mL.
As doses pediátricas podem mudar conforme o laboratório produtor da vacina. As campanhas anuais
da vacina da influenza contemplam as populações mais vulneráveis (pode mudar conforme a situação
epidemiológica): trabalhadores de saúde, gestantes, puérperas, crianças de 6 meses a menores de 9
anos, povos indígenas, idosos a partir de 60 anos, adolescentes e jovens de 12 a 21 anos sob medidas
socioeducativas, população privada de liberdade e funcionários do sistema prisional, professores das
escolas públicas e privadas, além de pessoas com condições clínicas especiais (diabetes,
imunossupressão, obesidade grau III, transplantados e portadores de trissomias) e doenças crônicas
(doença respiratória, cardíaca, renal, hepática e neurológica) mediante prescrição médica.
A vacina pode ser realizada junto com as demais do calendário vacinal. Os candidatos a doadores de
sangue que tiverem sido vacinados contra a influenza devem ser considerados inaptos temporariamente
por um período de 48 horas.
Em adultos saudáveis, a detecção de anticorpos protetores ocorre 2 a 3 semanas após a vacinação;
em crianças, a soroconversão após uma única dose varia de 30 a 90%, sendo diretamente proporcional
à idade, motivo pelo qual é recomendada duas doses da vacina influenza nos primovacinados e uma
dose nos anos subsequentes.
Eventos adversos de febre, mal-estar, mialgia, dor, eritema e enduração locais podem ocorrer nas
primeiras 48 horas. A vacina é contraindicada para pessoas com história de reação alérgica grave prévia
relacionada ao ovo de galinha ou à vacina.
Precauções: adiar a vacina em quadro febril agudo moderado a grave e realizar avaliação criteriosa
de risco-benefício de pessoas com história pregressa de SGB (evento raro que pode acontecer até 6
semanas após a vacinação).

Vacina do papilomavírus humano


A vacina para o HPV está disponível para a população feminina de 9 a 14 anos e para meninos de 11
a 14 anos de idade. Até 2020, a faixa etária masculina será ampliada gradativamente para incorporar os
meninos a partir de 9 anos de idade.
A vacina quadrivalente protege contra o HPV tipos 6, 11, 16 e 18 - sorotipos 16 e 18 causam
aproximadamente 70% dos cânceres cervicais de todo o mundo, assim como em torno de 90% dos
cânceres anais e uma proporção significativa de câncer orofaríngeo, vulvar, vaginal e de pênis.
Os sorotipos de HPV 6 e 11 causam quase 90% das verrugas anogenitais. A vacina é mais eficaz
quando aplicada antes do início da atividade sexual.
O esquema é de duas doses, sendo a segunda dose 6 meses após a primeira. É aplicada via IM na
região deltoide ou na região anterolateral superior da coxa. Em adolescentes e adultos jovens, observou-
se a ocorrência de síncopes atribuídas à síndrome vasovagal ou reação vasopressora, geralmente dentro
de 15 minutos da aplicação da vacina; portanto, para evitar acidentes, esse é o tempo que a pessoa
vacinada deverá permanecer sentada e sob observação.

Precauções e Contraindicações

A decisão de adiar a administração de uma vacina para uma pessoa doente deve-se levar em
consideração a gravidade dos sintomas e a etiologia da doença. A segurança e a eficácia de vacinar
indivíduos com doença leve já está comprovada.
Não são contraindicações: reações locais leves após aplicação de vacina anterior, terapia
antimicrobiana atual, estar em fase de convalescença de doença aguda, diarreia, infecções da via aérea
superior, desnutrição, uso de corticoides por período inferior a 2 semanas e em doses não
imunodepressoras.
Deve-se postergar a vacinação em casos de doenças febris moderadas a graves. Pacientes
imunodeprimidos não devem realizar vacinas vivas.

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Crianças em uso de corticoides com dose ≥ 2mg/kg/dia de prednisona ou equivalente, ou doses
maiores de 20mg/dia em crianças acima de 10kg e adultos, por mais de 2 semanas, não devem receber
vacinas com agentes vivos antes de 1 mês após o término da corticoterapia.
Em casos de imunodepressão secundária ao tratamento de câncer com quimioterapia e radioterapia,
o paciente só pode realizar vacinas vivas atenuadas após 3 meses da cessação da imunossupressão e
dependendo da sua situação clínica.
A contraindicação absoluta para a administração de uma vacina é ter uma história de reação alérgica
grave (urticária generalizada, dificuldade respiratória, edema de glote, hipotensão ou choque) a um de
seus componentes.

Evento Adverso Pós-Vacinação

Evento adverso pós-vacinação (EAPV) é qualquer ocorrência indesejada (sintoma, doença, alteração
laboratorial) com relação temporal após administração de imunobiológicos, sem necessariamente
apresentar relação causal com ele. Podem-se esperar desde achados comuns, como febre, dor e edema
local, até eventos mais graves, como convulsão febril, episódio hipotônico-hiporresponsivo e anafilaxia.
Podem ocorrer eventos inesperados, como aqueles não identificados antes, como, por exemplo, os
relatos de intussuscepção intestinal com as primeiras vacinas do rotavírus, até problemas com qualidade
do produto e contaminação de lotes.
Qualquer unidade de saúde pública ou privada que administra imunobiológicos deve notificar a
ocorrência de um EAPV prontamente com o preenchimento de formulário próprio a ser encaminhado à
Vigilância Epidemiológica ou à Coordenação de Imunizações local ou municipal. Nos locais com acesso
à internet, a notificação deve ser realizada no Sistema de Informação (SI-EAPV) online.

Conservação dos Imunobiológicos

A Rede de Frio é o sistema utilizado pelo PNI, que tem o objetivo de assegurar que os imunobiológicos
disponibilizados no serviço de vacinação sejam mantidos em condições adequadas de transporte,
armazenamento e distribuição, permitindo que eles permaneçam com suas características iniciais até o
momento da sua administração.
Alterações de temperatura (excesso de frio ou calor) podem comprometer a potência imunogênica, o
que pode acarretar a redução ou a falta do efeito esperado. Os imunobiológicos, enquanto produtos
termolábeis e/ou fotossensíveis, necessitam de armazenamento adequado para que suas características
imunogênicas sejam mantidas.

Rede de frio
• A Rede de Frio refere-se à estrutura técnico-administrativa (normatização, planejamento, avaliação
e financiamento) direcionada para a manutenção adequada da Cadeia de Frio. Esta, por sua vez,
representa o processo logístico (recebimento, armazenamento, distribuição e transporte) da Rede de Frio.
A sala de vacinação é a instância final da Rede de Frio, onde os procedimentos de vacinação
propriamente ditos são executados mediante ações de rotina, campanhas e outras estratégias.
• Na sala de vacinação, todas as vacinas devem ser armazenadas entre +2ºC e +8ºC, sendo ideal
+5ºC.

Cuidados com Imunobiológicos que Apresentam Desvio de Qualidade

Quando houver suspeita ou constatação de que um determinado imunobiológico foi submetido a


condições que provoquem desvio na sua qualidade (por exemplo: acondicionado ou mantido fora dos
padrões de temperatura preconizados), o trabalhador da sala de vacinação deve comunicar a ocorrência
ao responsável técnico pelo serviço de vacinação e, em seguida, identificar, separar e armazenar o
produto em condições adequadas da Cadeia de Frio.
Posteriormente, deve preencher o formulário de alterações diversas (Desvio de Qualidade), disponível
no Manual de Rede de Frio (2013), e encaminhá-lo à Coordenação Municipal de Imunizações. O
formulário deverá ser submetido à CGPNI por intermédio da Coordenação Estadual de Imunizações.

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Calendários Nacional de Vacinação

Criança e Adolescente

Idade Vacina Dose Doenças Evitadas


Previne as formas
BCG (Bacilo Calmette- graves de tuberculose,
Ao nascer Dose Única
Guerin) principalmente miliar e
meníngea
Ao nascer Hepatite B Dose Única
Previne difteria, tétano,
coqueluche, hepatite B
2 meses Pentavalente 1ª Dose
e meningite e infecções
por HiB
Vacina Inativada Previne poliomielite ou
2 meses 1ª Dose
Poliomielite (VIP) paralisia infantil
Previne pneumonia,
otite, meningite e
2 meses Pneumocócica 10 Valente 1ª Dose outras doenças
causadas pelo
Pneumococo
Previne diarreia por
2 meses Rotavírus 1ª Dose
rotavírus
Previne a doença
3 meses Meningocócica C 1ª Dose
meningocócica C
Previne difteria, tétano,
coqueluche, hepatite B
4 meses Pentavalente 2ª Dose e meningite e infecções
por Haemóphilus
influenzae tipo B
Vacina Inativada Previne a poliomielite
4 meses 2ª Dose
Poliomielite (VIP) ou paralisia infantil
Previne pneumonia,
otite, meningite e
4 meses Pneumocócica 10 Valente 2ª Dose outras doenças
causadas pelo
Pneumococo
Previne diarreia por
4 meses Rotavírus 2ª Dose
rotavírus
Previne doença
5 meses Meningocócica C 2ª Dose
meningocócica C
Previne difteria, tétano,
coqueluche, hepatite B
6 meses Pentavalente 3ª Dose
e meningite e infecções
por HiB
Vacina Inativada Previne poliomielite ou
6 meses 3ª Dose
Poliomielite (VIP) paralisia infantil)
9 meses Febre Amarela Dose Única Previne a febre amarela
Previne sarampo,
12 meses Tríplice viral 1ª Dose
caxumba e rubéola
Previne pneumonia,
otite, meningite e
12 meses Pneumocócica 10 Valente Reforço outras doenças
causadas pelo
Pneumococo

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234
Previne doença
12 meses Meningocócica C Reforço
meningocócica C
Difteria, tétano e
15 meses DTP 1° Reforço
coqueluche
Vacina Oral Poliomielite Previne poliomielite ou
15 meses 1° Reforço
(VOP) paralisia infantil
15 meses Hepatite A Dose Única
Previne sarampo,
Tetra viral ou tríplice viral +
15 meses Uma dose rubéola, caxumba e
varicela
varicela/catapora
Difteria, tétano e
4 anos DTP 2° Reforço
coqueluche
Vacina Oral Poliomielite Previne poliomielite ou
4 anos 2° Reforço
(VOP) paralisia infantil
Previne
4 anos Varicela atenuada
varicela/catapora)
Previne o papiloma,
2 doses com seis meses vírus humano que
9 a 14 anos meninas HPV
de intervalo causa cânceres e
verrugas genitais
Previne o papiloma,
2 doses com seis meses vírus humano que
11 e 14 anos meninos HPV
de intervalo causa cânceres e
verrugas genitais
Doença invasiva
causada por Neisseria
11 e 14 anos Meningocócica C Dose única ou reforço
meningitidis do
sorogrupo C
3 doses, de acordo com a
10 a 19 anos Hepatite B
situação vacinal
1 dose se nunca tiver sido
10 a 19 anos Febre Amarela
vacinado
Previne difteria e
10 a 19 anos Dupla Adulto Reforço a cada 10 anos
tétano
2 doses, a depender da Previne sarampo,
10 a 19 anos Tríplice viral
situação vacinal anterior caxumba e rubéola
1 dose a depender da Previne pneumonia,
situação vacinal - A vacina otite, meningite e
10 a 19 anos Pneumocócica 23 Valente Pneumocócica 23V está outras doenças
indicada para grupos-alvo causadas pelo
específico Pneumococo
Previne difteria e
10 a 19 anos Dupla Adulto Reforço a cada 10 anos
tétano
http://portalms.saude.gov.br/saude-de-a-z/vacinacao/calendario-vacinacao

Adulto ao Idoso

Idade Vacina Dose Doenças


Evitadas
3 doses, de acordo Previne hepatite B
20 a 59 anos Hepatite B
com a situação vacinal
Previne febre
20 a 59 anos Febre Amarela dose única
amarela
2 doses, (20 a 29 Previne sarampo,
20 a 59 anos Tríplice viral anos) e 1 dose (30 a 49 caxumba e rubéola
anos)
Apostila gerada especialmente para: Amanda Mendonça 072.848.243-60
235
Reforço a cada 10 Previne difteria e
20 a 59 anos Dupla Adulto
anos tétano
Previne
pneumonia, otite,
Pneumocócica 23 1 dose a depender
20 a 59 anos meningite e outras
Valente da situação vacinal
doenças causadas
pelo Pneumococo
3 doses, de acordo Previne hepatite B
60 anos ou mais Hepatite B
com a situação vacinal
dose única, verificar Previne febre
60 anos ou mais Febre Amarela
situação vacinal amarela
Reforço a cada 10 Previne difteria e
60 anos ou mais Dupla Adulto
anos tétano
A vacina está Previne
indicada para grupos- pneumonia, otite,
alvo específicos, como meningite e outras
Pneumocócica 23 pessoas com 60 anos e doenças causadas
60 anos ou mais
valente mais não vacinados que pelo Pneumococo) -
vivem acamados e/ou reforço a depender da
em instituições situação vacinal
fechadas
http://portalms.saude.gov.br/saude-de-a-z/vacinacao/calendario-vacinacao

Gestante

Vacinas Dose Doenças Evitadas


Hepatite B 3 doses
Dupla Adulto (DT) 3 doses Previne difteria e tétano
Uma dose a cada gestação a
dTpa (Tríplice bacteriana partir da 20ª semana de Previne difteria, tétano e
acelular do tipo adulto) gestação ou no puerpério (até coqueluche
45 dias após o parto)
http://portalms.saude.gov.br/saude-de-a-z/vacinacao/calendario-vacinacao

Calendário Nacional de Vacinação dos Povos Indígenas

Criança

Idade Vacina Dose Doenças Evitadas


Previne as formas
BCG (Bacilo Calmette- graves de tuberculose,
Ao nascer Dose Única
Guerin) principalmente miliar e
meníngea
Ao nascer Hepatite B Dose Única
Previne difteria, tétano,
coqueluche, hepatite B
2 meses Pentavalente 1ª Dose
e meningite e infecções
por HiB
Vacina Inativada Previne poliomielite ou
2 meses 1ª Dose
Poliomielite (VIP) paralisia infantil
Previne pneumonia,
otite, meningite e
2 meses Pneumocócica 10 Valente 1ª Dose outras doenças
causadas pelo
Pneumococo
Previne diarreia por
2 meses Rotavírus 1ª Dose
rotavírus

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236
Previne a doença
3 meses Meningocócica C 1ª Dose
meningocócica C
Previne difteria, tétano,
coqueluche, hepatite B
4 meses Pentavalente 2ª Dose e meningite e infecções
por Haemóphilus
influenzae tipo B
Vacina Inativada Previne a poliomielite
4 meses 2ª Dose
Poliomielite (VIP) ou paralisia infantil
Previne pneumonia,
otite, meningite e
4 meses Pneumocócica 10 Valente 2ª Dose outras doenças
causadas pelo
Pneumococo
Previne diarreia por
4 meses Rotavírus 2ª Dose
rotavírus
Previne doença
5 meses Meningocócica C 2ª Dose
meningocócica C
Previne difteria, tétano,
coqueluche, hepatite B
6 meses Pentavalente 3ª Dose
e meningite e infecções
por HiB
Vacina Inativada Previne poliomielite ou
6 meses 3ª Dose
Poliomielite (VIP) paralisia infantil)
9 meses Febre Amarela Dose Única Previne a febre amarela
Previne sarampo,
12 meses Tríplice viral 1ª Dose
caxumba e rubéola
Previne pneumonia,
otite, meningite e
12 meses Pneumocócica 10 Valente Reforço outras doenças
causadas pelo
Pneumococo
Previne doença
12 meses Meningocócica C Reforço
meningocócica C
Difteria, tétano e
15 meses DTP 1° Reforço
coqueluche
Vacina Oral Poliomielite Previne poliomielite ou
15 meses 1° Reforço
(VOP) paralisia infantil
15 meses Hepatite A Dose Única
Previne sarampo,
Tetra viral ou tríplice viral +
15 meses Uma dose rubéola, caxumba e
varicela
varicela/catapora
Difteria, tétano e
4 anos DTP 2° Reforço
coqueluche
Vacina Oral Poliomielite Previne poliomielite ou
4 anos 2° Reforço
(VOP) paralisia infantil
Previne
4 anos Varicela atenuada
varicela/catapora)
A vacina está indicada
para grupos-alvo
específicos, como a
5 anos Pneumocócica 23 v uma dose
população indígena a
partir dos 5 (cinco) anos
de idade

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237
Previne o Papiloma
2 doses (meninas de 9 a
vírus humano que
9 anos HPV 14 anos e meninos de 11
causa cânceres e
a 14 anos)
verrugas genitais
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Adolescente

Idade Vacina Dose Doenças


Evitadas
Doença invasiva
1 reforço ou dose causada por Neisseria
10 e 19 anos Meningocócica C
única de 12 a 13 anos meningitidis do
sorogrupo C
10 e 19 anos Febre Amarela dose única
2 doses, a depender Previne sarampo,
10 e 19 anos Tríplice viral da situação vacinal caxumba e rubéola
anterior
Papiloma vírus
2 doses (meninas de
humano que causa
10 e 19 anos HPV 9 a 14 anos e meninos
cânceres e verrugas
de 11 a 14 anos)
genitais
1 dose a depender Previne
da situação vacinal - A pneumonia, otite,
Pneumocócica 23
10 a 19 anos vacina Pneumocócica meningite e outras
Valente
23V está indicada para doenças causadas
grupos-alvo específico pelo Pneumococo
Reforço a cada 10 previne difteria e
10 a 19 anos Dupla Adulto
anos tétano
3 doses, de acordo Previne hepatite B
10 a 19 anos Hepatite B
com a situação vacinal
http://portalms.saude.gov.br/saude-de-a-z/vacinacao/calendario-vacinacao

Adulto ao Idoso

Idade Vacina Dose Doenças


Evitadas
3 doses, de acordo Previne hepatite B
20 a 59 anos Hepatite B
com a situação vacinal
Previne febre
20 a 59 anos Febre Amarela dose única
amarela
2 doses, (20 a 29 Previne sarampo,
20 a 59 anos Tríplice viral anos) e 1 dose (30 a 49 caxumba e rubéola
anos)
Previne
pneumonia, otite,
Pneumocócica 23 1 dose a depender
20 a 59 anos meningite e outras
Valente da situação vacinal
doenças causadas
pelo Pneumococo
Reforço a cada 10 Previne difteria e
20 a 59 anos Dupla Adulto
anos tétano
3 doses, de acordo Previne hepatite B
60 anos ou mais Hepatite B
com a situação vacinal
dose única, verificar Previne febre
60 anos ou mais Febre Amarela
situação vacinal amarela
A vacina está Previne
Pneumocócica 23
60 anos ou mais indicada para grupos- pneumonia, otite,
valente
alvo específicos, como meningite e outras

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pessoas com 60 anos e doenças causadas
mais não vacinados que pelo Pneumococo) -
vivem acamados e/ou reforço a depender da
em instituições situação vacinal
fechadas
Reforço a cada 10 Previne difteria e
60 anos ou mais Dupla Adulto
anos tétano
http://portalms.saude.gov.br/saude-de-a-z/vacinacao/calendario-vacinacao

Gestante

Vacinas Dose Doenças Evitadas


Hepatite B 3 doses Previne hepatite B
Dupla Adulto (DT) 3 doses Previne difteria e tétano
dTpa (Tríplice bacteriana Uma dose a cada gestação a Previne difteria, tétano e
acelular do tipo adulto) partir da 20ª semana coqueluche
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Questões

01. (IF/ES - Enfermeiro - IF/ES/2019) O Programa Nacional de Imunizações (PNI) vem contribuindo
para a redução da morbimortalidade causada pelas doenças imunopreveníveis. Quanto às Normas e
Procedimentos para Vacinação, marque a resposta CORRETA:
(A) A Vacina DTP protege contra a hepatite B, tétano e coqueluche.
(B) Vacina meningocócica C é administrada via subcutânea.
(C) A vacina BCG é administrada por via intramuscular.
(D) A vacina tríplice viral protege contra o sarampo, a caxumba e a rubéola.
(E) A vacina tríplice viral deve ser administrada a 1ª dose aos 2 meses de vida.

02. (Prefeitura de Apodi/RN - Enfermeiro - FUNCERN/2019) Vacinas são preparações que, ao serem
introduzidas no organismo, desencadeiam uma reação do sistema imunológico estimulando a formação
de anticorpos e tornando o organismo imune a esse agente e às doenças por ele provocadas. Segundo
o atual calendário Nacional de Vacinação 2018/2019, para um lactante de 3 meses, o esquema vacinal
correto é:
(A) primeira dose da vacina Pneumocócica 10 Valente.
(B) dose única da vacina contra a Febre Amarela.
(C) primeira dose da vacina Tríplice Viral.
(D) primeira dose da vacina Meningocócica C.

03. (Prefeitura de Gramado/RS - Técnico em Enfermagem - FUNDATEC/2019) Além da vacina


contra a gripe, que por sua vez é administrada nas campanhas anuais de vacinação, o Calendário
Nacional de Vacinação do idoso indica 4 vacinas acima de 60 anos. Quais são elas?
(A) Hepatite A, hepatite B, tríplice viral e dupla adulto.
(B) Dupla adulto, hepatite B, febre amarela e pneumocócica.
(C) Meningocócica C, febre amarela, HPV e hepatite A.
(D) Hepatite A, dupla adulto, meningocócica e pneumocócica.
(E) Hepatite B, febre amarela, HPV e tríplice viral.

04. (TJ/SP - Enfermeiro Judiciário - VUNESP/2019) Em 31.01.2019, M.T., 30 anos, compareceu ao


ambulatório de saúde ocupacional a fim de realizar o exame admissional para ocupar o cargo de
assistente judiciário. Ao solicitar a carteira de vacinação, o enfermeiro observou os seguintes registros:

Diante dessa situação, de acordo com o calendário nacional de vacinação vigente, o enfermeiro deve

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239
(A) aplicar a terceira dose da vacina hepatite B, uma dose de reforço da vacina dupla adulto e a
segunda dose da vacina tríplice viral.
(B) aplicar a terceira dose da vacina hepatite B.
(C) aplicar a terceira dose da vacina hepatite B, a segunda dose da vacina febre amarela e a vacina
HPV, em dose única.
(D) reiniciar o esquema da vacinas dupla adulto e hepatite B, considerando inválidas as doses
aplicadas devido ao espaçamento entre elas.
(E) considerar que, para o momento, o esquema vacinal de M.T. está completo e correto.

05. (IF/TO - Técnico em Enfermagem - IF/TO/2019) As vacinas ofertadas na rotina dos serviços de
saúde são definidas nos calendários de vacinação, nos quais são estabelecidos: os tipos de vacina, o
número de doses do esquema básico e dos reforços, entre outros aspectos. Considerando o risco, a
vulnerabilidade e as especificidades sociais, o Programa Nacional de Imunização define calendários de
vacinação com orientações específicas para crianças, adolescentes, adultos, gestantes, idosos e
indígenas. No que se refere ao calendário vacinal das crianças, é correto afirmar que:
(A) Aos 2 meses de idade, a criança deverá receber a primeira dose das seguintes vacinas:
Pentavalente, vacina oral poliomielite (VOP), pneumocócica 10 valente, rotavírus.
(B) Aos 2 meses de idade, a criança deverá receber a segunda dose das seguintes vacinas:
Pentavalente, vacina inativada poliomielite (VIP), pneumocócica 10 valente, rotavírus.
(C) Aos 2 meses de idade, a criança deverá receber a primeira dose das seguintes vacinas:
Pentavalente, vacina inativada poliomielite (VIP), pneumocócica 10 valente, rotavírus.
(D) Aos 2 meses de idade, a criança deverá receber a primeira dose das seguintes vacinas:
Pentavalente, vacina oral poliomielite (VOP), pneumocócica 10 valente, meningocócica C.
(E) Aos 2 meses de idade, a criança deverá receber a primeira dose das seguintes vacinas:
Pentavalente, vacina oral poliomielite (VOP), pneumocócica 10 valente, hepatite B.

06. (UERJ - Técnico em Enfermagem - CEPUERJ/2019) Diante do cenário preocupante de queda


da imunização no Brasil, cabe ao técnico de enfermagem, como profissional de saúde, orientar a
população sobre qual doença determinada vacina pode prevenir. Sobre as vacinas contidas no Calendário
Nacional de Vacinação, é correto afirmar que:
(A) VOP Poliomielite previne paralisia infantil, estando recomendada 1ª dose com 2 meses
(B) BCG ID previne formas graves de tuberculose, estando recomendada dose única ao nascer
(C) Rotavírus Humano previne diarreia por Rotavírus, estando recomendada 1ª dose aos 6 meses
(D) SRC Tríplice Viral previne sarampo, rubéola e varicela, estando recomendada dose única aos 12
meses

07. (Câmara de Macapá/AP - Enfermeiro - FCC/2018) Uma mãe leva seu filho de 9 meses, com
esquema de vacinação correto para a idade, para receber a vacina indicada para esta faixa etária. De
acordo com o Calendário Nacional de Vacinação, a referida criança deverá receber, nesse dia, a dose
única da vacina
(A) contra Febre Amarela.
(B) BCG.
(C) contra Hepatite A.
(D) Tetra Viral.
(E) contra Hepatite B.

08. (Prefeitura de João Pessoa/PB - Enfermeiro - AOCP/2018) Um recém-nascido, sexo masculino,


estatura 48 cm, peso 3.800 kg, segundo calendário nacional de vacinas do ministério da saúde, deve ser
imunizado com a(s) seguinte(s) vacina(s):
(A) BCG.
(B) Hepatite B.
(C) BCG e hepatite B.
(D) BCG, Penta/DTP e pneumocócica 10V.

09. (UFPR - Técnico em Enfermagem - UFPR/2018) A Rede de Frio visa assegurar adequado
transporte, armazenamento e distribuição de imunobiológicos. Com o objetivo de manter a potência
imunogênica, as vacinas devem ser mantidas em temperatura adequada. Nesse contexto, o limiar de
temperatura e a temperatura ideal são, respectivamente, de:
(A) -1 °C a +6 °C e +2 °C.

Apostila gerada especialmente para: Amanda Mendonça 072.848.243-60


240
(B) +1 °C a +5 °C e +3 °C.
(C) +1 °C a +8 °C e +6 °C.
(D) +2 °C a +10 °C e +4 °C.
(E) +2 °C a +8 °C e +5 °C.

10. (Prefeitura de Juiz de Fora/MG - Enfermeiro - AOCP/2018) O Programa Nacional de Imunizações


(PNI) organiza toda a política nacional de vacinação da população brasileira e tem como missão
(A) vacinar todas as crianças de todo território Nacional até 2020.
(B) o controle, a erradicação e a eliminação de doenças imunopreveníveis.
(C) vacinar crianças e adultos vulneráveis.
(D) o controle de doenças imunossupressoras.
(E) vacinar crianças e idosos combatendo as doenças de risco controlável.

Gabarito

01. D / 02.D / 03.B / 04.B / 05.C / 06.B / 07.A / 08.C / 09.E / 10.B

Comentários

01. Resposta: D
A vacina combinada dos vírus atenuados é administrada por via SC. O PNI prevê uma dose da vacina
do sarampo, caxumba e rubéola (SCR), tríplice viral, aos 12 meses, e uma dose da vacina do sarampo,
caxumba, rubéola e varicela (SCRV), tetraviral, aos 15 meses; caso a vacina da tríplice viral esteja em
atraso, deve-se administrar a tríplice viral e a tetraviral com intervalo de 30 dias entre as doses.

02. Resposta: D
De acordo com o Calendário Nacional de Vacinação de Crianças aos três meses contempla a primeira
dose da vacina Meningocócica C.

03. Resposta: B
De acordo com o Calendário Nacional de Vacinação do idoso, quatro vacinas são indicadas acima de
60 anos, são elas: Hepatite B, Febre Amarela, pneumocócica 23 valente e Dupla Adulto, além da vacina
da gripe.

04. Resposta: B
De acordo com o Calendário Nacional de Vacinação vigente, o adulto M.T. de 30 anos deverá receber
a terceira dose da vacina hepatite B, pois o esquema vacinal está incompleto e não deverá ser reiniciado,
apenas completá-lo conforme situação encontrada. O reforço da dupla adulto é a cada 10 anos, a tríplice
viral é de 1 dose a partir dos 30 anos, a febre amarela é dose única.

05. Resposta: C
De acordo com o Calendário Nacional de Vacinação de Crianças aos dois meses contempla as
seguinte vacinas: Pentavalente, Vacina Inativada Poliomielite (VIP), Pneumocócica 10 Valente e
Rotavírus.

06. Resposta: B
A vacina da tuberculose (TB) é uma vacina obtida por atenuação do Mycobacterium bovis e conhecida
como BCG. É indicada para prevenir as formas graves (miliar e meníngea) de TB em crianças menores
de 5 anos (principalmente no 1° ano, incluindo as indígenas).
Idade de aplicação: de preferência, nas primeiras 12 horas após o nascimento, ainda na maternidade,
ou na primeira visita à unidade de saúde, de preferência no 1° mês de vida. A vacina é disponibilizada
rotineiramente para crianças até 4 anos, 11 meses e 29 dias ainda não vacinadas. A BCG é dose única.

07. Resposta: A
De acordo com o Calendário Nacional de Vacinação, a criança aos nove anos de idade, deverá receber
uma dose da vacina contra febre amarela.

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08. Resposta: C
De acordo com o Calendário Nacional de Vacinação ao nascer as seguintes vacinas deverão ser
administradas: BCG (Bacilo Calmette-Guerin) e Hepatite B.

09. Resposta: E
Na sala de vacinação, todas as vacinas devem ser armazenadas entre +2ºC e +8ºC, sendo ideal +5ºC.

10. Resposta: B
Programa Nacional de Imunizações (PNI), tem como missão organizar a Política Nacional de
Vacinação, contribuindo para o controle, a eliminação e/ou erradicação de doenças imunopreveníveis.
Está vinculado ao Sistema Único de Saúde, sendo coordenado pelo Ministério da Saúde de forma
compartilhada com as Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde.

Aleitamento materno

DESENVOLVIMENTO HUMANO (NUTRIÇÃO E ALEITAMENTO MATERNO)5051

Amamentar é muito mais do que nutrir a criança, é um processo que envolve interação profunda entre
mãe e filho, com repercussões no estado nutricional da criança, em sua habilidade de se defender de
infecções, em sua fisiologia e no seu desenvolvimento cognitivo e emocional, além de ter implicações na
saúde física e psíquica da mãe.
Apesar de todas as evidências científicas provando a superioridade da amamentação sobre outras
formas de alimentar a criança pequena - e apesar dos esforços de diversos organismos nacionais e
internacionais - as taxas de aleitamento materno no Brasil, em especial as de amamentação exclusiva,
estão bastante aquém do recomendado, e o profissional de saúde tem um papel fundamental na reversão
desse quadro.
Mas, para isso, ele precisa estar preparado, pois, por mais competente que seja quanto aos aspectos
técnicos relacionados à lactação, o seu trabalho de promoção e apoio ao aleitamento materno não será
bem-sucedido se ele não tiver um olhar atento, abrangente, sempre levando em consideração os aspectos
emocionais, a cultura familiar, a rede social de apoio à mulher, entre outros.
Esse olhar, necessariamente, deve reconhecer a mulher como protagonista do seu processo de
amamentar, valorizando-a, escutando-a e empoderando-a.
Portanto, cabe ao profissional de saúde identificar e compreender o processo do aleitamento materno
no contexto sociocultural e familiar e, a partir dessa compreensão, cuidar tanto da dupla mãe/bebê como
da família destes. É necessário que busque formas de interagir com a população para informá-la sobre a
importância de adotar uma prática saudável de aleitamento materno.
O profissional precisa estar preparado para prestar uma assistência eficaz, solidária, integral e
contextualizada, que respeite o saber e a história de vida de cada mulher e que a ajude a superar medos,
dificuldades e inseguranças.
Apesar de a maioria dos profissionais de saúde considerar-se favorável ao aleitamento materno,
muitas mulheres se mostram insatisfeitas com o tipo de apoio recebido. Isso pode ser devido às
discrepâncias entre percepções do que é apoio na amamentação.
As mães que estão amamentando querem suporte ativo (inclusive o emocional), bem como
informações precisas para se sentirem confiantes, mas o suporte oferecido pelos profissionais costuma
ser mais passivo, reativo. Se o profissional de saúde realmente quer apoiar o aleitamento materno, precisa
entender que tipo de apoio, informação e interação as mães desejam, precisam ou esperam dele.

Políticas Públicas de Incentivo ao Aleitamento Materno

O aleitamento materno é a mais sábia estratégia natural de vínculo, afeto, proteção e nutrição para a
criança e constitui a mais sensível, econômica e eficaz intervenção para redução da morbimortalidade
infantil. Permite, ainda, um grandioso impacto na promoção da saúde integral da dupla mãe/bebê e
regozijo de toda a sociedade.

50
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_crianca_nutricao_aleitamento_alimentacao.pdf
51
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_crianca_crescimento_desenvolvimento.pdf

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242
Se a manutenção do aleitamento materno é vital, a introdução de alimentos seguros, acessíveis e
culturalmente aceitos na dieta da criança, em época oportuna e de forma adequada, é de notória
importância para o desenvolvimento sustentável e equitativo de uma nação, para a promoção da
alimentação saudável em consonância com os direitos humanos fundamentais e para a prevenção de
distúrbios nutricionais de grande impacto em Saúde Pública.
Porém, a implementação das ações de proteção e promoção do aleitamento materno e da adequada
alimentação complementar dependem de esforços coletivos intersetoriais e constituem enorme desafio
para o sistema de saúde, numa perspectiva de abordagem integral e humanizada.
Na Atenção Primária à Saúde (APS) continua uma forte preocupação com a primeira semana de vida
da criança. Na APS espera-se garantir uma visita domiciliar do agente de saúde ao binômio mãe e RN no
contexto da família, para orientação de todos sobre o cuidado de ambos, bem como para ofertar as ações
programadas para a primeira semana de saúde na APS, se possível oportunizando tudo para uma mesma
data: consultas para ambos (mãe e RN), estimulando a presença do pai sempre que possível, apoio ao
aleitamento materno, imunizações, coleta de sangue para o teste do pezinho, etc.
Depois, até a criança completar 2 anos, o objetivo é um acompanhamento - realizado pela equipe de
saúde (inclusive com busca de faltosos) - cuidadoso de seu crescimento e desenvolvimento, com um
olhar biopsicossocial não só para a criança, mas também para as condições do contexto de saúde e de
vida de sua mãe e família, inclusive com as articulações intersetoriais, no território, necessárias para o
projeto terapêutico de cada criança/família.
A prioridade da atenção à criança até 2 anos, prevista na Rede Cegonha, veio se somar ao recente
lançamento - realizado pelo governo federal - do “Brasil Carinhoso”, um conjunto de ações interministeriais
envolvendo saúde, educação, assistência social pela Primeira Infância Brasileira.
A proposta é a proteção e o fomento ao desenvolvimento integral da criança neste período crítico e
sensível da primeira infância.

Os principais objetivos da primeira visita domiciliar ao recém-nascido e à sua família são os seguintes:
- Observar as relações familiares;
- Facilitar o acesso ao serviço de saúde;
- Possibilitar ou fortalecer o vínculo das famílias com as equipes de saúde;
- Escutar e oferecer suporte emocional nessa etapa de crise vital da família (nascimento de um filho);
- Estimular o desenvolvimento da parentalidade;
- Orientar a família sobre os cuidados com o bebê;
- Identificar sinais de depressão puerperal;
- Promover o aleitamento materno exclusivo até o 6.º mês de vida;
- Prevenir lesões não intencionais; e
- Identificar sinais de perigo à saúde da criança.

A primeira consulta do recém-nascido deverá ocorrer na sua primeira semana de vida (BRASIL;
SOCIEDADE), que constitui um momento propício para estimular e auxiliar a família nas dificuldades do
aleitamento materno exclusivo, para orientar e realizar imunizações, verificar a realização da triagem
neonatal (teste do pezinho) e estabelecer ou reforçar a rede de apoio à família.
A primeira semana de saúde integral, preconizada pela publicação “Agenda de Compromissos para a
Saúde Integral da Criança e Redução da Mortalidade Infantil”, editada pelo Ministério da Saúde (BRASIL),
lembra, ainda, da importância da verificação da Caderneta de Saúde da Criança, da identificação de
riscos e vulnerabilidades ao nascer e da avaliação da saúde da puérpera.

Avalie a presença de situações de risco e vulnerabilidade à saúde do recém-nascido. Situações de


vulnerabilidade:
- Criança residente em área de risco;
- Baixo peso ao nascer (inferior a 2.500g);
- Prematuridade (menos de 37 semanas gestacionais);
- Asfixia grave ou Apgar menor do que 7 no 5.º minuto;
- Internações/intercorrências;
- Mãe com menos de 18 anos de idade;
- Mãe com baixa escolaridade (menos de oito anos de estudo);
- História familiar de morte de criança com menos de 5 anos de idade.

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243
Outras situações reconhecidas de vulnerabilidade:
- Aleitamento materno ausente ou não exclusivo, gestação gemelar, malformação congênita, mais do
que três filhos morando juntos, ausência de pré-natal, problemas familiares e socioeconômicos que
interfiram na saúde da criança, problemas específicos da criança que interfiram na sua saúde, não
realização de vacinas, identificação de atraso no desenvolvimento (PORTO ALEGRE, 2004) e suspeita
ou evidência de violência.

Entre as situações familiares consideradas de vulnerabilidade, encontram-se as seguintes:


- Gravidez de alto risco ou eventos traumáticos para a mãe durante a gestação;
- Presença de rupturas e conflitos do casal quando da descoberta da gravidez, separações e lutos na
família;
- Mãe em situação de sofrimento agudo ou diagnóstico de doença mental, parto difícil ou traumático;
- Pais com dificuldades de assumir a parentalidade (tornar-se pai e tornar-se mãe) e famílias com
problemas múltiplos (drogadição, alcoolismo, pobreza, condições crônicas) (PORTO ALEGRE; CORRÊA
FILHO; CORRÊA; FRANÇA).
A criança que é alimentada somente com leite materno até os 6 meses de vida apresenta menor
morbidade. Por isso, maiores são os efeitos benéficos à sua saúde (DEMOTT et al.). Estimule a
amamentação, orientando a livre demanda (frequência e duração), e não prescreva suplementação
desnecessária com outros leites (ibidem). Estas são algumas das orientações que serão mais bem
abordadas em capítulo específico sobre a alimentação saudável.
Em relação ao uso de chupetas (“bicos”), atualmente, a introdução desse hábito tem sido
desaconselhada devido à possibilidade de interferir, negativamente, na duração do aleitamento materno,
entre outros motivos - que são abordados no capítulo 11, sobre saúde bucal.
Embora não haja dúvidas de que o desmame precoce ocorra com mais frequência entre as crianças
que usam chupeta, ainda não são totalmente conhecidos os mecanismos envolvidos nessa associação
(BRASIL).

Incentivo ao Aleitamento Materno


O aleitamento natural no decorrer dos anos tem se constituído tema fundamental para a garantia da
saúde da criança. Este se traduz na edificação de três importantes pilares erguidos sob a ótica da
promoção, da proteção e do apoio ilimitado e reforçado à mulher, começando no início da gestação.
Iniciar bem a vida é fundamental e pode acontecer somente se houver condição favorável para a
prática da alimentação saudável acompanhada pela afetividade e pelo bem-estar proporcionados pela
amamentação.
São inúmeras, inegáveis e inquestionáveis as vantagens da amamentação para a criança, sua mãe, a
família e a sociedade. A amamentação quando praticada de forma exclusiva até os seis meses e
complementada com alimentos apropriados até os dois anos de idade ou mais, demonstra grande
potencial transformador no crescimento, desenvolvimento e prevenção de doenças na infância e idade
adulta.
As evidências científicas atuais comprovam que o leite humano proporciona um melhor
desenvolvimento infantil. Por essas e outras razões é prioridade o desenvolvimento das várias ações de
promoção da amamentação.

Estímulo ao aleitamento materno nas unidades básicas de saúde: pré-natal


As equipes de atenção básica devem estar capacitadas para acolher precocemente a gestante,
garantindo orientação apropriada quanto aos benefícios da amamentação para mãe, a criança, a família
e a sociedade. A abordagem durante o pré-natal é de fundamental importância para as orientações sobre
como o leite é produzido, a importância da amamentação precoce e sob livre demanda.
A importância do alojamento conjunto, os riscos do uso de chupetas, mamadeiras e qualquer tipo de
bico artificial; orientação quanto ao correto posicionamento da criança e pega da aréola; como realizar a
ordenha manual do leite, como guardá-lo e/ou doá-lo; como superar dificuldades como o ingurgitamento
mamário, oferecer apoio emocional e estimular a troca de experiências, dedicar tempo e ouvir suas
dúvidas, preocupações e dificuldades.
Ajudando, assim, a aumentar sua autoconfiança para a capacidade de amamentar e envolver os
familiares e a comunidade nesse processo.

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O Leite Materno
Leite materno se refere ao leite produzido pela mulher e é utilizado para alimentar seu bebê através
do aleitamento. É ele a primeira e principal fonte de nutrição dos recém-nascidos até que se tornem aptos
a comer e digerir os alimentos sólidos.
O leite materno é de fundamental importância para a saúde das crianças nos seis primeiros meses de
vida, por ser um alimento completo, fornecendo componentes para hidratação (água) e fatores de
desenvolvimento e proteção como anticorpos, leucócitos (glóbulos brancos), macrófago, laxantes, lipase,
lisozimas, fibronectinas, ácidos graxos, gama-interferon, neutrófilos, fator bifidus e outros contra infecções
comuns da infância, isento de contaminação e perfeitamente adaptado ao metabolismo da criança.
Já foi demonstrado que a complementação do leite materno com água ou chás é desnecessária,
inclusive em dias secos e quentes. Recém-nascidos normais nascem suficientemente hidratados para
não necessitar de líquidos, além do leite materno, apesar da pouca ingestão de colostro nos dois ou três
primeiros dias de vida.
O leite humano, em virtude das suas propriedades anti-infecciosas, protege as crianças contra
infecções desde os primeiros dias de vida. Além de diminuir o número de episódios de diarreia, encurta
o período da doença quando ela ocorre e diminui o risco de desidratação. O leite humano é fonte completa
de nutrientes para o lactente amamentado exclusivamente no seio até os seis meses de vida.
A composição química do leite materno atende também às condições particulares de digestão e do
metabolismo neste período de vida do recém-nascido.
Vários são os fatores que podem determinar variações na composição do leite materno, como: estágio
de lactação, parto prematuro, tempo de gestação, esvaziamento da mama, hora e intervalo entre as
mamadas, grau de pressão utilizado para extrair o leite, método e horário de coleta das amostras, técnicas
de análise laboratorial, intervalo entre as gestações e a ingestão de álcool ou drogas.

Componentes do Leite Materno


O leite humano fornece em torno de 70Kcal/100ml. Os lipídios fornecem 51% da energia total do leite,
carboidratos 43 % e proteína 6%. Os lipídios além de fornecerem energia, também apresentam
importantes papéis fisiológicos e estruturais, além de ser o veículo para entrada das vitaminas
lipossolúveis do leite. Lactose é o carboidrato predominante do leite.
A presença de lactose no leite humano auxilia a proliferação dos Lactobacillus bifidus que por inibir o
crescimento de microrganismos gram-negativos impede o aparecimento de infecções intestinais. O leite
humano é o que contém o menor teor de proteínas, sendo o teor maior no colostro - primeira secreção da
glândula mamária (15,8g/l).
As proteínas do leite são divididas em caseína e proteínas do soro. A maior quantidade de proteínas
do leite de vaca (82%) está na forma de caseína, enquanto que no leite humano maduro o teor de caseína
não ultrapassa 25% das proteínas totais.
A caseína é uma proteína importante como provedora de aminoácidos livres ao lactente, além de cálcio
e fósforo que são constituintes de suas micelas. Já as proteínas do soro do leite (lactoferrina,
imunoglobulinas), são essenciais para a proteção do recém-nascido.
A maioria das vitaminas está presente em quantidades adequadas no leite humano. Apesar de o leite
de vaca conter algumas vitaminas em quantidades superiores ao leite materno, o aquecimento, a
exposição à luz e ao ar inativam e destroem a maioria delas.
O teor de eletrólitos do leite de vaca é três a quatro vezes superior ao do leite materno e, associado
ao alto teor de proteínas, pode provocar uma sobrecarga renal que pode levar à retenção de sódio, hiper
osmolaridade e aumento da sensação de sede. Esta sede pode ser interpretada como fome, e mais leite
é oferecido à criança.
O ferro está presente em concentrações semelhantes no leite humano e no leite de vaca, porém
apresenta melhor disponibilidade no primeiro. A lactoferrina, proteína que se liga ao ferro no leite humano,
reduz a quantidade de ferro livre, inibindo a multiplicação bacteriana.

Composição do leite materno (100ml)


- Energia - 70 kcal
- Proteína - 1,1 g
- Caseína: albumina - 40:60
- Lipídios - 4,2g
- Carboidrato - 7g
- Vitamina A - 190 mcg
- Vitamina D - 2,2 mcg
- Vitamina E - 0,18 mg

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- Vitamina K - 1,5 mcg
- Vitamina C - 4,3 mg
- Tiamina - 16 mcg
- Riboflavina - 36 mcg
- Niacina - 147 mcg
- Piridoxina - 10 mcg
- Folato - 5,2 mcg
- Vitamina B12 - 0,03 mcg
- Cálcio - 34 mg
- Fósforo - 14 mg
- Ferro - 0,05 mg
- Zinco - 0,3 mg
- Água - 87,1 ml
- Sódio - 0,7 mEq
- Cloro - 1,1 mEq
- Potássio - 1,3 mEq

Dieta e Sabor do Leite materno


O leite materno reflete diretamente os sabores dos alimentos ingeridos pela mãe, tais como alho,
hortelã, álcool, baunilha entre outros. A exposição a estes fatores parece ser um fator determinante na
aceitação de alimentos após o desmame, levando a criança a preferir os sabores já conhecidos.

Tipos de Aleitamento Materno


É muito importante conhecer e utilizar as definições de aleitamento materno adotadas pela
Organização Mundial da Saúde (OMS) e reconhecidas no mundo inteiro (WORLD HEALTH
ORGANIZATION). Assim, o aleitamento materno costuma ser classificado em:
- Aleitamento materno exclusivo - quando a criança recebe somente leite materno, direto da mama ou
ordenhado, ou leite humano de outra fonte, sem outros líquidos ou sólidos, com exceção de gotas ou
xaropes contendo vitaminas, sais de reidratação oral, suplementos minerais ou medicamentos.
- Aleitamento materno predominante - quando a criança recebe, além do leite materno, água ou
bebidas à base de água (água adocicada, chás, infusões), sucos de frutas e fluidos rituais;
- Aleitamento materno - quando a criança recebe leite materno (direto da mama ou ordenhado),
independentemente de receber ou não outros alimentos.
- Aleitamento materno complementado - quando a criança recebe, além do leite materno, qualquer
alimento sólido ou semissólido com a finalidade de complementá-lo, e não de substituí-lo. Nessa categoria
a criança pode receber, além do leite materno, outro tipo de leite, mas este não é considerado alimento
complementar.
- Aleitamento materno misto ou parcial - quando a criança recebe leite materno e outros tipos de leite.

Duração da Amamentação
Vários estudos sugerem que a duração da amamentação na espécie humana seja, em média, de dois
a três anos, idade em que costuma ocorrer o desmame naturalmente (KENNEDY).
A Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde recomendam aleitamento materno
exclusivo por seis meses e complementado até os dois anos ou mais.
Não há vantagens em se iniciar os alimentos complementares antes dos seis meses, podendo,
inclusive, haver prejuízos à saúde da criança, pois a introdução precoce de outros alimentos está
associada a:
- Maior número de episódios de diarreia;
- Maior número de hospitalizações por doença respiratória;
- Risco de desnutrição se os alimentos introduzidos forem nutricionalmente inferiores ao leite materno,
como, por exemplo, quando os alimentos são muito diluídos;
- Menor absorção de nutrientes importantes do leite materno, como o ferro e o zinco;
- Menor eficácia da lactação como método anticoncepcional;
- Menor duração do aleitamento materno.

No segundo ano de vida, o leite materno continua sendo importante fonte de nutrientes. Estima-se que
dois copos (500ml) de leite materno no segundo ano de vida fornecem 95% das necessidades de vitamina
C, 45% das de vitamina A, 38% das de proteína e 31% do total de energia. Além disso, o leite materno
continua protegendo contra doenças infecciosas.

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Uma análise de estudos realizados em três continentes concluiu que, quando as crianças não eram
amamentadas no segundo ano de vida, elas tinham uma chance quase duas vezes maior de morrer por
doença infecciosa quando comparadas com crianças amamentadas. (WORLD HEALTH
ORGANIZATION)

Importância do Aleitamento Materno


Já está devidamente comprovada, por estudos científicos, a superioridade do leite materno sobre os
leites de outras espécies. São vários os argumentos em favor do aleitamento materno.

Evita mortes infantis


Graças aos inúmeros fatores existentes no leite materno que protegem contra infecções, ocorrem
menos mortes entre as crianças amamentadas. Estima-se que o aleitamento materno poderia evitar 13%
das mortes em crianças menores de 5 anos em todo o mundo, por causas preveníveis (JONES et al.).
Nenhuma outra estratégia isolada alcança o impacto que a amamentação tem na redução das mortes
de crianças menores de 5 anos. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Unicef, em torno
de seis milhões de vidas de crianças estão sendo salvas a cada ano por causa do aumento das taxas de
amamentação exclusiva.
No Brasil, em 14 municípios da Grande São Paulo, a estimativa média de impacto da amamentação
sobre o Coeficiente de Mortalidade Infantil foi de 9,3%, com variações entre os municípios de 3,6% a
13%. (ESCUDER; VENÂNCIO; PEREIRA)
A proteção do leite materno contra mortes infantis é maior quanto menor é a criança. Assim, a
mortalidade por doenças infecciosas é seis vezes maior em crianças menores de 2 meses não
amamentadas, diminuindo à medida que a criança cresce, porém ainda é o dobro no segundo ano de
vida (WORLD HEALTH ORGANIZATION). É importante ressaltar que, enquanto a proteção contra mortes
por diarreia diminui com a idade, a proteção contra mortes por infecções respiratórias se mantém
constante nos primeiros dois anos de vida.
Em Pelotas (RS), as crianças menores de 2 meses que não recebiam leite materno tiveram uma
chance quase 25 vezes maior de morrer por diarreia e 3,3 vezes maior de morrer por doença respiratória,
quando comparadas com as crianças em aleitamento materno que não recebiam outro tipo de leite. Esses
riscos foram menores, mas ainda significativos (3,5 e 2 vezes, respectivamente) para as crianças entre 2
e 12 meses. (VICTORIA et al.)
A amamentação previne mais mortes entre as crianças de menor nível socioeconômico. Enquanto
para os bebês de mães com maior escolaridade o risco de morrerem no primeiro ano de vida era 3,5
vezes maior em crianças não amamentadas, quando comparadas com as amamentadas, para as
crianças de mães com menor escolaridade, esse risco era 7,6 vezes maior (WORLD HEALTH
ORGANIZATION). Mas mesmo nos países mais desenvolvidos o aleitamento materno previne mortes
infantis. Nos Estados Unidos, por exemplo, calcula-se que o aleitamento materno poderia evitar, a cada
ano, 720 mortes de crianças menores de um ano. (CHEN; ROGAN)
Um estudo demonstrou que a amamentação na primeira hora de vida pode ser um fator de proteção
contra mortes neonatais. (EDMOND et al.)

Evita Diarreia
Há fortes evidências de que o leite materno protege contra a diarreia, principalmente em crianças mais
pobres. É importante destacar que essa proteção pode diminuir quando o aleitamento materno deixa de
ser exclusivo. Oferecer à criança amamentada água ou chás, prática considerada inofensiva até pouco
tempo atrás, pode dobrar o risco de diarreia nos primeiros seis meses. (BROWN et al.; POPKIN et al.)
Além de evitar a diarreia, a amamentação também exerce influência na gravidade dessa doença.
Crianças não amamentadas têm um risco três vezes maior de desidratarem e de morrerem por diarreia
quando comparadas com as amamentadas. (VICTORIA et al.)

Evita infecção Respiratória


A proteção do leite materno contra infecções respiratórias foi demonstrada em vários estudos
realizados em diferentes partes do mundo, inclusive no Brasil. Assim como ocorre com a diarreia, a
proteção é maior quando a amamentação é exclusiva nos primeiros seis meses. Além disso, a
amamentação diminui a gravidade dos episódios de infecção respiratória.
Em Pelotas (RS), a chance de uma criança não amamentada internar por pneumonia nos primeiros
três meses foi 61 vezes maior do que em crianças amamentadas exclusivamente (CESAR et al.). Já o
risco de hospitalização por bronquiolite foi sete vezes maior em crianças amamentadas por menos de um
mês. (ALBERNAZ; MENEZES; CESAR)

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O aleitamento materno também previne otites. (TEELE; KLEIN; ROSNER)

Diminui o risco de Alergias


Estudos mostram que a amamentação exclusiva nos primeiros meses de vida diminui o risco de alergia
à proteína do leite de vaca, de dermatite atópica e de outros tipos de alergias, incluindo asma e sibilos
recorrentes (VAN ODIJK et al.). Assim, retardar a introdução de outros alimentos na dieta da criança pode
prevenir o aparecimento de alergias, principalmente naquelas com histórico familiar positivo para essas
doenças.
A exposição a pequenas doses de leite de vaca nos primeiros dias de vida parece aumentar o risco de
alergia ao leite de vaca. Por isso é importante evitar o uso desnecessário de fórmulas lácteas nas
maternidades.

Diminui o risco de hipertensão, colesterol alto e diabetes


Há evidências sugerindo que o aleitamento materno apresenta benefícios em longo prazo. A OMS
publicou importante revisão sobre evidências desse efeito (HORTA et al., 2007). Essa revisão concluiu
que os indivíduos amamentados apresentaram pressões sistólica e diastólica mais baixas (-1,2mmHg e -
0,5mmHg, respectivamente), níveis menores de colesterol total (-0,18mmol/L) e risco 37% menor de
apresentar diabetes tipo 2.
Não só o indivíduo que é amamentado adquire proteção contra diabetes, mas também a mulher que
amamenta. Foi descrita uma redução de 15% na incidência de diabetes tipo 2 para cada ano de lactação
(STUEBE et al.). Atribui-se essa proteção a uma melhor homeostase da glicose em mulheres que
amamentam.
A exposição precoce ao leite de vaca (antes dos quatro meses) é considerada um importante
determinante do Diabetes mellitus Tipo I, podendo aumentar o risco de seu aparecimento em 50%.
Estima-se que 30% dos casos poderiam ser prevenidos se 90% das crianças até três meses não
recebessem leite de vaca. (GERSTEIN)

Reduz a chance de Obesidade


A maioria dos estudos que avaliaram a relação entre obesidade em crianças maiores de 3 anos e tipo
de alimentação no início da vida constatou menor frequência de sobrepeso/obesidade em crianças que
haviam sido amamentadas. Na revisão da OMS sobre evidências do efeito do aleitamento materno em
longo prazo, os indivíduos amamentados tiveram uma chance 22% menor de vir a apresentar
sobrepeso/obesidade (DEWEY).
É possível também que haja uma relação dose/resposta com a duração do aleitamento materno, ou
seja, quanto maior o tempo em que o indivíduo foi amamentado, menor será a chance de ele vir a
apresentar sobrepeso/obesidade.
Entre os possíveis mecanismos implicados a essa proteção, encontram-se um melhor
desenvolvimento da auto regulação de ingestão de alimentos das crianças amamentadas e a composição
única do leite materno participando no processo de “programação metabólica”, alterando, por exemplo, o
número e/ou tamanho das células gordurosas ou induzindo o fenômeno de diferenciação metabólica.
Foi constatado que o leite de vaca altera a taxa metabólica durante o sono de crianças amamentadas,
podendo esse fato estar associado com a “programação metabólica” e o desenvolvimento de obesidade.
(HAISMA et al., 2005)

Melhor Nutrição
Por ser da mesma espécie, o leite materno contém todos os nutrientes essenciais para o crescimento
e o desenvolvimento ótimos da criança pequena, além de ser mais bem digerido, quando comparado com
leites de outras espécies.
O leite materno é capaz de suprir, sozinho, as necessidades nutricionais da criança nos primeiros seis
meses e continua sendo uma importante fonte de nutrientes no segundo ano de vida, especialmente de
proteínas, gorduras e vitaminas.

Efeito positivo na Inteligência


Há evidências de que o aleitamento materno contribui para o desenvolvimento cognitivo. A maioria dos
estudos conclui que as crianças amamentadas apresentam vantagem nesse aspecto, quando
comparadas com as não amamentadas, principalmente as com baixo peso de nascimento. Essa
vantagem foi observada em diferentes idades, (ANDERSON; JOHNSTONE; REMLEY) inclusive em
adultos (HORTENSEN et al.).

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Os mecanismos envolvidos na possível associação entre aleitamento materno e melhor
desenvolvimento cognitivo ainda não são totalmente conhecidos. Alguns defendem a presença de
substâncias no leite materno que otimizam o desenvolvimento cerebral; outros acreditam que fatores
comportamentais ligados ao ato de amamentar e à escolha do modo como alimentar a criança são os
responsáveis.

Melhor desenvolvimento da Cavidade Bucal


O exercício que a criança faz para retirar o leite da mama é muito importante para o desenvolvimento
adequado de sua cavidade oral, propiciando uma melhor conformação do palato duro, o que é
fundamental para o alinhamento correto dos dentes e uma boa oclusão dentária.
Quando o palato é empurrado para cima - o que ocorre com o uso de chupetas e mamadeiras - o
assoalho da cavidade nasal se eleva, com diminuição do tamanho do espaço reservado para a passagem
do ar, prejudicando a respiração nasal.
Assim, o desmame precoce pode levar à ruptura do desenvolvimento motor-oral adequado, podendo
prejudicar as funções de mastigação, deglutição, respiração e articulação dos sons da fala, ocasionar má-
oclusão dentária, respiração bucal e alteração motora-oral.

Proteção contra câncer de mama


Já está bem estabelecida a associação entre aleitamento materno e redução na prevalência de câncer
de mama. Estima-se que o risco de contrair a doença diminua 4,3% a cada 12 meses de duração de
amamentação (COLLABORATIVE GROUP ON HORMONAL FACTORS IN BREAST CANCER, 2002).
Essa proteção independe de idade, etnia, paridade e presença ou não de menopausa.

Evita nova Gravidez


A amamentação é um excelente método anticoncepcional nos primeiros seis meses após o parto (98%
de eficácia), desde que a mãe esteja amamentando exclusiva ou predominantemente e ainda não tenha
menstruado (GRAY et al., 1990). Estudos comprovam que a ovulação nos primeiros seis meses após o
parto está relacionada com o número de mamadas; assim, as mulheres que ovulam antes do sexto mês
após o parto em geral amamentam menos vezes por dia que as demais.

Menores custos financeiros


Não amamentar pode significar sacrifícios para uma família com pouca renda. Em 2004, o gasto médio
mensal com a compra de leite para alimentar um bebê nos primeiros seis meses de vida no Brasil variou
de 38% a 133% do salário mínimo, dependendo da marca da fórmula infantil. A esse gasto devem-se
acrescentar custos com mamadeiras, bicos e gás de cozinha, além de eventuais gastos decorrentes de
doenças, que são mais comuns em crianças não amamentadas.

Promoção do vínculo afetivo entre mãe e filho


Acredita-se que a amamentação traga benefícios psicológicos para a criança e para a mãe. Uma
amamentação prazerosa, os olhos nos olhos e o contato contínuo entre mãe e filho, certamente,
fortalecem os laços afetivos entre eles, oportunizando intimidade, troca de afeto e sentimentos de
segurança e de proteção na criança e de autoconfiança e de realização na mulher.
Amamentação é uma forma muito especial de comunicação entre a mãe e o bebê e uma oportunidade
de a criança aprender muito cedo a se comunicar com afeto e confiança.

Melhor qualidade de vida


O aleitamento materno pode melhorar a qualidade de vida das famílias, uma vez que as crianças
amamentadas adoecem menos, necessitam de menos atendimento médico, hospitalizações e
medicamentos, o que pode implicar menos faltas ao trabalho dos pais, bem como menos gastos e
situações estressantes. Além disso, quando a amamentação é bem-sucedida, mães e crianças podem
estar mais felizes, com repercussão nas relações familiares e, consequentemente, na qualidade de vida
dessas famílias.

Aleitamento Materno e Aspectos Epidemiológicos do Aleitamento Materno no Brasil

Uma alimentação saudável se inicia com o aleitamento materno (BRASIL), que isoladamente é capaz
de nutrir de modo adequado a criança nos primeiros 6 meses de vida (SOCIEDADE; MONTE; GIUGLIANI;
WHO; KRAMER; KAKUMA; DEWEY et al.; EUROPEAN). Já a partir dos 6 meses de vida, devem ser
introduzidos alimentos complementares ao aleitamento materno, por dois anos ou mais (WHO).

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A situação do aleitamento materno no Brasil tem melhorado. Estudos mostram que a tendência de
aumento da prática da amamentação é progressiva e persistente, porém ainda há espaço para melhorias
(SENA; SILVA; PEREIRA).
Resultados da Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher (PNDS) de 2006
serão descritos a seguir. Tais conclusões possibilitam uma avaliação da prática de aleitamento materno
no Brasil. Embora 96% das crianças menores de 60 meses tenham sido amamentadas alguma vez, a
PNDS de 2006 mostra que ainda falta muito para se alcançar, no Brasil, o padrão de aleitamento materno
recomendado pelos organismos de saúde internacionais e nacionais.
Entre as mães entrevistadas, 43% relataram ter amamentado seus filhos na primeira hora após o parto.
A prevalência de aleitamento materno exclusivo entre crianças de zero a 3 meses é ainda baixa (45%),
ainda que, discretamente, mais alta do que constatado na PNDS de 1996 (40%). Com relação à faixa
etária de 4 a 6 meses, o aleitamento exclusivo caiu para 11% em 2006.
O aleitamento materno complementado ocorreu para 32% na faixa de zero a 3 meses e 56% entre 4
a 6 meses em 2006, sendo que 23% das crianças estavam completamente desmamadas na faixa de zero
a 3 meses e 33% na faixa de 4 a 6 meses. Nesta última faixa etária, 35% das crianças já consumiam
“comida de sal”, o que evidencia uma dieta inadequada para a idade (VITOLO).
A II Pesquisa de Prevalência de Aleitamento Materno nas Capitais Brasileiras e no Distrito Federal,
realizada em 2008, constatou os seguintes indicadores: amamentação na primeira hora de vida - 67,7%;
aleitamento materno exclusivo em menores de 6 meses - 41%; mediana de aleitamento materno exclusivo
- 54 dias; prevalência de aleitamento materno em crianças de 9 a 12 meses - 58,7%; mediana de
aleitamento materno - 11,2 meses.

Aconselhamento em Amamentação
Os profissionais de saúde devem disponibilizar o tempo que for necessário para dar apoio à mãe e ao
seu bebê durante o início e a manutenção da amamentação (NATIONAL).
O aconselhamento comportamental e a educação para a prática de aleitamento materno são
procedimentos recomendados (NATIONAL). Eles podem ser iniciados desde a primeira consulta de pré-
natal. O apoio à amamentação deve ser disponibilizado independentemente do local de prestação de
cuidados (NATIONAL). Além disso, as mães devem receber informações de como buscar suporte à
prática de amamentar (HASSELMANN; WERNECK; SILVA).
A frequência e a duração ilimitada (livre demanda) das mamadas devem ser incentivadas (NATIONAL;
HASSELMANN; WERNECK; SILVA). A mãe deve ser orientada sobre os sinais que indicam que o bebê
está pronto para mamar (movimento dos olhos, da cabeça, sinais de procura com a língua para fora,
agitação dos braços, mãos na boca, etc.), não sendo necessário esperar o choro do bebê.
Os profissionais devem conversar sobre a experiência de amamentar e identificar as dificuldades da
amamentação. A depressão materna pós-parto é fator de risco para desmame precoce (VIEIRA et al.,
2006), o que reforça a importância de o profissional de saúde atento para os sinais de depressão
puerperal.
Recomenda-se que a criança seja amamentada sem restrições de horários e de tempo de
permanência na mama. É o que se chama de amamentação em livre demanda.
Nos primeiros meses, é normal que a criança mame com frequência e sem horários regulares. Em
geral, um bebê em aleitamento materno exclusivo mama de oito a 12 vezes ao dia. Muitas mães,
principalmente as que estão inseguras e as com baixa autoestima, costumam interpretar esse
comportamento normal como sinal de fome do bebê, leite fraco ou pouco leite, o que pode resultar na
introdução precoce e desnecessária de suplementos.
O tempo de permanência na mama em cada mamada não deve ser fixado, haja vista que o tempo
necessário para esvaziar uma mama varia para cada dupla mãe/bebê e, numa mesma dupla, pode variar
dependendo da fome da criança, do intervalo transcorrido desde a última mamada e do volume de leite
armazenado na mama, entre outros.
O mais importante é que a mãe dê tempo suficiente à criança para ela esvaziar adequadamente a
mama. Dessa maneira, a criança recebe o leite do final da mamada, que é mais calórico, promovendo a
sua saciedade e, consequentemente, maior espaçamento entre as mamadas. O esvaziamento das
mamas é importante, também, para o ganho adequado de peso do bebê e para a manutenção da
produção de leite suficiente para atender às suas demandas.
Muitas mulheres se preocupam com o aspecto de seu leite. Acham que, por ser transparente em
algumas ocasiões, o leite é fraco e não sustenta a criança. Por isso, é importante que as mulheres saibam
que a cor do leite varia ao longo de uma mamada e também com a dieta da mãe.
O leite do início da mamada, o chamado leite anterior, pelo seu alto teor de água, tem aspecto
semelhante ao da água de coco, porém, ele é muito rico em anticorpos; já o leite do meio da mamada

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tende a ter uma coloração branca opaca devido ao aumento da concentração de caseína; o do final -
chamado leite posterior - é mais amarelado devido à presença de betacaroteno, pigmento lipossolúvel
presente na cenoura, abóbora e vegetais de cor laranja, provenientes da dieta da mãe. O leite pode ter
aspecto azulado ou esverdeado quando a mãe ingere grande quantidade de vegetais verdes.
Não é rara a presença de sangue no leite, dando a ele uma cor amarronzada. Esse fenômeno é
passageiro e costuma ocorrer nas primeiras 48 horas após o parto. É mais comum em primíparas
adolescentes e mulheres com mais de 35 anos e deve-se ao rompimento de capilares provocado pelo
aumento súbito da pressão dentro dos alvéolos mamários na fase inicial da lactação. Nesses casos, a
amamentação pode ser mantida, desde que o sangue não provoque náuseas ou vômitos na criança.

Técnica de Amamentação:
A técnica de amamentação está adequada quando:
- A cabeça do bebê está no mesmo nível da mama da mãe e o queixo dele a toca.
- A boca está bem aberta.
- O lábio inferior está virado para fora.
- As bochechas estão arredondadas (não encovadas) ou achatadas contra a mama.
- Vê-se pouco a aréola durante a mamada (mais a porção superior da aréola do que a inferior).
- A mama parece arredondada, não repuxada.
- As sucções são lentas e profundas: o bebê suga, dá uma pausa e suga novamente (sucção,
deglutição e respiração).
- A mãe pode ouvir o bebê deglutindo.
- O corpo do bebê está totalmente voltado para o corpo da mãe (posição de barriga com barriga) e um
dos braços está ao redor do corpo da mãe.
- A cabeça e o corpo do bebê estão alinhados.
- A mãe está sentada de forma confortável e relaxada.
- Não é necessário limpar os mamilos antes das mamadas. Banho diário e uso de um sutiã limpo são
suficientes.
Caso se observe alguma das situações relacionadas a seguir, faz-se necessária a reavaliação da
técnica de amamentação:
- O bebê apresenta as bochechas encovadas durante a sucção ou realiza ruídos audíveis da língua.
- A mama da mãe está esticada/deformada durante a mamada ou os mamilos estão com estrias
vermelhas ou áreas esbranquiçadas ou achatadas quando o bebê larga a mama.
- A mãe apresenta dor durante a amamentação (DUNCAN).

Benefícios do Aleitamento Materno


A criança que é alimentada somente com leite materno até os 6 meses de vida apresenta menor
morbidade. Além disso, maiores são os efeitos benéficos à sua saúde (HASSELMANN; WERNECK;
SILVA). Existem evidências de que não há vantagens em se iniciar os alimentos complementares antes
dos 6 meses (salvo em alguns casos individuais), o que pode, inclusive, trazer prejuízos à saúde da
criança (GARTNER et al.).

Benefícios para o bebê:


- Diminuição de morbidade (HASSELMANN; WERNECK; SILVA), especificamente relacionada a
infecções como (SCOTTISH): meningite bacteriana, bacteremia, diarreia (GARTNER et al.), infecção no
trato respiratório, enterocolite necrosante, otite média, infecção do trato urinário e sepse de início tardio
em recém-nascidos pré-termo.
- Alguns estudos sugerem diminuição das taxas de morte súbita do lactente (HASSELMANN, M. H.;
WERNECK, G. L.; SILVA; SCOTTISH).
- Redução de hospitalizações: o aleitamento materno reduz o risco de hospitalização por vírus sincicial
respiratório (VSR) (FACULTY). O já referido estudo realizado em Pelotas (RS) mostrou risco sete vezes
maior de hospitalização por bronquiolite de crianças amamentadas por menos de um mês. O estudo
também salienta que as crianças não amamentadas nos primeiros 3 meses de vida tiveram chance 61
vezes maior de hospitalização por pneumonia do que as crianças amamentadas exclusivamente
(GARTNER et al.).
- Redução de alergias:
- O aleitamento materno exclusivo reduz o risco de asma e de sibilos recorrentes;
- O aleitamento materno protege contra o desenvolvimento de dermatite atópica;
- A exposição a pequenas doses de leite de vaca durante os primeiros dias de vida parece aumentar
o risco de alergia ao leite de vaca, mas não afeta a incidência de doenças atópicas no futuro;

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- Os efeitos benéficos do aleitamento materno observados em todas as crianças são particularmente
evidentes em crianças com história familiar de doenças atópicas.
- Redução da obesidade.
- Diminuição do risco de hipertensão, colesterol alto e diabetes (U.S. PREVENTIVE).
- Melhor nutrição (idem).
- Efeito positivo no desenvolvimento intelectual (ibidem).
- Melhor desenvolvimento da cavidade bucal (U.S. PREVENTIVE).
- O início precoce do aleitamento materno sem restrições diminui a perda de peso inicial do recém-
nascido (GARTNER et al.), favorece a recuperação mais rápida do peso de nascimento, promove uma
“descida do leite” mais rápida, aumenta a duração do aleitamento materno, estabiliza os níveis de glicose
do recém-nascido (GARTNER et al.), diminui a incidência de hiperbilirrubinemia e previne ingurgitamento
mamário.

Benefícios para a mãe:


- Involução uterina mais rápida e redução na hemorragia uterina pós-parto, devido à liberação de
ocitocina (SCOTTISH).
- Perda mais rápida do peso acumulado na gestação.
- Auxílio no aumento do intervalo entre as gestações (PINTO).
- Maior interação mãe-bebê (DRANE, 1997).
- Benefício relativo aos aspectos econômicos, uma vez que o leite materno não tem custos (WHO).
- Praticidade, pois o leite materno está sempre pronto para ser consumido.
- Diminuição do risco de câncer de mama e ovário (SCOTTISH).

Contraindicações para a Amamentação


São poucas as situações em que pode haver indicação médica para a substituição parcial ou total do
leite materno. Nas seguintes situações, o aleitamento materno não deve ser recomendado:
- Mães infectadas pelo HIV.
- Mães infectadas pelo HTLV1 e HTLV2 (vírus linfotrópico humano de linfócitos T).
- Uso de medicamentos incompatíveis com a amamentação. Alguns fármacos são citados como
contraindicações absolutas ou relativas ao aleitamento, como, por exemplo, os antineoplásicos e
radiofármacos.
- Criança portadora de galactosemia, doença do xarope de bordo e fenilcetonúria.

Já nas seguintes situações maternas, recomenda-se a interrupção temporária da amamentação:


- Infecção herpética, quando há vesículas localizadas na pele da mama. A amamentação deve ser
mantida na mama sadia.
- Varicela: se a mãe apresentar vesículas na pele cinco dias antes do parto ou até dois dias após o
parto, recomenda-se o isolamento da mãe até que as lesões adquiram a forma de crosta. A criança deve
receber imunoglobulina humana antivaricela zoster (Ighavz), que deve ser administrada em até 96 horas
do nascimento, devendo ser aplicada o mais precocemente possível.
- Doença de Chagas na fase aguda da doença ou quando houver sangramento mamilar evidente.
- Abscesso mamário, até que ele tenha sido drenado e a antibioticoterapia iniciada. A amamentação
deve ser mantida na mama sadia.
- Consumo de drogas de abuso: recomenda-se a interrupção temporária do aleitamento materno, com
ordenha do leite, que deve ser desprezado. O tempo recomendado de interrupção da amamentação varia
dependendo da droga.

Nas seguintes condições maternas, o aleitamento materno não deve ser contraindicado:
- Tuberculose: recomenda-se que as mães não tratadas ou ainda bacilíferas (nas duas primeiras
semanas após o início do tratamento) amamentem com o uso de máscaras e restrinjam o contato próximo
com a criança por causa da transmissão potencial por meio das gotículas do trato respiratório. Neste
caso, o recém-nascido deve receber isoniazida na dose de 10mg/kg/dia por três meses. Após tal período,
deve-se fazer teste tuberculínico (PPD):
Se o teste for reator, a doença deve ser pesquisada, especialmente, em relação ao acometimento
pulmonar. Se a criança tiver contraído a doença, a terapêutica deve ser reavaliada. Caso a criança não a
tenha contraído, deve-se manter a dosagem de isoniazida por mais três meses;
Se o teste tuberculínico for não reator, pode-se suspender a medicação e a criança deve receber a
vacina BCG.

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- Hanseníase: por se tratar de doença cuja transmissão depende de contato prolongado da criança
com a mãe sem tratamento e considerando-se que a primeira dose de rifampicina é suficiente para que
a mãe não seja mais bacilífera, deve-se manter a amamentação e iniciar o tratamento da mãe.
- Hepatite B: a vacina e a administração de imunoglobulina específica (HBIG) após o nascimento
praticamente eliminam qualquer risco teórico de transmissão da doença via leite materno.
- Hepatite C: a prevenção de fissuras mamilares em lactantes HCV positivas é importante, uma vez
que não se sabe se o contato da criança com o sangue materno favorece a transmissão da doença.
- Consumo de cigarros: acredita-se que os benefícios do leite materno para a criança superem os
possíveis malefícios da exposição à nicotina via leite materno. Por isso, o cigarro não é uma
contraindicação à amamentação. Para minimizar os efeitos do cigarro para as crianças, as mulheres que
não conseguirem parar de fumar devem ser orientadas a reduzir ao máximo possível o número de
cigarros. Se não for possível a cessação do tabagismo, elas devem procurar fumar após as mamadas.
Além disso, devem ser orientadas a não fumarem no mesmo ambiente onde está a criança.
- Consumo de álcool: assim como para o fumo, deve-se desestimular a ingestão de álcool para as
mulheres que estão amamentando. No entanto, é considerado compatível com a amamentação um
consumo eventual moderado de álcool (0,5g de álcool por quilo de peso da mãe por dia, o que
corresponde a aproximadamente um cálice de vinho ou duas latas de cerveja).

Dez Passos para uma Alimentação Saudável

Passo 1: “Dar somente leite materno até os seis meses, sem oferecer água, chás ou qualquer outro
alimento”.
Dica ao profissional e à equipe: Rever se as orientações sobre aleitamento materno exclusivo são
fornecidas desde o acompanhamento pré-natal até a época da alimentação complementar.
Passo 2: “A partir dos seis meses, introduzir de forma lenta e gradual outros alimentos, mantendo o
leite materno até os dois anos de idade ou mais”.
Dica ao profissional e à equipe: Antes de dar a orientação deste passo, perguntar à mãe ou ao cuidador
como ela (ele) imagina ser a alimentação correta da criança e, a seguir, convidem-na(o) a complementar
seus conhecimentos, de forma elogiosa e incentivadora.
Passo 3: “Após seis meses, dar alimentos complementares (cereais, tubérculos, carnes, leguminosas,
frutas, legumes) três vezes ao dia, se a criança receber leite materno, e cinco vezes ao dia, se estiver
desmamada”.
Dica ao profissional e à equipe: Sugerir receitas de papas, tentando dar a ideia de proporcionalidade,
de forma prática e com linguagem simples.
Passo 4: “A alimentação complementar deve ser oferecida de acordo com os horários de refeição da
família, em intervalos regulares e de forma a respeitar o apetite da criança”.
Dica ao profissional e à equipe: Uma visita domiciliar pode ser uma estratégia interessante para
aumentar o vínculo e orientar toda a família sobre alimentação saudável.
Passo 5: “A alimentação complementar deve ser espessa desde o início e oferecida de colher;
começar com consistência pastosa (papas/purês) e, gradativamente, aumentar a consistência até chegar
à alimentação da família”.
Dica ao profissional e à equipe: Organizar, em parceria com a comunidade, oficinas de preparação de
alimentos seguros e/ou cozinhas comunitárias. Convidar famílias com crianças sob risco nutricional.
Passo 6: “Oferecer à criança diferentes alimentos ao dia. Uma alimentação variada é uma alimentação
colorida”.
Dica ao profissional e à equipe: Conversar sobre a estimulação dos sentidos, enfocando que a
alimentação deve ser um momento de troca afetuosa entre a criança e sua família.
Passo 7: “Estimular o consumo diário de frutas, verduras e legumes nas refeições”.
Dica ao profissional e à equipe: Pedir à mãe que faça uma lista das hortaliças mais utilizadas. Depois,
aumentar essa lista acrescentando outras opções não lembradas, destacando alimentos regionais e
típicos da estação.
Passo 8: “Evitar açúcar, café, enlatados, frituras, refrigerantes, balas, salgadinhos e outras guloseimas
nos primeiros anos de vida. Usar sal com moderação”.
Dica ao profissional e à equipe: Articular com a comunidade e outros setores uma campanha sobre
alimentação saudável.
Passo 9: “Cuidar da higiene no preparo e manuseio dos alimentos: garantir o seu armazenamento e
conservação adequados”.
Dica ao profissional e à equipe: Realizar grupo com pais, avós e/ou crianças sobre cuidados de higiene
geral, alimentar e bucal.

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Passo 10: “Estimular a criança doente e convalescente a se alimentar, oferecendo sua alimentação
habitual e seus alimentos preferidos, respeitando a sua aceitação”.
Dica ao profissional e à equipe: Avaliar em equipe como está a acessibilidade da criança doente ao
serviço de saúde.

Pré-Natal e Amamentação
Orientar as mulheres e suas famílias sobre a importância do pré-natal, da amamentação e da
vacinação é uma atribuição comum a todos os profissionais de saúde da Atenção Básica.
Cabe à equipe de saúde, ao entrar em contato com uma mulher gestante, na unidade de saúde ou na
comunidade, buscar compreender os múltiplos significados da gestação para aquela mulher e sua família,
notadamente se ela for adolescente.
A história de vida e o contexto de gestação trazidos pela mulher durante a gravidez devem ser
acolhidos integralmente a partir do seu relato e da fala de seu parceiro. Tal contexto implica mudanças
nas relações estabelecidas entre a mulher e a família, o pai e a criança.
Além disso, gera mudanças na relação da gestante consigo mesma, no modo como ela entende seu
autocuidado, bem como modificações em como ela percebe as mudanças corporais, o que interfere
muitas vezes no processo de amamentação.

O Preparo das Mamas para a Amamentação


Conhecer os aspectos relacionados à prática do aleitamento materno é fator fundamental, no sentido
de colaborar para que a mãe e a criança possam vivenciar a amamentação de forma efetiva e tranquila,
recebendo do profissional as orientações necessárias e adequadas para o seu êxito.
Levando-se em conta que a mulher passa por longo período de gestação até que possa concretamente
amamentar seu filho, entende-se que o preparo para a amamentação deva ser iniciado ainda no período
de gravidez. No caso de gestante adolescente, é importante que a abordagem seja sistemática e
diferenciada, porque a jovem está em etapa evolutiva de grandes modificações corporais, que são
acrescidas daquelas referentes à gravidez e que podem dificultar a aceitação da amamentação.
Durante os cuidados no pré-natal, é importante conversar sobre as vantagens da amamentação para
a mulher, a criança, a família e a comunidade, além de garantir orientações sobre o manejo da
amamentação.

Vantagens da Amamentação
Para a mulher:
- Fortalece o vínculo afetivo;
- Favorece a involução uterina e reduz o risco de hemorragia;
- Contribui para o retorno ao peso normal;
- Contribui para o aumento do intervalo entre gestações.

Para a criança:
- É um alimento completo, não necessita de nenhum acréscimo até os seis meses de idade;
- Facilita a eliminação de mecônio e diminui a incidência de icterícia;
- Protege contra infecções;
- Aumenta o vínculo afetivo;
- Diminui as chances de desenvolvimento de alergias.

Para a família e a sociedade:


- É limpo, pronto e na temperatura adequada;
- Diminui as internações e seus custos;
- É gratuito.

Manejo da Amamentação:
O sucesso do aleitamento materno está relacionado ao adequado conhecimento quanto à posição da
mãe e do bebê e à pega da região mamilo areolar.

Posição
É importante respeitar a escolha da mulher, pois ela deverá se sentir confortável e relaxada.
A amamentação pode acontecer nas posições sentada, deitada ou em pé. O posicionamento da
criança deve ser orientado no sentido de garantir o alinhamento do corpo, de forma a manter a barriga da

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criança junto ao corpo da mãe para, assim, facilitar a coordenação da respiração, da sucção e da
deglutição.

Pega
A pega correta acontece quando o posicionamento é adequado e permite que a criança abra a boca
de forma a conseguir abocanhar quase toda, ou toda, a região mamilo areolar. Deste modo, é possível
garantir a retirada adequada de leite do peito, capaz de proporcionar conforto para a mulher e o adequado
crescimento e desenvolvimento da criança.

Preparando as mamas para o aleitamento:


- Avalie as mamas na consulta de pré-natal;
- Oriente a gestante a usar sutiã durante a gestação;
- Recomende banhos de sol nas mamas por 15 minutos (até as 10 horas da manhã ou após as 16
horas) ou banhos de luz com lâmpadas de 40 watts, a cerca de um palmo de distância;
- Esclareça que deve ser evitado o uso de sabões, cremes ou pomadas no mamilo;
- Oriente que é contraindicada a expressão do peito (ou ordenha) durante a gestação para a retirada
do colostro.
É importante identificar os conhecimentos, as crenças e as atitudes que a gestante possui em relação
à amamentação, que tipo de experiência tem ou se já vivenciou alguma vez a amamentação. Além disso,
é importante, também, oferecer às gestantes oportunidades de troca de experiências, por meio de
reuniões de grupo, que objetivem informar as vantagens e o manejo para facilitar a amamentação.
Vale ressaltar que a amamentação é contraindicada para gestantes infectadas pelo HIV e pelo HTLV,
pelo risco de transmissão do vírus da mãe para o bebê (BRASIL, 2009a).

Atenção no Puerpério
Objetivos:
- Avaliar o estado de saúde da mulher e do recém-nascido;
- Orientar e apoiar a família para a amamentação;
- Orientar os cuidados básicos com o recém-nascido;
- Avaliar a interação da mãe com o recém-nascido;
- Identificar situações de risco ou intercorrências e conduzi-las;
- Orientar o planejamento familiar;
- Agendar consulta de puerpério até 42 dias após o parto.

Os profissionais de saúde da atenção primária têm um papel importante quando observam problemas
na relação dos pais com os bebês. No atendimento à puérpera e ao seu bebê, é importante observar, no
ato da amamentação, se o bebê busca encontrar o olhar da mãe e se esta consegue responder tais
solicitações, comunicando-se com ele. Ou, nos casos em que a amamentação não é possível, observar
a forma como a mãe e a criança se olham e se comunicam.
Em relação à amamentação, a mulher pode sentir medo de ficar eternamente ligada ao bebê; pode se
preocupar com a estética das mamas, ter receio de não conseguir atender às necessidades do bebê e
pode possuir fantasias sobre o seu leite (“Meu leite é bom? É suficiente?”). Além disso, algumas
dificuldades iniciais referentes à amamentação podem ser sentidas, como incapacitação.
Forneça orientações quanto ao aleitamento materno exclusivo, acolha as ansiedades e fantasias da
puérpera, abra espaço para dúvidas e ofereça dicas práticas para facilitar o ato da amamentação.

Dificuldades com o aleitamento no período puerperal


Nas conversas com as gestantes, é recomendável orientá-las sobre a prevenção de situações de
dificuldade somente se tais assuntos forem citados por elas.

Pega incorreta do mamilo


A pega incorreta da região mamilo-areolar faz com que a criança não consiga retirar leite suficiente,
acarretando a agitação e o choro. A pega errada, só no mamilo, provoca dor e fissuras, o que faz a mãe
ficar tensa, ansiosa e perder a autoconfiança, pois começa a acreditar que o seu leite seja insuficiente
e/ou fraco.

Fissuras (rachaduras)
Habitualmente, as fissuras ocorrem quando a amamentação é praticada com o bebê posicionado de
forma errada ou quando a pega está incorreta. Os hábitos de manter as mamas secas, não usar

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sabonetes, cremes ou pomadas também ajudam na prevenção. Recomenda-se tratar as fissuras com o
leite materno do fim das mamadas, com o banho de sol e a correção da posição e da pega.

Mamas ingurgitadas
Acontecem, habitualmente, na maioria das mulheres, do terceiro ao quinto dia após o parto. As mamas
ingurgitadas são dolorosas, edemaciadas (com pele brilhante) e, às vezes, avermelhadas. Nestas
situações, a mulher também pode apresentar febre.
Para evitar ingurgitamento, a pega e a posição para a amamentação devem estar adequadas e,
quando houver produção de leite superior à demanda, as mamas devem ser ordenhadas manualmente.
Sempre que a mama estiver ingurgitada, a expressão manual do leite deve ser realizada para facilitar a
pega e evitar fissuras. O ingurgitamento mamário é transitório e desaparece entre 24 e 48 horas.

Mastite
É um processo inflamatório ou infeccioso que pode ocorrer na mama lactante habitualmente a partir
da segunda semana após o parto. Geralmente, é unilateral e pode ser consequente a um ingurgitamento
indevidamente tratado. Tal situação exige avaliação médica para o estabelecimento do tratamento
medicamentoso apropriado. A amamentação na mama afetada deve ser mantida sempre que possível.
De igual forma, quando necessário, a pega e a posição devem ser corrigidas.

Ordenha Manual
É no pré-natal que o aprendizado da ordenha manual deve ser iniciado. Para que haja retirada
satisfatória de leite do peito, é preciso começar com massagens circulares com as polpas dos dedos
indicador e médio na região mamilo-areolar, progredindo até as áreas mais afastadas e se intensificando
nos pontos mais dolorosos. Para a retirada do leite, é importante garantir o posicionamento dos dedos
indicador e polegar no limite da região areolar, seguido por leve compressão do peito em direção ao tórax,
ao mesmo tempo em que a compressão da região areolar deve ser feita com a polpa dos dedos.

Contraindicações da Amamentação
São raras as situações, tanto maternas quanto neonatais, que contraindicam a amamentação. Entre
as maternas, encontram-se as mulheres com câncer de mama que foram tratadas ou estão em
tratamento, mulheres HIV+ ou HTLV+, mulheres com distúrbios graves da consciência ou do
comportamento.
As causas neonatais que podem contraindicar a amamentação são, na maioria, transitórias e incluem
alterações da consciência de qualquer natureza e prematuridade.
São poucas as medicações que contraindicam a amamentação. Nenhuma medicação deve ser
utilizada, sem orientação médica, pela puérpera que está amamentando. Na eventualidade de que a
medicação utilizada seja classificada como de uso criterioso ou contraindicada durante a amamentação,
o procedimento de escolha é optar por outras alternativas terapêuticas e não suspender o aleitamento.

Mulheres Portadoras de HIV/HTLV


- O risco de transmissão do HIV pelo leite materno é elevado (entre 7% a 22%) e renova-se a cada
exposição (mamada). A transmissão ocorre tanto pelas mães sintomáticas quanto pelas assintomáticas.
- O risco de transmissão do HTLV1 e do HTLV2 (vírus linfotrópico humano de células T) pela
amamentação é variável e bastante alto, sendo mais preocupante pelo HTLV1. Há referências que
apontam para risco de 13% a 22%. Quanto mais a criança mama, maior será a chance de ela ser
infectada.
As gestantes HIV+ e HTLV+ deverão ser orientadas a não amamentar. Quando, por falta de
informação, o aleitamento materno tiver sido iniciado, torna-se necessário orientar a mãe a suspender a
amamentação o mais rapidamente possível, mesmo para mulheres em uso de terapia antirretroviral.
Após o parto, a lactação deverá ser inibida mecanicamente (enfaixamento das mamas ou uso de sutiã
apertado) e recomenda-se o uso da cabergolina como inibidor de lactação, respeitando-se as suas
contraindicações. A amamentação cruzada (aleitamento da criança por outra nutriz) está formalmente
contraindicada.
A criança deverá ser alimentada com fórmula infantil durante os seis primeiros meses de vida, além de
necessitar, posteriormente, da introdução de outros alimentos, conforme orientação do “Guia Prático de
Preparo de Alimentos para Crianças Menores de 12 Meses Que Não Podem Ser Amamentadas” (BRASIL,
2004f).

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Amamentação
O artigo 396 da Consolidação das Leis do Trabalho assegura à mãe o direito a 2 (dois) descansos
especiais, de meia hora cada um, durante a jornada de trabalho, para a amamentação de seu filho, até
que complete 6 (seis) meses de idade.
Caso o bebê necessite de um prolongamento do referido cuidado, o médico fornecerá atestado para
que os repousos para a amamentação durante a jornada de trabalho sejam prorrogados, fixando inclusive
o respectivo período.
A lei também garante que a amamentação do bebê seja em local apropriado dentro da empresa (artigo
400 da Consolidação das Leis do Trabalho).

Questões

01. (Pref. Verê/PR - Agente Comunitário de Saúde - FADECT) As orientações relacionadas à


amamentação devem ser iniciadas durante o pré-natal, no entanto uma destas orientações não está
correta:
(A) O leite materno é o alimento mais completo que existe para o bebê. Possui substâncias nutritivas
e de defesa. Por isso, não há necessidade de completar com outros leites, mingaus, água, chás ou sucos
até os seis meses de vida.
(B) O primeiro leite produzido depois que o bebê nasce é o colostro, que pode ser claro ou amarelo,
grosso ou ralo, e deve ser dado ao bebê logo após o nascimento, esse leite é rico em fatores de proteção.
(C) A amamentação deve ser em livre demanda, ou seja, sem restringir o número de mamadas ou
horários fixos para amamentar e sem determinar o tempo em que o bebê suga em cada mama.
(D) É importante que o bebê mame um pouco em cada peito, aproximadamente 15 minutos em cada,
assim o leite não empedra e as mamas ficarão iguais quando a mãe parar de amamentar.

02. (Pref. José Boiteux/SC - Enfermeiro - IOBV) Das alternativas abaixo, qual não é uma
contraindicação para amamentação:
(A) HIV+
(B) Hepatite B +
(C) Puérperas portadoras de câncer de mama.
(D) Alterações de consciência.

03. (Pref. Várzea Paulista/SP - Agente de Políticas Sociais - Técnico de Enfermagem - BIORIO)
São vantagens do aleitamento materno para a mulher, EXCETO:
(A) facilita o estabelecimento do vínculo afetivo mãe-filho;
(B) previne as complicações hemorrágicas no pós-parto;
(C) protege contra infecções (especialmente diarreias e pneumonias);
(D) favorece a regressão uterina ao seu tamanho normal;
(E) pode reduzir o risco de câncer de ovário e mama e prevenir a osteoporose.

04. (Pref. Pinhais/PR - Enfermeiro - FAFIPA) Sobre o número de mamadas de um recém-nascido,


recomenda-se que a criança seja amamentada
(A) sem restrições de horários e de tempo de permanência na mama.
(B) sem restrições de horários, mas com permanência de, no máximo, 20 minutos em cada mama.
(C) a cada 60 minutos, com permanência de 60 minutos em cada mama.
(D) a cada 30 minutos e sem restrições de permanência na mama.

05. (IPSA - Auxiliar de Enfermagem - CAIPIMES) De acordo com a Organização Mundial da Saúde
(OMS), o Aleitamento Materno Exclusivo significa que:
(A) quando a alimentação da criança é realizada apenas com leite materno, diretamente do seio, ou
leite humano ordenhado. Não faz uso de outros alimentos, com exceção de medicamentos.
(B) quando a alimentação da criança é realizada exclusivamente de leite humano. Entretanto, faz uso
também de líquidos como chás, água, sucos de frutas e medicamentos.
(C) além do leite humano, a criança se alimenta de outros alimentos.
(D) A alimentação da criança é realizada apenas com leite, podendo ser fornecido pela mãe (leite
materno), pelo banco de leite (leite humano) ou por comercialização (leite de vaca).

06. (Pref. Japeri/RJ - Técnico de Enfermagem - FBC) Na amamentação pode-se observar se a pega
foi correta quando:

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(A) A boca do bebê aponta para frente;
(B) O queixo do bebê quase toca o peito da mãe;
(C) As bochechas do bebê estão encovadas;
(D) A mãe está segurando o peito em tesoura;
(E) Há mais aréola abaixo que acima da boca do bebê.

Gabarito

01.D / 02.B / 03.C / 04.A / 05.A / 06.B

Comentários

01. Resposta: D
A frequência e a duração ilimitada (livre demanda) das mamadas devem ser incentivadas (NATIONAL,
2012; HASSELMANN; WERNECK; SILVA, 2008). A mãe deve ser orientada sobre os sinais que indicam
que o bebê está pronto para mamar (movimento dos olhos, da cabeça, sinais de procura com a língua
para fora, agitação dos braços, mãos na boca etc.), não sendo necessário esperar o choro do bebê.
Recomenda-se que a criança seja amamentada sem restrições de horários e de tempo de
permanência na mama. É o que se chama de amamentação em livre demanda.
Nos primeiros meses, é normal que a criança mame com frequência e sem horários regulares. Em
geral, um bebê em aleitamento materno exclusivo mama de oito a 12 vezes ao dia.
O tempo de permanência na mama em cada mamada não deve ser fixado, haja vista que o tempo
necessário para esvaziar uma mama varia para cada dupla mãe/bebê e, numa mesma dupla, pode variar
dependendo da fome da criança, do intervalo transcorrido desde a última mamada e do volume de leite
armazenado na mama, entre outros.
O mais importante é que a mãe dê tempo suficiente à criança para ela esvaziar adequadamente a
mama. Dessa maneira, a criança recebe o leite do final da mamada, que é mais calórico, promovendo a
sua saciedade e, consequentemente, maior espaçamento entre as mamadas. O esvaziamento das
mamas é importante, também, para o ganho adequado de peso do bebê e para a manutenção da
produção de leite suficiente para atender às suas demandas.
Dez passos para uma alimentação saudável
Passo 1: “Dar somente leite materno até os seis meses, sem oferecer água, chás ou qualquer outro
alimento”.
Dica ao profissional e à equipe: Rever se as orientações sobre aleitamento materno exclusivo são
fornecidas desde o acompanhamento pré-natal até a época da alimentação complementar.
Passo 2: “A partir dos seis meses, introduzir de forma lenta e gradual outros alimentos, mantendo o
leite materno até os dois anos de idade ou mais”.
Dica ao profissional e à equipe: Antes de dar a orientação deste passo, perguntar à mãe ou ao cuidador
como ela (ele) imagina ser a alimentação correta da criança e, a seguir, convidem-na(o) a complementar
seus conhecimentos, de forma elogiosa e incentivadora.

02. Resposta: B
Contraindicações para a amamentação:
São poucas as situações em que pode haver indicação médica para a substituição parcial ou total do
leite materno.
Nas seguintes situações, o aleitamento materno não deve ser recomendado:
- Mães infectadas pelo HIV.
- Mães infectadas pelo HTLV1 e HTLV2 (vírus linfotrópico humano de linfócitos T).
- Uso de medicamentos incompatíveis com a amamentação. Alguns fármacos são citados como
contraindicações absolutas ou relativas ao aleitamento, como, por exemplo, os antineoplásicos e
radiofármacos.4
- Criança portadora de galactosemia, doença do xarope de bordo e fenilcetonúria.

03. Resposta: C
Benefícios para a mãe:
- Involução uterina mais rápida e redução na hemorragia uterina pós-parto, devido à liberação de
ocitocina (SCOTTISH, 2006).
- Perda mais rápida do peso acumulado na gestação.
- Auxílio no aumento do intervalo entre as gestações (PINTO, 2007).

Apostila gerada especialmente para: Amanda Mendonça 072.848.243-60


258
- Maior interação mãe-bebê (DRANE, 1997).
- Benefício relativo aos aspectos econômicos, uma vez que o leite materno não tem custos (WHO,
2007).
- Praticidade, pois o leite materno está sempre pronto para ser consumido.
- Diminuição do risco de câncer de mama e ovário (SCOTTISH, 2006).

04. Resposta: A
A frequência e a duração ilimitada (livre demanda) das mamadas devem ser incentivadas (NATIONAL,
2012; HASSELMANN; WERNECK; SILVA, 2008).
Recomenda-se que a criança seja amamentada sem restrições de horários e de tempo de
permanência na mama. É o que se chama de amamentação em livre demanda.
Nos primeiros meses, é normal que a criança mame com frequência e sem horários regulares. Em
geral, um bebê em aleitamento materno exclusivo mama de oito a 12 vezes ao dia. Muitas mães,
principalmente as que estão inseguras e as com baixa autoestima, costumam interpretar esse
comportamento normal como sinal de fome do bebê, leite fraco ou pouco leite, o que pode resultar na
introdução precoce e desnecessária de suplementos.
O tempo de permanência na mama em cada mamada não deve ser fixado, haja vista que o tempo
necessário para esvaziar uma mama varia para cada dupla mãe/bebê e, numa mesma dupla, pode variar
dependendo da fome da criança, do intervalo transcorrido desde a última mamada e do volume de leite
armazenado na mama, entre outros.
O mais importante é que a mãe dê tempo suficiente à criança para ela esvaziar adequadamente a
mama. Dessa maneira, a criança recebe o leite do final da mamada, que é mais calórico, promovendo a
sua saciedade e, consequentemente, maior espaçamento entre as mamadas. O esvaziamento das
mamas é importante também para o ganho adequado de peso do bebê e para a manutenção da produção
de leite suficiente para atender às suas demandas.

05. A
- Aleitamento materno exclusivo - quando a criança recebe somente leite materno, direto da mama ou
ordenhado, ou leite humano de outra fonte, sem outros líquidos ou sólidos, com exceção de gotas ou
xaropes contendo vitaminas, sais de reidratação oral, suplementos minerais ou medicamentos.

06. Resposta: B
A técnica de amamentação está adequada quando:
- A cabeça do bebê está no mesmo nível da mama da mãe e o queixo dele a toca.
- A boca está bem aberta.
- O lábio inferior está virado para fora.
- As bochechas estão arredondadas (não encovadas) ou achatadas contra a mama.
- Vê-se pouco a aréola durante a mamada (mais a porção superior da aréola do que a inferior).
- A mama parece arredondada, não repuxada.
- As sucções são lentas e profundas: o bebê suga, dá uma pausa e suga novamente (sucção,
deglutição e respiração).
- A mãe pode ouvir o bebê deglutindo.
- O corpo do bebê está totalmente voltado para o corpo da mãe (posição de barriga com barriga) e um
dos braços está ao redor do corpo da mãe.
- A cabeça e o corpo do bebê estão alinhados.
- A mãe está sentada de forma confortável e relaxada.

Doenças infecciosas e parasitárias.

VEP. DOENÇAS INFECTOPARASITÁRIAS

Classicamente define-se infecção525354 como penetração, multiplicação e/ou desenvolvimento de um


germe ou parasito em determinado hospedeiro, e doença infecciosa como as manifestações dos danos
52
COURA, J. R. Dinâmica da Doenças Infecciosas e Parasitárias. 2ª Ed. Guanabara Koogan.
53
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_vigilancia_epidemiologica_7ed.pdf
54
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/doencas_infecciosas_parasitaria_guia_bolso.pdf

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causados pelo agente infeccioso no organismo e sua exteriorização clinica por meio de sintomas e sinais.
Em outras palavras, infecção é o estabelecimento da interação parasito-hospedeiro e doença infecciosa
é o conjunto de manifestações clinicas e patológicas quando ocorre dano naquela relação (Coura, 1977).

Quando um agente infeccioso “aborda” um hospedeiro, as seguintes alternativas podem ocorrer:


a) Não se desenvolve por falta de condições adequadas para habitat, como elementos para o seu
metabolismo ou condições desfavoráveis para a sua penetração e desenvolvimento
b) Desenvolve-se de forma incompleta devido a uma ou mais das causas mencionadas anteriormente
c) Desenvolve-se de forma completa, interagindo com o hospedeiro, sem sofrer resistência, mas
também sem lhe causar danos
d) Desenvolve-se de forma completa e sem causar danos, embora tenha sofrido resistência
e) Desenvolve-se de forma completa, e embora sofrendo resistência, consegue causar danos ao
hospedeiro, por invasão dos tecidos, por produzir toxinas ou por induzi-lo a uma reação inflamatória e de
hipersensibilidade.

Na primeira alternativa, considera-se falha ou insucesso da infecção, enquanto na segunda, a infecção


é incompleta ou “abortiva”; algumas vezes ocorre o impasse parasitário ou parasitismo vicariante, como
é o caso da larva migrans visceral. (Chieffi e Lescano).
Quando o agente infeccioso penetra, multiplica-se e desenvolve-se no hospedeiro sem causar
manifestações (alternativas c e d), considera-se a infecção “bem-sucedida”, a qual pode ser subclínica,
inaparente ou assintomática, e é classificada simplesmente como infecção. Outras vezes, porém, a
invasão dos tecidos, a ação de toxinas, a reação inflamatória e de hipersensibilidade (alternativa e)
induzem manifestações clínicas e patológicas, caracterizando a doença infecciosa decorrente do conflito
parasito-hospedeiro (De Paola, 1977).
Seu principal objetivo, quando invade o organismo do hospedeiro, é a obtenção de elementos para o
seu metabolismo, o desenvolvimento e a multiplicação, ou seja, a perpetuação da espécie. Portanto, é do
seu maior interesse não causar a destruição ou a morte do hospedeiro, pois de sua preservação depende
a vida do próprio germe e de suas gerações, que terão passagens sucessivas neste e em outros
hospedeiros. Este fenômeno, entretanto, depende de uma série de adaptações e variações que estão de
acordo com a espécie do parasito e do hospedeiro, e cada espécie depende da experiência adquirida ao
longo de várias gerações (Lenzi e Vannier-Santos).

Mecanismos Gerais das Doenças Infecciosas

Os germes ou parasitos patogênicos para o homem são capazes de causar doenças infecciosas
e parasitárias pelos seguintes mecanismos gerais:
• Invasão e destruição dos tecidos por ação mecânica, por reação inflamatória ou por ação de
substancias líticas (lisinas)
• Ação de toxinas especificas produzidas pelos germes infectantes e parasitos, capazes de causar
danos locais e a distância nas células do hospedeiro
• Indução de reação de hipersensibilidade no hospedeiro como resposta imune, sendo capaz de
produzir lesões em suas próprias células e tecido

Doenças Parasitárias

Os conceitos de parasitismo encontrados nos livros de medicina humana e veterinária dão grande
ênfase à capacidade dos parasitos em provocar doenças em seus hospedeiros. Também definem outras
categorias nas relações entre seres de espécies diferentes em que um deles vive a expensas do outro.
Em sua grande maioria, listam definições de relações entre seres vivos tentando estabelecer limites, ou
gradações de danos ou benefícios provocados por um deles em seu hospedeiro.
De acordo com a capacidade de provocar lesões em maior ou menor grau, é chamado parasito, mas
se o hospedeiro é indiferente à sua presença, e esta não lhe causa qualquer patologia, chama-se
comensal. Usa-se, em geral, o termo simbionte para os organismos que vivem em hospedeiros em intima
associação e dependência metabólica, sendo indispensáveis por produzirem, em contrapartida,
substâncias essenciais para a sobrevivência do hospedeiro.
Simbiose pode ser usada também para significar as relações interespecíficas dos três tipos:
parasitismo, comensalismo e mutualismo, expressando diferentes situações de maior ou menor
dependência em relação ao hospedeiro.

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Os conceitos de simbiose, mutualismo e comensalismo foram criados tentando expressar diferentes
aspectos de associações biológicas, mas parasitismo, embora com certa conotação biológica, tornou-se
a expressão da doença como centro das atenções.
Com o interesse crescente por uma abordagem mais ecológica e evolutiva das relações entre seres
vivos, os conceitos de parasitismo, comensalismo e simbiose passaram a ter seus limites menos nítidos.
Mesmo nos aspectos da doença parasitária, casos clínicos graves foram descritos tendo, como agentes
etiológicos, organismos classificados como simples comensais intestinais.
Aos poucos, ganhou espaço a biologia parasitária como meio de tratar as relações entre organismos
chamados hospedeiros, parasitos, comensais, simbiontes e outros.
Gradativamente, aceitou-se um conceito único, abrangente, em que se tratam todas essas relações
como uma só́ definição, na qual parasitismo é sinônimo de simbiose. Houve considerável avanço dos
estudos nesse campo, quando foram descobertos os elementos genéticos de outra origem que não a da
molécula do hospedeiro em que foram encontrados.
Passaram então a ser considerados como parasitos moleculares. No outro extremo, animais
vertebrados também foram chamados de parasitos. Entre essas categorias de formas de vida situam-se
diversas outras, cujas características, todavia, podem ser englobadas em um só́ conceito e tratadas como
o fenômeno da natureza chamado parasitismo.
Nossa definição de parasitismo inclui todas as variedades de associações interespecíficas com
diferentes graus de interdependência. Inclui também sequências do genoma de verte- brados e plantas,
como parasitos e como hospedeiros. Assim, as associações definidas como comensalismo, mutualismo
e simbiose são consideradas aspectos de um mesmo fenômeno - o parasitismo.
Ficará evidente que é inútil qualquer tentativa de definir ou traçar fronteiras entre cada um desses tipos
de associação e outras afins, bem como os limites entre prejuízo e benefício como situações estáveis nas
relações entre organismos. Na natureza, os limites são inconstantes e instáveis e, como fenômeno
natural, o sistema parasito-ambiente-hospedeiro é extremamente dinâmico, com muitos pontos de
estabilidade alcançados durante sua mútua evolução.

A Vigilância Epidemiológica consta na Lei n. 8.080/90 como ação no campo de atuação do Sistema
Único de Saúde (SUS), juntamente com as ações de vigilância sanitária, de saúde do trabalhador, e de
assistência terapêutica integral, inclusive farmacêutica.
Ainda, conforme a lei supracitada, entende-se por vigilância epidemiológica um conjunto de ações que
proporcionam o conhecimento, a detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes
e condicionantes de saúde individual ou coletiva, com a finalidade de recomendar e adotar as medidas
de prevenção e controle das doenças ou agravos.

Vigilância Epidemiológica das Doenças Transmissíveis

A Vigilância Epidemiológica das Doenças Transmissíveis constitui-se como importante instrumento


para o planejamento, organização e operacionalização dos serviços de saúde, bem como a normatização
das atividades técnicas correlatas. Sua operacionalização compreende uma série de funções específicas,
permitindo conhecer o comportamento da doença ou agravo selecionado como alvo das ações, de forma
que as medidas de intervenção pertinentes possam ser desencadeadas com oportunidade e eficácia.

São funções da vigilância epidemiológica:


- Coleta de dados.
- Processamento dos dados coletados; análise e interpretação dos dados processados.
- Recomendação das medidas de controle apropriadas.
- Promoção das ações de controle indicadas.
- Avaliação da eficácia e efetividade das medidas adotadas.
- Divulgação de informações pertinentes.

A informação para a vigilância epidemiológica destina-se à tomada de decisões - informação para a


ação. Este princípio deve reger as relações entre os responsáveis pela vigilância e as diversas fontes que
podem ser utilizadas para o fornecimento de dados. Dentre essas, a principal é a notificação, ou seja, a
comunicação da ocorrência de determinada doença ou agravo à saúde feita à autoridade sanitária por
profissionais de saúde ou qualquer cidadão, para fins de adoção de medidas de intervenção pertinentes.
Historicamente, a notificação compulsória tem sido a principal fonte da vigilância epidemiológica, a
partir da qual, na maioria das vezes, se desencadeia o processo informação-decisão-ação.

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A atual listagem das doenças de notificação nacional foi estabelecida pelo Ministério da Saúde por
meio da Portaria GM/MS n. 204, de 17 de fevereiro de 2016. Os dados correspondentes compõem o
Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan).
As Secretarias Estaduais de Saúde e municípios podem adicionar à lista outras patologias de interesse
regional ou local, justificada a sua necessidade e definidos os mecanismos operacionais correspondentes.
O caráter compulsório da notificação implica responsabilidades formais para todo cidadão, e uma
obrigação inerente ao exercício da medicina, bem como de outras profissões na área da saúde.

Aspectos que devem ser considerados na notificação:


- Notificar a simples suspeita da doença, sem aguardar a confirmação do caso, pois isto pode significar
perda da oportunidade de intervir eficazmente.
A notificação tem de ser sigilosa, só podendo ser divulgada fora do âmbito médico-sanitário em caso
de risco para a comunidade, respeitando-se o direito de anonimato dos cidadãos.
- O envio dos instrumentos de coleta de notificação deve ser feito mesmo na ausência de casos,
configurando-se o que se denomina notificação negativa que funciona como um indicador de eficiência
do sistema de informações.
Além da notificação compulsória, o Sistema de Vigilância Epidemiológica pode definir doenças e
agravos como de notificação simples. O Sinan é o principal instrumento de coleta dos dados de notificação
compulsória.

Fontes adicionais de dados epidemiológicos:


- Inquérito epidemiológico.
- Levantamento epidemiológico.
- Investigação epidemiológica de campo.
- Sistemas sentinelas.

Propósitos da VE
Fornecer orientação técnica permanente para os que têm a responsabilidade de decidir sobre a
execução de ações de controle de doenças e agravos. Sua operacionalização compreende um ciclo
completo de funções específicas e intercomplementares, que devem ser desenvolvidas de modo
contínuo, permitindo conhecer, a cada momento, o comportamento epidemiológico da doença ou agravo
escolhido como alvo das ações, para que as intervenções pertinentes possam ser desencadeadas com
oportunidade e efetividade.

Funções
Coleta e processamento de dados; análise e interpretação dos dados processados; investigação
epidemiológica de casos e surtos; recomendação e promoção das medidas de controle apropriadas;
avaliação da eficácia e efetividade das medidas adotadas; divulgação de informações sobre as
investigações, medidas de controle adotadas, impacto obtido, formas de prevenção de doenças, dentre
outras.
É importante salientar que todos os profissionais de saúde (da rede pública, privada e conveniada),
bem como os diversos níveis do sistema (municipal, estadual, federal), têm atribuições de vigilância
epidemiológica.
Dependendo da inserção profissional e da capacidade executiva, técnica e gerencial de cada área,
essas funções vão da simples notificação de casos suspeitos ou confirmados das doenças que compõem
o sistema de vigilância até a investigação epidemiológica (casos ou surtos), adoção de medidas de
controle, coleta, análise e interpretação de dados, dentre outras.

Coleta de Dados
A VE desencadeia suas atividades a partir da ocorrência de um evento sanitário caso(s) suspeito(s)
ou confirmado(s) de doença sob vigilância. Costuma-se definir VE, de modo simples e operacional, como
Informação - Decisão - Ação. A coleta de dados ocorre em todos os níveis (municipal, estadual e federal)
de atuação do sistema de saúde. A força e valor da informação (que é o dado analisado) dependem da
qualidade e fidedignidade com que a mesma é gerada. Para isso, faz-se necessário que as pessoas
responsáveis pela coleta estejam bem preparadas para diagnosticar corretamente o caso, como também
para realizar uma boa investigação epidemiológica, com anotações claras e confiáveis.

Tipos de Dados - Morbidade; mortalidade, dados demográficos e ambientais; notificação de surtos e


epidemias.

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Fontes de Dados
a) Notificação compulsória de doenças - é uma das principais fontes da vigilância epidemiológica a
partir da qual, na maioria das vezes, se desencadeia o processo de informação-decisão-ação. A lista
nacional das doenças de notificação vigente encontra-se neste guia, e a sua seleção é baseada na
magnitude (medida pela frequência), potencial de disseminação, transcendência (medida pela letalidade,
severidade, relevância social e econômica), vulnerabilidade (existência de instrumentos de prevenção);
compromissos internacionais de erradicação, eliminação ou controle; doenças incluídas no Regulamento
Sanitário Internacional; epidemias, surtos e agravos inusitados. Esses critérios são observados e
analisados em conjunto.
b) Resultados de exames laboratoriais.
c) Declarações de óbitos.
d) Maternidades (nascidos vivos).
e) Hospitais e ambulatórios.
f) Investigações epidemiológicas.
g) Estudos epidemiológicos especiais.
h) Sistemas sentinelas.
i) Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística-IBGE.
j) Imprensa e população, dentre outros

Diagnóstico de Casos
A confiabilidade do sistema de notificação depende, em grande parte, da capacidade dos profissionais
e serviços locais de saúde - que são responsáveis pelo atendimento dos casos - diagnosticarem,
corretamente, as doenças e agravos. Para isso, os profissionais deverão estar tecnicamente capacitados
e dispor de recursos complementares para a confirmação da suspeita clínica.

Investigação Epidemiológica
É um método de trabalho utilizado com muita frequência em casos e epidemias de doenças
transmissíveis, mas que se aplica a outros grupos de agravos. Consiste em um estudo de campo realizado
a partir de casos (clinicamente declarados ou suspeitos) e de portadores, com o objetivo de avaliar a
ocorrência, do ponto de vista de suas implicações para a saúde coletiva. Sempre que possível, deve
conduzir à confirmação do diagnóstico, à determinação das características epidemiológicas da doença, à
identificação das causas do fenômeno e à orientação sobre as medidas de controle adequadas.

a) Roteiro de Investigação - As seguintes indagações devem ser levantadas: De quem foi contraída
a infecção? (Fonte de contágio); qual a via de disseminação da infecção, da fonte ao doente? Que outras
pessoas podem ter sido infectadas pela mesma fonte de contágio? Quais as pessoas a quem o caso pode
haver transmitido a doença? A quem o caso ainda pode transmitir a doença? Como evitá-lo?

b) Finalidade da Investigação - Adoção de medidas de controle em tempo hábil. Para que isso
aconteça, ela tem que ser iniciada imediatamente após a ocorrência do evento.

c) Ficha de Investigação Epidemiológica - Formulários, existentes nos serviços de saúde,


específicos para cada tipo de doença, que facilitam a coleta e consolidação de dados; devem ser
preenchidos cuidadosamente, registrando-se todas as informações indicadas, para permitir a análise e a
comparação de dados. Quando se tratar de agravo inusitado, deve-se elaborar uma ficha própria, de
acordo com as manifestações clínicas e epidemiológicas do evento. Os formulários contêm dados de
identificação do paciente, da anamnese, do exame físico, de suspeita diagnóstica, informações sobre o
meio ambiente (de acordo com o agravo); exames complementares de acordo com o(s) agravo(s)
suspeitado(s).

d) Busca de pistas - Visa buscar a origem da transmissão, cabendo ao investigador estabelecer quais
as mais importantes e o caminho a seguir. Em geral, é importante definir: período de incubação; presença
de outros casos na localidade; existência ou não de vetores ligados à transmissibilidade da doença; grupo
etário mais atingido; fonte de contágio comum (água, alimentos); modos de transmissão (respiratória,
contato direto etc.); época em que ocorre (estação). Por ser uma atividade que exige tempo e custos
adicionais, nem todas as doenças são investigadas. Os critérios de definição para investigação são:
doença considerada prioritária pelo sistema de vigilância; estar excedendo a freqüência usual; há suspeita

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de que os casos sejam devidos a uma fonte comum de infecção; apresenta-se com gravidade clínica
maior que a habitual; é desconhecida na área (agravo inusitado).

e) Busca ativa de casos - Procedimento realizado com vistas ao conhecimento da magnitude de


ocorrência do evento quando se suspeita que casos possam estar ocorrendo sem registro nos serviços
de saúde. É mais restrita (domicílio, rua ou bairro) ou ampliada (cidade, municípios, acompanhando
correntes migratórias etc.), seguindo-se a área geográfica de abrangência da fonte de contágio.

Processamento e Análise de Dados

Os dados colhidos são consolidados (ordenados de acordo com as características das pessoas, lugar,
tempo etc.) em tabelas, gráficos, mapas da área em estudo, fluxos de pacientes e outros. Essa disposição
fornecerá uma visão global do evento, permitindo a avaliação de acordo com as variáveis de tempo,
espaço e pessoas (quando? onde? quem?) E de associação causal (por que?) E deverá ser comparada
com períodos semelhantes de anos anteriores. É importante lembrar que, além das frequências
absolutas, o cálculo de indicadores epidemiológicos (coeficientes de incidência, prevalência, letalidade e
mortalidade) deve ser realizado para efeito de comparação.

Decisão-Ação
Todo sistema de vigilância é montado tendo como objetivo o controle, a eliminação ou a erradicação
de doenças, o impedimento de óbitos e sequelas etc. Dessa forma, após a análise dos dados, deverão
ser definidas imediatamente as medidas de prevenção e controle mais pertinentes à situação. Isso deve
ser feito no nível mais próximo da ocorrência do problema, para que a intervenção seja mais oportuna e,
consequentemente, mais eficaz.

Normatização
Normas técnicas capazes de uniformizar procedimentos e viabilizar a comparabilidade de dados e
informações são elaboradas e divulgadas pelo sistema de vigilância epidemiológica. Destaque especial
é dada à definição de caso de cada doença ou agravo, visando tornar comparáveis os critérios
diagnósticos que regulam a entrada dos casos no sistema, seja como suspeito, compatível ou mesmo
confirmado por diagnóstico laboratorial.

Retroalimentação do Sistema
É a devolução de informações aos notificantes das análises resultantes dos dados coletados e das
medidas de controle adotadas.

O que são Doenças Infecciosas e Parasitárias?

Infecção é a penetração, multiplicação e / ou desenvolvimento de um agente infeccioso em


determinado hospedeiro; doença infecciosa são as consequências das lesões causadas pelo agente e
pela resposta do hospedeiro manifestada por sintomas e sinais e por alterações fisiológicas, bioquímicas
e histopatológicas.
Quando o agente infeccioso penetra, multiplica-se ou desenvolve-se no hospedeiro, sem causa danos
nem manifestações clínicas, considera-se a infecção subclínica, inaparente ou assintomática. Outras
vezes, porém, por ação mecânica, por toxinas, por reação inflamatória ou hipersensibilidade ocorre o
conflito parasito-hospedeiro, com destruição tissular e manifestações clínicas e patológicas,
caracterizando a doença infecciosa.
As doenças infecciosas e parasitárias podem ser causadas pelos seguintes mecanismos: invasão e
destruição dos tecidos por ação mecânica, por reação inflamatória ou por ação de substâncias líticas
(lisinas); ação de toxinas específicas, elaboradas pelos germes infectantes ou parasitos, capazes de
causar danos locais e / ou à distância nas células dos hospedeiros; indução de reação de
hipersensibilidade com resposta imune do hospedeiro capaz de produzir lesões em suas próprias células
e tecidos.
Qualquer paciente com suspeita de uma doença infecciosa ou parasitária deve ser investigado quanto
a evidências clínicas, epidemiológicas e laboratoriais.
Os principais sintomas e sinais das doenças infecciosas e parasitárias são febre, cefaleia, adinamia,
cansaço, sensação de mal-estar indefinido, sonolência, corrimento nasal, lacrimejamento, dor de
garganta, tosse, dor torácica e abdominal, estertores pulmonares e sopros cardíacos, dor abdominal,

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diarreia, náuseas e vômitos, icterícia, disúria, rash cutâneo, presença de gânglios palpáveis,
hepatomegalia, esplenomegalia, rigidez de nuca, convulsões e coma. Lesões e / ou corrimentos genitais.

As doenças imunopreveníveis são as doenças que podem ser prevenidas através da


vacinação, a seguir abordaremos algumas delas.

Aids

Vigilância epidemiológica
Objetivos
Prevenir a transmissão e disseminação do HIV e reduzir a morbimortalidade associada à essa
infecção.

Notificação
Somente os casos confirmados deverão ser notificados ao Ministério da Saúde.

Definição de caso
Entende-se por caso de aids o indivíduo que se enquadra nas definições adotadas pelo Ministério da
Saúde: infecção avançada pelo HIV com repercussão no sistema imunitário, com ou sem ocorrência de
sinais e sintomas causados pelo próprio HIV ou consequentes a doenças oportunistas (infecções e
neoplasias). Os critérios para caracterização de casos de aids estão descritos na publicação Critérios de
definição de casos de aids em adultos e crianças (2004).

Medidas de controle
Prevenção da transmissão sexual - Baseia-se na informação e educação visando a prática do sexo
seguro pela redução do número de parceiros e uso de preservativos.

Prevenção da transmissão sanguínea


Transfusão de sangue: Todo o sangue para ser transfundido deve ser obrigatoriamente testado para
detecção de anticorpos anti-HIV. A exclusão de doadores em situação de risco aumenta a segurança da
transfusão, principalmente por causa da “janela imunológica”;

Hemoderivados - Os produtos derivados de sangue, que podem transmitir o HIV, devem passar por
processo de inativação do vírus;

Injeções e instrumentos perfurocortantes


Quando não forem descartáveis devem ser meticulosamente limpos para depois serem desinfetados
e esterilizados. Os materiais descartáveis, após utilizados, devem ser acondicionados em caixas
apropriadas, com paredes duras, para que acidentes sejam evitados. O HIV é muito sensível aos métodos
padronizados de esterilização e desinfecção (de alta eficácia), sendo inativado por meio de produtos
químicos específicos e do calor, mas não inativado por irradiação ou raios gama;

Prevenção da transmissão perinatal


É feita com uso de zudovidina (AZT) durante gestação e parto por mulheres infectadas pelo HIV e o
AZT xarope por crianças expostas, que deverão ser alimentadas exclusivamente com fórmula infantil.
Outras orientações do Ministério da Saúde como o parto cesáreo e diminuição do tempo de rotura das
membranas também contribuem para a redução da transmissão vertical. No entanto, a prevenção da
infecção na mulher é ainda a melhor abordagem para se evitar a transmissão da mãe para o filho.

Prevenção de outras formas de transmissão


Como doação de sêmen e órgãos: é feita por uma rigorosa triagem dos doadores.

Agentes etiológicos
HIV-1 e HIV-2, retrovírus da família Lentiviridae. Pertencem ao grupo dos retrovírus citopáticos e não
oncogênicos, necessitando, para multiplicar-se, de uma enzima denominada transcriptase reversa,
responsável pela transcrição do RNA (ácidos ribonucleicos) viral para uma cópia do DNA (ácidos
desoxirribonucleicos), que pode então integrar-se ao genoma do hospedeiro. Esses vírus são bastante
lábeis no meio externo, sendo inativados por uma variedade de agentes físicos (calor) e químicos
(hipoclorito de sódio, glutaraldeído).

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Em condições experimentais controladas, as partículas virais intracelulares parecem sobreviver no
meio externo por até, no máximo, 1 dia, enquanto que partículas virais livres podem sobreviver por 15
dias à temperatura ambiente, ou até 11 dias a 37ºC.

Reservatório
O homem.

Modo de transmissão
O HIV pode ser transmitido por via sexual (esperma e secreção vaginal); pelo sangue (via parenteral
e vertical); e pelo leite materno.

Período de incubação
Compreendido entre a infecção pelo HIV e o aparecimento de sinais e sintomas da fase aguda,
podendo variar de 5 a 30 dias.

Período de latência
É o período após a fase de infecção aguda, até o desenvolvimento da imunodeficiência). Esse período
varia entre 5 e 10 anos, média de seis anos.

Período de transmissibilidade
O indivíduo infectado pelo HIV pode transmiti-lo em todas as fases da infecção, risco esse proporcional
à magnitude da viremia.

Diagnóstico
A doença pode ou não ter expressão clínica logo após a infecção, sendo importante que o profissional
saiba conduzir a investigação laboratorial após a suspeita de risco de infecção pelo HIV.
É importante o entendimento da dinâmica da variação viral ou seus marcadores e o curso temporal em
indivíduos depois da exposição ao HIV. Além disso, é imprescindível reconhecer a diferença entre a janela
imunológica e a soroconversão.

Sintomas e fases da AIDS


Quando ocorre a infecção55 pelo vírus causador da aids, o sistema imunológico começa a ser atacado.
E é na primeira fase, chamada de infecção aguda, que ocorre a incubação do HIV (tempo da exposição
ao vírus até o surgimento dos primeiros sinais da doença). Esse período varia de três a seis semanas. E
o organismo leva de 30 a 60 dias após a infecção para produzir anticorpos anti-HIV. Os primeiros sintomas
são muito parecidos com os de uma gripe, como febre e mal-estar. Por isso, a maioria dos casos passa
despercebida.
A próxima fase é marcada pela forte interação entre as células de defesa e as constantes e rápidas
mutações do vírus. Mas isso não enfraquece o organismo o suficiente para permitir novas doenças, pois
os vírus amadurecem e morrem de forma equilibrada. Esse período, que pode durar muitos anos, é
chamado de assintomático.
Com o frequente ataque, as células de defesa começam a funcionar com menos eficiência até serem
destruídas. O organismo fica cada vez mais fraco e vulnerável a infecções comuns. A fase sintomática
inicial é caracterizada pela alta redução dos linfócitos T CD4+ (glóbulos brancos do sistema imunológico)
que chegam a ficar abaixo de 200 unidades por mm³ de sangue. Em adultos saudáveis, esse valor varia
entre 800 a 1.200 unidades. Os sintomas mais comuns nessa fase são: febre, diarreia, suores noturnos
e emagrecimento.
A baixa imunidade permite o aparecimento de doenças oportunistas, que recebem esse nome por se
aproveitarem da fraqueza do organismo. Com isso, atinge-se o estágio mais avançado da doença, a aids.
Quem chega a essa fase, por não saber da sua infecção ou não seguir o tratamento indicado pela equipe
de saúde, pode sofrer de hepatites virais, tuberculose, pneumonia, toxoplasmose e alguns tipos de
câncer. Por isso, sempre que você transar sem camisinha ou passar por alguma outra situação de risco,
procure uma unidade de saúde imediatamente, informe-se sobre a Profilaxia Pós-Exposição (PEP) e faça
o teste. Saiba aqui onde encontrar um serviço de saúde perto de você.

55
http://www.aids.gov.br/pt-br/publico-geral/o-que-e-hiv/sintomas-e-fases-da-aids

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Tratamento
A abordagem clínico-terapêutica do HIV tem-se tornado cada vez mais complexa, em virtude da
velocidade do conhecimento acerca desse agente.
Os objetivos do tratamento são: prolongar a sobrevida e melhorar a qualidade de vida, pela redução
da carga viral e reconstituição do sistema imunológico. O atendimento é garantido pelo SUS, por meio de
uma ampla rede de serviços.
A fim de oferecer e garantir o alcance desses objetivos, o Ministério da Saúde, por meio do Programa
Nacional de DST e Aids, instituiu o Comitê Assessor para Terapia Antirretroviral em Adultos e
Adolescentes, Crianças e Gestantes Infectados pelo HIV e o Comitê Assessor para Recomendações da
Profilaxia da Transmissão Vertical do HIV, que se reúnem, periodicamente, para definir as diretrizes do
tratamento para HIV/aids, as quais estão disponibilizadas no endereço eletrônico www.aids.gov.br.

Gestante / Parturiente HIV+ e Criança Exposta

Modo de transmissão
Vertical
A transmissão pode ocorrer durante a gestação, o parto e pela amamentação.

Vigilância epidemiológica
Objetivos
Conhecer, o mais precocemente possível, o estado sorológico da gestante/ parturiente/puérpera, para
início oportuno da terapêutica materna e profilaxia da transmissão vertical; acompanhar, continuamente,
o comportamento da infecção entre gestantes e crianças expostas, para planejamento e avaliação das
medidas de prevenção e controle.

Notificação
A notificação de gestantes HIV+ e criança exposta é obrigatória (Portaria Ministerial Nº 2325/GM, de 8
de dezembro de 2003).

Definição de caso
Para fins de notificação, entende-se por gestante HIV+ aquela em que for detectada a infecção por
HIV. Para tanto não se espera a realização de testes confirmatórios. Entende-se como criança exposta
aquela nascida de mãe infectada ou que tenha sido amamentada por mulheres infectadas pelo HIV.

Medidas de controle
Em 1994, foi comprovado que o uso da zidovudina (AZT) pela gestante infectada na gestação e durante
o parto, bem como pelo recém-nascido, durante as primeiras 6 semanas de vida, pode levar a uma
redução de até 2/3 no risco de transmissão do HIV da mãe para o filho. Quando as medidas profiláticas
começam no momento do parto, a redução da transmissão é de 37%. O uso de drogas antirretrovirais em
uso combinado, em gestantes HIV+ é capaz de reduzir a carga viral plasmática para níveis indetectáveis,
resultando em taxas de transmissão inferiores a 3%.
Assim recomendasse o uso do AZT na gestação, durante o trabalho de parto/parto e pelo recém-
nascido e, quando houver indicação, o uso de terapia antirretroviral combinada pela gestante, conforme
recomendação do documento “Recomendações para profilaxia da transmissão materno-infantil do HIV e
terapia antirretroviral em gestantes” revisado periodicamente pelo Programa Nacional de
DST/Aids/SVS/MS; e da operação cesariana eletiva; suspensão do aleitamento materno e instituição da
fórmula infantil, e outros alimentos, de acordo com a idade da criança; aconselhamento pré e pós-teste,
para todas as parturientes não aconselhadas e testadas durante o pré-natal, ou sem pré-natal; cesárea
eletiva; não realização de aleitamento cruzado; puérperas HIV+ e crianças expostas devem ser
encaminhadas para centros de referência onde receberão acompanhamento e a investigação da criança
segue até o desfecho: infectada ou não infectada.

Período de transmissibilidade
A maior parte dos casos de transmissão vertical do HIV (cerca de 65%) ocorre durante o trabalho de
parto e no parto propriamente dito; os 35% restantes ocorrem intra-útero, principalmente nas últimas
semanas de gestação, e pelo aleitamento materno, que representa risco adicional de transmissão de 7 a
22%. As medidas descritas no item Prevenção da transmissão materno infantil do HIV.

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Tratamento
Crianças infectadas pelo HIV – atualmente, indica-se tratamento antirretroviral potente, com a
associação de três ou mais drogas, por tempo indeterminado, e monitoramento periódico da eficácia
clínico-laboratorial e sinais de toxicidade aos medicamentos. Para mais informações, consultar o
documento “Recomendações para terapia antirretroviral em crianças e adolescentes infectados pelo HIV”,
disponível em www.aids.gov.br.
Para gestantes – vale ressaltar que alguns medicamentos estão contraindicados em virtude do
potencial teratogênico, como o Efavirenz e Hidroxiuréia, contudo, os casos devem ser individualmente
analisados.

Amebíase

Vigilância epidemiológica
Objetivo
Diagnosticar e tratar os casos para impedir a transmissão direta ou indireta da infecção a outras
pessoas.

Notificação
Não é uma doença de notificação compulsória.

Medidas de controle
a) Gerais - Impedir a contaminação fecal da água e alimentos através de medidas de saneamento
básico e do controle dos indivíduos que manipulam alimentos;
b) Específicas - Lavar as mãos após uso do sanitário, lavagem cuidadosa dos vegetais com água
potável e deixá-los em imersão em hipoclorito de sódio 2,5% (1 colher de sopa de hipoclorito em 1 litro
de água filtrada) durante meia hora para eliminar os cistos. Evitar práticas sexuais que favoreçam o
contato fecal-oral. Investigação dos contatos e da fonte de infecção, ou seja, exame coproscópico dos
membros do grupo familiar e de outros contatos. O diagnóstico de um caso em quartéis, creches,
orfanatos e outras instituições indica a realização de inquérito coproscópico para tratamento dos
portadores de cistos. Fiscalização dos prestadores de serviços na área de alimentos, pela vigilância
sanitária.
c) Isolamento - Em pacientes internados precauções do tipo entérico devem ser adotadas. Pessoas
infectadas devem ser afastadas de atividades de manipulação dos alimentos.
d) Desinfecção - Concorrente, com eliminação sanitária das fezes.

Agente etiológico
Entamoeba histolytica.

Reservatório
O homem.

Modo de transmissão
As principais fontes de infecção são a ingestão de alimentos ou água contaminados por fezes contendo
cistos amebianos maduros. Ocorre mais raramente na transmissão sexual, devido a contato oral-anal. A
falta de higiene domiciliar pode facilitar a disseminação de cistos nos componentes da família. Os
portadores assintomáticos, que manipulam alimentos, são importantes disseminadores dessa
protozoose.

Período de incubação
Entre 2 a 4 semanas, podendo variar dias, meses ou anos.

Período de transmissibilidade
Quando não tratada, pode durar anos.

Tratamento
1ª Opção
- Formas intestinais: Secnidazol - Adultos: 2g, em dose única.
Crianças: 30mg/kg/dia, VO, não ultrapassando o máximo de 2g/dia. Deve ser evitado no 1º trimestre
da gravidez e durante a amamentação.

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2ª Opção
Metronidazol, 500mg, 3 vezes/dia, durante 5 dias, para adultos. Para crianças, recomenda-se
35mg/kg/dia, divididas em 3 tomadas, durante 5 dias.
- Formas graves: amebíase intestinal sintomática ou Amebíase extra-intestinal): Metronidazol, 750mg,
VO, 3 vezes/dia, durante 10 dias. Em crianças, recomenda-se 50mg/kg/dia, durante 10 dias.
3ª Opção
Tinidazol, 2g, VO, para adultos, após uma das refeições, durante 2 dias, para formas intestinais.
- Formas extra intestinais: 50mg/kg/dia, durante 2 ou 3 dias, a depender da forma clínica. Em formas
graves, utilizar a mesma dosagem das formas leves, por 3 dias. Em crianças, a dosagem recomendada
é 50mg/kg/dia.
4ª Opção
Somente para formas leves ou assintomáticas: Teclozana, 1.500mg/dia, divididas em 3 tomadas de
500mg, dose única para adultos. Em crianças, a dosagem recomendada é de 15mg/kg/dia, durante 5
dias. No tratamento do abscesso hepático, além da medicação específica, pode ser necessária, em
alguns casos, a aspiração do abscesso. Drenagem cirúrgica aberta não é recomendada, exceto em casos
graves, quando o abscesso é inacessível à aspiração e não responde ao tratamento em até 4 dias. Alguns
pacientes se beneficiam de drenagem do peritônio associada à terapia antimicrobiana. O tratamento de
suporte está recomendado com hidratação e correção do equilíbrio hidroeletrolítico.

Ancilostomíase

Vigilância Epidemiológica
Objetivos
Diagnosticar e tratar precocemente todos os casos, evitando-se, assim, as possíveis complicações.
Notificação: não é doença de notificação compulsória.

Medidas de controle
Desenvolver atividades de educação em saúde, particularmente com relação a hábitos pessoais de
higiene, particularmente o de lavar as mãos antes das refeições e o uso de calçados. Evitar a
contaminação do solo mediante a instalação de sistemas sanitários para eliminação das fezes,
especialmente nas zonas rurais (saneamento básico). Tratamento das pessoas infectadas.

Agente etiológico
Nematóides da família Ancylostomidae: A. duodenale e Necator americanus.

Reservatório
O homem.

Modo de transmissão
Os ovos contidos nas fezes são depositados no solo, onde se tornam embrionados. Em condições
favoráveis de umidade e temperatura, as larvas se desenvolvem até chegar ao 3º estágio, tornando-se
infectantes em um prazo de 7 a 10 dias.
A infecção nos homens ocorre quando essas larvas infectantes penetram na pele, geralmente pelos
pés, causando dermatite característica. As larvas dos ancilóstomos, após penetrarem pela pele, passam
pelos vasos linfáticos, ganham a corrente sanguínea e, nos pulmões, penetram nos alvéolos.
Daí migram para a traqueia e faringe, são deglutidas e chegam ao intestino delgado, onde se fixam,
atingindo a maturidade ao final de 6 a 7 semanas, passando a produzir milhares de ovos por dia.

Período de incubação
Semanas ou meses após a infecção inicial.

Período de transmissibilidade
Não se transmite de pessoa a pessoa, porém os indivíduos infectados contaminam o solo durante
vários anos, quando não adequadamente tratados. Em condições favoráveis, as larvas permanecem
infectantes no solo durante várias semanas.

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Diagnóstico
Em geral clínico, devido ao prurido característico. O diagnóstico laboratorial é realizado pelo achado
de ovos no exame parasitológico de fezes, por meio dos métodos de Lutz, Willis ou Faust, realizando-se,
também, a contagem de ovos pelo Kato-Katz.

Tratamento
Mebendazol, 100mg, 2 vezes ao dia, durante 3 dias consecutivos. Não é recomendado seu uso em
gestantes. Essa dose independe do peso corporal e da idade. Pode ser usado Albendazol, 2 comprimidos,
VO, em dose única (1 comprimido=200mg), ou 10ml de suspensão (5ml=200mg). O Pamoato de Pirantel
pode ser usado na dose de 20-30mg/kg/dia, durante 3 dias. O controle de cura é realizado no 7º, 14º e
21º dias após o tratamento, mediante exame parasitológico de fezes.

Ascaridíase

Vigilância epidemiológica
Objetivo
Não se desenvolvem ações específicas de Vigilância Epidemiológica. Entretanto, deve-se fazer o
tratamento como forma de evitar complicações e diminuir as possibilidades de reinfecções. Notificação A
ascaridíase não é doença de notificação compulsória.

Medidas de controle
a) Gerais - Medidas de educação sanitária e de saneamento básico.
b) Específicas - Evitar as possíveis fontes de infecção, ingerir vegetais cozidos e lavar bem e
desinfetar verduras cruas, higiene pessoal e na manipulação de alimentos. O tratamento em massa das
populações tem sido preconizado por alguns autores para reduzir a carga parasitária, entretanto, se não
for associada a medidas de saneamento, a reinfecção pode atingir os níveis anteriores em pouco tempo.

Agente etiológico
Ascaris lumbricoides.

Reservatório
O homem.

Modo de transmissão
Ingestão dos ovos infectantes do parasita, procedentes do solo, água ou alimentos contaminados com
fezes humanas.

Período de incubação
O período de incubação dos ovos férteis até o desenvolvimento da larva infectante (L3), no meio
exterior e em condições favoráveis, é de aproximadamente 20 dias. O período pré patente da infecção
(desde a infecção com ovos embrionados até a presença de ovos nas fezes do hospedeiro) é de 60 a 75
dias.

Período de transmissibilidade
Durante todo o período em que o indivíduo portar o parasita e estiver eliminando ovos pelas fezes.
Portanto, longo, quando não se institui o tratamento adequado. As fêmeas fecundadas no aparelho
digestivo podem produzir cerca de 200.000 ovos por dia. A duração média de vida dos parasitas adultos
é de 12 meses. Quando os ovos embrionados encontram um meio favorável, podem permanecer viáveis
e infectantes durante anos.

Diagnóstico
O quadro clínico apenas não a distingue de outras verminoses, havendo, portanto, necessidade de
confirmação do achado de ovos nos exames parasitológicos de fezes.

Tratamento
Albendazol (ovocida, larvicida e vermicida), 400mg/dia, em dose única para adultos; em crianças,
10mg/kg, dose única; Mebendazol, 100mg, 2 vezes ao dia, durante 3 dias consecutivos. Não é
recomendado seu uso em gestantes. Essa dose independe do peso corporal e da idade. Levamisol,
150mg, VO, em dose única para adultos; crianças abaixo de 8 anos, 40mg; acima de 8 anos, 80mg,

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também em dose única. Tratamento da obstrução intestinal: Piperazina, 100mg/kg/ dia + óleo mineral, 40
a 60ml/dia + antiespasmódicos + hidratação. Nesse caso, estão indicados sonda nasogástrica e jejum +
Mebendazol, 200mg ao dia, dividido em 2 tomadas, por 3 dias.

Botulismo / Botulismo do Lactente

Vigilância Epidemiológica
Objetivo
a) Detectar precocemente casos, visando promover assistência adequada e reduzir a morbidade e
letalidade da doença;
b) Caracterizar o surto por tempo, lugar e pessoa;
c) Identificar a fonte de contaminação e modo de transmissão dos casos de botulismo;
d) Propor medidas de prevenção e controle, em tempo oportuno, para impedir a ocorrência de novos
casos;
e) Avaliar as medidas de controle implantadas. A partir de casos suspeitos, identificar as prováveis
fontes de contaminação para adoção das medidas de controle pertinentes.

Notificação
O botulismo é doença de notificação compulsória desde a Portaria 1.943/ MS de 18 de outubro de
2001. Devido à gravidade da doença e à possibilidade de ocorrência de outros casos resultantes da
ingestão da mesma fonte de alimentos contaminados, um caso é considerado um surto e uma emergência
de saúde pública. A suspeita de um caso de botulismo exige notificação e investigação imediatas à
vigilância epidemiológica local. O técnico que recebeu a notificação deve, inicialmente, verificar a
consistência das informações e, uma vez caracterizada a suspeita de botulismo, comunicar
imediatamente aos níveis hierárquicos superiores e áreas envolvidas na investigação, iniciando o
planejamento das ações.

Medidas de controle
a) Ações de educação em saúde - Orientar a população sobre o preparo, conservação e consumo
adequado dos alimentos associados a risco de adoecimento;
b) Estratégias de prevenção - Orientar as medidas iniciais de prevenção e controle, de acordo com
o modo de transmissão e resultados da investigação do caso. Nos casos de transmissão alimentar, deve-
se eliminar a permanência da fonte através da interrupção do consumo, distribuição e comercialização
dos alimentos suspeitos e
c) Imunização - A imunização é recomendada apenas a pessoas com atividade na manipulação do
microrganismo e é realizada com toxoide botulínico polivalente.

Agente etiológico
Clostridium botulinum, bacilo gram-positivo, anaeróbio, esporulado, cuja forma vegetativa produz 8
tipos de toxina (A, B, C1, C2, D, E, F e G). As toxinas patogênicas para o homem são as dos tipos A, B,
E e F, sendo as mais frequentes a A e a B. Os esporos do C. botulinum resistem a temperaturas de 120°C
por 15 minutos. Estão amplamente distribuídos na natureza, no solo e em sedimentos de lagos e mares.
São encontrados em produtos agrícolas como legumes, vegetais, mel, vísceras de crustáceos e no
intestino de mamíferos e peixes.

Reservatórios
Os esporos do C. botulinum são amplamente distribuídos na natureza, em solos, sedimentos de lagos
e mares. São identificados em produtos agrícolas como legumes, vegetais e mel e em intestinos de
mamíferos, peixes e vísceras de crustáceos.

Modo de transmissão
Tem importância na apresentação clínica e nas ações de vigilância epidemiológica.
Botulismo alimentar - Ocorre por ingestão de toxinas presentes em alimentos previamente
contaminados, que são produzidos ou conservados de maneira inadequada. Os alimentos mais
comumente envolvidos são conservas vegetais, principalmente as artesanais (palmito, picles, pequi);
produtos cárneos cozidos, curados e defumados de forma artesanal (salsicha, presunto, carne frita
conservada em gordura – “carne de lata”); pescados defumados, salgados e fermentados; queijos e pasta
de queijos e, raramente, em alimentos enlatados industrializados.

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Botulismo por ferimentos - Ocasionado pela contaminação de ferimentos com C. botulinum, que em
condições de anaerobiose assume a forma vegetativa e produz toxina in vivo. As principais portas de
entrada para os esporos são úlceras crônicas com tecido necrótico, fissuras, esmagamento de membros,
ferimentos em áreas profundas mal vascularizadas ou, ainda, aqueles produzidos por agulhas em
usuários de drogas injetáveis e lesões nasais ou sinusais em usuários de drogas inalatórias. É uma das
formas mais raras de Botulismo.
Botulismo intestinal - Resulta da ingestão de esporos presentes no alimento, seguida da fixação e
multiplicação do agente no ambiente intestinal, onde ocorre a produção e absorção de toxina. A ausência
da microbiota de proteção permite a germinação de esporos e a produção de toxina na luz intestinal.
Ocorre com maior frequência em crianças com idade entre 3 e 26 semanas – por isso, foi inicialmente
denominado como Botulismo infantil. Em adultos, são descritos alguns fatores predisponentes, como
cirurgias intestinais, acloridria gástrica, doença de Crohn e/ou uso de antibióticos por tempo prolongado,
o que levaria à alteração da flora intestinal.

Período de incubação
Quando o mecanismo de transmissão envolvido é a ingestão direta de toxina já presente no alimento,
o período de incubação é menor e a doença se manifesta mais rapidamente.
Quando ocorre a ingestão de esporos ou a contaminação de ferimentos, o período de incubação é
maior, porque a doença só se inicia após a transformação do C. botulinum da forma esporulada para a
vegetativa, que se multiplica e libera toxina. Períodos de incubação curtos sugerem maior gravidade e
maior risco de letalidade.
Botulismo alimentar - Pode variar de 2 horas a 10 dias, com média de 12 a 36 horas. Quanto maior
a concentração de toxina no alimento ingerido, menor o período de incubação.
Botulismo por ferimento - Pode variar de 4 a 21 dias, com média de 7 dias.
Botulismo intestinal - O período não é conhecido devido à impossibilidade de se determinar o
momento da ingestão de esporos.

Período de transmissibilidade
Apesar da toxina botulínica ser eliminada nas fezes, não ocorre transmissão interpessoal.

Diagnóstico
O diagnóstico laboratorial é baseado na análise de amostras clínicas e de amostras bromatológicas
(casos de Botulismo alimentar). Os exames laboratoriais podem ser realizados por várias técnicas, sendo
a mais comum a detecção da toxina botulínica por meio de bioensaio em camundongos. Em casos de
Botulismo por ferimentos e Botulismo intestinal, realiza-se também o isolamento de C. botulinum por meio
de cultura das amostras. Esses exames são feitos em laboratório de referência nacional e a seleção de
amostras de interesse, oportunas para o diagnóstico laboratorial, varia de acordo com a forma do
Botulismo. Em geral, deve-se coletar soro e fezes de todos os casos suspeitos no início da doença.

Tratamento
O êxito da terapêutica do Botulismo está diretamente relacionado à precocidade com que é iniciada e
às condições do local onde será realizada. O tratamento deve ser conduzido em unidade hospitalar que
disponha de terapia intensiva (UTI). Basicamente, o tratamento da doença apoia-se em dois conjuntos de
ações:
Tratamento de suporte - Medidas gerais e monitorização cardiorrespiratória são as condutas mais
importantes no tratamento do Botulismo.
Tratamento específico - Visa eliminar a toxina circulante e sua fonte de produção, o C. botulinum.
Utiliza-se soro antibotulínico (SAB) e antibióticos.

Brucelose

Vigilância Epidemiológica
Objetivo
Reduzir a morbimortalidade por meio da articulação com os órgãos responsáveis pelo controle dos
rebanhos, alertando a vigilância sanitária para impedir a distribuição e consumo de produtos
contaminados.

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Notificação
Não é obrigatória a notificação de casos isolados. Na vigência de surtos, deve ser notificada, realizada
a investigação epidemiológica e adotadas as medidas de controle indicadas.

Definição de caso
a) Suspeito - Todo paciente com febre de início agudo ou insidioso, história epidemiológica sugestiva
de contato com produto de origem animal contaminado e com outras manifestações clínicas sugestivas
de brucelose.
b) Confirmado - Indivíduo com as características descritas para o caso suspeito e confirmação através
de exames laboratoriais.

Medidas de controle
a) Educação em saúde - Informar a população para consumir leite e outros derivados devidamente
pasteurizados e/ou fervidos; educar os trabalhadores que cuidam de animais sobre os riscos da doença
e os cuidados (incluindo o uso de equipamentos de proteção individual) para evitar contato com animais
doentes ou potencialmente contaminados.
b) Controle animal - Realizar provas sorológicas e eliminar os animais infectados. Cuidados no
manejo para eliminação de placentas, secreções e fetos dos animais.
c) Controle de produtos - Atuação da vigilância sanitária na inspeção de produtos de origem animal,
como leite e seus derivados. Desinfecções das áreas contaminadas.
d) Manejo dos pacientes - Precauções com o material de drenagens e secreções. Desinfecção
concorrente das secreções purulentas. Investigação de contatos para tratamento e controle. Investigação
das fontes de infecção para adoção de medidas de prevenção. Em situações de epidemia, investigar
fontes de contaminação comum, que em geral são os produtos de origem animal contaminados,
principalmente leite e derivados não pasteurizados, esterilizados ou fervidos. Confiscar os alimentos
suspeitos até que sejam instituídas as medidas de prevenção definitivas. Em laboratórios, observar o
cumprimento das normas de biossegurança, incluindo o uso correto dos equipamentos de proteção
individual.

Agente etiológico
Brucella melitensis, biotipos 1 e 3; Brucella suis, biotipos 1 e 5; Brucella abortus, biotipos 1, 6 e 9;
Brucella canis. No Brasil, a maioria dos quadros de Brucelose está associada à infecção por B. abortus.

Reservatórios
Gado bovino, suíno, ovino, caprino e outros animais, como cães.

Modo de transmissão
Contato com tecidos, sangue, urina, secreções vaginais, fetos abortados, placenta (grande fonte de
infecção), ingestão de leite cru e derivados provenientes de animais infectados, acidentes em laboratórios
e da prática vacinal.

Período de incubação
Muito variável, de 1 a 3 semanas, mas pode prolongar-se por vários meses.

Período de transmissibilidade
Não se transmite de pessoa a pessoa.

Diagnóstico
Suspeita clínica aliada à história epidemiológica de ingesta de produtos animais contaminados
malcozidos, não pasteurizados ou esterilizados. A confirmação diagnóstica se faz através da cultura de
sangue, medula óssea, tecidos ou secreções do paciente. As provas sorológicas (aglutinação em tubos)
devem ser realizadas com soros pareados em laboratórios com experiência e em soros pareados, para
se observar a elevação dos anticorpos.
A soroaglutinação em tubos para B. abortus com títulos >80 ou >160, respectivamente, em 24 a 48
horas do período de incubação e o aumento desses, em 4 vezes, em testes pareados indicam a doença.
A interpretação desses testes, em pacientes com quadro crônico, fica dificultada porque os títulos em
geral são baixos.

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Tratamento
Antibioticoterapia, sendo a droga de escolha a Doxiciclina (200mg/dia), em combinação com a
Rifampicina (600 a 900mg/dia), durante 6 semanas. Se houver recidivas, repetir o tratamento, porque, em
geral, não se deve à resistência aos antibióticos e sim a sequestro dos agentes por algum órgão que não
permite a ação da droga. Não usar a Doxiciclina em menores de 7 anos. Sulfametoxazol e Trimetoprim
podem ser associados à Gentamicina, nesses casos.

Cancro Mole

Vigilância Epidemiológica
Objetivos
Interromper a cadeia de transmissão através da detecção e tratamento precoces dos casos e dos seus
parceiros (fontes de infecção); prevenir novas ocorrências por meio de ações de educação em saúde.

Notificação
Não é doença de notificação compulsória nacional. Os profissionais de saúde devem observar as
normas e procedimentos de notificação e investigação de estados e municípios. A Coordenação Nacional
de DST e AIDS, do Ministério da Saúde, está implantando um sistema de fontes de informações
específicas para as doenças sexualmente transmissíveis, visando o aprimoramento de seu controle.

Medidas de controle
Interrupção da cadeia de transmissão pela triagem e referência dos pacientes com DST e seus
parceiros para diagnóstico e terapia adequados;

Aconselhamento (confidencial)
Orientações ao paciente, fazendo com que ele discrimine as possíveis situações de risco presentes
em suas práticas sexuais; desenvolva a percepção quanto à importância do seu tratamento e de seus
parceiros sexuais e promoção de comportamentos preventivos;

Promoção do uso de preservativos


Método mais eficaz para a redução do risco de transmissão do HIV e outras DST; Convite aos parceiros
para aconselhamento e promoção do uso de preservativos (deve-se obedecer aos princípios de
confiabilidade, ausência de coerção e proteção contra a discriminação); Educação em saúde, de modo
geral.

Observação
As associações entre diferentes DST são frequentes, destacando-se, atualmente a relação entre a
presença de DST e aumento do risco de infecção pelo HIV, principalmente na vigência de úlceras genitais.
Desse modo, se o profissional estiver capacitado a realizar aconselhamento, pré e pós-teste para
detecção de anticorpos anti-HIV, quando do diagnóstico de uma ou mais DST, deve ser oferecida essa
opção ao paciente. Portanto, toda doença sexualmente transmissível constitui-se em evento sentinela
para busca de outra DST e possibilidade de associação com o HIV. É necessário, ainda, registrar que o
Ministério da Saúde vem implementando a “abordagem sindrômica” aos pacientes de DST, visando
aumentar a sensibilidade no diagnóstico e tratamento dessas doenças, para alcançar maior impacto no
seu controle.

Agente etiológico
Haemophilus ducreyi, bacilo gram-negativo intracelular.

Reservatório
O homem.

Modo de transmissão
Sexual.

Período de incubação
De 3 a 5 dias, podendo atingir 14 dias.

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Período de transmissibilidade
Semanas ou meses quando na ausência de tratamento, enquanto durarem as lesões. Com
antibioticoterapia, 1 a 2 semanas. O risco de infecção em um intercurso sexual é de 80%.

Diagnóstico
Suspeita clínica, epidemiológica e laboratorial. Essa última é feita por:
Exame direto - Pesquisa em coloração, pelo método de Gram, em esfregaços de secreção da base
da úlcera ou do material obtido por aspiração do bubão. Observam-se, mais intensamente, bacilos gram-
negativos intracelulares, geralmente aparecendo em cadeias paralelas, acompanhados de cocos gram-
positivos (fenômeno de satelitismo).
Cultura - É o método diagnóstico mais sensível, porém de difícil realização em vista das características
do bacilo.
PCR - É o padrão-ouro, embora ainda de custo elevado, apenas disponível em alguns laboratórios de
referência, para pesquisa.
Biópsia - Não é recomendada, pois não confirma a doença.

Tratamento
Azitromicina, 1g, VO, dose única; Ciprofloxacina, 500mg, VO, 12/12 horas, por 3 dias; Eritromicina
(estearato), 500mg, VO, de 6/6 horas, por 7 dias; Ceftriaxona, 250mg, IM, dose única. O tratamento
sistêmico deve ser acompanhado de medidas de higiene local.

Candidíase

Vigilância Epidemiológica
Objetivo
Diagnosticar e tratar precocemente os casos para evitar complicações e nas gestantes reduzir o risco
de transmissão perinatal. Notificação: não é uma doença de notificação compulsória.

Medidas de controle
Tratamento precoce dos indivíduos acometidos. Orienta-se a desinfecção concorrente das secreções
e artigos contaminados. Sempre que possível, deverá ser evitada antibioticoterapia de amplo espectro
prolongada. Cuidados específicos devem ser tomados com uso de cateter venoso, como troca de
curativos a cada 48 horas e uso de solução à base de iodo e povidine.

Observação
As associações entre diferentes DST são frequentes, destacando-se, atualmente a relação entre a
presença de DST e aumento do risco de infecção pelo HIV, principalmente na vigência de úlceras genitais.
Desse modo, se o profissional estiver capacitado a realizar aconselhamento, pré e pós-teste para
detecção de anticorpos anti-HIV, quando do diagnóstico de uma ou mais DST, deve ser oferecida essa
opção ao paciente. Portanto, toda doença sexualmente transmissível constitui-se em evento sentinela
para busca de outra DST e possibilidade de associação com o HIV. É necessário, ainda, registrar que o
Ministério da Saúde vem implementando a “abordagem sindrômica” aos pacientes de DST, visando
aumentar a sensibilidade no diagnóstico e tratamento dessas doenças, para alcançar maior impacto no
seu controle.

Agente etiológico
Candida albicans, Candida tropicalis e outras espécies de Candida. A Candida albicans causa a
maioria das infecções.

Reservatório
O homem.

Modo de transmissão
Por meio de contato com mucosas e secreções em pele de portadores ou doentes. A transmissão
vertical pode ocorrer durante o parto normal. Pode ocorrer disseminação endógena.

Período de incubação
Desconhecido.

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Período de transmissibilidade
Enquanto houver lesões.

Diagnóstico
Candidíase oral - Além do aspecto clínico, visualização de leveduras e pseudo hifas em exame
microscópico de esfregaço da lesão, preparado com hidróxido de potássio a 10%. As culturas permitem
a identificação da espécie.
Esofagite - Endoscopia com biópsia e cultura.
Candidíase invasiva - Isolamento do microrganismo de fluidos corporais (sangue, líquor, medula
óssea) ou de biópsia de tecidos. O achado de cultura negativa, entretanto, não afasta o diagnóstico de
Candidíase sistêmica. Culturas de material potencialmente contaminado, como urina, fezes ou pele,
podem ser de difícil interpretação, mas servem de apoio ao diagnóstico.

Tratamento
Candidíase oral - Nistatina, suspensão ou tabletes, 500.000 a 1 milhão UI, 3 a 5 vezes ao dia, durante
14 dias, uso tópico. Em crianças, recomenda-se o uso durante 5 a 7 dias. Como tratamento de segunda
escolha ou em pacientes imunocomprometidos, pode ser utilizado: Fluconazol, 200mg, via oral, 1 vez ao
dia, para adultos, com duração de tratamento de 7 a 14 dias, devendo ser evitado seu uso em crianças.
Esofagite em pacientes imunodeprimidos - Como primeira escolha, pode ser utilizado Fluconazol,
200 a 400mg/dia, via oral ou endovenosa, durante 14 dias, ou Anfotericina B, em baixas doses
(0,5mg/kg/dia), IV, durante 5 a 7 dias. A dose diária não deve ultrapassar 50mg/dia.
Candidíase vulvovaginal - Recomenda-se Isoconazol (nitrato), uso tópico, sob a forma de creme
vaginal, durante 7 dias ou óvulo, em dose única; como segunda alternativa, Tioconazol, pomada ou óvulo
em dose única. Outras substâncias também são eficazes: Clotrimazol, Miconazol, Terconazol ou
Nistatina, em aplicação tópica. Candidíase mucocutânea crônica - Fluconazol, como primeira escolha, e
Anfotericina B, para casos mais severos. Ceratomicose - Lavagem da córnea com Anfotericina B, 1mg/ml.
Infecções sistêmicas - Anfotericina B é a droga de escolha. Se necessário, associada ao Fluconazol,
400mg/dia/EV. A dose deve ser diminuída em casos de insuficiência renal. A Caspofungina, na dose de
70mg/dia, seguida de 50mg/dia, nos dias subsequentes até completar 14 dias, tem demonstrado
superioridade de resposta comparativamente com a Anfotericina B. O Voriconazol tem apresentado
grande sucesso clínico no tratamento da Candidemia. A escolha do antifúngico deve estar baseada nos
aspectos epidemiológicos da instituição, uma vez que as espécies já apresentam certo grau de
resistência.

Coccidioidomicose

Vigilância Epidemiológica
Objetivos
Diagnosticar e tratar precocemente todos os casos para evitar as formas graves; identificação de focos,
através da investigação, para o desencadeamento de medidas de educação em saúde, com vistas a
impedir a ocorrência de novas infecções.

Notificação
Por tratar-se de agravo inusitado, todo caso deve ser notificado ao setor de vigilância epidemiológica
e deve ser investigado obrigatoriamente.

Medidas de controle
Em áreas endêmicas implementar atividades educativas acerca do risco de infecção e formas de
proteção. Medidas alternativas como umedecer solos secos, umedecer campos de pouso, uso de
máscaras e, se possível, veículos com ar refrigerado são também utilizadas em situações específicas. Os
profissionais de saúde devem seguir estritas normas de biossegurança ao manejar pacientes ou
manipular amostras em laboratório.

Agente etiológico
Coccidioides immitis, um fungo dimórfico.

Reservatório
O solo, especialmente, de locais secos e com pH alcalino. A doença acomete o homem e outros
animais (gado bovino, ovino, caprino, entre outros).

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Modo de transmissão
Por inalação dos artroconídios (forma do fungo no solo). A transmissão por inoculação, sobretudo a
decorrente de acidentes de laboratório, é relativamente comum. Transmissão durante a gravidez é rara
e, quando ocorre, pode haver óbito neonatal.

Período de incubação
De 1 a 4 semanas.

Período de transmissibilidade
Não é doença contagiosa de indivíduo a indivíduo.

Diagnóstico
É clínico, epidemiológico e laboratorial. Esse último é feito pela demonstração do parasita em exame
micológico direto (escarro, pus, LCR, raspado de lesão de pele, biópsia) ou em cultura de secreções em
ágar-Sabouraud. A coleta e o processamento de material para cultura devem ser feitos por pessoal
treinado, em laboratório de segurança nível II; a manipulação de culturas e/ou material de solo
sabidamente contaminado pelo C. immitis devem ser feitos em nível de contenção de risco NB3.
A histopatologia pode ser útil com achado de esférulas com endósporos. A sorologia é feita por meio
da detecção de IgM e os níveis de IgG requerem criteriosa avaliação. Os testes cutâneos com esferulina
têm pouco valor diagnóstico, pois permanecem positivos, mesmo após a infecção. São de valor
epidemiológico, uma vez que detectam áreas onde ocorre a infecção.

Tratamento
Anfotericina B, 1 a 3g, dose total, seguida por Fluconazol, 400mg/dia, por 6 a 12 meses ou Itraconazol,
300mg/dia, pelo mesmo período. O critério de cura é clínico, agregado à negativação do exame
micológico. O Fluconazol está especialmente indicado nas formas que comprometem o SNC, por sua
excelente difusão cerebral.

Cólera

Vigilância Epidemiológica
Objetivos
Diminuir a incidência e a letalidade; impedir ou dificultar a propagação do Vibrio cholerae O1.

Notificação
Doença de notificação compulsória internacional, com desencadeamento de investigação
epidemiológica imediatamente após o estabelecimento da suspeita.

Definição de caso
a) Suspeito - Em áreas sem circulação do vibrião - qualquer indivíduo com diarreia independente de
faixa etária, que tenha história de passagem por área com circulação do V. cholerae; que coabite com
caso suspeito ou confirmado (retorno da área endêmica) ou todo indivíduo com mais de 10 anos de idade
que apresente diarreia súbita, líquida e abundante. Em áreas com circulação - qualquer indivíduo com
diarreia aguda;
b) Confirmado - Por laboratório (isolamento do agente nas fezes ou vômitos); por critério clínico-
epidemiológico (correlaciona variáveis clínicas e epidemiológicas).
c) Importado - Caso cuja infecção ocorreu em área diferente daquela em que foi diagnosticado.

Medidas de controle
Oferta de água de boa qualidade e em quantidade suficiente; disponibilização de hipoclorito de sódio
à população sem acesso à água potável; destino e tratamento adequados dos dejetos; destino adequado
do lixo; educação em saúde; controle de portos, aeroportos e rodoviárias; higiene dos alimentos;
disposição e manejo adequado dos cadáveres. A rede assistencial deve estar estruturada e capacitada
para a detecção precoce e manejo adequado de casos.
Deve-se ter cuidados com os vômitos e as fezes dos pacientes no domicílio. É importante informar
sobre a necessidade da lavagem rigorosa das mãos e procedimentos básicos de higiene. Isolamento
entérico nos casos hospitalizados, com desinfecção concorrente de fezes, vômitos, vestuário e roupa de
cama dos pacientes. A quimioprofilaxia de contatos não é mais indicada por não ser eficaz para conter a

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propagação dos casos. Além disso, o uso de antibiótico altera a flora intestinal, modificando a
suscetibilidade à infecção, podendo provocar o aparecimento de cepas resistentes.
A vacinação apresenta baixa eficácia (50%) e curta duração de imunidade (3 a 6 meses) e não evita a
infecção assintomática. Para vigiar e detectar precocemente a circulação do agente, preconiza-se: o
fortalecimento da Monitorização das Doenças Diarreicas Agudas-MDDA nos municípios do país e a
monitorização ambiental para pesquisa de Vibrio cholerae no ambiente. É importante ressaltar que no
caso do Vibrio cholerae El Tor a relação entre doentes e assintomáticos é muito alta, podendo haver de
30a 100 assintomáticos para cada indivíduo doente; assim, as medidas de prevenção e controle devem
ser direcionadas a toda a comunidade para garantir o impacto desejado.

Agente etiológico
Vibrio cholerae O1, biótipo clássico ou El Tor (sorotipos Inaba, Ogawa ou Hikojima), toxigênico, e,
também, o O139. Bacilo gram-negativo, com flagelo polar, aeróbio ou anaeróbio facultativo, produtor de
endotoxina.

Reservatório
O principal é o homem. Estudos recentes sugerem a existência de reservatórios ambientais como
plantas aquáticas e frutos do mar.

Modo de transmissão
Ingestão de água ou alimentos contaminados por fezes ou vômitos de doente ou portador. A
contaminação pessoa a pessoa é menos importante na cadeia epidemiológica. A variedade El Tor persiste
na água por muito tempo, o que aumenta a probabilidade de manter sua transmissão e circulação.

Período de incubação
De algumas horas a 5 dias. Na maioria dos casos, de 2 a 3 dias.

Período de transmissibilidade
Dura enquanto houver eliminação do V. cholerae nas fezes, o que ocorre, geralmente, até poucos dias
após a cura. Para fins de vigilância, o padrão aceito é de 20 dias. Alguns indivíduos podem permanecer
portadores sadios por meses ou até anos, situação de particular importância, já que podem se tornar
responsáveis pela introdução da doença em área indene.

Diagnóstico
Laboratorial - O V. cholerae pode ser isolado a partir da cultura de amostras de fezes de doentes ou
portadores assintomáticos. A coleta do material pode ser feita por swab retal ou fecal, fezes in natura ou
em papel de filtro.
Clínico-epidemiológico - Casos de diarreia nos quais são relacionadas variáveis com manifestações
clínicas e epidemiológicas capazes de definir o diagnóstico, sem investigação laboratorial.

Tratamento
Formas leves e moderadas, com soro de reidratação oral (SRO). Formas graves, com hidratação
venosa e antibiótico: para menores de 8 anos, recomenda-se Sulfametoxazol (50mg/kg/dia) + Trimetoprim
(10mg/kg/dia), via oral, de 12/12 horas, por 3 dias; para maiores de 8 anos, Tetraciclina, 500mg, via oral,
de 6/6 horas, por 3 dias; para gestantes e nutrizes, Ampicilina, 500mg, VO, de 6/6 horas, por 3 dias.

Coqueluche

Vigilância Epidemiológica
Objetivo
a) Acompanhar a tendência temporal da doença, para detecção precoce de surtos e epidemias,
visando adotar medidas de controle pertinentes;
b) Aumentar o percentual de isolamento em cultura, com envio de 100% das cepas isoladas para o
Laboratório de Referência Nacional para estudos moleculares e de resistência bacteriana a
antimicrobianos.

Notificação
É doença de notificação compulsória.

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Definição de caso
Suspeito
a) Todo indivíduo, independente da idade e estado vacinal, que apresente tosse seca há 14 dias ou
mais, associado a um ou mais dos seguintes sintomas: tosse paroxística (tosse súbita incontrolável, com
tossidas rápidas e curtas (5 a 10) em uma única expiração); guincho inspiratório; vômitos pós-tosse; ou
b) Todo indivíduo, independente da idade e estado vacinal, que apresente tosse seca há 14 dias ou
mais e com história de contato com um caso confirmado de coqueluche pelo critério clínico.

Confirmado
a) Critério Laboratorial - Todo caso suspeito de coqueluche com isolamento de Bordetella pertussis.
b) Critério Epidemiológico - Todo caso suspeito que teve contato com caso confirmado como
coqueluche pelo critério laboratorial, entre o início do período catarral até três semanas após o início do
período paroxístico da doença (período de transmissibilidade).
c) Critério Clínico - Todo caso suspeito de coqueluche cujo hemograma apresente leucocitose (acima
de 20.000 leucócitos/mm³) e linfocitose absoluta (acima de 10.000 linfócitos/mm³), desde que sejam
obedecidas as seguintes condições: resultado de cultura negativa ou não realizada; inexistência de
vínculo epidemiológico (vide item b acima); não se confirme outra etiologia.

Medidas de controle
Vacinação - A medida de controle de interesse prático em saúde pública é a vacinação dos suscetíveis
na rotina da rede básica de saúde. A vacina contra coqueluche deve ser aplicada mesmo em crianças
cujos responsáveis refiram história da doença

Esquema Básico de vacinação


Os menores de um ano deverão receber 3 doses da vacina combinada DTP+Hib (contra difteria, tétano
e coqueluche e infecções graves causadas pelo Haemophilus influenzae), a partir dos 2 meses de idade
com intervalo de pelo menos 30 dias entre as doses (o ideal é intervalo de dois meses). De seis a doze
meses após a terceira dose, a criança deverá receber o 1º reforço com a vacina DTP (tríplice bacteriana),
sendo que o 2º reforço deverá ser aplicado de 4 a 6 anos de idade.
A vacina DTP não deve ser aplicada em crianças com 7 anos ou mais de idade. A vacina DTPa (tríplice
acelular) é indicada em situações especiais e deve-se observar as recomendações do Ministério da
Saúde.
Vacinação de bloqueio - Frente a casos isolados ou surtos: proceder a vacinação seletiva da
população suscetível, visando aumentar a cobertura vacinal na área de ocorrência do(s) caso(s).

Controle de comunicantes
a) Vacinação - Os comunicantes íntimos, familiares e escolares, menores de 7 anos não vacinados,
inadequadamente vacinados ou com situação vacinal desconhecida deverão receber uma dose da vacina
contra coqueluche e orientação de como proceder para completar o esquema de vacinação.
b) Pesquisa de novos casos - Coletar material para diagnóstico laboratorial de comunicantes com
tosse, segundo orientação constante no Guia de Vigilância Epidemiológica.
c) Quimioprofilaxia - Tem indicação restrita e deve-se observar as recomendações constantes no
Guia de Vigilância Epidemiológica.

Agente etiológico
Bordetella pertussis. Bacilo gram-negativo, aeróbio, não-esporulado, imóvel e pequeno, provido de
cápsula (formas patogênicas) e fímbrias.

Reservatório
O homem é o único reservatório natural. Ainda não foi demonstrada a existência de portadores
crônicos; entretanto, podem ocorrer casos oligossintomáticos, com pouca importância na disseminação
da doença.

Modo de transmissão
Contato direto da pessoa doente com pessoa suscetível (gotículas de secreção eliminadas por tosse,
espirro ou ao falar). A transmissão por objetos recém-contaminados com secreções do doente é pouco
frequente, em virtude da dificuldade do agente sobreviver fora do hospedeiro.

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Período de incubação
Em média, de 5 a 10 dias, podendo variar de 1 a 3 semanas e, raramente, até 42 dias.

Período de transmissibilidade
Para efeito de controle, considera-se que esse período se estende de 5 dias após o contato com um
do ente (final do período de incubação) até 3 semanas após o início dos acessos de tosse típicos da
doença (fase paroxística). Em lactentes menores de 6 meses, o período de transmissibilidade pode
prolongar-se por até 4 a 6 semanas após o início da tosse. A maior trans miscibilidade ocorre na fase
catarral.

Diagnóstico
O diagnóstico específico é realizado mediante o isolamento da B. pertussis por meio de cultura de
material colhido de nasofaringe, com técnica adequada. Essa técnica é considerada como “padrão-ouro”
para o diagnóstico laboratorial da Coqueluche, por seu alto grau de especificidade, embora sua
sensibilidade seja variável.
Como a B. pertussis apresenta um tropismo pelo epitélio respiratório ciliado, a cultura deve ser feita a
partir da secreção nasofaríngea. A coleta do espécime clínico deve ser realizada antes do início da
antibioticoterapia ou, no máximo, até 3 dias após seu início. Por isso, é importante procurar a unidade de
saúde ou entrar em contato com a coordenação da vigilância epidemiológica, na secretaria de saúde do
município ou estado.

Tratamento
A Eritromicina (de preferência o estolato) é o antimicrobiano de escolha para o tratamento da
Coqueluche, por ser mais eficiente e menos tóxico. Esse antibiótico é capaz de erradicar o agente do
organismo em 1 ou 2 dias, quando iniciado seu uso durante o período catarral ou no início do período
paroxístico, promovendo a diminuição do período de transmissibilidade da doença. No entanto, faz-se
necessário procurar atendimento para que o medicamento seja prescrito em doses adequadas, por
profissional capacitado. A imunoglobulina humana não tem valor terapêutico comprovado.

Criptococose

Vigilância Epidemiológica
Objetivos
Diagnosticar e tratar adequadamente todos os casos, devendo-se estar atento para o fato de que a
criptococose, geralmente, está associada à imunossupressão servindo de evento sentinela, para a busca
de sua associação com fatores imunossupressores (linfomas, leucemias, uso prolongado de
corticosteroides, aids, transplantes e desnutrição severa).

Notificação
Não é doença de notificação compulsória. A investigação deve ser feita no sentido de se buscar sua
associação à imunodeficiência e para implantar as medidas de controle disponíveis.

Medidas de controle
Até o momento não existem medidas preventivas específicas, a não ser atividades educativas com
relação ao risco de infecção. Medidas de controle de proliferação de pombos devem ser implementadas.
Assim, nas áreas com grande número de pombos deve-se diminuir a disponibilidade de alimento, água e
principalmente os abrigos, visando reduzir a população. Os locais com acúmulo de fezes devem ser
umidificados para que os fungos possam ser removidos com segurança, evitando a dispersão por
aerossóis.
Não há necessidade de isolamento dos doentes. As medidas de desinfecção de secreção e fômites
devem ser as de uso hospitalar rotineiro.

Agente etiológico
Um fungo, o Cryptococcus neoformans, nas variedades neoformans (sorotipo A e D) e gatti (sorotipo
B e C). O C. neoformans, variação neoformans sorotipo A, é responsável por mais de 90% das infecções
nos pacientes com aids no Brasil, enquanto a variedade gatti acomete, principalmente, indivíduos sem
imunossupressão aparente.

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Reservatório
Fungo saprófita que vive no solo, em frutas secas e cereais e nas árvores; é isolado nos excrementos
de aves, principalmente pombos.

Modo de incubação
Desconhecido. O comprometimento pulmonar pode anteceder, em anos, ao acometimento cerebral.

Período de transmissibilidade
Não há transmissão homem a homem, nem de animais ao homem.

Diagnóstico
O diagnóstico é clínico e laboratorial e a confirmação é feita com a evidenciação do criptococose pelo
uso de “tinta da China” (nankin), que torna visíveis formas encapsuladas e em gemulação em materiais
clínicos. Essa técnica é a consagrada para o diagnóstico das meningites criptocócicas (exame do LCR).
Pode-se isolar o criptococose, também, na urina ou no pus, em meio de ágar-Sabouraud. A sorologia, no
LCR e no soro, e a histopatologia podem ser úteis. A radiografia de tórax pode ajudar no diagnóstico,
podendo ou não ser usada para confirmar a doença, demonstrando danos pulmonares, revelando massa
única ou nódulos múltiplos distintos.

Tratamento
A escolha da droga vai depender da forma clínica. Na Criptococose disseminada, o esquema
terapêutico de primeira escolha é Anfotericina B, na dose de 1,0mg/kg/dose, IV, não ultrapassar 50mg/dia,
durante 6 semanas, com todos os cuidados que envolvem o seu uso. Em caso de toxicidade à Anfotericina
B, Desoxicolato, está indicado o uso da formulação lipídica, na dose de 3 a 5mg/kg/dia.
O Fluconazol é também recomendado, na fase de consolidação, na dose de 200 a 400mg/dia, VO ou
EV, por aproximadamente 6 semanas, ou associado à Anfotericina B, até a negativação das culturas. Nas
formas exclusivamente pulmonares ou com sintomas leves, está indicado o uso do Fluconazol, na dose
de 200mg/dia, por 6 meses a 12 meses, ou Itraconazol, 200mg/dia, durante 6 a 12 meses.

Criptosporidíase

Vigilância Epidemiológica
Objetivo
Diagnosticar os casos para impedir a cadeia de transmissão da doença.

Notificação
A criptosporidíase não é uma doença de notificação compulsória.

Medidas de controle
a) Gerais - Educação sanitária, saneamento básico, lavagem de mãos após o manuseio de bovinos
com diarreia, filtração da água ou sua fervura durante dez minutos.
b) Isolamento - adoção de precauções do tipo entérico para pacientes internados.
Pessoas infectadas devem ser afastadas de atividades de manipulação dos alimentos e crianças
atingidas não devem frequentar creches.
c) Desinfecção - Concorrente das fezes e de material contaminado com as mesmas.

Agente etiológico
Cryptosporidium parvum.

Reservatório
O homem, o gado e animais domésticos. O agente pode ser encontrado no solo, água ou alimentos
contaminados com fezes.

Modo de transmissão
Fecal-oral, de animais para a pessoa ou entre pessoas, pela ingestão de oocistos, que são formas
infecciosas e esporuladas do protozoário.

Período de incubação
De 2 a 14 dias.

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Período de transmissibilidade
Várias semanas, a partir do início dos sintomas e enquanto houver eliminação de oocistos nas fezes.
Fora do organismo humano, em ambientes úmidos, o oocisto pode permanecer infectante por até 6
meses.

Diagnóstico
Identificação do oocisto do parasito por meio de exame de fezes, utilizando-se coloração ácido-
resistente. Biópsia intestinal, quando necessária. O diagnóstico também pode ser realizado pela detecção
do antígeno nas fezes, por meio do ensaio imunoenzimático (Elisa) ou imunofluorescência direta.

Tratamento
Reidratação e correção de distúrbios hidroeletrolíticos, suplementação nutricional. Em indivíduos
imunocompetentes, a doença é autolimitada. Azitromicina, na dose de 900 a 1.200mg/dia, VO, pode ser
benéfica para alguns pacientes. Roxitromicina, na dose de 300mg, 2 vezes por dia, diariamente, por 4
semanas. Para pacientes com imunodeficiência relacionada ao HIV, a terapia com imunoglobulina
hiperimune pode ser útil, associada com Zidovudine.

Dengue

Vigilância epidemiológica
Objetivos
Reduzir a infestação pelo Ae. aegypti; reduzir a incidência da Dengue; e reduzir a letalidade por FHD.

Notificação
É doença de notificação compulsória e de investigação obrigatória, principalmente quando se tratar
dos primeiros casos diagnosticados em uma área ou quando se suspeitar de FHD. Os óbitos decorrentes
da doença devem ser investigados imediatamente.

Agente Etiológico
A dengue é causada por um vírus RNA, arbovírus do gênero Flavivírus, pertencente à família
Flaviviridae. Até o ano de 2016, são conhecidos quatro sorotipos: DENV 1, DENV 2, DENV 3 e DENV 4.
O CHIKV possui genoma de RNA positivo de fita simples, pertencente ao gênero Alphavirus da família
Togaviridae.
O Zika, por sua vez, é causado por um RNA vírus, do gênero Flavivírus e pertence à família
Flaviviridae.
Até o momento, são conhecidas e descritas duas linhagens do vírus: uma africana e outra asiática.

Vetores
Os insetos vetores são culicídeos pertencentes ao gênero Aedes. A espécie Ae. Aegypti é a mais
importante na transmissão de dengue, chikungunya e Zika no Brasil, e também pode ser transmissora do
vírus da febre amarela em áreas urbanas.
O Aedes albopictus é o vetor de manutenção da dengue na Ásia e também tem sido relacionado com
a transmissão de chikungunya e Zika em diversos países. Embora já esteja presente nas Américas, até
o momento, o A. albopictus não foi associado à transmissão dessas doenças nessa região. Apesar disso,
a espécie não pode ser desconsiderada pelos programas de controle.
Enquanto o Ae. Aegypti está distribuído em regiões tropicais e subtropicais, o Ae. Albopictus também
pode ser encontrado em latitudes temperadas.
No Brasil, o Ae. Aegypti encontra-se disseminado em todos os estados, amplamente disperso em
áreas urbanas. O Ae. Albopictus foi identificado em um grande número de municípios do país, sendo
encontrado no peridomicílio e em ambientes naturais ou modificados adjacentes.

Modo de Transmissão
A principal forma de transmissão de dengue, chikungunya e Zika se faz pela picada de fêmeas
infectadas de A. aegypti no ciclo homem - A. aegypti - homem.
Para os três agravos, forma registrados casos de transmissão vertical (gestante-bebê). Na
chikungunya, a transmissão pode acontecer no momento do parto de gestantes virêmicas, muitas vezes
provocando infeção neonatal grave. Na Zika, a transmissão vertical pode gerar malformações e diferentes
manifestações clínicas no feto, incluindo aborto.

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Existem relatos de transmissão sexual de Zika, mas o impacto epidemiológico dessa via ainda está
sob investigação.
Essas doenças também podem ser transmitidas por via transfusional. Para dengue e chikungunya, a
transmissão por essa via é rara se atendidos os protocolos recomendados; em relação ao Zika, o impacto
ainda necessita ser avaliado.

Período de incubação
De 3 a 15 dias; em média, de 5 a 6 dias.

Período de transmissibilidade
O homem infecta o mosquito durante o período de viremia, que começa um dia antes da febre e
perdura até o sexto dia da doença.

Medidas de controle
As medidas de controle se restringem ao vetor Aedes aegypti, uma vez que não se tem ainda vacina
ou drogas antivirais específicas. O combate ao vetor deve desenvolver ações continuadas de inspeções
domiciliares, eliminação e tratamento de criadouros, priorizando atividades de educação em saúde e
mobilização social. A finalidade das ações de rotina é manter a infestação do vetor em níveis
incompatíveis com a transmissão da doença.
Em situações de epidemias deve ocorrer a intensificação das ações de controle, prioritariamente a
eliminação de criadouros e o tratamento focal.
Além disso, deve ser utilizada a aplicação espacial de inseticida a Ultra Baixo Volume - UBV, ao mesmo
tempo em que se reestrutura as ações de rotina. Em função da complexidade que envolve a prevenção
e o controle da dengue, o programa nacional estabeleceu dez componentes de ação, sendo eles:
Vigilância epidemiológica; Combate ao vetor; Assistência aos pacientes; Integração com a atenção básica
(PACS/PSF); Ações de saneamento ambiental; Ações integradas de educação em saúde, comunicação
e mobilização; Capacitação de recursos humanos; Legislação de apoio ao programa e Acompanhamento
e avaliação. Estes componentes de ação, se convenientemente implementados, contribuirão para a
estruturação de programas permanentes, integrados e intersetoriais, características essenciais para o
enfrentamento desse importante problema de saúde pública.

Manifestações clínicas
A infecção pelo vírus da dengue pode ser assintomática ou sintomática. Quando sintomática, causa
uma doença sistêmica e dinâmica, de amplo espectro clínico, variando desde formas oligossintomáticas
até quadros graves, possíveis de evoluir a óbito. Três fases clínicas podem ocorrer: febril, crítica e de
recuperação.
Na fase febril, a primeira manifestação é a febre com duração de dois a sete dias, geralmente alta (39º
a 40ºC), de início abrupto, associada à cefaleia, astenia, mialgia, artralgia e dor retroorbitária. O exantema,
presente em 50% dos casos, é predominantemente do tipo maculopapular, atingindo face, tronco e
membros de forma aditiva, não poupando plantas dos pés e palmas das mãos, podendo se apresentar
sob outras formas, com ou sem prurido, frequentemente no desaparecimento da febre. Anorexia, náuseas
e vômitos podem se fazer presentes. A diarreia está presente em um percentual significativo dos casos.
Após a fase febril, grande parte dos pacientes recupera-se gradativamente, com melhora do estado
geral e retorno do apetite.
A fase crítica pode se apresentar em alguns pacientes, podendo evoluir para as formas graves, razão
porque medidas diferenciadas de manejo clínico e observação devem ser adotadas imediatamente. Esta
fase tem início com a defervescência da febre, entre o terceiro e o sétimo dia do início da doença,
acompanhada do surgimento dos sinais de alarme e/ou gravidade.

Os sinais de alarme são caracterizados por:


- Dor abdominal intensa (referida ou à palpação) e contínua;
- Vômitos persistentes;
- Acúmulo de líquidos (ascites, derrame pleural, derrame pericárdico);
- Hipotensão postural e/ou lipotimia;
- Hepatomegalia maior do que 2cm abaixo do rebordo costal;
- Sangramento de mucosa;
- Aumento progressivo do hematócrito.

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Os casos graves são caracterizados por sangramento grave, disfunção grave de órgãos ou
extravasamento grave de plasma.
O choque ocorre quando um volume crítico de plasma é perdido pelo extravasamento, o que costuma
ocorrer entre o 4º e o 5º dia, no intervalo de 3 a 7 dias de doença, geralmente precedido por sinais de
alarme.
São sinais de choque: pulso rápido e fraco; diminuição da pressão arterial (diferença entre as pressões
sistólica e diastólica, ≤20mmHg em crianças; em adultos, esse valor indica choque mais grave);
extremidades frias; demora no enchimento capilar; pele úmida e pegajosa; e agitação. Alguns pacientes
ainda podem apresentar manifestações neurológicas, como convulsões e irritabilidade.
O choque é de curta duração e pode levar ao óbito em um intervalo de 12 a 24 horas; ou à recuperação
rápida, após terapia antichoque apropriada. O choque prolongado e a consequente hipoperfusão de
órgãos resultam no comprometimento progressivo destes, bem como em acidose metabólica e
coagulação intravascular disseminada. Isto, por sua vez, leva a hemorragias graves, causando diminuição
de hematócrito em choque grave. Além disso, o comprometimento grave de órgãos pode causar
complicações como hepatites, encefalites ou miocardites e/ou sangramento abundante (gastrointestinal,
intracraniano), e ocorrer sem extravasamento de plasma ou choque óbvios.
Após as 24-48 horas da fase crítica, uma reabsorção gradual do fluido que se havia extravasado para
o compartimento extravascular ocorrerá nas 48-72 horas seguintes. Há uma melhora do estado geral,
retorno do apetite, redução de sintomas gastrointestinais, estabilização do estado hemodinâmico e
melhora do débito urinário. Alguns pacientes podem apresentar um rash cutâneo e/ou prurido
generalizado. Bradicardia e mudanças no eletrocardiograma são comuns durante esse estágio.

Outras manifestações clínicas que também podem ocorrer são:


- Letargia, sonolência e/ou irritabilidade (em crianças);
- Diminuição da diurese;
- Diminuição repentina da temperatura corpórea ou hipotermia;
- Desconformo respiratório.

Nas crianças, a dengue pode ser assintomática ou se apresentar como uma síndrome febril clássica
viral, ou com sinais e sintomas inespecíficos, tais como astenia, sonolência, recusa da alimentação e de
líquidos, vômitos, diarreia ou fezes amolecidas. Nestes casos, os critérios epidemiológicos ajudam o
diagnóstico clínico.
Nos menores de dois anos de idade, os sinais e sintomas de dor podem se manifestar por choro
persistente, astenia e irritabilidade, podendo ser confundidos com outros quadros infecciosos febris,
próprios da faixa etária. O início da doença pode passar despercebido, e o quadro grave ser identificado
como a primeira manifestação clínica. O agravamento nessas crianças, em geral, é mais súbito do que
no adulto, no qual os sinais de alarme são mais facilmente detectados.
Gestantes devem ser tratadas de acordo com o estadiamento clínico da dengue. Elas necessitam de
observação, independentemente da gravidade da doença, devendo o médico estar atento aos riscos para
mãe e o concepto. Os riscos para mãe infectada estão principalmente relacionados ao aumento de
sangramentos de origem obstétrica e às alterações fisiológicas da gravidez, que podem interferir nas
manifestações clínicas da doença.
Para o concepto de mãe infectada durante a gestação, há risco aumentado de aborto e baixo peso ao
nascer. Gestantes com sangramento, independentemente do período gestacional, devem ser
questionadas quanto à presença de febre ou histórico de febre nos últimos sete dias.

Diagnóstico
É necessária uma boa anamnese, com realização da prova do laço, exame clínico e confirmação
laboratorial específica. A confirmação laboratorial é orientada de acordo com a situação epidemiológica:
em períodos não epidêmicos, solicitar o exame de todos os casos suspeitos; em períodos epidêmicos,
solicitar o exame em todo paciente grave ou com dúvidas no diagnóstico, seguindo as orientações da
Vigilância Epidemiológica de cada região.

Tratamento
Baseia-se principalmente na hidratação adequada, levando em consideração o estadiamento da
doença (grupos A, B, C e D) segundo os sinais e sintomas apresentados pelo paciente, assim como no
reconhecimento precoce dos sinais de alarme. É importante reconhecer precocemente os sinais de
extravasamento plasmático, para correção rápida com infusão de fluidos. Quanto ao tipo de unidade de

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saúde adequada ao atendimento dos pacientes de dengue, deve-se levar em consideração o
estadiamento da doença.

Difteria

Vigilância Epidemiológica
Objetivos
Detectar casos e prevenir surtos mediante adoção de mediadas de controles pertinentes.

Notificação
Doença de notificação compulsória e de investigação imediata e obrigatória.

Definição de caso Suspeito - Toda pessoa que, independente da idade e estado vacinal, apresenta
quadro agudo de infecção da orofaringe, com presença de placas aderentes ocupando as amígdalas,
com ou sem invasão de outras áreas da faringe (palato e úvula), ou em outras localizações (ocular, nasal,
vaginal, pele, etc.), com comprometimento do estado geral e febre moderada.

Confirmado
a) Critério Laboratorial - Todo caso suspeito com isolamento do Corynebacterium diphtheriae com ou
sem provas de toxigenicidade positiva;
b) Critério Epidemiológico - Todo caso suspeito de difteria com resultado de cultura negativo ou exame
não realizado, mas que seja comunicante de um outro caso confirmado laboratorial ou clinicamente; ou
com resultado de cultura negativo ou exame não realizado, mas que seja comunicante íntimo de indivíduo
no qual se isolou Corynebacterium diphtheriae (portador sadio).
c) Critério Clínico - Quando for observado: placas comprometendo pilares ou úvula, além das
amígdalas; placas suspeitas na traqueia ou laringe; simultaneamente, placas em amígdalas, toxemia
importante, febre baixa desde o início do quadro e evolução, em geral, arrastada; miocardite ou paralisia
de nervos periféricos, que pode aparecer desde o início dos sintomas sugestivos de difteria ou até
semanas após;
d) Critério Anatomopatológico (Necropsia) - Quando a necropsia comprovar: placas comprometendo
pilares ou úvula, além das amígdalas; placas na traqueia e/ou laringe.
e) Morte pós-clínica compatível - Óbito de paciente em curso de tratamento de amigdalite aguda e no
qual se constata miocardite.

Medidas de controle
A medida mais segura e efetiva é a imunização adequada da população com toxoide diftérico.

Esquema vacinal básico - Os menores de um ano deverão receber 3 doses da vacina combinada
DTP+Hib (contra difteria, tétano e coqueluche e infecções graves causadas pelo Haemophilus influenzae),
a partir dos 2 meses de idade com intervalo de pelo menos 30 dias entre as doses (o ideal é intervalo de
dois meses).
De seis a doze meses após a terceira dose, a criança deverá receber o 1º reforço com a vacina DTP
(tríplice bacteriana), sendo que o 2º reforço deverá ser aplicado de 4 a 6 anos de idade. A vacina DTP
não deve ser aplicada em crianças com 7 anos ou mais de idade. A vacina DTPa (tríplice acelular) é
indicada em situações especiais e deve-se observar as recomendações do Ministério da Saúde.
As crianças com sete anos ou mais, adultos e idosos não vacinados ou sem comprovação de
vacinação prévia devem receber três doses da vacina dT (dupla adulto), com intervalo de pelo menos 30
dias entre as doses (o ideal é intervalo de dois meses). Se comprovar esquema de vacinação incompleto,
aplicar as doses necessárias para completar o esquema vacinal preconizado.
Vacinação de bloqueio - Após a ocorrência de um ou mais casos de difteria, deve-se vacinar todos os
contatos não vacinados, inadequadamente vacinados ou com estado vacinal desconhecido. Nos
comunicantes, adultos ou crianças, que receberam há mais de cinco anos o esquema básico ou dose(s)
de reforço, deverá ser administrada uma dose de reforço de DTP (em crianças menores de 7 anos) ou de
dT (em crianças com 7 anos ou mais e adultos).

Controle de comunicantes - Coletar material de naso e orofaringe e de lesão de pele dos comunicantes,
a fim de realizar cultura de Corynebacterium diphtheriae. Os comunicantes cujo resultado da cultura for
positivo deverão ser reexaminados para confirmar se são portadores ou caso de difteria. Todos os

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comunicantes susceptíveis deverão ser mantidos em observação durante 7 dias contados a partir do
momento da exposição.

O soro antidiftérico não deve ser administrado com finalidade profilática.


Quimioprofilaxia dos portadores - Tem indicação restrita e deve-se observar as recomendações
constantes no Guia de Vigilância Epidemiológica.
Isolamento - Persistir em isolamento até que duas culturas de exsudato de naso e orofaringe sejam
negativas (colhidas 24 e 48 horas após a suspensão do tratamento).
Desinfecção - Concorrente e terminal.
Vacinação após a alta - A doença não confere imunidade e a proteção conferida pelo Soro
Antidiftérico (SAD) é temporária e de curta duração (em média duas semanas), portanto, todos os casos
devem ser vacinados de acordo com os esquemas preconizados, após alta hospitalar.

Agente etiológico
Corynebacterium diphtheriae, bacilo gram-positivo, produtor da toxina diftérica, quando infectado por
um fago.

Reservatório
O homem, doente ou portador assintomático.

Modo de transmissão
Contato direto da pessoa doente ou do portador com pessoa suscetível através de gotículas de
secreção eliminadas por tosse, espirro ou ao falar. A transmissão por objetos recém contaminados com
secreções do doente ou de lesões em outras localizações é pouco frequente.

Período de incubação
De 1 a 6 dias, podendo ser mais longo.

Período de transmissibilidade
Em média, até 2 semanas após o início dos sintomas. A antibioticoterapia adequada erradica o bacilo
diftérico da orofaringe, de 24 a 48 horas após a sua introdução, na maioria dos casos. O portador crônico
não tratado pode transmitir a infecção por 6 meses ou mais e é extremamente importante na disseminação
da doença.

Diagnóstico
Isolamento e identificação do bacilo, mesmo sem as provas de toxigenicidade, associados ao quadro
clínico e epidemiológico.

Tratamento
Específico - Soro antidiftérico (SAD), medida terapêutica de grande valor, que deve ser feita em
unidade hospitalar e cuja finalidade é inativar a toxina circulante o mais rapidamente possível e possibilitar
a circulação de anticorpos para neutralizar a toxina produzida pelo bacilo. O soro antidiftérico não tem
ação sobre a toxina já impregnada no tecido. Por isso, sua administração deve ser feita o mais
precocemente possível, frente a uma suspeita clínica bem fundamentada.
Como o soro antidiftérico tem origem heteróloga (soro heterólogo de cavalo), sua administração pode
causar reações alérgicas. Desse modo, faz-se necessária a realização de provas de sensibilidade antes
do seu emprego. Caso a prova seja positiva, deverá ser feita a dessensibilização. As doses do SAD não
dependem do peso e da idade do paciente e sim da gravidade e do tempo da doença. O SAD deve ser
feito, preferencialmente, por via endovenosa (EV), diluído em 100ml de soro fisiológico, em dose única.

Esquema de Administração
Formas leves (nasal, cutânea, amigdaliana) - 40.000UI, EV;
Formas laringo amigdalianas ou mistas - 60.000 - 80.000UI, EV;
Formas graves ou tardias - 80.000 - 120.000UI, EV.

Antibioticoterapia (medida auxiliar ao SAD) - Eritromicina, 40-50mg/kg/dia (dose máxima de 2g/dia),


em 4 doses, VO, durante 14 dias; ou Penicilina Cristalina, 100.000-150.000UI/kg/dia, em frações iguais
de 6/6 horas, EV, durante 14 dias; ou Penicilina G Procaína, 50.000UI/kg/dia (dose máxima de
1.200.000UI/dia), em 2 frações iguais de 12/12 horas, IM, durante 14 dias.

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Doença de Chagas

Agente Etiológico
Protozoário flagelado Trypanosoma cruzi.

Reservatórios
Centenas de espécies de mamíferos (silvestres e domésticos) presentes em todos os biomas do Brasil
podem ser considerados reservatórios, como quatis, gambás e tatus, que se aproximam de casas no
meio rural (galinheiros, currais, depósitos), e na periferia das cidades, e algumas espécies de morcegos,
por compartilharem ambientes comuns ao homem e animais domésticos.
Nesse sentido, o reservatório é um sistema ecológico, no qual o parasito é transmitido na natureza e
se mantém. Portanto, uma mesma espécie de mamífero pode ter importância como reservatório em uma
região, mas não em outra. A competência do reservatório é garantida pela presença de parasitos no
sangue periférico em quantidade suficiente para infectar o vetor.
Em outros casos, animais infectados por T. cruzi, mas com parasitemia insuficiente para atuarem como
reservatórios, podem ser considerados sentinelas, por indicarem a presença de um ciclo de transmissão
do T. cruzi acontecendo na proximidade.

Vetores
São insetos da subfamília Triatominae (Hemiptera, Reduviidae), conhecidos popularmente como
barbeiro, chupão, procotó ou bicudo. Tanto os machos quanto as fêmeas, em todas as fases de seu
desenvolvimento, são hematófagos. A oviposição ocorre entre 10 e 30 dias após a cópula e o número de
ovos varia de acordo com a espécie e, principalmente, em função do estado nutricional da fêmea. Uma
fêmea fecundada e alimentada pode realizar posturas por todo o seu período de vida adulta. Não há
transmissão vertical do T. cruzi no vetor.
A associação dos vetores a diversos habitat é dinâmica, ou seja, uma espécie hoje considerada
exclusivamente silvestre pode se tornar domiciliada se as condições em que vive forem alteradas.
Com a interrupção da transmissão vetorial por Triatoma infestans no país, quatro outras espécies de
triatomíneos têm especial importância na transmissão da doença ao homem: Triatoma brasiliensis,
Panstrongylus megistus, Triatoma pseudomaculata e Triatoma sordida.
Outras espécies, por sua distribuição regional, são: Triatoma rubrovaria (Rio Grande do Sul), e
Rhodnius neglectus (Goiás), Triatoma vitticeps (Rio de Janeiro e Espírito Santo), Panstrongylus lutzi
(Ceará e Pernambuco), Rhodnius nasutus (Ceará e Rio Grande do Norte).
As espécies do gênero Rhodnius encontram-se predominantemente associadas a palmeiras, enquanto
as espécies do gênero Triatoma e Panstrongylus vivem preferencialmente em associação com
hospedeiros terrestres.
A maioria dos triatomíneos deposita seus ovos livremente no ambiente, entretanto, alguns possuem
substâncias adesivas que fazem com que os ovos fiquem aderidos ao substrato. Essa é uma
característica muito importante, uma vez que ovos aderidos às penas de aves e outros substratos podem
ser transportados passivamente por longas distâncias, promovendo a dispersão da espécie. A introdução
no domicílio de materiais com ovos aderidos (como folhas de palmeiras para cobertura de casas e lenha)
pode favorecer o processo de colonização.

Modo de Transmissão
O vetor (triatomíneo), ao se alimentar em mamíferos infectados com elevadas taxas de T. cruzi, pode
se infectar e, ao se alimentar novamente, infecta outro mamífero, inclusive o homem.
As formas habituais de transmissão de T. cruzi para o homem são as listadas a seguir.
Vetorial - acontece pelo contato do homem suscetível com as excretas contaminadas dos
triatomíneos, que, ao picarem os vertebrados, costumam defecar após o repasto, eliminando formas
infectantes do parasito, que penetram pelo orifício da picada, mucosas ou por solução de continuidade
deixada pelo ato de coçar.
Vertical - ocorre, principalmente, pela via transplacentária e pode ocorrer em qualquer fase da doença
(aguda ou crônica). A transmissão pode ocorrer durante a gestação ou no momento do parto. Há
possibilidade de transmissão pelo leite, durante a fase aguda da doença. Já em nutrizes na fase crônica,
a transmissão durante a amamentação pode ocorrer em casos de sangramento por fissura mamária e
não propriamente pelo leite.
Por via oral - quando há ingestão de alimentos contaminados acidentalmente com o parasito, seja o
triatomíneo ou suas fezes. Também pode ocorrer por meio da ingestão de carne crua ou malcozida de
caça ou alimentos contaminados pela secreção das glândulas anais de marsupiais infectados. Ocorre em

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locais definidos, em um determinado tempo, por diferentes tipos de alimentos - geralmente encontrando-
se vetores ou reservatórios infectados nas imediações da área de produção, manuseio ou utilização do
alimento contaminado. É o tipo de transmissão que geralmente está associada aos surtos de doença de
Chagas aguda (DCA). Em grande parte dos casos, tem como possível fundamentação o consumo de
alimentos contaminados pela não adoção de boas práticas de higiene na manipulação dos alimentos e
pela invasão humana de habitat silvestres, que aumenta os riscos associados à proximidade de vetores
e reservatórios silvestres.
Transfusional - também representa importante via de propagação da doença nos centros urbanos,
sendo considerada a principal forma de transmissão em países não endêmicos (Canadá, Espanha,
Estados Unidos e outros) e em países latino-americanos que estejam em processo de controle da
transmissão vetorial. No Brasil, devido à efetividade do controle dos serviços de hemoterapia e,
consequentemente, maior qualidade do sangue para transfusão, tem-se alcançado significativo impacto
no controle da transmissão transfusional do T. cruzi.
Por transplante de órgãos - a doença, em sua fase aguda, apresenta-se mais grave, uma vez que
os receptores são submetidos à terapia imunossupressora. A confirmação do diagnóstico da infecção é
baseada no isolamento do agente, no sangue ou em biópsias de pele, e/ou soroconversão.
Por acidentes laboratoriais - acidentes laboratoriais também podem ocorrer devido a contato com
culturas de T. cruzi, exposição às fezes de triatomíneos contaminadas ou sangue (de casos humanos ou
de animais) contendo formas infectantes do parasito.
Por outras formas acidentais - foram registrados casos, principalmente em crianças, pela ingestão
acidental do triatomíneo e/ou contato direto com as excretas do inseto contaminado com T. cruzi.

Manifestações clínicas
Fase aguda (inicial)
Predomina o parasito em número elevado circulante na corrente sanguínea.
A manifestação mais característica é a febre constante, inicialmente elevada (38,5 a 39°C), podendo
apresentar picos vespertinos ocasionais. As manifestações de síndrome febril podem persistir por até 12
semanas. Esta fase, mesmo não tratada nem diagnosticada, pode evoluir com desaparecimento
espontâneo da febre e da maior parte das outras manifestações clínicas, evoluindo para a fase crônica.
Em alguns casos, com quadro clínico mais grave, pode evoluir para óbito.
Também é possível detectar anticorpos IgM. Gradativamente, há redução da parasitemia e aumento
gradual de anticorpos IgG (da 4ª à 6ª semana de infecção).
- Sintomatologia inespecífica - na maioria dos casos ocorre:
- Prostração, diarreia, vômitos, inapetência, cefaleia, mialgias, aumento de linfonodos;
- Exantema cutâneo de localização variável, com ou sem prurido e de aparecimento fugaz;
- Irritação em crianças menores, que apresentam frequentemente choro fácil e copioso.
- Sintomatologia específica - é caracterizada pela ocorrência, com incidência variável, de uma ou
mais das seguintes manifestações:
- Sinais e sintomas de miocardite difusa com vários graus de gravidade;
- Sinais de pericardite, derrame pericárdico, tamponamento cardíaco;
- Manifestações sindrômicas de insuficiência cardíaca, derrame pleural;
- Edema de face, de membros inferiores ou generalizado;
- Tosse, dispneia, dor torácica, palpitações, arritmias;
- Hepatomegalia e/ou esplenomegalia, de leve a moderada intensidade.

Sinais de porta de entrada, característicos da transmissão vetorial, como o sinal de Romaña (edema
bipalpebral unilateral por reação inflamatória à penetração do parasito, na conjuntiva e adjacências) ou o
chagoma de inoculação (lesões furunculoides, não supurativas, em membros, tronco e face, por reação
inflamatória à penetração do parasito, que se mostram descamativas após duas ou 3 semanas) são
menos frequentes.
Deve-se ressaltar que a picada de um triatomíneo pode causar reações alérgicas locais ou sistêmicas,
sem que isso signifique necessariamente infecção por T. cruzi.
Quadros clínicos graves podem cursar com meningoencefalite, especialmente em lactente ou em
casos de reativação (pessoas com comprometimento imunológico).
No caso da DCA por transmissão oral, os surtos estudados parecem indicar diferenças na evolução
clínica por esta forma de transmissão. Têm sido relatados: exantema cutâneo, hemorragia digestiva
(hematêmese, hematoquezia ou melena), icterícia, aumento das aminotransferases, além de quadros
mais frequentes e mais graves de insuficiência cardíaca. Fenômenos de enterite, abdome agudo,
sangramento fecal, choque, hepatite focal podem ocorrer e têm significação prognóstica variada, devendo

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ser rotineiramente pesquisados e monitorados. Ressalta-se que a morbimortalidade é mais elevada na
transmissão oral que a observada nos casos agudos por transmissão vetorial.

Fase crônica
A parasitemia é baixa e intermitente. Inicialmente é assintomática e sem sinais de comprometimento
cardíaco e/ou digestivo, e pode apresentar-se com as formas elencadas a seguir.
- Forma indeterminada - paciente assintomático e sem sinais de comprometimento do aparelho
circulatório (clínica, eletrocardiograma e radiografia de tórax normais) e do aparelho digestivo (avaliação
clínica e radiológica normais de esôfago e cólon). Esse quadro poderá perdurar por toda a vida do
indivíduo infectado ou pode evoluir tardiamente para a forma cardíaca, digestiva ou associada
(cardiodigestiva).
- Forma cardíaca - evidências de acometimento cardíaco que, frequentemente, evolui para quadros
de miocardiopatia dilatada e insuficiência cardíaca congestiva (ICC). Essa forma ocorre em cerca de 30%
dos casos crônicos e é considerada responsável pela maior frequência de óbitos na doença de Chagas
crônica (DCC).
- Forma digestiva - evidências de acometimento do aparelho digestivo que pode evoluir para
megacólon e/ou megaesôfago. Ocorre em cerca de 10% dos casos.
- Forma associada ou mista (cardiodigestiva) - ocorrência concomitante de lesões compatíveis com
as formas cardíacas e digestivas.

Medidas de controle
Da transmissão vetorial, faz-se através da melhoria ou substituição das habitações que propiciam a
domiciliação dos “barbeiros”, ou do controle químico do vetor (uso regular e sistemático de inseticidas de
poder residual intra e peridomiciliar).
A transmissão transfusional deve ser evitada através da fiscalização do controle da qualidade do
sangue transfundido, o que é feito pela triagem sorológica dos doadores. O controle da transmissão em
laboratório deve ser feito através do rigoroso uso das normas de biossegurança. Não existe forma de
prevenção da forma congênita.

Doença de Lyme

Vigilância Epidemiológica
Objetivos
Detecção de casos suspeitos ou confirmados, visando a instituição de tratamento precoce para evitar
as complicações comuns à doença, além da identificação de focos, através da investigação, para o
desencadeamento de medidas de educação em saúde, com vistas a impedir a ocorrência de novas
infecções.

Notificação
Por ser doença rara em território brasileiro, caracteriza-se como agravo inusitado, sendo portanto, de
notificação compulsória e investigação obrigatória.

Definição de caso
A presença do eritema crônico migratório associado a quadro clínico e epidemiológico sugestivo,
reforça a suspeita clínica. Sendo doença incomum no país e com manifestações clínicas bastante
variadas, não tem ainda definição de caso padronizada.

Medidas de controle
Investigação epidemiológica com busca ativa de casos e verificação da extensão da área onde os
carrapatos transmissores estão presentes (delimitação dos focos).
Ações de educação em saúde sobre o ciclo de transmissão para impedir que novas infecções ocorram.
Orientar moradores, transeuntes e/ou trabalhadores de áreas infestadas para adoção de medidas de
proteção do corpo com roupas claras de mangas compridas, uso de repelentes nas partes descobertas
da pele e nas bordas das roupas.
Observação frequente da pele em busca da presença dos transmissores e eliminação imediata dos
mesmos. A retirada dos carrapatos deve ser feita tendo as mãos protegidas (luvas ou sacos plásticos),
uso de pinças com trações suaves e constantes, evitando-se o maceramento do corpo do artrópode ou a
permanência de seu aparelho bucal na pele do indivíduo. Alertar a comunidade sobre os danos da

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doença. Os casos suspeitos e/ou confirmados devem ser tratados obedecendo ao esquema de
antibioticoterapia preconizado.
As medidas para redução das populações de carrapatos em animais não têm sido efetivas. Não há
indicação de isolamento dos pacientes.

Agente etiológico
Borrelia burgdorferi.

Reservatório
Carrapatos do gênero Ixodes (Ixodes scapularis, I. ricinus, I. pacificus).

Modo de transmissão
Pela picada das ninfas do carrapato, que ficam aderidas à pele do hospedeiro para sucção de sangue
por 24 horas ou mais. Não ocorre transmissão inter-humana e é incomum a transmissão materno-fetal.

Período de incubação
Varia de 3 a 32 dias (em média, 7 a 14 dias) e vai desde a exposição ao carrapato-vetor até o
aparecimento do eritema crônico migratório. Mesmo que não haja lesão cutânea na fase inicial, ainda
assim a doença pode se manifestar anos mais tarde.

Período de transmissibilidade
Ocorre durante toda a vida do vetor infectado.

Diagnóstico
O diagnóstico da Doença de Lyme baseia-se na identificação dos aspectos clínicos da doença em
paciente com relato de possível exposição (epidemiológico) ao microrganismo causal, associados com
testes laboratoriais.
A cultura para isolamento da B. burgdorferi é definitiva, mas raramente é bem-sucedida a partir de
sangue do paciente, ocorrendo em aproximadamente 50% dos casos em material de biópsia da lesão
(EM).
A sorologia por Elisa e imunofluorescência indireta são os métodos mais utilizados, pois os títulos de
anticorpos IgM específicos em geral alcançam o máximo em 3 a 6 semanas. Esse anticorpo exibe reação
cruzada com outras espiroquetas, inclusive o Treponema pallidum, mas os pacientes com Doença de
Lyme não mostram resultado positivo no VDRL. O Western Blot é valioso quando se suspeita de Elisa
falso positivo.
A reação em cadeia da polimerase (PCR) é empregada para detecção do DNA da espiroqueta em
material do hospedeiro. Como essas técnicas não estão bem padronizadas, a interpretação dos testes
deve ser cautelosa, pois pacientes que recebem tratamento precoce podem apresentar sorologia
negativa. A sensibilidade das provas aumenta na fase mais tardia da doença, em pacientes não tratados.

Tratamento
Em adultos, os antibióticos de eleição são: Doxiciclina, 100mg (2 vezes ao dia), por 15 dias, ou
Amoxicilina 500mg (4 vezes ao dia), por 15 dias; se as lesões forem disseminadas, prolongar o tratamento
por 3 a 4 semanas. Em crianças, com menos de 9 anos, administra-se Amoxicilina, 50mg/kg/dia,
fracionada em 3 doses diárias, por 3 semanas.
Nas manifestações neurológicas (meningites), usar Penicilina cristalina, 20 milhões UI/dia, fracionadas
em 6 doses endovenosas diárias, ou Ceftriaxona, 2g/dia, por 3 a 4 semanas. Em indivíduos alérgicos à
Penicilina, usar Eritromicina, 30mg/kg/dia, por 3 semanas.
As artrites também respondem a tratamento com Doxiciclina ou Amoxicilina, acrescidos de 500mg de
Probenecida, por 4 semanas. Nos pacientes tratados precocemente com antibióticos orais, o eritema
crônico migratório desaparece de imediato e as principais complicações tardias (miocardite,
meningoencefalite e artrite recidivante) geralmente não ocorrem.

Doenças Diarreicas Agudas

Vigilância Epidemiológica
Objetivos
Monitorar a incidência das diarreias visando a atuar em situações de surtos; e manter contínuas
atividades de educação em saúde com o propósito de diminuir sua incidência e letalidade.

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Notificação
Não é doença de notificação compulsória em virtude da sua elevada frequência.
A vigilância é feita pela monitorização das doenças diarreicas agudas que consiste no registro de dados
mínimos dos doentes (residência, idade, plano terapêutico) em unidades de saúde.

Definição de caso
Indivíduo que apresentar fezes cuja consistência revele aumento do conteúdo líquido (pastosas,
aquosas), com maior número de dejeções diárias e duração inferior a 2 semanas.

Medidas de controle
Melhoria da qualidade da água, destino adequado de lixo e dejetos, controle de vetores, higiene
pessoal e alimentar. Educação em saúde, particularmente em áreas de elevada incidência. Locais de uso
coletivo, tais como colégios, creches, hospitais, penitenciárias, que podem apresentar riscos maximizados
quando as condições sanitárias não são adequadas, devem ser alvo de orientações e campanhas
específicas.
Ocorrências em crianças de creches devem ser seguidas de precauções entéricas, além de reforçadas
as orientações às manipuladoras e às mães. Considerando a importância das causas alimentares nas
diarreias das crianças pequenas, é fundamental o incentivo à prorrogação do tempo de aleitamento
materno, comprovadamente uma prática que confere elevada proteção a esse grupo populacional.

Agentes etiológicos
- Bactérias: Staphylococcus aureus, Campylobacter jejuni, Escherichia coli enterotoxigenica,
Escherichia coli enteropatogênica, Escherichia coli enteroinvasiva, Escherichia coli enterohemorrágica,
salmonelas, Shigella dysenteriae, Yersinia enterocolítica, Vibrio cholerae e outras.
- Vírus: Astrovírus, calicivírus, adenovírus entérico, norovírus, rotavírus grupo A, B e C e outros.
- Parasitas: Entamoeba histolytica, Cryptosporidium, Balantidium coli, Giardia lamblia, Isospora belli e
outras.

Diagnóstico
Laboratorial, por exames parasitológicos de fezes e culturas de bactérias e vírus ou diagnóstico clínico-
epidemiológico.

Tratamento
A terapêutica indicada é a hidratação oral, através do sal de reidratação oral (SRO), que simplificou o
tratamento e vem contribuindo significativamente para a diminuição da mortalidade por diarreias. O
esquema de tratamento independe do diagnóstico etiológico, já que o objetivo da terapêutica é reidratar
ou evitar a desidratação.
O esquema terapêutico não é rígido, administrando-se líquidos e o SRO de acordo com as perdas. Se
houver sinais e sintomas de desidratação, administrar soro de reidratação oral, de acordo com a sede.
Inicialmente, a criança de até 12 meses deve receber de 50 a 100ml e aquelas acima de 12 meses, 100
a 200ml. Após a avaliação, recomenda-se o aumento da ingestão de líquidos como soro caseiro, sopas
e sucos não laxantes. Manter a alimentação habitual, em especial o leite materno, e corrigir eventuais
erros alimentares. Persistindo os sinais e sintomas de desidratação e se o paciente vomitar, deve-se
reduzir o volume e aumentar a frequência da administração. Manter a criança na unidade de saúde até a
reidratação.
O uso de sonda nasogástrica (SNG) é indicado apenas em casos de perda de peso após as duas
primeiras horas de tratamento oral, com vômitos persistentes, distensão abdominal e ruídos hidroaéreos
presentes ou dificuldade de ingestão.
Nesses casos, administrar 20 a 30ml/kg/hora de SRO. A hidratação parenteral só é indicada quando
houver alteração da consciência, vômitos persistentes, mesmo com uso de sonda nasogástrica, presença
de íleo paralítico e nos casos em que a criança não ganha ou perde peso com a hidratação por SNG.
Os antimicrobianos devem ser utilizados apenas na disenteria e casos graves de Cólera. Quando há
identificação de trofozoítos de G. lamblia (15mg/kg/dia) ou E. histolytica (30mg/kg/dia) é recomendado o
Metronidazol, dividido em 3 doses, por 5 dias.

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Doença Meningocócica

Vigilância Epidemiológica
Objetivos
Diagnóstico e tratamento precoce dos casos, visando à redução da letalidade.
Acompanhamento da tendência para a adoção das medidas de controle.

Notificação
É de notificação compulsória e investigação imediata.

Definição de caso
a) Suspeito - Todo paciente com sinais e sintomas de meningite (febre, cefaleia, vômitos, rigidez de
nuca, sonolência, convulsões). Menores de um ano, em geral, não apresentam rigidez de nuca, mas sim
abaulamento de fontanela;
b) Confirmado - A confirmação é feita através de exame laboratorial (fundamental para se saber a
etiologia das meningites visando subsidiar a vigilância epidemiológica), seja do LCR ou do sangue ou
através critério clínico-epidemiológico.

Medidas de controle
Quimioprofilaxia: é feita em contatos íntimos do doente (pessoas que residem no mesmo domicílio,
ou que compartilham o mesmo dormitório em internatos, quartéis, creches). A droga de escolha é a
rifampicina, na dose 600 mg, VO, de 12/12 horas, durante 2 dias (dose máxima total de 2.400mg), para
adultos. Crianças de 1 mês até 10 anos, administrar 10mg/ kg/dose em 4 tomadas, com intervalos de
12/12 horas, sendo a dose máxima de 600mg. Recém-nascidos, 5mg/kg/dose de 12/12 horas, em 4
tomadas (dose máxima de 600g).
A quimioprofilaxia não garante proteção absoluta. Na prática, não se faz pesquisa de portador
assintomático, mas a quimioprofilaxia dos contatos elimina parte deles, pois a maioria dos casos se
contamina com portadores de convívio íntimo.
As vacinas contra meningites conferem proteção durante um tempo limitado e são sorogrupo
específicas, não induzindo a imunidade cruzada. Sua indicação está na dependência da análise da
situação epidemiológica de cada área e do sorogrupo responsável pela elevação dos casos. Não está
disponível na rotina dos serviços de saúde, ficando seu uso condicionado a partir da decisão de três
instâncias: municipal, estadual e federal, após a identificação do(s) sorogrupo(s) predominante(s) em
cada área.
O isolamento do paciente só se faz durante as primeiras 24 horas de tratamento, com o antibiótico
indicado.
Desinfeção concorrente e terminal deverá ser feita em relação às secreções nasofaríngeas e aos
objetos contaminados por elas. O paciente deve receber quimioprofilaxia antes da alta, pois a
antibioticoterapia venosa nem sempre elimina as N. meningitidis da orofaringe.

Agente etiológico
Neisseria meningitidis (meningococo), bactéria em forma de diplococos gram-negativos. É classificada
em sorogrupos de acordo com o antígeno polissacarídeo da cápsula, sorotipos e subtipos. Os sorogrupos
mais importantes são: A, B, C, W135 e Y.

Reservatório
O homem doente ou portador assintomático.

Modo de transmissão
Contato íntimo de pessoa a pessoa (pessoas que residem no mesmo domicílio ou que compartilham
o mesmo dormitório em internatos, quartéis, creches, etc.), por meio de gotículas das secreções da
nasofaringe. O principal transmissor é o portador assintomático.

Período de incubação
De 2 a 10 dias; em média, de 3 a 4 dias.

Período de transmissibilidade
Enquanto houver o agente na nasofaringe. Em geral, após 24 horas de antibioticoterapia, o
meningococo já desapareceu da orofaringe.

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292
Diagnóstico
Por meio do isolamento da N. meningitidis do sangue ou líquor. O LCR pode se apresentar turvo, com
cor leitosa ou xantocrômica. A bioquímica evidencia glicose e cloretos diminuídos (concentração de
glicose inferior a 50% da glicemia, coletada simultaneamente ao líquor), proteínas elevadas (acima de
100mg/dl) e aumento do número de leucócitos, predominando polimorfonucleares neutrófilos. A
contraimunoeletroforese (CIE) é reagente, a bacterioscopia evidencia a presença de diplococos gram-
negativos e a cultura evidencia o crescimento de N. meningitidis.
Nas meningococcemias, o leucograma apresenta-se com milhares de leucócitos, havendo
predominância de neutrófilos (“desvio à esquerda”). A hemocultura é positiva. O raspado das lesões de
pele pode ser cultivado para identificação do agente.
Outros exames que podem ser utilizados para identificação do meningococo são a pesquisa de
antígenos no líquor, fixação do látex, Elisa ou radioimunoensaio. A reação em cadeia da polimerase (PCR)
para o diagnóstico tem sido utilizada, apresentando elevada sensibilidade e especificidade. Ressalte-se
que essa técnica não é utilizada na rotina diagnóstica.

Tratamento
Penicilina Cristalina, 300.000 a 500.000UI/kg/dia, com dose máxima de 24.000.000UI/dia, IV,
fracionada em 3/3 ou 4/4 horas, durante 7 a 10 dias; Ampicilina, 200 a 400mg/kg/dia, até no máximo de
15g/dia, IV, fracionada em 4/4 ou 6/6 horas, durante 7 a 10 dias. Em casos de alergia, usar Cloranfenicol,
na dose de 50 a 100mg/kg/dia, IV, fracionada em 6/6 horas.

Donovanose

Vigilância Epidemiológica
Objetivo
Interromper a cadeia de transmissão através da detecção e tratamento precoces dos casos (fontes de
infecção).

Notificação
Não é doença de notificação compulsória nacional. Os profissionais de saúde devem observar as
normas e procedimentos de notificação e investigação de estados e municípios.

Medidas de controle
Interrupção da cadeia de transmissão pela triagem e referência dos pacientes com DST e seus
parceiros para diagnóstico e terapia adequados.
Aconselhamento (confidencial): orientações ao paciente, fazendo com que ele discrimine as possíveis
situações de risco presentes em suas práticas sexuais; desenvolva a percepção quanto à importância do
seu tratamento e de seus parceiros sexuais e promoção de comportamentos preventivos.
Promoção do uso de preservativos: método mais eficaz para a redução do risco de transmissão do
HIV e outras DST.
Convite aos parceiros para aconselhamento e promoção do uso de preservativos (deve-se obedecer
aos princípios de confiabilidade, ausência de coerção e proteção contra a discriminação).
Educação em saúde, de modo geral.

Observação - as associações entre diferentes DST são frequentes, destacando- se, atualmente a
relação entre a presença de DST e aumento do risco de infecção pelo HIV, principalmente na vigência de
úlceras genitais.
Desse modo, se o profissional estiver capacitado a realizar aconselhamento, pré e pós-teste para
detecção de anticorpos anti-HIV, quando do diagnóstico de uma ou mais DST, deve ser oferecida essa
opção ao paciente.
Portanto, toda doença sexualmente transmissível constitui-se em evento sentinela para busca
de outra DST e possibilidade de associação com o HIV. É necessário, ainda, registrar que o Ministério
da Saúde vem implementando a “abordagem sindrômica” aos pacientes de DST, visando aumentar a
sensibilidade no diagnóstico e tratamento dessas doenças, para alcançar maior impacto no seu controle.

Agente etiológico
Calymmatobacterium granulomatis (Klebsiella granulomatis, Donovania granulomatis), descrito em
1913, por dois brasileiros, Aragão e Vianna.

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Reservatório
O homem.

Modo de transmissão
Provavelmente por contato direto com lesões, durante a atividade sexual. Entretanto, esse ainda é
assunto controvertido. A ocorrência em crianças e pessoas sexualmente inativas e a variedade da
doença em parceiros sexuais de pacientes com lesões abertas são dados que se contrapõem ao
estabelecimento definitivo da transmissão sexual exclusiva da doença.

Período de incubação
Entre 3 dias a 6 meses.

Período de transmissibilidade
Desconhecido, provavelmente enquanto há lesões abertas na pele e/ou membranas mucosas.

Diagnóstico
Laboratorial: demonstração dos corpúsculos de Donovan em esfregaço de material proveniente de
lesões suspeitas ou cortes tissulares corados com Giemsa ou Wright.

Tratamento
Doxiciclina, 100mg, VO, de 12/12 horas, até a cura clínica (no mínimo por 3 semanas), ou
Sulfametoxazol +Trimetoprim, 160mg e 800mg, respectivamente, VO, de 12/12 horas, até a cura clínica
(no mínimo por 3 semanas); ou Ciprofloxacina, 750mg, VO, de 12/12 horas, até a cura clínica; ou
Tianfenicol granulado, 2,5g, VO, dose única, no primeiro dia de tratamento; a partir do segundo dia,
500mg, VO, de 12/12 horas, até a cura clínica, ou Eritromicina (estearato), 500mg, VO, de 6/6 horas,
até a cura clínica (no mínimo por 3 semanas), ou Tetraciclina, 500mg, VO, de 6/6 horas, durante 30 a
40 dias, até a cura clínica.

Enterobíase

Vigilância Epidemiológica
Objetivos
Diagnosticar e tratar para evitar o baixo rendimento escolar e a irritabilidade dos indivíduos infectados.
Desenvolver atividades de educação em saúde, particularmente de hábitos pessoais de higiene. Para fins
de vigilância e de controle, o tratamento deve ser feito em todo o grupo familiar ou que coabita o mesmo
domicílio, visando evitar as reinfestações.

Notificação
Não é de notificação compulsória.

Definição de caso
a) Suspeito - Paciente com prurido anal;
b) Confirmado - Paciente com presença de ovos de Enterobius vermiculares, com ou sem prurido
anal.

Medidas de controle
Orientar a população em hábitos de higiene pessoal, particularmente o de lavar as mãos antes das
refeições, após o uso do sanitário, após o ato de se coçar e quando for manipular alimentos. Manter as
unhas aparadas rente ao dedo para evitar acúmulo de material contaminado.
Evitar coçar a região anal desnuda e evitar levar as mãos à boca. Eliminar as fontes de infecção através
do tratamento do paciente e de todos os membros da família. Troca de roupas de cama, de roupa interna
e toalhas de banho, diariamente, para evitar a aquisição de novas infecções pelos ovos depositados nos
tecidos. Manter limpas as instalações sanitárias.

Agente etiológico
Enterobius vermicularis, nematódeo intestinal.

Reservatório
O homem.

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Modo de transmissão
Predominantemente fecal-oral. São diversos os modos de transmissão:
- Autoinfecção externa ou direta: do ânus para a cavidade oral, por meio dos dedos, principalmente
nas crianças, doentes mentais e adultos com precários hábitos de higiene.
- Autoinfecção indireta: os ovos presentes na poeira ou alimentos atingem o mesmo hospedeiro que
os eliminou.
- Heteroinfecção: os ovos presentes na poeira ou alimentos atingem um novo hospedeiro.
- Retroinfecção: migração das larvas da região anal para as regiões superiores do intestino grosso,
chegando até o ceco, onde se tornam adultas.
- Autoinfecção interna: processo raro no qual as larvas eclodem ainda dentro do reto e depois migram
até o ceco, transformando-se em vermes adultos.

Período de incubação
O ciclo de vida do parasito dura de 2 a 6 semanas. A sintomatologia aparece quando existe um número
de vermes resultante de infestações sucessivas, que ocorre alguns meses após a infestação inicial.

Período de transmissibilidade
Dura enquanto as fêmeas grávidas expulsam ovos na pele perianal, que permanecem infectantes por
1 ou 2 semanas fora do hospedeiro.

Diagnóstico
Em geral, clínico, devido ao prurido característico. O diagnóstico laboratorial reside no encontro do
parasito e de seus ovos. Como dificilmente é conseguido nos parasitológicos de fezes de rotina, sendo
achado casual quando o parasitismo é muito intenso, deve-se pesquisar diretamente na região perianal,
o que deve ser feito pelos métodos de Hall (swab anal) ou de Graham (fita gomada), cuja colheita é feita
na região anal, seguida de leitura em microscópio. Também podem ser pesquisados em material retirado
de unhas de crianças infectadas, que oferecem alto índice de positividade.

Tratamento
Pamoato de Pirvínio, 10mg/kg/VO, dose única; Pamoato de Pirantel, 10mg/kg/VO, dose única.
Mebendazol, 100mg, VO, 2 vezes ao dia, durante 3 dias consecutivos. Essa dose independe do peso
corporal e da idade. Albendazol, 10mg/kg, VO, dose única, até o máximo de 400mg. Todas essas drogas
são contraindicadas em gestantes.

Escabiose

Vigilância Epidemiológica
Objetivo
Manter a doença sob controle, evitando surtos.

Notificação
Não é doença de notificação compulsória.

Medidas de controle
Tratamento do doente; lavar as roupas de banho e de cama com água quente (pelo menos a 55°C);
lavar com água quente todos os fômites dos pacientes com sarna norueguesa; buscar casos na família
ou nos residentes do mesmo domicílio do doente e tratá-los o mais breve possível. A escabiose,
raramente, vem como caso isolado, por esse motivo tratar as pessoas que tiveram contato cutâneo com
o doente.

Isolamento - Deve-se afastar o indivíduo da escola ou trabalho até 24 horas após o término do
tratamento. Em caso de paciente hospitalizado, recomenda-se o isolamento a fim de evitar surtos em
enfermarias, tanto para outros doentes, quanto para profissionais de saúde, especialmente em se
tratando da sarna norueguesa.
O isolamento deve perdurar por 24/48 horas, após o início do tratamento.

Agente etiológico
Sarcoptes scabiei.

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Reservatório
O homem.

Modo de transmissão
Contato direto com doentes (compartilhamento de dormitórios, relações sexuais, etc.) e por meio de
fômites contaminados (roupas de cama, toalhas de banho, vestimentas).

Período de incubação
De 1 dia a 6 semanas.

Período de transmissibilidade
Todo o período da doença.

Tratamento
Ivermectina, dose única, VO, obedecendo a escala de peso corporal (15 a 24kg: 1/2 comprimido; 25 a
35kg: 1 comprimido; 36 a 50kg: 1 1/2 comprimido; 51 a 65kg: 2 comprimidos; 65 a 79kg: 2 1/2
comprimidos; 80 kg ou mais: 3 comprimidos). A dose pode ser repetida após 1 semana. Permetrina a 5%
em creme, uma aplicação à noite, por 6 noites, ou Deltametrina, em loções e shampoos, uso diário por 7
a 10 dias. Enxofre a 10% diluído em petrolatum deve ser usado em mulheres grávidas e crianças abaixo
de 2 anos. Pode-se usar anti-histamínicos sedantes (Dexclorfeniramina, Prometazina), para alívio do
prurido. Havendo infecção secundária, utiliza-se antibioticoterapia sistêmica. Evitar a iatrogenia pelo uso
de escabicida repetidas vezes. Considerar fracasso terapêutico a presença de sinais e sintomas após 2
semanas. Se os sintomas reaparecerem após 4 semanas, considerar reinfestação.

Escarlatina

A escarlatina56 é uma doença infecciosa aguda, causada por uma bactéria chamada estreptococo beta
hemolítico do grupo A.
Os estreptococos são, também, agentes causadores de infecções da garganta
(amigdalites) e da pele (impetigo, erisipela).
O aparecimento da escarlatina não depende de uma ação direta do estreptococo, mas de uma reação
de hipersensibilidade (alergia) às substâncias que a bactéria produz (toxinas).
Assim, a mesma bactéria pode provocar doenças diferentes em cada indivíduo que infecta.
A escarlatina é uma doença que afeta principalmente crianças em idade escolar.

Transmissão
A transmissão da escarlatina faz-se de pessoa para pessoa, através de gotículas de saliva ou
secreções infectadas, provenientes de doentes ou de portadores são, que são aquelas pessoas
saudáveis que transportam a bactéria na garganta ou no nariz sem apresentarem sintomas (portadores
sãos ou saudáveis).

Período de transmissibilidade
O tempo que decorre entre o contato com um indivíduo infectado e o aparecimento de sintomas
(período de incubação) é, em geral, de dois a quatro dias, podendo, no entanto, variar de um a sete dias.

Manifestações clínicas
A escarlatina é uma doença em que aparecem associadas uma infecção na garganta, febre e uma
erupção típica na pele.
O seu início é súbito com febre, mal estar, dores de garganta, por vezes vômitos, dor de barriga e
prostração.
A febre, elevada nos dois ou três primeiros dias, diminui progressivamente a partir daí, mas pode
manter-se durante uma semana.
A erupção da escarlatina aparece por volta do segundo dia de doença, com início no pescoço e no
tronco, progredindo em direção à face e membros.
É constituída por pequenas manchas do tamanho de uma cabeça de alfinete, cor vermelho vivo e que
são mais intensas na face, nas axilas e nas virilhas, poupando a região em volta da boca que se apresenta
pálida, e as palmas das mãos e plantas dos pés.
56
http://www.saude.sp.gov.br/resources/cve-centro-de-vigilancia-epidemiologica/areas-de-vigilancia/doencas-de-transmissao-
respiratoria/escarlatina/documentos/escarla_pubger07.pdf

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Estas alterações atingem também a língua, que se apresenta branca e saburrosa no início, ficando
depois com aspecto de framboesa (língua em framboesa), devido ao aumento das papilas que adquirem
um tom vermelho arroxeado nos bordos e na ponta da língua.
A erupção da escarlatina, que confere à pele um toque áspero, desaparece ao fim de seis dias ,
acompanhando-se de uma descamação fina durante alguns dias. Nas mãos e nos pés a descamação
pode ser em lâminas.

Complicações
A escarlatina pode ter complicações precoces, durante a fase aguda da doença, e/ou complicações
tardias, que surgem semanas após o seu desaparecimento.
As complicações na fase aguda da doença resultam da disseminação da infecção estreptocócica a
outros locais do organismo, causando, por exemplo, otite, sinusite, laringite, meningite, etc.
As infecções tardias podem surgir após a cura da doença e são a febre reumática (lesão das válvulas
do coração) e a glomerulonefrite (lesão do rim que pode evoluir para insuficiência renal).
Estas complicações são potencialmente graves e para diminuir a sua ocorrência é importante o
tratamento adequado das infecções estreptocócicas.

Diagnóstico
Embora o diagnóstico de escarlatina seja feito com base na observação clínica
(associação de febre, inflamação da garganta e erupção puntiforme de cor vermelho vivo e de
distribuição típica), deve ser confirmado através da pesquisa do estreptococo num esfregaço colhido por
swab (cotonete próprio para uso laboratorial) da garganta (coleta-se a secreção (exsudado) da garganta
na região chamada nasofaríngea).
A confirmação da doença também pode ser feita após a cura através de exames de sangue (testes
sorológicos).

Tratamento
O tratamento de escolha para a escarlatina é a penicilina que elimina os estreptococos, evita as
complicações da fase aguda, previne a febre reumática e diminui a possibilidade de aparecimento de
glomerulonefrite (lesão renal). Nos doentes alérgicos à penicilina o medicamento habitualmente utilizado
é a eritromicina.

Esquistossomose

Agente Etiológico
Schistosoma mansoni, um helminto pertencente à classe dos Trematoda, família Schistossomatidae e
gênero Schistosoma.
São vermes digenéticos, delgados, de coloração branca e sexos separados (característica dessa
família); a fêmea adulta, mais alongada, encontra-se alojada em uma fenda do corpo do macho,
denominada canal ginecóforo.

Reservatório
No ciclo da doença, estão envolvidos dois hospedeiros, um definitivo e o intermediário.

Hospedeiros
Definitivo
O homem é o principal hospedeiro definitivo e nele o parasita apresenta a forma adulta, reproduz-se
sexuadamente e possibilita a eliminação dos ovos do S. mansoni no ambiente, pelas fezes, ocasionando
a contaminação das coleções hídricas.
Os primatas, marsupiais (gambá), ruminantes, roedores e lagomorfos (lebres e coelhos) são
considerados hospedeiros permissivos ou reservatórios; porém, não está clara a participação desses
animais na transmissão e epidemiologia da doença, apesar da capacidade de todos em eliminar ovos nas
fezes.

Intermediário
O ciclo biológico do S. mansoni depende da presença do hospedeiro intermediário no ambiente.
Os caramujos gastrópodes aquáticos, pertencentes à família Planorbidae e gênero Biomphalaria, são
os organismos que possibilitam a reprodução assexuada do helminto. Os planorbídeos são caramujos

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pulmonados e hermafroditas, que habitam coleções de água doce, com pouca correnteza ou parada,
como riachos e córregos.
No Brasil, as espécies Biomphalaria glabrata, Biomphalaria straminea e Biomphalaria tenagophila
estão envolvidas na disseminação da esquistossomose. Há registros da distribuição geográfica das
principais espécies em 24 estados, localizados, principalmente, nas regiões Nordeste, Sudeste e Centro-
Oeste.

Modo de Transmissão
O homem adquire a esquistossomose por meio da penetração ativa da cercária na pele.
Após a infecção, as cercárias se desenvolvem para uma forma parasitária primária denominada
esquistossômulo, que inicia o processo de migração, via circulação sanguínea e linfática, até atingir o
coração e em seguida os pulmões.
Os esquistossômulos chegam aos vasos sanguíneos e alcançam o fígado, onde evoluem para as
formas adultas.
Nos vasos portais mesentéricos, ocorre a sobreposição da fêmea no canal ginecóforo do macho e,
consequentemente, a cópula, seguida de oviposição.
No ambiente aquático, acontece a eclosão dos ovos e liberação do miracídio, que é a forma ativa
infectante do hospedeiro intermediário. Essa forma apresenta grande capacidade de locomoção e
afinidade quimiotática com os moluscos; a sua garantia de sobrevivência está diretamente relacionada
ao encontro com o hospedeiro intermediário. Algumas horas após a penetração dos miracídios no
caramujo, inicia-se um complexo processo de alterações morfológicas que darão origem às cercárias.
O contato com águas contaminadas por cercárias utilizadas para atividades profissionais ou de lazer,
como banhos, pescas, lavagem de roupa e louça ou plantio de culturas irrigadas, com presença de
caramujos infectados pelo S. mansoni, constitui risco para se adquirir a esquistossomose.

Período de incubação
Em média, 1 a 2 meses após a infecção.

Período de transmissibilidade
O homem pode eliminar ovos viáveis de S. mansoni nas fezes a partir de 5 semanas após a infecção,
e por um período de 6 a 10 anos, podendo chegar até mais de 20 anos.
Os hospedeiros intermediários, começam a eliminar cercárias após 4 a 7 semanas da infecção pelos
miracídios. Os caramujos infectados eliminam cercárias durante toda a sua vida que é de,
aproximadamente, 1 ano.

Diagnóstico
Além do quadro clínico-epidemiológico, deve ser realizado exame coprológico, preferencialmente com
uso de técnicas quantitativas de sedimentação, destacando-se a técnica de Kato-Katz.
A ultrassonografia hepática auxilia o diagnóstico da fibrose de Symmers e nos casos de
hepatoesplenomegalia. A biópsia retal ou hepática, apesar de não recomendada na rotina, pode ser de
ser útil em casos suspeitos e na presença de exame parasitológico de fezes negativo.

Tratamento
Praziquantel, na apresentação de comprimidos de 600mg é administrado por via oral, em dose única
de 50mg/kg de peso para adultos e 60mg/kg de peso para crianças. Como segunda escolha,
Oxamniquina, apresentada em cápsulas com 250mg e solução de 50mg/ml, para uso pediátrico. Para
adultos, recomenda-se 15mg/kg e crianças, 20mg/kg, via oral, em dose única, uma hora após uma
refeição.

Medidas de controle
a) Controle dos portadores: Identificação e tratamento dos portadores de S. mansoni, por meio de
inquéritos coproscópicos e quimioterapia específica visando impedir o aparecimento de formas graves,
pela redução da carga parasitária dos indivíduos;
b) Controle dos hospedeiros intermediários - pesquisa de coleções hídricas, para determinação do
seu potencial de transmissão, e tratamento químico de criadouros de importância epidemiológica;
c) Modificação permanente das condições de transmissão - Educação em saúde e mobilização
comunitária, e saneamento ambiental nos focos de esquistossomose.

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Estrongiloidíase
Vigilância Epidemiológica
Objetivos
Diagnosticar e tratar precocemente todos os casos para evitar as formas graves.

Observação
Cuidado especial deve ser dado aos indivíduos que têm algum tipo de imunodeficiência, para evitar a
síndrome de hiperinfecção, na qual as larvas ultrapassam a serosa intestinal, infectando diversos órgãos;
A observação de estrongiloidíase grave e de repetição requer avaliação de imunodeficiência
associada;
Os indivíduos que, por qualquer motivo, requeiram tratamento com imunossupressores, devem ser
avaliados criteriosamente e, se necessário, tratados “quimioprofilaticamente”, antes de ser instituída a
quimioterapia imunossupressora.

Notificação
Não é doença de notificação compulsória.

Agente etiológico
O helminto Strongyloides stercoralis.

Reservatório
O homem. Gatos, cães e primatas têm sido encontrados infectados.

Modo de transmissão
As larvas infectantes (filarióides), presentes no meio externo, penetram através da pele, no homem,
chegando aos pulmões, traqueia e epiglote, atingindo o trato digestivo, via descendente, onde se
desenvolve o verme adulto. A fêmea parasita é ovovivípara e libera ovos larvados que eclodem ainda no
intestino, liberando larvas rabditóides (não-infectantes), que saem pelas fezes e podem evoluir, no meio
externo, para a forma infectante ou para adultos de vida livre, que, ao se acasalarem, geram novas formas
infectantes. Pode ocorrer, também, auto-endoinfecção, quando as larvas passam a ser filarióides, no
interior do próprio hospedeiro, sem passar por fase evolutiva no meio externo. Auto-exoinfecção ocorre
quando as larvas filarióides se localizam na região anal ou perianal, onde novamente penetram no
organismo do hospedeiro.

Período de incubação
Ocorre no prazo de 2 a 4 semanas entre a penetração através da pele e o aparecimento de larvas
rabditóides nas fezes. O período para a manifestação dos primeiros sintomas é variado.

Período de transmissibilidade
Enquanto o homem portar larvas.

Diagnóstico
Parasitológico de fezes, escarro ou lavado gástrico, por meio do Baermann-Moraes. Em casos graves,
podem ser utilizados testes imunológicos, como Elisa, hemaglutinação indireta, imunofluorescência
indireta. O estudo radiológico do intestino delgado auxilia o diagnóstico.

Tratamento
Cambendazol, 5mg/kg, em dose única, via oral; Tiabendazol, via oral, em vários esquemas
terapêuticos: a) 25mg/kg/dia, durante 5 a 7 dias, esquema muito utilizado; b) 50mg/kg/dia, em dose única,
à noite. A dose máxima recomendada é de 0,3g; c) 10mg/dia, durante 30 dias. Esse esquema é
recomendado para situações de auto-endoinfecção e deficiência da imunidade celular; Albendazol,
40mg/dia, durante 3 dias, não recomendado em gestantes; Ivermectina, dose única, VO, obedecendo a
escala de peso corporal (15 a 24kg: 1/2 comprimido; 25 a 35kg: 1 comprimido; 36 a 50kg: 1 ½
comprimidos; 51 a 65kg: 2 comprimidos; 65 a 79kg: 21/2 comprimidos; 80kg: 3 comprimidos ou
200mg/kg).

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Medidas de controle
Redução da fonte de infecção com tratamento sanitário adequado das fezes e uso de calçados.
Quimioterapia em massa em comunidades com alta endemicidade, apesar de ser preconizada por alguns
autores, ainda não é medida adotada por todos. Tratar animais domésticos infectados.

Febre Amarela

Vigilância Epidemiológica
Objetivos
Impedir a reurbanização da doença e manter a FAS sob controle.

Notificação
Doença de notificação compulsória internacional (deve ser comunicada imediatamente, pela via mais
rápida, às autoridades sanitárias) e que impõe a investigação epidemiológica de todos os casos.

Definição de caso
a) Suspeito - Todo paciente residente e/ou procedente de área endêmica para febre amarela, com
quadro clínico-sugestivo, e que, comprovadamente, não tenha sido vacinado.
b) Confirmado - Todo paciente residente e/ou procedente de área endêmica para febre amarela, com
quadro clínico compatível, que apresenta diagnóstico laboratorial confirmado através de: isolamento de
vírus; conversão sorológica; teste de Mac-ELISA (IgM) positivo, exame histopatológico compatível ou
imuno histoquímica.

Medidas de controle
A principal medida de controle é a vacinação que confere proteção próxima a 100%. É administrada
em dose única, com reforço a cada 10 anos, a partir dos nove meses de idade, nas áreas endêmicas e
para todas as pessoas que se deslocam para essas áreas. Com a infestação do Aedes aegypti de grande
parte dos municípios brasileiros, foi ampliada a área em que a vacina antiamarílica está sendo
administrada, na rotina do Programa Nacional de Imunização (todos os municípios que pertencem às
áreas enzoóticas e epizoóticas da infecção).
O combate ao Aedes aegypti, através de ações de saneamento básico (principalmente coleta e destino
do lixo e aporte de água) e de educação em saúde (redução dos criadouros dos mosquitos dispostos no
meio ambiente: vasos, pneus, vasilhas descartáveis, etc.), constitui-se medida eficiente na redução do
risco de urbanização do vírus.

Agente etiológico
Vírus amarílico, arbovírus do gênero Flavivírus e família Flaviviridae. É um RNA vírus.

Vetores/reservatórios e hospedeiros
O principal vetor e reservatório da FAS no Brasil é o mosquito do gênero Haemagogus janthinomys;
os hospedeiros naturais são os primatas não humanos (macacos). O homem não imunizado entra nesse
ciclo acidentalmente. Na FAU, o mosquito Aedes aegypti é o principal vetor e reservatório e o homem, o
único hospedeiro de importância epidemiológica.

Modo de transmissão
Na FAS, o ciclo de transmissão se processa entre o macaco infectado → mosquito silvestre → macaco
sadio. Na FAU, a transmissão se faz através da picada do mosquito Ae. aegypti, no ciclo: homem
infectado → Ae. Aegypti → homem sadio.

Período de incubação
Varia de 3 a 6 dias, após a picada do mosquito fêmea infectado.

Período de transmissibilidade
O sangue dos doentes é infectante de 24 a 48 horas antes do aparecimento dos sintomas até 3 a 5
dias após, tempo que corresponde ao período de viremia. No mosquito Ae. aegypti, o período de
incubação é de 9 a 12 dias, após o que se mantém infectado por toda a vida.

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Diagnóstico
É clínico, epidemiológico e laboratorial. O diagnóstico laboratorial é feito por isolamento do vírus de
amostras de sangue ou de tecido hepático, por detecção de antígeno em tecido (imunofluorescência e
imunoperoxidase) ou por sorologia. Esses últimos são métodos complementares aos primeiros e as
técnicas utilizadas são: captura de IgM (MAC-ELISA), inibição de hemaglutinação (IH), fixação do
complemento (FC) e neutralização (TN). À exceção do MAC-ELISA, todos os outros testes necessitam
de duas amostras pareadas de sangue, considerando-se positivos os resultados que apresentam
aumento dos títulos de anticorpos de, no mínimo, 4 vezes, entre a amostra colhida no início da fase aguda
comparada com a da convalescença da enfermidade (intervalo entre as coletas de 14 a 21 dias).
O MAC-ELISA, na maioria dos casos, permite o diagnóstico presuntivo com uma única amostra de
soro, pois é bastante sensível para detecção de IgM, dispensando o pareamento do soro. Técnicas de
biologia molecular para detecção de antígenos virais e/ou ácido nucléico viral (reação em cadeia de
polimerase (PCR), imunofluorescência, imuno-histoquímica e hibridização in situ), embora não utilizadas
na rotina, são de grande utilidade. Há alterações das aminotransferases, que podem atingir níveis acima
de 2.000 unidades/mm³, sendo a AST (TGO) mais elevada que a ALT (TGP). As bilirrubinas também se
elevam nos casos graves, especialmente a fração direta, atingindo níveis acima de 10mg/mm³.

Tratamento
Não existe tratamento antiviral específico. É apenas sintomático, com cuidadosa assistência ao
paciente que, sob hospitalização, deve permanecer em repouso, com reposição de líquidos e das perdas
sanguíneas, quando indicada. Os quadros clássicos e/ou fulminantes exigem atendimento em unidade
de terapia intensiva (UTI), o que reduz as complicações e a letalidade.

Febre Maculosa Brasileira

Vigilância Epidemiológica
Objetivo
Compreende a vigilância epidemiológica e ambiental dos vetores, reservatórios e dos hospedeiros, e
tem como objetivos: detectar e tratar precocemente os casos suspeitos visando a redução da letalidade;
investigar e controlar surtos, mediante adoção de medidas de controle; conhecer a distribuição da doença
segundo lugar, tempo e pessoa; identificar e investigar os locais prováveis de infecção (LPI); recomendar
e adotar medidas de controle e prevenção.

Notificação
É doença de notificação compulsória, devendo ser informada pelo meio mais rápido disponível, e de
investigação epidemiológica com busca ativa, para evitar a ocorrência de novos casos e óbitos.

Definição de caso
a) Suspeito - Paciente com febre de início súbito, mialgia e prostração intensa, podendo haver um ou
mais dos seguintes sinais ou sintomas: cefaleia; exantema maculopapular em regiões palmar e plantar;
manifestações hemorrágicas; e, história de picada de carrapatos e/ou de contato com animais domésticos
e/ou silvestres;
b) Confirmado - Todo caso suspeito com positividade da RIFI ou outra técnica preconizada;
c) Confirmado clínico-epidemiologicamente - Todo caso suspeito que apresente os sinais e
sintomas clínicos, proveniente de região de ocorrência da doença, ou com história de ter tido contato
recente com carrapato, e que não se confirme outra enfermidade.

Medidas de controle
Alertar os profissionais da rede de serviços de saúde das áreas de ocorrência sobre os sinais e
sintomas da doença e as orientações terapêuticas e diagnósticas. Colher, de todo paciente suspeito, uma
amostra de sangue para encaminhar para exame laboratorial.
Havendo carrapatos na pele do doente coletá-los com luvas e pinças, colocar em um vidro tampado
com gaze e encaminhar para laboratório de referência. Iniciar imediatamente a investigação
epidemiológica com busca ativa de casos suspeitos, colocar a comunidade sob vigilância informando que
aos primeiros sinais da doença (febre, cefaleia e mialgias) devem ser procurados os serviços de saúde.
Verificar a extensão da presença de carrapatos na área e orientar a população sobre a necessidade
da retirada dos mesmos nos indivíduos infestados (com luvas) já que a doença parece ocorrer com maior
frequência em indivíduos que permanecem com o vetor no corpo por mais de 6 horas.

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A ficha de investigação deverá ser preenchida, e além dos dados de identificação dos pacientes
deverão ser realizadas perguntas objetivas sobre a clínica, a existência dos transmissores, e a ocorrência
de casos semelhantes anteriormente. Entrevistas devem ser feitas anotando-se o modo de vida dos
habitantes, principalmente, invasão de matas, transformações sociais e econômicas mais recentes na
área buscando relacionar estas informações com a ocorrência da febre maculosa brasileira.
O rodízio de pastos e capina da vegetação, podem trazer alguns resultados no controle da população
de carrapatos, enquanto o uso de carrapaticidas deve fazer parte de um programa contínuo de controle
principalmente quando houver participação de equinos como hospedeiros primários para o carrapato.
Orientar a população para evitar as áreas infestadas por carrapatos, e usar roupas claras e de mangas
compridas para facilitar a visualização bem como criar o hábito de sempre fazer a inspeção no corpo para
verificar a presença de carrapatos.

Agente etiológico
Rickettsia rickettsii, espiroqueta da família Ricketisiaceae, bactéria gram-negativa, parasita intracelular
obrigatória.

Reservatório
No Brasil, o principal reservatório da Rickettsia rickettsii são os carrapatos do gênero Amblyomma (A.
cajennense, A. cooperi ou dubitatum e A. aureolatum). A participação de equídeos no ciclo de transmissão
é discutível, porém há evidências de que, além de transportadores de carrapatos potencialmente
infectados, eles podem atuar como sentinelas, semelhantemente ao cão, que é um reservatório doméstico
potencial. Acredita-se que a capivara (Hydrochaeris hydrochaeris), também, pode estar envolvida neste
ciclo, mas não existem estudos que comprovem ser esse roedor um reservatório silvestre de Rickettsias.

Modo de transmissão
A Febre Maculosa Brasileira é, geralmente, adquirida pela picada de carrapato infectado e a
transmissão ocorre quando o artrópode permanece aderido ao hospedeiro por, no mínimo, de 4 a 6 horas.
A doença não se transmite de pessoa a pessoa.

Período de incubação
De 2 a 14 dias (em média, 7 dias).

Período de transmissibilidade
Os carrapatos permanecem infectados durante toda a vida, em geral de 18 meses a 36 meses. A partir
de um carrapato infectado, outros podem tornar-se infectados, por meio da transmissão vertical
(transovariana), transmissão estádio (transestadial) ou transmissão através da cópula, além da
possibilidade de alimentação simultânea de carrapatos infectados com não infectados em animais com
suficiente riquetsemia.

Diagnóstico
Pode ser de difícil o diagnóstico da Febre Maculosa Brasileira, sobretudo em sua fase inicial, mesmo
por profissionais bastante experientes. Dados clínicos e epidemiológicos associados a achados
laboratoriais reforçam o diagnóstico da doença. A cultura com isolamento da Rickettsia é o método
diagnóstico ideal.
A reação sorológica de imunofluorescência indireta (RIFI), utilizando antígenos específicos para R.
rickettsii, é a mais utilizada. Deve ser considerado como confirmatório um aumento de 4 vezes no título
em uma segunda amostra colhida, pelo menos, 2 semanas após a primeira. Outros métodos utilizados
são a reação em cadeia da polimerase (PCR) e a imuno-histoquímica.

Tratamento
Nos casos suspeitos, o início imediato e precoce da antibioticoterapia, antes mesmo da confirmação
laboratorial, tem assegurado maior recuperação dos pacientes. Em adultos, Cloranfenicol, 50mg/kg/dia,
via oral, dividida em 4 tomadas, ou Doxiciclina, 100mg, de 12/12 horas, via oral. Manter o esquema até 3
dias após o término da febre. Nos casos graves, a droga de escolha é o Cloranfenicol, 500mg, EV, de 6/6
horas. Em crianças, usar Cloranfenicol, não ultrapassando 1g/dia, durante o mesmo período. A Doxiciclina
pode ser usada em crianças acima dos 8 anos, na dose de 2 a 4mg/kg/dia, máximo de 200mg/dia, em 2
tomadas, de 12/12 horas.

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Febre Purpúrica Brasileira
Vigilância Epidemiológica
Objetivo
Acompanhamento dos casos de conjuntivite, nas áreas de ocorrência da doença, visando adoção das
medidas de controle indicadas.

Notificação
Notificação compulsória nacional por se tratar de agravo inusitado.

Definição de caso
a) Suspeito - Criança que teve ou está com conjuntivite e desenvolve quadro agudo de febre,
acompanhado de algum outro sinal de toxemia (palidez perioral, vômitos, dor abdominal, alterações do
estado de consciência);
b) Confirmado - Quadro febril agudo em criança, com isolamento, no sangue ou no líquor, de
Haemophilus aegyptius; Quadro febril agudo com manifestações hemorrágicas em pele ou digestivas,
antecedente de conjuntivite purulenta, contraimunoeletroforese e culturas negativas para meningococo e
outras bactérias para as quais o teste tenha sido realizado. Presença de Haemophilus aegyptius em
conjuntiva, ou dados epidemiológicos da área, como ocorrência de surtos de conjuntivite (município,
escola, creches, grupamentos familiares), com identificação de Haemophilus aegyptius cepa invasora;
Doença aguda em criança, caracterizada por: febre igual ou superior 38,5º C; dor abdominal e vômitos;
petéquias e/ou púrpuras; sem evidência de meningite; antecedente de conjuntivite (em familiares) e ainda
sem antecedente de ocorrência de meningite na área de abrangência do caso;
c) Provável - Quadro febril agudo, com manifestações toxêmicas e/ou hemorrágicas, em criança, após
exclusão de outras bactérias como possíveis agentes etiológicos. Contraimunoeletroforese negativa para
meningococo.
Antecedente de conjuntivite.

Medidas de controle
a) Nas áreas de ocorrência dessa doença, deve-se acompanhar os casos de conjuntivite e, em caso
de surto, notificar os casos suspeitos da FPB, ou quando se observar número de casos de conjuntivite
superior ao mês anterior, iniciar a coleta de secreção de conjuntivas de pacientes acometidos (pelo menos
de 20) para diagnóstico do agente (Laboratório de Referência) para realização dos exames;
b) Tratamento das conjuntivites é feito com colírio de cloranfenicol a 0,5% (1 gota em cada olho, de
3/3 horas, durante 7 dias). Quando for constatado o diagnóstico da conjuntivite pela cepa invasora do
Haemophilus aegyptius, administrar rifampicina na dose de 20mg/kg/dia, durante 4 dias (tomada única) e
repetir a cultura da secreção após o término do tratamento. Acompanhar o paciente até negativação da
cultura. Não há indicação para isolamento dos casos FPB. A aglomeração favorece a transmissão da
conjuntivite. Medidas de higiene devem ser informadas, principalmente nas situações de risco de
ocorrência da enfermidade.

Agente etiológico
Haemophilus influenzae, bio grupo aegyptius. Bactéria gram-negativa, sob a forma de bacilos finos e
retos.

Reservatório
O homem, que também é a fonte de infecção (pessoas com conjuntivite causada pelo agente).

Modo de transmissão
Contato direto pessoa a pessoa, que esteja com conjuntivite; ou indireto, por intermediação mecânica
(insetos, toalhas, mãos).

Período de incubação
O intervalo de tempo entre o início da conjuntivite e a febre é, em média, de 7 a 16 dias (variando de
1 a 60 dias).

Período de transmissibilidade
Possivelmente, enquanto durar a conjuntivite.

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Diagnóstico diferencial
Deve-se considerar as infecções que podem evoluir com sepse, petéquias e púrpura:
meningococcemia, meningite por HIB, septicemias por gram negativos, dengue hemorrágico, febre
amarela, febre maculosa, tifo exantemático, febre hemorrágica argentina e boliviana e outras febres
hemorrágicas.

Tratamento
Antibioticoterapia: ampicilina, 200mg/kg/dia, 6/6/hs, via intravenosa; ou amoxicilina, 50mg/kg/dia,
8/8hs, via oral, por 7 dias; ou cloranfenicol, 100mg/kg/dia, via intravenosa, 6/6 hs, por 7 dias. O paciente
deve ser internado com todos os cuidados de suporte.

Febre Tifoide

Vigilância Epidemiológica
Objetivos
A vigilância epidemiológica tem por objetivo, a partir do caso índice, subsidiar adequadas medidas
terapêuticas e profiláticas e, através da coleta e análise de dados, conhecer as características
epidemiológicas para adoção de medidas coletivas de prevenção visando a redução de sua incidência.

Notificação
Doença de notificação compulsória, devendo todo caso e surto serem investigados para adoção das
medidas de controle pertinentes.

Definição de Caso
a) Suspeito - Doente com febre persistente, que pode ou não ser acompanhada de um ou mais dos
seguintes sinais e sintomas: cefaleia, mal-estar geral, dor abdominal, anorexia, dissociação pulso-
temperatura, constipação ou diarreia, tosse seca, roséolas tíficas (manchas rosadas no tronco) e
esplenomegalia;
b) Confirmado por critério laboratorial - Quando houver clínica compatível e isolamento da
Salmonella typhi ou detecção pela técnica de PCR;
c) Confirmado por critério clínico-epidemiológico - Quando houver clínica compatível e associação
epidemiológica com caso confirmado por laboratório.

Medidas de Controle
Conduta frente a um caso: isolamento entérico, com desinfecção concorrente das fezes, urina e objetos
contaminados e limpeza terminal.
Caracterizar clinicamente o caso; verificar se já foi coletado e encaminhado material para exame
diagnóstico (fezes, sangue, urina), observando se houve uso prévio de antibiótico; se necessário,
hospitalizar o paciente; determinar as prováveis fontes de infecção; pesquisar a existência de casos
semelhantes, na residência, no local de trabalho, de estudo, etc.; proceder a busca ativa de casos, na
área; identificar os comunicantes e, entre esses, pesquisar portadores através da coprocultura; afastar o
paciente da manipulação de alimentos; e orientar sobre medidas de higiene, principalmente em relação
à limpeza rigorosa das mãos.
Após sete dias do término do tratamento, realizar 3 coproculturas para identificar se o paciente se
tornou portador da Salmonella typhi; orientar o paciente quanto ao destino correto das fezes. Medidas
referentes aos portadores: na prática, é muito difícil a identificação e, consequentemente, a sua
eliminação na comunidade, apesar de sua reconhecida importância na manutenção do ciclo de
transmissão da doença.
A pesquisa de portadores é feita através da realização de coproculturas, em número de 7, em dias
sequenciais. Essa pesquisa está indicada nas seguintes situações: comunicantes que possam constituir
perigo para a comunidade (ex.: indivíduos que manipulam alimentos em creches, hospitais) e em
coletividades fechadas (asilos, hospitais psiquiátricos, presídios), quando houver casos de febre tifoide
entre as pessoas que frequentam essas instituições.
Quando identificado o portador, tratá-lo com: ampicilina, 1,0 a 1,5g/dose, VO, dividida em 4 tomadas
(6/6 horas), por 14 dias; ou amoxicilina, 3g/dia, VO, dividida em 3 tomadas (8/8 horas), por 14 dias.
Observação: após sete dias do término do tratamento, iniciar a coleta de 3 coproculturas, com intervalo
de 30 dias entre cada uma; se o portador for manipulador de alimentos, realizar as três coproculturas com
intervalo de uma semana entre elas. Caso uma delas seja positiva, essa série pode ser suspensa e o
indivíduo deve ser novamente tratado de preferência com uma QUINOLONA (ciprofloxacina, 500mg, VO,

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de 12/12 horas, durante 4 semanas) e orientado quanto ao risco que representa para a comunidade em
geral. O tempo ideal de tratamento para portadores crônicos ainda não está bem definido. Pacientes com
litíase biliar ou anomalias biliares que não respondem ao tratamento com antimicrobianos devem ser
colecistectomizados. Vacinação: A vacina atualmente disponível tem poder imunogênico baixo e
indicações muito restritas.

Agente etiológico
Salmonella entérica, sorotipo Typhi (S. Typhi), bactéria gram-negativa da família Enterobacteriaceae.
O tempo de sobrevida desse agente varia de acordo com o meio em que se encontra, sendo essa
informação importante para o controle da doença.

Reservatório
O homem é o único reservatório da espécie S. typhi. Pessoas com febre tifoide portam a bactéria na
corrente sanguínea e no trato intestinal. Após a infecção aguda, um pequeno número de pacientes (de 2
a 5%) passa a ser portador, albergando a bactéria no intestino. Essas pessoas constituem importantes
fontes para contaminação do ambiente e para continuidade da doença entre os humanos.

Modo de transmissão
Ocorre, principalmente, de forma indireta através de água e alimentos contaminados com fezes ou
urina de paciente ou portador. A contaminação de alimentos, geralmente, se dá pela manipulação por
portadores ou pacientes oligossintomáticos (com manifestações clínicas discretas), razão pela qual a
febre tifoide é também conhecida como a doença das mãos sujas.
Os legumes irrigados com água contaminada, produtos do mar mal cozidos ou crus (moluscos e
crustáceos), leite e derivados não pasteurizados, produtos congelados e enlatados podem veicular
salmonelas. Raramente as moscas participam da transmissão. O congelamento não destrói a bactéria,
de modo que sorvetes, por exemplo, podem ser veículos de transmissão. Todavia, só uma grande
concentração de bactérias – inóculo – torna possível a infecção. Por isso não se costuma verificar, com
muita frequência, surtos de febre tifoide após enchentes, quando provavelmente há maior diluição do
agente no meio ambiente e menor possibilidade de sua ingestão em número suficiente para causar a
doença. A carga bacteriana infectante, experimentalmente estimada, é de 106 a 109 bactérias. Infecções
subclínicas podem ocorrer com a ingestão de um número bem menor de bactérias.
A transmissão da febre tifoide por alimentos decorre da densa contaminação que permite a
sobrevivência da salmonela durante o processo de produção a que são submetidos os alimentos. A
concentração de bactérias necessárias para causar a doença é denominada de dose infectante mínima
(DIM). Nesse particular, a S. typhi inclui-se no grupo das bactérias que necessitam de DIM considerada
baixa para produzir a doença, ou seja, 102/ml. Por outro lado, alguns alimentos possuem características
específicas que influenciam de modo significativo na proliferação e sobrevivência do agente etiológico da
febre tifoide. Por exemplo, sabe-se que o crescimento dessa bactéria se dá em meios com pH entre 4,5
e 7,8, valores que também correspondem à faixa do pH de alguns alimentos, tais como leite (6,5 a 6,7),
manteiga (6,1 a 6,4), queijo (4,9 a 5,9) e pescado (6,6 a 6,8).
Fatores extrínsecos aos alimentos, com destaque para aqueles relacionados com o meio ambiente,
tais como temperatura e umidade existentes nos sítios de conservação, armazenamento, produção,
comercialização e consumo dos alimentos também interferem, de modo significativo, no crescimento e
viabilidade de S. typhi.

Período de incubação
Frequentemente de 1 a 3 semanas (em média, 2 semanas), a depender da dose infectante.

Período de transmissibilidade
A transmissão ocorre enquanto os bacilos estiverem sendo eliminados nas fezes ou urina, o que
geralmente se dá desde a primeira semana da doença até o fim da convalescença. Após essa fase, o
período varia, dependendo de cada situação. Sabe-se que cerca de 10% dos pacientes continuam
eliminando bacilos até 3 meses após o início da doença e que de 2 a 5% (geralmente mulheres adultas)
transformam-se em portadores crônicos, após a cura. Estes são de extrema importância pelo seu
potencial de disseminação da doença. Tanto entre os doentes, quanto entre os portadores, a eliminação
da S. typhi costuma ser intermitente.

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Diagnóstico diferencial
A febre tifoide tem manifestações clínicas semelhantes à de várias outras doenças entéricas como,
por exemplo, as infecções por Salmonella entérica sorotipo Paratyphi (sorogrupo A, B, C) e por Yersinia
enterocolítica, que pode produzir uma enterite com febre, diarreia, vômito, dor abdominal e adenite
mesentérica.
Há, também, outras doenças que apresentam febre prolongada e que devem ser consideradas, tais
como: pneumonias, tuberculoses (pulmonar, miliar, intestinal, meningoencefalite e peritonite),
meningoencefalites, septicemia por agentes piogênicos, colecistite aguda, peritonite bacteriana, forma
toxêmica de esquistossomose mansônica, mononucleose infecciosa, febre reumática, doença de
Hodgkin, abscesso hepático, abscesso subfrênico, apendicite aguda, infecção do trato urinário,
leptospirose, malária, toxoplasmose, doença de Chagas aguda, endocardite bacteriana.

Tratamento
O paciente deve ser tratado em nível ambulatorial, pois só excepcionalmente necessita de internação.

Filaríase por Wuchereria Bancrofti

Vigilância Epidemiológica
Objetivos
Desenvolver estratégias para delimitação das áreas de maior prevalência dentro dos poucos focos
existentes, visando a adoção de medidas de controle do mosquito transmissor e tratamento em massa
dos casos diagnosticados. De acordo com a OMS, essa é uma doença passível de erradicação, o que
está sendo objeto de discussão, atualmente, no Brasil.

Notificação
Doença de notificação nos estados que permanecem com foco. Em situações de detecção de novos
focos, deve-se notificar como agravo inusitado, de acordo com a normatização do Ministério da Saúde.

Definição de caso
a) Suspeito - Paciente com sinais e sintomas de filariose linfática residente em área endêmica da
doença;
b) Confirmado - Paciente com microfilária detectada por qualquer método diagnóstico e/ou sorologia
positiva, com ou sem sinais e sintomas da doença.

Medidas de controle
a) Redução da densidade populacional do vetor - Através de biocidas; bolinhas de isopor, método
esse limitado a criadouros específicos urbanos (latrinas e fossas); mosquiteiros ou cortinas impregnadas
com inseticidas para limitar o contato entre o vetor e o homem; borrifação intradomiciliar com inseticidas
de efeito residual (dirigida contra as formas adultas do Culex);
b) Educação em Saúde - Informar, às comunidades das áreas afetadas, sobre a doença e as medidas
que podem ser adotadas para sua redução/ eliminação; identificação dos criadouros potenciais no
domicílio e peridomicílio, estimulando a sua redução pela própria comunidade;
c) Tratamento em massa - Para as populações humanas que residem nos focos, de acordo com os
esquemas preconizados no item de Tratamento.

Agente etiológico
Wuchereria bancrofti, nematódeo que vive nos vasos linfáticos dos indivíduos infectados.

Reservatório
O homem.

Modo de transmissão
Pela picada dos mosquitos transmissores com larvas infectantes (L3). No Brasil, o Culex
quinquefasciatus é o principal transmissor. Em geral, as microfilárias têm periodicidade para circular no
sangue periférico, sendo mais detectadas à noite, entre as 23h e 1h.

Período de incubação
Manifestações alérgicas podem aparecer 1 mês após a infecção. As microfilárias, em geral, aparecem
no sangue periférico de 6 a 12 meses após a infecção com as larvas infectantes da W. bancrofti.

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Período de transmissibilidade
Não se transmite de pessoa a pessoa. O ciclo ocorre quando um inseto transmissor pica um homem
infectado com microfilaremia e a transmite a outro indivíduo, após maturação das microfilárias no vetor,
que ocorre entre 12 a 14 dias do repasto sanguíneo. A microfilaremia pode persistir, aproximadamente,
por 5 a 10 anos.

Diagnóstico
Clínico-epidemiológico, quando há manifestações sugestivas e o indivíduo é oriundo de área
endêmica.

Tratamento
A droga de escolha é a Dietilcarbamazina (DEC), com vários esquemas preconizados: 6mg/kg/dia, VO,
com periodicidade semestral ou anual; 6mg/kg/dia, VO, por 12 dias; 6mg/kg/dia, VO, por 2 a 4 semanas.

Giardíase

Vigilância Epidemiológica
Objetivos
Diagnosticar e tratar os casos para impedir a transmissão direta ou indireta da infecção a outros
indivíduos.

Notificação
Não é doença de notificação compulsória.

Medidas de controle
a) Específicas - Em creches ou orfanatos deverão ser construídas adequadas instalações sanitárias
e enfatizada a necessidade de medidas de higiene pessoal. Educação sanitária, em particular
desenvolvimento de hábitos de higiene - lavar as mãos, após uso do banheiro;
b) Gerais - Filtração da água potável. Saneamento básico;
c) Isolamento - Pessoas com giardíase devem ser afastadas do cuidado de crianças. Com pacientes
internados, devem ser adotadas precauções entéricas através de medidas de desinfecção concorrente
para fezes e material contaminado e controle de cura, que é feito com o exame parasitológico de fezes,
negativo no 7°, 14° e 21° dias após o término do tratamento.

Agente etiológico
Giardia lamblia, protozoário flagelado que existe sob as formas de cisto e trofozoíto. O cisto é a forma
infectante encontrada no ambiente.

Reservatório
O homem e alguns animais domésticos ou selvagens, como cães, gatos e castores.

Modo de transmissão
Fecal-oral. Direta, pela contaminação das mãos e consequente ingestão de cistos existentes em
dejetos de pessoa infectada; ou indireta, por meio da ingestão de água ou alimento contaminado.

Período de incubação
De 1 a 4 semanas, com média de 7 a 10 dias.

Período de transmissibilidade
Enquanto persistir a infecção.

Diagnóstico
Identificação de cistos ou trofozoítos, no exame direto de fezes, pelo método de Faust; ou identificação
de trofozoítos no fluido duodenal, obtido através de aspiração. São necessárias, pelo menos, três
amostras de fezes para obter uma boa sensibilidade. A detecção de antígenos pode ser realizada pelo
Elisa, com confirmação diagnóstica.
Em raras ocasiões, poderá ser realizada biópsia duodenal, com identificação de trofozoítos.

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Tratamento

Gonorreia

Vigilância Epidemiológica
Objetivos
Interromper a cadeia de transmissão através de detecção e tratamento precoces dos casos e dos seus
parceiros (fontes de infecção); prevenir novas ocorrências por meio de ações de educação em saúde.

Notificação
Não é doença de notificação compulsória nacional. Os profissionais de saúde devem observar as
normas e procedimentos de notificação e investigação de estados e municípios. A Coordenação Nacional
de DST e AIDS, do Ministério da Saúde, está implantando um sistema de fontes de informações
específicas para as DST, visando o aprimoramento de seu controle.

Medidas de controle
Interrupção da cadeia de transmissão pela triagem e referência dos pacientes com DST e seus
parceiros para diagnóstico e terapia adequados.

Aconselhamento (confidencial) - Orientações ao paciente, fazendo com que ele discrimine as


possíveis situações de risco presentes em suas práticas sexuais; desenvolva a percepção quanto à
importância do seu tratamento e de seus parceiros sexuais e promoção de comportamentos preventivos.

Promoção do uso de preservativos - Método mais eficaz para a redução do risco de transmissão do
HIV e outras DST.
Convite aos parceiros para aconselhamento e promoção do uso de preservativos (deve-se obedecer
aos princípios de confiabilidade, ausência de coerção e proteção contra a discriminação).
Educação em saúde, de modo geral.

Observação - As associações entre diferentes DST são frequentes, destacando- se, atualmente, a
relação entre a presença de DST e aumento do risco de infecção pelo HIV, principalmente na vigência de
úlceras genitais.
Desse modo, se o profissional estiver capacitado a realizar aconselhamento, pré e pós-teste para
detecção de anticorpos anti-HIV, quando do diagnóstico de uma ou mais DST, deve ser oferecida essa
opção ao paciente.
Toda doença sexualmente transmissível constitui-se em evento sentinela para busca de outra
DST e possibilidade de associação com o HIV. É necessário, ainda, registrar que o Ministério da Saúde
vem implementando a “abordagem sindrômica” aos pacientes de DST, visando aumentar a sensibilidade
no diagnóstico e tratamento dessas doenças, o que resultará em um maior impacto na redução dessas
infecções.

Agente etiológico
Neisseria gonorrhoeae, diplococo gram-negativo.

Reservatório
O homem.

Modo de transmissão
Contato sexual.

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Período de incubação
Geralmente, entre 2 e 5 dias.

Período de transmissibilidade
O risco de transmissão de um parceiro infectado a outro é de 50% por ato. Pode durar de meses a
anos, se o paciente não for tratado. O tratamento eficaz rapidamente interrompe a transmissão.

Diagnóstico
Clínico, epidemiológico e laboratorial. Esse último é feito pela coloração de Gram ou pelos métodos de
cultivo. No exame bacterioscópico dos esfregaços, devem ser observados diplococos gram negativos,
arranjados aos pares. Thayer-Martin é o meio específico para a cultura. Pode-se utilizar também métodos
de amplificação de ácidos nucléicos, como a ligase chain reaction, mas têm custos mais elevados, quando
comparados com o gram e a cultura.

Tratamento
Deve ser utilizada uma das opções a seguir: Ciprofloxacina, 500mg, VO, dose única; Ofloxacina,
400mg, VO, dose única; Ceftriaxona, 250mg, IM, dose única. Existem evidências de altos índices de
resistência desse agente à antibioticoterapia convencional. O Ministério da Saúde recomenda tratar
simultaneamente Gonorreia e clamídia, com Ciprofloxacina, 500mg, dose única, VO, mais Azitromicina,
1g, dose única, VO, ou Doxiciclina, 100mg, de 12/12 horas, por 7 dias.

Hanseníase

Agente Etiológico
O Mycobacterium leprae é um parasita intracelular bacilo álcool-ácido resistente. É a única espécie de
micobactéria que infecta nervos periféricos, especificamente as células de Schwann. Este bacilo não
cresce em meios de cultura artificiais, ou seja, não é cultivável in vitro.
O alto potencial incapacitante da hanseníase está diretamente relacionado ao poder imunogênico do
M. leprae.

Reservatório
O homem é reconhecido como a única fonte de infecção, embora tenha sido identificados animais
naturalmente infectados – tatu, macaco mangabei e chimpanzé. Os doentes com muitos bacilos
(Multibacilares- MB) sem tratamento – hanseníase virchowiana e hanseníase dimorfa – são capazes de
eliminar grande quantidade de bacilos para o meio exterior (carga bacilar de cerca de 10 milhões de
bacilos presentes na mucosa nasal).

Modo de transmissão
A transmissão se dá por meio de uma pessoa com hanseníase, na forma infectante da doença MB,
sem tratamento, que elimina o bacilo para o meio exterior, infectando outras pessoas suscetíveis. Estima-
se que 90% da população tenha defesa natural que confere imunidade contra o M. leprae, e sabe-se que
a suscetibilidade ao bacilo tem influência genética. Assim, familiares de pessoas com hanseníase
possuem chances maiores de adoecer.
A principal via de eliminação do bacilo pelo doente e a mais provável via de entrada deste no organismo
são as vias aéreas superiores (mucosa nasal e orofaringe), por meio de contato próximo e prolongado,
muito frequente na convivência domiciliar. Por isso, o domicílio é apontado como importante espaço de
transmissão da doença.

Período de incubação
Em média, 2 a 7 anos. Há referências a períodos mais curtos, de 7 meses, como também mais longos,
de 10 anos.

Período de transmissibilidade
Os pacientes multibacilares (MB) podem transmitir a infecção enquanto o tratamento específico não
for iniciado.

Diagnóstico
O diagnóstico é clínico e epidemiológico, realizado por meio da análise da história e condições de vida
do paciente, do exame dermatoneurológico, para identificar lesões ou áreas de pele com alteração de

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sensibilidade e/ou comprometimento de nervos periféricos (sensitivo, motor e/ou autonômico). Os casos
com suspeita de comprometimento neural, sem lesão cutânea (suspeita de Hanseníase neural pura), e
aqueles que apresentam área com alteração sensitiva e/ou autonômica duvidosa e sem lesão cutânea
evidente deverão ser encaminhados para unidades de saúde de maior complexidade para confirmação
diagnóstica. Em crianças, o diagnóstico da Hanseníase exige exame criterioso, diante da dificuldade de
aplicação e interpretação dos testes de sensibilidade. Nesse caso, recomenda-se utilizar o “Protocolo
Complementar de Investigação Diagnóstica de Casos de Hanseníase em Menores de 15 Anos” (Portaria
SVS/SAS/MS nº 125, de 26 de março de 2009).

A classificação operacional do caso de Hanseníase, visando o tratamento com poliquimioterapia é


baseada no número de lesões cutâneas de acordo com os seguintes critérios:
- Paucibacilar: casos com até 5 lesões de pele;
- Multibacilar: casos com mais de 5 lesões de pele.

Tratamento
O tratamento da hanseníase é eminentemente ambulatorial, utiliza os esquemas terapêuticos
padronizados (PQT) e está disponível nas unidades públicas de saúde definidas pelos municípios para o
tratamento do doente com hanseníase. A PQT é uma associação de rifampicina, dapsona e clofazimina,
na apresentação de blíster que mata o bacilo e evita a evolução da doença, levando à cura. O bacilo
morto é incapaz de infectar outras pessoas, rompendo a cadeia epidemiológica da doença. Logo no início
do tratamento, a transmissão da doença é interrompida e, se o tratamento é realizado de forma completa
e correta, a cura é garantida.
A informação sobre a classificação operacional é fundamental para selecionar o esquema de
tratamento adequado. Para crianças com hanseníase, a dose dos medicamentos do esquema padrão
(PQT) é ajustada de acordo com a idade e o peso. Já no caso de pessoas com intolerância a um dos
medicamentos do esquema padrão, são indicados esquemas substitutivos. A alta por cura é dada após
a administração do número de doses preconizado pelo esquema terapêutico, dentro do prazo
recomendado.

Medidas de controle
Diagnóstico precoce dos casos, através do atendimento de demanda espontânea, de busca ativa e de
exame dos contatos para tratamento específico, que deve ser feito em regime eminentemente
ambulatorial.

Prevenção de incapacidades - Todo paciente de hanseníase deve ser examinado minuciosamente


e orientado quanto aos autocuidados para evitar ferimentos, calos, queimaduras (que podem ocorrer
devido à hipoestesia e/ou anestesia), e que, uma vez instalados, podem, potencialmente, levar a
incapacidades. Observar que a melhor forma de prevenir incapacidades é fazer o tratamento
poliquimioterápico de modo regular e completo. Ratifica-se ainda que o diagnóstico precoce do
acometimento neural, com ou sem reação hansênica, e seu tratamento adequado é medida essencial na
prevenção de incapacidades.

Vigilância de contatos - Contato intradomiciliar é toda pessoa que resida ou tenha residido com o
paciente nos últimos 5 anos. Examinar todos os contatos de casos novos; os doentes devem ser
notificados como caso novo e tratados. Os contatos sãos devem receber duas doses da vacina BCG-ID.
Quando houver a cicatriz por BCG-ID, considerar como 1ª dose e aplicar a 2ª dose. Quando não houver
a cicatriz, aplicar a 1ª dose e a 2ª após 6 meses. Paralelamente, os contatos sãos devem ser orientados
quanto aos sinais e sintomas da hanseníase.

Recidiva - Deve-se suspeitar de recidiva, com base nos seguintes parâmetros:

Paucibacilares - Paciente que, após alta por cura, apresentar: dor em nervo não afetado
anteriormente, novas lesões e/ou exacerbações de lesões anteriores que não respondam à corticoterapia
recomendada para tratar episódios reacionais do tipo I, nas doses indicadas.

Multibacilares - Paciente que, após 5 anos de alta por cura, continuar apresentando episódios
reacionais que não cedem à terapêutica com corticosteroide e/ou talidomida, nas doses recomendadas
para tratar episódios do tipo 2. Considerar, na recidiva, a confirmação baciloscópica, ou seja, a presença
de bacilos íntegros e globais.

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Observação - a ocorrência de episódio reacional após a alta do paciente não significa recidiva da
doença. A conduta correta é instituir apenas terapêutica anti reacional (prednisona e/ou talidomida).
Todo caso de recidiva deve, após confirmação, ser notificado como recidiva e reintroduzido novo
esquema terapêutico.
A hanseníase não confere imunidade. Os parâmetros para diferenciar recidiva e reinfecção não estão
claros na literatura.

Hantaviroses

Vigilância Epidemiológica da SCPH


Objetivos
Detectar precocemente casos e surtos; conhecer a história natural da doença e a distribuição
geográfica dos hantavírus; identificar fatores de risco, espécie de roedores reservatórios e os tipos de
vírus circulantes; estudar as tendências da doença, e; propor medidas de prevenção e controle.

Notificação
Doença de notificação compulsória e investigação obrigatória.

Definição de caso de SCPH


a) Suspeito - Paciente com doença febril, geralmente acima de 38°C, e mialgias, acompanhados, de
um ou mais dos seguintes sinais e sintomas: dor lombar, dor abdominal, cefaleia, sintomas
gastrointestinais, dispneia, taquipneia, taquicardia, tosse seca, hipotensão, edema pulmonar não
cardiogênico, na primeira semana da doença ou Paciente com enfermidade aguda, apresentando quadro
de edema pulmonar não cardiogênico, com evolução para o óbito, ou Paciente com história de doença
febril, e com exposição à mesma fonte de infecção de um ou mais caso(s) de SCPH confirmado(s)
laboratorialmente.

b) Confirmado

Critério Laboratorial - Caso suspeito, com os seguintes resultados de exames, laboratoriais: sorologia
reagente para hantavírus da classe IgM ou soroconversão para anticorpos da classe IgG (aumento de
quatro vezes ou mais no título de IgG, entre a primeira e segunda amostra) ou Imunohistoquímica de
tecidos positiva (identificação de antígenos específicos contra hantavírus) ou PCR positivo.

Critério Clínico Epidemiológico - Indivíduo que tenha frequentado áreas conhecidas de transmissão
de hantavírus, ou exposição à mesma situação de risco de pacientes confirmados laboratorialmente,
apresentando, obrigatoriamente, as seguintes alterações: Raio X de tórax com infiltrado intersticial
bilateral nos campos pulmonares, com ou sem a presença de derrame pleural que pode, quando presente,
ser uni ou bilateral; Hemoconcentração (hematócrito > 45%); Trombocitopenia (plaquetas <150.000
plaquetas/mm³).

Agente etiológico
Vírus RNA, pertencente à família Bunyaviridae, gênero Hantavírus.

Reservatórios
Os hantavírus são transmitidos por roedores silvestres da ordem Rodentia, família Muridae. As
subfamílias Arvicolinae e Murinae detêm os principais reservatórios primários da FHSR, enquanto que os
da subfamília Sigmodontinae, da mesma família Muridae, são os roedores envolvidos com a SCPH. Cada
vírus está associado apenas a uma espécie específica de roedor hospedeiro. Nesses animais, a infecção
pelo hantavírus aparentemente não é letal e pode levá-lo ao estado de reservatório por longos períodos,
provavelmente toda a vida.

Modo de transmissão
Inalação de aerossóis formados a partir de secreções e excretas dos reservatórios (roedores). Outras
formas mais raras de transmissão: ingesta de água e alimentos contaminados; percutânea, por meio de
escoriações cutâneas ou mordeduras de roedores; contato do vírus com mucosas (conjuntiva, boca,
nariz), por meio de mãos contaminadas com excretas dos roedores, em indivíduos que trabalham ou
visitam laboratórios e biotérios contaminados. Embora considerado evento raro, foi descrita transmissão
pessoa a pessoa na Argentina.

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Período de incubação
Em média, 2 semanas, com variação de 4 a 60 dias.

Período de transmissibilidade
Desconhecido.

Diagnóstico
Suspeita clínica e epidemiológica. O diagnóstico laboratorial: Elisa IgM logo no início dos sintomas;
Imunohistoquímica (material: tecidos e fragmentos de órgãos, colhidos até, no máximo, 8 horas após o
óbito) ou RT-PCR (material: soro, coágulo sanguíneo e fragmentos de tecidos, colhidos nos primeiros 7
a 10 dias da doença).

Tratamento
Síndrome Pulmonar por Hantavírus: os casos suspeitos devem ser imediatamente transferidos para
hospital com unidade de terapia intensiva. O paciente deve ser transportado em condições que
assegurem a estabilidade hemodinâmica e os parâmetros ventilatórios adequados, com oxigenoterapia e
acesso venoso, evitando-se a administração excessiva de líquidos por via endovenosa e observando-se
as normas de biossegurança.
Como, até o momento, não existe terapêutica antiviral comprovadamente eficaz contra a SCPH, são
indicadas medidas gerais de suporte clínico para manutenção das funções vitais, com ênfase na
oxigenação e na observação rigorosa do paciente, desde o início do quadro respiratório, inclusive com
uso de ventilação assistida. A hipotensão deve ser controlada, ministrando-se expansores plasmáticos e
mantendo-se extremo cuidado na sobrecarga hídrica, evitando-se o uso de drogas vasopressoras. Os
distúrbios hidroeletrolítico e acidobásico devem ser corrigidos, inclusive com assistência em unidade de
terapia intensiva, nos casos mais graves. Recomenda-se o isolamento do paciente em condições de
proteção com barreiras (avental, luvas e máscara dotadas de filtros N95).

Medidas de controle
a) Redução de fontes de abrigo e de alimentação de roedores - Reduzir ao máximo todos os
resíduos que possam servir de proteção e abrigo para os roedores no peridomicílio; eliminar todas as
fontes de alimentação internas e externas às habitações; impedir o acesso dos roedores às casas e locais
de armazenamento de grãos;
b) Medidas para controle de roedores - Realizar desratização, quando necessária, somente intra e
peridomicílio;
c) Precauções para grupos profissionais frequentemente expostos - Informar sobre as formas e
os riscos de transmissão; uso de EPI; busca de assistência imediata quando desenvolverem enfermidade
febril;
d) Precauções para ecoturistas, caçadores e pescadores - Evitar montar barracas ou dormir em
áreas com presença de fezes ou com covas ou tocas; não tocar roedores vivos ou mortos; não usar
cabanas ou abrigos que tenham estado fechados por algum tempo, sem prévia ventilação e, quando
necessário, descontaminação; impedir o acesso dos roedores aos alimentos; dar destino adequado aos
resíduos sólidos; adequadas, e o plantio distante 30 metros das residências;
e) Descontaminação de ambientes potencialmente contaminados - Ventilar o ambiente por, no
mínimo, 30 minutos, abrindo-se todas as portas e janelas; umedecer pisos e paredes com solução de
água sanitária a 10% ou solução de água com detergente ou ainda solução de Lysol a 10%; aguardar 30
minutos antes de proceder a limpeza; limpar móveis e utensílios com um pano umedecido em detergente
por outro produto recomendado, para evitar a formação de aerossóis.

Hepatite A

Vigilância Epidemiológica
Objetivos
Conhecer a magnitude, a tendência e a distribuição por faixa etária e áreas geográficas. Detectar,
prevenir e controlar surtos, adotando e avaliando impacto das medidas de controle.

Notificação
Todos os casos suspeitos ou confirmados e os surtos devem ser notificados e investigados.

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Definição de caso
Suspeito - Indivíduo com icterícia aguda e colúria e/ou dosagem de transaminases igual ou maior que
três vezes o valor normal e/ou história de contato com paciente com hepatite A confirmada.
Confirmado - Indivíduo que preenche as condições de suspeito com marcador Anti-HAV IgM positivo
ou indivíduo que preenche as condições de suspeito mais um vínculo epidemiológico com caso
confirmado por sorologia de Hepatite A.

Agente etiológico
Vírus da Hepatite A (HAV). Vírus RNA, família Picornaviridae.

Reservatório
O homem, principalmente. Também primatas, como chimpanzés e saguis.

Modo de transmissão
Fecal-oral, veiculação hídrica, pessoa a pessoa (contato intrafamiliar e institucional), alimentos
contaminados e objetos inanimados. Transmissão percutânea (inoculação acidental) e parenteral
(transfusão) são muito raras, devido ao curto período de viremia.

Período de transmissibilidade
Desde a segunda semana antes do início dos sintomas até o final da segunda semana de doença.

Diagnóstico
Pode ser clínico-laboratorial, clínico-epidemiológico e laboratorial. Apenas com os aspectos clínicos,
não é possível identificar o agente etiológico, sendo necessária a realização de exames sorológicos.
Entretanto, pode-se confirmar clinicamente os casos secundários em um surto, no qual o caso-índice teve
sorologia confirmada (antiHAVIgM).
Os exames laboratoriais inespecíficos incluem as dosagens de aminotransferases – ALT/TGP e
AST/TGO – que denunciam lesão do parênquima hepático. O nível de ALT pode estar 3 vezes maior que
o normal, podendo atingir até mais de 2.000UI/l. As bilirrubinas são elevadas, podendo alcançar valores
vinte a vinte e cinco vezes acima do normal, sobretudo à custa da fração não conjugada (indireta) e o
tempo de protrombina pode estar diminuído (TP>17s ou INR>1,5), indicando gravidade. Outros exames
podem estar alterados, como a glicemia e a albumina (baixas). Os exames específicos são feitos pela
identificação dos marcadores sorológicos.
Na infecção aguda, o anti-HAV IgM é positivo (desde o início da sintomatologia, que, normalmente,
desaparece após 3 - 6 meses do quadro clínico). Na infecção passada e na vacinação, o anti-HAV/IgG é
positivo (detectado 1 semana após o início dos sintomas, que se mantêm ao longo da vida).

Tratamento
Não existe tratamento específico para a forma aguda.
Se necessário, apenas sintomático para náuseas, vômitos e prurido.
Como recomendação geral, orienta-se repouso relativo até praticamente a normalização das
aminotransferases. Dieta pobre em gordura e rica em carboidratos é de uso popular, porém seu maior
benefício é ser mais agradável para o paciente anorético. De forma prática, deve-se recomendar que o
próprio paciente defina sua dieta, de acordo com seu apetite e aceitação alimentar. A única restrição
relaciona-se à ingestão de álcool, que deve ser suspensa por 6 meses, no mínimo, e, preferencialmente,
por 1 ano. Medicamentos não devem ser administrados sem recomendação médica, para não agravar o
dano hepático. As drogas consideradas “hepatoprotetoras”, associadas ou não a complexos vitamínicos,
não têm nenhum valor terapêutico.

Medidas de controle
As medidas de controle incluem a notificação de surtos e os cuidados com o paciente. A notificação é
importante para que se desencadeie a investigação das fontes comuns e o controle da transmissão
através de medidas preventivas.
Os cuidados com o paciente incluem o afastamento do mesmo das atividades normais (se criança,
isolamento e afastamento da creche, pré-escola ou escola) durante as primeiras duas semanas da doença
e a máxima higiene com desinfecção de objetos, limpeza de bancadas, chão, etc., utilizando cloro ou
água sanitária. As medidas preventivas incluem:

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a) Educação da população quanto às boas práticas de higiene, com ênfase na lavagem das mãos após
o uso do banheiro, na preparação de alimentos, antes de se alimentar; na disposição sanitária de fezes,
etc.;
b) Medidas de saneamento básico com água tratada e esgoto;
c) Orientação das creches, pré-escolas e instituições fechadas para adoção de medidas rigorosas de
higiene com lavagem das mãos ao efetuar trocas de fraldas, no preparo dos alimentos e antes de comer,
além da desinfecção de objetos, bancadas, chão, etc.;
d) Cozimento adequado para mariscos, frutos do mar e desinfecção (uso de cloro) para alimentos crus.
A vacina contra a hepatite A, está disponível nos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais
(CRIE), indicada apenas para pessoas com hepatopatias crônicas suscetíveis para a hepatite A;
receptores de transplantes halogênicos ou autólogos, após transplante de medula óssea em receptores
de transplantes halogênicos ou autólogos; antes da coleta em candidatos a receber transplantes
autólogos de medula óssea e doadores de transplante halogênico de medula óssea.

Hepatite B

Vigilância Epidemiológica
Objetivos
Conhecer a magnitude, tendência e distribuição geográfica e por faixa etária, visando fortalecer as
atividades de vacinação em áreas ou grupos de maior risco.

Notificação
Os casos suspeitos e confirmados devem ser notificados e investigados, visando à proteção dos
contatos não infectados.

Agente etiológico
Vírus da Hepatite B (HBV). Um vírus DNA, da família Hepadnaviridae.

Reservatório
O homem. Experimentalmente, chimpanzés, espécies de pato e esquilo.

Modo de transmissão
O HBV é altamente infectivo e facilmente transmitido pela via sexual, por transfusões de sangue,
procedimentos médicos e odontológicos e hemodiálises sem as adequadas normas de biossegurança,
pela transmissão vertical (mãe-filho), por contatos íntimos domiciliares (compartilhamento de escova
dental e lâminas de barbear), acidentes perfurocortantes, compartilhamento de seringas e de material
para a realização de tatuagens e piercings.

Período de incubação
De 30 a 180 dias (em média, de 60 a 90 dias).

Período de transmissibilidade
De 2 a 3 semanas antes dos primeiros sintomas, mantendo-se durante a evolução clínica da doença.
O portador crônico pode transmitir por vários anos.

Diagnóstico
Clínico-laboratorial e laboratorial. Apenas com os aspectos clínicos não é possível identificar o agente
etiológico, sendo necessária a realização de exames sorológicos. Os exames laboratoriais inespecíficos
incluem as dosagens de aminotransferases – ALT/TGP e AST/TGO – que denunciam lesão do
parênquima hepático. O nível pode estar até 25 a 100 vezes acima do normal. As bilirrubinas são elevadas
e o tempo de protrombina pode estar aumentada (TP>17s ou INR>1,5), indicando gravidade. Os exames
específicos são feitos por meio de métodos sorológicos e de biologia molecular.

Tratamento
Não existe tratamento específico para a forma aguda.
Se necessário, apenas sintomático para náuseas, vômitos e prurido.
Como norma geral, recomenda-se repouso relativo até, praticamente, a normalização das
aminotransferases. Dieta pobre em gordura e rica em carboidratos é de uso popular, porém seu maior
benefício é ser mais agradável para o paciente anorético. De forma prática, deve se recomendar que o

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próprio paciente defina sua dieta, de acordo com seu apetite e aceitação alimentar. A única restrição
relaciona-se à ingestão de álcool, que deve ser suspensa por 6 meses, no mínimo, sendo
preferencialmente por 1 ano. Medicamentos não devem ser administrados sem recomendação médica,
para não agravar o dano hepático. As drogas consideradas “hepatoprotetoras”, associadas ou não a
complexos vitamínicos, não têm nenhum valor terapêutico. A forma crônica da Hepatite B tem diretrizes
clínico-terapêuticas definidas por meio de portarias do Ministério da Saúde. Devido à alta complexidade
do tratamento, acompanhamento e manejo dos efeitos colaterais, ele deve ser realizado em serviços
especializados (média ou alta complexidade do SUS. O mesmo ocorrendo com as formas fulminantes.

Medidas de controle
As medidas de controle incluem a profilaxia pré-exposição, pós-exposição, o não compartilhamento ou
reutilização de seringas e agulhas, triagem obrigatória nos doadores de sangue, inativação viral de
hemoderivados e medidas adequadas de biossegurança nos estabelecimentos de saúde. A vacinação é
a medida mais segura para prevenção contra hepatite B. No Brasil a vacina é indicada para toda a
população menor de 20 anos e para pessoas de grupos populacionais com maior vulnerabilidade para a
doença. Os seguintes grupos devem ser vacinados: profissionais da área de saúde; comunicantes
domiciliares de portadores do HBsAg positivo; paciente em hemodiálise; politransfundidos; talassêmicos;
hemofílicos; portadores de anemia falciforme; neoplasias, HIV (sintomáticos e assintomáticos); portadores
da hepatite C; usuário de drogas intravenosas; pessoas em regime carcerário; pacientes internos em
casas psiquiátricas; homens que fazem sexo com homens; profissionais do sexo e populações indígenas
(todas as faixas etárias). O esquema básico de vacinação é de 3 doses, com intervalo de um mês entre
a primeira e segunda dose e de seis meses entre a primeira e terceira dose. O volume a ser aplicado é
de 1ml, em adultos, e 0,5ml, em crianças menores que 11 anos, a depender do laboratório produtor.
A Imunoglobulina Humana Anti-hepatite B (IGHAHB), é indicada para pessoas não vacinadas após
exposição ao vírus nas seguintes situações: recém-nascidos de mães sabidamente portadoras de HBsAg
positivo, nas primeiras horas de vida; acidente com ferimento cutâneo ou de membrana mucosa por
instrumento perfurocortante contaminado com sangue; contato sexual com pessoa que tem sorologia
positiva para HBsAg; e vítima de abuso sexual.
Na dose 0,06 ml/kg de peso. (Administrar simultaneamente a vacina). Os portadores e doentes devem
ser orientados para evitar a disseminação do vírus, adotando medidas simples, tais como: uso de
preservativos nas relações sexuais, não doar sangue, uso de seringas e agulhas descartáveis, evitando
o compartilhamento.
Recomenda-se também, consultar normas para Centros de Referência para Imunobiológicos
Especiais, Recomendações para imunização ativa e passiva de doentes com neoplasias e
Recomendações para vacinação em pessoas infectadas pelo HIV.

Hepatite C

Vigilância Epidemiológica
Objetivos
Conhecer a magnitude, tendência, distribuição geográfica e por faixa etária. Investigar os casos e
adotar medidas de controle.

Notificação
Todos os casos devem ser notificados e investigados.

Definição de caso
Caso suspeito - Indivíduo com icterícia aguda e colúria e/ou dosagem de aminotransferases igual ou
maior que três vezes o valor normal; história de exposição percutânea ou de mucosa a sangue e/ou
secreções de pessoas portadoras ou com suspeita de infecção pelo HCV; exames sorológicos de triagem
reagentes para hepatite C (doadores de sangue e/ou órgãos, usuários de hemodiálise e ambulatórios de
DST) ou indivíduo que desenvolveu icterícia subitamente e evoluiu para óbito, sem outro diagnóstico
confirmado; receptores de transplantes, sangue ou hemoderivados antes de 1993.

Caso Confirmado - Indivíduo que preenche as condições de suspeito e detecta-se no soro o RNA-
HCV por método de biologia molecular ou detecção do antígeno ou RNA-HCV em tecido quando não for
possível a coleta de soro em caso de óbito. Nos locais onde ainda não for possível a realização de teste
de biologia molecular, poderá ser confirmado indivíduos com duas sorologias reagentes pelo método de
Elisa com aminotransferases (ALT) uma vez e meio maior que o limite normal.

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Agente etiológico
Vírus da Hepatite C (HCV). É um vírus RNA, família Flaviviridae.

Reservatório
O homem. Experimentalmente, o chimpanzé.

Modo de transmissão
A transmissão ocorre, principalmente, por via parenteral. São consideradas populações de risco
acrescido por via parenteral: indivíduos que receberam transfusão de sangue e/ou hemoderivados antes
de 1993; pessoas que compartilham material para uso de drogas injetáveis (cocaína, anabolizantes e
complexos vitamínicos), inaláveis (cocaína) e pipadas (crack); pessoas com tatuagem, piercings ou que
apresentem outras formas de exposição percutânea.
A transmissão sexual pode ocorrer, principalmente, em pessoas com múltiplos parceiros e com prática
sexual de risco acrescido (sem uso de preservativo), sendo que a coexistência de alguma DST – inclusive
o HIV – constitui um importante facilitador dessa transmissão.
A transmissão perinatal é possível e ocorre, quase sempre, no momento do parto ou logo após. A
transmissão intrauterina é incomum. A média de infecção em crianças nascidas de mães HCV positivas
é de, aproximadamente, 6% – havendo coinfecção com HIV, sobe para 17%.
A transmissão pode estar associada ao genótipo e à carga viral elevada do HCV. Apesar da
possibilidade da transmissão pelo aleitamento materno (partículas virais foram demonstradas no colostro
e leite materno), não há evidências conclusivas de aumento do risco à transmissão, exceto na ocorrência
de fissuras ou sangramento nos mamilos.

Período de incubação
Varia de 15 a 150 dias (média de 50 dias).

Período de transmissibilidade
Inicia-se 1 semana antes dos sintomas e mantém-se enquanto o paciente apresentar RNA-HCV
detectável.

Diagnóstico
Clínico-laboratorial. Apenas com os aspectos clínicos não é possível identificar o agente etiológico,
sendo necessária a realização de exames sorológicos. Os exames laboratoriais inespecíficos incluem as
dosagens de aminotransferases – ALT/TGP e AST/TGO – que denunciam lesão do parênquima hepático.
O nível de ALT pode estar 3 vezes maior que o normal. As bilirrubinas são elevadas e o tempo de
protrombina pode estar alargado (TP>17s ou INR>1,5), indicando gravidade.
Na infecção crônica, o padrão ondulante dos níveis séricos das aminotransferases, especialmente a
ALT/TGP, diferentemente da Hepatite B, apresenta-se entre seus valores normais e valores mais altos.
A definição do agente é feita pelo marcador sorológico anti-HCV, o qual indica contato prévio com o
agente, entretanto não define se é infecção aguda ou pregressa e curada espontaneamente, ou se houve
cronificação da doença. A presença do vírus deve ser confirmada pela pesquisa qualitativa de HCV-RNA.

Tratamento
Como norma geral, recomenda-se repouso relativo até, praticamente, a normalização das
aminotransferases. Dieta pobre em gordura e rica em carboidratos é de uso popular, porém seu maior
benefício é ser mais agradável para o paciente anorético.
De forma prática, deve-se recomendar que o próprio paciente defina sua dieta, de acordo com seu
apetite e aceitação alimentar. A única restrição relaciona-se à ingestão de álcool, que deve ser suspensa
por 6 meses, no mínimo, sendo, preferencialmente, por 1 ano. Medicamentos não devem ser
administrados sem recomendação médica, para não agravar o dano hepático.
As drogas consideradas “hepatoprotetoras”, associadas ou não a complexos vitamínicos, não têm
nenhum valor terapêutico. Na Hepatite Crônica, estima-se que um terço a um quarto dos casos
necessitará de tratamento. Sua indicação baseia-se no grau de acometimento hepático. Pacientes sem
manifestações de hepatopatia e com aminotransferases normais devem ser avaliados clinicamente e
repetir os exames a cada 6 meses.
O tratamento para a fase crônica e retratamento tem diretrizes clínico-terapêuticas definidas por meio
de portarias do Ministério da Saúde. Devido à alta complexidade do tratamento, acompanhamento e
manejo dos efeitos colaterais, ele deve ser realizado em serviços especializados (média ou alta

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complexidade do SUS).

Medidas de controle
Não há vacina, nem imunoglobulina para a hepatite C. Aos portadores crônicos do HCV são
recomendadas as vacinas contra hepatite A e B, se forem susceptíveis, evitando o risco destas infecções.
Aos portadores do HCV é importante que orientações sejam dadas para evitar a transmissão do vírus. A
possibilidade da transmissão vertical (mãe-filho) e através do aleitamento materno deve ser
problematizadas com mães infectadas pelo HCV. Usuários de drogas injetáveis e inaláveis não devem
compartilhar seringas e canudos. Embora o risco de transmissão sexual seja pequeno, esta informação
deve ser passada para casais discordantes (um tem a infecção e o outro não). Entretanto, de forma geral,
como forma de prevenção de DST, incluindo a hepatite B, o uso de preservativo deve ser buscado.
O portador não deve fazer doação de sangue. Os profissionais devem seguir as normas de
biossegurança nos estabelecimentos de saúde. Em caso de acidente biológico, testar o paciente fonte
para o HCV. O profissional acidentado deve ser acompanhado e realizar sorologia no momento do
acidente, aos 3 e 6 meses após a exposição, sendo que entre a quarta e sexta semana deve realizar uma
dosagem de aminotransferases.

Hepatite D

Vigilância Epidemiológica
Objetivos
Conhecer a magnitude, tendência, distribuição por faixa etária e áreas geográficas.
Vacinar contra hepatite B a população residente em áreas endêmicas.

Notificação
Os casos suspeitos, confirmados e os surtos devem ser notificados e investigados.

Definição de caso
Caso suspeito - Indivíduo com icterícia aguda e colúria e/ou dosagem de transaminases igual ou
maior que três vezes o valor normal e/ou história de contato por via sexual, parenteral, percutânea ou
vertical com paciente que apresenta sorologia reagente para hepatite D.
Caso confirmado - Indivíduo que na investigação epidemiológica apresente marcadores conforme
tabela a seguir:

Agente etiológico
Vírus da Hepatite D ou Delta (HDV). Um vírus RNA, único representante da família Deltaviridae. É um
vírus defectivo (incompleto), que não consegue, por si só, reproduzir seu próprio antígeno de superfície,
o qual seria indispensável para exercer sua ação patogênica e se replicar nas células hepáticas. Assim
sendo, necessita da presença do vírus da Hepatite B.

Reservatório
O homem.

Apostila gerada especialmente para: Amanda Mendonça 072.848.243-60


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Modo de transmissão
Semelhante ao da Hepatite B, ou seja, por via sexual, solução de continuidade (pele e mucosa),
transfusões de sangue, procedimentos médicos e odontológicos e hemodiálises sem as adequadas
normas de biossegurança, transmissão vertical (mãe-filho), contatos íntimos domiciliares
(compartilhamento de escova dental e lâminas de barbear), acidentes perfurocortantes, compartilhamento
de seringas e de material para a realização de tatuagens e piercings. A transmissão vertical depende da
carga viral do HBV. Outros líquidos orgânicos (sêmen, secreção vaginal, leite materno) podem conter o
vírus e constituir-se como fonte de infecção.

Período de incubação
De 30 a 180 dias, sendo menor na superinfecção: de 14 a 56 dias.

Período de transmissibilidade
Uma semana antes do início dos sintomas e mantém-se enquanto o paciente apresentar HCV-RNA
detectável.

Diagnóstico
Clínico-laboratorial. Apenas com os aspectos clínicos não é possível identificar o agente etiológico,
sendo necessária a realização de exames sorológicos. Os exames laboratoriais inespecíficos incluem as
dosagens de transaminases – ALT/TGP e AST /TGO – que denunciam lesão do parênquima hepático. O
nível de transaminases pode estar até 25 a 100 vezes acima do normal. As bilirrubinas são elevadas e,
apesar de haver aumento tanto da fração não-conjugada (indireta), quanto da conjugada (direta), essa
última apresenta-se predominante. O tempo de protrombina pode estar diminuído (indicador de
gravidade). Outros exames podem estar alterados, como a glicemia e a albumina (baixas). Os exames
específicos são feitos pela identificação dos marcadores sorológicos HBsAg, anti-HBc total e anti-HDV
total.

Tratamento
O tratamento é complexo e, muitas vezes, o paciente volta a expressar o RNA-HDV no soro. Não existe
tratamento específico para a forma aguda. Se necessário, apenas sintomático para náuseas, vômitos e
prurido. Como norma geral, recomenda-se repouso relativo até, praticamente, a normalização das
aminotransferases. Dieta pobre em gordura e rica em carboidratos é de uso popular, porém seu maior
benefício é ser mais agradável para o paciente anorético. De forma prática, deve-se recomendar que o
próprio paciente defina sua dieta, de acordo com seu apetite e aceitação alimentar.
A única restrição relaciona-se à ingestão de álcool, que deve ser suspensa por 6 meses, no mínimo,
sendo, preferencialmente, por 1 ano. Medicamentos não devem ser administrados sem recomendação
médica para não agravar o dano hepático.
As drogas consideradas “hepatoprotetoras”, associadas ou não a complexos vitamínicos, não têm
nenhum valor terapêutico. Para a forma crônica e para a forma fulminante existem diretrizes clínico-
terapêuticas definidas por meio de portarias do Ministério da Saúde. Devido à alta complexidade do
tratamento, acompanhamento e manejo dos efeitos colaterais, ele deve ser realizado em serviços
especializados (média ou alta complexidade do SUS).

Medidas de controle
A vacina contra a hepatite B é uma forma de reduzir a prevalência da hepatite D. Os portadores e
doentes devem ser orientados para evitar a disseminação do vírus, adotando medidas simples, tais como:
uso de preservativos nas relações sexuais, não doar sangue, uso de seringas e agulhas descartáveis,
evitando o compartilhamento. Os profissionais de saúde devem seguir as normas de biossegurança em
procedimentos odontológicos e cirúrgicos.
Os serviços de hemoterapia (hemocentros e Bancos de Sangue), de doenças sexualmente
transmissíveis, de saúde do trabalhador me como as Unidades
Básicas de Saúde devem notificar os portadores por eles diagnosticados e encaminhá-los ao serviço
de Vigilância Epidemiológica municipal ou estadual, para completar a investigação e receber assistência
médica.

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Hepatite E

Vigilância Epidemiológica
Objetivos
Conhecer a magnitude, tendência, distribuição por faixa etária e áreas geográficas da doença.
Investigar surtos para adoção de medidas de controle.

Notificação
Os casos suspeitos, confirmados e os surtos devem ser notificados e investigados, visando adoção
das medidas de controle pertinentes. Casos isolados não são de notificação compulsória para o nível
nacional, devendo- se, entretanto, seguir as orientações dos estados e municípios. Deve-se investigar se
o paciente esteve em área endêmica, no período de 2 meses que antecedeu o início dos sintomas.

Definição de caso
Caso suspeito - Indivíduo com icterícia aguda e colúria e/ou dosagem de transaminases igual ou
maior que três vezes o valor normal e/ou contato com mesma fonte de infecção a qual foi confirmado um
caso apresentando Anti-HEV reagente.

Caso confirmado - Indivíduo que preenche as condições de suspeito com sorologia demonstrando
Anti-HEV IgM positivo, em pacientes não reatores a marcadores de hepatites A e B agudas ou indivíduo
que preenche as condições de caso suspeito e que se identifique vínculo epidemiológico confirmado de
Hepatite E.

Agente etiológico
Vírus da Hepatite E (HEV). Um vírus RNA, da família Caliciviridae.

Reservatório
O homem. Relatos recentes de isolamento do HEV em suínos, bovinos, galinhas, cães e roedores
levantam a possibilidade de que esta infecção seja uma zoonose. Experimentalmente, também, em
alguns primatas não-humanos: chimpanzés e macaco cynomolgus.

Modo de transmissão
Fecal-oral, principalmente pela água e alimentos contaminados por dejetos humanos e de animais.
Apesar de ser evento raro, pode, também, ser transmitido por via vertical e parenteral.

Período de transmissibilidade
Duas semanas antes do início dos sintomas até o final da segunda semana de doença.

Diagnóstico
Clínico-laboratorial. Apenas com os aspectos clínicos não é possível identificar o agente etiológico,
sendo necessária a realização de exames sorológicos. Os exames laboratoriais inespecíficos incluem as
dosagens de transaminases – ALT/TGP e AST/TGO – que denunciam lesão do parênquima hepático.
Nas formas agudas, chegam a atingir, habitualmente, valores até 25 a 100 vezes acima do normal. As
bilirrubinas são elevadas e o tempo de protrombina pode estar diminuído (TP>17s ou INR>1,5), indicando
gravidade. Os exames específicos são para detecção dos marcadores sorológicos:
- Anti-HEV IgM (marcador de infecção aguda) - Anticorpo específico para Hepatite E encontrado no
soro de todos os indivíduos infectados recentemente. Torna-se positivo no início do quadro clínico
desaparecendo após três meses.
- Anti-HEV IgG (marcador de infecção passada) - Anticorpo indicativo de infecção passada pelo vírus
da Hepatite E. Está presente na fase de convalescência e persiste indefinidamente.

Tratamento
Não existe tratamento específico para a forma aguda.
Se necessário, apenas sintomático para náuseas, vômitos e prurido.
Como norma geral, recomenda-se repouso relativo até praticamente a normalização das
aminotransferases. Dieta pobre em gordura e rica em carboidratos é de uso popular, porém seu maior
benefício é ser mais agradável para o paciente anorético. De forma prática, deve-se recomendar que o
próprio paciente defina sua dieta, de acordo com seu apetite e aceitação alimentar. A única restrição
relaciona-se à ingestão de álcool, que deve ser suspensa por 6 meses, no mínimo, sendo,

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preferencialmente, por 1 ano. Medicamentos não devem ser administrados sem recomendação médica,
para não agravar o dano hepático. As drogas consideradas “hepatoprotetoras”, associadas ou não a
complexos vitamínicos, não têm nenhum valor terapêutico.

Medidas de controle
As medidas de controle incluem a notificação de surtos e os cuidados com o paciente. A notificação é
importante para que se desencadeie a investigação das fontes comuns e o controle da transmissão
através de medidas preventivas.
Os cuidados com o paciente incluem o afastamento do mesmo das atividades normais (se criança,
isolamento e afastamento da creche, pré-escola ou escola) durante as primeiras duas semanas da doença
e a máxima higiene com desinfecção de objetos, limpeza de bancadas, chão, etc, utilizando cloro ou água
sanitária. As medidas preventivas incluem:
a) educação da população quanto às boas práticas de higiene, com ênfase na lavagem das mãos após
o uso do banheiro, na preparação de alimentos, antes de se alimentar; na disposição sanitária de fezes,
etc.;
b) medidas de saneamento básico com água tratada e esgoto;
c) orientação das creches, pré-escolas e instituições fechadas para adoção de medidas rigorosas de
higiene com lavagem das mãos ao efetuar trocas de fraldas, no preparo dos alimentos e antes de comer,
além da desinfecção de objetos, bancadas, chão, etc. Não existe vacina para a hepatite E comercializada
e não é conhecida a eficácia da Imunoglobulina contra hepatite E.

Sinais e sintomas das hepatites virais


As hepatites57 virais podem não apresentar sinais e sintomas; porém, quando estes aparecem, podem
ser:
• Febre;
• Vômitos;
• Fraqueza;
• Mal-estar;
• Dor abdominal;
• Enjoo/náuseas;
• Perda de apetite;
• Urina escura (cor de coca-cola);
• Icterícia (olhos e pele amarelados);
• Fezes esbranquiçadas (como massa de vidraceiro).

Vacinas
A vacina58 é uma forma de prevenção contra as hepatites do tipo A e B, entretanto quem se vacina
para o tipo B, se protege também para hepatite D, e está disponível gratuitamente no SUS. Para os
demais tipos de vírus não há vacina e o tratamento é indicado pelo médico.

Herpes Simples

Vigilância Epidemiológica
Objetivos
Diagnosticar e tratar precocemente todos os casos; prevenir o herpes neonatal.

Notificação
Não é doença de notificação compulsória nacional.

Agente etiológico
Os Herpes Simplex Virus (HSV), tipos 1 e 2, pertencem à família Herpesviridae, da qual fazem parte o
Citomegalovírus (CMV), o Varicela Zoster Vírus (VZV), o Epstein-Barr Vírus (EBV), o Herpesvírus humano
6 (HHV-6) e o Herpesvírus humano 8 (HHV 8). Embora os HSV 1 e 2 possam provocar lesões em qualquer
parte do corpo, há predomínio do tipo 2 nas lesões genitais e do tipo 1 nas lesões periorais. São DNA
vírus que variam quanto à composição química e podem ser diferenciados por técnicas imunológicas.

57
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/abcde_hepatites_virais_agentes_comun.pdf
58
https://www.saude.gov.br/saude-de-a-z/hepatite

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320
Reservatório
O homem.

Modo de transmissão
Por contato íntimo com indivíduo transmissor do vírus, a partir de superfície mucosa ou lesão
infectante. O HSV é rapidamente inativado em temperatura ambiente e após secagem, o que faz com
que a disseminação por aerossóis ou fômites seja rara. O vírus ganha acesso através de escoriações na
pele ou contato direto com a cérvix uterina, uretra, orofaringe ou conjuntiva. A transmissão assintomática
também pode ocorrer, sendo mais comum nos primeiros 3 meses após a doença primária, quando o
agente etiológico é o HSV-2, e na ausência de anticorpos contra o HSV-1.

Período de incubação
De 1 a 26 dias; em média, 8 dias após o contato. Em vários casos, o período pode ser bem mais longo,
de difícil precisão.

Período de transmissibilidade
Variável de 4 a 12 dias após o aparecimento dos primeiros sintomas. Nas infecções assintomáticas,
orais e genitais, pode haver disseminação transitória do vírus.

Diagnóstico
Eminentemente clínico. O diagnóstico citológico de Tzanck (visualização de multinucleação e
balonização celulares em lâmina fixada com álcool a 70%) pode ser utilizado. A coloração pelo
Papanicolau permite a observação de inclusões virais na fase de vesículas, porém tem baixa
sensibilidade. O isolamento do vírus em cultura de tecido é a técnica mais específica para diagnóstico da
infecção herpética, mas não é um método disponível na prática diária; sua sensibilidade é maior nas
lesões vesículosas e, progressivamente, menor nas fases de pústulas, úlcera e crostas. O PCR é
altamente sensível, embora seja pouco acessível, disponível em alguns laboratórios de referência, para
pesquisa. A sorologia só tem seu papel na identificação da soroprevalência ou confirmação de
soroconversão, porém não se aplica na rotina diagnóstica.

Tratamento
Para o 1º episódio de Herpes Genital, iniciar o tratamento, o mais precocemente possível, com:
Aciclovir, 200mg, 4/4 horas, 5x/dia, por 7 dias; ou 400mg, VO, 8/8 horas, por 7 dias; ou Valaciclovir, 1g,
VO, 12/12 horas, por 7 dias; ou Famciclovir, 250mg, VO, 8/8 horas, por 7 dias.
- Nas recorrências de Herpes Genital, o tratamento deve ser iniciado, de preferência, ao aparecimento
dos primeiros pródromos (aumento de sensibilidade, ardor, dor, prurido) com: Aciclovir, 400mg, VO, 8/8
horas por 5 dias (ou 200mg, 4/4 horas, 5x/dia, 5 dias); ou Valaciclovir, 500mg, VO, 12/12 horas; ou 1g,
dose única diária, por 5 dias; ou Famciclovir, 125mg, VO, 12/12 horas, por 5 dias.
- Casos recidivantes (6 ou mais episódios/ano) podem se beneficiar com terapia supressiva: Aciclovir,
400mg, 12/12 horas, por até 6 anos; ou Valaciclovir, 500mg, por dia, por até 1 ano; ou Famciclovir, 250mg,
12/12 horas por dia, por até 1 ano.
- Herpes e HIV: no caso de manifestações severas com lesões mais extensas, pensar na presença de
infecção pelo HIV, quando se recomenda tratamento injetável: Aciclovir, 5 a 10mg por Kg de peso, EV,
de 8/8 horas, por 5 a 7 dias, ou até resolução clínica.
- Gravidez: deve ser considerado o risco de complicações obstétricas, particularmente se a primo-
infecção ocorrer durante a gravidez. A infecção primária materna no final da gestação oferece maior risco
de infecção neonatal do que o Herpes Genital recorrente. As complicações do Herpes na gestação são
numerosas. Entretanto, a transmissão fetal transplacentária é rara (uma a cada 3.500 gestações). A
infecção do concepto intra-útero, nos primeiros meses da gestação, culmina, frequentemente, em aborto.
O maior risco de transmissão do vírus ao feto ocorre no momento da passagem do mesmo pelo canal de
parto, resultando em, aproximadamente, 50% de risco de contaminação.
Mesmo na forma assintomática, pode haver a transmissão do vírus por meio do canal de parto.
Recomenda-se, portanto, a realização de cesariana toda vez que houver lesões herpéticas ativas. Essa
conduta não traz nenhum benefício quando a bolsa amniótica estiver rota há mais de 4 horas. Tratar o
primeiro episódio em qualquer trimestre da gestação. A infecção herpética neonatal é grave, exigindo
cuidados hospitalares especializados.

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Medidas de controle
É infecção de difícil controle em virtude de sua elevada transmissibilidade. Os contatos devem ser
encaminhados à unidade de saúde para detectar a doença precocemente e para serem orientados quanto
às medidas de prevenção de futuros parceiros. Os preservativos masculinos e femininos previnem a
transmissão apenas nas áreas de pele recobertas pelos mesmos, podendo ainda assim ocorrer
transmissões a partir de lesões na base do pênis, na bolsa escrotal ou em áreas expostas da vulva. A
busca de uma vacina eficaz e segura vem sendo feita e poderá representar o amplo controle dessa
doença.

Observação - As associações entre diferentes DST são frequentes, destacando- se, atualmente, a
relação entre a presença de DST e aumento do risco de infecção pelo HIV, principalmente na vigência de
úlceras genitais.
Desse modo, se o profissional estiver capacitado a realizar aconselhamento, pré e pós-teste para
detecção de anticorpos anti-HIV, quando do diagnóstico de uma ou mais DST, deve ser oferecida essa
opção ao paciente.
Toda doença sexualmente transmissível constitui-se em evento sentinela para busca de outra DST e
possibilidade de associação com o HIV. É necessário, ainda, registrar que o Ministério da Saúde vem
implementando a “abordagem sindrômica” aos pacientes de DST, visando aumentar a sensibilidade no
diagnóstico e tratamento dessas doenças, o que resultará em um maior impacto na redução dessas
infecções.

Histoplasmose

Vigilância Epidemiológica
Objetivos
Diagnosticar e tratar adequadamente os casos. Observar profissões de risco e possibilidades de
associação com imunodepressão.

Notificação
Não é doença de notificação compulsória nacional.

Agente etiológico
Histoplasma capsulatum, fungo dimórfico que existe no solo, em fase micelial, mas se converte em
fase leveduriforme na temperatura corpórea do homem (37ºC).

Reservatório e fonte de infecção


O H. capsulatum está presente nos solos ricos em substâncias orgânicas, com pH ácido e,
especialmente, contaminados com dejeções de aves de criação, morcegos ou pássaros agregados. Pode
causar infecções naturais em outras espécies animais, a exemplo de cães e morcegos, ocasionando a
excreção de fungos por meio de lesões intestinais, e facilitando a disseminação de novos focos da
infecção, pelo seu deslocamento.

Modo de transmissão
A proliferação dos microrganismos no solo gera microconídios e macroconídios tuberculados; a
infecção é adquirida pela inalação do fungo, suspenso em aerossóis. A Histoplasmose não é transmitida
de pessoa a pessoa, como também não existe contágio direto dos animais para o homem.

Período de incubação
É variável, geralmente de 1 a 3 semanas.

Diagnóstico
Clínico-epidemiológico e laboratorial, por meio de cultura de material obtido do aspirado de medula
óssea, sangue, escarro e material de lesões. O exame histopatológico detecta o H. capsulatum,
principalmente nas colorações com PAS e Grocott. As reações sorológicas empregadas para a
determinação de anticorpos específicos são a imunodifusão em gel, a contraimunoeletroforese e a fixação
de complemento. A detecção do antígeno polissacarídeo do agente na urina ou no soro por
radioimunoensaio é um método rápido e sensível para o diagnóstico da Histoplasmose disseminada, em
pacientes imunocomprometidos, incluindo aqueles com HIV. As provas sorológicas são as mais
comumente utilizadas para o diagnóstico rápido.

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Tratamento
Na forma pulmonar aguda, leve a moderada, geralmente, o tratamento é desnecessário. Em pacientes
que mantêm sintomatologia por mais de 1 mês, pode-se iniciar o Itraconazol, na dose de 200 a 400mg/dia,
durante 6 a 12 semanas. Nas formas pulmonares agudas graves, está indicado o uso da Anfotericina B,
na dose de 0,5 a 1mg/kg/dia, não ultrapassando 50mg/dia, durante 1 a 2 semanas, seguida de Itraconazol,
na dose de ataque de 200mg, 3 vezes ao dia, durante 3 dias, e manutenção de 200mg, 2 vezes ao dia,
durante 12 semanas.
Nas formas cavitárias pulmonares crônicas, a recomendação é o uso do Itraconazol, 200mg, 3 vezes
ao dia, durante 3 dias, seguido de 200 a 400mg por dia, por pelo menos 12 meses, devendo, no entanto,
chegar a 18 ou 24 meses.

Medidas de controle
Até o momento não existem medidas preventivas específicas, a não ser atividades educativas com
relação ao risco de infecção. Estas devem ser implementadas em atividades de trabalho que envolvam o
uso da terra, ecoturismo, manipulação de galinheiros, empresas de limpeza. As medidas de desinfecção
de secreção e fômites devem ser as de uso hospitalar rotineiro.

Infecção pelo Papilomavírus Humano (HPV)

Vigilância Epidemiológica
Objetivos
Diagnosticar e tratar precocemente todos os casos, evitando formas graves e infecção no concepto.

Notificação
Não é doença de notificação compulsória.

Agente etiológico
Papilomavírus humano (HPV). Vírus DNA não cultivável da família do Papovavírus, com mais de 70
sorotipos. Esses agentes ganharam grande importância epidemiológica e clínica por estarem
relacionados ao desenvolvimento de câncer. Os grupos dos sorotipos considerados de elevado risco
oncogênico são o 16, 18, 31, 33, 45, 58, dentre outros.

Reservatório
O homem.

Modo de transmissão
Geralmente, por contato direto. Pode haver autoinoculação e infecção por fômites.

Período de transmissibilidade
Desconhecido. Entretanto, há transmissão enquanto houver lesão viável.

Diagnóstico
Clínico, epidemiológico e laboratorial, observando as diversas formas:
- Infecção Clínica: através da visão desarmada, geralmente representada pelo condiloma acuminado.
- Infecção Subclínica: através da peniscopia, colpocitologia e colposcopia com biópsia.
- Infecção Latente: através dos testes para detecção do HPV-DNA.

Tratamento
Objetiva a remoção das lesões condilomatosas visíveis e subclínicas, visto não ser possível a
erradicação do HPV. Recidivas são frequentes, mesmo com o tratamento adequado. A escolha do método
de tratamento depende do número e da topografia das lesões, bem como da associação ou não com
neoplasia intraepitelial. Podem ser utilizadas as alternativas: ácido tricloroacético (ATA) a 80% ou 90%,
nas lesões do colo, vagina, vulva, períneo, região perianal e pênis.
A aplicação deve ser realizada com cuidado, no serviço de saúde, direcionada apenas ao local da
lesão, 1 a 2 vezes por semana, deixando-se secar para que a solução não atinja outros locais, pois poderá
causar queimaduras.
Não devem ser feitas “embrocações” vaginais nas lesões difusas. Podofilina de 10 a 25% (solução
alcoólica ou em tintura de benjoim): somente deve ser utilizada nas lesões da vulva, períneo e região
perianal; lavar após 2 a 4 horas. Nunca usar durante a gravidez.

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A aplicação deve ser realizada no serviço de saúde. Para evitar a possibilidade de complicações
associadas com sua absorção sistêmica e toxicidade, recomenda-se o uso de até 0,5ml em cada
aplicação ou que se limite a área tratada em até 10cm2 por sessão. Para reduzir a irritação no local,
sugere-se que a área tratada seja lavada com água morna e sabão neutro, 1 a 4 horas após a aplicação
da solução. Recomenda-se aplicar ao redor das lesões que serão cauterizadas a vaselina líquida,
isolando a pele circunjacente à lesão. Repetir semanalmente, se necessário.
Eletrocauterização ou crioterapia: não se aplica nas lesões vaginais, cervicais e anais, visto que o
controle da profundidade do efeito é difícil, podendo levar à necrose tecidual extensa e estenose em
estruturas tubulares, como canal anal e vagina. Exérese com cirurgia de alta frequência (CAF/LEEP):
pode ser utilizada em lesões de qualquer localização genital e na gestação. Apresenta como vantagem
sobre os outros métodos a retirada do tecido viável para estudo anatomopatológico.
Nas lesões exofíticas queratinizadas, pode ser utilizada a combinação do ácido tricloroacético, a 90%,
e podofilina, a 25% (solução alcoólica ou em benjoim)

Medidas de controle
Abstinência sexual durante o período de tratamento; encaminhamento de parceiros para o serviço de
saúde, para exame e tratamento, se necessário.
Interrupção da cadeia de transmissão pela triagem e referência dos pacientes com DST e seus
parceiros para diagnóstico e terapia adequados.

Aconselhamento (confidencial): orientações ao paciente, fazendo com que ele discrimine as


possíveis situações de risco presentes em suas práticas sexuais; desenvolva a percepção quanto à
importância do seu tratamento e de seus parceiros sexuais e promoção de comportamentos preventivos.
Promoção do uso de preservativos: método mais eficaz para a redução do risco de transmissão do
HIV e outras DST.
Convite aos parceiros para aconselhamento e promoção do uso de preservativos (deve-se obedecer
aos princípios de confiabilidade, ausência de coerção e proteção contra a discriminação).
Educação em saúde, de modo geral.

Observação - As associações entre diferentes DST são frequentes, destacando-se, atualmente, a


relação entre a presença de DST e aumento do risco de infecção pelo HIV, principalmente na vigência de
úlceras genitais. Desse modo, se o profissional estiver capacitado a realizar aconselhamento, pré e pós-
teste para detecção de anticorpos anti-HIV, quando do diagnóstico de uma ou mais DST, deve ser
oferecida essa opção ao paciente. Toda doença sexualmente transmissível constitui-se em evento
sentinela para busca de outra DST e possibilidade de associação com o HIV. É necessário, ainda,
registrar que o Ministério da Saúde vem implementando a “abordagem sindrômica” aos pacientes de DST,
visando aumentar a sensibilidade no diagnóstico e tratamento dessas doenças, o que resultará em um
maior impacto na redução dessas infecções.

Influenza

Vigilância Epidemiológica
A vigilância da influenza é um sistema passivo, sendo realizada por meio de uma rede de unidades
sentinela (unidades básicas de saúde e pronto-atendimentos) e laboratórios. Esta rede informa
semanalmente a proporção de casos de síndrome gripal por faixas etárias atendidos nas unidades e os
tipos de vírus respiratórios que estão circulando em sua área de abrangência.

Objetivos
Monitorar as cepas do vírus da influenza que circulam nas regiões brasileiras.
Avaliar o impacto da vacinação contra a doença.
Acompanhar a tendência da morbimortalidade associada à doença.
Responder a situações inusitadas.

Definição de caso
Caso Suspeito de Síndrome Gripal - Indivíduo com doença aguda, (com duração máxima de 5 dias,
apresentando febre (ainda que referida) e tosse ou dor de garganta, na ausência de outros diagnósticos.
Caso Confirmado de Influenza - Quando for identificado, por meio de exame laboratorial, o vírus da
Influenza.

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Caso Descartado de Influenza - Quando o resultado do exame for negativo em amostra
adequadamente colhida e transportada ou quando for identificado laboratorialmente outro agente
etiológico, que não o vírus da Influenza.

Notificação
A influenza não é doença de notificação compulsória. Os dados da vigilância sentinela são informados
através da Web, no Sistema de Informação da Vigilância da Influenza (SIVEP-Gripe). No entanto,
considerando o potencial epidêmico desta doença, qualquer suspeita de surto deve ser comunicada (por
telefone, fax ou e-mail) à Secretaria Estadual de Saúde e a Secretaria de Vigilância em Saúde - SVS/MS.

Investigação
Devido ao potencial pandêmico desta doença, recomenda-se a investigação de surtos pelas SES, se
necessário com apoio do nível federal, com os seguintes objetivos:
- Confirmar a ocorrência do surto de síndrome gripal;
- Descrever o surto por tempo, pessoa e lugar;
- Caracterizar o processo de transmissão;
- Identificar e caracterizar o vírus respiratório;
- Monitorar os grupos de maior risco para as complicações da doença;
- Avaliar seu impacto na morbidade e na mortalidade
- Avaliar a necessidade do adotar medidas emergenciais de controle.

Sugere-se realizar busca ativa de pessoas com síndrome gripal, utilizando a definição de caso e/ou as
CID acima descritas. Pode ser efetuada a busca ativa em todos as unidades de saúde (centros de saúde,
hospitais) do município; e dependendo da extensão do surto, implementar esta atividade em unidades de
ensino (creches, escolas), asilos, entre outras.

Agente etiológico
Vírus Influenza, que são vírus RNA de hélice única, da família Orthomyxoviridae, subdivididos em três
tipos antigenicamente distintos: A, B e C. Os vírus Influenza A são classificados de acordo com suas
proteínas de superfície (hemaglutinina e neuraminidase) e, periodicamente, sofrem alterações em sua
estrutura genômica, o que permite o surgimento de novas cepas e a ocorrência de epidemias sazonais
ou, em intervalos de tempo imprevisíveis, novas pandemias de gripe. O tipo A é mais suscetível a
variações antigênicas, contribuindo para a existência de diversos subtipos e sendo responsável pela
ocorrência da maioria das epidemias de gripe. Os vírus Influenza B sofrem menos variações antigênicas
e, por isso, estão associados com epidemias mais localizadas. Os vírus Influenza C são antigenicamente
estáveis, provocam doença subclínica e não ocasionam epidemias, motivo pelo qual merecem menos
destaque em saúde pública.

Reservatório
Os vírus do tipo B ocorrem exclusivamente em humanos; os do tipo C, em humanos e suínos; os do
tipo A, em humanos, suínos, cavalos, mamíferos marinhos e aves.

Modo de transmissão
O modo mais comum é a transmissão direta (pessoa a pessoa), por meio de gotículas expelidas pelo
indivíduo infectado ao falar, tossir e espirrar. O modo indireto também ocorre por meio do contato com as
secreções do doente. Nesse caso, as mãos são o principal veículo, ao propiciarem a introdução de
partículas virais diretamente nas mucosas oral, nasal e ocular. Apesar da transmissão inter-humana ser
a mais comum, já foi documentada a transmissão direta do vírus de aves e suínos para o homem.

Período de incubação
Em geral, de 1 a 4 dias.

Período de transmissibilidade
Um indivíduo infectado pode transmitir o vírus no período compreendido entre 2 dias antes do início
dos sintomas até 5 dias após os mesmos.

Diagnóstico diferencial
As características clínicas da Influenza são semelhantes àquelas causadas por outros vírus
respiratórios, tais como rinovírus, vírus paraInfluenza, vírus sincicial respiratório, coronavírus e

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adenovírus. O diagnóstico, muitas vezes, só é possível pela análise laboratorial. Chama-se a atenção
para o diagnóstico diferencial de casos de Influenza grave (pneumonia primária) com possíveis casos de
síndrome respiratória aguda grave (Sars) e que, dependendo da história de exposição, esses casos com
maior gravidade podem representar a infecção por um novo subtipo viral.

Tratamento
Durante os quadros agudos, recomenda-se repouso e hidratação adequada. Medicações antitérmicas
podem ser utilizadas (evitar o uso de ácido acetilsalicílico nas crianças). No caso de complicações
pulmonares graves, podem ser necessárias medidas de suporte intensivo. Atualmente, há duas classes
de drogas utilizadas no tratamento específico da Influenza, sendo que apenas os inibidores da
neuraminidase têm mostrado certa eficácia na redução das complicações graves da doença.
A Amantadina e a Rimantadina são drogas similares, licenciadas há alguns anos. Apresentam entre
70 a 90% de eficácia na prevenção da doença pelo vírus da Influenza A, em adultos jovens e crianças,
caso sejam administradas profilaticamente durante o período de exposição ao vírus. Também podem
reduzir a intensidade e duração do quadro, se administradas terapeuticamente.
O Oseltamivir e o Zanamivir fazem parte de uma nova classe de drogas que inibem a neuraminidase
dos vírus da Influenza A e B.
Essas drogas, se administradas até 2 dias após o início dos sintomas, podem reduzir o tempo de
doença, bem como suas complicações.

Medidas de Controle
Imunização - O Ministério da Saúde implantou em 1999 a vacinação contra a gripe no Brasil, com o
objetivo de proteger os grupos de maior risco contra as complicações da influenza, ou seja, os idosos e
os portadores de doenças crônicas. Apesar das drogas atualmente disponíveis para o tratamento da
influenza, a vacinação é a melhor arma disponível para a prevenção da influenza e suas consequências.
A vacinação ocorre na forma de campanhas. O período para a realização dessas campanhas deve ser
anterior ao período de maior circulação do vírus no país. Para conferir proteção adequada, a vacina deve
ser administrada a cada ano, já que sua composição também varia anualmente, em função das cepas
circulantes.

Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA)

Agente Etiológico
Protozoário do gênero Leishmania. No Brasil, foram identificadas 7 espécies, sendo 6 do subgênero
Viannia e uma do subgênero Leishmania. As 3 principais espécies são:
- Leishmania (Leishmania) amazonensis;
- Leishmania (Viannia) guyanensis;
- Leishmania (Viannia) braziliensis.

Reservatórios
Infecções por leishmanias que causam a leishmaniose tegumentar americana (LTA) foram descritas
em várias espécies de animais silvestres (roedores, masurpiais, edentados e canídeos silvestres),
sinantrópicos (roedores) e domésticos (canídeos, felídeos e equídeos). Com relação a esses últimos, seu
papel na manutenção do parasito no meio ambiente ainda não foi esclarecido.

Vetores
Os vetores da LTA são insetos denominados flebotomíneos, pertencentes à ordem Diptera, família
Psychodidae, subfamília Phlebotominae, gênero Lutzomyia, conhecidos popularmente como mosquito
palha, tatuquira, birigui, entre outros, dependendo da localização geográfica.
No Brasil, as principais espécies envolvidas na transmissão da LTA são L. whitmani, L. intermedia, L.
umbratilis, L. wellcomei, L. flaviscutellata e L. migonei.

Modo de transmissão
Picada de fêmeas de flebotomíneos infectadas. Não há transmissão de pessoa a pessoa.

Período de incubação
Em média, de 2 a 3 meses, podendo apresentar períodos mais curtos (2 semanas) e mais longos (2
anos).

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Período de transmissibilidade
Desconhecido. Não há transmissão homem a homem. A transmissão se dá pelo vetor que adquire o
parasito ao picar reservatórios, transmitindo-o ao homem.

Diagnóstico
Suspeita clínico-epidemiológica associada à intradermorreação de Montenegro (IDRM) positiva e/ou
demonstração do parasito no exame parasitológico direto em esfregaço de raspado da borda da lesão,
ou no inprint feito com o fragmento da biópsia; em histopatologia ou isolamento em cultura. A
imunofluorescência não deve ser utilizada como critério isolado para diagnóstico de LTA. Entretanto, pode
ser considerada como critério adicional no diagnóstico diferencial com outras doenças, especialmente
nos casos sem demonstração de qualquer agente etiológico.
A utilização de métodos de diagnóstico laboratorial visa não somente à confirmação dos achados
clínicos, mas pode fornecer importantes informações epidemiológicas, pela identificação da espécie
circulante, orientando quanto às medidas a serem adotadas para o controle do agravo. O diagnóstico de
certeza de um processo infeccioso é feito pelo encontro do parasito, ou de seus produtos, nos tecidos ou
fluidos biológicos dos hospedeiros. Portanto, recomenda-se a confirmação do diagnóstico por método
parasitológico, antes do início do tratamento, especialmente naqueles casos com evolução clínica fora do
habitual e/ou má resposta a tratamento anterior.

Tratamento
A droga de primeira escolha é o antimonial pentavalente. Visando padronizar o esquema terapêutico,
a Organização Mundial da Saúde recomenda que a dose desse antimonial seja calculada em
mg/Sb+5/kg/dia (Sb+5 significando antimônio pentavalente). Há dois tipos de antimoniais pentavalentes
que podem ser utilizados: o antimoniato de N-metil glucamina e o estibogluconato de sódio (esse último
não comercializado no Brasil).

Medidas de Controle
Na cadeia de transmissão - Diagnóstico precoce e tratamento adequado dos casos humanos e
redução do contato homem-vetor. O controle químico só é indicado nas áreas com confirmação de
transmissão no peri e/ou intradomicilio. Quanto ao controle de reservatórios, não é recomendada a
realização de inquéritos sorológicos. A eutanásia em cães só é indicada em situações que o animal
apresente lesão cutânea com confirmação diagnóstica, acompanhada da autorização do proprietário.

Medidas educativas - Orientação quanto às medidas de proteção individual, como o uso de roupas
apropriadas, repelentes, mosquiteiros, telas finas em portas e janelas. Em áreas de risco para
assentamento de populações humanas, sugere-se uma faixa de segurança de 200 a 300 metros entre as
residências e a floresta, com o cuidado de se evitar o desequilíbrio ambiental.

Leishmaniose Visceral (Calazar)

Agente Etiológico
Protozoários tripanosomatídeos do gênero Leishmania. Nas Américas, a Leishmania (Leishmania)
chagasi é a espécie comumente envolvida na transmissão da leishmaniose visceral (LV).

Reservatórios
Na área urbana, o cão (Canis familiaris) é a principal fonte de infecção. A enzootia canina tem
precedido a ocorrência de casos humanos e a infecção em cães tem sido mais prevalente que no homem.
No ambiente silvestre, os reservatórios são as raposas (Dusicyon vetulus e Cerdocyon thous) e os
marsupiais (Didelphis albiventris).

Vetores
No Brasil, duas espécies estão relacionadas com a transmissão da doença: Lutzomyia longipalpis, a
principal; e Lutzomyia cruzi, também incriminada como vetora em áreas específicas dos estados do Mato
Grosso e Mato Grosso do Sul. Ainda, é possível que uma terceira espécie, Lutzomyia migonei, também
participe da transmissão de LV, devido à sua alta densidade em áreas com ausência de L. longipalpis
e/ou L. cruzi e registro de casos autóctones da doença, mas isto precisa ser mais estudado.
A L. longipalpis adapta-se facilmente ao peridomicílio e a variadas temperaturas: pode ser encontrada
no interior dos domicílios e em abrigos de animais domésticos. A atividade dos flebotomíneos é
crepuscular e noturna.

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No intra e peridomicílio, a L. longipalpis é encontrada, principalmente, próxima a uma fonte de alimento.
Durante o dia, esses insetos ficam em repouso, em lugares sombreados e úmidos, protegidos do vento e
de predadores naturais.
Esses insetos são conhecidos popularmente por mosquito-palha, tatuquira, birigui, entre outros,
dependendo da região geográfica.

Modo de transmissão
A transmissão ocorre pela picada dos vetores infectados pela Leishmania (L.) chagasi. Não ocorre
transmissão de pessoa a pessoa.

Período de incubação
É bastante variável tanto para o homem, como para o cão. No homem varia de 10 dias a 24 meses;
em média, de 2 a 6 meses, e, no cão, varia de 3 meses a vários anos, com média de 3 a 7 meses.

Período de transmissibilidade
O vetor poderá se infectar enquanto persistir o parasitismo na pele ou no sangue circulante dos animais
reservatórios.

Diagnóstico
Clínico-epidemiológico e laboratorial. Esse último, na rede básica de saúde, baseia-se em, baseia-se
principalmente em exames imunológicos e parasitológicos.

Tratamento
No Brasil, os medicamentos utilizados para o tratamento da LV são o Antimonial Pentavalente e a
Anfotericina B. O Ministério da Saúde recomenda o Antimoniato de N-metil Glucamina como fármaco de
primeira escolha para o tratamento da LV; no entanto, a escolha de cada um deles deverá considerar a
faixa etária, presença de gravidez e comorbidades.

Medidas de Controle
a) Dirigidas aos casos humanos - Organização de serviços de saúde para atendimento precoce dos
pacientes, visando diagnóstico, tratamento adequado e acompanhamento dos pacientes.
b) Dirigidas ao controle do vetor - O controle químico imediato está indicado para as áreas com
registro de 1º caso autóctone de LV e em áreas de surto. Já nas áreas de transmissão moderada e intensa
o controle químico deverá ser programado, ou seja, para o momento em que se verifica o aumento da
densidade vetorial.
Nas áreas de transmissão esporádica, não está indicado o controle químico.
c) Dirigidas ao controle de reservatório canino - Eutanásia canina é recomendada a todos os
animais sororreagentes, ou seja, títulos a partir de 1: 40 e/ou com exame parasitológico positivo.
d) Dirigidas as atividades de educação em saúde - As atividades de educação em saúde devem
estar inseridas em todos os serviços e ações de controle da LV e requer envolvimento efetivo das equipes
multiprofissionais e multi institucionais.

Leptospirose

Agente etiológico
Bactéria helicoidal (espiroqueta) aeróbica obrigatória do gênero Leptospira, do qual se conhecem 14
espécies patogênicas, sendo a mais importante a L. interrogans.
A unidade taxonômica básica é o sorovar (sorotipo). Mais de 200 sorovares já foram identificados,
cada um com o(s) seu(s) hospedeiro(s) preferencial(ais), ainda que uma espécie animal possa albergar
um ou mais sorovares.
Qualquer sorovar pode determinar as diversas formas de apresentação clínica no homem.
No Brasil, os sorovares Icterohaemorrhagiae e Copenhageni estão relacionados aos casos mais
graves.

Reservatório
Animais sinantrópicos domésticos e selvagens. Os principais são os roedores das espécies Rattus
norvegicus (ratazana ou rato de esgoto), Rattus rattus (rato de telhado ou rato preto) e Mus musculus
(camundongo ou catita). Esses animais não desenvolvem a doença quando infectados e albergam a
leptospira nos rins, eliminando-a viva no meio ambiente e contaminando água, solo e alimentos.

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O R. norvegicus é o principal portador do sorovar Icterohaemorrhagiae, um dos mais patogênicos para
o homem. Outros reservatórios são caninos, suínos, bovinos, equinos, ovinos e caprinos.
O homem é apenas hospedeiro acidental e terminal, dentro da cadeia de transmissão.

Modo de transmissão
A infecção humana resulta da exposição direta ou indireta à urina de animais infectados.
A penetração do microrganismo ocorre através da pele com presença de lesões, pele íntegra imersa
por longos períodos em água contaminada ou através de mucosas.
Outras modalidades de transmissão possíveis, porém, com rara frequência, são: contato com sangue,
tecidos e órgãos de animais infectados; transmissão acidental em laboratórios; e ingestão de água ou
alimentos contaminados.
A transmissão pessoa a pessoa é rara, mas pode ocorrer pelo contato com urina, sangue, secreções
e tecidos de pessoas infectadas.

Período de incubação
De 1 a 30 dias (em média, de 5 e 14 dias).

Período de transmissibilidade
Os animais infectados podem eliminar a leptospira através da urina durante meses, anos ou por toda
a vida, segundo a espécie animal e o sorovar envolvido.

Diagnóstico
A suspeita clínica deve ser confirmada por métodos laboratoriais específicos. Na fase precoce, as
leptospiras podem ser visualizadas no sangue por meio de exame direto, de cultura em meios
apropriados, inoculação em animais de laboratório ou detecção do DNA do microrganismo, pela técnica
da reação em cadeia da polimerase (PCR).
A cultura garante apenas um diagnóstico retrospectivo. Na fase tardia, as leptospiras podem ser
encontradas na urina, podendo ser cultivadas ou inoculadas. Na rotina, os métodos sorológicos são
consagradamente eleitos para o diagnóstico da Leptospirose. Os mais utilizados no país são o teste
ELISA-IgM e a microaglutinação (MAT).
Esses exames deverão ser realizados pelos Lacens, pertencentes à Rede Nacional de Laboratórios
de Saúde Pública. Exames complementares de maior complexidade ou não disponibilizados nos Lacen
podem ser solicitados através dos mesmos ao Laboratório de Referência Nacional para Leptospirose (ex.:
imunohistoquímica, técnicas baseadas em PCR e tipagem de isolados clínicos).

Tratamento
Hospitalização imediata dos casos graves, visando evitar complicações e diminuir a letalidade. Nos
casos leves, o atendimento é ambulatorial.
A antibioticoterapia está indicada em qualquer período da doença, mas sua eficácia costuma ser maior
na 1ª semana do início dos sintomas

Medidas de Controle
Assistência médica adequada e oportuna ao paciente;
Notificação, busca e confirmação de dados do paciente, investigação epidemiológica de casos,
detecção de áreas de risco a serem desencadeadas ações de controle;
Proteção à população: alertá-la nos períodos que antecedem a chuva, para que evite entrar em áreas
alagadas sem as medidas de proteção individual.
Controle de roedores (anti-ratização e desratização) e melhoria das condições higiênico-sanitárias da
população.
Proteção e desinfecção de áreas humanas de moradia, trabalho e lazer da contaminação pela urina
destes animais e medidas que tornem o ambiente impróprio à instalação e proliferação de roedores.
Manter higiene dos canis e de locais de criação animal e retirar sobras alimentares destes animais
antes do anoitecer, pois servem de atrativos a roedores.
Segregação e tratamento de animais domésticos infectados e/ou doentes
Imunização de animais domésticos (cães, bovinos e suínos) através do uso de vacinas preparadas
com sorovares prevalentes na região.

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Linfogranuloma Venéreo

Vigilância Epidemiológica
Objetivos
Interromper a cadeia de transmissão através da detecção e tratamento precoces dos casos e dos seus
parceiros (fontes de infecção); prevenir novas ocorrências por meio de ações de educação em saúde.

Notificação
Não é doença de notificação compulsória nacional. Os profissionais de saúde devem observar as
normas e procedimentos de notificação e investigação de seus estados e municípios. A Coordenação
Nacional de DST e AIDS, do Ministério da Saúde, está implantando um sistema de fontes de informações
específicas para as doenças sexualmente transmissíveis, visando o aprimoramento de seu controle.

Agente etiológico
Chlamydia Trachomatis, dos sorotipos L1, L2 e L3.

Reservatório
O homem.

Modo de transmissão
Contato sexual, com penetração da bactéria por meio da pele ou mucosa com solução de continuidade.

Período de incubação
De 1 a 3 semanas após o contato sexual.

Período de transmissibilidade
Bastante variável, de semanas a anos.

Diagnóstico
Eminentemente clínico-epidemiológico. Sorologia com imunofluorescência direta, fixação de
complemento (título acima de 1:64). Cultura celular de McCoy.

Tratamento
Tianfenicol, 1,5g/dia, VO, 14 dias; Sulfametoxazol, 800mg + Trimetoprim, 160mg, 2 vezes/dia, VO, 14
dias; Doxiciclina, 100mg, VO, 12/12 horas, no mínimo 14 dias (CDC recomenda 21 dias); Eritromicina,
500mg, VO, 4 vezes/dia, por 21 dias (recomendação CDC); Azitromicina, (CDC) 1g, 1 vez/semana, por 3
semanas, mas há ausência de dados clínicos que apoiem o seu uso. A adenite é tratada com drenagem.

Medidas de controle
Interrupção da cadeia de transmissão pela triagem e referência dos pacientes com DST e seus
parceiros para diagnóstico e terapia adequados.

Aconselhamento (confidencial) - orientações ao paciente, fazendo com que ele discrimine as


possíveis situações de risco presentes em suas práticas sexuais; desenvolva a percepção quanto à
importância do seu tratamento e de seus parceiros sexuais e promoção de comportamentos preventivos.

Promoção do uso de preservativos - método mais eficaz para a redução do risco de transmissão do
HIV e outras DST.
Convite aos parceiros para aconselhamento e promoção do uso de preservativos (deve-se obedecer
aos princípios de confiabilidade, ausência de coerção e proteção contra a discriminação).
Educação em saúde, de modo geral.

Observação - As associações entre diferentes DST são frequentes, destacando-se, atualmente, a


relação entre a presença de DST e aumento do risco de infecção pelo HIV, principalmente na vigência de
úlceras genitais. Desse modo, se o profissional estiver capacitado a realizar aconselhamento, pré e pós-
teste para detecção de anticorpos anti-HIV, quando do diagnóstico de uma ou mais DST, deve ser
oferecida essa opção ao paciente. Toda doença sexualmente transmissível constitui-se em evento
sentinela para busca de outra DST e possibilidade de associação com o HIV. É necessário, ainda,
registrar que o Ministério da Saúde vem implementando a “abordagem sindrômica” aos pacientes de DST,

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visando aumentar a sensibilidade no diagnóstico e tratamento dessas doenças, o que resultará em um
maior impacto na redução dessas infecções.

Malária

Vigilância epidemiológica
Objetivos
Estimar a magnitude da morbidade e da mortalidade da Malária; identificar tendências, grupos e fatores
de risco; detectar surtos e epidemias; evitar o restabelecimento da endemia, nas áreas onde a
transmissão já foi interrompida; recomendar as medidas necessárias para prevenir ou controlar a
ocorrência da doença; avaliar o impacto das medidas de controle.

Notificação
Malária é uma doença de notificação compulsória, portanto, todo caso suspeito de Malária deve ser
notificado às autoridades de saúde, tanto na área endêmica, pelo Sistema de Informação de Vigilância
Epidemiológica da Malária (Sivep-Malária), quanto na área não-endêmica, pelo Sistema de Informação
de Agravos de Notificação (Sinan).

Agente Etiológico
Cinco espécies de protozoários do gênero Plasmodium podem causar a malária humana: P.
falciparum, P. vivax, P. malariae, P. ovale e P. knowlesi.
No Brasil, há três espécies associadas à malária em seres humanos: P. vivax, P. falciparum e P.
malariae.
O P. ovale está restrito a determinadas regiões do continente africano e a casos importados de malária
no Brasil. O P. knowlesi, parasita de macacos que tem sido registrado em casos humanos, ocorre apenas
no Sudeste Asiático.

Reservatórios
O homem é o principal reservatório com importância epidemiológica para a malária humana.

Vetores
Mosquito pertencente à ordem Diptera, infraordem Culicomorpha, família Culicidae, gênero Anopheles
Meigen, 1818. O gênero compreende cerca de 400 espécies, no mundo, das quais, cerca de 60 ocorrem
no Brasil. No país, as principais espécies transmissoras da Malária são: Anopheles (N.) darlingi Root,
1926; Anopheles (N.) aquasalis Curry, 1932; Anopheles (Nyssorhynchus) albitarsis s. l. Lynch-
Arribálzaga, 1878. O principal vetor de Malária no Brasil é o An. darlingi, cujo comportamento é
extremamente antropofílico e, dentre as espécies brasileiras, é a mais encontrada picando no interior e
nas proximidades das residências. Popularmente, os vetores da doença são conhecidos por “carapanã”,
“muriçoca”, “sovela”, “mosquito-prego” e “bicuda”.

Modo de transmissão
Ocorre por meio da picada da fêmea do mosquito Anopheles, quando infectada pelo Plasmodium spp.
Ao picar uma pessoa infectada, os plasmódios circulantes no sangue humano, na fase de gametócitos,
são sugados pelo mosquito, que atua como hospedeiro principal e permite o desenvolvimento do parasito,
gerando esporozoítos no chamado ciclo esporogônico. Por sua vez, os esporozoítos são transmitidos aos
humanos pela saliva do mosquito no momento das picadas seguintes. O ciclo do parasito dentro do
mosquito tem duração variada conforme as espécies envolvidas, com duração média de 12 a 18 dias,
sendo, em geral, mais longo para P. falciparum do que para P. vivax.
O risco de transmissão depende do horário de atividade do vetor. Os vetores são abundantes nos
horários crepusculares, ao entardecer e ao amanhecer. Todavia, são encontrados picando durante todo
o período noturno. O horário em que há maior abundância de mosquitos varia de acordo com cada
espécie, nas diferentes regiões e ao longo do ano.
Não há transmissão direta da doença de pessoa a pessoa. Outras formas de transmissão, tais como
transfusão sanguínea, compartilhamento de agulhas contaminadas ou transmissão congênita também
podem ocorrer, mas são raras.

Período de incubação
Varia de acordo com a espécie de plasmódio: P. falciparum, de 8 a 12 dias; P. vivax, de 13 a 17 dias;
P. malariae, de 18 a 30 dias.

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Período de transmissibilidade
O mosquito é infectado ao sugar o sangue de uma pessoa com gametócitos circulantes. Os
gametócitos surgem, na corrente sanguínea, em períodos variáveis: de poucas horas, para o P. vivax, e
de 7 a 12 dias, para o P. falciparum. Para Malária por P. falciparum, o indivíduo pode ser fonte de infecção
por até 1 ano; P. vivax, até 3 anos; e P. malariae, por mais de 3 anos, desde que não seja adequadamente
tratado.

Medidas a serem adotadas


Assistência ao paciente - Atendimento ambulatorial ao paciente suspeito, para coleta da amostra de
sangue e exame parasitoscópico. O caso confirmado recebe tratamento, em regime ambulatorial. O caso
grave deverá ser hospitalizado de imediato. No paciente, com resultado negativo para malária, outras
doenças deverão ser pesquisadas.

Qualidade da assistência - Um dos indicadores, para se avaliar a qualidade da assistência, é o tempo


verificado entre a coleta da amostra de sangue para exame e o início do tratamento, que não deve ser
superior a 24 horas. Outra forma, de garantir boas assistência, é o monitoramento do tratamento, por
meio de visitas domiciliares, ou de comparecimento do paciente à unidade de saúde, para assegurar a
cura.

Confirmação diagnóstica - Coletar material para diagnóstico laboratorial, de acordo com as


orientações técnicas.

Proteção da população - Como medidas utilizadas para o controle da malária na população, podemos
destacar: Tratamento imediato dos casos diagnosticados;
Busca de casos junto aos comunicantes; Investigação epidemiológica;
Orientação à população quanto à doença, uso de repelentes, cortinados, roupas protetoras, telas em
portas e janelas; Investigação entomológica;

Diagnóstico
O diagnóstico de certeza da infecção malárica só é possível pela demonstração do parasito ou de
antígenos relacionados, no sangue periférico do paciente, por meio dos métodos diagnósticos, como gota
espessa, esfregaço delgado e testes rápidos para a detecção de componentes antigênicos de plasmódio.

Controle vetorial
O Programa de Controle da Malária utiliza produtos químicos.

Tratamento
Os medicamentos antimaláricos são disponibilizados gratuitamente em todo o território nacional, em
unidades do Sistema Único de Saúde (SUS).
O diagnóstico oportuno, seguido imediatamente de tratamento correto, é o meio mais efetivo para
interromper a cadeia de transmissão e reduzir a gravidade e a letalidade da malária.

Meningite por Haemophilus Influenzae

Vigilância Epidemiológica
Objetivos
Reduzir a morbidade, letalidade e ocorrência de sequelas através do diagnóstico e tratamento
precoces; acompanhar o comportamento da meningite por Hib e monitorar a efetividade das medidas de
prevenção e controle.

Notificação
É de notificação compulsória e de investigação obrigatória.

Definição de caso
a) Suspeito - Todo paciente com sinais e sintomas de meningite (febre, cefaleia, vômitos, rigidez de
nuca, sonolência, convulsões);
b) Confirmado - Caso suspeito que apresente pelo menos cultura positiva para Haemophilus
influenzae do líquor ou sangue, ou PCR positivo com detecção da cadeia genética do Haemophilus
influenzae, ou detecção de antígeno no líquor ou sangue através de CIE ou látex. A confirmação por

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critério clínico epidemiológico acontece quando um caso suspeito sem diagnóstico laboratorial teve
contato com um caso confirmado laboratorialmente em até 7 dias após o início dos sintomas deste.

Agente etiológico
Haemophilus Influenzae. Um bacilo gram-negativo, imóvel, capsulado, pleomórfico. Possui diferentes
sorotipos (A, B, C, D, e F), sendo o sorotipo B o principal responsável por doença invasiva, tal como a
Meningite.

Reservatório
O homem doente ou portador assintomático, principalmente os menores de 5 anos.

Modo de transmissão
Pelo contato direto pessoa a pessoa, doente ou portador, por meio das vias respiratórias.

Período de incubação
De 2 a 4 dias.

Período de transmissibilidade
Enquanto houver microrganismo na nasofaringe, geralmente até 24/48 horas após o início da
terapêutica com antibiótico.

Diagnóstico diferencial
Outras Meningites bacterianas (em particular com as purulentas).

Tratamento
Cloranfenicol, na dose de 75 a 100mg/kg/dia, EV, até o máximo de 6g/dia, fracionada em 4 doses
diárias (6/6 horas), ou Ceftriaxona, na dose de 100mg/kg/dia, EV, até o máximo de 4g/dia, dividida em 2
doses (de 12/12 horas), por 7 a 10 dias.

Medidas de controle
A quimioprofilaxia está indicada para:
a) Todos os contatos domiciliares (incluindo adultos), desde que existam crianças menores de 4 anos
de idade, além do caso índice sem vacinação ou com esquema de vacinação incompleto;
b) Para creches ou escolas onde existam crianças expostas com idade inferior a 24 meses e diante da
ocorrência de um segundo caso confirmado.
Indica-se, então, para os contatos íntimos, incluindo os adultos;
c) Por ocasião da alta hospitalar, para aqueles pacientes que possuam, entre seus contatos
domiciliares, crianças menores de 48 meses de idade. Se o tratamento foi instituído com ceftriaxona, nas
doses indicadas, não é necessário realizar a quimioprofilaxia. Crianças com esquema vacinal completo
para Hib não necessitam fazer quimioprofilaxia. A droga de escolha é a rifampicina, por via oral: adultos
600mg/dose, a cada 24 horas, durante 4 dias; crianças de 1 mês a 10 anos: 20mg/kg/dia até uma dose
máxima de 600mg; crianças menores de 1 mês de idade, a dose será de 10mg/kg/dia, todos
administrados uma vez ao dia, durante 4 dias. A vacina contra Haemophilus influenzae tipo b (Hib)
apresenta alta eficácia quando aplicada no esquema preconizado: 3 (três) doses em menores de 1 ano,
aos 2º, 4º e 6º mês de vida. Os eventos adversos locais (dor, eritema e/ou enduração) e gerais (febre,
irritabilidade e/ou sonolência) são de frequência e intensidade baixas, ocorrendo em menos de 10% dos
vacinados, nas 24 horas após aplicação. As contraindicações gerais como doenças graves ou relato de
ocorrência de reação anafilática sistêmica após aplicação de dose anterior. A vacina utilizada no Brasil é
a Tetravalente, consiste na combinação da vacina Hib com a vacina contra o Tétano, Difteria e
Coqueluche (DPT), em um só produto, conferindo imunidade para estes quatro componentes. Outros
grupos com situações clínicas especiais procurar os Centros de Referência de Imunobiológicos Especiais
dos Estados respectivos (CRIE).

Meningite Tuberculosa

Vigilância Epidemiológica
Objetivos
Identificar e investigar os casos suspeitos de meningite para identificar os comunicantes domiciliares,
visando descobrir fontes de infecção.

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Notificação
Doença de notificação compulsória e investigação obrigatória.

Definição de caso
a) Suspeito - Todo paciente com sinais e sintomas de meningite e história de contato com tuberculose
pulmonar bacilífera no domicílio;
b) Confirmado - Paciente que apresenta os seguintes critérios: quadro clínico compatível, quadro
liquórico, evidências radiológicas de tuberculose pulmonar, tuberculose miliar ou tuberculose confirmada
bacteriologicamente, em outra localização que não menino encefálica, teste tuberculínico reator em
crianças menores de 5 anos, sem cicatriz da vacina BCG, contato intradomiciliar, anterior ou
concomitante, com um caso de tuberculose pulmonar bacilífera. O preenchimento dos dois primeiros
critérios justifica a instituição do tratamento, sendo necessário o preenchimento de um dos demais, para
ser considerado caso confirmado.

Agente etiológico
M. tuberculosis, também conhecido como bacilo de Koch (BK). O complexo M. tuberculosis é
constituído de várias espécies: M. tuberculosis, M. bovis, M. africanum e M. microti. Mycobacterium
tuberculosis.

Reservatório
O reservatório principal é o homem. Em algumas regiões, o gado bovino doente. Em raras ocasiões,
os primatas, aves e outros.

Modo de transmissão
A Tuberculose é transmitida de pessoa a pessoa, principalmente, através do ar. A fala, o espirro e,
principalmente, a tosse de um doente de Tuberculose pulmonar bacilífera lança no ar gotículas, de
tamanhos variados, contendo no seu interior o bacilo.

Período de incubação
De 4 a 12 semanas; após a infecção, são detectadas as lesões primárias. A Meningite Tuberculosa,
em geral, é uma complicação precoce da Tuberculose primária, que frequentemente ocorre, nos primeiros
6 meses após a primo-infecção.

Período de transmissibilidade
A Meningite Tuberculosa não é transmissível, a não ser que esteja associada à Tuberculose pulmonar
bacilífera, cuja transmissibilidade se mantém enquanto o doente estiver eliminando bacilos e não houver
iniciado o tratamento. Com o início do esquema terapêutico recomendado, a transmissão é reduzida,
gradativamente, a níveis insignificantes, ao fim de poucos dias ou semanas.

Diagnóstico
O diagnóstico laboratorial das meningites é realizado através do estudo do líquido cefalorraquidiano.
Os principais exames para o esclarecimento diagnóstico de casos suspeitos de meningite são: exame
quimiocitológico do líquor; bacterioscopia direta (líquor); cultura (líquor, sangue, petéquias ou fezes). O
líquor apresenta-se límpido ou xantocrômico, com celularidade de 10 a 500 células/mm³. Inicialmente,
com predomínio de polimorfonucleares e, depois, de linfócitos, cuja contagem pode variar entre 25 a 500;
glicose diminuída (em geral, abaixo de 40mg%); as proteínas aumentam gradativamente e a dosagem de
cloretos está diminuída. As globulinas estão positivas (alfa e gamaglobulinas). A baciloscopia com
coloração de Ziehl-Neelsen encontra-se positiva e a cultura aponta crescimento em meio de Lowenstein-
Jensen.

Medidas de controle
Descoberta precoce e tratamento de casos bacilíferos. Orientação da população sobre sinais e
sintomas da doença e sobre a importância da higiene corporal e ambiental, bem como a manutenção de
ambientes domiciliares e ocupacionais ventilados. A vacinação com BCG reduz a incidência das formas
graves de tuberculose, particularmente a meningite e a miliar. A faixa etária preconizada é de 0 a 4 anos
(sendo obrigatória para menores de 1 ano), iniciar o mais precocemente possível em maternidades e
salas de vacinação. Em criança que recebeu o BCG há seis meses ou mais, na qual esteja ausente a
cicatriz vacinal, indica-se a revacinação, sem necessidade de realização prévia do teste tuberculínico

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(PPD). A revacinação é recomendada nas faixas etárias de 6 a 10 anos. Se a primeira dose for aplicada
com seis anos e mais, não há necessidade de revacinação.
Eventos adversos mais comuns: formação de abscesso e/ou ulceração, no local da aplicação;
linfadenite regional.

Contraindicações da vacina - Imunodeficiência congênita ou adquirida, incluindo crianças infectadas


pelo vírus da Imunodeficiência humana (VIH), os quais apresentam contraindicação absoluta.
Recomenda-se adiar a vacinação com BCG em recém-nascidos com peso inferior a 2.000kg e em
presença de afecções dermatológicas extensa em atividade.

Meningites Virais

Vigilância Epidemiológica
Objetivos
Conhecer e monitorar o perfil epidemiológico dos principais vírus responsáveis por meningites no Brasil
e ainda detectar surtos.

Notificação
É de notificação obrigatória, assim como as demais meningites.

Agente etiológico
Os principais vírus que podem causar Meningite Viral são: enterovírus (Echovirus e Coxsackievirus),
arbovírus (com destaque para o vírus da febre do Nilo Ocidental), vírus do Sarampo, vírus da caxumba,
vírus da coriomeningite linfocítica, HIV-1, adenovírus e vírus do grupo herpes (Herpes Simples tipo 1 e
tipo 2, Varicela zoster, Epstein-Barr, citomegalovírus).

Diagnóstico
Clínico-epidemiológico e laboratorial. A realização de punção para exame do líquor cefalorraquidiano
é fundamental. Ele se apresenta com aspecto límpido, incolor ou opalescente, cloretos e glicose normais,
proteínas ligeiramente elevadas, celularidade aumentada (entre 5 a 500, podendo chegar a 1.000
células), geralmente com predominância de linfócitos (às vezes, no início, encontra-se predomínio de
polimorfonucleares), bactérias ausentes. Pode-se identificar o agente específico por meio de técnicas de
cultivo celular. A história clínica e epidemiológica do paciente pode orientar o diagnóstico etiológico
(caxumba, Sarampo, Varicela, quadro gastrintestinal, etc.).

Tratamento
Indica-se apenas o tratamento de suporte, com a adequada avaliação e monitoramento clínico.
Existem drogas antivirais específicas, indicadas para casos mais graves, como os de Meningite Herpética
(HSV 1 e 2 e VZV), com Acyclovir endovenoso. Na caxumba, a globulina específica hiperimune pode
diminuir a incidência de orquite, porém não melhora a síndrome neurológica.

Definição de caso
a) Suspeito - Todo paciente com sinais e sintomas de meningite (febre, cefaleia intensa, vômitos,
rigidez da nuca, sonolência, convulsões, sinais de Kernig e Brudzinski). Em pacientes menores de um
ano de idade os principais sintomas são: abaulamento de fontanela, vômito, sonolência, irritabilidade e
convulsões;
b) Confirmado
b1) Clínico laboratorial - caso suspeito com isolamento viral através de cultura, identificação de material
genético por PCR e sorologia positiva;
b2) Clínico Epidemiológico - caso suspeito comunicante de caso de meningite viral confirmado
laboratorialmente.

Medidas de controle
O diagnóstico e o tratamento precoce dos casos são medidas que contribuem para o controle da
doença. As medidas de controle específicas relacionam- se com o agente etiológico. Em situações de
surto, a população deve ser orientada sobre os sinais e sintomas da doença, medidas gerais de higiene
e ainda medidas de prevenção específicas, conforme o agente responsável.

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Mononucleose Infecciosa

Vigilância Epidemiológica
Objetivos
Não se desenvolvem ações específicas de vigilância epidemiológica.

Notificação
Não é doença de notificação compulsória.

Agente etiológico
Vírus Epstein-Barr (VEB), da família Herpesviridae.

Reservatório
O homem.

Modo de transmissão
Inter-humano, pelo contato íntimo de secreções orais (saliva). É rara a transmissão através de
transfusão sanguínea ou contato sexual.

Período de incubação
De 30 a 45 dias.

Período de transmissibilidade
Pode durar 1 ano ou mais.

Diagnóstico
Clínico, associado ao leucograma, que revela leucocitose com elevada linfocitose atípica. Para
confirmação laboratorial, pode-se usar: testes rápidos para a detecção de anticorpos heterofilos e/ou de
anticorpos específicos para o vírus Epstein-Barr.

Tratamento
- Sintomático: o uso de corticoterapia pode ser útil no caso de complicação com obstrução de vias
aéreas por hipertrofia tonsilar, na trombocitopenia grave e na anemia hemolítica.

Medidas de controle
Não é necessário o isolamento do paciente na fase aguda; vacinas ainda estão em desenvolvimento;
evitar contato com saliva de pessoas portadoras do VEB, durante o período de transmissibilidade.

Oncocercose

Vigilância Epidemiológica
Objetivos
Diagnosticar e tratar as infecções, visando impedir as sequelas da doença e reduzir o número de
indivíduos infectados.

Notificação
Não é doença de notificação obrigatória nacional. Nos estados onde ocorre, deve ser notificada para
as autoridades sanitárias locais.

Definição de caso
a) Suspeito - Indivíduo procedente de área endêmica, com manifestações clínicas da doença;
b) Confirmado - Indivíduo com presença de microfilária ou verme adulto, detectada através de exames
laboratoriais.

Agente etiológico
Nematódeo do gênero Onchocerca. No Brasil, a espécie Onchocerca volvulus é a única encontrada.

Reservatório
O homem. Experimentalmente, pode ser transmitido a chimpanzés.

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Modo de transmissão
Pela picada dos vetores do gênero Simulium (o simulídeo é conhecido popularmente como
“borrachudo”, “pium”), que proliferam em córregos e rios de correnteza rápida. Na América do Sul, os
seguintes complexos são importantes: S. metallicum, S. sanguineum/amazonicum, S. quadrivittata.

Período de incubação
Longo, cerca de 1 ano, podendo variar de 7 meses a mais de 2 anos.

Período de transmissibilidade
A filária permanece viva no homem por 10 a 15 anos (casos não tratados), período em que os vetores
podem se infectar. Não há transmissão inter-humanos.

Diagnóstico
A suspeita clínica é gerada pelas manifestações aliadas à história epidemiológica. O diagnóstico
específico é feito pela identificação do verme adulto ou microfilárias por meio de: a) biópsia de nódulo ou
pele; punção por agulha e aspiração do nódulo; exame oftalmoscópico do humor aquoso; exame de urina;
b) testes de imunidade: intradermorreação, imunofluorescência, Elisa, PCR.

Tratamento
- Específico: microfilaricida à base de Ivermectina, na dosagem de 150μg/kg (microgramas), em dose
única, com periodicidade semestral ou anual, durante 10 anos. A Ivermectina não deve ser ministrada em
mulheres na primeira semana de amamentação, pessoas gravemente enfermas e crianças com menos
de 15kg de peso ou menos de 90cm de altura. Deve ser administrada em dose única, VO, obedecendo a
seguinte escala de peso corporal: 15 a 25kg: ½ comprimido; 26 a 44kg: 1 comprimido; 45 a 64kg: 1 1/2
comprimidos; 65 a 84kg - 2 comprimidos; ≥85kg: 150μg/kg. Em campanhas de distribuição em massa,
inseridas em programas de eliminação, o intervalo entre as doses é de 6 meses.
- Cirúrgico: retirada dos nódulos.

Medidas de controle
Em virtude da área endêmica encontrar-se em terras indígenas, as medidas de controle devem ser
realizadas dentro de parâmetros adequados aos hábitos, costumes e percepções desses povos e,
também, de acordo com os critérios técnico-científicos vigentes. As medidas de controle que têm sido
preconizadas são o tratamento dos portadores de microfilárias e o combate aos simulídeos. Qualquer
medida de intervenção deve ser conduzida observando-se os conhecimentos antropológicos das nações
indígenas.

Paracoccidioidomicose

Vigilância Epidemiológica
Objetivo
Por não dispor de instrumento de prevenção, essa doença não é objeto de vigilância epidemiológica
rotineiramente. No Brasil, tem-se registro acumulado de mais de 60 casos de paracoccidioidomicose
associados à aids, o que coloca essa infecção como mais um dos indicadores daquela síndrome.

Notificação
Não é doença de notificação compulsória.

Etiologia
Fungo dimórfico denominado P. brasiliensis.

Reservatório
Solo contaminado com o agente.

Modo de transmissão
Por inalação do fungo. Contaminação por meio de ferimentos cutâneos e mucosas é extremamente
rara.

Período de incubação
De 1 mês a anos.

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Período de transmissibilidade
Não há caso descrito de transmissão pessoa a pessoa.

Diagnóstico
Clínico e laboratorial. Esse último é feito com o achado do parasita, que se apresenta como células
arredondadas, de dupla parede, birrefringente, com ou sem gemulação. Quando há gemulação múltipla,
o parasita toma aspecto de “roda de leme”. Provas sorológicas, como a imunodifusão em gel e
histopatologia, são também empregadas.

Tratamento - Uma das opções a seguir:


- Itraconazol: 200mg/dia, logo após uma das principais refeições, em única tomada, por 6 a 9 meses,
nas formas leves, e 12 a 18 meses, nas formas moderadas. É considerada a droga de escolha.
- Sulfametoxazol + trimetoprim (adultos): 800/160mg/dia, VO, 12/12 horas, na ausência de
imunodifusão, 12 meses, nas formas leves, e 18 a 24 meses, nas formas moderadas.
- Crianças: Trimetoprim, 8 a 10mg/kg e Sulfametoxazol, 40 a 50mg/kg, VO, de 12/12 horas. Nas formas
graves, Anfotericina B - 1mg/kg/dia, IV, diluído em 50ml de soro glicosado a 5%, não ultrapassando a
dose máxima diária de 50mg, ou solução endovenosa de Sulfametoxazol/Trimetoprim, na dose de 2
ampolas de 8/8 horas até a melhora clínica do paciente, quando então passa a receber medicação VO.
O Voriconazol tem apresentado bons resultados, sobretudo nas formas com comprometimento de
SNC.

Medidas de controle
Não há medida de controle disponível. Deve-se tratar os doentes precoce e corretamente, visando
impedir a evolução da doença e suas complicações.
Indica-se desinfecção concorrente dos exsudatos, artigos contaminados e limpeza terminal.

Parotidite Infecciosa ou Caxumba

Vigilância Epidemiológica
Objetivos
Reduzir as taxas de incidência através de vacinação de rotina; investigar surtos para a adoção de
medidas de controle.

Notificação
Não é doença de notificação compulsória. Os surtos devem ser notificados.

Agente etiológico
Vírus da família Paramyxoviridae, gênero Paramyxovirus.

Reservatório
O homem.

Modo de transmissão
Via aérea, através disseminação de gotículas, ou por contato direto com saliva de pessoas infectadas

Período de incubação
De 12 a 25 dias; em média, de 16 a 18 dias.

Período de transmissibilidade
Varia entre 6 a 7 dias antes das manifestações clínicas até 9 dias após o surgimento dos sintomas. O
vírus pode ser encontrado na urina até 14 dias após o início da doença.

Diagnóstico
- Clínico-epidemiológico: as provas sorológicas (neutralização, inibição da hemaglutinação ou Elisa)
não são utilizadas na rotina. A fixação do complemento positiva sugere infecção recente.

Tratamento
- Tratamento de suporte: repouso e analgesia.
- Meningite asséptica: tratamento sintomático.

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- Encefalite: tratamento do edema cerebral, manutenção das funções vitais.
- Tratamento de apoio para a orquite: suspensão da bolsa escrotal através de suspensório; aplicação
de bolsas de gelo; analgesia, quando necessário. Para redução da resposta inflamatória, pode ser
utilizado Prednisona, 1ml/kg/dia, via oral, com redução gradual (semanal). Outros anti-inflamatórios não
hormonais também podem ser indicados.

Medidas de controle
a) Vacinação - a vacinação está indicada antes da exposição. Esquema vacinal básico: utiliza-se a
vacina tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola), aos 12 meses de idade, com uma dose adicional entre
4 a 6 anos.
As contraindicações ao uso da vacina tríplice viral são: antecedente de reação anafilática sistêmica
após ingestão de ovo de galinha; gravidez e administração de imunoglobulina normal, sangue total ou
plasma nos três meses anteriores. Recomenda-se às mulheres vacinadas evitar a gravidez por 30 dias
após a aplicação, no entanto, se alguma grávida for inadvertidamente vacinada, não há indicação de
interrupção da gravidez.

Peste

Vigilância Epidemiológica
Objetivos
Impedir a transmissão dos focos naturais para humanos (prevenção primária); descobrir precocemente
casos humanos (prevenção secundária) para evitar a letalidade da doença; e impedir a reintrodução da
peste urbana no Brasil.

Notificação
A peste é uma doença de notificação compulsória internacional (deve ser comunicada imediatamente,
pela via mais rápida, às autoridades sanitárias).
A investigação é obrigatória.

Definição de caso
a) Suspeito - Todo paciente que apresentar quadro agudo de febre em área próxima a um foco natural
de peste, que evolua com adenite (sintomático ganglionar); todo paciente proveniente (de 1 a 10 dias) de
área com epidemia de peste pneumônica que apresenta febre e outras manifestações clínicas da doença,
especialmente sintomatologia respiratória;
b) Confirmado - Todo paciente com quadro clínico de peste confirmado por diagnóstico clínico-
epidemiológico ou laboratorial.

Agente etiológico
Yersinia pestis, cocobacilo gram-negativo, com coloração mais acentuada nos pólos (bipolar).

Reservatórios
Roedores silvestres e sinantrópicos (Rattus rattus, Mus musculus) e os lagomorfos (coelhos e lebres).

Vetores
Pulgas infectadas: Xenopsylla cheopis, Ctenocephalides canis (parasito do cão), Polygenis bohlsi
jordani e Polygenis tripus (de roedores silvestres), Leptopsylla segnis (parasito do Mus musculus), dentre
outros.

Modo de transmissão
O principal modo de transmissão da Yersinia pestis ao homem é através da picada de pulgas
infectadas. A Peste dos focos naturais é transmitida aos seres humanos quando esses adentram no ciclo
zoonótico ou devido à interação de roedores sinantrópicos e silvestres, alimentando o ciclo doméstico da
Peste. Nesse último caso, a intensa infestação por pulgas pode ocasionar transmissão persistente e
manutenção do ciclo de transmissão.
A transmissão da Peste de reservatórios naturais para o homem pode eventualmente seguir o trâmite
direto roedor silvestre → homem, porém habitualmente segue o fluxo roedor silvestre → pulga → roedor
sinantrópico → pulga →homem.
As gotículas transportadas pelo ar e os fômites de pacientes com Peste pneumônica são a forma de
transmissão mais frequente de pessoa a pessoa. Tecidos de animais infectados, fezes de pulgas e

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culturas de laboratório também são fontes de contaminação para quem os manipula sem obedecer às
regras de biossegurança.

Período de incubação
De 2 a 6 dias, ou de 1 dia para a Peste Pneumônica primária.

Período de transmissibilidade
As pulgas permanecem infectadas durante vários dias e até meses. A Peste Bubônica não é
transmitida de pessoa a pessoa, exceto se houver contato com secreção de bubão supurado. A Peste
Pneumônica é altamente transmissível de pessoa a pessoa e seu período de transmissibilidade começa
com o início da expectoração, permanecendo enquanto houver bacilos no trato respiratório. Esse período
depende, também, do tratamento da doença.

Diagnóstico
- Suspeita clínica-epidemiológica e exames específicos:
- Bacteriológicos: bacterioscopia, cultura, hemocultura, provas bioquímicas (secreção colhida do
bubão, escarro, exsudato orofaríngeo, sangue, fragmento de vísceras).
- Sorológicos: hemaglutinação passiva, Dot-Elisa e imunofluorescência direta.

Tratamento
Instituição precoce (se possível, nas primeiras 15 horas do início dos sintomas) de antibiótico ou
quimioterápico, sem aguardar resultado de exames laboratoriais. A droga de escolha é a Tetraciclina, na
dose de 2 a 4g/dia, VO, durante 10 dias, podendo ser usada de 4 a 6g, por via venosa, nas primeiras 48
horas, se houver gravidade.
A Estreptomicina é um antibiótico bastante eficaz no tratamento da Peste, porém seu uso requer
cuidado, pois pode causar intoxicação grave. Dosagem: 0,5g, IM, de 4/4 horas, nos 2 primeiros dias; a
seguir, de 6/6 horas, até a melhora clínica. O Cloranfenicol é administrado nas complicações que
envolvem espaços tissulares, na dose de 50mg/kg/dia, de 6/6 horas, durante 10 dias. O tratamento de
suporte requerido pode ser intenso.

Medidas de controle
a) Focos naturais - Acompanhar a densidade da população de roedores nas habitações e
peridomicílio da área pestígena. Realizar exames bacteriológicos dos roedores e das pulgas, e exames
sorológicos em roedores, cães e gatos; evitar acesso dos roedores aos alimentos e abrigo; evitar picadas
de pulgas em humanos; informar e orientar as populações quanto à existência de atividade pestosa na
área; reduzir a população de roedores em situações especiais, antecedida pelo tratamento contra as
pulgas (caso contrário, as pulgas, sem o seu alimento habitual, têm como alternativa invadir o ambiente
doméstico);
b) Portos e aeroportos - Mantê-los livres de pulgas e roedores, através do tratamento com inseticidas
e raticidas; examinar todas as aeronaves e navios oriundos de área com peste pneumônica; manter
passageiros com quadro clínico suspeito sob vigilância; proceder a quimioprofilaxia indicada, sempre que
houver algum caso de peste pneumônica em uma aeronave ou navio;
c) Vigilância de contatos - Manter sob vigilância pessoas que tiverem contato com peste pneumônica
ou pulgas infectadas por 7 dias (período máximo de incubação);
d) Controle do paciente - Tratar precoce e adequadamente; notificar imediatamente o caso; manter
em isolamento restrito os casos pneumônicos; eliminar as pulgas das roupas e habitação do paciente;
realizar desinfecção do escarro, das secreções purulentas, dos objetos contaminados e a limpeza
terminal; e manipular os cadáveres de acordo com as regras de assepsia;
e) Quimioprofilaxia de contatos - Indicada para contatos de pacientes com peste pneumônica ou
para indivíduos suspeitos de terem tido contato com pulgas infectadas, nos focos da doença. Drogas
utilizadas: sulfadiazina, 2 a 3g/dia, VO, divididas em 4 ou 6 vezes durante 6 dias; sulfametoxazol +
trimetoprim: 400mg e 80mg, VO, respectivamente, de 12 em 12 horas, durante 6 dias; tetraciclina: 1g ao
dia, durante 6 dias (crianças menores de 7 anos não podem fazer uso de tetraciclinas);
f) Desinfestação - O ambiente onde vivem os contatos deve ser desinfestado (despulizado) através
do uso de inseticidas. Se houver indicação de desratização, eliminar as pulgas antes, para que as
mesmas não invadam o ambiente doméstico e adotar medidas de anti-ratização. Vacinas são pouco
usadas por terem baixa eficácia.

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Poliomielite
Vigilância Epidemiológica
Objetivos
Detectar precocemente a reintrodução do poliovírus selvagem no território brasileiro, pela vigilância
ativa das paralisias flácidas agudas em menores de 15 anos, para garantir maior agilidade das medidas
de prevenção e controle.

Notificação
Doença com sistema de vigilância ativa que exige a notificação compulsória e investigação imediata
dos casos de paralisias flácidas agudas (PFA).

Critérios para inclusão de um caso no Sistema de Vigilância Epidemiológica das PFA


Deve ser investigado todo caso de deficiência motora flácida, de início súbito: em pessoas menores
de 15 anos, independente da hipótese diagnóstica de poliomielite; em pessoas de qualquer idade, que
apresentam hipótese diagnóstica de poliomielite.

Definição de caso
a) Confirmado - Devem ser classificados nessa categoria todos os casos de PFA em que houve
isolamento de poliovírus selvagem na(s) amostra(s) de fezes do caso ou de seus comunicantes,
independentemente de haver ou não sequela após 60 dias do início da deficiência motora;
b) Poliomielite Associada à Vacina - Casos de PFA em que há isolamento de vírus vacinal na(s)
amostra(s) de fezes e presença de sequela compatível com poliomielite, 60 dias após o início da
deficiência motora. Há dois tipos de poliomielite relacionados com a vacina: Paralisia flácida aguda que
se inicia entre 4 e 45 dias após o recebimento da VOP e que apresenta sequela neurológica compatível
com poliomielite 60 dias após o início do déficit motor.
Caso de poliomielite associado a vacina de contatos (comunicantes), PFA que surge após contato com
criança que tenha recebido VOP até 40 dias antes. A paralisia surge de 4 a 85 dias após a vacinação, e
deve apresentar sequela neurológica compatível com poliomielite 60 dias após o déficit motor;
c) Não poliomielite (Descartado) - Casos de PFA com amostra de fezes adequada (uma amostra
coletada até quatorze dias do início do déficit motor), na qual não houve isolamento de poliovírus. Se o
resultado for negativo para poliovírus, o caso deve ser descartado.
d) Poliomielite Compatível - Casos de PFA que não tiveram coleta adequada de amostra de fezes e
que apresentaram sequela aos 60 dias ou evoluíram para óbito ou têm evolução ignorada.
e) Indicadores de qualidade da vigilância epidemiológica pós-certificação
- Informação de notificação negativa semanal de pelo menos 80% das Unidades de Notificação
Negativa implantadas; taxa de notificação de pelo menos 1 caso de PFA por 100.000 habitantes menores
de 15 anos; pelo menos 80% dos casos notificados devem ser investigados dentro das 48 horas
posteriores à notificação e pelo menos 80% dos casos de PFA notificados devem ter uma amostra de
fezes para cultivo de vírus, coletadas no período máximo de duas semanas seguintes ao início da
deficiência motora.

Medidas em caso de notificação de casos de PFA com suspeita de poliomielite


Em virtude das características de transmissão do poliovírus, silenciosa e rápida, e da ocorrência de
um grande número de infecções sem manifestações clínicas, a vigilância deve ser intensificada quando
da notificação de casos de PFA que tenham suspeita de poliomielite. Esta intensificação da vigilância
implica em abranger, além do local de residência do doente, as localidades visitadas nos 30 dias
anteriores ao início da paralisia, em caso de viagem, como também os locais de residência de possíveis
visitas recebidas no mesmo período, onde pode estar a provável fonte de infecção.
Além da realização de visita às unidades de saúde, a situação da cobertura vacinal da área deve ser
criteriosamente avaliada.

Agente etiológico
O poliovírus pertencente ao gênero Enterovírus, da família Picornaviridae, composto de três sorotipos
1, 2 e 3.

Reservatório
O homem.

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Modo de transmissão
Principalmente por contato direto pessoa a pessoa, pelas vias fecal-oral (a principal), por objetos,
alimentos e água contaminados com fezes de doentes ou de portadores, ou pela via oral-oral, por meio
de gotículas de secreções da orofaringe ao falar, tossir ou espirrar. As más condições habitacionais, a
higiene pessoal precária e o elevado número de crianças numa mesma habitação constituem fatores que
favorecem a transmissão do poliovírus.

Período de incubação
Geralmente, de 7 a 12 dias, podendo variar de 2 a 30 dias.

Período de transmissibilidade
Não se conhece com exatidão.
Pode iniciar-se antes do surgimento das manifestações clínicas, sendo o vírus encontrado nas
secreções da orofaringe após 36 a 72 horas a partir da infecção. Em indivíduos infectados, a eliminação
do vírus pela orofaringe persiste por um período de aproximadamente 1 semana e nas fezes por cerca
de 3 a 6 semanas, enquanto nos indivíduos reinfectados a eliminação do vírus se faz por períodos mais
reduzidos.

Diagnóstico diferencial
Polineurite pós-infecciosa e outras infecções que causam paralisia: síndrome de Guillain-Barré, mielite
transversa, meningite viral, meningoencefalite e infecções por outros enterovírus (ECHO 71, e Coxsackie,
especialmente do grupo A, tipo 7).

Tratamento
Não há tratamento específico, mas todos os casos com manifestações clínicas devem ser internados
para tratamento de suporte.

Medidas de controle
Além de uma vigilância ágil e sensível à detecção de casos de poliomielite importados, a vacinação é
a medida mais eficaz para manter erradicada a circulação do poliovírus selvagem nas Américas. Portanto,
além da vacinação de rotina nos serviços de saúde, visado assegurar, o mais precocemente possível, a
imunização adequada de todas as crianças nascidas, as campanhas anuais de vacinação são
importantes para garantir um nível adequado de imunidade de grupo na população, através da
disseminação no meio ambiente, em um curto intervalo de tempo, do vírus vacinal, que compete com a
circulação do vírus selvagem.
O Brasil adota em seu esquema vacinal básico a vacina anti-pólio oral (VPO - Sabin) no seguinte
esquema: 1a dose aos 2 meses; 2ª dose, aos 4 meses; 3ª dose, aos 6 meses; reforço aos 15 meses.
Entende-se por criança adequadamente vacinada aquela que recebeu três ou mais doses de vacina oral
contra a poliomielite, com um intervalo mínimo de 30 dias entre cada dose. Em ambas as atividades
(vacinação de rotina e campanhas) devem ser alcançadas coberturas vacinais altas (95%) em todos os
municípios, até que se certifique que o mundo esteja livre da poliomielite.

Psitacose

Vigilância Epidemiológica
Objetivo
Não se desenvolve ações específicas de vigilância epidemiológica. Os casos devem ser
diagnosticados e tratados precocemente para evitar complicações e transmissão da doença.

Notificação
Não é doença de notificação compulsória e não se encontra sob vigilância epidemiológica, sendo
obrigatória apenas a investigação de surtos.

Agente etiológico
Chlamydia psittaci.

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Reservatório
Os pássaros, principalmente os psitacídeos (papagaios, araras, periquitos), podendo ser acometidas
outras espécies como pombos, perus e gansos; algumas espécies de mamíferos também podem ser
afetados, como caprinos e ovinos.

Modo de transmissão
Via respiratória, por meio da aspiração de poeira contaminada por dejetos dos animais doentes ou
portadores.
Apesar de rara, é possível a transmissão via respiratória, de pessoa a pessoa, na fase aguda da
doença.

Período de incubação
De 1 a 4 semanas.

Período de transmissibilidade
Dura semanas ou meses.

Diagnóstico
Clínico-epidemiológico e sorológico, por meio da reação de fixação do complemento e/ou Elisa. Títulos
aumentados em quatro vezes entre a fase aguda e a convalescença, obtidos com intervalo de 2 a 3
semanas entre cada coleta, confirmam o diagnóstico. Na presença de quadro clínico sugestivo, o achado
de títulos de 1:32 pode ser considerado evidência de infecção. O isolamento do agente no sangue ou em
secreções, além de cultura de tecidos, apesar de possível, é de difícil execução, requerendo laboratórios
especializados para a sua realização. No exame radiográfico, observa-se pneumonia com consolidação
de um lobo, mas pode haver padrão intersticial ou miliar com ou sem derrame pleural.

Tratamento
Adultos: Doxiciclina, 100mg, via oral, de 12/12 horas, durante 14 a 21 dias. Em menores de 7 anos,
deve ser utilizada Eritromicina, 30 - 40mg/kg/dia, via oral, de 6/6 horas.

Medidas de controle
a) Gerais - Educação em saúde para alertar a população sobre os riscos de exposição aos
reservatórios, regulamentação da importação, criação e transporte de aves, utilização de
antibioticoterapia ou quarentena desses animais, quando indicado. Vigilância dos locais de venda de
animais, aviários, granjas. As aves suspeitas de fonte de infecção para o homem devem ser avaliadas
por veterinário e eliminadas em caso de infecção;
b) Específicas - Desinfecção concorrente de todas as secreções. Limpeza termina;
c) Eliminação das fontes de infecção - Nos locais com aves domésticas infectadas, pode-se eliminá-
las ou tratá-las e fazer a desinfecção local;
d) Investigação dos contatos - Identificação da procedência das aves infectadas.
O corpo do animal acometido deve ser submetido à desinfecção antes de eliminado. Pessoas expostas
à infecção devem ser observadas.

Raiva

Agente Etiológico
O vírus rábico pertence à família Rhabdoviridae e gênero Lyssavirus.
Possui aspecto de projétil e genoma constituído por RNA.
Apresenta dois antígenos principais: um de superfície, constituído por uma glicoproteína, responsável
pela formação de anticorpos neutralizantes e adsorção vírus-célula, e outro interno, constituído por uma
nucleoproteína, que é grupo específico.
O gênero Lyssavirus apresenta 8 genótipos, sendo que o genótipo 1 – Rabies vírus (RABV), o único
presente na América Latina e no Brasil, pode ser expresso, de acordo com o perfil, em 12 variantes
antigênicas, conforme seus respectivos hospedeiros naturais (terrestres ou aéreos).
No Brasil, foram encontradas 7 variantes antigênicas: variantes 1 e 2, isoladas dos cães; variante 3,
de morcego hematófago Desmodus rotundus; e variantes 4 e 6, de morcegos insetívoros Tadarida
brasiliensis e Lasiurus cinereus. Outras duas variantes encontradas em Cerdocyon thous (cachorro do
mato) e Callithrix jacchus (sagui de tufos brancos) não são compatíveis com o painel estabelecido pelo
Centers for Disease Control and Prevention (CDC), para estudos do vírus rábico nas Américas.

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Reservatório
Apenas os mamíferos transmitem e são acometidos pelo vírus da raiva.
No Brasil, caninos e felinos constituem as principais fontes de infecção nas áreas urbanas.
Os quirópteros (morcegos) são os responsáveis pela manutenção da cadeia silvestre, entretanto,
outros mamíferos, como canídeos silvestres (raposas e cachorro do mato), felídeos silvestres (gatos do
mato), outros carnívoros silvestres (jaritatacas, mão pelada), marsupiais (gambás e saruês) e primatas
(saguis), também apresentam importância epidemiológica nos ciclos enzoóticos da raiva.
Na zona rural, a doença afeta animais de produção, como bovinos, equinos e outros.

Modo de transmissão
Penetração do vírus contido na saliva do animal infectado, principalmente pela mordedura e, mais
raramente, pela arranhadura e lambedura de mucosas.
O vírus penetra no organismo, multiplica-se no ponto de inoculação, atinge o sistema nervoso periférico
e, posteriormente, o sistema nervoso central. A partir daí, dissemina-se para vários órgãos e glândulas
salivares, onde também se replica, sendo eliminado pela saliva das pessoas ou animais enfermos.
Por finalidade didática, considera-se que a cadeia epidemiológica da doença apresenta 4 ciclos de
transmissão: urbano, rural, silvestre aéreo e silvestre terrestre. O ciclo urbano é passível de eliminação,
por se dispor de medidas eficientes de prevenção, tanto em relação ao homem quanto à fonte de infecção.

Período de incubação
Extremamente variável, desde dias até anos, com média de 45 dias, no homem, e de 10 dias a 2
meses, no cão. Em crianças, existe tendência para um período de incubação menor que o do indivíduo
adulto. O período de incubação está intrinsecamente relacionado à localização e gravidade da mordedura,
arranhadura ou lambedura de animais infectados, proximidade de troncos nervosos e concentração de
partículas virais inoculadas.

Período de transmissibilidade
Nos cães e gatos, a eliminação de vírus pela saliva ocorre entre 2 a 5 dias antes do aparecimento dos
sinais clínicos, persistindo durante toda a evolução da doença. A morte do animal ocorre, em média, entre
5 a 7 dias após a apresentação dos sintomas. Em relação aos animais silvestres, há poucos estudos
sobre o período de transmissão. Sabe-se, porém, que varia de espécie para espécie. Por exemplo,
especificamente os quirópteros podem albergar o vírus por longo período, sem sintomatologia aparente.

Diagnóstico diferencial
Não existem dificuldades para estabelecer o diagnóstico quando o quadro clínico vier acompanhado
de sinais e sintomas característicos da Raiva, precedidos por mordedura, arranhadura ou lambedura de
mucosas provocadas por animal raivoso.
Esse quadro clínico típico ocorre em cerca de 80% dos pacientes. No caso da Raiva humana
transmitida por morcegos hematófagos, cuja forma é predominantemente paralítica, o diagnóstico é
incerto e a sus peita recai em outros agravos que podem ser confundidos com Raiva humana. Nesses
casos, o diagnóstico diferencial deve ser realizado com: tétano; pasteurelose, por mordedura de gato e
de cão; infecção por vírus B (Herpesvirus simiae), por mordedura de macaco; Botulismo e febre por
mordida de rato; febre por arranhadura de gato (linforreticulose benigna de inoculação); encefalite pós-
vacinal; quadros psiquiátricos; outras encefalites virais, especialmente as causadas por outros rabdovírus;
e tularemia. Cabe salientar a ocorrência de outras encefalites por arbovírus e intoxicações por mercúrio,
principalmente na região Amazônica, apresentando quadro de encefalite compatível com o da Raiva.

Tratamento
No Brasil, em 2008, foi confirmada raiva em um paciente do estado de Pernambuco. A investigação
demonstrou que o caso se vinculava à mordida de morcego hematófago. Após confirmação diagnóstica
laboratorial, foi iniciado o protocolo de Milwaukee adaptado à realidade brasileira, denominado Protocolo
de Recife, resultando no primeiro registro de cura de raiva humana no país.
O Protocolo de Recife deve ser adotado frente a casos confirmados da doença. Vale ressaltar que o
tratamento deve ser aplicado o mais precocemente possível.
Esse protocolo consiste, basicamente, na indução de coma, uso de antivirais e reposição de enzimas,
além da manutenção dos sinais vitais do paciente. Sua aplicação deve ser orientada diretamente pela
equipe da SVS/MS.

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Medidas de Controle
a) A prevenção da raiva transmitida em áreas urbanas, ou rurais transmitidas por animais domésticos
é feita através da manutenção de altas coberturas vacinais em cães e gatos através de estratégias de
rotina e campanhas; controle de foco; captura e eliminação de cães de rua.
b) A profilaxia da raiva humana é feita mediante o uso de vacinas e soro, quando os indivíduos são
expostos ao vírus rábico através da mordedura, lambedura de mucosas ou arranhadura, provocada por
animais transmissores da raiva. A vacinação não tem contraindicação, devendo ser iniciada o mais breve
possível e garantir completo esquema de vacinação indicado, ou seja, a profilaxia contra a raiva.
c) A profilaxia pré-exposição deve ser indicada para pessoas que, por força de suas atividades
profissionais ou de lazer, estejam expostas permanentemente ao risco de infecção pelo vírus da raiva.

Rubéola

A Rubéola é uma doença aguda, de alta contagiosidade, transmitida pelo vírus do gênero Rubivirus da
família Togaviridae. A doença também é conhecida como “Sarampo Alemão”.
No campo das doenças infectocontagiosas, a importância epidemiológica da Rubéola está
representada pela ocorrência da Síndrome da Rubéola Congênita (SRC) que atinge o feto ou o recém-
nascido cujas mães se infectaram durante a gestação. A infecção na gravidez acarreta inúmeras
complicações para a mãe, como aborto e natimorto (feto expulso morto) e para os recém-nascidos, como
malformações congênitas (surdez, malformações cardíacas, lesões oculares e outras).

Agente etiológico
Vírus RNA, gênero Rubivirus, família Togaviridae.

Reservatório
O homem.

Modo de transmissão
Direto, pelo contato com secreções nasofaríngeas de pessoas infectadas.

Período de incubação
De 14 a 21 dias, com duração média de 17 dias, podendo variar de 12 a 23 dias.

Período de transmissibilidade
De 5 a 7 dias antes do início do exantema e de 5 a 7 dias após.

Sintomas
Os sintomas da Rubéola são febre baixa, linfo adenopatia retro auricular, occipital e cervical,
acompanhado de exantema maculopapular.

Diagnóstico
Para o diagnóstico são feitos exames laboratoriais, disponíveis na rede pública em todos os estados,
para confirmação ou descarte de casos.

Transmissão
A transmissão é diretamente de pessoa a pessoa, por meio das secreções nasofaríngeas expelida
pelo doente ao tossir, respirar, falar ou respirar.
O período médio de incubação é de 17 dias, varia de 14 a 21 dias. Já o período de transmissibilidade
é de 5 a 7 dias antes e depois do início do exantema, que é uma erupção cutânea. A maior
transmissibilidade ocorre dois dias antes e depois do início do exantema.

Prevenção
A prevenção é feita por meio da vacinação. A vacina está disponível nos postos de saúde para crianças
a partir de 12 meses de idade.
A vacina tríplice viral (Sarampo, Rubéola e Caxumba) foi implantada gradativamente entre os anos de
1992 até o ano 2000. A faixa etária estabelecida foi de 1 a 11 anos de idade, que se mantém até a
presente data.

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Sarampo

Vigilância Epidemiológica
Objetivo
Identificação precoce de casos para adoção das medidas de controle assim como identificar e
monitorar as demais condições de risco.

Notificação
Doença de notificação compulsória nacional e de investigação epidemiológica obrigatória imediata.

Agente etiológico
Vírus RNA, pertencente ao gênero Morbillivirus, família Paramyxoviridae.

Reservatório e fonte de infecção


O homem.

Modo de transmissão
Diretamente de pessoa a pessoa, através das secreções nasofaríngeas, expelidas ao tossir, espirrar,
falar ou respirar.

Período de incubação
Geralmente, dura 10 dias (variando de 7 a 18 dias), desde a data da exposição à fonte de infecção até
o aparecimento da febre, e cerca de 14 dias até o início do exantema.

Período de transmissibilidade
De 4 a 6 dias antes do aparecimento do exantema e até 4 dias após. O período de maior
transmissibilidade ocorre 2 dias antes e 2 dias após o início do exantema. O vírus vacinal não é
transmissível.

Diagnóstico
Clínico, laboratorial e epidemiológico. O diagnóstico laboratorial mais usado é o ELISA, para detecção
de anticorpos específicos IgM e IgG. Atualmente, faz-se também a identificação do vírus que tem como
objetivos estabelecer o padrão genético circulante no país, diferenciar os casos autóctones do Sarampo
dos casos importados, e diferenciar o vírus selvagem do vírus vacinal. Período para coleta: as amostras
dos espécimes clínicos (urina e secreções nasofaríngea) devem ser coletadas até o 5º dia a partir do
início do exantema, preferencialmente nos 3 primeiros dias. Em casos esporádicos, para não se perder a
oportunidade deve-se tomar amostras para a identificação viral, o período pode ser estendido em
consonância com a SVS e a Fiocruz.
Critérios para a coleta de espécimes para identificação: em presença de surto de Sarampo,
independente da distância do laboratório central; casos importados, independente do país de origem; em
todos os casos com resultado laboratorial IgM positivo ou indeterminado para o Sarampo, observando o
período de coleta adequado.

Tratamento
É sintomático, podendo ser utilizados antitérmicos, hidratação oral, terapia nutricional com incentivo
ao aleitamento materno e higiene adequada dos olhos, pele e vias aéreas superiores. As complicações
bacterianas do Sarampo são tratadas especificamente com antibióticos adequados para cada quadro
clínico e, se possível, com identificação do agente bacteriano. Nas populações onde a deficiência de
vitamina A é um problema reconhecido, a OMS e o Unicef recomendam o uso de uma dose elevada e
única de vitamina A nas pessoas acometidas pelo Sarampo e suas complicações, nos indivíduos com
imunodeficiências, com evidência de xeroftalmia, desnutrição e problemas de absorção intestinal. A
suplementação de vitamina A é indicada na seguinte dosagem:
- Crianças de 6 a 12 meses: 100.000UI, VO, em aerossol;
- Crianças de 1 ano ou mais: 200.000UI, VO, em cápsula ou aerossol.

Definição de caso
a) Suspeito - Todo paciente que, independente da idade e da situação vacinal, apresentar febre e
exantema maculopapular, acompanhados de um ou mais dos seguintes sinais e sintomas: tosse e/ou
coriza e/ou conjuntivite.

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b) Confirmado - Todo paciente considerado como caso suspeito e que foi comprovado como um caso
de sarampo, a partir de, pelo menos, um dos seguintes critérios:
Laboratorial - Exame “reagente” ou “positivo para IgM”, e a análise clínico epidemiológica indica tratar-
se efetivamente de um caso de sarampo.

Observação: na situação epidemiológica atual, existem muitos resultados falso positivos. Por isso,
todos os casos IgM positivo ou indeterminado para o sarampo devem ser analisados conjuntamente pela
SES e pela Secretaria de Vigilância em Saúde/SVS/MS.

Vínculo epidemiológico - Paciente que em um período máximo de sete a 18 dias teve contato com
um ou mais casos de sarampo confirmados pelo laboratório; ou com exame laboratorial “não reagente”
ou “negativo para IgM” em amostra de sangue colhida precocemente (1º e 3º dia a partir do aparecimento
do exantema) mas que teve contato com um ou mais casos de sarampo confirmados pelo laboratório
(dentro de um período de sete a 18 dias antes do aparecimento dos sinais e sintomas); Clínico - Quando
se fez a suspeita clínica mas não houve coleta de amostra para sorologia; não foi investigado ou evoluiu
para óbito sem a realização de qualquer exame laboratorial. A confirmação clínica do sarampo representa
uma falha grave do sistema de vigilância epidemiológica.

c) Descartado - Todo paciente que foi considerado como caso suspeito e que não foi comprovado
como um caso de sarampo, a partir, de pelo menos, um dos critérios acima definidos.

Medidas de controle
Todos os países das Américas estão desenvolvendo ações no sentido de erradicar esta virose. As
principais atividades são:
a) Vacinação - A vacina é a única forma de prevenir a ocorrência do sarampo na população é a
principal medida de controle do sarampo. Esquema básico: uma dose da vacina tríplice viral (sarampo,
rubéola e caxumba) aos 12 meses de idade. Em situação com alto risco de infecção (na notificação de
casos suspeitos de sarampo, e na suspeita de surtos) a vacinação de bloqueio deve ser realizada,
envolvendo o grupo de nove meses a 39 anos de idade, seletivamente.
Via de administração: a vacina tríplice viral é administrada por via subcutânea, de preferência na face
externa da parte superior do braço (região deltoide), podendo também ser administrada na região glútea
(quadrante superior externo). Falsas contraindicações: não constituem contraindicações à vacinação de
Sarampo: alergia e intolerância, que não sejam de natureza anafilática à ingestão de ovo; contato íntimo
com pacientes imunodeprimidos; vacinação recente com a vacina oral contra a poliomielite; exposição
recente ao sarampo. Situações em que se recomenda o adiamento da vacinação: tratamento com
imunodepressores (corticoterapia, quimioterapia, radioterapia, etc.). Adiar até 3 meses após a suspensão
de seu uso, pela possível inadequação da resposta; vigência de doença aguda febril grave, atribuída ou
confundida com possíveis efeitos adversos da vacina.
b) Investigação epidemiológica - A investigação dos casos suspeitos de sarampo tem como objetivo:
obter informações detalhadas e uniformes para todos os casos, através do preenchimento da ficha
epidemiológica; visitar imediatamente o domicílio para coleta de sangue, complementar dados da ficha;
identificar outros possíveis casos suspeitos realizando extensa busca ativa; aprazar e realizar a revisita
para avaliar a evolução do caso; classificar o caso conforme os critérios estabelecidos; e avaliar a
cobertura vacinal e desencadear imediatamente as ações de controle:
Bloqueio vacinal - A partir de todo caso suspeito, abrangendo as pessoas do mesmo domicílio,
vizinhos, creches, salas de aula, alojamentos, sala de trabalho, etc.;
Operação limpeza - Deve ser realizada a partir de todo caso confirmado, devendo ser ampliado para
a vizinhança, bairro ou até município conforme avaliação realizada. Tanto para o bloqueio, como para a
operação limpeza, a faixa etária prioritária para a sua realização deverá ser de 6 meses a 39 anos de
idade;
Isolamento de casos - O isolamento domiciliar ou hospitalar dos casos pode diminuir a intensidade
dos contágios. Deve-se evitar, principalmente, a frequência a escolas ou creches, agrupamentos, ou
qualquer contato com pessoas suscetíveis, até 4 dias após o início do período exantemático, entretanto,
deve haver a vigilância dos contatos por um período de 7 a 18 dias.

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Shigelose

Vigilância Epidemiológica
Objetivo
É uma das doenças diarreicas agudas, cujo objetivo da vigilância epidemiológica é monitorar a
incidência, visando intervenções em surtos e a manutenção de atividades de educação em saúde com o
propósito de diminuir sua freqüência e letalidade.

Notificação
Não é doença de notificação compulsória. Entretanto, como explicitado no capítulo das doenças
diarreicas agudas, tem-se instituído o monitoramento das diarreias através de sistemas de notificações
sentinelas.

Agente etiológico
Bactérias gram-negativas do gênero Shigella, constituídas por quatro espécies: S. dysenteriae (grupo
A), S. flexneri (grupo B) S. boydii (grupo C) e S. sonnei (grupo D).

Reservatório
Trato gastrintestinal do homem, água e alimentos contaminados.

Modo de transmissão
A infecção é adquirida pela ingestão de água contaminada ou de alimentos preparados com água
contaminada. Também está demonstrado que as Shigellas podem ser transmitidas por contato pessoal.

Definição de caso
Indivíduo que apresentar fezes cuja consistência revele aumento do conteúdo líquido (pastosas,
aquosas, que podem ser mucossanguinolentas), com aumento do número de dejeções diárias e duração
inferior a 2 semanas.
A confirmação é feita através de culturas agente.

Período de incubação
De 12 a 48 horas.

Diagnóstico
Clínico, epidemiológico e laboratorial. Esse último é feito pela semeadura das fezes do paciente em
meios de cultura, como MacConkey e SS, com posterior identificação das colônias suspeitas por meio de
provas bioquímicas e sorológicas, destacando-se a excelência dos métodos imunoenzimáticos e o PCR
para realização de exame radiológico (raios X).

Tratamento
Semelhante ao indicado para todos os tipos de diarreias. Reidratação oral (SRO), que simplificou o
tratamento, pois sabe-se que o esquema adequado independe do diagnóstico etiológico, já que o objetivo
da terapêutica é reidratar ou evitar a desidratação. Esse esquema não é rígido, administrando-se os
líquidos e o SRO de acordo com as perdas. Se houver sinais de desidratação, administrar o SRO de
acordo com a sede do paciente. Inicialmente, a criança deve receber de 50 a 100ml/kg, no período de 4
a 6 horas.
As crianças que estiverem sendo amamentadas podem receber o SRO. Se o paciente vomitar, deve-
se reduzir o volume e aumentar a frequência da administração; o paciente deve ser mantido na unidade
de saúde até a reidratação; o uso de sonda nasogástrica é indicado apenas em casos de perda de peso
após as duas primeiras horas de tratamento oral e frente a vômitos persistentes, distensão abdominal
com ruídos hidroaéreos presentes ou dificuldade de ingestão. Nessas circunstâncias, administrar 20 a
30ml/kg/hora de SRO.
A hidratação parenteral só é indicada nas situações de alteração da consciência, vômitos persistentes
(mesmo com uso de sonda nasogástrica) e íleo paralítico. Nos casos graves, em que houver indicação
de uso de antimicrobianos (que pode ser feito independente de comprovação por coprocultura e
antibiograma), utiliza-se Sulfametoxazol (50mg/kg/dia) + Trimetoprim (10/mg/kg/dia), em 2 tomadas
diárias, de 12/12 horas, durante 5 a 7 dias. No caso de resistência bacteriana, utiliza-se as quinolonas
(contraindicadas em gestantes e crianças).

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Medidas de controle
Melhoria da qualidade da água, destino adequado de lixo e dejetos, controle de vetores, higiene
pessoal e alimentar. Educação em saúde, particularmente em áreas de elevada incidência. Locais de uso
coletivo, tais como colégios, creches, hospitais, penitenciárias, que podem apresentar riscos maximizados
quando as condições sanitárias não são adequadas, devem ser alvo de orientações e campanhas
específicas. Ocorrências em crianças de creches devem ser seguidas de isolamento entérico, além de
reforçadas as orientações às manipuladoras de alimentos e às mães. Considerando a importância das
causas alimentares na diarreia das crianças menores, é fundamental o incentivo ao prolongamento do
tempo de aleitamento materno, prática essa que confere elevada proteção a esse grupo populacional.

Sífilis Adquirida

Vigilância epidemiológica
Objetivos
Identificar os casos de Sífilis Adquirida para tratamento precoce.

Notificação
Não é doença de notificação compulsória.

Agente etiológico
Treponema pallidum, espiroqueta de alta patogenicidade.

Reservatório
O homem.

Modo de transmissão
Na Sífilis Adquirida, é sexual. O contágio extragenital é raro. A transmissão não-sexual da Sífilis é
excepcional, havendo poucos casos por transfusões de sangue e por inoculação acidental.

Período de incubação
De 10 a 90 dias (com média de 21 dias).

Diagnóstico
Clínico, epidemiológico e laboratorial. A identificação do T. pallidum confirma o diagnóstico. A
microscopia de campo escuro é a maneira mais rápida e eficaz para a observação do treponema, que se
apresenta móvel, porém a pesquisa direta se aplica somente a material retirado das lesões. O diagnóstico
sorológico baseia-se fundamentalmente em reações não-treponêmicas ou cardiolipínicas e reações
treponêmicas. A prova de escolha na rotina é a reação de VDRL, uma microaglutinação que utiliza a
cardiolipina. O resultado é dado em diluições e esse é o método para seguimento da resposta terapêutica,
pois nota-se redução progressiva dos títulos. Sua desvantagem é a baixa especificidade, havendo
reações falso-positivas, devido a outras patologias. Para confirmação diagnóstica, utiliza-se um teste
treponêmico como o FTA-abs, que tem alta sensibilidade e especificidade, sendo o primeiro a positivar
na infecção, porém não é útil para seguimento.
O comprometimento do sistema nervoso é comprovado pelo exame do líquor, podendo ser
encontradas pleocitose, hiperproteinorraquia e positividade das reações sorológicas.

Tratamento
Sífilis primária: Penicilina G benzatina, 2.400.000UI, IM, dose única (1.200.000UI, IV, em cada glúteo).
Sífilis recente secundária e latente: Penicilina G benzatina, 2.400.000UI, IM, 1 vez por semana, 2 semanas
(dose total de 4.800.000UI). Sífilis tardia (latente e terciária): Penicilina G benzatina, 2.400.000UI, IM, 1
vez por semana, 3 semanas (dose total de 7.200.000UI).

Medidas de controle
Observar a correta forma de tratamento dos pacientes para contribuir com a interrupção da cadeia de
transmissão (diagnóstico e tratamento adequados).
- Aconselhamento: orientações ao paciente com DST para que observe as possíveis situações de risco
em suas práticas sexuais, desenvolva a percepção quanto à importância do seu tratamento e de seus
parceiros sexuais e adote comportamentos preventivos. Promoção do uso de preservativos;
aconselhamento aos parceiros, e educação em saúde, de modo geral.

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Sífilis em Gestantes

Vigilância epidemiológica
Objetivos
- Identificar os casos de sífilis em gestantes no pré-natal para subsidiar as ações de prevenção e
controle da Sífilis Congênita.
- Conhecer o perfil epidemiológico da sífilis em gestantes no Brasil e suas tendências.

Notificação e investigação
É doença de notificação compulsória e todo caso definido como sífilis em gestantes, segundo o critério
descrito na definição de caso, deve ser notificado à vigilância epidemiológica.

Agente etiológico
O Treponema pallidum é uma espiroqueta de alta patogenicidade.

Reservatório
O homem.

Modo de transmissão
A Sífilis Adquirida é uma doença de transmissão predominantemente sexual: aproximadamente, um
terço dos indivíduos expostos a um parceiro sexual com sífilis adquirirá a doença. O T. pallidum, quando
presente na corrente sanguínea da gestante, atravessa a barreira placentária e penetra na corrente
sanguínea do feto.
A transmissão pode ocorrer em qualquer fase da gestação, estando, entretanto, na dependência do
estado da infecção na gestante, ou seja, quanto mais recente a infecção, mais treponemas estarão
circulantes e, portanto, mais gravemente o feto será atingido. Inversamente, infecção antiga leva à
formação progressiva de anticorpos pela mãe, o que atenuará a infecção ao concepto, produzindo lesões
mais tardias na criança.

Período de incubação
Cerca de 21 dias a partir do contato sexual infectante.

Período de transmissibilidade
Na fase primária: média 21 dias: 100% de transmissibilidade. Na fase secundária: entre 6 semanas e
6 meses: 90% de transmissibilidade. Na fase terciária: mais de 1 ano: 30% de transmissibilidade.

Diagnóstico diferencial
Da sífilis primária: Cancro Mole, herpes genital, Linfogranuloma Venéreo, Donovanose, câncer,
leishmaniose, trauma. Sífilis secundária: farmacodermias, doenças exantemáticas não vesiculosas,
Hanseníase, colagenoses. Sífilis terciária: Tuberculose, leishmaniose, aneurismas congênitos, tumor
intracraniano, distúrbios psiquiátricos e emocionais.

Tratamento
A penicilina é a droga de escolha para todas as apresentações da sífilis. Não há relatos consistentes
na literatura de casos de resistência treponêmica à droga. A análise clínica do caso indicará o melhor
esquema terapêutico.

Medidas de controle
Antes da gravidez
- Diagnóstico precoce em mulheres em idade reprodutiva e seus parceiros.
- Realização do teste VDRL em mulheres que manifestem a intenção de engravidar.
- Tratamento imediato dos casos diagnosticados em mulheres e seus parceiros.
Durante a gravidez: realizar o teste VDRL no 1º trimestre da gravidez ou na 1ª consulta, e outro, no
início do 3º trimestre. Na ausência de teste confirmatório, considerar para o diagnóstico as gestantes com
VDRL reagente, em qualquer titulação, desde que não tratadas anteriormente de forma adequada ou que
a documentação desse tratamento não esteja disponível.
Aconselhamento: a adoção de práticas sexuais seguras, associada ao bom desempenho na
execução do pré-natal, são peças chaves para o controle do agravo. A população alvo deverá receber
informações sobre a prevenção das DST e o direito a uma assistência médica humanizada e de qualidade.

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Sífilis Congênita

Vigilância Epidemiológica
Objetivos
Detecção ativa e precoce dos casos de sífilis congênita para tratamento adequado das mães e
crianças, para adoção das medidas de controle visando sua eliminação; interromper a cadeia de
transmissão da sífilis adquirida (detecção e tratamentos precoces dos casos e dos parceiros).

Notificação
A sífilis congênita é doença de notificação compulsória e de investigação obrigatória.
A sífilis adquirida deve ser notificada de acordo com as normas estaduais e/ou municipais. A
Coordenação Nacional de DST e AIDS, do Ministério da Saúde, selecionou fontes de informações
específicas em conjunto com estados e municípios para as DST, visando o aprimoramento da sua
vigilância.

Agente etiológico
Treponema pallidum, espiroqueta de alta patogenicidade.

Reservatório
O homem.

Modo de transmissão
A infecção fetal é o resultado da disseminação hematogênica do T. pallidum por via transplacentária,
em qualquer fase gestacional.

Período de incubação
De 10 a 90 dias (com média de 21 dias).

Período de transmissibilidade
A transmissão vertical pode ocorrer por todo o período gestacional. Acreditava-se que a infecção fetal
não ocorresse antes do 4º mês de gestação. Entretanto, já se constatou a presença de T. pallidum em
fetos abortados, ainda no 1º trimestre da gravidez.

Diagnóstico
Clínico, epidemiológico e laboratorial. A identificação do T. pallidum confirma o diagnóstico. A
microscopia de campo escuro é a maneira mais rápida e eficaz para a observação do treponema, que se
apresenta móvel, porém a pesquisa direta se aplica somente a material retirado das lesões. O diagnóstico
sorológico baseia-se fundamentalmente em reações não-treponêmicas ou cardiolipínicas e reações
treponêmicas. A prova de escolha na rotina é a reação de VDRL, uma microaglutinação que utiliza a
cardiolipina.
O resultado é dado em diluições e esse é o método para seguimento da resposta terapêutica, pois
nota-se redução progressiva dos títulos. Sua desvantagem é a baixa especificidade, havendo reações
falso-positivas, devido a outras patologias. Para confirmação diagnóstica, utiliza-se um teste treponêmico
como o FTA-abs, que tem alta sensibilidade e especificidade, sendo o primeiro a positivar na infecção,
porém não é útil para seguimento.
O comprometimento do sistema nervoso é comprovado pelo exame do líquor, podendo ser
encontradas pleocitose, hiperproteinorraquia e positividade das reações sorológicas. O exame radiológico
de ossos longos é útil como apoio ao diagnóstico da Sífilis Congênita.

Tratamento
A penicilina á a droga de escolha para todas as formas de sífilis. Sífilis Congênita no período neonatal
(antes de 28 dias)
- Em qualquer circunstância, toda gestante deverá fazer VDRL quando da admissão hospitalar ou
imediatamente após o parto; todo recém-nascido cuja mãe apresente sorologia positiva para Sífilis deverá
fazer VDRL de sangue periférico Assim, todo Recém-nascidos de mães com Sífilis não tratada
independentemente do resultado do VDRL do recém-nascido, realizar: hemograma, radiografia de ossos
longos, punção lombar (na impossibilidade de realizar esse exame, tratar o caso como neurossífilis) e
outros exames, quando clinicamente indicados. De acordo com a avaliação clínica e de exames
complementares: a) se houver alterações clínicas e/ou sorológicas e/ou radiológicas e/ou hematológicas,

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o tratamento deverá ser feito com Penicilina G Cristalina, na dose de 50.000UI/Kg/dose, por via
endovenosa, a cada 12 horas (nos primeiros 7 dias de vida) e a cada 8 horas (após 7 dias de vida),
durante 10 dias; ou Penicilina G Procaína, 50.000UI/kg, dose única diária, IM, durante 10 dias; b) se
houver alteração liquórica, o tratamento deverá ser feito com Penicilina G Cristalina, na dose de
50.000UI/kg/dose, por via endovenosa, a cada 12 horas; c) se não houver alterações clínicas,
radiológicas, hematológicas e/ou liquóricas, e a sorologia for negativa, deve-se proceder o tratamento
com Penicilina G Benzatina, por via intramuscular, na dose única de 50.000UI/kg. O acompanhamento é
obrigatório, incluindo o seguimento com VDRL sérico após conclusão do tratamento. Sendo impossível
garantir o acompanhamento, o recém-nascido deverá ser tratado com o Esquema 1. Nas situações em
que o Recém-nascidos for de mãe com sífilis adequadamente tratada realizar o VDRL em amostra de
sangue periférico do recém-nascido; se esse for reagente com titulação maior do que a materna, e/ou na
presença de alterações clínicas, realizar hemograma, radiografia de ossos longos e análise do LCR: a)
se houver alterações clínicas e/ou radiológicas, e/ou hematológica sem alterações liquóricas, o tratamento
deverá ser feito como no item 1 de recém-nascidos de mães não tratadas ou inadequadamente tratadas;
b) se houver alteração liquórica, o tratamento deverá ser feito como no item 2 de recém-nascidos de mães
não tratadas ou inadequadamente tratadas; c) se for assintomático e o VDRL não for reagente, proceder
apenas ao seguimento clínico-laboratorial. Na impossibilidade de garantir o seguimento, deve-se proceder
ao tratamento com Penicilina G Benzatina, IM, na dose única de 50.000UI/Kg; d) se for assintomático e
tiver o VDRL reagente, com título igual ou menor que o materno, acompanhar clinicamente. Na
impossibilidade do seguimento clínico, investigar e tratar como no item 1 de recém-nascidos de mães não
tratadas ou inadequadamente tratadas (sem alterações de LCR) ou no item 2 de recém-nascidos de mães
não tratadas ou inadequadamente tratadas (se houver alterações no LCR).

Definição de caso
Em 2003, a definição de caso de sífilis congênita foi revisada, a principal modificação está no
agrupamento dos critérios da definição anterior em um único bloco, não mais utilizando a classificação
final de confirmado, presumível ou suspeito. Assim, todos os casos nos quais a definição se aplica serão
notificados como caso de sífilis congênita.
Será considerado caso de sífilis congênita para fins de vigilância epidemiológica e assim deverá ser
notificado:
Toda criança, ou aborto, ou natimorto de mãe com evidência clínica para sífilis e/ou com sorologia não
treponêmica reagente para sífilis com qualquer titulação, na ausência de teste confirmatório treponêmico,
realizada no pré-natal ou no momento do parto ou curetagem, que não tenha sido tratada ou tenha
recebido tratamento inadequado.
Todo indivíduo com menos de 13 anos com as seguintes evidências sorológicas:
Titulações ascendentes (testes não treponêmicos); e/ou
Testes não treponêmicos reagentes após 6 meses (exceto em situação de seguimento terapêutico);
e/ou
Testes treponêmicos reagentes após 18 meses; e/ou
Títulos em teste não treponêmico quatro vezes maiores do que os da mãe.
Em caso de evidência sorológica apenas, deve ser afastada a possibilidade de sífilis adquirida.
Todo indivíduo com menos de 13 anos, com teste não treponêmico reagente e: evidência clínica ou
liquórica ou radiológica de sífilis congênita.
Toda situação de evidência de T. pallidum em placenta ou cordão umbilical e/ou amostra de lesão,
biópsia ou necropsia de criança, aborto ou natimorto.

Medidas de controle
O Ministério da Saúde é signatário de acordo internacional que busca a “eliminação da sífilis
congênita”. Para alcançar esse objetivo está em andamento a implantação de atividades especiais para
eliminação, em aproximadamente 6.000 maternidades brasileiras. Deve-se observar a correta forma de
tratamento dos pacientes; a plena integração de atividades com outros programas de saúde; o
desenvolvimento de sistemas de vigilância locais ativos;
Interrupção da cadeia de transmissão (diagnóstico e tratamento adequados).
Aconselhamento (confidencial): orientações ao paciente com DST para que discrimine as possíveis
situações de risco em suas práticas sexuais; desenvolva a percepção quanto à importância do seu
tratamento e de seus parceiros sexuais e de comportamentos preventivos.
Promoção do uso de preservativos.
Aconselhamento aos parceiros.
Educação em saúde, de modo geral.

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Observação - As associações entre diferentes DST são frequentes, destacando- se, atualmente a
relação entre a presença de DST e aumento do risco de infecção pelo HIV, principalmente na vigência de
úlceras genitais.
Desse modo, se o profissional estiver capacitado a realizar aconselhamento, pré e pós teste para
detecção de anticorpos anti-HIV, quando do diagnóstico de uma ou mais DST, deve ser oferecida essa
opção ao paciente.
Portanto, toda DST constitui-se em evento sentinela para busca de outra doença sexualmente
transmissível e possibilidade de associação com o HIV. É necessário, ainda, registrar que o Ministério
da Saúde vem implementando a “abordagem sindrômica” aos pacientes de DST, visando aumentar a
sensibilidade no diagnóstico e tratamento dessas doenças, o que resultará em um maior impacto na
redução dessas infecções.

Síndrome da Rubéola Congênita

Vigilância Epidemiológica
Objetivo
Conhecer a magnitude da SRC e avaliar o impacto das estratégias de vacinação.
Detecção, notificação e investigação de casos suspeitos, orientação quanto a medidas de controle
adequadas e divulgação de informações.

Notificação
Doença de notificação compulsória e de investigação obrigatória.

Agente etiológico
Vírus RNA, gênero Rubivirus, família Togaviridae.

Reservatório
O homem.

Modo de transmissão
A infecção é adquirida por via intrauterina (transmissão vertical).

Período de incubação
Não há período definido.

Período de transmissibilidade
Lactentes com SRC podem eliminar o vírus através das secreções nasofaríngeas, sangue, urina e
fezes, por até 1 ano após o nascimento.

Diagnóstico
Clínico, epidemiológico e laboratorial. O feto infectado é capaz de produzir anticorpos específicos da
classe IgM e IgG para Rubéola, antes mesmo do nascimento. A presença de anticorpos IgM específicos
para Rubéola no sangue do recém-nascido é evidência de infecção congênita, haja vista que esse tipo
de imunoglobulina não ultrapassa a barreira placentária. Os anticorpos IgM podem ser detectados em
100% das crianças com SRC, até o 5º mês; em 60%, entre 6 a 12 meses; e em 40%, de 12 a 18 meses.
Raramente são detectados após o 18º mês. Anticorpos maternos da classe IgG podem ser transferidos
passivamente ao feto através da placenta, sendo, portanto, encontrados em recém-nascidos normais de
mães imunes à Rubéola.
Não é possível diferenciar os anticorpos IgG maternos dos produzidos pelo próprio feto, quando o
mesmo é infectado na vida intrauterina. Como a quantidade de IgG materno transferido ao feto vai
diminuindo com o tempo, desaparecendo por volta do 6º mês, a persistência dos níveis de anticorpos IgG
no sangue do RN é altamente sugestiva de infecção intrauterina.
A investigação laboratorial de casos suspeitos de SRC se faz colhendo uma amostra de sangue do
RN para realização dos testes sorológicos logo após o nascimento, quando há suspeita ou confirmação
de infecção materna durante a gestação, ou no momento da suspeita diagnóstica, nas crianças menores
de 1 ano.
Identificação do vírus: pode ser realizada a partir de secreções nasais, sangue, urina e líquor com
inoculação em cultura celular. A coleta desse material deverá ser realizada sempre que o resultado
sorológico indicar a presença de anticorpos IgM para Rubéola.

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Tratamento
Não há tratamento específico.

Definição de caso
a) Caso suspeito - Todo recém-nascido cuja mãe foi caso suspeito ou confirmado de rubéola durante
a gestação, ou toda criança de até 12 meses que apresente sinais clínicos compatíveis com infecção
congênita pelo vírus da rubéola, independente da história materna;
b) Caso confirmado por laboratório - O caso suspeito é confirmado quando há presença de
malformações congênitas e, pelo menos, uma das seguintes condições: presença de anticorpos IgM
específicos; título de anticorpos da classe IgG, detectados através de ensaio imunoenzimático (ELISA),
mantidos persistentemente elevados ou acima do esperado pela transferência passiva de anticorpos
maternos;
c) Caso confirmado pela clínica - O caso é compatível quando os resultados laboratoriais forem
insuficientes para confirmação do diagnóstico e o recém-nascido apresentar duas das complicações
relacionadas no Grupo 1 ou, uma do Grupo 1 associada a outra do Grupo 2, ou ainda, uma das
complicações do grupo 1, associada à história de infecção materna comprovada por laboratório ou através
vínculo epidemiológico durante a gestação:
Grupo 1) Catarata/glaucoma (interpretar como uma só manifestação), cardiopatia congênita, surdez,
retinopatia pigmentar.
Grupo 2) Púrpura trombocitopênica, hepatoesplenomegalia, icterícia, microcefalia, retardo mental,
meningoencefalite, radioluscências ósseas;
d) Caso de infecção congênita - Criança submetida a uma avaliação minuciosa na qual não foi
observada nenhuma das alterações permanentes ou progressivas, embora haja evidência laboratorial de
infecção pelo vírus da rubéola, podendo ou não apresentar manifestações transitórias. De fato, não se
trata de um caso de SRC;
e) Aborto ou perda fetal - Caso de abortamento ou de natimorto resultante de gestação durante a
qual se comprovou a ocorrência de rubéola, independente de confirmação de afecção no feto;
f) Caso descartado - Quando cumprir uma das seguintes condições: títulos de IgM e IgG ausentes
em crianças menores de 12 meses; títulos de IgG ausentes na mãe; títulos de IgG diminuindo em
velocidade compatível com a transferência de anticorpos maternos detectados por ensaio
imunoenzimático, a partir do nascimento; quando, por qualquer motivo, os resultados do exame sorológico
do recém-nascido não estiverem disponíveis e os dados clínicos forem insuficientes para confirmar o caso
pela clínica.

Teníase / Cisticercose

Vigilância Epidemiológica
Objetivo
Manter permanente articulação entre a vigilância sanitária do setor saúde e das secretarias de
agricultura, visando adoção de medidas sanitárias preventivas.

Notificação
Não é doença de notificação compulsória. Entretanto, os casos diagnosticados de teníase e
neurocisticercose devem ser informados aos serviços de saúde, visando mapear as áreas afetadas, para
que se possa adotar as medidas sanitárias indicadas.

Agente etiológico
A Taenia solium é a tênia da carne de porco e a Taenia saginata é a da carne bovina. Esses dois
cestódeos causam doença intestinal (Teníase) e os ovos da T. solium desenvolvem infecções somáticas
(Cisticercose).

Reservatório
O homem é o único hospedeiro definitivo da forma adulta da T. solium e da T. saginata. O suíno
doméstico ou javali é o hospedeiro intermediário da T. solium e o bovino é o hospedeiro intermediário da
T. saginata, por apresentarem a forma larvária (Cysticercus cellulosae e C. bovis, respectivamente) nos
seus tecidos.

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Modo de transmissão
A Teníase é adquirida pela ingesta de carne de boi ou de porco malcozida, que contém as larvas.
Quando o homem acidentalmente ingere os ovos de T. solium, adquire a Cisticercose. A Cisticercose
humana por ingestão de ovos de T. saginata não ocorre ou é extremamente rara.

Período de incubação
- Cisticercose humana: varia de 15 dias a anos após a infecção.
- Teníase: cerca de 3 meses após a ingesta da larva, o parasita adulto já é encontrado no intestino
delgado humano.

Período de transmissibilidade
Os ovos das tênias permanecem viáveis por vários meses no meio ambiente, contaminado pelas fezes
de humanos portadores de Teníase.

Diagnóstico
Clínico, epidemiológico e laboratorial. Como a maioria dos casos de Teníase é oligossintomático, o
diagnóstico comumente é feito pela observação do paciente ou, quando crianças, pelos familiares. Isso
ocorre porque os proglotes são eliminados espontaneamente e nem sempre são detectados nos exames
parasitológicos de fezes. Em geral, para se fazer o diagnóstico da espécie, coleta-se material da região
anal e, através do microscópio, diferencia-se morfologicamente os ovos da tênia dos demais parasitas.
Os estudos sorológicos específicos (fixação do complemento, imunofluorescência e hemaglutinação) no
soro e líquido cefalorraquiano confirmam o diagnóstico da neurocisticercose, cuja suspeita decorre de
exames de imagem: raios X (identifica apenas cisticercos calcificados), tomografia computado rizada e
ressonância nuclear magnética (identificam cisticercos em várias fases de desenvolvimento). A biópsia
de teci dos, quando realizada, possibilita a identificação microscópica da larva.

Definição de caso
Teníase - Indivíduo que elimina proglotes de tênia.
Cisticercose - paciente suspeito, com ou sem sintomatologia clínica, que apresenta imagens
radiológicas suspeitas de cisticercos; paciente suspeito com sorologia positiva para cisticercose e/ou
exames por imagem sugestivos da presença dos cistos.

Medidas de controle
a) Trabalho educativo da população - Uma das medidas mais eficazes no controle da
teníase/cisticercose é a promoção de extenso e permanente trabalho educativo nas escolas e nas
comunidades. A aplicação prática dos princípios básicos de higiene pessoal e o conhecimento dos
principais meios de contaminação constituem medidas importantes de profilaxia. O trabalho educativo da
população deve visar à conscientização, ou seja, a substituição de hábitos e costumes inadequados e
adoção de outros que evitem as infecções.
b) Bloqueio de foco do complexo teníase/cisticercose - Foco do complexo teníase/cisticercose
pode ser definido como sendo a unidade habitacional com pelo menos: indivíduos com sorologia positiva
para cisticercose; um indivíduo com teníase; um indivíduo eliminando proglótides; um indivíduo com
sintomas neurológicos suspeitos de cisticercose; animais com cisticercose (suína/bovina). Serão incluídos
no mesmo foco outros núcleos familiares que tenham tido contato de risco de contaminação. Uma vez
identificado o foco, os indivíduos deverão receber tratamento com medicamento específico.
c) Inspeção e fiscalização da carne - Essa medida visa reduzir, ao menor nível possível, a
comercialização ou o consumo de carne contaminada por cisticercos e orientar o produtor sobre medidas
de aproveitamento da carcaça (salga, congelamento, graxaria, conforme a intensidade da infecção),
reduzindo perdas financeiras e dando segurança para o consumidor.
d) Fiscalização de produtos de origem vegetal - A irrigação de hortas e pomares com água de rios
e córregos, que recebam esgoto ou outras fontes de águas contaminadas, deve ser coibida através de
rigorosa fiscalização, evitando a comercialização ou o uso de vegetais contaminados por ovos de Taenia.
e) Cuidados na suinocultura - Impedir o acesso do suíno às fezes humanas e a água e alimentos
contaminados com material fecal: essa é a forma de evitar a cisticercose suína.
f) Isolamento - Para os indivíduos com cisticercose ou portadores de teníase, não há necessidade de
isolamento. Para os portadores de teníase, entretanto, recomenda-se medidas para evitar a sua
propagação: tratamento específico, higiene pessoal adequada e eliminação de material fecal em local
adequado.

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g) Desinfecção concorrente - É desnecessária, porém é importante o controle ambiental através da
deposição correta dos dejetos (saneamento básico) e rigoroso hábito de higiene (lavagem das mãos após
evacuações, principalmente).

Tétano Acidental

Vigilância Epidemiológica
Objetivo
Monitorizar a situação epidemiológica do tétano acidental no país; avaliar o sistema de vigilância
epidemiológica; produzir e disseminar informação epidemiológica.

Notificação
Doença de notificação compulsória.

Agente etiológico
Clostridium tetani, bacilo gram-positivo, anaeróbio esporulado.

Reservatório
O Clostridium tetani.

Modo de transmissão
A transmissão ocorre pela introdução dos esporos em uma solução de continuidade da pele e mucosas
(ferimentos superficiais ou profundos de qualquer natureza), contaminados com terra, poeira, fezes de
animais ou humanas.

Período de incubação
Varia de 1 dia a alguns meses, mas geralmente é de 3 a 21 dias. Quanto menor for o tempo de
incubação, maior a gravidade e pior o prognóstico.

Período de transmissibilidade
O Tétano não é doença contagiosa, portanto não é transmitida diretamente de pessoa a pessoa.

Diagnóstico
Clínico-epidemiológico, não dependendo de confirmação laboratorial.

Tratamento
O doente deve ser internado em unidade assistencial apropriada, com mínimo de ruído, de
luminosidade, com temperatura estável e agradável. Casos graves têm indicação de terapia intensiva,
onde existe suporte técnico necessário para manejo de complicações e consequente redução das
sequelas e da letalidade. Os princípios básicos do tratamento do tétano são: sedação do paciente;
neutralização da toxina tetânica; erradicação do C. tetani do paciente, debridamento do foco infeccioso e
medidas gerais de suporte.

Definição de caso
a) Suspeito - Todo paciente que apresenta trismo e ou contraturas musculares localizadas ou
generalizadas, que não se justifiquem por outras etiologias, deve ser suspeito de tétano, particularmente
na ausência de história vacinal adequada. A falta de ferimento sugestivo de porta de entrada não afasta
a suspeita, pois nem sempre se detecta a porta de entrada do bacilo.
b) Confirmado - Todo caso suspeito que apresenta um ou mais dos seguintes sinais/sintomas, que
não se justifiquem por outras etiologias: hipertonia dos masseteres (trismo), disfagia, contratura dos
músculos da mímica facial (riso sardônico, acentuação dos sulcos naturais da face, pregueamento frontal,
diminuição da fenda palpebral), rigidez abdominal (abdome em tábua) contratura da musculatura
paravertebral (opistótono), da região cervical (rigidez da nuca), de membros (dificuldade para deambular),
independente da situação vacinal prévia, história prévia de tétano e de detecção de solução de
continuidade da pele ou mucosa. A lucidez do paciente reforça o diagnóstico

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Medidas de Controle
a) Vacinação - Manter altas coberturas vacinais da população de risco: pessoas portadoras de úlceras
de pernas crônicas, mal perfurante plantar decorrente de hanseníase e os trabalhadores de risco, tais
como agricultores, operários, da construção civil, indústria, donas de casa, aposentados;
Esquema vacinal de rotina - Em crianças abaixo de 7 anos usar vacina DTP no 2º, 4º e 6º meses.
Reforços (DT) aos 15 meses e com dT ou TT a cada 10 anos.
b) Profilaxia - Em relação à necessidade de imunização ativa e passiva, o quadro a seguir resume os
procedimentos recomendados.

Observações - são focos em potencial de contaminação pelo bacilo: ferimentos de qualquer natureza
contaminados por poeira, terra, fezes de animais ou humanas; fraturas expostas, com tecidos dilacerados
e corpos estranhos; queimaduras; mordeduras por animais. Todo ferimento suspeito deve ser lavado com
água e sabão, além de desbridamento. Após a remoção de tecido necrosado e de corpos estranhos,
deve-se fazer limpeza com água oxigenada. Ressalta-se que não é indicado o uso de Penicilina Benzatina
no tratamento do foco de infecção, porque não é eficaz.

c) Educação continuada da população em geral e a melhoria das condições socioeconômicas e


culturais são fundamentais no controle do tétano.

Tétano Neonatal

Vigilância Epidemiológica
Objetivo
Eliminação da doença no país.

Notificação
Doença de notificação compulsória e investigação obrigatória.

Agente etiológico
Clostridium tetani, bacilo gram-positivo, anaeróbico e esporulado produtor de várias toxinas, sendo a
tetanospasmina a responsável pelo quadro de contratura muscular.

Reservatório
O bacilo é encontrado no trato intestinal dos animais, especialmente do homem e do cavalo. Os
esporos são encontrados no solo contaminado por fezes, na pele, na poeira, em espinhos de arbustos e
pequenos galhos de árvores, em pregos enferrujados e em instrumentos de trabalho não esterilizados.

Modo de transmissão
Por contaminação, durante a manipulação do cordão umbilical ou dos cuidados inadequados do coto
umbilical, quando se utilizam de substâncias, artefatos ou instrumentos contaminados com esporos.

Período de incubação
Aproximadamente 7 dias (por isso conhecido por mal de 7 dias), podendo variar de 2 a 28 dias.

Período de transmissibilidade
Não é doença contagiosa, portanto, não existe transmissão de pessoa a pessoa.

Diagnóstico
Eminentemente clínico e/ou clínico-epidemiológico, não depende de confirmação laboratorial.

Tratamento
- Manter o paciente sob vigilância.
- Sedar o paciente, antes de qualquer procedimento (sedativos e miorrelaxantes de ação central ou
periférica).
- Adotar medidas gerais que incluem manutenção de vias áreas permeáveis (entubar para facilitar a
aspiração de secreções), hidratação, redução de qualquer tipo de estímulo externo, alimentação por
sonda e analgésicos.

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- Utilizar Imunoglobulina humana antitetânica (IGHAT) 1.000 a 3.000UI, dose única, somente via IM
(devido a existência de conservante) ou, na indisponibilidade, Soro Antitetânico (SAT), 10.000 a 20.000UI,
IM ou IV, diluídos em soro glicosado a 5%, em gotejamento por 2 a 4 horas.
- Antibioticoterapia: no caso de infecção do coto umbilical, a escolha é a Penicilina Cristalina, 50.000
a 100.000UI/kg/dia, 4/4 horas, por 7 a 10 dias, ou Metronidazol, 7,5 mg/dose, de 8/8 horas, por 7 a 10
dias.

Definição de caso
a) Suspeito - Todo recém-nascido que nasceu bem, sugou normalmente nas primeiras horas e entre
o 2º e o 28º dia de vida, após o nascimento, apresenta dificuldade em mamar, independente do estado
vacinal da mãe, do local e das condições do parto. Considera-se também suspeito todos óbitos nessa
mesma faixa etária com essas mesmas características com diagnóstico indefinido ou ignorado;
b) Confirmado - Todo recém-nascido que nasceu bem, sugou bem nas primeiras horas e a partir do
2º ao 28º dia de vida apresenta dificuldade evoluindo para deixar de mamar e apresenta dois ou mais dos
seguintes sinais/sintomas: trismo, contratura dos músculos da mímica facial, olhos cerrados, pele da
fronte pregueada, lábios contraídos, hiperflexão dos membros superiores junto ao tórax, hiperextensão
dos membros inferiores, crises de contraturas musculares, com inflamação ou não do coto umbilical.
c) Descartado - Todo caso suspeito, que após a investigação epidemiológica não preencher os
critérios de confirmação de caso.
Busca Ativa - Sistematicamente deve-se realizar a busca ativa, particularmente em áreas consideradas
de risco, silenciosa, onde há rumores, onde a notificação é inconsistente e irregular ou que não tem
notificado caso. Atividades de busca ativa devem incluir revisão de prontuários de hospitais e clínicas,
registros de igrejas, cemitérios e cartórios, conversas com pediatras, ginecologistas, obstetras,
enfermeiros, parteiras e líderes comunitários.
Conduta frente a um caso - Encaminhar a mãe para vacinação; divulgar a ocorrência do caso aos
gestores, aos profissionais de saúde (avaliar as falhas que favoreceram a ocorrência da doença, após
corrigi-las) e líderes comunitários e envolvê-los na vigilância e ações de prevenção permanente da
doença; promover vacinação em MIF esquema completo; cadastramento e treinamento de parteiras
tradicionais atuantes; fazer busca ativa de possíveis outros casos investigando todos os óbitos ocorridos
em menores de 28 dias de vida, sem diagnóstico definido.

Medidas de controle
Desde 1989, após resolução da Organização Mundial da Saúde-OMS para eliminação do tétano
neonatal no mundo, o Brasil elaborou e implantou o Plano Nacional de Eliminação, tendo por estratégias
principais a vacinação de 100% das mulheres em idade fértil, gestantes e não gestantes, melhoria da
cobertura e qualidade do pré-natal e da atenção ao parto e puerpério, e o cadastramento e capacitação
das parteira curiosas tradicionais atuantes em locais de difícil acesso, visando eliminar a ocorrência dessa
doença. Divulgar, junto à população em geral, as formas de prevenção do tétano neonatal orientando
quanto a não utilização de medidas caseiras no tratamento do coto umbilical e reforçando que a limpeza
do mesmo deve ser feita com água e sabão, secar bem e, se possível, usar álcool a 70%.

Toxoplasmose

Vigilância Epidemiológica
Objetivo
Não é doença objeto de ações de Vigilância Epidemiológica, entretanto, possui grande importância
para a saúde pública devido a sua prevalência, apresentação em pacientes com aids e pela gravidade
dos casos congênitos.

Notificação
Não é doença de notificação compulsória.

Agente etiológico
Toxoplasma gondii, um protozoário coccídio intracelular, pertencente à família Sarcocystidae, na
classe Sporozoa.

Reservatório
Os hospedeiros definitivos de T. gondii são os gatos e outros felídeos. Os hospedeiros intermediários
são os homens, outros mamíferos não felinos e as aves.

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Modo de transmissão - O homem adquire a infecção por três vias:
- Ingestão de oocistos provenientes do solo, areia, latas de lixo contaminado com fezes de gatos
infectados.
- Ingestão de carne crua e malcozida infectada com cistos, especialmente carne de porco e carneiro.
- Infecção placentária ocorrendo em 40% dos fetos de mães que adquiriram a infecção durante a
gravidez.

Período de incubação
De 10 a 23 dias, quando a fonte for a ingestão de carne; de 5 a 20 dias, após ingestão de oocistos de
fezes de gatos.

Período de transmissibilidade
Não se transmite diretamente de uma pessoa a outra, com exceção das infecções intrauterinas. Os
oocistos expulsos por felídeos esporulam e se tornam infectantes depois de 1 a 5 dias, podendo conservar
essa condição por 1 ano.

Diagnóstico diferencial
Citomegalovírus, malformações congênitas, sífilis, Rubéola, herpes, aids, kernicterus, neuro
Cisticercose, outras doenças febris.

Tratamento
O tratamento específico nem sempre é indicado nos casos em que o hospedeiro é imunocompetente,
exceto em infecção inicial durante a gestação ou na vigência de comprometimento de outros órgãos,
como coriorretinite e miocardite. Recomenda-se o tratamento em gestantes, recém-nascidos e pacientes
imunodeprimidos.

Medidas de controle
Evitar o uso de produtos animais crus ou malcozidos (caprinos e bovinos); eliminar as fezes dos gatos
infectados em lixo seguro; proteger as caixas de areia, para que os gatos não utilizem; lavar as mãos
após manipular carne crua ou terra contaminada; evitar contatos de grávidas com gatos.

Recomendação - Em virtude dos altos índices de infecção pelo T. gondii na população em geral, onde
geralmente os indivíduos Imunocompetentes não desenvolvem a doença, é imperativo que, na vigência
da toxoplasmose doença, o paciente seja avaliado quanto a possível associação com imunodeficiência.
Com o surgimento da aids, tem aumentado o número de casos de toxoplasmose. Esses pacientes, após
o tratamento específico e a cura clínica, devem receber tratamento profilático pelo resto da vida.

Tracoma

Vigilância Epidemiológica
Objetivos
Monitorar a situação epidemiológica do tracoma mediante a realização de busca ativa dos casos e
visita domiciliar dos contatos. Adotar medidas que permitam controlar a disseminação das formas
inflamatórias(TF/TI) e evitar sua evolução em formas sequelares (TS TT e CO), que podem levar à
cegueira.

Notificação
O tracoma não é uma doença de notificação compulsória nacional, sendo de notificação obrigatória
em algumas unidades federadas. No entanto, é uma doença sob vigilância epidemiológica, sendo
recomendável a realização de registros sistemáticos de casos detectados e tratados, o que permite avaliar
a situação epidemiológica, evolução e impacto das ações de controle.

Agente etiológico
Chlamydia trachomatis, uma bactéria gram negativa, dos sorotipos A, B, Ba e C.

Reservatório
O homem, com infecção ativa na conjuntiva ou outras mucosas.

Modo de transmissão

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Contato direto, pessoa a pessoa, ou contato indireto, por meio de objetos contaminados (toalhas,
lenços, fronhas). As moscas podem contribuir para a disseminação da doença, por transporte mecânico.

Período de incubação
De 5 a 12 dias.

Período de transmissibilidade
Enquanto existirem lesões ativas nas conjuntivas, que podem durar anos.

Diagnóstico
Essencialmente clínico-epidemiológico. O exame ocular deve ser feito por meio de lupa binocular, com
2,5 vezes de aumento. Na presença de sinais oculares característicos, é importante saber a procedência
do paciente para se fazer o vínculo epidemiológico.
O diagnóstico laboratorial do Tracoma é utilizado para a constatação do agente etiológico na
comunidade e não tem objetivos de confirmação de casos, no nível individual. A técnica laboratorial
padrão é a cultura de células, não sendo utilizada de rotina. Atualmente, tem-se utilizado a
imunofluorescência direta com anticorpos monoclonais, que apresenta alta especificidade e baixa
sensibilidade, disponível nos laboratórios da rede pública.

Tratamento
O tratamento deve ser realizado nas formas inflamatórias do Tracoma - Tracoma Infamatório Folicular/
TF e Tracoma Inflamatório Intenso/ TI - e consiste na administração de antibióticos de uso local/tópico ou
uso sistêmico.

Definição de caso
a) Suspeito - Todo paciente com história de conjuntivite prolongada, ou que referir sintomatologia
ocular de longa duração (ardor, prurido, sensação de corpo estranho, fotofobia, lacrimejamento e
secreção ocular), especialmente na faixa etária de 1 a 10 anos;
b) Confirmado - Qualquer paciente que, ao exame ocular, apresentar um ou mais dos seguintes sinais
presentes na conjuntiva tarsal superior, desprezando as bordas das pálpebras e os cantos:
Inflamação Tracomatosa Folicular (TF) - Presença na conjuntiva tarsal superior de no mínimo 5
folículos medindo mais de 0,5 mm;
Inflamação Tracomatosa Intensa (TI) - Predominância de infiltração e espessamento difuso da
conjuntiva tarsal superior não permitindo a visualização de mais de 50% dos vasos tarsais profundos;
Cicatrização Conjuntival Tracomatosa (TS) - Presença na conjuntiva tarsal superior de cicatriz (es)
de bordas retas, angulares ou estreladas;
Triquíase Tracomatosa (TT) - Quando pelo menos um dos cílios atrita o globo ocular, ou quando há
evidência de remoção de cílios;
Opacificação Corneana (CO) - Opacificação da córnea visível sobre a pupila obscurecendo pelo
menos uma parte da margem pupilar.

Medidas de controle
a) Relativas à fonte de infecção - Diagnóstico e tratamento individual e em massa, quando indicado;
busca ativa de casos nas escolas, casas e principalmente na família, a partir de um caso-índice, visando
tratamento e conscientização da população. Investigação epidemiológica de casos, prioritariamente em
instituições educacionais e/ou assistenciais, e domicílios que constituem locais de maior probabilidade de
transmissão da doença;
b) Educação em saúde - Planejar ações educativas. Buscar apoio dos meios de comunicação de
massa, como forma de divulgação e prevenção da doença, especialmente quanto à lavagem sistemática
do rosto. Orientar quanto ao uso correto da medicação, observação dos prazos de tratamento, e do
comparecimento às consultas clínicas subsequentes;
c) Articulação intersetorial - Desenvolver medidas de melhoria de habitação, saneamento básico e
ampliação de acesso ao abastecimento de água.

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360
Tuberculose

Vigilância epidemiológica
Objetivos
O principal objetivo da vigilância epidemiológica é identificar as possíveis fontes de infecção. Deve ser
feita investigação epidemiológica, entre os contatos de todo caso novo de Tuberculose e, prioritariamente,
nos contatos que convivam com doentes bacilíferos, devido ao maior risco de infecção e adoecimento
que esse grupo apresenta.

Notificação
Doença de notificação compulsória e investigação obrigatória.

Agente Etiológico
A tuberculose pode ser causada por qualquer uma das sete espécies que integram o complexo
Mycobacterium tuberculosis: M. tuberculosis, M. bovis, M. africanum, M. canetti, M. microti, M. pinnipedi
e M. caprae. Entretanto, do ponto de vista sanitário, a espécie mais importante é a M. tuberculosis.

Reservatório
O principal reservatório é o homem. Outros possíveis reservatórios são gado bovino, primatas, aves e
outros mamíferos.

Modo de Transmissão
A tuberculose é uma doença de transmissão aérea: ocorre a partir da inalação de aerossóis oriundos
das vias aéreas, expelidos pela tosse, espirro ou fala de doentes com tuberculose pulmonar ou laríngea.
Somente pessoas com essas formas de tuberculose ativa transmite a doença.
Os bacilos que se depositam em roupas, lençóis, copos e outros objetos dificilmente se dispersam em
aerossóis e, por isso, não desempenham papel importante na transmissão da doença.

Período de incubação
Após a infecção pelo M. tuberculosis, transcorrem, em média, 4 a 12 semanas para a detecção das
lesões primárias. A maioria dos novos casos de doença pulmonar ocorre em torno de 12 meses após a
infecção inicial.

Período de transmissibilidade
Enquanto o doente estiver eliminando bacilos e não houver iniciado o tratamento. Com o início do
esquema terapêutico recomendado, a transmissão é reduzida, gradativamente, a níveis insignificantes,
ao fim de poucos dias ou semanas. As crianças, com Tuberculose pulmonar, geralmente não são
infectantes.

Diagnóstico diferencial
Pneumonias, micoses pulmonares (paracoccidioidomicose, histoplasmose), sarcoidose e carcinoma
brônquico, dentre outras enfermidades.

Tratamento
A TB é uma doença curável em praticamente todos os casos sensíveis aos medicamentos
antituberculose, desde que obedecidos os princípios básicos da terapia medicamentosa (associação
medicamentosa adequada, doses corretas e uso por tempo suficiente) e a correta operacionalização do
tratamento.

Medidas de controle
As medidas de controle baseiam-se, principalmente, na busca de sintomáticos respiratórios, seu
diagnóstico e tratamento.
a) Controle de Contatos - Indicado, prioritariamente, para contatos que convivam com doentes
bacilíferos e adultos que convivam com doentes menores de 5 anos, para identificação da possível fonte
de infecção. Pacientes internados - Medidas de isolamento respiratório.
b) Vacinação com BCG - A faixa etária preconizada é de 0 a 4 anos (obrigatória para menores de 1
ano), iniciar o mais precocemente possível em maternidades e salas de vacinação. Está indicada nas
crianças HIV-Positivas assintomáticas e filhos de mães HIV-positivas. Pacientes adultos sintomáticos ou
assintomáticos, não deverão ser vacinados, se apresentarem contagem de linfócitos T (CD4) abaixo de

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200 células /mm3. Em criança que recebeu o BCG há seis meses ou mais, na qual esteja ausente a
cicatriz vacinal, indica-se a revacinação, sem necessidade de realização prévia do teste tuberculínico
(PPD). A revacinação é recomendada nas faixas etárias de 6 a 10 anos. Se a primeira dose for aplicada
com seis anos e mais, não há necessidade de revacinação.
É contraindicada a vacina nos indivíduos HIV-positivos sintomáticos, e nos portadores de
imunodeficiências congênitas ou adquiridas. Os trabalhadores de saúde, não reatores à prova
tuberculínica, que atendam habitualmente tuberculose e AIDS, deverão também ser vacinados com BCG.
Recomenda-se adiar a vacinação com BCG em recém-nascidos com peso inferior a 2 kg; reações
dermatológicas na área da aplicação, doenças graves e uso de drogas imunossupressoras.
Há contraindicação absoluta para aplicar a vacina BCG, nos portadores de imunodeficiências
congênitas ou adquiridas. Os eventos adversos são raros, podendo ocorrer formação de abscesso e/ou
ulceração, no local da aplicação; linfadenite regional, dentre outros.
c) Quimioprofilaxia - Consiste na administração de isoniazida em infectados pelo bacilo
(quimioprofilaxia secundária) ou não infectados (quimioprofilaxia primária), na dosagem de 10 mg/kg/dia
(até 300 mg), diariamente, por um período de 6 meses. Recomendada em contactantes de bacilíferos,
menores de 15 anos, não vacinados com BCG, reatores à prova tuberculínica (10mm ou mais), com
exame radiológico normal e sem sintomatologia clínica compatível com tuberculose; recém-nascidos
coabitantes de foco bacilífero: administra-se a quimioprofilaxia por três meses e, após esse período, faz-
se a prova tuberculínica na criança.
Se ela for reatora, mantém-se a isoniazida até completar 6 meses; se não for reatora, suspende-se a
droga e aplica-se a vacina BCG; Indivíduos com viragem tuberculínica recente (até 12 meses), isto é, que
tiveram aumento na resposta tuberculínica de, no mínimo, 10 mm;
População indígena: neste grupo, a quimioprofilaxia está indicada em todo o contato de tuberculose
bacilífera, reator forte ao PPD, independente da idade e do estado vacinal, após avaliação e afastada a
possibilidade de tuberculose doença, através da baciloscopia e do exame radiológico. Imunodeprimidos
por uso de drogas, ou por doenças imunossupressoras, e contatos intradomiciliares de tuberculosos, sob
criteriosa decisão médica.
Reatores fortes a tuberculina, sem sinais de tuberculose ativa, mas com condições clínicas associadas
a alto risco de desenvolvê-las, como: alcoolismo, diabetes insulinodependente, silicose, nefropatias
graves, sarcoidose, linfomas, pacientes com uso prolongado de corticosteroides em doses de
imunossupressão, pacientes submetidos a quimioterapia antineoplásica, paciente submetido a tratamento
com imunossupressores, portadores de imagens radiológicas compatíveis com tuberculose ativa, sem
história de quimioterapia prévia. Estes casos deverão ser encaminhados a uma unidade de referência
para a tuberculose.
Coinfectados HIV e M. Tuberculosis. Este grupo deve ser submetido à prova tuberculínica, sendo de
5mm em vez de 10 mm, o limite da reação ao PPD, para considerar-se uma pessoa infectada pelo M.
Tuberculosis. A quimioprofilaxia será aplicada segundo as indicações do quadro a seguir:

(1) O teste tuberculínico (PPD) deve ser sempre realizado na avaliação inicial do paciente HIV+,
independentemente do seu estado clínico ou laboratorial (contagem de células CD4+ e carga viral),

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devendo ser repetido anualmente nos indivíduos não reatores. Nos pacientes não reatores, e em uso de
terapia antirretroviral, recomenda-se fazer o teste a cada seis meses no primeiro ano de tratamento,
devido à possibilidade de restauração da resposta tuberculínica.
(2) A quimioprofilaxia com isoniazida (H) reduz o risco de adoecimento, a partir da reativação endógena
do bacilo, mas não protege contra exposição exógena após sua suspensão. Portanto, em situações de
possível reexposição ao bacilo da tuberculose, o paciente deverá ser reavaliado quanto à necessidade
de prolongamento da quimioprofilaxia (caso esteja em uso de isoniazida), ou de instauração de nova
quimioprofilaxia (caso esta já tenha sido suspensa).
(3) Pacientes com imunodeficiência moderada/grave e reação ao PPD >10 mm, sugere-se investigar
cuidadosamente tuberculose ativa (pulmonar ou extrapulmonar), antes de se iniciar a quimioprofilaxia.
(4) Indivíduos HIV+, contatos de pacientes com bacilíferos com tuberculose isoniazida - resistente
documentada, deverão ser encaminhados a uma unidade de referência, para realizar quimioprofilaxia
com rifampicina.

Observações
Não se recomenda a quimioprofilaxia nos HIV positivos, não reatores à tuberculina, com ou sem
evidências de imunodeficiência avançada. Deve-se repetir a prova tuberculínica a cada seis meses.
Em pacientes com raio-x normal, reatores à tuberculínica, deve-se investigar outras patologias ligadas
à infecção pelo HIV, antes de iniciar a quimioprofilaxia, devido à concomitância de agentes
oportunistas/manifestações atípicas de tuberculose mas frequentes nessas coortes.

d) Educação em Saúde - Esclarecimento quanto aos aspectos importantes.

Varicela / Herpes Zoster

Vigilância Epidemiológica
Objetivos
Fazer isolamento dos casos visando impedir a disseminação da doença.

Notificação
Não é doença de notificação compulsória.

Agente etiológico
Um vírus RNA, o Varicella-zoster, da família Herpesviridae.

Reservatório
O homem.

Período de incubação
Entre 14 a 16 dias, podendo variar entre 10 a 20 dias após o contato. Pode ser mais curto em pacientes
imunodeprimidos e mais longo após imunização passiva.

Período de transmissibilidade
Varia de 1 a 2 dias antes da erupção até 5 dias após o surgimento do primeiro grupo de vesículas.

Modo de transmissão
Pessoa a pessoa, pelo contato direto ou por secreções respiratórias (disseminação aérea de partículas
virais/aerossóis) e, raramente, através de contato com lesões. Também pode ser transmitida
indiretamente, por objetos contaminados com secreções de vesículas e membranas mucosas de
pacientes infectados.

Diagnóstico
Principalmente, clínico-epidemiológico.

Tratamento
- Sintomáticos: anti-histamínicos sistêmicos, para atenuar o prurido, e banhos de permanganato de
potássio, na diluição de 1:40.000. Havendo infecção secundária, recomenda-se o uso de antibióticos
sistêmicos. Varicela em crianças é uma doença benigna, que em geral não necessita de tratamento
específico.

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- Tópico: compressas de permanganato de potássio (1:40.000) e água boricada a 2%, várias vezes ao
dia. Deve-se ter o cuidado de proteger os olhos quando da aplicação do permanganato.

Medidas de controle
A vacina contra varicela, ainda não faz parte do calendário básico de vacinações, estando disponível
nos Centros de Referência de Imunobiológicos Especiais (CRIE) recomendada a seguir.
a) Em populações indígenas, em caso de surto a partir dos 6 meses e em qualquer idade, nos
indivíduos suscetíveis até 96 horas de contato;
b) Imunocomprometidos (leucemia linfocítica aguda e tumores sólidos em remissão (pelo menos 12
meses), desde que apresentem maior ou igual 1200 linfócitos/mm³, sem radioterapia; caso esteja em
quimioterapia, suspendê-la sete dias antes e sete dias depois da vacinação;
c) Profissionais de saúde, familiares suscetíveis a doença, Imunocompetentes que estejam em
convívio comunitário ou hospitalar com imunocomprometidos;
d) Susceptíveis a doença que serão submetidos a transplante de órgãos sólidos, pelo menos três
semanas antes do ato cirúrgico;
e) Pessoas suscetíveis à doença, imunocompetentes, no momento da internação em enfermaria onde
haja caso de varicela;
f) HIV - positivos, assintomáticos ou oligossintomático.

Administração da vacina é subcutânea e a dose varia de acordo com o laboratório produtor.


Eventos adversos - A literatura refere que os eventos adversos desta vacina são pouco significativos,
observando-se em torno de 6% em crianças e de 10 a 21% em adultos suscetíveis, as manifestações
como dor, calor e rubor.

Contraindicação
a) Pacientes imunocomprometidos, exceto nos casos previstos nas indicações;
b) Durante o período de três meses após terapia imunodepressora;
c) Durante um mês após o uso de corticosteroides em dose imunodepressora (equivalente a
2mg/kg/dia ou mais de prednisona durante 14 dias ou mais);
d) Gestação: após a vacinação, mulheres em idade fértil devem evitar a gravidez durante um mês;
e) Reação anafilática a dose anterior da vacina ou a algum de seus componentes.
Precauções: Não utilizar salicilatos durante seis semanas após a vacinação, por ter sido
temporalmente associado à ocorrência de Síndrome de Reye.

Precauções - Não utilizar salicilatos durante seis semanas após a vacinação, por ter sido
temporalmente associado à ocorrência de Síndrome de Reye.

Imunoglobulina Humana Antivaricela-Zoster (IGHAVZ) - Sua utilização também deve ser de no


máximo até 96 horas depois de ter ocorrido o contato, o mais precocemente possível. Está disponível nos
Centros de Referência de Imunobiológicos
Especiais (CRIE), de acordo com as recomendações a seguir.
a) Nas crianças menores de 6 meses de idade (em situações de surto);
b) Crianças e adultos imunocomprometidos em qualquer idade;
c) Gestantes;
d) Recém-nascidos de mães nas quais a varicela surgiu nos últimos 5 dias de gestação ou nos 2
primeiros dias após o parto; e cuja mãe não teve varicela.
e) Recém-nascidos prematuros, com menos de 28 semanas de gestação (ou com menos de 1000g ao
nascimento) independente de história materna de varicela.

Administração - Intramuscular.
Dose - Única de 125U/10kg (mínima de 125U e máxima de 625U).
Contraindicações e Eventos Adversos - Não há contra- indicação ao uso de IGHAVZ, e, o evento
adverso mais observado é a dor local.

Nota - crianças vacinadas com menos de 6 meses de idade devem receber uma 2ª dose após
completar os 12 meses.

A vacina contra varicela, consta da rotina de toda população indígena, fase a situação de risco
acrescido que está população vive, bem como a alta letalidade observada nestes povos.

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Medidas gerais
Lavar as mãos após tocar lesões potencialmente infecciosas.

Medidas específicas
Isolamento - Crianças com varicela não complicada podem retornar à escola no 6º dia após o
surgimento do rush cutâneo. Crianças imunodeprimidas ou que apresentam curso clínico prolongado só
deverão retornar às atividades após o término da erupção vesicular.
Pacientes internados - isolamento.
Desinfecção - Concorrente dos objetos contaminados com secreções nasofaríngeas.

Antraz59

O antraz é uma toxinfecção causada pelo Bacillus anthracis, bactéria do solo e da vegetação. É uma
doença comum entre animais, como gado bovino, camelos, ovelhas, antílopes, cães e cabras e é
adquirido por eles por meio de sua alimentação.
O bacilo causador da infecção pode esporular e, consequentemente, resistir a altos níveis de calor ou
frio durante muito tempo até ter condições ideais para seu desenvolvimento.
O homem geralmente só é infectado quando exposto a animais contaminados ou quando tem contato
ou consome carne e derivados de animais contaminados. O antraz não é transmitido de pessoa para
pessoa.

Existem três formas clínicas da infecção na espécie humana:


1. Antraz cutâneo - adquirido quando se manuseia produtos infectados.
2. Antraz pulmonar - adquirido por aspiração de material infectante.
3. Antraz gastrintestinal - adquirido quando se ingere carne contaminada dos animais infectados.

Os sintomas da doença dependem da forma como ela foi adquirida.


Na forma cutânea, a infecção se dá principalmente nos braços, com o aparecimento de coceiras e
pequenos inchaços, de aspecto semelhante a uma picada de inseto, que podem se transformar em
dolorosas ulcerações com até 3cm de diâmetro. Com o tempo a úlcera necrosa e as glândulas linfáticas
podem inchar. De 5 a 20% dos casos não tratados podem resultar em morte.
Na forma pulmonar, o antraz se manifesta inicialmente parecendo um resfriado comum. Começa com
a proliferação do bacilo na árvore respiratória, depois as toxinas produzidas pelas bactérias invadem a
corrente sanguínea tornando a infecção altamente letal, pois o diagnóstico em geral é estabelecido
tardiamente.
Na forma gastrintestinal surge uma inflamação aguda no intestino. Logo a seguir o paciente passa a
ter náuseas, perde o apetite, vomita sangue, tem febre, dores abdominais e forte diarreia. Os casos não
tratados chegam a 25% de letalidade.
O diagnóstico da doença é feito através de exame bacteriológico do material das lesões, cultura e
testes imunológicos. O tratamento é realizado com o uso de antibióticos específicos.
Para prevenção da doença é necessário controle da infecção animal através da vacinação dos
rebanhos, da esterilização dos materiais contaminados e da higiene ambiental.
O diagnóstico na fase aguda é estabelecido pela demonstração do parasito através de pesquisa no
sangue, por cultura ou por imunodiagnóstico. Na fase crônica, o xenodiagnóstico e principalmente o
imunodiagnóstico são os procedimentos mais adotados.
A prevenção e controle através do combate sistemático aos vetores, mediante o emprego de
inseticidas eficazes, construção ou melhoria das habitações de maneira a torná-las pouco próprias à
proliferação dos triatomíneos, eliminação dos animais domésticos infectados, uso de cortinados nas
casas infestadas pelos vetores, controle e descarte do sangue contaminado pelo parasita e seus
derivados.

Rotavírus60

O Rotavírus (vírus RNA da família Reoviridae, do gênero Rotavírus) é um dos principais agentes virais
causadores das doenças diarreicas agudas (DDA) e uma das mais importantes causas de diarreia grave
em crianças menores de cinco anos no mundo, particularmente nos países em desenvolvimento.

59
http://www.fiocruz.br/bibmang/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=85&sid=106
60
http://saude.gov.br/saude-de-a-z/rotavirus

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Pessoas de todas as idades são suscetíveis à infecção por rotavírus, no entanto, a gastroenterite, ou
seja, a manifestação clínica, é mais prevalente em crianças menores de cinco anos. Recém-nascidos
normalmente têm infecções mais leves ou assintomáticas, provavelmente devido à amamentação e aos
anticorpos maternos transferidos pela mãe.

Sintomas
Os sinais e sintomas clássicos do Rotavírus (rotavirose), principalmente na faixa etária dos seis meses
aos dois anos, são as ocorrências repentinas de vômitos. Na maioria das vezes, também podem aparecer,
junto com os vômitos:
- Diarreia com aspecto aquoso, gorduroso e explosivo;
- Febre alta.

Podem ocorrer formas leves e subclínicas nos adultos e formas assintomáticas na fase neonatal e
durante os quatro primeiros meses de vida.

Nas formas graves, o Rotavírus (rotavirose) pode provocar:


- Desidratação;
- Febre;
- Morte.

Diagnóstico
O desenvolvimento de imunoensaios, testes de látex e eletroforese tornaram o diagnóstico do
Rotavírus (rotavirose) viável em todo o mundo, por serem rápidos, sensíveis, específicos, baratos e fáceis
de executar em laboratórios mais simples.
O rotavírus pode ser cultivado a partir de amostras de fezes e métodos de detecção molecular, os
quais, apesar de não serem necessários para o diagnóstico de rotina, permitem a comparação dos
rotavírus identificados com os utilizados na constituição das vacinas disponíveis.
O diagnóstico de rotavírus nos serviços públicos de saúde ocorre a partir da coleta da amostra de fezes
frescas (in natura), em torno de 5 a 10ml, sem conservantes. Posteriormente, a amostra deve ser
armazenada em frasco/pote com tampa rosqueada devidamente identificado, e enviada ao laboratório da
rede de saúde pública para análise.
Diante da suspeita de rotavírus, deve ser realizado o diagnóstico diferencial considerando-se todos os
microrganismos capazes de causar doenças diarreicas agudas. Recomenda-se, portanto, a coleta
simultânea de amostras de fezes para análise viral, bacteriana e parasitológica.

Transmissão
O Rotavírus (rotavirose) é transmitido pela via fecal-oral (contato pessoa a pessoa, ingestão de água
e alimentos contaminados, contato com objetos contaminados, e propagação aérea por aerossóis) e é
encontrado em altas concentrações nas fezes de crianças infectadas.
O período de incubação é de dois dias, em média. Quanto à transmissibilidade excreção viral máxima
acontece nos 3º e 4º dias a partir dos primeiros sintomas. Apesar disso, é possível detectar rotavírus nas
fezes de pacientes mesmo após a completa resolução da diarreia.

Tratamento
Como o Rotavírus (rotavirose) geralmente é autolimitado, o paciente deve ser tratado por meio da
reposição de líquidos e minerais, para prevenir ou corrigir a desidratação, e manejo nutricional adequado.

Em resumo, após a avaliação clínica do paciente, o tratamento adequado deve ser estabelecido
conforme o Manejo das Doenças Diarreicas Agudas:
- Correção da desidratação e do desequilíbrio eletrolítico (Planos A,B ou C);
- Combate à desnutrição;
- Uso adequado de medicamentos;
- Prevenção das complicações.

Prevenção
Algumas medidas podem prevenir a infecção por Rotavírus (rotavirose), como a administração da
vacina para rotavírus humano G1P1[8] (atenuada) em crianças menores de seis meses. O esquema de
vacinação é de duas doses exclusivamente por via oral, sendo a primeira aos 2 meses e a segunda aos
4 meses de idade com intervalo mínimo de 30 dias entre as doses.

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A vacina é contraindicada nos seguintes casos: imunodeficiência, uso de imunossupressores ou
quimioterápicos, história de doença gastrointestinal crônica, má-formação congênita do trato digestivo
não corrigida, história prévia de invaginação intestinal ou história de hipersensibilidade a qualquer
componente da vacina.

Outras ações de prevenção incluem práticas de higiene e consumo adequado de alimentos, tais como:
- Lavar sempre as mãos antes e depois de utilizar o banheiro, trocar fraldas, manipular/preparar os
alimentos, amamentar, tocar em animais;
- Lavar e desinfetar as superfícies, utensílios e equipamentos usados na preparação de alimentos;
- Proteger os alimentos e as áreas da cozinha contra insetos, animais de estimação e outros animais
(guardar os alimentos em recipientes fechados);
- Guardar a água tratada em vasilhas limpas e de boca estreita para evitar a recontaminação;
- Não utilizar água de riachos, rios, cacimbas ou poços contaminados;
- Ensacar e manter a tampa do lixo sempre fechada. Quando não houver coleta de lixo, este deve ser
enterrado;
- Usar sempre a privada, mas se isso não for possível, enterrar as fezes sempre longe dos cursos de
água;
- Manter o aleitamento materno (aumenta a resistência das crianças contra as diarreias), evitando o
desmame precoce.

H1N1

A gripe H1N161 consiste em uma doença causada por uma mutação do vírus da gripe. Também
conhecida como gripe Influenza tipo A ou gripe suína, ela se tornou conhecida quando afetou grande
parte da população mundial entre 2009 e 2010.
Os sintomas da gripe H1N1 são bem parecidos com os da gripe comum e a transmissão também
ocorre da mesma forma. O problema da gripe H1N1 é que ela pode levar a complicações de saúde muito
graves, podendo ser fatal. O vírus vive por duas a oito horas em superfícies e lavar as mãos com
frequência ajuda a reduzir as chances de contaminação.
Acredita-se que o H1N1 possa ser transmitido da mesma maneira pela qual se transmite a gripe
comum. Os vírus da influenza se disseminam de pessoa para pessoa, especialmente através de tosse ou
espirros das pessoas infectadas. Algumas vezes, elas podem se infectar tocando objetos que estão
contaminados com os vírus da influenza e depois tocando sua boca ou o nariz.

Prevenção
A prevenção da gripe H1N1 segue as mesmas regras da prevenção de qualquer tipo de gripe, que
incluem:
• Evitar manter contato muito próximo com uma pessoa que esteja infectada;
• Lavar sempre as mãos com água e sabão e evitar levar as mãos ao rosto e, principalmente, à boca;
• Sempre que possível, ter um frasco com álcool-gel para garantir que as mãos sempre estejam
esterilizadas;
• Manter hábitos saudáveis, alimentar-se bem e beber bastante água;
• Não compartilhar utensílios de uso pessoal, como toalhas, copos, talheres e travesseiros;
• Caso haja indicação, utilizar uma máscara para proteger-se de gotículas infectadas que possam estar
no ar;
• Evitar frequentar locais fechados ou com muitas pessoas.

A vacinação é uma estratégia de prevenção da gripe H1N1. Ela é capaz de promover imunidade
durante o período de maior circulação dos vírus influenza reduzindo o risco de formas graves da doença.
No geral, a detecção de anticorpos protetores se dá entre duas a três semanas após a vacinação e, em
média, confere proteção de seis a doze meses, sendo que o pico máximo de anticorpos ocorre após
quatro a seis semanas da vacinação.

61
http://www.iff.fiocruz.br/index.php/8-noticias/239-h1n1sintomas

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367
Tratamento
O tratamento da gripe H1N1 é feito principalmente com o objetivo de aliviar os sintomas e ajudar o
corpo a se recuperar mais rápido. Uma vez com gripe, deve-se procurar ajuda do médico sempre, pois
esta doença pode causar complicações graves como pneumonia e morte.
O médico irá avaliar e definir o tratamento adequado que, normalmente envolve o uso de
medicamentos e de cuidados em casa, como beber bastante água para prevenir a desidratação,
descansar e evitar o contato com outras pessoas, a fim de evitar a transmissão.

É importante saber reconhecer os sinais de gravidade nas crianças gripadas para evitar complicações
graves. Nos pequenos, os sinais indicadores de atendimento médico de emergência incluem:
• Respiração rápida ou dificuldade para respirar;
• Pele azulada (cianose) ou acinzentada;
• Ingestão insuficiente de líquidos;
• Vômito acentuado ou persistente;
• A criança não acorda ou não apresenta sinais de interação (fica apática);
• Irritabilidade;
• Os sintomas da gripe melhoram, mas depois retornam acompanhados de febre e a tosse piora.

Coronavírus

Coronavírus62 é uma família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do
coronavírus foi descoberto em 31/12/19 após casos registrados na China. Provoca a doença chamada de
coronavírus (COVID-19).
Os primeiros coronavírus humanos foram isolados pela primeira vez em 1937. No entanto, foi em 1965
que o vírus foi descrito como coronavírus, em decorrência do perfil na microscopia, parecendo uma coroa.
A maioria das pessoas se infecta com os coronavírus comuns ao longo da vida, sendo as crianças
pequenas mais propensas a se infectarem com o tipo mais comum do vírus. Os coronavírus mais comuns
que infectam humanos são o alpha coronavírus 229E e NL63 e beta coronavírus OC43, HKU1.
As investigações sobre as formas de transmissão do coronavírus ainda estão em andamento, mas a
disseminação de pessoa para pessoa, ou seja, a contaminação por gotículas respiratórias ou contato,
está ocorrendo. Qualquer pessoa que tenha contato próximo (cerca de 1m) com alguém com sintomas
respiratórios está em risco de ser exposta à infecção.
É importante observar que a disseminação de pessoa para pessoa pode ocorrer de forma continuada.
Alguns vírus são altamente contagiosos (como sarampo), enquanto outros são menos. Ainda não está
claro com que facilidade o coronavírus se espalha de pessoa para pessoa.

Apesar disso, a transmissão dos coronavírus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com
secreções contaminadas, como:
- Gotículas de saliva;
- Espirro;
- Tosse;
- Catarro;
- Contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão;
- Contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.

Os coronavírus apresentam uma transmissão menos intensa que o vírus da gripe.


O período médio de incubação por coronavírus é de 5 dias, com intervalos que chegam a 12 dias,
período em que os primeiros sintomas levam para aparecer desde a infecção.
A transmissibilidade dos pacientes infectados por SARSCoV é em média de 7 dias após o início dos
sintomas. No entanto, dados preliminares do coronavírus (SARS-CoV-2) sugerem que a transmissão
possa ocorrer mesmo sem o aparecimento de sinais e sintomas. Até o momento, não há informações
suficientes de quantos dias anteriores ao início dos sinais e sintomas uma pessoa infectada passa a
transmitir o vírus.

62
https://www.saude.gov.br/saude-de-a-z/coronavirus

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368
Tipos de Coronavírus
Os tipos de coronavírus conhecidos até o momento são:
- Alpha coronavírus 229E e NL63.
- Beta coronavírus OC43 e HKU1.
- SARS-CoV (causador da Síndrome Respiratória Aguda Grave ou SARS).
- MERS-CoV (causador da Síndrome Respiratória do Oriente Médio ou MERS).
- SARS-CoV-2: novo tipo de vírus do agente coronavírus, chamado de coronavírus, que surgiu na
China em 31 de dezembro de 2019.

Alguns coronavírus podem causar doenças graves com impacto importante em termos de saúde
pública, como a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS), identificada em 2002, e a Síndrome
Respiratória do Oriente Médio (MERS), identificada em 2012.

Sintomas
Os sinais e sintomas do coronavírus são principalmente respiratórios, semelhantes a um resfriado.
Podem, também, causar infecção do trato respiratório inferior, como as pneumonias. No entanto, o
coronavírus (SARS-CoV-2) ainda precisa de mais estudos e investigações para caracterizar melhor os
sinais e sintomas da doença.

Os principais são sintomas conhecidos até o momento são:


- Febre.
- Tosse.
- Dificuldade para respirar.

Prevenção
O Ministério da Saúde orienta cuidados básicos para reduzir o risco geral de contrair ou transmitir
infecções respiratórias agudas, incluindo o coronavírus. Entre as medidas estão:

Lavar as mãos frequentemente com água e sabonete por pelo menos 20 segundos, respeitando os 5
momentos de higienização. Se não houver água e sabonete, usar um desinfetante para as mãos à base
de álcool.
- Evitar tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas.
- Evitar contato próximo com pessoas doentes.
- Ficar em casa quando estiver doente.
- Cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar com um lenço de papel e jogar no lixo.
- Limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com freqüência.

Profissionais de saúde devem utilizar medidas de precaução padrão, de contato e de gotículas


(máscara cirúrgica, luvas, avental não estéril e óculos de proteção).
Para a realização de procedimentos que gerem aerossolização de secreções respiratórias como
intubação, aspiração de vias aéreas ou indução de escarro, deverá ser utilizado precaução por aerossóis,
com uso de máscara N95.

Diagnóstico
O diagnóstico do coronavírus é feito com a coleta de materiais respiratórios (aspiração de vias aéreas
ou indução de escarro). É necessária à coleta de duas amostras na suspeita do coronavírus.
As duas amostras serão encaminhadas com urgência para o Laboratório Central de Saúde Pública
(Lacen).
Uma das amostras será enviada ao Centro Nacional de Influenza (NIC) e outra amostra será enviada
para análise de metagenômica.
Para confirmar a doença é necessário realizar exames de biologia molecular que detecte o RNA viral.
O diagnóstico do coronavírus é feito com a coleta de amostra, que está indicada sempre que ocorrer a
identificação de caso suspeito.

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Orienta-se a coleta de aspirado de nasofaringe (ANF) ou swabs combinado (nasal/oral) ou também
amostra de secreção respiratória inferior (escarro ou lavado traqueal ou lavado bronca alveolar).
Os casos graves devem ser encaminhados a um Hospital de Referência para isolamento e tratamento.
Os casos leves devem ser acompanhados pela Atenção Primária em Saúde (APS) e instituídas medidas
de precaução domiciliar.

Tratamento
Não existe tratamento específico para infecções causadas por coronavírus humano. No caso do
coronavírus é indicado repouso e consumo de bastante água, além de algumas medidas adotadas para
aliviar os sintomas, conforme cada caso, como, por exemplo:
- Uso de medicamento para dor e febre (antitérmicos e analgésicos).
- Uso de umidificador no quarto ou tomar banho quente para auxiliar no alívio da dor de garanta e
tosse.

Assim que os primeiros sintomas surgirem, é fundamental procurar ajuda médica imediata para
confirmar diagnóstico e iniciar o tratamento.
Todos os pacientes que receberem alta durante os primeiros 07 dias do início do quadro (qualquer
sintoma independente de febre), devem ser alertados para a possibilidade de piora tardia do quadro
clínico e sinais de alerta de complicações como: aparecimento de febre (podendo haver casos iniciais
sem febre), elevação ou reaparecimento de febre ou sinais respiratórios, taquicardia (aumento dos
batimentos cardíacos), dor pleurítica (dor no peito), fadiga (cansaço) e dispneia (falta de ar).

Questões

01. (Prefeitura de Fraiburgo/SC - Agente de Combate a Endemias - FEPESE/2019) A dengue é


uma doença infecciosa febril aguda, que pode ser de curso benigno ou grave, dependendo da forma como
se apresenta.
As medidas de controle, uma vez que não há vacina ou drogas antivirais específicas, se restringem
ao(à):
(A) Controle do vetor.
(B) Saneamento básico.
(C) Quimioterapia específica.
(D) Busca ativa de casos suspeitos.
(E) Isolamento de casos confirmados.

02. (Prefeitura de Fraiburgo/SC - Agente de Combate a Endemias - FEPESE/2019) “…A


transmissão se faz pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti, no ciclo homem - Aedes aegypti -
homem. Após um repasto de sangue infectado, o mosquito está apto a transmitir o vírus, depois de 8 a
12 dias de incubação extrínseca…”
Essa descrição se refere ao modo de transmissão da:
(A) Raiva.
(B) Dengue.
(C) Hanseníase.
(D) Leptospirose.
(E) Leishmaniose.

03. (Prefeitura de Itapevi/SP - Agente de Combate a Endemias - VUNESP/2019) A dengue é um


problema de saúde pública no Brasil, pois as condições do meio ambiente favorecem a proliferação do
Aedes aegypti, principal mosquito transmissor dessa doença, que é
(A) infecciosa e causada por um vírus o qual pode ser de quatro sorotipos diferentes: DEN-1, DEN-2,
DEN-3 e DEN-4.
(B) de veiculação hídrica e provocada por vírus e bactérias, causando, respectivamente, dengue
clássica e dengue hemorrágica.
(C) inflamatória e causada por vírus, os quais podem ser de dois tipos diferentes e causam dengue
clássica e dengue hemorrágica.
(D) infecciosa e causada por protozoários, os quais podem ser de quatro sorovares diferentes: SOR-
1, SOR-2, SOR-3, SOR-4.

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(E) infecciosa e causada por dois agentes etiológicos diferentes: vírus, que pode causar a dengue
clássica; e protozoário, que causa a dengue hemorrágica, cuja gravidade é maior.

04. (IF/TO - Técnico em Enfermagem - IF/TO/2019) As hepatites virais são doenças provocadas por
diferentes agentes etiológicos, com tropismo primário pelo tecido hepático, que podem apresentar
características epidemiológicas, clínicas e laboratoriais semelhantes, porém, com importantes
particularidades. As hepatites virais têm grande importância, pelo número de indivíduos atingidos e pela
possibilidade de complicações das formas agudas e crônicas. Os meios de transmissão dependem de
cada agente etiológico e variam de fecal-oral, parenteral, sexual, por meio de transfusões sanguíneas.
Entre os tipos de hepatites, uma se destaca por ser um vírus defectivo, satélite do HBV (Hepatite B), que
precisa do HBsAg para realizar sua replicação. Em razão da sua dependência funcional do vírus da
hepatite B, este vírus tem mecanismos de transmissão idênticos aos da HBV. A alternativa que descreve
esta hepatite é:
(A) Hepatite G.
(B) Hepatite A.
(C) Hepatite D.
(D) Hepatite C.
(E) Hepatite E.

05. (Prefeitura de Campinas/SP - Médico Psiquiatra - VUNESP/2019) Segundo recomendações do


Ministério da Saúde, a forma intestinal da amebíase é mais bem tratada, em primeira escolha, com
(A) tinidazol.
(B) mebendazol.
(C) secnidazol.
(D) metronidazol.
(E) teclozam.

06. (STJ - Técnico Judiciário - Enfermagem - CESPE/2018) Julgue os próximo item, relativo ao meio
de transmissão das hepatites virais.
A transmissão do vírus da hepatite A (HAV) ocorre majoritariamente por via parenteral, por isso o risco
de transmissão é maior entre pessoas que compartilham seringas, agulhas e outros instrumentos para
uso de drogas.
( ) Certo
( ) Errado

07. (Prefeitura de Buritizal/SP - Agente Comunitário de Saúde - VUNESP/2018) A raiva é uma


doença infecciosa aguda, caracterizada por um quadro neurológico. No meio urbano, os principais
reservatórios são o cão e o gato. Na prevenção da raiva, o ACS dá à população a seguinte orientação:
(A) animais silvestres podem ser criados como animais de estimação.
(B) em caso de agressão por animal desconhecido, deve-se passar álcool gel no local.
(C) em caso de agressão por cão ou gato, deve ser observada a evolução da mordedura por 10 dias.
(D) cães e gatos devem ser vacinados contra raiva e mantidos domiciliados.
(E) cães agressores devem ser encaminhados para o Centro de Controle de Zoonoses e sacrificados
imediatamente.

08. (UFF - Médico Veterinário - CONSEAC/2017) A leptospirose é causada por uma bactéria do
gênero Leptospira. Os principais animais considerados como reservatórios são:
(A) furão, rato, gambá, codorna.
(B) frango, bovino, gato, gavião.
(C) macaco-prego, esquilo.
(D) rato, cão, bovino, suíno.
(E) hamster, cobaia, coelho, frango.

09. (Prefeitura de Fronteira/MG - Agente de Combate a Endemias - Máxima) A malária, desde a


antiguidade, foi um dos principais flagelos da humanidade e atualmente cerca de 300 milhões de pessoas
contraem a doença por ano em todo o mundo. Assinale a resposta CORRETA sobre a transmissão da
doença:
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(A) 90% da transmissão da malária no Brasil concentram-se no estado de Goiás.
(B) Sua transmissão se dá pelo mosquito Aedes aegypti.
(C) Sua incidência vem aumentando a partir dos anos 70 e quase 100% da transmissão se encontra
na região sul do Brasil.
(D) Sua transmissão é feita por um mosquito do gênero Anopheles.

Gabarito

01.A / 02.B / 03.A / 04.C / 05.C / 06.Errado / 07.D / 08.D / 09.D

Comentários

01. Resposta: A
As medidas de controle se restringem ao vetor Aedes aegypti, uma vez que não se tem ainda vacina
ou drogas antivirais específicas. O combate ao vetor deve desenvolver ações continuadas de inspeções
domiciliares, eliminação e tratamento de criadouros, priorizando atividades de educação em saúde e
mobilização social. A finalidade das ações de rotina é manter a infestação do vetor em níveis
incompatíveis com a transmissão da doença.

02. Resposta: B
A principal forma de transmissão de dengue, chikungunya e Zika se faz pela picada de fêmeas
infectadas de A. aegypti no ciclo homem - A. aegypti - homem.

03. Resposta: A
A dengue é causada por um vírus RNA, arbovírus do gênero Flavivírus, pertencente à família
Flaviviridae. Até o ano de 2016, são conhecidos quatro sorotipos: DENV 1, DENV 2, DENV 3 e DENV 4.

04. Resposta: C
Modo de transmissão
Semelhante ao da Hepatite B, ou seja, por via sexual, solução de continuidade (pele e mucosa),
transfusões de sangue, procedimentos médicos e odontológicos e hemodiálises sem as adequadas
normas de biossegurança, transmissão vertical (mãe-filho), contatos íntimos domiciliares
(compartilhamento de escova dental e lâminas de barbear), acidentes perfurocortantes, compartilhamento
de seringas e de material para a realização de tatuagens e piercings. A transmissão vertical depende da
carga viral do HBV. Outros líquidos orgânicos (sêmen, secreção vaginal, leite materno) podem conter o
vírus e constituir-se como fonte de infecção.

05. Resposta: D
Tratamento
1ª Opção
- Formas intestinais: Secnidazol - Adultos: 2g, em dose única.
Crianças: 30mg/kg/dia, VO, não ultrapassando o máximo de 2g/dia. Deve ser evitado no 1º trimestre
da gravidez e durante a amamentação.

06. Resposta: Errado


Modo de transmissão
Fecal-oral, veiculação hídrica, pessoa a pessoa (contato intrafamiliar e institucional), alimentos
contaminados e objetos inanimados. Transmissão percutânea (inoculação acidental) e parenteral
(transfusão) são muito raras, devido ao curto período de viremia.

07. Resposta: D
A prevenção da raiva transmitida em áreas urbanas, ou rurais transmitidas por animais domésticos é
feita através da manutenção de altas coberturas vacinais em cães e gatos através de estratégias de rotina
e campanhas; controle de foco; captura e eliminação de cães de rua.

08. Resposta: D
Faz parte das medidas de controle a imunização de animais domésticos (cães, bovinos e suínos),
portanto esses animais são considerados reservatórios também.

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09. Resposta: D
A transmissão natural da doença se dá pela picada de mosquitos do gênero Anopheles infectados com
o Plasmodium. Estes mosquitos também são conhecidos por anofelinos, dentre outros nomes.

Acreditação Hospitalar.

A acreditação hospitalar636465 é constituída de um sistema de avaliação e certificação de qualidade de


serviços de saúde através de um processo voluntário, periódico e reservado.
Trata-se de um processo de avaliação de instituições prestadoras de serviços na área de saúde para
verificação do cumprimento de requisitos criados para aperfeiçoar a segurança e qualidade no cuidado.
Esse processo busca estimular uma melhoria contínua e sustentada dos processos nas instituições de
saúde, através do emprego de padrões e de metas nacionais e internacionais de segurança do paciente.
Os princípios da acreditação hospitalar são pautados num caráter eminentemente educativo, métodos
e técnicas que possam promover melhoria contínua dos processos. Desta forma, a qualidade passa a ser
integrada a cultura da instituição, com vista à promoção das boas práticas nos processos do hospital,
trazendo como principais benefícios:

Segurança para os pacientes e profissionais:


- Qualidade da assistência;
- Promoção do trabalho em equipe;
- Melhora do clima organizacional;
- Monitoramento dos processos e resultados;
- Melhora do desempenho institucional;
- Caminho para a melhoria contínua.

No país existem três programas internacionais de acreditação de organizações de saúde disponíveis:


Joint Commission International - JCI (EUA), Accreditation Canada International - ACI (Canadá) e National
Integrated Accreditation for Healthcare Organizations - NIAHO (EUA).

Princípios da Acreditação

Define-se Acreditação como um sistema de avaliação e certificação da qualidade de serviços de saúde.


Tem um caráter eminentemente educativo, voltado para a melhoria contínua, sem finalidade de
fiscalização ou controle oficial/governamental, não devendo ser confundida com os procedimentos de
licenciamento e ações típicas de Estado.

O processo acreditação é pautado por três princípios fundamentais:


- É voluntário, feito por escolha da organização de saúde;
- É periódico, com avaliação das organizações de saúde para certificação e durante o período de
validade do certificado;
- É reservado, ou seja, as informações coletadas em cada organização de saúde no processo de
avaliação não são divulgadas.

No Brasil, o usuário ainda faz a escolha do hospital, clínica ou laboratório em função da cobertura do
seu plano de saúde. Outros critérios comuns são a facilidade de acesso ou a indicação de um amigo ou
familiar. Mas estes não são critérios ideais, pois não se baseiam na qualidade ou segurança dos serviços
prestados.
A organização hospitalar é considerada um sistema complexo, onde as estruturas e os processos são
de tal forma interligados, que o funcionamento de um componente interfere em todo o conjunto e no
resultado final, sendo assim, neste processo, não se avalia um setor ou departamento isoladamente.
O Processo de Acreditação é um método de consenso, racionalização e ordenação das Organizações
Prestadoras de Serviços Hospitalares e, principalmente de educação permanente dos seus profissionais.

63
http://www2.ebserh.gov.br/web/hc-ufmg/acreditacao-hospitalar
64
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/acreditacao_hospitalar.pdf
65
https://bitty.ch/tksz0

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373
Não existe estatística nacional que compare os números referentes a qualidade dos serviços de saúde,
mas a estimativa é de que são feitas 4 milhões de internações anualmente nos hospitais privados e 11
milhões no SUS. Desses pacientes, 48% sofrem de complicações que poderiam ser evitadas se fossem
observados os protocolos de segurança do paciente, um dos princípios orientadores dos manuais de
acreditação.
Em um dos hospitais privados acreditados pela ONA - Organização Nacional de Acreditação, por
exemplo, o índice de infecção hospitalar, em uma das UTIs, passou de 7% para menos de 1% em menos
de dois anos. Na mesma instituição, a pneumonia associada a ventilação mecânica, caiu de 9% para 2%
no mesmo período.
Poucas pessoas sabem o significado da acreditação, mas as próprias instituições de saúde começam
a perceber que além de oferecer um serviço diferenciado, com maior qualidade e segurança para seus
usuários, também são beneficiadas com a melhora da reputação no mercado e com a redução de
despesas decorrentes de práticas erradas.
A redução de problemas causados por erros médicos é um dos principais resultados da acreditação -
um mecanismo que estimula o aprimoramento constante dos processos, com o objetivo de garantir a
qualidade na assistência à saúde - pois os manuais do Sistema Brasileiro de Acreditação focam
principalmente a segurança do paciente.
Dessa forma, o processo de acreditação de um serviço de saúde promove um controle maior dos riscos
clínicos e não clínicos, e uma maior qualidade dos serviços prestados.
O selo é uma indicação de que a instituição segue uma padronização e se preocupa com a qualidade
em tudo o que faz para evitar a ocorrência de danos à saúde. Sua obtenção é uma consequência da
conformidade com os padrões definidos pela metodologia da acreditação.
Além disso, a renovação periódica da acreditação, geralmente em torno de dois anos, é uma garantia
de que existe um controle de qualidade sobre os serviços certificados, que devem estar sempre se
aprimorando para alcançar níveis cada vez mais avançados de certificação.
Embora a acreditação seja uma opção voluntária dos serviços de saúde, temos o exemplo da iniciativa
do Ministério da Educação, com a criação do Programa Nacional de Reestruturação dos Hospitais
Universitários que estabeleceu a acreditação como meta para as instituições dessa natureza a partir de
2010.
A preocupação se justifica: um estudo realizado há cerca de 10 anos chegou a conclusão que ocorre
uma morte a cada 200 internações e isso acontece principalmente por falha humana ou por infecção
hospitalar.
Segundo a doutora Maria Carolina Moreno, assessora de Relações Interinstitucionais da ONA, os erros
médicos ocorrem por diversos motivos: excesso de carga de trabalho, falta de capacitação de
colaboradores, quadro de funcionários não compatível com a demanda do serviço, sistematização de
processo que não pressupõe ações de segurança na assistência, ausência de organização e formalização
dos processos de trabalho.
As principais ocorrências apontadas em trabalhos nacionais e internacionais são relacionadas a
cirurgia em parte errada do corpo, erros de medicação, erro nos resultados de exames, falhas de
equipamento ou engano do tipo de sangue durante a transfusão. Para evitar que aconteçam, Maria
Carolina avalia que a instituição precisa estabelecer processos de trabalho que funcionem como
verdadeiras barreiras a essas ocorrências.
“Sabe-se que o ser humano comete erros, cabe ao processo estabelecer formas de reconhecê-los
antes de que seja causado danos ao paciente. ”
Entre esses procedimentos ela cita alguns exemplos: definir sistema de checagem do local ou membro
a ser submetido a procedimento cirúrgico por mais de um colaborador, em diferentes momentos que
antecedem à cirurgia; perguntar o nome ao paciente antes da infusão de medicamentos; realizar a
verificação de ausência de alergias por mais de um profissional; definir pela manutenção preventiva
periódica de todos os equipamentos do serviço de saúde e realizar testes de qualificação sistemáticos
dos equipamentos laboratoriais.
A profissional da ONA explica que a acreditação tem uma série de padrões de qualidade exigidos, o
que permite a organização do serviço, a definição, otimização e controle dos processos internos, além de
incentivar boas práticas e promover a definição de protocolos assistenciais, ratificando um modelo de
gestão e permitindo a melhoria evidente dos resultados.
Ao citar os procedimentos, recomendações e exigências estabelecidas em cada nível da certificação,
Maria Carolina esclarece que o Nível 1 consiste na existência de processos que procuram garantir a
segurança do paciente.
O Nível 2 - Gestão integrada, envolve o acompanhamento das barreiras de segurança definidas, dos
principais processos desenhados e dos protocolos implantados. “Deve existir uma análise crítica dos

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controles de processo e análise de resultados, assim como de processos e de protocolos assistenciais,
com o estabelecimento de planos de ação e de melhorias. Neste nível a interação entre os setores deve
ser evidenciada”, detalha a assessora de Relações Interinstitucionais da ONA.
O terceiro estágio obtido na acreditação é o Nível 3 - Excelência em gestão. “Isso ocorre quando a
instituição já incorporou o acompanhamento e a análise crítica de processos e resultados assistenciais e
os ciclos de melhoria acontecem de forma sistemática. As informações são utilizadas para as tomadas
de decisão e as diversas áreas trabalham alinhadas ao planejamento estratégico da instituição, ” resume.
Os padrões estabelecidos para os três níveis são de complexidade crescente e correlacionados, de
modo que, para se alcançar um nível de qualidade superior, os níveis anteriores devem ser totalmente
atendidos.
Na busca da segurança do paciente, a iniciativa da ONA é muito importante, conforme avalia Maria
Carolina. Primeiro por que considera o perfil nacional das instituições e suas especificidades regionais e
de financiamento, sem comprometer a qualidade e validade da metodologia.
“Por se propor a ser um processo educativo, o Sistema Brasileiro de Acreditação possui níveis a serem
alcançados ao longo do processo de acreditação, sendo este um fator de estímulo para a organização de
saúde na busca pela melhoria contínua. Outro fato relevante é da metodologia não ser prescritiva, ou
seja, ela não define método. Cada instituição deve encontrar a melhor forma de cumprir os padrões
exigidos.”

Histórico da Acreditação Brasileira

De acordo com Feldman, Gato, Cunha, desde 1970 o Ministério da Saúde desenvolve o tema
Qualidade e Avaliação Hospitalar no Brasil, iniciado com a publicação de Normas e Portarias com o intuito
de regularizar esta atividade. A Organização Nacional de Acreditação, afirma que padrões mínimos de
qualidade foram discutidos pela Dra. Lourdes de Carvalho no ano de 1979.
No final dos anos 80, sob a coordenação do médico Humberto de Moraes Novaes, quando a
Organização Pan-americana da Saúde (OPAS) estabelece uma série de padrões para os serviços
hospitalares da América Latina que, se atingidos, dariam ao hospital a condição de "acreditado". O
objetivo era criar mecanismos de melhoria dos serviços hospitalares e ter parâmetros para promover esse
aperfeiçoamento (ANVISA, 2004).
A partir de 1989, para a Organização Mundial de Saúde, a Acreditação passa a ser elemento
estratégico para o desenvolvimento da qualidade na América Latina, e um convênio para elaborar o
Manual de Padrões de Acreditação para América Latina foi realizado em 1990 entre a Organização Pan-
Americana de Saúde - OPAS, a Federação Latino-Americana de Hospitais e o Ministério da Saúde
(SCHIESARI, 1999. apud FELDMAN, GATO. CUNHA, 2005).
Em 1994, o Ministério da Saúde lançou o Programa de Qualidade e estabeleceu ainda a Comissão
Nacional de Qualidade e Produtividade em Saúde CNQPS com o objetivo de promover esta cultura
(FELDMAN, GATO, CUNHA, 2005).
Em 14 de junho de 1995, o Ministério da Saúde lançou o Programa de Garantia e Aprimoramento da
Qualidade em Saúde criado pela Portaria GM/MS n.º 1.107, envolvendo a formação da Comissão
Nacional de Qualidade e Profundidade, responsável por discussão de ternas voltados à melhoria da
qualidade e estratégias para o estabelecimento das diretrizes do programa. (ONA, 2006a).
No ano de 1997, o Projeto de Acreditação e Certificação da Qualidade em Saúde - PACQS
transformou-se no Consórcio Brasileiro de Acreditação - CBA, com a Fundação Cesgranrio. Criada pelas
Universidades Estaduais do Rio para avaliação do processo educacional. Essa fundação implantou a
avaliação também na área da saúde, inserindo a acreditação no ramo de negócios (SCHIESARI, 1999,
apud FELDMAN, GATO. CUNHA 2005).
Ainda no ano de 1997, foi realizado um seminário de autoria da CBA com a assessoria da Joint
Commission a fim de criar um programa nacional de acreditação de hospitais, integrando o Brasil ao
contexto internacional de avaliação de serviços de saúde.
O Programa Brasileiro de Acreditação foi oficialmente lançado em novembro de 1998, no Congresso
Internacional de Qualidade na Assistência à Saúde em Budapeste em conjunto com o instrumento
nacional desenvolvido e conduzido por Humberto de Moraes Novaes (FELDMAN, GATO, CUNHA, 2005).
O Manual Brasileiro de Acreditação Hospitalar foi adaptado à realidade brasileira e testado em 17
hospitais distribuídos pelo pais, sendo flexível e permitindo modificações conforme características do
hospital, levando em consideração as grandes diferenças regionais e institucionais.
Ainda no ano de 1998, iniciando a implantação das normas técnicas, códigos de ética, credenciamento
de instituições acreditadoras e qualificação e capacitação de avaliadores, foi fundada a Organização
Nacional de Acreditação - ONA (BETTIO, 2007).

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375
No ano de 2001, a Portaria GM/MS n.º 538 de 17 de abril, passa a reconhecer a Organização Nacional
de Acreditação como instituição competente e autorizada a operacionalizar o desenvolvimento do
Processo de Acreditação Hospitalar (BRASIL, 2002).

Princípios Gerais do Processo de Acreditação Hospitalar

A organização hospitalar é considerada um sistema complexo, onde as estruturas e os processos são


de tal forma interligados, que o funcionamento de um componente interfere em todo o conjunto e no
resultado final, sendo assim, neste processo, não se avalia um setor ou departamento isoladamente.
O Processo de Acreditação é um método de consenso, racionalização e ordenação das Organizações
Prestadoras de Serviços Hospitalares e, principalmente de educação permanente dos seus profissionais.
Para avaliar a qualidade assistencial da Organização Prestadora de Serviços Hospitalares é utilizado
um instrumento de avaliação específico - Manual Brasileiro de Acreditação Hospitalar.

Diretrizes Gerais

Inscrição no processo de avaliação e contratação da instituição acreditadora


Solicitação de informações para o processo de avaliação
• A Organização Prestadora de Serviços de Saúde manifesta interesse para ser avaliada junto à
Instituição Acreditadora;
• A Instituição Acreditadora coleta as informações necessárias da Organização Prestadora de Serviços
de Saúde para formular a proposta;
• A Instituição Acreditadora encaminha proposta à Organização Prestadora de Serviços de Saúde;
• A Organização Prestadora de Serviços de Saúde analisa as propostas recebidas.

Contratação da Instituição Acreditadora


• A Organização Prestadora de Serviços de Saúde seleciona uma Instituição Acreditadora.
• A Instituição Acreditadora envia um questionário preliminar (definido pela Instituição) à Organização
Prestadora de Serviços de Saúde e solicita os seguintes documentos:
- Alvará de funcionamento da Organização Prestadora de Serviços de Saúde;
- Licença sanitária;
- Registro do responsável técnico no Conselho Regional de Medicina (CRM).

Avaliador, Avaliador-Líder e Equipe de Avaliadores

Avaliador
Profissional qualificado para efetuar as avaliações do Processo de Acreditação; capacitado conforme
as normas para capacitação, definidas em normas específicas da ONA.

Avaliador-líder
O avaliador-líder é o responsável, perante a Instituição Acreditadora, por todas as fases do processo
de avaliação. Deve ter capacidade gerencial, experiência e deve lhe ser conferida autoridade para tomar
decisões relativas à coordenação do processo de avaliação em que estiver envolvido.

Equipe de avaliadores
• A equipe de avaliadores deve ser composta por, no mínimo, três membros, ou seja, um médico, um
enfermeiro e um administrador;
• Cada equipe de avaliadores deve ter um avaliador-líder responsável pela coordenação do processo
de avaliação. Caso necessário, a equipe de avaliadores poderá incluir especialistas, avaliadores em
treinamento, observadores, com a ciência prévia do avaliado.

Preparação da Avaliação

Confirmação da visita
• A Instituição Acreditadora, diante da inscrição, prepara o processo para a realização da visita;
• A Instituição Acreditadora indica a equipe de avaliadores que entrará em contato com a direção da
Organização Prestadora de Serviços de Saúde, para a aprovação.

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Plano de visita
a) Cabe ao avaliador-líder e sua equipe de avaliadores entrar em contato com a direção da
Organização Prestadora de Serviços de Saúde, para a montagem do plano de visita. Após a aprovação
deste pela Instituição Acreditadora, a visita será agendada com a organização a ser avaliada.
b) O plano de visita deve ser elaborado com flexibilidade para permitir eventuais mudanças, dando
ênfase à obtenção de informações, durante a avaliação.
c) O plano deve incluir:
- Os objetivos e propósitos da avaliação;
- Data da execução da avaliação;
- Identificação e apresentação dos membros da equipe de avaliadores;
- Identificação dos responsáveis de cada serviço da Organização Prestadora de Serviços de Saúde;
- Identificação dos documentos de referência, tais como: normas, procedimentos, rotinas, atas de
reuniões, etc.;
- Definição de sala exclusiva para as reuniões dos avaliadores;
- Programação de cada etapa da visita;
- Programação das reuniões com a alta administração da Organização Prestadora de Serviços de
Saúde;
- Tempo previsto e duração de cada atividade da avaliação;
- Previsão de entrega do Relatório de Avaliação para a Instituição Acreditadora.
d) Se a organização avaliada estiver em desacordo com quaisquer disposições do plano de visita, a
objeção deve ser comunicada imediatamente ao avaliador-líder e a Instituição Acreditadora resolverá este
problema antes de executar a visita.

Preparação da Organização Prestadora de Serviços de Saúde para a Visita dos Avaliadores

Cabe à Organização Prestadora de Serviços de Saúde:


• Informar aos funcionários envolvidos os objetivos e propósitos da avaliação;
• Apontar os membros responsáveis para acompanhar a equipe de avaliadores;
• Prover o acesso às instalações e documentos, conforme solicitação pelos avaliadores;
• Cooperar com os avaliadores para permitir que os objetivos da avaliação sejam atingidos;
• Divulgar amplamente o Processo de Acreditação na Unidade a ser avaliada.

Visita

Processo de visita
• Firmado o contrato entre a Instituição Acreditadora e a Organização Prestadora de Serviços de Saúde
e confirmado por parte da ONA o recolhimento da taxa de inscrição, a equipe de avaliadores iniciará o
processo de visita;
• A Instituição Acreditadora terá um prazo de 30 dias, no máximo, (a contar da data de recolhimento
da taxa de inscrição) para iniciar o processo de avaliação.
• Terminada a avaliação, a equipe de avaliadores emitirá o Relatório de Avaliação com os resultados
da visita, que será apresentado à Organização Prestadora de Serviços de Saúde. Esta deverá registrar a
sua ciência no Relatório de Avaliação;
• A Organização Prestadora de Serviços de Saúde avaliada terá um prazo de 90 dias, a contar da data
de assinatura de ciência, para ajustar as não conformidades menores, se for o caso, e solicitar nova visita
à Instituição Acreditadora;
• A Instituição Acreditadora terá 30 dias para retornar à Organização Prestadora de Serviços de Saúde
e verificar as não conformidades menores pendentes;
• Ao final da visita, a equipe de avaliadores entregará o Relatório de Avaliação à Organização
Prestadora de Serviços de Saúde, que registrará a sua ciência no mesmo.

Coleta de Evidências Objetivas

As evidências objetivas devem ser coletadas através de entrevistas, exame de documentos,


observação das atividades e condições nas áreas de interesse. A equipe de avaliadores deve registrar
todas as evidências objetivas.
As informações obtidas em entrevistas devem ser comprovadas através de outras fontes
independentes tais como: observação física, entrevista com profissionais operacionais dos serviços,
medições e registros.

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Não Conformidade

As não conformidades encontradas durante o processo de avaliação podem ser classificadas em não
conformidade maior e não conformidade menor.
A não conformidade maior consiste na ausência ou na incapacidade total da Organização Prestadora
de Serviços de Saúde em atender ao requisito do padrão ou à norma como um todo, pode ser gerada
também por um grande número de não conformidades “menores”, constatadas durante a avaliação em
um único item do padrão ou distribuídas de tal forma que afetem a coerência e funcionamento do sistema,
bem como por uma situação que possa, baseada em evidências objetivas disponíveis, gerar dúvidas
significativas quanto à qualidade que está sendo fornecida.
A não conformidade menor consiste na falta de cumprimento de requisitos do sistema da qualidade
que o julgamento e/ou experiência da equipe de avaliadores indiquem que provavelmente não implicará
em uma “quebra” do sistema de qualidade, ou a uma adequação ou não implantação de parte de um
requisito da norma de referência, que é evidenciada pela equipe auditora.

Observações
Uma observação pode ser originada: pela identificação da equipe de avaliadores de uma falha
localizada, comprovadamente não generalizada, falha esta que não possui uma relevância sobre a
atividade avaliada, por um desconforto da equipe de avaliadores ou pela identificação de uma falha
potencial, ou seja, que não é evidenciada pelos avaliadores, mas que a intuição e/ou experiência do
avaliador leva a crer como uma provável não conformidade futura.
Durante a visita, se necessário, o avaliador-líder poderá fazer alterações relativas às atividades dos
avaliadores e ao plano de visita, com a concordância da Organização Avaliada.
Caso ocorram obstáculos durante o processo de avaliação, o avaliador-líder deverá informar as razões
à organização avaliada e à Instituição Acreditadora.

Término do Processo de Avaliação

O processo de avaliação é considerado terminado após aprovação de Relatório de Avaliação pela


Instituição Acreditadora, emissão do seu Parecer Final sobre o processo de avaliação, entrega deste à
organização avaliada e dos documentos correspondentes à Organização Nacional de Acreditação.
O certificado, juntamente com a documentação relativa ao Relatório de Avaliação (folha de Resumo
da Avaliação e Parecer Final da Instituição Acreditadora), será encaminhado à ONA para fins de
homologação. No caso de divergências entre os resultados (Resumo da Avaliação e Parecer Final da
Instituição Acreditadora) a Instituição Acreditadora deverá justificar o seu parecer à ONA.

Recurso

A organização avaliada poderá interpor recurso junto à Instituição Acreditadora caso não concorde
com o resultado do processo de avaliação, no prazo de 45 dias do recebimento do Parecer Final da
Instituição Acreditadora (será utilizada como referência para controle do tempo de recurso, a data de
postagem mais dois dias).

Código de Ética

Para que o processo de avaliação seja operacionalizado dentro dos padrões da mais alta qualidade,
são necessários critérios que contenham um conjunto de normas éticas, a que estão sujeitos todos os
envolvidos no Processo de Acreditação. Estas normas éticas deverão ser seguidas pela Organização
Nacional de Acreditação, pelas Instituições Acreditadoras e pelos Avaliadores.
A Comissão de Ética da Organização Nacional de Acreditação é a responsável pela fiscalização do
cumprimento deste Código de Ética, considerando-o como um conjunto de valores individuais, de atitudes
e de posturas profissionais, bem como um compromisso com a verdade, gerando respeito e confiança
mútua.
A comunidade deve ser informada sobre os aspectos relevantes para a saúde, a segurança e o meio
ambiente. O comportamento ético está diretamente relacionado com o respeito e confiança mútuos. O
relacionamento da Organização Nacional de Acreditação com todas as partes interessadas deve se
desenvolver de forma ética para que resulte em reciprocidade no tratamento.
A linguagem do Código de Ética é simples e acessível, evitando-se termos jurídicos excessivamente
técnicos. O objetivo é assegurar o máximo de transparência à regras de conduta da Organização Nacional

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de Acreditação, da Instituição Acreditadora e do Avaliador, de forma que a sociedade possa sobre eles
exercer o controle que é inerente ao regime democrático.
Os Códigos de Ética referentes à Organização Nacional de Acreditação, Instituição Acreditadora e ao
Avaliador, poderão ser acessados na íntegra, através do endereço eletrônico da ONA.

Questões

01. (EBSERH - Enfermeiro - CESPE/2018) A respeito de avaliação de desempenho hospitalar e de


utilização de indicadores hospitalares, julgue o item a seguir.
A acreditação de serviço de saúde é realizada por auditorias internas da qualidade que buscam
comparar a conformidade do que é encontrado com os requisitos técnicos e legais e visa à revalidação
do licenciamento sanitário da instituição.
( ) Certo
( ) Errado

02. (UFRJ - Administrador Hospitalar - PR-4 URFJ) O método de consenso, racionalização e


ordenação das organizações prestadoras de serviços hospitalares e, principalmente, de educação
permanente dos seus profissionais, é chamado de processo de:
(A) acreditação.
(B) revalidação.
(C) contabilização.
(D) inventário.
(E) categorização.

03. (SEPLAG-MG - Enfermagem - IBFC) O Hospital Geral “X”, com 300 leitos, está passando por um
processo de avaliação dos recursos institucionais, periódico e reservado para o reconhecimento da
existência de padrões previamente definidos na estrutura, no processo e no resultado. Esse processo foi
solicitado pela Direção do Hospital, não sendo de caráter obrigatório. Esse procedimento é chamado de:
(A) Alvará.
(B) Acreditação Hospitalar.
(C) Controle de Qualidade Hospitalar.
(D) Indicador de Qualidade.

Gabarito

01.Errado / 02.A / 03.B

Comentários

01. Resposta: Errado


A acreditação trata-se de um processo de avaliação de instituições prestadoras de serviços na área
de saúde para verificação do cumprimento de requisitos criados para aperfeiçoar a segurança e qualidade
no cuidado. Esse processo busca estimular uma melhoria contínua e sustentada dos processos nas
instituições de saúde, através do emprego de padrões e de metas nacionais e internacionais de segurança
do paciente.

02. Resposta: A
Acreditação Hospitalar é uma metodologia de consenso, racionalização e de ordenamento dos
hospitais e, principalmente, de educação permanente do pessoal de serviço e de seus líderes e que se
expressa pela realização de um procedimento de avaliação dos recursos institucionais, voluntário,
periódico e reservado, que tende a garantir a qualidade da assistência por meio de padrões previamente
estabelecidos.

03. Resposta: B
Define-se Acreditação como um sistema de avaliação e certificação da qualidade de serviços de saúde.
Tem um caráter eminentemente educativo, voltado para a melhoria contínua, sem finalidade de
fiscalização ou controle oficial/governamental, não devendo ser confundida com os procedimentos de
licenciamento e ações típicas de Estado.
O processo acreditação é pautado por três princípios fundamentais:

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- é voluntário, feito por escolha da organização de saúde;
- é periódico, com avaliação das organizações de saúde para certificação e durante o período de
validade do certificado;
- é reservado, ou seja, as informações coletadas em cada organização de saúde no processo de
avaliação não são divulgadas.

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