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Resumo
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Mestre em Letras - Estudos Linguísticos pela Universidade Federal do Paraná (UFPR); professora no curso de
Letras na Faculdade de Administração, Educação, Ciências e Letras (FACEL) e professora de língua inglesa na
rede pública no Estado do Paraná – SEED-PR. Contato: katiamulik@yahoo.com.br
ISSN 2176-1396
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Introdução
O novo cenário educacional trás alguns desafios para a atuação dos professores de
línguas estrangeiras, levando em consideração que eles precisam desenvolver certo
nível de fluência responda a complexidade das práticas pedagógicas de ensino
baseadas em computador. Portanto, é vital que os professores mantenham-se
atualizados em cursos de formação continuada para desenvolverem conhecimentos,
competências e atitudes para combinar efetivamente conceitos de ensino de
aprendizagem e objetivos as tecnologias digitais em suas práticas 2.
2
No original: “the new education framework brings challenges to FL teachers’ performance, taking into account
that they need to develop a level of digital fluency that responds to the complexity of their pedagogical practice
in computer-based teaching. Therefore, it is vital that teachers get updated on continuing training courses in
order to develop knowledge, competences and attitudes to effectively combine teaching and learning concepts
and goals with digital technologies in their practice”.
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a professora deixa de ser a formadora que fala “sobre” a prática para a qual está
preparando seu aluno, e passa a “vivenciar com” o seu aluno da licenciatura a
realidade da escola, assumindo uma identidade de formadora que vivencia a rotina
da sala de aula da educação básica junto daqueles que está preparando para nela
atuar (AUDI et. al 2013, p.92)
pleno das práticas sociais. Portanto, isso envolve interagir em diferentes plataformas, mídias
ferramentas, bem como o reconhecimento de inúmeras formas de linguagem.
Comunidades de prática
O termo comunidade de prática foi cunhado por Etienne Wenger (2012, p.1) como
3
No original: “[a social learning system. Arising out of learning, it exhibits many characteristics of systems
more generally: emergent structure, complex relationships, self-organization, dynamic boundaries, ongoing
negotiation of identity and cultural meaning, to mention a few]”.
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No original: “The negociation of meaning is a process that is shaped by multiple elements and that affects these
elements. As a result, this negociation constantly chances the situations to which it gives meaning and affects all
participants. In this process, negociating meaning entails both interpretation and action”.
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Portando, não se faz distinção entre interpretar e agir, entre pensar e fazer, todos esses
aspectos acabam integrando o processo de negociação de sentidos sendo, esse último, sempre
um produto das negociações tendo em vista que o sentido não está em nós e nem no mundo,
mas sim nas relações dinâmicas de viver no mundo (WENGER, 1998, p. 54).
Com relação ao termo participação, Wenger (1998) enfatiza alguns pontos:
A participação pode envolver todos os tipos de relações tanto harmoniosas
quanto conflituosas, íntimas, políticas, competitivas e cooperativas;
A participação em comunidades modelam nossas experiências ao passo que
modelam também as comunidades tendo seu potencial transformativo
caminhando nas duas direções. Portanto, nossa (dês) habilidade de modelas as
prática de nossas comunidades é um aspecto importante para nossa experiência
em relação à participação 5.
Esses aspectos mencionados por Wenger (1998) são cruciais quando pensamos na
formação de professores, uma vez que quando estamos envolvidos em processos formativos
nos deparamos com situações de diversas naturezas. A questão do conflito pode permear esse
processo. No entanto, é preciso avaliar o potencial formativo que as relações conflituosas
podem favorecer no desenvolvimento do grupo, já que possibilitam o contato com novas
visões de mundo, atuando como zonas de colaboração, ou seja, como um terceiro espaço
(GUTIÉRREZ, BAQUEDANO-LOPÉZ e TEJEDA, 1999) onde os contextos de
aprendizagem são eminentemente híbridos e multivozeados. Para ampliar a discussão cito
Mouffe (2000, p. 33) que também defende que os conflitos devem ser compreendidos de
forma produtiva.
[...] conflitos e divisões não devem ser vistos como distúrbios que infelizmente não
podem ser completamente eliminados, ou como impedimentos empíricos que tornam
impossível a plena realização de algo constituído por uma harmonia a que não
podemos chegar, porque nunca vai ser completamente capaz de coincidir com nosso
universo racional6.
5
Adaptado da citação no original: “It can involve all kinds of relations, conflictual as well as harmonious,
intimate as well as political, competitive as well as cooperative […] participation in social communities shapes
our experience, and it also shapes those communities; the transformative potential goes both ways. Indeed, our
ability (or inability) to shape practice of our communities is an important aspect of our experience of
participation”.
6.
[…] conflict and division are not to be: seen as disturbances that unfortunately cannot be completely
eliminated, or as empirical impediments that render impossible the full realization of a good constituted by a
harmony that we cannot reach because we will never be completely able to coincide with our rational universal
self.
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Com surgimento em 2010 (Portaria Nº- 72, de 9 de abril de 2010), amparado sob a
7
Lei nº 11.502/2007 que atribuem à CAPES a indução e o fomento à formação para o
magistério da educação básica, o PIBID constitui-se no incentivo e apoio a
7
Lei nº 11.502, de 11 de julho de 2007 e os Decretos nº 6.094, de 24 de abril de 2007 e nº 6.755, de 29 de
janeiro de 2009. Publicado em Diário Oficial da União. Maiores informações:
http://www.capes.gov.br/images/stories/download/diversos/Portaria72_Pibid.pdf
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Site colaborativo
Fonte: A autora
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Coloco esses anos de referência, pois foram os que acompanhei de forma mais próxima, uma vez que o PIBID-
Inglês da UFPR foi objeto de estudo de minha dissertação de mestrado.
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Com o passar do tempo, o site tornou-se uma fundamental ferramenta ao grupo, pois
sempre que alguém precisava de coisas referentes ao PIBID tinha onde recorrer podendo ter
acesso a informações como: textos, atividades, contato dos participantes, atas das reuniões
entre outros assuntos. O site servia como uma forma de armazenar e registrar o que acontecia
no grupo facilitando no resgate de informações para apresentações e publicações, por
exemplo. O site apresenta um conjunto de seções distintas para organizar as informações:
Fonte: A autora
A partir das ações realizadas pelo PIBID-Inglês, bem como as atividades do site
colaborativo, é possível estabelecer algumas relações com a noção de comunidade de prática
desenvolvida anteriormente, bem como discutir sobre alguns dos benefícios que a manutenção
do site colaborativo teve dentro do processo de formação inicial e continuada do grupo.
Primeiramente, entendo o PIBID como uma comunidade de prática, uma vez que algumas
características apontadas se fazem presentes, como a aprendizagem em grupo, a negociação
de identidades e de sentidos, o compartilhamento de experiências e a própria união do grupo
por objetivos comuns.
O site colaborativo foi fundamental para a organização das ações do grupo, uma vez
que esse era consultado com bastante frequência pelos participantes a fim de encontrarem
respostas para questões referentes às datas dos eventos, os textos selecionados para o próximo
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encontro, as tarefas a serem realizadas entre outras questões. Uma das principais páginas do
site colaborativo, a meu ver, era a do diário de bordo, pois nesse espaço eram feitas as
postagens referentes às experiências do grupo com relação ao trabalho desenvolvido nas
escolas. Esse tipo de atividade (de fazer um diário de bordo, ou seja, textualizar sobre a
prática) pode ser considerado como um exercício reflexivo de voltar-se para a atividade
docente, e, ao mesmo tempo, compreender as percepções dos outros com relação à própria
prática e as práticas de outrem. Os diários promoveram diversos momentos de troca de
experiências que se estabeleceram de forma virtual expandindo das possibilidades de
construção de sentidos e rompendo também com as relações hierarquizantes existentes no
grupo, pois nesse espaço todos eram vistos como colaboradores mútuos.
A noção de aprendizagem em rede está ancorada sob os preceitos das comunidades de
prática. Nesse sentido, “para construir essa ‘rede’ é preciso não apenas ter conectividade, mas
principalmente criar o desejo de permanecer conectado e interagindo com os colegas”
(GIMENEZ, 2013, p. 356). Com relação a isso, foi possível perceber que as postagens nos
diários eram realizadas com bastante frequência e que outros colegas “cobravam” quando
alguém não as fazia. Isso também sugere a existência de diferentes papéis dentro da
comunidade, sendo que “embora não fixos em pessoas (esses papéis são exercidos por
diferentes membros em diferentes momentos), eles são importantes para o funcionamento da
comunidade” (GIMENEZ, 2013, p. 356) corroborando para a “sustentação do senso de
pertencimento e de aprendizagem em rede” (op. cit).
Trazer para o escopo de pesquisa na área de formação de professores, questões
voltadas ao uso de tecnologias digitais parece inevitável, levando em conta a utilização cada
vez mais constante desses recursos em nossas práticas sociais cotidianas. Como professora
formadora de professores, tenho percebido a necessidade de fazer uso de ferramentas distintas
a fim de não apenas utilizá-las para ampliar as discussões em sala de aula ou a realização de
tarefas como também promover diferentes letramentos aos futuros professores e aos
professores em formação continuada.
O potencial que as tecnologias digitais podem oferecer é imenso se analisarmos os
diversos recursos que estão disponíveis. A circulação por esses espaços virtuais pode oferecer
possibilidades de trocas de conhecimento e experiências apresentando impactos significativos
nas práticas pedagógicas desses profissionais. A noção de comunidades de prática como um
referencial que potencializa repertórios e troca de coleções (ROJO, 2012) torna-se essencial
para as ações voltadas à formação docente.
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Considerações Finais
Portanto, integrar comunidades de prática sejam elas em espaços reais ou virtuais pode
ser uma possibilidade de fortalecer as atividades de formação docente de maneira a integrar
saberes e experiências entre os participantes como um exercício de vislumbrar práticas
inovadoras. Aproveitar os recursos oferecidos pelas tecnologias digitais acaba sendo uma
necessidade desses tempos pós-modernos a fim de promover performances mais democráticas
(GIMENEZ, 2013) para o enfrentamento dos desafios que emergem em nossa sociedade
globalizada no cenário educacional.
REFERÊNCIAS
AUDI, L.C. da C. Et. al. PIBID de língua inglesa na UNEB campus X: algumas contribuições
na formação docente. In: MATEUS, E.; EL KADRI, M. S.; SILVA, K. A. Experiências de
formação de professores de línguas e o PIBID: contornos, cores e matizes. Campinas, SP:
Pontes Editores, 2013.
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BRYDON, D. Local needs, global contexts: learning new literacies. In: MACIEL, R. F.;
ARAÚJO, V. de A.(Orgs.). Formação de professores de línguas: ampliando perspectivas.
Jundiaí, Paco Editorial: 2011.
PINHO, I. da C.; LIMA, M. dos S. Teacher’s Digital Fluency: a new competence for Foreign
Language Teaching. Revista Brasileira de Linguística Aplicada. v. 13, n. 3, 2013. p. 678-
711.
_____. Communities of practice and social learning systems: the career of a concept.
(2012). Disponível em: http://wenger-trayner.com/wp-content/uploads/2012/01/09-10-27-
CoPs-and-systems-v2.0.pdf Acesso em: 22 jun. 2015.