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DESAFIO DO USO DE RECURSOS DIGITAIS PARA A PRÁTICA

DOCENTE NO ENSINO DA FÍSICA

GUSTAVO LIMA SILVA1


1
UTAD, doutorando (Brasil)

Resumo

Este trabalho partiu da observação sobre as dificuldades encontradas no ensino e na aprendizagem


de física. A origem de algumas das dificuldades dos alunos em compreenderem a associação dos
conteúdos teóricos da matéria ensinada com os factos cotidianos considerados mais concretos,
dificultando assim a comunicação entre professores e alunos, e consequentemente o processo de
ensino e de aprendizagem. Recorrer aos recursos digitais tem vindo a ser uma alternativa, em
sociedade mergulhada no mundo digital, onde o ensino da física tradicional tem dialogado com as
novas tendencias tendências e tecnologias. Onde mMuitas vezes tem por desafios e obstáculos para
a educação moderna o não acesso e por vezes a exclusão digital. São desafios o uso e apropriação
desses recursos digitais pelos docentes em na sua praticaprática, como também o acesso dos alunos
a tais recursos.

Palavras-chave: Ensino; Aprendizagem; Física; Recursos Digitais; TIC.

1 INTRODUÇÃO
Nas ultimas décadas os avanços tecnológicos proporcionaram ferramentas digitais que têm por
objetivo colaborar com o processo de ensino e de aprendizagem. Budi et al. (2019)[1], afirmam que

nos dias atuais não é possível imaginar o pleno exercício da cidadania apartado de certa fluência
tecnológica. O meio de permitir o acesso aos recursos digitais e a promoção da produção e
reprodução de conhecimento, vem garantir, o direito ao pleno exercício da cidadania. Ações voltadas
à educação de jovens e adultos, principalmente como as políticas públicas, precisam oferecer aos
individuos tais condições de acesso às Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC). A ação que
pode causar um impacto de forma transformadora necessitam passar, também, por novas
metodologias adaptadas, pela formação de professores para seu uso e apropriação desses recursos
digitais, pois a clareza é evidente de que “a tecnologia por si só, não parece garantir sucesso nao
aprendizagemdo.” (LAVINAS e VEIGA, 2013, citado em Medeiros 2021 [3]). Mas, como demonstra o
pedagogo Paulo Freire (1987)[2], todo o desenvolvimento advém de um processo, que inclui a
adaptação tanto do professor, como do estudante. Dos vários desafios que emergem da
implementação de uma educação mais digital, uma das mais referidas é a provável sobrecarga de
trabalho tanto dos alunos como dos professores (Bravo, Pesa & Braunmüller, 2022). [4]. A atenção aos
obstáculos presentes no ensino e na aprendizagem das ciências de um modo geral e do ensino da
física em particular, é uma temática que tem sido debatida, realçada por dificuldades em tornar
comum entre professor e aluno os significados das mensagens didáticas relacionadas aos com os
conteúdos. A ideia de significados compartilhados em educação nos fez recorrer a uma contribuição
muito pertinente ligada à abordagem cognitivista. A proposta foi enfatizada no que Moreira (1990;
1999)[5] chama de “modelo de Gowin”. Segundo Gowin o objetivo principal desta troca de significados
é a aprendizagem significativa de um conhecimento contextualmente aceitoaceite. “Gowin vê uma
relação triádica entre Professor, Materiais Educativos e Aluno. Para ele, um episódio de ensino-
aprendizagem se caracteriza pelo compartilhar significados entre aluno e professor, a respeito de
conhecimentos veiculados por materiais educativos do currículo” (MOREIRA, 1999, p.????)[5].

Figure 01. Relação de Gowin.

Moreira (1999)[5] descreve resumidamente o modelo de Gowin da seguinte maneira: Os objetivos do


ensino são alcançados quando o professor e alunos compartilham significados, e os recursos
disponíveis podem servir para facilitar este consenso. A prática pedagógica do professor é intencional
para mudar significados de experiências trazidas pelo aluno em favor de conhecimentos
cientificamente aceitosaceites. Os alunos participam devolvendo os significados que captaram. Se o
compartilhar dos significados não é alcançado, o professor pode, outra vez, apresentar de outro modo
os significados aceitos aceites no contexto da matéria de ensino. Quando acontece o compartilhar de
significados, o aluno está pronto para decidir se quer aprender significativamente ou não. Pois o
ensino requer reciprocidade de responsabilidades, porém, aprender significativamente é
responsabilidade do aluno. Os recursos digitais utilizados pelo professor podem promover um
ambiente cientifico agradável e como as diversas possibilidades e interfaces que as novas
tecnologias proporcionam, devem despertar interesse ao aluno, um desejo de vivenciar o
conhecimento de uma forma intensa e interativa. O uso e a apropriação desses recursos digitais
devem ter lugar não apenas no momento da pratica prática docente, mas a sua inserção deve
permear desde a formação inicial dos professores até a à sua formação continuada.

2 METODOLOGIA
Com o enfoque deste estudo em uma dimensão qualitativa, utilizando a técnica de pesquisa de
análise de conteúdo. A coleta de literatura relevante ocorreu mobilizando bancos de dados Scopus e
a ferramenta do Google Scholar entre dezembro de 2022 e janeiro 2023, pesquisando trabalhos com
as expressão expressões “recursos digital” AND “obstáculos” AND “ensino da física”, no título e/ou
resumo. Depois de recolher os documentos (artigos, livros e capítulos de livros) e avaliando a sua
relevância para a discussão do tema em análise, foram analisados analisadas e as suas
características. Tendo Tivemos como critério de inclusão o serem publicados nos últimos 5 anos, com
foco em educação digital e ensino da física, com exceção para artigos seminais e de importância
teórica. E excluindo estudos de que não ter têm o foco em educação. O presente texto procura fazer
uma reflexão sobre a importância do uso e apropriação de recursos digitais na pratica prática docente
do ensino da física. Para atingir este objetivo, traçou-se os seguintes objetivos específicos:
a) Identificar os avanços e os recuos sobre os uso e apropriação de recursos tecnológicos na
educação e no ensino da física;
b) Refletir sobre as políticas e as ações de implementação destes projetos.
c) Identificar processos de inclusão digital e a exclusão digital como desafio e obstáculos para o
desenvolvimento da educação digital.
Pensar o exercício pleno da cidadania em uma sociedade mergulhada no mundo digital é considerar
que a inclusão digital é um meio que permite a redução da desigualdade social (Nurliani, Sinaga, &
Rusdiana, (2021)) [6]. Em O conceito de cidadania digital remete-nos para a construção do exercício
profundo da participação política, civil e social do individuo, tendo a educação com caminho para tal
inclusão que possibilita a igualdade e conquista dos direitos aos individuais e ao coletivo, com
impacto na qualidade de vida. Na esperança de poder contribuir com uma reflexão da importância do
uso de recursos digitais na pratica prática docente do ensino da física, como propor sugestões de
melhoria para os desafios no ensino de uma sociedade cada vez mais tecnológica.

3 RESULTADOS

3.1 Ensino da física: Tradicional x Uso de recursos digitais


Segundo Bachelard (1996)[7], muitos professores e professoras não compreendem porque os alunos
não compreendem. Muitos professores acreditam que o espírito científico começa com uma aula e
que é sempre possível reconstruir uma cultura falha pela repetição da lição, que se pode fazer
entender uma demonstração repetindo-a ponto por ponto, repetidas vezes atée a compreensão. Não
levam em conta que o adolescente já entra na aula com conhecimentos empíricos já constituídos, que
pode ser utilizado como ponto de partida ou atée mesmo como meio para explicação do conteúdo.
Mas um dos problemas mais comum enfrentados na sala de aula, pelos professores é com a não
compreensão dos enunciados das questões por parte dos alunos, muitas vezes movidos pela não
falta de atenção do que o professor dá ao aluno, que é o seu principal alvo para que haja uma
absolvição de conhecimento, poréem a não abstração por parte do aluno ao enunciado proposto.
Segundo Paulo Freire (1987)[2], os alunos não são folhas em branco dispostas a serem impregnadas
de conhecimentos, ou ficar a mercê de quem lhes queira passar informação, o que estaria bem ao
modo de ser dode acordo com o que Paulo Freire condenou como educação bancária. Trazendo para
o caso da educação praticadas em vários contextos, os conhecimentos prévios devem bem
articulados com os conteúdos escolares. Os professores devem estar atentos para os conhecimentos
trazidos pelos alunos, muito desses conhecimentos permeiam o uso de recursos tecnológicos.
Os recursos digitais das TIC, proporcionam práticas digitais que possibilitam a comunicação
proporcionando a construção de pontes interculturais professores e alunos (LOPES & Costa, 2021).
[8]
. Ficando evidente, que para além das soluções tecnológicas, o acesso às TIC e criam canais de
comunicação alternativos para os docentes, que não só de auxiliam no acompanhamento, mas
também motivam os alunos no processo de ensino e aprendizagem, até mesmo à distância (LOPES
& Costa, 2021). [8]. Além disso, as TIC podem expandir as percepções dos alunos sobre a física,
facilitando o processo de aprendizagem e orientação, ocorrendo assim, uma mudança na maneira
como o professor ensina o conteúdo (Nurliani, Sinaga, & Rusdiana, 2021)[6]. Por isso, os professores
devem se adaptar a à entrega lecionação de conteúdos usando vários modos de aprendizagem
baseados nos recursos disponíveis sejam do ensino tradicional ou recursos digitais. Santoso et al.
(2022)[11], afirmam que as publicações atuais indicam que o desenvolvimento científico e tecnológico
contemporâneo permitefavorece aos professores explorarem uma ampla gama de recursos digitais
que têm sido desenvolvidos.
3.2 Exclusão digital: desafios e obstáculos para a educação moderna
Em um contexto de inúmeros avanços e vantagens que as Tecnologias da Informação e
Comunicação (TIC´s) tem têm oferecido ao mundo, entre eles o melhor e mais amplo acesso à
informação, mais conectividade entre as pessoas. Porém, a inserção no mundo digital, não tem
ocorrido de forma igualitária em todo o mundo, havendo um desequilíbriodesiquilíbrio, que causa a
exclusão digital de uma parte da população do mundo. Atualmente cerca de 5,3 bilhões de pessoas
(66% da população global) estão online, enquanto 2,7 bilhões ainda estão offline (ONU, 2022)[10]. A
desigualdade no acesso à Internet e às TICs se chama exclusão digital e afeta 37% das mulheres e
31% dos homens do mundo (ONU, 2022)[10]. Segundo dados extraídos do portal União Internacional
de Telecomunicações (UIT, 2022)[9], em relação as às regiões no mundo, na África só 43% de seus
habitantes vivem conectados, com relação a 89% dos europeus e 93% dos norte-americanos.

Figure 02. dados de usuários da internet no mundo. (Fonte: UIT, 2022)

A Exclusão digital se tornou um dos desafios para a educação moderna, como também para o ensino
de ciências. Inúmeras causas são relatadas na literatura, desde o alto custo dos equipamentos e dos
dispositivos, como também o déficit de infraestruturas para seu acesso. A revisão da bibliografia nos
leva a perceber alguns tipos de exclusão digital: Exclusão por falta de acesso, Exclusão por não
domínio do uso e Exclusão por falta qualidade no uso. As grandes diferenças socioeconômicas
existentes entre as pessoas e nos países, criam barreias ao acesso deste recurso pelas pessoas
(Nurliani, Sinaga, & Rusdiana, 2021) [6]. Sendo um dos obstáculos para ultrapassar tal exclusão de
acesso, a exigência de investimentos e de infraestruturas muito caras para as regiões menos
desenvolvidas e as áreas rurais (BABALOLA, & OJOBOLA, 2022) [13]. Uma outra barreia que leva a à
exclusão digital é a falta de competências digitais que leva ao ou impede o manejo da tecnologia. Por
vezes o não os a falta de conhecimentos para fazer um bom uso da rede parae poder tirar o máximo
proveito e/ou oum não acesso à informação de qualidade, caracteriza uma exclusão digital por falta
de qualidade de uso. Segundo Pesce et al. (2020) [12], a discriminação tecnológica constitui uma
forma de pobreza e exclusão social ao privar uma parte da população de recursos essenciais para se
desenvolver e gerar riqueza. A UIT (2022)[9] estabeleceu o Índice de Acesso Digital (IAD), que mede a
capacidade global dos cidadãos de um país para acederssar e utilizar as TICs. Este índice leva em
conta diversas variáveis agrupadas em cinco categorias: qualidade, infraestrutura, conhecimento,
acessibilidade e utilização.

3.3 Recursos Digitais no Ensino da Física


As novas tendencias tendências e atividades relacionadas com as das TICs e das atividades à ela
relacionadas, são constituem alternativas criadas no intuito deque podem ajudar a produzir
conhecimento e a de aprimorar a troca e de informações. Neste contexto, o professor assume uma
postura de interlocutor desse processo, pois não basta ter acesso às informações é preciso construir
relações, fazer análises críticas, enfim, refletir sobre elas (LOPES & COSTA, 2021)[8]. Os professores
podem desde criar atividades a partir dos recursos digitais disponíveis, como também, fazer livros
eletrôónicos com várias representações, simulações virtuais, tudo visando poder facilitar a prática do
ensino da física. Um dos motivos que dificultam a utilização dos recursos digitais nos processos de
ensino e de aprendizagem é a falta de tempo ou de acesso dos professores a esses recursos. Além
de uma jornada intensa, muitos professores não tiveram na sua formação inicial o uso e a
apropriação desses recursos sendo leigos na utilização de tecnologias de informação e
comunicaçãoTICs, ou ainda não utilizamos por nos se sentiremos inseguros pela falta de domínio na
manipulação da ferramenta (SANTOSO, ISTIYONO & HARYANTO, 2022) [11]. A utilização de tais
ferramentas tecnológicas na pratica prática docente precisam ser bem planeadas, visando ter um
objetivo a ser alcançado e, sobretudo, conhecer a tecnologia, ou seja, é preciso saber lidar utilizar
para saber ensinar. É importante destacar que os recursos tecnológicos devem ser utilizados para
agregar saberes e não simplesmente com o intuito de ocupar o tempo ou como diversão para os
estudantes (PESCE et al., 2020) [12]. Nesse sentido, a implantação de tecnologias no ensino exige
muita uma reflexão aprofundada sobre o planeamento e implementação das atividades de ensino-
aprendizagem.

4 CONCLUSÕES
Com base nos resultados deste estudo, pode-se concluir que as TICs podem facilitar o processo de
ensino e de aprendizagem, fortalecendo a pratica prática docente e a sua orientação, expandindo as
perceções dos professores e dos alunos sobre a física. O uso dos recursos digitais tem suas
vantagens, mas exige que os professores sejam mais criativos na sua utilização, pois muda a
maneira como o professor ensina o conteúdo. Nesse estudo observamos que a inclusão digital,
principalmente no acesso as às TICs, tem pode ter um papel importante inclusive na conquista da
cidadania plena, pois se promovida em seuno sentido emancipador, pode ser um elemento facilitador
da educação libertadora, por oferecer ao socialmente excluído o acesso à cultura digital e suas
potencialidades de exercício da cidadania.
É observado observada a necessidade de uma mudança mental também por parte dos professores,
que precisam sair de da sua zona de conforto e alargando as suas expectativas para uma melhor
prática docente no ensino da física.

REFERÊNCIAS
[1] BUDI, A. S., Muliyati, D., Ambarwulan, D., & Bakri, F. (2019). The development of ICT-based
learning curriculum for pre-service physics teacher. In Journal of Physics: Conference Series
(Vol. 1318, No. 1, p. 012137). IOP Publishing.
[2] FREIRE, P. Pedagogia do oprimido.17. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.q
[3] Medeiros, I. C. (2021). O ciclo da inclusão digital: social-digital-social Digital inclusion cycle:
social-digital-social. Brazilian Journal of Development, 7(8), 75705-75714.
[4] Bravo, B., Pesa, M., & Braunmüller, M. (2022). IDAS: a student-centered teaching methodology
to encourage the learning of physics. Revista Brasileira de Ensino de Física, 44.
[5] Moreira, M.A. (1999). Aprendizagem significativa. Brasília: Editora Universidade de Brasília.
[6] Nurliani, R., Sinaga, P., & Rusdiana, D. (2021 , March). Problems of online learning and the use
of information and communication technology (ICT) in physics learning at Sumedang, West
Java. In Journal of Physics: Conference Series (Vol. 1806, No. 1, p. 012043).
[7] BACHELARD, G. (1996) A formação do Espírito científico. Trad. Estela Santos Abreu. - Rio de
Janeiro: Contraponto.
[8] LOPES, J. B., & Costa, C. (2021). Converting digital resources into epistemic tools enhancing
STEM learning. In Technology and Innovation in Learning, Teaching and Education: Second
International Conference, TECH-EDU 2020, Vila Real, Portugal, December 2–4, 2020,
Proceedings 2 (pp. 3-20). Springer International Publishing
[9] UIT. “https://www.itu.int/en/Pages/default.aspx”. acessado: 20/12/2022
[10] ONU. https://news.un.org/pt/story/2019/11/16937112”. acessado: 20/12/2022
[11] SANTOSO, P.H.; Istiyono, E.; Haryanto. (2022) Physics Teachers’ Perceptions about Their
Judgments within Differentiated Learning Environments: A Case for the Implementation of
Technology. Educ. Sci., 12, 582.
[12] PESCE, L. et al (2020). Inclusão digital e empoderamento freireano: a formação de professores
da educação básica em uma perspectiva dialógica e autoral. Uberlândia: Navegando
Publicações.
[13] BABALOLA, F. E.; OJOBOLA, F. B. (2022) Improving Learning of Practical Physics in
Sub-Saharan Africa—System Issues. Can. J. Sci. Math. Techn. Educ.

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