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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE EDUCAÇÃO

A Robótica Educacional alinhada ao ensino-aprendizagem de ciências e


matemática no Ensino Fundamental: Uma abordagem para práticas
docentes em sala de aula

Danielle Feliciano de Lima e Silva


Maria Alice Lacerda Lima da Costa
Janiely Pereira de Lima

Recife,
Março de 2024
A Robótica Educacional alinhada ao ensino-aprendizagem de ciências e
matemática no Ensino Fundamental: Uma abordagem para práticas
docentes em sala de aula

Danielle Feliciano de Lima e Silva


Maria Alice Lacerda Lima da Costa
Janiely Pereira de Lima

Projeto de pesquisa apresentado como pré-


requisito parcial de avaliação da disciplina
Educação, Tecnologia e Sociedade, 2016.1, do
Centro de Educação, Universidade Federal de
Pernambuco.

Recife,
Março de 2024
Sumário
Introdução 4
Problema de pesquisa 4
Justificativa 6
Referencial teórico 8
Objetivos 12
Objetivo geral 12
Objetivos específicos 12
Metodologia 13
Referências 14
Introdução
De uns tempos para cá, um crescente reconhecimento da importância de promover

uma educação mais dinâmica e contextualizada foi discutida por diversos teóricos no campo

do ensino-aprendizagem, capaz de preparar os alunos não apenas para absorver conhecimento,

mas também para aplicá-lo de maneira prática em situações do mundo real. Conforme Freire

(1987, p. 79), “os homens se educam em comunhão, mediatizados pelo mundo”. Isso implica

que o conhecimento só adquire significado quando inserido em seu contexto específico. Em

linhas gerais, contextualizar significa estabelecer uma ligação entre o conhecimento, sua

origem e suas possíveis aplicações.

Nesse contexto, a integração da robótica no currículo escolar emerge como uma

estratégia promissora para estimular o interesse e o engajamento dos estudantes,

especialmente nas disciplinas de ciências e matemática. No Brasil, tem-se discutido cada vez

mais a necessidade de reformas educacionais que incorporem abordagens inovadoras e

tecnológicas. A Proposta de Lei 462/2021, tem o intuito de alterar a Lei de Diretrizes e Bases

da Educação (Lei 9.394/1996). A medida refletiu a crescente necessidade de adaptação do

sistema educacional brasileiro às demandas contemporâneas da sociedade, ao propor a

inclusão do ensino de programação, robótica, noções de direito e finanças. Nos últimos anos,

o ensino de ciências e matemática tem enfrentado desafios em manter os alunos engajados e

motivados, especialmente no ensino fundamental anos finais. O modelo das disciplinas com

segmentação rígida e fixa e a teoria separada do cotidiano, parecem não serem opções

preteridas entre os discentes e apresenta-se dissonante/distanciada a sua vivência no mundo da

cibercultura. Nesse contexto, a introdução da robótica educacional nas escolas brasileiras tem

sido colocada como forma de superação desta questão, por oferecer uma oportunidade

inovadora para abordar os conteúdos destas e de outras áreas, proporcionando uma abordagem

prática e interativa para o aprendizado.

No entanto, é importante ressaltar que a implementação efetiva dessas mudanças no

currículo escolar requer uma abordagem cuidadosa e planejada. É necessário garantir a

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formação adequada dos professores, a disponibilidade de recursos didáticos adequados e a

integração dessas novas disciplinas de forma harmoniosa com os conteúdos já existentes.

Fazendo um recorte para a robótica educacional, cabe-se entender que além de

despertar a curiosidade e o entusiasmo dos alunos, ela pode oferecer uma oportunidade para o

desenvolvimento de habilidades cognitivas, sociais e emocionais. Pensando nisso, um dos

principais questionamentos que surgem é sobre o potencial da robótica para promover uma

abordagem interdisciplinar eficaz no ensino de ciências e matemática. Em outras palavras,

como essa tecnologia pode ser utilizada não apenas como um fim em si mesma, mas como

uma ferramenta para integrar diferentes áreas do conhecimento, proporcionando uma

compreensão mais holística e profunda dos conceitos e fenômenos estudados, sobretudo no

ensino fundamental anos finais, que ainda enfrenta desafios significativos quanto a sua efetiva

integração ao currículo escolar.

Assim, torna-se imprescindível investigar os benefícios potenciais da integração da

robótica no currículo escolar, além de perceber os desafios práticos e as melhores estratégias

para sua implementação. Ademais, é essencial considerar a perspectiva dos professores, que

desempenham um papel central nesse processo de transformação educacional,

compreendendo suas percepções sobre os obstáculos e as oportunidades associadas ao uso da

robótica como uma ferramenta interdisciplinar no ensino de ciências e matemática. Portanto,

este estudo se propõe a explorar essas questões, visando contribuir para o desenvolvimento de

práticas pedagógicas mais eficazes e alinhadas com as demandas contemporâneas que

refletem a forma abrupta e veloz com a qual a tecnologia tomou espaço do cenário

educacional. Da mesma forma, a compreensão de um uso proveitoso da robótica na promoção

da interdisciplinaridade e no engajamento dos alunos.

Problema de pesquisa
Ao integrar a robótica no currículo escolar, os alunos têm a oportunidade de aplicar
conceitos teóricos aprendidos em sala de aula de uma maneira prática e tangível, aumentando
assim seu interesse e compreensão nas disciplinas de ciências e matemática. Contudo, não é

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somente pelo fato de estar presente na escola que a robótica representará uma abordagem
eficaz como expõe as publicidades das redes educacionais que propagam sua implementação.
Cada dia mais, tem-se percebido que é crucial compreender os mecanismos pelos quais a
robótica educacional pode ser integrada de forma interdisciplinar.
Assim, seu ensino na escola precisa explorar como ela pode ser utilizada para reforçar
conceitos tanto de ciências quanto de matemática de maneira simultânea, sem subjugar as
áreas ou usá-las como propedêutica uma da outras, mas possibilitando do desenvolvimento de
habilidades transversais, através da interdisciplinaridade. Além disso, faz parte da realidade
brasileira a escassez de professores que apresentam formação necessária, baixo apoio de
investimentos. Ao mesmo tempo que existem diretrizes educacionais que impõem recursos
multidisciplinares para implementar a robótica no currículo de maneira a engajar os alunos e
promover uma abordagem interdisciplinar eficaz, se restringindo muitas vezes a práticas
pontuais, engessadas e isoladas.

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Diante disso, como a integração do ensino de robótica no currículo escolar brasileiro
do ensino fundamental anos finais pode promover uma abordagem interdisciplinar eficaz no
ensino de ciências e matemática? Outrossim, é importante questionar: qual o impacto da
robótica no engajamento e interesse dos alunos em relação às disciplinas de ciências e
matemática ? Como a abordagem interdisciplinar com a robótica educacional pode melhorar a
compreensão conceitual e as habilidades práticas dos alunos em ciências e matemática? Quais
são as melhores práticas para integrar a robótica educacional de forma interdisciplinar ao
currículo existente de ciências e matemática? Qual é a percepção dos professores em relação
aos desafios e benefícios de incorporar a robótica educacional como uma ferramenta
interdisciplinar no ensino de ciências e matemática?

Justificativa
Atualmente, vivemos tempos de grande imersão tecnológica, frente a uma realidade
sociotécnica informacional e comunicacional, junto com a cibercultura, marcada pela
digitalização. Isto recriou as possibilidades de se relacionar, conhecer, produzir conhecimento
e outras formas de interação, desfazendo os limites físicos/temporais e a distância entre
produção e emissão de informação (Silva, 2008). Nessa conjuntura, se estabelecem diversas
mudanças na forma como as gerações nascidas se relacionam com o mundo, de modo que
demandam uma atenção no que diz respeito à aquisição de habilidades e competências no
contexto de sala de aula.
A escola, como instituição de socialização deve se atentar a isso. A esta geração não
cabe mais ensinar hierarquias e padrões, teorias desvinculadas da prática, as antigas
disciplinas segmentadas e centradas no professor não refletem as necessidades. Todavia, ainda
predomina nas redes educacionais brasileiras o apego a este dito “paradigma tradicional”
(Behrens, 1999), o que tem afastado discentes dos docentes e discentes da escola, gerando
desinteresse por disciplinas. Essa problemática tem sido recorrente nas matérias de ciências e
matemática entre os integrantes da geração Alfa (nascidos depois de 2010), o que reflete uma
problemática crescente (Souza; Ramos, 2016).

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Em outro panorama, no país, uma das iniciativas recentes para pensar a educação em
consonância com a cultura digital, é a inclusão da robótica no currículo, sobretudo para o
ensino fundamental anos finais. Por outro lado, podemos observar alguns desafios na
implementação da robótica educacional, como a ideia de que integrar determinada tecnologia
na escola garantirá um cenário favorável à aprendizagem dos discentes. A robótica pode
ensinar sobre diversas áreas, as quais nos debruçarmos sobre as ciências e a matemática.
Entretanto, trabalhada de forma segmentada, como propõe o ensino tradicional, pouco pode
conectar este estudante “à altura das novas exigências sociais, históricas, que a gente
experimenta” (Freire; Guimarães apud Azedo; PItta, p.18, 2009). Assim, o primeiro ponto que
movimenta esta pesquisa é justamente a partir da robótica trazer/criar/estudar práticas
educacionais, as quais pensem a promoção de interdisciplinaridade entre ciências e
matemática, disciplina nessa conjuntura as quais sofrem com falta de engajamento de
discente, sendo esse um caminho para uma possível resolução da problemática.
Nota-se também a necessidade, na sociedade da cibercultura, de entendermos a
educação cada vez mais em uma abordagem holística e contextualizada do conhecimento,
alinhada às demandas contemporâneas. No intuito de formar discentes engajado, atuantes,
críticos e criativos (Freire, 1996). Outrossim, movimenta-se pela necessidade de compreender
como a robótica pode contribuir para a melhoria da compreensão, do engajamento e interesse
dos alunos em ciências e matemática. Indo além, como podemos trazer a robótica para
melhoria da educação e conexão dela com o mundo em que estão, cumprindo seu verdadeiro
papel social.
Somado a isso, espera-se identificar como a robótica educacional pode auxiliar no
desenvolvimento de habilidades práticas, essenciais para a formação integral dos estudantes e
sua preparação para o mundo do trabalho. Também propor abordagens inovadoras que
possam transformar o processo de ensino e aprendizagem, tornando-o mais acessível a todes e
horizontalizando a sala de aula. Ainda, busca-se explorar como a robótica educacional pode
aproximar o currículo escolar das vivências dos alunos na cibercultura, contribuindo para uma
educação mais conectada com a realidade dos estudantes.

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No outro lado, a pesquisa dá relevância também para a investigação dos desafios e
benefícios da incorporação da robótica educacional no ensino de ciências e matemática, a fim
de orientar a formação de professores. Ademais, compreender como a robótica educacional
pode ser integrada de forma eficaz no currículo escolar é crucial para promover a equidade
educacional, garantindo que todos os alunos tenham acesso a oportunidades de aprendizagem
enriquecedoras. Nesse processo, Carvalho e Alves (2018), apontam que dentro da sociedade
hiperconectada incluir o digital é também incluir socialmente, pois as relações que se
apresentam nesse contexto são mediadas pelas tecnologias.
Dito isso, é preciso não só acessar, mas adquirir o letramento digital, cuja escola pode
ser uma agente facilitadora ao ensinar a robótica dentro de uma perspectiva interdisciplinar
em ciências e matemática. Buscamos, com esta pesquisa, uma compreensão mais aprofundada
do papel da robótica educacional na promoção de uma educação mais engajadora,
interdisciplinar e alinhada com as demandas do século XXI, beneficiando tanto alunos quanto
professores e contribuindo para o avanço do sistema educacional brasileiro.

Referencial teórico
Segundo a Constituição Federal de 1988, a educação escolar tem como objetivo
garantir aos educandos a aquisição de competências e habilidades “visando o pleno
desenvolvimento de sua pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação
para o trabalho ” Assim, educação tem a função de moldar o indivíduo para que ele seja
inserido socialmente com as características e comportamentos estabelecidos pela sociedade. A
escola do século XXI tem o desafio de preparar crianças e jovens para um futuro em que todas
as áreas são dominadas pela tecnologia. É nesse sentido, que muitas propostas educacionais
têm falhado em atingir esse objetivo pois, para ensinar e inserir a tecnologia é necessário uma
ruptura com os modelos tradicionais de ensino. Apesar de um cenário caótico e insuficiente,
as escolas públicas no Brasil vem incentivando aos poucos a tecnologia como ferramenta
pedagógica, dentre elas destacamos a robótica educacional.

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Desse modo, desde que a tecnologia e os meios de comunicação virtual se espalharam
pelo mundo, as relações sociais, afetivas e cognitivas foram alteradas. Os sujeitos criaram
novas formas de pensar e se relacionar com o mundo à sua volta, criando e buscando soluções
rápidas que podem ser aplicadas no trabalho, na natureza ou no próprio ser humano. Podemos
compreender que toda tecnologia existente hoje é resultado de muitos esforços da ciência que
reuniu várias áreas do conhecimento para ser entregue à sociedade da forma que é hoje, cada
vez mais eficaz. Com isso, apesar de todos os avanços que a sociedade fez, a escola ainda não
conseguiu acompanhar todo esse desenvolvimento científico e tecnológico que encontramos
de forma tão explícita no mundo fora da escola. O pouco que é oferecido de educação digital
dentro das instituições escolares ainda é feito com muitas lacunas e distante de um contexto
real.
Assim, a interdisciplinaridade acaba tomando espaço para instigar o processo de
ensino-aprendizagem por proporcionar uma experiência com muita interação e mobilização
de conhecimentos. Os resultados desses projetos mostram que o uso da robótica pode, de
acordo com Dutra (2021, p.22), “ representar um caminho para complementar e aperfeiçoar a
metodologia de ensino pelos professores, aproximando o educador do educando, da pesquisa
e da produção científica”. A escola enquanto uma instituição formadora precisa garantir aos
indivíduos, que uma vez passaram por ela, sair de lá capazes de transformar a sociedade. Isso
só será possível, se o conhecimento produzido nesses espaços estimular o pensamento crítico,
a colaboração e autonomia pois “ a interdisciplinaridade possibilita uma nova postura diante
do conhecimento existente, conhecido e o ser explorado, em busca do Ser como pessoa
participativa na sociedade de um modo geral” (GUARDAS; SILVA; 2004; p. 7).
Além da interdisciplinaridade, a robótica mostra ser um instrumento pedagógico
facilitador da aprendizagem em ciências e matemática, em decorrência do caráter complexo
que os conceitos dessas disciplinas possuem. Segundo os parâmetros estabelecidos na BNCC
o ensino de ciências permite que:

Ao estudar Ciências, as pessoas aprendem a respeito de Si mesmas, da diversidade e


dos processos de evolução e manutenção da vida , do mundo material- com os seus
recursos naturais, suas transformações e fontes de energia do nosso planeta no
sistema solar e no universo e da aplicação dos conhecimentos científicos nas várias
esferas da vida humana (2016, p. 325).

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Assim, todo o conteúdo necessário para o ensino de ciências é dividido em três
unidades temáticas que se repetem ao longo de todo o ensino fundamental. As unidades
temáticas são: matéria e energia, vida e evolução, terra e universo e elas vão gradualmente
aumentando o seu grau complexidade e conceitos de acordo com os anos iniciais e finais do
fundamental. Dentre elas destacamos matéria e energia que “contempla o estudo de materiais
e suas transformações, fontes e tipos de energia utilizados na vida em geral” (Brasil, 2016,
p.327). Assim, dentro desta unidade temática pode-se introduzir facilmente a robótica, pois
ela é uma base para compreender o funcionamento das transformações da natureza que vão
ser aplicadas na tecnologia e em tudo que depende dela.
A disciplina de matemática, conforme o documento, deve

ter compromisso com o desenvolvimento do letramento matemático, definido como


as competências e habilidades de raciocinar, representar, comunicar e argumentar
matematicamente, de modo a favorecer o estabelecimento de conjecturas, a
formulação e a resolução de problemas em uma variedade de contextos, utilizando
conceitos, procedimentos, fatos e ferramentas matemática (Brasil, 2015, p. 266).

Assim, a BNCC reúne um conjunto de ideias fundamentais que produzem articulação entre
eles: equivalência, ordem, proporcionalidade, interdisciplinaridade, representação, variação e
aproximação. Nessa direção, o documento propõe cinco unidades temáticas e cada uma delas
pode receber ênfase diferente, a depender do ano de escolarização. São elas: números,
álgebra, geometria, grandezas e medidas, probabilidade e estatística. A robótica explora todos
esses conceitos na estruturação e programação dos objetos que serão construídos com auxílio
da tecnologia.
Segundo Vygotsky (1998), o brinquedo desempenha um papel fundamental na

formação das capacidades cognitivas e sociais da criança. Vygotsky propôs que o brinquedo

não é apenas uma atividade lúdica sem propósito, mas sim uma forma de simbolização e

representação da realidade, na qual a criança pode experimentar e explorar papeis e situações

diferentes. Para Vygotsky, o brinquedo é uma zona intermediária entre as atividades que a

criança realiza de forma independente e aquelas que são realizadas com a orientação de um

adulto. Nesse espaço de brincadeira, a criança tem a oportunidade de internalizar conceitos e

habilidades, construir sua compreensão do mundo e desenvolver suas funções psicológicas

superiores, como a imaginação, a linguagem e o pensamento simbólico.

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Desse modo, a robótica educacional apresenta um amplo recurso pedagógico e todos
eles são produzidos por diversos fabricantes com o objetivo de serem altamente adquiridos
nos sistemas educacionais. Um exemplo desses fabricantes é a Lego Education, que produz
diversos materiais pedagógicos, os quais introduzem a tecnologia no ensino da robótica nas
redes públicas e privadas. Todo material produzido pela Lego Education é uma proposta para
um ensino inovador que coloque os alunos como ativos no seu processo de aprendizagem de
maneira participativa e lúdica. Além disso, os professores, antes de ter o contato com os
materiais, passam por uma formação prévia para entender a melhor maneira de conduzir as
aulas e o contato do brinquedo com os alunos.
Pensando nas ciências da natureza, podemos destacar a Arduino, uma plataforma de
prototipagem eletrônica de código aberto tanto em hardware quanto em software, permitindo
aos usuários a criação ou modificação dos projetos disponíveis. A linguagem de programação
do arduino é mais comum e isso permite que seja mais facilmente difundido e compreendido
até mesmo entre crianças, adolescentes e adultos que nunca tiveram contato com
programação. (MATOS; LIMA; 2022; p. 5)
Diante disso, podemos destacar a plataforma arduino como um instrumento para
facilitar o ensino de matemática e ciências como proposta interdisciplinar. Um dos temas que
podem ser trabalhados envolvendo essas duas áreas e a plataforma é a criação e cuidados com
a horta. Segundo Lima e Matos:

Em relação ao conhecimento científico, é importante que o aluno entenda a


necessidade da água e da luz para o desenvolvimento dos vegetais. A aplicação da
robótica permitirá ao estudante avaliar isso continuamente por meio da inserção de
sensores de luminosidade e de umidade do ar e do solo, monitorando e controlando
as variáveis de desenvolvimento da planta escolhida (2022, p. 9).

A criação e manutenção da horta será o campo investigação que os alunos vão


observar e coletar dados. Os docentes para desenvolver esse tema precisam construir
sequências didáticas que dividem as etapas do projeto que une a ciência e a matemática. A
interdisciplinaridade entre essas duas áreas para o tema de criação e cuidados com a horta é
fundamental e enriquecedor para aprendizagem dos alunos, uma vez que

Os conteúdos de ciências e matemática dialogam na análise, validação, apresentação


da construção e apresentação de gráficos e modelos. Os conteúdos de robótica
integram-se no controle da horta, bem como na aplicação e calibragem dos sensores
e do ambiente” (MATOS; LIMA, 2022, p.18).

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Portanto, as propostas que incentivam um ensino inovador devem estar presentes nas
escolas do século XXI, porque o nível de globalização que a sociedade se encontra hoje é
praticamente impossível viver sem os domínios básicos da tecnologia. É imprescindível que a
rede pública de educação se atualize e ofereça aos alunos o acesso a diversas plataformas
digitais e tecnológicas para que eles possam ser de fato preparados para o exercício da
cidadania e ter uma preparação adequada para o mercado de trabalho atual.
A robótica educacional tem se mostrado um importante caminho para o domínio das
tecnologias e ainda possibilita associar várias áreas do conhecimento em uma abordagem
interdisciplinar. Todo esse avanço é com objetivo de melhorar as práticas de ensino e didática
utilizadas em sala de aula, construindo um novo espaço educacional que valoriza a ciência, o
pensamento crítico, a descoberta, o trabalho em equipe e principalmente a autonomia.
Destacamos também a necessidade de repensar como essas tecnologias têm sido inseridas
atualmente para que não acabem por cair no modelo de reprodução do conhecimento sem
estimular o pensamento crítico. Diante das referências expostas, podemos reiterar a indagação
acerca das áreas de ciências e matemática, as quais podem ser pensadas dentro de uma
pesquisa interdisciplinar a partir da inclusão da robótica no currículo escolar brasileiro.

Objetivos

● Objetivo geral
Compreender como a integração da robótica no ensino fundamental anos finais
pode promover uma abordagem interdisciplinar eficaz no ensino de ciências e
matemática, considerando práticas pedagógicas que estejam alinhadas com as
demandas da cibercultura e possam superar os desafios, aumentando a assertividade
do ensino.

Objetivos específicos
1. Investigar o impacto da robótica educacional no engajamento dos alunos nas
disciplinas de ciências e matemática nos anos finais do ensino fundamental.
2. Analisar como a abordagem interdisciplinar pode ser adotada a fim de contribuir para
a melhoria da compreensão conceitual e o desenvolvimento de habilidades práticas em

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ciências e matemática.
3. Analisar os dados coletados de forma integrada, buscando identificar padrões,
tendências e insights que possam contribuir para a compreensão abrangente do
impacto e das implicações da integração da robótica educacional no contexto escolar
brasileiro.
4. Pensar como ensino da robótica na escola como uma proposta interdisciplinar nas
disciplinas de matemática e ciências pode estar atrelada com a promoção da inclusão
digital.

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Metodologia
A metodologia adotada para esta pesquisa envolverá uma abordagem mista,
combinando métodos quantitativos e qualitativos (Córdova; Silveira, 2009) para uma
compreensão abrangente do impacto da integração da robótica educacional no currículo
escolar brasileiro do ensino fundamental anos finais, especialmente em relação ao ensino de
ciências e matemática.
Inicialmente, será realizada uma revisão bibliográfica, onde serão selecionados e
analisados artigos, livros e documentos os quais versam sobre a robótica educacional, os
benefícios, desafios e melhores práticas para sua integração de forma interdisciplinar. Em
seguida, será delineado o desenho da pesquisa, estabelecendo as unidades de análise (alunos,
professores e escolas) e definindo critérios de seleção dos participantes.
Contará também com coleta de dados realizada por meio de questionários aplicados
aos alunos para avaliar o engajamento e interesse nas disciplinas de ciências e matemática,
antes e depois da introdução da robótica educacional em uma abordagem interdisciplinar.
Entrevistas individuais semiestruturadas serão conduzidas com os professores a fim explorar
suas percepções, experiências, desafios e benefícios da integração da robótica no ensino.
Além disso, serão feitas observações durante trinta horas em aulas com o uso da robótica
educacional, registrando aspectos como interação dos alunos e aplicação prática dos
conceitos.
Os dados coletados serão analisados utilizando técnicas estatísticas para os dados
quantitativos e análise de conteúdo para os dados qualitativos. Será realizada uma
interpretação dos resultados baseada no referencial teórico, identificando padrões, tendências
e informações relevantes.
Por fim, os resultados serão interpretados e discutidos em relação à literatura existente,
destacando suas implicações teóricas e práticas. Para expor os resultados será elaborado um
artigo científico, apresentando de forma evidente os objetivos, metodologia, resultados e
conclusões da pesquisa.
O cronograma para a execução desta pesquisa é o seguinte:
- Revisão da Literatura: 3 meses
- Desenho da Pesquisa: 1 mês
- Coleta de Dados: 4 meses
- Análise de Dados: 2 meses
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- Interpretação dos Resultados: 1 mês
- Elaboração do artigo: 2 meses

Referências
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https://portalidea.com.br/cursos/b3481605419da1e917763cb33f2dc5f5.pdf. Acesso em:
BEHRENS, M. A. A prática pedagógica e o desafio do paradigma emergente. Revista
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