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A esquerda brasileira tem importado com cada vez maior frequência termos como esses.
Com efeito, existem esforços para produzir traduções adequadas para aqueles que ainda
estão em inglês (http://azmina.com.br/2016/04/termos-em-ingles-estao-elitizando-o-
feminismo/) (ex. “gaslighting”), pois na língua original eles seriam “elitizantes”. É
engraçada essa forma de enxergar o idioma como mero instrumento, como se fosse
possível importar termos e traduzi-los sem trazer com eles a visão de mundo
correspondente (que é, em grande parte, de um público universitário altamente
politizado). A própria língua inglesa é muito mais favorável que a nossa ao portmanteau,
daí os termos aparentemente intraduzíveis como “manterrupting”, “bromance”, “brunch”,
etc. Muitos portmanteaus usamos em português sem tradução: motel, cheeseburger,
sitcom, e-mail, screenshot, cosplay, etc.
A esquerda brasileira também gosta muito de usar um termo – este produto nacional –
chamado “indignação seletiva”. Ocorre que eles mesmos são responsáveis por um
fenômeno que chamo de “importação seletiva”. Consiste em trazer para o debate brasileiro
os conceitos favoritos da esquerda estrangeira e ignorar termos usados por AMBOS os
lados do debate “na gringa”, e que, na verdade, ajudam muito a entender o Brasil.
1. Astroturfing
Astroturfing. v. A prática de mascarar os verdadeiros patrocinadores de uma causa,
mensagem ou política.
São tweets da @folha no dia em que Lula foi conduzido pela Polícia Federal. Observe os
quatro “diferentes” atores: Instituto Lula, Governo, PT e Dilma. A estes poderíamos
somar Guilherme Boulos, João Pedro Stédile, Marilena Chaui, etc. Com a maior facilidade
do mundo, sob diferentes cores de “grama”, a mesma “raiz” PT emplaca várias notícias
com o mesmo viés e assim pode “controlar a narrativa”. Falando nisso….
2. Spin doctor
Spin doctor. s. Um profissional cujo trabalho é tentar controlar a forma com que uma
notícia é descrita ao público, de forma a influenciar o que elas pensam a respeito.
Você já ouviu falar bastante sobre a “imprensa que manipula”, mas não chegou no Brasil o
termo que descreve exatamente o responsável por essa prática. O termo foi cunhado nos
anos 80 (http://www.nytimes.com/1986/08/31/magazine/on-language-calling-dr-
spin.html?Src=longreads), em um editorial do New York Times sobre um debate
presidencial, para se referir aos assessores de imprensa que tentam influenciar o trabalho
dos repórteres. “Doctor” não significa apenas “doutor” ou “médico”: o verbo “to doctor”
pode significar “falsificar”.
O termo “spin doctor” ajuda você a enxergar vários fenômenos muito importantes para a
esquerda que ela quer que você ignore. Por exemplo:
– uma presidente demite vários ministros envolvidos em corrupção. Em vez de ela ser
responsabilizada por ter contratado tantos corruptos, o spin doctor transforma isso em
“faxina ministerial” e a presidente sai do episódio com boa imagem.
– milhões de pessoas etc. etc. pedem impeachment. O spin doctor produz uma afronta à
inteligência: a frase “não vai ter golpe”, deslocando totalmente a questão. Quem retrucar
que “impeachment não é golpe” já caiu na armadilha do doctor: expliquei isso em Petistas
Magros Não Lutam Sumô (https://medium.com/@CedeSilva/petistas-magros-
n%C3%A3o-lutam-sum%C3%B4-2da4ec13a65f#.yy4pklur8).
3. Dog whistle
Dog whistle. s.m. A divulgação de mensagens políticas que têm um significado para o
público em geral e outro (subentendido) para a militância.
Você já reparou que em determinados momentos seus amigos petistas nas redes sociais
ficam quietos? Quando o noticiário não favorece a agenda do partido, eles param de
postar ou então passam a falar de seriados, flores… Isso acontece porque estão
aguardando o “dog whistle”, o sinal do Comando Central para tentar emplacar uma pauta.
Em 1º de abril deste ano, por exemplo, a Lava-Jato deflagrou a fase Carbono 14, que
lançou luz no caso Celso Daniel. Este tema está vetado da agenda petista. Mas no dia
seguinte a IstoÉ lançou uma capa com o título “explosões nervosas da presidente”. Os
influenciadores da rede petista – os blogueiros, artistas, etc. de sempre – repercutiram a
capa com grande ênfase. Não houve qualquer discussão sobre a VEJA do mesmo fim de
semana. Por quê? Porque VEJA trazia uma capa sobre Celso Daniel…
O público “comum” entendeu que a repercussão sobre a capa da IstoÉ era o que parecia
ser: um repúdio ao machismo, uma defesa da imagem da então presidente, etc. Mas a
militância entendeu o som agudo do apito: ao falar de Dilma, a ordem era para sufocar
qualquer repercussão da Lava Jato ou do caso Celso Daniel naquele fim de semana.
Em novembro de 2015, Lula pediu à militância que criasse “uma corrente de boas
notícias”. O resultado foi a onda das fanfics de esquerda
(https://medium.com/@CedeSilva/as-fanfics-de-esquerda-84edb65c44af#.u6jrgr3sn).
Em janeiro de 2016, Flávio Renegado postou uma capa de uma IstoÉ de abril de 2013
(https://www.facebook.com/flaviorenegado/photos/a.489585277293.252432.153219207293/1015316229
type=3&theater) e pautou as timelines daquela semana – o post de uma revista velha teve
mais de 11 000 compartilhamentos. O texto que acompanha a foto: “Ótimo jeito de
começar a semana”.
4. Empty suit
Empty suit. adj. Uma pessoa – em geral político, acadêmico ou colunista – que posa de
importante mas não tem qualquer conteúdo, e – em especial – emite opiniões sem ter o
“dele” na reta.
“Empty suits” são exatamente “ternos vazios”: pura imagem, zero conteúdo. Mudam de
opinião com grande facilidade, já que não arcam com qualquer responsabilidade pelo que
dizem. Mangabeira Unger, por exemplo, escreveu que “o governo Lula é o mais corrupto
de nossa história nacional”
(http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz1511200506.htm) e logo depois virou
ministro do Lula. Kátia Abreu assinou texto sobre os perigos do gramscismo
(http://www1.folha.uol.com.br/colunas/katiaabreu/1247361-milicias-do-
pensamento.shtml) e das milícias do pensamento e depois virou ministra de Dilma (e sua
mais firme defensora no ministério).
Exemplo 2)
Exemplo 3) Delfim Netto, Cristovam Buarque, Marina Silva, Alberto Carlos de Almeida,
etc. etc.
5. Newspeak
Newspeak. s.f. “Novilíngua”, a linguagem ambígua e enganosa promovida por um regime
(ou partido) com o objetivo de reduzir o horizonte de consciência das pessoas.
A “newspeak” foi criada por George Orwell no romance 1984, mas ele já enxergava na
União Soviética o fenômeno de controle pela linguagem quando escreveu o livro.
– ser “a favor de X” quase sempre implica “ser a favor de que X seja fornecido pelo
governo federal de graça”.
– a palavra “golpe” contaminou o debate sobre impeachment.
– a turminha do DCE não consegue se opôr a ideias diferentes, não apenas porque nunca
ouviram falar nelas, mas porque não conseguem sequer concebê-las.
– a palavra “fascista” é usada hoje para significar “aquele que não concorda comigo”.
Para pensar
Reparem que estes cinco termos preteridos pela “importação seletiva” da esquerda
brasileira têm algo em comum: todos servem para detectar malandragem. Com efeito, são
termos de contra-malandragem, que ajudam a enxergar o que é falso, exagerado,
distorcido e – principalmente – as pessoas responsáveis por essa malandragem.
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Cedê Silva é jornalista. É editor do jornal 'A Agência' (www.aagencia.info (http://www.aagencia.info)). Escreve também no twitter.com/CedeSilva
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Sobre este link que consta no texto, há um detalhe: a autora dele é Nana Queiroz, aquela que ficou seminua na Esplanada dos
Ministérios com a frase "eu não mereço ser estuprada", captada por fotografia de nível profissional, logo após a divulgação
daquela pesquisa fajuta do Ipea. Vamos dizer que ela foi o cão líder da matilha a ouvir o apito dado pelo instituto, talvez de forma
privilegiada, permitindo-lhe fazer aquela encenação constrangedora. Talvez tenha sido uma espécie de IPO dela como spin doctor
para a parte feminista do gramscismo, ainda mais que ela não está dentro daquele arquétipo típico de militante de tal movimento,
uma vez que é casada, não é feia e teoricamente serviria de porta-voz mais adequada para uma determinada imagem que se
queira passar do movimento que não aquela que sabemos ser a mais normal e esperada.
Em relação a astroturfing, modalidade importante a ressaltar são essas recentes histórias envolvendo escolas paulistas e, mais
recentemente, a Funarte especialmente após Francisco Dornelles estar sendo o governador em exercício no Rio de Janeiro. Essas,
mais as anteriores invasões de escolas em São Paulo, a "revolta do shortinho" e outras têm como padrão começarem sem
maiores menções de atores políticos para só depois de um certo tempo o PSOL se apresentar. Parece que os caras aprenderam
com os protestos de 2013 que não adianta mais entrar com faixas escrito "Juntos" porque o pessoal já saca qual é a coisa.
Também há a guinada que me faz suspeitar de a esquerda ter sido tão vocal contra projetos recentes diminuindo a maioridade
penal para 16 anos: em média tem sido essa a idade dos militantes mais recentes, que na prática estão substituindo os
universitários e sendo mais utilizáveis que eles justamente por serem menores de idade.
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Na minha opinião, e me perdoe se falo asneiras, o uso dessa linguagem compensa a ignorância ordinária do brasileiro com relação
a tudo que seja intelectualizado ou que necessite o mínimo de vida intelectual, inclusive, com relação a literatura esquerdista, já
que ninguém lê porra nenhuma mesmo… Então como fazer com as pessoas adotem a visão de mundo da esquerda, se elas não
querem ler para entender o que a esquerda acredita?
Imagine explicar para as pessoas comuns conceitos como luta de classes, estrutura e superestrutura e toda aquela xaropisse que
professores de esquerda ensinam, mas ninguém aprende. Então, colocar termos fáceis de engolir remontando situações do dia a
dia pavlovianamente enxertados na cabecinha das pessoas, e portanto no seu imaginário, como coisas ruins e que expressam
relações de opressão que devem ser combatidos por todos e principalmente pelo estado, para que então, vc vai perder tempo
explicando Hegel ou Marx para os incautos (eu incluso : ))?
explicando Hegel ou Marx para os incautos (eu incluso :-))?
Veja o exemplo do “gaslighting”, alguém precisou ler A Origem da Família da Propriedade Privada e do Estado, para que quando
presenciasse um homem chamando a atenção de uma mulher, mesmo que nas melhores das intenções, atribuísse a isso a
dominação machista do patriarcado? Não. E olha que hj em dia a dama sai com a torcida do flamengo inteira, rolando até um
threesome de vez em qdo casa de vel e grinalda e ninguém sai traumatizado por isso e vivem felizes pra sempre enquanto dura
ver mais
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>O "astroturfing" pode ser descrito de modo factível, como a multiplicação de avatares com um mesmo pensador central,
por trás de suas manifestações.
>O "spin doctor" é por exemplo, não o que o veículo/agente (de oposição) mostrou/disse, mas o que um agente de media
mostrou/disse o que ele (o de oposição) mostrou/disse.
>O "whistle" é a cortina de fumaça pra desviar atenção de temas incômodos e difíceis de contra-argumentar em
determinado momento.
>E o "newspeak" é mais difícil pq lembra neologismo, ou criação de novos termos, com significado próprio, chamados
para toda e qualquer argumentação sobre quaisquer temas políticos.
Enfim, é isso.
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E isso está tão arraigado que parece haver um software nessas pessoas de identificação simultânea. Pasmem, já vi uma pessoa
comparar comportamento de pedófilo com machismo!
Excelente artigo.
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Tal como aquelas lâmpadas de luz negra que usam no comércio para detectar notas falsas, esse texto deveria ficar à mão para
desmascarar os falsos profetas e desconstruir os discursos prontos que enfrentamos todos os que querem, de fato, um mundo
melhor.
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Haddad joga no lixo Bíblia que recebeu de eleitor em Datafolha e Ibope erraram a favor do PT e contra a
Fortaleza oposição em todas as últimas eleições
28 comentários • 19 dias atrás 16 comentários • um mês atrás
Jhonatan Lima — Trouxa do militonto que não conhece nem a Francisco — Precisa atualizar a Tabela. O Datafolha e Ibope
própria fé. Comunismo e cristianismo são antagônicos, você erraram mais uma nesta eleição por mais de 15% contra o
amará um e odiará o outro. Não existe meio termo. E ainda … Bolsonaro. Se forem considerados os resultados das …
A falácia do suposto direito ao aborto Narcotraficantes e seqüestradores das FARC fazem nota
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6 comentários • 6 dias atrás de apoio ao PT
Ilbirs — Perguntas a serem feitas a defensores do aborto:1) Você 16 comentários • um mês atrás
gostaria de ter sido abortado(a)?2) É a favor do aborto por qual Flavio Morgenstern — Falsas? Tem até o link aí, tia. E você
meio: desmembramento, remédio, sucção, injeção salina ou … precisa saber que as FARC e o PT têm o mesmo projeto comum
desde que o PT surgiu!
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03/10/2018
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