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O conceito de indústria cultural é um dos principais resultados da chamada Escola de

Frankfurt, que foi criada em 1924 como uma instituição de pesquisa social. Embora seus membros
tenham uma tradição marxista, seu objetivo é conduzir pesquisas interdisciplinares e propor teorias
críticas.
A indústria cultural existe no dia a dia da população e tem um impacto profundo sobre ela.
Suas características manipuladoras (e conservadoras) foram condenadas inúmeras vezes. A visão
ingênua da indústria cultural julga que ela é uma manifestação dos interesses de toda a sociedade e
um produto da mesma, portanto, é um meio de comunicação que traz um efeito benéfico às pessoas
e reproduz o que elas esperam ver.
Como várias análises das indústrias culturais apareceram nas obras clássicas de Adorno e
Horkheimer, essa visão não foi mantida. Há quem diga que a indústria cultural é uma expressão da
dominação e alienação burguesa. Elimina da classe subalterna a possibilidade de estabelecer uma
cultura própria e crítica, pois a comunicação de massa é uma "via de mão única" onde nenhuma
ação pública é realizada na mídia a não ser o número ibope.
O Big Brother Brasil é um produto da indústria cultural e atualmente é considerado o reality
show de maior sucesso do mundo. Promoveu o desenvolvimento econômico, atraiu a atenção dos
líderes da mídia e criou um público recorde. Pode-se analisar o "Big Brother Brasil" pela indústria
cultural, a partir do esqueleto mostrado neste reality show.
Sua criação no Brasil não é original. Esse tipo de reality show apareceu pela primeira vez na
Europa em 1999, mais precisamente na Holanda. O executivo de TV e criador do programa, John de
Mol, deu a ele o nome de Big Brother, nome de um personagem de um livro de George Orwell (no
sentido de Irmão mais velho que cuidar do irmão mais novo; na ficção de Orwell, líder opressor).
Em todo o mundo, existem muitos programas semelhantes que mantiveram o mesmo nome
ou o traduziram para o idioma local. Em alguns locais, a cópia do programa é exatamente igual à
versão original, e mantém o nome, assim como no Brasil (Big Brother-BBB).
Se não é original, então podemos ver que o conceito de teoria crítica aplicado aqui é de
falsa novidade. É montado de acordo com a estrutura de outros países. Embora o público tenha um
sensação de novidade pelo programa lançado pela TV Globo, muitos não sabem que se trata de um
programa de sucesso copiado de um quadro pré-aprovado. Outro conceito observado no BBB é que
o consumidor acredita que ele domina a indústria cultural, mas antes disso, ele é objeto de
dominação. Durante os meses de exposição, os fãs acompanharam a “vida real” dos participantes
todos os dias, atentos a qualquer notícia e novidade na casa do BBB. E Porque? Se considerarmos o
método que o programa usa para manipular o público, a resposta é óbvia. A eliminação, a
participação dos ex-participantes e a escolha do vencedor são determinadas por votação. A votação
organizada por meio de comunicação de massa sempre visa os interesses dos telespectadores e
emissoras. O pensamento de dominação do espectador surge a partir deste ponto. A principal
mensagem gravada na cabeça dessas pessoas é: “Você que está em casa, é quem a decide hoje quem
continua, e quem sai do BBB”. Fique de olho!
Percebe-se a sensação de domínio? No entanto, ela só existe. Porque na prática, o jogo é o
contrário: os fãs são dominados. Não há espaço para críticas ou qualquer julgamento que faça o
indivíduo questionar se a reality é bom para sua vida e para a sociedade.
De acordo com a teoria crítica, aplicar isso ao "Big Brother" é ideologia cultural: a
adaptação substitui a consciência. Essa realidade oferece aos telespectadores imagens que são
criadas com base na realidade de pessoas comuns, projetadas para entreter e permitir que a tomada
de decisões flua por toda a pessoa. Essa ideia é totalmente ideológica. Porque as massas são
governadas pela burguesia (nas palavras de hoje: milhares de pessoas são governadas pela globo e
estão alienadas pelo BBB).
O programa faz tamanho sucesso por isso: O que parece feito para o povo, é na verdade uma
extensão do trabalho das próprias pessoas, porque a globo ganha dinheiro assim: enquanto você
puder colaborar nas suas horas de lazer e descanso vendo o BBB em casa e votando no seu jogador
predileto, melhor vai ser o lucro final. Essa é ferramenta mais poderosa que a indústria cultural usa
para as massas. As mentes são preparadas para um esquematismo racionalizado: pois sempre vai
parecer para os consumidores como “um conselho de quem entende”. O telespectador não precisa
se dar ao trabalho de pensar, é só escolher.
No Big Brother Brasil, o culto à imagem e à beleza é evidente e se intensifica a cada edição.
A começar pela casa espetacular: enorme, bem decorada, com piscina, jardim, academia, cozinha
muito bem equipada, enfim, o sonho de consumo de grande parte das pessoas que assiste ao
programa. As festas também estão envoltas de beleza e sedução, seja pela decoração, roupas
enviadas aos brothers, música ou comidas. Esse culto à beleza não fica restrito a casa do BBB.
Esses padrões criados dentro do programa viram ícones estéticos para o publico. Tudo que o público
vê no programa, é vendido na loja virtual da globo e de seus respectivos patrocinadores.
Um grande exemplo disso é o livro "Os quatro compromissos - Um guia prático para a
liberdade pessoal", do mexicano Don Miguel Ruiz, depois de ter sido citado por Juliette, campeã do
"BBB 21", em uma live, foi parar no topo da lista de mais vendidos da Amazon.
Fica clara a intenção da indústria cultural: de lucrar sempre. Com tudo que for possível, e o
que ainda não é possível, certamente será em breve, alienado com a ideia de falsa novidade.
Outro ponto analisado segundo a teoria critica são os estereótipos no BBB. Quanto mais os
jogadores causarem algum tipo de identificação no telespectador, maior será a dominação por parte
da indústria cultural desses consumidores. Os estereótipos são aceitos com facilidade pelo público e
muda a percepção de cultura dessas pessoas. Onde algo ato de um participante que tinha
desagradável os telespectadores, na outra semana pode mudar e o mesmo se tornar o favorito da
edição.
Tudo isso nos mostra que tais formas de alienação pregam um falso senso de liberdade, o
falso desimpedimento à informação, quando, na verdade, não passam de mercadorias prontas para
serem vendidas, falsas ideologias que existem somente para nos fazer acreditar numa ilusão. Não
necessitando mais de pensamento crítico ou de subjetividade, pois “pensar” é trabalhar.

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