III. Natureza e Cultura - 8ª sessão 31/05/2022 Estruturalismo – Claude Lévi-Strauss Texto: O Feiticeiro e a sua magia Claude Lévi-Strauss Antropólogo, professor e filósofo. Fundador da Antropologia Estruturalista. Um dos grandes pensadores do sec. XX. Data do nascimento: 28/11/1908 em Bruxelas. Data de falecimento: 30/10/2009 em Paris.
Imagem: DW.com
Imagem:Jean-Pierre Martim / Collège de France
Claude Lévi-Strauss Filho de um artista e membro de uma família judia francesa intelectual Graduado em Filosofia na Sorbonne, em 1931 Em 1934 participou da missão universitária francesa no Brasil Em 1941 foi para os Estados Unidos, como professor visitante da Nova Escola de Pesquisa Social, na cidade de Nova Iorque Em 1950 foi nomeado diretor acadêmico da École Pratique des Hautes Études, da Sorbonne Em 1959 assumiu a cadeira de Antropologia Social no Collège de France Imagem: www.companhiadasletras.com.br Em 1982 se aposentou do Collège de France, época em que dirigia o Laboratório de Antropologia Social Produção bibliográfica
As Estruturas Elementares do Parentesco - 1949 Tristes Trópicos - 1955 Antropologia Estrutural - 1958 Produção bibliográfica
O Cru e o Cozido - 1964 Do Mel as Cinzas - 1966
O Pensamento Selvagem - 1966
Origem dos Modos à Mesa - 1968 O Homem Nu - 1971
O FEITICEIRO E A SUA MAGIA
Mecanismos psico-fisiológicos por conjuro ou enfeitiçamento,
p. 1. Retirada dos múltiplos sistemas de referência fornecidos pelo grupo, p. 1. A integridade física não resiste à dissolução da personalidade social, p. 1. A morte intervém, sem que a autópsia possa revelar a lesão, p. 2. A eficácia da magia implica na crença da magia, p. 2. O FEITICEIRO E A SUA MAGIA A crença do feiticeiro na eficácia de suas técnicas, p. 2. A crença do doente que ele cura ou a vitima que ele persegue, p. 2. Exigências da opinião coletiva: campo de gravitação na qual se definem as relações entre feiticeiro e aqueles que ele enfeitiça, p 2. Enfim, que parte de credulidade, e que parte de crítica, intervém na atitude o grupo face àqueles nos quais reconhece poderes excepcionais, aos quais concede privilégios correspondentes, mas dos quais exige também satisfações adequadas? p. 2. O FEITICEIRO E A SUA MAGIA
• Texto do livro Tristes Trópicos, 1955. Relato
ocorreu em setembro de 1938. • Chefe civil e feiticeiro, p. 3. • Feiticeiro desaparece e é encontrado de forma imóvel, desgrenhado e privado de cintos, colares e pulseiras, p. 3. •Bando composto por diferentes origens, p. 4. •Boatos e inquietude, senso político para pôr em causa a boa fé e a eficácia do seu feiticeiro p. 4 – atitude profana em relação a tribo. O FEITICEIRO E A SUA MAGIA
• Interpretações não são evocadas pela consciência
individual. Atitudes fluidas com caráter de experiência apenas toleráveis se incorporados na cultura do grupo, p. 5. • Sistemas que representam subjetivamente o que o grupo vivencia, significado para experiência. • Experiência individual ganha forma coletiva e explica processo conjunto de sistemas. O FEITICEIRO E A SUA MAGIA Observação feitas entre os Zuni, no Novo México – M. C. Stevenson, 1905. Adolescente acusado de feitiçaria, p. 05 O acusado não consegue absolvição se desculpando, mas reivindicando seu pretenso crime, p. 6. “Os guerreiros se deixaram absolver tão completamente pela narrativa do rapaz, que pareciam esquecido a razão do seu comparecimento perante eles, p. 7. A feitiçaria, de conjunto difuso de sentimentos e de representações mal formuladas, para se encarnar em experiência, p. 7. O FEITICEIRO E A SUA MAGIA De ameaça a segurança física para garantia de sua coerência mental. Verificação do seu sistema, p. 7.
Emque medida não se tornou ele, efetivamente,
um feiticeiro? p. 8.
Nada mais é necessário, sem dúvida, para que os
poderes sobrenaturais, já reconhecidos pelo grupo, sejam confessados definitivamente por seu inocente detentor, p. 8. O FEITICEIRO E A SUA MAGIA
Fragmento de auto biografia indígena, recolhido
em língua kwakiutl (região de Vancouver, Canadá) por Franz Boas. Quesalid: curiosidade para descobrir fraudes dos Xamãs, p. 8. Fingir desfalecimento, simulação de crises nervosas, cantos mágicos, técnica de fazer vomitar, p. 9. Convocado por família do doente que sonhará com seu salvador, p. 9 “Falso-sobrenatural”: algumas eram menos falsas que outras, p. 9. O FEITICEIRO E A SUA MAGIA Quesalid lhe apresenta a doença sob uma forma visível e tangível, p.10. Doença produzida como forma de um objeto material, a doença à qual tinham sempre atribuído uma natureza espiritual, p. 10. Koskimo não mostra a doença, limita-se a incorporar um objeto invisível, p. 10. Fracasso do Xamã o faz partir, p. 11. Existem verdadeiros Xamãs. E ele próprio? Defende a sua técnica e é orgulhoso dos seus sucessos, p. 11. O FEITICEIRO E A SUA MAGIA Um sistema de interpretação onde a invenção pessoal desempenha um grande papel e ordena do diagnóstico a cura, p. 12. Tripla experiência: a do Xamã, do doente e a do público, adesão coletiva, p. 12. Experiência íntima do Xamã e consesus coletivo, p. 12. Relações com o mundo sobrenatural se exprimem por meio de modos do conhecimento: impressão corporal, da inferência e do raciocínio, p. 12 O FEITICEIRO E A SUA MAGIA
Sem a eficácia relativa os usos mágicos não teriam podido
conhecer a vasta difusão que o caracteriza, no tempo e no espaço p, 13. Quesalid não se tornou um grande feiticeiro porque curava seus doentes, ele curava seus doentes porque se tinha tornado um grande feiticeiro – pólo coletivo do sistema, p. 13. Desaparecimento do consensus social: derrocada dos rivais de Quesalid, p. 13. Xamã é um abreator profissional, p. 14. Pensamento patológico e pensamento normal não se opõe, eles se completam, p. 14. Extravasa interpretações, sobrecarregar uma realidade, p. 14. O FEITICEIRO E A SUA MAGIA
Um equilíbrio aparece entre o que é verdadeiramente, no
plano psíquico, uma oferta e uma procura. Colaboração entre a tradição coletiva e a invenção individual, p. 14. Correlações que integrem todos os elementos de uma situação total onde o feiticeiro, doente e público, representações e processos encontram seu lugar, p. 15. Experiência vivida de um universo de efusões simbólicas, p. 15 A experiência só, e a sua riqueza relativa de cada caso, pode permitir a escolha por diversos sistemas possíveis, e acarretar a adesão a tal escolha ou tal prático, p. 15. O FEITICEIRO E A SUA MAGIA Emoções e representações articuladas conforme totalidade ou sistema, p. 15 Doente é passividade. Feiticeiro é atividade. Nutri símbolos. Cura é a relação entro pólos opostos. Manifesta a coerência do universo psíquico, projeção do universo social, p. 15. Magia readapta o grupo a problemas pré-definidos. Psicanálise readapta o doente ao grupo, p. 16 O valor do sistema deixará de ser fundado em curas reais, as quais beneficiarão indivíduos particulares, mas sobre o sentimento de segurança trazido ao grupo pelo mito que fundamenta a cura, e o sistema popular em conformidade com o qual, sobre esta base, seu universo se encontrará reconstruído, p. 16. Revista: Chico Bento Edição: 147 Setembro de 1992 Editora: Globo