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Material produzido por

Daiane Evelyn P. Marquis e Carla Viana Coscarelli


Projeto Redigir / FALE / UFMG

Incorporando Madame Natasha

Material do aluno

Texto 1 Texto 2
Curso Madame Natasha Madame Natasha
de piano e português Madame Natasha tem horror a avião e adora o
Madame Natasha tem horror a doutor Milton Zuanazzi, da Agência Nacional de
música. Ela zela pela luminosidade do Aviação Civil. Acredita que ele destruirá o tráfego
idioma e deu mais uma de suas bolsas aéreo.
de estudo ao secretário de Energia do Outro dia, Zuanazzi garantiu que não havia crise no
Rio de Janeiro, Wagner Granja Victer, pedaço. Depois, defendeu-se dizendo que "pegaram
pelo convite que fez circular no andar a questão semântica". (Sua ligeireza ajudou a levar
de cima, chamando as pessoas para a um voto de ministro do Supremo para a criação da
“assinatura do convênio de CPI do Apagão.)
eficientização da iluminação pública Em dezembro, Zuanazzi responsabilizou a imprensa
do município de Petrópolis”. por um "terrorismo gráfico e televisivo". Queixou-se
Victer informa que já foram de um "paradoxo ético" em "tempos díspares". Disse
“eficientizados” 19.100 pontos de luz mais: "Quanto mais ampliamos as nossas
na cidade. A senhora está na comunicações, as redes mundiais e as liberdades que
acreditação de que se o secretariante damos a elas, maiores são os pré-julgamentos e as
tiver respeitamento pelo português, estereotipagens".
deve eficientizar as palavras que usa Natasha acredita que ele quis dizer o seguinte:
em suas comunicâncias. "Quando o governo informa que o problema foi
resolvido, acabou-se a conversa"
Gaspari, Élio. Folha de São Paulo. 16 nov,
2003 p.A10 Gaspari, Élio. O Povo (online).14 abr.2007.
http://opovo.uol.com.br/opovo/colunas/eliogaspari/686796.htm
l

Texto 3
Madame Natasha
Madame Natasha aprendeu a gostar de índios lendo textos do antropólogo Eduardo Viveiros de
Castro. Ela acredita que seu mestre de indiologia merece uma de suas bolsas de estudo, por conta
de um trecho extraído de um livro que publicará no ano que vem, intitulado “Isso não é tudo:
Lévi-Strauss e a mitotogia ameríndia”. Explicando o alcance da frase “isso não é tudo”, do
professor francês, ele escreveu: “Ela aponta para o inacabamento da análise estrutural, sugere as
razões desse inacabamento: a fractalidade e rizomaticidade de todo objeto determinado pelo
método estrutural”.
Natasha tentou saber o que ele quis dizer e ensinaram-lhe que a ideia de “fractalidade” tem a ver
com “padrões escalares autossimilares que podem emergir de sistemas caóticos”.
Madame desistiu. Esse dialeto só é falado pela tribo dos filósofos da Alta Sorbonne.

Gaspari, Élio. O Globo (online). 08 nov. 2009.


https://conteudoclippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2009/11/8/madame-natasha/
Material produzido por
Daiane Evelyn P. Marquis e Carla Viana Coscarelli
Projeto Redigir / FALE / UFMG
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Daiane Evelyn P. Marquis e Carla Viana Coscarelli
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Depois de ler os textos acima, responda às seguintes perguntas:

1. Quem é Madame Natasha?


2. Qual o principal objetivo dela?
3. Que estratégias ela usa para atingir esse objetivo?

Em relação ao texto 1, responda:

4. Por que ela critica os termos “eficientização” e “eficientizados” no texto 1?


5. Por que são usadas palavras como “acreditação”, “secretariante”, “respeitamento”
“eficientizar” e “comunicâncias” no final do texto? Que sentido elas provocam?
6. O que você acha que ela quis dizer com essa última frase. Faça sua “tradução”.

Em relação aos textos 1 e 2, responda:

7. Existem, nesses textos, informações aparentemente contraditórias. Aponte-as e


explique com que finalidade elas foram usadas nos textos.

Em relação ao texto 3, responda:

8. O que você entendeu da seguinte frase:"Madame desistiu. Esse dialeto só é falado


pela tribo dos filósofos da Alta Sorbonne."?

Agora você é Mme Natasha:

9. Procure em jornais, revistas, livros ou internet trechos que você acha que Mme
Natasha iria gostar de analisar. Mostre para seus colegas e diga o que você acredita
que o autor quis dizer.
Material produzido por
Daiane Evelyn P. Marquis e Carla Viana Coscarelli
Projeto Redigir / FALE / UFMG

Incorporando Madame Natasha1

Material do professor

Texto 1 Texto 2
Curso Madame Natasha Madame Natasha
de piano e português Madame Natasha tem horror a avião e adora o
Madame Natasha tem horror a doutor Milton Zuanazzi, da Agência Nacional de
música. Ela zela pela luminosidade do Aviação Civil. Acredita que ele destruirá o tráfego
idioma e deu mais uma de suas bolsas aéreo.
de estudo ao secretário de Energia do Outro dia, Zuanazzi garantiu que não havia crise no
Rio de Janeiro, Wagner Granja Victer, pedaço. Depois, defendeu-se dizendo que "pegaram
pelo convite que fez circular no andar a questão semântica". (Sua ligeireza ajudou a levar
de cima, chamando as pessoas para a um voto de ministro do Supremo para a criação da
“assinatura do convênio de CPI do Apagão.)
eficientização da iluminação pública Em dezembro, Zuanazzi responsabilizou a imprensa
do município de Petrópolis”. por um "terrorismo gráfico e televisivo". Queixou-se
Victer informa que já foram de um "paradoxo ético" em "tempos díspares". Disse
“eficientizados” 19.100 pontos de luz mais: "Quanto mais ampliamos as nossas
na cidade. A senhora está na comunicações, as redes mundiais e as liberdades que
acreditação de que se o secretariante damos a elas, maiores são os pré-julgamentos e as
tiver respeitamento pelo português, estereotipagens".
deve eficientizar as palavras que usa Natasha acredita que ele quis dizer o seguinte:
em suas comunicâncias. "Quando o governo informa que o problema foi
resolvido, acabou-se a conversa"
Gaspari, Élio. Folha de São Paulo. 16 nov,
2003 p.A10 Gaspari, Élio. O Povo (online).14 abr.2007.
http://opovo.uol.com.br/opovo/colunas/eliogaspari/686796.htm
l

1
Essa atividade foi inspirada em uma questão da Prova de Língua Portuguesa da segunda etapa do vestibular
de 2004 da Universidade Federal de Goiás. Disponível em
http://www.vestibular.ufg.br/ps2004/ETAPA2_LinguaPortuguesa_TODOS_OS_GRUPOS.pdf
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Daiane Evelyn P. Marquis e Carla Viana Coscarelli
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Texto 3
Madame Natasha
Madame Natasha aprendeu a gostar de índios lendo textos do antropólogo Eduardo Viveiros de
Castro. Ela acredita que seu mestre de indiologia merece uma de suas bolsas de estudo, por conta
de um trecho extraído de um livro que publicará no ano que vem, intitulado “Isso não é tudo:
Lévi-Strauss e a mitotogia ameríndia”. Explicando o alcance da frase “isso não é tudo”, do
professor francês, ele escreveu: “Ela aponta para o inacabamento da análise estrutural, sugere as
razões desse inacabamento: a fractalidade e rizomaticidade de todo objeto determinado pelo
método estrutural”.
Natasha tentou saber o que ele quis dizer e ensinaram-lhe que a ideia de “fractalidade” tem a ver
com “padrões escalares autossimilares que podem emergir de sistemas caóticos”.
Madame desistiu. Esse dialeto só é falado pela tribo dos filósofos da Alta Sorbonne.

Gaspari, Élio. O Globo (online). 08 nov. 2009.


https://conteudoclippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2009/11/8/madame-natasha/

Sugestões de respostas:

1. Quem é Madame Natasha?


2. Qual o principal objetivo dela?
3. Que estratégias ela usa para atingir esse objetivo?

Madame Natasha é uma personagem criada pelo jornalista Élio Gaspari com a finalidade
de ridicularizar a linguagem usada por autoridades da vida pública brasileira, que,
segundo o jornalista, atropelam a comunicação. E para ridicularizar essa linguagem, ela
se utiliza da ironia para com sua própria linguagem. De modo debochado, Mdme Natasha
mostra como a linguagem utilizada pelas autoridades brasileiras só serve para dificultar o
processo de comunicação.

4. Por que ela critica os termos “eficientização” e “eficientizados” no texto 1?

Porque, segundo ela, o secretário poderia ter sido mais eficiente na comunicação e não foi.
Ele poderia ter dado a mesma informação de forma mais simples e direta, ao invés de usar
os dois termos. Portanto, nesse caso, a fala de ​Wagner Granja Victer não foi nada eficiente em
termos de comunicação.

5. Por que são usadas palavras como “acreditação”, “secretariante”, “respeitamento”


“eficientizar” e “comunicâncias” no final do texto? Que sentido elas provocam?

O jornalista encerra o seu texto com uma redação sarcástica, irônica, apropriada ao
contexto de sua crítica. Assim, ele mostra que a linguagem que utilizam as autoridades
brasileiras, acabam dificultando a comunicação.
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Daiane Evelyn P. Marquis e Carla Viana Coscarelli
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6. O que você acha que ela quis dizer com essa última frase. Faça sua “tradução”.

Ela quis dizer, com tom de deboche, que se o secretário ​Wagner Granja Victer tiver respeito
ao português e souber fazer um bom uso da língua, ele deve utilizar um vocabulário que facilite a
comunicação. Tradução: A senhora acredita que se Victer souber fazer um bom uso da
língua, ele deve simplificar ao máximo os seus discursos de forma a facilitar a
comunicação.

7. Existem, nesses textos, informações aparentemente contraditórias. Aponte-as e


explique com que finalidade elas foram usadas nos textos.

Pode-se verificar essas contradições em informações do tipo: Mme Natasha oferece curso
de piano mas tem horror a música; “​Mme Natasha tem horror a avião e adora o doutor Milton
Zuanazzi, da Agência Nacional de Aviação Civil.”. Elas foram usadas para explicitar as ironias
que existem por trás das críticas propostas por Élio Gaspari, com a criação da personagem Mme
Natasha.

8. O que você entendeu da seguinte frase:"Madame desistiu. Esse dialeto só é falado


pela tribo dos filósofos da Alta Sorbonne."?
Aqui Mme Natasha critica a fala de algumas pessoas da academia que rebuscam e retorcem a fala,
fazendo com que o que foi dito não fique muito claro, ou seja compreendido apenas pelas pessoas
que têm familiaridade com a teoria que está sendo discutida.

9. Procure em jornais, revistas, livros ou internet trechos que você acha que Mme
Natasha iria gostar de analisar. Mostre para seus colegas e diga o que você acredita
que o autor quis dizer.

O(a) próprio(a) professor(a) pode levar jornais e revistas para que os alunos procurem, ou
então eles mesmos podem fazer essa pesquisa na biblioteca da escola.

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