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•IOCHPE-MAXION •NOVOS AVANÇOS DA •OS CAMINHÕES SE

COMEMORA O CENTENÁRIO INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL RECUPERAM DA QUEDA E

Automotive
E DITA DESTINO NO SETOR AUTOMOTIVO GANHAM MERCADO

AGOSTO DE 2018
ANO 10 • NÚMERO 52

O IMPACTO DA NOVA
POLÍTICA INDUSTRIAL
PROGRAMA PARA A INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA, ROTA 2030 COMEÇA A TOMAR
FORMA APÓS MAIS DE UM ANO DE DISCUSSÕES E DESENTENDIMENTOS

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REVISTA
EDITORIAL

www.automotivebusiness.com.br

Editada por Automotive Business, empresa


associada à All Right! Comunicação Ltda.
Tiragem de 10.000 exemplares, com
distribuição direta a executivos de fabricantes
de veículos, autopeças, distribuidores,
entidades setoriais, governo, consultorias,
empresas de engenharia, transporte e logística Paulo Ricardo Braga
e setor acadêmico. Editor
paulobraga@automotivebusiness.com.br
Diretores
Maria Theresa de Borthole Braga
Paula Braga Prado
Paulo Ricardo Braga

Editor Responsável
O AVANÇO DO ROTA 2030
Paulo Ricardo Braga
(Jornalista, MTPS 8858)

Editora-Assistente
D epois de mais de um ano de negociações entre todos os interessados em
construir um programa de política industrial para o setor automotivo, foi
enfim assinada a Medida Provisória 843, que dá forma inicial ao Rota 2030.
Giovanna Riato
Houve dezenas e dezenas de reuniões em Brasília para se chegar a um acordo
Redação sobre os requisitos mínimos de eficiência energética dos veículos, definição do
Mário Curcio, Pedro Kutney e Sueli Reis
regime ex-tarifário para autopeças e das bases para criação de metas e incentivos
Colaborador desta edição à pesquisa e desenvolvimento para empresas do setor. No que diz respeito aos
Edileuza Soares, Sergio Quintanilha e Wilson incentivos, houve forte reação do Ministério da Fazenda e o governo deu menos
Toume
do que os fabricantes queriam. A MP 843, que deve ser seguida por um decreto
Editor de Notícias do Portal que a regulamente, precisa ser votada pelo Congresso Nacional até novembro
Pedro Kutney
para não perder a validade. A matéria de capa sobre o Rota 2030, assinada pelo
Design gráfico jornalista Pedro Kutney, esmiúça o que já se sabe do programa e traz a opinião
RS Oficina de Arte
Ricardo Alves de Souza de presidentes de entidades relacionadas ao setor automotivo e das chamadas
Josy Angélica marcas premium, que produzem baixos volumes de veículos.
Fotografia Esta edição reflete a comemoração de marcos importantes no setor de
Estúdio Luis Prado autopeças. A Schaeffler celebra seis décadas de atuação no Brasil, de olho na
Publicidade mobilidade do futuro. A Iochpe Maxion completa o centenário no País, com uma
Carina Costa, Greice Ribeiro, Monalisa Naves história rica em ousadia que levou a empresa a fabricar 60 milhões de rodas
Atendimento ao leitor por ano e estender sua atuação para diversos países. Para contar a história e
Patrícia Pedroso os planos da ZF, ao completar 60 anos de Brasil, Automotive Business foi a
WebTV Sorocaba (SP) entrevistar o CEO Wilson Bricio, que pretende ter aqui a melhor
Marcos Ambroselli operação da companhia no mundo.
Comunicação e eventos Entre as montadoras, destaque para a Toyota. A fábrica de Indaiatuba (SP) chega
Carolina Piovacari aos 20 anos no auge, operando acima da capacidade e se preparando para
Impressão produzir a nova geração do Corolla. Tomamos o pulso também dos segmentos de
Margraf caminhões, que voltam a subir a ladeira, e motocicletas, que ainda derrapam para
Distribuição crescer, com alto grau de ociosidade nas fábricas.
Correios Em colaboração especial para nossa revista, a jornalista Edileuza Soares,
especializada em tecnologia da informação, ouviu consultores e empresas
do setor para mostrar como a inteligência artificial tem avançado na
Administração, redação e publicidade
Av. Iraí, 393, conjs. 51 a 53, Moema, indústria brasileira, usando robôs inteligentes para automatizar processos e
04082-001, São Paulo, SP, se conectar com clientes.
tel. 11 5095-8888
redacao@automotivebusiness.com.br Completamos esta edição com a cobertura do Workshop Planejamento
Automotivo, que trouxe insights para os profissionais que preparam o budget
Filiada ao de 2019 e costuram o plano estratégico de suas companhias. O encontro
reuniu cinco centenas de participantes no Hotel Sheraton WTC, em São Paulo.
Boa leitura e até a próxima edição.

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ÍNDICE

16 CAPA | LEGISLAÇÃO

ROTA 2030
COMEÇA A
TOMAR FORMA
APÓS MAIS DE UM ANO DE
DEBATES ENTRE GOVERNO E
REPRESENTANTES DA INDÚSTRIA
AUTOMOBILÍSTICA, O PROGRAMA
DE POLÍTICA INDUSTRIAL AVANÇA
LUIS PRADO

11 C
 ARREIRA 14 N
 EGÓCIOS
MULHERES SOBEM AO TOPO GKN PREMIA MELHORES FORNECEDORES
Executivas são destaque em comunicação Seis empresas foram reconhecidas

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LUIS PRADO

28 WORKSHOP 48 D
 UAS RODAS
PLANEJAMENTO 2019 EM PAUTA MOTOCICLETAS VOLTAM A CRESCER
As dicas dos especialistas Capacidade ociosa ainda é grande

34 T ECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO
INOVAÇÃO AVANÇA NA INDÚSTRIA
A hora da inteligência

38 S
 ISTEMISTA
OS PLANOS DA ZF NO BRASIL
A tecnologia em primeiro plano

50 A
 UTOPEÇAS
OS 60 ANOS DA SCHAEFFLER NO BRASIL
Portfólio reúne Ina, Fag e Luk

44 C
 AMINHÕES
A RECUPERAÇÃO DA QUEDA
Alta no setor projetada em 30%

52 M
 ONTADORA
TOYOTA INDAIATUBA NO AUGE
AOS 20 ANOS
Unidade prepara o novo Corolla

54 CENTENÁRIO
A OUSADIA DA IOCHPE-MAXION
Empresa dita o próprio destino

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TECNOLOGIA

SETOR AUTOMOTIVO BUSCA


A AGILIDADE DAS STARTUPS
PARA INOVAR

H
á um movimento global em agosto, feito pela entidade
intenso de aproximação que representa as fabricantes de
entre as gigantes autopeças. A iniciativa pretende
corporações automotivas e as acelerar a evolução da cadeia
startups. Exemplo disso é a automotiva. Para isso, vai atuar
Toyota, que recentemente comprou em diversas frentes, incluindo o
participação na Grab, empresa incentivo à inovação aberta, em
asiática de transporte individual, parceria com startups. “Queremos
PARCERIA ENTRE e agora acaba de anunciar aporte criar um ecossistema para a
de US$ 500 milhões na Uber. O indústria, apoiando empresas
GIGANTES DA objetivo das parcerias é testar tradicionais para que elas se
modelos de negócios de serviços aproximem das megatendências
INDÚSTRIA de mobilidade e desenvolver novas globais”, esclarece Dan Ioschpe,
tecnologias, como a condução presidente do Sindipeças.
E JOVENS autônoma, aproveitando a agilidade
NEGÓCIOS dos empreendimentos mais jovens, GANHAR VELOCIDADE
que nascem justamente focados COM NOVOS PARCEIROS
GANHA FORÇA em criar oportunidades diferentes Antonio Azevedo, CEO da LOGIGO
no mercado. Automotive, aponta que, para as
NO BRASIL Levantamento feito pela Revista montadoras, a maior vantagem
Forbes indica que 10 a 20 startups de trabalhar com startups é a
do setor automotivo surgem capacidade de executar projetos
semanalmente em algum lugar do mais rápido e com custo menor.
mundo com soluções de inteligência “Trabalhamos em colaboração
artificial, sensores, conectividade, direta com o cliente. Já chegamos
novos serviços de mobilidade, a validar os nossos produtos
direção autônoma, entre outros. com o fornecedor internacional
É um potencial e tanto de gerar de uma empresa para que eles
negócios com a indústria. O Brasil não precisassem fazer isso
faz parte deste panorama e a internamente de forma mais
indústria automotiva local começa a demorada”, conta. Fundada em
enxergar o valor deste movimento. 2009, a startup oferece recursos
Um indício disso é o lançamento de conectividade e de geração
do programa Inova Sindipeças, de receitas recorrentes para

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as montadoras por meio em quais novas tecnologias
de centrais multimídia e a indústria automotiva deve
infoentretenimento. “Fazemos apostar. Desenvolvem o
muito rápido: desenvolvemos software e o produto e, enfim,
e entregamos a solução em encontram fornecedores
intervalo bem mais curto globais para produzir o
do que o setor automotivo equipamento. “Nossa meta
tradicional está acostumado.” é sempre entregar algo que
Quando a LOGIGO ainda não existe. A câmera
Automotive foi fundada, o foco de reconhecimento facial
estava apenas no aftermarket, integrada à central multimídia,
na oferta de kit multimídia para por exemplo, ninguém
o cliente nas concessionárias. oferece. O desafio é achar os
“Como o nosso produto parceiros certos que tenham a
era bastante inovador e tecnologia que precisamos”.
agradava o consumidor, Com o rápido crescimento
a Toyota nos procurou e no Brasil, a empresa está
passamos a fornecer direto trabalhando na construção
para a montadora, a partir de uma fábrica para a
de 2014”, conta. Hoje a montagem local dos
startup entrega soluções componentes importados
para outras duas fabricantes, necessários para as
Nissan e Mitsubishi, e vê suas centrais multimídia.
seu faturamento crescer ao Outro passo importante da PARA AS
ritmo de dois dígitos todos companhia é a abertura de
os anos. “Estamos em cinco um escritório no Vale do MONTADORAS, A
concorrências neste momento. Silício, que deve começar a
É curioso porque o nosso salto operar ainda em 2019. “Lá, MAIOR VANTAGEM
veio da demanda das próprias além de ficarmos perto de
montadoras, que não achavam muitos talentos, inseridos no
DE TRABALHAR
no mercado algumas inovações maior polo de inovação do COM STARTUPS É
necessárias para os seus mundo, vamos estar próximos
negócios”, conta Azevedo. também dos clientes, buscar A CAPACIDADE DE
contratos internacionais. Lá
AVANÇO TECNOLÓGICO fora o olhar já é muito mais EXECUTAR PROJETOS
A LOGIGO Automotive hoje aberto para as novidades
pensa e age como uma que propomos”, diz Antonio, MAIS RÁPIDO E COM
startup, embora já tenha se destacando que a meta é
consolidado e estruturado conservar sempre o espírito CUSTO MENOR
no mercado. Para garantir de startup, jovem e flexível, Antonio Azevedo,
eficiência, conta com time de mas ganhar a proporção de CEO da LOGIGO Automotive
40 pessoas. É ali que mora empresas tradicionais quando
a inteligência: eles detectam se trata de faturamento e
as tendências e identificam número de clientes.

Conteúdo apresentado
por LOGIGO Automotive e
produzido pelo
Media Lab Automotive Business

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PLANEJAMENTO

CRESCIMENTO DA INDÚSTRIA
AUTOMOBILÍSTICA REVELA
OPORTUNIDADES FISCAIS E TRIBUTÁRIAS

D
e acordo com os dados mercado interno durante o ápice
divulgados pela Associação a crise econômica. Esse conjunto
Nacional dos Fabricantes de de acontecimentos sugere um
Veículos Automotores - ANFAVEA novo olhar para o formato tributário
- as perspectivas para o setor na matriz de compra e vendas
apontam um crescimento de 11,7% das empresas ligadas à indústria
nas vendas de auto veículos em automobilística.
relação ao ano passado, devendo Compra de peças, componentes,
chegar a 2,50 milhões de unidades tecnologias, serviços, exportações,
comercializadas até o final de 2018. importações, todo esse movimento
A produção deverá crescer requer uma estratégia para o melhor
Jersony Souza, 11,9%, no período, chegando a 3,02 aproveitamento dos benefícios fiscais.
vice-presidente milhões de unidades fabricadas. De Assim será possível reduzir a carga
da Becomex, janeiro a julho deste ano, a indústria tributária que recai sobre o setor
é o autor do texto automobilística já aumentou as e impacta diretamente nos custos e
vendas em 14,9% em relação ao na competitividade das empresas.
mesmo período do ano anterior. Mais importante que apenas
Esse setor que começa a buscar preços competitivos dos
apresentar reação pós-crise seus insumos, o desafio dessa
econômica, já anuncia também indústria está em encontrar o
investimentos que podem superar cenário mais favorável para as
os R$ 40 bilhões nos próximos comprar e vender seus produtos.
anos, em novos produtos e A palavra de ordem é otimizar
modernização de suas fábricas. a “origem de insumos”, ou seja,
Nesse cenário, os lançamentos usar de todos os mecanismos
já estão sendo desenvolvidos e tributários disponíveis para o setor,
alinhados com as novas exigências afim de comprar e vender peças,
do ROTA 2030 quanto a emissões, componentes e produto final com
seguranças e investimentos em o melhor custo, a menor tributação
P&D. A esse fato se atribui um e o consequente aumento de
aumento de demanda por novas competitividade.
tecnologias, peças, componentes Onde será melhor comprar
vindos dos mais variados mercados componentes? Importar da Ásia
para compor os carros feitos aqui. ou de países que mantém acordos
Toda essa demanda também automotivos com o Brasil (como
veio atender um crescimento das México, Mercosul), de onde é
exportações como alternativa possível a aquisição com menor
para compensar as perdas do custo de importação?

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Essa visão de melhor cenário só será possível transferência da empresa à legislação brasileira.
quando a indústria se “debruçar” sobre os aspectos A restruturação da matriz de compras e
tributários que envolvem os vários benefícios vendas baseada no planejamento da ROTA
fiscais, acordos bilaterais e outros fatores que 2030 vai desafiar os custos do futuro. Quem
influenciam o custo final. Esse é o grande desafio souber dominar essa verdadeira arquitetura
do setor para reduzir impostos e aproveitar da tributária poderá ainda trazer ganhos de custeio
melhor forma esses mecanismos legais. e caixa para o cenário financeiro corporativo,
Um eficiente Planejamento Tributário pode escondidos em um emaranhado de benefícios
apontar a visão real de quais benefícios e fiscais e acordos bilaterais. Estender o
mecanismos tributários devem ser aplicados para planejamento de impostos à equipe de P&D é
tornar a matriz de compras mais flexível e mais fundamental para o sucesso dos lançamentos
aberta a novas possibilidades, com o melhor uso
dos incentivos fiscais. UM PLANEJAMENTO
A redução tributária precisa nascer com o
produto e não apenas no momento de compra TRIBUTÁRIO EFICIENTE PODE
e venda. Por isso é vital para o setor a sinergia
entre a área Tributária e a área de P&D (Pesquisa
APONTAR A VISÃO REAL
e Desenvolvimento), junto com o início de cada DE QUAIS BENEFÍCIOS E
produto, de cada projeto. Assim, será possível
gerar uma análise apurada de impacto que vai MECANISMOS TRIBUTÁRIOS
facilitar, e muito, a tomada de decisão.
A cada novo investimento anunciado pelo DEVEM SER APLICADOS PARA
setor, o planejamento do custo tributário precisa
estar na base da formação de preços. Por isso, TORNAR A MATRIZ DE COMPRAS
as áreas de Compras e Finanças das empresas
do setor vão ter novos desafios a superar na MAIS FLEXÍVEL E MAIS ABERTA A
gestão tributária de novas matrizes de compra.
Assim, poderão identificar e planejar a aplicação
NOVAS POSSIBILIDADES, COM
dos vários benefícios fiscais disponíveis dentro O MELHOR USO DOS
do processo, buscando o melhor aproveitamento
e reduzindo custos com impostos. INCENTIVOS FISCAIS
Sob esse novo olhar, o estudo de precificação
adequado, considerando os benefícios, também que ainda vão rodar nas ruas brasileiras.
pode incentivar uma melhor aderência ao Transfer Afinal, a busca constante por resultados e
Pricing Brasil. A aplicação dos benefícios durante competitividade são itens obrigatórios e não
os estudos de P&D pode ser um facilitador e talvez podem ficar no ponto cego do retrovisor da
até decisor, para enquadrar melhor os preços de indústria. Podem?

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PORTAL | AUTOMOTIVE BUSINESS

AS NOVIDADES QUE VOCÊ ENCONTRA EM WWW.AUTOMOTIVEBUSINESS.COM.BR

EM BUSCA LIJBRELATO INOVA


DA MELHOR ESPERA SINDIPEÇAS
SOLUÇÃO DE MERCADO 20% VAI APROXIMAR
MOBILIDADE MAIOR EM 2019 INDÚSTRIA E
“A melhor resposta O bom momento STARTUPS
para a mobilidade do mercado de “Não podemos
virá de parceria entre o setor implementos rodoviários em 2018 andar devagar quando o assunto
automotivo e o de tecnologia”, deve se estender e ganhar força no é urgente.” A frase de Dan
a opinião é de Doug Betts, vice- ano que vem, acredita a Librelato. Ioschpe, presidente do Sindipeças,
presidente de operações globais da “Para os caminhões já se fala em resume as intenções do Inova
J.D. Power, que recebeu Automotive 15% de aumento; para o nosso Sindipeças. A organização acaba
Business para entrevista exclusiva setor de implementos acredito em de dar a largada no programa que
durante sua vinda ao Brasil no alta de 20%, com volume acima pretende acelerar a capacidade
começo de agosto. Na conversa de 45 mil unidades”, projeta o desta indústria de se reinventar e,
ele falou sobre que a indústria presidente da empresa, José Carlos assim, elevar sua competitividade
enfrenta para permanecer relevante Spricigo. Segundo ele, o mercado e a inserção destas empresas nas
para o consumidor. buscar renovar a frota. cadeias produtivas globais.

WEB TV youtube.com.br/automotivebusiness
ENTREVISTA EVENTO INOVAÇÃO

Conversas com Planejamento Inovação


presidentes Veja como foi Henrique Miranda,
Entenda o que o Workshop da BMW, conta
pensam os Planejamento como digitaliza
principais líderes da Automotivo 2019 uma empresa
indústria no Brasil automotiva

EXCLUSIVO REDES SOCIAIS


LINKEDIN – Notícias, análises e a pro-
PONTO DE VISTA | AB INTELIGÊNCIA MOBILE WEBSITE
SEGURANÇA gramação da ABTV agora são postadas
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Segurança é coisa séria evolução das para quem acompanha
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CARREIRA

MULHERES SOBEM

FOTOS: DIVULGAÇÃO
AO TOPO NO SETOR
AUTOMOTIVO
TRÊS EXECUTIVAS PASSAM A OCUPAR CARGOS
DE DESTAQUE NA ÁREA DE COMUNICAÇÃO

P ouco a pouco, as mulheres estão ganhando


mais espaço no setor automotivo. Duas grandes
montadoras – Volkswagen e Toyota – anunciaram a
recentemente, diretora de assuntos corporativos do Citi.
Pela Toyota, Viviane Mansi (foto 2), que também
chegou em agosto, é a nova coordenadora-chefe de
nomeação de executivas para uma das áreas de mais relações públicas e comunicação para a América Latina,
destaque na corporação: a comunicação. A McLaren, respondendo pela área no Brasil, Argentina e Venezuela.
importadora que este ano passou a vender seus carros Ela sucede a Luiz Carlos Andrade Junior, que continua
premium no País, também elegeu uma mulher para dirigir como coordenador regional e reportando-se ao CEO para
a área por aqui. Por si só, essas decisões dizem muito a região, Steve St. Angelo. Em sua trajetória, traz como
sobre o que as empresas querem comunicar. experiência a de chefe global de comunicação corporativa
Na VW, Priscilla Cortezze (foto 1) assumiu em agosto a e institucional da Votorantin Cimentos.
posição de diretora de assuntos corporativos e relações Por sua vez, Viviane Polzim (foto 3) assume a
com a imprensa para a região da América do Sul e Brasil, responsabilidade pela área de marketing e experiência do
no lugar de André Senador. Ela se reporta diretamente cliente da McLaren São Paulo, onde a marca abriu sua
ao presidente e CEO da marca para a região, Pablo Di primeira concessionária. Com 20 anos no mercado de
Si. Com larga experiência na área, Priscilla acumula luxo, ela foi responsável por ações de marketing, branding
passagens na Revista Carro, onde foi diretora de redação, e desempenho comercial em marcas como Ferrari,
além de diretora de atendimento na FSB Comunicações, Maserati, Lamborghini e Rolls Royce, representadas no
chefe da área de relações públicas da Microsoft e, mais Brasil pelo Grupo Via Itália. n

EXECUTIVOS
GABRIELA STERENBERG (foto 1) é a nova gerente sênior de maketing da BMW Motorrad do Brasil. Ela está há oito anos na companhia.
CARLOS AYALA (foto 2) é o novo presidente da DAF no Brasil. Ele sucede a Michael Kuester, que ocupou a posição desde março de 2015 e
agora volta a Seattle, nos Estados Unidos, para compor o board da companhia.
ROBERTO CARVALHO (foto 3) é indicado pela BMW como seu novo diretor comercial no Brasil, cargo deixado em março deste ano por
Martin Fritsches, nomeado vice-presidente de vendas da Rolls-Royce para a região Américas.
JOHN SAHS (foto 4) passa a chefiar estúdio de design da Nissan no Brasil. Do estúdio brasileiro, inaugurado em 2014, o executivo conduzirá os
projetos para a região da América Latina.
RAFAEL BAGGIO (foto 5) assume como novo gerente responsável pelo mercado de reposição da Tenneco para a região Sudeste, respondendo
pelas marcas Monroe Amortecedores, Monroe Axios e Walker.
FOTOS: DIVULGAÇÃO

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FABRICAÇÃO de botijões
de gás nos anos 30

OS PRIMEIROS ANOS DA MANGELS


e a fabricação de baldes galvanizados

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A MANGELS modernizou sua fábrica, investindo na
automação das suas linhas de produção de rodas

LINHA DE FABRICAÇÃO de
tanques para o setor automotivo

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NEGÓCIOS

RECONHECIMENTO
CADEIA PRODUTIVA
FORD ENTREGA PRÊMIO GKN DRIVELINE
AOS MELHORES PARCEIROS DESTACA
A Ford entregou o prêmio Top Supplier 2018 para
seus melhores fornecedores da América do Sul, cujo
FORNECEDORES

A
desempenho foi destaque na avaliação da fabricante, que GKN Driveline premiou seus melhores
reconhece as empresas em 14 categorias, incluindo uma fornecedores durante workshop em agosto na
inédita para a linha Troller a partir desta edição. Realizada cidade de Porto Alegre (RS) com profissionais da
anualmente, a premiação conta com ampla avaliação cadeia de suprimentos, qualidade e engenharia. De
com base em critérios como indicadores de qualidade, acordo com a empresa, os cinco melhores parceiros
entrega, custos competitivos, relacionamento comercial, foram reconhecidos por atingir metas e superar
condições de trabalho, desenvolvimento do produto, expectativas em relação a serviços prestados e
serviço ao cliente, logística e manufatura. produtos entregues em 2017.
Foram seis parceiros premiados: Bins Artefatos
de Borracha, Klueber Lubrificantes, Petronas
CONHEÇA OS VENCEDORES DA EDIÇÃO
Lubrificantes, ThyssenKrupp Campo Limpo e
2018 DO TOP SUPPLIER DA FORD: Vallourec Soluções Tubulares.
Carroceria e Exterior: ITW Delfast do Brasil
Carroceria e Interior: Magna do Brasil Produtos e
Serviços Automotivos
Chassis: Fric Rot Saic
Sistemas Elétricos e Eletrônicos: Yazak do Brasil
Componentes de Powertrain: Mahle
Instalações de Powertrain: Faurecia Emissions
Control Technologies do Brasil
Matéria-Prima Estampada: Usiminas - Usinas
Siderúrgicas de Minas Gerais
Materiais Industriais: Iturri Coimpar Indústria e
Comércio de EPIs
Serviços: Bradesco Saúde
Logística & Transporte: Rodoviário Líder
Máquinas e Equipamentos: Prodismo SLR
Peças e Acessórios: Cosan Lubrificantes e
Especialidades REINVENÇÃO
Caminhões: Denso do Brasil
Troller: Alpha Metalúrgica VW INVESTIRÁ US$ 4 BI
EM NEGÓCIOS DIGITAIS
A Volkswagen fará aporte de US$ 4 bilhões
até 2025 em novos negócios digitais, o que
inclui nova plataforma baseada na nuvem para
conectar veículos e clientes e pela qual também
oferecerá serviço de compartilhamento de carro,
chamado de We Share. Entre as novidades
da montadora também está um novo sistema
operacional denominado vw.OS, que será
introduzido nos carros elétricos da companhia a
partir de 2020.

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AB INOVAÇÃO
A REVOLUÇÃO DIGITAL E AS INICIATIVAS COM POTENCIAL PARA
TRANSFORMAR A INDÚSTRIA AUTOMOTIVA

LEGISLAÇÃO
CARROS ELETRIFICADOS PAGAM
30% EM IMPOSTOS NO BRASIL

O s veículos elétricos
e híbridos ainda
pagam impostos
elevados no Brasil.
Somadas as alíquotas de
ICMS e PIS/Cofins aos
tributos federais, que
já foram desonerados
pelo governo, o total
recolhido é de 30% do
valor de um modelo novas tecnologias de propulsão,
com a tecnologia, em média. é importante desenhar
A estimativa é de Ricardo as condições certas para
Bastos, diretor de relações impulsionar este movimento.
governamentais da Toyota para o “O que conquistamos até
Brasil. Segundo o executivo, se o aqui precisa ser mantido e
objetivo é estimular a adoção das ampliado”, defende.

DADOS, ESTUDOS E ESTATÍSTICAS PARA ENTENDER A INDÚSTRIA AUTOMOTIVA


www.automotivebusiness.com.br/abinteligencia/

EFICIÊNCIA
RENAULT KWID É O MAIS ECONÔMICO
ENTRE OS MAIS VENDIDOS

O Renault Kwid é o carro mais


econômico entre os dez mais
vendidos do mercado brasileiro até julho,
segundo os dados do Programa Brasileiro
de Etiquetagem Veicular do Inmetro.
Nesta versão 2018 do documento foram BAIXE
classificados 1.103 veículos de 34 marcas, OS DADOS
COMPLETOS
entre modelos e suas versões. DO INMETRO

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POLÍTICA INDUSTRIAL

ROTA 2030:
GOVERNO DÁ MENOS QUE
FABRICANTES QUERIAM
PEDRO KUTNEY

PROGRAMA FOI
A
pós mais de um ano de discussões, negociações e desentendimentos,
o governo finalmente liberou a legislação básica que cria o Rota 2030,
programa de desenvolvimento da indústria automotiva nacional que
ATRASADO PELA substitui o Inovar-Auto, encerrado no fim de 2017. O novo conjunto de regras,
diretrizes, incentivos e metas para o setor valerá pelos próximos 15 anos, com
FAZENDA, QUE NÃO três ciclos e revisões a cada cinco anos. A Medida Provisória 843 que autoriza
o estabelecimento do programa foi assinada de forma açodada em 5 de julho,
PRETENDIA DAR pelo mandatário-tampão da República, Michel Temer.
O instrumento assinado no Palácio do Planalto contempla as linhas gerais
INCENTIVOS do programa com três medidas principais:
FOTOS: DIVULGAÇÃO

INSTRUMENTO assinado
pelo governo traz linhas
gerais do Rota 2030

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1– Estabelecimento de requisitos mínimos de eficiência energética e segurança veicular que serão obrigatórios
para todos os veículos vendidos no Brasil;

2 – Criação de contribuição financeira equivalente a 2% do valor de peças hoje importadas em regime de ex-tarifá-
rio, que será destinada a fundos de desenvolvimento da cadeia de autopeças;

3 – O agora chamado “Programa de Incentivo à Inovação Tecnológica e ao Desenvolvimento da Cadeia Produtiva


de Veículos Automotores – Rota 2030 Mobilidade e Logística”, com adesão voluntária para fabricantes ou im-
portadores de veículos, bem como fornecedores de autopeças, que define as bases para a criação de metas e
incentivos a pesquisa e desenvolvimento para empresas do setor. Quem aderir terá quatro obrigações: inscrever
todos os veículos que vende no País na etiquetagem veicular do Inmetro para aferição de consumo e segurança;
cumprir metas de eficiência energética; apresentar desempenho estrutural de segurança a ser fixado (possivel-
mente em crash tests); e realizar dispêndios mínimos em pesquisa e desenvolvimento no País para ter direito a
incentivos (veja mais adiante no texto).

BRIGA PELA APROVAÇÃO


O Rota 2030 estava à espera de apro- COM O ROTA 2030, OS
vação desde o fim do ano passado,
em meio a desentendimentos entre o VEÍCULOS OFERECIDOS SERÃO
Ministério da Indústria (MDIC), onde
o programa foi gestado, e a Fazenda, CADA VEZ MAIS EFICIENTES,
que interditou o projeto até o último
minuto, por resistir em conceder in- SEGUROS E SUSTENTÁVEIS,
centivos fiscais à indústria automoti-
va. Após uma dúzia de promessas e REDUZINDO AS EMISSÕES DE
adiamentos, o governo foi obrigado
a correr para assinar a MP por causa CO2 E MELHORANDO O MEIO
das eleições de outubro – pela legisla-
ção eleitoral, depois do dia 7 de julho
AMBIENTE E A QUALIDADE DE
fica proibida a adoção de programas
desse tipo que podem ser interpreta-
VIDA DA SOCIEDADE
dos como propaganda política. ANTONIO MEGALE, presidente da Anfavea

CRÉDITOS A FABRICANTES PREMIUM


S egundo o MDIC, os fabricantes de veículos enqua-
drados em projetos de investimento do Inovar-Auto
também foram contemplados pelas medidas anuncia-
projeto, adicional de 30 pontos porcentuais do IPI in-
cidente sobre os veículos importados, que mais tarde
passaram a ser montados no País. Esses valores se-
das pelo governo, que prometeu mandar ao Congres- riam ressarcidos após o início da fabricação, por meio
so Nacional um Projeto de Lei que permite a utilização de crédito para dedução do IPI devido. Contudo, por
de saldo de crédito presumido de IPI. Essas monta- causa do encerramento do programa, não houve tem-
doras reclamam que recolheram cerca de R$ 300 mi- po hábil para devolver o total devido às montadoras.
lhões que não foram ressarcidos. O projeto de lei que o governo envia ao Congres-
Conforme explica o Ministério da Indústria, durante so deverá garantir a restituição do tributo efetivamen-
o Inovar-Auto as empresas que investiram em fábricas te pago pelas empresas e que não puderam ser utili-
no País – caso de Audi, BMW, Mercedes-Benz e Land zados durante o Inovar-Auto, encerrado em 31 de de-
Rover – tiveram de recolher, durante a implantação do zembro de 2017.

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POLÍTICA INDUSTRIAL

Por isso as negociações en-


tre ministérios e representantes
das montadoras foram intensas REQUISITOS MÍNIMOS
em Brasília. A Fazenda segurou o
quanto pôde, enquanto represen- DE EFICIÊNCIA E SEGURANÇA
tantes da indústria, com apoio do
MDIC, alegavam precisar de um
programa para nortear seus planos
S erá criada por decreto e porta-
rias uma lista de requisitos mí-
nimos de eficiência energética e
Para melhorar os índices de se-
gurança veicular, todos os veícu-
los licenciados deverão adotar, até
futuros de investimento, em vias segurança para todos os carros 2027, novos equipamentos como
de serem decididos para os próxi- vendidos no País, sejam eles fabri- itens de série, em lista a ser defini-
mos anos. cados aqui ou importados. da no decreto de regulamentação,
A Presidência da República já ti- De imediato, a MP já prevê que com a incorporação das chamadas
nha prometido a aprovação do Rota todas as marcas deverão inscre- tecnologias avançadas de assistên-
2030 e deu um ultimato à Fazenda, ver seus modelos no Programa cia à direção, como frenagem au-
que cedeu, mas conseguiu reduzir Brasileiro de Etiquetagem Veicu- tomática de emergência ou assis-
bastante o que estava sendo pedido lar (PBEV) do Inmetro, que executa tente eletrônico para manter o car-
pelas montadoras. as medições oficiais de consumo e ro na faixa de rolamento. Cada sis-
O setor ficou longe de ganhar torna os números públicos em eti- tema de segurança terá de ser lista-
tudo o que pedia – principalmente quetas fixadas nos carros. Também do na etiqueta veicular, junto com
o desconto de imposto em troca de terão de ser mantidos os níveis al- os dados de consumo e emissões.
investimentos em pesquisa e de- cançados até 2017 pela legislação Resoluções do Contran e por-
senvolvimento, reduzido a apenas anterior do Inovar-Auto. tarias do MDIC vão estabelecer o
10,2% a 12% dos aportes realiza- A partir do padrão atual, até o cronograma e os prazos para uso
dos. Mas ao menos o setor ganhou fim de 2022 todos os fabricantes obrigatório de cada um desses sis-
a maior previsibilidade sobre quais ou importadores de veículos leves temas. Alguns deles, lembra Anto-
caminhos seguir que tanto defen- terão obrigatoriamente de melho- nio Megale, presidente da Anfavea,
deu, conforme destacou Antonio rar de 10% a 12%, no mínimo, a ainda nem foram homologados na
Megale, presidente da Anfavea, a média de eficiência energética de Europa ou Estados Unidos.
associação que reúne os fabrican- todos os carros vendidos por em- Porém, as montadoras que in-
tes de veículos instalados no País. presa – o índice é medido em me- troduzirem certo número de equi-
gajoule por quilômetro (MJ/km). pamentos antes da obrigação legal
LEGISLAÇÃO BÁSICA Há previsão de concessão de poderão abater um ponto porcentu-
A MP 843 de criação do Rota 2030 descontos de um ou dois pon- al do IPI do modelo no qual a tecno-
seguiu para o Congresso Nacional, tos porcentuais no IPI para mode- logia de segurança foi antecipada.
que tem até novembro para votar a los específicos – e não mais para As montadoras poderão des-
legislação – após esse prazo o ins- a média corporativa – de veículos contar no máximo dois pontos por-
trumento perde validade. que conseguirem superar a meta centuais do IPI dos carros, assim
“Existem muitos deputados e mínima e atingirem porcentuais será possível obter um ponto pela
senadores que defendem a neces- ainda em discussão, mas que de- introdução antecipada de equipa-
sidade de uma política industrial vem ser de 14% (para 1 pp) e 17% mentos de segurança e outro por
para o País. Recebemos o apoio (2pp), em proporção igual à apli- superar a meta de eficiência ener-
de vários. Por isso não acredito em cada no Inovar-Auto. gética. Se utilizar os dois pontos
problemas para aprovar a lei”, afir- O programa também prevê a por ultrapassar o segundo nível do
ma Antonio Megale. premiação do aumento de efici- objetivo de redução de consumo, o
A comissão para avaliar e dar ência energética em carros flex. A ponto extra pela segurança não po-
redação final ao Rota 2030 já foi melhoria de consumo alcançada derá ser aplicado.
formada, deputados e senadores rodando com 100% de etanol vai Quem não cumprir essas obri-
apresentaram 81 emendas ao pro- valer um bônus que ajuda as em- gações será submetido a multas e
jeto, a maioria sem cabimento e presas a bater sua meta geral. descredenciamento do programa.
com potencial de encarecer e desfi-

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POLÍTICA INDUSTRIAL

gurar o programa, mas muitos dos


penduricalhos propostos deverão
ser rejeitados pelo relator antes de
encaminhar a MP para votação e
transformação em lei na Câmara
dos Deputados e Senado. E se algo
estranho ao programa passar, ainda
poderá ser vetado pela Presidência
da República.
Antes de tudo isso, porém, estava
previsto que em 30 dias a Presidên-
cia iria publicar o decreto de regu-
lamentação do Rota 2030, para
especificar prazos, metas e incen- JAGUAR LAND ROVER
produz veículos em Itatiaia (RJ)
tivos – que a MP só autorizou sem
apontar números ou datas. Depois
disso, já está na pauta do MDIC a
edição de 11 portarias para detalhar
pontos específicos da legislação – O ROTA 2030 TEM POTENCIAL PARA
como por exemplo a criação de um
programa de metas de eficiência TORNAR O PAÍS UM EXPORTADOR DE
energética para caminhões e ôni-
bus. No entanto, até o fim de agos- NOVAS TECNOLOGIAS E INOVAÇÕES
to nada disso havia sido publicado, PABLO DI SI, presidente da Volkswagen Brasil e América do Sul
alguns pontos ainda dependiam (de
novo) de aprovação da Fazenda.
A indefinição faz lembrar o que
aconteceu com o Inovar-Auto, que
chegou ao fim sem ser totalmente
regulamentado. “É justamente isso CADEIA DE AUTOPEÇAS GANHA AJUDA
A
que não queremos que aconteça. o contrário do que aconteceu com o Inovar-Auto, no Rota 2030 as
Vamos batalhar para aprovar toda empresas da cadeia de autopeças ganharam ao menos uma medida
a legislação necessária ao anda- prática de incentivo. As empresas que importarem autopeças sem capa-
mento do programa”, pontuou o cidade de produção equivalente no País, que hoje pagam alíquota reduzi-
presidente da Anfavea. “Tudo será da de imposto de importação a 2% (dentro do regime chamado ex-tarifá-
aprovado neste governo, antes do rio), terão a tarifa reduzida a zero. Em contrapartida, deverão aportar em
fim do ano”, garantiu o ministro P&D o equivalente a estes 2%.
Marcos Jorge de Lima, do MDIC. Esse “pedágio” de apoio ao desenvolvimento das autopeças no Pa-
ís poderá ser pago por meio de fundos já existentes ou parcerias com
ROTA AGUARDADA instituições de ciência e tecnologia, universidades e organizações
Independentemente das indefini- independentes.
ções que ainda persistem, o pro- Quase todos os fabricantes de veículos no País hoje usam ex-tarifários,
grama era ansiosamente aguarda- com redução do imposto para importar componentes “sem capacidade
do por toda a indústria automotiva, de produção nacional”, e com isso trazem de outros países sistemas in-
especialmente para definição de teiros como motores, transmissões e conjuntos eletrônicos. Especialmen-
novos investimentos. Alguns dos te as fabricantes de veículos premium, que montam carros com conteú-
principais executivos do setor de- do nacional abaixo de 20%, vêm utilizando esse instrumento para reduzir
fenderam que a aprovação do seus custos de importação, hoje ainda mais encarecidos pela alta do dó-
projeto dá ao Brasil melhores con- lar diante do real.
dições de fazer frente às transfor-

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POLÍTICA INDUSTRIAL

ROTA PARA PESQUISA E DESENVOLVIMENTO


A parte do programa que efetivamente adotou o
nome Rota 2030 contempla a polêmica dos in-
vestimentos em pesquisa e desenvolvimento – e é op-
vos, big data, sistemas de análise e preditivos (data
analytics) e inteligência artificial, entre outros.
O não cumprimento do compromisso assumido
cional, as empresas poderão escolher se querem ou poderá gerar multas até 2% do faturamento.
não aderir. Qualquer participante da cadeia automo- Os porcentuais de incentivo entre 10,2% e 12% fi-
tiva, seja ele fabricante de veículos ou fornecedor de caram abaixo dos 20% que vinham sendo negociados
autopeças, poderá se habilitar de forma opcional a com a Fazenda até a assinatura da MP.
receber incentivo fiscal para fazer investimentos obri- “Se tivesse um pouco mais (de crédito tributário) se-
gatórios em P&D no País, equivalentes a 0,8% da re- ria bom. Mas entendemos o momento difícil que o País
ceita operacional a partir deste ano, crescendo gra- passa e esse valor que foi colocado será suficiente para
dualmente até 1,2% em 2022 (esses porcentuais não manutenção dos investimentos em pesquisa e desenvol-
foram confirmados oficialmente e podem ser objeto vimento”, disse Antonio Megale, presidente da Anfavea.
de modificações em portarias). Como alegam que não têm lucro nos últimos anos,
Em troca dos aportes em P&D, as empresas rece- as montadoras também não teriam como usar esses
berão parte do valor investido – o MDIC fala em 10,2% créditos em tributos que são aplicados justamente so-
– em créditos tributários que poderão ser abatidos no bre ganhos líquidos. Ainda sem confirmação oficial,
Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e Contribui- a Fazenda teria concordado que os créditos pudes-
ção Social sobre Lucro Líquido (CSLL) a pagar. sem ser acumulados em todos os 15 anos de duração
Investimentos considerados estratégicos poderão do programa, para serem utilizados quando o balanço
gerar desconto adicional e chegar a 12% para serem voltar ao azul, o que ainda dependia de aprovação do
abatidos nos mesmos impostos. Foram listadas as se- Ministério da Fazenda para constar em decreto.
guintes áreas de interesse para obtenção de isenção Segundo o MDIC, serão concedidos créditos tributá-
maior: manufatura avançada (4.0), conectividade, no- rios até o teto de R$ 1,5 bilhão por ano, mas a indús-
vas tecnologias de propulsão, autonomia veicular e su- tria terá de garantir investimentos mínimos em P&D de
as autopeças, nanotecnologia, pesquisadores exclusi- R$ 5 bilhões/ano.

mações tecnológicas que afetam rica do Sul, afirma que o Rota 2030 “O Rota 2030 irá contribuir para
globalmente fabricantes de veículos tem potencial para tornar o País um que haja mais previsibilidade para
e componentes. Pablo Di Si, presi- exportador de novas tecnologias e a indústria automobilística, promo-
dente da Volkswagen Brasil e Amé- inovações. vendo investimentos em pesquisa e
desenvolvimento. Dessa forma, con-
seguiremos que a inteligência, o co-
nhecimento, continue aqui no País,
não só para atender às demandas
específicas dos consumidores lo-
cais, mas também para criar divisas
por meio das exportações dessas
inovações”, avalia Di Si.
Adicionalmente, como já tinha
prometido, o governo também as-
sinou decreto que reduz o IPI de
carros elétricos e híbridos, que
chegava a 25% e agora tem três
MERCEDES-BENZ, se alíquotas de 7%, 11% e 18%, apli-
instalou em Iracemápolis (SP)
cadas dependendo do peso e efi-
ciência energética de cada modelo.

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POLÍTICA INDUSTRIAL

ROTA 2030 EM RESUMO


H á três medidas no programa: compromissos mínimos
de segurança e eficiência energética para a comercia-
lização de veículos no País; criação do Programa de Incenti-
as empresas fabricantes de veículos e autopeças.
As empresas que importarem autopeças sem produ-
ção equivalente no País, que hoje já possuem alíquota re-
vo à Inovação Tecnológica e ao Desenvolvimento da Cadeia duzida de imposto de importação a 2% no regime ex-ta-
Produtiva de Veículos Automotores – Rota 2030 Mobilidade rifário, terão a alíquota reduzida a zero. Em contrapartida,
e Logística, que incentiva atividades de P&D no País; e me- deverão fazer aportes em P&D desses recursos para fun-
canismos para desenvolvimento da cadeia de autopeças. dos de desenvolvimento da cadeia de autopeças.
Entre os objetivos da nova política industrial estão o es- Entre as tecnologias previstas para introdução nos
tímulo à geração de inovação por meio de P&D, o avan- novos veículos, a título de maior segurança e eficiência
ço da eficiência energética, com redução de consumo de energética, estão motores turboalimentados e com inje-
combustível e emissões de CO2, valorização de biocom- ção direta, transmissões CVT e câmbios com maior nú-
bustíveis, evolução da segurança veicular e aumento da mero de marchas; controle eletrônico de estabilidade e
competitividade da indústria automobilística brasileira. tração (ESC); frenagem de emergência (AEB); assisten-
O governo promete conceder até R$ 1,5 bilhão em te de mudança de faixa (LKW ou LKA); piloto automáti-
incentivo a pesquisa e desenvolvimento para atender co adaptativo (ACC).

O PONTO DE VISTA DAS ENTIDADES DO SETOR


ABEIFA – Associação Brasileira das Empresas Importadoras e
Fabricantes de Veículos Automotores
JOSÉ LUIZ GANDINI, PRESIDENTE
“A Abeifa participou de todas as reuniões sobre o Rota 2030 desde fevereiro de
2017. Sempre apoiou o programa porque, diferentemente do Inovar-Auto, o
Rota 2030 traz isonomia tributária entre nacionais e importados. O programa
traz benefícios para os importadores porque o setor automotivo brasileiro – veí-
culos nacionais e importados – precisa de previsibilidade e isonomia tributária.”

AEA – Associação Brasileira de Engenharia Automotiva


EDSON ORIKASSA, PRESIDENTE
“Por mais de um ano, a AEA participou de todas as reuniões para a prepa-
ração do programa Rota 2030, sempre com posicionamentos técnicos em
todas as matérias em debate. Além da previsibilidade para o setor automo-
tivo brasileiro, o programa vai elevar a qualidade do produto nacional em
relação ao consumo, emissões veiculares e segurança. As principais novas
tecnologias proporcionadas pelo Rota 2030 estão relacionadas ao power-
train, sistemas de segurança, conectividade, veículos elétricos e híbridos,
qualidade de combustíveis.”

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ANFAVEA – Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores
ANTONIO MEGALE, PRESIDENTE
“O primeiro resultado do Rota 2030 é a previsibilidade. Muitas empresas
estavam em compasso de espera da nova política para decidir alguns inves-
timentos e agora temos um instrumento que estabeleceu as diretrizes do
programa. Além disso, as exigências de eficiência energética e de segurança
veicular farão com que os veículos deem um novo salto tecnológico, poten-
cializando a eficiência do etanol. O estímulo a pesquisa e desenvolvimento
do Rota 2030 melhora a nossa competitividade e cria oportunidade para a
inovação tecnológica, inclusive no campo dos híbridos, elétricos, veículos
autônomos e indústria 4.0, com reflexos diretos no desenvolvimento da
cadeia de autopeças. Tínhamos a expectativa de que o apoio do governo
em pesquisa e desenvolvimento poderia ser um pouco maior, principalmen-
te porque o que consta na Medida Provisória não é suficiente para compensar a diferença de competitividade com
os principais países. Contudo, entendemos a atual situação fiscal e valorizamos o esforço feito neste sentido. Afinal,
pesquisa e desenvolvimento formam uma das frentes mais importantes do programa para a indústria automobilís-
tica e agora temos uma visão de longo prazo e mais previsibilidade. Não trabalhamos com outra hipótese que não
seja a aprovação do Rota 2030 no Congresso. Todos do governo têm acompanhado o processo e a discussão para
elaboração do programa e estou certo de que todos vão compreender a necessidade de estimular a área de pesquisa
e desenvolvimento no Brasil e de criar medidas que deem mais previsibilidade para a indústria.”

ANFIR – Associação Nacional dos Fabricantes de Implementos Rodoviários


NORBERTO FABRIS, PRESIDENTE
“A Anfir recebe com bons olhos o Rota 2030 porque vai beneficiar a produ-
ção na indústria automobilística. Todo incentivo à produção industrial acaba
por refletir nos negócios do setor fabricante de implementos rodoviários. Isso
porque de insumos a bens acabados, passando por demais cargas direta-
mente ligadas ou não à produção, são transportados em sua grande maioria
em implementos rodoviários. O aquecimento da atividade tende a gerar
reflexos positivos em nosso segmento.”

SINDIPEÇAS – Sindicato Nacional da Indústria de


Componentes para Veículos Automotores
DAN IOSCHPE, PRESIDENTE
“O Rota 2030 beneficiará o setor de autopeças por meio do incentivo à realização
de pesquisa, desenvolvimento e inovação nas empresas do setor; da disponibili-
zação de recursos oriundos da importação de itens ex-tarifários para o desenvolvi-
mento empresarial das pequenas e médias empresas do setor; e pela aproximação
dos requisitos para comercialização de veículos no Brasil aos padrões utilizados
majoritariamente ao redor do mundo, promovendo a nossa aproximação e possí-
vel inserção nesses mercados. As principais virtudes do programa são promover
a inserção competitiva do setor automotivo brasileiro no mundo e direcionar os
recursos para investimento no desenvolvimento das empresas do setor de autope-
ças. O Rota 2030 deverá provocar investimentos em pesquisa e desenvolvimento,
por conta dos incentivos a essa atividade contidos no novo regramento.”

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POLÍTICA INDUSTRIAL

A REAÇÃO DAS MARCAS PREMIUM


C omo as empresas de marcas premium receberam a
edição do Rota 2030? Em que aspectos o programa
estimulará a produção local? O que falta regulamentar no
Rota 2030 para dar segurança e garantir um planejamen-
to confiável para continuar investindo no Brasil? A seguir,
as respostas dos fabricantes.

AUDI DO BRASIL
ROBERTO BRAUN
Diretor de relações governamentais
“A Audi do Brasil recebeu o anúncio do Rota 2030 de forma positiva e entende que o
programa representa um avanço para o setor automotivo por conferir maior previsibilidade para futuros investimen-
tos. O grande desafio da nova política automotiva é a manutenção da produção de veículos premium no país, que
hoje apresentam resultado muito negativo por conta da produção em nível muito abaixo da capacidade produtiva
instalada. Neste sentido as empresas esperam que o programa traga um aumento da competitividade da produção
local por meio de um regime que possibilite a importação de peças não produzidas no País com redução do imposto
de importação. A Audi aguarda a regulamentação completa da política, incluindo decretos e portarias, para analisar a
viabilidade de novos investimentos no País.”

BMW DO BRASIL
HELDER BOAVIDA
Presidente e CEO
“O Rota 2030 evidentemente é uma importante conquista para que o rumo do setor
automotivo brasileiro possa ser escrito de forma mais clara e com previsibilidade para toda
a indústria. O novo programa deve ajudar na tomada por decisões por produção local de
novos modelos, mas veio tarde. Ainda teremos um 2018 e parte de 2019 difícil em virtude
da espera pelo programa, que deveria ter saído em janeiro. Investimentos foram atrasados, decisões ainda não foram
tomadas e dependemos dos detalhes para poder melhor entender. Os ganhos deste programa não serão imediatos,
mas virão, com certeza, de forma mais robusta e sustentável no médio e longo prazos. O programa traz maior previ-
sibilidade, com validade de 15 anos, em três ciclos de cinco anos, e atende nossos anseios para melhor programar
nossos investimentos e novas oportunidades. Fizemos investimentos de aproximadamente R$ 1 bilhão nos últimos
quatro anos, que só foram possíveis por existir a regulamentação anterior. Essa é a medida da importância para o
BMW Group Brasil de uma política clara para o setor.
De maneira geral, estamos ainda cautelosos e aguardando os detalhes definitivos da regulamentação do programa
que serão liberados por meio de decreto que segue a assinatura da Medida Provisória. Somente após essas definições
teremos condições de planejar e decidir sobre os trabalhos que farão parte do nosso novo ciclo de desenvolvimento
no País, buscando novos projetos e desenvolvimentos com a engenharia local.”

JAGUAR LAND ROVER


FRÉDÉRIC DROUIN
Presidente América Latina
“O anúncio sobre o programa Rota 2030 é bem-vindo. No entanto, ainda é muito cedo
para a Jaguar Land Rover comentar sobre o seu impacto nos nossos negócios no Brasil,
uma vez que há detalhes que ainda não foram definidos no programa.”

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MERCEDES-BENZ DO BRASIL
DIRLEI DIAS
Gerente sênior de vendas de automóveis
“A Mercedes-Benz vê com muito otimismo a publicação do Rota 2030. Este programa traz
a previsibilidade necessária para que estratégias e investimentos sejam planejados adequa-
damente. Esse conjunto de medidas prevê uma nova frente de desenvolvimento da indústria
no País, seja em P&D, eletrificação ou no processo produtivo, possibilitados pelo programa.
Primeiramente, é preciso ressaltar que o Rota 2030 é um conjunto de medidas que prevê compromissos para as em-
presas, apoio a pesquisa e desenvolvimento no País e fortalecimento de toda a cadeia produtiva nacional. O progra-
ma é bom para o Brasil como um todo, não somente para os fabricantes, uma vez que possibilita a atração de novos
investimentos, fomentando a inovação que fortalece a engenharia e promove a inovação.
Em linhas práticas, podemos destacar as empresas que importam autopeças sem produção equivalente no País. Até en-
tão, tais empresas possuíam alíquota reduzida de imposto de importação a 2% dentro do regime chamado Ex-tarifário.
Com a implementação do Rota 2030, elas passam a ter esta alíquota reduzida a zero. Em contrapartida, deverão investir
o equivalente a estes 2% em P&D, por meio de fundos já existentes ou parcerias com instituições de ciência e tecnolo-
gia, universidade, organizações independentes etc. Este fundo visa a auxiliar os fornecedores locais para a nacionaliza-
ção de tais componentes. É importante lembrar que o programa segue como Medida Provisória. A indústria automotiva
acompanha a transformação da medida em lei bem como sua regulamentação, que irá normatizar o programa com
prazo definido e garantir a manutenção e o cumprimento das novas regras para as montadoras no Brasil.”

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WORKSHOP

WORKSHOP Planejamento
Automotivo reuniu mais de
500 profissionais do setor

MONTADORAS
DIRETORES DE
COMPRAS JÁ COMPRARÃO
IDENTIFICAM
ALGUNS MAIS PEÇAS
EM 2019
GARGALOS
SERGIO QUINTANILHA

O
s diretores das montadoras Mercedes-Benz, CNH
Industrial e FCA Fiat Chrysler preveem aumentos
no volume de compras para 2019 e foram unâ-
nimes em apontar que a nacionalização das autopeças vai
aumentar com a implantação do programa Rota 2030. A
conclusão dos executivos surgiu durante o Workshop Plane-
jamento Automotivo 2019, realizado por Automotive Busi-
ness dia 27 de agosto, em São Paulo.
Reunidos em painel de debates, Erodes Berbetz (Merce-
des-Benz), Carlo Martorano (CNH Industrial) e Luís Santa-
maria (FCA) anunciaram aumento no ritmo de compras de
suas empresas.
Berbetz afirmou que o aumento de 25% nas compras
da Mercedes em 2018 foi igual ao do volume de produ-
FOTOS: LUIS PRADO

DIRETORES de compras
se preparam para ção e que esse ritmo vai continuar. Pela CNH Industrial,
aumento de produção
Martorano disse que o crescimento nas aquisições será
de 17% a 20%, sendo que a área de caminhões é que a

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mais avança, enquanto a de máquinas agrícolas é estável
e a de construção tem leve subida.
Já as compras da FCA, segundo Santamaria, foram afe-
tadas pela crise na Argentina. Para 2019 o aumento é uma
incógnita, podendo ficar na casa de 10% a 15% em um ce-
nário negativo e entre 20% e 22% em um cenário positivo.
Segundo o Sindipeças (entidade que reúne os fabricantes
de componentes), as montadoras respondem por 62% do
faturamento do setor e este ano a receita terá um aumento
expressivo, para perto de R$ 90 bilhões. Mesmo assim, o
setor de autopeças tem uma balança comercial negativa em
US$ 4 bilhões no acumulado até julho. Isso é resultado do
alto índice de importação das autopeças.

INFLUÊNCIA DO DÓLAR
Berbetz disse que na Mercedes-Benz o índice de localização
das peças é de 75%. “Vamos aumentando o uso de itens
locais à medida que os volumes justificam”, afirma, explican-
do que com o dólar cotado entre R$ 3,90 e R$ 4,00 a ten-
dência é que aumente o conteúdo local. Na CHN Industrial,
segundo Martorano, a média de utilização de componentes
importados está na casa dos 30%.
Já na FCA, a localização depende da fábrica. Em Be-
tim, o índice de nacionalização chega a 85%, segundo
Santamaria. Em Goiana já é de 52% e em Córdoba, de
50%. “Mas das importações feitas na Argentina, grande
parte é do Brasil”, recorda.
Os três diretores disseram que o Rota 2030 é fundamental
para o aumento das compras no Brasil. “Pela primeira vez
temos um norte de 10 a 15 anos”, diz Santamaria, da FCA.

FATURAMENTO DAS AUTOPEÇAS CRESCERÁ 14,3% ESTE ANO


FABRICANTES PREVEEM NOVA ALTA PARA 2019; INVESTIMENTOS AVANÇARÃO QUASE 30%

O setor de autopeças fechará 2018 com alta de 14,3% no faturamento.


Além disso, os fabricantes vão ampliar seus investimentos em 29,2% e já
preveem novo acréscimo para 2019, nesse caso de 8,4%. As projeções foram
divulgadas por Flavio Del Soldato, assessor da presidência do Sindipeças,
entidade que reúne fabricantes de componentes automotivos.
Ele recorda que a balança comercial do setor permanece negativa e deve
fechar o ano com déficit de US$ 6,68 bilhões, valor 25,1% mais alto que o regis-
trado em 2017. Para Del Soldato, o déficit acentuado “faz parte do jogo” por ser
consequência da modernização dos veículos.
Os números relacionados à produção também animam o Sindipeças, que
prevê a indústria superando a marca de 3 milhões de autoveículos até o fim
de 2018, o que representa aumento de 12% em relação a 2017. Ainda segundo a entidade, mais de 3,7 milhões de
unidades serão fabricadas em 2023. Apesar do crescimento, o executivo lembra que esse total é o mesmo produzido
em 2013. (Wilson Toume)

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WORKSHOP

PESADOS GARANTEM O RITMO DO SETOR DE TRANSPORTE


PARTICIPAÇÃO DOS MODELOS DE GRANDE PORTE SE APROXIMA DE 45% NO SEGMENTO DE CARGA

A greve dos caminhoneiros ocorrida em maio teve efei-


to nocivo para a indústria de caminhões, mas aca-
bou levando empresas a investir em frotas próprias. Com
O consultor lembrou que o segmento de caminhões
pesados teve um aumento de 87,3% no acumulado até
julho de 2018 em relação ao mesmo período do ano
isso, os modelos pesados, cujas vendas já cresciam em passado. Com isso, a participação do segmento subiu
decorrência do agronegócio, tiveram um impulso extra, de 35% para 44%. Em 2016 foram 30%.
segundo Carlos Reis, presidente da Carcon Automotive. Reis também previu que o mercado de caminhões re-
tornará ao um nível próximo de 2015 em 2019. O fore-
cast da Carcon indica um crescimento de 31,1% em 2018
(fechando o ano com 68,1 mil unidades) e de 14,8% em
2019 (atingindo 78,2 mil unidades). No ano passado, as
vendas internas de caminhões foram de 51.941 unidades.
Entre os problemas que a consultoria identifica para
as companhias que vêm formando frotas próprias está
a dificuldade de conseguir novos caminhoneiros. Reis
citou a Cargil como umas das que seguem esse ca-
minho, tendo adquirido mil caminhões recentemente.
Porém, a rotatividade de motoristas é cada vez maior.
CARLOS REIS, presidente “Os jovens simplesmente não querem mais ser cami-
da Carcon Automotive nhoneiros”, afirma o presidente da Carcon Automotive.
(Sergio Quintanilha)

JATO PROJETA VENDA DE 2,55 MILHÕES DE VEÍCULOS LEVES


CAPACIDADE OCIOSA DA INDÚSTRIA CONTINUARÁ ACIMA DOS 50% ATÉ 2020

D epois de chegar ao pior nível da queda em


2016, seguido de lenta recuperação, o mercado
brasileiro de veículos leves vai superar, em 2019, o nível
de vendas internas que tinha em 2015. A previsão foi
feita por Vitor Klizas, presidente da Jato Dynamics.
Segundo ele, o total de veículos leves vendidos no
próximo ano será de 2,55 milhões.
De acordo com as projeções da Jato, o mercado
de automóveis romperá a barreira dos 2 milhões este
ano e chegará a 2,19 milhões em 2019. No caso dos
comerciais leves, a subida será bem suave, passando
dos 355 mil deste ano para 358 mil em 2019. A Jato
prevê um crescimento constante nos próximos anos, a partir de 2020 e ficando bem próxima dos 3 milhões
atingindo a marca de 3,14 milhões de veículos leves em de veículos leves já em 2023. Como a capacidade
2025. A barreira dos 3 milhões será rompida em 2024, ociosa das fábricas instaladas no Brasil chegou a 60%
com um total de 3,04 milhões. em 2016, Klizas prevê que a indústria ainda levará um
Quanto à produção, a previsão da Jato para o Brasil tempo até que a produção nas fábricas supere a grande
é que se manterá no mesmo nível em 2019, crescendo ociosidade. (Sergio Quintanilha)

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WORKSHOP

PESADOS DEPENDEM DE ESTABILIDADE ECONÔMICA


PRESIDENTE DA MERCEDES-BENZ DEFENDE A NECESSIDADE DE CONFIANÇA

O mercado de veículos pesados respira um pouco


mais aliviado este ano, uma vez que as projeções
apontam para um novo crescimento das vendas de ca-
nomia, com alguns setores em alta, como a agricultura,
que está bem estruturada. Por outro lado, a indústria e ou-
tros setores ainda dependem de resoluções que virão com
minhões e ônibus. No entanto, embora haja algumas as eleições. E esse crescimento só será possível se hou-
condições que venham favorecendo a retomada do setor, ver condições macroeconômicas mais favoráveis”, afirma
como o agronegócio, este não pode ser o único pilar para Schiemer, ao analisar o cenário atual e suas perspectivas
um mercado saudável. Essa é a visão do presidente da para o próximo ano.
Mercedes-Benz, Philipp Schiemer (foto). O executivo é enfático ao dizer que o mais necessário
“Em 2019, teremos a continuação da evolução da eco- atualmente é a confiança. No caso do mercado de ca-
minhões e ônibus, o crescimento de 24,7% previsto pela
indústria para este ano levará a um volume estimado em
79,5 mil unidades, patamar semelhante ao de 2015, lem-
brou Schiemer. Segundo o executivo, o mercado será
basicamente impulsionado pelo segmento de pesados e
extrapesados, que atendem massivamente o agronegó-
cio. “Os demais segmentos – como leves e semipesados,
onde está concentrado o maior número de autônomos,
por exemplo, ainda enfrentam uma letargia. Estão cres-
cendo, mas em escala muito menor que os extrapesados.
Falta confiança para a volta às compras.” (Sueli Reis)

VOLKSWAGEN TERÁ 5 NOVOS SUVS ATÉ 2020


MODELOS SÃO PARTE DO PLANO DE 20 LANÇAMENTOS E R$ 7 BILHÕES DE INVESTIMENTO

S ob a liderança do argentino Pablo Di Si (foto), atual


presidente e CEO da Volkswagen América Latina,
a fabricante passa por um processo de reestruturação
cujas vendas cresceram 34% e a participação no
mercado aumentou 14% entre janeiro e julho deste
ano (na comparação com o mesmo período do ano
que inclui investimento de R$ 7 bilhões até 2020 e o passado), Di Si também falou sobre as novas tecnologias.
lançamento de 20 modelos. Destes, dez já chegaram
às concessionárias, com destaque para o novo hatch
Polo, o sedã Virtus e o SUV Tiguan Allspace. Faltam,
portanto, dez novidades, entre as quais cinco SUVs.
Um deles, o T-Cross, será produzido em São José dos
Pinhais e chega às concessionárias no início de 2018.
O segmento dos SUVs, aliás, está entre aqueles em
que a VW pretende ampliar sua participação. Como
reconheceu o próprio Di Si durante sua palestra no
Workshop Planejamento Automotivo 2019, realizado
por Automotive Business, a empresa não deu a devida Para ele, os carros autônomos já são realidade, mas,
atenção aos utilitários esportivos – que deverão responder antes de chegarem ao mercado latino-americano, será
por 27% do mercado em 2020. Di Si quer recuperar o necessário implantar a infraestrutura. “Nas grandes
tempo perdido. cidades, acredito que esse processo deverá ser mais
Com o respaldo de quem comanda uma montadora rápido”, diz. (Wilson Toume)

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TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO

INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL
APROXIMA MONTADORAS
DO CONSUMIDOR
INDÚSTRIAS BRASILEIRAS ESTÃO USANDO ROBÔS INTELIGENTES
PARA AUTOMATIZAR PROCESSOS E SE CONECTAR COM CLIENTES
EDILEUZA SOARES | FOTOS: DIVULGAÇÃO E SHUTTERSTOCK

É
impossível falar de carros autônomos sem mencionar nuvem, ferramentas para análise inteligente de dados, ma-
a inteligência artificial ou simplesmente AI (sigla do ter- chine learning (ML, aprendizado de máquina) e outras tecno-
mo em inglês Artificial Intelligence). Mas não é preciso logias, a AI é uma das principais tendências para a próxima
esperar a nova geração de veículos para ver os efeitos dessa década para alavancar negócios. As montadoras estão en-
tecnologia no dia a dia da indústria automotiva. A inovação tre os setores que mais apostam nessa solução, apontada
já está presente em diversas áreas de montadoras do Brasil, como um dos combustíveis para crescimento de receita.
aplicada para aprimorar processos produtivos, personalizar A AI é uma das tecnologias importantes para auxiliar
vendas e aproximar as marcas do cliente da era digital. as montadoras no atendimento de cinco grandes ten-
Combinada com internet das coisas (IoT), aplicações em dências mundiais: indústria 4.0, condução autônoma,

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aumento da conectividade nos car- vê que a produtividade do segmento
ros, eletrificação dos veículos e mo- com AI pode aumentar em 2% ao ano.
bilidade compartilhada.
ONDE A TECNOLOGIA JÁ É
COMO FUNCIONA A REALIDADE NO BRASIL
INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL Fabricantes brasileiras estão utilizando
A AI funciona com um conjunto de ferramentas de AI em diversos
softwares que capacita os robôs projetos. Ricardo Bacellar, líder do
para reconhecer padrões sensoriais, setor automotivo na KPMG Brasil,
analisar comportamentos e resolver percebe iniciativas nos processos
problemas como os humanos. de produção e vendas. Para ele, “a
Conectadas com sensores de IoT e tecnologia é uma grande aliada da
outras ferramentas, essas máquinas indústria para ganhar mais eficiência”.
podem dirigir carros, pilotar aviões, Também ajuda a reduzir custos,
atuar como agentes virtuais em call melhorar a qualidade dos produtos e
center e automatizar uma infinidade atender os desejos do consumidor da
de trabalhos. RICARDO BACELLAR, líder do era digital com ofertas personalizadas.
setor automotivo na KPMG Brasil
Num primeiro momento, os ro- O consultor constata uso mais
bôs com AI estão povoando as mon- acentuado de robôs com inteligência
tadoras, assumindo mais tarefas repe- artificial em atividades repetitivas de
titivas e liberando a mão de obra física áreas operacionais (como nos depar-
para funções mais estratégicas para aponta que a inteligência artificial tem tamentos de contabilidade, recursos
os negócios. Mas analistas preveem potencial para ajudar as montadoras a humanos e call center), nos setores
que eles vão dar voos mais longos e gerar economias em torno de US$ 215 que estão na linha de frente com o
conquistar no futuro outras posições, bilhões até 2025. Os ganhos virão com cliente e nos processos de fabricação.
criando uma nova força de trabalho. otimização de processos ao longo de “Percebemos que a AI está muito
Estudo da consultoria McKinsey toda a cadeia de valor. O relatório pre- presente em montadoras do Brasil

VIRTUS TRAZ ROBÔ COM INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL


E quipado com o Watson da IBM, o Volkswagen Vir-
tus, lançado no fim do ano passado, é o primeiro
carro do País a usar inteligência artificial para ajudar
Para a Volkswagen, a tecnologia permite uma nova
forma de interagir com o veículo e oferece uma expe-
riência tecnológica diferente. A iniciativa começou pelo
os motoristas. Brasil, se estendeu para a América Latina e pode se ex-
Com design arrojado, o veículo traz recursos inédi- pandir para outros mercados, segundo Stanger.
tos de conectividade e digitalização. O sedã feito em
São Bernardo do Campo (SP) oferece o “manual cog-
VIRTUS, DA VOLKSWAGEN,
nitivo” para responder aos motoristas questões sobre traz manual cognitivo com
o veículo. Antes o motorista tinha que ficar folhean- respostas sobre o veículo
do o manual impresso ou ligar para o SAC. Agora ele
baixa o app “Meu Volkswagen” e um assistente inteli-
gente responde rapidamente suas perguntas.
“O Watson faz também interpretação por coman-
dos de voz em português e espanhol, com interações
que dispensam o motorista de tirar as mãos do volan-
te”, explica Rodrigo Stanger, líder de serviços para o
setor automotivo da IBM na América Latina.

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TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO

em áreas de vendas, atendimento ao utilizando cientistas de dados, um ta-


cliente, na prototipagem para desen- lento ainda raro no Brasil.
volvimento de novos produtos, fabri-
cação e dentro dos carros”, afirma EXPERIÊNCIA AO CLIENTE
Flavia Spadafora, líder do segmento COM INOVAÇÃO
automotivo da T-Systems do Brasil. Para Bacellar, a AI é uma tecnologia
Na avaliação da executiva, o que es- essencial para melhorar a experiência
timula o setor a investir em AI é a ne- do cliente. “Hoje o consumidor quer
cessidade das montadoras de terem produtos customizados e ser tratado
dados para se aproximar dos clientes cada vez mais como se fosse o cliente
e resolver problemas antes que acon- único.” Além disso, ele pede muita
teçam. Ela exemplifica a soldagem no inovação, baseado nos parâmetros
chão de fábrica. Segundo Flávia, a da indústria de smartphones, que
montagem de um carro requer apro- apresenta novidades a cada seis
ximadamente seis mil pontos de sol- meses. FLAVIA SPADAFORA, líder
da. É uma tarefa executada por robôs No meio dessa encruzilhada, as do segmento automotivo da
e as paradas para manutenção têm montadoras estão tentando redu- T-Systems do Brasil
de ser planejadas. zindo o ciclo de desenvolvimento dos
O papel da AI juntamente com in- carros. “Antes eram cinco anos e hoje
ternet das coisas e ferramentas de esse tempo médio é de três anos, mas
análise de dados é criar motores de as indústrias têm de diminuir mais O executivo da IBM menciona uso
inteligência preditivos. “Com infor- ainda esse prazo e entregar produtos da tecnologia em sites de comércio
mação, as montadoras sabem de inovadores com qualidade de acordo eletrônico para se aproximar do clien-
que forma se antecipar para algo que com a necessidade do cliente”, expli- te no momento certo, conhecer suas
está por vir e fazer a manutenção an- ca Bacellar. necessidades e oferecer o produto
tes de a máquina quebrar”, ressalta “Por muito tempo a competição que mais o atende. Por meio de assis-
Flávia, observando que a indústria no setor automotivo foi em torno da tentes virtuais, os chamados chatbo-
4.0 levará cada vez mais inteligência fabricação do melhor carro e motor. ats, interagem com atendimento indi-
para o chão de fábrica. Para ajudar Agora o movimento é outro porque o vidual e exibem ao consumidor só as
os clientes automotivos a lidar com processo de compra mudou”, acres- páginas que fazem sentido para ele.
esse novo mundo, a T-Systems está centa Rodrigo Stanger, líder de servi- “Se ele tem família, faz muitos des-
ços para o setor automotivo da IBM locamentos ou quer um carro para
na América Latina. viagem, será sugerido algo de acordo
O executivo lembra que antes o com seu objetivo. É uma forma de
consumidor visitava concessioná- capturar o cliente com mais rapidez,
rias quando queria trocar de veícu- otimização e inteligência” pontua
lo. Agora, toda a etapa de pesquisa Stanger, mencionando o potencial da
e tomada de decisão acontece pela tecnologia Watson da IBM, solução de
internet. “Hoje, o consumidor quer é computação cognitiva da companhia
melhor atendimento e mais inovação, que está sendo levada para montado-
pois avalia o carro como um serviço”, ras como a Volkswagen do Brasil, que
constata Stanger. embarcou o sistema no Virtus.
Diante desse novo cenário, Stan- Para os especialistas, a AI abre um
ger diz que a montadora precisa se mundo de oportunidades à indústria
antecipar e acompanhar a jornada de automotiva para mais competitivida-
compra a partir do momento que o de. A tecnologia muda os modelos de
RODRIGO STANGER, líder de cliente está pensando em comprar negócios e, criando um ecossistema,
serviços para o setor automotivo da um carro. O executivo acredita que presta uma gama infinita de serviços
IBM na América Latina
robôs com inteligência artificial po- ao cliente. A visão deles é de que o céu
dem auxiliar nessa empreitada. é o limite para a AI no setor. n

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ENTREVISTA | WILSON BRICIO

EM 1958 A ZF construiu
sua primeira fábrica fora
da Alemanha, em
São Caetano do Sul,
no ABC Paulista

AÇÃO
FOTOS: DIVULG
ÇA
AR LIDERAN
PARA FORM vo s te m po s,
para os no
atua
Universidade ZF nal
io
na área operac
e de gestão

EM TRANSFORMAÇÃO,
ZF BRASIL
COMPLETA 60 ANOS
GIOVANNA RIATO

WILSON BRICIO, CEO DA COMPANHIA NO BRASIL,


FALA SOBRE OS DESAFIOS DO MERCADO, O ROTA 2030,
A BUSCA POR INOVAÇÃO E DIZ AINDA QUE, EMBORA O PAÍS
NÃO SEJA O MAIOR MERCADO, ELE QUER TER AQUI
A MELHOR OPERAÇÃO DA COMPANHIA NO MUNDO

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A
alemã ZF é uma das grandes
fornecedoras da indústria automotiva
no mundo e carrega os louros e o peso
que um título como este traz. Com o setor
em processo de transformação, a companhia
promove revolução interna para não se perder
pelo caminho, com investimento em novas
tecnologias e modelos de negócio capazes de
garantir relevância para o futuro, ainda que o ASSISTA À
ENTREVISTA COM
contexto mude. A empresa entra de cabeça WILSON BRICIO
na revolução digital e quer ficar cada vez mais

LUIS PRADO
distante da fama de fornecedora de partes
mecânicas para entregar inteligência e eficiência
para a indústria e os consumidores.
No Brasil, quem lidera esse esforço é Wilson COISAS QUE PARECEM
Bricio, CEO da ZF para a região e também da
TRW, que foi comprada pelo grupo alemão DISTANTES DO BRASIL, COMO
em 2015. “Estamos adequando a organização
às necessidades e demandas do mercado OS CARROS ELÉTRICOS, VÃO
e isso acontece no Brasil também”, diz. Na
companhia desde 2001, ele chegou aos 60 COMEÇAR A ACONTECER
anos em 2018, justamente quando a operação
local da organização também completa seis MUITO RÁPIDO. SE FICARMOS
décadas de história. A ZF Brasil foi a primeira filial
internacional do grupo, com início da construção CÉTICOS, CORREMOS SÉRIO
da fábrica em 1958 para, no ano seguinte,
começar a produzir transmissões. RISCO DE FICAR PARA TRÁS.
Atuar localmente se tornou um teste
importante da vocação internacional da JÁ TEMOS PLANOS DE TRAZER
empresa. “Certamente, viver no ambiente volátil
do Brasil foi um grande ensinamento”, avalia POWERTRAIN ELÉTRICO
Bricio. O contexto instável talvez seja uma das
características que menos mudaram ao longo AUTOMOTIVE BUSINESS – Como foi o primeiro
dos últimos 60 anos. “Já chegamos a representar semestre para a ZF globalmente?
mais de 10% dos negócios mundiais da ZF. Hoje WILSON BRICIO – Em termos de performance o volume
esse porcentual caiu para em torno de 3%.” aumentou, porém precisamos investir no desenvolvimento
Entre as convicções de Bricio está a ideia de produtos. Também há um certo aperto em margens.
de que, ainda que não dê para fazer do Brasil Temos de competir de forma mais acirrada.
o maior mercado global da empresa – já
que Índia e China não deixam muito espaço AB – Como está hoje a participação do Brasil nesse
para concorrentes neste aspecto, a busca resultado?
é por tornar a subsidiária local a melhor da BRICIO – O Brasil já chegou a representar mais de 10%
companhia no mundo. Afinal, “ser o maior dos nossos negócios mundiais. Hoje esse porcentual caiu
não dá garantia de futuro”, diz o executivo. Na para em torno de 3%, com praticamente metade do volu-
entrevista a seguir ele faz o balanço dos 60 me que registramos no passado. A questão é que investi-
anos da companhia, analisa o Rota 2030, as mos para ter o dobro disso. Nos últimos anos compramos
tendências e tecnologias globais e, ainda, reflete a TRW, que era uma empresa do tamanho da ZF aqui no
sobre seu papel como líder em todo o processo. Brasil. Atualmente, as duas companhias juntas têm o fatu-

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ENTREVISTA | WILSON BRICIO

dade que temos no mercado, além de


trazer muitas novas tecnologias.

AB – A operação brasileira foi a pri-


meira da ZF fora da Alemanha. O
que o trabalho local ensinou para a
organização globalmente?
BRICIO – Certamente viver no am-
biente volátil do Brasil foi um grande
ensinamento. Atuar aqui exige muita
flexibilidade, uma capacidade de se
adaptar que vem acompanhada de

LUIS PRADO
criatividade para encontrar soluções.
Hoje, em todas as divisões da compa-
nhia, vemos pessoas que foram trei-
nadas ou tiveram uma vivência aqui e
ramento que a ZF registrava sozinha conquistaram posições globais.
em 2013. É uma redução importante
UMA DAS GRANDES
de mercado aliada ao grande cresci-
mento que vemos na China, à recu-
MUDANÇAS DOS AB – Que espaço vocês querem
ocupar neste momento de transfor-
peração dos Estados Unidos e à esta- ÚLTIMOS ANOS mação do setor automotivo?
bilidade do mercado europeu. BRICIO – Nosso esforço é para posi-
FOI COLOCAR O cionar a ZF de forma correta no novo
AB – Como a demanda está evo- mundo da mobilidade. Ainda esta-
luindo no Brasil? A recuperação se CLIENTE NA FRENTE mos tentando entender como será
traduz em volta dos volumes para o cenário, mas já temos algumas
a ZF? DA TECNOLOGIA. certezas: os veículos serão elétricos,
BRICIO – Houve melhora considerá- com muita tecnologia de condução
vel, não há dúvidas. Na área de veícu- AS SOLUÇÕES autônoma. Queremos ser líderes de
los de passeio há uma combinação de mercado neste novo contexto, com
melhoria dos volumes e aumento da ESTÃO AQUI PARA competitividade para oferecer so-
nossa participação em determinadas luções avançadas que estejam ao
linhas de produto. Lançamos a nossa SERVIR O CLIENTE, alcance do bolso do consumidor.
direção elétrica, a primeira do Brasil, Garantir segurança e reduzir as emis-
com ótimos resultados. Quando fala- NÃO O INVERSO sões são as maiores preocupações.
mos de veículos comerciais e da área
agrícola, a recuperação também está AB – O lucro e os investimentos
indo bem. O ano tem sido de melho- AB – Da sua experiência em 17 antes destinados à indústria auto-
ria, mas é uma melhoria relativa. anos na ZF, quais são as mudanças motiva estão mudando de mãos,
mais importantes que percebe na indo para empresas de tecnologia e
AB – E isso já reflete na produção? companhia? mobilidade. Qual é o plano da ZF
BRICIO – Ainda temos áreas em que BRICIO – A ZF sempre foi uma em- para se posicionar neste ambiente?
estamos com 50% de ociosidade, presa de muita tecnologia, voltada ao BRICIO – Criar valor e apostar em
enquanto outras têm 70% de ocu- desenvolvimento de produtos e solu- novas soluções tecnológicas e mo-
pação. Tem divisões em que traba- ções. Uma das grandes mudanças dos delos de negócio. A mobilidade deve
lhamos em três turnos, mas aqui em últimos anos foi colocar o cliente na se tornar uma questão mais pública,
Sorocaba a maioria está voltando a frente da tecnologia. As soluções estão com menos posse do carro e mais
operar em dois turnos. É uma evolu- aqui para servir o cliente, não o inver- uso compartilhado. A ZF criou uma
ção considerável. Na época da crise so. Trabalhamos também a liderança, divisão para tratar da eletrificação.
chegamos a ter apenas 0,8 turno. treinando justamente para essa volatili- Também fundamos uma empresa, a

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ENTREVISTA | WILSON BRICIO
LUIS PRADO

Zukunft Ventures, que comprou parti- AB – Isso envolve também o Rota uma gama de eixos de alta perfor-
cipação em uma série de startups na 2030, novo conjunto de regras para mance para a área agrícola.
área de inteligência artificial, senso- o setor automotivo aprovado pelo
res, software. Temos parceria inclusi- governo? AB – Olhando para o futuro da
ve com outras grandes companhias, BRICIO – É indiscutível que pro- ZF, qual posição você espera que
como a chinesa Baidu. A ideia é tra- grama apresenta preocupação com a operação brasileira tenha para a
balhar de forma colaborativa. áreas importantes, como segurança companhia?
e eficiência energética. A questão é BRICIO – Com países como China
AB – Entre estas novas tecnolo- que passamos meses debatendo, e Índia os nossos volumes ficaram
gias para o setor automotivo, quais com uma série de recursos envolvi- pequenos. Por isso, nosso esforço é
têm potencial de chegar mais rápi- dos, para chegar a uma legislação por sermos rápidos, ágeis, por trazer
do ao Brasil? que, no melhor cenário, oferece des- soluções e buscar modelos de negó-
BRICIO – Coisas que parecem distan- conto de dois pontos porcentuais cio. Este é o legado que eu gostaria
tes, como os carros elétricos, vão co- de IPI para as montadoras (somente de deixar: essa garra por fazer me-
meçar a acontecer rápido. Se ficarmos para aquelas que superarem as me- lhor para, quem sabe, nos tornarmos
céticos, achando que não vai dar certo, tas de eficiência energética). É uma a maior operação da companhia um
corremos sério risco de ficar para trás. abordagem fora de contexto para dia. Porque ser apenar o maior mer-
Já temos planos de trazer powertrain uma economia global. A preocupa- cado não me dá garantia de futuro.
elétrico para o Brasil, mas estamos ção deveria ser inserir o Brasil em
buscando parcerias para isso. A eletri- cadeias produtivas mundiais, garan- AB – Em cenário de transformação
ficação deve acontecer logo, mas não tir insumos a preços competitivos, tão intensa, estar à frente de uma
para todos os segmentos. Tem mais desonerar a mão de obra, reduzir e empresa automotiva é um desafio
potencial em grandes cidades. Os sis- simplificar os tributos. Se tudo isso grande. Como é ser um líder nessa
temas de apoio à condução também fosse encarado de frente, não preci- indústria hoje?
vão avançar rápido. Já a condução to- saríamos de desconto no IPI. BRICIO – A liderança precisa ser hands
talmente autônoma vai demorar pouco on, participativa e próxima das pessoas.
mais por causa da infraestrutura. Ainda AB – Como estão os investimentos Liderar hoje é se adaptar às novas ne-
temos um dever de casa para fazer. da ZF? Há aportes em curso? cessidades, sentir o pulso, ouvir muito.
BRICIO – Diminuímos considera- É um trabalho complexo, em que você
AB – A decisão recente de reduzir o velmente nos últimos anos, mas investe muito sem ter a certeza do su-
IPI para carros elétricos e híbridos não paramos de investir. Estamos cesso, que só vem com o tempo. Aqui
é um estímulo efetivo? fazendo aportes na área de veículos na ZF temos há anos a preocupação e
BRICIO – Ainda estamos brigando de passeio, na produção de direções formar uma nova liderança. Contamos
muito por incentivos pontuais, algo elétricas, de produtos no segmento com duas academias internamente,
que se aplicava em uma economia de freios. Também temos um grande uma operacional e outra focada em
fechada. Globalmente não se justi- plano para trazer novas tecnologias gestão. Nessa fase de mudança tecno-
fica mais. O incentivo pontual tem de transmissões para veículos co- lógica e de pensamento é importante
efeito de curto prazo, não vai resolver merciais, com a localização da pro- ter uma mistura de gerações. Todas as
o problema no Brasil. dução da TraXon. Lançamos ainda idades têm contribuição a dar. n

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CAMINHÕES

SUA MAJESTADE,
O CAMINHÃO,
SE RECUPERA DA QUEDA
APÓS DOIS ANOS COM POUCO MAIS DE 50 MIL UNIDADES,
SEGMENTO PREVÊ ALTA PRÓXIMA A 30%
MÁRIO CURCIO | FOTOS: DIVULGAÇÃO

E
le sempre teve forte presença tada pela crise política e econômica guidas até 2016, com apenas 50,6
em nossas vidas. Imagine en- dos anos recentes. mil caminhões. E 2017 não foi mui-
tão no setor automotivo. Ver- O crédito com juros camaradas to diferente, 51,9 mil unidades.
dadeiro rei da estrada, leva adiante e a economia favorável resulta- Agora em 2018 haverá uma re-
as enormes bobinas de aço, que dias ram no 2011 recorde, com 172,6 cuperação mais consistente para
depois voltam sobre as cegonhas, mil emplacamentos. Naquele ano, o setor, puxada pelo agronegócio e
agora na forma de carros novinhos muitos aproveitaram para renovar outros setores favorecidos pela me-
em folha: “Olha, pai, olha”, diz o a frota, já que no ano seguinte os lhora da economia. O acumulado de
menino com olhos brilhando. Pois caminhões ficariam mais caros janeiro a julho indicava crescimento
é, mas sua majestade, o caminhão, com a nova legislação de emissões de quase 50%. Para o fechamento
também foi muito maltra- (Proconve P7). Em 2012 as vendas do ano os fabricantes acreditam em
recuaram para 137,7 mil, alta de cerca de 30%, o que dará algo
mas veio um novo pico como 67,5 mil unidades licenciadas.
de quase 155 mil O crescimento mais acentuado em
caminhões 2018 ocorreu para os caminhões pe-
em 2013. De- sados, que até julho respondiam por
pois disso não 17,1 mil unidades e alta de 87,3%. Há
houve freio que casos com aumento acima de 200%:
impedisse “Nos primeiros sete meses de 2017
quedas se- tínhamos vendido 697 caminhões
Actros e no mesmo período de 2018
foram 2.158 unidades”, afirma o vice-
-presidente de vendas e marketing da
Mercedes-Benz, Roberto Leoncini.
A Volvo esperava desde o início do
ano uma alta superior a 30% para
2018 e teve sua expectativa reforça-
TRANSPORTE DE VEÍCULOS da durante o primeiro semestre:
favoreceu vendas da Mercedes “O ano de 2017 é uma base de
no 1o semestre
comparação baixa, mas mesmo
assim haverá um aumento expres-

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sivo, influenciado pela recuperação
da economia, boa safra de grãos e
maior demanda em outros setores
de base como canavieiro, flores- VOLVO FH 540 é
tal e industrial”, recorda o diretor o caminhão mais
vendido da marca
comercial da Volvo Caminhões,
Bernardo Fedalto.
O diretor de marketing e vendas da
Iveco para a América Latina, Ricardo lado até julho”, diz Alouche. efeitos no mercado difíceis de prever
Barion, reforça a importância do agro- “Desde a Fenatran (em outubro de em face da indefinição atual”, diz
negócio na retomada: “Temos dados 2017) sentimos um aumento da con- Fedalto. “Há um efeito que não con-
que mostram que o setor agrícola re- fiança dos nossos clientes, refletindo seguimos medir, nossa carteira (de
presenta cerca de 30% da demanda em novos pedidos. O mercado está clientes) não indica o que vai ocor-
de caminhões e nos modelos pesa- aos poucos retomando, impulsionado rer”, afirma Leoncini. Em regra, é um
dos o porcentual chega a 40%”, diz. também pelo aumento da atividade período em que os grandes frotistas
A Mercedes destaca outros seto- industrial e agronegócio”, estima o di- evitam investir.
res em alta: “Os caminhões-tanque retor comercial da DAF, Luís Gambim.
para distribuição e transferência de Para a Ford, os caminhões com EXPORTAÇÕES
combustível também ajudaram na chassi rígido têm sido os mais im- Em 2017 as montadoras já se esfor-
venda dos modelos pesados, assim portantes nessa recuperação do mer- çavam em exportar para compensar
como os setores de produtos quími- cado, com crescimento de 30% nos ao menos em parte a queda no mer-
cos e cargas perigosas e também o modelos médios e semipesados, 6x2 cado interno. Em todo o ano passa-
transporte de automóveis para expor- e 8x2, como consequência do lança- do o Brasil embarcou 28,3 mil cami-
tação”, garante Leoncini. mento da linha Cargo Power. “São ca- nhões, 31,3% a mais que em 2016.
A MAN Latin America comemora o minhões que atendem ao segmento E no início de 2018 havia perspectiva
crescimento também em sua base: de transporte geral de mercadorias de de alta de 13,1%, o que recentemen-
“Os caminhões leves têm sido im- maior valor agregado, tanto no canal te foi frustrado pela retração dos
portantes para o aumento de vendas de frotistas quanto de autônomos”, mercados argentino e mexicano.
da companhia”, afirma o vice-presi- afirma o gerente nacional de vendas e “Com uma taxa de juros por volta
dente de vendas e marketing, Ricar- marketing, Oswaldo Ramos. de 50% fica difícil vender qualquer
do Alouche, satisfeito com o bom As montadoras afirmam também coisa financiada”, afirma o vice-pre-
desempenho da nova linha Delivery, que o horizonte será mais claro no sidente da Mercedes, referindo-se ao
lançada há um ano. “Nos extrape- fim do segundo semestre: “A defi- mercado argentino. “Tentamos com-
sados a reação também foi positiva, nição eleitoral e respectivas conse- pensar as perdas (com o país vizinho)
com alta de quase 100% no acumu- quências na economia provocarão pelo envio para fora da América Lati-
na, como África e Oriente Médio”, diz
Leoncini. Fedalto, da Volvo, reconhe-
ce a dificuldade com a Argentina, mas
mantém as projeções para os demais
mercados em que atua: “Estamos
com vendas consistentes com nossos
planos nos diversos países da região”,
diz o executivo da Volvo.
“As vendas para o mercado externo
têm sido uma alternativa importante
para a Iveco. Nos últimos três anos
LEONCINI, DA MERCEDES: o nosso crescimento nas exporta-
recuperação por diferentes ções foi de 236%. Destaco os mer-
segmentos da indústria
cados do Chile, da Colômbia, do
Paraguai e do Peru”, afirma Barion.

AutomotiveBUSINESS • 45

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CAMINHÕES

BARION, DA IVECO: alta


de 236% em exportações CARLOS AYALA, novo FEDALTO, da Volvo, aguarda
nos últimos três anos presidente da DAF desde julho horizonte mais claro após eleições

DAF QUER MAIOR FATIA Ele assumiu o cargo de Michael diretor comercial para o México e
A fabricante DAF tem como uma Kuester, que retornou a Seatle, nos América Latina.
das principais metas o aumento de Estados Unidos, para compor o bo- “Meu tempo como vice-presidente
participação dos atuais 7,2% para ard da companhia. Ayala entrou na foi valioso para me aprofundar no
10% no mercado em que atua, dos empresa em 1985 e está no Brasil mercado e na cultura do transpor-
caminhões acima de 40 toneladas. desde janeiro deste ano como vice- tador brasileiro”, diz Ayala. Estamos
É o que diz Carlos Ayala, que desde -presidente de desenvolvimento de em um território extenso, com ope-
julho é o novo presidente da empre- negócios. Seu último cargo antes rações de todos os tipos e níveis de
sa instalada em Ponta Grossa (PR). de desembarcar por aqui foi o de severidade”, recorda.

PRODUÇÃO DA SCANIA CRESCERÁ QUASE 30% EM 2018


MARCA INVESTIRÁ R$ 2,6 BILHÕES NO PAÍS ATÉ 2020 E RENOVARÁ TODA A LINHA

A Scania também prevê bons resultados para este Em janeiro de 2019 a fábrica interrompe a produção e
ano com a produção de 27 mil caminhões e al- se prepara para os novos modelos, que entram em li-
ta próxima a 30% sobre 2017. A empresa trabalha em nha em fevereiro. A matriz sueca levou dez anos e in-
São Bernardo do Campo (SP) em dois turnos, produzin- vestiu T 2 bilhões na nova geração, com motores de 7
do 80 veículos por dia na soma de caminhões e ônibus, a 16 litros e 19 tipos de configuração de cinco cabines.
mais 36 unidades em forma de kits para exportação. A fábrica do ABC paulista vem sendo prepara-
Setenta por cento da produção brasileira é exportada. da desde 2016 para receber os novos modelos e mo-
A fabricante divulgou os números durante a apresen- tores, com investimento de R$ 2,6 bilhões até 2020:
tação de sua nova geração de caminhões, que come- “Está em curso o maior programa de investimento da
ça a ser fabricada em 2019. Ao contrário do que ocor- história da Scania no Brasil, que traz melhorias à fá-
reu na Europa, toda a gama será renovada e lançada de brica e uma nova gama de produtos”, afirma o presi-
uma só vez no Brasil. dente da Scania Latin America, Christopher Podgorski.
Os caminhões atuais serão montados até dezembro. (Pedro Kutney) n

NOVA LINHA DE CAMINHÕES


Scania entra em produção em 2019

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DUAS RODAS

INDÚSTRIA DE MOTOS
VOLTA A CRESCER APÓS
6 ANOS DE QUEDA
RASTRO DEIXADO PELA CRISE INCLUI GRANDE CAPACIDADE
OCIOSA, FECHAMENTO DE VAGAS E ENVELHECIMENTO DA FROTA
MÁRIO CURCIO

A
indústria de motos terá um pe- mil motos e as exportações ficaram ters, que aumentou sua capacidade
queno crescimento em 2018 abaixo de 82 mil unidades. de 1,5 milhão para 2 milhões de
após seis anos seguidos de A sequência de quedas começou unidades por ano. Em 2016 teve de
queda. Depois do recorde de 2011, em 2012 por causa da maior dificul- transferir a montagem desses veícu-
com 2,14 milhões de unidades, o se- dade para obter crédito. O problema los para a ala principal.
tor foi minguando até chegar a menos se agravou em 2013. A retração de A capacidade da brasileira Dafra
de 900 mil motocicletas montadas em mercado encolheu também a indús- recuou de 300 mil para 30 mil motos
2017. No acumulado até julho de 2018 tria, cuja capacidade instalada chegou por ano. Inaugurada em 2007 com um
a produção somava 591 mil motos e a 3,24 milhões de unidades em 2013 investimento de R$ 100 milhões (R$
a projeção das fabricantes é encerrar e caiu para os atuais 2,27 milhões de 178 milhões em valores atualizados),
o ano com 980 mil motos e pequena unidades com o fechamento de algu- a empresa teve seu melhor momento
alta de 11% sobre o ano anterior. mas fábricas em Manaus (como Ka- em 2008 com a produção de 119,4
O resultado de ano após ano de sinski, por exemplo) e encolhimento mil unidades. Em 2017 ficou em 3,7
retração foi uma capacidade ociosa de outras. mil motos na soma dos modelos Dafra
em Manaus acima dos 60% nos três Em 2010 a Honda havia investido e KTM, marca austríaca sobre a qual
últimos anos. Em 2017, o mercado R$ 90 milhões em um setor dedica- detém os direitos de produção e venda
interno absorveu pouco mais de 850 do à produção de motonetas e scoo- no Brasil. Perguntas como o tamanho

MANAUS CAPACIDADE INSTALADA EM MANAUS VERSUS


PRODUÇÃO EFETIVA DE MOTOS
(EM MILHÕES DE UNIDADES)

2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018


Capacidade instalada 3,15 3,21 3,24 3,24 3,24 2,39 2,27 2,27
Produção efetiva 2,14 1,69 1,67 1,52 1,26 0,89 0,88 0,98*
Ociosidade 32,1% 47,4% 48,5% 53,1% 61,1% 63,8% 61,2% 56,0%
FONTE: ABRACICLO; * PROJEÇÃO

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Brasil começaram a se recuperar já
em 2017, assim como ocorreu para
os automóveis.
A BMW registrou alta de 13,8%
DESDE 2016 A HONDA
concentra a produção de no acumulado até julho de 2018
Manaus no antigo setor HDA 1 na comparação com iguais meses
do ano passado por causa da ajuda
de novos modelos de baixa cilindra-
da. Uma das estratégias da empresa
atual da rede ou como sobreviver com to da idade média da frota, que sal- para se consolidar no País é aumen-
um volume tão baixo ficaram sem res- tou de cinco anos e meio para sete tar o conteúdo local: “Em cada novo
postas da fabricante. anos e meio entre 2012 e 2017, de produto, novos fornecedores são ho-
A J.Toledo Suzuki declara capaci- acordo com o estudo anual elabo- mologados e vamos seguir com essa
dade instalada de 300 mil unidades, rado pelo Sindipeças, entidade que estratégia”, garante o diretor da BMW
mas fabricou 3,9 mil unidades em reúne fabricantes de componentes. Motorrad para a América Latina e
todo o ano de 2017. Caribe, Alejandro Echeagaray. A em-
DIFICULDADE PARA EXPORTAR presa produz no Brasil desde 2009 e
8,2 MIL VAGAS FECHADAS Recentemente, a Abraciclo revisou a inaugurou a própria fábrica em 2016.
De acordo com a Superintendência projeção de 85 mil para 80 mil motos A oferta de modelos de baixa ci-
da Zona Franca de Manaus (Sufra- exportadas até o fim do ano. A nova lindrada também fortalece a Kawa-
ma), em 2011 o setor de duas rodas projeção decorre da queda no mer- saki, cujas vendas cresceram 15%
empregava 20,5 mil trabalhadores. cado argentino, mas este é apenas no acumulado até julho sobre iguais
Atualmente são 12,3 mil. Outro pro- um dos problemas. meses de 2017: “Estamos felizes
blema decorrente da retração nas A logística para exportar a partir de com o desempenho da moto Versys-
vendas foi a queda de produtividade. Manaus é ruim e as motos brasileiras -X 300 e acreditamos no potencial
Em 2011 cada trabalhador montou atendem a uma legislação de emis- para crescer nessa faixa de cilindra-
em média 104 motos em Manaus. sões comparável à europeia, o que as da”, afirma a gerente comercial e de
Esse total caiu para 66 motocicletas torna pouco competitivas diante dos marketing, Sônia Harue. A Kawasaki
por operário em 2016. modelos asiáticos vendidos em toda a tem outros dois modelos nessa faixa
Outra consequência da queda nas América Latina. de cilindrada, a Z300 e a Ninja 400,
vendas de motos novas foi o aumen- “Diversos fatores influenciam o vo- recém-lançada. n
lume exportado, mas acreditamos ser
de grande valia melhorias em fatores
como o ‘custo Brasil’ e investimentos
em logística para impulsionar as expor-
tações”, alegou a Honda em resposta
a Automotive Business.

PERSPECTIVAS
É verdade que a recuperação nos
primeiros sete meses de 2018 foi
pequena, mas trouxe alguma tran-
quilidade aos fabricantes instalados
em Manaus: “Somos uma empresa
que pensa em longo prazo e temos
planos consistentes para o Brasil que
FLÁVIO VILLAÇA é o gerente seguem inalterados”, afirma o TER MAIS FORNECEDORES
de marketing da Harley-Davidson gerente de marketing da Harley- LOCAIS é parte da estratégia
para a América de Echeagaray, da BMW
-Davidson para a América, Flávio
Villaça. As vendas da empresa no

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AUTOPEÇAS

60
QUE VENHAM
OS PRÓXIMOS
ANOS
SUELI REIS

O
ano era 1958. No dia 29 de agosto foi registrada na Junta Comercial
SCHAEFFLER de São Paulo a empresa Rolamentos Schaeffler do Brasil. De lá para
cá, a história da companhia se confunde com a do setor automotivo
COMEMORA SUA brasileiro, que também dava os primeiros passos. Foi a pedido da Volkswagen,
que começava a produzir em sua fábrica de São Bernardo do Campo (SP),
HISTÓRIA NO que a empresa, também de origem alemã, decidiu fincar seus pés em solo
BRASIL COM FOCO brasileiro. Sua primeira atuação por aqui foi com a marca INA. Em 1960 foi a
vez da FAG ser incorporada à operação e, em 1972, a Luk chegou ao Brasil. A
NOS PRÓXIMOS consolidação das três marcas ocorreu em 2003.
Durante a década de 1970, a empresa experimentou um acelerado cresci-
PASSOS mento da indústria e desde então vem investindo em diversificação de portfólio,
que passou a atender o segmento de veículos pesados. Na década seguinte,

FOTOS: DIVULGAÇÃO

VISTA AÉREA do
complexo industrial
em Sorocaba (SP)

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investiu na modernização grama de excelência com
tecnológica, no aumento 20 iniciativas. “Queremos
da capacidade de produ- crescer de forma rentável e
ção e passou a adquirir a criar valor sustentável, sem
maior parte de seus insu- desviar dos nossos lemas:
mos no próprio País. Dan- transparência, confiança e
do um salto no tempo, em trabalho em equipe.”
2003 a empresa passou Para ele, o Brasil tem pa-
por sua primeira grande pel importante nessa em-
mudança: a consolidação preitada, pois além de con-
das três marcas em uma centrar um grande número
única companhia: a Scha- de clientes e diversidade
effler Brasil. de veículos e equipamen-
Em seis décadas, a tos, também possui parti-
Schaeffler acompanhou a cularidades em sua matriz
evolução da indústria na- energética. Embora ele não
cional, tornando-se uma revele valores, indica que os
das principais fornecedoras investimentos locais estão
de componentes do setor, concentrados na moderni-
atendendo a maior parte zação dos processos produ-
das montadoras instaladas tivos atuais.
no País. A sede da em- MARCOS ZAVANELLA, “Estimamos uma uti-
presa para a América do CEO da Schaeffler para a lização intensa de moto-
Sul está localizada em América do Sul res a combustão interna
Sorocaba (SP), onde pro- ainda por vários anos no
duz todo o portfólio de suas mercado brasileiro, com o
três marcas para abasteci- dos setores automotivo e industrial. aumento de medidas regu-
mento do mercado regional. Essa diretriz faz parte da estratégia latórias para melhoria da eficiência,
“Estamos muito orgulhosos por al- mundial denominada Mobility for área em que já possuímos compe-
cançar esta marca de 60 anos em um Tomorrow, que contempla uma série tência e soluções, embora também
mercado complexo e tão competitivo de metas e ações em quatro áreas: já tenhamos disponíveis inovações
como o brasileiro. Queremos con- veículos ecológicos, mobilidade ur- em eletrificação que podem, sob
tribuir para a criação de um mundo bana, mobilidade interurbana e ca- demanda, ser desenvolvidas e apli-
mais sustentável, que lida com seus deia energética. cadas localmente”, revela.
recursos de forma mais inteligente. “O mundo se move em um ritmo O presidente também destaca os
Como fornecedores globais da in- acelerado de mudanças no clima, investimentos para preparar seus
dústria automotiva e industrial, este é na urbanização, na globalização e profissionais e líderes para as mu-
o objetivo que nos norteia para mol- na digitalização. Esses fatores têm danças, o que tem sido feito no
dar a mobilidade do futuro”, afirma o elevado impacto em nossas rotinas Brasil, bem como em todas as ope-
presidente e CEO da Schaeffler para e alterarão a nossa forma de viver rações da companhia ao redor do
a América do Sul, Marcos Zavanella. e de trabalhar no futuro. Isto afeta- mundo. “Dessa forma a Schaeffler
rá sobretudo a área da mobilidade. Brasil ocupa posição de relevância
EVOLUÇÃO: UMA Essa transformação ultrapassa fron- no plano estratégico pela criatividade
ESTRATÉGIA GLOBAL teiras e exige um modelo de negó- e inovação de seus profissionais, alta
Olhando para o futuro e visando a cio com olhos nessas mudanças”, qualificação, flexibilidade e organiza-
acompanhar as transformações da defende Zavanella. ção, e o País como um mercado im-
indústria, a empresa vem trabalhan- Segundo o executivo, as premissas portante para melhoria da eficiência
do no desenvolvimento de soluções do plano estão orientadas pela quali- energética por meio da redução de
e tecnologias com foco em propor- dade, tecnologia e inovação. A partir atrito e da utilização de fontes reno-
cionar mais eficiência aos clientes delas, a empresa instituiu um pro- váveis de energia”, observa. n

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MONTADORA
FOTOS: DIVULGAÇÃO / TOYOTA

EMPRESA investiu US$ 150 milhões nos


anos 1990 para montar Corolla no Brasil

TOYOTA INDAIATUBA
CHEGA AOS 20 ANOS
NO AUGE
FÁBRICA OPERA ACIMA DA CAPACIDADE E SE
PREPARA PARA NOVA GERAÇÃO DO COROLLA
PEDRO KUTNEY

A
inauguração de sua segunda fábrica no Brasil, em dos anos 1990 a empresa acordou para aproveitar a onda
setembro de 1998, marcou sensível mudança de de crescimento do mercado brasileiro. Após comprar em
atitude da Toyota. Enquanto se tornava uma gigan- 1996 um terreno de 1,5 milhão de metros quadrados em
te no mundo, aqui a fabricante japonesa hibernava em Indaiatuba, SP, a Toyota investiu US$ 150 milhões para
São Bernardo do Campo (SP), onde abriu sua primeira produzir o sedã Corolla, o carro mais vendido do mundo
planta fora do Japão, mas em quatro décadas produziu e símbolo de sua expansão mundial, que repete por aqui
lá apenas um modelo, o utilitário Bandeirante. Só no fim e países vizinhos o sucesso global, fazendo a planta no

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interior paulista dar longos saltos de produtividade com
pequenos investimentos incrementais.
Com mais de 1 milhão de Corolla de quatro gerações
já produzidos no Brasil, o ritmo frenético da fábrica de
Indaiatuba hoje pouco lembra o início tímido de 20 anos
atrás, quando a Toyota produzia lá algo como 10 mil uni-
dades/ano. O cenário começou a mudar no ano 2000,
quando foi anunciado um substancial novo ciclo de inves-
timento, de US$ 300 milhões, para ampliar instalações e
produzir uma nova geração do Corolla.
O sucesso do sedã no mercado brasileiro (em 2017 foi
quarto carro mais vendido do País) somou-se em anos re-
centes ao aumento exponencial das exportações para MOTORES do sedã ainda
países sul-americanos (no momento o carro vai para Ar- vêm do Japão, mas serão
nacionais em 2019
gentina, Chile, Colômbia, Peru e Uruguai), que compra-
ram 20% da produção do Corolla brasileiro em 2017 e este
ano aumentaram essa porção para quase 30%. Com isso,
a produção em Indaiatuba entrou em espiral crescente até
o recorde de 84.375 unidades em 2017, número 10 mil
acima da capacidade anual de 74 mil, graças ao acrésci-
mo de duas horas extras diárias à jornada de dois turnos
de segunda a sexta-feira dos cerca de 2 mil empregados,
que também trabalham em sábados alternados. Este ano
a história se repete: até julho foram produzidos 46,5 mil
Corolla, 1% mais que no mesmo período do ano anterior.
Mesmo sem grandes investimentos, aportes incrementais
trouxeram ganhos progressivos de produtividade – no ano
passado, por exemplo, o tempo de fabricação por veícu-
lo caiu de 2,7 para 2,65 minutos. Todos os espaços estão
bem ocupados em Indaiatuba. Na estamparia de chapas, INDAIATUBA atingiu
quatro prensas automáticas trabalham no topo da capa- recorde em 2017,
montando 84.375 carros
cidade, na solda de carrocerias a automação saltou de 22
robôs em 2008 para 76 hoje. A planta ganhou uma área de
injeção de plástico para fazer painéis e na montagem final
adaptações precisaram ser feitas para aumentar a extensão
da linha e acomodar mais carros. Um novo galpão está em
construção para abrigar maior número de peças que serão
necessárias para fazer a próxima geração do Corolla sobre a
nova plataforma global da Toyota (TNGA).
Atualmente o Corolla brasileiro tem índice de naciona-
lização em torno de 65%, porcentual que tende a aumen-
tar com a integração da rede de produção da Toyota no
Brasil. Os motores do sedã, hoje importados do Japão,
em 2019 começam a ser produzidos em Porto Feliz (SP),
planta a 30 km de distância de Indaiatuba. O aumento
de componentes nacionais também foi favorecido pela
terceira fábrica da Toyota no País, inaugurada em 2012 A CADA 2,65 minutos sai
em Sorocaba, a 50 km, onde foi montado um parque um novo Corolla da linha
de montagem
de fornecedores: de lá, cinco deles enviam cerca de
30% das peças usadas pelo Corolla. n

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CENTENÁRIO

DIVULGAÇÃO / IOCHPE-MAXION
COMPLEXO INDUSTRIAL
em Limeira

IOCHPE-MAXION,
A DONA DO
PRÓPRIO TEMPO
AO COMPLETAR 100 ANOS, A EMPRESA QUE FABRICA 60 MILHÕES
DE RODAS POR ANO TEM UMA HISTÓRIA RICA EM OUSADIA E
CONSTRÓI SUA LINHA DO TEMPO DITANDO O PRÓPRIO DESTINO
SERGIO QUINTANILHA

A
linha do tempo de uma em- po Iochpe alterou a razão social da A Maxion não é tudo na Iochpe,
presa centenária como a Massey Perkins S/A para Maxion S/A mas é a sua marca mais importante e
Iochpe-Maxion é riquíssima e criou a marca Maxion, consolidan- responde por 82% do faturamento da
em acontecimentos. Mas três anos do seu perfil industrial. Nesse mesmo empresa. Atualmente, as rodas Ma-
foram especialmente marcantes na ano, a General Motors interrompeu xion equipam cerca de 12 milhões de
história da empresa, que está com- um jejum de cinco anos sem lança- carros a cada ano. A Iochpe-Maxion
pletando 100 anos. O primeiro foi mentos na indústria automobilística produz 60 milhões de rodas a cada
1938, ano em que cinco membros brasileira e iniciou a produção do volta que a Terra dá em torno do Sol.
da família Iochpe – Gregório, Miguel, Chevrolet Kadett. A companhia possui 31 fábricas em
Moysés, Salomão e Israel – criaram a O terceiro ano marcante foi 1994, 14 países e emprega cerca de 15 mil
Iochpe, Irmão & Filhos para comer- quando houve uma reestruturação e pessoas. É uma empresa brasileira
cializar madeira, vigas e toras de pi- unificação das operações da holding com atuação global e fez o caminho
nho. Foi o ano em que a Volkswagen Iochpe e o grupo passou a se cha- inverso da maioria das autopeças nos
iniciou na Alemanha a produção do mar Iochpe-Maxion. Foi nessa tem- últimos anos – em vez de ser engoli-
Fusca, que viria a ser um dos carros porada que o Brasil perdeu um de da por uma multinacional estrangeira,
mais importantes do século 20. seus maiores ídolos no esporte, com saiu pelo mundo adquirindo fábricas
O segundo foi 1989, quando o Gru- a morte de Ayrton Senna.. e conquistando novos mercados. Seu

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CENTENÁRIO

DIVULGAÇÃO / IOCHPE-MAXION
próximo foco é o mercado automoti-
vo da Índia, onde pretende expandir
ainda mais suas operações.
A Iochpe-Maxion tem três gran- CENTRO DE EXCELÊNCIA
em Limeira
des chapéus em seus negócios: Ma-
xion Wheels (100% de participação
acionária), Maxion Structural Com-
ponents (também 100%) e Amste- nossos carros (porém com logotipos para seus clientes. “Quando um carro
dMaxion (joint-venture que atua no dos fabricantes). A Maxion Wheels é criado, a roda é o terceiro item a ser
desenvolvimento e fabricação de também faz parcerias que inovam projetado, pois ela tem a ver com o
vagões de carga e componentes os produtos e beneficiam os proprie- design lateral do veículo”, diz Marcos
ferroviários). Tudo começou quando tários de veículos. Recentemente, o Oliveira, que já foi presidente da Ford
Gregório Iochpe constituiu a serraria CEO da Iochpe-Maxion, Marcos Oli- Brasil e está na Iochpe-Maxion desde
Engenho d’Água no Rio Grande do veira, anunciou em São Paulo que a 2012. Ele diz que no passado as pró-
Sul, em 1918, e o mundo ainda so- Maxion desenvolveu com a Michelin prias montadoras produziam as rodas
fria os horrores da Primeira Guerra uma roda de liga leve flexível para de seus carros, mas que atualmente
Mundial. Um século e duas guerras equipar veículos do segmento pre- elas fornecem apenas o design.
mundiais depois, os maiores clien- mium. Em vez de quebrar ou trin- Atualmente, somente a fábrica da
tes das rodas Maxion são a Daimler car quando passa por um buraco Volkswagen em Wolfsburg ainda pro-
Mercedes, a Ford Motor Company, a na estrada, essa roda acompanha a duz rodas para alguns de seus mode-
Aliança Renault Nissan Mitsubishi e o deformação do pneu e depois volta los. O grande salto da empresa brasi-
Grupo Volkswagen. Só essas quatro à forma normal. Ela está em fase de leira aconteceu justamente em 2012,
empresas, de pontos tão diferentes testes com a Audi na Europa e com quando a Iochpe-Maxion adquiriu a
do planeta, mostram como a Maxion uma montadora da Ásia. Hayes Lemmers, tradicional fabrican-
conquistou o mundo sem precisar Segundo Oliveira, no fim de 2019 te alemão de rodas automotivas (de
declarar guerra a ninguém. uma nova roda será colocada no mer- liga leve para veículos leves e comer-
Mas a forte presença dessa em- cado. Ela utiliza a tecnologia MCPA ciais e de aço só para veículos leves).
presa brasileira não ocorre somente (aplicação multicolor) e permitirá que Essa aquisição deu a força final
com a fabricação das rodas auto- os fabricantes de automóveis ofere- para a Iochpe-Maxion ser o que ela
motivas que estão na maioria dos çam rodas com detalhes coloridos é hoje. Com 38,1% das receitas, a

MAIS DE 300 CHASSIS FABRICADOS POR DIA


A pesar da fama e da força obtida na fabricação de rodas, a Maxion está presente também no segmento de com-
ponentes para a fabricação de carrocerias e chassis. Com prensas que vão de 15 a 5.200 toneladas, a Maxion
Components fabrica chassis, longarinas, estampados e vários outros componentes para a indústria. A empresa tra-
balha utilizando um ciclo de desenvolvimento virtual que
DIVULGAÇÃO / IOCHPE-MAXION

permite entregar peças cada vez mais leves e mais re-


sistentes para as montadoras, que perseguem incansa-
velmente a busca por menor peso nos carros, nas pica-
pes e nos caminhões. Trabalhando no conceito just-in-
-time, a Maxion produz mais de 300 chassis por dia em
suas sete fábricas – cinco no Brasil (Contagem, Cruzei-
ro, Juiz de Fora, Resende e Sete Lagos), uma no México
(Monclova) e uma na Argentina (Córdoba). A fábrica de
Cruzeiro (SP) é a única que opera os três negócios da
empresa: componentes estruturais para autoveículos,
rodas e componentes ferroviários.

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CENTENÁRIO

Europa é o maior mercado da com-

FOTOS / DIVULGAÇÃO / IOCHPE-MAXION

DIVULGAÇÃO / IOCHPE-MAXION
panhia brasileira. Em seguida vêm a
América do Norte (28,1%), a Améri-
ca do Sul (24,1%) e a Ásia e demais
regiões (9,7%). Por causa disso, so-
mente no primeiro semestre deste
ano a Iochpe-Maxion investiu R$ 168
milhões na expansão da capacidade
de produzir com alumínio em suas
RODAS DE AÇO duas mais importantes regiões, na
na fábrica de Limeira
estamparia de veículos pesados
na região do Nafta e em uma nova
fábrica de rodas de liga leve na Ín-
dia, onde esse item vai crescer. Mun-
dialmente, o mercado de rodas de MARCOS OLIVEIRA, CEO
da Iochpe-Maxion
alumínio representa apenas 25%,
contra 75% das rodas de aço.
No Brasil, é diferente – pratica-
mente a metade para cada tipo de
roda, por causa da mudança no perfil são do primeiro semestre deste ano.
do consumidor de carros, cada vez Ao completar seu primeiro cen-
mais exigente, apesar de uma roda tenário, a Iochpe-Maxion inicia uma
RODAS DE ALUMÍNIO de alumínio custar quatro vezes o fase de maior visibilidade perante o
na planta de Limeira
valor de outra de aço. público consumidor, embora não te-
Mas as rodas de aço não pararam nha planos de entrar no mercado de
no tempo. A diferença de peso entre reposição. Sob o lema “100 anos em
uma roda de aço e uma de liga leve movimento”, a gigante que nasceu
já chegou a ser de 35%, mas hoje é de uma serraria gaúcha tem orgu-
de apenas 12%. Por causa disso, a lho de seu desenvolvimento e afirma
Maxion lançou recentemente uma sem modéstia: “A Maxion-Wheels
roda de aço que dispensa o uso de não inventou a roda... somente toda
calota e tem uma aparência muito inovação desde então”. Neste primei-
mais próxima à de uma roda de alu- ro ano de Rota 2030, quando o setor
mínio. A estreia desse produto acon- de autopeças finalmente passa a ter
RODA FLEXÍVEL em fase teceu em 2017, no Renault Kwid, maior atenção por parte do governo
de desenvolvimento
que teve como princípio reduzir ao brasileiro, a marca Maxion é uma re-
máximo o peso e o custo do carro. ferência para as empresas que forne-
Ela é de série na versão topo de linha. cem à indústria automobilística.
Pelo custo maior, as rodas de alu- Pela impetuosidade de escrever a
DIVULGAÇÃO / RENAULT

mínio têm a maior participação nas própria linha do tempo (não apenas
receitas da Iochpe-Maxion, com ficar à mercê dos acontecimentos) e
33,9%. As rodas de aço para veículos também pela robusta receita opera-
leves vêm em segundo lugar, com cional líquida que pode exibir, a Ma-
27,7%, e as rodas de aço para veí- xion é um exemplo. Foram R$ 7,5
culos comerciais aparecem em se- bilhões em 2017 e R$ 4,5 bilhões no
guida, com 20,2%. Os negócios da primeiro semestre deste ano, sendo
KWID INTENSE utiliza empresa são completados com os 25% obtidos no exterior e 75% no Bra-
as novas rodas de aço componentes estruturais, sendo sil. Tudo indica que em seu segundo
da Maxion Wheels
16,2% para veículos comerciais e centenário a Iochpe-Maxion continua-
2% para veículos leves. Os números rá ditando o próprio destino. n

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