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Campo Grande
2021
CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIGRAN CAPITAL
Campo Grande
2021
A cientista e professora de Ecologia Florestal na Universidade da Colúmbia
Britânica (Canadá), Suzanne Simard, é uma pioneira nos estudos de inteligência e
comunicação no reino vegetal. A paixão da Suzanne por árvores começou na infância,
quando ela ia para a floresta com o seu avô que, apesar de ser um lenhador, cortava
seletivamente o cedro nos bosques e lhe ensinava sobre a magnitude da natureza.
O pontapé inicial para o que se tornaria o trabalho de uma vida aconteceu quando
ainda era criança em um passeio na floresta com o seu avô e o cão de estimação da família.
Neste dia, ela conta, que o cão caiu em uma fossa sanitária na floresta e o seu avô correu
com uma pá para resgatá-lo; conforme o chão da floresta ia sendo descoberto e as raízes
das árvores sendo expostas, ela ficou fascinada com todo esse universo – de raízes
interligadas – que ia se abrindo diante dos seus olhos.
Anos mais tarde ela se torna estudante e inicia a pesquisa que dá nome à palestra.
Ela já sabia que os cientistas haviam descoberto no laboratório in vitro que a raiz da muda
de um pinheiro poderia transmitir carbono para outra muda e ficou intrigada se isso
poderia ocorrer em florestas reais.
O primeiro passo foi, portanto, cultivar as mudas das três espécies de interesse:
bétula papilífera, abeto de Douglas e cedro vermelho do Oeste. Foram cultivadas oitenta
(80) mudas.
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espectrômetro de massa, microscópios, bem como seringas com dióxido de carbono
gasoso contendo o carbono-14 (um gás radiativo) e alguns frascos de alta pressão com o
gás dióxido de carbono formado por carbono-13 (um isótopo estável), foram empréstimos
da Universidade onde a Suzanne estudava.
Com todo o material em mãos, a próxima etapa foi iniciar os trabalhos in loco. O
ponto de partida foi posicionar as árvores lado a lado e colocar os sacos plásticos por cima
dessas mudas cultivadas, formando uma espécie de estufa, e injetar dentro dos sacos o
isótopo rastreador de dióxido de carbono – na bétula ela injetou carbono-14, enquanto no
saco do abeto ela injetou o carbono-13.
Um fato curioso contado na palestra é que quando ela estava caminhando para a
octogésima árvore apareceram ursos e os trabalhos tiveram que ser interrompidos por
aproximadamente uma hora, o que seria tempo suficiente para as árvores absorverem o
CO2 e, pela fotossíntese, transformá-lo em açúcar, enviando-o às raízes e transportando
o carbono por baixo da terra às árvores vizinhas.
Decorrido esse tempo e com os ursos devidamente longe, a Suzanne foi até a
primeira bétula e retirou o saco. Passou o contador Geiger sobre suas folhas e ele apitou
um barulho indicando que a muda havia absorvido o carbono-14.
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Ao longo do decorrer da pesquisa, constatou-se que o abeto e a bétula trocavam
carbono entre si conforme a necessidade de cada muda, confirmando que as duas espécies
eram interdependentes.
Constatou-se, ainda, que não era apenas carbono que as plantas trocavam no
mundo subterrâneo, mas também outros minerais, como nitrogênio, fósforo, H2O, isto é,
uma verdadeira rede de informações. De forma macro, as florestas se comportam como
um único organismo, não apenas como competidoras, mas como colaboradoras.
As árvores, plantas e fungos trocam entre si não apenas carbono e nutrientes, como
informações de defesa e ataques. Retornando à palestra, a Suzanne compara o micélio à
rede de internet, com nódulos e conexões.
E essa troca é fundamental não apenas para o dia a dia das árvores e plantas, mas
também funciona como uma passagem de informações de sabedoria das árvores-mães
(árvores-núcleo) para as subespécies, analogamente como acontece no conhecimento de
senso-comum da comunidade humana.
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A conclusão da pesquisa é, portanto, de que sim, as árvores conversam entre si. E
que a multiplicidade e diversidade de espécies, genótipos e estruturas na floresta é
importante para a sobrevivência da mesma, de forma fortalecida.
Um dos pontos da pesquisa que não ficou muito claro para quem é leigo no assunto
foi respeito da participação do cedro e a sua não comunicação com as duas outras espécies,
mas não considero isso um ponto que prejudica a mensagem final da palestrante.
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Referências Bibliográficas
SIMARD, Suzanne. How do Trees Talk to Each Other. TED, 2016. Disponível em
<https://www.ted.com/talks/suzanne_simard_how_trees_talk_to_each_other>. Acesso em
25 Ago 2021.