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novas famílias
Marcia Neder
“ Naquele dia, a árvore dos Cubas brotou uma graciosa flor. Nasci; recebeu-
me nos braços a Pascoela, insigne parteira minhota, que se gabava de ter
aberto a porta do mundo a uma geração inteira de fidalgos. Não é impossível
que meu pai lhe ouvisse tal declaração; creio, todavia, que o sentimento
paterno é que o induziu a gratificá-la com duas meias dobras. Lavado e
enfaixado, fui desde logo o herói da nossa casa (...). Se não conto os mimos,
os beijos, as admirações, as bênçãos, é porque, se os contasse, não acabaria
mais o capítulo, e é preciso acabá-lo. ”
Por que uma segunda edição revisada dos Déspotas mirins. O poder nas
novas famílias? Passados quase dez anos desde que terminei de escrevê-lo,
alguma atualização poderia ser necessária. E também uma reflexão sobre a
recepção que a obra teve. Alberto Manguel disse que “o que o escritor quis
fazer com sua obra nem sempre é o que sua obra resulta”. Embora não tenha
sido esse o caso do presente livro, uma nova edição me dá a oportunidade de
sublinhar um ou outro aspecto que pode ter ficado mais ou menos ofuscado
para alguns leitores.
Um dos mais importantes é a fundamentação da concepção lacaniana
das funções materna e paterna – e, pois, da tese do “declínio da autoridade
paterna” – na misoginia da cultura. É nesse contexto cultural que surge a
pedocracia a qual, muitas vezes, desaparece sob uma leitura psicologista, que
transforma um fenômeno que é da cultura e que se dá ao longo da história em
algo exclusivamente individual.
Para tal problema complexo não há receita. A possibilidade da receita
gerar frustração e sofrimento pela impossibilidade do adulto (pai, mãe,
professor) atingir tal ideal seria imenso. Basta olhar em volta para os ideais
que nos massacram diariamente para entender os riscos da idealização.
Simplificações mutilam a realidade e insultam a criatividade, a curiosidade e
a inteligência do leitor, inibindo suas associações. Não pretendo impor mais
uma norma de conduta ou levantar a bandeira do ideal quando o que
precisamos é de reflexão e desidealização – desidealização da criança,
desidealização da mãe, desidealização do pai e da família.
Vivemos numa sociedade que cultiva valores como facilidade,
brevidade, superficialidade. Que oferece a socialização intensiva como
remédio contra a “doença” da solidão, cortando pela raiz o mal da intimidade,
que é tão cara à experiência da leitura e do cuidado de si. Dançar como um
orangotango pode ser fácil, mas eu quero é dançar conforme a música. Como
diz Alberto Manguel, a leitura não é uma atividade fácil e o prazer que se
adquire através do fácil é um prazer fácil e não nos interessa: escalar essa
mesa é um prazer fácil mas eu quero é escalar o Everest. Sabemos que os
melhores cozinheiros são os criativos, aqueles que tomam uma receita por
base, à qual misturam os seus próprios conhecimentos sobre a potência dos
alimentos e temperos, da harmonia de sua combinação e decidem o seu modo
e o seu estilo de prepará-la. Bom apetite.
Prefácio
A proposta de investigar o que subjaz às tão frequentes queixas de que “as
crianças de hoje não têm limites” se inscreve num projeto mais amplo, ao
qual a professora da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul Marcia
Neder vem se dedicando há mais de quinze anos. Sua tese de doutorado,
Psicanálise e Educação: Laços Refeitos, buscou resgatar a dimensão erótica
da educação; o livro que escreveu depois – A Arte de Formar: o Feminino, o
Infantil e o Epistemológico – abordou o imaginário cultural em torno da
mulher e da criança no âmbito da atividade de ensinar.
Neste terceiro trabalho, ela quis voltar-se para as relações familiares e
para o que parece ser um consenso entre os psicanalistas quanto às funções
ditas paterna e materna, que já na segunda obra lhe parecia discutível. A
convergência desta temática com os objetivos e características do nosso
Programa, somada ao interesse da pesquisa para vários tipos de profissional e
para o público em geral, me fez aceitá-la no quadro do pós-doutorado, e a
acompanhar com interesse as várias etapas da pesquisa. O texto final me
satisfez plenamente. Ele começa com o levantamento de dezenas de notícias,
entrevistas e comentários acerca do tema na imprensa brasileira e estrangeira,
que fornece a base empírica para a análise. Em seguida, em busca de
subsídios que esclareçam de que modo se criou a situação amplamente
documentada na parte inicial, a professora vai aos escritos de historiadores,
antropólogos, educadores e psicanalistas.
As informações colhidas numa bibliografia extensa e atualizada (14
páginas ao final deste livro) a levam a sugerir que, ao menos no Brasil,
estamos vivendo num regime de “pedocracia”, que por vezes chama também
de “filiarcado”. Tomando ao pé da letra[1] o termo tyrannos, que figura no
título da peça Édipo Rei, ela sustenta que a criança se converteu atualmente
no tirano das famílias. Isso se deve, prossegue ela, ao temor de pais e mães de
parecer autoritários, que os leva a se demitir da sua função formadora.
Preferindo “ser amados a ser obedecidos”, ao final das contas não
conseguindo nem uma coisa nem outra. O modelo do “menino diabo” que foi
o pequeno Brás Cubas, conclui, espraiou-se pelas classes médias brasileiras, e
um dos momentos de maior relevo do texto é aquele em que analisa algumas
passagens do clássico de Machado de Assis.
Outro capítulo é dedicado à crítica da concepção lacaniana das funções
materna e paterna, que segundo a professora derivam da “feminilização da
carne” e da “virilização da razão e do espírito”. Seguindo os passos de
Monique Schneider e de Elisabeth Roudinesco, Marcia Neder recusa essa
partição taxativa, que a seu ver não pode dar conta da realidade vivida pelas
famílias atuais.
Escrito com a erudição e a contundência que caracteriza o estilo da
autora, este livro propõe conceitos inovadores, como o de pedocracia, e
termos particularmente felizes, como os de “déspotas mirins”, “filho-fardo” e
“filho-tsunami”. Mais que figuras de linguagem, essas expressões me
parecem captar dimensões cruciais da experiência de pais e de filhos,
tornando a pesquisa de grande utilidade para os que precisam lidar com essas
questões.
Em resumo, trata-se de um trabalho de grande qualidade, que enriquece
sobremaneira a produção psicanalítica brasileira, e cuja publicação assinala
um progresso na área da psicologia da família.
Renato Mezan
Psicanalista e Professor Titular da PUC-SP
Sumário
Apresentação à Segunda Edição
Prefácio
Introdução.
Os “sem limites”
1 “Eu sou o cara, o príncipe do gueto, o cara que manda.” A
supremacia masculina sitiada
O crepúsculo do poder paterno
A religião da maternidade e a infantolatria
Da infantolatria à deserção da paternidade
Se Édipo mata pai e mãe, por que culpar a mãe? No reino de
Narciso
Édipo tirano: o feminino e o poder nas novas famílias
A mãe de Édipo
O triunfo de Édipo na história da família
2 - “Cala a boca, besta!”
Brás Cubas, o menino diabo
Escravos negros, escravos índios: suas marcas na família e na
criança
Despatriarcalização com desigualdade de gêneros
Gurilândia: no reino da pedocracia
A pedocracia
3 - O feminino e o poder
Mães freudianas no boteco
O assombro do matriarcado
De filho-falo a filho-fardo
Réquiem para o patriarca
O filho-tsunami e a maternidade sagrada
4 A misoginia na concepção lacaniana das funções paterna e
materna
“Função materna”: retrato da mulher na misoginia ancestral
A mãe-crocodilo ou a encenação psicanalítica da mulher como a
eterna devoradora
Feminização da carne X virilização do espírito e da razão
A devoradora devorada e a alteridade/autoridade paterna
5 “Dessa terra e desse estrume é que nasceu esta flor”
Referências
Introdução
Os “sem limites”
Já disse aqui que esta não é a primeira vez na história que o feminino
provoca pânico e horror. Mas enquanto as bruxas foram acusadas de servas
do Diabo, essas bruxas modernas que são as mulheres pós-feminismo são
cada vez mais acuadas e acusadas de arrancar o poder do cetro viril para
exercê-lo em seu próprio nome.
O que chama a atenção nas análises apresentadas acima é o recalque de
um fato histórico fundamental: o século XVIII foi o tempo da rebelião do
filho contra o pai, o tempo do filho contestar a autoridade paterna e proclamar
a decadência do pai. Até então toda a sociedade repousava no princípio da
autoridade. Essa contestação se arrastou até nossos dias, num ataque à
autoridade sob todas as suas formas: à pátria, na recusa organizada à
participação nas guerras da Argélia e do Vietnã; à família (pai e mãe) e à
escola (professores) – sendo estas duas últimas as instituições da infância por
mim estudadas.
Em Adão e sua Costela: Busca da Felicidade e Crise Atual no
Casamento Renato Mezan atribui a desmontagem das hierarquias
característica da subjetividade moderna a essa onda revolucionária e seus
ideais libertários. Durante todo o século XIX e até bem avançado o XX, diz
ele, vigorou a “ideia de uma hierarquia natural que sobrepunha o marido à
mulher, hierarquia tida por legítima, como tantas outras em diferentes
relações”, fossem elas relações familiares, econômicas, políticas ou entre as
nações. O que prevaleceu de fato durante boa parte da modernidade foi a
corrente contrária aos interesses libertários – tanto no âmbito familiar, quanto
nessas outras esferas da vida social. Foi depois da Segunda Guerra Mundial
que a “corrente ‘pró-indivíduo’ tomou largo impulso.” (MEZAN, 2003, p.
164)
No âmbito familiar essas mudanças culminaram na possibilidade de a
mulher exercitar sua sexualidade sem temer a gravidez, motivo pelo qual
Mezan situa na invenção da pílula anticoncepcional o marco divisório
fundamental. “A simples possibilidade de exercer” essa liberdade
reorganizou profundamente as relações conjugais porque, aliadas à
contestação da autoridade e da hierarquia que tomou conta da sociedade,
igualou os dois membros do casal.
A subjetividade moderna, inaugurada pelo século XIX, caracteriza-se
por um anseio pela felicidade individual, intimamente associada à liberdade
para dirigir a própria vida. E a “crise” do casamento é justamente
“a crise da autoridade do marido/pai e das funções sobre as quais ela se
assentava, essencialmente a de provedor único do sustento da família. É
a crise do papel subalterno da mulher, confinada às tarefas caseiras e à
educação dos filhos, destinada a proporcionar ao marido um ambiente
doméstico de paz e felicidade, o ‘repouso do guerreiro’, necessário para
que ele pudesse enfrentar, fora de casa, a competição e os conflitos
inerentes ao mundo do trabalho. É evidente que a mulher pagou caro por
esse arranjo, como mostra toda a Psicanálise desde que Freud se pôs a
ouvir as histéricas.” (MEZAN, 2003, p. 164-165)
Os efeitos dessas transformações sociais ultrapassam os limites da esfera
familiar, sendo o mais significativo deles a mudança nas subjetividades:
“A experiência de si passou a ser essencialmente fragmentária, e – aí
sim, traço distintivo do que vemos ocorrer nas duas últimas décadas – as
soluções imaginárias que permitiam uma unificação igualmente
imaginária desses fragmentos estão perdendo a eficácia.” (MEZAN,
2003, p. 165).
A essa fragmentação atual da experiência de si vem juntar-se a
“descrença quanto à legitimidade da hierarquia” seja no sentido social, seja
no sentido da ordenação, da priorização dos ideais. O regime da hierarquia
produz estabilidade e, com ela:
“Rivalidade e conflito, recalque e retorno do recalcado: em suma, o que
Freud descobriu como Édipo e castração. Já a desorientação advinda da
desconfiança na própria existência de pontos cardeais, de valores acima
ou além da contestação individual, produz dissociação, projeção e
confusão: o universo descrito por Melanie Klein, que não por acaso
criou suas teorias contra o pano de fundo do surrealismo, do
expressionismo e da débâcle da civilização nos anos 30.” (MEZAN,
2003, p. 167)
No que se refere à questão que nos propusemos a investigar, esse abalo
do princípio hierárquico atingiu a relação entre o infantil e o adulto a um
ponto tal que levou essa pretensão à igualdade a extrapolar os limites do casal
e atingir suas relações com as crianças. Trata-se de uma curiosa via de mão
dupla, como vemos na síndrome dos kidults – fusão em inglês das palavras
kid (criança) e adult (adulto), significando “quero ser criança” –, uma vez que
seus traços não surgem só da contestação dos menores, mas
fundamentalmente, da oferta do adulto como alguém muito mais interessado
em ser amado pelos filhos do que obedecido. Se na época de Freud era
evidente o desejo intenso da criança em se tornar um adulto como papai e
mamãe, os nossos tempos parecem acalentar mais ardentemente o desejo
inverso, no qual o mercado das últimas décadas acabou descobrindo um
grande potencial para investir.
Cláudio Rossi chama a atenção para esse desejo invertido, que considera
um novo fenômeno surgido no século XX. Embora fosse usual os mais
jovens questionarem os valores das gerações antecedentes, “na modernidade
foram os mais velhos” que idealizaram as novas gerações como sábios
criadores de novas soluções para os problemas humanos. “Foi abolido o
princípio de que quando um adulto fala as crianças calam, para aprender” e a
juventude foi transformada no principal valor (ROSSI, 2003, p. 85)
Talvez seja interessante observar, com Renato Janine Ribeiro, que o
poder pode ser um meio para infantilizar os homens. Foi o que ele escreveu
em “O poder que infantiliza” no Caderno Mais! de 24 de julho de 1994
dedicado à infância, “Adeus, Meninos”. Mesmo não sendo minha intenção
trilhar esse caminho de uma análise do poder, talvez aí esteja mais uma fonte
dos nossos kidults, especialmente num país com sólida tradição autoritária
como o Brasil. Segundo Janine, um dos modos pelos quais nasce a nossa
época é com a aparição de “um forte afeto pela criança” no século XVIII. Ao
mesmo tempo se reforça, vindo da Idade Média, o “paternalismo do
governante” ou “puerilização dos adultos, enquanto seus subordinados ou
súditos”. “Dizendo de outro modo: desde o século XXVII, a criança começa
a existir como objeto próprio de conhecimento e afeto. Mas nem por isso sai
de cena a velha redução dos adultos a crianças, na relação com o
governante.”
A crescente infantilização da cultura contemporânea foi analisada pelo
sociólogo inglês Frank Furedi em artigo publicado no Caderno Mais! da
Folha de S.Paulo de 25 de julho de 2004. Ele ficou impressionado com essa
onda que se alastra pelo mundo, constituída pelo fascínio dos jovens adultos
(faixa que vai aproximadamente até os 40 anos) pelos produtos fabricados
para a criança, como bolinhos coloridos, coleções de bonecas e bichos de
pelúcia, programas de televisão e videogames, aparentemente cultuando e
cultivando uma nostalgia da infância e uma desvalorização da vida adulta. Os
sociólogos da década de 1990 falavam em “adultescência”; desse culto à
adolescência teríamos regredido para o culto à infância.
Glória Kalil comentou essa matéria em seu site na internet[5] chamando a
atenção para os efeitos que essa síndrome de Peter Pan há anos vem
provocando nas passarelas nacionais e internacionais. Segundo ela, o nível de
infantilização da moda proposta por esses desfiles era tão absurdo que
“mereciam estar no Salão da Criança”.
“Estilistas com mais de 25 anos desenhando (e usando) roupas que
poderiam vestir crianças de escola maternal: laços por todos os cantos,
bichinhos de pelúcia enfeitando os moletons, estampas de heróis de
mangá ou personagens dos contos de fada. Tudo isso sem ironia, levado
a sério, como se fosse a coisa mais normal do mundo.”
Becky Ebenkamp e Jeff Odiorne, dois publicitários americanos citados
no Caderno Mais!, descrevem essa tendência como “Peterpandemônio”.
Segundo eles, essas pessoas estariam buscando “produtos que lhes deem a
sensação de ser reconfortadas. Elas querem experiências sensórias que lhes
tragam de volta uma fase da vida mais inocente e mais feliz: a infância.”
Seriam os kidults um libelo da cultura do narcisismo, essa cultura
horizontal que desconfia da hierarquia, das referências e dos valores sociais,
produzindo a desorientação a que se referiu Renato Mezan e, com ela, a
dissociação, a projeção e a confusão características dos estratos mais arcaicos
da nossa vida psíquica?
É bom lembrar que essa “fase da vida mais inocente e mais feliz” é feita
também de birras e exigências desmedidas ao outro que, no adulto,
corresponderão àquilo que Otto Kernberg chamou de “personalidades
narcisistas”. Renato Mezan chama a atenção para a frequência com que essas
personalidades se encontram na sociedade contemporânea. Sem entrar nas
minúcias da teoria de Kernberg e nas diferenciações sutis que propõe, Mezan
quer apenas destacar
“que os aspectos mais destrutivos da criança onipotente, angustiada e
enraivecida que todos trazemos em nós são mais evidentes nesses tipos
de funcionamento, dificultando sobremaneira o estabelecimento de
relações ‘maduras’, isto é, com um equilíbrio de base relativamente
estável.” (MEZAN, 2003, p. 169)
Ao que tudo indica, Édipo execrado foi vencido por um Narciso
triunfante. Ou Édipo seria um belo Narciso? Qualquer que seja a resposta,
permanece a vitória do narcisismo que, de instância patológica temida
converteu-se em um ideal social, como escreveu Dalmiro Manuel Bustos
(“Narcisismo e Relação Objetal”, 2003, p. 134).
Narcisismo é o “amor que se tem pela imagem de si mesmo”, conforme
o Vocabulário de Psicanálise de Laplanche e Pontalis (1979). Os autores
esclarecem que a descoberta do narcisismo levou Freud a propor uma fase
narcísica entre o autoerotismo e o amor de objeto, na qual o indivíduo se
toma a si mesmo, a seu próprio corpo, como objeto de amor, o que permitiria
uma primeira unificação das pulsões sexuais. O narcisismo já era um
conceito usado por Freud antes de tê-lo introduzido na teoria psicanalítica por
um estudo específico: Sobre o Narcisismo: uma Introdução (1914).
É importante lembrar as divergências ainda vigentes na literatura
psicanalítica desde a distinção estabelecida por Freud entre um “narcisismo
primário”, anobjetal, caracterizado por uma ausência total de relações com o
meio, e um “narcisismo secundário”, contemporâneo da formação do ego por
identificação com outrem. Uma vez que essa distinção acaba por dissolver a
diferença entre narcisismo e autoerotismo e a contradizer a própria
experiência, como observam Laplanche e Pontalis (1979).
Nesse aspecto, Lacan foi fundamental na história da Psicanálise, dentre
tantas outras contribuições. Com sua “fase do espelho” (inspirada na “prova
do espelho” formulada, em 1931, por Henri Wallon) enfatizou a
predominância do outro na formação do eu e da imagem de si, definindo o
narcisismo como a captação amorosa do infans pela imagem do outro com a
qual ele se identifica especularmente. Essa identificação narcísica seria
constitutiva do eu (moi). Nessa perspectiva, o ego se define por uma
identificação com a imagem de outrem e não há lugar para a postulação de
qualquer ausência do outro, ou da relação inter-subjetiva na constituição do
psiquismo, ou da subjetividade (Cf. NEDER BACHA, 2008).
Em resumo, há duas interpretações possíveis para o narcisismo em
Psicanálise: de um lado, segundo Laplanche, um estado hipotético, anobjetal
e monádico, de um sujeito fechado em si mesmo e sem relação com o mundo
exterior. De outro e mais próximo da origem da noção, como escreveu Silvia
Bleichmar, o narcisismo se definiria como uma relação de si consigo mesmo
por intermédio de uma imagem de si, que é precisamente o que indica o mito
de Narciso olhando-se na água.
Isso implica dizer também que qualquer coisa que venha romper a forma
completa desse envoltório, dessa integridade (que é a imagem de uma
totalidade, de uma unidade: o ego) é sentida como ameaça a provocar
angústias arcaicas de desestruturação ou de aniquilamento por perda de
limites. É a essa angústia de fragmentação que Mezan se refere quando
chama a atenção para as subjetividades narcisistas.
Além disso, o narcisismo alude a um jogo de espelhos, como explicitado
pelo estádio do espelho formulado por Lacan, o que significa também que o
bebê aprende a se amar porque seus pais o amam e que seus pais o amam
porque revivem seu próprio narcisismo infantil. Então o narcisismo é, ele
próprio, uma via de mão dupla, na qual eu me amo como meus pais me
amaram e em troca eu os faço me amar, fazendo o que eles gostariam que eu
fizesse (identificando-me com a imagem que eles projetam sobre mim). Daí o
narcisismo ser também definido como esse desejo de ser amado e admirado
por outrem.
A frequência dessas subjetividades ou personalidades narcisistas (com
seus traços de infantilidade psíquica), que expõem com facilidade sua
“criança onipotente, angustiada e enraivecida” na cultura contemporânea –
que não por acaso vem sendo cunhada como cultura do narcisismo –, obriga-
nos a concluir que, finalmente, his majesty, the baby tornou-se o detentor do
poder e da autoridade triunfando sobre os adultos. Essa é a hipótese
fundamental que este livro visa examinar e que encontrou ressonância em
autores das mais variadas procedências, do campo acadêmico ao campo
jurídico, como veremos adiante. Nem mães derrotadas por maridos
autoritários, nem autoridade paterna exterminada pelo poder e amor
maternos, mas uma cultura de adultos que produz em massa personalidades
narcisistas e assiste estarrecida à multiplicação de Peter Pans com seu pó de
pirlimpimpim – em nome do qual roubam, matam e esfolam: os sem limites.
A morte bárbara de João Hélio Vieietes por um adolescente e sua
gangue começava a chamar nossa atenção para a frequência crescente da
violência perpetrada por jovens. Em 7 de fevereiro de 2007 o menino de 6
anos foi arrastado por 7 km preso do lado de fora de um carro no Rio de
Janeiro. No dia 7 de abril de 2011 Wellington Menezes de Oliveira, de 23
anos, invadiu armado a escola na qual havia estudado no bairro do Realengo,
no Rio de Janeiro, e assassinou mais de dez crianças, ferindo gravemente
outras tantas no que ficou conhecido como Massacre de Realengo.
Dois anos depois (2009) Ruy Castro comentaria a briga entre cinco
gangues marcada por adolescentes pelo Orkut em Diadema (SP) com o
objetivo de “demarcar” territórios. “Os argumentos da negociação”, escreveu
o jornalista em “Terror juvenil”, “eram porretes, tacos de beisebol e
correntes”. A briga envolveu “mais de cem jovens” apoiados por adultos e
estava longe de ser um fato isolado, já que acontecia todo dia em todo o país.
Depois de citar os assassinatos nas escolas americanas que começavam a
entrar no noticiário, Ruy Castro chama a atenção para uma diferença:
enquanto nos Estados Unidos ou na Alemanha o atirador é um indivíduo
solitário, “cujo caso seria resolvido por um psiquiatra, dentro ou fora do
Pinel”, no Brasil “nossos garotos estão se organizando em quadrilhas para
exercer o terror. E as armas já começam a aparecer”. Registranto esse
momento em que casos como esse começavam a nos chocar pela repetição, o
colunista da Folha de São Paulo voltaria ao tema em “Fim da aura” (1º de
abril de 2009), registrando os novos casos de violência ocorridos em nossas
salas de aula, com meninos de 14 anos armados dentro de escolas.
Talvez devêssemos pensar e repensar o que Olgária Mattos observou em
“Antinomias do Brasil” na Folha de S.Paulo de 25 de fevereiro de 2007:
“Afinal, é só no Brasil que delinquentes são tratados não por seus nomes
próprios, mas por diminutivos e com linguagem afetiva. É cedo que se
adquire consciência do que é assassinar, do que é permitido e do que é
interdito, sem o que uma sociedade não é uma sociedade.”
Isso significa que o Brasil oferece delinquentes – carinhosamente
acolhidos como “inhos” – como referências identificatórias às crianças e
jovens no processo de subjetivação.
“Rapaz de 17 anos confessa ter matado o pai a facada” é a manchete no
caderno Cotidiano da Folha de S.Paulo de 10 de março de 2005. Trata-se de
um adolescente de classe média alta de Ribeirão Preto, cidade do Estado de
São Paulo, que “assassinou o próprio pai, um empresário de 53 anos, com
uma facada no pescoço e ainda feriu a mãe, uma dona de casa de 46 anos. O
crime ocorreu dentro da casa da família”. Em seu depoimento “o menor disse
que matou o pai porque há três meses o empresário o havia impedido de
receber a namorada no quarto. Isso teria sido um castigo porque a mãe do
rapaz o surpreendeu aplicando anabolizantes”.
Suzane von Richthofen assassinou os pais porque se opunham ao seu
namoro. Contardo Calligaris analisa o crime em sua coluna no caderno
Ilustrada da Folha de S.Paulo de 14 de novembro de 2002, sob o título
“Suzane, pano de fundo”. Diz que não é nenhuma novidade que a
cumplicidade com namorados e amigos prevaleça sobre a aliança entre pais e
filhos. Observando adolescentes ele se pergunta: o que meninos de oito ou
nove anos “estão fazendo de noite, num shopping, sozinhos?” Calligaris
analisa a importância crescente dos próprios pares como referência
identificatória em substituição aos pais e lembra que Judith Rich Harris
provocou um “pequeno tumulto” com seu livro “Diga-me com Quem
Anda...”, no qual afirmava que o grupo de amigos era mais determinante da
conduta dos jovens que os cuidados recebidos na primeira infância. O
psicanalista acrescenta que “essa mudança não se deu contra ou apesar dos
adultos. Os pais de hoje preferem ser bem-vistos e amados por seus filhos a
serem respeitados e obedecidos. Em suma, a subjetividade dos pais também
mudou com a modernidade, e a família torna-se, aos poucos, uma parceria
horizontal”. Esse é o pano de fundo do crime de Suzane: ela é mais membro
do grupo do que filha de seus pais.
Com limpidez cristalina, a análise de Calligaris acentua a via de mão
dupla a que me referi anteriormente: o narcisismo dos adultos revela-se
determinante na síndrome dos kidults e na constituição das personalidades
narcísicas. Sou aquele que meus pares aprovam. Mas meus pais hoje também
se incluem entre meus pares realizando o sonho de Peter Pan e é por essa via,
da aprovação desse amigão e dessa amigona que pai e mãe exerceriam sua
influência na formação da subjetividade. Quando eles me explicam porque eu
não posso fazer isso ou aquilo – os “limites” –, além de mostrarem sua
preocupação, seu cuidado comigo e sua maioridade (ocupando, portanto, ao
mesmo tempo o lugar de pares e de pais), tornam-me mais propenso a
obedecer suas ordens do que se tentarem impô-las autoritariamente como se
só estivessem acima de mim. No século XXI as gerações e os sexos – estão
muito mais próximos do que outrora. É isso que o kidult nos faz ver: ele é um
adulto permitindo-se funcionar e desejar como criança. Adulto não por acaso
definido como sedutor pela teoria da sedução generalizada.
A propósito, o Reino Unido publicou uma pesquisa reproduzida pela
Folha de S.Paulo, em 22 de março de 2009, sobre “as ameaças à infância” do
“Relatório da Boa Infância”. A pesquisa foi coordenada por Judith Dunn,
professora do Instituto de Psiquiatria de Londres e ouviu 35 mil crianças,
pais, educadores e especialistas nos últimos três anos, segundo o repórter
Pedro Dias Leite: “Os países com as notas mais altas para o bem-estar das
crianças, Dinamarca, Suécia e Holanda, são aqueles em que os adultos estão
mais inclinados a concordar que a pessoa não tem o dever de respeitar pais
que não conquistaram isso por seu comportamento e atitude, mostra a
pesquisa.”
Comentando os assassinatos de moradores de rua em São Paulo no
Caderno Mais! de 29 de agosto de 2004, Alba Zaluar escreveu que eles
“destroem o argumento economicista” que oculta “a dimensão do poder, do
simbólico e da paixão destrutivos: o triunfo sobre o outro, o prazer de ser o
senhor da vida e da morte, o gozo no excesso da liberdade dos massacres
arbitrários” (“O espaço público como ódio”). Poucos psicanalistas
destruiriam, numa frase tão precisa, o “argumento ecomicista” que esconde o
erotismo da destruição e do poder – e, portanto, da violência nossa de cada
dia.
Em “Leituras narcisistas”, coluna de 30 de setembro de 1999 na Folha
de S.Paulo, Contardo Calligaris descreve a personalidade narcisista como
“cronicamente insegura (será que me amam?) e aparentemente vazia (farei e
serei o que preciso para ser amado). Essa figura fraca e complacente é o ícone
de nossa época” e “filha da liberdade: somos inseguros e vazios porque
abandonamos as definições intrínsecas de nós mesmos, de nossa posição ou
função social. Com isso, ficamos sedentos de qualquer coisa que nos defina,
nos assegurando que não somos invisíveis.”
Reunidos nas torcidas organizadas, nas incursões de skinheads, nos
ataques pirotécnicos a índios e mendigos adormecidos, ou então solitários,
metralhando colegas e professores na escola, espectadores nas salas de
cinema e os próprios pais, seria cansativo prolongar a lista de crianças e
adolescentes plenipotenciários que nos cercam. Semanalmente a mídia
nacional e internacional nos oferece um cardápio recheado com pratos
fortemente temperados pela soberania do Menino-Rei, déspota que
sobreviveu à queda da Monarquia para reinar ainda sob os céus da República.
Ou ainda do Império: conforme matéria publicada numa revista
feminina cuja manchete é “Por que as mães estão perdendo a autoridade e
criando pequenos imperadores”, de Regina Valadares e Sibelle Pedral
(Revista Claudia de março de 2006). Um psicanalista, Lebovici, o diz a seu
modo: “Graças ao narcisismo primário, a criança se torna o ‘imperador’ ao
olhar de sua mãe, que também o observa.” (2004, p. 22). Seja a revista
feminina, seja o psicanalista falando sobre “ser pai, ser mãe”, é a mãe a
responsável pela criaçaão dos pequenos imperadores.
Crianças tão superpoderosas no século XXI que conseguiram ampliar
em 400% o mercado americano dirigido a elas, conforme livro publicado nos
EUA – Born to Buy – The commercialized child and the new consumer
culture.[6] Sua autora, a economista Juliet Schor, alerta para “o poder dos
pestinhas”, crianças superpoderosas que são cada vez mais visadas pelos
marqueteiros e empresas, e consideradas a camada mais vulnerável das
classes consumidoras. Em seu estudo veiculado pelo Caderno Mais! De 15 de
maio de 2005, Schor ataca a indústria, a publicidade e os próprios pais por
esse aumento alarmante do consumismo infantil em seu país, que apenas
entre os anos 1989 e 2002 cresceu 400%.
De onde vem tal poder dos pestinhas? Seria possível que, por si só, um
bebê ou uma criança tivesse tal poder sobre um adulto do qual depende
inteiramente? Não seria esse um poder consentido e concedido? De fato,
somos nós, os adultos, que damos aos pequenos tiranos o seu poder, que os
constituímos imperadores. Poder de nos subjugar, poder de nos fazer comprar
e de nos render e nos colocar de quatro sob seu domínio.
Édipo tirano: o feminino e o poder nas novas famílias
Se é o filho que mata o pai, por que culpar a mãe? Se Édipo, filho
parricida, triunfa sobre a autoridade paterna, por que deslocar para a mãe o
gesto assassino? Enfim, se Édipo tirano é filho parricida e matricida, por que
disfarçar o assassinato numa mãe supostamente triunfante?
A tese segundo a qual o declínio do poder paterno teria sido provocado
pela ascensão do poder materno, ou por uma feminização da sociedade deriva
da lógica fálica, segundo a qual se o feminino chega a desfrutar de algum
poder só pode ser porque, invejoso do pênis por definição, arrebatou-o de seu
detentor natural. Em outros termos, a análise partindo do declínio do poder
paterno decorrente do aumento do poder materno fundamenta-se na lógica
fálica segundo a qual se um não tem é porque a outra lhe tirou. A tão
propalada ausência do pai na família moderna, o decantado declínio da
autoridade paterna supostamente causada por usurpação materna é um juízo
formulado a partir dessa lógica falha que resulta no ataque à mãe e a seu
poder. Falha essencialmente porque encobre a origem dos sem limites e não
interroga a equação freudiana do filho falo. Filho falo que é também o filho
que fala – que grita, que ordena, que esperneia, que tiraniza. Um déspota,
enfim.
Não é outro o motivo pelo qual a Psicanálise atribui ao pai a função de
interdição do incesto: o logos separador protege de uma terrível mãe ogra
devoradora. Lacan acentua ainda mais os traços freudianos fazendo o pai
libertar a criança presa no mundo materno sufocante. Proibindo a mãe à
criança, o pai separa a díade original pela relação triangular, supostamente a
única capaz de humanizar a criança e permitir-lhe experimentar-se como
sujeito.
Essa separação taxativa entre funções paterna e materna realizada por
Lacan foi comentada por Renato Mezan com Monique Schneider em
Psicanálise e Cultura, Psicanálise na Cultura:
“Todos sabem que Lacan coloca o pai – a função paterna – como aquele
que separa a mãe do seu filho, castrando-a da posse onipotente e louca
dele. Essa ideia do que é a função paterna tem o seu correlato na figura
da mãe como uma espécie de ogro devorador e envolvente, que, se não
tiver um pai por perto, fatalmente transformará seu filho num
esquizofrênico ou num autista. O correlato da potência vertical-
separadora encarnada no pai só pode ser uma potência horizontal-
engolidora que se opõe à separação, representada pela figura da mãe.”
(MEZAN, 2002, p. 324)
Essa dupla representação do feminino e do masculino (mãe devoradora,
pai separador) não foi criada pela Psicanálise. Ao contrário, já está presente
na cultura pelo menos desde gregos e cristãos (NEDER BACHA: “Um Édipo
Invejoso? As ‘tetas da sapiência’ ”). O feminino é a sede do apetite das
paixões que consomem como o fogo; é cruel, como na lenda das bacantes,
mulheres de Tebas enlouquecidas por Dioniso; é devorador dos frutos do seu
próprio ventre, como alardeado em De planctu ecclesiae, o documento maior
(um em um milhão) da hostilidade clerical à mulher, segundo Delumeau,
subsidiando tudo o que o Malleus contém de mais misógino. Não surpreende
a necessidade vital da intervenção do pai, logos separador, interditando a
união, arrancando a criança da fusão com essa mãe canibal.
A humanidade identificou feminino e antropofagia: a boca do útero é tão
insaciável quanto o apetite do selvagem canibal, conforme argumentei em
“Um Édipo Tupiniquim? O inconsciente na cultura” (NEDER BACHA,
2000). Fundindo-se com o outro numa devoração incestuosa a “criança”
americana acordava esse fantasma arcaico do ser humano. Do mesmo modo
como o faziam as bruxas. Daí a exportação para a terra brasilis da
diabolização do feminino, que assimilava as velhas e gulosas índias
devoradoras de carne humana às feiticeiras engolidas pelo fogo da Inquisição.
Foi pela inferioridade das mulheres que Deus quis evitar a inveja do
feminino. É o que explica Louise Bourgeois, parteira de Maria de Médicis: é
necessário que as mulheres sejam inferiores porque se elas fossem saudáveis
de corpo e de espírito como os homens, eles as invejariam. “Deus quis que
elas fossem inferiores nisso, para obviar à inveja que um sexo poderia sentir
em relação ao outro.” (apud ÉVELYNE BERNIOT-SALVADORE, p. 423.)
Deve ser por isso que, além de impotentes para gerar, tudo o que remete
à vida que elas não podem criar é sujo e não tem o menor valor. “Nascemos
no meio da urina e das fezes”, atira Santo Agostinho. Com a mesma repulsa,
Tertuliano evoca “as náuseas das mulheres grávidas, os seios caídos e as
crianças que berram” e Santo Ambrósio observa que a maternidade só traz
dores e aborrecimentos. Tanta sujeira exige uma purificação pós-parto, além
da proibição da comunhão às mulheres grávidas e menstruadas. Será por
acaso que a punição divina escolhe como alvo, justamente, a natureza
criadora de Eva e suas imitadoras, amaldiçoadas com as dores do parto? “Eu
multiplicarei os sofrimentos das tuas gravidezes, no sofrimento darás à luz os
teus filhos”. Sofrimento, é bom lembrar, execrado já por Medeia: “Eu
preferiria tomar parte em três combates a dar à luz uma só vez.”
Do tiroteio disparado contra a vida fértil da mulher, claro que seu fruto
não sairia incólume. Por sua filiação, nossa criança originária nasce culpada,
destinada pelos adultos à crucifixão.
Criatura diabólica, será perseguida às claras até o início dos tempos
modernos, quando a escolarização da infância virá purificá-la, colocando
Édipo de quarentena para isolar o mal que portaria. Desde então o sacerdócio
pedagógico será encarregado de transmitir a palavra sagrada de Logos, ou do
conhecimento desencarnado - a Ciência (NEDER BACHA, “Escola
Moderna, purgatório das paixões”).
A associação do feminino com a criação – ou, com a procriação,
conforme preferem algumas feministas, que viram nessa associação o germe
da “dominação sexual” – faz o feminino surgir como algo invejável, para
além do invejoso e da castração. A diferença sexual mobiliza a inveja em
ambos os sexos.
Renato Mezan formula uma metapsicologia da inveja na qual ela está
ligada ao narcisismo (idealização, olhar, agressividade), sendo desdobrada
numa vertente de impulso e noutra de defesa e situada como uma reação à
percepção da diferença, da alteridade, da finitude. E, portanto, da nossa
imperfeição humana.
Longe de ser monopólio do feminino a inveja revela-se assim
democraticamente distribuída entre os sexos, podendo ser mobilizada pela
diferença sexual. A inveja é, na definição de Mezan, simultaneamente
impulso e defesa: diante de algo que é do outro percebo a falta em mim que
faz surgir o desejo de plenitude, de onipotência ou fusão narcísica, seguido
do impulso contrário. Para ele a inveja é uma formação de compromisso entre
o desejo incestuoso e o horror do incesto e por isso o olhar é tão importante
na sua economia.
Cego de inveja, o rei sábio fechou os seus olhos justamente para essa
visão da alteridade que lhe impunha Jocasta, apontando para a diferença de
gerações e para a diferença sexual, como o invejável canto da Esfinge. Édipo
com sua lógica fálica, lógica da exclusão que não reconhece a existência da
feminilidade, mas tão somente o fálico e o castrado, redobra seu triunfo sobre
pai e mãe quando faz a teoria psicanalítica deduzir que a autoridade paterna
foi roubada pela mãe invejosa. Mas a mesma lógica falha que desloca a
autoridade do pequeno tirano para um suposto matriarcado moderno é a
lógica que triunfa ao prolongar a rivalidade, afastando o polo materno do
paterno, separando mãe e pai, animando a guerra entre os sexos e trazendo
novo disfarce para a velha misoginia.
2 - “Cala a boca, besta!”
Brás Cubas, o menino diabo
Unamos agora os pés e demos um salto até a infância de Brás Cubas quando
descreve seu amigo soberano como ele:
“Uma flor, o Quincas Borba. Nunca em minha infância, nunca em toda a
minha vida, achei um menino mais gracioso, inventivo e travesso. Era a
flor, e não já da escola, senão de toda a cidade. A mãe, viúva, com
alguma cousa de seu, adorava o filho e trazia-o amimado, asseado,
enfeitado, com um vistoso pajem atrás, um pajem que nos deixava
gazear a escola, ir caçar ninhos de pássaros, ou perseguir lagartixas nos
morros do Livramento e da Conceição, ou simplesmente arruar à toa,
como dous peraltas sem emprego. E de imperador! Era um gosto ver o
Quincas Borba fazer de imperador nas festas do Espírito Santo. De resto,
nos nossos jogos pueris, ele escolhia sempre um papel de rei, ministro,
general, uma supremacia, qualquer que fosse. Tinha garbo o traquinas, e
gravidade, certa magnificência nas atitudes, nos meneios.” (Capítulo
XIII: “Um salto”, p. 532)
Quincas Borba e Brás Cubas, “pequenos imperadores”, projetos dos
nossos déspotas mirins de hoje e réplicas de Édipo tirano de outrora
conforme o título original da peça de Sófocles, traduzida por Édipo Rei.
O solo no qual nasceu essa flor é formado pelo pai, um ricaço
permissivo que, extasiado e enlevado por si mesmo, deixava o filho e
herdeiro fazer o que bem quisesse, tanto pela “cegueira do amor”, quanto por
ver nos seus abusos e malfeitos uma “extensão graciosa” da sua própria
impunidade. Vivendo acima da lei, o pai era a lei. A mãe, tal como descrita
pelo autor defunto, era “uma senhora de pouco cérebro e muito coração,
assaz crédula, sinceramente piedosa – caseira apesar de bonita, e modesta
apesar de abastada; temente às trovoadas do marido”. Rodeado pela
escravaria, objeto dos seus malefícios e da sexualidade do tio João, o menino
diabo crescia sob os olhos não menos complacentes dos amigos da família:
“– É muito esperto o seu menino! exclamavam os ouvintes. – Muito esperto,
concordava meu pai; e os olhos babavam-se-lhe de orgulho, e ele espalmava
a mão sobre a minha cabeça, fitava-me longo tempo, namorado, cheio de si.”
(Capítulo X: “Naquele dia”, p. 526).
A supremacia do filho, atestada por seu constante desrespeito às normas,
por suas transgressões intermináveis e por seu “capricho despótico”, diz
Roberto Schwarz em Um Mestre na Periferia do Capitalismo. Machado de
Assis (2008), é “o documento” da supremacia ou poder do pai. Brás Cubas
pode mandar e desmandar porque é seu herdeiro, seu nome, sua linhagem. O
narcisismo dos pais coroa seu pequeno tirano.
Nascido numa família patriarcal brasileira do século XIX, nhonhô já
exerce a hegemonia infantil que a modernidade começou a instituir a partir do
século XVIII quando o adulto torna-se cativo de Vossa Alteza e a coloca no
centro da família. Descobre-a apaixonante como Narciso e destinada à
soberania (mas também à rejeição e à adoção) como Édipo tirano. E é assim,
coroada, que a criança chega finalmente ao século XX, quando avança o
regime da pedocracia. A proliferação de déspotas mirins seria um modo de
subjetivação enraizado na modernidade, criado pelo narcisismo dos adultos
modernos e pela despatriarcalização, que foi justamente a derrota do patriarca
e a ascensão do pequeno ditador?
O império do filho tirano faz ruir a tese do matriarcado, que desloca para
as mães um poder que de fato e de direito hoje está nas crianças.
Contrariando a realidade histórica, essa tese se sustenta na concepção
tradicional do “feminino castrado”: se “ela” tem poder, é porque o usurpou.
Num misto de retaliação e conquista as castradas, digo, as mulheres agora
fálicas superpoderosas andariam por aí dispensando homens até mesmo para
a procriação afirmando uma onipotência apocalíptica. Mas os sem limites
hoje gritam a sua vitória sobre pai e mãe.
Dificuldade imposta pelo narcisismo, culpa e negligência do adulto
manifestos no abandono da criança a si, numa espécie de apropriação
tupiniquim do ideal de “autonomia” que se tornou a meta e o sentido da
educação entre nós até hoje. Não teria sido imprescindível problematizar
como conciliar a autonomia com sua rival, a obediência, num país com as
nossas características?
Em As Idéias Fora do Lugar, Roberto Schwarz escreveu que nós nos
reconhecemos em um “torcicolo cultural”: um Brasil que era o bastião da
escravidão, envergonhado diante das ideias liberais europeias que não podia
praticar ou descartar. Embora impraticáveis por aqui, tais ideias eram
adotadas “com orgulho, de forma ornamental, como prova de modernidade e
distinção” (2000, p. 26). O transplante da cultura europeia para cá resultava
num cotidiano que Schwarz chama de “paternalismo esclarecido” e “uma
modernização conservadora cuja história ainda hoje não acabou”, conciliando
escravidão, clientelismo, favor e ideologia liberal.
Esse “torcicolo cultural” ou nosso “desejo de ser estrangeiros” (Antonio
Candido) importou tal e qual o cardápio da autonomia infantil preparado por
tradições culturais remotas e diferentes da nossa formação social, resultando
no abandono e na permissividade sob a capa da autonomia. Algo parecido
com a educação de Brás Cubas, como ele a resume no capítulo XXIV de suas
Memórias:
“Não digo que a Universidade me não tivesse ensinado alguma
[filosofia]; mas eu decorei-lhe só as fórmulas, o vocabulário, o
esqueleto. Tratei-a como tratei o latim; embolsei três versos de Virgílio,
dous de Horácio, uma dúzia de locuções morais e políticas, para as
despesas da conversação. Tratei-os como tratei a história e a
jurisprudência. Colhi de todas as cousas a fraseologia, a casca, a
ornamentação...” (Capítulo XXIV: “Curto, mas alegre”, p. 545)
Além disso os sem limites reeditam a antiga infância execrada. À criança
“estorvo”, “transtorno”, “desgraça”, criança maligna, diabólica e perigosa, o
adulto de outrora respondeu com hostilidade, infanticídio, indiferença e
desconfiança. Ao filho fardo impossível ou difícil de carregar no século XX o
adulto responde com sua ausência hoje muito presente entre nós.
A propósito, em sua coluna “Sem mãe para deletar” na Folha de São
Paulo de 4 de agoso de 2007, Ruy Castro descreve um caso emblemático
desse abandono. De seu terraço ele observa um garoto de uns dez anos de
idade que passa o dia em seu quarto com seu computador apesar de morar na
quadra da praia. E compara o que vê com um comercial de televisão no qual
um outro garoto sentado ao computador é interrompido pela ordem da mãe
para sair da internet. O menino do comercial “faz todas as caras de
aporrinhação e tédio” ao ouvir a voz da mãe e, de repente, perde a paciência e
“deleta” a mãe, diz o jornalista. “Era o que faltava para a sua felicidade:
livrar-se daquela chata. A internet agora é só dele – ou ele, dela. Meu jovem
vizinho aqui no Leblon é mais feliz: não precisa deletar a mãe. Nunca vi um
adulto no dito apartamento. E, se houver, nunca foi a seu quarto mandá-lo
largar o teclado para is fazer alguma outra coisa. Mas tanto faz se há ou não
esse adulto. O guri mora sozinho”.
Contudo, seria um equívoco incomensurável terminar este livro
desprezando os tantos pais, mães, professores, adultos, enfim, que se
divertem e desfrutam do prazer de formar suas crianças. As generalizações
bloqueiam o pensamento e Bachelard nos convida a desconfiar de suas
facilidades, alinhando-as entre os obstáculos epistemológicos. Sem apego às
obviedades das evidências é possível ver quantas crianças não vestem esse
modelo e se tornam os nossos jovens produtores de cultura e de laços sociais
bem ao alcance das nossas mãos. Eu o aprendi e continuo aprendendo na
convivência com meus filhos e com sua galeria de amigos já por mais de
duas décadas.
Giovanni Levi e Jean-Claude Schmitt chamaram nossa atenção para a
ambivalência da qual os jovens foram objeto em todas as sociedades,
provocando ao mesmo tempo medo e expectativa, atração e desconfiança. Em
todas as épocas, dizem na “Introdução” os organizadores de História dos
Jovens, as sociedades criam imagens ambivalentes para a figura juvenil, e nós
o vemos hoje nos cartazes publicitários que “exaltam e exploram os valores
da juventude (beleza, energia, liberdade)” enquanto na vida social e
simultaneamente “o medo dos jovens perturba os bem-pensantes, os
defensores das convenções ou da ordem” (p. 16). A sociedade exalta a
juventude como baluarte da nação, mas também manifesta uma “difusa
hostilidade” em relação a eles, vendo-os como “a fonte de todo gênero de
desordem e desvio”.
Nesse percurso foi possível encontrar essa mesma ambivalência no
tratamento social da criança. O que me leva a repetir: quanto mais nos
sentimos ameaçados pela semelhança com o outro, mais exasperada parece
ser nossa vontade de afirmar sua diferença. Tal ambivalência já está presente
nas fundações dessa cultura que nasce da imolação e da adoração do filho.
Presente também no destino de Édipo tirano, criança condenada à morte e à
rejeição, mas também à adoção e à coroação.
Chamamos de “autoritarismo” essa tirania quando se apresenta nos
adultos. Ela não nos autoriza a generalizá-la para “os adultos”,
indiscriminadamente. Eles também se organizam em “tribos”, às quais damos
nomes diferentes dependendo dos critérios de agrupamento: preferências
sexuais, escolhas de objetos e bens de consumo, “escolas” ou orientações
psicanalíticas, dentre muitos outros. Analistas de diferentes orientações
utilizam também suas próprias “gírias” que compõem seu dialeto cotidiano:
“mãe suficientemente boa”, “seio bom, seio mau”, “função alfa”, “nome-do-
pai”, “metáfora paterna”, “sedutora perversa”. São palavras de adesão, senhas
de acesso e pertinência a um grupo com o qual nos identificamos.
Tantas semelhanças nos obrigam a relativizar o abismo que se tenta
impor entre a criança e o adulto. Assim como o século XXI atenuou a linha
separadora entre homens e mulheres, pais e mães, também aproximou as
gerações, e os kidults expressam essa aproximação que com um pouco menos
de rabugice nós deixaríamos de censurar. Esse abismo-escudo entre o adulto
e o mosquito hostil é suavizado pela metáfora criada por Brás Cubas para
definir o homem e com a qual eu me despeço de você deixando-o, contudo,
em muito boa companhia: “Deixa lá dizer Pascal que o homem é um caniço
pensante. Não; é uma errata pensante, isso sim. Cada estação da vida é uma
edição, que corrige a anterior, e que será corrigida também, até a edição
definitiva, que o editor dá de graça aos vermes.”
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[1]
A palavra grega não tem a conotação de “ditador” que adquiriu posteriormente. Significa
“aquele que chegou ao poder por conta própria”, não necessariamente de modo violento (Édipo foi
escolhido para o cargo por ter livrado Tebas da Esfinge), em oposição ao rei que descende de outro
(basileus). Isso, porém, não invalida o uso que a autora faz dela – ao contrário, ao ressaltar o lado
despótico do pedocrata, joga com os sentidos literal e derivado, e cria uma metáfora das mais felizes.
[2]
Famoso caso dos Nardoni em que Isabella, de 5 anos de idade, foi morta ao ser atirada do 6o
andar, na cidade de São Paulo, em 29 de março de 2008.
[3]
Shakespeare, William, A Megera Domada, Ato V, Cena II – L&PM
Editores, trad. Millôr Fernandes. Edição do Kindle, local do Kindle – 2015.
Tradução da Nova Aguilar, em outra edição: “Causa-me vergonha ver as
mulheres declararem, ingênuas, a guerra, quando deveriam implorar a paz;
pretenderem o mando, a supremacia e o domínio, estando destinadas a servir,
amar e obedecer” (Ato Quinto – Cena II, p. 627). William Shakespeare, Obra
Completa, vol. II, RJ: Editora Nova Aguilar S/A, 1988
[4]
Quem Cuidará das Crianças?
[5]
“Os kidults e a moda”, publicado em www.chic.ig.com.br.
[6]
Nascida para comprar – A criança comercializada e a nova cultura de consumo.
[7]
Porque eu disse isso.
[8]
Badinter assinala que, nessa época, houve uma “nova abordagem da paternidade”, que
sensibilizou muitos pais. Trata-se da aproximação afetiva entre pai e filho que, no entanto, não foi
generalizada ou obrigatória.
[9]
Filme brasileiro de 1991, do gênero drama, dirigido por Neville de Almeida.
[10]
Ser Pai no Fim da Idade Média.
[11]
Das Coisas Novas.
[12]
“Selon l’expression du doyen Carbonnier, ce droit (de la famille) est devenu pédocentrique”, S.
Deniniolle apud F. Hurstel, G. Delaisi de Parseval, “Le pardessus du soupçon”. In: Histoire des pères
et de la paternité, p. 383.
[13]
Psicanálise e Educação. Laços Refeitos.
[14]
“Tirano” como hoje entendemos a palavra e, num certo sentido, talvez também como os gregos a
entendiam. Conforme Renato Mezan em “A Vingança da Esfinge” “o tyrannos, na Grécia, não é o
conquistador que destrói a liberdade dos cidadãos, mas aquele que acede à realeza por seus próprios
feitos, sem descender do governante anterior.” (MEZAN, 2002b, p. 165-166)
[15]
Revista de Domingo do Jornal do Brasil, 12 de maio de 1991
[16]
https://www.youtube.com/watch?v=F8JNoCb5x-E
[17]
Referia-se ao ex-presidente Lula e a sua então ministra Dilma.
[18]
O ensaio foi publicado agora no Brasil em 2017, em “Prazer de criança:
sobre o vínculo entre sublimação e identificação”, in Sociedade, Cultura e
Psicanálise, SP: Blucher, 2017.
[19]
Da paternidade triunfante à paternidade negociada.