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TRANSVERSALIDADE
ensaio_ de anáise
institucional
PREFÁCIO DE
GILLES DELEUZE
EDITORA
|IDEIAS
LETRAS
oon- Thour
oi a partir de 1961, no curso de reuniöes do
G.T.P.S.., que me propus a situar apsicoterapia ins-
titucional como u m caso específico do que denomi-
neianálise institucional". Na época, essa ideia tivera
PSICANÁLISE
E TRANSVERSALIDADE
EDITORA
IDEIAS&
LETRAS
TRADUÇÃO:
Adail Ubirajara Sobral
DIREÇAO EDITORIAL
Carlos Silva
Maria Stela Gonçalves
Ferdinando Mancilio
CoPIDESQUE SUMARIO
COMISSÃO EbITORIAL:
Mônica Guimarães Reis
Avelino Grassi
Roberto Girola
REVISÃO Santos Reis
CoLEÇÃO DIRIGIDA POR: Elizabeth dos
Ab'Sáber
M.
Táles A. DIAGRAMAÇÃO:
Noemi Moritz Kon
Alex Luis Siqueira
Santos Prefácio
Roberto Girola
Monografia sobre R. A. 35
iransversalite: Essais d'Analyse Institutionnella
et
Psychanalyse
Titulo original: 2003 Desmoronamento de uma vida ainda não vivida.
Découverte, Paris,
Editions La
ISBN 2-7071-3432-5
Perda do "Eu" (Excertos do diário de R. A.)..
1974, na Coleção Text à l'Appuilsér Psychiatrie, das
vez em
primeira
Esta obra
foi publicada pela
Editions François Maspero.
o Brasil, Senhoras e senhores, o SCAJ.
lingua portuguesa, para
.
direitos em
Todos os
2015.
editora ldeias & Letras,
reservados
150.1195
2. Psicoterapia institucional: Teorias
psicanaliticas: Psicologia 150.195
(balanço
desconexo) (1966)
desconexo) (1966)..
pessoa
.
I99
e a
O grupo
e a História
História (1966-11967)...22 Prefácio
Subjetividade
a
Causalidade,
.
signuif1cante..
A
História e a
determinação ..227 Três problemas de grupo
1.A '''''***''**''*
'*''*'** .
leninista
.....
.239
analítica..
2.A nuptura ..
***'***'°**
da classe operariae
perspectiva
254 odem conviver numa mesma pessoa o militante
3. Integração '''''*'*'****
****
'''**
''**'''***
''''**
267 de permanecerem
politico e o psicanalista, sendo igualmente possível
em vez
que,
*****'********
1967...
4.Viectna,
misturar um conn o outro, de
de se
se aprende (1968 como compartimentos estanques, eles não parem
que 273
Contrarrevolução
é uma ciencia
mnutuamente, de se comunicar entre si,
de se tomar um pelo outro. Desde
A interferir
bastante Pierre-Félix Guattari não se ocupa
(1968)...
Reich, trata-se de um evento raro.
Autogestão
e em absoluto dos problenas da unidade de um
analiticas. A
ataque conjunto das forças políticas
e
que é preciso dissolver, sob o
fim de junho de 1968.. ..
. . 2/9 bem a
qual somos todos grupiúsculos',
marca
afirmação de Guattari, segundo
discussoes: a
Excertos de
deixa
subjetividade, subjetividade de grupo, que não se
enceTTar
busca de uma nova
1.Argumento.
.. 326 ou de esfacelamento "pela razão mesma de sua abertura aos outros grnupos". O
2. Comentários.. ***'***''*''*'''''' '**'****
indivíduo é, por sua vez, um gnupo assim. Guattari encarna da mnaneira mas
Guerrilha em psiquiatria (1970). 337 natural os dois aspectos de um antiego; de um lado, como um pedregulho catatö0
nico, corpo cego e enrijecido, que se penetra de morte sempre que retira os oculos;
Onde começa a psicoterapia de grupo? (1971). . 341 do outro, de
*****"******
resplandecendo mil fogos, pululante de caminhos muiliplos senpre
que olha, age, ri, pensa, ataca. Do mesmo modo, ele chama a si mesmo Pierree
uma evolugao,
havendo aidoi des pontos de
marcam
que Como esquecer o papel do Estado em todos os impasses em que a libido vé a s
1970, artigos
as
coperangas-desesperos
libertação
do pós-lh
de construçao
e as
anças-desesperos do mesma, reduzida a ivestir as imagens intimistas da família? Como crer que o
referéncia,
1968 e,
entre os dois, o trabalho
que prepara maio complexo de castração possa algum dia ter uma soluço satisfatória enguanto a
de e r e m o s que Guattari
veremos Guattari teve m1uito cedo
pos-maio
problema, o socicdade lhe confiar um papel inconsciente de regulação e de repressão sociais? En:
ao primeiro
Quanto está antes diretamente vinculadocom
de que o
mconscicnte todo um Suma, a relação s o c i a lj a m a i s constitui u m "além" ou um "depois " dos problem4s
coordenadas
sentimento
econômico
e político
e com as
miticas familiarese
individuais e familiares. Chega a ser curioso o ponto até o qual os conteudos
campo social, Trata-se da hibido propriamente dita,
invocadas pela psicanál sociais, económicos e politicos da libido se mostram ainda melhor quando se está
tradicionalmente
de sexualidade: cla investe e desinveste os fiuvoc diante de síndromes que exibem os aspectos nnais dissocializados, como no caso
snria de desejo e
cortes desses fuxos. blaauet:
o campo soCial, efetua ueios, da psicose. "Para alén do ego, o sujeito se vé desmembrado pelos quatro cantos do
toda natureza que permeiam
há dúvida de que não opera de modo manifesto. à f. eição universo histórico, o delirante se põc a falar linguas estrangeiras, alucina a História,.
E não
fiuoas, retençöcs. .
consciënciae dos encadeamentos da causalidado e os conflitos de classes ou as guerras assumem o estatuto de
instrumentos da
dosinteresses objetivos da
diversos niveis
em vez disso exibe
ui1 desejo latente coextensivo ao campo soial expressão de si mesnno (...); a distinção entre a vida privada e os
tórica, mas "
reud, que só da
de causalidade, emergéncias
de singularidades, tanto pontoc da vida social deixa de ter releváncia. (Comparar com retém
de um real-social, as interferências e os
da neurose. Porque a psicanálise uniu todos os seus esforços aos da psijuiatrid
à morte! Giiattari tem, portanto, condiçõcs de cen-
nos serve ao amor e
que não mais tradicional para sufocar a voz dos loucos, que falam csseTiialmente de_
nos
sistematicamnente todos os conteúdos
surar a maneira como apsicanálise esmaga de revolução. Num artigo recente. JIarcel Jaeger
do inconsciente, conteúdos que, na realidade,
determinam os objetos politica, de economia, de ordem e
sociopoliticos mostra que "as propostas sustentadas pclos loucos não tem sSud espessturd restrit.a
narcisis1no absoluto
do desejo. Apsicanálise, afirma ele, parte de uma espécie de individuais: discurso da loucura se articuld sobre um
a suas desordens psiquicas o
(Das Ding-A Coisa; o Isso) para chegar a um ideal de adaptação social a outro discurso, o da história política, social, religiosa que fals em cad.t un deles
deixa sempre na sombra uma
que da o nome de cura; mas esse empreendimento ..Em certos casos, é o uso de conceitos politicos que proroca un.t siruado de
em vez de
CONstelagão social singular, que é necessário pelo contrário explorar crise no doente, como se trouNesSe à luz o no de contradtdeS no
ji.l o louco
Sacrifucá-la à ivenção de um inconsciente simbólico abstrato. O Das Ding (sic) se acha enredado. (.) Não há lugar do campo social, c sequer de 1silo, cm 21ue
1do ée o horizonte recorrente que funda de modo ilusório uma pessoa individual,
não se inscreva a história do movimento operario." Esas förnulas exprimem a
na
as antes unm
corpo social que serve de base a potencialidades latentes (por que nesma orientação que é a dos trabalhos de Gtuuttri desde seus primeiros artigos,
aqui loucos e acolá a mcg
revolucionários?). São mais importantes do que o pai, o mesmo empreendinnento de unna rearalige ia psicos.
a avo todas
personagens que se fazem presentes nas questões fundannerla
as
E perceptivel a diferemça com relaçio a Reich: niv ha uma ceonomia libi
da
soctedade, como a luta de classes de HOSsa época. Mais importante qie co d eronemid pol1tica,
dinal que viesse por outros nmeios prolongar subjetirumente
O0 a interiorizar d explorag.id ctvnómica e o
soiedade grega um Édipo uma "compietu
belo dia realizou por meio de do há uma epressio sexual que viesse
1 a imensa libido est.á em tod.s parte já
Spaltung (cisão) que ora perpassa o mndo comunsid dsstjeitamento politico. Em vez disso, o desejo como
0
pncipais eventos históricos importantes ocorridos 1a França enn 1936 foi a chegada
"ivlhe pour Flhe". Partisa, tevereiro de 1972.
poucr
do
do Partido
Socialista, com Leon Blum, se à do governo de Pierre lLav 2JAEGER, Marel. "L'Unkegnonund de Li Kolhe".
En:
c
seguiu queda
"governo-tampão'" de Albert Sarraut. N.T. que
Psicanálise lransversalidade
10 11
o campo
social e a ele se une, coincidin Prefácio
exualidade percorre com os
um e os simbolos de
atual. O capitalismo monopolista Estado, longe de ser uma instáncia última,
de
sob os objetos, as pessoas grupo, fuxos
fiuxosque
passam
te e constituição mesma. Esse é o de
recorte em sua
é o resultado de um compromisso. Nessa "expropriação
dos capitalistas no seio
dependenm
estes
em seu
escolhas
escolhas de ol:
caráter domínio do aparato de Estado, mas ao
que
de desejo, que so manifesta se de
objetos com as
sex do capital", a burguesia mantém pleno
da sexualidade cada vez mais por institucionalizar e integrar a classe operária
demasiado evidente que os símbolos são
são conscienter preço de se esforçar
ede seus símbolos (é enquanto tal, a economia de modo tal que as lutas de classe se vejam descentradas
com relação aos lugares
economia politica
a dos fuxos,
sexuais). E, portanto, internacional,
e fatores de decisão reais, que, remetendo economia capitalista
ha duas economias, eo deseia ou
à
aue é inconscientemente libid1nal:
nao desejo bai dibidoo "só
economia "Afinal
da de politica. contas, a econase ultrapassam em muito os Estados. E em virtude desse mesmo principio que
são apenas a Subietividade "E o que exprime a noção de instiie uma estreita esfera da produção é inserida no processo
mundial de reproduço do
da subjetividade. que do Terceiro Mundo,
o lugar mesmo
de fiuxo e de interrupção de fuxo nas capital", permanecendo as outras esferas sujeitas, nos Estados
se define por uma subjetividade a relações pré-capitalistas (arcaísmos atuais de um segundo gênero).
As dualidades objetivo-subjetivo, infraestrutur.
objetinas de um grupo. counld Nessa sit1uação, cunnplicidade dos partidos comunistas nacionais
constata-se a
desaparecem para dar lugar à estritad lemen-
estruturas, produção/ideologia, que militam pela integração do proletariado ao Estado, a tal ponto que "os parti-
da ustifiuigao e o objetoinstitucional. (Seria
taridade entre o sujeito desejante cularismos nacionais da burguesia são em boa parte o resultado dos particaularismos
andlises institucCiOnais de GHattari conm aquelas que Card da
bom comparar essas nacionais do próprio proletariado, e a divisão interior da burguesia, a expressão
Socialisnme ou Barbáriev). divisão do proletariado". Por outro lado, mesmo quando se afirma a necesidade
fazia na mesma época em
de hutas revolucionárias no Terceiro Mundo, essas lutas servemn antes de tudo como
moeda de troca numa negociação, nnarcando a mesma reniúncia a uma estratégia
internacionale ao desenvolvimento da luta de classes nos paises capitalistas. E não
é possivel, e
se for, de que modo, introduzir a psica- vem tudo isso da palavra de ordem defesa das forças produtivas nacionais pela
segundo problema
-
O
nálise nosgupospoliticos?- exclui evidentemente toda "aplicação" da psicanáhse classe operária, luta contra os monopólios e conquista de um aparato de Estado?
O Oncretiz am, e que desempenham o papel de arcaisnios O fungao usos não especializados (N.E./N.T).
12
Psicanálise cTransveSversalndade
eles em relagoes deforça aujo ideal era uma espécie de status qud 13
:o
tática leninista no momento da N.E.P(Nova Política que tinha
da coexisténcia pacifca e da ompetiço
conônica) mou-se id.
económica. A ideia de ri
sido a
Prefacio
sido pervertido pela burocracia, Estado que se poderia restaurar mediante que teria trai-lo tão logo a evolução da relação de forças implicar
uma volta ao normal;
ele
uma
involuntariamente, uma
revohugão política. E na maneira pela qual o partido-Estado reagia às nem por isso deixa de cOnservar de
seu caráter, como que
nagões-Fto!
stado do contexto poderá
do capitalismo, ainda que em relações de hostilidade e de
contrariedade, que iá iosogara se
potencialidade de uptura subjetiva que uma transformação
arcaismos pode1 vira ser
ou se traira tudo. Testemunha disso é
afragilidade da criação institucional na Risia e revelar". Exemplo extremo: o modo como os piores
todos os dom1inios, aujo ponto inidial é a apressada lhquidação dos sovietes revolucionários, os bascos, os católicos irlandeses etc.
(por exempla E verdade que se o problema das funões dos gnipos não for levantado
desde
importando-sefabricas de autormóveis completamente montadas, importam-se tanbém animando
o começo, depois será tarde demais. Muitos são os grnupiúisculos que,
tipos de relações humanas, funções tecnologicas, separaçöes entre trabalho inteletuale tão-somente massas jantasias, já dispoem de uma estrutura de assujeitamento,
trabalho manual, modalidades de constumo
profundamente alheias ao socialisno) com direção, correia de transmissão, base, guprisculos que reproduzem no vazio os
Toda essa análise assume sentido em
função da distinção que Guattari erros e perversões por eles mesmos combatidos. A experiéência de Gtuattari passa
propoe entre rupos-sujeitados) e grupos sujeitos Os grupos sujeitados não pelo trotskismo, pelo entrismo, pela oposição de esquerda (a Via comunista), pelo
Osão menoS no nivel dos senhores que dão a si mesm0s, ou quem aceitam, do a Movimento de 22 de março.Ao longo do caminho, o problema permanece semdo
queno nivel de suas massas; a hierarquia, a organização vertical ou piramidal o do desejo ou da subjetividade inconsciente: como pode um gnipo sustentar seu
que os caracteriza tem por meta conjurar toda
possível inscrição de não sentido, próprio desejo, pó-lo em conexão com os
desejos de outros gnupos e os desejos de
de morte ou de estilhaçamento, impedir o desenvolvimento de
destruições criativas, massa, produzir os enunciados criadores correspondentes e inmplantar as condiçöes,
assegurar mecanismos de autoconservação fundados na exclusão de outros grupos, não de sua unificação, mas de uma multiplicação propida a enunciados de nuptura?
Se centralismo opera por estruturação, totalização, unificação, substitundo as to O desconhecimento e a repressão defenómenos de desejo inspiram as estruturas
aigoes de uma verdadeira "enunciacão" coletiva pela organização de de assujeitamento e de burocratização; o estilo militante erigina o amor odioso
enunclaus
Stereolipados apartados aum sótempo do real e da subjetividade (é nessas anc que toma decisões sobre certo nimero de enunciados dominantes exclusivos. A
ancias que se
produzem fenómenos imaginários de edipianização, superego ação maneira constante pela qual os partidos revolucionários têm traído sua tarefa
rafao de grupo). demasiado conhecida. Eles procedem por separação, extração e seleção residual:
Os grupos sujeitos se definem, ao contrário, por co efncientes
separação de uma vanguarda que supostamente detém o saber; extração de um
Apreferencia por"
do c
história do
história conceitoOS-5ujeltados",
S a
de
em vez de
assujeitados, decorre de duas consiacty 40 texto citado aqui apresenta com relação ao original de Guattari, no texto "A transferència"
O aqui proposto, assujeitados
nas Clas
numanas, que não corresponde proprianienc (neste volume, p. 75), unm número de diferenças que indica tratar-se de duas versòes diferentes.
Vaencla da palavra em fundando-se em teses althusserianos, e a Mantivemos, por unna questio de fidelidade, essas duas versöes, dado que os comentários se
Sujetos",o que nãoque, necesu
alguns contextos, pode sugerir tanto "submetidos" nados
como "tor
ocorre com LOS,Pode sugerir sub baseiam na versão aqui citada. N. T.
nossa
opção. N.I.
14 Psicanálise e Transversalidade
Em primeiro lugar isso significa que a unificação deve ser a de uma máquina de
guera, não de um aparato de Estado (um Exército Vermelho deixa de ser uma
máquina de guerra à medida que se torna uma engrenagem que determina em
maior ou menor grau um aparato de Estado). Significa, em segundo lugar, que a
unificagão deve ser realizada por meio da análise, deve ter um papel de analisador
com relação ao desejo de gupo ou de massa, em vez de um papel de sínteseque
opere por racionalizagão, totalização, exclusão etc. O que é uma máquina de
guerra em oposição a um aparato de Estado; o que é uma análise ou um
analisador do desejo em oposição às sínteses
pseudorracionais e cientíiticas
eis as duas grandes linhas a
que nos leva o livro de Guattari, linhas que marcam
segundo ele, a tarefa teórica a ser realizada atualmente.
Nessa úlima direçao, certamente não se trata de unna "aplicação da
psicanálise aos
fenómenos de grupo. Tambénm não seria um gnupo terapéutico
15
Prefacio
sociais, grupos que se dediquem apenas a fazer avançar a verdade por caminhos
que ela jamais percorreria em condições normais; em resumo, uma subjetividade
revolucionária com respeito à qual já não cabe perguntar o que vent primeiro,
louco; dizer é culpa da sociedade pode mascarar uma maneira de suprimir todo
desvio. A negação da instituição se tornaria assim uma denegação do fato singular
da alienação mental, " Isso de modo algum significa quue se tenha de propor algunn
vai sT
hucionário eo louco. F, sem dúvida, intil escapar a uma eritica que
tentar
d
apenas que nãoéa
loucaura que dew serredu:ida
Jeita de qualquer maneira. Digo
do canpo
o mundo moderno em geral, conjunto
o
ordem do geral, mas, pelo contrário,
hu
Apendice I. Fd. Bras. H i t d
5 FOUCAULT, Michel. Histoire de la l'olic. Paris: Gallinard, (1972),
Loucura. São Paulo: Perspectiva, 2002
Prefãcio 17
ou reformadores, mas como pessoas que não podem ler senão nesses espelhos o rosto
de sua própria diferença. lestemunha-o o seguintefragmento de diálogo com Jean
Oury, no começo desta coletánea: "Há uma coisa que deveria especificar unm grupo
de militantes no dominio psiquiátrico, o fato de estarem engajados na luta social,
é claro, mas igualmente o serem loucos o bastante para ver a possibilidade de estar
com loucos; ora, há pessoas numa excelente posição no plano político que não têm
a mínima condição de fazer parte desse grupo.."
A contribuição especial de Guattari à psicoterapia institucional con-
siste em certo número de noções cuja formação vamos acompanhar aqui:
a distinção de dois tipos de grupos, a oposição entre fantasias degrupo e
fantasias individuais, a concepção de transversalidade. Trata-se, além disso,
de noções com uma orientação prática precisa: introduzir na instifuiçao
algo além disso que deseja ser aplicável em toda parte, seja no hospital, na
é verdade que o antigo asilo era regido pela repressiva, visto que os loucos
eram considerados "incapazes" e, por isso mesmo, excluidos das relações
contratuais que reuniam seres supostamente razoáveis, ogolpe freudiano foi
grande,
mostrar que, nas famílias burguesas e nas fronteiras dos asilos, um
ser introduzidas nun
grupo de pessoas chamadas de "neuróticos" podiam
ds normas da medi-
Ontrato particular que as levava por meios originais
Cna tradicional (o contrato psicanalítico cono caso particular da relaçio
Nesse percurso, uma importante etapa foi
o
Onlratual médico-liberal).
aDandono da hipnose. Não nos parere que já tenlhamos analisado o Papel
bem diversas; tanto é verdade que a organização piramidal desta coletánea são artigos de circunstáncia. Säão marados por uma dupla fovnli
do trabalho repousam em relações
assujeitamento, sua divisão hierárquica dade: a da origem, num dado momento da psicoterapia institucional, naum dado
estruturas legalistas.
polifica militante, um dado aspeto da Escola Frrudiana ou
em
contratuais, não menos que entre enfermeiros
momento da ida
trata das relações
No primeiro texto desta coletdnea, que do ensinamento de Lacan; mas também a de sua funçãs, de seu furcienamento
da sociedade que
diz: "Há um racionalismo
e médicos, Oury, numa intervenção, possivel em iraunstáncias outras que nas suas eriginárias. Este livro dew ser
visão do interior são
da má fe, da maldade. A
é muito mais wma racionalização entendido como uma montagem ou instalagão, aquie ali, de peças e engrenagens
se tenha rompido com
loucos nos contatos cotidianos, desde que de Por vezes, diminutas engrenagens, minisauias mesma,
as relações com os
em certo sentido, que
saber
uma máquina. mas
tradicional. Pode-se então dizer,
certo 'contrato' com o
ser progressista. (...) desordenadas,epor indispensáveis. Máquina de deseja, isto , de
isso mesmo
loucos é ao mesmo tempo
oque é estar cm
contato com os
guerra e de análise. Por esse motivo, podemos conferir particlar importáncia a
uma espécie de inspiraço psiquiátrica à Saint-Just, no sentido estrutura"); e um texto-esquizo, no qual as noções de "ponto-signo"e de "signo-
muitas instituições e poucas leis (ben
definido o regime republicano como tendo -mancha" se liberam da hipoteca do significante.
abre seu dificil ca-
como poucas relações contratuais). A psicoterapia institucional
minho entre a antipsiquiatria, com sua tendência
a recair em formas contratuais
Gilles DELEUZE
desesperadas (g. uma Laing), e a psiquiatria de setor, com
recente entrevista de
sua triangulação planejada, que
correm
sua inscrição de bairros em quadradinhos,
o risco de cedo nos fazer ter saudade dos asilos fechados de antigamente. Ah! Os
bons tempos, o velho estilo!
a Giuattari no tocante
Ai estão que interessam proprianmente
os problemas
isto
à natureza de grupos curadores-curados capazes de formar grupos-sujeitos,
verdadeira criação loucura
é, de fazer da instituição objeto de uma
a e a
em que
transmitem uma a outra, precisamente, as feições de
confundir-
revolução-
sem se
sua diferença nas posições singulares de uma subjetividade desejante. Por exemplo,
e, enquanto tal, refiete a ideologia como mágica, e, do outro, o corpo de cnfermeiros O que marca esss
te e o responsável pela mistificação, sobre certa relação, imagos é uma espécie de inumanidade, uma maneira de cristalizar cada
classe. A mistificação incide propriamente
desua homem do doente.Acho
fundada em certa concepção do mundo, do e
um em seu lugar, encarregando-se o médico de todo lado espiritual. o
às classes, mas
e.o enfermeiro, da disciplina e coisas do genero. Pode-se faiar da reiação
tocante
o problema não deve ser tão marginal no
que entre o médico e a
aparentes entre médicos e entermeiros como se ela resumise a atutude da sociedade
totalmente fundamental. Se há diferenças
entre a polícia diante da transcendencia, a maneira como a sociedade reage, o modo
parece-me que são
do tipo que distingue
administração,
mas, na verdade, é bem como divide o trabalho, como evita o problema ou foge dele. para não
e a justiça, entre as boas obras e os presídios;
tipo de relações, de enxergar o problema da loucura e da singularidade.
se trata, de um mesmo
ou de exigências
de benevolência, ou OURY E de fato preciso situar
falar de exigências psicológicas
no plano histórico, e ao mesmo
o que me parece tempo no transcendente, as relações entre aquilo a que se dá o nome de
em seu sentido pleno,
então se vai colocar o problema
divis o do trabalho e, do outro,
a
loucura, de loucos, e a sociedade. Seria tedioso refazer mais uma vez o
de um lado, a uma singular
remeter,
normalidade. histórico do modo como a sociedade encara os loucos.Vamos nos limitar
uma "anomalia" da
ao que sucede hoje:a sociedade delega a certas
pessoas a tarefa de corviver
determinado para o médico é o de com os loucos, o que cria uma espécie de barreira humana, barreiras de
OURY E evidente que o papel
Estado o incumbe da função de cabeças, de braços e pernas, para se proteger dos loucos. Que os loucos
defensor das instituiçoes do Estado. O
sem intervir em
sua estrutura arrebentem
fazer respeitar o regulamento do hospital
se comoo quiserem, desde que a sociedade fique
tranquila.
economico-social. Esse seu papel implica obrigatoriamente
que ele se Eéforçoso que, nessa espécie de barreira que faz parte da
sociedade,se
faça respeitar, a fim de que apresentese aos enfermos própria imagem
a achem implicadas todas as suas lutas.
respeito, da honra. Há por conseguinte
do
uma espécie de pantomima
sociedade em que trabalha FÉLIX Além
representativa, dado que é a imagem mesma da disso, essa barreira condiciona o quadro de doenças.
o entermeiro. E um fatoinegável, sobretudo nos hospitais psiquiátricos,
investido pelo Estado, e que este último, ao mesmo OURY Por isso falei
aquilo a que se dá o nome de loucos, no
que o médico é
minimo apoio; e se tomar consciência disso o mné- sentido de que essa ou aquela doença existe porque a barreira a en-
tempo, não lhe dá o
e detestado
dico fica numa situaço bem difícil: desprezado pelo Estado cerra. No fundo, as nosologias existem tão-somente para encerrar os
de várias soluções: a de se loucos. Elas são registradas nos livros como se fossem uma coleção
pelo enfermeiro. Ele tem, portanto, diante si,
então a solução ditatorial, horrível, ou ainda de borboletas. Um livro de
psiquiatria não passa disso: quais as carac-
apagar completamente ou
a solução paternalista, todas
elas soluções que respeitam a estrutura na teristicas das borboletas, qual sua classificação... para conservá-los (os
ele vive enfermeiros. doentes mentais) é preciso mergulhá-los em formol: para observá-los,
qual com os
mantè-los em cômodos de janelas hermeticamente fechadas...E vai-
FÉLIX O importante na relação entre médicos e enfermeiros é, -Se longe: agora é necessário ocupá-los, pô-los a operar máquinas,
mais
sobretudo, sua implicação na relação curadores-doentes. Há uma espé- dar-lhes ferramentas, mas tudo isso dá na mesma. Por conseguinte, há
uma espécie de dialética entre as
cie de cisão na maneira como os auxiliares do curador são
apresentados pessoas que vão desempenhar a função
dos tipos que se de loucos e aquelas que terão o papel de vigiar os loucos. e tudo isso
aos médicos. Têm-se de um lado as imagos médicas,
fenômeno da loucura
FELIX Acho que podemos considerar o
-
para encerrar os
inercia burocrática, um velho estilo da burgues1a
outra maneira: Porque se começa
loucos mas por que quer agir de
se FÉLIX Cumpre distinguir entre as diferentes modalidades de
loucura é um fenomeno
essencial justamente a nossa alienação no complexo hospitalar. Existe com efeito uma interação
a perceber que a
necessário rever os velhos arcabou-
sociedade contemporânea, sendo bastante complicada entre modalidades de alienação. Costumamos
médicos e enfermeiros, ocupar-nos mais particularmente do doente alienado da sociedade. O
Fos de pensamento,
as antigas relações entre
diferentes etc. condiçoes de trabalho, bem como o do médico, muito mal situado
no âmbito da administração; e, por fim, a alienação da empresa. da
OURY 1sso não está muito claro. Nesse enquadranmento dos loucos, pessoa moral do hospital em seu conjunto, com respeito ao Estado.
pode-se dizer que há uma "visão do exterior", uma "visão do interior", uma conjugação de modalidades de
Existe, portanto, alienação que
além de uma "visão da parte dos loucos". O exemplo da visão exte- tem uma evidente repercussão na própria alienação da loucura: e
rior tradicional é a ideia de que, quanto maior a instrução que se tem, é desse ângulo que se deve poder considerar todos os aspectos do
quanto maior a frequência à escola, tanto maior a compreensão que se
problema.
tem do louco; logo, tem-se de ser médico. Em contrapartida, num nível
inferior da escala, o enfermeiro, em princípio deseducado, nada pode OURY E interessante situar o
problema como problema de epo-
compreender. Há um racionalismo da sociedade que é muito mais uma
ca; em vez de substituir relações racionais de sujeito com objeto e de
racionalização da má-fé, da maldade. A visão do interior são as relações objeto com sujeito, estudam-se relações antropológicas. O que dizenmos
com os loucos nos contatos cotidianos, desde que se tenha rompido com
aqui, por exemplo, não faz o menor sentido para pessoas que viveram
um "contrato" com o tradicional. Pode-se então dizer, em certo sentido, ha cem anos, ou mesmo que vivem hoje, num contexto tradicional. Há
que saber o que e estar em contato com os loucos é ao mesmo tempo
um salto
dado, como aquele de que acabamos de falar, o do roupi-
a ser
ser progressista.
mento do contrato: o de substituir relaçòes administrativas racionais de
Sujeito a objeto por relações existenciais de pessoa a pessoa; a noçio de
FELIX Seria até considerar que a tomada de consciencia
possível alienação só faz sentido no plano antropológico. Tenho a impresio de
com relação a esse "contrato com o tradicional" e a decisão de
rompê-lo quue a alienação marxista é antes de tudo antropológica; seria ridiculo se
constituem condição de
a um acesso
fenomenológico à loucura. fosse uma alienação de objeto. O que nos interessa é a noção basal de
Psicanálise e Transversalidade
26 Sobre as relaçoes eritre os entermeios e os médico
27
enfermeiro e o médico Temos de
relaçao de pessoa a pessoa: unma relação entre o
OURY chegar dizer que o problema das relaçöes entre
a
enfermeiro
relação entre um funcionário
e
nao e semelhante a uma asmédicos e os enfermeiros é um falso problema. Não existe um médico
Falo das
um pouco mais complexo. nem 14m enfermeiro, mas pessoas
um tuncionário médico, mas algo que estão com os loucos, pessoas
entre pessoas; é justo
que
relações entre papéis para diferenciá-la da relação se encontram la, mas nao se acham presentes, mistificadas em seu mito.
ou do médico, que
eles ocultem
E as únicas relações verdadeiras que tem entre si deveriam ser as
a0 desempenhar esses papéis, do louco relações
a relação entre pessoas. E isso
constitui forçosamente algo que reage à técnicas competencias especificas para curar os loucos, loucos
de
de tudo, quais são responsáveis e de que são constituintes.
pelos
o esquizofrënico, apesar
nosologia: sob seu "papel" de louco,
tem relações de pessoa a pessoa.
mas ninguém sabe realmente FELIX- Poderíamos assumir uma posição
Todos podem aceitar o que se disse aqui, paradoxal e nos
perguntar
existem num contexto relações fundamentais com os loucos: são enfermeiros. Ora.
como e onde apreender essas relações que não quem tem os
devido espécie
a uma de falha, de fenda enfermeiros são em sua maioria alienados inaptos para trabalho
dado. Se existem, é por infiltração, Os e o
é a existëncia própria, pessoal. afetivo de aproximação e de compreensão dos loucos. Hi uma corrente
no contexto tradicional, algo
que
modernista que gostaria de transtormar os enfermeiros em
pequenos
de médicos, quando o que estaria mais em questão é a transformação dos
FéLIx A perspectiva central é, portanto, desaparecimento o
uma vez que se veja claramente o que não se deve fazer, os perigos de Senti no entanto alguma resistência, da parte dos mais destacados
um atendimento, se ele deve estar voltado para a produtividade, para a membros do citado PPEjustamente quando solicitei que pessoas não
readaptação ou para a relação social, se vai trabalhar para a ciência, para médicas fizessem parte dele. Portanto, trata-se de algo bem arraiga-
a Psicologia ou para curar o doente. Porque não deve perder de vista a do, mesmo nos melhores dentre eles. Eles dizem: "Em que isso vai
ideia de uma pessoa constituinte, constituída na raiz de uma linguagem, se transformar? Vai degenerar ete.". E é justo nesse ponto que está
uma pessoa que, em vez de se perder em relações sociais e situações o problema: é preciso que haja médicos ai, porque são eles que tèm
médicas estereotipadas, deve se reconstituir no mundo, com um míni- mais a aprender lá
dentro. No fundo precisamos estudar uma espécie
mo de normalidade em termos de linguagem e de comportamento. E de manifesto de todo o grupo de imbecis que são médicos por
acaso
nessas circunstâncias que se poderá manifestar de fato a anormalidade entermeiros por acaso, psicólogos por acaso, que estão por acaso em
de base do sujeito, ou, se se preferir, é então que os Contato com os loucos.
problemas vão se
mostrar de modo mais
flagrante. E assim que entendo o que voce disse
agora mesmo: "Trata-se na verdade de loucos!"
UO PPE era um projeto humoristico de fundação de um "partido psuquiätricofrances
Psicanálhse e Transversalidade
28 Sobre as relaçoes entre os enterimeiros e os médico%
FÉLIX Acho que mesmo assim podemos, se quisermos uma ilus- FELIX Portanto, resumindo, é preciso
expor as possibilidades con
tração desse gênero, exemplo Saint-Alban,
dar o de rigor, chamar ou, a
cretas de detonar os papéis cristalizados entre médicos e
entermeiros numa
a atenção para a completa transformação dos enfernmeiros aqui mesmo. equipe, na qual existem naturalnmente trabalhos diferentes, mas trabalhos
Damos-lhes o nome de"monitores" e não fazemos distinções. Como se que acabam por contribuir para uma espécie de unidade do ambiente de
reconhecem os enfermeiros em La Borde? trabalho, no qual todos são diferenciados, não em função de seu estatuto,
do dinheiro que entra em seu bolso nem de seu
prestigio. tendo
mas em
OURY Pode-se dizer que, aqui, basta ser enfermeiro diplomado vista uma repartição de tarefas feita a
partir de considerações estritamente
para ser praticamente expulso da casa;" é uma coisa muito estranha; o técnicas, práticas, com o
objetivo de criar uma atmosfera de tratamento.
mesmo acomtece com os médicos: basta dizer "sou psicólogo, médico etc" de socialização dos doentes.
para ser incluído no Index. Pode-se dizer que apresentamos uma equipe
técnica que amadurece o tempo inteiro, cada qual se especializando em OURY Exato. E necessário distinguir dois problemas: a maneira
seu camp0; e não só em seu
campo, próprio grupo,
mas no plano num como se
pode pôr isso prática, que requer uma revisio geral da admi-
em
de, digamos, "sintalidade" (personalidade). São importantes essas relações nistração, e, do outro lado, aquilo que já foi posto priica quadro
em no
de sintalidade do grupo. Há nele pessoas que se fixam como as plantas tradicional. Tudo o que acabamos de dizer nio passa de specie de uma
herbáceas no vaso, enquanto outras, que são os doentes, passam. Dizemos introdução; talvez devessemos apresentar problema de base: para que
o
serve isso?
Que utilidade tem curar, criar o PPF? Não seria isso mera
imbecilidade, uma espécie de reunião de jovenzinhos impetuosos? Na
2 Trata-se do hospital de Saint-Alban, localizado bem na extremidade da região administrativa de
onde teve qualidade de psiquiatras. já somos considerados jovenzinhos inpetuosos
Lozère, inicioa
corrente de renovação da psiquiatria na França. Sob a liderança do
doutor François Tosqueles revolucionário catalão refugiado na França, inúmeras gerações de por todos os senhores experientes: impetuosos jovens que se eunem.
una excepcional experiència de transformação de um
psiquiatras realizaram hospital tradicional.
Da luta contra a fome em 1941, da transformação material do hospital, até a aplicação de técnicas
uma coisa verdadeiramente adorível! Claro que eles nos estimulam, awim
psicanaliticas na instituição, passando pela aplicação das teorias de Herman Simon acerea da er- Como estimulam a todos, a começar pelos escoteiros, Imas..
goterapia, a organização da vida social, a fundação do primeiro "clube terapéutico", a elaboração
de uma politica local de setor, uma nova abordagem do problema da criança
psicótica e pela
de etc., não há hoje um só dominio na ordem do dia que não tenha sido FÉLIx Os outros já tèm de nós a imagem de um grupo dotado
formação enfermeiros
explorado em Saint-Alban.
de certa particularidade, mas a coisa não para por ai. E preciso aind.a
3
Na época,a
Seguridade Social ainda não exigia o respeito à manutenção de uma porcentagem
de enfermeiros diplonmados em instituições oficiais na composição do corpo de funcionários dos quue o PPE tenha uma posição original no plano da politica psiquiitr ica.
estabelecimentos.
Psicanálise e Transversalidade
30 entre os enfermeiros e os médicos
Sobre as relações
necessidade se faz sentir
Vem à existència política psiquiátrica cuja
uma
aquilo que faz falta nos grupos de esquerda e nos grupos
comunistas da
estalinistas não tëm politica; eles se sentido do PPF pois
precisamente porque os psiquiatras
ser uma psi-
perspectiva psiquiátrica. Esse é o único verdadeiro
alinhanm com a tradição em vez de buscar o que poderia uma franco-maçonaria nos hospitais.
do contrário ele apenas iria criar
o PPF não deve faz-lo
quiatria progressista. Acho que, se deve chocar, Trata-se de uma política que só vai ter de fato
sentido à medida que situar
politica bastante séria, embora não siga nosso caminho, mas bastante séria
do ponto de vista de renovação das atuais bases da psiquiatria. Claro que
OURY Estudar as relações entre enfermeiros e médicos ou as
é dificil admitir psiquiatras filiados a um partido, isso é um problema, no relações entre grupos terapëuticos e loucos, requer estudar antes de
sentido de uma espécie de traição, de fuga. tudo a relação entre o grupo e a sociedade. E isso que torna necessário
FELIX Acho que podemos compararisso como movimento Frei- cendental do louco.
net, no qual havia stalinistas que aplicavam os melhores nmétodos atuais
do ponto de vista pedagógico, e que tiveram de deixá-lo por exigência Há diferentes estabelecer: polo metafisico:
FELDX posições a um
do Partido. Parece evidente que, se tivesse sido um movimento bem um polo político, no sentido de uma estratgia contra a administração,
avançado, o movimento Freinet teria tido posições mais claras do ponto contra os grupos sociais constituídos; e um
polo elaboração teórica
de
de vista politico que teriam permitido aos comunistas que faziam parte a
partir de grandes autores; de um lado o
polo Lacan, se você preferir, e
dele não serem obrigados sair. E dos mestres comunistas
a o
conjunto do outro, o polo Tosquelles, que já é mais político.
teria estado envolvido. O mesmo acontece com os
psiquiatras comunistas
os
que tem uma boa posição sâão minoritários, e mesmo alguém como OURY É complicado envolver nomes nisso. Trata-se de consoli-
Le Guillant' está longe de fazer
poder e dizer o que quiser. Não só por dar uma dada ordem, o que é uma coisa dificil, porque parece excluir
causa do estado atual da administração também por
como causa da ati- radicalmente certas posições políticas; é uma espécie de consolidação
tude dos psiquiatras estalinistas. Cada um fazer que puder é uma coisa, o da posição do grupo pela via negativa (grupo é uma palavra melhor do
mas uma verdadeira política é algo bem diferente, é ter uma
perspectiva que partido). Exclui-se um tipo porque ele não "religioso B°"- nio
coerente; duvido que sejam muitos os
psiquiatras que tenham uma, e tem, por exemplo, a visão universal inspirada de Lacan, ou entio o
que seja não somente marxista completa do ponto de vista de
mas
seu pressuposto político do lado Tosquelles... Mas não acredito que se posa
campo de trabalho. Seja como for, trabalho que fazemos é precisanmente
o definir o grupo como trotskista, anarquista, sabe-se lá o què. Acabamos
direção de
hospitais psiquiátricos sentido. Até
na
França e teve
grande influência na área. N.T. contrato com as estruturas tradicionais que já perderam o
Psicanáhse c Transversalidade
32 Sobre as relaçòes entre os entetmeri e on médic os
de originalidade; não devemos ter modo colecionadorex de imagens colecionadores de borbolctas, cles
o francés.Trata-se de uma dimensão
mudar.." colecionaram falsas borboletas que eles mesmos chamaram de loucos, e
medo, mas dizer: "E como é, e não há por que
eu
que eles sequer queriam chamar de loucos, mas de "doentes".
FELIX- Há uma coisa que deveria especificar um grupo de militantes FELIX Cumpre redefinir o objeto da psiquiatria, no mesmo sen-
no domínio psiquiátrico, o fato de estarem engajados na luta social, e
tido em que Politzer tentou redefinir o objeto da Psicologia, de uma
ver a possibilidade
claro, mas igualmente o serem loucos o bastante para Psicologia concreta.
de estar com loucos; ora, há pessoas nunma excelente posiçao no plano
politico que não tém mínima condiço de fazer parte desse grupo. E
a
OURY Poderíamos chamá-lo de grupo da psiquiatria concreta.
eXiste, por outro lado, essa dimensão kierkegaardiana do "religioso B".
Temos ainda de tomar uma posição a respeito dessI grande
FÉLLX
OURY Esta é uma dimensão fundamental no sentido de ser preciso
primeiro passar pela loucura, ter digerido a loucura; é preciso ser louco farsaque éa Psicologia Social, a microsociologia, Moreno e todos eses
assumido, ser nmais louco que os loucos. Essa noção de loucura transcen
tipos que caem justamenteno mesmo circuito mistificado do pequeno
dental é negada de maneira absoluta por certos grupos políticos: "iso é
grupo. Nosso questionamento do estatuto social do hospital deve ser
distinguido, do ponto de vista ideológico, de muitas posiçòes.
um coisismo (materialismo vulgar) ridículo, um desvio do pensamento
de Marx" etc.
OURY Questionar o hospital é algo que deve precisamente de-
finir um grupo que se interessa pelo problema de sua natureza e 1 suas
FÉLIX A
partir do momento em que se percebe essa dimensão relaçoes com a sociedade. E
preciso usar esse grupo cono terrarnenta.
metafisica, principal perigo que se está exposto é ser identificado com
o a
não comno instrumento de pesquisa. Ele ter necessariannente repercus-
os
partidários do idealismo com classe que defende tradicionalmente
e a
soes sobre pesquisa. Mas é necessário
oidealisnmo. Esse
a
apresenti-lo. en pruneiro lugir.
problema coloca para a corrente "Tempos
mesmo se
como ferramenta.
Modernos": pessoal o
esforça para manter uma dimensão nmetafisica
se
minima e
1955
permanecer ao mesmo tempo no interior do movimento
progressista, que é tradicionalmente materialista.
36 tendo-o "adotado",
o envoj.
transtornos
de caráter que, perspectivas imaginarias que lhe säo correlativas desfaziam se
aceitar.
Vimo-lo, então,
fazé-lo de datilografia
impossível e a partir de
atelier de desenho, diálogo. Foi c o m eteito apenas alguns meses depois,
e
nadar, ir ao
damas, xadrez, trabalhar c o m o grupo
mesa,
de um filme
amador, um método totalmente diferente, que R. A. conseguiu aceitar a
participar da realização m a i s ou
m e n o s improvisada em
ideia de falar c o m alguém que não e u , ce principalmente redigir
um
marionetes e até
fazer u n n a ponta
de ele foi o um possa ler. Nio há por que nos deternmos
o único papel que
conseguimos para texto que "qualquer
reconhecer,
que, cabe no conteúdo. Nunca o fizemos. por maior que fosse em algumas
falso mudo. alcance da
de um
a recaida que a ela se se- ocasioes a tentação; tinhamos, na verdade. c o m o ao
a aludida fuga e
Foi nese período que
mão, situações edipianas que se estabeleciam
e se destaziam e m
deveras artificial desse tipo de
lado instável e
dias, múltiplas transterèncias c o m relação a membros do
mostraram o
guiu nos
dele. Tendo estado
bem próximo a poucos
no caso
envolvimento, ao menos
a necessidade de uma N o curso das primeiras sessões, quando escutávamos a tita - que
membro do corpo de funcionários,
para todo
presença
alternativamente "curativa" e "autoritária","amigável"
etc.,
apagávamos juntos no dia seguinte -, R.A. se encolerizou.Voltou con
teria vida curta, uma
tra si mesmo a oposição que fazia a todos, aqueles "como?". "hein?"
de modo que uma transferëncia psicanalitica
ao final da sessão, o analista seria levado a ter para com o etc. Aquela voz gravada, aquele tom monocórdico, aquelas hesitações,
vez que,
aquelas interrupções, incessantes incoerencias o revoltaram. e ele
atitude completamente distinta.
as
sujeito uma
que segundo ce era uma onc body psyhlogy. Psicologa de unm só corpo. N.T.
e r a ponível ve
ponto cle
se t o r n a r a
de aprecnsão jubilatória de
si mesmo evocado por julgavainteressante naquilo que ele dizia. Eu deixzva esse cadeTnO 2 su2
ICcuperaria o tipo período em
disposição, e dentro de pouco tempo consegui que fosse ele a ecreve
no nesmo
ocorreu
licdade, c u o belisquei
com
ainda permanecc
ele acabara de dizer (ele, de modo geral, näo se lembrar). Eu
uma
de
criança. Masessa asunção seu
esquCma corporal conseguia
Dei-1me conta de que há anos ele não lia nem escrevia coisa alguma.
haver uma falta de auto- Até aquele momento, permaneciamos. para resumir, reciprocamente
Tal como ocorria em outras áreas, parecia-me
diálogo. O circuito entre nós fechava sobre caderno.
do "eu", e, correlativamente, de comportamentos se o
controle,
uma perda parasitários no
voltados para o real. Fazia-se necessário encontrar um terceiro termo:um sempre mais ou menos ilegivel ou incomunicável. primeira Uma tentatra
exterior a ele.Tentei primeiro fazé-lo de fazer ruir aquela estrutura fechada redundou rapidamente em fracasso.
controle que seria provisoriamente
ler em voz alta, mas isso era materialmente incomodo e como impedi-lo R.A. se apaixonou por uma funcionária da casa. Ele viveu aquilo nurna
de se interromper a qualquer pretexto para dizer "não estou entendendo espécie de oposição mime, naturalmente, a "dura realidade" se nmosrou
a
nada", "foi aqui que fiquei doente" etc.? Propus-lhe então que copiasse a ele por meio de uma amarga consciéncia da inanidade de sua própria
um livro, dizendo-lhe que o importante não era ele entender ou não, mas situação. Do mesmo modo como a fuga parecera recordar o episódio que
apenas que fizesse a cópia. Havia nisso um artificio que ele só mais tarde desencadeara sua doença, esse episódio imaginário recordva um antigo
descobriu. Na verdade, o livro não fora escolhido ao acaso. Tratava-se de fracasso amoroso que se situava nesse mesmo periodo. Toda a organização
Ocastelo, de Kafka. O doutor Oury e eu tinhamos percebido semelhanças de seu comportamento, que fora aos poucos se estabelecendo, se desfez.
entre R.A. Kafka, tanto do ponto de vista psicopatológico, religioso,
e Ele passou alguns dias completamente imobilizado na cama, sem comer
como da aparencia exterior, ao nmenos pelo que nos permite julgar uma nem dizer nada.
simples fotografia. Tanto é verdade que ele "se Recomecei do zero. Contudo. passados alguns dias, a situação voltou
apaixonou" pelo livro,e
hoje já está perto de acabar cópia. a ao "normal": ele retornou ao refeitório, recomeçou o trabalho de dati-
lografia e assim por diante. Tendo aquilo que tizéramos antes mantido
LACAN.J. Écrits. Paris: Seuil, p. 93. [Texto publicado 1966, mas apresentado pela primeira
em certa solidez, manifestou-se certa firmeza naquilo que denominamossu
vez em 1949, no XVI Congresso Internacional de
Psicanálise, realizado em Zurique.)
Psicanáise e Transversalidade
40
que havíamos claborado juntos. O caderno se tornou seu texto. que mais me preocupa é a falta de todos os
Ele continua agora a escrever todo dia e me traz seus textos
já datilo- sentimentos que já tive possibilidade de
a
experienciar. Bref, todos eles
grafados (de vez em quando aceita datilografar minha correspondencia), se partiram ao mesmo tempo em que se foram todos os meus sentidos
Eumesmo mudei de atitude, e tento levá-lo a dar os primeiros passos 1aturais. Em suma, é a
própria morte. Digo bref como se fosse umna
na direçao de verdadeiro reconhecmento do outro. Faço
um
que seus
máquina a vapor viva e ao mesmo tenpo morta que soltasse de vez em
textos sejam lidos por médicos amigos que nos visitam. R.A. os quando um leve ruído de vapor, que fizesse
e
discute o com alguma regularidade
com eles. Até aquele momento, ele se recusava a ter
contatos, dizendo e como ligeiramente despertada por ruído de
se fosse sonhos de um seus
que "não existia","estava morto", "como seu pal, que "nada tinha
era nuvem. E então que ela não mexe, mas, em sobressalto, deixa escapara
se
a fazer aqui" etc. Para dar unm exemplo: há cerca de um mès, palavra bref numa frase, depois duas, depois... Todos em
meus brefs os
propus-lhe
que acendesse minha lareira; ele acabou por vir, não sem certa a seguir tem essa mesma causa
(algo a lembrar quando forem lidos). Uma
Um dia, quando alguém Ihe
satisfação. mocinha entra no escritório.
perguntou se ele o fizera, R.A. reuniu má-
-fë suficiente para negá-lo. -
diz ela.
Hoje situação é outra: ele está Não respondo eu, sem
compreender
-
diz ela.
deixou de ser vivida com o sentimento da
sentido de sua doença; esta Respondo-lhe com um arremedo de sinal que me incomoda, isto é.
R.A.à família, pertinencia quase mágica de naão Ihe
qual, segundo ele,"todo mundo é docnte". Ele já não
na que eu
poderia responder como... FALTA absoluta de contato.
é
completamente "como pai, obsessão contra qual se debatia sem
o
a
contato tanto fisico como moral.
cessar, mas sempre Vendo o sinal, ela me diz:
de seu texto,
malograva.Tem-se clara impressão, a partir da leitura
a
e se
da essencia" de sua doença, e que esse Naquela tarde,joguei voleibol. Digo isso para tentar voltar à realidade.
aencontrar os caminhos éumbom recurso para ajudá-o mas não
quero chegar a ela. Pode uma
que daí podero surgir. nuvem sem cor
jogar? Tudo o
que
sai de mim, preciso
neste momento, não vem do coração. Félix acabou
de me dizer:"Confie em mim". Não posso. Parasita. São "artiticios" tisi-
1955.
T Em trances, bref, toneticannente bret. traz um conjunto de wns que evuca uin supirU, sltat ar.
chamné etc. Daí a nanutençio da palavra cm tranees. Nio hi
so palavra. N.T.
quivalente e n portugucs nun
Psicanálise e Transversalidade
42 lembro agora, isto é, coica
Desmoronamento de uma vida ainda não vvida 43
fazem lembrar da maneira como
oisas
piração, digestão, viso, audição etc.) que tinha antes, Quando
me
cos que um pouco.
que me tocaram naquele momento, coisas que, inconscientemente, digo escrevi tudo isso, não tinha conscièência do que escrevia, mas apenas uma
me encontro.
tem relação com o estado e n que
porque...
espécie de palavra muda (penso em Félix ao dizer isso); isso me faz ter
atitudes, e é só. E n o posso crer que vá sair disso unm dia. Tenho medo
de sugar o polegar, e de andar como se fosse pequeno.
28 de sctembro
30 de setembro
lembrar de todas asideias que devo à insulina. Abro
Queria me
44
à tarde pela estrada, ao cai.
do
Demornametito de uma v1da nda ruan r a
cu ia a 13 de outur
vontade de ser um
boche toda.
Sol; eu avançava
com
respondi-lhe.
c o m o u m bebé!
Sabe, agora vocè está melhor cle
as escrevo
-
com uma cara -
me
disse
Olhei para ele fazendo uma cara horrivel. Ele me disse, com jeto
12 de outubro
de quem se divertia:
-Vocé não gosta disso. Vocé não gosta quando ihe dizem 1sso.
Estava um pouco quando começamos a discut1r. Tinha ditoa
nervoso
Ele me pareceu outra pessoa.
deixaran na condição que estou
ele que foram os eletrochoques que me Estou terrivelmente solitário esta tarde.Acabo de guardar o caderno
Deixou-me continuar a dizer várias palavras. (Quando escrevo, ainda sinto o
e apagar a luz que me assusta, e a máquina branca que está ao lado da
me encarregar de explicar adiante)
orgulho que é no fundo estúpido, e vou mesa, porque tem fio pra todo lado (uma confusão). bref. sei lá. Agora
bebe que tem vontade
Quando escrevo, fico bem pequenininho como um tenho medo de tudo. Tenho medo da eletricidade. Vejo que estou voi-
de falar, de bebezar (bébicr), como se aquilo que eu dissesse só pudesse ser
tando a ser totalmente sozinho como antes de nossas discussoes. Tenho
entendido por mim (explicação da palavra muda). No fundo, sempre fui
meu orgulho; só isso me leva a me mexer um pouco. Não, nas tem uma
assim, sozinho no mundo...já não me lembro muito bem. Depois Félix
coisa: sou introvertido porque não tenho mais nada fisicamente. Moral
me pediu para buscar un maço de cigarros e fösforos. Quando voltei ao
mente não sei o que é. Sou unm fragmento de madeira, não uma grossa
pequeno escritório, esperava encontrar Félix sozinho. Mas tive uma surpresa,
tora bem firme, mas um galhinho bem pequeno que vai desaparecer sem
um pequeno golpe no coração, se se pode dizer assim, a senhora A. estava
nem mesmo ter aparecido. Talvez tenha sido sua saída que me deixou
sentada na beira da janela. Não gosto dela, e durante o dia, várias vezes, me assim, mas não acredito nisso, porque estou quase sempre do jeito que
perguntei como o doutor podia gostar. E uma bobagem ficar pensando
acabo de descrever.
isso, pois não entendo nada dessas coisas e sou inex1stente.
O doutor Z. entra bem na hora em que acabo de guardar meu ca-
Estou ficando histérico? E que tentei me apegar
corporalmente a derno e "a" esferográfica; ele se aproximou de mim. O galhinho morto
alguém a quem não posso me agarrar, pois não possuo "braçose pernas" que sou tivera uma espécie de impressão de que ele ia me perguntar o
para fazer isso. Já nao penso, não quero pensar mais. Gostaria de
poder que eu fazia lá, como se me tomasse por um ladrão.
querer viver corporalmente. MAMAE-MINHA-COMIDA. Minha
Veja, Félix, uso o imperfeito para descrever minha pretensa impresio
histeria é um pouco como papai. que não sinto não só porque não tenho a noção do tempo, mas simples
Picanálisec Transversalhdade nàio vvda
47
Desmonamento de uma vida anda
46 teve medo, se me
galhinho
morto
Não entend1 mesno o filme. Mas ce quse
sequer escuto.Agora
o ou comer.
para mim,
porque
terrivelmente,
ele n o viu Z., como e el
vida, um contato. uma luz, um desperur? E
e
entrou; e
conmo
me fez chorar. Quanto
terei uma
sem se
mexer quando Z.
empregou0 imperfeito para verdadeira merda agora. Meu orgaulho nebuloo nio
Neu se
Z.o amedronta,ele verdade que sou uma
não podia vé-lo,como ele não
de uma presença de que tudo vai voltar? Não acred1to que isso vá voltar. Mas-
Z., afastar-se justamente acabou. Mas quando
afastar-se de
afastamento, a mudança de tempo verbal (do turbei-me demais. Não chego a me apegar a voce, Félix, mas
só há mesumo
imediato
se dera conta... o
porque o galhinho nebulosa
voce que pode para mim aqui, porque vocé vé que éuma atciçåo
sobretudo
disso,
presente para
o imperfeito), e, além
que parecia vagamente" dar, sequer consigo chegar a isso.
forte, dura,
consistente,
que tento "me mas
via uma grossa tora, tudo iso, porque no não
analisar). Imagino Vocé diz que só nós dois estamos aí para ter essa coversa, mas
tivesse escutado meu apelo, a bem dizer tão frágil, se ela tivesse se outros, ter alegrias, gostar de uma moça, ter um amigo, e tudo o mais que
menos
palavra que fosse, em vez de disse nmuita razão que é preciso que eu
dito uma lhe perguntei ou disse.Vocè me com
mime tivesse nme
aproximado de "eu" mesmo pequeno
que é preCiso que eu tique por nme ver..
contente
me enfiar a boca imediatamente, um
comida na
me veja e
ele n u n c a me disse nada. Para falar a O doutor Oury acaba de entrar no pequeno escritório para ver como
teria se formado. Quanto a papai,
tido pais, mas nuvens mudas.) E verdade vai alguém que está doente há muito tempo. Eu sequer mne dou conta. Nada
verdade, não sinto que tenha
dois atrás eu não teria contado tudo isso. Talvez eu es- tenho de vivo.ANTES da recaída, sentia ao menos que tinha uma cabeça.
que até uns anos
O "eu" existiria, nem além disso, isso no fundo não passava de lixo; agora...
que estou hoje. corpo;
um mas
não em e,
tivesse fraco, mas ao ponto
Neste momento estou muito fraco.Voc me diz que tento me agarrar
menos eu acreditaria que ele existia. Já
que fosse bem pequenino,
ou ao
Pessoalmente, acho que a alguma coisa, mas nem isso eu posso fazer. E verdade que antes, quando
não tenho controle algum sobre mim
mesmo.
excessiva ajudou um pouco a me deixar no estado fisico eu estava na escola, o nada acreditava crer
que era alguma coisa entre os
a masturbação
ele não tinha eles que iam até
companheiros; eramn
em que me encontro. companheiros. Mas
Nenhum "mim". nenhum
ele, e não ele que ia até eles para lhes falar.
eu. Estou agora sempre um pouco agarrado perversamente
às bolh.as de
14 de outubro
fisicarnente.
ar que meus pais representam para mim. Perdi tudo
3 Brinquedo proibide, filme dirigido por René Clément, que ganhou o Oscar de nmelhor filme es
Pela maneira como virei apágina, eu devia estar do outro lado da
trangeiro em 1952.Trata de uma órf adotada por uma familia que, com o filho mais novo, cria pågina (para mim é o outro lado). Falávannos do despertar da insulina.
um mundo infantil todo próprio a que os adultos não tém acesso. N.T.
Psicanálise e Transversalidade
48 Desmoronamento de uma vida ainda nio vivnda 49
dois très minutos me deram uma picada. Sou (despertado)
Há uns ou 29 de outubro
me despertou, eu estava
como nos eletrochoques, isto é, quando a picada
1orto, eu me sentia morto. Estou com Evelyne no escritório. Não vejo mais nada. Jå não
tenho cérebro.Não posso mais andar. Não sinto mais nada fisica-
19 de outubro mente. Não respiro mais. Golpe no coração de Hélène aos 15 anos.
na escola Maimonide. Preciso ser examinado fisicamente. sobretudo
insubina. N o sei se o suguei,
Sonho do seio envenenado causado pela o cérebro. Estou perdido. Nenhum "artificio" fisico (repito isso num
irmão sabe como se entender
Associado com Bernadette, que vi sem ver. Meu ritmo imaginário de "mamae minha comida" quando era pequeno).
com as mulheres, o que é para
mim a mesma coisa que o seio envenenado de Não posso mais. Não há nenhuma glândula que funcione. Nada de
minha me que eu nunca
minha mae. No fundo, estou demasiado ligado a organismo. Analise-me. Foi aqui que virei um morto. Só um pouco
tive uma impressão
tive (nuvem). Não tive pai. No comité do galinheiro, como meu pai.
4 de novembro
24 de outubro
Não comi. (ESTOU) sempre nesse buraco negro. Nenhum contato.
Felix me falou da transferència materna para Evelyne. No lugar Adoro Evelyne.Vocè viu Arthur?Viva a França.Tenho medo de vocés. Fiz
de meu pai, é meu irmão desaparecido que eu teria querido. Ele tinha tres linhasimpressas. Não vejo nada. O doutor Oury disse que é preciso
dezesseis anos e meio, Marcel. Ele desenhava bem. Era desenhista indus esperar. Naão compreende. Acabei.
trial. Não havia união em nossa famíilia. Papai e mame brigavam por Sempre temo que vejam quando falo de sexo. Por causa da fa-
qualquer besteira em iídiche. milia, do pai, do irmo A.'As glândulas sexuais. E imaginirio. Sem
Eu ficava com Evelyne. Ela me disse que eu era gentil. Tomei-a contato com Félix. Entre os judeus... O que acontece? A verdade
em meus pequenos braços de bebe. Ela Depois foi
segurou meu rosto.
é que ultimamente estou mais apegado a Félix, como antes de ele
embora. Chamei por mamae abandonado ("mamäe minha
como um partir. Estou voltando do salão grande. Não posso ver os católicos
comida" imaginário). Marcel "se" desenhava bem se olhando no
gelo agora. E culpa de meu pai. Sentimento (se se pode dizer isso) de
(estádio do falso espelho). opressão. Acabo de abraçar Evelyne. Estou como em casa... Como
minha m e.. Fisicamente imóvel e moralmente inerte. Nunea esta-
28 de outubro beleci Isso é
contato. tempo curioso e terrivel. Não gosto
ao mesmo
momento de insensatez.
fazia aquilo num na escola e no não tenho corpo, nem cabeça.
colegio. Já
ele não queria atirar. Ele o que aprendi
coração, mais nada. Meus pais não gostaram de mim como era preciso.
visita nao me causou efeito piedade de mim? Meu irm o Jacques não se parece pouco
nem um
minha irm veio 1ne ver, sua
Quando
treinando.
algum.Jeannette veio me procurar
no quarto. Certamente quando eu era comigo. Quando dizia "Mame, minha comida!", eu estava
educou. Hoje não posso mais. Outro bebê qualquer apela à vida. Não eu.
pequeno, não sei,
eu... Meu pai não me
precisaria ter tido. Por que? Porque não consi- Acabo de dançar com Jeannette, que me puxou pelo braço. Sou
Não é unm pai como eu
como um pedaço de pau. E necessårio que as damas me convidem para
encher de comida.
Ele nunca me criou. Sempre
go me autocontrolar. minha mie.
A masturbação agiu bastante... a partir
dos 15 anos. Amo muito a mim dançar; é terivel. Nenhum contato. Sou igual a meu pai, a
prazer fisico imaginário... de dançar... nenhum
mesmo porque ainda corro
atrás do seio "duas" vezes imaginário de mi- Isso me incomoda, esse
e eu no
simplesmente algo tisico, apenas sinto unn pertume
encontro a posso
ao meu lå no fundo. Por que nunca é a voz? Certammente. porque
sobretudo, porque Evelyne vem porque nio sinto
aceitar. Quando escrevo
tudo isso, são bobagens que tento sentir lá em casa nunca
falaram comigo. Quando vocè me disse "Sente à mesa
entrada de Evelyne que interrompeu minha escreva", toi ai que ocorreu a ruptura; é porque meu pai niaginario
Brf. é siuplesmente a e
tive medo das mulheres, porque vivendo sonho.
vontade de falar de mim. Sempre Bref... estou
assim.. um
nunca falou com1go...
se tornou para mim minha tarnilia,
medo da mae real que rapidamente Cada vez que voce me fala da familia, que vocé ataca
senmpre tive
causa da falta de confiança na taz retetir, isso enerva. porque no tundo eu
quando eu era bebe, imaginária, por
me
isso me toca, isso Ime
durante a guerra.) Estou voltado para dentro de mim mesmo. Consigo em iídiche, "Como uma vespa no mel". Ele se divertia ao dizer sso.
escrever tudo isso porque a pseudopresença de Evelyne e de Félix me
Perguntei o que ele queria dizer. Ele respondeu que em trancés não me
faz escrever. se pode dizer. Félix diz que nessa cena o pai é um pouco cono
senhor o
via quarto. Não sabia irmios e irmis. Quando acabo de dizet "meus irmios e irmis", sinto a
o o
que fazer. Afundei. Quis abraçá-la... EU não
queria presença de alguma coisa ruim, de alyuma coia que ferve?. lguma
Psicanálise e Transverulhdade
54 alo.
coisa no ventre
(imagino, ao
escrever isso, que
nao sinto
alguma"
"coisa
E estranho. Ca: Senhoras e Senhores, o SCAJ'
não consigo explicar. um
eu sequer respiro); é isso que me destaço (parêntesses
como meu pai. Masturbação... Plut,
eu
de
dia
Félix).
58 de intercämbio são
verbal que são as ins-
ao
ángulo, as redes
Vistas desse
devem ser concebidas
à teição das existentes no Introdução à Psicoterapia Institucional
tjtuiçoes não
Sua dialética
inacessível, tora do vazio
em que o lançou sua imcapacidade Se-
arbitrarianmente, no periodo que precedeu a Libertação na França.
de fazer reconhecer e compreender. de
se
ria, sem dúvida, possivel remontar ainda mais longe, pós-guerra ao
acerca da agitaçao,
o caráter crônie.
ntra-hospitalares" sujeito. O
registro dÍ
desejos mais fundamentais implica certos desvios,
acesso aos
o
deveria abalar as
ideias recebidas
tradicional viu-se assim que certas mediaçoes. roi nesse contexto que introduzimos o conceito de
doenças etc., e a própria semiologia nstitucionalizaço,0 problema da produção de instituiçòes: quem pro-
entre os doentes e os Curs d
pelo estabelecimento de novas relaçoes
entre os médicos e as farma1
radores, d17 a instituição e organiza seus subconjuntos? Haverá uma maneira de
entre os
cnfermeiros e osmediCOs, alrerar essa produção. A habitual proliferação de instituições na sociedade
solapando os próprios
fundamentos da nsin ,
Foi-se aos poucos ontemporinea não levou senão ao reforço da alienação do individuo:
real aproximação entre
uma
orática
a
como um todo, o que permitiu haverá condições de ocorrer uma transferência de responsabilidade, e de
levando a superaçao de uma antiga ferida.
hospitalar e a psicanálise, -0 que suceda ao burocratismo uma criatividade institucional? Mas com que
Freud da parte de Jung, de Bleuler e do nesa
rompimento com de condições? Haverá técnicas especificas de dar voz ao objeto que se quer
um loingo tempo a psicanálise d
ferida que apartaria por
Zurique , estudar? Com efeito, se implicita ou explicitamente reiticamos oobjeto
psiquiatria. Disso adveio a perspectiva de uma psicoterapia instituci de estudo, se não lhe fornecemos recursos de expressão, mesmo prin-
e
nal".que tornou evidente, por um percurso um tanto paradoxal, quenão
cipalmente quando ele nãq dispõe de meios de comunicação adequados
era possível conceber uma cura psicoterapica para doenças graves sem (podendoesse meio ser o sonho, o tantasma, o mito, a expressão pictórica,
efetuar a análise da instituição.E, reciprocamente,
era
necessário chepr a expressão práxica etc.), acaba-se
pessoalmente afetado por um efeito
à revisão da concepção de curaindividual dando maior atençãoao con- de miragem, por relaçoes projetivas com o objeto
considerado. Trata-se
texto institucional, Em 1960, alguns de nos se reuniram para constituir afinal de um questionamento das antigas categorias mal elaboradas da
um grupo de trabalho, o GTPSI (Groupe de 'Travail de Psychologie et Psicologia universalizante e abstratizante.
de Sociologie Institutionnelles). Em 1965, fomos impelidos a fundar uma Hávárias vias de detinição do psiquiatra: a estrita determinação
sociedade mais ampla: a SPI (Société de Psychothérapie Institutionnelle social,sua relação com o Estado, a situação à qual ela deve integrar-se e
Sociedade de Psicoterapia Institucional). que não lhe deixa como margem de intervenção mais do que a resultante
entre as possibilidades objetivas da instituição, sua
autodeterminação,
pessoal, sua energia, sua idade, seus problemas, sua capacidade de sair de
1.0 ponto de partida dificuldades etc. Apartir disso, seria possível estabelecer uma detiniçio
dopapele da função psiquiátrica, mas seu sentido se altera por intei
Jodas essas tentativas inmplicam unm questionamento metodológico se a considerarmos de ângulo, definindo a loucura como algo que
outro
da pesquisa cm ciências humanas: o acesso dircto ao indivíduo ou nãoe. escapa à determinação social. Se dissemos que o psiquiatra e aquele que
Se ve as voltas com a loucura, vemo-nos diante de uma detinição que
2 Viculados com a Féileration des Croix-Marines. 1110 e tacilnente compatível com a primeira, ticamos diante de uma
(lederação de assoc iaçoes ule prooglo
saúde mental, eada na lrança em 952.
N.T) Cspecie de divisão entre a vocação de apreender as tespostas da loucura
lez-se u considerável trabalho de formaçio de enfernneios psiquiátricos mo quadro do
dentraneent aux néthodes actives (Cento de treinamento de
Vir Suriale et
métodos ativos). Cl, a e o Lato de sernios agentes dainsergio dessaloucura numa estruturade
Trailemeu
Irduc o Puccorrapa frtar ol
U
albenaçào ocial. Temos o direito deperguntar;o que se quer mais? da irrigação do Nilo, temos a impresmio de que a emergencu de ua le
aumentou filosofi2
social do psiquiatra, vem0-nos diant unificadora, de cunho politico e rel1gioso, proxesou-e de maneira qiee
No nível da determinação mecánica. As particulas clementafes parecem estar a*oiadar de xonto
abordou de forma politica: articulação
a de m
daqunlo que Touguelles com leis objetivas, c a superestruturas politicas c ideologpca viram-se
ocicdade plobal. Em contrapartida, se nos colocamos no
organizadas como se a despeito de si mesmas. Seja essa imagrm verda-
grupo ocial
à
t i preoa mdacdo contexto J; a partir de uma tal necessidade, com afirmação que o sujeito vai desempenhar na sociedade o papel de uma
D,I 1 i n i n o de grupos de vanguarda c identuficando um enpre- ruptura subjetiva, papel que ele mesmo poderá, noutras circunstincias.
dnento comuD, nao só cm açOcs mas uma estrategia con]unta, que legar a um segmento mais amplo do socius. A medida que, por exemplo,
loc.uho problema de un controle analítico, politico e ético. se revelasse incapaz de afirmar ou manter sua autonomia comno grupo
mperativo distinguir netodologicamete o objeto que se tem em Como se passainn as coisas? E preciso ver como se desloca o eteito
nente ao falar de "grupo", Se concebemos os grupos do ponto de vista glesubjetividade Se a lei constitutiva do grupo tornou-se de tato in-
tencionale explicita, há repercussöes dela no can1po que lhe e exterior.
históro, por da conaituiçio dos primeiros Estados
exenplo, «quando
do Antigo ligito, a asociaçào de uibos de agricultores sedentários em, Canipo com respeito ao qual esse grupo e colocado coo poteC1al,
sLuJeito inconsciente. Somos hoje o sujeto inconciente Psicologia de
da
ddes teritoriais nais anplas para tirar melhor partido daadrenageme
Psicanáisee Transversalidade
Introdução à Psicoterapia Institucional 65
64 psiani.
inconsciente daqueles que
praticarao
amanh sua
siquiatria, absoluta, um narcisismo absoluto(das Ding), para chegar a uma abertura
amanhà, o encaminhar na eção da verda
direçãd
se
condição de
esse grupo hipotética à sociedade em geral, a uma "cura" queimplica, na indeter-
mas c o m a nessas circunstânCiae
nada.E nessas circunstancias que
Sem isso, não
somos
absolutanmente
possibilidade
de entrar
existencia
em exictá. minação, todo género de problemas de integração a grupos sujeitados
ou largar! Há uma Ca escola, os clubes esportivos, a caserna, os sindicatos, os partidos etc.)
digo: é pegar
contrårio, não e preciso
dizer que se
nos circuitos preestabelecidos. Mas para nós há ainda a direção inversa, que leva à xploração dessa
de alternativa do
Para compreender
o jogo de
serialidade e
sujeito
sunio:
estrutura social inconsciente Nesse sentido, a fala/palavra tal como se
mesmo se da, mas inconscientee
lei que ele na
consciente na coloca no grupo jå não tem absolutamente a função de recalque que
-
humano, a ausência
numa
ção repressiva empreendimento de determinado o crivo da normalidade oticial. Certo número de vias
finitude de todo
na aceitação da e hao mais
a morte
t r a n s c e n d e n t a l , a morte de Deus
e
toda e qualquer garantia
de passagem a significaçoes mais racionais será assumido ou não pelo
castradora da iniciação edipica. Suieito doente. Esse plano pode remeter-nos a outros planos. porém não
ea sanção
culpabilizante do pai pulsão inversa àgnel
"instinto de
morte do grupo"a de maneira automática. Desse ponto de vista, é interessante ter ouvido
Entendo por
indispensável localizar
essa inver a palavra " transferencia no sentido de transporte,' particularmente no
se reunir. E
advém da vontade de da figura
que
em simultaneidade å instauração tiva, sentido em que se entendia transporte no século XVIlI: a noção de
são, que se instajura violencia, implicado na transporte amoroso. O que é transferido,oubloqueado, na forma de
o grau de agressão, de
fim de compreender la dos joven
a
existéncia de um grupo.
Uma análise adequada da demanda
problema desse individuo pode ser o de saber como chegar a ser sujeita
cultura e suas exi
da integração a esta nessas condições| Que fazer para continuar a ser um sujeito falante, e
da salvação"e poderei prescindir com ela. Eis
ou ao menos de
um comprometimento para falar
efetivamente? Osujeito não é torçosamente o indivíduo.e
gencias repressivas estrutura de complexo que
por que,
nessa
da demanda, há uma
pulsg nem mesmo um indivíduo. E preciso det-lo no cerne de sua alienação.
do grup0-sujeito:/a recusa reabrir uma potencialidade de sua história na opacidade de sua situação.
sincretiza antagonicos å emergencia
termos
Um fato de
dos grupos. Esse aspecto é,sem dúvida, inevitável na constituição deum fala/palavra, manifestação, por mínima que seja, de um
a
convergëncia temporária em torno evento que o leve a se recompor. Nessas condiçòes, toda reuniio, todo
grupo, sem ele, haveria apenas uma
ser
contidas
caso
do enfernmeiro, o do doente, todas as
hierarquias internas e outros si-
pacotilha,
não mais poderiam
racionais
do ovimento operário. É
movinme
atua
estrutura cega que
uma
e deixando-.se de
apenas a mesmo pode adquirir uma consistenci subietiva e instiurar todo tipo
maneça si
-
remetido
o sujeito tura.
sendo
da alienação, iodificações e novos questionamentos.E isso que pretendoao acentuar
o statu quo.
impasse,
signitica que se queira a-
individuo no aca.
o
institucional? Isso
-quemsabe exageradamente -a diterençaentreosgruposque sio para
P o r que psicoterapia companl anheiro, cidadão,
bar com
médico e n sua condição de individuo,
"porta--voz" (porte
si mesmos apenas algumna coisa passiva, os grupos sujeitados c aqueley
"tala por.. , o
ser ele aquele que que se propoem a 1nterpretar sua propr11 posicão. os grupoS-S4eItOs
que se proponla a instituição. Na
Grupos religiosos, politicos ou por que nao? - instituiçio que fosse
ser
sujeto que poderia
-
a
do
porta-fala/palavra)
-parole, conhecimento de causa. Nao e o propriomédico ao mesmo tempo psiquiátrica,
analítica politica. Mas, para evitar toda
e
necessariamente com
condiçao de agente do
processo, com
em sua
confusão com uma concepção de estilo psicológico ou boy-scout (escotei-
inconsciente
prisioneiro diante? Toda
opiniões e assimm por ro), insistamos mais na ideia de que um grupo não poderiaser por si só
sua vida conjugal, sua cultura,suas torinar um elemento
dotado de virtudes analíticas! Afora periodos de impeto revoiucionirio.
que
vir a se
se resume a saber se ele pode
questão pessoal encarregado
da cura e há. pelo contrário, toda uma práxis regular, toda uma quimica do grupo
relação de verdade,
ao
articula, numa
se fala lá. Só assim se
se
ao encontro daquilo que e da instituição, necessárias à produçio de "efeitos analiticos". Cumpre
a todos aqueles que vèm
níveis de
repetir: uma tal práxis não pode ser senão o fato de um sujeito coletivo
distintos uma
refundar as diferentes instâncias, os
pode esperar institucional. E esse o requisito - o próprio grupo - em seu projeto ser sujeito não somente para si
uma psicoterapia
cura psicanalitica, ou de
institucionais. mesmo como também para a História!
escrever reais monografias
de toda possibilidade de
comosujeito inconsciente,
Se não se partir da definição dosujeito risco de
coletivo de enunciação corre-se o 4. Nova direção da psicanálise
ou melhor, como jigente
Como decorrência, há o perigo de se chegar a uma falsa A maneira como o psiquiatra restitui aquilo que será apreendido
sociedade.
dicotomia instituição como fator
entre a
sublimador ou de alienação; como sintoma mostra que a psiquiatria de cultura analiüca tende a sempre
terá como correlato sejam buscar aí uma reterència na história pessoal, a fazer que essa história se
esse desconhecimento da função do sujeito
um projeto, um funcionamento rearticule na forma de uma historicidade imaginária e que cada mito
quais forem intençòes modernistas de
as
-
de individual se vincule a um grande mito de referència. Esse grande mito
invertido de todas as articulações do sistema, par de uma paralisia
a
tudo o
acontece
totalidade das manifestac.a. referéncia do ser. E, no final, essa paixão pela etimologa potica n i o
e
que a
apreender a
modificá-lo a fimde melhor
tão simples
de que é necesei.
sário Doderia ter senão uma reduzida clientela. Para dizer a verdade. a anaise
ao desejo
corresponde freudiana original nunca seguiu esse caminho. Para Freud. a interpretaçio
interpretar. Isso particular num car
campo
participação ai,
em
que tudo
isso tenha alguma em função de um:
pro de. por exemplo, um lapso, não segue a via etimológica. Alénm dsso, não
determinada linguageme
territorial dado, numa de escritura AM. parece haver motivo para que o próprio Deus devesse ser prisioneiro de
coletivo que não dispõe
de meios
Mas
de codificação procedime semelhante paixão pela etimologia.
exacerbação desse
cesso
analítica implica uma mento, Em consequència dessa atitude, a psicanálise, mormente a dos
a interpretação
extrema: è preciso que
tudo seja incluid
ido
uma espécie de hegelianização sociedade fechada, sociod. a
lade epigonos, terá por imperativo etetuar uma dupla
seleção: repressora e
reacionário de uma
limitadora desses mitos e, correlativamente, daquilo de que pode se ocu-
quadro idealista
e
no
movimento social tem tal caráter que as clae.
asses
não considera que
o Dar, a saber, certa categoria de neuróticos, bem como de certos aspectos
quejá se destotalizar, que as ideologias tem
cxistem para desaparecer, para dessas neuroses, de um dado numero limitado de doenças mentais, assim
n u n c a haverá uma
meio das outras e que ran-
u m a s por como de categorias sociais bem precisas, de um ambiente cultural bem
para se abolir
ordenm moral. E
lament vel que ideologia freudiana
a
tia em si de uma
delimitado. Poder-se-ia imaginar que, com a evolução da psicanälise,
curso de seu desenvolvimento. n o .
vez mais, no oS psicanalistas não poder o mais pensar em curar doentes, mas apenas
tenha se apoiado cada
mitos contemporâneos são
mitos antigos. Como os
mais célebres e belos burocratas... Poder-se-1a até imaginar que a psicanálise só vá servir para
em busca dos da
considerou-se necessário ir
limitados e degenerados, psicanalizar os psicanalistas; vai-se chegar a um sistema iniciático, a uma
vinculada? Toda pesquisa,seja ela de cunho etnológico ou uma 1um emaranhado de problemas proscritos da pesquisa analítica que parece
se acha
mostra que as representaçoes, os mitos, tudo o que Ven
impossível não varrer para debaixo do tapete..
psiquiatria viva,
alimentar a segunda cena, todas essas
personagens nao existem neces Alguém acabou de dizer que é preciso devolver o sujeito a seu lu-
monstros Sagrados da Era
Secundária.
aria; O lugar do sujeito, repete-se, ë uma tenda...Certamente, mas uma
sariamente: o pai, a mae, a avo ou gar.
presentes as questoes fundamentais da fenda não é senão o nada do resto, apesar deresto, eo Basta tudo,conta!
essas são igualmente personagens o fundamento
colocar erradamente em sua cabeça alguma coisa do ambiente da fenda
sociedade,istoé,da luta de classes denossa epoca.Se existe,
implica queesta seja igualmente a elucidação dos para que o sujeito
se ache radicalmente descentrado...
filosófico da psicanálise
e sociaiS no seio os quais nos debatemos. Supondo O pequeno sujeito agarrado à mäe, ou o esquizofrènico estupefato
culturais
impasses
mais graves das neuroses, que os psicanalistas pretendem atingir, são, Ihe reste possibilidade de apegar-se, de articular-se, uma qualquer coisa a
legitimo considerar que ele tenha acesso àfala. Um grupo pode ou não
sersujeito de sua enunciação? De modo consciente ou inconsciente:
A quem ele fala? Estará um grupo sujeitado, alienado do discurso de
outros grupos, condenado a permanecer prisioneiro do não sentido de
seu próprio discurso? Haverá para ele uma saída possível que, mesmo
parcialmente,lhe permita certo distanciamento dos enunciados que pro-
fere, enunciados que se pode dizer que, num contexto de assujeitamento,
o grupo é tanto seu sujeito como seu objeto?
A partir de quais condiçöes se pode esperar que de um campo de
fala/palavra vazia possa emergir uma fala/palavza plena - emprestando
local e formações idiossincráticas, com seus interditos, seus ritos e Certos pacientes que estão numa instituiço encontranizonas de tolerancu.
assim por diante, tudo aquilo que tende a proteger o grupo, a torná limiarese2onasde mpossibilidade absoluta em suas tentativas de integraçio
-lo infenso às tempestades significantes,tempestades cuja ameaça é a um grupo ou a uma presença de um mecanismo
atividade. Está-se na
sentida como vinda do exterior mediante uma operação especifica similar ao das sociedades primitivas em matéria de acolhimento numa nova
de desconhecimento que consiste em produzir as espécies de falsas classe de idade e de iniciação, com seus rituais de passagem. O que tàz uma
janelas que são as fantasias de grupo. Nesse tipo de grupo, está-se pessoa aceitar ser marcada pelo grupo? Se se forçam as coisas, chea-se a
SSimm empenhado numa espécie de luta perpétua contra toda ins- uma alternativa em que ou o grupo se destaz, ou é a pröpria pesoa que
Sintomas -
uma resolução
nesse grupo para os fins da recusa coletivá de enfrentar o nada, sentido é bem maior, mas também o é a possibilidade de
enfrentar significação última dos empreendimentos nos quais se
a dos impasses sintomáticos individuais.
está engajado. Trata-se de um sindicato de defesa mútua, um lobby
'c"pulional".Compulional
contra a
solidão, contra tudo« que poderia ter a marca de um ca- ompulsionels, não compuksives. Parece ser composta por"compukio
espanhol inglès, neste úlnmo em textos psianaliticos, sendo aompulirr
ráter transcendental. d e uso comum em e
importante.A relação mãe-crianca é por acaso que o que toi coisificado por Freud,e quase deificado por
verdadeira relação dual; o que é muitQ
tor o nivel em que a con. seus sucessores, tenham sido as referëncias míticas que lhe vieram ao
por exemplo,
não é uma relação dual, seja qual
ela numa situaçao real, percebemos espirito, um tanto por acaso, no início, como recurso de identificação
siderarmos.Quando refiletimos sobre
menos triangular, que
há sempre um objeto mediador gue da dramatização e dos impasses da família conjugal. Mas não se deveria
que é pelo
serve apoio ambíguo.
de Para haver deslocamento, transterência, lin- fazer do mito um mito! Os mitos antigos de referencia, sobre o tema de
que possa ser cortado, desvinculada Édipo, por exemplo, não tëm nada a ver com os recursos imaginirios
guagem,é necessário que haja algo
Lacan insistiu muito nessa dimensão do objeto, decisiva para não nos e as articulações simbólicas da familia conjugal atual, nem com nosso
transterëncia e de contratransferência.Não sistema de coordenadas sociais!
perdermos nessas questoes de
há deslocamento, na ordem da transferência,seno àmedida que alguna
Coisa podeser deslocada.Algumacoisa quenão é nemosujeito nem o É uma ilusão pensar que haveria alguma coisa a ler na ordem do se
outro. Não há relação intersubjetiva, dual ou não, quesejasuficiente para do lado de um mundo perdido; pensar que se possa instaurar o remontar
fundar um sistema de expressão, ou seja,um_estatuto.da alteridade.O a um ser mítico, aquém de qualquer origem histórica, como propedéutica
face a face com o outro não explica a abertura ao outro, nem funda o psicanalítica ou como maieutica.A referència a esses tipos de reduçòes
acesso a sua compreens o. O que éfundador - por exemplo da metáfora
mítico-linguísticas nãotem utilidadealguma na realizacão concreta de
-
é alguma coisa que está fora do sujeito, adjacente ao sujeito, aquilo que umacurapsicoterápica,ou na institruição de um clube terapuico,a me-
Lacan descreveu com o termo de objeta"a") nos que se caia em sei lá qual sistema divinatório! O importante é chegar
à mensagem singular e ao objeto portador e fundador dessa mensagem.
Mas que é esse "a"? Não seria necessário fazer dele uma chave uni- Esse objeto não poderia encontrar seu sentido a partir de semelhante
versal de essência linguística, ou uma ilusionismo retrospectivo. Não se pode esperar apreender a cspeciticidade
experimentação de um novo tipo,
um forma de turis1no, para, por exemplo, visitar a Gréaa
nova da mensagem freudiana a não ser que a desvinculemos, privemo-la dessa
antiga não
se deslocando a não ser meios paixão do regresso às fontes, mito moderno que encontrou seu rergme
por linguísticos bem pouco dispendiosos;
refiro-me à prática perversa da de pleno florescimento incontidoa partir do romantismo:a busca infinita
etimologia, que virou particularniente
uma moda a de seio
partir Heidegger. Essas espécies de retrospectivas imag- de uma verdade impossível, de um"para-além"da manitestaçãa no
nárias que, no fundo, não têm nada da natureza, no
que ver com o verdadeiro trabalho âmago da noite..
Psicanálisee Trasverulidad
80 A Transferencu (1%4)
em se reorientar no sentido.
O remédio para sair disso consiste da 1 . 1 0c n c o n t r a
esse modelo completamente 1ormado na
diacrónico do real de suas tentatist.
História, no sentido do recorte
e
Seutrabalho é justamente forjar um novo modeo no de tu
provisórias e parciais de totalização. E isso que vou denoninar brie.
- carece de um; por.outro do. de espago e
estruturações sociais. E impossível realizar uma.tal
seu
paciente
uma mancira mas geral.
lagem da História e burguesa e capitalist moderna jinia
sociedad
é assm
pacanalra
ela diante de
nós, a0 nose.
e, inapreensível por nós? Ou estar
portanto, sso propöe um modelo pulsional, um tipo de
olista nos que o
enfrentar contingéncias situacionais e históricas, o face a face como nada impasses edipianos. E eue
e recusando-se a refundar misticamente e a justificar a ordem existente
ioualmente o sentido do sucessoe da rentabilidade da psicanálise
Hoje em dia, o psicanalista se satisfaz se seu analisando supera suas
Para a questão totalmente distinta: trata-se de saber existe ou
nós, é
se
fixações arcaicas, se ele consegue por exemplo se casar, ter filhos, reconci-
no uma possibilidade de economizar ese recurso aos modelos lienantes
saber se é possivel fundar leis da subjetividade num lugar
liar-se com as contingências biológicas e se integrar à sociedade tal como que não seja
a restrição social nem segundo as linhas mistiticantes desas referéncs
ela é. Sejam quais forem os rumos tomados pelo percurso analítico, perma-
nece implicita a referência a um modelo predeterminado de normalidade.
miticas compósitas. Haver parao ser humano a possib1lidade de ser eie
mesmo o fundador de sua própria lei?
E verdade que o analista não espera em principio que essa normalização Tentemos ressituar outra vez certos conceitos. Se existür urm deus
seja o produto de uma identificação pura e simples do analisando com
totalizador de valores, todos os sistemas de
expressões metatörica per-
ele analista, mas nem por isso deixa de trabalhar, e como que apesar de
manecerão ligados com o grupo sujeitado por meio de uma
si mesmo (que mais não seja do ponto de vista da continuidade da cura, de cordão umbilical fantasmático
espécie
que o vincula com esse sistema de
isto é, com frequência, da capacidade do analisando de continuar a lhe. totalização divina. Forçando
pagar), em favor de um processo de identificação do analisando a um
a
formulação, e.
para evitar a todo cuso
recair numa opção idealista, partamos da ideia de
perfil humano compatível com a lei social existente e da assunção de sua que tambem não e
deve considerar que um tal sistema de
marcação pelas engrenagens da produção e das instituições. O analista totalização deva ser procurado no
nível do"ramo humano", transmitido de
esperma en esperma E veriade
que há aí um suporte de transmissão, mas
que nem por isso constitu uma
verdadeira mensagem. Os
24gencement foi traduzido em livros de Guattari (e não
só) no Brasil como "agenciamento". O espermatozoides não talan1' E todas is ordens
acerca das
sentido de agencement está ligado a organização,
cem mais
disposição, arranjo, estruturação, que nos pare- quais dizemos que são"estruturadas como um lhe linguagem"
adcquados, imormente porque agenciamento é usado tradicionalmente em portugues
na área de
seguros, tendo o sentido de traballho de persuaso feito junto a
escapam do ponto de vista do sentido. A ordem dos valors humunos.
pessoas seguráveis a tim
de que elas firmem a adesäo a uma
proposta de seguros. N.T. tomada como sistenma de referência, está bem
3 G1BACHELARD.
Philosophie duu Non. Edições enm português: Afilosofia do não. Os Pensadores.
próxima de sistemas de
Sao Paulo: Abril Culural, 1978. A posicionalidade divina. O que é transnitido da tëmea grivida ao filho?
filosofia do nào: ensaios de uma filosofia do novo espírite
irntifiro. Lisboa: Presença, 1972. Muitas coisas: alimentos,
anticorpos, mas também. e sobretudo. models
Psicanälse e Trarsveruhd
A Trantereneu (1%4)
de fala/palavra lá
82 dent. 83
Nada tro, mas mito da
da sociedade
industrial.
Evo esse máquma como fito de
desacar o aburdo
fundamentais
mensagem
da
sociedade
industrial, t
mensagem situação.Acaso a calculadora em quetioe Deus Ou terá o
da
Ja uma mensagem,
a
da poSiçao
em que a pessoa vai se
v
se está, por
conseguinte,
no significante, mas.
ainda a todo género de problemas
que
Já transmitida näa de responder mats ou menos
ver n e s s e contexto. io tem
mensagem
linguagem.A os cálculos estrate gicos ineditos sueitados contingentes.
por exemplo,
na
não fala/palavra nem
e da etimologia , por uma nova
na
leis estruturais da linguistica mas, Caerra Fria? Não sera esse mito apear de tudo uma
muita relação com as
heteróclitas que são
drenadas pelo meihor ilustracio
todas as
coisas
rela,e das impasses da atual sociedade do que a devastadora referènca aos con-
em vez disso,com ao ser
humano em sua
elação
humano. Tudo
se refere
de imagens habituais do tamihalismo (si). do
pelo significante. no.tém
o que ntos
dido ramo
marcado regionalsmo e do
demanda mais primitiva
é bem
de uma escen
nacionalismo e que, por outro lado,tém o inconveniente de funcionar
com a
n e c e s s a r i a m e n t e por
um sigmif1cante
que partilhe essencia eid do reforço das formas de neurose
social, à medada que
por
não respondem
menos
universal. Q Seu objeto? Com eteto, esse conjunto tradicional de
a
linguística mais
ou
tenta falar,
n u m nível que
não é o da fala/ la/palavra, tudo im2gens
nareCe capaz de manter-se sem desenvolver incessantemente seu
Tudo o que se caracteriza como passível d
que é
transferência,
transmiss o, troca,
se
halho de desconhecimento, de neurose de civil1zação. princ1paimente
o esse jogo
coisa que permite
articulação de de
a0 expor sempre o sujeito a recorrer compulsivamente a formas abas-
sercortado, como alguma os olhares, cheogam
de transmissão, os gestos, rardadas de demanda -
significante que
não está "cristalizado"
trocas, visto
o
estrutura das que
base da sociedade e. em
uma linguagem está efetivamente na
como
leis de todo sistema significante, inclusive o
última análise, na base das
linguístico. sistema de
ordem animal porque o
A fala/palavra não existe
na
ocorre com o
ramo degenerado da Humanidade, estandoas
que não
da transferëncia no ser humano
relaçoes da fala/palavra, da imagem
e
por outro lado, com resquicios quase mágicos que obliteram as funçoes
médicas e paramédicas, e cuja origem é de situar no período medieval
Relatório apresentado à Mutuelle Nationale dés Enadiants de France (MNEF} |Diretório na-
cional dos estudante). titulo de conselho técnico, e publheado revista Reshenhs Unina-
a na
taires, 1964
Psicanálisee Transversalid. a Terapéutica Instirucional
Refiexöes sobre
"pessoa" cristalizar-se no papel de umprofissões em papel do à medida que todo um setor da vida cotidiana da
que é habitual ver a médico,
alquimista etc. moderno. mago, xams ã o escapa por completo a este último.
O que dizemos aqui acerca do pessoal curador aplica-se igualmente
Picanálise eTansverulidade sobre a Terapëutica
Insutuciona!
90 Refexoes
motoristas, copeiras
de um
etc. O fato
ospitalar,
de a recuperação
« este
relacão
esteja em relação
disso de
de maneira
com uma
mecanica.
especie de
Pensemos, por
modelo que permitvee
sejam eles cozinheiros, da dar
.n
conta
exemplo, no que
de uma unidade de
cuidados gerar para cada .
hospital do Estad o comite de
totalidade do pessoal um a ontece
num
vig1láncia. direção,
a ox
autenticamente um papel humano perante. 3cmédicos etc.talvez se mostrem relativamente
possibilidade de cumprir
local de trabalho, seu horári
os homogëneos com respeta
a sua maneira seu modo de relação vigente no resto da sociedade industrial, enquanto
doentes, deorganizar ,sua
contatos com os doente
formação ctc.,permitindo-lhe muliplicar seus tes e no
nivel das cozinhas, do cuidado das instalaçòes, da lavanderia e da
dando-lhe ocasião de participar de uma atividade conjunta, constitui um
uma Jecnensa se esteja mais perto de relaçoes do tipo feudal, sem falar do
extraordinária possibilidade de Extensão do campo terapêutico reque reservado aos doentes, que parece, por vezes,
destino reduzir-se pura e
rendo ela, destaquemos, ser estudada e controlada de modo permanent simplesmente à servidão.
em seu conjunto.
pelo coletivo de cuidados tomado Acentuemos de passagem que a moditicação das
situações concre-
Não há dúvida de que as disparidades sociais no ámbito do camno tas existência e a implantação de recursos suscetiveis de facilitar a
mp
social dos curadores não podem ser completamente suprimidas, sendo das
oroanização práticas e estratificações soCiais existentes constituem
porém essencial a reabsorção de seus etfettos patogenicos, particularmente
e não somente uma urgencia para os
hospitais da antiga tradição comno
por meio da organização sistemática de toda uma série de encontros e
uma necessidade para numerosOs estabelecimentos modernos
que sio
reuniðes que ensejem a expressão de problemas que, sem essa providên- cuidadosamente organizados do ponto de vista do conforto, mas afetados
cia, viriam a perturbar a finalidade do conjunto do sistema. Não existe
desde o pelas "doenças" sociais que gangrenam meio. poluem
começo o
"formula" institucionalalguma que se deva considerar
primordial e atmosfera; estabelecimentos que, num contexto mais "asséptico", assu-
recomendável como tal; em contrapartida, éessencial que se adote uma mem por vezes uma infexão ainda mais inumana. Talvez não tenha sido
orientação de conjunto que vise chegar auma profunda reformulação por acaso que a primeira e mais original transfor1mação de um hospital
dos papéis profissionais tais como aceitos comumente, ao menos em psiquiátrico tradicional tenha vindo a ocorrer no mais subdesenvolvido
seuaspecto vivido. Isso exige da parte da equipe curadora um esforco lugar da França: Lozëre. Poderiamos colocar esse fato em paralelo com
contínuo para vencer as resistências de toda
qualquer origem.Trata-se
e
fato de que criação de
o a um novo tipo de relação entre
professor e
poroutro lado menos de uma luta do que de uma espécie de psicoterapia aluno, ao lado da instalação de um novo tipo de atividade escol1r,
degrupo. tenha|
ocorrido em pequenas escolas rurais, ao passo que as poucas
Insistamos no fato de que esse processo de análise do experiencias
ambiente não do gênero que foram teitas nas "escolas-caserna" encontraram "resistèn-
podeser realizado a partir de fora: ele deve estar ligado de corpo e alma cias quase insuperáveis.?
à própria instituição. Claro
que a análise coletiva poderá ser levada a usar E perfeitamente compreensível que os
conceitos elaborados alhures, por problemas de higiene mental
exemplo, na pesquisa psicossociológica, gue dependem, por exemplo, da administração pública de Seine se mos-
mas no essencial ela deverá conquistar por seus próprios esforços, a0 trem mais complexos e envolvam obstáculos de superação mais dhticl
longo das diferentes etapas de seu desenvolvimento, de suas
mesmo dos
realizações, do que em
qualquer outro lugar. E certo que a importincia do contexto
e
fracassos, sua capacidade de conceituar as
assenhorear delas e de modificá-las. situações, dese Justiticaria fazer um esforço deveras particular para tetar moditicar
atiual situação. Não faltam, aparentemente.a nossa sociedade da Libeniade.
Quando afirmamos que existe uma
espécie de chave-mestra que aaldade e Fraternidade, bons sentimentos. porém ela é marcada por uma
"sobredetermina" os processos de
sociais, não
alienação dos diferentes ambientes
estamos dizendo que deveríamos
esperar que cada um deles erand ury e Aida Vasqnez, I is une INdasyie lestinutionele. Pars Masgvr 1 s
Institucional
Psicanálise eTransversalidade sobre a
Tempeunca
93
Retiexoes
92 Em muitas Ocasiões, os organismos sOCiais criados como resultado
realidades humanas concretas
homem para nos modo profundo as atuais instituições, ao tempo em que abra as mentes
alcançar a supressão da exploraço do homem pelo
dedicar à desmistificação dessas relações.Emtodasas situaçõesconcretas a soluções ainda mais radicais no âmbito de uma transformação revolu-
cionária da sociedade.
são possíveis modificações. Mas e preciso tormular corretamente o pro-
Os problemas evocados na MNEP precisariam ser ressituados no
blema: é improvável que uma equipe terapëutica possa desincumbir-se
carência de perspectivas reivindicatórias nível mais
bem de sua tarefa se não tiver uma consciência precisa dos limites de tocante a essa num
às funçoes hierarquizadase de poresse meio chegar à instalação de um ocupamos é não só a gestão das instituições encarregadas dos cuidados
sistema no qual a aceitação de unma contestação recíproca vem a ser a da seleção, da formação, do modo de trabalhar dos agentes de cura, mas
de seu
regra, que é, por outro lado, a única suscetível de garantir a emergência iguamente a gestão da própria enfermidade, ou, se se preferir,
da verdade no campo da ciência e das técnicas humanas. invólucro psicossocial, à medida que este pode tornar-se um fator do-
As incidencias imaginárias da exploração do homem pelo homem inante, a ponto de nmascarar os verdadeiros problemas psicopatológicos
tem sido menos destacadas do que seus aspectos puramente economicos. do "drama" individual, no sentido a que se referia Politzer.
Não obstante, tocamos aí um ponto nodal a partir do
qual uma pers-
pectiva de revolução social poderia igualmente encontrar uma imensa
nacional dos estudantes fran
Mutuelle Nationale des Etudiants de France (Sociedade mütua
fonte de energia.
ceses).
Psicanálise eTransversalidade Institucional
94 Refexöes
sobre a Terapéutica
95
marcado por dimensões especificas de alienas requentação" dos problemas cientificos, literários, filosóficos
O mundo estudantil é
ou não a transtornos men..
nação.
que chega
à Universidade, sujeito entais, elaborados da Humanidade, são tratados na verdade como sobras.
Ojovem mais
em função das características na da sociedade. O fato de serem "filhos dos
ve personalidade reorganizada
sua
como parentes pobres ricos"
ambiente. Não é po1s absurdo pensar
genicas do conjunto desse numa não
altera fundamentalmente
sua condição "marginal".
escala. Tudo isso permanece bem geral e relativamente facil de fazer enten-
ação preventiva nessa
da Libertação, se dedio.
Os médicos e
enfermeiros que, na epoca
dedicaram
esn Daderiamos ainda tormular esse problema em outro nível.
Paralelamer-
transformar certos hospitais psiquiátricos
passaram por uma
espécie de sIstema, e no âmbito do que ja det1nimos
esse como
adas organizações estudantis, poderia haver, no nívelperspectiva
a
nos albergues da iu
juventude tea pre-"
aos escoteiros,
experiência "iniciática"junto das asociacões
naJuventude
Comunista etc., ou
nos campos de concentração nazic azistas, em ou i tima escala mais limitada, estruturas sociais
que permitissem aos
de defesa do gerais
prolongamento
dessas poucas iniciativase sem esperar
tinham caráter vital. E que a resolver, seus problemas, que alguns cheguem a um ponto
no
a
modificou de maneira benm
face da psiquiatria França já
na
se
Dra
rofunda. e ó disponham do recurso de dirig1r-se rgãos de aisténcia que,
a
a partir do estudansl
movimento
na atual situação, correm um forte risco de não terem condições de atender
análogo se poderia produzir
Algo
, se
este teve ultimamente ,
levarmos em conta o papel progressista que em
a sua
demand Cabe ao movimento estudantil examinar essa questão; seja
Guerra da Arglia.
Nao e inconcebivel que o mo for, parece-me que ele não a deveria ignmorar. E de todos conhecida
particular durante a omo
mento estudantil venha a formar certo numero de jovens terapeutasque a Derturbação que sofre o estudante ao chegar ao kafkiano mundo da
de
em questoes psicopatológicas (estudantes de Medicina, Psicologia, ros. Isso deveria ser desde já
formulado como reivindicação no plano
de Psicologia social, de Filosofia etc.). Esses clubes teriam objetivo
o
à luta pela obtenção dos
de fornecer aos estudantes um nível de socialização que Ihes permitisse do conjunto do movimento. Mas, em paralelo
uma série de objetivos
ambiente universitário, recursosnecessários, poder-se-ia determinar
salvaguardar o essencial de suas relações com o
suas repercussoes
no plano da
intermediários que, do ponto de vista de
atividades de lazer
o campo de estudos, diversas atividades de formação,
as higiene mental, teria de imediato um grande alcance.
etc. Trata-se de uma estrutura que exigiria uma estreita ligação com tal orientação o risco
com uma
lalvez se objete que correríamos
próprias unidades de assistência. Criaram-se noutros anmbientes experl no movimento estudantil.
ae;voltar a uma perspectiva corporativista não
encias desse tipo que se mostraram positivas. uma tal estruturaçio
medida em que
Iso poderia vir a ocorrer na
verdadeiro
de um
cstvesse estreitamente ligada à implantação profunda
6 Union Nationale des Etudiants de France - União Nacional dos Estudantes Franceses.
Psicanálise eTransversalidade lerapeudca
Institucionad
198 Reflexoes
sobre 3 99
estudantil. Não ha capaz de garantir
vacina
ivindicação de uma
coerente com a
me dos que situasse o estudante como trabalhador em modalidade
movimento sindical que não parece
1gualmente
se caia, apesar
das intenções, no
sempre
mais valiosas cono
conquistas:
e recuperar as mais de estu
de
fissional,tal comoestáorganizada para os jovens
pronto a incorporar
a sua maneira
de fábrica, as
formaçãoprofissie
nossibilidade
quase absoluta de acesso a uma
trabalhado-
por exemplo,
Seguridade Social,
a
comitës os
residência de plica uma cultura
de salários, os albergues da juventude etc. manh aprotundada.
res, Também nesse caso seria preciso comparar os resultados.
a escala móvel
jovens,
ele poderá fazer o mesmo com os GTUs e com osalário-estudante D.bde 3papro enesse plano, não estamos totalmente a favor dos estudantes.
Felizmente,nesse
no entanto, imaginar que a existëncia dessas casas", que possihilita- apesardas pretensões de todo tipo de grupos industriais e tecnocráicos
-se,
riam a uma grande massa de estudantes encontrar-se, trabalhar, discuti tido de modelar completamente a Universidade a sua imagem.
no.
distrair-se, venha a favorecer um retorço do movimento estudantil. Mas Vamos ver em outros niveis a existëncia de uma modalidade de
essenciais, de sua real implantação alienação que a sociedade industrial impöe cegamente aos sujeitos in-
isso depende, em seus aspectos e
la
relação de forças concreta. S quais restam apenas as opçoes de submeter-se ao estado
Indo mais longe: não seria possivel considerar que uma tal estrutn
dividuais,
oicas vigente na produção, nas instituições, na Universidade etc., ou
ração do ambiente, realizada em ampla escala, viesse a permitir aos estu- ficar à deriva, mais ou menos mutilados pelos efeitos causados pela recusa
dantes a saída de seu "gueto"? De um lado, eles poderiam ser levados a ,Ou a impossibilidade de "integrar-se. Trata-se de um problema que
debater toda uma série de problemas que podem facimente encontrar em o conJunto das finalidades sociais, em todos os
po em questão níveis.
seu programa universitário e, do outro, forneceriam a si mesmos recursog infes de tudo no do Estado. Seja como for, vemo-nos diante de leis
para entrar em relação com toda uma série de setores da sociedade de inconscientes que regenm as relaçoes entre sujeitos e estruturas sociais
que se acham separados, por exemplo, ao convidar pesquisadores, técni- em função de objetivos inerentes à produção, no âmbito de um sistema
cos, representantes sindicais e politicos de várias extrações e tendências, baseado no lucro e de um poder do Estado dominado por uma classe
escritores, artistas etc. Também seria possível conceber a organização de que deixou há muito tempo de desempenhar um papel progresista na
algum gênero de pesquisas coletivas do tipo que foram introduzidos, no evolução histórica.
ambiente escolar, pelos técnicos dos métodos ativos, como encontros de O surgimento de uma estrutura social que tenda a ter deliberada-
estudantes com trabalhadores de diversos ramos empresariais. Não du- mente a finalidade de responder ás verdadeiras necessidades dos sujeitos
vido de que os primeiros resultados desse tipo de pesquisa permitiriam humanos seria a única coisa capaz de trazer soluções duradouras que
destacar o desejo de inúmeros jovens trabalhadores de manter relações nenhum grupo social teria interesse em questionar. Mais uma vez, as
Continuas com os estudantes.
A necessidade de
reformasue sugiro aquisópoderão tervalidadese estiveremsituadas
princípio de
luta contra a segregação social
uma
numa perspectivarevolucionaria e vinculadas com uma pratica etetivade
que se mantém entre jovens operários e estudantes é facilmente reconhe-
luta de classes: a consciência de sua precariedade constitui mesmo uma
cidapelos representantes estudantis, mas a dificuldade vai se manifestar, garantia de que serão consideradas antes comoetapa da luta do que como
sobretudo, no nível dos meios a empregar. Não obstante, há uma série -
em
disso, no
vez
fato de todo
tipo facções de a espreitarem com
mas,
f t o de roubar
seu objeto especifico. Psicólogos, psicossociólogos, e
vo tirar dela algumas lascas a partir da qual farão
mesmo psiquiatras,
os níveis; e na perspectiva da terapëutica institucional, a única cois exterior nas esse perigo exterior é ele mesmo
perigo
se pode fazer é reconhecer sua existencia. A relação social não gue
um
e
por
ocado e licionado pelo perigo pulsional interior:"Com efcito, a
condicio
um
problemas individuaise tamiliares, e parece-nos au menininha teme as exigèncias de sua libido; nesse caso específico, ela pasa
"para-além" dos Sua
importància éainda maior quando estamosdiante desíndromespstc8 ticas um profun medo do amor que sente pela mäe"" É,portanto,
ter
a
uma angústia especifica; o risco do abandono psíquico coincide com os riangulação situacional do complexo de Edipo,de modo que nunca
primeiríissimos momentos de despertar do ego; o risco de perder o objeto esca Dor inteiro essa ameaça de castraç o, que reativará permnanentermente
(ou o amor) coincide com a perda de independência que caracteriza aa denomina "uma necessidade inconsciente de culpa"
aquilo que Freud
primeira infância; o risco da castração, com a fase falica; e, por fim, o sociais vê-se assim vinculada de modo
A engrenagem de significantes
medo do superego, que ocupa um lugar particular, com o período de irreversível com castração
a culpa, enquanto até essa etapa seus esta-
e a
latência. Os antigos motivos de medo deveriam desaparecer no curso em razão do "princípio de ambivalència"
tutos permaneciam precários
da evolução, dado que as situações de risco correspondentes perderam que presidia a escolha
dos diversos objetos parciais. A partir de então, a
seu valor graças ao reforço do ego; mas não é assim, de modo algum, instància dessa realidade social fundará sua persistència na instauração de
que as coisas ocorrem na realidade. Inúmeros indivíduos nunca vêm a moralidade irracional e m que a punição, não podendo ser articulada
uma
sua justificativa numa lei de re-
vencer o medo de perder o amor, sendo para eles um desejo insuperável a uma legalidade ética, só vai encontrar
o sentir-se amados; esses indivíduos persistem, portanto, desse ponto de petição cega. Por conseguinte, não será suficiente buscar reconhecer, por
vista, a comportar-se como crianças. Normalmente, o temor do superego intermédio do impossível diálogo entre o ego ideal e o superego. o efeito
nunca cessa, porque o medo da consciência mostra-se indispensávelà de manutenção da das "situações de risco"atuais. pois ele. na
angústia fora
das relações sociais. Com efeito, o indivíduo salvo raras verdade, implica a pertinência destas últimas a uma "lógica significante" X
manutenção
especifica do nível social considerado, e que convém analisar com as
mesmas
exceções- sempre depende de uma coletividade.Algumas das situações
de risco perduram por vezes até épocas tardias, sendo as causas do medo exigências maiêuticas empregadas n a psicanálise do individuo.
A manutenção é a repetição, é a expressão de u m a pulsão
de morte.
oportunamente modificadas".
emetermos a
chocam motivos de Mascararemos a interrogação que se acha implicada ai se a
Qual o obstáculo contra o qual se os "antigos
medo", obstáculo que os faz recusar-se a desaparecer? Donde provêm uma noção de continuidade. Julgamos normal prolongar a esolucio da
essa persistência, essa manutenção de angústias neuróticas, uma vez complexo de Edipo mediante uma"boa" integraçãoa um ambiente social
penistència di
dissolvidas as situações que sustentaram sua emergência e na "ausència Nao haverå lugar para julgar antes que esses"efeitos de
de toda situação de risco"?? Algumas páginas depois, Freud reafirma a angustiadevam ser articulados a essadependencia evocada por Freud, qus
tem o indivíduo com relação à coletividade.Trata-se do tato=irneNIRI
1 Freud, Nouvclles Confërences sur la Psychanalyse Gallimard, p. 121-122. (Traduzimos o texto orig 3 Norelles Conferenes, p. 119.
nal em francês. Há tradução das Obras Completas de Freud para o portugués. N.T) 4Noaeles Cenferenies, p. 149.
2 1dem, p. 129.
104 P'sicanale e Transvenalidide Trarverulhtadr
até
segunda ordem de que o complexo de castração não poderá
-
persistir em Ihe confiar um papel 1nconsciente de regulação social prática institucional. Julgo haver condições de estabe
pelecer
incon1patibilidade cada vez mais pronunciada entre a funcão Há
de
u m a
uma etupas
de correspondencias cntre os fenomenos de desl1za-
do umaespécie
degrade
pai, enquanto é para o sujeito o suporte de uma possível mediacão mento do sentido entre os cóticos.particularmente os esquizofrenicos
impasses identificatórios inerentes a estrutura da família conjugal, e de mecan1smos
ddec discordancias que se instauram em todos
exigências das sociedades industriais, para as quais um modelo integrado-as e os
da
sociedade suas materializações neocapitalistaae
industrial em
do tipo pai-rei-deus tende a perder toda função planos
efetiva, exceção feita os
quinas-produtivas
.Não será o silncio do catatónico uma interpretação
presidencial, dão origem a fenômenos imaginários de pseudofalicizacão mradora desse ideal? Se o grupo tende a estruturar-se em termos da
coletiva que acabam numa derrisória totemização
publicitária de m da fala/palavra, como lhe responde senão por meio do silèncio?
rerusa
chefe, chefe que por outro lado permanece no essencial sem
esse
Como modificar um Ilugar dessa sociedade de maneira a interromper.
real
controle da máquina significante do aparato
econömico, aparato que esse processo de redução da fala/palavra à lingua-
a o contrário, não por pouco que seja,
para de reforçar seu poder e a autonomia de seu eem? A partir disso, tomaremos o partido da distinção entre a natureza
fun-
cionamento. Os
Kennedy os Kruschev que tentaranm ultrapassar essa
e
106
grupo-sujeitado,
diriamos "sua causa é ouvida"" a".E não não p o dem
em mais ser apreendidos e articulados a
partir da interpretção
do
ao passo que,
nem por quem,
numa cadeia serial indefinid. n analista. A fantasia
de um analista.. de grupo e por sua
própria essencia simbólica,
sesabe onde é ouvida, apenas uma prim auais forem as imagens que drena a sua passagem. Sua inércia não
não é absoluta,
constituindo
imeira sejam quais
Essa distinção
indexar o tipo de grupo com que lidam.
mos
e
conhece
regulação.que o reenvio, repetido incessantemente, aos
outra
abordagem que
nos permite
ela funciona à maneira de dois poln.
s de mesmos impasses problemticos. A prätica da terapèutica institucional
em prática. Na realidade,
nossa
mostra quea fantasmatização individual recusa-se sistematicamente a res-
referéncia:todo grupo- porém de modo mais
especial os grupos-suieito.
tos
posiçoes: a de uma subjetividade que a. peitar a especificidade desse nívelssimbölico da fantasia de grupo. Ela tenta,
tendem a oscilar entre estas duas
uma subjetividade aliena asi e recobri-lo de elementos
e a de
a elo contrário, incorporá-lo imaginários
vocação de tomar palavra
a pelo
tem a
Essa reterencia nos servirá de prad. gulares que vêm aninhar-se de modo bem "natural" nos diferentes
perder de vista na
alteridade social.
de proteção capaz de evitar nossa queda no formalismo da análise dos papéis potencialmenteestruturados pela disposição de significantes postos
papéis, e nos levará a
formular a questão do
sentido da participação d
em
e circulação pelo
coletivo. Com o pretexto da organização, da eficácia.
falante, questionando assim o mecanis prestígio, ou, de igual torma, da incapacidade, da no qualificação etc.
indivíduo no grupo enquanto ser
e estruturalistas. Haveria essa "corporificação imaginária" de certo número de ariculações signi-
mo habitual das descrições psicossociológicas a,
maneira de retomar as teorias da burocracia ficantes do grupo leva å cristal1zação do conjunto da estrutura, entrava
sem dúvida aí também, uma
intervenção de um engenheiro na a
implica toda organizaçao social, aeveriam permanecer desconhecidos?
a
de grupo está aquém e além dos problemas de ajustamento de papé
Nem todos podem, como fazem certos psiquiatras, pagar pelo luxo de
de transmissão de informações e assim por diante. As questões essenciais
se refugiar nas
formas superiores do esteticismo,
surgem aí antes da cristalização das constelações, das repulsas e atracies que assinalam o fato de
aue. para eles, nenhuma especie de questão social poderia ser
no nível enm que jorra uma criatividade de grupo possível, ainda que proposta
no nível do hospital!
esta em geral estrangule a si mesma no filete de nao sentido que se
A análise de grupo não vai estabelecer para si o objetivo de trazer i
recusa a assumir, preferindo o grupo dedicar-se a titubear suas "palavras Juz, por trás dessa sintomatologia, uma verdade estática; vai, em vez disso,
de ordem", obturando todo acesso a uma fala/palavra verdadeira, isto é.
realizar as condições favoráveis a um modo particular de interpretação, que.
articulável às outras cadeias do discurso histórico, científico, estético e
imaneira como Schotte veria as coI5as, ë idëntica à transterència. Trans-
assim por diante.
ferencia e interpretação constituem um modo de intervenção simbölica.
Com base em que espécie de desejo pode viver, por exemplo, um não
mas-insistamos neste ponto -
pelo organograma de uma estrutura piramidal (chefes, subchefesetc) conjunto. Enquanto se mantem imobilizadas em si mesmas, as pessoas
-
uma horizontalidade como aquela que se pode realizar no pátio só podem ver a si mesmas.
Ponham-se num campo fechado cavalos conm viseiras ajustáveis, e máxima entre os diferentes níveis sobretudo, nos
uma comunicação e,
digamos que o "coeficiente de transversalidade vai ser justamente esse diferentes sentidos. Isso constitui o próprio objeto de pesquisa de um
ajuste das viseiras. Imagina-se que, quando os cavalos estiverem totalmente diferentes
grupo-sujeito. Nossa hipótese é a seguinte: é possível modificar
impedidos de ver, venha a se
produzir entre eles certo modo traumático "coeficientes de transversalidade" inconsciente nos diferentes niveis de
de contato. A medida
que formos abrindo as viseiras, podemos imaginar uma instituição. Por exemplo, a comunicação existente "em pleno dia"
que a circulação vá se tornando mais núcleo constituído em torno do diretor médico, dos internos, per-
harmoniosa. Tentemos imaginara no
maneira como os homens se manece talvez num plano demasiado formal, e podemos considerar que
comportam uns com relação aos outros, do
ponto de vista afetivo. De acordo coma célebre parábola coeficiente de transversalidade é aí muito baixo. Em contrapartida,
no
na dos
schopenhaueria- o
porcos-espinhos com frio, ninguém suportaria uma proximidade nível do "quartel", o coeficiente de transversalidade latentee reprimido
demasiado íntima semelhantes: "Num dia múuas
com os
de inverno glacial, os poderá mostrar-se superior àquele: os enfermeiros têm relaçöes
porcos-espinhos de rebanho apinharam-se a
um
fim de se proteger do mais autênticas com base nas quais os doentes poderão fazer certo número
frio mediante calor
o
recíproco. Mas, dolorosamente incomodados pelos de transferências dotadas de efeito teraputico. Sempre com caráter de
espinhos, não tardaram em voltara se afastar uns dos
outros. Obrigados hipótese, os múltiplos coeficientes de transversalidade,
ainda que com
a se
aproximar de novo, em razão do frio
persistente, experimentaram intensidades distintas, nem por isso são menos homogèneos.
Com efei-
uma vez mais
ação desagradável dos
a detentor do poder
espinhos, e essa alternância entre to, o nível de transversalidade que existe no grupo
aproximação afastamento perdurou até
e
real determina inconscientemente o ajuste de possibilidades
extensivzs
que descobriram uma distanca
conveniente na qual se sentiam ao Pensemos no rarissimo c a o
em
Num
abrigo dos males". aos demais níveis de transversalidade.
internos
hospital, "coeficiente
o
de
transversalidade" é grau de c o que haja um coeficiente de transversalidade
bem alto entre os
gueira de cada membro do corpo de como esses em geral não detêm poder real algum
sobre a instituiç~o, esse
atentar para o fato de que
funcionários. Deve-se contuao latente e so v a ter
formulamos hipótese de que Torte coeticiente de transversalidade vai permnecer
ajuste o icial
a
Poderiamos dizer dese
o
113
organizacional desemhn.. Se a análise de uma instituição constitui em se atribuir a tarefa de
sua
fortíssima entropia
força sociais, que ro.*
toda qualquer veleidade de sua hri-la à vocação de tomar a palavra, toda pos1bilidade de intervençio
absorção ou enquistamento de
e
postularmos que
Aução
contudo nos enganar:o
fato de
um criadora vai epender da capacidade de
seus iniciadores no
sentido de
local. Não devenios da transversalidade lato
detêma chave da regulagem ente existir no ambiente em que "isso terá podido falar", na modal1dade de
ou vários grupos
não nos indica os grupos
de que se trata arrados pelo significante do grupo, isto é, assumir certo modo de
do conjunto da instituição
coincidem necessariamente com as instanei
ncias Esse despojamento, essa barra, esse
apagamento de
Com efeito, eles não castração. suas
po-
controla apenas suaexpressão mani ialidades imagináias reme por certo å análise dos objetos que o
juridicas do estabelecimento, que
cuidadosamente o poder real do podar freudismo descobrit como
sendo o
suporte de uma assunção possível para
festa.E preciso pois distinguir
da relação de forças reais requer análise: tod
dos oSuieito da ordem simbólica: seio, fezes, pénis etc.,todos eles elementos
manifesto. O problema
lei ministèrios. Ocorre igualmente extirpáveis, ao menos tantasmaticamente; mas remete também à anälise
sabem que o Estado não faz a em seus
nte
de fato escapar aos representantes
de, num hospital psiquiátrico, poder do papel desempenhado pelo conjunto de objetos transicionais que se
o
sobre a regulagem daquilo que, para além da legalidade comum, con- mercado, cotada na Bolsa oculta dos valores pseudoeróticos, estétücos, es-
trola os fatores suscetíveis de modificar o ambiente, as trocas, o modo
portivos etc.?A sociedade industrial garante assim o controle inconsciente
de funcionamento real da instituição. Mas isso não poderia ser instituído de nosso destino mediante a exigência, satisfatória, do ponto de vista da
mediante uma reforma; as boas intençòes nessa matéria não garantem pulsão de morte, de uma desarticulação de cada consumidor/produtor.
acesso algum a essa dimensão da transversalidade. e de tal maneira que, no limite, a Humanidade poderia decidir-se a tor-
Para que a intenção declarada dos terapeutas tenha um alcance não nar-se um imenso corpo fragmentado que só volta a se juntar segundo
degenerador, é o próprio ser destes, na qualidade de ser do desejo, que a vontade e nos lugares das exigências do Deus economico supremo.
deve estar envolvido e questionado pela estrutura significante diante da Inútil, pois, forçar um sintoma social a se incluir na "ordem das coisas".
qual eles se veem. Isso pode levar a um requestionamento decisivo de toda dado que esta é, em última análise, seu verdadeiro suporte: ocorre com
uma série de dados mais ou menos bem estabelecidos: que interesse tem isso o mesmo que acontece com as manifestações de um obsessvo qu*
Estado de bloquear os créditos? Por que a Seguridade Social encerrainos num quarto em que nào há pia, quando ele lavava as mios
o
persiste
em não reconhecer as psicoterapias de grupo? Não é a Faculdade, de cem vezes por dia, deslocando assim sua sintomatologia para o
panico e
essencia liberal, retrógrada na mesma medida em que o são por outro para uma crise de angústia insuportável.
lado centrais sindicais Somente a atualização de um nível mais ou grande de trans-
as
princípio mais "à esquerda", no tocante
em menos
a, por exemplo, problemas de categorização, de versalidade peritirá que se desencadeie, por algum tempo (porque n e a
hierarquia e assim por
diante? O sujeito da instituição, o materia tudo está sempre em constante questionamento), um proceso
sujeito efetivo, isto é, inconsciente,
aquele que detém o poder real, nunca é dado de uma vez por todas.E ofereça aos individuos uma real possibilidade de
e servirem
analitico que
manitestará
preciso buscá-lo cuidadosamente quando de uma investigação analitica do grupo à feição de um espelho. Nesse caso, o individuo
que por vezes
implica imensos desvios que podero levar a
propor a s
mesmo os
problemas cruciais de nossa época. lomado um sentido mais geral que aquele que lhe é dido por Winnxot
Psicanálisec Transverulidade
115
A Transverulidade
114
é pelo médico desempenha assim o papel de tempo primordial da instalação
ao mesmo tempo o grupo e a si
deformante de imagens,
fixado em seu próprio conjunto neuróti
o para os outros a comédia da existência, correlativa da reificação do grupo.
terá a ocasião inesperada de um retorço de seu narcisismo, enquanto o a transversalidade mostra-se como exigència da marcação inevitável de
psicótico poderá continuar a se dedicar em silencio a suas sublimes paiv
ixoes estabelecido de maneira
cada papel. Uma vez
duradoura por um
grupo
universais. Possibilitar ao individuo inserir-se no grupo na
modalidade d. aue detenha parcela considerável do poder legal e do poder real, esse
ser ouvido-ouvinte, e ter acesso através disso ao "para-além" do p rupo princípio de contestação e de redefinição de papéis tem todas as opor
mais do que manitesta, eis a alternativa proposta nunidades-se for aplicada numa perspectiva analítica- de repercutir em
que ele interpreta,
intervenção analitica de grupo. todos os outros níveis. Um tal remanejamento de ideais do ego modifica
A consolidação de um nível de transversalidade numa institnir 05 dados de recepção do superego e permite a entrada no circuito de um
novo gënero de diálogo:o delirin
permite que se institua no grupo um ipo de complexo de castração articulado com exigéncias sociais distintas
e todas as outras manifestações inconscientes no seio das quais o doente daquelas que os doentes conheceram antes em suas relações familiares,
ermanecia até então cercado por muros e solitärio, podendo chegar a um profissionais etc.A aceitação de ser"questionado", de ser posto a nu pela
modo de expressão coletiva. A modificaç o do superego supraevocada fala/palavra do outro, certo estilo de contestação reciproca, de humor. de
intervém ao mesmo tempo em que certo modelo de fala/palavra tem eliminação das prerrogativas da hierarquia etc., tudo isso tenderá a fundar
condiçoes de surgir no lugar e local (sic) em que as estruturas sociais só uma nova lei do grupo cujos efeitos "iniciáticos" väo permitir que afore
funcionavam no sentido do ritual. Conceber a possibilidade de terapeutas um dia, digamos ao meio-dia, certo número de signos que presenüticam
intervirem num tal processo traria o problema de um controle analitico aspectos transcendentais da loucura que, até então, tinham permanecido
que iria ele mesmo supor como estando parcialmente resolvida uma recalcados. As fantasias de morte, ou melhor, de estacelamento do corpo
radical transformação do movimento psicanalítico existente, que não se tão importantes nas psicoses, poderão ser reavaliadas num contexto de
preocupa nem um pouco, até o momento, como recentramento de sua calor de grupo quando se chegou a crer que, por sua própria essència.
atividade sobre os doentes reais,
no lugar em que eles de fato estão, isto seu destino era permanecerem cativas de uma neossociedade que tünha
é, no essencial, no campo da psiquiatria hospitalar e de setor. por outro lado a missåo de exorcizá-las.
O estatuto social do médico-chefe subentende uma alienação ima- Dito isso, tanmbém não se deve perder de vista que, mesmo repavi-
ginária que o erige em "estátua de comandante". Como fazê-lo aceitar mentado por boas intenções, o empreendimento terapèutico corre apesar
e como fazë-lo solicitar
que o questionemos, sem o ver recuar diante do de tudo o risco de mergulhar a cada instante na mitologia estupetaciente
medo panico de se desfazer em do "nós". A experiència mostra contudo que a emergència de instincias
pedaços?O médico que renunciaa seu
estatuto imaginário para situar seu papel no plano simbólico tem, pelo pulsionais do grupo constitui a melhor garantia contra ese perigo. Elas
contrário, condições de realizar o necessário esfacelamento da funçao interpelam a todos e a cada um, tanto aos curadores como aos curados, a
médica em múltiplas fim de questioná-los sobre seu ser e seu destino. O grupo torna-* cntão
assunções de controle que implicam diferentes tipos
de grupose de ld Cena ambigua, percebida sobre um duplo planoa um tranquilizador
pessoas. O objeto dessa função aparta-se da"totemizaçao
para se transferir diversos tipos de instituição, cadeias de transmissão e
a
vedado à transcendència. gerador de deteas
protetor, a todo acesso
delegaçòes de poder.A própria assunção dessa fantasia do esfacelamento obsessivas, de um modo de alienação "apesar de tudo revontortante" ,
da
116
Psicanálise e Iransversalidade A Transveral1dade
117
eternidade ao cotidiano, e, o outro, aquele que deixa aflorar por trás
trás dessa proraquepode,
er vivida segundo diversas modalidades que vão do sentimento
imais rematada da
finitude huma. de mutilação,
tranquilidade artificial a imagem humana, e nejeição,
e
mesmo
a uma
acettaçao de estilo iniciático
que pode
acha ai despossuído
uído em nome de
desembocar num remanejans irreversível de sua personalidade.
todo empreendimento intermediário se
minha prôpria morte: a
de uma instância mais implacável que de sua Essa marcação pelo grupo não tem sentido inico, pois confere direitos, confere
captura pela existência do outro, ünica garantia de tudo aquilo que ode poder àquelesa quem atingen; mas, em trapartida, pode levar a modificações
vir por meio da fala/palavra. A diterença do que acontece na psicanái el de toleráncia do grupo com relação aos tipos desviantes individuais, bem
se no ni
dita dual, nenhum recurso imaginário subsiste aqui no nível das dialéticas olver crises capazes de por em causa o destino do gnupo em contextos
como envolver
de senhores e escravos, o que constitui a meu ver uma forma posível de
mistifcados
ultrapassar o complexo de castração.
O napel do analisador de grupo consistiria em trazer à luz essas situacões
elazer com queo conjunto do gupo ndo mais possa apropriar-seindevidamente
A transversalidade no gnupo é uma dimensdo contrária e complementar àe cem maiores dificuldades, das verdades que tais situações ocultam.
estnuturas geradoras de hierarguização piramidal e modos de transmissão aue Nossa hipótese e que a automuniagao burocratica de um grupo-sujeito, seu
ue
csterilizanmn as mensagens. rCurSO inconsciente a mecanismos antagónicos à transversalidade potencial, não
A transversalidade é o lugar do sujeito inconsciente do grnupo, o
"para-alén" são fenómenos inelutáveis, dependendo, em vez disso, num tempo primordial, da
das leis objetis que o fundam, o suporte do desejo do griupo. assunção em seu âmbito do risco, corelativo à emergência de todo fenómeno de
Essa dimensdão só pode ser destacada em certos gnupos que,
deliberadanmente sentido verdadeiro, de vir a ser conrontado peBo não sentido, pela morte e pela
ou não, tentam assumiro sentido de sua práxis e instaurar-se conmo grupo-suwjeito alteridade.
colocando-se assim nunma postiura de vir a ser o agente de sua própria morte. 1964
Em oposigão (relativa) esses grupos missionários, os grupos-suýjeitados
a
*
Publicado nos Cahiers de Philosophie, n. 1, revista do Groupe de la Sotbonne
Philosophie de19%6.
(Grupo de Filosofia da Sorbonne), e republicado n o n. 1 da revista Rerhernhes em
Psicanalise cTr.asversaluidade
sobre a Psicoterapia Instutucion.al
120 fevoes para
filosofo
Refie 121
das ciencias experiments
aralelamente ao
desenvolvimento
ntais, ahis. fomos
nomenos,fomos levados a propor o conceito de objeto
habitada pela fantasia da institucional como
tória da filosofia
sendo há muito
vem
TUma técnica 2 Destaquemos que essa noção é complenentar i de "objeto pareiul"na teoria tieudhana ei
scu
sicossociológica, estudada por exemplo no ámbito do "laboratório social penle
sentido, as leis instauradas de "objeto transicional" no modo derivado da detinição que he deu 1). W Winnicot (et. La
titucional.
se
desvalorizanm, quando as tentamos restituir num anmbiente ins-
bychanalyse, 5,PU.E, 1959).
A expreSs,i0 LIsacla p o r J . Lacan em seu Seninirio, e retomada aqui e n o u t n c o t e t o .
Psicanalise e Tranvveruhda sobre a Pucoterapia InstituConal
para
filósofos
122 Refexoes 123
ea fantasia, têm aí
aí se
serventia, dado de
Algumas delas,como
o superego num momento dad sua
história, sem retorçar mecanismos seriais
os
dencias..
às ambiguidades
da teoria freudiapaudiana, que as usa caue
e alienantes que costumam caracterizar as
coletividades
dificuldades,devido Outras nas sociedades
sem
nível do
individuo e do grupo. Dutras, como Haverá, nível de uma
instituiçãoeque dispenu
no
indiferentemente no
aprofundada; essa
a industriais?
dispensa cuid
cuidados,
transferencia, implicam uma reapreciação
mais
noçãc, posibilidade
de colocar indivíduo numa o
situação radicalmente
verdade irredutivelmente
doutrina analítica
clássica, parece
na
1 a
distin
que marca colóquio singular, os impasses identificatórios
o
na
analista. Em que aspectos poderiam uns
da família conjugal, das relações de
pessoa
ou i fala/palavra do
relação transferencial? Pode
grup correlrelativos ao estatuto
diante?
submissão
suporte de assim por
uma
ser o e
ou uma instituição socioprofissional
unm psicanalista, Interpretar o"materis1 diz"a si mesmo que está
indivíduo que"se
título que , OS
grupo, ao mesmo
se manitestam
em razão de
de tum"com
Será o perturbado pelo
desejo desse ou daquele objeto id ntico ao que faz essa mesma revela-
falhos etc. que ai
sintomas, os atos
de significações inconscie ção à mãe, ao psicanalista ou aos colegas? Se é verdade que a vergonha
vinculado com complexos
teúdo latente"
aceitamos todas as suas implicach. exist r
Trata-se de uma relevante questo; e a culpa
"precedem a a
ponto de levar mais certamente à
toda utilizaçao do termo "transferêne. morte toda outra paixao, e preciso admiir que se trata de vergonha e de
Prontos a ter de renunciar a
estrita e a condenar sua extensão sob as ruhe: nainstitucionais. E um dado tipo de incesto, num dado grupo, que me
fora da "relação do divä"
transteréncia e contratransferene
cas "transferência
lateral" (Slavson), ia Gará morrer de vergonha. Mas, a partir disso, quem sou eu, na condição de
sucessivamente.
e Sivadon), e indivíduo, senão em mim mesmo uma "instituição", interseção de leis, de
institucionais (Tosquelles
Nada há de extraordinário
em desempe-
reconhecer que o
grupo interditos, de defesas, de ideais etc., subconjunto de instituição da famiha.
focaliza certas reações individuais que podem da faixa etária, da classe social e assim por diante? Toda uma tradição
nha um papel de espelho,
do grupo, atenua as disparidades
servir de suporte à expressão das pulsões filosófica teve de agir com imensos rodeios para, a partir da res cogitans
de sugestão etc. Repitamo-lo: não
especificas, reforça os mecanismos individual, fiurtar-se no todo ou em parte à res publica. Se é certo que o
nossa escola de
foram esses fenômenos que motivaram, para psicoterania individuo é o suporte irredutivel da enundiação da palavra, o grupo nio
vocabulos. Nossa preocupação é a
institucional, a introdução de novos deixa por isso de ser o depositario e o iniciador de toda linguagem e de
de determinar as condições que permitem à instituição desempenhar
toda eficiência dos enunciados.
um papel analítico no sentido freudiano. Sabe-se que os psicanalistas não
Seja como for, consideramos que a subjetividade do grupo constitui
têm condições de intervir de maneira corrente nas psicoses e sobretudo um requisito absoluto da emergência de toda subjetividade individual. No
no caso de doentes internados. Do mesmo modo, há alguns anos, toda a tocante à certeza do cogito individual, o estatuto da subjetividade do
nossa atenção se tem voltado para uma reavaliaço de noções analíticas
grupo parece precário. Contudo, se a considerarmos do àngulo da cons-
que forneçam meios para que um coletivo terapêutico' supere seu papel tituição de sistemas de valores, isto é, de estruturas simbóicas polarizadas
de assistência elementar. Por conseguinte, propor a questão da existência pela existência do outro, a subjetividade é a única garantia da apreensio
de um sujeito de grupo (sic), de um inconsciente de grupo, que não seja do sentido dos mais ínfimos gestos e falas/palavras humanas. O individuo
redutivel a uma simples soma de subjetividades individuais, não constitui doente procura no nível da linguagem tal como falada em seu ambiente
um esforço que se esgoa no teórico, tendo antes, para nós, considerável não só os meios de expressão de seu apelo ao outro diante do sotrimento
incidência prática. como também a presentificação somática desse úlimo. Se é verdade que
Como pode um grupo tomar a palavra, numa dada instituição, por trás do "não sentido" sintomático há um inconsciente "estruturado
como uma linguagen". que por trás do absurdo burocritico da insituição
4 Deixamos de lado aqui a questão tão inmportante dos modos de formação, de funcionamento e
de controle desses coletivos.
para doenças mentais há uma cadeia significante e ma interprtação
P'sicoterap1a Institucional
124 Psicanálhse cTansversalidade Relexies
para
filósofos
sobre a
125
articulação de pares sobredetermoi
coletivamente o sentido do
potencial, capaz de remanejara nados: derá não
só a reavaliar empreendimento de
sintoma e sujeito inconsciente, língua fala,
e demanda e deseio. Sut Ae cuidados, a interpretar cada caso particular por intermédio
individual- erego
p r o d
cesso analítico,
responsabilidade mas igualmente, em cada uma
social e dessas ocasiões,
e ideal do ego, personagem de u m p r o c e s s o .
permanecem sendo os objetos da máquina econômica. uma ladainha que que fala de mim a propósito de
vem de alhures e
Os hospitais psiquiátricos nos oferecem por certo o melhor exemplo todo tipo de outros artefatos... Nunca mais terei a garantia de existir
de "objetos institucionais"radicalmente desviados de sua finalidade social verdadeiramentenão ser na máquina universal". E nosso homem. ao
a
manifesta; na verdade, esses enormes maquinários concentracionários volante de seu carro, na expectativa do resultado de sua aposta. ou
na companhia de algum outro gênio do mal, se deixaria em seguida
reforçam a opacidade dos problemas, a solido dos doentes, o não sen-
tido de sua existência. Esses maquinários desenvolvem uma espécie de persuadir docemente de que apesar de tudo, sem dúvida possivel, ele
fechar de fato existe e que ninguém lhe poderia provar o contrário, sendo o
patoplastia socials das doenças mentais que as faz endurecer e se
sobre si mesmas. Alienação social que se sobrepõe às instâncias mais Deus econômico supremo deveras incapaz de enganá-lo. prisioneird
insensível toda irrupção do
particulares de uma alienação de ordem psicopatológica. Mas uma justa que e nosso homem de seu universo e a
da sociedade de
medida de sua incidência permite entrever a possibilidade de um outro desejo, da mentira o u da verdade, a partir da expansão
estatuto da instituição terap utica: esta, voltando-se sobre si mesma, ten- consumo e do uso generalizado de neurolépticos.
O conceito de subjetividade de grupo implica a elaboração
de uma
metatoras
e o r a do signiticante no canmpo social, sob pena de recair nas
Arin
prn 127
de Moreno assim por diante
da alma coletiva de Jung. na "tele" e
te, assiin sonhos? Essas auestoes se põem com tanto mars
acuidade quanto mais
como implica que se proponha o problema de saber se o
vaivém s
.des industriais, em
soCiedad
sua
jornada rumo à
exploração, à morte, i
esboçamos entre a psicanálise, a psiquiatria, as cièncias sociais e iurid que 20 infantilisnio, conservam
infar um dinamismo assustador!
a etnologia.a linguistica etc. pode nos dispensar de responder licas,
der àà questão
loucura
e
Pode-se verificar a existencia de uma correspondéncia cada vez
do estatuto ontológico da referida subjetividade. centuada entre a sintomatologia social e os modos individua
mais
Não mais neste domínio do que em qualquer outro, não se. ocasião da emergencia
alienação mental por
de formas
po de selvagens e
dem dar definições fechadas em si mesmas. Pronunciar-se hoie espontaneas de socialidade. e bem particularmente na constituiçio de
exemplo, sobre o estatuto do Estado na sociedade moderna imnli.por
grupos
de adolescentes que tentam rEsolver, a sua maneira, os
impasses
fazer a análise diferencial de suas formas atuais e de seus diversos gro tificatórios inerentes triangulação edipica, impa«es
à
tipos iden especiticos da
de evolução. Tratar-se-ia de, por meio disso, extrairo termo comuum, a
cantemporanea da familha conjugal. O estudo dewes processox fot
ária que faz que reencontremos a cada vez o objeto "Estado"
do" no cruza-
no cr reavaliação do valor dos mitos da ruina da
oportunic de uma
"função
mento de tentativas, diversas e mais ou menos eficazes, de instaura falhas da ifamília como "causa de todos os nossos
aterna", das
de organismos reguladores que pretendem manter um desenvolvimen..
uraçào Pate
fikon
RAr
ra
129
contradiào em ternmos, um abuso de linguagein, umia impuder. porta-voz? Como fundar a
a m espirito cientuticista e assini por d1ante. A partir de trh devida tomaticament
seu
legt1midade da"pala-
abalhos de ordem" de
um grupo particular na verdade histórica? Nio io a
Jacques l acan,começa a se difundir a ideia de que essas
noçoes poderiam
nocäs.
e o stujeito entidad ssencialmente "coladas"
formula
tala avTa
palanr ao individuo
pelo contTário, esclarecer retrospectivamente as
ulaçðes de filósofo por
dante: So este
profere esta ou. aquela palavra
que,de Descartes a 1Huserl, ocuparam-se de uma fundação MIs. ltemos a assunto,.a linguagem remete nào só à totalidade de
c n
ão do.
do sujeito
Quanto a nós, pensamos que o conceito de subjetividade de i
é dito em
todos os lugares pelo conjunto dos indrviduos, mas
Fretupo Boo
que
esti inserito no prolongamento da teoria freudiana. verdade que tudo o que é articulado pelo conjunto das maquinas económicas.
realiza, com toda a inocencia, um constante deslizamento de nl
lano fala quando
o Ministro das Finanças moditica em um
o faz regularmente perder de vida a realidade social, mas sua cen. que Quem por cento
taxa
básica de juros
e, ao è-lo, mudao poder de compra imediato
um Edipo moderno, leva-nos a pistas talvez mais seguras que toda outra. nus
a
sumidores
onsur
e intertere em milhoes de
projetos indrviduas o
Ele nos legou os meios de definir a relação do sujeito com o ot. dos
aafiiralmente,
ministro, natural ou ao menos
ministerio. Mas o
quem é sujeto
do plano de hipóteses idealistas. Enquanto um Lukacs ainda encont. da cadeia signiticante envolvida? Através de que canats de comunicaçio.
obstáculo do "inconsciente de classe" e do papel da "indetermina tramas de linguagem.
vamo encontrar a chave, a verdade
de
no processo histórico para nunca sair da problemática imaginária de que
da uma
ministerial?Uma fala de ministro não remete
evidente
consciencia, Freud, desde o começo, enfrenta o estatuto do sujeito intimidade da personagem, mas as relações de produção e s
que mente
define como fundamentalmente inconsciente, 1sto é, como aleo ntradições que regem as dades industriais: renmete a alyuma cona
que
escapa, no essencial, às determinaçoes individuais, e como estand. que ocorre talvez entre Mosco Washington, Pequim. Leopoldville
marcado de maneira indelével pelas relações estruturais do grupo social Considerando-se isso, sera abusivo talar de sujeito no nivel de uma classe
e por seus diversos modos de comunicação. O passo seguinte leva a co Ou de um Estado? Vai-se objetar que não se trata de algo transparente a
siderar que essa subjetividade, manifesta no nivel da instituição, tem Suas si mesmo como se juiga ser o Sujeto. A Consciencia de si é, sem dúvnda
próprias leis, seus "intérpretes" grupo ou individuo, seus operadores.aue ma garantia de ser consciencia, mas de modo algum de ser sujeito nos
ela desenvolve sistemas específicos de resistência, de desconhecimenta ambitos em que pode ter sentido ser sujeto, Isto é, no registro do outro
ento,
certo tipo de fantasia relativamente autônoma com respeito à
fantasin fundado pela fala/palavra. No plano social, as coisas talvez sejam menos
individual. Enquanto essa ültima remete a uma ordem estrutural imagi.
garantidas. Um dado grupo. partido ou casta que se pretende sujeito di
nária submetida ao organismo humano, a fantasia de grupo se articula História, depositário de uma missão histórica. pode nio paar. na verdade.
com o conjunto dos significantes e das estruturas sociais. Ele é, de objeto institucional manipulado de fora ao sabor das circunstincias.
por isso,
a sede de toda uma série de entrechoques e impasses entre o indivíduo da conjunção de forças presentes etc. Na ordenm da subjetividade ocal.
eo grupo. nada é dado de antemão. Pusemo-nos a repetir que os tatos soCAIs nio
Se se levar em conta a precaução que tomei de alertar para o fato de eram coisas, e no entanto, eles se apresentan å pruneira vista como tis?
que não sou filósofo, não poderei ser reprovado por não apresentar aqui O fato de poderem sair de seu estatuto de objeto nio depende do ob
nada que nào se funde no simples levantamento de reflexões nascidas no servador humanista.
curso de unma prática institucional. Todo problenma levantado O surgimento da subjetividade social depende de maneira bem
permanece
em suspenso! Que dizer da coisa-sujeito que, de indivíduo ao outro,
um exata da capacidade de grupos, 111stituuçoes, classes e asin por dinte. iio
é considerada encarnação da fala/palavra do grupo? Onde se vai procurar sentido de articular sua totalização em função de tenomenos historicos
interpretagão no nível do grupo? Não é um lider qualquer que se fará e de leis naturais. Toda pesquisa nesse dominio situa-se asin anna en-
Institucional
Psicanálhse eTransversali filósofos
sobre a Psicoterapia
131
130
eTsalidade lexões para.
especificada. Quando se
trata, Dor busca,
elmente o
campo de referencia médio
dos estudantes
pråtica
exemplo,
a .
o campo de
egaramconsiderav
uma
de ajustar o processo do conu, rega isadores no conjunto das ciencias humanas. De seu lado, a
economia politica,
campo da
e dos pesquisado
no ao da
adequadas, deparamo-nos com arxista", acossada pela esterilidade há décadas, também não
produção mediante instituiçðes
au. "instituiçao marxista"
as ce
produção tratada,
Os
juste funcional das diversas ciencias humanas que está em causa; também
1a justa apreciação do estatuto do sujeito da enunciação cientifica
capitalistas c o m o nos "socialistas", seja às
u s e
cegas ou
tanto nos países no o está
de caråter burocrático. Como
Como poderia elação com o desejo individual do pesquisador e com as pulsoes
ambito de um planejamento
nível modelos institucionais articuláveis com u m históricas diante o uais ele se v. Levando em conta que este ou
surgir nesse
aquele
do não sentido"? Quem é que,
na sociedade industrial,
poderia c exemplo, considerara que seu
campo é fechado, sem fron-
vir terapeuta, por
de fiador da existência
humana: As instituiçoes religiosas e hol teira comum co com as outras disciplinas,
reitica a filosofia como e
icas corpo
tradicionais são hoje manitestamente incapazes disso. Cabe à esse sujeito
estranho,esse sujeito da enunciaçao detinira implicitamente o conjunto das
pesquisa
filosófica determinar os conceitos capazes de fundar um campo de,
3nas como devendo permanecer sem acesso à subjetividade
Ciencias
rência que responda, de um lado, ås exigéncias das ciencias obietivc social que, de acordo conosco, estâ implicada no nível de cada subconjunto
e,do
outro, às das "técnicas" da ex1stencia humana concreta. Como não á nstituucional. Isso nos parece aplicavel mesmo ås pesquisas que assumem
essa
a situaç o, tende a ressurgir permanentemente toda uma série de inctaL:
aspecto mais tecnico. Julgamos que nenhuma interpretação (de ordem
lidades doutrinais de todo tipo de forma: teorias do paralelismo. sictoss assim por diante) protege
tema canalitica, psicossociológio e
quem quer que
percepção-consciencia, teorias da forma e seus derivados estruturalicta. tenha de se pronunciar bre as questões cruciais que a História propõe.
as
reflexologia. para não mencionar as tamosas querelas das superestrutur Nenhuma "região" politica tem autonomia com respeito a uma"região"
submetidas às infraestruturas e assim por diante. técnica ou filosófica. Haver uma autèntica pesquisa filosófica que possa
A instituição filosófica desempenha no tocante a isso o papel de emitir um julgamento sobre a existència do sujeito independentemente
curadora-em-chefe do museu de conceitos ultrapassados. Com efeito, ela da natureza da subjetividade historica contemporanea nesta ou
naquela
de modo geral afasta-se de toda inovação, como ainda é em geral o que situação? Postular, como o tazemos, a existència de uma subjetividade
acontece com o freudismo. Não é inconcebivel que tal situação possa se social e de objetos institucionais não equvalerá a formular a questão da
inverter. O problema nào é só de
pôr circulação conceitos novos para
em natureza do objeto filosófico?
fazer sair do impasse as diferentes outras pesquisas; é igualmente o de -o Haverá modo de
um
apercepção tilosótica que se possa permitir
que dá no mesmo - reavaliar sob o crivo de sua verdade os conceitos
legitimamente subjetividade individual? Essa mesma ques
encerrar-se na
fundamentais da filosofia tal como apresentam a nós. De certo ponto
se
tão é posta nos domínios da criação artistica. De
resposta depende sua
como seria necessário, a pesquisa antropológica. Por esse motivo, seu sociais, politicos, estéticos morais etc. capaz de faze-los sair de
e
atual sua
desvelamento sistemático permanece como imperativo primordial. De disjunção. Se se considera que a instituição filosófica deve constituir-se
Outra perspectiva, a incapacidade do pensamento filosófico no sentido de em
intérprete- gramática das linguas que se falam nos diterentes caipos
elaborar uma doutrina da existéncia que não seja sujeitada ao individuo, tecnicos, científicos e literários nas diferentes épocas-, talvez seja possivel
que não implique uma "dedução" da existência do outro, e, correlativa- considerar que o objeto da filosofia
gira em torno
precisamente da apre-
mente, a instauração de teorias da intersubjetividade que levaram a uma ensão dessa
subjetividade social que, como dizenos, só se
apresenta por
132 canálhse eTransversalidade
meio de conteúdos manitestos que
precIsam ser decifrados e inter.. .ove
teses da Oposiçao de esquerda
em razão do fato de
escapar aos acidentes históricos, ààs contingencias c pretados As
escola, às especificações técnicas etc.A instituição filosófica serin s de
disso definida como devendo reavaliar uma estrutura
de referene:
sempenhando de alguma maneira o
papel de
"analisador", Dor.
rencia, de- Resuno*
capitahsmo ee socialismo;
socia a recusa de considerar 0 capitalismo como a
tempo ainda a perpetuar a clivagem entre aquilo que constitui a longo em que alguns seriam avançados
provinei
incia de capitalismos acionais,
de uma critica teórica pura e a atividade analitica concreta justaposição
que dividiram o mundo em dois ao redor da Cortina de Ferro? Naa unista, a exemplo,
pretexto de que, por o avolvimen-
movimento
ve esta prestes a se tazer presente em muitas outras
regiões a depender produtivas na Uni: Soviética
exige um estágio superior
to das forças
da natureza do desenvolvimento dos Estados?... E,
precisamente, será a
das relações
de produçao. Por maior que seja a União Soviética, as forças
exame desses esquizos sucessivos do universo contemporaneo provincia produtivas não independentemente das dos países
se desenvolvem nela
exclusiva dos políticos profissionais, dos diplomatas e dos jornalistas do mundo capitalista. Não há um esquema abstrato
cOocialistas e sequer das
especializados? Temos todas as condições de saber que cada
indivíduo este ou aquele pais constituiria o modelo que os
do capitalismo de que
sofre hoje tais tipos de dissociações inmaginário de maneira
num modo
imitar. O esquema geral do capitalismo não é uma
QutrOS tenderiam a
bem mais marcante do que os mitos antigos a que em geral se remetem
estrutura universal a que se sOmariam Singularidades nacionais, mas uma
os complexos psicossexuais.
estrutura que existe nessa diversidade mesma e que é inconcebivel fora
A pesquisa filosófica teria assinm não só de se preocupar com uma
dela. Foi isso que levou Trotsky a criticar a concepção do internacionalis-
constante reorganização conceitual como de elaborar, no "terreno", as
Esas teses foram elaboradas, num primeiro momento, d e maneira bem condensada - umas pou-
condições de estabelecimento e de manutenção de uma lógica do não
um grupo de militantes da Oposição de esquenda, entio em v i s de torma_ão.
sentido na medida de sua irrupço em todos os domínios, isto é, manter caspáginas- por no VIIl Congresso
para serem apresentadas porJ.-C. Polack, em nome da esquerda não trotskysta,
atualizado o registro das possibilidades de significação da existència da UEC (Union des Énudiants Conumunistes - União dos Estudantes Comunists), realizado em
Montreuil enm abril de 1965. Mais tarde, foram desevolvidas por F Guattari para serem apresenta-
humana, aqui, alhures e agora. de
da e discutidas numa reunião da
Oposião de Esquerda realizada em Poisy em outubro 1965.
Os cxcertos apresentados aqui foran selecionados a partir de unma versão completada e desenvolvi-
1966
da por E Fourquet, pretaciada por Gerard Spitzer e publicada em brochura em 196o6.
134 Psc análise de esqrerda
e
Transverta
Tahdade nce t s
da
p o g a o
135
mo proletário: este não se funda nas caracteristicas gerais do cani..
A
E n a escala mundial que se deve analisar a contradição com crise, mas sobrevive
fundan. capital no
desaparece
desaparec a e se desenvolve por
tal do capitalismo entre o desenmvolvimento das forças amen-
produtiva vezes co
de expansão correspondentes a u m proCesso contrário.
ces
relações de produção. A finalidade do capital (produção de mais-las nutndialização das relaçöes de produção e de circulação.
valorização do capital) está em contrad1çao c o m os meios dessa s1 valia, 1 1 desses dois movinmentos implica o movimento contrårio.
alo- Cada
rização: o desenvolvimento ilimitado das forças produtivas, a Drod capitalista não é justapOsiçao de varios
dução a
a
capitalismos monopo-
ilimitada de valores de uso. A extensão do capitalismo a todo ol ac de Estado mais ou menos desenvolvidos; e esse tipo de capitalismo
ta
fez surgir uma divisão mundial do trabalho entre as diterentes
nacões.Se monopol1sta que é determinado por seu lugar na divisão nternacional
bem que o processo de reprodução do capital tenha se
tornado : rrabalho, implica esta ultima e nao existe sem ela. Inversamente, a in-
disso unm processo mundial. Quase todas as mercadorias são o rerhacionalização monopolista das forças produtivas implica o capitalismmo
produto
de inúmeros processos de trabalho parciais divididos em vários
es af anopolista de Estado, e não se processa tora dos Estados: é por meio
Do outro lado, porém, o capitalismo não consegue abalar o
ambi destes que seinternacionalização. As relações entre Estados
realiza essa
nacional e o Estado no interior do qual se desenvolveu, e estes
sam Dasca apresentam-se, pois, como expressao
a e o modo de
realização da inter-
doravante a s e r um obstáculo ao desenvolvimento das torças
produtivas nacionalização da vida economica na etapa do capitalismo monopolista
Enquanto a divisão mundial do trabalho exigiria o desaparecimento de de Estado. Mas essas estruturas nacionais e do Estado, mediante as quais
toda barreira aduaneira, unma repartição racional dos meios de
producão se realiza a internacionalização, São justamente aquilo que emperra a
de consumo e um planejamento em escala mundial, o tal
e
só reginme internacional1zaçao, constituindo os Estados precisamente os arcaismos
pode sobreviver mantendo as relações de produção no ämbito nacional. históricos que se opõem ao desenvolviumento das forças produtivas na
graças à intervenção do Estado, transtormado em instrumento da valo- escala internacional.
rização do capital. A manutenção de relações de produção em escala nacional é o re-
O Estado desempenha papel um essencial no processo de circulação sultado de um Marcada por suas tradi_çöes históricas e por
compromisso.
do capital, que permite notadamente acelerar o giro do capital e realizar seu particularismo social, a burguesia não é internacionalista, enquanto o
a mais-valia contida nas mercadorias produzidas."Tanto no domínio da tende
modo de produção capitalista
sè-lo cada dia mais. Ese compro-
a
repartição como no da produção, o Estado toma a seu cargo a parte do misso exige. de um lado. que a burguesia mantenha seu dominio sobre
capital cuja taxa de lucro é pequena, o que permite em compensação de Estado
o aparelho e, do outro. que a sociedade politica
organizada
elevar a taxa de lucro do setor privado dos monopólios. Por múltiplas intitucionalize e integre o máximo posivel a classe operiria.que vè suas
vias, o capital circula entre o setor público e o setor privado: há uma lutas, dessa maneira, descentradas com relação aos locais reats de decisio
Jusao cutre os mon1opólios e o Estado n1um todo orgánico, o
capitalismo nono- da cconomia capitalista. A centralização do capital."a expropriação dos
polista de Estado. O capitalisnmo monopolista de Estado surgiu quando Capitalistas no seio do capital", chegam a tal poto que a burguesia perieu
da ocorrència de crises: a Primeira Guerra Mundial, a crise da Bolsa de todo o poder
que lhe permitisse destruir cstruturas arcaicas, a comear
1929, a Segunda Guerra Mundial. Essas três etapas marcan a conside- pelo proprio Estado.A burguesia tem neceidade do Estado nacionalista
rável reduçio das internacionais de capitais de mercadorias, o
trocas e
ara sobrevIver; é privioneira de sua própria realidade de clase: própria a
O desenvolvimento do
do
resultado do chauvinismo, do patriotismo da
capitalismo estå na base de dois mo reforço
nopolista de Estado.
E E o
numa
exprime-se conmo contradiço entre a estrutura economica e a
e
t e r m i n a r i a
subere italismo
im, os cmunistas tén vivido na expectativa da explosão
trutura de Estado que permite que aquela sobreviva. Essa peres- do sistema. Assim
institucionais são ultrapassadas pelas relaçoes econonmicas e que os Estados burgueses sejam incapazes de
tendem a modo algum isso significa
desfazer sob se secretar "mecanismos reguladores", permitindo ao capitalismo super
sua
pressão. Não obstante, seu
rompiniento não pode
rer
adaptação no nível do desenvolvimento das forças
espontaneamente, exigindo a criação. pelo proletariado, de suas
próprias suas
dificuldades de
investimentos, de repartiçao de mercados,
dos problemas
instituições, isto é, a intervenço de uma siibjetividade revolucionária cuia arodutivas, dos
não ,da integraçao da classe operária e assim por
emergència histórica está na base da manutenção das
instituicões 1Onetários, do "planismo
burguesas. diante.
modern1stas militam em favor da aceleraç o da in-
As correntes
n o Estado, concebendo u m a aliança entre a
Tese 2: O capitalismo e a estratégia do movimento
operário tegração do proletariado
torças vivas do capitalismo com vistas a neutralizar
internacional classe operária e as
pseudo-objetivismo das atuais análises do movimento comunista oficial, ainda hesitam em seguir esse caminho. Todas as ideologias politicas
que sempre apresenta os fenomenos fisicos e culturais como o resultado do mesmo tipo de erro, consistindo este em agrupar forças
procedenm
centros de decisão econòmicos e
natureza distinta: classes sociais e
de uma necessidade mecânica que se imporia de fora para dentro à luta de
n o plano internacio-
de classes. Esse método o "autoriza" a tirar do movimento operário do Estado. O resultado é frear as lutas de classes
nal e paralisá-las diante de testes de forças capazes de voltar pôr e m
a
toda a responsabilidade histórica pelo desenvolvimento do capitalismo.
questão da burguesia. A classe operária vè-se, e m r e s u m o , diante
poder
Ocapital não é exterior ao proletariado, constituindo antes mais-valia a
o
enTCSC1tar. m
mas
as estruturar
e stn as massas, coordenar suas lutas se-
e vista a nao
rpresentar,
ol
forças,
Ccom
o
produção
nacionalismo reacionário permanece, para o movimento comunics de e derrubar as burguesias no poder, viu-se bloqueada durante
capitalista e de
, uma
tarefa primordial, inseparável de um remanejament do tipo de iado de hegemonia da cortente estalinista. A situação inter-
pulares.
entre o partido de vanguarda e as massas populares. Com efeito
relações
eteito, quando o
todo o periodo
engodos, reforça-se a onipotencia da armadura burocrática do movin itos com os partidos comunistas iugoslavo. polones, húngaro etc..
to operário. A tática leninista do status quo entre as
imen- confit
Eles 141
encontrar canais de desova. se mostram.
omo os O ponto central on fwalé portanto que, na ausencta de
pela superprodução, dos movimentos interna.
uma
estruturação
mundial da
promotores da
liberalização das
trocas e
onais uta r i a do
revolucionária
proletariado, nenhuma força social tem condições
mercadorias. lornam-se os principais agentes da d. uir arcaismos
auac nacio nacionais, regionai5, pre-capitalistas, qiue constituem de des-
de capitais e de ão
um obstáculo
Toda a estrategia económica e politics
ca do ideal capitalista de uma diVIsão
internacional do trabalho. dos à acão
ealização
internacional do
o rumo do aprofundamente trabalho em
Estados Unidos segue por conseguinte
.
da escala mundial.
estabelecimento de ora
o
internacionalização do capital e a
sistematicamente tavoraveis ao
ifcidade nacional das relaçoes de produção, das lutas de classes ete
que eles sejam especific
pequena burguesia, com o campesinato e assini por diante) porque essa real
tranho é
es
a incapacidade burguesa
de acabar com suas estruturas
estruturação nacional é necessâria a sua existëncia de classe. pré-capitalistas. Porem, o que tirara do rumo os estrategistas comunistas
Já se insistiu na responsabilidade histórica das organizações do prole- é o fato de os particularismos nacionais da burguesia serem sobretudo o
tariado pelo ressurgimento da questão nacional em pleno século XX. Mas resultado dos particularismos nacionais do proletariado! As contradições
essaespécie de regressâo histórica acaba por situar a causalidade histórica interimperial1stas nao passam do avesso mist1ticado do fracionamento
em arcaismos como o Estado ou mesmo as estruturas pré-capitalistas. nacional das lutas da proletariado, a expressão aparentemente objetiva do
Não há dúvida de que questão agricola é
a obstáculo å instauração
um que se poderia chamar de as contradições interproletárias. A divisão interna
de grande mercado atdântico. O Partido Comunista Francès destaca
um da burguesia não passa de expressão da divisão do proletariado.
a fraqueza dos monopólios tranceses com relação a seus concorrentes A explicação do mistério dessas contradições é a seguinte: elas tèm
americanos; mas seria preciso ser cego para nao tais uma realidade efetiva, uma objetividade, mas essa realidade efetiva de
ver em
monopolios
o estabelecimento desse grande mercado; eles tem interesse em se livrar modo algum independe da politica do movimento comunista internacio-
de uma
agricultura cara valor da força de trabalho e
que aumenta o nal, que é ela mesma uma realidade objetiva! Encontramos de novo aqui
impede uma divisão internacional do trabalho de cunho mais racional o mesmO mecanismo subjacente à instalação das estruturas do capitalismo
na
produção agrícola. Só
partir de 1958, o Estado francês busca se des-
a
monopoista de Estado: o movimento comunista, integrando-se de fato
fazer desse tardo, a0 sistema estruturado das instituições capitalistas, desenvolve uma poliaca
que por outro lado leva a um êxodo rural acelerado a
partir dos anos 1950. Mas a
burguesia já não tem capacidade histórica, que parte integrante da "realidade objetiva" desse
e sistema; depo1s disso,
a
integração ao mercado mundial veio tarde demais
para desobriga-la mudando de posição, o movimento comunista pretende
tazer a analise
de firmar contr1buiu, com
penosos compromissos com o campesinato e o teorica dessa realidade objetiva esquecendo-se de que
proletariaao,
compromissos a cuja necessidade devem se submeter outros u e n c l a de maneira absolutamente decisiva, para sua exIstencia. to
paises, como realidade
a
Alemanha, que no entanto éé mais orientada comunista que criou, inconscientemente, essa
o para mercado mundial. OVnento
142 Psicanálsee de esqurrda 143
consciencia teorica esqueceu-se por comni
Tasvetalida Ax
nomr
teses
da
Oposg
40 anos
vez que renunciou há 40 mo- do Terceiro Mundo na totalidade
vimento comunista, uma anos a
situar-s dos paises
organica da divisão
ao conjunto do Sistema, constitui doc1 em åmbito do capitalista. O
ruptura com respeito esde então um lugar
nternacional do trabalho no sistema essencial
elemento objetivo das regras de funcionamento dese sistens um
ema. é. com eteito:
das organizações comunistas etc. na propria explicitação das plicitaçao das estruturas capitais
são
investidos em esferas de produção determinadas pelos
(os
objetivas do capitalis1mo propoe porsi
mesma a questão do
gra dos paises industrializados);
lidade do nível institucional, do níivel da superestrutura e de suas rel Te2-
monopólios
proveito
para os teóricos marxistas,
incessantemente idos entre
divididos entre uma um
resulta que so uma estera de produção restriti é inserida no
soluçào Disso
de tipo hegeliano (a superestrutura ea materializaço da
consciencis de undial de reprodução do capital;todo o resto da imensa massa
processo
clase) e uma solução mecanicista (a superestrutura é um refilexo uro da noOs do Terceiro Mundo está submetido a relações de produção pré-
estrutura economica). Alguns pensam resolver a contradição declarand Por outro lado, os Estados do Tercero Mundo o
larando Capitalistas, teudais.
que uma e outra são igualmente reais, mas caracterizando a suneror. controlados pelo capitalismo
internacional. que por isso bloqueia toda
estru-
tura como "real-ideal" e a estrutura como real-material"; estes prowam ao solditicar as estruturas arcaicas, ao
nossibilidade de desenvolvimento
apenas que só superaram a contradiçao de modo imaginário. Repetir com as antigas Castas dirigentes. que ele enche de
firmar compromissos
mil vezes que o Estado e a superestrutura têm uma "realidade obieti" pOsiçao. sua IssO nos leva a examinar as teses do
dólares para consolidar
que possuem "eficácia própria e sucesSivamente, não faz avançar um Comunista Chines. Sua reat1rmação, em termos de principio, da
Partido
c o n 0 motor da derrubada do impe
único passo na solução do problema, pois se esqueceu de propor esse necessidade das lutas revolucionarias
retormistas
problema corretamente, isto é, na relação entre a realidade objetiva ea rialismo constitui um importante questionamento das teor1s
realidade subjetiva das organizações do proletariado. O que equivale a dos dirigentes sovieticos, que abandonarain
a perspectuva de revolução
chineses
dizer que todas as análises que desenvolvemos indicam enfaticamente o internacional. Na real1dade, porem, oposição dos
a comunistas
tanto no niível da teoria como no da práxis, se quiser ir de fato além da marxista; ela surgu da constataçào empirica da ausencia. ni atualidade.
idealismo de lutas revolucionárias tora das regioes margnus do unperial1sino. Essi
alternativa entre o materialismo vulgar e o hegeliano, ou seja.
ecleaca
pseudoteorização de um estado de tato coexiste de maneira
co1
o problema do sujeito.
numa pureza sobretudo
a manutençao de prncipios narxist.as-lemnistas,
todas,
Tese 4: O Terceiro Mundo verbal. O PCC parece ter tomado sua posição, de uma vez por
devido ao tato de nào poder manter a expectativa de
haver nos paises
aux1liares das
A incapacidade do capitalismo no sentido de suprimir as estruturas capitalistas lutas de classes que sejam mais do que toras
é lutas anti-imperialistas da chanmada zona das tennpestades.
pré-capitalistas fHagrante no Terceiro Mundo. O que caracteriza este nio tormulam
ulimo não è Em consequencia, o PCC a corrente pro-chinesa
que os países que o compõem sejam subdesenvolv1do
144 145
Psicanálise eTransvers da
Oposigao
de
esoquerda
o
anuInista: os exemplos da China e de Cuba ilustram os
relações desen
partido
tentativas
mais relevantes quanto a iss
rel
imperialisno (exenmplo: a aliança diplomática m
com De Gaulle
das
partido : ético tem em comum a
superesti-
Gaulle). Olhada e o
imites
chinés
mais de perto, a politica do PC chinës não difere partido
ifere fundamens.
fundamentalmente O
alcance
das
lutas pequeno-burguesas no tocante a
da politica da União do
Soviética. Também tem como obieti.
ela ação
1. Sua
.kria ofensina diante do Estado burguës: è infelizmente in-
talizar e monetizar, por ocasiao de uma capi- Unidos podem recuperar
negoc1ação com om as
as nos?
potëncias as Estados
s c u t i v e lq u e o s
sua inftuéncia nas
regióes que o
nsideram nevralgicas. Quand0 1S5O se mostra impossível,
populaçoes famintas do globo. a mascara de coexistencia pacífica e impõem
os Estados U
I nidos nidos lançam
A medida que o movimento comunista
internacional custo.
oletariado:
trata-se
da antimonopolistas.
o
surgimento de toda uma serie de
particularismos, a sobrevivenei é contra seu imigo real -
os
burgueses no poder em
dai, não
taras coloniais na forma de falsas questoes nacionais, de A partir entam as lutas da classe operåria -, mas contra o que
que entravaus orient
pais, que
possibilidades de superação dos quadros institucionais estabelecidos nhol. as cada
sar de um bolo tanto para os sOvieticos comob para
imperialistas, dificultando ainda mais estabelecimento de uma frens.
o
elos tende a na0
pequeno-burgueses
socialistas tende
de real1zar satistatoriamente
ter como conclusão lógica a
tarefas demoe vimentos a u mp l a n e j a m e n t o
cionais
onomias nacio
e regionais em grandes mercados internacionais,
paises subdesenvolvidos e
a
liquidação do .Cas e
nlanos
mundiais de sustentaçao dos
comunista tal
(por exemplo, o esmagamento do PC Soviética e seus aliados atenuam
iraas ento
como União
discut.
a
supressão dos PCs
egipcio e argelino pelos proprios
comunistac Ou assin
ie planejamento
n o s e n t i d o da descentralização, voltando
lor da proprie
vallor privada e a aceitar a volta do camn-
o
uma.per
mitir superar contradiçoes a partr de u n a teoria e de
essas
reconhecer
a
rmas
individuais, se não ancestrais, de produção.
revolucionárias que tanto evitem que as utas setoriais caiam práxis pesinato
As contradições interssoCialistas não pararam de se aprofundar. Já
automa.
camente no nati-
particularisnmo como ofereçaim as massas oprimidas obieri. no plano economico, pano de fundo sobre o
em sido a que
nroblemas nem dificuldades internos! Não obstante.
recuperação maciça de arcaismos religiosos, retorno nacic o
ao
rdade problemas
nem
União Soviética.A sorte dos trabalhadores agricolas não foi det ola da de reforma em curso; notadamente quando Trotsk
nos termos das normas socialistas de seguir o
princípio a
determininada
cada
dos projetos
a Oposição
entre o
problema da qualidade e da criatividade.
semelhantes aos da eco. 4ndo
desenvolve
seu traballho, mas de acordo com metodos os imperativos de uma burocracia e de um Estado
tecnicasouculturais, e
capitalista: a cada um
segundo seu capital, ou a cada U1 1oma
1do stua situação
segundo dúvida,não querem"morrer".
Sua sie
que,sem
inicial. Dessa forma, há consideraveis diferenças, que estão se as analises de lrotski nos
parecem irre-
agras cma medida em que
entre as
empresas do Estado (sovkhozes) mais favorecidas e as coc wando, futáves no Dlano
110 plano
economicO, as consequencias politicas e sociais que ele
(kolkhozes), e, de outro lado, entre os kolkhozes ricos e os kolkhoze
zes p delas nos parecem
máticas. A burocracia não toi vencida.
problem:
deduz
bres. O resultado é conhecido: produção insuficiente, uma particin se integraram especie de sociedade politica de
a uma
rrahalhadores
cada vez maior das parcelas 1ndividuais para a levados a um impasse que os fizesse rebelar-se
alimentação de cidad. mpromissoe não foram
es
importação de cereais e assinm por diante. Outro resultado é o desestiuul.
comp
eo desgosto que atingem grande parte da população soviética, aue i udar progressivamente a natureza de sua inserção na sociedade.
,a0
em que desaprova esse
mesmo tempo reginme, provavelmente condena. mediante o abandono por etapas do sistema de ditadura estalinista. para
própria ideologia comunista.
nassar a um regime em que a tecnocracta e a
ideologia econòmica ten-
Deverenmos concluir a
partir de sua evoluçao atual que aparelho burocracia do
ideologia doutrinária dos
a União dem a substituir a e a
Soviética está prestes a voltar ao capitalismo, como o pretendem os co- epigonos do marxismo. Uma caracteristica fundamental não deixa de
munistas chineses e certos teoricos burgueses: Esse problema já foi hi continuar a ser que, n0 conjunto, quaisquer que sejam as orientaçðes e
muito tempo proposto por Leon Trotski nas admiráveis páginas de d as mudanças, as massas ja nao avançam. Se não seguiram a via trotskysta
revolução traída (1936). Para ele, a União Sovietica estava envolvida num da revolução politica, nem por isso responderam aos apelos liricos dos
processo itnacabado. Caso a classe operaria russa, apoiada por uma classe kruschevinianos: dedicar toda a energia à edificação do Estado de todo o
operária internacional, não conseguisse eliminar do poder a burocracia
povo. Por outro lado, burocracia não manitesta intenção alguma de
a
pra
termidoriana, esta acabaria por se constituir em classe social. De 1925 ticar haraquiri, desenvolvendo em vez disso sua ideologia conservadora:
o
a 1940, data de seu assassinato, Trotski não parou de defender a ideia de defesa do status quo nos planos nacional e internacional, renuncia a toda
que na União Soviética nada chegava a seu termo. Ele a definia como um análise em
função das lutas de classes, reabilitação de mitos pacitistas, do
"Estado proletário" em que o poder político escapara à classe operária, moralisimo pequeno-burguès, desinteresse prático pelas lutas revolucio-
o que implicava da parte desta uma luta encarniçada em favor de uma narias que se desenvolvem mundo
assim por diante. Nada perute
no e
revolução política". Mas considerava burocracia não se revelara contudo pensar ela
que a
que restabeleça o capitalisno no sentido em que
forte o bastante para liquidar as bases do Estado proletário. Toda a sua arx o detiniu: ela
parece capaz de adaptar-se às relaçòes de produçao
análise se apoiava no prognóstico de uma instabilidade e de um cres- atuais e delas se
aproveitar o melhor posSIV'el.
151
150
faixas salariais, de
csqucr
funç ção
determinante
em uma palavra,
deres de decisão economica.Vai essa 4s
arcaicas,
reforma constituir un ao dos po- outn
lado,
umna
adas burguesas
nas escalas
nacional e
e será ela realizada em favor dos
utro
parte, a
p o l iítica
tica
acentuada
tem
ao
mercado
mundial. Por exemplo,
de que ne-
lismo. A condenação pelos comunistas a0 capita-
a.
Soviética
"tensão
economistas soviéticos, que preconizam o da
União
Estados Unidos, e a própria
crônica dos
de estabelecimento de. dos
rentabilidade das empresas, critrios semelhantes
nrodução
cessita, a superproduçãc
gricola
"programar" de
pitalista, permanece dogmatica corre no final risco econo
aos da critérios no
sentido essa simetria,
des. ao
nlementar
o setor
industrial piloto, que
constitui para a
fuzis,
de armamentos:
ängulo de uma descriçao tormal dos e vista maneira c o m
Unidos a produção
econômicos, dos mecanismos
mecani e os
Estados
pode-se
admitir a necessidade de todo
sistema de. um
Uniio.
Sovietica
bombas atomicas e t c .
de investimentos, é fazer cessar a
previsóes em materia de rentabilidade etc. Esse. da vanguarda
revolucionária
ideológicas, quaisquer que sejam elas, nao poderiams omutilação de "defesa do primeiro
substituir.E,
estalinista
a política
quando vem po lhe foi imposta
a se
esquecer de que o valor não passa de desde que
dos interesses superiores do 'campo do
social cristalizado, e de que os preços, a moeda, a hus trabalho
mano e
socialista".
Em nome
rentabilidade
Estado
a cumplicidade do movimento operário social-
do
sOcialismo e da paz",
com
da
(Oposiça0
de
153
sociedades dade As n o v r tt e s e s
as
politicas que são o
suporte dessas relações noos nara ssalvar
alvar u m
uma burguesia completamente
níveis de sua
diverso 2ssim para desamparada
diferenciaço: nas
metropoles imperialistas, nos tribuindo nde crise. E precisO estabelecer a ligação entre, de um lado.
diante dagrande
subdesenvolvidos, bem como nos Estados socialistas pai
burocriase rente Popular restituir o poder a burguesia, e, do outro, o
Frente
a
desenvolvimento do primeiro estagio do modo de produção socit o
fato
de
desenvolvimento das estruturas do capitalismo monopolista de Estado. O
traz agora, na escala internacionai, a questao da passagem
revolucion. foi essencialmente
movimento comunista. Esse o
e sua
finalidade falencia 1940 perde poder
em
o em 1944, é desconsiderada
por
fundamental, que é levar a luta de Classes a Seu termo, a saber, derras. pedira
Partido Comunista, única força politica implantada
destruir os instrumentos do domii0 de classe que rubar e colaboração,
e o
constituem os sua
devolver-Ihe o poder, depois de ter aperfeiçoado
e suprimir as próprias classes. Estados no pais,
apressa-se
em
recuperar o atraso que vinha acumulando há décadas. Durante 150: Se as estruturas instauradas ou apO1adas pelo movimento operário
anos,
a burguesia francesa poder firmando alianças com a pe-
manteve-se no
quando da Libertação e utilizadas pela burguesia permitiram que esta
quena-burguesia e com o campesinato, justificando por meio disso um crise politica e economica muito
superasse parcialmente uma grave, em
protecionismo que difere da livre-troca da burguesia inglesa. Em
matéria contrapartida às disparidades, os desequilibrios constituem a principal
de investimentos, a politica da burguesia envolveu um atraso dos investi característica dos resultados obtidos.A agricultura francesa não consegue
mentos industriais a partir do fim do século XIX. No há dúvida de que
superar as estruturas arcaicas, os desequilibrios regionais se acentuam.
os capitais são abundantes, mas os investinmentos se fazem, sobretudo, em
as zonas abandonadas pelo capital privado conhecem um aumento da
fundos do Estado e de modo algum em valores industriais. Alénm disso, miséria; e, por tum, o capital1smo de Estado nào conseue satistazer as
grande parte dos capitais é colocada em fundos estrangeiros.Além do fato de necessidades sociais que, por sua própria natureza, não se podem exprimir
tres quartos desse capital colocado no exterior terem sido anulados pela como demanda solucionável no mercado, o que implicaria uma
completa
Primeira Guerra Mundial, essa saida de capitais provocou uma grande rendação das instituições: habitação, formação protissional e técnica.
redução dos investimentos na França. intra-estruturas sanitárias, urbanismo etc.
Durante a guerra, a intervenção do Estado (controle do comércio O papel específico do Estado no dese volvimento economico da
exterior e das trocas, acordos com os industriais para a repartiç o de rança emvolveu uma diferenciação particular de ideologias economicas.
matérias-primas, aunnento da dívida pública) constitui unma primeira Tres delas foram:
organização de capitalismo monopolista de Estado na direção de una
liquidação do atraso. Contudo, é a poder da Frente Popular
ascensão ao
155
Na extrema-direita. persiste uma
ideologia A
teses
tradicionalista_I
ionalaisliberdade
ta-burguesa.dos
Dove
familiar agricola e dos pequenos Comerciantes é uma linha
Trata-se do liberalismo do século XIX, que
coniza
preco
do PC a partir de 1936.
mecanismos economicos e financeiros, O retorno ao constante la burguesia, o modernismo é a ideologia que exprime a
funçãoadrão-ouro no
padrão- lado da l
plano internacional,ajuste o
juros em das taxas de
da
Do
io capitalismo monopolista de Estado e a integração do prole-
demanda, e não em função de decisões arbitrárias do
Estado e da acetaç.
1uras desse último. O mito do Estado, do serviço público.
estatismo é nuançado por intervencionisinmo moderado, o que s ln- ariado as est
da
teses
a
impotência dos sindicatos em gerar palavras de
ordem ui A
nove
7:A
s o c i e d a d e
política
em
propor u m a imagem na qual o
como totalidade. No movimento sindical, os
modernistas
prolectariado possa rer
fal..
ificadoras
cer-s
Tese
m destazZerem o s m e i o s de s e u domínio
e
E o g a u l l i s n
se.máq a
em
uação revolucionaria que Ihe ameaça a
capitalista e assim por diante. Mas o limite fundamental de
nto
de
c l a s s e . O O
gaullismo
gaullSmo
e
da existência tipo de dominio político; o que há de
Convé permanecer desconfiado em
relação a tal
gênero de
nacão de Estado, um
novo
nele e o
fato de ter tido sucesso em firmar uma série de
eTia Ser inesperado resultados nao podem ser identificados
elaborado pelos próprios interessados, partir de modos a ucessivos cujos
de ompromissos su
um r
verdade
E
Tamo burgues. no ambito de uma estratégia
industrial para outro. Sem a
reestruturaçao da classe
indireto do
movimento operario,
operaria por si
esma, mes ao apoid De a u l l e teve condições de tentar esta-
o
que implica u m a concepção totalmente distinta da neosstalinista, que
relação sindic. estalinista
ou
de mordomo da opo-
possibilidade de s e "elevar" condição
às à
organizações de vanguarda o meio adequado de avaliação da combativi- assim a
dade dos diversos setores, de s e u nível de consciencia, de sua como uma verdadeira federação
sição. A UNR busca constituir-se
compreensão descentralizado à americana, não à
de palavras de ordem avançadas etc. Esse tipo de de currais eleitorais, um partido
organização "na situação
nivel central, entre
concreta" constitui igualmente u m antidoto indispensável para as
tentações inglesa. Os compromissos não såo tirmados no
de manipulação dos aparelhos burocráticos e dos estados-maiores politicos, 1nmas nos niveis regionais, municipais,
dirigentes n o movimento os
operário. Num período pré-revolucionário, semelhante rede de comits de possa por isso dizer que
se a UNR seja o representante
sem que
base, nas fäbricas, nos bairros, a juventude, o exército, constitui um enmbrião exclusivo de alguma burguesia local.
de um duplo poder, desenvolvendo uma espéeie de legalidade proletária Os limites do gaullis1mo mostram-se no tato de que, além de supor a
como
substituta, cujo alcance subversivo diante do poder do Estado faz dela uma cumplicidade do novimento comunista, suas soluçòes se restringem,
eo caso de toda solução burguesa, a um quadro nacional. O kennedysmo
arma estratégica insubstituível para a derrubada da burguesia.
escala nternacional,
POderia ter representado unna espécie de gaullismo na
internacio
2A noçio de sujeito, que, por várias razòes, preterimos u s a r aqui e m lugar da de onsiinia deilist,
a s mostra-se sem saída pelo fato de não haver u m a solução
de
nà deve s e r entendhda n o sentido cdo
i obyeto, ou
subjctirismo, m a s e m s e u sentido inicial, isto é, e n oposyao
cm oposiào, por exemplo, à passiridade da base cte.
OSSIVel para o
capitalismo, sendo precisamente ess.a incapacidade
158 Psicanálise eTransversalidad"
chegar a soluções mundiais, de produzir instituiçoes mundiais
iais Can-
capazes
de solucionar os problemas gerados pelo desenvolvimento das
produtivas, o que condena o capitalismo como modo de producão T
iorças
toda
Tanto
o
gaullismo como o kennedysmo -e outra solução desse tino
Jamais passam de expressão de uma burguesia moribunda que dec
acreditar em seus próprios sonhos.
eseja
A contradição elevado grau de "maturidade" das foreas
entre o
rças
produtivas e das relações de produção na França, associada com a ima
turidade da consciencia de classe do proletariado,
produz o problema
do Partido Comunista Frances,
capital para a dos vanguarda militantes
revolucionários. Do desbloqueio dessa
"'sobrematuração da revolução
nos países ocidentais (a ser
comparada com as
revoluções "prematuras"
de 1905 1917,
e na
Rússia) depende
passagem dos processos revolu-
a
cionários, em escala
mundial, a uma etapa superior. Se é verdade
que o
partido desempenhou um papel abertamente contrarrevolucionário em
certos períodos decisivos, como explicar a infuëncia quase
que ele continua a exercer sobre
hegemonica
o movimento
operäri0? Cabe estudar
por meio de que mediações históricas complexas a consciencia de classe
espontânea proletariado viu-se presa à armadilha de uma
do
que a restringe, esteril1za, a desvia
organização
que em favor de
ao
proletariado. Desde objetivos estranhos
seu
surgimento, o PCF se pôs numa situaçao
ambigua na
qual, depois da derrota da
-se de fato revolução alem, estabeleceu-
a
estratégia do socialismo num só
país. O partido nascido em
Tours,que aceitou com reticència as "211
conservou as estruturas
condições" da Internacional.
e os
homens da social-democracia: não era un
nstrumento revolucionário. Essa foi a
opção de
numeroso e
contuso que viria
um Partido Comunista
papel de" pião
desempenhar para Estado sovieticO O
o
diplomático" contribuir para
e
reduzir a intensidade da
pressao dos
intervencionistas sobre a Rússia, ao
trazia a caução da mesno
do fracasso da
revolução de Outubro (na Rússia) aostenmpo C 1ntes
y
social-democracia francesa. sobreviven
Seria
evidentemente sinmplista
parur dessa tara explicar veio em seg uda
o
que
original, ainda mais porque não foi
COmpromisso entre
lnternacional Comunista os
a duradou
taticamente "convencidos", Mas foi com social-deno e ratas
por meio de palavras de ordem, de modo tal que sua prâtica cotidiana
nunca rompa a cadeia histórica fundanental em função de objetivos par-
ciais e transitórios. A classe operária não pode nem deve dialogar com a
dos Trabalhadores).
Tomemos um exemplo: um grupo de militantes revolucionários
no setor das minas tem não so de enfrentar os aspectos organizacionais
alto dirigente baste para determinar uma dada orientaçãoe mpor unla
completa esterilização de toda e qualquer pesquisa. O mesmo acontece
com os *exercicios" de congresso, que consistem em proferir discursON
Vazios sobre temas estabelecidos de antemão. Nada separa esses metocuo
dos da burguesia tradicional. Mas a vanguarda revolucionária tanoe
deve debruçar-se sobre seus próprios métodos de trabalho, pois, intenes!
mente, nada fica a dever na maioria das vezes às grandes organizagO
As nove teses da Oposição de esquerda
167
O partido revolucionario nao vai surgir por milagre, sendo antes uma
síntese a conquistar, nao no domini0 ideológico, mas pela realidade da
Juta de classes. A nova arma, o protótipo de partido de que precisa a
classe operária para tazer a
revolução nos paises capitalistas, só poderá
ser radicalmente d1stinta das atualmente existentes ou das que existiram
ate nosSOS dias.
ritmo nem tem O mesmo tipo de compreensão dos eventos que tém as
massas. Ora, é primordial tanto para o movimento como para as massas
que seja elucidada permanentemente a signif1cação dos avanços e recuos
da luta de classes. Na ausência disso, uma vitória como a de
de junho
1936 pode converter-se em derrota. Inversamente, unm desastre como
a Comuna de Paris" permitiu classe
que a
operária mundial elucidasse
suas possibilidades futuras. Certos teóricos consideram inevitável que o
manter a autononmia
"subjetiva" do movimento operario.
O sindicato não
pode ter a vocação, a pretexto da unidade a todo
custo, de ser o "sindicato do povo" inteiro. O sindicalismo revolucioná
rio não equivale à defesa do consumidor, às cooperativas etc. No último
periodo, assim como o Partido Comunista se integrou ao sistema parla-
1entar burgués, assim também os sindicatos nnostraran a tendencia de
eerenKia a0
grande levante operário frances de 1936 contra o
governo da Frente Popular, que
4ou
cO grandes concessies aos trabalhadores, nos terios do ACondo M.atignon, que tora
IOrporadas à Constituiçao
Fancesa. N. T.
Moviento de classe e de cunho sociaista, iniciado em 1971, que incendiou a lrança, tendo,
cOntudo, durado apenas 72 dias. N.T.
168 Psicanálise e Transversalidade
cionario.
Propomo-nos a def1nir em linhas gerais as condiçoes de possibilidade
desse genero. Na etapa atual, os militantes revolucioná-
de um projeto
rios e os grupos que podem formar, por desejáveis e indispensáveis que
constituir de modo algum o embriäo
sejam, nao poderiam pretender
de um partido como esse. Quando uma revolucionária "corrente tiver
água", não basta af1rmar sua necessidade e começar a reunir uns poucos
maneira desoladora.
Supondo que a História nos condene a ter sorte semelhante, prefe-
riremos então, na sequència das coisas, guardar o silenc11o e, quem sabe..
o beneficio da dúvida.
1966
Psicanálise eTransversalid
aludade
3. Integração da classe operaria e perspectiva analitia
ca22
No começo, as co1sas se
desencadearam
o moVimento
conjunturais
operárin e e
crises dramáticas; mas,progressivamente, inte-
que por outro lado se tor
grou à ordem legal, apesar dos protestos, naram
porta-vozes puderam emitir. "O
cada vez mais timidos, que
seus
abateria ainda
de luta de classes" se
da coexistenCla teoricamente pacífica entre.
os
no contexto ideológico
entre as classes. viostram
os tatos se deivakar-
regimes implicitamente,
e,
mos de lado as declarações de principio dos congressos anuais-,de odo
reivindicatorios permanecerão apartadae
os movimentos
inequívoco que
seriamente o capitalismo
de todo caminho politico que pudesse ameaçar
de torças permitissem conceher
Já em 1936 e em 1945, embora relaçoes
as
ao capitalismo e reforçá-lo.
mesmo a
por dar mais fölego
Com o kruschevismo, transpos-se uma nova etapa: a social-demo-
a alcançá-lo.
e grupos de pressão.
A burguesia pode melhor favorecer essa despolitização uma vez
despolitização -
COno a desejam: é que eles têma certeza de que já não há risco algum
c Fadicalização a esperar do PC e q u e , p e l o c o n t r á r i o , os c o i s t a s
250 Psicanálise e lransversalidade
serão mais eficazes do que os CRS" para conter um eventual me
tual movimer
de massas.
ento
Tudo isso é bem sabido, e essa lembrança pode pareea.
cnsinado que nenhum lugar militante atual escapa a unma total carenca
teórica e pråtica, caracterizada pelo fato de a problenmática que os agita ser
tornada obsoleta em uma média de pelo menos 40 anos!
Quando ocorre ao PCF analisar "objetivanmente uma situaçao, e
para logo depois justificar o oportunismo mais rasteiro, o abandono dox
revolucionária.
movimento
mas enquanto mantivermos
Claro que tudo é possivel, um pé no
reformismo,seguindo
o PC,e o outro n u m dogmatismo mal derivado
mal.
do dos grupúsculos,
haverá lugar para pensar que nossos êxitos na EoGERI
progredir a agregação de uma
fazer uma vanguarda vo.
de um O1
s e n d o a"
tuatsversalidade", atinal,nada mais do que unma tentativade analse dacent
demoratico
e a Hlistória
Cahdade, a
Subyetinvidade
261
Devemos dispor dos meios de demonstrar
disnor do teoricamente, de interpretar
exaustivamente,
mente. qua1s os mecanStnos de identificação dos assalariados
com os artefatos dos explorador quais os recursos da continuidade do
DCE da CGT etc., por que, apesar do desgosto que estes Ihes inspiram
rabalhadores a eles recorrem.. Fora disso, a vanguarda revolucionária
ai ela mesma voltar aos mecanismos repetitivos de que é vítima a classe
operaria.
A
mentalidade sindical e integracionista està profundamente arrai-
cada nos espíritos. Espera-se que as questöes sejam postas na urgência, no
gada i
suas
responsabilidades. Nunca se poe em questão a legitimidade de seu
noder. Como conseguir que uma
pode
olítica analítica abra uma brecha e
se dote de pontos de apolo extrassetorial para consolidar-se? "Que as
seria
preciso, para demonstrá-lo, examinar as coisas em detalhes
encontraria por si seus limites devid a seu isolamento, à ausência de
uma coordenação que permitisse fazer alcançar em certa escala seu im-
pacto politico e teórico e estabelecer uma melhor relação de forças para
defende-la. Uma coisa é esterilizar localmente o
aparelho burocrático,
mas outra serå neutralizar o conjunto de seu desenvolvimento. E evidente
e preciso repenr
25 O revezamento de tres
equipes diferentes a cada 24 horas para o mesnno servigo.
26 Ouniers Face aux
Appareils. Maspero, 1970, p. 266 ss.
A
Caralhdade,
a Subyetividade e a llistória
263
ruDOs de pesquisa e de intervenção analiticas que conseguimos
com maior ou
Imenor grau de sucesso, em diversos setores.
implantar,
risco de nos iludir profundamente enquanto não se puderem
carrel o
politico marca uma clivagem: o conceito politico não está no simples prolon-
gamento da demanda.
A análise da demanda é como um ácido que tira as impurezas do
factual para amolar seu gume, de tal nmaneira que ele posa abrir a sub-
Jetividade social desejo e que, por outro lado, não pare de reinjetar a
ao
discurso
Singularidade, o imprevisto, e até o no sentido, na coerencia do
pOntico. Deste ponto de vista, a análise não ten fun; e o que a taz diterir
O
abalho analitico o renova permanentenente, ao teipo cm quc
n t e m a certa distância da adesão sem reserv.as. Nada a i s perigoso do
cicntiticidade do conceito
T COnliar na promoção de uma pretensa
Psicanálise cTransversal1dade
204
politico que poderia ser obtida por um tratamento filosofico aproDri.
do! Nesse domínio, nunca havera uma garantia abSoluta. Cone. absoluta. Conceitos
teórico-políticos aparentemente bem organizados nao podem garans:.
ntir
revolucionaria coerente. O racionalismo mórhid.
por si uma práxis ido,
apropriando-se da máscara de uma releitura Cientifica de Marv.pode
levar às mais espetaculares mistificaçoes e desvios politicos. A pulsãn de
morte que essas tentativas veiculam hes assegura por outro lado certo
sucesso ijunto a inúmeros militantes que ainda nao se recuperaram do
2/ Uma
Nem em
qualquer outro, isso não estí
mas
questão aqui. Como esereveu Laecan:
em
cenca económica inspirada em O Capital não leva necessarianente a usá-lo como tora dee
volução, e a História parece exigir recursos (que não uma dialética predicativa.(tnts. oS69,)
Causalidade, a Subjetividade e a História
A
265
Como, por exemplo, os relativos à família e ao consumo? Ocorre ainda
a pele
de o lucro se apegar do
capitalismo como uma túnica de Nesso.
nas Como aceitar que envolva tambemo que foi rejeitado pela Revo-
lução de Outubro?
de
Max Nordeau
-
escritor húngaro, ex-partidário
28 Por pouco" é modo de dizer, dado que Herzl toi funda-
de Herzl-Theodor
-acabou assassinado por um
partidário
Herlz, 1849-1923
dor do sionismo político (1860-1904)!
266 Psicanálise eTransversalida
bra.. Mais tarde, as coisas vieram a tomar a torma de uma verda.
guerra que mobilizou gigantescos recursoS e girou em torno de rdadeira
questão crucial: um pequeno povo decidido a lutar até a morte ne uma
liberdade pode não enfrentar sua
ou
impunemente o imperialismo? Até.
ponto podemos nos recusar a nos alinhar Com uma ou a outra nolt.que
dos dois"grandes do socialismo?O Pentagono poderia no final politica
um
compromisso com Moscou Pequim
deveria ele resignar.
e ou
gociar
ar-se s
exigèncias de um governo que se esconde na selva? Quais os limitec
de
semelhante escandalo? Pode-se esperar esmagar tal precedente
anunciador
or
de um possível desmoronamento dos "dominós" asiáticos?
Por infelicidade, a pouca diligëncia com que os dois "grandes" em
questão foram em socorro do povo martir deixa
augurar que eles acabarão
por sentar-se à nmesa com os norte-americanos para arranjar as coisas nac
1as
costas do povo vietnamita. E ainda que devesse ser assim, nem por isso
Iss
a História deixaria de
registrar que o que move hoje o essencial de seu
curso não são mais os
"grandes problemas-devidamente repertoriados
pelos estados-maiores e pelos diplomatas- mas brutais irrupções revolu-
cionárias que destroçam as previsoes e as
estrategias dos atuais blocos.
Os parceiros stalinistas e social-democratas do
imperialismo terão
cada condições representar os povos oprimidos e as massas
vez menos de
exploradas para negociar em seu nome. Cada vez menos..., mas, não
obstante, ainda não se produziu nada decisivo que conseguisse imobilizar
a máquina infernal do "substitucionismo". O
processo que restituirá às
massas revolucionárias o controle direto de seu destino histórico mal teve
início. Enquanto não chegarmos a isso, deveremos esperar que mensas
carnificinas, como as do Vietn, da Indonésia - à inmagem das da Comuna
de Paris,continuem a dar testemunho do monstruoso
impasse em que
se acha paralisado o movimento revolucionário internacional. Exaltar os
méritos do heroico povo vietnamita não deve mascarar a verdade: esse
holocausto tem algo de sacrificial, sendo sua monstruosidade simetrica
ao caráter criminoso da política dos estados-maiores do movimeno
operario internacional, que deixa isolada a luta do povo vietnamita t
como deixou da
antes a
República espanhola...
29
BURCHETT, Wilfred. Vietnam, la Seconde Résistance, NRF 1966. (Ngo Dinh Die
to
ditador vietnamita anticomunista e
pró-norte-americano).
Sulbyetividade e a História
A Causalhdacle, a 267
Apelo ao imenos que se aprenda a liçao de que, a tal preço, se encare
tormados por especialistas e militantes, não pode ser publieado em razio dos events dde mao
de T968, tendo o atraso que sofreu sua impressão tornado obsoletos os artigos n.an unportantes
1um de nós? Que tipo de repercussao inconsciente pode ter sobre as ins-
tituiçoes com as quais lidamos: Em que o estudo de eventos políticos e
atn
31 Bandoeng é uma localidade da ilha deJava em que se realizou em 1955 uma conterenu
lereeiro
asiática, na época enm que Alfred Sauvy e Georges Ballandier inventaran a expresu
Mundo" para designar os países economicamente subdesenvolvidos. N. T.
Subjetividade e a História
A Causalidade,
a
271
relacoes de produçao em escala internacional. Che Guevara, em sua últi-
ensagem, falava da tragica solidao do Vietn . Mas não é igualmente
trágica a solidão das classes oprimidas no seio das sociedades opulentas2
Seria tambem necesario olnar de trente o desespero secreto e paradoxal
C0
que vem seguir foram publicados em L Joumal de la Comm14ne tndiaite, Fal. de
E a
movimento revolucionário.
5 de junho de 1968
Autogestão e Narcisismo
demasiado"caras").
Contesta-se", no imaginário, a hierarquia. Na realidade. nào só
esta não é tocada, como se encontra para ela um tundanmento moder-
nista, dando-lhe um estilo e uma moral, rogeriana ou outra. O recurso
de autogestão de uma empresa implica o controle etetivo da produção,
Pogramas: de investimentos, de organização do trabalho, de relaçoeCs
comerciais etc. Assim, um coletivo de trabalhadores que se "envolvesse
em autogestão" numa fåbrica teria de resolver inúmeros problema8 com
em termos
tivesse organizado
cm autogestao
C, na verdade, o coniunto
das
sobreviveria muto tempo
das centrais telefani.
engrenagens produtivas
se 1nterpenetra
a maneira
onicas.
durante as greves, o remanejamento .
As experiencias de autogestao
fábrica para atender
as necessidades dos gresic
yistas,
setores de produçao de uma
277
Crático são coisas inteiramente distintas que devem ser consideradas
em separado. E de temer que a palavra de ordem autogestão, que se re-
.olou justa nas lutas de contestaçao das estruturas burocráticas no
plano
niversitário, seja recuperada pelos ideólogos e políticos reformistas.
AJA há uma "filosofia geral" da autogestão que a torne aplicável em
toda parte e em todas as situaçoes, em particular daquelas que relevam
do estabelecimento de um duplo poder, da instituição de um controle
democrático revolucionário, da perspectiva de um poder operário, do
estabelecimento de sistemas de coordenação e regulação entre os diversos
setores de luta.
8 de junho de 1968
Excertos de discussões: fim de junho de 1968
1 Parte
esboço que vocè faz das "unidades subjetivas", para retomar a expres-
sao das Nove Teses (p. 133), elas se articulam umas com as outras numa
dirigente
importante que
do sindicato nacional do ensino superior e m seu discurso durante
nOde efetuar-se a
partir do acumulo de coisas
que só abrangessem
indivíduos e pequenos grupos. A transgressão ateta cadeias significantes
preestabelecidas, constitutiva do conjunto do sistema.
Depois de certo limiar, o individuo e o pequeno grupo são por assimn
dizer manipulados pela História. Os significantes históricos trabalhanm,
nOr sua vez, apoiando-se neles. Seguindo as declarações de Cohn-Bendit
de Geismar na noite de 10 de maio, pode-se pensar que faziam tudo
Dara evitar o desencadeamento de conHitos diretos em particular, aquele
esforço retardatário de Cohn-Bendit junto ao reitor para alertá-lo do risco
de uma possível degradação da situação. Além disso, a logica da situação
uas hesitações. A atitude do mesmo Cohn-Bendit na Bastilha, pri-
sioneiro da vanguarda oficial do cortejo grandioso, e esforçando-se para
evitar a dispersão da manitestaçao pelos burocratas, teve um resultado
totalmente distinto.
No primeiro caso, a transgress o partiu da base, da exasperação dos
estudantes, do poder do mito das barricadas; no outro, foi o respeito,
por parte da maioria dos manitestantes, ao acordo feito na cúpula com
o PC que prevaleceu e bloqueou a transgressão. No final, o poder do
mito do "grande partido", do "partido da classe operária", das grandes
centrais operárias... No primeiro caso, Cohn-Bendite Geismar não eram
mais do que frágeis porta-vozes aqueles que falavam ao microfone;
no segundo caso, eram os representantes legitimos de suas organizações
que tinham feito acordos, de quem se esperava a responsabilidade pela
condução das operações..
Bem no começo do 22 de março, em sua breve existëncia de produ-
tor de fantasias transicionais, seus ocas1onais porta-vozes tinham de tato
contas a prestar ainda que ao mesmo tempo ninguém pudesse pretender
"representar" de fato o 22 de março. Ninguém inha um real mandato
para transgredir ou não a lei conmum.Já não era a economia do indivíduo
e das pessoas que marcava as decisões, porém uma aquiescenca coletiva
surgia a despeito do peso das pessoas. Era impossível, nessa fase, ser*"mais
esquerdista" do que alguma outra pessoa! Ninguém podia "reiviundicà-
-lo", porque todas as iniciativas eram permitidas e, de qualquer nmaneira.
ninguém tinha de seguir"em nome" de uma disciplina interna, nnguem
tinha condições de procurar o caminho do meio para manter a coesio do
282 Psicanálise eIransversalidade
grupo. O que é excepcional no 22 de março nao e quue um grupo tenl
evoluíram de modo tal que, mesmo que isso não tivesse acontecido
Os
problemas não mais poderiam ser formulados nesses termos. Quem quer
que tivesse decidido ir negociar com um reitor seria simplesmente ridi
Puctte
2In Juquin, deputado comuni expuso de Nanterte cn 1968 NT
scolate ggque national de la rue d'Uu (lustututoPrdagoguNaonl) R.ato Teesion
utes daFGERI (Rdo-lelevinão
Escolar),cm Ivry A desio de ocupur lP'N tou tunda pelon prote o
reundos
upaoes ss0ATA cm asemblenu geral. Os utuacionstan do"romute pel1 muuten io das
t t all-se num segundo omento a esi o cu a y i o , o meno coICno con
SOS esquerdistas...
Uma vez que os significantes universitários estavam paralisados, cabia
aos reformistas e aos revisionistas prolongar a neutralização das outras
cadeias contaminadas... E o resultado naão se fez esperar. Porem, essa greve
ativa, essa autogest o que se exigia nas fäbricas, como terá acontecido
de ela nunca ter tomado forma na Sorbonne e nas faculdades? Em lugar
disso, instalou-se um espetáculo folclórico derrisório e desolador que
em nada podia favorecer uma junção entre os estudantes e os operários
que se aventuravam nesses locais. Primeiro transgressao e enm seguida
reinibição...
P.- Esa transgressão foi de fato tão nodal que não concerne
apenas ao "discurso social"', visando também ao tipo de organização de
todos os grupúsculos. Para mim, é com a História da convivência entre
alunos e alunas nas cidades universitárias que isso começou. Parece-
me que a primeira transgressão, a transgressão originária, ocorreu nos
dormitórios. Se isso nunca avançou em outro lugar, nem em Antony,
nem em Nantes, nenm em Nice, é porque o Partido
grupúsculos
ou os
a
significante ocupação" foi contemporânea de uma transgressao
de caráter sexual que foi o ponto de partida de uma linguagem. AA
do movimento.
levou à total parada
F Se tivéssemos Leroy e uma corrente pró-italiana na direção
do partido francès, talvez estivéssemos hoje com um governo Men-
des-Mitterand, o pessoal se teria feito recuperar numa super UJRF3
etc. Para mim, a recuperaçao teve dois momentos: a manifestacão de
Denfert-Rochereau (13 de maio) e a manifestação dos gaullistas. Foi o
mesmo cortejo! A partir do momento em que o Partido pôde provar
que podia drenar todos aqueles desconhecidos, a coisa se acabou: ele
foi confirmado em sua missão de "interlocutor legitimo", na pessoa de
Séguy. A estupidez fantástica, ulcerante, foi ainda a da JCR,' que se pôs
ao serviço, também ela, da ordem e da disciplina. Todo mundo se inibiu
diante da majestade da coisa reunificada. Alguns atrasados da prefeitura
ainda puderam fazer o que queriam com aquela bela festa religiosa! O
22 de março se desesperou. Ninguém tomava a iniciativa. Sem controle,
mesmo localmente, a manifestaçâão de um nmilhão de sujeitos poderia
trazer o desastre parao Partido e, talvez, fazer o regime oscilar. Em vez
disso, todos se puseram sob o estandarte: "Nada de muito barulho; a
Classe operária, com C maiúsculo, vai nos seguir.. E preciso voltar a ser
bem sábios e educados".
Claro que, em certo número de empresas, o movimento se desen-
volveu em bases revolucionárias, mas em toda parte em que a CGTeo
Partido controlavam as coisas, a ação só servia para fragmentar as lutas!
ns negociações dos esquerdistas para entrar"se for do agrado do senhor,
3
Unon de la
Jeunes Républic
aine de Fraee (Uniào da Juvenuude Repubic auna Frn ena) ong
lit uventude instituida na época da Libertaçio pelo PCE para traguentar o N Inento
uitàrio da
juventude entio exIstente.
Jeunesse Conmuns
i s t e Révolutionnaire (Juventude Comusta Revolu tonara). N. 1.
286
Psicanálise Tran
e
F-Submetemos a novo
questionamento a noção de massa, e agora
o fazemos com a de classe. No final das
contas, se se
parar falar de classe
sOciolögica, a clase operåria toi essencialmente encarnada, representada
pelas pessoas que combateram no
Quartier Latin. A classe operária re-
constituiu-se progressivamente por meio dessa luta.Antes, havia fâbricas,
sindicatos, uma classe operária petrificada de ideologia
pequeno-burguesa,
manipulada pelas organizações. A classe operária, se não a tomarmos
como dado
sociológico, estatístico, eleitoral, não é algo que se encarne
como consciencia de classe permanente.
L.Produziram-se espontaneamente fenômenos de
-
transgressa0:
houve gente que roubou
papel para nós nas
empresas,o que para a Cul
era impensável.
P-No começo do partido bolchevique,
houve uma institucional1za-
ção do roubo. Foi justo Stalin o encarregado de organizar comandos..
E- Rimos disso, mas entre os temas do movimento operário ha
1968
de
discussoes:
fim
de junho de 287
ENcertos
2 Partee
ente
me heterodoxos, eruptivos, como elementos de disjunção do sistema.
É muito importante que eles tenham sido tolerados e sobretudo que se
renham unido à luta. Mas mesmo que a ação em Flins só tivesse estado
nas mãos de katangueses, nada mudaria! No sistema imaginário de castas
em que vivem as pessoas, e que é diferenciado ao infinito, um movimento
insurrecional, um moviment revolucionário estudantil fica ele mesmo
lançado firmemente no imaginario, mesmo que o vejamos com olhos
simpáticos. Ou seja, a greve criou unma situação que fez os operários
dizerem implicitanmente: "Se se tem de fazer a revolução, seremos nós a
faze-la, e não voces, estudantes. A prova disso é que fizemos a greve geral
com ocupações de fábricas..."
Mas em Flins foi muito diferente. Houve uma espécie de melting pot
lugar de encontro de elementos dispares) em que se tinha ao mesmo tempo
a população local que tomou parte, as autoridades locais incapacitadas de
resolver os problemas e os operários, que até aquele momento só haviam tido
à disposição organizações tradicionais. Ocorreu ali um evento: enquanto emn
toda parte houvera a recusa de um diálogo signiticante, ocorreu dessa vez ali
um encontro no
próprio
das lutas operárias. Esta é a diferença com
terreno
relação às barricadas: os operários foram para as barricadas dos estudantes, o
que e importante, mas relativamente menor, porque eles apareceram como
de uma transgreao.
Psicanálise e Transversalidade
292
3 Parte
de uma existenci1a
questionamento das perspectivas de luta, à perspectiva
radicalmente distinta. Há aí um vínculo entre o freudismo e o marxismob
da repressao, cde
1o. Não obstante, por trás desse sobreinvestimento
IClpaçao, de denegacão, há nos níveis dos signiticantes-clhaves, um
consistisse
potencalidade. Nio se trata de uma potencialidade que
nivel ainda maior
tomas anunciadores de uma crise social bem maior, algo que alguns deles,
autgo J t
tep
noso
Rechienhes u v r r s i t a e s , j4lneiro de 1964, d e d i c a d o a essas q
qqliestoes,
uestocs, C
c
"CS5.s
americana ao Vietna?
disp
persaram-se, a organização perdeu progressivainente sua substact
c1O1 a alguns grupúsculos de extrema esquerda que coube continuar a
municipalidades comunistas.
subjetiva, singular e radical, que
Foi alh que se produziu uma ruptura
desenvolveu
Se e n c a r n o u em "açoes exemplares". A juventude de maio
louco eo katangués
O estudante, o 301
artir disso uma consideravel atividade imaginaria que nos propomos
situar no reg1stro daquilo que denominamos fantasias transicionais, fantasias
aute voltam à realidade por meio de uma atividade projetiva - cabe dizer
de enorme alcance. A ação exemplar dos militantes do 22 de
março
em Nanterre 1nstaurou-se a maneira de uma interpretação da parte de
C
em gestação. Os tenas "anarquistas" ue tinhan sulo Iecalcaos pela
Antasnatica bolchevique; as barricadas, a fraternidade, a generositale,
4 lbertaçào do individuo, a recusa de toda torma de hieranjund e de
nacional, questão
o
regional1smo, o rac1smo, o culto da família conhecem uma
extraordinária revivescencia que se apoia em imensos recursos
rios. Contudo, isso não passa de recurso
publicitá-
precário, que não tem verdadeira
incidencia no nível inconsciente.
Ve-se com clareza, por exemplo, que o internacionalismo de fato
das forças produtivas torna
completamente absurda a política patriótica
de um De Gaulle. Está na mesma linha desse
fascínio recuperado pela
família, a província ou a
pátria, o culto ao indivíduo. Reavaliar a verdade
do sujeito não é necessariamente valorizar o papel de indivíduo.
Querer
furtar o sujeito à hidra social não implica necessariamente
çoes individuais. No plano do urbanismo,
chegara solu-
por exemplo, a alternativa aos
grandes conjuntos não é fatalmente a
pequena residencia individual. A
Serialidade egoica dos individuos tomados
àmbito da massa, conviria
no
opor a articulação significante de
sujeitos inconscientes e de gnupos-sujeitos
Capazes de marcar uma
ruptura nos processos de identiticaçao.
Nese
sentido, talvez se possa considerar o Movimento de 22 de
arço em seus
primórdios como o protótipo de um grupo-sujeito: tudo
8TOu enn torno dele sem que ele se tenha constituído numa totalizaçao
c O
Techasse e o tornasse presa de outros movinnentos politicos. C
Mov de 22 de
esforcou-se por interpretar a siti.içao, n 0
março
TUnçao de uma perspectiva
programática tixa ao longo de sesis
gressOs, mas na medida mesma em que lia a situaçao en seu
dese nroi.at
diacronico. Aatitude do poder de Estado, dla policia, Ihe dizia, na tornla
de
ac
mensage
22 de
invertidas, o que lhe convinha articular. O Movmento
março recusou-se a encarnar em si a situação,inio tendO sicdo
q u e permitisse à massa operar a transferència de suas inibiçoes.
306 Psicanálise c Transversalidade
1969
Máquina e estrutura
ce trata de
de um "artiticio de escritura do tipo daquele que se é le-
se trata
que
ado a introduzir no curso do tratamento de um problema matemático
vade
ou de um axioma, que pode ser questionado numa ou noutra etapa do
tercena outros
condição,"as
gue é series
heterogéneas que convergem para un elemento patadoxat
cono um seu u s exclusivamente a ordenm
da" deveria, pelo contririo, ser remetida
náquina" (Logique
eeiCiante
du Sens, Minuit, I1969, 6.3).
p.
310 Psicanalise e'Iransversalidade
perde-lo enquanto tiver condiçoes de recuperá-lo no seio de outs
utra
determinação estrutural.
A máquina, em contrapartida, permanece por sua essencia excentrica
ao fato subjetivo. O sujeito, nela, sempre se acha alhures.A temporalizacãn
penetra a máquina por todos os lados e so pode situar-se com relacão a
ela à maneira de um evento. O surgimento da maquina marca uma data
um corte, não homogeneo a uma representação estrutural.
A História da tecnologia é datada pela existência, em cada fase, de
um tipo dado de máquina, aflorando a História das ciências no presente,
para cada um de seus ramos, no lugar em que cada teoria científica pode
ser tomada como máquina e não como estrutura, o que remete à ordem
da ideologia. Toda máquina é negação,
assassinato por incorporação (a
ponto de deixar praticamente só um residuo) da máquina a que subs-
titui. Em termos potenciais, entretém o mesmo tipo de relações com a
máquina que a vai suceder.
máquina de antes, a máquina de hoje e a maquina de amanhà
não entretèm entre si relações estruturais: só um processo de análise
histórica, o recurso a uma cadeia significante extrinseca à máquina, um
estruturalismo histórico, digamos, permitiria reapreender globalmente os
efeitos de continuidade, de retroação e de encadeamento que a naquina
é suscetível de representar.
O sujeito da História está, para a máquina, em outro lugar, na estru-
tura.A bem dizer,o sujeito da estrutura, considerado em sua relação de
alienação com um sistema de totalização destotalizada, deveria antes ser
remetido a um fenômeno de "metade" (sic), opondo-se aqui o ego ao
sujeito do inconsciente na medida em que responde ao principio enun-
ciado por Lacan: um significante o representa para outro signiticante. o
sujeito inconsciente como tal estará por sua vez do lado da máquina, ao
lado da máquina, digamos. Poto de ruptura da máquina. Corte aquc
e alem dela
O individuo, em sua
relação com a máquina, foi descrito pelos so
ciólogos daestirpe de (Georges) Frieduman como estando numa relaga
fundamental de alienação. Isso é exato se se consicderar o individuo omo
perderam t o d o
tado o sentido diante do maquinismo moderno, que, a cada
recnológica, ex1ge de seus especialistas que voltem a partir do zero.
Aas mã0 deve -justo essa Votta ao 2ero sCr Situada no principio mesmo
não mais oferece hoje garantia ritual. Já não se pode identificar a repetica
do gesto humano "o augusto gesto do semeador" como da ordem natural
tomada como fundamento da ordem 1moral das cOisas.A repetição do gesto
não mais funda um "ser-para-a-profissão". O trabalho humano moderno
é mero subconjunto residual do trabalho da máquina. O gesto humano residual
não é mais que processo adjacente e parcial do processo subjetivo
um
313
11e liga
rao quie a
maquina ao
registro de
dupla face do
seu estatuto de raiz ruiidadora das sujeito desejante
diferentes ordens
1lhcOrresponde1. A 1maquina, como repetiçao do estruturais que
1odo, e mesmo o unico modo possivel, de singular, constitui
Aas diversas formas de
representação unívoca
subjetividade na ordem do geral sobre o
individual ou coletivo. plano
Se se quiser considerar a
questao sob o
angulo inverso, "a partir"
do geral, ter-se-a a ilusao de um
apoio poSSivel num
espaço estrutural
preexistente ao encontro
contingente como corte da parte da máquina.
Essa cadeia signif1cante "pura, "basal, uma
espécie de paraíso perdido
do desejo ou dos "bons velhos de antes do
tempos maquinismo", po-
deria então ser considerada uma
metalinguagem, referencial absoluto
que sempre poderia ser
produzido no
lugar e em
lugar de um evento
contingente ou de uma marca singular.
Chegar-se-ia assim a situar indevidamente a verdade do corte, a
verdade do sujeito, no nível da representação, da informação, da comu-
nicação, dos códigos sociais e de todos os outros modos de determinação
estrutural.
meio de localizaçao
l Z a 0 que evite a pass.agem mágica de un plano ao
outro.
314 Psicanálise e Transversalidade
315
distingue da fantasmatizaçao de grupo, que não dispõe desses pontos
a amarração do desejo a superticie do corp0, desses pontos de chama-
da à ordem das verdades singulares que são as zonas erógenas, as zonas
fronteiriças, de passagem e de adjacência.
A fantasia de grupo sobrepõe os planos, altera-os, os substitui. Está
condenada a girar em torno de si mesmo. Esse efeito de circularidade o
317
aSuieito
O sujeito dda cieinCla encOntram esse
da História, mesno objeto "a" como
te
fundador do desejo.
estrutura que finciOa coln0 sujeito para outra
LL1a
estrutura seria
asla. o fato de a comunidade negra dos
por exenpl
Estados Unidos repre-
a nonto de reterencia de uma ordem branca das
coisas. Face
1CO.absurdo, indecifravel para uma consciencia modernista. Uma
roblemática inconsciente poe em causa ai a recusa de
uma alteridade
mais radical que estaria em Conjunçao, por exemplo, com uma recusa da
lteridade economica.O evento do assassinato de Kennedy "representa"
ona
escritural possivel de uma tal lnguagem.
real, a
E com discurso historico
efeito mj
Lo
inpossivel econonizar o
de sua fragilização.
Se A. Malraux pôde dizer do século XX que foi o século das nações,
em oposição ao século XIX, que teria sido o do internacionalismo, é que
o internacionalismo, não dispondo de uma expressão estrutural adequada,
articulada aos maquinarios economicos e sOCiais que o "trabalham", fe-
chou-se no nacionalismo e, abaixo deste, no regional1smo e nas diterentes
a cada
institucional, teria de revelar essas potencialidades subjetivas e,
de sua "estruturalização".
etapa das lutas, protegë-las
sobre
Mas semelhante reavaliação permanente dos efeitos de máquina
contentar-se apenas com uma "prática teórica",
as estruturas não poderia
1. Argumento
do nteiz
em nossos dias, sabe Deus aonde pode levar! (Lembrem-se
nas colunas de lCnips
dnansta treinado por gravador que apareceu até
Modernes )
gente se arranja
portanto, tudo é simples, a
dito a formação, radioso.
futuro e
enquanto Lacan existir,o
POde. Quanto ensino, ao
começo
tentativas de fazè-lo calar-se, desde o
Cnuma das incessantes
ele deve ser
3A bem dizer, Lacan jogava com o som de "T, com a imagem gráfica, aqui presente, ailes ( y
mas que pode ser "ala"
partidária) e com a imagem acústica "delas" (d'ailes), assinn como, et
alguns casos, com "aile, elle (ela) el'.Ver, por exemplo, LEMAIRE, A. Jacques Lacan - Vma hi
dução. Rio de Janeiro: Campus, 1979.Trad.: 1Durval Checchinato et al. N.T.
4 Grupos de trabalho internos da Escola Freudiana de Paris, em relação aos quais Lacan, na ata
fundação da Escola Freudiana de Paris (junho de 1964), precisa que serio compostos por re
pessoas no minimo, Cinco no náxino, sendo quatro a justa medida. Mais uma encarregaeta
seleção, da discussäo e da questio a reservar para o traballho de cada um (Anmaire l:.:7, 0
Na verdade, os "cartéis" existentes estão longe da medida e da formula!
sobe o
ensino ommo o Teverso d.i analise
Retlevies
323
sical
hierarquica Quando fareja transterencia no se
tamo-la, à1aneira
mane
conpartimento,
dos agentes de estrada de ferro acha-
nde campanha de exterminio de moscas.
chineses, quando da
No fundo, o
prototipo do Cartel
seminário de Lacan em sua e o
cozinho (sozinho com 300 pessoas numa sala), mas que, até
hoje, não deu
certo em grupo." Uma escola que seria composta de cartéis e somente de
cartéis... De trabalho... Era essa mesma a ideia? De trabalho, isto é, não de
trabalho analitico, ou entao, se se quiser, de uma anáise ao contrário. Fim
das boas maneiras, dos""quanto a mim", dos imaginários de todos os matizes,
um retorno sem ir, sempre um retorno ao texto, à letra das coisas.
de
Siliuet, a 1evista da F.EP
) Pers
CIs do jomane holO o de Gustave llaubert, marcadas pela nhet.ite
324 Psicanalise e Transversalidad
em
ado pouco exigente meios: um encontro de vez
no tocante aos
de
"leitura de Lacan", a ausencia
um
grupos heterogêneos de
boletim de informações.
Talta da instauração de uma estrutura
radicalmente distinta cda do
ou mesino do gupo
po corporativo, de uma associacão profissional,
de Lacan, que não é
o
de pressao0, a Escola se todo ensino exceto o
proibe dihunde macetes
30ola, desenvolvendo u u u pedagogia do minmetisno, e isso que me
e
analise, relança, a partir das fileiras lacanianas
-
d
326 Psicanálise e Transversalidade
2. Comentários
ao discurso das ciências pela mediaço do discurso do analista, mas desde que
se desfaça a operação científica do discurso universitário que consiste em
hipostasiar um sujeito sob o saber.
O psicanalista, para realizar seu trabalho de verdade sobre o saber
indecidível dos nomes próprios, encontraria assim apoio num discurso da
psicanálise, discurso constituído de modo tal que esse saber jamais possa
ser"capitalizado em proveito do arquivo" e da "função de autor" mas.pelo
Contrari0, que possa constituir-se como outra extremidade do recorte cons-
titutivo da ciencia, perpetuamente dividida que é entre o que deve excluir
de si no real como "impossível de um discurso dado" e a função de autor
rejeitada na ordem simbólica, passando por unma espécie de"desrealização
nome proprio na terceira pessoa, nome de nome".. **
10 Oberve-se que "nom de on" é uma das expressoes eufenic.as para certas exelanmaçoesP
Jorativas. N.T
sobre o ensino coim0 o reverso da análise
Retlexoes 327
Telacaão com a fantasia, e Sendo o trabalho de cura da teoria freudia-
1 a filtragem do discurso das
cienCias "teitas para que a questão do
desejo jamais seja poSta ou que o saber pSicologico a que ele é remetido
VOVido. Não só é justo afirmar que a psicanálise tem algo a tazer con,
encantos!
Retomemos a bateria de conceitos proposta por Nassif: lembramos
que ele nos ameaçou com uma perda sem recurso dos beneficios da
cientificidade e de uma queda no inferno da ideolog1a no caso em que
ou
apelo de verdade.
leibr.a
cinsno, e esengne, insigma, que
, SEnehança parcial das fonnas lseignemet,
lc disso uma das formas do verbo ruseigner, cnsnr. N.l
se denonina
decla:". Oque
Cnas Leltres, p. 42, a propósito do texto de NIsif, Lacan algun1.s
emb.as.amento perletamente redutivel
a
analitico depende na verdade de um
tem um bom trecho a percorrer! E para ter uma medida deste, propo-
de uma
assegurada, mas os membros da Escola ainda estão bem longe
apreensão c o m u m do que poderia ser a função do cartel como modo de
estruturação do campo do saber psicanalítico. Escutam-se com frequencia
fórmulas que propõem o cartel como nível intermediário para "aceder"
às dificuldades do ensino de Lacan (); isso me fez dizer em particular a
meu vizinho que se tratava em suma de pôr em circulação uma vacina,
uma linhagem atenuada do lacanismo. Há ainda "grupos de leitura de
Lacan", mas, até que me provem o contrário, continuo a pensar que se
13 Há en comum, nas
expressoesoriginais,"plat":"mise à plat"", csclarecimento, e "nnise des
dans Je plat" (tocar sem reservas em assuntos sensiveis, pôr o dedo na terida), o que expliea pinosi
escolha tradutória. N.T
o
ensino
comO O
reverso da análise 331
sobre
Refevoes
advento
recuperação de escritos da literatura analitica como evento ou
15 Terno
proposto por Lacan para
desIgnar paciente
o
na cura
psicanalitica.
Retexirs vtre o eriitit, C o rever da ználte
33
A demonstraça que estabeleça na0 ter essa
questão mergulhado ja.
definitivamente, no.. indecidível!
Entrementes, dois objetivos de trabalho deveriam
-laboração, de lado, da teoria do
um
ser
distinguidos: a
renstalaria a cada vez uma pura teoria em que os nomes de autores se*
.harcot (1825 1893), nnédico frances criador da hipnose, com quein retl traDalnu,
.191), neurologista ingles (que influene iou a psicanilise; 1. 1Bernheim (l840-1919), pro
e o r Irancés de clinica médica, com quem Freud teve contato. N. .
334 Psicanálise e Transversalidade
nálise. N.T.
18 Páginas antes, o autor fala de "real mpossível". N.T
Retexies sobe
o ensino como o reverso da anilise 335
Vez enm
de l1 Lettne dauns ' i i i e i t la Rai on Dput ud (publau ado pela prmer
.ishaut u
detune
3, 1957, "Psychanalyse lI'T o e " , 1957, p 47-8),Lacan
Sieney de
hihilyr, n et
au langage (o suporte
Ce
suppot miténel que le dseous on tet cnpr unte
li) iN.
ateiialque diseusO COneto cnpresta lugua/lunguag).
o i
Guerrilha em psiquiatria
a
instâncias do doutor Basaglia - real1zou "uma brusca ruptura da soli-
de 1970 1985)
d1 (A institaiio nrvid.. Rio de Jneno: (iril,
Psicanálise eTransversalidadle
338
LAING, Politique de 'Eixpériene Paris: Stock (A politica du experiènia: a ave do puraiso - Tit.
orig. The Politics of Iixperience and the Bird of Paradise. "Trad. Aurea B. Weissenberg. Vozes
Petrópolis 1978-e Rechenhes, "Spécial entancealiénée",n. 11, dezembro de 1968; D. COOPER,
syhiatrie et utipsydiatnie, Paris: Seuil, 1970 | Psiquiatriae Autipsiquiatia. São Paulo: Perspectiva, 1989).
Psicanalise e Transversalidade
340
trarem contato nem encontrar uma l1nguagem comum (p. 11/). Fórmul
ambigua e talvez demagógica, pois a psicotarmacologia não é em si uma
Ciencia reacionária. O que deve ser questionado eo contexto de seu uso
Também a nosografia talvez seja desprezada um tanto apressada-
Verneignung, no
sentido freudiano - do fato singular da alienação mental. Antes de optar
2 As úlinnas linhas deste artigo, cortadas arbitraiaiente por La (uinzai, atirnav.m que. per s
todas as divergenc1as, inmpunha-se uma solidariedade militante. Creio reatirnmar esse ponteo n0 no-
mento em que a luta de l'ranco Basaglia contra a repressio italhana deu esejo a um hipocritu
ataque da parte da colunista médica do jornal 1e Monde, a senhora Escoffier-Lambotte, que, atraVCS
desse episódio, visa ating1r o conjunto das tentativas de renovação e de inovação em psiquatrht
Onde começa a
psicoterapia de grupo?
TNem todas
fazem em grupo
as coisas que se
Bem, tudo isso para dizer que cumpre desconfiar e não cair na
armadilha dos grupistas de todo gênero, e sabe Deus quem nela está no
momento atual, especialmente em nosso
campo. Não obstante, servimo-
-nos o tempo inteiro de grupos em La Borde!
Estaremos usando o mal para nos opor ao mal? Os individuos estão
prisioneiros de si mesmos, incapazes de se reencontrar, de se
recompor,
de se
autoperceber. Aspiram a
algo que os
transcenda, algo em que pos-
sam se inscrever e a
partir de que poderiam localizar a si mesmos. Em
vez de deixar que se
queixem ao intinito, paciencia, proporcionar-lhes
grupos à saciedade! E é certo que funciona, porque a maioria deles fica
bem contente. E pede mais. Já não desejam ir enmbora. Voltam. Falanm
disso em toda parte.
Não há, contudo, por que se
agitar com isso! E, no final, o mínimo
que se
pode fazerpelas pessoas.
Dar de comer, educar, ensinar boas maneiras, dar
vitaminas, vacinar,
proporcionar o lazer... do grupo è uma coisa perteitamente noral! Faz
parte das necessidades do mundo moderno. Como o diz com
trequencia
Oury a esse respeito, se chamamos isso de
psicoterapia, e preciso sem
dúvida ad1mitir que
qualquer padeiro de quialquer esquina, de qualquer
rua, se sai nielhor do
que nós e sem tanta historia, tantos
tantas reVistas..
cOngressos,
e
poderia ter acrescentado, certa standing (condiço de vida)- para se
deixar psicanalisar. Em La Borde, naturalmente, é
nunca se
totalmente
dois, há sempre outros conosco, o que e normal, desde que não
fiquem
escutando atrás das portas!A mil, a cOIsa tambem nao avança muito: mil
pessoas no vão principal da estação Saint-Lazare...
Ou então, em caso de revolução, anda bem. Mas é raro... E, além
disso, não dura muito.
Deve haver um nível intermediario, uma encruzilhada, e é esse meu
alvo com a noção de consistencia.
No caso da familia, não e que o numero
seja forçosanmente ruim,
mas nela as coisas não andam por outros motivos: a família não se com-
poe de pessoas que possam falar umas com as outras. Trata-se de uma
miscelanea em que reina a confusão. Algo fala nela, mas nunca se sabe
de onde vem essa voz: todoS são porta-vozes de todos, e no tinal talvez
seja simplesmente a voz dos ancestrais que continua a se incrustar. Não
isso não é saudável! Seja como
tor, raramente e psicoterapico.
Em La Borde, tentamos de tudo. Mas, até agora, senmpre foram cOisas
grandes demais: os quatro grupos;' ou então pequenas demais: os tratamen-
tos individuais. Com as"unidades terapeuticas de base" (UTB), buscamos
encontrar a justa medida, constituir um tipo de famílias artificiais." Nio
há questão de emprego do tempo individual, decisoes sobre a admissão
a alta, lugares à mesa, medicamentos etc. sem consultar prioritarianente
a UTB.A pessoa da UTB suplanta os indivíduos que a compöen. E isso
voltavam a
"companheirinhos ajistas",os
fenecer... Do outro, havia os
razão de que
UJRF e do lCE pela boa
nos
Jovens militantes locais da
eram mistos e de que
Conhecíamos desdeo colégio, de que os albergues
havia entre nós nneninas nuito bonitas, ao passo que na UJ.
discípulo de Lévi-Strauss).
A partir de 1951, desenvolvemos uma ação original em diversos
"Fraternidades Franco-Chinesas" (Raymond foi
setores, no Partido, nas
Franck-PCI
Mestre Corvin realizaram sua
que Michèle
e
Foi justo no monento em
de
Communiste. Lançanmo-nos enm "estágios
minicisao para fundar Le
Deixamo-nos levar! Para
fornaçao"e por fim aderios todos ao PCI.
construção. os canaradas de
manifestamente acabado!
Raynond,
Tudo estava
Estávamos mais do que saturados!
nosso e eu decidimos sair do PCI.
grupo inverossímil mascarada
de mo-
houve uma
No dia 13 de maio de 1958,
Psicanálise e Transversalidade
350
estimulavam por baixo do pano, mas foram bem poucos os que nos
Hispano-Suiza.
Claro que havia aí algo de eficiência mítica. Mas assim são as coisas!
Alguns militantes responsáveis pela seção de Montreuil do PCF também
iriam se juntar a nós, um grupo de comunistas libertários, Gérard Spitzer
e dezenas de militantes anticolonialistas, cuja confiança obtivéramos em
decorrència de nosso rompimento público com os trotskistas.
Foi uma verdadeira epopeia a saída daqueles 49 números de La Voie
communiste (de novembro de 1958 a fevereiro de 1965)! Foi o único mo-
Vimento nmarxista dotado de um mínimo de público que sustentou sem
preconceitos nem reticéncias a luta da FLN (O apelo dos 121, condenado,
iecemo-nos, pela maioria do PSU,incluindo Claude Bourdet - herói
niuderam constatar que sua propOsta derrapou desatortunadamente num ' s "
pu
Denois de execução sumária, à Jdanov, em três linhas, de suas
uma
A revolução
França é manifestamente impossivel. E o que pensam
na
358
que da abjeçao burocrática.Afora OS sacerdotes
do
advem mais da angüstia esfaro
desses camaradas, em seu
habituais,o
conjunto ateante
ento de luta revolucioná
perversos
construção de
um novo
instrumento
revolucionária, serão
pela vez essas formulações absolutas
questionar mais
uma essas
levados a
burocráticas que sao objetivamente opostas ao ímnets
atitudes rígidas e peto
da luta de massas.
viveu ate agora c o m base em teorias que
O movimento operário
levar em conta o desejo. Endossando a ideologia da clas
se recusavam a
*
Em: 1diot
Liberté, n. 1, dezembro de 1970.
360 Pscanálse e Tranvversal1dade
Internacional-etc.).
Por que os grupúsculos, em vez de comer uns aos outros, não se
multiplicam ao infinito? A cada um seu grupúsculo! Em cada fábrica, cada
rua, cada escola. Finalmente o reino dos comités de base! Mas grupúsculobs
que aceitassem ser o que são no lugar em que são. E, se possível, uma
multiplicidade de grupúsculos que tomariam o lugar das instituições da
burguesia: a família, a escola, o sindicato, o clube de esportes etc. Gru-
púsculos que não temessem organizar-se, além de para seus objetivos de
luta revolucionária, para a sobrevivencia material e moral de cada um de
seus membros e de todos os desamparados que os cercam..
Teríamos então, é claro, a anarquia! Nada de coordenação, de cen-
tralização, de estado-maior... Ao contrário! Pensemos no movimento dos
Weathermen nos Estados Unidos: eles se organizam em tribos, em gan-
gues etc., mas isso não os impede de se coordenar e muitíssimo bem.
Há profundas alterações quando a quest o da coordenação é evoca-
da, em vez de entre indivíduos, com respeito a grupos de base, familias
artificiais, comunas... O indivíduo, tal como modelado pela máquina
social dominante, é demasiado frágil, demasiado exposto a todo tipo de
sugestoes: a droga, o medo excessivo, a família etc. Num grupo de base,
pode-se esperar a recuperação de um minimo de identidade coletiva,
mas sem negalomania, com um sistema de controle ao alcance da mão;
assim, o desejo em questão talvez possa fazer valer melhor sua fala/pala-
vra, ou quem sabe tenha mais condições de respeitar seus engajamentos
militantes. Ë preciso antes de tudo acabar com o respeito à vida privada:
esse é o começo c o fim da alienaçäo social. Om grupo analitico, u a
unidade de subversão desejante, näo ten1 vida privada: está voltado a um só
tempo para o interior e o exterior, para sua contingencia, sua finitude,
cseus objetivos de Juta. O movimento revolucionário tem, portanto, de
cOnstruir para si uma nova forma de subjetividade que nao mais repouse
no indivíduo e na família conjugal. A subversão dos modelos abstratos
Secretados pclo capitalsnno, c que continuan a ser aprovados, .até o ino-
nento, pcla maioria dos tcóricos, é uma condiçao prévia absoluta para
O reinvestimento pelas assas da luta revolucionária.
Psicanálise e Transversalidade
366
No momento presente, tem pouca utilidade elaborar um plano sobre
Impressàoe acabamento
Gráfica e Edltora Santuárlo
Assim, pareceu-me que eles escaparam a certo
número de pessoas que se interessam hoje pela
evolução dessa corrente de pensamento. Para pre
encher a lacuna em suas recordações ou sua fal-
ta de informação, bem como, para ser completa-
mente preciso, lembro,portanto, que ninguém ha-
via falado ou escrito sobre "a análise institucional"
e"os analisadores" antes das diferentes versões que
apresentei em meu relatório sobre "A transversali-
dade" (Publicado em 1964 no número UM da Revue
de Psychothérapie Institutionnelle).
Félix Guattarí
mères.
Nn
ESTE LIVRO, PUBLICADO INICIALMENTE EM 1974,
Félix Guattari apresentou o resultado de
quinze anos
de reflexão sobre as incidencias da
Psicanálise, tanto
no
campo psiquiátrico como no político.
Um tema central percorre estes textos: a
promoção
de um método de análise institucional
que deveria ir
além de cada um dos estratos distintos
que consti-
tuem as ciências sociais e humanas. Para Guattari, a
problemática da revolução tem ligação necessária
com a do remanejamento radical das concepções e
métodos correntes no campo da Psicanálise. E, por
conseguinte, um princípio de transversalidade que
deve aproximar e unificar a função do analista e a do
militante.
DECULOl
5-827 EDITORA
IDEIAS&
LETRAS
ptrascomb