pelo alto grau de descontentamento muito mais do que pelas lideranças. Infelizmente, as lideranças decidiram ficar em casa, enquanto o país estava sendo arrasado, agora já não podem mais ficar parados, pois a força do povo os coloca em movimento. Os atos da Campanha Nacional Fora Bolsonaro nasceram grandes pelo motivo de serem feitos em cima de uma insatisfação reprimida, que não encontra sozinha sua vazão de escape, mas apenas nas movimentações feitas pelas lideranças de esquerda e suas organizações. Assim, mesmo com todo o desespero que podemos ver, sem as organizações, partidos e sindicatos não há protestos. Os protestos não surgem do nada, mas de uma organização. Os organizadores desta jornada, a chamada Campanha Nacional Fora Bolsonaro, são confusos e há muitos direitistas entre eles, por isso o vermelho e os partidos políticos não Vai ter algum cretino censurando o aparecem como o centro da mobilização. Ao contrário, estranhamente vemos bandeiras jornal por causa desta montagem?! nacionais sendo levantadas como um gesto não de patriotismo, mas de servilismo de uma ou confusão. Somos, e nunca escondemos, esquerda disposta a aceitar direitistas bons partidários, comunistas e jornaleiros. Somos um como o PSDB. Aqui em Ribeirão Preto, pudemos jornal que busca ampliar a sindicalização, ver isso na campanha eleitoral quando a mesmo não fazendo parte do sindicato e esquerda foi ao ataque do Chiarelli, colocando-o imprimindo nosso material com as moedas como louco, quando tudo o que fazia era atacar recolhidas em nossas campanhas. Não somos os tucanos. Não é por acaso que a esquerda na grandes, não somos “respeitados” e somos cidade não seja um polo aglutinador e sim algo caluniados e difamados. No entanto, isso não parecido com uma seita. importa, não estamos atrás de cargos e O povo da cidade não é direitista, só não está respeitabilidade... vindo de onde vêm, todo este disposto a entrar nas disputas mesquinhas que ódio é bem-vindo (“Deus nos livre de sermos ocorrem dentro da quase totalidade da elogiado por estas pessoas”). esquerda local. Por isso, não temos um Os trabalhadores sozinhos não se organizam, movimento organizado, mas temos grupos também não podemos pedir que se organizem organizados para disputar eleição. Este por meio de toda as intrigas e brigas que problema, que atinge todo o espectro político da permeiam a esquerda, pois os homens sérios esquerda, não é novo ou local. Desde o começo tendem a se afastar deste tipo de política. Mas, do movimento operário, o oportunismo, a há o caminho revolucionário, há o Farol demagogia e a infiltração dos patrões são Operário para agir, distribuir panfletos, fazer utilizados e fazem uma divisão notória da cartazes, faixas e toda uma campanha de esquerda com uma ala oportunista e outra agitação séria. Não devemos desperdiçar esta revolucionária. oportunidade que aparece agora com os atos O Farol Operário, jornal marxista-leninista, está Fora Bolsonaro, devemos deixar de lado todas aqui para explicar tudo isto. Explicar que é um as ilusões com os parlamentares para fazer uma órgão centralizado, no qual busca por meio de luta operária e popular. Isso não vai ser feito um trabalho político a conscientização dos sozinho, mas estamos aqui. Vamos organizar a trabalhadores, sem nenhum tipo de moralismo nossa participação com o Farol Operário. zero, zero Faça um pix para fresnedas00@hotmail.com É necessário educar o povo, não confundi-lo ainda mais É inegável o enfraquecimento, nos últimos anos, da transmissão da mensagem política à classe trabalhadora, o que abriu espaço à aceitação do discurso direitista e ao desgaste institucional dos partidos. Quanto mais estes abandonam seu posicionamento classista em prol de um viés conciliatório (troca de cargos, jogadas eleitorais), mais suscetível à desmoralização eles estão, pois se sujeitam a travar um duelo de forças diretamente com a burguesia através de seus próprios sistemas, tornando a derrota iminente e deixando o trabalhador a mercê do senso comum. Este afastamento da esquerda da população gerou graves consequências, como uma base desmobilizada e partidos com foco em pautas burguesas e identitárias. No próprio momento do golpe percebeu-se um sintoma desta despolitização popular, com a sensação de conformidade perante o impeachment de Dilma Roussef e a prisão de Lula. Ao mesmo tempo que se deve buscar ir as ruas, a tem um efeito limitado e não se perpetua, esquerda não deve ignorar e censurar a voz enquanto a educação é permanente e gera do povo nas manifestações, sendo um grande um capital político muito mais vantajoso, que erro dos militantes da esquerda. É nosso possibilita inclusive sustentar a esquerda em dever educar a população politicamente, mais momentos de crise, como na situação de do que se manifestar, pois a manifestação novos golpes burgueses.
3° Ato Fora Bolsonaro de Ribeirão Preto
24/07/2021 – Sábado às 09H Praça da Esplanada do Dom Pedro II
O Problema Das Manifestações Simbólicas
Neste dia 3 seguiu-se mais um dia do calendário nacional em prol do Fora Bolsonaro, com manifestações e passeatas denunciando principalmente o caráter genocida de seu governo, muito ajudada pela repercussão do atual escândalo proveniente da CPI da Covid. O que chama atenção é o fato de muitas dessas manifestações possuírem um caráter simbólico, onde o alvo do protesto é retratado de maneira indireta através de imagens (cruzes, vacinas, dólares...), ficando o observador a mercê de sua própria interpretação, e muitas vezes sem uma informação central vinda desses movimentos, dado o caráter desorganizado dos mesmos. Eis o grande problema de uma manifestação simbólica: geralmente é feito por um viés muito mais midiático e exibicionista do que propriamente político, deixando a mensagem dos partidos para segundo plano. Quando isso acontece, torna-se iminente a infiltração de oportunistas no movimento, que, ao manifestarem ideias tendentes à direita e a burocracia, em um ambiente já confuso politicamente, contaminará uma boa parte do povo e o dispersará em interesses difusos, deixando-o cada vez mais distante da mobilização coletiva em prol da luta de classes. Quanto a este caráter das manifestações há ligação direta com o nível de organização que há por trás: quanto mais espontâneo mais simbólica ela é. Ou seja, quando não há instituições políticas, partidos, movimentos sociais organizados planejando previamente (e com uma certa antecedência), o discurso classista não é manifestado, tornando o movimento inócuo, com pautas meramente sanitárias e sem diálogo político com o povo. Percebe-se, inclusive, uma grande aversão dos movimentos de esquerda ao diálogo. A grande maioria destas movimentações é composta por pessoas preocupadas exclusivamente em se manifestar unilateralmente, até com certo medo do que uma devolutiva popular pode trazer. Enfim, o momento da esquerda atualmente mostra que não se deve ter medo do povo, e sim, lutar junto com ele, da maneira mais ampla possível.