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Farol Operário n° 45 – 21/07/2021

O povo brasileiro está nas ruas, sendo arrastado


pelo alto grau de descontentamento muito mais
do que pelas lideranças. Infelizmente, as
lideranças decidiram ficar em casa, enquanto o
país estava sendo arrasado, agora já não podem
mais ficar parados, pois a força do povo os
coloca em movimento.
Os atos da Campanha Nacional Fora Bolsonaro
nasceram grandes pelo motivo de serem feitos
em cima de uma insatisfação reprimida, que
não encontra sozinha sua vazão de escape, mas
apenas nas movimentações feitas pelas
lideranças de esquerda e suas organizações.
Assim, mesmo com todo o desespero que
podemos ver, sem as organizações, partidos e
sindicatos não há protestos. Os protestos não
surgem do nada, mas de uma organização.
Os organizadores desta jornada, a chamada
Campanha Nacional Fora Bolsonaro, são
confusos e há muitos direitistas entre eles, por
isso o vermelho e os partidos políticos não Vai ter algum cretino censurando o
aparecem como o centro da mobilização. Ao
contrário, estranhamente vemos bandeiras jornal por causa desta montagem?!
nacionais sendo levantadas como um gesto não
de patriotismo, mas de servilismo de uma ou confusão. Somos, e nunca escondemos,
esquerda disposta a aceitar direitistas bons partidários, comunistas e jornaleiros. Somos um
como o PSDB. Aqui em Ribeirão Preto, pudemos jornal que busca ampliar a sindicalização,
ver isso na campanha eleitoral quando a mesmo não fazendo parte do sindicato e
esquerda foi ao ataque do Chiarelli, colocando-o imprimindo nosso material com as moedas
como louco, quando tudo o que fazia era atacar recolhidas em nossas campanhas. Não somos
os tucanos. Não é por acaso que a esquerda na grandes, não somos “respeitados” e somos
cidade não seja um polo aglutinador e sim algo caluniados e difamados. No entanto, isso não
parecido com uma seita. importa, não estamos atrás de cargos e
O povo da cidade não é direitista, só não está respeitabilidade... vindo de onde vêm, todo este
disposto a entrar nas disputas mesquinhas que ódio é bem-vindo (“Deus nos livre de sermos
ocorrem dentro da quase totalidade da elogiado por estas pessoas”).
esquerda local. Por isso, não temos um Os trabalhadores sozinhos não se organizam,
movimento organizado, mas temos grupos também não podemos pedir que se organizem
organizados para disputar eleição. Este por meio de toda as intrigas e brigas que
problema, que atinge todo o espectro político da permeiam a esquerda, pois os homens sérios
esquerda, não é novo ou local. Desde o começo tendem a se afastar deste tipo de política. Mas,
do movimento operário, o oportunismo, a há o caminho revolucionário, há o Farol
demagogia e a infiltração dos patrões são Operário para agir, distribuir panfletos, fazer
utilizados e fazem uma divisão notória da cartazes, faixas e toda uma campanha de
esquerda com uma ala oportunista e outra agitação séria. Não devemos desperdiçar esta
revolucionária. oportunidade que aparece agora com os atos
O Farol Operário, jornal marxista-leninista, está Fora Bolsonaro, devemos deixar de lado todas
aqui para explicar tudo isto. Explicar que é um as ilusões com os parlamentares para fazer uma
órgão centralizado, no qual busca por meio de luta operária e popular. Isso não vai ser feito
um trabalho político a conscientização dos sozinho, mas estamos aqui. Vamos organizar a
trabalhadores, sem nenhum tipo de moralismo nossa participação com o Farol Operário.
zero, zero
Faça um pix para fresnedas00@hotmail.com
É necessário educar o povo, não confundi-lo ainda mais
É inegável o enfraquecimento, nos últimos
anos, da transmissão da mensagem política à
classe trabalhadora, o que abriu espaço à
aceitação do discurso direitista e ao desgaste
institucional dos partidos. Quanto mais estes
abandonam seu posicionamento classista em
prol de um viés conciliatório (troca de cargos,
jogadas eleitorais), mais suscetível à
desmoralização eles estão, pois se sujeitam a
travar um duelo de forças diretamente com a
burguesia através de seus próprios sistemas,
tornando a derrota iminente e deixando o
trabalhador a mercê do senso comum.
Este afastamento da esquerda da população
gerou graves consequências, como uma base
desmobilizada e partidos com foco em pautas
burguesas e identitárias. No próprio momento
do golpe percebeu-se um sintoma desta
despolitização popular, com a sensação de
conformidade perante o impeachment de
Dilma Roussef e a prisão de Lula. Ao mesmo
tempo que se deve buscar ir as ruas, a tem um efeito limitado e não se perpetua,
esquerda não deve ignorar e censurar a voz enquanto a educação é permanente e gera
do povo nas manifestações, sendo um grande um capital político muito mais vantajoso, que
erro dos militantes da esquerda. É nosso possibilita inclusive sustentar a esquerda em
dever educar a população politicamente, mais momentos de crise, como na situação de
do que se manifestar, pois a manifestação novos golpes burgueses.

3° Ato Fora Bolsonaro de Ribeirão Preto


24/07/2021 – Sábado às 09H
Praça da Esplanada do Dom Pedro II

O Problema Das Manifestações Simbólicas


Neste dia 3 seguiu-se mais um dia do calendário nacional em prol do Fora Bolsonaro, com
manifestações e passeatas denunciando principalmente o caráter genocida de seu governo, muito
ajudada pela repercussão do atual escândalo proveniente da CPI da Covid.
O que chama atenção é o fato de muitas dessas manifestações possuírem um caráter simbólico,
onde o alvo do protesto é retratado de maneira indireta através de imagens (cruzes, vacinas,
dólares...), ficando o observador a mercê de sua própria interpretação, e muitas vezes sem uma
informação central vinda desses movimentos, dado o caráter desorganizado dos mesmos.
Eis o grande problema de uma manifestação simbólica: geralmente é feito por um viés muito mais
midiático e exibicionista do que propriamente político, deixando a mensagem dos partidos para
segundo plano. Quando isso acontece, torna-se iminente a infiltração de oportunistas no
movimento, que, ao manifestarem ideias tendentes à direita e a burocracia, em um ambiente já
confuso politicamente, contaminará uma boa parte do povo e o dispersará em interesses difusos,
deixando-o cada vez mais distante da mobilização coletiva em prol da luta de classes.
Quanto a este caráter das manifestações há ligação direta com o nível de organização que há por
trás: quanto mais espontâneo mais simbólica ela é. Ou seja, quando não há instituições políticas,
partidos, movimentos sociais organizados planejando previamente (e com uma certa
antecedência), o discurso classista não é manifestado, tornando o movimento inócuo, com pautas
meramente sanitárias e sem diálogo político com o povo.
Percebe-se, inclusive, uma grande aversão dos movimentos de esquerda ao diálogo. A grande
maioria destas movimentações é composta por pessoas preocupadas exclusivamente em se
manifestar unilateralmente, até com certo medo do que uma devolutiva popular pode trazer.
Enfim, o momento da esquerda atualmente mostra que não se deve ter medo do povo, e sim, lutar
junto com ele, da maneira mais ampla possível.

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