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Raphaella Machado Diniz Nenow

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A ENFERMAGEM NA PREVENÇÃO DA SAÚDE PÚBLICA:


CAMPANHA DE VACINAÇÃO INFANTIL

NURSING IN PUBLIC HEALTH PREVENTION: CHILDREN'S


VACCINATION CAMPAIGN

LA ENFERMERÍA EN LA PREVENCIÓN DE LA SALUD


PÚBLICA: CAMPAÑA DE VACUNACIÓN INFANTIL

Raphaella Machado Diniz Nenow1

DOI: 10.54751/revistafoco.v16n2-117
Recebido em: 09 de Janeiro de 2023
Aceito em: 10 de Fevereiro de 2023

RESUMO
INTRODUÇÃO: Historicamente, o marco da vacina se dá com o advento da doença
varíola, que é um vírus, infeccioso. O clinico Edward Jenner ficou conhecido
mundialmente e historicamente com a descoberta da vacina contra a varíola. Essa
imunização também chegou ao Brasil, bem como as importantes mudanças no país,
como nomeação do sanitarista e cientista Oswaldo Cruz como diretor geral da Diretoria
Geral de Saúde Pública, a revolta da vacina em 1904, e mais atualmente, as criações e
implementações do Programa Nacional de Imunizações (PNI), Sistema Nacional de
Vigilância Epidemiológica (SNVE) e o Sistema Único de Saúde (SUS). Se por um lado
existem as vacinas com o grupo pró vacinação que são pessoas que acreditam na
imunização e na ciência, por outro há a existência dos grupos antivacina, no qual há
disseminação de informações errôneas e/ou distorcidas a respeito dos imunizantes,
levando a descrença e insegurança da população. Nesse contexto, o enfermeiro é o
profissional que tem o potencial para desenvolver campanhas para a vacinação, por ser
um educador, gestor e um estrategista, desenvolvendo e executando ações para o
controle de doenças imunopreveníveis. OBJETIVO: Compreender as ações de
enfermagem nas campanhas de vacinação infantil dentro da saúde pública por meio de
uma revisão integrativa. METODO: O presente estudo constitui em uma revisão
integrativa. A busca ocorreu nas bases de dados multidisciplinares, Biblioteca Virtual da
Saúde – BVS no Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE) e
no Scientific Electronic Library Online (SciELO). Como critérios de inclusão foram
considerados: artigos publicados entre os anos de 2011 a maio de 2021, nos idiomas
inglês e português, textos gratuitos disponibilizados na integra e que retratassem o
assunto pertinente ao estudo. RESULTADOS: A amostra final para a análise foi de 13
artigos e um manual do Ministério da Saúde. Para análise dividiu-se em duas categorias,
o impacto da não vacinação infantil para a saúde pública e o Enfermeiro na sala de
vacina e sua importância para a população. CONCLUSÃO: A imunização infantil ainda

1
Bacharel em Enfermagem. Pontificia Universidade Catolica Campinas. Av. John Boyd Dunlop, Jardim Ipaussurama,
Campinas - SP, CEP: 13034-685. E-mail: raphaelladiniz0@gmail.com

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gera alguns conflitos na sociedade, sendo dividida pelos apoiadores da vacinação e os


não apoiadores que são denominados de grupo antivacina. Conclui-se que, as ações
de enfermagem nas campanhas de vacinação infantil são de grande importância tanto
para saúde pública como para população infantil.

Palavras-chave: Vacina; saúde pública; campanhas de vacinação infantil; programa


nacional de imunizações; enfermagem.

ABSTRACT
INTRODUCTION: Historically, the milestone of the vaccine comes with the advent of
smallpox disease, which is an infectious virus. The clinician Edward Jenner became
known worldwide and historically with the discovery of the smallpox vaccine. This
immunization also reached Brazil, as well as important changes in the country, such as
the appointment of the sanitarian and scientist Oswaldo Cruz as director general of the
General Directorate of Public Health, the vaccine revolt in 1904, and more currently, the
creations and implementations of the National Immunization Program (PNI), the National
System of Epidemiological Surveillance (SNVE) and the Unified Health System (SUS).
If, on the one hand, there are the pro-vaccine groups who believe in immunization and
science, on the other hand, there are the anti-vaccine groups, in which there is
dissemination of erroneous and/or distorted information about immunizers, leading to
disbelief and insecurity among the population. In this context, nurses are the
professionals who have the potential to develop campaigns for vaccination, as they are
educators, managers, and strategists, developing and executing actions to control
immunopreventable diseases. OBJECTIVE: To understand nursing actions in childhood
vaccination campaigns within public health through an integrative review. METHODS:
This study is an integrative review. The search occurred in multidisciplinary databases,
Virtual Health Library - VHL in the Medical Literature Analysis and Retrieval System
Online (MEDLINE) and Scientific Electronic Library Online (SciELO). Inclusion criteria
were: articles published between 2011 and May 2021, in English and Portuguese, free
texts available in full and that portrayed the subject pertinent to the study. RESULTS:
The final sample for analysis was 13 articles and a Ministry of Health manual. The
analysis was divided into two categories: the impact of non-vaccination on public health,
and the nurse in the vaccination room and its importance to the population.
CONCLUSION: Childhood immunization still generates some conflicts in society, being
divided into those who support vaccination and those who do not, who are called the
antivaccine group. We conclude that nursing actions in childhood immunization
campaigns are of great importance both for public health and for the child population.

Keywords: Vaccine; public health; childhood vaccination campaigns; national


immunization program; nursing.

RESUMEN
INTRODUCCIÓN: Históricamente, el hito de la vacuna se produce con la aparición de
la enfermedad de la viruela, que es un virus infeccioso. El clínico Edward Jenner se hizo
mundial e históricamente conocido con el descubrimiento de la vacuna contra la viruela.
Esta inmunización también llegó a Brasil, así como importantes cambios en el país,
como el nombramiento del sanitarista y científico Oswaldo Cruz como director general
de la Dirección General de Salud Pública, la revuelta de las vacunas en 1904 y, más
actualmente, las creaciones e implementaciones del Programa Nacional de
Inmunización (PNI), del Sistema Nacional de Vigilancia Epidemiológica (SNVE) y del
Sistema Único de Salud (SUS). Si, por un lado, están los grupos pro-vacunación que
creen en la inmunización y en la ciencia, por otro, están los grupos anti-vacunas, en los
que se difunde información errónea y/o distorsionada sobre los vacunadores, lo que

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provoca incredulidad e inseguridad entre la población. En este contexto, las enfermeras


son las profesionales que tienen el potencial para desarrollar campañas de vacunación,
ya que son educadoras, gestoras y estrategas, desarrollando e implementando acciones
para controlar las enfermedades inmunoprevenibles. OBJETIVO: Conocer las
actuaciones de enfermería en las campañas de vacunación infantil dentro de la salud
pública a través de una revisión integradora. MÉTODOS: Este estudio constituye una
revisión integradora. La búsqueda ocurrió en bases de datos multidisciplinares,
Biblioteca Virtual en Salud - BVS en el Medical Literature Analysis and Retrieval System
Online (MEDLINE) y Scientific Electronic Library Online (SciELO). Los criterios de
inclusión fueron: artículos publicados entre 2011 y mayo de 2021, en inglés y portugués,
textos libres disponibles en su totalidad y que retrataran el tema pertinente al estudio.
RESULTADOS: La muestra final para el análisis fue de 13 artículos y un manual del
Ministerio de Sanidad. Para el análisis se dividió en dos categorías, el impacto de la no
vacunación en los niños para la salud pública y la enfermera en la sala de vacunas y su
importancia para la población. CONCLUSIÓN: La inmunización infantil sigue generando
algunos conflictos en la sociedad, estando dividida por los partidarios de la vacunación
y los no partidarios, a los que se denomina grupo antivacunas. Se concluye que, las
acciones de enfermería en las campañas de vacunación infantil son de gran importancia
tanto para la salud pública como para la población infantil.

Palavras-chave: Vacuna; salud pública; campañas de vacunación infantil; programa


nacional de inmunización; enfermería.

1. Introdução
1 História da Vacina
Historicamente, o marco da vacina se dá com o advento da doença
varíola, que é um vírus, infeccioso (também conhecida como “transmissível”), o
que significa que pode ser transmitida de uma pessoa ou animal para outro,
direta ou indiretamente. Tal fato, culminou para que a doença se espalhasse pelo
mundo entre o século dezessete e dezoito, afetando todos os níveis da
sociedade (EVE et al., 2015).
De acordo com pesquisas realizadas nos séculos em que a varíola afetava
as pessoas pelo mundo, mais de 400 mil pessoas foram a óbito por causa desta
doença e um terço das sobreviventes acabaram ficando com sequelas como por
exemplo cegueira, cicatrizes desfigurastes (EVE et al., 2015).
Desta maneira, em maio de 1796 o clínico Edward Jenner infectou com
varíola bovina um menino de oito anos, James Phipps. Por meio de experimentos
clínicos, ele injetou o vírus bovino que estava presente na mão de Sarah Nelmes,
em James, no qual apresentava sinais e sintomas da doença (MORABIA, 2018).
Após algumas semanas Edward injetou repetidamente na criança o
material com o vírus, e o mesmo, não desenvolveu pústula no local da inoculação

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como sintomas geralmente associados à varíola (MORABIA, 2018).


Com isso, o cientista identificou que, na presença de infecção por varíola
bovina, existia uma proteção natural da doença mediante infecções
subsequentes. No entanto, ao relatar o experimento à Royal Society (Academia
de Ciências do Reino Unido) em 1796, o estudo foi descredibilizado por provas
insuficientes (BOYLSTON, 2013). Dois anos depois, em 1798, em continuação
ao ensaio clínico, Edward obteve sucesso na pesquisa e por meio de um panfleto
que dispôs a origem, a natureza e a proteção contra a varíola (BOYLSTON,
2013).

1.2 Vacinação no Brasil


No Brasil, a varíola foi introduzida por “descobridores” europeus em 1561.
Com o processo de colonização, a doença se disseminou levando várias
pessoas a óbitos, ocasionando uma epidemia. Em 1804 no Brasil, ocorreu a
chegada da vacina contra a varíola, sendo utilizada a vacina Jenneriana (método
de Edward Jenner) (GAZÊTA, 2014).
O ano de 1808 proporcionou importantes mudanças na cidade do Rio de
Janeiro, pois foi criada a primeira organização nacional de Saúde Pública no
Brasil e o cargo de Provedor-Mor de Saúde da Corte e do Estado do Brasil
(GAZÊTA, 2014).
Conseguinte, no ano de 1811 Dom João criou a Junta Vacínica da Corte,
na medida em que os anos foram passando em 1832 foi estabelecido o Código
de posturas do município do Rio de Janeiro, definindo-se pela primeira vez no
Brasil a obrigatoriedade da vacina sendo limitado às crianças e estabelecendo
multa para aqueles que infringissem a legislação (GAZÊTA, 2014).
Essa obrigatoriedade, apesar de restrita a apenas uma fração da
população, era efetivamente cumprida através da escravidão nas fazendas, para
onde o vacinador era deslocado por solicitação dos proprietários de escravos
(GAZÊTA, 2014).
Com isso, alcançava-se cerca de 40% da vacinação em relação aos
demais vacinados. No âmbito da população em geral, o uso da vacina era muito
desacreditado e temido, conforme afirmam os responsáveis pela vacinação e

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estudiosos do assunto, através de vários ofícios e publicações específicas


(FERNANDES,1999; GAZÊTA, 2014).
No ano de 1846, foi criado o Instituto Vacínico do Império (Decreto n.º
464, de 17 de agosto), conhecido também pelo nome de Instituto Vacínico da
Corte, que atuava nas localidades e era responsável pela vacinação, na qual a
corte brasileira detinha o privilégio de se vacinar contra uma doença em alta
globalmente (GAZÊTA, 2014; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2013).
Com a vacinação em vigência a classe em questão, pesquisadores
observaram que a mesma não trazia os benefícios delineados em seus estudos,
visto que a população brasileira representava altos índices de contaminação e
os números de mortes permaneciam influentes (GAZÊTA, 2014; MINISTÉRIO
DA SAÚDE, 2013).
O cenário epidemiológico, instigou o médico e cientista Oswaldo Cruz,
para a inicialização de estudos quanto a vacinação no país, fazendo com que
viajasse para Paris em 1897, onde permaneceu por dois anos estudando
microbiologia, soroterapia e imunologia, no Instituto Pasteur, e medicina legal no
Instituto de Toxicologia (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2013).
Oswaldo voltou ao Brasil em 1899 e assumiu a direção técnica do Instituto
Soroterápico Federal, que era construído na Fazenda Manguinhos. A instituição,
sob o comando do barão de Pedro Affonso, proprietário do Instituto Vacínico
Municipal, no qual foi fundada em 1900 (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2013).
Em 1903 Oswaldo foi nomeado como o diretor geral da Diretoria Geral de
Saúde Pública, com a missão de combater as três principais epidemias que
assolavam o Rio de Janeiro, febre amarela, peste bubônica e varíola (GAZÊTA,
2014).
Considerado como um dos pioneiros na implantação de serviços
sanitários, as medidas de: isolamento dos doentes, a notificação compulsória
dos casos, a captura dos vetores (mosquitos e ratos) e a desinfecção das casas
nas áreas, levando a diminuição da incidência das doenças como febre amarela
e peste bubônica (GAZÊTA, 2014).
Após a diminuição de casos destas, Oswaldo voltou a ter o foco para a
varíola, propondo ao governo para reinstaurar a obrigatoriedade da vacinação
em todo o território nacional. Apenas os indivíduos que comprovassem ser

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vacinados conseguiriam contratos de trabalho, matrículas em escolas, certidões


de casamento, autorização para viagens (GAZÊTA, 2014).

1.3 Revolta da Vacina


Um dos episódios mais comoventes da história da saúde pública no Brasil,
conhecida como a revolta da vacina que se iniciou no Rio de Janeiro, em 1904,
foi quando houve o recrudescimento dos surtos de varíola, no qual o Oswaldo
Cruz junto com o governo estabeleceu uma ação de campanha de vacinação em
massa contra a doença de ordem obrigatória (BENCHIMOL, 2018).
Com o apoio dos militares eles expulsavam populares de suas moradias
no centro do Rio. Ressalta-se que o ‘’bota-abaixo’’ demoliu mais de 600 cortiços
e deixou cerca de 14 mil pessoas desabrigadas. Depois, invadiu as casas que
sobraram para as medidas sanitárias, interferindo no espaço privado e na vida
cotidiana do brasileiro (BENCHIMOL, 2018).
No dia 5 de novembro de 1904, houve um encontro no Centro das Classes
Operárias, próximo à praça Tiradentes, presidido pelo senador Lauro Sodré, no
qual foi fundada a Liga Contra a Vacina Obrigatória (BENCHIMOL, 2018).
Com os acontecimentos públicos, no dia 10 de novembro de 1904 a
população insatisfeita foi para as ruas dando início a protestos e rebeliões. Após
um saldo total de 945 prisões, 461 deportados, 110 feridos e 30 mortos, com isso
foi proclamado o Estado de Sítio e o cancelamento da vacinação obrigatória no
dia 16 de novembro deste mesmo ano de 1904 (BENCHIMOL, 2018).
Depois disso, a Lei da Vacina Obrigatória foi modificada e a utilização da
vacina tornou-se opcional. Por outro lado, após três anos da revolta em 1907,
evidenciando a eficácia da vacinação, a febre amarela estava quase erradicada
do Rio de Janeiro. E em 1908, em um novo surto epidêmico da varíola, a própria
população procurou os postos de vacinação tendo então iniciado o processo de
erradicação da doença no Brasil que culminou com a eliminação total da varíola
na década de 70 do século XX e em 1980 a Organização Mundial da Saúde
reconheceu a erradicação da varíola no mundo (BENCHIMOL, 2018).

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1.4 Anti Vacina


O início da criação dos grupos anti vacina ocorreu no século XVIII, em
decorrência do medo e mitos a respeito da vacina que era disseminada pela
oposição religiosa na Inglaterra, sendo considerada segundo o reverendo
Edmund Massey “uma tentativa de se opor aos castigos de Deus sobre o homem
por seus pecados’’ (HUSSAIN et al., 2018; MENEZES, 2018).
Além disso, em meados do século XIX na Grã-Bretanha quando se tornou
obrigatório que os pais vacinassem seus filhos em contrapartida foi formado uma
Liga Anti-Vacinação em Londres, e esta tinha como objetivo proteger as
liberdades das pessoas que segundo elas estavam sendo ‘’invadidas’’ pelo
parlamento (HUSSAIN et al., 2018; MENEZES, 2018).
Logo após um período de 19 anos e sob pressão exercida pela Liga e
seus apoiadores, o parlamento britânico foi obrigado a aprovar uma lei em 1898
que removia as penalidades por não cumprir as leis de vacinação e permitia que
os pais que não acreditassem que a vacinação fosse benéfica ou segura não
precisariam vacinar seus filhos (HUSSAIN et al., 2018; MENEZES, 2018).
Em virtude disso, o movimento antivacinação ficou conhecido
mundialmente e no ano de 1998 após uma publicação de um artigo no The
Lancet por um ex-médico e pesquisador britânico, Andrew Wakefield que sugeria
credibilidade à alegação que depois foi desmentida de uma conexão entre a
vacinação de sarampo, caxumba e rubéola com a propensão no
desenvolvimento de autismo em crianças pequenas vacinadas (HUSSAIN et al.,
2018; MENEZES, 2018).
Isso foi o suficiente para que os pais/ responsáveis não vacinassem seus
filhos, entretanto, alguns anos depois foi revelado por um jornal que Wakefield
foi pago pelos ligantes que eram contra os fabricantes de vacinas para criar e
publicar esse artigo, gerando assim, maior adesão no grupo antivacina
(HUSSAIN et al., 2018; MENEZES, 2018).
Apesar do marco histórico, a implicância da vacina obrigatória e todo o
contexto da força de vacinação, além do artigo falso que foi retificado, esses
grupos antivacina nunca desapareceram, vocalizados de forma intermitente em
diferentes partes do mundo devido aos argumentos baseados na teologia e
ceticismo (MENEZES, 2018).

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Tais argumentos se fundamentam sob a vertente da violação da


autonomia e ainda, a crença na predestinação da vida humana. Segundo
religiões como judaísmo, islamismo e hinduísmo, a introdução de insumos de
origem animal não é aceita, por considerar desrespeito a obra do sagrado, a vida
(HUSSAIN et al., 2018).
O extremismo religioso, a instabilidade política, o populismo, as Fake
News e, questões como segurança e insegurança da população implicam quanto
a vacinar ou não vacinar as crianças (MENEZES, 2018).
Em 2012, a Organização Mundial da Saúde (OMS) criou um grupo
especial para estabelecer estratégias relacionada à recusa vacinal: Working
Group on Vaccine Hesitancy (SAGE). Com objetivo de caracterizar fatores que
influenciam a decisão de aceitar as vacinas definiu-se "hesitação vacinal"
(vaccine hesitancy) como o atraso na aceitação ou recusa de vacinação a
despeito da disponibilidade de serviços de vacinas (MACDONALD; SAGE,
2015).
Após um período de tempo, o conceito movimento antivacina ou grupos
antivacina foi remodelado para hesitação vacinal esse conceito tem sido usado
com muito mais frequência em pesquisas, meios acadêmicos e saúde pública
(MACDONALD; SAGE, 2015).
Por outro lado, a campanha de vacinação é circundada pela hesitação
vacinal, que é criticada, e está destonando opiniões a favor e contra a política
vacinal. Apesar de ser reconhecida como uma das medidas de saúde pública de
maior sucesso, é percebida como insegura e desnecessária por um número de
pais/ responsáveis (MACDONALD; SAGE, 2015).
Mesmo sendo utilizada em serviços de saúde visando a prevenção,
controle de doenças erradicadas e preveníeis, ocorrência de surtos epidêmicos,
índices evidenciam que algumas doenças preveníeis comuns na infância
(Sarampo, Caxumba e Rubéola) acabam levando ao óbito e a sequelas um
grande contingente de crianças no Brasil e no mundo. Cerca de dois milhões de
crianças morrem anualmente em decorrência de doenças passíveis de
prevenção através da imunização (SOUZA et al., 2012; MACDONALD; SAGE,
2015).

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1.5 Programa Nacional de Imunizações


Criada em 1973, o Programa Nacional de Imunizações (PNI) foi
regulamentado pela Lei Federal nº 6.259, de 30 de outubro de 1975, e pelo
Decreto n° 78.321, de 12 de agosto de 1976, que instituiu o Sistema Nacional de
Vigilância Epidemiológica (SNVE) (SILVA JUNIOR, 2013).
A PNI tem um papel fundamental no Ministério da Saúde, na organização
e coordenação das ações de vacinação, visto que já era realizada há várias
décadas, além de ter sido responsável pela erradicação da varíola (SILVA
JUNIOR, 2013).
O Programa organiza toda a política nacional de vacinação da população
brasileira como calendário vacinal, a introdução sustentável de novas vacinas, a
padronização técnica e a adoção de estratégias inovadoras como a combinação
de vacinação de rotina com campanhas de vacinação. E tem como missão o
controle, erradicação e a eliminação de doenças imunopreveníveis
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2013; SILVA JUNIOR, 2013).
A existência do PNI possibilitou a manutenção da aquisição centralizada
de vacinas, uma medida que se torna importante para a promoção da equidade,
possibilitando que os municípios mais pobres do País cumpram exatamente o
mesmo calendário vacinal que os municípios mais ricos, com metas e objetivos
alcançados o programa tem reconhecimento e respeitabilidade no Brasil e no
mundo (SILVA JUNIOR, 2013).
O programa é coordenado com o apoio dos profissionais da saúde e da
população para as ações de vacinação, sendo diretamente responsável pelo
alcance de coberturas vacinais adequadas, controle de doenças e nas ações de
rotina quanto nas campanhas de vacinação. Assim tornando uma referência
mundial (SILVA JUNIOR, 2013).

1.6 Sistema Único de Saúde


A Constituição Federal de 1988 definiu no artigo 196, que ‘’(...) a saúde é
direito de todos e dever do Estado’’. Para atingir este objetivo, foi criado o
Sistema Único de Saúde (SUS), de acordo com as diretrizes de
descentralização, atendimento integral e participação popular, respeitando os
princípios de universalidade, integralidade e igualdade firmados na própria

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Constituição (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2015).


A sua implementação foi de extrema importância, pois diversos grupos se
engajaram no movimento sanitário, e o objetivo é um sistema público para
solucionar os problemas encontrados no atendimento da população, defendendo
o direito universal à saúde. Já em 1990, o Congresso Nacional aprovou a Lei
Orgânica da Saúde, que detalha o funcionamento do sistema de forma gratuita
e exclusiva no Brasil (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2015).
Com isso, o SUS integrou-se a PNI a fim de disponibilizar acesso gratuito
a todas as vacinas recomendadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS),
disponibilizando assim, 17 vacinas para combater mais de 20 doenças, em
diversas faixas etárias, na rede pública de todo o país por meio das campanhas
de vacinação (SILVA JUNIOR, 2013).
Há ainda outras 10 vacinas especiais para grupos em condições clínicas
específicas, como portadores de HIV, disponíveis nos Centros de Referência
para Imunobiológicos Especiais (CRIE) (SILVA JUNIOR, 2013).
A fim de articular e ordenar o atendimento de saúde através do SUS foi
criado as Políticas Públicas que a partir do enfoque nas necessidades dos
usuários por faixas-etárias, etnias, gênero, orientação sexual, situação social,
incluindo ainda, as políticas transversais, importantes para toda a população
assim contribuindo para melhores condições de saúde (SILVA JUNIOR, 2013).

1.7 Enfermagem
A enfermagem tem seu marco de oficio com Florence Nightingale.
Intitulada como superintendente de um grupo de enfermeira, ela incrementou o
cuidado de enfermagem pautado na ordenança do grau de complexidade, rotina
de limpeza e higiene (LOPES; SANTOS, 2010).
Segundo Florence,

A arte de enfermagem é a mais bela das artes e, considerada como tal,


requer pelo menos tão delicado aprendizado quanto a pintura ou a
escultura, pois que não pode haver comparação entre o trabalho de
quem se aplica à tela morta ou ao mármore frio, como o de quem se
consagra ao corpo vivo. O cuidar de doentes é tarefa que sempre
coube à mulher e sempre lhe deve caber (HORTA, 1968, p. 3).

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No Brasil a enfermagem tem um marco com a enfermeira Anna Nery que


é impulsionada por Florence determina o estudo e a titulação da profissão no
país (ANDRADE, 2007).
Em vigência de um modelo sanitarista centralizado, pelo estudo
sistematizado das doenças e o consequente cuidado ao doente, centrada no
ambiente hospitalar, tornando a saúde a uma questão nacional (ANDRADE,
2007).
De acordo com o decreto n°94.406/1987, dispõe sobre o exercício da
Enfermagem, e dá outras providências, fazendo com que seja fundamental o
papel da enfermagem no enfrentamento dos grandes desafios para a atenção
integral à saúde, de forma segura e com qualidade para todos (ANDRADE, 2007;
KRUSE, 2006).
Sendo a profissão fundamentada nos pilares: pesquisa, ensino,
assistência e humanização, a atuação do enfermeiro no SUS gerou uma
demanda crescente aos serviços prestados pela enfermagem, sendo necessário
a atualização continua dos profissionais a fim de melhorar a resolutividade e
qualidade dos serviços prestados (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014).
É de grande valia atuação do enfermeiro em todas as ações de uma sala
de vacina, é de sua responsabilidade a conservação das vacinas, manutenção
do estoque, administração das vacinas que deverá sempre estar nas normas e
técnicas preconizadas pelo PNI como também orientações pertinentes a
possíveis contraindicações e reações adversas das vacinas (MINISTÉRIO DA
SAÚDE, 2014).
Além disso, a capacitação do profissional e elaboração do arquivo de
cartão espelho é também uma responsabilidade do enfermeiro, para que assim
tenha o controle das doses administradas na rotina diária. Segundo Tavares e
Tocantins (2015), os enfermeiros desenvolvem ações para o controle de
doenças imunopreveníveis, sendo capazes de realizar orientação sobre cartão
de vacina, administração à sala de vacinação, visitas e captação de usuários no
território para buscas ativas junto com Agentes Comunitários de Saúde (ACS).
Desta maneira, há necessidade em aprofundar e discutir a respeito da
temática em questão, a obter conhecimentos que possam subsidiar ações de
orientação aos pais e/ou responsável sobre a importância da imunização de

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forma a conscientizá-los, e também, estimular adesão à política vacinal a fim de


acrescer o número de crianças imunizadas no Brasil. Portanto, o presente estudo
objetivo compreender qual é o papel do enfermeiro perante a prevenção de
saúde pública na campanha de vacinação infantil.

2. Justificativa
A presente pesquisa buscou compreender a importância da ação do
enfermeiro mediante a campanha de vacinação infantil, uma vez que o mesmo
é considerado um educador em saúde por sua atribuição mediante ações
educativas. Sendo assim, o profissional tem um papel fundamental quando se
trata de campanha de vacinação, principalmente quando se fala de imunização
infantil, pois esse pode incentivar os pais e responsáveis por meio da informação
acerca da importância da vacinação, incluindo-os no processo de manutenção
da saúde da criança (LESSAR; OLAND, 2015).
No Brasil, Oswaldo Cruz foi um dos pioneiros na descoberta da vacina no
país, criando um dos episódios mais comoventes da história da saúde pública
mundial. O sanitarista estabeleceu um modelo de ação contra a doença,
baseado em um imunobiológico a fim de erradicar a varíola que matava milhares
de pessoas no século XVIII. Tal marco histórico, impulsionou os órgãos
reguladores de saúde como o Sistema Único de Saúde (SUS), a criação do
Programa Nacional de Imunizações (PNI) (MOACYR, 2003).
No entanto, apenas no ano de 1973 é que se formulou o Programa
Nacional de Imunizações (PNI), regulamentado pela Lei Federal nº 6.259, de 30
de outubro de 1975, e pelo Decreto n° 78.321, de 12 de agosto de 1976, que
instituiu o Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica (SNVE). O PNI
organiza toda a política nacional de vacinação da população brasileira e tem
como missão o controle, erradicação e a eliminação de doenças
imunopreveníveis (MOACYR, 2003).
A imunização é reconhecida como uma das intervenções mais bem-
sucedidas e custo-efetivas, resultando na erradicação e no controle de diversas
doenças em todo o mundo. Todavia, uma preocupante redução na cobertura
vacinal tem sido observada no Brasil, fazendo com que surgisse alguns casos

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Raphaella Machado Diniz Nenow
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de algumas doenças como (BCG, poliomielite e tríplice viral, sarampo, caxumba


e rubéola) até então controladas e ou erradicadas (ARROYO et al., 2020).
Então, a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou, em 2017, que
a região das Américas apresentou o maior número de registro de crianças
imunizadas em todo mundo, alcançando aproximadamente 116 milhares de
imunizações. Mas no Brasil, o Programa Nacional de Imunizações (PNI)
identificou uma preocupante diminuição na cobertura vacinal na última década,
sendo o caso das vacinas da BCG, poliomielite e tríplice viral, sarampo, caxumba
e rubéola (ARROYO et al., 2020).
A situação reportada despertou uma preocupação por parte das
autoridades sanitárias brasileiras, visto que tem uma grande possibilidade do
recrudescimento de algumas doenças até então controladas e ou erradicadas,
alguns dos determinantes da cobertura vacinal estão relacionados com a
percepção enganosa dos cuidadores de que não é preciso mais vacinar, haja
visto que o pensamento de que as doenças desapareceram, além de circundada
por críticas, destonando opiniões a favor e contra a política vacinal (ARROYO et
al., 2020).
Isso ocorre porque pela propagação errônea e/ou distorcida da
informação a respeito dos imunizantes, levando a descrença e insegurança da
população quanto a aderência a estes, implicando na resistência quanto à
imunização infantil por país e/ou responsáveis. Desse modo fazendo com que O
movimento antivacinação vem demonstrando uma redução das taxas de
aceitação da vacina e no aumento de surtos e epidemias de doenças evitáveis
pela vacina (ARROYO et al., 2020; SOUZA et al., 2012).
Haja vista que as campanhas de vacinação sempre foram uma
preocupação para o enfermeiro, pois as vacinas ofertadas nos primeiros anos de
vida possuem a capacidade de impedir que as crianças fiquem vulneráveis a
muitas doenças especificas por falta de imunização, em virtude disso sabe-se
que cerca de dois milhões de crianças morrem anualmente em decorrência de
doenças passíveis de prevenção através da imunização (SOUZA et al., 2012).
Assim, há necessidade em aprofundar e discutir a respeito da temática
em questão, a obter conhecimentos que possam subsidiar ações de orientação
aos pais e/ou responsável sobre a importância da imunização de forma a

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A ENFERMAGEM NA PREVENÇÃO DA SAÚDE PÚBLICA: CAMPANHA DE
VACINAÇÃO INFANTIL
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conscientizá-los, e também, estimular adesão à política vacinal a fim de acrescer


o número de crianças imunizadas no Brasil. Portanto, o presente estudo objetivo
compreender qual é o papel do enfermeiro perante a prevenção de saúde pública
na campanha de vacinação infantil.

3. Objetivos
3.1 Geral
Compreender as ações de enfermagem nas campanhas de vacinação
infantil dentro da saúde pública por meio de uma revisão integrativa.

3.2 Específicos
- Conhecer papel do enfermeiro nas campanhas de vacinação infantil;
- Compreender os motivos da não vacinação infantil;
- Conhecer o impacto da não vacinação infantil para a saúde pública.

4. Método
O presente estudo constitui em uma revisão integrativa. Segundo
Mendes, Silveira e Galvão (2008) uma revisão integrativa se propõe a organizar
e resumir os resultados de outras pesquisas sobre um determinado tema em
questão, de maneira sistematizada, possibilitando conclusões acerca do
conteúdo proposto.
Assim, para norteio de busca bibliográfica utilizou como pergunta
norteadora desta pesquisa: “Quais são as ações de enfermagem nas
campanhas de vacinação infantil como prevenção na saúde pública?”.
Os artigos científicos foram pesquisados nas Bases de Dados da
Biblioteca Virtual da Saúde – BVS no Medical Literature Analysis and Retrieval
System Online (MEDLINE) e no Scientific Electronic Library Online (SciELO)
utilizando-se os seguintes descritores: “Vacina”; “Saúde Pública”; “Campanhas
de Vacinação infantil”; “Programa Nacional de Imunização”; “Enfermagem” e
“Sistema Único de Saúde".
Como critérios de inclusão foram considerados: artigos publicados entre
os anos de 2011 a maio de 2021, nos idiomas inglês e português, textos

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Raphaella Machado Diniz Nenow
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disponibilizados na integra, gratuitos e que retratassem o assunto pertinente ao


estudo, Política Nacional de Imunização (PNI) e Imunização Infantil. Ainda,
considerou a utilização de um Manual do Ministério da Saúde. Para melhor
compreensão de como foi realizada a busca pelos artigos nas bases de dados
foi elaborado um fluxograma que foi descrito a seguir:

Figura 1. Fluxograma da pesquisa em Bases de Dados com amostragem final dos artigos que
fazem parte da revisão, Campinas, 2021.
Artigos em bases de
dados: BVS, MEDLINE
E SCIELO = 446

FILTRO FILTRO
Ano de 2011 até 2021 Excluídos artigos que não
= 244 artigos atendia os critérios = 202;

50 artigos excluídos por


serem pagos = 152;

45 artigos excluídos por


serem
repetidos/incompletos
= 107;

107 artigos 71 não se


aplica ao tema = 57;

57 artigos não se
aplicam ao tema = 14;

O total são 13 artigos


selecionados, mais um
Manual do Ministério da
Saúde.
Fonte: Autoria própria (2021).

Este estudo de revisão integrativa não apresentou necessidade de


aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa, porque extraiu dados de livre
acesso, dessa forma não se trata de documentos que requeiram sigilo. As
demais questões éticas foram preservadas, pois os autores consultados foram
devidamente referenciados no texto.

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A ENFERMAGEM NA PREVENÇÃO DA SAÚDE PÚBLICA: CAMPANHA DE
VACINAÇÃO INFANTIL
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5. Resultados
Por meio das etapas metodológicas e da busca em base de dados da
BVS foram encontrados 446 artigos. Após a aplicação dos critérios de inclusão
e exclusão foram excluídos 202 artigos, 50 artigos excluídos por serem pagos,
45 artigos repetidos/ incompletos, 71 não se adequarem ao tema, 57 por não
responderem a temática do estudo, tendo como amostra final 14 artigos, sendo
01 deles manual do ministério da saúde. A fim de compreensão, os dados foram
organizados em fluxograma para maior entendimento das descrições acima.
Os artigos coletados foram analisados e lidos na integra e após,
classificados segundo a relevância do tema tratado. A amostra final deste estudo
de revisão foi composta por 14 artigos e 01 Manual do Ministério da Saúde,
conforme o Quadro 1 e Quadro 2, respectivamente.

Quadro 1. Relação dos artigos incluídos na revisão de acordo com o título, ano, autores,
revista/ periódico e objetivo geral, Campinas, 2021.
N° Autor Ano Titulo Periódico Objetivo

Compreender a
Compreensão dos
Revista percepção dos pais
pais acerca da
01 SOUSA et al 2012 Enfermagem quanto à prática de
importância da
Contemporânea imunização infantil dos
vacinação infantil
filhos.

Garantir e promover
tratamento equânime,
transparência e justiça
Bioética e vacinação às crianças acometidas
03 CASTRO et al. 2013 Rev. Bioética
infantil em massa com EAPV de vacinas
utilizadas nos
programas de
vacinação coletiva.
Conhecimento,
Descrever o
atitude e prática dos
Epidemiologia e conhecimento, atitude
vacinadores sobre
04 SANTOS et al. 2017 Serviços de e prática de
vacinação infantil
Saúde vacinadores sobre a
em Teresina-PI,
vacinação infantil.
2015
Compreender como
A (não) vacinação pais de camadas
infantil entre a médias de São Paulo,
cultura e a lei: os Brasil, significam as
Cadernos de
05 BARBIERI et al 2017 significados normatizações da
Saúde Pública
atribuídos por casais vacinação no país, a
de camadas médias partir de suas vivências
de São Paulo, Brasil. de vacinar ou não
vacinar os filhos.
Reemergência da Cadernos Demonstrar, identificar
06 MEDEIROS et al. 2017
coqueluche: perfil Saúde Coletiva e caracterizar o perfil

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Raphaella Machado Diniz Nenow
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epidemiológico dos epidemiológico dos


casos confirmados casos de coqueluche
confirmados no estado
do Rio Grande do Norte
(RN).
Avaliação de Avaliar as coberturas
coberturas vacinais vacinais oportunas e
de crianças em uma atualizadas de crianças
cidade de médio Cadernos de aos 12 e 24 meses de
07 FERREIRA et al 2018
porte (Brasil) Saúde Pública idade, nascidas entre
utilizando registro 1998 e 2013, por meio
informatizado de do RII mais antigo do
imunização Brasil.
O debate sobre
Investigar o
vacinas em redes
Cadernos de engajamento e as
sociais: uma análise
08 MASSARANI et al 2020 Saúde Pública interações nas redes
exploratória
sociais sobre as
dos links com maior
vacinas.
engajamento
Descrever as
40 years of características do PAI e
immunization in revisar a informação
Mozambique: a disponível relacionada
CASSOCERA Cadernos de
09 2020 narrative review of ao serviço de
et al Saúde Pública
literature, imunização em
accomplishment, Moçambique, suas
and perspectives realizações e
perspectivas.
Avaliação do Avaliar o Sistema de
Sistema de Vigilância em
Vigilância do Imunizações pelo
Epidemiologia e
Programa Nacional Sistema de
10 SILVA et al 2021 Serviços de
de Imunizações - Informações do
Saúde
Módulo Registro do Programa Nacional de
Vacinado, Brasil, Imunizações, Brasil,
2017 2017.
Investigar os discursos,
Narrativas sobre enquadramentos e
vacinação em emissores que mais
tempos de fake Saúde e mobilizaram o debate
11 MASSARANI et al. 2021
news: uma análise Sociedade público on-line,
de conteúdo em relacionado a
redes sociais vacinação e as Fakes
News.
Significance of a
Descrever as
social mobilization
estratégias de gestão
intervention for
empregadas pela Índia
engaging
para melhorar a
communities in polio
distribuição e aceitação
12 CHOUDHARY et.al 2021 vaccination J Glob Health
de vacinas entre
campaigns:
grupos de difícil acesso
Evidence from
em Uttar Pradesh nos
CORE Group Polio
últimos anos antes da
Project, Uttar
eliminação da pólio.
Pradesh, India.
Compreender a
Revitalizing child
Glob Health evolução das iniciativas
13 STRONG et al 2021 health: lessons from
Action de saúde infantil que
the past.
catalisaram ações

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A ENFERMAGEM NA PREVENÇÃO DA SAÚDE PÚBLICA: CAMPANHA DE
VACINAÇÃO INFANTIL
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anteriores para
melhorar a
sobrevivência infantil,
avaliar a relevância
desses esforços para a
década atual, priorizar
ações e intervenções, e
reforçar os
mecanismos usados
para monitorar o
impacto
Fonte: Autoria própria (2021).

Quadro 2. Relação das publicações por Manuais incluídos na revisão de acordo com o ano,
título, fonte e objetivo geral, Campinas, 2021.
N° Ano Titulo Fonte Objetivo
Demonstrar o funcionamento da sala de
Manual de Normas e Manual do
vacina, como higieniza-la e materiais
1 2014 Procedimentos para Ministério da
necessários para seu funcionamento
Vacinação Saúde
correto
Fonte: Autoria própria (2021).

De acordo com a metodologia, observou-se que dos artigos incluídos


nesta revisão, três artigos são de estudos Qualitativos sendo eles (SOUSA et al,
2012; BARBIERI et al., 2017 e MASSARANI et al., 2021), três artigos são apenas
estudo descritivo (CASTRO et al., 2013; SANTOS et al., 2017; SILVA et al.,
2021), um artigo com estudo transversal e descritivo (MEDEIROS et al., 2017).
Nos anos de 2018, 2019 e 2021 foram publicados artigos com outros tipos
de estudos sendo eles um artigo longitudinal (FERREIRA et al., 2018) e um artigo
de prognósticos (MASSARANI et al., 2021). No ano de 2020 foi publicado um
artigo denominado de narrativo (CASSOCERA et al., 2020). Além de um Manual
do Ministério da Saúde (2014).
Observou–se que os estudos se concentravam em sua maioria na região
Sudeste do país, sendo três artigos foram realizados em um mesmo estado São
Paulo (BARBIERI et al., 2017; FERREIRA et al., 2018; MASSARANI et al., 2021),
e um artigo no Rio de Janeiro (MASSARANI et al., 2020).
Cinco artigos na região Nordeste do país, sendo um artigo na Bahia
(SOUSA et al.,2012), um artigo em Teresina (SANTOS et al.,2017) e um artigo
no Rio Grande do Norte (MEDEIROS et al., 2017)). E dois artigos na região
Centro-Oeste sendo que os dois artigos foram realizados em um mesmo local,
Brasília-DF (CASTRO et al., 2013; SILVA et al., 2021).

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Raphaella Machado Diniz Nenow
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E quatro artigos internacionais sendo eles, um artigo da Índia


(CHOUDHARY et al., 2021), um Moçambique (CASSOCERA et al., 2020), e um
da Suíça (STRONG et al.,2021).
A análise do conjunto dos artigos permitiu a construção de duas
categorias temáticas, sendo essas, o impacto da não vacinação infantil para a
saúde pública e o enfermeiro na sala de vacina e importância dele na população.
O critério de categorização obedeceu à temática principal abordada, logo,
as fontes que apresentaram o mesmo contexto foram incluídas na mesma
categoria, conforme descrito no quadro 3.

Quadro 3. Apresentação das categorias e seus respectivos artigos, Campinas, 2021.


CATEGORIA ARTIGOS RELACIONADOS
O impacto da não CASTRO et al., 2013; SOUSA et al.,2012; BARBIERI et al., 2017;
vacinação infantil para a MEDEIROS et al., 2017; MASSARANI et al., 2020; MASSARANI et al.,
saúde pública. 2021; STRONG et al.,2021
O Enfermeiro na sala de VIEIRA et al., 2016; SANTOS et al., 2017; FERREIRA et al., 2018;
vacina e sua importância CASSOCERA et al., 2020; CHOUDHARY et.al, 2021; SILVA et al., 2021;
para a população MINISTERIO DA SAUDE, 2014.
Fonte: Autoria própria (2021).

6. Discussão
Este Trabalho de Conclusão de Curso fez a discussão por categorias que
são discutidas pela semelhança dos autores sobre dois enfoques sendo dividida
em dois subtítulos, sendo eles: o impacto da não vacinação infantil para a saúde
pública e o papel do enfermeiro na sala de vacina e na população.

6.1 O Impacto da não Vacinação Infantil para a Saúde Pública


A vacinação infantil evoluiu nos últimos 40 anos, aliando a tecnologia e
os profissionais da área da saúde para contribuir com a diminuição da
mortalidade infantil pelo aumento da cobertura vacinal com ênfase na promoção
de saúde em crianças (STRONG et al., 2021).
No entanto, os autores Castro et al (2013) e Sousa et al (2012) relatam
que existe um paradoxo na conquista sanitária: a atenção do público não está
mais centrada nas doenças imunopreveníveis, mas sim na segurança e eficácia
das vacinas. Desta maneira, tanto a população como os cientistas estão diante
de uma questão ética e política, uma vez que alguns pais e responsáveis
também alegam que não existe necessidade de vacinar os filhos, considerando

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A ENFERMAGEM NA PREVENÇÃO DA SAÚDE PÚBLICA: CAMPANHA DE
VACINAÇÃO INFANTIL
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que os mesmos são saudáveis, gerando assim, mais conflitos éticos, políticos e
questões de saúde pública para serem respondidas (CASTRO et al., 2013;
SOUSA et al., 2012).
Diante desse pressuposto, os autores Barbieri et al., (2017) fazem
referência a Constituição Federal o Art. 5º, II, que dispõe que "ninguém será
obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”. Desta
maneira, há uma obrigatoriedade da vacinação para todos que estiverem em
território nacional, além disso, existem diversas outras normas jurídicas no Brasil
que preconizam a vacinação obrigatória como definido nos termos do Art. 3º
da Lei nº 6.259/75. Mesmo sendo a vacinação uma política e incisa legalmente
em território nacional observa-se, cada vez mais, uma resistência da sociedade
em aderi-la. Assim como, a não vacinação passa a ser legal e tecnicamente
compreendida como uma recusa de uma conduta comprovadamente benéfica à
criança. É relatado no documento do Conselho Federal de Medicina, quando o
profissional estiver diante da recusa da vacinação infantil pelos pais, "o melhor
interesse do menor deve prevalecer e a responsabilidade do médico e da
instituição hospitalar existe independente da dos pais. Portanto, havendo ou não
culpa dos pais ou responsáveis, faz-se necessária a notificação e a tomada de
decisão a favor da proteção desse menor, que está sofrendo situação de
desamparo"(BARBIERI et al., 2017, p.02).
Segundo estudo realizado na cidade de São Paulo sobre vacinação em
crianças pelos autores Barbieri et al., (2017) no período de janeiro a julho de
2011, com participação de 30 sujeitos, totalizando 15 casais, sendo 5 casais de
cada grupo. Os participantes foram divididos em três subgrupos (1) "os que
vacinaram" (imunizaram seus filhos conforme as recomendações do calendário
vacinal); (2) "os que selecionaram" (escolheram algumas vacinas e/ou
postergaram suas datas para vacinarem seus filhos); e (3) "os que não
vacinaram" (intencionalmente optaram por não vacinar o(s) filho(s). Para os
casais que vacinaram seus filhos existia uma responsabilidade parental, sendo
considerado uma tradição familiar visto que tem a pratica de vacinação desde
que eram crianças. Os casais que escolhiam a vacina e o dia que preferiam
vacinar, costumavam ouvir depoimentos de amigos e ou familiares que

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Raphaella Machado Diniz Nenow
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alegavam que algumas vacinas eram melhores ou piores que outras, fazendo
assim uma seleção de qual vacina iriam dar ao seu filho. E os casais que não
vacinavam os filhos possuíam alguns pensamentos de julgamento pelo ciclo
social, os pais possuíam ciência de que poderiam ser prejudicados judicialmente
por meio da denúncia por entidades públicas como o Conselho Tutelar e também
medo de julgamento injusto, mas mesmo assim optavam por não aderir a
vacinação, fazendo com que a cobertura vacinal se declinasse cada vez mais
(BARBIERI et al., 2017).
Além disso, ainda existe muitos motivos para o descontrole dos pais/
responsáveis em não vacinar seus filhos, eles alegam muita influência da internet
para os perigos das vacinas que seus filhos recebem e também informações
sobre as doenças estarem erradicadas, todas essas informações hoje em dia,
estão ganhando destaque no mundo, uma vez que as redes sociais são
consideradas meios de comunicação abrangente com informações falsas
denominadas de Fake News, nas quais uma palavra ou frase pode fazer com
que grupos antivacina avancem ainda mais, além da disseminação de opiniões
contrárias ao uso das vacinas nas crianças (MASSARANI et al., 2021).
Desta maneira, a internet acaba se tornando propagadora do discurso
antivacina, composto por uma série de objeções baseadas na suposta
correlação entre as preparações vacinais e seus efeitos adversos, muitas vezes,
sem embasamento científico, porém com forte apelo à população Fake News
divulgando desinformação nas redes sociais. (MASSARANI et al., 2020;
MASSARANI et al, 2021). Atualmente, nas mídias sociais existem uma grande
proporção de informações aos usuários, segundo os autores Massarani et al.
(2020); Massarani et al. (2021) que descrevem que o maior índice de Fake News
estão presentes no Facebook e no WhatsApp, que são consideradas as maiores
redes sociais com informações de saúde pública, o que acaba tornando uma
preocupação para Organização Mundial da Saúde, pois a propagação de
desinformação está se tornando cada vez mais comum.
Em virtude disso, as informações falsas com aparência científica se
propagam facilmente nas redes, pois apelam para questões que afetam o
cotidiano dos usuários, que não conseguem avaliar facilmente o conteúdo ou
identificar em quais fontes são confiáveis, os discursos das pessoas dos grupos

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A ENFERMAGEM NA PREVENÇÃO DA SAÚDE PÚBLICA: CAMPANHA DE
VACINAÇÃO INFANTIL
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antivacina nas mídias sociais acabam por desprezar informação correta e


valorizam somente informação errônea (MASSARANI et al., 2021).
Para Massarani et al. (2020); (2021) em seus estudos sobre disseminação
de informações sobre as vacinas nas redes sociais, os autores concordam que
existem muitas consequências para as pessoas com a propagação dos meios
sociais on-line em informações falsas. Como forma de combater a
desinformação sobre as vacinas, quando um grupo de Pró vacinação é formado
nas mídias sociais, esse grupo tem como proposito divulgar somente
informações consideradas corretas pela OMS, além de promover ações sobre a
importância da vacinação, os motivos de vacinar as crianças para protege-las de
doenças que podem matar. Como é o caso da coqueluche, que desde sua
introdução de cobertura vacinal no Brasil na década de 1990 contribuiu
significativamente para a redução da incidência de casos ao longo de duas
décadas, no entanto, a partir dos anos de 2011 a 2014 foi observado um
aumento súbito e inexplicável do número de casos dessa doença, ao mesmo
tempo em que estava diminuindo a cobertura vacinal, infelizmente, a coqueluche
é uma doença infectocontagiosa que pode matar bebês e crianças (MEDEIROS
et al., 2017).
Assim, torna-se necessário combater essas informações equivocadas a
respeito das vacinas e o enfermeiro é um protagonista muito importante, como
disseminador de informações corretas a população por meio da educação em
saúde, como descrito na próxima categoria a seguir.

6.2 O Enfermeiro na Sala de Vacina e sua Importância para a População


O enfermeiro é o principal profissional de saúde na linha de frente,
fornecendo cuidados de saúde para toda população independente da condição
socioeconômica, o que pode sugerir uma fragilidade na disponibilidade de
recursos humanos para apoiar a prestação de serviços de vacinação. Os autores
Cassocera et al., (2020) destacam que a enfermagem tem o papel fundamental
na prestação do serviço de imunização, nos cuidados primários, que cada vez
mais, torna-se fundamental que o profissional tenha conhecimentos, atitudes e
práticas adequadas relacionadas às ações da vacinação, haja vista o crescente

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Raphaella Machado Diniz Nenow
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número de notificações resultantes de procedimentos equivocados realizados


em sala de vacina.
De acordo com Resolução do Conselho Federal de Enfermagem
(COFEN) nº 302, de 16 de março de 2005, o enfermeiro deve prestar assistência
e realizar orientações aos usurários dos serviços de saúde, trazendo assim, uma
condição segura para o usuário tendo a compreensão do processo de trabalho
(SANTOS et al., 2017; CASSOCERA et al., 2020).
Desse modo, o papel fundamental de qualquer profissional de saúde é
encaminhar as crianças à sala de vacina, ressaltando sempre a importância da
vacinação durante a consulta clínica de qualquer cidadão. Sendo de
responsabilidade da equipe de enfermagem, especificamente, administrar e
registrar todas as doses necessárias que são ofertadas a população infantil além
disso, o enfermeiro, deve verificar sempre a Caderneta de Saúde da Criança
(CSC) para fins de acompanhamento da situação vacinal em qualquer
atendimento realizado a criança (VIEIRA et al., 2016).
Segundo o Ministério da Saúde (MS) (2014), o processo de trabalho na
sala de vacinação, é classificado como área semicrítica, sendo importante
ressaltar que todos os procedimentos desenvolvidos devam ser realizados com
a máxima segurança, reduzindo o risco de contaminação para os indivíduos
vacinados e também para a equipe de enfermagem, para um bom funcionamento
da sala é preciso seguir todos protocolos de segurança, além de ter um
profissional enfermeiro como líder e supervisor da equipe de enfermagem.
Um estudo realizado na Índia por Choudhary et al. (2021) aborda quatro
princípios para se obter uma boa gestão em sala de vacina, são elas: agregação
de serviços de saúde, envolvimento das partes interessadas locais, mecanismos
de responsabilização para iniciativas de saúde pública e capacitações aos
profissionais das unidades de saúde, pois é a equipe de enfermagem que irá
utilizar o sistema, podendo qualificar o trabalho, auxiliar nos processos de
produção e fluxo das informações a respeito das vacinas.
Entretanto, ainda há muito o que o enfermeiro pode fazer, perante a sala
de vacinação, por ser educador em saúde, é considerado um estrategista para
disseminar conhecimentos, atitudes, práticas aos indivíduos e para a equipe,
contribuindo para a promoção da saúde das pessoas e como gestor em saúde,

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A ENFERMAGEM NA PREVENÇÃO DA SAÚDE PÚBLICA: CAMPANHA DE
VACINAÇÃO INFANTIL
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os enfermeiros planejam ações eficazes para implementar o plano de


imunização. Na pesquisa realizada na cidade de Araraquara, São Paulo, Brasil,
foi avaliado 49.741 crianças nascidas entre 1998 e 2013, período com cinco
calendários de vacinação diferentes tendo como resultado da cobertura vacinal
uma variação de esquema 79,5% e 91,3%, aos 12 meses, e entre 75,8% e
86,9%, aos 24 meses, a cobertura oportuna (todas as doses aplicadas na idade
recomendada, sem atraso) variou entre 53,3% e 74%, aos 12 meses, e entre
36,7% e 53,8%, aos 24 meses (FERREIRA et al, 2018). Assim, demonstrando a
importância de estratégias de vacinação geradas pelos profissionais da área de
saúde, principalmente da equipe de enfermagem. Como também atentar-se aos
riscos socioeconômicos e culturais aos pais/ responsáveis, mesmo tendo os
meios tecnológicos como mídias sociais e televisivas para incentivar os pais a
levarem seus filhos para vacinar. O profissional da saúde pode melhorar a
eficácia da implantação da vacina e expandir a cobertura de imunização
(FERREIRA et al., 2018; CHOUDHARY et al, 2021).

7. Conclusão
O presente trabalho objetivou compreender as ações de enfermagem nas
campanhas de vacinação infantil dentro da saúde pública, bem como a
importância da vacina e o impacto da não vacinação infantil.
Dada à importância do assunto o enfermeiro é o profissional que tem a
capacitação dentro e fora da campanha vacinal, por ser um educador, gestor e
um estrategista, ele desenvolve e excuta ações para o controle de doenças
imunopreveníveis criando um plano de imunização junto com a Vigilância
Epidemiológica (SNVE) e Política Nacional de Imunização (PNI), em virtude de
igualdade o SUS integrou-se a PNI a fim de disponibilizar acesso gratuito a todas
as vacinas recomendadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Além
disso o enfermeiro torna-se responsável para as iniciativas de saúde pública e
atenção primaria, assim expandindo a cobertura vacinal.
Destaca-se ainda a importância da saúde da criança, no qual o enfermeiro
deve verificar a Caderneta de Saúde da Criança (CSC) para fins de
acompanhamento da situação vacinal em qualquer atendimento realizado a

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criança, podendo incentivar e orientar os pais e responsáveis sobre CSC e a


importância da imunização infantil.
Outro ponto importante trazido por alguns autores é a imunização infantil
que ainda gera alguns conflitos na sociedade, sendo dividida pelos apoiadores
da vacinação e os não apoiadores que são denominados de grupo antivacina.
Estes movimentos de hesitação vacinal contêm pessoas que defendem um
pensamento com propagação errônea e/ou distorcida da informação a respeito
dos imunizantes, levando a descrença e implicando na resistência quanto à
imunização infantil por país e/ou responsáveis. Em contrapartida o grupo que é
pró vacinação infantil alega que é um meio de prevenção para doenças
imunopreveníveis e que são passadas de geração a geração em suas famílias,
além de ser aplicada de graça pelo SUS.
Por fim conclui-se que, as ações de enfermagem nas campanhas de
vacinação infantil são de grande importância tanto para saúde pública como para
população infantil, o que culminou os objetivos propostos neste trabalho.

DEDICATORIA

Gostaria de dedicar este trabalho para todos que estão à procura de


conhecimento e aprendizado. Foi pensando nas pessoas de modo geral que
executei este projeto com grande êxito, por isso dedico este trabalho a todos
aqueles a quem esta pesquisa possa ajudar de alguma forma.

LISTA DE ABREVIAÇÕES
PNI - Programa Nacional de Imunizações
SUS - Sistema Único de Saúde
OMS - Organização Mundial de Saúde
CRIE - Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais
SNVE - Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica
MS - Ministério da Saúde
SAGE - Working Group on Vaccine Hesitancy.

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A ENFERMAGEM NA PREVENÇÃO DA SAÚDE PÚBLICA: CAMPANHA DE
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