O documento discute a importância histórica da vacinação como política pública no Brasil desde o século 19 e a criação do Programa Nacional de Imunização em 1973. Também aborda os desafios enfrentados, como a "Revolta da Vacina" no Rio de Janeiro em 1904 devido à desinformação, mostrando a necessidade de educação científica sobre os benefícios da vacinação.
O documento discute a importância histórica da vacinação como política pública no Brasil desde o século 19 e a criação do Programa Nacional de Imunização em 1973. Também aborda os desafios enfrentados, como a "Revolta da Vacina" no Rio de Janeiro em 1904 devido à desinformação, mostrando a necessidade de educação científica sobre os benefícios da vacinação.
O documento discute a importância histórica da vacinação como política pública no Brasil desde o século 19 e a criação do Programa Nacional de Imunização em 1973. Também aborda os desafios enfrentados, como a "Revolta da Vacina" no Rio de Janeiro em 1904 devido à desinformação, mostrando a necessidade de educação científica sobre os benefícios da vacinação.
Uma das mais importantes políticas públicas de saúde, as campanhas
de vacinação, responsáveis pela erradicação de diversas doenças, estão de tal maneira inseridas no cotidiano das pessoas, que se consolidaram como parte da cultura da nossa sociedade. Desde o século 19, acompanhando a expansão das cidades, movimentos para imunização coletiva da população fazem parte das dinâmicas e transformações sociais que moldam os tempos, sempre, em maior ou menor grau, associados a políticas para saúde. Desta forma, campanhas de vacinação como o Programa Nacional de Imunização, criado em 1973, institucionalizado em 1975, e executado através do SUS desde a homologação da Constituição de 1988, são peças fundamentais para a boa gestão da saúde pública. Atualmente, no Brasil, o Calendário Nacional de Vacinação oferece a crianças, adolescentes, adultos, idosos, gestantes e povos indígenas, 19 vacinas, cuja cobertura se estende desde o nascimento por toda a vida. Ao todo, o atendimento vacinal compreende 45 imunobiológicos, administrados em campanhas anuais e organizados nas cadernetas de vacinação, hoje em grande parte disponibilizada também em versão digital, pelo aplicativo ConectSUS. O caráter nacional de política pública que as campanhas de vacinação brasileiras carregam em si, demonstram, quando em relação a outros países, o quão efetiva são. Tomando como referência a recente epidemia de Covid-19, Estados Unidos e Inglaterra apresentam índices inferiores aos brasileiros quanto a cobertura vacinal justamente por não utilizarem a capilarização estatal como meio de entrega, administração e acompanhamento dos resultados de imunização. Esta mobilização do poder público, no entanto, por vezes enfrenta reveses. Como dito, desde a segunda metade do século 19, movimentos de imunização coletiva são empreendidos e por vezes enfrentam reveses. Em 1904 ocorreu, no Rio de Janeiro, um destes episódios infames. Após a promulgação da lei 1.261, de 31 de outubro, que exigia comprovação de vacina contra varíola para matrícula escolar, diversos grupos sociais insurgiram contra o governo em uma rebelião civil conhecida hoje como a “Revolta da Vacina”. Em 5 dias, mais de 900 pessoas foram presas, 110 feridas e 30 mortas. Camadas populares descontentes com a exigência desencadearam ataques a agentes públicos, incêndios e depredação de património, como prédios e veículos. A razão para sublevação é complexa. Como explica o historiador e pesquisador Carlos Fidelis da Ponte, do Departamento de Pesquisa em História das Ciências e da Saúde da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz). O país tinha abolido a escravidão e adotado o regime republicano há menos de quinze anos. Havia grupos descontentes com os rumos políticos e sociais do governo. “Entre eles os monarquistas que perderam seus títulos, parte do Exército formado por positivistas que não aprovavam a república oligárquica levada por civis, e ex-escravos que sofriam com a falta de políticas sociais e não conseguiam empregos, vivendo amontoados nos insalubres cortiços da capital”, afirma. A despeito destes fatores que influenciaram para a revolta, um chama atenção, dada sua pertinência à atualidade: campanhas de desinformação, ou como são conhecidas hoje, fake News. Durante o período, diversas notícias circulavam em jornais e afirmavam que pessoas vacinadas adquiririam feições bovinas. Assim como hoje, à época teria sido saudável e inteligente, por parte do poder público, antes da exigência da vacinação, ter investido em campanhas de educação e conscientização sobre o funcionamento das vacinas, bem como toda a efetividade do trabalho científico envolvido. Dessa forma, é fundamental que esta educação científica se inicie já na etapa da educação básica. Gestores escolares e professores devem se preocupar em trabalhar, dentro de sala de aula, conteúdos informativos sobre a importância da vacinação, seu funcionamento e, principalmente, sua efetividade, para garantir que, além da observação da boa cidadania, nossas futuras gerações sejam mais positivas em relação às campanhas de imunização. Um outro expediente que também pode ser muito relevante é a utilização de redes sociais e mensageiros instantâneos, como facebook e o whatsapp, para disseminação de informações sobre a prática e o conhecimento científico, de forma adequada e acessível ao maior recorte demográfico possível, para que possamos também criar barreiras às constantes campanhas de desinformação empreendidas por grupos de interesse contrários à vacinação.