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“Precisamos falar do movimento antivacina!

O movimento anti-vacina é um movimento antigo e sempre existiu na história da vacinação, por


exemplo a revolta das vacinas em 1904 quando o governo instituiu a vacinação obrigatória para
erradicar a varíola e outros. Esse movimento consiste na recusa vacinal e deve-se a diversos
fatores:
1. O acesso uma ampla gama de fontes de informações erradas sobre vacinas e
influenciou a tomada de decisões de tomar ou não vacinas. Os pais agora ouvem
muitas mensagens, muitas vezes conflitantes, e isso pode levar a perguntas sobre
vacinas. Nem toda informação é precisa e, em vez disso, contribui para percepções
erradas que podem influenciar a aceitação da vacina.

2. A percepção dos pais sobre a utilidade das vacinas baseia-se no risco percebido de
VPDs. Muitos pais têm pouca experiência com VPDs e, portanto, podem ter mais medo
de vacinas do que as doenças que elas são projetadas para eliminar. Enquanto as
vacinas continuarem a ser bem-sucedidas, o risco de obter um VPD pode não motivar
os pais a imunizar seus filhos. Em vez disso, os pais podem estar mais focados na
segurança das vacinas e suscitar preocupações sobre potenciais efeitos colaterais a
curto e longo prazo ou o número e tempo das injeções.

3. Algumas religiões não aceitam que sejam feitas intervenções médicas no corpo.

4. Muitos dos adeptos ao movimento anti-vacina possuem um medo aos efeitos colaterais
que podem acarretar.

5. Muitos não confiam no sistema público de saúde, ou então, há pouca divulgação sobre
os programas de imunização. Porém isso, não acontece no Brasil.

6. Estudos mostram que geralmente o perfil dos pais que não vacinam seus filhos
possuem um alto nível de educação e renda.

O movimento anti-vacina ganhou força no ano de 1998, quando um pesquisador inglês, Andrew
Waekfield publicou um artigo que relacionava a vacina tríplice SCR (vacina que combate o
sarampo, a caxumba e a rubéola) com o autismo. Além disso, o movimento acabou ganhando
o apoio de várias personalidades, como por exemplo Jenny McCarthy, ex-coelinha da Playboy,
que virou porta-voz após seu filho ser diagnosticado com autismo. Diversas pesquisas
posteriores nunca acharam qualquer ligação entre a vacina e o autismo, e em 2010 uma
comissão de ética descobriu que Wakefield havia falsificado dados de seu estudo. Wakefield
teve sua licença médica cassada e o estudo foi retirado das publicações.
Com a recusa da vacinação, pode-se gerar um surto de doenças antes erradicadas. Como por
exempĺo nos Estados Unidos. Em 2014, aconteceu um surto de doenças como a coqueluche, o
sarampo e a caxumba. Foram registrados mais de 24 mil casos de coqueluche no país.

Embora o Brasil tenha um dos mais reconhecidos programas públicos de vacinação do mundo,
com os principais imunizantes disponíveis a todos gratuitamente, vêm ganhando força no País
grupos que se recusam a vacinar os filhos ou a si próprios. Esses movimentos estão sendo
apontados como um dos principais fatores responsáveis por um recente surto de sarampo na
Europa, onde mais de 7 mil pessoas já foram contaminadas. No Brasil, os grupos são
impulsionados por meio de páginas temáticas no Facebook que divulgam, sem base científica,
supostos efeitos colaterais das vacinas.
O avanço desses movimentos já preocupa o Ministério da Saúde, que observa queda no índice
de cobertura de alguns imunizantes oferecidos no Sistema Único de Saúde (SUS). No ano
passado, por exemplo, a cobertura da segunda dose da vacina tríplice viral, que protege contra
sarampo, caxumba e rubéola, teve adesão de apenas 76,7% do público-alvo.

Mitos difundidos:
1. Não há nenhuma evidência científica de relação entre as vacinas e o
autismo/transtornos autistas. O estudo apresentado em 1998, que levantou
preocupações sobre essa possível relação, foi posteriormente considerado seriamente
falho e o artigo foi retirado pela revista que o publicou, e seu autor foi impossibilitado de
exercer a medicina. Infelizmente, sua publicação desencadeou um pânico que levou à
queda das coberturas de vacinação, expondo a população a subsequentes surtos de
sarampo.
2. O mercúrio é utilizado em algumas vacinas como conservante em quantidades mínimas
e não existe evidências de que sejam prejudiciais à saúde, sendo seu uso liberado pelo
órgão regulador nacional, a Anvisa. É o conservante mais utilizado para vacinas que
são fornecidas em frascos multidose.
3. Embora as doenças evitáveis por vacinação tenham se tornado raras em muitos países,
os agentes infecciosos que as causam continuam a circular em algumas partes do
mundo. Em um mundo altamente interligado, esses agentes podem atravessar barreiras
geográficas e infectar qualquer pessoa que não esteja protegida. Em 2017, por
exemplo, na Europa ocorrem surtos de sarampo em populações não vacinadas (Áustria,
Bélgica, Dinamarca, França, Alemanha, Itália, Espanha, Suíça e Reino Unido). Dessa
forma, as duas principais razões para a vacinação são proteger a nós mesmos e
também as pessoas que estão à nossa volta. Programas de vacinação bem-sucedidos,
assim como as sociedades bem-sucedidas, dependem da cooperação de cada
indivíduo para assegurar o bem de todos. Não devemos apenas confiar nas pessoas ao
nosso redor para impedir a propagação da doença; nós também somos responsáveis
pela saúde da nossa família e comunidade.

4. As vacinas são seguras e traz benefícios contra as doenças, no entanto, como qualquer
outro medicamento, pode causar reações adversas. Essas reações, de forma geral, são
leves e temporárias, como dor no local da administração da vacina ou febre baixa.
Eventos graves de saúde são raros e cuidadosamente acompanhados e investigados. É
muito mais provável que uma pessoa adoeça gravemente por uma enfermidade evitável
pela vacina do que pela própria vacina. A poliomielite, por exemplo, pode causar
paralisia; o sarampo pode causar encefalite e cegueira; e algumas doenças preveníveis
por meio da vacinação podem até resultar em morte como pneumonias. Embora
qualquer lesão grave ou morte causada por vacinas seja muito relevante, os benefícios
da imunização superam em muito o risco, considerando que muitas outras lesões e
mortes ocorreriam sem ela.

5. Evidências científicas mostram que administrar várias vacinas ao mesmo tempo não
causa aumento de eventos adversos e não sobrecarrega o sistema imunológico. As
pessoas estão expostas a diversas substâncias, que possibilitam o desenvolvimento de
resposta imune todos os dias. O simples ato de se alimentar introduz novos antígenos
no corpo, levando a produção de resposta e proteção contra doenças. As principais
vantagens de aplicar várias vacinas ao mesmo tempo são: redução do número de
visitas a sala de vacinação, economizando tempo e dinheiro, uma maior probabilidade
de que o calendário vacinal seja completado e a pessoa fique protegida. Além disso, o
Programa Nacional de Imunizações vem buscando oferecer vacinas combinada, a
exemplo, a vacina tetra viral (sarampo, caxumba, rubéola e varicela), a fim de reduzir o
número de injeções.

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