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trabalho audiência Camila Casanova

Júlia, Carol e Camila : Pesquisa do que pq ele tem medo da vacina

Vamos tratar de mais um tema ligado às medidas de enfrentamento à pandemia do


coronavírus.

Sabemos que a Constituição Federal assegura o direito à liberdade de consciência e de


crença, no seu art. 5º, incisos VI e VIII:

Art. 5º (…)

VI – é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício


dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas
liturgias;

(…)

VIII – ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção
filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e
recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;

Em recente julgado (ADI 6586), o STF decidiu que a vacinação compulsória (obrigatória)
contra a Covid-19 não viola os direitos fundamentais de liberdade de crença e de
consciência.

Caso o indivíduo recuse a vacinação, o Poder Público poderá plenamente impor medidas
indiretas de coerção que induzam os cidadãos a cumprir com seu dever de ser vacinado,
tais como multa, impedimento de frequentar determinados lugares, impedimento de fazer
matrícula em escolas, dentre outras medidas de coerção indireta.

Ocorre que isso não se confunde com vacinação forçada, em que o Estado forçaria
fisicamente o indivíduo a ser vacinado, hipótese que não foi admitida pelo STF.

Em resumo: caso uma pessoa se recuse a receber a vacinação, o Poder Público deverá
apenas adotar medidas indiretas de coerção, não podendo impor medidas físicas invasivas,
aflitivas ou coativas, uma vez que isso caracterizaria verdadeira violação ao direito à
intangibilidade, inviolabilidade e integridade do corpo humano.

Assim, o indivíduo pode plenamente negar a vacina, mas poderá sofrer consequências
jurídicas em decorrência disso.

Nesse contexto, pergunto: pode um indivíduo, então, recusar a vacinação de seu filho(a)?

Foi sobre esse tema que se debruçou o STF no julgamento do ARE 1267879/SP, ocasião
em que restou fixada a seguinte tese:
“É constitucional a obrigatoriedade de imunização por meio de vacina que, registrada em
órgão de vigilância sanitária, (i) tenha sido incluída no Programa Nacional de Imunizações,
ou (ii) tenha sua aplicação obrigatória determinada em lei ou (iii) seja objeto de
determinação da União, Estado, Distrito Federal ou Município, com base em consenso
médico-científico. Em tais casos, não se caracteriza violação à liberdade de consciência e
de convicção filosófica dos pais ou responsáveis, nem tampouco ao poder familiar”. (ARE
1267879, Relator(a): ROBERTO BARROSO, Tribunal Pleno, julgado em 17/12/2020,
PROCESSO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL – MÉRITO DJe-064 DIVULG 07-04-
2021 PUBLIC 08-04-2021)

A conclusão foi peremptória: é ilegítima a recusa dos pais à vacinação compulsória de filho
menor por motivo de convicção filosófica.
Diversos fundamentos justificam a legitimidade do caráter compulsório de vacinas, desde
que existam consenso científico e registro nos órgãos de vigilância sanitária. Vejamos esses
principais fundamentos que foram elencados pela Suprema Corte: o Estado pode, em
situações excepcionais, proteger as pessoas mesmo contra a sua vontade (dignidade como
valor comunitário);
a vacinação é importante para a proteção de toda a sociedade, não sendo legítimas
escolhas individuais que afetem gravemente direitos de terceiros (necessidade de
imunização coletiva); e o poder familiar não autoriza que os pais, invocando convicção
filosófica, coloquem em risco a saúde dos filhos (melhor interesse da criança).
De acordo com o princípio da concordância prática ou da harmonização, quando houver
conflito de valores constitucionais, deve-se priorizar a interpretação que não sacrifique um
valor em detrimento de outro.
No caso aqui apresentado, podemos vislumbrar os valores que se destacam: 1) a liberdade
de crença (art. 5º, VI e VIII, CF); 2) a defesa da vida e da saúde de todos (arts. 5º e 196,
CF); e 3) a proteção prioritária da criança e do adolescente (art. 227, CF).
Caso fosse dada predominância à liberdade de crença, haveria uma deficiência no plano
nacional de imunização, resultando em elevação das taxas de contaminação, bem como
das taxas de óbito, fato que agrediria um dos mais fundamentais dos direitos de nosso
ordenamento: o direito à vida.
Além disso, a recusa à vacinação de filhos com fundamento na liberdade de consciência
também fragilizaria os princípios basilares que sustentam os direitos da criança e do
adolescente, quais sejam o princípio da proteção integral e o princípio do melhor interesse
da criança.
Por tudo isso, não tem como se reconhecer legitimidade na recusa dos pais em vacinar
seus filhos por motivo de convicção filosófica, haja vista que, em vez de proteger um direito
fundamental, tal recusa acabaria por fragilizar o espectro de proteção dos outros direitos.
O que será favorável, O cidadão tem a liberdade para fazer suas escolhas, segundo sua
convicção, ideologia, filosofia de vida e formação.
A prova é subjetiva, feita pela declaração do agente. Assim, basta que ele se declare contra
a vacina que haverá que se respeitar o seu direito.
É como as pessoas que se declaram pardas e etc. Basta a declaração pois é um
sentimento e não tem como se aferir.

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