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AO EXCELENTÍSSIMO SENHOR MINISTRO-PRESIDENTE DO

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL.

URGENTE. DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO


FUNDAMENTAL. GARANTIA DE AÇÕES NECESSÁRIAS
À DISPONIBILIZAÇÃO DE VACINA PARA IMUNIZAÇÃO
DA POPULAÇÃO BRASILEIRA CONTRA O
CORONAVIRUS (Covid-19).
DISTRIBUIÇÃO POR PREVENÇÃO: AO RELATOR DAS
ADPFs 754 e 756, MIN. RICARDO LEWANDOWSKI (Art. 77-
B, RISTF).
INCONSTITUCIONALIDADE FORMAL. NECESSIDADE
DE LEI FORMAL PARA IMPOR OBRIGAÇÃO DE NÃO-
FAZER AO DISTRITO FEDERAL, AOS ESTADOS E AOS
MUNICÍPIOS QUANTO À VACINAÇÃO EM GERAL, BEM
COMO À VACINAÇÃO INFANTIL.
INCONSTITUCIONALIDADE MATERIAL. POR
VIOLAR, SISTEMATICAMENTE, O CONTEÚDO
MATERIAL DOS DIREITOS E GARANTIAS
FUNDAMENTAIS, NOTADAMENTE: (I) O PRINCÍPIO
DEMOCRÁTICO (ART. 3º), (II) DA SAÚDE E DA
PROTEÇÃO À VIDA (ART. 5º, CAPUT C/C ART.6º, CAPUT
C/C ART. 196, CAPUT, C/C ART. 197, CAPUT, C/C ART. 227,
CAPUT), (IV) DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA
(ART. 1º, III), BEM COMO OS PRINCÍPIOS IMPLÍCITOS
DA PROPORCIONALIDADE, DA VEDAÇÃO AO
RETROCESSO, E A VEDAÇÃO À PROTEÇÃO DEFICIENTE,
ALÉM DA JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL
FEDERAL.

PARTIDO VERDE - PV, Partido Político com registro no Tribunal


Superior Eleitoral, inscrito no CNPJ sob o nº 31.886.963/0001-68 (Doc. 2), com
sede no Setor Comercial Norte Quadra 1, Bloco F, Salas 711, 712 e 713, Asa
Norte Brasília/DF, CEP: 70.711-905, neste ato representado por seu Presidente
Nacional (Doc. 2) vem, respeitosamente, diante da ilustre presença de Vossa
Excelência, por meio dos advogados que a esta subscrevem, com poderes
constantes na procuração em anexo (Doc. 1), com fundamento no art. 102, §1º,
da c/c o art. 103, VIII, ambos da CRFB/1988, bem como na íntegra da Lei nº
9.882/1999 oferecer a presente

ARGÜIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE
PRECEITOFUNDAMENTAL (ADPF),
com pedido de concessão de Medida Cautelar

SCN Quadra 01 – Bloco F – Número 70 – Salas 711,712 e 713 – Edifício América Office Tower AsaNorte –
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Telefone: (61) 3366-1569 – Fax: (61) 3203-3560
E-mail: nacional.pv@gmail.com 1
em favor da disponibilização de vacinas e da compulsoriedade da vacinação ao
público infantil, inclusive nos ambientes escolares, conforme vem sendo
decidido nas ADPFs 754 e 756.

Ocorre que, recentemente, o Governo do Distrito Federal


decidiu acolher Recomendação do Ministério Público do Distrito Federal e
Territórios (MPDFT) para suspender a exigência do passaporte de vacinação
nas escolas públicas do Distrito Federal alegando tratar-se de ‚vacinação
experimental‛, nos termos da Recomendação.

Seguindo a supramencionada recomendação exarada pelo


MPDFT, o Distrito Federal decidiu suspender a vacinação contra crianças de 5 a
11 anos nas escolas públicas. Ocorre que a vacinação do público infantil é
matéria de direito e ordem públicas, e não de direito privado, devendo, por
isso mesmo, obedecer às normas constitucionais bem como à jurisprudência
deste E. Supremo Tribunal Federal sobre o tema.

Assim sendo, a suspensão da vacinação no ambiente escolar


no âmbito do Distrito Federal não encontra esteio junto à normatividade
jurídico-constitucional e deve ser analisada pelo controle concentrado do
STF, uma vez que a referida suspensão contém inconstitucionalidade formal,
dada violação ao princípio da legalidade, e à reserva de lei formal para impor
obrigação de não-fazer aos Estados e ao Distrito Federal, além de;
inconstitucionalidades materiais, por violar, sistematicamente, o conteúdo
material dos direitos e garantias fundamentais, notadamente: (i) o princípio
democrático (Art. 3º), (ii) da saúde e da proteção à vida (Art. 5º, caput c/c Art.6º,
caput c/c Art. 196, caput, c/c Art. 197, caput, c/c Art. 227, caput), (iv) da dignidade
da pessoa humana (Art. 1º, III), ambos dispostos expressamente na CRFB/1988,
bem como os princípios implícitos da proporcionalidade, da vedação ao
retrocesso, e a vedação à proteção deficiente, além da jurisprudência do
Supremo Tribunal Federal sobre a matéria, conforme expor-se-á.

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I. DOS FATOS QUE MOTIVAM ESTA
ADPF

1. A presente Argüição de Descumprimento de Preceito


Fundamental tem como objeto a declaração de constitucionalidade da vacinação
infantil compulsória, inclusive nos ambientes escolares, seja no Distrito
Federal, nos Estados e nos Municípios da Federação.

2. Nesse sentido, transcreve-se, abaixo, um exame da situação


vexada nesta Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental, no ponto
em que o MPDFT recomenda a suspensão da vacinação nos ambientes
escolares, dado o ‚caráter experimental‛ da vacinação:

Ministério Público do DF recomenda que escolas públicas não


sejam usadas na vacinação de crianças e causa polêmica;
entenda 1

O governador GDF criticou a recomendação do Ministério


Público, mas afirmou que vai segui-la. Já a Comissão da Vacina
da Câmara Legislativa do DF (CLDF) disse que vai pedir
explicações ao MP sobre o posicionamento (saiba mais abaixo).
As promotoras Cátia Gisele Martins Vergara e Márcia Pereira
da Rocha, da Promotoria de Justiça de Defesa da Educação,
dizem na recomendação que a medida pretende garantir "a
decisão livre e esclarecida dos respectivos pais e responsáveis
quanto à vacinação experimental das crianças e adolescentes".

[...]

A recomendação aponta ainda que "a decisão sobre a vacinação


de crianças e adolescentes dentro das escolas e unidades da
SEE/DF [Secretaria de Educação] alocará a responsabilidade de
informação clara sobre os riscos e benefícios no uso do
imunizante experimental aos gestores da educação, inclusive

1 Disponível em: https://g1.globo.com/df/distrito-federal/noticia/2022/01/20/ministerio-


publico-do-df-recomenda-que-escolas-publicas-nao-sejam-usadas-na-vacinacao-de-
criancas-e-causa-polemica-entenda.ghtml; Acesso em 21.2.2022.

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quanto à responsabilização dos eventos adversos a médio e
longo prazo".
Além de pedir que as escolas não fossem usadas na campanha,
o MP solicitou que, tanto na rede pública quanto privada, as
aulas sejam retomadas de forma totalmente presencial e sem
exigência de comprovação de vacinação. Desde o início do
mês, o GDF afirma que esse será o modelo adotado e que não
cogita exigir o cartão de imunização.

Orientação do Proeduc para a educação 2


Ainda nessa semana, o próprio Ministério Público do Distrito
Federal e Territórios (MPDFT), através da Promotoria de Justiça
de Defesa da Educação (Proeduc), recomendou que a Secretaria
de Educação do DF (SEE-DF) adote providências para que a
rede pública e privada de ensino retornam às aulas presenciais.
A recomendação, contudo, não cobra a exigência de vacinação
contra a covid-19 dos alunos, porque, na visão do MPDFT, o
imunizante é ‚experimental‛ e que a empresa fabricante
prevê a conclusão de estudo de segurança e imunogenicidade
da vacina em 2026. O MP ressaltou que a exigência de
comprovante como meio indireto de indução da vacinação
compulsória somente pode ser estabelecida por meio de lei.

PROMOTORIAS DO DF ESTÃO EM DESALINHO SOBRE


VACINA INFANTIL 3.

Em contraponto às Promotorias de Defesa da Educação, as


Promotorias de Defesa da Saúde do Ministério Público do
Distrito Federal e Territórios (MPDFT) fizeram uma
recomendação à Secretaria de Saúde do DF: informe à
população sobre a importância da vacinação infantil,
esclarecendo a respeito da segurança, qualidade e eficácia dos
imunizantes, os possíveis sintomas pós-vacinação e sua
frequência de aparição, bem como as providências a serem
adotadas na hipótese de aparecimento de reações.

2 Disponível em: https://www.correiobraziliense.com.br/cidades-df/2022/01/4979381-


mpdft-da-10-dias-para-secretaria-de-saude-elaborar-plano-de-vacinacao-infantil.html;
Acesso em 21.2.2022.
3 Disponível em:
https://blogs.correiobraziliense.com.br/eixocapital/2022/01/22/promotorias-do-df-estao-
em-desalinho-sobre-vacina-infantil/; Acesso em: 21.2.2022.

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Embate de promotorias.
A medida é uma resposta à manifestação das promotoras Cátia
Gisele Vergara e Márcia Rocha que fizeram uma recomendação
anterior para que a Secretaria de Educação não utilize as escolas
como locais de vacinação de crianças de 5 a 11 anos porque a
aplicação das doses deve ser previamente autorizada pelos pais
por se tratarem de ‚vacinas experimentais‛. A recomendação
da área de saúde é assinada por quatro promotores, Bernardo
Barbosa Matos, Clayton da Silvia Germano, Hiza Maria Silva
Carpina Lima e Marcelo da Silva Barenco. Eles deixam claro:
‚não se trata de autorização temporária de uso emergencial
e/ou de caráter experimental‛.

MP do DF chama vacina de 'experimental' e quer barrar


imunização em escolas4

A Promotoria de Justiça de Defesa da Educação (Proeduc),


do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios
(MPDFT), quer barrar a exigência do passaporte de vacina e a
imunização de crianças nos espaços das unidades educacionais
públicas do DF. Em recomendação enviada à Secretaria de
Estado de Educação, a Proeduc utiliza, inclusive, um termo
considerado incorreto por especialistas e pela própria Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), ao afirmar que a
imunização seria "experimental".
No ofício, asinado pelas promotoras Cátia Gisele Martins
Vergara e Márcia Pereira da Rocha e enviado ao governo do
Distrito Federal, o Ministério Público recomenda que as "redes
pública e privada do DF promovam a retomada das atividades
escolares presenciais, no ano letivo de 2022, sem condicionar os
alunos à exigência de prévia vacinação contra a Covid-19."

PROMOTORAS CONTRADIZEM ANVISA E CHAMAM


VACINA INFANTIL DE EXPERIMENTAL. 5

Duas promotoras de Justiça do Ministério Público do Distrito

4 Disponível em: https://www.otempo.com.br/brasilia/mp-do-df-chama-vacina-de-


experimental-e-quer-barrar-imunizacao-em-escolas-1.2598127; Acesso em: 21.2.2022.
5 Disponível em: https://www.metropoles.com/colunas/grande-angular/promotoras-

contradizem-anvisa-e-chamam-vacina-infantil-de-experimental; Aceso em: 21.2.2022.

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Federal e Territórios (MPDFT) contradisseram as orientações da
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e
classificaram as vacinas infantis contra Covid-19 como
‚experimental‛. As promotoras Kátia Gisele Martins Vergara e
Márcia Pereira da Rocha, que integram a Promotoria de Justiça
de Defesa da Educação, falaram em vacinação experimental ao
recomendarem que o Governo do Distrito Federal não faça a
imunização do público infantil em escolas da capital. No
documento, as promotoras recomendam que: ‚As escolas e
dependências da Rede Pública de Ensino do DF não sejam
definidas como locais de vacinação contra Covid-19 de alunos,
garantindo-se a decisão livre e esclarecida dos respectivos pais e
responsáveis quanto à vacinação experimental das crianças e
adolescentes‛. As promotoras usaram uma resolução da Anvisa
de março de 2021 como base da recomendação, conforme consta
no próprio documento. Mas, em dezembro do ano passado, a
agência emitiu uma nova nota técnica em que afirmou ter se
manifestado a favor da extensão da vacina da Pfizer para o
público infantil e que, na oportunidade, ‚foi informado que se
trata de uma vacina devidamente registrada, não se tratando de
produto experimental‛. Em coletiva de imprensa na tarde desta
quarta-feira (19/1), integrantes do GDF anunciaram a suspensão
do programa de vacinação das crianças nas escolas, medida que
era prevista para ampliar a cobertura vacinal do público de 5 a
11 anos. A decisão foi tomada após a recomendação do MPDFT.
Durante a coletiva, o secretário da Casa Civil, Gustavo Rocha,
disse que a área técnica do GDF entende que vacinação infantil
nas escolas seria uma forma de facilitar a imunização do
público, que tem enfrentado grandes filas nos postos.

DEPUTADA DISTRITAL E PROFESSORES QUESTIONAM


RECOMENDAÇÃO DO MP CONTRA PASSAPORTE DE
VACINA 6

Em entrevista coletiva, realizada na útlima quarta-feira, 19, o


Governo do Distrito Federal afirmou que adotará a
recomendação do Ministério Público do Distrito Federal e

6 Disponível em: https://www.sinprodf.org.br/deputada-distrital-e-professores-


questionam-recomendacao-do-mp-contra-passaporte-de-vacina-maisbrasil-news/;
Acesso em: 21.2.2022.

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Territórios (MPDFT) de não usar as escolas públicas do DF
como ponto de vacinação de crianças.

O anúncio foi feito pelo secretário chefe da Casa Civil, Gustavo


Rocha, e retroage à decisão do vice-governador do DF, Paco
Britto, em utilizar as unidades escolares para imunizar as
crianças.

MINISTÉRIO PÚBLICO RECOMENDA QUE ESCOLAS


NÃO EXIJAM VACINA DE ALUNOS NO DF 7

O MPDFT enviou um ofício à Secretaria de Estado de Educação


recomendando que a pasta não exija de alunos a prévia
vacinação contra a Covid-19 para o retorno às atividades
presenciais no ano letivo de 2022.
A determinação vale tanto para escolas da rede pública quanto
privada de ensino do Distrito Federal.
Segundo o documento, as crianças e jovens representam
‚parcela muito pequena dos casos‛ – o gripo entre 5 e 14 anos,
diz o documento, responde por 7% dos casos e 0,1% das mortes
relatadas e, o grupo entre 15 e 24 anos, é responsável por
15%dos casos e 0,4% das mortes.

3. Ocorre que esta suspensão da vacinação nos ambientes


escolares tendo por base Recomendação do MPDFT viola a CRFB/1988, a uma,
por criar obrigação de não-fazer, conferida à estrita reserva de lei formal; a duas,
por violar, sistematicamente, o conteúdo material dos direitos e garantias
fundamentais, notadamente: (i) o princípio democrático (Art. 3º), (ii) da saúde e
da proteção à vida (Art. 5º, caput c/c Art.6º, caput c/c Art. 196, caput c/c Art. 197,
caput c/c Art. 227, caput), (iv) da dignidade da pessoa humana (Art. 1º, III),
ambos dispostos expressamente na CRFB/1988, bem como os princípios
implícitos da proporcionalidade, da vedação ao retrocesso, e a vedação à
proteção deficiente; a três, por violar frontalmente a jurisprudência do Supremo
Tribunal Federal.

II. LEGITIMIDADE ATIVA E CABIMENTO:

7Disponível em: https://veja.abril.com.br/coluna/radar/ministerio-publico-recomenda-que-


escolas-nao-exijam-vacina-de-alunos-no-df/; Acesso em 21.2.2022.

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FUNDAMENTOS DOGMÁTICO-JURISPRUDENCIAIS DO
PRINCÍPIO DA SUBSIDIARIEDADE.

4. Segundo o entendimento consolidado deste Supremo Tribunal


Federal, a legitimidade ativa de Partido Político com representação no Congresso
Nacional não sofre as restrições decorrentes da exigência de pertinência temática
nas ações do controle concentrado (ADI n. 1.407-MC, Rel. Min. CELSO DE
MELLO, Plenário, DJ24.11.2000).

5. Sendo certo que o autor da presente demanda é Partido Político


com representação no Congresso Nacional, não há óbices à interposição da
presente Ação Direta de Inconstitucionalidade, do ponto de vista da
Legimitidade Ativa.

6. Desse modo, e em conformidade com o art. 2º, VIII, da Lei


9.868/1999 e o art. 103, VIII,da CRFB/19889, a referida agremiação partidária é
8

parte legítima para a propositura da presente Ação.

7. Ad argumentandum tantum, ainda nos termos da jurisprudência


consolidada por esta Corte Constitucional, o Partido Político com representação
no Congresso Nacional possui legitimidade ativa universal:

‚Os Partidos Políticos com representação no Congresso


Nacional acham-se incluídos, para efeito de ativação da
jurisdição constitucional concentrada do Supremo Tribunal
Federal, no rol daqueles que possuem legitimação ativa
universal, gozando, em consequência, da ampla prerrogativa
de impugnarem qualquer ato normativo do Poder Público,
independentemente de seu conteúdo material. [...]. O
reconhecimento da legitimidade ativa das agremiações
partidárias para a instauração do controle normativo abstrato,
sem as restrições decorrentes do vínculo de pertinência

8 Art. 2º Podem Propor a ação direta de inconstitucionalidade:


[...] VIII – Partido políticocom representação no Congresso Nacional;
9 Art. 103. Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória

deconstitucionalidade:
[...] VIII – Partido político com representação no Congresso Nacional;‛

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temática, constitui natural derivação da própria natureza e dos
que justificam a existência, em nosso sistema normativo, dos
Partidos Políticos.‛ (ADI 1.096 MC, Rel. Min. CELSO DE
MELLO, j.16-3-1995, DJ de 22-9-2004) (grifamos)

8. Assim, não havendo dúvidas acerca da Legitimidade Ativa do


Autor, resta evidenciar que, nos termos da Constituição Federal de 1988, artigo
102, §§ 1º e 2º combinados com o inteiro teor da Lei Federal 9.882/1999, caberá
Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental quando não houver
nenhum outro meio eficaz de sanar a lesão no âmbito do controle concentrado.
Nestes casos, leciona a jurisprudência, impende considerar-se a CRFB/1988 como
parâmetro decontrole, como é o caso na presente ADPF.

9. Acerca do requisito de SUBSIDIARIEDADE, impende


rememorar-se alguns pronunciamentos deste Egrégio Supremo Tribunal Federal
acerca da matéria. É que, conforme assinala a Jurisprudência, o controle
abstrato está ligado à preservação da unidade material do texto constitucional,
ou seja, em não sendo possível a impugnação via quaisquer outras ações do
controle concentrado, será a ADPF o veículo processual que colmatará as
lacunas e levará ao conhecimento da Corte Constitucional situação juridicamente
vexatória, comobusca-se fazer no presente caso.

10. É que, por definição, o controle concentrado analisa não


somente a constitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual, mas
também osdemais atos emanados do Poder Público, eventualmente contrários à
normatividade constitucional.

11. Quando, em sede jurisprudencial, a Corte assenta a necessidade


de preservação do conteúdo material dos direitos e garantias fundamentais, está
a referir-se, inclusive a estes atos mesmo, que embora não sejam lei formal ou
em tese, produzem efeitos juridicamente vexatórios. Sobre o tema, confira-se:

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM AÇÃO DIRETA DE


INCONSTITUCIONALIDADE. PEDIDO DE
MODULAÇÃO TEMPORAL DOS EFEITOS DA DECISÃO DE
MÉRITO. POSSIBILIDADE. AÇÕES PENAIS E DE
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA CONTRA OCUPANTES E
EXOCUPANTES DE CARGOS COM PRERROGATIVA DE

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FORO. PRESERVAÇÃO DOS ATOS PROCESSUAIS
PRATICADOS ATÉ 15 DE SETEMBRO DE2005. 1. A proposição
nuclear, em sede de fiscalização de constitucionalidade, é a da
nulidade das leis e demais atos do Poder Público,
eventualmente contrários à normatividade constitucional.
Todavia, situações há que demandam uma decisão judicial
excepcional ou de efeitos limitados ou restritos, porque somente
assim é que se preservam princípios constitucionais outros,
também revestidos de superlativa importância sistêmica. 2.
Quando, no julgamento de mérito dessa ou daquela
controvérsia, o STF deixa de se pronunciar acerca da eficácia
temporal do julgado, é de se presumir que o Tribunal deu pela
ausência de razões de segurança jurídica ou de interesse social.
Presunção, porém, que apenas se torna absoluta com o trânsito
em julgado da ação direta. O Supremo Tribunal Federal, ao
tomar conhecimento, emsede de embargos de declaração (antes,
portanto, do trânsito em julgado de sua decisão), de razões de
segurança jurídica ou de excepcional interesse social que
justifiquem a modulação de efeitos da declaração de
inconstitucionalidade, não deve considerar a mera presunção
(ainda relativa) obstáculo intransponível para a preservação da
própria unidade material da Constituição.

3. Os embargos de declaração constituem a última fronteira


processual apta a impedir que a decisão de
inconstitucionalidade com efeito retroativo rasgue nos
horizontes do Direito panoramas caóticos, do ângulo dos fatos e
relações sociais. Panoramas em que a não salvaguarda do
protovalor da segurança jurídica implica ofensa à Constituição
ainda maior do que aquela declarada na ação direta. [...] (ADI
2797 ED, Relator(a): MENEZES DIREITO, Relator(a) p/
Acórdão: AYRES BRITTO, Tribunal Pleno, julgado em
16/05/2012, DJe-039 DIVULG 27- 02-2013 PUBLIC 28-02-2013
EMENT VOL-02678-01 PP-00001)

12. Nesta ótica, a função precípua do controle abstrato está


ligada, nos termos do que assentou a Jurisprudência, à manutenção da

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segurança jurídica e do interesse social, de maneira sistêmica, até para que sejam
evitados panoramas caóticos, do ângulo dos fatos e das relações sociais, para
rememorar os termos do Min. MENEZES DIREITO, cujo teor colacionamos
acima.

13. Destaque-se, nessa linha, que o sentido da subsidiariedade foi


objeto de debates já no âmbito da ADPF nº 1, Rel. o Ministro NÉRI DA
SILVEIRA, cujo voto-condutor assentou que o objeto da ADPF é, por definição
ATO DO PODER PÚBLICO, normativo ou não, sendo cabível, ainda, quando
for relevante ofundamento da controvérsia.

14. Assim, não pode esta Corte deixar de admitir a presente ADPF,
sob pena de contrariar a Jurisprudência assentada no Tribunal Pleno, cujos
debates têm revelado de maneira cristalina o conceito de SUBSIDIARIEDADE.

Arguição de descumprimento de preceito fundamental:


distinção da ação direta de inconstitucionalidade e da ação
declaratória de constitucionalidade. O objeto da arguição de
descumprimento de preceito fundamental há de ser "ato do
Poder Público" federal, estadual, distrital ou municipal,
normativo ou não, sendo, também, cabível a medida judicial
"quando for relevante o fundamento da controvérsia sobre lei
ou ato normativo federal, estadual ou municipal, incluídos os
anteriores à Constituição. [ ADPF 1 QO, Rel. Min. NÉRI DA
SILVEIRA, j. 3-2-2000, P,DJ de 7-11-2003.]

15. Se assim não fosse, e ainda nos termos da Jurisprudência,


poderia a presente Ação ser conhecida como ADI, uma vez que fungíveis.
Esta Corte, em reiterados pronunciamentos, já assentou a fungibilidade entre a
ADI e a ADPF. Contudo, não é este o presente caso, visto que, em sede de
CONTROLE ABSTRATO, não há qualquer outro meio eficaz para sanar a
lesividade senão a ADPF. Sobre o tema, confira-se, ainda, os seguintes
precedentes:

O ato normativo impugnado é passível de controle


concentrado de constitucionalidade pela via da ação direta.

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Precedente: ADI 349, rel. min. Marco Aurélio. Incidência, no
caso, do disposto no art. 4º, § 1º, da Lei 9.882/1999; questão de
ordem resolvida com o aproveitamento do feito como ação
direta de inconstitucionalidade, ante a perfeita satisfação dos
requisitos exigidos à sua propositura (legitimidade ativa,
objeto, fundamentação e pedido), bem como a relevância da
situação trazida aos autos, relativa a conflito entre dois Estados
da Federação. [ADPF 72 QO, Rel. Min. ELLEN GRACIE, j. 1º-6-
2005, P, DJ de 2-12- 2005.]

A presente ação tem por objeto central analisar a


compatibilidade do rito de impeachment de Presidente da
República previsto na Lei 1.079/1950 com a Constituição de 1988.
A ação é cabível, mesmo se considerarmos que requer,
indiretamente, a declaração de inconstitucionalidade de
norma posterior à Constituição e que pretende superar
omissão parcial inconstitucional. Fungibilidade das ações
diretas que se prestam a viabilizar o controle de
constitucionalidade abstrato e em tese. Atendimento ao
requisito da subsidiariedade, tendo em vista que somente a
apreciação cumulativa de tais pedidos é capaz de assegurar o
amplo esclarecimento do rito do impeachment por parte do
STF. [...] Interpretação da inicial de modo a conferir maior
efetividade ao pronunciamento judicial. Pedido cautelar
incidental que pode ser recebido, inclusive, como aditamento à
inicial. Inocorrência de violação ao princípio do juiz natural, pois
a ADPF foi à livre distribuição e os pedidos da cautelar
incidental são abrangidos pelos pleitos da inicial. [ADPF 378
MC, Rel. p/ o ac. Min. ROBERTO BARROSO, j. 16-12-2015, P,
DJE de 8-3-2016.]

(...) assento o cabimento desta ação, uma vez que não há outro
meio hábil de sanar a lesividade (...). (...) Afasto, igualmente, o
argumento de que haveria conexão entre esta ADPF e a ADI
3.197/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli, por ostentarem ambos os feitos a
mesma causa de pedir, qual seja, a inconstitucionalidade do

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sistema de cotas para negros nas universidades públicas. É que,
conforme remansosa jurisprudência desta Corte, as ações de
índole abstrata, por definição, não tratam de fatos concretos,
razão pela qual nelas não se deve, como regra, cogitar de
conexão, dependência ou prevenção relativamente a outros
processos ou julgadores. [ADPF 186, Rel. Min. RICARDO
LEWANDOWSKI, j. 26-4-2012, P, DJE de 20- 10- 2014.]

16. Resta salientar, por fim, que este Colendo Supremo Tribunal
Federal já conheceu de outras situações jurídicas levadas à Corte por meio de
Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental, mesmo que embasada
nos princípios constitucionais.

17. Nestes casos, a Corte conheceu das Ações ajuizadas,


vislumbrando que estava presente o requisito legal da SUBSIDIARIEDADE, e
sublinhando a ocorrência de grave insegurança jurídica na situação trazida nos
autos, nos seguintes termos:

Constitucionalidade de atos normativos proibitivos da


importação de pneus usados. (...) Adequação da arguição
pela correta indicação de preceitos fundamentais
atingidos, a saber, o direito à saúde, direito ao meio
ambiente ecologicamente equilibrado (arts. 196 e 225 da
Constituição brasileira) e a busca de desenvolvimento
econômico sustentável: princípios constitucionais da
livre iniciativa e da liberdade de comércio interpretados
e aplicados em harmonia com o do desenvolvimento
social saudável. Multiplicidade de ações judiciais, nos
diversos graus de jurisdição, nas quais se têm
interpretações e decisões divergentes sobre a matéria:
situação de insegurança jurídica acrescida da ausência
de outro meio processual hábil para solucionar a
polêmica pendente: observância do princípio da
subsidiariedade. Cabimento da presente ação. [ADPF
101, Rel. Min. CÁRMEN LÚCIA, j. 24-6- 2009, P, DJE de 4-
6-2012.]

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Arguição de descumprimento de preceito fundamental
(ADPF). Medida Cautelar. Ato regulamentar. Autarquia
estadual. Instituto de Desenvolvimento Econômico-Social
do Pará (IDESP). Remuneração de pessoal. Vinculação do
quadro de salários ao salário mínimo. Norma não
recepcionada pela Constituição de 1988. Afronta ao
princípio federativo e ao direito social fundamental ao
salário mínimo digno (arts. 7º, IV, 1º e 18 da
Constituição). Medida liminar para impedir o
comprometimento da ordem jurídica e das finanças do
Estado. Preceito Fundamental: parâmetro de controle a
indicar os preceitos fundamentais passíveis de lesão que
justifiquem o processo e o julgamento da arguição de
descumprimento. Direitos e garantias individuais,
cláusulas pétreas, princípios sensíveis: sua
interpretação, vinculação com outros princípios e
garantia de eternidade. Densidade normativa ou
significado específico dos princípios fundamentais.
Direito pré-constitucional [...] Inexistência de outro
meio eficaz para sanar lesão a preceito fundamental de
forma ampla, geral e imediata. Caráter objetivo do
instituto a revelar como meio eficaz aquele apto a solver
a controvérsia constitucional relevante. Compreensão
do princípio no contexto da ordem constitucional
global. Atenuação do significado literal do princípio da
subsidiariedade quando o prosseguimento de ações nas
vias ordinárias não se mostra apto para afastar a lesão a
preceito fundamental. [ADPF 33 MC, Rel. Min. GILMAR
MENDES, j. 29-10-2003, P, DJ de 6-8-2004.]

18. Ainda sobre o tema, destaque-se o entendimento adotado no


voto- condutor da ADPF 33, Rel. o Min. GILMAR MENDES, no qual asseverou-
se que o significado literal do princípio da subsidiariedade deve ser atenuado,
quando o prosseguimento das ações nas vias ordinárias não for suficientemente

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apto para afastar lesão a preceito fundamental 10.

19. Para Sua Excelência, reside, neste ponto, a racionalidade do


controle abstrato, proferir decisões com caráter vinculantes e com eficácia erga
omnes, para que se proteja o conteúdo material dos direitos e garantias
fundamentais, afastando- se a possibilidade de um quadro sistêmico de lesão à
unidade da Constituição, pois o conteúdo dos direitos e garantias fundamentais
está, nos termos de S. Exc., num contexto de interdependência sistêmica. Sobre o
tema, confira-se:

Nos termos da Lei nº 9.882, de 3 de dezembro de 1999, cabe a


Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental para

10 1. Argüição de descumprimento de preceito fundamental ajuizada com o objetivo de


impugnar o art. 34 do Regulamento de Pessoal do Instituto de Desenvolvimento
Econômico-Social do Pará (IDESP), sob o fundamento de ofensa ao princípio
federativo, no que diz respeito à autonomia dos Estados e Municípios (art. 60, §4o ,
CF/88) e à vedação constitucional de vinculação do salário mínimo para qualquer fim
(art. 7º, IV, CF/88). 2. Existência de ADI contra a Lei nº 9.882/99 não constitui óbice à
continuidade do julgamento de argüição de descumprimento de preceito fundamental
ajuizada perante o Supremo Tribunal Federal. [...]. 6. Cabimento de argüição de
descumprimento de preceito fundamental para solver controvérsia sobre
legitimidade de lei ou ato normativo federal, estadual ou municipal, inclusive
anterior à Constituição (norma pré-constitucional). 7. Requisito de admissibilidade
implícito relativo à relevância do interesse público presente no caso. 8. Governador
de Estado detém aptidão processual plena para propor ação direta (ADIMC 127/AL,
Rel. Min. Celso de Mello, DJ 04.12.92), bem como argüição de descumprimento de
preceito fundamental, constituindo-se verdadeira hipótese excepcional de jus
postulandi. 9. ADPF configura modalidade de integração entre os modelos de perfil
difuso e concentrado no Supremo Tribunal Federal. [...]13. Princípio da
subsidiariedade (art. 4o ,§1o, da Lei no 9.882/99): inexistência de outro meio eficaz de
sanar a lesão, compreendido no contexto da ordem constitucional global, como
aquele apto a solver a controvérsia constitucional relevante de forma ampla, geral e
imediata. 14. A existência de processos ordinários e recursos extraordinários não
deve excluir, a priori, a utilização da argüição de descumprimento de preceito
fundamental, em virtude da feição marcadamente objetiva dessa ação. 15. Argüição
de descumprimento de preceito fundamental julgada procedente para declarar a
ilegitimidade (não-recepção) do Regulamento de Pessoal do extinto IDESP em face do
princípio federativo e da proibição de vinculação de salários a múltiplos do salário
mínimo (art. 60, §4º, I, c/c art. 7º, inciso IV, in fine, da Constituição Federal)
(ADPF 33, Relator(a): GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em 07/12/2005, DJ
27-10-2006 PP-00031 EMENT VOL-02253-01 PP-00001 RTJ VOL-00199-03 PP-00873)

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evitar ou reparar lesão a preceito fundamental, resultante de ato
do Poder Público (Art. 1º, caput). O parágrafo único do art. 1º
explicita que caberá também a arguição de descumprimento
quando for relevante o fundamento da controvérsia
constitucional sobre lei ou ato normativo federal, estadual ou
municipal, inclusive anteriores à Constituição (leis pré-
constitucionais). Vê-se, assim, que a arguição de descumprimento
poderá ser manejada para solver controvérsias sobre a
constitucionalidade do direito federal, do direito estadual e
também do direito municipal. Pode-se dizer que a arguição de
descumprimento vem completar o sistema de controle de
constitucionalidade de perfil relativamente concentrado no STF,
uma vez que as questões até então não apreciadas no âmbito do
controle abstrato de constitucionalidade (ação direta de
inconstitucionalidade e ação declaratória de constitucionalidade)
poderão ser objeto de exame no âmbito do novo procedimento.
[...] É o estudo da ordem constitucional no seu contexto
normativo e nas suas relações de interdependência que permite
identificar as disposições essenciais para a preservação dos
princípios basilares dos preceitos fundamentais em um
determinado sistema. Tal como ensina J. J. GOMES
CANOTILHO em relação à limitação do poder de revisão, a
identificação do preceito fundamental não pode divorciar-se das
conexões de sentido captadas do texto constitucional, fazendo-
se mister que os limites materiais operem como verdadeiros
‘limites textuais implícitos’ (J. J. Gomes Canotilho. Direito
Constitucional e Teoria da Constituição, Coimbra, 2002, p. 1049).
Destarte, um juízo mais ou menos seguro sobre a lesão de preceito
fundamental consistente nos princípios da divisão de poderes, da
forma federativa do estado ou dos direitos e garantias
individuais exige, preliminarmente, a identificação do conteúdo
dessas categorias na ordem constitucional e, especialmente, das
suas relações e interdependência. Nessa linha de entendimento,
a lesão a preceito fundamental não se configurará apenas quando
se verificar possível afronta a um principio fundamental, tal
como assente na ordem constitucional, mas também a

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disposições que confiram densidade normativa ou significado
específico a esse princípio.

20. Em outras palavras, este Colendo Supremo Tribunal Federal


entende que o cabimento da ADPF não pode sofrer limitações indevidas, uma
vez que o seu ajuizamento traz à Corte a possibilidade de concretização do
conteúdo sistemático dos direitos fundamentais, bem como evitar um quadro
geral de contrariedade e afronta ao direito.

21. Em todas essas situações, este Pretório Excelso tem


entendimento pelo preenchimento do requisito legal da SUBSIDIARIEDADE.
Se assim não fosse, e predominasse um entendimento restritivo, alguns precedentes
importantes lavrados pelo Tribunal Pleno não poderiam sequer ser conhecidos.

22. É que, conforme exarado nos autos da ADPF 33, a lesão a preceito
fundamental pode estar presente em situações jurídicas indeterminadas, não
sendotaxativas as hipóteses de cabimento da ADPF.

23. Ao contrário, novas situações têm sido trazidas a julgamento nesta


Corte sob a forma dessa nobre Ação Constitucional, especialmente quando do
surgimento de controvérsias relevantes sobre o direito federal, estadual ou
municipal, bem como de quaisquer outros atos do Poder Público, normativos ou
não, cuja vigência vilipendie o conteúdo material dos direitos e garantias
fundamentais.

24. Enfatize-se, nesse sentido, também trecho do voto-condutor do


Acórdão na ADPF 493, Relator Min. GILMAR MENDES, cujo teor observava o
sentido compreensivo da cláusula de subsidiariedade constante no Art. 4º, §1º,
da Lei Federal 9.882/1999, salientando a feição marcadamente objetiva desse
requisito legal no âmbito do controle de constitucionalidade:

Desse modo, considerando o caráter acentuadamente objetivo


da arguição de descumprimento, o juízo de subsidiariedade há
de ter em vista, especialmente, os demais processos objetivos já
consolidados no sistema constitucional. Nesse caso, cabível a
ação direta de inconstitucionalidade ou a ação declaratória de
constitucionalidade ou, ainda, a ação direta por omissão, nãoserá
admissível a arguição de descumprimento.

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Assim, é fácil ver também que a fórmula da relevância do
interesse público para justificar a admissão da arguição de
descumprimento (explícita no modelo alemão) está implícita no
sistema criado pelo legislador brasileiro, tendo em vista
especialmente o caráter marcadamente objetivo que se conferiu
ao instituto.

25. Por essa razão, somente pode ser afastado o cabimento da


ADPF quando inexistente qualquer outro meio juridicamente eficaz para sanar a
solução de maneira ampla, geral e imediata no ambito do próprio controle
abstrato de constitucionalidade de normas.

26. Sobre o tema, são numerosos os precedentes proferidos por este


Egrégio Supremo Tribunal Federal: : ADPF 304, Rel. Min. LUIZ FUX, DJe de
20.11.2017; ADPF 588, Rel. Min. ROBERTO BARROSO, DJe de 12.5.2021; ADPF
542-MC-AgR, Rel. Min.CELSO DE MELLO, DJe de 29.10.2020; ADPF 548-MC-
Ref, Rel. Min.CÁRMEN LÚCIA, DJe de 6.10.2020; ADPF 485, Rel. Min. ROBERTO
BARROSO, DJe de 4.2.2021, entre outros.

III. DO DIREITO

III.I. DA INCONSTITUCIONALIDADE FORMAL.


PRINCÍPIO DA LEGALIDADE.
NECESSIDADE DE LEI FORMAL PARA IMPOR
OBRIGAÇÃO DE NÃO-FAZER ÀS UNIDADES
FEDERATIVAS.

27. Inicialmente, cumpre salientar que o STF possui entendimento


consolidado em sua Jurisprudência acerca da invalidade de atos cujo teor
contenham a mácula da inconstitucionalidade formal.

28. Nesta seara, a reserva de lei formal constitui-se limite material à


intervenção normativa do Poder Executivo sobre o Legislativo, pois, enquanto
princípio fundado na separação orgânica e na especialização funcional das
instituições do Estado, caracteriza-se, no sistema constitucional, pela

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identificação de um conjunto de reservas funcionais específicas do Parlamento
e insuscetíveis de ‚expropriação‛ por parte dos outros órgãos estatais. (Cf. J.
J.GOMES CANOTILHO. Direito Constitucional e Teoria da Constituição. 3ª
ed.Almedina: Coimbra, 1998. p. 689).

29. A matéria vexada pelo ato impugnado não é atribuição de


Recomendação, conquanto deve prevalecer a disciplina conferida pelos
legisladores, uma vez que o caso requer a aprovação de lei formal para atribuir
exigência de que os entes federados, em especial, o DF se abstenha de aplicar
vacinas compulsoriamente ao público infantil, inclusive nos ambientes
escolares.

30. Sobre o tema da inconstitucionalidade formal, destaque-se que


o ato impugnado deriva de uma incorreta incompreensão bem como de
relutância ao entendimento dos recentes julgados do STF, no sentido
descentralizar as competências para administrar e combater a Pandemia
Global de Covid-19, consoante assegurado expressamente na própria
Constituição Federal:

A União tem papel central, primordial e imprescindível de


coordenação em uma pandemia internacional nos moldes que a
própria Constituição estabeleceu no SUS. Em relação à saúde e
assistência pública, a Constituição Federal consagra a existência
de competência administrativa comum entre União, Estados,
Distrito Federal e Municípios (art. 23, II e IX, da CF), bem como
prevê competência concorrente entre União e Estados/Distrito
Federal para legislar sobre proteção e defesa da saúde (art. 24,
XII, da CF); permitindo aos Municípios suplementar a
legislação federal e a estadual no que couber, desde que haja
interesse local (art. 30, II, da CF); e prescrevendo ainda a
descentralização político- administrativa do Sistema de Saúde
(art. 198, CF, e art. 7º da Lei 8.080/1990), com a consequente
descentralização da execução de serviços, inclusive no que diz
respeito às atividades de vigilância sanitária e epidemiológica
(art. 6º, I, da Lei 8.080/1990). (...) Os condicionamentos imposto
pelo art. 3º, VI, ‚b‛, §§ 6º, 6º-A e 7º, II, da Lei 13.979/2020, aos
Estados e Municípios para a adoção de determinadas medidas

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sanitárias de enfrentamento à pandemia do COVID-19,
restringem indevidamente o exercício das competências
constitucionais desses entes, em detrimento do pacto
federativo.

[ADI 6.343 MC-REF, Rel. p/ o ac. Min. ALEXANDRE DE


MORAES, j. 6-5-2020, P, DJE de 17-11-2020.]

Esta Corte já fixou entendimento no sentido de que a União, ao


editar a Lei 9.717/1998, extrapolou os limites de sua
competência para estabelecer normas gerais sobre matéria
previdenciária, ao atribuir ao Ministério da Previdência e
Assistência Social atividades administrativas em órgãos da
previdência social dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios e estabelecer sanções para a hipótese de
descumprimento das normas constantes dessa lei.

[RE 815.499 AgR, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI, j. 9-9-


2014, 2ª T, DJE de 18-9-2014.] = ACO 3.134-TP-AgR-segundo,
Red. p/ o acórdão Min. MARCO AURÉLIO, j. 18-12-2018, 1ª
T, DJE de 16-8- 2019.

31. Ainda que assim não fosse, não olvide-se que o Supremo
Tribunal Federal consolidou entendimento no sentido de que os atos
normativos derivados não têm o condão de instituir obrigações para a
Administração Pública, seja direta, seja indireta, autárquica ou fundacional.

32. Como se sabe, o ônus da legalidade invertido em matéria de


direito administrativo permite ao gestor público e ao Poder Executivo agirem
tão somente de modo a reproduzir as autorizações expressas do texto
legislativo ou da Jurispudência do Supremo Tribunal Federal, sempre que for
esta dotada da força de lei (gesetzekraft).

33. Dessa maneira, não pode o Governo do Distrito Federal,


apoiado ou não em Recomendação do MPDFT, suspender a vacinação nos
ambientes escolares, pois do contrário, esta suspensão revela inescusável
desprezo à Jurisprudência do STF e à legislação federal em vigor, burlando o
princípio da legalidade em matéria administrativa, para impor aos entes
federados, nomeadamente o GDF, obrigação de não-fazer sequer prevista em

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Lei.

34. Doravante, recorde-se que a Jurisprudência do Pretório Excelso


firmou- se no sentido de prestigiar a exigência de lei formal para impor obrigação
de fazer ou não-fazer em matéria administrativa, mesmo nos atos lavrados pelo
próprio Presidente da República, nos seguintes termos:

Ora, escusa advertir que decreto expedido de competência


regulamentar do Chefe do Poder Executivo não é lei em sentido
formal, nem ato normativo originário ou independente, mas
derivado, cuja eventual inovação necessária na ordem jurídica
não pode implicar criação de direitos nem de obrigações objeto
da competência legiferante privativa da Constituição ou da Lei,
pois se preordena a prever normas tendentes a viabilizar as
formas de execução desta ou daquela por parte do Executivo.
(ADI3232, Rel. Min. CEZAR PELUSO, p. 9)

35. Em sede de Lição Doutrinária, por sua vez, também assentou-se


que até mesmo os atos emanados do Poder Executivo, sejam eles os atos
normativos primários e, evidentemente, também, os atos normativos derivados
não podem criar direitos ou obrigações, vez que o sistema jurídico-constitucional
exige a deflagração do devido processo legislativo. Sobre isso, confira-se a
Lição de VICTOR NUNES LEAL11:

O que o decreto regulamentar não pode é estabelecer


direitos ou obrigações cuja criação seja reservada à Constituição
ou à lei em sentido formal, nem contrarior estaou aquela.

36. Assim, havendo a pretensão residual de inovar quanto aos


limites regulamentares, assume, o ato combatido, pretensão de criar direitos e
inovar na ordem jurídica, e também de ser, exatamente pelos mesmos motivos,
atacado pela via abstrata do controle de constitucionalidade.

37. Sobre esse ponto, são diversos os precedentes emanados do


Supremo Tribunal Federal: ADI-MC 1590, Rel. Min. SEPULVEDA PERTENCE,
DJ 15.8.1997; ADI-MC 2155, Rel. Min. SYDNEY SANCHES, DJ 1.6.2001; ADI-
AgR 2950, Rel. Min. MARCO AURÉLIO, Rel. p/ Acórdão Min. EROS GRAU,

11 LEAL, Victor Nunes. Problemas de direito público. Rio de Janeiro: Forense, 1960, p. 146.

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DJ 9.2.20; ADI 3614, Rel. Min. GILMAR MENDES, Rel. p/ Acórdão Min.
CÁRMENLÚCIA, DJ 23.11.2007.

III.II. DAS INCONSTITUCIONALIDADES


MATERIAIS DA SUSPENSÃO DA VACINAÇÃO
NO AMBIENTE ESCOLAR. PRETENSÃO DE
INOVAR NA ORDEM JURÍDICA.Violação
sistematica do conteúdo material dos direitos e
garantias fundamentais, notadamente: (i) o
princípio democrático (Art. 3º), (ii) da saúde e da
proteção à vida (Art. 5º, caput c/c Art.6º, caput c/c
Art.196, caput c/c Art. 197, caput c/c Art. 227, caput),
(iv) da dignidade da pessoa humana (Art. 1º, III),
ambos dispostos expressamente na CRFB/1988,
bem como os princípios implícitos da
proporcionalidade, da vedação ao retrocesso, e a
vedação à proteção deficiente.

38. Ínclitos julgadores, a questão posta em discussão na presente


espécie requer, para seu deslinde, a leitura sistemática dos direitos e garantias
fundamentais.

39. Neste ponto, funda-se a nossa abordagem, inicialmente, no que


assentado pelo E. Ministro GILMAR MENDES, que, ao discorrer acerca do
controle de constitucionalidade, anotou que devem ser declaradas
inconstitucionais as normas que transgridem não somente as regras
expressas, mas também os princípios contidos na Carta. Sobre o tema, confira-
se, no que interessa:

[...]. Os direitos fundamentais não podem ser considerados


apenas como proibições de intervenção (Eingriffsverbote),
expressando também um postulado de proteção
(Schutzgebote). Pode-se dizer que os direitos fundamentais
expressam não apenas uma proibição do excesso
(Übermassverbote), como também podem ser traduzidos como
proibições de proteção insuficiente ou imperativos de tutela

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(Untermassverbote). (HC 104410, Relator(a): GILMAR
MENDES, Segunda Turma, julgado em 06/03/2012, ACÓRDÃO
ELETRÔNICO DJe-062 DIVULG 26-03-2012 PUBLIC 27-03-
2012)

40. Exatamente na linha de fornecer proteção jurídico-


constitucional razoável e de modo a garantir a efetividade das normas
constitucionais que este E. Supremo Tribunal Federal determinou, por exemplo,
que os Estados podem submeter os cidadãos, de forma compulsória, à
vacinação contra a Covid-19, nos termos da Lei Federal 13.979/2020.

41. Foi o que assentou o Plenário desta Corte Suprema, no


julgamento da ADI 6341, Rel. Min. MARCO AURÉLIO, Rel. p/ Acórdão Min.
EDSON FACHIN, DJe 13.11.2020, e da ADPF 672, Rel. Min. ALEXANDRE DE
MORAES, DJe 29.10.2020, ambas prestigiando os princípios constitucionais que
informam a saúde e a ordem públicas, bem como a unidade material do texto
constitucional.

42. É inconteste que os frutos dessas decisões podem ser


averiguados no refreio dos casos de contaminação e maior flexibilização de
normas restritivas à circulação de bens e serviços, com o aumento exponencial
do número de vacinados.

43. Malgrado alguns agentes dos Governos Federal e Distrital


tenham manifestado expressa recusa à vacinação, pode-se dizer que a política
de cooperação entre os entes federados – à luz do texto constitucional –
reorganizou o cenário pandêmico e seus efeitos, propiciando, inclusive, o
paulatino retorno a atividades presenciais ou mesmo a aglomerações
controladas.

44. O cenário contra o qual exsurge a presente ADPF demonstra


uma robusta fragilidade quanto à execução de políticas nacionais de combate à
Pandemia para o público infantil, tanto quanto de medidas que, igualmente,
combatam a disseminação da novel doença no ambiente escolar. Ao discorrer
sobre a questão da vacinação infantil, S. Exc. o Min. RICARDO
LEWANDOWSKI, anotou o seguinte:

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Crianças e adolescentes são, portanto, sujeitos de direitos,
pessoas em condição peculiar de desenvolvimento e
destinatários do postulado constitucional da ‚prioridade
absoluta‛. A esta Corte, evidentemente, cabe preservar essa
diretriz, garantindo a proteção integral dos menores segundo o
seu melhor interesse, em especial de sua vida e saúde, de forma
a evitar que contraiam ou que transmitam a outras crianças –
além das conhecidas doenças infectocontagiosas como o
sarampo, caxumba e rubéola – a temível Covid-19. Tal tarefa é
especialmente delicada porque os menores não têm autonomia,
seja para rejeitar, seja para consentir com a vacinação. Assim,
parece-me inelutável que, havendo consenso científico
demonstrando que os riscos inerentes à opção de não vacinar
são significativamente superiores àqueles postos pela
vacinação, cumpre privilegiar a defesa da vida e da saúde dos
menores, em prol não apenas desses sujeitos especialmente
protegidos pela lei, mas também de toda a coletividade. Resta
claro, portanto, que constitui obrigação do Estado, inclusive à
luz dos compromissos internacionais assumidos pelo Brasil,
proporcionar à toda a população indicada o acesso à vacina
para prevenção da Covid19, de forma universal e gratuita, em
particular às crianças de 5 a 11 anos de idade, potenciais vítimas
- aliás, indefesas -, e propagadoras dessa insidiosa virose,
sobretudo porquanto já há comprovação científica acerca de sua
eficácia e segurança, como se verá adiante, atestada pelo órgão
governamental encarregado de tal mister, qual seja, a Agência
Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa.

[...]

Especificamente no que tange ao tema da vacinação infantil, o


Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA (Lei 8.069/1990) é
textual ao prever a obrigatoriedade da ‚vacinação de crianças
nos casos recomendados pelas autoridades‛, estabelecendo
penas pecuniárias àqueles que, dolosa ou culposamente,
descumprirem ‚os deveres inerentes ao poder familiar ou

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decorrente de tutela ou guarda‛ dos menores (arts. 14, § 1° e
249). Não foi por outra razão, inclusive, que, nestes mesmos
autos, determinei que fossem oficiados os ‚Procuradores-Gerais
de Justiça dos Estados e do Distrito Federal de modo que, nos
termos do art. 129, II, da Constituição Federal, e do art. 201, VIII
e X, do Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069/1990),
empreendam as medidas necessárias para o cumprimento do
disposto nos referidos preceitos normativos quanto à vacinação
de menores contra a Covid-19.‛

(ADPF 754, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI, TPI-


Décima Sexta, Tribunal Pleno, DJe 16.2.2022)

45. As inconstitucionalidades materiais residem, primeiramente, no seu


sentido de relutância contra as decisões emanadas do Supremo Tribunal Federal
e de, mais uma vez, centralizar e concentrar o poder decisório sobre questões
emergenciais na área da saúde pública, o que poderá comprometer, ainda mais,
as atividades educacionais e escolares no Distrito Federal e em todo o país.
Nada obstante, sobre esse tema, necessário frisar-se, ainda, o que anotou S. Exc.
o Min. RICARDO LEWANDOWSKI no bojo da ADPF 756, nos seguintes
termos:

Dessa maneira, verifico - embora em um exame prefacial, típico


das tutelas de urgência - que o ato do Ministério da Saúde aqui
questionado não encontra amparo em evidências acadêmicas,
nem em análises estratégicas a que faz alusão o art. 3°, § 1°, da
Lei 13.979/2020, e muito menos em standards, normas e critérios
científicos e técnicos, estabelecidos por organizações e entidades
internacional e nacionalmente reconhecidas, nos termos
definidos no julgamento conjunto da ADI 6.421-MC/DF e em
outra ações. A aprovação do uso da vacina Comirnaty do
fabricante Pfizer/Wyeth em adolescentes entre 12 e 18 anos,
tenham eles comorbidades ou não, pela ANVISA e por agências
congêneres da União Europeia, dos Estados Unidos, do Reino
Unido, do Canadá e da Austrália, aliada às manifestações de
importantes organizações da área médica, levam a crer que o
Ministério da Saúde tomou uma decisão intempestiva e,

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aparentemente, equivocada, a qual, acaso mantida, pode
promover indesejáveis retrocessos no combate à Covid -19. Não
fosse apenas isso, cumpre dar o devido destaque ao fato de que
a Constituição de 1988 atribuiu prioridade absoluta ao direito à
saúde, à vida e à educação das crianças, adolescentes e dos
jovens, nos termos do caput do art. 227, de maneira que tal
postulado precisa ser, necessariamente, levado em consideração
na política pública de imunização contra a Covid-19, sobretudo
por sua relevância para a volta dos adolescentes às aulas
presenciais. Esta Suprema Corte já afirmou, v. g., que a
educação é um direito fundamental e indisponível dos
indivíduos, consubstanciada no ‚[...] dever do Estado propiciar
meios que viabilizem o seu exercício. Dever a ele imposto pelo
preceito veiculado pelo artigo 205 da Constituição do Brasil. A
omissão da Administração importa afronta à Constituição.‛ (RE
594018- AgR/RJ, Rel. Min. Eros Grau) Na mesma linha,
entendeu que ‚[a] educação infantil, por qualificarse como
direito fundamental de toda criança, não se expõe, em seu
processo de concretização, a avaliações meramente
discricionárias da administração pública nem se subordina a
razões de puro pragmatismo governamental.‛ (RE 639.337-
AgR/SP, Rel. Min. Celso de Mello) Assim, por considerar que
tanto a vacinação dos professores como a dos adolescentes é
essencial para a retomada segura das aulas presenciais -
especialmente em escolas públicas situadas nos rincões mais
remotos do território nacional, onde não são oferecidas, de
forma adequada, aulas online, seja porque não existem
condições técnicas para tanto, seja porque os alunos
simplesmente não têm acesso à internet, computadores e
smartphones -, e levando em conta, ainda, a previsão
constitucional de que ‚os Estados e o Distrito Federal atuarão
prioritariamente no ensino fundamental e médio‛ (§ 3° do art.
211), entendo que as autoridades sanitárias locais, caso decidam
promover a vacinação de adolescentes sem comorbidades,
adequando o Plano Nacional de Operacionalização da
Vacinação contra a Covid-19 às suas realidades locais, poderão
fazê-lo, desde que deem a necessária publicidade às suas
decisões, sempre acompanhadas da devida motivação e
baseadas em dados científicos e avaliações estratégicas,
sobretudo aquelas concernentes ao planejamento da volta às
aulas presenciais nos distintos níveis de ensino. Isso, é claro,

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sem prejuízo da escrupulosa observância das recomendações
dos fabricantes das vacinas e aquelas constantes das
autorizações expedidas pela ANVISA, notadamente as que
dizem respeito aos seus potenciais efeitos colaterais. Isso posto,
com fundamento nas razões acima expendidas, voto por
referendar a medida cautelar para assentar que se insere na
competência dos Estados, Distrito Federal e Municípios a
decisão de promover a imunização de adolescentes maiores de
12 anos, consideradas as situações concretas que vierem a
enfrentar, sempre sob sua exclusiva responsabilidade, e desde
que observadas as cautelas e recomendações dos fabricantes das
vacinas, da ANVISA e das autoridades médicas, respeitada,
ainda, a ordem de prioridades constante da Nota Técnica
36/2021-SECOVID/GAB/SECOVID/MS, de 2/9/2021. (ADPF 756,
Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Referendo na Oitava
Tutela Provisória Incidental na ADPF 756, Tribunal Pleno, DJe
10.1.2022)

46. A sistemática recusa em proporcionar condições minimamente


razoáveis de retorno seguro dos ambientes escolares brasileiros viola o
conteúdo dos direitos e garantias fundamentais, ao produzir franco e notório
retrocesso em matéria constitucional bem como ao servir de mero palanque ou
artifício político para grupos refratários ao progresso da democracia
constitucional entre nós e até mesmo à própria vacina em si.

47. Revolvendo-se a Jurisprudência do Supremo Tribunal Federal


sobre este tema, confira-se, a seguir, trecho do voto-condutor no Acórdão da
ADPF 672:

A legislação prevê que caberá, preventivamente, arguição de


descumprimento de preceito fundamental perante o
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL com o objetivo de se
evitarem condutas do poder público que estejam ou possam
colocar em risco os preceitos fundamentais da República,
entre eles, a proteção à saúde e o respeito ao federalismo e
suas regras de distribuição de competências, consagrados
como cláusula pétrea da Constituição Federal. Como
salientado pelo Ministro CELSO DE MELLO, a
‚’injustificável inércia estatal’ ou ‘um abusivo

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comportamento governamental’ justificam a possibilidade de
intervenção do Poder Judiciário‛ ( ADPF 45, Tribunal Pleno, j.
29/4/2004). [...] Conforme anotei na decisão cautelar sob
referendo, bem como no recente julgamento da ADI 6343-MC-
Ref., Rel. Originário Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno,
julgado em 6/5/2020 (acórdão pendente de publicação), em
momentos de acentuada crise, o fortalecimento e ampliação da
cooperação entre os três Poderes, no âmbito de todos os entes
federativos, são instrumentos essenciais e imprescindíveis a
serem utilizados pelas diversas lideranças em defesa do
interesse público, sempre com o absoluto respeito aos
mecanismos constitucionais de equilíbrio institucional e
manutenção da harmonia e independência entre os poderes,
que devem ser cada vez mais valorizados, evitando-se o
exacerbamento de quaisquer personalismos prejudiciais à
condução das políticas públicas essenciais ao combate da
pandemia de COVID-19. Lamentavelmente, contudo, na
condução dessa crise sem precedentes recentes no Brasil e no
Mundo, mesmo em assuntos técnicos essenciais e de tratamento
uniforme em âmbito internacional, é fato notório a grave
divergência de posicionamentos entre autoridades de níveis
federativos diversos e, inclusive, entre autoridades federais
componentes do mesmo nível de Governo, acarretando
insegurança, intranquilidade e justificado receio em toda a
sociedade. (ADPF 672 MC-Ref, Relator(a): ALEXANDRE DE
MORAES, Tribunal Pleno, julgado em 13/10/2020, PROCESSO
ELETRÔNICO DJe- 260 DIVULG28-10-2020 PUBLIC 29-10-
2020)

48. No aresto supratranscrito, esta Corte enfatizou a viabilidade de


provimento de Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental diante
de situações específicas, nas quais estejam sob risco a proteção à saúde pública,
bem como os preceitos fundamentais da República.

49. Não é demais recordar-se, em alusão à memória jurisprudencial


do Ministro CELSO DE MELLO que a injustificável inércia estatal ou mesmo a

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abusividade de comportamente emanado de autoridade constituída ensejam a
intervenção do Poder Judicário, forte na preservação da autoridade da
Constituição Federal e dos direitos e garantias fundamentais, bem como do
papel que é conferido ao Supremo Tribunal Federal pelo próprio constituinte
originário.

50. Mais uma vez, os fatos empíricos mostram que a


Recomendação do MPDFT bem como a postura adotada pelo GDF revelam
indevida inovação na ordem jurídica por meio de burla ao conteúdo material
dos direitos e garantias fundamentais, inclusive escamoteando a flagrante
violação à saúde coletiva nos ambientes escolares e, por conseguinte, à
população como um todo, impondo verdadeiro retrocesso no avanço da
vacinação a nível nacional.

51. Ocorre que, nessa linha, a suspensão da vacinação nos


ambientes escolares, baseada no “caráter experimental” invocado, serviu-se
para promover verdadeira violação à Jurisprudência que se desenvolveu no
Supremo Tribunal Federal acerca do combate e controle da Pandemia. Sobre o
tema, confira-se a ementa das ADIs 6586 e 6587:

AÇÕES DIRETAS DE INCONSTITUCIONALIDADE.


VACINAÇÃO COMPULSÓRIA CONTRA A COVID-19
PREVISTA NA LEI 13.979/2020. PRETENSÃO DE ALCANÇAR
A IMUNIDADE DE REBANHO. PROTEÇÃO DA
COLETIVIDADE, EM ESPECIAL DOS MAIS VULNERÁVEIS.
DIREITO SOCIAL À SAÚDE. PROIBIÇÃO DE VACINAÇÃO
FORÇADA. EXIGÊNCIA DE PRÉVIO CONSENTIMENTO
INFORMADO DO USUÁRIO. INTANGIBILIDADE DO
CORPO HUMANO. PREVALÊNCIA DO PRINCÍPIO DA
DIGNIDADE HUMANA. INVIOLABILIDADE DO DIREITO À
VIDA, LIBERDADE, SEGURANÇA, PROPRIEDADE,
INTIMIDADE E VIDA PRIVADA. VEDAÇÃO DA TORTURA
E DO TRATAMENTO DESUMANO OU DEGRADANTE.
COMPULSORIEDADE DA IMUNIZAÇÃO A SER
ALÇANÇADA MEDIANTE RESTRIÇÕES INDIRETAS.
NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA DE EVIDÊNCIAS
CIENTÍFICAS E ANÁLISES DE INFORMAÇÕES

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ESTRATÉGICAS. EXIGÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DA
SEGURANÇA E EFICÁCIA DAS VACINAS. LIMITES À
OBRIGATORIEDADE DA IMUNIZAÇÃO CONSISTENTES
NA ESTRITA OBSERVÂNCIA DOS DIREITOS E GARANTIAS
FUNDAMENTAIS. COMPETÊNCIA COMUM DA UNIÃO,
ESTADOS, DISTRITO FEDERAL E MUNICÍPIOS PARA
CUIDAR DA SAÚDE E ASSISTÊNCIA PÚBLICA. ADIS
CONHECIDAS E JULGADAS PARCIALMENTE
PROCEDENTES. I – A vacinação em massa da população
constitui medida adotada pelas autoridades de saúde pública,
com caráter preventivo, apta a reduzir a morbimortalidade de
doenças infeciosas transmissíveis e a provocar imunidade de
rebanho, com vistas a proteger toda a coletividade, em especial
os mais vulneráveis. II – A obrigatoriedade da vacinação a que
se refere a legislação sanitária brasileira não pode contemplar
quaisquer medidas invasivas, aflitivas ou coativas, em
decorrência direta do direito à intangibilidade, inviolabilidade e
integridade do corpo humano, afigurando-se flagrantemente
inconstitucional toda determinação legal, regulamentar ou
administrativa no sentido de implementar a vacinação sem o
expresso consentimento informado das pessoas. III – A previsão
de vacinação obrigatória, excluída a imposição de vacinação
forçada, afigura-se legítima, desde que as medidas às quais se
sujeitam os refratários observem os critérios constantes da
própria Lei 13.979/2020, especificamente nos incisos I, II, e III do
§ 2º do art. 3º, a saber, o direito à informação, à assistência
familiar, ao tratamento gratuito e, ainda, ao ‚pleno respeito à
dignidade, aos direitos humanos e às liberdades fundamentais
das pessoas‛, bem como os princípios da razoabilidade e da
proporcionalidade, de forma a não ameaçar a integridade física
e moral dosrecalcitrantes. IV – A competência do Ministério da
Saúde para coordenar o Programa Nacional de Imunizações
e definir as vacinas integrantes do calendário nacional de
imunização não exclui a dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios para estabelecer medidas profiláticas e terapêuticas
destinadas a enfrentar a pandemia decorrente do novo

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coronavírus, em âmbito regional ou local, no exercício do
poder-dever de ‚cuidar da saúde e assistência pública‛ que lhes
é cometido pelo art. 23, II, da Constituição Federal. V - ADIs
conhecidas e julgadas parcialmente procedentes para conferir
interpretação conforme à Constituição ao art. 3º, III, d, da Lei
13.979/2020, de maneira a estabelecer que: (A) a vacinação
compulsória não significa vacinação forçada, por exigir sempre
o consentimento do usuário, podendo, contudo, ser
implementada por meio de medidas inetas, as quais
compreendem, dentre outras, a restrição ao exercício de certas
atividades ou à frequência de determinados lugares, desde
que previstas em lei, ou dela decorrentes, e (i) tenham como
base evidências científicas e análises estratégicas pertinentes,
(ii) venham acompanhadas de ampla informação sobre a
eficácia, segurança e contraindicações dos imunizantes, (iii)
respeitem a dignidade humana e os direitos fundamentais das
pessoas; (iv) atendam aos critérios de razoabilidade e
proporcionalidade, e (v) sejam as vacinas distribuídas
universal e gratuitamente; e (B) tais medidas, com as
limitações expostas, podem ser implementadas tanto pela
União como pelos Estados, Distrito Federal e Municípios,
respeitadas as respectivas esferas de competência. (Julgamento
Conjuntos das ADIs 6586 e 6587, Rel. Min. RICARDO
LEWANDOWSKI, Tribunal Pleno, Dje 7.4.2021)

IV. DA NECESSIDADE DE CONCESSÃO DE


MEDIDA CAUTELAR. FUMUS BONI IURIS E PERICULUM IN
MORA. EXCEPCIONAL URGÊNCIA.

52. Consoante temos argumentado, esta espécie reúne os requisitos


necessários para a concessão da medida cautelar pleiteada, para cassar todo e
qualquer ato que, emanado da autoridade ministerial, sirva como ambasamento
para suspensão da vacinação infantil, bem como do público em geral, nos

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ambientes escolares ou fora deles.

53. A rigor, o fumus boni juris está caracterizado pelos argumentos


deduzidos nesta exordial, bem como pela jurisprudência deste Supremo
Tribunal Federal, que sempre prestigiou o princípio da legalidade e a exigência
de lei formal quanto as normas contidas nos direitos e garantias fundamentais,
ambos insculpidos na Carta Constitucional de 1988.

54. No mesmo vértice, o periculum in mora, nesta espécie, decorre


diretamenteda possibilidade de criação de obrigação de não-fazer sequer
previsto em lei, visto que, uma vez já em vigor, a situação de
inconstitucionalidade vexada nesta exordial não pode produzir efeitos, pois
eivado de flagrante inconstitucionalidade.

55. Nada obstante, consoante o artigo 102, I, alínea ‚p‛, da


CRFB/1988 c/c a disciplina dos artigos 11 e 12 da Lei Federal 9.868/1999, deve
ser concedida a cautela face a circunstâncias gravosas e urgentes.

56. As circunstâncias jurídicas trazidas nestes autos — inclusive


porque baseados, como se demonstrou, em precedentes desse próprio Egrégio
Supremo Tribunal — demonstram de per se, os fundamentos jurídicos da
inconstitucionalidade arguida, e, por isso mesmo, a excepcional urgência, em
impor-se o deferimento da cautelar, antes mesmo da instrução dos autos,
conforme preceitua a Lei Federal 9.868/1999, artigo 10, §3º.

57. Ainda que assim não fosse, cumpre recordar-se que,


atualmente, no Distrito Federal, há um esgotamento da capacidade do sistema
de saúde no que diz respeito aos leitos pediátricos, evidenciando que a
Pandemia de Covid-19, tem sido implacável com os não-vacinados, inclusive
quanto ao público infantil. Sobre isso, confira-se:

LOTAÇÃO DE UTI PEDIÁTRICA ATINGE 100% NA


REDE PÚBLICA E PRIVADA DO DF 12

12Disponível em: https://www.correiobraziliense.com.br/cidades-df/2022/02/4986699-lotacao-de-


uti-pediatrica-atinge-100-na-rede-publica-e-privada-do-df.html;
https://info.saude.df.gov.br/initial-page/covid-19/taxa-de-ocupacao-de-leitos-covid/;
https://info.saude.df.gov.br/area-tecnica/covid-leitos-rede-privada/; Acesso em: 21.2.2022.

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Os últimos dados da Secretaria de Saúde revelam que
100% dos leitos das unidades de terapia intensiva (UTI)
para crianças estão ocupados. O cenário também é
preocupante na ocupação de leitos adultos, com 91,67% de
ocupação. Em relação à UTI neonatal, a Sala de Situação
do InfoSaúde aponta para um percentual de 62,50% de
ocupação. Os dados foram atualizados na manhã deste
sábado (19/2).
[...]
Na rede privada de saúde, os leitos pediátricos também
alcançaram 100% de ocupação, enquanto os leitos adultos
estão com 81,51% de ocupação. O total de leitos ocupados
é de 122, com 27 leitos vagos e nenhum leito bloqueado.
Na última semana, em coletiva de imprensa na Central de
Abastecimento do DF (Ceasa), o governador Ibaneis Rocha
(MDB) destacou que a Secretaria de Saúde e o governo
estão fazendo o possível para mudar essa realidade. ‚O
secretário (Manoel Pafiadache) está fazendo o que está ao
alcance‛, garantiu o chefe do Buriti.
O governador também destacou que a dificuldade em
conseguir novos leitos é vivenciada tanto pela gestão da
saúde pública, como pela saúde privada.

58. Nesta esteira, por força da previsão contida no artigo 10, § 1º,
também da Lei Federal 9.868/1999, requer-se, ademais, que a Cautelar produza
efeitos ex tunc, uma vez que quaisquer efeitos produzidos pela (i)
RECOMENDAÇÃO em questão, bem como pela; (ii) SUSPENSÃO DA
VACINAÇÃO NOS AMBIENTES ESCOLARES, bem como; (iii) a recusa em
exigir o passaporte vacinal devem ser considerados absolutamente
inconstitucionais, por conterem graves danos à ordem e à saúde públicas, à
segurança jurídica, bem como ao conteúdo sistemático dos direitos e garantias
fundamentais.

59. Ante o exposto, requer-se, o deferimento monocrático da


Medida Cautelar (art. 10, §3º, da Lei Federal 9.868/1999) para: : (i) cassação de
toda e qualquer Recomendação emanada do MPDFT no sentido de suspender a
vacinação nos ambientes escolares; (ii) para determinar ao MPDFT que se
abstenha de divulgar notícias falsas em relação à vacinação infantil,
reconhecendo, conforme determinou a ANVISA a licitude, a legalidade e a

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adequação da vacinação infantil como política de saúde pública, e não de
‚vacinação experimental‛; (iii) determinar que o Distrito Federal pode e deve,
nos termos da Jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, implementar a
vacinação infantil compulsória nos ambientes escolares, bem como exigir o
passaporte vacinal para os alunos regularmente matriculados; (iv) para
determinar aos MPs estaduais que se abstenham de divulgar notícias falsas em
relação à vacinação infantil, reconhecendo, conforme determinou a ANVISA a
licitude, a legalidade e a adequação da vacinação infantil como política de
saúde pública, e não de ‚vacinação experimental‛; (v) determinar
expressamente que os entes federados (Distrito Federal, Estados e Municípios)
podem e devem, nos mesmos termos, impor a vacinação compulsória ao
público infantil, inclusive nos ambientes escolares, bem como exigir o
passaporte vacinal para os alunos regularmente matriculados.

60. Em seguida, pede-se, ainda, a concessão da Medida Cautelar ad


Referendum do Plenário, conforme dispõe o artigo 21, IV e V, do RISTF, cujo
teor autoriza o poder geral de cautela do E. Min. Relator e cuja aplicabilidade já
foi reconhecida, em diversos precedentes pelo Supremo Tribunal Federal:

PROCESSO OBJETIVO – CONTROLE DE


CONSTITUCIONALIDADE – LIMINAR –
DEFERIMENTO PARCIAL. Surgindo a plausibilidade
jurídica parcial da pretensão e o risco de manter-se com
plena eficácia o quadro normativo atacado, impõe-se o
deferimento de medida acauteladora, suspendendo-o. (ADI
6121 MC, Relator(a): MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno,
julgado em 13/06/2019, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-260
DIVULG 27-11-2019 PUBLIC 28-11-2019)

Ex positis, considerando a iminência dos efeitos da Resolução nº


130 do CNJ, diante da impossibilidade de apreciação imediata
do feito pelo Colegiado, e com fulcro no artigo21, incisos IV e V,
do RISTF e do artigo 5º, §1º, da Lei nº 9.882/99, por aplicação
analógica (MC na ADI 4465 da Relatoria do Min. Marco
Aurélio), DEFIRO a medida cautelar pleiteada, a fim de
determinar, ad referendum do Plenário, a suspensão dos
efeitos da Resolução nº 130 do Conselho Nacional de Justiça

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até o julgamento definitivo da presente ação direta de
inconstitucionalidade. (ADI 4598 MC, Relator(a): LUIZ
FUX, julgado em 30/06/2011, PROCESSO ELETRÔNICO
DJe-147 DIVULG 01-08-2011 PUBLIC 02-08-2011)

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. DECRETO


FEDERAL. INDULTO. LIMITES. CONDENADOS PELOS
CRIMES PREVISTOS NO INCISO XLIII DO ARTIGO 5º DA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL. IMPOSSIBILIDADE.
INTERPRETAÇÃO CONFORME. REFERENDO DE MEDIDA
LIMINAR DEFERIDA. [...]. Referendada a cautelar deferida
pelo Ministro Vice- Presidenteno período de férias forenses.
(ADI 279 MC, Relator(a): MAURÍCIO CORRÊA, Tribunal
Pleno, julgado em 08/05/2003, DJ 20-06-2003 PP- 00057 EMENT
VOL- 02115-22 PP-04558 JBC n. 49, 2004, p. 87-90)

Nessas circunstâncias, tendo em conta os aspectos invocados


pela autora, bem como osrequerimentos deduzidos pelos amici
curiae Federação Nacional dos Trabalhadores da Indústria do
Fumo e Afins – FENTIFUMO e Sindicato da Indústria do Tabaco
no Estado da Bahia/BA (Petições nºs 45.695/2013 e 45.912/2013,
também recebidas em 13.9.2013), concedo, forte no poder geral
de cautela (arts. 798 do CPC e 21, IV e V,do RISTF) e afim de
assegurar tratamento isonômico a todos os potencialmente
afetados pelos atos normativos impugnados, a medida liminar
requerida para suspender a eficácia dos arts. 6º, 7º e 9º da
Resolução da diretoria Colegiada (RDC) nº 14/2012 da Agência
Nacional de Vigilância Sanitária até sua apreciaçãopelo Plenário
desta Corte. (ADI 4784 MC, Relator(a): ROSA WEBER, julgado
em 13/09/2013, PROCESSOELETRÔNICO DJe-183 DIVULG
17-09-2013 PUBLIC 18-09-2013)

61. Por todo o exposto, requer-se, em sede de Medida Cautelar : (i)


cassação de toda e qualquer Recomendação emanada do MPDFT no sentido de
suspender a vacinação nos ambientes escolares; (ii) para determinar ao MPDFT
que se abstenha de divulgar notícias falsas em relação à vacinação infantil,
reconhecendo, conforme determinou a ANVISA a licitude, a legalidade e a
adequação da vacinação infantil como política de saúde pública, e não de

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‚vacinação experimental‛; (iii) determinar que o Distrito Federal pode e deve,
nos termos da Jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, implementar a
vacinação infantil compulsória nos ambientes escolares bem como exigir o
passaporte vacinal para os alunos regularmente matriculados; (iv) para
determinar aos MPs estaduais que se abstenham de divulgar notícias falsas em
relação à vacinação infantil, reconhecendo, conforme determinou a ANVISA a
licitude, a legalidade e a adequação da vacinação infantil como política de
saúde pública, e não de ‚vacinação experimental‛; (v) determinar
expressamente que os entes federados (Distrito Federal, Estados e Municípios)
podem e devem, nos mesmos termos, impor a vacinação compulsória ao
público infantil, inclusive nos ambientes escolares, bem como exigir o
passaporte vacinal para os alunos regularmente matriculados.

V. DOS PEDIDOS DEFINITIVOS

62. Com base no que foi elencado nesta Argüição de


Descumprimento de Preceito Fundamental(ADPF), requer-se:

i. Seja conhecida a presente demanda;

ii. Recebida a presente Argüição de Descumprimento de Preceito


Fundamental (ADPF) seja concedida a Medida Cautelar, com efeitos ex tunc
(artigo 10, §1º, da Lei Federal 9.868/1999), garantindo, expressamente, (i)
cassação de toda e qualquer Recomendação emanada do MPDFT no sentido de
suspender a vacinação nos ambientes escolares; (ii) para determinar ao MPDFT
que se abstenha de divulgar notícias falsas em relação à vacinação infantil,
reconhecendo, conforme determinou a ANVISA a licitude, a legalidade e a
adequação da vacinação infantil como política de saúde pública, e não de
‚vacinação experimental‛; (iii) determinar que o Distrito Federal pode e deve,
nos termos da Jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, implementar a
vacinação infantil compulsória nos ambientes escolares, bem como exigir o
passaporte vacinal para os alunos regularmente matriculados; (iv) para
determinar aos MPs estaduais que se abstenham de divulgar notícias falsas em
relação à vacinação infantil, reconhecendo, conforme determinou a ANVISA a
licitude, a legalidade e a adequação da vacinação infantil como política de
saúde pública, e não de ‚vacinação experimental‛; (v) determinar
expressamente que os entes federados (Distrito Federal, Estados e Municípios)

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podem e devem, nos mesmos termos, impor a vacinação compulsória ao
público infantil, inclusive nos ambientes escolares.

iii. Concedida a liminar e instruído o processo, seja designada Audiência


Pública para que os fatos e prognoses legislativos possam ser debatidos por
experts designados, nos termos do artigo 9º, §1º, da Lei Federal 9.868/1999.

iv. No mérito, seja julgada totalmente procedente a presente demanda


para: (i) cassação de toda e qualquer Recomendação emanada do MPDFT no
sentido de suspender a vacinação nos ambientes escolares; (ii) para determinar
ao MPDFT que se abstenha de divulgar notícias falsas em relação à vacinação
infantil, reconhecendo, conforme determinou a ANVISA, a licitude, a
legalidade e a adequação da vacinação infantil como política de saúde pública, e
que não se trata de ‚vacinação experimental‛; (iii) determinar que o Distrito
Federal pode e deve, nos termos da Jurisprudência do Supremo Tribunal
Federal, implementar a vacinação infantil compulsória nos ambientes escolares,
bem como exigir o passaporte vacinal para os alunos regularmente
matriculados; (iv) para determinar aos MPs estaduais que se abstenham de
divulgar notícias falsas em relação à vacinação infantil, reconhecendo,
conforme determinou a ANVISA, a licitude, a legalidade e a adequação da
vacinação infantil como política de saúde pública, e não de ‚vacinação
experimental‛; (v) determinar expressamente que os entes federados (Distrito
Federal, Estados e Municípios) podem e devem, nos mesmos termos, impor a
vacinação compulsória ao público infantil, inclusive nos ambientes escolares,
bem como exigir o passaporte vacinal para os alunos regularmente
matriculados.

v. Subsidiariamente, caso não considere totalmente procedente


o pedido principal, determine-se aos MPs estaduais que se abstenham de
divulgar notícias falsas em relação à vacinação infantil, reconhecendo,
conforme determinou a ANVISA a licitude, a legalidade e a adequação da
vacinação infantil como política de saúde pública, e não de ‚vacinação
experimental‛; (ii) determine-se expressamente que os entes federados (Distrito
Federal, Estados e Municípios) podem e devem, nos mesmos termos, impor a
vacinação compulsória ao público infantil, inclusive nos ambientes escolares,
bem como exigir o passaporte vacinal para os alunos regularmente
matriculados.

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vi. Por fim, dá-se à causa o valor de R$ 1.000,00 para fins meramente
fiscais.

vii. Tendo em vista o exposto, pede-se, ainda, que todas as publicações e


intimações deste feito sejam endereçadas EXCLUSIVAMENTE, e sob pena de
nulidade, aos advogados que subscrevem esta Inicial de Argüição de
Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF), DRA. VERA LÚCIA DA
MOTTA, OAB/SP 59.837 e DR. LAURO RODRIGUES DE MORAES RÊGO
JÚNIOR, OAB/DF 68.637.

Termos em que,
P. Deferimento.
Brasília, 22 de Fevereiro de 2022.

Vera Lúcia da Motta


OAB/SP 59.837

Lauro Rodrigues de Moraes Rêgo Júnior


OAB/DF 68.637

José Luiz de França Penna


Presidente do Diretório Nacional do Partido Verde

Professor Israel Batista


Deputado Federal (PV-DF)

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