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20/01/2022 17:32 SEI/CLDF - 0661098 - Ofício

 
CÂMARA LEGISLATIVA DO DISTRITO FEDERAL ​
​GABINETE DA DEPUTADA ARLETE SAMPAIO - GAB. 16

 
OFÍCIO Nº 3/2022-GAB DEP. ARLETE SAMPAIO
Brasília, 20 de janeiro de 2022.
Senhora Procuradora-Geral de Justiça do Distrito Federal, 
 
 
Sirvo-me do presente para inicialmente demonstrar  extrema preocupação com o
posicionamento oficial do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) exarado por
meio da Recomendação nº 01/2022- PROEDUC, emitida pela Promotoria de Educação. 
No documento supramencionado, o MPDFT recomenda que a Secretaria de Estado da
Educação do Distrito Federal tome providências no sentido de fazer com que a rede pública e privada
de ensino  do Distrito Federal deixe de cumprir a exigência de comprovante de vacinação dos
respectivos alunos contra COVID19, ao mesmo tempo que estabelece ao GDF 20 dias de prazo para
o cumprimento das ações determinadas na Recomendação. 
Informo a V. Excelência, na oportunidade, que no exercício da atividade conferida pelo
mandato parlamentar de fiscalização dos atos do Poder Executivo, bem como das atividades de
Presidenta da Comissão de Educação, Saúde e Cultural da Câmara Legislativa do Distrito Federal
(CESC), acompanho de perto, por meio da constituição do Comitê de Monitoramento da COVID19 em
razão do retorno às aulas presenciais, o funcionamento dos estabelecimentos de ensino e o impacto
da COVID19 nas escolas no DF, desde agosto de 2021. 
Em virtude das razões expostas, a presente Recomendação do MPDFT nos causa temerosa
preocupação e nos impele a abrir o diálogo com este Órgão das Promotorias de Justiça. 
O texto do documento em questão ignora e é absolutamente contrário  a exigência legal
vigente e estabelecida pelo art. 93 do Código de Saúde do Distrito Federal (Lei 5.321 de 06 de março
de 2014), senão vejamos: 
 
Art. 93. As escolas das redes pública e privada de ensino do Distrito Federal devem
exigir dos pais ou responsáveis pelos alunos, no ato da matrícula ou rematrícula
escolar, a apresentação da carteira de vacinação dos alunos, devidamente atualizada
para a sua faixa etária.
§ 1º O descumprimento do disposto no caput deve ser comunicado à unidade básica
de saúde responsável pela vacinação do aluno, para regularização da situação,
ficando assegurada a matrícula do aluno.
§ 2º Caso a situação não seja regularizada no prazo de 30 dias, a escola deve
comunicar o conselho tutelar para as devidas providências.
 

No Distrito Federal, a  exigência de comprovação de vacinação dos alunos e das alunas  da


rede de ensino é obrigação legal desde 01/08/2019, quando sancionada a Lei n 6.345/2019, que
alterou o art. 93 do Código de Saúde do DF, sendo, portanto,  norma de caráter obrigatório  o
cumprimento da exigência da vacinação atualizada  de todos os alunos e todas as alunas
matriculados(as) nos estabelecimentos de ensino públicos e privados no DF. 
O texto da recomendação  ainda considera a  exigência legal de comprovação de vacinação,
em conformidade com o entendimento consolidado pelo Supremo Tribunal Federal, na ADI nº 6.586
e na ADI nº 6.587. Porém, de maneira contrária à Lei vigente no Distrito Federal, recomenda que a
SEE/DF deixe de cumprir norma aplicada no DF desde antes mesmo da declaração da Pandemia da

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COVID19 pela Organização Mundial de Saúde. É possível ver tal reconhecimento em um dos
Considerandos da Recomendação em questão: 
 
"CONSIDERANDO que  a exigência de comprovação de vacinação como meio
indireto de indução da vacinação compulsória somente pode ser
estabelecida por meio de lei, consoante entendimento firmado pelo Supremo
Tribunal Federal – STF, nas ADI nº 6.586 e ADI nº 6.587, sem olvidar com a
imperiosa necessidade de respeito ao princípio da proteção integral de crianças e
adolescentes;"(grifos nossos)
 

Salienta-se ainda que a Constituição Federal consagrou, no seu art. 277, o Princípio
da Proteção Integral da Criança e do Adolescente com a a concepção de que crianças e adolescentes
são sujeitos de direitos, frente à família, à sociedade e ao Estado. Dessa forma, o princípio se
consolida com a Lei Federal n 8.690/1990, conhecida como Estatuto da Criança e do Adolescente -
ECA, de forma que todas regras  do ordenamento jurídico nacional, ao tratar das
questões  relacionadas às crianças e aos adolescentes, devem  encontrar respaldo nas normas
constitucionais e na Lei Federal no tocante a ampla e integral proteção desses sujeitos.
Assim, vale observar que o STF utilizou determinação prevista no art. 14 do  ECA para
consagrar o entendimento da vacinação obrigatória no país. A norma mencionada  estabelece como
forma de proteção à vida e à saúde das crianças e adolescentes a obrigatoriedade da
vacinação, conforme esclarece a reprodução in verbis: 
  
Art. 14  O Sistema Único de Saúde promoverá programas de assistência médica e
odontológica para a prevenção das enfermidades que ordinariamente afetam a
população infantil, e campanhas de educação sanitária para pais, educadores e
alunos.
§ 1º - É obrigatória a vacinação das crianças nos casos recomendados pelas
autoridades sanitárias. (grifos nossos)
 

Ademais, cumpre ainda ressaltar a divulgação pela imprensa nacional e local acerca do
entendimento de diversos juízes e promotores de justiça no tocante à obrigatoriedade da vacinação
de crianças e adolescentes contra o vírus da COVID19 (ver matéria veiculada
em:  https://www.metropoles.com/brasil/juizes-da-infancia-alertam-vacinar-criancas-e-obrigatorio-
entenda). Na reportagem, é possível destacar  o entendimento do Procurador-Geral de Justiça do
Estado de São Paulo, Mário Luiz Sarrubbo:
 
“É obrigatório vacinar crianças. Há uma discussão sobre o caráter experimental
dessas vacinas por grupos específicos, que não se consolidam. A vacina não
é experimental, foi aplicada em milhões de pessoas. (...) O STF, em um caso
aqui de SP, já determinou que a vacinação dos filhos pelos pais é
obrigatória; discutimos isso em dezembro de 2020. Vale para todas as
vacinas, inclusive a da Covid. (...) As pessoas e as escolas podem denunciar ao
Conselho Tutelar e ao Ministério Público possível negligência dos pais. Normas
estabelecidas no ECA preveem punição dos pais, que incluem advertência, multa e,
em casos mais extremos, perda do poder familiar.” (grifos nossos)
 

  Nesse sentido, importa reavaliar o  posicionamento exarado pelo MPDFT, por meio da
PROEDUC, chamando também ao diálogo da questão e à observância da norma constitucional, do
ECA e de  regra determinada pelo Código de Saúde do DF tanto a Promotoria  da Saúde, como
também a Promotoria da Infância e Juventude. 
Razão pela qual, solicitamos a gentileza a esta Procuradoria-Geral de Justiça que consulte e
encaminhe o presente ofício para as demais Promotorias de Justiça envolvidas na temática, com a
finalidade de rever o entendimento constante na Recomendação nº 01/2022- PROEDUC. Isto pois, a
mencionada Recomendação, além de descumprir dispositivo de Lei Distrital em vigor, também atenta
contra o  entendimento firmado pelo STF, dispositivo constitucional e do Estatuto da Criança e do
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Adolescente,  colocando em risco de saúde e vida crianças, adolescentes, familiares, professores e


profissionais da educação, ou seja, toda a comunidade escolar e população do Distrito Federal.   
Certa de sempre contar com a colaboração do MPDFT, aguardo retorno.       

Atenciosamente,
 
ARLETE SAMPAIO
Deputada Distrital
 
À Exma. Sra. 
 
FABIANA COSTA OLIVEIRA BARRETO

Procuradora-Geral de Justiça
Eixo Monumental, Praça do Buriti, Lote 2, 9ª Andar, Sede do MPDFT, Brasília-DF
 

Documento assinado eletronicamente por ARLETE AVELAR SAMPAIO - Matr. 00130,


Deputado(a) Distrital, em 20/01/2022, às 17:32, conforme Art. 22, do Ato do Vice-
Presidente n° 08, de 2019, publicado no Diário da Câmara Legislativa do Distrito Federal nº
214, de 14 de outubro de 2019.

A autenticidade do documento pode ser conferida no site:

http://sei.cl.df.gov.br/sei/controlador_externo.php?acao=documento_conferir&id_orgao_acesso_externo=0

Código Verificador: 0661098 Código CRC: 279ACC4A.

Praça Municipal, Quadra 2, Lote 5, 3º Andar, Gab 16  ̶  CEP 70094-902  ̶  Brasília-DF  ̶  Telefone: (61)3348-8162

www.cl.df.gov.br - dep.arletesampaio@cl.df.gov.br

00001-00002475/2022-26 0661098v18

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