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CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA HIDRÁULICA E AMBIENTAL
CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL
FORTALEZA
2019
BRUNO BARBOSA ALMADA
FORTALEZA
2019
BRUNO BARBOSA ALMADA
BANCA EXAMINADORA
________________________________________
Profª. Drª. Ana Bárbara de Araújo Nunes (Orientadora)
Universidade Federal do Ceará (UFC)
_________________________________________
Profª. Drª. Fernanda Leite Lobo
Universidade Federal do Ceará (UFC)
_________________________________________
Andreza Dnarla Oliveira Santos
Msc em Gestão Ambiental
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação
Universidade Federal do Ceará
Biblioteca Universitária
Gerada automaticamente pelo módulo Catalog, mediante os dados fornecidos pelo(a) autor(a)
O Sistema Integrado de Saneamento Rural (SISAR) é uma organização sem fins lucrativos
criada pela parceria do Governo Estadual com o banco alemão KfW em 1996 para atender as
comunidades da zona rural cearense. Este trabalho objetiva apresentar a história, o
funcionamento e o cenário atual dessa instituição, que está presente em oito bacias
hidrográficas do estado. O panorama do SISAR foi construído através de análise
bibliográfica, de entrevistas com funcionários do SISAR, da Companhia de Água e Esgoto do
Estado do Ceará (CAGECE) e de órgãos públicos estaduais e de aplicação de questionário. Os
oito SISARs e as associações de moradores fazem a gestão compartilhada de sistemas de
abastecimento de água, que atendem um terço da população rural do Ceará. Apesar de serem
reconhecidos mundialmente pelo modelo de gestão participativo, ainda não alcançaram a
autossustentabilidade financeira, por isso, para conseguirem investimentos, além dos
governamentais, foi criado o Instituto SISAR que faz parcerias com empresas privadas.
Alicerçado em três áreas de atuação: administrativa, técnica e social, o SISAR tem o objetivo
de continuar crescendo e os desafios de diminuir as perdas de água e de manter a participação
da sociedade para continuar oferecendo um serviço de qualidade.
The Integrated Rural Sanitation System (SISAR) is a non-profit organization created by the
partnership of the Ceará State’s Government with the German bank KfW in 1996 to serve the
rural communities of Ceará. This paper intends to present the history, the operation and the
current scenario of this institution present in eight watersheds of the state. This scenario was
assembled through bibliographical analysis, a questionnaire application and interviews with
workers from SISAR, from the Ceará’s Water and Sewage Company (CAGECE) and from
public agencies of Ceará State. The eight SISARs and the residents' associations have a shared
management of water supply systems, which serve one third of Ceará's rural population.
Despite being recognized worldwide for the participative management model, they have not
yet achieved financial self-sustainability, therefore in order to obtain investments, besides the
governmental ones, the SISAR Institute was created to partner with private companies. Based
on three areas of activity: administrative, technical and social, SISAR have the aim of
maintaining growth and the challenge of decrease water losses and preserving society
participation to continue offering quality service.
SUMÁRIO........................................................................................................................... 15
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 16
2 OBJETIVO ....................................................................................................................... 17
2.1 Objetivo Geral ............................................................................................................ 17
2.2 Objetivos específicos.................................................................................................. 17
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .......................................................................................... 18
3.1 Saneamento Rural ...................................................................................................... 18
3.2 Programa Nacional de Saneamento Rural ................................................................... 26
3.3 Gestão Comunitária Dos Serviços de Saneamento Básico........................................... 30
4 METODOLOGIA ............................................................................................................. 38
5 RESULTADOS ................................................................................................................. 40
5.1 Estrutura Organizacional ............................................................................................ 40
5.2 Serviços Prestados...................................................................................................... 44
5.2 Estrutura Tarifária ...................................................................................................... 45
5.4 Critérios De Elegibilidade .......................................................................................... 47
5.5 Fontes De Investimento .............................................................................................. 48
5.5.1 Instituto SISAR .................................................................................................... 50
5.6 Ações Sociais ............................................................................................................. 51
5.7 Panorama ................................................................................................................... 53
5.8 Dificuldades do Modelo ............................................................................................. 58
6 CONCLUSÃO .................................................................................................................. 61
6.1 Sugestões Para Trabalhos Futuros............................................................................... 62
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................................. 63
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1 INTRODUÇÃO
2 OBJETIVO
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
O artigo 52 da Lei 11.445/2007 determina que a União irá elaborar o Plano Nacional
de Saneamento Básico – Plansab – sob a coordenação do extinto Ministério das Cidades.
Esse plano irá guiar de forma institucional a sociedade e os governos pelos próximos 20 anos.
O mesmo define “as ações e os recursos para o alcance dos objetivos de universalização
impostos por essa Lei” (FUNASA, 2011).
O Plansab é composto por três programas para a operacionalização da política federal
de saneamento básico, conforme exposto na Figura 1. A concepção desses programas foi
pautada pelo princípio integralidade, reconhecendo “o olhar para os territórios e o conjunto de
suas necessidades em saneamento básico”. Outro princípio adotado é o da equidade, quando
foca em especificidades espaciais como área rural e áreas de interesse turístico (BRASIL,
2011 a).
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A tabela 1 apresenta um resumo dos três programas que compõem o Plano Nacional de
Saneamento Básico.
Figura 2 - Principais metas para a área urbana do Brasil em 2018, 2023 e 2033.
Figura 3 - Principais metas para a área rural do Brasil em 2018, 2023 e 2033.
Para organizar esse panorama foi necessário utilizar de forma crítica os distintos
sistemas de informação e bancos de dados sobre saneamento básico disponíveis no País, pois
os mesmos são concebidos segundo lógica própria e fornecem informações sobre diferentes
dimensões do déficit (BRASIL, 2013).
Então, segundo a definição adotada, foram classificados em situação deficitária a
ausência de atendimento e os serviços com atendimento precário, pois apesar de a população
ter acesso, eles são potencialmente prejudiciais à saúde humana e à qualidade do ambiente
domiciliar e do seu entorno.
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Como pode ser visto na Tabela 3, a região rural do país apresenta um déficit bem
maior no esgotamento sanitário e manejo de resíduos sólidos se comparado com o total do
Brasil. Sobre a informação de que 64,6% dos domicílios rurais tem o serviço de
abastecimento de água adequado, a FUNASA (2017) alerta que “a qualidade da água não foi
considerada, apenas o tipo de solução adotada. Portanto, o percentual de domicílios com
atendimento precário em abastecimento de água pode ser maior”.
macrorregiões para o ano de 2017. É visível que “as regiões Sul e Sudeste são as que
apresentam maior percentual de formas consideradas adequadas para todas as componentes do
saneamento” (FUNASA, 2017).
Na Figura 5, percebe-se que a região Sul é a que tem maior cobertura de rede geral,
poço ou nascente com canalização interna (93,7%), enquanto a região Norte é a que tem o
maior porcentual (32,8%) de residências com outras formas de abastecimento.
Já pela Figura 6, constata-se que o esgotamento sanitário é o serviço do saneamento
básico com maior número de domicílios com “atendimento precário” (fossa rudimentar e
outras formas) em todo o Brasil (FUNASA, 2017).
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“amplo diálogo que envolveu instituições científicas, entidades do setor de saneamento, saúde
e assistência técnica rural e entidades representativas de movimentos sociais”, pois busca
respeitar as particularidades dos povos do campo, das florestas e das águas.
O PNSR ainda está em construção, para a sua elaboração foram feitas seis oficinas,
uma nacional e cinco regionais, entre 2016 e 2017. Em 2018, um Seminário Nacional foi
realizado em Brasília, no qual se apresentou os resultados e propostas da versão preliminar do
‘Documento Central do PNSR’ e lançou a consulta pública para receber contribuições ao
documento (EVANGELISTA, 2018).
Esse programa busca olhar o saneamento além do viés tecnicista da engenharia. O
respeito aos direitos humanos, o enfrentamento da pobreza e a promoção da saúde estão no
cerne da sua criação (EVANGELISTA, 2018). Tanto que “o rol de diretrizes e estratégias do
programa [...] está pautado em três eixos estratégicos: (i) Gestão dos Serviços, (ii) Educação e
Participação social, (iii) Tecnologia, que estão interconectados no mundo prático”
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2018ª).
O Programa Nacional de Saneamento Rural traz uma definição diferente de zonas
rurais e isso altera o tamanho do público-alvo do PNSR, logo os indicadores na zona rural, o
que é visto nas Figuras 9, 10 e 11. Esse entendimento distinto foi utilizado porque, quando se
parte dos governos, a classificação tem influência sobre a arrecadação de impostos e isso não
leva em conta que a definição de rural tem mais “a ver com os meios de produção, reprodução
da vida, como também o caráter de dispersão da população e com as condições de
vizinhança” (EVANGELISTA, 2018).
Segundo a FUNASA (2016), “Ajustes nos indicadores a fim de se alcançar as
dimensões do atendimento e do déficit são necessários, mas esbarram na indisponibilidade de
informações”.
Em relação ao abastecimento de água, Figura 9, aproximadamente 30% da população
rural precisa recorrer a carro pipa ou água de rio ou açude e barreiro ou água de chuva
armazenada em cisterna, que não atendem critérios quantidade, qualidade, regularidade,
acessibilidade física e financeira. Em relação aos 70% que são atendidos por rede geral ou
poço e nascente na propriedade nada se pode afirmar sobre a potabilidade da água e nem
sobre a regularidade no seu fornecimento (FUNASA, 2016).
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Já no esgotamento sanitário o cenário é bem mais complexo, Figura 10, pois cerca de
um quarto da população rural joga seu esgoto em vala, rio, lago e mar ou não possui banheiro.
Os outros 25% que possuem fossa séptica ou estão conectados à rede de esgotamento, não
significa necessariamente que há atendimento adequado, pelo fato de não se poder garantir
que o esgoto coletado é tratado. A predominância de fossas rudimentares – quase metade –
não necessariamente implica em soluções inadequadas, tendo em vista que, em determinadas
realidades, as fossas secas ou as fossas absorventes podem representar saídas que não
colocam em risco a saúde e salubridade ambiental (FUNASA, 2016).
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No que tange os resíduos sólidos, Figura 11, quase 60% destina de forma inadequada,
desde queimar ou enterrar, até jogar nos rios e mares (FUNASA, 2016).
O PNSR além de fazer uma revisão dos indicadores do saneamento na zona rural, ele
apresenta um apanhado de iniciativas concretas relacionadas direta ou indiretamente com o
saneamento rural, o que foi chamado de “Jardins do PNSR”.
Essas experiências foram implementadas em diferentes biomas, comunidades, e
realizadas por uma variedade de atores que exercem múltiplos papéis e criam soluções
tecnológicas, de gestão, e de educação e de participação social, dentre as iniciativas tem-se:
Programa Um Milhão de Cisternas, Programa Saúde Comunitária, SISAR, CENTRAL e
tantos outros (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2018b)
possuíam recursos humanos nem financeiros para a operação e a manutenção dos mesmos.
Além disso, segundo relatórios do banco KfW, algumas Prefeituras, então responsáveis pela
operação dos sistemas, estavam manipulando as verbas do projeto destinadas à manutenção e
à conservação dos sistemas. Por tudo isso, foi proposto, então, o estimulo a participação das
comunidades na administração e manutenção dos sistemas implantados (BRASIL, 2011 c)
(CASTRO, 2015).
Contudo, as associações comunitárias apresentavam grandes dificuldades para reduzir
o excesso de consumo de água, obter peças de reposição e mão-de-obra especializada e pagar
as despesas de operação dos sistemas. Para sanar esses problemas foi criada uma instituição
superior, que coordenasse os trabalhos de manutenção dos sistemas implantados, garantindo a
continuação dos benefícios e que amparasse as associações, através de educação
associativista, chamada de Central de Associações Comunitárias (CENTRAL) (BRASIL,
2011 d).
Nesse modelo de gestão cada agente tem diferentes atribuições. O governo da Bahia é
responsável pela implantação dos sistemas de abastecimento de água e/ou esgotamento
sanitário, desde a captação dos recursos financeiros e pagamentos de empréstimos, até a
elaboração de projetos e execução de obras por meio da CERB. Cabe ao Município propiciar
subsídio, quando necessário, e pagamento dos custos corretivos de manutenção, bem como
autorizar as associações a administrarem o sistema. A CENTRAL compete manutenção dos
sistemas e o fortalecimento das associações comunitárias. A operação de cada um dos
sistemas fica a cargo da associação comunitária (BRASIL, 2011 d).
Com recursos do governo estadual e do banco alemão KfW a primeira experiência se
deu em 1995 na região de Seabra. No ano 1998, o projeto foi replicado e instalou-se uma
segunda unidade de CENTRAL, na região de Jacobina (Castro, 2015). Segundo Vieira (2016),
as CENTRAIS de Associações Comunitárias de Seabra e Jacobina são associações civis de
direito privado, sem fins lucrativos que atuam na área do saneamento rural.
A CENTRAL de Seabra está presente em 15 municípios e tem 63 associações
comunitárias filiadas, já a de Jacobina presta serviço para as comunidades de 9 municípios
com 40 associações comunitárias filiadas (VIEIRA, 2016).
Na área da CENTRAL de Seabra a captação de água é feita em mananciais
subterrâneos, poços profundos protegidos, inicialmente não foi previsto qualquer tipo de
tratamento. Quando a qualidade da água não atendia as necessidades, perfurava-se outro poço,
pois a despesa era inferior à de instalar uma unidade de tratamento. Já na região da
CENTRAL de Jacobina, mesmo as fontes sendo poços profundos, existe o tratamento da água
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feito pelo Hidrogerox, um aparelho capaz de fabricar cloro a partir de sal de cozinha. Em
ambas, todas as ligações prediais são hidrometradas. Em relação ao esgotamento sanitário,
esse serviço só é oferecido na Central de Jacobina (BRASIL, 2011c).
A arrecadação é destinada a cobrir as despesas de operação e manutenção do sistema,
dividida entre as associações comunitárias e a CENTRAL, e a constituir um fundo de reserva
para despesas de reposição. “Esta receita deveria cobrir os custos de manutenção preventiva e
corretiva dos sistemas, como a compra de equipamentos e peças de reposição, hidrômetros e
gastos administrativos”, mas as duas CENTRAIS ainda têm a necessidade de receber recursos
do governo da Bahia e do banco alemão KfW, o que mostra que elas ainda não são
autossustentáveis do ponto de vista econômico (BRASIL, 2011c).
Serrota e Panacuí, mas, já no mês de março do mesmo ano, tinha 35 comunidades filiadas
(CASTRO, 2015).
Incentivada pelo sucesso do SISAR de Sobral, em 2001, a CAGECE expande para
todo o estado esse modelo de gestão de saneamento rural. Foram criadas mais sete unidades,
organizadas por bacia hidrográfica (Figura 13) onde cada uma é autônoma com personalidade
jurídica própria. O vínculo entre as unidades se dá através da CAGECE, que organiza uma
Avaliação Mensal de Resultados (AMR) para trocar conhecimentos e aferir metas. (ROCHA,
2013).
4 METODOLOGIA
5 RESULTADOS
Operador/Associação
Poder Público CAGECE SISAR
comunitária
a) emissão de contas e
controle da inadimplência;
a) verificação de níveis e
b) assistência técnica
a) subsídios direto e funcionamento de bombas
preventiva/corretiva aos
indireto b) supervisão do tratamento
sistemas;
b) monitoramento de c) limpeza de filtros
d)fornecimento e dosagem de
prover a estrutura metas de desempenho e d) conservação e limpeza das
cloro;
física dos sistemas eficiência instalações
e)fornecimento de materiais
de abastecimento c) organização da AMR e) reparos de vazamentos
de manutenção, expansão e
de água e d) apoio em serviços de f) novas ligações
reposição;
esgotamento análises laboratoriais e g) leitura e entrega de contas
f) ações de educação sanitária
sanitário reparo de hidrômetros h) emissão de relatório dos
e ambiental;
e) capacitação da equipe dados operacionais
g) o treinamento dos
executiva (volumes, energia, dados de
operadores e conselheiros;
f) elaboração de projetos bombas,etc.).
h) as atividades de
fortalecimento das
associações
Em todos os oito SISARs esses entes participantes estão organizados em três níveis
hierárquicos: estratégico, tático e operacional, Figura 14.
Assembleia geral é o órgão máximo de um SISAR, ela pode decidir sobre qualquer
assunto e tomar as medidas cabíveis no âmbito do Estatuto e da Legislação vigente. É
formada por um representante de cada associação filiada, os quais têm direito a voto. Outros
dois órgãos são o Conselho de Administração e o Conselho Fiscal, o primeiro é formado por
11 membros e o segundo por 6. Ainda há uma Assessoria Técnica formada por representantes
da GESAR/CAGECE e do bando KfW (CASTRO, 2015).
O Conselho de Administração planeja e acompanha as ações que devem ser tomadas
para que as decisões de Assembleia Geral sejam realizadas de forma eficiente. Ele é
constituído conforme a Tabela 5. Os representantes das comunidades filiadas são eleitos em
Assembleia Geral e têm o mandato de três anos. Os membros co-partícipes são indicados
pelos órgãos governamentais, eles têm direito a voz e voto e ajudam o conselho (SILVA;
CORTEZ, 2014).
O conselho Fiscal é composto por membros efetivos e suplentes, eleitos em
Assembleia Geral para o mandato de dois anos, conforme a Tabela 5. Cabe a esse conselho
fiscalizar as ações contábeis, financeiras, orçamentaria e funcional do seu SISAR (SILVA;
CORTEZ, 2014).
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a) emitir relatórios,
laudos técnicos,
a) despertar nas
pareceres e análises a) planejar, organizar e dirigir
associações a real
estatísticas o processo de trabalho
importância da
b) fazer visitas técnicas b) monitorar os custos, quer
organização, do
para constatar a sejam eles operacionais ou
funcionamento e
viabilidade da não
gerenciamento das
implantação dos projetos c) controlar o incremento do
mesmas
c) supervisionar a faturamento
b) incentivar a criação
execução de obras d) verificar a eficiência no
outros projetos sociais
d) buscar avanços processo de arrecadação e o
c) conscientizar sobre o
tecnológicos quanto à índice de ligações ativas
uso sustentável da água
instalação de
bombeamento de água
tratamento ele é aproveitado para irrigação de uma área da própria estação (SILVA, 2019).
Segundo funcionário da GESAR, para resolver essa grande lacuna da falta de gestão
dos efluentes sanitários, foi contratada em 2018 uma empresa de consultoria que criará uma
padronização para o esgotamento sanitário rural. Esse produto será utilizado no Programa
Águas do Sertão, KfW IV, que será lançado em 2020. Ele deverá mostrar quais as melhores
alternativas para o tratamento de esgoto em comunidades rurais do Ceará.
TARIFA 2019
SISAR
PARA ATÉ 10m³
BAC R$ 12,49
BAJ R$ 13,50
BBA R$ 12,20
BBJ R$ 12,30
BCL R$ 12,50
BME R$ 13,50
BPA R$ 12,10
BSA R$ 14,50
Fonte: SISAR, 2019.
desvios de dinheiro. Para impedir isso, foi terceirizada a arrecadação, os moradores agora
podem pagar as contas do SISAR em bancos, loterias e comércios credenciados (ROCHA,
2013).
Como exemplo, na Figura 15, tem-se a conta de uma Família da comunidade de
Jacarecoara, filiada ao SISAR-BME: no mês de setembro foram consumidos 7 m³ de água,
logo será cobrado o valor mínimo equivalente a 10 m³ R$ 13,50, soma-se a ele a gratificação
do operador R$ 2,00, o rateio da energia R$ 9,35 e a taxa administrativa R$1,00.
Através de publicações nas redes sociais oficiais de alguns SISARs (Facebook) pode-
se encontrar diferentes ações sociais desenvolvidas nas comunidades atendidas:
5.7 Panorama
O estado do Ceará possuía no último censo demográfico 8.452.381 de habitantes e
25% deles (2.105.824) viviam na zona rural. Segundo estimativa do IBGE a população
cearense em 2019 é de 9.132.078 de pessoas, considerando-se a que a porcentagem de
habitantes da zona rural se manteve, a população rural seria de aproximadamente 2.283.020.
Ao analisar a Tabela 9, percebe-se o SISAR consegue atender aproximadamente 32% da
população rural do estado em julho de 2019. Além disso, observa-se que o SISAR está
presente em 82% dos municípios do estado.
Cobertura do SISAR
LOC. LIG.
SISAR MUNICÍPIOS SISTEMAS POPULAÇÃO
FILIADAS TOTAIS
Sobral
32 171 161 36.302 137.222
BAC
Acopiara
18 144 141 20.132 76.099
BAJ
Quixadá
23 170 174 25.698 97.138
BBA
Russas
15 67 78 16.553 62.570
BBJ
Itapipoca -
18 109 113 18.732 70.807
BCL
Fortaleza
16 69 84 11.834 44.733
BME
Crateús
16 223 228 33.599 127.004
BPA
Juazeiro
22 186 184 27.771 104.974
BSA
TOTAL 151 1139 1163 190.621 720.547
Os oito SISARs atendem a praticamente um terço da população rural, logo têm muito
espaço para crescer. Por ser um modelo de gestão baseado em ganhos de escala, o crescimento
é necessário para dar continuidade aos serviços prestados. Em 23 anos, partiu-se de 18
comunidades para 1.163, um aumento de 6.361%. (Figura 17).
Estrutura
Funcionários Funcionários Total Veículos Motos Veículos Comput.
SISAR Estagiários Própria Ou
Próprios CAGECE Pessoal Próprios Próprias Cagece Sisar
Alugada
Sobral 22 0 1 23 9 2 0 12 PRÓPRIA
Acopiara 16 1 0 17 5 3 0 11 ALUGADA
Quixadá 17 1 2 20 5 3 0 14 CAGECE
Russas 11 0 0 11 4 3 0 7 CAGECE
Itapipoca 18 0 0 18 5 7 0 8 ALUGADA
Fortaleza 5 6 2 13 2 3 1 6 CAGECE
Crateús 22 0 0 22 7 5 0 6 ALUGADA
Juazeiro 25 0 0 25 8 4 0 11 PRÓPRIA
TOTAL 136 8 5 149 45 30 1 75
Nos poços em que há presença de ferro é necessária a oxidação e filtração como tratamento
(ROCHA, 2013). Já para águas de captação superficial é exigido o processo de filtração. E
“toda água para consumo humano, fornecida coletivamente, deverá passar por processo de
desinfecção ou cloração” (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2017).
aprovada lei de concessão”, afirma entrevistada. Para solucionar esse impasse legal, que
atrapalha investimentos e licenciamentos ambientais, a GESAR está indo de município em
município, para conversar com prefeitos e vereadores e tentar acelerar a aprovação dessas leis.
Outro desafio é manter as associações de moradores regularizadas, em julho de 2019,
88% estavam regularizadas (GESAR, 2019). Como são cogestoras dos serviços de
saneamento básico, as associações precisam estar com as documentações em dia. Isso é tão
importante que é um dos indicadores que a GESAR acompanha mensalmente é o
“Regularização das Associações”.
Perdas de água
Os SISARs têm como meta manter o Índice de Perdas na Distribuição (IPD) abaixo de
42%, que é mesma média de perda da cidade de Fortaleza e superior à média nacional (39%),
segundo o Instituto Trata Brasil (2018). Esse índice frequentemente não é atingido por alguns
SISARs, e mesmo que seja, ainda está muito elevado, já que o estado do Ceará se encontra no
semiárido, região que sofre com escassez hídrica (GESAR, 2019).
No mês de julho de 2019, a diferença entre os volumes macromedidos (689.633 m³) e
micromedidos (432.014 m³) foram de 257.619 m³, o que equivale a 37% de perdas. Os
motivos, para essa diferença, vão desde as perdas físicas até fraudes. Foi compartilhado
durante uma AMR por um funcionário do SISAR, que em algumas localidades, os operadores
responsáveis pela leitura dos hidrômetros, não estavam enviando o valor correto das leituras
ou para favorecerem conhecidos ou porque criminosos não permitiam que eles fizessem a
leitura.
Vulnerabilidade financeira das comunidades
Segundo estudo de PASSOS et. Al (2015), existem domicílios que não foram alvo de
mudanças estruturais mesmo depois da chegada do sistema de abastecimento de água. Os
autores supracitados identificaram residências com apenas um ponto de água, de modo geral,
uma torneira instalada próximo ao hidrômetro. Isso obriga as pessoas transportar a água para
dentro de casa e pode explicar um consumo abaixo do recomendável por algumas famílias.
Castro (2015) afirma que, apesar do SISAR atender, de modo geral, comunidades de
baixa renda, a taxa de inadimplência é baixa. Ele elenca como possíveis motivos: a
consciência que as comunidades têm de que é necessário pagar para os sistemas sejam
autossustentável; o fato de a própria população poder fixar parte do valor da conta; e
programas de transferência de renda do governo federal. Esses repasses de renda como, o
Bolsa Família e a Aposentadoria Rural têm contribuído para que as famílias mais pobres pelo
menos tenham recursos para o mais essencial, dentre os quais, a água.
60
6 CONCLUSÃO
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