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ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

Estratégia e Plano de Ação Nacionais para a Biodiversidade

Gavião-carijó (Rupornis magnirostris) no


Parque Nacional do Pantanal Matogrossense
Foto: Zig Koch

Governo do Brasil

Ministério do Meio Ambiente

Secretaria de Biodiversidade e Florestas


ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

República Federativa do Brasil

Presidente Interino
MICHEL TEMER

Ministério do Meio Ambiente

Ministro
JOSÉ SARNEY FILHO

Secretaria Executiva

Secretário
MARCELO CRUZ

Secretaria de Biodiversidade e Florestas

Secretário

JOSÉ PEDRO DE OLIVERIA COSTA

Departamento de Ecossistemas

Diretor
CARLOS ALBERTO DE MATTOS SCARAMUZZA

Ministério do Meio Ambiente - MMA


Esplanada dos Ministérios – Bloco B
Brasília, DF – CEP: 70068-900
ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

FICHA TÉCNICA

Equipe Técnica da SBF: Colaboradores:

Adriana Panhol Bayma Agnes de Lemos Velloso


Ana Carolina Mendes dos Santos Ana Cristina Barros
Ana Luiza Arraes de Alencar Assis Ana Takagaki Yamaguishi
André Luis Lima Andreina D’Ayala Valva
Bianca Chaim Mattos Daniela Cristina Zappi
Camila Neves Soares Oliveira Eduardo Dalcin
Carlos Alberto de Mattos Scaramuzza Rogério Fábio Bittencourt Cabral
Ceres Belchior
Erica Ribeiro Magalhães
Erick Vinicius Aguiar
Gustavo Henrique de Oliveira
Henry Philippe Ibanez de Novion Agradecimentos:
Iona’i Ossami de Moura
Ísis Felippe de Freitas Comissão Nacional de Biodiversidade –
Conabio
Jennifer Viezzer
Cooperação Alemã para o Desenvolvimento
João Arthur Soccal Seyffarth Sustentável – GIZ
José Luciano de Melo Filho Painel Brasileiro de Biodiversidade - PainelBio
Krishna Barros Bonavides Raul Xavier de Oliveira (DPCD/SMCQ/MMA)
Leticia Piancastelli Siqueira Brina UICN Brasil
Liliana Pimentel
Luana Magalhães Duarte
Luciane Rodrigues Lourenço
Maranda Rego de Almeida
Marcelo Grossi
Marília Marques Guimarães Marini
Mateus Motter Dala Senta
Matheus Marques Andreozzi
Moara Menta Giasson
Rafael Agrello Dias
Rafael de Sá Marques
Roberta Magalhães Holmes
Roberto Ribas Gallucci
Rodrigo Martins Vieira
Tiago Luz Farani
Ugo Vercilio
Veronica Alberto Barros

Secretaria de Biodiversidade e Florestas - SBF


Departamento de Ecossistemas - DECO
SEPN 505 – Bloco B - Asa Norte - Brasília, DF
CEP 70730-542
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ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

programa sofreu ajustes em 2003, quando


Sumário Executivo então foi criada a Comissão Nacional da
Biodiversidade - Conabio.
O Brasil é um país megadiverso cuja
exuberância da flora e fauna encontradas A Conabio tem por missão promover a
em seu território de proporções continentais implementação dos compromissos
foi, desde sempre, objeto da curiosidade assumidos pelo Brasil junto à CDB, o que
científica e alvo do registro de artistas de inclui o seu Plano Estratégico 2011-2020
todas as partes do mundo. que estabelece 20 Metas Globais,
conhecidas como metas de Aichi.
Essa riqueza e diversidade se refletem na
cultura e na identidade do povo brasileiro, e O presente documento da Estratégia e Plano
representam potencial inegável de novas de Ação Nacionais para a Biodiversidade –
descobertas no uso da biodiversidade em EPANB ou, na língua inglesa National
benefício de todos os povos. Biodiversity Strategy and Action Plans –
NBSAP, oferece a contribuição brasileira ao
Historicamente, pessoas de todas as raças,
alcance da Meta 17 de Aichi; apresenta, de
origens e credos em busca de oportunidades
forma concisa, a riqueza do processo
são acolhidas em terras brasileiras,
participativo para elaboração da Estratégia
contribuindo para a formação de uma
Nacional para a Biodiversidade, com a
estrutura social dinâmica que guarda em
consolidação das Metas Nacionais de
suas raízes o conhecimento e a tradição no
Biodiversidade para 2020; e conta com o 1º
uso dos recursos naturais.
módulo do Plano de Ação para a
Como nação jovem no cenário mundial, Biodiversidade, referente às informações,
mas ciente da sua relevância para o ações e projetos sob coordenação da
equilíbrio ambiental do planeta, o Brasil Secretaria de Biodiversidade e Florestas do
tem firmado sua posição no cenário Ministério do Meio Ambiente –
internacional por meio da adesão aos SBF/MMA, além de outros já identificados
acordos multilaterais, buscando o por esta Secretaria.
cumprimento dos compromissos assumidos
O amplo processo de discussão e consultas
na ratificação de convenções.
na busca do consenso para a definição das
Dentre as convenções e acordos Metas Nacionais de Biodiversidade para
internacionais dos quais o Brasil é 2020 teve início em 2011 e inclui grandes
signatário, destaca-se a Convenção sobre marcos como os Diálogos sobre a
Diversidade Biológica – CDB, que tem por Biodiversidade, os Subsídios para um Plano
objetivo a conservação e a utilização de Ação Governamental para a
sustentável da biodiversidade e a repartição Conservação e Uso Sustentável da
justa e equitativa dos benefícios Biodiversidade e a criação do Painel
decorrentes de sua utilização, bem como Brasileiro de Biodiversidade – PainelBio.
dos conhecimentos tradicionais associados.
O PainelBio tem como missão integrar
O cuidado brasileiro nos esforços de esforços para promover o alcance das
conservação já era evidente desde a criação, Metas de Aichi no Brasil e é parceiro
em 1994, do Programa Nacional da fundamental na construção dos indicadores
Diversidade Biológica – Pronabio. O
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para as Metas Nacionais, aprovadas pela identificados para 2020. A esses


Conabio. compromissos, deverão ser agregados
posteriormente aqueles firmados pelos
Ao longo desse processo, importantes
demais setores dando origem ao 2º módulo
documentos foram gerados, assim como
do Plano de Ação para a Biodiversidade
oportunidades de sinergia entre os diversos
Para isso, a SBF está conduzindo um
setores e entre os três níveis de governo.
processo de adesão das secretarias do
A dimensão e a complexidade de processos MMA e suas vinculadas, demais
participativos que primem pelo ministérios, estados, e instituições
fortalecimento da governança em países relevantes à EPANB, para obtenção de seu
com as características do Brasil, pode por comprometimento formal com ações e
vezes exigir a repartição das ações de forma iniciativas que contribuem para o alcance
que se mantenha a governabilidade e a das Metas Nacionais de Biodiversidade
responsabilidade no cumprimento das para 2020, a serem incorporadas na
metas e objetivos identificados. segunda versão da EPANB. Desta forma
Por isso, em relação ao Plano de Ação para pretendemos, em uma futura versão da
a Biodiversidade, apresenta o 1º módulo, EPANB, incorporar os compromissos de
estabelecendo objetivamente o todas as secretarias do MMA e suas
Planejamento Estratégico da SBF para o vinculadas. Além disso, será conduzido um
alcance dos compromissos firmados para o processo de adesão dos demais setores à
cumprimento das Metas de Aichi. Como EPANB, para obtenção de seu
órgão responsável pela formulação das comprometimento formal com ações e
políticas públicas de biodiversidade em iniciativas que irão contribuir para o
nível federal, a SBF apresenta brevemente alcance das Metas Nacionais de
nesse documento os avanços alcançados até Biodiversidade para 2020.
o momento em diversas frentes de atuação. A institucionalização desses compromissos
Aponta-se o conhecimento e divulgação de inclui a definição das estratégias que
informações sobre a biodiversidade garantem a capacidade financeira na sua
brasileira e seus ecossistemas. Também é execução, a transparência das ações e
exposta a evolução da legislação que trata resultados. Essa postura que extrapola o
da proteção da biodiversidade e seu uso nível da intenção e se assenta sobre o
sustentável de forma a garantir o acesso e a comprometimento, reflete a
justa repartição de benefícios no país. responsabilidade com a conservação e
recuperação da biodiversidade brasileira,
Merece destaque, ainda, a evolução de
postulada pela SBF.
mecanismos e incentivos econômicos que
possam reconhecer e promover os serviços
ambientais contribuindo para o
gerenciamento e a exploração econômica
sustentável dos recursos naturais.
Assim, de forma responsável e objetiva,
estão postos, nesse documento, os
compromissos da SBF e outros já
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Sumário
1 Introdução..................................................................................................................................... 17
1.1 A importância da biodiversidade para o Brasil ..................................................................... 18
1.2 O papel das mulheres na conservação, preservação, recuperação e manejo da
biodiversidade................................................................................................................................... 19
2 Conservação da biodiversidade no Brasil ..................................................................................... 19
2.1 Conservação do patrimônio genético e proteção dos conhecimentos tradicionais ............ 19
2.2 Conservação de espécies ...................................................................................................... 20
2.2.1 Listas de espécies da flora e fauna brasileiras ameaçadas de extinção ....................... 22
2.2.2 Planos de Ação para a Conservação ............................................................................. 24
2.2.3 Espécies exóticas invasoras........................................................................................... 30
2.3 Conservação de ecossistemas............................................................................................... 31
2.3.1 Cobertura e Uso das Terras........................................................................................... 31
2.3.2 Planos de Ação para a Prevenção e Controle do Desmatamento ................................ 36
2.3.3 Monitoramento Ambiental dos Biomas Brasileiros ...................................................... 37
2.4 Áreas Protegidas ................................................................................................................... 40
2.4.1 Avanços do Programa ARPA.......................................................................................... 42
2.4.2 Corredores Ecológicos................................................................................................... 42
2.5 Acesso a informações sobre a biodiversidade ...................................................................... 43
2.5.1 Portal da Biodiversidade ............................................................................................... 43
2.5.2 Sistema de informação sobre a flora brasileira ............................................................ 44
2.5.3 Sistema de Informação sobre a Biodiversidade Brasileira (SiBBr) ................................ 45
2.5.4 Os sistemas para gestão do acesso e repartição de benefícios .................................... 46
2.5.5 Cadastro Nacional de Unidades de Conservação (CNUC) ............................................. 47
3 Base legal e arranjo institucional para as ações de biodiversidade.............................................. 48
3.1 Marco legal do acesso e repartição de benefícios ................................................................ 49
3.2 Lei da Proteção da Vegetação Nativa e as Áreas Protegidas ................................................ 51
3.3 ENREDD+ e a Conservação Florestal ..................................................................................... 52
3.4 Sistema Nacional de Unidades de Conservação ................................................................... 53
3.5 Lei complementar nº 140/2011 e sinergia entre o Sisnama ................................................ 53
3.6 Marco legal relativo a transversalidade de gênero nas políticas ambientais ....................... 43
4 Concepção do processo de elaboração da EPANB ....................................................................... 44
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4.1 Processo dos Diálogos sobre Biodiversidade ........................................................................ 45


4.2 Subsídios para o Plano de Ação Governamental .................................................................. 60
4.3 PainelBio e indicadores para a biodiversidade ..................................................................... 63
5 Estratégia Nacional para a Biodiversidade ................................................................................... 66
6 Plano de Ação para a Biodiversidade: 1º módulo......................................................................... 71
6.1 Grupo de Trabalho da EPANB 2016 - 2020 ........................................................................... 71
6.2 Planejamento Estratégico da SBF ......................................................................................... 74
6.2.1 Agendas Prioritárias da SBF .......................................................................................... 74
6.2.2 Indicadores de monitoramento .................................................................................... 84
6.3 Plano de ação para a Biodiversidade .................................................................................... 92
7 Plano de Ação para a Biodiversidade: 2º módulo....................................................................... 124
7.1 Órgãos Governamentais ..................................................................................................... 124
7.1.1 Governo Federal.......................................................................................................... 125
7.1.2 Governos Estaduais ..................................................................................................... 125
7.2 Academia ............................................................................................................................ 125
7.3 Sociedade Civil .................................................................................................................... 131
7.4 Setor Privado....................................................................................................................... 132
7.5 Elementos Estratégicos para o Alcance das Metas Nacionais ............................................ 134
7.5.1 Estratégia de Comunicação ......................................................................................... 134
7.5.2 Estratégia de Financiamento das Ações ..................................................................... 134
8 Conclusão .................................................................................................................................... 138
9 Referências.................................................................................................................................. 139
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Siglas e Abreviaturas
ABS – Access and Benefit Sharing (Acesso e Repartição de Benefícios)
ANA – Agência Nacional de Águas
APP – Área de Preservação Permanente
ARPA – Áreas Protegidas da Amazônia
BAP – Bacia Hidrográfica do Alto Paraguai
CAR – Cadastro Ambiental Rural
CDB – Convenção sobre Diversidade Biológica
CEBDS – Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável
CGen – Conselho de Gestão do Patrimônio Genético
CIF – Climate Investment Fund (Fundo Clima de Investimento)
CIRM – Comissão Interministerial para os Recursos do Mar
CMS – Convention on the Conservation of Migratory Species of Wild Animals
CNCFlora – Centro Nacional de Conservação da Flora
CNI – Confederação Nacional das Indústrias
CNPCT - Conselho Nacional de Desenvolvimento Sustentável de Povos e Comunidades Tradicionais
CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
CNUC – Cadastro Nacional de Unidades de Conservação
Conabio – Comissão Nacional de Biodiversidade
Conaflor – Comissão Nacional de Florestas
ConaREDD – Comissão Nacional para a Redução da Emissão de Gases de Efeito Estufa Provenientes
do Desmatamento e da Degradação Florestal
Condraf – Conselho Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável
COP – Convention of the Parties (Convenção das Partes)
CPG – Comitê Permanente de Gestão e Uso Sustentável de Recursos Pesqueiros
DAP – Departamento de Áreas Protegidas
DECO – Departamento de Ecossistemas
Defra – Ministério de Alimentação e Assuntos Rurais do Reino Unido
Degrad/Detex – Mapeamento de Degradação Florestal na Amazônia Brasileira
DESP – Departamento de Espécies
Deter – Sistema de Detecção do Desmatamento na Amazônia legal em Tempo Real
DPG – Departamento de Patrimônio Genético
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EEI – Espécie Exótica Invasora


Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
ENREDD+ - Estratégia Nacional de REDD+
EPANB – Estratégia e Plano de Ação Nacionais para a Biodiversidade
Epusp – Escola Politécnica da Universidade de São Paulo
FBDS – Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável
Fiesp – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
Fiocruz – Fundação Oswaldo Cruz
FNRB – Fundo Nacional de Repartição de Benefícios
Funai – Fundação Nacional do Índio
Funasa – Fundação Nacional de Saúde
Funbio – Fundo Brasileiro para a Biodiversidade
GEF – Global Environmental Fund (Fundo Global para o meio Ambiente)
GIZ – Cooperação Alemã para o Desenvolvimento Sustentável
GPFLR – Global Partnership on Forest Landscape Restoration (Parceria Global para a Restauração da
Paisagem Florestal)
IBÁ – Indústria Brasileira de Árvores
Ibama – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
IBDF – Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ICMBio – Instituto Chico Mentes de Conservação da Biodiversidade
ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços
Icone – Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais
IIS – Instituto Internacional de Sustentabilidade
Incra – Instituto Nacional da Colonização e da Reforma Agrária
NDC – Nationally Determined Contribution (Contribuição Nacional Determinada)
Inpe – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
IPE – Instituto de Pesquisas Ecológicas
Iphan – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
JBRJ – Jardim Botânico do Rio de Janeiro
LC – Lei Complementar
Mapa – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
MCidades – Ministério das Cidades
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MCTIC – Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações


MD – Ministério da Defesa
MDA – Ministério do Desenvolvimento Agrário
MDIC – Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior
MDS – Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome
MEA – Multilateral Environmental Agreements (Acordos Multilaterais de Meio Ambiente)
MF – Ministério da Fazenda
MI – Ministério da Integração Nacional
MMA – Ministério do Meio Ambiente
MME – Ministério de Minas e Energia
MPA – Ministério da Pesca e Aquicultura
MPOG – Ministério do Planejamento Orçamento e Gestão
MRE – Ministério das Relações Exteriores
MT – Ministério dos Transportes
NBSAP – National Biodiversity Strategy and Action Plans (Estratégia e Plano de Ação Nacional de
Biodiversidade)
OECD – Organisation for Economic Co-operation and Development (Organização para a Cooperação
e Desenvolvimento Econômico)
ONU – Organização das Nações Unidas
PainelBio – Painel Brasileiro de Biodiversidade
PAN – Plano de Ação Nacional
PAN-Bio – Plano de Ação Nacional de Biodiversidade
PC – Protocolo Comunitário
Planaveg - Plano Nacional para Recuperação da Vegetação Nativa
PMDBBS – Projeto de Monitoramento dos Biomas Brasileiros por Satélite
PNB – Política Nacional de Biodiversidade
PNGATI – Gestão Territorial e Ambiental em Terras Indígenas
PNMA – Política Nacional do Meio Ambiente
PNMC – Política Nacional de Mudança do Clima
PNRB – Programa Nacional de Repartição de Benefícios
PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
PNUMA – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
PPA – Plano Plurianual
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PPCerrado – Plano de Ação para a Prevenção e Controle do Desmatamento e das Queimadas no


Cerrado
PPCDam – Plano de Ação para a Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia
PR – Presidência da República
PRA – Plano de Recuperação Ambiental
Prodes – Projeto de Monitoramento da Floresta Amazônica Brasileira por Satélite
Pro-Espécies – Programa Nacional de Conservação das Espécies Ameaçadas de Extinção
Prohidro – Programa Estadual de Conservação e Revitalização dos Recursos Hídricos
Probio – Projeto Nacional de Ações Integradas Público-Privadas para Biodiversidade
Pronabio – Programa Nacional da Diversidade Biológica
Pro-PSA – Programa de Pagamento por Serviços Ambientais
PSA – Pagamento por Serviços Ambientais
PUC-Rio – Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
Queimadas – Monitoramento de Queimadas e Incêndios
REDD+ – Redução da Emissão de Gases de Efeito Estufa Provenientes do Desmatamento e da
Degradação Florestal
RPPN – Reserva Particular do Patrimônio Natural
RL – Reserva legal
SAE – Secretaria de Assuntos Estratégicos
SBF – Secretaria de Biodiversidade e Florestas
Secom – Secretaria de Comunicação Social
Seped – Secretaria de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento
SFB – Serviço Florestal Brasileiro
SiBBr – Sistema de Informação sobre a Biodiversidade Brasileira
SiCAR – Sistema de Cadastro Ambiental Rural
SisGen – Sistema Nacional de Gestão do Patrimônio Genético e do Conhecimento Tradicional
Associado
Sisnama – Sistema Nacional de Meio Ambiente
SNUC – Sistema Nacional de Unidades de Conservação
Terraclass – Levantamento de Informações de Uso e Cobertura da Terra
TI – Terra Indígena
UC – Unidade de Conservação
UFG – Universidade Federal de Goiás
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UFU – Universidade Federal de Uberlândia


UICN – União Internacional para a Conservação da Natureza
UNFCCC – United Nations Framework Convention on Climate Change (Convenção Quadro das Nações
Unidas sobre Mudança do Clima)
USP – Universidade de São Paulo
WRI – World Resources Institute
WWF – World Wild Fund (Fundo Mundial para a Natureza)
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Lista de Figuras
Figura 1. Dados do Prodes 1988-2014 .................................................................................................. 33
Figura 2. Tipos e frequência de mapeamentos..................................................................................... 39
Figura 3. Unidades de conservação do Sistema Nacional e Terras Indígenas ...................................... 41
Figura 4. Arranjo Institucional do Comitê Ampliado (Diálogos sobre a Biodiversidade) ...................... 46
Figura 5. Resumo do Processo dos “Diálogos sobre a Biodiversidade” ................................................ 59
Figura 6. Matriz de correlação entre as causas da perda de biodiversidade e as metas nacionais de
biodiversidade para 2020. .................................................................................................................... 62
Figura 7. Proposta de rede de acompanhamento para a atualização da EPANB e implementação das
metas nacionais .................................................................................................................................... 73
Figura 8. Correlação entre as ações prioritárias, metas nacionais e indicadores de monitoramento . 91
Figura 9. Eixos de Ação para o Fortalecimento do Uso da Base Científica ......................................... 126
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Lista da Tabelas
Tabela 1. Número de espécies conhecidas no Brasil ............................................................................ 21
Tabela 2. Número de espécies ameaçadas de extinção por categoria de ameaça .............................. 24
Tabela 3. Planos de ação preparados até 2015 (por ano) .................................................................... 27
Tabela 4. Dados do TerraClass Amazônia 2014 .................................................................................... 32
Tabela 5. Dados do TerraClass Cerrado 2013 ....................................................................................... 34
Tabela 6. Dados de remanescente de vegetação nativa por bioma ..................................................... 34
Tabela 7. Grupos de áreas protegidas no Brasil ................................................................................... 40
Tabela 8. Conceitos definidos nos enunciados das Metas Nacionais de Biodiversidade ..................... 65
Tabela 9. Metas Nacionais de Biodiversidade 2011-2020 .................................................................... 66
Tabela 10. Princípios para internalização e implementação das Metas Nacionais de Biodiversidade
2011-2020. ............................................................................................................................................ 70
Tabela 11. Agendas prioritárias da SBF e a relação das suas ações estratégicas para o alcance das
Metas Nacionais .................................................................................................................................... 75
Tabela 12. Carteira de projetos internacionais da SBF ......................................................................... 76
Tabela 13. Indicadores para o monitoramento das Metas Nacionais a cargo da SBF .......................... 85
Tabela 14. Indicadores complementares para o monitoramento das Metas Nacionais a cargo da SBF
.............................................................................................................................................................. 87
Tabela 15. 1º módulo do Plano de Ação Nacional para a Biodiversidade ............................................ 92
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Lista de Quadros
Quadro 1. Critérios quantitativos para a determinação de táxon ameaçado ...................................... 23
Quadro 2. O Programa Pró-Espécies e os Comitês de Uso Sustentável de Recursos Pesqueiros ........ 26
Quadro 3. Convenção sobre a Conservação das Espécies Migratórias de Animais Silvestres – CMS .. 26
Quadro 4. Esquemas de PSA no Rio de Janeiro .................................................................................... 52
Quadro 5. Desmatamento zero no Mato Grosso ................................................................................. 52
Quadro 6. Metas estaduais de São Paulo ............................................................................................. 52
Quadro 7. Mais florestas no Espírito Santo .......................................................................................... 53
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1 Introdução como a estratégia e os esforços de


planejamento para a conservação da
O Brasil tornou-se signatário da Convenção biodiversidade e dos ecossistemas, dando
sobre Diversidade Biológica – CDB em
início a processos participativos amplos
1992, com suas determinações entrando em
para a atualização da EPANB.
vigor em 1994. O Brasil formalizou por
meio do Decreto nº 4.339, de 22 de agosto O imenso desafio que representa a
de 2002, a Política Nacional de construção participativa desse documento
Biodiversidade – PNB, juntamente com seu num país com as características do Brasil
Plano de Ação Nacional de Biodiversidade resultou num rico processo que trouxe
– PAN-Bio. muitas lições e desafios práticos, exigindo
abordagens inovadoras no seu
Apesar de tantos avanços importantes, não
enfrentamento, culminando na Estratégia
se havia consolidado um instrumento único
Nacional para a Biodiversidade, com suas
capaz de registrar e acompanhar a evolução
Metas Nacionais, e no 1º módulo do Plano
do país com relação à conservação de Ação para a Biodiversidade, a ser
ambiental, bem como os avanços
ampliado e complementado com
tecnológicos e a evolução da visão de
envolvimento dos diferentes setores da
desenvolvimento sustentável.
sociedade em seu 2º módulo.
Como um dos países signatários da CDB, o Esse capítulo introdutório apresenta a
Brasil se comprometeu a atualizar a sua
importância da biodiversidade e o seu papel
Estratégia e Plano de Ação Nacionais para
na formação da identidade brasileira a
a Biodiversidade – EPANB, em
despeito das suas peculiaridades regionais.
atendimento à Meta 17 de Aichi, por
ocasião da realização da 10ª Conferência O segundo capítulo traça o panorama da
das Partes da Convenção sobre Diversidade biodiversidade brasileira e seu estágio atual
Biológica (COP10), ocorrida em Nagoya- de conservação, bem como apresenta as
Japão, em 2010. ações adotadas pelo país para o seu
conhecimento e a sua conservação.
A estratégia brasileira era, até então,
representada por um conjunto composto O terceiro capítulo trata da base legal e o
pelos programas e projetos conduzidos arranjo institucional existente no Brasil
pelos órgãos ambientais, além dos diversos para a execução de ações para a
instrumentos legais criados ao longo dos conservação da biodiversidade no país.
anos para a proteção e uso do meio O quarto capítulo conta como se deu o
ambiente e da biodiversidade, muitos dos processo para a construção da Estratégia e
quais considerados pioneiros e adotados Plano de Ação Nacionais para a
como modelos no cenário internacional. Biodiversidade.
Ainda assim, dada a sua importância, a O quinto capítulo apresenta a Estratégia
partir de 2010, adotou-se nova abordagem Nacional, por meio das Metas Nacionais de
na busca pela compilação desses Biodiversidade para 2020.
instrumentos e a consolidação de um
O sexto capítulo evidencia a internalização
documento único que reunisse todas as
das Metas Nacionais no planejamento
iniciativas e ações em andamento assim
estratégico da Secretaria de Biodiversidade

17
ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

e Florestas – SBF, e o 1º módulo do Plano para os anfíbios, com 57%. Estima-se que o
de Ação para a Biodiversidade, país abrigue cerca de 20% da
biodiversidade do planeta.
Por fim, o sétimo capítulo traça as
estratégias para a confirmação de parcerias O Catálogo Taxonômico da fauna do Brasil
e a sinergia com os demais setores e os (2016) aponta pelo menos 115.993 espécies
distintos níveis de governo que venham a animais e a Lista de Espécies da Flora do
compor o 2º módulo do Plano de Ação, com Brasil (2015) já conta com 46.096 espécies.
compromissos firmados adicionando A cada dia novas espécies são descobertas
esforços para o cumprimento das Metas e descritas no Brasil, o que torna razoável
Nacionais estabelecidas conjuntamente. afirmar que esses números sejam ainda
mais elevados.
Dentre os mais importantes esforços do
1.1 A importância da biodiversidade para Brasil para conservar sua biodiversidade e
o Brasil garantir a promoção de serviços
O Brasil é o país com a maior ecossistêmicos no seus diversos biomas7,
biodiversidade do mundo, sendo um dos estão a criação e a consolidação de áreas
países considerados megadiversos1, Com protegidas, o monitoramento de habitats e
sua dimensão continental e enorme espécies, e o combate ao desmatamento.
variedade de habitats terrestres e aquáticos, As recentes iniciativas brasileiras
o Brasil é o país com maior número de relacionadas à obrigatoriedade de
espécies de plantas, das quais mais da manutenção das áreas que contam com
metade são endêmicas2, de anfíbios3 e de instrumentos de proteção, considerando a
primatas4 em todo o mundo; o 2º em Lei de Proteção da Vegetação Nativa
mamíferos5 e répteis6; e o 3º em aves4. O (Código Florestal) e o conjunto das terras
Brasil também é o 6º país em endemismos indígenas e quilombos, os incentivos e
de vertebrados2, sendo as taxas mais altas projetos que buscam a inserção e o
para os répteis, com 37% de endemismo, e comprometimento dos setores produtivos

2008 IUCN Red List of threatened species. IUCN,


Gland, Switzerland
2
Forzza, R.C.; Baumgratz, J.F.A.; Bicudo, C.E.M.; 6
Canhos, D.; Carvalho Jr., A.A.; Nadruz-Coelho, M.A.; Bérnils, R. S. e H. C. Costa (org.). 2012. Répteis
Costa, A.F.; Costa, D.P.; Hopkins, M.; Leitman, P.M.; brasileiros: Lista de espécies. Versão 2012.2. Disponível
Lohmann, L.G.; Lughadha, E.N.; Maia, L.C.; Martinelli, em: http://www.sbherpetologia.org.br/. Sociedade
G.; Menezes, M.; Morim, M.P.; Peixoto, A.L.; Pirani, Brasileira de Herpetologia.
J.R.; Prado, J.; Queiroz, L.P.; Souza, S.; Souza, V.C.; 7
No Brasil, a palavra bioma é frequentemente usada como
Stehmann, J.R.; Sylvestre, L.S.; Walter, B.M.T. & Zappi,
sinônimo de domínio mofoclimático e fito-geográfico.
D.C. 2012. New Brazilian floristic list highlights
Como os dois último termos se referem a regiões
conservation challenges. BioScience 62: 39-45.
geográficas que podem conter uma variedade de
3 ecossistemas e biomas, de acordo com Coutinho
Vié, J.-C., Hilton-Taylor, C. and Stuart, S.N. (eds.)
(2009). Wildlife in a Changing World – An Analysis of (Coutinho, L.M., 2006. O conceito de bioma. Acta Bot.
the 2008 IUCN Red List of Threatened Species. Gland, Bras. 20(1):1-11), esses seriam os termos mais adequados
Switzerland: IUCN. 180 pp. para designar as regiões da Amazônia, Mata Atlântica,
Caatinga, Cerrado, Pampa e Pantanal. Contudo, como a
4
Nowak, Ronald M. Walker's mammals of the world. palavra bioma é habitualmente utilizada em documentos
Vol. 1. JHU Press, 1999. oficiais no Brasil, e respondendo a uma solicitação da
CONABIO, esse termo foi mantido neste documento.
5
VIÉ, J.C., HILTON-TAYLOR, C. & STUART, S.N.
2009. Wildlife in a changing world – an analysis of the
ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

quanto às suas ações socioambientais, afirmando a necessidade da plena


pautam o caminho a trilhar para o alcance participação da mulher em todos os níveis
dos objetivos propostos nesse documento. de formulação e execução de políticas para
a conservação da diversidade biológica”.
Assim, guiados pelos princípios da PNB, a
EPANB busca definir o curso de ação para
o alcance da conservação e uso sustentável
2 Conservação da biodiversidade
dos recursos fundamentais que sustentam e
garantem resiliência à sociedade e à no Brasil
economia nacional: a biodiversidade, o
2.1 Conservação do patrimônio
equilíbrio entre seus componentes, e os
serviços ecossistêmicos resultantes. genético e proteção dos
conhecimentos tradicionais
1.2 O papel das mulheres na
O regime de gestão do acesso e da
conservação, preservação,
repartição de benefícios em vigor no Brasil
recuperação e manejo da
contempla a junção do que há de mais
biodiversidade
moderno nos tratados internacionais sobre
As diversas mulheres do campo, florestas e acesso e repartição de benefícios, em
das águas; de povos indígenas, especial a CDB e o Protocolo de Nagoia, e
comunidades e povos tradicionais; rurais e nos instrumentos de regulação e aplicação
urbanas, vem protagonizando ao longo da planejada e orientada da repartição de
história a conservação da biodiversidade e benefícios visando ampliar a eficiência na
promoção da soberania e segurança execução desses recursos.
alimentar por meio do uso e manejo
A legislação brasileira sobre a matéria (ver
sustentável dos recursos naturais, baseados
item 3.1) promove a integração de políticas
em seus conhecimentos específicos e
de conservação do patrimônio genético
modos de vida. As contribuições das
brasileiro a estratégias de redução da
práticas e os conhecimentos das mulheres
pobreza e melhoria da saúde pública ao
devem ser reconhecidos e valorizados nos
facilitar o uso responsável da
processos de proposição, planejamento,
biodiversidade para o desenvolvimento
construção, tomada de decisão e
tecnológico e a inovação na área da
implementação de políticas, programas e
biotecnologia.
ações voltadas a conservação da
biodiversidade. Nesse sentido, deve-se Com a experiência a partir dos Contratos de
buscar, sempre que possível, a plena Utilização do Patrimônio Genético e
participação da mulher em todos os níveis Repartição de Benefícios – CURBs
de formulação e execução de políticas, celebrados na vigência da MP nº 2.186-
inclusive na participação em conselhos 16/2001, foi identificado o potencial das
consultivos e deliberativos, tais como cadeias produtivas que utilizam produtos da
CGEN, Conabio, entre outros. biodiversidade para redução da pobreza e
melhoria da qualidade de vida das
A própria CDB reconhece, em seu
populações locais. As experiências
preâmbulo, “o papel fundamental da
acumuladas em projetos de fortalecimento
mulher na conservação e na utilização
de cadeias produtivas executadas por atores
sustentável da diversidade biológica e
ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

privados no setor de cosméticos em reafirmar sua identidade, organização e as


diferentes municípios tiveram como regra consuetudinárias de gestão da
resultados observados o aumento da renda biodiversidade.
média mensal e a diversificação da
composição da renda dessas populações. 2.2 Conservação de espécies
Com o incremento da renda proveniente da De acordo com dados científicos
utilização da biodiversidade local, houve publicados, 46.097 espécies de plantas e
substituição parcial de outras atividades mais de 100 mil espécies válidas de animais
com grande potencial lesivo ao meio são conhecidas para o Brasil (Tabela
ambiente, como a extração de madeira em 1Tabela 1.).
áreas prioritárias para conservação.
O esforço coletivo de mais de 700
Nesse cenário, o Ministério do Meio especialistas para elaborar e publicar o
Ambiente tem se engajado em promover a projeto Flora do Brasil 2020 representa a
substituição de atividades predatórias por primeira atualização em mais de cem anos
setores econômicos que utilizam a da obra original que primeiro catalogou a
biodiversidade de maneira sustentável em flora brasileira (Flora Brasiliensis),
projetos a serem executados com diversos iniciada pelo naturalista von Martius em
atores governamentais e privados, 1840 e concluída em 1906.
conforme observa-se nas ações propostas
O Catálogo Taxonômico da Fauna do
para alcance da meta 18, e que também
Brasil, lançado em 2015, permite
contribuem para o cumprimento de outras
comprovar que o Brasil possui a maior
metas, como a 2.
biodiversidade do Planeta. A iniciativa
Um dos objetivos dessas ações é o representa a primeira listagem da fauna
desenvolvimento de povos indígenas, brasileira e foi realizado com a participação
comunidades tradicionais e agricultores de mais de 500 especialistas.
familiares como elos chave dos setores
Compreender o estado de conservação da
produtivos da “floresta em pé”, gerando
biodiversidade é o ponto de partida básico
renda e reduzindo a pressão sobre o meio
para um planejamento robusto das medidas
ambiente, aliado à valorização e proteção
que devem ser tomadas para reduzir o risco
dos conhecimentos tradicionais associados.
de extinção das espécies e garantir sua
A valorização e proteção dos sobrevivência. A avaliação do risco de
conhecimentos tradicionais associados extinção das espécies embasa a definição de
ocorre através de ações que reconhecem o prioridades nas políticas públicas de
protagonismo dos povos indígenas, conservação e uso de recursos. Para avaliar
comunidade tradicionais e agricultores toda a biodiversidade brasileira, os esforços
familiares na gestão do patrimônio genético são divididos entre o Instituto Chico
conservado em seus territórios. Dentro Mendes de Conservação da Biodiversidade
dessa estratégia está, por exemplo, o - ICMBio, que avalia a fauna, e o Jardim
fomento a protocolos comunitários. Botânico do Rio de Janeiro - JBRJ, que
Protocolo Comunitário é uma ferramenta avalia a flora.
reconhecida pela CDB e pelo protocolo de
Nagoia na qual cada comunidade pode
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Tabela 1. Número de espécies forma de um livro vermelho10, que contém


conhecidas no Brasil uma lista indicativa das espécies de plantas
brasileiras consideradas como ameaçadas
GRUPO Nº DE ESPÉCIES
de extinção.
Algas 4.747
Esse trabalho contou com a colaboração de
Angiospermas 32.831 uma rede de especialistas em botânica e
subsidiou o processo para atualizar a lista
Briófitas 1.524 oficial de plantas ameaçadas de extinção no
Flora8 Gimnospermas 30 Brasil. Em 2014, o CNCFlora publicou um
novo livro vermelho, agora com foco nas
Samambaias e 1.253 espécies raras do cerrado, resultando em
Licófitas
mais uma lista indicativa de espécies
Fungos 5.712 ameaçadas de extinção11.
Já o processo conduzido pelo ICMBio tem
Mamíferos 720 como diretriz avaliar todos os animais
vertebrados, e seletivamente alguns
Aves 1.924
invertebrados, considerando sua
Répteis 759 importância ecológica, econômica e social.
As espécies são avaliadas em um processo
Anfíbios 1024
Fauna9 regular e contínuo, em ciclos de cinco anos,
Peixes De água doce: 3.133 de forma a manter as informações atuali-
Marinhos: 1.376
zadas e permitir a identificação de espécies
que estejam sofrendo problemas de
Total: 4.509
conservação.
Invertebrados Estimativa:
Todo o processo de avaliação e indicação
100.000 – 105.000
de espécies ameaçadas foi resultado de um
trabalho conjunto envolvendo mais de
O Centro Nacional de Conservação da
1.300 especialistas oriundos de dezenas
Flora – CNCFlora, vinculado ao JBRJ, vem
instituições de pesquisa e universidades, e
coordenando um amplo esforço para avaliar
incluindo uma revisão dos pares.
o estado de conservação das espécies de
plantas brasileiras. O primeiro resultado
dessa avaliação foi publicado em 2013, na

8 11 Martinelli G., Messina T., & Filho L. dos S. 2014.


Zappi, D.C., Forzza, R.C., Souza, V.C., Mansano, V.F.
& Morim, M.P. 2015. Epilogue. Rodriguesia 66(4). Livro Vermelho da Flora do Brasil - Plantas Raras do
http://rodriguesia.jbrj.gov.br DOI: 10.1590/2175- Cerrado. Andrea Jakobsson Estúdio: Instituto de
7860201566417 Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Rio de
Janeiro.
9
Catálogo Taxonômico da Fauna do Brasil.
http://fauna.jbrj.gov.br/.
10
Martinelli, G. & Moraes, M.A. 2013. Livro vermelho
da flora do Brasil. Andrea Jakobsson: Instituto de
Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, 1100p.
Disponível on-line em:
cncflora.jbrj.gov.br/LivroVermelho.pdf
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2.2.1 Listas de espécies da flora e diferentes passos do processo de


fauna brasileiras identificação e classificação de espécies
ameaçadas de extinção ameaçadas, e preparação de Planos de Ação
As Listas Nacionais Oficiais de Espécies para a Conservação; criar as bases de dados
Ameaçadas de Extinção são importantes para subsidiar a avaliação do estado de
mecanismos de conservação da conservação das espécies brasileiras; entre
biodiversidade, que buscam reconhecer as outras disposições.
espécies ameaçadas de extinção no A atual Lista Nacional Oficial de Espécies
território nacional, na plataforma da Flora Ameaçadas de Extinção foi
continental e na zona econômica exclusiva constituída a partir da avaliação de risco de
brasileira, para efeitos de priorização de extinção de 4.617 espécies. As espécies
ações de conservação e recuperação de avaliadas representam uma avaliação em
populações, de modo a possibilitar a escala nacional de todas as listas
consequente mudança do grau de risco de oficialmente publicadas, em âmbito
extinção para uma categoria de menor estadual (Espírito Santo, Minas Gerais,
ameaça até a sua classificação como não Pará, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa
ameaçada12. A preservação de espécies Catarina e São Paulo), federal (IN MMA nº
ameaçadas atende ao disposto pela 06, de 23 de setembro de 2008, anexo I e
Constituição Federal, Políticas Nacionais anexo II) e a lista global da UICN.
de Meio Ambiente e de Biodiversidade, e
A atual lista da fauna ameaçada de
ao mandato conferido ao MMA pela Lei nº
extinção foi constituída a partir da
10.683, de 28 de maio de 2003, e Decreto
avaliação de risco de extinção de 6.840
nº 6.101, de 26 de abril de 2007. As Listas
espécies, incluindo todas as espécies de
são instrumentos reconhecidos e amparados
vertebrados, exceto peixes, que ocorrem em
pelo Programa Nacional de Conservação
território nacional e de alguns grupos de
das Espécies Ameaçadas de Extinção -
invertebrados terrestres - aqueles
Pró-Espécies, instituído pela Portaria
considerados indicadores da qualidade
MMA nº 43, de 31 de janeiro e 2014.
ambiental, como moluscos, besouros,
O Pró-Espécies reforça significativamente abelhas e borboletas. A lista de peixes e
a ação nacional para melhorar o invertebrados aquáticos ameaçados de
conhecimento e o estado de conservação extinção foi constituída a partir da
das espécies brasileiras ameaçadas ao avaliação de risco de extinção de 5.148
reconhecer oficialmente, pela primeira vez espécies, incluindo 100% dos peixes
no país, o padrão internacional de marinhos e continentais conhecidos em
classificação com as diferentes categorias território brasileiro. Este trabalho, que
de ameaça utilizadas pela IUCN; designar representa o mais completo diagnóstico de
as responsabilidades institucionais pelos fauna realizado no mundo13, permitiu a

12 13
O Brasil teve sua primeira lista de espécies ameaçadas Diagnóstico do Risco de Extinção de Espécies da
de extinção elaborada em 1968, na qual constavam 44 Fauna: 2012-2014 / editor Instituto Chico Mendes de
espécies da fauna e 13 da flora (Portaria IBDF nº 303, Conservação da Biodiversidade - Brasília, DF: ICMBio;
1968). Já nessa época se reconhecia a necessidade de um 2014. 399p. :il. color. ; 24cm.
monitoramento contínuo do estado de conservação para
atualização da lista.
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identificação e localização das principais aspectos (Quadro 1). Com base nestas
ameaças e das áreas importantes para a informações, e de acordo com critérios
manutenção das espécies. técnicos padronizados e objetivos, o status
de ameaça de cada espécie é definido.
A Instrução Normativa ICMBio nº
34, de 17 de outubro de 2013, disciplina as As espécies consideradas ameaçadas, para
diretrizes e procedimentos para a Avaliação fins de publicação das Listas, são divididas
do Estado de Conservação das Espécies da em 4 categorias: EW (Extinta na Natureza);
Fauna Brasileira. Todo o processo de CR (Criticamente em Perigo); EN (Em
avaliação foi realizado em conformidade Perigo); e VU (Vulnerável), definidas pelo
com esta IN, que padroniza as etapas e os Programa Pró-Espécies, representando o
documentos necessários para avaliação, grau de ameaça de extinção. Em 18 de
define os atores do processo e suas funções dezembro de 2014, foram publicadas, no
e estabelece o método utilizado para Diário Oficial da União, as portarias que
avaliação das espécies, incluindo oficinas divulgaram as Listas de Espécies da Flora e
de avaliação e os mecanismos de validação da Fauna Brasileiras Ameaçadas de
dos resultados obtidos. O CNCFlora/JBRJ, Extinção (Portarias nº 443, 444 e 445)15.
por sua vez, define os procedimentos para a
avaliação do estado de conservação da flora
no “Manual Operacional para Avaliação Quadro 1. Critérios quantitativos para a
Risco de Extinção das Espécies da Flora determinação de táxon ameaçado
Brasileira”14. O método utilizado para • Redução da população total da espécie
análise do risco de extinção das espécies é (observada, estimada e/ou projetada);
compatível com os padrões definidos pela • Distribuição geográfica da espécie
UICN e amplamente utilizada em restrita e apresentando fragmentação, declínio
avaliações do estado de conservação de ou flutuações;
espécies em nível global, tendo sido • População pequena e apresentando
adotada por diversos países, pela ONU e em fragmentação, flutuações grandes ou declínio
acordos internacionais. As espécies são (observados, estimados e/ou projetados);
avaliadas em relação ao seu tamanho e • População muito pequena ou
variação populacional, características do distribuição muito restrita; e
ciclo de vida, área de distribuição,
• Análises quantitativas da
qualidade e fragmentação do habitat, probabilidade de extinção (por exemplo,
ameaças presentes e futuras, medidas de Análise de Viabilidade Populacional).
conservação existentes, entre outros

14 15
Manual Operacional para Avaliação de Risco de Conforme determinado pelas portarias, para efeito de
Extinção das Espécies da Flora Brasileira. compreensão dos critérios e transparência ao processo, as
http://cncflora.jbrj.gov.br/portal/static/pdf/publicacao/ma informações sobre os critérios utilizados e as avaliações
nual_operacional.pdf. técnico-científicas do estado de conservação das espécies
constantes das listas estão disponíveis nos sites do
CNCFlora e do ICMBio, nos seguintes endereços
eletrônicos:
ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

Tabela 2. Número de espécies ameaçadas de extinção por categoria de ameaça

Categoria de risco de extinção Flora Fauna Total

Extinta na natureza (EW) 0 1 1

Criticamente em perigo (CR) 467 318 785

Em perigo (EN) 1.147 406 1.553

Vulnerável (VU) 499 448 947

Total (espécies)
2.113 1.173 3.286

A lista de espécies ameaçadas da flora espécies ameaçadas, estabelecendo pactos


brasileira reconheceu e protegeu 2.113 com diversos atores da sociedade para a sua
espécies de plantas ameaçadas de extinção. implementação. A implementação do
Já na lista de espécies da fauna brasileira, Programa Pró-Espécies também inclui um
1.173 espécies foram consideradas componente para avaliar o estado de
ameaçadas de extinção (Tabela 2Erro! conservação de outras espécies que não
onte de referência não encontrada.). estão atualmente classificadas como
ameaçadas, com o objetivo de identificar e
2.2.2 Planos de Ação para a
implementar ações preventivas para reduzir
Conservação
as pressões que podem ameaçar suas
As avaliações realizadas no processo de populações.
construção das listas subsidiam a
Quando os planos de ação começaram a ser
elaboração de Planos de Ação Nacionais
preparados em 2004, cada plano era
para a Recuperação e Conservação de
dirigido apenas para uma espécie, como o
Espécies Ameaçadas de Extinção – PANs,
lobo-guará (Chrysocyon brachyurus), o
um dos instrumentos do Programa Pró-
pato-mergulhão (Mergus octosetaceus) e a
Espécies.
toninha (Pontoporia blainvillei), entre
Os PANs definem, por meio de um outras espécies ameaçadas. Embora o
processo participativo, as estratégias para modelo de plano de ação individual tenha
melhorar o estado de conservação de se mostrado eficaz, observou-se que, em

Portaria nº 443/2014 Flora Ameaçada: Portaria nº 445/2014 Peixes e Invertebrados Aquáticos


http://pesquisa.in.gov.br/imprensa/jsp/visualiza/index.jsp Ameaçados:
?data=18/12/2014&jornal=1&pagina=110&totalArquivo http://pesquisa.in.gov.br/imprensa/jsp/visualiza/index.jsp
s=144 ?jornal=1&pagina=126&data=18/12/2014
Portaria nº 444/2014 Fauna Ameaçada: Critérios para a flora:
http://pesquisa.in.gov.br/imprensa/jsp/visualiza/index.jsp http://cncflora.jbrj.gov.br/portal/pt-br/listavermelha
?jornal=1&pagina=121&data=18/12/2014
Critérios para a
fauna:http://www.icmbio.gov.br/portal/biodiversidade/fa
una-brasileira/lista-de-especies.html
ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

geral, as ameaças eram comuns a grupos de ameaçadas e endêmicas, e o número de


espécies, às vezes até para espécies de unidades de conservação. A ferramenta em
diferentes grupos taxonômicos e, portanto, uso ajuda os tomadores de decisão a atingir
as ações de conservação eficazes para um a máxima eficiência na conservação das
caso específico poderiam ser também espécies, auxiliam na elaboração de
eficazes para outros. políticas públicas e no direcionamento de
recursos e investimentos.
Assim, buscou-se, sempre que possível,
preparar planos de ação com abordagem Até 2015, foram elaborados 58 planos de
territorial e com escopo taxonômico mais ação (Tabela 3), abordando espécies
amplo. Uma vantagem da abordagem individuais, grupos de espécies (abordagem
territorial é que ela viabiliza a realização de taxonômica) ou territórios específicos
análises espaciais nas áreas abrangidas pelo (bacia hidrográfica, ecossistema ou região),
PAN, com cruzamento de dados, contemplando 27% das espécies
permitindo criar uma categorização dos ameaçadas. Em 2015, além dos PANs, o
locais prioritários para conservação e das MMA promoveu, juntamente com o extinto
ações mais urgentes que devem ser Ministério da Pesca e Aquicultura16, a
efetuadas em cada lugar. Além disso, criação de nove comitês permanentes de
espécies ainda desconhecidas que gestão do uso sustentável de recursos
eventualmente existam no território pesqueiros (Quadro 2).
abrangido também se beneficiam com esse Para 2016, as prioridades são: a produção e
modelo. Esse novo método já realizado implementação dos Planos de Recuperação
com espécies ameaçadas da flora tem voltados às espécies ameaçadas impactadas
demonstrado muitas vantagens, mas pela pesca e a elaboração de uma estratégia
também tem se revelado bastante nacional para implementação do Programa
desafiadora, devido à necessidade de levar Pró-Espécies, conforme previsto na
em consideração as particularidades de Portaria MMA nº 162, de 11 de maio de
cada região e de cada táxon. Além disso, 2016.
mesmo com uma abordagem territorial,
ainda é necessário definir onde as ações Anteriormente, o Brasil já fazia parte do
elencadas vão trazer o maior benefício para Acordo Internacional para a Conservação
a conservação das espécies, ou seja, essa de Albatrozes e Petréis (ACAP), do
abordagem requer a definição de áreas Memorando de Entendimento para a
sensíveis para a implementação das ações. Conservação de Espécies Migratórias de
Pradarias Sul-americanas e seus Habitats e
A metodologia escolhida para o do Memorando de Entendimento para a
enfrentamento desse desafio permite a Conservação de Tubarões Migratórios
definição de áreas sensíveis considerando
(Sharks), vide Quadro 3.
as oportunidades e pressões, além de
fatores como o número de espécies

16 As atribuições do Ministério da Pesca e Aquicultura,


extinto em 2 de outubro de 2015, foram distribuídas entre
o Ministério do Desenvolvimento Agrário – MDA e o
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento -
MAPA
ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

Quadro 2. O Programa Pró-Espécies e os Comitês de Uso Sustentável de Recursos Pesqueiros


Em cumprimento aos compromissos internacionais e nacionais, mais precisamente a Meta 12, o
Brasil estabeleceu o Programa Nacional de Conservação das Espécies Ameaçadas de Extinção - Pró-
Espécies (Portaria MMA 43/2014). A estratégia prevista no Programa Pró-Espécies permite a contínua
avaliação da situação das espécies brasileiras seguindo métodos compatíveis com padrões
internacionais, como o da IUCN. A partir da avaliação, são elaboradas as Listas Nacionais de Espécies
Ameaçadas de Extinção, atualizadas pelo MMA em 2014, por meio das Portarias MMA nº 443, nº 444
e nº 445, de 17 de dezembro de 2014. Essas listas informam a ocorrência de 1.173 espécies da fauna
e de 2.113 espécies da flora ameaçadas de extinção.
Para conservação da biodiversidade aquática, em 2015, o MPA e MMA criaram os Comitês
Permanentes de Gestão e Uso Sustentável de Recursos Pesqueiros (CPGs), parte de um processo de
aperfeiçoamento da estrutura e da gestão pesqueira em todo o país. Seu objetivo é estabelecer locais
de debate e acordo entre o setor pesqueiro, o governo federal e a sociedade civil sobre as medidas
de manejo recomendadas por especialistas. Ao todo foram criados 9 CPGs (seis marinhos e três
continentais) que compõem o Sistema de Gestão Compartilhada para Uso Sustentável dos Recursos
Pesqueiros (SGC). Foram instituídas as Portarias Interministeriais nº 13 e nº 14/2015, que mantem a
moratória pelos próximos oito anos, da pesca direcionada, a retenção a bordo e o transbordo do
mero (Epinephelus itajara), e, por tempo indeterminado, do cherne-poveiro (Polyprion americanus),
em águas jurisdicionais brasileiras, protegendo essas espécies que se encontram ameaçadas de
extinção.

Quadro 3. Convenção sobre a Conservação das Espécies Migratórias de Animais Silvestres – CMS

Em 1º de outubro de 2015, o Brasil se tornou parte da Convenção sobre a Conservação das Espécies
Migratórias de Animais Silvestres – CMS (sigla em inglês). A CMS é um tratado intergovernamental
que se preocupa com a conservação da vida selvagem e dos habitats em escala global, cobrindo
espécies migratórias terrestres, aquáticas e aéreas. O PNUMA é responsável pelo Secretariado da
Convenção.
Entre os muitos animais que migram para o Brasil listados pela CMS como ameaçados de extinção
estão o maçarico-esquimó, o peixe-boi caribenho, a cachalote, o golfinho la plata e o grande tubarão
branco.
Juntando forças com outros países sul-americanos que são participantes da convenção – Argentina,
Bolívia, Chile, Equador, Paraguai, Peru e Uruguai – o Brasil poderá aprimorar a conservação de
espécies migratórias na região.
Plano Estratégico para Espécies Migratórias 2015-2023
Em 2011, durante a 11ª Conferência das Partes da Convenção sobre Espécies Migratórias, foi adotado
o Plano Estratégico para Espécies Migratórias 2015-2023. O objetivo desse plano é proporcionar a
aplicação plena e eficaz dos objetivos e metas relacionadas às espécies migratórias.
A estrutura para o desenvolvimento do Plano Estratégico para Espécies Migratórias foi baseada no
Plano Estratégico para a Biodiversidade e suas Metas de Aichi. Essa abordagem foi utilizada a fim de
manter o plano compatível com as resoluções da Assembleia Geral da ONU sobre biodiversidade,
vincular as prioridades de espécies migratórias com as Metas de Aichi e proporcionar uma forma
lógica e eficaz para que as metas de espécies migratórias sejam integradas nas estratégias e planos
de ação nacionais de biodiversidade (EPANBs).
ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

Tabela 3. Planos de ação preparados até 2015 (por ano)


Fonte: ICMBio e CNCFlora (adaptado dos dados disponíveis nos sítios eletrônicos)

Plano de ação nacional Grupo taxonômico Região


2004 (1)
Mutum-do-Sudeste Crax blumenbachii Mata Atlântica
2006 (4)
Albatrozes e petréis Diomedeidae & Procellariidae Marinho
Pato-mergulhão Mergus octosetaceus Cerrado e Mata Atlântica
Arara-azul-de-lear Anodorhynchus leari Caatinga
Aves de rapina Falconiformes, Strigiformes e Pampa, Cerrado, Mata
Cathartiformes Atlântica, Pantanal,
Amazônia
2008 (2)
Galliformes ameaçados de extinção Cracidae e Odonthophoridae Mata Atlântica, Amazônia,
Caatinga, Cerrado, Pantanal
Mutum-de-Alagoas Pauxi mitu Mata Atlântica
2009 (3)
Mamíferos aquáticos, grandes Cetáceos e Pinípedes Marinho
cetáceos e pinípedes
Herpetofauna insular ameaçada de Gêneros: Bothrops, Dipsas, Scinax Mata Atlântica
extinção
Lobo-guará Chrysocyon brachyurus Cerrado, Mata Atlântica,
Pampa, Pantanal
2010 (16)
Formigueiro-do-litoral Formicivora littoralis Mata Atlântica
Toninha Pontoporia blainvillei Marinho
Muriquis Brachyteles arachnoides, Mata Atlântica
Brachyteles hypoxanthus
Sirênios Trichechus inunguis, Trichechus Amazônia e Marinho
manatus
Lepidópteros ameaçados de Lepidoptera Amazônia, Caatinga,
extinção Cerrado, Mata Atlântica,
Pampa, Pantanal
Soldadinho-do-araripe Antilophia bokermanni Caatinga
Espécies aquáticas ameaçadas da Gêneros: Atya, Brycon, Mata Atlântica
Bacia do Rio Paraíba do Sul Pogonopoma, Phallotorynus,
Taunayia, Diplodon

Ouriço-preto Chaetomys subspinosus Mata Atlântica


Mamíferos aquáticos – pequenos Gêneros: Inia, Orcinus, Sotalia, Marinho
cetáceos Stena, Tursiops, Stenella

27
ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

Plano de ação nacional Grupo taxonômico Região


Onça-pintada Panthera onca Amazônia, Caatinga,
Cerrado, Mata Atlântica,
Pantanal
Papagaios da Mata Atlântica Amazona vinacea, A. pretrei, A. Mata Atlântica
brasiliensis, A. rhodocorytha
Cervídeos ameaçados de extinção Blastocerus dichotomus Cerrado, Pantanal, Mata
Atlântica
Mazama nana
Mamíferos da Mata Atlântica Alguns gêneros: Alouatta, Mata Atlântica
central Callicebus, Leontopithecus,
Rhagomys, Trinomis & outros
Tartarugas marinhas Gêneros: Caretta, Chelonia, Marinho
Dermochelys, Eretmochelys,
Lepidochelys
Morceguinho-do-Cerrado Lonchophylla dekeyseri Cerrado
Ariranha Pteronura brasiliensis Amazônia, Caatinga,
Cerrado, Mata Atlântica,
Pampa, Pantanal
2011 (13)
Ararinha-azul Cyanopsitta spixii Caatinga
Patrimônio espeleológico nas áreas Alguns gêneros: Anapistula, Cerrado, Caatinga, Mata
cársticas da Bacia do Rio São Charinus, Coarazuphium, Atlântica
Francisco Eigenmannia & outros
Sauim-de-coleira Saguinus bicolor Amazônia
Passeriformes ameaçados dos Alguns gêneros: Alectrurus, Mata Atlântica, Pampa
campos sulinos e espinilho Anthus, Coryphistera, Limnoctites,
Sporophila, Xanthopsar & outros
Aves ameaçadas da Caatinga Alguns gêneros: Augastes, Caatinga
Crypturellus, Lepidocolaptes,
Sclerurus, Sporagra & outros
Primatas do Nordeste Alouatta belzebu, Callicebus Caatinga, Mata Atlântica
barbarabrownae, C coimbrai,
Cebus flavius, C. xanthosternos
Espécies endêmicas e ameaçadas de Alguns gêneros: Anodontites, Amazônia
extinção da fauna da região do Ateles, Chiropotes, Ossubtus,
baixo e médio Xingu Pteronura, Trichechus & outros
Recorte Mogi/ Pardo/ Sapucaí Brycon natteri, Myleus tiete, Cerrado, Mata Atlântica
Mirim e Grande Steindachneridion scriptum,
Phallotorynus jucundus,
Chasmocranus brachynema

Répteis e anfíbios ameaçados da Gêneros: Anisolepis, Cerrado, Mata Atlântica,


Região Sul do Brasil Cnemidophorus, Liolaemus, Pampa
Melanophryniscu
ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

Plano de ação nacional Grupo taxonômico Região


Répteis e anfíbios ameaçados de Placosoma cipoense; Cerrado, Mata Atlântica
extinção na Serra do Espinhaço Heterodactylus lundii;
Phyllomedusa ayeayea
Cactáceas Alguns gêneros: Arthrocereus, Mata Atlântica, Pampa,
Cipocereus, Melocactus, Cerrado, Pantanal,
Pilosocereus, Rhipsalis, Amazônia, Caatinga
Uebelmannia, Tacinga & outros
Sempre-vivas Alguns gêneros: Comanthera, Cerrado, Caatinga, Mata
Actinocephalus & outros Atlântica
Onça-parda Puma concolor Cerrado, Mata Atlântica,
Caatinga

2012 (5)
Cachorro-vinagre Speothos venaticus Amazônia, Cerrado, Mata
Atlântica, Pantanal
Herpetofauna ameaçada da Mata Agalychnis granulosa, Adelophryne Mata Atlântica, Caatinga
Atlântica nordestina baturitensis, A. maranguapensis,
Cnemidophorus native, C.
abaetensis, Bothrops pirajai
Aves ameaçadas da Amazônia Alguns gêneros: Neomorphus, Amazônia
Campylorhamphus, Pyrrhua,
Dendrocolaptes, Xiphocolaptes &
outros
Peixes rivulídeos ameaçados de Alguns gêneros: Austrolebias, Caatinga, Cerrado, Mata
extinção Ophthalmolebias, Spectrolebias, Atlântica, Pampa
Cynolebias, Maratecoara & outros
Aves limícolas migratórias Alguns gêneros: Charadrius, Amazônia, Cerrado,
Pluvialis, Phalaropus, Calidris, Marinho, Pantanal, Mata
Tryngites, Oreopholus Atlântica, Pampa
2013 (3)
Pequenos felinos ameaçados de Leopardus tigrinus, L. wiedii, L. Amazônia, Caatinga,
extinção colocolo, L. pardalis Cerrado, Mata Atlântica,
Pampa, Pantanal
Aves do Cerrado e Pantanal Alguns gêneros: Columbina, Cerrado, Pantanal
Pyrrhua, Tigrisoma, Piculus,
Sporophila, Culicivora & outros

2014 (3)
Tatu-bola Tolypeutes tricinctus e Tolypeutes Caatinga, Cerrado e Pantanal
matacus.

Faveiro-de-Wilson Dimorphandra wilsonii (Fabaceae) Cerrado e Mata Atlântica


e espécies da flora ameaçadas de
extinção na sua área de ocorrência
ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

Plano de ação nacional Grupo taxonômico Região


Tubarões Alguns gêneros: Cetorhinus, Marinho
Galeorhinus, Ginglymostoma,
Isogomphodon, Mustelus & outros

2015 (9)
Manguezal Alguns gêneros: Alouatta, Amazônia, Mata Atlântica
Amazona, Atya, Crypturellus,
Ginglymostoma, Isogomphodon &
outros
Quelônios Podocnemis expansa, Podocnemis Amazônia
unfilis e Podocnemis sextuberculata
Fauna aquática do Rio São Bagropsis reinhardti; Brycon Caatinga, Cerrado e Mata
Francisco nattereri; Conorhynchos Atlântica
conirostris; Kolpotocheirodon
theloura; Lophiosilurus alexandri;
Pareiorhaphis mutuca;
Pamphorichthys pertapeh e
Trichomycterus novalimensis.
Herpetofauna da Mata Atlântica do Alguns gêneros: Holoaden, Mata Atlântica
Sudeste Paratelmatobius, Physalaemus,
Thoropa, Hypsiboas,
Phyllomedusa
Corais Alguns gêneros: Elacatinus, Marinho
Gramma, Negaprion,
Ginglymostoma, Stegastes,
Prognathodes, Anthias
Aves da Mata Atlântica Alguns gêneros: Aburria, Mata Atlântica
Conopophaga, Dryocopus,
Merulaxis, Odontophorus
Serra do Espinhaço meridional Flora Cerrado e Mata Atlântica
Grão Mogol - Francisco Sá Flora Cerrado
Bacia do Alto Tocantins Flora Cerrado

2.2.3 Espécies exóticas invasoras delas apenas no ambiente marinho, sendo


nove dessas classificadas como invasoras,
No Brasil, o primeiro diagnóstico sobre as
com destaque para o coral-sol (Tubastraea
Espécies Exóticas Invasoras - EEI foi
coccinea e T. tagusensis).
realizado pelo MMA, em 200617, e revelou
mais de 400 espécies exóticas com Para as águas continentais foram
potencial invasor presentes no país, 58 registradas 163 espécies com potencial

17 Espécies exóticas invasoras: situação brasileira /


Ministério do Meio Ambiente, Secretaria de
Biodiversidade e Florestas. – Brasília: MMA, 2006. 24 p.
: il. color. ; 24 cm.
ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

invasor, 39 delas classificadas como análise, que considerou mais de 16 mil


invasoras, com destaque para o mexilhão- espécies, também indicou que as espécies
dourado (Limnoperna fortunei), peixes exóticas invasoras são uma ameaça mais
como a tilápia (Oreochromis niloticus) e preocupante para animais em ilhas
macróficas aquáticas como a Hydrilla oceânicas (75% dos animais ameaçados em
verticillata. ilhas) e plantas no Pampa (25% das plantas
ameaçadas).
No ambiente terrestre foram registradas
176 espécies com potencial invasor, com Para 2016, a prioridade é a elaboração de
destaque para o caracol-gigante-africano Planos Nacionais de Prevenção, Controle e
(Achatina fulica), o javali (Sus scrofa) e Monitoramento de espécies exóticas
gramíneas como o capim-annoni Invasoras, com destaque para o javali (Sus
(Eragrostis plana) e o capim-gordura scrofa) e o coral-sol (Tubastraea coccinea
(Melinis minutiflora). e T. tagusensis).
Em 2014, o ICMBio publicou um 2.3 Conservação de ecossistemas
inventário das espécies exóticas invasoras
em unidades de conservação federais18. O O Brasil assumiu compromisso voluntário
inventário avaliou 313 unidades de durante a 11ª COP da UNFCCC, realizada
conservação e identificou a presença de 144 em 2015 em Paris, de reduzir até 2025 as
espécies exóticas invasoras, sendo 106 emissões de gases de efeito estufa em 37%
plantas vasculares, 11 peixes, 11 abaixo dos níveis de 2005. Para isso, dentre
mamíferos, 5 moluscos, 3 répteis, 3 insetos, os compromissos assumidos na
2 cnidários, 1 anfíbio, 1 crustáceo e 1 Contribuição Nacionalmente Determinada
isópoda. As espécies citadas para um maior (NDC) destaca-se a restauração e
número de unidades foram: Canis reflorestamento de 12 milhões de hectares
familiaris – cão doméstico (53 UC); Felis de florestas até 2030, para múltiplos usos, e
catus – gato (34 UC); Apis mellifera – o fortalecimento de políticas e medidas com
abelha africana (33 UC); Mangifera indica vistas a alcançar, na Amazônia brasileira, o
– mangueira (31 UC); Urochloa maxima - desmatamento ilegal zero até 2030 e a
capim colonião (28 UC); Melinis compensação das emissões de gases de
minutiflora – capim-gordura (26 UC). efeito de estufa provenientes da supressão
legal da vegetação até 2030.
A avaliação do risco de extinção das
espécies brasileiras que resultou na 2.3.1 Cobertura e Uso das Terras
atualização da Lista de Espécies A cobertura florestal da Amazônia Legal
Ameaçadas de Extinção pelo MMA,
vem sendo monitorada anualmente, de
indicou que espécies exóticas invasoras são
maneira sistemática, desde 1988 pelo
uma ameaça para 88 espécies de animais
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
(7,5% dos animais ameaçados) e 163 de (Inpe). Atualmente, o programa de
plantas (7,7% das plantas ameaçadas). A

18 Sampaio, A.B. and Schmidt, I.B., 2014. Espécies


Exóticas Invasoras em Unidades de Conservação Federais
do Brasil. Biodiversidade Brasileira – 2ª Ed., p. 32-49.
Brasil: ICMBio.file:///D:/Downloads/351-1751-1-PB.pdf
ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

monitoramento da Amazônia do Inpe conta O Prodes mede as taxas anuais de corte raso
com 5 sistemas operacionais: nos ecossistemas florestais da Amazônia
Legal brasileira para os períodos de agosto
 PRODES – Projeto de
do ano anterior a julho do ano corrente,
Monitoramento da Floresta
considerando desmatamentos com áreas
Amazônica Brasileira por Satélite;
superiores a 6,25 hectares. Para isso, utiliza
 DETER – Sistema de Detecção do
imagens de satélite da classe Landsat (30 m
Desmatamento na Amazônia Legal
resolução espacial). Segundo dados do
em Tempo Real;QUEIMADAS –
Prodes, para a Amazônia Legal, o
Monitoramento de Queimadas e
desmatamento acumulado de 1988 a 2014 é
Incêndios;
de 760.305,5 Km² (Figura 1).
 DEGRAD/DETEX – Mapeamento
da Degradação Florestal na Os dados para a Amazônia são públicos e
Amazônia Brasileira / acessíveis pelo sítio eletrônico do Prodes.
Monitoramento da Exploração Deve-se notar entretando que a base de
Seletiva de Madeira; e dados do Prodes não foi definida por Bioma
 TERRACLASS AMAZONIA – e sim pela divisão administrativa dos
Levantamento de informações de estados, trazendo então dados de toda a
uso e cobertura da terra na Amazônia Legal.
Amazônia (Tabela 4). Apesar de todos os avanços conquistados
Estes sistemas são complementares e foram com as iniciativas de mapeamento e de
concebidos para atender a diferentes monitoramento dos demais biomas
objetivos. brasileiros, ainda havia lacunas a serem
preenchidas.

Tabela 4. Dados do TerraClass Amazônia 2014

Classe Área
km² %
Agricultura anual 45.052,36 0,90
Área não observada 30.053,41 0,60
Área urbana 6.008,70 0,12
Desflorestamento 2014 4.574,78 0,09
Floresta 3.179.252,84 63,43
Hidrografia 114.711,65 2,29
Mineração 1.271,79 0,03
Mosaico de ocupações 16.255,56 0,32
Não floresta 953.093,23 19,01
Outros 7.749,01 0,15
Pasto com solo exposto 62,75 0,00
Pasto limpo 377.449,85 7,53
Pasto sujo 60.195,64 1,20
Reflorestamento 3.080,47 0,06
Regeneração com pasto 41.706,42 0,83
Vegetação secundária 171.889,62 3,43
TOTAL 5.012.408,09 100,00
ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

Figura 1. Dados do Prodes 1988-2014

Assim, no intuito de dotar o governo de pelo GEF, Banco Mundial e pelo Funbio, o
dados oficiais sobre a cobertura vegetal MMA fomentou a união de um grupo de
remanescente dos biomas brasileiros, o instituições públicas brasileiras com larga
MMA, por meio do Projeto de Conservação experiência em sensoriamento remoto,
e Utilização Sustentável da Diversidade geoprocessamento e mapeamentos de larga
Biológica Brasileira – Probio, realizou escala, para realizar a primeira versão do
mapeamentos baseados em imagens projeto intitulado “Mapeamento do Uso e
Landsat ano-base 2002, adotando-se o Cobertura Vegetal do Cerrado – TerraClass
Mapa de Biomas do Brasil (IBGE, 2004) Cerrado”. Assim, sob coordenação do
como recorte para a geração das MMA, técnicos do Ibama, do Inpe, da
informações. Alguns anos se passaram sem Empresa Brasileira de Pesquisa
que houvesse novas iniciativas para Agropecuária – Embrapa, da Universidade
continuidade na geração das informações Federal de Goiás – UFG e da Universidade
sobre a dinâmica do uso das terras, Federal de Uberlândia – UFU somaram
especialmente nas regiões extra- esforços e competências para a formulação
amazônicas. do mapeamento abrangendo a área contínua
do Cerrado. Os resultados do TerraClass
O Projeto de Monitoramento dos Biomas
Cerrado 2013 mostram que 54,5% do
Brasileiros por Satélite – PMDBBS,
bioma mantém sua vegetação nativa
realizado por meio de acordo de cooperação
(Tabela 5).
entre o MMA, Ibama e PNUD, executou
uma série de monitoramentos dos anos de Os dados de desmatamento lançados até o
2008 a 2011, para o Cerrado, e de 2008 e momento para os demais biomas são
2009 para a Caatinga, Pampa, Pantanal e apresentados na Tabela 6.
Mata Atlântica, utilizando o mapa do
Probio como base para esses
monitoramentos. Em 2013,
especificamente para o Cerrado, por meio
da Iniciativa Cerrado Sustentável, apoiados
ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

Tabela 5. Dados do TerraClass Cerrado 2013

Classe Área
km² %
Agricultura anual 174.006 8,53%
Agricultura perene 64.512 3,16%
Mineração 247 0,01%
Mosaico de ocupações 2.326 0,11%
Pastagem 600.832 29,46%
Silvicultura 30.525 1,50%

Solo exposto 3.621 0,18%


Área urbana 8.797 0,43%
Outros 73 0,00%
Vegetação Natural Florestal 418.789 20,54%
Vegetação Natural Não 692.301 33,95%
Florestal
Área Natural não vegetada 2.609 0,13%
Corpo d'Água 15.056 0,74%
Não observado 25.549 1,25%
TOTAL 2.039.243 100,00

Tabela 6. Dados de remanescente de vegetação nativa por bioma

Área total
Área do Área total Percentual Percentual
Ano desmatada
Bioma*** bioma remanescen área desmatado
base acumulada
(Km²) te (Km²) remanescente acumulado
(Km²)
Caatinga* 2009 826.411 441.304 53,4% 376.843 46%
Mata
2009 1.103.961 245.411 22,2% 837.906 75,9%
Atlântica*
Pampa* 2009 177.767 63.960 36,0% 96.208 54,1%
Pantanal* 2009 151.313 125.726 83,1% 23.166 15,3%
* Dados do PMDBBS 2009

Há previsão de lançamento dos dados dos também por outras instituições. Em estudo
desmatamentos dos anos 2010 e 2011 para realizado sobre o impacto da revisão da Lei
Caatinga, Pampa e Pantanal e do ano de Federal nº 12.651, de 25 de maio de 2012,
2010 para a Mata Atlântica ainda no ano de a Lei da Proteção da Vegetação Nativa,
2016.
Várias iniciativas de análise da dinâmica do
uso das terras e da cobertura remanescente
de vegetação nativa vêm sendo realizadas
ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

Soares-Filho (2013)19 apresenta um total de entre WWF-Brasil, Instituto SOS Pantanal,


530 milhões de hectares cobertos por com o apoio da Embrapa Pantanal. Os
vegetação natural no País, ou seja, mais de dados mais recentes do estudo
62% do território nacional. “Monitoramento das Alterações da
Cobertura Vegetal e Uso do Solo na Bacia
Mapeamentos sobre remanescentes da
Hidrográfica do Alto Paraguai”20, realizado
cobertura vegetal da Mata Atlântica vêm
bianualmente, revela em sua última versão
sendo realizados desde 1990 pela
(2012-2014) que restam 214.606 Km² de
organização não governamental SOS Mata
vegetação nativa na área da BAP, de um
Atlântica que lançou o Atlas dos
total de 368.656 Km².
Remanescentes Florestais da Mata
Atlântica, compreendendo dados dos anos Este mesmo estudo informa que deste total
de 2013 a 2014, em colaboração com o de vegetação nativa, 128.657 Km² (85,1%)
Inpe. O Atlas indica o índice de 12,5% são de remanescentes em área de planície
como sendo o remanescente da vegetação da BAP, correspondente aos limites do
nativa, considerada a área total de Pantanal conforme o Mapa de Biomas
1.309.700 Km², que inclui a área do bioma (IBGE, 2004).
conforme definido pelo Mapa de Biomas do Para o Pampa, a Secretaria de Meio
IBGE (2004), acrescida pelas formações Ambiente do Rio Grande do Sul, no âmbito
florestais nativas e ecossistemas associados do Projeto RS Biodiversidade e em parceria
definidos no Mapa da Área de Aplicação da com a Universidade Federal do Rio Grande
Lei Federal nº 11.428, de 22 de dezembro do Sul – UFRGS, atualizou o mapeamento
de 2006, conhecida como Lei da Mata de vegetação do Bioma Pampa através da
Atlântica. espacialização das formações vegetais
Essa diferença entre a área do Bioma naturais remanescentes e das
apontada pelo IBGE e dos limites indicados transformações ocorridas na paisagem pelo
para a aplicação dos critérios definidos na uso antrópico, para o ano base 2009, com
Lei da Mata Atlântica resulta na vistas ao monitoramento das áreas naturais
discrepância da extensão da área remanescentes (com ênfase nos campos,
considerada como base para o banhados e florestas) e das áreas
levantamento de dados. A diferença entre o antropizadas em relação ao ano de 2002,
espaço temporal dos levantamentos e esse trabalho encontra-se em conclusão.
estudos contribui para esses resultados Estudos preveem que a demanda por
distintos daqueles apresentados pelo abertura de novas terras para a
PMDBBS (2009). agropecuária, especialmente na Amazônia
Para o Pantanal, o monitoramento da bacia e no Cerrado, em horizonte temporal até
hidrográfica do Alto Paraguai (BAP) – que 2020, venha a diminuir fortemente. O
abrange áreas de Cerrado e do Pantanal - Outlook Brasil 2022 – projeções para o
vem sendo realizado por meio de parceria

19 20
Soares-Filho, B. S. (2013). Impacto da revisão do Lei Fund, W. W. W. Monitoramento das alterações da cobertura
da Proteção da Vegetação Nativa: como viabilizar o vegetal e uso do solo na Bacia do Alto Paraguai – Porção
grande desafio adiante. Brasília: Secretaria de Assuntos Brasileira – Período de Análise: 2012 a 2014, 66p. il. 2015.
Estratégicos.
ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

agronegócio21, publicado pela Federação 40% para o Cerrado (comparado à média de


das Indústrias do Estado de São Paulo – 1999-2008). Em 2010 o setor de uso da
Fiesp, em parceria com o Instituto de terra e florestas23 foi responsável por 22%
Estudos do Comércio e Negociações das emissões de gases de efeito estufa do
Internacionais – Icone, prevê que as áreas a Brasil, sendo que esses dois biomas
serem utilizadas pela agropecuária na combinados responderam por 89,4% desse
Amazônia e no Cerrado, em 2020, serão setor. Em 2005, o setor respondia por 57%
aproximadamente 90% menores do que das emissões do Brasil, sendo 95%
aquela estimada pelo Governo federal com relacionados aos dois biomas, mostrando a
base nas taxas de desmatamento que vêm importância dos planos de ação.
sendo observadas desde 2010. Isso Esses planos são parte do esforço
contribui sobremaneira para o alcance das coordenado entre o Governo federal e os
metas de redução de 37% das emissões de
governos estaduais e municipais para
gases de efeito estufa provenientes de combater os desmatamentos de forma
desmatamento nesses dois biomas até 2025 consistente ao mesmo tempo em que são
e 43% até 2030, quando comparadas aos fomentadas ações produtivas que
níveis registrados em 2005, como parte da promovam o desenvolvimento sustentável
NDC. da região, em termos sociais, econômicos e
2.3.2 Planos de Ação para a ambientais.
Prevenção e Controle do Ao final de 2015, houve o encerramento da
Desmatamento terceira fase do PPCDAm (2012 a 2015) e
A principal contribuição para redução dos da segunda fase do PPCerrado (2014 a
índices de desmatamento nas duas maiores 2015). Nos mais de 10 anos de
regiões brasileiras e, por consequência, implementação do PPCDAm, o plano tem
para a redução de emissões de gases de colaborado para atingir resultados
efeito estufa são os planos de ação expressivos, com destaque para a redução
específicos que integram a Política do desmatamento na Amazônia em mais de
Nacional sobre Mudança do Clima – 80% nesse período. No caso do PPCerrado,
PNMC22: o Plano de Ação para a Prevenção foi possível disponibilizar recursos para
e Controle do Desmatamento na Amazônia áreas prioritárias para o combate ao
– PPCDAm, lançado em 2004, e o Plano de desmatamento e iniciar o monitoramento
Ação para a Prevenção e Controle do do uso e cobertura da terra, prioridade para
Desmatamento e das Queimadas no o bioma, que nos levará ao mesmo grau de
Cerrado – PPCerrado, lançado em 2010. A informação sobre os vetores de conversão
PNMC estabelece metas de redução do de habitat que temos hoje sobre a
desmatamento para os dois biomas até Amazônia.
2020, sendo de 80% para a Amazônia (em
relação à média do período 1996-2005) e de

23
21
FEDERAÇÃO, D. SÃO PAULO-FIESP; ÍCONE. Outlook Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação – MCTI,
Brasil, 2022. 2013. Estimativas anuais de emissões de gases de efeito
estufa no Brasil. Brasília, 80 p.
22
PNMC – Política Nacional sobre Mudança do Clima,
Lei 12.187/2009.
ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

Tendo em vista as expressivas metas de que permita comparações entre eles e ao


redução do desmatamento previstas pela longo do tempo.
PNMC até 2020, os compromissos pós Assim, a fim de contemplar essa tarefa de
2020 previstos na NDC do Brasil, que dotar o Governo federal de dados oficiais
deram destaque ao papel do país nas sobre desmatamento e uso da terra em todos
negociações do Acordo de Paris, e as os biomas brasileiros, foi instituído por
orientações prioritárias para os recursos meio da Portaria MMA nº 365, de 27 de
previstos no Plano Plurianual (PPA 2016- novembro de 2015, o Programa de
2019) cumpre à Secretaria Executiva do Monitoramento Ambiental dos Biomas
PPCDAm e PPCerrado orientar as ações Brasileiros.
dos Planos e elaborar o relatório gerencial
para apresentação junto à Comissão Esse programa tem por objetivo mapear e
Executiva, conforme previsto no Decreto monitorar a vegetação e a dinâmica do uso
S/N de 3 de julho de 2003 e no Decreto S/N da terra. Os mapeamentos com lançamento
de 15 de setembro de 2010. Ademais, as previsto até 2020, conforme o Artigo
diretrizes estratégicas e priorização de primeiro da Portaria, têm foco em:
ações também orientam a aplicação de i - desmatamento, incluindo sua taxa;
recursos do Fundo Amazônia, conforme ii - extração seletiva de madeira
seu instrumento de criação, Decreto nº
iii - avaliação da cobertura vegetal e do
6.527, de 1º de agosto de 2008.
uso das terras;
Os Planos encontram-se em fase de iv -ocorrência e área de queimadas; e
monitoramento de seus resultados,
v - recuperação da vegetação.
principais avanços obtidos, dificuldades
encontradas e outras informações, A realização desses diversos mapeamentos
subsidiando a elaboração das próximas e monitoramentos divide-se em três fases:
fases previstas para outubro de 2016. a) Consolidação dos monitoramentos
2.3.3 Monitoramento Ambiental
para a Amazônia, e implementação e
dos Biomas Brasileiros a consolidação para o Cerrado,
compreendendo os anos de 2016 e
Os índices de desmatamento detectados na 2017.
Amazônia e no Cerrado são considerados b) Implementação e consolidação dos
como principal indicador do sucesso da monitoramentos para a Mata
implementação do PPCDAm e PPCerrado, Atlântica.
de forma que haja replanejamentos na c) Implementação e consolidação dos
execução das ações de combate ao monitoramentos para a Caatinga,
desmatamento que sejam eficazes para seu Pampa e Pantanal, para o período de
pleno alcance. Para tanto, há a necessidade 2017 e 2018.
de que os dados de desmatamento, não só
da Amazônia e do Cerrado como também Esses projetos contam, em sua maioria,
das demais regiões brasileiras, sejam recursos advindos de cooperação
lançados de forma periódica e atualizada, internacional ou de fundos, como o Fundo
baseados em metodologia padronizada e Amazônia, Fundo Clima e o Climate
Investiment Fund – CIF.
ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

Os mapeamentos previstos pelo Programa para cada um dos biomas são apresentados
serão fundamentais para prover na Figura Erro! Fonte de referência não
informações e subsidiar políticas públicas ncontrada.2.
de biodiversidade e de clima. Os tipos de
mapeamentos previstos a serem executados
ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

Figura 2. Tipos e frequência de mapeamentos

39
ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

2.4 Áreas Protegidas salvaguardam a organização social,


costumes, línguas, crenças e tradições
No Brasil, considerados os instrumentos destes povos e comunidades.
legais em vigor, as áreas que contam com
O terceiro grupo estabelece valores
algum grau de proteção podem ser
percentuais mínimos para a conservação da
divididas em três grandes grupos que,
biodiversidade em cada bioma brasileiro,
somados, permitem a visualização do
por meio do estabelecimento das Reservas
enorme potencial e da porção significativa
Legais e Áreas de Preservação Permanente
do território que conta com algum tipo de
de acordo com a Lei da Proteção da
mecanismo de proteção (Tabela 7).
Vegetação Nativa.
O primeiro desses grupos se refere às
O total das áreas protegidas representa um
unidades de conservação que compõem o
grande potencial brasileiro para a
Sistema Nacional de Unidades de
internalização das Metas de Aichi e o
Conservação – SNUC, cujo objetivo está
cumprimento da Meta Nacional 11, que
diretamente relacionado com a conservação
integra o objetivo estratégico C, expresso
da biodiversidade (Figura 3).
na Resolução Conabio nº 6 /2013
O segundo grupo compreende os territórios
quilombolas e as terras indígenas – TIs, que

Tabela 7. Grupos de áreas protegidas no Brasil

Grupo Tipo de área protegida Legislação % de cobertura do


território nacional

Unidades de Conservação Lei n. 9.985/2000 17,2 % área continental


1 – SNUC * 1,5 % área marinha

Terras Indígenas** Constituição da República 13,3 %


Federativa do Brasil de 1988
e Lei n. 6.001/1973
2 Territórios Constituição da República 0,14%
Quilombolas*** Federativa do Brasil de 1988
e Decretos n. 4.886/2003 e n.
4.887/2003

Reserva Legal**** Lei nº 12.651/2012 4,4%


3 Áreas de Preservação 0,9%
Permanente ****
* Dados do Cadastro Nacional de Unidades de Conservação (CNUC), disponível em http://www.mma.gov.br/areas-
protegidas/cadastro-nacional-de-ucs/dados-consolidados. Acesso em 20 de fevereiro de 2016.
** Dados da Fundação Nacional do Índio (FUNAI), disponível em www.funai.gov.br/index.php/indios-no-brasil/terras-
indigenas. Acesso em 20 de fevereiro de 2016.
*** Cálculo realizado utilizando a base de dados especiais do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária - INCRA
de fevereiro de 2016, disponível em www.incra.gov.br
**** Dados disponibilizados pelo Serviço Florestal Brasileiro. Importante ressaltar que estes são dados preliminares, uma
vez que constam apenas os dados cadastrados pelos proprietários no Cadastro Ambiental Rural, a serem validados pelos
órgãos estaduais.

40
ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

Figura 3. Unidades de conservação do Sistema Nacional e Terras Indígenas


Fonte: Cadastro Nacional de Unidades de Conservação (2016), disponível em www.mma.gov.br/cadastro_uc
ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

2.4.1 Avanços do Programa ARPA corredores ecológicos como “porções de


ecossistemas naturais ou seminaturais,
Em maio de 2014, o Arpa teve a sua
ligando unidades de conservação, que
terceira fase instituída pela Portaria MMA
possibilitam entre elas o fluxo de genes e o
nº 187, visando completar a consolidação
movimento da biota, facilitando a dispersão
das UCs apoiadas e contribuir com a
de espécies e a recolonização de áreas
manutenção das mesmas, no longo prazo.
degradadas, bem como a manutenção de
Nesse contexto, surge o Fundo de
populações que demandam para sua
Transição, uma nova estratégia financeira
sobrevivência áreas com extensão maior do
para o desenvolvimento de mecanismos
que aquela das unidades individuais”.
para garantir a implementação e gestão das
Deve-se ressaltar que os corredores
UCs apoiadas ao longo do aumento gradual
ecológicos não são unidades políticas ou
do aporte de recursos dos governos federal
administrativas, mas sim áreas onde se
e estaduais, incluindo dotações
destacam ações coordenadas entre
orçamentárias e fontes alternativas de
diferentes parceiros, com o objetivo de
recursos, até que seja possível suprir
proteger a diversidade biológica na escala
integralmente as suas necessidades, a partir
de paisagem. Essas ações envolvem o
de 2039.
fortalecimento, a expansão e a conexão de
Ao longo de 2015, o Programa alcançou áreas protegidas dentro do corredor, por
98% da sua meta de 60 milhões de hectares meio de diversas estratégias, incluindo o
protegidos, com apoio a 18 novas UCs. incentivo aos usos de recursos naturais de
Atualmente, o Programa apoia 114 UCs baixo impacto, como o manejo florestal e os
federais e estaduais distribuídas nos 9 sistemas agroflorestais.
estados que compõem a Amazônia Legal.
No Brasil já existem corredores ecológicos
oficialmente reconhecidos pelas esferas de
governo federal e estadual. Nos últimos
2.4.2 Corredores Ecológicos
anos, a Secretaria de Biodiversidade e
A formação de corredores ecológicos é uma Florestas atuou principalmente em dois
importante ferramenta para a conservação corredores (Corredor Central da Mata
da biodiversidade, uma vez que seu Atlântica e Corredor Central da Amazônia)
objetivo é permitir o estabelecimento e por meio do Projeto Corredores Ecológicos
passagem de diferentes espécies entre áreas (PCE). Este projeto foi uma iniciativa do
bem conservadas (e.g. áreas protegidas), Ministério do Meio Ambiente em parceria
garantindo assim o fluxo genético entre as com os governos estaduais da Bahia,
populações de animais e plantas e a Espírito Santo e Amazonas, com apoio
continuidade dos processos ecológicos e financeiro do Banco Mundial e do banco
evolutivos. Há diferentes propostas de alemão KfW. Como principais resultados
abordagem para o conceito de corredores deste projeto destacam-se a queda nas taxas
ecológicos na literatura, incluindo a de desmatamento ilegal na região dos
definição oficial brasileira dada pela Lei n° corredores e o aumento da proteção dos
9.985, de 18 de julho de 2000, que cria o ecossistemas da Mata Atlântica e
Sistema Nacional de Unidades de Amazônia por meio do apoio à
Conservação da Natureza e define consolidação de UC existentes e criação de

42
ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

cerca de 30 novas unidades de conservação protegidas, serão trabalhadas também


pelas três esferas de governo (federal, agendas ambientais que possuem interface
estadual e municipal). Esta iniciativa é um com a conservação da biodiversidade, de
excelente exemplo de como o trabalho forma a integrar as questões sobre clima,
articulado entre a União, os Estados, água e florestas na promoção da
Municípios e sociedade civil é importante conservação da biodiversidade e uso
para o atingimento de compromissos sustentável dos recursos naturais na região.
assumidos pelo Brasil no cenário
internacional, uma vez que a criação destas
UC contribui para o alcance da Meta 11 de 2.5 Acesso a informações sobre a
Aichi, que determina percentuais de biodiversidade
proteção a serem atingidos em cada um dos
biomas brasileiros. O acesso à informação qualificada é
preceito fundamental em diversas políticas
Atualmente, a Secretaria de Biodiversidade públicas no país. O princípio da
e Florestas está iniciando um novo projeto transparência é condição básica para que se
no intuito de construir e apoiar o possa alcançar a participação e o
estabelecimento de corredores ecológicos envolvimento de toda a comunidade na
na América Latina, promovendo a ligação gestão e na conservação dos recursos
entre áreas importantes para a conservação naturais, garantindo assim o acesso ao
da biodiversidade e evitando o isolamento conhecimento, e a observação da
da biota, ocasionado pela degradação e racionalidade e dos princípios da
fragmentação dos hábitats, em “ilhas”. O sustentabilidade relacionados ao seu uso e
Projeto Corredores Ecológicos da América exploração.
Latina nasceu como uma iniciativa do
Instituto de Estudos Avançados da 2.5.1 Portal da Biodiversidade
Universidade de São Paulo (IEA/USP). O Portal da Biodiversidade24 é uma
Este é um projeto de múltipla autoria, plataforma virtual que tem como missão
idealizado para ser executado em conjunto possibilitar o acesso público a um rico
com diversas instituições e parceiros da universo científico que já conta com mais
sociedade civil e esfera governamental dos de um milhão e meio de registros de
diferentes países latino-americanos. O ocorrências sobre 93.442 espécies. A
projeto em construção contará com a iniciativa é fruto da parceria entre o MMA
coordenação do Ministério do Meio e o ICMBio, e foi apoiada pela Agência
Ambiente do Brasil. A ideia é que sejam Alemã de Cooperação Técnica – GIZ,
desenvolvidas ações concretas para o como parte da Cooperação Brasil-
fortalecimento de áreas protegidas já Alemanha para o Desenvolvimento
existentes, bem como para o Sustentável.
estabelecimento de novas unidades de
conservação e corredores. Neste contexto, Desenvolvido por pesquisadores da Escola
além de concretizar ações nas áreas Politécnica da Universidade de São Paulo -

24
O sítio eletrônico do Portal pode ser acessado pelo link:
https://portaldabiodiversidade.icmbio.gov.br/

43
ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

EPUSP e parceiros, reúne informações dos empenho de mais de 400 taxonomistas,


bancos de dados mantidos pelo ICMBio e brasileiros e estrangeiros, que trabalharam
pelo JBRJ. em uma plataforma, onde as informações
sobre a nossa flora eram incluídas e
A iniciativa valoriza o trabalho em rede e
divulgadas em tempo real. O projeto “Lista
reúne bancos de dados para compartilhar
do Brasil”, como ficou popularmente
esse conhecimento com a sociedade. O
conhecido, foi encerrado em novembro de
portal serve como ferramenta a mais no
2015, com a publicação de cinco artigos e
processo de direcionar pesquisas
suas respectivas bases de dados. Em 2016
específicas, de auxiliar no planejamento de
foi lançado o novo sistema do projeto da
ações e de fornecer subsídios para as
Flora do Brasil 2020 que, coordenado pelo
estratégias de manejo.
JBRJ, objetiva cumprir a Meta 1
Atualmente, estão disponíveis as bases de estabelecida pela GSPC-CDB para 2020,
dados de alguns dos sistemas mantidos pelo com a divulgação de descrições, chaves de
Instituto Chico Mendes de Conservação da identificação e ilustrações para todas as
Biodiversidade (ICMBio), principalmente espécies de plantas, algas e fungos
nos seus Centros de Pesquisa e conhecidos para o país. O projeto Flora do
Conservação, pelo Jardim Botânico do Rio Brasil 2020 é parte integrante do Programa
de Janeiro (JBRJ) e outros parceiros. Ele Reflora e está sendo realizado com o apoio
possibilita o conhecimento e a utilização de do Sistema de Informação sobre a
dados de biodiversidade a partir de buscas Biodiversidade Brasileira (SiBBr). Conta
textuais e geoespaciais (por meio de filtros, no momento com quase 700 pesquisadores
camadas espaciais, mapas e polígonos), trabalhando em rede para a elaboração das
visualização e download de registros de monografias. Esses pesquisadores também
ocorrência de espécies. são responsáveis por informações
O Portal da Biodiversidade vem também nomenclaturais e distribuição geográfica
promover iniciativas e práticas, entre o (abrangência no Brasil, endemismo e
MMA e suas vinculadas, voltadas para a domínios fitogeográficos), além de
publicação e consumo de dados de forma incluírem dados valiosos sobre formas de
automatizada, utilizando-se de padrões e vida, substrato e tipos de vegetação para as
protocolos abertos, de ampla aceitação e espécies monografadas. A Flora do Brasil
utilização. 2020 oferece ainda acesso aberto, livre e
gratuito a toda sua base de dados por meio
2.5.2 Sistema de informação de download e serviços “web”.
sobre a flora brasileira
Herbário Virtual REFLORA das plantas
No ano de 2010, o Brasil conseguiu cumprir
repatriadas
a Meta 1 estabelecida pela Estratégia
Global para a Conservação de Plantas Em dezembro de 2010, o Jardim Botânico
(GSPC-CDB), com a publicação, pelo do Rio de Janeiro (JBRJ) recebeu do CNPq
JBRJ, do Catálogo de Plantas e Fungos do a missão de construir um herbário virtual
Brasil e com o lançamento da primeira para abrigar as imagens de plantas
versão online da Lista de Espécies da Flora brasileiras que estão depositadas em
do Brasil. Este marco para a botânica herbários de outros países, criando em uma
brasileira só foi possível devido ao instituição pública brasileira a capacidade

44
ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

de armazenar e fornecer dados de qualidade Portal de dados do JBRJ


sobre a nossa flora. Os primeiros parceiros O portal de dados o JBRJ oferece um
desta iniciativa foram os herbários K modelo de presença institucional na
(Royal Botanic Gardens, Kew) e P/PC Internet para instituições detentoras de
(Muséum national d’histoire naturelle, dados sobre biodiversidade e conservação.
Paris), cujas imagens se somaram às do Lançado em junho de 2015, o portal oferece
herbário RB, do próprio JBRJ. A partir de acesso aos sistemas de informação, bases
2014, com apoio do SiBBr, outros herbários de dados, documentos, mapas e planilhas
europeus e americanos foram incluídos na contendo dados e informações sobre
iniciativa, são eles: Missouri Botanical biodiversidade e conservação, gerados ou
Gadens (MO), The New York Botanical sob a guarda da instituição. Estes recursos
Garden (NY), Naturhistorisches Museum de informação são geridos por um conjunto
Wien (W), Naturhistoriska Riksmuseet (S) de ferramentas gratuitas e de código aberto,
e Smithsonian Institute (US). customizadas para atender as demandas
O Herbário Virtual REFLORA oferece seus institucionais, oferecendo ainda acesso a
dados primários para integração ao Portal estes recursos através de serviços “web”.
da Biodiversidade e ao SiBBr.
2.5.3 Sistema de Informação
Sistema de avaliação de risco da flora brasileira sobre a Biodiversidade
Brasileira (SiBBr)
O Centro Nacional de Conservação da
Flora do JBRJ vem desenvolvendo e Trata-se de iniciativa do Ministério da
aprimorando, desde 2010, um sistema de Ciência, Tecnologia, Inovações e
informações voltado para avaliação de risco Comunicações – MCTIC, por meio da sua
de extinção da flora do Brasil. Este sistema Secretaria de Políticas e Programas de
permite a organização e validação dos Pesquisa e Desenvolvimento – Seped, com
dados, por analistas e especialistas, suporte técnico do Programa das Nações
necessários para aplicação da metodologia Unidas para o Meio Ambiente – PNUMA e
de avaliação de risco adotada (IUCN). O apoio financeiro do GEF.
sistema realiza ainda cálculos espaciais de O SiBBr25 é uma plataforma on-line que
extensão de ocorrência e área de ocupação, pretende reunir a maior quantidade de
permitindo ainda a validação espacial e dados e informações existentes sobre a
taxonômica dos registros de ocorrência biodiversidade do Brasil, de modo a se
pelos especialistas. Por fim, o sistema tornar uma infraestrutura nacional de dados
oferece ainda serviços “web” que informam e conteúdos em biodiversidade. Seu
a categoria de risco de extinção para as objetivo é apoiar a produção científica e
espécies avaliadas, possibilitando a processos de formulação de políticas
integração com outros sistemas, como por públicas e tomada de decisões associadas à
exemplo o da Flora do Brasil 2020. conservação e ao uso sustentável da
biodiversidade, por meio do estímulo e
facilitação à digitalização, publicação na

25
Sistema de Informação sobre a Biodiversidade
Brasileira. http://www.sibbr.gov.br/

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ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

internet, integração de dados de livre acesso Com o SiBBr, o governo brasileiro atende à
e uso de informações sobre a Meta 19 das Metas Nacionais de
biodiversidade brasileira. Biodiversidade para 2020, no que concerne
à integração e disponibilização de
Ainda no âmbito do SiBBr, a SBF está
informações sobre biodiversidade.
investindo no desenvolvimento de um
sistema de suporte à tomada de decisão, 2.5.4 Os sistemas para gestão do
junto ao MCTI. O objetivo deste sistema é acesso e repartição de
automatizar, sempre que possível, benefícios
processos e tarefas, permitindo maior
O Sistema Nacional de Gestão do
agilidade e qualificação, e tornando menos
Patrimônio Genético e do Conhecimento
onerosas análises fundamentais para a
Tradicional Associado - SisGen, será a
implementação de políticas públicas sobre
interface entre os administrados, usuários e
biodiversidade, tais como o processo de
provedores, e o Conselho de Gestão do
identificação das áreas e ações prioritárias
Patrimônio Genético para cumprimento das
para conservação, análises de
obrigações previstas na Lei nº 13.123, de 20
conectividade e fragmentação, avaliação de
de maio de 2015 e seus regulamentos. Por
espécies ameaçadas, identificação de áreas
meio dele serão realizados todos os
potenciais para provisão de serviços
cadastros, as autorizações, as notificações
ecossistêmicos e localização de áreas para
de produtos acabados ou materiais
recuperação da vegetação nativa. Esse
reprodutivos, obtenção dos respectivos
instrumento de analise não deve ser a única
comprovantes e atestados. Também tornou-
referência para a tomada de decisões,
se possível a regularização das atividades
devendo ser considerados também dados
daqueles que não possuíam a autorização de
qualitativos, socioculturais, que
acesso e remessa de componente do
contemplem a complexidade de tais dados,
patrimônio genético, bem como de
considerando dados por sexo.
adequação das atividades de sua exploração
A ideia do sistema é aproveitar o processo econômica realizadas a partir de 30 de
de integração de bases de dados do Portal junho de 2000, data de publicação da
da Biodiversidade do MMA e do SiBBr primeira norma brasileira sobre o tema, a
para implementar ferramentas de análise. Medida Provisória nº 2.052.
Uma vantagem importante do sistema será
O outro sistema previsto é o sistema de
permitir a hospedagem organizada e
rastreabilidade das atividades decorrentes
acessível de dados qualitativos e
de acesso ao patrimônio genético ou ao
quantitativos de forma que sempre que
conhecimento tradicional associado, um
novas informações forem aportadas, as
dos instrumentos criados pelo marco legal
análises possam ser revistas. Esta estratégia
que aumentou o controle sobre a
vai minimizar o tempo e os recursos
rastreabilidade dos acessos, remessas e
despendidos atualmente na contratação de
envios, e trouxe melhoria no
empresas e consultorias que auxiliam na
acompanhamento da repartição de
produção destas análises, permitindo o
benefícios. Tal sistema contará com a
redirecionando de esforços e recursos para
colaboração de diversos órgãos e entidades
a efetiva implementação das ações de
públicas responsáveis pela regulação de
conservação.

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ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

diversos setores produtivos até o registro de pobreza e de saúde pública ao facilitar o uso
produtos para exploração comercial. A responsável da biodiversidade para o
norma também estabelece órgãos de desenvolvimento tecnológico e a inovação
governo com a função de “checkpoints” na área da biotecnologia.
para garantia do cumprimento da lei.
2.5.5 Cadastro Nacional de
Com a implementação desses sistemas será Unidades de Conservação
possível manter e gerir um maior volume de (CNUC)
informações sobre a utilização do
O Cadastro Nacional de Unidades de
patrimônio genético e dos conhecimentos
Conservação (CNUC) é mantido pelo
tradicionais associados. Além disso, uma
MMA com a colaboração dos órgãos
vez relacionados a outras bases de dados e
gestores federal (ICMBio), estaduais e
sistemas de informação da administração
municipais. Seu principal objetivo é
pública federal, será possível implementar
disponibilizar um banco de dados com
instrumentos modernos com alta eficiência
informações oficiais do Sistema Nacional
para a verificação das informações sobre as
de Unidades de Conservação - SNUC. O
atividades decorrentes de acesso ao
banco de dados é composto por
patrimônio genético ou ao conhecimento
informações das unidades de conservação
tradicional associado, inclusive as relativas
geridas pelos três níveis de governo e por
à exploração econômica oriunda desse
particulares (por meio das RPPNs). As
acesso.
principais informações fornecidas pelo
Para o usuário, a nova lei contempla cadastro estão relacionadas às
procedimentos simplificados para as características físicas, biológicas, turísticas,
atividades de pesquisa e desenvolvimento gerenciais e à localização geográfica das
na forma de um cadastro declaratório que unidades de conservação. Além de
permite a emissão de comprovantes e disponibilizar informações oficiais sobre as
atestados que comprovam o cumprimento unidades de conservação do SNUC, o
da legislação brasileira tudo por meio do CNUC também oferece relatórios
sistema eletrônico acessível pela Internet. O detalhados sobre a situação das unidades de
SisGen já está em fase de testes finais de conservação, facilitando a realização de
sua primeira versão e será disponibilizado diagnósticos, a identificação de problemas
ainda esse ano. e a tomada de decisão. Aproximadamente 2
A Lei da Biodiversidade é fundamental mil unidades de conservação constam na
para se atingir as Metas Nacionais. O base de dados do CNUC no momento,
alcance da Meta 2 será facilitado, tendo em totalizando por volta de 1,54 milhões de
vista que nova legislação exige a criação de Km² de território protegido no Brasil, o que
sistemas de documentação informatizados corresponde a 17,5% da extensão
para a gestão do acesso e da repartição de continental do país e 1,5% da zona marinha.
benefícios obtidos a partir do uso da
biodiversidade e dos conhecimentos
tradicionais associados. Ela ainda promove
a integração de políticas de conservação da
biodiversidade a estratégias de redução da

47
ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

3 Base legal e arranjo institucional da utilização dos recursos genéticos, de


componentes do patrimônio genético e dos
para as ações de biodiversidade
conhecimentos tradicionais associados a
A Política Nacional do Meio Ambiente, sua esses recursos.
estruturação, formulação e aplicação foram
A PNB se divide em sete componentes e
delineados na Lei nº 6.938, de 31 de agosto
respectivos objetivos específicos,
de 1981, que também cria o Sistema
estabelecidos com base na CDB, e que são
Nacional do Meio Ambiente – Sisnama.
considerados como os eixos temáticos que
O Sisnama é formado pelos órgãos e orientam a sua implementação:
entidades dos três níveis de governo que
 Componente 1: Conhecimento da
detém atribuições e responsabilidades pela
Biodiversidade;
proteção, melhoria e recuperação da
qualidade ambiental no Brasil e tem por  Componente 2: Conservação da
objetivo estabelecer um conjunto articulado Biodiversidade;
e descentralizado de ações para a gestão  Componente 3: Utilização
ambiental no País, integrando e Sustentável dos Componentes da
harmonizando regras e práticas específicas Biodiversidade;
que se complementam nos três níveis de  Componente 4: Monitoramento,
governo. Avaliação, Prevenção e Mitigação
de Impactos sobre a Biodiversidade;
O Sisnama conta também com uma
 Componente 5: Acesso aos
variedade de Comitês, Conselhos,
Recursos Genéticos e aos
Comissões e outros arranjos institucionais
Conhecimentos Tradicionais
compostos por representantes de vários
Associados e Repartição de
setores com a finalidade de subsidiar,
Benefícios;
acompanhar ou auxiliar o trabalho das
 Componente 6: Educação,
instituições governamentais de meio
Sensibilização Pública, Informação
ambiente.
e Divulgação sobre Biodiversidade;
O MMA é o ente do Sisnama responsável  Componente 7: Fortalecimento
pela formulação e o acompanhamento da Jurídico e Institucional para a
Política Nacional de Biodiversidade, e a sua Gestão da Biodiversidade.
sinergia entre os diversos setores e níveis de
Para orientar a elaboração e a
governo. Essa atribuição encontra lugar sob
implementação da PNB, com base nos seus
as competências da SBF.
princípios e diretrizes, mediante a
Para a gestão da biodiversidade, o Brasil promoção de parceria com a sociedade civil
conta com a PNB, cujos princípios e para o conhecimento e a conservação da
diretrizes estão instituídos no Decreto nº diversidade biológica, a utilização
4.339, de 22 de agosto de 2002. A PNB tem sustentável de seus componentes e a
como objetivo geral a promoção, de forma repartição justa e equitativa dos benefícios
integrada, da conservação da derivados de sua utilização, o Brasil conta
biodiversidade e da utilização sustentável com dois importantes instrumentos
de seus componentes, com a repartição estabelecidos no Decreto nº 4.703, de 21 de
justa e equitativa dos benefícios derivados

48
ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

maio de 2003: o Pronabio, e a - Conabio, tradicional associado, que ensejaram


responsável pela sua coordenação. críticas por parte do setor usuário, ao
considerar o alto custo transacional, e por
A Conabio é composta por representantes
parte dos povos e comunidades
de órgãos governamentais e organizações
tradicionais, que sempre demandaram
da sociedade civil e tem um relevante papel
maior participação no processo de tomada
na discussão e implementação das políticas
de decisão.
sobre a biodiversidade.
Atento às dificuldades e munido da
Além desses instrumentos, a Portaria MMA
experiência propiciada pela gestão do tema
nº 287, de 17 de agosto de 2012, instituiu o
de ABS, o Poder Executivo tomou a
comitê interno de gênero para promover a
iniciativa de propor alternativas para as
transversalização da perspectiva de gênero
dificuldades que se faziam presentes,
das políticas ambientais. Este é um
levando em conta as perspectivas futuras
importante fórum que poderá dar
para o desenvolvimento em âmbito
seguimento à implementação da EPANB.
internacional dessa agenda com o Protocolo
3.1 Marco legal do acesso e repartição de Nagoya, e elaborou um projeto de lei que
de benefícios foi enviado ao Congresso Nacional.

A gestão do patrimônio genético e O Projeto de Lei aprovado pelo Congresso


conhecimento tradicional associado Nacional foi sancionado pela Presidência
durante a vigência da Medida Provisória nº da República em 20 de maio de 2015, dando
2.186-16, de 23 de agosto de 2001, origem à Lei nº 13.123, que entrou em vigor
viabilizou a implementação de em novembro do mesmo ano.
instrumentos e ferramentas para gestão do O processo de regulamentação da Lei nº
Acesso e da Repartição de Benefícios – 13.123/2015 envolveu os povos indígenas,
ABS (sigla em inglês) centrada no comunidades tradicionais e agricultores
Conselho de Gestão do Patrimônio tradicionais, que foram integrados ao
Genético – CGen. processo de regulamentação por meio de
Apenas em 2015, o CGen e as instituições oficinas regionais e nacionais realizadas ao
credenciadas emitiram 686 deliberações, longo dos meses de julho, agosto, setembro
entre autorizações de acesso e remessa, e outubro de 2015 para discussão sobre a
julgamentos de autos de infrações e Lei nº 13.123/2015. As oficinas foram
credenciamentos de instituições fiéis planejadas por um Grupo de Trabalho
depositárias. Entre 2004 e 2015, foram criado no âmbito do Conselho Nacional de
firmados 261 instrumentos de repartição de Desenvolvimento Sustentável de Povos e
benefícios para atividades de pesquisa e Comunidades Tradicionais (CNPCT). Com
desenvolvimento com potencial os subsídios dos órgãos e entidades da
econômico. Administração Pública, a Casa Civil
consolidou as sugestões em uma minuta
A MP 2.186-16/2001 foi um importante submetida a consulta pública entre 6 de
marco no combate à biopirataria no Brasil. março e 2 de maio de 2016. A minuta
Contudo, esta norma fazia exigências resultante desse processo foi sancionada
rígidas e burocráticas para o acesso ao pela Presidência da República no dia 11 de
patrimônio genético e ao conhecimento

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ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

maio de 2016, como Decreto nº 8.772 que produtiva. As cadeias produtivas baseadas
regulamenta a Lei nº 13.123/2015. na biodiversidade brasileira têm uma
grande fragmentação, com um grande
Este novo marco legal atende às demandas
número de elos intermediários que
da indústria e da comunidade científica ao
trabalham com um processamento inicial
diminuir os custos financeiros e
das matérias primas. Tal disposição tem o
regulatórios para a realização de atividades
objetivo de desonerar essas cooperativas e
de pesquisa e desenvolvimento tecnológico
micro e pequenas empresas sem a perda da
a partir da biodiversidade brasileira, em
rastreabilidade e concentrar o pagamento
coerência com as políticas industriais e de
da repartição para aquele usuário que
incentivo à pesquisa e inovação.
comercializa os produtos destinados ao
A norma contempla diversos avanços do consumidor, com maior valor agregado na
ponto de vista da gestão governamental da cadeia produtiva.
agenda, da redução de custos de transação
A lei brasileira atende às disposições dos
para os setores usuários e da proteção dos
tratados internacionais, e prevê a repartição
direitos de povos indígenas, comunidades
de benefícios nas modalidades monetária e
tradicionais e agricultores tradicionais. A
não monetária, obedecendo termos
gestão foi facilitada pela criação de dois
mutuamente acordados. Com o intuito de
sistemas eletrônicos destinados à gestão e a
incentivar a modalidade não monetária e a
rastreabilidade das atividades decorrentes
interação direta entre usuário e beneficiário,
de acesso.
prevê-se a aplicação do equivalente a 75%
A Lei nº 13.123/2015 cria também o do valor previsto para a modalidade
Programa Nacional de Repartição de monetária nos projetos de repartição de
Benefícios – PNRB que será implementado benefícios executados pelo usuário.
por meio do Fundo Nacional de Repartição
Estima-se que com a delimitação de regras
de Benefícios – FNRB, para aplicar
e parâmetros mais claros em torno da
recursos em diversas iniciativas como a
repartição de benefícios, ocorra uma
execução dos Planos de Desenvolvimento
diminuição dos custos de transação para
Sustentável dos Povos e Comunidades
todos os agentes envolvidos
Tradicionais, o que estimulará e fortalecerá
(pesquisadores, fabricantes, Estado, povos
as práticas de povos e comunidades
indígenas e comunidades tradicionais).
relevantes para a conservação da
Assim, reduzem-se também o custo
biodiversidade.
regulatório e a incerteza associada a
Outro ponto de interesse das cadeias atividades econômicas decorrentes ou
produtivas baseadas na biodiversidade é a dependentes do acesso.
incidência da repartição de benefícios em
Do ponto de vista dos povos indígenas e
um único ponto da cadeia produtiva. A lei
comunidades tradicionais e agricultores
determina que os benefícios gerados pelo
familiares, a Lei nº 13.123/2015, assegura
produto acabado serão repartidos pelo
aos povos indígenas, comunidades
último fabricante da cadeia de produção, ou
tradicionais e agricultores tradicionais a
utilizador do material reprodutivo para os
proteção de seus conhecimentos; o direito
casos de atividades agrícolas, não incidindo
de participar da tomada de decisões, no
sobre os elos intermediários da cadeia

50
ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

âmbito nacional, sobre assuntos 3.2 Lei da Proteção da Vegetação


relacionados à conservação e ao uso Nativa e as Áreas Protegidas
sustentável de seus conhecimentos
tradicionais; e o livre intercâmbio e a Um dos maiores avanços trazidos pela
difusão de patrimônio genético e de implementação da Lei da Proteção da
conhecimento tradicional associado Vegetação Nativa, nº 12.651, de 25 de maio
praticados entre si para seu próprio de 2012, se refere à regulamentação da
benefício e baseados em seus usos, proteção sobre extensas áreas do território
costumes e tradições. A lei prevê a brasileiro que englobam as áreas de
participação de representantes desses preservação permanente – APP e de reserva
grupos no Conselho de Gestão do legal – RL, o que representa enorme ganho
Patrimônio Genético – CGen, autoridade para a preservação de habitats e
nacional competente em ABS, e no Comitê conservação de ecossistemas em todos os
Gestor do Fundo Nacional de Repartição de biomas brasileiros.
Benefícios − também criado pela lei. Com o desenvolvimento do Sistema de
O novo regime de gestão do acesso e da Cadastro Ambiental Rural – SiCAR, pela
repartição de benefícios em implementação primeira vez será possível diagnosticar
no Brasil contempla a junção do que há de todas as propriedades rurais do país, o que
mais moderno nos tratados internacionais permitirá o planejamento e execução de
sobre acesso e repartição de benefícios e políticas públicas de incentivo à
dos instrumentos mais modernos em conservação e recuperação de áreas
regulação, com o apoio da tecnologia, protegidas.
construído a partir das contribuições de O Programa Mais Ambiente Brasil, criado
diferentes setores usuários e para fortalecer pelo Decreto n.º 8.235, de 5 de maio de 14,
a agenda de acesso e repartição de possibilita aos estados a criação dos
benefícios de forma simplificada e Programas Estaduais de Regularização
facilitada, com rastreabilidade das Ambiental, o que respeita a diversidade,
atividades, redução de custos de transação, peculiaridade e capacidade de execução de
e aplicação planejada e orientada da cada um dos entes da federação,
repartição de benefícios visando ampliar a possibilitando a regularização de APPs,
eficiência na execução dos recursos. RLs e terras de uso restrito mediante ações
A legislação ainda está em fase de de recuperação e conservação.
implementação e deve ter todos os A Instrução Normativa nº 02/MMA, de 06
instrumentos criados e em funcionamento de maio de 2014, define os procedimentos
até o início de 2017. Sob essa perspectiva, gerais do Cadastro Ambiental Rural - CAR.
a experiência brasileira com essa nova Segundo o boletim informativo divulgado
legislação pode contribuir muito para a pelo Serviço Florestal Brasileiro, até 30 de
implementação de regras e instrumentos junho de 2016 já foram cadastrados cerca
internacionais de gestão em ABS, bem
como subsidiar a elaboração e
implementação de legislações nacionais
sobre ABS por outros países.

51
ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

de 95% da área de imóveis rurais passível Exemplos de ações realizados pelos estados
de cadastramento26. estão nos Quadros 4 a 7.

3.3 ENREDD+ e a Conservação


Florestal
Quadro 6. Desmatamento zero no Mato Grosso
Em 26 de novembro de 2015, foi publicado O estado assumiu, em evento paralelo à 21º
o Decreto nº 8.576, que instituiu a Conferência do Clima (COP 21) da ONU, o
Comissão Nacional para a Redução da compromisso eliminar o desmatamento até o
Emissão de Gases de Efeito Estufa ano de 2020; trata-se de uma contribuição à
Provenientes do Desmatamento e da meta do Governo federal para o Bioma
Amazônia fixada junto à COP. De acordo com
Degradação Florestal, Conservação dos o governo estadual, tal medida será efetivada
Estoques de Carbono Florestal, Manejo intensificando-se as ações de fiscalização e
Sustentável de Florestas e Aumento dos com investimentos e agricultura de alta
Estoques de Carbono Florestal - produtividades associada a ações de extensão
CONAREDD+. rural.

Logo a seguir foi publicada a Portaria


MMA nº 370, de 2 de dezembro de 2015, Quadro 5. Metas estaduais de São Paulo
que estabeleceu a Estratégia Nacional - Estado pioneiro no desenvolvimento de um
ENREDD+27, em consulta pública. A plano estadual para a implementação da CDB,
estratégia tem como objetivo geral estabelecendo o Plano de Ação do Estado de
contribuir para a mitigação da mudança do São Paulo 2011-20¹, que agrupa as iniciativas
já existentes no Estado que contribuem para
clima por meio da eliminação do as 20 metas da CDB e identifica novas ações
desmatamento ilegal, da conservação e necessárias para tal finalidade.
recuperação dos ecossistemas florestais e
¹ http://portaldabiodiversidade.sp.gov.br/plano-
do desenvolvimento de uma economia de-acao-de-sao-paulo-2011-2020/
florestal sustentável de baixo carbono,
gerando benefícios econômicos, sociais e
ambientais. Quadro 4. Esquemas de PSA no Rio de Janeiro

Para alcançar o objetivo geral, foram Contempla o mecanismo de PSA no âmbito do


Programa Estadual de Conservação e
traçados três objetivos específicos até 2020. Revitalização dos Recursos Hídricos
Um desses objetivos específicos é integrar (Prohidro), coordenado por meio do
as estruturas de gestão do Plano Nacional Programa Estadual de Pagamento por
Serviços Ambientais (PRO-PSA). Destacam-se
sobre Mudança do Clima e dos Planos de no estado as iniciativas de PSA voltadas para
Ação nos biomas, buscando a convergência as Reservas Particulares do Patrimônio
e complementariedade com políticas de Natural (RPPN), que ganharam força com a
biodiversidade e de florestas nos níveis implementação da lei de repasse de recursos
federal, estadual e municipal. do ICMS Verde (Lei Estadual 5.100) para os
proprietários das reservas.

26 27
Serviço Florestal Brasileiro. Cadastro Ambiental Rural A Estratégia Nacional para REDD+ do Brasil
(CAR) Boletim Informativo. Disponível em: (ENREDD+). Disponível em:
http://www.florestal.gov.br/cadastro-ambiental- http://redd.mma.gov.br/index.php/pt/enredd/documento-
rural/numeros-do-cadastro-ambiental-rural da-enredd

52
ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

Quadro 7. Mais florestas no Espírito Santo


Apresenta avanços consideráveis na i. a unificação de critérios e
regulamentação de Pagamentos por Serviços procedimentos jurídicos
Ambientais - PSA, tendo reformulado a Lei de anteriormente dispersos;
PSA em 2012, no intuito de ampliar a ii. orientações claras sobre os
possibilidade de remuneração do produtor procedimentos gerais para a
rural que adotar práticas voltadas à
conservação ambiental, passando a
criação, implementação e gestão de
possibilidade de incorporar a este pagamento unidades de conservação; e
novas modalidades como a recuperação de iii. a promoção da integração para a
áreas degradadas. Esta é uma importante gestão de unidades de conservação
contribuição para o Programa Reflorestar do nos diferentes níveis de governo
Espírito Santo, que tem como meta aumentar
(Federal, Estadual e Municipal).
a cobertura florestal neste estado em 80.000
hectares até 2018. O Estado trabalha na Além das UCs que compõem o SNUC,
inclusão de gênero nos projetos de PSA por outras áreas importantes devem ser
meio de iniciativas voltadas especificamente
contabilizadas para que se totalize o
às mulheres cooperadas.
território que conta com algum tipo de
proteção ou restrição de uso, como é o caso
das terras indígenas e territórios
3.4 Sistema Nacional de Unidades de quilombolas. Avanços legais recentes
devem promover ainda a ampliação dos
Conservação
esforços de conservação e recuperação de
A Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000, áreas degradadas contribuindo para a
instituiu o Sistema Nacional de Unidades conectividade de fragmentos e UCs.
de Conservação - SNUC, que consiste no
conjunto de unidades de conservação 3.5 Lei complementar nº 140/2011 e
federais, estaduais, municipais e distritais, sinergia entre o Sisnama
dispostas em 12 categorias de manejo cujos A Lei complementar nº 140, de 8 de
objetivos específicos se diferenciam quanto dezembro de 2011, estabelece as normas
à forma de proteção e usos permitidos. para a cooperação entre a União e os
A concepção do sistema visa potencializar Estados, o Distrito Federal e os Municípios
o papel das unidades de conservação - UC, em relação à proteção do meio ambiente, e
de modo a permitir que sejam planejadas e regulamenta a atribuição de competências
administradas de forma integrada, entre os entes integrantes do Sisnama,
assegurando que amostras significativas e permitindo que os estados assumam
ecologicamente viáveis dos ecossistemas responsabilidade concorrente em
brasileiros estejam adequadamente determinados assuntos antes à cargo da
representadas no território nacional. União, para executar e fazer cumprir, em
âmbito estadual, a Política Nacional do
A Lei nº 9.985/2000 trouxe como principais
Meio Ambiente – PNMA e demais políticas
contribuições ao arcabouço legal
nacionais relacionadas à proteção
relacionados às áreas protegidas brasileiras:
ambiental.

53
ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

Nesse sentido, alguns estados já 3.6 Marco legal relativo a


começaram a internalizar compromissos transversalidade de gênero nas
internacionais em suas políticas estaduais,
políticas ambientais
colaborando com o cumprimento das metas
de conservação definidas em nível global. A importância da abordagem de gênero
para a conservação da biodiversidade é
Além da cooperação para o cumprimento
respaldada nos seguintes decretos e leis:
das metas globais, a regulamentação das
disposições da lei já permitiu avanços Constituição Federal de 1988. Aborda a
quanto ao estabelecimento mais claro das igualdade entre mulheres e homens em dois
responsabilidades e competências artigos: Art. 5º e Art. 189.
referentes ao licenciamento ambiental e Portaria MMA n° 287/2012. Institui o
concessão de autorizações. Comitê Interno de Gênero, cujo objetivo é
Ao regulamentar o papel de cada ente da estimular a reflexão para inserção da
federação e das diversas instituições perspectiva de gênero nas políticas
governamentais, atribuindo aos estados a ambientais.
possibilidade de regulamentar e aplicar Plano Nacional de Promoção das Cadeias
mecanismos que permitam reduzir a de Produtos da Sociobiodiversidade
pressão sobre os ecossistemas, fiscalizar e (PNPSB). Promover e acelerar a superação
estabelecer formas de incentivo à da pobreza e das desigualdades sociais no
conservação e à recuperação de áreas meio rural, inclusive as de gênero, raça e
degradadas, a LC nº 140/2011 traz grande etnia, por meio de estratégia de
possibilidade de avanço e favorece a desenvolvimento territorial sustentável.
sinergia entre os diversos entes da
Plano Nacional de Agroecologia e
federação, contribui para redução da
Produção Orgânica (PLANAPO II).
pressão sobre determinadas espécies de
Aborda a perspectiva de gênero por meio de
valor comercial e amplia a efetividade da
3 metas e 23 iniciativas.
fiscalização, favorecendo o fortalecimento
do Sisnama e otimizando os recursos Plano Nacional de Política para Mulheres –
empregados nessas ações. PNPM. Aborda a perspectiva de gênero e
biodiversidade em 3 capítulos.
A possibilidade de pagamentos por serviços
ambientais e a regulamentação mais clara Decreto nº 6.040, de 7 de fevereiro de 2007.
de certas situações anteriores à PNMA Institui a Política Nacional de
também se refletem em ações mais Desenvolvimento Sustentável dos Povos e
concretas que resultam numa melhor Comunidades Tradicionais, cujo o objetivo
oportunidade de incremento dos esforços é fortalecer programas e ações voltados às
de conservação no país. relações de gênero nos povos e
comunidades tradicionais, assegurando a
visão e a participação feminina nas ações
governamentais, valorizando a importância
histórica das mulheres e sua liderança ética
e social.

43
ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

No 5º objetivo da agenda 2030 da ONU - nacionais e seu engajamento serão


Objetivos de desenvolvimento sustentável retomados, o que deve favorecer o
(ODS). Alcançar a igualdade de gênero e comprometimento formal dos demais
empoderar todas as mulheres e meninas. setores com as ações e iniciativas
necessárias ao alcance das Metas Nacionais
de Biodiversidade para 2020.
O engajamento que se busca é
4 Concepção do processo de extremamente importante para que o Plano
elaboração da EPANB de Ação se torne, de fato, nacional e
multissetorial. Essa retomada de um olhar
O processo histórico de construção da mais amplo e de uma postura propositiva do
Estratégia e Plano de Ação Nacionais de conjunto de atores sociais permitirá
Biodiversidade obedeceu primordialmente expandir o foco e as ações contidas no
às seguintes etapas: Plano de Ação, uma vez que é necessário o
a) A elaboração da Estratégia esforço coletivo para assegurar a
Nacional para a Biodiversidade, conservação, melhoria e recuperação da
com a definição das Metas qualidade ambiental e dos elementos da
Nacionais de Biodiversidade para biodiversidade.
2020, por meio do processo
participativo dos Diálogos sobre a Desta forma, o Plano de Ação busca suprir
Biodiversidade; a lacuna de um instrumento que forneça
b) A construção multissetorial de uma orientação constante e harmônica para
subsídios para o Plano de Ação que as ações direcionadas à biodiversidade
Governamental para a Conservação
ou que a afetam, planejadas e executadas
e Uso Sustentável da
Biodiversidade; pelos diversos setores, sejam específicas,
c) A criação do Painel Brasileiro de mensuráveis, alcançáveis, relevantes e
Biodiversidade – PainelBio; temporizáveis, além de garantir a
d) A construção participativa de transversalidade de gênero. A EPANB deve
indicadores para as metas nacionais se consolidar como um meio de interligação
2011-2020, em parceria com o entre outras iniciativas de âmbito nacional
PainelBio; e
ou regional que tratem de temas específicos
e) A elaboração do 1º módulo do Plano
de Ação para a Biodiversidade, com ligados à biodiversidade, tais como
foco nas ações que estão sob recursos genéticos, espécies invasoras,
responsabilidade da SBF, seus produção e consumo sustentáveis, entre
indicadores e a sua outros.
compatibilização com as metas
definidas nas etapas anteriores, A estruturação e atualização periódica da
além da identificação de outras EPANB é também um compromisso
ações. nacional assumido perante a CDB, que se
Contudo, dado o caráter dinâmico do Plano constitui num acordo de colaboração
de Ação, que exige o monitoramento internacional no âmbito da Organização das
constante e permite atualizações periódicas, Nações Unidas – ONU, com o objetivo de
no 2º módulo os processos participativos de alcançar a “conservação da diversidade
pacto, revisão e monitoramento das metas biológica, a utilização sustentável de seus

44
ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

componentes e a repartição justa e um seminário organizado pela Conabio.


equitativa dos benefícios derivados da Além dos 20 membros da própria
utilização dos recursos genéticos, mediante, Comissão, o evento – Workshop para
inclusive, o acesso adequado aos recursos Definição das Metas Nacionais de
genéticos e a transferência adequada de Biodiversidade para 2010 – contou com a
tecnologias pertinentes, levando em conta participação de 30 palestrantes e outros
todos os direitos sobre tais recursos e especialistas da academia e da sociedade
tecnologias, mediante financiamento civil, além de representantes das diversas
adequado.” Secretarias do MMA e instituições
vinculadas. As 51 metas foram aprovadas
4.1 Processo dos Diálogos sobre pela Resolução Conabio nº 3, de dezembro
Biodiversidade de 2006.30
Em cumprimento aos compromissos com a Embora importantes avanços tenham sido
CDB, o Brasil definiu suas Metas obtidos até 2010 para algumas das 51
Nacionais de Biodiversidade, atualmente metas, restaram desafios a superar, dentre
em seu segundo ciclo. No primeiro ciclo de os quais se destaca:
Metas, com o prazo de 2010, o processo foi
a) A necessidade de engajamento de
coordenado pela Conabio, que é a instância
um maior número de lideranças na
multissetorial auxilia na coordenação da
revisão das Metas Nacionais e na
implementação dos compromissos
atualização da EPANB;
nacionais com a CDB.
b) Definição de um instrumento legal
Após a definição das Metas de Aichi de vinculante para a EPANB;
Biodiversidade na COP-1028 (Nagoya, c) Inclusão de mecanismos de
2010) buscando aprimorar os resultados monitoramento do alcance das
nacionais alcançados no período anterior, Metas na própria EPANB.
foi iniciada uma ampla consulta para a
Em resposta a esses desafios e atendendo a
construção coletiva da Estratégia Nacional
recomendações da CDB, o MMA iniciou
revisada e das Metas Nacionais de
em 2011, em parceria com a União
Biodiversidade para 202029, em uma
Internacional para a Conservação da
iniciativa conhecida como “Diálogos sobre
Natureza – UICN, o Instituto de Pesquisas
a Biodiversidade”, que resultou na
Ecológicas – IPÊ e o WWF-Brasil, um
definição de um conjunto conciso de 20
processo conhecido como “Diálogos sobre
Metas Nacionais.
Biodiversidade: construindo a estratégia
Naquele primeiro ciclo, um conjunto de 51 brasileira para 2020”.
Metas Nacionais foi definido, resultante de

28 29
Todos os acordos multilaterais preveem reuniões entre Resolução CONABIO nº 06 de 03 de setembro de 2013.
as partes signatárias, conhecidas como Convention of the Disponível em:
Parties – COP (da sigla em inglês). Essas reuniões têm a http://www.mma.gov.br/images/arquivo/80049/Conabio/
periodicidade estabelecida no âmbito de cada um dos Documentos/Resolucao_06_03set2013.pdf
acordos sendo, em sua maioria, realizadas bianualmente. 30
Lemos, CMY. 2011. Dialogue on biodiversity: Building
the Brazilian Strategy for 2020. Aichi Targets Newsletter
2011, Volume 1, Issue 2, page 5. Disponível em:
www.cdb.int

45
ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

O processo foi orientado pela intenção de Das lições aprendidas durante o processo, é
aprimorar a metodologia de definição das importante destacar a estrutura de
metas nacionais, evitando as falhas que governança32 que permitiu lidar com a
levaram a um baixo índice de alcance no complexidade do processo envolvendo
ciclo anterior, observado também na grande número de participantes de vários
maioria dos países signatários da setores, estruturados em dois níveis:
Convenção, ao mesmo tempo em que a) Nível Operacional: Composto por
permitiu a ampliação da participação de cinco comitês setoriais,
todos os setores na construção das novas responsáveis por apoiar ativamente
Metas Nacionais de Biodiversidade para a organização dos Diálogos entre
2020 (Figura 4). seus respectivos pares.
Com base na Visão de Futuro para 2050 da b) Nível Gerencial: Constituído pelas
CDB31, os Diálogos buscaram, portanto, quatro instituições organizadoras
construir um conjunto de metas com foco ampliado por outras 19 instituições
melhor definido, passíveis de representativas de cada setor,
monitoramento, compatíveis com as metas formando um Comitê Ampliado
globais e condizentes com a realidade e a responsável pelas definições
capacidade nacional. estratégicas do processo dos
Diálogos.

Figura 4. Arranjo Institucional do Comitê Ampliado (Diálogos sobre a Biodiversidade)

33 32
onde, em 2050, a biodiversidade é valorada, Machado, FS. et al., 2012. Metas Brasileiras de
conservada, restaurada e utilizada com sabedoria, Biodiversidade para 2020: exemplo de construção
mantendo os serviços ecossistêmicos, sustentando um participativa no marco da Convenção de Diversidade
planeta saudável e produzindo benefícios essenciais a Biológica – CDB/ONU. Brasília: UICN, WWF-Brasil e
todas as pessoas. IPÊ, 24p.

46
ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

Entre abril de 2011 e maio de 2012 foram eventos foi disponibilizado em ambiente
realizados 12 eventos nacionais, virtual para consulta pública, ampliando a
totalizando mais de 400 participantes, participação da sociedade civil, adotando os
representando cerca de 280 instituições. O passos elencados na Figura 5, para a
conjunto de documentos produzido nesses definição das Metas Nacionais.

60
ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

 Compila o Conjunto de Ações relativas à conservação e


uso da biodiversidade brasileira e permite a visualização
da situação e oportunidades por setor;

 Contou com a participação de autoridades, instituições


financiadoras e promoveu a aproximação entre os
setores e deu visibilidade ao processo;

 Análise da Situação Brasileira para cada uma das 20


Metas Globais de Aichi, englobando alternativas e
diretrizes para o seu alcance até 2020;

 Quatro eventos com: povos indígenas; raizeiros e


raizeiras do Cerrado; comunidades da Amazônia; e
representantes de governos estaduais de todos os
biomas.

 Cinco diálogos setoriais (academia, setor privado,


sociedade civil, governo, povos tradicionais e
comunidades indígenas).
 Cada um dos diálogos produziu 5 documentos contendo
as metas e submetas nacionais para 2020 e ainda
submetas para o período 2013-2017.

 Disponibilização de versão eletrônica na rede mundial,


da matriz que resultou da Sistematização intitulada
“Documento Base da Consulta Pública”.

 Dois eventos para discussão do Resultado da Consulta


Pública e Redação do Documento Final com a proposta
das Metas Nacionais (20).

 Proposta de Criação do Painel Brasileiro de


Biodiversidade – PainelBio com representantes de todos
os setores.

 Ajustes e Publicação das Metas Nacionais de


Biodiversidade 2011-2020 por meio da Resolução
CONABIO no 06, de 03 de setembro de 2013.

Figura 5. Resumo do Processo dos “Diálogos sobre a Biodiversidade”

59
ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

4.2 Subsídios para o Plano de Ação diretrizes para a preparação do Ciclo


seguinte do Planejamento Plurianual – PPA
Governamental
(2016 a 2019). Participaram ao longo do
A partir das discussões das Metas processo 20 Ministérios e Secretarias da
Nacionais, firmou-se, ao final de 2011, uma Presidência da República e 13 órgãos
parceria entre o MMA, a Secretaria de vinculados35.
Planejamento e Investimentos Estratégicos
Entretanto, como descrito a seguir, ao longo
do Ministério do Planejamento, Orçamento
do rico processo de discussão desenvolvido
e Gestão – MPOG/SPI e o Funbio voltada à
pelo Governo federal, foi tomada uma
construção de um Plano de Ação
decisão estratégica de transformar o
Governamental33 para implementação das
resultado do processo até 2014 em
Metas Nacionais de Biodiversidade para
subsídios para um Plano de Ação
202034.
Governamental que pudesse fornecer
Essa iniciativa foi impulsionada pela diretrizes para a preparação do ciclo
necessidade de internalizar as metas de seguinte do PPA (2016-2019).
biodiversidade nas ações e processos de
O modelo lógico adotado partiu da
todos os setores da sociedade para que fosse
construção do entendimento do governo
possível minimizar ou mesmo cessar as
federal sobre o problema da perda da
crescentes perdas de biodiversidade
biodiversidade e da sua consolidação em
verificadas no país. Numa primeira etapa, a
uma árvore de problemas. Foram realizadas
parceria centrou esforços na organização e
40 entrevistas com representantes de 17
estabelecimento das bases necessárias para
Ministérios, levantar as Políticas Públicas
um Plano de Ação Governamental para a
Federais em andamento (PPA 2012-2015)
Conservação e Uso Sustentável da
que se relacionassem, de maneira positiva
Biodiversidade, envolvendo todos os
ou negativa, com a biodiversidade.
setores governamentais federais com o
objetivo de, até 2014, obter subsídios e

33
Além da referência anterior e de entrevistas com Secretaria de Assuntos Estratégicos – SAE; Ministério de
técnicos da SBF: MMA/SBF/Departamento de Minas e Energia – MME; Ministério da Fazenda – MF;
Conservação da Biodiversidade, 2014. Plano de Ação para Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Alcance das Metas Nacionais de Biodiversidade 2020. Exterior – MDIC; Ministério da Agricultura, Pecuária e
Documento preliminar interno do MMA, 86 p. Abastecimento – MAPA; Ministério das Cidades –
MCidades; Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação
34
MMA/SBF/Departamento de Conservação da – MCTI; Ministério da Defesa – MD; Ministério do
Biodiversidade, 2015. Subsídios para um Plano de Ação Desenvolvimento Agrário – MDA; Ministério do
Governamental e Diretrizes para o PPA 2016-19: Desenvolvimento Social e Combate à Fome – MDS;
Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade. Ministério da Integração Nacional – MI; Ministério da
Brasília, 66 p. Cultura – MinC; Ministério da Pesca e Aquicultura –
35
MPA; Ministério das Relações Exteriores – MRE;
Fundo Brasileiro para a Biodiversidade – FUNBIO; Ministério da Saúde – MS; Ministério dos Transportes –
Fundação Nacional do Índio – FUNAI; Instituto Nacional MT; Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão –
de Colonização e Reforma Agrária – INCRA; Empresa MPOG; Ministério do Meio Ambiente – MMA e suas
Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa; vinculadas: Agência Nacional das Águas – ANA, Instituto
Fundação Oswaldo Cruz – Fiocruz; Fundação Nacional de Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais
Saúde – Funasa; Comissão Interministerial para os Renováveis – IBAMA, Instituto Chico Mendes de
Recursos do Mar – CIRM; Secretaria de Portos da Conservação da Biodiversidade – ICMBio, Jardim
Presidência da República; Secretaria de Comunicação Botânico do Rio de Janeiro – JBRJ e Serviço Florestal
Social – Secom/PR; Casa Civil/PR; Brasileiro – SFB.

60
ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

Ao mesmo tempo, foram realizadas árvore foram trabalhados durante seis


diversas reuniões com o setor ambiental do oficinas de trabalho realizadas de maio a
governo federal para sintetizar os principais setembro de 2012, quando foram discutidas
elementos a serem discutidos em âmbito e reconstruídas todas as relações causais,
interministerial para a construção e buscando garantir a coerência e
implementação do Plano de Ação consistência na pré-montagem da árvore de
Governamental em elaboração. Outras 19 causas que foi submetida à discussão e
entrevistas36 com profissionais de alto nível validada em oficinas interministeriais
dos órgãos governamentais com atuação resultando em três árvores de problemas37.
mais direta sobre o tema da biodiversidade
Como passo seguinte, foi feita a correlação
foram realizadas com o objetivo de
entre as Metas Nacionais de Biodiversidade
identificar a visão do governo federal sobre
para 2020 e as causas identificadas e
as causas e consequências da perda de
agrupadas nos três eixos da árvore de
biodiversidade.
problemas, para identificar as que deveriam
Com base na visão de governo e no ser tratadas com maior urgência no Plano
levantamento de políticas públicas tendo de Ação (Figura 6).
como referência o PPA 2012-2015, foi
A correlação entre as Metas Nacionais de
elaborada uma árvore de problemas com as
Biodiversidade e a árvore de problemas
causas e consequências da perda de
evidenciou 41 causas mais relevantes38 a
biodiversidade, identificando por fim 87
serem combatidas prioritariamente para o
causas primárias que foram analisadas e
alcance do conjunto das 20 Metas
organizadas em três eixos estratégicos
Nacionais. Este resultado foi enviado a
sendo desdobradas e detalhadas em um
todos os Ministérios e órgãos envolvidos
conjunto de 158 causas secundárias,
antes da primeira reunião para a elaboração
terciárias, quaternárias, quinarias e até de
do PPA 2016-2019, como forma de
sexto nível:
subsídio para a inserção de ações voltadas a
a) Eixo 1 – Conservação (33 este fim pelos diversos órgãos no seu
causas); planejamento.
b) Eixo 2 – Habitat (60 causas); e
Foi realizada também uma análise prévia de
c) Eixo 3 – Valorização (65
suficiência das ações governamentais
causas).
existentes para atingir o objetivo de
Essas informações foram organizadas para combater efetivamente as causas da perda
cada eixo em uma hierarquia em torno do de biodiversidade, com base nas ações do
problema central (a perda de PPA 2012-2015. Foram identificadas 1.303
biodiversidade) no formato de uma árvore
de problemas pré-montada. Os três eixos da

36 38
O relatório das entrevistas ficou pronto em abril de O método de priorização adotou a seleção de 25% das
2012. causas com maior pontuação (após ponderação) em cada
eixo.
37
Pode ser vista no documento intitulado: “Subsídios para
um Plano de Ação Governamental e Diretrizes para o PPA
2016-19: Conservação e Uso Sustentável da
Biodiversidade”.

61
ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

ações39 contribuiriam direta ou análise resultou em uma lista de ações


indiretamente para esse objetivo. existentes, com maior capacidade de
impacto sobre as causas de cada eixo,
Essas ações foram agrupadas por tipologia
formando uma base que permitiu identificar
e analisadas de forma cruzada com as
as lacunas e as ações prioritárias para
causas identificadas na árvore de problema,
compor o Plano de Ação Governamental.
permitindo a avaliação de efetividade. Essa
análise mais detalhada permitiu a sua Esse documento é um importante subsídio
listagem segundo o grau de impacto sobre para orientar o MMA e suas vinculadas,
as causas prioritárias em cada eixo40. outras instâncias do governo federal,
governos regionais e locais, e outras partes
Essas ações foram primeiramente
interessadas na conservação da
agrupadas por tipologia. Em seguida, as
biodiversidade, a preparar seus planos de
ações de cada grupo foram analisadas
ação para fazerem parte da EPANB dentro
individualmente, correlacionadas às causas
do modelo de adesão proposto.
para avaliação da capacidade instalada nos
diversos setores para o combate efetivo e a
redução da perda da biodiversidade. Essa

Figura 6. Matriz de correlação entre as causas da perda de biodiversidade e as metas nacionais


de biodiversidade para 2020.

Fonte: MMA/SBF/Departamento de Conservação da Biodiversidade, 2015.

39 40
Informadas pelos órgãos de governo Visíveis no documento “Subsídios para um
envolvidos na construção do Plano, segundo sua própria Plano de Ação Governamental e Diretrizes para o PPA
visão. 2016-2019: Conservação e Uso Sustentável da
Biodiversidade”.

62
ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

4.3 PainelBio e indicadores para a atribuída ao PainelBio41. Para tanto, foi


realizada ação de capacitação42 em
biodiversidade
setembro de 2014, seguida por quatro
oficinas para definição dos indicadores.
Ao final do processo dos Diálogos sobre a
Biodiversidade, em 2012, e para Cada uma das três primeiras oficinas
complementar o Plano de Ação abordou um dos cinco objetivos
Governamental então em construção e estratégicos das Metas Nacionais de
garantir o envolvimento de todos os setores, Biodiversidade, sendo os objetivos A e E
iniciou-se uma discussão sobre a criação de abordados concomitantemente na última
um painel composto por múltiplos atores oficina, concluindo o ciclo em junho de
que tivesse por função promover o 2015.
cumprimento das Metas Nacionais de Além dos membros do PainelBio, essas
Biodiversidade para 2020. oficinas tiveram a participação de diversos
Essa iniciativa foi lançada formalmente setores e instituições importantes para a
durante a Conferência Rio+20 (2012) e o implementação das estratégias, buscando a
formato proposto foi refinado até 2013, integração das Metas Nacionais às políticas
resultando num Acordo Constitutivo do e ações setoriais. Cada evento envolveu a
PainelBio, firmado em sua primeira discussão e harmonização de conceitos para
reunião, realizada em 27 de maio de 2014 entendimento das metas, bem como o
entre as instituições de diferentes setores desenvolvimento de indicadores para o seu
que passaram assim a integrá-lo. Sua monitoramento.
missão é “contribuir para a conservação e Desse ciclo de oficinas e reuniões temáticas
uso sustentável da biodiversidade promovidas pelo PainelBio resultaram os
brasileira, promovendo sinergias entre seguintes documentos: Arcabouço
instituições e áreas do conhecimento, Conceitual para a Aplicação dos
disponibilizando informações científicas Indicadores para o Alcance das Metas
para a sociedade, fomentando capacitações Nacionais de Biodiversidade e Metas de
em diversos níveis e fornecendo subsídios Aichi e Quadro de Indicadores para o
para os processos de tomada de decisão e Monitoramento das Metas Nacionais de
políticas públicas para o alcance das Metas Biodiversidade43.
de Aichi no Brasil”.
Para a elaboração dessa versão da EPANB
Como acordado na Conabio, preparar foram observados os 28 Indicadores
subsídios para a definição de indicadores prioritários, encaminhados à SBF em
para as novas Metas Nacionais de novembro de 2015.
Biodiversidade tornou-se a primeira tarefa

41 43
A IUCN-Brasil é a Secretaria Executiva do Arcabouço Conceitual para a Aplicação dos
Painel Brasileiro de Biodiversidade. Indicadores para o Alcance das Metas Nacionais de
42
Biodiversidade e Metas de Aichi. PainelBio. Novembro
Apoio da Parceria de Indicadores de de 2015.
Biodiversidade (Biodiversity Indicators Partnership –
43 Quadro de Indicadores para o
BIP) Monitoramento das Metas
Nacionais de Biodiversidade. PainelBio. Novembro de
2015.

63
ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

Como comentado anteriormente, durante o


processo de identificação de indicadores
para as metas nacionais, capitaneado pelo
PainelBio, foram definidos alguns
conceitos utilizados no enunciado das
metas com o intuito de estabelecer, de
modo claro e objetivo, o entendimento
adotado cumprindo o determinado pelos
“Princípios para internalização e
implementação das metas nacionais de
biodiversidade 2011-2020”, da Resolução
CONABIO no 06/2013.
A Tabela 8 indica, em negrito, os
conceitos44 que foram definidos em cada
uma das dez metas previamente
identificadas como responsabilidade da
SBF, parcial ou integralmente, dentre as 20
metas estabelecidas em nível nacional.

44
A tabela completa pode ser encontrada e os conceitos
discutidos, apresentados em negrito, podem ser
encontrados no documento: “Arcabouço Conceitual para
a Aplicação dos Indicadores para o Alcance das Metas
Nacionais de Biodiversidade e Metas de Aichi”,
PainelBio, 2015.

64
ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

Tabela 8. Conceitos definidos nos enunciados das Metas Nacionais de Biodiversidade

Meta Conceitos trabalhados (em negrito)

Até 2020 a taxa de perda de ambientes nativos será reduzida em pelo menos 50% (em relação às taxas de 2009) e, na medida do possível, levada a perto de zero e a degradação e fragmentação terão
5
sido reduzidas significativamente em todos os biomas.

Até 2020, o manejo e captura de quaisquer estoques de organismos aquáticos serão sustentáveis, legais e feitos com aplicação de abordagens ecossistêmicas, de modo a evitar a sobre-exploração,
6 colocar em prática planos e medidas de recuperação para espécies exauridas, fazer com que a pesca não tenha impactos adversos significativos sobre espécies ameaçadas e ecossistemas vulneráveis,
e fazer com que os impactos da pesca sobre estoques, espécies e ecossistemas permaneçam dentro de limites ecológicos seguros, quando estabelecidos cientificamente.

Até 2020, a Estratégia Nacional sobre Espécies Exóticas Invasoras deverá estar totalmente implementada, com participação e comprometimento dos estados e com a formulação de uma Política
9
Nacional, garantindo o diagnóstico continuado e atualizado das espécies e a efetividade dos Planos de Ação de Prevenção, Contenção e Controle.

Até 2020, serão conservadas, por meio de sistemas de unidades de conservação previstas na Lei do SNUC e outras categorias de áreas oficialmente protegidas, como APPs, reservas legais e terras
indígenas com vegetação nativa, pelo menos 30% da Amazônia, 17% de cada um dos demais biomas terrestres e 10% de áreas marinhas e costeiras, principalmente áreas de especial importância para
11
biodiversidade e serviços ecossistêmicos, assegurada e respeitada a demarcação, regularização e a gestão efetiva e equitativa, visando garantir a interligação, integração e representação ecológica
em paisagens terrestres e marinhas mais amplas.

Até 2020, o risco de extinção de espécies ameaçadas terá sido reduzido significativamente, tendendo a zero, e sua situação de conservação, em especial daquelas sofrendo maior declínio, terá sido
12
melhorada.

Até 2020, ecossistemas provedores de serviços essenciais, inclusive serviços relativos à água e que contribuem à saúde, meios de vida e bem-estar, terão sido restaurados e preservados, levando em
14
conta as necessidades das mulheres, povos e comunidades tradicionais, povos indígenas e comunidades locais, e de pobres e vulneráveis.

Até 2015, o Protocolo de Nagoya sobre Acesso a Recursos Genéticos e a Repartição Justa e Equitativa dos Benefícios Derivados de sua Utilização terá entrado em vigor e estará operacionalizado, em
16
conformidade com a legislação nacional.

Até 2014, a estratégia nacional de biodiversidade será atualizada e adotada como instrumento de política, com planos de ação efetivos, participativos e atualizados, que deverão prever
17
monitoramento e avaliações periódicas.

Até 2020, os conhecimentos tradicionais, inovações e práticas de povos indígenas, agricultores familiares e comunidades tradicionais relevantes à conservação e uso sustentável da biodiversidade,
e a utilização consuetudinária de recursos biológicos terão sido respeitados, de acordo com seus usos, costumes e tradições, a legislação nacional e os compromissos internacionais relevantes, e
18
plenamente integrados e refletidos na implementação da CDB com a participação plena e efetiva de povos indígenas, agricultores familiares e comunidades tradicionais em todos os níveis
relevantes.

Imediatamente à aprovação das metas brasileiras, serão realizadas avaliações da necessidade de recursos para sua implementação, seguidas de mobilização e alocação dos
20 recursos financeiros para viabilizar, a partir de 2015, a implementação, o monitoramento do Plano Estratégico da Biodiversidade 2011-2020, bem como o cumprimento de suas
metas.

Adaptado de: PainelBio, 2015

65
ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

5 Estratégia Nacional para a Biodiversidade


A Estratégia Nacional para a Biodiversidade consiste nas Metas Nacionais de Biodiversidade para 2020 (Tabela 9), e seus princípios
para internalização e implementação (Tabela 10)

Tabela 9. Metas Nacionais de Biodiversidade 2011-2020


Fonte: Resolução CONABIO no 06/2013, de 03 de setembro de 2013.

Objetivo Estratégico A – Tratar das causas fundamentais de perda de biodiversidade fazendo com que preocupações com biodiversidade
permeiem governo e sociedade

Meta Nacional 1: Até 2020, no mais tardar, a população brasileira terá conhecimento dos valores da biodiversidade e das medidas que
poderá tomar para conservá-la e utilizá-la de forma sustentável.

Meta Nacional 2: Até 2020, no mais tardar, os valores da biodiversidade, geodiversidade e sociodiversidade serão integrados em estratégias
nacionais e locais de desenvolvimento e erradicação da pobreza e redução da desigualdade, sendo incorporado em contas nacionais,
conforme o caso, e em procedimentos de planejamento e sistemas de relatoria.

Meta Nacional 3: Até 2020, no mais tardar, incentivos que possam afetar a biodiversidade, inclusive os chamados subsídios perversos,
terão sido reduzidos ou reformados, visando minimizar os impactos negativos. Incentivos positivos para a conservação e uso sustentável
de biodiversidade terão sido elaborados e aplicados, de forma consistente e em conformidade com a CDB, levando em conta as condições
socioeconômicas nacionais e regionais.

Meta Nacional 4: Até 2020, no mais tardar, governos, setor privado e grupos de interesse em todos os níveis terão adotado medidas ou
implementado planos de produção e consumo sustentáveis para mitigar ou evitar os impactos negativos da utilização de recursos naturais.

66
ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

Objetivo Estratégico B – Reduzir as pressões diretas sobre a biodiversidade e promover o uso sustentável
Meta Nacional 5: Até 2020 a taxa de perda de ambientes nativos será reduzida em pelo menos 50% (em relação às taxas de 2009) e, na
medida do possível, levada a perto de zero e a degradação e fragmentação terão sido reduzidas significativamente em todos os biomas.

Meta Nacional 6: Até 2020, o manejo e captura de quaisquer estoques de organismos aquáticos serão sustentáveis, legais e feitos com
aplicação de abordagens ecossistêmicas, de modo a evitar a sobre-exploração, colocar em prática planos e medidas de recuperação para
espécies exauridas, fazer com que a pesca não tenha impactos adversos significativos sobre espécies ameaçadas e ecossistemas vulneráveis,
e fazer com que os impactos da pesca sobre estoques, espécies e ecossistemas permaneçam dentro de limites ecológicos seguros, quando
estabelecidos cientificamente.

Meta Nacional 7: Até 2020, estarão disseminadas e fomentadas a incorporação de práticas de manejo sustentáveis na agricultura, pecuária,
aquicultura, silvicultura, extrativismo, manejo florestal e da fauna, assegurando a conservação da biodiversidade.

Meta Nacional 8: Até 2020, a poluição, inclusive resultante de excesso de nutrientes, terá sido reduzida a níveis não prejudiciais ao
funcionamento de ecossistemas e da biodiversidade.

Meta Nacional 9: Até 2020, a Estratégia Nacional sobre Espécies Exóticas Invasoras deverá estar totalmente implementada, com
participação e comprometimento dos estados e com a formulação de uma Política Nacional, garantindo o diagnóstico continuado e
atualizado das espécies e a efetividade dos Planos de Ação de Prevenção, Contenção e Controle.

Meta Nacional 10: Até 2015, as múltiplas pressões antropogênicas sobre recifes de coral e demais ecossistemas marinhos e costeiros
impactados por mudanças de clima ou acidificação oceânica terão sido minimizadas para que sua integridade e funcionamento sejam
mantidos.

Objetivo Estratégico C: Melhorar a situação da biodiversidade protegendo ecossistemas, espécies e diversidade


genética

67
ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

Meta Nacional 11: Até 2020, serão conservadas, por meio de sistemas de unidades de conservação previstas na Lei do SNUC e outras
categorias de áreas oficialmente protegidas, como APPs, reservas legais e terras indígenas com vegetação nativa, pelo menos 30% da
Amazônia, 17% de cada um dos demais biomas terrestres e 10% de áreas marinhas e costeiras, principalmente áreas de especial importância
para biodiversidade e serviços ecossistêmicos, assegurada e respeitada a demarcação, regularização e a gestão efetiva e equitativa, visando
garantir a interligação, integração e representação ecológica em paisagens terrestres e marinhas mais amplas.

Meta Nacional 12: Até 2020, o risco de extinção de espécies ameaçadas terá sido reduzido significativamente, tendendo a zero, e sua
situação de conservação, em especial daquelas sofrendo maior declínio, terá sido melhorada.

Meta Nacional 13: Até 2020, a diversidade genética de microrganismos, de plantas cultivadas, de animais criados e domesticados e de
variedades silvestres, inclusive de espécies de valor socioeconômico e/ou cultural, terá sido mantida e estratégias terão sido elaboradas e
implementadas para minimizar a perda de variabilidade genética.

Objetivo Estratégico D: Aumentar os benefícios da biodiversidade e serviços ecossistêmicos para todos

Meta Nacional 14: Até 2020, ecossistemas provedores de serviços essenciais, inclusive serviços relativos à água e que contribuem à saúde,
meios de vida e bem-estar, terão sido restaurados e preservados, levando em conta as necessidades das mulheres, povos e comunidades
tradicionais, povos indígenas e comunidades locais, e de pobres e vulneráveis.

Meta Nacional 15: Até 2020, a resiliência de ecossistemas e a contribuição da biodiversidade para estoques de carbono terão sido
aumentadas através de ações de conservação e recuperação, inclusive por meio da recuperação de pelo menos 15% dos ecossistemas
degradados, priorizando biomas, bacias hidrográficas e ecorregiões mais devastados, contribuindo para mitigação e adaptação à mudança
climática e para o combate à desertificação.

68
ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

Meta Nacional 16: Até 2015, o Protocolo de Nagoya sobre Acesso a Recursos Genéticos e a Repartição Justa e Equitativa dos Benefícios
Derivados de sua Utilização terá entrado em vigor e estará operacionalizado, em conformidade com a legislação nacional.

Objetivo Estratégico E: Aumentar a implementação por meio de planejamento participativo, gestão de conhecimento
e capacitação

Meta Nacional 17: Até 2014, a estratégia nacional de biodiversidade será atualizada e adotada como instrumento de política, com planos
de ação efetivos, participativos e atualizados, que deverão prever monitoramento e avaliações periódicas.

Meta Nacional 18: Até 2020, os conhecimentos tradicionais, inovações e práticas de povos indígenas, agricultores familiares e
comunidades tradicionais relevantes à conservação e uso sustentável da biodiversidade, e a utilização consuetudinária de recursos biológicos
terão sido respeitados, de acordo com seus usos, costumes e tradições, a legislação nacional e os compromissos internacionais relevantes, e
plenamente integrados e refletidos na implementação da CDB com a participação plena e efetiva de povos indígenas, agricultores familiares
e comunidades tradicionais em todos os níveis relevantes.

Meta Nacional 19: Até 2020 as bases científicas e as tecnologias necessárias para o conhecimento sobre a biodiversidade, seus valores,
funcionamento e tendências e sobre as consequências de sua perda terão sido ampliados e compartilhados, e o uso sustentável, a geração de
tecnologia e inovação a partir da biodiversidade estarão apoiados, devidamente transferidos e aplicados. Até 2017 a compilação completa
dos registros já existentes da fauna, flora e microbiota, aquáticas e terrestres, estará finalizada e disponibilizada em bases de dados
permanentes e de livre acesso, resguardadas as especificidades, com vistas à identificação das lacunas do conhecimento nos biomas e grupos
taxonômicos.

Meta Nacional 20: Imediatamente à aprovação das metas brasileiras, serão realizadas avaliações da necessidade de recursos para sua
implementação, seguidas de mobilização e alocação dos recursos financeiros para viabilizar, a partir de 2015, a implementação, o
monitoramento do Plano Estratégico da Biodiversidade 2011-2020, bem como o cumprimento de suas metas.

69
ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

Tabela 10. Princípios para internalização e implementação das Metas Nacionais de Biodiversidade 2011-2020.
Fonte: Resolução CONABIO no 06/2013, de 03 de setembro de 2013.

i. Promover, no âmbito da Conabio, sempre que necessário, a definição dos conceitos tuilizados no enunciado das metas, com o intuito
de estabelecer, de modo claro e objetivo, o entendimento adotado, inclusive por meio da formação de grupos de trabalho, consultas a
especializas e realização de seminários técnicos;

ii. Propor o estabelecimento, no âmbito da Conabio, dos critérios de análise e os indicadores de avaliação do processo de
implementação das metas, de forma participativa com diferentes setores da sociedade;

iii. Propor a implementação das metas nacionais de biodiversidade 2011-2020 de maneira coordenada com uma estratégia nacional e
um plano de ação para conservação e uso sustentável da biodiversidade, reconhecendo os esforços e as políticas relacionadas com as
metas nacionais;

iv.a. Estimular a adoção de incentivos com vistas à implementação das metas;

iv.b. Estimular o estabelecimento de legislações e regulamentações, com vistas à implementação das metas;

v. Considerar uma ampla agenda, compreendendo ações interinstitucionais e multidisciplinares a serem desenvolvidas por diferentes
órgãos do governo federal, estadual e municipal, além dos diversos setores da sociedades;

vi. Considerar as especificidades de cada bioma e macro região geopolítica do país, com vistas a balancear riscos efetivos aos
ecossistemas remanescentes, viabilidade tecnológica, aspectos econômicos, sociais e ambientais, observados os Zoneamento
Ecológicos-Econômicos;

vii. Incentivas a permanente geração, atualização e incorporação de conhecimentos técnico-científicos no processo de implementação
das metas.

70
ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

Estratégico de Biodiversidade 2011-2020 da


6 Plano de Ação para a CDB, dentre eles: “Tratar as causas
fundamentais da perda de biodiversidade por
Biodiversidade: 1º módulo
meio da transversalização (mainstreaming)
Foi necessário vislumbrar um novo caminho da biodiversidade em todos os setores do
no estabelecimento das responsabilidades governo e da sociedade”. Nesse sentido,
pela execução, acompanhamento, geração de busca-se o fortalecimento e a continuidade do
dados e publicização, para cada uma das 20 processo de internalização das Metas
metas nacionais. Esse processo num país não Nacionais de Biodiversidade.
apenas continental, mas megadiverso é um
Dentre os objetivos que definem as diretrizes
desafio complexo.
de ação da SBF destacam-se:
Dessa forma, numa iniciativa inovadora, SBF
• conduzir a estratégia nacional de
decidiu elaborar o 1º módulo do Plano de
desenvolvimento da economia de
Ação para a Biodiversidade, pautando as
patrimônio genético e conhecimento
Metas Nacionais sob a sua responsabilidade
tradicional associado;
no estabelecimento claro dos compromissos
para 2020 calcados na capacidade • conservar as espécies brasileiras,
institucional e financeira. minimizando as ameaças e o risco de
extinção;
São os compromissos cujo cumprimento
requer o trabalho e a dedicação direta das • conservar os ecossistemas e
equipes envolvidas nas ações planejadas promover a gestão sustentável das
posto que a fundamentação legal o suporte de paisagens; e
parceiros e financiadores já se encontram • conservar a biodiversidade nas áreas
garantidos e em execução. protegias.
Para a elaboração do 2º módulo, será preciso Os quatro grandes temas (patrimônio
retomar a construção coletiva que agrega genético, conservação de espécies,
esforços dos mais diferentes setores e esferas conservação de ecossistemas e áreas
de governo para que se firmem protegidas) delineiam o Planejamento
compromissos e se estabeleçam claramente Estratégico da SBF e definem a organização
os papéis de cada um dos entes envolvidos na dos seus departamentos e equipes,
elaboração do documento e todas as revisões convergindo com a missão da Secretaria de
que se façam necessárias para a inclusão de missão de promover - com participação,
novas metas institucionalizadas. inclusão social e repartição dos benefícios - a
valorização, a conservação e o uso
6.1 Grupo de Trabalho da EPANB 2016 -
sustentável da biodiversidade e dos
2020
conhecimentos tradicionais associados.
A SBF, como ponto focal de implementação
Essa estrutura administrativa reflete o
da CDB no Brasil, vem centrando esforços
compromisso do governo federal em relação
para o cumprimento dos objetivos do Plano
à construção de políticas públicas em sinergia

71
ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

com os pilares da CDB. Adiciona-se a esse consideração a reflexão constante de como


arranjo de governança interna, os melhor alocar as competências e recursos
mecanismos de gestão, monitoramento, e presentes em cada um dos órgãos de governo.
participação social, na medida em que Devem participar órgãos de governo nos
permitem de forma ampla a discussão de níveis federal, estadual e municipal, com
resultados e impactos alcançados. destaque para as vinculadas do MMA (SFB,
ICMBio e Ibama) e órgãos estaduais de meio
Para elaboração do 1º módulo do Plano de
ambiente (Figura 7).
Ação na SBF, foram criados grupos que
envolvem dirigentes públicos e servidores Considerando a necessidade de
para tratar dos diversos temas e promover o transversalidade e transparência para
seu alinhamento estratégico. Dependendo da implementação eficiente da EPANB, utiliza-
etapa, participam representantes nos níveis se a estrutura da Conabio neste processo.
operacional, tático e estratégico. Esse arranjo Essa comissão, criada pelo Decreto nº 4.703,
busca garantir o desenvolvimento de ações de 21 de maio de 2003, é composta por
que sustentam a capacidade de ação da SBF. representantes de órgãos governamentais e
organizações da sociedade civil e tem um
Este grupo interno da SBF caracteriza-se por
relevante papel na discussão e
reuniões entre 15 servidores e os principais
implementação das políticas sobre a
gestores da SBF com o objetivo de elaborar o
biodiversidade no País. A escolha deste
plano de ação e supervisionar a governança
fórum como mecanismo de
sobre a efetividade das políticas públicas,
acompanhamento, discussão e
mantendo, a todo o momento, a avaliação da
aprimoramento da EPANB garante a
capacidade de implementar a EPANB
integração de informações entre o governo
traçado inicialmente.
federal, academia, estados e empresas, bem
Para uma construção conjunta com demais como permite a participação de especialistas
setores da sociedade para o 2º módulo do para prestar informações e participar dos
Plano de Ação, propõe-se a criação do Grupo trabalhos.
Governo, que caracteriza-se por reuniões em
momentos de controle das ações em
execução com o objetivo de manter a
governança sobre a eficiência na
implementação da EPANB, levando em

72
ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

Grupo Interno Proposta de Grupo Governo

Figura 7. Proposta de rede de acompanhamento para a atualização da EPANB e implementação das metas nacionais

73
ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

Apresenta-se, nesse capítulo quais são as 6.2.1 Agendas Prioritárias da SBF


metas a cargo da SBF, as ações estratégicas O Planejamento Estratégico da SBF está
planejadas para o seu cumprimento e o organizado em quatro agendas prioritárias
envolvimento de parceiros, os resultados (patrimônio genético, espécies,
esperados, os mecanismos de ecossistemas e áreas protegidas) que, por
monitoramento e indicadores, bem como as sua vez, se desdobram em iniciativas
capacidades e acordos estabelecidos para o estratégicas e produtos bem delimitados.
seu financiamento.
Entende-se que esses são os eixos
A discussão nesse momento estará estruturantes que devem pautar a atuação da
restringida a apenas pontuar que as ações e SBF em suas políticas para conservação e
os objetivos estratégicos tiveram por base uso sustentável da biodiversidade, dentro
as Metas Nacionais, considerados os dos quais estão distribuídas as principais
conceitos construídos coletivamente, tendo ações a serem desenvolvidas sob a
em tela duas questões fundamentais, aquela coordenação da SBF, considerado o
que se considera elementos de atenção com horizonte temporal de 2020.
relação à biodiversidade e a que são as
causas fundamentais para a sua perda. Tais ações estão intimamente associadas ao
compromisso brasileiro para o
6.2 Planejamento Estratégico da SBF cumprimento das Metas Nacionais de
Biodiversidade para 2020, que refletem a
A SBF, enquanto órgão central das políticas
internalização das Metas de Aichi às ações
brasileiras em biodiversidade, atualizou no
em desenvolvimento pela SBF, o que pode
ano de 2015 sua estratégia para o alcance de
ser visto na Tabela 11. Se buscará, sempre
objetivos prioritários por meio de seu
que possível, a participação qualificada das
Planejamento Estratégico. Esta atualização
mulheres urbanas e rurais (campo, florestas
se coaduna com o Planejamento Estratégico
e águas), de povos indígenas e
do MMA, que foi iniciado em 2014 e tem
comunidades e povos tradicionais nas
como horizonte de execução o ano de 2022.
agendas prioritárias.
Dessa forma, embora estejam aqui pautadas
O monitoramento da execução do
as ações específicas da SBF, o 1º módulo
Planejamento Estratégico da SBF será feito
do Plano de Ação para a Biodiversidade
por meio do acompanhamento dos prazos
mantém o olhar atento sobre as políticas,
estabelecidos para conclusão das atividades
programas e projetos a cargo de outras
e com base em indicadores especialmente
secretarias ou entidades vinculadas de
desenvolvidos para este fim.
forma a permitir o engajamento desses
parceiros e a inclusão de seus Além do planejamento estratégico, a SBF
compromissos na próxima revisão do executa uma ampla carteira de projetos
documento, tão logo eles sejam internacionais com ações que contribuem
formalizados. para o atingimento das Metas Nacionais
(Tabela 12).

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ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

Tabela 11. Agendas prioritárias da SBF e a relação das suas ações estratégicas para o alcance das Metas Nacionais
D = Direta, I = Indireta

AGENDAS PRIORITÁRIAS/ METAS AÇÕES PREVISTAS


1. Planos de Ação Nacionais para conservação de espécies ameaçadas.
A. Conservar as Espécies brasileiras
minimizando as ameaças e o risco de 2. Sistema de Gestão Compartilhada da Pesca.
extinção. I = (1,2,3,4) e D= (6,9, 12) 3. Programa Nacional para Controle de Espécies Exóticas Invasoras.
4. Estratégia Nacional de Consolidação de Unidades de Conservação.
5. Avaliação da representatividade ecológica de áreas protegidas para identificação de
B. Conservar a Biodiversidade nas Áreas lacunas de conservação e computo da Meta 11 de Aichi/CDB
Protegidas. 6. Elaboração e implementação do Plano de comunicação do SNUC
D = (5, 10 e 11) 7. Ampliação da capacidade de gestão das Unidades de Conservação.
8. Avaliação do estado de conservação das Áreas Protegidas.
9. Atualização do Sistema de Informações do Cadastro Nacional de Unidades de Conservação.
10. Programa de Monitoramento Ambiental dos Biomas Brasileiros.
C. Conservar os Ecossistemas e promover
11. Atualização das Áreas Prioritárias para conservação da biodiversidade dos biomas
a Gestão Sustentável das Paisagens.
brasileiros e da zona costeira e marinha.
I = (1,2,3,4) D= (5,7, 10,11,14,15)
12. Plano Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa.
13. Regulamentação do marco legal (Lei da Biodiversidade) sobre acesso ao patrimônio
genético e conhecimento tradicional associado e repartição de benefícios.
14. Plano Nacional de Sensibilização e Fortalecimento de Capacidades em acesso ao
D. Conduzir a Estratégia Nacional de patrimônio genético e conhecimento tradicional associado e repartição de benefícios.
Desenvolvimento da Economia de
15. Sistema de Inteligência e rastreabilidade da informação do patrimônio genético e
Patrimônio Genético e Conhecimento
conhecimento tradicional associado.
Tradicional Associado.
I = (1,2,3,4) D= (16,18) 16. Desenvolvimento e fortalecimento de cadeias produtivas usuárias de patrimônio genético
e conhecimento tradicional associado.
17. Estratégia de promoção do modelo brasileiro de acesso e repartição de benefícios em
fóruns brasileiros e multilaterais.

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ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

Tabela 12. Carteira de projetos internacionais da SBF

Carteira de projetos internacionais da SBF


Fonte de
Título do Projeto Abrangência Objetivo Meta Prazo
Recursos
Assegurar a conservação da
Apoiar a proteção de, pelo menos, 60
biodiversidade na região e
Áreas Protegidas na milhões de hectares de florestas na 1 - Alemanha
contribuir para o seu
Amazônia II (ARPA II e ARPA Amazônia Legal Amazônia por meio do suporte à 2017 2 - GEF
desenvolvimento sustentável de
III) consolidação de unidades de 3 - BNDES
forma descentralizada e
conservação
participativa.
Projeto "Conservação e uso Melhorar o conhecimento global sobre a
Fortalecer a conservação e o uso
sustentável da biodiversidade para a alimentação e
sustentável da biodiversidade
biodiversidade para a nutrição e consequente aumento do
por meio de ações transversais bem-estar e segurança alimentar dos
melhoria da nutrição e do que englobem programas e
bem-estar humano", Nacional beneficiários do Projeto no Brasil, 2017 GEF
estratégias globais e nacionais
conhecido como Projeto BFN Quênia, Turquia e Sri Lanka, por meio da
de segurança alimentar e
(sigla em inglês para conservação e uso sustentável da
nutricional. biodiversidade e da identificação e
Biodiversidade para
Alimentação e Nutrição) propagação de melhores práticas.

Contribuir com a mitigação e


Mata Atlântica, com adaptação às mudanças Elaborar medidas de mitigação e
foco nas regiões dos climáticas na Mata Atlântica adaptação com foco ecossistêmico para
Biodiversidade e Mudanças 2018
mosaicos de UCs através da conservação da uma área de pelo 150.000 hectares na Alemanha
Climáticas na Mata Atlântica
MAPES (BA), MCF (RJ) biodiversidade e a recuperação região dos mosaicos de UCs
e Lagamar (SP e PR) da vegetação nativa em regiões
de mosaicos de UCs

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ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

Carteira de projetos internacionais da SBF


Fonte de
Título do Projeto Abrangência Objetivo Meta Prazo
Recursos
Implementar pelo menos cinco ações ou
Aprimorar capacidades dos instrumentos estruturantes para a
órgãos responsáveis pelo consolidação do SNUC, abrangendo os
Sistema Nacional de Unidades temas gestão e sustentabilidade
Sistema Nacional de
SNUC – LifeWeb (BMZ/BMU - de Conservação (SNUC) e suas financeira do sistema e aproximação
Unidades de 2018 Alemanha
2098 10946) ferramentas para a gestão e com a sociedade; e a aplicação de
Conservação
sustentabilidade financeira do instrumentos para avaliação e
sistema e para a aproximação monitoramento atesta avanços de
com a sociedade. consolidação de unidades de
conservação selecionadas.

1 - Alemanha
Assegurar a conservação da 2 - GEF
biodiversidade na região e 3 - Anglo
Consolidar, no mínimo, 60 milhões de
Fundo de Transição para contribuir para o seu America
Amazônia Legal hectares de unidades de conservação no 2039
ARPA for LIFE desenvolvimento sustentável de 4 - BID
bioma amazônico
forma descentralizada e 5 - BNDES
participativa. 6 - WWF e
GBMF

Apoiar projetos de restauração e


proteção de espécies e de
unidades de conservação; de
desenvolvimento e
Acordo para redução da
implementação de sistemas de
dívida em apoio à Utilizar recursos de conversão da dívida
Cerrado, Mata gestão; de capacitações para
conservação e manejo para a conservação e o uso sustentável 2017 EUA
Atlântica e Caatinga indivíduos e instituições
sustentável de florestas das florestas tropicais do Brasil
envolvidos em esforços de
tropicais - TFCA
conservação de florestas; e de
desenvolvimento e apoio aos
modos de vida de indivíduos que
habitem florestas tropicais, ou

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ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

Carteira de projetos internacionais da SBF


Fonte de
Título do Projeto Abrangência Objetivo Meta Prazo
Recursos
em suas proximidades, de forma
consistente com a proteção de
tais florestas tropicais.

I. Expandir o sistema de Áreas Marinhas


e Costeiras Protegidas para, no mínimo,
Apoiar a expansão de um 5% (equivalente a 175.000 km2) do
sistema globalmente território marinho brasileiro;
Áreas Protegidas Costeiras e significativo, representativo e II. Promover maior proteção da
Marinha Área Marinha e eficaz de Áreas Marinhas e biodiversidade em pelo menos 9.300 2019 GEF
Costeira Costeiras Protegidas (AMCPs) no km2 de área marinha e costeira; e
(GEF Mar) Brasil, e identificar mecanismos III. Identificar, desenhar, e preparar pelo
para a sua sustentabilidade menos dois mecanismos financeiros para
financeira implementação, capazes de contribuir
para a sustentabilidade a longo prazo
das AMCPs.
05 políticas, planos, programas ou
instrumentos de gestão ambiental no nível
federal com ferramentas de valoração,
06 estados com programas estruturados de
Conservação da compensação e mecanismos de incentivo
biodiversidade através da para a valorização de serviços ecossistêmicos
métodos e ferramentas para a consideração
integração de serviços Integrar os Serviços
Cerrado, Amazônia e dos SE disponíveis para integração em, pelo
ecossistêmicos em políticas Ecossistêmicos aos Processos de 2016 Alemanha
Mata Atlântica menos, 6 políticas, planos, programas e/ou
públicas e na atuação Tomada de Decisão instrumentos de planejamento e/ou gestão
empresarial – TEEB Regional- ambiental no nível regional-local
Local Modelos replicáveis de integração de serviços
ecossistêmicos em políticas empresariais e
decisões de investimento disponibilizados
pela CNI
(10 experiências empresariais)

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ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

Carteira de projetos internacionais da SBF


Fonte de
Título do Projeto Abrangência Objetivo Meta Prazo
Recursos
No mínimo 10 empresas de pequeno ou
médio porte integrando serviços
ecossistêmicos em sua gestão empresarial e
financeira
Pelo menos 05 federações estaduais da
indústria brasileira com programas de
treinamento para a integração de serviços
ecossistêmicos
Pelo menos 05 federações estaduais da
indústria brasileira com recomendações para
a quantificação de serviços ecossistêmicos
nos balanços das empresas.

(BRA 12) Planejamento


Elaborar o Planejamento da Produzir relatórios e documentos
Nacional da Biodiversidade
Nacional / Biodiversidade Nacional e Apoiar previstos no projeto e realização das
para apoiar a implementação 2016 GEF
Internacional o Planejamento Estratégico da atividades para a conclusão da NBSAP
do Plano Estratégico da CDB
CDB 2011-2020 revisada
2011-2020 (NBSAP)
Apoiar a implementação dos
(BRA 11) Apoio para compromissos brasileiros junto Apoiar a produção de estudos, relatórios
implementação dos aos diferentes MEAs; e e documentos, contratação de pessoa
compromissos das Nacional/ Internacional promoção da sinergia para a física e/ou jurídica, promoção de 2016 Orçamento
convenções internacionais implementação entre os reuniões de trabalho e atividades no
que tratam da biodiversidade diversos setores e níveis de âmbito dos projetos apoiados.
governo.

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ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

Carteira de projetos internacionais da SBF


Fonte de
Título do Projeto Abrangência Objetivo Meta Prazo
Recursos
Ratificar o Protocolo de Nagoya; Aprovar
Decreto Regulamentador da Lei
Desenvolver e implementar o
Capacitação e 13.123/2015; Implementar o Fundo
novo marco regulatório nacional
Fortalecimento Institucional Nacional de Repartição de Benefícios;
sobre ABS, bem como as
no Marco Nacional para Viabilizar a realização de 9000 cadastros
medidas administrativas para
Acesso e Repartição de Nacional e notificações de acesso e/ou remessa 2020 GEF
permitir ao Brasil cumprir as
Benefícios no Âmbito do de patrimônio genético ou
provisões da Convenção sobre
Protocolo de Nagoya (GEF- conhecimento tradicional associado;
Diversidade Biológica e do
ABS) Capacitar 700 representantes de povos
Protocolo de Nagoya.
indígenas, povos e comunidades
tradicionais e agricultores tradicionais
Consolidação do Sistema
Fortalecer o SNUC e promover a
Nacional de Unidades de
Integração com outras 1 milhão de hectares em Áreas
Conservação (SNUC) e Caatinga, Pampa e
Estratégias de Conservação e Protegidas, Fortalecimento de 24 Ucs, 11 2021 GEF
Fortalecimento da Proteção Pantanal
Desenvolvimento de Planos de PANs, Restauração de 5000 hectares
da Flora e Fauna (GEF-
Ação Nacionais
Terrestre)
Consolidar 60 milhões de hectares de
Unidades de Conservação na Amazônia
brasileira e garantir sua sustentabilidade
Proteger a biodiversidade e financeira a longo prazo; Promover
implementar políticas de conectividade entre remanescentes
Paisagens Sustentáveis
Amazônia fomento ao uso sustentável das florestais e ecossistemas de alta 2021 GEF
Amazônicas (GEF Paisagens)
terras e a recuperação da relevância ecológica; Apoiar a
cobertura vegetal nativa. recuperação florestal e o manejo
florestal sustentável em terras privadas
para garantir a conservação da
biodiversidade em paisagens produtivas.

80
ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

Carteira de projetos internacionais da SBF


Fonte de
Título do Projeto Abrangência Objetivo Meta Prazo
Recursos
Garantir a conservação da
Ampliar a gestão sustentável de
biodiversidade e provisão dos SE nas
paisagens e melhorar a
áreas protegidas privadas, a partir de
conservação da biodiversidade e
Potencializando a Conservação melhorias na coordenação institucional,
Nacional a provisão de serviços 2021 GEF
em Áreas Privadas formulação de guias de boas práticas
ecossistêmicos nas áreas
para gestão sustentável da paisagem,
protegidas das propriedades
estabelecimento de pactos setoriais com
privadas brasileiras.
setor produtivo.
Aumentar os benefícios globais,
nacionais e locais da
Desenvolvimento das biodiversidade por meio do
* Usar plantas medicinais em 3 milhões
Comunidades Locais e Povos fortalecimento de cadeias
de hectares de paisagens sustentáveis
Indígenas, produção produtivas locais baseadas no
ligadas a Arranjos Produtivos Locais de
sustentável baseada no uso de acesso regular a plantas
Nacional povos indígenas, povos e comunidades 2021 GEF
recursos genéticos e medicinais brasileiras,
tradicionais e agricultores tradicionais; *
conhecimentos tradicionais promovendo a melhoria da
Incluir 30 espécies nativas nos
associados no Brasil (GEF- qualidade de vida de povos
compêndios da Farmacopeia Brasileira
Cadeias Produtivas) indígenas, povos e comunidades
tradicionais e agricultores
tradicionais.

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ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

Carteira de projetos internacionais da SBF


Fonte de
Título do Projeto Abrangência Objetivo Meta Prazo
Recursos
Proteger 290 espécies criticamente
ameaçadas por PA; implementar políticas em
12 áreas chave para conservação de espécies
ameaçadas de extinção, totalizando 9
milhões de hectares com ações incorporando
considerações relativas às espécies
ameaçadas de extinção; capacitar 200
agentes de fiscalização para atuação no
combate ao tráfico ilegal em municípios
Reduzir o impacto sobre críticos; Identificar espécies exóticas
espécies ameaçadas de extinção invasoras introduzidas ou potenciais e
por meio da transversalização da notificar instituições para atuação;
questão em outras políticas desenvolver sistema de alerta, detecção e
Pró-espécies Nacional 2021 GEF
setoriais, combate à caça e prevenção de dispersão de espécies
tráfico ilegal e sistema de alerta invasoras; desenvolver inteligência para
e detecção precoce de espécies combate ao tráfico de animais silvestres;
incluir nos critérios do CAR e Bolsa Verde a
exóticas invasoras
prioridade para sua implementação em áreas
importantes para as espécies ameaçadas;
desenvolver manuais de operação para
técnicos do licenciamento ambiental sobre
medidas de mitigação e compensação do
impacto sobre espécies ameaçadas de
extinção; elaborar Planos de Ação Territoriais
integrando fauna e flora; melhoria arranjo de
governança.

82
ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

Carteira de projetos internacionais da SBF


Fonte de
Título do Projeto Abrangência Objetivo Meta Prazo
Recursos
Estabelecer uma nova trajetória
de desenvolvimento da região
denominada Matopiba, Desenvolver uma paisagem com 100%
ajudando os municípios e os das propriedades inseridas no Cadastro
produtores rurais a fazerem a Ambiental Rural, com zero
transição para uma paisagem desmatamento ilegal, com uma cadeia
Áreas dos Estados do Setor
Matopiba 2020 - Vanguarda agrícola sustentável que reunirá de restauração ativa compensando as
Maranhão, Tocantins, 2020 Agrícola
para um futuro sustentável elementos de capital natural emissões do desmatamento legal e com
Piauí e Bahia Brasileiro
conservado, produção 40% de áreas protegidas na paisagem,
efetivamente sustentável e incluindo unidades de conservação,
governança efetiva, fomentando terras indígenas, reservas legais e áreas
um novo modelo para a de preservação permanente.
produção de commodities
agrícolas brasileiras.

83
ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

Monitoramento das Metas Nacionais de


6.2.2 Indicadores de
Biodiversidade (PainelBio, 2015).
monitoramento
Os 28 indicadores sugeridos no documento
Foram definidos quatro indicadores para o
do PainelBio têm seu levantamento e seus
monitoramento das quatro agendas
dados já produzidos pelo MMA ou outras
prioritárias da SBF e que podem ser
instituições. No entanto, as discussões
correlacionados a 13 dos indicadores
permitiram identificar indicadores
desenvolvidos pelo PainelBio para o
complementares que poderiam garantir um
monitoramento do cumprimento das Metas
melhor acompanhamento dos avanços
Nacionais de Biodiversidade para 2020.
relacionados às Metas de Aichi.
Considerando o caráter complementar dos
Esses Indicadores Complementares, no
indicadores desenvolvidos nos dois
entanto, ainda dependem de um maior
processos, o monitoramento dos
refinamento e da articulação institucional
indicadores do Planejamento Estratégico da
que possa definir mecanismos,
SBF revelará o grau de atingimento das
periodicidade e responsabilidades pela sua
Metas Nacionais que estão sob
aferição. Espera-se que a retomada das
responsabilidade direta da SBF.
atividades e discussões no âmbito do
A retomada da dinâmica de monitoramento PainelBio e da Conabio possam viabilizar a
do conjunto mais robusto de indicadores adoção desses indicadores, permitindo uma
desenvolvidos pelo PainelBio permitirá visão ainda mais detalhada sobre os
uma análise integrada de ambos os avanços brasileiros no cumprimento das
resultados. Metas de Aichi.
Dos 13 indicadores do PainelBio que Destaca-se na Tabela 14 o conjunto dos
apresentam correlação com os indicadores indicadores complementares que
da SBF, 11 já têm informações geradas pelo apresentam correlação com as Metas
MMA ou outras instituições, os outros Nacionais à cargo da SBF e suas agendas
quatro ainda requerem maior atenção para a prioritárias.
definição das formas de monitoramento.
Considerar nos indicadores pertinentes a
Os indicadores apresentados na Tabela 13 desagregação de informação por sexo e
são o resultado de um trabalho feito em assegurar, quando possível, a coleta de
parceria com as instituições que integram informação pelas mulheres urbanas e rurais
os Núcleos Temáticos do PainelBio e (campo, florestas e águas) de povos
representam o quadro mínimo de indígenas e comunidades e povos
indicadores para viabilizar o tradicionais, dentro de suas organizações
acompanhamento das ações e avanços representativas, considerando o
relacionados as Metas Nacionais de conhecimento das mulheres em todos os
Biodiversidade selecionadas para processos, no âmbito da economia local.
acompanhamento direto pela SBF.
A correlação direta entre os indicadores
Pode-se visualizar os 28 indicadores que propostos pelo PainelBio e os indicadores
contemplam as 20 Metas Nacionais no definidos pela SBF no âmbito do seu
documento Quadro de Indicadores para o planejamento estratégico foi sintetizada na
Figura 8.

84
ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

Tabela 13. Indicadores para o monitoramento das Metas Nacionais a cargo da SBF
Fonte: adaptado do PainelBio

Indicador Descrição Metas Nacionais


SBF

Número de focos de calor por bioma Monitora a ocorrência de queimadas e incêndios florestais em todo o país. As variáveis 5 e 15
utilizadas são as ocorrências de focos de calor e o território onde eles ocorrem, podendo
indicar o número e a densidade de ocorrências por territórios específicos, em um mês ou
ano específico. O site do INPE permite a desagregação por bioma, Amazônia Legal, UC, TI,
estado, país. O monitoramento da área queimada está em fase final de implementação.

Cobertura vegetal nativa remanescente Relaciona a cobertura vegetal nativa remanescente com a área total das regiões, tendo 5, 10, 14 e 15
como referência a linha de base do projeto Probio.

Produção pesqueira nacional extrativa Apresenta o volume (toneladas) e o valor (R$) da produção pesqueira nacional. 6

Qualidade de águas interiores O indicador apresenta a qualidade da água em alguns corpos de água interiores (trechos 8
de rios e represas), expressa pela Demanda Bioquímica de Oxigênio - DBO e pelo Índice
de Qualidade de Água - IQA.

Espécies exóticas invasoras reconhecidas As variáveis utilizadas neste indicador são o número de espécies invasoras terrestres e 9
oficialmente aquáticas (marinhas e dulcícolas), de microrganismos, vegetais e animais. São
apresentados os locais de origem das espécies invasoras, as formas e as consequências
das invasões.
O indicador é composto pelo número de espécies invasoras com alguma ocorrência
registrada no Brasil até 31 de dezembro de 2010, ou com ocorrência fora de sua área
original, no caso daquelas provenientes do próprio Brasil.
A lista oficial das espécies invasoras ainda está em construção.

85
ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

Indicador Descrição Metas Nacionais


SBF

Unidades de conservação O indicador expressa a dimensão e a distribuição espacial dos territórios que estão sob 10 e 11
estatuto especial de proteção e sintetiza a contribuição percentual dos diferentes
regimes considerados, nos biomas terrestres, incluindo as áreas marinhas e costeiras e
águas continentais para o alcance das metas quantitativas estabelecidas no âmbito das
metas nacionais de biodiversidade. O indicador é composto pelo número e pela área
(km2), das Unidades de Conservação (UCs) federais, estaduais e municipais, por tipo de
uso, e pela razão expressa em percentual, entre a superfície abrangida pelas UCs
federais, estaduais e municipais e a superfície total de áreas territoriais em cada bioma
ou região.

Efetividade de gestão Este indicador quantifica em porcentagem relativa a efetividade de gestão das Unidades 11
de Conservação consideradas para o alcance da meta.

Espécies da fauna e flora ameaçadas de O indicador apresenta os números de espécies da fauna e da flora extintas e ameaçadas. 12
extinção

Espécies da fauna e flora ameaçadas de O indicador apresenta os número das espécies da fauna e flora brasileira ameaçadas de 12
extinção com planos de ação para recuperação extinção, com Planos de Ação Nacionais (PANs), em relação ao total de espécies da fauna
e conservação e flora brasileira ameaçadas.

Plano de Gestão Territorial e Ambiental (PGTA) O indicador apresenta o número e área de Terras Indígenas que tem PGTAs por bioma. 14 e 18
de terras indígenas Este indicador mede a proporção de Terras Indígenas com PGTAs elaborados e/ou
implementados dentre as Terras Indígenas delimitadas com portaria da FUNAI.

Acordos ou outros instrumentos de repartição O indicador apresenta o número de acordos ou outros instrumentos de repartição de 16 e 18
de benefícios benefícios celebrados com a União, povos indígenas, povos e comunidades tradicionais e
agricultores tradicionais.

86
ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

Indicador Descrição Metas Nacionais


SBF

Unidades de conservação de uso sustentável O indicador mede a proporção de Unidades de Conservação de Uso Sustentável (SNUC) 18
com instrumentos de gestão como Resex, RDS, e FLONA, com instrumento de gestão elaborado e implementado.

Grau de atualização da Estratégia e Planos de Verifica o andamento da atualização da Estratégia, contabilizando passos completados: 17
Ação Nacionais de Biodiversidade (i) definição das metas nacionais 2020; (ii) definição da visão de longo prazo da EPANB;
(iii) definição de objetivos e metas da NBSAP; (iv) elaboração do Plano de Ação; (v)
desenvolvimento de indicadores; (vi) elaboração de plano de mobilização de recursos
financeiros; (vii) programas de governo e parceiros da sociedade claramente
identificados; (viii) envio da NBSAP atualizada à CDB.

Tabela 14. Indicadores complementares para o monitoramento das Metas Nacionais a cargo da SBF

Indicador Descrição Metas


Nacionais
SBF

% de espécies ameaçadas de extinção O indicador informa a relação entre o número de espécies ameaçadas pela pesca já com planos 6
impactadas pela pesca contempladas por de ação e o número total de espécies ameaçadas pela pesca.
Planos de Ação Nacionais (PAN)
implementados e monitorados

% de estoques de peixes explotados fora dos Os peixes com estoques fora dos limites biológicos de segurança são aqueles cuja população foi 6
limites biológicos de segurança pescada acima do nível de produção máximo sustentável. Os estoques de peixes dentro dos
limites biológicos de segurança incluem os que são explorados dentro ou perto da produção
máxima sustentável, bem como populações de peixes não totalmente exploradas.

87
ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

Indicador Descrição Metas


Nacionais
SBF

% de Comitês Permanentes de Gestão (CPGs) Proporção de CPGs funcionando, aferida através de reuniões periódicas com subcomitê 6
implementados e atuantes científicos, subcomitê de acompanhamento operante e com participação social, e com a
proposição de planos de gestão ou medidas específicas.

Nº de espécies costeiras e marinhas Listas Oficiais - Número de espécies da fauna ameaçadas de extinção e porcentagem de 10, 12
ameaçadas de extinção espécies em relação ao número total de espécies avaliadas.
Presença em UCS - Número de espécies da fauna ameaçadas de extinção representadas nas
UCs e percentagem de espécies ameaçadas e protegidas em UCs em relação a espécies
ameaçadas das listas nacionais.
Espécies ameaçadas com PAN - Número de espécies ameaçadas e percentagem das espécies da
fauna ameaçadas com PAN em relação ao total de espécies da fauna ameaçada de extinção.

Índices de fragmentação e conectividade Possíveis indicadores serão avaliados a partir do marco conceitual descrito a seguir: a 11
abordagem na escala de paisagens permite que outras medidas espaciais de conservação da
biodiversidade e dos serviços ecossistêmicso sejam consideradas para assegurar a
conectividade, resiliência, representação ecológica e interesses das comunidades humanas.
Além disso é importante considerar a interdependência dos processos, nas diferentes escalas
(ex. gestão de bacias hidrográficas, uso das terras, ordenamento territorial etc.). Nesse
contexto, diferentes regimes de proteção de áreas podem ser considerados para o
planejamento e gestão da paisagem considerando os princípios de equidade, efetividade e
representatividade.

Taxa de fragmentação de ambientes aquáticos O indicador informa sobre a fragmentação de ambientes aquáticos continentais por meio de 5
de água doce

88
ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

Indicador Descrição Metas


Nacionais
SBF

um índice calculado com base no número de barramentos por bacia hidrográfica45.

Implementação da estratégia nacional sobre Informa % de implementação dos instrumentos e diretrizes da Estratégia Nacional: 9
espécies exóticas invasoras
(i) Gestão da Estratégia Nacional;
(ii) Coordenação Intersetorial;
(iii) Infraestrutura legal;
(iv) Prevenção, detecção precoce e ação emergencial;
(v) Manejo - erradicação, contenção, controle e monitoramento;
(vi) Geração de conhecimento científico; (vii) Capacitação técnica;
(viii) Educação e sensibilização pública.
A implementação de cada um desses itens será mensurada por um sub-indicador.O cálculo
deverá considerar a porcentagem individual de implementação de cada item, e o indicador será
avaliado por uma média ponderada dos itens.

Índice de representatividade ecológica de UCs Indicador que demonstra a representatividade ecológica nas diferentes UCs. 11

Cobertura vegetal em APPs e RLs Cobertura de Vegetação em APPs e RLs por bioma de acordo com a Lei da Recuperação da 11
Vegetação Nativa. Deve informar a % de área de APP e RL com cobertura de vegetação nos
diferentes biomas terrestres cadastradas no CAR.

45
O método de cálculo do índice requer a definição de variáveis adicionais a serem utilizadas.

89
ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

Indicador Descrição Metas


Nacionais
SBF

Recuperação de APPs e RLs Área de APPs e RLs registradas no CAR que estão sendo recuperadas. Deve informar sobre a 14
evolução da área total (número de hectares) restaurada em comparação à área sem vegetação
nativa, com base no Planaveg (em preparação) e SICAR.

Acordos de repartição de benefícios Número de acordos de repartição de benefícios celebrados com a União, povos indígenas, 16
comunidades e agricultores tradicionais.

Ratificação do Protocolo de Nagoya Proporção, em %, de etapas para a ratificação do Protocolo concluídas (1-assinatura, 2-envio ao 16
Congresso, 3-ratificação pelo Congresso, 4-sanção presidencial, 5-depósito da ratificação na
sede da ONU).

Mobilização de recursos viáveis para Deve informar sobre a estimativa da porção da lacuna de recursos a ser mobilizada e 20
biodiversidade executada.

Diferença de recursos entre o estimado total e Quanto falta para atingir o volume de recursos federais necessários (totais) para 20
o executado em nível federal implementação das ações requeridas para o cumprimento das Metas.

90
ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

Agendas prioritárias
Conservar as espécies e Conservar a Conservar os Desenvolvimento da
minimizar os riscos de biodiversidade nas ecossistemas e economia do patrimônio
extinção áreas protegidas promover a gestão genético e conhecimento
sustentável das tradicional associado
paisagens

Metas nacionais 6, 9, 12 11 5, 7, 10, 11, 14, 15 16, 18

% das espécies da fauna/ % de unidades de Nº de biomas e a Nº de acordos de repartição


flora ameaçada de extinção conservação com zona costeira e de benefícios de acesso ao
com planos de ação ou melhora no grau marinha com áreas patrimônio genético e ao
Indicadores SBF
outros instrumentos para de consolidação prioritárias conhecimento tradicional
recuperação e conservação atualizadas firmados

Indicadores Volume (ton) e valor (R$) da % do território Nº de focos calor por Nº de acordos ou outros
PainelBio – metas produção pesqueira nacional biomas instrumentos de repartição
nacionais nacional extrativa abrangido por de benefícios celebrados
unidades de
conservação
Nº de espécies exóticas % de efetividade % do território do % de unidades de
invasoras reconhecidas de gestão das país por bioma conservação de uso
oficialmente unidades de coberto por sustentável com
conservação vegetação nativa instrumentos de gestão
elaborados e implementados

Nº de espécie da fauna e Consumo nacional


flora ameaçada de extinção anual de agrotóxicos
nos biomas brasileiros por área plantada

% de espécies ameaçadas Nº de produtores


da fauna e flora com planos orgânicos no Brasil
de ação nacionais cadastrados nos
órgãos de controle

% de área de culturas
anuais fazendo uso
da técnica de plantio
direto

Nº de Terras
indígenas com Planos
de Gestão Territorial
Emissões de origem
antrópica dos gases
de efeito estufa

Figura 8. Correlação entre as ações prioritárias, metas nacionais e indicadores de


monitoramento

91
ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

6.3 Plano de ação para a Biodiversidade


O Plano de ação para a Biodiversidade, 1º módulo, está apresentado na Tabela 15.

Tabela 15. 1º módulo do Plano de Ação Nacional para a Biodiversidade


Meta 1: Até 2020, no mais tardar, a população brasileira terá conhecimento dos valores da biodiversidade e das medidas que poderá tomar para conservá-la e utilizá-la de forma
sustentável.
Interface
Ações Objetivo Responsável Possíveis parceiros Prazo Setor (Outras
metas)
Comunicar os valores da biodiversidade e dos
Elaboração e implementação da serviços ecossistêmicos e a relevância da
Governo,
1.1 estratégia de comunicação do projeto consideração desses serviços em processos de MMA CNI 2019 2
setor privado
TEEB Regional-Local tomada de decisão por atores públicos e
privados.
Elaboração e implementação da Comunicar os valores da biodiversidade e dos Rede de ONGs da Mata
governo,
estratégia de comunicação do Projeto serviços ecossistêmicos, e a importância da Atlântica e Pacto para
1.2 MMA 2018 sociedade 15
Biodiversidade e Mudanças Climáticas Mata Atlântica no contexto da Mudança do Restauração da Mata
civil
na Mata Atlântica Clima. Atlântica
Implementação de plano de ação de
governo,
formação e capacitação de educadores
Divulgar informações sobre conservação e uso MMA e academia
1.3 ambientais, gestores e demais públicos ICMBio, JBRJ e MEC 2019 7, 12
sustentável das espécies da biodiversidade. vinculadas
envolvidos com a Agenda
Biodiversidade
Embrapa, Universidades
Públicas, MCTIC, Região Sul:
1. Revisar, organizar e publicar os resultados do
FAPEU, Região Centro-
levantamento relativo aos aspectos botânico-
Promoção de espécies nativas da flora Oeste: Embrapa, Região governo,
ecológicos e diferentes possibilidades de uso das
brasileira de valor econômico atual ou Sudeste: academia,
1.4 espécies nativas da flora brasileira de valor MMA 2016 4
potencial (Iniciativa Plantas para o Biodiversitas/Fundação sociedade
econômico atual ou potencial.
Futuro) Zoobotânica/BH, Região civil
2. Promover o conhecimento e o uso sustentável
Nordeste: APNE/UFPE,
das espécies da biodiversidade.
Região Norte: Museu Emilio
Goeldi

92
ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

Meta 1: Até 2020, no mais tardar, a população brasileira terá conhecimento dos valores da biodiversidade e das medidas que poderá tomar para conservá-la e utilizá-la de forma
sustentável.
Interface
Ações Objetivo Responsável Possíveis parceiros Prazo Setor (Outras
metas)
Informar e melhorar a sensibilização da
população brasileira sobre os valores
Comunicação e promoção das
ambientais, sociais, culturais e econômicos do
informações sobre o valor da A partir de governo,
patrimônio genético brasileiro e dos
1.5 biodiversidade e a importância da DPG/SBF Ascom/MMA, Secom 2016 - sociedade 4, 16, 18
conhecimentos tradicionais associados à nossa
gestão do Sistema de ABS no Brasil e no contínuo civil
biodiversidade, bem como sobre os benefícios
Mundo
resultantes da manutenção da
biodiversidade e dos serviços ecossistêmicos.

Meta 2: Até 2020, no mais tardar, os valores da biodiversidade, geodiversidade e sociodiversidade serão integrados em estratégias nacionais e locais de desenvolvimento e
erradicação da pobreza e redução da desigualdade, sendo incorporado em contas nacionais, conforme o caso, e em procedimentos de planejamento e sistemas de relatoria.

Interface
Ações Objetivo Responsável Possíveis parceiros Prazo Setor Outras
Metas

A segunda revisão do processo de atualização


está atualmente em curso, aplicando o mesmo
método utilizado em 2006-2007. O foco atual é
Caatinga,
Atualização das áreas prioritárias para a melhorar o uso dessas áreas prioritárias de
Cerrado e
conservação, uso sustentável e conservação no dia-a-dia dos processos da governo,
Pantanal:
repartição de benefícios, da agenda nacional de conservação e das academia,
2.1 DECO/SBF ICMBio, OEMAs, OMMAs atualizado 19
biodiversidade (Amazônia, Caatinga, organizações ambientais. Alguns dos principais sociedade
em 2016,
Cerrado, Mata Atlântica, Pampa, desafios são: atualização contínua do banco de civil
demais:
Pantanal, Zona Costeira e Marinha) dados; aplicação de tecnologia de ponta para
2017.
assegurar um uso contínuo; ferramentas para a
geração de cenários; criação de interfaces
gráficas amigáveis, etc.

93
ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

Meta 2: Até 2020, no mais tardar, os valores da biodiversidade, geodiversidade e sociodiversidade serão integrados em estratégias nacionais e locais de desenvolvimento e
erradicação da pobreza e redução da desigualdade, sendo incorporado em contas nacionais, conforme o caso, e em procedimentos de planejamento e sistemas de relatoria.

Interface
Ações Objetivo Responsável Possíveis parceiros Prazo Setor Outras
Metas

Apoiar a implementação e institucionalização


das contas econômicas ambientais de água e
Implementação das Contas Econômicas florestas como contas-satélites, de forma a
2.2 IBGE ANA, SFB, SRHU/MMA 2019 governo 20
Ambientais de Água e Floresta integrar dados de estatísticas ambientais nas
informações sobre atividades econômicas do
Sistema de Contas Nacionais (SCN) do Brasil.

Integrar critérios e valores de biodiversidade e


Integração dos serviços ecossistêmicos ecossistemas a políticas, planos, processos de
2.3 no processo de elaboração do PPA desenvolvimento e estratégias de redução da MP MMA 2019 governo 20
Federal (projeto TEEB Regional-Local) pobreza no nível nacional por meio do Plano
Plurianual

Integrar monitoramento da biodiversidade


INPE/MCTIC, Embrapa,
Espacialização e monitoramento de (SISBr) aos sistemas de desmatamento- governo,
2.4 A definir Ibama, JBRJ e instituições 2020 19
espécies chaves/endêmicas/invasoras Prodes/Terraclass/queimadas -pontos de calor e academia
de pesquisas
área queimada

Sistematizar e gerar informações válidas e


imprescindíveis para o ordenamento sustentável Ministérios que compõem a
do território brasileiro, harmonizando as Comissão Coordenadora do Federal: governo,
Elaboração e implementação de relações econômicas, sociais e ambientais que SRHU/MMA ZEE do Território Nacional 2019
2.5 estados, 19
MacroZEEs e zoneamentos estaduais existem nele, de forma a contribuir para um (CCZEE), instituições que Estaduais: sociedade
processo de uso e ocupação dos recursos compõem o Consórcio ZEE 2017 civil
naturais disponíveis mais eficaz e aplicado de Brasil, governos estaduais e
acordo com as peculiaridades locais. sociedade civil organizada

94
ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

Meta Nacional 3: Até 2020, no mais tardar, incentivos que possam afetar a biodiversidade, inclusive os chamados subsídios perversos, terão sido reduzidos ou reformados, visando
minimizar os impactos negativos. Incentivos positivos para a conservação e uso sustentável de biodiversidade terão sido elaborados e aplicados, de forma consistente e em
conformidade com a CDB, levando em conta as condições socioeconômicas nacionais e regionais.

Interface
Ações Objetivo Responsável Possíveis parceiros Prazo Setor Outras
Metas

Beneficiar os municípios que desenvolvem Processo


ações em relação ao meio ambiente através do contínuo de
envio de recursos do ICMS - Imposto sobre inclusão de
Circulação de Mercadorias e Serviços, recolhido novos
3.1 Implementação do ICMS Ecológico Estados TNC governo 20
pelos Estados. O ICMS Ecológico é um dos estados e
critérios para o repasse desses valores e premia os implementaç
municípios que possuem, por exemplo, Unidades ão do
de Conservação e áreas de mananciais. instrumento

Desenvolver uma proposta metodológica para a


integração de serviços ecossistêmicos na
Integração dos serviços ecossistêmicos
metodologia de construção do Zoneamento MMA/SBF, membros do
3.2 no Zoneamento Ecológico-Econômico MMA/DZT 2017 governo 2
Ecológico-Econômico, com vistas a fortalecer a CCZEE
(Projeto TEEB Regional-Local)
dimensão ambiental e o princípio da
sustentabilidade deste instrumento.

Aplicar os resultados das Diretrizes Empresariais


para a Valoração Econômica de Serviços
Centro de Estudos em
Integração de serviços ecossistêmicos Ecossistêmicos e desenvolver ferramentas para
3.3 MMA e CNI Sustentabilidade da 2018 empresas 20
na Gestão Empresarial que as empresas possam integrar o valor dos
Fundação Getúlio Vargas
serviços ecossistêmicos em seus processos de
gestão.

95
ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

Meta Nacional 3: Até 2020, no mais tardar, incentivos que possam afetar a biodiversidade, inclusive os chamados subsídios perversos, terão sido reduzidos ou reformados, visando
minimizar os impactos negativos. Incentivos positivos para a conservação e uso sustentável de biodiversidade terão sido elaborados e aplicados, de forma consistente e em
conformidade com a CDB, levando em conta as condições socioeconômicas nacionais e regionais.

Interface
Ações Objetivo Responsável Possíveis parceiros Prazo Setor Outras
Metas
1. Oferecer elementos para que os tomadores de
decisão em finanças - tanto de empresas, como
do setor financeiro - possam considerar formal e
explicitamente os riscos associados aos recursos Centro de
naturais e serviços ecossistêmicos em seus Estudos em
Ferramenta de análise do risco
processos de identificação, análise e avaliação dos Sustentabilid
financeiro em investimentos e
3.4 riscos. ade da MMA e CNI 2017 empresas 20
financiamentos relacionados ao Capital
2. Oferecer subsídios para reflexões acerca de Fundação
Natural
políticas públicas de comando e controle e Getúlio
incentivos econômicos no Brasil para Vargas
incorporação de recursos naturais e serviços
ecossistêmicos nos processos de tomada de
decisão no setor privado.

Meta 4: Até 2020, no mais tardar, governos, setor privado e grupos de interesse em todos os níveis terão adotado medidas ou implementado planos de produção e consumo
sustentáveis para mitigar ou evitar os impactos negativos da utilização de recursos naturais.

*Não há ações específicas previstas para a SBF com relação à Meta 4

96
ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

Meta 5: Até 2020, a taxa de perda de ambientes nativos será reduzida em pelo menos 50% (em relação às taxas de 2009) e, na medida do possível, levada a perto de zero e a
degradação e fragmentação terão sido reduzidas significativamente em todos os biomas.

Interface
Ações Objetivo Responsável Possíveis parceiros Prazo Setor Outras
Metas
1. Desenvolver mapeamentos periódicos sobre
desmatamento e uso da terra em todos os
biomas brasileiros, fornecendo informações
oficiais com método padronizado e comparável.
2. Promover a articulação dos diversos órgãos
Implementação do Programa de
do Governo Federal que atuam em iniciativas SECEX, Inpe, Embrapa, Ibama,
Monitoramento Ambiental dos Biomas governo,
5.1 de monitoramento por satélite da cobertura DPCD/SMCQ e MCTIC, universidades e 2020 14, 19
Brasileiros (Portaria MMA nº 365, de 27 academia
vegetal e do uso da terra. SBF/MMA outros
de novembro de 2015)
3. Garantir a otimização da aplicação de
recursos financeiros e humanos.
4. Prover informações para subsidiar políticas
públicas de biodiversidade e de clima, com
prioridade para o Cerrado.

97
ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

Meta 5: Até 2020, a taxa de perda de ambientes nativos será reduzida em pelo menos 50% (em relação às taxas de 2009) e, na medida do possível, levada a perto de zero e a
degradação e fragmentação terão sido reduzidas significativamente em todos os biomas.

Interface
Ações Objetivo Responsável Possíveis parceiros Prazo Setor Outras
Metas
1. Promover a regularização fundiária de terras
públicas e melhorar a gestão do território.
2. Melhorar a eficiência do monitoramento e
controle do desmatamento, melhorar os
Demais secretarias do
procedimentos de licenciamento para o manejo
MMA e vinculadas,
florestal e concessões, aumentar a fiscalização
MAPA, MCTIC, MD,
para reduzir as atividades ilegais e aumentar o governo,
Elaboração e implementação da 4ª fase Casa Civil / Secretaria
cumprimento da legislação ambiental, em academia,
do Plano de Ação para a Prevenção e DPCD/SMCQ/MM Especial de Agricultura 2016- 7, 11, 14,
5.2 especial no setor produtivo. estados,
Controle do Desmatamento na Amazônia A Familiar, MDIC, MI, MJ, 2019 15
3. Promover a viabilidade das cadeias de empresas,
Legal - PPCDAm MME, MT, MTE, MP,
produção sustentáveis que representam sociedade civil
MRE, MF, dentre
alternativas ao desmatamento, promover as
outros, estados, ONGs,
boas práticas na agricultura e pecuária,
setor produtivo.
aumentar a produção e comércio de madeira
legal por meio de manejo florestal sustentável,
além de gerar tecnologia e inovação para o
desenvolvimento sustentável na Amazônia.
Demais secretarias do
MMA e vinculadas,
Reduzir a taxa do desmatamento e da
MAPA, MCTIC, MD,
degradação florestal, bem como a incidência de governo,
Elaboração e implementação da 3ª fase Casa Civil / Secretaria
queimadas e incêndios florestais no bioma academia,
do Plano de Ação para a Prevenção e DPCD/SMCQ/MM Especial de Agricultura 2016- 7, 11,14,
5.3 Cerrado, por meio da articulação de ações e estados,
Controle do Desmatamento e do Fogo no A Familiar, MDIC, MI, MJ, 2019 15
parcerias entre União, estados, municípios, empresas,
Cerrado - PPCerrado MME, MT, MTE, MP,
sociedade civil organizada, setor empresarial e sociedade civil
MRE, MF, dentre
academia.
outros, estados, ONGs,
setor produtivo.

98
ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

Meta 6: Até 2020, o manejo e captura de quaisquer estoques de organismos aquáticos serão sustentáveis, legais e feitos com aplicação de abordagens ecossistêmicas, de modo a
evitar a sobre-exploração, colocar em prática planos e medidas de recuperação para espécies exauridas, fazer com que a pesca não tenha impactos adversos significativos sobre
espécies ameaçadas e ecossistemas vulneráveis, e fazer com que os impactos da pesca sobre estoques, espécies e ecossistemas permaneçam dentro de limites ecológicos seguros,
quando estabelecidos cientificamente.

Interface
Ações Objetivo Responsável Possíveis parceiros Prazo Setor Outras
Metas
1. Avaliar do status de uso das principais
espécies da biodiversidade aquática brasileira
Redução da ameaça de extinção de afetadas pela atividade pesqueira.
Ibama, ICMBio,
6.1 espécies aquáticas da biodiversidade 2. Elaborar e Implementar Planos de MMA 2019 governo 12
MAPA
brasileira. Recuperação para peixes e invertebrados
aquáticos ameaçados de extinção.

Avaliar e propor medidas de ordenamento da


Implementação do Sistema de Gestão
atividade pesqueira visando a mitigação de
6.2 Compartilhada do Uso Sustentável dos MAPA e MMA Ibama, ICMBio 2019 governo 12
capturas incidentais de fauna aquática e o uso
Recursos Pesqueiros
sustentável dos estoques.
1. Produzir estatística, observadores, mapas de
bordo e pesquisa sobre a atividade pesqueira.
Implementar sistema eletrônico de Documento
Fortalecimento do sistema de de Origem de Pescado – DOP.
6.3 monitoramento e produção de 2. Modernizar e ampliar o Programa Nacional de MAPA/MMA Ibama, ICMBio 2019 governo 1
informações sobre a atividade pesqueira Rastreamento de Embarcações Pesqueiras por
Satélite PREPS para monitoramento e
fiscalização da atividade pesqueira.

99
ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

Meta 7: Até 2020, estarão disseminadas e fomentadas a incorporação de práticas de manejo sustentáveis na agricultura, pecuária, aquicultura, silvicultura, extrativismo, manejo
florestal e da fauna, assegurando a conservação da biodiversidade.

Interface
Ações Objetivo Responsável Possíveis parceiros Prazo Setor Outras
Metas
Aumentar a produtividade agrícola e pecuária,
Implementação do Programa ABC - reduzindo ao mesmo tempo as emissões de em
7.1 MAPA Diversos governo 14, 15
Agricultura de Baixo Carbono carbono associadas e apoiando a restauração execução
florestal.
Promover a exploração de recursos naturais de
Apoio ao manejo sustentável em RESEX,
forma menos impactante possível ao ambiente, MMA, Ibama e
7.2 RDS, FLONA e assentamentos ICMBio e Incra contínuo governo 14
assegurando a recuperação, regeneração e outros
sustentáveis
recomposição do ecossistema.

Promover o manejo e o consumo florestal


Ibama, OEMAS,
Desenvolvimento de Planos de Manejo madeireiro sustentável nas cadeias produtivas governo,
7.3 SFB e estados Incra, Associações contínuo 14
Florestal para a Caatinga e Amazônia de móveis, construção civil, para fins empresas
de Indústrias
energéticos, dentre outras.

Publicação de materiais educativos sobre


Embrapa e
a importância da conservação e uso Promover o conhecimento e o uso sustentável governo e
7.4 DESP/SBF/MMA Universidades 2016 1
sustentável dos polinizadores, com das espécies da biodiversidade. academia
Públicas
ênfase em abelhas

Integrar as informações ambientais das


Implementação do Cadastro Ambiental propriedades rurais, compondo bases de dados
7.5 SFB e OEMAs DECO/SBF 2016 governo, estados 11, 14, 15
Rural para controle, monitoramento e planejamento
ambiental.

100
ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

Meta 8: Até 2020, a poluição, inclusive resultante de excesso de nutrientes, terá sido reduzida a níveis não prejudiciais ao funcionamento de ecossistemas e da biodiversidade.

Interface
Ações Objetivos Responsável Possíveis parceiros Prazo Setor Outras
Metas
Promover a reavaliação dos
Reavaliar os produtos agrotóxicos suspeitos de
ingredientes ativos de agrotóxicos já
provocarem danos ao meio ambiente, e a partir
registrados, em relação aos quais há governo, setor
8.1 dos estudos e resultados verificados, estabelecer IBAMA Anvisa, MAPA contínuo 4
indícios de provocarem danos ao meio privado
medidas restritivas ou proibitivas do registro
ambiente e que estejam associados a
desses ingredientes ativos.
efeitos nocivos às abelhas.
Proteger a saúde humana, a biota e o meio
ambiente dos poluentes orgânicos persistentes,
por meio da eliminação ambientalmente
Implementar o Plano Nacional de MMA, OEMAs,
adequada dos estoques e resíduos de
Implementação (NIP) da Convenção de instituições listadas governo, estados,
8.2 substâncias POPs identificadas no Brasil, ONGs 2020 4, 7
Estocolmo sobre Poluentes Orgânicos no NIP, setor setor privado
implementação das estratégias de redução da
Persistentes (POPs) privado
liberação de POPs não intencionais nas fontes
nacionais e gerenciar as áreas contaminadas por
POPs.
Definir estratégias para redução das
liberações de mercúrio para o meio Proteção de organismos aquáticos a partir de
OEMAS, setor governo, estados,
8.3 aquático, tendo como base o inventário atividades que visem a minimização das MMA 2018 4
privado setor privado
nacional de emissões e liberações de liberações de mercúrio.
mercúrio
Criar e implementar o cadastro de substâncias
químicas industriais e as ferramentas de análise
Desenvolver e implementar a legislação de risco de substâncias químicas perigosas (que
Associações de governo, setor
8.4 sobre o cadastro e controle das contemplam avaliação dos impactos à biota), MMA 2020 4
indústrias privado
substâncias químicas industriais para estabelecimento de medidas de gestão de
risco desses químicos, minimizando assim a
liberação no ambiente de substâncias perigosas
Investigar periodicamente a contaminação da
Realizar o monitoramento em cetáceos Instituições de governo, ONGs,
8.5 biota por POPs e mercúrio a fim de estabelecer MMA 2020 4
e peixes quanto à contaminação de pesquisa academia
um acompanhamento/monitoramento contínuo.

101
ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

POPs e mercúrio na costa brasileira e Os POPs e o mercúrio são substâncias


na região amazônica neurotóxicas, biocumulativas, carcinogênicas e
mutagênicas
Evitar a eutrofização em ecossistemas naturais
por meio da redução do teor de fósforo. O
Controlar o teor de fósforo em Associações de Governo, setor
8.6 fósforo é um elemento cumulativo e nutriente MMA Contínuo 4
detergentes indústrias privado
limitante ao crescimento dos organismos
fitoplanctônicos.

Meta 9: Até 2020, a Estratégia Nacional sobre Espécies Exóticas Invasoras deverá estar totalmente implementada, com participação e comprometimento dos estados e com a
formulação de uma Política Nacional, garantindo o diagnóstico continuado e atualizado das espécies e a efetividade dos Planos de Ação de Prevenção, Contenção, Controle.

Interface
Ações Objetivo Responsável Possíveis parceiros Prazo Setor Outras
Metas
Revisar e atualizar o arcabouço legal aplicável
ao controle de introdução e reintrodução de
Desenvolvimento e implementação de planos de
espécies exóticas e elaborar e editar as listas
controle para prevenção, detecção precoce,
9.1 oficiais nacionais das espécies exóticas MMA ICMBio, JBRJ, Ibama 2019 governo 12
erradicação, e monitoramento de espécies
invasoras por ambiente (marinho, águas
exóticas invasoras.
continentais e terrestre).

102
ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

Meta 10: Até 2015, as múltiplas pressões antropogênicas sobre recifes de coral e demais ecossistemas marinhos e costeiros impactados por mudanças de clima ou acidificação
oceânica terão sido minimizadas para que sua integridade e funcionamento sejam mantidos.

Interfac
Ações Objetivo Responsável Possíveis parceiros Prazo Setor e Outras
Metas
Além do ICMBio,
Universidades,
ONGs que atuam
com biodiversidade
costeira e marinha, governo,
Atualização das Áreas Prioritárias Para a Atualizar as áreas prioritárias da Zona Costeira
MAPA (pesca), MME academia,
Conservação, Uso Sustentável e Repartição de e Marinha mediante estudos visando a
10.1 DECO/SBF (petróleo e gás), 2017 empresas, 2
benefícios, da Biodiversidade para a Zona atualização dessa ferramenta com aplicação no
Secretaria de sociedade
Costeira e Marinha planejamento sistemático da biodiversidade.
Portos, CIRM, civil
Ministério da
Defesa (Marinha),
MCTIC, dentre
outros.
Gerar informações qualificadas para uma
avaliação da efetividade das ações de
Aperfeiçoamento do monitoramento da
10.2 conservação, assim como, influenciar as ICMBio DECO/SBF 2020 governo 1, 19
biodiversidade marinha e costeira
políticas e tomadas de decisão, tanto em escala
local, quanto regional.

103
ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

Meta 11. Até 2020, serão conservadas, por meio de unidades de conservação previstas na Lei do SNUC e outras categorias de áreas oficialmente protegidas, como APPs, reservas
legais e terras indígenas com vegetação nativa, pelo menos 30% da Amazônia, 17% de cada um dos demais biomas terrestres e 10% de áreas marinhas e costeiras, principalmente
áreas de especial importância para biodiversidade e serviços ecossistêmicos, assegurada e respeitada a demarcação, regularização e a gestão efetiva e equitativa, visando garantir
a interligação, integração e representação ecológica em paisagens terrestres e marinhas mais amplas.

Interfac
Ações Objetivo Responsável Possíveis parceiros Prazo Setor e Outras
Metas

DPCD/SMCQ,
Integração do sistema de áreas protegidas da Consolidar 60 milhões de hectares de Unidades 2016 a governo,
11.1 DAP/SBF ICMBio, OEMAs. 5, 12
Amazônia (Projeto GEF Paisagens) de Conservação. 2021 estados
Colômbia e Peru

governo,
Expansão do Sistema Nacional de Unidades ICMBio, OEMAs,
1. Criação de novas áreas protegidas. 2017 a estados, 1, 5, 12,
11.2 de Conservação na Caatinga, Pantanal e DAP/SBF comunidades do
2. Fortalecimento da gestão das UCs. 2021 sociedade 15
Pampa (Projeto GEF Terrestre) entorno de UCs
civil

Garantir uma gestão mais efetiva das UCs e


Elaboração e implementação de Planos de
incorporar questões sobre mudança do clima e MMA, instituições governo,
11.3 Manejo de UCs estaduais e federais dentro Estados, ICMBio 2018 12, 14,
adaptação baseada em ecossistemas no seu de pesquisa estados
de um modelo aperfeiçoado 15
planejamento

104
ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

Meta 11. Até 2020, serão conservadas, por meio de unidades de conservação previstas na Lei do SNUC e outras categorias de áreas oficialmente protegidas, como APPs, reservas
legais e terras indígenas com vegetação nativa, pelo menos 30% da Amazônia, 17% de cada um dos demais biomas terrestres e 10% de áreas marinhas e costeiras, principalmente
áreas de especial importância para biodiversidade e serviços ecossistêmicos, assegurada e respeitada a demarcação, regularização e a gestão efetiva e equitativa, visando garantir
a interligação, integração e representação ecológica em paisagens terrestres e marinhas mais amplas.

Interfac
Ações Objetivo Responsável Possíveis parceiros Prazo Setor e Outras
Metas

órgão gestores
Evoluir a plataforma atual do CNUC, visando
estaduais,
contemplar as novas demandas por informação
Implantação do Novo Cadastro Nacional de municipais e governo,
11.7 do MMA, necessárias para a coordenação do DAP/SBF 2018 19
Unidades de Conservação federal, Ministério estados
SNUC, e adequação a padrões de acessibilidade,
da Defesa, Ibama,
interoperabilidade de sistemas e tecnologias.
DECo

Desenvolver e disseminar ferramentas e boas ICMBio, órgãos


práticas de gestão integrada, com vistas a gestores estaduais e
Coordenação da gestão integrada de UCs subsidiar a condução de ações no âmbito dos municipais de governo, 5, 7, 14,
11.8 DAP/SBF 2018
por meio dos Mosaicos de Áreas Protegidas Mosaicos de Áreas Protegidas, aumentando a unidades de estados 15
efetividade da conservação e a eficiência na conservação, Enap,
gestão das áreas. FGV, Academia

105
ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

Meta 11. Até 2020, serão conservadas, por meio de unidades de conservação previstas na Lei do SNUC e outras categorias de áreas oficialmente protegidas, como APPs, reservas
legais e terras indígenas com vegetação nativa, pelo menos 30% da Amazônia, 17% de cada um dos demais biomas terrestres e 10% de áreas marinhas e costeiras, principalmente
áreas de especial importância para biodiversidade e serviços ecossistêmicos, assegurada e respeitada a demarcação, regularização e a gestão efetiva e equitativa, visando garantir
a interligação, integração e representação ecológica em paisagens terrestres e marinhas mais amplas.

Interfac
Ações Objetivo Responsável Possíveis parceiros Prazo Setor e Outras
Metas
Ministérios e
Fortaleceras Reservas da Biosfera brasileiras e a demais instituições
Comissão Brasileira para o Programa "O Homem que compõe a
e a Biosfera"- COBRAMAB. Promover, no âmbito COBRAMAB e
da COBRAMAB e colegiados subnacionais do Conselhos
Programa MaB, ações de fortalecimento da Deliberativos e
Fortalecimento e coordenação das Reservas gestão e ampliação da efetividade da Comitês Regionais governo,
11.9 DAP/SBF 2020
da Biosfera conservação da natureza em áreas protegidas, ou Estaduais das estados
por meio da integração de iniciativas Reservas da
desenvolvidas no âmbito das políticas setoriais Biosfera, com
presentes no escopo do Programa, como Ciência destaque para
e Tecnologia, Desenvolvimento Agrário, órgãos gestores de
Agricultura, Educação, entre outros. meio ambiente
estaduais.

Consolidação das diretrizes nacionais de planos


Capacitação de pessoal para elaboração de de manejo e posterior desenvolvimento de Órgãos gestores governo,
11.10 DAP/SBF 2017 1, 19
plano de manejo - projeto Lifeweb curso para elaboração de planos de manejo estaduais, ICMBio estados
(modalidade EaD)

106
ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

Meta 11. Até 2020, serão conservadas, por meio de unidades de conservação previstas na Lei do SNUC e outras categorias de áreas oficialmente protegidas, como APPs, reservas
legais e terras indígenas com vegetação nativa, pelo menos 30% da Amazônia, 17% de cada um dos demais biomas terrestres e 10% de áreas marinhas e costeiras, principalmente
áreas de especial importância para biodiversidade e serviços ecossistêmicos, assegurada e respeitada a demarcação, regularização e a gestão efetiva e equitativa, visando garantir
a interligação, integração e representação ecológica em paisagens terrestres e marinhas mais amplas.

Interfac
Ações Objetivo Responsável Possíveis parceiros Prazo Setor e Outras
Metas

Consolidar, no mínimo, 60 (sessenta) milhões de


hectares de UCs na Amazônia, de modo a
Implementação do Programa Áreas assegurar a conservação da biodiversidade e Órgãos gestores governo,
11.11 DAP/SBF 2020 5, 12
Protegidas da Amazônia - ARPA contribuir para o seu desenvolvimento estaduais, ICMBio estados
sustentável de forma descentralizada e
participativa.

Aumentar as Áreas Marinhas e Costeiras


Expansão do sistema de áreas protegidas ICMBio, órgãos governo, 5, 10,
11.12 Protegidas para 5% da área marinha e costeira DAP/SBF 2020
marinhas (Projeto GEF-Mar) gestores estaduais estados 12
do Brasil (equivalente a 175 mil km²)

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ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

Meta 12: Até 2020, o risco de extinção de espécies ameaçadas terá sido reduzido significativamente, tendendo a zero, e sua situação de conservação, em especial daquelas sofrendo
maior declínio, terá sido melhorada.
Interface
Ações Objetivo Responsável Possíveis parceiros Prazo Setor Outras
Metas
1. Avaliar o estado de conservação e das
vulnerabilidades das espécies da fauna e da flora
brasileira ameaçadas de extinção.
2.Publicar lista nacional de espécies ameaçadas
Redução da ameaça de extinção de espécies de extinção.
da biodiversidade brasileira, recuperar suas 3. Elaborar instrumentos de gestão, incluindo o ICMBio, Ibama,
governo, 1, 6, 7, 9,
12.1 populações e promover o conhecimento e o desenvolvimento de programas de conservação MMA JBRJ, instituições de 2019
academia 11
uso sustentável ex situ de espécies ameaçadas e implementar pesquisa
planos de ação nacionais.
4. Fortalecer e ampliar programas de
monitoramento da biodiversidade com ênfase
em espécies ameaçadas ou de especial interesse.

Implementação da Convenção sobre o Avaliar o impacto do comércio internacional


Comércio Internacional de Espécies da Fauna sobre as espécies da flora e fauna ameaçadas de
12.2 Ibama MMA, ICMBio 2019 governo 6, 7
e da Flora Selvagem Ameaçadas de Extinção extinção no âmbito da CITES.
– CITES

1. Reduzir ameaça à extinção de espécies da


biodiversidade brasileira, recuperar suas
populações e promover o conhecimento e o uso
Desenvolvimento e aprimoramento de sustentável.
normas federais relacionadas ao 2. Implementar e monitorar acordos de
12.3 MMA e Ibama ICMBio e Estados 2019 governo 1
monitoramento, manejo, destinação e cooperação técnica para gestão florestal e
recuperação dos recursos da flora e da fauna faunística e promover a capacitação dos órgãos
do Sistema Nacional de Meio Ambiente -
Sisnama para operacionalização dos sistemas de
informação (Sinaflor, Sisfauna).

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ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

Meta 12: Até 2020, o risco de extinção de espécies ameaçadas terá sido reduzido significativamente, tendendo a zero, e sua situação de conservação, em especial daquelas sofrendo
maior declínio, terá sido melhorada.
Interface
Ações Objetivo Responsável Possíveis parceiros Prazo Setor Outras
Metas
governo
federal,
Implementação da Convenção sobre a Conservar em escala global as espécies academia,
ICMBio, Ibama,
12.4 Conservação das Espécies Migratórias de migratórias de animais silvestres, abrangendo MMA/SBF 2023 sociedade 1, 5, 6, 11
SAVE Brasil, MAPA
Animais Silvestres – CMS espécies migratórias terrestres, aquáticas e aves. civil,
empresas,
estados

Aperfeiçoar a cadeia produtiva visando conciliar governo,


Revisão de legislação que se aplica aos Ibama, ICMBio, 2017-
12.5 os interesses de uso e proteção dos DESP/SBF/MMA setor 1, 7
polinizadores MAPA 2018
polinizadores. produtivo

governo
1. Elaborar e implementar planos de ação de
federal,
Ampliação da proteção da fauna e flora na espécies ameaçadas. 2017
ICMBio, JBRJ, estados,
12.6 Caatinga, Pantanal e Pampa (Projeto GEF 2. Avaliar o risco de extinção de espécies. DESP/SBF a 1, 11, 19
OEMAs academia,
Terrestre) 3. Avaliar a efetividades de UCs para 2021
sociedade
conservação de espécies.
civil

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ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

Meta 13: Até 2020, a diversidade genética de microrganismos, plantas cultivadas, de animais criados e domesticados e de variedades silvestres, inclusive de espécies de valor
socioeconômico e/ou cultural terá sido mantida, e estratégias terão sido elaboradas e implementadas para minimizar a perda de variabilidade genética.

Interface
Possíveis
Ações Objetivo Responsável Prazo Setor com Outras
parceiros
Metas

1. Ampliar a capacidade de conservação e


disponibilização de espécies de interesse atual
ou potencial, com valor econômico,
socioambiental, cultural, agrícola e potencial uso
para melhoramento genético e segurança
alimentar.
2. Conservar a diversidade genética das MDSA, Casa Civil/
Apoio à conservação ex-situ do patrimônio variedades tradicionais locais ou crioulas ou Secretaria Especial A partir
governo,
13.1 genético brasileiro (Projetos do Fundo raças localmente adaptadas ou crioulas DPG/SBF de Agricultura de 2017 - 2, 16, 18
sociedade
Nacional de Repartição de Benefícios) desenvolvidas ou adaptadas por povos Familiar, MCTIC, contínuo
civil
indígenas, comunidades tradicionais e MAPA, Embrapa
agricultores familiares.
3. Disponibilizar material genético de forma
expedita e livre de ônus para povos indígenas,
comunidades tradicionais e agricultores
familiares.
4. Implementar projetos (via Fundo Nacional de
Repartição de Benefícios).

110
ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

1. Demonstrar o valor nutricional da


Casa Civil /
agrobiodiversidade e do papel que desempenha
Secretaria Especial
na promoção de dietas saudáveis e
De Agricultura
Integração da biodiversidade em políticas de fortalecimento dos modos de vida.
Familiar; MDSA;
segurança alimentar e nutricional (Projeto 2. Usar as evidências geradas para influenciar
MAPA; MEC; MS; governo, 1, 2, 3, 4, 7,
13.2 GEF "Conservação e uso sustentável da políticas, programas e mercados que apoiam a MMA 2017
MCTIC; Conab; academia 14 e 18
Biodiversidade para a melhoria da nutrição e conservação e uso sustentável da
FNDE; Consea;
do bem-estar humano") agrobiodiversidade com potencial nutricional.
Embrapa; FNN;
3. Disponibilizar ferramentas, conhecimento e
Universidades
melhores práticas para a intensificação do uso
Públicas.
da biodiversidade para alimentação e nutrição.

111
ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

Meta 14: Até 2020, ecossistemas provedores de serviços essenciais, inclusive serviços relativos à água e que contribuem à saúde, meios de vida e bem-estar, terão sido restaurados e
preservados, levando em conta as necessidades das mulheres, povos e comunidades tradicionais, povos indígenas e comunidades locais, e de pobres e vulneráveis.

Interface
Possíveis
Ações Objetivo Responsável Prazo Setor Outras
parceiros
Metas

ANA, ICMBio,
ONGs,
Universidades,
Ministérios, governo,
Implementação de Sítios Ramsar (áreas de Elaborar estratégia de implementação da Estados - academia,
14.6 importância internacional para as Convenção de Ramsar, com foco nos Sítios DECO/SBF Membros que 2017 estados, 10, 11, 14
ecossistemas de áreas úmidas) Ramsar. compõem o sociedade
Comitê Nacional civil
de Zonas Úmidas
(CNZU), gestores
dos Sítios Ramsar

112
ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

Meta 15: Até 2020, a resiliência de ecossistemas e a contribuição da biodiversidade para estoques de carbono terão sido aumentadas através de ações de conservação e recuperação,
inclusive por meio da recuperação de pelo menos 15% dos ecossistemas degradados, priorizando biomas, bacias hidrográficas e ecorregiões mais devastados, contribuindo para
mitigação e adaptação à mudança climática e para o combate à desertificação.

Interface
Possíveis
Ações Objetivo Responsável Prazo Setor com Outras
parceiros
Metas
Ministérios e
Setores
relacionados a
cidades, saúde,
recursos hídricos,
zonas costeiras,
1. Aprimorar o conhecimento científico sobre a energia, gestão de
vulnerabilidade da biodiversidade às mudanças riscos e desastres, governo,
Implementação das diretrizes e metas sobre
climáticas e seu papel na redução das DLAA/SMCQ e indústria e academia,
15.1 biodiversidade do Plano Nacional de 2020 1, 10
vulnerabilidades sociais e econômicas. DECO/SBF mineração, sociedade
Adaptação às Mudanças Climáticas
2. Implementar medidas de adaptação, infraestrutura, civil
incluindo adaptação baseada em ecossistemas. povos e
populações
vulneráveis,
agricultura,
segurança
alimentar e
nutricional

113
ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

Meta 15: Até 2020, a resiliência de ecossistemas e a contribuição da biodiversidade para estoques de carbono terão sido aumentadas através de ações de conservação e recuperação,
inclusive por meio da recuperação de pelo menos 15% dos ecossistemas degradados, priorizando biomas, bacias hidrográficas e ecorregiões mais devastados, contribuindo para
mitigação e adaptação à mudança climática e para o combate à desertificação.

Interface
Possíveis
Ações Objetivo Responsável Prazo Setor com Outras
parceiros
Metas
1. Sensibilização: lançar movimento de
comunicação com foco em agricultores,
agronegócio, cidadãos urbanos, formadores de
opinião e tomadores de decisão, a fim de
promover a consciência sobre o que é a
recuperação da vegetação nativa, quais
benefícios ela traz, e como se envolver e apoiar
este processo.

2. Sementes & mudas: promover a cadeia


Governo: MAPA,
produtiva da recuperação da vegetação nativa
MCTI, Casa Civil /
por meio do aumento da capacidade de viveiros
Secretaria Especial
e demais estruturas para produção de espécies
Estabelecer uma política e um Plano de Agricultura governo,
nativas, e racionalizar as políticas para melhorar
15.2 Nacional de Recuperação da Vegetação DECO/SBF Familiar, MF, MP, 2016 sociedade 11 e 14
a quantidade, qualidade e acessibilidade de
Nativa - PLANAVEG Abema, Anamma. civil
sementes e mudas de espécies nativas.
Sociedade civil:
3. Mercados: fomentar mercados a partir WRI, UICN, IIS,
dos quais os proprietários de terra possam gerar PUC-RJ, USP
receitas por meio da comercialização de madeira,
produtos não-madeireiros, proteção de bacias
hidrográficas, entre outros serviços e produtos
gerados pela recuperação da vegetação nativa.
4. Instituições: definir os papéis e
responsabilidades entre os órgãos de governo,
empresas e a sociedade civil, e alinhar e integrar
as políticas públicas existentes e novas em prol
da recuperação da vegetação nativa.

114
ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

Meta 15: Até 2020, a resiliência de ecossistemas e a contribuição da biodiversidade para estoques de carbono terão sido aumentadas através de ações de conservação e recuperação,
inclusive por meio da recuperação de pelo menos 15% dos ecossistemas degradados, priorizando biomas, bacias hidrográficas e ecorregiões mais devastados, contribuindo para
mitigação e adaptação à mudança climática e para o combate à desertificação.

Interface
Possíveis
Ações Objetivo Responsável Prazo Setor com Outras
parceiros
Metas
5. Mecanismos financeiros: desenvolver
mecanismos financeiros inovadores para
incentivar a recuperação da vegetação nativa,
incluindo empréstimos bancários preferenciais,
doações, compensações ambientais, isenções
fiscais específicas e títulos florestais.
6. Extensão rural: expandir o serviço de
extensão rural (públicos e privados) com objetivo
de contribuir com capacitação dos proprietários
de terras, com destaque para os métodos de
recuperação de baixo custo.
7. Planejamento espacial & monitoramento:
implementar um sistema nacional de
planejamento espacial e de monitoramento para
apoiar o processo de tomada de decisão para a
recuperação da vegetação nativa.
8. Pesquisa & desenvolvimento: aumentar a
escala e o foco do investimento em pesquisa e
desenvolvimento e inovação para reduzir o
custo, melhorar a qualidade e aumentar a
eficiência da recuperação da vegetação nativa,
considerando os fatores ambientais, sociais e
econômicos.

115
ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

Meta 15: Até 2020, a resiliência de ecossistemas e a contribuição da biodiversidade para estoques de carbono terão sido aumentadas através de ações de conservação e recuperação,
inclusive por meio da recuperação de pelo menos 15% dos ecossistemas degradados, priorizando biomas, bacias hidrográficas e ecorregiões mais devastados, contribuindo para
mitigação e adaptação à mudança climática e para o combate à desertificação.

Interface
Possíveis
Ações Objetivo Responsável Prazo Setor com Outras
parceiros
Metas

Implementar políticas para promover o uso


DPCD/SMCQ,
Promoção de paisagens sustentáveis na sustentável da terra e a recuperação da 2016 a governo e
15.3 DECO e DAP/SBF ICMBio, OEMAs. 11 e 14
Amazônia (Projeto GEF Paisagens) cobertura vegetal nativa na Amazônia, 2021 estados
Colômbia e Peru
promovendo conectividade.

1. Elaborar instrumentos e diretrizes para a


restauração da vegetação nativa.
Promoção da restauração da vegetação ICMBio, OEMAs, governo,
2. Implementar a restauração em áreas 2017 a
15.4 nativa na Caatinga, Pantanal e Pampa DECO/SBF instituições de estados, 1, 11 e 14
selecionadas a fim de aumentar os estoques de 2021
(Projeto GEF Terrestre) pesquisa academia
carbono e promover a conectividade.

Promover a regularização ambiental de


Implementação dos Programas de governo,
15.5 propriedades rurais e consequente SFB e OEMAs DECO/SBF 2016 11 e 14
Regularização Ambiental – PRAs estados
conservação/recuperação de APPs e RLs.

DECO/MMA, SFB,
Adequar as normas e regras da IN nº 56 às
Aperfeiçoamento da regulamentação sobre a Casa Civil /
necessidades de produção em larga escala de
15.6 produção, comércio e utilização de sementes MAPA Secretaria Especial 2016 governo 7, 14
sementes e mudas nativas para fins de
e mudas florestais, nativas e exóticas de Agricultura
recuperação.
Familiar

116
ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

Meta 16: Até 2015, o Protocolo de Nagoya sobre Acesso a Recursos Genéticos e a Repartição Justa e Equitativa dos Benefícios Derivados de sua Utilização terá entrado em vigor e
estará operacionalizado, em conformidade com a legislação nacional.

Interface
Ações Objetivo Responsável Possíveis parceiros Prazo Setor Outras
Metas
1. Fornecer aos usuários um sistema de gestão
do acesso a componente do patrimônio genético
e/ou conhecimento tradicional associado de
forma célere, simples, transparente.
2. Automatizar as etapas que compõem os
Elaboração e implementação de Sistema Anvisa, MCTIC, MF,
processos de gestão do patrimônio genético e de A partir
Nacional de Gestão do Patrimônio Genético MAPA, Ibama,
16.1 conhecimento tradicional associado. DPG/SBF de 2016 - governo 18
e do Conhecimento Tradicional Associado - Funai, MDIC, Inpi,
3. Auxiliar as atividades de fiscalização e contínuo
SisGen CDN
controle.
4. Permitir a rastreabilidade do uso do
patrimônio genético ou conhecimento
tradicional associado e a repartição de
benefícios.

Aplicar os recursos oriundos de repartição de MMA, MF, MDSA,


benefícios do Fundo para apoiar ações e MCTIC, Casa Civil/
atividades que visem valorizar o patrimônio Secretaria Especial governo,
Implementação do Fundo Nacional de 2, 5, 7, 11,
genético e os conhecimentos tradicionais de Agricultura 2016 a academia,
16.2 Repartição de Benefícios e sua DPG/SBF 13, 14, 18,
associados e promover o seu uso de forma Familiar, Funai, 2017 sociedade
operacionalização 19
sustentável, de acordo com as diretrizes do Iphan, CNPCT, civil
Programa Nacional de Repartição de Benefícios - Condraf, CNPI,
PNRB. SBPC, Consea

117
ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

Meta 16: Até 2015, o Protocolo de Nagoya sobre Acesso a Recursos Genéticos e a Repartição Justa e Equitativa dos Benefícios Derivados de sua Utilização terá entrado em vigor e
estará operacionalizado, em conformidade com a legislação nacional.

Interface
Ações Objetivo Responsável Possíveis parceiros Prazo Setor Outras
Metas

Criar um mecanismo de comunicação nacional


que esteja apto a transmitir as informações
Anvisa, MCTIC, MF,
Desenvolvimento e implantação do “Portal necessárias e previstas para o “clearinghouse
MAPA, CNPq,
Brasileiro sobre Acesso ao Patrimônio mechanism” do Protocolo de Nagoya, da Abril de
16.3 DPG/SBF Ibama, Funai, governo 1, 4, 19
Genético e aos Conhecimentos Tradicionais Convenção sobre Diversidade Biológica; assim 2017
MDIC, INPI, CDN,
Associados" como viabilizar a comunicação nacional de ABS,
MinC
no modelo de um "clearing-house" nacional
sobre ABS.

Meta 17: Até 2014, a estratégia nacional de biodiversidade será atualizada e adotada como instrumento de política, com planos de ação efetivos, participativos e atualizados, que
deverão prever monitoramento e avaliações periódicas.

Interface
Ações Objetivo Responsável Possíveis parceiros Prazo Setor Outras
Metas

1. Fornecer orientação constante e harmônica


para que as ações direcionadas à biodiversidade
governo, 1, 2, 3, 4,
ou que a afetam, planejadas e executadas pelos
academia, 5, 6, 7, 8, 9,
diversos setores, sejam específicas,
Implementação, monitoramento e estados, 10, 11 ,12,
17.1 mensuráveis, alcançáveis, relevantes e SBF/MMA PainelBio, Conabio 2016
atualização da EPANB empresas, 13, 14, 15,
temporizáveis, além de garantir a
sociedade 16, 18, 19,
transversalidade de gênero.
civil 20
2. Contribuir para o alcance das Metas de Aichi.

118
ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

Meta 17: Até 2014, a estratégia nacional de biodiversidade será atualizada e adotada como instrumento de política, com planos de ação efetivos, participativos e atualizados, que
deverão prever monitoramento e avaliações periódicas.

Interface
Ações Objetivo Responsável Possíveis parceiros Prazo Setor Outras
Metas

1, 2, 3, 4,
Assegurar a participação de todas as secretarias Todas as secretarias 5, 6, 7, 8, 9,
Ampliação da adesão do MMA e vinculadas à do MMA e de suas instituições vinculadas (JBRJ, do MMA e suas 10, 11 ,12,
17.2 SBF/MMA 2016 governo
EPANB ICMBio, Ibama e ANA) na implementação das vinculadas: JBRJ, 13, 14, 15,
Metas Nacionais de Biodiversidade. ICMBio, Ibama e ANA 16, 18, 19,
20

1. Internalizar as Metas Nacionais de


Biodiversidade em todos os setores da
governo, 1, 2, 3, 4, 5,
sociedade, de forma a obter a integração
academia, 6, 7, 8, 9,
necessária de todos os atores para combater as
Diversos, em todos os estados, 10, 11 ,12,
17.3 Ampliação da adesão multisetorial à EPANB causas da perda de biodiversidade e promover SBF/MMA 2017
setores da sociedade. empresas, 13, 14, 15,
sua conservação e uso sustentável.
sociedade 16, 18, 19,
2. Apresentar e discutir a EPANB no âmbito da
civil 20
Conabio, colhendo subsídios para seu
aperfeiçoamento.

1. Refinar os indicadores para as Metas


1, 2, 3, 4,
Nacionais de Biodiversidade. governo,
5, 6, 7, 8, 9,
Avaliação e monitoramento do processo de 2. Implementar o monitoramento das Metas academia,
PainelBio, DGE/MMA, 10, 11 ,12,
17.4 implementação das Metas Nacionais de Nacionais de Biodiversidade. SBF/MMA 2016 empresas,
IBGE, Conabio 13, 14, 15,
Biodiversidade 3.Definir a estratégia de comunicação sobre o sociedade
16, 18, 19,
monitoramento das Metas Nacionais de civil
20
Biodiversidade

119
ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

Meta 18: Até 2020, os conhecimentos tradicionais, inovações e práticas de povos indígenas, agricultores familiares e comunidades tradicionais relevantes à conservação e uso
sustentável da biodiversidade, e a utilização consuetudinária de recursos biológicos terão sido respeitados, de acordo com seus usos, costumes e tradições, a legislação nacional e os
compromissos internacionais relevantes, e plenamente integrados e refletidos na implementação da CDB com a participação plena e efetiva de povos indígenas, agricultores
familiares e comunidades tradicionais em todos os níveis relevantes.

Interface
Ações Objetivo Responsável Possíveis parceiros Prazo Setor Outras
Metas

1. Fortalecer cadeias produtivas de produtos


MS, Anvisa, MI,
Fortalecimento de cadeias produtivas de oriundos de conhecimento tradicional
MAPA, MDIC, Casa governo, 2, 4, 5, 7,
fitoterápicos com acesso ao patrimônio associado. 2017 a
18.1 DPG/SBF e SEDR Civil / Secretaria de empresas 13, 19
genético e ao conhecimento tradicional 2. Promover o livre comércio de produtos 2019
Agricultura Familiar,
associado oriundos de conhecimento tradicional associado
ICMBio, SFB, Sebrae
por parte dos povos e comunidades tradicionais.

Ampliar a capacidade dos diferentes atores em


temas como: desenvolvimento de instrumentos
para promover a gestão do sistema ABS no país; MEC, MJ, Funai, Casa governo,
Capacitação sobre regulação nacional e
sensibilização e treinamento para os principais Civil, Ibama, ICMBio, 2016 a empresas, 1, 2, 7, 13,
18.2 internacional que disciplinam o acesso, a DPG/SBF
interessados e envolvidos em ABS, com especial FCP, Sebrae, CNPCT, 2017 sociedade 16
remessa e a repartição de benefícios (ABS)
atenção à capacitação de comunidades APIB, Condraf civil
indígenas e tradicionais (provedores) para
participar operações de ABS.
Aumentar o número de fitoterápicos
Financiamento de monografias e estudos
desenvolvidos a partir da biodiversidade 2017 a
18.3 clínicos para inclusão de novas espécies nos DPG/SBF MS, Anvisa governo 13
brasileira com usos recomendados pelo Sistema 2018
compêndios da farmacopeia brasileira
Único de Saúde.

120
ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

Meta 18: Até 2020, os conhecimentos tradicionais, inovações e práticas de povos indígenas, agricultores familiares e comunidades tradicionais relevantes à conservação e uso
sustentável da biodiversidade, e a utilização consuetudinária de recursos biológicos terão sido respeitados, de acordo com seus usos, costumes e tradições, a legislação nacional e os
compromissos internacionais relevantes, e plenamente integrados e refletidos na implementação da CDB com a participação plena e efetiva de povos indígenas, agricultores
familiares e comunidades tradicionais em todos os níveis relevantes.

Interface
Ações Objetivo Responsável Possíveis parceiros Prazo Setor Outras
Metas
1. Promover códigos voluntários de conduta,
diretrizes e boas práticas e/ou
normas.
2. Capacitar utilizadores e fornecedores de FCP, FUNAI, governo,
Implementação da estratégia de difusão de 2016 a
18.4 recursos genéticos e conhecimentos tradicionais DPG/SBF GTA, Pacari, APIB, sociedade
Protocolos Comunitários 2020 1
associados aos recursos genéticos. CNPCT civil
3. Sensibilizar sobre os protocolos e
procedimentos das comunidades indígenas
e locais.

Formação da Rede de Agentes Integrar e manter preparados os agentes Estados: AC, AP, PA,
18.5 Multiplicadores em Acesso e Repartição de multiplicadores instruídos a partir da DPG/SBF AM, RO, RR, BA, MG, 2016 estados 1
Benefícios capacitação em ABS MS, RS

121
ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

Meta 19: Até 2020 as bases científicas e as tecnologias necessárias para o conhecimento sobre a biodiversidade, seus valores, funcionamento e tendências e sobre as consequências
de sua perda terão sido ampliados e compartilhados, e o uso sustentável, a geração de tecnologia e inovação a partir da biodiversidade estarão apoiados, devidamente transferidos e
aplicados. Até 2017 a compilação completa dos registros já existentes da fauna, flora e microbiota, aquáticas e terrestres, estará finalizada e disponibilizada em bases de dados
permanentes e de livre acesso, resguardadas as especificidades, com vistas à identificação das lacunas do conhecimento nos biomas e grupos taxonômicos.

Interface
Ações Objetivo Responsável Possíveis parceiros Prazo Setor Outras
Metas
Sistema de
Criar um módulo de consulta e análise para: Informações
dezembr
1. Apresentar informações espaciais. sobre a
o de
2. Gerar relatórios. Biodiversidade governo ,
Implementação de um Sistema de Suporte à ICMBio, Ibama, JBRJ, 2016
3. Identificar áreas prioritárias para Brasileira – SIB- academia, 1, 2, 14,
19.1 Tomada de Decisão sobre Biodiversidade - Universidades, (início
conservação, análises de conectividade e Br/ Ministério de sociedade 15
SINADE Centros de Pesquisa de
fragmentação, identificação de áreas sensíveis Ciência, civil
operaçã
para serviços ecossistêmicos e recuperação que Tecnologia e
o)
auxiliem o processo de tomada de decisão. Informação e
DECO/SBF/MMA
1. Integrar os sistemas SISBio, Espécies, Portal
da Biodiversidade, SINADE, JABOT, SIBBr/MCTIC.
Promoção da sinergia entre sistemas de 2. Viabilizar o livre acesso a informações
19.2 MMA, MCTIC ICMBio, Ibama, JBRJ 2017 governo 1, 2
informação sobre a biodiversidade brasileira relevantes em biodiversidade. 3. Oferecer
ferramentas de análise aos tomadores de
decisão.

122
ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

Meta 20: Imediatamente à aprovação das metas brasileiras, serão realizadas avaliações da necessidade de recursos para sua implementação, seguidas de mobilização e alocação dos
recursos financeiros para viabilizar, a partir de 2015, a implementação, o monitoramento do Plano Estratégico da Biodiversidade 2011-2020, bem como o cumprimento de suas metas.

Interface
Ações Objetivo Responsável Possíveis parceiros Prazo Setor Outras
Metas

Quantificar, analisar e acompanhar os gastos


Dimensionamento e acompanhamento do
20.1 ambientais do governo federal, a partir da IPEA MMA, MP, MF 2016 governo 2, 17
Gasto Ambiental Federal
conceituação de gasto público ambiental.

Realizar levantamento dos gastos federal,


governo,
estaduais e do setor privado referentes à Ipea, CEBDS, CNI,
20.2 Levantamento de gastos da biodiversidade SBF/MMA 2016 estados, 2, 17
biodiversidade desde 2006 até 2015. estados
empresas

Dimensionar o gasto público com biodiversidade


de forma sistemática para identificar lacunas e
propor mecanismos inovadores de
financiamento para a conservação e uso
Aperfeiçoar um Plano de Mobilização de
sustentável da biodiversidade. Essa iniciativa é
Recursos Financeiros para a conservação da
20.3 complementar ao esforço já adotado pelo IPEA e MPOG MMA, MF e Ipea 2018 governo 2, 17
biodiversidade (Iniciativa Financeira para a
pelo Ministério do Meio Ambiente para
Biodiversidade - BIOFIN Brasil)
dimensionamento dos gastos (ações 20.1 e 20.2)
e pretende avançar na Estratégia de Mobilização
de Recursos Financeiros para a Biodiversidade

123
ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

Outros quatro passos ainda serão necessários


7 Plano de Ação para a para que se consolide o 2º módulo do Plano
de Ação, que apresente a atualização da
Biodiversidade: 2º módulo
EPANB em nível nacional e inclua os
O rico processo de atualização da EPANB compromissos firmados pelos demais setores
mobilizou a participação de diversos setores e instituições de governo:
e produziu análises e informações de grande
 Refinamento e adoção dos
importância para a biodiversidade brasileira,
indicadores para as Metas Nacionais
tal como a identificação conjunta das
de Biodiversidade;
principais causas da perda de seus elementos,
 Ampliação do Plano de Ação, com
bem como 26 consequências do processo de
foco nacional;
perda de biodiversidade, sendo a extinção de
 Finalização do Plano de Ação
espécies e a perda de conhecimento
Institucionalizado; e
tradicional as mais perceptíveis, segundo
 Apresentação da EPANB à
resultados do levantamento no grupo do
CONABIO.
Governo federal.
A criação do PainelBio foi fundamental para
Já foram cumpridas até o momento etapas
assegurar o amplo espectro de contribuições
fundamentais previstas segundo a
técnicas nas múltiplas áreas do conhecimento
metodologia e a estratégia de atualização da
abrangidas pela EPANB, considerando que o
EPANB:
painel tem como propósitos: promover a
 Definição da Estratégia Nacional para sinergia entre instituições, a disseminação de
a Biodiversidade, através de novas conhecimento, a realização de capacitações e
metas nacionais para o ciclo 2011- o apoio aos processos de tomada de decisões
2020 (Diálogos sobre a visando o alcance das Metas Nacionais de
Biodiversidade); Biodiversidade. A SBF vem buscando a
 Construção de subsídios para um retomada da articulação com o PainelBio
Plano de Ação Governamental para a para os próximos passos de atualização e
Conservação e Uso Sustentável da implementação da EPANB.
Biodiversidade (multissetorial);
 Criação do Painel Brasileiro de 7.1 Órgãos Governamentais
Biodiversidade – PainelBio; O envolvimento de atores como o Ministério
 Construção participativa de do Planejamento, o Ministério da Fazenda e
indicadores para as metas nacionais da Casa Civil é de grande relevância para
para 2020; e alcançar a real permeabilidade do tema em
 Estruturação do documento todos os setores de governo. O principal
preliminar da EPANB com o 1º objetivo do governo brasileiro é construir um
módulo do Plano de Ação. clima de confiança e cooperação com os
setores acadêmico, empresarial e com a
sociedade civil, em especial os detentores de

124
ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

conhecimentos tradicionais associados, para para a criação e ampliação de unidades de


promover o uso sustentável do patrimônio conservação. Tal ação consistirá em contatos
genético e a valorização do conhecimentos de diretos com os órgãos gestores estaduais
povos indígenas, comunidades tradicionais e buscando a coleta de informações atualizadas
agricultores tradicionais, e gerar sobre os processos de ampliação e criação de
oportunidades para o Brasil fortalecer e unidades de conservação estaduais e
desenvolver setores da economia em que o municipais e a identificação de oportunidades
elemento chave seja a conservação da de parceria entre o MMA e os estados para a
biodiversidade. ampliação e consolidação do SNUC.

7.1.1 Governo Federal A atuação do MMA como coordenador do


SNUC, consiste tanto no apoio à ampliação
O processo participativo e os esforços pelo
do sistema por meio da criação de novas UCs,
engajamento já tiveram início no setor
quanto pelo apoio técnico e financeiro para a
governamental durante a construção dos
sua consolidação por meio de diversos
Subsídios para um Plano de Ação
projetos de cooperação internacional. Este
Governamental para a Conservação e Uso
apoio é direcionado tanto paras as UCs
Sustentável da Biodiversidade. Por meio
Federais, cujo órgão gestor é o Instituto
desse processo foi alcançado um
Chico Mendes de Conservação da
compromisso formal dos demais ministérios
Biodiversidade - ICMBio, quanto para as
e instituições governamentais no combate à
UCs de diferentes Estados.
perda de biodiversidade e no alcance das
Metas Nacionais. 7.2 Academia
Diversas das ações realizadas pela SBF O diálogo entre as ciências e as políticas se
exigem a articulação e a ação conjunta com traduz na melhoria da qualidade da
outros setores de governo e são fundamentais informação para a tomada de decisão. A
para o alcance das Metas Nacionais. A tabela Academia brasileira tem muito a oferecer ao
10 apresenta essa sinergia estruturada para processo de formulação e implementação de
cada uma das Metas Nacionais, na forma do políticas públicas, incluindo: conhecimento
1º módulo do Plano de Ação para a técnico especializado, geração e
Biodiversidade. interpretação de dados e informações,
credibilidade internacional, independência e
7.1.2 Governos Estaduais
circunspeção46.
O fortalecimento da articulação com todos os
Historicamente, no entanto, ainda é preciso
entes da federação vem sendo uma das
avançar no estabelecimento claro do papel da
prioridades da SBF e deve permitir a
academia nas discussões das políticas
pactuação de metas em nível subnacional
públicas. Por parte do governo é necessária

46
BLOCKSTEIN, D.E. 2002. How to lose your politcal
viginity while keeping your scientific credibility.
BioScience 52(1): 91-96.

125
ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

uma orientação sobre a forma e a Sistematização, qualificação e disseminação de


disponibilização da informação científica, base de dados científicos
para responder perguntas sobre a Dois pontos fundamentais para a estruturação
implementação de políticas públicas. Por do conhecimento científico sobre a
parte dos cientistas, é preciso ampliar o biodiversidade brasileira são a integração e a
engajamento no processo de sistematização das bases científicas sobre
desenvolvimento e implementação de biodiversidade de que o país dispõe,
políticas públicas e na melhoria das decisões considerada a sua heterogeneidade.
que afetam toda a sociedade.
Essa característica se refere ao formato de
A SBF delineou uma abordagem para o dados e informações sobre biodiversidade,
fortalecimento do uso da base científica nos provenientes de diferentes grupos de
processos de tomada de decisão das políticas pesquisa que apresentam diferentes
públicas de conservação da biodiversidade no objetivos, metodologias e vocabulários.
Brasil, baseada em três eixos (Figura 9):
Nesse intuito e partindo dos dados
1. sistematização, qualificação e disponíveis no âmbito das instituições
disseminação de base de dados,
federais de meio ambiente foi lançado, no
2. preenchimento de lacunas científicas
sobre biodiversidade, serviços final de 2015, o Portal da Biodiversidade
ecossistêmicos e bem-estar humano, e (<https://portaldabiodiversidade.icmbio.gov.
3. análises estratégicas e subsídios à br/portal/>). Como mencionado no item
tomada de decisão sobre políticas 2.5.1, o Portal da Biodiversidade tem como
públicas. objetivo disponibilizar para a sociedade
Tal estratégia contribuirá, também, para o brasileira dados e informações sobre a
alcance das Metas Nacionais de biodiversidade brasileira gerados ou
Biodiversidade, em especial a Meta 19, além recebidos pelo Ministério do Meio Ambiente
de promover a inserção do setor acadêmico e pelas instituições a ele vinculadas.
no 2º módulo do Plano de Ação.

1) Sistematização, qualificação e SIBBR


disseminação de base de dados

Fortalecendo o IPBES Brasil


uso da base 2) Preenchimento de Lacunas Científicas Núcleo
científica nas sobre Biodiversidade, Serviços
políticas públicas Ambientais e Bem Estar Humano IPBES Brasil
de conservação (Conceitual IPBES) Rede
da biodiversidade
no Brasil
CSRio
3) Análises Estratégicas e Subsídios a
tomada de decisão sb Políticas Públicas
CPI

Figura 9. Eixos de Ação para o Fortalecimento do Uso da Base Científica

126
ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

Outra importante iniciativa, de maior elementos: natureza (todo o mundo natural


abrangência, é o SiBBr, apresentado no item com ênfase na biodiversidade e
2.5.3. É importante ressaltar que o Portal da ecossistemas), benefícios da natureza às
Biodiversidade e o SiBBr serão integrados pessoas (inclui valores espirituais, religiosos,
em 2016. culturais, comerciais), ativos antropogênicos
(conhecimento, tecnologia, recursos
Preenchimento de lacunas científicas sobre
financeiros, infraestrutura), fatores indiretos
biodiversidade, serviços ambientais
de mudança (como sistemas de governança e
ecossistêmicos e bem-estar humano
legislação), fatores diretos de mudança
Com uma base de dados quantitativos e (alteração de habitat, mudança climática) e
qualitativos bem estruturada e operacional é boa qualidade de vida (acesso a água,
possível identificar as lacunas científicas que comida, saúde, educação, segurança,
ainda existem sobre biodiversidade, serviços identidade cultural, prosperidade material,
ecossistêmicos/ambientais e bem-estar satisfação espiritual e liberdade de escolha)49.
humano, conhecimento tradicional, e as
O IPBES está realizando avaliações globais e
relações de gênero e sua interação com a
regionais sobre o estado e as tendências da
biodiversidade. Para isso, usaremos como
biodiversidade e serviços ecossistêmicos, o
referência o marco conceitual da Plataforma
impacto da biodiversidade e dos serviços
Intergovernamental de Biodiversidade e
ecossistêmicos sobre o bem-estar humano e a
Serviços Ecossistêmicos47 (IPBES) no que
eficácia das respostas, incluindo o Plano
tange os diagnósticos regionais sobre o
Estratégico de Biodiversidade e suas Metas
estado atual da biodiversidade e serviços
de Aichi e as EPANBs nacionais. Essas
ecossistêmicos.
avaliações também visam identificar a
O marco conceitual descreve componentes necessidade de capacitação, conhecimento e
sociais e ecológicos chave e as relações entre ferramentas para apoio político.
esses componentes e propõe uma linguagem
O relatório nacional do IPBES irá identificar
comum a todos os trabalhos48. Segundo Díaz
lacunas relevantes do conhecimento
(2015), o marco conceitual é um modelo
científico em seu sumário executivo. Estas
altamente simplificado das complexas
lacunas poderiam ser preenchidas por
interações entre o mundo natural e as
pesquisa dedicadas, desenvolvidas por uma
sociedades humanas e é composto por seis
rede de pesquisa e por um núcleo de pesquisa

47 o mundo contribuem para o trabalho do IPBES de forma


A Plataforma Intergovernamental de Biodiversidade e
voluntária.
Serviços Ecossistêmicos (IPBES) é um órgão
intergovernamental estabelecido em 2012 que tem por 48
Díaz et al. 2015. The IPBES conceptual framework –
objetivo “fortalecer a interface ciência-política sobre connecting nature and people. Current Opinion in
biodiversidade e serviços ambientais visando a conservação Environmental Sustainability 14:1-16.
e o uso sustentável da biodiversidade, o bem estar humano a
49
longo prazo e o desenvolvimento sustentável” (<http://www. http://agencia.fapesp.br/marco_conceitual_do_ipbes_e_p
ipbes.net>). O IPBES é uma colaboração entre as quatro ublicado/20559/
entidades das Nações Unidas: PNUMA, UNESCO, FAO e
PNUD e é administrado pelo PNUMA. O IPBES tem,
atualmente, 124 países-membros e vários cientistas de todo

127
ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

dedicado, que também subsidiariam a marinha, divididas em três chamadas,


posição brasileira em negociações segundo linhas temáticas específicas:
internacionais, inclusive no próprio IPBES. Chamada 1 – Sínteses e lacunas do
Um bom exemplo de interação academia- conhecimento da biodiversidade brasileira;
tomadores de decisão em prol do Chamada 2 – Pesquisa em redes temáticas
preenchimento de lacunas científicas sobre para ampliação do conhecimento sobre a
biodiversidade é o Sistema Nacional de biodiversidade brasileira: biota, papel
Pesquisa em Biodiversidade50 – Sisbiota. funcional, uso e conservação;
Esse sistema tempor objetivos: promover e Chamada 3 – Pesquisa em redes temáticas
ampliar o conhecimento sobre a para o entendimento e previsão de respostas
biodiversidade brasileira; melhorar a da biodiversidade brasileira às mudanças
climáticas e aos usos da terra.
capacidade de prever as respostas às
mudanças globais, particularmente a Outra iniciativa que contribui para o
mudança do uso da terra e mudanças preenchimento de lacunas científicas sobre
climáticas; e criar vínculos entre a pesquisa e biodiversidade é o Programa Monitoramento
a capacitação de recursos humanos, educação Ambiental dos Biomas Brasileiros. Apesar da
ambiental e divulgação do conhecimento existência de muitas iniciativas de
científico. Esse sistema opera com quatro mapeamento da cobertura vegetal dos biomas
temas principais: brasileiros que vêm sendo realizadas por
instituições de governo (federal e estaduais)
1. Ampliação do conhecimento sobre a
e por instituições de pesquisas, havia uma
biodiversidade;
2. Padrões e processos relacionados à carência de um conjunto de informações
biodiversidade; sobre a cobertura terrestre do País, que
3. Monitoramento da biodiversidade; e apresentasse dados de forma frequente,
4. Desenvolvimento de bio-produtos e consistente e complementar sobre uso e
usos da biodiversidade. cobertura da terra. Para tanto, foi criado o
Essa iniciativa multilateral51 é coordenada Programa de Monitoramento Ambiental dos
pelo MCTI por meio de seus órgãos Biomas Brasileiros, por meio da Portaria
subordinados e o primeiro edital para MMA nº 365, de 27 de novembro de 2015,
apresentação de propostas foi lançado em cujo objetivo, em última análise, é o de dotar
2010, com aprovação de projetos de pesquisa o país de um conjunto de informações sobre
na Amazônia, Caatinga, Cerrado, Pantanal, a vegetação nativa remanescente e sobre as
Mata Atlântica e Pampa, e zonas costeira e diversas atividades antrópicas nos biomas
brasileiros detectadas por meio de imagens

50
Acessível em: http://cnpq.br/apresentacao-sisbiota#void 51
Essa iniciativa envolve: o Ministério do Meio Ambiente –
MMA, Fundo Nacional para o Desenvolvimento Científico
e Tecnológico – FNDCT, Coordenação de Aperfeiçoamento
de Pessoal de Nível Superior – CAPES, Conselho Nacional
de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq, e 18
fundações estaduais de apoio à pesquisa.

128
ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

de satélite. Os monitoramentos apresentados desenvolvimento de análises estratégicas e


pelo Programa englobam desde os que já vêm subsídios à tomada de decisão sobre políticas
sendo realizados, como por exemplo o públicas, por meio de projetos de pesquisa
Sistema de Detecção de Desmatamento em aplicada diretamente a políticas públicas que
Tempo Real - DETER e Projeto de sejam estratégicas para a SBF e para o
Monitoramento da Floresta Amazônica posicionamento do Brasil em processos
Brasileira por Satélite – Prodes, executados internacionais.
pelo Inpe, e também prevê a execução de Algumas instituições de pesquisa já vêm
novos outros mapeamentos que tratam não só desenvolvendo trabalho importante nessa
de desmatamentos em base anual e contínua, área e a utilização das estruturas existentes
como também de extração seletiva de nos centros de pesquisa poderiam permitir ao
madeira na Amazônia, uso e cobertura da setor governamental uma visão mais ampla
terra, recuperação (áreas de regeneração), sobre as prioridades para o monitoramento,
área queimada e focos de queima. Uma visão com a inserção maior dos dados científicos na
sinóptica destes monitoramentos, com seus formulação de Políticas Públicas.
diversos tipos e frequências, permite que
sejam identificadas possíveis lacunas de O desenvolvimento de estudos comparativos
informação, e possibilita vislumbrar a sobre os esforços de conservação
necessidade de aprimoramento das desenvolvidos pelos diferentes países em
metodologias empregadas nos processos de temas específicos também se traduz num
detecção destes alvos terrestres. Esse objetivo a ser perseguido.
conjunto de informações é importante para É preciso avançar na definição de formas,
uma melhor compreensão das dinâmicas processos e ferramentas para que a ciência
ecológicas, econômicas e sociais que atuam possa, de fato, fazer parte do processo
sobre a superfície terrestre, as quais são político decisório considerando também
subsídios fundamentais para definição de aspectos sociais e de gênero ligados à
políticas públicas relacionadas à conservação biodiversidade. As ações da SBF nesse
e ao uso sustentável da biodiversidade sentido estão pautadas na busca pela conexão
brasileira. entre as equipes técnicas e especialistas, a
exemplo do que se fez no delineamento do
Análises Estratégicas e Subsídios à tomada de
Plano Nacional para Recuperação da
decisão sobre Políticas Públicas
Vegetação Nativa – Planaveg, em que houve
Complementando a pesquisa científica de o trabalho comum entre o terceiro setor, a
base, é necessário trabalhar no academia e os órgãos governamentais52,

52 Global Partnership on Forest Landscape


Para a elaboração da proposta da Politica
Restoration). No contexto dessa parceria, foram
Nacional e Plano Nacional para Recuperação da
realizadas oficinas de trabalho em São Paulo, Rio
Vegetação Nativa (PLANAVEG) foi firmado, em
de Janeiro e Brasília em setembro de 2013, com o
2013, um Memorando de Entendimento entre o
objetivo de promover discussões e compartilhar
MMA e o World Resources Institute (WRI),
informações sobre as melhores práticas de
instituição membro da Parceria Global para a
recuperação de paisagens degradadas ou alteradas
Restauração da Paisagem Florestal (GPFLR –

129
ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

promovendo o debate sobre as questões planejamento e de desenvolvimento, de


interdisciplinares que permeiam a forma a subsidiar, adequar e avaliar as
conservação. políticas públicas e promover a conservação
e uso sustentável da biodiversidade e dos
Experiências como essa podem embasar a
serviços ecossistêmicos”53.
ações integradas entre grupos de pesquisa e
equipes governamentais com a participação O Programa está diretamente relacionado ao
do terceiro setor, gerando respostas rápidas Plano Estratégico de Biodiversidade 2011-
para questões emergentes e baseadas em 2020 da Convenção sobre Diversidade
evidências científicas que possam se refletir Biológica, e se estrutura em três eixos,
nos processos de tomada de decisão. baseados nos objetivos estratégicos que
orientam as Metas de Aichi e as Metas
A ampliação de mecanismos que possibilitem
Nacionais de Biodiversidade 2011-2020.
a maior integração entre os objetivos das
políticas públicas e a alocação dos recursos Eixo 1 - Propor medidas para redução
para a geração e a gestão do conhecimento das pressões diretas associadas à
científico além de ampliar a sinergia, também perda da biodiversidade e degradação
se reflete no processo de tomada de decisão. de ecossistemas;

Programa Nacional de Pesquisa em Eixo 2 - Planejamento da conservação


Biodiversidade e Ecossistemas e recuperação dos ecossistemas e de
seus serviços essenciais;
Passos iniciais foram dados na construção de
um Programa Nacional de Pesquisa em Eixo 3 - Uso da biodiversidade e
Biodiversidade e Ecossistemas, sob provimento de serviços
coordenação do Ministério da Ciência, ecossistêmicos. Cada eixo é
Tecnologia e Inovação com a missão de subdividido em linhas de ação, que
“propor ações e soluções baseadas em servirão de base para a construção dos
conhecimentos científicos que aprimorem as planos bianuais que serão
estratégias nacionais, regionais e locais de

no Brasil. Participaram dessas oficinas mais de 45 formado por funcionários da SBF, pesquisadores
organizações, com 70 representantes de ONGs, da Pontifícia Universidade Católica do Rio de
setor privado, governos e instituições de pesquisa Janeiro (PUC-Rio), Universidade de São Paulo
e extensão que atuam na área. Os participantes (USP), World Resources Institute (WRI), Instituto
discutiram sobre as oportunidades e os desafios Internacional de Sustentabilidade (IIS), e
para a elaboração de uma estratégia nacional de membros da União Internacional para a
recuperação da vegetação nativa, bem como sobre Conservação da Natureza (UICN) e da
as melhores práticas internacionais e exemplos Cooperação Alemã para o Desenvolvimento
históricos, com o objetivo de identificar as Sustentável (GIZ) trabalharam na consolidação
barreiras existentes para a recuperação da das propostas recebidas durante a consulta pública
vegetação nativa, bem como indicar os fatores de e na formulação de uma minuta da PLANAVEG.
sucesso que permitiram o sucesso da recuperação Esta minuta está, atualmente, sob análise do
no Brasil e em outros lugares ao redor do mundo. Gabinete da Ministra.
Desse processo resultou uma versão preliminar da 53
PLANAVEG que ficou sob consulta pública por MCTI 2016. Documento-base: Programa Nacional de
aproximadamente 6 meses. Após esse período, um Pesquisa em Biodiversidade e Ecossistemas.
grupo de trabalho denominado GT PLANAVEG,

130
ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

desenvolvidos no âmbito do atingimento das metas especificamente para


Programa. o bioma, analisando os principais sucessos e
desafios para seu cumprimento.
O Programa visa à obtenção de
informação qualificada para a Um dos exemplos da importância do
implementação de políticas públicas voltadas envolvimento da sociedade civil foi a sanção
para a conservação de espécies e da Lei nº 13.123, em 20 de maio de 2015, que
ecossistemas e pretende, por meio de aumentou a demanda e o ambiente favorável
articulações e parcerias, a promoção de ações para a ratificação do Protocolo de Nagoya
conjuntas para a ampliação e a aplicação do (Meta 16). Na busca do envolvimento
conhecimento científico. adequado dos detentores de conhecimento
tradicional, foram realizadas seis oficinas
7.3 Sociedade Civil regionais e uma oficina nacional sobre a nova
A participação da sociedade civil na lei de repartição de benefícios e seu processo
elaboração e na execução das ações do de regulamentação.
governo brasileiro é importante para o efetivo Essas oficinas envolveram os agricultores
alcance das Metas Nacionais de familiares por meio do Conselho Nacional de
Biodiversidade e das Metas de Aichi, e Desenvolvimento Rural Sustentável –
contribui para que as transformações sociais Condraf; os povos indígenas por meio da
e ambientais provocadas persistam ao longo Câmara Técnica de Patrimônio Genético e
do tempo. Propriedade Intelectual da Política Nacional
A própria concepção da Estratégia Nacional de Gestão Territorial e Ambiental em Terras
para a Biodiversidade no Brasil teve início no Indígenas – PNGATI e a APIB; e os povos e
processo dos Diálogos sobre Biodiversidade comunidades tradicionais por meio da
(ver item 4.1), que teve como destaque sua Comissão Nacional de Povos e Comunidades
estrutura de governança e seu processo Tradicionais – CNPCT.
participativo contando com diversas As atividades programadas pela equipe da
instituições da sociedade civil. SBF, no âmbito dos programas e ações em
Da mesma forma, foi criado o PainelBio (ver desenvolvimento prevê que os conselhos,
item 4.3), rede voluntária e colaborativa de comissões e instituições da sociedade civil
instituições dos diferentes setores da também estarão envolvidos na formulação e
sociedade, que por meio de ações conjuntas, execução de programas de capacitação em
visa o alcance e implementação das Metas ABS e Protocolos Comunitários e de
Nacionais para a Biodiversidade. formação de multiplicadores do tema.

A sociedade civil também tem papel Os Protocolos Comunitários (PCs) são


fundamental no apoio ao monitoramento das documentos gerados a partir de processos
Metas, como no caso do Programa Anuário participativos de discussão e deliberação,
da Mata Atlântica, realizado pelo Instituto onde são definidos e pactuados pelos
Amigos da Reserva da Biosfera da Mata moradores das comunidades envolvidas, todo
Atlântica, que elabora balanços periódicos do um conjunto de regras comunitárias

131
ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

referentes ao uso e gestão dos territórios, a sociedade através da melhoria das


regras quanto à exploração de seus recursos condições de vida e saúde.
naturais e salvaguarda de seus conhecimentos
tradicionais. 7.4 Setor Privado

Experiências como o Protocolo Comunitário A atuação do Ministério do Meio Ambiente


Biocultural das Raizeiras do Cerrado junto ao setor empresarial para promover e
organizado pela Articulação Pacari e o incentivar práticas que promovam a
Protocolo Comunitário do Arquipélago do conservação da biodiversidade tem se dado
Bailique organizado pelo Grupo de Trabalho por meio da publicação de diretrizes
Amazônico, apoiado pelo Ministério do Meio (Schaltegger & Bestandig, 2011; MMA,
Ambiente, junto a outras iniciativas de 2012), projetos e pela articulação de agendas
fomento a Protocolos Comunitários, são de cooperação com organizações deste setor.
exemplos de que o apoio das normas e O setor empresarial brasileiro possui
instituições públicas brasileiras de gestão em interessantes iniciativas de organização em
relação às iniciativas da sociedade civil para prol do ambiente, como o Conselho
implementação de Protocolos Comunitários Empresarial Brasileiro para o
promovem o respeito aos conhecimentos Desenvolvimento Sustentável – CEBDS e a
tradicionais, inovações e práticas e a Coalizão Brasil, Clima, Florestas e
utilização consuetudinária de recursos Agricultura, que assumiu o compromisso de
biológicos por povos indígenas, agricultores restauração de 12 milhões de hectares de
familiares e comunidades tradicionais floresta como determinado pela Lei da
relevantes à conservação e uso sustentável da Proteção da Vegetação Nativa. Inspirados
biodiversidade. por esta parceria da Coalizão com efeitos de
escala internacional para a agenda do clima,
Além disso, cumpre destacar as iniciativas da
a SBF tem a intenção de estimular a
sociedade civil de autoafirmação do direito
incorporação dos temas relacionados à
ao exercício da medicina tradicional e a
biodiversidade em iniciativas desta natureza.
incorporação do uso de fitoterápicos na rede
pública de saúde. O apoio governamental tem Dentre os projetos do MMA, destaca-se o
um grande potencial para promover o Projeto TEEB Regional-Local: conservação
fortalecimento de cadeias produtivas de da biodiversidade através da integração de
fitoterápicos com acesso ao patrimônio serviços ecossistêmicos em políticas públicas
genético e ao conhecimento tradicional e na atuação empresarial, coordenado pelo
associado e o fomento de pesquisas e estudos MMA em conjunto com a Confederação
clínicos que possibilitem a inclusão de novas Nacional da Indústria – CNI, no contexto da
espécies nos compêndios da farmacopeia Cooperação Brasil-Alemanha para o
brasileira. Essas iniciativas valorizam os Desenvolvimento Sustentável. O projeto atua
conhecimentos tradicionais, fomentam a no fomento de exemplos concretos de
inovação, e podem resultar na repartição de implementação da integração da
benefícios tanto para os detentores de biodiversidade e dos serviços ecossistêmicos
conhecimentos tradicionais, como para toda

132
ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

em processos de tomada de decisão nas degradadas sejam conduzidas de forma


esferas pública e empresarial. planejada e eficiente.
No final de 2015, teve início a participação Outras organizações empresariais que já
da SBF em outro projeto com o setor trabalham com a questão do impacto, tanto
empresarial, envolvendo o setor agrícola nos positivo, quanto negativo, de suas atividades
Estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e para as mudanças climáticas também iniciam
Bahia, na região conhecida como a colaboração com a SBF em relação ao tema
“MATOPIBA”. O objetivo deste projeto da biodiversidade. Neste contexto,
“MATOPIBA 2020 - Vanguarda para um recentemente, teve início o diálogo entre o
futuro produtivo e sustentável”, proposto MMA e a Indústria Brasileira de Árvores –
pela Sociedade Rural Brasileira, IBÁ sobre a cooperação em temas
Conservação Internacional Brasil e Fundação relacionados a estruturação da cadeira de
Brasileira para o Desenvolvimento serviços para regularização ambiental e a
Sustentável – FBDS é construir nesta região sistematização e apresentação dos dados de
um modelo de paisagem agrícola sustentável, biodiversidade do setor de florestas
por meio de ações ligadas à transformação plantadas. A área de vegetação nativa
dos modos de produção e consumo; incentivo mantida por este setor representa uma área
ao cumprimento da legislação ambiental bastante extensa: 5,4 milhões de hectares de
(estímulo à adesão ao Cadastro Ambiental áreas naturais na forma de Áreas de
Rural – CAR, elaboração e implantação do Preservação Permanente, Reserva Legal e
Programa de Recuperação Ambiental – PRA) Reserva Particular do Patrimônio Natural
e apoio à criação, implementação e gestão de (IBÁ, 2016), o que reforça a importância de
áreas protegidas, com a meta de conservação estabelecer parcerias com o setor.
de 40% deste território em áreas sob O objetivo do MMA é fortalecer e ampliar
diferentes regimes de proteção como as parcerias deste tipo, incluindo o setor
unidades de conservação, terras indígenas, empresarial como mais um aliado a
reservas legais e áreas de preservação colaborar com o alcance das metas de
permanente. conservação e proteção dos ecossistemas e
A SBF também busca a aproximação com espécies brasileiras, juntamente com as
associações de empresas que promovem o ações de fortalecimento de cadeias
desenvolvimento sustentável e são parceiras produtivas de fitoterápicos com acesso ao
de ações para conservação da biodiversidade. patrimônio genético e ao conhecimento
Há uma parceria com a FBDS para o tradicional associado, capacitação em ABS
diagnóstico da situação das APPs no Brasil. e um projeto estruturante de Cosméticos
Após este diagnóstico será possível ter a com Base Florestal da Amazônia. As ações
dimensão da área realmente protegida pelas desenvolvidas deverão incluir os
APP com presença de cobertura vegetal e das empreendimentos de mulheres e povos
áreas de APP onde existe necessidade de indígenas e de comunidades tradicionais
recuperação. Este diagnóstico é essencial
para que as ações de recuperação das APP

133
ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

7.5 Elementos Estratégicos para o as diversas ações, políticas e projetos em


Alcance das Metas Nacionais andamento.
Considerado o foco do 1º módulo do Plano de
7.5.1 Estratégia de Comunicação
Ação para a Biodiversidade, no segundo
De acordo com a pesquisa Barômetro da semestre de 2015, foi criado um Grupo de
Biodiversidade 2015, realizada em nove Comunicação interno da SBF com a missão
países, os brasileiros estão entre os mais de coordenar e articular ações e estratégias de
preocupados com a conservação da comunicação dos diferentes projetos em
diversidade biológica. No Brasil, 92% dos andamento e o acompanhamento para a
entrevistados afirmaram já ter ouvido falar do definição de ações capazes de ampliar
tema. estratégias de comunicação para todas as
Embora esses números apontem um elevado ações da Secretaria.
número de respondentes que afirmam deter Ao mesmo tempo, também houve a
algum conhecimento sobre o tema da contratação de especialista para o
biodiversidade, é reconhecida a necessidade desenvolvimento de comunicações
de aprimoramento quanto à difusão correta espontâneas à CDB, de forma a garantir a
de conceitos e saberes, promovendo, transparência sobre os resultados e ações
inclusive, a valorização e a transmissão dos referentes ao cumprimento das Metas de
saberes populares, integrantes da cultura Aichi no país e a sua sinergia com outros
brasileira e, portanto, intimamente MEAs.
relacionados ao uso e à preservação da
Cumpre-se assim o princípio da
biodiversidade brasileira.
transparência, expresso no conjunto legal
Outro reconhecimento fundamental é a brasileiro e garantido a todo cidadão de forma
dificuldade enfrentada pelos países cuja a contribuir para o amadurecimento dos
língua difere daquelas consideradas oficiais processos de governança.
no âmbito das convenções e tratados
Até 2020, a SBF planeja concluir um plano
internacionais, em difundir a vasta gama de
estratégico de comunicação que abarque
informações sobre as suas ações e atividades
novas mídias, redes sociais e diversidade do
e disponibilizar, com abrangência global as
público, e possa garantira universalização da
informações e dados produzidos pelos
informação no tocante à Conservação da
diversos setores.
Biodiversidade. Essa estratégia deverá ser
Buscando vencer essas dificuldades e ampliada e buscar desenvolver ferramentas e
aprimorar os seus mecanismos de formato que possa ser reproduzido também
comunicação tanto internos quanto externos em nível local, por estados e municípios.
a SBF adotou medidas específicas para
alcançar, em curto prazo, maior efetividade 7.5.2 Estratégia de Financiamento
na difusão de informações e melhorar assim das Ações
a sinergia interinstitucional e também entre Segundo a Resolução CONABIO nº 6 de
03/09/2013, o planejamento e a

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ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

implementação da Estratégia e Plano de Ação SEEA). O SEEA consiste em uma estrutura


Nacionais para a Biodiversidade (EPANB) conceitual multipropósito, que permite
não podem prescindir de uma coerente descrever as interações entre a economia e o
avaliação das necessidades e das aplicações ambiente, bem como permite acompanhar as
de recursos financeiros para o alcance das variações nos estoques de ativos ambientais.
Metas Nacionais da Biodiversidade. A partir do levantamento dos gastos
governamentais ambientais, são aplicadas
Sob essa perspectiva, um dos elementos da
classificações padronizadas para a obtenção
Estratégia e Plano de Ação Nacionais para a
dos gastos com a conservação da
Biodiversidade (EPANB) é o Plano de
biodiversidade. A partir do desenho e
Mobilização de Recursos, que está sendo
validação da metodologia os dados da
construído de acordo com a orientação
execução orçamentária e financeira do
estabelecida na Meta nº 20, que estabelece
governo federal passarão a ser
que serão realizadas avaliações da
sistematicamente classificados e
necessidade de recursos para atender os
disponibilizados aos tomadores de decisão e
compromissos estabelecidos nas Metas
a sociedade.
Nacionais, seguidas de mobilização e
alocação de recursos para viabilizar sua O CEA considera três critérios: (i) as
implementação. despesas devem estar registradas no
orçamento oficial ou nas instituições
Objetivando atender esses compromissos,
executoras (para despesas extra-
bem como gerar informações consolidadas
orçamentais); (ii) as informações recolhidas
sobre os gastos ambientais no país, o
devem ser comparáveis a nível internacional
Governo Federal tem empreendido esforços
com outras metodologias para avaliar os
no sentido de aumentar o nível de informação
gastos ambientais; e (iii) os dados devem
sobre os gastos públicos com a
compor séries históricas anuais contínuas e
biodiversidade.
comparáveis. As fases planejadas para esse
Nesse contexto, o Instituto de Pesquisas estudo analítico são: (1) o planejamento
Econômicas Aplicadas (IPEA) está estratégico do estudo; (2) desenvolvimento
finalizando o levantamento dos gastos de metodologia para a definição dos
públicos federais ambientais e com a parâmetros para gastos ambientais; (3)
conservação da biodiversidade entre 2006 e classificação das rubricas orçamentais para
2015, por meio da Coordenação de Estudos despesas ambientais; (4) estabelecimento de
em Sustentabilidade Ambiental (COSAM). A acordos de cooperação com as instituições
metodologia utilizada é a Classificação das responsáveis pelo fornecimento dos dados
Atividades Ambientais (Classification of relevantes (MMA e Secretaria de Orçamento
Environmental Activities – CEA), uma Federal – SOF); (5) estruturação de um banco
metodologia desenvolvida pela Organização de dados que deverá conter a classificação
das Nações Unidas no âmbito do Sistema de das despesas ambientais; e (6) a análise de
Contas Econômicas e Ambientais (System of dados e publicação das informações
Economic and Environmental Accounts – coletadas.

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ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

No futuro, o IPEA pretende transformar esse envolverá a análise de itens direta e


estudo em uma linha de pesquisa permanente, indiretamente relacionados à biodiversidade.
com atualização anual dos dados sobre os Adicionalmente, o Brasil se tornou membro
gastos ambientais, e expandir o estudo para recentemente da iniciativa BIOFIN
incluir os níveis estadual e municipal. Desde (Biodiversity Finance Initiative). A iniciativa
2014, o IPEA está definindo o método para é conduzida pelo Ministério do
classificar as atividades ambientais e Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG),
estruturando o banco de dados com os gastos em parceria com o Ministério da Fazenda
orçamentários federais. (MF), o Ministério do Meio Ambiente
Ademais, para que o Brasil possa construir de (MMA) e o Programa das Nações Unidades
forma coerente e implementar com para o Desenvolvimento (PNUD). O objetivo
efetividade sua Estratégia e Plano de Ação do BIOFIN no Brasil é sistematizar o gasto
Nacionais para a Biodiversidade, o público com biodiversidade de forma
conhecimento dos gastos públicos com periódica com vistas a identificar lacunas e
conservação de biodiversidade nos estados propor mecanismo inovadores de
mostra-se fundamental, constituindo-se uma financiamento para a conservação e o uso
etapa importante para o conhecimento do sustentável da biodiversidade. Pretende-se,
aporte atual de recursos financeiros, assim, a partir da consolidação dos gastos
identificação das necessidades e definição de públicos realizados com a conservação da
estratégias para mobilização e alocação biodiversidade, obter uma avaliação das
inteligente destes recursos. necessidades de financiamento para o
cumprimento das Metas Nacionais que
Nesse sentido, o Departamento de
servirá como base para a elaboração do Plano
Ecossistemas (DECO) da Secretaria de
de Mobilização de Recursos. Esse processo
Biodiversidade e Florestas (SBF) do MMA
incluirá uma etapa para compatibilizar a
está coordenando o levantamento dos gastos
chave de classificação da metodologia CEA,
públicos ambientais estaduais, a partir dos
utilizada pelo IPEA, com a chave proposta
quais serão obtidos os gastos com
pelo BIOFIN. Além disso, estão previstos,
biodiversidade.
entre outros: (i) realização de seminários com
Em paralelo, no âmbito do setor privado, órgãos do governo e especialistas para
estão sendo realizadas discussões entre o discutir e validar a metodologia aplicada; (ii)
MMA, o Conselho Empresarial Brasileiro avaliação das oportunidades de inclusão de
para o Desenvolvimento Sustentável marcadores relacionados aos gastos com
(CEBDS), a Confederação Nacional da biodiversidade nas classificações
Indústria (CNI) e o IPEA para definir uma orçamentárias; e (iii) análise das receitas
metodologia comum para inventariar gastos potenciais (ou custos evitados) e implicações
ambientais dentro do setor privado. Para este da implementação dos novos mecanismos
fim, será aplicada a classificação dos gastos financeiros ou da revisão de mecanismos
ambientais da metodologia do IPEA, o que existentes.

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ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

Apesar da contração que vem ocorrendo nos financeira a longo prazo de unidades de
últimos anos no orçamento federal, os conservação, e o Fundo Nacional de
recursos alocados ao MMA e instituições Desenvolvimento Florestal, gerenciado pelo
vinculadas cresceu 14% em termos reais Serviço Florestal Brasileiro para promover o
entre 2010-2014 embora ainda seja um dos desenvolvimento de atividades florestais
menores entre os órgãos federais em volume (OECD, 2015).
de recursos. Um dos mais importantes é o inovador Fundo
Segundo OECD (2015), em 2014, o Amazônia, criado em 2008 para investimento
orçamento conjunto de todas as instituições na conservação e uso sustentável da floresta
ambientais foi de 3,6 bilhões de reais, e para a prevenção e monitoramento do
totalizando 0,15% do orçamento federal. desmatamento. O Fundo é gerenciado pelo
Deve-se considerar, no entanto, que pela Banco Nacional de Desenvolvimento
característica transversal do tema, outros Econômico e Social – BNDES em
ministérios e órgãos federais também coordenação com o MMA. A maioria dos
contribuem com grande parte da despesa recursos vem de doadores internacionais,
pública com o meio ambiente. principalmente da Noruega e da Alemanha,
mas também de empresas como a Petrobras.
Especificamente no que se refere a
As contribuições totais recebidas entre 2009
programas relacionados à biodiversidade,
e o início de 2015 chegaram a mais de 2
entre 2010 e 2014, a despesa do orçamento
bilhões de reais (OECD, 2015).
federal cresceu cerca de 50% em termos
reais, mais do que os 14% para a gestão O financiamento de projetos com recursos do
ambiental. O ICMBio é quem administra a Fundo Global para o Meio Ambiente
maior parte desse orçamento, sobretudo para Mundial (GEF) também faz parte da
a gestão de áreas protegidas federais (OECD, estratégia do Governo federal de cumprir
2015). Cabe ressaltar ainda os potenciais com as obrigações estabelecidas pela
recursos oriundos do OGU via emendas Convenção sobre Diversidade Biológica
parlamentares (Quadro 8), que podem (CDB). Comparativamente o Brasil possui
representar um grande incremento financeiro uma das maiores carteiras de projetos do GEF
às iniciativas voltadas à conservação da em todo mundo, considerados todos os eixos
biodiversidade, expressas no PPA no âmbito temáticos, mas com um foco pronunciado em
do programa 2018 – Biodiversidade. biodiversidade (GEF, 2012). O Brasil
Diversos Fundos orçamentários e extra participa do GEF desde sua fase piloto, em
orçamentários têm contribuído para o 1991. Estima-se que, até 2013, 51 projetos
financiamento de programas voltados à nacionais tenham sido financiados,
conservação e ao uso sustentável da totalizando 414 milhões de dólares, sendo
biodiversidade. São exemplos o Fundo cerca de 43% desse valor destinado à área de
Nacional de Meio Ambiente, que já biodiversidade. Além dos projetos nacionais,
desembolsou 230 milhões de reais desde sua o país participou de 34 projetos regionais e
criação, o Fundo para Áreas Protegidas, globais, num total adicional de 222 milhões
criado para apoiar a sustentabilidade de dólares (GEF, 2013b).

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ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

Além de apoiar o desenvolvimento da conservação da biodiversidade e dos


primeira Comunicação Nacional à CDB, o ecossistemas em nível global.
GEF, como mecanismo financeiro da
Convenção, tem contribuído para a sua
implementação após a ratificação pelo Brasil.
Diversos projetos do GEF na área de 8 Conclusão
biodiversidade têm auxiliado o país tanto na
A EPANB brasileira foi desenvolvida numa
implementação dos temas legislados sobre
abordagem inovadora capaz de consolidar
biodiversidade quanto para a evolução do
parcerias e estabelecer espaços de discussão
quadro legal, assim como para a estruturação
e participação coletiva, permitindo a
de um arcabouço institucional focado na
identificação clara dos resultados alcançados
implementação de políticas de
até o momento no cumprimento das Metas
biodiversidade.
Nacionais. Essa avaliação objetiva permite
Atualmente existem 19 projetos brasileiros estabelecer com responsabilidade os
em implementação no GEF na área de compromissos assumidos até o momento no
biodiversidade, totalizando US$ caminho de integralização dos objetivos
146.873.199,00, sendo três deles estabelecidos pelas Metas Nacionais.
coordenados pela SBF.
A robustez do processo de Atualização da
Para os próximos cinco a seis anos, sete EPANB alavancado até 2015 resulta na
novos projetos GEF estão sendo negociados Estratégia Nacional para a Biodiversidade e
pela SBF, parte deles em fase avançada de no 1º módulo do Plano de Ação Nacional
aprovação, com início previsto ainda para para a Biodiversidade, cujo foco são as ações
2016. e compromissos assumidos pela SBF.
Para a implementação das ações de Consolida-se, pela primeira vez os
conservação e uso sustentável da instrumentos, a estratégia e o planejamento
biodiversidade, além dos recursos do GEF, a de ações de uma das instituições que compõe
SBF também se beneficia da cooperação o vasto conjunto de atores e organizações que
bilateral, especialmente com o governo da dividem a responsabilidade pelo
Alemanha e dos Estados Unidos da América. acompanhamento e cumprimento das Metas
Nacionais de Biodiversidade.
Todos esses avanços em ações desenvolvidas
para a Conservação da Biodiversidade no A edição desse documento é, portanto, o
Brasil a cargo da SBF incluem investimentos primeiro passo para que sejam agregadas as
do Governo Brasileiro em forma de custos informações e compromissos que se espera
diretos ou indiretos, mas que, sem dúvida, ver pactuados e firmados o 2º módulo do
contribuem grandemente para objetivos em Plano de Ação e em revisões da EPANB.
escala supranacional, tendo por foco a
contribuição e a responsabilidade brasileira
no aumento e melhoria dos esforços de

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ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE – EPANB 2016-2020

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