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MÉTODO CIENTÍFICO

Autoria: Agatha Lima François1

Leonardo Galuppo Dalazem2

Grupo 4 da Turma I,
Disciplina de Física Geral & Experimental II (2022),
Curso de graduação em Engenharia Química, Unioeste –
Campus de Toledo
Data de realização: 29/09/2022
Data de entrega: 03/10/2022

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Leonardo Galuppo Dalazem: E-mail Leonardo.dalazem@unioeste.br , Celular (46) 9.9138.4959
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Agatha Lima François: E-mail agatha.françois@unioste.br , Celular (45) 9.8818.9691

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O método científico é, de modo geral, uma ferramenta utilizada para a obtenção
do conhecimento científico, que é livre de conceitos prévios, ou até mesmo da influência
do pesquisador. Nesse sentido, para conquistar conceitos que abrangem além das
observações cotidianas, ou seja, além do senso comum, são necessários mecanismos
de pesquisa, como normas e protocolos. Com o avanço da ciência e as constantes
descobertas, percebe-se que o método já é algo notório para a grande maioria dos
pesquisadores, entretanto, foram necessárias diversas revoluções científicas, e a
superação de dogmas e décadas de luta para a construção estável do que se denomina
como ciência. Por este motivo, faz-se válido ressaltar como ocorreu o processo histórico
da criação do método.

De fato, a constituição do homem como um ser inteligente se deu através da


razão, que é presente a ele desde seu surgimento. A razão, dada ao homem pela
natureza, foi o impulso necessário para a criação do conhecimento, desenvolvimento de
linguagens, e sua sobrevivência. Entretanto, o método para a criação desse
conhecimento não levava em conta os fatores necessários para a construção do
conhecimento verdadeiro, nesse sentido, o primeiro passo para alcançar os princípios
do conhecimento científico foi questionar a validade do método. O estudo deste campo
se denomina como estudo da filosofia da ciência, pois por muito tempo a ciência era
parte da filosofia. Neste sentido, a história da ciência começa com a filosofia buscando
respostas a respeito do mundo, como os filósofos pré-socráticos criando o conceito de
“arché”, também chamado de filosofia da natureza, que retratava o princípio de todas
as coisas do universo como um elemento da natureza, como no caso de Thales de
Mileto, a água seria o princípio de tudo. A busca pela “arché” foi um grande avanço para
desvincular o conhecimento do pensamento mítico. Posteriormente, surgiu Sócrates,
que defendia antes de tudo a necessidade de compreender como o homem pensa e se
comporta em sociedade. A partir de Sócrates surgiram diversos ramos da filosofia que
priorizavam entender a produção do conhecimento, deixando de lado a questão da
formação do universo.

A crise do mundo medieval, ou seja, a crise da filosofia Escolástica que levava a


razão como a fé cristã, resulta no surgimento de outras correntes filosóficas como o
Racionalismo e o Empirismo. Esse surgimento também foi denotado como "iluminismo",
onde a ascensão da classe burguesa da época utilizou a razão com objetivo de
“iluminar” o pensamento da sociedade da época, incentivando o uso da atividade
racional. Nesse âmbito, o Racionalismo utilizava da razão como método dedutivo da
busca pelo conhecimento verdadeiro, dessa forma, nesse método, a busca começa a
partir de premissas maiores até as menores, buscando conclusões lógicas. Já o
Empirismo, julgava que o único método de se obter conhecimento era por meio da
experimentação utilizando os cinco sentidos humanos, onde a busca ocorreria pelo
método indutivo, que denota que a busca parte de premissas menores a premissas
maiores, onde a conclusão estaria muito além das premissas. Ademais, o empirismo é
considerado a base da ciência moderna.

Com a nova forma de apensar e interpretar a realidade já instaurada, foi


necessário apenas uma iniciativa para tornar aquilo que era visto como novo em algo
estável e permanente. Para isso, a iniciativa foi de Galileu Galilei ao iniciar, o que foi
denominado na modernidade, como Revolução Científica [5]. A partir desse momento,
a observação dos fenômenos não poderia mais ser perturbada por ideias não científicas,
e toda afirmação deveria ser verificada experimentalmente, e ainda toda conclusão
deveria advir da matematização. Nesse sentido, com o nascimento do método
científico, a ciência passou a ser mais aceita e vista como importante para o

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desenvolvimento da civilização, tanto que posteriormente o método evoluiu e se
diversificou, se tornando a principal ferramenta na busca do conhecimento verdadeiro.

É válido destacar que o método científico consiste em um conjunto de


procedimentos e etapas para a produção do conhecimento científico. Dessa forma,
essas etapas abordam sistematicamente a investigação do objeto de estudo, em que é
aplicada técnicas de observação, questionamento, formulação de hipóteses,
experimentação, análise de hipóteses e conclusões. Ademais, por meio de um caráter
ontológico, que será utilizado neste relatório, nota-se que nem todo conhecimento
científico produzido exigiu da sequência das etapas citadas [2].

Dentre essas etapas, a observação pode ser descrita na fase de coleta de


informações que descrevem o fenômeno que será estudado, esta coleta pode ocorrer
de forma qualitativa e quantitativa. Em sua forma qualitativa, a observação busca utilizar
dos 5 sentidos humanos (visão, olfato, paladar, tato e audição) para estruturar as
características do objeto de estudo. Já na forma quantitativa, a observação utiliza de
mecanismos de medidas, como termômetros, réguas, escalas, e outros que resultam
em observações numéricas. Nota-se então, a importância da observação na coleta de
dados consistentes sobre um determinado assunto, onde ter o entendimento prévio do
fenômeno em questão se torna imprescindível para a aplicação das outras etapas do
método científico. Entretanto, na comunidade científica existe a discussão que aborda
diferentes opiniões sobre a observação do método científico, onde alguns autores
defendem que esta é a primeira fase do método, e outros [1] afirmam o contrário. Na
visão contraditória, defende-se que o método não começa na observação, pois não
existe uma observação neutra, ou seja, é impossível chegar ao objeto de estudo sem
ter um conceito, opinião, ou princípio que direciona sua observação.

Outra fase do método é o questionamento, que consiste na formulação de


perguntas a respeito dos fatos incentivadores ao acontecimento, ou seja, dos fatores
que levaram a execução do fenômeno em questão. A indagação direcionada ao objeto
de estudo se torna importante devido a problematização do fenômeno. Dessa forma,
indagar ocasiona a formulação do problema sobre o qual será estudado seus princípios,
sendo muitas vezes mais importante que a própria solução do problema, já que a
problematização abre espaço para diversas outras pesquisas.

Como resposta à etapa anterior, usa-se da formulação de hipóteses como


tentativa de responder a problematização. Da definição científica, hipótese corresponde
a uma afirmação categórica que tende a responder o problema levantado, sendo uma
pré-solução para a problemática, independentemente de sua veracidade ou não. Em
um contexto filosófico, que também será abordado neste relatório, uma hipótese é um
conjunto de proposições antecipadas provisoriamente como explicação de fenômenos,
e que posteriormente serão verificadas pela dedução ou pela experiência. Nesse
sentido, as hipóteses ordenam o planejamento dos experimentos aplicados ao objeto
de estudo.

A experimentação consiste no teste das hipóteses. Por meio da variabilidade das


condições do fenômeno e suas reproduções, usa-se dos resultados obtidos para
debater sobre as hipóteses construídas. Neste sentido, os experimentos, ordenados
pelas hipóteses, permitem a formulação de enunciados mais genéricos que podem
adquirir a força de leis ou teorias, dependendo do grau de abrangência do problema em

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estudo e do número de experimentos concordantes. A formulação desses enunciados
mais genéricos é função da análise das hipóteses iniciais quando comparadas aos
resultados obtidos da experiência. Logo, se os resultados obtidos não foram condizentes
com a hipótese, sendo o resultado proveniente de um determinado número de
reproduções do experimento, denota-se que a hipótese estabelecida inicialmente não é
válida. Assim, o processo pode se repetir inúmeras vezes até a satisfação de uma
hipótese e a reprovação de outras, já que rejeitar um conceito também é algo importante
na produção do conhecimento científico [3].

Neste âmbito, a conclusão do método é consistente a partir da validação e


rejeição das hipóteses a partir dos experimentos. Entre as hipóteses validadas, realiza-
se um agrupamento delas a fim de uma abordagem que as relacionem em prol da
criação de uma lei científica, teoria ou princípio de que serão úteis como conhecimento
científico no desenvolvimento das civilizações. Entretanto, é válido ressaltar que a
ciência é uma área indubitavelmente evolutiva, ou por outro lado, não estacionária, por
este motivo é possível que conceitos que servem para o desenvolvimento humano na
atualidade, não sejam válidos em alguns casos no futuro, como por exemplo a física
clássica tentando explicar casos de altas velocidades. Nesse sentido, com a evolução
da humanidade, os conceitos e leis necessitam evoluir também, como o caso da física
clássica e a física relativística.

A partir do exercício do método supracitado é possível analisar em sua


construção uma bifurcação de teorias para prática do mesmo, sendo elas as teorias
fenomenológicas e teorias explicativas. Advindo de pilares do conhecimento
estabelecidos por Aristóteles obtém-se um caminho para a execução do método
científico alicerçado nas teorias em questão, tratando-se da tripartição aristotélica do
conhecimento, uma vez que o homem tem a necessidade de compreender os
fenômenos que o cercam, primeiramente tem-se o conhecimento por experiência
sensorial direta. Limita-se aos objetos e eventos individuais, e se baseia apenas no
contexto do que é , no segundo conceito de conhecimento, o técnico são levadas em
consideração leis gerais acerca do comportamento dos objetos, porém sem ir além da
compreensão de como é. Por fim, o conhecimento teórico desdobra a causa dos
acontecimentos, e busca respostas do porquê é, instituindo a ciência de modo geral.

Utilizando somente de sentidos e leis que dizem respeito a proposições da teoria


que buscam correlacionar empiricamente os fenômenos e tão somente descrevê-los é
denominada como teoria fenomenológica, em mesma área, de modo a concatenar as
ideologias tem-se teoricamente em concordância com o terceiro pilar aristotélico de
conhecimento, as teorias explicativas que buscam justificativas e explicações para os
fenômenos. Em virtude da inacessibilidade de tais explicações a partir das observações
diretas através do sentido, quem designou a teoria explicativa foi Einstein. [5]

À vista do exposto, perdura a conexão de ambas teorias na aplicação do método


científico, como a termodinâmica que tem como objeto de estudo a observação palpável
dos fenômenos térmicos, sofrendo alterações e estabelecida como pilar da física na
época atual, concernente a deficiência de elucidações sobre os acontecimentos fez-se
necessário a elaboração de uma teoria explicativa, movimentou-se pela teoria dos
gases, levando em conta a pressão e a dinâmica das moléculas, a pressão de um gás
se determina como o resultado dos colisões de tais moléculas sobre as paredes do
recipiente que detém o gás em questão, a produção de calor por atrito é elucidada
através da conversão de movimento macroscópico em movimento microscópico das

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respectivas moléculas. Essa teoria finalizada foi firmada nos meados do século XX, após
primícias no século XVII e aperfeiçoamentos por meio de problematizações e hipóteses.

Discorrendo sobre demais aplicações do método científico na natureza da


ciência que nos cerca nos dias de hoje, tem-se a consolidação dos modelos
heliocêntricos e teorias relativísticas de Einstein iniciadas com Copérnico, com apenas
o uso dos sentidos e observação do céu, metodologia que perdurou até o início do
século XX, a distinção principal distinção entre o
físico alemão, Albert Einstein e os demais
cientistas envolvidos no esclarecimento dos
fenômenos observáveis no alto, é a
problematização e a busca por soluções desses
problemas uma vez caracterizados, etapas
concomitantes com experiências e formas
empíricas de solucionar os casos objetos de
estudo, diferentemente de Galileu Galilei que
nunca teve suas teorias tiradas das ideias, ele era
dito dedutivista, criava suas convicções
mentalmente antes de contestar na realidade,
porém seus ideias não deixaram de ser
respeitados e levados em consideração até o
momento atual por diversos intelectuais. [6]
Figura 01: Modelo Heliocêntrico
Fonte: heliocentrismo imagem - Bing images

Quando abordado as ciências biológicas, uma vez já mencionadas formas em


que o método científico foi empregado nos desenvolvimentos dos conceitos
fundamentais da física, a elaboração de vacinas e medicamentos são o alvo principal
dessa metodologia, visto que na medicina a problematização e formulação de hipóteses
a partir de doenças se tornam mais efetivamente vitais quando colocado em questão a
sobrevivência dos seres. Dessa forma, no ano de 1928, inicialmente de forma acidental
ao voltar de suas férias, Alexander Fleming, médico e pesquisador bacteriologista,
percebeu que estava sobre a sua bancada placas de Petri com o cultivo da cultura de
bactérias "Staphylococcus aureus ", porém ao analisar de forma superficial constatou
um fungo com propriedades antibacterianas, sendo que as culturas tinham sido
afetadas. No contexto do método, a descoberta
da Penicilina partiu da observação e hipóteses
mais aprofundadas, inúmeros testes para
comprovação das mesmas, começou
problematizando de que maneira e contra quais
bactérias o fungo do gênero " Penicillium" teria
o efeito bactericida. A pesquisa teve seu
desenvolvimento completo anos depois com o
estopim para a segunda guerra e a necessidade
para tal descoberta, que teve como objeto de
estudo o fungo que hoje servira como
medicamento para doenças infecciosas,
seguindo o método científico.
Figura 02. Alexander Fleming em
seu laboratório com a descoberta da
Penicilina.
fonte:https://1.bp.blogspot.com/-
cbd5qp9IBrg/XUd-
b7kzRjI/AAAAAAAAqls/AWNy1YGEyvUNAR8N2

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Ademais o carecimento do conhecimento nos primórdios e indispensabilidade
de compreender os eventos sem explicação, anteriormente a filosofia da ciência
empregue no Realismo e Iluminismo foi o que possibilitou a construção do método de
forma válida e que compreendesse não deixar brechas no que se refere a
experimentação de forma autêntica, afastando-se de sensos comuns que poderiam ser
descritos de forma mitológica ou imaginativa. O método científico aplicado sistematiza
procedimentos garantindo determinados padrões da ciência como um todo, uma teoria
de investigação e demonstração, de modo a comprovar a hipótese gerada, fazendo
quantos experimentos sejam necessários, negando ou corroborando a teoria.

Decorrente das inúmeras apurações acerca da realidade e suas respectivas


descobertas que modificaram o mundo da ciência e as percepções que hoje temos da
realidade que nos cerca é verossímil que seja atribuído ao método científico praticado
a confiabilidade acerca do empirismo adotado. Direcionar novas pesquisas ou apenas
comprovações das mesmas, como nos relatórios e práticas de ensino da matéria Física
II, detém a necessidade do seguimento de tal método para credibilidade e resultados
estimados de modo fidedigno, fundamentados em teorias, alicerçados em leis para que
a problematização e desenvolvimento de hipóteses sejam condizentes com a realidade
dos fenômenos observados e a averiguação minuciosa das causas dos mesmos.

Referências:

[1] MOREIRA, Marco Antonio, OSTERMANN, Fernanda. Sobre o ensino do método


científico. 1993. UFRGS. Porto Alegre, RS.

[2] TONET, Ivo. Método científico: uma abordagem ontológica– São Paulo : Instituto
Lukács, 2013. p. 129-133.

[3] GIORDAN, Marcelo. O papel da experimentação no ensino de ciências.


Universidade Estadual de São Paulo. SP. II ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA
EM EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS

[4] Ciência e Senso Comum (usp.br)

[5] CHIBENI, Silvio Seno. Algumas observações sobre o “método científico”. Notas de
aula, v. 12, 2006.

[6] TOLMASQUIM, Alfredo Tiomno. Indução ou dedução: O método científico de


Galileu e de Einstein. ComCiência [online]. 2014, n.156, pp. 0-0. ISSN 1519-7654.

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