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A PRÁTICA DA PESQUISA
CIENTÍFICA: PERSPECTIVAS
TEÓRICAS E METODOLÓGICAS
TÓPICO 1
PERSPECTIVAS TEÓRICAS E
METODOLÓGICAS DA PESQUISA: UMA
PROPOSTA DE CLASSIFICAÇÃO E
TIPOLOGIAS DE PESQUISA
1 INTRODUÇÃO
A escolha do método deve ser feita para que seja possível, de fato,
confrontar ou colocar em cheque a ideia/questão de pesquisa e não,
simplesmente ou apenas, con9rmá-la. Assim, “[…] o que se espera é que,
na escolha do método, opte-se por aquele que for mais crítico, mais forte e
que tenha a maior probabilidade de provar que a ideia que será testada
possa ser verdadeira ou falha” (CAMPOS, 2015, p. 68). Dito isto, esta Unidade
aborda os desdobramentos, processos e procedimentos inerentes ao
método e enfoques existentes para a elaboração de uma pesquisa cientí9ca.
Com o entendimento de que “[…] o conhecimento cientí9co é totalmente
dependente de método […]” (CAMPOS, 2015, p. 45), se propõem uma
classi9cação e tipologias metodológicas de pesquisa. Assim, neste tópico,
serão abordadas as respectivas descrições conceituais de cada tipo de
pesquisa, a considerar a classi9cação metodológica proposta com o objetivo
de auxiliar o pesquisador a de9nir seu desenho de pesquisa e conseguir
produzir um conhecimento considerado cientí9co.
Bons estudos!
F I G U R A 1 – PR O PO S T A DE U M A C L A S S I F I C A Ç Õ E S E T I PO L O G I A S DE
PES QUI S A
Unidade 2 - Tópico 1
FONTE: Adaptada de Gil (2019); Henriques e Medeiros (2017); Pereira (2019); Michel (2015);
Richardson (2017) e Sampieri, Collado e Lucio (2013)
Método indutivo
indutivo: foi proposto por 9lósofos empiristas como Bacon e
Locke e como visto na Unidade 1, este método foi bastante criticado por
Hume, mesmo este defendendo as demais prerrogativas empiristas.
Ademais, por estar imerso na concepção empirista de ciência, no qual o
conhecimento é fundamentado na experiência, sem considerar princípios
preestabelecidos, no raciocínio indutivo a generalização deriva de
observações de casos especí9cos da realidade concreta (observável). Neste
método, as constatações particulares levam à elaboração de generalizações,
ou seja, a indução caminha a partir fatos singulares para chegar a uma
conclusão ampla: parte-se da observação de um fenômeno particular para
chegar a uma generalização, ou seja, as leis (HENRIQUES; MEDEIROS, 2017;
MATIAS-PEREIRA, 2019). Em outras palavras, no método indutivo o raciocínio
parte do registro de dados particulares ou premissas ‘menores/especí9cas’
(fatos, experiências, enunciados empíricos), para se chegar a uma conclusão
ampliada com… a possibilidade de uma proposição mais geral ou uma
Metodolog
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premissa ‘maior’. No entanto, a proposição geral não é a verdade absoluta e,
muitoOuvirmenos
no contempla
navegador toda a 0,5x
verdade do registro de dados ou das
1x 1,5x
premissas
Privacy policy menores. Isso implica dizer que a conclusão é uma generalização
no sentido que “é proposta de verdade; verdade comprovada para uma
situação especí9ca e que poderá ser ampliada para outras situações, desde
que sejam repetidos os mesmos elementos veri9cados na premissa maior”
(MICHEL, 2015, p. 77).
Método dedutivo
dedutivo: tem seus pressupostos protagonizados por 9lósofos
racionalistas como Descartes, tais quais defendiam que o conhecimento
verdadeiro só é possível com a razão, ou seja, o ser humano (sujeito) adquire
o conhecimento (objeto) pelo uso da razão, os fatos por si sós, e como
explica Matias-Pereira (2019), não são fontes de todos os conhecimentos.
Antes mesmo dos pressupostos do racionalismo, o silogismo atribuído a
Aristóteles – que “[…] consiste numa construção lógica que, a partir de duas
proposições chamadas premissas, retira uma terceira, nelas logicamente
implicadas, denominada conclusão” (GIL, 2019, p. 10) – pode ser considerado
o protótipo do raciocínio dedutivo. Diante disso, no raciocínio dedutivo, ao
contrário do que se vislumbra no indutivo, parte-se de uma premissa ou
‘verdade’ já estabelecida, ou seja, geral, para provar a validade de um fato ou
premissa particular. “Parte-se de uma verdade universal, para se con9rmar
um elemento que faz parte desse conjunto maior. Portanto, a dedução é
uma particularização” (MICHEL, 2015, p. 77).
Método hipotético-dedutivo
hipotético-dedutivo: com a apropriação do método atribuído a
Popper, e como visto na Unidade 1 desta disciplina, ao concordar com Hume
criticou a indução alegando que “Não há justi9cativa para a passagem dos
enunciados particulares contingentes (que descrevem o que foi observado)
para os enunciados universais necessários (as leis, os princípios das teorias
cientí9cas)” (SILVEIRA, 2002, p. 35). Gil (2019) explica com um pouco mais de
clareza e precisão no que consiste o método hipotético-dedutivo:
Método dialético
dialético: o conceito de dialética é antigo e permeia as
contribuições de Platão ao se referir a ela no sentido de arte do diálogo, ou
ainda, ao ser utilizado para dar o signi9cado da lógica na Antiguidade e na
Idade Média. Contudo, é com base na concepção moderna de Hegel (1770-
1831) que o conceito de dialética tem sido assumido para a pesquisa
cientí9ca na atualidade, na “[…] qual as contradições se transcendem dando
origem a novas contradições que passam a requerer solução. (MATIAS-
PEREIRA, 2019, p. 47). Amplamente utilizado na pesquisa qualitativa, “É um
método de interpretação dinâmica e totalizante da realidade, ou seja, nele
os fatos não podem ser considerados fora de um contexto social, político,
econômico, entre outros” (MATIAS-PEREIRA, 2019, p. 47). Não há, desta
forma, fatos isolados, ou seja, os fatos não podem ser compreendidos se
forem considerados isoladamente ou abstraídos do contexto no qual
ocorrem (GIL, 2019; HENRIQUES; MEDEIROS, 2017).
Método fenomenológico
fenomenológico: o método fenomenológico tem como base as
prerrogativas apresentadas por Husserl, tais quais, como abordado na
Unidade 1 desta Disciplina, indicam que “O objeto de conhecimento para a
Fenomenologia não é o sujeito nem o mundo, mas o mundo enquanto é
vivido pelo sujeito” (GIL, 2019, p. 15). Também utilizado em grande medida em
pesquisas qualitativas e com técnicas não-estruturadas, o referido método
tem foco na descrição direta da realidade tal como ela é, como ela se
apresenta, e, neste sentido, a “[…] realidade é construída socialmente e
entendida como o compreendido, o interpretado, o comunicado” (MATIAS-
PEREIRA, 2019, p. 48). As pesquisas desenvolvidas sob o enfoque
fenomenológico procuram resgatar os significados atribuídos pelos sujeitos
ao objeto que está sendo estudado. O cotidiano e a compreensão do modo
de viver das pessoas são aspectos que impulsionam a pesquisa
fenomenológica, e não as definições e conceitos tão essenciais em pesquisas
com abordagens positivistas (GIL, 2019).
No enfoque quantitativo
quantitativo, a interpretação dos fenômenos acontece, mas
esta precisa ser efetivada numa condição comprobatória, ou seja, é preciso
comprovar que a realidade que está sendo observada possui determinadas
características. Isso se justi9ca, justamente porque a busca quantitativa
ocorre na realidade externa ao pesquisador. Para tal, o enfoque quantitativo
de pesquisa representa um conjunto de processos sequenciais, e como dito,
comprobatório mediante um padrão previsível, estruturado e com o
conhecimento antecipado das decisões críticas a serem assumidas pelo
pesquisador. Os estudos quantitativos precisam ser elaborados de maneira
objetiva, ou seja, não deve existir, nos fenômenos observados, os temores,
as crenças, os desejos e as tendências do pesquisador interferindo nos
resultados. Essa necessidade de objetividade e comprovação inerente ao
referido enfoque de pesquisa implica em caracterizá-lo como um método
que utiliza a coleta e análise de dados para testar hipóteses baseado numa
abordagem em que prevalece a quanti9cação, seja esta por meio da
medição numérica ou na análise estatística para estabelecer padrões e
comprovar teorias (HENRIQUES; MEDEIROS, 2017; SAMPIERI; COLLADO;
LUCIO, 2013).
Quantitativo Qualitativo
Explora os fenômenos
Mede fenômeno
em profundidade
É basicamente conduzido
Utiliza estatística
em ambientes naturais
Características
Os signi9cados são
Testa hipóteses
extraídos dos dados
Realiza análise de causa- Não se fundamenta da
efeito estatística
Sequencial Indutivo
Dedutivo Recorrente
Processo
Analisa múltiplas
Comprobatório
realidades subjetivas
Analisa a realidade
Não tem sequência linear
objetiva
Contextualiza o
Réplica
fenômeno
Previsão ---
FONTE: Adaptada de Sampieri, Collado e Lucio (2013, p. 29)
Além disso, como alertam Sampieri, Collado e Lucio (2013), é válido reforçar
quando as mensurações de “[…] variáveis a serem correlacionadas são
provenientes dos mesmos participantes, pois não é comum que se
correlacionem mensurações de uma variável realizadas em certas pessoas
com mensurações de outra variável realizadas em pessoas diferentes”
(SAMPIERI; COLLADO; LUCIO, 2013, p. 103). É importante, ainda, ressaltar
que nesse tipo de pesquisa a associação entre as variáveis deve ser
elaborada mediante um padrão previsível para o grupo ou população
investigada.
Procura explicar as
É útil para mostrar com
propriedades, as
precisão os ângulos ou
características e os per9s
dimensões de um
das pessoas, grupos e
Descritiva fenômeno,
comunidades, processos,
acontecimento,
objetos ou qualquer outro
comunidade, contexto ou
fenômeno que possa ser
situação.
submetido a uma análise.
Ajuda o pesquisador a se
familiarizar com
fenômenos
desconhecidos, obter
É realizada quando o informações para realizar
objetivo é examinar um uma pesquisa mais
tema ou problema de completas de um contexto
Exploratória pesquisa pouco estudado, especí9co, pesquisar
sobre o qual se têm novos problemas,
muitas dúvidas ou que identi9car conceitos ou
não foi abordado antes. variáveis promissoras,
estabelecer prioridades
para pesquisas futuras ou
sugerir a9rmações e
postulados.
Tem a 9nalidade de
explicar as causas dos
É mais estruturado do que
eventos ou fenômenos
as demais pesquisas (de
físicos ou sociais. Seu
fato envolve os propósitos
principal interesse é
destas), além de
Explicativa explicar por que um
proporcionar um sentido
fenômeno ocorre e em
de entendimento do
quais condições ele se
fenômeno a que fazem
manifesta, ou por que
referência.
duas ou mais variáveis
estão relacionadas.
F I G U R A 2 – E S Q U E M A DE E XPE R I M E N T O E V A R I Á V E I S
Aspectos importantes
Objetivo Indicação de leitura
de leitura
SAMPIERI, Roberto
Hernández; COLLADO, Indica-se, em especial, a
Carlos Fernández; LUCIO, leitura das páginas 40 até
Maria del Pilar Baptista. a 168 do capítulo 7. Os
Concepção ou escolha do referidos autores
Desenho de desenho de pesquisa. In: esclarecem alguns
pesquisa SAMPIERI, Roberto conceitos importantes e
Hernández; COLLADO,
experimental Carlos Fernández; LUCIO, indicam os principais
Maria del Pilar Baptista. critérios a serem
Metodologia da articulados para a
pesquisa
pesquisa. 5. ed. Porto elaboração de uma
Alegre: Penso, 2013. (Cap. pesquisa experimental.
7, p. 138-188).
Indica-se a leitura
cuidadosa de toda a
KERLINGER, Fred Nichols. obra, pois abrange um
Tratamento
Metodologia da detalhado, mas pontual,
conceitual da
pesquisa em ciências tratamento conceitual do
pesquisa
sociais
sociais. São Paulo: EPU, que é a pesquisa
experimental
2007. experimental, em
especial, nas ciências
sociais.
FONTE: O autor
a) Explorar situações da vida real cujos limites não estão claramente de9nidos; b)
Preservar o caráter unitário do objeto estudado; c) Descrever a situação do
contexto em que está sendo feita determinada investigação; d) Formular hipóteses
ou desenvolver teorias; e) Explicar as variáveis causais de determinado fenômeno
em situações muito complexas que não possibilitam a utilização de levantamentos
e experimentos (GIL, 2019, p. 63).
DESENHOS CARACTERÍSTICAS
Faz uso de um procedimento sistemático qualitativo
para gerar uma teoria que explique, em nível
conceitual, uma ação, uma interação ou uma área
especí9ca. É um procedimento que gera
entendimento de um fenômeno. Fornece um sentido
de compreensão sólido porque “encaixa” um estudo
Teoria na situação, pode ser trabalhada de maneira prática e
Fundamentada concreta, é sensível às expressões dos indivíduos do
contexto considerado, além de conseguir reparar
toda a complexidade que surge durante o processo.
Vai além dos estudos prévios e dos marcos
conceituais preconcebidos, procurando novas formas
de entender os processos sociais que ocorrem em
ambientes naturais.
RESUMO DO TÓPICO
Neste tópico, você aprendeu que
que:
AUTOATIVIDADES
Unidade 2 - Tópico 1
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Unidade 1 Tópico 2