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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL

ESPECIALIZAÇÃO EM
ENGENHARIA FERROVIÁRIA

METODOLOGIA CIENTÍFICA
EM ENGENHARIA
FERROVIÁRIA

PROF. PAULO AUGUSTO RAMALHO DE SOUZA

2024 UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO


SECRETARIA DE TECNOLOGIA EDUCACIONAL
Metodologia Científica em Engenharia Ferroviária

INTRODUÇÃO
No desenvolvimento da pesquisa cientifica os pesquisadores precisam diferenciar
que para que o resultado de sua pesquisa seja considerado um resultado ciêntico ele
precisa ser baseado no conhecimento ciêntifico. Em nosso cotidiano, duas formas de
conhecimento destacam-se: o conhecimento científico e o conhecimento popular.
Ambos são pilares essenciais na construção do saber, entretanto, suas abordagens,
métodos e alcances diferem significativamente. Neste capítulo, exploraremos as nu-
ances que separam essas duas esferas do conhecimento, analisando suas caracterís-
ticas distintas, suas interações e o papel crucial que desempenham na formação da
compreensão humana (LAKATOS; MARCONI, 2017).

1. Conhecimento Popular
Enquanto o conhecimento científico busca a universalidade, o conhecimento po-
pular é moldado pela experiência individual e coletiva. Transmitido oralmente de ge-
ração em geração, ele incorpora tradições, mitos e narrativas que refletem a identi-
dade cultural de uma sociedade. Neste capítulo, exploraremos como o saber popular
se enraíza nas comunidades, fornecendo uma lente única através da qual as pessoas
interpretam o mundo ao seu redor (GIL, 2017).

Examinaremos como o conhecimento popular muitas vezes se manifesta em prá-


ticas cotidianas, rituais e crenças arraigadas. Discutiremos também a resiliência des-
sas formas de sabedoria em face das mudanças culturais e tecnológicas, destacando
seu papel na construção de identidades individuais e coletivas (LAKATOS; MARCONI,
2017)..

Assim com base em Gil (2017) o conhecimento popular pode ser caracterizado por:

• ser assistemático e subjetivo, uma vez que é o próprio indivíduo que organiza suas
experiências e conhecimentos, quer seja através de vivências pessoais ou da trans-
missão por meio de interações sociais. Por exemplo, “Ouvi dizer que é bom cortar
o cabelo na lua nova”;

• É verificável no contexto da vida cotidiana, representando um conhecimento prá-


tico derivado de experiências vividas ou compartilhadas;

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• Pode ser considerado superficial, uma vez que se contenta com a aparência e o
que pode ser comprovado simplesmente pela observação direta das coisas;

• Demonstra ser falível e inexato, pois não permite a formulação de hipóteses acer-
ca da existência de fenômenos situados além das percepções objetivas;

• Por exemplo, a prática de adicionar um “fio de óleo” à água do macarrão (conhe-


cimento popular), enquanto pesquisas indicam que tal procedimento não é reco-
mendado, uma vez que pode selar o macarrão e dificultar a aderência ao molho.

2. O Conhecimento Científico
O conhecimento científico é a manifestação planejada e estruturada da busca hu-
mana pela verdade. Caracterizado por uma abordagem sistemática, baseada em evi-
dências e sujeita à revisão constante, ele visa decifrar os mistérios do universo. Desde
experimentos controlados até análises estatísticas robustas, a ciência utiliza métodos
precisos para testar hipóteses, buscar padrões e construir teorias sólidas (LAKATOS;
MARCONI, 2017).

O conhecimento ciêntifico explora desde a formulação de perguntas específicas


até a interpretação de resultados complexos. Entenderemos como a ciência evolui,
adaptando-se a novas descobertas e refinando constantemente nossa compreensão
do mundo (GIL, 2017).

De acordo com Prodanov e Freitas (2013) o conhecimento ciêntifico pode ser:

• Evidente e definido: desafios singulares, conclusões evidentes, definições nítidas,


explicações precisas ou medições refinadas.

• Transmissível: transmite informações a quem foi capacitado para compreendê-


-las, possibilitando a confirmação ou refutação das descobertas.

• Confirmável: Suas suposições devem ser submetidas a testes empíricos, seja por
meio de observações ou experimentos.

• Sistemático: configura-se como um sistema de concepções logicamente inter-


ligadas, não sendo uma reunião de conhecimentos dispersos e desvinculados.
Quando há um conjunto fundamental (contestável) de hipóteses específicas, isso
caracteriza uma teoria.

• Generálizavel: identifica padrões gerais nos eventos particulares, enquadra os


enunciados específicos em estruturas abrangentes que podem abranger uma va-
riedade ilimitada de casos individuais.

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• Normativo: procura leis (naturais e culturais) e as aplica. Portanto, é essencialista,
buscando compreender a essência das coisas.

Figura 1 – Conhecimento Científico

Fonte: elaborado a partir de br.freepik.com

METODOLOGIA CIENTÍFICA
A Metodologia Científica é uma disciplina fundamental no universo acadêmico
que se dedica ao estudo dos métodos utilizados na pesquisa e na produção do co-
nhecimento científico. Ela não apenas proporciona ferramentas para a investigação
sistemática, mas também estabelece diretrizes para a organização e a validação do
saber. No cerne dessa disciplina, encontra-se a ênfase na racionalidade e na busca por
evidências empíricas, promovendo uma abordagem rigorosa e sistemática na coleta,
análise e interpretação de dados (LAKATOS; MARCONI, 2017).

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A metodologia científica também se destaca por sua natureza crítica e reflexiva.
Ao incentivar a formulação de hipóteses testáveis e a revisão constante das teorias
existentes, ela estimula o pensamento analítico e a busca pela verdade. Além disso, a
metodologia científica desempenha um papel vital na comunicação eficaz de resul-
tados, enfatizando a importância da clareza, precisão e objetividade na apresentação
das descobertas científicas (GIL, 2017).

Outro aspecto essencial da Metodologia Científica é sua capacidade de guiar os


pesquisadores no respeito aos princípios éticos. Ao estabelecer normas para a condu-
ta responsável da pesquisa, essa disciplina assegura a integridade do processo cientí-
fico e promove a confiança pública nas descobertas. Em última análise, a Metodologia
Científica não apenas orienta a prática da pesquisa, mas também contribui para o
avanço do conhecimento e para a construção de uma base sólida para o progresso
científico (LAKATOS; MARCONI, 2017).

A metodologia de pesquisa desempenha um papel fundamental na condução de


estudos científicos, estruturando a maneira como os pesquisadores abordam ques-
tões, coletam dados e interpretam resultados. Neste texto, exploraremos três abor-
dagens metodológicas distintas: fenomenológica, dialética e positivista. Cada uma
dessas perspectivas oferece uma lente única para a compreensão da realidade, pro-
porcionando ferramentas e estratégias específicas para a investigação (GIL, 2017).

Figura 2 – Metodologia Ciêntifica

Fonte: elaborado a partir de br.freepik.com

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Abordagem Fenomenológica
A fenomenologia é uma abordagem que busca compreender a essência das ex-
periências humanas, destacando a importância da subjetividade e da interpretação
individual. Desenvolvida por filósofos como Edmund Husserl, essa metodologia con-
centra-se na análise aprofundada de fenômenos tal como são percebidos pelos par-
ticipantes. No contexto da pesquisa, a fenomenologia envolve a suspensão de pres-
supostos prévios e a imersão nas experiências vividas para capturar a riqueza dos
significados atribuídos a esses fenômenos (GIL, 2017).

Ao adotar uma abordagem fenomenológica, o pesquisador busca compreender a


natureza única de cada experiência, explorando temas como consciência, intencio-
nalidade e significado. A coleta de dados muitas vezes envolve entrevistas abertas,
diários e análise reflexiva, permitindo uma visão profunda das percepções individuais
em relação a um fenômeno específico.

Abordagem Dialética
A abordagem dialética, influenciada por filósofos como Hegel e Marx, destaca o pa-
pel das contradições e da mudança no desenvolvimento social e individual. No con-
texto da pesquisa, a dialética busca entender os processos de transformação, contra-
posições e desenvolvimento ao longo do tempo. Ela parte do pressuposto de que a
realidade é dinâmica e está em constante evolução (GIL, 2017).

A pesquisa dialética muitas vezes envolve a análise de relações de poder, contradi-


ções sociais e o papel das estruturas na formação da realidade. Métodos como estudo
de caso, análise crítica e pesquisa participativa são comuns nessa abordagem, permi-
tindo aos pesquisadores explorar as complexidades das interações sociais e as forças
que impulsionam a mudança.

Abordagem Positivista
A abordagem positivista, associada ao pensamento de Auguste Comte, busca apli-
car métodos rigorosos e objetivos para a investigação científica. Essa perspectiva des-
taca a mensuração, a observação empírica e a busca por leis universais na compreen-
são dos fenômenos. No positivismo, a ênfase está na objetividade, na neutralidade do
pesquisador e na replicabilidade dos resultados (GIL, 2017).

A coleta de dados no contexto positivista muitas vezes envolve métodos quantita-


tivos, como pesquisas de opinião, experimentos controlados e análise estatística. A
pesquisa é guiada pela formulação de hipóteses testáveis e pela busca por padrões

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e regularidades que possam ser generalizados para além do contexto específico do
estudo.

O PLANO DE PESQUISA CIÊNTIFICA


O planejamento de uma pesquisa científica é um estágio crucial que delineia o
curso da investigação e estabelece as bases para a produção de conhecimento sig-
nificativo. Este texto explora minuciosamente o processo de planejamento de uma
pesquisa científica, destacando a importância de cada etapa na condução de estudos
robustos e impactantes.

Ao compreender os elementos essenciais desse processo, os pesquisadores podem


otimizar a eficácia de seus projetos, contribuindo assim para o avanço contínuo da
ciência.

Figura 3 - Plano de Pesquisa

Fonte: elaborado a partir de br.freepik.com

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1-Definição do Problema e Pesguntas e Hipotese de Pesqui-
sa
A definição do problema e a formulação de perguntas de pesquisa constituem o ali-
cerce primordial no processo de planejamento de uma pesquisa científica. Este está-
gio inicial é crucial para delinear o escopo e a direção da investigação, estabelecendo
as bases para todo o projeto. A escolha do problema de pesquisa deve ser guiada por
sua relevância, importância no contexto da área de estudo e potencial para contribuir
para o conhecimento existente. Compreender o problema de maneira clara e espe-
cífica é essencial, pois isso moldará as questões de pesquisa, as quais direcionarão a
coleta e análise de dados (LAKATOS; MARCONI, 2017).

A formulação de perguntas de pesquisa articuladas e significativas é um passo cru-


cial após a identificação do problema. Essas perguntas servem como guias estratégi-
cos para a pesquisa, delineando as áreas de foco e delineando os objetivos específicos
a serem alcançados. É essencial que as perguntas sejam claras, concisas e, ao mesmo
tempo, abrangentes o suficiente para abordar o problema central. Elas não apenas
orientam o pesquisador durante o processo, mas também fornecem critérios tangí-
veis para avaliar o sucesso e a relevância da pesquisa ao final do estudo.

A complexidade da definição do problema e formulação de perguntas de pesquisa


reside na necessidade de equilibrar a amplitude da investigação com a necessidade
de manter a especificidade. É neste estágio que a originalidade e a relevância do es-
tudo são solidificadas, preparando o caminho para as fases subsequentes do processo
de pesquisa científica. A clareza na formulação do problema e na elaboração de per-
guntas de pesquisa é, portanto, um requisito essencial para o sucesso e a significân-
cia do estudo no contexto mais amplo da produção de conhecimento científico (GIL,
2017).

Uma hipótese em uma pesquisa científica é uma proposição planejada e testável


que antecipa uma relação entre variáveis ou prevê um resultado específico de uma
investigação. Ela é uma suposição provisória que guia o pesquisador na formulação
de perguntas de pesquisa e na coleta de dados, visando verificar ou refutar a hipótese
(LAKATOS; MARCONI, 2017)..

A hipótese é uma parte fundamental do método científico e é geralmente formu-


lada com base na revisão da literatura, na observação de fenômenos ou na análise de
padrões existentes.

Existem dois tipos principais de hipóteses na pesquisa científica: a hipótese nula


(H0) e a hipótese alternativa (H1). A hipótese nula representa a ausência de efeito ou
relação entre as variáveis, enquanto a hipótese alternativa sugere a presença de um

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efeito ou relação específica. Durante a análise de dados, os pesquisadores buscam
evidências estatísticas para aceitar ou rejeitar a hipótese nula, tomando decisões com
base nos resultados obtidos.

2-Revisão da Literatura e Contextualização Teórica


A Revisão da Literatura em uma pesquisa científica desempenha um papel crucial
ao proporcionar uma base sólida e abrangente para o estudo. Sua finalidade principal
é situar a pesquisa no contexto existente do conhecimento, explorando estudos ante-
riores, teorias, descobertas e lacunas identificadas na literatura acadêmica. Ao realizar
uma revisão criteriosa, o pesquisador busca compreender o estado atual do tema,
identificar contribuições significativas e avaliar as limitações do conhecimento exis-
tente (GIL, 2017).

Além disso, a Revisão da Literatura auxilia na formulação de questões de pesquisa


relevantes e na definição do escopo do estudo. Ao analisar trabalhos anteriores, o pes-
quisador pode identificar lacunas no conhecimento, contradições, divergências e con-
vergências, fundamentando a necessidade de sua própria investigação. Essa análise
crítica da literatura orienta o desenvolvimento de uma abordagem teórica e metodo-
lógica mais informada e contextualizada.

A Revisão da Literatura não apenas valida a originalidade da pesquisa, mas também


fornece um quadro conceitual que sustenta as decisões metodológicas e a interpreta-
ção dos resultados. Além disso, ao apresentar o panorama histórico e teórico, a revisão
da literatura contribui para a construção de uma narrativa coerente, mostrando como
a pesquisa atual se relaciona e contribui para o corpo de conhecimento já existente.
Em resumo, a Revisão da Literatura é essencial para embasar, contextualizar e funda-
mentar uma pesquisa científica de maneira significativa (LAKATOS; MARCONI, 2017).

3-Definição da Metodologia e Seleção de Amostra


A etapa da Definição da Metodologia e Seleção de Amostra é fundamental em uma
pesquisa científica, representando o momento em que os pesquisadores delineiam
como a investigação será conduzida e quais parâmetros serão utilizados. A metodo-
logia adotada constitui um guia detalhado dos métodos e técnicas que serão em-
pregados para coletar e analisar os dados. Esta escolha é intrinsecamente ligada aos
objetivos da pesquisa e à natureza do problema a ser explorado. Se a pesquisa adota
uma abordagem qualitativa, por exemplo, podem ser empregadas técnicas como en-

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trevistas em profundidade e análise de conteúdo. Em pesquisas quantitativas, méto-
dos estatísticos e questionários estruturados podem ser preferidos.

A seleção de amostra é uma parte crítica desse processo, pois impacta diretamente
a validade e a generalização dos resultados. Os pesquisadores precisam decidir quais
indivíduos, grupos ou elementos serão incluídos na amostra, garantindo que ela seja
representativa da população-alvo. Estratégias como amostragem aleatória, estratifi-
cada ou por conveniência são consideradas de acordo com os objetivos e recursos
disponíveis. A consideração ética é também essencial nesta etapa, assegurando que a
participação seja voluntária, informada e que os dados sejam tratados com confiden-
cialidade.

A definição da metodologia e a seleção da amostra são interdependentes, pois a


escolha de métodos influencia diretamente o perfil da amostra. A rigidez metodo-
lógica deve ser balanceada com a necessidade de uma amostragem representativa,
visando à generalização dos resultados. Nesse processo, os pesquisadores precisam
considerar possíveis viéses e limitações, garantindo uma abordagem transparente e
justificada. A robustez da pesquisa depende, em grande medida, de uma metodolo-
gia sólida e de uma amostra cuidadosamente selecionada, ambos trabalhando em
conjunto para alcançar os objetivos e responder às perguntas de pesquisa de maneira
confiável (LAKATOS; MARCONI, 2017).

4-Coleta e Análise de Dados


A Coleta e Análise de Dados representam estágios cruciais em uma pesquisa cien-
tífica, visando transformar informações brutas em insights significativos. A coleta de
dados é o processo de reunir informações relevantes conforme planejado na metodo-
logia da pesquisa. Essa fase pode envolver a aplicação de questionários, entrevistas,
observações, experimentos ou análise de documentos, dependendo da natureza da
pesquisa. A finalidade primordial da coleta de dados é reunir evidências empíricas que
permitam responder às perguntas de pesquisa de forma objetiva e fundamentada
(GIL, 2017).

Após a coleta de dados, inicia-se a fase de Análise de Dados, que busca extrair sig-
nificados, padrões e relações a partir das informações reunidas. Este estágio envol-
ve a aplicação de métodos estatísticos, técnicas qualitativas ou uma combinação de
ambas, dependendo da abordagem metodológica adotada. A finalidade central da
análise é transformar os dados brutos em resultados compreensíveis, possibilitando
a interpretação das descobertas e a verificação das hipóteses formuladas (LAKATOS;
MARCONI, 2017).

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A Coleta e Análise de Dados têm como objetivo principal fornecer insights claros
e confiáveis para os pesquisadores, permitindo-lhes tirar conclusões robustas. Além
disso, essas fases contribuem para a validação ou refutação da hipótese inicial, escla-
recem relações entre variáveis e oferecem subsídios para a construção de teorias ou
recomendações práticas. A precisão e a transparência nesses estágios são fundamen-
tais para garantir a credibilidade e relevância dos resultados, fornecendo uma base
sólida para o avanço do conhecimento na área de estudo.

5-Conclusão e Divulgação dos Resultados


A conclusão da pesquisa é um momento de reflexão sobre os resultados obtidos e
sua relevância para a comunidade acadêmica e além. É imperativo contextualizar as
descobertas em relação às hipóteses iniciais, discutindo implicações teóricas e práti-
cas. A divulgação eficaz dos resultados, por meio de artigos científicos, apresentações
ou outras formas de comunicação, é essencial para contribuir para o corpo de conhe-
cimento existente. Além disso, a transparência na apresentação dos métodos, resulta-
dos e conclusões fortalece a credibilidade da pesquisa e facilita futuras contribuições
e investigações.

Figura 4- Resumo do Processo de pesquisa.

Fonte: elaborado pelo autor.

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TIPOS DE PESQUISA
Os principais tipos de pesquisa podem ser categorizados com base em seus abor-
dagens, objetivos e técnicas, cada um atendendo a necessidades específicas de inves-
tigação (GIL, 2017).

1-Abordagem Quantitativa
A abordagem quantitativa na pesquisa científica é uma metodologia que se desta-
ca pela coleta e análise de dados de natureza numérica. Essa abordagem é guiada por
princípios objetivos e busca mensurar variáveis específicas para entender relações, pa-
drões e tendências de maneira quantitativa. O objetivo primordial da pesquisa quan-
titativa é produzir resultados generalizáveis e passíveis de análise estatística, visando à
obtenção de conclusões baseadas em evidências sólidas.

Os métodos quantitativos envolvem a formulação de hipóteses específicas, geral-


mente testadas por meio de experimentos controlados ou estudos de levantamento.
Questionários estruturados, escalas de medição e técnicas estatísticas são ferramen-
tas comuns nesse contexto. A pesquisa quantitativa permite a análise objetiva de da-
dos, proporcionando uma visão abrangente e sistemática de fenômenos complexos.

Uma característica distintiva da abordagem quantitativa é sua capacidade de gerar


resultados numéricos que podem ser interpretados e comparados de maneira esta-
tisticamente significativa. Isso viabiliza a identificação de relações de causa e efeito, a
predição de comportamentos e a generalização dos resultados para populações mais
amplas. A pesquisa quantitativa é frequentemente utilizada em estudos nas áreas de
psicologia, sociologia, economia e ciências naturais, fornecendo uma base sólida para
a compreensão e interpretação objetiva de fenômenos observados.

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Figura 5 – Análise Quantitativa

Fonte: elaborado a partir de br.freepik.com

2-Abordagem Qualitativa
A abordagem qualitativa na pesquisa científica é uma metodologia que se concen-
tra na compreensão profunda e interpretativa de fenômenos complexos, buscando
capturar a riqueza e a subjetividade das experiências humanas. Ao contrário da pes-
quisa quantitativa, que se baseia em dados numéricos, a pesquisa qualitativa utiliza
métodos flexíveis e exploratórios para coletar e analisar dados descritivos e contextu-
ais. O cerne desse enfoque reside na interpretação e compreensão das nuances, sig-
nificados e padrões subjacentes aos fenômenos investigados.

Os métodos qualitativos incluem entrevistas abertas, observação participante, aná-


lise de conteúdo e estudos de caso, entre outros. O pesquisador qualitativo frequente-
mente se envolve em um processo iterativo de coleta e análise de dados, permitindo
ajustes conforme novas informações emergem. A subjetividade é reconhecida e va-
lorizada, permitindo uma exploração aprofundada das perspectivas dos participantes
(LAKATOS; MARCONI, 2017).

A pesquisa qualitativa é frequentemente empregada em disciplinas como antro-


pologia, sociologia, psicologia e ciências sociais. Seu objetivo principal é gerar uma
compreensão rica e contextualizada é formada dos fenômenos estudados. A aborda-
gem qualitativa é particularmente útil quando o pesquisador busca explorar aspectos
sociais, culturais ou psicológicos complexos, proporcionando insights valiosos que não

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seriam facilmente capturados por métodos quantitativos. Ela permite uma aprecia-
ção profunda das experiências individuais, dando voz aos participantes da pesquisa e
enriquecendo a compreensão global do tópico estudado.

Figura 5 – Análise Qualitativa

Fonte: elaborado a partir de br.freepik.com

OBJETIVOS METODOLÓGICOS
O objetivo metodológico em uma pesquisa científica é uma determinação crucial
que guia a escolha e aplicação dos métodos utilizados para conduzir o estudo. Os ob-
jetivos metodológicos podem ser categorizados em três principais abordagens: explo-
ratória, descritiva e explicativa(LAKATOS; MARCONI, 2017).

O objetivo exploratório visa proporcionar uma compreensão inicial e aprofunda-


da de um tema pouco explorado ou compreendido. Esse tipo de pesquisa é valioso
quando há uma carência significativa de informações sobre o assunto em questão.
Métodos qualitativos, como entrevistas abertas, observação participante e revisão de
literatura, são frequentemente empregados para explorar conceitos e fenômenos de
maneira mais ampla.

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Por sua vez, o objetivo descritivo concentra-se em apresentar detalhes precisos so-
bre as características específicas de um fenômeno, grupo ou evento. Esse tipo de pes-
quisa é útil quando o pesquisador busca oferecer uma visão mais clara e completa de
algo já identificado. Métodos quantitativos, como questionários estruturados, análise
estatística e escalas de medição, são frequentemente empregados para coletar dados
específicos e proporcionar uma representação detalhada dos elementos estudados
(GIL, 2017).

Finalmente, o objetivo explicativo busca compreender as relações de causa e efeito


entre variáveis específicas. Este tipo de pesquisa procura explicar por que certos fenô-
menos ocorrem e como variáveis específicas estão interconectadas. Métodos experi-
mentais, análises estatísticas avançadas e modelagem são frequentemente utilizados
para identificar e explicar padrões e relações causais em contextos complexos.

Cada objetivo metodológico desempenha um papel fundamental na pesquisa


científica, moldando a abordagem, os métodos e a análise de dados de acordo com
a natureza e os objetivos específicos do estudo. Essa clareza metodológica contribui
para a robustez e relevância dos resultados obtidos, fortalecendo a validade e a con-
fiabilidade da pesquisa.

TÉCNICAS DE PESQUISA
As técnicas de pesquisa em uma pesquisa científica são ferramentas essenciais que
os pesquisadores utilizam para coletar dados de forma sistemática e analisar informa-
ções relevantes. A pesquisa documental é uma técnica que envolve a análise de docu-
mentos, registros e arquivos, fornecendo uma compreensão aprofundada de eventos
passados, políticas ou contextos históricos. Essa abordagem é valiosa quando se bus-
ca explorar fontes primárias ou secundárias que ofereçam insights sobre o tema de
pesquisa (LAKATOS; MARCONI, 2017).

O estudo de caso é uma técnica que concentra a atenção em uma situação especí-
fica, permitindo uma análise detalhada e contextualizada. Utilizando diversas fontes
de dados, como entrevistas, observações e documentos, o estudo de caso proporciona
uma visão holística do fenômeno em estudo. Essa técnica é particularmente útil para
explorar complexidades em profundidade e proporcionar uma compreensão abran-
gente de casos únicos.

A pesquisa bibliográfica envolve a revisão e análise crítica da literatura existente so-


bre um determinado tema. Essa técnica contribui para a contextualização teórica do
estudo, identificando lacunas no conhecimento e fornecendo uma base conceitual
sólida. A pesquisa bibliográfica é crucial para embasar a fundamentação teórica da

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pesquisa, garantindo que o estudo esteja conectado aos desenvolvimentos acadêmi-
cos e contribua para o conhecimento existente (GIL, 2017).

O levantamento, por sua vez, é uma técnica que envolve a coleta de dados de uma
amostra representativa da população por meio de questionários estruturados. Essa
abordagem quantitativa permite a generalização dos resultados para a população
maior, fornecendo uma visão estatisticamente válida sobre as atitudes, opiniões ou
comportamentos dos participantes (GIL, 2017).

A pesquisa ação é uma técnica que envolve uma abordagem participativa, na qual
os pesquisadores colaboram ativamente com os participantes para resolver proble-
mas práticos e gerar mudanças. Essa técnica é especialmente útil em contextos apli-
cados, visando melhorar práticas, políticas ou procedimentos por meio da reflexão crí-
tica e da implementação de ações específicas (GIL, 2017).

Finalmente, o experimento é uma técnica que envolve a manipulação controlada


de variáveis independentes para observar os efeitos nas variáveis dependentes. Essa
abordagem experimental busca estabelecer relações causais e é comumente utiliza-
da em pesquisas científicas, especialmente nas ciências naturais e sociais (GIL, 2017).

Cada uma dessas técnicas de pesquisa oferece abordagens distintas para investi-
gar fenômenos diversos, permitindo que os pesquisadores escolham métodos que se
alinhem aos objetivos específicos de seus estudos. A seleção criteriosa das técnicas
de pesquisa contribui significativamente para a qualidade, validade e relevância dos
resultados obtidos.

PESQUISAS NA ÁREA DE EXATAS


A pesquisa científica na área das exatas é marcada por características distintivas
que refletem a natureza precisa e objetiva dessas disciplinas. Uma característica fun-
damental é a busca pela quantificação e mensuração rigorosa dos fenômenos estuda-
dos. Nas ciências exatas, a coleta e análise de dados são frequentemente conduzidas
por meio de métodos matemáticos e estatísticos, proporcionando uma base sólida
para a validação e interpretação dos resultados.

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Figura 6 – Pesquisa na àrea de exatas

Fonte: elaborado a partir de br.freepik.com

A precisão e a objetividade são pilares da pesquisa nas ciências exatas. Os pesqui-


sadores nessa área se esforçam para realizar experimentos controlados e observações
precisas, minimizando a influência de variáveis não controladas. A clareza e a repli-
cabilidade dos experimentos são valorizadas, permitindo que outros pesquisadores
reproduzam os resultados para validar as descobertas.

A modelagem estatistica e/ou matetemática são ferramentass proeminentes na


pesquisa nas ciências exatas. A criação de modelos matemáticos permite aos pesqui-
sadores representar fenômenos complexos de forma abstrata e aplicar técnicas analí-
ticas para compreendê-los. Essa abordagem contribui para a formulação de teorias e
a previsão de comportamentos em diferentes contextos.

A experimentação é uma característica central, destacando a necessidade de testar


hipóteses por meio de procedimentos controlados. Experimentos em laboratório ou
simulações computacionais são frequentemente empregados para validar teorias e
investigar relações de causa e efeito. A rigidez metodológica é essencial para garantir
a confiabilidade e a validade dos resultados obtidos.

Além disso, a pesquisa nas ciências exatas frequentemente busca a universalidade


das leis e teorias descobertas. A busca por padrões e princípios gerais que se apliquem
em diferentes contextos é uma característica marcante. Essa abordagem visa contri-

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buir não apenas para a compreensão específica de um fenômeno, mas também para
o avanço do conhecimento que pode ser aplicado em diversas áreas (GIL, 2017).

Em resumo, a pesquisa científica nas ciências exatas é caracterizada por uma abor-
dagem metodológica rigorosa, experimentação controlada, modelagem matemática
e a busca por leis e princípios universais. Essas características fundamentais contri-
buem para o avanço contínuo dessas disciplinas e têm aplicações significativas em
diversas áreas da sociedade.

O processo de delimitação em uma pesquisa científica envolve a definição precisa e


cuidadosa do escopo e dos limites do estudo. Uma característica essencial desse pro-
cesso é a análise da frequência de ocorrência, que busca identificar a regularidade e a
consistência dos fenômenos estudados. Isso permite ao pesquisador concentrar seus
esforços em elementos que ocorrem com maior frequência, destacando aspectos re-
levantes para a investigação.

O ambiente de pesquisa científica é outra característica fundamental durante o


processo de delimitação. Compreender o ambiente no qual o estudo será conduzido
é crucial para contextualizar os resultados e interpretar as descobertas de maneira
apropriada. O pesquisador deve considerar não apenas o ambiente físico, mas tam-
bém os contextos sociais, culturais e históricos que podem influenciar os resultados.

A clareza na definição dos limites da pesquisa é uma característica-chave do pro-


cesso de delimitação. Isso implica identificar o que está dentro e fora do escopo da
investigação, garantindo foco e consistência nos objetivos propostos. A delimitação
eficaz evita a inclusão de variáveis irrelevantes e possibilita a concentração em aspec-
tos específicos que são mais pertinentes para alcançar os objetivos da pesquisa.

A identificação e delimitação de variáveis são aspectos cruciais desse processo. De-


finir as variáveis que serão investigadas, bem como aquelas que serão controladas ou
mantidas constantes, contribui para a precisão e a validade dos resultados obtidos. A
delimitação adequada de variáveis permite ao pesquisador explorar relações específi-
cas e responder às perguntas de pesquisa de maneira mais específica e direcionada.

Por fim, a delimitação no ambiente de pesquisa científica implica um entendimen-


to claro dos recursos disponíveis. Isso envolve considerações sobre tempo, financia-
mento, acesso a dados e suporte técnico. A capacidade de reconhecer e gerenciar
esses recursos influencia diretamente a viabilidade e a realização bem-sucedida da
pesquisa.

Em suma, o processo de delimitação na pesquisa científica é caracterizado pela


análise cuidadosa da frequência de ocorrência, compreensão do ambiente de pes-

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quisa, definição clara dos limites, identificação e delimitação de variáveis, e reconhe-
cimento dos recursos disponíveis. Essas características são essenciais para direcionar
a pesquisa de maneira eficaz, garantindo a qualidade e a relevância dos resultados
obtidos.

FONTES DE DADOS
As fontes de dados desempenham um papel crucial em uma pesquisa científica,
influenciando diretamente a qualidade e a validade dos resultados obtidos. Uma ca-
racterística fundamental é a natureza das fontes, que podem ser primárias ou secun-
dárias. Fontes primárias envolvem dados coletados diretamente do objeto de estudo,
enquanto fontes secundárias consistem em informações já existentes, compiladas por
outros pesquisadores. A escolha entre essas fontes depende dos objetivos da pesquisa
e da disponibilidade de dados relevantes (LAKATOS; MARCONI, 2017).

A confiabilidade e a credibilidade das fontes são aspectos críticos. Fontes confiáveis


são aquelas que apresentam informações precisas e são produzidas por fontes respei-
táveis e confiáveis. Avaliar a reputação, o rigor metodológico e a imparcialidade das
fontes é essencial para garantir a validade dos dados utilizados na pesquisa.

A atualidade das fontes é outra característica importante. A relevância temporal das


informações influencia diretamente a aplicabilidade dos resultados na contempora-
neidade. Enquanto algumas pesquisas demandam dados recentes, outras podem se
beneficiar de informações históricas. A contextualização temporal das fontes é funda-
mental para garantir que os resultados reflitam com precisão o momento em que a
pesquisa é conduzida.

A diversidade das fontes é uma característica que enriquece a pesquisa científica.


Ao utilizar uma variedade de fontes, o pesquisador pode obter uma perspectiva mais
abrangente do fenômeno estudado. A combinação de fontes primárias e secundárias,
bem como a inclusão de diferentes tipos de dados, contribui para uma análise mais
completa e uma interpretação mais robusta dos resultados.

A acessibilidade e a disponibilidade das fontes também são considerações impor-


tantes. A capacidade de obter e acessar as fontes de dados desejadas impacta direta-
mente a viabilidade e a eficácia da pesquisa. Avaliar a acessibilidade das fontes antes
do início da pesquisa é crucial para planejar e conduzir a investigação de maneira
eficiente.

Em resumo, as principais características das fontes de dados em uma pesquisa


científica incluem a natureza (primária ou secundária), a confiabilidade, a atualida-

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de, a diversidade e a acessibilidade. A seleção cuidadosa e a avaliação crítica dessas
fontes são elementos essenciais para garantir que a pesquisa seja fundamentada em
informações sólidas e contribua significativamente para o avanço do conhecimento
na área de estudo.

• Dados provenientes de observação: ver e ouvir (e anotar) de forma imparcial e


objetiva para apreender informações sobre objetos, fatos, processos e fenômenos.
Permite que o dado seja coletado diretamente, sem intermediações. A presença
do pesquisador pode alterar o comportamento dos observados.

• Dados provenientes de documentos: conforme mencionado em pesquisa docu-


mental.

• Dados obtidos por meio de entrevista: as entrevistas podem ser feitas de forma
individual ou em grupo (o chamado grupo focal). Quanto ao conteúdo, a entrevis-
ta pode ter alguns objetivos: a averiguação dos fatos e as opiniões sobre os fatos.

Amostragem de pesquisas
• Pesquisas quantitativas:

Exigem: cálculo de amostra, significância, erro amostral, nível de confiança (ou sen-
so)

• Pesquisas qualitativas:

Exigem entrevistados que tenham capacidade de fornecer as informações neces-


sárias. Por isso, não há cálculo prévio para se definir o número de sujeitos que compo-
rão a amostra.

Trabalha-se com saturação teórica, ou seja, quando já se tem informações suficien-


tes para uma investigação científica e as informações começam a serem repetidas,
encerra-se a coleta de dados.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2017.

PRODANOV, C. C.; FREITAS, E. C. Metodologia do trabalho científico: métodos e téc-


nicas da pesquisa e do trabalho acadêmico. 2. ed. Novo Hamburgo-RS: Feevale, 2013.

KNECHTEL, M. R. Metodologia da pesquisa em educação: uma abordagem teórico-


-prática dialogada. 1. ed. Curitiba: Intersaberes, 2014.

LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Fundamentos de metodologia científica. 8. ed. atu-


al. São Paulo: Atlas, 2017. 346 p. ISBN 9788597010121.

FURASTÉ, P. A. Normas Técnicas Para o Trabalho Científico. (14ª ed.). Brasil Gráfica e
Editora. Porto Alegre, 2008.

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