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Aula 02

PM-MG (Soldado) Literatura - 2023


(Pós-Edital)

Autor:
Rafaela Freitas

17 de Fevereiro de 2023

15057774611 - kalebe henrique


Rafaela Freitas
Aula 02

Sumário

Machado de Assis (1839-1908) .............................................................................................................. 2

ANÁLISE DA OBRA ...................................................................................................................................... 3

Memórias Póstumas de Brás Cubas .......................................................................................................... 3

Personagens ............................................................................................................................................. 4

Importância do livro .................................................................................................................................. 5

Período histórico ...................................................................................................................................... 5

Análise Crítica ........................................................................................................................................... 5

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APRESENTAÇÃO
Olá, meus caros alunos! Vamos iniciar hoje o nosso estudo e análise das obras literárias exigidas para o
concurso da PM-MG. São duas, mas hoje falaremos apenas sobre Memória Póstumas de Brás Cubas.

ATENÇÃO: esta aula trará um resumo e breve análise da obra. A aula em vídeo vai explorar
com mais detalhes os aspectos mais relevantes!

A obra é de Machado de Assis, nascido no Rio de Janeiro, em junho de 1839, sob o nome de Joaquim Maria
Machado de Assis; escritor de vários gêneros literários que o fizeram ganhar notoriedade, como romances,
crônicas e contos. Machado nasceu no Morro do Livramento, no seio de uma família pobre e
afrodescendente. Seu nome é relacionado ao Realismo, mas há uma primeira fase de sua obra cujas
características remetem mais ao Romantismo. Além de ser um dos fundadores e primeiro presidente da
Academia Brasileira de Letras, Machado influenciou toda a literatura brasileira pós-século XIX.

Boa aula para todos!

O AUTOR
Machado de Assis (1839-1908)

Joaquim Maria Machado de Assis nasceu no morro do Livramento, Rio de Janeiro, sendo filho de um pintor
e uma lavadeira. Estudou em escola pública, trabalhou como aprendiz de tipógrafo, revisor, funcionário
público e colaborou em algumas revistas da cidade. O autor não deixou filhos de casamento com Carolina,
mas uma herança literária extraordinária.

É considerado o maior nome da Literatura Brasileira, pois além de um escritor dedicado aos romances,
contos, teatro, coletâneas de poemas e algumas centenas de crônicas, também foi um dos fundadores da
Academia Brasileira de Letras e o seu primeiro presidente.

Estreou com "Ressurreição" (1872), um livro ainda com traços Românticos, assim como Helena (1876) e Iaiá
Garcia (1878). A segunda fase de sua produção filia-se ao Realismo, e seus livros passam a abordar uma
análise mais realista e profunda do ser humano, revelando suas necessidades, qualidades e defeitos. Os
principais livros desse período foram: Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881), Quincas Borba (1892),
Dom Casmurro (1900) e Memorial de Aires (1908).

Temas frequentes na Literatura Realista:

● Objetivismo; Linguagem culta e direta;


● Narrativa lenta, que acompanha o tempo psicológico;
● Descrições e adjetivações objetivas, com a finalidade de captar a realidade de maneira
fidedigna;
● Universalismo;
● Sentimentos, sobretudo o amor, subordinados aos interesses sociais;
● Herói problemático, cheio de fraquezas;

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● Não idealização da mulher.

O TEATRO NO REALISMO

Artur Nabantino Gonçalves de Azevedo, ao lado do irmão Aluísio Azevedo, estava entre os fundadores da
Academia Brasileira de Letras (criando a cadeira nº 29, que tem como patrono Martins Pena, não por acaso
um autor teatral). O teatro foi sempre a grande paixão de Artur. Desde criança, Artur brincava de adaptar
textos de Joaquim Manuel de Macedo. Nos principais jornais do país Artur Azevedo escreveu mais de quatro
mil textos críticos, principalmente sobre teatro, usando vários pseudônimos.

Ao todo, escreveu uma centena de peças e mais de trinta traduções/adaptações (encenadas no


Brasil e em Portugal). Seus textos eram guiados pela exploração da vida cotidiana no Rio de Janeiro,
as relações de amor, familiares, de amizade e tudo mais que se podia observar no espaço urbano. A
partir de uma ótima bem-humorada, Artur Azevedo, construiu um documentário da capital brasileira
à época.

ANÁLISE DA OBRA

Memórias Póstumas de Brás Cubas

Sobre a obra de Machado de Assis podemos observar que, quantitativamente, os livros Dom Casmurro,
Memórias Póstumas de Brás Cubas e Quincas Borba compõe a sua “trilogia realista” e são as mais cobradas
em vestibulares e provas de concursos.

O romance "Memórias Póstumas de Brás Cubas", publicado em 1881, é o marco do realismo brasileiro. Esse
título, já reproduzido em folhetim na “Revista Brasileira”, em 1880, deixa claro que se trata da narração das
memórias de um morto, Brás Cubas. Embora um morto narrador não pareça agir pela finalidade de captar
a realidade de maneira fidedigna, caraterística do Realismo, esse se apresenta na visão mais cientificista e
racional, apresentada pelo narrador.

Brás Cubas era rico e solteiro. Na infância dedicava-se aos maus tratos ao seu escravo, Prudêncio, e
importunar D. Eusébia, adúltera amiga de sua família. Dessa fase, guardou apenas o amigo Quincas Borba.
Na juventude, vai estudar na Europa, como os típicos jovens ricos da elite brasileira. Dedicou-se durante
toda a vida a política, função que exerceu sem nenhum entusiasmo ou competência.

As personagens são Brás Cubas, que além de narrador é também o personagem principal, ou seja, o
protagonista. Esse já morreu quando começa a contar sua história, desde seu nascimento, se apresentando

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como um “defunto autor” ou “autor defunto”. Sua visão da própria vida se apresenta de maneira pessimista
e descrente. No final: “Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria”.

Do seu convívio social podemos destacar alguns nomes como Quincas Borba, seu amigo que formula a
filosofia do humanitismo, mas morre demente; Prudêncio, seu ex-escravo da infância que, depois de
alforriado, compra e violenta escravos; Cotrim, seu cunhado, casado com Sabina e, assim como Prudêncio,
não trata bem seus escravos.

Ao longo da história ele mantem alguns encontros amorosos. Na juventude fora a prostituta Marcela, e
posteriormente sua amante e grande amor de toda a sua vida foi Virgília, esposa do político Lobo Neves,
com quem mantem encontros facilitados por Dona Plácida, ex-empregada de Virgília. Também se envolve
com a jovem Eugênia (filha de D. Eusébia), a qual Brás Cubas chamava de “flor da moita”, pois esse havia
flagrado seus pais enquanto namoravam atrás de uma moita. Embora a moça lhe causasse interesse, esse
não quis ficar com ela, depois de lhe roubar um beijo, porque ela era coxa. Nhá Loló é um jovem com a qual
Sabina arranja casamento para Brás Cubas, mas essa morre de febre amarela. A moça é parenta de Cotrim,
esposo da irmã de Brás Cubas.

Brás Cubas era o reflexo da sociedade vigente a época. A ação da narrativa se dá a partir da segunda metade
do século XIX, em que o país passa por um amadurecimento (deixa de ser império para se tornar uma
república), assim como o personagem principal, o qual acompanhamos desde o seu nascimento até a morte.
O trecho abaixo mostra não só o menino mimado, mas indica toda uma forma de pensamento dessa mesma
elite carioca.

“Desde os cinco anos merecera eu a alcunha de “menino diabo”; e verdadeiramente não


era outra coisa; fui dos mais malignos do meu tempo, arguto, indiscreto, traquinas e
voluntarioso. Por exemplo, um dia quebrei a cabeça de uma escrava, porque me negara
uma colher do doce de coco que estava fazendo, e, não contente com o malefício, deitei um
punhado de cinza ao tacho, e, não satisfeito da travessura, fui dizer à minha mãe que a
escrava é que estragara o doce “por pirraça”; e eu tinha apenas seis anos. Prudêncio, um
moleque de casa, era o meu cavalo de todos os dias; punha as mãos no chão, recebia um
cordel nos queixos, à guisa de freio, eu trepava-lhe ao dorso, com uma varinha na mão,
fustigava-o, dava mil voltas a um e outro lado, e ele obedecia – algumas vezes gemendo –,
mas obedecia sem dizer palavra, ou, quando muito, um “ai, nhonhô!” – ao que eu retorquia:
– “Cala a boca, besta!” (Memórias Póstumas de Brás Bubas)

Ao ler o romance devemos nos atentar para a presença de dois Brás Cubas, um que é o personagem,
vivo, e outro que é o narrador, já morto. Esse não tem medo do que possam pensar sobre ele, pois está
morto. Ou seja, esse Brás Cubas morto já percebeu que é um homem como os demais e assim age, como
um homem. Assim, é capaz de enxergar sua história com ceticismo. Enquanto o personagem da história,
ainda vivo, está imerso em um contexto de futilidade e aparências. Convertido a filosofia de Quincas, sobre
o Humanitismo, acredita que homem age para preservar sua espécie.

Personagens

- Brás Cubas: narrador e protagonista, é o “defunto autor” de sua própria biografia, na qual avalia com
ceticismo a existência humana.

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- Virgília: esposa do político Lobo Neves e amante de Brás Cubas, sustenta o caso adúltero para manter as
aparências do casamento.

- Quincas Borba: amigo de Brás, formula a filosofia do humanitismo.

- Eugênia: jovem manca de quem Brás rouba um beijo, abandonando-a em seguida.

- Marcela: prostituta de luxo com quem o narrador se envolve na juventude.

- Cotrim: cunhado de Brás pelo casamento com a irmã deste, Sabina, trata-se de um homem de hábitos
rudes no trato com escravos.

- Nhã Loló: parenta de Cotrim, é a noiva arranjada por Sabina para o irmão; o casamento não se realiza em
função da morte da pretendente.
==2375e4==

- Dona Plácida: ex-empregada de Virgília, acoberta os encontros amorosos entre Brás e sua antiga ama.

- Prudêncio: ex-escravo de Brás; depois de alforriado, torna-se dono de um escravo, no qual se vinga das
violências recebidas na infância.

Importância do livro

A publicação desse romance, em 1881, é precedida pelo formato em folhetim da obra, publicado na “Revista
Brasileira” entre março e dezembro de 1880. Memórias Póstumas de Brás Cubas é o marco inaugural do
realismo no Brasil. Como fica explícito no título, quem narra as memórias já está morto, o que estabelece
um diálogo crítico com a estética realista. Noções como verdade, ciência e razão são colocadas em
discussão e relativizadas por Brás Cubas. O narrador vê o mundo com ceticismo e desprezo e, dirigindo sua
crítica ao gênero humano, transforma o próprio leitor em uma das vítimas das ironias do livro.

Período histórico

A ação do romance abarca a segunda metade do século XIX, período que corresponde ao governo de D.
Pedro II. A juventude de Brás coincide com a Independência do Brasil, em 1822. Assim, sua chegada à idade
adulta pode simbolizar a maturidade social brasileira.

Análise Crítica

Memórias póstumas de Brás Cubas se enquadra no gênero literário conhecido como sátira menipéia, no
qual um morto se dirige aos vivos para criticar a sociedade humana. É exatamente o que faz o narrador, ao
contar a história de sua vida após o próprio falecimento. A leitura do romance deve levar em conta a dupla
condição do protagonista: há o Brás vivo e o Brás morto.

O Brás vivo é personagem da narrativa e vive uma existência marcada pelas futilidades sociais, pela
volubilidade sentimental e pelo desprezo que manifesta pelos outros. O Brás morto é o narrador, que é
capaz de expor sem nenhum pudor os próprios defeitos. Em primeiro lugar, porque já está morto e não pode

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mais ser atingido pela ira de seus contemporâneos. Em segundo, porque a condição em que está lhe dá a
sabedoria necessária para perceber que seu modo de agir é semelhante ao de todos os seres humanos.

A sociedade é caracterizada como o espaço do jogo entre aparência e essência, onde as pessoas interpretam
papéis e fingem ser o que realmente não são. A impossibilidade de conhecer as profundezas da alma não
impede o narrador de reconhecer a miséria moral da humanidade.

Essa descoberta é sustentada sem problemas pelo Brás vivo, embasado na filosofia do humanitismo, que
afirma que toda atitude humana, boa ou má, é justificável como um ato de preservação da espécie. O Brás
morto, de sua parte, é capaz de olhar com ceticismo a própria teoria, chegando a uma conclusão que nada
tem de otimista: por ele, a espécie humana termina ali, já que não deixa herdeiros da “nossa miséria”.

Até a próxima aula!

Prof.ª Rafaela Freitas

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